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ESTUDO DA LITERATURA

Índice
LITERATURA – APONTAMENTOS DE AULAS ....................................................................................................................................... 2
– Problematização do conceito de Literatura –......................................................................................................................... 2
A entrevista da caçadora de tendências – introdução à definição de literatura........................................................................ 2
Surgimento do modelo teórico de Pierre Bourdieu ................................................................................................................... 3
O texto e a Memória ................................................................................................................................................................... 5
PRIMEIRO TRATADO SOBRE TEXTOS NA GRÉCIA ANTIGA .......................................................................................................... 6
A Originalidade ......................................................................................................................................................................... 10
MODELO DE BOURDIEU – APONTAMENTOS DE AULAS ................................................................................................................... 12
– Literatura e Sociedade – ....................................................................................................................................................... 12
Modelo de Bourdieu ................................................................................................................................................................. 12
A produção da crença-Ler ......................................................................................................................................................... 13
Modelo de Bourdieu - continuação .......................................................................................................................................... 13
Modelo de Bourdieu & a Literatura.......................................................................................................................................... 20
Modelo de Bourdieu – Conceitos a reter ................................................................................................................................. 23
CÂNONE LITERÁRIO – APONTAMENTOS DE AULAS ......................................................................................................................... 27
– Literatura como uma ciência – ............................................................................................................................................. 27
Cânone - contexto..................................................................................................................................................................... 27
Cânone – definição ................................................................................................................................................................... 29
PERIODO LITERÁRIO – APONTAMENTOS DE AULAS ......................................................................................................................... 34
– Literatura como uma ciência – ............................................................................................................................................. 34
Período Literário - contexto ...................................................................................................................................................... 34

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LITERATURA – APONTAMENTOS DE AULAS
– Problematização do conceito de Literatura –
A entrevista da caçadora de tendências – introdução à definição de literatura
Ao longo dessa entrevista aparecem tópicos que não costumamos associar,
aborda o facto de os livros serem objetos de venda e se existe um mercado para isso, se
existem pessoas para comprar.

Se fazer um livro que vai ou não agradar alguém é um risco muito grande para
quem investe no mercado da literatura.

Françoise Serralta antecipa os desejos do consumidor e tenta perceber o que


está na moda atualmente, o que está a dar e o que dará no futuro. “trata-se de antecipar
os desejos e os sonhos dos consumidores, de saber hoje o que os fará vibrar dentro de
dois, três, quatro, cinco anos. Dependendo dos mercados, esse é o tempo que passa entre
a decisão de fabricar um produto e a sua comercialização.”. Ou seja, tenta antecipar as
tendências do futuro – uma prospeção do mercado. Os clientes que ela tem são tudo,
exceto no campo da literatura, por exemplo: marcas de roupa, de carros, etc…

Lá está, a economia está dentro da literatura, ou é esta que está contida na


economia?
A caçadora de tendência responde que “A economia é o ramo da literatura”, ou seja, a
literatura é todo o texto que seja ficção, pois não basta alinhar tudo o que é números e
marketing – estatística – é preciso saber corresponder o desejo do leitor, saber fazer
literatura/ficção.

Como é necessário saber fazer essa correspondência, esta corresponde a um


embrulho – saber dar e receber. Não basta vendermos livros, também é preciso agradar
os leitores. É preciso antecipar e saber o que vai dar no futuro.

Aqui entra a semiologia, que é a antecipação, é a ciência dos signos, é tentar


através da linguagem, da postura corporal, da maneira como as pessoas se vestem
(entre outros), que serve para encontrar um sistema de significado.

Portanto, o que o consumidor pede e exige das roupas, dos carros, é o mesmo
que pedirão e exigirão à literatura, estão ambos no mesmo nível de exigência.

Não basta dizer a forma como funciona o mercado e circulação dos textos, as
pessoas consomem também, os livros podem servir como bens de consumo e funciona
também como uma ferramenta de estilo, podem-se tornar parte de um look.

O livro não é algo sagrado, é algo vivo. Vivemos em civilizações que sacralizaram
o livro (Sacralização ou dessacralização - livros importância ao longo do tempo). Pegando
na questão da sacralização do livro, a verdade é que um livro não é a mesma coisa que
vender um carro, todos sabemos que o livro consome as nossas palavras, consomem e
tocam.

Então entramos no Mercado dos textos – A economia dos bens simbólicos.

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Existe um mercado para este tipo de bens, a utilização do livro não é só direta,
só o usamos para ler, já o carro usamos quase sempre.

A caçadora de tendências fala do mercado ao fazer uma observação sobre


economia, dizendo que esta é um ramo da literatura.

A literatura vai responder a um fantasma, chama atenção para a dimensão


psicológica, que a linguagem do fantasma é a linguagem do Freud, da psicanalise, do
psicológico. Acrescenta a dimensão ideológica, psicológica, vai dar sentido as coisas, pois
não estamos a falar de um bem como os outros.

Para vender é preciso embrulhar as coisas numa ficção qualquer, para vender
não basta o marketing, é preciso saber responder a um fantasma, contar uma história,
tudo depende da capacidade de contar e convencer através de uma ficção, embrulhar
num ato básico de compra e venda, isto num pacote bonito e que corresponda aos
desejos e expetativas dos consumidores.
Surgimento do modelo teórico de Pierre Bourdieu
Surge um sociólogo, Pierre Bourdieu, que vai dizer que os bens culturais têm um
valor simbólico – comprar um livro não é a mesma coisa que comprar um carro –, ele vai
dizer que os objetos culturais, bens culturais têm um valor reduzido e valem pelo bem
simbólico. Ainda diz que esse valor simbólico se pode comparar a um mercado para os
bens simbólicos, a maneira como lidamos com eles é parecida com as trocas simbólicas,
não é exatamente igual mas são parecidas.

Vamos perceber qual é a diferença do valor real dos objetos e acrescentando o


valor simbólico.

Não é o custo da capa, do livro, ele tem muito valor vai para além disso. Qual é a
diferença entre eu fazer uma obra de arte igual à que está no museu? A diferença está
no valor colocado sob a obra, esse valor chama-se simbólico. É um investimento que
está em volta desse objeto. Se a pessoa estiver num museu, obviamente que vai ter mais
oportunidades, mais museus vão querer o seu objeto. Isto porque reconhecem o valor
simbólico dele.

O valor não é facilmente atribuído, depende muito, há objetos que por vezes não
valem muito, mas naquela circunstância para aquela pessoa vale sim aquele valor
simbólico, mas ninguém pode garantir que realmente tem esse valor. Valor simbólico-
Volátil atribuído a circunstâncias externas.

Os livros para alem do valor real também tem um valor simbólico, é importante
perceber de que forma esses livros circulam, o valor que esse tem para as pessoas.

O livro vale pelo seu conteúdo, não vale pelo seu aspeto em si, mas sob o valor
que colocamos sob ele.

As pessoas consomem ---> o livro como um bem de consumo

O livro tem um valor ao qual nós associamos, um valor que vale pelo que está

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dentro, e mesmo que não tenha mais interesse nele, continua com o valor associado.

Valorização do livro como um objeto especial – faz pensar que nem todos os
objetos são iguais, e que vender um carro e diferente de vender um livro.

É as necessidades psicológicas mais arcaicas, mais subconscientes que muitas


vezes a literatura apela, acrescenta aqui esta dimensão psicológica ideológica e
simbólica. Mas também diz que pode ajudar a dar um sentido às coisas e é desse sentido
que percebemos que não estamos a falar de um bem essencial como qualquer outro.
Então esta é uma dimensão, é esta e se quisermos a Visão mais contemporânea. A Visão
de quem põe o texto a circular os editores e muitas vezes também os autores.

Está é uma visão mais contemporânea, uma visão daqueles que metem os livros
a circular, os escritores, mas a verdade é que não é apenas essa a dimensão, a literatura
e o que é a literatura é muito grande.

Não precisamos de uma definição para identificar o objeto, mas é importante


perceber de onde vem o significado da literatura.

Parece-me que a literatura é um bocadinho como a eletricidade. Usamos todos


os dias, vocês aqui ouvem falar a toda a hora e depois agora defina eletricidade. Eu não
preciso saber a definicao para saber utilizar.

O modelo teórico de Pierre Bourdieu tem 2 aspetos que fazem uma distinção e
por fim uma comparação.

Uma das coisas que ele vai dizer é que os bens culturais têm um valor simbólico.
Os objetos culturais, os bens culturais têm um valor. Do ponto de vista material,
relativamente reduzido, mas valem sobretudo pelo valor simbólico que quem os produz
e quem os usa, lhes confere.

E depois vai dizer também que realmente numa certa maneira, esse valor
simbólico se pode comparar a um mercado para os bens simbólicos. Nesse sentido, a
maneira como nós lidamos com eles é parecida, portanto, há trocas – trocas simbólicas.
Não é exatamente igual. Mas tem leis parecidas e, portanto, é interessante pensar nesta
dicotomia – Diferença entre o que é real e qual é o valor real dos objetos e o valor
acrescentado que é um valor simbólico.

É pensando nesta diferença entre o valor real e o valor simbólico dos bens
culturais que podemos entender também o que é a nossa contemporaneidade, o que
são os bens culturais da nossa contemporaneidade, o que é a nossa arte
contemporânea, ato do nosso contemporâneo, aquela que nós olhamos para o quadro
todo branco pintado com tinta assim. Aquele quadro que era só uma coisa branca,
passou a representar um conceito qualquer.

Agora temos a questão, qual é a diferença entre a tela que a gente pinta lá em
casa com a mesma tinta e com aquela tela igualmente branca com o mesmo tipo, mas
que está no museu. A resposta é que está no museu. O valor é diferente - Valor dos
bens culturais -, portanto, não tem tanto a ver com o objeto em si, mas sim o

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investimento que demos nele. O valor simbólico: É volátil, ou seja, é atribuído por
instâncias externas.

Estamos permanentemente a ser bombardeados com ficções, ficções para


vender ficções, para NOS fazer acreditar, as próprias sondagens antes das eleições, não
sei se repararam dizem que o Partido deste tem mais, aquele tem menos ainda. Não
havia eleições nenhuma. Alguma emoção, aquilo que causa no Público, ele vem à frente,
mas vai à frente de que? Há intenções de voto?
O texto e a Memória
A teorização, a sistematização de regras e daquilo que poderia ser uma ciência
das obras, a primeira que nós temos conhecimento é de Aristóteles.

A aqui a civilização se afasta do nosso sobretudo por uma característica que se


foi perdendo ao longo do tempo, que é uma civilização baseada na oralidade. São muitas
poucas as pessoas que sabem ler e escrever na Grécia clássica, nessa altura não existem
escola obrigatória, não existe a ideia de que todos os cidadãos ficam a aprender a ler,
toda a cultura está baseada na oralidade.

Mas mesmo assim como em todas as culturas que se baseie numa tradição oral,
a diferença é que usa mais a linguagem, não é? E existem textos que variam, porque a
sua forma de transmissão. é outra. E isto aqui podia levar-nos mais longe. Porquê?
Porque o texto que é transmitido através da Memória é um texto que tem uma variação
contínua. Porque nós, quando nos recordamos mesmo que saibamos muito bem o
poema de cor, o texto de cor. Com o tempo a nossa Memória tem tendência, a restringir
se ao essencial e deixar o acessório.

É esse mecanismo da Memória que faz com que o texto de Transmissão oral
tenha, o que os historiadores chamam de movência. Uma palavra assim bonita, mas na
verdade é variação que o texto escrito não tem. E essa é uma das grandes revoluções do
impresso, não é? Quando a imprensa surge nos finais do século 15 na Europa e começa
a ver a possibilidade de um texto ser impresso uma vez em muitas cópias todas iguais.
Isso introduz uma diferença enorme na perceção do que é o texto.

Atualmente achamos que um texto é uma coisa fixa. Tem aquela forma que não
tem outra, mas até à emissão da empresa, mesmo a própria Transmissão do texto
manuscrito nunca vista no processo, uma palavra também não vai deixar ali no buraco
então põe.

Atenção, mas que aqui tem muito também chamar a atenção que é possível
compor textos mesmo sem saber escrever. Basta que haja alguém que oiça aquilo que
nós estamos a ditar. E há grandes autores, até um grande autor da literatura portuguesa
do século 19, portanto, numa época em que já a Transmissão textual se faz pela
imprensa, António Feliciano de Castilho, em criança perdeu a capacidade de Visão aos 9
anos. E, portanto, a partir daí nem ler nem escrever, tinha um irmão quase da mesma
idade e frequentou a escola juntamente com ele. Ou seja, um autor consagrado, com a
ajuda inicial do irmão e secretários transcreviam o que ele falava. A questão de saber
escrever para produzir textos cai!

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A literatura não existe fora da sociedade, os textos não existem fora do contexto
histórico e social, aquilo que nós hoje consideramos que é, por exemplo, poesia, devo
dizer-vos que no século 16, 17 ou 18 não seria considerado poesia, porque tinha de
obedecer a regras. Nessa altura eram regras que não tinha nada a haver com as pessoas
individualmente. Nem com simplesmente brincar o ritmo das palavras ao jogar corpo a
se passa, eram outras regras para ser poesia.

Portanto, surge esta ideia de que nós não conseguimos estudar literatura sem a
contextualizar a partir da sociedade em que estes textos são produzidos e disseminados
e consumidos.

A outra é esta ideia de que aquilo que nós chamamos literatura é um fenómeno
novo.

Até ao século 19 nós vivemos no que não existe nesta área de estudos, é uma
área disciplinar que surge naquele contexto muito específico dos nacionalismos do início
do século 19. E tem uma razão de ser que depois da derrota de napoleão, depois dos
vários países da Europa terem sido invadidos e terem conseguido mais ou menos alguns
com dificuldade, restabelecer as suas fronteiras. Há uma ideia de que cada comunidade,
cada povo de cada Reino, cada país tem uma personalidade própria, uma cultura própria
que vale a pena estudar separadamente do resto, que era uma ideia que até essa a altura
não existia, não se estudava.

Era a história universal e história eclesiástica. Do ponto de vista dos estudos


literários, estudava-se Poética, retórica e gramática, ou seja, eram as 3 grandes áreas
que lidavam com este domínio da cultura textual, vamos lhe chamar assim, se bem que
nós chamamos literatura.
PRIMEIRO TRATADO SOBRE TEXTOS NA GRÉCIA ANTIGA
E é uma representação de Platão e Aristóteles. Está no fresco muito famoso feito
por Rafael, que se chama “Escola de Atenas” que é uma idealização feita no
renascimento de como é que seria a Grécia Antiga, então temos estes 2 pensadores
considerados os pensadores que estão na base da cultura ocidental do século 16, numa
época em que depois de um longo período depois da cristianização da Europa, a Europa
olha para trás. Olha para a história na longa duração e diz que neste processo de
cristianização perdeu-se qualquer coisa, perdeu o conhecimento adquirido da Grécia e
da Roma.

Uma das caraterísticas do renascimento é exatamente o classicismo, ou seja,


com o regresso. E ou tentativa de cristianizar, de facto, tornar outra vez vivos ou
interessantes para a sua contemporânea, para definir autores da guerra.

Portanto, isto quer dizer que Aristóteles se transforma na base da Aristóteles e


Platão e uma série de outras figuras. Portanto, também na matemática, também nas
ciências e artes. Mas se esses também nas artes, também dentro dos grandes trabalhos
para atividade passam reentram, se quisermos, no fluxo das ideias do Ocidente e
Aristóteles tem um papel importante, porque é a Teorização mais antiga, a
sistematização mais antiga que existe para a cultura textual.

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E o que é que Faz Aristóteles? O que é que ele faz na sua obra?

Primeiro reconhece que existe uma área. Ele não diz que seja uma área de
estudos, mas é reconhecer que há ali uma zona da produção intelectual humana que
precisa de ser sistematizada, é isso a poética. Qual é a solução? É a cultura textual, que
para Aristóteles era transmitido. Era transmitida de forma oral através da recitação. No
caso da poesia, pensemos que a poesia épica, apesar de contar uma narrativa muitas
vezes com base em factos históricos, é recitada, era pensada para ser recitada por
profissionais que treinavam a Memória para Largarem assim aos 2 Minutos no verso de
cada vez.

E qual é o outro género, ou área em que existia uma grande produção textual
na Grécia? É o Teatro.

O teatro, na verdade, tem uma base textual. Depois é representado, mas se a


mesma peça, pode ser representada várias vezes, então é porque há uma fixação de
texto anterior, mesmo que haja ali. As buchas. mas a verdade é que têm uma base
textual.

É isso que Aristóteles nos fala na poesia. Vai falar dos géneros poéticos. Porém,
a poética chega até nós incompleta. Portanto, não fala de todos os géneros poéticos que
existiam naquele tempo. Fala sobretudo da poesia lírica e fala da técnica que era o
grande génio que exigia aquele maior esforço.

Finalmente, Aristóteles vai escrever longamente sobre os vários géneros teatrais.


Essa é a parte que chegou inteira até aos nossos dias, que fala da comédia, da tragédia
e faz até um contraste entre estes 2 grandes gêneros teatrais.

Alguns destes preceitos que eu defino, quer para Épica, quer para o teatro são
fundamentais e vão ser sempre recordados.

De forma resumida, ele produz uma reflexão sobre a função dos produtores dos
textos e diz que para alem destas criações como o teatro, a poesia lírica, o teatro (textos
que são ficção, teatro, etc...) ainda existe um outro género que é os textos dos
historiadores, aquele que conta as historias tal e qual como aconteceram.

Para definir textos não apurados diretamente na realidade, ou não referenciais,


é o elemento ficcional da obra que distingue entre um texto de ficção do que não é. O
texto histórico é narrativo, porém esta ancorada no real, tem datas, etc...

O poeta não tem de obedecer à realidade, tem de criar um universo verosímil,


uma aparência de verdade, ter coerência, enquanto nos textos históricos não.

Aristóteles ainda fala da criação literária.

A relação da dicotomia entre poeta e historiador, e sobre a criação literária,


Aristóteles nunca lhe passou pela cabeça usar o termo de criação, até porque criação
era de Deus. Mas de facto, Aristóteles dedica tempo à questão de como é que se
constroem novos textos.

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Ele estabelece um princípio que é o conceito de “MIMESIS”, de imitação.

Aristóteles diz na sua poética que o ser humano aprende tudo através da
imitação, a falar o que se ouve a falar, a andar porque todos andam, etc... E com esta
realidade conclui que o objetivo fundamental da obra e o princípio dinamizador da
criação textual é imitar a natureza.

É esta ideia de que a mimesis é uma tendência inata do Homem que distingue
como Aristóteles fala da imitação e como depois mais a frente, em Roma, um autor cria
uma obra poética inspirada no filósofo. Em Roma, esse autor, Horácio, faz uma carta a
Aristóteles. A mimesis para ele era a imitácio que era uma técnica. Nós lemos um texto
e pegamos nele e imitamos o que tem de bom e acrescentamos algo. Para Aristóteles,
ele diz que o ser humano faz assim porque é uma caraterística intrínseca do ser humano,
já está algo interno dentro dele que o faz ser assim.

Aristóteles diz que as artes estão a imitar algo da natureza e que se preocupam
em criar um universo verossímil. Mais uma vez entramos na ficção, ela pode criar
mundos novos!

Resumindo:

Tratado de Aristóteles - fala de uma ciência/ arte que não tem nome. A poesia
ao longo do texto, faz uma distinção entre formas de dentro das ciências dos textos
entre papel do poeta e papel do historiador. Isto é importante para sabermos que textos
devem ser comprovados, textos históricos, e aqueles que não têm aquela obrigação,
textos ficcionais, a poesia, o texto dos possíveis.

Mimesis/imitácio: se o poeta quer criar obras grandiosas, deve de imitar os


anteriores.

Para Aristóteles, os poetas não se distinguem pelo fato de usarem a forma


poética, mas sim porque contam aquilo que aconteceu. Os poetas estão obrigados a
respeitar um determinado conjunto de regras (provas de que aquilo aconteceu) e
distinguem-se também por aquilo que poderia acontecer (universo das possibilidades).
A única condição do poeta não é a realidade, mas sim a verosimilhança, diferença entre
a verdade e a verosimilhança.

A verdade estaria no objetivo do historiador, seria aquilo que condiciona o seu


trabalho, a verosimilhança seria a única condicionante do trabalho do poeta, onde ele
pode inventar à vontade desde que aquilo faça algum sentido para os leitores.

Então isso seria o início de uma tentativa de constituir ou de anunciar que há ali
uma área que tem uma lógica própria, ainda que não aparecesse como área de história,
aparecia como uma área de especialização, uma área que reconhecia o trabalho do
poeta.

Dentro da poesia, Aristóteles inclui o teatro, a épica, a poesia lírica, inclui tudo o
que é o trabalho do historiador.

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No séc. 18 (Figura de Rafael), que foi criada por D.Joao 5 com o objetivo de
escrever a história de Portugal e criar instrumentos para conhecer melhor a língua,
historia e cultura de Portugal, essa pintura fez se em grande medida na criação de um
dicionário enciclopédico, ele tenta ao definir as palavras, dar a sua raiz latina e também
para cada palavra que visionaria encontrar.

Quando procuramos a palavra literatura, a palavra não existe, pois não existe a
área disciplinar.

Antes do inicio do sec.19 podemos até encontrar algumas datas importantes,


permite-nos perceber de que forma o individuo estava ligado com os textos, com a
escrita, com aquilo que estava em circulação, até com as ficções em circulação, tivemos
então que esperar por esse motivo para surgir as primeiras teorizações dessa área nova
de estudos literários.

A palavra literatura surge com acessão que hoje usados como a ciência dos
estudos literários , sobretudo aquilo que tem a ver com a produção de textos,
disseminação de textos, a sua apropriação, utilizações de consumo isso é a literatura de
hoje.

Mas antes do séc. 19, o que se estudava não era literatura nacional, atualmente,
temos os estudos literários divididos em nacionalismo, é assim que os estudos literários
se organizavam e que ainda estão assim organizados pois foi assim que nasceram no
sec.19 em pleno movimento romântico.

O romantismo vai ser bastante presente nesta época, pois os textos vão refletir
na sociedade em que são produzidos. A seguir a 1815, data de conferencia de Viena em
que ditam de novo as fronteiras estabelecidas dos vários estados europeus, depois das
invasões napoleónicas que começam no final do séc. 18 e que se arrastam até à derrota
de napoleão em 1914, quando a maior parte das comunidades europeias sentiu as suas
fronteiras invadidas, pois viram a sua identidade ameaçada, o nacionalismo ou seja esta
ideia de que cada comunidade tem uma personalidade própria, que tem uma historia
diferente das outras, tem umas fronteiras que devem ser invioláveis, respeitadas, era
uma questão muito forte, e assim como encontramos isso a nível das ideias de nação,
nação também no sentido moderno, nasce na mesma altura o nível da perceção que os
indivíduos têm de si próprios.

Nessa altura começa a difundir-se uma ideia de um mundo e de uma transmissão


textual e daquilo que era a função dos autores e que é a ideia de que cada individuo é
único, tem uma maneira única de sentir as coisas, a sua perceção é diferente de quem
está ao lado, de quem é de outra geração e de outro contexto, e que deve exatamente
transmitir nos textos isso. Transmissão essa que é uma novidade radical em relação à
maneira como a produção de textos tinha sido vista até ao sec.19.

Aristóteles define como o principio orientador de textos a imitação, a que ele


chama de Mimesis e que nós mantemos a memoria dessa palavra porque séculos mais
tarde, quando na Roma antiga, na civilização romana Horácio escreve também uma
teorização e sistematização dos princípios da poesia, vai retomar as mesmas ideias que

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Aristóteles, mas vai considerar que a mimesis vai reduzir-se ao seu alcance, vai
considerar que lhe vai chamar imitácio. E não vai fazer aquela definição de mimesis que
encontramos em Aristóteles. Pois Aristóteles parte do principio que a mimesis é uma
forma de aprendizagem do ser humano, que está na base de toda sua aprendizagem,
Arístocles vai dizer que se o poeta quer criar grandes textos, grandes obras deve imitar
aquilo que outros antes dele já fizeram.

Horácio vai dizer a mesma coisa, sem ter esta noção de que a mimesis é uma
espécie de capacidade imparável e inata do ser humano, mas vai dizer a mesma coisa
que Arístocles, que se o poeta, aquele que se dedica a produzir textos quer criar uma
obra importante, significativa, exprimir de maneira adequada aquilo que sente, deve
inspirar-se naquilo que os outros fizeram, imitando aquilo que eles têm de bom e então
nessa linha de continuidade criar.

Por isso é que o romantismo traz uma mudança radical, porque a mudança
radical é a qual não estamos tão interessados em deixar de escrever grandes textos mas
a enfase passa a ser na originalidade.
A Originalidade
A originalidade surgiu no século 19, até aqui, só se imitava os outros. A
originalidade deu origem à individualidade que se tornará no culto da personalidade.

A originalidade é um conceito que passou a ser só reconhecido depois do séc. 19,


antes disso ninguém sabia o que era isto de ser original, não era importante. E não era
importante porque era uma outra logica da maneira de olhar para as sociedades, da
maneira de viver em comunidade e também na maneira de se olhar a si próprio, como
se o interesse comum FOSSE mais importante do que o interesse individual.

Na literatura medieval, muitos dos textos e até no século 16, que há maior
indicação do nome dos autores, muitos dos textos vinham em anónimo. Para o autor
era mais importante que o texto fosse reconhecido do que o seu nome, e essa é uma
grande diferença na maneira de o individuo se posicionar em relação ao grupo e é
alguma coisa que para nós é estranho hoje, hoje vivemos numa civilização do
individualismo, cada vez mais temos as nossas coisas individuais (pc, telemóvel, etc…).

Essa consciência que os antigos homem (homens da Grécia, da Roma, do período


moderno) tinham alguém que já pensou nelas antes era muito clara no séc. 16/17/18,
já no sec19 é tudo muito diferente , a visão do mundo era muito diferente, e por isso é
que vamos encontrar na literatura portuguesa, em Almeida Garret, esta revindicação do
"não quero mais falar da antiguidade clássica, não quero mais escrever ou pôr nos meus
poemas as deusas, os deuses, os mitos que durante seculos se achou que era impossível
criar sem ter referencia a todos esses mitos, porque eu tenho coisas para dizer, eu quero
exprimir aquilo que sinto, a visão do mundo, quero por mais ainda, quero expor todas as
emoções no papel" e é nessa logica que é criado o conceito de originalidade, que nós
hoje usamos a toda hora, é algo que valorizamos e consideramos original.

Se quisermos definir a originalidade é aquilo que o individuo tem de único para


partilhar com os outros, ou o criador. E é também nessa viragem de mentalidade no séc.

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19 que vai também causar uma outra maneira de olhar para os textos. Um texto é fixo,
na nossa cabeça de hoje, um texto é fixo, mesmo aqueles que são difundidos na internet.
Os textos de antigamente não necessitavam do nome do autor, o mais importante era
o texto, ao contrário dos dias de hoje, hoje podemos ver os nomes dos autores nos livros.

Circular de Forma anonima na atualidade é incompreensível, tem de ter um


nome.

A necessidade de ter um autor não aparece apenas no séc. 19 e não aparece PQ


quando há instancias sensoriais, ou seja, quando há uma maquina que está a vigiar os
textos em circulação, quando o texto não esta de acordo com aquilo que é permitido, é
preciso ter alguém para avisar. Não seguir as regras de um texto ou abordar informações
falsas acabava por levar uma punição, por isso é que nessa altura saber quem era o autor
era importante, as primeiras reivindicações para que o autor tenha de assinar o seu livro
vem da máquina de forma a saber quem é o autor/culpado, para que seja possível punir,
se não houver assinatura quem é que vai ser punido?

A primeira coisa que a inquisição proíbe nas listas dos livros é a circulação dos
textos anónimos, se o texto é anónimo é proibido, pois não há maneira de punir. No
entanto não é isso que acontece no seculo 19, no séc. 19 já existe uma enfase muito
grande na pessoa, no autor, na criatividade, originalidade, aquela coisa única,
capacidade criar um texto que nunca ninguém antes criou e onde ninguém descrimina
a visão única que o autor criou do mundo, e começamos então assistir ao clube da
personalidade, onde é criado biografias, autobiografias, memorias, todo um culto a volta
das suas figuras e temos assim então para o seculo 19 muita documentação dos autores
que chegaram ate nos e que foram consagrados pela historia da literatura.

Cada autor é um ser original, há toda uma enfase no individuo que ate aqui não
tinha esse peso, e também é por isso que nos quase não temos manuscritos, autógrafos
antes do séc. 19, mas no séc. 19 aquilo que o autor escreveu passou a ser preciosa, obras
dos autores começaram a ser preciosas, tudo o que saia da mão desse individuo acabava
por ser importante, coisa que não acontece antes do séc. 19 era impossível termos todas
as versões do autor, era impossível saber se ele escreveu mais coisas, pois a importância
que damos hoje há literatura e ao valor de um livro não é a importância que se dava
antigamente.

como é que estudamos estas questões?

Aristóteles estava com a poesia e com os textos que se transmitiam oralmente


não só pela recitação mas também como a representação( teatro) que tem uma
importância na literatura grega e clássica, a questão é como nos estudamos uma
realidade( uma ciência dos textos = literatura) que tem diferentes formas e diferentes
formas de transmissão ao longo do tempo, tem uma longa historia , pois mudaram os
conceitos , mudaram a maneira de ser encarada, mudaram a transmissão, mudaram a
maneira que os autores se vêm a si próprios, mudaram a forma como a sociedade olha
para os livros/ textos , e é então o momento em que nos questionamos como é que nós
podemos estudar essa área, essa ciência dos textos que nós chamamos literatura.

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Por onde começar?

• constituição dos estudos literários como área científica

• como definir literatura?

como é que nós podemos estudar essa área, essa ciência dos textos que nós
chamamos literatura? Com o Modelo de Bourdieu!

MODELO DE BOURDIEU – APONTAMENTOS DE AULAS


– Literatura e Sociedade –
Modelo de Bourdieu
Sempre foi muito difícil definir o que é a literatura, não se consegue bem definir
o que é a literatura mas talvez houvesse uma diferença entre os textos que eram
considerados literários e os textos não literários, ora o facto de os estudos literários
terem adotado à sua área de estudos uma metodologia, vem da sociologia (Pierre
Bourdieu), permite pensar, sair dessa logica se este texto é ou não literário, e também
perceber como é que há textos que nós podemos ler e achar interessantes, mas no
entanto não vem para a historia da literatura e existirem textos desinteressantes e estão
na historia da literatura. Essa metodologia permite exatamente isso, em vez de estudar
os estudos literários como eram estudados no séc. 19, no momento da sua constituição
(culto da personalidade, culto do individuo, originalidade) é a galeria de grandes nomes,
e que são propostos para estarem nessa lista dos grandes autores e dos seus textos.

No secundário temos a lista dos grandes autores e a lista do texto que eles
escreveram e depois existem até uns que são obrigatórios por fazerem parte da historia
da nação.
É exatamente isso, a lista dos grandes autores e dos grandes textos que um modelo
dinâmico tem o seu interesse pois começa antes da canonização (antes dos autores
serem considerados grandes), o que é proposto é começar a pensar nos textos quando
eles são produzidos, portanto quem é que produz, para quem? Com que intenções? O
que escreve? Que utilizações se podem fazer com esses textos? Quem paga e será que
vai ter conhecimento? E já temos a cadeia toda e que é uma visão dinâmica, quem
consagra? Quem diz que aquele autor é grande? Isto são questões que introduzem um
dinamismo grande.

É possível definir a literatura?

Sim, mas devemos ter em consideração que em diferente épocas, uma definição
vai aparecer, mas tem que ser uma definição que defina todas as épocas e esta variação
que nós encontramos desde do tempo do Aristóteles em que os textos são transmitidos
oralmente em que os autores não estão muito preocupados se os nomes deles ficam
para a historia e que os seus textos são representados, tem então a tal variação da
própria transmissão oral até aos textos de hoje, em que a maior parte dos textos são
transmitidos pela internet, áudio livro.

12
A produção da crença-Ler
Modelo que pretende explicar toda a sociedade, estamos interessados aquilo
que ele diz sobre a literatura.

Uma ciência relativamente nova.

Diz que esta ideia da palavra literatura so em epoca recente desde dos meados
do sec 18 tem o significado que hoje lhe damos, ate hoje a palavra tinha um significado
relativamente diferente.
Modelo de Bourdieu - continuação
O modelo de bourdieu vai nos permitir responder às perguntas fundamentais da
literatura.

A proposta de bourdieu entrega a produção e disseminação dos textos na


dinâmica social, tento em conta a sociedade em que é produzida. Propõe um modelo
que descreve como é que o campo cultural funciona, como é que os textos circulam na
sociedade e finalmente vai relacionar as produções culturais (arte, etc) nas dinâmicas de
poder que se jogam nas sociedades humanas.

Bourdieu começa então por meter a historicidade como objeto de análise de


forma a limitar e meter em evidência os limites, ou seja, se queremos conhecer ou saber
mais acerca de uma realidade social, desde das questões de género até às questões do
porquê que almeida garret foi considerado um grande autor no sec 19, por exemplo,
melhor coisa a fazer é tentar descobrir a historia do autor, de onde ele vem, se queremos
conhecer melhor o nosso objeto temos que conhecer a historia por de trás dele, depois
ele vai usar o vocabulário da economia para descrever o que se passa a nível da cultura.

O modelo teórico de Bourdieu, permite responder as seguintes questões:

• o que é a literatura?

• como se distingue um grande autor dos outros?

• o que diferencia um texto literário de um texto não literário?

• a literatura é uma arte ou é um bem de consumo?

A proposta de Bourdieu:

• integra a produção e disseminação e consumo dos textos na dinâmica


social

• Propõe um modelo teórico que descreve o modo de funcionamento

• Relaciona as produções culturais (literárias, artísticas, etc…) com as


dinâmicas de poder

Bourdieu propõe historizar o objeto de análise como forma de o delimitar e pôr


em evidência os seus limites. Usa o vocabulário da economia para descrever o que se

13
passa no campo cultural. Distingue entre o plano real e o simbólico, propondo a
existência de uma economia dos bens simbólicos paralela à economia real – esta
distinção é fundamental para a análise das

Livro da professora Maria Vitalino M.Matos vai nos dizer que a palavra literatura
só em época relativamente recente, desde dos meados do sec18, pois antes disso a
palavra literatura não aparecia no dicionário, depois dos meados do séc. 18 a palavra
literatura tem o significado que hoje lhe damos, ate ai apalavra como sentido diferente,
designava do modo geral o que estava escrito e o seu conteúdo, e só entre o que pode
ser um adjetivo ou uma designação de tudo aquilo que esta dependente da letra escrita
para uma área disciplinar, ela vai dizer que durante o séc. 18 alias ao longo do seculo 18,
continuando ainda a designar as obras escritas e os conhecimentos contidos, passa
adquirir uma área mais especializada referindo às belas artes, na verdade é só mais tarde
que vamos ter mais tarde a área da literatura como uma área disciplinar e ganhando
assim uma dominação na arte que se exprime pela palavra.

Texto uma ciência das obras que fala sobre o modelo:

Ele vai dizer a partir da própria experiência, onde ele se inseriu numa
determinada sociedade e participou na vida dessa sociedade para estudar a forma como
a comunidade funciona, ele vai nos dizer no início dos anos 60 ao instalar-se na
comunidade kabila, comunidade essa que não tinha escrita, toda a transmissão textual,
fazia-se com base na oralidade, e também não tinha moeda ele ate escolhe essa
comunidade por causa disso, esse estudo ia ser completamente diferente.

O seu primeiro pressuposto é que ele chegaria a essa sociedade onde não há
moeda e iria encontrar sempre trocas diretas/trocas de bens por bens, é com essa
experiencia que ele vai confirmar tudo aquilo que ele pensava na verdade, pois ele não
só vai encontrar essas trocas diretas, bem por bem, mas também as trocas de bens por
bens simbólicos. Trocas por coisas que têm valor por coisas que não tem valor
qualificável, e não são palpáveis. É com essa troca de bens por bens simbólicos que ele
parte para a teorização do seu modelo.

E para que serve realmente este modelo? Pois nós temos aqui um problema,
relativamente complicado de resolver, como é que nós vamos decidir o que é
realmente um texto literário e um texto não literário? Onde esta o valor?

Este modelo vai nos dizer que para tudo isto temos que ter em conta o tipo de
valorização das obras que não tem a ver com o valor económico do livro mas sim o valor
simbólico que metemos sobre ele, podemos olhar para um livro e achar que nem é assim
tao bonito por fora mas até é interessante de se ler, pois para o leitor o valor não esta
na parte material, mas sim, nas ideias, na parte simbólica. Os livros no ponto de vista da
economia real são valiosíssimos.

A primeira extinção que devemos ter em conta para a nossa maneira de pensar
a cerca dos estudos literários e culturais é esta distinção entre valor real e valor
simbólico. Outra questão é a preocupação que ele tem com as trocas, em que onde há
valor há possibilidade de haver uma economia da troca, se não existe uma economia

14
com base na moeda existe com base no valor simbólico que é atribuído às coisas, ele vai
falar de uma economia dos bens simbólicos.

economia --> economia dos bens simbólicos

ESPAÇO SOCIAL

Ele vai dizer que este retângulo representa a sociedade. Representa o espaço
social, vai dizer que cada sociedade é formada por um grupo de indivíduos organizados,
é um grupo de pessoas.

O que acontece nas comunidades humanas? Ele vai dizer que em todas as
comunidades, os indivíduos e grupos competem entre si por objetivos de vida, objetivos
simbólicos e materiais, e que há sempre um conjunto de bens ou um conjunto de valores
que todos querem (todos querem ter dinheiro suficiente para viver, toda gente quer um
emprego). Ele vai então definir de maneira abstrata em cada sociedade, através desses
valores positivos ou negativos e atribuir um lugar nesta abstração.

POLO POSITIVO – O QUE TODOS POLO NEGATIVO – O QUE


QUEREM NINGUÉM QUER

RICO – SEM EMPREGO POBRE – COM EMPREGO

CAMPO DE PODER

Ele vai nos dizer que esse é o lugar que corresponde ao campo do poder, é a
partir desse campo que podemos atribuir valores simbólicos as pessoas.

Podemos atribuir prémios, diplomas de qualificação, prestígio. Vai desde o poder


político, prestígio/ reconhecimento ou mesmo dinheiro (subsídios).

Por vezes a força de poder como o primeiro-ministro, polícia, instituições podem


ter poder na forma como a sociedade está agrupada nesses polos, ou quem esta definir
quais são os programas no ensino secundário está também a interferir com a sociedade
e o seu conjunto, pois a escola funciona como uma base para o futuro.

15
Vai nos dizer que aqui junto aquele polo positivo é possível delimitar uma zona
ou lugar que corresponde ao campo de poder, que é constituído por indivíduos, grupos,
instituições (escola, parlamento, entidades que têm capacidade de atribuir subsídios),
todas aquelas instituições que tem possibilidade de fazer um impacto social estão
inseridas no polo positivo do campo de poder. POIS É A PARTIR DO POLO POSITIVO QUE
PODEMOS ATRIBUIR VALOR SIMBÓLICO AS COISAS, DADO QUE TEMOS PODER SOBRE A
SOCIEDADE.

Com o polo positivo podiam por exemplo entregar um prémio nobel, o que torna
qualquer autor consagrado, o campo de poder no polo positivo confere prestígio.

Quem está no campo do poder pode conferir/atribuir valor simbólico. Vai desde
o poder político, onde esse tem a capacidade de atribuir prestígio que é onde nós
acabamos por nos situar, acaba por mais cedo ou mais tarde dar-nos reconhecimento,
ou mesmo dinheiro (quando se dá prémios recebemos dinheiro por exemplo).

Ele vai ainda dizer-nos que dentro de um ceio de poder podemos ter um grupo
de pessoas / indivíduos que se dedicam a atividades prestigiosas, são sempre
consideradas positivamente, mesmo que não sejam remuneradas, ele caracteriza essas
como as atividades culturais, e vai dizer então que em todas as sociedades se pode
encontrar um campo cultural que acaba por ser sempre considerado e visto pela
coletividade como uma questão importante.

Ele vai dizer que tem aqui no ceio do campo do poder a situação dominada, não
tem aquela autonomia que os criadores do séc. 19 tinham e que a qualquer momento o
polo positivo pode criar uma política em que pode fazer com que não se circulem os
livros que as pessoas do poder não gostam entre outras, no fundo o polo positivo tem
poder. O polo positivo é uma posição dominada.

Vai ainda dizer que existe um polo positivo e negativo, aqueles que têm mais
força e menos força, menos poder e mais poder.

CAMPO CULTURAL

Ele diz-nos que o campo cultural incluiu tudo o que é a cultura intelectual e a
cultura artística, então fala-nos do campo literário, o campo musical, o campo artístico
e depois não tem fim, pois ele está-nos a abordar uma logica para entender como é que
essas atividades que não pertencem à economia real, com valor claramente
determinado. Isso pode nos ajudar a perceber uma questão fundamental, como é que é
atribuído o valor aos bens culturais e aos textos?

A partir do princípio que é preciso que na trajetória de um autor ou de um artista,


ele vai ter de se aproximar da zona em que está alguém que o possa consagrar.

Bourdieu fala da palavra trajetória, para falar da varias posições que um individuo
ou um grupo de indivíduos vai ocupando ao longo do tempo no espaço social.

Modelo de bourdieu tem outros fatores que são interessantes, o tipo de


trajetória que as pessoas seguem também tem importância na maneira como as obras

16
são consagradas ou o autor é visto socialmente, nesta construção e no prestigio a que
nós assistimos, e podemos dar exemplo de outras escritoras que escrevem imenso mas
não conseguem chegar aqui ao campo de poder, como a margarida rebelo pinto, ao
contrario de saramago ela deixou de dar entrevista pois a seguir às entrevistas que dava
o prestigio dela baixava devido à maneira com que ela se apresentava, pois a conversa
não era adequada para o momento. Nas suas entrevistas dizia sempre que vinha sempre
de uma família duquesa, vinha de boas famílias logo começava por cima pelo polo
positivo, ela vai ganhando o seu prestigio com as cronicas, até que começa a escrever
romances e tendo ela a técnica de marketing ela faz uma especial de extrospeção do
que esta a dar, então ela foca-se no que está em altas na altura, ela vende e aumenta o
seu prestigio, até que chega ao momento em que ela dá entrevistas em revistas menos
adequadas para aquilo que ela apresentava, o que destrui-a completamente o prestigio
dela e foi descendo aos poucos e poucos à medida que ela dava entrevistas.

UM EXEMPLO DE UM AUTOR SEGUNDO O MODELO BOURDIEU( SARAMAGO):


Ele teve uma consagração simbólico a nível mundial, ele recebeu um prémio nobel, o
facto de ter recebido um premio e ter sido consagrado tornou-o uma memoria nacional.

O prestígio dele e a trajetória, desde o momento em que ele começa a publicar


e começa a escrever, não começou logo por cima, começou por baixo, ele veio de uma
família com muitos poucos meios. Saramago mostrou ao publico o longo caminho que
ele fez, um salto brutal entre começar de baixo até vir ao de cima. Digamos que se há
uma monarquia o saramago tinha nascido perto do polo negativo, ele trabalhou e não
tinha estudos superiores, trabalhou, estudou e inscreve-se no partido comunista.

Depois, entretanto, dá se 25 de abril, onde saramago trabalhava no jornal de


noticias onde há um momento entre 1975 em que o partido comunista consegue
apropriar-se da maquina copulativa. Os trabalhadores do jornal de notícias juntam-se e
fazem um saneamento das fias e expulsam os chefes. Entretanto a situação muda em
1976 depois do dia 25 em que tentam restaurar um regime democrático e quem foi para
a rua foi saramago. O que dificulta ainda mais a trajetória dele.

Saramago tenta então com a escrita, começa a escrever qualquer coisa, um


momento em que tem tempo e tenta a sua sorte na escrita.

O primeiro livro não tem grandes vendas por parte da Bertrand e a seguir quando
ele vai apresentar o seu outro manuscrito rejeita, visto que o 1º livro foi um desastre
nas vendas. Então o partido comunista fundou a caminho, que o ajudaram e fizeram
com que o próximo livro ganhasse um reconhecimento, os próximos livros começam a
ser traduzidos e o prestígio aumenta e torna-se internacional.

Mais tarde a mulher ajuda no progresso do saramago e ele muda-se para outro
pais onde começa a ganhar mais prestigio, onde toda gente ouve falar de saramago,
onde saramago fala sobre a ditadura de Portugal em que essa não deixava as pessoas
serem livres, ter direita a expressão, através disso o prestigio sobe torrencialmente e ele
torna-se conhecido ganhando ate um premio nobel. E é com esse prémio nobel que ele
é consagrado e esta no campo do poder, quando bourdieu diz que há uma proximidade

17
enorme junto ao campo de poder e campo cultural as pessoas têm prestigio e são
consagrados.

Saramago é um excelente exemplo pois ele aproxima-se do prestigio da


sociedade, e aproximar-se do campo do poder e do campo cultural.

Noção de trajetórias ( um autor consagrado e uma autora que até é boa mas
não consegue atingir o campo de poder): Serve para o ilustrar a ideia de bourdieu, a
ideia de que o campo cultural funciona como a economia ao contrario, ou seja não é
porque se vende muitos livros logo no inicio que se tem consagração garantida.

O que incluiu o campo cultural?

Inclui tudo o que tem a ver com a cultura intelectual e artística. Pode ajudar a
perceber de que forma é atribuído valor às obras de arte, bens culturais.

Olhando novamente para o esquema:

O modelo teórico permite ter uma visão dinâmica daquilo que chamamos
estudos literários ou seja da ciência das obras e dos autores e dos textos, e quando digo
visão dinâmica é passar de um primeiro modelo, o dos estudos literários quando são
criados no séc. 19 e que nos apresentam uma espécie de galeria de grandes autores que
são simultaneamente modelos da maneira como se deve escrever mas como também
devem encarnar os valores cívicos da nação, vimos que a historia literária ou a literatura,
estudos literários nascem com esta marca nacionalista que tem que ver com o momento
em que a disciplina se constitui como ciência e por isso estudamos a cultura portuguesa,
francesa etc.

E realmente a primeira atitude foi assim como vale a pena estudar as historias
das nações independentemente de cada nação ter a sua personalidade, os seus valores,
a sua

18
historia, independente das outras, e portanto isso naquela altura no séc. 15 finais do
séc. 18, época durante e depois das invasões napoleónicas da europa, há esta
necessidade/vontade de soberania, independência, que várias cidades europeias se
sentissem pertença de uma determinada personalidade nacional, mas o resultado foi
não só criar juntamente com esta nova disciplina que foi a historia nacional a disciplina
de literatura nacional.

Portanto nós vamos encontrar sempre aqui marcas politicas, que marcam no
sentido marcas nacionalistas, os estudos literários nasceram como uma espécie de
ilustração daquilo que as torna na historia encontrando diferenças entre cada povo,
cada nação, pais.

Naquela altura até a maior parte desses países até eram monarquias ainda. Nesta
tentativa de encontrar nos poetas, nos escritores exemplos de bem escrever, de bem
ter, e de transportar para a escrita aquilo que naquela altura era os valores da
portugalidade, o resultado foi a criação de uma galeria de figuras, esta tal ideia de lista
de bons autores, lista de datas e lista de obras.

Bourdieu vem então ajudar, pois hoje já não conseguimos estudar literatura
assim, já não é suficiente para nós aquela lista de autores, datas e obras, mas nós
precisamos de outras respostas outras perguntas, na atualidade fazemos perguntas que
se calhar no séc. 19 ninguém fazia ou que eram questões que não era do interesse de
ninguém.

A nós interessa-nos por exemplo saber em que condições os textos surgem,


quem escreve, o que escreve, para que escreve? Será que usam os textos como forma
de entretenimento? São questões que atualmente fazemos, e que uma historia literária
tal como ela foi construída no séc. 19 não dá grandes resposta a essas questões, a
historia literária do séc. 19 é a galreia das grandes figuras que trazem os valores
nacionais.

Este modelo é o mais moderno, houve tentativas de introduzir dinamismo nos


estudos literários anteriormente no caso português encontramos por exemplo o grande
manual da historia da literatura, esse livro foi a maior historia da literatura portuguesa,
foi uma obra de tal forma monumental que depois é difícil produzir uma coisa tao
exaustiva que ultrapassa aquilo que foi feito, na altura em que essa obra foi publicada
tinha então uma novidade, ele era um homem dos anos 60 e o que ele tenta é aplicar À
HISTORIA da literatura portuguesa e também À sua visão da historia de Portugal um
modelo do marxismo/materialismo dialético isto porque o marxismo desenvolve-se a
partir de uma visão do que é e como funciona a economia na sociedade, e na verdade
bourdieu vai partir de uma analogia entre os estudos literários e uma economia e
amaneira como essa funciona nas sociedades.

É uma primeira tentativa de partir de uma ideia que cada sociedade produz uma
tensão entre aqueles que tao no poder e aqueles que estão numa situação dominada,
que desse confronto e dessa tensão a que ele chama luta de classes nasce uma nova
realidade ou uma nova fase, que entretanto quando chega ao poder tem de novo/ cria

19
uma oposição com aqueles que estão numa posição dominada e assim vai avançando.

António José saraiva (história da literatura portuguesa) vai procurar onde vai
aparecer a burguesia, onde aparece nobres e tem de haver luta de classes e assim vai, e
associa isso à produção de textos, a quem é que esta e quem é promovido ou quem esta
em situação dominante para difundir os seus textos, quem é que não tem acesso à
cultura e tenta estabelecer uma narrativa com algum dinamismo. Portanto a verdade é
que há muita informação e é interessante pois as vezes aplicação do modelo cria ali
incongruências e dificuldades. Nesse sentido o modelo de bourdieu dá um passo em
frente, muitos autores inspiram-se em Pierre bourdieu.

Precisamos de uma forma de organizar essas perguntas que permitem dar


respostas:
• Quem escreve?
o vai nos dizer quem escreve
• O que escreve?
o um autor não escreve qualquer coisa e o que escreve vai nos dar
a dimensão do que é a sociedade naquela altura
o Em todas as sociedades nem sempre se escreve tudo, há coisas
que não fazem sentido escrever.
• Para quem escreve?
o Existe um determinado tipo de publico
• Com que intenções?
• Com que condicionalismo?

Modelo de Bourdieu & a Literatura


Espaço social é uma abstração das sociedades, em que a cada sociedade chama
um espaço social, ele diz que em cada sociedade há aspetos positivos e que toda gente
quer (todos querem ter segurança, dinheiro e paz) e existe ainda o polo negativo( sem
dinheiro, sem paz etc.).

Ele vai nos dizer então que na zona de prestigio, entre aquilo que é mais
prestigiado em cada sociedade nós podemos delimitar mais outro retângulo que é o
campo de poder, onde diz-se que há um campo do poder que são todas aquelas
instancias, aqueles indivíduos, aqueles grupos que conseguem ter uma posição
dominante no espaço social e conseguem te lo por muitas razões, mas especialmente
pelo facto de se encontrarem em posição de decidir, tomar decisões e distribuir
recursos( simbólicos ou matérias), são vistos como agentes que podem atuar ou agir no
campo do poder, ai ele inclui pessoas como o rei( monarquia absoluta), primeiro
ministro, instituições, parlamento, isto para falar do poder politico e o poder das escolas
e da universidade, dos tribunais( onde podem aplicar, leis julgamentos),aqueles que
atribuem subsídios.

No caso da literatura é os editores, o caso de ele publicar ou não publicar o livro


isso causa uma grande diferença, isso interfere na estrutura do campo pois se o editor
não quiser publicar o livro do autor ele não publica.

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Ele vai determinar então um outro campo o campo cultural, vai dizer que é aqui
que esta o campo literário, e vai dizer que esses retângulos estão dentro uns dos outros
pois ele imagina isso para dizer que há uma proximidade muito grande entre o campo
cultural e o campo do poder, ele diz que o campo cultural encontra-se em situação
dominada no interior do campo do poder, esta ideia de situação dominada é em
portante pois permite-nos entender que as circunstancias em que os textos circulam
numa determinada sociedade estão dependentes da estrutura de poder dessa mesma
sociedade, o modo como a sociedade se organiza politicamente( quando olhamos para
o campo literário é importante perceber a importância que tem atribuição de prémios
por exemplo, pois essa tem uma interferência, pois podemos receber um premio onde
não há uma renumeração mas há créditos como podemos ter os dois, e é isso que é
importante e dás-nos entender a diferença entre o real e o simbólico, o que é a
economia dos bens materiais e a economia dos bens simbólicos), há todo um sistema na
literatura, e é por isso que o estudo da literatura é importante serve para percebermos
as sociedades.

Uma questão que tem sido muito levantada nos anos 90, levanta a mesma
questão de Arístocles, qual é a diferença entre o discurso da historia e o da literatura,
e vai dizer que os estudos da literatura e os estudos da historia nacional nascem como
disciplina mais ou menos na mesma altura e usam os mesmos recursos, a historia
também se organiza como narrativa, também tem uma sequencia cronológica também
acaba por contar aquilo que aconteceu antes e depois, ou seja, cronologicamente e
portante a diferença entre escrever a historia da literatura não é muito grande ainda por
cima os factos históricos que são longínquo nós temos que interpretar e esse trabalho
de informação é quase igual quando estamos a falar de ficções ou de históricos, que
nunca vimos no presente a ter um acesso tao direto.

Neste modelo há um aspeto fundamental que é o facto da forma narrativa ser


fundamental como as sociedades humanas, ou como ser humano dar sentido as coisas
e quando estou a propor um modelo estou a organizar a nossa experiencia com uma
determinada situação.

Esta questão da importância da forma narrativa resolve-se ou tem esta solução


com a forma como o ser humano dá sentido as coisas( forma como nós organizamos a
nossa memoria na forma narrativa como se fosse a nossa cronologia desde que
nascemos até ao momento), esta é a forma de organização de documentação, do saber
histórico e organização mental e é neste sentido que vale a pena pensar como é que
estas ciências humanas acabam por ir buscar a experiencia humana muito por a sua
cronologia, como é que elas nos podem ajudar a encaixar e a entender os nossos dados.

A partir deste modelo conseguimos perceber que as pessoas, instituições etc.


lutam pelos bens simbólicos, tentando aproximar-se dessa zona do campo de poder,
seja de poder simbólico, subsídios, económica. Campo do poder permite-nos pensar que
para que tudo isto possa funcionar é necessário haver uma dinâmica semelhante, uma
dinâmica com mais poder e promover aquilo que faz.

Noção de trajetórias (um autor consagrado e uma autora que até é boa mas não

21
consegue atingir o campo de poder): Serve para o ilustrar a ideia de bourdieu, a ideia de
que o campo cultural funciona como a economia ao contrario, ou seja não é porque se
vende muitos livros logo no inicio que se tem consagração garantida.

Como é que um jovem talentoso consegue ser visto como um grande autor,
como é que se atinge esse prestígio?

Um aspeto fundamental para que isso aconteça é o facto do autor ter que estar
em cima, ter que estar no polo positivo( vir de cima), não é fundamental vender muito
mas sim aparecer, a obra ser colocada nos lugares certos, o autor tem que contruir a sua
imagem nos locais certos.

Há todo uma questão à volta da maneira como a obra é promovida, a escolha do


editor também tem a sua importância, há editores com mais prestigio que outros.

TUDO Desde do momento em que o livro ou o texto sai para a rua e o momento
em que se começa a falar nele tem impacto e tem impacto porque depende da
valorização e da circulação e tudo a volta do texto depende de uma reforma a volta do
texto, uma construção.

Tem que existir uma preparação, tem que existir alguém, uma identidade uma
instituição que tem a capacidade para dizer e prosseguir com a consagração do deixo,
tem que olhar e dizer que isto é bom ou isto não é um bom livro, são essas as entidades,
personalidades etc. que variam com as sociedade e variam com ao longo do tempo e
conseguem promover determinados textos, é essas instancias que pode ser o rei por
exemplo( no sec16 por exemplo camões consegue graças aos lusíadas uma pensão que
é atribuída por Sebastião e que é atribuída porque camões tinha amigos na corte, pois
se lermos o Alvará que Sebastião atribui a camões não há margem para duvidas se ele
leu ou não a obra de camões, e isto mostra-nos a forma como o rei nessa altura
mandava, a forma como eles mandavam nos professores para apresentar camões e não
nos podemos esquecer que o rei tem o poder para consagrar as obras, isto também
explica várias coisas, os poetas da geração de camões e mesmo o próprio camões toda
a poesia daquela época que circulou muitíssimo, pois temos referencias sobre tudo de
camões e chegaram até nós uma quantidade de cadernos/ manuscritos, a poesia
daquela época não é a mesma poesia que atualmente e hoje em dia conseguimos ter
acesso facilmente coisa que não acontecia, já para não falar na facilidade que existe nos
dias de hoje, nos dias de hoje temos tempo livre e antigamente isso não acontecia e não
havia estudos suficientes no que toca a escolarização para que a poesia de hoje e
facilidade de circulação de textos de hoje seja igual à do séc. 18).

Na poesia do séc. 16 existe tantos poemas anónimos e tantas duvidas na


atribuição de poemas pois não se tinha a certeza se isso realmente aconteceu, ou se foi
só isso que aconteceu pois os autores morriam antes mesmo de lançar os seus livros
então não havia certezas de nada, esta gente que produziu tantos textos e que ate
conseguiu adquirir uma boa reputação com a sua poesia e não as publicaram, mas quem
foi consagrado nessa altura também não precisava de passar pelas impressas pois o rei
é que mandava se o rei gostava, aquele texto era logo publicado, e através disso via-se

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a forma como é que a politica mandava e como é que se consagrava os autores nessa
época.-----> Ideia de que há instancia( individuo, organização, grupo) de consagração ou
de legitimação( aquilo é que é o verdadeiro poeta/ alguém que tem o poder) por
exemplo quem recebe o premio Nobel e quem atribui.

PARA QUE ESSA PESSOA SEJA UM BOM AUTOR, TEM A VER COM O
RECONHECIMENTO SOCIAL QUE ESSA TEM E QUE SE PODE OBTER DE VÁRIAS MANEIRAS,
MAS ESPECIALMENTE CONTRUINDO A SUA REPUTAÇÃO MAS AINDA EXISTE VÁRIOS
FATORES COMO A EDITORA, TIPO DE TEXTO, SOCIEDADE. SÓ SOMOS RECONHECIDOS SE
ACERTARMOS NO PUBLICO.

Este modelo é dinâmico porque nos fala na maneira como as coisas são expostas
e produzidas logo à cabeça.

Exemplo: Sá Miranda para alem de receber um subsídio recebeu ainda uma


quinta por parte do rei e ficou a viver dos rendimentos (existe uma consagração).

Cânone é a lista dos autores que são reconhecidos como grandes , são
considerados exemplares como eça de queiros, fernando pessoa, camões.

Modelo de Bourdieu – Conceitos a reter


Modelo teórico do bourdieu – a coisa mais importante para nós neste fase é na
verdade perceber que estamos perante um objeto de estudo, que tem uma parte que é
fácil de avaliar, uma parte material, o nosso objeto de estudo e as nossas analises e a
própria natureza daquilo que nós estudamos tem uma dimensão a nível do valor
simbólico( distinção que o bourdieu faz entre a economia real e a economia dos bens
simbólicos), que é ai que nós temos que trabalhar e que nós temos a consciência, não
faz os estudos literários uma matéria menos cientifica, transforma é numa matéria que
cuja a atitude cientifica corresponde à noção que nem tudo o que temos à nossa frente
é quantificável em termos de dados da economia real por exemplo e que temos que ter
em conta quando trabalhamos com este objeto, com os investimentos simbólicos e
emocionais, toda aquela parte do humano que tenta ser esquecida em alguma parte das
ciências exatas.

Conceitos fundamentais:

Campo: para bourdieu estas sociedade funcionam como campo de forças. Ele vai
nos dizer que as sociedades são campos de forças, ou seja, jogam-se permanentemente,
tem indivíduos, grupos e instituições que estão em permanentemente em competição
por alcançar bens reais e bens simbólicos, aquilo que em cada sociedade é considerado
prestigioso (tanto do ponto de vista económico e cultural).

Esta noção de campo ele vai estendê-la à própria organização do campo da


cultura, vai dizer que no ceio em todas as sociedades há um campo cultural, que se
define de forma diferente conforme a estrutura social.

Se partirmos do principio que Quem esta no campo do poder, em que as


instancias dominantes são o rei ou se estivermos noutra sociedade em vez do rei é um

23
parlamento, um primeiro ministro, um poder judicial e assim vai, o resultado vai ser
diferente (não uma competição por um lugar ao sol, não uma competição por um lugar
de prestigio mas sim as formas de alcançar essa consagração), nos podemos aplicar este
modelo a sociedades com estruturas muito diferentes, tudo isto pode ser visto como
variáveis que são preenchidas de acordo com o momento histórico, sociedade e etc.

Portanto esta ideia de que a noção de campo e a própria expressão que ele usa
do campo cultural, campo literário, campo artístico passa neste nosso universo teórico
a ter uma dimensão que é diferente do nosso uso e das nossas palavras.

A noção do espaço social, maneira que ele designa a sociedade no seu conjunto,
o conceito de campo do poder, em que para ele todos os que tem a capacidade de
legitimar, consagrar, de dar valor de maneira consistente e com impacto da sociedade
no seu conjunto, fazem parte do campo do poder e que a nós nos interessa pois o campo
literário, campo artístico, campo cultural se encontra muito perto do campo do poder
mas em situação denominada, ou seja é uma zona de prestigio mas esta sujeita às
interferências daqueles que têm capacidade de legitimar, consagrar, configurar.
Chamamos a isso instância de consagração ou instâncias de legitimação.

Ideia de que há indivíduos, instituições, grupos que se encontram em situação


dominada e há outros que se encontram em situação dominante, isto porque, faz parte
da dinâmica do espaço social.

A partir daqui podemos e tendo em conta esta ideia de que no campo do poder
se encontram estas tais instancias de consagração, podemos realmente avançar para
uma definição do que é a literatura, tendo em conta não só os grandes autores, os
grandes textos que não seja apenas uma listagem mas que explique porque é que cada
sociedade vai produzir uma listagem dessas, uma sociedade que vai ter os seus heróis,
os seus modelos, os seus exemplos, vai ter aqueles que vão consagrar grandes autores
e outros que vão cair no esquecimento.

O facto de o campo cultural estar próximo do campo do poder mostra-nos de


que forma os grandes autores são grandes autores, mostra-nos a forma como os textos
são produzidos e permite-nos problematizar a questão do valor, ou seja se nós partirmos
do principio Que são todas estas instâncias e podemos encontrar na escola digamos
acrescentar se quiserem a igreja que é a instituição eclesiástica, que tem peso muito
grande durante toda a idade média toda a idade moderna e ainda Hoje tem algum peso
apesar de não ser a estrutura dominante de poder nas sociedades em que nós vivemos
e partimos do princípio que são estas instâncias de consagração que no fundo
configuram o campo, ao consagrar e dizer isto é que é bom e isto é que é mau, isto é
que é legitimo, e então percebemos que aquela questão de perceber qual é a diferença
entre os texto literário e os textos não literários, se calhar coloca-se aqui, ou seja:

Quem é o grande autor? É Aquele que foi consagrado como autor

qual é o grande texto? é aquele que foi considerado um texto exemplar e isso
explica a formação que agora daquilo que se chama o cânone.

24
O próprio conceito, a própria ideia do que é a literatura também muda ao longo
tempo, se para Aristóteles era um texto que era transmitido oralmente, seja através da
recitação, seja através da representação, depois da invenção da imprensa o que a
literatura está marcada por essa ideia de que o texto é fixo, foi fixado num papel com
letra de fôrma, e que tem uma versão autêntica e que todas as outras se enganam.

Portanto de facto temos que entrar aqui como sempre quando trabalhamos
como as coisas humanas, temos que entrar com O Tempo, com o fator tempo/historia,
e precisamos de um modelo que NOS permita ter flexibilidade suficiente para entrar em
linha de conta com o fator tempo e perceber que a ideia do que é a literatura não é
sempre igual, está intimamente ligada à sociedade em que os textos e os seus autores
vivem e circulam, e dependendo do tipo de sociedade em que se está, para a qual em
que estamos a olhar, vamos encontrar maneiras diferentes de se relacionar com os
textos, vamos encontrar maneiras diferentes de promover o texto produzido, vamos
encontrar até maneiras diferentes de encarar o que é a escrita, aquela escrita que
Aristóteles dizia que era diferente da escrita do historiador, escrita que nós às vezes
chamamos criativa, de ficção, de argumentativa, aquela escrita que não é simplesmente
uma narrativa que precisa da prova do real para existir.

Existe 5 perguntas fundamentais:

• Quem escreve?

o É uma mulher? Homem? Criança? Rei? Um idolatrado?

• O que escreve?

o Dá dimensão ao que é a literatura daquela época

o Pode existir inquisição literária

• Para quem escreve?

o Para rei? um vocabulário tão complexo que só o grupo social dele


entende?

• Com que condicionalismos?

• Quem escreve?

Nós só temos estas perguntas em relação a um texto, conseguimos ter uma Visão
podia dizer poliédrica não é 3D acerca desse texto, quem é que escreve? ISTO faz uma
grande diferença é um homem? Mulher? Uma criança? Rei? é um camponês iletrado?
ISTO já NOS diz muito sobre aquilo que temos à nossa frente.

Depois o que é que escreve? porque dentro de todas as possibilidades de criar


um texto um autor quando vai escrever não escreve qualquer coisa, o que escreve vai
NOS dar também a dimensão do que é naquela sociedade a literatura, ou seja, escreve
um soneto? Nós no século 21 quem é que escreve sonetos? é raros, é como se fosse
forma que está muito associada a uma época específica, que aquela época no caso

25
português depois que Sá Miranda introduziu o soneto na literatura portuguesa, Sá
Miranda depois da primeira metade do século 16 ninguém conhecia o soneto.

Então o que escreve( género) tem a ver com a forma, tem a ver com o assunto,
nem todas as sociedades se pode falar de tudo, ou se pode escrever sobre tudo e
inclusivamente há uma ideia de que certos temas são próprios para a literatura, e outro
que não são próprios para a literatura. Por exemplo a lista das compras, no século 20
tem que estar muito bem encaixada para podermos considerar que é um texto de
criação, que é um texto que vale a pena difundir, pelo qual os leitores se possam
identificar, portanto esta ideia do que escreve vai bater com o género, a própria
estrutura que gera o que escreve, a temática em que se escreve, o tom e o estilo que se
escreve tudo ISTO vai acrescentar significado e se nós indagarmos para olhar para o
texto que pensamos vamos lá ver o que é que está aqui à nossa frente, nós vamos ter
uma dimensão acrescenta uma outra dimensão à nossa leitura.

Para quem escreve? Para o rei, escreve-se para ter muitos leitores, escreve se
para ter leitores muito cultos, eruditos que têm só uma cultura tão especial e só eles
podem entender o que lá, para quem escreve? Para que leitores? Sim porque havia livros
destinados apenas a umas certas pessoas, por exemplo aqueles autores que mesmo
nesta altura estão a escrever em latim e temos uma fruto de literatura chamada Neo
Latina no século 15 no século 16 porque era tão grande fascínio pelas obras da atividade
e as pessoas as camada culta aprendia latim logo aos 4, 5 anos de idade e realmente
depois escrevia em latim era para quem não era toda a gente, era para um grupo de
gente iniciada que tinha aquela capacidade de decifração daquelas obras. Portanto se é
diferente? se escreve para o grande Público?

Com que intenções? As intenções de um autor não estão sempre assim à vista à
cabeça, as intenções podem ser varias por exemplo agradável ao príncipe, pode ser
conseguir uma tensa, por exemplo para conseguir uma pensão vitalícia caso do Camões
com os lusíadas.

Com que condicionalismos? ou seja o que é que condiciona essa escrita, porque
nós realmente em princípio partimos do princípio que a nossa criatividade é LIVRE, nós
podemos escrever sobre aquilo que NOS der na cabeça, mas se nós queremos escrever
um texto para o difundir, e para que ele seja lido, se calhar não podemos escrever sobre
tudo e sobretudo em sociedades que têm formas de censura repressiva, por exemplo
em que certos temas são absolutamente Tabu e que podem levar inclusivamente à
cadeia, por exemplo na cultura portuguesa, na época em que tinha o controlo da revisão
dos livros, mas mais recentemente no tempo da ditadura havia uma comissão de
censura que se encarregava também de apreender livros e de por em tribunal os seus
autores.

Estes exemplos permitem-nos perceber o que é que bourdieu nos quer dizer
quando nos diz que o campo cultural esta em posição dominada no campo do poder,
em qualquer altura o Presidente pode intervir e dizer já escreveu sobre este assunto
então vai ser preso, considera conteúdo inaceitável, conteúdo proibido no caso do
século 16 podia simplesmente ser a defender uma Visão desfiando da religião tal como

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era ensinada pelo catolicismo. Este é um tipo de condicionantes, outros tipos de
condicionantes são as económicas como eu quero que o meu livro venda, porque estou
aflito e preciso de dinheiro, então vou procurar temas que sejam vendáveis (por
exemplo de romances que escreve Camilo Castelo Branco que estão cheios de pequenas
histórias da província que ele depois escreve muito bem, tem um estilo que agrada, tem
um sentido de humor que agrada, tudo isso não me punha em causa o que seja um bom
escritor, mas de facto é um homem que escrevia um ou 2 livros por ano porque vivia da
escrita não tinha outro meio de subsistência).

São estas perguntas que se nós conseguirmos responder temos a história toda
do texto e temos também uma Visão do que é a sua vida, ou seja, independentemente
deste texto ser ou não canonizado, nós conseguimos perceber de onde é que ele vem?
como é que eles se espalhem? como é que ele depois chega aos leitores, aos políticos
se quiserem pode transformar-se numa bandeira da identidade nacional pode
transformar-se em muita coisa NOS textos podem ser usados de muitas maneiras.

CÂNONE LITERÁRIO – APONTAMENTOS DE AULAS


– Literatura como uma ciência –
Cânone - contexto
Cânone é constituído por aqueles autores e pelas suas obras, é a lista dos autores
considerados exemplares, autênticos, legítimos , esses é que são considerados os
grandes em cada sociedade, esta parte do em cada sociedade tem que se diga porque
no século 16 aquilo que é considerado um grande autor não vai ser a mesma coisa do
que no século 21 o que é que nós consideramos um grande autor, pois aquilo que se
considera o que é a literatura, que é artisticamente também não vai ser igual, e
conseguimos perceber Se nós pensarmos num quadro daqueles do renascimento, uma
adoração dos pastores em que tem paisagens que são mais reais do que o real podiam
ser fotografias, aqueles belos quadros do século 16, essas pinturas figurativas que
representa de maneira quase fotográfica antes da fotografia uma realidade, e mesmo
na pintura Sacra ela aparece vestida com as roupas da época, numa paisagem que seria
a paisagem que era conhecida do pintor que a representa de maneira irreconhecível,
isso era saber pintar no século 16 no século 17 e no século 19, e em parte do século 20
até ao momento em que com a invenção da fotografia deixou de ter graça, pois a
fotografia fazia muito melhor que a pintura, e aí começamos a ter outras maneiras de
encarar o que é a arte e a partir daí se nós pegássemos no quadro de Picasso ou em
qualquer quadro e andássemos para trás no tempo e apresentássemos isso na academia
platónica de Veneza do século 15 as pessoas não achariam que aquilo seria arte.

O cânone na verdade é o resultado desta dinâmica do campo e o resultado da

27
existência em cada momento de instâncias sejam elas a escola, o rei, primeiro ministro,
a igreja, um prémio literário enfim todas estas instâncias que vão assinalar, que vão
sinalizar certos autores como sendo os melhores, os mais importantes.

Isto quer dizer que cada vez que tenho um manual de historia literária nunca
encontramos a mesma lista, à medida que O Tempo vai passando há uma lista que vai
ficando ali um núcleo duro, uma espécie de núcleo duro que está lá sempre, Camões por
exemplo esta la sempre, Garret, Eça de Queiró, Saramago também pois ganhou o premio
nobel e depois há umas outas figuras que vão entrando e saindo conforme as épocas e
conforme quem o historiador(aquele que está a produzir narrativa da história literária)
vai para organizar a sua narrativa, e aqui entramos com uma outra questão, se o cânone
é uma lista as listas só por si não dizem muita coisa, só dizem que quem conta a historia
considera quem são os mais importantes, é necessário organizar a lista, é preciso pegar
nesses autores e criar uma narrativa, narrativa que organiza os factos do literário é a
historia literária, e como o próprio nome indica vai situa-los no tempo e portanto a
narrativa da historia literária, os manuais da historia literária são organizados
cronologicamente e sequencial desta lista, da lista dos autores considerados os mais
importantes de uma determinada literatura. E assim percebemos que as literaturas se
organizam de forma nacional até pelo próprio momento em que a disciplina é criada.

Termos noção destas instâncias de consagração é um aspeto muito relevante


para nós pois é a partir desse pressuposto que existem instancias que têm a capacidade
de consagrar determinados autores e determinadas obras, nós podemos entender como
é que estas listas são feitas.

O cânone é contingente, portanto quando nós dizemos que aquele autor é um


grande autor, é um grande autor de acordo com quem? Para quem? Temos de distanciar
do que é a nossa visão pessoal e perceber quem é o autor, quem consagrou, como é que
foi recebida, como é que foi vista ao longo do tempo? Essas questões vão nos dar uma
visão mais dinâmica e também nos retira aquela ideia de que há grandes autores e que
há aqueles autores assim, dependendo de quem esta a consagrar, os grandes autores
podem ser uns e os pequenos podem ser outros, e os pequenos de hoje podem ser os
grandes de amanhã.

Hoje há mais consciência de como é que o cânone é elaborado e como é como é


contingente dependendo da sociedade, quem é que está em uma posição dominante
uma posição suficientemente importante para conseguir consagrar a sua opinião nós
não temos quase manuais de história literária novos temos um cânone escolar e tirando
o cânone escolar praticamente não temos manuais, como aquela grande narrativa como
António José Saraiva e óscar Lopes fizeram temos ali tijolo em que eles começam na
idade média, poesia trovadoresca e terminam na contemporaneidade deles anos 80,
não se vê por parte das gerações que vieram a seguir essa certeza, esse à vontade para
construir uma narrativa em que se diga claramente que estes são os bons e estes são os
maus, então o que nós assistimos no discurso crítico sobre os estudos literários sobre a
literatura portuguesa por exemplo são estudos parciais, que vem dizer, olha este autor
vale muito a pena ler ou publicam-se textos que até agora não tinham sido publicados
ou volta-se a republicar textos dos quais não havia edições disponíveis, essa consciência

28
que nós Hoje temos de desta contingência não é de que ISTO varia ao longo do tempo
depende da sociedade em que se está, depende de quem é que consagra parece-me
que conduziu foi uma espécie de inibição.

Há autores que estão completamente consagrados na nossa sociedade


contemporânea vou dar um exemplo é Sophia de Mello Breyner que até foi transladada
para o panteão e que não aparece referida nessa obra por exemplo e quem diz este diz
uma série de outras figuras consagradas e portanto o que me parece que acontece na
nossa contemporaneidade é uma dificuldade muito grande, porque temos consciência
dos mecanismos da consagração e do valor, e temos uma grande dificuldade em
estabelecer uma lista credível e portanto o que conseguimos talvez é fazer uma lista
dedicada às escolas olhar para o cânone como uma coisa pedagógica, que ele foi sempre
desde do inicio só que era destinada à população, à comunidade para se rever naquela
lista.

Portanto o cânone escolar é a lista das coisas mais importantes que alguém que
seja desta cultura deve conhecer, a lista há aqui uma espécie de obras que todos os
alunos têm que conhecer para ter cultura geral, para se sentirem parte da cultura
portuguesa, para quando falarmos com os outros terem um ponto ali de comum e uma
referência identitária e acaba por um lado enquanto historiadores, estudiosos, desde
lado de quem está a estudar, de quem está a tentar perceber de como é que tudo ISTO
se constrói conseguimos perceber que o valor é volátil/contingente, depende de quem
é que consagra, depende das obras, da temática, do estilo, da maneira de escrever, tudo
ISTO tem que ver com momentos específicos da história e visões que se tem em cada
momento mais difundidas do que deve ser uma obra literária, mas a verdade é que os
textos também servem para isso para construir pontos de referência, criar uma sensação
de pertença a uma cultura e de facto Hoje se existe uma utilidade para o cânone,
falamos da utilidade pedagógica, o facto de aprendermos as coisas acertadamente e
separadamente, sabemos o que é o estilo romântico, a poesia, em que anos foi
cronologicamente e é exatamente isso o que o cânone faz.

Nós conseguimos perceber que é possível promover um autor pela sua promoção
da sua obra sua ou do seu nome no cânone escolar, como Saramago que já lá está há
muito tempo, no entanto também é possível deixar cair outros e, portanto, é aqui que
assim como há autores que foram introduzidos no cânone escolar houve muitos outros
que deixaram de ser também.

O que é interessante para nós é esta ideia que o cânone tem um interesse lógico,
tem um interesse didático, mas é o resultado de escolhas que NOS transcendem e que
são feitas por aqueles que têm a capacidade de consagrar.
Cânone – definição
O que é a literatura?

A ideia de que uma vez os estudos literários, tal como os estudos históricos, e tal
como as ciências humanas são incompreensíveis com o tempo em que são produzidos,
fora do contexto social em que são inseridos, a proposta de definição da literatura é

29
aquilo que num dado momento, numa dada sociedade considera o que é a literatura.

Depois da década de 70 e 80 havia uma grande discussão em torno de como é


que podemos decidir se é ou não é um texto literário, esta pergunta era durante muito
tempo respondida dizendo que devia haver uma característica inata nos textos que os
permitisse fazer essa distinção.

Conceito de literatura por Ferraz:

Ela diz que se "presumir para se saber o que é a literatura o termo precisa de ser
conceptualmente delimitado, deve-se acrescentar por uma tentativa de definição, isto e,
neste caso, o modo menos adequado para se conhecer aquilo que se esta a falar", ela
diz-nos que estamos a lidar com uma espécie de entidade misteriosa que se tentarmos
definir não a vamos compreender, que é a pior maneira de conhecer.

Diz-nos ainda que estamos a trabalhar numa coisa que não se pode definir, e que
não é possível definir a literatura, até PQ se tentamos definir, como o caso da
eletricidade não a vamos conseguir compreender.

"mas não é tanto por uma questão de indecisão de limites que se nos impoe a
recusa de definicao ate porque a propria definicao de literatura implica a não
definição"," com efeito depois de 3 quase 4 decadas ter se tentado encontrar na
formulação do que possa ser literariedade as propriedade do discurso dito literario,
parece cada vez menos necessario falar de literatura como de uma especificidade
distinta de si de outras praticas discursivas". Há 30 ou 40 anos que andam a volta da
questão da literatura e ver se tem a caraterística da literariedade, procuram ter a
capacidade de distingui logo o que é ou não é um texto literário e chega-se há conclusão
que não se consegue definir a literatura.

A autora chega ainda a arranjar maneiras de definir a literatura, vai questionar a


questão principal, se quisermos definir a literatura a partir de uma especificidade dos
textos, não vamos chegar muito longe, mas podemos definir sim se partirmos do
principio que o valor dos textos não esta neles mas que é atribuído a partir de fora, a
partir dos mecanismos da instancia da legitimação, daquelas entidades, indivíduos e da
politica que estão no campo do poder, que tem a capacidade de consagrar e dizer isto é
bom , isto não é bom, isto vale a pena estudar e isto não vale a pena estudar.

Chegamos a conclusão que é impossível definir o que é a literatura e se esse texto


é ou não é literário.

A indecisão de limite impõe a recusa da definição do termo, ate porque a própria


definição de literatura implica a não definição. A literatura não se consegue definir.

Se quisermos definir a literatura a partir da especificidade dos textos temos de


ter a ideia de o valor do texto não está imposto em si, mas sim a partir de caraterísticas
externas, das instâncias, dos agentes que legitimam, das pessoas do campo do poder,
no valor que damos, enquanto nós leitores, pois somos nos que damos valor ao livro, os

30
leitores atribuem um valor simbólico ao livro.

Jakobson formulou esta possibilidade de existir uma fórmula mágica de


distinguir um texto literário de um que não o é.

Como é que, a partindo de o valor, a qualidade, a literariedade, tudo isto


caraterísticas atribuídas externamente pelas instancias de consagração/legitimação.

A literatura é aquilo que numa determinada sociedade definem de literatura.

A partir do modelo de Bourdieu falamos ainda de outro mecanismo, que tem a


ver com a maneira como os textos literários são organizados e são estudados. É um
mecanismo de canonização que tem que ver na verdade com as utilizações
pedagógicas/didáticas dos estudos literários, até alguma coisa que nós herdamos no séc.
19, herdamos por causa de um momento em que temos gente que se preocupa em
definir o que é a personalidade de uma certa nação, o que é especifico daquela nação,
e acho que os textos dão uma imagem do que é a cultura ou a identidade nacional.

Mas também impulsionados por outra ideia, que é o se queremos que uma
população tenha consciência de pertencer a uma determinada cultura então temos que
lhes ensinar história nacional e literatura nacional, e portanto temos aqui uma vocação
didática, uma intenção pedagógica que está associada a esta ideia do cânone (lista dos
autores, das obras, dos textos).

O QUE É O CÂNONE?

Resumo do artigo de Carlos reis:

faz um resumo da palavra Cânone, onde dá para perceber também os tais


mecanismos da consagração que temos vindos abordar, vai ao sentido original da
palavra, vai nos dizer que o sentido das primeiras utilizações são no âmbito da esfera
religiosa, palavra vem do grego e depois vai dizer que começa a ser utilizado no âmbito
religioso, nas primeiras igrejas cristãs, para dizer que o cânone eclesiástico eram as
regras pelos quais a igreja se rege, há uma questão normativa de que isto é que é a regra
certa, é isso que temos que seguir, isto é que esta bem o que não está bem, está mal.

E é assim que se faz a lista dos autores, é isto que vale a pena, são este os textos
que temos que passar para a geração seguinte e não se pode esquecer desses textos
que são tao importantes que dizem e contribuem para a historia da nação.

Esta ideia de que esta associado ao que esta certo, à regra, à norma, do que é
autentico, do que esta certo e do que é bom, já quando se fala na musica um cânone
musical na verdade é ir buscar à palavra grega esta ideia da norma e de que é uma coisa
organizada, um conjunto de regras.

Depois vai nos dizer ainda que na literatura importa deste primeiro sentido da
palavra a ideia de autoridade (estes são os autores), autenticidade (estes são os
verdadeiros, são os melhores) e a permanência no sentido de que é um ponto de
referencia, o cânone funciona como uma referencia ele é que é um grande autor, nunca

31
estamos perdidos se soubermos, se conhecermos aqueles que estão na lista do cânone.

É feita uma seleção, relaciona-se com o problema da autenticidade do autor, o


que lê quer dizer com isto é que também se fala do cânone de um autor (por exemplo a
poesia de camões, que foi só publicada muitos anos depois da sua morte, e o problema
é o facto de camões ter morrido e não termos autógrafos camonianos, não sabemos o
que ele realmente escreveu, quem editou a poesia em 1595 foi procurar nos
manuscritos, poemas que estivessem atribuídos a camões ou que talvez fossem de
camões e hoje não temos maneira de saber se essa seleção era certa, se ele realmente
encontrou os autógrafos, então um dos grandes problemas quando trabalhos sobre
camões é delimitar o cânone da poesia camoniana, e quando falamos do cânone da
poesia camoniana falamos da lista das obras que ele realmente terá escrito).

O cânone relaciona-se com a utilização da tradição literária como referencia,


estamos a ver e a pensar logo nos usos pedagógicos desta lista de autores, e dá exemplos
dos textos exemplares a transmitir às gerações seguintes, da noção que uma autor quer
fazer alguma coisa nova e nova em relação aquilo que já foi feito, e para sabermos o que
já foi feito temos os autores cânones, pois são aqueles que estão consagrados.

Ao longo do tempo o cânone foi trabalhado sobre a formação do cânone e temos


consciência de que muita coisa foi excluída ao longo do tempo, pois o cânone é o reflexo
da sociedade em que é construída, há tendência para dizer que o cânone não vale nada
e que temos de estudar novos autores, realmente temos de estudar, deveríamos
idealmente estudar todos até reconfigurar e até mudar a lista do cânone, mas a verdade
é que a lista tem muitas utilização e uma utilidade fundamental que é a utilidade
didática, é um ponto de entrada para nós conhecermos a literatura de um país.

Já percebemos que herdamos uma postura, postura essa dos historiadores do


séc. 19 e que temos de alargar o cânone e temos que reconfigurar, esta lista não deve
estar fechada para sempre, pois haverá escritores que vão exigir essa alteração, pois o
cânone não tem que estar fechado para sempre porque os leitores e escritores e aqueles
que gostam de ler vão exigir até à lista aquilo que é ensinado nas escolas novas coisas.

O cânone tal como ele foi transmitido desde o séc. 19 até relativamente muito
pouco tempo exclui uma serie de autores por causa da própria ideologia que estava por
trás.

Nós questionarmos a forma como a lista foi feita, ou questionar a própria lista
não quer dizer que a lista não tem utilidade, a utilidade principal é didática.

Ele vai ainda dizer que esta lista está relacionada com elementos definidores
(género, corrente e de um período literário) ou seja, pode-se falar do cânone do soneto
(lista de autores que escreveram sonetos, género literário), ou o cânone romântico(lista
dos autores românticos, género romântico) ou um período literário.

E o período literário tem que ver com a maneira como é que os autores são
arrumados.

Carlos REIS vem ainda dizer que a maneira como estes autores são arrumados se

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relaciona com o ensino da literatura e com a constituição ou construção da identidade,
ou seja, do que se pretende na verdade ensinar nas escolas, juntamente, com a história
nacional é encontrar leituras comuns a uma geração que passa pela escola e que ajuda
a criar este pensamento de pertença e de pertencer a uma comunidade mais basta
(portuguesa).

Neste artigo de Carlos reis ele refere que o cânone esta relacionado também com
a periodização literária.

De uma forma resumida:

Definição de literatura

como distinguir texto literario de nao literario? deveria de haver uma


carateristica inata no texto que nos permitisse fazer essa distinção.

Romian Jakobson

1. conceito de literariedade

a. atualmente, n se fala deste conceito

b. a definicao de literatura causou tanta discussão ao longo do


tempo, tanto que a BIBLOS tem uma entrada sobre a literatura,
escrita por Ferraz

Entrada da BIBLOS - Literatura, escrita por Lourdes Ferraz

• se para saber o que é a literatura o termo precisa ser concetualmente


limitado, deve-se acrescentar que uma definição é a forma menos
adequada para se conhecer aquilo de que se está a falar.

• É uma espécie de entidade misteriosa, que se tentarmos definir, não a


vamos compreender

• É possível não se definir a literatura, até porque se a tentarmos definir,


como o caso da eletricidade, não a vamos conseguir entender.

• A indecisão de limites impõe a recusa da definição do termo, até porque


a propria def de literatura implica a NÃO DEFINIÇÃO

• Durou-se décadas para se tentar definir a literariedade, entendeu-se que


não é possível definir.

O que retiramos daqui?

A literatura não vai dizer que livros é que são bons, porque o valor não está
imposto no objeto, está no valor que nós, leitores, damos a eles, e isso são uma
caraterística externa, pois somos nós que lhes fornecemos o valor, somos nós que
atribuímos um valor simbólico ao livro.

33
O valor, a qualidade, a literariedade, são qualidades que as instâncias de
consagração/legitimação fornecem

MAS O QUE É LITERATURA??

falamos ainda num outro mecanismo que tem a ver com a maneira como os
textos são organizados, mecanismo de organizações(noções pedagógicas), herdamos
esses mecanismos no sec19, em que há gente que se preocupa em definir o que é a
nação acabando assim por achar que os livros dão sim o significado da nação e contam
a historia da nação. Ainda assim acreditasse que para que a nação seja reconhecida
através dos livros, acreditava-se que a sociedade tinha que estudar a historia da nação
e a literatura.

CANONE

• Primeira vez utilizada em contexto religioso

• vem do grego Kanon - regra/norma

• O seu primeiro sentido: conj de regras eclesiásticas - direito canónico

CANONE LITERARIO

• Na literatura reporta-se as nocoes de autoridade, autenticidade e


permanência

Vai pressupor uma seleção

• relaciona-se com o problema da autenticidade de um autor (conj dos


textos reconhecidamente escritos por um autor)

• relaciona-se coma utilização da tradição literária como referência (elenco


de textos exemplares a transmitir às gerações seguintes; tradição em
relação ao canone estabelecido)

PERIODO LITERÁRIO – APONTAMENTOS DE AULAS


– Literatura como uma ciência –
Período Literário - contexto

34
As ciências ancoradas na história precisam dessa ferramenta que é a
periodização porque as circunstâncias de uma dada sociedade, de um determinado
momento condicionam aquilo que os indivíduos produzem e a configuração dos textos.

No caso dos textos se nós imaginarmos que o tempo é linear e que temos uma
espécie de uma linha onde estaria o passado e o futuro.

Nessa imagem em cima fazemos de conta que é a linha do tempo, onde há muitas
maneiras de ver o tempo, onde definimos o tempo como uma linha.

Vendo do ponto de vista didático, do estudioso do observador, historiador, se


nós queremos trabalhar sobre os textos, o que nós temos como sempre são dados e
dados, dados soltos do séc. 15, 16,17, 14, sendo a melhor forma para organizar esses
dados todos uma lista de bons autores, e mesmo assim temos ainda uma grande
confusão, que até pode dar algo criativa.

A forma mais fácil de organizarmos os dados da literatura, os textos, tendo em


conta todas estas ideias que nós temos vindo a discutir, de que os textos vivem numa
determinada sociedade, estão dependentes das situações em que eles estão inseridos,
disseminados e consumidos e etc… o tempo é de um fator fundamental (linha do
tempo), mas o tempo é realmente uma dimensão que condiciona e que enforma a
maneira como os textos são inseridos, disseminados e consumidos. E neste sentido não
conseguimos trabalhar sobre os textos todos ao mesmo tempo (é impossível), nós
queremos trabalhar sobre os textos e temos de fazer aquelas 5 perguntas, como é que
podemos fazer isto e como organizar.

A periodização consiste numa coisa que se faz na literatura e na historia, que é


dividir isto em secções, corresponder a cada período a cada época literária ( FIGURA).

Dividir em períodos temporais mais curtos a linha do tempo e para conseguir


tornar abarcável o nosso objeto de estudo.

O que se fez foram cortes/secções do tempo, então quando se diz que o período

35
é uma secção de tempo, que é delimitada de acordo com as balizas que fazem sentido
para o historiador porque se eu tiver a estudar a história dos autores que escreveram na
corte, devo ter em conta o primeiro e último autor, a minha periodização deve ser
condicionada pelo meu objeto.

A periodização, a divisão em períodos é uma ferramenta de análise, não esta lá


para sempre nem imutável, tem utilidade, ajuda-nos arrumar os nossos dados, mas tem
que ser flexível. Portanto cada uma dessas unidades nessa figura chama-se período
literário, mas também corresponde ao período histórico.

Existe um problema, que é o das designações. A designação mais problemática é


a da idade média (séc13). A idade média é a queda do império romano até século 14.
Mas depois existe a baixa idade média, etc…. E isto mostra que conhecemos mal o que
está longe de nós.

O problema dessa designação é o facto de não sabermos onde começa


exatamente, mas sabemos que na idade média era tudo diferente não era o que é a
literatura de hoje.

A partir do séc. XV começa o período moderno (invenção da imprensa), onde


tudo muda, tentativa de recuperação do saber perdido da atividade, e a palavra
renascimento significa que a civilização renasce, a civilização antiga renasce nessa época
porque há um movimento nessa época em que é preciso ir às fontes do saber para criar
uma ciência nova, e as fontes do saber nessa altura estavam na antiguidade.

Essa época era também o inicio da ciência moderna, um dos aspetos dos
descobrimentos foi contribuir para o desenvolvimento da geografia, matemática,
cartografia, astronomia etc… , portanto começa o inicio da ciência experimental onde se
dá os primeiros passos nesta altura.

O período moderno e o inicio da ciência moderna, a questão do renascimento


vem da ideia de fazer renascer a cultura antiga e a questão do humanismo é o interesse
pelos textos clássicos e pelos textos da filosofia antiga/clássica que especulam pela
natureza humana, esse interesse pelas ciências humanas fica conhecido pelo
humanismo e tem a ver com o renascer pelo interesse de línguas clássicas que voltam a
ser ensinadas e recuperadas. Esse período moderno dura até ao séc. 18/19.

O período moderno ocupa todos estes três séculos e faz sentido juntarmos todos
quando falamos da literatura, pois durante toda esta época sec15, 16, 17 e 18, no centro
da poética, regras que regem, na verdade teoria da literatura e no centro dela está o
conceito da imitação(Mimesis) esta ideia de que para criar textos novos de grande
qualidade e interesse, o que interessa é saber muito bem o que é que foi feito antes e
reutilizar essas formulas em produções contemporâneas, e até faz sentido no ponto de
vista da historia e literário ainda que entre a literatura do renascimento e do séc. 17 (a
barroca), haja mudanças, o publico já não é o mesmo, o centro das atenções já não é o
mesmo, mas o centro da poética é a imitação.

Com a ideia de mimesis se pode fazer muita coisa. Temos um cubo, e temos

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vários observadores que só vêem do seu ponto de vista o objeto e só vai imitar o que
vê.

Então a imitação não é uma cópia exata do objeto observado, não é por 100
autores imitarem o objeto mas eles todos terão pontos de vista diferentes, até porque
1 objeto 1 ponto de vista. Portanto, a imitação clássica, barroca nunca serão iguais.

O que varia são os pontos de vista em que cada época é adotada em relação ao
objeto a imitar e que depois tem a sua consequência que é o resultado.

E finalmente a grande viragem dá se no século 19 que se chama o período


contemporâneo (nosso tempo, mas o tempo continua), onde se dá o modernismo, pós-
moderno e etc.

Os períodos literários tao muito ligados aos períodos históricos.

O nosso objeto também deve guiar-nos na nossa tentativa de fazer esta secção,
mas não há nenhuma ciência ancorada no tempo que não sinta a necessidade da
periodização, da divisão em secções que torna mais abarcável o estudo.

A história literária é a narrativa que organiza isto tudo, e se eu quiser estudar


literatura devo ler estes manuais da história literária que tem uma organização dos
dados, da ciência dos textos em forma narrativa.

Enquanto produção humana, a literatura é produzida no tempo, faz parta do


devir histórico, da evolução, faz parte desse movimento continuo da história,
corresponde a necessidade de particularizar o estudo da literatura e permite me isolar
unidades de análise que me permite estudar aquilo.

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