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Aspectos Filosóficos e

Socioantropológicos da Educação
Prof. Geane Warren
Senso Comum X Conhecimento Científico

POR QUE OS SERES HUMANOS BUSCAM O CONHECIMENTO?

A busca pela compreensão do mundo, sobre si, sobre os fenômenos do cosmo está presente em
todas as sociedades humanas, em todas as épocas e em todos os lugares. Inerente ao ser humano,
algo nato.

A cada problema enfrentado por grupos humanos, desde a necessidade de alimentar os integrantes
do grupo, de satisfazer as suas necessidades espirituais, suscitam a busca por um conhecimento, ou
uma justificativa que atenda, que conforte, que satisfaçam necessidades, expectativas para superar
problemas, curiosidades sejam elas de ordem, material ou espiritual.
Tipos de Conhecimento

Senso comum / Empirismo


Religioso
Filosófico
Científico
Filosofia
PHILOS SOPHIA
Derivado de philia que significa amizade, Sabedoria; também originadora de sophos
amor fraterno, respeito entre os iguais. (sábio)

Pitágoras de Samos (séc. V a.C.)


Teria afirmado que a sabedoria completa
pertence aos deuses e que os homens
poderiam apenas desejá-la, ou amá-la,
tornando-se assim filósofos.

Aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana


Mito e Filosofia
MITO

Narrativa que busca explicar a origem dos seres


Possuem a presença de deuses e forças sobrenaturais
Mito e Filosofia
Filosofia - utilidade

1. Abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum


2. Não se deixar guiar pela submissão às ideias dominantes e aos poderes estabelecidos
3. Buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história
4. Conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política
5. Dar a cada um de nós e à sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações
numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos

Então, podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres
humanos são capazes.

Marilena Chauí
Filosofia - Origem
História da Filosofia
História da Filosofia
História da Filosofia
História da Filosofia
História da Filosofia
História da Filosofia
História da Filosofia
Filosofia – Aspectos Históricos para o Surgimento
Fatos Históricos
1. As viagens marítimas
2. A invenção do calendário
3. A invenção da moeda
4. O surgimento da vida urbana
5. A invenção da escrita alfabética
6. A invenção da política

Condições Históricas
1. A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que
é melhor para si e como ela definirá suas relações internas.
2. O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou discurso, diferente
daquele que era proferido pelo mito
3. Com a polis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público
sua opinião
4. A política valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional
Filosofia - Características

1. Tendência à racionalidade, isto é, a razão e somente a razão, com seus princípios e regras, é o critério da
explicação de tudo que há no universo
2. Tendência a oferecer respostas conclusivas par os problemas, isto é, colocado um problema, sua
solução é submetida à análise, à crítica, à discussão e à demonstração, nunca sendo aceita como uma
verdade, se não for provado racionalmente que é verdadeira
3. Recusa de explicações preestabelecidas e, portanto, exigência de que, para cada problema, seja
investigada e encontrada a solução própria exigida por ele
4. Tendência à generalização, isto é, mostrar que uma explicação tem validade para muitas coisas
diferentes porque, sob a variação percebida pelos órgãos de nossos sentidos, o pensamento descobre
semelhanças e identidades
Filosofia – Temas Contemporâneos

Temas Contemporâneos
1. História e progresso
2. As ciências e as técnicas
3. As utopias revolucionárias
4. A cultura
5. O fim da filosofia
6. A maioridade da razão
7. Infinito e finito
Caminhos do Conhecimento

Apenas a partir do período do Renascimento (século XVI) e, principalmente, da emergência do


Iluminismo (século XVIII) no continente europeu, é que os fenômenos da natureza e sociais
começaram a ser problematizados, vistos como resultado de leis comprovadas empiricamente ou
como inerentes da própria ação humana. Inicia-se a busca pelo conhecimento, diferente do senso
comum.

Historicamente, o conhecimento científico é uma recente conquista da humanidade. Sua origem


remonta ao século XVII, inicialmente a partir das descobertas e inovações do astrônomo italiano
Galileu Galilei, tido como o criador do método científico moderno. Também foram importantes nesse
processo as contribuições do filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650), criador do
racionalismo cartesiano que pode ser sintetizado pela famosa frase: “penso, logo existo”, e pelo
Iluminismo do século XVIII.
Ciência e Senso Comum
A relação entre o conhecimento científico e o senso comum é objeto de vários debates.

Ao longo da história, formaram-se dois grupos distintos.

• De um lado, aqueles que defendem que a Ciência é um conhecimento superior ao senso comum.

• Do outro, aqueles que acreditam na possibilidade de estabelecer uma relação entre cientificidade e
senso comum, com um complementando o outro.
Ciências Sociais
Contexto social e cultural inicial
A sociedade tornou-se um objeto do conhecimento científico a partir do Renascimento (século XVI),
com a emergência da Ciência Política, responsável pela desvinculação entre a política e a ética,
comuns nas análises filosóficas sobre o tema.

Solidificação das Ciências Sociais


Ocorreu apenas entre a virada do século XVIII e no decorrer do século XIX, quando as transformações
sociais, políticas e econômicas decorrentes da crescente hegemonia do modo de produção capitalista
no mundo, instigaram pesquisadores e intelectuais a analisarem cientificamente os aspectos que
influenciavam tais mudanças

Influências

Sofreu influências por ciências já estabelecidas, como a física, a matemática e as Ciências Naturais, as
Ciências Sociais adaptaram métodos dessas ciências para realizar as suas pesquisas e análises.

Desenvolvimento

No decorrer do processo de desenvolvimento das Ciências Sociais, tal metodologia começou a ser
questionada, abrindo o espaço para o desenvolvimento de métodos próprios para a análise da vida em
sociedade.
Ciências Sociais
Estão relacionados diretamente à sua vida cotidiana, como:
✓ A criminalidade;
✓ Questões de gênero;
✓ Sociabilidade;
✓ Juventude;
✓ O envelhecimento;
✓ A violência;
✓ A religiosidade;
✓ A saúde;
✓ A afetividade.

E as análises dessas diversas temáticas servem de subsídio para a elaboração e


planejamento de políticas públicas por parte do Estado, além de instigarem debates na
sociedade por meio dos diversos meios de comunicação utilizados para a divulgação das
pesquisas acadêmicas, podendo influenciar o senso comum, tornando-o mais crítico
Sociologia

Tem como objeto de estudo a sociabilidade (relações sociais) e as estruturas sociais.

• A sociologia emergiu como uma ciência voltada para o estudo da sociedade em


meados do século XIX, inicialmente na França com o Positivismo.

• Ela compunha uma das disciplinas do curso de filosofia positivista ministrados por
Augusto Comte e tinha como objetivo analisar as transformações da sociedade
naquele período visando auxiliar, de forma científica, as tomadas de decisão por
parte do Estado que abrissem caminho para o progresso
Sociologia – Origem
Reforma protestante, iniciada no século XVI

Martin Lutero foi o precursor do princípio de que a fé em Deus é manifestada de forma individual, deslocou
para o indivíduo a responsabilidade pelos seus próprios atos e por sua consciência diante deles.

Iluminismo, século XVIII

O surgimento do movimento filosófico conhecido como Iluminismo, sendo um de seus princípios a


confiança na razão e no conhecimento como impulsionadores do progresso da humanidade, possibilitando
a conquista definitiva da natureza pelo homem, essencial para a conquista da felicidade universal e
terrena.

Revolução Industrial, século XVIII

A emergência do conhecimento científico foi importante para a introdução de diversas inovações


tecnológicas, inicialmente na Grã-Bretanha, que estimularam e impulsionaram importantes transformações
sociais em um processo que ficou conhecido como Revolução Industrial
Sociologia – O Princípio
A Fisiologia Social
de Saint-Simon foi a base do que seria a Sociologia, termo utilizado pela primeira vez por Augusto
Comte para designar a disciplina do positivismo dedicada ao estudo da sociedade.

Augusto Comte
deu um viés mais conservador aos conceitos elaborados inicialmente por Saint-Simon. Isso foi
decorrente do ato de que o criador do positivismo considerava que a sociedade de sua época vivia um
tempo turbulento de caos e desordem que, fatalmente, impediriam o progresso da sociedade francesa,
necessitava de ordem para ter progresso
A sociologia positivista
teve influência do evolucionismo, baseado nas descobertas do britânico Charles Darwin e sua Teoria
das Espécies, que defende a existência de estágios diferentes de desenvolvimento dos animais, com os
mais “aptos” sobrevivendo às dificuldades impostas pela natureza, enquanto os demais encontravam
maiores barreiras para sobreviverem em um ambiente hostil.
Herbert Spencer
considerado um dos principais difusores do chamado darwinismo social que tornou-se base para
justificar injustiças e barbaridades sobre os povos da Ásia e da África cometidas descaradamente pelas
grandes potências industriais
Sociologia Educacional

A Educação é um dos principais objetos de pesquisa da Sociologia desde o seu surgimento como
conhecimento científico.

Os teóricos clássicos da disciplina (Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber) abordaram o tema,
apesar de apenas Durkheim tenha realizado estudos específicos que resultaram em obras
consideradas as pioneiras do que seria denominada Sociologia Educacional

Na realidade, como o ser humano se capacita a exercer inúmeras atividades, além de formar a sua
consciência e de tornar-se um ser social, por meio da educação, essa se tornou um objeto prioritário
tanto de pesquisas quanto de projetos com o
Sociologia Educacional
Durkheim
Para Durkheim, a principal função da educação era manter a coesão social, conscientizando os alunos
sobre as normas sociais existentes visando a sua formação como cidadão e trabalhador, sabendo e
aceitando o seu lugar na estrutura social

Karl Marx
Karl Marx concebia que a educação, no modo de produção capitalista, estaria direcionada para a
legitimação da dominação de classe e formação de mão de obra. A possibilidade de mudança efetiva da
educação seria possível apenas com a transformação revolucionária da sociedade.

Max Weber
Max Weber também compreendia a educação como um instrumento de legitimação da dominação, mas
também considerava que essa exercia na sociedade racional burocratizada capitalista, a função de
formar indivíduos especializados, aptos para exercerem profissões e cargos de prestígio e poder na
sociedade e, dessa forma, conquistarem status e ascensão social
Antropologia

Etimologia da palavra (antro – homem; logos – estudo), podemos definir a antropologia como o
estudo do homem, ou tudo o que se refere ao humano. Suas relações, suas práticas fazeres.

• A partir de tal conceituação, a antropologia é uma disciplina que tem como objetivo dar conta de
todos os aspectos referentes às sociedades humanas que não são nem biológicos, nem naturais,
sendo transmitidos por meio da linguagem que constitui o seu universo simbólico
Antropologia
Edward Tylor (1832-1917) foi um antropólogo britânico cuja principal obra foi Cultura Primitiva, lançada em
1871, onde estabeleceu o conceito moderno de cultura, que influencia a antropologia até os dias atuais.

Concebia as diferenças culturais como resultante dos diferentes estágios evolutivos das civilizações,
considerando a civilização europeia superior às demais, sendo um “espelho” de como as demais
civilizações deveriam ser no futuro.

Os objetos de estudo das ciências sociais e suas metodologias de pesquisa

• Na área das Ciências Sociais existem inúmeros conceitos, interpretações, análises e referenciais teóricos
instrumentalizados pelos pesquisadores para a análise de seus objetos de pesquisa.

• Os cientistas sociais propõem-se estudar realidades aparentes que, para uma compreensão mais
aprofundada, devem ser inseridos em um contexto social mais amplo.

• Assim, o conhecimento construído pelo cientista social é resultado da relação dialética entre as mais
variadas formas que os fenômenos sociais se apresentam na sociedade e a percepção individual do
pesquisador, composta pelo seu capital cultural, visão de mundo, ideologia, entre outros aspectos
Antropologia - Origem

DEFINIÇÃO: A antropologia pode ser definida com uma ciência que estuda a humanidade, suas
convicções, suas práticas simbólicas, suas múltiplas formas de fazer e viver no cotidiano.

As práticas que são passadas de geração para geração, no intuito de conservar uma expressão de
existência. (Conceito com ampla abstração).

De acordo com Marconi e Presotto (2010), visa compreender a existência do homem na sua totalidade
dividido como membro de grupos organizados, com a sua história, crença, linguagem e também seu
desenvolvimento na história da humanidade.

Desde a antiguidade o homem sempre questionou e observou a si mesmo e seus semelhantes.

FATO MARCANTE: Com a chegada dos europeus na América - o Novo Mundo marca a origem da reflexão
antropológica sobre os habitantes que viviam nas terras ainda desconhecidas pelos europeus. Pode-se
afirmar que o contato com os povos distintos provocou uns dos primeiros questionamentos antropológicos:
E povos pertencem à humanidade? Possuem alma? De acordo com o ponto de vista dos europeus (não
podemos esquecer isto)
Antropologia - Origem

Em meados do século XVIII, a versão de que os selvagens eram de “natureza má” é lentamente transformada
em possível “bom selvagem”.

• Os primeiros viajantes começaram a destacar características positivas sobre os indígenas, classificando-os


como pessoas bonitas, mansas, de corpo elegante, ingênuos, afáveis, liberais e felizes. (cronistas,
missionários, escritores) Inicia-se uma série de dizeres sobre os nativos.

• A imagem que os europeus tinham com as diferenças entre os indígenas começaram a oscilar entre dois
pêndulos: (perceba, que é sempre os europeus tecendo considerações sobre os nativos) vertente positiva –
representada pelo encantamento pelo exótico, ingênuo estado de natureza etc. vertente negativa – como uma
rejeição à disparidade, bárbaros selvagens, preguiçosos (NA BUSCA DE DIZER QUEM SÃO O NATIVOS)
Antropologia - Origem
Surge o “paradoxo”, iniciaram-se vários questionamentos, dentre os quais, um merece destaque que é levar em
consideração que a civilização indígena não é inferior ou superior, e sim, diferente.

• Os viajantes do século XVI e XVII coletavam “curiosidades”;


(Temos que nos lembrar: Renascimento, Humanismo Racionalismo nesse processo)

• No século XVIII a preocupação voltou-se para de que forma poder-se-ia coletar e interpretar e, o que foi
coletado sobre essas curiosidades.

• Com a revolução industrial inglesa e revolução política francesa, houve mudanças significativas na sociedade
francesa.

No século XIX em um contexto geopolítico novo, período colonial, emigração em massa é que a antropologia
os primeiros passos para uma disciplina científica
Antropologia - Origem

O que é Antropologia

“(...) ciência que estuda o homem, suas produções e seu comportamento. O seu interesse está no homem
como um todo (...). Tenta compreender a existência humana em todos os seus aspectos, no espaço e no
tempo, partindo do princípio de uma estrutura biopsíquica.” (MARCONI e PRESOTTO, 2010, p. 2).

Como vimos, a Antropologia iniciou os seus estudos visando os grupos primitivos “diferentes”, aqueles que
não pertenciam à sociedade ocidental. Acreditava-se que ao entender a sua linguagem, comportamento
modo de viver, estariam identificando a origem humana, como o ser humano vivia antes da civilização.
Desse modo, nos remete ao próximo tópico.
Antropologia - Atuação

Portanto, o objetivo da Antropologia no estudo do homem em sua plenitude avalia o ser como
biopsicocultural – como ser biológico pensante e como produtor de cultura e elemento integrante da
sociedade.

Como a esfera de investigação é extensa, a Antropologia é dividida em dois campos de atuação:

1) Antropologia Física ou Biológica

2) Antropologia Cultural
Antropologia & demais ciências
Antropologia para realizar um estudo do ser humano integrado busca fundamentação teórica e
prática em outras ciências.

Outras disciplinas que também tem o ser humano como objeto de estudo:

Sociologia, Psicologia, Economia, Política, Geografia e Biologia estão entre as ciências


que perpetuam uma relação multidisciplinar com a Antropologia.

Todas emprestam e trocam dados de pesquisa mutuamente respeitando a fundamentação


teórica de cada uma delas
Antropologia & demais ciências
• Sociologia: Enfatiza o conceito de sociedade e compreensão dos fatos práticos e presentes.

• Psicologia: Interpretação das diferenças individuais que, determinam os inúmeros tipos de


personalidade básicos da cultura.

• Economia: Avaliar a organização econômica de grupos, baseado no seu trabalho e recursos


disponíveis.

• Política: Compreender a organização política de um grupo (poder, ordem e integridade).

• História: Investiga a reconstrução de culturas passadas, revelando fenômenos que estão ligados a
origem humana.

• Geografia: Adaptação e modificação do homem em seu meio ambiente físico


Etnocentrismo
▪ A intolerância em admitir o “outro” com suas particularidades se enquadra no
conceito de etnocentrismo, definido por Rocha (1988) como uma visão de
mundo no qual um grupo considera os seus valores, modelos e definições no
centro de tudo.

▪ Quando o julgamento baseado no valor individual e/ou do grupo, para fazer


juízo de valor do outro.
Etnocentrismo
A atitude ou visão etnocêntrica ocorre quando há um bloqueio de aceitação da heterogeneidade do outro.

Dessa forma, o preconceito está intimamente correlacionado ao etnocentrismo.

Quando se julga que a cultura dos índios no Brasil é “atrasada” porque não sabem utilizar a tecnologia, no
Brasil, quando consideram (sem justificativa algumas) que as pessoas do da região nordeste são
“intelectualmente menos favorecidas” que a região do sudeste, está praticando o etnocentrismo.

No caso que faria isso seriam algumas pessoas, imprensa, políticos do sudeste. Muito comum em estereótipos
de filmes, novelas etc.

Portanto, todas as vezes que não se respeita as características particularizadas do outro, a individualidade, o
seu sotaque, a sua forma de vestir, o seu jeito de falar é considerada uma prática etnocêntrica. Atrelado a isso,
temos exemplos atuais de bullying, machismo, racismo, entre outros.
Relativismo Cultural
Quando há a compreensão do “outro” sem julgamento de valores.

É uma ideia que se contrapõe a do Etnocentrismo.

Os autores Marconi e Presotto (2010 p. 17 ) destacam que “este princípio permite ao observador ter uma visão
objetiva das culturas cujos padrões e valores são tidos como próprios e convenientes nos seus integrantes”.

Ou seja, é visualizar e respeitar o “outro” e sua cultura com suas particularidades, sem hierarquizar as
diferenças encontradas como melhor ou pior, superior ou inferior, etc.
Antropologia Educacional
A visão de que a Antropologia é a ciência que estuda o ser humano em sua totalidade e que o respeito
primordial é alteridade entre as culturas.

A antropologia educacional se relaciona com as teorias contemporâneas da educação. Semelhança


entre o conceito de antropologia e educação.

Ambas lidam com a intenção de compreender um conhecimento que não é nosso, as duas devem
visualizar o olhar do “outro” e, para que isso aconteça é primordial ser empático, ou seja, se colocar no
lugar desse “outro” (GUSMÃO, 1997).

Tais características são fundamentais tanto para o antropólogo como para o educador
Antropologia Evolucionista
No princípio do século XX, Frans Boas (1858 -1942) entra em oposição com o seu mestre L. Morgan ao
considerar a teoria de que cada grupo tem sua história e cultura singular.

Boas introduziu o conceito de culturalismo no qual defendia a ideia de que não existia somente uma cultura
e sim, “culturas” diferentes com hábitos, costumes e valores individualizados.

Apesar de já aceita a ideia da existência de múltiplas culturas humanas, a escola, surge como uma
instituição que visava instaurar a ordem e mudança preconizando a instauração de um modelo de cultura
homogêneo, com vista a garantir a modernização da sociedade e desconsiderando a riqueza e pluralidade
das culturas populares.
Antropologia Evolucionista
Nesse mesmo período, apesar da evolução na vertente de conhecimento da Antropologia, na área
educacional, os recursos pedagógicos ainda seguiam os regulamentos de uma educação marcada por um
modelo único, na qual a escola estava inserida.

Boas iniciou também críticas aos sistemas educativos e práticas pedagógicas das escolas americanas. O
antropólogo alegava que o sistema de ensino americano não possibilitava independência e autonomia aos
indivíduos inseridos no seu contexto.

A escola desconsiderava a pluralidade da comunidade escolar, tinha como centro um aluno-modelo e


utilizava do autoritarismo para contenção do mesmo
Antropologia Educacional e Funcionalismo
Por meio do trabalho de campo, que consiste na observação, coleta de dados e interpretação dos
acontecimentos que acontecem dentro do contexto de cada grupo pesquisado, identificou que as
sociedades possuíam problemas básicos semelhantes

(como por exemplo, na alimentação e na organização do grupo) e que cada sociedade encontrava
soluções diferentes para os mesmos problemas de sobrevivência da humanidade.

Centrado na concepção de função e de sistema, o funcionalismo compreende a sociedade de uma forma


integrada, em que o todo resulta de partes integradas, ao mesmo tempo em que as partes contem em si o
todo.

Os procedimentos de análise do social podem então, eleger a parte e, por dedução, explicar a totalidade
da vida social. E que cada atitude que a sociedade faz em sua cultura tem uma função, daí o nome de
funcionalismo.

As necessidades de um grupo ou sociedade e suas respostas encontradas estão intimamente relacionadas


com a sua cultura.
Antropologia Educacional e Funcionalismo
Sobre o incentivo do funcionalismo, a Antropologia da Educação ganha força ainda no interior dos sistemas
coloniais vigentes, entre os anos de 1920 e 1930.

Nesse período histórico, as culturas populares eram consideradas como obstáculos à modernização da
sociedade.

Visando ao desenvolvimento da comunidade, a escola surge como tentativa de uma ordem em mudança
Antropologia Educacional e Funcionalismo
• Em vista dos aspectos abordados acima, vale destacar que a relação entre educação e antropologia é
essencial para o desenvolvimento da VIDA EM SOCIEDADE.

As duas lidam com o ensinar – conhecimento e aprender – novas culturas.

• No decorrer dos anos, tanto a antropologia como a educação passaram por muitas transformações.

O professor deve procurar compreender as condições biopsicossocial dos alunos para ter êxito no
processo Educacional.

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