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Sumário
Dedicatória-------------------------------------------------------------------------------------4
Agradecimento---------------------------------------------------------------------------------5
Introdução--------------------------------------------------------------------------------------6
Justificativa-------------------------------------------------------------------------------------7
Objectivos--------------------------------------------------------------------------------------8
Metodologia-----------------------------------------------------------------------------------9
Dedicatória
Agradecimento
Introdução
Justificativa
O interesse por esse estudo surgiu mediante a preocupação do que tem sido o
comportamento das familias diante da sociedade malanjina, no núcleo de educação moral
das famílias, como estudantes do Instituto de Ciências Religiosas de Angola (I.C.R.A.) no
curso de Moral, a nossa linha de pesquisa versa sobre a família inclusive o seu
comportamento diante da sociedade actual.
Essa linha de pesquisa suscitou a elaboração do projeto intitulado“ O papel da
familia na moralização da sociedade malanjina.”
Nota-se que a educação moral de hoje visa à participação da família junto à
sociedade e à vida social dos indivíduos; há um tempo, a família participava da educação
moral, e à escola cabia a formação acadêmica. O que se percebe no dia a dia é que algumas
coisas se inverteram, muitas famílias estão deixando a cargo das escolas toda a
moralização dos indivíduos, tornando um trabalho difícil para o professor.
A família actual tem menos tempo para se dedicar aos seus membros, sobretudo aos
cuidados da educação dos seus filhos. Material e psicologicamente, a mulher tem menos
tempo, em certa medida, devido ao afastamento de casa para desenvolver um trabalho
profissional, passando a reduzir a sua função educativa. Os pais acreditam que é de
responsabilidade da escola toda a educação moral dos seus membros, e isso tem como
factor tanto o trabalho que muitos dos pais têm como prioridade e colocam a frente do
convívio com seus filhos como a então necessidade real de estar mais fora de casa, devido
ao acumulo de estudo e trabalho ao mesmo tempo.
Acreditamos que as várias propostas objectivas, assim como a dinâmica da própria
família procura dar à sociedade instrumentos que são pertinentes para remover obstáculos,
dificuldades institucionais que muitas vezes se opõem ao progresso, ao desenvolvimento e
à realização plena e concreta da vida familiar. A família exige e estimula o dever e a
obrigação que a sociedade tem para consigo. A família sofreu as mudanças da sociedade,
procurando adaptar-se e estruturar-se em função das novas realidades, novos problemas.
Devido a este facto, a pergunta cientifica que se coloca é a seguinte: “ de que forma
é que os contextos familiares influênciam na moralalização de uma sociedade?”
Objectivos
Objectivos
Objectivo geral:
Proporcionar sódios conhecimento sobre o papel da família na moralização da sociedade;
Objectivos específicos:
Conceitualizar os termos família, moralização e sociedade;
Reconhecer o papel e o valor da família dentro da sociedade;
Apresentar principais papais da família na moralização da sociedade;
Elucidar possíveis propostas que tornam uma família capaz de moralizar uma sociedade
Metodologia
1.1.5. Família
1
Machado: apud CASTRO, Luciana S. R. Moreira, A etimologia da palavra família,
em:https://ciberduvidas.iscte-iul.pt , (17 de Maio de 2015).
2
KUNDONGENDE, C., Crise e Resgate dos Valores Morais, Cívicos e Culturais na Sociedade Angolana,
Huambo (Angola) 2012, pág. 67.
3
KIURA, Jane M.“et. all”A Vida e o Amor, 3ª. ed. (Paulinas, Lisboa – Portugal 2014), p. 7
4
Ibidem. P. 7.
5
Bradshaw: apud FREI DOMINGOS, J., Educação para uma Cultura da Paz,(CEAST, 2000) pág. 38.
unidas por relações. Cada indivíduo é uma pessoa completa e ao mesmo tempo parte
integrante da família. O sistema familiar revela-se, então, uma comunidade de pessoas que
interagem e se relacionam como resultado de uma ligação matrimonial, de sangue ou por
adopção.
A família é também definida como «grupo caracterizado pela residência comum e
pela cooperação dos adultos e dos filhos gerados e/ou adoptados»6. Todas as definições
apontam para o facto de a família ser constituída pelo pai, a mãe e os filhos e, por isso, é
um conjunto de pessoas que vivem na mesma casa, ligadas pelos laços de matrimónio.
Conforme o tempo em referência na história e lugar onde se encontra, a família chega a ser
um conjunto de pessoas que pertencem ao mesmo sangue, à mesma descendência,
linhagem ou estirpe, podendo ser conjunto de tribos ligadas por parentesco e similitudes de
carácter. A família ainda pode ser ambiente favorável para uma vida feliz para progenitores
e filhos. Por isso, engloba vários tipos de famílias que existiram ao longo da história e as
que ainda existem hoje. A definição que se apresenta aqui contempla a família nuclear
constituída pelo pai, a mãe e os filhos, ou família alargada ao clã, tribo e etnia. Com o
desenvolvimento industrial, a família reduz-se a nuclear com poucos filhos ou sem
nenhum. De acordo com os estudiosos da matéria, e fazendo destaque do Pe. Raul, no seu
livro “Cultura Tradicional Bantu”, «a verdadeirafamília para os povos Bantu é a família
alargada e não a nuclear. É a família estendida desde a nuclear, clã até a etnia que forma o
seu ambiente vital»7. Tal como um indivíduo não é nada fora da comunidade, assim a
família nuclear não é nada sem este ambiente comunitário. Todas funções sociais giram à
volta do parentesco e este funda-se no reconhecimento de laços de sangue e de alianças de
casamentos que une um conjunto de pessoas, com direitos, deveres e obrigações. Pertencer
a um parentesco obriga obedecer normas com sentimentos e mais respeito aos elementos
do mesmo parentesco. A função da família não é possível sem essa estrutura. Não importa
se com essa estrutura essa família segue o sistema patrilinear agnático, sistema matrilinear,
ou se é da forma monogâmica ou poligâmica.
Este tipo de família não é apenas característico do povo bantu, por isso, devemos
aceitar que é um tipo histórico de família. Um dia deixará de existir, como deixou de
existir em muitos povos. «Em Angola embora a maioria continue a ser família comunitária,
hoje, nas cidades, é possível encontrar-se o desenvolvimento rápido da família nuclear e
6
Murdock: apud FREI DOMINGOS, J., op. Cit., p. 38.
7
Pe. Raul: apud FREI DOMINGOS, J., op. Cit., p. 38.
misto. Três laços unem essas famílias: o matrimônio tradicional, o casamento religioso e o
civil»8. É fácil encontrarmos famílias que passam pelos três ritos. Na Sagrada Escritura, a
educação era essencialmente feita através da família. Por isso, é fundamental para uma paz
duradoura para todos em Angola, que a Cultura da Paz se faça através da família como
agente educativo. Esse meio familiar pode ser deformante, porque a criança capta com
facilidade a linguagem do inconsciente entre os pais. A família pode conferir segurança ou
insegurança. Estes factores determinam o seu carácter para a paz ou para os conflitos,
carácter para solução dos conflitos ou para um sadismo crónico. Uma pessoa dos seus
trinta anos de idade, cujo desenvolvimento emocional foi impedido pela ansiedade, na
família, produzindo conflitos aos seis, dez ou dezoito anos, terá dificuldade de se ajustar às
relações humanas ordinárias e às crises da vida adulta.
Do ponto de vista moral, a família é formada pelo pai, mãe e os filhos, isto é, por
pessoas unidas pelos laços resultantes do casamento; na perspectiva económico-
política, a família é constituída por indivíduos que sob a direção de um chefe
vivem na mesma casa; na ordem jurídica a família é formada por aqueles que se
ligam por parentesco quer este seja resultante de um casamento, quer da família
natural.9
1.1.6. Moralização
tendem a mostrá-los como tendo sido ordenados pelos deuses, na origem dos tempos). Ora,
a palavra costume se diz, em grego, ethos – donde, ética – e, em latim, moris – donde,
moral. Em outras palavras, ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais
de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta
de seus membros.
«A moral é um conjunto de prescrições ou normas que regulam as relações
socialmente estabelecidas entre os homens; remonta às próprias origens da vida
social».12As normas morais são veiculadas pelos mecanismos de inserção social e
interiorizadas pelos indivíduos. A moral remete para a norma ou para as normas, exteriores
ao indivíduo, que prescrevem determinadas condutas.
Os códigos morais são solidários da vida em sociedade, o que quer dizer que as
normas morais surgem a partir do momento em que a convivência social exige que os seres
humanos se entendam numa base que não seja de pura contenda física.
Também podemos definir a Moral como conjunto das regras ou normas de conduta
admitidas por uma sociedade ou por um grupo de homens em determinada época. Assim, o
homem moral é aquele que age bem ou mal na medida em que acata ou transgride as regras
do grupo. A Moral, ao mesmo tempo que é o conjunto de regras que determina como deve
ser o comportamento dos indivíduos do grupo, é também a livre e consciente aceitação das
normas. Isso significa que o acto só é propriamente moral se passar pelo crivo da aceitação
pessoal da norma. A exterioridade da moral contrapõe-se à necessidade da interioridade, da
adesão mais íntima.
As regras definidas pela moral regulam o modo de agir das pessoas, sendo uma
palavra relacionada com a moralidade e com os bons costumes. Está associada aos valores
e convenções estabelecidos coletivamente por cada cultura ou por cada sociedade a partir
da consciência individual, que distingue o bem do mal, ou a violência dos atos de paz e
harmonia. Os princípios morais como a honestidade, a bondade, o respeito, a virtude, etc.,
determinam o sentido moral de cada indivíduo. São valores universais que regem a conduta
humana e as relações saudáveis e harmoniosas. «A moral orienta o comportamento do
homem diante das normas instituídas pela sociedade ou por determinado grupo
social».13Diferencia-se da ética no sentido de que esta tende a julgar o comportamento
moral de cada indivíduo no seu meio. No entanto, ambas buscam o bem-estar social.
12
ADÉLIA, G.Pensar é processo. Filosofia 10º ano / Ensino Secundário, Lisboa – Portugal 2007, pp. 89-92.
13
Ibidem., p. 92.
1.1.7. Sociedade
14
CASTRO, Luciana S. R. Moreira, conceito de sociedade, em:https://www.google.com/Conceito/deSociedade
, (17 de Maio de15).
15
Sociólogo francês, fundador da sociologia como ciência independente das demais ciências sociais.
vivo, certos órgãos ou tecidos recebem maior irrigação sanguínea por desempenharem
funções vitais, na sociedade, certas classes que exercem ocupações fundamentais devem
necessariamente ser privilegiadas. Assim se explicaria inclusive a concentração de poder e
riquezas nas mãos da burguesia industrial, classe à qual o autor não por acaso estava
ligado.
16
Intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia.
17
CASTRO, Luciana S. R. Moreira, op. Cit., em:https://www.google.com/Conceito/deSociedade , (17 de Maio
de15).
18
Filosofo social, e economista alemão que contribuiu para o desenvolvimento da sociologia e é
considerado fundador do materialismo.
19
Cf., Pe. Bumba, fascículo de Sociologia geral, 3º ano, I.C.R.A. – Malanje, 2013. Pp, 11-12
Este estudo diz respeito às formações familiares que se modificaram ao longo dos
tempos devido a vários factos relacionados com o desenvolvimento da sociedade moderna,
não seguindo mais os padrões patriarcais. A família na actualidade vem ressaltando
também as responsabilidades destas famílias e o seu comportamento diante da Sociedade,
sem deixar de enfatizar todos os problemas relacionados à sociedade.
A família na sociedade actual não está cumprindo o seu papel. Os grandes
problemas que temos, até ousamos dizer, todos os problemas que temos, estão intimamente
ligados à família. Os pais têm se omitido cada vez mais dentro de casa, passam a
responsabilidade de criar e educar seus filhos para os professores, educadores, babás e os
demais profissionais da área, e quando os filhos estão em casa passam essa
responsabilidade para tv, computador, Tablet, telefone, a internet, etc.
Os pais se amparam em uma desculpa para tal acto. Sempre o discurso é o mesmo:
«Não tenho tempo, tenho que ganhar dinheiro»20. E muitas vezes se esquecem dos filhos,
do cônjuge, da família. A família é considerada a base da sociedade. Então,
consequentemente se a base está em ruínas, o todo também o está. Existe a possibilidade
de um grande prédio ficar em pé tendo uma base fraca? Assim é a sociedade. Se não
reconstruirmos a base (família) em breve a sociedade entrará num caos sem volta!
A falta do acompanhamento familiar é um agravante e dizemos isso sem sombras
de dúvida, porque se pegarmos os marginais em geral, em sua maioria a falta da figura
paterna é uma verdade. O pai tem a autoridade dentro de casa; o pai é razão. Deus criou a
família neste molde. Filhos precisam de atenção, de repreensão, de educação, de carinho,
de amor, de amizade, de companheirismo, e esperam isso dos pais, mas nem sempre são
correspondidos, e então para que os filhos não reclamem, os pais tentam suborná-los,
dando presentes caros, roupas, celulares, numa forma de suprir a falta de afecto. Nós
somos aquilo que vivemos e praticamos e não o que temos. Nossas atitudes revelam o que
realmente somos, podemos até fingir no meio da sociedade, podemos mentir, podemos ter
20
CARVALHO, Andressa, A família na actualidade, em: http://meuartigo.com/psicologia/a-família-na-
atualidade.htm, (17 de Maio de15).
duas caras no mundo aí fora, mas quem mora conosco, quem faz parte de nossa família
sabe a nossa real identidade e é essa identidade que nossos filhos vão herdar.
O que queremos dizer com isso é que a falta de carácter dentro de casa chega de ser
hipocrisia. É hora de viver o que fala, só assim teremos famílias direitas, estruturadas, que
não vão se derrubar com um vendaval.
O que se assiste nas famílias actuais da nossa sociedade é o seguinte:
Em casa, nos lares: pais ausentes, descomprometidos e despreparados para proteger
e orientar os filhos. Filhos não respeitam os pais. Não lhes tratam com a dignidade
requerida. Gritam quando falam para eles. Fazem sinais e gestos que indicam desprezo.
Desobedecem as ordens que são dimanadas dos pais. Saem de casa, e vão, não se sabe
onde, e nada dizem aos pais. Quando regressam nada dizem onde estiveram, nem com
quem. Chegam a casa bêbados, cansados, por vezes drogados com olhos esbugalhados e
não admitem que se lhes repreenda. Muitos aprendem a tirar sem autorização em casa e
nunca assumem que foram eles. Mais tarde acabam por tirar também fora de casa, e
transformam-se em ladrões com o cunho de altamente perigosos, havendo casos em que os
próprios pais desejam a prisão, ou mesmo, morte do filho por dificuldades de lidar com ele.
Neste subtema será efectuada uma análise da natureza das convivências familiares e
da influência exercida pelas mesmas dentro da sociedade. Todavia, muitas destas
importantes influências começam a fazer-se sentir desde a infância do indivíduo. A
atmosfera emocional da família, a forma como os pais preparam e ensinam os filhos, as
oportunidades e dificuldades que a vida familiar coloca ao desenvolvimento normal – são
factores que estão presentes desde o nascimento e que continuam exercer a sua influência
ao longo da adolescência.
As famílias têm sido encaradas como o ponto crucial da identidade.
21
Cf. HAVILAND, Willian A. PRINS, Harald E. L.et all., Princípios de Antropologia, 2ª. ed. Editora Cengage
Learning, São Paulo 2011, p. 295.
22
DIAS, Maria Olívia, A família numa Sociedade em mudanças. Problemas e influências recíprocas, Portugal,
2000, pp. 84-85, (trabalho de conclusão de curso), apresentado ao Instituto Universitário de
Desenvolvimento e promoção Social do Pólo de Viseu da Universidade Católica Portuguesa, para a
obtenção do título de Gestão e Desenvolvimento.
23
Ibidem. P.87.
tempo que aqueles passam na família é reduzido e, por isso, passam mais tempo nas
instituições que na família.
Consequentemente, os valores e comportamentos que os jovens adquirem através
dos conhecimentos obtidos na escola podem ser bons ou maus, suficientes ou não. No
entanto, serão estes princípios que, de uma forma subtil, de muito cedo, governarão a sua
vida adulta e familiar. É conhecida a função executiva da família na escola. A família
actual está profundamente envolvida na organização educacional dos seus filhos. No
entanto e embora conserve uma posição central, viu diminuir a própria importância na
educação dos seus membros em detrimento da escola.
Por vezes, o papel institucional da escola é deficientíssimo e, por isso, é de grande
importância salientar a função operacional no interesse, no apoio, na dinâmica que a
família dá a esta instituição. É ela que frequentemente altera o quadro educativo não só
estrutural, mas também funcional. Mas, a família exerce também influência na qualidade
dos vários serviços.
O sentido da integração e coerência pessoal, que Erikson considerava ser «a
principal realização nos indivíduos»24, dependem em larga escala do desenvolvimento
social, intelectual e emocional que é fomentado pelas relações familiares.
Finalmente, é a família que faz com que a sociedade muitas vezes corresponda aos
objectivos daquela, como uma instituição com direitos e deveres, no seu seio. É a família
que leva a sociedade em muitos casos a responder a problemas que, de outra forma, seriam
bem mais difíceis de resolver e, por vezes, até impossíveis, se não fosse a acção da família.
É através dela que se introduzem princípios, valores e mecanismos capazes de alterar a
vida social. «A família funciona como o primeiro e mais importante agente socializador».25
Sendo assim, é o primeiro contexto no qual se desenvolvem padrões de socialização em
que o indivíduo constrói o seu modelo de aprendiz e se relaciona com todo o conhecimento
adquirido durante sua experiência de vida familiar e que vai se reflectir na sua vida social.
A família é importante e central em relação à pessoa. Neste berço da vida e do
amor, o homem nasce. Quando nasce uma criança, à sociedade é oferecido o dom de uma
nova pessoa que é chamada desde o seu íntimo, à comunhão como os outros e às doações
aos outros. Na família, portanto, o dom recíproco de si por parte do homem e da mulher
24
Erikson: apudCf. HAVILAND, WillianA. PRINS, Harald E. L. et all, op. Cit.p. 295.
25
DE SOUSA, Ana Paula, FILHO, Mário Jose, A importância da parceria entre família e a escola no
desenvolvimento educacional, Brasil, 2008, p.3, ( trabalho de conclusão de curso) apresentado a
Universidade Estadual Paulista, para a obetenção do título de Ciências de Educação.
É precisamente devido às suas diferenças que tanto o pai como a mãe são
necessários para a aquisição de uma personalidade madura e equilibrada pelos filhos. A
presença do pai é tão necessária junto dos filhos como a da mãe. De uma maneira geral, os
pais dispendem mais tempo com os filhos durante os fins-de-semana. A melhor coisa e a
mais importante que o pai tem para tratar é estar com os seus filhos.
26
KIURA, Jane M. GITAU, Regina “et. all”A Vida e o Amor, 3ª. ed. (Paulinas, Lisboa – Portugal 2014), p. 132
27
Ibidem, p. 32.
em que, desde a infância, se podem aprender os valores morais, começar a honrar a Deus e
a fazer bom uso da liberdade. A vida da família é a iniciação na vida em sociedade.
«A família deve viver de modo que os seus membros aprendam a preocupar-se a
encarregar-se dos jovens e dos velhos, das pessoas doentes ou incapacitadas e dos
pobres».28 São muitas as famílias que em certos momentos, se não encontram em
condições de prestar esta ajuda. Recai então sobre outras pessoas, outras famílias e,
subsidiariamente, sobre a sociedade, o dever de prover a estas necessidades: «a religião
pura e sem manchas, aos olhos de Deus nosso Pai, consiste em visitar os órfãos e as viúvas
nas suas tribulações e conservar-se limpo do contágio do mundo (Tgo 1,27)».29
Nunca nos esqueçamos de que a sociedade de amanhã é formada dentro de nossos
lares, e que somos responsáveis por seu sucesso ou fracasso. Só a família pode nos auxiliar
nos momentos mais difíceis e inesperados de nossas vidas, e sem o apoio da mesma
ficamos sem base para seguir adiante. Família é um projecto de Deus. Ele foi o seu criador.
E nós temos a obrigação de cooperarmos com Ele na sua preservação.
A família deve ser ajudada e defendida por medidas sociais apropriadas. Nos casos
em que as famílias não estão em condições de cumprir as suas funções, os outros corpos
sociais têm o dever de as ajudar e de amparar a instituição familiar. Mas, segundo o
princípio da subsidiariedade, «as comunidades mais poderosas acautelar-se-ão de usurpar-
lhe os poderes ou de se imiscuir na sua vida».30
A importância da família na vida e no bem-estar da sociedade exige desta uma
responsabilidade particular na defesa e garantia do matrimónio e da família. Considera o
poder civil, como dever grave, «reconhecer e proteger a verdadeira natureza do matrimónio
e da família, defender a moralidade pública e favorecer a prosperidade pública» (GS 52,
2).31
A comunidade política tem o dever de honrar a família de assistir e de
nomeadamente lhe garantir:
A liberdade de fundar um lar, ter filhos e educá-los de acordo com as suas
próprias convicções morais e religiosas;
A protecção da estabilidade do laço conjugal e da instituição familiar;
28
Catecismo da Igreja Católica,nº 2208, p. 273.
29
Ibidem, p. 273.
30
Ibidem, nº 2209, p. 274.
31
Ibidem, nº 2210, p. 474
32
Cf., Ibidem, nº 2212, p. 474.
Apontaremos neste ponto alguns factores que estão na base da degradação social
das famílias.
São vários os factores que levam a degradação social das famílias. Entre eles
podem ser citados:
Separação do casal: por desajustes conjugais e familiares, em face das
mudanças de relações entre homens e mulheres. Essas mudanças podem ocorrer por
motivos económicos, liberação de hábitos e costumes e da sexualidade, possibilidade de
dissolução do casamento, que passa a ter caráter temporário. Esses desajustes, que
enfraquecem os laços de coesão do grupo familiar, não raro são causados tanto por tensões
internas quanto externas e também por maus tratos físicos;
Abandono dos filhos: quando um dos pais sai de casa, por troca de parceiro
ou por qualquer outro motivo, faltando com as tarefas básicas de proteção e cuidado para
com os membros da família e com a socialização primária das crianças. Mal alimentados,
afetivamente inseguras, sujeitas a agressões na família, formam-se jovens inadaptados ou
até revoltados;
Ausência dos pais: mães de familias obrigadas a obter emprego, afastam-se
da casa e dos cuidados com os filhos. Muitas meninas de familias empobrecidas assumem
33
Compêndio da doutrina Social da Igreja Católica, nº 214, p. 150.
34
Cf. LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, M., de Andrade, Sociologia Geral, 7ª ed., Editora Atlas S.A., São
Paulo, 2011, pp. 322-323.
muito cedo o cuidado dos irmãos menores para que os pais possam trabalhar, ocasionando
em geral prejuízos em sua formação;
Sexualidade precoce: meninas de famílias empobrecidas, logo que atingem
a puberdade, muitas vezes se empregam como domésticas. Despreparadas para a nova
situação de vida, sem apoio da família que as recebe, carentes afetivamente, são
desrespeitadas sexualmente. Se acontece gravidez, entram no dilema: assumir o filho, doá-
lo ou abortá-lo. A prostituição de menores em tais circunstâncias atinge índices altíssimos.
Desemprego: ou má qualidade dos que estão sendo criados. A falta de
recursos para o sustento do grupo leva ao empobrecimento acelerado da família;
Empobrecimento da população: a política do estado, por não oferecer
condições mínimas de sustentação das famílias – renda, emprego, segurança, serviços
públicos de qualidade leva-as á falência;
Violência familiar: dos pais ou padrastos, especialmente contra crianças. A
família, em vez de ser refúgio seguro, passa a ser lugar que coloca em risco a segurança
física e emocional dos seus membros. As manifestações de agressividade e violência levam
as crianças a saírem de casa e passarem, muitas vezes a consumir drogas;
Delinquência juvenil:de crianças e adolescentes resultantes do uso de
drogas e/ou bebidas, vendidas por toda parte, por causa de inadaptação familiares e de
desajustamentos conjugais. Provenientes, portanto, de uma problemática socioeconómica,
as crianças tornam-se menores marginalizados, empobrecidos, abandonados, oprimidos,
carentes e/ou infractores;
Falta de moradia: a precariedade e o tamanho das habitações, em relação
ao número de pessoas, propiciam a ampliação de bairros de lata e cortiços ou outros
lugares promíscuos;
Falta de saúde e de saneamento básico: provenientes de atendimento
precário nos postos de saúde, com filas enormes e remédios caros; favorecem a alta taxa de
moralidade infantil e de natimortalidade, incidência de doenças e até aumento de
delinquência juvenil;
35
Vida além do amor.
36
MORENO, IzquierdoCiriaco, Educar em Valores, 4ª. ed. Editora paulina, São Paulo 2010, p.254.
37
KIURA, Jane M.GITAU, Regina“et. all” op. Cit., p. 129
38
Ibidem, p. 30.
39
MORENO, Izquierdo Ciriaco,op. Cit., p. 251.
40
Ibidem, p. 252.
tempo; esse amadurecimento não ocorrerá caso o indivíduo se descuide de sua dimensão
humana, social, intelectual e física;
Conscientizar-se de que é colaborador do processo: uma conscientização
que envolve saber de todo processo que não for abertura a Deus e aos demais limita a
pessoa;
Aprender o que é liberdade: é a realidade familiar que torna possível o
aprendizado da liberdade, o eterno problema de ser humano: uma liberdade que faz crescer
em responsabilidade; e o senso de responsabilidade não será possível se o filho não estiver
crescendo em um ambiente de liberdade – um equilíbrio difícil de conseguir em educação,
mas os pais têm de correr o risco;
Conhecer o sentido do bem comum: ou seja, dar opções ao filho de viver e
de trabalhar na sociedade, de se inserir na construção da comunidade política com sentido
do bem comum, interessando-se por todo e qualquer acontecimento da vida social;
Obter orientação social da vida: o que significa saber que o seu trabalho
sempre tem uma dupla dimensão, uma pessoal e outra social;
Aspirar a uma sociedade melhor: uma postura dos pais em relação ao filho
na qual está em jogo a contribuição (e não a inibição) de todos os valores necessários para
se construir uma sociedade na qual a verdade, a justiça, a paz e o amor sejam realidade e
não utopia.
Temos por adquirido que, nas sociedades tal como as conhecemos, o ser humano
não se cumpre sem Educação. Assim, se a Educação visa fazer e ser mais do que
adestramento, ela está ligada à Instrução – «conceito que, historicamente, mereceu a
preferência de muitos Pedagogos e Filósofos da Educação, reportando-se mesmo à
formação dos povos».41
Conceptualmente, a Educação tem origem em dois verbos latinos: educo, as, are e
educo, is, ere.«Educação significa, no contexto do primeiro verbo, criar plantas e animais,
alimentar, ter cuidado com, cuidar de e, no contexto do segundo verbo, significa conduzir
para fora, tirar, extrair.»42A Educação é um processo de mútua formação em grupo. Assim,
41
DIAS,J. M. de Barros, Ética e Educação, Editora Universidade Aberta, Lisboa, Dezembro de 2010 , p. 145.
42
Ibidem, p. 145.
43
Cf., Ibidem, p. 145.
44
Antunes: apudDIAS, J. M. de Barros, op. Cit., p. 146.
todas elas necessárias, mesmo que cada uma possa e deva intervir com a sua competência e
o seu contributo próprio. Os pais têm o direito de escolher os instrumentos formativos
correspondentes às próprias convicções de buscar os meios que possam ajudá-los da
melhor maneira na sua tarefa de educadores, mesmo no âmbito espiritual e religioso. As
autoridades públicas têm o dever de garantir tal direito e de assegurar as condições
concretas que consentem o seu exercício. Neste contexto, coloca-se antes de mais o tema
de colaboração entre a família e a instituição escolar.
Os pais têm o direito de fundar e manter instituições educativas. As autoridades
públicas devem assegurar que sejam estabelecidos determinados subsídios públicos de
maneira que os pais sejam verdadeiramente livres ao exercerem este direito, sem
enfrentarem injustas. Não se deve constranger os pais a suportarem, directa ou
indirectamente, despesas suplementares que impeçam ou limitem injustamente o exercício
desta liberdade. Deve-se, portanto, considerar uma injustiça negar subvenção económica
pública às escolas não estatais que delas necessitem e que prestem um serviço à sociedade
civil: quando o estado reivindica o monopólio escolar, excede os seus direitos e ofende a
justiça. O Estado não pode, sem injustiça, contentar-se com tolerar as chamadas escolas
privadas. Estas realizam um serviço público e têm, por conseguinte, o direito de serem
ajudadas economicamente.
A família tem a responsabilidade de oferecer uma educação integral. Toda a
verdadeira educação, efectivamente, pretende a formação da pessoa humana em ordem ao
seu fim último e, ao mesmo tempo, ao bem das sociedades de que o homem é membro, e
em cujas responsabilidades, uma vez adulto, tomará parte. A integridade fica assegurada
quando os filhos – com o testemunho de vida e com palavra – são educados para o diálogo,
para o encontro, para sociabilidade, para a legalidade, para a solidariedade e para a paz,
mediante o colectivo das virtudes fundamentais da justiça e da caridade.
Na educação dos filhos, o papel paterno e materno são igualmente necessários. Os
pais devem, pois, agir conjuntamente. A autoridade deve ser por ele exercer com respeito
delicadeza, mas também com firmeza e vigor: deve ser credível, coerente, sábia e sempre
orientada ao bem integral dos filhos.
Os pais têm ainda uma particular responsabilidade na esfera da educação sexual. É
de fundamental importância, para um crescimento, equilibrado, que os filhos aprendam de
modo ordenado e progressivo o significado da sexualidade e aprendam a apreciar os
valores humanos e morais relativos a ela: pelos laços estreitos que ligam a dimensão sexual
da pessoa e os seus valores éticos, o dever educativo deve conduzir os filhos a conhecer e a
estimar as normas morais como necessárias e preciosas garantia para um crescimento
pessoal e responsável na sexualidade humana. Os pais têm a obrigação de verificar o modo
como se realiza a educação sexual nas instituições educativas, a fim de garantir que um
tema tão importante e delicado seja abordado de modo apropriado.
45
Compêndio da doutrina Social da Igreja Católica, nº 221, p. 154.
46
Ibidem, nº 221, p. 154.
47
Ibidem, nº 222, p. 155.
48
Kiura, Jane M. GITAU, Regina, Op. Cit., p. 138.
Os homens são seres espirituais, por natureza. Têm a potencialidade para viver
numa relação com o criador, uma vez que foram criados à sua imagem e semelhança.
Levar uma vida religiosa significa viver a vida humana plenamente e bem. Isto
pode acontecer de diferentes formas:
Sendo plenamente humano
Os membros da família precisam de ter pleno conhecimento da dignidade que
adquiriram por terem sido criados à imagem e semelhança de Deus. Respeito por si próprio
e respeito pelos outros desperta a reverência a Deus.
Sendo culturalmente autêntico
A espiritualidade familiar salvaguarda o conjunto dos nossos valores culturais.
Ajuda-nos a manter as boas expectativas sociais da família e a desempenharmos
cabalmente os nossos papéis. A espiritualidade não deve ser vivida num vácuo. Temos
necessidade de viver os nossos valores positivos dentro do contexto social da nossa família
e na envolvência mais larga da sociedade. Os primeiros cristão eram facilmente
identificados pelos pagãos porque viviam os seus valores cristãos em pleno ambiente
pagão.
Cumprindo os dez mandamentos
Os três primeiros referem-se a Deus e os restantes sete dizem respeito ao nosso
próximo. Os membros da família são o primeiro próximo de cada indivíduo. Os
mandamentos sobre o próximo tratam basicamente da procura do seu bem-estar.
Guardando os mandamentos da igreja
Todas as confissões religiosas estabelecem orientações para os seguidores. As
igrejas cristãs, o Islão, bem como outras religiões, têm regras próprias. A igreja católica
tem alguns mandamentos para os seus seguidores. Por exemplo, participar da Missa ao
domingo e dias santos da guarda é uma exigência importante que os pais devem observar,
ensinar e assegurar-se que todos na família respeitam.
Fazendo da família a igreja doméstica
Há uma máxima importante que diz: «A família que reza unida permanece unida».
A família como comunidade tem de experimentar a vivência e a prática do culto a Deus –
através da oração, da partilha, da leitura da Bíblia e dos documentos da igreja. Os pais
podem encorajar o culto familiar.
• Estabelecendo um horário em família;
49
Ibidem. P. 140.
50
Cf., Exortação Apostólica do Papa João Paulo II, Familiaris Consortio, Editorial A.O – Braga, Portugal
(Braga) 1982, p. 63.
51
Cf., Ibidem, pp., 66-66.
52
Concílio Vaticano II, Documento Conciliares e Pontefíciof, Ibidem, nº 11, p.48.
Conclusão
A família é a comunidade natural na qual se experimenta a sociabilidade humana,
contribui de modo único e insubstituível para o bem da sociedade. Somos levados a
acreditar que uma sociedade a medida da família é a melhor garantia contra toda a deriva
de tipo individualista ou colectivista, porque nela a pessoa está sempre no centro da
atenção enquanto fim e não como meio. É de evidente que o bem das pessoas e o bom
funcionamento da sociedade, estão estreitamente conexos (com uma favorável situação da
comunidade conjugal e familiar). A comunidade familiar nasce da comunhão das pessoas.
A comunhão diz respeito à relação pessoal entre o “eu” e o “tu”. A “comunidade”, pelo
contrário, supera este esquema na direcção de resultando numa sociedade, de um “nós”. A
família, comunidade de pessoas, é, pois, a primeira “sociedade” humana.
Contudo, sem famílias factor da comunhão e estável no compromisso, as
sociedades debilitam-se, visto que na família são inculcados desde os primeiros anos de
vida os valores morais, e culturais da acção. Nela se dá a aprendizagem das
responsabilidades sociais e da solidariedade.
A paternidade humana, tal como já fizemos refrência, é muito mais que gerar uma
prole. A procriação implica assumir a responsabilidade pelo destino das crianças e a
paternidade responsável tem a ver com desempenho deste dever com muita felicidade.
Significa também educar os filhos prepará-los para a vida e guiar os seus passos em
direcção à salvação interna.
O exercício responsável da paternidade implica que marido e mulher aceitam a
plenitude dos seus deveres para com Deus, para com eles próprios, para com a sua família
e para com a sociedade, dentro de uma correcta hierarquia de valores. Desta forma, os pais
estarão aptos a educarem bons cidadãos para os dias de hoje e para o de amanhã.
A educação social de um povo depende grandemente da família, visto que esta é à
base da convivência social e educativa anteposta a outras instituições sociais.
Deste modo é necessário que as famílias malanjinas tomem consciência de que o
que veio a este mundo, através do amor deve ser cuidado com muito amor. Ambos, pai e
mãe, devem assumir a responsabilidade completa pela educação dos filhos. Da mesma
maneira que foram responsáveis pela concepção dos filhos, os pais têm de ser responsáveis
pelo seu presente e futuro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bibliografia básica:
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Portugal 2007.
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Paulo 2010.
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Editora Atlas S.A, São Paulo 2011.
Bibliografia complementar:
PAULO VI, Gaudium et Spes – 41, 17ª. Ed., Editora Paulinas, São Paulo,
DE SOUSA, Ana Paula, FILHO, Mário José, A importância da parceria entre família
e a escola no desenvolvimento educacional, Brasil, 2008, (trabalho de conclusão de curso)
apresentado a Universidade Estadual Paulista, para a obtenção do título de Ciências de
Educação.
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CARVALHO, Andressa, A família na actualidade, em:
http://meuartigo.com/psicologia/a-família-na-atualidade.htm, (17 de Maio de15).
Livros do Magistério:
Compêndio da doutrina Social da Igreja Católica.