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Índice
LITERATURA – APONTAMENTOS DE AULAS ....................................................................................................................................... 2
– Problematização do conceito de Literatura –......................................................................................................................... 2
A entrevista da caçadora de tendências – introdução à definição de literatura........................................................................ 2
Surgimento do modelo teórico de Pierre Bourdieu ................................................................................................................... 3
O texto e a Memória ................................................................................................................................................................... 5
PRIMEIRO TRATADO SOBRE TEXTOS NA GRÉCIA ANTIGA .......................................................................................................... 6
A Originalidade ......................................................................................................................................................................... 10
MODELO DE BOURDIEU – APONTAMENTOS DE AULAS ................................................................................................................... 12
– Literatura e Sociedade – ....................................................................................................................................................... 12
Modelo de Bourdieu ................................................................................................................................................................. 12
A produção da crença-Ler ......................................................................................................................................................... 13
Modelo de Bourdieu - continuação .......................................................................................................................................... 13
Modelo de Bourdieu & a Literatura.......................................................................................................................................... 20
Modelo de Bourdieu – Conceitos a reter ................................................................................................................................. 23
CÂNONE LITERÁRIO – APONTAMENTOS DE AULAS ......................................................................................................................... 27
– Literatura como uma ciência – ............................................................................................................................................. 27
Cânone - contexto..................................................................................................................................................................... 27
Cânone – definição ................................................................................................................................................................... 29
PERIODO LITERÁRIO – APONTAMENTOS DE AULAS ......................................................................................................................... 34
– Literatura como uma ciência – ............................................................................................................................................. 34
Período Literário - contexto ...................................................................................................................................................... 34
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LITERATURA – APONTAMENTOS DE AULAS
– Problematização do conceito de Literatura –
A entrevista da caçadora de tendências – introdução à definição de literatura
Ao longo dessa entrevista aparecem tópicos que não costumamos associar,
aborda o facto de os livros serem objetos de venda e se existe um mercado para isso, se
existem pessoas para comprar.
Se fazer um livro que vai ou não agradar alguém é um risco muito grande para
quem investe no mercado da literatura.
Portanto, o que o consumidor pede e exige das roupas, dos carros, é o mesmo
que pedirão e exigirão à literatura, estão ambos no mesmo nível de exigência.
Não basta dizer a forma como funciona o mercado e circulação dos textos, as
pessoas consomem também, os livros podem servir como bens de consumo e funciona
também como uma ferramenta de estilo, podem-se tornar parte de um look.
O livro não é algo sagrado, é algo vivo. Vivemos em civilizações que sacralizaram
o livro (Sacralização ou dessacralização - livros importância ao longo do tempo). Pegando
na questão da sacralização do livro, a verdade é que um livro não é a mesma coisa que
vender um carro, todos sabemos que o livro consome as nossas palavras, consomem e
tocam.
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Existe um mercado para este tipo de bens, a utilização do livro não é só direta,
só o usamos para ler, já o carro usamos quase sempre.
Para vender é preciso embrulhar as coisas numa ficção qualquer, para vender
não basta o marketing, é preciso saber responder a um fantasma, contar uma história,
tudo depende da capacidade de contar e convencer através de uma ficção, embrulhar
num ato básico de compra e venda, isto num pacote bonito e que corresponda aos
desejos e expetativas dos consumidores.
Surgimento do modelo teórico de Pierre Bourdieu
Surge um sociólogo, Pierre Bourdieu, que vai dizer que os bens culturais têm um
valor simbólico – comprar um livro não é a mesma coisa que comprar um carro –, ele vai
dizer que os objetos culturais, bens culturais têm um valor reduzido e valem pelo bem
simbólico. Ainda diz que esse valor simbólico se pode comparar a um mercado para os
bens simbólicos, a maneira como lidamos com eles é parecida com as trocas simbólicas,
não é exatamente igual mas são parecidas.
Não é o custo da capa, do livro, ele tem muito valor vai para além disso. Qual é a
diferença entre eu fazer uma obra de arte igual à que está no museu? A diferença está
no valor colocado sob a obra, esse valor chama-se simbólico. É um investimento que
está em volta desse objeto. Se a pessoa estiver num museu, obviamente que vai ter mais
oportunidades, mais museus vão querer o seu objeto. Isto porque reconhecem o valor
simbólico dele.
O valor não é facilmente atribuído, depende muito, há objetos que por vezes não
valem muito, mas naquela circunstância para aquela pessoa vale sim aquele valor
simbólico, mas ninguém pode garantir que realmente tem esse valor. Valor simbólico-
Volátil atribuído a circunstâncias externas.
Os livros para alem do valor real também tem um valor simbólico, é importante
perceber de que forma esses livros circulam, o valor que esse tem para as pessoas.
O livro vale pelo seu conteúdo, não vale pelo seu aspeto em si, mas sob o valor
que colocamos sob ele.
O livro tem um valor ao qual nós associamos, um valor que vale pelo que está
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dentro, e mesmo que não tenha mais interesse nele, continua com o valor associado.
Valorização do livro como um objeto especial – faz pensar que nem todos os
objetos são iguais, e que vender um carro e diferente de vender um livro.
Está é uma visão mais contemporânea, uma visão daqueles que metem os livros
a circular, os escritores, mas a verdade é que não é apenas essa a dimensão, a literatura
e o que é a literatura é muito grande.
O modelo teórico de Pierre Bourdieu tem 2 aspetos que fazem uma distinção e
por fim uma comparação.
Uma das coisas que ele vai dizer é que os bens culturais têm um valor simbólico.
Os objetos culturais, os bens culturais têm um valor. Do ponto de vista material,
relativamente reduzido, mas valem sobretudo pelo valor simbólico que quem os produz
e quem os usa, lhes confere.
E depois vai dizer também que realmente numa certa maneira, esse valor
simbólico se pode comparar a um mercado para os bens simbólicos. Nesse sentido, a
maneira como nós lidamos com eles é parecida, portanto, há trocas – trocas simbólicas.
Não é exatamente igual. Mas tem leis parecidas e, portanto, é interessante pensar nesta
dicotomia – Diferença entre o que é real e qual é o valor real dos objetos e o valor
acrescentado que é um valor simbólico.
É pensando nesta diferença entre o valor real e o valor simbólico dos bens
culturais que podemos entender também o que é a nossa contemporaneidade, o que
são os bens culturais da nossa contemporaneidade, o que é a nossa arte
contemporânea, ato do nosso contemporâneo, aquela que nós olhamos para o quadro
todo branco pintado com tinta assim. Aquele quadro que era só uma coisa branca,
passou a representar um conceito qualquer.
Agora temos a questão, qual é a diferença entre a tela que a gente pinta lá em
casa com a mesma tinta e com aquela tela igualmente branca com o mesmo tipo, mas
que está no museu. A resposta é que está no museu. O valor é diferente - Valor dos
bens culturais -, portanto, não tem tanto a ver com o objeto em si, mas sim o
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investimento que demos nele. O valor simbólico: É volátil, ou seja, é atribuído por
instâncias externas.
Mas mesmo assim como em todas as culturas que se baseie numa tradição oral,
a diferença é que usa mais a linguagem, não é? E existem textos que variam, porque a
sua forma de transmissão. é outra. E isto aqui podia levar-nos mais longe. Porquê?
Porque o texto que é transmitido através da Memória é um texto que tem uma variação
contínua. Porque nós, quando nos recordamos mesmo que saibamos muito bem o
poema de cor, o texto de cor. Com o tempo a nossa Memória tem tendência, a restringir
se ao essencial e deixar o acessório.
É esse mecanismo da Memória que faz com que o texto de Transmissão oral
tenha, o que os historiadores chamam de movência. Uma palavra assim bonita, mas na
verdade é variação que o texto escrito não tem. E essa é uma das grandes revoluções do
impresso, não é? Quando a imprensa surge nos finais do século 15 na Europa e começa
a ver a possibilidade de um texto ser impresso uma vez em muitas cópias todas iguais.
Isso introduz uma diferença enorme na perceção do que é o texto.
Atualmente achamos que um texto é uma coisa fixa. Tem aquela forma que não
tem outra, mas até à emissão da empresa, mesmo a própria Transmissão do texto
manuscrito nunca vista no processo, uma palavra também não vai deixar ali no buraco
então põe.
Atenção, mas que aqui tem muito também chamar a atenção que é possível
compor textos mesmo sem saber escrever. Basta que haja alguém que oiça aquilo que
nós estamos a ditar. E há grandes autores, até um grande autor da literatura portuguesa
do século 19, portanto, numa época em que já a Transmissão textual se faz pela
imprensa, António Feliciano de Castilho, em criança perdeu a capacidade de Visão aos 9
anos. E, portanto, a partir daí nem ler nem escrever, tinha um irmão quase da mesma
idade e frequentou a escola juntamente com ele. Ou seja, um autor consagrado, com a
ajuda inicial do irmão e secretários transcreviam o que ele falava. A questão de saber
escrever para produzir textos cai!
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A literatura não existe fora da sociedade, os textos não existem fora do contexto
histórico e social, aquilo que nós hoje consideramos que é, por exemplo, poesia, devo
dizer-vos que no século 16, 17 ou 18 não seria considerado poesia, porque tinha de
obedecer a regras. Nessa altura eram regras que não tinha nada a haver com as pessoas
individualmente. Nem com simplesmente brincar o ritmo das palavras ao jogar corpo a
se passa, eram outras regras para ser poesia.
Portanto, surge esta ideia de que nós não conseguimos estudar literatura sem a
contextualizar a partir da sociedade em que estes textos são produzidos e disseminados
e consumidos.
A outra é esta ideia de que aquilo que nós chamamos literatura é um fenómeno
novo.
Até ao século 19 nós vivemos no que não existe nesta área de estudos, é uma
área disciplinar que surge naquele contexto muito específico dos nacionalismos do início
do século 19. E tem uma razão de ser que depois da derrota de napoleão, depois dos
vários países da Europa terem sido invadidos e terem conseguido mais ou menos alguns
com dificuldade, restabelecer as suas fronteiras. Há uma ideia de que cada comunidade,
cada povo de cada Reino, cada país tem uma personalidade própria, uma cultura própria
que vale a pena estudar separadamente do resto, que era uma ideia que até essa a altura
não existia, não se estudava.
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E o que é que Faz Aristóteles? O que é que ele faz na sua obra?
Primeiro reconhece que existe uma área. Ele não diz que seja uma área de
estudos, mas é reconhecer que há ali uma zona da produção intelectual humana que
precisa de ser sistematizada, é isso a poética. Qual é a solução? É a cultura textual, que
para Aristóteles era transmitido. Era transmitida de forma oral através da recitação. No
caso da poesia, pensemos que a poesia épica, apesar de contar uma narrativa muitas
vezes com base em factos históricos, é recitada, era pensada para ser recitada por
profissionais que treinavam a Memória para Largarem assim aos 2 Minutos no verso de
cada vez.
E qual é o outro género, ou área em que existia uma grande produção textual
na Grécia? É o Teatro.
É isso que Aristóteles nos fala na poesia. Vai falar dos géneros poéticos. Porém,
a poética chega até nós incompleta. Portanto, não fala de todos os géneros poéticos que
existiam naquele tempo. Fala sobretudo da poesia lírica e fala da técnica que era o
grande génio que exigia aquele maior esforço.
Alguns destes preceitos que eu defino, quer para Épica, quer para o teatro são
fundamentais e vão ser sempre recordados.
De forma resumida, ele produz uma reflexão sobre a função dos produtores dos
textos e diz que para alem destas criações como o teatro, a poesia lírica, o teatro (textos
que são ficção, teatro, etc...) ainda existe um outro género que é os textos dos
historiadores, aquele que conta as historias tal e qual como aconteceram.
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Ele estabelece um princípio que é o conceito de “MIMESIS”, de imitação.
Aristóteles diz na sua poética que o ser humano aprende tudo através da
imitação, a falar o que se ouve a falar, a andar porque todos andam, etc... E com esta
realidade conclui que o objetivo fundamental da obra e o princípio dinamizador da
criação textual é imitar a natureza.
É esta ideia de que a mimesis é uma tendência inata do Homem que distingue
como Aristóteles fala da imitação e como depois mais a frente, em Roma, um autor cria
uma obra poética inspirada no filósofo. Em Roma, esse autor, Horácio, faz uma carta a
Aristóteles. A mimesis para ele era a imitácio que era uma técnica. Nós lemos um texto
e pegamos nele e imitamos o que tem de bom e acrescentamos algo. Para Aristóteles,
ele diz que o ser humano faz assim porque é uma caraterística intrínseca do ser humano,
já está algo interno dentro dele que o faz ser assim.
Aristóteles diz que as artes estão a imitar algo da natureza e que se preocupam
em criar um universo verossímil. Mais uma vez entramos na ficção, ela pode criar
mundos novos!
Resumindo:
Tratado de Aristóteles - fala de uma ciência/ arte que não tem nome. A poesia
ao longo do texto, faz uma distinção entre formas de dentro das ciências dos textos
entre papel do poeta e papel do historiador. Isto é importante para sabermos que textos
devem ser comprovados, textos históricos, e aqueles que não têm aquela obrigação,
textos ficcionais, a poesia, o texto dos possíveis.
Então isso seria o início de uma tentativa de constituir ou de anunciar que há ali
uma área que tem uma lógica própria, ainda que não aparecesse como área de história,
aparecia como uma área de especialização, uma área que reconhecia o trabalho do
poeta.
Dentro da poesia, Aristóteles inclui o teatro, a épica, a poesia lírica, inclui tudo o
que é o trabalho do historiador.
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No séc. 18 (Figura de Rafael), que foi criada por D.Joao 5 com o objetivo de
escrever a história de Portugal e criar instrumentos para conhecer melhor a língua,
historia e cultura de Portugal, essa pintura fez se em grande medida na criação de um
dicionário enciclopédico, ele tenta ao definir as palavras, dar a sua raiz latina e também
para cada palavra que visionaria encontrar.
Quando procuramos a palavra literatura, a palavra não existe, pois não existe a
área disciplinar.
A palavra literatura surge com acessão que hoje usados como a ciência dos
estudos literários , sobretudo aquilo que tem a ver com a produção de textos,
disseminação de textos, a sua apropriação, utilizações de consumo isso é a literatura de
hoje.
Mas antes do séc. 19, o que se estudava não era literatura nacional, atualmente,
temos os estudos literários divididos em nacionalismo, é assim que os estudos literários
se organizavam e que ainda estão assim organizados pois foi assim que nasceram no
sec.19 em pleno movimento romântico.
O romantismo vai ser bastante presente nesta época, pois os textos vão refletir
na sociedade em que são produzidos. A seguir a 1815, data de conferencia de Viena em
que ditam de novo as fronteiras estabelecidas dos vários estados europeus, depois das
invasões napoleónicas que começam no final do séc. 18 e que se arrastam até à derrota
de napoleão em 1914, quando a maior parte das comunidades europeias sentiu as suas
fronteiras invadidas, pois viram a sua identidade ameaçada, o nacionalismo ou seja esta
ideia de que cada comunidade tem uma personalidade própria, que tem uma historia
diferente das outras, tem umas fronteiras que devem ser invioláveis, respeitadas, era
uma questão muito forte, e assim como encontramos isso a nível das ideias de nação,
nação também no sentido moderno, nasce na mesma altura o nível da perceção que os
indivíduos têm de si próprios.
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Aristóteles, mas vai considerar que a mimesis vai reduzir-se ao seu alcance, vai
considerar que lhe vai chamar imitácio. E não vai fazer aquela definição de mimesis que
encontramos em Aristóteles. Pois Aristóteles parte do principio que a mimesis é uma
forma de aprendizagem do ser humano, que está na base de toda sua aprendizagem,
Arístocles vai dizer que se o poeta quer criar grandes textos, grandes obras deve imitar
aquilo que outros antes dele já fizeram.
Horácio vai dizer a mesma coisa, sem ter esta noção de que a mimesis é uma
espécie de capacidade imparável e inata do ser humano, mas vai dizer a mesma coisa
que Arístocles, que se o poeta, aquele que se dedica a produzir textos quer criar uma
obra importante, significativa, exprimir de maneira adequada aquilo que sente, deve
inspirar-se naquilo que os outros fizeram, imitando aquilo que eles têm de bom e então
nessa linha de continuidade criar.
Por isso é que o romantismo traz uma mudança radical, porque a mudança
radical é a qual não estamos tão interessados em deixar de escrever grandes textos mas
a enfase passa a ser na originalidade.
A Originalidade
A originalidade surgiu no século 19, até aqui, só se imitava os outros. A
originalidade deu origem à individualidade que se tornará no culto da personalidade.
Na literatura medieval, muitos dos textos e até no século 16, que há maior
indicação do nome dos autores, muitos dos textos vinham em anónimo. Para o autor
era mais importante que o texto fosse reconhecido do que o seu nome, e essa é uma
grande diferença na maneira de o individuo se posicionar em relação ao grupo e é
alguma coisa que para nós é estranho hoje, hoje vivemos numa civilização do
individualismo, cada vez mais temos as nossas coisas individuais (pc, telemóvel, etc…).
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19 que vai também causar uma outra maneira de olhar para os textos. Um texto é fixo,
na nossa cabeça de hoje, um texto é fixo, mesmo aqueles que são difundidos na internet.
Os textos de antigamente não necessitavam do nome do autor, o mais importante era
o texto, ao contrário dos dias de hoje, hoje podemos ver os nomes dos autores nos livros.
A primeira coisa que a inquisição proíbe nas listas dos livros é a circulação dos
textos anónimos, se o texto é anónimo é proibido, pois não há maneira de punir. No
entanto não é isso que acontece no seculo 19, no séc. 19 já existe uma enfase muito
grande na pessoa, no autor, na criatividade, originalidade, aquela coisa única,
capacidade criar um texto que nunca ninguém antes criou e onde ninguém descrimina
a visão única que o autor criou do mundo, e começamos então assistir ao clube da
personalidade, onde é criado biografias, autobiografias, memorias, todo um culto a volta
das suas figuras e temos assim então para o seculo 19 muita documentação dos autores
que chegaram ate nos e que foram consagrados pela historia da literatura.
Cada autor é um ser original, há toda uma enfase no individuo que ate aqui não
tinha esse peso, e também é por isso que nos quase não temos manuscritos, autógrafos
antes do séc. 19, mas no séc. 19 aquilo que o autor escreveu passou a ser preciosa, obras
dos autores começaram a ser preciosas, tudo o que saia da mão desse individuo acabava
por ser importante, coisa que não acontece antes do séc. 19 era impossível termos todas
as versões do autor, era impossível saber se ele escreveu mais coisas, pois a importância
que damos hoje há literatura e ao valor de um livro não é a importância que se dava
antigamente.
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Por onde começar?
como é que nós podemos estudar essa área, essa ciência dos textos que nós
chamamos literatura? Com o Modelo de Bourdieu!
No secundário temos a lista dos grandes autores e a lista do texto que eles
escreveram e depois existem até uns que são obrigatórios por fazerem parte da historia
da nação.
É exatamente isso, a lista dos grandes autores e dos grandes textos que um modelo
dinâmico tem o seu interesse pois começa antes da canonização (antes dos autores
serem considerados grandes), o que é proposto é começar a pensar nos textos quando
eles são produzidos, portanto quem é que produz, para quem? Com que intenções? O
que escreve? Que utilizações se podem fazer com esses textos? Quem paga e será que
vai ter conhecimento? E já temos a cadeia toda e que é uma visão dinâmica, quem
consagra? Quem diz que aquele autor é grande? Isto são questões que introduzem um
dinamismo grande.
Sim, mas devemos ter em consideração que em diferente épocas, uma definição
vai aparecer, mas tem que ser uma definição que defina todas as épocas e esta variação
que nós encontramos desde do tempo do Aristóteles em que os textos são transmitidos
oralmente em que os autores não estão muito preocupados se os nomes deles ficam
para a historia e que os seus textos são representados, tem então a tal variação da
própria transmissão oral até aos textos de hoje, em que a maior parte dos textos são
transmitidos pela internet, áudio livro.
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A produção da crença-Ler
Modelo que pretende explicar toda a sociedade, estamos interessados aquilo
que ele diz sobre a literatura.
Diz que esta ideia da palavra literatura so em epoca recente desde dos meados
do sec 18 tem o significado que hoje lhe damos, ate hoje a palavra tinha um significado
relativamente diferente.
Modelo de Bourdieu - continuação
O modelo de bourdieu vai nos permitir responder às perguntas fundamentais da
literatura.
• o que é a literatura?
A proposta de Bourdieu:
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passa no campo cultural. Distingue entre o plano real e o simbólico, propondo a
existência de uma economia dos bens simbólicos paralela à economia real – esta
distinção é fundamental para a análise das
Livro da professora Maria Vitalino M.Matos vai nos dizer que a palavra literatura
só em época relativamente recente, desde dos meados do sec18, pois antes disso a
palavra literatura não aparecia no dicionário, depois dos meados do séc. 18 a palavra
literatura tem o significado que hoje lhe damos, ate ai apalavra como sentido diferente,
designava do modo geral o que estava escrito e o seu conteúdo, e só entre o que pode
ser um adjetivo ou uma designação de tudo aquilo que esta dependente da letra escrita
para uma área disciplinar, ela vai dizer que durante o séc. 18 alias ao longo do seculo 18,
continuando ainda a designar as obras escritas e os conhecimentos contidos, passa
adquirir uma área mais especializada referindo às belas artes, na verdade é só mais tarde
que vamos ter mais tarde a área da literatura como uma área disciplinar e ganhando
assim uma dominação na arte que se exprime pela palavra.
Ele vai dizer a partir da própria experiência, onde ele se inseriu numa
determinada sociedade e participou na vida dessa sociedade para estudar a forma como
a comunidade funciona, ele vai nos dizer no início dos anos 60 ao instalar-se na
comunidade kabila, comunidade essa que não tinha escrita, toda a transmissão textual,
fazia-se com base na oralidade, e também não tinha moeda ele ate escolhe essa
comunidade por causa disso, esse estudo ia ser completamente diferente.
O seu primeiro pressuposto é que ele chegaria a essa sociedade onde não há
moeda e iria encontrar sempre trocas diretas/trocas de bens por bens, é com essa
experiencia que ele vai confirmar tudo aquilo que ele pensava na verdade, pois ele não
só vai encontrar essas trocas diretas, bem por bem, mas também as trocas de bens por
bens simbólicos. Trocas por coisas que têm valor por coisas que não tem valor
qualificável, e não são palpáveis. É com essa troca de bens por bens simbólicos que ele
parte para a teorização do seu modelo.
E para que serve realmente este modelo? Pois nós temos aqui um problema,
relativamente complicado de resolver, como é que nós vamos decidir o que é
realmente um texto literário e um texto não literário? Onde esta o valor?
Este modelo vai nos dizer que para tudo isto temos que ter em conta o tipo de
valorização das obras que não tem a ver com o valor económico do livro mas sim o valor
simbólico que metemos sobre ele, podemos olhar para um livro e achar que nem é assim
tao bonito por fora mas até é interessante de se ler, pois para o leitor o valor não esta
na parte material, mas sim, nas ideias, na parte simbólica. Os livros no ponto de vista da
economia real são valiosíssimos.
A primeira extinção que devemos ter em conta para a nossa maneira de pensar
a cerca dos estudos literários e culturais é esta distinção entre valor real e valor
simbólico. Outra questão é a preocupação que ele tem com as trocas, em que onde há
valor há possibilidade de haver uma economia da troca, se não existe uma economia
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com base na moeda existe com base no valor simbólico que é atribuído às coisas, ele vai
falar de uma economia dos bens simbólicos.
ESPAÇO SOCIAL
Ele vai dizer que este retângulo representa a sociedade. Representa o espaço
social, vai dizer que cada sociedade é formada por um grupo de indivíduos organizados,
é um grupo de pessoas.
O que acontece nas comunidades humanas? Ele vai dizer que em todas as
comunidades, os indivíduos e grupos competem entre si por objetivos de vida, objetivos
simbólicos e materiais, e que há sempre um conjunto de bens ou um conjunto de valores
que todos querem (todos querem ter dinheiro suficiente para viver, toda gente quer um
emprego). Ele vai então definir de maneira abstrata em cada sociedade, através desses
valores positivos ou negativos e atribuir um lugar nesta abstração.
CAMPO DE PODER
Ele vai nos dizer que esse é o lugar que corresponde ao campo do poder, é a
partir desse campo que podemos atribuir valores simbólicos as pessoas.
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Vai nos dizer que aqui junto aquele polo positivo é possível delimitar uma zona
ou lugar que corresponde ao campo de poder, que é constituído por indivíduos, grupos,
instituições (escola, parlamento, entidades que têm capacidade de atribuir subsídios),
todas aquelas instituições que tem possibilidade de fazer um impacto social estão
inseridas no polo positivo do campo de poder. POIS É A PARTIR DO POLO POSITIVO QUE
PODEMOS ATRIBUIR VALOR SIMBÓLICO AS COISAS, DADO QUE TEMOS PODER SOBRE A
SOCIEDADE.
Com o polo positivo podiam por exemplo entregar um prémio nobel, o que torna
qualquer autor consagrado, o campo de poder no polo positivo confere prestígio.
Quem está no campo do poder pode conferir/atribuir valor simbólico. Vai desde
o poder político, onde esse tem a capacidade de atribuir prestígio que é onde nós
acabamos por nos situar, acaba por mais cedo ou mais tarde dar-nos reconhecimento,
ou mesmo dinheiro (quando se dá prémios recebemos dinheiro por exemplo).
Ele vai ainda dizer-nos que dentro de um ceio de poder podemos ter um grupo
de pessoas / indivíduos que se dedicam a atividades prestigiosas, são sempre
consideradas positivamente, mesmo que não sejam remuneradas, ele caracteriza essas
como as atividades culturais, e vai dizer então que em todas as sociedades se pode
encontrar um campo cultural que acaba por ser sempre considerado e visto pela
coletividade como uma questão importante.
Ele vai dizer que tem aqui no ceio do campo do poder a situação dominada, não
tem aquela autonomia que os criadores do séc. 19 tinham e que a qualquer momento o
polo positivo pode criar uma política em que pode fazer com que não se circulem os
livros que as pessoas do poder não gostam entre outras, no fundo o polo positivo tem
poder. O polo positivo é uma posição dominada.
Vai ainda dizer que existe um polo positivo e negativo, aqueles que têm mais
força e menos força, menos poder e mais poder.
CAMPO CULTURAL
Ele diz-nos que o campo cultural incluiu tudo o que é a cultura intelectual e a
cultura artística, então fala-nos do campo literário, o campo musical, o campo artístico
e depois não tem fim, pois ele está-nos a abordar uma logica para entender como é que
essas atividades que não pertencem à economia real, com valor claramente
determinado. Isso pode nos ajudar a perceber uma questão fundamental, como é que é
atribuído o valor aos bens culturais e aos textos?
Bourdieu fala da palavra trajetória, para falar da varias posições que um individuo
ou um grupo de indivíduos vai ocupando ao longo do tempo no espaço social.
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são consagradas ou o autor é visto socialmente, nesta construção e no prestigio a que
nós assistimos, e podemos dar exemplo de outras escritoras que escrevem imenso mas
não conseguem chegar aqui ao campo de poder, como a margarida rebelo pinto, ao
contrario de saramago ela deixou de dar entrevista pois a seguir às entrevistas que dava
o prestigio dela baixava devido à maneira com que ela se apresentava, pois a conversa
não era adequada para o momento. Nas suas entrevistas dizia sempre que vinha sempre
de uma família duquesa, vinha de boas famílias logo começava por cima pelo polo
positivo, ela vai ganhando o seu prestigio com as cronicas, até que começa a escrever
romances e tendo ela a técnica de marketing ela faz uma especial de extrospeção do
que esta a dar, então ela foca-se no que está em altas na altura, ela vende e aumenta o
seu prestigio, até que chega ao momento em que ela dá entrevistas em revistas menos
adequadas para aquilo que ela apresentava, o que destrui-a completamente o prestigio
dela e foi descendo aos poucos e poucos à medida que ela dava entrevistas.
O primeiro livro não tem grandes vendas por parte da Bertrand e a seguir quando
ele vai apresentar o seu outro manuscrito rejeita, visto que o 1º livro foi um desastre
nas vendas. Então o partido comunista fundou a caminho, que o ajudaram e fizeram
com que o próximo livro ganhasse um reconhecimento, os próximos livros começam a
ser traduzidos e o prestígio aumenta e torna-se internacional.
Mais tarde a mulher ajuda no progresso do saramago e ele muda-se para outro
pais onde começa a ganhar mais prestigio, onde toda gente ouve falar de saramago,
onde saramago fala sobre a ditadura de Portugal em que essa não deixava as pessoas
serem livres, ter direita a expressão, através disso o prestigio sobe torrencialmente e ele
torna-se conhecido ganhando ate um premio nobel. E é com esse prémio nobel que ele
é consagrado e esta no campo do poder, quando bourdieu diz que há uma proximidade
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enorme junto ao campo de poder e campo cultural as pessoas têm prestigio e são
consagrados.
Noção de trajetórias ( um autor consagrado e uma autora que até é boa mas
não consegue atingir o campo de poder): Serve para o ilustrar a ideia de bourdieu, a
ideia de que o campo cultural funciona como a economia ao contrario, ou seja não é
porque se vende muitos livros logo no inicio que se tem consagração garantida.
Inclui tudo o que tem a ver com a cultura intelectual e artística. Pode ajudar a
perceber de que forma é atribuído valor às obras de arte, bens culturais.
O modelo teórico permite ter uma visão dinâmica daquilo que chamamos
estudos literários ou seja da ciência das obras e dos autores e dos textos, e quando digo
visão dinâmica é passar de um primeiro modelo, o dos estudos literários quando são
criados no séc. 19 e que nos apresentam uma espécie de galeria de grandes autores que
são simultaneamente modelos da maneira como se deve escrever mas como também
devem encarnar os valores cívicos da nação, vimos que a historia literária ou a literatura,
estudos literários nascem com esta marca nacionalista que tem que ver com o momento
em que a disciplina se constitui como ciência e por isso estudamos a cultura portuguesa,
francesa etc.
E realmente a primeira atitude foi assim como vale a pena estudar as historias
das nações independentemente de cada nação ter a sua personalidade, os seus valores,
a sua
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historia, independente das outras, e portanto isso naquela altura no séc. 15 finais do
séc. 18, época durante e depois das invasões napoleónicas da europa, há esta
necessidade/vontade de soberania, independência, que várias cidades europeias se
sentissem pertença de uma determinada personalidade nacional, mas o resultado foi
não só criar juntamente com esta nova disciplina que foi a historia nacional a disciplina
de literatura nacional.
Portanto nós vamos encontrar sempre aqui marcas politicas, que marcam no
sentido marcas nacionalistas, os estudos literários nasceram como uma espécie de
ilustração daquilo que as torna na historia encontrando diferenças entre cada povo,
cada nação, pais.
Naquela altura até a maior parte desses países até eram monarquias ainda. Nesta
tentativa de encontrar nos poetas, nos escritores exemplos de bem escrever, de bem
ter, e de transportar para a escrita aquilo que naquela altura era os valores da
portugalidade, o resultado foi a criação de uma galeria de figuras, esta tal ideia de lista
de bons autores, lista de datas e lista de obras.
Bourdieu vem então ajudar, pois hoje já não conseguimos estudar literatura
assim, já não é suficiente para nós aquela lista de autores, datas e obras, mas nós
precisamos de outras respostas outras perguntas, na atualidade fazemos perguntas que
se calhar no séc. 19 ninguém fazia ou que eram questões que não era do interesse de
ninguém.
É uma primeira tentativa de partir de uma ideia que cada sociedade produz uma
tensão entre aqueles que tao no poder e aqueles que estão numa situação dominada,
que desse confronto e dessa tensão a que ele chama luta de classes nasce uma nova
realidade ou uma nova fase, que entretanto quando chega ao poder tem de novo/ cria
19
uma oposição com aqueles que estão numa posição dominada e assim vai avançando.
António José saraiva (história da literatura portuguesa) vai procurar onde vai
aparecer a burguesia, onde aparece nobres e tem de haver luta de classes e assim vai, e
associa isso à produção de textos, a quem é que esta e quem é promovido ou quem esta
em situação dominante para difundir os seus textos, quem é que não tem acesso à
cultura e tenta estabelecer uma narrativa com algum dinamismo. Portanto a verdade é
que há muita informação e é interessante pois as vezes aplicação do modelo cria ali
incongruências e dificuldades. Nesse sentido o modelo de bourdieu dá um passo em
frente, muitos autores inspiram-se em Pierre bourdieu.
Ele vai nos dizer então que na zona de prestigio, entre aquilo que é mais
prestigiado em cada sociedade nós podemos delimitar mais outro retângulo que é o
campo de poder, onde diz-se que há um campo do poder que são todas aquelas
instancias, aqueles indivíduos, aqueles grupos que conseguem ter uma posição
dominante no espaço social e conseguem te lo por muitas razões, mas especialmente
pelo facto de se encontrarem em posição de decidir, tomar decisões e distribuir
recursos( simbólicos ou matérias), são vistos como agentes que podem atuar ou agir no
campo do poder, ai ele inclui pessoas como o rei( monarquia absoluta), primeiro
ministro, instituições, parlamento, isto para falar do poder politico e o poder das escolas
e da universidade, dos tribunais( onde podem aplicar, leis julgamentos),aqueles que
atribuem subsídios.
20
Ele vai determinar então um outro campo o campo cultural, vai dizer que é aqui
que esta o campo literário, e vai dizer que esses retângulos estão dentro uns dos outros
pois ele imagina isso para dizer que há uma proximidade muito grande entre o campo
cultural e o campo do poder, ele diz que o campo cultural encontra-se em situação
dominada no interior do campo do poder, esta ideia de situação dominada é em
portante pois permite-nos entender que as circunstancias em que os textos circulam
numa determinada sociedade estão dependentes da estrutura de poder dessa mesma
sociedade, o modo como a sociedade se organiza politicamente( quando olhamos para
o campo literário é importante perceber a importância que tem atribuição de prémios
por exemplo, pois essa tem uma interferência, pois podemos receber um premio onde
não há uma renumeração mas há créditos como podemos ter os dois, e é isso que é
importante e dás-nos entender a diferença entre o real e o simbólico, o que é a
economia dos bens materiais e a economia dos bens simbólicos), há todo um sistema na
literatura, e é por isso que o estudo da literatura é importante serve para percebermos
as sociedades.
Uma questão que tem sido muito levantada nos anos 90, levanta a mesma
questão de Arístocles, qual é a diferença entre o discurso da historia e o da literatura,
e vai dizer que os estudos da literatura e os estudos da historia nacional nascem como
disciplina mais ou menos na mesma altura e usam os mesmos recursos, a historia
também se organiza como narrativa, também tem uma sequencia cronológica também
acaba por contar aquilo que aconteceu antes e depois, ou seja, cronologicamente e
portante a diferença entre escrever a historia da literatura não é muito grande ainda por
cima os factos históricos que são longínquo nós temos que interpretar e esse trabalho
de informação é quase igual quando estamos a falar de ficções ou de históricos, que
nunca vimos no presente a ter um acesso tao direto.
Noção de trajetórias (um autor consagrado e uma autora que até é boa mas não
21
consegue atingir o campo de poder): Serve para o ilustrar a ideia de bourdieu, a ideia de
que o campo cultural funciona como a economia ao contrario, ou seja não é porque se
vende muitos livros logo no inicio que se tem consagração garantida.
Como é que um jovem talentoso consegue ser visto como um grande autor,
como é que se atinge esse prestígio?
Um aspeto fundamental para que isso aconteça é o facto do autor ter que estar
em cima, ter que estar no polo positivo( vir de cima), não é fundamental vender muito
mas sim aparecer, a obra ser colocada nos lugares certos, o autor tem que contruir a sua
imagem nos locais certos.
TUDO Desde do momento em que o livro ou o texto sai para a rua e o momento
em que se começa a falar nele tem impacto e tem impacto porque depende da
valorização e da circulação e tudo a volta do texto depende de uma reforma a volta do
texto, uma construção.
Tem que existir uma preparação, tem que existir alguém, uma identidade uma
instituição que tem a capacidade para dizer e prosseguir com a consagração do deixo,
tem que olhar e dizer que isto é bom ou isto não é um bom livro, são essas as entidades,
personalidades etc. que variam com as sociedade e variam com ao longo do tempo e
conseguem promover determinados textos, é essas instancias que pode ser o rei por
exemplo( no sec16 por exemplo camões consegue graças aos lusíadas uma pensão que
é atribuída por Sebastião e que é atribuída porque camões tinha amigos na corte, pois
se lermos o Alvará que Sebastião atribui a camões não há margem para duvidas se ele
leu ou não a obra de camões, e isto mostra-nos a forma como o rei nessa altura
mandava, a forma como eles mandavam nos professores para apresentar camões e não
nos podemos esquecer que o rei tem o poder para consagrar as obras, isto também
explica várias coisas, os poetas da geração de camões e mesmo o próprio camões toda
a poesia daquela época que circulou muitíssimo, pois temos referencias sobre tudo de
camões e chegaram até nós uma quantidade de cadernos/ manuscritos, a poesia
daquela época não é a mesma poesia que atualmente e hoje em dia conseguimos ter
acesso facilmente coisa que não acontecia, já para não falar na facilidade que existe nos
dias de hoje, nos dias de hoje temos tempo livre e antigamente isso não acontecia e não
havia estudos suficientes no que toca a escolarização para que a poesia de hoje e
facilidade de circulação de textos de hoje seja igual à do séc. 18).
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a forma como é que a politica mandava e como é que se consagrava os autores nessa
época.-----> Ideia de que há instancia( individuo, organização, grupo) de consagração ou
de legitimação( aquilo é que é o verdadeiro poeta/ alguém que tem o poder) por
exemplo quem recebe o premio Nobel e quem atribui.
PARA QUE ESSA PESSOA SEJA UM BOM AUTOR, TEM A VER COM O
RECONHECIMENTO SOCIAL QUE ESSA TEM E QUE SE PODE OBTER DE VÁRIAS MANEIRAS,
MAS ESPECIALMENTE CONTRUINDO A SUA REPUTAÇÃO MAS AINDA EXISTE VÁRIOS
FATORES COMO A EDITORA, TIPO DE TEXTO, SOCIEDADE. SÓ SOMOS RECONHECIDOS SE
ACERTARMOS NO PUBLICO.
Este modelo é dinâmico porque nos fala na maneira como as coisas são expostas
e produzidas logo à cabeça.
Cânone é a lista dos autores que são reconhecidos como grandes , são
considerados exemplares como eça de queiros, fernando pessoa, camões.
Conceitos fundamentais:
Campo: para bourdieu estas sociedade funcionam como campo de forças. Ele vai
nos dizer que as sociedades são campos de forças, ou seja, jogam-se permanentemente,
tem indivíduos, grupos e instituições que estão em permanentemente em competição
por alcançar bens reais e bens simbólicos, aquilo que em cada sociedade é considerado
prestigioso (tanto do ponto de vista económico e cultural).
23
parlamento, um primeiro ministro, um poder judicial e assim vai, o resultado vai ser
diferente (não uma competição por um lugar ao sol, não uma competição por um lugar
de prestigio mas sim as formas de alcançar essa consagração), nos podemos aplicar este
modelo a sociedades com estruturas muito diferentes, tudo isto pode ser visto como
variáveis que são preenchidas de acordo com o momento histórico, sociedade e etc.
Portanto esta ideia de que a noção de campo e a própria expressão que ele usa
do campo cultural, campo literário, campo artístico passa neste nosso universo teórico
a ter uma dimensão que é diferente do nosso uso e das nossas palavras.
A noção do espaço social, maneira que ele designa a sociedade no seu conjunto,
o conceito de campo do poder, em que para ele todos os que tem a capacidade de
legitimar, consagrar, de dar valor de maneira consistente e com impacto da sociedade
no seu conjunto, fazem parte do campo do poder e que a nós nos interessa pois o campo
literário, campo artístico, campo cultural se encontra muito perto do campo do poder
mas em situação denominada, ou seja é uma zona de prestigio mas esta sujeita às
interferências daqueles que têm capacidade de legitimar, consagrar, configurar.
Chamamos a isso instância de consagração ou instâncias de legitimação.
A partir daqui podemos e tendo em conta esta ideia de que no campo do poder
se encontram estas tais instancias de consagração, podemos realmente avançar para
uma definição do que é a literatura, tendo em conta não só os grandes autores, os
grandes textos que não seja apenas uma listagem mas que explique porque é que cada
sociedade vai produzir uma listagem dessas, uma sociedade que vai ter os seus heróis,
os seus modelos, os seus exemplos, vai ter aqueles que vão consagrar grandes autores
e outros que vão cair no esquecimento.
qual é o grande texto? é aquele que foi considerado um texto exemplar e isso
explica a formação que agora daquilo que se chama o cânone.
24
O próprio conceito, a própria ideia do que é a literatura também muda ao longo
tempo, se para Aristóteles era um texto que era transmitido oralmente, seja através da
recitação, seja através da representação, depois da invenção da imprensa o que a
literatura está marcada por essa ideia de que o texto é fixo, foi fixado num papel com
letra de fôrma, e que tem uma versão autêntica e que todas as outras se enganam.
Portanto de facto temos que entrar aqui como sempre quando trabalhamos
como as coisas humanas, temos que entrar com O Tempo, com o fator tempo/historia,
e precisamos de um modelo que NOS permita ter flexibilidade suficiente para entrar em
linha de conta com o fator tempo e perceber que a ideia do que é a literatura não é
sempre igual, está intimamente ligada à sociedade em que os textos e os seus autores
vivem e circulam, e dependendo do tipo de sociedade em que se está, para a qual em
que estamos a olhar, vamos encontrar maneiras diferentes de se relacionar com os
textos, vamos encontrar maneiras diferentes de promover o texto produzido, vamos
encontrar até maneiras diferentes de encarar o que é a escrita, aquela escrita que
Aristóteles dizia que era diferente da escrita do historiador, escrita que nós às vezes
chamamos criativa, de ficção, de argumentativa, aquela escrita que não é simplesmente
uma narrativa que precisa da prova do real para existir.
• Quem escreve?
• O que escreve?
• Quem escreve?
Nós só temos estas perguntas em relação a um texto, conseguimos ter uma Visão
podia dizer poliédrica não é 3D acerca desse texto, quem é que escreve? ISTO faz uma
grande diferença é um homem? Mulher? Uma criança? Rei? é um camponês iletrado?
ISTO já NOS diz muito sobre aquilo que temos à nossa frente.
25
português depois que Sá Miranda introduziu o soneto na literatura portuguesa, Sá
Miranda depois da primeira metade do século 16 ninguém conhecia o soneto.
Então o que escreve( género) tem a ver com a forma, tem a ver com o assunto,
nem todas as sociedades se pode falar de tudo, ou se pode escrever sobre tudo e
inclusivamente há uma ideia de que certos temas são próprios para a literatura, e outro
que não são próprios para a literatura. Por exemplo a lista das compras, no século 20
tem que estar muito bem encaixada para podermos considerar que é um texto de
criação, que é um texto que vale a pena difundir, pelo qual os leitores se possam
identificar, portanto esta ideia do que escreve vai bater com o género, a própria
estrutura que gera o que escreve, a temática em que se escreve, o tom e o estilo que se
escreve tudo ISTO vai acrescentar significado e se nós indagarmos para olhar para o
texto que pensamos vamos lá ver o que é que está aqui à nossa frente, nós vamos ter
uma dimensão acrescenta uma outra dimensão à nossa leitura.
Para quem escreve? Para o rei, escreve-se para ter muitos leitores, escreve se
para ter leitores muito cultos, eruditos que têm só uma cultura tão especial e só eles
podem entender o que lá, para quem escreve? Para que leitores? Sim porque havia livros
destinados apenas a umas certas pessoas, por exemplo aqueles autores que mesmo
nesta altura estão a escrever em latim e temos uma fruto de literatura chamada Neo
Latina no século 15 no século 16 porque era tão grande fascínio pelas obras da atividade
e as pessoas as camada culta aprendia latim logo aos 4, 5 anos de idade e realmente
depois escrevia em latim era para quem não era toda a gente, era para um grupo de
gente iniciada que tinha aquela capacidade de decifração daquelas obras. Portanto se é
diferente? se escreve para o grande Público?
Com que intenções? As intenções de um autor não estão sempre assim à vista à
cabeça, as intenções podem ser varias por exemplo agradável ao príncipe, pode ser
conseguir uma tensa, por exemplo para conseguir uma pensão vitalícia caso do Camões
com os lusíadas.
Com que condicionalismos? ou seja o que é que condiciona essa escrita, porque
nós realmente em princípio partimos do princípio que a nossa criatividade é LIVRE, nós
podemos escrever sobre aquilo que NOS der na cabeça, mas se nós queremos escrever
um texto para o difundir, e para que ele seja lido, se calhar não podemos escrever sobre
tudo e sobretudo em sociedades que têm formas de censura repressiva, por exemplo
em que certos temas são absolutamente Tabu e que podem levar inclusivamente à
cadeia, por exemplo na cultura portuguesa, na época em que tinha o controlo da revisão
dos livros, mas mais recentemente no tempo da ditadura havia uma comissão de
censura que se encarregava também de apreender livros e de por em tribunal os seus
autores.
Estes exemplos permitem-nos perceber o que é que bourdieu nos quer dizer
quando nos diz que o campo cultural esta em posição dominada no campo do poder,
em qualquer altura o Presidente pode intervir e dizer já escreveu sobre este assunto
então vai ser preso, considera conteúdo inaceitável, conteúdo proibido no caso do
século 16 podia simplesmente ser a defender uma Visão desfiando da religião tal como
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era ensinada pelo catolicismo. Este é um tipo de condicionantes, outros tipos de
condicionantes são as económicas como eu quero que o meu livro venda, porque estou
aflito e preciso de dinheiro, então vou procurar temas que sejam vendáveis (por
exemplo de romances que escreve Camilo Castelo Branco que estão cheios de pequenas
histórias da província que ele depois escreve muito bem, tem um estilo que agrada, tem
um sentido de humor que agrada, tudo isso não me punha em causa o que seja um bom
escritor, mas de facto é um homem que escrevia um ou 2 livros por ano porque vivia da
escrita não tinha outro meio de subsistência).
São estas perguntas que se nós conseguirmos responder temos a história toda
do texto e temos também uma Visão do que é a sua vida, ou seja, independentemente
deste texto ser ou não canonizado, nós conseguimos perceber de onde é que ele vem?
como é que eles se espalhem? como é que ele depois chega aos leitores, aos políticos
se quiserem pode transformar-se numa bandeira da identidade nacional pode
transformar-se em muita coisa NOS textos podem ser usados de muitas maneiras.
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existência em cada momento de instâncias sejam elas a escola, o rei, primeiro ministro,
a igreja, um prémio literário enfim todas estas instâncias que vão assinalar, que vão
sinalizar certos autores como sendo os melhores, os mais importantes.
Isto quer dizer que cada vez que tenho um manual de historia literária nunca
encontramos a mesma lista, à medida que O Tempo vai passando há uma lista que vai
ficando ali um núcleo duro, uma espécie de núcleo duro que está lá sempre, Camões por
exemplo esta la sempre, Garret, Eça de Queiró, Saramago também pois ganhou o premio
nobel e depois há umas outas figuras que vão entrando e saindo conforme as épocas e
conforme quem o historiador(aquele que está a produzir narrativa da história literária)
vai para organizar a sua narrativa, e aqui entramos com uma outra questão, se o cânone
é uma lista as listas só por si não dizem muita coisa, só dizem que quem conta a historia
considera quem são os mais importantes, é necessário organizar a lista, é preciso pegar
nesses autores e criar uma narrativa, narrativa que organiza os factos do literário é a
historia literária, e como o próprio nome indica vai situa-los no tempo e portanto a
narrativa da historia literária, os manuais da historia literária são organizados
cronologicamente e sequencial desta lista, da lista dos autores considerados os mais
importantes de uma determinada literatura. E assim percebemos que as literaturas se
organizam de forma nacional até pelo próprio momento em que a disciplina é criada.
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que nós Hoje temos de desta contingência não é de que ISTO varia ao longo do tempo
depende da sociedade em que se está, depende de quem é que consagra parece-me
que conduziu foi uma espécie de inibição.
Portanto o cânone escolar é a lista das coisas mais importantes que alguém que
seja desta cultura deve conhecer, a lista há aqui uma espécie de obras que todos os
alunos têm que conhecer para ter cultura geral, para se sentirem parte da cultura
portuguesa, para quando falarmos com os outros terem um ponto ali de comum e uma
referência identitária e acaba por um lado enquanto historiadores, estudiosos, desde
lado de quem está a estudar, de quem está a tentar perceber de como é que tudo ISTO
se constrói conseguimos perceber que o valor é volátil/contingente, depende de quem
é que consagra, depende das obras, da temática, do estilo, da maneira de escrever, tudo
ISTO tem que ver com momentos específicos da história e visões que se tem em cada
momento mais difundidas do que deve ser uma obra literária, mas a verdade é que os
textos também servem para isso para construir pontos de referência, criar uma sensação
de pertença a uma cultura e de facto Hoje se existe uma utilidade para o cânone,
falamos da utilidade pedagógica, o facto de aprendermos as coisas acertadamente e
separadamente, sabemos o que é o estilo romântico, a poesia, em que anos foi
cronologicamente e é exatamente isso o que o cânone faz.
Nós conseguimos perceber que é possível promover um autor pela sua promoção
da sua obra sua ou do seu nome no cânone escolar, como Saramago que já lá está há
muito tempo, no entanto também é possível deixar cair outros e, portanto, é aqui que
assim como há autores que foram introduzidos no cânone escolar houve muitos outros
que deixaram de ser também.
O que é interessante para nós é esta ideia que o cânone tem um interesse lógico,
tem um interesse didático, mas é o resultado de escolhas que NOS transcendem e que
são feitas por aqueles que têm a capacidade de consagrar.
Cânone – definição
O que é a literatura?
A ideia de que uma vez os estudos literários, tal como os estudos históricos, e tal
como as ciências humanas são incompreensíveis com o tempo em que são produzidos,
fora do contexto social em que são inseridos, a proposta de definição da literatura é
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aquilo que num dado momento, numa dada sociedade considera o que é a literatura.
Ela diz que se "presumir para se saber o que é a literatura o termo precisa de ser
conceptualmente delimitado, deve-se acrescentar por uma tentativa de definição, isto e,
neste caso, o modo menos adequado para se conhecer aquilo que se esta a falar", ela
diz-nos que estamos a lidar com uma espécie de entidade misteriosa que se tentarmos
definir não a vamos compreender, que é a pior maneira de conhecer.
Diz-nos ainda que estamos a trabalhar numa coisa que não se pode definir, e que
não é possível definir a literatura, até PQ se tentamos definir, como o caso da
eletricidade não a vamos conseguir compreender.
"mas não é tanto por uma questão de indecisão de limites que se nos impoe a
recusa de definicao ate porque a propria definicao de literatura implica a não
definição"," com efeito depois de 3 quase 4 decadas ter se tentado encontrar na
formulação do que possa ser literariedade as propriedade do discurso dito literario,
parece cada vez menos necessario falar de literatura como de uma especificidade
distinta de si de outras praticas discursivas". Há 30 ou 40 anos que andam a volta da
questão da literatura e ver se tem a caraterística da literariedade, procuram ter a
capacidade de distingui logo o que é ou não é um texto literário e chega-se há conclusão
que não se consegue definir a literatura.
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leitores atribuem um valor simbólico ao livro.
Mas também impulsionados por outra ideia, que é o se queremos que uma
população tenha consciência de pertencer a uma determinada cultura então temos que
lhes ensinar história nacional e literatura nacional, e portanto temos aqui uma vocação
didática, uma intenção pedagógica que está associada a esta ideia do cânone (lista dos
autores, das obras, dos textos).
O QUE É O CÂNONE?
E é assim que se faz a lista dos autores, é isto que vale a pena, são este os textos
que temos que passar para a geração seguinte e não se pode esquecer desses textos
que são tao importantes que dizem e contribuem para a historia da nação.
Esta ideia de que esta associado ao que esta certo, à regra, à norma, do que é
autentico, do que esta certo e do que é bom, já quando se fala na musica um cânone
musical na verdade é ir buscar à palavra grega esta ideia da norma e de que é uma coisa
organizada, um conjunto de regras.
Depois vai nos dizer ainda que na literatura importa deste primeiro sentido da
palavra a ideia de autoridade (estes são os autores), autenticidade (estes são os
verdadeiros, são os melhores) e a permanência no sentido de que é um ponto de
referencia, o cânone funciona como uma referencia ele é que é um grande autor, nunca
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estamos perdidos se soubermos, se conhecermos aqueles que estão na lista do cânone.
O cânone tal como ele foi transmitido desde o séc. 19 até relativamente muito
pouco tempo exclui uma serie de autores por causa da própria ideologia que estava por
trás.
Nós questionarmos a forma como a lista foi feita, ou questionar a própria lista
não quer dizer que a lista não tem utilidade, a utilidade principal é didática.
Ele vai ainda dizer que esta lista está relacionada com elementos definidores
(género, corrente e de um período literário) ou seja, pode-se falar do cânone do soneto
(lista de autores que escreveram sonetos, género literário), ou o cânone romântico(lista
dos autores românticos, género romântico) ou um período literário.
E o período literário tem que ver com a maneira como é que os autores são
arrumados.
Carlos REIS vem ainda dizer que a maneira como estes autores são arrumados se
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relaciona com o ensino da literatura e com a constituição ou construção da identidade,
ou seja, do que se pretende na verdade ensinar nas escolas, juntamente, com a história
nacional é encontrar leituras comuns a uma geração que passa pela escola e que ajuda
a criar este pensamento de pertença e de pertencer a uma comunidade mais basta
(portuguesa).
Neste artigo de Carlos reis ele refere que o cânone esta relacionado também com
a periodização literária.
Definição de literatura
Romian Jakobson
1. conceito de literariedade
A literatura não vai dizer que livros é que são bons, porque o valor não está
imposto no objeto, está no valor que nós, leitores, damos a eles, e isso são uma
caraterística externa, pois somos nós que lhes fornecemos o valor, somos nós que
atribuímos um valor simbólico ao livro.
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O valor, a qualidade, a literariedade, são qualidades que as instâncias de
consagração/legitimação fornecem
falamos ainda num outro mecanismo que tem a ver com a maneira como os
textos são organizados, mecanismo de organizações(noções pedagógicas), herdamos
esses mecanismos no sec19, em que há gente que se preocupa em definir o que é a
nação acabando assim por achar que os livros dão sim o significado da nação e contam
a historia da nação. Ainda assim acreditasse que para que a nação seja reconhecida
através dos livros, acreditava-se que a sociedade tinha que estudar a historia da nação
e a literatura.
CANONE
CANONE LITERARIO
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As ciências ancoradas na história precisam dessa ferramenta que é a
periodização porque as circunstâncias de uma dada sociedade, de um determinado
momento condicionam aquilo que os indivíduos produzem e a configuração dos textos.
No caso dos textos se nós imaginarmos que o tempo é linear e que temos uma
espécie de uma linha onde estaria o passado e o futuro.
Nessa imagem em cima fazemos de conta que é a linha do tempo, onde há muitas
maneiras de ver o tempo, onde definimos o tempo como uma linha.
O que se fez foram cortes/secções do tempo, então quando se diz que o período
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é uma secção de tempo, que é delimitada de acordo com as balizas que fazem sentido
para o historiador porque se eu tiver a estudar a história dos autores que escreveram na
corte, devo ter em conta o primeiro e último autor, a minha periodização deve ser
condicionada pelo meu objeto.
Essa época era também o inicio da ciência moderna, um dos aspetos dos
descobrimentos foi contribuir para o desenvolvimento da geografia, matemática,
cartografia, astronomia etc… , portanto começa o inicio da ciência experimental onde se
dá os primeiros passos nesta altura.
O período moderno ocupa todos estes três séculos e faz sentido juntarmos todos
quando falamos da literatura, pois durante toda esta época sec15, 16, 17 e 18, no centro
da poética, regras que regem, na verdade teoria da literatura e no centro dela está o
conceito da imitação(Mimesis) esta ideia de que para criar textos novos de grande
qualidade e interesse, o que interessa é saber muito bem o que é que foi feito antes e
reutilizar essas formulas em produções contemporâneas, e até faz sentido no ponto de
vista da historia e literário ainda que entre a literatura do renascimento e do séc. 17 (a
barroca), haja mudanças, o publico já não é o mesmo, o centro das atenções já não é o
mesmo, mas o centro da poética é a imitação.
Com a ideia de mimesis se pode fazer muita coisa. Temos um cubo, e temos
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vários observadores que só vêem do seu ponto de vista o objeto e só vai imitar o que
vê.
Então a imitação não é uma cópia exata do objeto observado, não é por 100
autores imitarem o objeto mas eles todos terão pontos de vista diferentes, até porque
1 objeto 1 ponto de vista. Portanto, a imitação clássica, barroca nunca serão iguais.
O que varia são os pontos de vista em que cada época é adotada em relação ao
objeto a imitar e que depois tem a sua consequência que é o resultado.
O nosso objeto também deve guiar-nos na nossa tentativa de fazer esta secção,
mas não há nenhuma ciência ancorada no tempo que não sinta a necessidade da
periodização, da divisão em secções que torna mais abarcável o estudo.
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