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Sumário
Nota da autora
Dedicatória
Agradecimentos
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Epílogo
Meu chefe CEO viúvo
Série “Máfia Smirnov”
Série “Família Grego”
Duologia “Cretino irresistível”
Vendida para Hakan
Louis - Um contrato de amor
Sob o domínio do sheik
A obssessão do CEO
A babá virgem da filha do CEO
Comprada pelo CEO misterioso
Oliver: o monstro
Sobre a autora
Redes sociais
NOTA DA AUTORA
Olá, amores da MAD. Tudo bem com vocês? Então, passando aqui nesta
notinha rápida para explicar algumas coisas. Prometo que vai ser rápido e que
vocês poderão ler o livro em seguida.
Primeiro, venho dizer que este livro é um spin-off de “Meu chefe CEO
viúvo”. O casal abordado nesta obra é Kauã, o irmão do Viktor, protagonista
do livro que acabei de citar, e a Micaella, nossa mocinha, irmã de criação de
Giulia e a melhor amiga dela.
“Amanda, para ler Um bebê inesperado para o bilionário é necessário
ler Meu chefe CEO viúvo?”. Não, não é necessário, meus amores. Mas, caso
vocês gostem de histórias com viúvo ferido, mocinha inocente e criança fofa,
aconselho-os a lê-la após finalizar “Um bebê inesperado para o bilionário”.
Este livro é único, independente. E espero, do fundo do meu coração, que
vocês gostem dele.
Não se esqueçam de recomendá-lo para as amigas e o avaliar. Beijos!
DEDICATÓRIA
Este livro é dedicado a todas as mães solos, que são guerreiras e sempre
fazem de tudo pelo filho. Dedico, principalmente, à minha irmã Ângela, por
amar tanto o seu bebê, o pequeno Gael Lohan, que, inclusive, é o nome do
bebê do livro.
AGRADECIMENTOS
Não existe autor sem leitores. Vocês são os responsáveis pelas minhas
loucuras e surtos. Agradeço imensamente por poder levar minhas histórias
para vocês, meus queridos leitores.
Também agradeço à responsável pela revisão e diagramação:
@luanarevisora; à minha equipe de capistas: @t.vdesigner e @isdesigner01; à
linda @horuseditorial, pelas artes dos capítulos; e às meninas que fazem meus
banners: @mbbanners, @cr_banners, @afbanners_, @vic_designer_ e
@taystiktok.
Obrigada, meninas do meu grupo de WhatsApp e todas as minhas
parceiras.
SINOPSE
Kauã Avillar sempre teve tudo aos seus pés: dinheiro, mulheres e uma
vida regada a luxo e diversão. No passado, ele se apaixonou pela esposa do
seu irmão Viktor, quando ambos ainda eram namorados. Kauã nunca o perdoou
por ter se casado com a única mulher que ele amou.
Os anos se passaram e ele, agora, está envolvido com outros prazeres. O
homem é bonito, sedutor, o cafajeste perfeito. E, em uma certa noite, acaba
tendo um encontro casual, sob a luz da lua, com uma mulher misteriosa, que
desperta seu lado predador.
A jovem Micaella nem sempre teve a vida fácil. Ela e a mãe nunca
deixaram de batalhar para se sustentarem. A moça é querida, amada pela sua
mãe, encantadora e não tem medo de se arriscar. Ao se esbarrar com o belo e
sedutor Kauã, sente-se atraída, e um sentimento arrebatador surge em seu
coração. Quando se entrega ao bilionário, vive uma paixão intensa e
arrebatadora.
O que Micaella não poderia imaginar era que o seu amor iria embora e
que ela não receberia mais notícias do homem que a enganou. Dias depois, ela
descobre que está grávida. Aflita, não sabe o que fazer, e se vê perdida para
enfrentar a vida sozinha. Ela jurou nunca mais entregar o seu coração a homem
algum.
Mas, e se meses depois, ela encontrasse o pai do seu bebê, mesmo que
sem querer, teria coragem de contá-lo que eles tiveram um filho?
CAPÍTULO 1
O doutor acabou de me dizer que tudo não passou de um susto e que não
devo me preocupar, pois estou bem. Confesso que pensei que morreria
afogada. Um final trágico. Seria uma morte horrível e dolorosa para aqueles
que iriam me perder, principalmente a minha mãe. Se ela sonhar com esse
pequeno acidente, é capaz de enlouquecer somente por imaginar as graves
consequências que ele causaria. Pensando bem, é melhor eu não contar para
ela, nem para Giulia. As duas ficariam enlouquecidas.
Respiro fundo, fazendo os exercícios de respiração que o doutor me
ensinou. Estou apreensiva com Mariza. Ela vai me matar e não vai se esquecer
desse acidente. Provavelmente, irá querer descontar do meu dinheiro. Isso se
não descontar todo de uma vez, sem se importar com o bom serviço que
apresentei até o momento em que caí na piscina.
— Qualquer coisa, basta entrar em contato comigo. Este é o meu cartão.
— Muito gentilmente, o médico se levanta, indo na direção do belo homem de
olhos azuis, que foi arrogante comigo. Somente agora percebi a sua presença
no quarto.
Parece que estou mais sem fôlego neste instante do que quando estava na
piscina, tentando não me afogar. Esse homem possui a beleza dos deuses
gregos. Eu diria que é o mais bonito que já vi em toda a minha vida. Seus
olhos azuis são penetrantes, de uma tonalidade profunda, escuros como o
fundo do mar, misteriosos e sensuais; são de fazer cair o queixo. Estou
praticamente babando com toda essa beleza exuberante. Ele é como o sol
parado diante de mim e não consigo ver nada além ao seu redor, somente sua
beleza, os ombros largos e os braços fortes, malhados. Oh, céus! Ele deve ter
um tanquinho maravilhoso.
Observo-o apertar a mão do médico em agradecimento. É inevitável não
estar presa ao seu olhar sedutor e devasso que está me fazendo ter sensações
estranhas e, até então, desconhecidas. Eu já tive muitas paixões ao longo da
minha vida, como o garoto do terceiro ano, que tinha uma tatuagem no braço
esquerdo, outro que vi de passagem no shopping e os muitos maridos literários
que conheci, mas nada se compara ao que estou sentindo agora. É possível que
eu tenha me apaixonado à primeira vista por alguém que foi arrogante comigo
e nada gentil? Deve ter entrado água em meu cérebro ou algo do tipo, porque
não é possível que meu coração esteja batendo acelerado por causa destes
olhos azuis que estão fitando os meus.
Sinto um choque, uma corrente elétrica passar pelas minhas veias, que
pulsam freneticamente, queimando-me de uma maneira brutal. Engulo em seco
quando o homem caminha e fica o mais próximo possível de mim. Não
desviaria meu olhar do seu nem se um meteoro caísse dentro deste quarto
agora. Ele está molhado, assim como eu, inclusive seus cabelos lisos, loiro-
claros, e o terno caríssimo que ele fez questão de me dizer que eu nunca
poderia pagar. Cretino, ousado! Será que ele pulou na piscina para me salvar?
Foi ele quem fez respiração boca a boca em mim?
O doutor me disse que os primeiros socorros foram prestados com muita
agilidade. Ou seja, se não fosse por esse homem, que me tirou da piscina,
talvez eu teria morrido, pois nenhuma daquelas pessoas tinha notado que eu
estava me debatendo e me afogando. Se ele realmente me salvou, meu coração
se enche de gratidão pelo seu ato. Apesar de tudo, mostrou-se ser muito
generoso. Só de imaginar que estes lábios sedutores fizeram respiração boca a
boca em mim, chamas se acendem, queimando todo o meu ser.
— O doutor me disse que você está bem. — A sua voz possui um grave
rouco muito sensual, que me causa arrepios.
Jesus amado! Ele é realmente incrível, exala poder e soberania. Seja lá
quem for, eu queria saber ao menos o seu nome. Poderia lhe stalkear em um
piscar de olhos e descobrir se é casado. Se bem que não está usando aliança e
não há marca ou sinal de que uma já esteve em seu dedo anelar. Contudo, os
casais de hoje em dia são mais modernos e não usam alianças o tempo todo,
sendo que outros nem sequer a usam. O compromisso não está nesse objeto, e
sim baseado no amor e no respeito.
Um leve grau de esperança me invade. Se ele não é casado, é mais um
homem bonito dando o ar da graça por onde passa. Tem cara de pegador.
Posso estar enganada, mas algo me diz que ele tem um beijo vagabundo,
daqueles de tirar o fôlego, uma pegada sensual e envolvente. É tão bonito, que
aposto que muitas mulheres se jogam aos seus pés, querendo estar na sua
cama. E, com certeza, ele leva todas lá para fazer safadezas. Não nega ser um
sedutor nato. Mesmo assim, eu adoraria passar pela sua cama também.
Droga! Que pensamentos são esses? Quem já se viu? Como se eu tivesse
coragem de me envolver com alguém que não conheço e por quem não sinto
nada. Oh, céus! Estou ficando doidinha. Para estar com um homem, entregue
de corpo e alma, eu tenho que estar muito apaixonada e confiar plenamente
nesse parceiro. O meu cérebro congelou, por isso estou pensando em tantas
besteiras.
— Sim, eu me sinto bem. Tão bem, que preciso voltar para o trabalho. —
Fico sentada sobre a cama com os pés tocando no chão, que está gelado.
— Trabalhar? Não, você vai para casa descansar.
— Não posso. Eu preciso terminar de servir na festa.
— Como você quer trabalhar, se nem consegue tocar no chão direito?
Espere. Está com frio. Pedi uma roupa fresca para você, pois não quero que
fique doente.
— Como se você se importasse. Foi tão grosseiro comigo, que não sei
por que está aqui, e ainda pediu uma roupa seca para mim. Não precisa. —
Não perdi a chance de lhe dizer tudo que estava entalado na minha garganta.
Ele foi grosso, então mereceu ouvir isso, por mais lindo e sexy que seja.
Não consigo controlar a minha língua.
— Pois saiba que eu me importo. — Ele me deixou completamente sem
resposta. Tenho certeza de que não sou a única que ele deixa assim. — Eu
estou responsável por garantir que nada de errado aconteça nesta festa, ou os
meus superiores poderão me jogar no olho da rua. Você me entende?
— Essa parte de ser demitido, sim. Digamos que minha superior vive
sonhando com o dia em que eu falhe, para me demitir por justa causa. Por isso
devo voltar às minhas funções logo. — Minhas sapatilhas estão molhadas,
mas, mesmo assim, calço-as e me coloco de pé.
— Peço desculpa se fui grosseiro.
Tomada pela surpresa, arregalo os olhos. Estou acostumada com as
pessoas sempre pisando em mim, mas nunca se desculpando pelas grosserias.
— Tem água demais no meu ouvido? Ou eu escutei um pedido de
desculpa? — Cruzo os braços.
Ele esboça um sorriso modesto, porém muito lindo e safado.
— Escutou bem. Estou pedindo desculpa. Como eu disse, fui grosseiro
devido à tensão que estava à minha volta. Meus superiores são muito
exigentes.
— Entendo. E, desculpa aceita.
Ele conseguiu derrubar minhas estruturas. Não posso evitar o tremor que
estou sentindo agora. Alerta vermelho! Minha mãe sempre me alertou sobre
homens, para que eu nunca me deixasse levar por sorrisos bonitos e olhos
azuis. E agora estou hipnotizada por um par de olhos azuis. Ele é muito bonito,
como um fogo que se espalha pelo meu corpo. Minha querida mãe é marcada
pela dor do abandono, porque o meu pai a abandonou grávida. Nunca o
perdoamos. Essa é uma traição dolorosa.
— Se eu puder fazer algo para a compensar por esse imprevisto... —
Vendo que não estou compreendendo aonde ele quer chegar, ele sorri de lado
mais uma vez. Que tentação, meu Deus! — Os meus chefes querem evitar
qualquer escândalo pelo incidente da piscina.
— Por acaso eles pensam que eu vou armar um barraco e pedir uma
indenização porque tropecei e caí em uma piscina? — acabei sendo
debochada. Essa gente pensa que todo pobre é interesseiro.
— Sabe como é esse pessoal que vive de mídia.
— Posso imaginar. Mas diga aos seus chefes, seja lá quantos forem, que
não precisam se preocupar comigo. Agradeço por terem me trazido um
médico, mas caí porque tropecei sozinha. Então, não foi culpa de ninguém
além de mim. Eu me responsabilizo pelos meus atos. Eles podem dormir
tranquilos, porque não vai haver nenhum escândalo.
O homem parece surpreso com o que acabei de dizer e insiste, ainda
preocupado:
— Um bônus será acrescentado ao seu pagamento.
— Olha, cara, eu estou muito a fim de ganhar uma boa grana, mas não do
jeito errado. Já falei para não se preocuparem, não vai haver escândalos.
Que irritante. Por que eles pensam que sempre há alguém querendo
chamar a atenção? Será que foi por causa do que a acompanhante dele disse
de mim sobre isso?
— Se foi pelo que sua acompanhante, namorada, ou esposa disse sobre
eu estar querendo chamar a atenção, não tem nada a ver com um escândalo, eu
apenas não levo desaforo para casa, principalmente de pessoas que são
arrogantes. — mais uma vez dei uma patada nele. Nunca perco a chance.
Sei que nunca mais o verei, por isso quero deixar minha marca. Se ele
conseguir se lembrar de mim algum dia, que seja por eu ter lhe dito tudo que
estou pensando em relação a ele.
— Você não vai me perdoar, nunca, pelo que eu disse, não é mesmo?
— Eu disse que aceitei suas desculpas.
— Por favor, ignore o que Paola falou sobre você. Ela só estava
assustada. E, a propósito, ela não é minha esposa, nem minha namorada, é a
minha irmã.
— Irmã? — acabei falando mais alto do que pensei. Droga! — Longe de
mim ser preconceituosa, eu só quero dizer que vocês são diferentes. Mas isso
não significa que não possam ser irmãos.
— Mães diferentes. A mãe dela era baiana e meu pai se apaixonou por
ela. Sabe como é. Paola é minha única irmã. — Agora ele está me falando
sobre sua família.
— Interessante. Deve ser legal ter uma irmã.
— Filha única? — mostrou-se interessado.
— Filha única. Somos apenas eu e minha mãe.
— Sinto muito pelo seu pai.
— Não sinta. Ele não está morto, é só um sem-vergonha que abandonou a
minha mãe grávida e nunca mais apareceu. O que é ótimo, pois ele poderia vir
coberto de ouro, implorando pelo meu perdão, que eu não aceitaria. —
expressei todo o meu ódio.
É errado odiar o próprio pai? Se você fizer essa pergunta a algum
religioso, ele vai dizer que sim e que devemos perdoar; mas se a fizer para
mim, direi que não é errado. Errado é um pai abandonar um filho e o
desprezar como se ele fosse algo descartável.
— Olha eu te enchendo com meus problemas. Desculpa.
— Pode expressar tudo que está sentindo. De alguma forma, estou lhe
devendo, por ter sido arrogante com uma menina tão linda.
Essa foi a segunda vez que ele disse que sou linda. Meu coração acelera
como nunca antes e eu tento salivar, porém não consigo. Minha garganta secou
de repente. Se o seu propósito era me deixar sem jeito, conseguiu.
— Você não está em dívida comigo. Se foi a pessoa que me tirou do
fundo da piscina, eu que estou em débito com você.
— Sim, eu fui esse homem. E, a propósito, sou Kauã.
— Micaella. Mas todo mundo me chama de Mica. — Por que eu lhe
disse meu apelido? Agora estou perturbada. Tenho certeza de que estou.
Meu Deus! Preciso sair daqui antes que me atire em seus braços.
— Um nome tão bonito quanto a pessoa que o carrega. Você é muito
bonita, Micaella. Sabia disso?
Abro a boca por uns instantes. Ele só pode estar zombando da minha
pessoa. Não é possível que eu esteja passando por isso. É inacreditável o dom
que as pessoas têm de ferir as outras sem se importar com os sentimentos
delas. Nunca tinham ido tão longe, como ele está indo agora. Desta vez não
tem perdão. Eu não admito ser motivo de chacota para ele, nem para ninguém.
E eu acreditando na sua boa educação repentina. Iludida.
— Meu Deus! Agora você está tirando onda com minha cara. Diga-me o
que eu fiz para merecer primeiro sua arrogância e, agora, ouvir seus deboches.
— Uma lágrima solitária escorre pela minha face.
Nem ele, nem ninguém tem o direito de debochar de mim. Não mereço
tamanha ofensa. Ora! Como se ele fosse encontrar beleza em mim, vestida
como garçonete, diante de tantas mulheres lindas, cobertas por joias, na festa.
— O quê? Micaella, eu não estou ridicularizando você. Pelo contrário.
Estou enaltecendo a sua beleza. Perdão se falei algo que não gostou, apenas
não pude me conter diante de tanta beleza. Eu não quero ser arrogante, só
estou hipnotizado pelos seus olhos azuis.
Kauã não parece estar mentindo. Não há ar de deboche em sua face.
Como eu pude ser tão tonta, a ponto de ele estar precisando me dar
explicações? Ou ele é muito bom com as palavras e em me convencer de que
está sempre certo ou eu sou muito tola e burra para cair no seu joguinho. Se é
que há um jogo por trás disso. Quisera eu poder saber de tudo. Mas,
infelizmente, nós, mortais, nunca sabemos de nada.
— Por favor, pare de brincadeiras. — agora ele me fez gaguejar.
Ninguém nunca me fez isso antes, nenhum dos garotos de quem já gostei.
— Eu não sou homem para brincadeiras, Mica. — chamou-me pelo meu
apelido, deixando meu coração derretido com o seu modo de falar. — Quando
digo que estou hipnotizado pelos seus olhos azuis, não estou mentindo. E não é
somente eles que estou apreciando. — O que mais ele está apreciando? A
resposta vem em seguida. — Eu gostaria de poder beijar os seus lábios
rosados.
Kauã quer me beijar? Como ele quer me beijar? Acabamos de nos
conhecer.
Engulo em seco pela milésima vez somente depois de ter passado alguns
minutos em sua companhia. Minha respiração está fora do ritmo,
descompassada. Mais uma vez, ele me deixou sem resposta, paralisada diante
de sua exuberância e do vigor de sua postura, exalando uma beleza fascinante,
a qual estou tendo o privilégio de estar controlando.
Tenho a sensação de que ele se aproximou mais de mim com o intuito de
me beijar. E agora? O que farei?
— E, então, Micaella... Eu posso beijar você? — perguntou, ficando a
poucos centímetros de mim. Arregalo os olhos, que já são grandes, agora
assustados. — Você quer ser beijada? — Sua mão grande e macia toca em
minha bochecha.
Engulo em seco. Nunca me tocaram com tanta intensidade, como ele.
— Eu...
— Acho que sua resposta é “sim”. — ele disse, convencido, diante do
meu silêncio. Não estou conseguindo falar devido ao nervosismo que se
apodera de mim.
Seus lábios sedutores parecem possuir alguma espécie de ímã, que
puxam os meus para junto deles. Ao menos essa é a sensação que tenho.
Primeiro sinto como se estivesse em um sonho, depois sinto que estou
despertando aos poucos. Não sei dizer o que mudou. Como posso permitir que
sua boca tome a minha? Um beijo avassalador aniquila todas as minhas
defesas e eu me mantenho segura do que estou fazendo. Sua língua é bastante
habilidosa, invadindo toda a minha boca. Eu nem sei o que estou fazendo ao
certo, no começo fico meio perdida. Como eu disse, já beijei garotos, mas
nunca com a volúpia de agora.
Solto um gemido abafado pelos seus lábios. Caramba! Como ele tem um
hálito gostoso, com cheiro de menta e whisky. Seu perfume é amadeirado, no
entanto não é forte; tudo é na medida certa. Kauã me deixa sem ar, e suas mãos
em volta da minha cintura apertam meus quadris com muito desejo. É um
menino levado, que sabe onde me tocar e consegue me fazer gostar disso,
permitindo que ele me tome nesse beijo arrebatador e gostoso.
Eu nunca tinha sido beijada assim. É delicioso e me faz sentir um calor
na minha intimidade. Nenhum homem jamais tinha me feito sentir calor lá.
Mérito para Kauã. Ele é safado e vai descendo suas mãos grandes, querendo
apertar meu bumbum. O beijo até permito, mas ele pegar na minha bunda
assim, logo de cara? Quem pensa que eu sou? Uma vadia? Sem afastar nossos
lábios, faço-o subir as mãos novamente e pegar apenas na minha cintura.
— Que beijo gostoso, linda. — sussurrou antes de morder meus lábios.
“Linda”. Esse é meu novo apelido?
Sua língua continua enlaçando a minha. Como ele pode ser tão gostoso
assim e me levar à loucura a ponto de me fazer imaginar nós dois sem roupas
sobre esta cama, amando-nos com nossos corpos molhados. Isso está
começando a ficar insano demais, devo me afastar.
Tento me afastar dele, porém ele me segura com mais firmeza.
— Não pare, está delicioso demais. — ele sussurrou e engoliu minha
língua.
O calor do seu corpo aquece o meu e eu posso sentir algo duro na altura
do meu umbigo, querendo me rasgar. É seu pênis rígido tomando forma?
Caralho! Ele está excitado! Eu o deixei assim! Esta é a primeira vez que deixo
um homem duro.
O som da porta sendo aberta nos faz parar o beijo. Olho, envergonhada,
para a entrada. É a irmã dele. Como ele disse que era o nome dela? Paola,
lembrei-me. Minhas bochechas estão coradas e meu rosto deve estar igual a
um tomate vermelho por eu ter sido tomada pela vergonha dela nos flagrando.
Posso encontrar um misto de raiva e indignação em sua face. Ela é muito
bonita. Observando-a, noto que ambos não têm nada parecido. Kauã possui
olhos azuis e cabelos loiro-claros, já Paola é morena, de olhos castanho-mel.
São diferentes.
— Irmã, trouxe a roupa que pedi?
Ela olha para Kauã de uma maneira estranha, sorrindo sem graça.
— Sim, eu trouxe a roupa, meu irmão. — Ambos estão agindo de forma
diferente. Talvez seja a forma de eles se tratarem. — Será que você pode sair,
para a moça se trocar?
— Não há necessidade, eu já estou de saída. — respondi.
— Não, querida. Eu trouxe a roupa. Vista-se. Meu irmãozinho vai sair
por alguns instantes.
Kauã olha para mim e eu quero enfiar a cabeça em um buraco para
esconder a timidez. Se sua irmã não tivesse entrado neste quarto, eu nem sei o
que teria acontecido entre nós dois. Provavelmente, eu já não seria mais
virgem.
— Com licença. — Ele sai naturalmente, como se nada tivesse
acontecido.
A mulher permanece no quarto, a irmã dele. Ela cruza os braços depois
de colocar a sacola com a vestimenta sobre a cama.
— Meu irmão é rápido. — disse baixinho.
Eu não compreendi o que ela falou.
— O que disse?
— Nada, querida. Eu estava pensando alto. Pode se vestir. Eu já falei
com sua superior, e você está dispensada. Irá receber pela noite trabalhada e
também irá ganhar um bônus a mais.
— Eu disse ao seu irmão que não é necessário.
— É sim. Agora, troque-se. E não precisa devolver o que eu trouxe,
cunhada. — Pisca para mim.
Não sei dizer se ela está feliz ou debochando de mim. A segunda opção
parece ser a mais relevante.
Só aceitei a vestimenta porque estou tremendo de frio. Depois peço para
a minha colega pegar minhas coisas e me entregar na saída. Quero sair deste
lugar e não ter que ver esses irmãos, nunca mais. Mesmo que o irmão seja um
gato que beija super gostoso, não quero me encontrar com eles novamente.
Algo neles me deixa receosa. Posso estar ficando maluca, não sei dizer.
Troco-me rápido, rezando para eles não estarem no corredor. Deus
atendeu as minhas preces. Estou no quinto andar. Pego o elevador até a
recepção, por onde passo despercebida até a saída, e encontro minha colega,
que me entrega minhas coisas, minha mochila, que estava no armário.
Agradeço-a e vou embora o mais depressa que consigo.
Saber que nunca mais o verei me deixa desanimada sem motivos. Preciso
parar de pensar nele.
Estou passando pelo calçadão, pela orla mais bela de João Pessoa. Os
coqueiros balançam suas folhas por conta da friagem. Estou usando um vestido
até a altura dos joelhos. Achei que ele ficou um pouco apertado, entretanto é
melhor do que minhas roupas molhadas.
Caminho depressa, quando ouço alguém chamar pelo meu nome.
— Micaella!
Será que é assalto? Ando quase correndo. Um bandido não chamaria pelo
meu nome. A menos que fosse uma assombração. Contudo, eu não acredito
nessas coisas. Mas, ainda assim, estou quase correndo. Quando escuto meu
nome pela segunda vez, um anjo se coloca na minha frente, fazendo-me parar
de caminhar. É Kauã, lindo e imponente. O que ele veio fazer atrás de mim?
— Espera, espera! — Encaro seus olhos azuis. Ele correu para me
alcançar. — Por que saiu assim, apressada, sem se despedir?
— Oi? Acabamos de nos conhecer. O que você quer que eu faça? Que
saia por aí te procurando para dar tchau?
— Calma. Não precisa ser grosseira. Eu fiz algo que a irritou?
— Não, cara, você não fez nada. Olha... Já é tarde, eu preciso ir para
casa.
— Eu te levo para casa. — ofereceu.
— Você tá louco? Eu não vou chegar em casa com um homem. Você pode
ser perigoso, um assassino, um maníaco.
Eu não havia pensado nisso até agora. E se ele estiver querendo me
machucar? Não há ninguém por quem eu possa gritar.
— Se eu fosse alguém perigoso, já teria obrigado você a vir comigo.
Estamos somente nós dois, sozinhos. Estou sendo apenas gentil. Quero te levar
para casa.
— Não, obrigada. Eu já estou quase chegando ao ponto de ônibus.
Se ele fosse perigoso, já teria me machucado.
— Deixe-me te acompanhar até o ponto.
— Não. — falei na defensiva.
— Está fugindo de mim? Não gostou do nosso beijo?
— Gostei. Digo... Eu... — Nervosa, pigarreio. — Está tarde. Tchau.
— Eu vou encontrá-la, Micaella, nem adianta fugir. Você ainda será
minha namorada. — gritou a última parte.
Já estou longe o suficiente para sorrir como uma boba. Ele quer namorar
comigo?
Estava tão no mundo da lua, que não notei quando ele me alcançou,
apenas notei quando se colocou em minha frente, deixando-me sem reação, e
me tomou em um beijo quente e provocador. Desta vez Kauã me faz imaginar
nós dois transando sobre a areia do mar, no silêncio da noite. Ele me deixa
embriagada com seu perfume e está me ganhando somente no beijo. E que
beijo, Brasil. Rendo-me em seus braços. Essa batalha já está perdida.
Esse homem sabe como me levar para o céu. Não posso permitir que me
tome assim.
Eu me afasto dele, e o seu sorriso é safado ao me encarar. É um devasso.
— Eu preciso ir, ou perderei o ônibus.
— Me passa o seu número.
— Você não disse que me encontraria? Boa sorte.
Posso estar cometendo a maior loucura deste mundo, mas se ele
realmente tiver boas intenções comigo, fará de tudo para me encontrar. Olho
para trás mais uma vez antes de subir no ônibus. Ele fica parado, de longe,
observando-me. O sabor da sua boca ainda está na minha e levará algum
tempo para sair dela, principalmente da minha cabeça. Kauã me deixou
marcada de um jeito que não sei se serei capaz de esquecê-lo.
O homem está mesmo a fim de mim? Nós nos vimos uma única vez para
bastar que os nossos corações queiram um ao outro? Espero não me
arrepender disso.
CAPÍTULO 4
Abro a porta da sala e a tranco. Estou toda boba, sorrindo à toa, como se
tivesse visto um passarinho branco. Ao menos seria isso que minha avó diria
se ainda estivesse conosco. Toco em meus lábios com os dedos. Ele me beijou
duas vezes. Fui beijada por um estranho duas vezes na mesma noite. Fecho os
olhos, e é como se ele estivesse aqui, comigo, tocando-me daquela maneira
ousada e intensa. O sabor de hortelã acompanhado de uma boa dose de whisky
agora é o meu aroma preferido.
— Querida. — Ouço a voz da minha mãe e me recomponho, tentando não
parecer uma boba encantada por um desconhecido.
— Mamãe, ainda está acordada?
Ela me olha como se soubesse de tudo que aconteceu hoje e eu engulo em
seco. Talvez esteja enlouquecendo. Não é possível que ela saiba de algo. Eu
estou completamente fora de mim, e tudo por culpa de Kauã.
Kauã! Que nome lindo. Eu nunca tinha conhecido alguém tão bonito como
ele, que fosse capaz de me roubar o ar com um simples olhar. Ele é
envolvente, sexy, muito gostoso e me faz ter pensamentos insanos, impuros,
para uma garota virgem.
— Eu estava esperando por você. Sabe como me preocupo quando volta
tarde do trabalho. Ocorreu tudo bem hoje? — ela perguntou, desconfiada.
— Sim, tudo bem.
— E este vestido? Ele não é seu. Micaella, seus cabelos estão molhados.
Tem certeza de que está tudo bem?
— Eu peguei com uma amiga. Foi uma longa história. Amanhã eu conto.
— Longa história? Nem pensar, mocinha. Começou, agora termine.
— No final da festa todo mundo aproveitou para tomar banho de piscina
e eu não tinha levado roupa além do meu uniforme. Uma amiga me emprestou a
dela.
— Por sinal, o tecido desse vestido é muito sofisticado. Você tem certeza
de que foi isso, Mica?
— Claro que tenho, mamãe. Eu estou com sono. — Bocejo para ela ver
que estou sonolenta e lhe dou um beijo na bochecha.
Mães e seus instintos. Ela desconfia de que aconteceu alguma coisa.
Precisei mentir para não a preocupar. Se ela soubesse que caí na piscina,
quase me afoguei, fui examinada por um médico, beijada por um desconhecido
arrogante, que depois se redimiu e me beijou mais uma vez... Beijos
envolventes que teriam me feito parar na sua cama se tivéssemos passado mais
tempo juntos.
Não vejo mal em mentir pelo menos desta vez, pois, provavelmente,
nunca mais verei aquele homem.
— Boa noite, princesa.
— Boa noite, mamãe. Até amanhã.
— Não esqueça de ir amanhã comigo ao shopping.
— Vou colocar o celular para despertar às nove. Beijos. — Jogo beijos
para ela.
Não tenho o hábito de mentir para a minha mãe e me sinto mal por ter
feito isso. Sempre prometemos ser honestas entre nós, já que somos tudo o que
temos uma à outra, para todas as coisas. Mas como, provavelmente, não verei
Kauã outra vez, essa mentira foi para um bem maior. Assim, evitei preocupá-
la à toa.
Se mamãe soubesse que beijei um desconhecido duas vezes,
enlouqueceria. Ela não é destas mães controladoras, passa muito longe disso,
e sempre me sinto livre para fazer minhas escolhas. A única coisa que ela
sempre fez foi me alertar sobre os homens. O fato do meu pai a ter
abandonado grávida a fez se tornar uma mãe protetora. Ela sempre me diz que
o amor às vezes pode ser traiçoeiro, que eu posso sair machucada. E está
certa. No entanto, até hoje nunca conheci um cara que quisesse namorar sério
comigo. Eu sempre era motivo de piadas, a garota bruta que nunca dava uma
chance para ninguém. Já virei até aposta no hotel onde trabalho. Eu e Giu não
somos fáceis, por isso somos alvos de piadinhas idiotas.
Subo para o nosso quarto e deito a cabeça sobre o travesseiro fofo e
macio. Não se compara com onde eu estava deitada quando o médico me
examinava, mas, ainda assim, é muito confortável. Estou no beliche de cima, a
cama na qual sempre durmo. Giulia está ressonando. Ainda bem que não a
acordei. Digamos que ela costuma ficar brava quando eu a acordo assim, no
meio da noite. Ela é um doce de pessoa quando não está com sono.
Viro-me de um lado para o outro na cama. Não consigo dormir, só pensar
nele e no seu beijo quente, molhado, que me deixou com tesão e com vontade
de me tocar pela primeira vez na vida. Minha intimidade está em chamas e
meu coração está quente. O que está acontecendo comigo? Um cara que
conheci há poucas horas não pode estar mexendo com o meu psicológico
dessa maneira. Agora minha garganta está seca, só que a preguiça me faz ficar
deitada. Não quero me levantar para beber água na cozinha.
Amanhã será um novo dia. Irei sair com mamãe e Giu para o shopping,
onde haverá exposição de artes em um stand. A minha mãe é apaixonada por
artes. Todo quadro que tem flores e pinturas do campo é a sua maior paixão.
Os outros também chamam a sua atenção, mas esses são os seus preferidos. A
feira será exposta em um shopping do Altiplano, um dos melhores bairros da
cidade. O local é elegante e sofisticado. Fui lá duas vezes com Giu quando
trabalhamos cobrindo as férias de uma amiga nossa e de outra funcionária.
Muitas pessoas ricas frequentam o lugar. Como o espaço é aberto para todos
os públicos, terá bastante gente, por se tratar de um domingo agitado na
capital.
Adormeço com os pensamentos naquele lindo homem de olhos azuis
profundos. É capaz que eu até sonhe com eles, de tão intensas que estão as
lembranças em meu coração.
(...)
(...)
“Passei todos esses dias pensando em você. O sabor do seu beijo ainda
está nos meus lábios. Eu gostaria de encontrá-la nesta noite. Aceita sair
para jantar comigo?
Kauã!
Ps: Paola a espera em um carro, em frente ao seu trabalho.”
Ele pensou em mim por todos esses dias! Essas foram suas palavras.
Estou radiante. Essa foi a primeira vez que recebi flores de um homem e um
convite para jantar. Nada me parece mais romântico e misterioso. Kauã
mandou este vestido para mim? Estou sem acreditar em todos os esforços que
ele está fazendo para me rever. Será que eu vou resistir a tanta paixão? Isto é
indiscutível: Kauã é galã, sabe ser romântico e, acima de tudo, como
conquistar uma mulher. Seria isso experiência ou apenas um modo educado
seu de ser?
Respiro fundo para não acabar tendo um treco de tanta ansiedade.
Um convite para jantar. É formidável. Ainda estou sem acreditar que ele
realmente me encontrou. Recordo-me de suas palavras. Ele disse que estava
apaixonado e que precisava ter a certeza de que eu sou a mulher da sua vida.
Essas palavras não saem da minha cabeça, assim como a sua promessa de me
beijar quantas vezes desejar. Eu concordei com isso, e agora não poderei fazer
nada se ele ainda se lembrar desse nosso acordo.
— Então, Mica... Quem é este admirador secreto? — Curiosa, como
sempre, e inconveniente.
Busco uma resposta para a deixar de língua muda.
— Não é ele, e sim ela. Não viu como a morena é linda? — Pisco para
ela, que está de boca aberta. — Agora, deixe-me trocar de roupa. E vê se não
conta o meu segredo
— Seu segredo está guardado comigo. Ela até me pagou para eu me
manter de bico fechado. Boa sorte com sua gata. — Realmente Cris acreditou
na minha história.
Por sorte, sempre trago toalha e sabonete comigo. Tomo um banho,
perfumo-me e envio uma mensagem para Giulia, falando que vou fazer um
serviço extra. Ela pensará que irei à festa. Em outro momento me explico.
O vestido que ele me mandou também tem um cartão escrito.
Meu coração dispara quando ele encara os meus olhos. Tudo à minha
volta está em uma completa escuridão, apenas ele, à minha frente, possui
iluminação para me atrair e fazer eu me sentir como um vagalume em busca da
luz. Salivo com dificuldade. Kauã está ainda mais bonito do que na última vez
em que o vi. A beleza de um deus grego é sua principal característica. Se esse
homem me deixa com as pernas bambas com apenas um olhar, imagino-o me
beijando calorosamente enquanto tira as minhas roupas lentamente. Vai me
enlouquecer.
Por que todas as vezes em que estamos próximos, ele me deixa sem ar? A
dificuldade para me concentrar é gigantesca.
Seu sorriso safado é lindo e ele é um devasso; conheço um pelo olhar.
Seus olhos percorrem todo o meu corpo. Eu gostaria de saber o que está se
passando na sua cabeça neste momento; se bem que posso imaginar que é algo
insano que não possa ser conversado em uma mesa de jantar.
— Boa noite, linda. — Sua voz rouca causa arrepios por toda a minha
pele.
— Boa noite. — Eu o chamaria de lindo se não fosse por conta da minha
timidez.
— Você não sabe o quanto ansiei por esse encontro. — confessou. — Por
favor, sente-se. — Ele vem na minha direção, fica atrás de mim e suas mãos
passam ao lado da minha cintura. Consigo sentir o calor delas ao puxarem a
cadeira para que eu me sente.
Galanteador, Kauã me faz paralisar. Milésimos de centímetros nos
separam e eu engulo em seco. A maneira sensual como ele age não me
incomoda, deixa-me louca pelo seu toque. Suplico que ele me toque. O calor
da sua respiração faz eu me sentir única. Quando ele me chama de linda,
deliro, imaginando nós dois juntos. Parece que o homem sabe como sua
aproximação me deixa. Posso estar errada, porém acredito que tenha essa
noção.
Sento-me na cadeira que foi puxada.
— Obrigada.
Vejo-o se sentar na minha frente. Seu camisete branco, com os dois
primeiros botões abertos, permite-me ver um pouco da pele por baixo dele.
Nenhum pelo nessa região. Provavelmente, ele é muito gostoso.
Controlo minha respiração para não parecer uma desesperada que nunca
viu homem.
— A roupa lhe serviu muito bem, caiu como uma luva.
— Adorei o vestido, mas algo está martelando na minha cabeça. — Se eu
não perguntar, a dúvida me matará.
— O que seria?
— Por que me mandou um vestido? Por acaso você tem vergonha das
roupas que uso, por não serem tão sofisticadas como as suas e da sua irmã?
— Aposto que Paola lhe deixou pensando bobagens dela. A minha irmã
me ama muito, ela é protetora em relação a mim.
— Acredito que você já esteja bem crescido para mandar no seu próprio
nariz. — desafiei-o.
— Ignore minha irmã. Logo verá que vocês serão melhores amigas.
Quando ela perceber que você é a mulher perfeita para mim, logo te aceitará
como se fosse uma irmã para ela.
Kauã consegue ser tão convincente, que me faz repensar sobre Paola.
Será que ela me vê como uma vigarista?
— Então, não sente vergonha de mim? Eu pensei que esse vestido tivesse
alguma relação com... — Ele me corta e sua expressão muda para uma muito
séria.
— Micaella, o vestido foi um presente. Eu jamais sentiria vergonha de
você. Como poderia? Nunca conheci uma mulher tão bela quanto você em toda
a minha vida.
— Isso pode até ser verdade, mas eu também tenho certeza de que você
já conheceu muitas mulheres.
— Talvez, mas nenhuma nunca como você.
O garçom atrapalha a química intensa entre nós dois.
Aquele fogo só aumenta no meio das minhas pernas. Já estou um poço de
suor, em chamas por esse homem de olhos azuis.
— Boa noite, senhor e senhora. Já sabem o que vão pedir?
— Eu vou querer quinoto de camarão e espuma de limão siciliano.
Não faço a menor ideia do que seja isso. Meus olhos estão chocados com
os preços deste lugar e o garçom espera pela minha resposta.
— Em dúvida?
— Sim, muita. Pelos nomes, eu não sei quase nada do que tem aqui, e
estes preços são absurdos.
— Escolha o que desejar.
— Eu vou querer o mesmo que ele. Obrigada.
O homem se retira em seguida. Céus! Quanto absurdo!
— Você tem certeza de que gosta deste restaurante? Poderíamos ter ido
para um mais barato.
— Não se preocupe com os preços, eu posso pagar.
— Seu trabalho deve ser muito bem remunerado.
— Sou um homem solteiro, minhas despesas não são extravagantes, a
menos quando desejo conquistar uma bela mulher de olhos azuis e cabelos
loiros da cor do sol.
— Então, confessa que está querendo me conquistar?
— Você ainda não havia se dado conta das minhas intenções? Pensei que
meus beijos tinham deixado muito claro o que eu quero. Talvez eu possa
demonstrar novamente o que estou sentindo, em um lugar mais apropriado.
— Eu não sou mulher de uma noite. — deixei esclarecido, caso ele
pensasse algo assim.
— Você é uma mulher para a vida toda. Exatamente o que eu busco.
— E você não pode sair me beijando quando bem entender. Estamos nos
conhecendo e eu não lhe dou tal liberdade.
Seus olhos estão cobertos de tesão, diferentes de tudo que já vi antes. Ele
me deixa sem ar, completamente envolvida e presa a esse olhar.
— Peço perdão se não consigo controlar meus desejos perto de você.
— A gente acabou de se conhecer, não sabemos quase nada um do outro.
— Meu nome é Kauã, tenho vinte e nove anos, sou funcionário de uma
grande empresa de construção, sou solteiro, em busca de um amor. — Pisca
para mim, fazendo-me rir. — Moro em São Paulo. Nasci lá, porém passarei
muitos meses em João Pessoa a trabalho; e se as coisas forem para o caminho
que desejo, pretendo permanecer nesse lugar por muito mais tempo que o
previsto. — Ele consegue arrancar um sorriso meu, é incrível.
— Interessante.
— Agora, me fale mais de você. Quero saber exatamente tudo.
— Não há nada de interessante na minha vida, mas vamos lá. Me chamo
Micaella Borges, filha única, moro com a minha mãe e minha melhor amiga,
que é como uma irmã para mim, trabalho no hotel mais elegante de toda a
cidade...
— Qual hotel? — mostrou muito interesse.
— Hotel Avillar Resort.
— Você trabalha para Viktor Avillar?
— Trabalho no hotel dele, mas nunca o vi pessoalmente. Dizem que ele é
até charmoso, o viúvo mais cobiçado de toda a São Paulo. Que triste perder
um amor. — lamentei.
— Muito triste. Ele ficou arrasado quando perdeu a esposa. — Parece se
lembrar de tal incidente.
— Você o conhece?
— Trabalhei para ele há alguns anos. Mas, esqueçamos esse assunto.
Continue me falando mais sobre você.
Realmente, foi estranha essa parte de falar sobre meu chefe que eu nunca
vi.
— Vejamos... Tenho dezenove anos. E isso é tudo.
— Eu sempre soube que você era uma bebê.
— Não se engane, essa bebê já é dona de si.
O garçom começa a servir a bebida escolhida por Kauã, um vinho branco
caríssimo. Fiquei estarrecida com os preços deste restaurante, todavia, como
ele mesmo disse que pode pagar, eu não vou reclamar, nem dizer mais nada.
Ao menos as regras de etiqueta, eu sei. Não sou uma das melhores, porém sei
comer de garfo e faca sem passar vergonha em lugares elegantes.
Kauã, a todo momento, está com os olhos fixos em mim. Chega a ser
intimidante. Ninguém nunca me olhou como ele.
O nosso jantar é servido e eu degusto o prato saboroso. A comida está
ótima, entretanto o tempero da minha mãe é melhor.
— Está gostando da comida? — ele me perguntou.
— Lhe garanto que o tempero da minha mãe é mais gostoso.
— Adoraria provar o tempero da minha sogra em um futuro mais
próximo.
Ele chega a ser tão cara de pau, que me faz achar engraçado toda a
confiança que apresenta diante da hipótese de chegarmos a namorar. O que o
faz ter toda essa autoestima é impressionante. Talvez ele tenha noção da sua
beleza grega extraordinária. É o homem mais bonito que já conheci em toda a
minha vida. Kauã me deixa sem ar, faz eu querer me jogar em seus braços
fortes e o imaginar sem roupas. Estou me tornando uma safada cheia de más
intenções.
— O que te faz pensar que serei sua namorada?
— O fato de eu estar apaixonado por você não conta?
— Paixão passa. — Sorrio com sarcasmo.
— Paixão vira amor, sabia? — retrucou.
— Você já amou? — Percebo que ele muda seu semblante por alguns
instantes. Parece que algo do seu passado o deixou assim. O que poderia ser?
Ou eu estou enlouquecendo na presença desse homem? — Digo... Você já se
apaixonou?
Ele parece buscar a resposta certa. Tenho certeza de que já teve um amor
no passado, e pela sua expressão, nitidamente, não teve uma boa experiência.
— Sim, eu já amei. Mas faz muito tempo. — esclareceu. — Ficou no
passado. — Parece que esse amor lhe deixou com sequelas. — E você já
amou? — essa pergunta foi profunda.
— “Amor”. Essa é uma palavra muito forte. — Respiro fundo. — Acho
que a única pessoa que eu amo nesta vida é a minha mãe e a minha irmã.
— Vai me dizer que nunca se apaixonou por um namorado? — Ergue uma
sobrancelha, em desafio.
— Eu nunca tive um namorado.
— Então, eu serei o primeiro? — Há faíscas em seus olhos. Ele,
claramente, clama por uma afirmação minha.
— Digamos que você pode tentar. Sonhar é gratuito, não é mesmo?
Ele sorri de lado e volta a comer.
Tudo está delicioso. Kauã é um pouco engraçado e o seu jeito
descontraído me chama bastante a atenção. Realmente, ele se mostra ser um
cara inteligente, extrovertido e, acima de tudo, legal. As horas ao lado dele
parecem passar muito depressa. Gostaria de parar o tempo para podermos
ficar juntos.
Não me canso de ouvi-lo falar sobre as viagens a trabalho que já fez:
Itália, França, Nova York... É fascinante tudo que seu emprego oferece.
— O seu trabalho, definitivamente, é o melhor do mundo, lhe permite
viajar com tudo pago para tantos lugares maravilhosos. O meu sonho é
conhecer o mundo, viajar para conhecer a Disney e usar as orelhas do Mickey,
gritar bem alto, de cima da torre Eiffel, patinar no gelo, em Nova York...
— Você sabe patinar? Que legal.
— Não sei. Eu disse que gostaria de patinar, não que eu sei. —
Gargalhamos ao mesmo tempo. Estamos em sintonia. — Sabe... Alguns têm
bastante sorte de trabalhar naquilo que ama. Você deve se sentir realizado.
— Sim, eu me sinto. Um dia você também encontrará um emprego dos
sonhos. Isso se já não estiver casada comigo até lá.
— O que o faz pensar que eu me casaria com você? E, dois: eu não
deixaria de trabalhar só porque estou casada.
— Mulher minha terá uma vida de princesa. Não quero vê-la chegar em
casa cansada. Pelo contrário. Quero vê-la relaxada, esperando por mim para
saciarmos os nossos desejos.
— Poderíamos trabalhar os dois e, ainda assim, saciar os nossos desejos.
— Droga! O que eu disse foi estúpido. — Eu quero dizer com “nós” que
qualquer um pode conciliar os dois. Me entende? — Meu rosto está ardendo,
queimando de vergonha.
— Poderíamos dar um passeio pela orla? — convidou-me, cheio de
pretensões.
— Não sei se é seguro sair sozinha com você. — Putz! Falei em voz alta.
Mordo os lábios. A questão é ser seguro para mim, pois não sei se
conseguirei controlar meus desejos.
— Garanto que não farei nada que não queira. — deu sua palavra de
honra.
— Aceito, então.
— Depois da sobremesa podemos ir?
— Não quero sobremesa, não gosto de doces.
— Intrigante. Nunca poderei mandar bombons para você.
— A Giulia come por mim, ou a minha mãe.
Eu pego a minha mochila de costas e Kauã paga a conta pelo PIX. O que
eu achei super prático. Nunca tinha saído para pagar nada assim, e ver alguém
pagando para mim acabou se tornando algo inusitado. Deixamos o
estabelecimento em seguida. Logo à nossa frente já consigo sentir a brisa fria
vindo do mar. Eu amo tudo que envolve praia, por sempre trabalhar em um
hotel à beira-mar. Tudo sobre essa beleza exótica me atrai.
Kauã segura a minha mão como se fossemos um casal apaixonado de
namorados caminhando pelo calçadão. As palmeiras em volta balançam suas
folhas, o céu está estrelado e a luz brilha sobre nossas cabeças. O clima está
perfeito para o amor. Meu coração palpita muito rápido, em um ritmo
descompassado. Exalo o seu perfume amadeirado delicioso, e a bela visão
dos seus cabelos ao balançar no ar me deixa deslumbrada.
— Estou apaixonado por esta cidade. — ele confessou. — Praias
lindíssimas me ajudam a relaxar no meu trabalho.
— Esse lugar é incrível mesmo. O mar acalma. Acho que é por isso que
ainda tenho paciência para tolerar meus colegas de trabalho.
— Algum te irrita? Se for o caso, posso ter uma conversa muito séria
com seja lá quem ele for.
— Você é engraçado.
Nós paramos de caminhar e ele se coloca em minha frente, agarrando-me
pela cintura.
— Eu estou apaixonado por você. — suas palavras me pegaram
desprevenida.
A seriedade de quem busca compromisso está em seu olhar. Devo
acreditar? Ou desmaiar neste momento?
— Não minta...
— Eu não estou. Você é muito especial. De alguma maneira, consegue
quebrar todas as barreiras do meu coração.
— Barreiras que a mulher do seu passado criou?
— Sim. E que foram destruídas por você. Quando digo que estou
apaixonado, não estou mentindo. Eu tentei lutar contra esse sentimento, mas
agora já não é possível.
Não posso confiar. Seria possível alguém se apaixonar em um período
tão curto? Eu sei que estou apaixonada, só que durante toda a vida fui bobinha
para esses assuntos. Ele é um homem viajado, bem-sucedido e experiente. Por
que se apaixonaria por mim?
— Eu não sou brinquedo de ninguém. Kauã, eu...
Suas mãos tocam em minha face com carinho e eu fecho os olhos por
breves segundos. A percepção que tenho é de que estou à mercê dele para o
que quiser, e isso não pode ser assim. Ele não pode me ganhar em uma
bandeja em nosso primeiro encontro.
Neste momento, quando o coração fala mais que a razão, estou à mercê
de seus caprichos.
— Eu sei disso. Eu quero amar você, linda.
— Kauã... — Arfo assim que seus lábios beijam o meu pescoço.
Ele é incrivelmente sedutor, é bom além da conta.
— Micaella, lembra da promessa que me fez naquele dia em que nos
vimos no shopping?
— Qual promessa? — fingi não me recordar.
— Vou refrescar sua memória assim. — Seus lábios colam nos meus e
sua língua macia e habilidosa pede passagem para explorar minha boca com
prontidão.
Eu desejo isso tanto quanto ele. Entrego-me ao desejo ardente de nossas
bocas devorando uma à outra com paixão, irradiando esse sentimento intenso
que assola os nossos corpos totalmente, e enlaço as mãos em volta do seu
pescoço quente. Tudo nesse homem incendeia. Seus lábios devoram os meus e
o calor abrasador de nossas peles faz todo o frio desaparecer. Entrego-me à
volúpia de suas carícias e deixo escapar um gemido abafado de minha boca. O
que o deixa ainda mais convencido de que estou gostando.
Suas mãos atrevidas vão da minha nuca, causando-me arrepios intensos,
até a cintura. Quando percebo que ele está querendo apalpar meu bumbum,
seguro elas, que são firmes. Kauã me enlouquece e faz eu me imaginar nua em
seus braços.
Este calor por dentro queima tanto, que me leva a me afastar dele.
Perigo! Ligo meu alerta vermelho.
— Eu preciso ir, meu horário já deu.
— Não irei permitir que vá embora, me deixando neste estado. Olhe para
mim e veja como você me deixou, garota.
Atrevo-me a encarar o enorme volume no meio das suas pernas,
impressionada com o tamanho do seu pacote. Tento salivar, contudo a minha
garganta está seca, impedindo-me. Busco ar para os meus pulmões.
Estou em chamas, assim como ele. A única diferença é que ele já fez sexo
e não sente receio algum em relação a isso, enquanto eu sou boba e
inexperiente.
Engulo em seco. Ele está assim por mim! Minhas bochechas estão
coradas, e espero que não dê para notar.
Kauã se aproxima novamente, agarrando-me pela cintura. Posso sentir o
seu pênis roçar sobre a minha barriga, parecendo que vai atravessá-la.
Imagine isso rasgando o meu canal vaginal, rompendo a barreira da minha
virgindade. Causaria um estrago, de fato. Meu corpo treme comigo imaginando
essa possibilidade.
Sensacional!
Extravagante!
Apaixonante!
Essas três palavras definiriam o momento se eu fosse até o final com ele.
— Você me prometeu todos os beijos que eu quisesse, lembra?
— Eu prometi. — assumi. — Mas já é tarde para que estejamos no meio
da rua.
— Venha comigo. — Segura a minha mão e sai me levando para algum
lugar.
— Aonde vamos?
— Vou tirar você do meio da rua e a levar para o meu quarto. — ele
disse assim, descaradamente.
De imediato, paro de caminhar, e ele me olha de um jeito estranho.
— Eu não posso...
— Linda, só faremos o que você quiser. Não se preocupe com nada.
Prometo que me contentaria somente em dormir ao seu lado, sentindo o seu
perfume doce. Não me negue isso, eu te peço.
Dormir juntos. Somente dormir me parece algo bom.
— Apenas dormir. Eu não quero nada além disso. — deixei claro.
Kauã me leva até o seu quarto. Ele está hospedado próximo ao
restaurante onde jantamos.
Meu estômago ainda não digeriu toda aquela comida, por isso estou
sentindo borboletas nele. Pegamos um elevador e saímos dentro do ambiente.
Meus olhos fitam a enorme cama box no centro do quarto, lençóis brancos e,
aparentemente, travesseiros macios. Eu dormiria feliz aqui.
Olho para trás e o vejo tirando a camisa, mostrando o abdômen sarado
que me deixa sem ar. Ele percebe que eu estou olhando-o. Na verdade,
babando. Literalmente. Nem consigo disfarçar.
— Gosta do que vê, linda?
— É interessante.
Ele abre um sorriso provocador e, então, abaixa a calça. Tenho uma
visão rápida da sua boxer branca, que demarca todo o território inimigo, muito
volumoso.
Viro-me de lado enquanto ele parece se trocar. Já vi homens de sunga nas
praias, mas nunca um tão lindo e sexy como ele.
— Não precisa ter medo. Me desculpe se eu não lhe disse este detalhe
antes: não consigo dormir vestido. — O calor da sua voz está bem atrás de
mim.
Arregalo os olhos. Ele está nu?
— Você está sem roupa alguma? — perguntei, temerosa.
— Não, estou usando uma cueca boxer. Pode constatar com os seus
olhos. — desafiou-me.
Não quero parecer uma menina assustada, ser motivo de chacota. Viro-
me e encaro seus olhos. Eu nunca estive tão nervosa como agora. O que deu
em mim, para estar agindo assim? Acredito que ele não me forçará a nada.
Enlouqueci, por ter aceitado vir parar aqui. Oh, céus! Minha mãe me mataria
se soubesse onde estou, diria que estou louca e que preciso de tratamento.
Giulia a mesma coisa.
— Talvez seja melhor eu ir embora.
— A sua mãe pensa que está trabalhando agora. Não precisa chegar
cedo.
— Eu sei, mas amanhã eu trabalho.
— Ótimo. Posso te deixar no seu trabalho.
— Não precisa, de verdade. A gente se vê depois. Tchau.
Ele não me impede de caminhar até a porta, porém quando toco na
maçaneta, chama por mim.
— Linda, não precisa sair correndo. Eu vesti uma bermuda, veja só.
Ele estava mesmo vestido. Meu medo não deixou que eu notasse esse
detalhe.
— Dorme comigo nesta noite? Somente dormir.
Eu tenho certeza de que me arrependerei disso para sempre, mas nunca
saberei se não ficar.
CAPÍTULO 7
Esta foi a melhor noite da minha vida, sem sombra de dúvidas. Estar nos
braços largos, protetores e quentes de Kauã me trouxe uma sensação boa de
preenchimento. Eu nunca havia sentido tudo isso em toda a minha vida.
Por sorte, tenho o costume de levantar cedo. Hoje acordei mais cedo do
que geralmente, quando o relógio marcava quatro e meia. Assim, dará tempo
de eu chegar em casa e me arrumar para o trabalho.
Não há nenhuma ligação perdida de casa. Avisei à minha mãe que
chegaria muito tarde, e ela apenas perguntou que horário. Eu lhe disse que não
tinha noção. Torço para que as encontre dormindo quando chegar. Se elas
descobrirem onde passei a noite, estarei encrencada. Espero que não vire
hábito mentir para a minha família.
Deixei-me levar pelo momento e passei a noite inteira dormindo nos
braços de Kauã. Fui levada pela paixão e pelo desejo ardente de permanecer
aqui. Muitos não acreditariam se eu dissesse que não fizemos nada além de
fechar os olhos e dormir.
Com bastante cuidado, para não o acordar, pego as minhas coisas. Meu
corpo ainda está quente pelo contato de horas com o dele. Observo-o dormir.
Ele é uma representação realista de um deus grego. Mantenho meus olhos fixos
nele por alguns minutos.
Dessa vez apenas dormimos, só que em nosso próximo encontro já não
posso garantir mais nada. Não consigo ter controle sobre mim quando estamos
juntos. Meu corpo queima pelo seu e meus lábios suplicam pelos seus beijos
molhados e sensuais. Reviro os olhos com o poder incrível que eu tenho de ter
pensamentos insanos com esse homem. Daqui a pouco me tornarei uma mulher
pervertida.
A maneira como Kauã foi respeitoso me faz acreditar ainda mais na sua
imagem de bom moço. Se ele realmente desejasse apenas sexo, já teria
desistido de mim? Ou toda a sua insistência é em busca de um prêmio maior?
Isso que dá nunca ter namorado na vida. Não sei quando um homem está
apaixonado de verdade. A maior experiência que tive foi ouvindo a minha mãe
contar quando foi enganada pelo meu pai. Ele fez de tudo para a conquistar e
depois desapareceu, sem nunca mais dar resposta.
Deixo o quarto luxuoso nas pontas dos pés e passo pela recepção. A
mulher me olha como se eu fosse uma prostituta. Ao menos essa é a impressão
que tenho. Aproximo-me para perguntar se ela sabe onde tem um ponto de
ônibus mais próximo, e ela também estranha a pergunta.
— A duas ruas daqui, virando à direita.
— Obrigada. E, moça, eu não sou prostituta, se é isso que está
imaginando a meu respeito. Não que a sua opinião importe.
Primeiramente, ela se sente envergonhada por ter pensado mal de mim, e
depois abre um sorriso peculiar.
— Acredito em você. Todas sempre dizem a mesma coisa, mas se você
fosse uma prostituta, não iria embora para casa de madrugada, sem antes
aproveitar o café da manhã.
— Tenha um bom dia. — Dou-lhe as costas e deixo o local, indo até o
ponto de ônibus.
Como não há trânsito neste horário, chego em casa antes da hora em que
despertaria para ir ao serviço. Ouço passos vindo da escada, deito-me
apressadamente sobre o sofá e finjo estar dormindo. Certamente, é a minha
mãe. Espero convencê-la de que não cheguei em casa quase às cinco da
manhã. Como não tenho mais tempo para dormir, apenas passo mais alguns
minutos deitada e vou para o quarto me trocar.
Giulia já está de pé e não desconfia de nada. Ótimo. Assim, não preciso
mentir para ela.
— Como foi a festa?
— Cansativa. Pronta para mais um dia de trabalho?
— Sim, estou. Também estou faminta. — Abre um sorriso contagiante.
À mesa, tomamos nosso dejejum.
Mamãe está tranquila e parece não ter desconfiado de nada. Posso
respirar aliviada.
A velha rotina do meu trabalho se repete mais uma vez. Minha chefe vive
para infernizar a minha vida e a de Giu. Não vejo o momento de sair desse
emprego; já não suporto mais tantas injustiças cometidas nesse lugar. Cogitei a
ideia de contar tudo para o senhor Avillar, contudo, obviamente, ele não terá
tempo para prestar atenção em uma funcionária revoltada.
— Micaella, venha cá. — Mariza me chamou.
— Pois não? O que deseja?
— Algo está me deixando bastante curiosa. Naquele dia da festa, em que
você deu todo aquele vexame, caindo na piscina...
— O que você quer saber?
— O que fez para sair ilesa? Digo... Eu soube que até um médico foi lhe
atender.
— Aonde você quer chegar? Eu caí na piscina sim, e era dever dos
organizadores prestar socorro a mim.
— Muito atrevida você. Isso que dá as leis miseráveis deste país fazerem
gente como você pensar que tem direitos. Estes políticos não fazem nada que
preste.
Essa mulher tem o dom de consumir todas as minhas energias, deixando-
me na lama. Como ela pode ser tão ignorante e mal-educada? Sempre está no
meu pé, como uma pedra em meu sapato.
— Lembre-me de nunca mais levá-la para nenhum evento. Você me
causou uma enorme dor de cabeça naquela noite. Fui advertida, pois escolhi
uma moça não qualificada para um evento daquele porte.
— Então, na próxima vez, faça uma seletiva melhor, porque para mim já
deu. Você pensa que é maior que todas nós, mas não é. Agora, se me dá
licença, fique se alimentando do seu ódio, pois você não pode me demitir sem
justa causa.
— Veremos o que posso. Você irá se arrepender por ter a língua tão
afiada e grande. — ameaçou-me.
Há cerca de dois anos ela vem com essas ameaças, desde que seu
namorado, que tem idade para ser o seu filho, paquerou a Giulia e lançou
algumas cantadas para mim. É claro que não demos atenção a ele, porém, foi
apenas Mariza descobrir isso, que passou a pegar no nosso pé. Essa mulher
consegue terminar com o meu dia, sugando toda a minha energia positiva.
No fim da tarde, quando estou saindo do trabalho com Giulia, vejo Paola
parada em frente ao hotel. Ela sinaliza para que eu vá até ela.
— Quem é aquela mulher te chamando?
— É a responsável por um evento que haverá hoje à noite. Ela quer que
eu trabalhe nessa festa, mas estou cansada. Eu vou lá falar com ela. Já volto.
— Deixo minha amiga para trás.
Paola me olha como se estivesse sendo obrigada a estar aqui. Isso me
irrita. Tudo nessa mulher me estressa por algum motivo. Ela sempre está com
essa cara de poucos amigos, como se nada nunca a deixasse satisfeita. Me
parece que não é feliz.
— Oi — falei, na força da educação que minha mãe me deu.
— Kauã pediu que eu viesse buscar você.
— Fale para o seu irmão que eu não vou poder sair. Tenho que trabalhar
nesta noite.
— Trabalhar? Você não está dando um bolo no meu irmão?
— Na verdade, estou. — Para que mentir? Estou cansada, preciso relaxar
a minha mente. — Hoje não posso ver o seu irmão.
— Tem certeza disso? Depois não vá se arrepender.
— Eu não vou. — Dou-lhe as costas e volto a ir com Giulia até nossa
casa.
Posso ter tomado a pior decisão da minha vida, rejeitando sair com
Kauã, no entanto preciso testá-lo. Se ele realmente se diz apaixonado, irá
entender.
Após o jantar, sento-me em um banquinho, na varanda de nossa casa.
Minha mãe se junta a mim, trazendo nosso chá. Sempre o tomamos depois da
janta. Ela, de fato, sabe quando não estou nada bem.
— Querida, conte para mim tudo que você está guardando somente para
si.
— São tantas coisas, mamãe. Às vezes eu me pergunto por que o meu pai
não quis me conhecer, por que trabalho com pessoas insuportáveis e se sou
uma boa filha.
— Micaella Borges, de onde você tirou que não é uma boa filha? Você é
a minha vida. Não pense essas bobagens, meu amor. E, quanto ao seu pai, foi
ele quem perdeu. — Abre um sorriso radiante. — Estou pensando seriamente
em ir até seu emprego e dar umas bofetadas nesta Mariza irritante.
Gargalho alto. Minha mãe nunca fala em bater em alguém. Pelo contrário.
Sempre me ensinou a ter paciência e a nunca apelar para a agressão.
Ela me abraça carinhosamente. Nesse abraço, sinto que nada pode me
abalar e fico segura. Era para esse abraço que eu sempre vinha quando
criança, ao sentir medo de algo. Ela sempre estava aqui para me proteger e me
dar o seu amor.
— Mamãe! — eu a repreendi. — Violência nunca leva ninguém a lugar
nenhum. — Sempre a quis dizer isso.
— Tem razão, meu amor.
Não existe ninguém mais calma e paciente que mamãe. Ela costuma ter as
palavras corretas para me dizer no momento certo.
Passamos algumas horas conversando do lado de fora, até ela ir se deitar.
Hoje, mais cedo, ela saiu para fazer as compras do mês; e quando sai assim,
geralmente fica com dor de cabeça.
Observo algumas estrelas que se pode ver no céu. A minha rua é
silenciosa e tranquila; nunca acontece nada perigoso aqui, graças a Deus. A
calmaria reina tanto, que estranho quando vejo um carro preto de um modelo
que não conheço. Baseando-me no meu vasto conhecimento sobre carros de
luxo, sei que esse custa mais do que todas as casas da minha rua. Os faróis são
apagados. Será que é assalto? Mas, por que bandidos viriam em um automóvel
de luxo assaltar um lugar pobre como esse? Estranho.
Meu celular vibra em minhas mãos. É um número que não está na minha
agenda. Recuso a primeira chamada, acreditando que seja trote, só que, mais
uma vez, ele insiste em me ligar. Atendo, por meio das dúvidas, pronta para
fazer meu discurso de ódio. Sempre números desconhecidos me ligam,
oferecendo-me cartões de créditos ou falando que sou a princesa herdeira de
Génova. Ou seja, tudo não passa de golpes.
— Olha só, eu...
— Micaella! — Ouço a sua voz rouca pelo celular. Ficou ainda mais
bonita. — Boa noite, linda.
É Kauã. Como ele conseguiu meu número?
— Kauã?
— Não pude conter minha saudade de você. Não depois de termos
passado a noite inteira juntos. Seu perfume ainda está impregnado nas
minhas narinas. Não pude permanecer longe de você.
Kauã consegue ser romântico e safado ao mesmo tempo. Meu coração
palpita mais forte.
— Como pegou o meu número? Eu não te dei ele. — minha voz saiu doce
e suave. Estou maravilhada em como ele consegue descobrir tudo.
— Um verdadeiro mágico nunca revela seus truques.
— E agora você é um mágico?
— Quer ver eu fazer uma mágica incrível?
— Que mágica, senhor Oz?
— Aparecer na rua da sua casa e te levar para darmos uma volta?
— Impossível, mas não custa tentar. — Debochada, sorrio.
— Olhe para a frente. O que vê?
— Um carro parado na calçada, de frente para a minha casa.
— Em três, dois, um o vidro irá descer e... voalà! Aqui estou.
Arregalo os olhos quando o vejo colocar a cabeça para fora do veículo.
Quase tenho um treco, de tanta surpresa. O que ele está fazendo em frente à
minha casa? Kauã consegue me deixar nervosa. Se a minha mãe o vir aqui, ou
até mesmo Giu, elas me farão mil perguntas.
Dou um pulo, em sobressalto, ainda em choque com a revelação que
acabei de ter.
— E, então... Eu sou um bom mágico?
— Meu Deus! Eu vou matar você!
— Venha me matar dentro do carro, linda. Estou louco para beijar esta
sua boquinha sexy e morder seus lábios rosados, atraentes, enquanto você
tenta me matar. — provocou-me.
— Eu deveria ir aí mesmo, mas não posso. Não quero que ninguém me
veja entrando no seu carro. Acredite: há vizinhas que estão observando tudo
neste momento, sem que a gente as veja.
Ele ri baixinho e suspira pesadamente.
— Eu preciso beijar você. Não me negue um beijo, linda. Eu posso ir
mais para a frente e você me encontra?
— Eu acho melhor não.
— Se você não vier, serei obrigado a bater na porta da sua casa e pedir
autorização para a sua mãe. Então... O que prefere?
— Isso é golpe baixo. E você não teria essa coragem.
Ele abre a porta do automóvel, colocando uma perna para fora. O que faz
meu coração parar por alguns segundos. Que doido!
— Nem pense em fazer isso, Kauã! Volte para o carro! Eu vou até você.
Me dê cinco minutos, é tudo que preciso.
— Estarei te esperando.
Encerro a ligação e entro em casa. Mamãe está vendo novela.
Estou nervosa com o susto que tive. Por pouco elas não o viram.
— Eu vou caminhar um pouco. — comentei.
— Filha, está tarde.
— É só por aqui, pela rua. — avisei.
— Eu vou com você. — Giulia se ofereceu.
— Não, pode ficar. Você adora esta novela, não a perca por mim. Eu levo
meu celular; qualquer coisa ligo.
— Não demore, meu amor. — mamãe me pediu.
Respiro fundo. Essa foi por pouco.
Caminho até Kauã, que está dentro do veículo. Com o retrovisor baixo,
vê quando eu chego. Ele destrava a porta para que eu entre e me sente ao seu
lado. Antes que eu possa falar alguma coisa, suas mãos envolvem meu
pescoço e sua língua ataca a minha boca, pedindo passagem para um beijo
molhado e arrebatador. Sinto arrepios intensos percorrerem todo o meu ser.
Ele me deixa sem ar e refém do seu toque.
— Espera... — pedi entre o beijo.
— Depois...
Continuo beijando-o. É instigante, prazeroso.
Ele reclina o meu banco e consegue vir para cima de mim. Os vidros
pretos fechados, o ar ligado... O clima é perfeito para nos entregarmos à
luxúria que nos domina. Gemo baixinho quando suas mãos descem pela minha
cintura.
— Você é muito deliciosa, linda. Eu estou louco por ti.
— Eu também estou assim. — admiti.
— Micaella, você me enlouquece. — Não para o nosso beijo.
Kauã me provoca. Sua boca sabe onde me tocar, levando-me à loucura, a
querer perder a razão e a deixar o calor do momento me dominar.
— Seja minha. — suplicou.
Ele está me pedindo para que eu seja sua. É no sentido que estou
imaginando? Quer sexo comigo?
— Me deixe amar você. — Kauã já não tem mais controle sobre si, e eu
muito menos.
— Aqui?
— Não. Você merece algo mais especial...
— Eu acho melhor não. Não posso demorar muito. — Empurro-o de
volta para o seu banco, do motorista.
Meu corpo está em chamas, soltando faíscas, assim como o dele. Seus
olhos azuis profundos como o oceano buscam o autocontrole.
Oh, céus! Ele quer fazer sexo comigo.
— Perdão se eu excedi meus limites. Já não posso mais me controlar
diante de você.
— Você é bem rápido quando está querendo sexo. — falei, um pouco
mexida.
— Eu já entendi que você quer ir mais devagar. Não se preocupe, não
irei exceder mais.
— Não me peça perdão. Eu quero também, porém acho que este não é o
momento.
Seus olhos voltam a brilhar. Ele me deseja tanto quanto eu o desejo.
Nunca havia me sentido pronta para ter qualquer tipo de relacionamento
amoroso com algum homem, esta é a primeira vez que tenho a necessidade de
me sentir amada assim, tocada. Saber que sou desejada por Kauã me instiga de
uma maneira insana.
— Você quer ser minha, linda? — sua pergunta foi direta e me deixou
sem ar.
— Sim, eu quero. — respondi, sem receio. — Mas você precisa ter um
pouco mais de paciência comigo.
— Espero o tempo que for para a ter em meus braços. — Ele percebe
meu receio e me faz uma pergunta. — Tem algo a mais que você queira me
falar? Micaella, para isso dar certo, preciso que seja franca comigo.
— Eu sou virgem. — revelei de uma vez, olhando para o lado.
Não sei qual foi sua reação ao descobrir minha falta de experiência. Ser
virgem no mundo de hoje é algo sem noção, visto como uma fragilidade
feminina. Jamais me senti envergonhada por nunca ter feito sexo; até hoje não
fiz por opção minha.
— Disse “virgem”?
Balanço a cabeça positivamente, sem olhá-lo. Sou uma garota tímida
escondida dentro de uma personagem, sempre me mostrando ser alguém que
nunca tem medo de nada. Mas, adivinha. Eu tenho, e sou bastante insegura.
Sua mão toca em meu queixo, fazendo-me encará-lo. Há um misto de
sensações nele que não sei descrever bem, todavia eu diria que está tranquilo
com minha afirmação. Ele não parece ter tomado um choque ou ficado bravo,
chateado. Pelo contrário. Está se mostrando um cavalheiro. Primeiro beija a
minha testa.
— Você é muito especial. Prometo que esperarei o tempo que precisar e
se sentir segura para ser minha. Será uma honra para mim lhe mostrar o que é
o amor.
Meu coração palpita, acelerado. Ele consegue ser fofo e romântico. Se
não estiver apaixonado por mim, não sei descrever o que sente.
— Obrigada por me entender.
— Podemos nos encontrar amanhã? E todos os dias em diante? Já não
consigo me manter afastado de você.
— Sim. De preferência à noite, quando eu sair do trabalho.
— Pode falar para a sua mãe que fará horas extras? Ou algo assim?
— Posso. Só que não farei isso todas as noites.
— Eu quero conhecer a sua mãe. — ele disse, para a minha surpresa. —
Mas entendo que é melhor esperarmos um pouco mais.
— Você tem razão. — Sorrio de lado.
Ele me toma em um beijo suave. Por hoje o nosso encontro termina aqui.
Confesso que estou caminhando sobre nuvens depois desta noite.
Tento sair do carro, entretanto Kauã me segura pela mão e a beija
suavemente, absorvendo meu perfume. Ele se mostra dependente dele, um
viciado em meu cheiro.
— Espera. Eu preciso te perguntar uma coisa antes.
— Pode perguntar.
— Você aceita namorar comigo? Quero que seja completamente minha.
Abro um sorriso largo, ainda sem acreditar no seu pedido. Esta é a
primeira vez que alguém me pede em namoro.
— Eu aceito ser sua namorada, ser sua em todos os sentidos.
— Eu estou me apaixonando por você.
Ao ouvir suas palavras, tive certeza de que ele disse a verdade.
— Eu também estou apaixonada. — confessei.
Kauã abre um sorriso convincente. As covinhas que aparecem quando ele
ri são lindas. Agora sou sua namorada.
CAPÍTULO 8
Seu pau entra e sai do meu canal sem pressa alguma. É deliciosa a
maneira como ele me possui. É suave e, ao mesmo tempo, instigante, levando-
me a delirar em seus braços. Kauã foi gentil até agora em não exigir de mim
aquilo que não posso fazer. Estamos buscando as posições que mais nos deixa
confortável, como a de agora.
Reviro os olhos quando chego ao clímax. O loiro me fita com veneração
e os movimentos precisos me levam à loucura. Confesso que estou cansada,
porém, sempre que tento parar, ele faz ficar mais gostoso. É tão pervertido.
Suas estocadas firmes me deixam choramingando ao sentir todo o prazer se
espalhar pelo meu corpo.
Quando penso que o homem, finalmente, irá me permitir descansar, sou
surpreendida quando me faz ficar de quatro sobre a cama e dá um tapa forte na
minha bunda. A ardência é instigante.
— Abra bem as pernas para mim, gostosa, para que eu possa ver sua
bocetinha enquanto a como.
Minhas bochechas coram. O meu namorado não me dá tempo algum para
respirar e já introduz seu pau na minha entrada, estocando-me com desespero.
Sobe um calor para a minha cabeça. Isso é delicioso demais.
— Agora é minha vez, princesa, de gozar nesta bocetinha apertada e
somente minha.
Ele ruge como um leão furioso, suas mãos ágeis beliscam meus seios e eu
posso sentir meus músculos se contraírem mais uma vez. Esse homem é
gostoso demais. Cada vez mais intensifica a penetração. Seu pau robusto entra
e sai da minha boceta molhada.
— Você nunca vai dar esta bocetinha para nenhum outro homem, ela é
somente minha. — disse com posse, como se estivesse me dando uma ordem
severa.
Logo sinto seus jatos quentes em mim mais uma vez.
A noite está sendo muito incrível.
Quando ele para de urrar feito um lobo, deita-se novamente ao meu lado.
Sua mão toca em minha face e eu me movo, ficando com a cabeça em seu
peito, enquanto minhas pernas ficam cruzadas com as suas, com nossos pés se
tocando e o calor dos nossos corpos suados deixando o cheiro do sexo
dominar todo o ambiente do quarto.
Fecho os olhos, focando apenas no calor do seu abraço.
Kauã é a minha perdição. Ele me deixa sem ar, completamente fora de
mim. Quando estamos juntos, sinto que nada importa além de nós dois.
— Você foi perfeita, linda. — sussurrou ao meu ouvido.
Ele me abraça fortemente, como se nunca mais desejasse me soltar. Ao
menos essa é a impressão que me dá.
Adormeço em seus braços depois de relembrar toda a nossa noite juntos,
várias e várias vezes, até me render ao cansaço. Ele me deixou destruída.
CAPÍTULO 9
(...)
(...)
(...)
A notícia é ótima, Giulia terá segurança, contudo estou muito triste por
saber que ela já irá embora. Não fui trabalhar hoje, para aproveitar todo o
tempo ao seu lado. Não costumo faltar, nunca, no trabalho, mas faltei, mesmo
que possa ser demitida, pois queria estar com ela. Enviei mensagem para
Kauã, avisando-o que não poderia vê-lo, e não olhei mais o celular. Giu já
partirá hoje, e isso me deixou arruinada.
— Eu nunca iria contar nada à sua mãe. Não sem a sua permissão. Me
desculpe se fui chata nos últimos dias. Tudo que faço é por me preocupar com
você e a amar muito. — ela me disse.
— Confie em mim, eu saberia se estivesse correndo perigo. Preciso te
contar uma coisa: perdi minha virgindade.
— Sério? Meu Deus! Como você está?
— Bem. Muito bem, acredite. — Abro um sorriso largo que ela veria se
não estivesse tudo escuro.
— Avise para esse cara que eu o mato caso ele te faça sofrer algum dia.
— Vou sentir sua falta. Promete que sempre vai conversar comigo e que
nunca vai me esquecer por nenhuma outra amiga?
— Você sempre será minha melhor amiga. Sempre.
Fazemos o nosso juramento de dedinhos.
Quando Giulia embarca naquele jatinho particular, sinto que uma parte de
mim foi arrancada. Abraço, com força, a minha mãe, que também está
chorando.
— Quem sabe um dia vamos todas para São Paulo? — Quando mamãe
diz algo assim, pode-se esperar, que vem notícias em breve.
Retornamos para casa. Eu estou quebrada emocionalmente. Por culpa de
uma maluca, precisei ver minha amiga ir embora. Depois que fomos à polícia
registrar um boletim, o próprio delegado alertou sobre ela precisar deixar a
cidade ao menos por alguns dias. E foi exatamente o que fez: foi embora,
levando meu coração em suas mãos. A selva de pedra a aguarda. Sentirei
saudade dela, apesar de saber que iremos nos falar todos os dias.
(...)
(...)
Sua boca devora a minha boceta, que está tremendo de prazer ao alcançar
o ápice de um orgasmo. Solto um gritinho satisfeito. Sua língua faz círculos em
torno do meu clitóris, levando-me à loucura. As vibrações sobre meu corpo
são como correntes elétricas. Kauã me deixa delirando sem estar febril.
— Que sabor maravilhoso que tem, linda. — Lambe seus lábios
sedutores.
Meu namorado me faz erguer os quadris ao máximo e a cabeça do seu
pau entra na minha vagina molhada e quente. Seu olhar tempestuoso lançado
sobre mim absorve todo o meu ar, deixando-me à mercê da sensação
prazerosa de ser devorada por um homem tão sexy e bom de cama. Ele volta a
lamber meus seios, e agora seu membro entra e sai da minha boceta, estocando
cada parte dela com precisão. Gemidos são abafados ora pelos beijos, ora
pelos seus dedos em minha boca. É muito tentador a maneira sagaz como ele
me fita, comendo-me com os olhos e com o pau.
A volúpia dos nossos beijos me faz choramingar quando ele intensifica
os movimentos e eu gozo deliciosamente sobre o seu membro. Como ele me
faz ver estrelas durante o dia?
— Minha menina, goze gostoso para o seu homem.
Sinto um relaxamento invadir meu ser após gozar prazerosamente. Ele
também chega ao clímax depois de me colocar de quatro sobre a cama e me
comer, batendo forte na minha bunda. A marca das suas mãos fica nela como
um carimbo demarcando quem manda nessa região.
O calor dos nossos corpos suados, unidos através do sentimento forte e
dominador da paixão, faz-nos refém das emoções e sensações deliciosas que
nos invadem. A cada dia que passa, sei que estou me apaixonando mais e
mais. É tão forte o desejo, que não sei descrever tudo que sinto realmente. O
amor é um sentimento avassalador que não se pode ser explicado em um
papel, nem mesmo com as mais belas palavras; o amor apenas se sente.
— Está pensativa, Micaella. Tem alguma coisa para me dizer?
Kauã sabe quando estou tensa com algo. Faz uma semana desde que tive
aquela conversa desagradável com Paola. Eu tentei não trazer para o nosso
relacionamento o que não tem importância, mas já não consigo controlar.
Nesta manhã, quando passei por ela, a mulher me olhou cheia de desdém,
como se eu fosse um lixo, descartável.
— A sua irmã me procurou para conversarmos. — Ele me olha de forma
tensa. — Ela se mostrou bastante incomodada com a nossa relação, me disse
que sou uma boba por acreditar em você e, que quando eu menos esperar, você
me deixará.
Tentei não dar importância para as palavras dela, no entanto confesso que
minhas emoções falaram mais alto. Meu estado hormonal está me deixando
muito sensível nestes dias.
— Paola e eu nos desentendemos por conta de negócios. A minha irmã
costuma misturar o trabalho com a nossa relação de irmãos. Eu a relevo mais
do que merece. Seja lá o que ela tenha lhe dito, a ignore, assim como eu.
— Acredita que ela me chamou de vadia?
— Terei uma conversa séria com ela. Não irei tolerar que Paola
desrespeite minha namorada.
— Eu não quero que discutam por minha causa...
— Ninguém ofende a minha mulher.
— Sua mulher? — indaguei, sem conseguir esconder a alegria.
— Sim, minha e de mais ninguém. Nunca esqueça isso Micaella: eu sou o
seu homem e você é a minha mulher.
Ele me beija suavemente e, em seguida, sai para trabalhar, deixando-me
sozinha no seu imenso quarto. Daqui a pouco dará o meu horário. Entrarei
mais tarde no serviço hoje; serviço para o qual já estou sem cabeça. Tomara
que minha mãe decida ir mesmo para São Paulo. Não vejo a hora de contar
essa notícia para Kauã e ver a sua reação. Giulia está animada, acreditando
que realmente vamos, só que a minha mãe nada confirma.
Passo em casa para me arrumar para o trabalho, e quando vou saindo do
meu quarto, dou de cara com ela.
— Falei com nossa prima. Ela ficará muito feliz em nos receber na sua
casa.
— Sério, mamãe? Vamos mesmo morar em São Paulo?
— Primeiro vamos ver se iremos nos habituar com a nova cidade. Caso
gostemos, iremos morar com nossa prima.
Abraço-a, animada, e ela me olha sem entender toda a minha alegria.
— Estou ansiosa para contar para Giulia. Te amo, mamãe. — Beijo sua
face e vou para o meu emprego.
Kauã precisa saber que iremos nos ver com mais frequência. Ainda sei
pouco sobre seu retorno para São Paulo, pois a única coisa que ele me disse é
que passaria muito tempo em João Pessoa. O que não era problema algum para
mim, até saber que minha mãe tem planos de se mudar.
Aproveito para falar com o meu chefe, o senhor Rubens, e o aviso sobre
minha saída. Já estou trabalhando com aviso prévio.
À noite estou exausta, contente com a ideia de irmos para a cidade
paulista. Irei me encontrar com Kauã para lhe contar tudo. Anseio pela sua
resposta. Vejo-o no local onde marcamos, no calçadão próximo ao meu
trabalho. Ele afrouxa o nó da gravata e, entusiasmado, toma-me nos braços,
sem se importar com as poucas pessoas que transitam à nossa volta.
— Seu louco! Me ponha de volta no chão.
— Hoje à noite vamos fazer amor sob a luz do luar.
— Luz do luar? Isso soa tão romântico.
— Confia em mim?
— Sim. — Balanço a cabeça positivamente, entusiasmada.
Ele me mostra uma venda vermelha e eu respiro fundo, puxando o ar. O
que pretende fazer?
— Por acaso está pensando em me raptar?
— Digamos que sim. Venha comigo e te prometo que terá a melhor noite
da sua vida, princesa. Confia em mim?
— Eu já lhe disse que sim. Com você, eu vou para qualquer lugar.
Vamos, coloque essa venda de uma vez em mim.
Eu me viro de costas e ele coloca a venda sobre meus olhos. Depois
sinto o calor das suas mãos ao tocar nas minhas.
— Estamos perto do lugar para onde vou te levar.
Kauã me auxilia. Cada passo que dou é sob seu comando de direção.
Estou pisando na areia, essa é a sensação que tenho ao afundar a cada vez que
ando. Não faço ideia de para onde meu namorado possa estar me levando, mas
tudo indica que hoje teremos uma noite especial e que ele está disposto a me
proporcionar um momento romântico. O que me faz suspirar ainda mais por
esse homem viril, de olhos azuis.
A cada passo, mais acelerada se tornam as batidas do meu coração. Ele é
o único que consegue me deixar assim, completamente fora de mim, pensando
somente em nós dois. Durante todo o dia, todos os meus pensamentos são
sobre ele, uma base de noventa por cento, enquanto os outros dez por cento me
levam a ele de algum modo.
Kauã faz amor comigo de uma maneira que eu jamais poderia imaginar
que seria tão esplêndida e magnifica, pela forma como ele faz eu me sentir.
Amigas minhas casadas há dez anos nunca chegaram a ter um orgasmo, e isso é
algo sério, a ser pensado. Quando se ama, o casal deve fazer de tudo um pelo
outro; inclusive, um homem deve deixar de ser egoísta e estimular sua parceira
até que ela chegue ao clímax. Eu poderia dar aulas para casais, com a vasta
experiência que possuo com orgasmos intensos e avassaladores.
O perfume amadeirado inconfundível está impregnado nas minhas
narinas. Sua língua escorrega pela minha orelha, onde ele mordisca e sussurra.
— Chegamos, princesa. — de uma maneira sexy, ele pronunciou
“princesa”, molhando toda a minha calcinha.
— Já posso tirar a venda?
— Permita-me fazer isso por você. — Ele desata o nó que deu.
Logo os meus olhos podem contemplar a bela imagem à minha frente.
Estou maravilhada com tudo que vejo. Parece que estou em um filme de
romance no qual o homem está prestes a pedir a mocinha em casamento. Há
um tapete vermelho rodeado de pétalas de rosas. Meus olhos nem piscam
diante de tanta beleza. Mais adiante há uma espécie de tenda muito segura, que
nos permite ter um ambiente mais amplo e confortável, e por cima da areia há
muitos travesseiros e cobertores macios sobre o colchão confortável, além de
velas acesas que ajudam a iluminar tudo ao nosso redor. Há também uma
pequena mesa com comidas. Mas, quem liga para comida agora? Ao menos
minha fome é de outra coisa. As pétalas vermelhas nos travesseiros são lindas.
Esta é a primeira vez que vejo algo tão lindo e romântico diante da minha
visão.
Minhas veias pulsam a todo o vapor quando sinto o calor dos seus dedos
tocar em minha face. Kauã ainda está por trás de mim e seu membro duro
denota o quanto ele está excitado.
Tem um pouco de emoção transparecendo em lágrimas solitárias, que
insistem em sair. Enxugo-as antes que ele possa as ver.
— Isso é tão lindo. — falei baixinho.
— Eu não mereço você, Micaella. Sou sortudo demais por ter o seu
coração. Considero-me um miserável, por ser tão desprezível.
Estranhei a maneira como ele usou as palavras e encaro os seus olhos
azuis, que estão escondendo algo que, talvez, ele desejasse me contar neste
momento, mas não consegue devido a alguma coisa, que suponho que seja o
seu orgulho masculino.
— Por que está me dizendo essas coisas? Você não é desprezível.
Aconteceu algo no trabalho que o deixou irritado?
— Não aconteceu nada. — Suas mãos tocam em minha face com posse,
como nunca antes. — Deixe-me olhar para você, contemplar sua beleza rara,
que é como um colírio para os meus olhos. Você é perfeita, Micaella. Nunca
se esqueça disso.
— Você está muito estranho hoje. Que tal eu te ajudar a relaxar? —
propus, tirando minha pequena mochila das costas e a jogando sobre a areia.
— Você tem certeza de que ninguém irá se aproximar?
— Não quando se paga para ter um pedaço da praia exclusivamente para
nós.
— Você pagou?! — Arregalo os olhos. Isso deve ter custado um rim. —
Tem certeza de que vale a pena? Podemos ir para qualquer outro lugar.
— Vale cada centavo. E eu pagaria tudo de novo, somente para ver este
sorriso lindo que tem, menina.
Sorrio timidamente depois desse elogio, que me faz ficar vermelha. Ele
tem o dom de consumir todas as minhas forças. Minhas pernas estão moles.
Seu olhar devorador de boceta quase me faz perder o equilíbrio.
— Está quente aqui, não acha? — provoquei-o, tirando a blusa do
uniforme e ficando apenas de sutiã e calça.
Seu olhar está em mim, e o meu fixo no seu. Abano-me com as mãos. Ele
já está abrindo os botões da sua camisa branca, que está com as mangas
dobradas, mostrando seus braços fortes.
— Sabe... Quando saio do trabalho, não vejo a hora de poder me livrar
de todas estas roupas quentes e sufocantes. Esta calça está ficando cada vez
mais apertada. — Pisco e abro os botões até tirá-la por completo, ficando
apenas de lingerie, que, aliás, é branca.
Kauã joga sua camisa no chão. Ele ainda está de sapatos, sendo que
poderia estar pisando na areia. Convenço-o do quanto essa sensação é ótima e
ele acaba aproveitando para tirar tudo de uma vez, ficando completamente nu.
Meus olhos podem admirar a beleza de seu corpo nu, viril e musculoso.
Suas mãos escorregam fortemente pela lateral do meu corpo, apertando
principalmente as minhas coxas e a bunda. Sua boca distribui beijos entre a
curva do meu ombro e pescoço até o colo dos meus seios. A tensão sexual
travada pelos nossos olhares é imbatível. Ele é o meu primeiro amor, especial
e verdadeiro. Não tenho dúvida.
Logo Kauã abre o fecho do meu sutiã, deixando-me exposta. Sempre me
senti insegura com essa região, mas, a todo momento, ele faz questão de
demonstrar o quanto tudo em mim o atrai. A atenção que o loiro dá para os
meus seios é fora do normal. Sempre que estamos juntos, é como se me
venerasse.
Gemo ao sentir a ponta da sua língua tocar em meu mamilo sensível. Ele
o suga com tanto desejo, que isso transparece em seus olhos. Nunca o tinha
visto tão obcecado como agora. Há obsessão em seu olhar, e ele já não pode
mais controlar, muito menos esconder. Enlouqueço a cada chupada, mordida e
lambida na área sensível dos meus seios. Que gostoso! Contorço-me,
esfregando minhas coxas uma na outra. Ainda estou vestida somente pela
calcinha, que logo é tirada de mim. Como sempre, Kauã sente o aroma da peça
e se mostra satisfeito. Sua atitude toda vez cora as minhas bochechas.
Ele me toma em seus braços e me leva até o colchão macio. Minhas
costas sentem toda a maciez, enquanto minha boca sente a maciez da sua. O
hálito com sabor de menta refrescante indica que ele veio preparado para a
noite.
Meu namorado me faz voar sem que eu esteja em um avião. Ele é o
combustível da minha alma.
— Você é deliciosa, amor.
Em todas as vezes que ele se refere a mim como “amor”, deixa-me
emocionada. Não nos declaramos a ponto de dizer “eu te amo”, porém
sabemos que nutrimos o mesmo sentimento um pelo outro, é recíproco. O que
nossos lábios não são capazes de falar, nossos corpos sedentos um pelo outro
respondem.
Seus beijos queimam o meu corpo. Estou em chamas pelas suas
investidas, precisando sentir, com muita urgência, o seu pau entrar e sair da
minha boceta, que, neste momento, está molhada. Seus dedos deslizam ao me
tocarem.
— Tudo isso é para mim, amor? Está pingando pelo seu homem, e eu nem
comi você ainda.
Reviro os olhos, tomada pelo prazer iminente, ao sentir seus dedos
hábeis em torno do meu clitóris, massageando-o. Sem mais demora, ele
introduz a cabeça enorme do seu pau na minha entrada e começa a se mover
com desespero, louco de tesão, assim como eu, que facilito, movendo-me
meus quadris o máximo que posso. É insano, delicioso, fazer amor sob o olhar
das estrelas, iluminadas pela luz da lua.
— Perfeita! Somente minha! Por você, eu seria capaz de cometer uma
loucura, apenas para ter o prazer de beijar estes lábios carnudos mais uma
vez. — Beija-me suavemente e depois volta a falar. — Você é a melhor coisa
que me aconteceu em anos. Jamais poderia imaginar que algo tão bom poderia
acontecer comigo.
— Você é muito especial para mim, é o meu primeiro amor. — confessei.
Ele para de se movimentar somente para me ouvir. Tomo coragem e digo
de uma vez, antes que minha timidez me impeça:
— Eu amo você, Kauã, com todo o meu coração.
Ele parece mexido ao mesmo tempo em que tenta processar toda a
informação que o dei. Na verdade, eu me declarei, e agora estou esperando
que ele faça o mesmo.
Kauã respira fundo e, sem pensar duas vezes, diz:
— Você também é muito especial para mim. Toda mulher deve saber que
nós, homens, temos dificuldade para nos declarar, mas eu quero que você
saiba que eu te amo, Micaella. Amo. Sinta todo o meu amor por você. —
Estoca-me desta vez sem a necessidade de sucumbir somente os seus desejos.
É algo tão intenso, que me faz sentir todo o amor que ele diz ter por mim.
A noite, que estava fria, torna-se quente quando o calor de nossos corpos
colados invadem todo o meu ser. Kauã me instiga, inspira-me confiança e,
acima de tudo, faz eu acreditar no quão sexy e sedutora posso ser.
Minha boca sedenta por beijos tem os gemidos abafados por conta do
beijo avassalador que toca a minha alma e acende os meus desejos mais
profundos. Ele não perde tempo e, com as mãos, aperta meus mamilos. Todos
os meus músculos se contraem diante do tesão que me leva ao orgasmo mais
profundo que já tive. Meu namorado não para de me devorar, nem mesmo
quando escuta meu grito prazeroso. Isso o deixa mais instigado, levando-o a
me colocar de quatro para me socar todo o seu pênis grosso, engolindo meu
canal lubrificado, até o seu gozo ser despejado completamente em mim.
— Porra! Que gostosa, amor! Rebole esta bunda em cima de mim! — Ele
se deita e me faz ficar por cima dele.
Seu membro continua duro, mesmo após ter gozado, e ele está suado,
assim como eu.
Assim que minha boceta desliza sobre seu pau guloso, encaixa-se
perfeitamente. Ele sente mais tesão quando eu tomo a atitude e me remexo
sobre seu corpo. Mesmo cansada, encontro forças para me deleitar de todo o
prazer iminente que abrange cada parte do meu corpo. Meu coração está
acelerado. Ele é o único que me deixa assim.
— Minha gostosa! Safada!
— Meu gostoso! Safado! — retruquei.
O seu sorriso safado é como uma medalha para coroar a minha noite.
Kauã sabe que não posso ficar a noite inteira com ele, devido à
preocupação da minha mãe. Ele não sabe o que aconteceu com minha melhor
amiga, eu apenas lhe disse que ela foi embora, e nem sequer comentei sobre a
possibilidade de eu também ir. Tenho certeza de que essa notícia o deixaria
feliz, assim como me deixa. Meu engenheiro agora terá sua namorada vivendo
na mesma cidade que a sua.
Rebolo loucamente, apaixonada, sobre seu pênis grosso e duro. Não me
canso, até que gozamos quase que ao mesmo tempo. Ele mal sai de dentro de
mim e sua boca já aquece minha intimidade, lambendo meu clitóris, enquanto
um de seus dedos entra no meu canal, fazendo-me pirar. É tanto desejo e
prazer que sinto, que não sou capaz de administrar. Por um instante acreditei
que iria desfalecer sobre este colchão. O cheiro do nosso sexo está presente
nas minhas narinas.
— Minha garota! Somente minha! — Ele repete isso várias vezes, até que
ele mesmo se convença.
Esta noite jamais será esquecida por ambas as partes. Ela foi satisfatória
e apaixonante. Trocamos juras de amor e nossas almas se encontraram em uma
perfeita sintonia. Eu o amo como nunca amei antes. Ele é aquele amor que vem
uma vez na vida, disso tenho certeza.
(...)
Seus lábios me beijam como se ele estivesse se despedindo. Ao menos
essa é a sensação que tenho. Encaro seus olhos azuis, que insistem, mais uma
vez, em ele me levar para casa.
— Não precisa, o ônibus chega em dez minutos e há pessoas aqui,
esperando. Pode ir para casa, não se preocupe comigo.
Ainda estou dentro do seu carro, prestes a abrir a porta, quando ele me
puxa para mais um beijo envolvente e apaixonado, permitindo que todo o peso
das minhas costas desapareça em questão de segundos, como em um passe de
mágica.
— Até amanhã. — despedi-me.
— Micaella, nunca se esqueça: você é minha, somente minha.
— Que namorado possessivo que tenho. — falei, sorridente.
Porém, ele parece apreensivo. Eu diria que está agindo estranhamente.
— Gostaria que esta noite se repetisse mais vezes.
— Podemos sair da rotina sempre que quiser.
— Tome bastante cuidado, linda. Não confie em todo mundo que se
aproxima de você.
— Falando assim, até parece que esta é a última vez que nos vemos. —
brinquei.
Ele não sorri, como de costume.
Ao descer do carro, uma sensação estranha me abate. Fecho a porta, o
vidro desce e eu avisto a sua face preocupada. Talvez ele só esteja cansado do
trabalho. O que me faz sorrir. Ele parece não querer ir embora e eu o vejo
fazer algo muito estranho: soca o volante e, em seguida, dá partida.
Sinto uma pontada forte no peito. É como se isso realmente fosse uma
despedida.
Tenho estado muito emotiva nos últimos dias, principalmente na última
semana. Desde que Giulia foi embora, sinto-me sozinha e abatida. Talvez seja
por isso que eu chore até com uma cena de um filme de ação.
Regulo a alça da minha mochila nas costas e me sento para esperar o
ônibus. Há duas mulheres próximas a mim e um homem. Coloco meus fones de
ouvido, quando sou interrompida pela presença inoportuna de Paola. Mais
uma vez essa mulher insiste em cruzar o meu caminho. Não sei o que serei
capaz de fazer se ela ousar me desrespeitar novamente. Para a sua sorte, meu
ônibus chegou. Já estou quase entrando nele, quando sou puxada pelo braço
fortemente.
— Espera! Você vai me ouvir, Micaella. Eu vim em missão de paz.
— Paola, eu estou cansada. Não quero conversar com você depois de ter
me ofendido daquela maneira.
— Me escute, Micaella. Você pode tirar suas próprias conclusões depois
que me ouvir.
Parece sério o que ela tem para me dizer, no entanto esse é o último
ônibus que pode me levar para casa. Respiro fundo. Acho que para Paola me
procurar depois de tudo, algo importante tem para me falar.
Alguma coisa me diz que essa conversa vai longe.
CAPÍTULO 12
É verídico aquele ditado que diz: “A verdade dói”. Ele não somente dói,
como machuca, deixando raízes muito bem profundas no coração.
Por que ele brincou comigo? Partiu o meu coração somente por diversão
e devastou tudo de bom que eu tinha sobre ele. Confesso que está sendo
bastante sofrido conviver com a dor da enganação. Pergunto-me, a todo
momento, o que fiz para merecer algo assim. Encontrei a resposta mais óbvia:
pessoas como ele não se importam com o tamanho do sofrimento que são
capazes de causar em outras pessoas.
Em quantas mentiras eu acreditei? Quantas vezes meu coração palpitou
por ele? Por um momento nosso juntos? Eu me apaixonei, e isso não foi
errado.
Outro ditado que revela mais uma verdade, diz: “Quem vê cara, não vê
coração”.
Eu me deixei levar pela beleza de um homem que sabe como seduzir uma
mulher. Só que isso não vai mais acontecer.
Por mais que eu esteja triste, fique desanimada, a vida continua. Preciso
engolir o choro e trabalhar. Ontem à noite, quando cheguei em casa, abatida,
encontrei minha mãe dormindo no sofá, esperando-me. Pobrezinha... Sempre
se preocupando comigo. Peguei um cobertor para a aquecer e fui para a cama.
Pensei que teria mais problemas em sentir falta de sono, todavia dormi tanto,
que até perdi o horário, acordando dez minutos mais tarde. Ou seja, chegarei
atrasada ao serviço.
— Filha, vai sair sem tomar café? — mamãe gritou quando eu já estava
chegando à porta.
— Eu como no serviço. — respondi sem encará-la.
Meus olhos estão vermelhos, e a maquiagem não pode ser passada dentro
deles, somente ao redor.
— Espere, filha. Chegou tarde ontem. Micaella, está tudo bem?
— Sim, mamãe. — Engulo o choro. Eu jurei nunca mais derramar uma
lágrima por ele.
Se a minha mãe me vir assim, com este olhar abatido, irá me fazer mil e
uma perguntas. E a última coisa que quero é falar sobre Kauã. Decidi passar
uma borracha no passado, e começarei hoje.
Ontem foi um dia bastante doloroso, e hoje não será diferente. Quando se
ama alguém com a mesma intensidade com a qual amei, não se esquece disso
do dia para a noite. Eu sei que doerá muito mais. O amor costuma machucar
quando não é correspondido; e, no meu caso, amei por nós dois. Sofrerei para
o esquecer, no entanto estou convencida de que não será algo impossível de
acontecer.
O que mais me dói foi ele ter me jurado amor, a maneira carinhosa como
nos amávamos, todos os beijos doces e apaixonados... Não será fácil esquecer
que um dia ele fez parte da minha vida, porém eu decidi que sou madura
suficientemente para seguir em frente. Além do mais, sou jovem, ainda nem
completei vinte anos, tenho uma vida toda pela frente. Não vai ser a decepção
do meu primeiro amor que irá destruir todos os meus sonhos.
Ele pode ter feito todas as minhas defesas desmoronarem quando decidiu
pisar no meu coração como se ele fosse uma barata sem importância, mas
jamais irei me esquecer de todas as palavras ditas, de todos os beijos
memoráveis e encontros calorosos. Afinal de contas, toda primeira vez é
inesquecível. E a minha foi mágica. Havia admiração entre ambas as partes.
Ao menos ele me fez acreditar que existia da dele.
Triste engano!
Passar o dia em pé na recepção, esperando pessoas entrarem e saírem a
todo momento, acaba se tornando cansativo. Quando Mariza foi demitida e
todos os cargos se reestabeleceram, eu fiquei aqui. E agora estou cumprindo
meu aviso prévio, por já estar de partida para um outro estado. O mesmo
estado que ele! A chance de nos encontrarmos em São Paulo é praticamente
nula, pois lá vivem milhões de pessoas. Não é possível que possamos nos ver
novamente. Não sinto esperança alguma de revê-lo e não desejo que isso
aconteça, nunca.
Quando estou deitada no silêncio da noite, a dor parece não ter fim. Viro-
me de um lado para o outro na cama. Estou em desespero por não conseguir
controlar minhas emoções, e chorar está completamente fora de cogitação.
Abraço o travesseiro fortemente ao mesmo tempo em que fecho os olhos
e desejo, de todo o meu coração, que os próximos dias sejam melhores. As
lágrimas que insisto em prender, queimam as minhas pupilas. Jamais irei
chorar por aquele traidor.
Se eu tivesse escutado Giulia em todas as vezes que ela me alertou, visto
todos os sinais que ela me avisou... Mas, como eu duvidaria, se o cara tinha
uma atuação digna de um prêmio Oscar? Entre todos os Dons Juans que
existem na face da terra, o melhor, sem sombra de dúvidas, é o cretino do
Kauã Monteiro. Se é que esse realmente é o sobrenome dele. Ele mentiu tanto,
que já não sei se alguma coisa dita por ele foi verídica. Talvez nem seu nome
verdadeiro seja Kauã. E, talvez, ele nem more em São Paulo, como disse. O
que será melhor ainda se for verdade.
Paola me disse que esse homem é um bilionário muito renomado e
praticamente casado com ela. Eu jamais poderia suspeitar de nenhuma das
duas informações. Por que ele mentiu para mim, dizendo ser um funcionário de
uma empresa? Se não tinha planos de me assumir, por que inventar isso?
Esconder sobre sua esposa era algo que lhe convinha, e sobre a questão do
dinheiro, ele devia imaginar que eu fosse uma interesseira. Mais uma ofensa
para eu anotar.
Eu deveria ter notado pelas suas roupas e pelo seu carro. Como uma
empresa poderia oferecer tudo isso a um funcionário?
Mas o pior de tudo foi ele ter mentido para mim, dizendo que Paola era
sua irmã, quando, na verdade, era a sua mulher. A maneira estranha como
ambos mantêm a relação pode ser considerada algo normal para eles, já que
parecem viver bem com isso, mas eu jamais me submeteria a dividir meu
homem com outras mulheres. E acredito que ele também deveria se sentir
incomodado com esse fato. O que não aparentava. Enquanto eu a chamava de
cunhada, eles riam de mim, possivelmente, quando estavam juntos em
momentos íntimos.
A mesma boca que me beijou intensamente e me fez pisar em nuvens é a
mesma que beijava outra; o mesmo corpo suado sobre o meu após termos feito
amor também estava fazendo amor com outra.
Sinto um aperto em meu peito. Tudo isso é tão doloroso.
Às vezes eu gostaria de ligar para Giulia e lhe contar tudo, desabafar
com uma amiga de verdade, a única que possuo. Mas eu não quero incomodá-
la com os meus problemas; ela já vive cheia de preocupações com o emprego
e com a nova rotina. Giu está se saindo muito bem trabalhando para o chefe
CEO viúvo. Possivelmente, posso conseguir um emprego na casa do senhor
Avillar.
(...)
(...)
Nunca tinha me apaixonado antes, e justo na vez que meu coração decidiu
encarar o amor, descobri que meu dedo é podre para homens. Talvez eu deva
viver sozinha e nunca mais sequer olhar para alguém novamente.
O meu lado dramático amanheceu a todo vapor nesta manhã. Até pensei
na ideia de viver com as freiras em um convento. Então me lembrei de que não
sou paciente e bondosa. Seria expulsa no primeiro dia. Aliás, nem seria
aceita. Deus manda amar o próximo, mas eu odeio duas pessoas que foram
próximas a mim. Sinto tanto ódio, que chego a ficar sufocada de verdade.
Ultimamente, tenho sentido muito calor. Às vezes penso que já estou
entrando na menopausa. Se eu não fosse jovem demais para isso, começaria a
me preocupar.
A despedida no meu emprego foi divertida. Teve bolo, tiramos fotos e
todos os meus ex-companheiros de trabalho me desejaram muita sorte na
minha nova empreitada.
Alguns dias atrás, a ideia de eu ir para São Paulo encheu o meu coração
de esperança. Saber que estaria mais perto do homem que eu amava, deixou-
me animada. Não tive chance de dizê-lo que minha mãe e eu iríamos para lá
em breve. E foi melhor assim. Nunca mais quero ouvir o seu nome, e também
desejo que ele jamais mencione o meu. E se Kauã realmente tiver um vídeo
nosso, torna-se ainda mais desprezível para mim. Filmar um ato tão íntimo
como esse é para moleques. Um homem de verdade nunca agiria desse modo.
Eu desejo, do fundo do meu coração, que ele nunca mais faça nenhuma
outra garota de trouxa, assim como me fez. E se houver mesmo um vídeo,
espero que ele assista e reveja quando disse que me amava. Tomara que haja
um enorme peso na sua consciência medíocre e que seu coração se aperte até
lhe causar arrependimento.
(...)
— Falei com a nossa prima. Ela está ansiosa com a nossa chegada. —
Minha mãe acabou de entrar em meu quarto.
Desde que saí do emprego, há duas semanas, passo a maior parte do meu
tempo vivendo a base de doces e água, e várias vezes ao dia indo ao banheiro.
Isso se deve ao fato da minha menstruação estar atrasada. O que é comum para
mim, visto que passo meses sem menstruar, devido a alterações de hormônios
que enfrentei aos quinze anos. Fiz um longo tratamento. Segundo a minha
médica, é normal ela se atrasar.
— Estou ansiosa para rever nossa prima e, principalmente, a Giulia.
— São Paulo nos aguarda, querida.
— Mamãe, ainda falta um pouco mais de um mês para irmos.
— Sabe como sou ansiosa. Já estou arrumando a mala, e você deveria
fazer isso, meu amor.
— Claro. — falei sem animação.
— Micaella, querida, você parece triste e abatida. Me conte o motivo.
Você não quer ir para São Paulo? É isso? — Senta-se na cama, ao meu lado.
Sinto vontade de chorar e desabafar, mas não farei isso. Chorar jamais.
— Estou animada.
— Você vive trancada neste quarto, meu amor.
— Estou aproveitando ao máximo meus últimos dias nesta casa. Eu não
sei quando retornaremos, ou se faremos isso algum dia. E também sinto falta
da Giu.
— Você logo a verá, meu amor. Agora, venha, me ajude com o jantar.
Chega de filmes e sorvete, você está engordando.
Engordando? Depois que ela sai, vou para a frente do espelho. Eu não
estou gorda, talvez com uma pequena camada de gordura na barriga, mas nada
alarmante. Sempre cuidei bem do meu corpo por uma questão de saúde. Se eu
estiver fora de forma por estar comendo bobagens, devo parar e deixar de
lado todos os meus sentimentos melancólicos, deprimentes. Afinal de contas,
já se passou um mês desde que Kauã foi embora e eu descobri toda a verdade
sobre suas mentiras.
— Eu vou te esquecer, Kauã. — repeti em frente ao espelho.
Chega de viver comendo bobagens e assistindo a filmes! Preciso agilizar
tudo para a viagem. Acredito que São Paulo me trará novos ares, que
conhecerei novas pessoas e me habitarei ao lugar. Quando eu estiver com
minha mente focada em outros assuntos mais importantes, já não irei mais me
lembrar do loiro de olhos azuis e olhar sedutor. Serei muito feliz na minha
nova vida.
CAPÍTULO 14
Pelas minhas contas, eu já deveria ter esquecido aquele traste. Por mais
que eu tente, todas as vezes que fecho os olhos, vem a lembrança dos
momentos intensos que vivemos juntos. O que mais me tortura é o nosso último
encontro, no qual ele me fez juras de amor. Como é possível que tudo aquilo
tenha sido mentira? Um traidor sabe como manipular uma mulher, e eu caí no
seu jogo, nas suas armadilhas. Machucou, e ainda dói.
É difícil esquecer o meu primeiro. Apesar de ele ter sido um miserável,
sempre foi bastante cuidadoso e carinhoso comigo, pensou em meu prazer. O
que me faz odiá-lo ainda mais. Por que ele pensava em mim, se pretendia me
largar? Antes tivesse sido apenas aquele cara arrogante que me fez cair na
piscina, antes não tivesse vindo ver como eu estava. Então, a maldita aposta
entre ele e Paola não começaria. Nego-me a aceitar que ambos riram de mim.
O desejo de me vingar é maior que eu. Mas, como posso me vingar de
alguém que não sei onde vive? Ele pode ter mentido sobre seu nome, e nada
do que me disse pode ser verdadeiro, depois da covardia de ter me deixado.
Amanhã viajarei para São Paulo. Preciso comprar algumas coisas na
farmácia, como remédio para enjoos e dores de cabeça. Minha mãe costuma
ficar nervosa quando precisa viajar de avião.
Os dias passaram muito rápido, no entanto, por que tenho a sensação de
que não saio do lugar? Sinto como se nunca mais fosse evoluir da fase na qual
fico triste.
Como as roupas se tornaram apertadas? Quando eu engordei? Na
verdade, os meus quadris estão mais largos, só que a minha barriga não está
grande. Eu diria que ela não cresceu quase nada. É fruto do bolo de chocolate
e do refrigerante todas as quartas à noite.
Estou procurando pelos remédios, quando, de repente, sou tomada por
uma sensação de desmaio. Provavelmente, estou tendo uma outra queda de
pressão, pela segunda vez na semana. A primeira vez foi quando estava vendo
TV no meu quarto. Eu pensei que fosse morrer, mas me mantive calma e logo
me recuperei. Se a minha mãe souber que estou passando mal com mais
frequência, irá me internar e só me deixar sair quando completar um ano.
O que está acontecendo comigo? Será que estou realmente doente?
Mamãe tem razão? Devo procurar um médico? Costumo ser bastante relaxada
quando o assunto é esse. Hospitais me deixam nervosa e assustada. Talvez o
medo de Giu tenha passado para mim. Quando ela perdeu os pais, e depois sua
avó, eu pude sentir sua dor. Não sei o que seria de mim sem a minha mãe, ela
é tudo de mais precioso que possuo nessa vida.
Percebendo que não estou bem, a moça que trabalha na farmácia me
ampara. Se não fosse por ela, eu desmaiaria. Ela me ajuda a sentar em uma
cadeira. Tudo à minha volta está girando; talvez seja por eu ter insistido em
vestir esta calça apertada. Não entendo, essa peça costumava me vestir tão
bem. Meus seios também estão mais inchados, entretanto eles já ficaram assim
antes por conta do meu problema hormonal e da minha menstruação, que
costuma ser irregular. Contudo, eu nunca senti tanta tontura e enjoos como
agora. Um calafrio percorre toda a minha espinha.
— Tudo bem? Precisa que eu chame a emergência?
— Não, eu estou bem. — Mantenho a calma. Realmente já está passando.
— Ultimamente, eu venho me sentindo assim. Creio que minha pressão esteja
irregular.
— Sugiro que procure um médico. Há quanto tempo está assim? Talvez
eu possa ajudar, sou farmacêutica.
— Há mais ou menos um mês e meio ou dois. — Para ser sincera, eu já
não sei mais.
— Você sente enjoos e tontura? — Ela parece ter pisado na tecla certa.
— Sim, eu sinto.
— Enjoos a comidas que você adorava comer e a perfumes fortes?
— Sim. É estranho, pois quase tudo que eu como, me faz querer vomitar.
— Sua menstruação? Está atrasada?
— Sim. Mas isso é normal devido ao problema hormonal que tenho. Já
passei até três meses sem menstruar.
— Tudo bem, eu vou ser mais específica. A sua vida sexual... Ela está
ativa? Caso esteja, você toma algum remédio anticoncepcional ou costuma
usar camisinha? Ou outros métodos para se prevenir?
Minha vida sexual? O que ela está querendo insinuar com isso? Engulo
em seco. A minha vida sexual está parada. A última vez que fiz sexo com
aquele idiota já faz algum tempo. E não, nós nunca usamos nenhum método
contraceptivo.
Por um momento meu cérebro congela e meu coração para de bater por
breves milésimos de segundos. O que a doutora está querendo dizer? Que eu
posso estar grávida? O impacto dessa possibilidade me faz saltar da cadeira e
todo o meu corpo entra em alerta. Sinto um tremor percorrer cada nervo meu,
respiro fundo e puxo o ar, porém ele não vem.
Deus amado! Não pode ser!
— A senhora está querendo dizer que... Que...? — Não consigo
completar a frase.
Grávida! Não posso estar grávida! Um medo fora do comum absorve
cada partícula minha.
— Veja bem... É uma possibilidade. Pode começar fazendo um teste de
farmácia e, depois, um de sangue, para ter mais certeza. — Ela pega um na
prateleira para mim.
Eu, que estava com uma cestinha, vou enchendo-o sem contar, ao certo,
quantos testes pego. A farmacêutica ri de mim, do meu nervosismo.
— Não sinta medo. Comigo também foi assim. Eu me achei incapaz no
momento em que descobri que estava grávida, mas logo percebi que cada
batida que meu coração dava era pela minha filha.
— Eu não sei o que falar. Preciso tirar minhas dúvidas. Obrigada por
tudo, doutora.
Depois que passo as coisas no caixa, vou para casa. Estou atordoada.
Não posso estar grávida. Eu nem sei como segurar um bebê ou trocar fraldas.
E se eu o deixar ficar assado? Ou, pior, se ele se engasgar por minha culpa? E
se eu o derrubar no chão? Não posso estar grávida!
Preciso manter a calma. Ainda nem fiz o teste e já estou imaginando mil e
um acidentes que podem acontecer. Ainda sou jovem demais para me tornar
mãe. Bebês são lindos e fofos, porém nos braços de outras pessoas. Perco até
a noção de espaço, encurralada pelo medo.
A verdade é que não estou pronta para me tornar mãe. Eu não sou
suficientemente boa para cuidar de uma criança, estou sem emprego e indo
morar de favor na casa de uma prima. Não posso estar grávida. Como irei
trabalhar se estiver grávida? Preciso tirar essa dúvida da minha cabeça.
Estou parada no meio da sala, segurando minhas compras em mãos,
quando escuto a voz de mamãe.
— Filha, trouxe os remédios que pedi?
Eita! Eu esqueci! Com o choque causado pela mulher, acabei me
esquecendo de comprar.
— Eu esqueci.
— E o que tem aí?
— Comprei algumas coisas que estavam faltando.
— Filha, não é possível que tenha se esquecido dos remédios. Eu irei
comprar. Você termina o almoço?
Concordo sem entender o que ela me pediu. Estou fora de mim. Corro
para o banheiro, tranco-me dentro dele e leio todas as instruções antes de
fazer o primeiro teste. Espero cerca de cinco minutos para ver o resultado.
Uma risca é “negativo”, duas é “positivo”.
Arregalo os olhos. Duas riscas aparecem diante deles. Respiro fundo,
buscando não perder o controle, e tento me convencer de que o resultado pode
estar errado. Já ouvi falar que esses testes podem dar alteração. Na bula diz
que cerca de 99% dos resultados são verídicos, mas eu posso estar encaixada
no 1% que pode dar errado.
O nervosismo me faz rir. De duas, uma: ou vou enlouquecer ou vou ter um
ataque. Faço o segundo teste, o terceiro... Até parar no oitavo. Sim, eu fiz oito
testes. E, adivinhe: em todos apareceram duas riscas, indicando que estou
grávida.
Lágrimas inundam a minha face. Eu sei que prometi não chorar mais, mas
como não chorar? Como esquecer tudo que um homem desprezível fez comigo
e que, ainda por cima, deixou-me grávida?
Grávida! Essa palavra ecoa na minha cabeça.
Sinto-me impotente neste momento. Não posso fazer nada além de me
sentar no chão e chorar.
Tento me convencer de que em oito testes pode ter dado erro, porém já
seria sorte demais. E eu não costumo ter tanta sorte assim. Não estou dizendo
que um bebê não seja uma benção. Pelo contrário. Eu sei que é. Contudo, não
consigo enxergar nada além dos meus receios e medos. A minha mãe nem sabe
que conheci um cara. O que dirá quando souber que estou grávida?
Respiro fundo. Não quero que o bebezinho sinta medo. Dizem que eles
sentem todas as emoções da mãe. Fora isso, eu não sei nada sobre bebês.
Tensa, nervosa, tento me controlar. Eu estou com muito medo. Não terei
coragem o suficiente para contar à minha mãe que estou grávida. Mas, por
mais assustada que eu esteja, em nenhum momento a possibilidade de um
aborto passa pela minha cabeça. Eu sou contra esse ato. Uma vida inocente
está sendo gerada no meu ventre, e eu jamais seria capaz de matá-la.
Giulia! Eu queria ligar para ela neste momento e lhe contar tudo, mas não
conseguiria fazer isso pelo celular. Eu nem conseguiria discar nenhum número
neste momento.
Não posso acreditar que terei um filho do homem que me enganou. Não
culpo a criança por nada, porque é o único ser inocente. Eu sou a maior
culpada, por ter acreditado em Kauã e nas suas mentiras. Agora estou refém
das consequências que me acometeram. Se eu tivesse insistido para ele usar
camisinha ou se tivesse tomado anticoncepcionais, não teria engravidado. Na
época em que fiz aquele tratamento, a médica me disse que caso eu desejasse
engravidar, seria bem difícil, só que oito testes na minha frente me dizem o
contrário. Aconteceu algo praticamente impossível. Um milagre? Eu não sou
tão especial assim. Acredito que ainda pode haver um engano, no entanto
todos esses “positivos” me mostram o contrário.
— Micaella, filha, você deixou o arroz queimar. Toda a casa iria pegar
fogo se eu demorasse mais cinco minutos para chegar. — minha mãe gritou
atrás da porta.
Então, ela me pediu para terminar de fazer o almoço. Não prestei atenção
devido ao choque em que ainda me encontro.
Como não suspeitei antes que já estava grávida?
— Filha, você está bem?
— Eu estou com dor de barriga, mãe. — gritei.
Ela responde:
— Se precisar de alguma coisa, me chame. Vou fazer um chá.
Não posso beber chá!
Preciso de um médico!
Se eu tivesse pensado na possibilidade, na ideia de estar grávida, desde
o começo eu já teria ido a um médico. Provavelmente, pelas minhas contas, eu
estou com uns dois meses de gravidez. Por isso os seios inchados, as roupas
apertadas e a necessidade de fazer xixi a cada dois minutos. Acreditei que
tudo isso era emocional. Agora sei que não é nada disso. Tudo se deve a um
bebezinho inocente sendo gerado dentro da minha barriga.
Abro um sorriso bobo. Eu queria ser mãe algum dia, só não imaginava
que seria tão jovem. Poderia estar cursando uma faculdade, porém meus
planos serão adiados mais uma vez. Agora só preciso de uma coisa: fazer uma
boa viagem, acima de tudo, e, quando estiver em São Paulo, procurar uma
clínica para fazer exame de sangue e descobrir se está tudo bem com o meu
bebezinho. Há também algo que decidi que só farei quando chegarmos lá.
Respiro fundo. Irei contar para a minha mãe que estou grávida, e Giulia me
ajudará. Eu sei que ela vai estar ao meu lado, mesmo eu não a tendo dado
ouvidos quando deveria. Ela jamais esfregaria na minha cara que estava certa
e eu errada. É generosa demais para fazer isso. Também, a madrinha do meu
neném jamais agiria assim comigo.
Por outro lado, temo a reação da minha mãe.
Quem diria que o destino voltaria a se repetir quase vinte anos depois?
Nossas histórias são parecidas. Assim como ela, que foi abandonada grávida
pelo meu pai, eu também fui enganada e agora me vejo sozinha e grávida.
Como eu, o meu bebezinho nunca irá conhecer o pai. O que não faz mal. Claro
que sou a favor da família, todavia, quando um homem engana uma mulher da
maneira como Kauã me enganou, não merece perdão. E por mais que ele não
saiba da minha gravidez, não preciso me preocupar. Jamais voltarei a vê-lo.
De agora em diante seremos apenas eu e meu bebê.
CAPÍTULO 15
(...)
(...)
(...)
(...)
(...)
— Micaella, já está tarde. Tente dormir, meu amor. O seu bebê sentirá
toda a sua aflição se você ainda permanecer acordada.
— Clarice, eu não consigo dormir. Giulia é minha irmã.
— Sua mãe ligou agora a pouco. Giulia está em observação, ela está
bem. E amanhã você poderá visitá-la.
Meu coração se enche de esperança. A minha vida sem Giulia não faz
sentido. Ela é parte da minha família, é minha irmã.
Depois dessa notícia animadora, finalmente consigo dormir. Amanhã à
tarde lhe farei uma visita no horário permitido. E ai de quem não me deixar
vê-la. Colocarei aquele hospital abaixo.
(...)
Hospitais me deixam nervosa, porém estou com a minha mãe. Ela passou
a noite aqui e já visitou Giulia. Viktor agora está com ela. A pequena Bia está
preocupada. Pobrezinha. Compreendo o desespero da pequena, porque minha
amiga é a mãe dela, e ambas entendem isso. Também fiquei preocupada com o
bebê em seu ventre, mas fui avisada de que ele está bem. Nossos filhos serão
melhores amigos. Estou torcendo para que seja um menino, pois assim meu
filho terá um amiguinho.
Encontro Viktor na sala de espera, que está mais aliviado depois de ter
conversado com a esposa. Ele a ama. Agora eu pude ter cem por cento de
certeza.
— Micaella, que bom que está aqui. Giulia perguntou por você.
— Ela está realmente bem?
— Sim. Foi um susto e tanto. — Ele está tenso. Imagino que o medo de a
perder tenha sido imenso.
— Graças a Deus. — Respiro aliviada e seco minhas lágrimas com as
mãos. Ele me entrega educadamente um lenço que carregava no bolso. — Eu
posso vê-la agora?
— Sim, pode.
— Parabéns pelo bebê. Vocês quatro serão muito felizes.
— Obrigado. Giulia acabou de me proporcionar uma alegria sem igual.
Confesso que não me imaginava mais sendo pai a esta altura do campeonato.
— Não diga isso, você ainda é jovem, Viktor.
Ele abre um sorriso modesto.
— E o seu bebê? Como estão ele e você?
— Estamos bem. Cada dia é um novo desafio, mas cada momento vale
muito a pena.
— Giulia será a madrinha, e eu suponho que serei o padrinho dele.
— Se você aceitar, será um prazer para mim.
— Obviamente. Você é como uma irmã para a minha esposa. Saiba que
sempre estaremos aqui por você e por este bebê.
Viktor é realmente um homem de outro planeta, educado, gentil,
cavalheiro e prestativo. Se todos os homens fossem como ele...
Ele vai resolver alguns assuntos sobre a documentação do hospital e eu
entro no quarto para visitar a minha gravidinha preferida. Ela está muito bem,
apesar do semblante cansado.
— Você queria me matar do coração? Porque eu quase morri. Saiba que
não te dou permissão para ser atropelada, nunca mais.
— Micaella. — Abre um sorriso. — Espero que você e o meu afilhado
estejam bem.
— Estamos sim. Porém, espero que o meu afilhado também esteja bem.
Agora eu só estou em dúvida: quem será o padrinho do seu bebê? A tia dele é
uma solteirona convicta.
— Meu Deus! Você é impressionante. — Ri e balança a cabeça.
Ela está bem. Finalmente pude constatar com os meus próprios olhos.
— Viktor ficou feliz pelo bebê.
— Ele ama você, Giulia. Você é muito especial. Precisava ver o quanto
ele estava preocupado. Ele sentia pavor, temia te perder.
— Viktor me ama. — Sorri, toda boba. — E eu o amo.
— Jura? Se você não me confessasse agora, eu nunca suspeitaria.
Ela acerta um tapa no meu ombro, fingindo estar ofendida.
Vibro com a sua alegria. Giu merece toda a felicidade do mundo.
— Eu estou com sede. Quando sair, pode pedir para Viktor me trazer
água?
— As enfermeiras aqui não fazem isso?
— Eu quero Viktor.
— Safadinha. Acamada e ainda querendo o seu homem.
— Micaella, não é nada disso. Credo! Eu ainda vou matar você. —
Rimos.
Procuro Viktor na sala de espera, e ele não está. Por fim, lembro-me de
que ele foi até a recepção. Este hospital é muito grande e elegante, um dos
mais caros da capital, talvez do Brasil inteiro. Estou atenta, procurando-o. São
tantos corredores, que creio que estou perdida. Eu penso em perguntar a uma
enfermeira, que vejo passar, onde fica a recepção, e ela me informa. Estou
indo certinho desta vez, quando meus olhos se fixam no homem forte, vestido
com uma camisa de mangas longas, azul-marinho, e uma calça preta social.
Ele está de olho na tela do celular. Seus cabelos loiro-escuros me fazem
engolir em seco e eu paraliso por alguns instantes.
Vejo-o vir na minha direção lentamente, porém com o olhar fixo no
aparelho. Não pode ser ele! Meus olhos estão vendo aquele homem
novamente.
De repente sinto uma vontade louca de sair correndo e um desespero me
invade ao mesmo tempo em que raiva e ódio me consomem. É Kauã, ele está
aqui. Minha respiração fica pesada e eu preciso abrir a boca para respirar
melhor. Não é bom que meu bebê sinta essas coisas, todavia não sei o que
fazer. Estou diante do pai do meu filho, grávida, com uma barriga enorme
coberta por um vestido largo e folgado.
Ranjo os dentes, tomada pela indignação de vê-lo. O traidor está a
poucos metros, diante de mim. A minha sorte não é tanta assim. Quando menos
espero, ele coloca o celular no bolso da calça e olha para a frente. Em choque,
saio correndo. Será que ele me viu? Meu coração palpita quando ouço o meu
nome.
— Micaella! — foi a sua voz rouca.
Ele me viu. Droga!
Começo a correr. A adrenalina dispara na minha corrente sanguínea. Não
posso vê-lo; não quero, nunca mais, ouvir a sua voz, muito menos que ele me
veja assim, grávida. O medo de ele conseguir me alcançar, deixa-me
atordoada. Viro-me entre um corredor e outro, sem nem saber que poderia
correr assim, encontro um elevador e aperto o botão várias vezes. Volto a me
sentir segura somente quando as portas se fecham e abrem novamente no salão
da saída. Eu não penso duas vezes antes de sair e entrar no primeiro táxi que
encontro.
— Moço, para o mais longe possível. Depressa. Eu passo o endereço no
caminho.
O motorista acelera e eu não olho para trás, com receio de vê-lo. Eu não
quero olhar para aquele homem, nunca mais. Meu maior pesadelo foi
reencontrá-lo. Era ele sim! Ele chamou pelo meu nome. Kauã me reconheceu.
Será que notou o tamanho da minha barriga? Espero que não tenha prestado
atenção.
Meu Deus! Meu coração está quase saindo pela boca. Jamais imaginei
que seria tão doloroso revê-lo depois de tantos meses. O infeliz continua
bonito, o dobro do que eu poderia me recordar. Tento apagar sua imagem da
minha mente todos os dias; e se já estava sendo difícil fazer isso, agora, que o
vi novamente, parece que tudo se complicou ainda mais. Kauã é um traidor,
um ser desprezível. Eu só posso odiá-lo e jamais me esquecer de cada coisa
que me fez.
CAPÍTULO 17
(...)
(...)
Ser mãe é o que sei fazer de melhor. Ao longo dos dias aprendo cada vez
mais e toda experiência me deixa emotiva, como o primeiro banho, quando
pensei que quebraria Gael, de tão frágil que era. Todas as primeiras vezes são
inesquecíveis.
A única coisa que está saindo fora do plano é a questão da amamentação.
Meu leite secou no segundo mês, e isso me deixou muito aflita, pensando no
que meu bebê comeria. Passamos na pediatra, que receitou um leite especial
para o meu pequeno tomar. Gostaria muito de amamentá-lo, no mínimo, até os
seis meses, só que não será possível.
— Filha, pode dormir um pouco. Eu cuido do meu neto, não se preocupe.
— Não quero deixá-lo sozinho. E se ele sentir a minha falta? — referi-
me ao trabalho. No entanto, sei que é preciso.
— Ele sabe que você é a mãe dele.
— Eu vou morrer de saudade do meu neném, mamãe.
— No começo será muito difícil. Eu chorava quando precisava deixar
você na creche, mas sabia que era por um bem maior.
— Ele é tão pequeno.
— Cristina aconselhou você a começar somente quando ele completar
sete meses. Falei com ela nesta manhã. A sogra de Giulia é uma mulher muito
generosa e, acima de tudo, adora o meu neto. Portanto, já ganhou o meu
respeito e amizade.
— E quem não ama esse menininho gorduchinho da mamãe? — Beijo o
pezinho do meu neném.
O cheirinho doce dele é único, assim como a maciez da sua pele fofinha,
e a melhor sensação que tenho é a de estar ao seu lado. Será duro sair e o
deixar em casa, entretanto sei que ele estará sob os cuidados da minha mãe e
de Clarice, que nada faltará para ele. E à noite, quando eu estiver em casa, não
sairei de perto dele por nada. O meu pequeno é a razão da minha vida. Por
Gael, eu sou capaz de dar a minha vida.
CAPÍTULO 18
(...)
(...)
De segunda à sexta o trabalho consome todas as minhas energias, o
sábado é o dia para eu colocar as coisas de casa em ordem e o domingo é para
descansar. Sinto falta de João Pessoa, da nossa casa. Minha mãe decidiu não a
vender, para o caso de, algum dia, retornarmos. Clarice não suporta ouvir a
ideia e é a favor da venda, pois deseja que continuemos morando com ela.
Giulia não voltará mais para João Pessoa e eu e mamãe estaremos sempre
perto dela.
A movimentação na mansão está intensa nesta semana com a chegada do
filho de Cristina.
A menina que está limpando o quarto da senhora comigo, comenta:
— Não sei por que tanta agitação. O senhor Avillar não costuma ficar
aqui mesmo. Faz cinco dias que ele retornou e só veio aqui visitar a mãe
quando chegou.
— E onde ele fica? — perguntei, curiosa.
— Ele mora em um apartamento. Sabe como é, né?
— Eu não sei.
— O homem é um safado. Para ser sincera, um verdadeiro rabo de saia,
libertino e cafajeste.
— Sério? Ele é tão diferente do irmão?
— O senhor Viktor Avillar sempre manteve sua vida pessoal muito
discreta, diferente do irmão. Pelo menos nós, empregadas, sabemos de muitas
coisas sobre o irmão mais novo.
— Acho que é melhor irmos trabalhar em vez de fofocar. Ainda temos
que limpar o quarto do filho da senhora Cristina.
— Como eu disse, o patrãozinho nem fica aqui, vem somente de
passagem e vai embora, exceto na recuperação da cirurgia da mãe, quando ele
esteve muito presente.
Um ponto positivo para o filho mais novo de Cristina.
Hoje é sexta-feira, então eu não vejo a hora de ir para casa. Mamãe e
Giulia foram fazer as fotos do meu bebê. Eu gostaria de estar presente, mas
não quero abusar da generosidade da minha patroa. Ela é muito solidária
comigo e está sempre disposta a dialogar. Às vezes fico impressionada com
todo o carinho que ela sente por mim e pelo meu Gael.
Terminamos de limpar os dois quartos e o relógio marca quatro horas. Já
está quase na hora de eu ir embora. Eu iria, se não fosse pelo meu celular.
Onde eu o soltei? Só não perco minha cabeça porque ela é colada no meu
pescoço.
— Alguém viu meu celular? — perguntei na cozinha.
— Micaella, eu vi um sobre a mesa da piscina. Pensei que fosse da
senhora Cristina, por isso deixei lá. — avisou o jardineiro.
Aliás, Diego é bastante mentiroso. Ele adora pregar peças. Mas como é o
único que disse algo a respeito do meu celular, decido ir averiguar.
— Creio que seja o meu. Mais cedo fui colher algumas flores para
colocar no quarto da senhora Cristina e devo ter deixado ele lá. Espero que
não tenha explodido com o sol.
As meninas riem do meu comentário e eu corro o mais depressa possível
até a piscina. O aparelho está funcionando bem e a sombra do guarda-sol
impediu os raios solares de atingirem a tela. Há algumas ligações perdidas de
Giulia. Ela avisou que está vindo para a casa da sogra e que está trazendo o
meu bebê. A minha mãe vem junto. Pelo tempo da mensagem, elas já devem
estar chegando. Viktor está trazendo-as. Cristina adora visitar meu filho, e
desta vez Giulia quis trazê-lo para ela o ver. Abro um sorriso cheio de
gratidão.
O cachorro da minha patroa está caminhando sobre a barra da piscina,
que não está coberta. Eu o chamo pelo nome para evitar que caia na água.
— Tom, não vá para aí, doguinho.
Ele não me dá ouvidos. Como se realmente pudesse me compreender.
Aproximo-me para o tirar de perto da água. Alguém precisa cobrir a
piscina quando ninguém estiver usando-a. Assim, evita-se possíveis acidentes.
O cachorrinho de repente corre para a frente e eu encaro o homem que está
abaixado e com a cabeça baixa, brincando com ele.
Meu celular vibra em minhas mãos e eu respondo a mensagem da minha
prima. Quando olho para a frente, o cãozinho não está mais no lugar, nem o
homem. De longe, não foi possível ver seu rosto com clareza.
Ouço passos rasteiros atrás de mim. Que não seja o jardineiro. Ele adora
pregar peças em mim e nas meninas. Viro-me, pronta para o pegar no flagra,
porém meu sorriso murcha quando meus olhos encaram a face do homem de
olhos azuis profundos à minha frente. Sinto uma pontada forte no peito. Eu só
posso estar diante de uma miragem. Os raios solares estão batendo forte
demais nos meus olhos, que não estão abertos suficientemente para enxergar
com precisão. Só pode ser isso. Ou talvez não seja. Como é possível?
Vê-lo novamente me enche de ódio. O que ele faz aqui? Por que não me
deixa em paz? Minha expressão está fechada e é de muita irritação. Se eu
fosse ele, afastava-me. Contudo, o homem faz exatamente o contrário. Quando
me virei, ele já estava perto demais de mim. Dou um passo para trás, sem me
lembrar da piscina, e meu corpo acaba se desequilibrando. Se não fosse pelos
seus braços fortes, que me seguram, eu cairia na água, como na primeira vez
em que nos vimos.
Meu corpo choca contra o seu e o paredão de músculos fortes acaba me
machucando para evitar que eu caia. O homem me segura firmemente em seus
braços, mantendo-me quase colada a ele.
Minha expressão muda de irritação para susto. Como não sei nadar, sinto
pavor de imergir. Meu coração bate o dobro do considerado normal. Pensei
que nunca mais o encontraria. O perfume amadeirado é o mesmo e invade as
minhas narinas. É o aroma que ficava impregnado nas minhas roupas e,
principalmente, na minha pele, após nossos corpos viverem uma completa
entrega.
Kauã está ainda mais bonito do que eu poderia me lembrar. O que é um
castigo para mim. Ele poderia ter se desleixado um pouco. Assim, eu me
sentiria menos irritada por vê-lo.
Em questão de segundos consigo sentir meu coração acelerar e minha
pulsação aumentar. Todas as lembranças boas e ruins invadem a minha mente.
Foram muitos momentos juntos, decepções e, acima de tudo, paixão. Eu amei
esse homem com todo o meu coração e ele pisou nesse amor. Enfim, o ódio
venceu no final.
Faço força para me soltar do seu abraço, sendo que ele nem se esforça
tanto assim para me manter presa. Encaro os seus olhos azuis penetrantes. Os
meus estão esfumaçando de raiva. Ele deve estar enxergando as faíscas que
saem deles, e o motivo é o seu contato.
— Me solta! — falei, irritada.
O cretino deveria sentir vergonha por estar me segurando contra a minha
vontade, ainda mais depois de tudo que me fez. O que Kauã esperava? Que eu
o recebesse com um sorriso bobo, como fazia antes? A Micaella boba que ele
estava acostumada a enganar e de quem debochava dos sentimentos, mudou.
Ele a matou naquela fatídica noite em que descobri toda a verdade sobre a
aposta e suas mentiras.
— Desta vez você não vai fugir de mim. — Como se ele tivesse o direito
de me impor algo. Isso me faz ter mais rancor.
Então, ele me viu no hospital grávida, reconheceu-me.
Engulo em seco. Minha garganta está arranhando. Tento salivar e não
consigo, sentindo um nó se formar.
Não é justo. Eu não aceito o fato de ele estar diante de mim. Peço,
mentalmente, que seja um pesadelo e que eu possa acordar agora, que não seja
real. Durante todo o tempo em que ficamos separados, eu disse para mim
mesma, dia e noite, que ele não significava mais nada para mim, porém o seu
toque agora me faz reviver tudo aquilo que lutei para esquecer por mais de um
ano. Eu estava indo bem — muito bem, por sinal —, e agora estou tremendo
com o seu toque. Tantas vezes estremeci nestes braços fortes, tomada pelo
prazer, e esta boca sexy já disse que me amava enquanto me beijava
intensamente.
— Eu vou gritar se você não me soltar. — meu tom de voz saiu alterado.
— Grite, Micaella. Chame a polícia se quiser. Mas eu não vou soltar
você. Temos muito o que conversar e esclarecer.
Rio de nervoso. Ele me engana, desaparece e depois deseja conversar?
Pensa que sou trouxa? Como vou querer conversar com um homem que tanto
me fez sofrer? Somente eu sei o quanto o amor pode machucar. E ele foi o
responsável por toda essa dor.
— Acontece que eu não quero conversar, não quero ouvir sua voz e não
quero ver você, nunca mais. Me largue, seu imbecil!
— Você costumava me chamar de amor, e não de imbecil.
— Acontece que eu não sabia que você era um ser humano tão
desprezível. — retruquei, exasperada.
— Temos muito o que conversar. — insistiu. — Por favor, mantenha a
calma.
— Calma? Você está debochando de mim mais uma vez, só pode ser.
Enfie toda a sua calma no inferno! — gritei, sem me importar com nada, se
iriam me ouvir ou não.
A última coisa que desejo é ter calma neste momento, ainda mais com
esse traidor me pedindo isso depois de tudo que ele me fez passar.
— As coisas não aconteceram da maneira como você pensa. Micaella...
— Me solta!
Droga! Ele é muito forte. E eu não posso chorar na frente dele
— Eu vou soltar você se antes me responder uma pergunta.
— Eu não vou negociar com você. — discuti.
— Você vai sim. — impôs-se. — Eu vivo atormentado desde que fui
embora de João Pessoa há mais de um ano, e tudo piorou quando a vi naquele
hospital, grávida. — Inferno! Ele me viu. — Você estava grávida? Micaella...
Antes que ele possa criar qualquer paranoia na sua cabeça, preciso
pensar rapidamente, agir rápido. Se ele ao menos me soltasse...
— Eu não sei do que você está falando. Eu não estava em nenhum
hospital e não vi você depois que foi embora covardemente. — cuspi minhas
palavras na sua cara.
Ele é um covarde, um traidor. Seduziu-me, roubou a minha pureza, foi
embora, e depois quer explicações da minha parte? Preciso sustentar a minha
versão de que ele não me viu e que, talvez, tenha sido alguém parecida
comigo.
— Seja lá o que você imaginou na sua cabeça, não era eu, muito menos
grávida.
— Era você sim, e você estava grávida. Pelas minhas contas, o bebê que
esperava era meu.
Respiro fundo, quase chorando. Seguro o choro na base do ódio. Ele sabe
que era eu, e ainda sabe do bebê. Continuarei segurando a minha versão.
— Acontece que não era eu a pessoa que você viu. — Dou de ombros,
furiosa.
— Eu reconheceria você mesmo se estivesse cego. Não adianta mentir
para mim. Não é boa nisso, Micaella.
— Você só pode ter enlouquecido por acreditar que tenha me visto
grávida, e ainda cria teorias imaginárias. Eu nunca estive grávida. — afirmei
quase tremendo. — Agora, me deixe em paz, pelo amor de Deus.
— Eu sei que tivemos um filho. E eu procurei por vocês feito louco.
Deus sabe que estou falando a verdade.
— Céus! Não coloque Deus no meio das suas mentiras. Você não sabe de
nada sobre mim e do que aconteceu. Portanto, só irei falar desta vez: me deixa
em paz. E se continuar a me importunar, juro que mato você. — ameacei.
Ele não diz mais nada.
Kauã consegue me desestabilizar. A minha pose de mulher durona foi
derrubada pelo seu simples olhar. Ele ainda tem poder sobre minhas emoções.
Vendo que não estou muito bem, solta-me. O meu rosto deve estar
vermelho, porém não me importo. Eu não quero, nunca mais, olhar para esse
homem. Ele ainda me rouba o ar, mas agora é por eu o odiar.
— Kauã, filho? O que está acontecendo aqui? — Cristina chamou a
minha atenção e a dele, no entanto não desviamos os nossos olhares.
Filho? Kauã é seu filho? Cristina o chamou assim. Ele não pode ser seu
filho. Mais essa revelação não.
Quando olho para a frente, vejo Cristina, Giulia segurando Mali nos
braços, Viktor ao lado dela e Beatriz junto da minha mãe, que segura Gael,
sem entender praticamente nada. Ou seja, todo mundo está aqui. Eles estavam
ouvindo a nossa conversa? Sim, e estão confusos.
— Tia Micaella, você precisava ter visto o Gael. Ele riu em todas as
fotos. — A inocência de Bia não a deixa perceber toda a tensão pela qual
estamos passando agora.
Kauã olha para o nosso filho e, neste momento, saca tudo. De alguma
forma, sabe que é o pai do meu bebê. Jurei ter visto um sorriso discreto seu se
formar. Será que ele está feliz? Depois volta a queimar seu olhar sobre mim.
Eu já não sei se tenho forças para suportar essa situação. A vontade que
tenho é de sair correndo e me esconder, no entanto devo suportar e enfrentar
tudo. Encho o peito e busco forças de onde não existe.
— Aquele menino é o nosso filho, não é?
— Não! — praticamente gritei. — Ele não é seu filho. Não é. — Estou
muito nervosa.
— O que está acontecendo aqui? Por que vocês dois estão brigando? —
Cristina está confusa, assim como todo mundo. — Ouvimos gritos, e agora
vocês estão falando a respeito de um filho. — Confusa, ela nos encara,
buscando e exigindo uma resposta mais clara.
Giulia é a única que parece entender toda a situação. Eu a peço ajuda
com o olhar e ela compreende. Após entregar Mali para Viktor, aproxima-se
de mim.
— Eu peço perdão, Cristina. Desculpe pelos meus gritos...
— Kauã lhe disse algo que desrespeitou você? — Ela está preocupada
comigo. — Eu não estou compreendendo mais nada. Explique-me, querida,
sobre o que vocês dois estão discutindo.
Giulia me encara cheia de ódio, mas não de mim, e sim de Kauã. Ela
sabe, entendeu tudo, e não pensa duas vezes antes de estapear a face do
cunhado. Kauã leva a mão para o local; sabe que mereceu e não parece estar
irritado com minha amiga.
— Isso é por você ser um covarde! Nunca mais ouse se aproximar da
minha irmã, seu covarde!
Olho para a minha mãe. Eu preciso sair daqui. Ela segura meu bebê
inocente, que não imagina sequer o que está acontecendo.
— Micaella, o meu filho, Kauã, é o pai do seu bebê?
Eu não sou capaz de negar. O meu silêncio entrega tudo.
— Gael é meu primo! — Beatriz comemorou.
Kauã não desvia os olhos dos meus e tenta se aproximar de mim,
entretanto Giulia não deixa. Ela faz um papel de segurança particular.
— Mamãe, vamos embora. — Seguro o meu filho nos braços, que
começa a chorar. Tento acalmá-lo.
— Micaella, precisamos conversar. — Kauã insistiu mais uma vez.
De costas para ele e com Giulia entre nós dois, respiro fundo, sentindo
meu peito apertar.
— Me deixe em paz, Kauã. Esqueça que algum dia nos conhecemos.
— Micaella, eu não posso esquecer você. Iremos conversar quando
estiver mais calma.
Minha mãe caminha na direção dele e o olha possessa de ódio. Sei que
ela irá esbofeteá-lo.
— Mamãe, não vale a pena. Vamos embora.
— Por respeito à sua mãe, eu não vou esbofetear você, garoto. — Ela
vira uma fera quando o assunto é me proteger.
— Não se preocupe, Gisela. Se você não é capaz, eu sou. — Cristina
acerta um tapa em cheio na mesma face em que Giulia bateu.
Ela mostrou que está contra a atitude do seu filho e ao meu lado; um gesto
muito significativo para mim.
Não olho mais para trás, apenas saio da casa o mais depressa possível.
Eu não queria ter reencontrado Kauã, muito menos que ele tivesse descoberto
que temos um filho.
CAPÍTULO 19
Bebo uma xícara de chá de camomila feito pela minha mãe. Ela acalmou
o meu bebê e depois me trouxe essa bebida. No trajeto de volta para casa, não
dissemos uma palavra. Eu não conseguia fazer nada além de chorar. Sim, eu
me entreguei às lágrimas, e a dor, mais uma vez, assolou o meu ser; mas não
pelo fato de eu ter reencontrado Kauã, e sim por não saber o que esperar desse
homem. Agora, que ele sabe que temos um filho, não sei quais serão os seus
próximos passos, já que deixou bem claro que conversaremos em outro
momento.
Como se não bastasse tudo isso, ele ainda é filho de Cristina, irmão de
Viktor e tio de Beatriz e Mali. Nem nos meus piores pesadelos eu poderia
imaginar algo assim. Isso significa que ele saberá me encontrar. Não tem como
eu, simplesmente, fugir. Até cogitei essa ideia, mas não posso ir embora e
deixar todo mundo que amo à mercê do meu desespero.
Acreditei que não suportaria toda aquela situação. A maneira como tudo
foi revelado para todos não deixou nenhuma dúvida. No momento entrei em
pânico e não pude evitar agir daquela forma. Os meus gritos atraíram todo
mundo para a piscina, onde puderam ouvir o quanto Kauã Avillar me irrita.
Um Avillar. Kauã faz parte da família Avillar. O que torna o meu bebê
parte dessa família, neto da senhora Cristina e sobrinho biológico de Viktor.
As voltas que o mundo dá me levaram a vir para São Paulo, a ir trabalhar na
casa da mãe de Kauã. Nunca que eu iria saber que ele era dessa família. Está
sendo um choque para mim. Eu me apeguei à Cristina, à Beatriz e ao Viktor.
Todos eles são ótimas pessoas, sempre me tratam bem e são muito
empenhados em se fazerem presentes na vida do meu filho, mesmo que não
soubessem que meu bebê era um Avillar. Agora, que todos sabem, muitas
coisas irão mudar, não tenho dúvidas.
Cristina é avó do meu filho. Se ela já o amava sem saber disso, tenho
certeza de que esse amor crescerá ainda mais. Ela sempre esteve presente na
vida de Gael, desde o início da minha gravidez. E Viktor está casado com
minha irmã, o que nos tornará sempre ligados. Não posso fugir da minha nova
realidade. Eles têm o direito de conviver com meu menino, inclusive o pai. E,
pelo que ele deu a entender, ainda iremos conversar sobre isso.
A ideia de ter que o enfrentar me preocupa. E se ele quiser passar tempo
com meu filho? Eu jamais vou aceitar uma guarda compartilhada. Gael é
somente meu, e ninguém nunca irá tirá-lo de mim, nem mesmo o pai dele. Só
de pensar nessa possibilidade, meu coração se aperta.
Minha mãe segura minha mão. Ela sabe o quanto estou abalada com toda
essa situação. Clarice também está aqui. Elas estão preocupadas com o meu
estado emocional, porém são cautelosas em sempre esperar pela minha
reação.
— Eu estou muito surpresa. O pai do seu filho é filho daquela adorável
senhora que sempre está aqui com a netinha dela? A sogra da Giulia?
— Foi uma grande surpresa para todas nós. Apesar de Micaella nunca ter
nos falado sobre o pai do bebê, nem ela poderia imaginar que o homem
poderia ser filho de Cristina.
Elas falaram, temendo minha reação, todavia não disseram nada demais,
apenas estão surpresas, assim como eu. O que é normal diante de tantas
revelações.
— Ele agora irá exigir a guarda do menino?
— Ele que não se atreva, Clarice. Eu sou capaz de matá-lo, mas o meu
filho, ele não vai tirar de mim.
— Não se preocupe com isso, meu amor. Cristina jamais permitiria algo
assim. E pelo que pude notar naquele homem, ele não fará isso, pois deseja
conversar com você, possivelmente para vocês dois entrarem em acordo.
Certamente, ele irá ajudar com o filho, como manda a lei.
— Mamãe, eu não quero conversar com ele. — confessei chorando. —
Gael é meu filho, só meu. Eu cuidei dele por todo esse tempo sem a ajuda de
Kauã. Eu não quero nada dele, principalmente o seu dinheiro. Eu posso cuidar
do meu filho com meus próprios meios.
— Sabemos disso, filha. Porém, você precisará conversar com esse
homem, para o bem de todos, principalmente pelo seu filho. É necessário que
vocês mantenham sempre harmonia.
Apesar de estar decidida a não voltar a trabalhar na casa de Cristina,
para evitar encontrar Kauã, sei que não poderei evitá-lo para sempre. Minha
mãe tem razão: é necessário que dialoguemos.
— O seu bebê é filho de um bilionário, Micaella. A proporção desse
assunto é algo muito grande. Você tem noção?
— Meu filho não precisa do dinheiro de nenhum bilionário. — respondi,
irritada.
— Acontece, Mica, que isso quem determina é a justiça. E, querendo ou
não, seu filho é um Avillar. Você sabe que eles são uma das famílias mais
ricas do país e poderosas. Por isso te aconselho a manter a calma. E quando
estiver pronta para ouvir o que o pai do seu filho tem a propor, como mãe de
Gael e a responsável por ele, precisa estar de cabeça fria para encarar tudo
que está por vir. — Clarice tem razão.
Eu preciso manter a calma e não pensar somente no meu ódio. O que está
sendo muito difícil para mim. Não foi fácil passar todo esse tempo sozinha,
amando um homem que desprezou o meu amor. Foi dureza tirá-lo da minha
cabeça. Eu estava conseguindo fazer isso — com bastante sucesso, inclusive
— e já não pensava mais nele como antes. Algum dia ele seria apenas
lembranças apagadas, esquecidas. Todavia, ele tinha que surgir, e ainda por
cima ser filho de Cristina?
Algumas questões estão martelando na minha cabeça, primeiramente
sobre Paola, a esposa dele. Cristina nunca mencionou que seu filho mais
jovem era casado e Giulia sempre disse que seu cunhado era solteiro. Ele
também deu em cima dela para irritar o irmão, o que me faz sentir ainda mais
desprezo pela sua pessoa. Ele foi apaixonado pela esposa de Viktor, e isso foi
motivo para os dois viverem em atrito por muito tempo.
Kauã não é um homem confiável, e tudo me leva à mesma conclusão
sobre ele: é egoísta, só pensa em si e em seus interesses próprios.
Já está tarde e eu preciso descansar. Amanhã será um novo dia. Espero
que consiga dormir. O que será bastante difícil, visto que minha mente está
pesada e meu coração apertado.
(...)
Nas primeiras horas do dia, Giulia já está aqui. Ela veio com Viktor. Eu
estou aparentando que passei a noite em uma festa e que meu corpo está
abatido pela ressaca. Na última vez que olhei as horas no relógio eram três da
manhã e eu não estava com sono, contudo adormeci depois de muitas
tentativas. Só despertei quando Clarice me acordou. Minha mãe havia tirado
meu bebê do quarto para ele não me acordar com o seu choro.
Estou com um pijama cuja calça é colorida e a blusa é de mangas longas,
parecendo uma moradora de rua, devido ao meu estado. Não pretendo ofender
ninguém, mas essa é a comparação mais similar.
— Como você está? — Giu me perguntou ao me abraçar.
— Eu não vou conversar com aquele homem, Giu. Você precisa me
ajudar. Ele não pode reaparecer assim, do nada, e querer ter direitos sobre o
meu filho. Ele não pode, certo? Fui eu quem cuidei de Gael sozinha. Não
preciso dele. — minha voz sai falha em determinados momentos.
— Calma, irmã. Tranquila. A gente está do seu lado.
— Micaella, eu quero dizer que pode contar comigo para o que precisar.
Inclusive, eu tenho contatos com os melhores juízes e advogados. Mas não se
preocupe, o meu irmão não pretende fazer nada, ele só deseja poder
conversar.
— Viktor, eu não tenho nada para conversar com ele. Se o problema for
dinheiro, fale para ele que meu filho não precisa de nada que venha dele.
Essa situação é bastante difícil para mim, mas me mantenho firme.
— Mica, o Kauã jura que não sabia que você estava grávida; e você
também me disse que o pai do seu filho não sabia que você estava grávida.
— Ele realmente não sabia, foi embora antes que eu pudesse lhe contar.
Mas, ainda assim, isso não dá o direito de ele reaparecer em nossas vidas.
Não pode exigir nada.
— Mica, eu sou sua irmã e te amo, porém há assuntos que vão além das
nossas vontades. Kauã não está exigindo nada, ele não pretende ter uma guarda
compartilhada, mas quer fazer parte da vida do seu filho. Esse é um direito
que ele tem.
— O meu irmão é um gênio em fazer merda. — essa foi a primeira vez
que escutei Viktor falar palavrão. — Porém, conversamos há alguns meses e
ele me confidenciou que estava muito angustiado quando te viu grávida. A
dúvida o consumiu. Ele não tinha certeza se o filho era realmente dele com a
mulher que ele havia conhecido e com quem tinha se relacionado. No entanto,
jamais poderíamos imaginar que seria você.
— Eu realmente preciso de um tempo. Será que seu irmão poderia
compreender?
— Claro. Não se preocupe com nada. E, como eu já disse, estamos à sua
total disposição.
— Todos estamos do seu lado. — Giulia reforçou.
— Eu posso ver o meu sobrinho?
— Claro, Viktor. Você conhece o caminho, pode ir.
Quem diria que Viktor seria tio do meu filho, de sangue? Foi uma
reviravolta e tanto.
— Micaella, eu quero te falar uma coisa. Espero que você me entenda.
Kauã é o pai do seu bebê. Ele não pedirá um exame de DNA, porque tudo está
muito óbvio, só que você precisará ser muito forte. E, por mais doloroso que
seja, tem que pensar no Gael. Kauã pode ter sido um monstro com você, mas
com o filho não. Ele nem sabia que tinha um. E agora, que sabe, está disposto
a se manter presente na vida do nosso príncipe. Você precisa entender que
esse é um direito dele.
— Eu sei, Giulia. Eu sei.
Giulia tem razão: é um direito de Kauã. No entanto, não é uma decisão
fácil para mim.
Como ele está disposto a esperar o meu tempo para se aproximar, preciso
esfriar a cabeça. Meu coração está coberto por gelo, e eu não posso permitir
que ele derreta essa camada, jamais, que é tão profunda quanto a minha dor.
Sozinha em meu quarto, consigo pensar com mais clareza. A nossa
conversa é algo inevitável, não posso fugir dessa realidade. Ao menos sei que
posso contar com o apoio de Cristina. Ela vem me visitar nesta tarde, muito
envergonhada, pois conhece parte da minha história, a que eu lhe contei.
— Querida, eu nem sei como lhe dizer isso. Eu sinto muita vergonha pelo
que meu filho fez com você.
— O que o seu filho fez comigo não é culpa da senhora, foi algo que
aconteceu entre nós dois; e ninguém pode ser responsabilizado pelos atos de
outra pessoa. A senhora é uma mulher muito generosa e me ajudou desde que
cheguei a São Paulo. Eu sou muito grata, e o seu neto também.
— Eu sempre senti um amor inexplicável pelo seu bebê. Era como se eu
soubesse que ele era meu neto. De alguma forma, eu desejava que ele fosse
como Beatriz e Mali.
— A senhora é muito especial para nós e sempre será bem-vinda à nossa
casa, mas eu peço desculpa por não poder mais trabalhar para a senhora.
— Não se preocupe com isso. O emprego que lhe ofereci foi a única
maneira de fazer você aceitar meu dinheiro. Giulia me disse que você era
orgulhosa demais para aceitar nossa ajuda, mas agora, que sabemos que seu
bebê é meu neto, não pode mais negar nada do que eu posso oferecê-lo. Eu te
peço que não fique irritada e que não pense que isso é esmola. Pelo contrário.
Gael é um Avillar, e eu, como avó, quero proporcionar tudo para o meu neto.
— Senhora...
— Cristina. Me chame pelo meu nome. E não adianta recusar. Eu já sou
de idade, possuo uma saúde muito fragilizada, e o meu coração doente não
aceita um “não” como resposta. Você não quer ser responsável por nada.
— Claro que não. Eu só não sei como agradecer por toda a sua bondade.
— Deixe-me mimar bastante o meu neto.
— A senhora pode fazer o que quiser, contanto que sempre me consulte
antes.
— Combinamos assim. — Ela abre um sorriso e, segurando o netinho nos
braços, beija a face dele. Meu neném está chupando chupeta. — Posso visitá-
los todos os dias?
— Cristina, claro que sim. Gael e eu ficaremos muito felizes.
— Segurando seu bebê em meus braços, tenho a sensação de que estou
segurando meus filhos. Gael parece muito com o pai. Inclusive, Kauã
costumava ser muito tranquilo quando bebê.
Cristina é uma mulher incrível. Eu não poderia ir contra uma pessoa que
me ajudou mesmo antes de saber que eu era a mãe do neto dela. E, também,
ela possui uma saúde sensível. Não quero ser responsável por nada. Irei
tolerar algumas coisas somente por esses motivos.
Ela sai da minha casa quase de noite e minha prima me envia uma
mensagem, avisando que ficou presa no trânsito. A minha mãe está com ela.
Ambas foram fazer compras no mercado e, infelizmente, chegarão mais tarde,
devido ao trânsito.
Preparo o jantar enquanto meu neném está dormindo. Consigo fazer tudo
a tempo. Quando ele acorda chorando, a mamadeira já está pronta. Sento-me
na cama para lhe dar o leite. Seus olhinhos azuis pequenos estão me
encarando, cheios de doçura. Esse menino é a razão da minha vida, a luz que
ilumina tudo à minha volta, o meu coração batendo fora do peito.
— Você pensa que a mamãe não viu o que você fez hoje, mais cedo? Fez
cocô enquanto a vovó Cristina segurava você, meu neném fofinho.
Ele não entende nada. Sua doçura me encanta. Eu dou a minha vida para o
ver feliz.
— Este mingau estava muito gostoso, não é, mamãe? Você tomou todinho,
meu gordinho lindo. Agora, precisa arrotar, minha vida.
Eu o coloco sentado no meu colo e ele arrota em seguida.
— Mamãe! — eu o fiz rir, fazendo uma voz engraçada.
Meu bebê gargalha. A sua risada é linda. Eu o amo tanto, que não se pode
medir o tamanho desse amor. É maior que minha própria vida.
— Você é o amor da mamãe, pequenininho gorduchinho. — Deixo-o no
berço.
Ele está usando um pijama de ursinho. Admiro sua fofura. Eu ponho a
chupeta na sua boca e ele começa a esfregar os olhinhos.
— Você só dorme nos braços da mamãe, não é mesmo? Quem mandou a
mamãe acostumar você assim? Ela mima muito esse neném fofinho.
Lembro-me de que não guardei sua mamadeira. Antes de pegá-lo nos
braços, viro-me de costas para averiguar. No entanto, o homem no mesmo
cômodo a me olhar com admiração é a última pessoa que eu esperava ver.
Kauã Avillar, e não Monteiro, como eu acreditava que fosse, está diante
de mim novamente. Como ele entrou aqui? Um sentimento de ódio invade meu
ser e meu coração palpita mais forte. O miserável invadiu a minha casa?
Ninguém abriu a porta para ele, pois eu estou sozinha com Gael. Kauã
arrombou a porta?
Furiosa e nervosa, busco manter a calma e não gritar.
— O que você faz aqui? Eu poderia chamar a polícia por invasão.
— Eu não invadi, a porta estava aberta. Eu bati e ninguém ouviu, então
entrei. — explicou com seus olhos azuis fixos no meu.
Sua presença me incomoda e me faz ficar desnorteada.
— Ainda assim, não foi convidado para vir.
— Eu sei que prometi esperar pelo seu chamado, porém não pude mais
controlar o meu desejo de ver o meu filho. Temos um filho, Micaella. Sabe a
importância disso?
— Claro que sei. O meu filho é a minha vida.
— Nosso filho. — corrigiu. — Eu posso segurar ele?
Queria gritar que não, todavia não posso negá-lo esse direito. Por mais
ódio e rancor que eu sinta dele, ele é o pai.
— Por mais que eu o deseje dizer “não”, é um direito seu. Não posso
impedi-lo.
Kauã se aproxima do berço e olha para o nosso filho com carinho. Eu
nunca imaginei que essa seria sua reação, pensei que ele era o tipo de homem
que não se imaginava sendo pai. Ele nunca demonstrou interesse em crianças
no tempo em que ficamos juntos. Mas não posso comparar nada, tudo foi uma
mentira, nada foi verdadeiro.
— Ele é lindo. Ele tem a sua boca, que, por sinal, é muito linda. —
Agora seu olhar está sobre os meus lábios.
Reviro os olhos, cruzo os braços e lhe mostro toda a minha irritação.
— Faz muito tempo que eu segurei um bebê nos braços. Beatriz já está
uma mocinha, e a pequena Mali segurei apenas uma vez.
— Por favor, tenha cuidado. Gael, às vezes, estranha pessoas que nunca
viu antes.
Ele segura nosso bebê firmemente em seus braços, com uma mão se
apoiando nas costas dele e outra pressionando o seu bumbum para o firmar em
seu colo. Está sendo muito cuidadoso e atencioso com o nosso pequeno.
Sua sorte é que não posso xingá-lo e gritar com o meu filho presente,
para não o assustar. Contudo, a cena diante dos meus olhos é muito fofa. Kauã
beija a testa de Gael com bastante carinho. É evidente que há amor presente
em seu olhar, entre tantas outras coisas que não posso descrever.
— Quantos meses ele tem?
— Sete.
— Sete meses que eu fiquei longe de você, garotão. Eu nunca me
imaginei sendo pai. Tudo isso está sendo um grande impacto para mim. — ele
confessou, não sei se para mim ou para Gael. O mais lógico é que tenha sido
para mim, que consigo entendê-lo, diferentemente de um bebê inocente. —
Você é muito forte, garotão. Acho que, de alguma maneira, sabe que sou o seu
pai, pois não está chorando, e esta é a primeira vez que nos vemos assim, de
pertinho. Eu sou o seu pai.
Sou obrigada a ouvi-lo falar. Não posso sair e o deixar sozinho com meu
neném. Kauã é um ótimo mentiroso, mas acredito que está sendo sincero com
ele.
— Você me ensinará a ser um bom pai, porque eu quero ser um ótimo pai
para você, filho. — Beija-o novamente e olha para mim. — Poderíamos
conversar, Micaella, com mais calma e tranquilidade desta vez?
— Claro. Mas antes preciso colocar meu filho para dormir. Ele só dorme
nos meus braços.
Ele assente e me entrega Gael, que já está caindo de sono. Não leva
muito tempo para ele dormir, basta eu o balançar no meu colo, que se entrega
ao sono. Coloco-o de volta no berço e o cubro. Está frio nesta noite. Ligo a
babá eletrônica e fecho a porta do quarto com cuidado, para não fazer barulho.
Kauã está logo atrás de mim, próximo demais. Isso não é bom.
— Vamos começar impondo limites. Eu não quero que fique perto de
mim, mantenha sempre distância.
— Desculpa.
— E se vamos conversar, limitaremos os nossos assuntos somente a
respeito do nosso filho, e nada além disso.
— Gael é um nome lindo. — Sorri. — Ótima escolha. — Ele parece
perdido com as palavras. — Eu quero saber tudo sobre o nosso filho, a
começar pela sua gravidez.
Respiro fundo. Esta conversa será longa, além da conta.
CAPÍTULO 20
(...)
Mudar-me para um novo lar depois de estar acostumada com o antigo foi
uma decisão bastante difícil, no entanto foi inevitável não dizer “sim” depois
que todo mundo se voltou contra mim para eu vir morar no Morumbi, um
bairro mais seguro e sofisticado. Agora moro muito perto de Giulia e de
Cristina, e de Kauã também. O apartamento na cobertura, onde passei a viver
com meu filho e com a minha mãe, foi passado, em cartório, para o nome de
Gael. Ele tem apenas nove meses e já possui uma cobertura avaliada em
quinze milhões de reais. Meu anjinho inocente não tem noção do quanto a vida
sorriu para ele.
Acostumar-me com o conforto e o luxo não foi uma tarefa difícil. Eu seria
hipócrita se dissesse que não gosto. Porém, saber que Kauã mora a cinco
minutos daqui me aterroriza. Não é como se ele fosse uma pessoa perigosa.
Sei que sua vida é bastante agitada, que ele trabalha muito, e que por ser um
grande empresário, dedica a maior parte do seu tempo às empresas, entretanto
sempre está passando aqui, em casa, para poder ficar alguns instantes com o
nosso filho. E como eu não consigo mais esconder os meus sentimentos todas
as vezes que ele se aproxima, a minha mãe o recebe, sempre com a desculpa
de que eu saí ou que estou dormindo.
— Você é muito boba por estar sempre fugindo de um homem lindo
daquele. Micaella, o cara está perdidamente apaixonado por você. Reaja. —
Clarice é exagerada em alguns aspectos.
— O que você sugere? Que eu vá lá, na sala, e me atire nos braços dele?
— Eu não disse isso, apenas lhe contei o que está muito óbvio. Aquele
homem ama bastante o filho, porém ele sempre vem na esperança de ver você.
E como um cavalheiro respeitável que é, nunca insiste em vir até o seu quarto.
Estou acostumada a dormir com meu bebê por perto, por isso minha cama
é próxima ao berço dele.
— Clarice, ele me magoou muito como mulher. Não posso perdoá-lo,
nunca.
— Cuidado para o seu orgulho não se tornar algo que possa arruinar a
sua felicidade.
— Eu não preciso de Kauã para ser feliz. Pelo contrário. Eu já tenho tudo
que necessito para me sentir realizada.
— Ótimo, menina. Que seja assim. Mas se quer ouvir um conselho de
alguém que já viveu mais que você, nunca deixe o seu orgulho ferido impedi-
la de ser feliz. Boa noite.
Posso voltar a circular pela casa quando Kauã, enfim, vai embora. Faço
um suco de maracujá para mim, já que preciso acalmar meus nervos. Amanhã
irei participar de uma seletiva de emprego em uma empresa renomada.
Consegui uma indicação graças ao Viktor, que tem os seus contatos. Ele
também me ofereceu emprego na sua empresa, mas eu lhe disse que queria
tentar algo que não me levasse para perto do seu irmão, por ambos serem
parceiros comerciais. Não quero ter contato profissional com Kauã. Meu
cunhado me compreendeu e conseguiu uma entrevista para mim na empresa
Moraes.
Estou muito nervosa. A vaga a qual irei concorrer é para ser secretária
da nova proprietária da empresa. Pelo que Viktor resumiu, a filha do dono
assumiu a presidência e necessita de uma secretária competente para o cargo.
Espero estar dentro de todos os requisitos.
(...)
(...)
(...)
Tive uma conversa longa com Laís, a babá temporária do meu neném. Ela
já deve estar cansada de tanto me ouvir falar, entretanto não me contenho e lhe
passo todas as informações necessárias sobre o meu filho e o soninho dele.
— Laís, se acontecer qualquer coisa, e a qualquer dúvida, não hesite em
me ligar. — Repito duas vezes.
— Pode ficar tranquila, senhora. Eu cuido de bebês há mais de vinte
anos.
Ela é uma senhora gentil e se mostra bastante tranquila.
Eu coloquei um vestido estilo praiano, azul-marinho, com palmeiras
verdes na estampa. Minha mãe arrumou a minha mala, colocando nela roupas
o suficiente para eu ir a uma festa. Ela sabia do plano de Kauã. Teremos uma
conversa séria. Meus cabelos soltos ao vento balançam.
Kauã me espera na recepção. Ele está muito bonito, vestido casualmente
para uma festa em um iate. Todas as mulheres que passam por ele jogam
charmes e outras o comem com os olhos. Ele é um deus grego presente na terra
para nos fascinar com sua beleza estonteante.
— Essa tal festa, espero que não tenha muitas pessoas. Não gosto de
lugares cheios. — afirmei.
— Eu também não.
Vamos caminhando de mãos dadas até o iate à beira-mar. Estranho
primeiramente não haver música ligada e, depois, as luzes, que não parecem
com as de uma festa.
— Podemos ir? — perguntei ao me aproximar dele.
— Boa noite, Micaella. Você está deslumbrante.
— Obrigada. É melhor irmos, não quero voltar muito tarde.
Não o elogio para não encher a sua bola. Ele já sabe que é bonito, e
ouvir isso dos meus lábios só o faria ficar mais irritante e convencido. O seu
perfume está mexendo com meu psicológico; Kauã só pode usá-lo como magia
contra mim.
A embarcação é deslumbrante e exala poder e riqueza, assim como tudo à
nossa volta. O Guarujá é uma praia caríssima e bastante bonita; os hotéis são
modernos e sofisticados.
Ele assente e entramos no iate. Respiro fundo ao sentir meu coração
acelerar com a intensidade da nossa proximidade. Esta noite promete ser
intensa.
CAPÍTULO 26
Pela manhã, quando desperto, os dois não estão sobre a cama. Kauã está
alimentando o nosso bebê. Um pai que ama e cuida do seu filho é algo lindo
de se ver. Pai não é aquele que paga pensão, e sim aquele que sempre está
presente.
— Olhe a mamãe, filhão. — Sorrio para ambos. — Bom dia, Micaella.
— Bom dia, Kauã. — Aproximo-me deles e beijo a face do meu neném.
— Bom dia, amor da mamãe.
— Mamã. — meu pequeno quase pronunciou a palavra “mamãe”. Meus
olhos se enchem de lágrimas.
— Você disse “mamãe”, meu amor. Que lindo! — Encho-o de beijos.
Tomo café e, ainda na parte da manhã, saímos para passear em família.
Kauã, como sempre, está levando o nosso filho nos braços e atraindo os
olhares de todas à nossa volta. Sinto vontade de explicá-las que não podem
desejar o que não é delas, como se ele fosse meu. Não tenho direito algum
sobre ele.
— Tudo está certo para retornarmos nesta tarde para São Paulo.
— Ótimo. Não vejo a hora de chegar em casa.
Percebo que minha resposta o deixou desapontado.
— Estar comigo é tão desagradável?
— Não é desagradável. — Ele parece não acreditar. — Eu sou uma
garota caseira, que gosta de estar em minha cama, vendo TV, em vez de estar
fora de casa.
— Uma vez me disse que gostaria de viajar pelo mundo. Não tem mais
esse desejo? — Ele se lembra.
Sorrio de lado.
— Ainda é um dos meus maiores sonhos. No entanto, depois que me
tornei mãe, minha maior prioridade sempre envolve qualquer coisa
relacionada ao meu filho.
— Ser mãe é uma dádiva, porém não pode, jamais, abrir mão dos seus
sonhos.
— Eu sei disso.
Retornamos para o hotel depois do almoço. Gael dorme sobre a cama,
cercado por proteção, e eu estou sobre a varanda, observando a bela vista do
mar. Lugares assim são os meus preferidos. Às vezes sinto saudade de quando
trabalhava vendo essa paisagem todos os dias. Bons tempos que ficaram para
trás.
— É tudo muito bonito, não é mesmo? — A voz de Kauã causa arrepios
na minha pele.
— Sim.
— Já está tudo pronto para a nossa partida.
— Então, podemos ir. — Eu me viro de costas e acabo batendo meu
corpo contra o seu paredão de músculos fortes.
O choque foi forte. Ele precisou me segurar pela cintura para que eu não
caísse. Kauã me segura firmemente, como se não desejasse me soltar, nunca
mais. Nossos olhos estão fixos uns nos outros e ele me faz perder o ar, assim
como reviver um misto de sensações intensas e poderosas que invadem o meu
coração.
Respiro fundo. Ele é capaz de me provocar emoções fortes.
— Este perfume, linda... Como eu amo esse teu cheiro, minha menina
linda. — Sua mão toca em minha face, acariciando-a.
Ele tenta se controlar o máximo que pode. Seu peito sobe e desce,
estufado, e seus lábios carnudos se contraem, instigados. Meu coração palpita,
chegando a errar as batidas.
— Você está bem? — ele me perguntou.
— Sim. — respondi, confusa.
Eu quero tanto sentir o sabor do seu beijo mais uma vez, que não penso
duas vezes antes de fechar os olhos e colar meus lábios nos seus. Uma
sensação deliciosa me empodera, levando-me a me sentir maravilhosamente
bem com esse beijo suave e lento. Meus estímulos me levaram a tomar essa
decisão.
Meus lábios imploram para que ele me toque e meu corpo grita para que
ele me tome. Kauã Avillar ainda é o dono do meu coração, o dono do meu
amor.
Seus dedos deslizam sobre minha face e pescoço. Ele me faz tremer em
seus braços e vibrações quentes queimam cada parte minha. O calor dos
nossos lábios irradia por todo o meu corpo. É tão poderoso o desejo que tenho
por ele, que não sou capaz de parar esse beijo por nada. Não há somente
desejo sexual de ambas as partes, como também um sentimento recíproco que
grita forte, implorando para que fiquemos juntos. Esse sentimento se chama
amor.
Nossas bocas passam a devorar uma à outra com necessidade, de um
jeito apaixonado e cheio de amor.
— Eu amo você, Micaella. — ele disse entre o beijo.
— Kauã...
— Não diga nada, eu só preciso sentir o sabor desse beijo um pouco
mais.
Ele não para de me beijar, e eu também não desejo parar por nada.
Desejo que esse momento dure para sempre. Todavia, somos interrompidos
pelo choro do nosso filho.
— Não vá... — ele me pediu.
— Nosso bebê... Ele tá com fome.
— Eu também estou com fome... de você, princesa.
— Kauã Avillar... — eu o repreendi.
— Eu não quero ter que te soltar, nunca mais.
— Mas você precisa. Ou vai deixar nosso filho chorar?
— Claro que não. — Ele me solta e eu posso, enfim, acalmar Gael.
Aquele beijo ainda causará muita reviravolta em nossa relação.
CAPÍTULO 27
Atualmente
Seus lábios macios estão colados aos meus em um beijo puro e sincero.
Desde o momento em que saímos do hospital e eu aceitei seu pedido de
casamento, nossas bocas não querem se largar por nada. E todas as vezes que
preciso me afastar, posso ver medo em seu olhar, medo de me perder. Por
mais que eu diga que isso não vai mais acontecer, tudo dependerá somente
dele.
— Como está o meu paciente favorito?
— Bem. Mas posso saber quem são os demais pacientes que você tanto
adora?
Balanço a cabeça em negativa ao mesmo tempo em que rio.
— A minha mãe e o nosso bebê. Eu sempre cuido deles quando ficam
doentes.
Sento-me na cama onde ele está repousando. Kauã precisa de repouso
para amenizar as dores na região onde o tiro o acertou, todavia ele é inquieto
e não consegue se afastar dos assuntos da empresa e de qualquer outra coisa
relacionada que não envolva descanso.
— O que acha de passar a noite aqui comigo hoje?
— A sua mãe cuidará de você nesta noite. Se precisar de alguma coisa,
chame por ela.
— A melhor enfermeira do mundo está diante de mim. — Ele finge
tristeza. — Não vá. — suplicou.
— Nosso casamento será daqui a um mês e meio se conseguirmos
organizar tudo até lá. — brinquei. — As nossas mães estão empenhadas em
fazer uma cerimônia o quanto antes.
Quando digo que elas estão empenhadas, realmente estão muito
entusiasmadas. Todas as escolhas passam por mim, mas são a senhora Cristina
e a dona Gisela que estão fazendo tudo acontecer. Até parece que elas têm
medo de que eu desista. Nada me faria desistir de casar com o homem que
amo.
— Eu preciso de você nesta noite. Prometo me comportar bem.
— De maneira alguma eu irei dormir na mesma cama que você sem
estarmos casados.
— Por mais desejo que eu possa sentir... E você sabe que eu sou louco
por ti, linda... Jamais faria ou tentaria algo que você não desejasse.
— Exatamente por esse motivo, só voltaremos a ter qualquer tipo de
relação amorosa e sexual depois do “sim” no altar. — Pisco para ele.
Ele pega um travesseiro e o abraça contra o seu corpo. Como desejo
poder ser esse travesseiro.
Mordo os lábios. Não é fácil para mim também estar junto dele e não
poder sentir todo o seu amor e seu corpo sobre o meu me amando
intensamente. Engulo em seco e respiro fundo, buscando compostura. Se ele
esperou tanto tempo para poder estar comigo, pode esperar mais um mês e
meio. Resta saber se eu poderei esperar.
Traída pelos meus próprios desejos. Inacreditável.
Até entendo. Um deus grego diante de mim e eu fugindo dele. Contudo, é
mais uma prova de amor que ele poderá me dar.
— Como você quiser, meu amor. Se esse é o seu desejo, eu posso esperar
para a ter em meus braços mais uma vez. Você é a razão da minha libido.
Posso me aguentar um pouco mais, principalmente por existir um sentimento
maior entre nós: o amor.
— Amanhã trarei nosso bebê para o ver. — Dou-lhe um selinho.
Suas mãos tocam em minha face com carinho e seus lábios beijam minha
testa com ternura.
— Não vejo a hora de torná-la minha esposa.
— Também estou ansiosa pelo casamento.
— Passaremos o resto das nossas vidas juntos.
— Você tem certeza de que está disposto a me aturar por toda a sua vida?
Eu sou bastante ciumenta, possessiva, e costumo ficar furiosa quando me
irritam.
— Eu amo cada defeito seu. — ele disse, sério, porém não contém o riso.
Eu lhe acertaria um tapa se não fosse pelo seu ombro dolorido.
— Pois saiba que eu amo você, seus defeitos não.
— Você aprenderá a amar tudo em mim. Agora, me beije mais uma vez,
minha gostosa. Você não imagina o quanto estou louco por você.
(...)
Conforme os dias se passaram, mais a minha ansiedade aumentava e,
consequentemente, deixava-me mais louca. Um casamento me espera. Sempre
foi um sonho para mim casar com o homem que eu amasse, e eu não tenho
dúvida de que esse homem é Kauã. Ele já não é mais aquele cara fútil, sem
dignidade; ele é alguém em quem eu posso confiar, alguém com quem eu quero
viver todos os meus dias ao lado. Pude entendê-lo e o compreender durante as
últimas semanas que antecederam o nosso matrimônio. Ele é um amigo para
todas as horas; um homem ocupado, sim, mas que sempre dedica algumas
horas do seu dia para mim e nosso filho; e um excelente pai. Disso, eu não
tenho dúvida.
— Filha, você é a noiva mais bonita que já existiu. — A minha mãe
chora... sei lá, pela milésima vez. Sua maquiagem já foi retocada quatro vezes.
Assim como eu, ela está bastante emocionada.
— Mamãe, assim me fará chorar.
— Querida, me perdoe. Você sabe que te amo mais que tudo nesta vida. É
uma emoção sem fim para mim vê-la realizar seu sonho de construir uma
família.
— Eu sempre vou estar ao seu lado.
— E eu ao seu lado... sempre.
Ela sempre esteve e sempre estará ao meu lado. A minha mãe é a pessoa
que nunca irá virar as costas para mim, que jamais deixou de cuidar de mim
nos bons e nos maus momentos. Ela, toda vez, escolheu me fazer feliz, levando
em consideração a minha felicidade em primeiro lugar.
Nada poderia me abalar neste dia, nem mesmo todos os problemas
burocráticos que envolveram o resultado de DNA feito entre mim, Paola e um
tio do meu falecido pai. Eu sou filha legítima de Abmael Lacerda, uma
herdeira reconhecida. No testamento deixado pelo meu pai, sou sua herdeira.
Aquele dinheiro e propriedade não me faz falta, não preciso e não quero. A
única coisa que teria valido a pena seria o carinho e o amor paterno que nunca
tive. Em uma conversa com meu tio, ele me confessou que meu pai passou
anos procurando por mim e pela minha mãe. Sem sucesso. Segundo ele, meu
pai a amava, e o único motivo de eles não terem ficado juntos foi a minha avó,
que fez de tudo para garantir que meu pai nunca descobrisse o meu verdadeiro
paradeiro e da minha mãe. O amor dos meus pais foi destruído por uma
senhora esnobe e preconceituosa.
A única coisa em meio a tudo isso que me deixa em paz é saber que
Paola passará muitos anos atrás das grades. Segundo o meu tio, nossa avó
envenenou a mente dela e a fez garantir que meu pai nunca encontraria a mim e
a minha mãe. Ele morreu sem me conhecer, quando, na verdade, gostaria de ter
convivido comigo. Se não fosse pela maldade de Paola, hoje ele poderia estar
me levando até o altar.
Porém, a pessoa que mais amo neste mundo estará ao meu lado. Minha
mãe entrará comigo na igreja. Viktor seria o acompanhante ideal, no entanto as
tradições foram quebradas e a mamãe estará ao meu lado, como sempre
esteve.
O som da marcha nupcial já me faz lacrimejar. A maquiagem é bastante
resistente, segundo a maquiadora, então posso chorar rios. Ela estará
acompanhando toda a cerimônia e festa, caso precise fazer algum retoque.
Necessito de muita força para não desmaiar de emoção. Beatriz já entrou
com as flores. Ela está linda vestida de daminha.
Preparo-me para entrar na igreja.
— Você será muito feliz, minha vida.
— Nós seremos, mamãe. Obrigada por tudo.
Em passos lentos e sofisticados, como foi ensaiado, sigo todo o
protocolo. Meus olhos estão fixos nos seus. Kauã está lindo. Com um sorriso
estonteante, consegue me transmitir muita calma. Ele é o homem mais lindo
que já vi. Sem sombra de dúvidas, hoje é o dia mais feliz da minha vida.
Todas as pessoas que amo e são importantes para mim estão presentes na
cerimônia religiosa. Não fizemos nada extravagante, apenas nossa família e
nossos amigos mais íntimos estão aqui.
Meu coração está batendo aceleradamente, contagiado por emoção,
alegria e muita satisfação. Tudo parece um sonho, desde a música em perfeita
sintonia com todas as coisas em volta, ao tapete vermelho em que piso, os
vasos de flores por toda a igreja e os sorrisos que me dão ânimo até o altar.
— Cuide bem da minha filha, Kauã. Te entrego o meu maior tesouro.
— Eu prometo que seu tesouro estará seguro comigo, sogra. — Ele sorri
e mamãe também.
Quando a minha mão toca na sua e um beijo suave é dado em minha testa,
todo o meu nervosismo desaparece em um passe de mágica. Na verdade, toda
essa mágica se chama amor. E em nome desse amor, tenho forças para não
desmaiar de tanta emoção. Nunca estive tão feliz assim. Momentos como esse
são raros e únicos.
— Você está perfeita. Te amo. — ele sussurrou baixinho.
Eu li e entendo tudo por meio da leitura labial.
— Você também. Te amo.
Ele sorri e parece ter me compreendido.
O padre dá início à cerimônia linda e abençoada. Tudo está muito bonito
e encantador. Passamos por tantas coisas juntos para chegar nesse momento
especial.
Meu vestido é simples e não tem muitas saias para dar volume, apenas
duas. No meu corpo caiu como uma luva. As mangas de renda lhe dão um ar
mais majestoso, assim como a coroa de prata sobre minha cabeça. Os fios de
cabelo soltos, cacheados, e a maquiagem leve completam todo o figurino.
— Kauã, você aceita Micaella como sua legítima esposa? Promete amá-
la e a respeitar, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, em todos os
dias da sua vida?
Seus olhos buscam os meus. Nossas mãos estão entrelaçadas e acredito
que nossos corações estão batendo em sincronia, no mesmo ritmo.
— Eu aceito. — Seus olhos se enchem de emoção. O CEO está
emocionado.
Nunca aceite menos que isso do seu noivo. Estou surpresa e bastante
emocionada por vê-lo chorar nesse dia tão importante.
— Micaella, você aceita Kauã como seu legítimo esposo? Promete amá-
lo e o respeitar, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, em todos os
dias de sua vida?
Eu tenho mais do que certeza de que aceito. Abro um sorriso enorme.
— Aceito.
— Pelo poder investido a mim, eu vos declaro casados, marido e mulher.
O que Deus uniu jamais poderá ser separado. Agora, pode beijar a noiva.
O beijo é suave e carregado de sentimentos poderosos, principalmente
amor.
Na saída da igreja recebemos chuva de arrozes e entramos no carro que
nos levará até a recepção, à casa da minha sogra. Realmente sou muito
agraciada por ter uma sogra que é como uma mãe para mim. Hoje em dia é
muito difícil manter uma relação saudável com a mãe do seu marido.
Somos recepcionados. Toda a nossa família e amigos estão presentes. A
sessão de fotos, abraços e felicidades leva algumas horas; depois o buquê
para as meninas solteiras, o brinde aos noivos e, por último, a dança. Tudo
isso foi feito com muito amor.
Porém, o meu noivo anseia por estar sozinho comigo, assim como eu com
ele. Há tempos que desejo sentir todo o seu amor, de corpo e alma.
Kauã me leva até a cobertura do seu apartamento. Viajaremos somente
pela manhã, em nossa lua de mel, para Fernando de Noronha. Ele é bastante
romântico por me carregar nos braços na entrada.
— Hoje é o dia mais feliz da minha vida! — ele gritou enquanto girava
comigo em seus braços, como um louco.
— Você é louco, Kauã.
— Eu sou louco por você, minha princesa! Louco por você! —gritou
mais uma vez.
Eu começo a rir de todo o seu entusiasmo e ele me leva até o quarto
amplo, bastante espaçoso.
— Sem querer ser antirromântica em um momento como esse, mas eu
acho bom que você nunca tenha trazido mulher alguma aqui, ou eu juro que
serei uma mulher viúva ao amanhecer do dia.
— Eu nunca trouxe ninguém aqui, você é a única.
— Foi convincente, senhor Avillar.
— Eu não poderia mentir para a senhora Avillar, nunca. Conheço toda a
sua braveza de mulher nordestina, ela é muito arretada. Não quero irritar
minha esposa, jamais. Vixe, Maria! — Ele fazendo o sotaque foi a melhor
parte, foi divertidíssimo. — Agora, venha cá, moça bonita que eu tanto amo e
desejo amar a noite inteira. — Agarra-me firmemente pela cintura.
Espalmo o seu peito e posso sentir o seu coração bater acelerado.
— Pode sentir, linda, meu coração batendo ardentemente por você? É
assim dia e noite, desde o primeiro momento em que a conheci. Você é a razão
da minha felicidade. Me permita ser o melhor marido do mundo para você.
Pego a sua mão e a coloco sobre o meu peito.
— Você pode sentir? É o meu coração mostrando que te ama loucamente,
a cada segundo do dia.
— Eu a amo verdadeiramente, com todas as minhas forças. Eu ardo dia e
noite por ti, minha menina.
— Eu também ardo por você.
Eu mordo os lábios, Kauã sorri e nossas bocas se colam. Beijos
molhados e carregados de sentimentos. O amor preenche todo o meu ser.
Quando os seus lábios beijam o meu pescoço, arrepios me invadem por
inteiro.
— Vire-se para mim, princesa.
Faço o que ele pediu. No mesmo instante, suas mãos ágeis começam a
percorrer os botões do meu vestido. Ele abre um a um até chegar ao zíper e
também o abre. Depois beija a minha região sensível, fazendo-me gemer. Suas
mãos acariciam minhas costas, causando-me arrepios intensos.
Kauã não perde muito tempo e faz eu me virar para ele mais uma vez.
Seus olhos em chamas estão fixos sobre os meus. Ele não perde um detalhe em
mim. Ao tirar as mangas, faz o vestido escorregar sobre meu corpo, revelando
a lingerie, também branca. Suas írises estão cobertas de tesão.
— Perfeita, linda. — Sem pressa, ele me admira depois de colocar o
vestido mais para o canto. — Eu não poderia ter esposa mais bela que você.
Micaella, você é perfeita. Te amo. — Sua boca volta a devorar a minha ao
mesmo tempo em que suas mãos abrem o fecho do meu vestido.
A volúpia presente em nós dois é incontrolável. Sinto que, a qualquer
momento, perderemos o controle de vez.
Meu marido me deita sobre a cama e me faz um pequeno show de
stripper. Mordo os lábios. Ele é um deus grego delicioso, pronto para mim.
Abro as pernas ao máximo após ele se livrar da minha calcinha e sentir o
cheiro dela.
— Mais uma para a coleção.
— Han?
— Você não achou que eu joguei fora as outras que peguei de você em
João Pessoa, não é?
Ele ainda as guarda. Isso, sim, é uma surpresa.
Seus dedos hábeis deslizam sobre meu clitóris e sua boca molhada suga
meus seios. Oh! É inevitável não tremer de prazer em seus braços. Ele me faz
delirar e ver estrelas.
— Eu mal comecei, princesa, e você já quer gozar? Menina levada você,
hein.
— Seu safado. Trate de me fazer gozar várias vezes nesta noite. — eu o
repreendi.
— Esta bocetinha molhadinha está louca para ser tomada pelo meu pau,
não é mesmo?
Ele sabe que sim.
Eu reviro os olhos e sua boca me beija enquanto sua outra mão alcança
um seio meu, estimulando o bico sensível. Mordo seu lábio durante o beijo.
Eu sei o quão insaciável ele é, e eu também sou. Ansiei dia e noite por
esse momento íntimo.
Gemo alto quando sua língua quente aquece minha intimidade latejante.
Sua boca devora a minha boceta como se eu fosse a sobremesa mais deliciosa
do mundo. E, de fato, ele crê nisso. Contorço meu corpo. Isso é
deliciosamente tentador. Como controlar os gemidos? É impossível. Eu
necessito tanto. Ele é o único que me faz gozar desta maneira revigorante.
Seu pau entra e sai da minha intimidade. Lânguida pelo desejo ardente
que há entre nós, contraio a cintura para facilitar mais os seus movimentos. A
maneira apaixonada como nossas bocas se encontram, completando todo o
vazio em nossos corações, é inexplicável.
— Eu a amei desde a primeira vez em que a vi e te amarei até o último
dia da minha vida. — ele declarou seu amor por mim.
— Eu o amei desde o primeiro instante em que o vi e o amarei até o
último instante da minha vida. — declarei entre o beijo apaixonado.
Ele me faz a mulher mais feliz do mundo, realizada, amada e desejada.
Este amor, que acreditei ser minha ruína, hoje sei que sempre foi a minha
maior felicidade. Kauã é o amor da minha vida e sempre será.
(...)
Viajamos em lua de mel para Fernando de Noronha. Ficaremos por uma
semana no lugar mais incrível que já conheci. Estou completamente encantada.
Sinto falta do meu bebê, não posso ficar mais que oito dias longe dele. Mesmo
em companhia do amor da minha vida, preciso também estar ao lado do meu
outro amor. Não vejo a hora de voltar para casa, no entanto, ao mesmo tempo
em que desejo ir, desejo ficar para sempre nos braços do homem que amo.
Todos os dias fazemos amor como coelhos, passeamos pela praia e,
sempre que nos lembramos, fazemos alguma refeição. Então voltamos a nos
amar loucamente uma, duas, três, infinitas vezes. Não há dúvidas de que sou a
mulher mais feliz do planeta.
E no final, a felicidade veio. Kauã teve o que mereceu. Um bebê
inesperado para o bilionário foi a melhor coisa que poderia ter acontecido
para todos. O meu pequeno bebê foi o motivo de nossa união e o começo da
nossa amizade. Quando eu retornar para casa lhe darei tantos beijos, que ele
vai enjoar de mim. Mas, enquanto isso não acontece, aproveito para
compartilhar meu amor somente com o meu marido.
EPÍLOGO
(...)
— Você é outro homem irmão. Eu jamais adivinharia que seria este pai
responsável, este marido exemplar.
— Quando se ama verdadeiramente, nada disso se torna uma obrigação.
Eu nunca imaginaria que seria capaz de amar tanto uma mulher, a ponto de
querer ter uma família com ela. Micaella é a luz da minha vida.
— Fico feliz, irmão, em saber que você está feliz.
Viktor é o meu irmão, o meu parceiro de negócios e, principalmente, o
meu melhor amigo. Hoje nossos caminhos estão unidos graças a duas mulheres
muito especiais para nós: minha Micaella e sua Giulia. Essas garotas entraram
em nossas vidas trazendo somente alegrias para as nossas casas.
— O que seria de nós sem essas mulheres? — perguntei ao observar as
duas brincando com as crianças no jardim. Elas correm como se fossem
crianças iguais aos nossos filhos.
— Estaríamos perdidos.
Elas brincam de bola. Minha sobrinha Beatriz será uma ótima jogadora e
entrará para a seleção, não tenho dúvida. Sinto muito orgulho dela.
Pacientemente, elas jogam contra os mais novos: Gael, Mali e Kaleb. Giulia e
Mica garantem que todos se divirtam.
— Meus dois filhos casados e felizes. Eu não poderia ser mais grata a
essas duas meninas. Vocês ganharam suas esposas e filhos, e eu muitos netos e,
também, duas filhas muito especiais. — Nossa mãe está cheia de orgulho. —
Vocês estão esperando o que para se juntarem àquela turma animada? Eu estou
velha, mas estou disposta a jogar. Vamos lá, Gisela.
Toda a família reunida é algo maravilhoso. Sou um homem realizado e
minha maior riqueza é a minha família, minha maior realizaçbão são eles.
— Toque para o papai, filhão.
Gael toca a bola para mim.
— Isso! Vamos detonar eles, papai.
— Nem pensar. Papai, vamos ganhar. — Bia disse, animada.
— Com certeza, princesa.
— Mãe, o papai não para de me chamar assim. Todos os meus amigos
riem de mim. — Bia se mostrou incomodada. A adolescência a faz pensar
assim.
— Mas você é a minha princesa. — Ele a segura nos braços, mesmo que
ela já esteja crescidinha, e Mali também quer colo.
— Acho que o jogo acabou. — Micaella segura Kaleb nos braços e Gael
se junta a nós.
— Eu amo vocês. — Dou um selinho na minha esposa.
Tudo está mais que perfeito. Para completar nossa felicidade, alegrar
ainda mais as nossas vidas, somente a nossa tão sonhada filha menina. Será
que tentaremos esse sonho?
Faço força mais uma vez.
Depois de dar à luz três filhos homens, teríamos um time de futebol se
nossa pequena Ester não tivesse entrado em nossas vidas. A nossa menina é
tão linda e perfeita. Ela veio para completar a nossa alegria sete anos depois
do nosso casamento.
— Veja só como ela é linda.
Kauã a admira com muito amor.
— Eu serei o melhor pai do mundo para você, meu amor. Sempre irei te
proteger de tudo e de todos.
Nossos meninos estão ansiosos para conhecer a irmãzinha.
— Pensei que teríamos um time de futebol.
— Eu sabia que nossa menina chegaria algum dia. Agora somos seis: eu,
você, Gael, Kaleb, Lucas e Ester. Sou pai de quatro crianças lindas, talvez de
cinco futuramente.
— Nem pensar, a fábrica se encerra aqui.
Nós dois rimos. Sabe... Quando uma mulher tem amor e felicidade ao
mesmo tempo, ela não necessita mais de nada, pois já tem tudo que precisa:
amor, proteção, segurança e estabilidade. Sei que nada nunca nos faltará. A
minha mãe sempre estará cuidando dos seus netos, assim como Cristina. Elas
são avós babonas e caducam com todos eles.
Há sete anos fiz minha maior e mais importante escolha: eu disse “sim”
para a nossa felicidade. Sou feliz e realizada. Amo o meu bilionário e nossos
quatro filhos. Posso dizer que não há limites para o amor verdadeiro e
sincero. Sempre lutarei pela nossa família.
MEU CHEFE CEO VIÚVO
Livro 2 da série “Viúvos atraídos”
https://amz.onl/5l4D31I
Iuri Smirnov é um playboy bilionário que sempre teve tudo aos seus pés,
um Don Juan bonito e cheio de carisma. Apesar de vir de uma família
tradicional da máfia russa, o jovem construiu um patrimônio sólido, tornando-
se um dos homens mais ricos da família.
O filho número três sempre foi obcecado pela vida regada a mulheres e
bebidas, mas conforme foi amadurecendo, precisou se inteirar dos assuntos
relacionados à máfia. O mais importante deles seria honrar o acordo feito
pelos seus pais anos atrás: Iuri precisaria se casar com Marina, a filha da
empregada da mansão.
O galinha da família seria capaz de abrir mão das suas farras por um
casamento?
Marina Solokova cresceu sem o pai, foi criada pela mãe e passou a
maior parte da sua vida em uma escola católica, onde aprendeu os valores da
vida. A menina sempre foi esforçada e dedicada.
A vida de Marina começa a mudar quando ela decide ir morar com a mãe
na mansão Smirnov e virará de cabeça para baixo assim que ela descobrir que
terá que manter um casamento com o filho dos patrões.
SÉRIE “FAMÍLIA GREGO”
Martina Martins é uma bela jovem brasileira de 19 anos que vive sua
vida pacata morando no morro do alemão, no Rio de Janeiro. É uma típica
menina bonita que sonha em ingressar na Faculdade e ter uma vida normal,
como toda garota da sua idade. De personalidade forte e temperamento
explosivo, não tem “papas na língua” e não abaixa a cabeça para ninguém.
Também é tímida e inocente. Vive com o seu pai Juan e sua amiga Gaby. Eles
são a única família que ela tem.
Quando tinha 9 anos, foi adotada por Juan. Tininha — como é conhecida
—, não se recorda de nada do seu passado. É como se tivesse nascido com
cinco anos. Todas as suas memórias passadas foram apagadas e nunca mais
voltaram.
Sua vida muda repentinamente quando um grupo de homens
desconhecidos batem na porta da sua casa e a levam à força para um país
desconhecido que ela só ouviu falar pelos livros de Geografia. Então vai
parar nas mãos de Theodore Velarde, um homem frio e calculista com o ego
maior que o planeta terra.
Theodore Velarde, conhecido pelo seu coração de gelo, é um homem
abominável e insaciável que não conhece o significado da palavra “não”.
Quando ele a viu pela primeira vez, ficou obcecado, imaginando o dia em que
a teria em sua cama.
Após Juan, cogitar deixar a equipe, Theodore decidiu que a filha dele
seria sua mais nova diversão. É um homem perigoso, egoísta e cheio de
ambição. Por trás de uma máscara de empresário bem-sucedido e de prestigio,
esconde um passado perturbado e cheio de marcas. É destinado a ser o mau
em forma de pessoa na terra. Rei dos casinos e de inúmeras casas de luxo, é
envolvido com o mundo da prostituição e fará de Martina a sua mais nova
obsessão.
Aprisionada e trancafiada, ela só deseja fugir e não se apaixonar pelo seu
algoz.
QUASE LIVRE DE UM CRETINO IRRESISTÍVEL (2)
https://amz.onl/hCBia2Z
Após sua suposta morte, Martina se vê em um novo país com uma cultura
totalmente diferente da qual estava acostumada, porém cercada daqueles que
ama: o seu pai, a Gaby e, agora, seu mais novo amor, o seu filho Ethan. Ele é o
seu refúgio. Ao seu lado, ela consegue esquecer os dias trevosos que viveu ao
lado de Theodore Velarde.
Todos estão felizes e satisfeitos com a nova vida que levam. Ambos são
livres e podem viver com dignidade e tranquilidade. Mas não por muito
tempo.
Ele passou mais de um ano se culpando pela morte da única mulher que
amou e, também, a que mais o fez sofrer. Agora que sabe toda a verdade, seu
coração se encheu ainda mais de ódio e rancor. Está decidido a buscá-la e a
torná-la sua amante novamente. Desta vez, para sempre.
Essa história terá, finalmente, um final feliz? Ou Theodore será capaz de
cometer os mesmos erros do passado?
VENDIDA PARA HAKAN
https://amz.onl/a0hXD5Z
Se você está procurando por mais uma história clichê que migrou da
Wattpad para a Amazon, onde o CEO é lindo e só um pouquinho arrogante, e a
mocinha, além de linda, inocente e virgem, vira a cabeça dele... Aquele velho
clichê entre babá e patrão em que uma menina de 6 anos vai fazer de tudo para
a sua nova babá namorar com o seu pai... Você está no lugar certo. Bem-vindo
ao meu mundo, onde transformo minha imaginação em páginas de livros!
Stacy é uma jovem sonhadora que sempre desejou fazer grandes turnês
internacionais quando era criança. Com uma voz de anjo, encanta todos à sua
volta. Com o passar dos anos, ela foi se esquecendo do seu sonho e começou a
focar nos seus estudos. Após terminar o ensino médio, mudou-se com sua mãe
para a cidade de São Paulo, o grande centro de oportunidades para quem
busca novas chances de emprego.
Um anúncio no jornal se torna sua mais nova esperança. Ser contratada
para ser a babá da filha do CEO irá tirar ela e sua mãe da crise financeira que
ambas vivem.
Stacy só não esperava que o CEO fosse um homem de tirar o fôlego,
lindo e um pouquinho arrogante, que a notaria ao ponto de querê-la.
Henrique Prado é um CEO bastante carinhoso e amoroso com sua única
filha, Heloyse. Para ele, a pequena é o seu maior tesouro. Faz de tudo pelo
bem-estar dela.
Casado com uma mulher fria e que não faz questão e esconder o quanto
não sente carinho pela filha, Henrique tenta preencher, de todas as formas, o
vazio que existe na menina.
Poderia essa família ter esperanças de um futuro melhor?
COMPRADA PELO CEO MISTERIOSO
https://amz.onl/2iRPOjU
Lavínia viu a mãe morrer de câncer há três anos e, desde então, trancou-
se para o mundo, abandonou a faculdade e passou a se dedicar ao trabalho em
uma lanchonete. Ela vive com sua tia Joane e seu irmão mais velho, Tomás,
conhecido pela sua fama de vagabundo e pegador, por toda a vizinhança.
A família sempre foi a coisa mais importante para a Laví (como a garota
é chamada carinhosamente), então, no momento em que recebeu o diagnóstico
de que sua tia estava com o mesmo tipo de câncer da sua mãe, seu mundo
desabou mais uma vez, e quando o médico lhe deu a notícia de que Joane
poderia vir a falecer se não realizasse uma cirurgia com urgência, ela se viu
desesperada, sem saber o que fazer. Para complicar ainda mais, seu irmão está
devendo para o maior e mais perigoso bandido da favela.
Vender sua virgindade para um estranho, é algo que nunca havia passado
pela sua cabeça, até que sua melhor e mais íntima amiga, Dafne, cogitou e lhe
sugeriu essa ideia, por já ter saído com um homem através de uma agência.
Lavínia terá que fazer isso ou acabará vendo toda sua família morrer, seja
pelo câncer ou pelos bandidos.
Felipe Henry Eduardo O’Donnell é um irlandês sexy, bonito e
multibilionário cheio de ambições. Ele leva uma vida regada a sexo e a
compromissos importantes, e sempre que vai ao Brasil à negócios, sabe onde
encontrar as mulheres mais sensuais e bonitas, já que é cliente fixo da agência
mais requisitada e sigilosa do país.
Ao se deparar com a foto da virgem mais bonita que ele já viu, não
pensou duas vezes: pagaria o que fosse necessário para ser o primeiro na vida
daquela menina de olhos claros e cabelos cores de mel. Só não esperava que
ficaria obcecado pela jovem carioca ao ponto de passar noites inteiras em
claro pensando nela.
Contudo, ele sabe que sua família jamais aceitará qualquer
relacionamento seu com uma mulher que não tenha o sangue real.
Seis meses se passam e, agora, o príncipe Henry é o rei da Irlanda.
OLIVER: O MONSTRO
https://amz.onl/7C0DkEJ
Laiza Nayara é uma jovem menina doce e inocente que foi abandonada
em um orfanato. Então, descobriu coisas horríveis sobre o local onde foi
abrigada: o simples “orfanato” para meninas, na verdade, é um prostíbulo.
Ao descobrir que foi comprada por um misterioso bilionário, ela se vê
completamente perdida.
Oliver Campbell quer apenas vingança. Ele é um homem frio e calculista
que não mede esforços para conseguir tudo aquilo que deseja. Laiza será dele.
Na verdade, sempre foi. Um grande mistério do passado liga a vida dos dois
para sempre.
SOBRE A AUTORA
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Table of Contents
SUMÁRIO
NOTA DA AUTORA
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
SINOPSE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
SÉRIE “MÁFIA SMIRNOV”
DUOLOGIA “CRETINO IRRESISTÍVEL”
VENDIDA PARA HAKAN
LOUIS - UM CONTRATO DE AMOR
SOB O DOMÍNIO DO SHEIK
A BABÁ VIRGEM DA FILHA DO CEO
OLIVER: O MONSTRO
SOBRE A AUTORA
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