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COLÉGIO MARISTA SÃO FRANCISCO

APONTAMENTOS DE FILOSOFIA III TRIM


OS MESTRES DO PENSAMENTO
OBS: Nestes apontamentos constam informações dos conteúdos: Sofistas,
Sócrates, Platão e Aristóteles.

• OS SOFISTAS

• O período pré-socrático foi dominado pela investigação da natureza (sentido


COSMOLÓGICO).

• Seguiu-se ao período cosmológico o período ANTROPOLÓGICO ou Socrático.

• O período ANTROPOLÓGICO é caracterizado:

– pelo interesse no próprio homem; e

– nas relações políticas do homem com a sociedade.

• Essa nova fase foi marcada, no início, pelos sofistas.

– Professores viajantes que, por determinado preço, vendiam ensinamentos


práticos de filosofia.

– Levando em consideração os interesses dos alunos, davam aulas de


eloquência (capacidade de falar)e de sagacidade mental (descobrir o que está
oculto em um pensamento).

– Ensinavam conhecimentos úteis para o sucesso nos negócios públicos e


privados.

• O momento histórico vivido pelo mundo grego favoreceu o desenvolvimento


desse tipo de atividade praticada pelos SOFISTAS.

• Era uma época de lutas políticas e intenso conflito de opiniões nas assembléias
democráticas.

• As lições dos sofistas tinham como objetivo o desenvolvimento:

– Da argumentação;

– Da habilidade retórica;

– Do conhecimento de doutrinas divergentes;

• Transmitiam todo um jogo de palavras, raciocínios e concepções que seriam


utilizado na arte de convencer as pessoas, driblando as teses dos adversários.

• Essas características dos ensinamentos dos sofistas favoreceram o surgimento


de concepções filosóficas relativas sobre as coisas.
– Etimologicamente significa “SÁBIO”;

– Com o decorrer do tempo, ganhou o sentido de “IMPOSTOR”.

• Desde então se considerou a SOFÍSTICA, apenas uma atitude viciosa do


espírito, uma arte de manipular raciocínios, de produzir o falso, de iludir os
ouvintes, sem qualquer amor pela verdade.

• VERDADE, em grego, se diz ALETHEIA e significa a manifestação daquilo que


é, o NÃO-OCULTO.

• PSEUDO significa o falso, aquilo que se esconde, que ilude.

• SOFISMA  designa um raciocínio aparentemente correto, mas que na


verdade é falso ou inconclusivo, geralmente formulado com o objetivo de
enganar alguém.

• PROTÁGORAS DE ABDERA: o homem como medida

• É considerado o primeiro e um dos mais importantes sofistas.

• Ensinou por muito tempo em Atenas, tendo como princípio básico de sua
doutrina a idéia de que o HOMEM É A MEDIDA DE TUDO O QUE EXISTE.

• Conforme essa concepção, todas as coisas são relativas às disposições do


homem.

O homem como medida

• A verdade seria relativa a determinada pessoa, grupo social ou cultura.

• A filosofia de Protágoras sofreu críticas em seu tempo por dar margem a um


grande SUBJETIVISMO.

• GÓRGIAS DE LEONTINI:
o grande orador

• Aprofundou o subjetivismo relativista de Protágoras a ponto de defender o


CETICISMO ABSOLUTO.

• Afirmava que:

– Nada existia;

– Se existisse, não poderia ser conhecido;

– Mesmo que fosse conhecido, não poderia ser comunicado a ninguém.

• SÓCRATES
• É tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia
grega.

• Era filho de um escultor e de uma parteira.

• Uma dupla herança que, simbolicamente, o levou a esculpir uma representação


autêntica do homem, fazendo-o dar à luz suas próprias idéias.

• O estilo de vida assemelhava-se , exteriormente, ao dos sofistas, embora não


vendesse seus ensinamentos.

• Desenvolvia o saber filosófico em praças públicas, conversando com os jovens,


sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao
pensamento.

• Unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à consciência prática ou moral.

• Concentrou-se na PROBLEMÁTICA DO HOMEM.

• Opunha-se ao relativismo em relação à questão da moralidade e ao uso da


retórica para atingir interesses particulares.

• Sócrates travou uma polêmica profunda com os sofistas, pois procurava um


fundamento último para as interrogações humanas.

• A pergunta fundamental que tentava responder era:

– O que é a essência do homem?

• Respondia dizendo que o homem é a sua ALMA, entendo-se, aqui, como a


sede da RAZÃO, o nosso EU CONSCIENTE, que inclui a consciência
intelectual e a consciência moral.

• “Conhece-te a ti mesmo”, frase inscrita no Oráculo de Delfos, era a


recomendação básica feita por Sócrates a seus discípulos.

• Sua filosofia era desenvolvida mediante DIÁLOGOS CRÍTICOS com seus


interlocutores.

• Esses diálogos podem ser divididos em dois momentos:

– A IRONIA; e

– A MAIÊUTICA.

• A Ironia

• Na linguagem cotidiana tem um significado depreciativo, sarcástico ou de


zombaria.

• No grego, ironia quer dizer “INTERROGAÇÃO”.


• Sócrates interrogava seus interlocutores sobre aquilo que pensavam saber.

• Exemplo de perguntas que Sócrates fazia:

– O que é o bem?

– O que é a justiça?

– O que é a coragem?

– O que é a piedade?

• No decorrer do diálogo, atacava de modo implacável as respostas de seus


interlocutores.

A Ironia

• O objetivo inicial de Sócrates era demolir, nos discípulos, o orgulho, a


arrogância e a presunção do saber.

• A primeira virtude do sábio é adquirir consciência da própria IGNORÂNCIA.

• “Sei que nada sei”.

A Maiêutica

• Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam


então iniciar o caminho da reconstrução de suas próprias idéias.

• Nessa segunda fase do diálogo, o objetivo de Sócrates era ajudar seus


discípulos a CONCEBEREM suas próprias idéias.

• PLATÃO
VIDA

• Pertencia a uma das mais nobres famílias ateniense;

• Nome verdadeiro  ARISTOCLES;

• Devido à constituição física, recebeu o apelido de PLATÃO (“de ombros


largos”);

• Discípulo de Sócrates, a quem considerava “o mais sábio e o mais justo dos


homens”;

• Em 387 a.C. fundou sua própria escola filosófica, a ACADEMIA.

• O MELHOR DE DOIS MUNDOS

• Mundo das Idéias:

– Mundo imaterial, eterno e imutável.


• Mundo Sensível:

– O universo material, que percebemos por meio dos cinco sentidos.

• IDÉIAS  são realidades que existem por si mesmas, independentes do


pensamento e de todas as coisas materiais.

• MUNDO SENSÍVEL:

– É um fluxo eterno.

– As coisas materiais são meras aparências, sempre se transformando, e que


não permitem por isso chegar a nenhum conhecimento verdadeiro.

• Mito da Caverna

• MUNDO DAS IDÉIAS:

– Corresponderia ao exterior da caverna.

• MUNDO SENSÍVEL:

– Corresponderia ao interior da caverna (as sombras).

• A realidade de tudo está no mundo das idéias.

• A idéia suprema é o Bem.

• O Universo teria sido criado por um deus inferior, o DEMIURGO, que teria
modelado o mundo com base nas idéias, usando uma matéria preexistente e
disforme.

• No entanto, essa cópia seria imperfeita e inferior ao mundo das idéias.

• O HOMEM: CORPO E ALMA

• O SER HUMANO é composto de CORPO e ALMA.

• A ALMA:

– É a parte mais importante e mais real do indivíduo.

– Seria imortal e eterna, existindo desde sempre no plano do mundo das idéias.

– Desse lugar, ela viria para se encarnar num corpo, constituindo então o
homem.

– Antes de se encarnar, conheceria as idéias, pois estaria junto delas.

– Todo aprendizado seria na verdade uma “lembrança”.

– Divide-se em 3 partes:
• RACIONAL  localizada na cabeça;

• EMOCIONAL  alojada no peito;

• SENSUAL  localizada no abdômen e partes adjacentes.

• A RACIONAL, o guia da alma, conheceria a verdade e reuniria a inteligência, a


moral e a lógica.

• A parte EMOCIONAL conteria as emoções superiores, como a honra e o ódio à


injustiça, e obedeceria fielmente à parte racional da alma.

• A SENSUAL seria a rebelde, corresponderia aos desejos inferiores, carnais e,


por isso, desordenada e inquieta.

• AMOR PLATÔNICO

• Há, na doutrina platônica sobre a alma, um outro elemento importante: Eros, o


amor.

• EROS  é uma força que instiga a alma a atingir o bem.

• O bem almejado é determinado pela parte da alma que prevalecer sobre as


outras.

• A alma deve ser conduzida pela parte racional e que utiliza a energia
inesgotável do amor para se dirigir ao bem verdadeiro.

• AMOR PLATÔNICO

• Na mitologia grega, o deus Eros, filho de Afrodite e de Ares, era a força que
unia e harmonizava o Universo.

• Para Platão o amor é a insuficiência de algo e o desejo de conquistar aquilo de


que sentimos falta.

• O amor dirige-se para o bem, cuja manifestação visível é a beleza.

• Existiriam muitas formas de beleza, mas a sabedoria seria a maior de todas.

• AMOR PLATÔNICO

• A filosofia é o único caminho para contemplar essa suprema verdade.

• Para realizar-se, o filósofo deve ser capaz de desligar-se da paixão por outro
indivíduo e dedicar-se à pura contemplação da beleza.

• A REPÚBLICA DOS FILÓSOFOS

• Platão estendeu suas preocupações com o comportamento individual à esfera


da vida em sociedade.
• Platão procurou, de fato, delinear um projeto político no qual o governo da pólis
garantisse a felicidade de todos os seus habitantes.

• No PLANO INDIVIDUAL, a felicidade é alcançada quando as três partes da


alma agem em conjunto na busca do Bem supremo, impulsionada pelo amor.

• O BEM leva à verdade, à beleza, à justiça.

• A alma tem de se dirigir à contemplação das idéias.

• A POLÍTICA deve ser organizada de maneira análoga ao que ele considerava


justo e correto para a vida do indivíduo.

• Na cidade, os filósofos, tendo conhecido a Verdade por meio da contemplação


do mundo das idéias, teriam o dever de tomar as rédeas da administração das
cidades.

• ARISTÓTELES DE ESTAGIRA

Do nascimento da lógica à ordenação do mundo

• Nascido em Estagira, na Macedônia.

• Foi um dos mais expressivos filósofos gregos da Antiguidade, junto com Platão.

• Desempenhou extraordinário papel na organização do saber grego.

• Aos 18 anos foi para Atenas e ingressou na Academia de Platão, onde


permaneceu por cerca de 20 anos, tendo uma atuação crescentemente
expressiva.

• Com a morte de Platão, a destacada competência de Aristóteles o qualificava


para assumir a direção da Academia, no entanto seu nome foi preterido por ser
considerado estrangeiro pelos atenienses.

• Decepcionado com o episódio, deixou a Academia e partiu pra Assos, na Mísia,


Ásia Menor, onde permaneceu até 345 a.C.

• Foi convidado por Felipe II, rei da Macedônia, para ser professor de seu filho
Alexandre.

• Por volta de 335 a.C., regressou a Atenas, fundando sua própria escola
filosófica, que passou a ser conhecida como LICEU, em homenagem ao deus
Apolo Lício. Onde ensinou por 12 anos.

• Da Sensação ao Conceito: o discípulo discorda do mestre

• Segundo ARISTÓTELES A finalidade básica das ciências seria desvendar a


constituição essencial dos seres, procurando defini-la em termos reais.
• Ao abordar a realidade, reconhecia a multiplicidade dos seres percebidos pelos
sentidos.

• Da Sensação ao Conceito: o discípulo discorda do mestre

• Rejeitava a teoria das idéias de Platão, segundo a qual os dados transmitidos


pelos sentidos não passam de distorções, sombras ou ilusões da verdadeira
realidade existente no mundo da idéias.

• Para Aristóteles, a observação da realidade leva-nos à constatação da


existência de inúmeros seres individuais, concretos, mutáveis, que são
captados por nossos sentidos.

• Da Sensação ao Conceito: o discípulo discorda do mestre

• Partindo dessa realidade sensorial, a ciência deve buscar as estruturas


essenciais de cada ser, devemos atingir a sua essência, através de um
processo de conhecimento que caminharia do INDIVIDUAL e ESPECÍFICO
para o UNIVERSAL e GENÉRICO.

• Da Sensação ao Conceito: o discípulo discorda do mestre

• O objeto próprio das ciências é a compreensão do UNIVERSAL, visando o


estabelecimento de definições essenciais, que possam ser utilizadas de modo
generalizado.

• A INDUÇÃO  (particular  geral) representa o processo intelectual básico de


aquisição de conhecimentos. Possibilita ao ser humano atingir conclusões
científicas, de âmbito universal, a partir do trabalho metódico com os dados
sensíveis.

• Nova Interpretação Para as Mudanças do Ser

• Aristóteles pretendeu resolver a contradição entre o caráter estático e


permanente do ser (Parmênides) em oposição ao movimento e à
transitoriedade das coisas (Heráclito).

• Aristóteles propôs uma nova interpretação ontológica, segundo a qual em todo


SER devemos distinguir:

– O ATO  a manifestação atual do ser, aquilo que já existe.

– A POTÊNCIA  as possibilidades do ser, aquilo que ainda não é mais pode vir
a ser.

• Nova Interpretação Para as Mudanças do Ser

• O movimento, a transitoriedade ou mudança das coisas se resumem na


passagem da potência para o ato.
– Exemplo: a árvore que está sem flores pode tornar-se com o tempo, uma
árvore florida e depois dar frutos.

– E se por condições climáticas ela não vier a dar frutos (seca, queimadas)?

• Nova Interpretação Para as Mudanças do Ser

• ACIDENTE  algo que não ocorre sempre, somente às vezes, por uma
causalidade qualquer, e não faz parte da essência.

• Segundo Aristóteles, devemos distinguir em todos os SERES existentes:

– A SUBSTÂNCIA

• aquilo que é estrutural e essencial do ser;

• Corresponde àquilo que mais intimamente o ser é em si mesmo;

• Nova Interpretação Para as Mudanças do Ser

– O ACIDENTE

• aquilo que é atributo circunstancial e não-essencial do ser.

• Pertencem ao ser, mas não são necessários para definir a natureza própria de
cada ser.

• O Que Determina a Realidade do Ser: a causa

• A investigação do ato e da potência do ser depende, no entanto, de alguns


esclarecimentos sobre a CAUSALIDADE.

• Isto porque essa passagem da potência para o ato não se dá ao acaso: ela é
CAUSADA.

• CAUSA  no sentido de tudo aquilo que determina a realidade de um ser.

• O Que Determina a Realidade do Ser: a causa

• Distingue-se 4 tipos de causas fundamentais:

– CAUSA MATERIAL

– CAUSA FORMAL

– CAUSA EFICIENTE

– CAUSA FINAL

• O Que Determina a Realidade do Ser: a causa

CAUSA MATERIAL
• refere-se à matéria de que é feita uma coisa

• Ex: o mármore utilizado na confecção de uma estátua.

• O Que Determina a Realidade do Ser: a causa

CAUSA FORMAL

• refere-se à forma, a natureza específica, à configuração de uma coisa,


tornando-a “um ser propriamente dito”.

• Ex: uma estátua em forma de homem e não de cavalo.

• O Que Determina a Realidade do Ser: a causa

CAUSA EFICIENTE

• refere-se ao agente que produziu diretamente a coisa.

• Ex: o escultor que fez a estátua.

• O Que Determina a Realidade do Ser: a causa

CAUSA FINAL

• refere-se ao objetivo, à intenção, à finalidade ou à razão de ser de uma coisa.

• Ex: o escultor tinha como finalidade exaltar a figura do soldado ateniense.

• O Que Determina a Realidade do Ser: a causa

• Segundo Aristóteles, a CAUSA FORMAL está diretamente subordinada à


CAUSA FINAL, pois a finalidade de uma coisa determina o que os seres
efetivamente são.

• A POTÊNCIA, em si mesma, não é capaz de formalizar o ser em ato. Para que


se dê essa passagem, é preciso a intervenção de um agente transformador
(CAUSA EFICIENTE), guiado por uma finalidade (CAUSA FINAL).

• A CAUSA FINAL é que comanda o movimento da realidade. É pela causa final,


em última instância, que as coisas mudam, determinando a passagem da
POTÊNCIA para o ATO.

• A Felicidade Humana

• Aristóteles define o homem como ser racional e considera a atividade racional,


o ato de pensar, como a essência humana.

• Para ser feliz o homem deve viver de acordo com a sua essência, isto é, de
acordo com a sua razão, a sua consciência reflexiva. E, orientando os seus
atos para uma conduta ética, a razão o conduzirá à prática da VIRTUDE.
• A Felicidade Humana

• VIRTUDE  representa o meio-termo, a justa medida de equilíbrio entre o


excesso e a falta de um atributo qualquer.

– VIRTUDE DA PRUDÊNCIA  é o meio-termo entre a precipitação e a


negligência.

– VIRTUDE DA CORAGEM  é o meio-termo entre a covardia e a valentia


insana.

• VIRTUDE DA PRESEVERANÇA  é o meio-termo entre a fraqueza de


vontade e a vontade obsessiva.

• REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

• CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. 4 ed. São Paulo: Ática, 2012.

• ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando:


introdução à Filosofia. São Paulo; Ática, 1993.

• COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. 16


ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2006.

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