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PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

Sumário
Dedicatória-------------------------------------------------------------------------------------4
Agradecimento---------------------------------------------------------------------------------5
Introdução--------------------------------------------------------------------------------------6
Justificativa-------------------------------------------------------------------------------------7
Objectivos--------------------------------------------------------------------------------------8
Metodologia-----------------------------------------------------------------------------------9

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


1.1 Etimologia e Conceitos dos Termos----------------------------------------------10
1.1.1. Família--------------------------------------------------------------------------------10
1.1.2. Moralização--------------------------------------------------------------------------12
1.1.3. Sociedade----------------------------------------------------------------------------14
1.1.4. Tipos de família---------------------------------------------------------------------16

CAPÍTULO II – A FAMÍLIA COMO ESTRUTURA SOCIAL


2.1 Família na actualidade------------------------------------------------------------------18
2.2 A convivência familiar e as suas influências----------------------------------------19
2.3 A família e a Sociedade----------------------------------------------------------------22
2.4 Alguns factores da degradação social da família------------------------------------25

CAPÍTULO III – A FAMÍLIA E A MORAL


3.1. A família como centro de virtudes e valores----------------------------------------27
3.2. Valores a serem transmitidos no seio familiar--------------------------------------29
3.3. Relação entre a moral e a educação--------------------------------------------------31
3.4. A importância da educação moral na família---------------------------------------35
3.5. A família e a Religião------------------------------------------------------------------36

CAPÍTULO IV – PROPOSTAS PARA UMA FAMÍLIA


MORALIZADA
4.1. Acompanhamento das instituições Sociais na vida das famílias---------------------39
4.2. Implementação de programas educativos nos meios de comunicação social-------40
Conclusão-------------------------------------------------------------------------------------42
Referências Bibliográficas-----------------------------------------------------------------43

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Dedicatória

O presente trabalho é dedicado a nossas


famílias que sempre acreditaram em nós e nos
incentivaram durante o longo percurso de
elaboração deste trabalho, a todas as famílias
malanjinas e instituições que de uma forma ou de
outra têm feito algo para a moralização da nossa
sociedade.

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Agradecimento

À Deus Todo-poderoso Criador dos Céus e da Terra.


Ao Excelentíssimo Professor Padre Domingos Tchamolehã.
Aos nossos pais por cuidarem de nós e darem força para
continuarmos com os estudos.
Sempre uma palavra aos nossos Pais Académico, Arcebispo, Dom
Luís Maria Péres de Onraita Y Aguirre (que a sua alma descanse em paz) e
Arcebispo, Dom Benedito Roberto, pelas orações e pelo acolhimento no
Instituto de Ciências Religiosas de Angola durante o Médio.
À Todos Professor que contrubuiram para a nossa formação.
À todos os nossos Irmãos, Primos, Colegas e Amigos.
E a todos os que, directa ou indirectamente, contribuíram para a
feitura desta dissertação, mais uma vez, o nosso muito obrigado de Paz e
Alegria.

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Introdução

O presente trabalho intitulado “Papel da família na moralização da sociedade


malanjina” surge da convicção de salientar que afamília é considerada uma instituição
responsável por promover a educação dos filhos e influenciar o comportamento dos
mesmos no meio social que se partiu para o presente estudo. É no seio familiar que são
transmitidos os valores morais e sociais que servirão de base para o processo de
socialização do indivíduo, bem como as tradições e os costumes perpetuados através de
gerações.
Cabe, nesta breve introdução, contudo, ao menos explicar e apresentar os pontos de
partida que guiaram a elaboração deste trabalho que está constituído por quatro capítulos.
Em primeiro lugar, será apresentado aetimologia e conceitos dos termos onde você
aprenderá a etimologia e conceitos dos termos como: família, moralização e sociedade,
termos que deverão servir para ampliar o repertório conceitual dos ouvintes para pensar e
analisar o tema central no campo da moral. Ainda dentro desta premissa apresentaremos
também os tipos de famílias existentes na nossa sociedadeque apresentam características
diferentes.
Em seguida, será enfocada no segundo capítulo, a família como estrutura social;
visto que é muito difícil pensar a nossa sociedade sem a noção de família. Em torno desta
temática, rodeia a importância da convivência familiar na relação directa com seus
membros, e é nesta convivência onde se inicia a base educacional a qual o indivíduo
aplicará futuramente em relações individuais e colectivas todo o conteúdo moral e cívico;
assim a relação da familiar tem grande importância no desenvolvimento da sociedade.
No terceiro capítulo, uma reflexão sobre o contexto da família e a moral, visto que
a família é a base da sociedade e a moral orienta o comportamento do homem diante das
normas instituídas pela sociedade e as regras definidas pela moral regulam o modo de agir
dos indivíduos. Serão ressaltados alguns valores que devem ser transmitidos no seio
familiar e veremos também que uma família cristã se centraliza em fazer a vontade de
Deus, essa vontade ajuda as famílias a fixar a sua atenção nas coisas realmente
importantes.
Por fim, apresentamos no quarto capítulo algumas propostas para uma família
moralizada; elas não devem ser vistas como regras dogmáticas para moralizar a família,
mas antes como detalhes para as famílias que querem ver sociedade malanjina moralizada.

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Justificativa

O interesse por esse estudo surgiu mediante a preocupação do que tem sido o
comportamento das familias diante da sociedade malanjina, no núcleo de educação moral
das famílias, como estudantes do Instituto de Ciências Religiosas de Angola (I.C.R.A.) no
curso de Moral, a nossa linha de pesquisa versa sobre a família inclusive o seu
comportamento diante da sociedade actual.
Essa linha de pesquisa suscitou a elaboração do projeto intitulado“ O papel da
familia na moralização da sociedade malanjina.”
Nota-se que a educação moral de hoje visa à participação da família junto à
sociedade e à vida social dos indivíduos; há um tempo, a família participava da educação
moral, e à escola cabia a formação acadêmica. O que se percebe no dia a dia é que algumas
coisas se inverteram, muitas famílias estão deixando a cargo das escolas toda a
moralização dos indivíduos, tornando um trabalho difícil para o professor.
A família actual tem menos tempo para se dedicar aos seus membros, sobretudo aos
cuidados da educação dos seus filhos. Material e psicologicamente, a mulher tem menos
tempo, em certa medida, devido ao afastamento de casa para desenvolver um trabalho
profissional, passando a reduzir a sua função educativa. Os pais acreditam que é de
responsabilidade da escola toda a educação moral dos seus membros, e isso tem como
factor tanto o trabalho que muitos dos pais têm como prioridade e colocam a frente do
convívio com seus filhos como a então necessidade real de estar mais fora de casa, devido
ao acumulo de estudo e trabalho ao mesmo tempo.
Acreditamos que as várias propostas objectivas, assim como a dinâmica da própria
família procura dar à sociedade instrumentos que são pertinentes para remover obstáculos,
dificuldades institucionais que muitas vezes se opõem ao progresso, ao desenvolvimento e
à realização plena e concreta da vida familiar. A família exige e estimula o dever e a
obrigação que a sociedade tem para consigo. A família sofreu as mudanças da sociedade,
procurando adaptar-se e estruturar-se em função das novas realidades, novos problemas.
Devido a este facto, a pergunta cientifica que se coloca é a seguinte: “ de que forma
é que os contextos familiares influênciam na moralalização de uma sociedade?”

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Objectivos

Objectivos
Objectivo geral:
 Proporcionar sódios conhecimento sobre o papel da família na moralização da sociedade;

Objectivos específicos:
 Conceitualizar os termos família, moralização e sociedade;
 Reconhecer o papel e o valor da família dentro da sociedade;
 Apresentar principais papais da família na moralização da sociedade;
 Elucidar possíveis propostas que tornam uma família capaz de moralizar uma sociedade

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Metodologia

O trabalho apresentado desenvolveu-se através das pesquisas qualitatica,


documental, bibliográfica e descritiva, cujo objetivo principal é a descrição das
características de uma determinada população ou fenômeno, estabelecendo as relações
entre as variáveis, tendo como características mais significativas a utilização de técnicas
padronizadas de coleta de dados. Para a obtenção dos dados realizaram-se entrevistas com
algumas famílias, e na entrevista aplicou-se um questionário contendo perguntas fechadas
e relacionadas à dinâmica familiar, concernente ao se papel de educador. A análise dos
dados ocorreu buscando as categorias temáticas e subcategorias essenciais para este
trabalho
Na pesquisa qualitativa foi utilizado o método de observação como principal
instrumento de coleta de dados. Já na pesquisa documental guarda estreitas semelhanças
com a pesquisa bibliográfica. A principal diferença entre as duas consiste na natureza das
fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento
analítico. Assim para a coleta de dados nesta pesquisa foi utilizado um vídeo gravado
transmitido pela TV Zimbo no programa debate livre intitulado como: A família e a moral.
. Além das pesquisas que acabamos de referir, também foi utilizado uma vasta
pesquisa bibliográficaque consiste na utilização de referências teóricas já publicadas para
análise e discussão do problema, no qual os principais estudiosos da área afirmam que a
família é uma instituição fundamental da sociedade, pois é nela que se espera que ocorra o
processo de socialização primária, onde ocorrerá a formação de valores.

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CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.2 Etimologia e Conceitos dos Termos

1.1.5. Família

Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado, a


palavra família entrou na nossa língua, no século XVI por via culta, através do latim
“família”, que significava «o conjunto dos escravos da casa; todas as pessoas ligadas a
qualquer grande personalidade; casa de família».1
Actualmente, várias podem ser as abordagens sobre o que se pode entender
por família. Assim, de acordo com Fátima Viegas citada por João KUNDONGENDE no seu
livro Crise e Resgate dos ValoresMorais «a família pode ser definida como sendo uma
instituição social que une os indivíduos num grupo, que coopera para a prossecução de um
objectivo comum e que consiste na criação e educação das crianças nascidas no seu seio».2
No campo da moral, pode definir-se a família como a «célula básica da
sociedade»3. A família humana funda-se no casamento e, na sua forma mais simples, é
formada por marido e mulher, com ou sem prole. No casamento, marido e mulher dão-se
mutuamente em amor, criando um ambiente em que os filhos podem nascer e desenvolver,
tomar consciência da sua dignidade e preparar-se para o destino que os espera e que é
único e individual.
Do ponto de vista religioso, «a família é, pois, o santuário da vida humana»4. Foi
desejo de Deus, que, de acordo com a Bíblia, criou o primeiro homem e a primeira mulher
para que eles se tornassem marido e mulher e ordenou-lhes que dessem início a família
humana (GN 1,27 ss). A família é, pois, sagrada e é o lugar em que a vida humana (um
precioso dom de Deus) pode ser convenientemente recebida, protegida e sustentada.
A família também se define como «um sistema»5. Tecnicamente, um sistema é
formado por conjunto de elementos interagindo. O sistema familiar é formado por pessoas

1
Machado: apud CASTRO, Luciana S. R. Moreira, A etimologia da palavra família,
em:https://ciberduvidas.iscte-iul.pt , (17 de Maio de 2015).
2
KUNDONGENDE, C., Crise e Resgate dos Valores Morais, Cívicos e Culturais na Sociedade Angolana,
Huambo (Angola) 2012, pág. 67.
3
KIURA, Jane M.“et. all”A Vida e o Amor, 3ª. ed. (Paulinas, Lisboa – Portugal 2014), p. 7
4
Ibidem. P. 7.
5
Bradshaw: apud FREI DOMINGOS, J., Educação para uma Cultura da Paz,(CEAST, 2000) pág. 38.

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unidas por relações. Cada indivíduo é uma pessoa completa e ao mesmo tempo parte
integrante da família. O sistema familiar revela-se, então, uma comunidade de pessoas que
interagem e se relacionam como resultado de uma ligação matrimonial, de sangue ou por
adopção.
A família é também definida como «grupo caracterizado pela residência comum e
pela cooperação dos adultos e dos filhos gerados e/ou adoptados»6. Todas as definições
apontam para o facto de a família ser constituída pelo pai, a mãe e os filhos e, por isso, é
um conjunto de pessoas que vivem na mesma casa, ligadas pelos laços de matrimónio.
Conforme o tempo em referência na história e lugar onde se encontra, a família chega a ser
um conjunto de pessoas que pertencem ao mesmo sangue, à mesma descendência,
linhagem ou estirpe, podendo ser conjunto de tribos ligadas por parentesco e similitudes de
carácter. A família ainda pode ser ambiente favorável para uma vida feliz para progenitores
e filhos. Por isso, engloba vários tipos de famílias que existiram ao longo da história e as
que ainda existem hoje. A definição que se apresenta aqui contempla a família nuclear
constituída pelo pai, a mãe e os filhos, ou família alargada ao clã, tribo e etnia. Com o
desenvolvimento industrial, a família reduz-se a nuclear com poucos filhos ou sem
nenhum. De acordo com os estudiosos da matéria, e fazendo destaque do Pe. Raul, no seu
livro “Cultura Tradicional Bantu”, «a verdadeirafamília para os povos Bantu é a família
alargada e não a nuclear. É a família estendida desde a nuclear, clã até a etnia que forma o
seu ambiente vital»7. Tal como um indivíduo não é nada fora da comunidade, assim a
família nuclear não é nada sem este ambiente comunitário. Todas funções sociais giram à
volta do parentesco e este funda-se no reconhecimento de laços de sangue e de alianças de
casamentos que une um conjunto de pessoas, com direitos, deveres e obrigações. Pertencer
a um parentesco obriga obedecer normas com sentimentos e mais respeito aos elementos
do mesmo parentesco. A função da família não é possível sem essa estrutura. Não importa
se com essa estrutura essa família segue o sistema patrilinear agnático, sistema matrilinear,
ou se é da forma monogâmica ou poligâmica.
Este tipo de família não é apenas característico do povo bantu, por isso, devemos
aceitar que é um tipo histórico de família. Um dia deixará de existir, como deixou de
existir em muitos povos. «Em Angola embora a maioria continue a ser família comunitária,
hoje, nas cidades, é possível encontrar-se o desenvolvimento rápido da família nuclear e

6
Murdock: apud FREI DOMINGOS, J., op. Cit., p. 38.
7
Pe. Raul: apud FREI DOMINGOS, J., op. Cit., p. 38.

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misto. Três laços unem essas famílias: o matrimônio tradicional, o casamento religioso e o
civil»8. É fácil encontrarmos famílias que passam pelos três ritos. Na Sagrada Escritura, a
educação era essencialmente feita através da família. Por isso, é fundamental para uma paz
duradoura para todos em Angola, que a Cultura da Paz se faça através da família como
agente educativo. Esse meio familiar pode ser deformante, porque a criança capta com
facilidade a linguagem do inconsciente entre os pais. A família pode conferir segurança ou
insegurança. Estes factores determinam o seu carácter para a paz ou para os conflitos,
carácter para solução dos conflitos ou para um sadismo crónico. Uma pessoa dos seus
trinta anos de idade, cujo desenvolvimento emocional foi impedido pela ansiedade, na
família, produzindo conflitos aos seis, dez ou dezoito anos, terá dificuldade de se ajustar às
relações humanas ordinárias e às crises da vida adulta.

Do ponto de vista moral, a família é formada pelo pai, mãe e os filhos, isto é, por
pessoas unidas pelos laços resultantes do casamento; na perspectiva económico-
política, a família é constituída por indivíduos que sob a direção de um chefe
vivem na mesma casa; na ordem jurídica a família é formada por aqueles que se
ligam por parentesco quer este seja resultante de um casamento, quer da família
natural.9

1.1.6. Moralização

«Moralização é o acto ou efeito de moralizar. Moralizar é o acto de infundir ideias


de moral».10
Moral é o conjunto de regras adquiridas através da cultura, da
educação, da tradição e do quotidiano, e que orientam o
comportamento humano dentro de uma sociedade. O termo tem
origem no Latim “Morales ou moris” cujo significado é relativo
aos costumes ou maneira de se comportar.11

Os costumes, porque são anteriores ao nosso nascimento e formam o tecido da


sociedade em que vivemos, são considerados inquestionáveis e quase sagrados (as religiões
8
Ibidem., pág. 39
9
KUNDONGENDE, C., op. Cit., pág. 67.
10
COSTA, João, Dicionário moderno da língua Portuguesa, Escolar Editora, Portugal 2010, p. 1051.
11
Site dos Significados,Significado de Moral, em: http://www.significados.com.br/moral/∕, ( 17 de Maio de
2015).

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tendem a mostrá-los como tendo sido ordenados pelos deuses, na origem dos tempos). Ora,
a palavra costume se diz, em grego, ethos – donde, ética – e, em latim, moris – donde,
moral. Em outras palavras, ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais
de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta
de seus membros.
«A moral é um conjunto de prescrições ou normas que regulam as relações
socialmente estabelecidas entre os homens; remonta às próprias origens da vida
social».12As normas morais são veiculadas pelos mecanismos de inserção social e
interiorizadas pelos indivíduos. A moral remete para a norma ou para as normas, exteriores
ao indivíduo, que prescrevem determinadas condutas.
Os códigos morais são solidários da vida em sociedade, o que quer dizer que as
normas morais surgem a partir do momento em que a convivência social exige que os seres
humanos se entendam numa base que não seja de pura contenda física.
Também podemos definir a Moral como conjunto das regras ou normas de conduta
admitidas por uma sociedade ou por um grupo de homens em determinada época. Assim, o
homem moral é aquele que age bem ou mal na medida em que acata ou transgride as regras
do grupo. A Moral, ao mesmo tempo que é o conjunto de regras que determina como deve
ser o comportamento dos indivíduos do grupo, é também a livre e consciente aceitação das
normas. Isso significa que o acto só é propriamente moral se passar pelo crivo da aceitação
pessoal da norma. A exterioridade da moral contrapõe-se à necessidade da interioridade, da
adesão mais íntima.
As regras definidas pela moral regulam o modo de agir das pessoas, sendo uma
palavra relacionada com a moralidade e com os bons costumes. Está associada aos valores
e convenções estabelecidos coletivamente por cada cultura ou por cada sociedade a partir
da consciência individual, que distingue o bem do mal, ou a violência dos atos de paz e
harmonia. Os princípios morais como a honestidade, a bondade, o respeito, a virtude, etc.,
determinam o sentido moral de cada indivíduo. São valores universais que regem a conduta
humana e as relações saudáveis e harmoniosas. «A moral orienta o comportamento do
homem diante das normas instituídas pela sociedade ou por determinado grupo
social».13Diferencia-se da ética no sentido de que esta tende a julgar o comportamento
moral de cada indivíduo no seu meio. No entanto, ambas buscam o bem-estar social.

12
ADÉLIA, G.Pensar é processo. Filosofia 10º ano / Ensino Secundário, Lisboa – Portugal 2007, pp. 89-92.
13
Ibidem., p. 92.

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1.1.7. Sociedade

Sociedade é um conjunto de seres que convivem de forma organizada. A palavra


vem do Latim societas, que significa "associação amistosa com outros".

O conceito de sociedade pressupõe uma convivência e actividade conjunta do


homem, ordenada ou organizada conscientemente. Constitui o objeto geral do
estudo das antigas ciências do estado, chamadas hoje de ciências sociais. O
conceito de sociedade se contrapõe ao de comunidade ao considerar as relações
sociais como vínculos de interesses conscientes e estabelecidos, enquanto as
relações comunitárias se consideram como articulações orgânicas de formação
natural.14

Uma sociedade humana é um colectivo de cidadãos de um país, sujeitos à mesma


autoridade política, às mesmas leis e normas de conduta, organizados socialmente e
governados por entidades que zelam pelo bem-estar desse grupo.
Na tentativa de explicar a definição de Sociedade segundo a Sociologia, faremos
referência dos clássicos Emile Durkheim, Max Weber e Karl Marx, todos na visão da
sociedade capitalista do final do século XIX, tentando compreendê-la, seja do ponto de
vista conservador ou crítico.

Emile Durkheim (1858 – 1917)15

Para este autor, a sociedade é um conjunto de regras e normas, padrões de conduta,


pensamentos e sentimentos que não existem apenas na consciência individual; os
sentimentos não estão no coração, mas sim na existência social: nas instituições, que são
encarregadas de instituir nos indivíduos tais valores e referências. Antes de nascermos já
está tudo aí, seremos moldados por ela e, quando morrermos, não irão para o túmulo
connosco.
Durkheim concebe a sociedade como um “todo harmônico” (onde existe um bem
comum) tal qual um organismo, ele chega a dizer que da mesma maneira que, num corpo

14
CASTRO, Luciana S. R. Moreira, conceito de sociedade, em:https://www.google.com/Conceito/deSociedade
, (17 de Maio de15).
15
Sociólogo francês, fundador da sociologia como ciência independente das demais ciências sociais.

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vivo, certos órgãos ou tecidos recebem maior irrigação sanguínea por desempenharem
funções vitais, na sociedade, certas classes que exercem ocupações fundamentais devem
necessariamente ser privilegiadas. Assim se explicaria inclusive a concentração de poder e
riquezas nas mãos da burguesia industrial, classe à qual o autor não por acaso estava
ligado.

Max Weber (1864-1920)16

Ao contrário de Durkheim, Weber não enxerga a sociedade como um ente para


além e acima do indivíduo; os padrões, as convenções, regras, etc. são constituídos e se
transformam nas relações sociais estabelecidas entre indivíduos. Portanto têm a ver com as
motivações dos mesmos e com o sentido que atribuem às suas ações em relação ao outro
com quem interagem. A sociedade é tecida nas relações sociais.
Na visão do autor: «As ideas coletivas, como o Estado, o mercado econômico, as
religiões, só existem porque muitos indivíduos orientam reciprocamente suas ações num
determinado sentido. Estabelecem, dessa forma, relações sociais que têm de ser mantidas
continuamente pelas ações individuais»17. Isto quer dizer que se as pessoas passarem a
orientar sua conduta de outra forma e atribuir outros sentidos e valores às suas ações, todas
essas estruturas desmoronam.
A visão weberiana tem a ver com a tradição liberal à qual se filia, isto é, a ênfase
dada ao indivíduo como sendo o grande responsável com seus méritos e fragilidades por
tudo que existe, inclusive pela posição ocupada no quadro de classes sociais.

Karl Marx (1818 – 1883)18


Marx se opõe à concepção weberiana; não prioriza o indivíduo e suas motivações,
sem enfatizar as condições materiais das quais parte, não se chega a nenhuma conclusão.
Além disso, não é qualquer relação social que permite entender a sociedade, mas sim as

16
Intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia.
17
CASTRO, Luciana S. R. Moreira, op. Cit., em:https://www.google.com/Conceito/deSociedade , (17 de Maio
de15).
18
Filosofo social, e economista alemão que contribuiu para o desenvolvimento da sociologia e é
considerado fundador do materialismo.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 15


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relações de produção. O que identifica o modelo de sociedade é a forma como os homens


produzem, o modo como transformam, através do trabalho, o mundo ao seu redor e,
sobretudo, a relação com os meios de produção.
Marx estava particularmente preocupado em estudar a sociedade capitalista e não
em elaborar uma teoria geral das sociedades – esta era uma preocupação de Durkheim –
nesta sociedade as relações de produção se caracterizam pela propriedade privada dos
meios de produção (máquinas, ferramentas, capital, etc.); os detentores dos mesmos se
acham em condições de explorar o trabalho daqueles que não são proprietários e que não
possuem nada além da força de trabalho, usualmente oferecida em troca de um salário,
onde a exploração se configura através da mais-valia absoluta, o trabalho não pago ao
trabalhador que passa a ser capital acumulado pelo outro lado da relação: “o patrão”,
representante da classe capitalista (a que acumula capital).
É essa relação que permite, portanto, a existência dessa sociedade. Sendo assim,
sociedade para Marx não é um todo harmônico, onde as classes devem cooperar para o
perfeito funcionamento do todo. O que existe é o conflito e essa relação de antagonismo
entre capital e trabalho, entre capitalistas e proletariado, é o que move a história. Por isso,
cabe aos trabalhadores se conscientizarem dessa tensão e transformarem tal estado de
coisas. Ao pesquisador, por sua vez, cabe não só descrever tal realidade, mas identificar
como ela se produz e reproduz, evidenciando as possibilidades de superação da mesma, o
que confere ao cientista social um papel revolucionário.

1.1.8. Tipos de família

As sociedades apresentam diferenças na maneira como se organizam ou estruturam


seus grupos familiares, variáveis no tempo e no espaço a família pode ser: «elementar,
extensa, composta, conjugada-fraterna e fantasma».19
A família elementar: (nuclear, nata-conjugal, simples, imediata e primária) é uma
unidade formada por um homem, sua esposa e seus filhos, que vivem juntos em uma união
reconhecida pelos outros membros da sua sociedade. Quando os pais não são casados, a
sua relação recebe o nome de concubinato. Todavia, a família elementar é bastante
efêmera. À medida que os filhos crescem e deixam o lar, o grupo familiar diminui,
eventualmente pode desaparecer com a morte dos pais.

19
Cf., Pe. Bumba, fascículo de Sociologia geral, 3º ano, I.C.R.A. – Malanje, 2013. Pp, 11-12

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Família extensa: (grande, múltipla) é uma unidade composta de duas ou mais


famílias nucleares ligadas por laço consanguíneos; série de familiares próximos pela linha
masculina ou feminina, geralmente não por ambas, e ainda duas ou mais gerações.
Família composta: (complexa, conjunto)é uma unidade formada por três ou mais
cônjuges e os seus filhos. Pode existir em sociedades monogânica, quando um segundo
casamento dá origem às relações de adopção do tipo madrasta, padrasto, enteados, com
presença de apenas dois cônjuges simultaneamente.
A família composta refere-se a um núcleo de famílias separadas, mas ligadas pela
sua relação com um pai comum. São encontradas em: a) sociedades poligâmicas ou seja
duas ou três famílias conjugadas, tendo como centro um homem ou uma mulher e seus
cônjuges. b) sociedade monogâmica, isto é por meio de relações de adopção madrasta,
padrasto, enteados.
Família conjugada-fraterna: refere-se a uma unidade composta de dois ou mais
irmão, suas respectivas esposas e filhos. O laço de união consaguineo.
Família fantasma: consiste em uma unidade familiar formada por uma mulher
casada e seus filhos e o fantasma. O marido não desempenha o papel de pai, é apenas o
genitor (pai biológico) a função de pai social cabe irmãos mais velho da mulher (o
fantasma).

Quanto à autoridade, a família pode ser:


Patriarcal: em que a figura central é o pai, que possui a autoridade de chefe sobre
a mulher e os filhos.
Matriarcal: em que a figura central é a mãe, havendo, portanto, predominância da
autoridade feminina.
Paternal ou igualitária: onde a autoridade pode ser mais equilibrada entre os
cônjuges dependendo das situações, acções ou questões particulares.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 17


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CAPÍTULO II – A FAMÍLIA COMO ESTRUTURA SOCIAL

2.5 Família na actualidade

Este estudo diz respeito às formações familiares que se modificaram ao longo dos
tempos devido a vários factos relacionados com o desenvolvimento da sociedade moderna,
não seguindo mais os padrões patriarcais. A família na actualidade vem ressaltando
também as responsabilidades destas famílias e o seu comportamento diante da Sociedade,
sem deixar de enfatizar todos os problemas relacionados à sociedade.
A família na sociedade actual não está cumprindo o seu papel. Os grandes
problemas que temos, até ousamos dizer, todos os problemas que temos, estão intimamente
ligados à família. Os pais têm se omitido cada vez mais dentro de casa, passam a
responsabilidade de criar e educar seus filhos para os professores, educadores, babás e os
demais profissionais da área, e quando os filhos estão em casa passam essa
responsabilidade para tv, computador, Tablet, telefone, a internet, etc.
Os pais se amparam em uma desculpa para tal acto. Sempre o discurso é o mesmo:
«Não tenho tempo, tenho que ganhar dinheiro»20. E muitas vezes se esquecem dos filhos,
do cônjuge, da família. A família é considerada a base da sociedade. Então,
consequentemente se a base está em ruínas, o todo também o está. Existe a possibilidade
de um grande prédio ficar em pé tendo uma base fraca? Assim é a sociedade. Se não
reconstruirmos a base (família) em breve a sociedade entrará num caos sem volta!
A falta do acompanhamento familiar é um agravante e dizemos isso sem sombras
de dúvida, porque se pegarmos os marginais em geral, em sua maioria a falta da figura
paterna é uma verdade. O pai tem a autoridade dentro de casa; o pai é razão. Deus criou a
família neste molde. Filhos precisam de atenção, de repreensão, de educação, de carinho,
de amor, de amizade, de companheirismo, e esperam isso dos pais, mas nem sempre são
correspondidos, e então para que os filhos não reclamem, os pais tentam suborná-los,
dando presentes caros, roupas, celulares, numa forma de suprir a falta de afecto. Nós
somos aquilo que vivemos e praticamos e não o que temos. Nossas atitudes revelam o que
realmente somos, podemos até fingir no meio da sociedade, podemos mentir, podemos ter

20
CARVALHO, Andressa, A família na actualidade, em: http://meuartigo.com/psicologia/a-família-na-
atualidade.htm, (17 de Maio de15).

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duas caras no mundo aí fora, mas quem mora conosco, quem faz parte de nossa família
sabe a nossa real identidade e é essa identidade que nossos filhos vão herdar.
O que queremos dizer com isso é que a falta de carácter dentro de casa chega de ser
hipocrisia. É hora de viver o que fala, só assim teremos famílias direitas, estruturadas, que
não vão se derrubar com um vendaval.
O que se assiste nas famílias actuais da nossa sociedade é o seguinte:
Em casa, nos lares: pais ausentes, descomprometidos e despreparados para proteger
e orientar os filhos. Filhos não respeitam os pais. Não lhes tratam com a dignidade
requerida. Gritam quando falam para eles. Fazem sinais e gestos que indicam desprezo.
Desobedecem as ordens que são dimanadas dos pais. Saem de casa, e vão, não se sabe
onde, e nada dizem aos pais. Quando regressam nada dizem onde estiveram, nem com
quem. Chegam a casa bêbados, cansados, por vezes drogados com olhos esbugalhados e
não admitem que se lhes repreenda. Muitos aprendem a tirar sem autorização em casa e
nunca assumem que foram eles. Mais tarde acabam por tirar também fora de casa, e
transformam-se em ladrões com o cunho de altamente perigosos, havendo casos em que os
próprios pais desejam a prisão, ou mesmo, morte do filho por dificuldades de lidar com ele.

2.2 A convivência familiar e as suas influências

Neste subtema será efectuada uma análise da natureza das convivências familiares e
da influência exercida pelas mesmas dentro da sociedade. Todavia, muitas destas
importantes influências começam a fazer-se sentir desde a infância do indivíduo. A
atmosfera emocional da família, a forma como os pais preparam e ensinam os filhos, as
oportunidades e dificuldades que a vida familiar coloca ao desenvolvimento normal – são
factores que estão presentes desde o nascimento e que continuam exercer a sua influência
ao longo da adolescência.
As famílias têm sido encaradas como o ponto crucial da identidade.

A convivência familiar é o ponto primário da relação directa com seus membros


onde a criança cresce, actua, desenvolve e expõe seus sentimentos, experimenta
as primeiras recompensas e punições, a primeira imagem de si mesma e seus

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 19


PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

primeiros modelos de comportamentos – que vão se inscrevendo no interior dela


e configurando seu mundo interior.21

Isto contribui para a formação de uma base de personalidade, além de funcionar


como factor determinante no desenvolvimento da consciência, sujeita a influências
subsequentes.
A família tem merecido uma constante centralização na vida da sociedade. As
várias propostas objectivas, assim como a dinâmica da própria família procura dar à
sociedade instrumentos que são pertinentes para remover obstáculos, dificuldades
institucionais que muitas vezes se opõem ao progresso, ao desenvolvimento e à realização
plena e concreta da vida familiar. Assim, a sociedade não pode fugir à sua
responsabilidade. A família exige e estimula o dever e a obrigação que a sociedade tem
para consigo. A família malanjina sofreu as mudanças da sociedade, procurando adaptar -
se e estruturar-se em função das novas realidades, novos problemas.
O significado do sentido operativo prende-se com o facto de a família poder sugerir
à sociedade instrumentos de mudança. «A família não só dirige as próprias escolhas sociais
e legislativas, mas determina operacionalmente a adaptação e o funcionamento das
diversas instituições sociais».22 Encontramos exemplos onde a família exerce a sua acção:
nas escolas, a diversos níveis; na empresa económica; na produção dos bens que melhor
satisfaçam as suas necessidades; nos vários serviços ou organismos públicos ou privados;
nas instituições que têm funções sociais ou outras.
Já a partir dos jardins de infância, até às escolas mais avançadas, «a família
desempenha um papel influenciador muito importante».23 Efectivamente, aquela tem uma
participação activa e cada vez maior na vida organizacional destas instituições. É
geralmente nas escolas que são transmitidos valores, normas, atitudes e comportamentos,
aos quais a família é sensível. De facto, a escola é o agente social de transmissão mais
directo onde os jovens interiorizam e fazem as suas escolhas pessoais, os seus juízos e
decidem muito sobre aquilo que a família hoje não é capaz de lhes dar. Os espaços e o

21
Cf. HAVILAND, Willian A. PRINS, Harald E. L.et all., Princípios de Antropologia, 2ª. ed. Editora Cengage
Learning, São Paulo 2011, p. 295.
22
DIAS, Maria Olívia, A família numa Sociedade em mudanças. Problemas e influências recíprocas, Portugal,
2000, pp. 84-85, (trabalho de conclusão de curso), apresentado ao Instituto Universitário de
Desenvolvimento e promoção Social do Pólo de Viseu da Universidade Católica Portuguesa, para a
obtenção do título de Gestão e Desenvolvimento.
23
Ibidem. P.87.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 20


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tempo que aqueles passam na família é reduzido e, por isso, passam mais tempo nas
instituições que na família.
Consequentemente, os valores e comportamentos que os jovens adquirem através
dos conhecimentos obtidos na escola podem ser bons ou maus, suficientes ou não. No
entanto, serão estes princípios que, de uma forma subtil, de muito cedo, governarão a sua
vida adulta e familiar. É conhecida a função executiva da família na escola. A família
actual está profundamente envolvida na organização educacional dos seus filhos. No
entanto e embora conserve uma posição central, viu diminuir a própria importância na
educação dos seus membros em detrimento da escola.
Por vezes, o papel institucional da escola é deficientíssimo e, por isso, é de grande
importância salientar a função operacional no interesse, no apoio, na dinâmica que a
família dá a esta instituição. É ela que frequentemente altera o quadro educativo não só
estrutural, mas também funcional. Mas, a família exerce também influência na qualidade
dos vários serviços.
O sentido da integração e coerência pessoal, que Erikson considerava ser «a
principal realização nos indivíduos»24, dependem em larga escala do desenvolvimento
social, intelectual e emocional que é fomentado pelas relações familiares.
Finalmente, é a família que faz com que a sociedade muitas vezes corresponda aos
objectivos daquela, como uma instituição com direitos e deveres, no seu seio. É a família
que leva a sociedade em muitos casos a responder a problemas que, de outra forma, seriam
bem mais difíceis de resolver e, por vezes, até impossíveis, se não fosse a acção da família.
É através dela que se introduzem princípios, valores e mecanismos capazes de alterar a
vida social. «A família funciona como o primeiro e mais importante agente socializador».25
Sendo assim, é o primeiro contexto no qual se desenvolvem padrões de socialização em
que o indivíduo constrói o seu modelo de aprendiz e se relaciona com todo o conhecimento
adquirido durante sua experiência de vida familiar e que vai se reflectir na sua vida social.
A família é importante e central em relação à pessoa. Neste berço da vida e do
amor, o homem nasce. Quando nasce uma criança, à sociedade é oferecido o dom de uma
nova pessoa que é chamada desde o seu íntimo, à comunhão como os outros e às doações
aos outros. Na família, portanto, o dom recíproco de si por parte do homem e da mulher

24
Erikson: apudCf. HAVILAND, WillianA. PRINS, Harald E. L. et all, op. Cit.p. 295.
25
DE SOUSA, Ana Paula, FILHO, Mário Jose, A importância da parceria entre família e a escola no
desenvolvimento educacional, Brasil, 2008, p.3, ( trabalho de conclusão de curso) apresentado a
Universidade Estadual Paulista, para a obetenção do título de Ciências de Educação.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 21


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unidos em matrimónio cria um ambiente de vida no qual a criança pode nascer e


desenvolver as suas potencialidades, torna-se consciente da sua dignidade e prepara-se para
enfrentar o seu destino único e irrepetível.
Ambos, pai e mãe, são igualmente responsáveis pela tarefa da formação dos filhos.
Nenhum deles se deve furtar a esta grave obrigação moral. Em particular, o pai deve
resistir à tentação de pensar que as suas absorventes obrigações profissionais justificam
deixar esta tarefa para a mãe. Tal atitude não só peca pelo excessivo amor pelo seu próprio
conforto como pedagogicamente se revela ineficaz.
«Todas as crianças, as maiores e as menores precisam da presença activa e
constante do pai e da mãe».26 Há certas questões que as crianças colocam preferentemente
a sós com o pai e questões que colocam preferentemente a sós com a mãe. Por outro lado,
as crianças necessitam tanto da mão feminina como da masculina para modelar a sua
personalidade de forma equilibrada e harmoniosa.
A hierarquia estrita de valor de um dos pais andará a par e passo com a
habilidade do outro para enfrentarem situações inesperadas. Um dos pais
influenciará a criança pela sua abordagem racional e lógica dos problemas; o
outro, pela sua natureza sensível e compassiva. Num dos pais, a criança
encontrará um guardião severo; no outro, um companheiro alegre e bem-
disposto.27

É precisamente devido às suas diferenças que tanto o pai como a mãe são
necessários para a aquisição de uma personalidade madura e equilibrada pelos filhos. A
presença do pai é tão necessária junto dos filhos como a da mãe. De uma maneira geral, os
pais dispendem mais tempo com os filhos durante os fins-de-semana. A melhor coisa e a
mais importante que o pai tem para tratar é estar com os seus filhos.

2.3 A família e a Sociedade

A família é a célula primária da vida social. É ela a sociedade natural em que o


homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. A autoridade, a
estabilidade e a vida de relações no seio da família constituem os fundamentos da
liberdade, da segurança, da fraternidade no seio da sociedade. A família é a comunidade

26
KIURA, Jane M. GITAU, Regina “et. all”A Vida e o Amor, 3ª. ed. (Paulinas, Lisboa – Portugal 2014), p. 132
27
Ibidem, p. 32.

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PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

em que, desde a infância, se podem aprender os valores morais, começar a honrar a Deus e
a fazer bom uso da liberdade. A vida da família é a iniciação na vida em sociedade.
«A família deve viver de modo que os seus membros aprendam a preocupar-se a
encarregar-se dos jovens e dos velhos, das pessoas doentes ou incapacitadas e dos
pobres».28 São muitas as famílias que em certos momentos, se não encontram em
condições de prestar esta ajuda. Recai então sobre outras pessoas, outras famílias e,
subsidiariamente, sobre a sociedade, o dever de prover a estas necessidades: «a religião
pura e sem manchas, aos olhos de Deus nosso Pai, consiste em visitar os órfãos e as viúvas
nas suas tribulações e conservar-se limpo do contágio do mundo (Tgo 1,27)».29
Nunca nos esqueçamos de que a sociedade de amanhã é formada dentro de nossos
lares, e que somos responsáveis por seu sucesso ou fracasso. Só a família pode nos auxiliar
nos momentos mais difíceis e inesperados de nossas vidas, e sem o apoio da mesma
ficamos sem base para seguir adiante. Família é um projecto de Deus. Ele foi o seu criador.
E nós temos a obrigação de cooperarmos com Ele na sua preservação.
A família deve ser ajudada e defendida por medidas sociais apropriadas. Nos casos
em que as famílias não estão em condições de cumprir as suas funções, os outros corpos
sociais têm o dever de as ajudar e de amparar a instituição familiar. Mas, segundo o
princípio da subsidiariedade, «as comunidades mais poderosas acautelar-se-ão de usurpar-
lhe os poderes ou de se imiscuir na sua vida».30
A importância da família na vida e no bem-estar da sociedade exige desta uma
responsabilidade particular na defesa e garantia do matrimónio e da família. Considera o
poder civil, como dever grave, «reconhecer e proteger a verdadeira natureza do matrimónio
e da família, defender a moralidade pública e favorecer a prosperidade pública» (GS 52,
2).31
A comunidade política tem o dever de honrar a família de assistir e de
nomeadamente lhe garantir:
 A liberdade de fundar um lar, ter filhos e educá-los de acordo com as suas
próprias convicções morais e religiosas;
 A protecção da estabilidade do laço conjugal e da instituição familiar;

28
Catecismo da Igreja Católica,nº 2208, p. 273.
29
Ibidem, p. 273.
30
Ibidem, nº 2209, p. 274.
31
Ibidem, nº 2210, p. 474

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 A liberdade de professar a sua fé, de a transmitir, de educar nela os seus


filhos, com os meios e as instituições necessárias;
 Consoante as instituições dos países, o direito aos cuidados médicos e
assistência aos idosos, bem como ao abandono de família;
 A protecção da segurança e da salubridade, sobretudo no que respeita a
perigos como a droga, a pornografia, o alcoolismo, etc.
 A liberdade de formar associações com outras famílias e de ter assim
representação junto das autoridades civis.
O quarto mandamento derrama a luz sobre as outras relações sociais. Nos nossos
irmãos e irmãs vemos os filhos dos nossos pais; nos nossos primos, os descendentes dos
nossos avós; nos nossos concidadãos, os filhos da nossa pátria; os baptizados, os filhos da
nossa mãe igreja; em toda a pessoa humana, um filho ou filha d’ Aquele que quer ser
chamado «nosso Pai». Dai que as nossas relações com o próximo sejam reconhecidas
como de ordem pessoal. «O próximo não é indivíduo da colectividade humana é alguém
que, pelas suas origens conhecidas, merece uma atenção e um respeito singular».32
As comunidades humanas são compostas de pessoas. O bom governo das mesmas
não se limita a garantir os direitos e a cumprir os deveres, bem como ao cumprimento dos
contactos. Relações justas entre patrões e empregados, governantes e cidadãos, supõem a
benevolência natural, de acordo com a dignidade das pessoas humanas, ansiosas de justiça
e de fraternidade.
Também, a família é a base da sociedade, porque nela o homem aprende a amar,
aprende a ser filho e irmão. Na família é onde se decide a futura atitude social de um
homem e também sua atitude religiosa. Na família se aprende a tratar aos outros, não como
coisas, mas sim como pessoas. Aprende-se a dar amor, porque se recebe amor.
A relação da família sempre teve grande importância no desenvolvimento da
sociedade. O núcleo familiar, pais e filhos, é responsável pela forma como veremos o
mundo no futuro. A escola tem o objectivo de difundir conhecimento e não de educar, dar
limites ou moralidade.
Há que afirmar a prioridade da família em relação à sociedade e ao estado. A
família, de facto, ao menos na sua função procriadora é a função mesma da sua existência.
Nas outras funções a favor de cada um dos seus membros ela precede, por importância e
valor, as funções que a sociedade e o estado também devem cumprir. A família, sujeito

32
Cf., Ibidem, nº 2212, p. 474.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 24


PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

titular de direito nativos e invioláveis, encontra a sua legitimação na natureza humana e


não no reconhecimento do estado. «A família não é portanto, para a sociedade e para o
estado; antes, a sociedade e o estado são para a família».33
Qualquer modelo social que pretenda servir ao bem do homem não pode prescindir
de centralidade e da responsabilidade social da família. A sociedade e o estado, nas suas
relações com a família, têm o dever de se ater ao princípio da subsidiariedade. Por força de
tal princípio, as autoridades públicas não devem subtrair à família aquelas tarefas que ela
pode bem perfazer sozinha ou livremente associada a outras famílias, por outro lado, as
autoridades têm o dever de apoias a família, assegurando-lhe todos os auxílios de que ela
necessita para desempenhar de modo adequado todas as suas responsabilidades.

2.4 Alguns factores da degradação social da família.34

Apontaremos neste ponto alguns factores que estão na base da degradação social
das famílias.
São vários os factores que levam a degradação social das famílias. Entre eles
podem ser citados:
 Separação do casal: por desajustes conjugais e familiares, em face das
mudanças de relações entre homens e mulheres. Essas mudanças podem ocorrer por
motivos económicos, liberação de hábitos e costumes e da sexualidade, possibilidade de
dissolução do casamento, que passa a ter caráter temporário. Esses desajustes, que
enfraquecem os laços de coesão do grupo familiar, não raro são causados tanto por tensões
internas quanto externas e também por maus tratos físicos;
 Abandono dos filhos: quando um dos pais sai de casa, por troca de parceiro
ou por qualquer outro motivo, faltando com as tarefas básicas de proteção e cuidado para
com os membros da família e com a socialização primária das crianças. Mal alimentados,
afetivamente inseguras, sujeitas a agressões na família, formam-se jovens inadaptados ou
até revoltados;
 Ausência dos pais: mães de familias obrigadas a obter emprego, afastam-se
da casa e dos cuidados com os filhos. Muitas meninas de familias empobrecidas assumem

33
Compêndio da doutrina Social da Igreja Católica, nº 214, p. 150.
34
Cf. LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, M., de Andrade, Sociologia Geral, 7ª ed., Editora Atlas S.A., São
Paulo, 2011, pp. 322-323.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 25


PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

muito cedo o cuidado dos irmãos menores para que os pais possam trabalhar, ocasionando
em geral prejuízos em sua formação;
 Sexualidade precoce: meninas de famílias empobrecidas, logo que atingem
a puberdade, muitas vezes se empregam como domésticas. Despreparadas para a nova
situação de vida, sem apoio da família que as recebe, carentes afetivamente, são
desrespeitadas sexualmente. Se acontece gravidez, entram no dilema: assumir o filho, doá-
lo ou abortá-lo. A prostituição de menores em tais circunstâncias atinge índices altíssimos.
 Desemprego: ou má qualidade dos que estão sendo criados. A falta de
recursos para o sustento do grupo leva ao empobrecimento acelerado da família;
 Empobrecimento da população: a política do estado, por não oferecer
condições mínimas de sustentação das famílias – renda, emprego, segurança, serviços
públicos de qualidade leva-as á falência;
 Violência familiar: dos pais ou padrastos, especialmente contra crianças. A
família, em vez de ser refúgio seguro, passa a ser lugar que coloca em risco a segurança
física e emocional dos seus membros. As manifestações de agressividade e violência levam
as crianças a saírem de casa e passarem, muitas vezes a consumir drogas;
 Delinquência juvenil:de crianças e adolescentes resultantes do uso de
drogas e/ou bebidas, vendidas por toda parte, por causa de inadaptação familiares e de
desajustamentos conjugais. Provenientes, portanto, de uma problemática socioeconómica,
as crianças tornam-se menores marginalizados, empobrecidos, abandonados, oprimidos,
carentes e/ou infractores;
 Falta de moradia: a precariedade e o tamanho das habitações, em relação
ao número de pessoas, propiciam a ampliação de bairros de lata e cortiços ou outros
lugares promíscuos;
 Falta de saúde e de saneamento básico: provenientes de atendimento
precário nos postos de saúde, com filas enormes e remédios caros; favorecem a alta taxa de
moralidade infantil e de natimortalidade, incidência de doenças e até aumento de
delinquência juvenil;

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 26


PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

CAPÍTULO III – A FAMÍLIA E A MORAL

3.1. A família como centro de virtudes e valores

A família é a melhor escola da vida, porque transmite na intimidade do lar, por


contágio, ensinamentos, virtudes e valores. Quando falta no lar amor, espirito de
compreensão e de convivência, essa coerência manifesta-se também na sociedade:
certamente faltará solidariedade e desejo de servir os demais. Há famílias que são «túmulos
do amor»35, embora delas possam sair pessoas brilhantes e vencedoras. Em compensação
existem famílias que cuidam do encontro, dos detalhes e da comunicação entre todos.
Desses lares com calor de ninho saem pessoas felizes, solidárias, autônomas, capazes de
gostar da vida, estejam sós ou acompanhadas.
A família é constituída por todos os seus integrantes e com pequenos detalhes. Tão
necessária é a solicitude do pai quando a pergunta interessada do filho. Pode ser a grande
escola de solidariedade, na qual podem adquirir-se o interesse pelos de fora, partilham-se
os amigos, cada um vibra com o compromisso do outro e todos vivem comprometidos, e
na qual se pratica a tolerância pelos diferentes ritmos, pelas diferenças de idade e de
interesses.
A paternidade e a maternidade são muito mais que um evento biológico; são uma
missão de amor, pois o compromisso dos progenitores vai muito além das necessidades
físicas do filho. «O ser humano requer a presença de pais biológicos ou adoptivos para
acompanha-lo em seu longo e lento processo crescimento até a verdadeira e completa
autonomia»36. Nos pais, a criança precisa encontrar o primeiro exemplo vivo dos grandes
traços de carácter que devem inspirar sua conduta individual e comunitária; a família é sua
escola viva de virtudes.
A família é um agente transmissor de valores sociais. Os valores vividos pela
família são transmitidos também de maneira informal e aprendidos de maneira intuitiva
pelos filhos. A tríade pai – mãe – filhos cria por si mesma uma situação de aula, na qual o
espontâneo substitui o formal, e o intuitivo substitui o sistemático, sem que com isso se
percam os viveis de interiorização mais profundos, apesar de menos sistemáticos.

35
Vida além do amor.
36
MORENO, IzquierdoCiriaco, Educar em Valores, 4ª. ed. Editora paulina, São Paulo 2010, p.254.

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PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

O cultivo de valores espirituais também é uma das funções primordiais da família.


Ninguém mais do que os pais estão chamados a transmitir a vida superior e a proclamar a
dimensão sobrenatural dos filhos. A família é a única plataforma educativa que pode
garantir a formação integral da pessoa humana. São elas que, com seus testemunhos, com
sua palavra e com seu conselho oportuno e desinteressado influenciam os filhos. Essa
formação espiritual supera o marco do tradicionalismo rotineiro e leva a sentimentos de
maior compromisso, a relações de profunda solidariedade social e uma melhor disposição
diante das normas éticas ou diante dos serviços sociais – é um dos mais eficientes
caminhos para superar a violência social.
Tornar cada indivíduo responsável, dentro da família, não é uma coisa automática.
Exige um sério planeamento.

A disciplina tem de ser dialogada e implementada. Os pais têm de estabelecer


normas de comportamento e arranjar tempo para estar com os filhos para os
ajudar a adquirir as desejáveis normas de comportamentos. Os pais têm de
oferecer aos filhos exemplos práticos de disciplinas e descobrir uma forma de
lidar com a falta de disciplina nos casos em que isso acontece na sua família.37

Todas as crianças precisam de uma educação formal e uma educação informal. Os


pais devem esforçar-se por descobrir os talentos de cada um dos seus filhos e procurar
desenvolvê-los através da educação. Este planeamento tem de ser feito pelo casal, em
conjunto, pois exigem meios financeiros, tempo e escolha da escola que melhor
corresponderá às necessidades do desenvolvimento do potencial das crianças.
A educação informal, que é dada em casa pelos pais, realiza-se especialmente
através do exemplo, instruções e disciplina e também pelo envolvimento da criança nos
trabalhos domésticos. Logo, os pais têm de planificar um tempo para estar com as crianças,
em vez de, delegarem esta tarefa a terceiros, por exemplo, em familiares ou amas.
«Cada unidade familiar tem as mesmas necessidades básicas que têm de ser
satisfeitas se tiver em mira atingir a felicidade»38. A riqueza não é necessariamente a marca
da felicidade, mas partilhar, seja o que for, com amor traz paz e a sensação de pertencer
realmente a uma célula familiar.

37
KIURA, Jane M.GITAU, Regina“et. all” op. Cit., p. 129
38
Ibidem, p. 30.

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PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

3.2. Valores a serem transmitidos no seio familiar

A consideração pedagógica dos valores deve estar presente no processo educativo


como um todo. A pedagogia da intervenção requer um padrão de valores que orienta as
actividades participativas dos indivíduos para a otimização humana, o que exige um
melhor planejamento no campo familiar e no escolar. O valor como tal é um dos traços
mais importantes aprendidos no seio da educação familiar. O processo da educação refere-
se sempre a algum modelo axiológico, ao tentar reproduzir valores, atitudes, hábitos,
técnicas e conhecimento que predominam em determinada sociedade. As condições sociais
e tecnológicas de nosso tempo exigem uma reedificação e provavelmente uma profunda
revisão das funções tradicionalmente à educação.
As instituições sociais tais como a família, a escola e os meios de comunicação
social proporcionam normas de conduta harmonizadas com as exigências institucionais. As
instituições, por sua vez, correspondem a um sistema de valores para cuja manutenção e
reprodução contribuem a práticas comunicativas e as formas de relação interior as mesmas.

Além das instituições sociais, existem outras esferas da manutenção de valores


entre as quais se destaca a prática da religião. Esta mantém aberto o universo das
crenças e das relações comunicativas com Deus, que constituem a chave de
abóbada do universo valorativo religioso-social, não se pode imaginar uma crise
de valores desligada de uma crise religiosa. 39

O grande dinamismo dos meios de comunicação e de informação aflige-nos com


uma infinidade de sistemas de valores que invadem os lares e nos obriga a escolher alguns
deles. Com frequência apresenta-se como contrários ou mesmo contraditórios, dependendo
da formação inicial das pessoas de sua capacidade de crítica e de inovação.
Dada a transcendência dos valores no lar, a família não pode esquecer que é nele
que o filho recebe os primeiros carinhos, os primeiros ensinamentos e percebe os
comportamentos iniciais. É onde, praticamente se estabelece os fundamentos éticos que
devem governar a pessoa. «No seio da comunidade a família transcorre a primeira e
fundamental parte do processo de socialização»40. Os testemunhos de sociólogos,
pedagogos, e psicólogo coincidem nessa afirmação. A criança passa os primeiros anos de

39
MORENO, Izquierdo Ciriaco,op. Cit., p. 251.
40
Ibidem, p. 252.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 29


PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

vida imersa na comunidade familiar e nestas são findados os alicerces da sua


personalidade, antes que venha a sofrer outras influenciam, a família pode educar por
assimilação ou até pela rejeição, mas, de qualquer maneira, a sua influência é profunda e
duradoura.
A melhor educação nasce e se desenvolve no lar. É nele que se aprende a ter
interesse pela vida, a confiar em si mesmo, a acreditar que se pode seguir em frente pelos
caminhos do sucesso. Os pais têm a possibilidade de mostrar, com a sua presença e atenção
constante, os caminhos da verdade e do amor, o respeito de trabalho, a ajuda aos demais,
podem estimular os filhos a serem eles mesmos, a desenvolverem suas qualidades, a
potencializarem sua autoestima, sem precisar imitar ninguém ou procurar pelos desertos da
vida aquilo que são e o que possuem dentro de sua vida. Em seu sentido mais profundo, a
família é comunidade, comunicação. É o primeiro núcleo da vida e de amor, mas ao
mesmo tempo é a primeira escola de saber, de civismo e de cidadania. É a primeira
sociedade criada para educar as próximas gerações. E todo filho precisa receber dessa sua
primeira comunidade os impulsos necessários para:
 Conhecer a finalidade da própria vida: uma meta, um objectivo, um fim;
algo que dê coesão às forças latentes que tendem a manifestar-se de maneira anárquica,
conforme vão desenvolvendo as suas possibilidades de ser;
 Orientar os próprios interesses: quanto à valoração e canalização, e não só
dos interesses profissionais, mas também dos interesses de vida, em torno dos quais o
indivíduo irá estruturando sua filosofia vital, organizando seu quadro de valores e
decantando tudo o que possa representar um obstáculo para a consecução desses valores;
 Obter a possibilidade de atingir as próprias metas de maneira livre e
responsável: este objectivo humano está cheio de arestas, a ponto de a liberdade constituir
uma antinomia clássica em pedagogia: liberdade-autoridade; o temor dos pais nesse
sentido deve transformar-se em ousadia para promover uma educação voltada à essência da
verdadeira decisão humana;
 Adquirir consciência dos direitos humanos e dos deveres correlatos:
qualquer dever meu é um direito do outro e vice-versa; a relação humana flutua sobre o
binômio direito-dever, passível de ser desfeito somente à custa da integridade da pessoa;
 Manter orientação para o seu desenvolvimento integral: o ser humano está
destinado ao amadurecimento, que é obra da comunidade da própria pessoa e do seu

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 30


PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

tempo; esse amadurecimento não ocorrerá caso o indivíduo se descuide de sua dimensão
humana, social, intelectual e física;
 Conscientizar-se de que é colaborador do processo: uma conscientização
que envolve saber de todo processo que não for abertura a Deus e aos demais limita a
pessoa;
 Aprender o que é liberdade: é a realidade familiar que torna possível o
aprendizado da liberdade, o eterno problema de ser humano: uma liberdade que faz crescer
em responsabilidade; e o senso de responsabilidade não será possível se o filho não estiver
crescendo em um ambiente de liberdade – um equilíbrio difícil de conseguir em educação,
mas os pais têm de correr o risco;
 Conhecer o sentido do bem comum: ou seja, dar opções ao filho de viver e
de trabalhar na sociedade, de se inserir na construção da comunidade política com sentido
do bem comum, interessando-se por todo e qualquer acontecimento da vida social;
 Obter orientação social da vida: o que significa saber que o seu trabalho
sempre tem uma dupla dimensão, uma pessoal e outra social;
 Aspirar a uma sociedade melhor: uma postura dos pais em relação ao filho
na qual está em jogo a contribuição (e não a inibição) de todos os valores necessários para
se construir uma sociedade na qual a verdade, a justiça, a paz e o amor sejam realidade e
não utopia.

3.3. Relação entre a moral e a educação

Temos por adquirido que, nas sociedades tal como as conhecemos, o ser humano
não se cumpre sem Educação. Assim, se a Educação visa fazer e ser mais do que
adestramento, ela está ligada à Instrução – «conceito que, historicamente, mereceu a
preferência de muitos Pedagogos e Filósofos da Educação, reportando-se mesmo à
formação dos povos».41
Conceptualmente, a Educação tem origem em dois verbos latinos: educo, as, are e
educo, is, ere.«Educação significa, no contexto do primeiro verbo, criar plantas e animais,
alimentar, ter cuidado com, cuidar de e, no contexto do segundo verbo, significa conduzir
para fora, tirar, extrair.»42A Educação é um processo de mútua formação em grupo. Assim,

41
DIAS,J. M. de Barros, Ética e Educação, Editora Universidade Aberta, Lisboa, Dezembro de 2010 , p. 145.
42
Ibidem, p. 145.

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situado num clima de autoformação, benéfico para os diferentes intervenientes no processo


educativo, tanto o educador, como o educando, ensinam e aprendem, contribuindo de
maneira determinante para uma díade dialéctica de feição única que possibilita a
modificação qualitativa dos seus participantes. Referimo-nos à díade dialéctica educando
<=> educador, que entendem as pessoas como produtos e, a um tempo, como produtores
de cultura.
O acto educativo não existe plenamente sem uma concepção do ser humano –
nomeadamente dos seus fins últimos, que tenham por base os princípios educacionais,
entendido como as regras fundamentais da ciência e da arte de educar. As bases
norteadoras da Educação integram-se, por seu turno, numa perspectiva do universo, uma
cosmo-visão. É a luz da formulação das questões “quais os fundamentos da arte e da
ciência de educar?”; “quem é o educando?”; “quem é o educador?”; “o que fazer do
educando?”; “por que fazê-lo? e da sua resposta coerente que se determina e joga, de
maneira decisiva, boa parte do fenómeno educativo. «Mas o problema teleológico não
pode ser dissociado do problema técnico, dado que ambos se acham umbilicalmente
ligados no acto educativo, que é de teor prático».43
Retenhamos o pensamento de Manuel Antunes, que considera ser a Educação um
facto, uma necessidade e um dever.

A educação é uma espécie de acção: uma acção – arrisquemos defini-la –


promotora e instauradora de valores. Entre dois ou mais seres humanos
estabelecem-se relações determinadas a suscitar e a conservar actos e formas,
ideias e sentimentos, conteúdos e estruturas. A educação é, nos seus termos mais
simples, uma consciência e uma liberdade que se dirigem a outra consciência e a
outra liberdade.44

Entendendo a educação como promoção de valores, defendendo que cada ser


humano, é animal de preferências e de preterições, deve ser consciencializado – de maneira
coerente e harmoniosa – no contexto da Educação, em ordem à plenificação da vida total.
É como pessoa, como membro de uma família, como português, como europeu, como ser
humano, que cada educando deve ser tratado nas nossas escolas.

43
Cf., Ibidem, p. 145.
44
Antunes: apudDIAS, J. M. de Barros, op. Cit., p. 146.

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Se a Educação é o processo de personalização de cada ser humano, cada um de nós


é e torna-se pessoa numa situação correcta. Neste sentido, o dever moral não pode separar-
se da possibilidade de agir moralmente. A Educação que não pode deixar de visar a esfera
da Moral tem de considerar o primado do ser do educando, em detrimento do seu ter.
Com a obra educativa, a família forma o homem para a plenitude da sua dignidade
pessoal, segundo todas as suas dimensões, inclusive a social. A família constitui
efectivamente, uma comunidade de amor e de solidariedade, insubstituível para o ensino e
a transmissão dos valores culturais, éticos, sociais, espirituais e religiosos essênciais para o
desenvolvimento e o bem-estar dos seus próprios membros e da sociedade. Exercendo a
sua missão educativa, a família contribui para o bem comum e constitui a primeira escola
das virtudes sociais, de que todas as sociedades necessitam. As pessoas são ajudadas, em
famílias, a crescerem na liberdade e na responsabilidade, requisito indispensável para se
assumir qualquer tarefa na sociedade. Com a educação, além disso, são comunicados, para
serem assimilados e feitos próprios por cada um, alguns valores fundamentais, necessários
para serem cidadãos livres, honestos e responsáveis.
A família tem um papel totalmente original e insubstituível na educação dos filhos.
O amor paterno e materno, colocando-se ao serviço dos filhos para extrair deles (e-ducere)
o melhor de si, tem a sua plena realização precisamente na tarefa educativa: o amor dos
pais de fonte torna-se alma e, portanto, norma que inspira e guia toda a acção educativa
concreta, enriquecendo-a com aqueles valores de docilidade, constância, bondade, serviço,
desinteresse, espírito de sacrifício que são o fruto mais precioso do amor.
O direito-dever dos pais de educar a prole qualifica-se como essencial ligado com
esta à transmissão da vida humana: como original e primária em relação ao dever
educativo dos demais pela unicidade da relação de amor que subsiste entre pais e filhos;
como insubstituível e inalienável, o qual, portanto, não pode ser totalmente delegado ou
usurpado por outros. Os pais têm o direito-dever de oferecer uma educação religiosa e uma
formação moral aos seus filhos: direito que não pode ser cancelado pelo estado, mas deve
ser respeitado e promovido: dever primário que a família não pode descurar e delegar.
Os pais são os primeiros, mas não os únicos educadores dos seus filhos. Compete-
lhes, pois, a eles exercer com sentido de responsabilidade a sua obra educativa em
colaboração estreita e vigilante com os organismos civis e eclesiais: a dimensão
comunitária, civil e eclesial do homem exige e conduz a uma obra mais ampla e articulada,
que seja o fruto da colaboração ordenada das diversas forças educativas. Estas forças são

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todas elas necessárias, mesmo que cada uma possa e deva intervir com a sua competência e
o seu contributo próprio. Os pais têm o direito de escolher os instrumentos formativos
correspondentes às próprias convicções de buscar os meios que possam ajudá-los da
melhor maneira na sua tarefa de educadores, mesmo no âmbito espiritual e religioso. As
autoridades públicas têm o dever de garantir tal direito e de assegurar as condições
concretas que consentem o seu exercício. Neste contexto, coloca-se antes de mais o tema
de colaboração entre a família e a instituição escolar.
Os pais têm o direito de fundar e manter instituições educativas. As autoridades
públicas devem assegurar que sejam estabelecidos determinados subsídios públicos de
maneira que os pais sejam verdadeiramente livres ao exercerem este direito, sem
enfrentarem injustas. Não se deve constranger os pais a suportarem, directa ou
indirectamente, despesas suplementares que impeçam ou limitem injustamente o exercício
desta liberdade. Deve-se, portanto, considerar uma injustiça negar subvenção económica
pública às escolas não estatais que delas necessitem e que prestem um serviço à sociedade
civil: quando o estado reivindica o monopólio escolar, excede os seus direitos e ofende a
justiça. O Estado não pode, sem injustiça, contentar-se com tolerar as chamadas escolas
privadas. Estas realizam um serviço público e têm, por conseguinte, o direito de serem
ajudadas economicamente.
A família tem a responsabilidade de oferecer uma educação integral. Toda a
verdadeira educação, efectivamente, pretende a formação da pessoa humana em ordem ao
seu fim último e, ao mesmo tempo, ao bem das sociedades de que o homem é membro, e
em cujas responsabilidades, uma vez adulto, tomará parte. A integridade fica assegurada
quando os filhos – com o testemunho de vida e com palavra – são educados para o diálogo,
para o encontro, para sociabilidade, para a legalidade, para a solidariedade e para a paz,
mediante o colectivo das virtudes fundamentais da justiça e da caridade.
Na educação dos filhos, o papel paterno e materno são igualmente necessários. Os
pais devem, pois, agir conjuntamente. A autoridade deve ser por ele exercer com respeito
delicadeza, mas também com firmeza e vigor: deve ser credível, coerente, sábia e sempre
orientada ao bem integral dos filhos.
Os pais têm ainda uma particular responsabilidade na esfera da educação sexual. É
de fundamental importância, para um crescimento, equilibrado, que os filhos aprendam de
modo ordenado e progressivo o significado da sexualidade e aprendam a apreciar os
valores humanos e morais relativos a ela: pelos laços estreitos que ligam a dimensão sexual

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da pessoa e os seus valores éticos, o dever educativo deve conduzir os filhos a conhecer e a
estimar as normas morais como necessárias e preciosas garantia para um crescimento
pessoal e responsável na sexualidade humana. Os pais têm a obrigação de verificar o modo
como se realiza a educação sexual nas instituições educativas, a fim de garantir que um
tema tão importante e delicado seja abordado de modo apropriado.

3.4. A importância da educação moral na família

A família propõe-se como espaço daquela comunhão, tão necessária numa


sociedade cada vez mais individualista, que faz crescer uma autêntica comunidade de
pessoas, graças ao incessante dinamismo do amor, que é a dimensão fundamental da
experiência humana e que tem precisamente na família um lugar privilegiado para se
manifestar. O amor faz com que o homem se realize através do dom sincero de si: «amar
significa dar e receber aquilo que não se pode comprar nem vender, mas apenas livre e
reciprocamente oferecer».45
Graças ao amor, realidade essencial para definir o matrimónio e a família, qualquer
pessoa, homem ou mulher, é reconhecida, acolhida e respeitada na sua dignidade. Do amor
nascem relações vividas sob o signo da gratuidade, a qualquer, respeitando e favorecendo
em todo e em cada um a dignidade pessoal como único título de valor, torna-se
acolhimento cordial, encontro, diálogo, disponibilidade desinteressada, serviço generoso,
solidariedade profunda. A existência de família que vivem em tal espírito põe a nu as
carências e as contradições de uma sociedade orientada preponderantemente, quando não
exclusivamente, por critério de eficiência e funcionalidade. «A família que vive
construindo todos os dias uma rede de relações interpessoais, internas e externas, põe-se
por sua vez, como a primeira e insubstituível escola de sociabilidade, exemplo e estímulo
para as mais amplas relações comunitária no respeito, na justiça, no diálogo e no amor».46
O amor expressa-se também mediante uma pressurosa atenção para com os ancião
que vivem na família: a sua presença pode assumir um grande valor. Eles são um exemplo
da conexão entre as gerações, uma riqueza para o bem-estar da família e de toda a
sociedade: não só podem dar testemunho de que existem aspectos de vida, como os valores
humano e culturais, morais e sociais, que não se medem em termos económicos e

45
Compêndio da doutrina Social da Igreja Católica, nº 221, p. 154.
46
Ibidem, nº 221, p. 154.

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funcionais, mas oferecer também o seu contributo eficaz no âmbito do trabalho e no da


responsabilidade. Trata-se, por fim, não só de fazer algo pelos idosos, mas de aceitar
também estas pessoas como colaboradores responsáveis, com modalidades que o tornem
realmente possível, como agentes de projectos partilhados, em fases de programação de
diálogo ou de realização. Como diz Sagrada Escritura, «as pessoas até na velhice darão
frutos (Sl 92, 15)»47. Os anciãos constituem uma importante escola de vida, capaz de
transmitir valores e tradições e de favorecer o crescimento dos mais jovens, os quais desse
modo, aprendem a buscar não somente o próprio bem, mas também o de outrem. Se os
anciãos se encontram numa situação de sofrimento e dependência necessitam não só de
cuidados médicos e de uma assistência apropriada, mas sobretudo de ser tratado com amor.
A educação familiar para a vida consiste na educação para os valores e relações que
é lícito esperar que existiam numa família. Significa aprender a viver numa comunidade de
pessoa em que a vida se faz de relações.
O objectivo da educação familiar para a vida é inculcar um forte sistema de valores
que ponha em evidência as verdadeiras prioridades e auxiliar as crianças a adquirir, durante
o seu processo de crescimento, as competências necessárias para desenvolver e manter
relações satisfatórias e estáveis.
Na educação da família é importante considerar quais são as pessoas que a
constituem. Cada indivíduo é uma pessoa completa e necessita de receber uma educação
global.

3.5. A família e a Religião

No campo religioso a família é o modelo de qualquer sociedade sadia. «Deus


pensou na humanidade como uma grande família: não só porque Ele é Pai, senão também
porque Ele mesmo é família. Nesta Família divina o Pai, o Filho e o Espírito Santo vivem
infinitamente felizes, porque se amam com um amor infinito»48. O homem foi criado a
imagem e semelhança de Deus: isto significa que foi criado para viver, igual a Deus, em
uma família, onde reina o amor pessoal. A família é modelo da sociedade, porque é
imagem perfeita da Santíssima Trindade.

47
Ibidem, nº 222, p. 155.
48
Kiura, Jane M. GITAU, Regina, Op. Cit., p. 138.

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PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

Os homens são seres espirituais, por natureza. Têm a potencialidade para viver
numa relação com o criador, uma vez que foram criados à sua imagem e semelhança.
Levar uma vida religiosa significa viver a vida humana plenamente e bem. Isto
pode acontecer de diferentes formas:
 Sendo plenamente humano
Os membros da família precisam de ter pleno conhecimento da dignidade que
adquiriram por terem sido criados à imagem e semelhança de Deus. Respeito por si próprio
e respeito pelos outros desperta a reverência a Deus.
 Sendo culturalmente autêntico
A espiritualidade familiar salvaguarda o conjunto dos nossos valores culturais.
Ajuda-nos a manter as boas expectativas sociais da família e a desempenharmos
cabalmente os nossos papéis. A espiritualidade não deve ser vivida num vácuo. Temos
necessidade de viver os nossos valores positivos dentro do contexto social da nossa família
e na envolvência mais larga da sociedade. Os primeiros cristão eram facilmente
identificados pelos pagãos porque viviam os seus valores cristãos em pleno ambiente
pagão.
 Cumprindo os dez mandamentos
Os três primeiros referem-se a Deus e os restantes sete dizem respeito ao nosso
próximo. Os membros da família são o primeiro próximo de cada indivíduo. Os
mandamentos sobre o próximo tratam basicamente da procura do seu bem-estar.
 Guardando os mandamentos da igreja
Todas as confissões religiosas estabelecem orientações para os seguidores. As
igrejas cristãs, o Islão, bem como outras religiões, têm regras próprias. A igreja católica
tem alguns mandamentos para os seus seguidores. Por exemplo, participar da Missa ao
domingo e dias santos da guarda é uma exigência importante que os pais devem observar,
ensinar e assegurar-se que todos na família respeitam.
 Fazendo da família a igreja doméstica
Há uma máxima importante que diz: «A família que reza unida permanece unida».
A família como comunidade tem de experimentar a vivência e a prática do culto a Deus –
através da oração, da partilha, da leitura da Bíblia e dos documentos da igreja. Os pais
podem encorajar o culto familiar.
• Estabelecendo um horário em família;

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PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

• Estabelecendo um lugar próprio, possivelmente com uma preferência a Deus


ou a alguns santos em particular, e criando uma atmosfera religiosa;
• Pode criar-se uma atmosfera religiosa, mantendo a higiene da casa,
reservando uma mesa para ter uma vela, adoptando um comportamento reverente e
fazendo silêncio;
• Mantendo um esquema habitual, fácil de seguir pelas crianças mais novas.
Uma família precisa de conviver com outras famílias para mútuo apoio espiritual. O
convívio com outras famílias em comunidades de oração e outras actividades religiosas na
igreja, tempo ou mesquia ajuda a fortalecer a prática familiar da fé.
As pessoas têm uma espiritualidade inata e uma necessidade básica de fé e valores.
Para que a religiosidade da família seja por uma fé profunda é necessário que o casal
trabalhe nesse sentido – o que requer a decisão de optar por uma fé religiosa e de como
educar nela os filhos. Quando as coisas estão bem planeadas, as crianças adquirem uma
religião através da prática dos pais. Os valores humanos são muito valorizados pela prática
de uma fé religiosa. «A autodisciplina e a consciência da sua própria dignidade conduzem
a uma automosfera de fé em Deus»49. Vale apena, pois, que cada casal disponha do tempo
necessário para criar um ambiente apropriado à prática religiosa em casa.

49
Ibidem. P. 140.

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CAPÍTULO IV – PROPOSTAS PARA UMA FAMÍLIA MORALIZADA

4.3. Acompanhamento das instituições Sociais na vida das famílias

As instituições constituem instrumentos mais eficazes de humanização e de


personalização da sociedade. Colabora de um modo original e profundo na construção do
mundo, tornando possível uma vida autenticamente humana, guardando e transmitindo
sobretudo as virtudes e os valores.Como escreve o Concílio Vaticano II,
«nasinstituiçõescongregam-se diferentes famílias que reciprocamente se ajudam a alcançar
uma sabedoria mais plena e conciliar os direitos pessoais com as outras exigências da vida
social.»50
A íntima conexão entre a família e asinstituições sociais, assim como exige a
abertura e a participação da família na sociedade e no seu desenvolvimento, impõe também
as instituições que não abandone seu dever fundamental de respeitar e promover a família.
A família e as instituições sociais têm certamente uma função complementar na
defesa e na promoção do bem e de todos os homens e de cada homem. Mas as instituições,
e mais especialmente o estado, devem reconhecer que a família é uma sociedade que goza
de direito próprio e primordial, e portanto nas suas relações com elas são gravemente
obrigados a respeitar do princípio de subsidiariedade.
Em virtude desse princípio o Estado não pode nem deve subtrair às famílias tarefas
que elas podem desenvolver perfeitamente só ou livremente associadas, mas deve
positivamente favorecer e quanto possível solicitar a sua iniciativa responsável.
Convencidas de que o bem da família constitui um indispensável e irrenunciável valor da
comunidade civil, as instituições sociais devem fazer o possível por assegurar as famílias
todas as ajudas – económicas, sociais, educativas, políticas culturais – de que elas têm
necessidades para enfrentar de modo humano a todas as suas responsabilidades.
A igreja defende aberta e fortemente os direitos da família contra as intoleráveis
usurpações da sociedade e do Estado. De modo particular, os Padres Sinodais reivindicam
para ela, entre outros, os seguintes direitos:

50
Cf., Exortação Apostólica do Papa João Paulo II, Familiaris Consortio, Editorial A.O – Braga, Portugal
(Braga) 1982, p. 63.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 39


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- O direito de existir e progredir como família, isto é, o direito de cada homem,


mesmo pobre, fundar uma família e ter os meios adequados para a sustentar e
educar;
- O direito a identidade da vida conjugal e familiar;
- O direito de crer e de professar a própria fé, e de a difundir;
- O direito de educar os filhos segundo as suas próprias tradições e valores
religiosos e culturais, com os instrumentos, meios e instituições necessárias;
- O direito de obter segurança física, social, política, económica, especialmente
tratando-se de pobres e de enfermos;
- O direito de ter uma habitação digna para levar convenientemente a sua vida
familiar;
- O direito de expressão e representação diante das autoridades públicas,
económicas, sociais e culturais e outras inferiores, quer directamente quer
através de associações;
- O direito de criar associações com outras famílias e instituições para o
desempenho adequado e solícito do próprio dever;
- O direito das pessoas de idade de viverem morrerem dignamente; 51

4.4. Implementação de programas educativos nos meios de comunicação social

Entre as maravilhosas invenções da técnica que, sobretudo no nosso tempo, a


inteligência humana, com o auxílio de Deus, depreendeu das coisas criadas sobressaem os
meios que, por sua natureza, são capazes de atingir e movimentar não somente os
indivíduos, mas toda a sociedade humana, como a imprensa, o cinema, o rádio, a televisão
e outras invenções deste gênero, que por isso mesmo podem ser chamadas: meios de
comunicação social.
Para o recto uso destes meios é absolutamente necessário que todos os que se
servem deles conheçam as normas da moral a este respeito e as sigam fielmente.
Considerem, portanto, o conteúdo do que é comunicado, de acordo com a natureza
particular de cada instrumento; igualmente tenham presente todas as circunstâncias, isto é,
a finalidade, as pessoas, o lugar, o tempo, e outros dados pelos quais se atua a própria
comunicação e que podem mudar ou inteiramente alterar sua bondade moral. É
particularmente necessário que todos os interessados se formem uma recta consciência
acerca do uso desses meios.

51
Cf., Ibidem, pp., 66-66.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 40


PAPEL DA FAMÍLIA NA MORALIZAÇÃO DA SOCIEDADE Malanje, 2015

Deveres particulares competem a todos os receptores, isto é, leitores, espectadores


e ouvintes, que por pessoal e livre escolha recebem as comunicações difundidas por esses
meios. Na realidade, a boa escolha exige que favoreçam em tudo as comunicações que
sobressaem pela virtude, ciência e arte, e que evitem, pelo contrário, as que forem causa ou
ocasião de prejuízo espiritual para si mesmos, ou que, pelo mau exemplo, possam expor os
outros ao perigo, ou dificultem as boas comunicações e promovam as más: o que
frequentemente acontece, contribuindo economicamente para empresas que somente
atendem ao lucro com a utilização desses meios. Assim, pois, os receptores para
cumprirem a lei moral, não deixem de se informar oportunamente sobre as determinações
dadas a este respeito pela autoridade competente e de segui-las segundo as normas de uma
reta consciência. Para que possam resistir mais facilmente às más sugestões e fomentar as
boas, procurem orientar e formar a própria consciência com meios adequados.
A principal obrigação moral, no que diz respeito ao justo emprego dos meios de
comunicação social, cabe aos jornalistas, escritores, atores, teatrólogos, produtores,
diretores, distribuidores, gerentes, vendedores, críticos e aos demais que, de qualquer
forma, tomam parte na elaboração e transmissão das comunicações. Com efeito,
claramente se evidenciam quais e quão graves responsabilidades lhes incumbem, nas atuais
condições humanas, pois que, informando e incitando, podem levar os homens ao bem ou
ao mal.Competirá, portanto, a eles ordenar de tal maneira a economia, a política e a arte
que jamais se oponham ao bem comum. Segundo Concílio Vaticano II, «para conseguirem
mais facilmente esta finalidade é aconselhável formarem associações profissionais que
imponham a seus membros o respeito às leis morais no exercício de sua arte, e até, se for
necessário, o compromisso de observarem devidamente um código moral».52
Lembrem-se sempre de que a maioria dos leitores e espectadores é constituída de
jovens que precisam de imprensa e espetáculos que ofereçam divertimentos honestos e
elevem os espíritos a realidades mais sublimes. Procurem, além disso, que as
comunicações sobre assuntos religiosos sejam confiadas a pessoas dignas e competentes e
sejam executadas com a devida reverência.

52
Concílio Vaticano II, Documento Conciliares e Pontefíciof, Ibidem, nº 11, p.48.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 41


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Conclusão
A família é a comunidade natural na qual se experimenta a sociabilidade humana,
contribui de modo único e insubstituível para o bem da sociedade. Somos levados a
acreditar que uma sociedade a medida da família é a melhor garantia contra toda a deriva
de tipo individualista ou colectivista, porque nela a pessoa está sempre no centro da
atenção enquanto fim e não como meio. É de evidente que o bem das pessoas e o bom
funcionamento da sociedade, estão estreitamente conexos (com uma favorável situação da
comunidade conjugal e familiar). A comunidade familiar nasce da comunhão das pessoas.
A comunhão diz respeito à relação pessoal entre o “eu” e o “tu”. A “comunidade”, pelo
contrário, supera este esquema na direcção de resultando numa sociedade, de um “nós”. A
família, comunidade de pessoas, é, pois, a primeira “sociedade” humana.
Contudo, sem famílias factor da comunhão e estável no compromisso, as
sociedades debilitam-se, visto que na família são inculcados desde os primeiros anos de
vida os valores morais, e culturais da acção. Nela se dá a aprendizagem das
responsabilidades sociais e da solidariedade.
A paternidade humana, tal como já fizemos refrência, é muito mais que gerar uma
prole. A procriação implica assumir a responsabilidade pelo destino das crianças e a
paternidade responsável tem a ver com desempenho deste dever com muita felicidade.
Significa também educar os filhos prepará-los para a vida e guiar os seus passos em
direcção à salvação interna.
O exercício responsável da paternidade implica que marido e mulher aceitam a
plenitude dos seus deveres para com Deus, para com eles próprios, para com a sua família
e para com a sociedade, dentro de uma correcta hierarquia de valores. Desta forma, os pais
estarão aptos a educarem bons cidadãos para os dias de hoje e para o de amanhã.
A educação social de um povo depende grandemente da família, visto que esta é à
base da convivência social e educativa anteposta a outras instituições sociais.
Deste modo é necessário que as famílias malanjinas tomem consciência de que o
que veio a este mundo, através do amor deve ser cuidado com muito amor. Ambos, pai e
mãe, devem assumir a responsabilidade completa pela educação dos filhos. Da mesma
maneira que foram responsáveis pela concepção dos filhos, os pais têm de ser responsáveis
pelo seu presente e futuro.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 42


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Livros do Magistério:
Compêndio da doutrina Social da Igreja Católica.

Catecismo da Igreja Católica.

Exortação Apostólica do Papa João Paulo II, FamiliarisConsortio, A Família Cristã,


Editorial A.O - Braga, Portugal (Braga) 1982.

Concílio Vaticano II, Documentos Conciliares e Pontifícios.

Filipe D. J. Dala e Mário J. A. Muhongo Página 44

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