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@ALBALUCCAS
Quando nasci, minha mãe disse ao meu pai que estava certa
de que não queria ter mais filhos.
Tenho consciência que, como meus irmãos, nasci destinado a
ter uma vida cercada de privilégios, mas o preço a se pagar por
carregar o sobrenome O´Donnell seria grande também.
E isso nunca me intimidou.
Ser um dos três herdeiros da fortuna O’Donnell sempre me
trouxe vantagens e desvantagens.
Uma das desvantagens é nunca saber se quem se aproxima
está fazendo isso por quem você é de fato, como pessoa, ou por
interesse, e confesso que foi desafiador lidar com isso na
adolescência.
Mas aprendi com meus irmãos, Jeremy e Noah, a discernir as
intenções por trás das palavras. E, hoje, me considero capaz de
identificar amizades genuínas, assim como pessoas que querem
somente nos usar. O que inclui mulheres lindas que buscam apenas
holofotes e fama, laçar um otário bilionário, ou apenas alavancar
suas carreiras profissionais.
Meus irmãos aprenderam isso a duras penas e foram
protetores comigo desde que me entendo por gente. Eles, de fato,
são meus melhores amigos, as únicas duas pessoas no mundo em
quem confio cegamente.
Às vezes, acredito que Jeremy e Noah sempre irão me ver
como o irmão caçula que eles precisam proteger do mundo, por
mais que agora esteja quase beirando os trinta e dois anos.
Foi difícil fazê-los entender que me tornei um adulto apto a
tomar as minhas decisões quando concluí a faculdade em Oxford.
Morar quatro anos longe da minha família, voltando somente
nos feriados das festas de fim de ano, foi um divisor de águas para
mim.
Ampliou meus horizontes sobre as infinitas possibilidades do
que poderia fazer da minha vida.
Tomar decisões sozinho, fazer escolhas para o meu futuro e
ter que arcar com as consequências, sejam elas boas ou ruins,
mudou quem eu era. Me fez crescer.
Mudou como eu via a mim mesmo.
E eu quis fazer mais, quis ir além de apenas usufruir do berço
de privilégios que nasci.
Voltei não apenas com um diploma de Engenharia de Redes
nas mãos, mas graduado com louvor como o terceiro melhor da
turma.
Como meu pai sempre dizia para nós três, ainda meninos:
“você tem tudo, mas não é melhor do que ninguém. Não é o dinheiro
que define um O’Donnell, mas a nossa determinação em fazer
sempre o melhor pelos que dependem de nós. Pense sempre nos
filhos dos nossos funcionários quando for tomar uma decisão,
porque o que fizer pode tirar o pão da boca de outros garotos”.
Na faculdade tive contato com pessoas de classes sociais
diferentes da minha, alunos que ingressaram como bolsistas e que
mereceram estar lá por terem se aplicado muito nos estudos.
Confesso que conhecer melhor a realidade deles tão distinta
da minha, e a força que tiveram para crescer e conquistar o que
almejavam, me fez repensar sobre como, para mim, aquele caminho
foi muito mais fácil.
Sempre estudei nas melhores escolas e ser um bom aluno era
o mínimo que podia se esperar de mim, mas meus colegas mais
próximos precisaram lutar e enfrentaram adversidades para estudar
e aprender o máximo que podiam. Precisaram nadar contra a maré.
Martina e Lawrence, se graduaram como o primeiro e segundo
melhor da nossa turma e têm toda minha admiração e respeito,
afinal aprendi muito com eles. Nos tornamos bons amigos.
Hoje gosto de me ver como um homem capaz de impor minha
opinião, fazendo com que os outros ouçam o que tenho a dizer.
Assumi gradativamente a gestão de T.I. da Petrolífera
O’Donnell e é lógico que quis Martina e Lawrence trabalhando ao
meu lado, as mentes mais brilhantes que conheço quando a pauta é
tecnologia e mais cabeças duras quando o assunto são rugby e
futebol, já que torcemos para times rivais.
Meus amigos preferiram trilhar seus caminhos, sem
favorecimento e se saíram muito bem, se tornando profissionais
disputadíssimos no mercado.
Contudo, após algum tempo e muito do meu poder de
persuasão, consegui convencê-los a trabalhar comigo e essa foi
uma das decisões mais acertadas que já tomei profissionalmente.
Aprendi com o tempo a ser inflexível com Noah e Jeremy
quando necessário quanto ao que achava ser uma decisão acertada
para a gestão de T.I.da nossa petrolífera. Foi difícil fazer com que
os dois percebessem que eu não era mais aquele adolescente
inconsequente, que adorava farras, só queria diversão, só pensava
em garotas e em gastar nossa herança com esportes radicais.
Para quem não faz parte da rotina dos O’Donnell, minha vida
toda foi um “conto de fadas”, como a mídia leva quase toda
população da Irlanda e demais países do Reino Unido a acreditar
.
Mas eu nem sequer penso em dizer o contrário, pois não estão
errados.
Lembro de ainda criança, nunca ficar de fora das rodas de
brincadeiras, ou de ter uma vida solitária porque estava sempre
rodeado de amigos
E, ironicamente, hoje em dia sou bem mais seletivo quanto a
isso.
Na minha adolescência, tive a oportunidade de ter muitas
namoradas, mas costumava apenas ficar uma vez e tinha receio de
partir corações.
“Você não sabe o que está perdendo!”
Era o que Noah me dizia com frequência, por eu não
colecionar garotas como era costume dele.
Mas era a minha vida e eu decidia como queria levá-la.
A questão é que mesmo tendo levado uma vida bastante
discreta e quieta, os tabloides sempre fizeram questão de mostrar o
contrário.
Às vezes, em um impulso de revolta, ou estresse, costumo
mesmo me comportar da forma como todos me veem. Só ligoo
foda-se e vou. Esse seria um típico conselho de Noah. Pegar sem
se apegar. Pelo menos, essa era a filosofia do antigo Noah, antes
dele se ver concordando com tudo que a esposa pede a ele agora.
Deve ser por isso que Grace Doyle me vê como esse cara
idiota que só pensa em sexo, festas, mulheres e mais sexo. Mas eu
sou apenas um cara que curte a vida de solteiro.
Eu não costumava ligar para essa merda, até porque ninguém
nunca havia, até então, me julgado por isso.
Mas Grace o fez e na frente dos meus irmãos e das minhas
cunhadas.
Uma mulher me tratar como se eu valesse menos que um
centavo foi, no mínimo, curioso e um tanto ofensivo.
Aquela loira me despreza pelo que ela acha que sabe a meu
respeito. Que irônico! Eu nunca fui rotulado e rejeitado por ser algo
que eu não era e aquilo foi inédito.
Não consigo apagar da memória a indiferença e o desprezo
das poucas vezes que ela se dignou a dirigir o olhar para mim
quando nos cruzamos em alguma situação social. Até porque é raro
Grace me olhar nos olhos e, quando acontece, ela faz desse jeito
que eu detesto.
Porra!
Qual é o problema com essa mulher, de verdade?
Me irrita o quanto me esforço para parar de pensar nela e mais
ainda como eu sempre falho miseravelmente nessas tentativas. É
como se eu precisasse provar pra Grace que está enganada a meu
respeito. Mas por que a opiniãodelatem tantaimportância? Sei que
não sou nenhum santo, mas também não sou um cafajeste que
pega e não se apega.
Eu sempre respeitei as mulheres, nunca as tratei como
descartáveis. E, por mais que meu irmão Noah tenha feito com que
a Irlanda inteira associasse o título de libertinos ao sobrenome O
´Donnell, até isso foi antes dele se apaixonar por Meredith. Ficou no
passado. Então, eu não aceito herdar esse rótulo.
E tudo o que sei sobre Grace, é que ela é assistente pessoal
do implacável Domenico Alfonso, o CEO com a maior frota de
cruzeiros de luxo da Europa. Imagino que trabalhar para ele não
seja nada fácil.
Agora estou de pé ao lado do bar do salão de festas, onde
acontece a cerimônia de casamento de Jeremy e Audrey.
Estou muito feliz por eles!
Meu irmão mais velho finalmente reencontrou a felicidade e a
paz de espírito ao lado dessa moça tão diferente dele em vários
aspectos que chegou à mansão para cuidar do Théo. Quem diria
que aquelecachorro seriaum cupido?Admiro os noivos à distância.
Eles formam uma linda família, assim como Noah e Meredith.
No final das contas, parece que sou o grande lobo solitário da
história.
Fiquei pensando nisso do início ao fim da cerimônia, enquanto
estamos a caminho da Itália.
Penso em Grace. Vejo o toque do trabalho dela nessa
cerimônia. Ela tem muito talento como decoradora, isso era
inquestionável.
Droga! Já estou pensando nela outra vez.
Bem, foda-se o que ela me vê como um sem vergonha ou não.
Eu não deveria me importar com isso.
— Inferno! Esquece de uma vez essa mulher, Ian!Ela não te
suporta. — recrimino a mim mesmo, enquanto levo o drink até os
lábios para mais um gole.
Um braço passa por meu pescoço e é Noah.
— Praguejando sozinho, Ian?
Reviro os olhos para ele, enfiando a mão livre no bolso da
calça social.
— Me deixa quieto. Pode ser? — digo logo, de forma seca.
Quando meu irmão chega como um gato sorrateiro desse jeito,
só significa uma coisa, ele estava me observando.
— De mau humor em uma festa como essa? Bom, isso aí é
novidade.
Solto um suspiro forte e arrumo a postura e tento não ser rude.
Noah não é a causa da minha falta de interesse em me divertir.
— Fim de festa. Acho que meu tempo já deu por aqui — aviso,
dando um único gole no que sobrou da bebida.
— Vir sem uma companhia interessante para esse cruzeiro
não fez bem a você — implica.
— Você sabe que eu não me importo com isso. — Coloco meu
copo sobre o balcão do bar. Dou de ombros.
Quando olho para Noah, ele parece bastante intrigado, me
olhando daquele jeito como se estivesse não só lendo a minha
alma, mas a minha linguagem corporal.
Ele é terrível!
Sempre foi tão observador quanto Jeremy, eu diria, mas
somente para coisas inadequadas, como me provocar simplesmente
por ser um passatempo divertido pra ele, por exemplo.
— Hum, não sei. Mas se quiser um conselho, liga o foda-se.
Independentedo que seja — ele diz de um jeito descontraído, o que
me surpreende.
— Sou bom em fazer isso — respondo.
Dou um pequeno sorriso para ele por eu ter pensando
exatamente que Noah me daria exatamente esse conselho minutos
atrás. Mas não contaria nada e não tem como meu irmão saber o
que foi capaz de me aborrecer em um navio transatlântico incrível
como esse.
Bem, talvez nem eu saiba ao certo!
— Eu sei. Mas se quiser conversar sobre o que está te
aborrecendo. Estou aqui, se precisar.
Sorrio vendo a forma como ele olha para a esposa que dança
agora animadamente se juntando aos noivos.
— Valeu, Noah, mas não vale a pena — Passo pelo meu irmão
e dou um tapinha no seu ombro. — Vejo você amanhã.
— Tente se divertir um pouco a noite ainda é uma criança! —
ele diz com duplo sentido e entendo bem o que significa.
Faço um breve aceno com a mão.
Diversão?
Bom, sou tão o oposto dele que ficar na minha cama enquanto
toco violão, ou leio um livro, já me parece ser diversão o suficiente.
Dou uma última olhada para a pista de dança e vejo meu irmão
mais velho e Audrey dançando com Meredith e outros convidados.
A esta altura, os gêmeos e Julian já estão dormindo, e por isso
eles estão tão tranquilos.
É incrível como Audrey faz com que meu irmão introvertido
acabe se soltando.
Jeremy é CEO executivo da nossa petrolífera e esse tipo de
comportamento descontraído, quase nunca poderia ser associado a
ele.
Mas quando está com Audrey…
Bom, tanto ele como Noah parecem ter realmente encontrado
um novo amor para a vida deles e a partir do momento em que isso
aconteceu, a vida ficou mais fácil para os dois.
Sobre uma mesa vazia, uma garrafa de champanhe gelada
parece tão solitária quanto eu, então a pego e saio do salão com o
pensamento de evitar nutrir algum sentimento de inveja.
Talvez seja isso, um sentimento que todos experimentam uma
vez ou outra na vida, mas que pode ser tóxico se passar dos limites.
Eu gostaria de ter o que os meus irmãos têm, mas do jeito que
mereço, sem afetar a felicidade deles.
Me pergunto se eu quero isso pra mim realmente? Viver esse
tipo de relacionamento? Eu nunca me vi questionando isso e finjo
que essas ideias não tem nada a ver com certa loira.
Acaba que não vou para a minha suíte. Saio para o deque que
existe na parte superior do navio, destinado aos hóspedes mais
exclusivos e é onde minha cabine está localizada.
É como se fosse um terraço, com muitas espreguiçadeiras,
piscina exclusiva, privacidade e uma vista de tirar o fôlego.
Chego à conclusão de que, como já está tarde demais, o lugar
está vazio. E acerto a minha teoria, pois quando me encontro
sozinho ali, chego a respirar fundo.
Eu me aproximo do corrimão e bebo da boca da garrafa o
champanhe suave. Sinto as bolhas explodirem na minha boca, me
causando uma sensação triunfante que delicio de olhos fechados,
respirando fundo, como se estivesse no paraíso.
Está uma noite agradável, bastante estrelada.
Olhar o resto do navio daqui de cima é mais solitário ainda,
pois não há ninguém.
Um cruzeiro com centenas de pessoas e nenhuma delas
aprecia a madrugada estrelada.
Afrouxo a gravata e abro alguns botões da camisa social
branca.
Não faço ideia onde coloquei meu terno, mas para a minha
sorte, não está tão frio.
Dou outro gole, um bem longo dessa vez.
Contemplo a solidão.
Ou ao menos achava estar sozinho.
— Devo chamar um segurança? — A voz suave, mas com tom
sarcástico, soa atrás de mim.
Eu a reconheço de imediato, mas olho por cima do ombro só
para confirmar. Lá está ela. A razão do meu mau humor.
Grace surge lindamente do nada, como se tivesse saído da
noite e chegado aqui tão suave quanto a brisa.
Ela se aproxima em passos lentos com as pernas torneadas e
os braços para trás, indicando uma postura superior e atenta. Então
me olha de cima a baixo indiferente, como se se eu fosse uma mesa
ou uma cadeira sem qualquer. Nada que merecesse sua atenção.
— Por que você se daria esse trabalho? — pergunto de volta.
Ela dá de ombros, fazendo as mechas sedosas do seu cabelo
loiro deslizar pelo seu ombro saliente.
— Para garantir a segurança dos passageiros, ou para que
você não se jogue daqui de cima. Uma pessoa secando uma garrafa
de champanhe solitária e com a expressão que tinha no rosto não
parece um bom sinal. Não que vá fazer muita falta para o mundo,
um riquinho a mais ou um riquinho a menos ... — diz com aquele
nariz empinado e desdém tão evidente que a deixa por incrível que
pareça ainda mais linda.
Mas caralho, ela precisa mesmo querer sempre parecer tão
superior?
Grace anda, fala e se comporta como se o seu salto Louboutin
estivesse pronta para pisar na porra do mundo todo. A começar por
mim.
— Não estou tendo ideias suicidas se é o que te preocupa,
mas que bom saber que se importa comigo, loirinha. — Digo agora
com minha atenção totalmente voltada para essa arrogante linda e
atrevida.
Ela parece respirar fundo.
— Não me importo, mas se me perguntarem no seu enterro,
eu poderei dizer que eu tentei convencê-lo a não fazer isso sem ter
que mentir. Eu nem conheço você, mas um suicida afetaria
negativamente a imagem que desejamos passar. Além disso, faz
parte das medidas de segurança dissuadir gente como você de
fazer uma burrice como essa e me dar horas de papelada. Enfim, há
protocolos a serem seguidos.
— Acho que toda essa armadura que levanta quando está
perto de mim tem um significado óbvio.
A vejo respirar profundamente ao ponto de seu s seios subirem
e descerem no decote discreto do vestido. Confesso que não ouvi
mais nada depois disso.
— Me responde e pare de olhar para os meu peitos, meus
olhos estão aqui no meu rosto.
Ser flagrado, não poder negar que eu estava olhando ou não
ter ouvido o que ela perguntou antes. Nem sei dizer o que é pior.
Grace me olha como se eu fosse um imbecil com quem ela
não quer perder nem mais um segundo de seu tempo.
Porra, qual é a dela?
— Vamos falar como duas pessoas normais, Grace. Me
desculpe. Estava sim admirando seus... você — Digo de forma
menos rude que consegui — Não quis ofendê-la, mas eu não
entendo o porquê de toda essa a hostilidade. Você simplesmente
escolheu não gostar de mim sem motivo algum?
— Não é uma exigência do meu cargo gostar dos passageiros.
— E o seu chefe sabe que você trata os passageiros assim?
— Franzo os olhos para ela, que me olha, imóvel.
— Pode formalizar uma reclamação se desejar. É um direito
seu.
— Eu até faria isso se não tivesse absoluta certeza que me
tirar do sério te dá uma certa satisfação, loirinha. — Dou outro gole
da bebida e ergo a garrafa em sua direção. — Aceita?
Ela parece respirar fundo, fazendo seu suspiro emanar no ar
invisível, quase se condensando, como se a temperatura finalmente
estivesse abaixando.
Grace então arqueia as sobrancelhas, como se a estivesse
insultado.
— Me faça o favor de parar de me chamar de loirinha. Eu não
gosto e sabe bem o meu nome.
— Quer dizer… Você é, não é? — indago, não conseguindo
evitar o olhar na direção da região entre suas pernas. Loiras
naturais tem todos os pelos do corpo no tom de seus cabelos. Isso
me faz minha mente divagar e a imagem de Grace nua na minha
frente é quase tangível.
Posso jurar que a ouço grunhir.
— O que está pensando?! — exclama encurtando o espaço
entre nós, como se ela fosse engolir os meus olhos.
Mesmo de salto, ela não consegue ser mais alto que eu. Ela
provavelmente é mais de um palmo de altura mais baixa que eu,
mas agora, me sinto pequeno diante da fúria em seu olhar.
Como sou capaz de dar tanta mancada seguida quando ela
está por perto?
Ergo as mãos em defesa.
— Foi um comentário inapropriado e novamente peço que me
desculpe. — digo sinceramente. Agora ela tinha munição para me
achar um sacana safado e eu dei essa munição a Grace.
— Então é melhor você se colocar no seu lugar! — ela rosna.
— Não sou uma dessas mulheres que se sentem privilegiadas por
você notar que a existência delas. E esse tipo de comentário sexista
só reforça minha opinião sobre o senhor.
Eu pisei na bola feio outra vez. Parece que perto dela meus
neurônios entram de férias, mas, apesar de tudo, só consigo pensar
agora o quanto ela está linda.
Seus olhos azuis irradiam e a sua pele alva está vermelha.
Eu deveria ficar receoso, porque com certeza, Grace agora
não quer mais impedir um suicídio, mas sim cometer um, me
jogando daqui de cima deste navio, mas fico como um imbecil ainda
mais encantado e interessado pela beleza tão singular de Grace que
ela tenta esconder atrás uma personalidade austera e defensiva.
É como se fosse uma armadura que ela coloca sempre que
estou por perto.
E consegui entender isso nos poucos momentos em que a
tenho observado pelo cruzeiro.
Respiro fundo, porque acho que é inegável que essa mulher
mexe comigo de alguma forma inexplicável.
— Olha, Grace, o que acha de recomeçarmos do zero? Eu
gostaria mesmo de tentar — sugiro, oferecendo uma trégua,
embora duvide que ela considerasse a ideia.
— Não quero recomeçar nada. Apenas vá para sua cabine
para que eu possa fazer o mesmo e ter o meu merecido descanso,
Sr. O´Donnell— Rebate com um falso sorriso, daqueles que a
pessoa precisa forçar para fingir ser simpática.
— Bom, então desça. Mas aí estará perdendo o melhor da
noite.
Ela franze os olhos e então me sinto um máximo quando me
viro e aponto para o horizonte ao leste. Há pequenas pinceladas de
vermelho surgindo atrás do Mediterrâneo, indicando o alvorecer
daqui umas horas. Grossas nuvens se sobressaem no céu escuro
que começa a ficar menos escuro.
Mas as estrelas ainda salpicam a imensidão sobre nós.
— Veja só, não é lindo? — pergunto feito um menino bobo.
Diferente dos meus irmãos que nasceram e cresceram para o
mundo dos negócios, por mais que esteja nesse meio, sempre senti
que nasci para artes e ciência.
A arte e a astronomia sempre me fascinaram.
E apesar de ser um gosto muito pessoal, confesso que usei
muito desse artifício para encantar mulheres, mas elas nunca
ligavam, então, após algumas tentativas frustradas, não queria mais
encantá-las, só achava que finalmente encontraria alguém com algo
em comum.
Mas nunca aconteceu.
E pelo silêncio que se segue, penso que Grace vai dar meia
volta e me deixar falando sozinho, mas então ela surge ao meu lado
e se acomoda na barra de ferro, onde se apoia e seu corpo se
salienta através do belo vestido de seda creme.
Grace fica apenas ali, observando o horizonte junto comigo, o
que é uma surpresa.
— Sabe quantas pessoas vem pra cá e fazem isso? — ela
pergunta e fico mais surpreso ainda por ter soado tão genuíno.
— Não. Eu não sei — respondo.
— Nenhuma. Ninguém vem. Não é que elas devem acordar só
para assistir isso, mas é que nenhuma delas se dá o trabalho.
Porém, quando acordam, a primeira coisa que fazem é tirar fotos do
céu azul, ou do café da manhã. Mas o melhor mesmo, elas perdem.
Pisco sem tirar os olhos dela.
— Isso foi uma crítica social? — pergunto e Grace sorri.
“Ah, aí está, um sorriso.”
O que a deixa mais bonita ainda.
— Também. Mas… É, acho que entendi você, Ian. E só.
— Tenho um ponto com você então. Issojá é algo. — Ofereço
a garrafa de novo para ela que fica encarando como se estivesse
fazendo a soma.
— Está querendo me embebedar? É assim que consegue
fazer uma mulher suportar você?
Dou um sorrisinho e depois mordo o lábio.
— Porra, você é boa nesse negócio!
Grace sorri satisfeita, então pega a garrafa da minha mão e dá
um gole logo em seguida.
— Olha, não sei que negócio é esse que você está falando,
mas é o meu jeito.
— Mas essa atitude não combina muito com você. É como se
estivesse atuando, performando um papel, mas não precisa ser
assim. — Quando termino de falar, percebo que já é tarde demais,
pois, tocou em algo que ela não está pronta para enfrentar. —
Desculpa.
Ela balança a cabeça e volta a olhar o horizonte.
— E é assim que assusto os homens. Essa sou eu.
— Não pode ser verdade. Querer se proteger é uma coisa,
mas abdicar de desfrutar da vida é o preço que está mesmo
disposta a pagar?
— Acha que estou mentindo?
Grace olha bem para a mim, como se me permitisse ver muito
mais do que apenas os olhos podem ver. E ela parece me enxergar
de verdade pela primeira vez, quando diz em tom de desabafo:
— Eu odeio ser vista à luz de um estereótipo. O fato de ter
nascido loira, de olhos azuis significa que devo ser me encaixar para
ser dócil como um anjo? Eu escolho o homem que merece a minha
simpatia como toda mulher tem o direito de escolher. — Ela me
dirige um sorriso genuíno e isso me faz sentir estranhamente bem
Fico sem palavras, o que é raro. — No fim, até que evitar seu
suicídio não foi algo tão ruim, Sr. O´Donnel.
— Estou confuso. Porque minutos atrás eu parecia não
merecer e, agora, estou vendo seu lado simpático.
Grace dá mais um sorriso e outro gole do champanhe antes de
me passar a garrafa.
— Ainda estou pensando sobre isso. Mas ter me convencido a
ficar com a história do alvorecer, funcionou.
— Não… — digo pensativo e concluo: — É mais do que isso.
Desta vez, pareço estar por cima, literalmente, já que Grace
me olha ali de baixo, o que a faz parecer desarmada e sem saber
como se comportar.
Como se ela tivesse receio de eu ter desvendado um segredo
que ela queria manter bem guardado, e bem, acho que consegui.
— Você ficou, Grace. Poderia ter simplesmente ido embora.
Isso me faz pensar que você não me acha tão desagradável assim e
eu admito que estive esperando a viagem toda pelo momento em
que ficaríamos a sós — digo sem interrupções.
E é a mais pura verdade.
Ela estava mais cedo no casamento, nitidamente deslocada e
desconfortável no meio dos O´Donnell, mas precisava se fazer
presente por ser a organizadora de eventos particulares naquele
cruzeiro.
E algumas poucas vezes a notei me observando, o que me
intrigou, foi então que comecei a considerar que ela talvez, só
talvez, eu despertasse algo mais em Grace além de irritação e
indiferença.
De repente, percebo que está completamente desarmada,
como se eu tivesse exposto um lado seu e que agora não terá mais
volta.
Grace então volta a ficar ereta e seu cabelo ondula com o
vento.
— Suas conclusões presunçosas demais — ela rebate,
voltando a se recompor.
— Bem, mas eu não estou fugindo de você igual os outros
homens, estou?
Ela me olha e juro ver algo em sua respiração mudar. Vejo
também quando ela engole em seco e a sua garganta oscila.
— N-não — ela gagueja e fica me olhando, por tempo demais.
— Acho que essa conversa deveria terminar aqui. Boa noite, ou
bom dia, como preferir — diz se despedindo.
Grace faz menção de sair, mas a seguro gentilmente seu
pulso, a mantendo ali perto de mim por mais tempo.
Ela me olha surpresa demais, como se não pudesse conter as
emoções que querem escapar e que ela está tentando fugir.
— Espera... Por favor, fique — digo tranquilo, tentando não
parecer desesperado, ou como o brutamonte que ela pensa que eu
sou. — Por que ir, quando, na verdade, não é o que quer?
Ela solta um suspiro extenuante.
— Você não me conhece, Ian.Não sabe nada sobre mim e é
melhor assim. Para nós dois — retruca, chamando diretamente pelo
meu nome pela primeira vez. E eu percebo que adoro o som de
meu nome saindo de seus lábios.
Largo a garrafa de champanhe já vazia em uma das mesas de
bistrô e me aproximo dela.
— Sabe qual é o problema das pessoas? É que elas tem medo
de fazer aquilo que mais querem. A sorte dos meus irmãos e das
minhas cunhadas é que elas perceberam isso a tempo. Comigo isso
não funciona, não tenho medo de dizer o que quero.
Grace me olha de cima a baixo e faz uma expressão de
esnobe no fim.
— O problema é todo seu.
Ela tenta se esquivar, mas não faz força o suficiente. É como
se ela estivesse me testando, ou querendo brincar comigo.
Sorrio por dentro, gostando desse jogo.
— Eu sei o que você quer, Grace — digo sem mais jogos. Eu a
quero e ela me quer. Sinto isso.
— Ah, é? — Seu tom é de desafio e então, aproxima seu rosto
do meu. — E o que eu quero, Ian?
Seu hálito doce misturado com o frutado do champanhe quase
me leva à loucura.
Olhando agora mais de perto, isso é gloss em seus lábios?
Porra, só consigo pensar em como eles ficariam sexy em torno
do meu pau.
Ela está me provocando, mesmo que esteja se esquivando da
intenção principal.
— Você quer se libertar de algo que não consegue mais
conter. — Não quero soar como um pervertido idiota, então tenho
ser poético, por mais piegas que possa parecer a ideia. — Você está
à procura de algo novo, algo capaz de te fazer sentir tão iluminada
quanto o Sol.
Quando me dou conta, meus lábios já estão tão perto dos seus
que eles já podem se tocar.
— E é você quem vai me apresentar todo isso? — ela
murmura com a voz sexy que faz meu pau ficar tão duro que chega
a pulsar dentro da calça, pedindo por mais espaço.
— Sou capaz de fazer coisas que você nem pode imaginar —
disparo, pousando minhas mãos em sua cintura, mas aguardo para
avançar além disso.
— Não ordenei que me tocasse.
Retiro lentamente minhas mãos.
— Mas também não ordenei que parasse.
— Caralho! — rosno, sentindo meu sangue todo bombear no
meu pau. — Me diga, o que você quer? Porque eu quero você,
loirinha — admito.
Poucas coisas, tenho certeza na vida e essa é uma delas.
Quis Grace desde o momento em que a vi entrando naquele
salão, com Audrey e Meredith. Eu a quis porque dentre todas as
coisas, ela parecia a mais impossível, além de linda.
Passei a noite toda, ou melhor, desde que pus os olhos nela
pela primeira vez, eu a desejo ardentemente e estive frustrado
porque tudo que eu disse ou fiz pareceu afastá-la ainda mais.
Mas aqui estamos nós.
Este é o momento.
Sinto Grace me olhar no fundo dos olhos, e, então,
inesperadamente, agarrar o meu rosto e me afastar.
Chego a pensar que ela irá me enxotar.
— Ouvi muitas coisas sobre os irmãos O’Donnell e a última
coisa que pensei foi desejar estar com um.
— E sobre mim, o que ouviu exatamente? — pergunto
sussurrando em seu ouvido, ainda me segurando. Eu preciso do
consentimento dela para ir além.
— O tamanho do seu pau é algo muito mencionado nas
conversas do público feminino. Vinte e dois centímetros — Ela diz
isso assim tão naturalmente que faz com que eu solte um
gargalhada — E não é verdade?
— Eu nunca medi, mas nunca vai ouvir um O´Donnell reclamar
da generosidade da natureza nesse quesito. Mas me diga o que
mais ouviu falar sobre mim?
— Além do fato de você ser um conquistador que nunca
assumiu um compromisso na vida?
Sou parado por uma mesa, quando meu corpo se encontra
com a massa sólida do metal e mármore.
— Apesar de nunca sair com riquinhos com sua reputação de
cafajeste, eu não posso negar que você é… o cara mais
irritantemente gostoso que eu já conheci na vida — Ela me olha de
cima a baixo, como se estivesse reunindo coragem para dizer o que
tinha em mente — E parece ser mais do que capaz de me oferecer
uma boa diversão por uma noite.
Sorrio, pois, é a mais pura verdade. Vou fazer Grace se divertir
como nunca.
— E você ainda diz que eu sou devasso.
Ela dá de ombros.
— Deve ser contagioso — rebate.
A essa altura, já estou com meu braço atrelado a cintura de
Grace. Tudo que faço é pressioná-la mais ainda contra o meu corpo,
enfiar a mão atrás da sua nuca e então, deslizar a minha língua para
dentro da sua boca, que já está aberta, apenas esperando.
Ela geme no primeiro ato e quando sinto o gosto do seu beijo,
é melhor do que as bolhas de champanhe, estourando no meu
paladar. Me envolvo a ela e a minha respiração fica mais densa,
junto ao meu coração que bate superforte.
Chupo e mordo seus lábios como se fossem comestíveis, e os
sinto inchando na minha boca, ficando cada vez mais gostosos.
As mãos pequenas e delicadas envolvem os músculos dos
meus braços, como se estivesse realizando uma vontade, que era
de tocá-los.
Eu não sou tão forte como Jeremy, ou grandão como Noah,
sou um pouco mais “normal”. Odeio exercícios físicos, mas a minha
genética e a energia que gasto quando estou ensaiando com a
minha banda, já é o suficiente.
Desço os beijos pela extensão do seu pescoço longo, igual a
de um cisne. Ela joga a cabeça para trás e geme com vontade, se
sentindo verdadeiramente tomada por mim.
Chego a me perguntar quantas vezes ela já se entregou desse
jeito a alguém, pois parece estar muito excitada.
— Você é deliciosa, loirinha— digo com os lábios ainda
molhados dos lábios dela, abaixando a mão até a sua bunda.
— Coisas deliciosas geralmente se come na mesa — ela diz e
sinto meu pau tilintar.
CARALHO!
Entendo o recado.
Levanto e giro Grace, invertendo as posições, mas desta vez a
deito sobre a mesa. Ela estica os braços acima da cabeça e seu
corpo fica mais modelado ainda, exibindo as curvas perfeitas e os
traços finos. Seu cabelo cai sobre a mesa como ouro derretido e
seus olhos brilham como quartzo azul.
Parece intocável.
Talvez eu não devesse, mas ela me quer.
— Está certo assim?
Ela sorri.
— Nada parece certo agora, mas a quem estamos querendo
enganar mesmo?
Eu me inclino sobre ela, na mesa e a encaro.
— Você tem razão, não é nada dócil. Mas, vamos ver até onde
isso vai. — Volto a beijá-la.
Começamos uns jogos com as mãos, enquanto Grace agarra a
minha blusa, subindo as mangas e abrindo os botões, vou subindo
seu vestido ainda mais, à medida que passo meus dedos na pele
lisa e hidratada das longas pernas, que já estão envolvidas em mim.
Quando ela inclina o quadril para sentir a minha ereção, pego
sua mão e a levo até o meu pau duro. As pupilas de Grace dilatam e
ela respira fundo.
Ela não age como uma virgem inexperiente. Talvez possa ser,
mas desejo muito que seja, afinal assim a experiência desse
momento será menos tensa.
Grace morde o lábio e é inevitável me sentir um máximo.
— Você gosta?
— É realmente grande pra caramba.
— Isso é um problema para você?
Solto um gemido quando ela começa a me acariciar por cima
da calça de alfaiataria.
— O único problema será se isso tudo não me fizer gozar.
Dou um sorrisinho.
— Vai se arrepender de ter duvidado — sussurro para ela.
Subo a mão e abaixo seu decote, deixando seus seios de fora,
miúdos, mas graciosos, com os bicos tão duros que quando começo
chupá-los, chego a pensar que são o seu grelinho.
Ouço Grace gemer de prazer pela primeira vez e meu pau
vibra.
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