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PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL 2022

• MÓDULO I – FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E EPISTEMOLÓGICOS DA PSICOLOGIA:


ü A GRÉCIA ANTIGA;
ü O PENSAMENTO MITOLÓGICO;
ü OS PRÉ-SOCRÁTICOS;
ü SÓCRATES
ü PLATÃO E ARISTÓTELES
ü DA IDADE MÉDIA AO SEC. XIX:
ü STO. AGOSTINHO;
ü GALILEO;
ü O RACIONALISMO DE DESCART;
ü O EMPIRISMO DOS INGLESES (JOHN LOCK, GEROGE BERKELEY E DAVID HUME);
ü O IDEALISMO ALEMÃO DE KANT;
ü O POSITIVISMO DE AUGUSTE CONTE;

ü MÓDULO II O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA:


ü LEIPZIG E OS LABORATÓRIOS DE PSICOFÍSICA
ü WUNDT, HELMOLTZ, WEBER E FECHNER

ü MÓDULO III – AS GRANDES ESCOLAS DA PSICOLOGIA:


ü FREUD E A PSICANÁLISE
ü O BEHAVIORISMO DE WATSON;
ü A GESTALT ALEMÃ
ü PIAGET E A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

ü MÓDULO IV – A PSICOLOGIA NAS ORGANIZACÕES: GRANDES TEMAS


ü LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO;
ü SAÚDE MESTAL E TRABALHO
DANILO HOTH CERQUIRA – danhoth@uol.com.br – 71 - 988997148

• Aluno doutorado PEI – Programa de Engenharia Industrial - UFBA;


• Cursei o Doutorado em História, Filosofia e Ensino de Ciências – UFBA
• Mestrado em História, Filosofia e Ensino de Ciência - UFBA
• Psicólogo – PUC –MG
• Pós graduação em Treinamento e Desenvolvimento de Recursos
Humanos - fGV
• MBA em Marketing de Serviços - ESPM
• Formação em Gerenciamento da Qualidade Total pela F.C.O.
• Auditor líder de Sistemas de Gestão da Qualidade, Meio Ambiente e
Saúde e Segurança Ocupacional
• Professor de Psicologia Organizacional nos cursos de Administração
e engenharia da UESC.
• Consultor em Qualidade, Produtividade, Gestão e Excelência
Organizacional;
• Avaliador do Premio Nacional da Qualidade – PNQ.
MÓDULO I – FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E EPISTEMOLÓGICOS
DA PSICOLOGIA

SUJEITO OBJETO

LINGUAGEM
O SABER FILOSÓFICO
Para que serve a Filosofia?
“(...) Afinal, para que Filosofia? É uma pergunta interessante. Não vemos nem
ouvimos ninguém perguntar, por exemplo, para que Matemática ou Física? Para
que geografia ou geologia? Para que história ou sociologia? Para que biologia ou
psicologia? Para que astronomia ou química? Para que pintura, literatura, música
ou dança? Mas todo mundo acha muito natural perguntar: para que Filosofia?”

“(...) Qual seria, então, a utilidade da Filosofia? Se abandonar a ingenuidade e os


preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às
idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a
significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das
criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de
nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações
numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então
podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres
humanos são capazes.”

Marilena Chauí, in Convite à Filosofia


O SABER FILOSÓFICO
De origem grega, a palavra filosofia significa amor à sabedoria (PHILOS) .
Desde a Antiguidade, a surpresa e o espanto perante o mundo levam o homem
a formular questões sobre a origem e a razão do universo e a buscar o sentido
da própria existência. Todos os aspectos da cultura humana podem ser
objetos de reflexão. A questão central de cada corrente filosófica está inserida
na estrutura econômica, social e política de determinado momento histórico.

A Filosofia surge na Grécia antiga e somente aquele saber pode ser assim
denominado.

Num primeiro momento, seu principal interesse foi na busca pela explicação
dos fenômenos naturais e na compreensão da origem (gênese) do universo.
O MITO EXPLICA O MUNDO
Na Grécia Antiga:
• Ascensão da Aristocracia ao Poder;
• A organização dos povoados em cidades estados (Polis);
• As discussões públicas sobre temas de interesse coletivo nas praças (Ágora);
• Formação dos Conselhos e Assembléias;
• Utilização e “ democratização ” da escrita com o objetivo de comunicar decisões e deliberações
comunitárias sobre temas relevantes – Surgimento das leis escritas;
• Formação inicial do conceito de cidadania ressaltando o caráter humano e público das decisões
comunitárias. Ampliação do controle do destino do homem pelo próprio homem.
• Maior acesso ao conhecimento das coisas do mundo e do esprírito por meio das discussões nas Ágoras;
• Busca pela determinação do papel dos Deuses na criação e manutenção do Universo e da relação
homem-Deus.
• Atribuição aos Deuses da responsabilidade de criar e manter o universo e os homens – Mitos
Cosmogônicos e Teogônicos que buscavam descrever a ordem do Universo e do Cosmos que surgiam do
caos.
• Aproximação dos Deuses e Homens valoriza estes e humaniza aqueles. Explicação RACIONAL para o
Universo e para o papel do homem e da natureza por meio da criação dos MITOS GREGOS.
• As obras de Homero (Ilíada e Odisséia) e de Hesíodo (Os Trabalhos e os dias e Teogonia) organizam as
relações entre os homens, entre os homens e os Deuses e entre os Deuses e a natureza.
• Em Homero a noção de homem é associada a noção inata de virtude mas só possível aos nobres e
aristocratas que tendiam a reflexão e ao conhecimento. Força, heroísmo e destreza são os atributos
• Hesíodo, ao contrário, atribui ao homem, qualquer homem, a possibilidade de atingir a virtude pelo
trabalho. Homem trabalhador e justo e não guerreiro;
O MUNDO TEM UMA RACIONALIDADE E O HOMEM PODE DESCOBRI-LA: OS PRÉ-SOCRÁTICOS

• A Aglutinação de várias classes sociais na Polis como, por exemplo, aristocratas, comerciantes,
escravos e a Plebe ( artesãos, marinheiros, estrangeiros e trabalhadores braçais) convivendo e
ampliando o poder da subjetivação (moedas, leis escritas, regras sociais de convívio) favorece
enormemente a busca pela apreensão do mundo por meio de um pensamento mais racional e
menos dogmático;
• A procura pela ordem e regularidade dos fenômenos naturais e por explicações acessíveis a
inteligência e sem mistérios e dogmas é favorecida pelos debates em praças públicas (Ágoras)
• A primeira tentativa de ruptura com as explicações mitológicas é realizada na Escola de Mileto por
TALES:
• Tales se debruça sobre a busca de explicações para questões como a astronomia, geometria e
matemática ( por meio do contato com os conhecimentos egípcios);
• O elemento fundamental do universo é a água que está na origem e estrutura de tudo.
• O objeto de estudo da filosofia, seus principais problemas e suas respostas estão na Physis
(natureza). Ela é a fonte de problemas e de respostas para a filosofia.
• PITÁGORAS: O número é a estrutura das coisas.
• O elemento fundador do universo é o número e, portanto, a linguagem para entender e explicar
a natureza é a matemática;
• 1 = Ponto; 2 = linha; 3 = superfície; 4 = sólido. A soma destes é igual a 10 (o número perfeito)
• O universo é constituído pela soma dos opostos que forma o UNO (ímpar e par; limitado e
ilimitado, etc);
• É o primeiro a tentar encontrar e estabelecer relações matemáticas para a música e evidenciar,
de maneira mais precisa, a relação daquela com a astronomia e a geometria. O entendimento da
Physis por meio dos números ainda é o fundamento da filosofia.
SÓCRATES E A EPISTEMOLOGIA

• SÓCRATES:
• A busca pelo conhecimento verdadeiro;
• O conhecimento está no sujeito que conhece; Conheça-te a si mesmo;
• Só sei que nada sei. A humildade intelectual é o início da sabedoria.

• PLATÃO (discípulo de Sócrates):


• Os objetos sensíveis são cópias imperfeitas dos objetos perfeitos do mundo das idéias;
• O conhecimento dos objetos dos mundo (empiria) nada tem haver com o verdadeiro conhecimento (episteme);
• Conhecer é recordar; Todo conhecimento já está na Alma dos indivíduos;
• As figuras geométricas são perfeitas porque pertencem ao mundo das idéias;
• A Alegoria das Cavernas.

• ARISTÓTELES (discípulo de Platão).


• Todos tendem ao conhecimento (democratização do conhecimento);
• O conhecimento deve ser divido / catalogado por disciplinas;
• A lógica não é uma disciplina do conhecimento mas um instrumento para se chegar à verdade;
• Estabelece conhecimentos racionais a respeito da Alma, da Terra, do Céu, dos Animais, das Plantas e etc.
• Foi educador de Alexandre, O Grande.
• Sua visão de mundo foi resgatada pela Igreja na idade média e só foi derrubada por Copérnico e Galileo Galilei.

• A IDADE MEDIAVAL E AS TREVAS DO CONHECIMENTO HUMANO


• OS CÉTICOS.
• Não existe conhecimento;
• A razão por vezes nos foge;
• Os sentidos não são confiáveis e;
• A linguagem não dá conta de todo o mundo e, mesmo que desse, ninguém jamais dará conta de toda a linguagem.
SURGE A MODERNIDADE

• A MODERNIDADE CIENTÍFICA DE RENE DESCARTE:


• O Discurso do Método;
• A Razão é a origem do conhecimento e tem um método:
• Duvidar sempre, pois os céticos podem ter razão;
• Dividir a dúvida em partes;
• Solucionar as partes e;
• Integrar as Soluções.
• Só não posso duvidar da minha própria existência;
• O Cogito Cartesiano: Penso , logo existo.
• Prova Ontológica da Existência de Deus: Se existo e trago em mim a noção (idéia) de perfeição e
nada no mundo é perfeito, está idéia só pode existir em mim advinda da própria perfeição ou do ser
perfeito, portanto, DEUS.
• Todos os objetos são compostos de uma matéria específica e são extensos (altura, largura,
profundidade - Plano Cartesiano – x, y, z).
• A alma ou espírito não possuem extensão como os objetos e, portanto, são constituídos de um outro
tipo de matéria e não pertencem a este mundo.
• Portanto, Mente e Corpo são constituídos por substâncias diferentes e que só em alguns momentos
interagem ( no amor e no sexo, por exemplo).
• Cabe a religião cuidar do conhecimento do espírito e da alma e à ciência cuidar dos corpos e objetos
do mundo físico.
• Se, por um lado a Modernidade Cartesiana favorece e amplia sobremaneira a evolução da ciências
físicas e biológicas (que cuidam dos corpos e objetos de substâncias extensas), as ciências
psicológicas e humanas ficam congeladas por quase 500 anos, se não fosse o empirismo.
O EMPIRISMO

• John Locke: Ensaio sobre o Entendimento Humano;


• David Hume: Tratado da Natureza Humana;
• George Berkeley : Tratado sobre os princípios do conhecimento Humano;
• Não há conhecimento antes da experiência
• O homem é uma TÁBULA RAZA ao nascer.
• Todo conhecimento concreto advém da experiência e, portanto, dos dados dos sentidos.
• O conhecimento decorre dos processos psicológicos do sujeito que conhece.
• A fonte do conhecimento humano se encontra na percepção
• Dois tipos de conhecimento: Relação de Ideias (relações lógicas e matemáticas) e não se referem
aos objetos e fatos do mundo concreto são auto-evidentes e indubitáveis e Questões de fato que
buscam expressar conexões que descrevem ou explicam fenômenos concreto. A importância da
experiência é evidente aqui.
• Rejeição da ideia de causalidade
• O Associativismo: CONHECIMENTO = Objeto – dados dos sentidos – ideia – impressão – Hábito –
Crença
• Ideias simples e Ideias Complexas
• O Método Indutivo e o Problema da Indução para a ciência
• Mas é claro que o sol, vai voltar amanhã.
• O asno de Buridan: A incapacidade da razão para decidir.
• O tom ausente do azul.
• RAZÃO X EXPERIÊNCIA = O Exemplo de Adão.
• A Crítica de Kant à Razão: o Despertar do Sono Dogmático = Categorias apriorísticas
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
A influência do Positivismo de Comte (1836 a 42 – Curso de Filosofia Positiva):
ü Pensamento crítico-cíentífico da segunda metade do século XIX em oposição
ao Idealismo derivado do criticismo Kantiano;
ü Teoria do Conhecimento: Desprezo a Metafísica: Os fenômenos ou seres
sujeitos à experiência sofrem o efeito das leis imutáveis da natureza. O Objeto
das ciências é descobrir tais leis e reduzi-las, no possível, a uma suprema
unidade;
ü Não é dado a natureza humana descobrir ou investigar as causas primeiras e
finais de tais leis. Cabe então e somente, descrevê-las.
ü O espírito humano passa por três estados distintos: O Teológico – é
provisório e de preparação. O homem descreve os fenômenos da natureza
recorrendo a seres sobrenaturais; O Metafísico – estado crítico e de transição.
O homem busca explicação dos fenômenos por meio de entidades abstratas e
absolutas; O Positivo - estado definitivo. O homem se restringe aos fatos e
tenta explicá-los através de suas leis.
ü Em sua divisão das ciências, Comte admite apenas a psicologia experimental.
A Ciência é positiva e deve ser independente do sujeito. Então, ciência = fatos
e suas leis; real = observável e portanto, positivo.
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
ü A importância dos experimentos fisiológicos no século XIX:
ü A Lei de Weber: A experiência sobre os sentidos do tato de Ernest Heinrich
Weber demonstraram que existe uma relação matemática exata entre o físico e
o psíquico (influência do sentido muscular na determinação do peso). Enfim,
uma ligação empírica, e portanto contingente, entre os dois mundos (mental e
físico, sujeito e objeto).
ü Fechner (médico e físico)– Professor de física em Leipzig entre 1834 e 1870;
persegui as idéias de Weber e deu fórmula matemática às suas descobertas a
partir de experimentos com percepção da luz (experimentos com as velas
acesas que sugeriam um crescimento progressivo das sensações em relação
aos estímulos). A sensação não pode ser medida mas o estímulo sim,
estabelecendo uma relação quantitativa exata entre os mundos físicos
(objetos) e mental (sujeito). O método experimental - quantitativo que ele
denominou de Psicofísico foi, portanto, o primeiro utilizado para medir
processos mentais de maneira quantitativa. Em 1860 publica o livro Elemente
der Psychophysik que, juntamente com a inauguração do laboratório de
Wundt em Leipzig, podem ser considerados os marcos iniciais da Psicologia
como ciência.
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
Hermann Helmholtz: Também médico e físico e assistente de Fechner por 20
anos em Leipzig.
ü Pesquisou e compilou praticamente toda a literatura sobre ótica e sons. Seus
trabalhos sobre a visão e a audição são referenciais no trabalho científico e
revelaram a enorme complexidade de processos psicológicos considerados
simples. Suas pesquisas foram úteis ao desenvolvimento da física, da
fisiologia e da psicologia.
ü Evoluiu sobremaneira o método de seu professor e publicou vários trabalhos
científicos dentre eles, a teoria Yonng – Helmholtz que prova que todos os
fenômenos da visão colorida podem ser explicados em função das três cores
primárias, vermelho, verde e azul (problema das cores em Hume não
solucionado pelo empirismo).
ü Foi também o primeiro a medir a velocidade da corrente do impulso nervoso
(experimento com a perna da rã para medir a velocidade entre o estímulo
nervoso e a resposta muscular). As possibilidades psicológicas da
experiência foram imediatas.
ü Ampliou a utilização de métodos aplicáveis à fisiologia para a observação dos
fenômenos psicológicos da sensação e percepção.
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
“A Psicologia Científica ou Experimental” de Wilhelm Wundt (1832 – 1920)
ü Quando jovem, interessou-se pela fisiologia e associou-se ao pensamento de
Weber, Fechner e Helmholtz. Publicou seu livro “ Elementos de Psicologia
Fisiológica ” em que formula e elabora definitivamente uma Psicologia
Experimental. a experiência psicológica imita claramente a fisiológica.
Introspecção e experimentação são a chave para o estudo dos processos
mentais ou psicológicos (porém não aplicáveis aos processos mentais mais
elevados, estes só acessíveis por meio do estudo dos “produtos sociais” do
homem).
ü Em 1874 é nomeado professor de filosofia em Zurique e, em 1879 segue para
Leipzig onde inaugura seu famoso laboratório – Instituto de Psicologia
Experimental.
ü A partir daí a psicologia deixa de ser uma ramo da filosofia especulativa ou da
própria fisiologia. Nas décadas de 80 e 90 aprender a “nova psicologia” que
estudava os processos mentais pelos métodos experimentais e quantitativos
era a grande novidade nos meios acadêmicos na Europa. Era a mais nova
“fronteira da ciência” que aliava, de um lado, o rigor introspectivo e, do outro,
os recursos dos laboratórios de fisiologia para analisar minuciosamente a
sensação e a percepção.
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
Aspectos relevantes da psicologia de Wilhelm Wundt:
ü Não traz idéias nem um Sistema realmente novo. Com rigor intelectual e
“científico”, organizou e sistematizou o conhecimento anterior, fato que lhe valeu
o título de “pai da moderna psicologia”.
ü Admite que a psicologia é o estudo da mente (influência do idealismo alemão –
Leibniz e Kant), que é composta, necessariamente de associações de objetos e
experiências (empirismo) e deve ser estudada por meio da reprodução e
observação empírica de fenômenos mentais em laboratórios com o controle das
variáveis aplicadas (método positivista);
ü A Psicologia é a ciência da mente; Também denominada por alguns autores como
ciência da consciência ou dos conteúdos mentais.
ü Os elementos da mente não tem uma essência por si só, o que deve ser conhecido
são os elementos dos sentidos que, associados, formam a consciência. O que
garante a organização da consciência é a experiência passada. Em certa medida, é
como se a mente fosse um reservatório de experiências acumuladas e associadas
umas as outras que, de maneira isolada, não permitiriam o conhecimento do todo.
ü Em que pese o método utilizado seja o das ciências positivas, estão presentes as
idéias de consciência e fenômenos mentais, mesmo que passíveis de observações
e medições por meio de experiencias reproduzidas em laboratórios.
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
Franz Brentano (1838-1917): “Psicologia do Ponto de Vista Empírico”.
ü Contemporâneo da geração erudita a que pertencera Wundt, foi padre mas, suas
incursões pela filosofia, psicologia e ciências de um modo geral, o obrigaram a
abandonar a batina fazendo a opção pela cátedra universitária.
ü Brentano estabeleceu a “ Psicologia do Ato ” que afirma serem os processos
psíquicos atos que dizem respeito ou são orientados pelos objetos. Ou seja, não há
consciência em sentido estrito (de si mesmo, pois esta é estabelecida a partir dos atos,
que são relacionais). Um processo psicológico é um ato e não um conteúdo. Enquanto
tal, os atos não podem ser estudados a partir da introspecção. O ato de ouvir um som
é um processo psicológico, o som ouvido é o conteúdo do ato. Observar os atos, sem
recorrer a possibilidade da introspecção analítica e das medições necessárias à
ciência positiva, foi denominado de “Observação Fenomenológica” e caracterizada
como “empírica” em contrataste com a experimental. Eu me constituo a partir dos
meus relacionamentos e o fenômeno psíquico não pode ser reduzido ou explicado por
meio de outra realidade.
ü Temos, portanto, em Brentano, uma diferença de objeto e de método em relação à
Psicologia Experimental que não caracterizam, definitivamente, um retorno a
psicologia meramente especulativa.
üSegundo Freud, que foi seu aluno, “sujeito danado de esperto” e “intrigante”
pois acreditava em Deus e em Darwin.
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
Enquanto isso nos Estados Unidos: William James e sua “Psicologia” (1842-1910).
üEm 1890 publica seu livro Princípios de Psicologia (um dos maiores e mais
completos tratados sobre o tema escritos até aquela época) e apresenta uma
psicologia de transição, mostra sinais de metafísica mas é um movimento
orientado para a ciência. Mais que fazer da nova psicologia uma ciência, seu
interesse estava em fazer com que a nova ciência fosse a psicologia.
üNão fundou nem foi adepto de nenhuma “ escola ” mas tinha profundo
conhecimento dos avanços da psicologia em sua época. Inteirou-se da
psicologia experimental mas não aderiu ao movimento europeu. Foi talvez, o
mais universal e o mais individual dos psicólogos.
üIniciou sua carreira acadêmica como biólogo em Harvard , onde ensinava
anatomia. Automaticamente, foi parar nos laboratórios de psicologia mas, ao
iniciar os Princípios (que levou 12 anos para ser escrito), interessou-se cada vez
mais pela filosofia (sendo professor posteriormente): “ todas as perguntas
merecedoras de respostas estão na filosofia”. Apesar do peso de sua obra para a
psicologia, ao final chamou-a de “ cienciazinha irritante ” , deslocando seu
interesse para a filosofia.
üConsiderava-se um empirista e acreditava que a experiência é o ponto de partida
para a verificação do pensamento mas recusava o determinismo da mesma.
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
ü Utilizando um anacronismo, James pode ser considerado um adepto do
pragmatismo (interesse sobre o que é real, sobre a verdadeira prática das
coisas). Também foi um darwinista e considerava o homem como um animal
que, como todos os outros, deve adaptar-se ao meio (viver).
ü Ressalta a importância da consciência mas atribui a esta algumas
características como, por exemplo: é pessoal, dinâmica e mutável,
sensivelmente contínua e seletiva, e trata de objetos externos a ela.
ü É a primeira concepção da psicologia moderna que considera a dinâmica dos
processos mentais e recusa, em certa medida, a dicotomia mente - corpo: O
todo não pode ser reduzido à soma de seus elementos, ele possuí
características de todo, enquanto todo.
ü Se por um lado a experiência e o meio influem e formam a consciência, não
são determinantes do comportamento pois existe o “livre arbítrio”.
ü Rejeitava também os conceitos empiristas de sensações e idéias simples. É
certo que o ponto de partida é a experiência mas esta se apresenta como uma
torrente e não como uma simples sensação.
ü A psicologia é a ciência da vida mental, tanto em seus fenômenos quanto em
suas condições.
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
O “Behaviorismo” de John Broadus Watson (1878-1958)
ü Primeiro Doutor em Psicologia da Universidade de Chicago em 1903;
ü Em 1912 realiza uma série de conferencias na Universidade de Columbia e, em 1913
publica um artigo no periódico americano Psychological Review, propondo as bases
da Psicologia Behaviorista;
ü Para Watson, toda a psicologia feita até então se apoiava no dualismo interno –
externo (mente x matéria; sujeito x objeto; corpo x alma) e, ao considerar a mente
como objeto de estudo, não poderiam ser consideradas científicas pois o acesso a
esta não é possível por meio dos métodos científicos.
ü Ao considerar como objeto de estudo a consciência, o sujeito, a mente, os conteúdos
mentais, as psicologias, mesmo a experimental, trazem resquícios do misticismo e
esoterismo aos quais a ciência esteve atrelada a séculos;
ü O Behaviorismo metodológico de Watson não nega a consciência mas recusa-se
veementemente a conferir a esta o estatuto de objeto de estudo da psicologia por sua
inacessibilidade objetiva;
ü A psicologia deve ser materialista, mecanicista, objetiva e determinista;
ü Watson dizia ser possível, por mais paradoxal que nos possa parecer, escrever uma
psicologia e nunca empregar os termos consciência, estados mentais, mente,
conteúdo introspectivamente verificável, imagens;
ü Em 1930 publica o livro Behaviorism.
O SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA
ü "Observação", pois, tornou-se um termo e uma operação fundamental para o
Behaviorismo: ela define a categoria "comportamento", seu objeto de estudo;
ü Comportamento é o observável e, por definição, observável pelo outro, isto é,
externamente observável. Comportamento, para ser objeto de estudo do behaviorista,
deve ocorrer afetando os sentidos do outro, deve poder ser contado e medido pelo
outro;
ü aplicar ao estudo experimental do homem iguais procedimentos e a mesma linguagem
descritiva que muitos investigadores haviam utilizado com êxito durante longos anos
no exame de animais inferiores ao homem por acreditar que o homem é um animal
distinto dos demais unicamente em suas formas de comportamento;
ü A principal regra é: “Posso descrever o que vejo em termos de estímulo e resposta”?
ü Num sistema de psicologia inteiramente desenvolvido, dada a resposta é possível
predizer o estímulo; dado o estímulo é possível predizer a resposta;
ü Regras básicas do método behaviorista:
estudar o comportamento por si mesmo; opor-se ao mentalismo; aderir ao
evolucionismo biológico; adotar o determinismo materialístico; usar
procedimentos objetivos na coleta de dados, rejeitando a introspecção;
realizar experimentação; realizar testes de hipótese de preferência com
grupo controle; observar consensualmente.

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