Você está na página 1de 370

2021

Copyright © Mari Sales

Todos os direitos reservados.

Criado no Brasil.

Edição Digital: Criativa TI

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação
da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a


reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios —
tangíveis ou intangíveis — sem o consentimento escrito da autora.

Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime


estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Sumário
Dedicatória
Sinopse
Nota da Autora
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Epílogo
Agradecimentos
Sobre a Autora
Outras Obras
Dedicatória

Para Daisy Yukie, que se apaixonou pelo Theo e me influenciou a


publicá-lo desde a sua primeira versão. De perto ou de longe, suas palavras
e apoio se eternizam em meu coração. Gratidão por ter acreditado em mim,
quando eu mesma não o fazia.
Sinopse

Para Theo Ferraz tudo era oito ou oitenta: ele amava demais ou
excluía de sua vida. Focado em alcançar a posição de CEO do Grupo

Gimenes, nada ficaria em seu caminho, nem mesmo a nova funcionária


desastrada.

Olivia Nunes estava empenhada em dar o seu melhor no novo


emprego, mesmo que tudo parecesse dar errado há muito tempo.
Desamparada pela família e o pai da sua filha, ela tentava viver um dia de
cada vez.

Bastou uma conversa para que Theo mudasse o foco, a paixão não
combinava com prudência. O interesse pela funcionária ultrapassou o

profissional ao querer saber mais sobre ela.

A intensidade de Theo surpreendeu Olivia. Muitos motivos a


impediam de se entregar sem receios: ele era seu chefe, ambos foram
abandonados e muitos assuntos pendentes precisavam ser resolvidos.

Eles descobririam, entre o romance de escritório e os cuidados com a


filha de Olivia, que o amor conseguiria transformar até o mais intenso dos
corações.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores de


dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta inadequada
de personagens.

Assine a minha Newsletter: http://bit.ly/37mPJGd


Nota da Autora

Esse livro já esteve na Amazon, em outra época, com outro título,


usando um pseudônimo. A história continua a mesma, mas fiz uma nova
revisão e lapidei, troquei algumas palavras, tirei outras e adicionei novas
justificativas, para que Meu Chefe Intenso ficasse muito mais intenso, como
só ele consegue.

Para quem deu uma oportunidade para o Theo no passado, gratidão.


Vocês me ajudaram em um momento tenebroso. Se é a primeira vez que o
conhecerá, gratidão também.

Theo Ferraz mereceu ganhar vida e ter meu nome nele, além de fazer
parte do meu universo literário.
Prólogo

Sempre fui o cara chato, baderneiro da escola, aquele que era odiado
e não tinha muitos amigos. Nada me motivava a melhorar, na verdade,

sempre acreditei que os outros estavam errados e que eu era o único certo.

Sempre fui julgado, não importava minha escolha de palavras ou a


decisão a ser tomada. Enquanto eu sofria por não me sentir parte de nada, eu
me blindava com palavras agressivas ou atitudes que chocavam as pessoas.

Minha mãe era a primeira a me criticar, a dizer o quanto estava


decepcionada e que não via a hora de eu fazer dezoito anos para sair de casa
ou contribuir com o pagamento das despesas. Tammy vivia chorando pelos
cantos e reclamando que tudo na vida dava errado, um exemplo do quanto

culpar os outros era a única opção. Dei muitas dores de cabeça para ela –
além do normal – e não enxergava o caos que fazia na minha pequena
família. Eu também não me importava.

Era o mundo contra mim.

Depois de tanto sofrer, optei por me blindar com uma postura


agressiva e imprevisível. Odiava saber que meu pai não me queria, que minha
mãe tinha sido estúpida o suficiente para cair em sua lábia, abrir as pernas e

me ter. Pior, para aceitar ser a outra por um bom tempo.

Às vezes, eu só queria ter sido largado na casa de alguém ou em um


orfanato, ter odiado meus pais biológicos e amado os adotivos. Mas não,
naquela vida éramos apenas os quatros: minha mãe, a amargura, a pobreza e
eu.

Foi em um dia de vagabundagem no shopping que vislumbrei meu


futuro. Um homem vestido em terno e gravata, seguranças e outras pessoas o
seguiam, praticamente babavam enquanto ele passava. Segui o executivo e
observei como se portava. Parecia um maestro, comandava enquanto as
pessoas obedeciam, abaixavam a cabeça e o veneravam.

Era isso que eu queria para a minha vida, ser um CEO. Conseguia
me enxergar no mesmo lugar que aquele cara.

Eu tinha dezenove anos quando avisei minha mãe que iria prestar
vestibular, que precisaria parar de fazer bicos e trazer dinheiro para casa. Ela
não pensou duas vezes em me pôr para fora, se eu não poderia ajudar nas
despesas, que me virasse na rua da amargura, de onde ela tentava sair com
tanto custo.

A discussão foi feia naquele dia, nos humilhamos com palavras, foi
impossível viver sob o mesmo teto.

Pensei que ficaria ressentido, mas foi completamente diferente, o


desafio fez com que o sangue em minhas veias fervesse. Uma vontade imensa
de mostrar que eu poderia, sim, ser bom, transbordava do meu peito.

Foi então que conheci Madalena, o amor da minha vida, aquela por

quem rastejei e rastejaria para sempre. No início, ela se assustou, pois me


segurei ao seu afeto como um náufrago se agarrava ao bote. Eu não tinha
meio-termo, era oito ou oitenta – intenso –, e me entregava de corpo e alma.

Madá trabalhava em uma loja de roupas no shopping, era pobre


como eu e dividia uma quitinete de dois cômodos com três amigas. Foi no
bar, onde eu era garçom, que ela pediu meu número e eu, como não tinha
nem aparelho celular, fiz com que ela me gravasse na sua mente e em seu
corpo com meus beijos e minha pegada.

Pressionados na parede do escritório do meu chefe, nós nos amamos.


Eu quis me casar com ela, lhe dar o mundo e viver o felizes para sempre. Ela
era linda, safada e se entregou desinibida para mim desde a nossa primeira
vez.

Não demorou mais de cinco dias de fodas enlouquecidas para


alugarmos nossa própria quitinete e ela voltar a estudar enquanto eu bancava
toda a casa. Estava orgulhoso de mim mesmo por ser capaz de dar uma vida

melhor a uma pessoa que me fazia tão bem, eu era o provedor.

Aos poucos, descobri que Madá tinha um gênio do cão. Ela me


humilhava como minha mãe, mostrava o quanto eu não servia para muita
coisa e que lhe faltava dinheiro para ir ao salão ou comprar uma bolsa que
tanto queria.

Vivia me dizendo que ansiava sair daquele buraco, que precisava de


um homem de verdade para que ela fosse efetivamente feliz. Eu era a porra
do seu presente e seria o seu futuro, nem que eu precisasse ter três empregos.

O ódio era grande, mas o amor mais ainda.

Depois de berros, apertos financeiros e ofensas, vinha a parte que eu


mais amava, o sexo. Quando minha vontade de ultrapassar limites chegava,
ela conseguia identificar, ajoelhava em minha frente e fazia o melhor boquete

que eu poderia almejar.

Amava aquela boca!

Depois de dois anos, quando fomos comprar uma roupa que ela
estava precisando, eu vi aquele homem. Ele era o motivo da minha saída da
casa da minha mãe, o mesmo que me levou para os braços da minha mulher.
Meu peito se apertou, eu poderia dar a Madá o que ela queria sendo
o CEO. Eu poderia fazer aquela mulher mais feliz do que ela já era, mas

precisaria estudar para alcançar meu objetivo. Nunca fui bom na escola, tão
preocupado que eu estava em chamar atenção com minhas atitudes.

O dinheiro era escasso, havia mais de três empréstimos em meu


nome para bancar o dia a dia e o luxo que Madá exigia. Nunca reclamei, ela

me amava, era meu dever prover sua vida de rainha. Eu não deixaria que ela
me enxotasse para fora de casa como minha mãe tinha feito.

Para fazer uma surpresa, no mesmo horário de sua faculdade, eu


estudava em casa. Busquei apostilas na internet e na biblioteca de sua
faculdade, enquanto ela se dedicava a ser uma futura advogada.

Eu era muito orgulhoso de sua dedicação, estava na hora de deixá-la


orgulhosa também.

Precisei de duas tentativas para conseguir passar em um vestibular.


Foi frustrante ser reprovado na primeira vez e essa notícia veio junto com as
ameaças de separação de Madá, pois ela não estava contente com o que eu
oferecia. Meus planos sempre foram satisfazê-la em tudo, precisava daquela
mulher como precisava do ar para respirar.

Eu não seria rejeitado novamente!


Como sempre, depois das ameaças e humilhações mútuas, a gente
transava loucamente, muitas vezes com força, ira e intensidade.

Eu a amava pra caralho.

Quando a notícia sobre minha aprovação no vestibular chegou, ela


estava em seu último ano de faculdade, fazia estágio e passava muito tempo

longe. Às vezes, Madá dormia fora de casa, me deixando louco de ciúmes.

Em um dia, ela voltou para casa dizendo que estava fazendo trabalho
com as amigas, era a reta final do curso. Sua necessidade em se dedicar era
em benefício de ambos. Para deixá-la orgulhosa, confessei que também
estava seguindo aquele caminho, que o tempo de tanto esforço iria acabar,
porque eu tinha passado para a faculdade de Administração.

O melhor dia da minha vida também foi o pior. Não houve


discussão, muito menos ofensas. Nada acabou em sexo de reconciliação,

porque Madá me olhou com pena, fez sua mala e disse que tinha outro
homem em sua vida, um que poderia dar-lhe o que eu não podia.

Ela nunca ficaria ao lado de alguém que estava começando a


jornada, uma vez que ela a estava finalizando.

— Pare de se iludir, Theo. Você nunca foi inteligente o suficiente,


faculdade de Administração é apenas um curso vago. Precisamos terminar de
uma vez, não é justo o que faço com você. O problema sou eu. — Essas
foram suas últimas palavras naquele dia.

Meu mundo ruiu.

Passei dias chafurdando em casa, depois outros dias à espreita na


faculdade, para vê-la passar de mãos dadas com aquele mauricinho, que tinha

um carro importado e, provavelmente, muito dinheiro. Ele era tudo o que


estava difícil de alcançar, ser o dono do meu negócio. Rico. CEO.

Questionei-me desde quando os dois estavam juntos, eu não estava


tão cego de amor a ponto de não ver aquela traição.

Não me importava com o passado, eu só queria minha mulher de


volta. Fiz mais uma dívida, para comprar um celular e enviar mensagens a
ela, todos os dias, pedindo para que voltasse para mim.

Madá era meu porto seguro, minha família, não poderia me deixar
daquela forma. Eu não poderia viver sozinho novamente.

Ela sempre respondia com mensagens de duplo sentido, que não


queria que eu entrasse em contato, mas que sentia minha falta. Aquela mulher
me deu esperanças e, aos poucos, fui recobrando a razão. Fiz minha matrícula
na faculdade, porém, perdi meu emprego por mais de trinta dias de faltas não
justificadas.
Quando se tratava dela, eu esquecia tudo à minha volta Madá sempre
fora minha prioridade.

Com quase seis meses de troca de mensagens, ela começou a ficar


mais carinhosa e meu pau, mais animado. Eu não estava nem aí se ela morava
com aquele idiota, era comigo que ela falava putaria e para mim que enviava
fotos de si mesma nua, para que eu pudesse tocar uma e matar a saudade.

Mas eu queria mais...

Consegui outro emprego, mudei para uma quitinete menor, pensando


em guardar dinheiro para quando Madá voltasse aos meus braços, e comecei
a estudar.

Interrompendo uma das minhas aulas que eu recebi a primeira


mensagem que mudaria minha vida, mais uma vez.

Madá>> Preciso de você. Compre comida japonesa, finja que é


um entregador e venha até este endereço.

Ela não escondeu que o endereço era do apartamento que ela dividia
com o mauricinho, na zona nobre de Lumaria. Era um lugar onde nunca
imaginei que colocaria meus pés, mas, a partir daquele dia, eu começaria a
frequentar

Minha adrenalina aumentou, meu coração bombeou sangue para as


cabeças – de cima e de baixo – e saí da sala de aula sem olhar para trás,
apenas com um objetivo: satisfazer minha mulher e trazê-la de volta para
casa.

Eu seria como aquele executivo, vestido em terno, dando ordens e as


pessoas me obedecendo. Ele era confiante e nada parecia atingi-lo.

Meu futuro era ser como um CEO!

Mesmo sem dinheiro, comprei a comida japonesa que ela queria e


me fiz de entregador quando peguei o moto táxi e parei a duas quadras do
lugar. Eu não tinha conseguido comprar meu carro ainda, Madá odiava motos
e eu nunca faria algo para desagradá-la.

O porteiro me liberou a passagem e segui para o elevador, no qual


apertei o botão da cobertura. Meu coração acelerou, porque Madá estava em
um lugar que eu demoraria a conquistar. Ela merecia ficar com o mauricinho
enquanto eu não era digno, mas em algo ninguém iria me superar: eu a
comeria melhor do que todos os homens que ela escolhesse para ser
provedor.
Assim que toquei a companhia, escutei sua voz suave dizer que a
porta estava aberta. Entrei e meus olhos registraram aquela que nunca deixei

de desejar, deitada no sofá, nua.

Apenas fechei a porta atrás de mim, coloquei as coisas que estavam


em minha mão na mesa mais próxima e comecei a me despir, tamanha foi a
surpresa por vê-la se oferecendo para mim.

Que saudades da minha mulher!

— Temos apenas uma hora — ela falou assim que me ajoelhei à sua
frente e minhas mãos, trêmulas, começaram a passear pelo seu corpo.

— Eu farei valer a pena — sussurrei e encontrei seus olhos. — Eu te


amo, Madá. Por favor, não me deixe de fora. Aceito o que você quiser
oferecer.

— Eu não posso estar sempre com você. — Ela se sentou, abriu suas
pernas e empurrou minha cabeça para sua boceta, que já estava molhada pela
antecipação. — Terá que aceitar ser meu amante.

— Serei o que quiser, Madá. Eu só preciso... — Beijei seus lábios


vaginais e escutei um gemido. — Caralho, só me deixe te fazer gozar.
Depois, coloque sua boca no meu pau, daquele jeito.
— Se sobrar tempo, eu te chupo, Theo. Agora, seja um bom menino
e me mostre o quanto você sentia minha falta.

E eu fiz, esquecendo que tínhamos apenas uma hora para que nós
dois pudéssemos sentir prazer.

Saí daquele apartamento com um pau duro e frustrado, meu tempo

tinha acabado. O mauricinho estava prestes a chegar e eu tinha que ser


obediente, se quisesse vê-la novamente.

Obedeci, porque com ela eu era intenso, por ela, faria tudo, inclusive
me rebaixar a ser o segundo. Isso me deu forças também, para me empenhar
ainda mais nos estudos. Uma vez alcançado o posto daquele homem de terno,
eu poderia não só dar uma vida melhor para Madá, mas seria digno de todo o
seu amor.

Em poucos anos, me formei e me tornei vendedor da Loja de

Departamentos Gimenes no shopping, aquela mesma que o executivo


comandava. Enquanto isso, uma ou duas vezes por semana, eu me encontrava
com Madá e nossa rotina voltava a ser como antes, por algumas horas. Ela
me humilhava, dizia que eu a fazia refém dos meus toques e habilidades
sexuais, eu dava tudo de mim e tentava mostrar que comigo poderíamos ter
futuro, mas ela parecia não enxergar.
Quando fui promovido a gerente da loja, eu já tinha um apartamento
decente em um bairro de classe média e um carro, acompanhados de mais

dívidas em meu nome. Enquanto isso, Madá foi se distanciando e não enviou
mais mensagens. Ela nem ao menos me comunicou se havia viajado ou
mudado de endereço, uma despedida que fosse. Era sempre ela que me
chamava, não o contrário.

Precisei de muita força de vontade para que isso não refletisse no


meu serviço, mas não teve jeito, meu humor vivia péssimo e minha paciência
era zero.

Eu me mantinha focado e minha determinação estava direcionada a


subir de cargo. Necessitava ser objetivo, justo e confiante, nada iria mudar
meus planos, nem mesmo a nova funcionária da loja.

Olivia Nunes era seu nome.

Eu nunca imaginaria que ela faria parte da minha história, de uma


que nunca imaginei que poderia viver, tamanha era minha bagagem negativa
e falta de amor.

Na verdade, eu só descobri realmente o que era amor com ela.


Capítulo 1

Caramba, eu não acreditava que tinha conseguido um emprego! Mas


não qualquer um, era a esperança, a luz no fim do túnel!

Com ensino médio incompleto, eu não conseguia um serviço em que


ganhasse o bastante para deixar minha filha em uma escola decente e pudesse
pagar as dívidas que contraí em anos morando sozinha.

Depois de um bom tempo sem usar minhas melhores roupas, passei-


as como se fosse o primeiro dia do colégio. Acordei cedo, levei Isabella para
a creche e segui para a Loja Gimenes. Seriam sete horas seguidas de
dedicação e sorriso congelado no rosto, um sonho se tornando realidade.

Cheguei cedo para ser apresentada aos meus colegas de serviço antes
que o gerente abrisse a loja. Theo Ferraz era sério, bonito e conseguia o que
queria com sua voz de comando e olhar impetuoso. Ele era quem comandava
aquela loja de departamentos e não me deu uma segunda olhada nem quando
lhe cumprimentei com um bom-dia, animada.

Nada iria me abalar. Aprendi a duras penas que sofrer calada era
muito melhor do que viver emburrada pelos cantos. Eu fui rejeitada desde
sempre. As pessoas não sabiam, mas nunca conseguiriam me atingir, uma vez

que o buraco em meu peito mostrava que não existia um coração ali.

Bem, a única pessoa que tirava o meu melhor e pior era Isabella,
minha pequena Bella e seu jeito intenso de viver. Para minha filha, era
sempre oito ou oitenta, sorrir ou chorar e, quando colocava algo na cabeça, eu
precisava contar até mil para não me descabelar até ela ter um pouco de

paciência.

Poderiam julgar como quisessem, apenas quem era mãe sabia que o
amor da sua vida também poderia ser o caos que habitava seu ser.

Apesar de estar acostumada a deixar Bella na creche, minha mente


não saía da minha filha. Eu estava concentrada no meu trabalho, mas vez ou
outra me pegava sonhando acordada, imaginando o momento que eu chegaria
à escola e veria seus olhinhos brilhando ao me encontrar.

Esse era o verdadeiro amor.

— Olivia, por favor, atenda aquele casal. Eu já estou com um


cliente. — Minha colega simpática indicou duas pessoas que entravam na
loja e eu logo me prontifiquei a fazer o que ela me orientava.

Com um enorme sorriso, depois de estudar duas apostilas que a loja


tinha me entregado, expliquei e mostrei os produtos em que os clientes
estavam interessados, como se fosse uma funcionária experiente.

Ainda estava com peso na consciência de mentir no meu currículo


que tinha curso técnico em vendas. Não tinha nem ensino médio, quem dirá
tecnólogo, mas não encontrei outra alternativa. Tive sorte que não ligaram
nos meus outros serviços e constataram a mentira, só precisava dar o meu
melhor para provar que era capaz, mesmo que tivesse distorcido as

informações profissionais.

O casal parecia interessado em muitas coisas da Loja Gimenes.


Noivos, eles buscavam não só fazer uma lista de casamento, como comprar
alguns itens de cama e banho.

Eu ganharia comissão a cada venda, então a adrenalina bombeava


em minhas veias a cada palavra que eu dizia e a cada interesse demonstrado.
Eu chegava aos céus, ajoelhava e agradecia por cada comissão conquistada.

Quando o casal gastou mais de dois mil reais em compras, fui até o
computador mais próximo fechar a compra com meu melhor sorriso. Fiz o
cadastro mais devagar que meus colegas, mas distraí os clientes com
informações sobre a criação da lista de casamento, explicando como
poderiam fazer a entrega dos presentes, ou a troca.

Quando passei a fatura para o caixa, não me atentei ao valor de dois


produtos, na verdade, havia digitado um código semelhante, que valia metade

da quantia que era o produto real.

Assim que chegou à conferência, antes de entregar os produtos, meu


colega de serviço me alertou:

— Olivia, venha aqui, acho que tem algo estranho. — O rapaz fez

sinal com a mão e, com um sorriso preocupado, aproximei-me do seu balcão.

— Tem algo errado? É a primeira venda de hoje.

— Acho que você confundiu os produtos. Aqui, o código é parecido,


mas são coisas diferentes. — Ele mostrou o papel impresso e a descrição do
produto. — Não há nada de cozinha aqui, só cama.

Meu coração gelou quando constatei minha falha e, atordoada,


respirei fundo várias vezes. O que iria fazer? Não poderia perder o emprego

por conta de um deslize.

— Posso arrumar? — perguntei a ele, sem humor ou sorrisos


forçados.

— Sim, você deve arrumar. Mas, para cancelar a compra, depois de


passado no caixa, você precisará da ajuda do chefe.

Olhei para a sala do gerente, que era toda de vidro. Ele estava
conversando com um cliente e meus lábios tremeram. Eu não poderia chorar,
não deveria falhar naquela venda, mas também não fugiria da minha

responsabilidade.

O que ele poderia fazer comigo além de uma bronca? Todos


mereciam uma segunda chance.

Uma das chamas de esperança se apagou.

— Poderia pedir para o casal aguardar um pouco enquanto resolvo


isso?

— Claro, pode deixar que eu te cubro. — Ele colocou a mão no meu


ombro e o apertou, me dando apoio.

Respirei fundo uma última vez, peguei o papel das mãos do rapaz do
estoque e segui até a sala do meu chefe. Ele não parecia ser piedoso ou trocar

conversa fiada com os funcionários. Theo tinha arrogância e determinação


como suas características marcantes; nada o atingia, ele era quem marcava as
pessoas.

— Com licença — falei assim que bati na porta e a abri sem


cerimônias. — Senhor Theo, gostaria de trocar uma palavra.

— Entre, moça. Eu já estava de saída. — O homem que estava na


sala com meu chefe se levantou, trocou um aperto de mão com ele, algumas
palavras finais de satisfação e saiu, me dando um enorme sorriso.

— Sim? — Theo chamou minha atenção.

Eu havia ficado parada, como uma estátua, perto da porta. Sua


beleza era diferente e exótica, estava difícil manter a compostura naquela

situação comprometedora.

— Finalizei uma compra, mas preciso alterar um produto que não


está de acordo com a venda que fiz. Poderia liberar o sistema para mim? —
Fui inocente. Eu sabia que a situação era grave, mas não um absurdo como os
olhos e a postura corporal dele me fizeram perceber.

— Você fez uma venda indevida? — Seu tom era perigoso. De trás
da sua mesa, ele saiu e andou em minha direção. Tudo o que eu procurava era
um buraco para me esconder.

— E-Eu... — gaguejei, ele era muito intimidador, muito alto e


poderoso. Seu terno alinhado ao corpo e a gravata bem amarrada lhe davam a
imponência e armadura que precisava para ser o chefe. Eu não tinha contato
com homens assim desde... nunca. — Desculpe, senhor, é minha primeira
venda do dia, eu estava contente por fechar algo nesse valor...

— Você fez uma venda errada e quer que eu arrume?


Ele estava muito próximo de mim, seus olhos me massacravam, mas
não desviei a direção do meu olhar. Engolindo em seco, estendi minha mão e

entreguei o papel.

— É o terceiro item. Os clientes estão esperando, então...

Foi aí que percebi seu cheiro. Algo como água fresca e madeira

impregnaram meu olfato. Sua estatura denunciava o quanto era firme por
debaixo de suas roupas e sua arrogância escondia claramente algo mais
sofrido e tenebroso em sua alma.

Ele usava um escudo, como eu, para sobreviver.

— Se eu não estivesse aqui, como você resolveria essa situação? —


desafiou-me e pegou o papel que estendi em sua direção. — Você não
deveria ter errado em uma compra tão importante.

Parecia minha sentença de morte quando ele me olhou assim que se


posicionou atrás do monitor do seu computador. Apenas um olhar e ele me
deixou desarmada, com a pressão baixa e com nenhuma esperança.

Ele iria acabar comigo.

Não percebi que ele tinha feito algo, estava hipnotizada com o
movimento da sua mão, seus ombros tensos e a postura profissional
impecável. Ele voltou a se aproximar de mim, balançou o papel no meu rosto
e, depois de algumas piscadas ansiosas, peguei o papel e murmurei um

agradecimento antes de voltar correndo para os meus clientes.

Os sorrisos já não existiam mais, a noiva queria desistir da compra


enquanto o noivo só pedia paciência e me apressava com o olhar. Não
consegui ser tão rápida como antes, de tão nervosa que estava com a

experiência com meu chefe e por ter errado.

Você não deveria ter errado em uma compra tão importante.

Essa frase iria me atormentar por muito e muito tempo.

Quando finalmente o casal se foi, o rapaz do estoque se pôs ao meu


lado e apertou meu ombro novamente.

— Como foi com o chefe?

— Ruim? — respondi em dúvida de como eu realmente tinha me


saído. — Preciso tanto desse emprego.

— Talvez ele esteja com o coração mais maleável, já o vi demitir


sem nenhum tipo de justificativa ou conversa, coisa que não te aconteceu.
Theo é carrasco, mas uma coisa não se pode negar: ele é justo e nos defende
quando necessário. Só precisamos dançar conforme a dança dele.
— Qual seu nome mesmo? — perguntei a ele e procurei seu crachá.

— Jeremias, mas pode me chamar de Jer. — Ele bateu seu braço no


meu. — Sorria, tem cliente novo entrando.

— Acho que vou torcer para que eles sejam de caroçar.

— Já conhece nossas gírias? — Ele voltou para sua posição atrás do

balcão e eu sorri, um pouco mais aliviada.

— Uma vez escutei uma atendente falando isso. Estou muito feliz de
poder usar esse termo.

Olhei para os lados, respeitando a ordem de quem estava mais


próximo de quem entrava e percebi que todos estavam ocupados, menos eu.
Por isso, segui para os novos clientes e tentei esquecer o que tinha acontecido
minutos antes.

Para completar o primeiro dia de esperança e sofrimento, a creche


me ligou de manhã e só vi perto do almoço, no meu intervalo. Bella teve
febre e estavam tentando manter a temperatura com banhos, mas eu precisava
ir buscá-la o quanto antes, para medicá-la.

Meu Deus, esse dia não poderia piorar?

Altas temperaturas sempre foram meu calo, a pior das enfermidades


que ela poderia ter. Foi por causa de uma febre que ela teve convulsão, que
corri pelas ruas em busca de socorro, numa madrugada, apenas de pijama e

com ela em meu colo.

Por conta de uma febre que eu parei de pensar em Bella como o peso
da minha vida e sim como o melhor presente que eu poderia ter. Sem ela, eu
não teria nada, nem metade da minha força de vontade. Se hoje eu havia

levantado cedo e buscado um futuro melhor, fora por causa dela.

Em uma guerra interna, orei para que as horas passassem voando.


Precisava dar o meu melhor, aquele trabalho era o nosso futuro e a única
forma que me ajudaria a sarar minha filha.

Nem mais um minuto se passou das minhas sete horas diárias


contratadas. Despedi-me dos meus colegas e corri, como se não tivesse
pessoas do shopping me olhando e estranhando meu desespero.

Minha filha precisava de mim, eu não poderia deixá-la para segunda


opção – ainda mais –, não como meus próprios pais fizeram comigo.
Capítulo 2

Vi a novata correr para fora da Loja Gimenes e isso me intrigou.


Estaria ela com medo das consequências dos seus atos no primeiro dia de

trabalho ou era apenas um comportamento padrão exagerado? Eu nunca


conversaria se fosse mandá-la embora; comigo não existia debate, apenas a
minha decisão.

Apesar do meu terno, meu carro, meu apartamento e minha postura,


eu tinha dívidas herdadas do tempo em que morava junto com Madá, aquela
cadela insensível. Eu a amava, mas não deixava de mostrar o que ela era de
verdade.

E ela gostava.

Seu sumiço sem me comunicar estava me deixando de mau humor.


Já tinham se passado mais de dois meses, a falta de notícias, nem mesmo uma
mensagem ou uma foto, me enlouqueciam. Madá sabia o quanto eu me
preocupava com ela e que precisava de informações sobre seu dia a dia para
acalmar meu temperamento.

Ao pensar em sumir, lembrei-me da nova funcionária e sua tentativa


de se manter firme perante o meu descontentamento. A merda monstruosa
que ela fez poderia resultar em desconto no seu pagamento, teve sorte porque

identificou o erro antes de efetivar a venda.

Sempre fui um dos últimos a sair, o céu já estava escuro, os


funcionários trocavam de turnos e eu me mantinha firme na jornada dupla.
Precisava desse dinheiro tanto quanto tinha ambição de ser apenas mais um

gerente de loja.

Meu futuro era ser o CEO!

Quando encerrei meu turno à noite, fui direto para meu apartamento
e me arrumei para me exercitar na academia do prédio. Madá gostava dos
meus músculos, da minha barriga tanquinho e do quanto eu conseguia erguê-
la e fodê-la contra a parede.

Não tinha vergonha de admitir que muita coisa eu fazia por ela,

inclusive, a primeira e única tatuagem em meu peito era o seu nome, alguns
riscos tribais e espinhos. Apesar de ferir meu coração, Madá não saía dele. Eu
estava doido para mostrar-lhe a arte e ver se finalmente entendia que meu
amor era maior e melhor do que o daquele mauricinho.

Ele ainda era melhor do que eu, mas eu estava no caminho para estar
no topo do Grupo Gimenes. Iria ganhar rios de dinheiro, compraria muitos
presentes e faria Madá feliz como ninguém.

Assim que entrei na academia do piso térreo, percebi que havia duas
garotas nas esteiras. Cumprimentei-as de forma seca, escolhi um aparelho de
levantamento de peso e comecei o exercício, focado apenas em um objetivo,
estar em forma para a minha mulher.

Não observei ao meu redor, não me importei se elas me secavam ou


se estavam se insinuando para mim. Meu foco era em continuar com meus
exercícios, enviar as mensagens de boa noite para Madá e dormir, que fazia
todos os dias, na esperança de ser respondido.

“Eu não posso demorar mais um minuto com você nele

Isso está terminando

Eu não vou perder mais um segundo, fingindo

Não vou ouvir

Eu sou quem devo fazer, e não vou me perder para você”

Static Cycle – Boxes


A música me ajudava a acalmar a fúria dentro de mim.

— Oi, tudo bem? — Meus pensamentos foram interrompidos por


uma das garotas, que deixou seus seios quase à mostra no top esportivo. —
Eu sempre te vejo malhando nesse horário.

— Porque eu moro aqui — respondi, seco. Nunca fui simpático e

não buscava novas amizades, eu tinha outro objetivo.

Voltei a fazer meus exercícios, mas a mulher não saiu do meu lado,
na verdade, a outra parou do outro lado, me cercando.

— Então... eu queria saber se você está a fim de conhecer a sauna.


Eu e minha amiga temos boas referências de lá.

Olhei para ela, parei meus movimentos e vi seu sorriso malicioso.


Era um convite claro para que eu a fodesse, não só a ela, mas a sua amiga

também.

Numa sauna.

Duas mulheres.

Por estar tão focado em objetivos profissionais, nunca me permiti


certos sonhos adolescentes. Na verdade, meu humor e minha falta de simpatia
não me deixavam fazer nada além do que era programado.
Eu sentia falta da minha Madá, mas sentia mais ainda de foder com
alguém. Minha mão estava prestes a ficar cheia de calos de tanta punheta.

Meu peito doeu ao pensar que a iria trair. Seria a primeira vez, eu
finalmente iria me libertar de estar apenas com ela por anos, enquanto
Madalena estava oficialmente com outro cara, mesmo me amando desse jeito
torto.

Saí do meu aparelho e, sem cuidado algum, enrosquei minha mão


nos cabelos da garota que me tinha feito a proposta. Colei seu corpo na
parede mais próxima, ela arregalou os olhos. Não fui carinhoso, o brilho que
vi em seu olhar era o de alguém que queria tudo o que eu poderia oferecer.

— Você quer que eu foda você e sua amiga? — perguntei com raiva
e pressionei meu corpo no dela, para mostrar que meu pau já ganhava vida.

— Quero que me mostre toda essa fúria que tem na sua voz com

você dentro de mim! — ousada, ela respondeu e esfregou seu corpo no meu.

Eu iria trair minha mulher?

Mesmo com minha consciência me azucrinando, colei minha boca


na dela e aumentei o aperto em seu cabelo. Ela gemeu e uma das mãos tocou
minhas costas, me recordando que existia mais uma pessoa conosco.
— Vamos para a sauna, ela já está ligada, esperando por nós. Aqui
tem muitas câmeras, muitos olhos — a outra garota falou e soltei meus lábios

da primeira.

Quais eram seus nomes? Eu não queria saber, isso aliviaria um


pouco a dor depois do que faria naquele lugar.

— Eu vou te foder, mas não iremos além dessa noite. Sem contado
ou segundas chances, não estou interessado.

— Arrogante. E se for você aquele que irá implorar por mais? —


Atrevida, a mulher da qual roubei o beijo enlaçou seus braços em meu
pescoço e me encarou com audácia.

— Eu vou atrás de você, literalmente. — Bati em sua bunda e me


afastei, depois dei atenção à segunda garota.

— Eu me chamo...

— Não me interessam seus nomes. Vocês querem conversar ou


querem foder? — Afastei-me e coloquei minhas mãos na cintura. — Não
procurei por isso, vocês se ofereceram. Meu pau se animou, não eu.

— Grosso — a primeira falou, chateada.

— Muito, e você vai gostar quando eu estiver metendo até as bolas


— retruquei, sorrindo quando ela olhou para minha virilha e constatou o
volume.

Não houve mais conversa, elas entenderam que de mim nada


conseguiriam que não fosse o que eu queria dar. As duas me ofereceram a
realização de um sonho, ménage, eu recebi como o profissional que era, com
proteção e atenção.

O alívio de gozar dentro de alguém só aumentou minha agonia por


notícias de Madá.

Quando voltei ao meu apartamento, eu estava angustiado ao invés de


aliviado. Nunca havia ligado para ela, mas, naquela noite, depois que eu a
havia traído e chorando como uma criança na minha cama, lutando contra o
ranço de mim mesmo, eu o fiz.

Liguei uma, duas e três vezes, até que ela atendeu:

— Alô? — sua voz era baixa.

— Madá... por favor... — Eu iria me humilhar se fosse necessário.

— Não, obrigada, não tenho interesse por esse serviço. Por favor,
não me ligue mais. Vocês não entendem que eu não atender a ligação quer
dizer que não quero nada?
Bati minha mão fechada no colchão. Eu estava puto da vida com
essa rejeição, ela estava ao lado dele.

— Madá, por favor, só mais um encontro. Eu mudei de casa por


você, tenho carro, podemos ir para o motel que você quiser! Eu te amo!

— Pare de perturbar, vou bloquear o número de vocês. Tchau.

E assim ela desligou e massacrou meu coração já judiado.


Capítulo 3

Meu humor estava pior do que o normal. Não consegui dormir, por
isso, abri a loja antes do horário. Da minha sala, que era toda de vidro, vi

funcionário a funcionário chegar, pensando no quanto eu seria um falcão em


suas atividades, apenas para me distrair da dor que sentia.

Eu amava Madá e ela não enxergava o tanto que eu me dedicava.

A nova funcionária chegou e respirei fundo, sabendo que ela seria


minha vítima naquele dia miserável. Seu erro ainda estava engasgado na
minha garganta.

Sentado imponente na minha cadeira, fiz uma chamada para o balcão

principal da loja e pedi para que ela fosse até minha sala. Com o coração
batendo forte, imaginei toda a lição de moral que daria e, se ela aguentasse a
pressão, continuaria na empresa.

Sabia da minha fama de carrasco convicto, mas só fazia aquele papel


quando havia erros. Eu defendia minha equipe, conversava com todos, sabia
de seus objetivos e com a novata não seria diferente. O momento era de
tensão e se ela sobrevivesse, teria a recompensa do meu apoio.
Eu tinha muitas pessoas que me odiavam, mas também os melhores
aliados. Aquela era uma gestão delicada e que poderia causar conflito em

quem era muito sensível, mas como bem aprendi dentro do Grupo Gimenes e
com o dono da rede de lojas, havia riscos que deveriam ser corridos para
alcançar o sucesso.

— Com licença, bom dia. — Ela entrou na minha sala com os

ombros caídos e fungando.

— Sente-se — ordenei e percebi que sua postura forte de ontem não


estava mais lá. Eu arriscaria afirmar que mais parecia cansada, como se
tivesse perdido uma longa batalha. — Está tudo bem?

— Sim, sim. Apenas um imprevisto na madrugada, nada pelo que eu


já não tenha passado.

Vi, em câmera lenta, ela vestir sua armadura invisível, levantar a

cabeça e me encarar com garra. Seus olhos estavam inchados e com olheiras.
Seu cabelo não estava alinhado com perfeição, era apenas uma bagunça
presa, numa tentativa de esconder o que ela não conseguiu fazer, que foi se
arrumar ou tomar banho antes de vir.

— Que imprevisto? — Meu foco fora totalmente desviado do


sermão sobre prestar atenção na hora de lançar um produto no sistema para
sua vida pessoal.

— Nada que interfira no meu rendimento, senhor. Se o motivo da


minha vinda aqui é a venda errada de ontem, eu gostaria de me desculpar e
dizer que estarei atenta. Vou me redimir.

— Com essas olheiras em seus olhos? — desafiei e ela estufou o

peito, pronta para receber a porrada verbal que eu tinha elaborado.

— Eu estou bem.

— Para estar concentrada e atenta, é necessário ter uma boa noite de


sono.

— Não tenho uma boa noite de sono há anos, já me acostumei.


Então, não se preocupe porque, mesmo com essas olheiras, eu conseguirei
dar o meu melhor.

— Se você costuma ficar na farra...

— Eu tenho uma filha, senhor. A última coisa que fiz antes de


conceber foi estar numa farra, então, não, eu não estava na farra ontem, mas
no posto de saúde do meu bairro, velando o sono da minha filha enquanto ela
tomava soro. Hoje de manhã, tive que a deixar na creche e dizer para as
professoras que ela estava bem, mesmo sabendo que ela correria o risco de
ficar febril novamente. — Eu abri minha boca para dizer algo, ela respirou
fundo e continuou: — Senhor, desculpe pelo desabafo, mas se estou dando

meu melhor aqui, é por causa dela. Preciso desse emprego para dar-lhe uma
condição melhor de vida, então, por favor, se você tem a intenção de me
demitir, peço que me dê mais uma chance. Eu sei que sou capaz.

Seus olhos encontraram os meus e neles vi algo que há muito não

encontrava em uma mulher, em uma mãe, para ser mais exato. Paixão. Ela
amava sua filha, mesmo não tendo a força de um trator, ela estava passando
por cima de muita coisa – inclusive o orgulho – apenas para manter seu
emprego.

Algo dentro de mim foi tocado, mas joguei qualquer sentimento de


empatia de lado e deixei a frustração tomar conta.

— Volte ao seu trabalho, esconda essas olheiras e arrume o cabelo.

Eu posso acreditar que você irá fazer seu melhor estando assim, mas os
clientes, não.

Estendi a mão com a palma para cima e indiquei a porta.

Engolindo em seco, ela acenou em concordância e segurou o choro.

Quando saiu da sala, vi que em sua alma existia uma verdadeira


guerreira. Ela tinha alcançado algo que nenhuma outra conseguiu; não só
pontos positivos comigo, mas minha admiração.
Capítulo 4

Segurando o choro, perguntei à minha colega de trabalho Vanessa se


ela possuía corretivo para passar nas minhas olheiras. Sem dinheiro para

supérfluos, a última coisa que eu tinha em casa era maquiagem.

Fomos as duas para o banheiro e, assim que entramos, ela começou:

— Ele foi estúpido com você?

— Não — sussurrei, limpando meu rosto com água e tentando


ocultar algumas lágrimas que escorreram.

— Olha, ele é sempre assim. Parece que está eternamente com


alguma coisa enfiada em seu rabo, mas no final, Theo é bom e justo. Quando

precisamos de folga, ele é o primeiro a nos mandar embora e não desconta do


salário. Só que, quando fazemos algo de errado...

— Ele pressiona e exige o nosso melhor, sem se importar com nossa


vida pessoal. — Peguei o corretivo da mão dela.

O banheiro possuía duas pias e duas cabines individuais para as


necessidades fisiológicas.
— E você está viva! — Ela levantou os braços e sorriu enquanto eu
aplicava a maquiagem. — Pode ficar com esse, está acabando, eu tenho

outro.

Recusar estava na ponta da minha língua, mas o estado atual da


minha filha me dizia que as noites em claro seriam mais do que uma e que eu
precisaria comprar remédios, ou seja, teria mais gastos.

— Obrigada, eu vou aceitar, eu não tenho um.

— Existe aqui no shopping uma lojinha ótima com esses produtos.


Quando você puder, eu mostro a você! — Ela piscou um olho e sorriu. —
Vou voltar ao meu posto, antes que o Bruto-Gostoso venha me laçar.

Abri minha boca em um enorme “o”, chocada com seu apelido para
o chefe. Ela apenas deu de ombros e falou baixo:

— O que posso fazer? É a verdade.

Olhei meu reflexo, ajeitei meu cabelo com um pouco de água para
domá-lo e orei, em silêncio, para que minha filha ficasse bem hoje e para que
meu dia fosse um sucesso.

Focada em estar positiva e feliz, consegui me desligar dos problemas


pessoais e só busquei o celular no meu intervalo, próximo do horário de
almoço. Eu não sabia se respirava aliviada ou ficava ainda mais preocupada,
pois não havia nenhuma ligação da escola nele.

Sem amigos, sem família, sem companheiro, eu tinha apenas a


escola para me chamar caso acontecesse uma emergência.

Quando guardei meu aparelho na bolsa e voltei para o meu posto,

Theo estava atendendo uma mulher junto com Vanessa. Seu olhar desviou
para o meu por segundos. Tendo como base sua postura de cobrança, senti
que aquela atitude poderia ser interpretada como curiosidade sobre como eu
estava.

Encostada no balcão da conferência, Jer cutucou meu ombro para


chamar minha atenção e parar de analisar o gerente.

— Essa é a melhor parte de trabalhar aqui.

— É? — Olhei do meu colega para o chefe em ação, que foi


indicado pelo movimento de cabeça.

— A mulherada vem aqui para ser atendida pelo Theo, elas gastam,
mas quem fica com a comissão é a gente. Ele deveria ser nosso garoto
propaganda — falou baixo e sorri, pensando no quanto existia gente que fazia
isso. Se queriam olhar, era só ficarem sentadas no banco do corredor do
shopping, que ficava na frente da loja.
— Por que ele não fica com a comissão? — perguntei, ainda olhando
para a interação das clientes e o revirar de olhos da Vanessa.

— Ele fica com a comissão do faturamento da loja, além dos dois


turnos que faz. Não sei como esse homem aguenta, eu não gosto de trabalhar
tanto assim.

— Se for para receber o que imagino que ele recebe, eu faria até
jornada tripla. — Arrumei minha postura assim que vi novos clientes
entrando. — Vou trabalhar.

— Vai lá, sobrevivente. — Olhei para Jer sem entender suas


palavras. Ele olhou para o chefe, depois para mim e deu de ombros. Ah, eu
tinha sobrevivido ao sermão do Theo.

Depois do meu primeiro erro em uma venda importante, quando eu


mexia no computador para fazer o fichamento dos produtos, eu tinha uma

atenção redobrada. Além de conferir duas vezes, fazia uma oração silenciosa
para que nada desse errado depois da nota fiscal emitida.

Quando meu expediente terminou, percebi que deixei passar dez


minutos do horário normal e isso poderia fazer com que eu perdesse meu
ônibus, consequentemente, atrasaria para pegar Bella.

Novamente correndo, saí pelos corredores do shopping em direção à


saída, estava em movimento de corrida. Não demorou muito para que meus
passos fossem interrompidos e eu quase caísse no chão por causa de uma mão

ter me segurado na curva de dentro do meu cotovelo.

Olhei para trás e vi Theo, com seu cenho franzido e lábios


pressionados me encarando confuso.

— Por que está correndo?

— Senhor. — Tentei tirar o meu braço do seu aperto, sem sucesso.


— Por favor, me deixe ir, vou perder meu ônibus.

— Eu te dou uma carona — sentenciou e começou a me puxar, indo


em outra direção.

— Não há necessidade, eu que perdi a hora e estou...

— Eu vou te dar uma carona, Olivia. Não precisa ter mais pressa

assim. — Ele finalmente me soltou e continuou andando. Quando eu não o


acompanhei, ele olhou para trás e suspirou, frustrado. — O que foi dessa vez?

— Eu... — Peguei meu celular, conferi o horário e percebi que só


conseguiria pegar o ônibus por um milagre. Droga! — Tudo bem, vou
aceitar, estou atrasada.

Comecei a andar atrás dele e, novamente, ele parou e exalou com


frustração.

— Por que está andando atrás de mim?

— Por que está pegando tanto no meu pé? Não estou no meu horário
de serviço. Apesar de precisar muito que você tenha uma boa impressão, não
precisa simpatizar com minha personalidade, mas reconhecer minha

competência. — Saí andando pisando firme, com o coração acelerado e a


respiração irregular.

Caramba, aquele homem estava tirando meu pior. Eu precisava do


emprego, não poderia ser audaciosa assim, mas... ele parecia ter o imã para
desenterrar meu lado rebelde e sem paciência, igual a Bella.

Senti-o ao meu lado, ele havia me alcançado e colocado uma mão no


meu braço. Dessa vez não apertava, nem segurava, era apenas um toque leve
de suas mãos para que não saísse da posição que ele queria. Seus dedos eram

ásperos, quentes e me fizeram arrepiar da cabeça aos pés.

— Está com frio? — Ele já ia tirar o paletó do terno se eu não


negasse com a cabeça.

— Não estou com frio. É apenas uma sensação... diferente. Já


estamos saindo do ar-condicionado do shopping — falei com pressa na
mesma intensidade dos meus passos.
Ele tinha mudado para cavalheiro e atencioso, me deixando
desconcertada. Eu me lembrava das palavras de Vanessa e cheguei à

conclusão de que ele só poderia ser bipolar. Ora batia, ora assoprava.

Sua mão voltou ao meu braço e ele nos guiou até seu carro. Era um
automóvel bonito, preto, estava bem limpo e brilhando, muito parecido com o
dono.

Theo destravou as portas com um aperto na chave do carro e, antes


que eu pudesse abri-la, ele o fez para mim.

Respirei fundo, numa tentativa de me manter firme perto dele, mas


seu cheiro teve um efeito inebriante. A preocupação com minha filha foi
mascarada por um sentimento adormecido vindo à tona. Não era só minha
falta de paciência que ele atraía, mas o desejo.

Antes de me sentar no banco, levantei minha cabeça e encarei seus

olhos intensos. Se fosse em outros tempos, se o mundo não parecesse estar


nas minhas costas a cada ação que eu tomava, eu lamberia meus lábios e faria
um convite silencioso com meu sorriso.

Quando seu olhar caiu para a minha boca, tive a certeza de que
minha imaginação ganhou vida e que eu estava me insinuando para o meu
chefe.
Deveria ter perdido a minha mente.

Corri para me sentar no banco, coloquei minha bolsa no colo e fixei


o olhar na frente. Não poderia ser atrevida, não deveria reviver o fogo que
tinha antes de ganhar Bella, não caberia...

— Coloque o cinto. — O timbre de barítono de sua voz me tirou do

devaneio. Quando virei para o lado, para pegar o cinto de segurança, ele
fechou a porta e deu a volta na frente do carro.

Esperava que nenhum julgamento passasse em sua mente, era apenas


uma carona, não uma foda casual. Sabia que parte dos pensamentos tinha a
ver com meu nervosismo, eu acabava sofrendo por antecipação.

Quando ele se sentou no banco do motorista e colocou a chave na


ignição, arregalei meus olhos e comecei a orar, não querendo nada além de
chegar à creche e pegar minha filha nos braços.

Precisava ficar lúcida e Bella era meu melhor norte.

— Para aonde vamos? — ele questionou quando deu ré e colocou a


mão apoiada no encosto do meu banco.

— Pode ser para a creche da minha filha.

Informei o endereço e, em silêncio, ele guiou o carro sem muita


preocupação. A música me ajudou a relaxar, por mais que não tenha
entendido nada.

“Então agora estou preso em seu labirinto

Uma sala escura e infinita

Eu conheço meus caminhos inocentes

Eles não vão funcionar com você”

Wake Me – Bood Moon

Sua postura era relaxada, o semblante preocupado e o ar imponente


pareciam ter dado lugar a alguém mais... humano.

— Você gosta de dirigir? — Observei sua mão segurar o volante,


como se fosse o encaixe perfeito.

— Sim — respondeu baixo, seu olhar desviou apenas um segundo


em minha direção e voltou a se concentrar na rua. — Esse automóvel é
importante para mim, nunca pensei que gostaria tanto do volante depois que
escutei o motor roncar.
— Que carro é esse? — Passei a mão na porta ao meu lado.

— Um Jaguar F-Type. É importado, modelo antigo e está bem-


conservado, só precisou de algumas manutenções. É como se fosse novo.

— Legal — falei baixo, entendendo que, para ele, esse bem material
valia muito mais do que eu poderia imaginar. Meu único apego na vida era

Isabella, o resto, era instrumento para que eu pudesse manter aquele amor.

— E sua filha, como se chama?

— Bella, Isabella — respondi com um sorriso nos lábios. — Ela tem


três anos e meio.

Seu rosto se virou para mim quando parou o carro no sinaleiro e


depois voltou. Merda, eu tinha me esquecido de omitir algo muito
importante, pois as pessoas julgavam antes de perguntar. Quem fizesse as

contas saberia que tive minha filha em uma idade inadequada.

— E o pai? — o questionamento saiu de forma ríspida e minha


vontade foi de levantar minhas defesas, mas, daquela vez, só dei de ombros e
joguei a merda no ventilador.

— Eu o conheci naquele evento mundial que aconteceu há quatro


anos. Ele era um turista de outro país que me prometeu o mundo.
Infelizmente, eu era muito ingênua para saber a diferença de promessas feitas
na emoção e com a razão. Ele voltou para seu país, eu fiquei com uma parte

dele comigo.

E assim eu percebi o quanto me mostrei fácil e vagabunda para o


meu chefe. Parabéns, Olivia.
Capítulo 5

Ela ainda o amava?

Eu sabia que existiam mulheres inocentes, mas naquele nível que

Olivia foi uma surpresa para mim. Mesmo sendo tão nova, não se confiava
em quem estava apenas de passagem.

Chocado demais para dizer qualquer coisa, quando meu carro parou
e ela se despediu, apenas observei-a se distanciar e entrar na creche para
buscar sua filha.

Ela era jovem demais, transou sem camisinha com um turista, teve
uma filha e... o quê? Como ela se mantinha? Onde estavam seus pais, os avós

da criança? Se ela era apaixonada pela filha, como seus olhos demonstravam,
com certeza seus pais também eram. Herdamos o amor que recebêramos; ou
ela era igual a mim que, por não ter o afeto da mãe, dedicava todo o amor que
nunca teve, para outra pessoa.

Madá!

— Porra, onde você está, mulher? — esbravejei para o nada e


continuei observando minha funcionária.

Olivia saía com uma criança nos braços e uma mochila pendurada na
mão. Como ela conseguia carregar tanta coisa e fazer parecer que não pesava
nada, era um mistério

Desequilibrado como sempre fui, ao invés de lhe oferecer carona, eu

andava com o carro quadra a quadra, acompanhando seu caminhar, mas longe
o suficiente para ela não perceber.

Quando ela virou a quadra e entrou em uma rua de chão batido, com
esgoto a céu aberto e muito terreno baldio ao redor, meu peito apertou. A
única coisa que eu queria, naquele momento, era colocar as duas em meu
carro e levá-las para o meu apartamento.

Olhei para os lados, tentando reconhecer o que estava acontecendo


comigo e o motivo desse meu interesse. Isso era falta de Madá em minha

vida, abstinência de sua boceta cobrindo meu pau. Que saudades eu estava
daquela vadia!

Sem terminar de acompanhar os passos de Olivia, segui reto e voltei


para o shopping, de onde não deveria ter saído. Toda vez que deixava essa
intuição governar minha vida, ela me deixava em apuros.

Assim que coloquei os pés na Loja Gimenes, percebi, mais uma vez,
que sair não fora uma boa escolha, porque meu supervisor estava me
esperando na sala de vidro.

Cumprimentando meus funcionários com murmúrios apressados,


entrei na minha sala e engessei meu sorriso acolhedor.

— Desculpe a demora, Jonas. Tive que sair um momento, coisa de

nada.

— Sem problema. Eu te conheço, Theo, você só sairia daqui se fosse


uma emergência. — Ou algum tesão enrustido, completei em minha mente.
Só poderia ser isso, eu precisava transar, mas longe de onde eu ganhava meu
sustento. Não, eu precisava foder uma pessoa e essa tinha nome, sobrenome e
meu coração em suas mãos.

— Em que posso ajudar? Vamos começar a auditoria? — Sentei-me


na minha cadeira, Jonas voltou a se acomodar do outro lado da mesa, à minha

frente.

— Na verdade, Cipriano vai abrir uma filial no interior e vou


precisar de você. — Meu coração gelou, porque eu sabia que essa era uma
das oportunidades que eu aguardava. Começar uma loja do zero, fazer o
treinamento com os diretores, ter contato direto com o CEO, Cipriano.

— Você sabe que pode contar comigo para o que quiser. Hora extra
nunca foi um problema. — Sorri, antecipando a comemoração da minha
promoção.

— Bem, você vai precisar se ausentar meio período daqui da loja,


por um mês ou dois. Veja quem pode te cobrir, essa pessoa vai receber um
adicional por isso. — Jonas sorriu e cruzou as pernas, para gerar expectativa.
— Você será promovido a supervisor das lojas aqui da cidade de Lumaria.

Fará o treinamento e, depois, precisaremos achar um gerente à sua altura,


porque loja que fatura como essa não existe ainda.

Estendi minha mão e ele a pegou em um cumprimento firme.


Transformei meu suor e ambição em faturamento para o Grupo Gimenes, não
tinha dúvida sobre minha promoção, só não sabia dizer quando viria.

— E você? — perguntei, uma vez que eu iria ocupar seu lugar.

— O supervisor do interior foi desligado da empresa, então, eu

tomarei conta do resto da região.

— E sua mulher? Ela não vai gostar nada de saber que você vai ficar
viajando dia após dia.

— Ah, quando eu disse o meu salário ela já deixou minha mala


pronta para o mês — brincou e se levantou. Fiz o mesmo. — Parabéns, Theo.
Essa semana te enviarei as informações por e-mail e, semana que vem, você
estará em contato direto com os diretores de Cipriano.

— Sim. Será uma honra!

Despedi-me do meu supervisor, que agora seria meu igual. Em um


bom humor que nunca me imaginei experimentar, fiquei na área de
atendimento ao cliente, ajudando e oferecendo descontos quando necessário.

Metas alcançadas com sucesso. Ser CEO estava cada vez mais
próximo.

Quando o expediente acabou e todos os meus funcionários saíram da


loja felizes, tudo o que eu queria era comemorar. Tinha sido promovido,
minha dedicação foi reconhecida. Faltava muito pouco para que eu chegasse
ao topo e, com isso, exterminasse todos os meus demônios.

Precisava falar com Madá, ansiava comemorar puxando os cabelos

dessa mulher e metendo fundo em sua boceta.

Em meu carro, guiando em direção ao apartamento que há muito não


visitava, deixei a música agitada alimentar meu ego.

“Você ainda o vê à distância?


Você ainda consegue ler os sinais de alerta?

Você acredita em nossa existência?

Porque eu acredito em nós esta noite

Todos nós caímos juntos

Nada dura para sempre

Este não é o fim

Você está ouvindo?”

Saint Asonia, Sharon Den Adel – Sirens

Liguei para Madalena e me senti confiante o suficiente para que ela


me atendesse sem me rejeitar. E, na segunda tentativa, ela atendeu:

— Você ligou para o número errado — me cumprimentou com voz


manhosa e cheia de ironia.

Vadia, ela estava se insinuando para mim.

— Estou com saudades dessa sua boca no meu pau, Madá. Fui
promovido a supervisor. Venha, vou te mostrar o que posso fazer com toda a

minha alegria.

— Não, eu não conheço essa pessoa. — Ela costumava fingir que eu


era um cobrador ou que estava ligando por engano, provavelmente estava
perto do mauricinho.

— Ele está ao seu lado? Quer saber o que minha língua fará com seu
clitóris e sua boceta, que chora só de saber que meu pau te toca como
nenhum outro? Só eu conheço seu ponto G, Madá.

— Hum... — Ela suspirou, estava adorando nosso papo.

— Sua puta, será sua vez de rastejar até meu pau. Vou comer sua
boceta com força e depois vou me divertir com seu cuzinho, do jeito que você
gosta.

Ela demorou a responder, mas escutei sua respiração ofegante. Ela


estava excitada, eu tinha conseguido o que queria: sua atenção. Se havia algo
que o mauricinho não fazia bem e eu sim, era foder.

— Pare de falar essas coisas, estou com saudades e fico com tesão
— ela sussurrou e sorri satisfeito, porque minha Madá estava de volta, depois
de tanto tempo longe. — Eu não posso sair agora.
— Você vai sair da sua casa e, dessa vez, irá ao meu apartamento.
Finalmente seu cheiro ficará na minha cama.

— Você está louco? Vamos a um motel, aquele que eu gosto, suíte


das núpcias.

— Fantasiando comigo te fodendo de vestido de noiva? Quem vai se

casar com você sou eu! — rosnei e estacionei o carro, meu pau muito duro
me desconcentrou na direção.

— Daqui uma hora, idiota.

Concordando, ela encerrou a ligação. Minha mão foi direto para o


meu pau e caralho, eu a teria mais uma vez. Estava indo comemorar do jeito
que desejava, enterrado até as bolas na única pessoa que eu acreditava que era
possível amar.
Capítulo 6

Eu estava satisfeito depois que a minha mão tinha ficado gravada na


bunda daquela cadela. Madá me arranhou, puxou meu cabelo e bateu na

minha cara, mas depois resmungou que teria que fazer greve de sexo por um
tempo com o mauricinho por causa da minha marca. Durante a trepada, ela
não tinha reclamado, inclusive, pediu que eu fosse mais forte. Eu estava mais
do que contente por me eternizar na vida dela.

E a tatuagem? Ela gozou como nunca antes, repetindo que eu era


dela e de mais ninguém. Eu respondia com metidas mais fortes, toda minha
satisfação traduzida em sexo selvagem.

— Essa boceta é minha. Quando eu virar supervisor em definitivo,

não haverá nada que te impeça de vir gozar apenas no meu pau.

— Você tem teto de vidro, Theo Ferraz. E suas dívidas? Sei que está
se fazendo de rico por aí, mas tem metade do salário comprometido com
financiamentos. Eu quero luxo, glamour, não notas promissórias para me
preocupar.
E assim ela conseguia me colocar no lugar de amante e me deixar
motivado a fazer além do que eu achava que era o melhor. Faltavam dois

anos para eu pagar minhas dívidas, esse prazo com certeza coincidiria com
minha ascensão ao cargo de diretor. Então, nada iria me deter, eu ia me casar
com aquela mulher.

Os próximos dias, depois daquele encontro, foi controle de caos

dentro de mim.

A nova funcionária não mais me chamava atenção. Seus cabelos


presos não me davam vontade de soltá-los e fazê-la refém das minhas mãos.
Seus lábios, sempre desprovidos de batom, não me davam vontade de beijá-la
e morder, primeiro devagar, depois rápido, com urgência e desespero para me
enfiar dentro dela. Suas roupas justas, mas sempre bem alinhadas, não me
davam vontade de arrancá-las com os dentes, para saber o que ela escondia
por debaixo daquela bunda arrebitada, sem nenhuma marca de calcinha na

calça.

— Porra!

Passei as mãos nos cabelos e tentei lembrar-me do último momento


que estive com Madá, mas era Olivia que não saía da minha cabeça.

Afastei-me dos meus funcionários, lutei com unhas e dentes para não
me aproximar mais dela, só que Olivia tinha um poder que achei que só Madá

tinha comigo. Ela me atraía, seu sorriso me fazia querer sorrir, seu jeito

meigo e atencioso me fazia querer carregá-la no colo.

Eu queria foder Olivia como nunca quis com uma mulher que não
fosse Madá.

Caralho, mil vezes porra!

Mesmo que estivesse me dividindo entre ficar na loja e fazer


reuniões e mais reuniões para minha mudança de cargo, eu só pensava nela e
em como ela andava mais de dez quadras com a criança no colo e várias
sacolas juntas.

Tentava imaginar a ida ao mercado, como lidava com o salário


inicial da loja e as despesas da casa. Sempre fui desorganizado naquele
assunto, mas ela parecia ser uma supermulher.

Antes da sua folga semanal, contei as horas, minutos e segundos


para que ela se despedisse dos funcionários e eu pudesse dar carona,
novamente, para ela. Um idiota obcecado, eu sabia que poderia ultrapassar
um limite, mas estava fora do meu controle não ser intenso.

Finalmente deixei meus impulsos dominarem minhas ações. Eu


estaria ausente em alguns dias, não havia regra na empresa de não
relacionamento, mas claro, existia sempre o bom senso.

Isso poderia prejudicar minha carreira? Só se ela me acusasse de


assédio sexual... e foi então que meus passos foram diminuindo e deixei de
segui-la pelos corredores do shopping.

Minha meta era clara em minha mente, eu precisava chegar ao topo,

pagar minhas dívidas e ser o melhor. Para quem mesmo? Para mim? Não,
para Madá. Minhas justificativas estavam perdendo forças.

Depois de tanto tempo seguindo apenas uma direção, pensar em meu


objetivo e vincular Madá a ele não parecia certo. Antes, ambos estavam na
mesma frase, naquele momento, eu os separava por um ponto.

Eu estava fazendo aqui por ela ou por mim?

Decidido a ir para minha reunião do dia, segui para o meu automóvel

e observei o ponto de ônibus em que Olivia ficava. Estava lotado. Uma


merda, eu sabia exatamente o que ela sentia e compreendia sua pressa em
sempre pegar o melhor ônibus.

Entrei no meu carro e, sem pensar, fui em direção ao ponto. Se ela


estivesse lá, eu lhe daria carona, senão, não era para ser. E, claro, como o
destino tinha muito a meu favor, lá estava ela, com a bolsa grudada ao corpo
e seu olhar preocupado no rosto.
Parei o carro, baixei o vidro e vi quando o reconhecimento a atingiu.

— Estou indo na mesma direção da creche. Quer uma carona? —


Era uma mentira clara, com a intenção de que ela aceitasse sem pensar muito.

Eu só precisava que ela dissesse sim.


Capítulo 7

— Vou aceitar, meu ônibus passou mais cedo hoje — respondeu,


abrindo a porta e, então, se sentou, colocando o cinto. Aproveitei e acelerei,

segurando minha vontade de tocá-la.

— Hoje foi corrido, não? — comecei a puxar conversa e pareci tão


fora de mim, que até ela riu um pouco sem graça.

— Sim, muito movimento. Fico feliz, quer dizer mais faturamento.


— Ela se ajeitou no banco e olhou para a frente, parecendo relaxada. —
Obrigada.

— Fico feliz em ajudar, você parece sempre preocupada.

Ela fez uma careta e virou seu rosto para mim, me estudando,
pensando nas palavras que iria me dizer a seguir:

— Por que está fazendo isso por mim?

— Não entendi sua pergunta.

— Você não dá carona para os outros funcionários, você não puxa


conversa, nem é simpático, você...

— Se acha que avancei um sinal e que isso se qualifica como assédio


sexual, esqueça que algum dia fui gentil. Acabei de ser promovido a
supervisor, trabalho em busca desse objetivo há muito tempo e não vou
deixar que interfira, ainda mais tirando conclusões precipitadas que não têm
nada a ver com meu objetivo aqui, que é apenas ajudar uma colega de

trabalho.

Eu estava respirando com dificuldade depois de soltar tudo isso.


Acreditava que nunca tinha sido tão aberto com alguém, havia algo em Olivia
que me fazia sair do meu personagem e ser o que eu era, sem máscaras,
armaduras ou trejeitos.

Senti sua mão tocar a minha no volante e congelei. O que ela estava
fazendo? Por que eu estava sentindo tanto tesão apenas com aquele toque?

— Nunca fui boa em nada. Não fui boa filha, não acho que estou
sendo uma boa mãe, mas acredito que estou fazendo um bom papel como
vendedora. Sei o que está sentindo. — Parei o carro no sinal vermelho e virei
meu rosto para ela, segurando com força o volante para não envolver sua mão
na minha. — Eu não irei ameaçar sua posição na loja, me desculpe por não
saber agradecer um gesto altruísta. Só não estou acostumada com tanta
atenção.

Ela removeu a mão ao mesmo tempo que o sinal ficou verde. Tentei
relaxar, absorver o que a direção trazia para mim, mas era impossível, ainda
mais quando meu pau resolveu ganhar vida.

Essa mulher estava me tirando a racionalidade.

A batida intensa da música não ajudou em nada a me aliviar, eu


tinha que mudar a playlist, ou me incentivaria ainda mais a ultrapassar
limites.

“Não nos deixe trocar nosso valor pelo que é tendência

Por que somos tão condescendentes?

Depois de nós o dilúvio

E no mundo tão frio e tão exigente

Não pode haver final feliz

Depois de nós o dilúvio”

Major Moment – The Flood


Escutei-a suspirar quando nos aproximávamos da creche da sua
filha.

— Me desculpe por tudo, Theo. Estraguei sua tarde. Esqueça essa


carona, você será um ótimo supervisor, como é um bom chefe, na minha

humilde opinião.

Ela avançou, me deu um beijo no rosto e saiu, indo em direção à


escola. Como da última vez, eu a vi entrar com uma bolsa nos ombros e sair
com uma criança e mais duas outras alças penduradas no corpo.

Se não fosse para eu a foder, que fosse para admirá-la. Nunca vi


tanta dedicação de alguém que não tinha nada na vida. Era apenas uma mãe
cuidando de uma criança. Minha referência nunca fora das melhores com
mulheres, mas essa... Olivia...

Sim, eu faria uma loucura e seria hoje.

Com o fone no ouvido, fiz uma ligação para meu supervisor e avisei
que tinha uma emergência pessoal para lidar, eu tinha crédito o suficiente
para faltar quando necessário. Segui com o carro até onde ela entrava no
bairro e, ousado, parei naquela rua de chão batido.
Eu já havia morado em vários cantos e bibocas, mas Olivia
conseguiu algo pior do que eu em minha miséria. Era uma quitinete térrea,

com três portas laterais em um corredor largo. Tinha certeza de que era
apenas de um cômodo, mas não me importei quando saí do carro e a abordei
na frente do portão, com meu olhar intenso.

— Seu... senhor Theo? — ela gaguejou e sua filha, que até então

estava com a cabeça deitada em seu ombro, virou-se para mim e me encarou.

— Oi, Bella — sorri para a criança, que voltou a cabeça para o


ombro da mãe, com vergonha. Sem pedir licença, tirei as duas bolsas que
estavam no ombro livre de Olivia e as segurei.

— O que está fazendo aqui?

— Gostaria de levar as duas para jantar. Tudo bem?

Ela olhou do carro para mim várias vezes. A criança falou algo baixo
em seu ouvido, mas ela não respondeu. Olivia estava insegura, com medo... e
eu só queria abraçar as duas e levá-las para minha casa.

Eu iria cuidar delas.

— Acho melhor não, Theo. — Ela estendeu a mão e tentou


recuperar as bolsas. — Pode deixar, eu consigo entrar em casa sozinha.
— Deixe que eu ajude. — Abri o pequeno portão, que não tinha
nenhum cadeado. — Não tem segurança?

— Quem vai querer roubar a gente? — ela perguntou derrotada,


então seguiu até a última porta. — Eu não tenho nada, nem uma cadeira para
oferecer para você se sentar.

— Eu não me importo.

Ela procurou na sua bolsa, que estava na minha mão, a chave. Abriu
a porta e colocou sua filha no chão. Ela grudou na perna da mãe e Olivia,
com um suspiro, agachou e ficou na mesma altura de Bella.

— Filha, esse é o chefe da mamãe, tudo bem? Pode ficar tranquila,


vai lá brincar com sua ladybug.

— Mia lélibug — ela respondeu e entrou na casa sem receio.

Como pensei, apenas um cômodo. Tinha uma cama de solteiro


encostada em uma parede, a porta do banheiro na outra e a cozinha
improvisada na terceira. Não havia guarda-roupas, não tinha espaço e muita
coisa espalhada pelas superfícies indicavam a precariedade do lugar.

— Theo, estou um pouco constrangida. Realmente não tenho nada a


oferecer na minha casa. Obrigada pela ajuda, você foi muito gentil. — Ela
pegou as alças das bolsas e, ao invés de soltá-las, eu as segurei. Ainda
estávamos na porta, meio dentro e meio fora da sua casa.

— Não se envergonhe da sua dedicação. É seu canto, seus bens e o


espaço que você pode chamar de lar. — Eu trouxe sua mão para próximo de
mim através da alça das bolsas. Ela deu um passo para frente e, com a outra
mão, segurei seu rosto. — Você vai me acusar de assédio se eu te beijar

agora?

Ela arregalou os olhos e deu um passo para dentro da casa assim que
a criança a chamou. Merda, todo o encanto acabou, mas não a minha vontade
de ter meus lábios nos dela.

Entrei na casa, coloquei as bolsas em cima da cama e voltei à minha


posição na porta, sem tirar os olhos das duas. Olivia tinha paciência, sempre
chamava sua filha com apelidos carinhosos e estava sempre fazendo carinho.

Ela pegou o celular na bolsa, colocou um desenho para a menina


assistir e voltou para próximo de mim, sua cabeça baixa e a postura tímida
me animaram. Se ela queria dizer que me queria, mas não sabia como falar,
eu tinha captado a mensagem.

— Theo... — Olivia colocou suas mãos em meu peito, me fazendo


retroceder dois passos. Ela deixou a porta um pouco fechada e, dessa vez,
quando seus olhos encontraram os meus, neles eu vi desejo. — Por que eu?

— Não sei. — Fui sincero, aproximei meu corpo do dela e coloquei


ambas as mãos em seu rosto. — Quero te conhecer, quero te beijar, quero te
foder...

Ela colocou a mão na minha boca, para me parar, mas só me deu

vontade de dizer muito mais. Beijei sua palma, ela estremeceu e tirou a
barreira que impedia meus lábios de chegarem aos seus.

— Não posso.

— Então diga para que eu pare. Consigo enxergar o desejo em seus


olhos, Olivia. Você quer e essa é toda a autorização que preciso.

Sem resistência, finalmente beijei seus lábios. O gosto do café da


loja, que às vezes eu a via tomando, me fez ter uma ereção só de pensar em

beijar esses lábios todos os dias.

Minhas mãos rapidamente desceram para seus quadris quando ela


abriu a boca e recebeu minha língua, que estava ávida para explorar todos os
seus sabores. Que boca, eu precisava dela chupando meu pau, precisava
sentir como seria entre suas pernas, tinha certeza de que era tão inebriante
quanto a sua saliva.
Virei a cabeça para o nosso encaixe se tornar perfeito e apertei suas
nádegas. De forma erótica, minhas mãos chegaram perto da junção de suas

pernas, meus dedos roçaram sua boceta coberta, trazendo seu corpo para mais
próximo do meu.

Nós precisávamos...

— Mamãe!

Da mesma forma que ela se entregou, se afastou sem se despedir e


fechou a porta na minha cara, me deixando com uma puta ereção, um caralho
de tesão e um sentimento no peito, de que eu precisava dessa mulher na
minha vida.

O sentimento avassalador, alimentado pela rotina e o quanto eu via


de força em Olivia só me empurravam para ser do meu jeito, intenso.

Passei muito tempo olhando para a porta, decidindo o que fazer, até
que uma buzina chamou a minha atenção e fez eu me movimentar de volta
para o meu carro.

O que isso queria dizer para nós?

Assim que abri o pequeno portão, sua voz me fez virar o corpo e
recebê-la com um enorme abraço.
Meu Deus, aquela mulher se encaixava perfeitamente em mim.

— Pode ir tranquilo, você não avançou o sinal, sem assédio entre


nós. Eu permiti. O beijo foi perfeito, Theo, mas sou uma mãe solo, preciso
me preocupar primeiro com as necessidades da minha filha e não com as
minhas. — Ela se soltou de mim e sorriu com tristeza. — Obrigada, mas
prefiro que você finja que nada aconteceu com a gente quando estivermos na

loja. Eu farei o mesmo.

Ela correu, como sempre fazia quando terminava seu turno, de volta
para sua casa. Daquela vez não precisei de nenhum alarme para entrar em
meu automóvel e seguir para longe dali.

Rejeitado. Eu estava determinado a mexer com a vida dela como ela


estava fazendo comigo. Olivia não me conhecia o suficiente, nem do que eu
era capaz. Ela via a superfície, o que eu queria mostrar. Quando eu decidia

sobre algo, eu fazia disso meu objetivo, minha lei e religião.

Com um sorriso nos lábios e incomodado com minha roupa, já que


beijar Olivia foi muito mais do que ter uma mulher em meus braços, segui
para meu apartamento e montei estratégias na minha mente de como
conquistar uma mãe: não solteira, nem sozinha.

Mãe solo.
Gostei, porque uma mãe não tinha nada a ver com o estado civil.

Estar com minha funcionária tinha gosto de proibido. Ela dizer para
eu esquecer tinha características de desafio. Passei tanto tempo focado em ser
o CEO do Grupo Gimenes, uma meta que estava longe de ser alcançada e que
se aproximava um pouco mais, que me permitir ter uma segunda opção.

Olivia estava perto para mim, a um braço de distância. Tê-la só


dependia das minhas atitudes e do meu poder de persuasão.

Meu pau se mexeu e olhei rapidamente para a virilha, mostrando que


estava de acordo com ele.

— Sim, rapaz. Iremos persuadir essa mulher com minha boca ou


com você. Por um dos dois ela terá que se apaixonar.
Capítulo 8

Desestabilizada.

Aquele homem, todo poderoso e confiante, estava interessado em


mim. O que ele viu, o que eu tinha para fazê-lo se interessar, não me
importava, a única coisa em minha mente era que estava completamente
rendida aos seus encantos e atenção.

Ele carregou minhas coisas, me deu carona...

— Mamãe! Qué fazê xixi — Bella anunciou, como sempre fazia,


para que eu pudesse ajudá-la a se limpar.

— Vamos lá, querida.

Ela se sentou no vaso, eu fiquei de pé a ajudando e seus olhinhos


encontraram os meus.

— Aquele o papai? — ela questionou e franzi o cenho, tentando


entender de onde ela havia tirado isso.

— Aquele quem?
— O... o... o menino gande. — Ela apontou para a porta e, antes de
responder, conferi se ela tinha terminado. Dei um pouco de papel higiênico

para ela, ajudei-a a sair do vaso e suspirei.

Bendita hora que o Dia dos Pais passou e ela começou a entender e
gravar essas coisas.

— Aquele é o chefe da mamãe, filha. Trabalhamos juntos, como um


coleguinha da sua escola. Vamos lavar as mãos agora.

— Eu lavo sozinha! — Fez orgulhosa, eu apenas observei e


entreguei-lhe a toalha para que se enxugasse, torcendo para que não falasse
mais de Theo.

— Nossa, meu bebê está ficando grande.

— Eu sô uma quiança gande! — Sorriu geniosa e voltou para perto

do meu celular, para assistir aos seus desenhos.

Olhei para o teto e fiz uma oração, porque o assunto tinha encerrado
e eu não precisaria dar mais detalhes daquele homem.

Odiava a esperança e o quanto eu me sentia vulnerável. Se fosse ele


a me tirar do buraco, eu o tinha dispensado rápido demais. Mas, se ele for a
tampa da minha panela, a outra metade da laranja, com certeza ainda teríamos
mais interações daquelas.

Aquele beijo foi um gatilho para que minha mente agisse e


mostrasse um alerta vermelho contra o que meu coração estava sentindo. Eu
não conseguia barrar meu lado romântico, então, teriam que ficar apenas na
minha mente as fantasias e os corações flutuando.

O último homem para quem eu havia me entregado me deixou com


uma filha para lidar sozinha. Assim que meus pais descobriram, foi questão
de encontrar um bom lugar para me esconder e, assim, me colocaram aqui.

O segredo sujo.

Parei de me iludir rapidamente, pensar em meus pais fazia com que a


comporta das Cataratas do Iguaçu de lágrimas se abrissem. Disfarçar meu
humor para Bella estava cada vez mais difícil.

Fui para a pia da cozinha e fiz nosso lanche, antes da janta, que seria
apenas um pão com margarina.

— Você quer maçã ou melancia, minha filha?

— Maçã, sem caca, mamãe! — ela respondeu de seu lugar e sorri


para sua forma fofa de se expressar.

Para não desperdiçar, quem comeu o que sobrou da maçã de Bella


fui eu e assim, em função da minha filha, encerrei meu dia sem janta e dormi,
para que no próximo eu soubesse lidar com toda a ebulição de esperança que

me cercava.
Capítulo 9

Meu coração não sabia o que era se conter desde quando deixei
minha pequena na creche. Antecipando o encontro com o chefe que havia me

beijado de uma forma muito obscena, fiquei imaginando mil cenários em


minha mente. Por mais que eu tivesse exigido que esquecesse, eu me
perguntava se ele me cumprimentaria com um beijo nos lábios.

Eu, com certeza, iria sorrir sem graça caso ele me encarasse e não
conseguiria ignorar as batidas descontroladas do meu coração ao suspirar.

Se eu fosse ignorada – como eu mesma pedi – eu não saberia lidar


com sua rejeição. Por mais que eu precisasse desse emprego, estar em um
lugar onde fui usada seria demais para suportar.

Fraca.

Oh, minha filha, me perdoe.

Quando cheguei à loja, ele já estava na sua sala de vidro. Meus olhos
não pararam em sua direção, a cada passo que dei, eu precisei me controlar de
não ir até lá ao invés de ir à sala dos funcionários deixar minha bolsa.
Voltei para minha posição na recepção, cumprimentei meus colegas
de trabalho e espiei meu chefe. Era impressão minha ou ele estava nos

observando, acreditei tê-lo visto desviar o olhar assim que meus olhos
encontraram os dele.

Frustração, esse seria meu destino hoje.

— Quer falar com o chefe? Pode ir, ele parece de bom humor hoje
— Jer se aproximou de mim e comentou baixo. O movimento da loja ainda
não havia entrado no pico.

— Eu? — perguntei, assustada. — Eu não quero nada.

— Não tira os olhos da sala dele. — Observou meu rosto, que agora
estava vermelho de vergonha. — Ah, não, mais uma apaixonada? Já te
adianto, esse aí não dá mole para ninguém.

— Eu... não... — Balancei meus braços na minha frente. — Vou


andar pela loja e colocar os produtos em seus lugares. Você está vendo coisas
onde não existe nada.

— Bem, se não é isso, posso te chamar para um lanche comigo


depois do seu expediente? — ele perguntou com esperança.

— Então. — Ele me pegou desprevenida. Sempre pareceu tão


camarada, nunca avançando o sinal, nunca como Theo. — Eu tenho que
buscar minha filha na creche, desculpa.

— Ah, filha. — Ele deu um passo para trás e sorriu, sem graça,
como se essa informação fosse demais para ele. — Sem problema, foi apenas
um convite de amigo, para relaxar. Quem sabe outro dia.

— Quem sabe.

Virei as costas para ele e tentei não revirar meus olhos mil vezes. Ser
mãe solo era oito ou oitenta, ou o cara se apaixonava, achando que eu daria
sem pensar duas vezes por conta de carência, ou se afastava, não querendo
produto usado.

Não tive mais nenhum relacionamento depois que engravidei, não


tinha condição psicológica para deixar minha filha enquanto eu me divertia.
Troquei alguns beijos com colegas de serviço, mas nada além.

Nenhum parecia querer um futuro comigo, nem eu queria com eles.

Mãos firmes seguraram minha cintura e fizeram meu corpo se


chocar com uma parede sólida. Olhei para trás e vi que Theo era toda essa
dureza e meu coração voltou a se acelerar como antes.

Eu estava em um corredor mais longe, de utensílios de cozinha.


Coloquei minhas mãos nas dele, para tentar me afastar e raciocinar,
mas sua mão subiu pela minha barriga, passou entre meus seios e ficou no

meu pescoço, com posse e domínio.

— Theo — falei baixo e ele virou meu rosto para me calar com um
beijo.

Sua língua invadiu minha boca e não pude fazer nada que não fosse
seguir seus comandos. Sua outra mão começou a subir pelo meu corpo até
encontrar meu seio e apertá-lo, despertando minha libido. Por instinto,
segurei seu pulso, impedindo-o de avançar além do que estava fazendo.

Era errado, estávamos no meu local de trabalho, eu não podia...

Do mesmo jeito que apareceu, ele se foi, me deixando atordoada.


Não disse “bom dia”, não falou nada, apenas... me beijou como um
verdadeiro apaixonado.

— Está tudo bem aí? — Vanessa apareceu no corredor e eu ainda


estava de boca aberta, experimentando uma sensação de proibido um tanto
quanto especial.

Pisquei algumas vezes antes de me recompor e arrumar minha blusa,


que tinha ficado amarrotada.
— Está sim, estou conferindo as prateleiras enquanto não aparece
cliente.

— Ah, eu também fazia isso, mas era porque não queria atender
ninguém. — Ela se aproximou de mim e riu. — Achei que o chefe tinha dado
bronca em você, porque ele saiu da sala pisando firme indo na sua direção.

Congelei. Será que ela viu algo?

Teria que esconder o que estava acontecendo, ninguém era amigo o


suficiente para confidências.

Lembrei-me da afirmação de Theo sobre assédio sexual e meu


coração se apertou. A última coisa que eu queria fazer era estragar sua
carreira, dava para perceber o quanto ele se dedicava. Apesar de ele ser
insistente, eu havia cedido. Eu quis, ah, como eu quis.

Comecei a andar e Vanessa veio atrás de mim, tagarelando sobre


outros assuntos que eu não tinha interesse em escutar, porque na minha mente
só existiam as palavras proibido e tesão piscando em vermelho e amarelo.

— Opa, cliente na área. O próximo você pega — minha colega


comandou e me deixou sozinha com meus pensamentos.

Continuei minha perícia e, toda vez que a sala de vidro ficava


visível, eu o procurava. Aquele homem, o único que parecia ter poder sobre
minhas vontades mais obscuras, não saía do meu foco.

E assim o dia passou. Eu o vi ir embora acenando para todos um


adeus, antes do meu turno encerrar, e meu coração se despedaçou, sem
motivo algum.

O que eu queria que ele fizesse?

Estava iludida, achando que teria reconhecimento ou que seria


tratada de forma diferente. Aquele beijo, aquela pegada... será que eu o
deixaria avançar o sinal se não fosse o local? Se eu não estivesse pensando
em pudores?

Foi com um suspiro frustrado e a cara emburrada que terminei meu


turno, segui para o ponto de ônibus e busquei, em cada carro que passava,
aquele preto imponente do Theo.

Entrei no ônibus desolada e, a cada quadra que avançava, o


sentimento de rejeição me jogava para baixo. Talvez ele não fosse o que iria
me resgatar daquele buraco, mas poderia trazer à tona a mulher que há muito
escondi. Bonito, inteligente e centrado, o pacote completo e atraente para
mulheres mais instruídas do que eu.

Talvez, apenas uma noite de prazer seria o suficiente.


A chegada do coletivo no meu ponto de descida me fez lembrar que
nunca existiria noite para mim, talvez uma rapidinha ou nada. Eu continuaria

do mesmo jeito de sempre, uma mãe solo que só conseguiria algo quando a
filha pudesse ficar sozinha em casa, já que eu não tinha ninguém, nem
amigos, nem vizinhos para me auxiliarem.

A bolsa no meu ombro pareceu pesar mais na caminhada até minha

casa. Eu preferia carregar minha filha, porque havia muito movimento de


carro nas ruas e eu morria de medo de que alguma pessoa passasse e a levasse
embora.

Bella não era um peso para mim, ela era minha razão de buscar uma
vida melhor para nós duas.

Seguindo a rotina, chegamos, ela brincou um pouco, fiz um lanche,


coloquei a roupa para lavar e, depois, tomamos banho e esperamos o horário

da janta. Descansamos na cama e estávamos assistindo algo no celular, para


depois dormir.

De pijama, escutei batidas na minha porta e, achando que era um dos


vizinhos pedindo ovo – era apenas para isso que eu servia, Bella amava –,
abri a porta o suficiente para aparecer meu rosto. Minha surpresa foi grande
ao ver Theo com duas sacolas em sua mão.
— Eu trouxe a janta — falou sério e eu não soube se estava feliz ou
triste por ele estar fazendo aquilo por mim.

Aos poucos, meu coração despedaçado pelo dia se colou e um


sorriso apareceu em minhas feições, porque enquanto estávamos longe, ele
com certeza havia pensado em mim tanto quanto eu.
Capítulo 10

Se trazer comida significava que Olivia abriria aquele sorriso para


mim, com certeza eu o faria todos os dias. No momento oportuno, eu levaria

as duas para minha casa.

Assim que ela abriu a porta por completo e eu dei um passo para
dentro, percebi que não iríamos funcionar bem ali. Um cômodo, sem
privacidade. Eu já estive na mesma situação que Olivia, não me ofendia seu
baixo poder aquisitivo, apenas meus planos que não funcionariam tendo a
pequena menina nos observando.

E, daquela vez, seus olhos estavam colados nos meus, observando-


me com curiosidade e vergonha. Bella era linda como a mãe, mas os olhos e

o volume do cabelo não eram os da Olivia, provavelmente foram herdados do


pai, que abandonou as duas.

Filho da puta!

— Theo, obrigada pela comida e desculpe não ter onde comer. —


Olivia tirou as sacolas da minha mão e foi para a pia. Só então percebi que
ela estava de pijama, o short branco e a blusa da mesma cor não deixavam
nada para a imaginação, de tão transparentes que eram.

E se fosse outra pessoa, ela faria a mesma coisa?

— Você dorme com isso? — Percebi, tarde demais, que meu tom foi
muito bruto e julgador.

Ela virou abruptamente para mim, olhou para seu corpo e colocou as

mãos na sua frente, para tampar os seios, que eu já tinha constatado, estavam
livres de qualquer barreira que não fosse a blusa fina.

— Desculpe, eu não estava preparada.

Envergonhada, ela foi até um canto, pegou uma roupa e entrou no


banheiro. Merda, só por sua reação pude perceber que isso não acontecia
muitas vezes e que ela nem havia percebido que estava de pijama na minha
frente.

Ainda de pé, observei Bella se aproximar de mim com a cabeça


baixa.

Nunca tive que lidar com uma criança, na verdade, acreditava que
odiava tudo o que envolvia o relacionamento mãe e filho, de tão problemática
que foi minha vida. A postura retraída, porém corajosa, da pequena Bella, me
fez ajoelhar no chão e ficar na mesma altura que ela.
— Oi. — Tentei soar o mais receptível possível.

— É o chefe da minha mamãe? — ela perguntou amável e ainda se


manteve de cabeça baixa.

— Sim, eu sou — respondi e um nó se formou em minha garganta,


porque eu não queria ser apenas isso.

— Cadê o seu papai? — Arregalei meus olhos e tentei entender de


onde tinha surgido a motivação para aquela pergunta. Como Olivia poderia
saber algo sobre mim?

Com minha mão, toquei o queixo da criança e a fiz levantar a cabeça


para me encarar. Seus olhinhos assustados e curiosos tocaram mais uma parte
do meu coração que nunca pensei que existisse.

Empatia.

— Cadê o seu papai? — Devolvi baixo e suave, na tentativa de


mostrar-lhe que éramos iguais, não tínhamos pais. Minha tentativa de
interação foi desastrosa, a pior de todas.

Com uma fungada, ela ameaçou o choro. Assim que Olivia saiu do
banheiro, Bella correu para as pernas da mãe e chorou de forma inconsolada.

Nunca vi um olhar tão cruel em minha direção. Sem querer saber o


motivo, a mulher que eu cobiçava pegou sua filha no colo e me enfrentou.

— O que você fez com minha filha? — Ela respirou fundo quando
fiquei de pé e minha altura se sobrepôs a dela. Deveria intimidar, mas Olivia
parecia diferente daquela que me recepcionou. — Eu juro que, se você tocou
um dedo nela, eu te mato. Você não tinha o direito de entrar na minha casa e
fazer mal à minha menina. — A raiva exalava pelos seus poros, fazendo com

que a pequena Bella ficasse ainda mais nervosa.

Paixão.

Aquela mulher era capaz de tudo pela sua filha, inclusive ameaçar o
chefe.

Precisei me controlar, porque a admiração estava se transformando


em tesão e, naquele momento, o sentimento não tinha espaço na discussão.
Com ela, eu não poderia ser movido pelo ódio. Ambas eram delicadas e

precisavam ser protegidas, não rebatidas na mesma moeda.

Levantei minhas mãos em sinal de rendição, dei passos para trás,


porque tinha certeza de que ela iria me agredir caso eu não falasse nada, e
encostei minhas costas na porta.

Os olhos da minha Olivia começaram a marejar.


Caralho.

Essa mulher iria me destruir, eu nunca tinha sentido tanta culpa.

— Não se preocupe, eu não toquei na sua filha como você imagina.


Eu NUNCA faria isso, nem com um adulto — falei com meu jeito bruto e
tive a atenção dela, além da pequena, que parecia ter abraçado mais a mãe e

parado de chorar. — Posso me explicar ou você quer que eu vá embora e


amanhã nos falamos?

Ela abraçou a filha, deu passos para trás e ficou na dúvida. Ela
precisava de ajuda, caralho, eu queria ser aquele que lhe estenderia a mão e
traria para meus braços, dando o conforto de que precisavam.

Se eu era doente? Não, só vivia intensamente, sentia com


intensidade e aquela mulher estava conseguindo tudo de mim.

— O que aconteceu, filha? — Ela tentou tirar a menina do seu


agarre, mas ela só se apertou mais. — O moço te fez mal? Tocou em você?
— Sua voz ficou embargada e controlei minha vontade de interromper tudo
isso e falar tudo o que tinha REALMENTE acontecido.

A criança resmungou um não abafado e vi o corpo da mãe mudar de


tenso para aliviado. Seu olhar foi para o meu e, agora, estava perdido,
desolado.
— Me fala, Theo, o que aconteceu? O choro dela não foi de birra. —
Sua aflição fez com que lágrimas escorressem pelas bochechas.

— Ela perguntou para mim onde estava meu pai. Toquei apenas no
seu queixo para que levantasse a cabeça e olhasse nos meus olhos, porque fiz
a mesma pergunta a ela.

— Ah, Theo, você sabe a resposta, por que fez isso? — zangou-se.
— Faz pouco tempo que passou o Dia dos Pais, ela quer entender o motivo
de não ter um e... — Respirou fundo e deu alguns passos até a cama, para
sentar-se com a menina no colo.

Desci minhas mãos e observei as duas conversarem. Repetindo


várias e várias vezes, Olivia explicou que, na família delas, só existia a
mamãe. Deixei as duas terem seu momento e fui ajeitar a comida. Já havia
jantado, então, olhei os utensílios no escorredor e usei um prato florido para

colocar nele arroz, carne e batata fritas para a pequena e outra porção
coloquei no prato comum. Era um bife à parmegiana.

— Theo?

— Sim? — Virei meu rosto e vi a mulher pela qual eu estava


obcecado se aproximando de mim. A pequena Bella estava deitada na cama,
olhando o celular.
— Por que perguntou para minha filha sobre seu pai, mesmo
sabendo que ela não tinha um? — Ela olhou para minha mão, que terminava

de servir o prato, e depois para meus olhos. Agradecimento e confusão


estavam claros na sua feição.

— Minha intenção era que ela respondesse que não tinha pai e eu
concluísse que éramos iguais, que eu também não tinha pai, mas que nem por

isso estava sozinho.

Ela apertou os lábios, iria chorar, mas já bastava de sofrimento pelo


dia. Eu precisava alimentar as duas e, se eu desse sorte, roubar um pouco do
néctar dos lábios da mãe.

— Vem cá — chamei e, como ela cruzou os braços na sua frente,


peguei em um cotovelo e trouxe seu corpo para o abrigo do meu. Ainda
vestia meu terno e gravata, por isso, ela abriu os braços e os envolveu por

dentro do paletó.

Ela soluçou e eu apenas afaguei seus cabelos, tentando consolar o


que quer que ela estivesse sentindo. Não a magoei, apenas interpretou minhas
ações de forma errada.

— Desculpa te acusar, eu só...

— Só queria proteger sua filha. Está mais do que certa, eu não estou
ofendido por isso — cortei suas desculpas. — Vamos comer?

— Por quê?

— Porque saco vazio não para em pé — brinquei e a afastei do meu


corpo.

Ela riu e enxugou seus olhos, numa tentativa falha de limpar suas

lágrimas.

— O que quero saber é por que você está fazendo isso para mim. —
Seus olhos encontraram os meus.

— Porque eu quero. —Porque você despertou meu lado intenso.

Ela suspirou, desviou do meu corpo e pegou os pratos.

— Vamos lá, Bella, tem batata frita para a janta!

— Batata fita! — A criança se sentou na cama e começou a se agitar,


animada, nem parecia que havíamos tido um momento tenso alguns minutos
atrás.

Antes que Olivia pudesse dizer algo, sentei-me no chão enquanto as


duas estavam na cama, comendo com o prato no colo.

— Não quer se sentar aqui na cama? — Ela colocou um garfo na


boca. — Está muito engraçado ver um homem de terno sentado no chão.

— Posso te mostrar muitas coisas que um homem de terno pode


fazer no chão — insinuei e ela arregalou os olhos em repreensão.

— O que téino faz? — Bella perguntou, pegando uma batata com a


mão.

— Diga, Theo, usando a classificação atual da conversa – que é para


crianças –, o que um homem de terno faz? — Atrevida, ela mastigou sua
comida me desafiando com os olhos.

— Ele traz a janta para as princesas! — Sorri para a pequena, que


retribuiu sem vergonha, ela parecia menos inibida. — O terno também me dá
o poder de trazer presentes.

— Pesente! — Ela começou a pular na cama e Olivia a repreendeu.

— Ah, filha, isso eu nunca vi um terno fazer. Termina a seu papá! —


Ela virou para mim e franziu a testa, contrariada. — Não faça promessas.

— Só faço aquelas que posso cumprir. — Pisquei um olho e tive o


prazer de vê-la envergonhada. — Amanhã você irá jantar na minha casa.

— Desde quando você manda em mim, senhor Theo? — Ela deixou


o talher no prato e me encarou. — Apesar de ser um sonho ter alguém que
compre nosso jantar e dê uma carona, não somos manipuladas com presentes.

— Acho que você já percebeu como eu lido com as coisas, Olivia.


Apesar de ser um comando, você pode declinar quando quiser. Estou sendo
objetivo, minha vida inteira fui mandado, hoje, quem manda sou eu.

— Arrogante.

— Nunca neguei isso.

— O que é aogante, mamãe? — Bella perguntou e foi minha vez de


sorrir para a explicação que estava por vir da mulher.

— É uma pessoa muito tagarela e intrometida — respondeu e


mostrou a língua para mim.

— Igual a Peppa? — a criança falou e nós dois nos divertimos,


fazendo-a rir ainda mais.

Pela primeira vez na minha vida, eu estava me sentindo leve, não


havia pressão ou forçava uma situação para que eu fosse bem-recebido.

Madá.

Depois de mais de vinte e quatro horas, não pensei naquela mulher e,


diferente do que imaginei, não me sentia com peso na consciência, não me
sentia traindo-a. Estava em paz.
Capítulo 11

— Obrigada — sussurrei assim que abri a porta e Theo saiu da


minha casa.

— Acho que você pode fazer melhor do que isso. — Ele me pegou
pela cintura e fez o que eu estava com vontade de sentir desde quando botei
meus olhos nele.

Seus lábios devoraram os meus e meus braços envolveram seu


pescoço. O gosto de menta da minha pasta de dente, misturado com a água
gelada que ele havia tomado antes de sair, tornou tudo mais intenso e
saboroso.

Ele pressionou meu corpo contra a parede da minha casa ao mesmo


tempo que colocou uma das mãos atrás do meu joelho e ergueu minha perna,
apenas para que sua ereção encontrasse meu núcleo.

— Theo, aqui não — sussurrei contra seus lábios, mas não afastando
seu corpo do meu, pelo contrário, eu o trazia para mim, muito mais perto.

— Amanhã você dorme em minha casa e Bella fica no quarto de


visitas.

— Você tem solução para tudo. — Mordi seu lábio e ele gemeu. —
Mais baixo.

— Sim, eu queria sua boca mais abaixo, mas acho que não seria
legal se um dos seus vizinhos te pegasse de boca cheia.

— Obsceno!

— Gostosa! — Ele se esfregou um pouco mais em mim e depois se


afastou. — Amanhã você conhecerá o verdadeiro indecente.

Ele beijou meus lábios uma última vez, beijou minha testa e depois
saiu, se despedindo assim, com meias palavras e gestos completos.

Com um suspiro apaixonado, entrei em casa e percebi que toda


aquela agitação fez com que Bella dormisse sem precisar dos meus carinhos.

Somos iguais.

Theo não tinha um pai e estava claro que ele havia se identificado
com minha filha tanto quanto ela com ele, do seu jeito. Será que ele teve uma
mãe amorosa? Será que conseguiria suprimir a ausência de um pai na vida
dela?
Foi com esses pensamentos que meu dia finalmente teve fim e um
novo começou.

***

— Olivia, o chefe quer falar com você — Vanessa desligou o


telefone do balcão e me avisou.

Como ontem, ele não havia trocado nenhuma palavra comigo, muito
menos dirigido o olhar em minha direção. Com esperança de que isso não
fosse o encerramento de um conto de fadas que estava só na minha cabeça,
trabalhei. Dei o meu melhor, fechando vendas e agradando clientes, inclusive
aqueles que queriam apenas caroçar.

Com o coração na boca, andei até a sala de vidro. Assim que abri a
porta, fui tomada pelo cheiro que agora estava impregnado em minha roupa
simples da noite anterior, que tinha se tornado meu pijama oficial.

— Chamou, senhor?

— Por favor, pode sentar e ignorar as formalidades. As pessoas


podem nos ver, não nos escutar. — Sua voz era como veludo. Com uma
inspiração profunda, andei até a cadeira à sua frente e me sentei, meu olhar
focado no dele.

— Fiz algo de errado?

— Só se for não ter dormido na minha cama ontem, mas isso será
resolvido hoje. — Ele sorriu com malícia para mim e depois ficou sério. —

Estou em treinamento de tarde, não vou poder te buscar na creche com a


Bella. Você sabe dirigir?

— Não, mas...

— Tudo bem, vou mandar um táxi te pegar, você busca Bella, pega
uma muda de roupa para ambas e vai para o meu apartamento, devo chegar
perto das 19h.

E como se o que ele falou não fosse um absurdo, ele tirou uma chave

da gaveta e a estendeu para mim na mesa.

— Você confia tanto assim em mim? — perguntei, insegura de


pegar a chave ou recusá-la. — E se eu for apenas uma oportunista?

— Vou descobrir depois que eu me enterrar em você, Olivia. Tenho


seu currículo, seus antecedentes criminais, conheço sua rotina e vejo o seu
amor pela sua filha. Todos os sinais indicam que posso confiar em você.
— Mas...

— Pegue a chave, vamos ter uma boa noite com sua filha e, depois,
somente eu e você.

A única explicação para suas palavras era a loucura. Na minha vida,


alguém que me valorizasse daquela forma não existia.

— Você confia em mim — confirmei, para que não houvesse


dúvidas.

— Confio.

— Há algo. — Tive que ser sincera, ele não poderia me colocar


naquela posição enquanto houvesse desinformação entre nós. — No meu
currículo diz que tenho ensino médio completo, curso técnico, mas não
concluí nenhum dos dois. Menti, porque eu precisava ganhar mais, porque...

Vi seu semblante mudar de sério para incerto. Ele parecia confiar


cegamente em mim, eu não poderia deixar que qualquer coisa que
começássemos fosse construída de forma instável.

— Você mentiu por causa da sua filha?

— Sim, mas...
— Você mentiu porque precisava de um trabalho decente, para dar
uma condição melhor de vida para sua filha?

— É, Theo...

— Você fez o que tinha que fazer para sua família, Olivia — ele me
cortou novamente e acenou em concordância. — Se algum dia você se

apaixonar e esse homem servir como seu marido e pai da sua filha, você faria
o mesmo por ele?

— Não sei aonde você quer chegar.

— Responda!

— Sim, Theo, eu faria qualquer coisa pela minha família, diferente


do que meus pais fizeram. Assim que descobriram a gravidez, me colocaram
na rua. Quando Bella nasceu, tudo o que eu pensava era no quanto ela tinha

acabado com a minha vida. Foi uma febre, bastou uma febre e Bella quase
morrer em meus braços para que tudo mudasse. Ela é meu mundo e eu faria
qualquer coisa para seu bem-estar, inclusive mentir! — As últimas palavras
saíram com raiva e emoção, ele tinha conseguido tirar algo que estava preso
no meu peito há muito tempo.

Nossos olhares trocaram alguma informação que eu não soube


explicar em palavras, apenas que tínhamos um acordo. Estávamos
entendidos.

Sem mais conversa, peguei a chave do seu apartamento e guardei no


bolso da minha calça. Saí da sala e voltei à minha rotina, agradecendo porque
ninguém havia tirado um minuto do seu tempo para observar o que tinha
acontecido comigo.

Meu horário chegou mais rápido do que eu esperava e, quando saí


para o ponto de ônibus, vi um taxista segurando uma plaquinha com meu
nome. Céus, quanta vergonha eu poderia passar apenas nesse dia?

— Oi, senhor, eu sou Olivia.

— Qual o nosso destino? — o motorista perguntou, como que para


comprovar minha identidade.

— Para creche, minha casa, depois o apartamento do Theo.

— Isso mesmo. Pode entrar, moça.

Assim, como uma princesa, tive carona até a creche, demorei um


pouco em casa e, quando chegamos ao apartamento, que ficava em um bairro
que eu não conhecia, a dúvida dominou meu estômago, que revirava a cada
engolida de saliva.

Será que eu estava fazendo o certo?


— Quanto ficou? — perguntei, abrindo minha bolsa e torcendo para
que as minhas poucas cédulas de dinheiro servissem para o taxista.

— Já está pago, senhorita. Precisa de ajuda?

— Não, está tudo bem. Obrigada.

Uma janta, o táxi... eu precisava fazer algo por esse homem, me

sentia em dívida e não queria apenas ter uma noite com ele.

Avisei na portaria que estava em posse das chaves do apartamento


do Theo e, já liberada a minha entrada, o porteiro nos deixou seguir e falou
que o apartamento ficava no quinto andar. Olhei para cima e vi algumas
janelas com grades e outras não. Definitivamente, nenhuma janela seria
aberta.

— O moço do terno molati? — minha filha perguntou, sendo

carregada por mim, junto com as outras bolsas.

— Mora, querida.

— Vai tê batata frita?

— Acho que sim. — Beijei sua testa, entrei no elevador e esperamos


até ele parar no andar em que deveríamos descer.
Coloquei minha filha no chão, peguei a chave do meu bolso e abri a
porta, preparada para algo totalmente diferente do que encontrei. O

apartamento era grande, mas carecia de móveis.

— Uau! — Bella saiu correndo e, antes de qualquer coisa, conferi se


todas as portas e janelas estavam trancadas.

— Tome cuidado com os vidros, filha. Brinque apenas aqui.

— Tá bom, mamãe.

Coloquei a mochila com alguns brinquedos no chão da sala que só


tinha um tapete grande e fui até os quartos. Theo era um homem que morava
sozinho, ou seja, não havia coisas que uma menina iria precisar. No primeiro
quarto que entrei, havia uma cama de solteiro sem lençol. Abri o guarda-
roupas do cômodo e achei o que precisava. Preparei o colchão da minha
pequena e a encostei à parede. Conferi, mais uma vez, se a janela do quarto

estava trancada e garanti que fosse difícil de abrir.

Fui até a sala, verifiquei Bella, que brincava e corria feliz por causa
do espaço, e fui até o quarto de Theo, que estava uma bagunça. Aproveitando
que tinha conhecimento de faxina, pelas várias que fiz antes e depois que
Bella nasceu, organizei tudo sem ser muito invasiva. Troquei a roupa de
cama e coloquei as roupas usadas em um canto, e provavelmente sujas, no
cesto do banheiro.

Quando abri o guarda-roupas para espiar, encontrei um papel, uma


cobrança de dívida não paga de um alto valor no nome de Theo Ferraz.
Curiosa, abri uma gaveta e encontrei vários papéis com as mesmas
informações, algumas com comprovantes de pagamento, outras sem. Eram
dívidas e mais dívidas que realmente me assustaram.

Theo não parecia ser um homem de muitas posses, ganhava bem e


estava focado em trabalhar. Por que tudo isso?

Deixei os papéis onde estavam e voltei para a sala para esperar meu
chefe intenso, meu Theo.

Sentada no chão, com o corpo encostado à parede, refleti sobre tudo


isso que estava acontecendo. A outros olhos, pareceria uma loucura. Eu
estava trazendo minha filha para a casa de um desconhecido, na intenção de

ter relações sexuais antes de dormir, porque era isso que aconteceria com
mães solo. Certo?

Meu Deus, soava tão horrível, ao mesmo tempo que real. O que eu
não poderia deixar de considerar era que Theo parecia muito preocupado
comigo.

A porta fez barulho, Theo entrou no apartamento e Bella correu para


os seus braços, como se isso fosse o que fizéssemos todos os dias, como uma
verdadeira família.

O sentimento que me dominou era avassalador. Eu estava fodida, ele


me tinha em suas mãos.
Capítulo 12

Surpreendido pelo abraço de Bella, não consegui olhar minha


mulher, tinha apenas vontade de conversar com aquela pequena criança.

— Téino!

— Ah, o moço do terno trouxe um presente! O que será? — Agachei


e vi a criança pular, feliz e eufórica. Mostrei a sacola e, entusiasmada, ela a
tomou da minha mão e foi mostrar à sua mãe.

— Olha, mamãe, um pesente.

— Agradeça, filha. Diga obrigada ao Theo.

— Obigada, Theo — ela falou, mas, segundos depois, deixou a


sacola com Olivia e correu para me abraçar novamente. Meus olhos
encontraram com os dela e tudo o que queria era tê-la também nos meus
braços.

— Obrigada! — Olivia sussurrou quando sua pequena voltou para


perto dela. Apenas pisquei um olho em resposta, eu também estava feliz.
— Vou tomar um banho e já volto. O que você quer para jantar? —
Fui para cozinha, tomar um pouco de água antes.

— Fique à vontade, nós comemos qualquer coisa.

— Batata fita! Batata fita! — Bella gritou e sorri, sabendo que nunca
mais comeria uma batata frita sem me lembrar dela.

— Vou pedir o mesmo de ontem. Vocês gostaram?

— Se quiser, eu posso fazer, Theo. São muitos gastos. — Ela


apareceu na cozinha e franzi a testa por seu olhar preocupado.

— Eu preciso gastar para comer. Não se preocupe com isso. —


Aproximei-me dela, trouxe seu corpo até o meu e beijei seus lábios. — Só
esteja pronta para mim mais tarde.

— E se eu não quiser estar na mesma cama com você? — ela

perguntou, preocupada e se afastou, seus olhos procurando qualquer coisa na


cozinha que não fosse eu.

— Simples, terei que encerrar minha noite com a mão cheia de calo.
Eu já te falei, nunca irei forçar nada, mas tentarei te seduzir.

— Por que eu?


Novamente ela trouxe aquela pergunta à tona. Ela era linda, dedicada
e especial. Como não ser ela?

— Porque eu quero — repeti a resposta de antes, deveria bastar.


Passei por ela e bati em sua bunda, arrancando dela um riso envergonhado.

Fui até meu quarto e vi que estava organizado. Estranho, mas bom.

— Eu posso me acostumar com isso! — gritei, retirando minha


roupa.

— Está falando da arrumação? — Ela apareceu na porta do quarto e


me viu puxar a camisa de dentro da calça. — Você é muito bagunceiro.

— Nada que você não me coloque na linha. — Desabotoei minha


camisa e observei a reação do seu corpo e o rosto para meus músculos
expostos. — Relaxe, guarde para mais tarde.

— Mais tarde — ela sussurrou e voltou para a sala, que não tinha
móveis, porque minha vontade era de mobiliá-la junto de Madá.

Peguei meu celular, olhei para a mensagem que tinha recebido hoje e
que ainda não havia respondido. Apertei o aparelho na mão e lutei contra a
vontade de jogar tudo para o alto e ir atrás dela, da Madá. Depois de anos
rastejando, implorando por atenção, ela tinha me enviado uma mensagem
espontânea e falado que sentia minha falta. Claro, ia fazer quase dois dias que
eu não falava com ela, porque minha cabeça e meu pau só pensavam em uma

pessoa, Olivia.

E agora?

Vendo sua mensagem, o sentimento que achei que não existia mais

retornou com força. Mas só de pensar em largar mãe e filha aqui, eu me


sentia o pior cara do mundo. Deixar Madá mais um dia de molho não parecia
tão preocupante, o incômodo era bem menor e foi o que escolhi.

Respondi à mensagem com apenas um “estou ocupado, beijos” e


pedi o jantar. Larguei minha roupa e celular em um canto do quarto e foquei
meus anseios no presente, na boceta intocada por mim e tudo o que aquela
boca também poderia fazer.

Quando voltei para a sala, vestindo um short e camiseta regata

branca, mãe e filha estavam no chão, montando o quebra-cabeça, o presente


que eu havia trazido.

— Ajuda, Theo! — Bella resmungou e me sentei no chão, para lhe


dar atenção.

— Olhe a tampa da caixa, ela vai te ajudar com o desenho.


E assim, até chegar a comida, nós ficamos entretidos com as peças
do brinquedo. Estava em um momento diferente de tudo o que eu já tinha

vivido, com uma paz no espírito que eu nunca havia experimentado.

Se ter um filho era aquilo, todos os meus conceitos estavam errados.


Minha mãe sempre fez questão de mostrar que eu era um peso, mas na
verdade, só existia alívio.

A comida chegou, Olivia pôs a mesa como se já pertencesse àquela


casa e começamos a comer.

— Pode deixar que a sujeira que ela fizer, eu limpo.

— Amanhã é dia da faxineira vir e arrumar tudo. Não se preocupe


com isso.

— Não se preocupe com isso você. — Ela sorriu e serviu uma

colherada de comida para a filha, que estava focada em comer as batatas


fritas. — Como foi lá no curso?

— Curso? — Estranhei a pergunta.

— Você não estava fazendo... sei lá o quê, por isso estava saindo
cedo? — Ela ficou com vergonha e voltou a servir a filha. — Desculpe, eu
estava sendo enxerida.
— Ah, meu treinamento. — Entendi e apreciei que ela demonstrou
interesse no que eu fazia. — Serei supervisor em algumas semanas, cuidarei

de todas as Lojas Gimenes da cidade de Lumaria.

— Oh, verdade, você foi promovido! — Seu sorriso aumentou e ela


estendeu a mão para pegar a minha, era genuíno. — Nossa, fico muito feliz
por isso, parabéns.

— Nós não iremos nos ver todos os dias, Olivia.

Ela soltou sua mão da minha e suspirou com tristeza. Estava mexida
comigo, tinha esperanças em nós e isso me dava poder sobre ela.

— Mesmo se isso que estamos vivendo não der em nada, serei


eternamente grata por esses momentos. Bella merece jantar comida gostosa
— Ela olhou para a filha —, não é mesmo?

— Adolo comida gostosa.

Porra, ela queria me matar?

Pensei em uma forma de dar-lhe mais dinheiro, mas saber de sua


mentira sobre seu currículo me impedia de colocá-la em qualquer cargo de
chefia. Horas extras seriam impossíveis, mas eu precisava ajudar tanto quanto
precisava tê-la perto de mim.
— Eu quero que dê em algo — falei por impulso.

Dessa vez ela não falou, nem me olhou nos olhos, apenas sorriu para
a filha, que estava alheia a nossa conversa séria. O que isso queria dizer? Ela
não queria que desse certo ou eu precisava fazer mais?

Depois da janta, eu e Bella ficamos na sala com o quebra-cabeça,

que reconheci ter muitas peças para sua idade, enquanto Olivia lavava a louça
contra a minha vontade.

Quando ela terminou de lavar a louça, deitou-se no chão e colocou a


cabeça na minha perna.

— Vou observar vocês — anunciou e ficou quieta.

Com minha ajuda, nós montamos e desmontamos por mais de três


vezes. Bella não se cansava de me chamar, bater palmas e se encantar com

cada peça encaixada.

Normalmente, quando chegava em casa, eu ia para a academia, me


cansava e voltava para meu apartamento apenas para dormir. Minha vida era
monótona, eu não assistia televisão e não socializava com ninguém.

O horário para colocar a pequena para dormir chegou, eu fui para o


meu quarto e deixei mãe e filha no quarto de visitas tomando banho e se
aprontando. Liguei o ar-condicionado do meu aposento, deitei-me na cama e
aguardei.

Esperei mais do que gostaria.

Quando achei que estava exagerando a demora, fui até o outro


quarto e vi as duas dormindo na cama. Eu deveria estar bravo, talvez

chateado, mas tudo o que sentia era o quanto essa mãe se dedicava à sua
filha. Apesar de Bella ser bem diferente do que fui quando criança, ela
demandava atenção e Olivia esquecia-se de si para dar o melhor à pequena.

Voltei para o meu quarto, meu tesão estava sob controle, e meu
coração em paz. Outro dia a gente tentaria novamente, eu não tinha nenhuma
intenção de me livrar dela.

Peguei meu celular e conferi o horário. Meia-noite. Eu precisava


acordar cedo, meu dia seria longo. Outra mensagem de Madá piscava na

central de notificações do celular, então a abri.

Madá>>Você nunca esteve ocupado para mim. Não me ama


mais?

Theo>>Você sabe o que amo em você, sua boca no meu pau.


A resposta veio rápida, até parecia que ela estava me esperando.

Madá>>Acordado a essa hora? Estou queimando por você...

Ela enviou uma foto de seu corpo, apenas com uma minúscula
calcinha, e me teve duro em um segundo. Madá era gostosa, suas curvas me
excitavam e não ter Olivia em meus braços me deixou frustrado.

Theo>> Vou bater uma em sua homenagem.

Madá>> Estou sozinha em casa, quero te ver.

Theo>> Vai me dar seu novo endereço? Estou cansando de


correr atrás de você.

Madá>>Você sempre estará atrás de mim, Theo, porque eu


quero, porque minha boca é tudo em que você pensa quando se
masturba.
Theo>>Acho que você está perdendo o posto.

A resposta demorou a vir. Quem sabe meu relacionamento com


Olivia lhe mostrasse que eu podia ser melhor que aquele mauricinho e, então,
quem viraria amante seria ela.

Madá>> Você está me traindo?

Theo>> Você não o faz, todos os dias, abrindo as pernas para o


idiota do seu namorado?

Madá>> Vai se foder. Você não é nem metade do que Giuliano é.


Ele é rico, me dá tudo o que quero e não está mergulhado em dívidas,
além de fingir o que não é. Você é uma âncora, tenho pena da sua

namoradinha, ela irá para o fundo do poço cheio de merda de onde você
veio.

Joguei meu celular na parede assim que terminei de ler a mensagem.


Filha da puta, ela sabia exatamente onde apertar e eu odiava seu poder sobre
mim. Minha vontade era de fazer com que ficasse de quatro para que eu
pudesse meter no seu cu com força, do jeito que ela gostava e que eu fazia
com prazer, ainda mais quando brigávamos.

Olhando para o teto, com raiva contida, Olivia me flagrou no meu


quarto. Ela abriu a porta devagar e sua cabeça foi a única coisa que vi.
Envergonhada e com os lábios firmes um no outro, ela me pediu desculpas
com os olhos.

Ah, minha princesa, você teria que servir.


Capítulo 13

— Venha até aqui. — Levantei a coberta do meu corpo e chamei-a.


Ela não hesitou, entrou no quarto, fechou a porta e correu para minha cama.

De conchinha, abracei seu corpo, encaixei sua bunda em minha


pélvis e inspirei o frescor do seu cabelo. A essência era fresca e sem perfume,
havia apenas o cheiro do detergente usado para lavar a roupa e do sabonete
que ela usou para tomar banho.

— Me desculpa.

— Shiu! — repreendi e apertei meus braços em volta dela. — Estou


puto, mas não é com você.

— Acabei dormindo, escutei um barulho e acordei assustada e


arrasada, estraguei nossa noite.

— Ela acabou de começar, Olivia. — Tirei o seu cabelo do meu


caminho e comecei a beijar seu pescoço. Minha ereção estava se esfregando
na bunda dela e tudo o que eu tinha em mente era aquela ingrata e suas
últimas palavras antes de eu jogar meu celular na parede.
— Uau. — Ela suspirou quando comecei a explorar o seu corpo com
minhas mãos. — Calma, Theo.

— Tudo bem. Só quero que saiba que eu não sou do tipo suave,
ainda mais quando me tiram do sério. Vou te foder selvagem e você tentará
manter seus gritos baixos para não acordar sua filha.

— Theo.

— Devo parar?

— Não. Eu... — Seu corpo se retesou e minha mão foi direto para o
monte de prazer entre as suas pernas.

— Será bom, Olivia, vai gozar e pedirá muito mais. — Mordi sua
orelha e passei minha língua por ela. — Te prometo uma noite de prazer e
orgasmos.

— Isso é muito.

— Sim, tudo o que faço é muito, forte e intenso. Você quer estar
comigo?

— Sim! — Nem titubeou.

— Quer foder comigo? — Esfreguei sua boceta e pressionei meu


pau na sua bunda.

Ela não conseguiu responder, apenas gemeu e relaxou em meus


braços. Mesmo que tudo indicasse sua permissão, eu queria escutar dela,
objetiva e clara.

Coloquei um dedo dentro dela e voltei a explorar sua orelha.

— Pequena, você está encharcada, seu corpo já me deu aval, mas


preciso escutar da sua boca. — Chupei seu pescoço enquanto meu dedo
entrava e saía dela. — Posso te foder?

— Já não está fazendo?

— Estou me controlando. — Chupei novamente seu pescoço.

— Então comece logo, porque estou toda quente por você.

Ela virou seu rosto em minha direção e seus olhos carinhosos tinham
meu pau e minha mente ligados apenas nela. Não havia mais raiva, muito
menos celular acertado na parede ou motivos deturpados.

— Sim. Eu te quero, Theo.

Tirei a coberta do nosso corpo e comecei despindo sua roupa. A


blusa foi a primeira, aquela transparente, que já evidenciava seu peito firme,
os bicos rijos do prazer que eu tinha lhe proporcionado.

Não perdi mais tempo, tomei um deles em meus lábios enquanto


com a minha mão explorava seu corpo e tentava me livrar do seu short. Não
havia calcinha ou pelos, ela estava depilada para mim.

Com a ajuda dela, o short foi retirado e nada mais me impedia de

possuí-la por inteiro. Enquanto eu brincava com seu corpo, suas mãos
vagueavam pelas minhas costas até pararem em minha bunda, para dar um
aperto forte.

— Theo.

— O que você quer? — Meus dedos começaram a circular seu


clitóris de forma suave, era apenas uma provocação. — Quer minha boca
aqui?

— Não sei. — Ela pareceu envergonhada e tratei de chupar seu outro


seio para atiçá-la.

— Esqueça o pudor lá na sua casa, Pequena. Eu quero tudo de você.


— Interrompi os movimentos no seu sexo e enfiei um dedo dentro dela.
Encharcada! — Quero putaria!

— Eu...
— Vamos, comece a pedir o que você quer, ou vou ficar apenas na
provocação.

— Me chupa, Theo! — ela gemeu baixo, seu corpo ficou rubro e,


antes de eu descer, olhei em seus olhos e sorri, com satisfação.

— É assim que se fala, Pequena. Eu vou te chupar, te lamber e você

vai rebolar essa boceta na minha boca até gozar.

Eu não sabia que era possível alguém ficar mais vermelho do que ela
já estava. Seus olhos se fecharam, eu depositei um beijo em sua boca e desci,
ávido para sentir seu gosto e gravar seu sabor na minha língua.

Comecei espalhando seus lábios vaginais e observando a cor de sua


boceta. Rosa, inchada e esperando minha língua. Quando minha boca tomou
conta do seu clitóris, ela começou a rebolar, seu quadril buscava fricção e eu
estava mais do que orgulhoso de estar na mesma página que ela.

Entre quatro paredes, a regra era sem roupa e sem pudor.

Puxei minha regata pela nuca e interrompi o que fazia apenas um


momento, para tirá-la do meu corpo. As mãos de Olivia foram para minha
cabeça e não precisei de muito mais para fazê-la gozar com força. Um
travesseiro fora colocado em sua boca por sua mão, para abafar o grito
despudorado.
Meu pau estava pulsando por ela, por isso, retirei meu short e
procurei na mesa de cabeceira alguma camisinha. Por sorte tinha e a deixei do

lado de fora da gaveta depois de começar a me masturbar e Olivia retirar o


travesseiro do rosto.

— Theo! — disse, admirada.

— Gostou? — Olhei para o meu pau e sorri com malícia quando


encontrei seus olhos novamente. — Ele também quer mostrar o quanto é
bom.

— Posso... chupar também? — ela perguntou, já ficando de quatro


sobre o colchão e vindo em minha direção.

— Todo seu, mas não vou gozar na sua boca, quero estar dentro de
você.

Com um olhar sonhador, ela segurou meu pau e minhas mãos foram
para sua cabeça. Ainda me olhando, ela abocanhou meu membro e
praticamente o engoliu antes de liberá-lo cheio de sua baba.

— Perfeito — sussurrei e acompanhei o vai e vem de sua boca


enquanto ela focou em me dar o melhor boquete da vida. Se existia uma boca
que sabia exatamente como eu gostava de ser chupado, essa era a da Olivia.
Quando sua língua começou a explorar toda a minha extensão e
brincou com minhas bolas, eu me afastei e rasguei o pacote da camisinha.

— Deite e se abra pra mim, Pequena. Eu vou te possuir e você será


minha, só minha.

Fui me aproximando devagar de seu corpo e, quando estava

completamente por cima dela, senti-a endurecer ao invés de relaxar, busquei


seus olhos e percebi meu erro. A maldita tatuagem em meu peito com o nome
Madalena.

Minha mão segurou seu queixo com força e seus olhos, em dúvida,
encontraram os meus.

— Eu estou com você, Olivia. Você está comigo?

— Sim. — A incerteza assombrava sua voz.

— Eu vou meter em você agora, tudo bem?

Seus braços rodearam meu pescoço e suas pernas circularam minha


cintura, trazendo meu quadril para se unir ao dela.

— Essa noite é especial para mim — sussurrou e alinhei meu pau


para entrar.
— Tornarei todas as suas noites comigo especiais, Pequena.

Minha boca colou na sua assim que meu pau tomou o que era dele.
Com golpes vagarosos, mas profundos, meu corpo se curvava para encontrar
o seu profundamente e ela se movimentava para cima por causa da minha
intensidade.

Por um bom tempo, eu a torturei assim até tomar um peito seu em


minha boca e fodê-la com força e rapidez. As pernas dela cederam, seu corpo
relaxou e Olivia ficou à minha mercê antes mesmo do que imaginei. Ela
estava apertada de tão inchada, se não tivesse uma filha, eu diria que era
intocada.

Viramos e eu fiquei por baixo. Deitada em cima de mim, ela


rebolou, seu quadril se friccionou com o meu e ela se soltou. Percebi a
entonação dos seus gemidos, a velocidade dos seus movimentos e memorizei

como ela gostava até que encontrou o clímax pela segunda vez.

— Goza gostoso no meu pau. Assim. O próximo serei eu.

— Theo!

— Gostosa! — Bati na sua bunda e esperei seu corpo se recuperar


antes de sair de dentro dela e colocá-la de quatro para finalizar a noite.
— Estou acabada — ela resmungou e, com uma das mãos no seu
cabelo, eu trouxe seu rosto para mim e beijei seus lábios.

— Aguenta só mais um pouco? — Comecei a me movimentar,


batendo meu quadril na sua bunda, meu pau escorregava naquela boceta
encharcada. — Prometo finalizar rápido.

— Sim, claro que sim. — Deitou a cabeça na cama em rendição.

Segurei sua cintura e meti algumas vezes, eu não prolongaria mais


do que o necessário. Finalmente liberei minha porra na camisinha e gozei
diferente, mais intenso do que outras vezes.

Não havia raiva, sem arrependimentos e sem cobrança... éramos


apenas eu, meu corpo e Olivia.

Assim que um pingo de suor caiu em suas costas, mesmo com o ar-

condicionado ligado, deitei-me na cama e removi o preservativo, dando um


nó nele e o soltando no chão.

— Venha aqui. — Puxei-a para perto de mim e a apertei. Sua pele se


arrepiou e coloquei a coberta em cima de nós.

— Theo, estamos suados. Não acha melhor um banho?

— É sexo, nosso cheiro estará impregnado na minha cama e eu não


me importo com o que pensam, apenas o que quero.

Ela ficou por um tempo de costas para mim antes de virar de frente e
olhar em meus olhos.

— Obrigada. Essa noite foi especial.

— Não precisa agradecer, Pequena. Eu gozei também, aproveitei

tanto quanto você. — Beijei sua testa e trouxe sua cabeça para o meu peito.
Sua mão passeou no meu tórax, onde a tatuagem estava, o motivo de ela
hesitar no meio da nossa foda.

Quando a fiz, tudo em que pensava era que ela seria minha
declaração de amor para Madá. Hoje, tudo o que eu via era que tinha
colocado uma enorme pedra no meu caminho.

— Quem é ela? — perguntou com suavidade.

— Passado — respondi de forma vaga.

Ela suspirou descontente, se acomodou ao meu lado e relaxou.


Diferente dos dela, meus olhos não se fecharam por um bom tempo. Olhando
para o teto do meu quarto, eu não pensava, a única coisa que eu conseguia
sentir era que tudo estava como deveria.

Era o certo.
Capítulo 14

Acordei assustada e suada, nos braços de Theo. Com cuidado e sem


saber que horas eram, saí da cama, recolhi as coisas espalhadas depois do

sexo, principalmente a camisinha, e dei o destino certo a tudo.

Percebi que o celular de Theo estava no chão, no meio da bagunça, e


detectei a existência de uma notificação de mensagem piscando no visor
quebrado. Apesar de ter senha de bloqueio, o início da mensagem apareceu
na tela, assim como o nome de quem a enviou.

Madá>>Você não vai se livrar...

Isso era tudo o que eu conseguia ler e algo me dizia que a tal
Madalena da tatuagem era essa Madá do celular.

Passado.

Não, era muito presente e eu não saberia dizer se tinha condições de


me tornar uma amante. Por melhor que Theo fosse para mim e Bella, minha

dignidade estava acima de tudo isso.

Conferi as horas e agradeci a meu relógio biológico por sempre me


acordar no horário certo, sem precisar de nada.

Eu iria confrontar Theo sobre essa mulher durante a manhã, depois

que aprontasse minha filha e a deixasse na creche. Será que eu tinha algum
direito? Ele me tratava como se eu fosse mulher dele, não tinha me pedido de
namoro, mas...

Tomei um banho, acordei meu bem mais precioso e comecei a


preparar o café da manhã. Não tinha muita coisa, por isso, fiz ovos mexidos
para o Theo e um leite para Bella.

— Mamãe, cadê Theo? — Nossas coisas já estavam prontas na sala


e minha filha estava pegando o quebra-cabeça para montar.

— Agora não é momento de brincar, filha. Tome seu leite, vou ver
se Theo já acordou.

Só de eu pensar em entrar no quarto novamente, meu núcleo se


contraiu. Minha alegria e excitação duraram pouco, porque assim que abri a
porta, percebi que ele estava na cama, olhando seu celular.
Droga, eu não sabia dizer se aquele seria o momento para confrontá-
lo.

— Bom dia — sussurrei, mas não saí da porta.

— Não. Venha até aqui e cumprimente direito. — Ele abandonou o


celular e novamente levantou a coberta, me chamando.

Era uma tentação fazer isso novamente, mas tínhamos horário.

— Theo, já estamos quase prontas.

— Venha. Até. Aqui — falou pausadamente e, com um revirar de


olhos, deixei a porta aberta e tirei a sapatilha do pé antes de subir na cama e
me acomodar em seus braços.

Ele trouxe meu rosto até o seu e me beijou, com lábios fechados,
mas não menos intenso do que seus outros beijos.

Assim que ele se afastou, sorriu jovial com os olhos fechados e os


abriu de repente, mostrando toda a sua intensidade para mim. Sua versão de
amante era melhor do que a de chefe.

— Agora sim, é um bom dia.

— Você é louco.
— Não, eu só faço valer a pena. — Beijou minha testa e me apertou,
inalando o aroma do meu cabelo. — Adoro seu cheiro.

— Theo, nós somos exclusivos? — perguntei e mordi minha língua,


por saber que trazer esse assunto à tona poderia estourar nossa bolha de
carinho.

Ele se retesou, suspirou e me apertou mais, como se isso fosse


possível.

— Madá está no passado, Olivia — sua voz não me permitia


discutir, mas não me importei.

— Vocês ainda trocam mensagens no celular. — Saí de seu aperto


com algum custo e me sentei no colchão, ele ainda estava nu sob a coberta.

Theo ficou um tempo me olhando e, antes que pudesse responder,

Bella invadiu o quarto.

— Theo, codou? — Ela foi até o lado dele na cama e empurrou seus
ombros, que estavam descobertos.

— Acordei, princesa. Vamos estudar?

— Eu queia... eu queia... mas tem que montá o queba-cabeça! —


Ela jogou as mãos para o ar e revirei os olhos para sua tentativa de
explicação.

— Deixe o Theo se arrumar, filha. — Saí da cama, peguei a mão


dela e, antes de deixar o quarto, o homem falou no mesmo tom arrogante:

— Não terminamos, Pequena.

Fechei a porta sem responder, apenas soltando um suspiro chateado.

O que eu mais via nessa vida eram homens prepotentes, que poderiam ter
milhões de mulheres e nós precisávamos ser as únicas fiéis. A noite fora boa
e resgatou a mulher que havia dentro de mim. Talvez Bella sofresse mais com
essa separação do que eu, mas ela era jovem e eu sempre dei conta de tudo
sozinha. Nada mudaria, mesmo que meu coração e minha mente traidora
achassem que Theo ainda era o cara que me resgataria desse buraco.

Servi o ovo mexido em um prato, coloquei a mesa e ficamos


montando o quebra-cabeça até Theo voltar.

— Agora sim, bom dia, princesa! — Ele cumprimentou minha filha


com um beijo na testa e depois se virou para mim. — Bom dia, Pequena.

Ele ia beijar minha boca, mas virei meu rosto para que me beijasse
na bochecha. Seus olhos me fulminaram e, com o cenho franzido, o
repreendendo, olhei da minha filha para ele, indicando que na frente dela
ficaríamos sem esse tipo de carinho. Ainda bem que ele entendeu na hora e
beijou minha testa, como tinha feito com Bella.

— Obrigado — agradeceu o prato de comida que eu havia feito e


comeu em poucas garfadas.

— Mamãe, o Theo tá com fome!

— Sim, eu tenho um monstro na minha barriga que vai devorar toda

a comida do mundo! — Theo ergueu os braços brincando e Bella saiu


correndo da mesa, entrando na brincadeira.

— Socorro, mamãe!

— Eu também preciso correr! — Decidi me divertir, pegá-la no colo


e sair correndo pela sala, com Theo atrás de nós.

Céus, esse homem existia de verdade?

Ele nos alcançou – claro – abraçou meu corpo, que protegia minha
filha, e falou em meu ouvido:

— Não crie barreira entre nós. É mais forte do que qualquer coisa
que julgue sobre mim. Você é minha. — Ele se afastou, apertou o nariz de
Bella e respirou fundo. — Eu vou escovar os dentes e já poderemos ir. Olivia,
não quer deixar algumas coisas aqui? — Ele olhou nossas bolsas e franziu a
testa. — Será muito trabalho ter que levar e trazer de volta.
— De volta?

— Sim, você vai dormir aqui hoje também.

— Mamãe, vamos dumiqui de novo? Ebaaaaaa! — Bella vibrou e


olhei confusa para ele.

— Mas eu pensei...

— Hoje você leva, amanhã você deixa.

E assim ele virou de costas, seguiu e me deixou sem palavras.


Capítulo 15

Uma dor no peito me fez recuar sentimentalmente, o que antes era


entrega, agora era dúvida e cautela. Foi assim com o pai de Bella. Mesmo

com pouco tempo de convívio, ele me prometia o mundo, eu acreditava, e


quando menos esperava, fui deixada para trás. A diferença seria que eu teria o
endereço do homem que roubou meu coração.

Theo voltou do banheiro brincando com minha filha e carregando


todas as sacolas até o carro. Primeiro deixamos Bella na creche, ela se sentiu
uma verdadeira princesa estando no banco e usando o cinto de segurança.
Não era correto, mas não tínhamos uma cadeirinha adequada.

Assim que me sentei no banco do carona, Theo trouxe minha boca

para a dele e me beijou, sua língua explorando, me incitando, desesperando.

— Oh, Theo! — Tentei recuar, mas suas mãos em meu rosto me


deixaram à sua mercê.

Caramba, como esse homem conseguia ser tão intenso?

Antes de pará-lo novamente, decidi me entregar e quase me sentei


em seu colo, tamanho o fogo que ele acendeu em mim. Sua mão encontrou a

minha e a colocou em cima de sua virilha, seu membro duro pulsava sob a

calça.

— Eu quero poder te foder antes de dormir e quando acordar, todos


os dias. — Ele deu mais dois beijos castos em minha boca e voltou a sentar
corretamente no banco, olhando para frente. — Caralho, meu pau está duro

pra caralho.

— Quanto tempo temos? — perguntei e procurei meu celular para


olhar o horário, eu estava molhada e pronta para ele.

— Tempo suficiente. Vamos para sua casa, aproveitamos para deixar


as bolsas e fodemos como eu queria ter feito quando você foi me acordar.

Ele acelerou o carro como se estivesse pegando fogo ou fugindo da


polícia. Nem mesmo a música acalmou meus ânimos, eu precisava voltar

aquele assunto.

“Foi assim que acabamos com toda a humanidade.

Tudo o que construímos está virando pó.

E o que ficou para trás?


Nada mesmo.”

Fixation – What We Have Done

— Theo, precisamos conversar.

— Se for sobre Madá, essa história já está resolvida, Olivia.

— Não, Theo. Você está me dando um mundo e parece não saber o


que significa para mim. Está me proporcionando momentos maravilhosos,
mas não tem noção do quanto vou sofrer quando você se cansar.

— Eu nunca vou me cansar de você! — falou indignado, parou o


carro em frente da minha casa e tirou as sacolas do banco de trás. Eu o
acompanhei e decidi pressionar:

— E Bella? Se for nos dar carona, precisa de um assento especial no


carro. É muita coisa.

— Vou resolver isso hoje, não exagere. — Empurrou o portão para


que eu passasse, peguei minha bolsa e abri a porta de casa.

— Eu não posso... — Não terminei de falar, porque fui praticamente


atacada por trás. Theo colocou suas mãos por dentro da minha blusa e
começou a massagear meus seios ao mesmo tempo que seu pênis se
esfregava na minha bunda.

— Você pode e irá, porque não faço jogos de sedução, Olivia.


Comigo não é quente e frio, alto e baixo. É um OU outro. Não sei fazer
charme, muito menos frear o que sinto. Nunca tive apego por crianças e sua
filha me tem em sua mão, buscando cada sorriso inocente que ela possa me

dar. — Ele me virou para ficar de frente para ele, tirou minha blusa e
começou a se livrar do meu sutiã. — Eu vi a paixão que você tem em ser
mãe, por mais errado que isso possa parecer, me deu um puta tesão te ver
proteger aquela princesa. — Curvou seu corpo e tomou um seio na sua boca.
— E você é tão... parecida comigo. Desde o início aceitando, mesmo com
algumas dúvidas...

— Eu tenho muito a perder.

— Não mais do que eu. — Voltou a sugar meu seio e deslizar as


mãos pelo meu corpo, me incendiando.

— Confio em você.

— E será recompensada com tudo, nada menos, Pequena.

Lambeu entre meus seios, subiu pelo pescoço e encontrou minha


boca, devorando como um nômade sedento por água. Ele me inebriava com
suas palavras e gestos, meu corpo já estava convencido, faltava apenas a
razão entrar em acordo.

Eu só conseguia enxergar aquela forma de ser, eu me entregaria


como ele queria.
Capítulo 16

— Theo...

— Eu vou te fazer sentir bem, nós iremos foder muito e eu vou

cuidar de vocês. — Ele desabotoou sua calça, mas sem remover nenhuma
peça do seu traje formal. — Desculpe, Pequena, hoje eu ficarei de roupa, mas
você sem. Vem chupar meu pau um pouco.

— Isso é tão... — Tentei repreender as palavras obscenas, mas eu


estava me excitando a cada despudor.

— Sincero. Uma coisa que você sempre terá de mim é a verdade,


nua e crua, sem palavras delicadas, porque esse sou eu.

Toquei seu membro e, com uma coragem que nunca pensei ter,
encarei seus olhos em desafio.

— Você terá que me chupar primeiro.

— Com todo o prazer do mundo. Tire sua roupa, se deite na cama e


se abra para o seu gigante!
Fiz como pediu e mal abri minhas pernas, ele estava lá, seu terno me
tocando e sua boca me devorando.

Como senti falta disso, estava com saudades de me sentir plena, uma
mulher de verdade, não apenas uma mãe. Era tão bom esquecer que eu tinha
que trabalhar, que precisava correr para levar uma criança à creche, eu estava
apenas... sentindo, me libertando, gozando.

— Oh, Theo!

— Goza para mim, goza!

E foi com algumas reboladas em seu rosto que obedeci, como uma
devassa.

Não esperei que meu corpo se recuperasse, sentei-me na cama e


tomei seu pau em minha boca, num frenesi sem tamanho por estar fazendo

algo tão gostoso e ter tão pouco tempo.

— Que boca maravilhosa, Pequena. Chupa com força... isso... —


gemeu quando fiz o que tinha me pedido e não demorou muito para que ele
me tirasse do domínio. — Agora eu preciso estar em você.

— Pode... — Eu ia perguntar algo, mas acabei hipnotizada com ele


colocando a camisinha em seu membro.
— O que você quer? — sua pergunta saiu como um comando.

— Me pega na parede?

Sua resposta veio com um estender de mão. Assim que me coloquei


de pé, ele me jogou com suavidade contra a parede, ergueu uma das minhas
pernas e posicionou seu pau na minha entrada.

— Quer ter suas costas esfregadas na parede? — Ele mordeu meu


ombro no mesmo momento que seu membro entrou dentro de mim. — Quer
ser fodida com pressa? — Ele acelerou os movimentos e eu gemi,
descontrolada. — Ou quer ser fodida devagar, para implorar... — Seus
movimentos se tornaram suaves, entradas e saídas calmas e ritmadas.

— Theo, é tão gostoso. — Abracei seu pescoço e aproximei nossos


lábios para se unirem.

Foi beijando-o que minhas pernas envolveram seu quadril. Os


movimentos na medida certa nos fizeram gozar com sincronia. Foi
maravilhoso, erótico e completamente alucinante. Ele soltou meus lábios para
gemer em seu clímax, a última estocada em mim parecendo doer até sua
alma, mas do tipo bom de dor.

— Caralho, mulher, eu preciso mais de você.


Sua afirmação, na situação atual, me fez associar minha sexualidade
a sua necessidade. Será que eu só serviria para isso?

Afastei-me e segui para o banheiro.

— Eu sou muito mais do que um buraco para foder — saiu mais


ríspido do que eu queria. Era para ter um tom de brincadeira, mas algo estava

tirando o pior de mim e este era a tal Madá, o seu passado.

— Nunca duvide disso, Pequena. — Ele começou a se arrumar e não


pareceu ofendido com o que disse, pelo contrário, estava certo de que
também pensava da mesma forma. — Vá tomar banho, eu te espero.

— Como faremos na loja? — Liguei o chuveiro e deixei um pouco


da cortina aberta, para escutar sua resposta. Ele apareceu na porta do banheiro
e me observou tomar banho, seu olhar estava cheio de luxúria.

— Quer transar na loja também? Podemos fazer depois do horário,


mas acho que você esqueceu que temos Bella. — Ele cruzou os braços à sua
frente, pareceu perfeitamente alinhado outra vez.

— Eu tenho Bella — corrigi. — E não é isso que quero saber.


Iremos assumir nosso relacionamento? Você comentou sobre o assédio da
outra vez.
— Não tenho nenhuma razão para assumir nada para os meus
funcionários, Olivia. Essa é a minha vida e a sua, podemos fazer como

quisermos. Só peço discrição no horário de expediente, porque quando entro


naquela loja, meu foco é fazer bem o meu trabalho.

Ele poderia ser mais enigmático? Apesar de estar claro que ele não
faria nada para demonstrar que estávamos juntos, também não negaria se

fosse abordado.

Terminei meu banho e comecei a me enxugar.

— Vamos tomar banho juntos hoje à noite. Você é gostosa pra


caralho com água.

— Desse jeito vou ficar toda assada, Theo — brinquei e o empurrei,


para que eu pudesse colocar minha roupa. Ele deu um tapa na minha bunda e
depois a apertou.

— Vou arranjar uma babá, nós iremos numa balada e você vai
esfregar essa bunda em mim enquanto dançarmos.

— Não vou deixar minha filha para ir me divertir. — Fiz bico,


vestindo minha roupa.

— Qual o problema?
— E se algo acontecer?

— Da mesma forma, pode ter acontecido agora, que você a deixou


na creche.

— Mas...

— Você é mulher! — Ele pegou meu rosto em suas mãos e me

olhou daquele jeito intenso que só ele sabia. — Eu posso pagar uma babá. Eu
te quero na minha vida da mesma forma que quero sua filha também. Quero
as duas, ter momentos de família montando quebra-cabeça e de tesão, te
fodendo até revirar os olhos.

Segurei seu pulso e inspirei com dificuldade, as lágrimas ameaçaram


escorrer.

Quando abri a boca para comentar sobre outro assunto, como por

exemplo suas dívidas, ele me beijou e tirou o meu ar, roubando não só meus
fluidos, mas um pedaço do meu coração.

Eu acreditava que estava me apaixonando rápido demais e pelos


motivos errados. Mas sua forma de me acolher atendia minha necessidade, a
de pertencer.

— Preciso de um minuto no banheiro e então vamos trabalhar,


Pequena.

— Eu gosto desse apelido — falei, observando-o usar o banheiro


sem fechar a porta.

— É referente à sua boceta apertada, pequena e gostosa. — Ele virou


o rosto e piscou um olho para mim.

— Preciso me acostumar com essa sua boca sem filtro. — Fiquei


vermelha e procurei minha bolsa para irmos. — Sério mesmo que você me
quer na sua vida, assim, depois de uma transa? — Precisava que ele
reforçasse aquele ponto, não me sentia completamente segura com ele. — Por
que eu?

— Porque eu quero. — Ele se aproximou, fez carinho no meu rosto e


beijou meus lábios com suavidade. — Não faço jogos, estar na sua casa é
bom, mas não tem tudo o que preciso. Quero você no meu apartamento,

indicando a bagunça que eu faço e fazendo meu café da manhã enquanto


entretenho Bella.

— Quando você for embora, ela sentirá muito a sua falta. Essa será a
primeira vez que ela terá uma referência masculina.

— E será a última até que ela encontre um bom homem para se


casar, porque comigo não tem talvez ou dúvida. Você é minha e, assim que
estiver segura, morará comigo e dividiremos o mesmo teto.

— Você é louco.

— Eu sou sincero — respondeu e me pegou pela mão para sairmos


da minha casa, deixei a bagunça como estava.

Não, Theo, você é muito intenso — refleti e entrei em seu carro,

como se fosse realmente a sua mulher.

Meu coração não aguentaria tanto tempo sem questionar,


novamente, sobre o passado desconhecido.
Capítulo 17

Chegamos juntos, mas não entramos lado a lado. Recebi uma ligação
de Madá enquanto caminhávamos pelos corredores do shopping e preferi

atender longe de Olivia.

O que eu sentia com relação a isso? Diferente daquelas mulheres que


eu tinha fodido na sauna e do remorso do caralho que me corroeu, o que
estava me incomodando era ter que lidar com Madá e a chance de ela
atrapalhar um momento meu e de Olivia.

A única coisa que eu não conseguia fazer era mandá-la para longe.
Não quando eu via como segurança a troca de mensagens e ligações com
aquela mulher. Entendia o que era traição e como fui, por muito tempo, o

segundo na vida dela.

Eu não sabia fazer diferente, era a primeira vez que eu estava no


comando de uma relação. Estar com Olivia me fazia sentir bem melhor, havia
paz, mas a sensação de perder Madá acionava meu lado ansioso. Parecia que
perderia não só o passado, mas o que eu vivia no presente.

A forma como a minha mãe me criou e as palavras que ela usou na


infância para me moldar me fizeram acreditar que eu nunca seria bom o
suficiente. Por mais que eu buscasse a perfeição e demonstrasse segurança na

profissão, eu não passava de um jogador de pôker, que vivia de all in. Isso

me tornava intenso, arriscava tudo, sempre.

Parado longe da minha loja, atendi a ligação sem nenhum ânimo.

— Sim? — Fui formal.

— Você não me respondeu ontem — falou, manhosa.

— Estava ocupado e continuo agora. O que quer?

— Me encontrar com você. Estou sozinha e carente.

— Claro que está, aquele mauricinho não sabe nem o que é um


clitóris — provoquei e observei uma atendente de uma loja perto de mim
passar e arregalar os olhos pelas palavras que usei. Dei de ombros, que se

fodesse, ninguém pagava minhas contas além de mim.

— Então, por favor, venha me ver.

— Estou fazendo um treinamento para ser supervisor e à noite tenho


outro compromisso.

— Que compromisso? Por que você não quer me ver? Que tal no fim
de semana? — ela continuou manhosa e sua conversa começou a me irritar.
No fim de semana eu gostaria de sair para jantar com minhas meninas.

— Quando estiver livre, eu te ligo, Madá. Você ficou mais de dois


meses sem chupar o meu pau, conseguirá fazer isso novamente.

Encerrei a ligação e suspirei com raiva ao ver a tela do meu celular

quebrada. O arremesso que fiz ontem tinha sido forte demais.

Segui para o meu posto e não parei, nem um segundo, para pensar no
que eu poderia ter feito com Madá. Seu temperamento era ruim, com certeza
ela planejaria algo para me irritar, só que daquela vez eu não estava sozinho.
As consequências dos surtos daquela mulher poderiam respingar em Olivia e
sua filha, algo que eu não deixaria acontecer.

Por pior que pudesse parecer, talvez eu tivesse que ver Madalena
para ter paz com Olivia. Mas isso seria resolução para outro dia, no

momento, meu foco era trabalhar e observar a competência e determinação da


minha Pequena.

Cumprimentei todos com um aceno de cabeça e com ela não foi


diferente. Como eu havia dito, estando aqui, eu focaria no lado profissional.
Mesmo assim, quando me sentei na minha cadeira, a primeira coisa que fiz
foi procurar na internet lugares onde fosse possível tirar o diploma do ensino
médio de forma rápida e legal.

Ninguém deveria ficar sem estudo, e eu ainda queria escutar da boca


de Olivia todos os detalhes sobre sua vida antes e depois de Bella. Também
procurei o contato de uma babá, porque ela iria precisar enquanto pudesse
fazer as aulas durante à noite.

O que nunca fizeram por mim, eu faria por ela.

Um sofá e uma televisão, eu precisaria comprar para que minha


princesa tivesse um pouco de diversão além dos brinquedos que eu
compraria.

Estava pouco me importando se isso me fazia parecer estranho ou se


estaria assumindo a responsabilidade que não era minha. O pai dela nunca
apareceria e, como eu vivi apenas com a minha mãe, eu poderia oferecer-lhe
algo que sempre quis: a atenção de um padrasto, já que o pai biológico não

estava nem aí.

Eu estava tendo a oportunidade de fazer diferente, de mudar a


história de uma pessoa, algo que nunca fizeram comigo, então, sim, eu não
estava nem aí para o que falariam. Eu tinha o pacote completo, uma mulher
apaixonada e uma filha carinhosa.

Também iria providenciar que ela tirasse carteira de motorista, uma


vez que minha rotina como supervisor não nos permitiria tantos encontros de
horários. Ela teria que resolver logo e mudar para meu apartamento, quem

sabe eu contratasse um motorista enquanto ela terminava tudo?

Foi com esses pensamentos que trabalhei até o meu horário de sair e
ir para meu treinamento.
Capítulo 18

Voltei para meu apartamento cansado e irritado com milhões de


mensagens que Madá me enviava. Enquanto eu não respondia, ela continuava

me atrapalhando.

Fiquei um tempo no carro, escutando música e acalmando minha


mente, para não agir de forma errada. Muita coisa estava em jogo, não dava
para apenas obedecer aquela bandida.

“Não vai deixar você desperdiçar neste lugar solitário

Eu nunca vou te decepcionar

Porque isso é com você, você tem que encontrar a verdade por
dentro

Eu ficarei, continuarei segurando

Não fuja”

Aranda – Invisible
Apesar daquele sentimento de merda, tinha que reconhecer os
avanços que eu fazia no trabalho. O treinamento estava sendo um sucesso. Eu
havia conhecido um diretor e acreditava que ele tinha gostado da minha
postura e forma de trabalho, conhecia os resultados da minha loja e disse
estar muito contente de me transformar em supervisor. Marcou um jantar

comigo e sua família depois que comentei sobre Bella. Ele também tinha uma
filha da mesma idade e como havia se mudado há pouco tempo para a cidade,
não tinha contato com ninguém que tivesse filhos.

Seria nosso programa, eu só esperava que estivesse tudo bem com


Olivia para irmos. Se ela precisasse de alguma coisa, como roupas ou bolsa
nova, eu providenciaria.

Nada faltaria para ela, não quando eu era o homem para cuidar de

suas necessidades.

Assim que abri a porta de casa, fui surpreendido.

— Theo!

Se eu estava irritado, naquele momento meu mundo deu um giro de


180º e ficou mais do que perfeito. Ao me ver, Bella veio correndo e abraçou
minhas pernas. Eu coloquei minha pasta no chão, peguei-a no colo e abracei
seu pequeno corpo.

Parecia tão certo.

Senti o cheiro de comida e segui para a cozinha. Olivia estava com


os cabelos presos e um sorriso nos lábios.

— Oi — ela me cumprimentou e, quando fui para beijar sua boca,

lembrei-me de sua repreensão e beijei sua bochecha, depois sua testa. —


Obrigada — agradeceu porque me lembrei do seu pedido e me senti o cara
mais foda do mundo.

— Cozinhando?

— Quando cheguei aqui, estava tudo organizado e a despensa estava


cheia. Antes que você chegasse, eu queria ter a janta pronta. É simples, mas...

— É perfeito, estou morrendo de fome. Hoje foi dia da faxineira vir,

ela recebe para fazer compras também. — Olhei a testa franzida de Olivia e
decidi colocar Bella no chão, apenas para vê-la correr para a sala. — Está
tudo bem?

— Sim, é só que... — Ela suspirou e começou a mexer a carne


picada miúda na panela. O arroz estava pronto e havia uma panela de pressão
chiando, provavelmente com o feijão. Eu nem me lembrava da última vez que
alguém tinha feito uma comida para mim. — Você está gastando muito e não
deveria.

— Não posso? — perguntei, ríspido demais. — Eu ganho bem e,


quando for supervisor, meu salário será reajustado e poderei gastar muito
mais. Essa preocupação é apenas minha.

— Theo. — Ela desligou o fogo da panela, deixou a colher de


bambu de lado e me encarou. — Desculpe invadir sua privacidade, mas eu vi
as parcelas dos empréstimos... estou me sentindo mal. — Ela me abraçou e eu
não soube como isso não me irritou. Era como se eu não precisasse esconder
nada dela, afinal, não estava me dizendo que eu era ruim, mas que ela queria
fazer parte.

— Tenho tudo sob controle.

— Não tem, Theo. Está virando uma bola de neve. — Retesei meu

corpo, irritado com suas palavras. Odiava quando as pessoas achavam que eu
não era capaz. — Eu posso te ajudar.

— Você não vai pagar minhas dívidas. — Afastei-a de perto de


mim, andei um pouco pela cozinha, como se estivesse enjaulado, e bufei. —
Vou tomar um banho, eu resolvo tudo. É problema meu, só meu.

Escutei-a suspirar, foi como se um precipício se formasse entre nós.


Quase voltei para beijar seus lábios e dizer que estava tudo bem, eu dava
conta, porra! Não veria ninguém mais me humilhar por eu não ser capaz de

lidar com as minhas coisas, eu era o homem, tinha tudo sob controle.

Irritado e não querendo descontar minha fúria na princesa Bella,


vesti uma roupa confortável e anunciei que iria para a academia do prédio,
que não me esperassem para o jantar.

Caralho, eu não podia deixar que ela percebesse que minhas dívidas
eram meu calo, o que me tirava do sério e me lembrava das palavras que
Madá falava para mim. Eu odiava me sentir um merda e só conseguia
resolver isso fodendo... no meu caso, teria que me acalmar malhando.

Agradeci porque o local estava vazio e comecei a correr na esteira,


meu foco e mente trabalhavam unicamente em mostrar a Olivia que eu servia
para ser seu homem, que daria conta de sustentar não só a ela, mas a sua filha

também.

Ao invés de o exercício me acalmar, meu pau endurecia e eu ficava


excitado. Era uma merda ter como referência que, depois da irritação, eu
foderia. Era sempre assim que funcionávamos, como eu funcionava, mas não
faria nada na frente de uma criança, eu precisava me adaptar.

Vi as duas mulheres que eu havia trepado na sauna se aproximarem


de mim como se tivessem intimidade e queriam repetir.

Merda, maldita hora em que fodi as duas. Eu sabia seus sabores e


meu pau lembravam-se de suas bocetas. Eu estava ferrado e cheio de tesão.
Capítulo 19

— Oi. — Uma das mulheres tocou meu braço e parei de correr,


sentindo nojo do seu toque.

Percebi as duas olhando para a minha virilha, que mostrava uma


reação que eu não poderia esconder, mas que não tinha nada a ver com elas.

— A sauna está pronta para nós e acho que você também. — A


segunda mulher falou e, quando me virei para dizer algo estúpido, ela
segurou meu rosto e enfiou sua língua na minha boca.

Caralho, fui pego de surpresa!

Uma mão encontrou meu pau e não precisei de mais do que dois

segundos para pensar na mulher que havia feito a janta para mim e que me
esperava em casa. Eu tinha saído com raiva, mas nada tinha a ver com ela.

Sem medir minha força, empurrei as duas e elas quase caíram no


chão.

— Eu fodi vocês uma vez e não haverá repetição. Esqueçam que eu


existo, não dei liberdade para se aproximarem. Tenho mulher e uma filha
agora, tenham respeito por mim e por vocês mesmas.

Virei-me de costas e abandonei as duas, meu pau mais duro do que


rocha, procurando a libertação para provar a mim mesmo que ele era só dela,
que minha mente e tudo o que eu pudesse fornecer era apenas dela.

Olivia.

Pequena.

O elevador não subiu rápido demais, meus pés não andaram veloz o
suficiente e quando abri a porta do meu apartamento e não encontrei
nenhuma das duas na mesa me esperando, surtei.

Com poucos passos, parei na porta do quarto de visitas e o abri,


relaxando meus músculos e exalando o ar aliviado, mãe e filha estavam na
cama, dormindo.

Quando me aproximei de ambas, Olivia abriu os olhos e a dor que vi


neles foi difícil de suportar. Com cuidado, peguei-a em meus braços e
caminhei com ela em meu colo até meu quarto.

— Theo, precisamos conversar.

— Eu estou com raiva, Olivia. — Depositei-a na cama e comecei a


retirar sua roupa, mas ela tentou me impedir. — Estou puto e me sinto sujo,
só você conseguirá me limpar.

— Como assim?

— Só me ame, Olivia — Minha voz saiu embargada, pensar em


perdê-la me tirou do eixo. Aquelas mulheres significavam traição e eu não
queria ser o filho da puta que agia dessa maneira. — Esqueça essas dívidas,

foque no quanto sou bom, que serei supervisor e darei conta de manter a nós
três. Você será feliz ao meu lado, confia em mim.

— Theo! — Ela parou de criar resistência e consegui tirar seu short.


O próximo foi sua blusa e comecei a tocá-la, porque ela era minha.

Minha!

— Gostosa pra caralho.

— Nunca duvidei de você, foi o único que me olhou uma segunda

vez e me deu mais do que um lar. Eu... — Parei de beijar seu corpo e olhei
para seus olhos, que pareciam marejados. — Eu não sei o que pensar, apenas
sinto que posso estar te amando.

— Não tenha dúvidas comigo, pequena. Não brinque com meu ego.
— Livrei-me do meu short e decidi ficar com a camiseta, para não mostrar a
tatuagem que tanto a chateara. — Meu pau quer sua boceta, minha boca quer
seu gosto e meu coração só pensa em te fazer feliz.

— Então faça!

Invadi sua boceta com meu pau sem nem a preparar. Não precisava,
ela estava encharcada, escorregadia e... estávamos sem preservativo.

— Caralho, no pelo... diga que você toma algum anticoncepcional.

— Intenso Theo. — Ela curvou seu corpo para cima e quase gozei
com sua entrega. — Eu não tomo.

— Vou gozar na sua barriga, então! — Comecei a meter com força,


minha ânsia em foder e exorcizar o que me irritava tomando tudo de mim.

— Goze na minha boca.

— O quê? — Eu não estava acreditando no que ela queria fazer.

Ousada, estava me deixando louco!

— Deixe que eu te chupe e goze na minha boca. — Ela tentou abrir


seus olhos e encarar os meus, mas a luxúria a dominava, a neblina do seu
clímax a possuía.

— Seu desejo é uma ordem, Pequena. — Tirei meu pau de sua


boceta e montei seu corpo, para colocar meu pau na sua boca. Ela não
precisou sugar muito para que eu gozasse e visse estrelas de prazer.

Maravilhosa.

Quando me deitei na cama, exausto, lembrei que não a vi gozar.


Peguei na sua mão e tentei trazê-la para cima de mim.

— O que foi?

— Coloque sua boceta encharcada na minha boca, quero te ver


gozar.

— Não precisa.

— Claro que precisa, ou você não quer? — Parei de puxá-la, mas ela
fez o que pedi, um pouco tímida.

— Rebole, me diga do que gosta.

E foi assim que ela colocou a mão na parede para se sustentar e


deixou que minha boca, língua e nariz fizessem todo o trabalho.

No começo foi devagar, ela achou que seria suave, mas a


sensualidade do momento deixou tudo mais erótico. Suas mãos apertaram
seus seios e fiz questão de substituir uma delas pela minha.

Apertei seu bico, depois o peito inteiro e a vi delirar. Com os dedos


da outra, comecei a apertar seu clitóris e senti, antes de ver, quando ela
gozou. Sem controle, seu corpo se movimentou e encontrou o clímax, me

deixando orgulhoso pra caralho.

Ela se deitou na cama e soltou um risinho, satisfeita e envergonhada.


Eu a puxei para próximo e tentei manter a camiseta no corpo, mas ela me fez
tirá-la.

— Por que manteve a camiseta?

— Porque você não gosta da tatuagem — eu disse e cheirei seu


cabelo. Ela era minha, eu melhoraria sua vida.

— Não gosto mesmo, mas se você fez uma tatuagem para ela, com
certeza tem um significado importante. Se quero estar com você, tenho que
aceitar.

— Ela é passado, Olivia.

— Você já me falou isso várias vezes e não sei se o seu significado


de passado é igual ao meu. — Ela suspirou e beijou meu coração, onde a
maldita marca estaria eternamente em mim. — Vamos jantar? Eu esquento
sua comida.

— Estou faminto, mas espere um pouco. — Abracei seu corpo e


envolvi minhas pernas nas suas.

Ficamos um bom tempo assim, curtindo o contato e nossas


respirações antes de ela romper o silêncio.

— Você não está mais com raiva de mim?

— Eu não estava com raiva de você, Pequena. Mas sim, já me

acalmei, preciso de sexo quando estou irado.

— E foi para a academia ao invés de falar comigo?

— Eu não faria nada com Bella acordada. — Afastei meu rosto para
procurar seus olhos. — Vocês são minhas para cuidar, quando eu me sentir
uma ameaça, sairei de cena e me acalmarei primeiro.

— Você pode... me ter quando estiver sentindo isso. — Seus olhos


estavam incertos. — Eu acho que dou conta.

— Sem dúvidas, Pequena — alertei.

— Eu sou sua, Theo. Minha mente é sua, minha vida se mesclou


com a tua e, quando Bella dormir, meu corpo estará pronto para você.

— Perfeita — sussurrei e senti meu pau ganhar vida como nunca.


Meu tesão era desenfreado com a raiva, mas naquele momento, havia algo
novo. Tudo era diferente com Olivia e seu jeito compreensivo. — Eu quero te
foder novamente.

— Aproveite que ainda estou molhada por você, Grandão.

Coloquei-a debaixo de mim e sorri, sentindo meu pau cutucar sua


entrada.

— Adorei o apelido.

— Ele é perfeito para você!

E com um golpe, quem dominou meu pau foi sua boceta. Com
estocadas firmes, entrava e saia, fixando meu olhar no dela e nos conectando
além do físico.

Meu corpo estava suado e o dela começou a ficar também. A nudez


ia além da falta de roupa ou camisinha, tínhamos colocado o coração no meio

da nossa excitação.

Puxei sua perna para cima e aumentei as investidas, inclinei para


beijar seus lábios e explodi entre sensações. Meu olfato estava inebriado pelo
seu cheiro e o paladar vibrava pelo sabor que apenas Olivia tinha.

Rebolei, para que minha pélvis esfregasse em seu clitóris. Não parei
um segundo, mudando de posição e encontrando a melhor forma de estimular
o seu clitóris e o ponto G. Olivia expunha seus seios, gemia e acompanhava
os movimentos, buscando seu prazer.

— Quero gozar junto, Pequena.

— Estou quase lá.

— O que precisa?

— Quase...

Coloquei a mão entre nós e, usando meus joelhos para me apoiar,


beijei, esfreguei seu clitóris e meti, em busca do nosso clímax compartilhado.
Assim que seu gemido ficou mais agudo, eu me soltei e jorrei dentro dela,
alucinado e completo, porque era como tinha de ser.

Não parei de melecar meu pau na sua boceta, porque eu tinha que
marcá-la, para que não fugisse de mim, independente do que ela soubesse de

mim.

— Theo — Olivia gemeu, exausta e parei, soltando o peso do meu


corpo em cima dela. Eu ainda não tinha ejaculado, faria depois. — Uau.

— Grandão o suficiente, Pequena?

— Com certeza. — Suspirou esboçando um sorriso.


Forcei meu corpo a ficar ereto, apoiei-me nos joelhos e me
masturbei, esporrando na sua barriga e espalhando pelo seu corpo, seios e

pescoço.

Ela ficou confusa, mas não discutiu, apenas me olhou com amor e
aprovação, reconfortando não só meu corpo, mas minha alma ferida.
Capítulo 20

Depois de termos mais uma rodada de sexo no chuveiro do seu


quarto, conferi se Bella estava dormindo e esquentei nossa janta, a que fiz

esperando agradar Theo. Sentados à mesa, busquei retomar o assunto que


tinha sido mal interpretado por ele.

— Eu posso te ajudar com as dívidas, mas não do jeito que você está
imaginando.

— Sou todo ouvidos — respondeu e comeu minha comida como se


fosse o prato mais saboroso.

— Trabalhei de faxineira em uma empresa de empréstimo pessoal e


sempre escutava as negociações. Para resolver dívidas, o primeiro passo era
transformar tudo em uma coisa só. Veja o quanto você precisa para quitar
todos os seus empréstimos e faça apenas uma conta fixa, em mais parcelas,
para te desafogar.

O garfo parou no meio do caminho e a boca de Theo se abriu.


Apesar de ele ser inteligente e poderoso, seu foco em ter sucesso na loja

parecia ter ofuscado a solução para esse problema, que para ele parecia não

ter muito significado.

— Mas eu pagarei juros dobrados.

— Talvez sim, talvez não... temos que consultar no mercado os juros

mais baratos para o empréstimo que você precisa e faremos o cálculo depois.
É melhor pagar uma parcela razoável, mas apenas uma, do que várias
pequenas, porque, ao juntar todas, elas vão se transformar em uma grande.

Ele comeu mais três garfadas antes de sorrir e estender sua mão para
tocar a minha.

— Inteligente pra caralho, você vai tirar de letra a prova para


conseguir o diploma do ensino médio.

— O quê? — Foi minha vez de me assustar e olhá-lo com surpresa.


— Como assim?

— Pesquisei hoje algumas escolas em que você pode tirar o diploma


do ensino médio. Existe uma prova que, se você passar, não precisará fazer as
aulas, terá o diploma e poderá fazer a faculdade que quiser.

— Isso é real? — perguntei, atônita. Ele tinha pesquisado isso para


mim? Apesar de não ter falado sobre o assunto, era algo que eu queria fazer,
quando me fosse permitido.

— Sim. Também encontrei uma babá, você precisará fazer um


intensivo por uma semana, então, uma babá à noite fará isso acontecer.

Meu Deus, por que eu?

Levantei-me da minha cadeira e quase o derrubei da sua, sentando-


me no seu colo, escarranchada, enchendo-o de beijos e carinho.

— Obrigada, obrigada, obrigada... — Não me cansei de agradecer,


não tive coragem de negar ou fazer charme, uma vez que ele tinha salientado
que nada em sua vida era um jogo.

Direto. Objetivo. Sem rodeios. Intenso.

— Você cobre minhas costas, eu cubro as suas e seremos uma

família feliz.

— Uma família? — Vi que estava repetindo, mas não conseguia


aceitar de primeira, não comigo, não quando tudo que eu conhecia era
rejeição. Ele estava me dando o mundo, da minha parte, eu precisava confiar.

— Me conte sobre a sua, eu conto sobre a minha e vamos construir


uma juntos.
Beijei esse homem com tudo o que tinha dentro de mim. Ele era
perfeito, minha redenção, a perfeição.

— Você será o supervisor mais poderoso e renomado do mundo.


Você merece tudo, Theo! — Olhei em seus olhos e tentei demonstrar o
quanto de amor eu sentia por ele, mas não conseguia colocar em palavras
novamente, não sem escutar isso dele.

— Falando nisso, temos uma janta na casa de um dos diretores. Falei


com ele sobre Bella, ele tem uma filha na mesma idade e queria ter um casal
com filho na mesma idade para conversar.

— Você... — Fiquei sem reação. Ele tinha falado da minha filha


como se fosse dele, como se estivéssemos juntos de fato. — Então, ele não se
importa de eu ser sua funcionária?

— Como te disse, Pequena. — Ele segurou meu quadril e o apertou.

— Não devo satisfação da minha vida para ninguém. Falei que minha mulher
tinha uma filha da mesma idade, então, o assunto rendeu. Não vem ao caso se
você é minha funcionária ou não, nossas vendas são as melhores e nada irá
abalar nossas estruturas.

— Nada! — Abracei-o e suspirei, feliz porque não sabia onde


guardar tanta coisa boa acontecendo. — E quando será essa janta?
— Esse fim de semana, mas ele ficou de confirmar.

— Suas meninas estarão prontas — falei ousada e me levantei do


seu colo, para me sentar na cadeira ao seu lado e terminar de jantar. —
Gostou da comida?

— A melhor que já comi em muito tempo — respondeu e piscou um

olho. — Gostoso igual a sobremesa que comi antes.

Sorri, encabulada, e observei-o terminar de comer e repetir a


refeição.

— Posso fazer sempre que estiver por aqui. Não sei fazer nada muito
elaborado, mas aprendo rápido.

— Faça como você quiser, Pequena. Sendo sua vontade, terei o


maior prazer em prestigiar. No dia que não quiser cozinhar, iremos pedir.

— Vamos economizar! — falei e levantei um dedo antes de ele me


cortar. — Sim, senhor. Quando terminarmos aqui, vamos resolver a parte das
suas dívidas e você não precisará fazer essa cara de poucos amigos para mim,
ou serei obrigada a usar a força.

— Sim, use a força da sua boceta no meu pau para me fazer sorrir.

Bati em seu ombro e ele riu, tão calmo e descontraído que nada
parecia afetar a nossa vida.

Recolhi os pratos, arrumei a cozinha e fui me deitar com Theo para


nossa noite. O pouco sono da noite passada cobrou seu preço assim que
bocejei e me acomodei ao seu lado.

— Conferiu se Bella está dormindo? — ele perguntou e começou a

mexer no celular. Minha vista estava muito cansada para espiar o que ele
estava fazendo.

— Sim, como um anjinho. Ela sempre teve sono bom, mas não
dorme à tarde, o que deixa meus fins de semana em função dela, mas as
noites, pelo menos, bem dormidas.

— Ela nunca mais teve febre?

— Não — resmunguei, lembrando-me do início do meu trabalho na

loja. — Acho que foi uma virose qualquer.

— Ela foi ao pediatra?

— Só no postinho, mas está tudo bem, não precisa se preocupar. —


Inclinei minha cabeça e ele encostou seus lábios nos meus. — Boa noite.

— Se importa que eu fique mexendo no celular?


— Só me importo se estiver conversando com Madá — falei para
provocar, mas me arrependi, porque seu corpo endureceu e sua respiração

ficou entrecortada.

— Madá é passado, Olivia. Esqueça ela. — Seu tom era cortante.

— Você me falou que não tem pai. Me conte sobre sua mãe então,

como foi sua vida até chegar aqui? — Mudei de assunto e agradeci aos anjos
quando senti seu corpo relaxar e o celular foi posto de lado.

E daquele jeito que só Theo sabia dizer, ele me contou sem papas na
língua ou palavras medidas sobre sua mãe não lhe dar valor, sobre ser um
encrenqueiro até a adolescência e sobre ver o homem de terno que o inspirou
a estudar, se formar e ser o que era.

Uma parte de suas dívidas era dos estudos, a outra, por causa... dela.
Ele não disse com essas palavras, mas estava claro que outros gastos

esporádicos tinham tudo a ver com Madá. A filha da mãe quase faliu Theo e
eu tinha certeza de que tudo o que ele queria ser amado.

Esse homem só precisava disso, amor. E, claro, uma boa dose de


sexo, que eu nunca tinha feito tanto na minha vida, mesmo quando estive
apaixonada pelo turista, pai de Bella.

Quando terminou, foi a minha vez de falar da minha vida, mas me


perdi em algum momento, acabei adormecendo em seus braços. Seu calor e
cheiro foram um bálsamo para que eu encontrasse a paz necessária para repor

minhas energias.
Capítulo 21

Os dias passaram e minha rotina mudou completamente. Mesmo que


eu o tivesse repreendido pelo gasto desnecessário, Theo deixou um táxi à

minha disposição para pegar Bella e ir para o apartamento dele. Estávamos


praticamente morando lá e meu cantinho ficara abandonado.

O jantar com o diretor da loja tinha sido adiado por algumas


semanas, devido a imprevistos e a correria com a formação dos supervisores.
Na loja, Vanessa me perguntou se eu estava com Theo e respondi apenas que
preferia não falar daquele assunto. Apesar de ela ser uma boa colega de
trabalho, eu não saberia dizer se seria uma amiga confidente. Não era apenas
meu emprego que estava em jogo caso alguma coisa de ruim fosse dita sobre

mim e Theo, mas o sonho do meu homem.

Meu.

Do jeito que ele gostava de dizer que eu era dele, eu também falava
o mesmo para ele, sentindo o amor transbordando em minhas palavras e
atitudes. Sempre fui uma mulher sonhadora, mas nunca me imaginei com um
homem como ele, centrado, direto e muito poderoso. Ele poderia não ser o
CEO do Grupo Gimenes, mas com certeza passaria por um tranquilamente.

Eu orava a todos os santos para que eu estivesse viva e ao lado dele


para vê-lo evoluindo. Estar em uma posição de comando, tanto no lado
profissional quanto no pessoal, parecia algo importante para ele.

Muita coisa estava mudando na nossa rotina e a nossa vida estava se

tornando entrelaçada, como uma família. Móveis novos, grades na janela,


brinquedos pela sala. O apartamento de Theo estava sendo cada vez mais
nosso.

Depois da conversa que tive com ele, os empréstimos se tornaram


um só e, como eu havia orientado, era possível diminuir as parcelas e foi o
que aconteceu. Ele estava exultante e eu, tentei diminuir aquela conquista,
para não sair da linha.

— Theo, não precisa de tudo isso.

— Não me venha com desculpas ou economias. Esse mês você


merece toda a recompensa que eu puder te dar.

Com aquele discurso, fomos a um incrível restaurante italiano. Vesti


minha melhor roupa e Bella também. Em uma mesa para dois, a pequena se
sentou em uma cadeira para crianças e escolhemos nossas refeições.
— Qué batata fita!

— Claro que quer, princesa. Uma porção — Theo pediu e fiz uma
careta para ela.

— Filha, você precisa comer comida.

— Batata é comida, mamãe. — Ela olhou para Theo, pedindo ajuda.

— Escute sua mãe. Coma um pouco de comida, depois coma


quantas batatas quiser. Pode ser assim? — ele me pediu autorização e meu
coração se aqueceu com seu cuidado, inclusive com meu lado mãe.

— Só se comer tudo, hein?

Foi servido suco de uva para minha filha e champanhe para os


adultos.

— Um brinde às mulheres da minha vida! — Ele ergueu a taça e nós


fizemos o mesmo.

— Um brinde ao supervisor mais competente e charmoso de


Lumaria! —Vi seus olhos brilharem de admiração e agradecimento.

Sim, Theo, eu também estava te amando cada dia mais.

— Um bindi ao teino! — Bella conseguiu tirar risos de nós.


Ele me ajudou a alimentar minha filha. Quando o garçom falou “sua
filha”, ele não o corrigiu e concordou com o peito estufado, como se isso

tivesse sido um elogio.

Deus, será que eu estava fazendo certo? Theo era o homem da minha
vida, da nossa vida?

Que medo de ser magoada, de ver minha filha machucada! Era


impossível ver um cenário ruim quando esse homem fazia um ótimo papel de
pai e marido.

Voltamos para seu apartamento e nos amamos como se fosse a


primeira vez. No desespero, acabamos tirando nossas roupas e transando no
chão frio.

Ele me colocou de bruços, estendeu meus braços acima da minha


cabeça e meteu forte dentro de mim.

— Porra de boceta inchada. Eu amo te foder.

— Theo — gemi, o peso e pressão do seu corpo em mim me fizeram


delirar. — Estou perto.

— Quero gozar olhando nos seus olhos. — Saiu de mim, fazendo


com que eu sofresse com sua ausência. Ele virou meu corpo, cobriu-me com
o seu e voltou a me preencher.

— Diga o que está sentindo! — comandou enquanto seu quadril se


movia com força contra mim.

— Forte! — Arfei e fechei os olhos.

— Abra! Sinta! — Ele voltou a colocar minhas mãos acima da

minha cabeça e envolvi minhas pernas em seu quadril, precisava senti-lo


mais, do seu jeito intenso.

— Estou formigando — falei baixo.

— Quero te fazer ver estrelas!

— Vejo todos os dias, Theo. — Beijei seus lábios. — Com você, me


sinto no céu sempre.

Não precisamos anunciar nada, o gozo nos pegou juntos, certeiro,


estávamos rebolando e nos lambuzando de suor e fluidos.

Ele começou a rir quando deixou o peso do seu corpo sobre mim e
soltou meus pulsos.

— Porra, transamos no chão.

— Acho que tinha alguém muito apressado — brinquei e comecei a


mexer no seu cabelo.

— Quer dizer que você está no céu comigo? — perguntou,


convencido e se ergueu, buscando meus olhos.

— Sim, minha estrela brilhante. — Sorri e ele tomou meus lábios


nos seus.

Às vezes, eu tinha certeza de nosso sucesso e futuro. Outras vezes a


dúvida me encontrava, mas naquele momento, eu só queria ser eu, a mulher
apaixonada pela intensidade do Theo.
Capítulo 22

Eu tinha medo quando tudo estava indo muito bem.

Havia momentos em que eu pensava que meu mundo iria ruir

quando Theo me pedisse para voltar ao lugar de onde vim e me mandasse


embora da loja. Madá, aquela mulher que tinha seu nome tatuado no peito
dele, não parava de ligar. Eu sofria e gritava em silêncio quando percebia sua
testa franzir e seus lábios se repuxarem em uma careta quando ele pegava o
celular e digitava de forma furiosa.

Eu tinha certeza de que era ela, sempre.

Theo havia falado que ela era passado, mas por que eles ainda se

falavam? Ao mesmo tempo que eu confiava na sua palavra, as dúvidas


corroíam meu coração.

Aquele assunto se tornou o único em que eu não conseguia extrair o


curto e grosso dele. Theo insistia em dizer que era passado, mas não me dava
nenhuma informação a mais e, se eu insistia, ele me calava com beijos e sexo.

Meu Deus, eu estava viciada no sexo com ele.


Forte.

Selvagem.

Suado.

Intenso.

Descobri um lado meu que eu não conhecia, a mulher que havia se


apagado, agora, saía para a superfície e queria experimentar tudo o que ela
podia. Não só entre quatro paredes, mas no trabalho, no dia a dia, em casa,
em família...

Eu estava sendo valorizada pela minha pessoa, pelos meus


sentimentos e isso era tudo o que havia pedido aos céus. Alguém que me
desse valor.

Minhas roupas já se misturavam às suas no seu guarda-roupas, o

quarto de Bella se parecia mais com o quarto de uma criança, com colchas
rosas e brinquedos. Theo não economizava nos agrados, além de presenteá-la,
ele brincava, se esquecia do mundo e se divertia com minha filha.

Para quem não tinha um pai na vida, ela achou um substituto à


altura. Irreal? Todos os dias eu pensava que sim e agradecia por ser
afortunada por esses momentos.
A sala parecia de verdade, com sofá, um rack e televisão. Quando
precisávamos conversar ou ter um momento só nosso, assim que Theo

chegava do seu treinamento, Bella ficava assistindo televisão e nós nos


entregávamos à paixão contida. Beijos, mãos bobas e, às vezes, um orgasmo
estimulado pelas suas mãos.

Sexo, apenas quando minha filha dormia, essa era a regra.

E, para completar minha felicidade, ganhei minha ida ao cursinho,


para fazer a prova e conseguir meu diploma do ensino médio. Nas duas
primeiras noites, eu quase enfartei estando lá e deixando minha filha com
uma desconhecida. Amanda era uma estudante de enfermagem que morava
no mesmo prédio e não demonstrou qualquer atitude errada, mas eu quase
morri.

Mãe era tudo besta.

Quando eu chegava em casa, Theo estava no quarto, Bella em sua


cama e Amanda na sala, apenas me esperando para ir embora. Antes de ir
para o nosso quarto, eu conferia minha filha e me preparava para todo o
poder que aquele homem tinha.

Havia dias em que estava calmo, me amava com paciência e


lentidão. Em outros dias, estava selvagem, me apertava, metia com força e
me deixava exausta. Em nenhum dos dois momentos, eu reclamava, porque

era tudo ele, o extremo e o intenso.

Depois de uma semana de curso intensivo que fiz a prova e cheguei


em casa com os nervos em frangalhos. Sentia que tinha ido tão mal e estava
decepcionada comigo mesma por ter gastado o dinheiro que havia
economizado não pagando a compra de supermercado, já que a comida era

toda bancada por Theo.

Abri a porta e, desta vez, Bella e Theo estavam no chão, sozinhos,


montando quebra-cabeça. Ela era tão esperta e inteligente, levantou a cabeça,
viu que era eu e veio correndo me abraçar.

— Você chegou, mamãe!

— Sim, meu amor, estou em casa. — Olhei para Theo, que não
perdia um momento sem me dar um olhar sensual, e sorriu. — Onde está

Amanda?

— Ela teve que sair, me ligou e vim antes para cuidar de Bella.

— Mamãe, bincamos de comidinha, assistimos Frozen, estamos


montando queba-cabeça! — feliz, minha filha contou e, ao invés de me
alegrar, ela me deixou preocupada.
— E seu treinamento? — Soltei-a e fui cumprimentar Theo com um
beijo casto nos lábios. Com tudo o que estávamos vivendo, eu já me permitia

aquela intimidade na frente de Bella.

— Está tudo sob controle, Pequena. — Ele me puxou e caí em cima


de seu colo. — Só mais uma semana e está feito, assumirei meu novo posto e
outro gerente irá assumir minha loja.

— Ajuda, mamãe! — Bella levantou uma peça e tentei encaixá-la


para ela. Os braços e carinhos de Theo começaram a me deixar mais nervosa
do que relaxada.

— Não gosto de atrapalhar sua vida. Por que Amanda não me ligou?

— Porque eu mandei que fosse assim nessa semana — respondeu do


jeito turrão dele e beijou minha nuca. — Como foi a prova?

— Não sei se vou conseguir — respondi e tive vontade de chorar. —


Vou tomar um banho. Vamos, filha?

— Só mais um pouco, mamãe.

— Nesse horário, você deveria estar no terceiro sono e não ligada no


220. — Peguei na sua mão e fomos para o quarto dela.

Céus, como eu me sentia em casa, mesmo não sendo minha, mesmo


que Theo nunca tenha me pedido em namoro ou dito para eu vir morar com
ele – oficialmente. Eram apenas comandos: deixe suas roupas, Bella dorme

melhor sozinha, te quero toda noite comigo, quero comer da sua comida.

Fiz um enorme esforço em aprender a cozinhar coisas diferentes


para a janta. Durante o expediente, tanto eu quanto ele não comíamos nada
além de um lanche, por isso, eu queria poder nos proporcionar uma boa

refeição, coisa que essa semana eu não tinha feito, por estar focada nos meus
estudos.

Que talvez tivessem sido em vão.

Engoli o choro, coloquei Bella para dormir, e ela não demorou nem
cinco minutos. Fui para o meu quarto e retirei minha roupa para ir ao
banheiro. Fechei a cara assim que vi Theo com o celular na mão e sua
expressão de raiva, conhecida por indicar que era Madá ao telefone, apareceu

em seu rosto.

Meu copo estava cheio. Eu não era obrigada a aceitar aquela merda!

— Eu sou uma sonsa mesmo — resmunguei para mim mesma


quando abri o registro do chuveiro e deixei a água cair nas minhas costas.

— Pode dizer o que está te incomodando? — Theo apareceu no


banheiro, eu apenas virei minhas costas para ele, uma vez que o box era
transparente.

— Estou chateada porque não me saí como esperava na prova —


respondi seca, porque com Theo eu não poderia fazer jogos, tinha que ser
direta e sincera.

Aprendi e assim eu era.

— Se não passar, você fará o curso de seis meses. Qual o problema?

Ele sempre tinha solução para tudo.

Será que eu não teria um minuto de paz para sofrer sozinha?

— Para você pode ser fácil ficar longe de Bella, para mim, não é.
Além do mais, foi dinheiro gasto que poderia ser usado para comprar roupas
para minha filha.

Eu estava de costas, por isso não percebi que ele se despia enquanto
eu falava. De repente, escutei a porta do box abrir e ele me jogou na parede.
Eu estava muito chateada para querer transar, ele teria que aceitar.

— Por que você está pensando em dinheiro? — rosnou baixo e


esfregou sua ereção em mim. Só ele para se excitar com a raiva, ainda mais
quando se tratava de dinheiro.
O pior – ou melhor – de tudo, era que eu estava seguindo o mesmo
padrão de tesão.

Eu não vou me excitar, não vou...

— Theo, estou cansada, deixa eu terminar o banho.

Ele não me permitiu dizer mais nada, com a barriga e os seios

colados no azulejo, e minha bunda sendo esfregada por sua ereção, ele
enrolou sua mão no meu cabelo, trouxe minha boca para a dele e me beijou.

E não havia mais nada que eu quisesse fazer que não fosse me
entregar para ele, mesmo chateada e irritada. Seus lábios famintos mostravam
o quanto ele me desejava, isso era o interruptor para as contrações do meu
ventre e para minha libido despertar.

Era um treinamento para monge vê-lo de terno e gravata todos os

dias, saber o tanto que ele poderia me dar prazer, mas focar apenas no
trabalho. Trocávamos olhares, às vezes um toque escondido, mas nada
acontecia naquele lugar, me deixando em ponto de ebulição quando chegava
em casa.

Mas naquele dia tinha sido diferente e, como sempre conseguia me


fazer ir de zero a dez, ele me transformou em manteiga derretida em suas
mãos.
Minha bunda começou a se esfregar no seu pau e, pouco tempo
depois, ele se colocou entre minhas pernas até achar meu núcleo, minha

boceta estava encharcada.

Sua mão foi para o meu pescoço e, com um impulso certeiro, ele me
preencheu.

— Eu sou seu homem, Pequena — falou seco, mordeu meu ombro e


meteu sem piedade em mim.

Curvei meu corpo para trás, para senti-lo melhor e isso tirou alguns
gemidos de nossas bocas.

— Theo.

— Você precisa entender que quem cuida de você sou eu! — Suas
mãos desceram para meus seios e os apertaram. — Gostosa.

— Oh, Theo. — Coloquei minha mão entre minhas pernas e comecei


a me estimular.

— Você é minha para cuidar — Seu corpo apertou o meu contra o


azulejo. — Você é minha!

— E você é meu, Theo! — Ergui meu braço, peguei em seu cabelo e


o apertei com força. Suas estocadas não pararam em nenhum momento.
— Então para de se preocupar e apenas goze!

Para mim, suas palavras eram o gatilho para me fazer explodir e me


entregar em seus braços. Eu não tinha intenção de molhar minha cabeça, mas
seu carinho em virar meu corpo e me abraçar, debaixo do chuveiro, mudou
meus planos.

Suspirei, derrotada e saciada. Minha preocupação ainda não tinha


ido embora, mas eu enxergava uma luz no fim do túnel.

— Nem tudo se resolve com sexo, Theo.

— Eu me acalmo depois que gozo.

— É frustrante saber que você vem até mim se esvaziar depois que
você se zanga com seu passado. — Afastei meu rosto do seu peito e encarei
seus olhos. — Eu sei quando você conversa com Madá pelo celular. Toda vez

é a mesma coisa.

— Você não estava chateada por causa da prova? — perguntou


confuso, ignorando o que eu disse anteriormente. Ah, que ódio!

— Estava, Theo. Então, você me deu um chá de pica e me acalmou,


mas ainda estou com raiva do poder que aquela mulher tem sobre você. Ela é
passado, mas está muito presente na sua vida.
Saí de seus braços e comecei a me lavar.

— Já disse que ela é passado. Eu não posso... — interrompi sua fala,


porque, assim que minha mão passou por entre minhas pernas, constatei o
que nunca poderia acontecer novamente.

— Transamos sem camisinha.


Capítulo 23

— E daí? Faz tempo que eu queria gozar dentro de você!

— Mas eu posso engravidar! — ela disse alto demais e colocou a

mão na boca, em choque.

— Ter um filho meu é tão problemático assim? — A chateação fez


com que meu pau começasse a ganhar vida, mas eu tinha certeza de que,
diferente de antes, não conseguiria excitá-la.

— Theo, você está se ouvindo? — Ela jogou os braços para o ar. —


Você quer ter um filho comigo?

— Já temos uma filha, qual o problema de um segundo? Eu dou

conta do recado!

Ao invés de vê-la sorrir, ela começou a chorar e não deixou eu me


aproximar. Caralho, eu considerava aquela princesa minha filha, não me
importava um papel ou o tempo que estávamos juntos, era nela e na sua mãe
que eu pensava quando estava voltando para casa. Era nas duas e no que meu
novo cargo traria para mim que eu pensava quando trabalhava.
— Finalmente descobri que é você que quero para o resto da minha
vida, Olivia. Eu não sabia como enterrar o passado, Madá nunca foi tão

insistente comigo como nesses últimos dias. Não há nada entre nós desde que
ficamos juntos a primeira vez, apenas...

— Eu te amo — ela falou, entrou debaixo do chuveiro e deixou que


a água lavasse suas lágrimas. — Theo, eu te amo e não sei como viver sem

ter você. Mas está doendo. — Ela segurou seu rosto e olhou no fundo dos
meus olhos.

Não.

— Você não vai terminar comigo, Olivia. — Segurei seus pulsos


com força, desesperado pela tristeza que vi nos seus olhos.

— Estou vivendo um conto de fadas ao seu lado. Não poderia


escolher homem melhor para estar comigo, pai melhor para ser... para...

minha filha... — sua voz saiu embargada e meu coração se apertou de um


jeito ruim.

— Eu amo aquela princesa como se fosse minha — falei baixo,


tentando controlar a emoção. — Não me afaste. Não faz assim.

— Vai fazer apenas um mês que estamos juntos, Theo. Impossível


criar um laço desses. — Ela ficou na ponta dos pés e beijou meus lábios. —
Eu te amo, por isso, não vou lutar contra o seu passado. Eu prefiro te deixar
ir.

— NÃO!

Meus braços a rodearam, se eu não a soltasse, com certeza ela não


iria embora. Ela chorou mais um pouco, seu corpo se chacoalhava contra o

meu e tudo o que eu queria era entrar em seu peito e tirar sua dor.

Ela me amava, mas estava doendo.

— Eu... — tentei falar algo, mas não sabia o que dizer.

Terminar o quê com Madá, se nunca tivemos nada depois que ela
havia terminado comigo? Eu tinha sido seu amante, não deveria ser difícil se
afastar, já que não havia nenhum acordo entre nós?

— Ah, Theo, obrigada por tudo.

— Não me venha com esse discurso de despedida, você não vai


embora. — Afastei-me para que ela olhasse em meus olhos. — O que eu
preciso fazer para te ter comigo como estávamos alguns minutos atrás?

— Nunca te colocarei contra a parede, apesar de querer. Eu preciso


de você, só que não te ter inteiro está me matando. — Fungou. — Não sei o
que essa mulher é para você a não ser que é muito importante. Vocês se
encontravam? Vocês transaram?

— Sim. — Minha resposta foi como uma facada em seu coração.

— Oh, Theo, me solta! Nós transamos sem camisinha, como saberei


se você está limpo se está fodendo com outra? — Tentei segurá-la, mas,
agora, ela me estapeava. — Você me traiu!

— Nunca, Olivia! — Ela balançava a cabeça em negação e eu me


ajoelhei em sua frente, abraçando seu quadril e beijando sua barriga. — Me
escuta! — Olhei para cima. — Eu e Madá namorávamos há quase três anos
quando ela me deixou por um cara rico. Corri atrás, fui seu amante,
transamos recentemente, com camisinha! — Implorei com meus olhos,
porque ela queria se soltar de mim. — Isso foi antes de eu te beijar, sentir seu
gosto, conhecer sua paixão. Eu não minto, Olivia. Eu só tenho você na minha
cama.

— Quando?

— Quando o quê?

— Quando vocês transaram pela última vez?

— Não me lembro, Olivia. A única coisa que tenho em mente é


você, suas necessidades e as de Bella. — Olhei para sua barriga e a beijei. —
E se mais alguém estiver a caminho, também estará na minha mente. Não me
impeça de formar uma família melhor da que eu tive.

— Por quê? — Ela passou as mãos no meu cabelo e o segurou com


força. — Por que eu, Theo? — rosnou.

— Porque eu te amo, Olivia. Desde a primeira vez que você abraçou

sua filha e a protegeu com paixão, eu disse a mim mesmo que eu tinha de ter
você, precisava que você fosse minha!

Ela se ajoelhou no chão comigo, me beijou com raiva, desespero,


ansiedade, tudo o que eu também sentia e queria mais.

Daquela vez foi ela quem implorou por meu pau em sua boceta.
Sentados no chão, com o chuveiro ligado ainda em cima de nós, ela me
abraçou com suas pernas e se esfregou em mim, colocou minha ereção dentro
dela, sem nenhum pudor.

Parecia bêbada, alucinada.

— Diga novamente. — Colocou as mãos nas minhas canelas e


ofereceu seus seios para mim, seu quadril ainda em movimento sensual.

— Falo o que você quiser, Pequena. Só continue fodendo assim. —


Peguei um peito na minha boca e o chupei, com força.
— Quero que diga que me ama — gemeu as palavras. — Eu te amo,
ansiei tanto te escutar dizer o mesmo.

— Te amo pra caralho! — Mordi um seio e trouxe seu corpo para


perto de mim. — Meu pau te ama, minha mão te ama...

— Eu quero seu coração, Theo! — Ela começou a me cavalgar, seu

clímax estava próximo de ser alcançado, eu já a conhecia muito bem.

— Você tem mais do que isso, minha alma é toda sua, porque você
me deu a família que sempre sonhei.

E nós dois gozamos, irresponsáveis e pervertidos, nos esfregamos


até que os espasmos do clímax terminassem.

O abraço foi forte e, com um suspiro, dei banho em nós dois e nos
enxugamos, as palavras não sendo necessárias no momento. Ela não

precisava ser mais direta, meu assunto com Madá precisava ser enterrado, eu
teria que encontrá-la, só não sabia se as lembranças do passado me fariam
fraquejar e perder tudo de bom que havia conquistado com Olivia e Bella.
Capítulo 24

Apesar de os dias passarem como se nada tivesse acontecido, percebi


que Olivia estava mais distante. Isso me deixava louco, com necessidade de

firmar minha posição em sua vida a cada momento.

O meu treinamento tinha acabado. Fiz questão de pressionar o


diretor para que o jantar acontecesse no próximo fim de semana e funcionou.
O novo gerente da loja já estava trabalhando e meus dias de observar a nova
funcionária haviam acabado.

Levei Olivia e Bella para comprar roupas novas, até eu ganhei uma
gravata, escolhida por Bella, e encerramos o dia na casa do diretor. Para
minha surpresa, não estava apenas ele, mas o dono da rede de lojas, o CEO,

quem comandava a porra toda, aquele que me fez chegar mais longe na
carreira profissional.

A casa era em um condomínio fechado. Dois andares, grandes


janelas e um enorme jardim na frente parecia intimidante o suficiente.
Imediatamente pensei em Bella andando de bicicleta ou com o tal patinete,
que sua mãe ainda não me havia deixado comprar.
— É um prazer estar junto com o senhor! — cumprimentei o diretor
com um aperto forte e dei espaço para apresentar as duas.

Estávamos no hall de entrada, os donos da casa já tinham se


apresentado para nós e as crianças estavam enroladas nas pernas das mães,
envergonhadas.

— Ouvi falar muitas coisas sobre você, rapaz. E quem são essas
graciosidades? — Apesar de aparentar ter mais de cinquenta anos, Cipriano
era rico e exalava humildade. Não era casado, mas tinha duas ex-mulheres e
três filhos, nenhum interessado em manter o legado da família.

— Olá, sou Olivia, essa é Isabella.

Peguei a menina no meu colo, ela escondeu o rosto em meu pescoço.

— Prazer em conhecê-la. Eu já te vi em algum lugar?

— Ela é uma das vendedoras da loja do shopping — o diretor


respondeu no meu lugar e controlei minha raiva por isso. Como ele soube? —
Para você ver que o rapaz é focado, Cipriano, será um excelente supervisor.

— Theo é um ótimo chefe — Olivia colocou a mão em meu braço e


tentou se posicionar na conversa.

— Dentro ou fora de casa? — o CEO brincou e todos riram.


— Posso levar Isabella no quarto de brinquedo? — a esposa do
diretor perguntou e entreguei a menina, depois de olhar para Olivia e esperar

sua anuência.

Seguimos para a sala, a mão da minha mulher encontrou meu braço


e o apertou com força. Ela estava insegura e com medo, eu dei um beijo na
sua testa e acariciei sua mão. Enquanto eu estivesse no comando, nada daria

errado.

Nós nos sentamos nos sofás da sala de jantar e conversamos, a noite


não poderia melhorar, senão estragaria. O diretor não economizou elogios,
falamos sobre o faturamento da minha loja, estratégias de vendas e estoque,
até Olivia contribuiu, falando sobre uma campanha de quitação de dívidas
dos clientes e outros descontos.

Vez ou outra minha mulher nos deixava sozinhos para ver sua filha e

a conversa tomava um rumo mais sigiloso, seguindo por valores e planos de


expansão para o futuro. Eles pareciam me incluir em tudo, como se eu fosse
um diretor também, e isso me dava esperança.

Estava no caminho certo.

— Querido, seu irmão veio pegar um documento com você — a


esposa do diretor tinha saído para atender o interfone e apareceu, falando
baixo. Olivia apareceu também e se sentou ao meu lado, depositando um

beijo na minha bochecha.

— Peça que entre, vamos todos jantar — o dono da casa anuiu.

Antes ele não tivesse autorizado. Quando a cara do infeliz surgiu na


minha frente, eu vi vermelho. Era o mauricinho, o filho da puta que tinha

roubado Madá de mim.

Sentindo minha tensão, minha mulher me cutucou e questionou com


os olhos. O idiota tinha me reconhecido também e ficamos em um duelo
silencioso com o olhar.

— Vocês já se conhecem? — o diretor perguntou quando me


levantei e estendi minha mão para cumprimentar o imbecil.

— De vista — falei e seu aperto de mão foi tão forte quanto o meu.

Aqui você perde, trouxa!

— Sim, um ex-colega da minha mulher — ele falou olhando para


Olivia e não gostei do sorriso de merda dele. — Olá, querida, e você é?

— Sou Olivia. — Ela estendeu a mão de forma educada e a removeu


rápido da posse dele, sabendo que havia algo de errado com tudo isso.

— Então vamos comer! Venham — o diretor convidou.


— Eu vou pegar as crianças — Olivia e a anfitriã falaram juntas e
riram.

Segui com os ombros tensos, minhas mãos coçavam para acertar um


murro nele, lembrando tudo o que eu havia passado. Minha mente estava uma
bagunça, a minha vida atual se misturou com anseios do passado. Olivia
importava, mas o meu ego também.

— Theo, poderia vir aqui um minuto? — Escutei a voz da minha


mulher e, antes de sentar-se à mesa, fui até ela. Passei pela mulher do diretor,
pelas duas crianças e encontrei-a no banheiro.

Ela nos fechou lá dentro e me olhou com raiva.

— Quem é ele?

— O namorado da Madá.

— Ele te conhece, Theo. Sabe das traições dela?

Com as mãos na cintura, ela me enfrentou e o meu sangue ferveu. A


vontade de foder em um local indevido começou a me dominar e eu soube
exatamente quando ela percebeu minha mudança de humor, porque suas
mãos foram para o meu peito, numa tentativa de me parar.

— Eu quero te foder aqui!


— Theo, concentre aqui! — Ela estalou os dedos na minha cara. —
Por que está tratando o homem com hostilidade?

— Porque ele roubou minha mulher! — rosnei e percebi que tinha


falado merda, porque a raiva de Olivia se transformou em dor.

— Quem é sua mulher, Theo? — ela sussurrou e minha cabeça

abaixou quando entendi que eu estava sendo irracional. — Quem é seu


presente?

Acabei de afirmar que Madá era minha mulher e isso não só magoou
Olivia, mas a mim mesmo, que não queria ter mais nada a ver com aquela
mulher. Porra, Madá não era nada minha. Há muito eu a tinha excluído da
minha vida, eu tinha sido o segundo na vida dela, mas naquele momento, ela
tinha que ser nada para mim.

Lembrei-me dos discursos de ódio dela, misturados com os sermões

de humilhação que minha mãe dizia e percebi... eu não nasci para ser feliz.
Nunca seria o suficiente, porque eu boicotava minha própria prosperidade.
Deveria continuar na merda, esse sempre seria o meu lugar.

— Sou um idiota, fodido e babaca. Você tem razão, eu não te


mereço. — Respirei fundo e percebi que ela fungava, controlando o choro. —
Me perdoa, Pequena. Eu te amo.
— Também te amo, Theo. Só vamos... terminar essa noite sem
nenhuma briga. Bella não merece ver o nosso pior.

Ela limpou os olhos, saiu do banheiro e me deixou com meu reflexo.

Filho da puta, isso que eu era.

Peguei o meu celular e enviei uma mensagem para Madá. Por mais

que tudo estivesse perdido, eu tinha que me libertar. Sempre fui insistente,
aquela teimosia deveria servir para algo, para recuperar a confiança que
Olivia tinha perdido em mim.

Não ia estragar meu emprego, não deixaria que fodesse minha vida
com Olivia, mesmo que as vozes na minha mente dissessem que eu já tinha
estragado tudo.

Eu podia ser provedor!

Voltei à mesa com um sorriso engessado. Conversei com todos,


tratei o mauricinho com indiferença, mesmo que ele tentasse me tirar do sério
com indiretas de que eu não era um homem confiável, que olhava muito para
a concorrência e estava relacionado com uma funcionária.

Ainda bem que meus superiores não se atentaram a essas meias


verdades e as crianças foram grande parte da atenção dos adultos quando a
sobremesa chegou.

Mesmo com Bella reclamando para ficar mais, fomos embora cedo,
meu controle estava por um fio, porque tive que engolir muito sapo, fingir
estar bem sendo que tudo o que queria era gritar para o mundo o que estava
preso na minha garganta.

Madá era passado e Olivia se firmaria em meu presente e futuro!


Capítulo 25

Ele não voltou para casa.

Depois que fomos embora, Theo me deixou com Bella em seu

apartamento, beijou meus lábios com suavidade e anunciou que estava


enterrando o passado. Pediu que eu confiasse nele, porque ele não seria a
merda que sua mãe sempre achou que ele era.

Meu Deus, Theo tinha muito para exorcizar de sua vida, tanto quanto
eu. Havia males que nossos pais nos causavam que deixavam sequelas para o
resto de nossas vidas.

Saí de casa de manhã um pouco desnorteada, Bella perguntando

sobre Theo também não me deixou estável para pensar. O táxi estava na porta
me esperando. Entrei nele dizendo a mim mesma que, se não visse Theo hoje,
amanhã eu voltaria para o meu buraco e seguiria com a minha rotina diária.

Deixei minha filha na creche, entrei na loja e comecei a procurar o


que fazer, de tão nervosa que eu estava. O gerente, que queria mostrar
serviço, ficava mais entre nós do que em sua sala, perguntando e às vezes
intimidando. Andar pelos corredores da loja e organizar os produtos também
tinha a intenção de fugir do seu escrutínio.

Não contei para Theo, até porque isso poderia ser apenas uma
implicância minha. Aquele não era o meu homem, o chefe que não voltou
para casa e não me acordou com seus beijos e carinhos.

— Preciso que você atenda os clientes, o estoque quem arruma é

outra pessoa.

— Sim, senhor, só estava ocupando meu tempo até começar o


movimento intenso da loja.

O homem me pegou no meio do caminho de um corredor a outro.


Ele me olhou da cabeça aos pés e estalou a língua.

— Entendi.

Eu já havia passado por ele quando disse isso. Virei meu rosto e ele

olhava para minha bunda. Quando seu sorriso cínico me encontrou, andei
depressa e fui atender à nova cliente que entrava na loja.

— Olá, pois não? Em que posso ajudá-la? — perguntei com as mãos


para trás e um sorriso nervoso na face. A conferida que aquele homem me
deu me desconcertou.

Esbelta, com uma roupa de dar inveja e o cenho franzido, a mulher


olhava para todos os cantos, procurando alguma coisa. Quando seu olhar caiu
em mim, depois no meu crachá, ela me conferiu da cabeça aos pés e dei um

passo para trás, desconfortável por ser avaliada daquela forma pela segunda
vez em tão pouco tempo.

— Então você é Olivia.. — Meu nome nos seus lábios soou tão
debochado. Meu coração acelerou, eu precisava tomar o controle da situação.

— Sim, sou vendedora nessa loja. Procurando algo em particular?

— Que você — ela me cutucou com um dedo de unhas enormes e


bem-feitas — fique longe — cutucou novamente — do meu homem!

Olhei para os lados e percebi Vanessa se aproximar, seu olhar era


preocupado. Fiz um sinal de não com a cabeça e voltei minha atenção para a
mulher. A única pessoa que poderia me confrontar daquela forma era o
passado, ela deveria ser Madalena, não tinha outra explicação.

Céus, eu não sabia o que tinha acontecido e não tinha segurança de


afirmar se Theo realmente foi terminar com ela. E se decidiram ficar juntos e
não teve coragem de falar comigo?

— Desculpe, senhora, não estou...

— Sua biscate interesseira. — Ela pegou meu cabelo em sua mão e


desta vez, Vanessa veio apartar mesmo sem eu autorizar.

— Solta ela! — minha colega mandou, mas a mulher me jogou em


cima de Vanessa e nós duas fomos ao chão.

Senti o gosto metálico de sangue na boca quando a ponta do seu


sapato de grife acertou meu queixo.

— Oportunista do caralho. Não se faça de sonsa, sabe quem eu sou.


Fique longe dele, da nossa família! — Olhei para cima e a vi passando a mão
na barriga chapada que tinha. — Estou grávida e sei que você tem uma filha.
Não tire o pai de seu filho. Não seja uma vagabunda igual a mãe dele foi.

E assim ela se foi, antes que Vanessa se levantasse e corresse atrás


dela. Vi de longe ela puxar o cabelo bem-tratado e dizer algumas coisas antes
de voltar até mim, que já estava de pé e tentando encontrar um buraco para
me enfiar.

Ela estava grávida.

Se ela tinha namorado, porque dizia ser de Theo? Será que ela falou
isso para ele? Seria esse o motivo de ele não querer ir para casa ontem?

— Limpe esse rosto e volte a trabalhar! — meu gerente falou.

— Você está louco? Ela foi agredida, vamos à delegacia! —


Vanessa o enfrentou.

— Deixe como está, eu já volto. — Apertei a mão da minha colega,


que agora eu poderia considerar uma amiga e sorri. — Obrigada.

— Eu só não fiz mais, porque escutei que aquela chocadeira estava


grávida. — Ela me abraçou de lado e seguiu comigo até o banheiro. — Agora

me conta tudo.

E desta vez eu falei, sem muitos detalhes, do dia que Theo me deu
carona, que nossa amizade evoluiu e eu estava morando com ele. Sabia que
era irracional, mas tudo que o envolvia era assim... impactante!

— Você e sua filha merecem ser felizes. Não tire conclusões


precipitadas antes de falar com ele. Theo não tem perfil de ser tão babaca
assim.

— Eu sei, Vanessa, meu medo é o que se passa na mente dele. Você


não sabe como ele funciona.

— Vocês não são pagas para ficar no banheiro fofocando. —


Totalmente sem noção, o gerente abriu a porta do banheiro feminino e entrou.

— Volte, Vanessa, eu já vou — resmunguei e terminei de limpar as


lágrimas que escorreram conforme contei minha história para ela. Em dúvida,
ela me deixou sozinha com o gerente, que fechou a porta com suavidade e me
encurralou com seu corpo.

— Você é a que gosta de foder com o patrão. — Ele passou a mão


no meu corpo e eu tentei me afastar, mas estava sem forças. — Estou
precisando de um boquete mesmo.

— Me solta, isso é assédio sexual! — Comecei a empurrá-lo e me


debater enquanto ele aproveitava e continuava a me molestar.

— Quem vai acreditar, piranha? Todo mundo sabe que você está
fodendo com o supervisor Theo.

Ele tentou me beijar, eu chutei suas bolas e recebi um tapa na cara de


recompensa, onde eu já sentia inchar.

Sem me preocupar com as consequências, saí correndo do banheiro e

para longe da loja, deixando Vanessa preocupada, gritando o meu nome.

Eu estava transtornada, sem bolsa, sem celular e sem rumo. Depois


que saí do shopping, andei pelas ruas e pelo centro da cidade, chorando, sem
saber o que fazer e para quem recorrer. Antes eu tinha Theo, mas ele não
tinha voltado para casa e eu não sabia em que pé nosso relacionamento
estava.
Precisava do meu porto seguro, eu tinha que pegar minha filha.

Mesmo sem saber o horário, caminhei até a avenida mais próxima e


segui até a creche. Meus pés ferviam na sapatilha, as bolhas por causa do
caminhar por vários quilômetros me faziam querer chorar ainda mais, mas
não desisti.

As professoras se preocuparam com meu rosto machucado, eu só


queria minha filha e meu buraco, o único lugar do qual não deveria ter saído.

— Cadê o Theo, mamãe?

Chorei quando a primeira pergunta que ela me fez foi aquela.


Caminhei sem responder, meu choro deixando-a preocupada e mais agarrada
a mim. Iria pedir demissão, sumir daquele shopping e da vida que um dia
achei ser meu conto de fadas.

Estava tudo bom demais.

Para emergências, eu sempre deixei uma chave escondida dentro do


vaso do cacto que ficava perto da minha porta. Coloquei Bella no chão, cavei
e encontrei o metal com os dedos.

Abri a porta da minha antiga casa e tudo o que eu não sentia era que
estava segura, em meu lar.
— O que foi, mamãe? Eu queio o Theo — ela choramingou.

Lavei minhas mãos, o rosto e troquei de roupa, colocando algum


trapo velho que ainda estava aqui.

— Vem deitar com a mamãe — pedi para minha filha.

— Eu queio assisti Frozen na minha casa. — Bateu o pé no chão.

— Não, filha, aqui é sua casa.

— Não!

— Vem!

— Queio Theo.

Deitei-me na cama, esgotada física e emocionalmente para responder


às vontades da minha filha. Ela começou a chorar, eu também e, depois de

alguns segundos, ela subiu na cama comigo e me deixou abraçá-la.

— Desculpe, bebê. Eu não estou legal. Eu te amo.

Ela não me respondeu, mas ficou quietinha comigo até cairmos no


sono e uma falsa paz me encontrar.
Capítulo 26

— O quê? — gritei e alertei meu diretor de que algo estava errado.

— Ela saiu correndo, não levou nada com ela, estou preocupada —

Vanessa, a funcionária da minha antiga loja, me ligou desesperada e contando


que Madá tinha aparecido lá, falando merdas. — E vem dar um jeito nesse
novo gerente, tenho certeza de que ele também fez algo para ela. Onde já se
viu, invadir o banheiro feminino?

Meu sangue ferveu. Não vi mais nada além da minha mulher perdida
e eu não podendo ajudá-la.

Desliguei o celular e me levantei da cadeira, estava em reunião com

meu diretor e só atendi a ligação porque Vanessa insistiu mais de cinco


vezes.

Eu estava perdendo tempo.

— Está tudo bem, Theo?

— Senhor, estou com mais de um problema para resolver na minha


antiga loja.
— Sua mulher? — Ele me olhou com um pouco de desdém e eu
soube que seu irmão tinha conversado com ele e feito a minha caveira.

Comigo o papo era reto e direto.

— Até antes do jantar, você sabia muito bem minhas qualificações.


Eu não misturo as coisas. Seu irmão deve ter contado que tive um
relacionamento com a mulher dele e que, até um tempo atrás, eu era seu

amante.

Engoli em seco e ele também. Comecei, agora iria terminar.

— Minha vida pessoal não interessa à empresa, mas se duvidarem da


minha capacidade de administrar, por causa de algo que fiz no passado, então
vou jogar as cartas na mesa e mostrar quem eu realmente sou.

— E quem é você, Theo? — Ele se levantou da cadeira e cruzou os


braços à sua frente.

— Sou um idiota que correu atrás de ser o melhor na minha


profissão para dar uma vida digna a uma mulher que nunca se preocupou
comigo de verdade. No momento que a pessoa certa cruzou meu caminho,
demorei para entender que um hábito ruim era difícil de se desfazer. Achei
que estava sob controle, mas fiz merda. — Respirei fundo, seu olhar
indiferente estava me matando por dentro. — Vanessa, minha antiga
funcionária, acabou de ligar falando que uma cliente agrediu Olivia e que o

novo gerente foi um babaca com ela, além de invadir o banheiro que ela

usava. Minha mulher saiu da loja sem nenhum documento, eu não voltei para
casa ontem e estou a um passo de explodir se eu precisar me justificar mais
um pouco para o senhor.

— E o que você vai resolver primeiro, Theo? Há um problema com

seu gerente, é responsabilidade do supervisor verificar — ele me desafiou e


não hesitei na minha resposta:

— Minha mulher foi agredida. Nesse momento, só preciso ter


controle para não ir atrás de Madalena, sua cunhada, e exigir que pague pelo
dano, porque sei que foi ela quem fez isso.

— Não acuse sem provas, rapaz. — Apesar de sua reclamação, sua


pose não era mais defensiva.

Peguei meu celular e o coloquei em cima da mesa.

— Senha 925485, entregue para seu irmão e mostre meu aplicativo


de mensagens. Eu não apago nada.

Saí da sala e corri para fora do prédio, pensando no local onde


encontraria minha mulher. Dirigi com prudência, mas um desespero latente
me impedia de ir devagar. Para onde foram? Esperava que a música no carro
me ajudasse a clarear a mente para encontrá-las.

“Quando você está cansado de lutar

E você tem que correr, pular direto

Segure a espingarda, estou dirigindo

Eu serei seu protetor!”

City Wolf - Protector

A creche!

Esse foi o primeiro lugar em que passei, com o coração acelerado


por saber que ela tinha vindo andando até sua filha e por se, realmente, ela

estivesse ali.

— Ela já buscou Isabella — uma das professoras me falou, depois de


eu explicar que mãe e filha estavam desaparecidas.

Peguei meu carro e fui para sua antiga casa. Um pedaço de mim
apodrecia ao pensar que ela havia procurado aquele buraco, ao invés de mim,
para se consolar.

Parei o carro de qualquer jeito, abri o portão e tentei empurrar sua


porta, mas estava trancada.

— Olivia, se estiver aí, abra! — ordenei, não sabendo se ficaria feliz


ou triste em vê-la.

Bati na porta com a mão aberta e, segundos depois, uma Olivia


muito sonolenta e com o rosto inchado me atendeu.

— Eu vou matar aquela puta! — rosnei e peguei seu rosto em


minhas mãos. Ela recuou.

— Bella está dormindo. Por favor, não se preocupe comigo, eu vou


ficar bem. — Ela voltou a se deitar na cama, tendo sua filha sob sua proteção,
e fiz como queria ter feito há muito tempo, naquele lugar.

Mãe e filha seriam abrigadas em meu abraço. Retirei o paletó do


meu terno, meus sapatos e subi em cima da cama.

— Theo, o que você está fazendo?

— Protegendo a nossa família como eu deveria ter feito desde o


início. — Deitei-me atrás dela, encaixei meu braço debaixo da cabeça das
duas e envolvi o outro braço no corpo delas. — Nós vamos para a delegacia
dar queixa.

— Ela está grávida.

Suspirei, já ciente da chantagem emocional que aquela louca estava


fazendo. A última vez que transamos foi com camisinha e, antes disso, fazia
mais de dois meses que não nos encontrávamos. Grávida ou não, esse filho

não tinha nada a ver comigo.

— Não é meu.

— Como tem tanta certeza, Theo?

— Porque fiz as contas, porque aquela mulher é louca e porque meu


amor por você me fez enxergar a verdade.

— Que verdade? E se você estiver errado?

— Fui manipulado por muito tempo. Agora que tenho você, alguém
que me apoia, me aceita e me ama, eu sei o que é bom e não quero me separar
nunca mais.

— Você não voltou para casa.

— Estava cuidando de enterrar o passado, Pequena. Não vou mentir,


ela me beijou, eu tentei sentir aquela sensação de frenesi de antes, de quando
eu estava com ela, e retribuí o beijo.

Ela retesou, seu corpo estava duro, uma lágrima caiu na minha
camisa, no meu braço.

— Eu só pensava em você, Olivia. Consegui a força que eu


precisava para colocar um ponto final. Só de lembrar que estava longe de

vocês duas meu coração se aperta de um jeito ruim.

— Você a beijou. — Chorou.

— E eu quase tomei água sanitária para tirar o gosto dela. Estava me


sentindo sujo, Olivia. Disse para ela tudo o que estava entalado em minha
garganta e sua cartada final foi dizer que estava grávida. Mas ele não é meu.

— E se for?

— Que os anjos não sejam tão cruéis comigo a esse ponto, porque

quero viver minha vida em paz com você. Quero me casar com você.

Sentei-me na cama, tirei a gravata e abri alguns botões da minha


camisa, mostrando a minha nova tatuagem. Acabou Madalena, vários riscos
tribais contornavam os nomes Olivia e Isabella em meu peito.

Primeiro, ela olhou horrorizada, depois chorou e se acomodou em


meu colo, evitando a tatuagem.
— Theo.

— Esqueça o julgamento alheio. Eu quero ser melhor, você me faz


bem.

— Você me traiu.

— E para compensar, cobri a tatuagem de merda. Se não for o

suficiente, eu farei o que você quiser, para que essa falha seja equalizada e
nossa vida possa continuar feliz. Eu quero você, Olivia. Me dê a
oportunidade, como você fez antes, para que eu faça valer a pena. Hoje é
diferente.

— Intenso Theo. — Pressionou os lábios, sem dizer o que eu


precisava ouvir.

— Eu não comprei um anel de noivado, mas o pedido está feito.

Casa comigo, esqueça essa casa e venha para seu apartamento, comigo,
quando alguma coisa de ruim acontecer. Minha vida está conectada a sua, só
há nós três a partir de hoje.

Ela chorou e Bella acordou com um enorme sorriso ao me ver. Pulou


nos meus braços e me apertou, eu também sentia falta dela. Minha princesa
parecia assustada, tanto quanto a mãe.
— O que ti com a mamãe, Theo? — Olhou-me com preocupação
enquanto o choro de Olivia parecia não ter fim.

— Mamãe está tendo um mau momento. Fizeram dodói no rosto


dela, mas o Theo vai brigar com eles.

— Não pode batê, é feio.

— Eu sei, princesa. — Beijei sua testa e passei minha mão nas


costas da minha mulher. — E então, vamos voltar para a nossa casa, você
sendo minha esposa e eu sendo seu marido?

— Você faz as coisas parecerem tão simples, Theo. — Deu uma


fungada final e me encarou. — Eu te amo.

Olhei para seu rosto machucado e controlei a vontade de xingar


novamente. Madá iria pagar, se nossas conversas não destruíssem sua vida,

eu o faria. Nenhuma criança que saísse do seu ventre merecia uma mãe como
ela.

— Eu te amo. — Beijei seus lábios e olhei para Bella. — Eu te amo,


princesa.

— Te amo, Theo.

Bella fez sua mãe chorar novamente e eu tive a confirmação de que


iríamos sobreviver, de que o meu ato errado seria compensado, aquela
oportunidade não seria desperdiçada.

Nosso relacionamento começou com confiança e amor,


permaneceria daquela forma, porque o que vivemos era intenso demais para
abandonar.

Objetivo. Intenso.
Capítulo 27

Não consegui trabalhar, minha vida desmoronou pouco a pouco na


frente dos meus olhos. Na casa do meu irmão descobri que o filho da puta do

amante da minha mulher estava mais próximo do que eu imaginava. Com


isso, confirmei minhas suspeitas de que Madalena nunca quis algo sério
comigo.

Há alguns meses, eu soube de sua traição. Achava que tinha sido


apenas um deslize, um ex-namorado idiota correndo atrás da mulher que
mudara sua vida.

Como fui enganado, Madalena não passava de uma interesseira.

As lágrimas que deixou escorrer pelos seus olhos quando a


confrontei sobre a traição vieram à minha mente como um tapa na cara. Ela
nunca se arrependeu, nunca foi coisa de momento, sempre aconteceu.

— Irmão. Fale comigo.

Eu não conseguia. A troca de mensagens que eu lia, entre aquela


vagabunda e seu amante matava mais e mais qualquer sentimento de amor ou
empatia que tive com ela.

Dei-lhe estudo. Um lar. Roupas e joias.

Uma família!

Aquela mulher tinha tudo de mim, confiei cegamente em suas


palavras, inclusive, mudamos de apartamento porque ela pediu, porque o

perseguidor era seu amante.

Não era o que parecia nas últimas mensagens que eles haviam
trocado. Olhando de fora, eu percebia que Theo tinha muitos problemas com
sua autoestima e que minha mulher sabia disso e se aproveitava da situação.

Filha da puta!

Finalmente olhei para meu irmão. Há pouco ele tinha me encontrado


em casa e trazido o celular de seu supervisor para mim.

— Não vou deixar que esse homem destrua nossa vida, nossa
família. Já marquei uma reunião com Cipriano, vou pedir sua cabeça.

Ele perder o emprego me deixava satisfeito? Nada, eu não sentia


nada.

— Por que vai demitir o rapaz? Quem me devia fidelidade e respeito


era apenas aquela mulher.

— Ele sempre soube que ela era comprometida e incentivou. Não


culpe apenas Madalena.

— Vou culpar essa vagabunda, sim! — retruquei alto e respirei com


dificuldade. Apertei o celular em minha mão e o joguei contra a parede,

finalmente o quebrando – mais do que já estava.

— Se acalma, não faça nenhuma besteira.

— Como ela fez comigo? — Apontei para o celular quebrado e


segurei as lágrimas para não caírem. — Para mim, todos poderiam cair
mortos e a dor que estou sentindo no meu peito não iria acabar.

Fechei minha mão e bati com força em meu coração.

— Giuliano...

Olhei para a parede e busquei controle. Contei até dez, respirei fundo
várias vezes e me imaginei dentro de um tribunal, buscando o melhor
argumento, a melhor estratégia.

Senti os muros serem erguidos, vesti uma armadura e me sentei de


forma controlada na minha cadeira. Meu escritório, o lugar onde fodi essa
mulher muitas vezes e a escutei se declarar para mim.
Ela não passava de uma golpista. Melhor advogada do que eu.

— Você disse que esse cara está com outra mulher, certo? — Meu
irmão acenou. — Deixe onde está, avalie sua postura profissional e esqueça o
que aconteceu comigo. Ele merecia uma punição, mas Madalena merece
mais. Ela ama esse idiota? Ela vai vê-lo se casar com a vendedora e ser
esquecida.

Frio. A vingança precisava de cálculos e frieza.

— Eu não vou me sentir confortável em trabalhar com alguém que


destruiu sua vida.

— Irmão, acredite, quem destruiu minha vida foi aquela cobra


traiçoeira. Ela é a única que pagará por isso.

Alguém bateu à porta e o rosto que iria me atormentar por muito

tempo até eu superar tudo apareceu.

— Cheguei em casa, amor — ela anunciou com um sorriso falso e


ficou parada à porta.

Desde a outra noite, quando fui mais ríspido com ela depois que
cheguei do jantar, ela parecia mais dócil e suave.

Eu precisava me vingar.
— Obrigado pela visita, irmão. — Sorri com falsidade para ele e
para minha futura ex-mulher. — Estou com saudades da minha mulher —

falei de forma ácida a última palavra e me levantei.

— Não faça...

— Está tudo sob controle — acalmei-o enquanto vi, pela minha

visão periférica, Madalena se aproximar, toda manhosa. — Conheço as leis,


sei o que posso e não posso fazer. E sobre aquele outro assunto, não faça
nada, deixe que ele prospere. Até logo.

Abracei minha mulher de lado, com posse. Vi meu irmão com


dúvida se levantava e saía do escritório ou se deixava o assunto apenas entre
nós.

Quando sozinhos, ela tomou minha boca na sua e a única coisa que
eu conseguia imaginar eram as palavras do idiota sobre o quanto ela chupava

maravilhosamente o seu pau.

Madalena sempre evitou chupar o meu, dizendo que tinha bloqueio


quanto a isso. Inclusive, fez muitas vezes terapia...

Quanta mentira! O único tratamento que fez foi usar esse horário
para se encontrar com ele. Tomar a pica dele.
Eu era um panaca!

— Estou com saudades, meu bem — ela sussurrou em meu ouvido e


me abraçou. Minhas mãos seguraram sua cintura na dúvida do que fazer.

— Chupa meu pau — ordenei. Tão diferente da minha pessoa, pois


evitava ao máximo ser grosso ou obsceno.

Ela me olhou chocada e eu sorri, de forma diabólica. Minha


vingança seria executada e começaria com aquele momento.

— O quê... você sabe...

— Amor da minha vida, meu irmão veio me contar que pegaram


funcionários transando na loja. Na verdade, a mulher estava chupando o pau
do homem e isso me deu... ideias... — Alisei seu rosto, depois seus lábios. —
Faça essa graça para o seu bem, querida.

— Te excitou? — ela perguntou desconfiada e trouxe sua mão para a


minha ereção, que não estava tão acordado, mas que faria questão de estar
duro e firme para ser chupado em poucos segundos.

— Estou louco para irmos naquela joalheria que você tanto ama. Me
deixe sentir sua boquinha antes.

E tive toda a confirmação que eu precisava sobre seu jeito de agir.


Seus olhos brilharam, a malícia apareceu nos seus lábios e, como uma alma
interesseira, ela se ajoelhou e abriu minha calça para pegar meu pau na sua

mão e o devorar como um picolé.

Focado na vingança e no quão tudo isso era pervertido, eu a fiz


chupar, levei meu pau até sua garganta e constatei, mais uma vez, que ela
sabia fazer um boquete e gostava.

Como fui cego.

Não avisei quando gozei em sua boca e ela quase se engasgou com
minha porra, mas chupou tudo, mostrando que era apenas teatro.

— Acabou — anunciei e a empurrei para cair sentada no chão.

— O quê? Meu bem, você precisa avisar quando irá gozar.

— Vá embora! — gritei e apontei para a porta. — Você achou que

ganharia uma joia nova depois desse boquete? Sua vagabunda, eu vi a sua
conversa no celular do seu amante, sei da sua traição.

— E me fez te chupar? — De tudo o que eu disse, ela parecia


indignada por eu ter me vingado. Não parecia abalada ou ofendida, apenas
decepcionada. — Pare de dar ouvidos a quem não te ama.

— E estou fazendo exatamente isso. Rua!


— Vai expulsar a mãe do seu filho?

Vi o mundo girar, segurei na cadeira para não cair no chão e perdi


minha base.

Ela estava grávida? Era meu?

— Seu coração é bom, nunca abandonaria uma grávida.

— Não brinque com um assunto desses. É sério, se esse filho não for
meu ou se você não estiver grávida... eu vou te caçar e vou te humilhar mais
do que com esse boquete.

Ela deu de ombros, limpou o canto da boca e saiu do escritório


dizendo:

— Esse pau pequeno nunca me fez cócegas mesmo. Aprenda a


localizar um clitóris, babaca.

Minha vingança não começou como eu queria, mas terminou de


forma satisfatória.

Tive que aturá-la em casa até ter a confirmação de sua gravidez e se


o bebê era meu. Ela estava certa, eu não iria jogá-la na rua.

Primeiro veio o boletim de ocorrência de agressão, por parte de


Olivia Nunes. Madalena pediu suporte, ninguém do meu escritório estava
autorizado a respaldá-la. Nem ele, nem os de todos os meus conhecidos.

Estando sob o meu teto, vi-a chorar uma ou duas vezes pelo amante
que nunca mais se importou com ela ou respondeu suas mensagens. Pior do
que dizer que não a queria mais, era simplesmente não responder.

Indiferença.

Alimentei esse sentimento comigo também até conseguir um


mandato para colher sangue dessa chantagista e constatar o que já sabia, ela
não estava grávida.

Tirei suas roupas, seus bens e a coloquei na rua da amargura, a


mesma em que eu seguia, sabendo que o mal que ela causou me fez perder
anos e anos ao seu lado.

Depois de meses sem conversar com Madalena, descobri que Theo


iria ser pai, que estava bem na empresa, e meu irmão agradeceu porque não
agiu por impulso e o demitiu. O homem era fiel, uma máquina que fazia a
empresa prosperar.

Aos poucos, meu ódio por ele se dissipou, ou talvez só tenha


mudado de lugar na balança. Apesar de nunca mais ver Madalena, eu a
seguia, tinha olhos em tudo o que fazia, inclusive na boate em que ela
dançava e se prostituía.

Estava me tornando obcecado e nem percebi quando fui atropelado


pelo verdadeiro amor.
Capítulo 28

Meses depois...

A fluidez fazia parte da minha vida. Se eu soubesse que enterrar


Madalena e lidar apenas com Olivia fosse trazer tantos bons frutos, eu teria
feito antes.

Uma das “punições”, que se tornou uma ajuda bem-vinda, para


equilibrar as merdas que fiz com Olivia até chegarmos aonde estávamos, era
frequentar um terapeuta. Troquei cinco vezes de profissional, até me
identificar com Gheany. A mulher era como um sargento e não lidava suave
com meu jeito intenso.

Aprendi a controlar a raiva, meu relacionamento com Olivia


melhorou e eu não me sentia mais em dívida, muito menos culpado.

Eu era merecedor de felicidade e da família perfeita que eu estava.

Para que tudo melhorasse, eu precisava dar um passo longe de casa e


visitar uma mulher. Ela fazia parte do meu passado e deveria se transformar
em algo melhor, para o presente. Eu tentaria, por Olivia e seu amor pela
nossa família.

Até as escolhas de músicas tinham mudado com tanta coisa


acontecendo em minha vida. Eu continuava no Rock, mas as melodias se
tornaram mais suaves e me acompanharam até o apartamento que minha mãe
morava.

“Eu vi você brilhando no escuro (eu vi você brilhando no escuro)

Mais brilhante do que um milhão de estrelas

Nosso fogo parou de queimar

Rude e divergente agora

O Universo morre em nossos corações”

From Fall To Spring – Supernova

Fiquei um tempo olhando o lugar, que era tão pior quanto o que
Olivia morou com Bella, antes de virem para a minha casa. Saí do carro,
ajeitei o terno e caminhei lentamente.

Encontrei sua porta, bati vagarosamente e esperei.

— Mãe? Sou eu.

— Sim, Theo, sei que é você. O que faz aqui? — ela perguntou
assim que abriu a porta do apartamento e com um gesto me convidou a
entrar.

Ela parecia ter envelhecido anos, sua postura defensiva ainda existia
e eu tinha certeza de que qualquer atitude deveria partir de mim, como Olivia

tinha me explicado.

— Vim te pedir desculpas e avisar que você será avó.

Ela estava de costas para mim, procurou um sofá para se sentar e me


olhou. Continuei de pé, com os braços ao meu lado e sem barreiras entre nós.

Que as mágoas ficassem no passado. Se precisei passar por tudo isso para
estar onde eu estava, com quem estava, faria tudo novamente.

— Theo — ela sussurrou e começou a chorar. Eu não sabia


exatamente o que fazer, o sentimento de acolhê-la parecia algo de outro
mundo. Se fosse Olivia seria mais fácil, mas minha mãe...

— Quer conhecer minha família? — perguntei, um nó estava na


minha garganta.

— Você se casou? Quando foi isso?

— Ela tem uma filha do primeiro relacionamento, mas é minha,


mesmo que não esteja no papel. Há outro a caminho, na barriga de Olivia.

— Sim, quero conhecer — falou, enxugando as lágrimas.

— Ok. — Recuei um passo.


— Espere. Quer tomar um café?

Eu não queria, estava sendo muito para o momento, mas meneei a


cabeça e fui me sentar em uma cadeira ao lado de uma mesa desgastada.

Tammy demorou para passar o café, mas quando serviu em dois


copos de requeijão e começou a falar sobre sua vida, abri meu coração e
permiti que aquele relato fosse parte da cura que minha alma precisasse.
Capítulo 29

— Olá!

— Oi? — perguntei, porque o homem que me abordou era tão


bonito, alto, charmoso e atraente, que fiquei chocada que fosse comigo.

Com olheira, cabelo em coque e muitas rugas no rosto, no


restaurante onde trabalhava, eu era a última opção, inclusive, para que fosse a
pessoa responsável para o atendimento.

Eu estava perto do balcão, olhando minhas mesas e verificando se


alguma delas precisava de algo, mas esse moço, esse lindo e maravilhoso
rapaz me chamou atenção.

Eu o conhecia? Ele me parecia tão familiar...

— Tudo bem com você? — ele continuou a conversa e fiquei sem


graça de achar que ele realmente quisesse saber sobre mim.

— O senhor precisa de algo? Posso te indicar uma mesa?

Dei um passo para frente, mas ele segurou meu braço e senti um
formigamento de excitação pelo meu corpo. Há muito não sentia, o único
sexo que fazia era com o pai do meu filho quando ele estava cansado da sua
atual, por isso eu parei meus movimentos e apenas olhei fundo nos olhos do
cliente.

Será que ele sentia isso?


— Você tem um horário de intervalo? Ou quem sabe, quando você
terminar seu expediente?

— Por que pergunta? — Cruzei meus braços e encarei sua garganta,


uma vez que a vergonha havia dominado meu rosto.

— Gostei de você, Tammy. — Ele tocou meu ombro e o acariciou.


— Gostaria de te conhecer.

— Moça! — Alguém chamou minha atenção e sem pensar duas


vezes, fui na direção de outro cliente.

Anotei um pedido, retirei um copo de outra mesa, servi mais uma e


quando olhei para perto do balcão, o homem ainda estava lá.

Como isso era possível? Logo eu, a pessoa que nunca ganhava nada
de bom nessa vida.

Respirando fundo, andei alguns passos até ele, que me sorria de


orelha a orelha. Ainda bem que ninguém parecia preocupado com minha
interação, sempre passei despercebida.

— Então, podemos conversar?

Estava tão enferrujada para essas coisas. Será que isso era um código
para nos conhecermos melhor e talvez, rolar algo além da conversa? Eu
queria isso?

Era muito para processar, a raiva constante do meu filho Theo, o


amor e ódio que tinha do pai dele e minha baixa autoestima me faziam
duvidar ao mesmo tempo que queria me jogar para dentro desse precipício.

Se eu o dispensasse agora, talvez não conseguisse outra chance, por


isso avisei à moça que ficava no caixa, que era filha do dono do restaurante,
que iria falar com meu amigo por alguns minutos e depois voltava.

Caminhei até o lado de fora do restaurante com o cliente e dobrei a


esquina, para que ninguém me visse conversando com um estranho.

Não tive tempo de processar, assim que parei de andar, ele me puxou
para os seus braços e beijou meus lábios com ferocidade. Havia dentes,
língua desafiadora e paixão.

Abracei seu pescoço e aos poucos, ele foi me empurrando para trás,
até que minhas costas encontrassem a parede.

Qual era o nome desse cara? Que eu lembrava, ele sabia o meu.

Sua mão começou a descer pelo meu corpo e apertava todos os


lugares em que havia carne. Por tomar muito café e economizar com comida,
eu era uma ex-gordinha, ou seja, ainda tinha muito para ser apalpado.

Virei minha cabeça para explorar sua boca de outra forma, seus
lábios começaram a judiar dos meus e seu quadril se moveu contra o meu.
Ele estava excitado apenas com um beijo?

— Gostosa, como imaginei — sussurrou quando parou de me beijar.


Ele colou sua testa na minha e tentou controlar sua respiração. — Quer
conversar ou podemos...

— Beijar, me beija! — implorei, porque lábios como esses eu não


sentiria novamente tão cedo.

Empurrei meu quadril conta o seu e senti mais uma vez sua ereção.
Louca de paixão como estava, era capaz de ajoelhar e fazer um boquete a céu
aberto, sem nenhum pudor.

Minhas mãos desceram pelas suas costas e encontraram sua bunda,


firme e gostosa.

— Quer me fazer passar vergonha, Tammy? — Ele começou a


morder meu pescoço e sem disfarçar, começou o vai e vem contra o meu
corpo. — Já imaginou nós dois na horizontal?

— Meu Deus, nem sei seu nome! — ofeguei e subi minhas mãos
para seu cabelo, empurrando-o para baixo, para meus seios que clamavam
por atenção.

Ele entendeu o recado e por baixo da minha blusa, ele colocou sua
mão e abaixou o bojo, seu dedo áspero me fazendo gemer quando apertou o
bico.

— Julio. Julio Cipriano.

— Só posso estar louca. — Voltei a beijá-lo, meu tesão só


aumentando com esse contato sensual. — Parece que te conheço.

— Estive te observando há muito tempo. Você quer passar


despercebida, mas não por mim.

A outra mão ameaçou invadir o que minha calça escondia e eu


segurei sua mão, minha boca não mais dominada pela sua.

— Vamos com calma, estamos na rua — sussurrei e ele se afastou,


tentando se recompor.

— É verdade, me desculpe se me excedi, mas espero por isso há


muito tempo. — Ele me sorriu de forma safada. — Podemos nos ver hoje à
noite? Na minha casa ou no motel?

Mais direto que isso, impossível. Ele não queria conversar comigo?
Não, ele queria me foder e se eu deixasse, faria isso aqui na rua.

Como meu ex-namorado dizia todas as vezes que transamos, a única


coisa que eu servia era para o sexo. Minha carreira como professora e minha
vocação como mãe estavam enterradas em algum lugar pelo caminho
tortuoso da minha vida.

Como demorei demais para responder, ele se aproximou e me beijou


novamente, minhas mãos queriam explorar esse corpo sarado, mas se
mantiveram sobre seu peito, para impedi-lo de avançar novamente.

— Me dê seu celular — ordenou e eu fiz.

Ele anotou seu número e ligou, anotando o meu em seu próprio


aparelho.

— E agora? — perguntei, assim que ele me devolveu o celular.

— Você me envia uma mensagem, eu venho te pegar e vamos para


onde você quiser — sussurrou de forma sensual, pegou minha mão e colocou
em sua virilha. — Imagine isso te dando mais de duas horas de prazer.

Será que eu devia?

Quando pensei no que faria durante a noite, lembrei que tinha que
buscar meu filho no colégio e não havia ninguém para me ajudar a olhá-lo
por um tempo e pior, não tinha nem dinheiro para contratar ninguém.

Sim, estava cogitando me entregar para um estranho, porque eu só


precisava me sentir assim mais uma vez na vida.
VIVA!

— Eu te mando uma mensagem qualquer coisa — falei, mas dentro


de mim, a constatação de que nunca mandaria nada para ele era grande.

— Não me deixe esperar muito — insinuou que não tentaria falar


comigo novamente caso eu não desse para ele e saiu andando, sem olhar para
trás.

O que tinha acabado de acontecer?

Não sabia explicar em palavras, apenas senti e isso era algo que não
acontecia há muito tempo. Mesmo que aquela noite fosse incerta, valeria pela
loucura do dia.
Capítulo 30

Sentada em um banco de ônibus, pensei em como minha vida


chegou naquela situação. Acreditava que tinha um futuro promissor, um
homem que me amava e a faculdade que ansiava.

Da noite para o dia descobri a traição do meu namorado, uma


gravidez inesperada e a rejeição dos meus pais.

Nunca tive motivos para sorrir e pelo jeito, não teria tão cedo, ainda
mais com meu filho sendo o pior aluno da escola. Além de não se empenhar
em estudar, ele atrapalhava as aulas, os colegas e estava sendo ameaçado a se
retirar caso acontecesse uma nova ocorrência.

— Fica quieto moleque! — Bati na mão de Theo, que estava


arrancando o estofado da cadeira à sua frente. Como sempre, ele apenas me
olhava com indiferença e voltava a fazer o que queria.

Eu não tinha controle sobre minha vida, muito menos a dele.

Com sete anos, já brigamos mais do que eu briguei com meus pais a
vida inteira. Todo dia um problema, desrespeito e vandalismo.

Ia bater novamente em sua mão, mas uma mulher de pé ao meu lado


me encarava como um gavião. Sabia que me julgava, que era minha culpa,
mas ninguém sabia a cruz que eu carregava há mais de sete anos.

Nosso ponto chegou e com força, peguei no braço de Theo e


praticamente o carreguei para fora do ônibus. Ele sempre fazia corpo mole
para andar, como se fosse obrigação da minha parte carregá-lo no colo.

Parei de fazer isso há muito tempo, quem estava precisando de colo


era eu.

Caminhei duas quadras até chegar em frente à portaria do nosso


condomínio de prédios e continuei arrastando o menino que hoje era mais um
peso do que um presente.

Gostaria tanto de ver a maternidade como muitas mães, a bênção e a


família feliz, mas eu só via caos na minha frente. Como era difícil blindar
meu filho do meu estresse e baixa autoestima quando ele me provocava, não
me obedecia e desafiava. Esse menino procurava discussão, sentia prazer em
me ver perder o controle.

Por um momento pensei no que fiz mais cedo, na loucura e


intensidade que foi estar com aquele desconhecido e percebi que meu único
empecilho era ele, que deveria ser meu presente, mas o via como minha
âncora.

Pensava nisso e sofria, o remorso dominava todo o meu ser. Como


poderia ser pior com meu filho como minha mãe foi para mim? Só sabia de
uma coisa, eu precisava domá-lo e seria com as palavras ou a violência.

— Theo, se você continuar sendo assim, você será expulso do


colégio — falei de forma dura assim que começamos a subir as escadas.
Nosso apartamento era no terceiro andar.

— Eu não gosto desse colégio.

— E eu não gosto do meu emprego, mas vou todos os dias e dou o


meu melhor. Faça o mesmo! — Apertei seu braço e entramos no hall do
nosso andar.

— Não quero mais estudar! — Ele soltou seu braço da minha mão e
peguei a chave da porta para abrir.

— E vai ser o quê quando crescer? Estou pensando seriamente que


morador de rua será seu único futuro — falei amarga e me arrependi das
palavras assim que saíram da minha boca.

Abro a porta e olho para meu filho magoado. Ele hesitou antes de
entrar no apartamento e trombou seu corpo no meu quando passou pela porta
em um claro descontentamento com o que eu disse.

— Vou ser rico quando crescer — resmungou da sala.

— E você acha que infernizando a vida de todo mundo conseguirá


isso? — Tranquei a porta do apartamento e fiquei na frente da televisão, que
ele tinha ligado. — É meu último aviso, como foi da escola. Se você não se
comportar, será expulso e não voltará a estudar.

— Tô nem aí.

— E onde você acha que vai ficar enquanto eu trabalho? —


Desliguei a televisão, irritada que ele não me olhava nos olhos. — Presta
atenção no que eu estou falando!

— Já sou grande, vou trabalhar e ganhar meu dinheiro. — Ele se


levantou do sofá e foi para o quarto.

— Mais um motivo para você aprender a ser educado e estudar.


Ninguém dá emprego para menores de quatorze anos! — Segui furiosa atrás
dele.

Peguei no seu braço e ele se livrou, tentei novamente e sua mão


acertou meu rosto, me fazendo gritar e recuar.

Ele me bateu?

Fiquei cega pela raiva, completamente descontrolada pela dor e por


tudo que fui e deixei de ser, por causa desse ingrato.

Estapeei seus braços, sua cabeça e costas até que seu choro sofrido
se infiltrou nos meus ouvidos e o deixei em seu quarto. Entrei no banheiro e
me tranquei dentro dele, chorando tanto quanto ele.

Não servia para nada mesmo. Não tinha sucesso na vida pessoal,
muito menos na profissional. Todo dia era uma coisa diferente, mas o
resultado era sempre igual, eu indo dormir com peso na consciência e me
matando aos poucos por dentro, por não ser boa para ninguém.

Depois de quase dormir de tanto chorar, aproveitei para tomar banho


e lavar a vergonha de ser como era. Seria tão bom se eu tivesse o apoio dos
meus pais, só que o jeito de Theo sempre nos afastou de todos. Sabia que era
minha culpa, a falta de paciência e carinho com ele eram o motivo de tudo
isso. Estava fora de controle, não sabia como consertar, eu só queria poder
viver em paz.

Saí do banheiro e encontrei a casa em silêncio. Fui até o quarto de


Theo e o vi dormindo, ainda com a roupa do colégio, em sua cama. Estava
encolhido, as marcas das minhas mãos em seu braço um pouco visíveis.

Céus, por que eu era assim?


Por que ele era assim?

Fui para sala, abri a janela e observei a paisagem. Havia outros


prédios, crianças brincavam e adultos caminhavam, uma realidade de paz tão
desconhecida para mim.

Precisava de ajuda, só não sabia como fazer isso.

Peguei meu celular, voltei a ficar na janela enquanto conferia as


mensagens. Sem pensar nas consequências, fiz o que uma parte de mim
clamava.

Tammy >> Olá, aqui é a Tammy.

Julio >> Eu sei quem é. Está pronta?

Se eu estava? Nunca estaria ou nem deveria cogitar tal situação.

Julio >> Essa pode ser sua única chance, baby.

Ele me pressionou e tudo o que queria era me sentir bem e não a


bactéria do cocô do cavalo.

Tammy >> Pode me encontrar no terminal daqui vinte minutos?


Meu coração acelerou pela antecipação e por fazer o que iria fazer,
deixar Theo sozinho para transar com alguém. Se isso era a pior coisa que
poderia fazer? Talvez não, acho que já tinha estragado sua vida há muito
tempo, só precisava de um pouco de alívio para passar por tudo aquilo.

Como o próprio cara falou, poderia ser minha única chance até ele
ser independente e sair de casa.

Julio >> Vou tomar um banho e te encontro lá.

E foi assim que, pela primeira vez, abandonei meu filho dentro do
apartamento e fui curtir a vida como se eu pudesse ser outra pessoa, sem
culpa, sem tristeza, apenas meu corpo e coração maltratados.
Capítulo 31

A primeira coisa que ele fez foi me beijar. Depois de quase uma hora
esperando-o no terminal, ele apareceu e me fez esquecer qualquer
xingamento que eu tinha na ponta da língua.

Entramos no carro com pressa e enquanto ele dirigia, abriu sua calça
e mostrou seu pau já duro para que eu pegasse.

— Ia ser maravilhoso se você chupasse, gostosa — ele me pediu


dessa forma, e eu, que tinha entrado na chuva para me molhar, soltei meu
cinto, inclinei meu corpo para ele e fiz, sedenta.

Ele gemia, às vezes forçava minha boca a chupar seu pau até
encostar na minha garganta e dirigia como se nada o atrapalhasse.

Entramos no motel, desesperados um pelo outro. Ele tirou minha


roupa e fiz o mesmo, com a facilidade de já ter sua calça aberta pelo boquete
dado dentro do carro.

Havia uma banheira em um lado e chuveiro no outro, além de uma


cama enorme e a porta para o banheiro.

— Vamos tomar uma ducha?

Ia questionar tal coisa, eu já tinha feito isso em casa, mas preferi


seguir conforme sua instrução. Ele me lavou, eu o lavei e aproveitei ao
máximo o movimento dos seus dedos no meu clitóris. Caralho, como era bom
ter alguém pensando em te fazer gozar.

Depois de secos e quase explodindo por faltar pouco para o clímax,


ele pôs a camisinha e ordenou:

— Fique de quatro na cama.

Empinei minha bunda e esperei que me invadisse com seu membro


grosso. Com as mãos firmes no meu quadril, busquei por mim mesma meu
prazer quando o percebi se movimentar com mais velocidade e intensidade.

— Eu vou gozar — falou e meus dedos se moveram no meu clitóris


procurando o mesmo alívio, antes que ele acabasse. Por sorte, quando seu
corpo caiu sobre o meu, eu havia acabado de encontrar meu clímax e me
saciei junto com ele.

Por incrível que pareça, pensei que já iríamos voltar para a minha
casa, minha vontade de saber se Theo estava bem martelava em minha mente.

Grande mãe você é, Tammy. Largando seu filho para foder!

Minha consciência era uma cretina e há muito me atingia, mas não


conseguia reação da minha parte.

— Gostou? — perguntou e saiu de cima de mim.

Ele se deitou ao meu lado, tirou a camisinha e me observou, sua mão


acariciou meus cabelos.

— Foi bom — sussurrei e tentei sorrir, mas foi difícil.

— Vamos repetir a dose. Acho que você nem gozou. — Ele beijou
minha testa. — Estava tão louco de tesão por você desde hoje de manhã que
só pensei em mim. Deixe recompensar...

Ele se colocou entre as minhas pernas e começou a beijar minha


barriga, procurando minha intimidade.

— Você não precisa, eu gozei.

— Então fará isso novamente, mas porque eu te fodi com minha


língua.

Como meu clitóris estava sensível, sua língua nele me fazia


contorcer de dor e prazer. Precisou de pouco para que começasse a me
movimentar como alucinada e procurar o ápice do prazer novamente.

— Julio! — gritei assim que o orgasmo me atingiu.

Com um sorriso convencido e a boca lambuzada, ele me beijou e


senti meu próprio gosto em sua língua.

— Você é muito gostosa, Tammy. — Ele deitou novamente e trouxe


meu corpo para o seu. — Confesso que minha intenção com você seria
apenas uma noite, mas agora... acho que quero mais.

Suas palavras me acertaram como um banho de água fria. Eu serviria


apenas para o sexo e como para ele foi bom, ele queria mais, mais sexo e
menos eu.

Se eu queria?

Bem, pelo menos teria outra pessoa para trocar fluidos que não fosse
o pai de Theo. Ser a amante era tão degradante quanto ser apenas uma amiga
de foda.
— Pode ser — falei e me sentei na cama. — Eu preciso voltar para
minha casa.

— Não faremos novamente? — perguntou, decepcionado.

— Quer mais? — perguntei com um sorriso sacana. — Só amanhã


ou outro dia. Por hoje, preciso voltar e ver se meu filho está bem.

— Você tem filho? — perguntou, assustado e revirei meus olhos,


saindo da cama e buscando minhas roupas.

— Sim, ele tem sete anos e não estou te pedindo para namorar ou ser
o pai dele — soltei, amarga. — Eu só quero foder.

— Sim, eu também. Vamos lá. — Ele não parecia muito


convincente, não teríamos mais nada depois daquela noite, era fato.

Tudo porque eu tinha um filho e não era casada.

Sociedade hipócrita, julgava a mulher que cuidava de um filho


sozinha e não o pai que abandonou a família, ainda mais quando ele tinha
outra e dava toda assistência para essa.

Ser mãe solteira seria minha cruz e meu carma pelo resto da vida.

Em silêncio, voltei para o terminal e não me despedi com um beijo,


nem precisava, nossa foda tinha terminado ali.

Quase corri até chegar ao meu apartamento, abri a porta e constatei


que Theo estava na sala, olhos cheios de lágrimas e corpo encolhido no chão.

— Mãe! — gritou e correu me abraçar. — Me desculpa, não me


abandona, eu vou melhorar.
— Oh, Theo, me perdoa — respondi, porque o prazer anterior, a
alegria que senti horas atrás, não compensou em nada o medo que vi nos
olhos do meu filho.

Eu era uma mãe, em busca de se encontrar e estava estragando seu


filho no caminho.

Isso não mudou a nossa vida ou como vivíamos. Apenas por alguns
dias nossa relação melhorou, porque minha rotina de trabalho sem
reconhecimento e o bullying que Theo sofria na escola e eu desconhecia fazia
toda paz sempre se tornar tempestade.

Fiquei amarga, cada dia pior e Theo, cada dia mais bruto e selvagem.
Tudo minha culpa.

Depois de anos, quando ele saiu pela porta da frente com apenas um
saco de roupas na mão e nem um adeus para mim, porque não aceitei que ele
deixasse de trabalhar para estudar, foi quando voltei a orar.

Há muito havia perdido a fé nas pessoas, às santidades então... Mas


precisei orar, porque, sem ele em meu caminho e sem eu em seu caminho,
talvez, apenas talvez, nossa vida pudesse dar certo.

Eu era tóxica para nós dois.

Que minha felicidade fosse sacrificada para que desse a ele a chance
que nunca tive. Para mim não havia esperança, mas ele tinha tudo para ter
uma vida melhor que a minha.

Theo merecia amor.


Epílogo

Pisei em um brinquedo no caminho do meu quarto para a cozinha e


sorri. Meu relacionamento com Olivia nunca foi sem crianças envolvidas.

Aquele medo que ela tinha de engravidar novamente se tornou real e depois
que a resgatei de seu buraco, por ter apanhado do gerente, não se passaram
dois meses e os sintomas da gravidez vieram. Sono, enjoos e azia.

Caralho, aquela mulher ficava mais gostosa a cada dia que passava.

Quando demiti o gerente abusivo da loja, anexando o boletim de


ocorrência feito por Olivia, também fiz a sua rescisão. Ela não iria mais
trabalhar, não precisava, seu tempo seria dedicado aos estudos.

Aquela prova na qual ela achou que tinha ido mal realmente abalou
sua estrutura, não tinha alcançado a nota necessária. Ela precisaria passar um
tempo estudando e eu daria todo o tempo do mundo para que pensasse só
nela, porque eu daria conta.

Eu era seu homem. O provedor.

Já na cozinha, peguei uma bandeja e fiz o nosso café da manhã, que


eu serviria na cama. Sorri ao lembrar de sua decisão sobre se casar apenas no

cartório porque era o suficiente. Naquela época ela tinha medo, pois estava

sem família e sem amigos.

Fiz tudo o que ela pediu para que pagasse minha dívida com as
merdas que cometi. Terapia deixou de ser um estorvo quando percebi que
minha vida começou a fluir cada vez mais com aquela ajuda.

Meu coração se apertou um pouco quando me lembrei da


reconciliação com minha mãe. Tinha sido bom, no fim das contas.

Precisei me controlar para não chorar como uma criança e resmungar


que o amor por Bella que minha mãe deu, que nem era minha filha de sangue,
nunca tinha sido dado a mim.

— O que o amor de mãe não foi possível conquistar, o amor de vó


consegue. — Minha mulher, com sua barriga saliente e palavras de consolo,

me falou e resolveu todas as minhas angústias.

Ela me conhecia tão bem... eu a amava com todas as minhas forças.

Incrível como poucos meses foram necessários para que minha mãe
mudasse completamente. Ela estava empolgada com a chegada do segundo
neto e estava costurando alguns panos para que ele usasse.
Um menino.

Ainda tinha receio de que minha mãe fizesse com ele o mesmo que
fez comigo, mas Olivia sempre intervinha e me colocava na linha certa de
pensamento.

Foi quando a bolsa de Theo Júnior estourou que encontramos o pai

de Olivia, na maternidade, porque sua segunda esposa também iria ter um


filho naquele dia.

Ironia do destino?

Não deixei de olhar de forma ameaçadora para o meu sogro, mas


agradeci porque ele se reconciliou com a filha e disse que contaria mais sobre
a mãe dela quando o parto terminasse.

Minha Pequena guerreira ficou doze horas em trabalho de parto e

Júnior nasceu saudável e grande, como o pai. Cada dia mais eu amava essa
mulher, mesmo ficando mais de 40 dias sem me afundar em sua boceta.

Longos 40 dias.

Eu não precisava dizer que a irmã mais velha estava se achando


importante naquele momento, uma vez que dissemos que o bebê também era
dela, seu irmão. Ainda no apartamento, já tínhamos em vista outro lugar para
morar, que ficasse mais perto da escola de Bella e da de Olivia, que só pararia
de estudar por enquanto. A babá ou minha mãe estavam prontas para

compensarem esse tempo.

E então, tivemos uma visita inesperada quando Júnior fez três meses.
Eu havia entrado em contato com a mãe de Olivia, mas ela relutou muito em
conversar comigo ou com qualquer outra pessoa. O isolamento da filha e a

separação do marido a deixaram muito abalada.

Ela finalmente cedeu, veio conhecer seus dois netos e não houve
melhor momento.

Era muito bom lembrar aquele dia.

— Papai, qual o nome dela? — Bella correu para meus braços e


perguntou quando a avó entrou no apartamento. Minha mulher já chorava
com Júnior no colo e eu me sentia o homem mais poderoso do mundo, sendo

agraciado com este título: pai.

Quando falamos que Bella teria um irmão e que eu era o papai dele,
ela me roubou para si e, desde então, eu era seu pai.

Ponto final.

— É a sua vovó — respondi.


— Mas eu já tenho uma vovó!

— Agora você tem duas. Olha que legal? — Coloquei-a no chão e


peguei Júnior dos braços de Olivia, para que ela pudesse conversar com a
mãe.

Estava tudo resolvido na nossa vida, minha mulher era feliz e eu

tinha os filhos mais lindos do mundo.

Espere, ainda faltava algo. A festa de casamento merecida. Olivia


tinha amigas no cursinho, tinha um relacionamento com o pai e sua nova
família, agora com a própria mãe e a minha, ou seja, poderíamos ter uma
festa.

Por isso, coloquei em cima de sua torrada o anel de noivado que


nunca havia lhe dado, enchi o copo de suco e coloquei uma rosa vermelha, do
buquê que trouxe ontem, no canto da bandeja. Precisava ser rápido, Júnior

costumava descobrir os horários que eu e sua mãe estávamos no bem-bom.

Desviei dos brinquedos, abri a porta do quarto e acendi a luz, para


anunciar minha presença.

— Theo, hoje é domingo — ela resmungou e virou para o outro lado


no colchão.
Dei a volta na cama, coloquei a bandeja ao seu lado e beijei sua
cabeça.

— Acorde e aceite se casar comigo — sussurrei e ela sorriu.

— Já sou casada com você, meu amor — ela falou e abriu os olhos,
encontrando o anel. — O que é isso?

— Aquele casamento foi uma mera formalidade, onde apenas eu,


você e Bella estivemos. Você merece uma festa, com suas amigas, com
alguns dos meus funcionários e... a nossa família.

Ela pegou o anel, olhou dele para mim várias vezes até abrir a boca,
chocada.

— Uma festa? Mas...

— Você sabe como eu adoro quando você quer me contrariar. —

Coloquei o anel no seu dedo, tirei a bandeja do meio de nós e me deitei em


cima dela. — Meu pau até chora quando você fala mas com esse biquinho.

— Theo, é a verdade, não precisa. Eu estou feliz!

Esfreguei meu quadril no dela e vi seu rosto mudar para desejoso.


Ela nunca perdeu seu interesse em mim, nem eu nela, mesmo usando esses
sutiãs gigantescos de amamentação e as cintas no corpo.
Ela era guerreira, apaixonada e minha!

— Fala de novo mas. — Peguei suas mãos e coloquei acima de sua


cabeça.

— Mas. — A atrevida curvou o corpo para frente e gemeu, buscando


melhor fricção com meu pau.

— Deixa eu te mostrar que, em tudo o que faço para você, o mas não
tem lugar.

Desci beijando seu corpo nu, que era como ela gostava de dormir,
até encontrar seus lábios vaginais. Lambi, brinquei com seu monte e suguei,
até ela gemer e gozar, relaxando todo o seu corpo.

Quando voltei a minha posição e direcionei minha ereção, o choro


de Júnior nos interrompeu e a risada de Olivia me matou.

— Esse menino vai me matar de tantas bolas azuis.

— Ele aguenta dez segundos — provocou e saiu debaixo de mim


para pôr uma roupa e atender nosso filho.

— Vou chamar a babá, quero você de volta para mim em menos de


trinta minutos.
— Não precisa, eu o faço dormir novamente. — Ela beijou meus
lábios e acariciou meu rosto. — Eu aceito, Grandão.

— Como?

— Eu aceito me casar com você, novamente.

Sorri, de orelha a orelha, me sentindo o filho da puta mais sortudo do

mundo.

— Quando eu for diretor, vou te pedir em casamento mais uma vez


— falei alto quando ela saiu do quarto.

E o fiz. Se havia uma coisa certa nessa vida, era que se colocava
algo na minha cabeça, executava, porque esse era eu, focado e intenso.

Esse sim, era um homem intenso. Viver à margem era pouco para
ele.
Agradecimentos

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Deus, minha família de


origem e a atual. Meu trabalho e minha felicidade são em honra a vocês.

Esse livro foi escrito em 2018 e pessoas especiais fizeram parte da


escrita naquela época. Sintam-se acolhidas e recebam minha gratidão por
fazer parte daquele momento. Eu estava em dúvida sobre minha capacidade
ao mesmo tempo que foi necessário para que eu ganhasse confiança.

Aos que fizeram parte em 2021, na minha fase de luto e reflexão,


vocês também fazem parte desse momento e devem receber minha gratidão.
Tanto no grupo do WhatsApp como no Facebook, Instagram e outras redes
sociais, saibam que suas palavras fazem a diferença no meu dia a dia.

Hoje não coloco nomes, nem faço listas, eu me sinto transbordando e


quero que alcance você, que está lendo. Deixe que o sentimento avassalador e
intenso que esse livro proporciona te encontrar. Sinta. Feche os olhos e se
permita olhar com o coração.

Está tudo certo.


Tudo foi pago.

Eu aceito tudo como foi, do jeito que foi, ao preço que foi.

Eu sigo na vida.

Com Amor, Respeito e Gratidão

Mari Sales
Sobre a Autora
Mari Sales é conhecida pelos dedos ágeis, coração aberto e
disposição para incentivar as amigas. Envolvida com a Literatura Nacional
desde o nascimento da sua filha, em 2015, escutou o chamado para escrever
suas próprias histórias e publicou seu primeiro conto autobiográfico em junho
de 2016, "Completa", firmando-se como escritora em janeiro de 2017, com o
livro "Superando com Amor". Filha, esposa e mãe de dois, além de ser
formada em Ciência da Computação, com mais de dez anos de experiência na
área de TI, dedica-se exclusivamente à escrita desde julho de 2018 e publicou
mais de 100 títulos na Amazon – entre contos, novelas e romances.

Site: http://www.autoraMariSales.com.br

Instagram: https://www.instagram.com/autoraMariSales/

Assine a minha Newsletter: http://bit.ly/37mPJGd


Outras Obras

Prometida para Noah: https://amzn.to/3E3C0U0


Sinopse: Ser privado do seu dom não impediu que Noah Baron
agisse com o instinto animal. Considerado perigoso e incontrolável, ele se
tornou um empresário de sucesso e presidente do Rage Wolf Moto Clube.

Em uma tentativa de frear o temperamento imprevisível de Noah,


sua mãe lhe fez uma proposta irrecusável: ela lhe devolveria seu lobo, desde
que ele seguisse as regras.

Celeste e sua irmã gêmea nunca tomaram conhecimento de serem as


Alfas Gemini. O tio se tornou tutor e as manteve reclusas por anos, até que
foram prometidas para homens desconhecidos.

Com medo de serem separadas, elas escaparam do seu cárcere em


busca de um recomeço. Para Celeste, não adiantou fugir, o destino a
encontrou antes que pudesse se sentir livre. Ela era o último elemento do
ritual que traria de volta o lobo de Noah Baron.

Celeste não tinha outro caminho a não ser cumprir seu papel de
prometida. Faltava um mês para a Lua Azul, tempo suficiente para que
laços predestinados fossem revelados e o verdadeiro Alfa assumisse a
alcateia.
Um bebê na Máfia: https://amzn.to/3AoJvTk

Sinopse: Tabus e limites não existiam quando se tratava de Leonel


De Leon. Vivendo suas próprias regras, o mafioso controlava a cidade e
decidia o futuro das pessoas estando em seu escritório. Ele se achava acima
de todos, não havia ninguém que conseguisse o atingir.

A advogada Sara Benildes estava em um restaurante, comemorando


o aniversário de namoro, quando conheceu o poderoso De Leon. Para ele, a
moça petulante e de nariz empinado não era nada.

Eles se reencontrariam meses depois, em situações peculiares. O


mafioso tomou para si um bebê abandonado, enquanto Sara perdeu o filho
recém-nascido.
Para alguns, a segunda-chance. Para outros, uma realidade
deturpada.

Enquanto Sara lidava com o luto amamentando o filho de um


desconhecido, ela mergulhava no mundo obscuro de Leonel. Tudo indicava
que ela se moldaria ao mafioso, mas era ele que abria o coração e se permitia
ter um ponto fraco, uma família.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para


menores de dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e
conduta inadequada de personagens.
Noivado de Mentira com o General: https://amzn.to/3kcb3qa

Sinopse: Davi Lucca Fiori tinha um único objetivo em sua vida:


alcançar a mais alta patente do exército. O General era um solteiro cobiçado,
fazia parte da família real, era respeitado e exemplo de boa conduta.

A reputação do herdeiro Fiori ficou por um fio quando um inimigo


da monarquia descobriu seu segredo. Ele era um Príncipe e não poderia fugir
das suas obrigações.

Clarice Mattos queria esquecer sua adolescência. Se ela estava bem


naquele momento, devia ao Príncipe General, que cruzou o seu caminho
quando era mais nova. Por anos, eles mantiveram contato à distância e se
tornaram amigos, mas tudo mudou quando a generosidade ficou prestes a ser
revertida em um escândalo.

A oportunidade de Clarice retribuir a benfeitoria surgiu. Davi Lucca


não queria expor sua amiga plebeia, mas aceitou forjar um noivado falso,
para protegê-la mais de perto e à sua família.

Da mentira, veio a atração. A amizade se transformou em desejo e o


amor, que deveria unir povos, poderia ser o elemento crucial para destruir a
monarquia.
Por Você: A Virgem e o Quarterback: https://amzn.to/3gS6cs8

Sinopse: O rebelde Paulo Victor não agia como o esperado. Veterano no


curso de Administração e quarterback do time da cidade, ele era admirado
pelos seus colegas e cobiçado pelas garotas. Sua dedicação para o futebol
americano não contribuía para a carreira política que seu pai tinha planejado.

Entrar na faculdade era o sonho de Milena Swagger. Disfarçada de Melissa


Silva, ela conseguiu a oportunidade de ter uma vida normal, longe de
perseguições e constantes mudanças. Para continuar segura, ela teria que
seguir alguns protocolos, como não se envolver com ninguém.

Quebrar todas as regras se tornou irresistível quando a rotina estudantil


começou. A atração pelo proibido e o mistério que envolvia Paulo Victor e
Melissa os conectaram muito além das conversas de corredor e festas
universitárias.

Eles não estavam preparados para que suas vidas fossem abaladas pelas
escolhas dos seus pais. O amor era forte para unir, mas também, o argumento
necessário para deixar a outra pessoa partir.
Pai por Acidente: https://amzn.to/3m6zjeQ

Sinopse: O atual CEO do Grupo Ferraro era dedicado ao sucesso da


empresa. Na vida pessoal, Nicolas Ferraro marcava encontros com mulheres
da mesma forma que agendava suas reuniões de trabalho. Apenas assim
conseguiria manter tudo sob controle para evitar decepções.

Sua vida perfeitamente programada sofreu mudanças quando um


bebê foi abandonado em seu escritório. Com dúvidas se a criança era sua, ele
escolheu descobrir a verdade antes que aquele acontecimento se
transformasse em um escândalo.

Para os cuidados com o bebê, Nicolas precisaria de uma babá.

Lane Simioni estava perdida. Em busca do seu verdadeiro propósito


de vida, ela tinha trancado a matrícula da faculdade de Enfermagem sem
avisar sua mãe. E, movida pela expectativa de ter novas experiências, aceitou
a oferta de emprego provisória.

Um bebê abandonado.

Uma babá inexperiente.

Um pai sem intenção.

Enquanto Nicolas Ferraro mudava de visão sobre o seu passado


doloroso, aquele acidente se transformava na sua melhor escolha.
Sua Para Proteger: https://amzn.to/3B9sZbp

Sinopse: O que eu mais queria era me redimir, depois das


consequências da minha ilusão amorosa. Comecei pela vida profissional e me
encontrei nas pistas de corrida.

Fazer o certo ia além de agradar os outros. Meus irmãos tinham suas


famílias e estavam felizes com suas escolhas. Eu precisava me permitir amar
novamente e encontrei minha segunda chance em uma festa, indicada pela
mesma pessoa que um dia me fez sofrer.

Rosyh Johnson não me permitiu tornar o momento de luxúria em


algo mais. Sem ter o seu contato, pensei nela enquanto foquei nas corridas e
socializei ao estilo do solteiro Mazzi.

Meu caminho cruzou com o de Rosyh meses depois, em outros


termos. Ela não era mais uma mulher desapegada, que queria apenas
diversão, mas uma grávida retraída. Diferente da nossa primeira vez, eu
insisti e mostrei que era diferente de todos os homens que ela conheceu.

Sua confiança em mim me permitiu que eu a protegesse do seu


passado. Só não imaginava que ser altruísta pudesse colocar em risco a
família que tanto ansiei formar.

Aviso: Sua Para Proteger, livro 4 da Família Sartori, é um volume


único. Por ser com casais diferentes, cada livro da série pode ser lido
separadamente, mas o posterior contém spoilers do anterior.
O Acordo: https://amzn.to/3q2BHDb

Sinopse: Samuel Vitta Dan era um CEO de sucesso na área de


investimentos financeiros. Rígido e intimidante, nas horas vagas, lecionava
empreendedorismo para o último ano do curso de Análise e Desenvolvimento
de Sistemas. Essa atividade extra lhe rendia muito mais do que satisfação
profissional.

Nem todos apreciavam o professor Samuel. Scarllat Mancini não se


adequava em sua família e estava difícil se adaptar aquela metodologia de
ensino. Ela tinha sido julgada desde o seu nascimento e nunca se acostumou a
ter que provar seu potencial, muito além das notas escolares.

Com um diploma na mão e órfã, Scarllat recebeu uma oportunidade


de mostrar sua capacidade, ela iria trabalhar na área de tecnologia da Dan
Financeira.

Novos desafios surgiram quando ela descobriu que o CEO da


empresa era aquele professor odiado. Mesmo que ainda guardasse mágoa,
Samuel estava se tornando um chefe misterioso e irresistível. Para saber mais
daquele homem, Scarllat iria se render a um acordo e descobriria muito mais
do que os segredos do CEO.
Tristan e a Sugar Baby (Amante Secreto): https://amzn.to/33YRBVa

Sinopse: O CEO da Ludwing Motors estava enfrentando


complicações no seu divórcio e, por ser um pai protetor, não queria que sua
filha fosse afetada. Tristan Adams estava decidido a aproveitar seu atual
estado civil se cadastrando em um site de encontros.

Annelise Ortiz ganhou uma bolsa de estudos na faculdade de


Stanford e perdeu o namorado virtual. Ela foi iludida e estava disposta a não
sofrer pelo término do relacionamento. Por impulso, acordou com sua melhor
amiga para serem sugar baby por um dia.

Tristan só queria uma companhia para o evento empresarial, sem que


houvesse complicações posteriores. Annelise esperava uma diversão inocente
com o homem mais velho, não acabar perdendo a virgindade.
Eles não deveriam se encontrar novamente, mas aconteceu muito
mais do que tinha sido planejado. As complicações que rodeavam aquela
relação aumentavam a cada dia. Tristan era o pai da melhor amiga de
Annelise e um final feliz estava longe de acontecer… a não ser que o amor
falasse mais alto.
Contrato com o CEO: https://amzn.to/3nUwZpV

Sinopse: Para Rico Lewis, trabalho se misturava com prazer. Ele


não sabia se relacionar com as mulheres se não fosse baseado no que estava
definido em um contrato. Essa era a forma que encontrou para nunca mais ser
enganado.

A seleção para secretária executiva do CEO da ReLByte era


concorrida. Alice Reis não achava que poderia ser a escolhida, na verdade,
nem queria. Sua confiança estava abalada ao ser humilhada pelo homem que
se dizia seu namorado.

Tudo estava acontecendo ao mesmo tempo e não havia mais nada a


perder. Sem companheiro, sem dinheiro e sem um lugar para morar, Alice
aceitaria qualquer proposta para assumir o controle da sua vida. E ela
conseguiu a vaga. Por impulso, assinou o contrato e aceitou as consequências
de ser a realização do fetiche CEO e secretária.

Ela nunca tinha sido tocada daquele jeito. Senhor Lewis não queria
sentir o coração acelerar novamente. Era a iminência de um desastre, mas
eles ignorariam qualquer emoção para se protegerem de uma nova decepção.
Valentine (Tríade Moto Clube – Livro 1): https://amzn.to/3aq5yib

Sinopse: O Doutor Brian Powell, ou Doc como era conhecido pelos


amigos, acompanhava de perto o sofrimento do presidente do Selvagem Moto
Clube devido a uma grave doença. A morte se aproximava e a sucessão do
seu legado estava gerando uma grande disputa.

⠀ John Savage nunca quis que a família se envolvesse com seus


negócios, mas sua filha Valentine estava disposta a lutar pelo cargo que lhe
era de direito. Ninguém a conhecia o suficiente para dar apoio, no entanto
isso não a desmotivaria a alcançar seu objetivo.

⠀ O primeiro contato que Valentine teve com um dos membros do


Moto Clube foi explosivo, mas Doc estava determinado a ser um aliado, além
de um bom amante. Ele já a queria muito antes mesmo de a ver pela primeira
vez.

⠀ Entre atentados e preconceito, Doc e Valentine terão que lutar para


preservar a paz do Selvagem e não se perderem entre as armadilhas causadas
pela superproteção.
Sempre Minha (Família Mazzi Sartori - Livro 3):
https://amzn.to/3gumRm3

Sinopse: A ideia de tê-la era tão dolorida quanto a de afastá-la de


mim.

Fiz mal a pessoa que amava em segredo. A única que eu deveria


proteger acabou sendo vítima dos meus desejos. Izabel Mazzi estava
comemorando seus vinte e um anos quando me pediu um beijo e eu lhe dei
meu coração.

Eu não a merecia. Nossa diferença de idade e a forma como tudo


aconteceu naquela festa me impediam de ter uma conversa franca e assumir o
meu erro. A culpa me corroía e por seis anos eu a afastei.

Mas ela tinha outros planos. Além de assumir os negócios da


família, Izzi estava disposta a destruir a barreira que construí para que não se
aproximasse. Ela merecia mais do que aquele momento descuidado que
proporcionei.

Não me achava digno daquele anjo, mas não consegui aceitar outro
homem em sua vida, nem mesmo sendo um Sartori. E, para comprovar isso,
eu teria que esclarecer o mal-entendido do passado e assumir que Izabel
Mazzi sempre foi minha.

Escrito em parceria por Jéssica Macedo e Mari Sales.


Comprada por Raphael: https://amzn.to/3atzIS1

Sinopse: O misterioso dono do Pub dos Fetiches foi influenciado


por seu parceiro de negócios a comprar uma virgem no Site Secreto. Liberto
de pudores, essa deveria ser apenas uma noite dentre tantas outras que
compartilharia uma companhia.

Tyr, como Raphael Kuhn era conhecido, ficou encantado pela


mulher que adentrou o seu camarote. Ela era bem mais nova do que ele,
inocente, mas não perdia uma oportunidade de o provocar. Querendo saber os
limites da virgem que havia comprado, Raphael estava disposto a ter mais
uma noite com essa mulher.

Hannah Braun tinha apenas um objetivo na vida, cuidar da sua Oma,


que a criou e lhe deu amor. Com sua avó enfrentando sérios problemas de
saúde e as contas atrasadas, em um momento de desespero, Hannah fez o
impensável e aceitou a proposta indecente do Site Secreto, e acabou se
entregando de corpo e alma para o momento de luxúria. Se o seu destino era
aquele, que aproveitasse a jornada antes que a ilusão acabasse.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores de


dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta inadequada
de personagens.
A Virgem e o Lutador: Meu Protetor: https://amzn.to/32xfzWL

Sinopse: Deveria ser mais um trabalho para o agente secreto Adam


Soares. Disfarçado de lutador, para prender o chefe de uma quadrilha
perigosa, ele não esperava que seu inimigo tivesse uma filha refém de
crueldades, ou que ela desviaria sua atenção do foco principal.

Carina Andrade vivia um dia de cada vez. Responsável pela limpeza


da academia do pai, tentava passar despercebida pelos homens que a
rodeavam. Mas um deles a viu, em seu pior momento, e parecia disposto a
tirá-la do seu sofrimento.

Para que o romance entre Adam e Carina acontecesse, eles teriam


um alto preço a pagar. Restava saber se existiria vida a dois após o
encerramento da investigação.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores de


dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta inadequada
de personagens.
O Segredo do Milionário: https://amzn.to/2MpBYAR

Sinopse: Ícaro Duarte estava disposto a concluir o maior sonho da


sua falecida mãe, mesmo que contrariasse as ordens do seu pai. Colocou a
mão na massa e foi para a cidade em que nunca pensou que voltaria a pôr os
pés. Não seria uma viagem rápida, mesmo assim ele não estava disposto a
criar raízes.

A construção de Elias Duarte, abandonada por anos, era conhecida


por toda Dualópis. Quando uma empreiteira resolveu assumir a conclusão da
obra, as histórias que cercavam a família começaram a ser desenterradas.

Natália Costa regressou para a casa da sua mãe depois de concluir a


faculdade e se viu desempregada. Vizinha da mais famosa construção
abandonada da cidade, ela relembrou seus tempos de menina subindo no pé
de seriguela e acompanhando o trabalho dos pedreiros.

Ícaro e Natália se apresentaram, se conheceram e descobriram que


tinham muito mais em comum do que o segredo que os pais escondiam deles.
Para que pudessem ter uma segunda chance, alguns amores precisavam
repetir por gerações até que encontrassem a redenção.
Sua Para Sempre (Família Sartori - Livro 2): https://amzn.to/2MdeX48

Sinopse: A irreverência e alegria eram minhas marcas registradas. Já


tinha sido julgado por minhas escolhas, mas nada me abalava, eu estava em
meu melhor momento.

CEO da ERW, a marca de roupas referência no mercado, eu tinha


em minha equipe a melhor estilista. Joan era, além de excepcional, minha
melhor amiga desde o colégio.

Dedicada e, por muitas vezes, solitária, ela atendia as exigências da


supervisora e me acompanhava nas excentricidades.

Por mais que eu tivesse mulheres para me satisfazer e eu aproveitava


todos os momentos, era com Joan que me sentia realizado. A dependência
dela era justificada pela conexão que criamos há anos.

Então, o meu bom momento estava prestes a se tornar caótico


quando foi necessária a presença do meu irmão Ryder. A amizade que tanto
prezei com Joan estava se transformando e, para manter o meu sorriso de
sempre estampado, eu precisaria tomar uma importante decisão. Restava
saber se estava pronto para lidar com as consequências.
As Confusões de Jesse Louis: https://amzn.to/3qOI3VM

Sinopse: Ir de penetra em um baile de carnaval, que Jesse Louis


tinha sido proibida de aparecer, deveria proporcionar histórias divertidas.
Nove meses depois, ela estava com um filho no colo sem a paternidade
reconhecida, um irmão superprotetor implicando com suas escolhas e uma
loja de doces para cuidar.

Igor era um homem que escondia suas origens. Ele preferia cuidar de
um escritório de investigação particular com seu melhor amigo do que viver
no luxo ofertado pela sua família. Ninguém precisava saber que ele tinha
outras motivações para estar próximo dos irmãos Louis.

Jesse e Igor tinham um relacionamento amigável e distante, até o


momento em que ela decide ir atrás do pai do seu bebê.

Deveria ser uma ação simples, mas tudo o que envolvia a doceira se
transformava em uma grande confusão. E, daquela vez, teve uma pitada de
fraldas sujas, intimidações e um homem protetor para ser só dela.
Decisão Perfeita: https://amzn.to/2WgcK9n

Sinopse: Pedro Montenegro perdeu a esposa e a esperança de ter


uma família ideal. CEO do Grupo Montenegro, deixou o comando com seus
diretores para estar mais próximo do seu filho recém-nascido.

Quando ele retornou ao trabalho, começou a descobrir que sua


esposa guardava segredos. O mais surpreendente de todos bateu à porta e
queria se relacionar com o seu filho: uma cunhada desconhecida.

Depois que sua querida meia-irmã faleceu, Adriana só pensava em


conhecer o sobrinho. Humilde e determinada, ela escolheu se aproximar do
viúvo rabugento, apesar do desgaste emocional. Pedro só queria proteger o
filho, mesmo que Adriana tivesse boas intenções e não houvesse o que temer.
O primeiro contato entre os dois não tinha sido nada amistoso.
Quanto mais Pedro descobria que o interesse de Adriana pelo seu filho era
genuíno, mais ela conseguia entrar na vida dos dois, alcançando também seu
coração.

Influenciado pelas revelações sobre o passado da falecida esposa,


Pedro tomaria a decisão mais importante da sua vida, que afetaria não só seu
filho, mas o amor que descobriu sentir por Adriana.
Sua Por Obrigação (Família Sartori – Livro 1): https://amzn.to/37onw2l

Sinopse: Fui desafiado a provar o quanto era bom no poker e ganhei


uma mulher onze anos mais jovem do que eu. Mesmo que fosse apenas uma
provocação, fui inconsequente e segui até o fim naquele jogo. Deveria
imaginar que não era apenas um local estranho para se fazer apostas. ⠀

O juiz Marcelo Sartori tinha a posse de uma mulher! ⠀

O ódio pelos bandidos só aumentava. Ao invés de abandonar


Mercedes Smith a própria sorte, eu iria protegê-la. ⠀

Enquanto estivesse me esforçando para colocar atrás das grades uma


quadrilha de jogos ilegais, ofereceria meu sobrenome para Mercedes. Um
contrato de casamento, a proteção ideal para que ninguém ousasse tocá-la.

Seria simples, se não fosse a atração que comecei a sentir, mesclada


a culpa de estar obrigando-a a ser minha. Não me importava com o papel
dado pela casa de jogos ilegal, eu deveria seguir a lei e não me deixar
corromper.

Pouco tempo foi necessário para que o desejo tomasse conta. Não
consegui mais focar apenas no grande plano, meu coração estava envolvido
demais para desapegar.

Ela não seria minha por obrigação, mas por sua própria vontade.
Cedendo à Paixão: https://amzn.to/3kpvtd8

Sinopse: Quando o grande empresário Bernardo Camargo cruzou


com Alícia em um supermercado, não esperava que a mulher fosse mais do
que uma coincidência. Ambos estavam tendo um péssimo dia, o desabafo
sobre seus tormentos foi involuntário, afinal, eles eram estranhos que nunca
mais se cruzariam.

Bernardo lutava para esquecer o passado que o marcou.

Alícia estava disposta a renunciar sua própria felicidade para ser uma
boa mãe para seus filhos.

Um momento não deveria definir um relacionamento, muito menos


abrir a brecha para que a vida amorosa de Alícia voltasse a ativa. Bernardo
queria ser visto além do homem poderoso em um terno e estava disposto a ter
mais do que apenas em um encontro casual com aquela mulher.

Restava saber se a paixão avassaladora entre os dois seria o


suficiente para superar tantos segredos.
A Filha Virgem do Meu Inimigo: https://amzn.to/2DwGGYZ

Sinopse: Antonio “Bulldog” era conhecido na cidade por seu


temperamento explosivo e trabalho árduo na presidência da AMontreal. Com
um histórico familiar de traumas com mulheres, ele era um homem solitário
que se apegava apenas ao seu ofício.

Nada o deixava mais irritado do que lidar com o seu rival, o


candidato a prefeito Ivan Klein. Ele estava ausente da cidade há muito tempo,
mas voltou para destruir com a AMontreal e ser o chefe maior de Jargão do
Sul.
Bulldog estava pronto para defender seus protegidos do ambicioso
político, mas ele não contava com a presença da filha do seu inimigo.
Deborah não só tinha quinze anos a menos do que ele, mas era uma mulher
doce, de sorriso contagiante e que tentava influenciar as pessoas, de forma
positiva, a favor do seu pai.

Ninguém disse que o destino jogava limpo. Ele não só unia pessoas
de lados opostos a uma guerra, mas confrontava segredos e revelava a
verdadeira face das pessoas. Cabia a Bulldog e Deborah escutarem seus
corações e não caírem na armadilha da ganância alheia.
Box – Quarteto de Noivos: https://amzn.to/2JQePU2

Sinopse: Essa é a história de quatro primos solteiros que encontram


o amor. Coincidência ou não, o movimento para que eles se permitissem
amar iniciou com a matriarca da família, avó Cida, em uma reunião de
família. Ela mostrou, sem papas na língua, o quanto eles estariam perdendo
se buscassem apenas relacionamentos vazios.

O que era para ser um encontro casual se tornou em uma grande


história sobre a próxima geração da família Saad.

Nenhuma das mulheres que se envolveram com o quarteto de primos


era convencional. Quem as visse de longe, julgariam suas escolhas ou mesmo
se afastariam.

Fred, Guido, Bastien e Leo aceitaram o ponto de vista da avó de


forma inconsciente, mas se apaixonaram por completo com a razão e o
coração em sintonia.

Envolva-se com as quatro histórias e se permita olhar para a família


Saad de uma forma completamente diferente.

Obs: Esse BOX contém:

1- Enlace Improvável

2- Enlace Impossível

3 - Enlace Incerto

4 - Enlace Indecente

Epílogo Bônus
BOX – Família Valentini: https://amzn.to/2RWtizX

Sinopse: Esse e-book contém os seis livros da série família


Valentini:

1 - Benjamin

2 - Carlos Eduardo

3 - Arthur
4 - Antonio

5 - Vinicius

6 – Rodrigo

1 - Benjamin – sinopse: Marcados por uma tragédia em sua infância,


os irmãos Valentini estão afastados há muito tempo uns dos outros.
Benjamin, o irmão mais velho, precisou sofrer uma desilusão para saber que
a família era o pilar de tudo e que precisava unir todos novamente.

Embora a tarefa parecesse difícil, ele encontra uma aliada para essa
missão, a jovem Rayanne, uma mulher insegura, desempregada e apaixonada
por livros, que foi contratada para organizar a biblioteca da mansão e
encontrar os diários secretos da matriarca da família.

Em meio a tantos mistérios e segredos, o amor familiar parece se


renovar tanto quanto o amor entre um homem e uma mulher de mundos tão
distintos.
Box Flores e Tatuagens: https://amzn.to/2LLjA4D

Sinopse: Eles eram ricos, intensos e poderosos em seus ternos e


tatuagens.

O CEO Tatuado Erik se apaixonou pela irmã do seu tatuador.


Orquídea fugia de um passado que a atormentava.

O Executivo Tatuado San Marino encontrou a estrela que brilharia


na sua vida. Daisy tentava escapar de um relacionamento abusivo com um
homem perigoso.

O Chefe Tatuado Dário era protetor e não hesitou em agir quando


conheceu a mãe de Enzo Gabriel. Gardênia fugia do pai do seu filho e de uma
vida submissa.

O Sócio Tatuado Laerte Azevedo era o vilão. Ele estava disposto a


contar a sua versão da história, mesmo que soubesse que não era digno de
perdão. Jasmim foi vítima da crueldade da família Azevedo e estava disposta
a superar seus medos.

Quatro casais, quatro histórias. Eles estavam dispostos a reconstruir


suas almas com o mais belo dos sentimentos, o amor.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores de


dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta inadequada
de personagens. ⠀
Vendida Para Bryan (Clube Secreto): https://amzn.to/2VTZTKb

Sinopse: Proprietário do Paradise Resort nas Ilhas Maldivas, Bryan


Maldonado construiu seu patrimônio com dedicação na administração de sua
herança. Além do sucesso profissional, ele explorava sua sexualidade ao
extremo. Sem compromisso ou paixões que durassem mais que uma noite,
Bryan era racional e sabia como lidar com as mulheres, tomando o que ele
queria e dando a elas o que necessitavam.

Convidado para participar do exclusivo Clube Secreto, ele estava


disposto a investir altas quantias para experimentar uma nova forma de sentir
prazer. Ao descobrir que se tratava de um leilão de mulheres, percebeu que
estava além do seu limite, ele tinha princípios. Todavia, não conseguiria ir
embora sem tentar salvar pelo menos uma delas.

Valkyria não sabia o que tinha acontecido com ela até acordar em
um quarto desconhecido. Até que chegasse nas mãos de Bryan, ela conheceu
o pior do ser humano, ela não sabia o que tinha feito para merecer tanto.

Ele não era um salvador, muito menos um príncipe, Bryan estava


mais para o perfeito representante do deus Afrodite.

Disposto a libertá-la, a última coisa que ela queria era rever aqueles
que poderiam ser os causadores da sua desgraça. E, enquanto ela não decidia
o que fazer da sua vida, tornou-se parte da rotina de Bryan, conheceu seus
gostos, experimentou suas habilidades e tentou não se apaixonar pela melhor
versão de homem que já conheceu.

O único problema era que Bryan tinha limitações e Valkyria parecia


disposta a ultrapassar todas elas antes que seu tempo com ele terminasse.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores de


dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta inadequada
de personagens.
Scorn: e a inevitável conexão (Série Dark Wings – Livro 02):
https://amzn.to/2YZfb0O

Sinopse: Scorn era um dos líderes vampiros do Dark Wings Moto


Clube. Apreciava sua imortalidade impondo seu poder enquanto degustava as
variedades de tipos sanguíneos de mulheres. Insensível e meticuloso, Scorn
acreditava que sabia de tudo e sobre todos. Sua maior frustração era não ter
impedido que seu irmão Trevor se unisse a Diana e gerassem o bebê
proibido, Thomy. Ele desprezava aquela criança.

Shantal Davis foi criada por caçadores, para ser a mulher do


inabalável Mestre Isaac. Alienada sobre o mundo que a cercava, ela não
imaginava que o homem que conheceu na madrugada deveria ser seu maior
inimigo. Sedutor e com o poder de deixar suas pernas bambas, ela cedeu a
todos os seus caprichos enquanto descobria seu verdadeiro propósito no
mundo.

Scorn estava na direção contrária de suas convicções. Shantal


acreditava que todos mereciam uma segunda chance.

Um novo bebê estava a caminho, fazendo com que o mais cruel dos
vampiros voltasse a sentir. Restava saber se era tarde demais para Scorn
assumir a inevitável conexão com a mãe da sua filha.
Thorent (Feitiço do Coração): https://amzn.to/3fVjxhA

Sinopse: Insensível e manipulador, Thorent era um bruxo de raio


aliado as forças das trevas. Estando em desvantagem na Dimensão Mágica
após o fim da guerra, ele se viu obrigado a viver entre os humanos. O CEO
da TMoore Tecnology era temido, mas não o suficiente para ser confrontado
com a nova rainha bruxa. Ele não iria se submeter as suas leis e, como
castigo, teve seus poderes retirados até que aprendesse a amar. ⠀

Como poderia um bruxo sem sentimentos se apaixonar? Thorent


havia trancado o seu coração e queimado a chave há muito tempo, junto com
seus amigos Bastiaan e Áthila. ⠀

Sem a magia que mantinha a empresa protegida, ataques


cibernéticos começaram a acontecer. Irritado e tão humano quanto a maioria
dos seus colaboradores, Thorent estava em busca de se vingar de quem se
aproveitou da sua vulnerabilidade. ⠀

Nayara morava na mesma casa em que acontecia o mais agressivo


dos ataques virtuais. Vítima da raiva do bruxo sem poder, ela teve a sua vida
bagunçada ao se deparar com um universo desconhecido. Não estava nos
planos se apaixonar por tamanha arrogância, mas era inevitável entregar seu
coração para alguém que parecia não ter um. Restava saber se esse sacrifício
seria o suficiente para sobreviver a Thorent Moore. ⠀ :
Operação CEO: https://amzn.to/2Chlamo

Sinopse: Sabrina é uma profissional da área de TI que está tentando


sobreviver aos trinta dias de férias repentinas do seu chefe setorial. Sua
primeira atividade será ajudar o mais novo CEO da empresa, que possui um
sotaque irresistível e olhos hipnotizantes.

Enrico Zanetti assumiu a posição de CEO de forma repentina, depois


que seu pai foi afastado por causa de um infarto. Em poucos dias de
presidência descobriu que a empresa possui um rombo em suas finanças, e
agora está disposto a encontrar o responsável a qualquer custo.

Com a ajuda do setor de TI, Enrico descobrirá não só o responsável


pelas falcatruas em sua empresa, mas também uma mulher competente,
destemida e que, aos poucos, despertará seus sentimentos mais profundos e
nem um pouco profissionais.

No meio dessa complexa investigação, Enrico e Sabrina descobrirão


afinidades, traição e amor.
Vicenzo: https://amzn.to/2Qrcgv5

Sinopse: Uma mulher enganada conseguiria confiar em outro


homem para estar ao seu lado?

Júlia passou de mulher sedutora a mãe solo insegura quando


descobriu a traição do companheiro e se viu sozinha para cuidar de uma
criança não planejada. Apesar das dificuldades, ela não desistiria, porque
Pedro havia se tornado sua razão de viver.

Ao mudar-se de apartamento para economizar, ela não sabia que sua


vida mudaria tanto quanto a de todos ao seu redor. Estar sob a proteção da
Irmandade Horus, mais precisamente de Vicenzo Rizzo, era recobrar sua
confiança, seu lado mulher e independência.

Enquanto Júlia lutava contra a atração e dedicação de Vicenzo, ele


encontrava maneiras de expor seus segredos para a mulher que não merecia
ter nenhuma mentira no seu caminho. O que era para ser apenas um acordo
entre adultos se tornou em uma nova chance para o amor.
James Blat: https://amzn.to/2ttZHG8

Sinopse: O dono da JB Notícias estava no auge da sua carreira com


a compra da MB News. Certo de que nada poderia atrapalhar o período de
transição da união dessas duas empresas, James Blat não imaginou que uma
mulher sincera ao extremo poderia cruzar seu caminho na festa de
confraternização. Flaviane era uma colaboradora, se envolver
emocionalmente não deveria estar em seus planos, por mais que ela havia
anunciado que estava cumprindo aviso prévio.

O que deveria ser apenas um momento de desabafo se tornou em


uma conexão intensa que marcou ambos. Flaviane escolheu fugir, encerrou o
vínculo de uma vez com a MB News apenas para não cruzar com aquele
homem que mexeu demais com sua cabeça e coração.

Ele fingia não se importar com o que aconteceu, ela manteve


distância do seu passado na antiga empresa. No momento que eles ignoraram
o sentimento poderoso que os uniram, a vida tratou de criar um vínculo que
nunca poderia ser quebrado.

Uma frustração profissional, um filho inesperado e familiares com


atitudes duvidosas fizeram com que James Blat e Flaviane fossem obrigados
a se olharem, porém, reconhecer que aquela noite significou muito mais do
que suas consequências poderia ser o início de uma grande batalha.
Amor de Graça: https://amzn.to/35V0tdW

Sinopse: Anderson Medina, dono da Meds Cosméticos, não


conseguia descansar por conta de problemas no trabalho e o término do seu
noivado. Frustrado, ele toma um porre e logo em seguida vai atrás de
remédios em uma drogaria para dormir.

Acostumado a comprar tudo e todos, ele se surpreendeu quando a


farmacêutica Gabriela o ajudou em um momento humilhante sem pedir nada
em troca. Ela não queria seu dinheiro.

Como Anderson não conseguia tirar Gabriela da cabeça e tinha um


enorme problema de marketing nas mãos, voltou para a drogaria em busca de
resolver suas pendências com um contrato de casamento. Ele buscava não
perder mais dinheiro e também se vingar da sua ex-noiva.

Gabs tentou fazer sua parte sem se envolver emocionalmente, mas


não conseguiu controlar os sentimentos que eram singelamente retribuídos
pelo CEO que não acreditava que o amor vinha de graça.
Escolha Perfeita: https://amzn.to/357gflE

Sinopse: Nem sempre a vida de Murilo Antunes foi assim. Sua


família agora era apenas ele e sua filha de cinco anos, que cuidava com muito
carinho e proteção. Ele não deixaria que o abandono da mãe afetasse a
criança que não tinha culpa pelas escolhas maternas.

Ele seria autossuficiente.

Ter uma rotina agitada como advogado e sensei, era quase certeza de
que Murilo deixaria algo passar. O olhar observador e quase triste de Iara
chamou atenção de Maria Augusta, professora de balé e curiosa de plantão.
Envolvidos em uma competição de Judô, em plena comemoração da escola
do Dia dos Pais, Guta e Murilo se veem envolvidos através de Iara.

Primeiro ela se apaixonou pela criança e depois, sem perceber, já


estava completamente admirada por esse pai dedicado e amoroso.

Será que Murilo daria brecha para a aproximação dela? Não


importava a resposta, uma vez que Guta estava disposta a tudo por conta da
forte conexão que sentiu por eles.

Você também pode gostar