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NOVE NOITES

➔ Há diversos noves na narrativa: 9 noites de duração da narrativa, 9 pessoas que


dormiram na casa

Literatura Contemporânea

desvantagens: Ainda está em progresso, ainda esta produzida, ainda não se tem o
distanciamento necessário para fazer uma análise e intepretações precisamente.
vantagens: Poder conversar com o autor

Bernardo Carvalho

● Forte tendência a auto ficção, borrar fronteiras entre realidade e ficção


propositalmente, brincando com o leitor e o deixando confuso - fala de coisas
autobiográficas, mas há uma confusão se essa realidade esta misturada com ficção
● Traz característica do gênero jornalístico, com dados reais
● Crise da Linguagem: Não saber que linguagem que usar, mas ao colocar a linguagem
no papel ajuda (???)
● Crises da Identidade: (“Século XXI: Século da Depressão”) Como resolver um momento
em que a sociedade está muito doente mentalmente? Crise de identidade reproduzida
em muitas obras contemporâneas com artistas tentando lidar e descobrir o seu lugar no
mundo.
○ verdadeira busca do livro é entender o seu lugar no mundo - necessário colocar
no papel para lidar com os problemas
● Impossibilidade de Entender os fatos: Narrador não consegue entender claramente
algumas coisas, como a motivação do suicídio, a relação com o pai... e passa a
colocar no papel as falhas dele mesmo.
● Ideia da escrita de Nove Noites: Leitura de uma notícia no jornal sobre a morte do Buell
Quain, um etimólogo que veio para o Brasil para estudar os indígenas e se suicidou.

“Não o deixa sair atrás de miragens como Buell” Buell como alguém que saia em busca de
coisas inimagináveis

➔ (nomes criados para designar alguns gêneros) Nove noites é caracterizado pelo
conceito de Metaficção Historiográfica, associado a uma ficção que discorre sobre ela
mesma, uma obra que discute se é mesmo ficção ou não. historiográfica pois existem
diversos fatos históricos e reais presentes na narrativa.

Narrador X Autor
● Narrador jornalista (narrador principal): narra a história em primeira pessoa. Leva o leitor
para um determinado caminho num tom detetivesco de narrativa policial, mas que
muda de curso do nada, não chegando em lugar nenhum e deixando o leitor confuso
e inseguro.
● O livro é uma autobiografia do narrador
● Bernardo de Carvalho é um jornalista escritor.
○ Não é o narrador da narrativa Nove Noites - narrador jornalista - narrador é uma
parte do autor, não ele por inteiro - estratégia usada para confundido o leitor
sobre o que é verdade e o que é mentira

➔ Capa de Nove Noites: Apropria-se de uma foto própria do autor criança com cara de
obrigação/desconforto de ter tirado essa foto com o “personagem” indígena. Uma
possível análise/crítica é acerca da forma como o brasileiro enxerga o indígena como
uma atração de zoológico, museu... Nem o índio nem a criança quer estar de mão
dada com o outro, há uma relação de desconforto entre os dois.
➔ Antropólogo de nove noite e os índios: Há uma relação de inversão de papeis entre
ambos. Na aldeia os índios são os adultos e ele é o ser vulnerável, e quando vão para
a cidade ele passa ser o adulto e os índios as crianças que ele guia. Sentimento de
vulnerabilidade e solidão. Ideia de paternidade não associada ao sangue ! Relação
de paternidade complicada do antropólogo com o pai no Estados Unidos - traz isso
para a relação com o indígena: paternalismo populista que levamos para os indígenas.
➔ O livro não é apenas sobre as causas do suicídio, mas há muitos outros objetivos na
narrativa

Estrutura

• Narrador: = tem dois narradores diferentes


o Narrador jornalista: Há diversas semelhanças entre o narrador da obra e o
Bernardo Carvalho, mas não são as mesmas pessoas
o Narrador Manoel Perna: engenheiro amigo de Buell que carrega o trauma
profundo do suicídio do amigo, tentando mostrar que não tem culpa e tentando
mostrar que os indígenas não têm culpa do suicídio

Enredo

• Narrativa 1: narrador jornalista que leu o artigo em 2001 sobre um estudioso que vaio
para o Brasil estudar os indígenas e se suicidou. Passa a investigar tudo sobre o caso.
o Romance policial fracassado - não ocorreu um crime a ser desvendado. Encaixe
das pecas é incompleto. Se tem pistas soltas que não se encaixam
completamente
o Traz dados, fatos, concretos sobre os episódios, mas muitos são inventados pelo
próprio autor Bernardo Carvalho. O escritor trabalha com a linguagem e
criatividade para impedir o leitor de descobrir se o fato realmente é verdade ou
não, fecha todos os pontos da narrativa que poderiam perceber se a informação
é verídica ou não.
• Narrativa 2: Narrativa de Manoel Perna, escreve uma espécie de carta testamento após
7 anos do suicídio que fala sobre as nove noites que passa com Quain.
o Destinatário da carta:
§ Escreve para quaisquer pessoas que leia sua história para tentar tirar sua
culpa
§ Fotografo amigo de Buell Quain
§ O narrador jornalista
® Em nenhum momento fica claro o destinatário podendo ter essas três interpretações

Biografia X Autobiografia

• Biografia de Quain = alguém que já está morto, contendo apenas fragmentos não
esclarecidos
o Complementada por Manuel perna, mas não se sabe se ele realmente existiu
então não tem certeza
• Autobiografia do Narrador Jornalista = não é possível afirmar que tudo que ele conta é
verdadeiro pois preenche os fatos concretos, reais e palpáveis (fotos, arquivos públicos,
cartas, bilhetes, entrevistas...) com elementos inventivos presentes na memoria desse
narrador, tendo em vista que nenhuma memoria é 100% confiável por o próprio cérebro
humano não é.

® Relação com Angústia (narrativa em 1 pessoa), pois, também é baseada 100% a


memória de Luís da Silva e, portanto, não se pode comprovar sua veracidade.
® Relação com Campo Geral (narrativa em 1 pessoa) – memoria de Miguiliim da infância
interior, histórias que ele inventa

Não é um quebra cabeça é um mosaico pois o motivo da morte não é solucionado e existem
partes em aberto
É uma narrativa com final fechado pois o motivo não é saber a causa do suicídio e sim a busca
por identidade e nessa busca ela é bem-sucedida

A BUSCA PELA IDENTIDADE

• O narrador jornalista está, inconscientemente, buscando a si próprio. Dessa forma, saber


sobre Buell Quain seria o narrador entendendo a si próprio tendo em vista que alguns
de seus problemas se espelham na vida do Buell Quain.
• Narrador fica tão obcecado pela vida de Buell Quain e é impelido a isto.

® Análise da capa: Dois personagens parecidos - desenvolvidos em linhas - sem


fisionomia e rosto, representando a falta de identidade. Estão representados em dois
pois é necessário saber sobre o outro para saber sobre si mesmo. Os personagens
podem representar Buell Quain e O jornalista, o indígena e o Brasil. A capa traz todos
os elementos da narrativa

“Assim são os homens. Ou você acha que quando nos olhamos não reconhecemos no
próximo o que em nós mesmos tentamos esconder?”

• Paralelos entre o narrador e Buell Quain:

o Dois Intelectuais/cientistas
o Convivência problemática com os indígenas
o Os dois estão desamparados
o Relação com os pais insensíveis e extremamente repressores cujo filhos não tem
as chances de se impor
§ Pais gananciosos: Pai de Buell preocupado com o dinheiro após a morte
do filho e pai do jornalista preocupado demais com suas terras e posses
§ Relações repressoras: tem que acompanhar os pais nas viagens de
negócios

® Pais problemáticos e repressores é ponto de encontro com diversas outras narrativas


como Terra Sonambula, Angústia, Campo Geral – irmão assume papel de pai.

• O livro tem um final bem-sucedido pois não é sobre solucionar o mistério do suicídio de
Buell Quain, mas sim encontrar sua identidade e no final o narrador jornalista faz as pazes
com seu passado, resolvendo seu relacionamento com os índios e com o pai.

Tempos de espelhamento na narrativa entre Buell Quain e o narrador jornalista

• 1938/39: Quain fica doente em Cuiabá e tem que mandar uma carta para Ruth
Benedict pela Bolívia, por razoes de segurança tendo em vista que cartas de
estrangeiros nessa época eram confiscadas. Pesquisadores eram vistos e considerados
espiões e deveriam estar sobre vigilância permanente. Quais no brasil numa situação
de desamparo total. Já chega sem desamparo pelas relações prejudicadas com a
família e no território brasileiro não encontra

“A situação dos estrangeiros no Brasil do Estado Novo era delicada. A impressão era que
estavam sob vigilância permanente. Dos jovens antropólogos de Columbia que trabalhavam
no país no final dos anos 30, Ruth Landes foi provavelmente a que mais sentiu na pele o clima
de ignorância e o horror, uma vez que estava envolvida pessoal e profissionalmente com os
intelectuais baianos perseguidos, presos e intimidados pelo regime sob a acusação de serem
comunistas.”

Momentos turbulentos que remetem a situação de desamparo de Buell Quain pelo narrador/
momentos de paranoia que liga o narrador a Buell Quain

• Na década de 60 – governo militar - há o primeiro contato do narrador jornalista com os


indígenas e com a Amazonia, quando ele vai com o pai visitar o rio Xingu.
o Não tem uma boa experiencia que pode ser percebida através do vocabulário
usado para descrever a experiencia
o Quase morre ao pousar
“Ninguém nunca me perguntou, e por isso nunca precisei responder que a representação do
inferno, tal como a imagino, também fica, ou ficava, no Xingu da minha infância. E uma
casa pré-fabricada, de madeira pintada de verde-vômito, suspensa sobre palafitas para a
proteção dos moradores contra os eventuais animais e ataques noturnos de que seriam
presa fácil no rés-do-chão. É uma casa solitária no meio do nada, erguida numa área
desmaiada e plana da floresta, cercada de capim-colonião e de morte. Tudo o que não é
verde é cinzento. Ou então é terra e lama.”

“Buell Quain também havia acompanhado o pai em viagens de negócios. Quando tinha
catorze anos, foram a uma convenção do Rotary Club na Europa. Visitaram a Holanda, a
Alemanha e os países escandinavos. E daí em diante nunca mais parou de viajar. Mas se
para Quain, que saía do Meio-Oeste para a civilização, o exótico foi logo associado a uma
espécie de paraíso, à diferença e à possibilidade de escapar ao seu próprio meio e aos
limites que lhe haviam sido impostos por nascimento, para mim as viagens com o meu pai
proporcionaram antes de mais nada uma visão e uma consciência do exótico como parte
do inferno”

• 1991: (Acontecimento internacional: Guerra do Golfo) Momento em que o pai do


narrador jornalista esta no hospital, momento em que o narrador lida com um problema
sério. Um novo momento de desamparo e incomodo. No hospital o narrador encontra
o fotografo americano

• 2001: (Acontecimento Internacional - Atentado as Torres Gêmeas e a ida dos EUA a


guerra contra o Terror no Oriente Médio) narrador lê o artigo no jornal e inicia essa busca
procurando na família do fotografo indo para os EUA (onde estava a família). Primeiro
tenta a correspondência, mas toda correspondência que chega nos EUA é verificada
pelo governo dificultando a comunicação e imprimindo na sociedade um eminente
terror

® “Hoje as guerras parecem mais pontuais, quando no fundo são permanentes” pois
todos tem batalhas interiores. A vida é sempre um campo de batalha pois sempre há
algo para decidir, reclamar, sempre travando pequenas batalhas. Guerras não são
pontuais então qualquer guerra em qualquer campo do mundo atinge todo o respo
pois se vive em um mundo globalizado.

® Interdisciplinaridade: Década de 60 é um momento do JK e de interiorização do brasil,


que deu início ao processo de desmatamento e pode ser identificado no trecho:

“A estrada terminava numa clareira defronte de uma parede de mata virgem. Conforme nos
aproximávamos, fomos aconselhados a fechar a gola e as mangas da camisa e a enfiar a
bainha das calças dentro das botas. O desmatamento deixava a selva em polvorosa.
Animais e pássaros gritavam por toda parte, e havia enxames de abelhas pretas, que
cobriam os braços dos homens.”

• Buell Quain: é solitário deslocado, exilado de si próprio - autoflagelação

“Naquela noite, me falou de outra ilha. Me disse que eu não podia imaginar. Eu já não
tinha imaginado antes, quando me falara da ilha onde havia passado dez meses
entre os nativos do Pacífico, já fazia quatro anos, do outro lado do mundo.”
“Só́ os nativos do interior mantinham intacto aquilo que ele procurava: uma sociedade em
que, a despeito da rigidez das leis, os próprios indivíduos decidiam os seus papéis dentro de
uma estrutura fixa e de um repertório predeterminado. Havia um leque de opções, embora
restrito, e uma mobilidade interna. Foi o que ele me disse. Sempre teve fascínio pelas ilhas.
São universos isolados.”

Procura em outros povos outras possibilidades, papeis, leis, outras formar de vida, outras regras
regendo a vida. Faz isso inscenssivamente, indo de um povoado para outro, buscando por
outras sociedades e outras formas de vida. Ou seja, mesmo buscando por ele mesmo ele não
se encontra, pois não se vê tendo em vista que sempre se isola. precisa encontrar.

“Aproveitava os dias de folga para explorar as ilhas da região, rascunhando mapas que
mandava para casa no lugar de cartas e que mostravam a sua posição no mundo.”

Necessitava de rascunhar mapas que mostravam sua posição no mundo, tentando descobrir
qual era seu lugar. Representando uma pessoa desesperada em encontrar quem ele é.

“dr. Buell confessou que viera ao Brasil com a missão de contrariar a imagem revelada
naquele retrato. Como um desafio e uma aposta que fizera consigo mesmo. Havia sido
traído pelo intruso e sua câmera. Não podia admitir que aquela fosse a sua imagem mais
verdadeira: a expressão de espanto diante do desconhecido. Havia sido pego de surpresa
pelo fotografo, antes de poder dizer qualquer coisa.”

Buell não se encontra na imagem que o fotografo tirou dele com expressão de surpresa, não
se reconhece nessa foto assim como não se reconhece nos outros.

"Para olhar o quê?". Ele respondeu: "Um ponto de vista em que eu já não esteja no campo de
visão". Eu poderia ter dito a ele, mas não tive coragem, que não precisava procurar, que se
fosse por isso não precisava ter ido tão longe. Porque ele nunca estaria no seu próprio
campo de visão, onde quer que estivesse, ninguém nunca está no seu próprio campo de
visão, desde que evite os espelhos.”

Quain quer fugir do campo de visão, o problema da vida dele ser repleta de espelhos é porque
ele não gosta de quem ele é, ao invés de encontrar reflexo ele encontra vertigem,
insegurança. Nunca encontra aquilo que ele precisa.

“Também demorei a entender o que ele queria dizer com aquilo, o que havia de mais terrível
nas suas palavras: que, ao contrário dos outros, vivia fora de si. Via-se como um estrangeiro e,
ao viajar, procurava apenas voltar para dentro de si, de onde não estaria mais condenado a
se ver. Sua fuga foi resultado do seu fracasso. De certo modo, ele se matou para sumir do seu
campo de visão, para deixar de se ver.”

• Camtwyon: “presente rastro de caracol” – apelido dado pelos indígenas ao Buell Quain

"Cãmtwyon" passou a ser para mim o rastro do caracol: não adianta fugir, onde quer que
você vá estará sempre aqui. “
Levar com você aquilo que você é, a sua identidade, assim como o caracol carrega sua
casa. Deixa seus rastros, tudo aquilo que você aprendeu. Carregamos nossa identidade
assim como o caracol carrega sua própria casca. Buell Quain carrega sua identidade como
se fosse o maior fardo.

• Sexualidade: Buell Quain vivia da década de 30 quando o mundo ainda enxergava


questões de gênero fora do heterossexual como doenças e aberração. Sexualidade
de Buell desvia dos padrões da época. Tinha comportamentos homossexuais

“Em seguida, deu a ficha completa de Quain, morto havia oito anos: "Filho de pai alcoólatra,
mas rico, e de mãe neurótica e dominadora. Obriga-se à homossexualidade com negros,
dos quais ele tem horror. Garoto de talento, poeta".”

Relato de Milxxian era que Buell se autopunia com relações sexuais com negros

“no lugar da enfermeira havia um homem na sua cama, um negro forte e nu, como o nativo
dos retratos que me mostrara. Já não se lembrava de nada do que acontecera, nem de
como aquele homem tinha ido parar ali. Ele se exprimia por denegações.”

No carnaval Buell passou a noite com um homem, mas dizia que foi dormir com uma mulher,
mas acordou com um homem, mostrando as questões de não aceitação e negligência. Não
aceita sua própria sexualidade.

Relações sexuais nas tribos indígenas não são feitas nos mesmos padrões das relações sexuais
na sociedade: Cerimonia da escolha com quem se pode ter relações sexuais, escolha por
meio da pintura por exemplo. – Ida de Buell pode ser enxergada como mais uma das formas
de ele buscar outras formas de viver e se relacionar.

Manuel perna conta a história de uma lenda indígena de um indígena que pede para se
transformar em mulher para poder se relacionar com outros homens

Ele me disse que tinha andado pelo mundo todo, não tinha mais nada para ver. Era uma
pessoa solitária. Era muito fechado. Essa expressão de alguém que já tinha visto tudo no
mundo era realmente de quem já não via nenhum interesse de estar presente.

Mesmo depois de tantas viagens não encontrou motivo para estar vivo

IDENTIDADE DO INDIGENA NO BRASIL

• Bernardo de Carvalho retrata os indígenas brasileiros sem nenhuma vitimização do e


idealização do indígena. Percepção da humanidade dos indígenas e seus defeitos
• Fragilidade do Indígena:

Assim como os índios o adotam quando o recebem na aldeia, eles esperam que você̂
também os adote quando vão à cidade. E uma relação aparentemente recíproca, mas no
fundo estranha e muitas vezes desagradável. ... São os órfãos da civilização. Estão
abandonados. Precisam de aliança no mundo dos brancos, um mundo que eles tentam
entender com esforço e em geral em vão ... O problema é que a relação de adoção mútua
já́ nasce desequilibrada, uma vez que a frequência com que os Krahô vêm aos brancos é
muito maior do que a frequência com que os brancos vão aos Krahô. “
• Os índios hoje são considerados estrangeiros na sua própria terra, com quem já não
temos qualquer relação
• Narrador jornalista olhas para os índios com espanto, com nojo e com horror, criticando
seus costumes. Essa prática é muito comum na nossa sociedade de forma que o autor
Bernardo de Carvalho buscou trazer esse narrador com ações e opiniões muito
humanas, ou seja, muito comuns.
• A história do indigna no Brasil é tão parecida com a história de Buell Quain pois ele e1
um estrangeiro na sua própria identidade, um estrangeiro nele mesmo. Ele procura nos
indígenas, nessa nova realidade, a sua aceitação, mas não encontra um espelho, ou
seja, não se encontra, assim como o indígena não encontra e não se reconhece na
realidade brasileira atual mesmo fazendo parte da sua história desde a origem.
• Relações históricas e conflituosas com os indígenas na modernidade:
o Era Vargas
o JK: política de interiorização
o Militares: política de

Quain dizia o seguinte: "O tratamento oficial reduziu os índios à pauperização. Há uma
crença muito difundida (entre os poucos que se interessam pelos índios) de que a maneira de
ajudá-los é cobri-los de presentes e 'elevá-los à nossa civilização'.

• Relação de paternalismo com os indígenas, tratar eles como se fossem crianças ou


animais, dando um presente para “ele ficar quieto”.
• “Elevá-los” traz a perspectiva cientificista do darwinismo socias que acredita que
existem raças, mas evoluídas que outras para fazer referência aos indígenas como se a
civilização fosse mais desenvolvida.

® O índio aparece pela primeira vez como personagem na literatura no movimento


arcadista com as narrativas épicas
® Contexto do iluminismo: expulsão dos jesuítas no brasil que passam a se aliar com
os indignas para proteção: exército português e espanhol lutando contra igreja
e indígenas
® Caramuru: religiosos como defeituosos e indígenas como vítimas dessa
corrupção
® No romantismo, Romance Indianista, o indígena era tratado coo herói - objetivo de
criação da identidade nacional para o leitor se identificar com esse indígena bravo,
forte, corajoso e bonito para firmar um sentimento nacionalista
® Porém esse indígena é retratado com traços europeus

• No livro nove noites o indígena não é retratado como esse herói nem como vítima, mas
o autor busca apresentar a realidade indígena como ela é, com defeitos....

“Os homens se juntam aterrorizados no centro da aldeia - o lugar mais exposto de todos - e
esperam ser alvejados por flechas que virão da mata escura" -- índios com medo, não
corajosos

VERDADE OU MENTIRA?

“A verdade está perdida entre todas as contradições e os disparates”


A verdade na narrativa esta em meio a diversas contradições e disparates (besteira)
• São 7 cartas enviadas, mais uma não entregue, mais uma carta testamento – 9
possíveis cartas ao todo
• Situação financeira de Buell Quain
o É de família rica, mas esconde sua situação de riqueza, ou seja, não mostra
para os outros que é rico porque quer passar despercebido e não ser visto pela
sociedade. Não quer ser visto pois não gosta do que se vê.
• Relação conflituosa com o pai
• Divorcio dos pais
• Sífilis, uma doença que na época não tinha cura e além de matar as pessoas
impossibilitava a reprodução
• Motivo de ir para aldeia indígena outras formas de viver e outras formas de organização
que ele pudesse se encontrar

“dr. Buell, meu amigo, bebeu comigo e me contou que procurava entre os índios as leis que
mostrariam ao mesmo tempo o quanto as nossas são descabidas e um mundo no qual por
fim ele coubesse? Um mundo que o abrigasse?”

• Relatos do velho Diniz X Relato oficial

“No bilhete, o antropólogo pedia pá́ e enxada para cavar uma sepultura, pois queria ser
enterrado ali mesmo, "no lugar onde ficasse morto". Ao voltar para o acampamento sem pá́
nem enxada, João Canuto o encontrou todo cortado com navalha e ensanguentado.
Horrorizado, implorou ao etnólogo que parasse de se maltratar, que não fizesse aquilo, que
não morresse. Ficou atônito diante do estado deplorável do jovem americano. Perguntou por
que ele estava se cortando, e o tresloucado respondeu que "precisava amenizar o
sofrimento, extinguir a sua dor cruciante", “

® Suicídio não tem um motivo claro e palpável, é inexplicável. O que levou a pessoa
aquilo vai com ela para o tumulo
® Não é esse o ponto chave da narrativa, não é o objetivo principal

• Buell Quain e sua cientificista


o Fala mal da cultura brasileira como se ela fosse pior do que as culturas europeias
o Reprodução do Darwinismo socias, pseudoteoria do século 19 que acredita na
hierarquização de raças e culturas

"Acredito que isso possa ser atribuído à natureza indisciplinada e invertebrada da própria
cultura brasileira. Meus índios estão habituados a lidar com o tipo degenerado de brasileiro
rural que se estabeleceu nesta vizinhança — é terra marginal
e a escoria do Brasil vive dela. “-BUELL QUAIN

“O estranho é a associação um tanto perturbada que Buell Quain faz desses traços com sinais
de uma determinada condição patológica...”
PERGUNTAS SEM RESPOSTA

• Conhecimento de que Buell Quain viveu com esse tal fotografo e outra mulher, mulher
que engravida
o Quem se relaciona?
o Filho é do Buell?
• Por que o fotografo está no Brasil?
• Não sabemos se esse fotografo era mesmo aquele que tinha tirado a foto de Buell

ENCONTRO DAS HISTÓRIAS

® Da mesma forma em que em terra sonambula as duas histórias independente se


encontram e se cruzam, as duas histórias de Nove Noites, do narrador jornalista e Buell
Quain, se encontram no final da narrativa

• O pai do jornalista começa a passar muito mal de uma doença rara do cérebro e no
hospital que ele é internado o pai divide quarto com outro senhor gringo.
• Esse gringo tem um rapaz do hospital que lê histórias para ele. Dentro do livro tem uma
foto na praia. Quando esse leitor vai lê ele pega a foto e quando a pega ele fala “Uell
Uell Uell” “Quem”? Fazendo referência a Buell Quain
• Autor cruza as duas histórias por meio de pistas por meio da semelhança sonora
• Narrador jornalista descobre que o nome desse gringo é Andrew Parsons e descobre
que tem um Parsons nos EUA vivo
• O pai morre e o gringo morre e o narrador jornalista leva a caixinha desse gringo para
os EUA

O QUE É A LITERATURA

• Papel da literatura: Pegar elementos reais e os transforar em ficção com o objetivo de


promover uma reflexão do leitor
• A própria escritura da obra é o que defini a literatura - Obra sobre o que é escrever

“O que lhe conto é uma combinação do que ele me contou e do que imaginei. Assim
também, deixo-o imaginar o que nunca poderei lhe contar ou escrever. “MANUEL PERNA
àPapel do escritor e papel do leitor

“Cada um lê̂ os poemas como pode e neles entende o que quer, aplica o sentido dos versos
à sua própria experiência acumulada até o momento em que os lê̂.” NARRADOR JORNALISTA
àInterpretar de acordo com o que você que é de acordo com a sua

® Entregar as caixas seria deixar para traz essa busca pois nunca se tratou de uma busca
para desvendar o mistério e sim uma revisitação da sua própria memoria e de seus
problemas o que o narrador jornalista atinge no final da narrativa

® Tudo é explicado no capítulo 1

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