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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL– CAMPUS ERECHIM

PRINCIPAIS CORRENTES ÉTICAS

Profa. Maria Leidiana Mendes de Oliveira


Quando falamos em ética existem
diferentes correntes de pensamento,
escolhemos tratar de três correntes
principais para o estudo da ética.
Aristóteles, Kant e o Utilitarismo são vertentes

fundamentais que sintetizam a essência do que é

estudar Filosofia, mais especificamente o ramo da

ética.
Ética Aristotélica
O estudo do pensamento de Aristóteles é
fundamental ao estudo da ética.

Ninguém consegue escrever e falar de ética


sem falar e tratar de Aristóteles, seja para
inspirar-se, seguir ou criticar sua concepção.
 Aristóteles foi o grande sistematizador da
ciência ocidental.

O ponto de partida de Aristóteles é a reflexão


acerca da ciência.

 Estas são hierarquicamente inferiores às


ciências teóricas;
 Enquanto nas ciências práticas o

saber não é mais fim para si mesmo

em sentido absoluto, mas

subordinado e, em certo sentido,

servo da atividade prática.


 Neste sentido, Aristóteles é o
fundador da ética como “ciência
prática”, em contraposição à ética
como “ciência teórica” intentada por
Platão.
 A ética aristotélica é
nitidamente teleológica. (que
valoriza as conseqüências, os
fins da ação.)
 Aristóteles interpreta a ação humana
segundo a categoria de meio e fim.

 A ética aristotélica inicia-se com o


estabelecimento da noção de
felicidade.
Neste sentido, pode ser considerada
uma ética eudemonista por buscar o
que é o bem agir em escala humana, o
agir segundo a virtude.
Portanto, a felicidade pode ser
definida como uma certa
atividade da alma que vai de
acordo com uma perfeita virtude.
Sendo assim, para entender essa
definição, faz-se necessário um
estudo sobre o que é uma virtude
perfeita.
 Assim, faz-se necessário,
também, o estudo da natureza da
virtude moral.
Virtude Moral e
Intelectual
 Aristóteles define a virtude moral
como disposição – já que não podem
ser nem faculdades nem paixões – para
agir de forma deliberada e a disposição
está de acordo com a reta razão.
 A virtude moral consiste em uma
mediania relativa a nós.

Após estabelecer a virtude moral como


uma disposição – héxis – ou seja, como se
dá o comportamento do homem com
relação às emoções,
Há ainda a necessidade de que a
diferença específica entre virtude
moral e virtude intelectual seja
explicitada.
 A virtude intelectual é adquirida
através do ensino, e assim,
necessita de experiência e tempo.
 Enquanto a virtude moral é
adquirida, por sua vez, como
resultado do hábito.
O hábito determina nosso
comportamento como bom ou ruim.
 Nenhuma das virtudes morais surge nos

homens por natureza porque o que é por

natureza não pode ser alterado pelo hábito

e “a natureza nos dá a capacidade de

recebê-las [as virtudes], e tal capacidade se

aperfeiçoa com o hábito”


 Virtudes e artes são adquiridas
pelo exercício, ou seja, a prática das
virtudes é um pré-requisito para
que se possa adquiri-las.
 Sem a prática, não há a possibilidade

de o homem ser bom, de ser virtuoso.


Tornamo-nos justos ao praticarmos atos

justos pois “toda a virtude é gerada e

destruída pelas mesmas causas e pelos

mesmos meios”

Uma vez que, as que as virtudes morais são
vistas como produto do hábito,
consequentemente são tomadas como inatas.
 Ao considerar as virtudes morais como
adquiridas, há uma implicação de que o
homem é causa de suas próprias ações,
responsável por seu caráter
 Está na natureza das virtudes a

possibilidade de serem destruídas pela

carência ou pelo excesso e cabe à

mediania preservar as virtudes morais e

também diferencia-las das virtudes

naturais.
 Pode-se notar, pois, que a

ideia de justa-medida
preconiza que qualquer virtude
é destruída pelos extremos
 A virtude é o equilíbrio entre
o sentir em excesso e a apatia.
Portanto, fica evidente que a
virtude busca pela harmonia –
e esta é dada pela razão entre
as emoções extremas.
Mediania ou Meio-
Termo
 A mediania tem o aspecto de não
silenciar as emoções, mas buscar a
proporção e, devido a essa
proporção, a ação será adequada
sob a perspectiva moral.
 De acordo com Aristóteles, a posição de
meio é o que tem a mesma distância de
cada um dos extremos.

Com relação a nós e sempre considerando


nesse viés, meio é o que não excede nem
falta.
 A virtude moral deve possuir a
qualidade de visar o meio-termo por se
relacionar com as paixões e ações.

Nas ações e paixões, por sua vez, existem

a carência, o excesso e o meio-termo.


 O que nos faz tender à mediania é a

educação e a repetição de atos bons e

nobres.

Por conseguinte, o hábito é desenvolvido e

visa a mediania.
 Esta, por sua vez, é determinada por um princípio

racional.

Então podemos aferir que para Aristóteles, a virtude é


uma espécie de mediania já que visa o meio-termo e

que é vista como disposição de caráter que tem

relação com a escolha dos atos e das paixões.


 A virtude é um meio-termo entre
dois vícios.

Um desses vícios envolve o excesso


e o outro vício envolve a carência.
 Logo, cabe à virtude e à sua natureza

visar a mediania tanto nas ações – embora

algumas ações não permitem um meio-

termo por seus próprios nomes já

implicarem, em si mesmos, maldade –

quanto nas paixões.


 Deve-se, portanto, estar atento aos erros
para os quais tem-se maior facilidade para
ser arrastado.

Pode-se saber para qual erro se é arrastado


ao se analisar o prazer e o sofrimento
acarretado pelo mesmo.
OS SETE PECADOS
CAPITAIS
 Os sete pecados capitais são,

segundo a doutrina católica, os

principais erros ou vícios que dão

origem às diversas ações pecaminosas

cometidas pelas pessoas.


Vícios Virtudes
Inveja Caridade

Ira Paciência
Soberba Humildade

Avareza Generosidade
Luxúria Pureza

Preguiça Esforço

Gula Temperança
Ética deontológica de
Kant
Kant foi um dos principais filósofos iluministas
do século do século XVIII.

O
 “Século das Luzes” influenciaria seus
trabalhos na valorização do racionalismo, ou
seja, o apreço pela abordagem racional dos
temas envolvendo o homem, fugindo de
explicações metafísicas.
A ética kantiana tem como propósito a
fundamentação de um princípio moral
universalmente válido, onde toda ação
deve ser pensada por máximas morais,
ou seja, como se os princípios
subjetivos pudessem ser pensados
como válidos para todo ser racional
 Kant afirma que o que deve
guiar as ações do homem é a
razão, ela deve ser universal
independentemente da cultura
que o indivíduo insere-se.
Antes de realizar qualquer ato,
devemos nos perguntar “isso fará o
bem do coletivo?”. Se sim, é uma
atitude ética, se não, é antiético.
 A ética kantiana rompe com a
tradição filosófica que associou
sempre a moral com algo externo
à ação, por exemplo, a religião, a
felicidade, ou a utilidade da ação.
 Para ele, o dever é a única motivação
possível para uma ação moralmente
correta.
 Nenhuma outra motivação (a busca
de benefícios, de recompensa, de
felicidade, de agradar a Deus, etc.)
serve para guiar o comportamento.
 A partir do imperativo
categórico, Kant acreditou ter
encontrado um meio de julgar se
uma ação é moral.
O que é o Imperativo
Categórico?
é uma fórmula moral incondicional
e absoluta desenvolvida para
fundamentar as ações humanas.
Com ele, Kant acreditou ter
resolvido a questão da ação moral
autônoma.
 Autonomia: do grego auto (por si mesmo)
e nomos (norma, regra) - criar ou seguir a
própria regra. Exemplo: a vontade.

 Heteronomia: do grego hetero (pelo


outro) e nomos (norma, regra) - seguir regras
criadas pelos outros. Exemplo: os
mandamentos, as leis, as regras de um jogo.
Utilitarismo
 O utilitarismo é um tipo de ética

normativa, segundo o qual uma


ação é moralmente correta se
tende a promover a felicidade e
condenável se tende a produzir a
infelicidade.
 Considerando não apenas a
felicidade do agente da ação, mas
também a de todos afetados por
ela.
 O utilitarismo observa o mundo
como um meio de atingir alguma
finalidade deixando de lado
qualquer outro valor subjetivo.
 É uma doutrina ética que
prescreve a ação ou inação de
forma a otimizar o bem-estar do
conjunto dos seus indivíduos
 Trata-se de uma concepção
que avalia o caráter ético de
uma atividade a partir do
ponto de vista de suas
consequências ou resultados.
 Este princípio inspirou inclusive a
Revolução Francesa (1789), e foi
criticado por pensadores
racionalistas, por exemplo, Kant,
crítico da ética das consequências
(princípio utilitarista).
 O utilitarismo busca a solução
para conflitos éticos num caminho
intermediário, preconizando a
harmonização entre pontos de
vistas opostos e excessivamente
generalistas do mundo.
 A base deste princípio se
insere nas ações de prazer e
dor (na quantidade de
prazer ou dor provocado por
uma ação).
 Na perspectiva kantiana a regra é central
(falar a verdade independente da situação,
mesmo que isso seja prejudicial, por
exemplo, em uma situação em que você
tiver que mentir à polícia.
O
 princípio Kantiano impede que isto
possa ser feito, mesmo você sabendo
que isto salvará sua vida: um judeu que
na época da segunda guerra mundial
tivesse de passar numa barreira alemã
teria que dizer que era um judeu)

 Enquanto no princípio utilitarista
você poderia mentir em
condições especiais.
 Em uma ética consequencial, a
concepção utilitarista da moralidade
faz depender a moralidade das
ações das suas consequências :
 Se o resultado de uma ação for
favorável ao maior número, então a
ação será moralmente correta e
moralmente incorreta se os resultados
não forem positivos para maioria.
 Independentemente do que se
tenha praticado, o valor da ação
estará sempre nas vantagens que foi
capaz de trazer ou nas
consequências de sua concretização.

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