Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Hoje:
Filósofos sofistas
❏ Sofista = "sábio"
❏ Primeiros a defenderem uma educação voltada para o cidadão, ensinando arte,
cultura, política e retórica.
❏ Retórica - arte do debate e da argumentação. Bom pensador seria aquele que ganha
debates, e os sofistas eram especialistas em praticar e ensinar essa arte.
Principais filósofos
❏ Sócrates (436-336 a. C.)
❏ Leva a filosofia ao Antropocentrismo: o conhecimento de si é o verdadeiro
conhecimento.
❏ Buscava a verdade sobre o próprio homem, o diálogo e o debate.
❏ Introspecção.
❏ Platão (427-347 a. C.)
❏ Acreditava que o conhecimento vinha do próprio sujeito.
❏ Visão da imortalidade da alma.
❏ Teorias inatistas: consideram que o conhecimento nasce com as pessoas.
❏ Aristóteles (384-322 a. C.)
❏ Contra a existência de teorias inatas e do mundo das ideias.
❏ Indivíduo: folha em branco - adquire conhecimento pelos sentidos.
❏ Corpo e mente são inseparáveis.
❏ Potência e ato.
Assim, no período antropocêntrico, passa a ser questão central o "como conhecemos?",
seguida pelo "como podemos conhecer?"
São questões de ordem epistemológicas, que com o passar do tempo se transformaram
em psicológicas.
Idade Média e o período Teocêntrico
❏ O grande dilema era conseguir conciliar a herança filosófica produzida por gregos,
romanos e outros povos da Antiguidade, com o cristianismo vigente mantido pela
Igreja Católica;
❏ A Igreja era pouco receptiva às ideias que contestassem seus dogmas;
❏ Fase do Teocentrismo.
❏ Patrística (Século IV-V)
❏ É o pensamento dos primeiros padres da Igreja.
❏ A preocupação central era a luta contra a idolatria, o pecado e a defesa dos
dogmas cristãos.
❏ Santo Agostinho: Deus é o criador de tudo.
❏ Escolástica (a partir do século IX)
❏ Preocupação central: educar a população que já era cristã.
❏ São Tomás de Aquino: não há contradição entre o conhecimento racional e a
fé católica + Potências da alma.
Apresentação de SP
Suponha que você tenha crescido no contexto histórico da Idade Antiga, seja de uma
classe social menos favorecida e por isso sem acesso à formas de produção de
conhecimento científicas. Em determinada época, sua colheita de tomates não vingou e, em
consequência, sua família passou por dificuldades financeiras. Sua forma de conhecimento
sobre a realidade é oriunda de suas experiências e das ideias transmitidas geração após
geração.
1. Reflita e descreva quais seriam as possíveis explicações que você daria para a sua
colheita de tomates não ter frutificado, levando em consideração todo o contexto da
suposição.
2. Agora, utilizando a mesma situação hipotética, mas alterando o contexto histórico
para os dias atuais, onde você teria acesso ao conhecimento científico, quais seriam
as possíveis explicações do malogro da colheita?
3. As explicações dadas seriam diferentes? Se sim, o que levou à produção de
respostas diferentes?
Resoluções possíveis:
1. No contexto histórico dado, uma hipótese seria o sujeito poderia imaginar que os
deuses da colheita poderiam estar ofendidos ou irados, fazendo com que seus
tomates não frutificassem. Entre outros motivos sem embasamento científico que
pudessem ser imaginados.
2. Trazendo a situação-problema para os dias atuais, em um contexto em que haja o
mínimo acesso à produção científica, as hipóteses poderiam variar entre adubo do
solo, condições climáticas, técnicas variadas de plantio e etc.
3. As respostas mudariam de acordo com o contexto dado o desenvolvimento e
possibilidade de acesso ao conhecimento através de formas mais elaboradas, nas
quais esse conhecimento teria passado por critérios e validações e só então seria
repassado.
Vamos refletir:
Tomemos como exemplo o autor Freud. Ele realizava seus atendimentos clínicos com
base na psicanálise. Este tratamento possuía um alto custo, uma vez que alguns pacientes,
além de custear o profissional, se deslocavam para outro país temporariamente. O que
indica que não era qualquer cidadão que teria condições de se tratar com Freud. Usando a
história que estudamos de Martín-Baró e as críticas que ele fez em relação à psicologia
social e também à psicologia como um todo (a forma como vinha sendo praticada até
então), vamos refletir sobre o exemplo e as questões: Quais são os problemas de uma
“elitização”* no campo da psicologia social?
*Elitização: acesso do conhecimento ou de seus serviços a camadas restritas da
sociedade e nenhuma aplicação prática para amenizar as desigualdades.
Algumas possíveis respostas para a reflexão
O acesso restrito das pessoas aos serviços e conhecimentos em psicologia é algo que
permeia a história e continua na atualidade.
Mesmo com os avanços na promoção dessa área do conhecimento, percebe-se que nem
todas as camadas sociais têm acesso direto aos serviços de psicologia.
Também deve-se lembrar de que a maior parte da produção de conhecimentos esteve
por muito tempo voltada para os laboratórios ou para o atendimento de classes favorecidas
economicamente, até mesmo pela questão da rentabilidade do trabalho.
Tudo isso faz com que grande parte da população (que é menos abastada
economicamente) seja “esquecida”, corroborando massivamente para que a desigualdade
social tenha suas raízes nutridas.
Institucionalização da Psicologia Social no Brasil
❏ 1962 - institucionalização da psicologia social no Brasil, quando o CFP (Parecer
403/62), criou o currículo mínimo para os cursos de psicologia, estabelecendo a
obrigatoriedade do ensino da psicologia social.
❏ Até 1970 - a psicologia social norte-americana foi dominante, como ocorreu no
restante da América Latina.
Psicologia Social no Brasil
❏ Uma das obras adotadas nos cursos de psicologia social nesse período,
expressando tal tendência, é o livro "Psicologia Social", de Aroldo Rodrigues (1972).
❏ Durante esse período, havia uma questão que se colocava como um desafio:
"Compreendemos como o indivíduo é influenciado pela sociedade, mas como ele
poderá se tornar autor desta sociedade, como ele poderá ser responsável pelo curso
da história?"
Psicologia Social crítica no Brasil
❏ Final de 1970 - os psicólogos sociais brasileiros também participam ativamente do
movimento de ruptura com a psicologia tradicional ocorrido na América Latina.
❏ 1980 - fundação da ABRAPSO - Associação Brasileira de Psicologia Social, cujo
propósito foi o de redefinir o campo da psicologia social e contribuir para a
construção de um referencial teórico orientado pela concepção de que o ser humano
é produto e produtor de sua história na sociedade.
❏ 1984 - publicação do livro organizado por Silvia Lane e Wanderley Codo, intitulado
"Psicologia social: o homem em movimento", sucedendo vários outros manuais
brasileiros de psicologia social nessa perspectiva.
Silvia Lane (1933-2006)
A Condição Humana
Para a psicologia sócio-histórica, a natureza humana não existe como essência abstrata
e universal:
❏ Natureza humana: algo pronto; capacidade que nasce conosco e se desenvolve.
❏ Condição humana: algo que nos caracteriza, mas que não nos dá de imediato
nenhuma aptidão ou habilidade.
Portanto, condição humana é a possibilidade de os humanos criarem a si próprios.
A Origem da Psicologia Sócio-histórica
❏ As bases da psicologia sócio-histórica se localizam na psicologia histórico-cultural,
proposta por Lev Vigotski, Alexis Leontiev e Alexander Luria, nos anos 1920, após a
Revolução Soviética, como uma alternativa à psicologia que vigorava na Europa, na
própria Rússia e nos EUA, na época.
❏ A psicologia sócio-histórica, portanto, tem suas referências teórico-metodológicas
naquela psicologia, relacionando-se às concepções desenvolvidas no Brasil por
Silvia Lane e colaboradores.
Quem foi Lev Vigotski (1896-1934)?
❏ Advogado, com 28 anos que, ao mesmo tempo, se dedicava à história e desenvolvia
estudos sobre a arte e a psicologia.
❏ 1924: foi convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia em Moscou. A partir daí,
sua carreira psicológica começa.
❏ Em Moscou, o Instituto de Psicologia (criado em 1912), passou por uma intensa
reformulação e já contava com a participação de Leontiev e Luria. Vigotski é, então,
convidado a trabalhar nesse instituto na Universidade de Moscou.
❏ Iniciou-se uma aproximação da psicologia com o marxismo e Vigotski cria um
método e uma teoria novos, de base materialista dialética, que ganhou o nome de
psicologia histórico-cultural.
❏ Vigotski faleceu em 1934, aos 38 anos, de tuberculose, deixando uma obra
consistente.
❏ No Brasil, o desenvolvimento da psicologia sócio-histórica contou com a
indispensável contribuição da professora e pesquisadora Silvia Lane.
❏ As concepções dessa professora propiciaram a muitos pesquisadores a
continuidade desses estudos.
Legado de Vigotski no Brasil
❏ A finalidade da psicologia sócio-histórica no Brasil, inspirada na obra de Vigotski, era
superar visões positivistas e estudar o ser humano como construção histórica e
social da própria humanidade.
❏ "Assim, não é a consciência do homem que determina as formas de vida,
mas é a vida vivida que determina a consciência"
Inspiração para Silvia Lane
Tornou-se necessária uma nova dimensão espaço-temporal para se apreender o
Indivíduo como um ser concreto - manifestação de uma totalidade histórico-cultural - daí a
procura de uma psicologia social que partisse da materialidade histórica produzida por e
produtora de homens.
É dentro do materialismo histórico e da lógica dialética que vamos encontrar os
pressupostos epistemológicos para a reconstrução de um conhecimento que atenda à
realidade social e ao cotidiano de cada indivíduo e que permita uma intervenção efetiva na
rede de relações sociais que define cada indivíduo - objeto da Psicologia Social.
Vamos refletir:
Vimos que os autores que estamos estudando em psicologia social se baseiam nas
ideias de outros autores que já falaram sobre o tema que lhes é pertinente, mas apenas
usam essas ideias como uma base ou um “ponto de partida”, adequando a teoria e a prática
para o contexto no qual estão inseridos, levando em consideração as temáticas emergentes
ao seu redor e as necessidades da população.
Vamos imaginar que estamos fazendo uma visita a uma vila do sertão nordestino do
Brasil. Nos deparamos imediatamente com a seca do lugar, consequentemente o solo é
pouco fértil e a água é escassa, limitando seu uso a atividades extremamente necessárias a
sobrevivência;
Iniciando uma conversa descontraída com os habitantes desse lugar, logo percebe-se
que, em geral, as famílias são numerosas (em média 10 pessoas por casa) e que as
mulheres se tornam mães bem cedo, muitas vezes antes dos 18 anos;
O índice de analfabetismo também é um dado que assusta. Encontrar habitantes da vila
que tenham concluído o ensino médio é custoso;
Mais um dado relevante é que as pessoas desse lugar devotam uma grande fé em seu
intercessor “Padrinho Ciço”, santo de devoção da maioria da população. Eles depositam na
fé suas esperanças por dias melhores.
1. Usando o contexto dado no texto acima e as teorias estudadas até agora, como
podemos traçar um plano de trabalho em psicologia social para atender as
necessidades daquelas pessoas?
2. Que intervenções vocês tentariam colocar em prática?
Algumas possíveis respostas para a reflexão
1. Seria interessante fazer uma coleta de dados bem ampla sobre a vila: dados
geográficos e históricos, estilo de vida, divisão de trabalho, aspectos subjetivos,
culturais, religiosos, entre outros. A partir dos dados coletados, fazer uma avaliação
de como podemos conscientizar as pessoas sobre as suas questões, sem jamais
invalidar ou desrespeitar seus costumes e valores próprios. Em sequência, criar
estratégias que viabilizem as mudanças necessárias e consentidas pelos
moradores.
2. Buscar políticas que auxiliem nas questões referentes a dificuldade com a
improdutividade do local e também alternativas para fonte de sustento das famílias;
Campanhas para educação sexual, prevenção de gravidez precoce e planejamento
familiar; Busca de subsídios para que as pessoas possam ter acesso ao ensino
escolar adequado, seja para os adultos ou para as crianças. Entre outras
possibilidades.
A palavra Ética vem do grego "ethos". Ethos: significa morada, habitat, toca de animais,
refúgio, estábulo. Para os filósofos, ethos significa: caráter, hábito, índole, natureza,
costume.
De acordo com Guareschi, podem ser identificados dois "paradigmas" principais que
fundamentariam os valores éticos: o da "lei natural" e o da "lei positiva".
Ética: Paradigma da Lei Natural
❏ O grande referencial desse paradigma é a natureza.
❏ A partir do exame, da análise e da atenção que se dá à compreensão da natureza, é
possível identificar uma ética que governe todos os povos em todas as épocas (de
um lado), e é possível descobrir uma "fonte" para essa ética que não sejam os
costumes ou instituições de determinados povos ou nações (de outro lado).
❏ Entre os seguidores desse paradigma está Aristóteles.
Ética: Paradigma da Lei Positiva
❏ Surge como reação ao paradigma anterior.
❏ Há uma rejeição de um apelo a uma ordem natural como referencial ético.
❏ Questiona-se a possibilidade de dar conteúdo concreto às leis ditas naturais, que
sejam as mesmas para todas as épocas e culturas.
❏ Também há uma rejeição de uma ordem humana e social determinada por uma lei
natural preestabelecida.
❏ É o contratualismo (o que foi escrito e promulgado); negociação social que passa a
ser válida.
Mas será que tudo aquilo que é instituído, promulgado é ético? O que dizer dos regimes
ditatoriais que impõem sobre a maioria suas vontades e privilégios, tudo através de
"constituições" escritas e promulgadas?
Ética como Instância Crítica
Para Guareschi é muito útil a seguinte noção de ética: uma "instância crítica propositiva
sobre o dever ser das relações humanas em vista de nossa plena realização como seres
humanos".
Ética: A Dimensão Crítica e Propositiva
❏ A dimensão crítica entende a ética como algo sempre a se fazer, e não pronto, e ao
mesmo tempo, ela está presente nas relações humanas.
❏ À medida em que ela se atualiza, ela passa a sofrer suas contradições, e por isso
deve ser questionada e criticada.
❏ Ao mesmo tempo ela tem que ser propositiva: não pode se esquivar de colocar
exigências e desafios, mas eles podem ser reelaborados, refeitos e retomados. É
uma busca interminável.
Ética: A Dimensão da Relação
❏ A relação é algo que não pode ser sem outro! E a relação tem a ver com a ética.
❏ Dizer que ética é relação, é afirmar que ninguém pode ser ético a partir de si
mesmo, sozinho... alguém sozinho pode ser alto ou baixo, jovem ou idoso, pois isso
não implica relação, não implica os outros. Agora, ser ético não se consegue
sozinho, pois a ética só entra em campo no momento em que alguém se relaciona
com os outros.
Assim, a dimensão ética, portanto, deve se apoiar diretamente sobre a noção de ser
humano como um ser dialógico, relacional, que vai se constituindo a partir das relações que
estabelece com os outros seres humanos.
Mas, sem perder sua singularidade, pois continua sempre sendo um ser único e
irrepetível.
Reconhecemos o outro como pessoa, com quem entramos em diálogo, em relação.
Vamos refletir:
O apartheid foi uma política racial vigente na África do Sul entre 1948 e teve fim no início
da década de 1990.
As pessoas eram segregadas de acordo com as suas raças: negros não podiam votar e
também não podiam adquirir terras, isolando-os geograficamente, além de coisas mais
absurdas como banheiros e até bebedouros específicos para negros e para brancos.
Nesse período a minoria branca detinha o poder governamental. Tudo isso estava em
conformidade com a legislação.
1. Como poderíamos analisar o conceito de ética a partir deste fato histórico que
exemplificamos?
2. Tudo aquilo que é “legal”/está amparado na legislação pode ser considerado como
“correto” sem antes passar por uma avaliação reflexiva?
Algumas possíveis respostas para a reflexão
1. Diante do exemplo, podemos observar que o conceito de ética tinha uma visão
discrepante da que temos hoje em nosso contexto, visto as relações
segregacionistas apresentadas. Reiterando que ética se trata de um constructo
teórico em constante modificação.
2. Nenhuma informação deve ser considerada sem antes passar por uma análise
crítica dos fatos e das consequências que acarreta. Como vimos no decorrer da
aula, muitas atrocidades já foram cometidas “em nome da lei”.
Socialização Primária
❏ Primeira socialização que o indivíduo experimenta na infância.
❏ A partir dela torna-se membro da sociedade.
❏ Na socialização primária, valores básicos que regem nossas condutas e que se
consolidam como atitudes são aprendidos na mais tenra idade e reforçados em
todas as instâncias.
Socialização Secundária
❏ Processo subsequente que introduz um indivíduo já socializado em novos setores do
mundo objetivo.
❏ Na socialização secundária, é a escolha autônoma que faz o sujeito em condições
permitidas ou franqueadas pela sua cultura, como é o caso da escolha profissional.
É no decorrer da socialização primária que se formam aqueles valores que sentimos tão
arraigados em nós, que até parece termos nascido com eles.
Esta visão única de mundo e de um sistema de valores só será confrontada no processo
de socialização secundária, através da escolarização e profissionalização, em que o jovem
se depara com outras alternativas, levando-o a questionar aquela visão de mundo
construída como a única possível.
Grupos Sociais
❏ São conjuntos de indivíduos que, com objetivos comuns, desenvolvem ações na
direção desses objetivos.
❏ Para garantir essa organização, os grupos possuem normas, formas de pressionar
seus integrantes para que se conformem às normas.
❏ É um funcionamento determinado, com tarefas e funções distribuídas entre seus
membros; formas de cooperação e de competição, aspectos que atraem os
indivíduos.
Classificação dos Grupos
Grupo Primário por Excelência: Família
❏ É uma instituição social, que tem passado por mudanças aceleradas em sua
estrutura, organização e funções de seus membros.
❏ Ao modelo tradicional de família, somam-se muitos outros e não é possível afirmar
se são melhores ou piores; são diferentes.
❏ O conceito de família não é único.
❏ A organização familiar transforma-se no decorrer da história do ser humano.
❏ A família é responsável pela sobrevivência física e psíquica das crianças,
constituindo-se o primeiro grupo de mediação do indivíduo com a sociedade.
❏ É o grupo necessário para garantir a sobrevivência do indivíduo e por isto mesmo
tende a ser vista como "natural" e "universal" na sua função de reprodução dos
seres humanos.
❏ Porém, a ela cabe também a reprodução da força de trabalho, tornando-a assim
fundamental para a sociedade e, consequentemente, objeto de um controle social
bastante rigoroso por aqueles que detêm o poder.
❏ É dentro dessa lógica que se atribuem características peculiares ao homem e à
mulher, consideradas necessárias para a reprodução da família e da sociedade:
❏ “Menino não chora”;
❏ “Ela é tão sensível";
❏ “Homem tem que ser forte”;
❏ “Menino não brinca com boneca”;
❏ “Menina não brinca na rua”.
O Processo de Institucionalização
Institucionalização
❏ Esse tema tem origem na Sociologia e é encontrado na literatura da psicologia como
Psicologia Institucional, a partir da metade do século XX.
❏ Existe uma regularidade nas ações de um conjunto de pessoas que nos inclui e
facilita, organiza a vida cotidiana de cada um e de uma coletividade. Essa
regularidade normatizada chamamos de institucionalização. Esse processo nos leva
a entender o que é instituição.
O Processo de Institucionalização
❏ Inicia-se com o estabelecimento de regularidades comportamentais. Um grupo social
estabelece formas práticas que garantem a maior eficiência na relação de tarefas.
Quando uma dessas formas se repete muitas vezes, temos o hábito.
❏ "A institucionalização ocorre sempre que há uma tipificação de ações habituais por
tipos de atores".
❏ Um hábito estabelecido por razões concretas, com o passar do tempo e das
gerações, transforma-se em tradição.
❏ As bases concretas, estabelecidas com o decorrer do tempo, não são mais
questionadas. A tradição se impõe porque é uma herança dos antepassados.
❏ Quando se passam muitas gerações e a regra estabelecida perde essa referência
de origem (o grupo de antepassados), dizemos, então, que essa regra social foi
institucionalizada.
A Instituição
❏ É um valor ou regra social reproduzida no cotidiano com estatuto de verdade, que
serve como guia básico de comportamento e de padrão ético para uma coletividade.
❏ A instituição é o que mais se reproduz e o que menos se percebe nas relações
sociais.
❏ Formas sociais visíveis dotadas de uma organização jurídica e/ou material.
A Organização
❏ Se a instituição é o corpo de regras e valores, a base concreta da sociedade é a
organização.
❏ As organizações, entendidas aqui de forma substantiva, representam o aparato, a
base material e/ ou jurídica das instituições no cotidiano da sociedade. As
instituições sociais serão mantidas e reproduzidas nas organizações.
❏ Ex.: Ministério da Saúde; Igreja; Fiat, etc.
O Grupo
❏ Onde a instituição se realiza.
❏ Se a instituição constitui o campo dos valores e das regras (portanto, um campo
abstrato), e se a organização é a forma de materialização dessas regras por meio da
produção social, o grupo realiza as regras e promove os valores. O grupo é o sujeito
que reproduz e pode reformular tais regras, como vimos.
❏ É também o sujeito responsável pela produção dentro das organizações e pela
singularidade: ora controlado, submetido de forma acrítica a essas regras e valores,
ora sujeito da transformação, da rebeldia, da produção do novo.
❏ Em uma instituição pode haver vários grupos. Ex.: em uma instituição educacional
pode haver o grupo de técnicos, o grupo de educadores, o grupo de educandos
recém-chegados e outros.
Papéis Sociais
Papel Social
❏ As instituições incorporam-se à experiência do indivíduo por meio dos papéis.
❏ Em cada grupo social, encontramos normas que regem as relações entre as
pessoas, algumas são mais sutis, ou restritas a certos grupos, outras são rígidas e
imperdoáveis se desobedecidas, até aquelas que se cristalizam em leis e são
passíveis de punição por autoridades institucionalizadas. Estas normas são o que,
basicamente, caracteriza os papéis sociais, e que determina as relações sociais.
❏ Por exemplo, os papéis de pai e de mãe se caracterizam por normas que dizem
como um homem e uma mulher se relacionam quando eles tem um filho, e como
ambos se relacionam com o filho e este, no desempenho de seu papel, com os pais.
❏ Ao nascer, existe uma expectativa social de como a criança deverá se comportar,
isso acontece porque os papéis sociais já foram prescritos anteriormente pelos
grupos dos quais fazemos parte.
❏ Designa o modelo de comportamento que caracteriza o lugar do sujeito no grupo ou
organização. É o comportamento que se espera de quem ocupa determinada
posição com determinado status.
Papel Social: Posição e Status
Conflitos de Papéis
Política
❏ Historicamente, o conceito de política esteve "estreitamente ligado ao de poder",
mais especificamente ao de poder político, como nos mostra Bobbio (1992), em seu
Dicionário de Política.
❏ Poder político como pertencente “à categoria do poder do homem sobre outro
homem, não a do poder do homem sobre a natureza”.
❏ Podemos definir política começando por situá-la como atividade humana que se dá
na esfera das disputas pelo poder entre grupos organizados.
❏ Atividade humana de acordo com Lane (1984): "a atividade implica ações
encadeadas, junto com outros indivíduos, para a satisfação de uma necessidade
comum. Para haver este encadeamento é necessária a comunicação (linguagem)
assim como um plano de ação (pensamento), que por sua vez decorre de atividades
anteriormente desenvolvidas".
❏ No caso da política, essas "ações encadeadas, junto com outros indivíduos, para a
satisfação de uma necessidade comum" reúnem, de um lado, aqueles que buscam
transformar uma determinada relação de poder político (plano macrossocial ou
microssocial) e, de outro, os que buscam mantê-la.
Psicologia Política
❏ É preciso reconhecer que todo fazer humano é necessariamente comprometido com
valores.
❏ Sendo a ciência um fazer humano, não existe possibilidade de que seja neutra ou
isenta de valores.
❏ Assim, é essencial explicitar os compromissos do fazer científico, no campo dos
valores, da ideologia, em seus determinantes sociais e históricos.
❏ Não se concebe estudar a ação humana - e sobretudo a atividade política -
desvinculada das suas determinações sócio-históricas.
❏ A psicologia política consiste no estudo das crenças, representações ou senso
comum que os cidadãos têm sobre a política e os comportamentos destes que, por
ação ou omissão, incidam sobre ou contribuam para a manutenção ou mudança de
uma determinada ordem sócio-política.
❏ Como é impossível a neutralidade na ação dos sujeitos, a omissão também é objeto
de estudo da psicologia política.
❏ A omissão trata do "apoliticismo": ausência da participação política ou da negação
da política, já que esses posicionamentos contribuem para a manutenção ou
transformação da ordem sociopolítica.
❏ Os estudos nessa área se dão no terreno da interdisciplinaridade, especialmente a
Sociologia e a Ciência Política.
Psicologia Política x Psicologia da Política
Vamos refletir:
A Emenda Constitucional n.° 95, também conhecida como a Emenda Constitucional do
Teto dos Gastos Públicos, alterou a Constituição brasileira de 1988 para instituir o Novo
Regime Fiscal. Trata-se de uma limitação ao crescimento das despesas do governo
brasileiro durante 20 anos, alcançando os três poderes, além do Ministério Público da União
e da Defensoria Pública da União. As despesas e investimentos públicos ficaram limitados
aos mesmos valores gastos no ano anterior, corrigidos pela inflação medida pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Diante da Emenda Constitucional n° 95, podemos dizer que ela foi elaborada de forma
neutra? Ela atende aos anseios de qual grupo social? Justifique a sua resposta.
Um Pouco de História
Disciplina Psicologia Política
❏ Tanto o pioneiro Handbook of Political Psychology organizado por Knutson (1973)
quanto a Internacional Society of Political Psychology consideram Lasswell como o
pai da psicologia política.
❏ Independentemente de seus reconhecidos méritos, o trabalho de Lasswell é
centrado na perspectiva individualista e acrítica que caracteriza a maior parte da
produção norte-americana nessa área.
Origens da Psicologia Política
❏ As origens remontam à Grécia Clássica. Já no Renascimento, não podemos ignorar
Maquiavel.
❏ Suas ideias influenciaram tanto o cotidiano das sociedades ocidentais quanto a ação
de diversos governantes e a construção do conhecimento nas ciências humanas.
❏ É dele a máxima "os fins justificam os meios" (para ele o poder era um fim).
❏ Em O príncipe, Maquiavel traz diversos ensinamentos sobre como manter o poder
político. Essa leitura tem servido de referência a poderosos e aspirantes ao poder,
desde então até os nossos dias.
❏ Theodor Adorno (1903-1969) - produziu, junto a seus colegas, uma grande
investigação sobre a personalidade autoritária, publicada em 1950, constituindo-se
num conjunto de estudos conduzidos por diferentes pesquisadores, de base teórica
psicanalítica, que buscou identificar relações entre personalidade (a personalidade
autoritária) e ideologia (fascismo).
Institucionalização Disciplina Psicologia Política
❏ A psicologia política somente se institucionalizou como disciplina independente a
partir da década de 1970.
❏ Entre 1930 e 1970 - diversos estudos sobre atitudes sociopolíticas, autoritarismo,
ideologia e subjetividade, poder e influência, comunicação de massa, propaganda e
comportamento eleitoral, socialização e participação política, entre outros.
❏ Na década de 1970 - a psicologia política adquire identidade, visibilidade social e
presença institucional:
❏ Lançamento do Handbook of Political Psychology (Knuston, 1973) que reunia
textos de psicólogos, sociólogos e cientistas políticos, e um capítulo sobre a
história da disciplina.
❏ Associação entre estudiosos e pesquisadores, nos EUA, culminou, em 1978,
com a criação da International Society of Political Psychology; realiza
reuniões científicas anuais e publica a revista trimestral Political Psychology.
Ideologia e Sociedade
Ideologia: Influências
Francis Bacon desenvolve um estudo bem próximo ao que hoje se costuma entender por
ideologia, através de sua teoria sobre as 4 classes de ídolos, que nos dificultam chegar
mais próximos da verdade:
1. Ídolos da caverna
2. Ídolos da tribo
3. Ídolos da praça
4. Ídolos do teatro
Ideologia na Psicologia Social
O conceito e a teoria da ideologia se fizeram mais presentes na psicologia social a partir
da década de 1970, quando muitos autores, principalmente na Europa e América Latina,
começaram a incorporar o tema em seus estudos e pesquisas.
A crescente importância da ideologia deve-se hoje ao fato de nossa sociedade e nosso
mundo tornarem-se, a cada dia, mais "imateriais", mais sustentados numa comunicação
verbal e simbólica.
Ideologia: 4 diferentes acepções
❏ Ideologia como positiva - é uma cosmovisão, um conjunto de valores, ideias, ideais,
filosofias de uma pessoa ou grupo.
❏ Ideologia como negativa - ideias distorcidas, enganadoras, mistificadoras, que
obscurecem a realidade.
❏ Ideologia como materializada - materializada nas instituições. Como dizia Marx,
definida como as ideias da classe dominante.
❏ Ideologia como dinâmica - vista como determinada prática, como modo de agir, uma
maneira de se criar, produzir ou manter relações sociais.
Ideologia: Análise Prática
Essa concepção de ideologia nos obriga a examinar as maneiras como as relações
sociais são criadas e sustentadas por formas simbólicas que circulam na vida social,
aprisionando as pessoas e orientando-as para certas direções.
Assim, um fenômeno ideológico só é ideológico se ele serve, em circunstâncias
específicas, para estabelecer e sustentar relações de dominação.
É preciso examinar a interação entre sentido e poder em circunstâncias particulares.
Vejamos algumas implicações, derivadas dessa concepção:
1. Ideologia como uma concepção crítica - contrapõe-se à concepção neutra que
caracteriza fenômenos como ideológicos sem implicar que estes sejam
necessariamente enganadores, ilusórios ou ligados a interesses de algum grupo
particular. Seria um aspecto da vida social.
A concepção crítica possui um sentido negativo, implicando que o fenômeno
caracterizado como ideológico é enganador, ilusório ou parcial, e a própria
caracterização do fenômeno como ideológico carrega consigo a própria condenação
desses fenômenos.
2. Sentido e formas simbólicas - o sentido é o das formas simbólicas; estas são o
amplo espectro de ações e falas, imagens e textos, que são produzidos por pessoas
e reconhecidos por elas como contendo um significado.
O Processo de Alienação
Alienação: a ideologia no nível individual
No plano superestrutural, a ideologia é articulada pelas instituições que respondem pelas
formas jurídicas, políticas, religiosas, artísticas e filosóficas. No plano individual, elas se
reproduzem em função da história de vida e da inserção específica de cada indivíduo.
Assim, a análise da ideologia deve, necessariamente, considerar tanto o discurso onde
são articuladas as representações, como as atividades desenvolvidas pelo indivíduo.
A alienação se caracteriza pela atribuição de "naturalidade" aos fatos sociais; esta
inversão do humano, do social, do histórico, como manifestação da natureza, faz com que
todo conhecimento seja avaliado em termos de verdadeiro ou falso e de universal.
Nesse processo, a "consciência" é reificada, negando-se como processo, ou seja,
mantendo a alienação em relação ao que ele é como pessoa e, consequentemente, ao que
ele é socialmente.
Consciência x Alienação
O que é ter consciência?
Quando o nosso pensamento não confronta as nossas ações e experiências com o
nosso falar, quando apenas reproduzimos as representações sociais que nos foram
transmitidas, e toda e qualquer inconsistência ou incoerência é atribuída a "exceções", a
"aspectos circunstanciais", quando não a particularidades individuais, estaremos apenas
reproduzindo as relações sociais necessárias para a manutenção das relações de produção
da vida material em nossa sociedade.
Apenas quando confrontamos as nossas representações sociais com as nossas
experiências e ações... Ou seja, pensar a realidade e os significados atribuídos a ela,
questionando-os de forma a desenvolver ações diferenciadas, isto é, novas formas de agir,
que por sua vez serão objeto de nosso pensar, é que nos permitirá desenvolver a
consciência de nós mesmos, de nosso grupo social como produtos históricos de nossa
sociedade, e também cabendo a nós — agentes de nossa história pessoal e social —
decidir se mantemos ou transformamos a nossa sociedade.
Persistência da Alienação
Em contraposição, as respostas a ações habituais são exatamente aquelas que se
reproduzem sem que ocorra o pensar, tanto antes como depois. Na medida em que estas
ações implicam valores e relações sociais, elas estarão, obrigatoriamente, reproduzindo a
ideologia dominante, mantendo as condições sociais, ou seja, elas não transformam nem as
relações sociais do indivíduo, nem a ele mesmo - é a persistência da alienação. Ex.:
trabalho repetitivo e mecânico.
Alienação nas relações de trabalho (Marx)
Há um conjunto de determinações que acompanham a categoria alienação em duas
órbitas de problemas:
1. A alienação em relação ao resultado do trabalho;
2. A alienação decorrente da divisão social e técnica do trabalho. Esta última
desdobra-se em:
a. Alienação no ato do trabalho ou do sujeito em relação ao seu próprio
processo de trabalho como alheio,
b. Alienação do homem em relação a ele mesmo (autoalienação), e como
desdobramento disso,
c. A alienação do sujeito em relação ao outro homem.
Para Marx, “o trabalho não produz só mercadorias; produz a si mesmo e ao trabalhador,
como uma mercadoria, e isto, na proporção em que produz mercadorias em geral”.
Paradoxalmente, o produto do trabalho se humaniza, se enche de vida, enquanto seu
produtor vai perdendo a perspectiva da condição autoral sobre as coisas produzidas.
Verifica-se um processo de aceleração e aprofundamento das relações de
estranhamento, num tempo em que o trabalho morto, a máquina e a mercadoria se
sobrepõem ao humano, ao trabalho vivo.
Consumo: conceito e aspectos principais
O que é consumo?
É o ato ou efeito de consumir; despesa, dispêndio, consumação, gasto. É o uso que se
faz de bens e serviços produzidos. É, portanto, fazer uso de algo. Nasce das necessidades
dos consumidores.
Consumo: Análise Crítica
Para Bauman (2008), passamos de uma sociedade de produtores para uma sociedade
de consumidores, visando a uma maior rotatividade na aquisição de bens.
"[...] coloca a 'sociedade de consumidores' em movimento e a mantém em curso como
uma forma específica de convívio humano, enquanto ao mesmo tempo estabelece
parâmetros específicos para as estratégias individuais de vida que são eficazes e manipula
as probabilidades de escolha e conduta individuais"
O que é obsolescência programada?
É a ação de produzir bens com vida útil pré determinada. De certa forma, isso força o
consumidor a adquirir versões novas de um mesmo produto.
Em períodos cada vez mais curtos, "os aparelhos e os equipamentos, desde as
lâmpadas elétricas aos óculos, deixam de funcionar devido a uma avaria prevista dum dos
seus elementos. É impossível encontrar uma peça de substituição ou um técnico que o
repare"
Consumo e Indústria Cultural
O conceito de Indústria Cultural foi produzido como denúncia de uma nova forma de viver
e sentir o mundo, sob condições históricas bem particulares.
Trata-se de uma noção advinda da Escola de Frankfurt (Alemanha), tendo como
representantes, dentre outros, Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer
(1895-1973).
Adorno e Horkheimer (1985) explicam que, com a massificação do cinema, o fazer
cultural e artístico passou a estar sob o olhar da indústria capitalista, com a popularização
de produtos que foram adaptados pelo consumo de massa.
Trata-se da produção de "ilusões", de forma a trabalhar para a mercantilização das
mercadorias com foco na alienação e na produção de lucro para a classe dominante.
Se por um lado padroniza e esvazia o sentido da arte como expressão do singular, por
outro lado, constitui-se como um mecanismo ideológico de legitimação.
Assim, o foco está no consumo, principalmente no individual, e os meios de comunicação
se responsabilizaram por ampliar a seguinte lógica:
Identidade
Identidade no Dicionário
Esse conceito apresenta uma diversidade terminológica que expressa a diversidade
teórico-metodológica dos autores ao abordarem o tema. Reflete ainda uma certa dificuldade
de exprimir conceitualmente sua complexidade.
Constata-se também o uso de predicativos diversos para qualificar os diferentes
sistemas identificatórios que constituem a identidade (identidade pessoal, identidade social,
identidade de papel, identidade psicossocial...).
É do contexto histórico e social em que o homem vive que decorrem as possibilidades e
impossibilidades, os modos e alternativas de sua identidade.
No entanto, como determinada, a identidade se configura, ao mesmo tempo, como
determinante, pois o indivíduo tem um papel ativo quer na construção deste contexto a
partir de sua inserção, que na sua apropriação.
Sob essa perspectiva é possível compreender a identidade pessoal como e ao mesmo
tempo identidade social.
Identidade - Erving Goffman
Nos textos clássicos de Erving Goffman (1985), empregam-se expressões próprias à
atividade cênica no estudo da identidade: personagem, autor, ator, papel.
Nos seus estudos, o autor compara a vida social a um palco e o indivíduo a um
ator/autor/plateia, sendo que os variados papéis sociais seriam as encenações que vão
sendo articuladas e formatadas a partir das interações entre os envolvidos.
❏ Personagem: identidade empírica (forma que a identidade se representa no mundo).
Implica a presença de um ator enquanto desempenhando um papel social (ao
mesmo tempo se confunde e se diferencia do papel).
❏ Papel social: abstrações construídas nas relações sociais e que se concretizam em
personagens. Caracterizam a identidade do outro e o lugar no grupo social.
O personagem, enquanto representa um papel social, representa uma identidade coletiva
a ele associada, construída e mediada através das relações sociais.
O autor publicou um estudo sobre o tema estigma. O estigma refere-se às marcas, aos
atributos sociais que um indivíduo, grupo ou povo carrega e cujo valor é negativo ou
pejorativo. Esses determinam, para o indivíduo, um destino de exclusão ou a perspectiva de
reivindicação social pelo direito de ser bem tratado e ter oportunidades iguais. Um atributo
negativo pode ser internalizado pelo indivíduo e influenciar decisivamente sua autoimagem
e autoestima.
Identidade: Psicanálise e outras Correntes
Várias correntes da Psicologia, inclusive a Psicanálise, nos ensinam que o
reconhecimento do eu se dá no momento em que aprendemos a nos diferenciar do outro.
Eu passo a ser alguém quando descubro o outro e a falta de tal reconhecimento não me
permitiria saber quem sou, pois não teria elementos de comparação que permitissem ao
meu eu destacar-se dos outros eus.
Dessa forma, podemos dizer que a identidade depende da sua diferenciação em relação
ao outro.
Representações Sociais
O conceito é mencionado pela primeira vez por Serge Moscovici, em seu estudo sobre a
representação social da psicanálise. Nessa obra, o autor conduz um estudo tentando
compreender mais profundamente de que forma a psicanálise, ao sair dos grupos fechados
e especializados, é ressignificada pelos grupos populares.
No Brasil, o interesse pela teoria das RS iniciou no final da década de 1970, lembrando
sua estreita relação com o desenvolvimento da própria psicologia social, que assume uma
postura mais crítica.
O que são as representações sociais?
São “teorias” sobre saberes populares e do senso comum, elaboradas e partilhadas
coletivamente, com a finalidade de construir e interpretar o real.
Por serem dinâmicas, levam os indivíduos a produzir comportamentos e interações com
o meio, ações que, sem dúvida, modificam os dois.
O próprio Moscovici (1981, p. 181), refere que “por
Representações Sociais entendemos um conjunto de conceitos, proposições e
explicações originado na vida cotidiana no curso de comunicações interpessoais. Elas são o
equivalente, em nossa sociedade, aos mitos e sistemas de crença das sociedades
tradicionais: podem também ser vistas como a versão contemporânea do senso comum”.
Representações Sociais
Um dos elementos fundamentais da teoria das RS é a interligação possível entre
cognição, afeto e ação no processo de representação.
A representação, como um processo mental, carrega sempre um sentido simbólico. No
ato de representar identifica-se 5 características fundamentais:
1. Representa sempre um objeto;
2. É imagem e com isso pode alterar a sensação e a ideia, a percepção e o conceito;
3. Tem um caráter simbólico significante;
4. Tem poder ativo e construtivo;
5. Possui um caráter autônomo e generativo.
Para que estudamos as representações sociais?
Para buscar conhecer o modo de como um grupo humano constrói um conjunto de
saberes que expressam a identidade de um grupo social, as representações que ele forma
sobre uma diversidade de objetos, tanto próximos como remotos, e principalmente, o
conjunto dos códigos culturais que definem, em cada momento histórico, as regras de uma
comunidade. Para que se possa compreender e identificar como a realidade atua na
motivação das pessoas ao fazer determinado tipo de escolha (comprar, votar, agir...).
Para tornar familiar o não familiar. Este movimento, que se processa internamente, vem a
serviço de nosso “bem-estar”. Para assimilar o não familiar, dois processos básicos podem
ser identificados como geradores de RS:
❏ O processo de ancoragem;
❏ O processo de objetivação.
Ancoragem e Objetivação
Avanços trazidos pela teoria das RS
Essas lembranças e imagens fixadas nas nossas histórias pessoais não são também
frutos do acaso, mas de uma forma de pensar e viver a definição do que é “ser científico”
que sustenta a história da própria construção do conhecimento.
■
❏ Consequentemente, a busca do conhecimento e não da verdade seria o objetivo da
ciência.
❏ Do mesmo modo, a constatação de que o “dado” é, ao mesmo tempo, resultado
teórico e empírico, pois é preciso antes decidir o que e como procurar: definição do
objeto da pesquisa, do problema e das estratégias metodológicas.
❏ A pesquisa não pode ser compreendida, exclusivamente, como um conjunto de
técnicas utilizadas para o conhecimento da vida, mas como um recurso ligado a
diferentes modos de produzir conhecimento e a história de suas legitimações.
❏ A atividade de pesquisar é um imperativo de sobrevivência e, portanto, fala da vida e
das suas múltiplas formas de expressão, inscrevendo-se no nosso cotidiano e não
se restringindo às controladas situação de laboratório.
Decorrências Metodológicas
Metodologia em Psicologia Social
Com base no pressuposto da complexidade, onde uma teoria é incapaz de dar conta do
conhecimento do real como um todo e muito menos fornecer todas as respostas, há sempre
uma opção teórica pelo pesquisador que vai determinar suas escolhas metodológicas, que
são vistas como estratégias utilizadas para integrar o empírico e o teórico.
Obs: Todo o conteúdo apresentado neste arquivo é de suma importância e está resumindo
a matéria estudada, portanto será marcado apenas os títulos para uma melhor organização
e compreensão.