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Uma Mãe Para o Bebê do CEO ©Copyright 2022 — JÉSSICA

DRIELY

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sob quaisquer meios existentes sem autorizações por escrito da


autora.

Está é uma obra de ficção qualquer semelhança, com nome,

pessoas, locais ou fatos será mera coincidência.

PLÁGIO É CRIME!

Revisão: SONIA CARVALHO

Capa: Bia Carvalho

Diagramação: Jéssica Driely

Imagens: Depositphotos e Canva


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Para Dante Galanoy a empresa que será sua eterna herança é
mais importante que tudo. Ele é o braço direito de sua avó, mas
também todos sabem que a senhora de setenta e quatro anos,
tem um pensamento arcaico e para ela ter um filho fora de um
relacionamento é o fim do mundo.

Por isso, depois de um dia exaustivo na empresa do ramo


alimentício de sua família, Dante descobre que tem um filho e
que a mãe não quer o bebê.

Ele precisará cuidar da criança sozinho e para piorar sua avó


está voltando da Itália, para visitar seu querido neto… Para não
decepcioná-la, ele precisará arrumar uma mãe para seu filho em
questão de semanas.
E uma batida de carro pode ajudá-lo a conseguir o que ele tanto
deseja. Já que Luna Rabello, uma garota completamente
desesperada e precisando de ajuda financeira, parecia ter caído
de paraquedas em sua vida, mas ao mesmo tempo seria a
pessoa ideal para ser a mãe do filho de um homem
completamente desconhecido.

+18
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Epílogo
Link da playlist:
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si=b5181bde98ee4c6b
Esse amor é como uma droga ruim
E eu não consigo tirar você do meu sistema
E eu sei que devo ir para casa
Mas eu não posso porque você me viciou

Addicted – Morgan St. Jean


Para o meu avô, que tinha o chebinha azul, mas que o senhor
me perdoe por fazer uma cena imprópria no chebinha desse
livro (risos).
Prólogo

Um ano antes
Olhei pela janela da minha casa, enquanto as gotas de água
escorriam pelo vidro e a chuva fazia seu barulho característico. A
maioria das pessoas amava aquele som, principalmente para
tirarem uma soneca em um dia chuvoso, ou até mesmo para
curtirem a preguiça.

Naquele momento, depois do dia mais triste da minha vida, eu


tinha certeza de que odiava os dias chuvosos. Odiava motoristas
imprudentes e provavelmente estava com ódio do mundo.
Eu só tinha vinte e quatro anos e havia acabado de receber a
notícia de que meus pais haviam falecido. Os únicos parentes vivos
que eu tinha, já que meus avós morreram anos atrás e nem meu pai
e muito menos minha mãe possuíam irmãos.

Tinha acabado de descobrir que a vida era uma merda e


quando menos esperávamos, acabávamos perdendo as pessoas
que mais amávamos na vida.

Fechei meus olhos, escutando o barulho da chuva e senti uma


lágrima que eu não queria deixar escapar, seguir seu caminho por
minha bochecha.

Não queria chorar, pois, sabia muito bem que quando


desabasse, eu começaria a me desesperar e a perder o controle da
minha vida.

Precisava agir, ir ao hospital reconhecer os corpos, mesmo


sabendo que não era necessário. Já que pelas descrições e por
terem achado o contato de emergência dos meus pais, eu sabia que
minha vida tinha ganhado um destino meio solitário e doloroso.

Eu os tinha perdido … naquela noite… naquela chuva… para


um acidente de carro.

O que seria de mim, dali por diante, ainda não sabia, mas
provavelmente não seria nada bom…

Ajoelhei no chão e não consegui mais conter minha emoção.


Precisava chorar, mesmo que tentasse me manter forte, no entanto,
naquele momento não dava mais para segurar a dor que me
dilacerava.
Não dava mais para ser a garota feliz que eu sempre fui… Eu
perdi meus pais e ali a minha felicidade morreu por completo.

Teria que tentar seguir em frente, mas no momento eu só me


abraçaria e choraria pela minha perda. Depois pensaria no futuro.

Depois…

***

Dois meses atrás


Aquele dia tinha sido o pior de todos. Não me levem a mal, eu
amava trabalhar, talvez até mais do que gostava de descansar, no
entanto, eu tive sete reuniões em um mesmo dia e uma delas nem
havia sido em São Paulo.

O que fez com que eu voasse de um lugar para o outro no


mesmo dia, para que conseguisse cumprir toda a minha agenda
daquela semana. E eu sabia que no dia seguinte, as coisas não
seriam fáceis também.
E para falar a verdade, eu não podia negar que gostava
daquilo. Trabalhar na Galanoy Alimentícia, tinha sido meu sonho
desde garoto. Afinal, eu havia sido criado por minha avó e ela
sempre deixou claro que aquela empresa era nosso legado e que
quando eu tivesse idade suficiente, quem levaria os nossos
negócios adiante, seria eu.

E dona Olívia Galanoy não estava errada, já que eu estava à


frente da empresa há mais de cinco anos e não podia negar que
desde que me tornei o CEO da empresa, ela começou a crescer
ainda mais e hoje é conhecida mundialmente.
Assim que saí do meu carro, estiquei meu corpo, pois, estava
claro que precisava de um banho para descansar e talvez dormir
umas três horas, para no outro dia estar completamente apto para
mais um dia cheio.

Comecei a caminhar em direção ao elevador, mas quando dei


o segundo passo ouvi uma voz feminina.

— Dante?

Cerrei meu cenho e fui obrigado a olhar por cima do ombro


para saber quem estava me chamando. Quando vi Tatiana parada a
poucos metros de mim, segurando um bebê em seus braços, fiquei
um pouco atônito.

Eu tive longos meses de transas sem compromisso com ela,


há muitos meses atrás, não imaginei que a visse de novo, quando
disse que não queria mais continuar encontrando-a.
— Tatiana? — Talvez eu tenha pronunciado seu nome com um
pouco de incerteza.

— Pelo menos ainda se lembra do meu nome — ironizou.

Levei uma das minhas mãos ao meu cabelo e o joguei para


trás. Ela era uma mulher muito bonita, modelo internacional, cabelos
loiros platinados e eu não entendia mesmo o que ela estava fazendo
ali.

— Se mudou para cá?


Não consegui conter a curiosidade e também deixei que meus
olhos pairassem sobre a criança que ela segurava.

— Não, estou somente de passagem.

Senti quase como se um peso estivesse sendo retirado de


cima de mim. Estava realmente preocupado que ela fosse algum
tipo de stalker.

— Ah! — respondi. —`Bom, eu vou subir. Boa noite!


Dei as costas para ela, pois, tinha plena convicção de que ela
não estava ali para falar comigo, ainda mais segurando um bebê.
Novamente comecei a caminhar até o elevador, porém, fui impedido
por suas palavras completamente insanas.
— Dante, esse bebê é seu e eu não o quero.

Meu corpo congelou e naquele momento, eu tinha quase


certeza de que havia trabalhado demais e tinha começado a
alucinar.
— O quê? — indaguei, voltando-me rapidamente na sua
direção.

Quando vi a expressão da mulher, que naquele momento


estava um pouco mais distante, por eu ter me afastado dela. Só
pude ver verdade em seu rosto e talvez… Não, eu tinha completa
certeza de que aquilo foderia com toda a minha vida.

Caralho!

Eu tinha um filho?

Agora sim, eu estava fodido…

A minha avó iria me matar.


Capítulo 1

Dias atuais

Parecia que desde que Adriel surgiu em minha vida, uma


enxurrada de problemas começaram a aparecer pelo caminho. Sim,
eu tinha confirmado que o pequeno garotinho de apenas três meses
era meu filho. E como Tatiana nem ao menos havia lhe dado um
nome, resolvi que seria Adriel.

Soltei um suspiro audível e apoiei minha cabeça em minhas


mãos, no mesmo momento que minha porta foi aberta. Davi tinha
acabado de entrar na sala, sem se importar em bater.
Ele era meu secretário e melhor amigo. E por sua expressão
tinha quase certeza de que estava ciente da merda que havia
acabado de acontecer.

— Quanto tempo temos? — Foi a sua pergunta.

— Ela disse que daqui a um mês estará aqui.

Passei minhas mãos por meus cabelos, parecendo um


completo maluco. O que iria fazer?

— E se você contasse a verdade para a dona Olívia, acho que


ela entenderia.

Levei meus olhos na direção do meu amigo e cuspi:

— A minha avó? Com aquela mente arcaica, vai aceitar numa


boa que eu tenho um filho, que nem contei para ela ainda e que ele
nem mãe tem? Já que ela não quis nem mais saber do garoto?

Davi puxou uma das cadeiras que ficavam de frente para


minha mesa e assentiu.

— Bom, pensando por esse lado. Sua avó vai te deserdar e


você vai perder a empresa.

Levantei-me abruptamente e soquei a mesa.

— Não é dizendo isso que você me ajuda, Davi.

Fui até a janela do meu escritório e olhei para a rua


movimentada. Dona Olívia Galanoy, foi a pessoa que me criou, que
me ensinou o que era certo ou errado. No entanto, não conseguia
concordar de maneira alguma com seus pensamentos moralistas.
Eu até podia entender, já que ela era uma senhora italiana,
que foi criada de forma rígida por sua família, mas vovó não
entendia que o mundo havia evoluído e aquilo era a pior coisa que
podia acontecer.

— Como está o pequeno?

Ao menos ao perguntar do meu filho, Davi sabia que eu iria me


acalmar. Não tinha como negar que em um primeiro momento,
pensei que iria morrer ali mesmo naquele estacionamento, quando
Tatiana revelou que eu era pai daquele bebê.

E muito menos quando ela disse que iria embora e que nunca
mais atrapalharia minha vida. Se eu não quisesse o bebê, ela disse
que eu poderia dá-lo para adoção, já que ele tinha sorte de ela
mesmo não ter abortado.

Só de pensar em suas palavras, sentia um ódio fervente


percorrer meu corpo. Como alguém tinha coragem de tratar um ser
tão indefeso daquela maneira?

— Você está maluca? Eu não vou dá-lo para adoção —


esbravejei, levantando-me do sofá.

Já que naquele momento, estava dentro do meu apartamento,


com o bebê deitado sobre o sofá da sala e Tatiana se mantinha em
pé, como se fosse a dona da razão.

— É como eu disse: não vou deixar minha vida, por causa


dessa criança. Já tive que ficar privada por nove meses, para que
ninguém soubesse que estava grávida, então agora cuide dele ou
faça o que bem entender.

Encarei aquela mulher sem acreditar no que dizia.


— Tatiana, como você pode dizer algo assim?

— Dante, acorda! Eu só não abortei esse bebê, porque eu


tinha medo de que algo pudesse acontecer comigo.
— Não pode estar falando sério.

Estava com nojo de olhar para sua cara.


— É a única verdade.

Ela me deu as costas, caminhou até a porta e saiu sem nem


mesmo se despedir. Encarei o menininho deitado sobre o sofá e
agradeci por ao menos ele estar dormindo.

Eu estava muito ferrado!

— Terra chamando, Dante — Davi, murmurou ao meu lado.

Saí dos meus devaneios e voltei minha atenção para ele.

— Desculpe, estava pensando no dia que Tatiana tinha me


jogado a bomba do pequeno Adriel.

Davi apoiou a mão em meu ombro, provavelmente para me


dar algum tipo de apoio, que eu nem sabia que precisava.
— Cara, eu tenho uma ideia maluca, mas que poderia te
salvar.

— Tenho medo de perguntar o que é e acabar me


arrependendo de ouvir.
Davi soltou um risinho de completo sarcasmo e acabou
murmurando:
— Bom, admito que não é um pensamento muito bom, mas é
a única opção que vejo.

— Desembucha, nada pode ser tão ruim que não possa piorar.

— E se você chamasse alguma das mulheres que já saiu pra


se passar como a mãe do Adriel?

Soltei uma gargalhada, porque não podia ser verdade o que


eu estava ouvindo. Às vezes Davi, realmente parecia usar algum
tipo de alucinógeno.
— Você só pode estar de brincadeira comigo.

Afastei-me da janela e voltei a me sentar na cadeira da


presidência.
— Estou falando sério, só até sua avó ir embora. Sabemos
que ela não fica muito tempo no Brasil, então, logo ela vai dar um
jeito de escapar para a Itália novamente.

— Esquece, não vou chamar uma das mulheres que já saí


para fazer isso. Seria ótimo, encontrar uma daquelas malucas que
quiseram empurrar um relacionamento comigo goela abaixo, para
que tentassem me ferrar.

Lembro muito bem, que elas deixavam de ser meu sexo sem
compromisso, por simplesmente quererem um relacionamento sério
e eu era um homem que tinha somente o compromisso de elevar a
Galanoy Alimentícia e agora de ser um pai maravilhoso para Adriel.

— E se contratarmos alguém?
Revirei meus olhos e comuniquei:
— Esqueça essa ideia de arrumar uma mãe de fachada para o
meu filho. Eu pensarei bem, em como encarar minha avó.

Davi levantou suas mãos, como se estivesse se rendendo e


começou a caminhar em direção à porta.
— Se mudar de ideia, posso arranjar algumas escolhas para
você.

Meu amigo saiu do escritório e eu voltei a ficar sozinho. Aquilo


estava ficando mais difícil do que eu imaginava.

Bufei e fechei meus olhos.

Eu não queria perder a empresa, mas também não dava para


esconder o meu filho da minha avó.
O que eu iria fazer?

Uma pergunta que eu não tinha a mínima ideia da resposta.

A única coisa que sabia era que minha avó iria me deserdar e
aquela era a única verdade.
Capítulo 2

Vinte e cinco anos…


Meu primeiro aniversário sem eles…

Tentei não pensar naquilo, já que não queria cair em lágrimas


naquele dia. E muito menos chorar no emprego que eu havia
começado somente há dois meses.
Por fim, havia conseguido um emprego na minha área de
formação. Não era um escritório de contabilidade grande, mas ao
menos estava empregada e já dava para manter um pouco das
dívidas que se acumularam depois que meus pais morreram.
Havia terminado de fazer um certificado digital de um cliente,
quando Cleomar — meu chefe — chegou, no escritório sem
cumprimentar nenhum dos funcionários.

Tinha aprendido no pouco tempo que trabalhava ali, que


quando ele estava com um humor péssimo, nos tratava como lixo,
por isso, achei por bem nem mesmo falar bom dia para ele.

— A mulher dele deve ter dormido de calça jeans. — Mário,


um dos meus colegas de trabalho comentou, e eu só pude revirar
meus olhos com sua fala machista.

— Tem dias que as pessoas só não estão bem — respondi.

Ninguém ali havia me parabenizado naquele dia. Não que


estivesse mendigando um “feliz aniversário”, mas eu queria me
sentir especial novamente, pelo menos naquele dia.

Claro, que provavelmente eles não soubessem que era meu


aniversário, tinha somente dois meses que trabalhava ali e ainda era
desconhecida para eles.

Mas eu queria muito um parabéns, naquele dia.

— Continue defendendo ele. O Cleomar não puxa saco de


funcionário, você é somente mais uma na folha de pagamento.

Encarei Mário e resmunguei:

— Não estou defendendo, só estou demonstrando o que acho.

Voltei meus olhos para o computador. Era melhor nem perder


minha paciência com meu colega de trabalho, senão eu lhe jogaria
meu sapato.
Afinal, eu não era um poço de calmaria, então era melhor não
começar a perder a calma que corria pelas minhas veias.

As horas foram passando e quando estava perto do almoço, o


telefone que ficava sobre minha mesa tocou. Senti meu sangue
gelar. Aquilo não podia ser algo bom, não era mesmo?

— Luna, bom dia! — Quase engasguei.

— Senhorita Rabello, venha até minha sala, por favor.

Arregalei meus olhos e assenti, só depois me lembrei que


estava pelo telefone e respondi algo qualquer, antes de bater o
telefone no gancho e caminhar até a sala do senhor Cleomar.

— O que ele queria comigo?

Nenhum dos meus colegas de escritório me falou nada,


parecia que eles já sabiam o que iria acontecer. Assim que cheguei
em frente à porta do senhor Cleomar, bati duas vezes e ele
autorizou minha entrada.

— Olá, senhor! — cumprimentei.

— Olá, senhorita! — Ele estendeu a mão na direção da


cadeira em sua frente e eu me sentei um pouco acanhada.

— O senhor me chamou…

— Sim. — Fez uma pausa, encarou um papel em sua mão e


começou a dizer: — Estava aqui vendo que você é uma ótima
profissional.

Senti um fio de esperança me tomar. Ele tinha me chamado ali


para me elogiar, ainda bem, pois não estava preparada para alguma
notícia ruim.

— Obrigada, senhor!

— Mas infelizmente, não poderei te manter aqui na empresa,


pois estou tendo que fazer alguns cortes no orçamento e como você
é a funcionária mais nova, é a que o acerto fica mais barato.

Engoli em seco com suas palavras.


— O senh… senhor está me demitindo? — gaguejei.

— Infelizmente sim, senhorita.

Ele estendeu o papel que estava em sua mão e indicou o lugar


para que eu assinasse minha recisão.

Pensei em fazer algum tipo de cena, implorar para que não


fizesse aquilo, já que era o único emprego que consegui depois de
tanto procurar, mas estava meio sem forças para aquilo.
Depois de ler o papel, peguei a caneta que me estendeu e
assinei. As coisas se passaram como um borrão, não lembro nem
se me despedi do pessoal.

Só que aquilo também não importava, eles nunca foram muito


amigáveis comigo. Caminhei até o estacionamento que ficava ao
lado de onde trabalhava e fui até meu fusca azul. Aquele carro era
uma relíquia para minha família, passou de geração por geração e
foi a única lembrança que restou da minha família.
Meu chebinha, como gostava de chamá-lo, estava à minha
espera. Entrei nele e aí sim, deixei que as lágrimas escorressem.
Não sabia se o céu entendia muito bem meu sentimento, mas bem
no momento, percebi que nuvens carregadas estavam tomando
todo o céu de São Paulo e não demorou muito para que a chuva
desabasse.

Quando vi a primeira gota escorrer pelo vidro, os pelos dos


meus braços se arrepiaram por completo. Eu tinha passado a temer
e odiar a chuva ao mesmo tempo.
Ela levou meus pais, foi em um dia chuvoso que eles me
deixaram e o presente que ganhei de aniversário, foi uma demissão
e um dia chuvoso.

Tudo o que odiava!

Estava na hora de o destino sorrir um pouco para mim, se não


eu nem sei o que fazer mais da minha vida.

Mesmo odiando dirigir quando estava chovendo, não tinha


outra escolha. Dei partida no meu fusca e o barulho alto ressoou
pelo ambiente. Saí do estacionamento e comecei a ganhar as ruas
de São Paulo.
Eu sinceramente não deveria dirigir pela chuva, já que as
gotas de água me deixavam desatenta, ainda mais que eu só
conseguia me lembrar dos meus pais.

Só que quando percebi já era tarde demais, não sei de onde


aquele carro surgiu, só sei que quando o vi, estava muito perto e
mesmo freando não adiantou de nada, entrei com tudo na traseira
do automóvel.
Não tinha mesmo como aquele dia ficar melhor…

Fodida era assim que eu poderia me considerar aquele dia…


Completamente fodida.
Capítulo 3

Senti o impacto forte que atingiu a traseira do meu Mercedes.


Eu odiava motoristas irresponsáveis que não sabiam dirigir em
dias chuvosos. Grunhi, antes que pudesse sair do carro, mas antes ,
olhei pelo retrovisor e o que vi me deixou ainda mais chocado.

Tinha quase certeza de que a pessoa que bateu no meu carro,


não teria condição nenhuma de pagar o conserto.
Resmunguei qualquer palavrão que veio à minha mente, e saí
na chuva para ver o estrago que tinha acontecido com meu carro.
Por sorte, ou não, já nem sabia dizer mais, a chuva tinha afinado,
mas mesmo assim, ainda dava para sentir suas gotas caindo sobre
mim.

Caminhei decidido para a parte de trás do carro, queria falar


poucas e boas para aquele motorista. Mas assim que uma garota,
que usava um casaco vermelho, botas pretas, calça jeans colada e
uma camiseta branca, saiu de dentro do carro um pouco da minha
ira virou pó. Eu nunca conseguia alterar mais do que o aceitável
com uma mulher e aquilo minha avó que me havia ensinado.

A garota usava óculos de grau e mesmo que o dia estivesse


escurecendo um pouco pela chuva, pude ver as sardas em seu
rosto. Os cabelos escuros caíam sobre os ombros e ela parecia
mais chocada do que eu.

Olhei para o Fusca azul que ela dirigia e pensei que talvez ela
só tivesse perdido o controle daquele carro.

— Ah, meu Deus! — A mulher colocou as mãos sobre o rosto


ao ver a traseira do meu carro, que eu nem tinha percebido direito,
pois estava com a minha atenção fixada sobre ela.

Já que a beleza daquela menina parecia ter sido tirada de


algum tipo de obra de arte. Assim que voltou os olhos arregalados
para os meus, percebi que eram de um azul que talvez seduzisse
qualquer idiota que não estivesse preparado para qualquer
encarada que ela lhe direcionasse.

— Senhor, me desculpe. — Foi a primeira vez que ela se


direcionou para mim.

Limpei minha garganta e desviei meus olhos da garota


desesperada. Olhei para a traseira do meu carro e ela estava uma
decepção. Completamente amassada e foi impossível não
resmungar.

— Cacete! Não sabe dirigir? — Não gritei, mas não consegui


segurar o palavrão.
Passei uma das mãos pelo meu cabelo e ela me encarou,
observando todos os meus movimentos.

Seria bom ela parar de me olhar daquela maneira, pois, não


era um olhar inocente que a salvaria da merda que fez.

— Eu sei, senhor. O problema foi que eu acabei tirando a


atenção um segundo da rua e…

— E aí, enfiou essa lata velha no meu carro — constatei.

Porém, provavelmente eu devo ter atingido algum ponto de


revolta, pois o olhar da garota se fechou no mesmo momento na
minha direção.

— Eu posso não ter uma Mercedes como o senhor, mas não


venha humilhar o meu chebinha só por ele ser um Fusca. — Ela
depositou as mãos sobre a cintura e respondeu convicta: — Eu vou
pagar o conserto.
Olhei para o seu carro, que também havia amassado, não
tanto quanto o meu, afinal, todos sabiam que o Fusca era um carro
duradouro.

— Não precisa, meu seguro cobre — comentei.

— Eu faço questão, já que estraguei seu carro, senhor.


Olhei novamente nos olhos da menina e não sei por qual
motivo, mas ela parecia tão triste. O semblante parecia estar abatido
e eu nem a conhecia, porém era aquilo que sua imagem estava me
passando.

— Não precisa se preocupar. Cuida do seu problema, que


cuido do meu. — Apontei para o seu carro e provavelmente eu
deveria ter dito algo que a magoou, pois quando eu vi a garota já
estava chorando.
— Desculpa, por favor, se quiser eu posso lhe ajudar com
alguma coisa.

Arregalei meus olhos, já que não imaginei que ela ficaria tão
sentimental daquele jeito.

— Ei, se acalme. Foi só um acidente e nós nem nos


machucamos, não é mesmo?

A garota assentiu e retirou os óculos em seguida, para


enxugar os olhos. Seus cabelos estavam começando a ficar
pesados pelas gotas de chuva.
— Vou acionar o seguro. — Olhei ao redor e tinha o toldo que
daria para nos proteger da chuva. — Vamos ficar ali?

Ela sem dizer nada, assentiu, e caminhou até o local que


indiquei. Parei ao seu lado, enquanto fazia a ligação para o seguro e
sabia muito bem que eles não demorariam.
— Se acalmou mais? — perguntei, quando encerrei a ligação.

— Sim, senhor!
Ao menos ela havia parado de chorar e naquele momento,
percebendo que ainda não sabia seu nome, estendi minha mão em
sua direção e ela meio receosa, levou a sua até a minha.

— Eu sou Dante e você?

— Luna.

— Nome ou apelido?
— Nome mesmo. — Abriu um sorriso meio sem graça.

— Bom, Luna. Já almoçou?

— Não, senhor!

Apontei o restaurante que estava um pouco à frente onde


estávamos e disse:
— Quer almoçar?

Ela franziu o cenho e olhou para os carros.

— Mas e...

— Meu assistente acabou de chegar. Ele toma conta por


enquanto. Estava vindo de uma reunião e eu iria para minha casa,
mas como acho que vou demorar por aqui, preciso comer algo.
— Claro que você tinha que bater o carro em um dia de chuva,
não é, imbecil? — Davi se aproximou de onde estávamos e revirou
os olhos. — Sua sorte que estava por perto.

— Bom, eu não tive culpa.


Encarei meu amigo e tentei mostrar para ele, que a menina
estava à sua frente, mas Davi quando eu mais precisava ele se fazia
de idiota.

— Quem foi o pilantra que bateu no seu carro?

Levei uma das minhas mãos ao meu rosto, tentando evitar


soltar um grito para que aquele imbecil calasse a boca. Se Luna
voltasse a chorar as coisas se complicariam mais.

Eu era um frangote, quando se tratava de mulher chorando,


não sabia o que fazer, ou até como agir para que pudesse acalmar
os ânimos femininos.

— Eu não sou pilantra — Luna, resmungou.

Davi, por fim, reparou na garota ao meu lado e abriu um


sorriso de compreensão.
— Ah, agora entendi!

Antes que ele pudesse falar qualquer merda, acabei me


intrometendo no meio da sua conversa, para evitar maiores
transtornos.

— Cuida das coisas do seguro e pode mandar o carro da Luna


para o conserto, arcarei com os gastos.

Luna se virou para mim e esbravejou no mesmo momento.


— Não, você não vai fazer isso. Primeiro que nem te conheço,
segundo que eu não quero ficar mais em dívida com você do que já
estou.

— Luna, vamos almoçar e assim você fica mais calma.

— Não!

Ela se afastou de mim e de Davi.


Encarei meu amigo que deu de ombros e eu soltei um suspiro.

— Não te cobrarei nada por isso — murmurei.

Ela parecia estar com frio, por isso, resolvi apelar.

— Enquanto esperamos o pessoal do seguro, você poderia se


esquentar comendo algo quente. — Apontei para o restaurante.
Ela encarou o lugar que indiquei e declarou em seguida:

— Tudo bem!
Saiu caminhando na minha frente e Davi falou.

— Ela é linda, mas parece ser cabeça dura.

— Cala a boca, Davi. Só cuida de tudo.

— Tudo bem, chefe!

Bom, iria almoçar com uma desconhecida, que havia batido no


meu carro. Mas que mal havia naquilo?

Nenhum…

Ao menos eu esperava que nenhum.


Capítulo 4

Ainda sentia meu corpo meio adormecido pelo que aconteceu.


Quando vi meu fusca bater diretamente na traseira daquele carro,
eu simplesmente fiquei em choque.
Foi como se eu tivesse voltado há algum tempo e recebido a
ligação novamente sobre o acidente dos meus pais.

Como pude ser tão imprudente daquela forma?


E se algo mais grave tivesse acontecido?

Uma buzina do lado de fora do restaurante fez com que meus


pensamentos sumissem e que eu voltasse para a realidade.
Já estava sentada em uma cadeira, quando o homem
completamente chique, entrou no restaurante que não parecia muito
fazer o seu estilo. Afinal, era um restaurante simples e pelo terno
que Dante usava, demonstrava que ele não era nenhum homem
pobre que almoçasse em lugares como aqueles.

Assim que me viu, caminhou até onde eu estava e se sentou à


minha frente. Não podia negar que ele era um gato. Puta que pariu!
Cabelos claros, jogados para trás, um queixo quadrado que
fazia com que eu tivesse pensamentos inapropriados para aquela
hora, uma boca bem desenhada, uma barba cerrada e olhos
incrivelmente claros.

Olhei rapidamente para seu anelar, para ter certeza de que


não estava lidando com um homem casado e assim que me
certifiquei que estava tudo bem, soltei um longo suspiro.

Uma garçonete se aproximou de nós dois e acabamos


pedindo os dois, o prato da casa, pois pelo menos eu não estava
com a mínima vontade de ficar escolhendo o que comer.

E claro, que o silêncio constrangedor recaiu sobre a nossa


mesa. Porém, aquilo já era óbvio, afinal, não nos conhecíamos e
não tínhamos nada para falar um com o outro. No entanto, me
surpreendendo completamente, Dante acabou murmurando:

— E você trabalha em quê?

Só que eu preferia que ele me perguntasse qualquer outra


coisa do que aquilo. Já não bastava eu ter passado vergonha na
sua frente, chorando como uma idiota?
Agora, provavelmente eu choraria de novo, só por falar da
minha vida.

Engoli em seco e tentei dizer, sem que voltasse a desabar.

— Bom, eu fui demitida hoje, por isso, estava meio distraída


no trânsito.

Fiz uma careta e desviei meus olhos dos seus para encarar
minhas unhas, que imploravam para serem feitas.

— Sinto muito, agora que você disse isso, é mais fácil


entender o motivo da sua distração.

— Não deveria ser fácil de entender, eu poderia ter cometido


uma grande besteira. Ainda mais pelo histórico da minha família.

Vi o momento que Dante cerrou o cenho, mas não quis dar


muita atenção. Na verdade, nem queria estar tendo aquele tipo de
relação com um completo desconhecido.

— Acho que você não me dirá o que é, não é mesmo?

Soltei um suspiro e por sorte a atendente chegou com nossa


refeição e eu pude prolongar aquele assunto por mais um tempo. Já
que não sabia se falaria ou não o motivo de ter um histórico familiar
horrível para acidentes na chuva.

— Acabei de te conhecer e eu nunca fui um livro aberto com


estranhos.
O homem sorriu gentilmente para mim, assentiu e começou a
provar sua comida em silêncio. Acabei fazendo o mesmo que ele, já
que não estava com a mínima vontade de conversar mais nada a
respeito da minha vida.
Quando finalizamos o nosso almoço, Dante pediu a conta,
mas eu fiz questão de pagar o meu almoço. Estava na rua da
amargura, no entanto, não queria ficar dependendo de ninguém.

Assim que saímos do restaurante, percebo que o carro de


Dante já foi guinchado e que meu chebinha ainda está parado no
mesmo lugar.
Ainda bem que ele não sofreu muito com o impacto.

— Tem certeza de que não quer que eu mande seu carro para
a oficina? — Dante indagou e eu rapidamente respondi:
— Absoluta!

Atravessamos a rua e eu agradeci pela chuva ter parado, pois


eu preferia mil vezes a seca a sentir as gotas de água caindo sobre
meu corpo.
Paramos ao lado do meu carro e o homem que havia chegado
mais cedo, nos encarou como se esperasse que disséssemos
alguma coisa, para que ele pudesse agir.

Porém, Dante nem lhe deu atenção e comentou comigo:

— Bom, passe seu número para o Davi, talvez tenhamos uma


vaga na minha empresa.

Assim que ouvi o que disse, senti um pouco de esperança . Na


verdade, foi meu primeiro fio de esperança naquele dia.
— Está falando sério?

— Sim, eu sou o CEO da Galanoy Alimentícia, provavelmente


temos alguma vaga em aberto, não é mesmo Davi?
Dante olhou para o outro homem e ele assentiu com um
sorrisinho sarcástico no rosto.

— Eu bato no seu carro e você me oferece um emprego? —


brinquei.

— Tenho certeza de que você não fez de propósito.

— Não fiz mesmo — respondi e logo lhe estendi a mão.


Quando Dante a colocou na minha senti como se talvez a vida
estivesse voltando a sorrir para mim.

— Obrigada!

— Não me agradeça — comentou. Dante olhou para o céu e


assim que soltou minha mão, deve ter percebido que estava
atrasado para algo, pois logo comentou: — Preciso ir. Até mais,
Luna!

— Até! — sussurrei.

E em seguida Davi pegou meu telefone e eu vi os dois homens


engravatados irem embora em outro carro de marca.

Esperava mesmo que entrassem em contato comigo, senão


ficaria muito decepcionada.
No entanto, aquele homem parecia só dizer a verdade, então
talvez eu realmente conseguisse um emprego, mesmo depois de ter
estragado seu carro.

Com um sorriso esperançoso, entrei em meu Fusca e dei


partida. A oficina ficaria para outro dia, pois naquele momento eu
não tinha condição nenhuma de mandar consertar os amassados.
E quem sabe, logo eu não estivesse empregada e
conseguisse arrumar com rapidez meu chebinha?!

Entrei no carro e logo parti para minha casa, era melhor ficar
segura entre quatro paredes naquele dia que já haviam acontecido
coisas demais.
Até havia esquecido que era meu aniversário…

No momento, só precisava relaxar, e parar de pensar em todos


os problemas.

E era somente naquilo que iria me focar.


Capítulo 5

Ele parecia uma pluminha em meus braços. Não pesava


quase nada e desde que surgiu em minha vida, parecia ter me
mostrado uma nova forma de enxergar o mundo.
Estava sentado sobre o sofá da minha casa — que eu havia
comprado, há algumas semanas —, com Adriel deitado em meu
peito, enquanto o observava. Havia poucos minutos que meu bebê
tinha pegado no sono e agradeci muito por ter chegado a tempo de
vê-lo acordado.

O dia tinha sido uma correria e às vezes ficava me sentindo


mal, por sempre deixá-lo mais aos cuidados de Érica, sua babá, ela
estava se mostrando ser uma moça extremamente responsável, já
que eu havia feito uma longa entrevista e contratei a que tinha
melhores recomendações, claro.

Desde o dia que vi o positivo bem grande no teste de DNA que


fiz, quando Adriel surgiu em minha vida, não pude deixar de fazer
uma promessa a mim: de que iria cuidar do meu filho e que iria
tentar ser o melhor pai do mundo.

Antes, quando Tatiana o deixou comigo, eu já sabia que


aquela criança não podia ficar desamparada, por isso, se não fosse
meu, eu daria todo o apoio para que ele tivesse uma ótima família.
Porém, quando saiu o teste de DNA, provando que era meu
menininho, eu percebi que estava na hora de me tornar um homem
ainda mais responsável.

Se antes eu tinha somente um objetivo que era alavancar a


empresa da minha família, agora o meu filho também era minha
prioridade e mesmo que minha avó não soubesse, aquele menino
era mais importante que qualquer testamento.

Só que eu conhecia muito bem, dona Olívia Galanoy, para


saber que ela iria preferir colocar qualquer pessoa que não entendia
nada de finanças para tomar conta da empresa e destruiria todo o
legado que construí nos anos que estava no comando.

Por isso, ainda não havia falado do meu filho para ela e por
esse motivo também, estava reconsiderando sobre contratar uma
mãe de mentira, só por algum tempo, enquanto minha avó passava
um tempo aqui no Brasil.

Depois com mais calma, eu lhe explicaria a situação e as


coisas se acalmariam.
Beijei lentamente a testa de Adriel e sorri levemente ao reparar
o quanto ele dormia inocentemente, sem se preocupar com os
problemas do mundo.

Se ele soubesse o quanto a vida podia ser difícil, já teria


nascido um pequeno empreendedor. Meu pequeno, era loirinho e
possuía os olhos iguais aos meus. O que me ajudaria a achar uma
mãe, caso eu me enfiasse na maluquice que Davi me propôs.

Tentei não pensar naquilo por enquanto, e por esse motivo,


levantei-me do sofá e caminhei para o quarto de Adriel. Depositei-o
em seu berço e depois de passar a mão levemente pelos seus
cabelos, protegi o berço com o cortinado e saí do seu quarto,
lembrando-me de deixar a luz noturna em formato de urso acesa e a
porta semiaberta para o caso de ele acordar à noite.

Depois desabotoei a manga da minha camisa e comecei a


fazer o mesmo com os outros botões e parecia que minha avó
conseguia prever que algo estranho estava acontecendo. Já que
assim, que pisei dentro do meu quarto, já arrancando a camisa, meu
celular vibrou anunciando uma chamada.

Quando peguei o aparelho, percebi que era um facetime e


agradeci, por já estar no meu quarto. Atendi a ligação o mais rápido
possível e quando vi a senhora com seus fios de cabelos grisalhos,
até pensei que ela era uma velhinha inocente, no entanto, quem
conhecia aquela mulher, tinha completa convicção da diaba que
podia ser.

Mas eu amava aquela mulher… amava demais.

— Oi, meu neto querido.


Abri um sorriso ao ouvir sua voz e sentei-me sobre a cama.

— Eu sou o único neto que a senhora tem, só para lembrá-la.

— Por isso é o querido, se eu tivesse outro, provavelmente


você seria somente o que me passava raiva, Dante.

Revirei os olhos e a indaguei:


— Como a senhora está, vovó?

Ela fechou a expressão angelical e dali eu já sabia que viria


alguma merda.

— Tentando não morrer do coração, seu neto ingrato. Como


você bate seu carro e nem me fala?

Fechei meus olhos, respirei fundo e logo os abri. Já tinha uma


semana que aquilo havia acontecido, como ela ficou sabendo?
— Como que…

— Não interessa. — Cortou-me no mesmo momento. — Só


quero saber se você não se machucou.

— Claro que não, vovó. Foi algo leve, somente uma moça que
estava desatenta.

Olívia resmungou algo, porém não demorou muito o seu


silêncio e logo voltou a reclamar.
— Quando algo assim acontecer, você deve me avisar, para
que eu possa adiantar minhas passagens.

Senti até meu coração dar uma fisgada com a tamanha


maluquice que tinha ouvido.
— Vovó, não precisa, sério. Não foi nada, o carro já está
quase pronto.

Tentei desconversar, falando de outras coisas, mas antes de


desligar ela acabou me deixando ainda mais nervoso com a sua
vinda para o Brasil.
— Espero que você não faça mais nenhuma merda, Dante.
Chego aí, daqui a três semanas, e espero que nada me surpreenda.

Engoli em seco e respondi algo que nem lembro bem. Já que


estava parecendo estar meio catatônico com as suas palavras.

Assim que desligamos o telefone, enviei uma mensagem para


Davi, tomando a decisão que eu não queria, mas que sabia
exatamente que era necessária.

Precisava enganar minha avó, porque eu era um homem de


trinta e três anos, mas que morria de medo de uma velhinha de
setenta e quatro.

Dante: Vamos procurar uma mãe de mentira para o Adriel,


mas antes de começarmos a caçar loucamente alguém, ligue
para a Luna.

Davi: Ela é gata demais, cuidado para não cair no seu


próprio golpe.

Revirei os olhos e decidi nem perder meu tempo respondendo


a sua mensagem. Ela precisava de emprego e depois de dar uma
busca e perceber que ainda não havia nenhuma vaga na empresa,
aquele podia ser o trabalho que ela ganharia bem e ainda me
ajudaria.

Aquilo tinha tudo para dar errado e eu tinha certeza de que


daria.
Capítulo 6

Eu tinha recebido uma ligação…


Depois de passar uma semana do meu acidente, jurei que o
tal Dante Galanoy não entraria em contato, ou seu assistente no
caso, mas o rapaz havia acabado de desligar o telefone, pedindo
para que eu comparecesse na empresa naquela tarde.

Talvez o sorriso que estivesse despontando em meus lábios,


fosse de pura felicidade, ou nervosismo. Qual vaga seria que eles
tinham disponível para mim?

Por fim, não tinha conseguido comer nada depois daquela


ligação. Tomei um banho rápido, pois, quanto menos água e energia
eu gastasse, melhor para mim no final do mês.

Optei por usar um vestido preto, tubinho, de uma marca nada


conhecida, mas ao menos parecia formal. Calcei um sapato fechado
e de salto e deixei meus cabelos soltos. Coloquei meus óculos, eu
até poderia colocar as lentes de contato, mas para falar a verdade
eu odiava tudo que fosse desconfortável, então não enfiaria nada
dentro do meu olho para ficar arranhando.
As pessoas tinham que aceitar que eu era uma míope que
precisava de um par de olhos extras, para enxergar um palmo à
minha frente.

Saí de casa, entrei no chebinha e parti rumo a Galanoy


Alimentícia. Talvez eu estivesse indo um pouco antes do horário,
porém, como o trânsito de São Paulo era imprevisível, era melhor
chegar bem antes, do que atrasada para uma entrevista com o
chefe da empresa.
Cheguei à empresa e estacionei meu Fusca em frente ao lugar
que só tinha carros de marcas caríssimas. Eu não tinha vergonha
alguma de colocar meu carro ali, porém, alguns seguranças que
passavam me olharam de forma estranha.

Fiquei com tanta vontade de levantar meu dedo do meio para


eles, porém, achei necessário parecer uma pessoa centrada e não
fazer aquilo, bem no dia da entrevista de emprego.

Andei para o lado de dentro da empresa e antes de falar com


uma das recepcionistas do lugar, acabei checando o horário no meu
celular, que não era de última geração, mas foi o que consegui
comprar há algum tempo atrás.
Ainda faltava meia hora, no entanto, achei por bem avisar que
já estava ali. Caso eles quisessem me chamar antes da hora. Fui
até uma das mulheres que me encaravam como se eu fosse um
bicho e possuísse no mínimo sete cabeças.

— Boa tarde! — cumprimentei uma delas, a que mais me


olhava com expressão de nojo.

— Boa tarde! — respondeu, não dando a mínima para mim.

— Eu tenho uma entrevista marcada com o senhor Galanoy,


foi o senhor… — Como que o outro cara chamava? Ah! — Foi o
Davi que entrou em contato comigo.

A mulher me encarou de cima a baixo, revirou os olhos, mas


por fim pegou o telefone e discou alguns números. Não demorou
muito para que alguém atendesse.

— Senhor Figueiroa, tem uma moça… — Ela me encarou


como se eu tivesse que ter dito meu nome antes, mas a mocreia
nem havia perguntado, pois estava me julgando.
— Luna Rabello — sussurrei.

— Luna Rabello está aqui. — Uma pausa, depois ela assentiu


e respondeu: — Sim, senhor.
Ela pegou um cartão, estendeu para mim, que peguei com
muita má vontade igual ao jeito que ela estava me tratando e logo
disse:

— Último andar, à direita. O cartão é para passar na catraca,


caso não saiba.
Revirei meus olhos, mas minha paciência tinha limite e com
aquela mulherzinha ela havia estourado.

— Eu não sou burra, sua julgadora de caráter.


Sem esperar que respondesse, saí pisando duro até as
catracas que levavam ao elevador e logo que o sinal verde
apareceu, depois que coloquei o cartão sobre ela, passei e fui até
um dos elevadores que já estavam no térreo.

Entrei no elevador e apertei o último andar. Puta que pariu!


Vinte andares!

Odiava elevadores, mas tudo bem, eu os enfrentaria só para


arrumar um emprego naquela empresa que já estava odiando.
Assim que as portas se abriram, senti que minha respiração
estava um pouco mais exasperada e talvez eu estivesse suando
mais do que devia.

Ainda bem que estava de preto, se não estaria com marcas


molhadas, enormes, debaixo dos braços.

Sim, eu odiava elevadores!

Saí daquele lugar abafado e caminhei, meio trôpega na


direção que a mulher da recepção falou.
Assim que surgi no corredor, pude ver uma sala de vidro, onde
Davi estava sentado atrás de uma mesa enorme. Se ele possuía
uma sala daquela, ficava imaginando a sala de Dante.

E eu nem precisei anunciar que estava ali, pois assim que


pensei no homem em quem havia batido no carro há uma semana,
ele abriu uma porta enorme de madeira de carvalho e surgiu no final
do corredor.

Ele era lindo demais…

Eu até senti o ar voltar a percorrer todo o meu corpo, mas só


de emoção por vê-lo, usando um terno preto que parecia ter sido
feito sob medida para ele.

Dante levantou seus olhos e me encontrou no final do


corredor. Logo abriu um sorriso gentil e puta que pariu… algum
santo tinha que ter piedade da minha mente e da minha calcinha,
porque eu quase me senti necessitada para pular nele, só por ver
aquele sorriso.

Credo!

No que estava me transformando?


Balancei minha cabeça para desviar aqueles pensamentos
malucos, só por ver aquele homem bonito de novo e agora sem o
trauma de uma batida acontecendo e podendo perceber que ele
realmente era um deus grego que caiu na minha frente.

— Como vai, Luna?

Dante parou na minha frente e estendeu sua mão para mim.

Estiquei minha mão e fiquei muda.


Ah, não! Aquilo era minha cara, ficar muda quando um homem
como aquele falava comigo.

Dante franziu o cenho e esperou minha resposta.

— Está tudo bem? — indagou, assim que não respondi.


— Sim, bem, quer dizer… Estou bem, e o senhor?

Isso, idiota! Passa mais vergonha.

Ele deu um sorrisinho novamente e eu quase desfaleci ali


mesmo.

— Estou bem, mas me chame de você.


— Ok!

Percebendo que ainda estava segurando sua mão, acabei


soltando-a rapidamente e eu já previa que aquela entrevista seria
um fracasso.
— Bom, vamos para a minha sala?

Ele indicou o caminho e eu o acompanhei sem mais delongas,


já estava passando vergonha demais para poucos minutos. Assim
que passei ao lado da sala de Davi, ele acenou para mim e claro
que eu fiz o mesmo, mas sem perceber que havia uma pilastra na
minha frente, acabei chocando-me de frente com a parede e pronto
a vergonha de milhões.

Fui parar no chão.

Meio tonta e com a certeza de que não teria mais um


emprego.
Capítulo 7

Só ouvi o barulho e quando olhei para trás, Luna estava no


chão. Arregalei meus olhos, sem entender como ela havia ido parar
ali, no entanto, quando vi Davi caindo na gargalhada dentro da sua
sala, já imaginei que ela devia ter cometido alguma gafe que tivesse
feito com que se estatelasse no chão.

— Você se machucou? — Aproximei o mais rápido que pude


de Luna e a ajudei a se levantar.

Seu perfume floral tomou meu nariz rapidamente e eu quase


transformei aquele cheiro como o meu favorito da vida, mas não
podia negar que o cheirinho de bebê que era característico do meu
filho, era o meu preferido do mundo.
Suas bochechas estavam ruborizadas e seus olhos em
nenhum momento encaravam os meus. Provavelmente não
querendo demonstrar o quanto estava com vergonha.

— Estou bem — respondeu por fim.

— Venha.

Aproveitei para colocar minha mão em sua cintura, para lhe


conduzir para dentro da minha sala, já que percebi que era difícil
confiar em sua coordenação motora.

Assim que entramos, soltei sua cintura e ela andou mais para
o centro da sala, aproveitei para fechar a porta e ir para a minha
cadeira.

— Você aceita alguma coisa para beber? — indaguei.


Percebi que Luna encarava todos os cantos e nem tinha
prestado atenção no que eu havia dito.

Limpei minha garganta e só assim, seu olhar foi direcionado


para mim.

— Desculpe-me, estava encantada, olhando seu escritório,


mas não, eu não quero nada.

— Que bom que gostou.

Sorri em sua direção e ela retribuiu com um sorriso magnífico.


Ao menos parecia que a vergonha do seu tombo de alguns minutos
havia passado.

— Sim, achei de extrema elegância.


Bom, parecia realmente que ela tinha ficada deslumbrada com
o escritório, que nem ao menos havia se sentado.

— Por favor, sente-se.

Luna assentiu e puxou a cadeira, sentando-se à frente da


minha mesa. Ao observá-la, percebi que ela estava um pouco
nervosa o que me deixou um pouco receoso para tocar no assunto
que queria, mas era necessário.

— Bom, Luna. Como eu havia lhe dito, o Davi procurou saber


se existia alguma vaga em aberto aqui na empresa.

Um sorriso genuíno voltou a aparecer em seus lábios.

Porcaria!

Ela tinha que ser linda daquela forma?

— Mas infelizmente não temos nenhuma vaga em aberta no


momento.

Vi quando aquele sorriso começou a morrer vagarosamente e


senti um aperto no peito por ser a pessoa que fez com que aquilo
acontecesse.

— Nossa! — Novamente, desde que havia sentado na cadeira,


ela desviou seu olhar dos meus, os óculos impedindo que eu
pudesse ao menos vislumbrar de soslaio.

— Eu sinto muito mesmo.

— Jurei que o senhor tinha me chamado aqui, para me dar


alguma notícia boa.
Luna parecia realmente triste e eu me senti um lixo, por não
ter pensado no quanto ela ficaria chateada por não ter uma proposta
de emprego formal.

Foi aí, que antes de lhe fazer a proposta, pensei calmamente


em como lhe falaria.

— No entanto, estou precisando contratar uma pessoa e


pensei imediatamente em você.

Os olhos tristes se voltaram para os meus e logo pude ver que


uma pequena luz surgia neles.
— Está falando sério, Dante?

Um sorriso gentil surgiu em seus lábios e eu realmente estava


com medo de dizer o motivo que a chamei ali, pois, se ela se
sentisse ofendida, ela podia muito bem pegar a bolsa que carregava
e jogar na minha cabeça.
— Sim!

— E qual seria minha função?

Era agora ou nunca...

Já estava começando a me arrepender de ter aceitado aquela


proposta ridícula que Davi tinha me proposto. Quando imaginei que
estaria ali, chamando uma completa desconhecida para se passar
pela mãe do meu filho?
Eu só podia estar completamente maluco!

Engoli em seco antes de responder, suspirei profundamente,


senti meu coração disparar e murmurei:
— Quero que se passe pela mãe do meu filho!

O silêncio recaiu pelo ambiente e parecia realmente que tudo


havia congelado. Como se eu tivesse clicado em algum botão, onde
até mesmo o trânsito de São Paulo tivesse parado de se
movimentar.
E também como em um estalar de dedos, Luna começou a
gargalhar como se eu lhe tivesse contado uma das melhores piadas
que ela já tivesse escutado e acabou dizendo entre risos.

— Você é muito engraçado, Dante. Ou provavelmente a


trombada que dei com aquela pilastra, deva ter sido tão forte que eu
esteja alucinando.

Fechei a expressão, já que ela achou que eu estava


brincando, para perceber que estava falando sério e assim que Luna
percebeu que eu não sorria, ela também parou de sorrir e
murmurou:

— Você está falando sério?


— Sim!

E pela expressão de Luna eu já sabia muito bem qual era sua


resposta.

— Desculpe, mas eu não aceito.


Capítulo 8

Talvez eu tivesse passado a impressão errada a Dante,


quando ele me viu a primeira vez. Provavelmente aquela conversa
que tivemos no almoço, no dia do nosso acidente, deva ter feito com
que ele pensasse o quanto eu era vulnerável e tosca para aceitar
uma proposta tão ridícula quanto aquela.

Quem ele pensava que eu era?

— Não, de jeito nenhum. — Voltei a dizer, para deixar bem


claro que aquilo não iria acontecer.

— Eu sei que você veio aqui, esperando uma proposta de


emprego na minha empresa, mas é como se fosse, porém, será um
emprego só que na minha casa, se passando pela mãe do meu
filho, somente por algumas semanas.

֫ Está maluco? — Levantei-me abruptamente. — Eu sou uma



pessoa digna, que nunca nem menti para ninguém. Então, por qual
motivo, pensa que eu me passaria pela mãe de uma criança?

— Luna, entendo que é estranho, mas o problema é que eu


tenho uma avó muito moralista, que não sabe que eu tenho um
bebê de três meses e a mãe dele o abandonou. Ela nunca aceitaria
isso. Então, eu preciso o quanto antes de uma mãe para ele, já que
ela está vindo me visitar.

Ah! Eu tinha certeza de que a pancada na parede havia sido


forte demais e que eu havia desmaiado, ou talvez tivesse partido
dessa para melhor.
Não era possível que eu estivesse ouvindo algo tão ridículo.

Aquelas coisas, costumavam acontecer somente na ficção e


nunca na vida real, por isso, tinha completa convicção de que algo
havia acontecido comigo.
Acabei beliscando meu braço para ter certeza de que estava
acordada e quando senti a dor tomar o local, percebi que era real
demais e que eu estava realmente em uma loucura sem fim.

— Acho melhor ir embora, antes que você fale mais besteiras.

— Por favor, você nem escutou o que tenho para falar. —


Dante se levantou e começou a vir atrás de mim.

Com um gesto o parei no mesmo lugar e esbravejei.


— Pode ficar onde está. Primeiro eu não te conheço, segundo
eu não vou fazer isso, terceiro perdi meu tempo vindo aqui.

Abri a porta do escritório e a bati com tanta força que o baque


forte, fez um eco percorrer o corredor que me direcionava para o
elevador.

Fodam-se as boas maneiras.

Quem aquele homem pensava que eu era?

Só podia ter cara de idiota, para que fizesse aquilo comigo.


Nem me prestei a me despedir do outro idiota que parecia lhe seguir
para cima e para baixo. Já estava cansada daqueles dois que
haviam surgido na minha vida, por causa da minha falta de atenção.

Chamei o elevador e assim que chegou entrei no lugar e


apertei o botão do térreo. Era melhor sumir dali o quanto antes,
senão eu seria capaz de jogar qualquer coisa na cabeça de Dante
Galanoy, um homem lindo, mas que pelo visto só fazia propostas
ridículas para as pessoas.
Saí no térreo, coloquei o cartão dentro do local indicado na
catraca e passei por ela. Saí da empresa sem nem mesmo olhar
para trás.

Logo entrei no meu chebinha, que ainda estava amassado, já


que eu não tinha dinheiro para arrumá-lo, pelo menos não por
enquanto e dei partida, logo indo em direção à minha casa.

Imbecil!

Quem ele pensava que eu era?

E que merda era aquela?


Inventar ser mãe de um bebê?

Que mundo de merda era aquele em que estava vivendo, Meu


Deus!
Depois de muito tempo, cheguei na minha casa, desci do meu
chebinha, abri o portão de ferro enferrujado e coloquei o carro para
dentro.

O quintal já estava precisando ser podado, afinal ervas


daninhas tinham tomado o lugar. Não iria me surpreender se
qualquer dia desses aparecesse uma cobra para me fazer
companhia.

Depois de passar o cadeado no portão, entrei em casa. A


porta tinha que ser empurrada com um pouco mais de força do que
o necessário, já que havia empenado há alguns anos e meu pai
nunca teve tempo para arrumar.

Era um lugar simples, mas era o lugar que eu chamava de lar


e a única lembrança que tinha da minha família.
Toda vez que entrava ali, sentia uma paz incomum me tomar,
pois sabia que ali estava protegida.

A pintura amarela, estava um pouco gasta, e alguns lugares


até tinha algumas manchas pretas, já que na época de chuva as
goteiras se faziam presentes.
Fechei a porta, um pouco frustrada, já que pensei que iria
conseguir um emprego legal, no entanto, ali estava eu, sem
emprego ainda pensando em uma proposta ridícula de ser mãe de
mentira de uma criança.
Meu coração até doía em pensar no garotinho sem mãe e se
pelo pouco que ouvi de Dante, o menino tinha sido abandonado pela
mãe.

Eu não julgava, mas também não apoiava. Se fosse meu


bebê, provavelmente nunca faria aquilo, já que tinha certeza de que
poderia passar a dificuldade que fosse, mas sempre tentaria cuidar
do meu filho.
Deixei minha bolsa sobre o sofá vermelho e sentei-me ao seu
lado. Pelo jeito amanhã eu deveria começar uma nova busca por
emprego.

Já que não seria uma mãe postiça.

Não sei se foi pelo desânimo, mas acabei cochilando ali


mesmo. E acordei com a campainha tocando. Levei um susto ao
ouvir o barulho alto ressoar pela casa.

Ninguém nunca me visitava, a não ser se fosse alguma conta


que eu tivesse me esquecido de pagar e a pessoa fosse ali para
cobrar.
Fui até a janela que dava para a entrada da casa, com medo
de ter algum cobrador na porta e assim que vi quem estava ali, eu
jurei que ele não tinha medo de morrer.

Ou era algum tipo de psicopata.


Caminhei até a porta, a abri com força e a madeira rangeu
assim que a puxei.

— O que tá fazendo aqui? — gritei do alpendre.

— Preciso conversar com você, Luna.


— Como sabe onde eu moro? É um abusador ou algo do tipo?

Dante arregalou os olhos e eu quase sorri, mas eu lembro


muito bem que assisti àquela série chamada You. E podia até ser
ficção, mas aquilo acontecia na vida real. Já que eu também pensei
que propostas para ser mãe de mentira aconteciam somente em
ficção e ali estava eu, olhando o cara que há algumas horas tinha
feito a mesma proposta para mim.
— Pelo amor de Deus! Eu não sou um abusador, só preciso
conversar com você.

Provavelmente a minha expressão mostrou-lhe que eu não


confiava nadinha no que dizia e foi por isso que ele levantou suas
mãos e disse:

— Eu juro, Luna. Só quero conversar como uma pessoa


decente.

Suspirei, voltei para dentro de casa, peguei a chave e


caminhei até o portão.
— Se você tentar fazer algo comigo, eu vou gritar tanto, que
todos os vizinhos vão aparecer aqui. Ok?

O filho de uma mãe, completamente gato, com aquela boca


linda, sorriu e eu quase esqueci que ele podia ser um psicopata.
— Ok!

Destranquei o portão e deixei que ele passasse, mas antes


que pudesse dar mais que dois passos, espalmei minha mão no seu
peito e indaguei:

— Como sabia onde eu morava?


— Antes de te chamar para ser a mãe do meu filho, eu
contratei um detetive.

— Ter dinheiro é ridículo.


— Pois é.

Fiz um gesto para que continuasse andando e fechei o portão.


Tinha certeza de que ele insistiria para que eu aceitasse aquela
proposta, mas a minha resposta não tinha mudado e nem mudaria.

Eu não seria mãe de ninguém.


Capítulo 9

A casa era completamente simples, comparada com a minha,


porém não negaria que gostava daquela simplicidade. Pessoas
daquela maneira, tendiam a ser mais verdadeiras do que as que
cercavam o meu meio, cheias de dinheiro ou algo do tipo.

Assim que ouvi os passos de Luna, voltei-me para ela e tentei


sorrir.

— Então, quando o seu amigo, secretário, sei lá o que ele seja


me ligou, você já sabia que eu era uma zé ninguém?

— Sim. — Fiz uma pausa, mas acabei dizendo em seguida: —


Sinto muito pela sua perda ano passado.
A expressão de Luna ficou um pouco tristonha, mas ela tentou
esconder.

— Ah!
— E acho que você deveria ter me dito que quando bateu no
meu carro era seu aniversário, eu teria lhe falado ao menos
parabéns.

Fez uma careta e acabou comentando:

— Não sei se fico estupefata por você saber realmente coisas


da minha vida, ou se fico puta da vida por você ser um idiota que
mandou alguém me investigar.

Era daquilo que eu precisava, de uma pessoa verdadeira, que


não me bajulasse mesmo sabendo que eu tinha muito dinheiro.
— Eu precisava saber se você não era uma pessoa malvada,
para não colocar a vida do meu filho em risco.

Luna revirou os olhos e caminhou até o sofá, sentou-se e


murmurou:

— Se quiser sentar, sinta-se à vontade. Eu não tenho muita


coisa para te oferecer, mas se quiser água.

Pelo jeito, ela realmente estava passando por momentos


difíceis.

— Não se preocupe comigo, Luna.

Aproveitei para sentar-me na poltrona que ficava de frente


para ela, enquanto a garota me observava atentamente.
— Eu vim aqui para conversar com você. Quero que me
escute e se não gostar da minha proposta, aí pode me colocar para
fora, pode ser?

Luna me observou por um momento, mas logo assentiu, sem


pronunciar nenhuma palavra.

— O que vou te contar aqui, é um segredo que somente o


Davi sabe. Então estou confiando em uma desconhecida, isso é
para provar que não sou nenhum abusador ou algo do tipo que você
possa ainda estar pensando que eu seja.

— Desculpa ter te chamado disso, mas você sabe o mundo


que vivemos, não é mesmo?

Sorri para ela que retribuiu e eu nunca cansaria de olhar para


o sorriso daquela garota.

— Sei sim.

— Mas, continua. — Luna insistiu.

— Há um pouco mais de dois meses uma ex-ficante surgiu na


minha frente, falando que havia engravidado de mim e ela não
queria o bebê. Deixou o garotinho comigo e foi embora. Claro que
fiz o teste de DNA para saber se realmente ele era meu e sim, Adriel
é meu filho, então eu nunca o deixaria em lugar algum que não
fosse comigo. — Fiz uma pausa e não pude deixar de reparar na
expressão de pesar de Luna.

— Que maldade!

— Ela era modelo, então um bebê poderia atrapalhar sua


carreira.
Luna revirou os olhos e eu sabia que ela poderia falar qualquer
coisa, que fosse contra minhas palavras, mas preferiu ficar em
silêncio.

— Bom, o problema maior, é que a minha avó, como comentei


com você mais cedo, é extremamente moralista e não aceitaria
nunca que eu fosse um pai solteiro. E sim, eu sou um cachorrinho
da minha avó, ainda mais quando a Galanoy Alimentícia é dela e ela
poderia me tirar da presidência quando quisesse e eu lutei tanto
para levar aquela empresa para o céu. Por isso, que agora, com ela
vindo me visitar, eu preciso de uma mãe para o Adriel, porque ela
nunca aceitaria o fato de eu ter mentido sobre o filho e ainda estar
sem uma mãe. Ela me tiraria o posto de CEO da empresa,
entendeu?
— Então você só está preocupado com a empresa? — Eu
podia ouvir o sarcasmo na sua voz.

— Não, pelo amor de Deus! Você está me entendendo errado.


A empresa é importante, e eu não queria perdê-la. E também não
queria perder a confiança que minha avó sempre teve por mim. Já
que ela é a mãe e pai que eu tenho desde criança. Meus pais
faleceram muito cedo e foi ela quem cuidou de mim.
Luna ficou em silêncio por um momento, porém, logo
murmurou:

— Mas se você tivesse que escolher entre o Adriel e a


empresa, quem você escolheria?

— O Adriel. — Nem pensei para responder.

— Ainda bem que você respondeu a opção certa.


Aquilo me deu um pouco de esperança. Talvez Luna
repensasse sobre ser a mãe de mentira do meu filho.

— Eu amo o meu filho e abriria mão de tudo por ele, mas eu


queria manter as duas coisas, entende? E se tiver uma chance de
isso acontecer, eu quero fazer.
Luna assentiu, mas logo veio novamente com o balde de água
gelada e jogou-o sobre mim.

— Entendo, Dante. Só que eu não vou mentir para sua avó.


Eu nunca nem menti na minha vida, imagina me tornar mãe da noite
para o dia e ainda ter que lidar com uma senhora moralista. Não
daria certo.

— Minha avó não é um monstro, ela só gosta de algumas


regras.

Ela suspirou, encarou meus olhos e eu percebi que perdi a


batalha.
— Vou torcer para que consiga, mas eu não vou aceitar sua
proposta.

Garota teimosa, mas ela tinha uma garra que não se via hoje
em dia.

Levantei-me do sofá, lhe estendi minha mão que Luna pegou


rapidamente e acabei dizendo:

— Obrigado, por ter me escutado.


— Por nada, Dante. Boa sorte!
Assenti e encarei Luna uma última vez, só para guardar sua
beleza na minha mente. Afinal, nunca havia visto uma pessoa tão
linda quanto ela.

Depois disso, saí de sua casa me sentindo derrotado, mas


pronto para começar minha busca por uma nova mãe para Adriel.
Só esperava que desse tempo de achar, se não dona Olívia
Galanoy me comeria vivo.
Capítulo 10

Alguns dias se haviam passado, desde que Dante saiu da


minha casa, com a expressão um pouco derrotada por eu não ter
aceitado ser a mãe de mentira do seu filho.
Não posso negar que sua história tenha tocado meu coração,
até fiquei com pena do garotinho, que não tinha um apoio materno,
no entanto, eu não podia aceitar aquilo.

E por isso, continuava na minha busca incessante por um


emprego. Porém, não estava fácil, para tudo tinha que ter diversas
experiências e talvez eu não possuísse muitas.
Tive poucos empregos na vida e quando consegui arrumar um
na minha área não fiquei tempo o suficiente nem mesmo para
cumprir meu período de três meses.

Saí de uma loja na Oscar Freire, pois tinha visto que estavam
precisando de uma vendedora, porque sim, eu estava apelando
para qualquer emprego.

No entanto, assim que me viram na porta, mal responderam às


minhas perguntas a respeito da vaga. Fui caminhando pela calçada
de uma das ruas mais caras de São Paulo e cada loja que via,
percebia o quanto o dinheiro mandava no mundo.

O reflexo de cada vidraça das lojas demonstrava o quanto não


me encaixava ali naquele meio. Como era estranho, saber que
mesmo eu sendo uma boa pessoa, que nunca fiz mal a ninguém,
nunca roubei ou fiz algo pior, era julgada por não ter várias notas de
dinheiro dentro da carteira, ou um cartão sem limites.
Fiz uma careta e continuei andando pelo lugar, mas claro, que
o meu jeito desatento tinha que acabar fazendo merda. E por um
segundo estava tudo bem, no outro estava tropeçando em um
carrinho que havia surgido do nada no meu caminho. Por sorte e
graças a uma mão forte fui amparada antes que pudesse me
estatelar no chão.

Antes que eu pudesse agradecer aquela alma caridosa, meus


olhos bateram diretamente no bebê que estava dentro do carrinho e
eu quase morri por ver tanta fofura.

Era tão lindinho, com bochechas enormes e rosadas, e tinha


na boca um mordedor em formato de cachorrinho.
Lindo!

Sem querer ficar parecendo uma maluca, encarei o homem


que tinha me ajudado e para variar eu quase caí na gargalhada
quando percebi quem era.
— Acho que nossos caminhos estão um pouco interligados —
Dante comentou.

— Estou com medo de perguntar se você estava me seguindo.

Não poderia duvidar, já que ainda não havia esquecido que ele
tinha contratado um detetive para saber da minha vida
anteriormente.

— Eu juro que dessa vez, eu não estava fazendo nada. Estava


na verdade, olhando alguma coisa para dar de presente para a
minha avó, que chega na semana que vem.

Eu o encarei, ainda suspeitando da sua palavra, mas decidi


acreditar, pois ele parecia verdadeiramente sincero.

— Oi, Dante! — cumprimentei.

— Olá, moça desastrada!

Senti minhas bochechas esquentarem, mesmo que o tempo


estivesse nublado e nada quente.

— Eu costumo ser uma vergonha quando se trata de encontrar


você — brinquei.

— Já percebi.

Sorri para ele que retribuiu aquele sorriso lindo que quase me
fazia desfalecer quando me direcionava.
Para não ficar babando naquele homem gato demais, voltei a
encarar o bebê que não parecia se importar com nada que estava
acontecendo à sua volta.

— Esse é o seu bebê — constatei.

— Sim, meu pequeno.

— Ele é tão lindo, Dante.


Não podia negar que a criança havia ganhado meu coração.
Era tão fofa e eu sempre tive um ponto fraco para bebês. Porque
eles sempre pareceram tão desamparados e eu sempre quis ser
protetora deles.

— Obrigado!
Voltei meus olhos para Dante e mordi meu lábio inferior, pois
quando não tínhamos nada para falarmos, um silêncio
constrangedor sempre recaía sobre nós.

— Acho que vou indo. Estou na busca por um trabalho.

— Sinto muito por ainda não ter conseguido. Todos os dias


peço para o Davi olhar se abriu uma vaga na empresa. Não me
esqueci da senhorita.

Fiquei surpresa com a sua revelação, não esperava que ele


me dissesse aquilo.
— Está falando sério?

— Eu também não costumo mentir, Luna. Só estou fazendo


isso com a minha avó, porque não quero perder tudo o que lutei
para construir.
Assenti e novamente olhei para o garotinho. Adriel era tão
fofinho que eu estava quase pedindo para pegá-lo em meus braços.

— Sei que vai parecer que estou me aproveitando, mas você


pode me ajudar a escolher algo para a minha vó?

Voltei meus olhos imediatamente para Dante e sorri sem


graça.

— Como vou te ajudar a escolher algo se eu nem conheço


ela?
E foram as suas palavras que fizeram meu coração perder
completamente as batidas.

— Estou inventando uma desculpa para você passar um


pouco mais de tempo comigo e com Adriel. Finja que você já viu
minha avó e aceita.
Engoli em seco e eu sabia que deveria dizer não, porém, a
resposta que escapou dos meus lábios foi completamente diferente.

— Então vamos lá. — Fiz uma pausa e olhei para o bebë. —


Mas eu posso pegá-lo?

Dante sorriu e assentiu.

֫— Só prometa que não vai cair com meu filho.


— Juro que vou ser mais atenta.

Sorri para ele e em seguida peguei o garotinho que nem


resmungou quando o tirei do carrinho,

O cheirinho de bebê bateu em meu nariz e eu tinha quase


certeza de que estava apaixonada por aquele bebê.
Droga!

Aquilo não seria bom, pois, se continuasse encantada por


aquele pequeno daquela maneira, acabaria dizendo um "sim" bem
grande a Dante no final daquele pequeno passeio que começamos
a fazer.
Pai e mãe, olhem por mim, se não eu vou cometer uma
loucura que eu tenho certeza de que irei me arrepender depois.
Capítulo 11

Ainda não estava acreditando que a havia encontrado na


Oscar Freire. Porque aquele era o lugar que eu nunca pensei que
encontraria Luna Rabello.
E eu não era uma pessoa que acreditava muito em destino,
mas estava começando a ficar com medo do nosso que jogava
aquela mulher diretamente no meu caminho a todo o momento.

Não estava conseguindo reparar em nada que o vendedor da


joalheria me dizia, porque não conseguia tirar os olhos de Luna
segurando Adriel. Ela ao menos parecia adorar crianças, diferente
de todas as mulheres que havia entrevistado nos últimos dias.
— O emprego é para cuidar de uma criança — anunciei para a
loira sentada à minha frente.
— Desculpe, querido. Pensei que era para ficar ao seu lado
como uma acompanhante de luxo, mas eu odeio crianças, então
não é para mim.

— Não estou interessada em ser mãe de ninguém, quero só


fazer um sexo gostoso com você.

— Ah! Eu posso fingir ser sua namorada, mas nem idade para
ser mãe eu tenho.

E foi assim que eu desisti das entrevistas há dois dias. Teria


que aceitar a fúria da minha avó, ser um homem e encarar de frente
à senhora de setenta e quatro anos que me amedrontava mais do
que Adriel quando estava com febre.

— Pode ser esse. — Apontei para o par de brincos de


esmeraldas.

Sabia que minha avó amava esmeraldas, então aquele


presente teria que servir e talvez com aquela joia, ela não quisesse
arrancar minha cabeça fora.

Assim que recebi a embalagem, caminhei até Luna e Adriel —


o último parecia bem à vontade com a nova amiga — e logo a
garota me encarou.

— Já escolheu o presente?
— Sim e você, quer algo?

Luna revirou os olhos e nem me respondeu. Somente levantou


e começou a sair da loja. Assim que estávamos na calçada ela
indagou:
— Você já vai?

— Estava pensando em almoçar. Você me acompanha?


Luna sorriu sem graça e um fio do seu cabelo caiu sobre seu
rosto.

— Bom, se não for almoçar em nenhum restaurante chique


que tenha aqui perto, eu não tenho dinheiro para pagar.

Foi a minha vez de revirar meus olhos.

— Eu estou te convidando, vou pagar.

— Pelo amor de Deus, Dante! Não posso aceitar.

— Por que não?

Luna não respondeu e acabou colocando Adriel de volta no


carrinho. Ela afagou seus cabelos e depois travou o cinto de
proteção, em seguida respondeu minha pergunta:

— Eu nem me visto adequadamente para esses restaurantes,


iria te fazer passar vergonha.

Mas que merda ela estava falando?!

— De onde você tirou isso, Luna?

— Se os atendentes de uma loja daqui me trataram mal, por


eu nem estar vestida com uma roupa de marca, imagina…
Mal percebi quando levei meu indicador aos seus lábios e fiz
com que parasse de dizer tanta asneira.

— Por favor, não diga mais essas coisas. Se não serei


obrigado a ir nessa loja, comprá-la e demitir todas essas pessoas,
só por terem te tratado assim. Odeio que as pessoas tratem as
outras de forma diferente só por estarem em classes sociais
diferentes.
Aquilo não era uma mentira e também tinha sido algo que
aprendi com a minha avó. Ela nunca deixou o dinheiro subir minha
cabeça.

— Venha almoçar comigo. Conheço um restaurante italiano


maravilhoso, você iria adorar.

Afastei meus dedos dos seus lábios, mas a vontade absurda


que me tomou, foi a de deixá-los mais um pouco ali.

— Tudo bem! Mas por favor, se eu te envergonhar, me


desculpe.
— Você não vai fazer isso.

Sorri para ela que retribuiu da mesma forma. Fomos


caminhando até o restaurante que não era longe dali. Assim que
chegamos, pedi a sala reservada, já que se alguém olhasse de
forma diferente para Luna e ela se sentisse estranha, eu teria que
fazer um barraco e provavelmente minha avó ficaria sabendo.
Assim que as cortinas foram fechadas atrás de nós, Luna
olhou para o espaço completamente decorado e até parecia que
estávamos dentro da Itália.
— Uau! Nunca fui à Itália, mas acho que estou me sentindo lá.

— Aqui é bem aconchegante.

Empurrei o carrinho de Adriel até próximo à mesa e em


seguida puxei a cadeira para Luna que sentou rapidamente, um
pouco envergonhada.

Depois me sentei no meu lugar e peguei o cardápio que


estava disposto à minha frente.
— Pode escolher o que você quiser. — Deixei claro, para o
caso de ela ficar com vergonha dos preços.

— Estou me sentindo aquelas mocinhas de conto de fadas,


encontrada na beira da miséria por um ricaço e ele resolveu dar do
bom e do melhor para ela.
Soltei uma gargalhada com seu comentário, pois, realmente
parecia o que estava acontecendo.

— Você é muito engraçada, Luna.

— Obrigada, pela parte que me toca.

Adriel continuava brincando com o seu mordedor e eu


agradecia por meu filho, ser na maioria das vezes um menininho
super da paz. Já que eu nunca soube ser um pai maravilhoso, mas
tentava ao máximo ser o melhor para ele.
— Você olha para ele com tanto amor. — Ouvi Luna dizer.

Voltei meus olhos para os seus e percebi que ela me


encarava.
— Porque eu o amo, parece até que o sentimento que sinto
por ele não cabe dentro de mim. Sabe, eu não sei explicar, mas é
algo eterno e eu faria de tudo por esse menino.

Luna assentiu e de repente disse algo que não entendi.


— Eu aceito.

Fiquei em silêncio e franzi meu cenho.


— O quê?

— Eu vou ser a mãe de mentira dele.

O choque passou pelo meu corpo.

— Como?
— Nunca menti na minha vida, não sei se sou boa nisso, mas
assim que o vi e parece que a cada segundo que troco alguma
palavra com você, algo dentro de mim gritou e continua gritando
para que eu me junte nessa enrascada com você. Então, se não
tiver arrumado nenhuma mãe nesse meio tempo, eu aceito ser a
mãe de mentirinha, Dante.

Aquela garota já me havia pegado de surpresa várias vezes e


aquela era somente mais uma no meio de um milhão.
Estendi minha mão em sua direção e Luna a segurou, fazendo
com que eu percebesse que estava meio trêmula.

— Bem-vinda à família!

Algo também gritava para mim, que talvez a minha


proximidade com ela pudesse fazer com que eu me perdesse em
algo que eu nunca quis.
Uma mulher que chamava demais a minha atenção e que
poderia foder com a minha vida.
Capítulo 12

Eu sabia muito bem que poderia estar cometendo o maior erro


da minha vida, mas algo dentro de mim, gritava quase implorava, na
verdade, para que eu fosse a mãe falsa daquele garotinho que
parecia mais um anjinho do que uma pessoinha.

Também tinha completa convicção de que estava fazendo


aquilo para ajudar um desconhecido, que eu nem mesmo conhecia
direito sua história. Só que eu não sabia explicar, apenas percebia
que seu pedido para ajudá-lo estava falando bem mais alto que
qualquer coisa, por isso, sem nem saber o que disse direito, eu
acabei aceitando aquela proposta maluca.
Comi um pouco da massa que havia pedido e não pude negar
que o sabor era divino, completamente diferente de qualquer
macarrão que já havia provado.

Realmente, gastar a fortuna em um prato, às vezes


compensava para que provasse o sabor daquela maravilha.

— Depois de almoçarmos, quero te convidar para ir à minha


casa, para que conheça e já fique adaptada com tudo, para
podermos planejar direitinho a chegada da minha avó.

Parei o garfo no caminho para minha boca e encarei Dante. Eu


não sabia como aquilo iria funcionar, por isso, achei por bem
perguntar.

— Não vou ter que morar na sua casa, né?

Ele franziu o cenho e percebi que aquela era uma mania que
ele possuía. Provavelmente algo que ele nem percebia que fazia.

— Bom, você será a mãe de Adriel, se não morar na minha


casa, vovó com certeza desconfiará.

Senti meu coração começar a bater mais rápido que o


esperado, como se eu estivesse em uma competição de corrida e
ele estivesse prestes a sair do meu corpo, como se eu o forçasse
demais naquele momento.
Como eu não havia pensado naquilo antes de aceitar algo
completamente maluco?

— Mas eu não quero morar com você.

Confessei um pouco amedrontada.


Burra!

Era aquilo que eu era, completamente burra.

— Juro que não vou fazer nada com você, Luna. E também,
vamos assinar um contrato, onde você será como uma funcionária e
receberá um pagamento por aceitar essa proposta.

— Ah, pronto! Fica pior a cada segundo.


Dante pegou uma de minhas mãos por cima da mesa e fez
com que eu encarasse seus olhos.

— Não quero me aproveitar de você em nenhum momento.


Você surgiu no meu caminho de uma forma inexplicável e não sei de
onde Davi tirou a ideia maluca de eu arrumar uma mãe de mentira
para Adriel, mas gostei tanto de conversar com você aquele dia, que
acabei pensando em você como a primeira opção para ser a mãe
falsa do meu filho. Vou ser o melhor homem possível, para te tratar
da melhor forma, nesse tempo que minha avó estará na minha casa.

Ele tinha que ter a voz grossa daquele jeito e ter aquele jeito
fofo de falar com as pessoas?

Droga!
Talvez aquela estadia de mãe de mentira fosse uma
enrascada das grandes que eu estava me metendo.

— Vou confiar em você, mesmo que seja um completo


desconhecido — murmurei.

Dante soltou minha mão e murmurou:


— Bom, não sou nada surpreendente. Meus pais morreram
quando eu ainda era criança, minha avó cuidou de mim. Ela
batalhou muito para que eu fosse um homem digno, essas são
palavras que ela sempre usou. Eu amo aquela senhora, não
concordo com algumas coisas, mas sei o quanto ela é uma pessoa
do bem. Uma mulher batalhadora, que sofria muito na mão do meu
avô, ele a espancava quase sempre, porém, ela nunca deixou de
ser forte e mesmo que não seja o certo, ainda bem que ele infartou
há muitos anos e foi dessa para melhor ou para pior não dá para
saber. Nunca quis me envolver seriamente com mulher alguma. —
Dante fez uma pausa e revirou os olhos. — Sim, eu era o típico
homem que não queria relacionamento sério e para falar a verdade
ainda não quero, mas agora tem um bebê na jogada. Acabou que
um dos meus sexos sem compromisso engravidou e eu caí nessa
pequena enrascada. Não sou um psicopata que quer seus órgãos
ou algo do tipo, só não quero perder a presidência da empresa que
ergui e minha avó tem esse poder e eu sei que se ela souber que
me tornei um pai solteiro, vai dizer que sou um irresponsável e que
não dou conta de cuidar da minha própria vida. Por isso, preciso de
uma mãe para Adriel.

Quanto mais ele falava, mais eu me sentia conectada com


suas palavras. Dante, realmente parecia estar me contando
somente verdades e mesmo assim eu ainda não acreditava que
tudo o que me dizia podia ser real.
— Então, me ajude a não perder o que conquistei?

Que loucura!
— Já disse que ajudo e não vou voltar atrás com a minha
palavra. Ainda mais agora que sei que você não quer meus órgãos.

Ele caiu na gargalhada e eu só pude acompanhá-lo.

— Isso eu não quero mesmo.

— Dante, só quero deixar claro que não quero ser tratada


como uma qualquer que está fazendo as coisas por dinheiro.
— Ei! — Ele levantou uma de suas mãos e parou o que eu
estava dizendo no mesmo momento. — Não estou dizendo nada
disso, mas se você me ajudará, isso é como se fosse um emprego,
então, por favor, aceite a minha ajuda. Será um pagamento de
assistente, como Davi recebe, não será nada injusto.

— Mesmo assim, ainda parece errado.


— Errado seria se eu não te retribuísse por esse favor, sem
contar que você terá que se passar por uma mãe amorosa. Ficará
com Adriel, se ele chorar à noite, terá que fingir preocupação e ver o
que aconteceu e você sabe, coisas de mães.

Olhei para o pequeno garotinho que parecia muito entretido


com seu mordedor e sorri.

— Não será um esforço, já que amo crianças.

— Ainda bem!
Voltei a encarar Dante e sorri para ele.

— Então, vamos fazer um ótimo papel de pai e mãe.

— Seremos os melhores.
Eu estava com medo, mas tinha quase certeza de que me
sairia bem naquele emprego que eu nem sei se consideraria
daquela forma. Já que já havia adorado Adriel e estava
completamente conquistada por aquele bebê.

Eu seria a melhor mãe que aquele pequeno poderia ter.


Capítulo 13

E foi assim que a jornada de mãe para Adriel, foi concluída,


mas naquele momento precisávamos correr contra o tempo.

Organizei um quarto para Luna ao lado do quarto de Adriel,


sendo que o do outro lado era o da babá. Não sabia se minha avó
cairia tão fácil naquela mentira, mas estava torcendo para que sim.

Informei aos funcionários da casa, que eles deveriam agir de


acordo, como se Luna fosse a senhora da casa e para sempre dizer
que ela já estava ali há algum tempo, desde que descobrimos sobre
a gravidez.
Todos concordaram, afinal, estava mais do que claro que se
não seguissem o que eu estava pedindo, a demissão seria certa.

Luna por outro lado, ficou com dó dos funcionários também


terem que mentir por causa da nossa pequena farsa, porém, ela
ainda não entendia o que iria enfrentar com a minha avó.

Fizemos compras, o que Luna odiou, pois segundo ela, estava


parecendo que ela estava me extorquindo.

— Estou me sentindo a pior pessoa do mundo — comentou,


assim que abri a porta do quarto que a partir de amanhã seria seu.
— Por quê? — perguntei, enquanto depositava as sacolas de
roupas no chão e voltava para encará-la.

Ela segurava Adriel como se ele realmente nunca devesse


ficar longe dos seus braços.

E todo o momento que os encarava e eles estavam daquele


jeito, sentia um choque no meu peito e talvez algo como carinho
crescer ainda mais por Luna.

— Você comprou um monte de roupas caras para mim. Me


deu diversas coisas inúteis, como celular de última geração e ainda
fez questão de arrumar o meu chebinha. Estou me sentindo quase
como uma garota de programa.
Revirei os olhos ao ouvir suas palavras.

— Você é a mãe do meu filho e a minha namorada de mentira,


já que a minha avó também não gostaria que estivéssemos
morando na mesma casa, caso não tivéssemos nada. Então pare de
se preocupar com isso.
Luna fez uma careta e acabou dizendo:

— Por que naquele contrato que eu li, não tinha nada de


namorada de mentira?

Era realmente uma boa pergunta.

— Como eu acabei de dizer, minha avó, vai acreditar mais na


nossa história se formos namorados. E eu tive essa ideia ontem, se
quiser posso acrescentar uma cláusula no contrato.

Ela fez uma expressão de desdém e murmurou:

— Já que estou na chuva, estou pronta para me molhar, não é


mesmo, filho?

Ela apertou delicadamente a bochecha de Adriel e depois lhe


deu um beijinho, fazendo o garotinho sorrir com sua boquinha
banguela.

Droga!

Eu precisava parar de ficar encantado com aquelas coisas. Se


não tudo poderia se complicar de uma forma tão drástica, que nem
eu poderia consertar.

***

Eu já estava no hall da sala quando escutei a Range Rover


parar em frente à porta de entrada. Uma das funcionárias já estava
ali e abriu a porta antes mesmo que minha avó pudesse sonhar em
bater na madeira da porta.
Logo que a claridade do lado de fora surgiu, caminhei até a
porta e esperei a senhora de setenta e quatro anos surgisse. E não
demorou muito para que despontasse com seus cabelos brancos,
com a ajuda do motorista.

— Quanto tempo, vovó! — Aproximei-me da velhinha e a


abracei sem cerimônia alguma.
— Ah, seu moleque! Eu também estava morrendo de
saudades. — Retribuiu o abraço com os braços finos.

Assim que se afastou o olhar perspicaz da minha avó passou


pela casa. Era nova para ela, já que sempre morei em uma
cobertura e agora do nada havia me mudado.

— Vejo que você comprou uma bela casa.

— Sim, ela é bem bonita.


Olívia voltou seus olhos para mim e eu pude ver o momento
que ela os semicerrou em minha direção.

— Por que eu acho que tem mais nessa história que você
ainda não me contou?

Odiava como ela conseguia pegar as coisas no ar.

— Vovó, vamos entrar, por favor.


Ela resmungou algo que não consegui ouvir, me deu seu braço
e eu a ajudei a entrar em casa. Alguns dos funcionários que
estavam esperando que ela entrasse a cumprimentaram e
perguntaram se ela queria algo.
— Queridos, não precisam me tratar como se eu fosse um
monstro. Sou super simples, mas no momento a única coisa que
quero é um cafezinho bem forte.

— Vou trazer para a senhora — Delma murmurou e caminhou


em direção à cozinha.
— Adorei sua casa — vovó comentou.

— A senhora nem viu o jardim, quando vir nem vai querer


voltar para a Itália.
— Olha, que se ficar falando coisas tentadoras eu não volto.

Senti meu sangue gelar. Era uma brincadeira, não queria que
ela ficasse por muito tempo ali, senão teria que mentir demais.
E foi só por pensar naquilo que acabei dizendo:

— Preciso que a senhora conheça duas pessoas.


— Eu sabia que algo estava errado.

Limpei minha garganta e voltei a murmurar:


— Não tem nada errado e tenho quase certeza de que a
senhora gostará da surpresa.

— Ah, Dante! Você não me deixa nervosa, então mostra logo,


porque a minha pressão é frágil.

— Sem dramas, vovó — respondi.

Conduzi-a para a sala de estar e assim que entramos,


encontramos Luna sentada com Adriel no colo. Ela brincava com
meu filho, como se realmente ele também fosse filho dela.
Assim que notou nossa presença, Luna se levantou do sofá e
ajeitou Adriel em seus braços.

Nos seus lábios um sorriso sem graça pairava e depois de


dona Olívia a encarar e fazer o mesmo com o bebê, ela se voltou na
minha direção.
— Dante, o que significa isso?

— Vovó, essa é a minha namorada, Luna e esse, é o nosso


filho, Adriel.

O silêncio recaiu sobre o ambiente e eu não sabia quem


desmaiaria primeiro, se era eu, Luna ou vovó.

Mas de uma coisa eu tinha certeza, alguma tempestade sairia


em forma de palavras da boca daquela velhinha.
E eu só esperava que aquela história não terminasse tão mal
no final.
Capítulo 14

Olívia Galanoy parecia uma senhora inofensiva, mas Dante


tinha feito tanta propaganda dela e no caso nem um pouco boa, por
isso eu sentia minhas pernas tremerem.
Porém, se ela tentasse fazer alguma coisa com Adriel, já havia
colocado na minha cabeça que enfrentaria até uma idosa para
proteger aquela criança.

Ele era pequeno e indefeso. Caso Dante não fosse o suficiente


para salvá-lo das garras de sua avó, eu seria e enfrentaria aquela
mulher de frente.

— Eles são o quê?


A voz de Olívia parecia estar meio trôpega, ou talvez eu
pudesse jurar que ela tinha levado um soco na boca, que estava
atrapalhando que ela dissesse as coisas de forma clara.

— Vovó, sei que não te falei antes, mas queria falar


pessoalmente com a senhora, por isso, esperei que viesse fazer a
sua visita aqui no Brasil para lhe dizer.

Olívia voltou seus olhos tão azuis quanto os do neto e bisneto


em minha direção e franziu o cenho igualzinho ao jeito que Dante
fazia. Então era dali que ele havia puxado aquela sua mania.

— Como você tem um filho, uma namorada e não me diz


nada, Dante? — Daquela vez a senhora gritou o que acabou
assustando Adriel e ele começou a chorar.

Ah, droga!

Ótima boa impressão que estava tendo daquela senhora


maluca.
Assim que ela ouviu o chorinho do bebê, fez silêncio e eu agi
rápido, tentando acalmar “meu filho”.

— Ei, meu amor! Não aconteceu nada… shi, shi, shi! —


Balancei Adriel em meus braços e logo ele começou a se acalmar.

Olívia caminhou em nossa direção e por fim, assim que o bebê


havia parado de chorar, ela parou em nossa frente.

— Oi, Adriel! Desculpe a vovó é que ela odeia surpresas,


ainda mais quando a surpresa vem pronta.

Olívia acariciou a bochecha rosada de Adriel e o menininho


abriu o sorriso banguela para ela. O que pareceu esquentar o
coração da senhora, pois ela também retribuiu o sorriso.

— Posso pegar ele? — indagou.

Passei meus olhos rapidamente por Dante, que ainda estava


estático no mesmo lugar, e mesmo que ele não me respondesse
como esperei que fizesse eu assenti.

— Claro!
Assim que ela estava com Adriel nos braços, seus olhos
pararam em mim.

— Um prazer conhecer você, querida!


Estendeu uma das mãos, enquanto a outra segurava o
neném.

— O prazer é todo meu, senhora.

— Ah, pode parar com isso! Pode me chamar de vovó, afinal,


você é a mãe do meu bisneto.

Ah, céus!

Toda a imagem ruim, que havia nutrido de Olívia na minha


mente, acabou caindo por terra ao ouvir suas palavras.

Como Dante tinha mania de falar mal da sua avó?

Ela parecia ser tão maravilhosa e eu queria muito passar mais


tempo com ela, pois cada momento que ela falava, mais eu me
sentia gostar dela.

— Não quero que você se assuste, mas eu fico um pouco


brava às vezes. Mas já te achei linda e parece ser um doce. E para
estar sendo a namorada do Dante, só pode ser realmente uma
pessoa legal, já que esse idiota nunca quis nada sério com
ninguém.

Senti minhas bochechas corando, porém, não consegui


responder, já que fiquei um pouco sem graça com as palavras de
Olívia.

— Dante, seu filho é lindo e sua namorada já tem meu


coração. Como vocês se conheceram?

Havíamos combinado na noite passada que contaríamos


poucas mentiras, mas uma delas seria como nos conhecemos,
porque Olívia não podia saber que foi em um acidente.

— Foi em uma festa de uma boate qualquer que o Davi me


levou para sair. Gostei de Luna e acabei chamando-a para sair
novamente no dia seguinte e desde então estamos juntos.

— Ah, é disso que gosto! Histórias que começam por acaso e


que acabam terminando em um romance.
Senti uma dor em meu peito, por estar enganando uma
senhora daquela idade, mas era necessário ao menos para Dante e
agora que havia começado precisava continuar com aquilo até o fim.

No entanto, encarei Olívia e percebi que sua expressão doce


acabou mudando para uma mais voraz e ela se voltou para o neto.

— Mesmo eu tendo amado descobrir que tenho um bisneto e


uma nova neta. Quero saber o motivo de não ter descoberto sobre
isso antes, Dante?

Engoli em seco, pois a voz da senhora, que antes estava


gentil, pareceu tomar um tom raivoso e sinceramente fiquei com
medo de que ela pudesse me agredir.

— Eu fiquei com medo da reação que a senhora podia ter.

Dante parecia tão sincero que até eu acabei acreditando nas


suas palavras, mesmo sabendo de toda a verdade que se passava
por trás de tudo que estava acontecendo naquela sala.

Claro que continuei encarando tudo em silêncio e pude ver


quando uma expressão de surpresa passou por Olívia ou até
mesmo arrependimento.
A senhora levou a mão ao peito e abaixou a cabeça.

— Nunca pensei que você me enxergasse como um monstro,


meu neto.
Dante a encarou e pareceu também se arrepender do que
disse, mas acabou não voltando atrás em suas palavras.

— Não a enxergo dessa forma, vovó. Só que sei também que


tem um gênio muito forte e que a senhora não aceita certas coisas
fora dos eixos. Então se eu surgisse com um filho fora de um
casamento seria o fim dos tempos para a senhora.

Olívia cruzou os braços em frente ao corpo e sorriu como se o


neto realmente a conhecesse.

— Sou assim mesmo, mas eu queria ter ficado sabendo antes.


Quase infartei com essa notícia abrupta.
Quase, foi por muito pouco, que não revirei meus olhos com o
drama de Olívia Galanoy.
— Bom, mas agora que sei desse bebê lindo, eu quero
amassá-lo muito. Me dá ele, querida. E quero saber tudo sobre
você.

Era agora que eu deveria aprender a atuar melhor do que as


atrizes de Hollywood e eu esperava que conseguisse.
Suspirei, me aproximei da velhinha e comecei…
Capítulo 15

A pior parte já havia passado.


Ao menos era aquilo que eu estava pensando.

As apresentações já haviam sido feitas, minha avó, por incrível


que pareça, aceitou melhor do que eu imaginava Adriel e Luna.

Naquele momento estávamos na mesa para almoçar. Adriel


havia dormido e era bom para dar um pouco de paz para Luna, que
ainda não estava acostumada a ter um bebê com ela vinte e quatro
horas por dia.

— Querida, esqueci de perguntar uma coisa e seus pais?


Senti um frio percorrer minha espinha no momento que minha
avó falou aquilo. Será que ela não tinha filtro algum?

Se Luna não havia comentado sobre eles, era porque não


queria falar nada a respeito. Soltei um suspiro e sem me controlar
levei minha mão até a de Luna e a segurei por cima da mesa,
aproveitando que ela havia sentado ao meu lado.

Parecendo ser pega de surpresa ela me olhou abruptamente e


em seus olhos eu pude ver a tristeza refletida, mas com um sorriso
forçado ela conseguiu responder minha avó.

— Eles morreram há um ano em um acidente de carro.

Minha avó podia ser um pouco sem noção, porém, ela nunca
brincava com o sentimento das pessoas. Por isso, quando ouviu as
palavras de Luna, levou a mão em direção ao coração e respondeu
com sinceridade:

— Sinto muito, de verdade! Se depois quiser conversar sobre


isso, eu sempre estarei aqui, tudo bem?

Luna acenou e sussurrou um obrigada quase inaudível. Logo


que soltei sua mão acabei voltando a comer, só que quase cuspi
toda a comida que estava em minha boca, assim que minha avó
voltou a dizer:

— Meu Deus! — Meio que gritou. — Você estava grávida,


quando eles morreram?

Luna arregalou os olhos e engoliu em seco. Ela havia me


avisado que não era uma boa mentirosa, por isso, eu a socorri o
mais rápido que pude.
— Foi um pouco antes, vovó. Três meses antes, na verdade.

— Ah! Então o pequeno Adriel veio para alegrar sua vida.

Olhei para Luna, porque naquele momento ela precisava dizer


algo, e seu sorriso estava congelado em seu rosto. Assim que viu
que eu a encarava ela respondeu de forma eufórica.

— Sim, Adriel foi meu ponto de luz, que me tirou da escuridão


que me encontrava.

Minha avó sorriu e eu fiquei com bastante medo de ela não


estar caindo na nossa farsa, pois aquela velha era muito inteligente.
Só que ela parecia verdadeiramente encantada com as palavras de
Luna, por isso, quis acreditar que tudo estava dando certo.

O almoço depois disso ocorreu bem, minha avó quis ir para o


seu quarto, para poder tomar um banho e descansar e eu a
acompanhei até o andar de cima. Seu quarto ficava no final do
corredor, pois eu havia escolhido aquele, pois era o que tinha a vista
mais bonita para o jardim.
— Gostei da sua garota — comentou, assim que abri a porta
do quarto.

— Ela não é minha — respondi.


— Então você não a ama o suficiente. Já que um homem
quando ama de verdade, é um pouco possessivo com a sua mulher,
e nem estou falando daqueles doentes, mas, sim de considerá-la
sua mulher, algo precioso, entende?

Revirei os olhos.

— Vovó, eu gosto da Luna. Acho que isso já basta.


Olívia me fuzilou e rosnou:

— Não basta, quando ela é a mãe do seu filho. Ela precisa ser
venerada, bajulada e tratada como uma rainha. Só pela forma que
ficou quando falou dos pais dá para perceber que ainda não lidou
bem com a morte deles e aposto que você não fez nada para ajudar.
Um péssimo namorado.
Comecei a suar frio, pois só faltava ela pensar que eu não
amava a Luna o suficiente.

— Vovó, a Luna nunca reclamou, então não acredito que estou


sendo um péssimo namorado.

— Homens, como sempre, sendo ridículos. Vai ficar com ela,


senão eu vou dar um soco em você, Dante.

Fiquei sem entender sua atitude. Eu era seu neto querido, mas
pelo visto tinha perdido o posto para Luna.
— Espero que a senhora descanse.

Saí do seu quarto, passei no quarto de Adriel e beijei a testa


do meu filho que dormia tranquilamente. Depois desci as escadas e
encontrei Luna na sala de estar.

Ela encarava uma foto nossa, que havia tirado há dois dias,
para fingir que éramos uma família feliz. E para a mentira se
concretizar para a minha avó.

— Minha avó acha que não te amo o suficiente — sussurrei,


assim que cheguei bem perto dela.
Luna se assustou e por pouco não deixou o porta-retrato cair.
— Quer me matar do coração? — chiou.

— Desculpa! — Sorri, com sua reação.

Luna depositou a foto no seu lugar e indagou:

— Por que você não me ama o suficiente?


— Porque você está triste e eu não estou te dando a atenção
devida.

Luna elevou uma sobrancelha e logo disse:

— Estou triste com o quê?

— Com a morte dos seus pais.


— Ah!

Os olhos da mulher à minha frente se encheram de lágrimas e


ela tirou seus óculos para enxugar as gotículas de água teimosas
que escorreram pelo seu rosto.

Sem me conter, levei meu indicador a uma delas e a sequei.


Luna trouxe seus olhos até os meus e me encarou.

— Eu sinto muito.
— Só não superei ainda.

Assenti, pois imaginava que viver toda uma vida ao lado de


pessoas, era mais difícil de superar do que no meu caso que perdi
meus pais e ainda era uma criança.
— Se eu puder te ajudar de alguma forma.

Luna voltou seus óculos para o lugar e eu nunca havia


reparado em mulheres de óculos, mas aquela à minha frente, ficava
gata demais com os dela.

— Vou me lembrar disso.

— Que bom! — Fiz uma pausa e acabei sorrindo para ela.

— O que foi? — perguntou sem entender nada.


— Vou te abraçar.

E sem esperar mais nada, puxei Luna para os meus braços e


a abracei forte, tentando passar todo conforto e um pouco de
carinho, para mostrar-lhe que mesmo que tivesse acabado de
conhecê-la, eu estaria ali para ajudá-la no que quer que fosse.
Além de perceber que ela parecia ter sido feita sob medida
para caber de forma ideal dentro do meu abraço.

Aquilo cada vez mais parecia errado e ao mesmo tempo tão


certo.

Onde aquela mentira iria me levar, não sabia, mas estava


louco para descobrir.
Capítulo 16

Quando imaginei que estaria em um casarão de rico, com a


família mais louca que já conheci?

Nunca!

E aquela era a única verdade que eu tinha para falar naquele


momento.
Estava sentada no chão do quarto de brinquedos de Adriel,
enquanto o garotinho estava à minha frente encostado em algumas
almofadas e eu brincava com ele.

Dante estava no escritório trabalhando de casa, pois pelo


visto, ele não era muito de tirar folga e eu queria passar o meu
tempo.

E claro que aquela coisinha pequena que em todos os


momentos me fazia ter vontade de mordê-lo, precisava de atenção,
por esse motivo, deixei a babá fazer outras coisas e fui cuidar de
Adriel.

— Coisa fofa!

E mais uma vez Adriel caiu na gargalhada e eu quase


desmaiei devido a tanta fofura. Crianças eram obras de Deus
mesmo. Já que era impossível, não ficar encantada com elas.
— Você parece amar ser mãe.

Levei um susto assim que ouvi a voz de dona Olívia entrar


pela porta. Olhei por cima do meu ombro na sua direção e ela tinha
um sorriso acolhedor em minha direção.

— Senhora?

Ela se aproximou de mim, com passos lentos e parou ao meu


lado. Fiz menção de me levantar, mas Olívia fez um gesto falando
para que eu ficasse daquele jeito mesmo.

— Eu disse, que você parece amar ser mãe.

Ah, se ela soubesse!

— Claro que amo, Adriel é o bebê que trouxe uma nova força
para a minha vida.

— Fico tão feliz de ver que meu neto, enfim, começou a virar
alguém que preste.
Quase soltei uma gargalhada, já que a senhora que estava
parada ao meu lado parecia tão sincera ao dizer aquilo. Logo ela
caminhou um pouco mais à frente e sentou-se na poltrona que não
ficava muito distante de onde estávamos.

— Sabe que fiquei intrigada com algo.

Olívia parecia estar refletindo sobre alguma coisa e não pude


deixar de engolir em seco. Se ela já estivesse desconfiando da
minha falsa maternidade, ou até mesmo do meu relacionamento
com Dante, eu poderia talvez lhe dar um prêmio.

— Com o quê? — indaguei, tentando não demonstrar muito


interesse, para que ela não percebesse que conseguiu atingir seu
alvo em cheio.

— Percebi que você não está no mesmo quarto que Dante.

Ah, cacete!

Como não havíamos pensado naquilo antes?

Claro que Olívia iria perceber e tiraria suas próprias


conclusões.

Senti minha garganta se fechar e não descia uma gota de


saliva pela minha glande, muito menos entrava um fio de ar em
meus pulmões.

— É que... — Tentei dizer algo, mas as palavras se perderam


em meio ao meu desespero.

No entanto, parecendo prever que eu precisava de socorro, ou


talvez fosse Deus ajudando uma mentirosa, Dante acabou surgindo
no quarto de brinquedos.
— Até que enfim encontrei as mulheres da minha vida e o
único homem que sempre está nos meus pensamentos.

A senhora que ainda estava sentada em uma pose impecável


sobre a poltrona à minha frente, encarava a mim e logo passou seus
olhos pelo seu neto.

— Por que você e Luna dormem em quartos separados?

Olhei de soslaio para Dante, que havia acabado de parar ao


meu lado e rezei para que ele pensasse mais rápido do que eu em
alguma resposta.
— Sabia que a senhora começaria suas indagações quando
pudesse e não deixaria a Luna em paz.

Olívia fez uma expressão ofendida e eu tinha certeza de que


ela seria uma ótima atriz.
— O que eu fiz?

— Ela está te importunando, não está, amor?

Engoli em seco e tentei parecer menos um robô e mais uma


pessoa normal.

— Não, eu adorei muito a sua avó.


Dante sentou-se ao meu lado e segurou minha mão, assim
que nossa pele estava junta uma da outra, pude perceber que ela
estava tão gelada quanto a minha.

— Luna e eu pensamos que a senhora talvez achasse ruim se


dormíssemos no mesmo quarto. Por isso, ela mudou para o do lado
de Adriel.
Olívia revirou os olhos e acabou murmurando:

— Vocês já fizeram até um bebê, por qual motivo eu iria me


importar em dormirem no mesmo quarto?

Meu coração disparou, pois, estava percebendo muito bem


para onde aquela conversa estava indo e um medo tomou meu
corpo por completo.

— É melhor... — Dante tentou falar, mas foi impossível


continuar.
— Pode parar por aí. Vou pedir para o pessoal, voltar as
coisas de Luna para seu quarto agora.

Olívia se levantou da poltrona, sorriu na nossa direção e eu


quase implorei para que não fizesse aquilo, só que não podia
estragar o meu disfarce.
Quando a ouvimos se afastar o suficiente, encarei Dante e
esbravejei:

— O que faremos?

— Continuaremos o nosso teatro. Minha avó é fogo.

Assenti, sem conseguir negar, pois naquele momento, eu pude


entender o que Dante sempre dizia de Olívia Galanoy.
Ela sempre se intrometia onde não era chamada.

E pelo visto, agora eu teria que dividir o quarto com o pai do


meu filho de mentira e principalmente, meu namorado de mentira.

Desgramou de vez!
Capítulo 17

E minha avó tinha cumprido com o que havia dito.


Ela simplesmente, fez com que alguns dos funcionários
levassem as coisas de Luna para o meu quarto e naquele momento,
olhando o closet ele estava dividido entre roupas femininas e
masculinas.

Aquela velhinha sempre tinha uma carta na manga e se ela


não tivesse percebido alguma ponta solta na nossa história ela
realmente queria que Luna e eu ficássemos bem.

Já era noite e eu sabia que Luna estava demorando no quarto


de Adriel, pois ela com certeza não sabia o que fazer depois que
fomos obrigados a dividir o quarto.

Minha avó havia se recolhido há alguns minutos e eu já até


havia me despedido de Adriel, que dormia tranquilamente, pelo que
eu via pela câmera de segurança que eu estava assistindo.

E Luna, bom, ela estava na sacada do lugar, encarando o céu,


provavelmente pensando a merda que havia acabado de acontecer
com a sua vida e o que ela estava sendo obrigada a fazer só para
ajudar uma pessoa ainda meio desconhecida.

Ainda encarando a câmera, vi o momento que Luna se


aproximou do berço de Adriel, lhe deu um beijo na testa, fechou o
seu cortinado e saiu do quarto.

Parei de reparar na câmera e me afastei, voltando minha


atenção para o closet. E não demorou muito para ouvir duas batidas
leves na porta, fui até ela e a abri com um sorriso sem graça.

Abri passagem para que Luna pudesse entrar e ela logo


estava dentro do quarto. Fechei a porta e passei a chave. Não
queria que dona Olívia desse uma de intrometida e acabasse
querendo verificar o que estávamos fazendo ali.

— Eu realmente tenho medo da sua avó. Não demorou um dia


para ela já nos colocar no mesmo quarto.

Luna sorriu sem graça e abraçou seu corpo, como se


estivesse sem graça o suficiente.

— Desculpe-me, eu não esperava que aquela velhinha fizesse


isso.
— Eu sei, só se você e ela estiverem tramando como se
aproveitar de uma mocinha inocente como eu.

Luna me mostrou sua língua e eu tive que sorrir para ela.


Aquela garota sempre me pegava de surpresa com suas reações.
— Diz a menina que acabou com a traseira do meu carro,
quando a conheci.

Ela revirou os olhos e depois fez uma careta.

— Aquilo foi um acidente de nada.

Sorri ainda mais para ela, mas assim que meus olhos bateram
na cama de casal, engoli em seco e murmurei:

— Bom, preciso te falar algo.

— Agora, fiquei um pouco com medo — Luna, confessou.

— Você fica com a cama e eu com o sofá — murmurei.

Ela acabou dando as costas para mim e encarando o quarto


pela primeira vez.

— Aquele sofá é muito pequeno para o seu corpo —


resmungou.

Não aguentei e soltei uma gargalhada, porque com Luna nada


era previsível.

Ela se voltou para mim e acabou dizendo.

— Vamos viver um clichê. Ah! Só tem uma cama.

Engoli em seco com seu comentário.

— Como?
— Podemos dividir a cama, Dante. Não é como se você fosse
me atacar. Ou você vai?

Arregalei meus olhos, pois naquele momento tive a completa


certeza de que Luna havia pirado.

— Luna, acho melhor dormirmos separados, porque...

— Bom, se você prefere, eu não vou te obrigar a nada, mas


saiba que essa cama Queen, pode muito bem ser dividida entre nós
dois, posso até fazer uma barreira com cobertas, se você está com
tanto medo de mim.
Ela abriu um sorriso enorme em minha direção e quando Luna
Rabello fazia aquela cara, com aqueles óculos que lhe davam uma
expressão de menina inocente, eu tinha certeza de que talvez ela
pudesse ser a minha ruína.

— Vou ficar no sofá — anunciei.


Já que não sabia o que poderia acontecer se dividisse a cama
com ela.

— Tudo bem!

Luna continuou sorrindo e depois de um longo suspiro,


indagou:

— Posso tomar banho?


Ela iria tomar banho no meu banheiro? Claro! Já que era
minha namorada, que era a mãe do meu filho.

Porcaria de plano que já estava dando errado e isso tudo para


enganar Olívia Galanoy.
— Pode sim!

Ela assentiu, foi até o closet e mexendo em algumas roupas,


pegou um pijama que não reparei muito bem na forma que era.

Assim que ouvi a porta do banheiro sendo fechada, eu pedi a


Deus que me desse força, senão aquela mentira que eu obriguei
Luna a inventar se tornaria muito real.

Já que estava sentindo uma vontade maluca, para fazer com


que algumas coisas se tornassem reais.
Balancei minha cabeça para dispersar os pensamentos
malucos que rondavam minha mente e caminhei até a sacada do
meu quarto.

Era melhor respirar o ar puro da noite fria a ficar dentro


daquele quarto que parecia mais um forno e que com certeza tinha
ficado mais quente depois que Luna havia entrado nele.
Olhei o céu estrelado e soltei um suspiro forte.

Onde eu estava me metendo?

Não percebi que havia ficado muitos minutos do lado de fora,


só notei quando a porta do banheiro foi aberta e eu fui obrigado a
olhar na direção de Luna.

Seus cabelos castanhos escuros, com alguns fios mais claros


estava solto. Ela usava um pijama de Branca de Neve, com uma
calça comportada e uma blusa de alcinha que fui obrigado a soltar
uma risada ao vê-la.
Luna parou no meio do quarto e me encarou sem entender.
Foi a primeira vez que a vi sem óculos, já que ela o segurava na sua
mão.

— O que foi?

— Você está tentando me seduzir? — brinquei, cheio de


ironia.

Luna sorriu docemente, mas o que disse foi quase como um


soco no meio da minha cara.
— Não, Dante! Se eu quisesse te seduzir, sairia pelada do
banheiro. Porque eu sou meio depressiva e bobinha, mas sei que
sou linda.

O sorriso morreu em meus lábios e eu fiquei a encarando


como se tivesse sido enfeitiçado.
O ditado de quem fala o que não quer, escuta o que não quer,
era realmente a verdade.

Engoli em seco, passei minha língua pelos meus lábios, pois


eles se secaram drasticamente e murmurei:

— Vou tomar banho.

— Ok! Boa noite!


— Boa noite! — respondi, meio no automático, ainda estava
muito atordoado pelo que ela havia dito.

Entrei no banheiro e quase gritei.

Caralho!

Eu tinha certeza de que me foderia muito com aquela mentira.


Quando saí do banheiro, vestindo uma bermuda e uma
camiseta, Luna já dormia na cama. Realmente tinha muito espaço
sobrando, mas eu ficaria no sofá.

Era mais seguro para nós dois.


Ou ao menos para mim.
Capítulo 18

Suas mãos grossas passavam por minha pele, arranhavam


minha cintura e quando seu dedo me penetrava eu sentia uma
ardência me tomar, mas nada que impedisse o prazer que estava
sentindo.

Eu queria seu pau dentro de mim, me fodendo com força,


rápido, com vontade.

Queria apertar sua bunda redonda e musculosa com as


minhas mãos, passar minhas unhas por suas costas e arranhar sua
pele, até que ficasse marcada, mostrando que ele era todo meu.
Seu polegar foi parar em meu clitóris e um gemido escapou
dos meus lábios... eu iria gozar muito rápido se ele continuasse
daquele jeito.

— Luna?

Senti alguém sacolejar meu corpo e eu queria agredir quem


estava atrapalhando aquele homem delicioso de me foder. Dante
Galanoy já estava quase colocando seu pau dentro de mim, quando
fui despertada.

— Luna, você está bem?


Acordei assustada, suada, sentindo minha calcinha
completamente molhada e o homem que possuía meus sonhos
estava tão perto de mim que eu quase implorei para que ele fizesse
tudo que eu o vi fazendo nos meus sonhos.

Fechei meus olhos com força, ainda meio ofegante e depois


de respirar várias vezes respondi:
— Sim, foi só um pesadelo.

— Você me assustou.

— Descu... Desculpe. — Engasguei.

Eu precisava gozar, mas com ele ali seria impossível. Ainda


era noite e assim que Dante voltou para o sofá e se deitou de costas
para mim, eu também fiz o mesmo.

Já estava dormindo naquele quarto há alguns dias, e parecia


que a cada dia que passava, mais ficava tentada em pular naquele
homem.
Levei uma de minhas mãos vagarosamente para dentro da
minha calça de pijama e comecei a me masturbar lentamente.

Sem fazer barulho algum, me masturbei até que gozei e liberei


a minha tensão.
Meus dias ali, teriam que ser daquela forma, se não
provavelmente eu iria explodir de prazer. Afinal, eu não era
nenhuma santa e sabia apreciar uma coisa bela e Dante era uma
vista e tanto.

E mesmo que não rolasse nenhum sentimento entre nós, eu


tinha necessidades básicas que já não eram exploradas há algum
tempo e parecia que estar perto de um homem como ele, estava me
fazendo entrar em combustão muito fácil.

Depois de gozar, o melhor que podia fazer era dormir.

***

Tudo estava se tornando diferente.

Eu estava vivendo uma vida que provavelmente não era


minha, mas também não podia negar que estava gostando cada vez
mais de conhecer aquelas pessoas.
Olívia era uma senhora porreta, que mesmo sendo meio
maluca com seus pensamentos moralistas, não podia deixar de
pensar que ela era um amor de pessoa.
Dante era um homem que de início pensei que somente se
preocupava com dinheiro, mas na verdade, ele pensava no bem-
estar de toda sua família e para isso a empresa precisava seguir
firme e pelo pouco que eu entendia, ele parecia fazer de tudo para
que a Alimentícia sempre estivesse entre as empresas comentadas
por todos.

Adriel era o bebê mais fofo do mundo e mesmo que eu nunca


tivesse pensado em ser sua mãe de mentira, eu estava amando
viver aquela aventura.
Até os funcionários me tratavam tão bem que eu me sentia
realmente em casa.

Naquele domingo, estava sentada no jardim com o bebê,


quando vi um carro completamente extravagante chegando e me
lembrei de onde conhecia o homem que saía de dentro dele.

Davi saiu com sua pose de intimidador e eu fui obrigada a


revirar os olhos. Encarei Dante que não estava muito distante de
mim e indaguei silenciosamente com um olhar o motivo de seu
amigo e assistente estar ali.

— Ele veio ver a vovó e provavelmente almoçar.


— Vocês parecem considerá-lo como parte da família —
constatei, aproveitando que estávamos sozinhos no jardim, sem a
dona intrometida, conhecida mais como Olívia.

— Davi é como se fosse mesmo. Eu o considero como um


primo que nunca tive, pois o conheço desde pequeno e a vovó
conhece seus pais, então são sempre muito unidos.
— Ah!
Levantei minhas sobrancelhas, como forma de entendimento,
no mesmo momento que Davi e Olívia saíram pela porta que os
trazia até nós.

— Os encontramos.

Encarei o homem que o vi pela última vez, quando trombei na


pilastra da empresa e me estatelei no chão.

Ele sabia muito bem sobre a farsa que Dante e eu estávamos


fazendo, e claro que não deixaria de entrar na "brincadeira".
— Olá, pombinhos!

Revirei os olhos e Adriel lhe estendeu os braços.


— Ah, pequeno. Quer vir com o padrinho?

— Traidor — sussurrei para Adriel, mesmo sabendo que ele


não entenderia nada do que eu estava dizendo.
— Desculpa, Luna. Mas ele me ama.

Revirei os olhos e entreguei o bebê para Davi. Dante estava


com uma expressão cõmica e eu fiz uma careta para ele. Claro que
para ficar no papel que estávamos fazendo, Dante se aproximou de
mim e abraçou minha cintura.
Fiquei um pouco desconfortável, mas tentei disfarçar, pois não
queria que dona Olívia percebesse.

— Não gosta do Davi, querida? — Ela acabou percebendo e


eu quase pedi para Deus fazer aquela mulher ficar em silêncio.

— Gosto, mas é que ele é um chato.


A vovó, ou ao menos é assim que ela queria que eu a
chamasse, mas eu não iria chamar não, gargalhou tão alto que eu
fiquei petrificada e Adriel a encarou sem entender o que estava
acontecendo.

— Eu sei muito bem como Davi pode ser um pé no saco.


— Poxa, vovó — Davi, reclamou.

Dante também começou a sorrir e quando percebi, até eu já


havia começado a gargalhar sem entender o motivo de tamanha
alegria.

Realmente parecíamos um bando de palhaços, mas ainda


bem que fomos salvos pelo gongo e logo nos chamaram para
almoçarmos.

Fomos em direção à sala de jantar, que para mim também


deveria ser chamada de sala de almoço, mas antes que
pudéssemos chegar no local indicado Dante sussurrou no meu
ouvido, fazendo a merda dos pelos dos meus braços arrepiarem.
— Antes de almoçarmos, vamos no meu escritório, por favor.

Encarei Davi e Adriel que estavam um pouco mais à frente.


dona Olívia já havia entrado na sala para almoçar. O amigo do meu
namorado de mentira me encarou por cima do ombro e me deu uma
piscadela.
Revirei meus olhos e ele gargalhou.

— Claro — respondi, sem entender nada.

Dante, ainda bem, havia soltado a minha cintura e com isso


caminhamos até o seu escritório. Quando chegamos, ele fechou a
porta atrás de si e logo disse.

— Davi veio aqui também trazer seu pagamento. Como você


disse que suas contas bancárias estão todas no vermelho, resolvi te
pagar em espécie, para não sofrer nenhum tipo de desconto e
depois quero conferir tudo, para quitarmos essas dívidas.
Arregalei meus olhos, pois eu tinha certeza de que ainda não
havia nem um mês que estava ali.

— Dante, ainda não...

— Eu sei que não tem um mês, mas tem quinze dias e logo
minha avó vai te chamar para sair e imagino que você não vai
aceitar meu cartão de crédito para fazer compras com ela.

Parecia que ele sempre previa as coisas.

Sorri para ele e sussurrei:

— Você é bem espertinho, sabia?


Ele abriu um sorriso, que eu deveria parar de reparar, pois
sempre era quase doloroso de olhar, já que era lindo demais ver
aquele homem sorrindo, com aqueles dentes alinhados, aquela
boca em formato de coração, carnuda, com aquela barba com fios
loiros e castanhos a contornando e deixando-o ainda mais
desejável.

Cacete!
Eu já queria pegar Dante e agarrá-lo, como em todos os
sonhos eróticos que estava tendo desde que me mudei para seu
quarto e que não ficava nada mais que alguns passos distante dele.
— Esse é um elogio que nunca recebi, mas aceito.

— Enfim, depois eu pego o dinheiro com você. Vamos almoçar


para não darmos brechas para nenhuma piadinha.

Tentei sair daquele escritório o mais rápido que podia, pois


estava sentindo algo estranho no ar.

— Como queira.
Sorri para Dante e rapidamente abri a porta do escritório e saí
de lá correndo.

Ele não tinha feito nada, no entanto, foi só pensar nos sonhos
que senti meu corpo começar a esquentar.

Era melhor eu me manter longe daquele homem, já que eu


não era de ferro e poderia cometer loucuras, que estava prestes a
cometer.
Capítulo 19

Estava sentado em frente ao computador e toda vez que


passava os olhos pelo relógio, percebia que ficava mais e mais
tarde.
Era mais de uma da manhã e ainda estava resolvendo
algumas pendências de alguns contratos.

Não poderia dormir antes de solucionar todos aqueles


problemas, mesmo que soubesse que amanhã estaria cedo na
empresa para ter certeza de que tudo estava no seu devido lugar.

No entanto, mesmo com aquele pensamento, fui tirado da


minha concentração assim que ouvi duas batidas na porta.
Quem poderia ser àquela hora?

— Pode entrar — murmurei, e percebi que minha voz estava


um pouco grossa por estar há muito tempo sem falar com ninguém.
Logo que a porta foi aberta, vi a menina que estava ocupando
um pouco dos meus pensamentos a cada segundo que passava
mais tempo com ela.

Luna colocou sua cabeça para dentro da sala e estava sem


óculos, percebi que já usava seu pijama que daquela vez era um
com estampa de coração, mas não muito diferente dos que usou
anteriormente.

No entanto, mesmo que não tentasse me seduzir, eu já estava


amando aquele seu jeito de menina inocente.

— Adriel já dormiu há horas. Não ganhou beijo do papai e


acho que também já passou da hora do "meu namorado" ir para o
sofá.
Ela fez aspas com os dedos, abrindo em seguida um sorriso
em minha direção.

— Estou resolvendo algumas pendências da empresa.

— Que eu tenho certeza de que poderão ser resolvidas


amanhã, no horário comercial e não de madrugada.

Luna caminhou em minha direção e parou ao lado da mesa,


encarando o relógio por alguns minutos e fez uma careta.
— Quando terminar irei.
Olhei de soslaio para Luna, mas ela ainda estava parada ao
lado da mesa e logo percebi que estendeu sua mão em minha
direção.

Daquela vez, voltei toda a minha atenção para ela.


— Se o mundo fosse acabar hoje, você preferia dar uma
última olhada no seu filho, ou analisar contratos?

Aquilo não era pergunta para se fazer, pois eu nunca colocaria


Adriel em segundo plano.

— Você sabe a minha resposta, Luna.

— Se eu sei a sua resposta, por que você ainda está aqui?

Aquela pestinha sabia me cutucar onde eu mais poderia sentir.


Soltei a caneta que segurava, estiquei meu braço e grudei minha
mão na dela.

Quando percebi, Luna já estava com um sorriso vitorioso no


rosto e comecei a acompanhá-la pelos corredores da minha casa.

Tudo estava escuro, a não ser pela pouca iluminação que


entrava das lâmpadas do lado de fora. Subimos os degraus que
levavam para o segundo andar e em seguida estávamos dentro do
quarto de Adriel.

Logo parei ao lado do berço do meu menino e ele dormia tão


tranquilamente que foi impossível não abrir um sorriso.
— Viu, por isso, sempre é bom deixar tudo e encarar anjos —
Luna sussurrou.
Desviei rapidamente a minha atenção de Adriel e concordei
com ela.

Assim que voltei a olhar meu filho, abaixei e dei um beijo em


sua testa. Aquele menino era meu mundo, minha paz, meu ponto de
início e fim. Luna estava certa, eu deveria parar de me importar
tanto com as coisas ao nosso redor e dar mais amor a ele.
Meu pequeno Adriel, meu bebê, meu garotinho, meu filho.

A pequena parte minha que eu amava mais que tudo.


— Te amo, filho! — murmurei, baixo o suficiente para não
acordá-lo e depois de depositar mais um beijo em sua bochecha me
afastei do meu pequeno.

— Pode falar que você está se sentindo revigorado. — Luna,


começou a se gabar, assim que saímos do quarto de Adriel.
— Vou te dar um desconto, só por ter feito com que eu
reconhecesse que estava dando mais atenção a coisas banais do
que ao meu menino.

— Que bom que percebeu. Seu filho, sempre será mais


importante que tudo.

Assenti e abri a porta do "nosso" quarto para ela. Luna entrou


e logo eu também estava dentro do ambiente.

Estiquei meu corpo, tentando espreguiçar e tirar o cansaço


dos meus músculos, pois dormir no sofá por todo aquele tempo
estava sendo um horror, mas nunca falaria aquilo para Luna, já que
não queria que ela se sentisse culpada de algo.
Ela me observou, enquanto eu fazia o movimento com os
ombros, mas acabou não comentando nada.

— Vou tomar banho. — Por fim, acabei dizendo.

— Tudo bem! — concordou sem se prolongar.

Caminhei para o banheiro, tirei minha roupa e logo estava


debaixo da água quente. Parecia que aquilo estava massageando
meus músculos de uma maneira que não tinha como sair debaixo
daquela água, mas infelizmente depois de um tempo, tive que sair
do chuveiro.

E quando percebi, havia esquecido a roupa que vestia para


dormir.

Bufei de raiva, enxuguei meu corpo e enrolei a toalha na


minha cintura.
Assim que saí do banheiro, Luna murmurou:

— Hoje você vai dormir na cam...

Assim que ela viu como eu estava, sua voz parou na metade e
foi evidente que seus olhos passaram por meu corpo e eu não era
um idiota, aquilo ali só tinha desejo, tesão, e muito fogo.

No mesmo momento meu pau deu um sinal de vida.


Engoli em seco e Luna passou sua língua por seus lábios e
limpou a garganta.

— Uau! — Ela nem fez questão de disfarçar. — Quando é que


você malha?

Sério que ela estava me perguntando aquilo?


— Três vezes na semana, às cinco horas da manhã.

Ela assentiu, balançou a cabeça e voltou a dizer apontando


diretamente para a cama.

— Você vai dormir na cama.

Meu olhar recaiu sobre o lugar e ali havia meio que uma
barricada feita com cobertas e eu quase soltei uma gargalhada, mas
fui impedido quando o nó que havia feito na toalha desatou e eu
fiquei completamente nu na frente de Luna.

Puta que pariu!

Será que eu não pararia de passar cenas constrangedoras


como aquela na frente daquela menina?
— Uau! — E depois de dizer aquilo novamente e fazer meu
pau ficar ainda mais duro do que já estava, a cretina ainda teve
coragem de levar as mãos aos olhos e murmurar: — Vai se vestir.

Vida, por que você era tão cruel comigo?

Caminhei até o closet e me vesti o mais rápido que pude e


assim que voltei para o quarto, Luna já estava deitada, até com a
cabeça tampada com a coberta que usava para se cobrir e eu
depois de me deitar ao seu lado, fiquei de costas para ela, tentando
esquecer tudo o que havia acontecido naquele momento.

Porcaria...
Uma grande porcaria.
Capítulo 20

Eu não preguei meu olho.


Simples assim.

Eu só me lembrava da cena, diga-se de passagem, em


câmera lenta, da toalha caindo, e eu vendo aquela coisa grande,
cheia de veias. Igualzinho nos meus sonhos.
Eu nem poderia dormir, se não só iria imaginar o membro de
Dante.

Maldita hora que resolvi ser uma mentirosa e ir morar naquela


casa por algum tempo. Iria esperar amanhecer e perguntar para
dona Olívia quando ela iria embora. Não dava mais para ficar ali, já
que se ficasse mais um mês ou dois, eu iria atacar o neto dela e aí
sim, eu me tornaria sua neta oficial, afinal, se eu provasse o Dante e
gostasse, ele teria que querer relacionamentos.

Porque com um material daquele porte… quem não gostaria?

— Se você não parar de se mexer, não vou conseguir dormir.


— Ouvi a voz grossa do homem que deveria estar desmaiado de
exaustão reverberar pelo ambiente.

Congelei por um momento e depois soltei um suspiro. Virei-me


em sua direção e ele fez o mesmo.
— É que perdi meu sono.

Dante ficou encarando meus olhos com os seus que pareciam


mais uma piscina ou o mar do Caribe. Mesmo que eu nunca tivesse
ido lá, eu imaginava que era daquele jeito, já que tinha visto fotos
suficientes para sonhar.

— Se quiser posso voltar para o sofá…

— Dante, fica quieto, o problema não é você.

Na verdade, era sim, mas não era o sofá e sim aquilo tudo que
vi e os sonhos, e eu com calor, com tesão, com desespero. Quanto
tempo eu não transava?

Nossa! Bem antes dos meus pais partirem desta para melhor.

Dante levou uma de suas mãos ao meu cabelo e começou a


acariciá-lo e aquilo era um jogo completamente sujo, pois ali era o
meu ponto fraco.
— Como sabia que eu gostava disso? — indaguei, já com a
voz grogue.

— Acho que foi tipo um sexto sentido.

— Seus sentidos são espertos.

Sorri para ele e o sorriso que me deu de volta foi tão lindo que
quase pedi um beijo de boa noite. Só que não na bochecha e nem
na testa e sim na boca, só para que eu soubesse se sua boca era
tão macia quanto pensava, ou tão doce quanto imaginava.

Dormi com aquela imagem na cabeça e por sorte não tive


sonhos eróticos naquela noite, se não seria horrível, ficar excitada
com ele tão perto de mim.

Quando acordei, senti um braço forte abraçando minha cintura


e percebi que aquela barricada não valeu porra alguma. Meu corpo
estava completamente colado no de Dante. Meu rosto a centímetros
do seu e eu podia sentir sua respiração bater direto em meus
lábios.
Uma das minhas pernas estava sobre a sua cintura e a
posição fazia com que eu sentisse mais do que eu devia da sua
excitação matinal.

Em algum momento da noite, eu ultrapassei a barreira que


criei e estava completamente em cima de Dante. Engoli em seco
quando percebi que só um suspiro nos separava e até mesmo
passei minha língua pelos meus lábios, pois eles se secaram
rapidamente.

Como sairia dali sem que ele percebesse?


E com a mesma velocidade que aquele pensamento veio, os
olhos azuis piscina se abriram lentamente e encararam os meus.
Não, na verdade, eles me fuzilaram, como se eu tivesse respirado
um pouco mais forte o despertando de um sonho.

— O que está fazendo? — Dante sussurrou.

— Acho que minha barricada não foi o suficiente. — Tentei me


explicar.

Nós dois falamos baixinho, como se aumentássemos a voz,


alguém pudesse nos escutar e as coisas pudessem piorar demais.
— Precisamos melhorar essa barricada — Dante afirmou.

E eu assenti, sentindo seu membro se contrair.


Ah, merda!

— Fazer uma mais alta — continuei.


— Sim, porque não podemos ficar tão perto — resmungou.

— Você tem total razão — gemi, assim que uma de suas mãos
apertou minha cintura.
Tão perto, sua respiração batia diretamente nos meus lábios,
era só eu chegar mais um pouquinho para a frente.

— O que estamos fazendo?


— Não tenho ideia, Luna.

Encarei seus olhos e Dante parecia lutar uma batalha tão


dolorosa quanto a que eu estava lutando.
— Por que eu quero te beijar?
— Não sei, mas eu também quero te beijar. — E novamente
ele apertou minha cintura e eu gemi um pouco mais alto.

— Você quer mesmo me beijar?

Perguntei, sentindo meu coração disparar. Então eu não


estava ficando maluca, nós estávamos querendo as mesmas
coisas.

— Desde muito tempo.


— E por qual motivo estou sabendo disso só agora?

Dante sorriu de lado e jogou seu corpo para cima do meu,


deixando-me completamente à mercê do dele.
— A pergunta certa a fazer nesse momento é: eu posso te
beijar, Luna?

Ah, Dante!
— Pode!

E não precisou de mais nada para que sua boca estivesse sob
a minha. Tudo começou lento. Dante levou suas mãos ao meu rosto,
segurando delicadamente de cada lado e primeiro depositou um
selinho, fazendo com que eu sentisse um frio tomar minha barriga
por completo.
Ele se afastou e eu só vi o desejo e um pouco de fogo
incendiando seus olhos.

Depois passou sua língua pelo meu lábio inferior e me deu


novamente um selinho, em seguida pediu passagem com sua língua
e um beijo lento começou. Onde nossas línguas se encontraram e
começaram a se reconhecer.

Sim, sua boca era gostosa, doce, carnuda, deliciosa e talvez


tivesse sabor de chocolate em noite chuvosa.
Droga!

Aquele beijo poderia me levar à ruína, mas eu já tinha certeza


de que eu já queria mais vários e poderiam ser todos dados por
Dante.

Só que assim que a intensidade do beijo aumentou, eu soube


que aquele homem seria a minha destruição.
Capítulo 21

Sua boca era aveludada, parecia ter sido feita especialmente


para a minha, parecia realmente que nos encaixamos na medida
certa.
Nossas línguas se encontravam de forma lenta, mas ao
mesmo tempo voraz, era uma mistura rápida e lenta que fazia
aquele beijo ser diferente de tudo que já havia dado em alguém.

Não queria parecer um clichê, mas estava sendo impossível,


quando os sentimentos únicos ao beijar Luna apareceram.

Sentia-me diferente, era como se estivesse mais revigorado,


com mais vontade de continuar aquele beijo, diferente de tudo que
já tinha feito com Luna, parecia algo completamente único.

Suas mãos abraçaram meu pescoço e nosso beijo continuou e


eu não pude deixar de aumentar a intensidade e deixar que um
pouco do peso do meu corpo caísse sobre ela, para sentir o calor do
seu no meu.

Queria beijar Luna novamente se fosse para sentir aquela


sensação mais vezes.

Assim que tirei uma de minhas mãos do seu rosto e desci para
sua cintura, para voltar a apertar a carne daquele lugar, fomos
impedidos pelo chorinho infantil que tomou conta do lugar.

A babá eletrônica indicava que Adriel havia acordado e que o


nosso momento havia acabado. Finalizei o nosso beijo como se
fosse um último suspiro e assim que me afastei, ainda meio
ofegante pelo que havia acontecido, encarei os olhos de Luna.

— Espero poder voltar a fazer isso mais vezes — murmurei,


depois lhe dei um selinho e levantei da cama, caminhando em
direção à porta.
Olhei uma última vez na direção de Luna e ela ainda me
encarava, também ofegante e com as bochechas coradas.

Podia até não ser o que combinamos, no entanto, depois de


prová-la pela primeira vez, queria mais e não deixaria aquela
chance escapar por medo ou nada do tipo.

Saí do quarto e caminhei até o de Adriel. Érica já havia


chegado lá, mas como na noite anterior eu não tinha conseguido vê-
lo antes de dormir, acabei comentando:
— Bom dia, Érica! Pode deixar que eu dou a mamadeira dele.

— Bom dia, senhor! Como queira.

Ela me entregou o meu bebê e eu fui até a poltrona que dava


vista para o jardim, peguei a mamadeira em seguida e comecei a
amamentar meu pequeno.

— Oi, meu amor! — Fiz uma pausa, enquanto percebia que os


olhos de Adriel me encaravam como se ele me venerasse, como se
ele soubesse que eu era o seu super-herói, mesmo que não tivesse
poderes. — O papai, trabalhou muito ontem, mas hoje está aqui
com você.

Érica acabou saindo do quarto para dar privacidade para mim


e meu filho, no entanto, não demorou muito para uma senhora
intrometida surgir no ambiente.

— Bom dia, vovó! — Cumprimentei-a, antes mesmo de ela


surgir por completo.

— Olá, Dante! Como sempre muito esperto.

Sorri para ela, assim que terminou de entrar no quarto, mas


depois voltei a atenção para o meu menino.
Ele sugava a mamadeira com tanta força que eu tinha certeza
de que ele poderia arrancar o bico do objeto daquela forma.

— Vá com calma, bebê.


— E a Luna? — Vovó, como sempre curiosa demais,
perguntou.
— Ainda está deitada — respondi e pela primeira vez me senti
bem por não estar mentindo para dona Olívia.

Quando ela ficou em silêncio, observando Adriel e eu, fui


obrigado a tirar os olhos do meu filho e encarar minha avó.

— O que foi?

Fiquei com medo de perguntar, mas acabei falando, pois


odiava ser observado daquela maneira.
Ainda mais por uma mulher que eu sabia que tinha ao menos
umas quinhentas cartas na manga.

— Um garotinho que fez quatro meses agora e já é


amamentado na mamadeira. Luna não teve leite suficiente?
Eu sabia que ela viria com alguma indagação daquela
maneira, já que minha avó sempre foi um lobo em pele de cordeiro.

Era uma ótima pessoa, mas que nunca foi fácil de ser
enganada.

— Ela... — Perdi as palavras.

— O trauma da morte dos meus pais, provavelmente fez com


que eu não tivesse leite suficente para amamentar.
Luna, atuando como uma ganhadora de Oscar, entrou no
quarto e sorriu para a minha avó.

— Ao menos foi isso que o médico disse.

Vi quando minha avó semicerrou os olhos, mas acabou


sorrindo para Luna, como se realmente tivesse acreditado em suas
palavras.
— Claro! Sinto muito por relembrar esses momentos difíceis
querida.

Minha avó se aproximou da minha falsa namorada, falsa mãe


do meu filho e a abraçou. Por cima do ombro da minha avó, pude
ver o olhar de desespero que Luna me direcionou e foi impossível
não sorrir para ela de forma cúmplice.
Quando minha avó se afastou de Luna, ela acabou dizendo:

— Quero sair hoje, você pode ir comigo, querida?


Luna abriu um sorriso estonteante para minha avó e assentiu.

— Claro que posso, dona Olívia. Posso levar o Adriel?


— Óbvio. — Minha avó me encarou, sorriu e disse: — Até
porque eu sei que esse delinquente tem que trabalhar.

Arregalei meus olhos com a fala da minha avó e Luna caiu na


gargalhada. Adriel soltou a mamadeira e procurou a risada dela. No
mesmo momento, Luna se aproximou e o pegou dos meus braços e
começou a conversar com sua voz infantil com o garotinho que lhe
direcionou um sorriso banguela completamente encantador.

— Desde quando virei delinquente?

— Cala a boca e vai se arrumar, rapaz.


Revirei meus olhos e obedeci minha avó, como se eu fosse
um cachorrinho que fazia tudo o que os outros mandavam.

Só que antes de sair, fiz algo completamente inusitado.


Cheguei perto de Luna, que havia colocado Adriel para arrotar e lhe
dei um selinho. Vi suas bochechas corarem, mas ela não disse
nada.

Depois daquilo saí do quarto, deixando as duas mulheres em


silêncio e um Adriel soltando um arroto parecendo um porquinho.
Não sabia explicar muito bem, mas estava sentindo que minha vida
tinha entrado nos eixos.
E aquele eixo que faltava se chamava Luna.
Capítulo 22

ELE ME BEIJOU NA FRENTE DA SUA AVÓ.


Quase perdi meus movimentos, porém, agradeci a Adriel por
estar em meus braços e fazer com que eu ficasse naquele mundo e
não partisse daquela para melhor.

Não foi um beijo vulgar, nem nada, mas foi um beijo na frente
de Olívia Galanoy.
Eu tinha sentido minhas bochechas esquentarem tanto que
quase perguntei a senhora que me encarava pensativa, se elas
estavam pegando fogo ou não.

— Vocês formam um casal fofo.


Foi aquelas palavras da vovó cruel, que fizeram com que eu
encarasse seus olhos e percebesse que talvez ela não tivesse
acreditado muito naquele beijo.

Será que ela já havia percebido tudo?

Era só o que faltava.

Imagina Olívia descobrir o quanto sou mentirosa. Aquilo seria


minha ruína.

No entanto, tentei esquecer, e desci com Olívia para tomarmos


o nosso café da manhã. Dante acabou saindo para trabalhar e nem
nos encontrou mais depois do pequeno selinho no quarto de Adriel e
por dentro eu fiquei feliz, pois tinha que entender o que significava
aquilo.

Será que continuaríamos nos beijando em todos os


momentos? Até mesmo na frente de outras pessoas?

— Bom, querida. Irei me arrumar e depois podemos ir?

— Vou me arrumar também e podemos sim.

— Você dirige? — Olívia perguntou.

— Sim!

— Ah, que bom! Então, não precisamos chamar nenhum táxi.

— Não, eu posso ser a motorista da senhora.

Fiz uma posição de sentido e dona Olívia caiu na gargalhada.


Logo encarei Érica que nos olhava de forma engraçada e acabei lhe
comunicando.
— Vou levar o Adriel, se você puder arrumá-lo. Também quero
que vá com a gente, para me ajudar a olhá-lo, para que eu possa
ajudar a dona Olívia no que ela precisar.

— Como preferir, senhora.


Odiava ser chamada de senhora, mas eu precisava fingir na
frente da vovó cruel, que de cruel não tinha nada, no entanto, era
bom dar um apelido para ela.

Depois de estarmos prontas, caminhamos para a garagem e


não foi surpresa ver o chebinha estacionado ali, do lado de todos
aqueles carros supercaros.

Reparei no mesmo momento que dona Olívia encarou meu


fusca e perguntou em seguida:

— De quem é esse carro? — Ela não o estava julgando, mas


pude ver que estava realmente curiosa para saber de quem era.

— É o meu chebinha.

A senhora se voltou para mim, com uma expressão chocada e


indagou:

— Como?

— O fusca é meu e eu o chamo de chebinha.

— Nossa! Lembrei da minha juventude, onde esse carro era


uma fama que só. Tudo mudou a ambição de quem tinha dinheiro
foi crescendo e quanto mais carros caros melhor para esbanjarmos.

Assenti, pois mesmo não sabendo como era ter muito dinheiro,
poderia imaginar que em algum momento da vida a quantidade de
zeros na conta depois de algum número alto faria com que nossa
mentalidade mudasse.

No meu caso, eu tinha nesse exato momento dentro da minha


carteira, mil reais. O que já achei um abuso, pois dentro do envelope
que Dante tinha me dado estavam mais de cinco mil reais.

Eu não havia contado antes o dinheiro e naquele momento,


estava querendo dar um pequeno soco naquele rostinho bonito,
para que ele não pensasse que iria aceitar aquela quantidade de
dinheiro numa boa.

Tudo bem, que não era uma fortuna. No entanto, não sabia
que ser mãe de mentira me dava o direito de receber aquilo tudo,
sendo que eu nem estava fazendo tanto esforço e ainda tinha
recebido um beijo maravilhoso naquela manhã, que só de me
lembrar fazia com que minhas bochechas esquentassem.

— Então vamos no meu chebinha?

Olívia olhou para mim, depois para Érica que parecia


assustada, atrás de nós. Ela segurava Adriel e eu quase fiz um
escândalo, só por naquele momento elas realmente terem julgado o
meu carro.
— Querida, quero ir a algumas lojas e não sei se serei bem-
vista chegando em um fusca. Não me leve a mal, mas é que
conhecendo a sociedade, eu sei bem o que as pessoas falam.

Não queria ficar magoada com dona Olívia, porém, eu nunca


deixaria que a opinião alheia fizesse que eu mudasse uma vontade
minha.
— Só por medo de ser julgada a senhora prefere que eu dirija
algum carro caro desse, né?

— Exatamente!

Sua resposta não me pegou de surpresa, só me deixou um


pouco para baixo, pois eu realmente pensei que ela era mais
moderna. No entanto, lembrando-me do que eu estava fazendo,
percebi que Olívia Galanoy realmente era uma moralista idiota.

Não falava por mal, mas se ela não mudasse aquele jeito, iria
afastar até o neto que ela tanto amava.

— Como queira.

Caminhei em direção ao aparador de chaves que ficava em


um canto adjacente do que estávamos e peguei a chave de uma
BMW, se era para andar em alguma coisa de rico, que fosse em
grande estilo e que chamasse atenção.
Apertei o alarme e vi que o carro que apitou ficava no final
daquela fila de carros inacabáveis. Não entendia o motivo de ter
tantos carros para que ficassem parados na garagem.

Outra coisa de rico, que nunca desceria por minha goela.


Peguei Adriel de Érica e esperei que ela colocasse a cadeirinha no
carro que possuía bancos de couro e tudo mais.
Provavelmente se eu vendesse aquele carro, eu teria dinheiro
para passar bem a minha vida toda. Já que eu preferia viver de
forma humilde do que esbanjar algo que nunca me daria nada em
troca.
Assim que coloquei o bebê na cadeirinha beijei sua cabecinha
e entreguei o ursinho que ele jogou longe para Érica. Ela estava
sentada do lado dele e dona Olívia esperava que eu abrisse a porta
do passageiro.

Quando o fiz, ela simplesmente disse:


— Não fique chateada por não irmos no fusca. Teremos mais
oportunidades.

Sorri para ela e no momento que bati a porta da BMW


murmurei para que somente eu escutasse.

— Não, não teremos.

Já que eu tinha completa convicção de que em algumas


semanas, quando ela fosse embora, eu também iria e a família
Galanoy poderia me esquecer.
Mesmo que quisesse continuar beijando a boca deliciosa de
Dante, eu não ficaria mais tempo perto daquelas pessoas que se
importavam demais com dinheiro.

Entrei no carro e dei partida.

Estava na hora de fingir que eu era fina.

Tinha certeza de que envergonharia Olívia, mas no fundo


estava querendo aquilo, já que ela não quis ir no meu fusca.
Sorri e saí com o carro.

Aquilo daria tão errado e eu estava gostando de saber que


seria um desastre.
Capítulo 23

Davi estava segurando a risada e eu quase me levantei da


minha cadeira para lhe dar um soco.

— O que foi? — questionei, pois estava realmente sem


paciência.

Ele parecia saber de algo que eu não tinha ideia do que era e
realmente queria saber do que se tratava.
— Estou achando que você está com uma aura diferente hoje,
você não acha?

— O que está querendo dizer com isso?


— Digamos que uma velhinha me mandou uma mensagem,
falando que viu você beijando sua namorada.

Primeiramente fiquei chocado, por minha avó ter falado algo


do tipo para Davi, depois fiquei ainda mais intrigado, ela estava
observando tanto Luna e eu daquela maneira, para falar de primeiro
beijo?

Será que ela desconfiava de algo?

— É só para ficar mais verdadeiro.

Tentei disfarçar e provavelmente devo ter falhado, já que Davi


soltou uma gargalhada e comentou:

— Você pode enganar a dona Olívia, mas a mim não engana.


Contratou uma mãe falsa, só que quem foi fisgado pela Luna foi
você.

Rosnei em sua direção o que fez com que ele se divertisse


ainda mais.

— Davi, você não tem mais nada para fazer?

— Acho que prefiro ficar curtindo com a sua cara.

— Eu posso te demitir, você sabe, né?

— Sei, mas também sei, que não tem coragem.

Cerrei minha mão em punho e o filho da puta, puxou a


poltrona e sentou-se de frente para mim.

— Conta aqui para o seu amigo. Gostou do beijo?

— Davi, para com isso.


— Dante! A Luna é uma gata do caralho era questão de
tempo, até que as coisas esquentassem, ainda mais que a vovó
colocou vocês no mesmo quarto. Chegaram nos finalmentes?

Puta que me pariu!


Até aquilo ele já sabia. Eu nem havia dito nada para ele, como
minha avó podia ser tão fofoqueira.

— Foi só um beijo, as coisas não esquentaram e nem vão.

Meu amigo levantou as mãos e eu não acreditei em nenhum


momento que ele estava se rendendo porra alguma.

— Vou trabalhar, porque você é um chato — reclamou.

— Nunca falo das mulheres que fico, não começarei agora.

Davi caminhou até a porta do escritório, mas antes de sair ele


me encarou e disse algo que eu não esperava.

— Só espero que você não se apaixone pela primeira vez na


vida. Já que isso seria uma tremenda merda, pois quando a dona
Olívia descobrir, ou voltar para a Itália tudo terminará mesmo.

— Minha avó não descobrirá nada.

— Espero que não descubra mesmo.

Assim que ele saiu do escritório, soltei um suspiro e apoiei


minha cabeça em minhas mãos. Se a minha avó descobrisse sobre
a minha mentira, não queria nem imaginar a tempestade que
recairia sobre mim.

E ainda tinha a Luna.


Eu gostei de beijá-la, na verdade, passei o dia todo
lembrando-me da sua boca na minha.

Pensando na sua pele quente encostada na minha.


Não passou de um beijo, mas parecia que eu tinha perdido
minha virgindade do tanto que estava me recordando daquele
momento.

Seu corpo perfeito, se encaixando no meu, parecia ter as


curvas certas para formarmos uma peça só. Sua boca doce, que
formava uma sabor único.
Droga!

Ela era gata demais, deliciosa demais e eu a queria demais.


Não sei como a convenceria, depois que minha avó fosse
embora a ficar comigo, ou ao menos a tentar algo.

Só que eu tentaria, já que queria provar muito mais daquela


mulher completamente maluca que conheci, mas que tomou toda
minha atenção para ela.

Nunca havia acontecido aquilo comigo e agora estava ali,


completamente doido por uma menina, com quem eu tinha trocado
somente um beijo.

Eu sabia que aquela história se complicaria, porém, não


imaginei que seria tão rápido. E agora estava ali querendo mais de
Luna, louco para deixar aquela empresa e ir embora para casa, só
para levá-la para algum canto escondido e poder beijá-la de novo.
Como eu estava fodido e talvez um pouco viciado demais em
uma droga que nem usei direito e que queria mais.
Uma droga maravilhosa…

Uma droga chamada Luna.


Capítulo 24

Caminhávamos pelos corredores do shopping e sinceramente,


aquilo estava muito chato. Havíamos entrado em diversas lojas, e
cada peça que Olívia havia levado era mais cara que o dinheiro que
eu estava carregando na minha carteira.

Era para ser um passeio legal, no entanto, não podia negar


que ainda estava magoada por ter tido a certeza de que aquela
senhora era boa demais, mas ao mesmo tempo boba demais.

Estava magoada.

Droga!
E eu nem era nada daquela família, nem deveria me importar
com a forma que Olívia escolheu em levar a vida.

Só que me importava, pois, nunca gostei que as pessoas se


importassem demais com bens materiais, ainda mais quando eu
sabia o quanto era importante preferir a companhia de alguém, do
que algum dinheiro a mais.

— Ainda chateada? — A senhora ao meu lado perguntou.

Como ela podia ser tão esperta daquela maneira?

Encarei de soslaio em sua direção e percebi que ela me


olhava, aguardando minha resposta.

— Para falar a verdade, estou sim.


— Querida, não sei como conheceu o Dante, mas ele também
se importa muito com o dinheiro. Como acabou tendo um filho com
ele, sabendo que ele era tão interesseiro?

A vontade era de gritar para ela que nunca me envolveria com


um homem que pensasse somente em dinheiro. Só que também
lembrei-me da forma que Dante olhava para Adriel e eu soube muito
bem o que responder.

— O Dante pode ter sido um homem tão ridículo em alguma


época, mas já vem sendo outra pessoa há algum tempo. Ele não
deixa mais bens materiais em primeiro lugar. Adriel se tornou sua
prioridade, ele ama o filho, então posso dizer com toda a convicção
do mundo que a senhora está com a impressão muito errada sobre
o neto que tem.

Olívia sorriu de lado e olhou por cima do ombro para Érica.


— Querida, vá dar uma volta com meu bisneto e nos encontre
aqui daqui a meia-hora, tudo bem?

— Sim, senhora!

Érica me encarou com o cenho franzido, mas acabei


assentindo, já que não tinha a mínima ideia do que Olívia queria
com aquela atitude.

Assim que olhei a babá se afastando com aquele bebê que a


cada dia ganhava mais o meu coração, senti um frio passar por todo
o meu corpo, quando ouvi a voz da vovó me questionar.

— Querida, qual a sua intenção com o Dante?

Voltei imediatamente a encarar Olívia e tentei sorrir sem


entender ao que ela se referia.

— Não entendi a pergunta da senhora.

— Não sou idiota, ou aquele menino é filho do meu neto, ou


aquele menino não é filho do meu neto. Em qual das hipóteses
estou certa?

Completamente em choque, foi como fiquei encarando Olívia


Galanoy. Ela não me encarava com raiva, nem nada do tipo. Ela
parecia realmente curiosa, mas eu nunca admitira nada para ela,
ainda mais que eu tinha feito um acordo de confiança com Dante.

— Acho que as compras caras da senhora, a deixaram um


pouco atordoada. Vamos voltar para casa?

— Luna, bom, se esse for seu nome mesmo. Eu quero saber o


motivo de meu neto estar mentindo para mim. Você é a namorada
dele mesmo, ou só alguém que quer se aproveitar da vida financeira
dele. Adriel é filho dele ou não?

Meus lábios começaram a tremer, meu coração disparou e eu


comecei a ver tudo meio turvo, mas não iria desmaiar ali, por isso,
respirei fundo para que não acontecesse o pior.

— De onde a senhora tirou esse pensamento? É claro que o


Adriel é filho dele.

— Então a mentirosa em questão é você.


Eu sabia que não sabia mentir e provavelmente deveria ter
errado em algo. Dante iria me matar.

Tinha estragado tudo.

***
A casa estava silenciosa quando cheguei, abri a porta, mas no
momento que pisei no hall de entrada, ouvi a voz de minha avó
reverberar pelo ambiente.

— Venha até aqui.


O seu tom, não estava tão caloroso como de costume, por
isso, sabia que havia acontecido alguma coisa.

Depositei minha pasta na mesa ao lado da porta, tirei o casaco


do terno e caminhei até lá. Reparei que na sala, estava Luna em um
canto, encarando o lado de fora e ela nem mesmo olhou em minha
direção e minha avó estava sentada no sofá bem no centro da sala.
Franzi meu cenho sem entender muito bem o que estava
acontecendo e acabei indagando:

— O que foi?
— Você pensou que me enganaria até quando com uma
namorada de mentira?

Quando minha avó pronunciou aquelas palavras, Luna se


virou em minha direção e percebi que ela estava chorando.
— O que a senhora fez?

Aproximei-me rapidamente da mulher perto da janela e segurei


seu rosto em minhas mãos.
— Você está bem?

— Sim, ela só, nun… nunca foi enganada.


Engoli em seco, com as palavras trôpegas de Luna e afaguei
sua bochecha, antes de voltar na direção da minha avó.

— Por que mentir, Dante? — Olívia parecia bem brava.


Não queria que as coisas fossem reveladas daquela forma,
mas se não tínhamos escolhas, teria que ser daquele jeito e ponto.

— A senhora não me deu escolha, quando tem a mente tão


fechada para coisas fora dos eixos. O que acharia do seu neto ser
pai solteiro?
— Um grande erro, mas eu preferia que me fosse contada a
verdade.

— Só que eu não quis contar a verdade, muitas coisas


estavam em jogo, vovó.

Ela se levantou do sofá e esbravejou, como eu nunca havia


visto antes.
— Sim, muitas coisas estavam em jogo, tipo a empresa, não é
mesmo? Por isso, mentiu e colocou essa menina para mentir. Ela
não tem culpa de nada, é linda, mas como não conheço acabei de
perder a confiança, ainda mais sabendo que aceitou mentir por
dinheiro.

— Eu não aceitei mentir por dinheiro — Luna gritou.


— Querida, não vou acreditar em você.

— A senhora não sabe de nada. Se quer culpar alguém, culpe


a mim.
— Já estou te culpando, Dante. Você ficará afastado da
Galanoy Alimentícia por tempo indeterminado, enquanto eu não
souber cada detalhe dessa sua mentira, não sei se voltarei a confiar
em você.

Senti como se tivesse levado um soco no rosto. Fiz de tudo


para não perder a empresa e mesmo que tenha mentido, ela deveria
ao menos me escutar antes de tomar suas decisões precipitadas.
— Vovó…

— Vou para o meu quarto e espero que amanhã eu não


precise ver mais essa mentirosa.

Acabei gritando:

— Ela não sairá daqui.


Olívia parou no mesmo momento, encarou o fundo dos meus
olhos, falou calmamente e sussurrou:

— Então, eu sairei.
O que minha avó estava fazendo? Ela nunca tinha feito nada
daquele jeito.

— A senhora não precisa sair, eu vou embora, não preciso


mais fingir ser a mãe de Adriel.

— Luna… — murmurei.

Mas ela nem olhou para mim, quando passou do meu lado e
seguiu para as escadas, provavelmente para arrumar suas coisas.

Que merda havia acontecido em minha vida?

Naquele mesmo dia, eu amanheci tão bem, beijando uma


mulher que para mim tinha se tornado única e agora ela estava indo
embora.

Como perdi tudo em tão pouco tempo?

Inferno!
Capítulo 25

Abri a porta do meu quarto em um rompante e peguei Luna


arrumando suas poucas coisas que ela havia trazido.

— Não quero que vá embora — rosnei.

Ela parou o que estava fazendo e me encarou como se já


estivesse esperando aquela reação.
— Não vou ficar aqui. Sua avó pode ter falado coisas que eu
não gostei, mas ela está certa. Eu não pertenço a esse lugar.

— Não é a minha avó que diz que você pertence a algum


lugar. Eu te quero aqui, essa casa é minha.
Ela parou de organizar as suas coisas, parou e ficou
encarando meus olhos.

— Dante, não sei por qual motivo nossos destinos se


encontraram, mas eu amei te conhecer. Em um primeiro momento,
achei que você era só mais um riquinho que se achava, mas depois
eu percebi o homem maravilhoso que você é, o pai incrível que faz o
possível e impossível para o Adriel. Nunca vou esquecer que
conheci esse homem de coração doce. Só não posso ficar aqui, não
com a sua avó, uma senhora de idade que está chateada nesse
momento e eu tenho uma casa me esperando também.
Caminhei lentamente, até parar em frente à Luna. Levei uma
de minhas mãos à sua bochecha e acariciei delicadamente a sua
pele.

— Eu também não sei por qual motivo conheci uma garota tão
maravilhosa, mas sei que quero continuar conhecendo ela a cada
dia e agora que a beijei quero continuar beijando-a.

Luna abriu um sorriso e voltou a encarar meus olhos.

— Então é só por causa disso que você me quer por perto.

— Não é só por causa disso, eu te quero por perto, pois


quando não estou ao seu lado, parece que tem algo faltando, as
risadas escandalosas que você dá, preenchem o vazio que sempre
senti. Eu não quero que você vá, por saber que sentirei sua falta e o
Adriel também.

— Sabia que é golpe baixo, usar uma criança para tentar me


persuadir?

— Se ela te convencer.
Luna levou seus dois braços até meu pescoço e me abraçou,
depois, lentamente aproximou seus lábios dos meus e me beijou
lentamente.

Meu coração, que parecia mais uma máquina boba que batia
mais rápido quando estava tocando nela, começou a acelerar
desequilibradamente.

Levei minhas mãos à sua cintura e puxei Luna mais para


perto, grudando seu corpo no meu. Sem me conter, pois ela me
deixava maluco, puxei seu corpo para cima, fazendo com que
entrelaçasse suas pernas em minha cintura.

Nosso beijo continuou de forma mais quente, mais prazerosa


para nós dois e eu nem percebi o que estava fazendo, até que
caímos sobre a cama com um baque, mas nem aquilo fez com que
parássemos com o nosso beijo.
Parecia que o desejo que estávamos sentindo um pelo outro,
era muito mais forte do que qualquer coisa. Minhas mãos subiram
por dentro da sua blusa e passaram pela pele lisa de sua barriga e
eu não me contentei em tocar somente ali, continuei subindo até
que encontrei a renda do sutiã, sem em nenhum momento, desviar
minha boca da sua.

Ultrapassei a barreira de renda e cheguei aos seus mamilos,


os apertando e girando-os em meus dedos.

Luna gemeu na minha boca e aquilo me deu mais vontade de


continuar atiçando seu corpo, para saber até onde ele aguentaria,
no entanto, ela espalmou suas mãos no meu tórax e afastou nossas
bocas.
Ficamos nos encarando, ainda ofegantes e depois de morder
o lábio e soltá-lo, fazendo com que ficasse vermelho vivo, Luna
disse:

— Se continuarmos, eu vou querer mais e mais e não vou


querer parar. Tenho medo de meu coração ser frágil demais, Dante.
E você já deixou bem claro para mim que é um homem que não se
apaixona, que não vive relacionamentos, que não se envolve, então,
se for para continuar você terá que lidar com essa consequência.
Pois se eu me apaixonar, porque, nunca fui alguém de fazer sexo
sem compromisso, você seria capaz de ter um relacionamento de
verdade comigo, sem um contrato nos unindo?
Tirei minhas mãos dos mamilos de Luna vagarosamente, pois
não queria que ela se assustasse, mas no momento que ela
percebeu o que eu estava fazendo, acho que ela acabou
entendendo o que eu estava prestes a lhe dizer.

— Eu não sei se quero um relacionamento sério, Luna. Você é


algo viciante, mas provavelmente só isso. Acho que me precipitei.
Ao mesmo tempo que falava, eu me arrependia de tudo que
dizia. Porque não era aquilo que eu queria falar. Eu sabia que
estava fugindo por medo de ter alguma responsabilidade afetiva
com ela.

— Foi o que imaginei.

Luna acabou sorrindo fracamente em minha direção. Ela


aproveitou que eu havia acabado de me levantar de cima do seu
corpo e fez o mesmo. Voltando em direção à sua mala.

Guardou suas coisas e assim que fechou o zíper, murmurou:


— Vou me despedir do Adriel e vou embora. Obrigada por ter
me dado uma pequena família nessas semanas.

Era perceptível que seus olhos estavam marejados, mas


daquela vez eu não pediria para que ela ficasse, pois era um fraco
que possuía um medo de ter relacionamentos.
E eu nem tinha trauma algum sobre aquilo, era somente medo
de não ser o suficiente para alguém tão perfeita como Luna.

Ela me jogou um beijo no ar e eu lhe direcionei um sorriso


fraco. Logo a vi ela saindo do meu quarto e partindo para o
corredor.

De resto, ficou somente o seu perfume no ar e pelo jeito,


aquela seria a última lembrança que teria daquela menina maluca.

Tão linda, corajosa, perfeita, carinhosa, deliciosa.


E eu, um covarde que não soube aproveitar a oportunidade
que tive com ela.

Talvez ela estivesse indo embora no momento certo, para que


eu não a fizesse sofrer em um momento futuro.

No entanto, ao pensar em sofrimento: será que eu não sofreria


mais sem ela?

Imbecil, era isso que eu era. Um imbecil que perdi uma garota
que só queria que eu correspondesse a um sentimento e que eu
não correspondi.
Merecia realmente aquela solidão que agora sentia.

Eu realmente merecia.
Capítulo 26

Uma semana que eu não sabia mais o que era chorinho de


bebê, que não sabia o que era trocar uma fralda, que não sabia
mais o que era um cheirinho de criança.
Uma semana que eu não via aquele homem de braços fortes e
bunda sarada desfilando para cima e para baixo, dormindo
tranquilamente no sofá ou ao meu lado.

Uma semana que eu não via aqueles olhos azul-piscina me


encarando como se soubesse tudo o que eu estava pensando.

Uma semana que eu não ouvia as asneiras que dona Olívia


dizia, sim, eu estava com saudade até da vovó cruel.
Acho que estava triste demais, que nem mesmo sair para
procurar outro emprego tinha saído, pois não me sentia bem nem
para fazer isso. Queria ficar somente deitada em posição fetal e
chorar, porque estava com saudade de pessoas que nem ao menos
se preocuparam em saber se eu estava bem.

Eu só tinha aceitado uma proposta errada, mas foi por um


motivo que achei justo. Dante parecia tão preocupado com sua
empresa e pelo que eu tinha ouvido na discussão com sua avó no
meu último dia naquela casa, ele acabou perdendo a empresa
também.
Estava começando a escurecer quando alguém tocou a
campainha escandalosa do lado de fora. Continuei deitada no meu
sofá, que não era nem de longe, tão confortável, quando o que
ficava no quarto de Dante.

A pessoa persistente continuou tocando a campainha e eu fui


obrigada a levantar do sofá. Enxuguei meus olhos, pois não sabia
quem poderia estar ali e não queria que a pessoa me visse
chorando.

Olhei pela janela, mas assim que vi Dante ali, não pude
acreditar. Provavelmente era alguma visão, que a minha mente
estava pregando em mim, só por eu estar sentindo saudades.

Abri a porta com alguma dificuldade, pois ela sempre estava


emperrada. Assim que olhei para o portão, Dante segurava um
buquê de rosas vermelhas em suas mãos e um sorriso gentil estava
em seus lábios.
Ele não estava com o seu terno de costume, se não fosse a
minha mente pregando realmente uma visão, talvez ele não tivesse
voltado à empresa.

Era uma camiseta e um jeans claro, que o deixavam mais


gostoso do que já era.

E eu deveria parar com aqueles pensamentos, pois tinha


certeza de que aquele homem era uma visão.

— Vai ficar me encarando?

Sua voz parecia bem real, mas eu ainda não estava


inteiramente convicta de que era realmente ele.

Ajeitei meus óculos e acabei murmurando:

— Se você realmente é o Dante, me diz uma coisa que


somente você sabe.

Ele franziu o cenho, mas acabou murmurando:

— Você chama seu fusca de chebinha?

Realmente eu não contava aquele apelido para todos.

— Você está realmente aqui, ou estou alucinando? — Ainda


não estava acreditando muito que era realmente Dante Galanoy à
minha porta.

— Saí da minha casa, passei em uma floricultura e comprei


esse buquê e sim, sou eu, Luna.

Sorri de lado para ele, caminhei até o portão e destranquei o


cadeado.
— Ainda acho que você é uma visão, mas vou permitir sua
entrada.

Abri o portão e logo ele passou, fazendo com que aquele


perfume delicioso tomasse meu nariz. Bom, se fosse uma
alucinação, ou algum tipo de sonho, estava bem real.

Caminhamos para dentro de casa e ele me entregou o buquê


de flores, que fiz questão de cheirar e ali estava o perfume delicioso
das rosas.

— Parece bem real.


Caminhei até a cozinha e coloquei as flores em um jarro com
água.

Logo me voltei para onde Dante estava parado. Ele parecia


meio inquieto e uma felicidade estranha tinha me tomado.
Droga!

Eu não deveria ficar daquele jeito.

Ele mesmo disse que nós dois éramos impossíveis de


acontecer.

— O que te traz aqui? — questionei.


— Você. — Sua resposta me pegou completamente
desprevenida.

— Como?

Fiquei atônita com sua palavra.

— Bastou uma semana para eu perceber que eu quero


mesmo passar mais tempo ao seu lado, conhecer ainda mais coisas
sobre você, saber seus defeitos, suas qualidades. Eu estou muito
viciado em você, Luna.

— Mas você disse…

— Eu sei o que eu disse e por isso, estou aqui, pedindo para


você esquecer tudo o que te falei aquele dia, e me dar uma chance
para começar de novo.

Dante se aproximou de mim e foi impossível não me deixar


levar por seu olhar abrasador.
— Deixa eu mostrar que posso ser o melhor homem que
poderia entrar na sua vida. — Ele se ajoelhou no chão e quase o
impedi, mas ele fez um gesto para que eu o deixasse continuar. —
Me dá uma chance.

Senti meu corpo formigar e acabei mordendo meu lábio


inferior, pois me senti rendida por suas palavras.
— Depois do dia em que fui embora da sua casa, fiquei com
medo de dar uma chance a você. Posso pensar?

Sim, eu não cederia tão fácil.

— Claro que pode, tudo no seu tempo.

Ele fez menção de levantar, mas o parei ali mesmo.


— Talvez eu possa pensar melhor com a sua boca em mim.

Os olhos de Dante mudaram completamente de uma hora


para outra. Eu também não esperava dizer aquelas palavras, mas
eu nunca disse que era uma santa, não é mesmo?

E sexo…
Eu queria sexo com aquele homem há tanto tempo.

E aquele era o momento perfeito.

— Como queira.

Ele sorriu de lado e começou a desatar o laço da minha calça.


Naquela noite, os meus sonhos eróticos se tornariam reais.

E eu faria com que todos valessem a pena.


Capítulo 27

Luna me encarava com um pouco de ansiedade estampada


em seu rosto e eu não pude negar que também estava um pouco
nervoso. Não esperava que ela me falasse aquilo.
Na verdade, queria muito que fôssemos para a cama, mas
pensei que teria que persuadi-la mais.

Desci sua calça de pijama lentamente e assim que suas


pernas estavam nuas à minha frente, percebi que sua pele estava
completamente arrepiada, ajudei-a a se desvencilhar da peça de
roupa e subi minha mão por suas coxas grossas.
A calcinha era uma pequena renda preta que acabou me
surpreendendo, já que pensei que Luna talvez estivesse com algo
menos sexy.

— Você está me deixando molhada só por me encarar desse


jeito.

Seu murmúrio voltou a me pegar de surpresa.

— Eu realmente jurei que você era uma moça inocente.

— Você achou errado. Nunca gritei aos ventos que era alguém
assim. Já tive tantos sonhos com você e talvez eu já tenha me
masturbado pensando em você, Dante.

Meu nome parecia ser um som completamente erótico em sua


boca e meu...
Ah!

Eu já era um cara arruinado naquele momento. Quase implorei


para fodê-la rápido, mas não faria aquilo. Não quando queria
aproveitar cada segundo que tinha com Luna.

— Já se masturbou pensando em mim? — rosnei.

— Sim — gemeu.

Levando suas mãos até sua blusa e a tirando rapidamente.


Luna estava sem sutiã, o que fez com que seus seios ficassem
completamente expostos para mim.

Os mamilos entumecidos, quase imploravam para que eu os


sugasse com força, mas novamente voltava ao ponto de que iria
devagar com Luna.
Abaixei sua calcinha e sua boceta completamente depilada
surgiu para mim.

Garota perfeita… Era assim que estava pensando naquela


menina.
Quando ela também estava sem aquele tecido que poderia me
atrapalhar, voltei a subir minhas mãos por suas coxas, mas daquela
vez avancei com uma pelo meio de suas pernas até chegar na parte
úmida que eu tanto desejava.

Assim que passei meu dedo por toda a extensão da sua


boceta, percebi que ela estava completamente molhada para mim.

Tirei meu indicador de sua vagina e o levei á minha boca,


provando seu sabor, ele era meio agridoce e talvez tenha se tornado
o meu sabor preferido naquele momento.

Meus olhos hora ou outra paravam na expressão de Luna e


naquele momento, ela me encarava, enquanto mordia seu lábio
inferior e eu só conseguia pensar o quanto parecia erótico foder
uma menina tão jovem, com aqueles óculos que a deixavam ainda
mais nova.

— Senta na poltrona — ordenei e dei um leve empurrão para


que ela obedecesse o que exigia.

Assim que seu corpo caiu sobre o móvel aproximei-me de


onde estava e abri suas pernas, tendo uma bela visão da sua
boceta, completamente rosada, toda para mim.

— Você tá meio mandão — ronronou.

— Luna, ainda não viu o meu lado mandão.


Sem esperar mais, penetrei dois dedos dentro dela de uma só
vez e vi o momento que ela soltou um grito. Sorri de lado, enquanto
Luna apertou o braço da poltrona.

— Gosta assim? — rosnei.

Ela não respondeu e fechou os olhos.

— Responde e abra os olhos, porque quero ver os seus olhos


maravilhosos quando gozar nos meus dedos.
No mesmo momento a garota estava com os olhos abertos e
respondeu com a voz meio sôfrega.

— Sim.

— Que bom!

Comecei a fazer movimentos mais rápidos com meus dedos e


quanto mais eu os movimentava mais ouvia o som da sua
lubrificação reverberar pelo lugar.
— Ah, Dante! — gemeu meu nome e acabei levando um dedo
para seu clitóris, para que ela despejasse o orgasmo logo em meus
dedos.

E assim que senti que ela estava se contraindo em meus


dedos eu soube que seu orgasmo estava vindo e logo Luna se
liberou completamente neles apertando com tanta força o braço da
poltrona que acabou rasgando o móvel.
Esperei que seu corpo se contraísse mais e se libertasse
ainda mais, para aí, sim, tirar meus dedos e sugá-los com mais
desejo.
Luna ficou completamente sem fôlego sentada na poltrona e
eu acabei me levantando do chão. Ainda sem tirar meus olhos dos
dela, tirei minha camisa e não pude deixar de me achar um puta
gostoso, quando seus olhos passaram por todo o meu abdome de
forma lasciva.

— Já te falaram que você é uma delícia, Dante Galonoy?


Luna lambeu os lábios e eu sorri para ela.

— Acho que já me chamaram de bonito, mas nunca dessa


maneira.

— Mulheres que não sabem aproveitar a visão que estou


tendo.

— Se você continuar me deixando com tanto tesão, vou


acabar te fodendo antes de te chupar.
— Acho que prefiro ser fodida o quanto antes e depois você
me chupa.

— Luna, você vai despertar o meu lado mais sombrio.

— Talvez eu queira brincar com o monstro. — Ela sorriu


completamente diabólica.

No entanto, levantou-se da poltrona e caminhou até mim sem


nenhum pudor o que adorei, pois ela era linda, então não tinha que
se envergonhar do seu corpo.
— Em qual parte da casa você quer me foder?

Aquela garota iria me matar, aquilo era uma certeza.

— Você quer o lado clichê ou o lado safado?


— O lado que vai me fazer gozar como uma louca.

— Querida, eu posso te fazer gozar como uma louca em com


qualquer versão, basta você escolher.

Luna levou suas mãos ao botão da minha calça e começou a


tirá-la.

— Eu quero a versão que você nunca usou com ninguém.


— Então você terá!

Assim que fiquei somente de cueca, peguei Luna em meu colo


e a levei para fora de sua casa.
Capítulo 28

Estávamos na varanda da minha casa, comigo completamente


nua. Qualquer pessoa mais curiosa que passasse em frente à minha
casa e olhasse para dentro, poderia me ver como vim ao mundo.
Só que aquilo estava me dando um tesão do caralho.

Puta que pariu!


— Ser voyeur é o que nunca fez?

— É uma boa sugestão, mas o que quero mesmo, é te foder


aqui.

Dante abriu a porta do meu fusca, puxou o banco da frente e


me empurrou para o banco de trás.
— Você nunca transou dentro de um carro?

— Nunca e quero experimentar como é transar com você.

Sorri para ele, no momento que fiquei com as pernas abertas


no banco de trás, e ele me devorou novamente com seus olhos
completamente cheios de fogo.

Porém, pareceu se lembrar de algo e acabou comentando.

— Espere, estou voltando.

Observei, enquanto ele voltou para dentro de casa, mas não


demorou muito para reaparecer e daquela vez eu tive uma bela
visão do seu pau.

Ele havia tirado a boxer que usava.

Puta que pariu!

Como era grande!

Tinha tanto tempo que eu não transava que eu tinha completa


certeza de que iria me lembrar daquela noite de sexo por muitos
dias, mas quem estava se importando com o amanhã, quando iria
ser fodida até cansar naquele momento, não era mesmo?

Ele voltou para dentro do fusca que mal cabíamos nós dois
dentro e eu acabei comentando.

— Bem que você podia ter tido essa ideia quando estávamos
na sua casa, seus carros são maiores.

— Vamos nesse aqui mesmo.

Vi o momento que Dante abriu o pacote de preservativo e


colocou naquilo tudo que ele chamava de pau e eu só pude
agradecer a fila que ele passou antes de nascer, pois estava de
parabéns.

— Depois quero te chupar, até engolir todo o seu orgasmo.

— Se você falar isso de novo, eu posso gozar mesmo antes


de estar dentro de você.

Sorri para ele e murmurei:


— Dante, me fode. — Com isso comecei a massagear meu
clitóris e vê-lo ficar completamente estático, observando os
movimentos que eu fazia, fizeram com que eu ficasse com mais
tesão.

Não importava o tamanho daquele carro.

Eu só o queria dentro de mim.

— Filha da puta.

Ele terminou de se aproximar de mim. Colocou seu corpo por


cima do meu, se encaixou entre minhas pernas, e eu aproveitei para
abraçar sua cintura com elas. Logo senti seu pau tomando
passagem para dentro da minha vagina.

Reclamei no início, pois senti algumas fisgadas.

— Estou te machucando?

— Não é só que tem muito tempo que eu não faço nada.

Dante em um único movimento se enterrou dentro de mim e


eu gritei. Ele não fez nenhum movimento, para que eu me
acostumasse, logo aproximou sua boca do meu ouvido e sussurrou:
— Apertada pra caralho. Deliciosa, perfeita, vou te foder tanto
essa noite, Luna. — Fez uma pausa, mordeu o lóbulo da minha
orelha e voltou a dizer: — Assim que você se acostumar eu vou
começar o que estou aqui para fazer e só vou parar quando você
implorar que não dá mais conta.

— Então acaba comigo.


E foi aí que o monstro foi solto. Dante começou a estocar
dentro de mim. Enquanto uma de suas mãos apoiava para que ele
não me machucasse com seu peso, enquanto a outra amassava
meu seio e meu mamilo.

Sua boca grudou na minha e como eu havia sentido falta


daquele beijo.

Caralho!

Como eu pude sentir tanta falta de Dante.


Eu nem tinha vivido muito tempo ao seu lado, nem tinha
passado vários momentos ao seu lado, mas mesmo assim ali estava
eu, completamente dependente dele.

Será que…

Não, eu não podia estar me apaixonando por ele, seria


impossível.

Sua língua encontrou a minha e eu comecei a travar a batalha


deliciosa com ela, daquele beijo que me fazia flutuar pelo céu, me
levava para outras dimensões.
Pararia de pensar naquelas coisas naquele momento.
Por enquanto, queria somente o sexo com Dante e só aquilo
que importava.

Sua boca sugava a minha, sua mão apertava meu mamilo, seu
pau acabava com a minha boceta.

Aquilo que importava e não os pensamentos idiotas que eu


estava tendo.

Dante abruptamente saiu de dentro de mim, puxou-me com


ele, sentou-se no banco e rosnou.
Não podia negar que estava amando aquele Dante mandão.

— Cavalga em mim, minha linda.


E foi o que fiz, sentei-me sobre o pau de Dante e comecei a
pular nele, como se aquele fosse o melhor brinquedo que eu tivesse
encontrado em todo o mundo.

Sua boca foi parar em um dos meus seios e ele me chupou


com força, sugou meu mamilo com desejo, desespero, com tanta
intensidade que senti a minha pele arder e aquilo me dava mais
vontade de cavalgar em seu pau.

— Vai Dante, com mais força — gritei.

E ele fez o que pedi, logo eu estava explodindo novamente em


uma onda de orgasmos desesperados. Dante soltou meu mamilo,
colocou suas mãos em minha cintura e começou a movimentar a
sua cintura me fodendo com mais força, até que com um grito, ou
um rugido, eu não sabia explicar ele se libertou dentro de mim.
— Luna, tudo é sem sentido, mas eu te quero ao meu lado.
Eu estava ofegante, mas senti minha respiração parar.

— O quê?

— Eu te quero, Luna. Eu não estou sabendo ficar sem você.


Acho que me apaixonei.

Agora tinha fodido de vez e eu tinha quase certeza que não


era no bom sentido.
Capítulo 29

Já estávamos vestidos e novamente dentro da casa de Luna.


Ela tinha ficado em silêncio depois do que havia lhe dito e se
apressou mais do que seria aceitável para sair do seu fusca, após
as palavras que eu sabia que não deveria falar, escaparem da
minha boca.

Sabia muito bem que estava cedo demais, no entanto, como


nunca havia sentido falta de uma mulher como estava sentindo de
Luna e muito menos havia ficado meio depressivo depois que ela
tinha ido embora, eu só poderia considerar aquilo como paixão,
amor, ou todas as coisas piegas que aquelas palavras remetiam.
Minha avó, mesmo tendo feito todo aquele drama, depois de
perceber a burrada que fez, veio conversar comigo, após dois dias.

— Você parecia gostar bastante daquela garota.

Estava sentado no banco do jardim, com Adriel em meu colo,


que tentava pegar os meus dedos, enquanto eu fingia que eles eram
algum tipo de monstro que iria devorá-lo.

Não respondi nada, pois ainda estava irritado com aquela


senhora que tentava controlar minha vida, mesmo depois de tanto
tempo.

— Que dia a senhora irá embora? — Sabia que ela ficaria


magoada com a minha pergunta, mas estava com muita raiva, para
ser brando com as minhas atitudes.

— Sei que o irritei, no entanto, pretendo ficar mais alguns


dias.

Revirei meus olhos e voltei a dar atenção para Adriel que


voltou a gargalhar. Quanto mais eu imitava o monstro que iria
devorá-lo, mais ele gargalhava.

— Eu pensei que ela estava se aproveitando de você, Dante.

— Vovó, eu tenho trinta e três anos e ela vinte e cinco, por


qual motivo a senhora acha que ela se aproveitaria de mim? Seria
muito mais fácil um homem com dez anos de diferença se aproveitar
dela, ainda mais que ela ainda é muito quebrada pela morte dos
pais.
— Se gosta tanto dela, por que não vai atrás dela e diz a
verdade?

— E por qual motivo ela acreditaria?

— Não sei, talvez ela possa retribuir o sentimento.

— Não existe sentimento.

Olívia ficou em silêncio, mas acabou sentando-se ao meu lado


e para me deixar mais irritado, Adriel lhe estendeu os braços, um
traidor que não sabia que estava indo para os braços do inimigo.

— E a empresa, vovó?
— Por enquanto o Davi está cuidando.

Assenti e não disse mais nada. Não me preocuparia mais com


a alimentícia, se ela não confiava em mim, por ser um pai solteiro,
não poderia fazer nada para lhe agradar.

Só queria pensar no que fazer com Luna…

Saí dos meus devaneios, assim que a mulher em questão se


voltou para mim e murmurou:

— Dante, acho que você pode estar confundindo as coisas,


por eu ter te pressionado naquele dia.

Suas palavras me pegaram de surpresa, pois eu realmente


não esperava que ela me dissesse aquilo. Eu sabia que não era
invenção da minha mente e queria provar para ela.

— Luna, eu tô sentindo algo estranho. Já te disse uma vez que


nunca me envolvi com mulher alguma, e só de te beijar parecia que
eu estava maluco por você, que estava completamente viciado em
você, querendo você. Entendeu? Tudo parece se remeter somente
a você.

Vi um fio de esperança brilhar em seus olhos, dei um passo


em sua direção e segurei suas mãos.

— Acho que começamos do jeito errado.

Ela cerrou o cenho e depois fez uma careta.


— E tem um jeito certo?

— Tem sim, pelo menos, eu fui ensinado a fazer esse jeito e


com você já fui logo para a parte dos finalmentes. Deveria ter
pegado o seu coração primeiro.
Vi o momento em que suas bochechas coraram.

— Luna Rabello, eu sou um homem um pouco meio


precipitado, mas quero te conquistar, você daria a oportunidade de
roubar o seu coração para mim e provar que o que estou sentindo
não é uma farsa?

— E se nos machucarmos nesse trajeto?

— Tenho certeza de que não nos machucaremos, mas se


acontecer, eu juro que serei o remédio para os seus ferimentos.
— Dante, você sendo fofo é um pecado, sabia?

— Vou anotar na lista de elogios inusitados que você sempre


me dá.

— Então eu vou querer descobrir o seu lado mais romântico?


— Você pediu o Dante que nunca ninguém conheceu e eu te
darei ele, só espero que no final, você também cure os meus
ferimentos, caso eu me machuque.

Luna sorriu para mim e levou uma de suas mãos até o meu
rosto.
— Se você merecer eu curo com todo prazer.

— Você é uma abusadinha, sabia?


— Talvez seja por isso que você esteja aqui.

Abracei sua cintura e lhe dei um selinho.

— Posso passar a noite aqui?

— E aquele negócio de ir com calma? — Luna levantou uma


sobrancelha ao indagar.
— Posso dormir abraçadinho com você sem fazer nada.

— E como pretende me conquistar?

— Eu tenho um bebê.

Ela acabou soltando uma gargalhada nada sexy, mas que a


deixava mais linda.
— É assim que vai me conquistar?

— Que tal, você, ele e eu, uma viagem dos sonhos e muito
amor?
— Eu preciso arrumar um trabalho, tenho dívidas e tudo mais.

— Depois que eu te conquistar, podemos pensar nisso, o que


acha. Primeiro deixa eu roubar o seu coração?
Luna revirou os braços, olhou na direção da parede que
estava ao nosso lado e eu vi que ali estava uma foto de seus pais.

— Eles iriam te comer vivo, por estar fodendo a filhinha deles.

— Ah, mas quando soubessem que eu só tenho as melhores


intenções com ela.

A garota voltou seus olhos para mim e respondeu:


— Então roube o meu coração, Dante. Depois eu penso no
meu futuro.

— Eu vou roubar seu coração e pensaremos juntos no seu


futuro, pois quando nós estivermos perdidamente apaixonados,
seremos um par para pensarmos juntos no que fazer dali em
diante.
— Tão fofo.

— Na verdade, tô me achando brega, mas isso não vem ao


caso.

— Não estraga o encanto, senhor Galanoy.

Sorri para ela e lhe dei mais um beijo.


Eu nem tinha ideia do que estava fazendo, mas esperava que
fosse a coisa certa.

Ao menos naquele momento parecia ser a melhor decisão que


tomei em toda minha vida.
Capítulo 30

Saímos do seu carro e logo Dante segurou minha mão.


Será que se sentir nas nuvens era daquela forma?

Pois era assim que estava me sentindo.

Subimos os poucos degraus que nos levavam para dentro da


sua enorme casa e assim que entramos demos de cara com a vovó
cruel que assim que nos viu abriu um sorriso.

Eu juro que não entendia aquela velhinha, ou ela me odiava ou


me amava, ela tinha que decidir.

— Então você está de volta? — Não parecia ter repreensão


em sua voz, e eu realmente achava que em algum momento ela
poderia ter sido abduzida por algum alienígena, ou algo do tipo.

— Tomei coragem e fui atrás dela. — Dante tomou a frente da


situação e eu fiquei em silêncio, porque realmente não sabia se
queria conversar com a dona Olívia.

Só que ela parecia querer conversar comigo, já que caminhou


em minha direção e parou bem à minha frente.

— Não fiz por mal aquele dia, depois quando Dante me contou
toda a história, percebi que você não era a culpada da história e sim
esse idiota que queria me enganar. Então me desculpe por ter sido
tão rude com você. Sei que tentou ajudá-lo, mas mentir é feio e eu
fiquei nervosa.

— Se a senhora não fosse tão antiquada ele não precisaria


mentir.

— Isso não vem ao caso, querida.

— Não vem mesmo, porque não quero discutir com uma


senhora.

Olívia sorriu em minha direção e acabou me surpreendendo ao


dizer:

— Ao menos sei que meu neto está gostando de uma menina


durona e que não leva desaforo para casa. Eu gosto de você e
apoio a relação de vocês, mesmo que eu não concorde que ele
tenha dormido na sua casa antes do casamento, ainda mais agora
que sei que o Adriel não é seu filho.

Fechei meus olhos, mas foi impossível segurar a gargalhada.


Se eu achava que Dante era meio rápido por falar que estava
apaixonado, dona Olívia era completamente maluca. A mulher já
queria me casar com seu neto.

— Acho que a senhora está sendo precipitada, não vou me


casar tão cedo.
— Mas se quiser eu já posso fazer alguns orçamentos.

— Vovó, pelo amor de Deus. Está maluca?


Ela encarou o neto com o rosto emburrado e murmurou:

— Eu não estou ficando jovem e quero te ver casado antes de


morrer, então trate logo de colocar uma aliança no dedo dessa
moça.

— Santo Deus! Vovó, eu ainda estou tentando conquistá-la,


assim a senhora fará com que ela corra.

Ela deu as costas para nós dois, como se estivesse realmente


ofendida e saiu, nos deixando para trás.

— Ela realmente saiu de outro mundo — comentei.

— Tem horas que eu acho a mesma coisa — Dante


concordou.

E como não podíamos fazer mais nada, acabamos caindo na


gargalhada, pois dona Olívia não nos dava outra escolha a não ser
aquela.

Assim que terminei de sorrir me voltei para Dante e murmurei:

— Quero ver o pequeno.

— Vamos lá.
Ainda segurando a minha mão, subimos as escadas que
levava para o quarto de Adriel, mas assim que chegamos
percebemos que não estava lá.

Porém, logo ouvimos os seus gritinhos vindos da sala de


brinquedos. Caminhamos até lá e o encontramos de pé, apoiado no
puff que estava no meio do quarto, fazendo a maior bagunça com os
brinquedos que estavam em cima do móvel.
Érica o encarava de forma amável e assim que nos viu, abriu
um sorriso radiante.

— Que bom ver a senhorita. Bom dia, senhor!

— É muito bom te ver também, Érica!

Soltei a mão de Dante e abracei a babá que retribuiu com


carinho.
Mas logo fomos impedidas, pois senti mãozinhas pequenas
pegando em minhas canelas. Assim que olhei para baixo, vi que
Adriel olhava para mim com os olhos cheios de felicidade e abria
seu sorriso banguela, ele havia engatinhando até mim e eu quase
chorei de emoção por ele ter se lembrado.

— Oi, meu amor!

Abaixei, esquecendo-me completamente da babá. Já que


Adriel agora tinha minha total atenção, o peguei em meu colo e
beijei um lado de sua bochecha rosada.

O sorriso de Adriel aumentou e eu o abracei com mais força, já


que estava morrendo de saudade daquele garotinho.
— Como a tia Luna estava com saudade.
Nem havia percebido que Érica tinha saído do quarto, mas
provavelmente foi Dante que pediu e ela como sempre sendo uma
ótima funcionária, atendeu rapidamente.

— Estávamos morrendo de saudade também, não é filhão?

Adriel se voltou para o pai, porém nem lhe deu muita atenção,
já que o laço que estava em minha blusa havia chamado mais a sua
atenção do que qualquer outra coisa naquele momento.

— E aí, já conquistei seu coração?


Revirei os olhos e brinquei:

— O Adriel já, agora você vai demorar muito.


Dante fez uma careta e depois rosnou em minha direção. E eu
só pude sorrir, pois estava adorando aquele lado extrovertido que eu
ainda não conhecia do homem todo sério que havia encontrado há
mais de dois meses atrás.

— E agora o que vamos fazer?

— Digamos que vamos passear.

— Você está muito misterioso.


— Já viajou de avião, Luna?

Meu coração disparou.

— Não!

— Então vamos fazer compras, pois precisamos comprar


algumas roupas de frio para você.
— Dante…
— Vamos para o Chile!

Meu Deus!

Aquele homem realmente queria roubar meu coração e ele


provavelmente iria conseguir.
Capítulo 31

Estávamos em um jatinho…
Ser rico era viver em outro patamar.

Um avião particular somente para nós.

Naquela viagem, estávamos indo somente Dante, eu e Adriel.


Vovó cruel tinha ficado, pois ela com toda sua audácia disse que
não ficaria servindo de vela para ninguém.

— Por que o Chile? — perguntei ansiosa, pois realmente


estava com medo.

Eu nunca havia viajado de avião, na verdade, eu nunca nem


tinha feito uma viagem de carro, nunca tinha saído de São Paulo e a
primeira vez que sairia era para outro país.

— Porque você não tem passaporte, se não iríamos para a


Itália, já que eu amo a Itália, mas também amo o Chile, acho aquele
lugar lindo e talvez seja perfeito para eu roubar o coração de
alguém.

Sorri para Dante e ele retribuiu segurando a minha mão e


levando-a até seus lábios, depositando em seguida um beijo sobre a
pele da minha palma.

— Deixa eu te perguntar uma coisa, sei que você me disse


uma vez, mas tem certeza de que você não trafica órgãos? Esse
negócio de roubar o coração está ficando estranho.

Dante para variar caiu na gargalhada e eu tive que


acompanhá-lo.

— Se eu quisesse roubar o seu coração, literalmente, já tinha


feito isso, garota.
Olhei para Adriel que dormia no seu bebê-conforto à nossa
frente e depois me aproximei de Dante sussurrando em seu ouvido:

— Obrigada, por isso.

— Não agradeça antes da viagem, vai que você não gosta.

— Eu já estou gostando.

Assim que o avião começou a andar na pista, eu apertei a mão


de Dante.

— Estou morrendo de medo.

— Não precisa ficar, estou aqui.


— Como se ele caísse, você fosse me proteger.

— Não vai cair, maluca.

— E quem me garante.

Dante apoiou sua mão sobre a minha coxa e rosnou:

— Eu garanto.

Aquela viagem seria completamente insana.

Quando o jatinho ganhou o céu, fechei meus olhos e comecei


a hiperventilar, mas logo os abri de novo, não queria parecer uma
fraca e desesperada com medo de um voo. Logo passaria e nada
de ruim iria acontecer, Dante tinha garantido não era mesmo?

Dante fez sinal para a comissária que estava nos


acompanhando e assim que ela ficou próxima o suficiente, com um
sorriso gentil em seu rosto, o homem ao meu lado disse:

— Teria como você olhar o meu filho por um momento, minha


namorada está passando mal, vou acompanhá-la até o banheiro.

— Claro, senhor! Precisa de ajuda para algo?

— Não, é só que é a primeira vez dela em um avião, então


você sabe, principiante.

— Realmente, algumas pessoas não se dão muito bem no


primeiro voo.

Fiquei estática, enquanto Dante se levantava e me ajudava a


fazer o mesmo, mesmo que fosse contra a minha vontade. Como
assim eu estava passando mal?
— Eu não estou passando mal, só estou nervosa — sussurrei,
assim que ele abriu a porta do banheiro do jatinho.

— Claro que sei disso, mas ela não sabe.


Ele fechou a porta do lugar com nós dois dentro e um sorriso
diabólico tomou seus lábios.

— Por isso eu vim te acalmar.


— Como assim?

— Vira e coloca suas mãos na parede.

— Dante!

Eu sabia muito bem o que ele estava tentando fazer.


— Agora, Luna.

Senti minha calcinha ficar molhada ao ouvir sua ordem.

— Você sabe que não manda em mim. — Tentei retrucar só


para deixá-lo com mais desejo e Dante percebeu a minha tática.

— Vou te mostrar que quando eu quero, mando sim.


Ele me virou e espalmou minhas mãos na parede. E claro que
um sorriso safado surgiu em meus lábios.

— Vou te acalmar, minha menina.

Dante mordeu o lóbulo da minha orelha e eu mordi meu lábio


para não gemer e a comissária não perceber que meu mal era a
falta de uma transa maluca dentro de um banheiro de avião.

Que experiências mais deliciosas eu estava tendo com aquele


homem.
Dante começou a acariciar minha vagina com sua mão e eu
ficava mais molhada a cada segundo, logo dois dedos me
penetraram com força e eu encostei minha cabeça em seu peito
para ter algum lugar para me apoiar, já que estava perdendo minhas
forças.

E Dante quanto mais penetrava seus dedos com força dentro


de mim, mais eu queria gritar.
— Goza nos meus dedos, pra eu te foder bem molhadinha,
minha linda.

Não aguentei, assim que ouvi suas palavras foi impossível


não me liberar por completa, sentindo o orgasmo explodir de dentro
de mim e molhar tudo ao redor da minha vagina.

Gemi baixinho e Dante mordeu meu ombro me deixando com


mais tesão.

Ele abaixou minha calça, abriu minhas pernas e fez com que
eu abaixasse meu corpo mais para a frente, pensei que ele entraria
em mim de uma vez. Só que logo vi que se ajoelhou e não demorou
muito para surgir com a cabeça entre minhas pernas e começar a
passar sua língua em minha vagina.

Não consegui aguentar e aumentei um pouco do meu gemido,


estava sensível do orgasmo anterior e sentir sua língua ali tinha me
levado a outro patamar.

Comecei a rebolar em sua boca, enquanto ele espalmou uma


de suas mãos em minha bunda e dois dedos entraram novamente
em minha boceta.
Quando percebi já estava gritando. Pouco me importava, eu
estava louca de tesão e queria libertar tanto em mais um orgasmo,
como nos sons que saíam da minha boca, Dante retirou seus dedos
molhados da minha boceta e um deles foi parar na entrada do meu
ânus.

Eu congelei por um momento, já que nunca tinha feito sexo


anal, mas seus olhos cheios de prazer não me deixaram duvidar
mais, voltei a rebolar em sua boca, friccionando mais a minha
vagina nos seus lábios, sua língua fazia movimentos rápidos e
quando um de seus dedos penetraram a minha outra entrada o
prazer que estava sentindo se tornou algo que eu nem sabia
explicar.
E foi aí que eu explodi, tirei uma de minhas mãos da parede,
segurei sua cabeça e passei minha boceta com mais força em sua
boca porque parecia que o contato que tínhamos não estava sendo
o suficiente, continuei gozando até que minhas pernas perderam as
forças e eu precisei me afastar para tomar fôlego e poder me
equilibrar.

Dante limpou sua boca e sugou cada dedo parecendo estar


provando um doce raro e aquilo estava me deixando completamente
maluca.
Ele pegou um preservativo dentro do bolso de sua calça,
depois a desabotoou, a abaixou junto com a boxer, me puxou como
se eu fosse somente um pedaço de papel, me encostou na parede.
Depois abriu o preservativo e colocou no seu pau maravilhosamente
grande, levantou uma de minhas pernas e me penetrou de uma só
vez.
Nós dois gememos daquela vez e assim que Dante começou a
se movimentar dentro, eu sabia que não precisaria de muito mais
para ele roubar meu coração, provavelmente ele já o tinha, mas eu
só estava querendo mais algumas provas.

E quando gozamos juntos, com ele me fodendo fundo,


gemendo no meu ouvido, fazendo eu me sentir a mulher mais
deliciosa do mundo, murmurou:
— Pretendo fazer sexo com você todos os dias da nossa
viagem.

— E eu pretendo receber tudo o que você for me dar.

Ele me beijou e eu só pude retribuir.

Aquele homem seria a minha grande perdição.

A perdição mais deliciosa do mundo.


Capítulo 32

Eu a encarava, enquanto ela brincava com Adriel no quarto de


hotel que estávamos hospedados.

Já havíamos chegado a Santiago há uma semana e tínhamos


passeado por toda a cidade, e parecia que a cada hora que passava
eu sentia mais prazer por estar ao lado de Luna.

Depois que a conheci, parecia que não tinha mais


necessidade de estar na empresa, que somente ela e Adriel
bastavam na minha vida, eu não precisava me matar de trabalhar
para conquistar nada, sendo que eles pareciam meu tudo.

Era aquilo que eu queria mostrar para a Luna.


Que eu descobri, mesmo que tenha sido rápido, que ela se
tornou alguém especial. Ela podia até não acreditar, mas até Adriel
sabia que ela era uma pessoa especial.

Na semana que aquela mulher tinha nos deixado, meu filho


havia ficado cabisbaixo e eu sabia muito bem, que era por já ter se
acostumado com a maluquinha que se passou por sua mãe por
mais de um mês.
Ele estava acostumado com a presença feminina de Érica,
mas ela nunca foi tão amorosa quanto Luna, que realmente pareceu
uma mãe para ele.

Talvez um homem que gritava ao mundo que nunca se


apaixonaria, precisava somente de pouco tempo para se render a
uma mulher, quando a certa aparecesse à sua frente.
E eu estava completamente rendido, lascado, ou como os
jovens de hoje falavam, um golden por aquela mulher. Sim, eu até
não podia falar em voz alta, mas eu era quase um cachorrinho que
corria atrás e latia por ela.

Só faltava Luna perceber aquilo.

— Se nascer um chifre na minha cabeça, eu juro que vou te


socar.

Ela bradou, enquanto apertava o nariz de Adriel e ele


gargalhava da brincadeira que estava recebendo.

— Por que isso aconteceria?

— Você está encarando tanto em nossa direção que eu estou


começando a ficar com medo.
— Só não consigo parar de olhar, quando vejo duas
perfeições.

Luna tirou os olhos de Adriel e me encarou por alguns


segundos até voltá-los para o bebê.
— Seu papai é um galanteador barato, espero que você seja
melhor que ele.

Ela adorava socar o meu ego.

— Obrigado pela parte que me toca.

— Sempre que precisar estarei aqui.


Revirei meus olhos e saí de onde estava para me sentar com
eles no chão.

— Viu, Adriel, ele já veio atrapalhar a nossa brincadeira.

— Não vim atrapalhar nada.

— Morre de inveja da gente, bebê.

Adriel acabou bocejando e eu comentei:

— Vou arrumar a mamadeira dele, pois assim não sou


recriminado.

— Isso mesmo.

Encarei Luna e fiz expressão de choro, mas ela me jogou um


beijinho no ar e murmurou:

— Só estou brincando com você, seu lindo.

— Eu sei, meu amor.


O sorriso congelou em seus lábios, mas ela não retrucou o
que achei de bom tamanho, já era um passo para que ela aceitasse
que eu realmente estava gostando dela, apaixonadinho, um bobinho
e louco por ela.

Depois de preparar a mamadeira para Adriel e lhe dar de


mamar ele acabou pegando no sono. Nós o colocamos no berço do
hotel e Luna se afastou para a janela que dava uma vista incrível de
Santiago.
O dia estava frio, mas não tão frio que não pudesse suportar.

Acompanhei-a até a sacada e logo ouvi sua voz de onde eu


estava.

— Como você sabe que eu posso ser seu amor?

— Por que eu sinto a mesma coisa que sinto pelo Adriel por
você, só que no seu caso eu quero te beijar, fazer amor, um carinho
mais quente e te ter nos meus braços só para saber que está
segura.
Aproximei-me dela e abracei sua cintura, depositando em
seguida um beijo em seu ombro.

— Eu estou disposto a ser o melhor homem do mundo para


você, Luna. Estou disposto a buscar a lua se for possível e se você
quiser, só para te ver sorrir, se você quiser uma estrela eu te dou, eu
posso até tentar comprar um país. Eu quero te dar tudo, só para que
você possa me amar.
Ela se virou em meus braços, com os olhos preocupados.

— Eu não preciso de bens materiais.


Suspirei, mas logo indaguei:

— Do que você precisa?

— Só de você, do seu coração e do seu amor. Você está


realmente disposto a me amar, como única, ser monogâmico, não
ter mais seus sexos sem compromisso?

— Estou disposto a te ter na minha vida para sempre, Luna.


Você não sabe o que um dia sem você pôde causar na minha vida.
Parecia que tudo havia perdido o sentido quando você sumiu
naquela semana.

— Então, eu serei sua namorada?

— Primeiro eu tenho que dizer, que às vezes posso ser chato,


mas você já disse que sou uma delícia. — Luna abriu um sorriso
estonteante. — E eu tenho um filho, se você me aceitar assim,
porque eu amo o meu bebê, eu queria muito que você aceitasse ser
minha namorada por enquanto.
— Eu nem te acho chato, mas uma delícia eu realmente te
acho. E se você não amasse o seu bebê eu nem teria escolhido ser
a mãe de mentira dele, só que por enquanto ser a sua namorada,
você pretende não ser meu namorado para sempre?

Olhei para ela chocado.


— Claro que não. Está louca? Mulher, sou um homem
apaixonado, logo eu quero pedir sua mão em casamento, e
oficializar você a mãe de Adriel, já que essa história de mãe de
mentira é passado, acho que ele já até te considera a mãe real
dele.
— Eu já me considero a mãe real dele.

E foi naquele momento, com aquela confissão, com o dia


maravilhoso em Santiago, que eu tive a completa certeza do que
estava sentindo e acabei dizendo em voz alta:
— Luna, eu te amo.

— Bom, Dante. Eu acho que você realmente roubou meu


coração, porque ele também te ama, e eu mais ainda.
Beijei seus lábios de imediato e me senti o homem mais
realizado do mundo.

Quem um dia imaginou, que um homem tão idiota quanto eu,


encontraria uma pessoa tão maravilhosa quanto Luna?
Tenho certeza de que ninguém, mas provavelmente os nossos
destinos já estavam traçados e no fim nunca daríamos conta de
lutar contra o que sentíamos.

O amor…

O verdadeiro amor.
Epílogo

3 anos depois

Eu amava a Itália, mas naquele dia em especial eu a amava


ainda mais.
Luna estava ao meu lado, toda de branco, mas com um salto
vermelho e ela tinha optado por usar uns óculos vermelhos para
combinarem com o salto.

Como odiava lentes, foi contra tudo e todos que queriam que
ela colocasse aqueles monstros nos olhos, palavras dela.
Tínhamos nos casado, no quintal da casa da minha avó, que
por fim, havia implorado para que eu voltasse para a Galanoy
Alimentícia e já até havia passado a empresa para mim, já que
depois que saí do comando vários investidores queriam abandoná-
la.

Não que Davi fosse um péssimo CEO, mas é que quando se


tinha uma empresa lucrativa, ninguém queria mexer em um time que
estava ganhando e eu os entendia. Meu amigo voltou a ser meu
assistente e tudo voltou ao seu normal, foi pensando naquilo que o
procurei pela festa com o olhar, mas não o achei, provavelmente já
havia sumido com alguma das convidadas.
Só que naquele momento, que se fodesse a Galanoy e
qualquer outra coisa, minha mulher, sim, minha, completamente
minha. Bem possessivo, como a minha avó tinha dito uma vez.

Luna era minha…


Ela estava sorrindo para Adriel que lhe contava alguma coisa,
com algumas palavras ainda todas enroladas.

— Ai, mamã, eu roubei o bigadeilo e a vovó viu.

— E ela brigou com você?

— Não, ela roubou comigo.


Luna sorriu para ele e lhe deu um beijo na testa.

— Ah, meu amor! Então pode comer mais, porque até eu


quero. Pega alguns pra mim, tá bom?

— Tá bom!
Adriel cresceu aprendendo a chamar Luna de mãe e eu nunca
iria me esquecer da primeira palavra que ele disse…

Estávamos reunidos todos juntos em volta da mesa, a minha


avó tinha resolvido que não iria embora do Brasil, enquanto não nos
casássemos.

E só pudemos aceitar aquela velhinha intrometida na minha


casa. Com o tempo convenci Luna a ir morar na minha casa e por
um milagre divino ela ensinou a minha avó que o mundo havia
mudado e que ela precisava ser menos ranzinza com certas coisas.

Na casa dos pais de Luna, ela me pediu ajuda para construir


uma ONG que distribuía comida todos os dias para os desabrigados
e claro que atendi o seu desejo de prontidão.

Hoje ela trabalha de casa, com contabilidade remota e já até


tinha me pagado tudo o que eu havia gasto na construção da ONG.

— Mamã…

E foi aí, que todos em volta da mesa de jantar pararam de


comer e olharam para Adriel, que brincava com sua papinha.
Luna que estava ao lado dele ficou em choque, o garotinho se
virou para ela e repetiu.

— Mamã.
E ela começou a chorar descontroladamente.

Depois disso, Adriel nunca mais parou de chamar pela mãe.


Claro que o achei um traidor, mas até eu o entendia, não tinha
como não chamar por aquela mulher. Ela era amável demais,
maravilhosa demais, perfeita demais.

— Você me faz o homem mais feliz do mundo.

Luna me encarou e sorriu para mim.

— E você me faz a mulher mais realizada desse mundo.


Fui para lhe dar um beijo, mas claro que aquela chatonilda
tinha que aparecer em um momento.

— Vocês têm a vida toda pra se beijarem, vem cortar o bolo,


que essa velha precisa de uma dose de açúcar.

— A senhora ainda vai viver muito. — Luna levantou e


abraçou minha avó com um sorriso gigante.

As duas se amavam, mas sempre se cutucavam e eu


gargalhava, pois não me intrometeria no meio de nada que elas
quisessem fazer.

— Eu espero que eu viva mesmo, quero outro neto logo,


espero que você esteja praticando.

Minha avó sorriu para Luna de forma cúmplice e foi ali que eu
soube que minha mulher me escondia algo. Ela me encarou por
cima do ombro e colocou a mão na barriga.
— Quem sabe…

Eu sabia, viria um novo ou uma nova mini Galanoy para


aquela família e daquela vez a Luna não seria uma mãe de mentira
e, sim uma de verdade.
***

Alguns meses depois

O choro era estridente, mas era lindo e único.

A minha menininha tinha nascido.

Depois de algumas horas de trabalho de parto, que eu não me


lembro mais, ela veio ao mundo às 14:35 da tarde em uma sexta-
feira.
Luana Rabello Galanoy, seria a irmã mais nova de Adriel, a
filha caçula de Dante e Luna e a bisneta mais amada de Olívia, que
sempre dizia estar morrendo, mas eu tinha certeza de que aquela
velhinha viveria muito ainda para encher o nosso saco, só que no
fundo eu a amava.

Olhei para o teto do hospital, como se ele fosse o céu e


agradeci aos meus pais por ter tido um bom parto e também pedi
para que eles vissem a neta maravilhosa que agora curtiria esse
mundo.
— Você foi incrível — Dante murmurou, com a voz rouca.

— Com você ao meu lado me apoiando, eu posso tudo.

A enfermeira colocou Luana em meu peito e minha menininha


tinha meus cabelos escuros, mas eu sabia que os olhos eram azuis,
já que o pai e a mãe possuíam aquela genética.

Era tão linda, rosada e com os pulmões potentes.


— Meu amor, a mamãe sempre vai estar aqui por você.

Ao ouvir minha voz, Luana parou de chorar e eu enchi meus


olhos de lágrimas. Ela reconhecia a minha voz, a pessoa que
conversou com ela por nove meses.
Minha pequena brotinho, agora se tornou realmente uma
menininha.

— Quem diria que uma pequena mentirinha poderia se tornar


tamanha felicidade.

— A melhor mentira da minha vida — Dante sussurrou no meu


ouvido.
Ele beijou a testa de Luana e depois a minha.

E assim eu realmente me senti uma pessoa realizada.

Tinha uma família, consegui construir algo meu e eu me


orgulhava daquilo.

Nem sempre uma pessoa quebrada se torna um caco , basta


somente ela encontrar a pessoa certa e por causa de um acidente,
eu encontrei Dante e ele me fez a mulher mais feliz desse mundo.

Uma mãe de verdade…

Uma mulher amada…

Uma nova Luna…

Que acabou vivendo um conto de fadas completamente


complicado, mas que no final, foi tudo exatamente igual:
perfeitamente lindo.

Fim
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