Você está na página 1de 16

SOFT SKILLS

Gestão do tempo
Thiago Oliveira da Silva

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Relacionar a percepção de tempo com a atividade produtiva.


>> Identificar o papel do tempo no contexto de trabalho pós-globalizado.
>> Elencar boas práticas de gestão de tempo.

Introdução
O tempo é um dogma. Segundo Drucker (1981), o tempo é um elemento singular,
único e insubstituível, pois não há qualquer outro elemento que o substitua.
Estudar o tempo é compreender a gestão de si próprio.
O estudo do tempo não é atual, mas remete ao início do estudo dos campos
da Administração. Na década de 1900, Frederick Taylor desempenhou esforços
para compreender como o tempo influenciava diretamente a capacidade pro-
dutiva das empresas. Os estudos de Taylor focaram a redução de custos e do
tempo de execução de uma atividade, visando ao aumento da produtividade.
Por seus estudos na área, o autor ficou conhecido “pai da Administração Científica”.
As contribuições de suas pesquisas incluem aprendizados a respeito de como
eliminar o desperdício de esforços e movimentos inúteis, de como racionalizar
a seleção dos operários e sua adaptação ao trabalho, aumentando o nível de
padronização, e de como realizar treinamentos e capacitações com funcionários
a fim de aumentar sua eficiência e seu rendimento (BONOME, 2009).
Neste capítulo, veremos como estudos no campo da Administração in-
fluenciaram a compreensão do tempo e sua gestão. Para isso, discutiremos a
alteração do entendimento sobre o fator tempo e qual é seu papel no contexto
de trabalho pós-globalizado. Por fim, serão demonstradas boas práticas de
2 Gestão do tempo

gestão e como podem influenciar não somente o campo profissional/empre-


sarial, mas também aspectos ordinários da vida cotidiana.

A percepção de tempo e a capacidade


produtiva
A percepção de tempo é relativa. Você já deve ter sentido que um dia passou
mais rápido do que o usual ou que alguma tarefa demorou mais do que deveria,
não é? De fato, o sentimento em relação ao tempo é individual e subjetivo.
Contudo, apesar de ser subjetivo, uma coisa é certa: o tempo é o mesmo para
todos. Um dia possui 24 horas no Sul e no Norte, no Leste e no Oeste. Entre-
tanto, esse quê de subjetividade levou cientistas a buscarem ferramentas para
estudar o tempo. Um exemplo é a cronoanálise, que, segundo Oliveira (2012),
é indicada quando se quer aferir e, consequentemente, melhorar a produti-
vidade em determinado processo. Para isso, o autor pondera que é preciso
entender o que realmente ocorre em cada processo, a real capacidade de
produção, a eficiência do balanceamento, eventuais pontos de ineficiên-
cia, interações entre os postos de trabalho, desperdícios de tempo e afins
(OLIVEIRA, 2012).
O estudo do tempo não se trata de uma novidade, como comentamos na
introdução deste capítulo. Quem está familiarizado com o campo da Adminis-
tração certamente já deve ter ouvido falar no conhecido estudo de tempos e
métodos, ou movimentos, liderado por Frederick Taylor, o grande precursor
da Administração Científica. O estudo de Taylor inaugurou as pesquisas na
área, evoluindo, mais tarde, para a cronoanálise e a racionalização industrial.
Porém, posteriormente, a evolução do método atingiu outros campos.
Preliminarmente, a Administração Científica emergiu dos estudos sobre
a Ciência da Administração, estudos com uma base sólida na observação e
no acúmulo de experiências. De acordo com Bonome (2009), o amparo em
realizações/experimentações desenvolvidas em empresas tornou a Adminis-
tração um campo particular, repleto de ações/operações empresariais que
necessitam desses estudos para sustentar suas discussões, seus métodos
e seus conceitos, visando justificar o mantra da área: planejar, organizar,
liderar e controlar.
Os estudos aprofundados sobre a Administração Científica focaram o ge-
renciamento de recursos, o aumento dos níveis de produtividade e a elevação
da eficiência administrativa. Em outras palavras, os estudos científicos sobre
essa teoria se pautavam no ato de perceber e medir como determinadas ações
Gestão do tempo 3

conseguem ampliar a eficiência das tarefas que devem ser desenvolvidas em


uma empresa (BONOME, 2009).
A Administração Científica foi dividida em dois períodos de estudo de
Taylor:

1. Organização Racional do Trabalho (ORT), por meio dos estudos de


tempos e movimentos;
2. estudos sobre a Administração Geral.

O primeiro período foi guiado pelo livro Administração de oficinas (1903),


no qual o estudo de tempos e movimentos sugeria uma racionalização do
trabalho, pautando-se em uma metodologia de padronização que deveria ser
seguida por todos os trabalhadores (RAPÔSO; SILVA, 2017). Contudo, apenas
desejar que os trabalhadores realizassem o trabalho de forma padronizada
não era o suficiente: era necessário criar um método, que, nesse caso, consistiu
na divisão e subdivisão de todos os movimentos necessários para executar
cada tarefa. As vantagens de se estudar os tempos e movimentos, segundo
Bonome (2009), são:

„„ eliminar o desperdício de esforço e movimentos inúteis;


„„ racionalizar a seleção dos operários e sua adaptação ao trabalho;
„„ facilitar o treinamento e melhorar a eficiência e o rendimento.

O estudo do primeiro período foi bem mais amplo do que os tópicos acima
permitem presumir. O foco desse período, o estudo de tempos e movimen-
tos, contemplava tempos elementares e mortos (esperas, tempos destina-
dos à saída do trabalhador da linha para suas necessidades pessoais, etc.).
Isso permitia que o tempo padrão de produção pudesse ser corretamente
cronometrado, acrescentando eventuais perdas inevitáveis no processo
(BONOME, 2019). Essa racionalização do tempo e do movimento de produção,
segundo Bonome (2019) trouxe outras vantagens, como:

„„ distribuição do trabalho para que não ocorram momentos em que haja


excesso ou escassez de trabalho;
„„ constituição de uma base uniforme para escalonamento salarial e para
estabelecimento de prêmios por aumento de produção;
„„ cálculo preciso do custo unitário e do preço de venda dos produtos.
4 Gestão do tempo

O segundo período de Taylor foi guiado pelo livro Princípios da Adminis-


tração Científica (1911). Nesse livro, Taylor finalizou os estudos sobre raciona-
lização do trabalho, tendo concluído que o trabalho do operário deveria ter
a estrutura da empresa, bem como que esse operário deveria ter em mente
os princípios elencados como adaptação, treinamento e ciência sobre rendi-
mento. Nesse período, os estudos de Taylor sobre Administração Geral foram
reunidos, formando o primeiro estudo aprofundado sobre Administração nas
empresas; no caso, a Administração Científica. Por fim, o segundo período de
estudos de Taylor destacou três fatores importantes, conforme Bonome (2019):

„„ vadiagem sistemática do trabalho por parte dos operários;


„„ desconhecimento, por parte da gerência, tanto das rotinas de trabalho
quanto do tempo necessário para sua realização;
„„ inexistência de uniformidade técnica ou de métodos de trabalho
planejados.

Os estudos de tempos e movimentos foram uma das grandes contribui-


ções de Taylor, evoluindo para a cronoanálise e a racionalização Industrial.
Apesar de terem sido realizados há vários anos, os estudos do autor ainda são
utilizados, mas com as devidas atualizações, é claro, sobretudo no aspecto
tecnológico, e é sobre esse contexto que vamos tratar na próxima seção.

A Administração Científica, apesar de ser utilizada até hoje,


sofreu e sofre várias críticas em virtude da forma como foi idealizada
por Frederick Taylor. Muitas dessas críticas perduram até hoje. Entre elas,
encontram-se o mecanicismo da abordagem (máquina), a superespecializa-
ção, que robotiza o operário, a visão microscópica do homem, a limitação do
campo de aplicação à fábrica e a abordagem de sistema fechado (limitada).
Contudo, a Administração Científica possui um papel de fundamental importância
para o que veio a se constituir como a Teoria Geral da Administração.

O papel do tempo no contexto de


trabalho pós-globalizado
O tempo é um elemento singular, único e insubstituível. Na era do conheci-
mento, em que se ventila, a todo momento, que tempo é dinheiro, torna-se
Gestão do tempo 5

necessária a compreensão sobre o valor do gestor e de como sua gestão


pode ser eficiente. Segundo Estrada, Flores e Schimith (2011, documento
on-line) “[...] a sociedade atual enxerga o tempo como um fator limitativo,
pois os limites da execução de um processo são estabelecidos pelo fator
mais escasso, imutável, irreversível e perecível, o tempo”.
Nesse momento, permite-se um recorte temporal apenas para inserirmos
a globalização no bojo da discussão. A globalização, no sentido de transpas-
sar fronteiras, pode ser estabelecida facilmente em aspectos da sociedade
atual. Esse aspecto de tempo e barreiras fica claro em artigo publicado pela
Folha de São Paulo em 1994 (FONSECA, 1994). Observe, a seguir, como o tempo
possui diferentes perspectivas na sociedade atual, que tem a tecnologia e o
conhecimento como máximas.

1. Quando o presidente Abraham Lincoln morreu, em 1865, demorou


aproximadamente 13 dias para a notícia chegar até o continente eu-
ropeu. Considerando uma tecnologia defasada, com um simplex fax,
demoraria alguns segundos.
2. Há 45 anos, considerando o ano de 1994, quando a econometria enga-
tinhava, uma regressão múltipla requeria o trabalho de um operador
qualificado, meses de cálculo e 40 horas do computador mais avan-
çado de grande porte. Hoje, essa mesma regressão pode ser feita por
qualquer aluno de graduação, por meio de seu micro, em menos de
30 segundos.
3. No auge da famosa Revolução Industrial, a Grã-Bretanha demorou
58 anos para dobrar o seu produto interno bruto (1730–1838). Por sua
vez, os Estados Unidos demoraram 47 anos (1839–1886) e o Japão de-
morou 34 anos (1885–1919). Por fim, a Coréia do Sul executou o mesmo
feito em apenas 11 anos (1966–77).

Em relação a exemplos atuais, pode-se citar a fase da Indústria 4.0, cujo


cerne é criar produtos personalizados para diversos tipos de clientes (CARVA-
LHO, 2019). O termo Indústria 4.0 surgiu em 2012, na Alemanha, representando
uma iniciativa de orientação das políticas industriais do País, que buscava
encontrar novas formas de relacionamento entre os agentes e que, ao mesmo
tempo, entendia que a tecnologia era alicerce para essa mudança. No ponto
central desse conceito, estão a integração e a informação: pessoas, processos,
máquinas, objetos e outras partes relacionadas passam a se comunicar de
forma mais integrada e autônoma, permitindo que as informações que nascem
6 Gestão do tempo

no chão de fábrica fluam por todos os níveis da organização, sendo levadas


até o nível mais elevado em menor tempo e com maior aproveitamento.
Assim, a Indústria 4.0 uniu qualidade e flexibilidade com a produção, tendo
custos reduzidos, garantindo o máximo de informação em toda sua cadeia
produtiva. Essa conexão permitiu, além de redução de custos, a prevenção
de falhas, bem como a oferta de uma análise profunda sobre todo o ciclo
produtivo. Portanto, pode-se considerar a Indústria 4.0 o estado da arte das
teorias formuladas há anos, como a Administração Científica (CARVALHO, 2019).

A Indústria 4.0 apresenta inúmeros exemplos de como a tecnologia


implantada interfere diretamente no aspecto tempo, que, por sua
vez, impacta a produtividade e a rentabilidade da empresa. O primeiro exemplo
é a realidade aumentada para operações e treinamento. Esse exemplo consiste
no treinamento de funcionários que estão em diferentes países, mas a realidade
aumentada permite demonstrar a implantação de novos processos sem que
eles saiam do papel.
Outro exemplo é a manufatura conectada na Indústria 4.0. Esse exemplo
demonstra como a tecnologia pode monitorar em tempo real a produção de uma
empresa. Além de melhorar a eficiência de sua produção, esse tipo de tecnologia
pode permitir que um cliente, ou eventual cliente, observe a produção e dados
em tempo real; ou seja, ele terá acesso ao funcionamento das máquinas antes
de fechar o pedido, o que pode corroborar para a assertividade de uma venda,
interligando setores de produção, vendas e marketing. Dessa forma, eles se
atualizam com informações de sua produção para se assegurar de que ela atenda
aos requisitos do consumidor para precisão e eficiência.

Os exemplos anteriores demonstram como a sociedade alterou sua pers-


pectiva sobre tempo e produtividade em seus componentes tecnológicos. Por
exemplo, uma fibra óptica com a espessura de um fio de cabelo transmite
500 canais de televisão simultaneamente e comporta mil vezes mais infor-
mações do que todas as frequências de rádio juntas. Contudo, a aceleração
do tempo é apenas uma das dimensões da transformação em curso. A outra
dimensão é a integração do espaço: o processo de globalização que vem
fazendo, da economia mundial, um sistema cada vez mais interdependente e
que está tornando a existência de Estados nacionais soberanos uma relíquia
anacrônica de eras caducas.
Gestão do tempo 7

Com a aceleração do tempo, a globalização está por toda parte. Dela,


fazem parte a expansão de empresas e o imenso aumento dos fluxos in-
ternacionais, que envolvem diferentes vertentes como comércio, finanças,
pessoas e informações. Por exemplo, em 1960, foram feitas dois milhões
de ligações telefônicas entre os Estados Unidos e a Europa. Graças à com-
petição e à inovação tecnológica (que reduziram drasticamente o preço
das chamadas internacionais), o número de ligações entre eles já supera os
700 milhões anuais. Nos anos 1960, viajar para fora do próprio país era um
luxo restrito a cerca de 25 milhões de pessoas por ano no mundo. Hoje, mais
de 350 milhões de pessoas viajam para fora de seus países de origem a cada
ano (FONSECA, 1994).
Seja de seu gosto ou não, a globalização e a consequente aceleração do
tempo, do conhecimento, da informação e da integração de espaços são
inerentes à Era Digital. Diante disso, perguntas devem ser feitas. Uma delas é:
se continuarmos assim, onde vamos parar? A resposta é nua e crua: ninguém
sabe! O fato é que, se a humanidade pudesse controlar seus atos e soubesse
quais passos tomar e aonde chegaria, talvez ainda estivéssemos em locais
primitivos. Refletir sobre isso é interessante, e as incertezas que nos rodeiam
são marcos no processo. Outra pergunta importante é esta: será que o mundo
está passando por uma nova revolução industrial ou estamos vivenciando
uma espécie de espiral, de modo que, a cada conhecimento adquirido, um
novo é criado?
As perguntas feitas anteriormente servem para você refletir sobre algo
que pode ter várias respostas, dependendo do ponto de vista. Uma resposta
genérica para várias perguntas relacionadas é: independentemente do que
pensamos, a tecnologia está avançando a cada dia e, com ela, nossa pers-
pectiva de tempo. Daí a importância da ótima gestão do tempo, que, como já
comentamos, está relacionada a gestão de si mesmo. Veja a Figura 1.
Observe, na Figura 1, que o planejamento pessoal representa a composição
e consiste em programar o cotidiano. Parece básico, mas ressalta-se que
alinhar seu tempo com o alcance dos objetivos é demanda esforço, concen-
tração e planejamento. Na fase de gerenciamento, a busca pela eficiência e a
otimização de tarefas planejadas se destacam. Sem planejamento eficiente,
as tarefas elencadas perdem sentido (ESTRADA; FLORES; SCHIMITH, 2011).
8 Gestão do tempo

Figura 1. A gestão do tempo está relacionada à gestão de si mesmo.


Fonte: Estrada, Flores e Schimith (2011, documento on-line).

A Figura 1 foi trazida para demonstrar que as etapas de uma correta gestão
do tempo devem estar afinadas e ser trabalhadas de maneira conjunta. “Esta
medida visa equilibrar as áreas da vida, definidas como mais importantes
para o período. Porém, isto não quer dizer que se deva dedicar tempo igual
a todos os papéis” (ESTRADA; FLORES; SCHIMITH, 2011, documento on-line).
Ademais, o número de papéis pessoais depende do que cada pessoa deseja
para o ano, havendo a necessidade de considerar a exequibilidade das ati-
vidades. As metas devem ser estabelecidas em um número suficiente, para
que os papéis sejam desempenhados sem sobrecarga de afazeres.
Gestão do tempo 9

O estudo sobre o tempo demonstra como é assombrosa a velocidade


com que o mundo se transforma. Somos reféns de nosso próprio anseio pelo
conhecimento, e é com isso que sempre vamos conviver.

Boas práticas de gestão de tempo


O assunto boas práticas de gestão se tornou uma espécie de mantra em
consultorias, coaching, etc., o que atesta a favor de sua relevância no am-
biente de negócios. Contudo, não devemos falar em gestão de tempo sem
fixar alguns pilares. De acordo com a Psicologia Social, são eles (TRIGO, 2007):

1. conhecimento (knowledge);
2. habilidades (skills);
3. aptidões (dispositions).

Por conhecimento, entende-se algo que depende do saber, mas não se


extingue nele. Pode ser enriquecido com um processo conduzido pelo próprio
indivíduo, em que a atenção e a personalidade são os elementos que fazem
a reflexão crítica, a abstração e a experimentação se tornarem um ciclo
permanente (TRIGO, 2007).
Por sua vez, as habilidades são consideradas “[...] um conjunto de caracte-
rísticas humanas indispensáveis para conduzirem um indivíduo a interpretar e
concretizar um objetivo, de forma adequada, numa determinada envolvente”
(TRIGO, 2007, documento on-line). Nesse contexto, há ramificações, como soft
skills, consideradas complementos afetivos, comportamentais e emocionais,
e, em particular, as relações intra e interpessoais. Essas características são
essenciais no mundo globalizado, pois colocam em destaque profissionais
proativos e reativos (SECO et al., 2016).

As soft skills são consideradas habilidades como a capacidade de


comunicar, o pensamento crítico, o trabalho de equipa e a criatividade
(MOORE; MORTON, 2015). De fato, as soft skills são habilidades difíceis de serem
vislumbradas nas pessoas, então recrutar de forma assertiva se tornou mais
difícil. Contudo, nesse contexto, um gap se abre — ou seja, Peter Drucker tinha
razão quando afirmou que o futuro era dos trabalhadores do conhecimento
(DRUCKER; CORREIA, 2000).
10 Gestão do tempo

Por fim, as aptidões são uma espécie de complemento das duas carac-
terísticas citadas anteriormente e envolve elementos pessoais que são de-
senvolvidos constantemente, assim como o conhecimento.
O futuro será daqueles que detêm a tríade. Ou seja, ser especialista em
uma área não garante uma trajetória duradoura em uma empresa. A realidade
demonstra uma volatilidade e, por consequência, um leque de exigências
cada vez mais diversificado, incluindo, mas não se limitando a (TRIGO, 2007):

„„ orientação para resultados;


„„ foco no cliente;
„„ trabalho em equipe;
„„ análise e resolução de problemas;
„„ iniciativa;
„„ flexibilidade;
„„ comunicação pessoal.

O desenvolvimento dessas habilidades se dá por meio do processo de


ensino e aprendizagem de conhecimento. Parece simples, mas esse desafio
de criar seu próprio ciclo contínuo de conhecimento é tarefa que exige de-
dicação, foco e resiliência. As soft skills refletem na gestão de tempo, cerne
deste capítulo. Observa-se o dito no início desta seção, que, sem os pilares
da Psicologia Social, não poderíamos falar das boas práticas de gestão de
tempo. Exposto o embasamento teórico, podemos migrar para a prática em si.

Ao digitar “gestão do tempo” em sites de busca, você vai se deparar com


uma infinidade de boas práticas de gestão de tempo. É certo que, após breve
análise, algumas parecem ser ao menos “milagrosas” e/ou revolucionárias do
que outras, merecendo, assim, títulos importantes. Ironias à parte, encontrar
boas práticas de gestão é algo relativamente fácil, difícil é executá-las,
lembrando que a gestão depende exclusivamente de si.
Foco e concentração são inerentes à redução do desperdício ou à incorreta
utilização do tempo nas demandas rotineiras ou em atividades complexas.
Segundo Estrada, Flores e Schimith (2011), a gestão do tempo, principalmente
na era do conhecimento e da informação, consiste em planejar ações de forma
temporal, transformando-as em tarefas e compromissos voltados para o
alcance dos objetivos e resultados esperados.
Gestão do tempo 11

Antes de propriamente relacionarmos as boas práticas de gestão do tempo,


precisamos elencar os três pilares desse tipo de gestão. São eles (ESTRADA;
FLORES; SCHIMITH, 2011):

„„ decisão firme de querer exercer controle efetivo sobre o tempo;


„„ priorização das atividades por importância;
„„ exercício da disciplina, da perseverança, da integridade e de hábitos
positivos.

A vinculação aos aspectos apresentados remete diretamente à gestão de


si. Lidar com a gestão do tempo tem relação com elaborar um planejamento
estratégico pessoal e criar um manual que contenha uma sequência lógica,
com fases e ciclos definidos, para que a fase da execução siga os critérios
definidos.
Geralmente, a teoria de qualquer estudo é clara, objetiva e coesa, longe de
qualquer questionamento. Obviamente, o mundo teórico oferta respaldo no
sentido de conhecimento, mas a aplicação desse conhecimento é que valida
qualquer teoria. É, então, sobre a demonstração prática de bons exemplos
da gestão de tempo que nos ocuparemos a partir daqui. No rol de boas
práticas, estão:

1. Delegue as tarefas: o tempo pode ser nosso aliado ou nosso inimigo.


Portanto, não centralize atividades que podem ser delegadas, ou seja,
execute o que é pertinente a você. Aprender a delegar é importante
para a compreensão de que atribuir responsabilidades não signi-
fica que você esteja se “esquivando” de deveres, mas pelo contrário:
demonstra confiança e apreço pela pessoa que ficará responsável
pela tarefa. No campo empresarial, é comum que líderes atribuam
responsabilidades a seus subordinados e a outras pessoas da equipe.
Para que isso aconteça, é claro, é vital conhecer as habilidades e os
conhecimentos de cada um.
2. Priorize o trabalho: listar as tarefas diárias é importante e vital para
que as prioridades de seu dia sejam realizadas. Lembre-se de que as
tarefas em tese com menos complexidade talvez sejam as vilãs de seu
tempo, então, se é algo que pode ser realizado em outro momento,
nem a coloque na lista. Em suma: priorize suas tarefas e foque aquelas
que são mais importantes.
12 Gestão do tempo

3. Fuja da procrastinação: essa palavra em si denota adiamento, demora,


delonga. Esse item afeta negativamente a produtividade e pode re-
sultar diretamente em tempo gasto com energia. Em geral, tendemos
a procrastinar tarefas mais complexas e que sejam menos prazerosas
de serem executadas.
4. Agende as tarefas: a gestão do tempo implica necessariamente no ge-
renciamento e no detalhamento de tarefas. Seja por meio de anotações
em blocos de nota, planilhas, ou aplicativos específicos, é importante
anotar todas as tarefas de que você consegue lembrar. Essa lista deve
ser feita ao iniciar seu dia e as tarefas elencadas devem ser tangíveis,
ou seja, passíveis de serem executadas ao longo do dia.
5. Evite o estresse: o estresse geralmente acontece quando nossa carga
de tarefas é superior ao tempo que possuímos para executá-las.
O resultado disso é cansaço físico ou mental, ou uma junção de ambos,
fatores que podem culminar em uma mente cansada, que deseja apenas
descanso daquele dia estressante. Talvez seja a hora de colocar em
prática a dica nº 1 e delegar.
6. Evite fazer mil coisas ao mesmo tempo: em nosso texto, vislumbramos
que a sociedade atual demanda tempo e conhecimento. A velocidade
da informação é inerente a nosso cotidiano, mas certamente você já
ouviu aquele ditado: “quem muito quer, pouco tem”. O ser humano
tende acumular tarefas; porém, alguns estudos já identificaram que
a concentração e o foco em uma coisa de cada vez aumentam a as-
sertividade e a eficiência no cumprimento de tarefas. Ser multitarefas
pode estar sabotando sua produtividade.
7. Comece cedo: você já deve ter lido isto em algum lugar: “Deus ajuda
quem cedo madruga”, dito popular com um quê de verdade. Assim,
o planejamento de suas ações nas próximas horas pode ser realizado de
forma mais tranquila e calma. Estudos demonstram que nossa energia
diminui ao longo do dia, o que prejudica a produtividade em horários
vespertinos e noturnos. Claro que, para toda regra, há uma exceção.
8. Faça pausas: a regra é clara, trabalhe, seja produtivo, mas descanse
quando puder. Quando sua mente apresentar sintomas de cansaço,
pare, pense, reflita e se permita descansar alguns minutos ou fazer
atividades diferentes. Uma mente sadia pode produzir com eficiência,
enquanto uma mente cansada pode gerar ineficiência e retrabalho.
Gestão do tempo 13

9. Aprenda a dizer não: essa dica talvez seja a mais importante. Dizer não
é um ato necessário para que você não se sobrecarregue. Lembre-se
de não precisa demonstrar insensatez ou algo do tipo: você pode dizer
um não de maneira cordial e elegante.

Na época em que Taylor se propôs a estudar o tempo, seu foco era aumentar
a produtividade e estabelecer padrões dentro das fábricas para diminuir o
tempo de produção. Como vimos, o estudo de tempos e movimentos se tornou
algo maior, tendo em vista a globalização do mundo e, por consequência,
a chegada da era do conhecimento.
Atualmente, o tempo, elemento singular, único e insubstituível, transfor-
mou-se em uma vertente econômica: tempo é dinheiro e vice-versa. Contudo,
a limitação do tempo à esfera econômica é simplista e não demonstra o
quão importante ele é. Compreender o tempo é entender que sua base está
entrelaçada ao conhecimento, às habilidades e às aptidões que todos os seres
humanos possuem e podem aperfeiçoar: trata-se da tríade essencial a todo
líder. As boas práticas de gestão do tempo só serão colocadas em prática
de forma assertiva se essa tríade estiver em consonância. Lembre-se de não
existe uma fórmula mágica para gerir seu tempo, mas que habilidades como
as soft skills demonstram que inteligência emocional pode ser aprendida,
desenvolvida e aprimorada.

Referências
BONOME, J. B. V. Teoria geral da administração. Curitiba: IESDE Brasil, 2009. (E-book).
CARVALHO, N. G. P. Trabalho humano na indústria 4.0: percepções brasileiras e alemãs
dos setores acadêmico e empresarial a respeito do trabalho de pessoas no novo
modelo industrial. 2019. 260 f. Tese (Doutorado) — Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2019. Disponível em: https://www.teses.usp.
br/teses/disponiveis/18/18157/tde-10032020-132144/publico/NubiaGabrielaPereira-
CarvalhoDEFINITIVO.pdf. Acesso em: 4 jan. 2021.
DRUCKER, P. F. O gerente eficaz. 9. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
DRUCKER, P. F.; CORREIA, G. Desafios da gestão para o século XXI. Porto: Liv. Civilização,
2000.
ESTRADA, R. J. S.; FLORES, G. T.; SCHIMITH, C. D. Gestão do tempo como apoio ao pla-
nejamento estratégico pessoal. Revista de Administração da Universidade Federal
de Santa Maria, v. 4, nº 2, p. 315–332, 2011. Disponível em: https://www.redalyc.org/
pdf/2734/273419420009.pdf. Acesso em: 4 jan. 2021.
14 Gestão do tempo

FONSECA, E. G. da. A globalização e a aceleração do tempo. Folha de São Paulo, 1994. Dispo-
nível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/4/10/dinheiro/7.html#:~:text=Como%20
a%20acelera%C3%A7%C3%A3o%20do%20tempo,%2C%20finan%C3%A7as%2C%20
informa%C3%A7%C3%B5es%20e%20pessoas. Acesso em: 4 jan. 2021.
MOORE, T.; MORTON, J. The myth of job readiness? Written communication, employa-
bility, and the “skills gap” in higher education. Studies in Higher Education, v. 42,
nº 3, p. 591–609, 2015.
OLIVEIRA, J. Estudo dos tempos e métodos, cronoanálise e racionalização industrial.
2012. Disponível em: https://administradores.com.br/artigos/estudo-dos-tempos-e-
-metodos-cronoanalise-e-racionalizacao-industrial. Acesso em: 4 jan. 2021.
RAPÔSO, C. F. L.; SILVA, M. L. da. Princípios da administração científica: a revolução
de Taylor. Revista Científica do Instituto IDEIA, ano 6, nº 1, 2017. Disponível em: osf.
io/63jqz. Acesso em: 4 jan. 2021.
SECO, G. et al. Gestão de tempo online: uma experiência no instituto politécnico de
Leiria. In: CONFERÊNCIA INTERNACIONAL INVESTIGAÇÃO, PRÁTICAS E CONTEXTOS EM
EDUCAÇÃO, 5., 2016, Leira. Anais eletrônicos [...]. Disponível em: https://sites.ipleiria.
pt/ipce2016/files/2019/07/Atas_IPCE_2016.pdf. Acesso em: 4 jan. 2021.
TRIGO, V. Soft skills o desafio a ganhar. 2007. Disponível em: http://www.share.pt/
Details.aspx?id=106&title=Soft%20Skills%20-%20O%20Desafio%20a%20Ganhar. Acesso
em: 4 jan. 2021.

Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos


testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou
integralidade das informações referidas em tais links.

Você também pode gostar