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Copyright © JOYCE QUEIROZ - 2023

Todos os direitos reservados.


Criado no Brasil.
Capa, imagens e Ilustrações por IA : JP Designer Editorial
Diagramação: Joyce Queiroz
Autora: Joyce Queiroz
Redes Sociais: @joycequeiroz.autora
Betagem: Cris Carmone
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e
acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de
quaisquer meios – tangíveis ou intangíveis – sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do Código Penal.
DEDICATÓRIA
Dedico esta história a todas as mulheres que, superando desafios,
demonstram uma incrível força de crença. Elas lutam incansavelmente por
seus sonhos e conseguem encontrar a felicidade, mesmo diante das
adversidades.
NOTA DA AUTORA

Esta história é leve, mas pode conter gatilhos que não percebi em algum momento. Caso se
sinta desconfortável, aconselho que não continue a leitura, pois seu bem-estar é minha
prioridade.
Também é importante destacar que algumas cenas possuem conteúdo sexual, tornando a
história não recomendada para menores de 18 anos. Esta é minha primeira obra, então pode
haver alguns erros de ortografia, gírias e manias de fala.
Além disso, como sou mineira, carrego o feio hábito de cortar palavras e esquecer de
outras. Se notar algo desse tipo, fique à vontade para me chamar no direct e me avisar.
Estudei sobre São Paulo e Rio de Janeiro, mas não aprofundei nas falas e modos de falar de
quem é nativo dessas cidades. A forma “mineirês” de falar é muito forte em mim, então posso ter
extrapolado um pouco.
Desde já, agradeço a compreensão.
SUMÁRIO

SUMÁRIO
PLAYLIST
SINOPSE
PRÓLOGO - Cadu
Capítulo 1 - Ana
Capítulo 2 - Ana
Capítulo 3 - Ana
Capítulo 4 - Cadu
Capítulo 5 - Ana
Capítulo 6 - Cadu
Capítulo 7 – Cadu
Capítulo 8 - Ana
Capítulo 9 - Cadu
Capítulo 10 – Ana
Capítulo 11 - Cadu
Capítulo 12 - Cadu
Capítulo 13 – Cadu
Capítulo 14- Ana
Capítulo 15 - Cadu
Capítulo 16 - Ana
Capítulo 17 - Ana
Capítulo 18 - Cadu
Capítulo 19 – Cadu
Capítulo 20 - Ana
Capítulo 21 - Cadu
Capítulo 22 - Ana
Capítulo 23 - Cadu
Capítulo 24 - Ana
Capítulo 25 - Ana
Capítulo 26 - Cadu
Capítulo 27 - Cadu
Capítulo 28 - Cadu
Capítulo 29 - Ana
Capítulo 30 - Cadu
Capítulo 31 - Ana
EPÍLOGO
Agradecimentos
Sobre a autora
Redes Sociais
PLAYLIST

Deixei uma playlist que tocou meu coração enquanto estava escrevendo e espero que goste,
algumas fazem muito sentido ao momento da cena, então se puder ouça no momento em que
estiver lendo para ter a mesma sensação do casal, divirta-se.
Ouça a Playlit no Spotify
Clicando Aqui!
Ou escaneie o código da playlist.
SINOPSE

FAST BURN - CEO - AGE GAP - PATRÃO E FUNCIONÁRIA - GRAVIDEZ


INESPERADA - HOT
Ana, uma jovem publicitária em busca de reconhecimento profissional, é uma típica NERD
da escola que não se importa com relacionamentos. Seu foco está em aprender cada vez mais
para alcançar seus objetivos e realizar seus sonhos. Após um relacionamento conturbado com o
CEO de uma empresa de TI, Ana decide deixar tudo para trás e recomeçar do zero.
Cadu é o CEO do Grupo Bianchi S/A, um homem que nunca se envolveu em
relacionamentos sérios, preferindo apenas encontros casuais. Ele é um workaholic, totalmente
focado na empresa da família, e evita distrações no caminho.
No entanto, a atração entre eles é irresistível, e os dois acabam se envolvendo
emocionalmente. A felicidade do casal é ameaçada pelo passado mal resolvido de Ana.
Ela pensava que nunca mais seria feliz, que esse não era o seu destino. Ele nunca imaginou
que o destino lhe reservaria uma garota 12 anos mais nova e cheia de vida, que carrega um
passado traumático.
Agora, juntos, eles podem descobrir que nasceram destinados um ao outro. Será que o
amor que sentem será capaz de superar os desafios que a vida e os obstáculos do passado lhes
reservam?
PRÓLOGO - Cadu

Estou em meu escritório, com os olhos fixos na tela do notebook, sem nenhuma atenção no
que realmente deveria fazer.
Será que devo acreditar no que meus olhos viram? No que aquele cara me contou? Ou será
que estou criando uma ilusão de algo que nunca existiu?
Há tempos eu não me via tão perdido, talvez nunca tenha passado por isso, sempre fui
alguém muito certo do que pensava até este momento. Quem diria que o Senhor Carlos Eduardo,
que todos falam ser o grande CEO do grupo Bianchi, estaria, no mínimo, em dúvidas. Jamais.
Muito certeiro em tudo, e não é modéstia, não erro nas minhas decisões profissionais, por
isso cheguei aonde cheguei.
Abdiquei da minha vida pessoal para ser o melhor no que faço.
Passei por um relacionamento conturbado, Helena queria mais, até entendo que pareça ser
uma necessidade para as mulheres criarem relacionamentos sólidos, com afeto, ter um casamento
dos sonhos, construir família e ter filhos. O que não era o meu objetivo naquele momento, então
me sentia frustrado em prendê-la a mim sendo que eu sabia muito bem que não atenderia suas
necessidades, apesar de tudo terminamos amigavelmente.
Durante nosso envolvimento isso acabou nos causando muitos desconfortos,
desentendimentos, confrontos desnecessários, e quando vi que a relação estava começando a se
tornar distante e não estava nos fazendo bem, tivemos uma conversa longa e sadia, decidimos
que seria melhor cada um seguindo sua vida em lados opostos.
Tanto era a vontade dela de constituir família, que hoje já está casada e com filho. Não
perdemos o contato definitivo, Helena é uma pessoa muito boa, e ela sabe que, se precisar de
mim, estarei sempre à disposição para ajudá-la.
Depois disso, não deixei mais ninguém entrar em minha vida, tinha minhas transas
aleatórias, em locais diferentes, nada que criasse vínculos. Estava tudo perfeito assim.
E hoje estou aqui, passando por essa situação. Uma certa mulher me deixou totalmente sem
saber o que fazer.
Aquela que entrou nesta empresa por causa de um contrato, e estaria aqui para um trabalho
temporário, depois acabou ficando e fez mudar tudo dentro de mim.
Ainda não sei o sentimento que tenho por ela, talvez ódio por me passar para trás, não sei
ao certo o que realmente é esse sentimento. Sempre fui cético com essas coisas de sentimentos,
para mim a vida é igual matemática, réguas e medidas, tudo se soma e tem uma resolução, igual
aos meus projetos aqui na empresa. Como dois mais dois são quatro, simples assim.
Sou um engenheiro, e para mim, as coisas fazem sentido quando são medidas, calculadas e
resolvidas em números. Sempre acreditei que a lógica e a razão deveriam guiar todas as minhas
decisões, tanto pessoais quanto profissionais.
No exato momento me pego pensando que talvez esteja sendo muito limitado em minha
abordagem. Um estalo de consciência me faz parar para repensar meus atos. Afinal, a vida é mais
do que uma compreensão da matemática. Há tantas variáveis imprevisíveis e desconhecidas que
não posso simplesmente colocar em uma planilha de Excel.
E com tudo isso, sem saber o que devo fazer, alguém bate à porta. Eu sabia que naquele
momento teria que tomar uma decisão sobre o depois, e sinceramente, pela primeira vez na vida,
eu não sei o que decidir.
— Com licença, Cadu, precisamos conversar sobre o que Ana fez e preciso muito que você
resolva esse problema, pois pode prejudicar o grupo e os sócios não estão gostando nada da
repercussão do que aconteceu – disse Daniel, meu melhor amigo e sócio, adentrando em meu
escritório, agindo apenas como um profissional que deveria ser.
— Cara, eu ainda não sei o que fazer, sinceramente foi uma situação que saiu do meu
controle, eu...
— Imagino, mas neste momento você tem o dever de dar satisfação a mais pessoas que
estão furiosas pelo que ocorreu e sério, eu não queria estar na sua pele, foi uma baita merda.
— Você acredita que ela seria capaz de estragar todo um projeto que trabalhamos afinco
para que fosse perfeito, não só para a matriz, mas para todo o grupo e que seria o melhor de
todos os tempos, mesmo sabendo que esse seria um passo para ela mostrar do que seria capaz?
Como ela poderia estragar seu próprio sonho? – indaguei duvidando até mesmo das minhas
palavras – Ou ela realmente é tudo aquilo que aquele cara falou, que só entra na vida das pessoas
para subir na vida, uma completa interesseira, golpista… ou talvez eu esteja a julgando
precipitadamente. De qualquer forma, eu deveria ter investigado a fundo, me deixei levar por um
rostinho bonito, com um jeitinho doce e meigo, que conquistou a confiança de todos.
— Já te falei minha opinião, cara, eu acho que isso deveria ser mais investigado, mas a
garota não deu nem a chance de se explicar, ela simplesmente saiu sem dar satisfações, isso tudo
é no mínimo estranho.
— Por que será? Ela é tão talentosa, pode ganhar o mundo com sua inteligência, por que
aplicar golpes? – questiono mais para mim mesmo.
— Não é a cara dela.
— Quem vê cara não vê coração, as pessoas têm o dom para a maldade, meu amigo, e não
tenho tempo para esperar as coisas se resolverem, preciso tomar uma atitude. Só não sei qual.
— Você está fodido e não é pouco.
— Seja lá o que for, eu tenho que acalmar os ânimos dos demais sócios, temos um grande
projeto pela frente, ou seja, começar tudo de novo.
— Vamos lá, estou contigo cara, como sempre, você sabe disso.
Estou realmente fodido, de todas as formas, profissional e sentimentalmente. Pois é, achei
que nunca falaria isso, não acreditava em sentimentos.
E agora, vou enfrentar uns leões.
Capítulo 1 - Ana

Há dois anos, eu não fazia ideia de que estaria me formando e como minha vida se
desdobraria dali em diante, se eu seria capaz de enfrentar os desafios e conquistar meus sonhos.
Hoje, finalmente, após decidir abandonar o que eu acreditava que seria para mim, retornei à casa
dos meus pais. Eu tinha um emprego estável, um salário, e acreditava que estaria trilhando meu
caminho para a independência e o sucesso.
No entanto, voltar para a casa dos meus pais não era uma opção ruim, eles sempre me
amaram incondicionalmente. Talvez tenha sido uma forma de me afastar do mundo lá fora,
deixando para trás tudo o que passei, e voltar às minhas raízes. Eu vivi intensamente o que
sempre sonhei, quando deixei minha cidade natal, Extrema, em Minas Gerais, para estudar em
outra cidade, Pouso Alegre, também em Minas Gerais, onde consegui uma bolsa de valor
irrecusável.
Naquele lugar, vivi os melhores momentos da minha vida. Conheci pessoas, me diverti e
me formei em Publicidade. Durante o curso, tivemos várias atividades práticas, incluindo
trabalhos dentro de empresas reais. Essa era uma parte que eu adorava.
Minha empolgação aumentou ao saber que iria trabalhar em uma empresa de Tecnologia
da Informação (T.I.), como parte de um projeto de marketing e publicidade. Eu e mais duas
colegas fomos escolhidas para apresentar uma proposta que a empresa executaria. Este trabalho
era para a nossa conclusão de curso. A faculdade dividiu a turma em grupos e designou três
alunos para cada empresa parceira. Nossa tarefa era criar um projeto do zero, desenvolvendo
uma campanha de marketing completa. A empresa escolheria uma das três propostas para
implementar ao longo de um ano.
O primeiro passo consistiu em compreender a empresa e seus objetivos. Realizei uma
extensa pesquisa sobre o mercado de T.I, os clientes da empresa e seus concorrentes. Conduzi
análises de mercado e identifiquei oportunidades de crescimento para a organização.
Com base nessas informações, elaborei uma estratégia de marketing que abrange a criação
de uma campanha publicitária nas redes sociais, bem como a produção de um vídeo institucional.
Colaborei com uma equipe de designers internos da empresa para conceber o formato visual da
campanha. Além disso, participamos da criação do roteiro e da captura das imagens do vídeo.
Após a fase de produção, submetemos o material a testes junto a um grupo de clientes da
empresa, visando avaliar a eficácia da campanha. Com base nos resultados obtidos, procedemos
a ajustes finais antes do lançamento oficial da estratégia.
Todo o projeto foi desenvolvido ao longo de seis meses. Dentre as três propostas
apresentadas, a empresa optou por implementar a minha, a qual adaptamos para melhor atender a
algumas necessidades específicas da organização.
Eu estava consciente de que havia me dedicado intensamente e oferecido o meu melhor na
apresentação do projeto. Essa responsabilidade foi imensa, porém, o resultado final me trouxe
grande satisfação. As perspectivas de crescimento que essa estratégia de marketing poderia
trazer, tanto para a empresa quanto para o meu currículo, me deixaram empolgada.
Durante esse processo, tive a oportunidade de conhecer Alexandre, o CEO. Não posso
deixar de mencionar que ele era extremamente atraente, e as colegas realmente se
impressionaram com ele. Embora não fosse imune a isso, mantive o foco no meu objetivo
principal, que era o projeto. Eu enxergava nessa oportunidade uma maneira de demonstrar o meu
potencial e, quem sabe, assegurar um lugar nas empresas com as quais a faculdade mantinha
acordos vantajosos para os melhores alunos.
Entretanto, como parece ser uma constante na minha vida, optei pelo caminho mais
desafiador. No período de execução do projeto dentro da empresa de Alexandre, nós criamos um
vínculo de amizade, eu sempre o procurava para tirar minhas dúvidas e ele sempre era amável
em me explicar detalhe, por detalhe, ele era um bom patrão para seus funcionários, gostava de
ele mesmo delegar tarefas e ver o andamento de cada detalhe do que estavam executando; todos
ali o respeitavam e admiravam.
Eu sou destemida e corro atrás do que eu preciso, se eu tenho qualquer questão para
resolver eu vou até a fonte.
Na faculdade começaram a rolar os assuntos de corredor, sobre cada empresa que
estávamos trabalhando na conclusão de curso, algumas garotas falando de affair, dentro das
organizações, algumas querendo atenção de alguém em específico e como eu estava mantendo-
me totalmente concentrada no projeto, não observava nada daquilo. Mas acabava ficando na roda
de amigas para descontrair durante o intervalo.
— Tem gente que me engana, acha mesmo que não observei você nos corredores da
empresa, Ana. — Márcia falou no grupo, me deixando pensativa, porque nem eu estava
entendendo sua insinuação.
— Márcia, não entendi, o que você quer dizer com isso? — indaguei curiosa enquanto
vários pares de olhos focaram em mim.
— Não se finja de boba, Ana. Alexandre está caidinho por você. Acha mesmo que ele se
daria ao trabalho de ficar dando explicações para qualquer uma de nós, sendo que ele só tem
olhos para você.
— Não vejo dessa forma, ele é uma pessoa gentil, prestativa, acho que qualquer um de
vocês que vá até ele para pedir explicações, ele vai atender de bom grado. Eu sou assim mesmo,
de ir atrás e ficar perguntando, inclusive acho que vocês devem fazer o mesmo — acabei
alfinetando, não ia aceitar que elas achassem que eu estava me aproveitando da boa vontade de
Alexandre e investindo nele, eu sei ser profissional, além do mais meu objetivo não tem nada a
ver com relacionamentos.
— Calma, Ana. Não precisa ficar nervosa — Raquel interveio —, o que a Márcia está
falando é porque realmente ele te vê com outros olhos, mesmo que você não perceba.
— Não vi mesmo, não sei se quero algo assim, eu quero terminar logo esse projeto, quero
trabalhar, conquistar minha liberdade, eu não nasci em berço de ouro, tenho que batalhar se
quiser uma vida melhor para mim.
— Já vem você com essa chatice né, Ana. Deixa de ser boba, você não parece feliz, não
está aproveitando a vida. O período da faculdade é a única época em que você deveria se divertir.
Você passa a maior parte do tempo trancada no quarto estudando, mas a vida é curta demais e
não oferece segundas chances.
— Realmente eu não penso igual a vocês, eu sou dedicada e não quero sair do meu foco, só
isso. — Dei de ombros para tentar encerrar o assunto.
— Relaxa, gostamos de pegar no seu pé, mas pode se divertir um pouco que isso não faz
mal a ninguém. — Raquel a mais sensata de todas falou me dando um abraço de lado,
aproveitando para me puxar para dentro da sala de aula.
Os dias foram se passando e por incrível que pareça comecei a observar melhor a postura
de Alexandre, perante a mim e as demais pessoas. Ele era educado sempre com todos, mas
comigo era mais atencioso, podia ser coisa da minha cabeça depois daquela conversa de
corredor, eu estaria imaginando coisas?
Alexandre, é um homem lindo e encantador, o tipo de homem que faz qualquer mulher
suspirar, eu comecei a me afastar dele com medo de me atrapalhar no projeto, eu já tinha
informações o suficiente para terminar.
— Bom dia, Ana. — Alexandre me cumprimentou enquanto eu estava indo em direção à
sala de designers.
— Bom dia, senhor Alexandre — respondi o cumprimento e engoli em seco, torcendo para
que ele continuasse seu caminho.
— Posso te perguntar uma coisa?
— Sim, em que posso te ajudar?
— Venha até minha sala, por favor.
— Claro — respondi com insegurança na voz.
O que estava acontecendo comigo? Eu não sou uma mocinha indefesa, não sou retraída e
tímida, oh céus, tomara que isso não me atrapalhe em nada, ergui a cabeça e o acompanhei até
seu escritório.
— Sente-se, por favor. Aceita algo para beber?
— Não, obrigada.
Ao invés de sentar em sua cadeira, ele se apoiou em frente à sua mesa do escritório e isso
estava me deixando incomodada.
— Então, Ana. Sei que está aqui apenas para o projeto de conclusão do seu curso, sei da
sua importância, mas neste tempo eu tenho me afeiçoado a você. Quero muito te chamar para
sair, poder te conhecer melhor, fora daqui. Já observei como você é focada no trabalho e não
quero te atrapalhar, mas realmente eu gostaria que você me desse uma chance.
— Nossa, eu realmente não esperava isso, Alexandre. - Falei desconfortável.
— Não precisa me responder agora, mas quero que pense nesse pedido, podemos sair para
jantar, conversar como amigos.
— Alexandre, fico lisonjeada pelo convite, mas quero que entenda que eu não quero
misturar as coisas, não quero que pense algo diferente de mim, quero ser sincera com você ao
máximo, estou aqui para aprender e a trabalhar, eu tenho meus objetivos, não sou uma criança
que ainda pode ser sustentada pelos pais, eu não estou para brincadeira. Você é o CEO desta
empresa, as pessoas vão comentar que estou aproveitando para que você me dê vantagens e,
sinceramente, mesmo que as pessoas não tenham nada com isso, eu não quero ser tachada como
oportunista.
— Simples e direta, gostei disso, realmente se fosse outra pessoa poderia aproveitar dessa
oportunidade, mas vejo que você não é dessas. O que acha de apenas um jantar sem
compromisso? Seu projeto já está nos finalmentes, a formatura é daqui a pouco e ninguém vai
poder falar ou intervir no que você vai fazer daí em diante.
— Pode ser, mas deixa isso tudo passar pelo menos. Ainda tenho muito o que fazer, a
formatura para me preparar, e não quero mesmo que nada atrapalhe meus objetivos.
— Tudo bem, que assim seja. Só, por favor, não fuja de mim, observei que de uns dias
para cá, você tem se esquivado, não vem me perguntar mais nada, independente do que for, estou
aqui para lhe atender.
— Não se preocupe, não estou fugindo, é muita responsabilidade mesmo.
— OK, garota. Está dispensada, pense com carinho no meu convite.
— Com certeza, até mais. — Saí de sua sala pensativa, não queria que nada me
atrapalhasse, mas também não sou de ferro, poxa, ele era muito interessante.
Mais algumas semanas e Alexandre não se afastou, estava sempre presente, começou a
trazer pequenos mimos, não apenas para mim, mas para quem estivesse comigo, eram bombons,
café da manhã com a turma e alguns agrados na minha estação de trabalho.
Eu havia desabafado sobre as investidas de Alexandre com Raquel e com Valentina,
minha colega de apartamento.
Mesmo as duas sendo opostas em tudo, o conselho de Valentina era de me divertir sem
me apegar, já o conselho de Raquel era de me dar uma chance, quase a mesma coisa.
Apenas aceitei o convite de Alexandre após a conclusão do projeto, uma vez que ele
realmente demandou muito tempo e energia, me deixando completamente exaurida. Os trâmites
da formatura já estavam a todo vapor e acabei escutando os conselhos das minhas amigas.
Alexandre era alto e musculoso, cabelos negros com um corte mais elegante, olhos
castanhos claros que lembravam a cor do mel. Vestia-se sempre de forma elegante, possuía um
charme cativante e podia ser considerado um verdadeiro cavalheiro.
Nós saímos algumas vezes, jantamos e tivemos algumas noites de sexo sem compromisso,
a dinâmica entre nós era boa, sem rótulos, cada experiência ao seu lado era agradável.
Tudo estava seguindo muito bem, e eu nem me importava com a ideia de ser apenas uma
noite casual com alguém interessante.
Entretanto, o que começou como algo ocasional foi se tornando uma rotina. Nossos
encontros e saídas, embora fossem apenas com ele, pareciam ser cada vez mais frequentes. O
fato de ele ser rico e ter posses não me incomodava; eu simplesmente queria me divertir depois
de ter enfrentado tanta pressão durante a etapa final do curso.
Com pouco mais de dois meses restantes até a graduação, eu estava apenas finalizando
alguns detalhes para a formatura. Dali em diante, meu objetivo seria buscar oportunidades de
trabalho na minha área.
Como o projeto na empresa havia sido concluído, eu não me preocupava com os
comentários que surgiriam por estar saindo com o CEO. Não tinha interesse em utilizar esse
relacionamento para obter oportunidades dentro da empresa. Meu verdadeiro desejo era montar
minha própria agência, já que organização era uma habilidade forte minha. Continuamos a nos
encontrar, e à medida que minhas obrigações acadêmicas diminuíram, passamos a nos envolver
mais.
Ele chegou a me oferecer uma posição na empresa, mas eu não queria ser apenas uma
funcionária tratada como uma "ficante", não quando sabia a profissional que era. Decidi, então,
fazer entrevistas em outras empresas e logo encontrei uma boa oportunidade. Além do salário
atrativo, a equipe era colaborativa, o que me agradava bastante. No entanto, conforme tudo
progredia bem, minha vida começou a tomar um rumo estranho.
A vantagem da área de publicidade é sua versatilidade; assim, poderia atuar em diversos
setores. Naquele momento, estava em uma empresa de logística, onde aprender cada processo era
essencial para desenvolver estratégias eficazes.
Algum tempo depois, Alexandre sugeriu morarmos juntos. No início, hesitei, mas as
circunstâncias levaram a que passássemos cada vez mais tempo juntos. Gradualmente, eu me
encontrava mais com ele do que com minha amiga Valentina.
Minha relação com Valentina foi ótima. Compartilhamos despesas e confidências. Ela
sempre questionava minhas escolhas.
— Amiga. Tem certeza do que está fazendo? — ela perguntava.
— Não estou entrando de cabeça nessa, amiga, tô deixando levar, tá bom pra mim, tá bom
pra ele, vou levando, ele é muito agradável eu me sinto bem com ele.
— Não é isso. Você sabe que sou uma eterna romântica, mas vocês são de mundos
diferentes. Homens ricos podem ser obsessivos com mulheres jovens, bonitas e talentosas como
você.
— Eu te entendo, prometo que vou me cuidar, e se não der certo eu corro pro teu colo,
pode ser? – digo em tom de brincadeira.
— Até parece! Não aceito devoluções. – Dá uma piscadela e gargalha com a brincadeira. –
Você sabe que sempre terá um lugar aqui. Só não leva tudo, vai aos poucos e se precisar volte
pra cá. Mesmo que seja só para curtir uma amiga que está ficando solitária neste momento. – Faz
beicinho fingindo choro.
— Ahhhh, sabia que era carência, eu sabia. – Gargalhamos juntas, era muito bom poder
contar com ela. Tínhamos uma conexão leve e de confiança.
Meu relacionamento com Alexandre foi bom durante seis meses. No entanto, quando o
trabalho tomava mais tempo, surgiam discussões. Acreditava que o amava, visto que ele era
cavalheiro, atencioso e amoroso. Mas ele começou a me vigiar, negligenciando suas atividades
na empresa para me controlar. Não podia falar com ninguém, atender ligações, sair com
Valentina, nem ter tempo para mim. Tudo deveria ser exclusivamente para ele. Bem que minha
amiga me advertiu. - pensei frustrada.
Tentei encerrar a relação em vários momentos, e, às vezes, ia para a casa de Valentina, pois
ficava mais perto do que a de meus pais. Foram quase dois anos de relacionamento abusivo, que
eu não reconhecia. Ele escolhia minhas roupas, meu comportamento, controlava meus horários e
até minha localização.
Em eventos empresariais era pior, pois sempre haviam muitos homens e ele falava que
eram todos velhos babões de meninas jovens.
Nós tivemos inúmeras discussões e logo ele vinha pedindo desculpas, prometendo mudar,
dizendo que reconhecia seus problemas de insegurança e blá blá blá, sempre as mesmas palavras.
Eu muitas vezes cedia ao desejo. Parecia que, nessa relação, ele era a mulher que corria atrás,
enquanto eu era o homem que aceitava por conta das transas gostosas que tínhamos. Eu não sou
de ferro. Era conveniente estar com alguém sem a preocupação de recomeçar tudo em um novo
relacionamento, compartilhar histórias e conhecer a vida de outra pessoa. Minha paixão estava
mais em entender grandes empreendimentos e trabalhar em projetos significativos.
Mas o tempo passava e tudo começava de novo e de novo, criando um círculo vicioso. Ele
constantemente alegava que eu estava com ele apenas por sua riqueza, à espera da oportunidade
certa para tirar vantagem e sair. Era degradante ver alguém se deteriorar dessa maneira. Ele me
colocava em um pedestal e, em seguida, se rebaixava, mas ao mesmo tempo me machucava com
palavras que eu não podia acreditar.
Ele nunca me agrediu fisicamente, suas palavras eram cruéis e feriram mais do que um
tapa. Pior ainda, eu não podia nem usar maquiagem ou me arrumar, e isso começou a apagar o
meu brilho.
Então, naquele fatídico dia, Alexandre fez um escândalo na porta da empresa em que eu
trabalhava. Ele proclamou em voz alta para que todos ouvissem que eu estava tendo um caso
com o dono da empresa para obter vantagens pessoais. Fiquei completamente envergonhada,
pois ele, de alguma forma que desconheço, havia entrado em contato com a esposa do dono e a
avisado que nos pegaria no flagra na saída do expediente.
Para piorar, ele chegou bem na hora em que eu estava chegando na empresa e saindo do
carro do dono.
Eu havia participado de uma reunião com um cliente, acompanhada por senhor Cláudio, já
que esse cliente era o mais "valioso" da nossa lista e o dono sempre fazia questão de atendê-lo
pessoalmente. Como meu colega de trabalho não pôde comparecer devido à filha estar doente e
ele ter que cuidar dela, fui em seu lugar para a reunião, chegando exatamente no momento em
que o tumulto começou.
— Está vendo? Eu te falei que essa mulher estava com seu marido! — Alexandre gritou,
dirigindo-se à esposa do senhor Cláudio, assim que saí do carro, totalmente confusa sobre o que
estava acontecendo.
— Alexandre, o que está acontecendo aqui? — perguntei, incrédula, tentando sussurrar
para que ele entendesse e abaixasse o tom de voz.
— Eu te avisei que não deixaria assim, Ana. Você só tem olhos para os donos das
empresas, não é? Homens ricos e poderosos, foi assim comigo e agora com ele — Alexandre
falou com um ódio intenso.
— Alexandre, pare com isso, vou perder meu emprego assim, eu não estava fazendo nada
de err... — ele me interrompeu.
— Ana, você é uma mulher sem escrúpulos, finge ser inocente, mas deve ter se envolvido
com vários caras aqui para subir na vida. Você é uma farsa.
— Ana, entre, não vale a pena discutir aqui. — o senhor Cláudio me chamou e pediu à sua
secretária que chamasse sua esposa para entrar. Ele disse que resolveria a situação.
— Senhor Cláudio, me desculpe, eu não sabia que ele faria is... — ele me interrompeu.
— Shhhii, vamos pensar depois, entre, as pessoas estão começando a se aglomerar.
— Está vendo? Ele já está te protegendo. Quanto está pagando, seu velho de merda?
Naquele instante, os seguranças do senhor Cláudio seguraram Alexandre pelos braços,
impedindo-o de nos seguir. O burburinho entre os funcionários se intensificou e, mesmo com
minha mente girando, consegui ouvir muitas palavras maldosas.
— Viu só? Eu disse que ela não valia nada.
— Olha só, ela não parece mais tão confiante, agora está toda acuada.
— Nem sabia que ela tinha um relacionamento com um homem rico.
E os comentários só pioraram a partir daí.
A esposa do meu chefe foi muito compreensiva, entendendo meu lado. Ela era uma mulher
sábia, eles não eram um casal jovem, mas tinham um amor sólido e uma família forte, baseados
em confiança e carinho.
— Eu não sei o que fazer — eu disse, quase inaudível, sussurrando.
— Querida, não se preocupe. Você tem para onde ir? Vocês são casados? Moram juntos?
— Dona Carmen fez várias perguntas, e eu mal conseguia assimilar tudo.
— Não tenho certeza do que temos, ou tínhamos, sei lá...
— Tudo bem, querida, pode falar o que quiser. Vamos esperar o tempo que for necessário.
Eu contei a ela nossa história breve. Não houve pedido de namoro, era um relacionamento
de conveniência para ambas as partes. Eu estava confortável, ele também parecia. Nunca houve
palavras de amor, havia companheirismo, atenção e estava tudo bem, enquanto durou.
— Ele já foi agressivo contigo alguma vez? — ela perguntou, preocupada.
— Nunca houve agressão física. Ele é apenas... explosivo às vezes. Não sei se quero mais
isso para mim. Sempre deixei claro que quero conquistar meu futuro, não subir à custa de
alguém. Entrei na empresa através de seleção, baseando-me apenas em meus esforços. Eu
poderia ter pego um cargo na empresa de Alexandre, só que meu objetivo era conquistar meus
sonhos pelos meus próprios esforços.
— Ele não tem o direito de te tirar isso — ela começou a me aconselhar.
— Eu sei, não quero desistir dos meus sonhos. — As lágrimas já escorriam, eu não queria,
mas não conseguia evitar. Aquela situação tinha sido muito humilhante.
Por um tempo, ainda podíamos ouvir seus gritos do lado de fora.
— Dona Carmen, muito obrigada por acreditar em mim, desculpe pelo inconveniente. Eu
não sei onde enfiar minha cara de tanta vergonha.
— Não se preocupe, querida. Eu confio no meu marido, ele nunca me deu motivos. Nossa
relação é baseada na verdade. — Eu amei ouvir a forma amorosa com que ela falava e os olhares
que trocava com o senhor Cláudio, que estava do outro lado, conversando com os seguranças.
Tive que permanecer dentro da empresa até ter certeza de que Alexandre tinha ido embora.
Algum tempo depois, meu telefone tocou. Era Valentina, ansiosa e aflita ao telefone.
— Amiga, o que está acontecendo? — ela perguntou assim que atendi, sem nem me dar
chance de dizer "alô".
— Ai, não sei como explicar direito... — ela me interrompeu.
— Não venha para cá, por favor, e também não vá para a casa do Alexandre. Ele está
fora de controle, fazendo um escândalo na porta. Ele disse que não vai sair daqui até você
chegar, porque sabe que é para cá que você virá. Pelo amor de Deus, me conta o que está
acontecendo. — Ela estava agitada, apreensiva com minha situação.
Desabafei tudo para ela, sem forças, sem saber exatamente para onde ir, temendo o que ele
seria capaz de fazer. Num impulso, decidi que precisava sair dali, desaparecer sem deixar pistas.
Apesar de não ter nenhuma culpa, eu já não suportava a ideia de permanecer lá. Pedi
desculpas ao meu chefe e entreguei meu pedido de demissão. Não aguentaria mais enfrentar os
olhares e comentários ofensivos de pessoas que desconheciam o que eu havia vivido com
Alexandre.
Deixei para trás minhas coisas que estavam na casa de Alexandre e também as que
Valentina guardava como reserva. Mais tarde, pediria para ela me enviar esses pertences.
Naquele momento, achava melhor não revelar a ela o meu paradeiro. Felizmente, nem Valentina
sabia o endereço dos meus pais, então não seria tão difícil desaparecer por um tempo com o
pouco dinheiro que possuía.
Na prática, me tornei uma espécie de fugitiva, refugiando-me na casa deles. Troquei meu
número de telefone, não deixei que passassem contato e informações minhas a ninguém e decidi
viver em anonimato por um bom tempo.
Quanto a Alexandre, sim, ele me procurou várias vezes. Não faço ideia de como ele
descobriu meu paradeiro, embora possa imaginar, já que a empresa que ele comanda é de T.I e,
provavelmente, não faltam habilidades de investigação entre os especialistas em tecnologia.
No entanto, eu evitava sair de casa e nem aparecia à porta para nada. Consegui viver
reclusa, praticamente sem deixar rastros.
Capítulo 2 - Ana

Meses depois...
— Filha, posso entrar? – minha mãe perguntou, já entrando em meu quarto.
— Precisamos conversar – ela pausa, pensa no que vai dizer e depois continua — já faz
tempo que você está em casa, não sai para nada, está depressiva. Você precisa viver, minha filha.
– Minha mãe sempre tenta me animar um pouco.
— Eu sei, mãe, só não sei ainda o que vou conseguir fazer. Já se passou muito tempo, mas
não sei mesmo para onde ir, que rumo tomar – falei cabisbaixa.
— Eu te entendo, filha, você é jovem e aquele lá nem veio mais te procurar. Sabe que por
mim ficaria aqui para sempre, só não posso deixar que pare de viver. Não pode perder seu
brilho. – Dona Eloisa estava sempre tentando me incentivar. Já era a segunda vez que ela tocava
nesse assunto esta semana, talvez porque meu aniversário estivesse chegando e eu realmente
precisasse de um empurrãozinho.
— Vou tentar, eu juro.
— Quero que faça, não apenas tente. Está bem? - Deu um tapinha no meu joelho em forma
de incentivo.
— Está bem, mãe, vou fazer.
Naquele mesmo dia, resolvi mudar algumas coisas. Primeiro, comecei por uma renovação
em mim. Depois de tanto tempo sem me cuidar, decidi que iria arrumar o cabelo, deixá-lo mais
claro, num castanho iluminado. Achei que ficou bom, renovar a energia começando pelo cabelo,
foi uma boa ideia. Além disso, a atmosfera de um salão de beleza é algo diferenciado.
Também comecei a procurar em diversos sites de emprego. Na minha área, não havia
muitas oportunidades, mas eu precisava começar de algum lugar, não é mesmo?
Encontrei uma vaga de assistente administrativo em uma construtora localizada em outra
cidade, a uma hora e meia de distância de casa. Sabia que seria exaustivo, mas era a
oportunidade que tinha no momento. No dia da entrevista, tudo aconteceu rapidamente, já que
não tinha concorrência aparente. Parecia que a empresa estava desesperada por assistência.
Minha função envolvia a movimentação de documentos dentro da empresa, projetos que eu
não compreendia completamente, mas estava disposta a fazer o meu melhor, mesmo que se
resumisse a transportar papéis, atender telefonemas e substituir a secretária do proprietário.
A ConstruVAS estava em crescimento, embora ainda fosse pequena. A empresa tinha
diversos projetos pela cidade, e pelo que entendi, minha contratação estava ligada à junção da
empresa com um grupo maior, cuja matriz ficava no Rio de Janeiro. A secretária principal iria
para matriz participar de treinamentos na implementação das políticas do grupo aqui.
— Ana, vou precisar contratar alguns serviços dos quais não faço a mínima ideia de como
proceder. – Rita, a secretária-geral da empresa, se aproximou de mim, visivelmente perdida no
meio de tanta papelada.
Apesar de estar acostumada com o trabalho, a união da ConstruVAS ao Grupo Bianchi
trouxe desafios significativos. O grupo tinha boas intenções quanto à fusão das empresas e
padronização dos serviços, mas a implementação estava sendo problemática.
— Se eu puder ajudar de alguma forma, posso pesquisar e auxiliar com isso – falei com
entusiasmo, tentando tranquilizá-la.
— O prazo também é uma questão, nossa empresa era pequena até pouco tempo atrás, e eu
fazia praticamente tudo sozinha. Com o crescimento, tenho dificuldades em acompanhar. Você
tem me ajudado bastante e acredito que ainda vai ajudar mais.
— Estou aqui para isso – respondi com um sorriso sincero.
Rita era solteira, uma típica workaholic, sempre ocupada de um lado para o outro, sempre
contente em assumir responsabilidades. Pelo que entendi, a fusão aconteceu entre a ConstruVAS
e o Grupo Bianchi S/A. As regras agora seriam ditadas pelo grupo maior, já que havia mais
acionistas e um novo modelo de negócios.
No dia da entrevista, ela não teve tempo para examinar detalhadamente meu currículo.
Parecia que eu era um alívio para a sua carga de trabalho. Felizmente, estamos nos dando bem, e
estou conseguindo me adaptar ao trabalho aqui.
O dono da empresa, senhor Valdir, era um homem gentil, mas não tinha muito
conhecimento sobre a burocracia. Ele confiava muito no trabalho de Rita. Consegui saber que ele
começou a trabalhar como pedreiro e construiu o negócio aos poucos. Embora não tenha tido
oportunidade de estudar, proporcionou educação para os filhos. Um deles é advogado, outra é
administradora e o terceiro é contador. Todos participavam da gestão da empresa indiretamente.
Com a fusão, todos se tornaram funcionários definitivos, e a ConstruVAS passará a operar
como uma filial do Grupo Bianchi S/A. Rita e os filhos de Valdir iriam para a matriz por três ou
quatro meses para treinamento, enquanto eu ficaria cuidando das atividades daqui baseada no
que aprendi com ela.
Após um mês de trabalho, decidi alugar um pequeno apartamento próximo ao escritório.
As idas e vindas diárias de transporte público estavam ficando cansativas, e economizaria cerca
de três horas do meu dia.
A empresa começou a contratar mais pessoas, sempre sem experiência, para posições
temporárias e assim, eles contrataram Joana, que também ocupou o cargo de assistente, já que eu
assumiria as responsabilidades de Rita durante sua ausência. Tanto eu quanto Joana estávamos
cientes de que nossas posições poderiam ser temporárias, dependendo das diretrizes que viriam
da matriz.
Em uma de nossas conversas, Rita mencionou que a matriz do grupo estava precisando de
uma agência de publicidade. Ela explicou que, após a fusão, cada empresa contratava serviços
específicos, desde recursos humanos até serviços internos e externos, e sugeriu que seria
benéfico para a padronização da empresa ter um controle direto desses aspectos pela matriz.
Brincou dizendo que até se ofereceria para gerenciar isso.
Foi quando comentei sobre meu diploma e expliquei de forma breve que tinha experiência
em projetos de marketing complexos. É claro que ela ficou cética, o que compreendi
perfeitamente, considerando que todos os meus projetos anteriores estavam na casa de
Alexandre, e eu não pretendia voltar lá para buscá-los.
Propus a ela a ideia de eu apresentar um projeto, com um prazo apertado de quinze dias,
enquanto ela estaria na matriz apresentando a proposta aos sócios do grupo. Caso o projeto fosse
aceito, poderíamos implementá-lo na filial, e eu teria o reconhecimento de meu diploma.
Assim, criei um projeto detalhado, pesquisei a fundo sobre a Bianchi S/A e entrei em
contato com o pessoal de marketing da matriz, especificamente com Felipe. Adaptei e mesclei as
informações do grupo à realidade da ConstruVAS, que ainda era uma construtora pequena, mas
criei diversas possibilidades para que seu marketing ganhasse mais clientes e visibilidade.
Trabalhar neste projeto foi renovador para mim. Pude contar com a ajuda dos filhos do
senhor Valdir, pois eles compreendiam melhor algumas áreas que não eram meu forte, como o
jurídico, financeiro e administrativo. Embora eu tivesse a capacidade criativa, sempre passava
por eles para garantir que o projeto estivesse alinhado com o que era ético e viável.
Após quinze dias, com o projeto pronto e muita expectativa, apresentei-o a Rita, que ficou
impressionada com meu trabalho, embora insegura sobre explicá-lo em detalhes.
Foi então que ela veio com uma nova proposta:
— Ana, podemos conversar? – Ela entrou na sala em que eu estava, acompanhada de
Valter, Alice, Saulo e do senhor Valdir. Naquele momento, percebi que algo importante estava
acontecendo.
— Claro – respondi, com um misto de ansiedade e alívio.
— Fique tranquila, não é nada grave – Rita falou, e eu respirei aliviada.
— Tudo bem, em que posso ajudar?
— Talvez seja melhor você explicar, Rita, já que acompanhou todo o trabalho de Ana. –
senhor Valdir sugeriu.
— Então, Ana, é simples. Como foi você que criou o projeto inteiro, conversamos e
achamos que seria melhor você apresentá-lo à matriz. A proposta é que você nos acompanhe
nessa viagem, que durará cerca de dez dias. Após isso, você volta para dar continuidade às coisas
por aqui e ainda pode trabalhar no projeto, caso seja aprovado, é claro.
Enquanto Rita explicava, senti uma mistura de alegria e emoção indescritível.
— Claro que vou! – respondi sem hesitar. Era uma oportunidade única.
— Então, vamos nos organizar. Durante esse período, Joana ficará aqui para nos manter
atualizados. Como o processo de fusão com o grupo demandará tempo, acreditamos que não
haverá muito a ser feito até voltarmos com as diretrizes alinhadas para iniciar os trabalhos aqui –
Valter, advogado e filho do senhor Valdir, explicou.
— Está ótimo – respondi, ainda incrédula com a reviravolta que minha vida estava
tomando.
Capítulo 3 - Ana

Desde o dia em que recebi a proposta de ir à matriz com o dono da empresa, entramos em
uma corrida contra o tempo para alinhar a apresentação do projeto com o processo de fusão da
empresa ao grupo. Foram dias intensos, muitas noites sem dormir, revisando cada detalhe, queria
que tudo saísse perfeito. Mal conseguia acreditar que minha vida estava se encaminhando
exatamente como sempre desejei e sonhei.
O senhor Valdir me concedeu uma folga de dois dias, unindo-os ao final de semana, para
que eu pudesse resolver algumas questões pessoais. Na segunda-feira, partiríamos para a matriz.
Aproveitei essa pausa para visitar meus pais e contar a eles a novidade. Como sempre, eles
ficaram imensamente felizes por mim. Minha família é realmente incrível.
Na segunda-feira, embarcamos de avião, uma opção mais rápida. O senhor Valdir
providenciou uma van para nos levar até o aeroporto e um carro me buscaria na volta, já que eu
seria a única a retornar para a filial.
A primeira reunião estava agendada para terça-feira e seria uma introdução aos sócios e
outras pessoas envolvidas na fusão da empresa. Embora meu papel fosse exclusivamente
apresentar o projeto de marketing, Rita fez questão de que eu participasse de todas as atividades.
Era notável que ela estava encantada com a matriz e suas muitas possibilidades. Parecia que não
estava com planos de voltar para a filial tão cedo. Ela queria que eu aprendesse a lidar com todos
os aspectos, o que considerava uma excelente oportunidade.
Como eu já havia elaborado todo o projeto, tinha uma noção dos nomes envolvidos e até
tinha pesquisado sobre alguns acionistas e o CEO da empresa. Busquei entender a forma como
ele conduzia os trabalhos, uma vez que esse projeto era de extrema importância para mim.
O CEO do Grupo Bianchi S/A, o senhor Carlos Eduardo, era um homem de 37 anos,
formado em engenharia, com vários diplomas de especialização na área. Aos 28 anos, tornou-se
sócio majoritário e CEO da Construtora Bianchi, empresa que herdou de seu pai, transformando-
a no grupo Bianchi S/A.
Ele era conhecido por sua assertividade em suas decisões. Esse fato só aumentava minha
apreensão em relação a ele. Encontrei poucas fotos dele na internet, geralmente em eventos
importantes da empresa. Não possuía redes sociais e as poucas matérias disponíveis eram
focadas estritamente em seu trabalho. Parecia ser uma figura admirada, constantemente elogiada
por sua ética e justiça. Nada indicava um lado pessoal ou traços de arrogância, o que me deixou
mais tranquila.
Chegou terça-feira e nos dirigimos à empresa para as apresentações. Tive meu primeiro
encontro com o CEO, Sr. Carlos Eduardo, e com o Sr. Daniel, o segundo sócio da empresa.
Observei os olhares de Rita para Daniel, que parecia estar alheio a tudo, enquanto ela estava
nitidamente interessada. Tive que cutucá-la algumas vezes para tirá-la do transe. Foi hilário.
A reunião se estendeu bastante, mas consegui anotar todos os pontos relevantes. Fiquei
atenta a cada detalhe, pois sabia que essa oportunidade era crucial. Caso meu projeto não fosse
aceito, eu continuaria na empresa como assistente ou talvez assumisse o cargo de Rita,
considerando o interesse dela na matriz e o respeito que o Sr. Valdir tinha por ela.
Seguimos o cronograma, e finalmente chegou o dia da minha apresentação. Mal consegui
dormir direito na noite anterior. Vesti um terninho sóbrio, nada extravagante, para transmitir uma
imagem mais executiva e diminuir meu nervosismo. No entanto, o traje não fez diferença
alguma. Minha ansiedade estava à flor da pele, e eu parecia um vulcão prestes a explodir dentro
daquele conjunto.
Adentrei à sala de multimídia da empresa e me posicionei à frente, esperando que todos
chegassem. Sempre pensei que os famosos cinco minutos antes de entrar em uma sala para uma
apresentação seriam tranquilizadores, mas estava completamente enganada. Os quinze minutos
de espera pareceram uma eternidade.
— Bom dia, Ana. – A primeira pessoa a entrar na sala foi o CEO, Sr. Carlos Eduardo.
— Bom dia – respondi, evitando olhar diretamente para ele.
À medida que os outros participantes chegavam e ocupavam seus lugares, Rita veio até
mim e me ajudou com os últimos ajustes. Era uma reunião envolvendo apenas membros da
ConstruVas e os representantes do Grupo Bianchi S/A.
Durante minha apresentação, expliquei detalhadamente o projeto de marketing que havia
elaborado. Utilizei planilhas e exemplos concretos para respaldar a evolução da estratégia
proposta, abrangendo desde o planejamento até a execução. Cada aspecto foi cuidadosamente
pensado, considerando os objetivos específicos da empresa.
Ao longo da apresentação, pude perceber o entusiasmo dos executivos presentes e a
confiança em meu trabalho. Foi gratificante ver que todo o esforço dedicado à elaboração do
projeto estava sendo reconhecido e valorizado. O projeto havia gerado um impacto real e
positivo na empresa, e isso me encheu de satisfação.
Ao final da apresentação, os representantes do Grupo Bianchi S/A estavam impressionados
e concordaram em seguir a estratégia proposta. Era uma sensação incrível perceber que meu
trabalho havia causado um impacto concreto e positivo na empresa. Contribuir para o sucesso de
um projeto tão importante era uma realização que me deixava sem palavras.
— Ana, você poderia permanecer aqui por alguns dias para dar continuidade ao trabalho?
Gostaria de entender melhor os detalhes, me familiarizar mais com o projeto e talvez propor
algumas sugestões ou ajustes. Está realmente excelente, mas é importante alinhá-lo com nossas
políticas internas – o CEO, Sr. Carlos Eduardo, falou prontamente.
— Não vejo nenhum problema nisso. Precisaria apenas da autorização do Sr. Valdir, já que
ainda estamos em meio ao processo de fusão com o Grupo. Não quero causar problemas.
— Não haverá problema algum da nossa parte. Fique o tempo necessário; será igualmente
proveitoso para ambas as partes – o Sr. Valdir respondeu, com sua característica simplicidade.
— Está ótimo. Vamos acertar os detalhes finais. Acredito que não tenhamos mais questões
profundas a tratar. Podemos considerar o acordo firmado e agora é hora de colocar mãos à obra –
Daniel acrescentou de forma casual, parecendo ansioso para encerrar a reunião.
— Esta noite, reservamos uma mesa no Ristorante Antica Roma, um restaurante italiano
próximo daqui. Enviaremos os detalhes em breve para celebrarmos a fusão com o Grupo Bianchi
S/A – O Sr. Carlos Eduardo anunciou.
Saímos das instalações do Grupo Bianchi e seguimos diretamente para as lojas da cidade.
Rita, Alice e eu tínhamos a intenção de escolher novas roupas e aproveitar um tempo a sós, longe
dos chefes.
Eu adorava esses momentos, em que me sentia livre para comprar e fazer o que bem
entendesse na minha vida. Não havia nada que me prendesse. Estava extremamente feliz e
realizada.
— Rita, você acha que não percebi alguns olhares durante a reunião? – Alice perguntou
com um tom divertido.
— Quem, eu? Não sei de nada. Do que vocês estão falando? – responde com um sorriso, e
todas caímos na gargalhada.
Apesar de considerarmos Alice nossa chefe por ser filha do dono e administradora da
empresa, ela era alguém de bom humor, gentil e comunicativa. Parecia estar interessada em fazer
amizades. Por isso a convidamos para se juntar a nós, pois éramos as únicas três mulheres no
meio de tantos homens. Toda a experiência foi muito divertida.
Durante o passeio, tivemos um momento de descontração entre nós. Aproveitamos para
nos conhecer melhor e aliviar a tensão dos últimos dias.
— Ana, me explica uma coisa, por favor. Notei que durante esses dias, e especialmente
durante a apresentação, que você fala olhando para um ponto específico e muda seu foco às
vezes, sem fixar o olhar em alguém. Eu percebi que, na maioria das vezes, quando focava em
alguém, esse alguém era eu ou a Rita. – Alice fez esse comentário com sua habitual observação
atenta.
— É uma técnica de apresentação – respondi, mentindo em certo sentido.
Desde o ocorrido com Alexandre, nunca mais tive coragem de olhar nos olhos de outro
homem de maneira que me tornasse um alvo. Durante minhas apresentações na faculdade,
sempre olhava para a testa da pessoa à minha frente. Olhar nos olhos me deixava insegura quanto
ao que a pessoa poderia estar pensando. A única vez em que olhei nos olhos de alguém, foi com
Alexandre, e sei como isso terminou.
Essa era uma das coisas que ele afirmava: que eu sabia cativar qualquer homem para
conseguir o que quisesse. Para evitar complicações adicionais em minha vida, escolhia um ponto
no vazio, onde as pessoas não percebessem que eu não estava olhando diretamente para elas. Se
houvesse homens na plateia, eu focava em suas testas, e se fossem mulheres, eu as olhava nos
olhos, já que as mulheres costumam ser mais atentas a esse detalhe. Não dá para fingir com elas.
— Tudo bem, Ana. Parabéns, porque no meu lugar teria saído correndo. Eu gosto do que
faço, desde que envolva estar atrás de um computador e lidando com planilhas, mesmo em outras
situações – Alice disse, com um toque de brincadeira, nos fazendo rir.
— Então, chega de dissecar esse assunto e vamos às compras, porque não posso perder
tempo – Rita declarou animadamente.
— Sabia que tanta empolgação tinha um motivo, dona Rita? – comentei, semicerrando os
olhos para ela.
— Ah, não sei de nada. Só quero estar incrível para a noite. – Rita tentou se esquivar, e
rimos muito com sua empolgação.
Entramos em uma loja sofisticada e paramos para examinar vestidos. Já fazia muito tempo
que eu não me sentia confortável usando um.
Deixei as meninas escolherem primeiro, para entender melhor o estilo das roupas que
escolheriam, antes de optar pela minha. Eu disse apenas que gostaria de ver as escolhas delas
primeiro.
Rita selecionou um vestido tubinho preto com alças finas e decote em V e babado na barra.
Tudo combinado com um salto agulha. Alice escolheu um vestido verde-água delicado e
elegante. Detalhes de renda nos ombros, ajustado ao corpo e possuía um babado de renda na saia.
Quando chegou a minha vez, fiquei indecisa. Havia muito tempo desde que me vi usando
vestidos para chamar a atenção dos homens. Estava quase traumatizada, e só conseguia pensar
em trabalho. Desde a época da faculdade, eu não tinha saído para me divertir, e nas poucas vezes
que saí com Alexandre, era ele quem escolhia minhas roupas.
— Por favor, Ana, pelo amor de Deus. Você parece uma senhora com esses trajes. Me
ajude, vai? – Alice brincou.
— Ana, acorda para a vida. Não estamos indo a um jantar de trabalho. Mesmo que seja
relacionado, não é como se estivéssemos indo trabalhar, certo? – Rita mostrou certa irritação.
As lágrimas começaram a fluir, deixando-as preocupadas. Naquele momento, eu não tinha
vontade alguma de ir ao jantar. Só queria voltar para o hotel e deixar tudo passar.
— Ei, calma. Aconteceu alguma coisa? – Rita se aproximou, preocupada.
— Ana, está tudo bem. Só estávamos brincando. – Alice tocou meu ombro
carinhosamente.
— Desculpem, meninas. Não quero estragar a noite de vocês. É que... – suspirei
profundamente – … é muito difícil para mim. Não estou acostumada com tudo isso. Foram
muitas coisas que aconteceram, e eu nem sei explicar o que sinto agora.
— Está tudo bem. No seu tempo, não vou deixar você sozinha nisso, ok? – Rita falou com
muito carinho ao meu lado.
— Ei, eu também estou aqui. Não me excluam disso, tá? – Alice disse de forma
descontraída. – Eu sou filha do dono, mas não quero ser vista apenas como a chefe. Quero ser
amiga também. – Ela fez um beicinho que nos fez rir.
— Então, vamos dar a volta por cima, porque hoje é nossa noite. Você vai ficar incrível.
Não que já não seja, só que hoje será ainda mais. – Rita olhou para mim com um sorriso
reconfortante, semicerrou os olhos e concluiu: – Hoje, você vai brilhar!
Capítulo 4 - Cadu

Tudo estava fluindo bem nas negociações, nos contratos e nas adaptações para a integração
da mais recente empresa ao grupo Bianchi S/A. Como sempre, tudo seguia em perfeita ordem.
Como parte do processo de nos aproximarmos dos novos membros, sempre organizamos
um jantar no melhor restaurante italiano da região. Particularmente, eu gosto muito deste local.
Os proprietários já sabem como preferimos nossas recepções e reservavam um espaço para a
equipe de implantação. Eles oferecem os melhores cardápios e uma equipe bem treinada para nos
receber.
Normalmente, optamos por quintas-feiras para esses eventos, por esse dia ser mais
tranquilo. Afinal, esse restaurante é muito disputado.
Conhecer a ConstruVAS foi um processo interessante. Era uma empresa pequena,
gerenciada pelo Sr. Valdir, um homem simpático de origens modestas. Ele havia construído o
empreendimento com esforço próprio, contando com a colaboração de sua família. Empresas
como ela, eram as que buscávamos em nosso projeto, com os princípios que vinham da tradição
de minha família que foi sendo passada de geração em geração, como meu pai me ensinou e
aprendeu com o pai dele.
A busca por essa empresa em particular partiu de mim e do Daniel. Entretanto, foi o filho
do Sr. Valdir, o Valter, que mostrou um interesse significativo. Ele era advogado e tinha o desejo
de elevar o negócio do pai a um novo patamar. Mesmo não entendendo muito de engenharia, ele
valorizava enormemente o trabalho do pai e as contribuições dele para a empresa.
Nós valorizamos muito mais do que apenas o dinheiro, prezamos também pela conexão
entre as famílias.
— Ei, Cadu, chega de trabalho por hoje, né? Vamos tomar algo e nos divertir um pouco.
Daniel entrou na sala me chamando para sairmos.
— Claro, mesmo que o jantar não seja formal, nossos convidados costumam hesitar em
relaxar. Mas nós vamos ficar apenas por um tempo, depois eles podem ficar o quanto quiserem.
— Ah, para. Hoje eu pretendo esticar um pouco mais. A noite está ótima, a companhia é
agradável... — o interrompi com uma risada.
— Já entendi tudo. Eu estava observando. Achei que fosse coisa da minha cabeça. Você
está falando sério? — perguntei, sabendo exatamente do que se tratava.
— Não faço ideia do que você está falando. Sempre estendo a noite, você sabe disso. Aliás,
você deveria fazer o mesmo, senão vai enferrujar aí. — Ele apontou para meu pau.
— Claro que sabe do que estou falando. Acha que não percebi você flertando com a
secretária do Sr. Valdir? O nome dela é Rita, certo? Achei que já tinha desencanado dessa, cara.
— Talvez… — o interrompi mais uma vez.
— Viu, seu puto? A cara nem queima. Eu sei que você sempre prolonga a noite, mas
costuma sair comigo e depois buscar outro lugar para trepar. Só que agora é diferente, você
nunca envolveu alguém do processo.
— Sério, eu não sei do que você está falando.
— Daniel, apenas tome cuidado. Ela agora trabalha na filial de uma das empresas do
Grupo. Não quero nenhum escândalo.
— Eu entendo, cara. Relaxa. Realmente rolou um flerte. Não chegamos a conversar aqui,
mas trocamos números de telefone. Provavelmente, ela vai ficar apenas durante o treinamento.
Não faço ideia do que acontecerá depois disso. E mais uma coisa, pode ser apenas uma noite, e
ela nem queira usufruir desse corpinho solitário mais. — Ri ao ver sua expressão de cachorrinho
pidão.
— Tudo bem, então você não se garante, é isso? — debochei, apontando para o pau dele,
da mesma forma que fez comigo.
— Eu me garanto, mas também não quero ninguém me sufocando. Você sabe que sou um
eterno apaixonado — ele disse, piscando para mim.
— Vamos embora antes que fique tarde demais. Temos muito trabalho amanhã. Não se
esqueça disso. Compromisso em primeiro lugar.
— Sim, chefe — falou com um deboche.
Sim, eu sempre coloco o trabalho em primeiro lugar. Tudo precisa ser calculado
meticulosamente. Não tolero imprevistos, pois isso me causa grande desconforto. Até para
situações inesperadas, já tenho soluções antecipadas. É típico de um workaholic. Saio apenas
para esses jantares com as novas empresas do Grupo, às vezes vou a um barzinho com Daniel,
mas depois ele parte para "caça" e eu volto para casa. Meus fins de semana são dedicados aos
meus pais ou à praia, onde gosto de relaxar. O som das ondas batendo ajudam a refrescar minha
mente e a me proporcionar dias melhores.
O jantar estava marcado para às oito da noite, e nos reunimos no restaurante, que ficava
próximo ao Grupo Bianchi S/A e também próximo ao hotel onde os nossos convidados estavam
hospedados.
Cheguei com Daniel e fomos recebidos calorosamente pelos donos do estabelecimento e
pelos garçons. Logo fomos encaminhados para o espaço reservado para o nosso grupo. Nossos
convidados ainda não haviam chegado, então aproveitamos para conversar de maneira
descontraída, como velhos amigos. Daniel tem uma alma leve e um coração enorme, e é por isso
que o considero meu melhor amigo, meu irmão de coração.
Nossa amizade nasceu na infância, estudamos juntos e construímos uma conexão profunda.
Quando meu pai decidiu passar a administração do Grupo para mim, aceitei com a condição de
que Daniel estivesse ao meu lado. Trabalhamos juntos na empresa e compartilhamos muitas
ideias para aprimorar os negócios. O que antes era uma pequena empresa se transformou em um
imenso Grupo que abrange quase todo o Brasil. Ele traz leveza, enquanto eu sou mais rígido, o
que resulta em um equilíbrio perfeito.
Os convidados começaram a chegar, ainda um pouco tímidos e explorando o ambiente. Foi
naquele momento que meus olhos se encontraram com os de Ana. Ela não se parecia em nada
com a garota tímida e nervosa da apresentação mais cedo. Estava deslumbrante, sexy e meu pau
pulsou na calça instantaneamente, minha mente lembrando das palavras que tinha dito a Daniel
mais cedo. No entanto, meu corpo não possuía memória para tais informações.
Ela usava um vestido longo vinho, com alças finas e uma fenda que subia pela perna
esquerda até a coxa. Seus cabelos estavam soltos em ondas e sua maquiagem impecável.
Simplesmente perfeita.
“Isso deve ser o efeito do álcool. Eu devo estar enlouquecendo, ela é apenas uma garota”
— pensei comigo mesmo.
— Precisa de um babador? – Daniel abaixa o rosto fingindo pegar algo no chão e fala
comigo, para ninguém ouvir, me tirando do transe e trazendo de volta à realidade.
Pigarreei e me levantei para cumprimentar todos os presentes. À medida que todos
tomavam seus lugares, pude ver Daniel fazendo o possível para ficar próximo de Rita, e a família
do Sr. Valdir se acomodou junto. Era uma cena bonita de se ver, pois não sabia que a esposa do
Sr. Valdir também estaria presente.
A noite prosseguiu com conversas animadas e histórias compartilhadas entre todos. Daniel
e Rita trocavam olhares e risadas, deixando claro que havia uma química entre eles. Enquanto
observava a interação dos convidados, percebi que a família da ConstruVAS era unida e cheia de
amor. No entanto, amor não é algo que eu pratique.
Eu acredito no amor de antigamente, aquele das gerações passadas. Hoje em dia, o mundo
é diferente, as relações começam de formas diversas e meu foco não está nisso. Talvez um dia eu
deseje essa conexão, mas, por enquanto, estou bem assim.
Alguns membros do grupo sentaram-se ao lado dos convidados da ConstruVAS. Alan,
nosso advogado, sentou-se ao lado de Alice, nossa contadora, Raquel, ao lado de Valter; e Saulo,
ao lado de Ana, que estava ao meu lado. A proximidade de Ana era muita coisa para lidar, além
da visão privilegiada de seu decote e da fenda em sua perna, que ela tentava esconder, havia o
seu cheiro inebriante. Um aroma leve e afrodisíaco que me deixou atordoado. Ela devia estar
brincando comigo.
Antes de todos começarem o jantar, levantei-me para proferir algumas palavras, buscando
criar um ambiente descontraído para todos. Coincidentemente, os garçons chegaram nesse exato
momento, servindo taças do melhor Prosecco Italiano da casa. Aproveitei a oportunidade para
solicitar que todos se levantassem e brindassem juntos.
— Boas-vindas a todos. É uma grande honra estar aqui hoje para saudar cada um de vocês
em nome da Bianchi S/A. Estamos verdadeiramente contentes em dar as boas-vindas a essa nova
empresa em nosso grupo e temos a expectativa de que essa parceria seja frutífera para ambas as
partes.
Olhei para todos em volta da mesa, observando suas expressões.
— Na Bianchi S/A, nossa missão sempre foi buscar a inovação e a excelência em todas as
nossas empreitadas. Acreditamos que esse entusiasmo que estamos compartilhando com essa
nova empresa nos impulsiona ainda mais em direção a esses objetivos. Juntos, temos o poder de
criar algo ainda mais grandioso do que já alcançamos até o momento. Gostaria de expressar meu
agradecimento a todos os envolvidos nesse processo, especialmente aos novos parceiros da
ConstruVAS, por acreditarem em nossa visão e por se unirem a nós nessa jornada. Nossa
intenção é trabalharmos em conjunto, com integridade, dedicação e comprometimento, para
alcançarmos nossos objetivos de forma colaborativa. Portanto, proponho um brinde a essa nova
parceria e ao futuro promissor que ela reserva para todos nós. Muito obrigado.
Brindamos, erguendo nossas taças ao ar, e continuei com meu discurso.
— Nesta noite, não estamos em ambiente de trabalho. Apesar de ser uma celebração pelo
contrato que firmamos, quero que se sintam à vontade. A noite é de vocês, o jantar e as bebidas
estão por nossa conta. – comuniquei, observando cada um à minha volta.
O decorrer da noite foi excepcional, agradável e repleto de histórias engraçadas sobre o Sr.
Valdir e sua família. Todos estavam se conhecendo, e eu me mantive observador, pois além de
estar ao lado de Ana, estava ao lado de meu amigo. Observava as risadinhas e piadas maliciosas
entre ele e Rita, até mesmo ele colocando a mão no tornozelo dela, repetindo a mesma estratégia
que fez comigo de abaixar o rosto, fingindo pegar algo no chão. Meu amigo é um puto mesmo.
Eu ria sem deixar transparecer minha diversão.
Era isso ou manter o foco na visão do colo exposto de Ana. Ah, Ana, esse aroma estava me
enlouquecendo.
Notei que ela, mesmo trabalhando com publicidade, parecia reservada. Apesar disso,
apresentou de forma notável o projeto de marketing da empresa, sendo minuciosa e segura em
relação ao que discutiu profissionalmente. Imaginava que ela poderia ter se soltado mais, mas
talvez fosse devido ao pouco tempo que estava na empresa, ainda não conhecendo bem o dono e
os colegas de trabalho.
Decidi iniciar uma conversa e, ao mesmo tempo, Saulo fez o mesmo movimento.
— Então, Ana... – dissemos simultaneamente.
Ela levantou a cabeça, parecendo um tanto desconcertada. Observei que, muitas vezes, ela
baixava o olhar e brincava com a fenda do vestido, dobrando e desdobrando o tecido, como se
estivesse incomodada com o ambiente ou a roupa.
— Oi... é... desculpe, não estava prestando atenção. – Ela alternou o olhar entre Saulo e eu.
Retrocedi um pouco para não deixá-la ainda mais constrangida. Saulo fez algumas
perguntas sobre a vida dela, algo que observei de forma discreta.
Ela contou como foi sua trajetória desde a faculdade de forma resumida até chegar na
empresa do pai de Saulo, no entanto ele não continuou muito no assunto. Parecia apenas querer
incluí-la e não a deixar isolada. Depois se levantou para explorar melhor o restaurante.
Todos estavam à vontade, conforme eu tinha sugerido. Sr. Valdir conversou comigo sobre
assuntos mais leves. Até falamos sobre relacionamentos dentro da empresa, já que ele tinha
notado a interação entre Daniel e Rita.
— Sr. Valdir, me preocupo bastante com essas situações, mas entendo que são adultos que
sabem cuidar de si mesmos. Já conversei com meu amigo ali sobre o que penso, e pode ficar
tranquilo que ele não vai ultrapassar limites – assegurei.
— Eu sei, garoto. Tenho um carinho especial pela Rita, é como se fosse minha filha.
Sempre é bom dar conselhos, mesmo que nem sempre resolvam, não é? – brincou.
— Verdade – concordei, rindo.
— Já a menina Ana, não tenho muito contato com ela. Foi contratada recentemente, mas
parece ser uma boa pessoa. Sempre atenta e prestativa. Foi uma boa escolha tê-la contratado.
Além disso, as três, Rita, Alice e Ana, estão desenvolvendo uma boa conexão. Acredito que a
empresa só tem a ganhar com essa junção do grupo. Sei que precisarei contratar mais
funcionários, mas meus filhos vão gerenciar tudo por mim, pois estou ficando velho e já não
tenho energia para criar e inovar como antes. Isso deixo para vocês, que são jovens. – Ele olhou
para os filhos e, em seguida, para as funcionárias na mesa.
— Entendo perfeitamente. Herdei a empresa do meu pai e fiz várias mudanças aqui,
transformando-a no grupo que o Senhor conhece hoje.
— Você está no caminho certo, está de parabéns – elogiou, dando tapinhas em meu ombro.
— E você? Tem namorada, é casado? Tem família? – me perguntou.
— Ainda não encontrei alguém que me aguente – respondi, dando um riso discreto para
não prolongar o assunto, já que as pessoas sempre insistem nessa questão de relacionamento.
— Um dia alguém entrará em seu coração, pode ter certeza disso.
Após conversas animadas, Sr. Valdir agradeceu e se despediu, informando que ele e sua
família caminhariam pela orla da praia, aproveitando o clima agradável e curtindo momentos em
família.
Havia muito tempo que não me sentia tão bem em um jantar. Apesar de sempre
escolhermos empresas familiares para esses eventos, nem sempre a sensação era a mesma. Sr.
Valdir convidou todos à mesa para acompanhá-los, mas cada um recusou à sua maneira.
Meus funcionários foram embora, ficando apenas Daniel, Rita, Ana e eu.
— E aí, cara, eu sei que viemos juntos, mas... – o interrompo.
— Já sei, tem uma companhia melhor. Não se preocupe comigo — digo, coçando a barba.
— Não é bem isso, mas também é. Ou seja, como queremos esticar a noite, quero saber se
pode me fazer um favor. Levar a Ana ao hotel. Rita falou que elas vieram a pé por estar perto,
mas já está tarde e não é muito seguro deixar uma donzela sozinha por aí. — semicerro os olhos
para ele.
— O que está tramando? – pergunto.
— Nada, cara, é que se você não for, eu vou ter que ir com as duas e o clima pode esfriar.
Entende? — Ele me lança um piscar de olhos.
— Não troquei mais do que meia dúzia de palavras com a garota durante o jantar. Agora,
acha que ela vai aceitar que eu a leve?
— Não se preocupe, Rita vai falar com ela. Pelo seu brother aqui. Ajuda aí.
Quebra esse galho?
— Tudo bem, mas vamos curtir mais um pouco aqui. Vamos conversar um pouco mais.
Vou pedir aquele vinho que nós gostamos.
— Por que a enrolação? A garota não vai morder – diz, zombeteiro.
— Vá para o inferno, Daniel. – Caímos na gargalhada.
Enquanto isso, as garotas retornam do banheiro. Riem e conversam animadamente sobre
algo que não consigo captar exatamente.
Elas chegam à nossa mesa e nos acomodamos de frente um para o outro, para termos uma
conversa mais fluida. Ana e eu sentamos lado a lado e de frente para Daniel e Rita.
— Traga-nos aquele vinho da Vinícola Montanari de Campos Dourados[1], por favor, e
quatro taças — peço ao garçom, que anotava o pedido.
Não demorou muito e ele já estava nos servindo o melhor vinho de sua adega. Explicou-
nos sobre os aromas, as notas do vinho e a produção. Amávamos este restaurante, com suas
tradições. Embora o vinho fosse produzido no sul do país, no Rio Grande do Sul, a tradição era
italiana, e o sabor não deixava nada a desejar em relação aos vinhos da Itália.
— Nossa, que vinho incrível. — Ana fecha os olhos, saboreando a bebida, soltando um
gemido de satisfação. — Quer dizer então que você guardou o melhor para o final da festa —
diz, olhando diretamente para mim.
— Tenho um grande apreço por este restaurante e seus vinhos. É raro encontrar negócios
familiares que durem tanto tempo mantendo a mesma essência. Por isso, sempre deixo este vinho
por último. Assim, consigo prolongar o sabor no paladar por mais tempo. É sensacional.
— Nossa, uma verdadeira aula. Não sou tão familiarizada com bebidas, mas o vinho é a
minha preferência — diz, tomando mais um gole de sua taça.
Como eu gostaria de ser essa taça. Mais uma vez, meu pau tenta ganhar vida própria dentro
da calça, e me repreendi mentalmente.
Rita não tira os olhos e as mãos de Daniel. São toques sutis, mas perceptíveis. Ele também
não fica atrás. Mão no joelho, alongamento e mãos nos ombros. Parece que estão ansiosos para
sair daqui.
— Acho que está na hora de eu ir embora — Ana sussurra, observando o casal à nossa
frente.
— Esses dois estão loucos para sair daqui. Aposto que têm receio de te deixar ir sozinha —
comentei, observando suas reações.
— Para mim, tudo bem. Eles podem ir. Sei me cuidar sozinha. Eu... — A interrompo.
— De jeito nenhum, você não vai embora sozinha. Vou te levar ao hotel e seguir o meu
caminho. Amanhã, tenho muito trabalho e não posso me estender por aqui. — digo, tentando
aliviar a tensão.
— Não, não precisa. Está tudo bem. É só a duas quadras daqui. Bem perto — Ana recusa a
oferta.
— Fique tranquila. Eu não vou morder. Além disso, a partir de agora, você será uma
funcionária indireta minha. Não custa nada fazer um favor.
Bem que eu gostaria de mordê-la, especialmente depois de vê-la morder o canto da boca
pensativa. Caramba, por que fui pensar nisso? Só por causa disso, meu pau já apertou outra vez
na calça. Agora vou levar a garota embora com um problema de barraca armada e ela vai pensar
que sou um tarado.
Ela se levanta, chama Rita para conversar e Daniel se aproxima de mim.
— Cara, tudo bem aí? — ele pergunta, desconfiado. Minha expressão deve estar estranha.
— Está tudo bem. Me ofereci para levar a Ana. Acho que ela foi conversar com Rita.
Vocês podem ir. Só tomem cuidado. Não estrague as coisas.
— Claro, chefe. — Ele entra na brincadeira, e rimos juntos por causa disso. Daniel é
divertido, e eu sou a seriedade. Simples assim.
Capítulo 5 - Ana

Deixamos o restaurante juntos, despedindo-nos de Rita e Daniel, que continuaram a


caminhar em outra direção, fingindo estar apenas conversando. Carlos Eduardo e eu seguimos
em direção ao hotel.
— Não precisa me acompanhar, está tudo bem — falei envergonhada por me encontrar
sozinha com ele.
— Sem problemas, podemos ir no meu carro. Não bebi muito, só um pouco de Prosecco no
começo do jantar e uma taça de vinho no final. Não costumo beber durante a semana. Amanhã é
um novo dia e também não misturo bebidas.
— Achava que os CEOs só bebiam uísque — comentei com um toque de deboche.
Ele riu do meu comentário.
— Que tal darmos uma volta pela praia? — perguntou, parecendo um pouco desajeitado.
— Claro, adoro a praia, embora tenha ido poucas vezes.
— Então, eu aprecio vinhos, e muitas pessoas presumem que CEOs só gostam de uísque.
Já me acostumei a ouvir esse tipo de coisa. Mas não me importo. Acredito que há um momento
certo para cada coisa — falou, com o olhar distante, voltado para o mar.
Ainda caminhávamos pela calçada e quando nos aproximamos da areia, olhei para os meus
pés, que estavam com saltos altos.
— Quer tirar as sandálias? Apoie-se em mim, deixe que eu te ajudo — ofereceu-se
gentilmente. E tive um gatilho de uma lembrança do passado, mas no mesmo momento afastei as
memórias.
Caminhamos pela areia, trocando conversas leves.
— Você mencionou que ama a praia, mas não vem muito. Por quê? — ele me questionou.
— Sim, na cidade onde atualmente moro, não tem praia. Também não havia praia perto de
onde morei durante a faculdade. Além disso, eu nunca tinha tempo, era meio que uma NERD,
mesmo nos finais de semana e feriados eu ficava enfiada no quarto estudando — expliquei,
fazendo uma careta divertida, na tentativa de diminuir a vergonha de admitir que fui um tanto
nerd.
— Entendo, eu também não saía muito durante a faculdade, mas amo vir à praia sempre
que posso. O som das ondas batendo me acalmam, colocando minhas ideias em ordem — disse,
com um tom nostálgico.
Ficamos ali parados, observando o mar por um tempo, vendo as pessoas passarem. Então,
um vento gelado soprou, me fazendo encolher e abraçar meu próprio corpo.
— Pega isso. — Carlos Eduardo estendeu seu paletó gentilmente e o colocou sobre meus
ombros. Agradeci com um gesto de cabeça.
Ele estava vestindo uma camisa branca com dois botões abertos, calça preta e sapatos
sociais. O paletó preto, casualmente lançado sobre os ombros, criava uma imagem muito atraente
e sedutora. Era a primeira vez que o observava dessa maneira, já que estava tão ansiosa pela
apresentação que não havia notado nada além de minha meta.
Após entregar o paletó, ele dobrou as mangas da camisa social, o que o deixou ainda mais
cativante. No entanto, para mim, aquilo era mais do que suficiente e era hora de nos
despedirmos.
— Acho melhor irmos. Amanhã você precisa estar na empresa, enquanto eu estarei de
folga — zombei dele.
— É isso mesmo, jogue na minha cara que está de folga e que fará o que quiser —
respondeu com brincadeira.
— Quem mandou dizer que só começamos a trabalhar na segunda-feira. Agora, aguente —
debochei em resposta.
— Se for assim, venha trabalhar comigo amanhã. Revogarei minha decisão anterior —
desafiou-me.
— Nem pensar, promessa é dívida. Já estava contando com essa folga para pegar um
pouco de sol, um bronzeado, dar uma volta.
— Tudo bem, eu me rendo e admito a culpa. Aproveite e venha à praia. Traga Rita e Alice
com você. Parece que vocês têm um bom relacionamento.
— Sim, Rita e eu já temos mais afinidade, pois estamos trabalhando diretamente juntas há
mais tempo. Quanto à Alice, nos aproximamos aqui. Na filial da empresa, ela mal aparecia. Era
uma administração remota; ela só ajudava o pai. Agora, com a fusão da empresa ao grupo, eles
estarão mais presentes. O Sr. Valdir está muito contente com isso. Eles parecem ser uma família
feliz e unida.
— Perfeito. – Ele fez uma pausa, um tanto nostálgico. — Eu amei conhecer essa família. A
empresa deles é exatamente o que sempre buscamos: uma empresa familiar. Nosso grupo tem
crescido nesse modelo. São laços familiares. Aprendi com meu pai e ele com meu avô.
— Então... pesquisei um pouco sobre o grupo Bianchi S/A para desenvolver o projeto, mas
agora me diga, como alguém tão jovem como você se tornou CEO de um grupo tão grande, e
ainda há muito espaço para crescer? — Minha curiosidade estava visível.
— Então, fez uma pesquisa sobre mim? — ele perguntou, divertindo-se.
— Bem... não exatamente sobre você. Não tinha os detalhes do tamanho dos seus sapatos
nas minhas pesquisas — brinquei, e rimos juntos da piada.
— Não era exatamente um grupo. A Bianchi S/A começou como uma empresa de
construção civil, fundada pelo meu avô. Depois, meu pai a assumiu e isso me motivou a estudar
muito para assumir o lugar dele. No entanto, para mim, não era só uma questão de herdar e
continuar. Eu tinha uma visão diferente do que poderia ser.
— Interessante. Mas quando e como você realizou essa transformação? — minha
curiosidade estava estampada no rosto — Desculpe, sou muito curiosa e, quando se trata de
trabalho, acabo me empolgando.
— Estou diante de uma workaholic também, é? — ele sorriu.
— Pode apostar que sim.
— Daniel e eu sempre fomos bons amigos. Estudamos juntos e, na faculdade,
desenvolvemos esse projeto com a intenção de implementá-lo em algum momento. Nem passava
pela minha cabeça que seria na empresa do meu pai. Mas quando saí da faculdade e do mestrado,
meu pai me fez a proposta para assumir. Claro que pedi um tempo para pensar. — Ele fez uma
pausa e continuou com entusiasmo: — Foi então que trouxemos o projeto para a mesa,
apresentamos ao meu pai e ele disse que a bola estava comigo. Ainda estamos em fase de
adaptação, já que nosso projeto não estava totalmente alinhado com a Bianchi S/A, mas nada que
nos tirasse o sono. Foi assim que nasceu o Grupo Bianchi S/A. Encontramos pequenas empresas
em várias partes do país e as treinamos de acordo com nosso modelo. Eles continuam o trabalho,
enquanto oferecemos assessoria. Em cada filial, garantimos suporte presencial para alinhamento.
Por exemplo, é mais eficaz nosso advogado conversar com o filho do Sr. Valdir e esse filho
explicar de maneira simples. É mais compreensível do que nosso advogado explicar diretamente
e o Sr. Valdir se sentir perdido em meio a muita informação.
— Entendi. Sua ideia é realmente inovadora.
— E você? Por que escolheu essa área? — ele perguntou — Vi seu projeto, e é
impressionante o que se pode fazer com um bom marketing. Nunca tinha me aprofundado nisso.
Normalmente, peço para o Felipe providenciar o que preciso, e ele encontra uma agência de
marketing para realizar o trabalho. Aprovo o orçamento e eles seguem em frente.
Desta vez, tomei a iniciativa de explicar:
— O marketing é crucial para qualquer organização. Através dele, planejamos, executamos
e analisamos ações que geram resultados positivos. É preciso ter uma estratégia bem definida,
com objetivos claros e metas alcançáveis. Durante o planejamento, é importante entender o
público-alvo e escolher as melhores ações para atingi-lo. Durante a execução, atenção aos
detalhes é essencial: criar materiais publicitários, escolher canais de divulgação e monitorar os
resultados. E, por fim, a análise de métricas é crucial para identificar o que funcionou e o que
precisa ser melhorado em futuras campanhas. O marketing é uma ferramenta poderosa para
impulsionar o sucesso da empresa e alcançar novos patamares de crescimento.
— Parece que temos uma professora aqui, hein? — ele brincou.
— É apenas uma área que gosto muito. — Sorri timidamente. — Hoje estou aqui, amanhã
posso estar em outra empresa, em outro setor completamente diferente. Meu sonho é montar
minha própria agência, embora ainda não tenha condições. Mas já tenho alguns projetos prontos
para quando chegar a hora.
— Tenho certeza de que você vai conseguir — disse com entusiasmo.
Continuamos a andar e logo percebi que estávamos mais distantes do hotel do que eu
imaginava, nos aproximando mais do restaurante.
— Eu vou te levar de carro, para que não precise voltar a pé com os pés sujos de areia.
Pode ser desconfortável e não quero uma funcionária reclamando logo no primeiro dia de
trabalho — ele disse com um sorriso, brincando comigo.
— Certo, certo, patrão. O senhor que manda. — Pisquei para ele.
Pouco depois, ele parou em uma barraca à beira da praia, comprou água comum e duas
com gás. Ele me entregou uma das águas com gás, tomou a outra e, quando chegamos ao carro,
uma Mercedes-AMG GT Black Series, ele abriu a porta para mim e pediu que me sentasse no
banco, com os pés para fora. Fiquei um tanto confusa, é claro que ele não queria que eu entrasse
no carro com os pés sujos.
Com gentileza, ele levantou um pouco a barra do meu vestido e começou a acariciar meus
pés, derramando água sobre eles. Enviando um arrepio pela minha espinha e despertou um
desejo inesperado em um lugar onde não deveria. Oh, Deus, eu não posso flertar com meu chefe.
De novo, não. Isso só levaria a problemas. Comecei a ofegar enquanto sentimentos conflitantes e
sensações confusas se agitavam dentro do meu peito. Agora não é hora para ter uma crise de
ansiedade, por favor, Deus, agora não. Assim que ele terminou, eu puxei os meus pés de volta o
mais rápido que pude e ajeitei o vestido.
— Ei, tudo bem? Desculpe se ultrapassei algum limite com...
O interrompi:
— Não, está tudo bem. São apenas lembranças... e... deixa pra lá.
— Não era minha intenção assustar você, só queria ajudar a limpar seus pés. Com esse
vestido, você não conseguiria fazer isso sozinha.
— Ei, está tudo bem. Sei que não gostaria que eu sujasse o seu carro — brinquei, fazendo
uma careta engraçada para aliviar o clima. — Vou tomar cuidado com o seu carrão. —
Piscadinha.
— Certo, garota. Vamos embora. Já está tarde e não quero mesmo sujar o carro. — Rimos
juntos.
Logo ele fechou a porta do veículo e se dirigiu ao banco do motorista.
— Quer ouvir alguma música? — Ele perguntou, sua voz um pouco rouca, enquanto
percebi que seu olhar estava focado na fenda do meu vestido. Rapidamente puxei a abertura
enquanto ele colocava o cinto de segurança.
— Eu... — Começamos a falar ao mesmo tempo e rimos.
— Primeiro as damas. — Ele sorriu com gentileza.
— Tudo bem. É que faz tempo que não encontro gentilezas assim. Algumas lembranças
vieram à tona, mas não quero assustá-lo.
— Me desculpe, não era minha intenção ser invasivo. Mas se quiser falar mais, desabafar,
estou aqui para ouvir.
— Há muito tempo, tive um relacionamento complicado. Mas isso já passou.
— Depois disso, não houve outro relacionamento? — ele perguntou, franzindo o cenho.
— Não e nem quero. Gosto de trabalhar, e isso foi o que mais me afetou na época. Gosto
de ter minha liberdade, meu dinheiro, de me sentir bem comigo mesma. Sendo minha melhor
companhia.
— Entendo perfeitamente. Eu também sou um pouco assim. — Ele fez uma careta
engraçada. — Mas vamos deixar a tristeza para trás. A noite foi ótima e não merecemos encerrá-
la assim. Concorda?
— Claro, vamos criar boas memórias.
Ele ligou o carro e som bem baixinho, começamos a conversar sobre a cidade, os melhores
lugares para visitar durante o dia e a noite.
— Sugiro que você vá à praia amanhã durante o dia. Aproveite para visitar o farol; a vista
de lá é incrível. — Ele me indicou o passeio, como se conhecesse o local muito bem.
— Boa ideia, agora você é meu guia turístico — brinquei.
— Estou à sua disposição, madame. — Ele também brincou, e entramos em um momento
descontraído e divertido, até que chegamos à portaria do hotel.
— Chegamos ao seu destino, madame. — Ele sorriu, parando o carro.
— Certo. Muito obrigada pela carona. — Virei para destravar o cinto e sair do carro, mas
naquele instante ele se virou para mim e ficou me observando por um longo tempo, parecendo
uma eternidade. Então, destravou o meu cinto de segurança e tocou suavemente o meu braço,
pedindo minha atenção.
No som tocava Stay With Me de Sam Smith.

Parece que essas noites


Nunca vão de acordo com os planos
Eu não quero que você vá embora
Pode pegar a minha mão?
— Eu não queria que esta noite terminasse. Já faz muito tempo desde que me senti tão
bem, passando uma noite agradável, conversando e me distraindo. Eu sei que seria pedir demais.
Eu poderia, pelo menos... — Ele se aproximou, alisou meus lábios que eu estava mordendo por
ansiedade e talvez um pouco de medo, piscou rapidamente e, com a respiração ofegante,
continuou. — Estou pensando nisso a noite toda — Se aproximou mais, quase tocando nossos
lábios, mantendo nossas testas pressionadas. Ele manteve a mão ali, acariciando minha bochecha
e meus lábios.
Por um momento muito breve, fiquei sem reação. Fechei os olhos, aguardando o toque
dele, e murmurei em um sussurro.
— Não sei se devemos... Você é meu chefe. Mas também quero muito. — Não sabia o que
pensar ou dizer. Deixei-me levar pelos meus desejos.
Foi o suficiente para que ele colasse os lábios nos meus, começando com um selinho leve e
carinhoso em meu rosto. Depois, ele lambeu meus lábios, buscando permissão. Foi um gesto
sutil, delicado e cheio de desejo. Permiti que ele avançasse, deixando sua língua invadir minha
boca. Ah, como foi bom! Havia muito tempo desde que senti um beijo tão delicioso, terno e
cheio de cuidado. Eu nem me lembrava mais de como era beijar um homem, porque me anulei
de todas as maneiras possíveis e, assim, bloqueei até mesmo o pensamento. Isso deve ser culpa
do álcool, me deixando levar assim, logo na primeira noite em que fiquei sozinha com meu
chefe. Meu chefe! Eu me repreendi mentalmente, mas não conseguia parar, e também não queria.
Estúpido, Ana, estúpido…
Ele colocou uma mão em minha cintura, puxando-me para mais perto de seu peito. Estava
ofegante, mas entregue. Eu queria mais, mas não podia permitir que ultrapassasse os limites.
Na posição em que estava no carro, eu mantinha as pernas juntas como uma tentativa de
conter meus desejos mais ardentes. Meu ventre se contraiu em êxtase, e ficou claro para mim o
que meu corpo desejava, mas minha mente consciente me alertava para não prosseguir.
Ele manteve uma mão firme em minha cintura e a outra segurou minha nuca, como se
estivesse determinado a não me deixar escapar. O beijo se aprofundou, e naquele momento, eu só
queria me entregar àquele momento de prazer.
Minha respiração ficava mais rápida, quase perdendo o fôlego, enquanto aos poucos nos
afastamos. Ficamos ofegantes e sorridentes, com nossas testas ainda encostadas. Ele continuou
acariciando meu rosto com o polegar, respirando pausadamente para que nossas respirações
voltassem ao normal.
Capítulo 6 - Cadu

Eu estava lutando para conter a crescente tensão sexual que permeava o ambiente no carro.
Cada movimento dela, cada deslize da fenda do vestido ou onda do seu perfume, me deixava à
beira da insanidade. Mantendo um olhar atento na estrada, estava envolto na nossa conversa,
cativado por ela. Felizmente, o hotel estava próximo, e ela continuava a soltar piadas, aliviando
um pouco a tensão.
Fiquei tentado a me aproximar e beijá-la, mas segurei-me a duras penas. A vontade de
beijá-la era avassaladora, algo pouco comum para mim, que sempre atacava, eu pedi um beijo.
Ela seria minha colaboradora a partir da próxima semana, e eu não podia esquecer isso. Até tinha
cogitado dar-me uma folga amanhã para passarmos mais tempo juntos, então percebi que seria
ousado demais.
Enquanto nossas testas continuavam encostadas e ambos recuperamos o fôlego, ela
quebrou o momento de intensidade.
— Eu preciso ir – ela se afastou ligeiramente, passando a lingua nos lábios –, amanhã você
tem trabalho e... – Parecia um pouco incerta sobre o que dizer, e acabou soltando algo para
aliviar a tensão.
— Tudo bem, eu realmente preciso ir, mas gostaria muito de te reencontrar, para que
possamos conversar com mais calma. O jantar de hoje foi ótimo, mas seria interessante ter mais
tempo para conversas informais... talvez um passeio à noite, amanhã? – Semicerrei os olhos,
observando sua reação.
— Vamos com calma, está bem?! Acabei de chegar na cidade, temos essa relação de
trabalho e não tenho certeza do que está acontecendo entre nós. – Ela gesticulou com as mãos,
indicando nós dois.
— Não estou fazendo um pedido de casamento. – Pisquei de forma divertida, para aliviar o
constrangimento. – É apenas um convite para sairmos juntos, se quiser, podemos convidar a Rita
e o Daniel também – falei num tom mais suave.
— Vou pensar nisso com calma, prometo. – Ela fez um gesto de dedos cruzados.
— Me passa o seu número, assim já o salvo, até mesmo para facilitar nosso trabalho que
está por vir. E não se preocupe, se não gostar da minha companhia amanhã, ambos continuam
vivos. – Rimos da brincadeira.
Com a troca de números, saímos do carro. Eu a ajudei a calçar as sandálias antes de ela se
dirigir ao seu quarto no hotel. No entanto, antes que Ana subisse, não resisti a pressioná-la
suavemente contra a minha Mercedes e beijá-la novamente. Dessa vez, o beijo era mais ardente,
nossos corpos mais próximo. Sem qualquer restrição, deixei claro o desejo que sentia,
evidenciando minha ereção marcada na calça. Não a pressionei, apenas a abracei forte, deixando-
a sentir o efeito que ela estava causando em mim.
Embora a vontade de explorar seu corpo e suas curvas fosse intensa, eu sabia que havia
limites. Separei nossos corpos e a acompanhei até a portaria, deixando-lhe um beijo casto.
— Até amanhã, Ana! Boa noite – despedi-me.
— Ei, ainda não lhe dei uma resposta sobre nos encontrarmos – provocou-me.
— Não preciso de uma resposta, estou confiante – sorri maliciosamente e desci as escadas
em direção ao meu carro, permanecendo ali até ela desaparecer da minha vista.
ANA
Entrei na recepção do hotel, ainda tentando processar tudo o que havia acontecido. Peguei
o cartão de acesso e subi pelo elevador, tocando meus lábios e sentindo o gosto do beijo de
Carlos Eduardo. Me perdi nas lembranças dos poucos instantes atrás; foi incrível. No entanto,
meu senso de responsabilidade alertava constantemente na minha mente: "Ana, não se meta em
confusão". Ao mesmo tempo, eu secretamente desejava ao universo uma segunda chance de ser
feliz, mesmo que fosse apenas para aproveitar um pouco, algo que eu raramente fazia em minha
vida.
Saí do elevador em direção ao meu quarto e, antes mesmo de entrar, meu telefone apitou,
indicando uma mensagem de Carlos Eduardo.
Carlos Eduardo: Olá, madame. Espero que tenha
sonhos agradáveis e que lembre do meu presente. (emoji
de Beijinho)
Eu: Oi, com certeza lembrarei. Tenha
uma ótima noite. Chefe. (emoji com a mão na
boca rindo).
Deixei o celular na cabeceira da cama ao entrar no quarto. Dirigi-me ao banheiro, retirei o
vestido e a maquiagem, fiz minha higiene e então retornei à cama, aguardando o sono finalmente
chegar.

O dia amanheceu e eu nem acreditei que tinha dormido tão tranquilamente. A apresentação
de ontem foi perfeita e meu emprego parecia estar mais garantido, mas havia um porém. Não
podia me envolver com o Carlos Eduardo. Além de sermos patrão e empregada, daqui a pouco
tempo não estarei mais aqui, já que vou retornar à filial da empresa do Senhor Valdir.
Fiquei deitada na cama um pouco, relembrando tudo de ontem. Talvez seja bobagem
minha, talvez ele nem se lembre e eu fui apenas um beijo de despedida naquela noite fria. Se
bem que ele estava bem animadinho nas partes baixas, deu para notar visivelmente,
especialmente quando me encostou em seu carro para um beijo mais quente. "Ana, pare de
pensar, foco, foco", me repreendi em voz alta.
Logo, alguém bateu à porta e me apressei para atender. Rita e Alice entraram animadas,
vestindo roupas de praia, chapéus e óculos escuros.
— Bora que o dia está lindo e temos que aproveitar muito, porque em Bragança não temos
esse marzão todo para nós — Alice falou como se não houvesse amanhã.
— Bom dia para vocês também, a noite foi boa para terem acordado nessa animação, heim.
— zombei.
— Eu posso falar que a noite foi ma-ra-vi-lho-sa — Rita praticamente cantarolou em
nossos ouvidos.
— Mata a gente de inveja, sua cobra, estou com meus pais e vou te falar, o mínimo que
pude fazer foi conversar amenidades com o Advogado do CEO gostosão. Por falar nele, dona
Ana, vimos o carro dele saindo daqui. Pelo visto, demoraram para vir embora — Alice
questionou.
— Ele só me deu uma carona. Depois que essa aí — apontei para Rita — me deixou
praticamente sozinha. Até falei que viria só, mas ele se prontificou em me trazer. Antes,
passeamos na orla da praia e conversamos algumas coisas, e só isso.
— Só isso mesmo? — Rita indaga curiosa.
— Se tiver mais alguma coisa, pode nos contar. Pelo menos me divirto com a alegria
alheia. — Caímos na gargalhada.
— Não se preocupem comigo, já vou me arrumar e depois descemos para o café da manhã
e, em seguida, partiu praia.
As duas deram gritinhos eufóricos, saindo do meu quarto. Assim que me aproximei da
cabeceira da cama, percebi que havia algumas notificações.
Antes mesmo de conferir o conteúdo, eu já sabia de quem era e um sorriso leve surgiu em
meus lábios, que instintivamente me fez levar os dedos para tocá-los.
Carlos Eduardo: Oi madame, já estou no grupo e
não consigo parar de pensar em você, espero que esteja
bem. 7h30
Carlos Eduardo: Oiiiii, espero que não tenha se
arrependido de ontem. Foi muito bom para mim. Beijos
e espero uma foto sua na praia. 07:35h
Eu: Oi, chefe, há muito tempo não
dormia tão bem. Acabei acordando com as
meninas me chamando para sair. Bom
trabalho. 07:40h
Carlos Eduardo: Sério que acordou agora? Que
bom, descansar é bom e acho que até eu estou
precisando disso. 07:40h
Carlos Eduardo: Mas vai lá e não deixe de
aproveitar seu dia. 07:41h
Carlos Eduardo: Ps. Não esqueça de enviar a foto.
07:41h
Eu: Tudo bem. Até segunda! 07:45h
Carlos Eduardo: Ei, segunda? (emoji assustado)
07:45h
Eu: Talvez, ainda estou pensando.
(emoji chorando de rir) 07:48h
Carlos Eduardo: Ok, pensando bem, talvez, é
melhor do que nada. 07:48h
Eu: Rsrsrsrs. 07:50h
Carlos Eduardo: Aproveita, beijos, no canto da
boca, minha publicitária. 07:50h
Opa, será que eu perdi alguma coisa? Fui abduzida por E.Ts. Minha, minha... é sério isso?
Minha publicitária. Ele só pode estar brincando comigo.
Vou deixar isso de lado e aproveitar o meu dia.

Saímos as três para a praia, os pais de Alice e seus irmãos decidiram fazer um passeio
diferente; parece que só as moças queriam pegar um bronzeado. Alice é muito espontânea,
divertida e atirada também; eu entro na onda da diversão. Rita estava mais calada e centrada, até
demais. Nós sabemos que ela olha os homens bonitos, mas não demonstra nada, nenhuma
reação.
— Alguém poderia nos alegrar contando como é pegar um homem gato como aquele
Daniel, viu!? – Alice fica implicando com Rita o tempo todo, que mostra indiferença.
— Será que foi tão ruim assim, para não querer falar nem um pouquinho? – Eu entro na
brincadeira.
— Tá bom, tá bom, vocês são chatas, heim? – Fez uma careta e semicerrou os olhos em
nossa direção, levantou da espreguiçadeira, cruzou as pernas e se virou para nós duas.
— Até que enfim! – Alice zomba com um aceno de mão.
— Certo, nós ficamos conversando até ele pedir um carro por aplicativo e fomos para uma
boate muito top. Lá é um lugar para quem quer curtir música e dançar. Até aí, tudo bem. Não
sabia que para entrar tinha que ser com máscara e só entra quem é sócio ou convidado e além
que em cima da boate tinham quartos para hospedagem – Rita detalha seu encontro.
— Hospedagem?! Sei... – Alice a irrita um pouco mais.
— Sim, o que a pessoa vai fazer lá dentro é outra história. — Deu de ombros e rimos de
sua cara debochada, e ela continuou nos relatando. – É um lugar muito chique, requintado, de
muito bom gosto.
— Que legal, eu não sabia que tinha esse tipo de coisa – indaguei curiosa.
— Depois subimos para o quarto e foi muito bom. Ele é gato, gostoso, perfeito. Me trouxe
logo cedo para o hotel e fim da história.
— Sem detalhes sórdidos? – Alice instiga quase gritando.
— Não vou contar o que fizemos, e tá bom. Vocês já imaginam o que rolou, e por mim
está ótimo – disse com as bochechas coradas.
— Vai ter repeteco? – Alice está muito curiosa.
Rita abaixou a cabeça, pensativa, e deu um suspiro.
— Eu quero muito, mas não vou dar o braço a torcer. Ele é rico, teoricamente meu chefe, e
não sei como isso poderia dar certo. Estou mesmo tentada a ficar aqui na capital, devido às
oportunidades que o seu pai está me dando, Alice. Mas não sei se embarcaria em um romance
que, sério, gente, ele deve ser um galinha, um cafajeste. Mal me viu, e já ficou dando em cima.
— Bem que você deu asas, né? Chegou e não tirou os olhos dele – pontuei.
— Ah, eu sei. Eu queria uma noite divertida, e foi bom pra caramba. E se rolar mais vezes,
eu não vou me fazer de santa. O que rola entre quatro paredes, fica entre quatro paredes.
Assentimos com o seu pensamento e voltamos a dar atenção a nos divertir na praia e curtir
ao máximo.
Já estava quase me esquecendo de tirar uma certa foto, quando meu telefone apitou e,
instantaneamente, pensei que fosse Carlos Eduardo. Meu coração ficou acelerado, mas no
mesmo instante vi que era uma chamada de minha mãe.
— Oi, mãe, tudo bem? – atendi já preocupada.
— Oi filha, está tudo bem sim. Só liguei para saber da viagem. Como você está? Como
andam as coisas por aí? O projeto foi aprovado? – minha mãe desata a perguntar um monte de
coisas ao mesmo tempo. Eu entendo e sei o quanto ela está ansiosa para que tudo dê certo para
mim.
— Está tudo bem sim, mãe. Aqui é lindo, o projeto foi aprovado, e tenho um emprego
garantido. Vou ficar por mais tempo, pois o CEO do grupo falou que precisamos adaptar melhor
o projeto para alinhar com as políticas da empresa. E estou imensamente feliz por isso.
— Ah, minha filha, como fico feliz. Aliás, seu pai e seus irmãos estão enviando beijos e
abraços para você.
— Que saudades estou de todos, manda outros para eles.
— Filha, sabe que estamos sempre aqui por você, né?
— Sei, mãe, estou bem de verdade. Fica tranquila.
— Aproveita, tá? Não deixa as mágoas do passado atrapalharem o seu presente. Seja
feliz.
— Obrigada mãe, por tudo – digo com lágrimas nos olhos.
Nos despedimos e continuei a conversa com as meninas. Conversamos sobre família,
faculdades e crushes. Expliquei por alto o que passei com Alexandre, sem entrar em detalhes,
pois aquilo era passado para mim, coisas que eu queria deixar bem no cantinho obscuro do meu
cérebro.
Rita explicou que, como ela sempre estava de emprego em emprego em cidades diferentes
e que a única vez que se estabeleceu de verdade foi na empresa do senhor Valdir, ela nunca
conseguia manter um relacionamento duradouro. Ninguém aceitava um namoro à distância. Já
Alice gostava de balada e era namoradeira, mas sonhava em encontrar alguém para chamar de
seu.
E nós também tiramos selfies, fazendo caras e bocas, nos divertimos muito.
— Ana, não acredito que você não tem redes sociais. A menina do marketing não tem
redes sociais, o que é isso, gente? – Alice perguntou incrédula.
— Simplesmente, eu não quero ser encontrada. – Dei de ombros e fiz uma careta de
deboche.
— Sério isso? Por causa do maníaco? – Rita perguntou.
— Não é isso. – menti. – Só não tenho interesse. Eu consigo tudo o que preciso apenas
com o Google, e para mim está tudo bem. Eu até criei um perfil, sem nome e fotos minhas,
apenas para quando preciso pesquisar alguém ou alguma ferramenta, ou fazer testes do que faço.
Mas muitas vezes nem preciso usar, já que as empresas têm suas redes, e eu utilizo a rede da
empresa para essas pesquisas, análises e testes. Por mim está tudo bem. Eu não sou muito social,
sou mais do tipo workaholic, que ama trabalhar até nas horas vagas.
— Tá aí, eu não consigo mais viver sem – Alice admitiu.
— Eu já tenho, mas também não ligo muito. Tenho meia dúzia de fotos lá, nada muito
específico também – Rita contribuiu.

Passamos o dia inteiro na praia, almoçamos lá e nos divertimos até nos cansarmos. Quando
finalmente retornamos ao hotel, fui surpreendida por uma rosa branca em meu quarto. Meu
coração quase parou ao vê-la. Naquele momento, agradeci mentalmente por nenhuma das
meninas ter vindo comigo para o quarto.
Oi, Ana, espero que tenha tido um dia incrível. Não deixei de pensar em você e
gostaria muito que aceitasse o meu convite para sairmos para jantar.

P.S.: Ainda espero a foto.

O cartão não tinha remetente, mas eu não precisava adivinhar de quem era. Mordi o canto
do lábio, contendo uma risada de euforia. Porém, naquele momento, as lembranças dos
conselhos de minha mãe vieram à mente.
Não era possível que tudo ia acontecer de novo.
Fecho os olhos em agonia, debatendo mentalmente o meu dilema.
Ah… levanto as mãos para o alto, como que jogando a situação para o céu.
Nem todo homem é igual, e eu vou me permitir ser feliz em cada minuto da minha vida.
Peguei o telefone e enviei uma mensagem para Carlos Eduardo.
Eu: Oi, Carlos Eduardo, tudo bem?
16:05h
Esperei alguns instantes e ele não respondeu. Imaginei que deveria estar em reunião, mas
decidi enviar a resposta assim mesmo, antes que eu desistisse.
Eu: Estive ocupada durante o dia com
as meninas, mas eu aceito seu convite. Só me
diga o horário e o local. 16:25h
Eu: Ah, segue a foto. 16:26h
Enviei uma foto dos meus pés na areia.
Capítulo 7 – Cadu

Passei o dia entre uma reunião e outra, mas Ana não saiu dos meus pensamentos.
Aproveitei a pausa para o almoço e decidi enviar uma rosa branca para mostrar que estava
pensando nela.
Minha mãe, uma eterna romântica, provavelmente diria para eu investir logo em um buquê
de rosas vermelhas, mas não quero assustar a garota. Além disso, não sabemos o que o futuro nos
reserva. Ana é jovem, dedicada e batalhadora. Admiro essas qualidades nela. Em breve, ela
voltará para continuar os trabalhos na filial e não quero atrapalhá-la. No entanto, nada nos
impede de aproveitar o momento, se ela assim desejar, algo que tenho certeza que ela quer tanto
quanto eu.
— Cadu, você está aí? – Daniel estala os dedos na frente do meu rosto e eu volto minha
atenção ao que ele estava falando.
— Claro, só estava pensando que ainda temos muito para alinhar nos detalhes do contrato
da Engenhart – minto.
— Eu vou sair com a Rita hoje de novo. Quero saber se você está a fim de sairmos juntos.
Posso pedir para ela chamar a Ana e, quem sabe, esticarmos a noite como da última vez.
— Não precisa, eu já tenho compromisso.
— Desde quando você tem compromisso e não me conta nada?
— Eu simplesmente não tive tempo hoje. O dia foi exaustivo. Marquei um encontro
aleatório, nada de mais.
Eu não quis revelar com quem era o meu encontro. Não queria que as coisas ficassem
estranhas para Ana, já que ela estava iniciando os trabalhos na empresa há pouco tempo e iria
trabalhar para mim.
— E outra, eu sabia que não teria sua companhia hoje, já que você está “babando” na
morena.
— Não sei bem, mas estou ficando “gamadão” por ela. Ela é gentil, séria, centrada e presta
atenção aos detalhes. Sem falar que tem uma memória incrível. Mas vou deixar as coisas
acontecerem naturalmente. Não estou procurando me apegar, não é o que quero. Você sabe como
sou e como perco o interesse rapidamente.
— Você é um puto safado – rimos um do outro.
— Mas eu sei quem é a sortuda da vez? – Daniel me questiona com os olhos semicerrados.
— Não é ninguém específica. Apenas alguém que encontrei por acaso, durante uma dessas
reuniões de negócios em que às vezes nos dividimos para dar conta de tudo. Acabei me
esquecendo de comentar com você.
— Tudo bem, estou terminando meu expediente e vou cuidar do meu cabelo antes de
encontrar a Rita.
— A que horas vocês vão? – disse olhando para o relógio.
— Por volta das 19 horas. Por quê?
— Nada, só queria saber se teria tempo para arrumar esse ninho na sua cabeça – zombei,
embora estivesse mentindo. Eu queria ter uma ideia para propor um horário a Ana, um momento
em que ninguém nos atrapalhasse.
— Cara, vamos naquele restaurante no topo da cidade, o Cocina Emporium, que tem uma
vista incrível. Se mudar de ideia, saiba que estaremos lá.
Assenti com um gesto de cabeça, agradecendo em pensamento. Esse restaurante era minha
segunda opção para levar Ana. A vista lá era simplesmente surreal. Qualquer homem que deseje
uma chance após o jantar com uma mulher a leva a esse restaurante. Mas ainda estava inclinado
à minha primeira opção, que também não era má escolha.
Antes de sair, vi que havia mensagens no meu telefone, as respostas de Ana. Meu coração
palpitou; ela realmente aceitou meu convite. Para minha surpresa, ela havia enviado uma foto, e
quando a abri, caí na gargalhada. Ela me enviou uma imagem de seus pés na areia. Claro que eu
não iria deixar isso passar despercebido.

Eu: Seus pés são lindos. Foi um prazer


tê-los lavado ontem. Só achei que a foto
poderia ser um pouco mais acima dos pés.
Quem sabe um dia.

Demorou menos de 10 minutos e ela estava respondendo. Notei que digitava e apagava,
levava um tempo para responder. Eu já estava ansioso, agindo como um adolescente.
Ana: Por isso mesmo que mandei a foto dos meus
pés. Afinal, parece que você gostou bastante deles na
noite passada.
Eu: Rs rs rs então quer dizer que se
outras partes me agradarem mais, terei o
direito a fotos?
Ana: Atrevido! Claro que não. Você está doido?
Eu: Posso estar mesmo doido, e você
nem imagina o quanto.
Ana: Que horas será o jantar? – ela pergunta,
tentando mudar o assunto.
Eu: Esteja pronta às vinte horas.
Passarei aí para te buscar. Vamos ao
restaurante La Belle. Já fiz nossas reservas.
Ana: Ok, estarei na portaria.
Eu: Até às vinte horas.

Saí do escritório e acabei indo ao barbeiro. Logo eu, que estava recentemente brincando
com o meu amigo por estar fazendo o mesmo para um encontro. Enfim, que assim seja. Que esta
noite seja perfeita e possamos aproveitá-la ao máximo, da melhor maneira possível. Não sei se
ela seria do tipo que iria para a cama na primeira noite de encontro, mas eu não julgo. Sempre fui
da opinião de que, se ambos querem, os desejos devem ser saciados, e não há problema algum
nisso. Contudo, as mulheres muitas vezes têm receios quanto a isso. Se ela for assim, eu a
respeitarei. O que mais desejo é uma noite agradável, e se terminar na cama, será muito bom.
Não vou reclamar nem um pouco.

Às vinte horas em ponto, eu estava na portaria do hotel e avistei Ana descendo as escadas.
Fiquei atônito com aquela visão. Ela estava linda e aparentava ser muito jovem. Suas pernas
torneadas, os cabelos castanhos claros caíam do lado esquerdo do ombro em ondas. Ela usava
uma maquiagem leve e um batom vermelho marcante. Logo imaginei como seria ter a marca
daquele batom em volta do meu pau. Balancei levemente a cabeça para dissipar esses
pensamentos, pois meu membro já estava acordando sem permissão. Estava vestindo um vestido
preto, com alças finas, que marcava a cintura. O decote em V realçava os seios volumosos.
Minha imaginação correu solta novamente, pensando como seria me deliciar naqueles seios.
Hoje não tinha uma fenda, mas o vestido batia um pouco acima do joelho, na altura certa para
valorizar seu quadril e sua bunda.
Antes que eu me perdesse mais uma vez nesses pensamentos, desencostei do meu carro e
fui em direção a Ana para ajudá-la a descer as escadas.
— Oi, como é possível você ficar ainda mais linda do que ontem? – sorri maliciosamente.
Ao mesmo tempo em que ela se aproximou, pude sentir seu cheiro, que estava estonteante.
— Muito obrigada, Carlos Eduardo – a interrompi.
— Pode me chamar de Cadu.
— Tudo bem, Cadu e você também não está nada mal. – Ela sorriu de canto e deu uma
leve mordida no canto da boca.
— Não faz isso.
— Isso o quê? – indagou curiosa.
— Morder o canto da boca. Assim você me deixa louco. Não posso te beijar aqui na frente
do prédio. Seu Valdir e a família estão aí no hotel, e não quero te trazer problemas.
— Tudo bem, eles não estão aqui. – Fez uma pausa, – Na verdade, nenhum deles estão
aqui. A Rita saiu com o Daniel, e o senhor Valdir com a família foram fazer um passeio no final
de semana na casa de alguns parentes próximos daqui. Só retornam no domingo à noite.
Não a deixei terminar de explicar e avancei em direção à sua boca, logo me recordando do
batom vermelho que eu estragaria. Me afastei dela.
— Trouxe batom de reserva? Acho que você vai precisar dar muitos retoques.
— Não se preocupe, esse batom é matte e tem duração prolongada. Não sai tão fácil.
— Então vamos, antes que eu não consiga sair daqui e nossa reserva seja passada para
outro. – Sorrimos um para o outro.
Ajudando-a a se acomodar no banco do passageiro, me dirigi para o banco do motorista.
Dirigi por uns trinta minutos, embora o restaurante não fosse muito longe dali. Quis ir bem
devagar para aproveitar mais a companhia dela.
— Quantos anos você tem, Ana? Eu a acho muito jovem para ter a mente tão focada no
trabalho e ser tão organizada.
— Tenho 25 anos. Eu me formei muito jovem. Eu gosto mesmo de ser focada e
organizada. Facilita as coisas para mim. Não gosto de imprevistos. E mesmo que a vida nos traga
situações que não podemos controlar, eu gosto de manter minha rotina. Assim, se acaso tiver que
lidar com algo que não está planejado, posso contornar a situação.
— Também penso assim – respondi, atento à nossa conversa.
Chegamos ao restaurante, e a hostess nos conduziu à nossa mesa, deixando o cardápio e se
retirando em seguida. Enquanto isso, Ana observava tudo, encantada com o lugar. Ali, a vista
não era da cidade como no outro restaurante no topo. Havia uma sacada mais para o lado do
penhasco, com vista para a mata e pequenos pontos de luz. O restaurante também contava com
chalés para estadia.
— Gostou do lugar? – perguntei, observando suas expressões.
— Amei – ela falou, dando um leve sorriso.
Chamei o garçom, já decidido quanto à escolha do vinho. Assim como no outro
restaurante, aqui também serviam vinho italiano. Eles sempre explicavam cada prato e cada
bebida, e eu apreciava muito isso.
O garçom retornou com o vinho Chianti Riserva. Ele é produzido na região da Toscana, na
Itália, e é conhecido por ser um vinho tinto, seco, leve e frutado. O Chianti é feito principalmente
com a uva Sangiovese, mas também pode conter outras variedades de uva. Ele pode ser
encontrado em diferentes estilos e preços, desde os mais simples até os mais complexos e
sofisticados, como o Chianti Riserva, que é envelhecido por pelo menos dois anos. O Chianti é
frequentemente acompanhado por pratos italianos tradicionais, como massas, pizza e carnes
vermelhas.
Decidimos pedir a sugestão da casa, e o garçom nos proporcionou uma explicação
detalhada e valiosa. Ele sugeriu dois pratos: um para aqueles que não estão acostumados com os
sabores intensos da culinária italiana e outro de sabor mais acentuado.
Ana optou pela famosa massa carbonara. Este prato é preparado com espaguete, ovos,
pancetta (ou bacon), queijo parmesão, pimenta preta e alho. A massa é cozida al dente e, em
seguida, misturada com ovos batidos e queijo parmesão ralado. A pancetta é frita em uma panela
separada e, depois, adicionada à mistura da massa. O resultado é um prato cremoso e delicioso
que faz sucesso entre os apreciadores da culinária italiana.
Enquanto isso, escolhi um risoto de trufas, feito com arroz arbóreo, caldo de carne, vinho
branco, trufas negras frescas raladas, queijo parmesão ralado, manteiga e cebola. Este é um prato
bastante delicado e de sabor intenso. Para acompanhá-lo, escolhi um filé mignon, de sabor suave,
para não competir com a delicadeza do risoto, permitindo que o aroma e o sabor da trufa se
destacassem.
Enquanto aguardávamos nossos pratos, o garçom já nos serviu o vinho e logo se retirou.
— Um brinde. – Ergui minha taça em direção à dela.
— Um brinde – ela disse com um sorriso de lado.
Ana girou a taça de vinho, observando as lágrimas que desciam pela superfície do líquido.
Depois, aproximou o nariz do copo e o inspirou profundamente, capturando os aromas
complexos de frutas maduras e notas terrosas. Ela deu um pequeno gole, permitindo que o vinho
se espalhasse pela boca e saboreando suas diferentes nuances. Com um sorriso de satisfação, ela
engoliu, apreciando o final longo e suave.
— Isso é realmente delicioso – ela suspirou.
Concordei com um aceno.
Então, Ana iniciou a conversa, já que eu estava completamente hipnotizado por sua beleza.
— Eu admiro muito o seu trabalho na Bianchi, Carlos… Cadu. É incrível como você
conseguiu elevar a empresa para outro nível.
— Obrigado, Ana. Mas também preciso elogiar o seu trabalho em marketing. O que você
apresentou na reunião da Bianchi foi surpreendente.
— Fico feliz que tenha gostado. Eu realmente gosto de pensar fora da caixa quando se trata
de campanhas de marketing.
— E o que você gosta de fazer? Seus hobbys?
— Bom, eu amo cozinhar, principalmente por morar sozinha. Não sou muito de ir a
restaurantes no dia a dia. Gosto de ter o meu cantinho, ler um bom livro e, às vezes, relaxar.
Também gosto de conhecer novos lugares, embora não tenha tido muita oportunidade
ultimamente. E você?
— Eu gosto de praia, minha família, música e também gosto de conhecer novos lugares,
experimentar novos sabores. Mas, quando se trata de cozinhar, prefiro apreciar os sabores
criados por outros cozinheiros – disse com um riso debochado e uma careta. – Sou um desastre
na cozinha. Durante a semana, frequento um restaurante de comida caseira perto do escritório. À
noite, tenho um cardápio de saladas e carne. A única coisa que realmente preparo é isso. Aos fins
de semana, costumo ir à praia ou visitar meus pais, então não cozinho em casa. Mesmo tendo
uma ajudante lá, normalmente peço que ela cuide das coisas.
— Bom saber que não tem afinidade com a cozinha. Se precisar, eu posso cozinhar – ela
falou, sorrindo de canto a canto, debochando.
— E você já viajou para onde? – perguntei.
— Na verdade, eu amo praia. Minha viagem favorita foi para o nordeste, em Fortaleza. As
outras foram a trabalho, mas acabei aproveitando as redondezas. Sou de Minas Gerais e nós
amamos praia e boa comida.
— Entendi, achei que você fosse de São Paulo.
— Não, sou de uma cidade chamada Extrema, em Minas. Mas fui morar em Bragança
Paulista, por causa da oportunidade de emprego. Estava cansativo fazer esse trajeto todos os dias,
levava uma hora e meia no transporte público, e estava me desgastando. Agora aproveito esse
tempo para desenvolver projetos e, quem sabe, montar minha própria agência. E você?
— Sou do Rio de Janeiro desde que nasci, nunca saí daqui, a não ser para viajar. É difícil
escolher apenas um lugar específico, mas minha viagem favorita foi para a Itália, especialmente
para a Toscana, com suas paisagens deslumbrantes.
— Uau, parece incrível! Sempre quis visitar a Europa, mas ainda não tive oportunidade.
Qual é o seu hobby favorito?
— Gosto de praticar esportes, principalmente tênis.
— Bem típico de um CEO elegante – debochou.
— Os CEOs têm muitos interesses e habilidades, posso te ensinar algumas delas – pisquei
sedutoramente.
— Estou ansiosa para ver.
Percebi que estava entrando no jogo. Nada de timidez. Compartilhamos experiências e
interesses em comum, e a conversa fluía naturalmente, como se nos conhecêssemos há muito
tempo.
Quando nossos pratos chegaram, degustamos nossas refeições. Era incrível observar Ana
enquanto ela provava a massa carbonara. Sorri ao perceber a satisfação em seu rosto e o quanto
ela estava animada para experimentar sua própria escolha no menu.
Seus olhos se fecharam em êxtase, e um suspiro escapou de seus lábios enquanto ela
saboreava o prato. A cada garfada, um gemido de satisfação escapava, acompanhado por elogios.
Eu já conhecia o sabor das nossas escolhas, mas ela não precisava saber disso. Tinha certeza de
que aquele jantar seria uma experiência inesquecível.
— Posso provar? — perguntei, apontando para sua refeição.
— Claro — respondeu, enrolando a massa no garfo e direcionando-o para minha boca.
Abri a boca, recebendo o garfo, e fechei os olhos para absorver o sabor, expressando total
satisfação, até emitir um pequeno gemido.
— Bom, né? — ela perguntou empolgada.
— Deliciosa — Fiz uma pausa para mastigar mais uma vez e observei suas expressões
antes de concluir —... a massa.
Em resposta, ela mordeu levemente o lábio inferior de forma sensual, tentando conter um
sorriso. Meu pau instantaneamente se manifestou dentro da calça.
— Já disse para não fazer isso. — Fiz uma careta maliciosa, passei as mãos pelo rosto e
pelo cabelo, deixando claro que estava intensamente excitado pelo gesto, sem qualquer
constrangimento.
— O quê? Não estou fazendo nada de mais — respondeu com um tom sedutor.
— Morder o lábio de forma provocante — expliquei de forma direta, testando suas
reações.
Eu estava ansioso para entrar em um jogo perigoso e nunca mais sair. Sempre fui
estrategista, e isso contava a meu favor. Jamais jogava para perder, e desejava me perder nos
braços dessa mulher.
— O que você faria se eu continuasse? — ela questionou quase num sussurro.
— Eu não me responsabilizo pelos meus atos.
Naquele instante, o garçom chegou para servir mais vinho, interrompendo a tensão sexual
que pairava no ar. Ana estava levemente corada e sorriu para o garçom, agradecendo-lhe logo em
seguida.
Servi um pouco do risoto no meu garfo e estendi para que Ana provasse do meu prato. As
coisas começaram a sair do controle, porque antes de abrir a boca para receber o garfo, ela
passou a língua nos lábios de maneira sedutora. Em seguida, abriu a boca e, ao receber o
alimento, fechou os olhos, soltando um suspiro profundo enquanto saboreava a comida. Um
gemido escapou, demonstrando total satisfação. Eu estava ficando cada vez mais duro e ansioso
para tê-la sob mim.
— Muito saboroso! — Ela lambeu novamente os lábios.
Nesse exato momento, ela roçou levemente a perna nas minhas e eu estava prestes a perder
o controle.
Nem terminei meu prato direito e chamei o garçom para pedir a conta. Precisava sair dali.
Tinha que provar mais do sabor de Ana.
Capítulo 8 - Ana

O Jantar estava maravilhoso, eu decidi mesmo flertar com ele. Não sou uma ingênua
mocinha, tenho meus desejos. Cada gesto, piscada, palavra e ação eram carregados de
sensualidade, tanto da minha parte quanto da dele. Enquanto finalizávamos a refeição, provamos
os pratos um do outro. Naquele momento, me arrisquei a passar o pé nas pernas dele,
provocando-o. Pude notar sua expressão de desconforto quando ele pigarreou e pediu a conta ao
garçom.
Terminei de limpar os cantos da boca com o guardanapo e avisei que precisava ir ao
banheiro. Ele colocou suavemente a mão sobre a minha, cruzando nossos dedos.
— Claro, madame. Aguardo o seu retorno — respondeu e trouxe minha mão em direção à
sua boca, dando um beijo na palma aberta antes de fechá-la em punho e me soltar.
Esse gesto fez meu estômago borbulhar e meu ventre se contrair levemente.
"Como posso sentir tesão na palma da mão?" Deus, eu estava mesmo carente.
Fui até o banheiro com a mão fechada em punho e a respiração entrecortada. Usei uma das
cabines para me aliviar e conferir minha aparência. Sempre carrego uma necessaire com itens de
higiene e hoje não podia ser diferente. Depois, olhei-me no espelho, conferindo maquiagem,
cabelo e batom. Esse batom realmente era resistente. Mas fiz um retoque leve para intensificar a
cor.
Ao sair do banheiro, vi Cadu conversando com a hostess e aproveitei para verificar meu
telefone. Havia uma mensagem de Rita.
Rita: Oi, amiga. Fiquei com a consciência pesada
por te deixar sozinha hoje. Podemos marcar de nos
encontrarmos amanhã. Daniel até insistiu em voltar
para te buscar, mas como está ficando tarde, imagino
que esteja se preparando para dormir. Não se preocupe
comigo, certo?
Sim, já estávamos nos considerando amigas, criando uma conexão e cumplicidade. Estava
sentindo falta disso. A tarde na praia foi fundamental. Não me esqueci de Valentina, mas não
quis trazer mais problemas para ela. Já teve que se mudar por minha causa naquela época.
Alexandre não deu trégua, tentando descobrir onde eu estava. Um dia procurarei por ela, talvez
em breve, afinal, já passou tanto tempo.
Eu: Claro, amiga. Sem problema.
Divirta-se. Eu estou bem. — Não estava
mentindo, mas também não contei nada sobre
mim e Cadu.
Logo recebi uma foto linda do local onde eles estavam.
Rita: Olha esse lugar incrível, amiga. É um
restaurante no topo com vista para a cidade.
Simplesmente maravilhoso.
Eu: Uau, parece mesmo incrível. Mas
vá lá e aproveite sua noite. Beijos.
Ela enviou vários emojis de beijos.
Guardei o telefone na bolsa, e Cadu estava se aproximando. Ele tocou levemente minha
lombar com a mão.
— Está tudo bem? — perguntou.
— Está sim. Rita me mandou uma mensagem e eu estava respondendo. — Notei um leve
toque de preocupação, mas não perguntei nada.
— Primeiro, quero saber se podemos estender nosso encontro daqui. Ou prefere ir para o
hotel? Não quero e não vou ultrapassar seus limites. Por mais que queira aproveitar mais essa
noite, jamais faria algo com o que não estivesse confortável — ele falou e beijou meu ombro.
Fiquei corada instantaneamente. Cadu acariciou minhas bochechas suavemente e se
aproximou, me dando um beijo casto. Depois, continuou:
— Aqui tem chalés para hospedagem. Tenho uma reserva. Se aceitar meu convite,
podemos ir para lá. Ou podemos apenas conversar, se preferir — ele perguntou em um sussurro,
mas seus olhos refletiam luxúria e desejo. Enquanto isso, sua mão se firmou em minha cintura,
puxando-me para mais perto.
— Tudo bem — respondi quase sem voz.
Entramos no carro de Cadu e ele segurou minha mão, acariciando-a e levando-a até seus
lábios. Ele me olhava ocasionalmente enquanto nos dirigíamos a um dos chalés.
Eu estava imaginando apenas um quarto no meio da mata, mas quando chegamos, fiquei
maravilhada com o local. Era praticamente uma casa completa, com um quarto amplo sem
paredes internas, uma cozinha pequena equipada com fogão e geladeira, banheiro, uma banheira
que oferecia vista para a mata e uma sacada com churrasqueira, área gourmet, rede e até um
colchão sobre o deque na sacada. Era um lugar verdadeiramente espetacular.
Um funcionário nos acompanhou para mostrar o chalé, explicando os detalhes, e trouxe
uma cesta com frutas, pães, alguns frios e a mesma garrafa de vinho que tínhamos desfrutado no
restaurante. Enquanto eu explorava o chalé, apreciando seus detalhes, Cadu conversava com o
funcionário.
Após fechar a porta, ele foi até um canto do chalé e ligou um aparelho de som, enchendo o
ambiente com uma música suave e tranquila. Depois, ele se aproximou de mim cuidadosamente,
segurando minha mão e aproximando seu corpo do meu.
Perdoe o jeito como eu olho fixamente
Não há nada mais para se comparar
A visão de você me deixa fraco
Não há palavras para falar
Mas, se você se sentir como eu me sinto
Por favor, deixe-me saber que é real
Você é boa demais para ser verdade
E eu simplesmente não consigo tirar meus olhos de você

Ao som de Shawn Mendes - Can’t Take My Eyes Off You, começamos a balançar
suavemente nossos corpos, com ele acariciando minhas costas enquanto me mantinha em seus
braços. Era um movimento suave, de um lado para o outro, nossas testas encostadas, e pude
sentir o aroma delicioso de sua respiração, uma mistura do vinho com o próprio hálito de Cadu.
Fechei os olhos para absorver plenamente essa sensação maravilhosa.
Com uma mão, ele começou a acariciar a lateral do meu corpo até alcançar minha nuca.
Não avançamos mais, estávamos envolvidos em uma dança sensual. Ele passou o polegar pelos
meus lábios, olhando-me com luxúria e desejo, aproximando seus lábios aos poucos, quase
tocando os meus, perguntando:
— Se eu começar a te beijar, não sei se conseguirei parar. Se não quiser, me impeça.
— Continue — respondi, minha respiração ofegante, repleta de expectativa.
Então, ele eliminou o mínimo espaço entre nós, começando com um beijo casto que aos
poucos foi se aprofundando. Era lento e cheio de sabor, uma deliciosa mistura do gosto de Cadu
com o vinho, aumentando meu desejo por ele.
Sua língua explorou minha boca, alcançando cada canto, intensificando o ritmo do beijo.
Uma de suas mãos estava em minha nuca e a outra firmemente em minha cintura.
A mão que estava em minha nuca começou a descer suavemente pelo meu corpo, passando
levemente pelo espaço entre meus seios, seguindo até minha barriga e depois indo em direção à
barra do vestido. De repente, ele me ergueu no colo. Eu passei meus braços ao redor de sua nuca
e envolvi seu quadril com minhas pernas, e ele me levou até a bancada da cozinha.
Estávamos ambos ofegantes, nossos peitos subindo e descendo com a intensidade do
momento.
Ele se afastou ligeiramente, pegou a garrafa de vinho e serviu duas taças. Em seguida,
bebeu um pouco e encheu a boca com uma quantidade de vinho. Ele se aproximou da minha
boca, deixando o vinho escapar e eu bebi diretamente dos seus lábios. No entanto, ele fez com
que o vinho escorresse pelos meus, criando um rastro entre meus seios. Olhou para mim com
uma expressão que parecia dizer "ops" e começou a lamber delicadamente cada gota do vinho
que estava entre meus lábios e seios. Naquele momento, abaixou levemente uma alça do meu
vestido, sem deixar meu seio ficar exposto, e começou a acariciar meu ombro com movimentos
suaves.
Ele continuou acariciando meu seio por cima do vestido. Um arfar escapou dos meus
lábios, inundando-me com sensações que me tornavam cada vez mais vulnerável e entregue.
Parecia que estava desfrutando das minhas reações, o que o incentivava a prosseguir.
Pouco depois, ele me entregou a taça de vinho.
— Beba — ordenou, e eu dei um gole generoso, já que não estava exatamente certa do que
fazer. — Boa menina. — Voltou a me beijar com maior voracidade.
Ele me abraçou, puxando-me para a beirada da bancada, abrindo minhas pernas e
posicionando-se no meio delas. Suas mãos deslizaram por debaixo do vestido, acariciando minha
pele lentamente até alcançar a bunda.
Estava envolvida em um jogo torturante, meu ventre pulsava de expectativa. Já estava
muito molhada.
Ele bebeu mais um gole de vinho e seus lábios desceram novamente pelo meu pescoço e
colo, afastando o tecido do vestido para abocanhar meu seio direito. Sua língua sugou, lambeu e
mordeu, enviando ondas de prazer para minha boceta que palpitava de desejo.
Eu o desejava dentro de mim, a tortura estava me consumindo, minha ânsia por ele era
insuportável, não conseguia mais conter.
— Ca... Cadu — chamei-o em um sussurro.
— Sim, madame?
— Eu... eu quero mais.
— Eu sei, mas quero explorar cada pedacinho seu primeiro, de todas as formas possíveis.
E ele voltou a me atacar, beijando o outro seio e, ao mesmo tempo, deslizou a mão em
direção ao meu centro. Senti um alívio quando afastou minha calcinha e tocou levemente meu
clitóris. Um gemido abafado de susto e excitação escapou de mim.
— Assim você me deixa louco. Está tão molhadinha, pronta para me receber aqui —
gemeu, dando uma leve beliscada em meu clitóris, o que me fez dar um pulinho de surpresa e
prazer.
Ele continuou com movimentos circulares e uma pressão suave no meu clitóris, introduziu
um dedo em minha entrada, me estimulando deliciosamente, e um gemido mais alto escapou dos
meus lábios.
— Solte-se, se quiser gritar, ninguém vai ouvir. — compreendi o motivo de ter escolhido
um chalé isolado no meio da mata. “Safado”, pensei, acenando em resposta.
Quando percebi, ele estava abaixado, com a cabeça no meio das minhas pernas,
introduzindo mais um dedo enquanto com a outra mão pegava a taça de vinho, tomando mais um
gole. Para minha aflição e desespero, ele abocanhou minha carne, deixando o vinho escorrer,
molhando tudo pelo caminho, me penetrando com mais força, chupando e lambendo meu
clitóris. Uma rápida e ritmada intensidade que me levou a ansiar pelo clímax.
— Goza na minha boca, deixa-me saborear o seu prazer, Ana.
Naquele momento, minhas paredes internas se contraíram e eu gozei intensamente em sua
boca, perdendo completamente o equilíbrio e a força, agarrando seus cabelos enquanto ele
continuava a me estimular com os dedos e a língua. Parecia que estava cega, surda e muda. Não
sei ao certo o que aconteceu, se gritei ou se ele disse algo mais.
Então, ele retirou os dedos de dentro de mim, deu uma última lambida do ânus até o meu
clitóris, eliminando qualquer vestígio do meu orgasmo. Se levantou e aproximou de mim,
segurando minhas costas e chegando perto dos meus lábios.
— Sinta o seu cheiro, como é delicioso. — Senti o meu próprio cheiro nos seus dedos. —
Agora sinta o seu gosto. — Tocou os meus lábios com eles pedindo passagem, abri a boca
sorvendo o meu próprio sabor. Aproveitei para dar uma leve sucção nos seus dedos. E ele logo
os retirou da minha boca. — Calma, doçura, assim você vai me fazer gozar igual a um
adolescente idiota.
Sorrimos juntos.
— Acho que estamos um tanto vestidos demais — então ele disse, já deslizando o zíper do
meu vestido e direcionando atenção ao meu corpo.
Ele me afastou delicadamente da bancada, fazendo com que o tecido do vestido deslizasse
e caísse aos meus pés.
Sem demora, comecei a despi-lo, enquanto suas mãos exploravam cada curva do meu
corpo. Retirei sua camisa de botões, de um azul claro e mangas dobradas, ansiando por absorver
cada centímetro visual de sua figura. Minha boca ansiava por beijar seu peito firme e musculoso.
Com a mesma intenção, peguei o vinho, permitindo que o líquido enchesse minha boca, e
em um beijo, o compartilhei aos poucos, molhando seus lábios e descendo, secando-o com
minha língua, enquanto suas carícias continuavam a me envolver.
Antes de despir sua calça, acariciei seu membro rígido sobre o tecido, levando-o à beira da
excitação. Ele se desfez dos sapatos, e lentamente desci sua calça, revelando cada detalhe.
Nossa trajetória descoordenada pelo quarto nos levou à cama, onde gentilmente o
empurrei, e ele caiu sentado na beirada. Aproximei-me, deslizando minha mão sobre seu
membro por cima da boxer branca, seus olhos faiscando tesão.
Dei um beijo suave sobre o tecido e em seguida retirei seu membro, que se revelou
imponente, robusto, com veias pulsantes, uma visão verdadeiramente atraente. A ânsia de chupá-
lo era palpável, então comecei a acariciá-lo enquanto meus lábios deram outro beijo em seu
membro, agora sem obstáculos, enquanto nossos olhares se mantinham conectados.
Ele me puxou gentilmente pelos braços, aproximando-me dele e nos perdemos em um
beijo apaixonado, que logo nos levou a nos mover na cama.
— Eu quero te provar — falei assim que nos mudou de posição.
— Em outro momento, agora preciso dessa boceta em torno do meu pau. — Ele se ergueu
ágil, retirando completamente sua cueca e pegando um preservativo da carteira. Após vestir-se
com cuidado, avançou em minha direção. Delicadamente, removeu minha calcinha e abriu
minhas pernas com suavidade, posicionando-se na entrada que ansiava por essa união.
À medida que ele me penetrava com lentidão, seus olhos se fecharam e ele se esforçou
para manter o controle, resistindo ao êxtase iminente. E murmurou:
— Porra de boceta apertada!
Após um longo período de inatividade, a sensação de plenitude era avassaladora e
deliciosamente intensa. Ele era notavelmente bem-dotado, tanto em comprimento quanto em
largura.
Retomou os beijos, mantendo seu olhar fixo nos meus. O ritmo acelerou gradualmente,
evoluindo para estocadas fortes e determinadas, levando-nos a um estado de êxtase avassalador.
Meus seios balançavam a cada movimento, uma dança sensual em resposta à paixão
compartilhada.
Elevando o tronco, ele apoiou suas mãos em meus seios, moldando-os com firmeza,
enquanto meus gemidos de prazer ecoavam no ambiente. Seus movimentos eram intensos, uma
investida insaciável que incendiava todos os sentidos. Uma de suas mãos deixou meu seio,
dirigindo-se à minha boca, introduzindo o dedo polegar, que chupei com avidez, pronta para
gozar de novo. A sensação era intensa, e eu estava à beira de outro orgasmo quando ele percebeu
minhas contrações internas envolvendo seu membro.
— Vamos juntos, Ana. Goza no meu pau, me lambuza e eu vou com você. — No auge da
minha sensação, ele soltou um rugido de satisfação, e nossos orgasmos se fundiram em uma
explosão de êxtase compartilhado.
Ele continuou com algumas investidas finais, permanecendo dentro de mim por alguns
momentos antes de se aninhar, apoiando o rosto em meu pescoço e compartilhando um beijo
terno. Lentamente, ele se retirou, deixando um vazio tomar conta de mim.
Capítulo 9 - Cadu

A noite estava incrível. Depois de compartilharmos um orgasmo, nos aconchegamos na


cama, trocando carícias que nos envolviam em sensações deliciosas.
No entanto, havia algo que me preocupava: a ideia de ter que me separar de Ana, deixá-la
no hotel e voltar para casa sozinho. Além disso, ela não havia contado nada para sua amiga sobre
o que estava acontecendo entre nós.
Ela mexeu nos meus braços, retirando-me do meu devaneio.
— Tudo bem? — perguntou, me observando.
— Está tudo bem, só estou refletindo sobre algumas coisas. O que você disse para a Rita?
— Na verdade, não disse nada. Ela comentou que sairia com o Daniel, e até me convidou
para acompanhá-los, mas recusei. Não menti, apenas omiti.
Sorri e beijei o topo de sua cabeça enquanto acariciava seu braço.
— Você vê algum problema em contar para ela?
— Não vejo nenhum problema, só que sou mais reservada e prefiro não envolver assuntos
pessoais com outras pessoas.
— Entendo. Também não comentei nada com o Daniel. Prefiro manter em sigilo, pois, de
certa forma, temos uma relação profissional, e não quero interferir no seu ambiente.
— Tenho receio de que as pessoas pensem que me aproximei de você para me destacar no
grupo.
— Não pense assim. Se você não quiser falar para ninguém, está tudo bem para mim.
Podemos manter a abordagem profissional.
— Não compreendi, Cadu? — perguntou, sentando-se na cama e fixando os olhos em
mim.
— Perceba, por favor, que não tenho intenção de usar você e depois descartá-la. Gostei
muito de estar com você esta noite, e não quero que seja apenas isso. — Toquei seu rosto
suavemente. — Não quero causar complicações no grupo ou na filial do senhor Valdir. Mas é
desafiador conviver com você e não poder demonstrar aos outros como nos sentimos. — Ela
sorriu timidamente, e nossos olhares se encontraram.
— Cadu, reconheço que há algo entre nós, mas acho que é muito precipitado. Nos
conhecemos há pouco tempo e nos envolvemos de maneira intensa. Foi maravilhoso, mas... — A
interrompi.
— Compreendo. Não estou sugerindo um relacionamento ou namoro. Quero apenas nos
conhecer melhor e passar mais tempo juntos. Sexo é algo que podemos ter a qualquer momento,
e você também tem essa liberdade. No entanto, sinto que há uma conexão entre nós além do
sexo, algo que não consigo explicar. Nós nos entendemos, tenho certeza de que você sentiu o
mesmo.
— Confesso que sim, mas acho melhor deixarmos as coisas fluírem naturalmente. Foi
ótimo, tenho certeza de que continuará sendo, mas em breve terei que voltar para Bragança, e
não sabemos como isso vai nos afetar. Compreende? Não quero complicações ou distrações
agora, especialmente porque as coisas estão se encaixando.
— Entendo. Venha cá — puxei-a para os meus braços —, apenas prometa que conversará
comigo se algo a incomodar. — Ela assentiu com a cabeça.
— Acho que é hora de irmos. Rita deve chegar pela manhã. Não quero precisar dar
explicações a ela, especialmente porque não temos nada concreto aqui. — Ela moveu o dedo
indicador entre nós dois.
— Não acredito que será um problema. Meu amigo vai mantê-la bem ocupada. Duvido que
ele a leve de volta ao hotel antes de domingo à noite. — dei um sorriso malicioso.
— Como assim? Ela disse que voltaria pela manhã.
— Verifique o seu celular. Provavelmente ela te mandou alguma mensagem. Pelo menos
eu recebi uma mensagem dele, dizendo que a levou para passear de Iate. E, conhecendo-o, ele
vai convencê-la a ficar.
Ela se levantou da cama, pegou o celular e olhou para mim com espanto.
— Isso é sério? Ela me mandou uma foto do Iate. Uma safada! E aquela história de estar
preocupada comigo? — sorriu ironicamente.
Rita: Amigaaaaa, estou surtando aqui. Olha isso.
Desculpa por não ter voltado, mas, por favor, se precisar
de mim, me liga. Não mande mensagem, me liga para
que possamos correr até você. E aproveita para fazer
alguma coisa, quem sabe chamar o gostosão do CEO
para fazer-lhe companhia.(emoji de beijo).
Ela leu a mensagem da amiga, mostrando-me a foto em seguida.
Rita: O Daniel disse que o amigo dele vai estar
sozinho este final de semana, já que estamos no alto
mar. Chama ele, não custa nada. Ele disse que o cara
não morde, mas se morder também, vai que você goste.
(piscou com um emoji).
Ela ficou corada ao ler as mensagens da amiga sobre mim e respondeu à mensagem na
minha frente, permitindo-me ver a resposta.
Ana: Amiga, e a história de estar
preocupada comigo? Estou brincando, fica
tranquila. Vou usar meu tempo livre para
trabalhar no meu projeto. Aproveite ao
máximo, nos vemos no domingo. Me diz a hora
para nos encontrarmos para jantar, já que a
Alice vai chegar às 18 horas. Que tal
marcarmos para às 20 horas no sushi que
vimos hoje de manhã? — Ela aguardou a
resposta por um tempo.
O que isso significava? Ela não ficará comigo no fim de semana, ou simplesmente
inventou algo para evitar mais perguntas da amiga? Fiquei observando a conversa entre as duas e
percebi que precisava tomar uma decisão sobre o que fazer a partir dali.
A amiga respondeu:
Rita: Perguntei ao Daniel, e ele disse que me
deixará por volta das 18 horas também. Tudo bem irmos
ao sushi. Beijinhos e até lá.
Ela enviou um emoji de beijo e bloqueou a tela.
— E então? — perguntei.
— E então, senhor, o que você planeja para aproveitarmos o meu tempo disponível?
— Você acabou de dizer à sua amiga que vai trabalhar.
— Precisei improvisar e perguntei também sobre a chegada dela, para que eu possa chegar
antes.
— Parece que você não quer que os outros saibam, não é mesmo?
— Não por enquanto. — Ela piscou para mim e fez uma careta divertida.
— Tudo bem, tudo bem, garota. Tenho planos para nós, e admito que estava preocupado
em ter que os mudar. — Estreitei os olhos levemente enquanto me aproximava dela, iniciando
com um toque suave em seu rosto e então beijando-a delicadamente.
Meu pau já estava duro, mas eu sabia que devia priorizar o cuidado dela primeiro. Saí da
cama e percebi sua expressão, carregada de suspeita.
— Vamos levantar e aproveitar a banheira e a vista. — Ela assentiu, seguindo em direção à
banheira, comigo atrás de si. Beijei seu ombro e pressionei nossos corpos juntos, deixando meu
pau roçar sua bunda.
Entrei primeiro na banheira e ajudei-a a se posicionar entre minhas pernas. Peguei os sais,
o shampoo e comecei a derramá-los sobre seus ombros, cuidadosamente lavando seu corpo,
acariciando-o e distribuindo beijos pelo caminho. Sussurrei em seu ouvido:
— Você me enlouquece.
Ela fechou os olhos, entregando-se à sensação, movendo o pescoço mais perto dos meus
lábios enquanto se aconchegava a mim. Ela prendeu os cabelos em um coque meio desajeitado.
Desde que Daniel compartilhou seus planos e sobre o restaurante, este lugar pareceu a
melhor escolha. Fiz as reservas para o final de semana. Embora um pouco inseguro de sua
aceitação, eu tinha certeza de que tudo daria certo.
Eu pretendia fazê-la meu banquete durante todo o final de semana, saboreando-a de todas
as maneiras possíveis.
Dentro da banheira, a ensaboava, beijava e acariciava. Minhas mãos percorreram dos
ombros até o pescoço, descendo pelo vale entre seus seios até alcançar sua barriga. Subi
novamente, circundando cada seio, já intumescidos de desejo. Ela soltava gemidos contidos e
suaves em resposta ao meu toque, mostrando que estava desfrutando e ansiando por mais.
Enquanto isso, meu pau ereto ansiava por participar, roçando-se em suas costas.
Minha mão desceu pelo centro dela, encontrando sua boceta, lavando-a e acariciando-a.
Seus gemidos eram baixos e controlados, revelando uma excitação crescente.
— Calma, é apenas um banho. Não estou fazendo nada fora do comum, querida —
sussurrei em seu ouvido, mordiscando suavemente o lóbulo de sua orelha, o que a fez gemer
mais uma vez.
Com cuidado, aprofundei minha mão, espalmada sobre sua boceta, introduzindo um dedo e
realizando movimentos de entra e sai, o que a fez involuntariamente tentar fechar as pernas.
Testemunhei sua entrega e desejo. Interrompi o movimento, inserindo outro dedo e
intensificando os movimentos, estimulando-a com meus dedos enquanto minha palma
pressionava seu clitóris.
Ela estava entregue ao momento, rebolando em minha mão, emitindo gemidos e
colaborando no movimento, roçando sua bunda contra meu membro excitado.
Enquanto eu me esforçava para manter o ritmo dos meus dedos dentro dela, meu objetivo
era levá-la ao orgasmo ali na banheira, contemplando a paisagem da floresta e os pontos de luz
distantes, parecendo estrelas.
Ela segurou a borda da banheira, continuou a rebolar e soltou um grito quando atingiu o
orgasmo em minha mão. Enquanto ainda se recuperava das contrações do orgasmo, retirei meus
dedos, garantindo que estivesse confortável.
Estendi a mão, apanhando um preservativo e me erguendo um pouco na banheira para
vestir meu pau. Então, ergui seu corpo, mantendo-a de costas para mim, e me inclinei na borda
da banheira, penetrando-a de uma vez. Enquanto ela ainda sentia as contrações do orgasmo, eu
estava tomado pelo êxtase, dizendo em voz alta:
— Vai estrangular meu pau desse jeito, Ana.
Ela expressava seu prazer através de gemidos melodiosos, reiniciando sua rebolada, agora
em cima do meu pau. Aumentei o ritmo das estocadas, investindo com intensidade.
A água da banheira agitava-se, transbordando ocasionalmente enquanto seus gritos de
prazer ecoavam. Minhas investidas eram tão fervorosas que estava completamente imerso em
nosso ato. Beijei suas costas e mordisquei levemente seu ombro direito. Abaixei o ritmo,
segurando firmemente sua cintura com uma mão enquanto a outra se movia para frente de seu
corpo. Meus dedos literalmente amassavam seus seios volumosos, beliscando seus mamilos, e
ela gemia extasiada, incentivando-me a continuar.
Inclinei mais o corpo dela sobre a banheira, revelando a visão de seu cuzinho. Passei meu
polegar sobre ele, o que a fez reagir, tentando escapar da posição e causando um leve espasmo
em meu pau.
— Relaxa, é apenas um carinho. — Ela acenou ligeiramente com a cabeça em
consentimento.
Persisti nas estocadas firmes enquanto massageava seu buraquinho com o polegar.
Consegui também estimular seu clitóris com a outra mão, movimentos circulares e pressão na
medida certa enquanto a penetrava. Quando percebi que eu estava próximo de gozar, acelerei os
movimentos das mãos, adicionando um pouco de sabonete líquido em sua bunda. Sem aviso,
introduzi meu dedo em seu cú, coincidindo com suas contrações internas em um novo orgasmo.
Tudo aconteceu ao mesmo tempo: seu corpo relaxando pelo orgasmo, meu polegar penetrando
seu ânus, eu gozando intensamente em sua boceta quente, ela gritando meu nome e eu urrando de
prazer.
Continuei algumas estocadas até minha porra sair completamente, permanecendo dentro
dela, satisfeito. Retirei meu dedo de seu ânus e meu membro de sua boceta simultaneamente. Ela
estava derretida na banheira, em um estado de relaxamento profundo.
Aguardei até recuperar minhas forças, descartei o preservativo e o joguei na lixeira.
Levantei-me para ajudá-la a sair da banheira com cuidado, seu corpo estava trêmulo.
A envolvi em uma toalha e a conduzi, carregando-a em meu colo, para fora do chalé, onde
havia um colchão na varanda. Peguei um cobertor, embora a noite não estivesse fria, prevendo
uma possível queda de temperatura durante a madrugada.
Peguei a cesta com os aperitivos, frutas e pães, junto com as taças, e fechei a cortina e a
porta do chalé. Até nisso, tinha planejado. Informei ao funcionário do restaurante que
passaríamos a noite do lado de fora e solicitei que o café da manhã fosse servido do lado de
dentro.
Coloquei a cesta de aperitivos ao nosso lado no colchão. Estávamos exaustos e
precisávamos recarregar as energias para enfrentar o dia seguinte.
Comecei a oferecer algumas frutas a Ana.
— Não quero agora — ela recusou.
— Você precisa se alimentar, gastamos muita energia. — Dei uma piscadela maliciosa.
— Tudo bem, só um pouco, não estou com muita fome. — Revirou os olhos.
Permanecemos ali, apreciando a vista e o momento, trocando carícias inocentes.
Conversamos sobre tudo e nada em particular. Até que ela finalmente adormeceu
profundamente, aninhada em meu peito.
Capítulo 10 – Ana

Acordei aninhada ao peito de Cadu, estava verdadeiramente exausta. A noite foi intensa e
ele demonstrou um desejo insaciável, o qual eu havia apreciado muito.
Permaneci quieta, com receio de perturbar seu sono. Ele ressonava calmamente. Uma
sensação de felicidade invadiu-me, mas também sentia um certo nível de apreensão.
— Quer dizer que você gosta de ficar observando alguém dormir? — perguntou com os
olhos ainda fechados.
— Com uma "obra de arte" como essa, posso considerar a possibilidade de sacrificar meu
sono para admirar. — Sorri de forma irônica.
— Humm, então isso é bom. Mas eu não permitiria que você ficasse acordada só para me
observar. Tenho certeza de que poderíamos encontrar atividades mais interessantes para ocupar o
tempo. — Ele abriu os olhos e me olhou com um olhar malicioso.
— Sem dúvida, há opções melhores. Então, qual é o plano agora? Devemos ir ao
restaurante para tomar o café da manhã? — perguntei, apoiando-me nos cotovelos.
— Não, madame. Nessa hora, nosso café da manhã já deve estar servido no quarto.
— Como assim, servido no quarto? — minha curiosidade foi despertada.
— É simples. Combinei com um funcionário que dormiríamos aqui fora e que nosso café
da manhã seria trazido e montado em nosso quarto. Não abriria mão dessa vista do amanhecer
por nada. — Ele olhou para a paisagem e indicou com a mão.
— E se eu tivesse recusado? — Ergui um pouco as sobrancelhas.
— Teríamos perdido muitas coisas: essa vista deslumbrante do amanhecer, o café delicioso
que nos aguarda, esse local incrivelmente charmoso e acolhedor, a agradável companhia um do
outro e, por último, mas definitivamente não menos importante, talvez até o aspecto mais crucial
da noite, o sexo maravilhoso que compartilhamos. — Ele fez uma expressão pensativa.
— Então, tudo estava planejado?
— Sim, estava.
— Mas como você tinha tanta certeza de que eu aceitaria?
— Tenho um instinto apurado, nunca erro nas minhas intuições. — Ele piscou para mim.
— Mas agora, quero um bom-dia mais animado. Até agora, só estamos conversando. — Ele me
puxou para um beijo, comigo por cima de seu peito, deixando-me sem fôlego.
Foi incrível começarmos o dia com tanta paixão. Logo me vi envolvida em carícias. Num
piscar de olhos, eu estava montada sobre ele, sua ereção matinal era evidente, rija e tentadora.
Dormimos nus, sem barreiras entre nós, exceto pela precaução que eu sabia que não
poderíamos ignorar. Contudo, decidi não encerrar a aventura naquele momento. Ele fez menção
de se afastar para buscar um preservativo, mas o impedi, pois desejava muito prová-lo. Assim,
comecei a descer por seu corpo, distribuindo beijos e mordidas, explorando seu abdômen
tonificado e marcado por gominhos. Lambi sua pele, rocei minha boceta encharcada em seu pau,
deixando-o louco. Quase houve um incidente perigoso nessa posição; seu pau escorregou, quase
me penetrando sem camisinha. Rapidamente, percebi a situação e me afastei ligeiramente,
encontrando-o com um sorriso malicioso nos lábios. Mantive o contato visual com ele,
entendendo suas expressões e entrega naquele momento. Mudei de posição, deitando-me de lado
para evitar qualquer risco adicional. Comecei a massagear suas bolas e o chupei com entusiasmo,
aplicando uma leve pressão em seu períneo, a área entre o ânus e o saco escrotal. Ele revirou os
olhos e arqueou as costas, encorajando-me a continuar.
Continuei a massagear essa região e ele começou a se estimular, deixando seu pau mais
ereto. Rapidamente, tomei-o de sua mão e lambi seu comprimento, da base até a cabeça rosada.
Em seguida, comecei a chupá-lo, criando um vácuo na boca para uma sucção mais intensa. Ele
grunhia, gemia e urrava de prazer. Enquanto isso, ele começou a me masturbar e nos posicionou
em um sessenta e nove, enquanto me chupava e inseria os dedos em mim. Reduzi a velocidade
de meus movimentos, pois estava prestes a gozar em sua boca. Quando finalmente aconteceu, ele
me ergueu repentinamente, colocando-me de joelhos enquanto ele ficava de pé à minha frente.
Continuei a chupá-lo, alternando entre massagear e realizar um movimento rítmico em seu pau,
enquanto a outra mão segurava sua bunda.
— Puta que pariu, Ana, assim você vai me enlouquecer. — Ele segurou meus cabelos e foi
empurrando, fazendo seu pau atingir minha garganta e causando lágrimas em meus olhos. Ele
fodia minha boca com intensidade, retirando seu membro rapidamente e ejaculando entre meus
seios. Soltou meus cabelos e me puxou para perto, beijando meus lábios, que ainda tremiam.
Nos afastamos um pouco para respirar, mantendo nossas testas coladas.
— Bom dia, Cadu — cumprimentei com um sorriso safado.
— Bom dia, madame. Acho que não preciso de café da manhã, pois essa foi a melhor
refeição. — Ele lambeu os lábios e me deu um beijo casto.
Dirigimo-nos ao chuveiro, trocando carícias e conversas frívolas que só aumentavam nossa
excitação. Dentro do box do chuveiro, ele me tomou novamente. Somente então percebi que ele
já tinha um preservativo à mão. Ele o vestiu rapidamente, levantou minha perna em seu braço e
me penetrou de uma vez. Os sons de nossos corpos colidindo e da água batendo se mesclaram,
criando um ritmo de sexo frenético e ardente. O tesão estava palpável, nossa entrega, total.
Finalmente, gozamos no box, quase caindo devido ao esforço para nos mantermos em pé.
Saímos do banheiro, vestidos com roupões, e me deparei com uma mesa repleta de pão
francês, pão de queijo, torta salgada, bolo, frios, castanhas, leite, café, suco, refrigerante e um
arranjo de flores. Tudo estava tão bonito e impecável.
— Uau, não tive a chance de notar isso antes. — Apontei para a mesa de café da manhã. —
Tem de tudo. Acho que estou faminta agora.
— Pedi um pouco de tudo, já que não sabia seus gostos.
— Você percebeu que isso é o suficiente para alimentar uma família, certo? É muita
comida para apenas nós dois.
— Encomendei pequenas porções, mas pretendemos não sair deste chalé até amanhã e
precisamos estar abastecidos. Também fiz reserva para o almoço ser trazido aqui.
— É assim tão simples? — Cruzei os braços e ele deu de ombros.
Sentamo-nos à mesa e desfrutamos do nosso desjejum, enquanto conversávamos sobre
nossos gostos alimentares. Era realmente agradável estar ao lado dele, conhecendo-o um pouco
mais. Contudo, eu precisava manter a lucidez, pois na segunda-feira teria que voltar ao meu lado
mais profissional e esquecer o que estávamos vivenciando aqui.
— Você se planejou todo, mas eu não. Não tenho nenhuma roupa aqui, e isso é sacanagem
— reclamei.
— Primeiro, a sacanagem é o que mais vou fazer com você até amanhã. Segundo, aqui não
precisamos de roupas. O momento é para nos conhecermos. Existem trilhas e passeios turísticos,
mas esse não é o meu foco. — Ele piscou para mim, e seus argumentos me fizeram corar.
— Perfeito então, vamos ficar andando pelados pelo chalé?
— Não exatamente. Pode andar com o roupão, que isso não me impedirá de te atacar a
qualquer momento — sorriu de maneira provocadora.
— Safado.
— Parece que você gostou do safado que eu fui até pouco tempo atrás.
Dei um tapa em seu ombro, dando uma bronca de brincadeira enquanto tentava disfarçar o
riso.
O restante do dia foi maravilhoso e intenso. Exploramos todos os cantos daquele chalé,
almoçamos uma refeição deliciosa escolhida por Cadu, que claramente planejou tudo em tempo
hábil. Fico imaginando o que teria acontecido se eu não tivesse aceitado ficar aqui com ele.
— O que é tão engraçado para estar com esse sorrisinho? — ele franziu o cenho e me
questionou.
— Nada muito relevante.
— Mandei comprar uma roupa para você, deve chegar em breve. Vamos sair para jantar
em uma área diferente aqui na mata, é uma taverna medieval dentro do próprio empreendimento
do Restaurante e os chalés. Foi inaugurada há pouco tempo e fiquei curioso para conhecer.
— Ei, sério que você comprou roupas para mim? Não precisava, eu encontraria um jeito
com o vestido. E... — Tentei argumentar, mas fui interrompida.
— Nada disso, eu faço questão. A roupa deve estar quase chegando. Será algo mais
confortável, mas o vestido é justo e curto, então não poderá usar calcinha — ele falou, contendo
um riso. — Não precisa de maquiagem, só um batom. Você fica ótima de qualquer forma.
Eu já estava curiosa sobre o que estava por vir.
Chegou a hora em que sairíamos, e eu estava realmente linda no vestido. Ele delineava
minhas curvas, tinha um decote em V que valorizava o busto, e uma pequena fenda na coxa
esquerda que adicionava um toque sensual ao visual. A cor sólida e o tecido de alta qualidade
conferiam elegância e sofisticação ao conjunto, tornando-o perfeito para a ocasião.
Cadu estava vestindo um terno preto bem ajustado e camisa branca. Completando o visual,
um par de sapatos de couro preto e um relógio de pulso elegante. O estilo clássico e atemporal do
traje masculino contrastava de forma agradável com meu vestido, criando um conjunto
sofisticado e elegante para o jantar romântico. Não podia acreditar no que estava vivendo em
menos de 24 horas. Esse homem era incrível e eu só pedia que não fosse um sonho.
Fomos de carro por uma estradinha até o lado oposto de onde estávamos. Ao chegarmos ao
local, descemos no estacionamento e seguimos por um caminho parecido com uma trilha, mas
muito bem organizado, o que não me atrapalhava em nada ao andar de salto.
No meio do caminho, ele parou e me atacou ali mesmo, encostando-me em uma parede de
pedras, beijando-me com fervor. Agradeci mentalmente pelo vestido ser de um tecido que não
amassava. Ele deslizou uma mão pela fenda do vestido, tocando meu ponto de prazer, que já
estava encharcado. Eu me sentia envergonhada, pois alguém poderia aparecer a qualquer
momento. Ele massageou meu clitóris e inseriu dois dedos, movendo-os rapidamente. Quando
estava prestes a gozar, ele intensificou os movimentos, fazendo-me atingir um orgasmo
avassalador. Eu reprimi meu grito, mordendo seu ombro, em pleno desespero por não poder
gritar de prazer. Ele retirou os dedos de dentro de mim, chupando e logo me beijando em
seguida.
— Agora sim, você está perfeita, temperada para o jantar e corada. Uma maquiagem
natural — ele disse, com um sorriso safado.
Eu estava tão atordoada que mal conseguia reagir.
— Agora vamos, não podemos perder tempo. Ainda quero sentir o seu cheiro nos meus
dedos durante o jantar.
Apenas acenei com a cabeça, concordando. Ele segurou minha mão e seguimos o restante
do caminho. Alguns casais cruzaram conosco, e fiquei surpresa por ninguém ter presenciado
aquela cena.
O restaurante era um espetáculo para os sentidos, evocando todo o encanto e beleza da era
medieval. Inspirado na obra de Dante Alighieri, estava situado em frente ao mar, com uma
estrada e uma trilha pela mata que levavam aos chalés. Essa configuração proporcionava uma
sensação de aventura e romantismo a quem o visitasse. A decoração era ricamente detalhada,
com tochas, velas, tapeçarias e mobiliário antigo, transportando os visitantes para uma atmosfera
digna de um conto de fadas. O menu era uma experiência memorável, com pratos típicos da
culinária medieval italiana, preparados com ingredientes frescos e selecionados. O local era
perfeito para um jantar romântico.
Fomos recebidos pela hostess, que nos acompanhou até nossa mesa, mais afastada. Não
havia muitas mesas no local.
Após nos acomodarmos, a hostess começou sua explicação sobre o restaurante.
— Bem-vindos ao nosso restaurante medieval italiano! Aqui, construímos um espaço em
frente ao mar que o transportará de volta à era de Dante Alighieri.
Ela explicou que o ambiente foi projetado para proporcionar uma experiência autêntica da
época medieval, com paredes de pedra, decoração rústica e tochas iluminando o caminho, além
de mesas à luz de velas.
Também enfatizou a culinária como um ponto forte, oferecendo pratos típicos da
gastronomia italiana preparados com ingredientes frescos e selecionados. Uma variedade de
vinhos, incluindo um Prosecco italiano, complementava a experiência.
Após a explicação, agradecemos e ela se retirou. Logo, um garçom veio nos atender,
trazendo a carta de vinhos e o menu.
— Você se importa se eu pedir para nós dois? — ele perguntou e eu acenei positivamente.
Eu não entendia muito de bebidas e sabia que ele fazia boas escolhas.
Em relação à comida, eu gostava de como ele coordenava as coisas, perguntando sobre o
melhor prato da casa e as sugestões do garçom. Era uma tradição: o garçom sugeria e explicava
cada detalhe do prato.
— Boa noite, senhores. Permitam-me apresentar dois pratos da era medieval da culinária
italiana. O primeiro prato é o "Cervo in dolceforte", que consiste em carne de veado marinada
em vinho tinto e temperada com especiarias como canela, cravo e pimenta, e depois cozida
lentamente em um molho agridoce feito com vinagre, mel e passas.
— O segundo prato é o "risotto alla milanese", que é um arroz preparado com caldo de
carne, açafrão, cebola, manteiga e queijo parmesão. Diz a lenda que esse prato foi criado pelos
artesãos da catedral de Milão, que adicionaram o açafrão para colorir o arroz em amarelo, como
o ouro. Esses dois pratos são muito apreciados até hoje na culinária italiana e certamente irão
surpreender seus paladares.
Assim como no dia anterior, Cadu me sugeriu o risotto alla milanese, por ser um prato
mais ameno, e escolheu o Cervo in dolceforte para si.
Em relação à bebida, ele olhou a carta e já fez sua escolha. Essa parte ele não pedia
sugestão; ele sabia exatamente o que queria.
— Nos traga um Valdobbiadene Prosecco Superiore DOC, por favor.
— Então hoje vamos de Prosecco? — indaguei, curiosa.
— Sim, você vai se surpreender com esse, é simplesmente maravilhoso.
Logo o garçom trouxe a bebida e, é claro, deu uma breve explicação sobre o
Valdobbiadene Prosecco Superiore DOC. Trata-se de um vinho espumante produzido na região
de Valdobbiadene, no norte da Itália, feito com uvas Glera e conhecido por sua leveza e notas
frutadas. Ele nos serviu e se retirou em seguida.
Levantamos nossas taças e brindamos.
— Ao nosso refúgio do final de semana e ao doce cheiro que me inebria. — Cadu falou,
levando a taça aos lábios e cheirando os dedos em seguida. Eu sorri e corei novamente. Somente
acenei, levando a taça aos meus lábios.
O jantar foi perfeito. Degustamos nossa refeição, experimentando um pouco do prato do
outro, trocando palavras de duplo sentido e algumas carícias por debaixo da mesa.
Quando terminamos, fomos dar um passeio pelas dependências do restaurante e
caminhamos pelo caminho de madeira para chegar mais perto da praia. Lá havia um lindo deck
no final, onde uma sobremesa divina foi servida. Era uma panna cotta com calda de frutas
vermelhas. A panna cotta é uma sobremesa tradicional italiana feita com creme de leite, açúcar e
gelatina, com uma textura delicada e cremosa. A calda de frutas vermelhas, por sua vez, é
levemente ácida e contrasta perfeitamente com a doçura da panna cotta.
Realmente, aquela experiência era única, incrível e inesquecível.
Retornamos para o chalé e passamos a noite inteira entre carícias. A transa foi incrível;
aproveitamos como se não houvesse amanhã. Tivemos muitas provocações e, por fim, dormimos
novamente nus na sacada do chalé, enroscados um no outro.
Capítulo 11 - Cadu

Acordei antes dessa vez e deparei com um dia ensolarado, porém, sabia que precisávamos
descansar. O café da manhã estava disposto da mesma forma que o dia anterior, mas fiz questão
de especificar o que ambos apreciamos.
Despertei Ana com uma série de beijos, começando por seus pés, percorrendo suas pernas,
coxas e dedicando uma lambida especial em sua deliciosa boceta, até chegar em sua boca,
ficando por cima dela.
— Bom dia, madame.
— Bom dia, Cadu - disse preguiçosa.
Ela se esticou sob mim, provocando-me, o que me deixou ainda mais excitado. Ataquei
seus lábios, dando início a mais uma rodada de sexo intenso.
Após o café da manhã, permiti que ela dormisse um pouco mais, pois logo estaríamos de
partida e era importante que ela descansasse, considerando que na segunda-feira começava seu
dia de trabalho no grupo. Não sabia ao certo o que o futuro nos reservava, só que estava
profundamente atraído por essa mulher.
Aproveitando o fato de ela ainda estar dormindo, peguei meu celular e me deparei com
várias mensagens de Daniel.
Daniel: Você é um filho da puta safado, hein?
Fala de mim, mas sei exatamente onde você está e com
quem.
Eu: Bom dia, Daniel. Não sei do que
está falando.
Daniel: Ah, não? Então deixe-me atualizar sua
memória. Jantar no Restaurante La Belle, temático
medieval, com chalés românticos em meio a uma mata
fechada.
Eu: Como você ficou sabendo disso? —
perguntei, irritado com a situação.
Daniel: Um amigo meu estava lá e tirou uma foto
de vocês dois. Ele estava com a esposa e me mandou a
imagem, brincando que fui substituído por uma bela
mulher.
Eu: Cara, não sei o que dizer.
Daniel: Você sabe, e vai me contar.
Eu: A Rita já ficou sabendo?
— questionei, preocupado.
Daniel: Sim, ela descobriu quando eu recebi a
mensagem na frente dela. Não que eu precise prestar
satisfações a ela, pois não temos nada, mas acho errado
estar com alguém e deixar minha companhia de lado.
Eu: Mas que porra, por que você não
tentou disfarçar, cara? Poderia ter dito que eu
estava com qualquer outra mulher.
Daniel: Eu gostaria de ter feito isso, mas meu
amigo mandou a foto de vocês, e tudo o que eu pude
fazer foi sugerir que vocês talvez tivessem planejado
isso, já que estavam sozinhos durante o fim de semana.
Rita não sabe todos os detalhes que eu sei sobre esse
lugar. — Bufei, passando a mão pelos cabelos.
Eu: E pelo menos em parte, não é
mentira. Estou preocupado com Ana, com o
trabalho dela, com nossa situação no grupo e a
relação de empregador e empregada.
Daniel: Cara, ela é terceirizada, isso não tem
relação. Vocês podem aproveitar enquanto podem, pois
logo ela voltará para a filial do Sr. Valdir e essa
situação não ocorrerá mais. Portanto, aproveite.
Eu: O problema é que, pela primeira
vez, eu não quero que isso acabe. Está sendo
incrível.
Daniel: Eu sabia que não se tratava apenas de um
jantar. Vocês ainda estão no chalé?
Eu: Sim, estamos. Ela ainda está
dormindo. Depois do almoço, vamos embora
para que ela possa se organizar para iniciar na
Bianchi amanhã. Quero estar presente para
compreender melhor e talvez até colaborar
com o marketing do grupo.
Daniel: Puta que pariu, está fodido, cara. Nunca
demonstrou interesse em participar dessas questões de
marketing e agora quer trabalhar lado a lado com a
garota?
Eu: Não é bem assim. Ela explicou tão
claramente seu ponto de vista e o quanto um
bom marketing pode impulsionar os negócios,
que fiquei impressionado. Estou realmente
considerando a possibilidade de implementar
isso no grupo.
Daniel: Ferrou.
Eu: O projeto dela é destinado à filial,
mas sei que se eu sugerir que ela desenvolva
algo para o grupo como um todo, ela seria
capaz de fazer.
Daniel: Entendi. Vá com calma, seu “garanhão”.
Ela vai pensar que você está usando o trabalho como
desculpa para seduzi-la e explorá-la sexualmente. — Ele
riu, debochando.
Eu: Bem, não seria uma má
ideia. - rimos juntos da minha
conclusão
Daniel: Está vendo? Seu puto.
Eu: Cara, vou lá dar atenção
a ela. Parece que acordou e não
posso perder tempo.
Daniel: Vá lá, garanhão. E não esqueça da
camisinha.
Eu: Vá se ferrar, Daniel!

Bloqueei a tela do telefone e fui até Ana, sem saber exatamente o que dizer a ela.
Certamente, sua amiga já teria enviado um monte de mensagens, e eu não sabia como ela
reagiria.
— O almoço já está pronto na varanda. Eu pedi para o montarem lá, para não te atrapalhar
enquanto você dormia. — Aproximei-me, dando-lhe um beijo e estendendo o roupão para que
ela se vestisse.
— Dormi tanto assim?
— Não muito, mas pedi um pouco mais cedo, para podermos partir e para que você
descansasse.
— Tudo bem, obrigada.
— Preciso conversar sobre algo delicado.
— Algum problema? — ela perguntou, levantando e se vestindo, sua expressão
demonstrando apreensão.
— Sim, mas não se preocupe. Apenas achei que você precisava saber.
— Então, não fique enrolando.
— Daniel e Rita sabem onde estamos.
— O quê? Você contou? Explique isso direito. — Ela já estava pegando suas roupas e
juntando as coisas, buscando o telefone. — Sem bateria, droga. — Ela murmurou, olhando para
o aparelho.
— Ei, calma. Posso explicar. — Segurei-a pelos braços.
— Então, explique. Estou esperando. — Ela cruzou os braços à sua frente.
— Não precisa ficar brava comigo. Foi por acaso. Um amigo de Daniel estava no
restaurante, nos viu e enviou uma foto nossa para ele. Eu não falei nada e, sinceramente, não fará
diferença se ele descobrir. Ele é meu amigo e isso não vai atrapalhar em nada, entende? — Senti
o relaxamento de seus ombros.
— Está bem, vamos almoçar e ir embora.
— Não deixe a preocupação estragar os momentos incríveis que compartilhamos, está
bem? Nada de ruim vai acontecer. Além disso, eles podem pensar que, como ficamos sozinhos
no final de semana, acabamos decidindo nos encontrar novamente, o que não é totalmente
mentira. Apenas o Daniel sabe onde fica esse restaurante. O que você vai falar para a Rita daqui
em diante é com você.
— Eu entendo. Não gosto de mentir. Não falar sobre algo é uma coisa, mas ser questionada
e mentir é outra. Vou manter apenas o que dissemos, que nos encontramos porque estávamos
sozinhos. Sobre o jantar de ontem, vou deixar esse detalhe de lado.
— Tudo bem, está tudo bem. Agora, vem cá, vamos aproveitar um pouco mais, fazer nossa
refeição e não se preocupe. Vai dar tudo certo.
— Está bem, está bem. — Eu a puxei para um beijo carinhoso nos lábios e depois na testa.
Almoçamos na varanda e depois reunimos nossas coisas para partir. Fizemos o checkout e
levei Ana diretamente para o hotel. Ela estava calada e tensa. Peguei sua mão algumas vezes,
notando que estava fria, e ela tinha uma expressão preocupada. Não queria que nossos últimos
momentos juntos fossem assim, mas também queria deixá-la tranquila.
— Está tudo bem? — perguntei.
— Sim, está. Só um pouco preocupada. Minha amizade com a Rita é recente, então não sei
se ela pode falar algo ao Sr. Valdir. Preciso muito desse emprego. Não quero parecer oportunista.
Quero ser reconhecida pelo meu trabalho e... — Interrompi.
— Não se preocupe. Eu sei disso. Agora, com a fusão da empresa dele com o nosso grupo,
até as decisões de contratação e demissão passam por mim. Eu jamais permitiria que isso a
afetasse. E isso é pessoal. Ninguém deve interferir nisso. Está bem?
— Obrigada, Cadu. Mas acho que deveríamos nos concentrar no que vivemos no final de
semana. Foi incrível, intenso. Não posso reclamar. Estou recuperando minha vida agora e não
posso perder essa oportunidade.
— Não vai perder, eu garanto. E se o Sr. Valdir por acaso decidir te demitir, eu te contrato.
— Sorri, tentando aliviar o clima.

Chegamos ao hotel e desci rapidamente para abrir a porta do carro e lhe dar um beijo de
despedida. Entretanto, notei que ela estava olhando ao redor para verificar se alguém nos
observava.
Puxei gentilmente seu queixo em minha direção e dei-lhe um beijo casto, demorado e
cheio de carinho.
— Até amanhã. Descanse, está bem? Fique à vontade para enviar uma mensagem ou me
ligar se quiser conversar. Estou aqui para você. Não se preocupe! — repeti mais uma vez,
buscando tranquilizá-la.
— Tchau, Cadu. Até amanhã.
Ela simplesmente acenou e dirigiu-se à recepção do hotel, sem olhar para trás. Isso me
provocou uma estranha sensação de saudade.
"Pode ser saudade, mesmo tendo passado um final de semana inteiro com ela e dentro
dela?" Refleti, me repreendendo mentalmente.
Entrei no carro e conectei o telefone ao Bluetooth para ligar para Daniel.
Daniel: E aí, cara, o que está acontecendo?
Eu: Daniel, acho que a Ana está preocupada com a situação. Acabei de deixá-la no hotel.
Se a Rita te disser algo, por favor, me conte. Ela está realmente preocupada com o emprego e
com sua posição na empresa. Eu não a conheço muito bem, mas não quero prejudicá-la de forma
alguma. Como sei que a Rita trabalha na empresa do Sr. Valdir há mais tempo e ele a considera
como uma filha, como ele mesmo me disse, pode ser que ele trate a Ana de maneira diferente,
especialmente porque ela é uma funcionária nova.
Daniel: Cara, relaxa. O Sr. Valdir é gente boa. Rita falou muito bem dele e de sua
família. Todas as nossas escolhas de junção de empresas foram acertadas. Ele não vai, nem
precisa saber o que aconteceu. Se essa é a sua preocupação.
Eu: Eu espero que sim.
Daniel: Fica tranquilo.
Desliguei a ligação, embora ainda estivesse preocupado.

Ana
Adentrei o quarto do hotel, repleta de preocupações. Com pressa, conectei meu telefone
para carregar e, enquanto isso, dirigi-me para um banho a fim de reorganizar meus pensamentos.
Talvez possa parecer um surto sem razão, mas, considerando o que vivi com Alexandre, é difícil
acreditar que acabei envolvendo-me justamente com o CEO da empresa. Não houve intenção
deliberada nas duas situações.
“Ana, você sempre opta pelo caminho mais complexo.” Resmunguei internamente.
À saída do banho, uma batida na porta interrompeu meus pensamentos. Gritei para que
esperasse enquanto me vestia com um conjunto de moletom confortável. Ao abrir a porta,
deparei-me com Rita, ofegante e proferindo um fluxo de palavras sem sentido.
— Eiiii, acalme-se um pouco, eu não estou entendendo nada, respire! — aconselhei,
percebendo a agitação dela.
— Vamos lá, por partes, então. – Fez uma pausa dramática, olhando para mim com
suspeita. – Primeiro, onde você esteve durante o final de semana? Segundo... — A interrompi.
— Certo, uma pergunta de cada vez e a segunda após a resposta da primeira, e assim por
diante.
— Está bem, então, responda à primeira e, em seguida, estou ouvindo. — Ela bufou e
sentou-se na cama, exibindo um olhar desconfiado.
— Boa tarde, minha amiga, para começar.
— Já está me irritando. — Ela revirou os olhos. — Boa tarde — disse secamente.
— Você me deixou sozinha, lembra-se? — Ela acenou, revirando os olhos, visivelmente
tentando interromper-me. — Pois bem, segui o seu conselho e saí com o Carlos Eduardo.
— Tão simples assim? Não tem mais nada para contar?
— Vou te dar a mesma resposta que me deu na sexta-feira na praia, não vou entrar em
detalhes.
— Safadaaaaa, olha só você, toda confiante! — Eu segurei o riso, e ela caiu na gargalhada.
— Eu?! Você tem certeza? Quem estava no Iate com o gatão do Daniel? — disse tentando
mudar o assunto de foco.
— Tudo bem, não vou perguntar mais. — Ela semicerrou os olhos para mim. — Mas
alguns detalhes de onde vocês foram, claro que você vai me contar, porque eu mesmo te enviei
fotos do Iate.
Passamos o restante da tarde compartilhando nossas experiências do final de semana.
Conversei sobre minha preocupação em relação ao trabalho e ao meu envolvimento com o CEO
do grupo. Rita me tranquilizou quanto ao Sr. Valdir, afirmando que ele é como um pai, e que
apesar de não termos convivido muito, logo ele me considerará uma filha, me desejando apenas
o melhor.
Agora, só preciso acreditar que tudo se resolverá. Não estou pronta para recomeçar
novamente; minha vida estava finalmente entrando nos eixos e isso era o mais importante para
mim.
Esperamos a chegada de Alice e seguimos para um restaurante de sushi próximo ao hotel.
Fiquei aliviada por Rita não ter revelado nada a Alice. Foi divertido estar com as duas, mas não
prolongamos a saída. Eu queria descansar e organizar algumas coisas para o próximo dia. A
organização sempre esteve presente em meu modo de viver.
Até o momento de ir dormir, eu não tinha tocado no telefone. Foi apenas naquele instante
que vi uma mensagem de Cadu.
Cadu: Olá, madame. Espero que tenha
descansado e que o restante do seu dia tenha sido
perfeito. Boa noite e até amanhã.
Fiquei indecisa se deveria responder ou não. Havia um dilema. Se não respondesse, ele
poderia achar que estou me afastando e que me arrependi do que vivemos. Se respondesse, eu
poderia manter uma esperança. Decidi ser simples em minha resposta, evitando detalhes sobre o
restante do meu dia.
Eu: Boa noite. Até amanhã.
Capítulo 12 - Cadu

Hoje seria um dia intenso. Acordei com o atraso de sempre, mas apressei-me para chegar
ao grupo antes de todos. Queria pessoalmente apresentar as instalações do grupo, explicar cada
departamento e demonstrar como trabalhamos.
Pedi a Daniel que me acompanhasse nesse primeiro encontro com os membros que
participariam da apresentação. Sempre fazemos isso quando uma empresa se junta ao nosso
grupo. Mas hoje era diferente, havia uma certa garota que compartilhou um chalé comigo no
final de semana e que estava ocupando meus pensamentos. Além disso, ela me respondeu a
mensagem de maneira fria, com um simples "boa-noite", sem estender a conversa. Fiquei
intrigado, pensando que talvez ela estivesse se arrependendo do que tínhamos vivido. Talvez eu a
questione sobre isso mais tarde.
Daniel chegou primeiro, seguido pelos integrantes da empresa do Sr. Valdir. Ela entrou por
último, evitando olhar na minha direção, o que me incomodou profundamente.
“Será assim todos os dias?”
As saudações aconteceram entre todos, e não pude deixar de notar os olhares trocados
entre Daniel e Rita. Discretos e mantendo a postura.
Minha mente estava a mil. Eu desejava muito focar apenas no lado profissional, sem
pensar nos momentos incríveis que compartilhamos no chalé. No entanto, ela estava distante,
tanto fisicamente, quanto mentalmente. Essa era a impressão que eu tinha.
— Então, vamos lá — Daniel me tirou do transe —, melhore essa expressão e concentre-
se, temos muito trabalho. Se você tem algum problema com a garota, vocês podem resolver isso
depois — ele falou baixo, somente para que eu ouvisse.
Logo que começamos o tour pela empresa, expliquei aos novos integrantes do grupo como
era o dia a dia na Bianchi e qual era o meu papel como CEO do grupo. Com formação em
engenharia e especialização em administração de empresas, eu liderava todo o grupo em
conjunto com meu amigo e sócio Daniel, que era responsável pela parte técnica. Descrevi a
importância do trabalho em equipe e como a colaboração entre diferentes áreas era crucial para o
sucesso dos projetos. Enfatizei a importância da inovação e da busca constante por soluções para
os desafios da empresa. Foi um momento essencial para alinhar expectativas e integrar os novos
membros ao grupo.
O dia transcorreu bem. Depois de apresentar todas as instalações do grupo, mostrei onde
cada um ficaria no decorrer dos dias aqui. Como cada um trabalharia em um setor diferente, eles
não estariam todos juntos.
Ana foi designada para o departamento de marketing, que era o menos agitado, já que eu
nunca havia considerado a perspectiva que ela trazia. No entanto, estava decidido a colocá-la em
minha sala, estava certo de que ela tinha mais experiência, atenção e ideias inovadoras do que o
meu atual funcionário. Ele ainda insistia em usar outdoors estáticos, panfletos em semáforos e
muito papel desnecessário.
Aproximando o horário de almoço, convidei todos para um restaurante caseiro próximo.
Durante a semana, eu preferia manter uma alimentação controlada e saudável. O restaurante
ficava perto, facilitando minha rotina, já que eu não costumava optar pelo buffet, como muitos
faziam.
Mesmo assim, Ana permaneceu distante, evitando contato visual. Não sabia ao certo se ela
estava se afastando de mim ou se estava apenas adotando uma postura totalmente profissional.
No entanto, quando a chamar para discutir a possibilidade de ela trabalhar em minha sala,
vou abordar o assunto. Tenho certeza disso.
Encaminhei cada um para sua respectiva sala, já que meus funcionários estavam
habituados a treinar e integrar os novos membros. Não havia receio de demissões para substituir
quem estava treinando. Tudo aqui era transparente e objetivo. Cada novo membro atuaria em sua
empresa, já existente em outra cidade.
Daquela vez, a única diferença estava em Ana, pois nenhuma empresa havia enviado um
membro da área de marketing. Normalmente, os representantes eram os mesmos: o proprietário,
o secretário, ocasionalmente o advogado, o contador e o administrador.
Na bianchi, orientamos tudo. Se apenas o proprietário comparece, sugerimos a contratação
de um secretário para direcionar futuras contratações, adaptações e implementação de cada setor,
a fim de alinhar perfeitamente tudo.
A escolha daquela empresa foi perfeita. O filho do Sr. Valdir, Valter, formado em direito e
que deseja aposentar o pai, nos procurou. Ele explicou que o pai fazia tudo sozinho, juntamente
a Rita. Ele e os irmãos, depois de formados, começaram a auxiliar mais. Com a proposta de se
juntar ao grupo Bianchi, contrataram Ana como assistente administrativa, para substituir Rita
enquanto eles se capacitavam no Rio. Ana demonstrou interesse em ajudar na área em que é
especializada, além de apresentar um projeto para o Sr. Valdir e seus filhos. Aprovaram a
proposta e me pediram permissão para trazê-la.
Aceitei, pois se cada empresa trouxesse o responsável máximo de cada área neste primeiro
momento, a implantação e adaptação seriam muito mais rápidas.
Quando Ana apresentou seu trabalho, percebi que subestimava a complexidade de um
planejamento de marketing eficaz. Foi então que propus a ela que permanecesse mais tempo na
cidade para alinharmos melhor sua proposta e talvez até implementá-lo na matriz.
Não tinha qualquer intenção sexual em relação à garota; isso só aconteceu de fato no jantar
de comemoração, onde a vi como uma mulher linda e sexy pra caralho.
Coloquei Ana no setor de marketing, em uma pequena sala onde Felipe trabalhava. Fiquei
confuso porque não entendia nada da área.
Pedi a ele que explicasse a Ana como era o trabalho ali. Antes de cada um entrar em seus
setores, deixei claro para ouvirem nossos funcionários primeiro e disse que depois eu conversaria
com cada um individualmente para verificar sua adaptação e ouvir suas sugestões.
Deixei o dia fluir dessa maneira e retornei ao meu escritório para finalizar algumas
pendências. Daniel aparecia às vezes com algumas demandas, mas, raramente, já que ele tinha
total autonomia para resolver situações.
O horário de expediente aqui é das oito às dezoito horas, com duas horas de almoço. No
entanto, tanto Daniel quanto eu frequentemente encerrávamos por volta das vinte horas.
Meu acordo com Valter era que o Sr. Valdir não tivesse uma atividade específica, já que o
objetivo era sua aposentadoria. Logo após as apresentações, Valter, Daniel e eu o chamamos
para conversar, um momento muito emocionante.
— Pai, sou profundamente grato por tudo o que o senhor fez por nós, tanto eu quanto meus
irmãos e nossa mãe. Não queremos retirar seu poder na empresa, mas desejamos que o senhor
aproveite a vida ao lado de nossa mãe e, quem sabe, futuros netos. Vocês abdicaram de suas
próprias vidas para cuidar das nossas, e agora queremos retribuir esse cuidado. — Valter fez uma
pausa, emocionado. — Queremos apenas que o senhor seja o proprietário no papel e nosso
conselheiro na empresa. Não desejamos que acumule mais tarefas. De hoje em diante,
cuidaremos de vocês.
Naquele instante, todos entraram na sala. Seus irmãos e a mãe, todos emocionados. E uma
placa linda com os dizeres...
"Para o nosso guerreiro incansável, nosso pai amado. Nós, seus filhos, somos herdeiros
do amor incondicional, da dedicação e da sabedoria que nos conduziram até aqui. Não há
palavras para expressar a gratidão que temos por todos os anos que dedicou a nos cuidar,
educar e sustentar. Seu exemplo de responsabilidade e comprometimento sempre nos inspirou.
Agora, na sua merecida aposentadoria, desejamos que desfrute da vida com a mesma
intensidade que sempre cuidou de nós. Esteja certo de que, onde quer que esteja, nosso amor e
admiração por você serão eternos. Obrigado por tudo, nosso querido pai."

Assinado por seus filhos Valter, Alice, Saulo, e sua amada esposa Lourdes.

Foram momentos de grande emoção, abraços, beijos e lágrimas. Era palpável o amor que
aquela família compartilhava. Até Daniel e eu estávamos emocionados. A cada momento, minha
convicção de que a escolha tinha sido perfeita se fortalecia.
Deixei-os à vontade em meu escritório, pois aquele era um momento familiar. Enquanto
isso, fui à sala de Daniel para discutir e alinhar mais algumas demandas do dia.
Quando Rita bateu à porta...
— Entre — Daniel respondeu, sorridente.
— Com licença, Daniel — ela parou, notando minha presença — Desculpe, não sabia que
estavam ocupados. Volto mais tarde.
— Fique à vontade para entrar, não estamos tão ocupados. Eu só vim para cá para deixar a
família mais confortável após a homenagem — expliquei, acalmando-a.
— Algum problema? — Daniel questionou.
— Preciso esclarecer algumas dúvidas sobre assessorias e contratos. Estou um pouco
perdida e me disseram que eu poderia recorrer a você, Daniel. Trata-se da parte de engenharia,
algumas especificações técnicas para a contratação de profissionais. Já tenho a lista das áreas que
serão implantadas e os profissionais de cada uma, mas enquanto tudo não estiver alinhado, estou
anotando e deixando na agenda compartilhada com os filhos do Sr. Valdir e Ana. Há um
pequeno problema agora, porém, pois acho que Ana não exercerá mais a função anterior nem
ficará no meu lugar. Assim, terei que encontrar alguém para cuidar dessa parte.
Era evidente o empenho de Rita. Desde nossa primeira visita à empresa do Sr. Valdir, ela
demonstrou grande profissionalismo, atuando em todas as áreas da empresa. Como eles eram
poucos e os projetos pequenos, ela cobria várias funções.
No pouco tempo em que estivemos lá, Rita e Daniel já estavam se olhando. Percebi o
interesse dela em continuar aqui. Foi naquele momento que ela contratou Ana para substituí-la, o
que não me impediria de trazê-la para perto. Com o crescimento do grupo e a competência dela,
nada mais justo do que contratá-la como diretora administrativa. Daniel estava empolgado com
isso.
Adverti várias vezes sobre o envolvimento de ambos e não aceitei que ele a contratasse
diretamente. Ela seria uma contratação para a implantação das novas empresas no grupo. Fiquei
satisfeito por ela também ter nos apresentado um projeto impressionante, alinhado e eficaz desde
a seleção da empresa até a finalização da implantação, com um pós-acompanhamento. Enquanto
as contratações antes poderiam ser feitas pela própria empresa, desde que ela tivesse todos os
setores funcionando, Rita apresentou uma planilha com algumas falhas observadas em outras
empresas que ingressaram no grupo. Ela propôs uma abordagem diferente e uma contratação
mais duradoura e segmentada.
Tanto Daniel quanto eu gostamos de inovação e de analisar novas ideias.
— Realmente, Ana não realizará essa tarefa, conforme está planejado no cronograma,
vocês terão que montar um departamento de marketing. E ela nos apresentou o melhor projeto
para a filial. Portanto, é justo que ela assuma essa área — Daniel explicou. — Mas também há
outro lado a considerar, algo que talvez devêssemos discutir melhor, e acredito que este seja o
momento ideal para fazer uma proposta a você.
— Rita, lembra do seu projeto de efetivação da fusão das empresas, que está mais alinhado
e detalhado, com suas planilhas e organização? — Ela assentiu com a cabeça. — Queremos
implementar seu projeto. Para isso, vamos usar a empresa do Sr. Valdir como teste. Se tudo der
certo, vamos aplicá-lo nas outras empresas — expliquei.
— Isso significa que vou trabalhar diretamente para a Bianchi? — perguntou, com a voz
trêmula.
— Sim, inicialmente será da forma que você mencionou, com a empresa do Sr. Valdir.
Quando tudo estiver funcionando perfeitamente, seu trabalho será exclusivo para o grupo. Você
terá que viajar até as empresas para conhecer e acompanhar cada uma delas de perto, seja
pessoalmente ou remotamente. Você já conhece nossa abordagem para escolher empresas:
priorizamos as familiares, com objetivos que vão além do financeiro, buscando ajudar o
próximo. Acreditamos que, assim, o rendimento é mais positivo, pois as pessoas trabalham com
dedicação e amor, e não apenas pelo salário em si.
— Nossa, Senhor Carlos Eduardo... — A interrompi.
— Apenas Cadu, por favor. Agora vamos trabalhar diretamente e não precisamos de certos
títulos. Além disso, parece que eu fico muito mais velho que você.
— Tudo bem, Cadu. Muito obrigada pela oportunidade, e garanto que não vou decepcioná-
los.
— Vamos agendar uma reunião para apresentar seu projeto a todas as partes interessadas.
Uma apresentação semelhante à que a Ana fez. Sabemos que você estava concentrada em vir
para cá, mas agora será importante que a apresente para todos. Valorizamos novas ideias e
estamos ansiosos para ouvir o que você tem a dizer. Não queremos tirá-la do Sr. Valdir;
queremos apenas mostrar a você que é bem-vinda em nosso grupo e que sua contribuição será
valiosa para o crescimento deles.
— Já tenho todo o projeto pronto. Marque a reunião quando quiser; estou à disposição. Só
não imaginava que seria tão rápido assim. — Ela sorriu timidamente.
— Hoje foi um dia intenso. Deixemos para amanhã, às dez da manhã.
— Combinado. Posso ir? Vou revisar o material.
— Claro, está liberada!
Daniel saiu atrás dela. Tinha certeza de que eles teriam um momento de pegação antes dela
ir embora; percebi a empolgação deles tanto pelo projeto quanto por trabalharem juntos.
No entanto, eu ainda tinha uma questão a resolver com Ana. Saí da sala de Daniel e os
peguei aos beijos no final do corredor. Ignorei e segui em frente, pois ainda tinha algumas
pendências para resolver. Naquele andar, só havia minha sala e a dele ocupadas.
Quando entrei em minha sala, a família já estava de saída.
— Tudo ocorreu bem aqui? — indaguei, observando-os com os olhos marejados e os
rostos inchados pelo choro e pela emoção.
— Sim, meu filho. Eu não poderia ter uma família mais linda e perfeita. Sou
verdadeiramente abençoado. Meus filhos me enchem de orgulho. Sou muito grato por você nos
proporcionar essa experiência, e eu sei que tudo já está dando certo para todos nós — Sr. Valdir
falou, ainda emocionado.
— Eu que agradeço por tudo, Sr. Valdir. Vamos fazer o máximo para que tudo ocorra bem.
Podem contar conosco, somos uma família aqui! — Nos abraçamos e nos despedimos. Avisei
sobre a reunião com Rita no dia seguinte e fui para minha mesa.
Capítulo 13 – Cadu

O expediente estava quase acabando, e eu não podia deixar de conversar com Ana. O dia
tinha sido cheio e não tive oportunidade, mas não queria que ela fosse embora sem
conversarmos.
Quando ela entrou na minha sala, a vontade que senti era de deixar tudo para trás e prensá-
la na porta, beijando-a com desejo. No entanto, me contive, pois não podia perder o controle.
Ana usava um belo vestido tubinho, que parava um pouco acima dos joelhos. O modelo era
simples, mas elegante. As alças do vestido eram mais largas, cobrindo grande parte do colo e
quase alcançando o pescoço. Ajustado ao corpo, o vestido realçava sua silhueta, destacando suas
curvas delicadas. Cada movimento que fazia, o vestido acompanhava, realçando ainda mais sua
beleza.
Ela se aproximou caminhando lentamente, parecendo uma deusa do sexo. Pedi que se
sentasse na cadeira à frente da minha mesa. Quando ela se sentou, só conseguia imaginá-la na
mesma posição, me proporcionando um delicioso boquete.
Após ajeitar-se na cadeira, ela cruzou as pernas, revelando melhor suas curvas e um pouco
mais das suas pernas torneadas. O vestido subiu um pouco, e eu já estava ardendo de desejo. Eu
estava fodido. Tentei controlar minha mente, mantendo-me sentado, especialmente porque meu
pau já estava respondendo e não queria tornar aquela conversa ainda mais constrangedora.
— Você me chamou? Precisa de algo? – perguntou com certo receio.
— Sim, gostaria de saber algumas informações suas e compreender mais detalhes sobre o
projeto de marketing – ela suspirou aliviada.
— Pode perguntar.
— Ana, antes de tudo, gostaria de saber o que achou do setor de marketing. O que o Felipe
compartilhou contigo?
— Ah, sim. Ele explicou tudo o que é feito, e eu tenho algumas ponderações e questões a
levantar.
— Prossiga, estou ansioso para ouvir o que tem a dizer.
— Cadu, percebi que as técnicas utilizadas pelo Felipe estão um pouco defasadas em
relação às tendências atuais. Acredito que seja necessário fazer algumas mudanças. Um dos
principais desafios que o grupo enfrenta é a contratação de profissionais especializados em
mídia, design e programação. Além disso, nossa equipe de execução também precisa ser
atualizada com as últimas técnicas. Considerando que temos apenas uma pessoa no setor que
contrata freelancers para executar tarefas que não são de sua especialidade, acredito que seja
essencial investir mais em treinamento e capacitação para ele. Outra opção seria buscar novos
talentos no mercado e estabelecer parcerias com empresas especializadas em marketing digital.
Isso nos ajudaria a manter a empresa atualizada e competitiva no mercado. Esse é o meu ponto
de vista. O que acha? Eu poderia ajudar a criar um novo projeto para a matriz, uma vez que o que
fiz foi apenas para a filial. Podemos discutir essas ideias e trabalhar juntos para aprimorar o setor
de marketing.
— Perfeito, não há nada como alguém que realmente compreende o negócio.
Possivelmente negligenciei esse setor e outros, e vou prestar mais atenção. Como não é uma área
que domino, acabei não dando a devida importância. Muito obrigado!
— Não precisa agradecer, estou aqui para isso e farei com prazer.
— Vou falar com o Daniel e ver o que podemos fazer. Amanhã teremos uma reunião em
que a Rita apresentará um projeto de integração das novas empresas ao grupo. Será às dez da
manhã, e gostaria que você também estivesse presente. Podemos alinhar ambas as partes.
— Está combinado, estarei lá.
— Agora preciso abordar outro assunto com você. – Ela ficou tensa de imediato. – Não
precisa se preocupar.
— Não estou preocupada, continue.
— Bom, gostaria de pedir desculpas se em algum momento fui desrespeitoso. Notei você
hoje cheia de cautela comigo, mal me olhou e manteve distância. Não quero que se sinta
desconfortável. O que aconteceu entre nós no final de semana não vai afetar a situação aqui.
Compreendo que somos profissionais, e você está aqui apenas por esse motivo, não por termos
compartilhado aquele momento. Quero deixar isso bem claro.
— Você não precisa se desculpar. Eu sou assim, centrada e focada em tudo o que faço. Já
deixei claro que preferia que nosso envolvimento se limitasse àquele momento. Daqui para
frente, não deveríamos ter mais nada. Cadu, já enfrentei muitas dificuldades, e não quero que
nada atrapalhe agora.
— Eu entendo. Não estou propondo nada. Apenas gostaria que aproveitássemos os
momentos bons. Sei que foi bom para ambos, e fazia tempo que eu não me sentia tão bem com
alguém quanto me senti com você. Vamos trabalhar juntos nos próximos dias até você retornar
para a filial. Não quero deixar mal-entendidos entre nós.
— Compreendo – suspirou relaxada – Peço desculpas se sou reservada. Eu tendo a me
retrair em certas situações para não perder o controle.
Levantei-me e me aproximei dela, puxando a cadeira para mais perto.
— Olhe para mim. – Segurei delicadamente seu queixo, direcionando seu olhar para os
meus olhos. – Não fique triste. Vamos aproveitar o momento. Quanto a manter uma certa
distância aqui na empresa, não posso prometer que será fácil. Afinal, você estará trabalhando ao
meu lado. Inclusive, pedi para trazerem uma mesa para a sala. Sinceramente, quero que este seja
o melhor projeto de marketing do grupo. Desejo que você se alinhe com todas as ideias que estou
desenvolvendo, acredito que será um ótimo negócio para nós. – Acariciei sua bochecha e deslizei
o polegar suavemente até chegar à altura da sua boca. – Porém... – Engoli em seco. – Eu
necessito muito disso. – Então, beijei seus lábios com suavidade, e ela se entregou à mesma
sensação que eu naquele momento. Ela soltou um gemido contido quando dei uma leve mordida
em seu lábio inferior. – Isso entre nós ainda não terminou, e eu mal posso esperar para estar
dentro de você novamente. – Concluí minhas palavras em um sussurro, roçando nossos lábios.
— Cadu, não aqui, por favor – ela falou com a respiração ofegante.
— Eu entendo, mas estou tendo dificuldade em me controlar. – Retomei o beijo e, com a
outra mão, comecei a deslizar por seu joelho e desfiz o cruzamento de suas pernas. Minha mão
se infiltrou por dentro de seu vestido, seguindo direto para a barra da calcinha, onde pude sentir a
umidade. – Eu sei que você também quer, veja como está molhadinha e ansiosa por mim. –
Naquele momento, alguém bateu à porta, e internamente agradeci por não terem entrado sem
avisar.
Nós nos afastamos imediatamente e ela começou a se recompor, levantando-se da cadeira e
dirigindo-se à porta. Eu a segui e a abri, deparando-me com funcionários da equipe da zeladoria
e manutenção.
— Com licença, senhor Carlos Eduardo, viemos trazer os móveis que pediu. No entanto, se
estiver ocupado, podemos voltar em outro momento.
— Creio que podem entrar, já terminamos nossa reunião – ela respondeu por mim e saiu da
sala, dirigindo-se ao elevador, sem olhar para trás.
Eu apenas apontei com a mão o local onde os móveis deveriam ser colocados e me sentei
na minha poltrona, frustrado com a interrupção e cheio de tesão por aquela garota.

Ana

Saí da sala de Cadu sem olhar para trás. Não podia acreditar no que acabou de acontecer.
Parecia que da mesma forma que ele mexia comigo, eu também o afetava. Ele não estava se
segurando para me tocar e eu estava sedenta pelo seu contato. No entanto, sei que é errado,
especialmente dentro da empresa e na sala dele.
Tive sorte de os funcionários não terem entrado sem bater. Isso ainda pode ser perigoso
para nós, e não quero me aproveitar dessa situação.
Como meu horário estava quase terminando, fui até a sala de marketing, peguei minhas
coisas e apenas avisei ao Felipe que iria explorar outras áreas do grupo antes de ir embora.
Felipe é um bom rapaz, trabalha no marketing da melhor forma que consegue. Ele tem
boas ideias, mas enfrenta dificuldades para colocá-las em prática. No entanto, é esforçado e sei
que, se ele se dedicar mais e buscar aprender, terá um grande potencial.
Ativei o modo profissional novamente e concentrei-me em encontrar uma solução para o
setor que também pudesse manter o Felipe no grupo. Não sou do tipo que "rouba" o emprego de
alguém, apenas quero ajudar. Na verdade, meu projeto se encaixa bem com o que Rita havia
mencionado sobre o seu. Espero sinceramente que a apresentação dela seja aceita, pois estarei
mais perto de realizar meu sonho de montar minha própria agência de marketing, tornando-me
ainda mais independente e livre desse vínculo que estou desenvolvendo com Cadu.
Quando estava saindo do prédio, avistei Cadu vindo em minha direção. Não dei muita
atenção, pois queria um momento só para mim. Sabia que Rita já tinha ido embora para trabalhar
e revisar seu projeto, mas minhas tentativas de isolamento não deram certo, pois ele me
alcançou.
— Ana, está me evitando?
— Não, e mesmo que quisesse, você sabe onde estou hospedada. Apenas estava tentando
colocar minha mente em ordem.
— Certo... – Ele parou por um momento, pensando em suas palavras. – Daniel e Rita vão
jantar juntos esta noite e nos convidaram para acompanhá-los. Eu sei que é segunda-feira e não é
um encontro romântico, apenas um jantar entre amigos.
— Eu não sei se deveríamos...
— É apenas um jantar, algo simples. O dia foi estressante e cheio de trabalho, nada melhor
do que sair para conversar. Além disso, você também precisará jantar, então por que não se
juntar a nós?
— Está bem, a que horas?
— Às oito da noite. Há um restaurante aqui perto, muito bom.
— Cadu, não estou acostumada com lugares caros, por favor, não exagere nos gastos. Tudo
bem?
— Não se preocupe, não será nada extravagante. Lembra quando mencionei o restaurante
de entregas que eu uso às vezes? Não é caro e tem um ambiente aconchegante para um jantar
durante a semana. Pode ficar tranquila.
— Está certo, senhor Carlos Eduardo. Nos encontramos lá?
— Sim. Ainda tenho algumas coisas para resolver por aqui, mas o Daniel irá buscá-las.
— Combinado, então!
— Até breve!
— Até!

Virei-me em direção ao hotel e caminhei até lá. Não estava longe, e eu precisava de um
tempo para pensar.
Ao chegar ao hotel, minha mente continuava agitada. Por mais que, de maneira racional, eu
saiba que devo me distanciar de Cadu, quando ele está por perto, parece que todas essas
considerações se dissipam e acabo obedecendo-o como se não tivesse pensado nisso antes.
Ainda era cedo, mas tomei um banho e deitei-me um pouco para relaxar.

Alguém bateu na porta e, ao abrir, era Cadu, parecendo sem fôlego e querendo entrar.
— Como você conseguiu entrar aqui? Ninguém me ligou para avisar que você estava
subindo — perguntei curiosa.
— Não preciso de permissão para entrar em lugares, e eu já não aguentava mais esperar. —
Ele atacou meus lábios, fechando a porta com o pé. Eu estava vestindo apenas um roupão,
facilitando o acesso ao meu corpo. Não me contive e apenas me entreguei àquele caminho
delicioso. Ele passou as mãos pelo meu corpo e retirou o roupão.
— Como pode ficar assim? Gostosa pra caralho. Estava me esperando, né? Eu sei disso, eu
sempre sei. Eu sei que você me deseja tanto quanto eu te desejo — disse, olhando nos meus
olhos, e deitou o meu corpo, colocando-se por cima de mim.
Eu não conseguia falar nada, apenas apertava o corpo dele contra o meu e me entregava
àquele homem.
Ele rapidamente tirou suas roupas, passou a mão na minha boceta, que já estava
encharcada, e penetrou dois dedos sem aviso.
— Sempre pronta para mim. Eu aprecio isso, madame. Por isso, sei que eu afeto você.
— Cala a boca, Cadu. Eu preciso de você dentro de mim.
— Agora mesmo. — Retirou os dedos de mim, posicionou-se entre as minhas pernas e
penetrou sem dó nem piedade, sem camisinha, mas eu não me importei. Nossos corpos se uniram
de forma insana, em um encaixe perfeito.
Estava prestes a gozar quando Alexandre entrou pela porta com um chute, gritando.
Ele partiu para cima de Cadu.
— Sai de cima dela, seu filho da puta! — Ele veio em minha direção, gritando comigo.
— Sua vagabunda, piranha, cretina. Gosta é de homem rico, né, safada?!
Acordei num impulso, suada e assustada, olhando para os lados para tentar entender o que
estava acontecendo. Fiquei aliviada pouco tempo depois, quando entendi que aquilo tinha sido
um pesadelo. Gostoso e frustrante ao mesmo tempo. Eu nunca tinha sonhado com Alexandre.
Por que isso agora? Isso é meu subconsciente querendo me sabotar, refleti.
Rita veio até o meu quarto no horário combinado, mas eu não estava bem para sair. Falei
que estava indisposta e, se sentisse fome, pediria alguma coisa no quarto.
Não costumo tomar calmante para dormir, mas sempre tenho algum relaxante muscular
para os dias tensos. Então, tomei o remédio e literalmente apaguei.
Acordei bem tarde com o telefone tocando, era Rita.
— Amiga, está melhor? Fiquei preocupada.
— Estou melhor sim, tomei um remédio e apaguei.
— Ah sim, tentei te ligar três vezes, mandei mensagem. Já estou indo embora, caso
queira, fico com você no quarto. Os meninos estão preocupados também. Queriam até ir
comigo ver se estava tudo bem.
— Não precisa, estou sonolenta por causa do remédio, mas estou bem. Vou descansar e
amanhã nos falamos.
— Quer que eu leve algo para você comer?
— Não precisa, vou dormir mesmo. Eu já tinha pedido no quarto um sanduíche. Um dia só
não mata.
— Ok, amiga. Fica bem, tá? Se precisar, me liga. Os meninos estão mandando um
abraço.
— Obrigada. Mande um beijo para eles também! E um beijo para você.
— Aff, credo, não quero beijo não. Deixa isso para o Cadu. — Rimos juntas e desliguei o
telefone.
Como o remédio ainda estava fazendo efeito, voltei a dormir rapidamente.
Capítulo 14- Ana

Acordei bem e renovada. A pressão dos dias anteriores e o sonho/pesadelo que tive me
deixou tensa, e o relaxante muscular foi perfeito para ter uma boa noite de sono.
Saímos todos juntos do hotel para o grupo. No caminho, o senhor Valdir veio falar comigo.
— Está tudo bem, menina?
— Está sim, senhor Valdir. Só fiquei um pouco cansada mesmo, mas agora estou bem.
Obrigada!
— Olha, Ana, não temos muita proximidade, mas pode contar comigo, como um amigo,
um pai. Sei que deve ter seu pai, mas neste momento ele não está por perto, e posso ser uma
figura paterna para você.
— Te agradeço muito, senhor Valdir. Vou me lembrar de suas palavras.
— Não precisa agradecer. Minhas palavras são sinceras.
Continuamos andando, e ele voltou a falar:
— Sei que está rolando algo entre você e o menino Cadu. — Fiz uma cara de espanto. —
Não precisa se preocupar que não vou me intrometer na sua vida. Só quero que saiba que admiro
o seu lado profissional e que estamos aqui para te ajudar. Se cuide, ok?!
— Obrigada, senhor Valdir. Te prometo que não vou estragar nosso trabalho aqui.
Simplesmente aconteceu, e não sei se isso vai para frente. Em breve, estarei de volta para a filial,
e nada disso vai comigo. Eu tenho os pés no chão, não me iludo com dinheiro e essas coisas. Só
aconteceu mesmo.
— Te entendo, filha. Fica bem, só isso que te peço.
Apenas assenti com a cabeça, e chegamos no grupo.
Fui direto para a sala de apresentação com Rita, ajudei-a se preparar para a reunião.
O projeto dela realmente vai facilitar o processo de implantação nas empresas que se
juntarem ao grupo. Pois não vão ter que fazer inúmeras contratações de profissionais de cada
setor, tudo será padronizado pela matriz. A empresa terá uma redução nos custos de contratação
de funcionários e de terceirizados.
O projeto trata da implantação de um setor de acompanhamento e implementação. As
empresas que se juntarem ao grupo poderão contar com os colaboradores e as empresas que o
grupo já tem contrato, evitando a necessidade de contratação separada e resultando em uma
redução de custos.
Por exemplo, é aí que eu entro, assim espero.
Entro com a minha agência de marketing, prestando serviços para o grupo. Mas todo o
plano de marketing deverá ser pensado de forma estratégica para as filiais, de forma que haverá
apenas um call center de atendimento, um site, e os serviços serão repassados para as empresas.
Desta forma, o grupo terá controle de qualidade do serviço prestado e do atendimento. Não
ocorrerão atrasos ou imprevistos, e se ocorrerem, serão facilmente identificados, já que a
empresa enviará um relatório diário através de um sistema disponibilizado pelo grupo.
Cadu e Daniel darão opiniões e farão modificações no projeto. Mas o piloto já está muito
bem elaborado.
Achei interessante que a Rita manteve, de certa forma, a parte administrativa, contábil e
jurídica por conta da empresa. Ela entendeu o sonho dos filhos do senhor Valdir, e achei isso
lindo.
A minha situação é um pouco diferente, já que ela permanecerá diretamente no grupo,
enquanto eu devo retornar para ocupar o lugar dela até que a implementação esteja
completamente concluída. Sou a única que conhece todo o processo, e serei responsável por ir
até lá e treinar os demais colaboradores.
Embora estejamos implementando o projeto de marketing lá, pelo que entendi, o Cadu
quer algo semelhante aqui também.
Portanto, essa apresentação da Rita é importante. Se eles aceitarem, não trabalharei no
projeto lá, mas sim diretamente para o grupo como um todo, possivelmente de forma remota.
Rita tem uma mente brilhante.
Entramos na sala de reuniões, e ela estava animada para apresentar o projeto a todos.
— Olá a todos – cumprimentou Rita.
— Estou aqui hoje para apresentar um projeto que pode ser muito benéfico para o grupo e
para as futuras empresas que se juntarão a nós.
Ela passou os slides do projeto na tela e começou a explicar.
— Minha proposta é montar uma equipe de implementação para facilitar os trâmites da
junção entre a empresa e o grupo. Essa equipe resultará em um processo mais eficiente, desde a
assinatura até o término da implantação, e também garantirá o apoio contínuo às empresas
envolvidas.
Rita explicou que o projeto incluiria um acompanhamento personalizado para cada
empresa, com assessoria e apoio da equipe de colaboradores do grupo. Dessa forma, a maior
parte das contratações seria feita pelo grupo, e as filiais usufruiriam dos serviços de forma
remota, garantindo um padrão de qualidade no serviço e atendimento.
— Com essa parceria, podemos oferecer um serviço mais completo e de alta qualidade
para novas junções – concluiu Rita.
— E, além disso, podemos fortalecer nossa posição no mercado e expandir nossos
negócios.
Todos ficaram impressionados com a apresentação de Rita e começaram a fazer perguntas
detalhadas sobre o projeto. Todos concordaram que a proposta era promissora e que valia a pena
investir tempo e recursos na sua implementação.
— Perfeito, deixe essa papelada conosco, vamos repassá-la ao nosso corpo técnico para
verificar a questão de jurisdição e recursos. A resposta é mais positiva do que negativa. – Cadu
respondeu. – Todos estão dispensados, e se precisarem de algo, estou à disposição.
Enquanto todos estavam saindo, eu ajudava Rita a organizar suas coisas para deixá-las com
Cadu e Daniel.
— Ana, poderia vir até a minha sala? – Cadu solicitou.
— Claro, estarei lá em breve!
Eles saíram da sala antes de nós.
— Sabe, ontem o Cadu ficou muito preocupado com você. Primeiro ele achou que você
estava fugindo dele, e depois que liguei para você, ele ficou perguntando se não seria melhor eu
ir embora e verificar como você estava.
— Sério? – perguntei curiosa.
— Sim, sério. Ele ficou meio que segurando a vela, mas não rolaram beijos perto dele.
Também não prolongamos a noite, apenas jantamos e voltamos. Eu até bati na sua porta, mas
você não atendeu. Imaginei que estivesse dormindo, já que havia me dito que tomou um
remédio.
— Sim, estava realmente exausta.
— Mas me diz, você o está evitando?
— Não, de jeito nenhum. Eu pretendia jantar com vocês, mas me senti mal e não estava
com vontade de sair. Foi só isso.
— Que bom. Hoje à noite vamos assistir a um filme no seu quarto, chamei a Alice.
Faremos uma noite de garotas.
— Combinado. Pediremos algumas besteiras para comer e curtiremos.
— Isso aí, garota! É assim que se fala!
— Outra coisa, Rita. Como você planeja continuar aqui?
— Já estou procurando um apartamento pequeno para alugar. Vai ser mais conveniente
para mim. A estadia no hotel vai até sexta-feira, então tenho até lá para resolver isso. Meu
projeto foi aceito, só falta a aprovação do corpo técnico. Pelo que Daniel me adiantou, será um
alivio para eles e eu ficarei responsável por esta parte.
— Entendi. Imagino que você ficará. Vamos ter que alinhar isso sobre os dois projetos.
Não vamos implantar o marketing no momento da junção das empresas. Precisarei realizar
contratações por lá e adaptar tudo. Veremos o que será definido aqui primeiro, não é?
— Exato. Os meninos vão falar conosco mais tarde. Daniel está parecendo uma criança
ansiosa, enquanto Cadu é mais centrado.
— Pelo que entendi, você e Daniel já se conhecem.
— Sim, nos encontramos quando eles foram até a empresa do senhor Valdir. Trocamos
números de telefone e estamos conversando desde então. Houve muitas provocações, e acabou
rolando algo quando cheguei aqui. Ele até me convidou para passar uns dias em sua casa, caso eu
não encontre algo logo. Mas prefiro me esforçar um pouco mais e encontrar meu próprio canto.
— Você está certa. Cometi um erro assim uma vez. Se me permite dar um conselho, é
melhor não aceitar.
— Ana, ainda quero saber sobre sua história. Às vezes, você parece viajar em pensamentos
e fica com uma expressão triste no rosto.
Continuamos caminhando em direção às salas de Cadu e Daniel, até que paramos na porta
de Daniel para que ela entrasse.
— É uma história complicada, mas um dia eu te conto tudo.
— Ok, vá lá, o chefe está chamando! – Ela me piscou um olho.

Fui em direção à sala de Cadu, batendo na porta para pedir permissão para entrar. Aguardei
alguns segundos e ele veio abrir a porta, autorizando-me também com um gesto.
— Entre, sinta-se à vontade! – Ele abriu passagem.
Mas, antes que percebesse, ele fechou a porta atrás de si, trancando-a e me puxou,
empurrando-me em direção à porta. Ele me pressionou contra ela de forma que pude sentir sua
ereção contra o meu corpo, e então atacou meus lábios, segurando firmemente minha cintura e
minha nuca, deixando-me sem fôlego.
— Isso não está certo – consegui dizer quando finalmente me afastei.
— Não está errado, estou na minha sala, ninguém vai entrar e estou com muita vontade. E
não sou apenas eu, você também está – ele afirmou.
— Eu sei, mas precisamos conversar sobre isso.
— É por isso que a chamei aqui. Tenho alguns pontos para discutir com você.
— Discutir? – perguntei, franzindo a testa, mas estava difícil prestar atenção enquanto
ofegava e ainda me sentia fraca depois daquele beijo intenso.
— Sim, discutir – ele sussurrou em meu ouvido e mordeu levemente o lóbulo da minha
orelha, aumentando minha vontade por ele.
Ele me soltou de repente e dirigiu-se à sua cadeira, me pedindo para me sentar logo em
seguida. Respirei fundo e fui andando até a cadeira em frente à sua mesa, tentando manter a
estabilidade nas pernas.
— Então, do que se trata? – perguntei, curiosa.
— Sei que você fica aqui até sexta-feira, não posso impedi-la de ir embora, especialmente
porque você e Rita são as únicas que entendem todos os trâmites da junção. No entanto, tenho
uma proposta para você.
— Estou ouvindo.
— Minha proposta é que você vá e se dedique a efetivar a transição da empresa do Senhor
Valdir com sucesso. Depois, volte para a matriz. Na verdade, quero que treine alguém para
ocupar o seu lugar, assim como Rita tem feito com você. Quando voltar, planejo implementar
tanto o projeto de Rita quanto o seu. O seu, em particular, despertou meu interesse. Gostei muito
das duas propostas, mas a sua será um grande trunfo para nós. A área de marketing está bastante
atrasada aqui na matriz, e acredito que o que você tem em mente pode trazer melhorias
substanciais. Assim que tivermos tudo alinhado, realizaremos testes conjuntos com os dois
projetos. Para isso, precisará ficar aqui, pois quero me envolver mais e ser mais ativo nesse
processo.
— Então você está sugerindo que eu trabalhe diretamente para o Grupo Bianchi e não
como terceirizada?
— Sim e não – disse, enquanto franzia a testa, curiosa.
— Não estou entendendo.
— Quero que você venha trabalhar aqui e estabeleça sua agência. Utilizará nossas
instalações para isso. Inicialmente, irá colaborar conosco até finalizarmos todos os trâmites.
Assim que tudo estiver certo, quero que registre sua agência e trabalhe como prestadora de
serviços para o grupo, dentro do escopo organizado por Rita. Você será responsável pelo
marketing de toda a rede.
— Não sei nem como expressar o que estou sentindo agora. – Fiquei surpresa.
— Não precisa ficar apreensiva. Tenho grande admiração por sua competência, e Rita
também mostrou ser excepcional. Essa parceria será um ótimo acréscimo ao grupo. Inicialmente,
pensávamos apenas de um ponto de vista técnico, mas essa visão administrativa e de organização
que você traz nos ajudará a crescer significativamente. E poderemos auxiliar outras empresas a
expandirem também.
— Cadu, você tem certeza disso? Isso não tem nada a ver com o fato de termos dormido
juntos, certo? – Fiquei incrédula diante da proposta.
— De forma alguma. Daniel e eu discutimos isso a fundo. É uma decisão conjunta, e estou
confiante de que você dará conta do recado.
Não consegui me conter e fui em direção a ele, beijando-o e abraçando-o com empolgação.
— Nossa, se soubesse que seria assim, teria feito a proposta desde o primeiro dia. – Dei um
tapinha leve em seu ombro e escondi o rosto nas mãos.
— Então quer dizer que estava de olho em mim desde o primeiro dia, Senhor Carlos
Eduardo?
— Não exatamente, você chegou aqui parecendo distante, não me atrevi a me aproximar.
Mas quando te vi no restaurante com aquele vestido e aquela fenda na coxa esquerda, fiquei
enlouquecido.
— Não brinca comigo — falei de forma manhosa
— Quem está mexendo comigo é você, madame.
Ele começou a acariciar meu rosto devagar e foi se aproximando, me beijando suavemente.
— Eu sei que não deveríamos, mas eu te quero tanto, Ana. Sabia que estaria fodido se
entrasse em você, e acredite, estou completamente obcecado por estar de novo com você, sentir
sua boceta ao redor do meu pau.
A safada até piscou com esta declaração; eu já não estava agindo com racionalidade. Se ele
estava fodido, eu estava perdida.
— O que te impede, Cadu? – falei provocando, eu estava fora de mim. E afinal, iria
embora em três dias, o que me custaria aproveitar mais um pouco dessa perdição?
— Só um instante — ele se afastou de mim.
Pegou o telefone da mesa e ligou para a secretária geral, pedindo que, se alguém o
procurasse, dissesse que ele não estava disponível, pois estava concentrado em resolver algumas
questões no escritório.
Ele parou um momento, ouviu o que ela tinha a dizer e concordou antes de se despedir.
Então ele se dirigiu ao outro canto da sala, abaixando as persianas para que o ambiente
ficasse no escuro. Pois ainda era dia, as paredes de vidro davam vista para o mar, tendo o espaço
mais claro.
— O que você está fazendo? — semicerrei os olhos, mas eu já sabia o que ele estava
prestes a fazer.
— Desde ontem, quando você entrou aqui, eu estava querendo fazer isso com você, bem
aqui. Tenho apenas três dias para te aproveitar ao máximo. — Ele estava falando e se
aproximando de mim. — Primeiro, quero te provar todinha. Deixar o seu cheiro em cada canto
dessa sala, para que, quando você for embora, eu possa te sentir mais perto.
Ele se apoiou na beirada de sua mesa e me puxou, subiu sua mão pelas minhas coxas
erguendo minha saia, segurou minha mão e a colocou sobre o seu peito.
— Veja o que você faz comigo, Ana.
Seu coração estava acelerado, a respiração ofegante. Eu também não estava diferente.
Encostei minha testa na dele, engolindo em seco.
— O sentimento é recíproco — retribuí o gesto, pegando sua mão e colocando-a em meu
peito.
— Caralho, não vou conseguir me segurar. Veja isso! Levou minha mão até seu membro
rígido e me fez apertá-lo levemente, soltando um grunhido rouco.
Num movimento impulsivo, ele me pegou no colo e me levou até o sofá de seu escritório,
praticamente me jogando lá. Naquele momento, não havia delicadeza. Ele estava bruto e faminto.
— Já se passaram dois dias desde que estive com você, mas parece uma eternidade. Meu
corpo está com tanta saudade do seu. Me perdoe se não for delicado, estou à beira da explosão.
Apenas acenei com a cabeça em concordância.
Ele se levantou, pegou um preservativo em sua carteira e o deixou ao nosso alcance.
Depois, voltou até mim, me beijando com brutalidade e percorrendo meu corpo com as
mãos. Primeiro, tirou minha camisa social, seguida pela minha saia, deixando-me apenas de
lingerie. Enquanto isso, eu também o despia. Ele apenas afastou o tecido do meu sutiã e chupou
meus mamilos, enquanto apertava o outro seio. Foi um toque breve; em seguida, ele traçou uma
trilha de beijos úmidos pela minha barriga, até chegar à barra da minha calcinha, onde minha
boceta já latejava de desejo, completamente encharcada.
Ele pousou o nariz sobre a calcinha e inalou meu cheiro.
— Que boceta deliciosamente cheirosa, vou comê-la todinha!
Eu ofegava a cada toque diferente, mergulhada em um prazer intenso.
Ele afastou a calcinha para o lado e introduziu dois dedos em minha entrada ensopada.
— Veja como você me deixa louco. Ainda não fizemos nada e você já está toda molhada,
pronta para me receber.
Então, ele se levantou, ficando de frente para mim, seu pau perfeitamente ereto apontado
na minha direção.
— Chupa meu pau, Ana, enquanto eu te fodo com meus dedos.
Comecei massageando suas bolas, e não perdi tempo. Abocanhei seu membro e comecei a
chupá-lo com gosto, enquanto ele se inclinava um pouco, introduzindo os dedos em minha
boceta e acariciando meu clitóris.
Ambos soltávamos grunhidos de prazer.
— Agora sou eu que vou chupar essa boceta deliciosa. Quero que você goze na minha
boca, Ana. Um dia ainda quero te ver engolindo minha porra, mas não hoje. — Ele retirou seu
pau e me puxou para a beirada do sofá. Abriu bem minhas pernas, e tentei levantar um pouco
para retirar a calcinha.
— Deixe-a aí, quero te foder assim, com ela enfeitando você.
— Cadu, venha logo. Quero você dentro de mim.
— Não antes de te comer com a boca.
Ele afastou novamente minha calcinha e mergulhou a cara em minha boceta, me comendo
com gosto. Segurei seus cabelos e me entreguei ao prazer que o CEO, meu chefe, estava me
proporcionando.
Ele me chupou enquanto metia dois dedos em um ritmo constante, as pontas dos dedos
pressionando uma área dentro de mim que até então parecia inexplorada, proporcionando um
tipo diferente de prazer.
Eu não sabia se puxava os cabelos dele, se me agarrava mais ou se puxava meus próprios
cabelos. Estava enlouquecida, em êxtase, aquilo era bom demais.
Ele ajustou o ritmo dos dedos e da língua. Introduziu mais um dedo, movendo-os de forma
constante, e então começou uma sucção deliciosa em meu clitóris. Foi naquele momento que
gritei seu nome e parecia estar flutuando em outro universo. Quando senti o início de um líquido
quente descendo, minha boceta ficou totalmente encharcada.
— Isso, delícia, me molhe todo. Que visão mais perfeita!
Eu estava explodindo em êxtase.
Ele se levantou rapidamente, vestiu o preservativo e me penetrou com força.
Ficou metendo rapidamente e mantendo o ritmo, ergueu nossos corpos com ele ainda
dentro de mim. Me apoiou sobre sua mesa, continuando com suas investidas sem hesitação. Com
um movimento sutil, levantou levemente meu torso, desprendendo meu sutiã. Seus lábios
exploraram meus seios, alternando entre chupões e mordidas, enquanto suas mãos os
acariciavam, aplicando ocasionalmente leves tapas e unindo-os com pressão.
De repente, com um impulso firme, ele me girou sobre a mesa, deixando minha bunda
empinada. Se abaixou, dedicando-se a lamber desde minha boceta até chegar ao ânus. Num
movimento decidido, ele penetrou minha boceta novamente, causando um ranger na mesa sob
nossos corpos. Então, com um gesto, ele cuspiu de onde estava, soltando a saliva em direção ao
meu ânus, começando a estimular aquela região de forma suave. Já estava entregue à lascívia do
momento, tendo há muito perdido a noção de controle, e meu corpo respondeu com uma reação
involuntária. Por ser uma área que só ele havia chegado tão perto.
Era quase absurdo o que eu permitia que aquele homem fizesse comigo.
— Não será hoje, mas ainda vou comer esse cuzinho bem gostoso — falou entre gemidos.
Ele inseriu o polegar em meu ânus, e o prazer foi quase automático. Enquanto ele falava,
meu corpo antecipava suas ações. A realidade e o êxtase se misturaram quando ele rasgou minha
calcinha num gesto impetuoso, lançando-a de lado. Seu membro me invadiu profundamente,
enquanto seu dedo permanecia em meu ânus e sua outra mão acariciava meu clitóris. Juntos,
alcançamos um orgasmo que nos fez gritar em uníssono.
Ficamos ali parados por uns instantes. Ele permaneceu dentro de mim, nossas respirações
gradualmente voltando à normalidade. Quando finalmente se retirou, caminhamos juntos até o
banheiro, compartilhando um banho em silêncio, mas repleto de ternura.
Ao sairmos do banheiro, o escritório parecia ter sido atingido por um furacão, roupas
espalhadas por todos os lados. Ele me ajudou a recolher minhas peças, mas precisei abrir mão da
calcinha, agora em pedaços. Ele a tomou de minhas mãos, levando-a até seu nariz e inalando
meu aroma.
— Essa ficará comigo — declarou, guardando-a em uma das gavetas de sua mesa.
— Isso vai ficar aí? – questionei espantada e ele só balançou a cabeça em afirmativo.
— Por enquanto, nossa reunião está encerrada. Mais tarde, convocarei você para outra,
Senhorita Ana. — ele disse com um sorriso safado.
— Claro, Senhor Carlos Eduardo — respondi com outro sorriso, e um abraço selou o
momento.
Ele ligou novamente para a secretária, informando que o serviço de entrega de um
restaurante estava autorizado a subir e pediu que ela avisasse para atender a porta quando o
entregador chegasse.
Almoçamos no próprio escritório, não transamos mais. Decidimos focar no trabalho dali
em diante. Ele me mostrou a mesa onde eu trabalharia ao seu lado nos próximos três dias e
compartilhou as ideias que havia desenvolvido desde o dia em que apresentei meu projeto. A
tarde se revelou incrivelmente produtiva no que diz respeito ao trabalho.
Capítulo 15 - Cadu

Senti uma grande felicidade ao ver Ana aceitar a minha proposta. Conheço o potencial dela
e o desejo de estabelecer a sua própria agência. Aquela era a oportunidade ideal, pois o projeto
que ela desenvolveu tem grande chance de impulsionar os negócios da empresa.
Ontem, tivemos aquele sexo insano em meu escritório, deixando sua calcinha rasgada em
minha gaveta, para que mesmo quando ela estivesse distante, eu pudesse sentir seu cheiro.
Não sei como vou lidar quando ela não estiver mais aqui. A situação se inverteu, eu que
impliquei com Daniel por se envolver rápido com Rita, mesmo ele sendo um total cafajeste, e
agora sou eu quem está completamente envolvido com Ana, uma garota 12 anos mais nova.
Tudo nela me atrai: sua beleza, doçura, foco, determinação e profissionalismo.
Ana não exige nada, não pressiona, simplesmente deixa as coisas fluírem. Ela pediu apenas
para que avancemos com calma, considerando que tem apenas três dias para concluir os ajustes
finais no projeto antes de partir.
Se fosse possível, eu a manteria por perto, mas também compreendo a importância da
abordagem profissional, especialmente levando em conta os interesses da minha empresa.
Cheguei cedo no grupo, cerca de trinta minutos antes de todos.
— Bom dia, Cadu! — ela entrou em minha sala, cumprimentando-me.
— Bom dia, madame! — me aproximei e lhe dei um beijo casto nos lábios.
— Ei, não vamos ficar nos beijando aqui. Alguém pode nos pegar de surpresa.
— Eu não me importo. Em breve você não será mais minha funcionária. Será apenas uma
empresa prestando serviços para o grupo.
Ela revirou os olhos e sorriu debochadamente.
— Tudo bem, mas hoje você ainda é meu chefe. Vamos trabalhar. Quero te passar algumas
coisas que pesquisei e anotei para as questões que me passou ontem. Acho que até sexta-feira
estará tudo alinhado.
— Ok. Vamos trabalhar, já que não quer me dar uns amassos de bom-dia. – provoquei.
Ela sorriu e dirigiu-se à sua mesa.
Durante aquele dia, discutimos diversas ideias, adaptações e portfólios, deixando o projeto
bem alinhado. Eu desejava que, quando ela voltasse, o setor de marketing estivesse pronto para
começar, embora ela ainda não soubesse disso. Concentrei-me nesse aspecto, deixando de lado
outras tarefas. Chamei alguns funcionários da zeladoria para minha sala a fim de explicar nossos
planos e utilizei até minhas habilidades de engenheiro para trabalhar, algo que eu não fazia há
muito tempo. Desenhei uma nova disposição para o setor de acordo com o fluxo de trabalho que
ela havia proposto, tornando-o mais prático e eficiente.
Felizmente, não me faltavam recursos, já que tínhamos várias salas disponíveis. Tenho
plena confiança de que, com um bom marketing conduzido por profissionais qualificados, nossa
empresa alcançará grandes feitos.
Terminamos o dia exaustos, porém motivados. Eu havia prometido a ela que daria um
tempo e não a pressionaria , mas era difícil me conter.
— Expediente encerrado por hoje, madame.
— Ufa, foi cansativo, mas estou muito satisfeita com o resultado! Amanhã, podemos fazer
simulações de alguns pontos e testar campanhas.
— Ei, chega por hoje. Está bem?
— Ok, chefe — sorriu de canto.
— Acho que merecemos um jantar. — Dei um sorriso safado para ela.
— Sei onde esse jantar vai terminar, mas tudo bem, estou com muita fome.
— Que tal uma pizza hoje?
— Sim, ouvi dizer que há uma pizzaria boa perto daqui.
— Claro que a Rita já deve ter te indicado, né? O Daniel adora aquele lugar. Vamos lá
então!
Nos despedimos das poucas pessoas que ainda estavam na empresa. Nesse horário, o
número era reduzido.
Fomos a uma deliciosa pizzaria da cidade. Conversamos sobre diversos assuntos, a maioria
relacionada ao trabalho.
— Por que não utiliza o computador da empresa? — perguntei curioso.
— Já estou habituada ao meu notebook. Tenho tudo ali: programas, pastas, sei exatamente
onde encontrar cada coisa. Isso me facilita. Também mantenho uma pasta de ideias, onde anoto
todas as inspirações e insights que surgem.
— E por que não armazena esses arquivos em uma plataforma de armazenamento online?
— Ainda não tenho muitos arquivos desse tipo. Além disso, essas soluções costumam ser
caras, e não sou fã de armazenar meus projetos em redes, com medo de que alguém possa roubar
minhas ideias — sorriu timidamente.
— Mas saiba que pode ser mais prático e seguro também, apesar do custo. Existem várias
opções de plataformas seguras.
— Sim, eu sei — respondeu pensativa.
— Já teve problemas com a perda de arquivos?
— Sim, perdi alguns projetos importantes que tive que abandonar. Mas isso faz parte do
passado.
— Sabe, assim como conto os dias para você ir embora, também estou ansioso para a sua
volta. — Mudei de assunto, evitando criar um clima pesado.
— Vamos viver o presente.
— Quer dizer que podemos aproveitar o momento? — provoquei, piscando.
— Você só pensa nisso, Cadu?
— Quando se trata de você, sim.
O silêncio pairou no ambiente enquanto nos olhávamos.
— Não quero que vá embora. — toquei sua mão, entrelaçando nossos dedos. — Isso entre
nós é muito diferente do que já vivi.
Levei sua mão aos meus lábios e a beijei demoradamente. Ela permaneceu em silêncio,
olhando-me nos olhos, e percebi que segurava uma lágrima.
Sei que todos têm um passado, alguns positivos e outros nem tanto. O meu foi resolvido
tranquilamente, mas o dela parece ainda afetá-la. Não quero invadir sua privacidade; se um dia
ela quiser compartilhar comigo, estarei disposto a ouvir.
Ela pediu permissão e foi ao banheiro, demorando um pouco. Como já havíamos
terminado de comer, acertei a conta e a aguardei. Ao retornar, seus olhos ainda estavam
inchados.
— Está tudo bem? — perguntei, mas ela apenas balançou a cabeça em concordância. — Já
acertei a conta. Precisa de mais alguma coisa?
— Não, podemos ir.
Quando chegamos ao carro, ajudei-a a entrar e me dirigi ao banco do motorista. Antes de
dar a partida, aproximei-me aos poucos para testar sua reação, e ela não se afastou.
— Me perdoa se falei algo demais. Fui apenas sincero em minhas palavras, não quero te
forçar a nada... — Fui interrompido por um beijo avassalador.
Nos beijamos intensamente dentro do carro, nos tocamos até nossos corpos pedirem por
mais. Não iríamos para um hotel, chalé ou escritório; seria na minha casa, na minha cama. Assim
como deixei meu escritório com seu cheiro, marcaria meu apartamento com suas lembranças e
perfume.
Me afastei um pouco apenas para perguntar, por respeito e compreensão mútua, se
poderíamos prosseguir, já que eu não a entendia completamente.
— Posso te levar a algum lugar?
— Sim.
Ela sabia o que esperar, e esta noite não seria diferente. Eu iria explorar cada centímetro
daquele corpo até me sentir plenamente satisfeito, fazendo-a ansiar cada vez mais por mim,
desejando voltar rapidamente.
Chegamos ao meu apartamento, sem perder tempo com apresentações. Apenas a carreguei
em meus braços em direção ao meu quarto, mantendo nossos olhos fixos um no outro.
Deitei-a na cama e me despi rapidamente. Os olhos de Ana faiscavam de desejo.
— Gosta do que vê? — Ela balançou a cabeça afirmativamente, mordendo o lábio inferior
com uma cara de safada e eu gostava muito disso.
Apenas a tomei com paixão e, enquanto mordia seu lábio e o libertava de entre seus dentes,
ela soltou um gemido que me fez ficar ainda mais duro.
— Quero que gema bem alto quando eu estiver te comendo gostoso, madame.
— Não perca tempo.
E não perdi mesmo. Tirei sua roupa e sua lingerie, fiquei admirando-a enquanto
massageava meu pau que estava doendo de expectativa.
Passei a mão pelo seu corpo e voltei atacá-la com paixão, beijando-a com intensidade,
descendo dos lábios até suas partes mais íntimas. Lambi, suguei, chupei, mordi e penetrei-a com
dois dedos. Ela arfava a cada investida, gemendo insatisfeita quando eu parava, e retomando os
gemidos quando recomeçava. Queria deixá-la pronta para gozar no meu pau.
Eu desejava muito fazer amor com ela sem barreiras, mas ainda era cedo demais. Talvez eu
pudesse propor isso mais tarde, já que pretendia fazer uma bateria de exames como faço todos os
anos e sabia que estava limpo.
Parei um momento e vesti meu membro duro, que pulsava de desejo. Voltei a estimulá-la
com os dedos, querendo que ela gozasse assim que a preenchesse com meu pau. Então, a
preparei para esse momento.
— Não pare, Cadu. — choramingava, pedindo por mais.
Assim que retirei meus dedos, a penetrei com de uma só vez e continuei a estimular seu
clitóris. Nem mesmo ela esperava por isso, e começou a gritar de prazer, gozando em meu
cacete. Sentia sua boceta se contrair e ela rebolando contra mim. Não dei tempo para que se
recuperasse, continuei a meter com força, querendo reivindicá-la como minha, a ponto dela não
querer mais nenhum outro homem dentro dela.
Aquela noite foi de puro prazer. Nunca havia permitido que uma foda aleatória dormisse
na minha cama. A última vez que alguém dormiu comigo foi Helena, no meu outro apartamento.
Este lugar ainda estava intocado. Se esta experiência não desse certo, talvez eu tivesse que me
mudar, pois não suportaria viver apenas de lembranças.
Ana

Acordei pela manhã e notei a ausência de Cadu na cama. Senti algo estranho, mas logo ele
retornou com uma bandeja de café da manhã, repleta de nossas preferências. Conversamos sobre
isso quando estávamos no chalé.
— Bom dia, madame — ele me cumprimentou com um beijo.
— Bom dia. Que horas são?
— Ainda são seis da manhã. Acordei cedo, saí para uma corrida e passei na padaria para
pegar o nosso café da manhã. Imagino que esteja faminta, considerando que trabalhamos a noite
toda e não comemos mais nada.
Eu estava coberta apenas pelo lençol. Ele organizou a bandeja entre nós e começamos a
comer.
— Hummmm, delicioso. Estou faminta e este pão de queijo parece até mineiro.
— Essa padaria é ótima. Gosto das coisas de lá — respondeu satisfeito.
— Muito boa mesmo, adorei. Obrigada — agradeci, me aproximando para lhe dar um
beijo.
— Fique aqui comigo até amanhã. Faça o check-out no hotel e venha para cá. É só mais
uma noite mesmo. Após o expediente, vocês já vão embora.
— Tudo bem, vou pensar no que fazer. Também quero aproveitar um pouco mais.
— Apenas um pouco? — Ele semicerrou os olhos e fez um gesto pequeno com os dedos.
— Quero aproveitar o quanto for possível.
Sim, eu estava aceitando tudo muito rápido. Meu cérebro dizia para ter cautela, meu corpo
desejava mais e meu coração ansiava por uma segunda chance de ser feliz. Eu merecia isso. Era
apenas mais uma noite, e eu não sabia o que viria depois de ir embora. Talvez ele esquecesse e
considerasse isso apenas um encontro casual. Eu poderia ou não voltar. Quem sabe?!
Após todas aquelas palavras na pizzaria e essa maravilhosa noite que compartilhamos, eu
só queria aproveitar cada momento da minha vida. Resolvi viver o agora. O amanhã estava
incerto.
— Tem uma coisa que gostaria de conversar. Não é algo grave, apenas um desejo pessoal.
Acredito que será bom.
— Fale. — Estava bastante curiosa.
— Quando chegar a hora de voltar, planejo fazer alguns exames para te mostrar que estou
saudável. Quero deixar de usar camisinhas com você. — Meu Deus, essa era uma forma de
manter-me por perto?
— Te assustei? Se preferir que continuemos usando, está tudo bem. Apenas acho que... —
Interrompi suas palavras com um beijo.
— Farei o mesmo. Isso é uma questão de confiança. Também planejo usar contraceptivos.
Aproveitarei para fazer um check-up enquanto estiver lá, próxima à minha médica. Fique
tranquilo.
— Estou tranquilo, mas confesso que estou ansioso para que volte. Estou sofrendo com
antecedência, algo que nunca me aconteceu.
Ele fez uma expressão travessa.
— Tudo bem. — Eu ri com um olhar zombeteiro, revirando os olhos.
— Mas agora que você está alimentada, quero degustar mais do meu café da manhã. — Ele
retirou a bandeja do meu colo e se aproximou.
Transamos mais uma vez e tomamos um banho rápido, pois eu precisava passar pelo hotel
para trocar de roupa e fazer o check-out.
Capítulo 16 - Ana

Pedi a Cadu que eu chegasse um pouco atrasada à sua sala, pois queria conversar com o
Senhor Valdir. Ele havia sido como um pai para mim e eu gostaria de explicar a ele o que estava
acontecendo, para que houvesse alguém ciente do que eu estava fazendo.
Também mencionei que almoçaria apenas com as outras garotas. Precisava de um pouco
de espaço, já que estaria somente com ele à noite, e partiria no dia seguinte. Rita ficaria para trás.
O Senhor Valdir foi muito gentil, pedindo para que eu me cuidasse. Também compreendia
que eu já era maior de idade e não tinha o direito de me impedir de fazer as minhas escolhas.
Além disso, ele parecia pensar que Cadu era uma pessoa boa, que não me machucaria.
Abraçamo-nos pela primeira vez, e me senti acolhida. Foi reconfortante me sentir amparada e
cuidada.
A manhã passou rapidamente, embora eu tenha chegado atrasada na sala. Ainda assim,
conseguimos adiantar muitas tarefas. Durante a hora do almoço, almocei com as outras meninas.
— Finalmente estamos reunidas novamente. Estava me sentindo sozinha. — Alice fez um
beicinho triste.
— Ah, por favor. Acha que não percebi o que está acontecendo entre você e um certo
advogado do grupo? Alguém estava bem animadinha ontem, pelo que pude ver. — Rita tinha
acesso a todos os setores para aprender e se adaptar. Quando ela entrou na sala do Alan, o
advogado do grupo, viu Alice no colo dele aos amassos.
— Depois somos nós as safadas — impliquei.
— Ahhh, vocês podem sair depois do expediente, certo? Eu não posso, meu pai está de
olho em mim. Mal parece que sou maior de idade.
— Isso é preocupação. Ele já nos deu broncas também e muitos conselhos — comentei.
— Mas com a filha é pior.
Rimos das suas lamúrias.
Foi um almoço tranquilo e divertido, repleto de histórias para compartilharmos. Eu achei
que fosse a única a ter feito coisas ousadas no escritório do Cadu, mas essas duas faziam isso
todos os dias. Eu fui apenas uma vez, e já achei arriscado e abusivo.
Rita parece que explorou todos os cantos não ocupados daquele prédio.
Alice era a mais atirada entre todas, compartilhava detalhes do que havia acontecido. Ela
só não foi mais longe porque o pai e os irmãos estavam por perto. E, na hora do almoço, ela saía
com eles.
Retornamos do almoço e cada uma seguiu para suas atividades. Quando entrei na sala de
Cadu, ele estava conversando com Daniel e Alan, o advogado.
Pensei que estavam discutindo sobre nós, os homens são mais fofoqueiros do que as
mulheres.
Eles tentaram disfarçar, eu escondi um sorriso e cumprimentei a todos, indo em direção à
minha mesa.
— Ana, chamei o Daniel e o Alan aqui para mostrarmos a eles o que fizemos e demonstrar
o quanto está alinhado para a implantação.
— Ah, sim. Vou mostrar para vocês.
Durante a tarde, fiquei ali apresentando nosso trabalho e anotando algumas questões que o
doutor Alan levantou. Algumas coisas já estavam na minha cabeça e só precisavam ser
adaptadas. Eu estava encantada por poder trabalhar com eles, ajustando o projeto conforme suas
necessidades. Até dei alguns conselhos quando achava que alguma ideia não era boa para a
empresa.
Encerramos o expediente e fomos todos jantar juntos, pois partiríamos no dia seguinte,
diretamente da empresa para o aeroporto.
O jantar foi tranquilo. Dona Luiza era uma senhora adorável e conversou bastante comigo,
Rita e Alice. Mesmo sendo mais velha, ela era muito moderna e aberta. Não tinha vergonha de
discutir certos assuntos com a filha, o que era realmente tocante. Isso me fez lembrar dos meus
pais e dos meus irmãos; bateu uma saudade.
— Senhor Valdir, posso pedir algo? — dirigi-me a ele.
— Sim, minha querida.
— Posso folgar na segunda-feira? Quero visitar meus pais antes de começar essa jornada
intensa.
— Claro, minha filha. A família vem em primeiro lugar. — Ele deu um tapinha nas costas
da minha mão.
Após o jantar, cada um seguiu seu caminho. Rita já estava acomodada no apart-hotel. A
família do Senhor Valdir iria para o hotel. No dia seguinte, somente ele, a esposa, o filho caçula
e eu, retornaríamos a Bragança para iniciarmos aquela etapa empreitada. Alice e Valter
continuariam aqui por mais um mês de treinamento.
Voltei com Cadu para o seu apartamento, ainda imersa em pensamentos enquanto
estávamos no carro. Ele gentilmente tocou minha mão como se quisesse saber o que estava
acontecendo.
— Quer conversar? — Ele perguntou com cuidado.
— Estou bem, só estou com saudades dos meus pais. A convivência com a família do
Senhor Valdir me deixou um pouco nostálgica.
— Entendo. Ouvi você pedindo ao Senhor Valdir uma folga na segunda-feira para visitá-
los.
— Sim, pretendo fazer isso. Depois que começarmos os trabalhos, ficarei muito ocupada.
— Sem pressão, mas estou ansioso para que isso aconteça logo. Quero que você encontre
alguém para cuidar da sua parte lá e possa vir para cá. Estou ansioso por isso.
Abaixei a cabeça timidamente, ainda incrédula com tudo o que estava acontecendo. Parecia
um sonho. Ele beijou minha mão e seguimos para seu apartamento.
Aquela noite estava diferente, ele parecia ansioso e tenso. O clima de despedida estava
tornando tudo estranho e desconexo. Não conseguimos conversar muito. Ele trocava olhares
tristes em minha direção.
— É... — ele parou e ficou pensando no que dizer.
— Não precisa dizer nada, vamos apenas aproveitar o momento, lembra?
— Sim, só quero que esta noite seja especial.
O abracei pelo pescoço e ficamos ali por um momento, apenas desfrutando da presença um
do outro. Ele ativou uma playlist para tocar enquanto acariciava meu rosto e apertava minha
cintura, não querendo me soltar. Ao som da música A Thousand Years de Cristina Perry.
O tempo fica parado
Há beleza em tudo que ela é
Terei coragem
Não deixarei nada levar embora
O que está na minha frente
Cada suspiro
Cada momento trouxe a isso
Um passo mais perto

— Hoje eu não quero apenas transar com você, quero amar o seu corpo. Quero gravar cada
pedacinho de você em mim e te deixar minha marca. Não estou fingindo, quero você de verdade
em minha vida.
Lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos enquanto ele beijava meu rosto,
enxugando-as e me mantendo firme contra seu corpo.
Quando seus lábios chegaram aos meus, nosso beijo foi lento, como se nossas línguas
estivessem dançando uma valsa. Exploramos cada canto um do outro com calma. Não tínhamos
pressa; queríamos aproveitar cada sensação, cada toque, cada beijo.
Aos poucos, ele nos guiou até seu quarto, me despiu suavemente e venerou meu corpo,
beijando-o delicadamente. Literalmente, ele estava me marcando, e eu me lembraria de seus
beijos em cada pedacinho de mim.
Quando ele chegou à minha virilha, desceu devagar e mordeu o interior das minhas coxas,
me proporcionando uma sensação diferente. Em seguida, abocanhou minha boceta com desejo,
chupando lentamente, me comendo literalmente. Eu segurava seu cabelo e gemia seu nome.
Experimentei o orgasmo mais lento e delicioso da minha vida.
Ele se levantou, despiu-se e vestiu seu pau, aproximando-se de mim e me penetrando
vagarosamente. Eu sabia que ele queria ser rápido e voraz, mas estava se controlando para
prolongar o momento. O ritmo era lento e cadenciado, e ele olhava nos meus olhos, sem a
necessidade de palavras. A conexão entre nós falava por si só.
— Ana, que porra, o que você fez comigo? Não quero mais sair de você. Você entrou na
minha vida e não sei como ficar sem você por perto — ele sussurrou, quase inaudível.
— Shhii, não precisa dizer nada. Sinto o mesmo. Sem promessas, só vamos viver o
momento.
Ele acelerou o ritmo e sussurrou em meu ouvido:
— Quero possuir cada pedaço de você. Quero que seja só minha.
— Eu sou apenas sua.
Nos beijamos com mais intensidade e rapidez. Ele se retirou de mim e me virou de bruços,
beijando minhas costas enquanto descia até minha bunda. Deu um tapa estalado e continuou
sussurrando, apertando minha bunda e tocando meu ânus com o polegar:
— Quero te comer por completo, inclusive aqui.
Arfei em expectativa, excitada e me sentindo amada de verdade. Apenas engoli em seco e
assenti com a cabeça, gemendo em resposta.
Ele pegou um lubrificante em sua mesa de cabeceira e um óleo de massagem, derramando-
o da minha nuca até minha bunda. Passou a língua por toda a extensão da minha boceta até meu
ânus, me fazendo gemer de prazer. Depois, voltou a derramar óleo, deixando uma quantidade
maior na região anal.
Massageou meus ombros, costas e, em seguida, foi descendo pela minha cintura até minha
bunda. Não era apenas uma simples penetração; ele estava me relaxando e me fazendo esquecer.
Massageava minha bunda com firmeza e meu ânus com cuidado, fazendo movimentos circulares
até inserir lentamente um dedo. Com a outra mão, me puxou para que eu ficasse mais empinada,
enquanto continuava a massagear meu clitóris, penetrando também minha boceta.
Ele penetrou o seu pau na minha boceta e ficou parado, continuando a me comer com
o dedo em meu ânus.
Senti quando penetrou outro dedo e foi me alargando, me preparando para recebê-lo.
Quando percebeu que eu estava pronta, ele retirou seu membro de minha boceta e
posicionou a glande em meu ânus.
— Pronta? Tem certeza?
— Si-si-sim — respondi gaguejando.
Ele começou a entrar lentamente, massageando minha bunda e minhas costas. Quando
finalmente entrou por completo, ficou imóvel para eu me acostumar com sua invasão.
— Está tudo bem? Se doer, é só falar que eu paro. Vou começar a me movimentar devagar
— ele disse.
Apenas assenti com a cabeça. Ele começou a se mover lentamente, gemendo rouco.
— Eu queria te comer muito, mas não vou aguentar muito tempo. Estou cheio de tesão.
Acelerou o ritmo, penetrando meu ânus e massageando meu clitóris, enquanto seus dedos
permaneciam em minha boceta.
— Cadu... eu vou... vou gozar — gritei.
— Porra, Ana, goza comigo.
Acelerou mais, metendo fundo e gozamos juntos.
Passamos a noite nos amando, acariciando, tomamos banho juntos, tudo com muito
carinho e cuidado, adormecemos grudados um ao outro.

Acordei e Cadu não estava na cama. Ele deve ter saído para sua corrida matinal. Aproveitei
o tempo sozinha para organizar minha bagagem e verificar minhas coisas. Queria fazer isso antes
que ele me visse fazendo, pois percebi o quanto a separação estava sendo dolorosa para ambos.
Fiquei andando pelo apartamento vestindo um roupão, conferindo todos os detalhes.
Eu não percebi quando ele voltou, de repente, senti seus braços envolvendo minha cintura
e um beijo suave em meu pescoço.
— Bom dia. Isso tudo é ansiedade para ir embora? — ele perguntou, enquanto eu me virei
para encará-lo, abraçando seu pescoço.
— Não queria perder tempo assim que você voltasse. Quero aproveitar cada momento ao
máximo.
— E se eu quisesse te sequestrar, cancelar essa reunião e te manter em cárcere privado? —
ele brincou.
— Bem, não seria uma má ideia, patrão.
— Promete que volta?
— Sim, prometo, não pense que está fácil para mim.
Ele beijou minha testa carinhosamente e fomos tomar café da manhã. Continuamos
conversando bastante e combinamos de nos ligar todos os dias, especialmente porque eu teria
que enviar relatórios diários.
— Mas espera aí, isso não vale. Eu quero te ligar à noite, sem discussões de trabalho. Só
quero saber como foi o seu dia e conhecer o seu ambiente, mesmo que seja por meio de uma
videochamada.
— Está certo, vamos nos falar à noite, então.
— E de manhã também pode ser?
— Claro, a qualquer hora que você quiser!

Nos preparamos e fomos para a empresa. No último turno, tivemos a reunião final com
todos os envolvidos. Nesse ponto, eu já não ficaria mais na sala de Cadu; a reunião serviria para
alinhar tudo o que trabalhamos nos últimos dias. Foi um dia intenso, cheio de ajustes e
detalhamentos. Posso dizer que todos ficaram satisfeitos com os resultados. Agora, estava na
hora de juntar nossas coisas e ir para o aeroporto.
Cadu alugou um carro para levar o Senhor Valdir, sua esposa e seu filho. Ele ficou
encarregado de me levar para termos mais tempo juntos. Durante o trajeto, ficamos calados a
maior parte do tempo. Ele me observava ocasionalmente, e eu respondia com um sorriso.
Ficamos imersos em um jogo de olhares silenciosos.
Chegando ao aeroporto, Cadu estacionou o carro e pegou minha mão. Ele a acariciou e deu
um beijo na palma, fechando-a em seguida.
— Esse beijo é para sempre que sentir saudade, você encostar em seus lábios e sentir que
estou por perto.
— Vou me lembrar disso. — Eu retribuí o gesto, dando-lhe um beijo. — Agora, tenho que
ir.
Ele me acompanhou durante o check-in e ficou esperando até a última chamada do meu
voo. Nos abraçamos e nos beijamos, deixando um gosto de saudade no ar.
Fui silenciosa até minha poltrona, onde encontrei Saulo ao meu lado. Ele era mais ou
menos da minha idade, e embora não tivéssemos conversado muito, sabíamos que seríamos
responsáveis por tocar tudo na filial.
Cheguei à cidade e passei rapidamente em casa para tomar um banho e trocar de roupa
antes de visitar meus pais. Como seria uma viagem rápida, aluguei um carro para aproveitar ao
máximo o tempo com eles.
Fui recebida com grande surpresa quando cheguei em casa, pois não havia avisado
ninguém sobre minha chegada.
— Minha filha, que surpresa! Aconteceu alguma coisa? Você chegou tarde. Veio
dirigindo? — minha mãe começou a fazer várias perguntas ao mesmo tempo, me observando e
me virando de um lado para o outro para verificar se eu estava bem.
— Oi, mãe, calma, está tudo bem. Só cheguei do Rio e quis vir direto para cá.
— Filha, o que está fazendo aqui? — meu pai perguntou preocupado.
— Pai, que saudades! — O abracei bem apertado.
— Anaaaaaa, que saudadeeeeeee!!! — meus irmãos gêmeos apareceram gritando e quase
me derrubaram no chão.
— Ahhh, pirralhos, também estava com saudades de vocês! O que andam aprontando?
Deixando a mãe de cabelo em pé?
— Nãooooooo, somos anjos! — eles disseram em uníssono.
— Imagino — disse semicerrando os olhos para eles e bagunçando seus cabelos.
Meus irmãos Bruno e Breno, são 15 anos mais novos que eu, meus pais já não pretendiam
ter mais filhos, eles vieram antes de meu pai fazer a vasectomia. Acho que comemoraram antes
da hora e vieram esses dois pestinhas que deixam meus pais loucos. Eles já não têm idade para
correr atrás de criança, ainda mais duas. Eu ajudei pouco, pois logo que terminei o ensino médio
fui para a faculdade e só venho de vez em quando para vê-los. Eu os amo.
— Vão, vão, deixem sua irmã em paz, ela precisa descansar.
Minha mãe ralhou com eles.
— Tá bom, mãe — eles saíram resmungando.
— Vem, minha filha, vou te ajudar com a mala. — Meu pai pegou minha bagagem e me
conduziu até meu antigo quarto. Acabei chegando bem tarde, e eles já estavam se preparando
para dormir.
Meus pais estavam eufóricos com minha chegada.
— Filha, quer comer alguma coisa? Já guardei as panelas, mas posso preparar um
sanduíche.
— Não quero nada, mãe, quero descansar.
— Me conta o que está acontecendo, Ana. — Minha mãe queria muito que eu falasse.
— Não está acontecendo nada de ruim, vim porque muitas coisas boas estão por vir, estou
de volta para ajudar nos trâmites da junção da empresa do Senhor Valdir com o Grupo Bianchi.
Expliquei detalhadamente tudo o que aconteceu, incluindo meu envolvimento com Cadu e
nossa despedida, cheia de promessas.
— Filha, você sabe o quanto queremos sua felicidade. Então viva. Se dê uma segunda
chance. Olha o presente que a vida está lhe dando! — Minha mãe estava toda emocionada.
— Minha menina, eu não sou muito de palavras, mas você merece ser feliz. Se for com
esse rapaz, que seja. Tente de novo!
Meu pai me deu um beijo na testa, e minha mãe me abraçou bem forte.
— Eu amo vocês e muito obrigada por todo amor e cuidado. Eu vim para ficar um pouco
com vocês, mas quando iniciar os trabalhos, não terei muito tempo.
Passamos o final de semana conversando e curtindo momentos em família. Foi muito bom.
Minha família é realmente meu alicerce.
— Saiba que pode voltar para casa quando quiser; aqui sempre será o seu lar.
— Eu sei, mãe, muito obrigada por tudo!
Nesses últimos três dias, apenas liguei para Cadu quando cheguei na casa dos meus pais.
Depois, não peguei mais no telefone. Eu queria me desligar de tudo.
Aproveitei os dias ali para organizar algumas coisas antigas.
— Filha, essas caixas chegaram para você. Da sua amiga Valentina.
— Que ótimo, mãe. Devem ser as coisas que deixei na casa que moravámos juntas. Vou
precisar ligar para ela e agradecer.
Abri as caixas, e dentro havia uma carta.
“Oi amiga, estou com saudades, mas não se preocupe comigo, está tudo bem. Como você
já deve saber, eu tive que me mudar e estou deixando o meu novo número e o meu endereço.
Acho que aquele embuste não vai mais nos incomodar. Fiquei muito preocupada com
você, mas imagino que esteja bem, pois notícia ruim corre muito rápido. Não mantive contato
com a sua família, por receio dele acabar te encontrando. Nunca imaginei que ele era daquele
jeito.
Espero que me perdoe por não te receber em nossa casa naquela época. Eu não estava te
expulsando daqui; só queria a sua proteção.
Amiga, seja feliz, e muito obrigada pelo tempo que passamos juntas! Estou morando no
Rio de Janeiro. Consegui um emprego aqui na minha área de formação e estou muito feliz.
Quando for a Minas, tento entrar em contato com seus pais, ou talvez, até lá você já tenha lido
esta carta, e possamos conversar. Fica bem, tá? Se dê uma nova chance de ser feliz; você
merece!
Beijos,
Valen.”
Fiquei emocionada com a carta e liguei para ela imediatamente.
— Alô, quem fala?
— Gostaria de falar com Valentina.
— Ana?!, é você?
— Sim, amiga, sou eu.
Choramos ao telefone e nos emocionamos muito. Ela contou em detalhes o que Alexandre
fez para obter informações sobre mim e como ela também foi prejudicada. Passamos uma hora
colocando a conversa em dia e contei como foram meus dias desde aquele dia.
— Nossa, nem acredito que estava no Rio, bem pertinho de mim, e não nos vimos.
— Pois é, mas creio que em breve estarei de volta – contei a ela sobre a proposta de Cadu.
— Então o gatão está caidinho por você?
— Não sei, amiga. Fico com tanto medo de que aconteça tudo de novo, que a única coisa
que digo a ele é que devemos viver um dia de cada vez.
— Seguindo meus conselhos dessa vez, mocinha?
— Sim, não vou esquecer nunca mais.
Conversamos um pouco mais e nos despedimos com a promessa de nos encontrarmos
quando eu fosse para o Rio de Janeiro.
Na segunda-feira, fiquei com minha família até a hora do almoço e depois segui
novamente para a empresa do Senhor Valdir.
"Bora começar mais uma nova fase em minha vida!"
Agora sim, tudo vai dar certo, e não tem como voltar atrás.
Capítulo 17 - Ana

Dois meses depois...

Todos os procedimentos para a fusão estavam em ordem, e tudo seguia o cronograma.


Foram dias intensos de muito trabalho. Como prometido, Cadu e eu mantínhamos contato diário.
De manhã, era um "bom-dia", durante o dia discutíamos assuntos de trabalho, e à noite, nos
comunicávamos por vídeo. A saudade era profunda, mas a perspectiva de estar perto dele
novamente me trazia felicidade.
Eu já havia treinado alguém para assumir minhas responsabilidades, Rita e eu estávamos
muito bem alinhadas. A implementação foi um grande sucesso. Valter e Alice retornaram, e isso
acelerou ainda mais o processo. Estávamos extremamente satisfeitos com os resultados. Em
cerca de um mês, tudo estaria funcionando perfeitamente, e eu estaria pronta para retornar ao
Rio.
— Ana! — Valter me chamou.
— Sim, em que posso ajudar?
— Acredito que agora podemos tocar a empresa daqui sozinhos. Está tudo perfeito. Além
disso, é hora de entrar em ação com o departamento de marketing. Cadu disse que você não vai
cuidar disso a distância, ele precisa de você lá, especialmente para trabalhar nas outras empresas
do grupo.
— Entendi. Preciso me organizar em relação a isso também. Mas desde já, Valter, quero
agradecer a vocês pela oportunidade que me concederam e pela confiança que depositaram em
mim. Saiba que nunca vou esquecer .
— Não há motivo para agradecimentos. Você desempenhou seu papel com extrema
competência. Nós é que devemos agradecer pelo seu comprometimento. Meu pai está muito
satisfeito.
— E quanto a ele? Como está? Às vezes, a aposentadoria pode ser desafiadora — brinquei.
— Sim, às vezes pode ser, mas ele está levando tudo com tranquilidade. Sempre me chama
para conversar e entender melhor o que está acontecendo aqui. Dessa forma, tudo está se
encaixando e se ajustando, não é?
— Exatamente. Vai dar tudo certo!
— Quando você planeja ir para o Rio?
— Na próxima semana. Ainda preciso devolver o apartamento que aluguei e encontrar
algum para morar lá. Rita se ofereceu para eu ficar com ela por um tempo, até que eu me
organize. No entanto, não quero invadir o espaço dela por muito tempo.
— Entendo perfeitamente. — Valter suspirou e se aproximou, estendendo a mão em
cumprimento. — Você está liberada para ir. Se precisar de alguma coisa, estamos à disposição.
— Muito obrigada! — agradeci e saí do prédio, transbordando felicidade e satisfação.

Como em todas as noites, fiz uma chamada de vídeo para Cadu, e daquela vez, ele havia
acabado de sair do banho, assim como eu. Eu estava vestindo uma camisola simples, mas bonita,
e ele parecia estar apenas de toalha, já que só conseguia ver o seu rosto e peito molhados, um
verdadeiro pecado.
— Oi, madame. Estou cada dia com mais saudades. Não vejo a hora de você voltar! —
ele disse.
— Oi, Cadu. Também estou ansiosa para voltar!
— O que está fazendo? — ele perguntou.
— Acabei de tomar um banho e deitei para ler um livro depois de encerrarmos a chamada.
— Entendi. E se eu te fizer uma proposta?
— Como assim? Uma proposta?
— Eu acabei de tomar banho, você também, e nós poderíamos nos divertir um pouco.
— Hummm, interessante.
— Gostou da ideia?
— Sim, mas nunca fiz isso.
— Nem eu. Acho que a saudade está me deixando com algumas ideias meio malucas,
sabe?
— Sei — respondi, já me ajeitando na cama e procurando algo para apoiar o celular.
— Vou falar, e vamos fazer juntos, pode ser?
— Pode — mordi o lábio inferior.
— Mantenha o telefone onde possa ver suas reações e movimentos.
Apenas concordei, ansiosa.
— Por onde sua mão passar, eu quero ver, e eu faço o mesmo.
Ele foi narrando e eu fazendo.
— Passa o dedo indicador pelos lábios e dá uma leve chupada, imaginando meu pau. —
E assim o fiz. — Hummm que cara de safada, deliciosa. Agora vai descendo e contorna seus
biquinhos. Ah, porra, que delícia, não são seus dedos, é meu pau que estou passando em você
toda. Está imaginando? — Apenas gemi. Humm. — Perfeita. Estou descendo pelo seu corpo,
barriga e estou no meio das suas pernas, abre essas pernas para mim, Ana. — Obedeci. —
Boceta linda, está toda brilhando de tão molhadinha, heim, olha para a tela do celular um
instante, Paixão.
Quando olhei, ele estava com o membro duro na mão e se tocando devagar. Apenas lambi
os lábios de tesão.
— Agora volta a mostrar sua boceta e arreganha bem essas pernas, estou passando meu
pau no seu clitóris, bem lento, aumentando a velocidade, que delícia te ver assim se tocando
pensando em mim, vou devagar aqui, quero gozar junto com você. Não para de mexer, se toca
do jeito que você gosta. vai… — Acelerei os movimentos, mas não penetrei meus dedos ali,
estava com vontade, mas só quando ele ordenasse. — Eu tô sonhando, só pode, provoca sua
entrada, massageia e enfia um dedo com gosto vai, puta que pariu, queria ser eu
de verdade, sabia?
— Eu também, continua!
— Olha para a tela, estou acelerando mais meus movimentos, e vou aumentar mais à
medida que observar você prestes a gozar, combinado? Mas quero que você fique
de olhos abertos! Mentaliza que estou na sua frente. Te comendo bem gostoso. Coloca mais
um dedo e fode essa boceta gostosa pra mim, até você gozar, paixão.
Acelerei as estocadas dos meus dedos em minha boceta, até chegar ao orgasmo e Cadu
começou a grunhir de tesão, gritei seu nome, gozamos juntos bem gostoso, em uma transa pelo
celular, eu estava louca de tesão, prazer e paixão. Era paixão, ele me chamou assim e eu estava
da mesma forma por ele.
— Agora chupa seus dedos e sente o seu gosto, enquanto olha minha porra escorrendo
na minha mão.
Fiz o que ele pediu, fazendo cara de safada.
— Perfeita e bem fodida.
Fiquei exausta, parecia que tinha passado um trator em meu corpo, ofegante e como ele
falou, bem fodida, saciada.
— Agora toma banho junto comigo, enquanto ainda conversamos?
— Claro!
Tomamos banho juntos, conversando e divagando sobre diversos assuntos.
— Quando pretende vir? — perguntou ele.
— Estou organizando as coisas já. Vou entregar o apartamento na segunda-feira, então
estarei aí na segunda mesmo.
— Não vai ver seus pais antes?
— Sim, estou indo amanhã. Vou ficar dois dias e volto para entregar o apartamento.
Amanhã vou despachar minhas coisas primeiro e depois vou para lá.
— Vai ficar cansada. Deixa a chave com alguém e vem direto de Minas para cá.
— Não tem aeroporto em Extrema, vou ter que voltar para Bragança de qualquer jeito.
Mas acho que dá para ser direto. Vou alugar um carro para ir na casa dos meus pais, chego aqui,
entrego o carro e vou direto para o aeroporto.
— Faça o que for melhor. Assim que entrar no avião, me avise que vou te buscar.
— Ok, vou avisar sim. Agora vou dormir, tenho muita coisa para resolver amanhã.
— Tudo bem. Só mais uma coisa, está mandando suas coisas para onde?
— Para o apartamento da Rita. Já conversamos sobre isso. Não vou ficar no seu
apartamento.
— Entendo. — Ele fez cara de triste. — Sem negociação?
— Sem negociação. Já estou procurando um lugar para ficar. Também não quero
atrapalhar a vida da Rita. Talvez eu fique no mesmo prédio que ela. Estamos esperando apenas
um morador se mudar, parece que será no final do mês.
— Tudo bem. Se quiser ficar aqui uns dias, não vejo problema. Estou ansioso que você
esteja aqui.
— Eu também.
Trocamos despedidas, beijos e desligamos a ligação juntos. Fico parada, olhando para o
teto, esperando o sono chegar.
Acordei de madrugada, assustada, com o mesmo pesadelo. Até quando isso iria me
atormentar? Acho que chegou a hora de procurar terapia. Ele não deve mais estar me
procurando; isso é apenas coisa da minha cabeça. Já se passou tanto tempo.

O fim de semana passou rápido, segui as orientações do Cadu. Conversei com o


proprietário do apartamento, entreguei a chave assim que minhas coisas foram despachadas e fui
para a casa dos meus pais.
Voltei da casa deles, entregando o carro à locadora e seguindo para o aeroporto de
Bragança, onde embarquei para um voo direto para o Rio. Enquanto descia do avião, o Cadu já
estava me ligando. Informei em qual portão estaria e não precisei esperar muito, ele apareceu
todo elegante em um terno azul marinho, caminhando rapidamente em minha direção.
— Finalmente, achei que ia ter que ir atrás de você — resmungou.
E me puxou para mais perto, me beijando com euforia. Estávamos totalmente entregues
um ao outro. Foi um encontro inesquecível.
Andamos de mãos dadas pelo aeroporto e fomos direto para a casa dele. Chegamos por
volta das 21 horas, conforme combinado, para que ele já tivesse saído da Bianchi. Eu passaria a
noite em seu apartamento, matando a saudade.
Chegamos eufóricos, ele mal fechou a porta e veio na minha direção. Me beijou, acariciou,
retirou suas roupas e as minhas, nos encaminhando para o banheiro.
— Hoje não quero perder tempo, paixão. Vamos tomar banho juntos, fazer amor, comer
aqui mesmo e fazer mais amor até amanhecer. Já pedi comida, vai chegar em uma hora.
— Tudo bem, Cadu. Vem logo, eu quero que me foda bem gostoso.
Conforme prometido, havíamos feito nossos exames e não precisávamos nos preocupar
com preservativos. Eu estava com DIU, então agora era só alegria.
Entramos no box, desejosos um do outro. Ele derramou sabonete líquido sobre meu corpo
e me ensaboou, e eu fiz o mesmo com ele.
Ele me virou de costas, deixando a minha bunda bem empinada. Apoiei-me na barra de
segurança, ele me penetrou profundamente e com paixão. Não houve preliminares; eu o queria
dentro de mim, ele me queria ao redor dele. Foi um sexo ardente, destinado a saciar nossa
necessidade, mas a saudade seria aplacada com o tempo.
Enquanto ele me penetrava, acariciava meu clitóris. Quando ele estava prestes a gozar,
tocou meu ponto de prazer intensamente para que alcançássemos o orgasmo juntos. Foi delicioso
gozar com ele falando sacanagem no meu ouvido enquanto metia sem dó.
Saímos do banho, e ele me entregou um roupão. Não demorou muito para que a comida
chegasse. Nos alimentamos e passamos um tempo curtindo um ao outro, conversando sobre o
final de semana e o que eu tinha feito na casa dos meus pais.
Eu não tinha momentos assim com Alexandre; era apenas sexo, não havia muita conversa.
Nossos horários não batiam mais, e depois de um tempo juntos, ele chegava, tínhamos relações e
dormíamos. Sinto que com o Cadu é diferente. Pelo menos, é o que espero.
Naquela noite, ele realmente cumpriu o que prometeu, me amando e venerando durante
toda a noite.
No dia seguinte, estávamos exaustos, mas ele ainda encontrou energia para fazer sua
corrida matinal e voltou com o café da manhã. Eu ainda estava dormindo, ele me acordou com
beijos, me deixando toda mole e desejosa dele.
— Bom dia, paixão. — Parece que ele realmente mudou meu apelido.
— Bom dia, Cadu. Assim vou me apaixonar por você, sabia?
— Como assim?
— Você mudou meu apelido de madame para paixão, me amou intensamente à noite e
agora trouxe café na cama.
— Se quiser, ainda posso te chamar de madame, mas acho que paixão combina mais com o
que estou sentindo neste momento. — Opa, é sério isso? — Sobre o café da manhã, eu adoraria
fazer isso todos os dias.
— Primeiro, isso é uma declaração muito séria, sabia?! Segundo, eu iria amar, mas já
conversamos sobre isso. Não vou morar com você.
— Que pena — fez beicinho.
— Não adianta fazer beicinho. O máximo que vou fazer é morder esses lábios, e já
sabemos o que vai acontecer depois disso.
— Então morde, deixa eu ver o que vai acontecer.
Realmente, estávamos como dois coelhos, apaixonados e entregues um ao outro.
Naquele dia, eu decidi não ir para a empresa. Ainda tinha algumas coisas para resolver,
então o Cadu se arrumou e saiu, me deixando em seu apartamento. Mesmo que eu tenha dito que
não era necessário, que a Rita deixaria a chave na portaria do apartamento dela, ele insistiu que
eu ficasse e descansasse um pouco mais, me dando a chave reserva.
Depois que ele saiu, fiquei um pouco mais na cama, descansando. Em seguida, peguei meu
notebook e verifiquei meus e-mails, além de enviar algumas mensagens. Aproveitei para revisar
meu drive, algo que o Cadu tinha sugerido para melhorarmos a organização e compartilharmos
pastas.
Com tudo em ordem, eu estava pronta para começar a trabalhar no grupo. Apesar da
felicidade e realização que sentia, não deixei de agendar uma consulta com uma terapeuta aqui
no Rio. Eu realmente queria livrar minha mente desses fantasmas do passado. Também liguei
para a Valen e marcamos de nos encontrar no final de semana.
Recebi uma mensagem estranha no meu celular, mas a ignorei porque era de um número
desconhecido, sem foto. Além disso, eu ainda não tinha compartilhado meu número com muitas
pessoas. A mensagem consistia apenas em letras e números desconexos, então pensei que
poderia ser alguma criança que pegou o telefone dos pais e digitou aleatoriamente meu número,
sem saber o que estava fazendo. Como meu telefone tocou na mesma hora, acabei me
esquecendo de bloquear o número, deixando essa informação passar.
— Oi, paixão, tudo bem por aí? — Cadu me ligou.
— Sim, tudo bem, e com você?
— Já estou com saudades, sabia?
— Eu também.
Estávamos nos comportando como dois adolescentes na puberdade.
— Que tal almoçarmos juntos? Eu te pego aí. Eu sei que você não está trabalhando
hoje, mas quero te mostrar algumas coisas aqui na empresa.
— Tudo bem, pode me buscar. Já terminei o que precisava fazer e estou livre à tarde. Além
disso, estou com saudades da empresa.
— Só da empresa? E do nosso escritório, que ainda tem o seu cheiro, não?
— Cadu, pare de ser safado.
— Bem, você gosta disso, não é?
— Sim, mas na empresa é complicado. Preciso manter o profissionalismo, as pessoas
podem começar a falar.
— Que se dane o que os outros pensam. Eu quero que todos saibam que você é minha e
de mais ninguém.
— Já pedi para não falar assim, Cadu, eu posso me apaixonar.
— E por que não, Ana? - perguntou sério.
Ficamos em silêncio. Será que era isso? Ele estava se apaixonado por mim? Será que esse
sentimento era mútuo? Eu sabia que estava completamente apaixonada por ele, mas tinha medo
de me machucar de novo.
— Ainda está aí?
— Sim. Estou te esperando, então. — Não consegui responder direito. Não estava em meu
juízo perfeito. Estava profundamente apaixonada por Cadu, e tudo indicava que ele também
sentia o mesmo por mim.
Chegou o horário combinado, e fomos almoçar. Fiquei feliz porque ele convidou a Rita e o
Daniel também. Era bom estar na presença deles, e parecia que os dois estavam se dando muito
bem.
Após o almoço, fomos para a empresa, que estava diferente. Rita me contou sobre as ideias
que estava dando aos "meninos", como ela os chamava, e como estava implantando melhorias na
empresa. Ela trouxe um toque feminino de organização e cuidado, transformando o ambiente que
antes parecia puramente masculino, até mesmo com quadros e decoração.
— Espere aqui. Tenho uma surpresa para você — Cadu disse com um sorriso ansioso.
— Sério? Não sei mais o que poderia me surpreender.
— Aguarde e confie, paixão.
Apenas sorri diante de sua empolgação. Ele foi até um quartinho, provavelmente a
zeladoria, pegou uma chave e continuou a andar comigo até o penúltimo andar.
Quando chegamos lá, ele abriu uma porta que eu não tinha ideia do que continha, nunca
tinha entrado ali. Fiquei maravilhada com o que vi dentro.
Capítulo 18 - Cadu

Foram dois meses de planejamento meticuloso para a chegada de Ana, Rita desempenhou
um papel fundamental nesse processo. Juntos, criamos um setor de marketing totalmente novo.
Ao entrar no setor, Ana ficou surpresa ao ver o ambiente moderno e bem organizado. As
mesas estavam dispostas em formato de "U", com a equipe de gestão de campanhas publicitárias
na parte da frente e os criativos na parte de trás. Essa disposição incentivava a interação entre as
equipes, promovendo a troca de ideias e colaboração.
Ela também notou uma grande mesa central onde a equipe se reunia para discutir
estratégias e ideias. O espaço era bem iluminado e acolhedor, com plantas e uma decoração
minimalista. À direita da mesa central, uma parede de vidro oferecia uma vista privilegiada da
cidade, proporcionando um ambiente agradável e inspirador para o trabalho.
Ana percebeu que o fluxo de trabalho estava altamente organizado, com uma estrutura
clara para as atividades diárias. A equipe receberia um briefing diário com as novas tarefas a
serem realizadas e trabalharia em conjunto para criar soluções criativas e eficazes.
Ela ficou emocionada por ver o quanto eu valorizava sua vinda para a empresa. Queria
mostrá-la que tinha encontrado o lugar ideal para seu desenvolvimento profissional, onde poderia
se tornar uma grande profissional e ser reconhecida por isso.
— Cadu, eu não posso acreditar no que estou vendo. — Enxugou uma lágrima que brotou
no canto de seu olho.
— Acredite, tudo isso foi feito por você.
— Eu não sei se mereço tanto. Você está apostando muito em alguém que mal conhece.
— Essa é minha forma de pedir para você ficar.
— Você ainda tem dúvidas de que eu vou ficar? — Ela se aproximou de mim, olhou ao
redor para se certificar de que ninguém estava nos observando, me abraçou e me beijou.
— Só quero ter certeza. — Sorri e retribuí com mais beijos.
— Não precisa mais ter dúvidas, eu quero ficar.
Ela começou a explorar a sala, analisando cada detalhe.
— Mas...
— Mas o quê? Há algo mais?
— Sim, este é o setor de marketing, mas esta não é a sua sala.
— Como assim? Esta sala está perfeita, Cadu.
— Obrigado, eu sei que está. Agradeça também à Rita, ela me ajudou muito nisso.
— Com certeza, não vou me esquecer.
— Venha comigo, ainda tenho muitas coisas para te mostrar.
Fiz um pouco de suspense enquanto a conduzia pelo prédio. Mostrei a ela como a empresa
tinha mudado, as ideias de Rita em colaboração com os arquitetos, designers de interiores e
projetistas, transformando a empresa em um espaço quase como uma galeria de arte,
aconchegante e eficaz para trabalhar.
Tudo estava cuidadosamente disposto nos lugares certos, e até mesmo os quadros pareciam
ganhar vida no ambiente. Agora, a empresa não era apenas um legado de meu pai, mas algo que
transformamos em conjunto.
— Tudo isso está incrível. Preciso encontrar a Rita e parabenizá-la por tudo, é perfeito!
— Mas ainda não terminei.
Abri a última porta que deixei para criar ainda mais suspense.
— Seja bem-vinda à sua sala, Senhorita Ana.
Ela ficou boquiaberta, sem palavras, atônita.
— Ainda não entendi.
— Deixe-me explicar. Pedi à Rita que planejasse tudo de forma que você ficasse na sala ao
lado da minha, pois quero discutir as campanhas diretamente com você. Depois, você repassa as
tarefas para a equipe e supervisiona o trabalho.
— Não sei o que dizer.
— Não precisa dizer nada, apenas me beije.
Fechei a porta atrás de nós e a beijei com paixão, pressionando nossos corpos um contra o
outro e sentindo seu cheiro.
— Não deveríamos fazer isso aqui. — Ela se afastou.
— Por que não? Já fizemos na minha sala, agora na sua, ambas terão nossas marcas. Na
verdade, se pudéssemos, faríamos em todos os cantos deste prédio.
— Não pense nisso. Não vou conseguir trabalhar direito com essas lembranças de nós dois
aqui.
— Ah, então você está dizendo que eu posso? — Cruzei os braços, desafiando-a.
— Não fui eu que comecei. Minha sala ainda vai permanecer intocada.
— Que ótimo.
— Ótimo, por quê?
— Você disse "ainda", então tenho esperança. — Rimos e nos abraçamos novamente.
O restante do dia foi maravilhoso. Deixei Ana sozinha em seu escritório para explorar e se
habituar ao ambiente. A disposição das salas ficaram da seguinte forma: a de Ana ao lado da
minha, logo depois da minha a de Daniel e após a de Rita. O setor de marketing estava em um
andar abaixo, juntamente com outros setores em desenvolvimento. No entanto, o de Ana estava
100% pronto, porque eu queria que tudo estivesse perfeito para sua volta.
Nesses dois meses em que ela esteve longe, eu refleti muito. Eu não imaginava que sentiria
tanta falta de alguém a ponto de doer e de desejar que o tempo passasse mais rápido. Estava
apaixonado por Ana, e queria fazê-la feliz. Queria ficar com ela, e parecia que ela sentia o
mesmo, mas ainda havia uma resistência em relação a nós dois. Eu estava determinado a
descobrir o que a estava incomodando e ajudá-la a superar isso. Se seria fácil?, eu não sabia, mas
estava disposto a tentar. Nunca quis tanto algo como queria isso com ela, nem mesmo com
Helena, com quem estive por três anos. Nunca pedi nada a ela, apenas deixei acontecer. O sexo
era bom, não havia necessidade de procurar em outros lugares, e estava tudo bem.
Hoje, desejo me tornar um homem melhor por causa da Ana. Penso no futuro com ela ao
meu lado, e meu desejo é contribuir para a sua felicidade.

Ana
Estou impressionada com tudo por aqui. Como conseguiram fazer isso em apenas dois
meses? A empresa está em completa harmonia, e fiquei chocada com o que ele preparou para
mim.
Ele disse que não precisava que eu ficasse por aqui hoje, mas eu queria ver cada canto e
acabei organizando as coisas do jeito que eu gosto. Mal posso esperar para começar meu
trabalho.
Pelo que entendi, vou começar e, aos poucos, contratar membros para a equipe, pois sei
que há muito trabalho pela frente.
Nesses dois meses, Rita organizou tudo perfeitamente. Já estamos em negociação com
mais duas empresas para se juntar ao grupo, e Rita vai fazer sua primeira viagem para conhecer
uma delas na próxima semana.
Enquanto estou aqui, perdida em meus pensamentos e admirando tudo o que foi feito,
alguém bate à porta.
— Boa tarde, senhorita marketeira – Rita entra com um sorriso no rosto, toda feliz.
— Boa tarde, senhorita Diretora Administrativa. – Ela estava administrando tudo com
Cadu e Daniel, tomando conta de todos os detalhes, como Cadu costumava dizer.
— E então, gostou da sua sala?
— Gostei? Eu amei! Não consigo acreditar no que estou vivendo aqui. Parece um sonho!
— Bem, acorde, porque não é um sonho. Você terá muito trabalho pela frente. E quando
seu chefe entra no modo profissional e assume a postura de chefe, ele fica insuportável. Como
você ouviu, ele quer liderar o projeto com você. Então, acredite, há muito trabalho pela frente,
garota.
— Eu passei pouco tempo aqui, ele sendo meu chefe, sei que ele é exigente com as coisas.
Não quero que mude por minha causa. Quero que seja exigente, para que tudo seja perfeito.
— Sei muito bem como ele vai querer que você seja produtiva – Rita riu da própria
observação.
— Ainda estou em choque.
— Ele está apaixonado por você. Fez tudo isso e me cobrou para que tudo estivesse pronto
a tempo da sua chegada.
— Eu percebi, mas ainda fico com medo.
— Medo de quê, Ana? Seja feliz. O que você teve no passado não determinará o que terá
daqui para frente.
— Eu sei.
— Sem tristeza, está bem?
— Está bem.
— Agora, tenho outro assunto para discutir com você. Não é sobre trabalho.
— Outro problema? – Fiz uma careta.
— Não exatamente um problema. É sobre o apartamento. Quero saber se ainda pretende
morar lá, porque eu pretendo me mudar para o apartamento de Daniel.
— Tão rápido assim?
— Ah, estamos nos dando bem, ele insistiu muito. Por mim, está tudo bem. Vou
economizar algum dinheiro e comprar algo para mim ou montar algo, se não der certo. Tenho um
plano B.
— Tenha cuidado. – Fiquei preocupada por ela, pensando que poderia passar pelo mesmo
que passei.
— Não se preocupe, já conversamos sobre isso, tudo está muito claro entre nós dois. Falei
que não pretendo depender dele. Ele concordou, e no mês que vem devo me mudar. Preciso
apenas organizar as coisas.
— Então vai me deixar sozinha, é?
— Pare de drama. Você sabe que o Cadu está louco para que você faça o mesmo, mas sei
que não vai aceitar. Aproveite que o apartamento ainda está alugado e fique lá.
— Obrigada, amiga. Não quero mesmo morar com ele. Preciso do meu espaço, sabe? É
ótimo estar com ele, mas não agora.
— Mesmo que eu ache bobagem, eu entendo. Que tal jantarmos nós quatro esta noite? O
expediente está quase acabando, podemos ir direto daqui, e depois, se quiser, pode ir para o
apartamento.
— Combinado. O que você falou me deixa preocupada...
— O quê?
— Sobre ele estar apaixonado. Você tem certeza?
— Ana, pelo que Daniel me contou, ele está perdidamente apaixonado. Nunca o viu assim.
— Vai saber?! – revirei os olhos.
Terminamos a conversa, e já estava no fim do expediente. Fomos jantar e depois segui para
o apartamento de Cadu.
Eu estava exausta, e ele parecia querer descansar também.
— Está tudo bem se ficarmos tranquilos hoje? – perguntei, um pouco receosa.
— Claro, só quero sua companhia, tomar um banho relaxante e dormir de conchinha. O
que acha?
— Dormir de conchinha? – ri da sugestão.
— Sim, qual é o problema? Só uma coisa: não sei se vou resistir a noite inteira, mesmo
estando cansado. Eu durmo pelado, e se dormirmos de conchinha, meu pau vai ficar duro, então
não posso garantir que não vou fazer nada.
— Tudo bem, deixa acontecer – sorri de canto.
Como combinado, chegamos lá, tomamos um banho juntos, sem sexo, dormimos nus,
abraçados, em posição de conchinha.
Acordei assustada com Cadu me sacudindo. Eu estava me debatendo, gritando e xingando.
Demorei um pouco para entender onde estava e com quem estava.
— Ei, calma, calma, estou aqui, sou eu, o Cadu, acorda, vai ficar tudo bem, é só um
pesadelo.
Quando finalmente entendi que estava tudo bem e que estava segura com ele, o abracei e
comecei a chorar, ainda com muito medo.
— Calma, estou aqui, você está segura – ele tentou me acalmar com palavras e começou a
me beijar e acariciar, para que eu sentisse sua presença. – Sou eu, seu Cadu.
Realmente, parecia que eu havia saído do inferno para cair nos braços do meu novo céu.
Ele ficou ali, esperando me acalmar e abraçado a mim, até que adormeci novamente.
Capítulo 19 – Cadu

Estávamos exaustos, então decidimos apenas tomar um banho juntos e dormir.


No meio da madrugada, Ana começou a resmungar e a falar coisas desconexas, sem
sentido. Fiquei observando, sem saber até onde isso iria.
Foi assustador quando ela começou a se debater e pedir para alguém chamado Alex parar.
Parar o quê? Quem é esse tal de Alex? O que ele fez com ela? Ela chorava e gritava ao mesmo
tempo. Eu não sabia se podia acordá-la ou se ela se acalmaria naturalmente, mas não aguentei
vê-la daquela maneira.
Puxei-a para perto de mim, segurando-a firmemente em meus braços, mesmo que ela me
batesse com medo. Mas ela não precisava ter medo de mim. Ela estava segura comigo. Eu queria
e iria protegê-la.
Até que algum tempo depois, ela acordou com o meu aperto e eu falando com ela que
estava tudo bem, que era apenas um pesadelo, que tudo iria ficar bem, que eu estava ali com ela e
não deixaria nada acontecer.
Quando ela percebeu onde estava e com quem estava, me abraçou e chorou muito. Fiquei
abraçado a ela, acariciando suas costas e beijando sua cabeça até que ela se acalmasse e
adormecesse novamente.
Ainda fiquei imóvel depois que ela adormeceu em meus braços. Eu queria entender, saber,
mas não queria ser invasivo.
Coloquei uma música baixinha para relaxar e tentar dormir enquanto organizo meus
pensamentos, ao som de Meghan Trainor, “Like I'm Gonna Lose You”, como uma música podia
dizer tanto ao que estova sentindo naquele momento?

Eu vou te amar como se eu fosse te perder


Eu vou te abraçar como se eu estivesse dizendo adeus
Onde quer que estejamos, eu vou te valorizar
Pois nunca sabemos quando
Quando o nosso tempo irá acabar
Então eu vou te amar como se eu fosse te perder

Ainda não tínhamos nada concreto. Não tinha o direito de cobrar explicações. No entanto,
estava muito preocupado, e não iria me importar em perguntar a ela sobre isso em algum
momento em que estivéssemos tranquilos.
Acabei adormecendo novamente e, quando acordei, fiz de tudo para não acordá-la.
Fiz minha corrida matinal e isso me deu um tempo para refletir sobre o que aconteceu
durante a madrugada.
Quando retornei, Ana ainda dormia tranquilamente, como se nada tivesse acontecido. Será
que ela ia se lembrar do que ocorreu?
Decidi fazer as coisas de forma diferente dessa vez. Em vez de levar o café da manhã na
cama, preparei a mesa para que pudéssemos comer de maneira mais confortável e, quem sabe, ter
uma conversa sobre o assunto.

— Bom dia, Cadu. Chegou faz muito tempo? Por que você não me acordou?
Ela se aproximou, vestindo apenas um roupão, e eu a puxei para o meu colo, beijando-a
suavemente.
— Bom dia, paixão. Você estava dormindo tão profundamente que achei melhor deixar
você descansar um pouco mais.
— Então, hoje temos um café da manhã mais formal?
— Sim, quero conversar com você e, na cama, ficaria difícil me concentrar. Eu acabaria te
atacando. — Ela deu uma risadinha.
Ela me olhou com preocupação e baixou a cabeça com tristeza.
— Não é nada grave, mas é algo importante.
— Entendi, pode perguntar o que quiser.
— Lembra-se do que aconteceu de madrugada? — perguntei com cautela.
— Sim, lembro.
— Você quer me contar o que aconteceu?
— Não sei.
— Ana, eu quero ser completamente honesto, e também espero sinceridade da sua parte.
Nunca senti por ninguém o que sinto por você. Não sei como descrever isso, mas é um desejo de
tê-la por perto e protegê-la. No entanto, preciso compreendê-la, saber que o que estamos vivendo
é algo mútuo. Já tive relacionamentos em que apenas uma pessoa se entregava e queria mais, e
isso não foi saudável para nenhum de nós.
— Quem?
— Faz algum tempo, o nome dela é Helena. Tivemos um relacionamento de três anos, ela
até morou comigo em outro apartamento. Mas não estávamos em sintonia. Ela sempre queria
mais de mim, mas eu não me sentia preparado para dar esse passo. Quando a relação desgastou,
conversamos amigavelmente e decidimos seguir caminhos diferentes. Hoje, ela está casada e tem
um filho. Quero ser transparente com você, compartilhando meu passado, porque preciso que
confie em mim enquanto construímos nosso futuro juntos.
Eu me abri primeiro, mostrando que todos têm um passado, doloroso ou não. Esperava que
ela também se abrisse. Porém, eu tinha medo de que fosse algo muito assustador, algo que
alguém poderia ter feito para machucá-la, e isso me deixava muito preocupado.
— Tudo bem, Cadu. Eu vou contar. — Ela fez uma pausa, respirou fundo e começou a
falar. — Eu vivi um relacionamento abusivo.
— Ele te machucou? – Senti a raiva e os nervos aumentarem a essa informação.
— Não fisicamente, mas psicologicamente. — Soltei um suspiro.
— Fico aliviado, não que o lado psicológico seja menos importante, mas jamais gostaria de
vê-la machucada fisicamente.
— Foi um relacionamento de cerca de dois anos, mas não éramos oficialmente namorados.
As coisas aconteceram rápido demais, e quando percebi, já estava morando com ele. Os
primeiros seis meses foram tranquilos, mas depois ele começou a ficar muito ciumento, ao ponto
de me seguir e fazer escândalo na porta da empresa onde eu trabalhava. Acabei pedindo
demissão e voltei para a casa dos meus pais.
— Ele te procurou?
— Sim, mas fiquei escondida por mais de um ano.
— Nossa.
— Eu preferi assim, já que minha amiga me contou que ele foi até a casa dela,
transtornado, me procurando e fazendo ameaças. Eu não duvidava que ele fosse capaz de fazer
algo. No entanto, não entendo por que agora estou tendo esses pesadelos. Nem quando tudo
aconteceu eu sonhava com nada relacionado a ele. Naquela época, eu não estava totalmente
entregue à relação. Eu havia acabado de me formar e estava focada em construir minha carreira.
Agora que estou reconstruindo minha vida, esses pesadelos começaram.
— Eles têm ocorrido com frequência?
— Sim, o primeiro foi na segunda-feira, depois que voltamos do chalé. Parece que meu
subconsciente está tentando me dizer algo, talvez que eu não mereça felicidade, ou que tenha
algo pendente para resolver. Mas eu não tenho. Nunca houve promessas de amor, nunca me
entreguei completamente. — Ela falava rapidamente e, sem fôlego, começou a chorar.
— Ei, calma. – Me aproximei e a abracei. – Eu não entendo muito de subconsciente, mas
talvez seja isso mesmo. Você já considerou fazer terapia?
— Eu estava pensando em resolver isso por aqui, já que estaria me mudando para cá.
Quero começar a enfrentar tudo isso agora.
— Está bem, não deixe de se cuidar. Quero te proteger, Ana, e espero que não fuja de mim.
— Obrigada, Cadu. Me sinto aliviada por compartilhar isso. Apenas Valen e meus pais
sabem o que passei.
— Por isso você não quer morar comigo? — Ela assentiu com a cabeça.
— Não sei se seria bom para nós dois.
— Tudo bem, no seu tempo. Desde que você esteja sempre por perto. Combinado?
— Combinado. — Ela me lançou um sorriso sincero.
— Agora tenho uma ideia melhor para relaxar. — A peguei de surpresa, fazendo-a dar um
gritinho de susto.
A levei para minha cama, e fizemos amor. Não foi apenas sexo, foi amor. Eu amava aquele
corpo e aquela mulher. Meu corpo, mente e alma estavam entregues a ela. Foi libertador entender
seus medos e poder entrar em sua vida sem segredos.

— Caraca, acho que vai chover. — Daniel comentou quando me encontrei com ele no
corredor de nossa sala.
— Sério?! Acho que não — brinquei.
— Carlos Eduardo chegando atrasado pela primeira vez, com um sorriso no rosto... Estou
impressionado.
— Vá se ferrar, Daniel.
— Eu? Quem já está ferrado é você.
— Confesso. — Ergui as mãos em sinal de rendição. — Acho que sim.
Abro a porta do meu escritório e peço ao meu amigo para entrar.
— A situação está séria mesmo.
— Daniel, preciso de você como amigo agora.
— Falou, ferrou. Manda ver, o que está pegando?
Conto a Daniel tudo o que aconteceu, desde o primeiro momento em que vi a Ana até o
momento em que ela compartilhou sua história comigo.
— Caraca meu, sério isso? A Rita nunca mencionou nada disso.
— Ela disse que apenas uma antiga amiga e seus pais sabem.
— Compreendo. E você está apaixonado? É isso? — Apenas balancei a cabeça e passei as
mãos nos cabelos.
— Eu não sei que sentimento é esse, mas é uma vontade de protegê-la, de tê-la sempre por
perto, uma saudade que juro que não sei explicar. Acabamos de transar gostoso e de forma
incrível, e eu já quero mais dela.
— Poupe-me dos detalhes. Acho que entendo. Só deixa acontecer.
— Está difícil deixar acontecer. Eu quero mais, quero que ela fique na minha casa, na
minha cama, na minha empresa, na minha vida.
— Puta que pariu, você está apaixonado.
— Acho que é isso aí.
— Cara, aproveite. Ela disse que vai buscar ajuda. Aproveite cada momento e, se for para
ser, será. Entende?
— Entendo, mas segunda-feira ela vai sair da minha casa. Só espero que isso se resolva.
— Calma, vai dar tudo certo!

O restante do dia transcorreu sem problemas. No dia seguinte, tínhamos várias reuniões
agendadas com empresas que a Rita havia encontrado para estabelecer contratos de prestação de
serviços com o Grupo. Eu nunca imaginei que esse processo seria tão cansativo, mas felizmente
a Rita estava cuidando de tudo.
No meio de todas essas negociações, pedi à Rita que encontrasse uma empresa que
oferecesse serviços de segurança pessoal, treinamento de equipes de segurança empresarial e
sistemas de monitoramento para empresas e residências. Atualmente, possuímos apenas um
sistema de monitoramento eletrônico, que utilizava equipamentos antigos e cujo estado atual era
desconhecido. Dado que estávamos terceirizando diversos serviços, considerava crucial que essa
área estivesse bem atualizada, visando a segurança de todos.
Depois de uma seleção entre empresas do ramo realizada pela Rita, ficou decidido que a
empresa escolhida seria a Gutierrez Securyt[2]. Portanto, a reunião foi realizada por
videoconferência, uma vez que a empresa estava em São Paulo e que irá expandir pelo Brasil e o
CEO, o Sr. Jhonatan Gutierrez, queria acertar alguns detalhes antes de comparecer pessoalmente
ao Grupo Bianchi para a contratação final.
Após a videoconferência, tudo estava acordado com o Sr. Jhonatan. Ele se comprometeu a
fornecer todos esses serviços diretamente para o Grupo Bianchi S/A, bem como para qualquer
empreendimento em que trabalhássemos de agora em diante. Também começamos a alinhar
detalhes para um projeto de construção de uma rede de shoppings, para a qual já tínhamos
contratos em vários estados.
O Sr. Jhonatan mencionou que via essa oportunidade como uma forma de abrir uma filial
no Rio de Janeiro e afirmou que em breve estaria pessoalmente conosco para finalizar a
negociação desse contrato.

O restante da semana transcorreu sem problemas, mesmo que Ana não tivesse obrigações
de estar na empresa durante essa semana, ela sempre vinha à tarde para cuidar de alguns assuntos
em sua sala.
Ana começou a revisar alguns currículos e agendou entrevistas para a próxima semana.
Embora o Departamento de Recursos Humanos estivesse disponível para isso, ela preferiu
organizar as entrevistas pessoalmente, argumentando que alguém da área poderia avaliar melhor
os candidatos. Eu, como sempre, concordei com a decisão dela, mesmo sabendo que a estava
sobrecarregando. Eu simplesmente adorava vê-la se movimentando pela empresa, resolvendo
essas questões e se dedicando para que tudo corresse bem.
Fiquei aliviado ao ver que Ana não teve mais pesadelos. Ela começou a terapia na sexta-
feira, que seria realizada uma vez por semana.
O final de semana passou rapidamente, e ajudamos Ana a organizar suas coisas no
apartamento de Rita, que não seria mais dela. Na verdade, nem encontramos Rita por lá, pois ela
estava passando mais tempo no apartamento de Daniel.
— Ufa, estou exausta — Ana comentou depois de terminarmos.
— Nós terminamos — respondi enquanto me sentava no sofá.
— Rita não vai voltar hoje. Que tal estrearmos este lugar? — sugeriu.
Após nossa conversa, Ana parecia mais relaxada e à vontade, e eu estava adorando essa
atitude dela.
— Com todo prazer. Vem cá. — A puxei para o meu colo, subindo para ficar deitado no
sofá e ela por cima de mim. Claro, ela não conseguia cobrir todo o meu corpo, já que era bem
menor que eu.
Ana me beijou como se o mundo fosse acabar. Ela rebolava no meu colo e soltava gemidos
que me deixavam ainda mais excitado.
Deslizei minha mão sob a camiseta dela, brincando com a borda do sutiã antes de apertar
seu seio com força, fazendo-a gemer com meu toque.
Retirei sua camiseta e admirei seus seios que estavam envoltos pelo sutiã de renda. Afastei
o tecido e comecei a chupar um de seus seios enquanto brincava com o outro usando minha mão,
girando o mamilo e apertando com a mesma intensidade com que meus dentes mordiam. Os
gemidos dela ficavam cada vez mais altos.
Transamos muito ao longo da semana, mas a cada vez era diferente, mais intenso, mais
apaixonado, uma entrega maior de ambos.
Com um movimento rápido, levantei um pouco o corpo de Ana e retirei minha camisa. Ela
aproveitou e tirou o sutiã, continuando a rebolar no meu colo.
Num impulso, inverti nossas posições, deixando-a por baixo de mim. Comecei a beijá-la,
descendo da boca pelo pescoço, passando entre seus seios até chegar ao cós de sua calça.
A despi lentamente, retirando sua calça e calcinha ao mesmo tempo. Fiquei em pé ao lado
do sofá enquanto ela me olhava, expectante.
Voltei dando beijos na parte interna de suas pernas, intercalando com lambidas e chupões.
Quando cheguei perto de sua boceta, mordi a parte interna de sua coxa, fazendo-a soltar
um gritinho de prazer.
Aquela visão de sua boceta brilhando e pulsando era a oitava maravilha do mundo.
Abocanhei sua carne molhada e sedenta por mim, não perdi tempo metendo dois dedos e
massageando seu clitóris.
Arreganhei suas pernas, deixando uma apoiada no encosto de cabeça do sofá e a outra
em minhas costas.
Ela puxava meus cabelos e gemia gostoso.
Deixei-a toda aberta e exposta para mim.
Lambi toda sua extensão, desde seu cuzinho até o seu clitóris, deixando muita baba ali, eu
queria muito brincar com aquele lugar, só não chegaria a meter meu pau, por não ter um
lubrificante, ah se eu tivesse! Mas brincar eu ia.
Ela gemia safada, apertando os seios e me deixando louco.
Estoquei meus dedos fundo e forte nela. Ela estava toda melada e eu queria mais, comecei
a espalhar sua própria lubrificação em seu cuzinho e fui massageando ali, devagar, até o meu
dedinho entrar e ela rebolar na minha mão, pedindo mais.
— Tá gostando, safada? Gosta do meu dedinho no seu cuzinho apertado? — Ela só
balançava a cabeça, não conseguindo responder com palavras. — Hoje não vou te comer aqui,
mas eu quero muito.
Voltei a chupá-la, e meter meus dedos com força, troquei o dedo em seu cuzinho,
colocando o dedo médio e ela estava se contorcendo de prazer. Uma visão linda.
Fui cada vez mais rápido, até senti-la gozando em meus dedos e apertando eles com suas
contrações internas.
Retirei meus dedos, me levantei rapidamente, retirando a calça e a boxer juntas. Ficando
em pé ao lado do sofá para ela me mamar.
Posicionei a cabeça de Ana para fora do sofá enquanto uma de suas pernas ainda estava
apoiada no encosto. Afundei meu pau em sua boca deliciosa até que ele alcançou sua garganta.
Eu estava numa posição em que podia alcançar seus seios e descer até sua boceta, estimulando
seu clitóris.
Estava prestes a gozar, então retirei meu pau de sua boca, virei-a de quatro no sofá e
penetrei profundamente em sua boceta molhada. Soltei um gemido alto de prazer enquanto metia
com força.
Fui rápido e fundo, do jeito que eu sabia que ela gostava. Nossos corpos estavam em total
sintonia, tanto que eu conseguia sentir quando ela não estava com vontade, mesmo antes de ela
dizer uma palavra.
Meti cada vez mais rápido até que finalmente gozamos juntos, caindo exaustos no sofá.
Ofegantes, saciados e satisfeitos.
Gozar sentindo a boceta dela se contraindo ao redor do meu pau era simplesmente incrível.
Eu só queria morar lá dentro pelo resto da minha vida.
Depois de tomar um banho, acabei adormecendo lá mesmo, pois sabia que Rita não
voltaria. No dia seguinte, seria o nosso primeiro dia oficial de trabalho juntos na empresa, e eu
estava mais ansioso do que nunca.
Saímos do apartamento diretamente para a empresa. Esperava que esses fossem tempos
melhores e mais promissores para ambos.
Capítulo 20 - Ana

Eu estava feliz, empolgada e ansiosa para começar a trabalhar para o Grupo Bianchi S/A.
Cadu fez questão de me acompanhar até minha sala. Minha sala, isso mesmo. Quem diria?
Eu já havia selecionado alguns currículos para que o RH entrasse em contato, mas
planejava estar presente nas entrevistas. Queria montar uma equipe sólida desde o início. Depois,
pretendíamos abrir vagas para trainees.
Cadu me deixou livre para tomar decisões, mas sempre que eu tinha uma ideia,
compartilhava com ele. Afinal, a empresa era dele, não minha.
As coisas entre nós estavam perfeitas; estávamos evoluindo cada vez mais. Sentia
sinceridade em suas palavras, e ele acreditava em mim. Isso era muito importante.
Apesar de não estarmos morando juntos, tivemos que estabelecer alguns acordos. Pelo
menos nos dias de terapia, decidi que não queria dormir com ele. Precisava entender melhor o
que estava acontecendo comigo. Após a terapia, queria ter um momento de reflexão. Com ele por
perto, isso seria impossível.

As entrevistas começaram, eu acompanhei todas que ocorreram no dia. Já agendei para o


dia seguinte a vinda dos novos contratados para assinarem a carteira e realizarem os exames
admissionais. Todos começariam efetivamente na próxima semana, já que esse processo de
admissão costumava ser demorado.
Estava ocupada esboçando a primeira campanha de marketing, ou melhor, conferindo
todos os detalhes pela milésima vez. Agora era real; meu projeto estava prestes a ganhar vida.
Esse no entanto era crucial, pois seria implementado na filial do senhor Valdir. Precisava ser
perfeito, era uma espécie de piloto de validação.
— Com licença, paixão. — Cadu bateu na porta e entrou na sala.
— Você não precisa bater, sabe disso, né?
— Eu sei, só queria fazer um charme — ele sorriu.
— Em que posso te ajudar?
— Vim te chamar para irmos embora. Você está tão focada aí que nem percebeu que o
expediente acabou.
— Nossa, é mesmo! Não percebi.
— Então, vamos?
— Sim. — Fechei o notebook e já estava prestes a guardá-lo na bolsa.
— Não senhora, deixa isso aí. Pelo que já te conheço, vai chegar em casa e continuar
trabalhando.
— Como você sabe disso? — Coloquei a mão na cintura em desafio e fiz uma careta.
— Viu? Eu sabia! De jeito nenhum vai trabalhar em casa. Você está cansada, está tudo
perfeito. Vai descansar e relaxar. Me promete?!
— Tá bom, eu prometo. — Abaixei os ombros em rendição.
— Tem certeza de que não quer ir para o meu apartamento ou que eu vá para o seu?
— Cadu, já conversamos sobre isso.
— Tudo bem, pelo menos eu tentei. — Sorrimos e saímos da sala.
O restante da semana correu perfeitamente bem, tanto na empresa quanto entre nós. Eu
acabei dormindo uma vez no apartamento dele, ele dormiu uma vez no meu. Rita já estava de
mudança, então eu ficaria sozinha.

Já era sexta-feira, dia da terapia, o Cadu queria vir comigo, mas achei melhor não. Eu
queria enfrentar isso de certa forma sozinha.
— Olá, Ana, como você está se sentindo hoje? – a Dra. Silvia me cumprimentou.
— Oi, estou me sentindo um pouco nervosa, mas bem.
— Entendo, é normal se sentir assim. Como foi a sua semana?
— Foi boa, tive algumas conquistas no trabalho e estou empolgada com um novo
relacionamento que estou tendo.
— Isso é ótimo, fico feliz em ouvir. Como você está se sentindo em relação a esse novo
relacionamento?
— Eu estou feliz, mas ao mesmo tempo, um pouco assustada. Eu passei por um
relacionamento ruim no passado e sinto que tenho alguns traumas e bloqueios que me impedem
de me entregar completamente.
— Entendo, você pode me contar um pouco mais sobre o que aconteceu no seu
relacionamento anterior?
— Bem, o nome dele é Alex, e ele era muito controlador e possessivo. Ele fazia eu me
sentir mal sobre mim e me isolava dos meus amigos e familiares. Eu estava infeliz, mas não
conseguia sair do relacionamento. Foi muito difícil.
— Sinto muito que você tenha passado por isso. Você tem falado sobre com o seu novo
parceiro?
— Sim, eu tenho. Ele tem sido muito compreensivo e paciente comigo, mas eu ainda tenho
medo de me machucar novamente.
— É normal sentir medo depois de ter passado por uma experiência traumática como essa.
Você já tentou falar sobre esses medos com ele?
— Sim, eu já falei um pouco, mas eu não quero que ele pense que eu não confio nele.
— Entendo, e a comunicação é fundamental em qualquer relacionamento saudável. Ser
honesta com ele sobre seus medos pode ajudar a construir confiança entre vocês. E se ele
realmente se importa , ele vai querer te ajudar a superar esses traumas.
— É verdade. Mas eu ainda tenho pesadelos com o Alex e com o que eu passei.
— Isso também é comum. Traumas podem afetar nossos sonhos e nos fazer reviver
experiências dolorosas. Você já está fazendo terapia para lidar com esses pesadelos e com o
trauma em geral. Isso é ótimo, a terapia pode ajudá-la a processar tudo e a superar os bloqueios
emocionais que você está enfrentando. Mas lembre-se de que a cura emocional é um processo
gradual e pode levar tempo. Seja gentil consigo e não tenha medo de pedir ajuda quando
precisar.
— Obrigada pelo conselho, eu realmente preciso trabalhar em mim.
— Estou aqui para ajudá-la nessa jornada. Não hesite em entrar em contato comigo se
precisar de ajuda ou se quiser agendar outra sessão.
— Obrigada, eu certamente farei. Sinto que estou no caminho certo e estou disposta a
trabalhar em mim para superar esses traumas e me permitir ser feliz novamente.
— Fico feliz em ouvir. Lembre-se de que você merece ser feliz e ter relacionamentos
saudáveis. E estou aqui para apoiá-la nesse processo. Vamos conversar mais na próxima sessão.
— Com certeza, obrigada novamente. Até semana que vem.
Na primeira sessão, foi uma espécie de conhecimento, tanto da minha parte quanto da Dra.
Silvia. Nessa segunda, já me abri um pouco mais, falando sobre o motivo de ter vindo. Acredito
que vai ser um processo, que vai dar certo.
Saí do consultório e fui direto para o apartamento. Estava cansada; a semana foi produtiva,
mas também exaustiva. Chamei um carro por aplicativo, já que ainda não comprei um. Vou me
estabilizar primeiro para isso.
No final de semana, o Cadu e eu combinamos de passar juntos. Só não combinamos onde.
Estava organizando algumas coisas no apartamento quando meu telefone apitou com uma
mensagem.
Cadu: Oi paixão, passo aí daqui a uns 30 minutos
para te buscar. Pode colocar uma roupa leve; vamos na
casa dos meus pais.
Eu: Cadu, sério isso? Na casa dos seus
pais? Que vergonha!
Cadu: Não precisa ter vergonha, eles vão adorar
você. Minha família é incrível.
Eu: Que medo.
Cadu: Não precisa ter medo, eles não mordem.
Talvez a Raissa possa morder.
Eu: Raissa? Quem é Raissa?
Cadu: Minha sobrinha de 1 ano. Capaz mesmo
dela babar em você. Quem vai morder mesmo é a Rania,
por ciúmes do tio. Elas me amam, mas a Rania tem 3
anos e é possessiva, marrenta e ciumenta, nunca deixou
ninguém chegar perto de mim. Mas também depois que
elas nasceram, nunca levei ninguém lá, pode ser isso,
elas acham que sou totalmente delas.
Eu: Assim fico com mais medo ainda;
ciúmes de criança podem ser piores que
ciúmes de adulto.
Cadu: kkkkkkk, pior que é mesmo. Mas não se
preocupe; a casa vai estar cheia, elas não vão nos
incomodar. Estou levando presentes para elas.
Eu: Então vai comprá-las?
Cadu: Eu não, você.
Eu: EUUUU?
Cadu: Sim, você vai dar o presente para elas.
Eu: Cadu? Me mata de vergonha assim.
Cadu: Por mais que eu esteja brincando com você,
de certa forma não estou. Por incrível que pareça, é
aniversário das duas, e minha irmã vai comemorar na
casa dos nossos pais. Mas mesmo assim, você entrega o
presente.
Eu: Como não me avisou antes?
Cadu: Havia me esquecido; ainda bem que a
Clara me ligou perguntando que horas eu iria. Antes de
responder, olhei na minha agenda. Senão ia levar
bronca, a bronca da minha irmã é pior que da minha
mãe.
Eu: kkkkk, imagino, mas o que devo
vestir?
Cadu: Meus pais vão abrir a piscina para as
crianças, mas acho que você não vai querer, né? Então,
uma roupa leve e casual mesmo; um vestido soltinho.
Aqui faz calor até no inverno; sei que vai ficar perfeita
de qualquer forma.
Eu: Tudo bem, já estamos conversando
há tempo demais; deixa eu me arrumar então.
Cadu: Ok, vai lá. Já estou pronto; só vou passar
na loja para comprar os presentes e vou direto aí te
pegar. Beijos.
Eu: Beijos.
Acelerei os passos, tomei um banho rápido, escolhi um vestido floral soltinho, passei
apenas um pó compacto e um batom, calcei uma sandália de salto quadrado médio. Achei que
estava apresentável para conhecer a família dele.
Não imaginei que ele queria me apresentar tão rápido assim.
Estava pronta, só esperando ele avisar que estava na portaria, quando Rita chegou.
— Oi, amiga, tudo bem?
— Oiiii, já mudou de vez, né?
— Sim, só esqueci umas coisinhas aqui e vim buscar hoje, aproveitar o final de semana
para terminar de organizar. E você está gata assim por que vai encontrar com o Cadu?
— Você não vai acreditar, ele vai me levar na casa dos pais dele.
— A coisa está ficando séria mesmo, hein?!
— Acho que sim, mas não conversamos exatamente o que é isso. Acho que é muito pouco
tempo para tudo o que está acontecendo. Está acontecendo tão rápido.
— Não existe tempo para o amor.
— Amor?!
— Sim, só você não está percebendo que o Cadu te ama. Daniel comenta comigo às vezes
o quanto esse sentimento tem mudado o Cadu e o quanto ele tem feito planos para o futuro com
você. Futuro, Ana. Que cara faz planos para o futuro com uma mulher se não a ama de verdade?!
— Só acho que foi muito rápido. – Meu telefone apitou uma mensagem.
— Vai lá, deve ser seu gatão apaixonado. Não deixe de viver, Ana; se quer ficar com os
pés no chão, que seja, mas seja feliz. Você merece muito! – Ela me deu um abraço apertado e
demorado. – Agora vai lá antes que ele desista. Beijos.
Desci pelo elevador agradecendo a Deus por me enviar pessoas maravilhosas no meu
caminho; eu não seria capaz de caminhar sozinha.
Quando cheguei à portaria do prédio, avistei o Cadu, que estava encostado na lataria do
carro, com um ar descontraído, confiante e meu coração errou uma batida.
Ele usava uma bermuda de sarja cáqui, que se ajustava perfeitamente ao seu corpo
esculpido, deixando à mostra suas pernas bem torneadas. Sua camiseta branca e justa realçava
seus músculos peitorais e abdominais, enquanto suas mangas curtas exibiam seus braços fortes e
definidos.
Seus óculos escuros conferiam um toque de mistério e charme à sua aparência, ao mesmo
tempo em que protegiam seus olhos do forte sol de verão. Seus sapatos eram elegantes e
sofisticados, evidenciando seu gosto requintado e seu olhar para o estilo.
Apesar de sua aparência despojada, Cadu exibia um ar de sucesso e riqueza, típico de um
CEO bem-sucedido.
Eu não poderia deixar de observá-lo com admiração e desejo, sentindo-me atraída pelo seu
jeito confiante e sedutor.
Ao vê-lo assim, não pude deixar de sorrir internamente, me sentindo sortuda por ter um
homem tão atraente ao meu lado.
Cadu era o tipo de homem que me fazia sentir segura e especial, eu não podia esperar para
passar o dia com ele, celebrando o aniversário das suas sobrinhas e ainda conhecendo a sua
família.
— Oi, paixão, como está linda! – Se aproximou, me abraçando e beijando.
— Oi, Cadu, você também está lindo!
— Vamos, antes que a Clara me enforque em pensamento.
— Ela é brava assim?
— Depois que teve as meninas, sim. Um poço de nervosismo e estresse – riu do próprio
comentário.
O caminho foi tranquilo. Andamos em torno de meia hora até chegarmos a um condomínio
fechado muito chique. Ao chegarmos no portão da mansão, fiquei maravilhada com a
imponência e sofisticação do local.
O portão de ferro escuro se abriu, revelando um jardim bem cuidado e um gramado
verdejante. A casa era imponente, com paredes claras e grandes janelas que permitiam a entrada
de luz natural. Ao fundo, pude avistar a piscina de borda infinita, cercada por espreguiçadeiras
brancas.
Assim que entramos, me deparei com um salão enorme, com pé direito alto e móveis
elegantes. O piso de mármore branco refletia toda a claridade que entrava pelas janelas. À
direita, vi uma grande sala de estar, com almofadas e tapetes luxuosos. À esquerda, uma mesa de
jantar gigante comportando doze lugares, rodeada por cadeiras acolchoadas.
Caminhamos pela casa e, ao passar pela cozinha, notei a área gourmet com uma
churrasqueira de última geração, forno à lenha e uma ampla bancada em granito preto. Tudo
estava perfeitamente organizado e funcional. Ao final da cozinha, uma porta de vidro levava ao
espaço onde as sobrinhas de Cadu comemorariam seus aniversários.
O espaço estava decorado com muito bom gosto e perfeição, com bandeirinhas coloridas,
balões, mesinhas e cadeirinhas para crianças, além de uma mesa decorada com todos os quitutes
e doces que todas crianças amam. Fiquei encantada com a organização e o cômodo acolhedor,
que parecia ter sido criado para receber pessoas amadas. A casa era realmente digna de uma
família rica e com muito bom gosto.
Ninguém veio nos receber, Cadu tinha as chaves e total acesso, e pelo visto, todos estavam
ocupados na área da festa, os convidados ainda não haviam chegado e a organização estava em
andamento.
Logo, uma senhora elegante com um sorriso gentil nos avistou e veio em nossa direção.
Cadu apertou minha mão e me conduziu, segurando-a firme.
— Fica tranquila, tá? – piscou para mim e beijou minha mão. Apenas concordei com o
olhar.
— Oi, meu filho, que saudade, quanto tempo! Só assim mesmo para você vir aqui ver sua
velha mãe.
— Oi, mãe, sem drama, eu sempre venho, só estive muito atarefado nos últimos meses por
causa do trabalho, você sabe.
— Sei sim, meu amor, mas o papel de mãe é implicar, e eu faço bem esse papel. E quem é
essa linda jovem com você?
— Mãe, esta é Ana, minha namorada. – O quê? Quando, onde e como? Perguntei
mentalmente, enquanto ele me olhava com ternura.
— Oi, Ana, eu sou Madalena, mãe desse ingrato que me abandonou. – Ele revirou os olhos
em divertimento. – Estou brincando, pode me chamar de Lena. Seja bem-vinda! Fique à vontade,
não vou poder dar muita atenção agora, tenho que ajudar a estressada da Clara com essa festa,
antes que ela me enforque. – Gargalhamos do seu comentário, e dona Lena saiu para atender o
interfone.
— Viu que eu não estava mentindo? Clara é o terror!
— Fiquei com mais medo ainda, já que até sua mãe tem medo dela.
— Ela ladra, mas não morde.
— Então eu sou sua namorada?
— Sim, você falou que era minha, lembra?
— Lembro. – Dei um sorriso tímido. A única vez que falei isso foi quando transamos, nos
despedindo para minha ida a Bragança.
Capítulo 21 - Cadu

— Oi, filho. – Meu pai veio nos cumprimentar, me abraçando e dando tapas nas costas.
— Oi, pai, tudo bem?
— Tudo sim, e essa moça linda?
— Pai, essa é a Ana, minha namorada.
— Até que enfim, garoto! — ele zombou de mim e estendeu a mão em direção a Ana. –
Olá, Ana, me chamo Roberto. Prazer em conhecê-la.
— O prazer é todo meu, senhor Roberto.
— Senhor está no céu, ainda não estou tão velho assim, ainda tenho pique para uns 10
netos. – Deu uma piscadinha para mim sorrindo — Seja bem-vinda a nossa casa e fique à
vontade, a casa é sua. Agora vão lá terminar de conhecer a fera e as ferinhas antes que elas
venham bravas aqui.
— Tudo bem, pai. – Ele seguiu indo buscar algo dentro de casa.
— Tioooooooooo!!! – Rania veio correndo e berrando quando me viu, mas parou assim
que viu Ana ao meu lado e ficou estática.
— Oi, meu amor, vem pro tio – a chamei e ela se aproximou de cabeça baixa.
Me abaixei para ficar na sua altura. Abraçando-a e falando bem no seu ouvido: "Eu te amo
e você é muito especial para mim, quero muito que conheça alguém." – Ela me olhou com a cara
fechada.
— Rania, essa é Ana, namorada do tio, fala oi para ela.
— Oi — falou tímida.
— Oi, princesa, tudo bem? Vim trazer um presente para você e acho que vai gostar muito.
– Ana falou como nós havíamos combinado. Trouxemos uma boneca gigante que fala. Rania
arregalou os olhos quando viu o pacote gigante e ficou ansiosa esperando Ana o entregar.
— Mas antes, eu acho que a Ana merece um abraço e um beijo – falei para testar se ia dar
certo a nossa teoria. Rania abraçou a Ana e deu um beijo bem tímido.
— Você é linda, minha princesa, o tio te ama muitão, viu?
— Eu também te amo muitão, tio.
— Agora pode ir brincar e aproveitar a sua festa! Cadê a Raissa?
— Tá com o meu papai – disse e saiu correndo com a boneca maior que ela.
— Ela é linda.
— É sim, ela ainda vai se acostumar com você. É que eu nunca trouxe ninguém aqui.
— Crianças têm seu jeito e devemos respeitar.
Andamos mais na área da festa, encontrando meu cunhado saindo de dentro da sala para o
quintal, com a Raissa no colo.
— Opa, olha quem chegou! Cadu, que bom que você veio, sua irmã já estava com o
discurso pronto caso você não viesse.
— E aí, cara, tudo bem? – Peguei a pequena no colo, enchendo-a de cócegas.
— Está tudo bem, sim, quem é essa? – perguntou já estendendo a mão para cumprimentar
Ana.
— Sou Ana, prazer.
— Minha namorada.
— Opa, opa, opa, quem diria que um dia ia trazer alguém aqui, cara, sabe que hoje não
pode chover né? Sua irmã te mataria. – Todos zombavam de mim, mas eu sabia o porquê, nem
Helena, que passei muito tempo, trouxe a casa dos meus pais. – Dispensa a brincadeira, Ana,
mas eu sou Rafael, marido de Clara e cunhado desse cara aqui. Agora vai lá ver sua irmã, que
ainda não te viu. – Pegou Raissa em meus braços e saiu .
— Por que tenho a impressão que todos temem sua irmã?
Acabei gargalhando com sua pergunta, e chegando mais próximo de onde minha irmã
estava, começamos a ouvir os gritos histéricos: "Arruma ali, arruma aqui, eu quero isso lá, puxa a
mesa que está torta, o bolo não chegou ainda... Rafaeeeeeel, busca o bolo! Manhê, dá banho nas
meninas para mim. Paiiiiiii, puxa o arco de balão pelo andar de cima, para ficar mais alinhado."
— Agora você vai entender. – Ela sorriu constatando o que todos temiam.
— Ela gosta de organizar festas?
— Ama, mas nada pode sair um milímetro fora do que ela planejou.
— Clara, está tudo bem? Relaxa, é só uma festa — falo, chamando a atenção de minha
irmã
— Caduuuuuuu, até que enfim você chegou, eu preciso muito de você. — Ela vem até
mim na sua forma dramática.
— Oi para você também e não estou sozinho, mamãe não te deu educação, pirralha?
— Mil desculpas. – Clara estendeu os braços já abraçando Ana, que ficou desconcertada. –
Eu sou a Clara, muito prazer.
— Olá, Clara, eu sou a Ana.
— Apenas Ana? - Semicerrou os olhos na direção de Ana, a analisando.
— Deixa de ser chata e controladora, Clara, esta é a Ana, minha namorada, tá bom? Agora
vai cuidar da sua festa, e dependendo do que for, eu ajudo, mas dependendo, eu não vou fazer
nada.
— Como você aguenta esse cara, Ana? Ele é um chato desde sempre. – E sussurrou: – Mas
eu o amo e sempre pego no pé dele.
As duas riram, e eu já estava feliz com a interação da minha família com Ana. Eles são
realmente incríveis.
— Olha, fiquem à vontade, eu preciso terminar isso. Eu acho que vou pirar.
— Se precisar de ajuda… – Ana ofereceu.
— De jeito nenhum que vou te estressar comigo no comando, e tem outra, esse aí não ia
deixar. Seja bem-vinda! – Nem terminou de falar direito e voltou ao modo de comando com
todos os envolvidos.
— Nossa, ela é sempre assim?
— Sempre. Coitado do Rafael, mas eles são um casal legal. Acho que a calma dele
completa ela e vice-versa.
A arrumação toda terminou, e a festa já estava rolando, minha irmã ativou o modo de
anfitriã da festa e estava sendo agradável com todos. Eu tinha poucos conhecidos, já que os
convidados eram em maioria os pais de crianças que as meninas tinham como colegas na
escolinha, mas estava muito agradável.
Percebi todo mundo muito ocupado e chamei Ana para conhecer o interior da casa.
Chegando em meu quarto, fechei a porta com cuidado e mostrei meu cantinho. Mesmo que
eu não morasse mais ali, meus pais faziam questão de mantê-lo do meu jeito, para que sempre
que eu viesse, me sentisse em casa. Eu adorava isso.
— Lindo seu quarto.
— Vem sentir o quanto minha cama é macia. – Sentei na beirada do colchão, próximo à
mesinha de cabeceira.
— Cadu, aqui não.
— Não falei nada, você que já está pensando.
— Eu? Olha como você já fala, me olhando com essa cara de safado.
— O que tem? É meu quarto, ninguém vai vir aqui, todos estão entretidos na festa. Vem
cá. – Puxei-a para o meu colo, colocando uma perna de cada lado e comecei a beijá-la.
— Cadu... – Tentou dizer algo, mas já estava ofegante.
— Shh, vamos aproveitar um pouquinho – sussurrei em seu ouvido.
Subi minhas mãos por suas pernas, acariciando a bunda e a segurando firme, apertando seu
quadril contra a minha ereção. Ela começou a rebolar em cima de mim, eu não queria demorar
muito. Levantei-me, já jogando-a na minha cama e fui para cima dela, tirando minha bermuda
rapidamente e a camisa. Ela levantou o vestido para retirá-lo, mas a impedi de terminar.
— Quero comer você com esse vestido, vou só subi-lo.
— Uhmm… – gemeu apenas.
Levantei seu vestido e subi sobre ela, beijando-a com voracidade. Levei uma mão ao meio
de suas pernas, acariciando seu ponto sensível, e ela instintivamente abriu mais as coxas para
mim.
— Ah, Cadu, eu quero gozar com seu pau dentro de mim.
— Calma, estou te preparando, quero gozar juntinho com você, delícia.
Coloquei mais pressão no clitóris e penetrei dois dedos em sua boceta, fazendo-a arfar e
contorcer com minhas investidas. Continuei a penetrá-la com força até sentir sua boceta começar
a dar indícios de que estava prestes a gozar. Abri mais suas pernas, deixando uma por cima do
meu ombro, e meti meu cacete de uma só vez dentro dela, ficando uns segundos parados para
que ela não gozasse antes de ser comida bem gostoso.
Era incrível transar sem preservativos, a liberdade disso era maravilhosa, não precisávamos
nos preocupar com nada, podíamos fazer isso a qualquer momento, e era extremamente
prazeroso. Voltei a me mover dentro dela, mais rápido e com força, só ouvindo seus gemidos e o
som da música infantil vindo de fora.
— Ahh, eu... vou... Cadu.
— Vem, gostosa, vem. – Soltei um suspiro e um grunhido rouco, e ela gritou meu nome,
gozando comigo. Foi a coisa mais intensa do dia.
Eu precisava enfatizar "do dia", porque a cada vez que transávamos, era uma experiência
única, um dia diferente do outro, e isso só aumentava meu amor por ela.
Ficamos ali por algum tempo até nos recompormos. Ela foi tomar uma ducha rápida no
meu banheiro, e logo depois eu a segui. Depois, descemos para a festa.
A festa foi perfeita; minha irmã ficou satisfeita, as meninas brincaram muito, e ao final,
esperei todos saírem para termos um momento em família, longe do estresse da comemoração.
Se eu não fizesse isso, minha mãe e minha irmã ficariam chateadas comigo.
— Tudo bem se esperarmos um pouco? – perguntei para Ana.
— Sem problemas, estou com você, e além disso, não tenho compromissos para o final de
semana.
— Ah, tem sim, comigo e somente comigo.
— Então fechou! – Ela me deu um beijo casto na boca.
— Aí estão vocês! – Todos vieram ao mesmo tempo para se sentar onde estávamos, à mesa
da família.
— Até que enfim a festa acabou, ufa. Já não estava mais aguentando – Clara falou
suspirando cansada.
— Então, por que faz esses eventos, pirralha? – provoquei.
— Por mais que eu fique cansada, eu amo, minhas filhas merecem, e você vai ver quando
tiver os seus. – Ela revirou os olhos.
— Vocês nunca crescem, né?! – minha mãe repreendeu nós dois.
Rimos e nos abraçamos, temos uma ligação muito boa, resultado da criação dos meus pais.
— Vem cá, menina, não ligue para esses dois, estou muito feliz que tenha vindo nos
conhecer, mesmo com a casa cheia em dia de festa. Mas vá se acostumando, amamos uma
comemoração. – Minha mãe tinha esse poder de incluir as pessoas facilmente na família.
— Me conte mais sobre você – Clara começou sua interrogação.
— Ah, eu sou de Minas e estou trabalhando na empresa do Cadu, como gerente de
marketing e publicidade.
— Muito bom, aquele lugar realmente precisa investir em marketing – meu pai comentou.
— Hum... deixa eu ver se entendi. — A expressão de Clara mudou a essa informação.
Massageei a têmporas, isso não seria bom. — Entrou para trabalhar na nossa empresa e já foi
logo se sentando no colo do meu irmão, então conseguiu o cargo de gerência? Interessante... -
soltou a farpa fulminado Ana com os olhos. Eu vi vermelho, minha mãe se antecipou a mim:
— Filha não se trata um convidado assim em nossa casa, já te avisei, e você não conhece a
moça para fazer suposições - a repreendeu.
— Se pra vocês isso parece normal, pra mim não é. Quem é ela? E Cadu a conhece há
quanto tempo pra trazê-la aqui sem nenhum cuidado? Uma mulher que entrou na empresa outro
dia e já enfiou as garrafas nele. Me preocupo sim com vocês e não vou pedir desculpas por zelar
por minha família, além disso, tenho duas filhas, é meu dever protegê-las.
No mesmo instante peguei no braço de Clara e a puxei para a cozinha. Não podia deixar
que ela tratasse Ana tão mal, entendo seu lado superprotetor, mas agora ela passou de todos os
limites. Nunca imaginei que poderia chegar a tanto ou não teria trazido Ana aqui. Meus Deus, eu
não tive coragem nem de olhar para o rosto dela.
— QUAL É O SEU PROBLEMA, CARALHO? - gritei furioso com minha irmã..
— O meu problema, Cadu, é que do nada uma mulher aparece em sua vida e você se deixa
levar. Uma funcionária! De onde ela veio? Eu não sei as intenções dela, não a conheço, e preferi
deixar meu ponto claro, para ela saber mesmo com quem está se metendo, caso seja uma
aproveitadora! Cadu, meu irmão, você não vê a velocidade desse relacionamento? Já a trouxe
para o seio de nossa família!
— A questão não é essa, antes de qualquer coisa, você não deve julgar as pessoas, não sabe
a metade do que se passa naquela empresa e nem se interessa pelo que eu trabalho duro para
manter aquilo e ainda fazer crescer como tenho feito, é muito fácil só receber seu lindo
dinheirinho na sua conta para gastar com esse monte de merda que você diz que é festa. Agora
me faça o favor de voltar naquela mesa e pedir desculpas a Ana ou não será fácil para você daqui
em diante, aposto que se eu falar com o papai que você deve ocupar seu cargo na empresa para
merecer o que cai na sua conta, ele não vai hesitar em atender o meu pedido, já que só eu que
trabalho na porra da henrança de nós dois!
— Você é um idiota, sabia? Eu não estou falando de herança, de dinheiro, estou falando de
você, da nossa família. Sabe quantas pessoas tentaram se aproximar de mim pra chegar a você?
Falsas amigas, cujo último objetivo eram ser minhas amigas? Não, você não sabe, porque sofria
calada toda vez que a ficha caía de que estava novamente sendo usada. - Saiu andando pisando
duro, chamou o marido, pegou as filhas e foram embora sem se despedir de ninguém. Foda-se.
Sabia dos caras antes do Rafael, mas não das amigas. Mesmo muito nova, Clara foi uma menina
que se apaixonava por qualquer pessoa que se aproximasse dela, sofreu muitas decepções
amorosas até entrar o Rafael, houve um cara escroto que ela namorou com o intuito de fazer
carreira na Bianchi, quando percebi sua intenção fiz o máximo para expor para todos quem o
pilantra era. Minha doce irmã criou a casca de uma mulher obcecada, amarga, possessiva,
ciumenta e dramática.
Retornei à mesa com minha família, o clima não estava muito legal, chamei Ana para meu
quarto.
— Espero que me perdoe pelas atitudes de Clara, ela tem muita bagagem, mas não justifica
te tratar daquela forma.
— Olha Cadu, desde o início eu venho falando com você que não queria um
relacionamento assim, onde as pessoas pudessem achar que estou com você por interesse, quero
muito que dê certo, mas não sendo exposta dessa maneira — diz com o semblante cheio de dor.
Meu peito se aperta, quero me dar um soco por tê-la feito passar por essa situação.
— Ela só precisa te conhecer e então irá te amar assim como... — Impeço as palavras de
saírem, respiro fundo. — Te peço para tentar ficar calma e confiar em mim. Eu não vou permitir
que ninguém mais te machuque.
— Vou tentar.
Fomos para sala onde meus pais fizeram de tudo para Ana se sentir mais confortável, ali a
conversa rolou por muito tempo, até ficar tarde.
Saí um pouco para ir ao banheiro, deixando Ana com meus pais, depois de percebê-la mais
tranquila.
— Oi, filho – minha mãe veio até mim.
— Oi, mãe.
— Vocês vão ficar aqui hoje? Podem ficar no seu quarto e amanhã vocês vão embora.
Aproveite mais o tempo conosco.
— Tenho que ver com a Ana, não sei se ela vai se sentir confortável, ainda mais pela cena
que a Clara fez mais cedo.
— Ela não precisa ficar com vergonha, aqui não temos julgamentos, lembra? Sobre a
Clara, ela só quer te proteger, mas irei conversar com ela, sabe que o coração dela é gigante.
— Sei disso, mãe, é só que nós estamos juntos há pouco tempo, então não sei se seria uma
boa ideia.
— Se quiser, eu falo com ela.
— A senhora que sabe, mas não diga que a ideia foi minha, porque não foi.
Voltamos para a mesa, e logo minha mãe propôs a Ana que ficássemos ali, ela ficou um
pouco envergonhada, mas acabou aceitando.
Nos despedimos dos meus pais e fomos para o meu quarto, minha mãe já tinha arrumado
tudo e deixado toalhas para nós dois.
Ana ficou receosa de fazermos qualquer coisa, então apenas tomamos um banho juntos, e
ela vestiu uma camiseta larga minha. Nos deitamos de conchinha, e esta era a posição que eu
estava me apegando rápido demais para dormir. Nos dias em que ela não estava comigo, eu até
demorava para adormecer, às vezes tinha que pegar um travesseiro para abraçar, só não era a
mesma coisa. Sei que ela ainda estava tensa pelo ocorrido com Clara, eu estava puto demais e só
queria deixar Ana mais tranquila.
— Se precisar conversar, estou aqui.
— Não se preocupe, Cadu. Só fico chateada por ela pensar assim de mim, principalmente
por não me conhecer, mas cada um tem seu motivo na vida.
— Você é perfeita sabia? - Lhe dei um beijo casto, ela não rendeu o assunto e
adormecemos.
Acordei e estava excitado, com aquela ereção matinal. Não era surpresa, afinal, ela tinha
estado roçando a bunda em mim a noite toda; resistir estava se tornando difícil.
— Está acordada? – perguntei sussurrando em seu ouvido, e ela estremeceu.
— Uhum.
— Está complicado aqui, você poderia me ajudar, não é?
— De jeito nenhum. Sua família está toda em casa.
— Basta não fazermos barulho, uma rapidinha.
— Não costumamos ser rápidos.
— Por favorzinho.
— Não adianta usar diminutivos.
Sem pedir permissão, comecei a acariciar seu corpo. Eu sabia que ela estava afetada; ela
segurava o travesseiro como uma tábua de salvação e esfregava uma perna na outra.
Enfiei minha mão entre suas pernas, e ela enterrou o rosto no travesseiro.
Mordisquei o lóbulo de sua orelha e continuei as carícias.
— Eu sei que você quer, mas se não quiser, pode sair e andar por aí sem problemas, não
vou insistir. Mas olhe isso – apertei a mão em sua virilha, deslizando um dedo para dentro de
seus grandes lábios – você está molhada, e é sacanagem não me ajudar a resolver esse problema
aqui. Imagine descer para o café da manhã com a "barraca armada".
Ela virou apenas o rosto e falou baixinho.
— Tudo bem, tudo bem, mas tem que ser em silêncio.
— Aí depende de você.
Não perdi tempo. Ajeitei-a de lado, levantando sua perna e apoiando-a na minha,
encaixando meu pau em sua boceta que estava pronta para me receber. Estoquei profundamente,
e ela segurava os gemidos. Aproveitei a posição para massagear seu clitóris até mostrar que
estava prestes a gozar. Aumentei o ritmo das estocadas até ambos atingirmos o clímax, ela
desfaleceu sobre o travesseiro. Que porra de sexo bom que ela me proporcionava.
Nos levantamos, tomamos banho e descemos para o café da manhã.
Quando entramos na sala, Clara já estava sentada e com as crianças correndo por toda
parte, olhei para ela, demonstrando que não iria me sentar a mesa com ela enquanto não se
desculpasse com Ana.
— Bom dia. - meus pais e meu cunhado cumprimentaram e nada de Clara que estava com
a cara emburrada.
— Bom dia. - respondemos em uníssono.
— Posso conversar com você, Ana? - minha irmã a chamou, ela apertou minha mão e me
prontifiquei.
— Se for para soltar o seu veneno é melhor não, Clara.
— Tudo bem, já que você não vai facilitar meu lado, posso falar na frente de todos mesmo.
— Prossiga, estou esperando por isso. - falei já furioso.
— Olha Ana, quero te pedir desculpas se fui inconveniente, realmente não te conheço para
te julgar, eu tenho os meus motivos e acabo falando sem pensar. Espero que possamos construir
um relacionamento mais amável, só não te prometo que serei fácil, pois sou assim, controladora
com tudo e com todos, apenas digo que posso tentar. Mas não faça meu irmão sofrer porque aí
sim, você vai ver minha total fúria.
— Tudo bem, Clara. Podemos colocar uma pedra naquele momento. Espero poder mostrar
que não sou a pessoa que acredita que sou. — Ana toma uma pausa, hesitante, e então continua:
— Olha, entendo seus receios, mas não pense que vou tolerar seu preconceito a mim, seus
desaforos, calada, caso volte a me insultar — disse e soltou um longo suspiro. Passei meu braço
em volta de seu ombro para confortá-la.
Minha irmã assentiu com um pequeno aceno, parecia envergonhada. Bom.
O clima amenizou, mas, apesar disso, não ficamos o dia todo. Após o almoço, decidimos
ir embora, pois Ana queria descansar para o trabalho do dia seguinte.
O trajeto de volta foi tranquilo. Conversamos sobre assuntos leves. No entanto, o telefone
dela tocou com uma chamada de número desconhecido.
— Não sei quem é; acho que não vou atender.
— Atende, pode ser importante.
— Não, é domingo. Vou ligar para os meus pais, prefiro assim.
Ela recusou a chamada e logo ligou para seus pais para ver se eram eles. Parece que
disseram que não, então ela aproveitou para conversar um pouco mais com eles antes de se
despedir.
Finalmente, chegamos ao apartamento onde ela estava morando. Nos despedimos, e cada
um seguiu seu rumo. Havíamos concordado em alternar nossas noites, uma no meu apartamento
e outra no dela. Estava funcionando bem para ambos.
Capítulo 22 - Ana

A noite foi péssima. Depois que Cadu me deixou no apartamento e foi embora, relaxei um
pouco. Aproveitei para ler e organizar as coisas para o dia seguinte. Quando estava deitada para
dormir, conversei um pouco com Cadu, já mencionando que iria dormir e que nos veríamos no
dia seguinte. Como de costume, ele pediu para que o aguardasse para irmos juntos ao trabalho.
No entanto, assim que me despedi dele, o telefone começou a tocar novamente com um
número desconhecido. Quem diabos fica ligando de número desconhecido, especialmente para
um número que poucas pessoas tinham? Além de estar atordoada com tudo que aconteceu na
casa dos pais de Cadu, ainda mais essa. Por volta das três da manhã, o telefone tocou novamente,
e, sobressaltada, atendi. Ao fundo, apenas o som das ondas do mar batendo.
Falei "alô" várias vezes, mas a pessoa do outro lado não respondeu. Insisti para que
parasse, pois estava sendo inconveniente, e então desliguei o telefone na esperança de conseguir
dormir o resto da noite. Acordei horas depois, sem saber exatamente que horas eram.
Fui despertada por batidas na porta, e, assustada, vesti rapidamente um roupão e corri para
atender. Ao olhar pelo olho mágico, vi Cadu com um semblante preocupado.
— Oi, Cadu. Bom dia. – Ele entrou apressadamente e me abraçou.
— Ana, está tudo bem? Tentei te ligar várias vezes, mas seu telefone não tocava, e fiquei
muito preocupado.
— Eu perdi a hora, me desculpe.
— Não precisa se desculpar, paixão. Só fiquei preocupado. Aconteceu algo depois que saí
daqui?
— Não, bem, na verdade sim. Meu telefone tocou diversas vezes à noite com o número
desconhecido. – Contei a ele como foi a noite e expliquei por que meu telefone estava desligado,
o que fez com que eu perdesse a hora.
— Por mais que seja ruim, pelo menos não aconteceu algo pior. Agora, se arrume, estamos
atrasados. Vou pedir café da manhã para nós na empresa.
— Tudo bem, será rápido. Sempre organizo minhas coisas com antecedência.
Acelerei o passo, e logo estávamos na empresa. O café da manhã já estava na minha sala, e
Cadu fez a refeição comigo antes de seguir para a dele.
Hoje, os funcionários começaram no setor, e passei a maior parte do dia conversando e
alinhando detalhes com eles. No entanto, alguns softwares que havia solicitado ainda não haviam
sido instalados, o que poderia atrasar um pouco o processo.
Dirigi-me à sala de Rita, pois sabia que ela estava mais envolvida com essas questões.
— Oi, Rita, tudo bem?
— Oi, Ana, estou bem, e você? Parece cansada. Entre e fique à vontade.
— Tive uma noite péssima, mas tudo bem.
— Está acontecendo alguma coisa? Você e Cadu brigaram?
— Não, estamos bem, fique tranquila. – Expliquei tudo a ela.
— Não deve ser nada. As pessoas têm esse lado ruim de infernizar as outras. Devem ter
discado um número aleatório e caído em você. Não se preocupe. Mas o que precisa de mim?
— Lembra dos softwares que pedi para serem instalados nas máquinas do setor de
marketing? Eles ainda não foram instalados.
— Mais um problema. – Rita revirou os olhos.
— Desculpe por trazer mais preocupações.
— Não é isso. Assim como implantamos seu setor, estamos fazendo o mesmo com o setor
de TI. Temos um especialista que cuida de tudo, mas coitado do rapaz; ele está sobrecarregado.
Ele é bom, mas está sobrecarregado. Você entende, né?
— Entendo, acha que isso será resolvido este mês?
— Preciso que seja resolvido o quanto antes. Já visitei duas empresas, e vou visitar mais
uma amanhã. Só devo voltar na quinta-feira.
— Espero que consiga.
— Tenho que conseguir, ou vocês todos me matam.
— Está bem, vou orientar o pessoal novo e começar a esboçar os trabalhos com caneta e
papel, para não perdermos muito tempo.
— Espero que não aconteça.
Saí de sua sala, e quando cheguei à minha, estava exausta. Sentei-me na poltrona por
alguns minutos, na esperança de que a dor de cabeça passasse. Foi então que Cadu bateu na porta
e entrou.
— Você está passando mal?
— É só uma dor de cabeça, deve ser porque dormi mal esta noite.
— Deve ser. Vá para o apartamento hoje, que cuidarei de você. – Ele se aproximou e me
abraçou pela cintura, dando-me um beijo casto.
— Tem medo de eu me atrasar amanhã, ou essa é uma proposta para algo mais?
— Primeiro, quero sua presença. Segundo, quero cuidar de você. A terceira pode até ser
questão do atraso e por último, mas não menos importante, se acontecer de nos pegarmos a noite,
eu não vou reclamar.

— Entendi. Está bem, vamos. Preciso salvar alguns arquivos e desligar o computador.
Podemos ir depois?
— Claro, vou fechar minhas coisas e nos encontramos lá embaixo.
Ele saiu, e eu segui para a minha mesa, salvando e fechando os arquivos, sempre fazendo
backup no meu computador e no drive compartilhado com Cadu.
Fomos para o apartamento dele, onde preparei uma refeição enquanto ele tomava banho.
Logo depois, também tomei o meu. Jantamos e assistimos a um filme juntos. Minha cabeça ainda
doía bastante, então tomei um relaxante muscular, o único remédio que funcionava para mim
nessas situações. Acabei adormecendo no sofá mesmo.
Quando acordei de madrugada, estava na cama, sem perceber que Cadu havia me trazido
para lá. Me aconcheguei novamente nele e voltei a dormir. Eu realmente precisava descansar.
Acordei com a cama vazia, provavelmente porque Cadu foi correr. Levantei-me e segui
minha rotina matinal. Depois, fui para a cozinha preparar o café da manhã, e ele chegou em casa.
— Bom dia, meu amor. – Ele mudou o apelido novamente, pensei comigo.
— Bom dia. Como prometido, já preparei o café da manhã.
— Hummm, que delícia! Só vou tomar um banho rápido e já volto. – Me deu um beijo e
dirigiu-se ao banheiro.
Daí em diante, seguimos nossa rotina habitual, tomamos café da manhã e fomos para o
trabalho. Primeiro, visitei o setor para conversar com a equipe sobre as orientações que havia
dado e para esclarecer dúvidas. Gosto de ouvir as sugestões deles, pois podem ser boas ideias.
Eles tiraram suas dúvidas e até sugeriram algumas coisas, incluindo softwares que eu não
conhecia. Foi muito produtivo.
Depois desse tempo, subi para minha sala e abri o computador. Comecei a verificar meus
arquivos no drive e percebi que os arquivos que salvei no dia anterior desapareceram.
Eu tinha certeza de que salvei esses arquivos, não era possível. Vou perguntar ao Cadu se
ele os moveu para outra pasta.
Saí da minha sala e fui até a dele.
— Olá, posso entrar? – Ele acenou com a mão, para eu entrar, estava em uma ligação.
— Fique tranquila que estamos resolvendo essa situação. – Parou e ouviu a pessoa do outro
lado da linha. – Sim, eu entendo que é grave, mas ainda estamos em uma transição, a empresa
está trabalhando para melhorar cada vez mais, e isso é apenas uma fase. – Ouvia novamente a
pessoa. – Ok, assim que se resolver, entro em contato com vocês. – Ele se despediu e massageou
a têmpora, depois sentou-se e apoiou os cotovelos na mesa.
— Algum problema?
— Infinitos, mas tudo bem? Precisa de algo?
— Na verdade, não sei se é um problema, mas vim perguntar se você viu os arquivos que
salvei no drive ontem?
— Esse é o grande problema, todos os arquivos salvos no drive da empresa sumiram, e o
pessoal de todos os setores estão me ligando perguntando o que aconteceu. Nosso setor de TI
ainda está sendo implantado, e Rita está procurando uma boa empresa para atender às nossas
exigências. Mas você perdeu muita coisa?
— Não perdi porque ainda tenho uma cópia salva no meu computador. Mas se eu não
tivesse feito a cópia, teria perdido todo o trabalho da última semana.
— Já liguei para Rita, e ela disse que essa última empresa deve atender bem às nossas
necessidades. O CEO dela está no Rio, e ela foi até lá para conhecê-la, mas parece que ele teve
uma emergência familiar aqui. De acordo com o que Rita disse, a empresa parece ser boa. Ela já
entrou em contato com ele e agendou uma reunião para quinta-feira, quando voltar. Acredito
que resolveremos grande parte do problema até lá. Além disso, estou pedindo a todos que salvem
os arquivos em suas máquinas até que tudo seja resolvido.
— Nossa, achei que eu estava ficando louca e tinha me esquecido de salvar o trabalho.
Ontem à noite, estava exausta, e pensei que isso pudesse ter afetado minha memória.
— Você é perfeita demais para esquecer algo assim – Cadu respondeu com carinho.
— Não fala desse jeito ou eu vou me acostumar.
— Então acostume-se. Saiba que eu te admiro muito, sempre.
Fui até ele e lhe dei um beijo demorado.
— Agora vou trabalhar ainda melhor.
— Vai dar tudo certo! Agora, vou continuar com o que estava fazendo.
Voltei para o meu escritório, e parecia que tudo estava um caos.
O dia simplesmente se arrastou, assim como os próximos dias, até a chegada de Rita e a
esperança de que ela trouxesse uma solução para a área de TI. Ninguém confiava mais em deixar
seus arquivos no drive da empresa; todos preferiam salvá-los em suas próprias máquinas, às
vezes até em pendrives. A empresa praticamente parou nestes dois dias.
Como podemos ser tão dependentes de máquinas e tecnologia nos dias de hoje?
Rita chegou na quarta-feira e passou o expediente inteiro em reuniões, mas nada foi
definido. Praticamente não vi Cadu; só nos encontramos quando fomos e voltamos juntos para o
apartamento, pois hoje era o dia dele dormir no meu apartamento. Apenas trocamos algumas
mensagens e marcamos de nos encontrar na saída.
— Oi, meu amor. – Ele me abraçou com força. – Que saudade de você. Que dia terrível,
mas pelo menos resolvemos tudo.
— Oi, Cadu. Vamos, comemos algo leve e depois podemos descansar. – Dei-lhe um beijo
e ele nos levou até seu carro.
Chegamos ao apartamento, tomamos banho, jantamos e fomos dormir. Ambos estávamos
exaustos, e ele ainda tinha muitas reuniões no dia seguinte.
— Cadu, bom dia, acorde. – Estávamos atrasados, e ele tinha dormido demais, nem saiu
para correr.
— Bom dia, meu amor. Nossa, perdi a hora mesmo, estava tão cansado.
— Quer conversar sobre ontem?
— Nossa, a reunião com a empresa de T.I foi ótima. O João é muito prestativo. Antes
mesmo de assinarmos o contrato, ele já me mostrou vários problemas que poderíamos enfrentar
sem um responsável pela área.. Ele explicou que essas práticas de documentos desaparecendo no
drive são comuns se não tivermos um sistema operacional adequado. Ele conseguiu recuperar os
documentos de todos na empresa e eu só tenho a agradecer a ele. Fez questão ainda de resolver
algumas coisas. Fiquei impressionado.
— Que ótimo que vocês conseguiram.
— Sim, vou conseguir relaxar melhor quando tudo estiver pronto. Afinal, estamos
crescendo cada vez mais e precisamos manter tudo seguro. Não são apenas nossas vidas na
empresa, mas as de muitas pessoas e filiais. Não podemos perder todo o trabalho.
— Vai dar tudo certo! Agora, vamos, não podemos nos atrasar.
— Vamos.
Aceleramos o passo e fomos para a empresa. O resto da semana foi uma correria para
resolver todos os problemas. Encontrei Rita algumas vezes, e vi que o setor de T.I estava cheio
de problemas. Estavam trabalhando para implantá-lo o mais rápido possível, deixando outros
setores em segundo plano.
Finalmente, chegou a quinta-feira, e como de costume, depois de unir mais uma empresa
ao grupo, Cadu organizou um jantar de comemoração no mesmo restaurante italiano. Dessa vez,
eu o acompanharia como namorada.
O jantar foi ótimo, como sempre. Mais uma família estava se unindo ao nosso grupo, Rita
e Daniel formavam uma dupla incrível. Agora, eles viajavam juntos para escolher as empresas
que se uniriam ao grupo, o que permitia que Cadu ficasse para administrar tudo.
Apesar de toda a situação com o setor de T.I, Rita ainda conseguiu resolver a união dessa
nova empresa. Como ela sempre dizia, "o show não pode parar".
Na sexta-feira, o dia na empresa parecia mais tranquilo. Todos estavam aliviados por seus
problemas de armazenamento estarem sendo resolvidos, exceto eu. Meu setor ainda era novo, e
os outros precisavam recuperar arquivos mais críticos. Eu estava ensinando minha equipe a
trabalhar da forma antiga, sem tanta tecnologia. Alguns trouxeram seus próprios laptops. Até
agora, estávamos indo bem, já que tínhamos apenas um projeto em mãos, e Cadu estava ciente
de qualquer possível atraso.
Quando cheguei à minha sala, o telefone tocou:
— Alô?
— Oi, Ana. – Cadu e eu sempre nos tratávamos pelo nome no ambiente de trabalho,
especialmente se alguém estivesse por perto.
— Oi, Cadu. Está precisando de mim?
— Sempre, mas não é isso. João está aqui na minha sala, e eu queria que você o
conhecesse. Além disso, você pode falar sobre o que precisará no setor de marketing.
— Claro, estou indo aí. Me dê alguns minutinhos.
— Tudo bem, estamos te esperando.
Desliguei o telefone com Cadu, fui ao banheiro, organizei minhas coisas e peguei as
anotações que já havia preparado. Imprimi os nomes dos softwares e tudo o que precisaria,
incluindo fotos de cada um, para evitar erros durante a instalação.
Dirigi-me à sala de Cadu, bati levemente à porta e ouvi a autorização para entrar. Quando o
fiz, vi um homem alto de terno, todo altivo, com as mãos nos bolsos e de costas para a porta.
Cadu veio em minha direção.
— Venha, Ana, conheça o CEO da Technology Resoluções Tec, o Sr. João.
Foi então que tudo aconteceu em câmera lenta. O homem se virou na minha direção, com
um sorriso largo no rosto, e se apresentou.
— Olá, Ana, prazer. Sou João Alexandre Carvalho, ao seu dispor.
Naquele momento, senti o chão desaparecer sob meus pés. Minhas pernas vacilaram,
minha cabeça girou e tudo ficou escuro. A última coisa que ouvi foi Cadu chamando meu nome
antes de perder a consciência.
Capítulo 23 - Cadu

Minutos antes...
— Boa tarde, Cadu – João me cumprimenta assim que entra na minha sala.
— Boa tarde, João. Que bom que ainda está aqui na cidade. O contrato já foi assinado, e
agora vem a fase de adaptação do setor, mas eu gostaria de lhe pedir um favor pessoal.
— Diga-me. – Fiz um gesto para que ele se sentasse na cadeira em frente à minha mesa.
— Bem, como você pode ver, teremos muito trabalho pela frente. No entanto, gostaria que
você desse prioridade a uma coisa em particular.
— Estou à sua disposição. Permanecerei no Rio por algum tempo ainda, resolvendo alguns
assuntos pessoais. Só partirei após tudo estar acertado. Se necessário, posso ficar aqui para
acelerar o processo.
— Ótimo. A questão é a seguinte: estamos implementando os setores aqui no grupo. O
setor de marketing, que até recentemente eu não considerava tão importante, está pronto. No
entanto, ele precisa de alguns softwares que Ana solicitou. Devido a toda essa confusão com os
arquivos desaparecendo, ela compreensivelmente concordou em deixar esse assunto para depois,
a fim de que eu possa resolver isso primeiro. Ela está bastante ansiosa para começar o trabalho e
não quero que passe muito tempo.
— Compreendo. Por favor, me forneça os detalhes, que vou agilizar para você.
— Perfeito, só um instante. - Me levantei e liguei para Ana.
Após a ligação, mantivemos uma conversa leve enquanto esperávamos. Ela bateu à porta e
autorizei sua entrada, dirigindo-me para recebê-la. João se virou para se apresentar a ela. No
entanto, Ana revirou os olhos e ficou pálida, desfalecendo perto de mim. Tudo aconteceu muito
rápido; mal tive tempo de segurá-la e evitar que batesse a cabeça no chão.
Fiquei desesperado e comecei a gritar por ajuda. João ficou ao meu lado, e eu pedi que ele
chamasse alguém. Logo Rita e Daniel chegaram. Ordenei que Rita pegasse a bolsa de Ana com
seus documentos, enquanto eu a carregava até o elevador. Eles me ajudaram a acomodar Ana no
meu carro, com Rita ao lado dela, e saímos rapidamente em direção ao hospital mais próximo.
Ao chegarmos ao hospital, os enfermeiros a colocaram em uma maca e a encaminharam
para uma sala de observação. O médico não demorou a chegar, fazendo-me uma série de
perguntas às quais eu não sabia como responder.
— Boa tarde, sou o Dr. Ricardo, clínico geral aqui do hospital.
— Boa tarde, Dr., sou Carlos Eduardo.
— Qual é o relacionamento de vocês?
— Ela é minha namorada.
— Pode me contar em detalhes do que aconteceu?
Relatei a ele tudo o que havia acontecido apenas alguns minutos atrás, e ele fez mais
perguntas.
— Ela está tomando algum medicamento? Está grávida? Tem alguma doença?
— Não que eu saiba. Fizemos exames há pouco tempo, e até tenho os resultados no meu
celular, mas, pelo que me lembro, estava tudo normal.
— Por favor, me mostre os exames. E quanto à gravidez?
— Não tenho certeza. Ela começou a usar o DIU há cerca de dois meses. – Respondi,
entregando-lhe o celular com os resultados dos exames que fizemos quando decidimos não usar
camisinha.
— Entendi. Pelos exames, está tudo normal, mas solicitarei mais alguns para comparar.
Muita coisa pode mudar em dois meses. Ela ainda não despertou, então, se tudo estiver bem nos
exames, darei algo para acordá-la.
— Certo, Doutor. Aguardarei aqui. – Estendi a mão para agradecer.
— Oi, Cadu. Licença! – Rita entrou no quarto.
— Entre.
— O que aconteceu? O médico disse algo?
— Ele me fez várias perguntas, mas não pude responder a todas. Estamos juntos há pouco
tempo, e eu não conheço todos os detalhes da vida dela. Você conversou com a Ana antes? Ela
estava se sentindo mal?
— Não. Ela é muito reservada. Talvez seja o cansaço. Eu sei que ela estava ansiosa para
que as coisas começassem a funcionar bem.
— Você olhou na bolsa dela? Havia algum indício de medicação?
— Só um relaxante muscular que ela costuma tomar para dor de cabeça.
— Pode ser isso também. Vou informar ao médico assim que ele voltar. Você precisa
voltar para o grupo, acabei deixando o João na sala e saí correndo.
— Não se preocupe. Daniel ficou lá e já conversou com ele. Pediu desculpas pelo
contratempo e está a caminho.
— Fico feliz que estejam juntos. Ele é um cara incrível, e encontrou alguém tão incrível
quanto ele.
— Obrigado, chefe. – Sorrimos com a brincadeira.
As enfermeiras chegaram e colocaram o acesso em Ana, coletaram sangue para os
exames. Ela ainda não acordou.
— Com licença. – O médico entrou novamente na sala.
— Claro.
— A paciente não acordou, certo? Pode me dizer se ela teve algum trauma recente?
— Não que eu saiba. Ela estava tendo alguns pesadelos e fazia tratamento com um
psicólogo. Além disso, nada de grave.
— Entendi.
— Ah, doutor, quanto à medicação, a única coisa que encontramos em sua bolsa foi um
relaxante muscular, que ela ocasionalmente toma para dor de cabeça.
— Vou anotar isso, mas não tenho certeza se é a causa. Ela parece estar bem, não tem
sinais físicos, apesar de ainda estar inconsciente. Aguardarei os resultados dos exames.
— Vou esperar. – Eu estava ansioso para que ela acordasse. Eu caminhava de um lado para
o outro no quarto quando alguém bateu à porta.
— Cadu, como você está? – Daniel entrou e me deu um abraço.
— Aparentemente bem, só estou preocupado com Ana. Ela ainda não acordou.
— O médico disse alguma coisa?
— Ainda estamos esperando os resultados dos exames, mas ele acha que pode ter sido uma
reação ao DIU ou ao estresse. – Suspirei.
— Pode ser emocional. Algumas pessoas não expressam o que sentem facilmente, e isso
pode afetar a saúde delas.
— Pode ser. – Fiquei pensativo. – Ela parecia tão feliz com as coisas começando a dar
certo, realizando um sonho.
— Não se preocupe, vai dar tudo certo!

O médico entrou com os exames no exato momento em que Ana acordava..


— Olha que coisa boa, nossa bela adormecida está acordando. – Ele disse, brincando.
— Onde estou? – Ela falou baixinho, abrindo os olhos lentamente, piscando várias vezes e
tentando compreender onde estava e o que estava acontecendo.
— Oi, meu amor, está tudo bem? Estamos no hospital, você desmaiou.
— O quê? – Ela semicerrou os olhos, tentando recuperar alguma lembrança.
— Olá, Ana, sou o doutor Ricardo. Realizamos alguns exames, então fiquem tranquilos,
não foi nada grave. Apenas uma leve anemia que pode estar sendo causada pelo DIU de cobre
que você colocou recentemente. Portanto, essa pode ser a causa do desmaio, combinado ao
cansaço ou estresse. Eu aconselho que considere a substituição do DIU por um de tipo hormonal,
com menos efeitos colaterais.
— Entendi, doutor.
— Agora você está liberada, mas eu aconselharia que procurasse um ginecologista o mais
breve possível para avaliar essa situação. Vou receitar apenas algumas vitaminas, e, claro,
mantenha uma alimentação balanceada.
— Muito obrigado, doutor – agradeci prontamente. – Agora, vamos.
— Deixe-me ajudar. – Daniel posicionou-se ao meu lado para auxiliar Ana a se levantar,
enquanto Rita reunia seus pertences.
— Hoje, vamos para o meu apartamento, e eu vou cuidar de você, mocinha.
— Não precisa, Cadu, estou bem. O médico disse...
— Não há negociação a respeito . Eu vou cuidar de você, ponto final.
— Vá, Ana, e se precisar, estamos à sua disposição. Pode contar conosco – Daniel falou.
— Obrigada. Ah, eu me esqueci de que tenho consulta com a psicóloga hoje.
— Não se preocupe, já entrei em contato com ela, e ela vai remarcá-la – Rita assegurou.
Entramos no carro e seguimos direto para o meu apartamento. Ana permaneceu em
silêncio durante todo o trajeto, olhando para fora do carro. Eu segurava sua mão, ainda fria, e a
levava aos lábios para lhe dar um beijo, sempre com muito carinho.

Ana

Eu ainda estava em choque com tudo o que havia acontecido. Nunca em minha vida
imaginei uma cena como aquela.
João Alexandre Carvalho, ou apenas Alexandre, eu sabia o nome dele, mas todos o
chamavam de Alexandre. Quem diria que o João, elogiado pelo Cadu durante toda a semana, era
o mesmo João Alexandre, o Alexandre?!
Como eu poderia contar para o Cadu tudo o que estava passando em minha cabeça? Não
sabia o que fazer; estava uma pilha de nervos.
O problema era que Alexandre, ou João, sei lá do que chamá-lo, era realmente competente
no que fazia. Sua empresa era uma das melhores. Não sabia o que fazer. Estava com o Cadu há
pouco tempo. Será que ele acreditaria em mim?
— Vem, vamos entrar, eu vou cuidar de você. – Cadu me trouxe para dentro do
apartamento e organizou as coisas no banheiro para eu tomar banho.
— Cadu, eu posso tomar banho sozinha?
— Não vou deixar. Eu vou cuidar de você.
— Tudo bem. – Na verdade, eu queria ficar sozinha naquele momento para pensar e
refletir, mas minha cabeça estava a mil, e eu não conseguia raciocinar.
Ele encheu a banheira, e tomamos banho juntos. Ele me beijava e acariciava, sem qualquer
intenção sexual. Estava realmente cuidando de mim naquele momento.
Cadu pediu uma refeição, e ficamos juntos a noite toda. Não consegui dormir; apenas fingi
até que ele adormeceu.
Eu não estava em meu juízo; não estava bem. Eu precisava tomar uma decisão, mas não
tinha resposta para tudo isso.
Quando já amanhecia, finalmente peguei no sono de tão exausta que estava.
Acordei, e Cadu não estava na cama; provavelmente foi correr.
Peguei meu celular e verifiquei se havia chamadas. Tinha uma mensagem de Cadu:
Cadu: Oi, meu amor, você estava dormindo tão
serena que decidi não te acordar. Saí para correr, e logo
estou de volta para tomarmos café da manhã. Se
acordar antes de eu chegar, tome um banho e se
arrume. Vamos dar um passeio se você quiser, mas se
não quiser, podemos ficar em casa.
Sorri contente com esse cuidado.
Verifiquei novamente e havia outra mensagem de um número desconhecido:
Número desconhecido: Oi, gata, quanto tempo,
hein? Pensou que eu não ia te achar? Somos eternos
amantes, meu amor, nada vai mudar. Você pode tentar
sumir, mas eu ainda vou te achar, sempre. A propósito,
achou outro riquinho de merda para te bancar, foi?
Você é tão previsível! Só espero que não conte nada a
ele, pois estou com todos os dados da empresa nas
minhas mãos. É só apertar um botão, e tudo some de
vez. Quero te ver em alguns dias, mas continuaremos
trabalhando juntos. Fica tranquila que não vou te
incomodar na empresa. Em breve, vou te chamar para
conversar. Ah, não esqueça que eu te amo, minha gata.
A mensagem tinha sido de visualização única, e assim que a li, foi apagada, bem típico
dele, não deixar rastros.
Deixei o telefone cair no chão e fiquei trêmula, chorando. Fui ao banheiro, não podia
deixar o Cadu me ver naquele estado. Eu tinha que pensar em algo. Como fazer? Estava nas
mãos de Alexandre, e não podia permitir que ele fizesse algo com o Cadu ou com a empresa.
Precisava traçar um plano ou algo do tipo; tinha que pensar na melhor forma de sair dessa
situação. Ai, Deus, o que fiz para merecer isso?
Entrei no chuveiro e me sentei no chão, abraçada ao meu próprio corpo. Eu tinha que
pensar. Só me restava pensar.
Fiquei ali por cerca de trinta minutos. Eu sabia que Cadu já tinha retornado da corrida, mas
antes de ir para a cozinha, liguei para minha psicóloga e marquei uma consulta para segunda-
feira, no primeiro horário. Eu sabia que psicólogos têm o dever ético de não contar nada a
ninguém, então ela seria minha forma de desabafar e, talvez, encontrar uma solução. Pelo menos
era o que eu esperava.
No entanto, eu teria que fingir para o Cadu que estava tudo bem, por mais que, dentro de
mim, estivesse em surto.
— Bom dia, meu amor. – Ele veio em minha direção.
— Bom dia, Cadu.
— Você está melhor?
— Estou sim, apenas com uma leve dor de cabeça.
— Já tomou remédio?
— Já sim, vou ficar bem. Podemos ficar em casa no final de semana?
— Podemos fazer o que você quiser. Agora, sente-se e tome seu café da manhã; eu o
trouxe daquela padaria que você gosta.
— Hummm, muito obrigada. – Lhe dei um beijo, e começamos a comer.
— Se precisar de qualquer coisa, pode pedir, ok?
— Obrigada. Na verdade, eu quero algo sim. Liguei para minha psicóloga e marquei com
ela para segunda-feira, no primeiro horário dela. Se não se importar, vou me atrasar um pouco
para chegar na empresa.
— Sem problema. Se quiser até faltar, você pode deixar suas anotações comigo, e eu as
repasso para o João instalar nas máquinas do setor.
— Tudo bem, eu deixo com você. Vou aproveitar e já agendar um ginecologista. Talvez eu
consiga uma consulta para segunda-feira para resolver essa situação do DIU. Assim, não preciso
faltar ou chegar atrasada em outro dia.
— Faça como for melhor para você. – Ele me deu um beijo.
Ficamos o final de semana em casa, nada de extraordinário. Na segunda-feira, eu iria à
psicóloga, também consegui agendar um ginecologista.
Capítulo 24 - Ana

Na segunda, optei por não ir trabalhar. Cadu seguiu sua rotina matinal e foi para a empresa,
enquanto eu me arrumei e fui para minha terapia.
— Bom dia, Ana!
— Bom dia, doutora Silvia!
— Como está? O que aconteceu na sexta que a impediu de vir? E por que decidiu vir tão
rapidamente hoje?
— Lembra-se da última sessão em que lhe contei sobre meu ex, que era abusivo? – Ela
assentiu com a cabeça, e eu narrei tudo o que aconteceu até receber a mensagem.
— Olha, Ana, é muito importante que se cuide. Sinto muito que esteja passando por essa
situação difícil. É essencial saber que o abuso psicológico é uma forma de violência e não deve
ser tolerado em nenhum relacionamento. Fez a coisa certa ao compartilhar a informação comigo
e é importante que não mantenha isso em segredo. Minha primeira recomendação é que continue
com a ajuda profissional para lidar com o impacto emocional do abuso e das ameaças de seu ex-
namorado. Isso vai ajudá-la a enfrentar as consequências da situação. Além disso, é crucial que
tome medidas para garantir sua segurança. Se sentir ameaçada, ligue imediatamente para a
polícia. Também pode considerar obter uma ordem de restrição contra seu ex-namorado.
Lembre-se de que não está sozinha nessa situação. Existem recursos e organizações disponíveis
para ajudá-la. Se precisar de apoio adicional, não hesite em me contatar novamente ou buscar a
ajuda de outros profissionais qualificados.
— Eu entendo, mas preciso pensar em algumas alternativas. Não posso colocar a empresa
do Cadu em risco. Não contei nada a ele, estou com muito medo.
— Compreendo. Podemos pensar em algo, embora eu tenha algumas limitações
profissionais.
— Eu sei – respondi, frustrada por não ter ideias claras em mente.
— O que posso te orientar é que conte ao seu parceiro o que está acontecendo, para que
juntos definam sobre sua segurança. É importante compartilhar essa situação com ele,
estabelecer essa confiança. Também, o que posso no momento, é orientá-la ao que deve fazer.
Sempre tenho contatos de pessoas que podem ajudar mulheres em sua circunstância. Existe uma
rede de apoio. – Ela me entregou um papel com alguns contatos. – Só não mencione que obteve
essas informações comigo.
— Certo, agradeço muito por tudo.
— Manteremos nossas sessões na sexta-feira mesmo. Quero vê-la ainda esta semana.
— Tudo bem, espero que até lá eu tenha alguma resolução para isso.
Saí da sessão, mas minha mente ainda estava agitada. Decidi almoçar em um shopping
antes de ir para a consulta com o ginecologista.
Deixei meu celular desligado durante a refeição e, quando o liguei, senti-o vibrar dentro da
bolsa.
— Oi, Cadu.
— Oi, meu amor, tudo bem com você?
— Tudo bem sim. Saí da terapia e vim para o shopping. Vou comprar algumas coisas e
almoçar por aqui antes da consulta.
— Entendi. Só liguei para saber se está tudo bem. Amanhã o setor de marketing já estará
em pleno funcionamento. João já organizou tudo por lá. – Quando ele mencionou o nome de
João, revirei os olhos com desgosto.
— Que bom, amor. Fico muito feliz. Obrigada por tudo o que tem feito por mim.
— Você ouviu o que você disse?
— Oi? Não entendi.
— Você me chamou de amor pela primeira vez. – Corei com o que ele disse.
— É..., é isso mesmo. Meu amor.
— Hoje estou nas nuvens, só pode. Estou muito feliz por isso, Ana. Vamos jantar para
comemorar essa declaração.
— Me busque no apartamento; vou ter que ir lá de qualquer forma.
— Está bem, às vinte horas.
— Combinado. Beijos.
Nos despedimos, e continuei andando pelo shopping. Eu não tinha percebido que o tinha
chamado de amor, mas era a verdade, e eu não podia negar. Estava omitindo informações para
protegê-lo de um psicopata, só não podia negar meu sentimento por ele.
Almocei e depois fui para a consulta com o ginecologista.
Ao entrar na sala do Dr. Roberto, o cumprimentei. Ele me perguntou como estava e se
sentou próximo à mesa enquanto verificava meu histórico médico.
— Olá, Ana, como está? Você está aqui para trocar o seu DIU de cobre?
— Sim, doutor. Quero trocá-lo por um hormonal.
— Tudo bem. O de cobre está causando algum problema ou desconforto?
— Na verdade, sim. Tenho tido cólicas e fluxo menstrual intensos desde que o coloquei. Li
que o hormonal pode ajudar a controlar esses sintomas. Além disso, desmaiei na sexta-feira e o
médico que me atendeu disse que estou com uma leve anemia, possivelmente pelo uso dele.
— Entendi. O DIU hormonal é uma boa opção para mulheres que passam por esses
sintomas. Deixe-me verificar sua pressão arterial e fazer alguns exames antes de discutirmos
mais sobre o ele.
O Dr. Roberto verificou todas as questões que mencionou e me explicou o processo de
troca do método contraceptivo.
— O DIU hormonal é um dispositivo que libera pequenas quantidades de hormônios
progestogênio no útero ao longo do tempo, o que pode ajudar a reduzir as cólicas e o fluxo
menstrual intenso. É colocado da mesma maneira que o de cobre, mas é um pouco menor.
— Parece ser uma boa opção para mim. Quais são os possíveis efeitos colaterais?
— Os efeitos colaterais podem incluir alterações no padrão menstrual, como sangramento
irregular, manchas ou ausência de menstruação, além de dores de cabeça, acne e sensibilidade
nos seios. No entanto, esses sintomas geralmente diminuem após os primeiros meses de uso. É
importante lembrar que o uso desse método não protege contra doenças sexualmente
transmissíveis, então você ainda precisará usar proteção adicional.
— Meus exames ginecológicos e de sangue estão em dia, assim como os do meu
namorado. Decidi colocar o DIU para poder ter relações sem preservativo.
— Compreendo. É importante lembrar que o DIU hormonal não é 100% eficaz na
prevenção de gravidez, embora seja uma forma altamente eficaz de contracepção. Vamos
agendar uma consulta para a troca. Antes disso, você receberá instruções detalhadas sobre como
se preparar e o que esperar após o procedimento. Lembre-se de que pode entrar em contato
comigo a qualquer momento se tiver dúvidas ou preocupações.
Agradeci ao Dr. Roberto e marquei a consulta para o procedimento.
Quando saí do consultório, peguei meu celular para verificar se havia chamadas ou
mensagens. Tinha uma mensagem de um número desconhecido.
Número desconhecido: Oi, minha gata, fugiu de
mim hoje, hein? Entendo que foi emocionante me ver,
mas não pense que vai fugir de para o resto da vida.
Estou com tudo do seu amantezinho de merda nas mãos.
Essa semana vou te deixar em paz. Talvez esse mês, pois
sei que está em tratamento psicológico e foi ao
ginecologista também. Só espero que não esteja grávida
desse idiota. Não vou suportar criar o filho de outro.
Quero você grávida dos meus filhos. Até tenho essa
visão. Vou deixar você curtir seu dia, mas amanhã eu te
vejo na empresa. Não se preocupe, não vou te
atormentar lá. Vou te dar um tempo para terminar com
o cara e podermos ir embora juntos, sem atrapalhar o
seu currículo e a empresa dele. Beijos, e eu te amo,
minha gata selvagem.
Novamente, a mensagem veio com visualização única. Não tinha como comprovar nada.
Eu queria ter tirado um print, mas, quando percebi, já havia aberto a mensagem. Que burrice a
minha Teria que ser mais esperta da próxima vez.
Precisava pensar como um psicopata, planejar minuciosamente o que fazer. Na próxima
mensagem, teria que tirar um print e encontrar uma maneira de mostrar ou enviar para alguém,
talvez até para a polícia, mas isso precisaria ser cuidadosamente elaborado. Não poderia agir de
qualquer jeito, muitas coisas estavam em jogo. Não hesitaria em perder Cadu, se necessário, mas
ele não poderia perder a empresa, e eu não poderia perder minha vida. Disso eu tinha plena
certeza.
Cheguei em casa, tomei banho e fiquei refletindo sobre o que fazer. Nada vinha à mente.
Vesti-me rapidamente e, de repente, alguém bateu à porta. Assustada, olhei pelo olho mágico e
vi apenas rosas vermelhas. Abri a porta, um entregador estava lá com um buquê maravilhoso.
Sorri de orelha a orelha. Claramente eram de Cadu. Perguntei ao entregador se havia um cartão,
mas não havia nada. Fiquei surpresa por meu namorado não trazê-las pessoalmente, já que viria
me buscar em breve.
Dei uma gorjeta ao entregador e fui para a cozinha procurar um jarro para colocar as flores.
Meu telefone apitou com uma mensagem. Corri para atender, esperando que fosse Cadu falando
que chegou ou sobre as flores.
Para minha surpresa, era novamente uma mensagem de um número desconhecido. Como
ele conseguia tantos números? Suspirei, sabendo a resposta.
Número desconhecido: Oi, gata, lembrei-me hoje
que nunca lhe enviei flores. Espero que sejam do seu
agrado. Vermelha é a cor do amor, intensa e sensual.
Espero poder desfrutar de sua companhia em breve. Sei
que vai sair para jantar hoje, então vou deixar para a
próxima oportunidade para sairmos. Quem sabe você já
se decidiu e acaba com isso ainda hoje mesmo. Assim
espero. Eu te amo, minha gata selvagem, e até breve.
Antes de fechar a mensagem, tirei um print, mas logo chegou outra mensagem.
Número desconhecido: Ah, que coisa feia, minha
gata, tirando print de nossas conversas. Espero que seja
para sempre estar lendo as mensagens e lembrando de
nossas noites de amor. E não para mostrar para alguém.
Não gosto de ser exposto a outras pessoas. Vai que te
envio um nudes ou eu queira uma transa pelo celular,
igual você fez com o babaca lá, e eu ainda tive que
assistir tudo calado. Na, na, ni, na, não. Não quero
nossa vida exposta. Aliás, seu corpo continua lindo,
hein? Maravilhosa e gostosa pra caralho. Estou ansioso
para o dia em que poderei te pegar de jeito.
Tirei o print assim mesmo e deixei o telefone na cama. O que eu faria? Ele já estava me
controlando há muito tempo. O que fazer? Teria que comprar outro aparelho e ter outro número.
Não sabia como fazer, pois ele tinha todos ao meu redor nas mãos. Maldita tecnologia que nos
deixa à mercê de tantos abusos.
Depois de organizar tudo, deixei o aparelho em casa e, quando Cadu me ligou avisando
que estava chegando, eu disse que ele poderia esperar na portaria, que já estava descendo. Deixei
o telefone e fui sem ele. Depois inventaria que havia esquecido em casa e essa seria a deixa para
conversarmos melhor e eu poder falar a ele sobre Alexandre.
— Boa noite, meu amor. — Cadu me cumprimentou com um beijo.
— Boa noite, meu amor. — Retribuí o beijo e decidi que nada nem ninguém atrapalharia
minha noite.
Como sempre, fomos a um restaurante italiano, seguindo o gosto requintado de Cadu. Eu
já estava me acostumando com esse estilo.
Quando menos esperava, Alexandre apareceu em meu campo de visão com uma loira
peituda, fingindo que nos via por acaso, e se dirigiu até nossa mesa. Eu fingi indiferença à sua
presença. Ou tentei, sentia o corpo gelado, o estômago se revirar.
— Boa noite, Carlos Eduardo e Ana. É um prazer vê-los aqui.
— Boa noite, João. Que bom vê-lo também. — Cadu respondeu. — Ana, aquele dia você
passou mal, não foi possível a apresentação de vocês. Este é o João da empresa de T.I., que falei
com você.
— Ah, sim. Prazer, João. Seja bem-vindo à empresa — minha resposta foi fria.
— O prazer é todo meu, encantadora Ana. Ouvi falar muito de você. Já deixei o seu setor
prontinho para iniciar as atividades.
— Muito obrigada.
— Vou deixar os pombinhos a sós. Tenho que conhecer melhor a minha companhia.
— Fique à vontade — Cadu disse.
Alexandre saiu e foi para uma mesa afastada, fora de nosso campo de visão. Fiquei tensa,
mas precisava manter a calma para não transparecer para Cadu. Pedi licença e fui ao banheiro
para respirar um pouco.
Antes de entrar, porém, dei de cara com Alexandre na porta.
— Que destino nos traz ao mesmo restaurante, minha gata. Espero que a sua refeição seja
agradável. Está vendo aquela loira boazuda ali? — Ele apontou para a loira. — Vou foder ela
bem gostoso hoje, pensando em você.
— Deixa de ser louco, Alexandre. Não temos mais nada. Siga em frente, por favor.
— Oh, meu amor, estamos apenas passando por uma fase. Vai dar tudo certo no final. Não
vou fazer escândalos como da última vez. Vou deixar que você termine tudo com o merda lá, e
depois vamos desaparecer desta cidade e voltar para o nosso ninho de amor.
— As coisas não funcionam assim, Alexandre.
— As coisas serão como eu quiser que sejam, está me ouvindo? — Ele apertou minha
bochecha.
— Me solta. — Eu estava quase chorando, e ele me soltou.
— Não quero te machucar. Só quero te dar prazer, te fazer gemer como uma putinha
quando estiver te fodendo bem forte. — Eu já estava derramando algumas lágrimas. — Não
chore, meu amor. Vai ser tudo no seu tempo.
— Me deixa ir, por favor.
— Claro, minha companhia está me esperando. Ah, te enviei algumas mensagens, mas
acho que você não as viu, né?
— Esqueci o aparelho em casa.
— Que pena. Deixei algumas fotos para você se lembrar do seu garanhão aqui. — Ele
apontou para o próprio membro, me causando náuseas. — Agora vá. Assim que ver minhas
mensagens, entrarei em contato novamente.
Entrei no banheiro e comecei a chorar. Fiquei ali por alguns minutos, me recompondo e
retocando a maquiagem. Queria ir embora dali. Tinha que inventar uma desculpa, mas também
não me sentia segura o suficiente para ter essa conversa com Cadu ali sabendo que Alexandre
estaria por perto.
— Sim, Clara, estou jantando e não sei se consigo resolver o seu problema agora. - Assim
que estava me aproximando da mesa ouvi Cadu conversando ao telefone com sua irmã, pausou a
fala para ouvir o que ela estava falando e continuou - posso tentar algo amanhã. Eu te ligo assim
que souber. Não se preocupe.
— Algum problema?
— Clara está procurando por uma babá, ela está desesperada por não ter conseguido e me
pediu ajuda.
— Entendi, se eu puder ajudar em algo, pode contar comigo.
— Não vou te encher com os problemas da minha irmã, pode deixar que eu cuido disso,
vou procurar por alguma agência ou coisa assim.
— Cadu, não estou me sentindo bem. Podemos ir embora?
— Claro, o que está sentindo?
— Cólicas. — Menti. — O médico disse que é normal com o DIU de cobre, e ainda mais
depois de fazer o exame de prevenção hoje. Parece que mexeu um pouco e estou sangrando.
— Tudo bem, vamos então. Podemos ir para o meu apartamento?
— Sim, acho melhor.
Logo ele pediu a conta, e fomos para o seu apartamento. Lá, apenas dormimos juntos, ou
melhor, ele dormiu, e eu fiquei pensando no que fazer.
Capítulo 25 - Ana

Acordei e lembrei que estava sem meu telefone. Esperei até Cadu voltar da corrida e o
avisei de que chegaria mais tarde na empresa. Ele ficou preocupado, pensando que eu ainda
estava passando mal. Expliquei que precisava passar no apartamento para pegar meu telefone e
resolver um assunto com Rita sobre o apartamento que ainda estava em seu nome. Ele assentiu,
aproveitei para pedir a Rita que se encontrasse comigo lá. Ela estranhou no começo, mas
concordou em me encontrar.
Ao entrar no apartamento, fiquei ansiosa esperando por ela. Meu aparelho estava
desligado, e assim o deixei até que conversasse com Rita. Eu planejava abrir-me a ela. Talvez ela
pudesse me ajudar de alguma forma.
— O que aconteceu, Ana? Você está me deixando preocupada. — Rita entrou apressada.
— Obrigada por vir, mas preciso te pedir algo.
— Diga, estou cada vez mais preocupada.
— Desligue o celular. A conversa é séria — disse sussurrando em seu ouvido.
— Ok. — Rita respondeu e desligou o aparelho.
— Rita, precisamos conversar. Tem algo muito sério acontecendo, e eu não posso deixar o
Cadu saber disso.
— O que aconteceu, Ana? Pode confiar em mim. Mas por que não quer envolver o Cadu?
— É complicado, Rita. Acontece que estou sendo perseguida pelo Alexandre, meu ex-
namorado. Ele está usando informações confidenciais da empresa. Ele tem acesso aos dados
como um hacker, e tenho medo de que o Cadu possa fazer algo impulsivo se souber disso.
— Meu Deus, Ana, isso é muito sério! Como ele conseguiu acesso aos dados? E por que
você acha que o Cadu pode reagir de forma imprudente?
— Alexandre tem habilidades em T.I e, infelizmente, ele foi capaz de invadir nosso
sistema e obter todos os dados da empresa. Quanto ao Cadu, ele é muito protetor comigo e pode
acabar tomando uma atitude impulsiva, colocando-se em perigo. Preciso que você entenda a
gravidade da situação e não comente nada com ele, pelo menos por enquanto.
— Compreendo, Ana. Sinto muito que você esteja passando por isso. Pode ter certeza de
que vou manter segredo e tomar todas as precauções necessárias.
— Obrigada, Rita. Sua amizade e apoio significam muito para mim nesse momento. Vou
buscar ajuda policial e tomar medidas para me proteger, mas é essencial que isso seja mantido
em sigilo. Precisamos encontrar uma solução para essa situação delicada.
— Conte comigo, Ana. Vamos encontrar uma forma de lidar com isso e garantir a sua
segurança. Se precisar de qualquer coisa, estou aqui para ajudar.
— Obrigada novamente, Rita. Vou precisar de mais alguns favores.
— Me diga.
— Preciso que compre um aparelho celular em seu nome ou no nome de outra pessoa, para
que Alexandre não possa rastreá-lo facilmente.
— Claro, eu posso fazer isso. Mas e o seu número de telefone antigo? — Rita perguntou
preocupada.
— Vou mantê-lo por enquanto, mas preciso de outro contato para emergências.
— Eu conheço esse Alexandre?
— Acabei me esquecendo de mencionar esse detalhe. Ele é o novo contratado do grupo,
João Alexandre.
— Porra, amiga, não acredito! Que situação complicada. Como vamos fazer agora? Só
agora estou percebendo a gravidade do problema.
— Nem eu tinha me dado conta disso quando o vi na sala do Cadu e tive o desmaio.
— Tudo faz sentido agora — disse e começou a andar de um lado para o outro na sala.
— Você entende o meu desespero? Ele sabe todos os meus passos, me ameaçou. Se eu
contar para alguém, ele apaga o banco de dados da empresa e some com tudo, acabando com a
empresa que Cadu e Daniel estão batalhando por anos. Tudo pode ser perdido com um único
clique. Preciso do novo aparelho também para tirar fotos das mensagens que ele me envia. Todas
são de visualização única, para não deixar provas, mas tentei tirar um print das últimas, e ele até
sabe disso. Com o novo aparelho, posso apenas tirar a foto e deixar tudo salvo, então posso ir a
uma delegacia e me orientar sobre o que fazer.
— Amiga, estou chocada com tudo o que está dizendo. Parece cena de filme.
— Mas não é, e preciso muito da sua ajuda.
— Hoje mesmo providenciarei o aparelho para você. Eu vou dar um jeito, fique tranquila.
— Tem mais: preciso que me cubra na hora do almoço. Vamos sair para almoçar juntas,
depois seguiremos caminhos diferentes e voltaremos juntas. Preciso ir à delegacia ainda hoje.
— Claro, vamos pensar em algo. Vai dar certo, amiga. — Rita me abraçou por um longo
momento.
— Agora vou ligar o celular. Por favor, não fale nada. Pode ter algo nele que grave a voz
ou algo do tipo. Eu não entendo muito disso. Apenas veja as mensagens para ver que não estou
mentindo. Elas só vão abrir uma vez. Tire uma foto com o seu celular, por favor. Eu sei que ele
enviou uma mensagem, porque mencionou no restaurante ontem que a tinha enviado. Eu disse
que havia esquecido o aparelho em casa.
— Tudo bem, vou ficar calada. — Rita já estava retirando o aparelho da bolsa e ligando-o
para tirar a foto que eu pedi.
Quando liguei meu aparelho e direcionei-o para as mensagens, Rita e eu ficamos chocadas.
Havia fotos dele nu, se exibindo, e uma mensagem após as fotos.
Número desconhecido: Oi, gata. Essas fotos são
para você se lembrar do seu garanhão aqui. Nunca
esqueci nossas noites quentes. Estou ansioso por reviver
esses momentos com você. Eu te amo, minha gata
arisca.
Rita cobriu a boca, chocada com o que estava vendo, e rapidamente tirou fotos das
mensagens em silêncio. Abri a próxima mensagem.
Número desconhecido: Que pena que não nos
encontramos no jantar novamente. Espero não ter
atrapalhado seu momento com o idiota lá. Mas acredite,
minha noite foi repleta de paixão. Claro, não se
compara a você, mas fiz isso pensando no nosso
reencontro. Preciso manter a forma.
Número desconhecido: Oi, gata. Está demorando
para ver minhas mensagens, né? Assim que ler esta,
veja e me mande uma de bom dia. Espero nos
encontrarmos na empresa em breve.
Número desconhecido: Gata, espero que não
esteja fugindo de mim. Acabei de chegar à empresa, e
você ainda não apareceu. Estou começando a achar que
você não é nada profissional. Que feio. Assim será fácil
sairmos daqui, e você não precisará mais trabalhar para
ninguém. Com um currículo ruim assim, está ótimo
para mim. Será ótimo ter você disponível vinte e quatro
horas por dia. Em breve, faremos nossos bebês.
Número desconhecido: Gata, vi que pegou seu
telefone, então sei que viu todas as mensagens. Se
quiser, pode me responder. Este número aqui não pode
ser rastreado, e será nosso único meio de comunicação.
Beijos. Te amo.
Quando fechei a tela do telefone, Rita estava aos prantos, chocada com o que tinha
acabado de ler e ver.
Apenas sussurrei em seu ouvido, pedindo calma e garantindo que encontraria uma maneira
de resolver..
Fomos juntas para a empresa, acertando o horário do almoço e tudo mais por meio de
mensagens escritas em um caderninho que preparei para nos comunicarmos discretamente.
Falamos que iríamos almoçar juntas e depois resolver a questão do contrato do apartamento, para
transferi-lo para o meu nome. Cadu não via necessidade nisso, pois desejava que eu fosse morar
com ele. Eu disse que ainda era cedo para essa mudança, minha intenção era ter meu nome
associado ao apartamento enquanto ficava na casa de Cadu ou em outro local.
Felizmente, não esbarrei com Alexandre nos corredores da empresa, o que evitou que eu
me desestabilizasse. Na hora do almoço, saímos no carro de Daniel. Rita inventou que seu carro
tinha tido um pneu furado, na verdade ela furou o pneu de propósito e pediu o carro emprestado,
enquanto Daniel ficou resolvendo o problema do pneu. Rita trouxe uma peruca loira e uma blusa
diferente para que eu vestisse.
Paramos no restaurante onde planejamos almoçar e fomos direto para o banheiro, deixando
nossos telefones dentro do carro para que pudéssemos conversar sem preocupações.
— Amiga, vou ligar para o Jhonatan e ver o que ele nos orienta a fazer. — Ela tirou um
telefone da bolsa, o qual eu não sabia de quem era.
— Mas de quem é esse telefone, Rita? — perguntei preocupada.
— Não se preocupe, lembra que pediu para comprar um telefone? Aqui está. Cadastrei-o
em nome da minha irmã, pois tenho os dados dela comigo. Fique tranquila.
Fiquei aliviada por ter uma amiga que pensa em tudo. Rita discou o número do senhor
Jhonatan, que é o novo contratado de segurança do Grupo Bianchi, e deixou o telefone no viva-
voz.
— Alô.
— Boa tarde, senhor Jhonatan, aqui é Rita do Grupo Bianchi, tudo bem?
— Boa tarde, Rita, pode me chamar só de Jhonatan, em que posso te ajudar?
— Quero te pedir algumas orientações, mas não tem nada a ver com o Grupo Bianchi
diretamente.
Rita explicou toda a situação para Jhonatan.
— Rita, aconselho vocês a procurarem Henrique, que é delegado aqui em São Paulo,
mas está de licença justamente aí no Rio de Janeiro. Vou passar o número dele, e vocês
entram em contato . Já o informarei a ele sobre o caso.
— Muito obrigada, Jhonatan.
— Por nada, se precisarem, não hesitem em me procurar.
Assim que desligou, entramos em contato com Henrique, que me forneceu o endereço de
uma delegacia da Mulher.
Peguei um carro por aplicativo direto para o local, enquanto Rita permaneceu no
restaurante, caso Alexandre estivesse nos seguindo. Ela arranjaria alguma desculpa e entraria em
contato comigo de alguma forma. Nossos telefones ficaram no carro, no restaurante, para o caso
de haver algum rastreador neles.
Senti-me como se estivesse em uma missão impossível, mas minha amiga estava ainda
mais determinada. Ela se culpava um pouco por ter trazido Alexandre para a empresa, eu a
tranquilizei, pois ninguém poderia prever que algo assim aconteceria. Até mesmo, eu, achei que
Alexandre fazia parte do passado.
Na delegacia da mulher, procurei Henrique na recepção e fui encaminhada para uma sala
onde ele me atendeu.
— Boa tarde, meu nome é Henrique. Em que posso te ajudar?
— Boa tarde, Henrique, eu sou a Ana. Minha amiga falou com Jhonatan sobre o meu caso,
e ele pediu que eu o procurasse.
— Ah, sim, ele já me adiantou o seu caso, Ana, e entendo a gravidade da situação. Você
tomou a decisão certa em nos procurar. Sua segurança é a nossa prioridade. Farei tudo o que
estiver ao meu alcance para ajudá-la. Primeiro, quero garantir que sua identidade e informações
sejam mantidas em sigilo absoluto. Podemos continuar essa conversa em um ambiente mais
seguro, se preferir, para que não precise vir aqui todas as vezes.
Assenti, me sentindo aliviada por ter encontrado alguém disposto a me ajudar. Conexões
faziam toda a diferença, sabia disso.
— Agora, vamos falar sobre as medidas que podemos tomar para garantir sua segurança.
Primeiro, recomendo que você mantenha um registro detalhado de todas as ocorrências
relacionadas à perseguição. Anote datas, horários e detalhes dos incidentes. Isso nos ajudará a
estabelecer um histórico de suas ações e te oriento em contar ao Carlos Eduardo sobre o
ocorrido.
— Sim, inclusive mencionei a uma amiga. - Expliquei tudo que fiz até chegar na
delegacia.
— Ótimo, aja naturalmente, e agiremos na hora certa.
Peguei um bloco de notas e uma caneta, pronta para anotar todas as orientações de
Henrique.
— Além disso, procure mudar suas rotinas diárias, evitando lugares onde você possa ser
facilmente localizada por Alexandre. Também é aconselhável reforçar a segurança de sua
residência, instalando trancas adicionais e, se necessário, um sistema de alarme.
Ouvi atentamente, sentindo-me amparada pelas palavras do delegado.
— Caso a perseguição se intensifique ou se torne mais ameaçadora, não hesite em nos
contatar imediatamente. Estamos aqui para protegê-la. Além disso, se você tiver qualquer
evidência, como mensagens, e-mails ou ligações perturbadoras, por favor, nos forneça. Essas
informações serão cruciais para investigarmos o caso adequadamente.
Assenti, me sentindo mais confiante em buscar ajuda.
— Ana, saiba que você não está sozinha nessa situação. Estaremos ao seu lado, apoiando-a
em cada etapa do processo. Nossa equipe especializada trabalhará incansavelmente para garantir
sua segurança e tomar as medidas necessárias contra Alexandre. E, mais uma vez, se houver
alguma mudança na situação, não hesite em nos contatar imediatamente. Estamos aqui para
ajudar.
— Muito obrigada. Vou adicionar seu número no novo aparelho e te enviar uma
mensagem para que você também tenha o meu. Sinto-me aliviada e mais segura com seu apoio
diante das circunstâncias. Agora, preciso ir, não posso demorar.
— Claro, quando precisar, é só chamar. Aqui, pegue o meu número.
Me despedi de Henrique e voltei para o restaurante, onde encontrei Rita me esperando.
— Ai, amiga, que agonia! Você demorou tanto! Como foi? — ela perguntou aflita.
— Obrigada pelo apoio, Rita — agradeci e contei a ela tudo o que Henrique me orientou.
— Vai dar certo, Ana. Teremos que fingir demência, pelo que entendi, isso? Que situação!
— Vou conseguir, amiga, preciso conseguir. É uma questão de vida ou morte.
Almoçamos rapidamente e voltamos para a empresa, onde já havia mensagens de
Alexandre no período em que estivemos fora.
Já me preparei para tirar as fotos de tudo que ele me mandasse.
Alexandre: Oi gata, saiu para almoçar com a
Rita? Estou aguardando o meu convite. Ansioso por
isso. Vi que vocês foram ao restaurante no Boulevard, a
comida de lá é muito boa, só não entendi o porquê de ir
tão longe.
Decidi responder naquele instante.
Eu: Alex, não que eu te deva satisfação,
mas minha amiga precisava comprar algumas
roupas no shopping ali perto, e ela me chamou
para ir junto, só isso. Como não tenho como
fugir de você, né? Você sabe muito bem onde
fui.
Ele respondeu instantaneamente, parecendo estar à espera de minha resposta.
Alexandre: Sim, eu sei onde você vai. Preciso
cuidar do que é meu. Pena que sua amiga estava com
você; caso contrário, eu teria ido encontrá-la.
Eu: Já estou de volta, e você sabe disso.
Agora preciso trabalhar.
Alexandre: Nossa, não vai me agradecer pelo
serviço que fiz no seu setor?
Eu: Obrigada — respondi com desdém.
Alexandre: Por nada, gata. Em breve, receberei os
agradecimentos pessoalmente. Beijos, e eu te amo,
minha gata arisca.
Bloqueei a tela do celular, bufando de raiva, e fui para a minha sala. Eu precisava
continuar planejando e tomando medidas para me proteger. Já havia dado o primeiro passo,
salvando o número de Henrique no novo aparelho, deixando-o no modo silencioso e escondendo-
o bem na bolsa para que ninguém o encontrasse facilmente.
O restante da semana foi tranquilo, como prometido, Alexandre não me incomodou, não o
vi e ele não me enviou mensagens. No entanto, eu permanecia atenta ao telefone, essa
tranquilidade me apavorava. Ele poderia estar planejando algo pior.
Fui novamente à terapia e contei tudo à Silvia. Assinei um termo de quebra de sigilo,
autorizando-a a contar a Henrique, Rita e Cadu caso algo acontecesse comigo. Eu estava disposta
a arriscar meu relacionamento com Cadu, mas não queria ser vista como uma mentirosa. Eu o
amo profundamente e estou perdida se algo acontecer a ele ou à sua empresa.
Os dias estavam passando rapidamente, e nos dias em que deveria dormir com Cadu, eu ia
para o apartamento dele. Nos outros dias, eu passava no meu apartamento e deixava meu
telefone lá, indo para outro prédio ao lado, apenas para evitar qualquer risco de ser importunada
à noite ou algo pior.
Henrique me disse que estava planejando algo, mas não entrou em detalhes. Nos
encontramos algumas vezes para discutir o plano, e eu estava confiante de que daríamos um jeito
na situação.
Capítulo 26 - Cadu

O mês correu tranquilamente, com a empresa operando a todo vapor. Todos os setores
estavam funcionando perfeitamente, e eu estava extremamente feliz e satisfeito. Ana passava
mais tempo no meu ap do que no dela, e em breve planejo fazer o pedido para que ela venha
morar definitivamente comigo. Estou ansioso por esse momento. Agora que tudo está indo bem,
posso relaxar um pouco.
Em certo momento, Rita entrou em minha sala:
— Bom dia, Cadu. Posso entrar?
— Bom dia, Rita. Entre, algum problema?
— Não, só vim trazer os relatórios para a conferência e te chamar para sairmos mais tarde.
O Daniel está ocupado com um projeto e pediu que eu viesse chamar vocês.
— Certo, vou falar com a Ana e pedir a ela para dar a resposta, pode ser?
— Claro, fico aguardando. Hoje é sexta-feira, e merecemos um happy hour.
— Com certeza, merecemos. Ah, minha irmã está chegando e também a senhorita
Carolina, podem direcioná-las ao meu escritório, por favor.
— Sim, vou deixar já autorizado na recepção com a Mariuza.
Não demorou muito e minha irmã entrou em minha sala.
— Boa tarde, maninho. Seu escritório está bem bonito, vejo que está cuidando muito bem
daqui. Já vi as mudanças que realizou aqui no prédio, está tudo muito organizado e lindo, está de
parabéns.
— Para você ver que não brinco de trabalhar.
— Não vai implicar comigo agora, não é? Estou aqui tentando arrumar a babá e vou voltar
a trabalhar, pensei muito no que você me falou, sabe que não sou essa pessoa ruim, eu quero
proteger as pessoas que amo.
— Está bem, está bem. Acho que a Carolina deve estar chegando. Me diga o que está
pensando em fazer?
— Como eu não tenho as mesmas aptidões que você para esta empresa, pensei em abrir
meu próprio negócio, algo relacionado ao que eu gosto de fazer, vou montar uma empresa de
festas infantis, o que acha?
— Pelo menos você sabe mandar e conhece bem sobre eventos, já serviu como exemplo o
tanto de festa que faz para as meninas.
— Sim, acho que vou ser mais útil, fazendo o que eu gosto, vou usar do dinheiro da
Bianchi para isso, mas conto com sua ajuda para me dar algumas ideias, principalmente na parte
administrativa. Já que me formei em designer e não sei muito sobre negócios .
— Você fez uma boa escolha.
Carolina entrou em meu escritório e terminamos de conversar os detalhes sobre sua
contratação para ser a babá das minha sobrinhas, saiu de lá já com tudo resolvido para que ela já
iniciasse os trabalhos. Encontrei-a em uma agência de babás, parece ter experiência com crianças
pequenas, a colocamos em um período de teste, espero muito que ela dê conta do serviço.
Após o expediente, fomos a um badalado pub beira-mar, que ficava perto da empresa.
Aproveitamos para conversar e nos distrair, mas notei que Ana estava mais quieta e pensativa.
— Algum problema, meu amor? — perguntei.
— Não está tudo bem. Só estou cansada mesmo.
— Se quiser, podemos ir embora. É só falar.
— Está tudo bem, vamos ficar. Preciso me distrair um pouco e parar de ser essa
workaholic de sempre. — Sorriu para mim e me deu um beijo.
Nosso relacionamento estava maravilhoso. Nossas noites eram perfeitas, e mesmo quando
não envolviam sexo, eu adorava a sua companhia.
— Boa noite, casais. — João apareceu na nossa mesa com uma mulher morena e
cumprimentou a todos.
— Boa noite, João. Que prazer em te ver. — Eu já estava acostumado com esses encontros
casuais. Sempre que tinha um jantar com Ana ou alguém do grupo, ele aparecia. Parecia estar
querendo conhecer a cidade, pelo menos foi o que ele me disse quando questionei sobre as
frequentes coincidências nos nossos encontros.
— Estou apenas de passagem, vim buscar minha garota.
— Certo, foi um prazer. — Daniel estendeu a mão para cumprimentá-lo, já se despedindo.
Meu amigo era extremamente ciumento, tanto com Rita quanto comigo. Ele era meu melhor
amigo e quase um irmão.
— Cara, você realmente não esconde nada, né?
— De jeito nenhum. Não vou com a cara dele.
— Com licença, vamos ao banheiro. — Ana e Rita se levantaram e saíram da mesa,
deixando os celulares para trás.
Ficamos ali conversando e comentando algumas coisas, e, inevitavelmente, o assunto
trabalho acabou surgindo. Ambos éramos apaixonados pelo que fazíamos.
— Mas me diga, por que você não gosta do João? — questionei.
— Eu simplesmente não gosto. Ele está sempre em todos os lugares, e isso me irrita. Eu
não te contei, mas já o vi entrando na sala da Ana, e não gostei nada.
— Se ele estivesse incomodando, tenho certeza de que a Ana me contaria. Às vezes, ele
pode ter ido lá e, ao perceber que ela não estava, saiu.
— Ah, você confia muito facilmente nas pessoas, Cadu. Eu não confio. Posso ser divertido
e extrovertido, mas quando se trata disso, sou bem desconfiado. Até hoje, salvo minhas coisas
em meu próprio HD.
— Eu também comecei a fazer isso recentemente. Estou salvando minhas coisas em um
HD externo separado. Não quero passar pelo sufoco que enfrentamos há pouco tempo. Mas o
João é um profissional competente, e acredito que ele pode nos ajudar muito.
— Pode ser, mas até ele me provar o contrário, não vou confiar nele.
— Tudo bem, vamos torcer para que seja apenas uma impressão ruim.
— Que assim seja — Daniel respondeu, ainda um pouco ressentido.

Ana

Fui ao banheiro, precisava conversar com Rita em particular.


— Você viu como é? Sempre que saio com o Cadu, o Alexandre aparece do nada, sempre
com uma mulher diferente. Para mim, isso não importa, mas parece que ele quer me provocar.
Recebo mensagens com o mesmo conteúdo, dizendo que vai foder a mulher pensando em mim.
Rita tentou me acalmar:
— Calma, amiga. Vai dar tudo certo. Henrique está rastreando tudo que vem do Alexandre.
É difícil fingir perto dele, mas temos que esperar pelo momento certo.
— Ele está insistindo para eu me encontrar com ele, sozinha. Não sei o que fazer.
— Se decidir fazer isso, vá a um local público e me avise. Eu ficarei por perto.
— Não sei se devo.
— Mas, se decidir, você já sabe.
— Obrigada, amiga, por tudo. — Abracei-a e saímos do banheiro.
De volta à mesa, Cadu e Daniel conversavam tranquilamente.
— Ana, seu telefone apitou mensagem. — Cadu informou. Olhei para Rita e engoli em
seco, tentando esconder minha tensão.
— Ah, sim, eu vou verificar — respondi, com receio de que ele visse o conteúdo da
mensagem. Abri o celular, mas coloquei-o sobre a mesa, desligando-o antes de visualizar a
mensagem.
— É algo importante? — ele perguntou.
— Acho que são mensagens dos meus pais, mas não tive tempo de ver; a bateria acabou —
menti descaradamente.
— Tudo bem. Acho que já podemos encerrar por hoje. Vamos embora, Rita. — Daniel
chamou o garçom para acertar a conta.
— Nós também já vamos. Amanhã tenho que ver meus pais.
— Aquele encontro familiar que eu adoro — Daniel comentou.
— Já faz tempo que você não vai lá, né, Daniel? Meus pais sempre perguntam por você —
Cadu falou.
— Preciso mesmo ir. Que tal darmos um pulo lá amanhã? O que acha, delícia? — Daniel
falou direcionando a Rita.
— Claro, não tínhamos nada planejado. Será um prazer.

— Vai ser ótimo — respondi, feliz por passar mais tempo com Rita e saber que estaria por
perto se eu precisasse de ajuda.
— Combinado então. Amanhã, quando estivermos saindo, eu aviso — Cadu disse.
Nos despedimos e fomos para o apartamento de Cadu. Não sabia quando foi a última vez
que dormi em meu próprio apartamento. Nem me lembrava das condições em que ele se
encontrava, mas me sentia mais segura ao lado dele. Os pesadelos não estavam mais me
atormentando; parecia que meu subconsciente estava em paz.
Chegamos ao apartamento de Cadu, e quando fui ao banheiro, percebi algo estranho. Ao
tirar a roupa, vi que minha calcinha estava suja de sangue. Fiquei assustada, lembrando que não
havia feito a troca do DIU e que minha menstruação havia terminado há poucos dias.
— Que droga, mais uma coisa para me preocupar — resmunguei internamente.
Levei os dois celulares para o banheiro, querendo ver o conteúdo da mensagem de
Alexandre e tirar fotos para enviar a Henrique.
Quando abri a mensagem, fiquei horrorizada com o que vi. Era praticamente um filme
pornô, mostrando Alexandre com outra mulher. Ele tinha a mania de enviar esses vídeos com
visualização única, como sempre, mas consegui filmar tudo e enviei para Henrique. Além disso,
havia uma mensagem de texto.
Alexandre: Oi, gata. Viu o que acabei de fazer,
pensando em você? Acho que já está na hora de nos
encontrarmos. Meu pau está doido por você. Aguardo
sua resposta para a próxima semana. Ah, fiquei
sabendo que sua cunhadinha contratou uma nova babá,
muito gata ela, viu.
— Que nojo, insuportável! — xinguei baixinho.
Pelo visto ele já sabe da contratação da nova babá das sobrinhas de Cadu.
De repente, Cadu bateu à porta do banheiro.
— Oi, amor, precisa de alguma coisa? — Ouvi sua voz. Meu Deus, ele tinha ouvido
alguma coisa?
— Não, amor, já estou de saída. — Saí do banheiro e fui ao encontro de Cadu. — Acabei
me esquecendo de algumas coisas este mês. Me perdoa.
— Perdoar por quê? Não estou entendendo.
— Estou sangrando novamente, pois me esqueci da troca do DIU. Vou ter que voltar ao
ginecologista. Esqueci completamente.
— Vem cá, é muita coisa para uma pessoa só. Eu te entendo. Foram situações diversas ao
mesmo tempo. É normal esquecer, mesmo sendo alguém tão organizada quanto você. Fica
tranquila, desde que você esteja bem.
— Eu sei. Amanhã vou ligar para a clínica e agendar uma consulta.
Fomos dormir, e no dia seguinte fomos à casa dos pais de Cadu. O dia ótimo, e aproveitei
para mostrar as mensagens a Rita. Ela ficou chocada na mesma medida que eu. Deixamos essa
questão de lado e decidimos curtir o final de semana. A família de Cadu era incrível, eles
adoravam Daniel e também se encantaram por Rita.
Mas o meu sossego e descontração acabaram quando fui apresentada à nova babá das
meninas, Carolina veio até mim na cozinha dos pais de Cadu.
— Oi, Ana, tudo bem?
— Oi, Carolina, vi que já está se adaptando com as meninas?
— Sim, estou. Hoje Clara teve uma reunião de apresentação de um buffet infantil e me
chamou para ficar com as meninas no final de semana.
— Tomara que dê tudo certo.
— Vai dar tudo certo para todos, assim espero. Inclusive, preciso te passar um recado.
— Pode falar, sou toda ouvidos.
— Alexandre pediu para te avisar que minha contratação não foi aleatória, estou aqui por
um único motivo e que vai depender de você a segurança das queridas sobrinhas. Então, não
conte nada ao Cadu e não ignore as mensagens que ele te enviar, Alexandre está aguardando uma
resposta sobre um encontro e também sobre seu afastamento do seu namorado.
No momento em que Carolina disse a mensagem, meu corpo ficou sem reação, minha pele
sumiu a cor, a boca ficou seca e não consegui proferir nenhuma palavra sequer, enquanto ela
pegava o copo com água e saía de perto de mim, indo em direção às meninas.
Eu estava fodida, como eu iria contar a ele, todas as vezes que tive a oportunidade,
acontecia algo que me impedia de continuar e agora mais essa, preciso proteger não apenas a
Bianchi e sim o que é de mais importante, a vida das sobrinhas de Cadu.
Imediatamente fui ao banheiro e vomitei tudo que havia comido durante o churrasco,
passei meia hora no banheiro do quarto de Cadu, quando saí de lá, ele estava sentado na beirada
da cama.
— O que está acontecendo? Você sumiu e custei a te encontrar aqui. Está bem?
— Cadu, podemos ir embora? Não, eu não estou me sentindo bem.
— Será que é algo que você comeu?
— Não sei, só preciso ir embora, me desculpe por atrapalhar nosso final de semana.
— Ei, não se preocupe, está tudo bem, já ia te chamar para irmos. Só preciso saber se você
está bem.
— Foi só um mal-estar, então vamos?
— Sim. - Me beijou na testa e me abraçou. Despedimos de todos os presentes e fomos
embora.
Durante todo o trajeto, minha vontade era de chorar, de ir embora e não olhar para trás,
mas não podia apenas sumir e se Alexandre cumprisse com o que disse sobre as sobrinhas de
Cadu.
O mês passou bem, Alexandre me deu uns dias de sossego, estava esperando que ele
entrasse em contato para tentar entender quais eram os próximos passos. O único que sabia era
Henrique. A questão do DIU ainda estava pendente, então decidi resolver isso na sexta-feira.
Faria a troca e teria uma consulta com a Dra. Sílvia, minha terapeuta. Além disso, caso me
sentisse mal, eu ficaria quieta no final de semana para não atrapalhar os trabalhos na empresa.
Cadu teve uma reunião de última hora e não pôde ir comigo.
— Olá, Ana, como você está? — Dr. Roberto me cumprimentou.
— Oi, estou bem, e você?
— Estou bem também. Então, eu queria conversar com você sobre a questão do DIU. Vi
na sua ficha que você não fez a troca no momento correto.
— Sim, infelizmente esqueci, mas marquei uma consulta para fazer a troca assim que
possível.
— Certo, vou fazer um exame de toque e um exame de sangue para descartar gravidez.
— Tudo bem. — Assenti e fui encaminhada para fazer os exames. Após a conclusão, o
médico voltou com os resultados e me pediu para me deitar novamente para realizar um
ultrassom.
— Bom, não poderemos fazer a troca do DIU, na sua situação.
— Como assim? Na minha situação.
— Antes de mais nada, preciso informar que você está grávida.
— O quê? Grávida? Como assim? — Fiquei atônita e comecei a chorar.
— Sim, suspeitei durante o exame de toque, e o beta HCG confirmou. Estou agora
confirmando através do ultrassom. — Ele apontou para a tela, onde era visível um pequeno
pontinho. — Você está com aproximadamente seis a sete semanas de gestação. Pelo visto foi
logo depois que esteve aqui para nossa primeira consulta. Ainda não conseguimos detectar os
batimentos cardíacos, e, infelizmente, devido à falta da troca do DIU, não podemos realizar a
substituição agora. O dispositivo pode causar complicações na gravidez e deve ser removido
imediatamente, especialmente durante o primeiro trimestre.
— Mas isso não é perigoso para o bebê?
— Se o DIU estiver abaixo do saco gestacional, é seguro removê-lo, o que é o seu caso.
— Meu Deus, eu realmente não estava esperando por essa notícia. Não sei o que fazer
agora. Quais são os procedimentos? — Entrei em um estado automático e bombardeei o médico
com perguntas, ainda sem acreditar no que estava acontecendo.
— O primeiro passo é a remoção do DIU o mais rápido possível. Em seguida, você terá
que tomar alguns cuidados especiais durante a gravidez. Como você estava usando o DIU de
cobre, existe um pequeno risco de aborto espontâneo ou parto prematuro, mas isso não é tão
comum. Além disso, você precisará fazer consultas e exames regulares para monitorar o
desenvolvimento do bebê.
— Entendi. E o que devo fazer para garantir uma gravidez saudável?
— Além dos cuidados habituais durante a gestação, como uma dieta saudável, hidratação
adequada e evitar o estresse, é importante seguir todas as orientações que daremos a você. Pode
ser necessário fazer repouso em alguns momentos, dependendo do desenvolvimento do bebê. No
geral, a maioria das gestações seguem tranquilamente. Parabéns, Ana! Você está grávida!
Agradeci e saí do consultório chorando copiosamente com a notícia. Não sabia se sorria ou
se chorava. Não estava em meus planos, mas eu já amava esse bebê com todo o meu coração. Já
me imaginava com uma barriga de grávida e pensava em como seria emocionante contar a
novidade para Cadu. Ele era o amor da minha vida, e agora seríamos pais juntos. Tinha que
planejar como contar a ele essa notícia e já sonhava com o rostinho do bebê. Era uma nova fase
da minha vida que mal podia esperar para começar. Apesar de todos os problemas que me
rodeavam, naquele momento, consegui esquecê-los.
No entanto, os problemas logo voltaram a me assombrar. Como eu contaria a Cadu, como
eu protegeria as sobrinhas dele, meu bebê e a empresa. Minhas vida estava de cabeça para baixo.
Assim que cheguei ao apartamento de Cadu, recebi uma mensagem de Alexandre.
Alexandre: Oi, gata, tudo bem com você? Vi que
não foi à sua terapeuta, mas foi à clínica da outra vez.
Espero que esteja bem.
Decidi que jamais contaria a ele sobre a minha gravidez.
Eu: Fui fazer a troca do DIU, estou
bem. Não precisa se preocupar.
Alexandre: Claro que me preocupo, não quero
que fique grávida desse sujeito. Assim que estivermos
juntos, a primeira coisa que faremos é retirar isso e
tentaremos conceber um filho.
Eu: Vai à merda, Alexandre!
Alexandre: Não fala assim comigo, gata. Assim
você magoa o pai dos seus filhos. Entendo que esteja
cansada e estressada. Descanse neste final de semana, e
na terça-feira, que é o dia em que você costuma ficar
sozinha, nós nos encontraremos.
Eu: Nem pensar!
Alexandre: Está desbocada hoje, hein? Mas vou
deixar passar. Na segunda-feira, vou enviar uma
mensagem para saber sua resposta e marcarmos nosso
encontro. Vou planejar um ambiente romântico.
Resolvi não responder. Tinha decidido que não contaria nada a Cadu por enquanto,
precisava me sentir mais segura. Em vez disso, enviei todas as mensagens e informações para
Henrique. Estava com medo, especialmente agora, também por causa do meu bebê.
Quando Cadu chegou em casa, não contei nada a ele. Ele perguntou se as consultas tinham
ido bem, eu disse que sim, mas que precisaria de repouso no final de semana. Na verdade, estava
planejando contar a ele a notícia no dia do ultrassom, quando ouviríamos os batimentos
cardíacos juntos. Imaginava como seria emocionante, ao mesmo tempo em que me questionava
como isso seria possível se Alexandre cumprisse com suas ameaças.
O final de semana passou, e na segunda-feira, fiquei impaciente com as mensagens de
Alexandre.
Alexandre: Seu prazo está acabando. Ou você me
dá uma resposta sobre nos encontrarmos amanhã à
noite, ou contarei tudo para o Carlos Eduardo e ainda
as sobrinhas dele vão pagar, você que decide.
Eu: Ainda estou resolvendo algumas
coisas. Tenho um compromisso amanhã e
estou tentando desmarcá-lo. — Menti.
Alexandre: Não me enrola.
Não respondi, ele também não enviou mais mensagens. Trabalhei a segunda-feira inteira
sentindo cólicas, o que, pelo que li, era normal no início da gravidez. Continuava extasiada,
pesquisando sobre a gestação e como contar a Cadu. Já tinha planejado revelar a notícia no dia
do ultrassom, quando ouviríamos o coração do bebê juntos.
Tudo o que precisava fazer era enrolar Alexandre por mais um dia, eu sei que ele estava
aguardando minha resposta.
Comprei uma caixa branca e coloquei um sapatinho vermelho, o resultado do exame de
sangue, e também o palito do teste de gravidez. Sempre sonhei em fazer esse teste e guardar o
palito como lembrança.
Capítulo 27 - Cadu

— Boa tarde, Carlos Eduardo. – João entrou em minha sala após o horário de almoço.
— Boa tarde, em que posso te ajudar, João?
— Então, eu preciso ter uma conversa muito séria com você. Sinceramente, não sei nem
por onde começar.
— Só comece.
— O assunto é muito complicado, mas eu tenho o dever de lhe contar. — Ele hesitou nas
palavras. – Eu dei tempo para ela te falar, você sabe, mas ela sempre queria mais tempo.
— João, me perdoa, mas não estou conseguindo te entender. Ela quem?
— Ana. – Olhei para ele sem entender nada.
— O que aconteceu com a Ana? – perguntei, começando a ficar nervoso.
— Deixe-me explicar tudo desde o início para evitar dúvidas.
— Desembucha, não estou com paciência!
— Calma, cara, você vai entender, e é para o seu próprio bem.
— Fala logo!
— Ana e eu tivemos um relacionamento de aproximadamente dois anos. Ela se aproveitou
do meu status de CEO para conseguir um projeto importante na minha empresa e boas notas para
sua conclusão de curso. Depois, usou da mesma influência para conseguir emprego em uma
empresa de logística. Mas, não satisfeita, começou a se envolver com o chefe dela e, por fim,
fugiu, deixando tudo para trás. Ainda tenho algumas de suas coisas na minha casa.
Recentemente, encontrei-a por acaso aqui no Rio, e voltamos a sair juntos. Sempre nos dias em
que ela deveria dormir no apartamento dela, estávamos juntos.
— E por que eu iria acreditar em você?
— Basta abrir os olhos, Cadu. Ela já chegou na sua empresa e te seduzindo com aquele ar
de inocência. - Eu não estava conseguindo assimilar as coisas que aquele babaca estava dizendo.
— E você a aceita comigo, ela aceita você com outras mulheres?
— Bem, eu sou homem, e não posso negar que ela goste de participar até mesmo das
minhas transas aleatórias. Cheguei a enviar vídeos para ela. Quer ver?
— Me poupe! – Eu já estava andando de um lado para o outro.
— A verdade é que ela me propôs algo e eu acabei aceitando. Quem não aceitaria? Ela é
uma espécie de deusa ou bruxa, que encanta qualquer homem. Quem não resiste àquele chá de
boceta gostosa?
— CHEGA! – Gritei com ele. – Onde você quer chegar?
— Tudo isso foi um golpe. Ela planejou tudo nos mínimos detalhes: te seduzir, roubar os
dados da empresa e, finalmente, fugir comigo. Para isso, ela precisava dos meus serviços, dos
meus conhecimentos. Foi aí que orquestrei o desaparecimento dos arquivos no sistema e apareci
na hora certa para "salvar" – fez aspas com os dedos – a sua vida e a sua empresa.
— João, eu não posso acreditar no que estou ouvindo. Você está dizendo que a Ana
planejou esse golpe, incluindo o roubo da empresa, e que vocês dois estão envolvidos nisso? –
Perguntei com a voz tensa. — E se o golpe era dos dois, por que decidiu me contar?
— Exatamente, Cadu. A Ana é uma mestra em manipulação. Ela se aproximou de você
com segundas intenções, conquistou a sua confiança e agora está prestes a destruir tudo – falou
em tom arrogante.
— Mas isso não faz sentido! A Ana é uma pessoa íntegra, dedicada e apaixonada pelo
trabalho. Como você pode afirmar essas coisas sem nenhuma prova concreta? – Eu estava
incrédulo.
— Ah, Cadu, você está tão cego pelo seu amor que não consegue enxergar a verdade. O
desmaio dela na sua sala foi apenas uma encenação, parte do plano para ganhar a sua simpatia.
Agora que conseguimos o que queríamos, ela está pronta para partir comigo — falou com um
sorriso de superioridade.
— Não vou aceitar essas acusações sem evidências concretas. Você tem alguma prova do
que está falando? Algum documento, gravação ou algo que sustente as suas palavras? – Eu
estava furioso.
— Não, Cadu, eu não tenho provas físicas, mas você precisa abrir os olhos para o que está
acontecendo. A Ana é uma golpista profissional, eu a amo e faria tudo que me pedisse. Estou
disposto a deixar a empresa com ela, pois não tenho mais interesse em continuar aqui – disse em
tom zombeteiro.
— João, vou investigar todas essas acusações. Mas saiba que confio na Ana, e até que haja
evidências concretas que sustentem as suas palavras, eu considero essas alegações infundadas –
disse decidido, eu não queria acreditar em merda nenhuma que saía da boca desse cara.
— Faça o que achar melhor, Cadu. Mas lembre-se de que eu avisei. A Ana é uma
manipuladora habilidosa, e você pode acabar perdendo tudo por causa dela – falou desdenhoso.
Fiquei chocado com as palavras de João. A traição e as acusações contra Ana pareciam
inacreditáveis, mas eu sabia que precisava manter a calma para entender melhor a situação. Essa
discussão entre nós dois deixou um clima de tensão no ar. Eu estava determinado a descobrir a
verdade por trás das acusações, mas também preocupado com o impacto que tudo isso poderia
ter sobre a empresa e sobre o meu relacionamento com Ana. Eu sabia que precisaria agir com
cautela e investigar minuciosamente cada detalhe antes de tomar qualquer decisão.
Logo, João estava saindo pela porta e se voltou para mim, dizendo:
— Aliás, não sei se algum dia ela já falou de mim para você, mas na cama ela costumava
me chamar de Alex.
E saiu da sala, me deixando paralisado. Eu estava sem ação, como se o tempo estivesse
congelado.
Quando finalmente acordei do transe, tentei ligar para Ana, mas não consegui contatá-la.
Dirigi-me à sala dela, e a encontrei vazia. No corredor, cruzei com Rita, que estava indo em
direção à sua sala, imediatamente a questionei sobre o paradeiro da Ana.
Saí correndo em direção ao elevador, mas ele estava ocupado. Desci pelas escadas,
pulando de dois em dois degraus, até chegar à portaria. Vi Ana entrando no carro com um
semblante triste. Ela apenas balbuciou um "eu te amo" na minha direção quando o carro virou na
esquina, e percebi que João estava ao seu lado.
Senti um aperto no peito ao ver Ana entrando no carro com João, Alex, Alexandre, já não
sei mais como chamá-lo. Uma mistura de decepção e desespero tomou conta de mim, mas eu
sabia que precisava agir com calma e pensar nas próximas ações.
— Rita, o que está acontecendo? Por que a Ana está saindo daqui com aquele cara? –
perguntei, com a voz trêmula.
— Cadu, eu não sei ao certo. A vi saindo do elevador e indo em direção à portaria. Parecia
abatida e não disse nada quando eu a chamei – contou com o tom de voz preocupado.
Senti uma mistura de dor e confusão, mas sabia que precisava entender o que havia
acontecido, descobrir mais informações e planejar os próximos passos.
Continuei andando sem rumo pelo prédio e, logo em seguida, Rita veio até mim
novamente.
— Cadu, algo grave aconteceu. Perdemos todos os nossos arquivos dos drivers. Todos
estão desesperados.
— Chame o Daniel, diga para ele ir à minha sala urgentemente – ordenei e continuei
andando.
— Cadu?! – Daniel entrou e sentou à minha frente.
— Cara, eu não sei o que fazer. – Comecei a andar de um lado para o outro e relatei a ele
nos mínimos detalhes o que João me dissera, até a cena em que vi a Ana entrar no carro,
balbuciando um "eu te amo" em minha direção.
— Cara, eu não consigo acreditar. Ela não tem esse perfil. Acredito mais que esse cara seja
um manipulador da porra do que ela ser uma golpista.
Neste instante, o telefone de Daniel tocou, e ele atendeu.
— Sim, já estou indo. — Ouviu alguém do outro lado e voltou a falar. – Não, ele não vai
agora, ele está resolvendo algumas coisas na sala dele. Me espera aí.
— O que mais está acontecendo? – perguntei.
— A Rita pediu que eu fosse à sala de T.I. Parece que todos os funcionários foram para lá,
questionar o sumiço dos arquivos nos drives da empresa.
— A Rita começou a falar comigo sobre isso, e na verdade, era isso que eu ia conversar
com você, mas dentro disso, tem tudo o que o João disse. Pelo que ele falou, eles apagaram
mesmo os nossos bancos de dados.
— Não se precipite, fique aqui que eu vou lá ver como estão as coisas e volto para
conversar com você. Deve haver uma explicação. Tente ligar para ela enquanto isso.
Daniel saiu da minha sala, peguei o telefone e continuei dando voltas na sala, tentando
entrar em contato com a Ana, mas só caía na caixa postal. Estava à beira de um colapso.
Decidi me sentar e esperar que Daniel voltasse com notícias. Precisava acalmar os nervos
ou acabaria enlouquecendo. Abaixei a cabeça na mesa e simplesmente esperei, meu telefone não
parava de tocar.

Deixei uma música no ambiente para tentar acalmar, começou a tocar The Scientist de
Coldplay e eu só imaginando o quanto essa música tem a ver comigo neste momento.
Eu só estava analisando números e figuras
Desfazendo os enigmas
Questões da ciência, ciência e progresso
Não falam tão alto quanto meu coração

Me diga que me ama, volte e me assombre


Oh, e eu corro para o começo
Correndo em círculos, perseguindo nossas caudas
Voltando a ser como éramos

Estou em meu escritório, com os olhos fixos na tela do notebook, sem nenhuma atenção no
que realmente deveria fazer.
Será que devo acreditar no que meus olhos viram? No que aquele cara me contou? Ou será
que estou criando uma ilusão de algo que nunca existiu?
Há tempos eu não me via tão perdido, talvez nunca tenha passado por isso, sempre fui
alguém muito certo do que pensava até este momento. Quem diria que o Senhor Carlos Eduardo,
de que todos falavam ser o grande CEO do grupo Bianchi, estaria, no mínimo, em dúvidas.
Jamais.
Muito certeiro em tudo, e não era modéstia, não errava nas minhas decisões profissionais,
por isso cheguei aonde cheguei.
Abdiquei da minha vida pessoal para ser o melhor no que faço.
Passei por um relacionamento conturbado, Helena queria mais, até entendo que pareça ser
uma necessidade para as mulheres criarem relacionamentos sólidos, com afeto, ter um casamento
dos sonhos, construir família e ter filhos. O que não era o meu objetivo naquele momento, então
me sentia frustrado em prendê-la a mim sendo que eu sabia muito bem que não atenderia suas
necessidades, apesar de tudo terminamos amigavelmente.
Depois disso, não deixei mais ninguém entrar em minha vida, tinha minhas fodas
aleatórias, em locais diferentes, nada que criasse vínculos. Estava tudo perfeito assim.
E hoje estou aqui, passando por essa situação. Uma certa mulher me deixou totalmente sem
saber o que fazer.
Aquela que entrou nesta empresa por causa de um contrato, e estaria aqui para um trabalho
temporário, depois acabou ficando e fez mudar tudo dentro de mim.
Ainda não sei o sentimento que tenho por ela, talvez ódio por me passar para trás, não sei
ao certo o que realmente é. Sempre fui cético com as emoções, para mim a vida era igual
matemática, réguas e medidas, tudo se somava e tinha uma resolução, igual aos meus projetos
na empresa. Como dois mais dois são quatro, simples assim.
Era um engenheiro, e para mim, as coisas faziam sentido quando eram medidas, calculadas
e resolvidas em números. Sempre acreditei que a lógica e a razão deveriam guiar todas as minhas
decisões, tanto pessoais quanto profissionais.
No exato momento me pegava pensando que talvez estivesse sendo muito limitado em
minha abordagem. Um estalo de consciência me fez parar para repensar meus atos. Afinal, a vida
era mais do que uma compreensão da matemática. Havia tantas variáveis imprevisíveis e
desconhecidas que não podia simplesmente colocar em uma planilha de Excel.
E com tudo isso, sem saber o que devia fazer, alguém bateu à porta. Eu sabia que teria que
tomar uma decisão sobre o depois, e sinceramente, pela primeira vez na vida, eu não sabia o que
decidir.
— Com licença, Cadu, precisamos conversar sobre o que Ana fez e preciso muito que você
resolva esse problema, pois pode prejudicar o grupo e os sócios não estão gostando nada da
repercussão do que aconteceu – disse Daniel, meu melhor amigo e sócio, adentrando em meu
escritório, agindo apenas como um profissional que deveria ser.
— Cara, eu ainda não sei o que fazer, sinceramente foi uma situação que saiu do meu
controle, eu...
— Imagino, mas neste momento você tem o dever de dar satisfação a mais pessoas que
estão furiosas pelo que ocorreu e sério, eu não queria estar na sua pele, foi uma baita merda.
— Você acredita que ela seria capaz de estragar todo um projeto que trabalhamos com
afinco para que fosse perfeito, não só para a matriz, mas para todo o grupo e que seria o melhor
de todos os tempos, mesmo sabendo que esse seria um passo para ela mostrar do que seria
capaz? Como ela poderia estragar seu próprio sonho? – indaguei duvidando até mesmo das
minhas palavras. – Ou ela realmente é tudo aquilo que aquele cara falou, que só entrava na vida
das pessoas para subir na vida, uma completa interesseira, golpista… ou talvez eu esteja a
julgando precipitadamente. De qualquer forma, eu deveria ter investigado a fundo, me deixei
levar por um rostinho bonito, com um jeitinho doce e meigo, que conquistou a confiança de
todos.
— Já te falei minha opinião, cara, eu acho que isso deveria ser mais investigado, mas a
garota não deu nem a chance de se explicar, ela simplesmente saiu sem dar satisfações, isso tudo
é no mínimo estranho.
— Por que será? Ela é tão talentosa, pode ganhar o mundo com sua inteligência, por que
aplicar golpes? – questiono mais para mim mesmo.
— Não é a cara dela.
— Quem vê cara não vê coração, as pessoas têm o dom para a maldade, meu amigo, e não
tenho tempo para esperar as coisas se resolverem, preciso tomar uma atitude. Só não sei qual.
— Você está fodido e não é pouco.
— Seja lá o que for, eu tenho que acalmar os ânimos dos demais sócios, temos um grande
projeto pela frente, ou seja, começar tudo de novo.
— Vamos lá, estou contigo cara, como sempre, você sabe disso.
Estou realmente fodido, de todas as formas, profissional e sentimentalmente. Pois é, achei
que nunca falaria isso, não acreditava em sentimentos.
E agora, vou enfrentar uns leões.
Capítulo 28 - Cadu

Liguei para Rita e pedi que chamasse os sócios imediatamente para uma reunião. Cheguei
primeiro, e aos poucos, eles foram chegando.
— Boa tarde a todos, sejam bem-vindos. Estou aqui para dar uma atualização sobre os
nossos sistemas. Infelizmente, tivemos alguns problemas com os nossos arquivos no servidor da
empresa. Eles foram corrompidos, causando muitos inconvenientes para todos nós. No entanto,
quero que vocês fiquem tranquilos, pois a equipe já está trabalhando duro para resolver esses
problemas o mais rápido possível. Estamos fazendo o máximo para garantir que tenhamos todas
as informações disponíveis em breve. Peço desculpas pelos inconvenientes causados, mas
saibam que estamos trabalhando intensamente para resolver tudo isso. Esperamos ter notícias em
breve e, assim que as tivermos, comunicaremos a todos vocês imediatamente. Mais uma vez,
agradeço pela paciência e compreensão durante este momento difícil. Juntos, superaremos esse
desafio e continuaremos a fazer nossa empresa crescer. Muito obrigado.
— É verdade que foi a sua namorada que roubou os arquivos? – um sócio perguntou.
— Ainda estamos apurando os fatos – Daniel se adiantou para falar em meu nome.
Me despedi de todos, e Rita apenas me informou que precisava conversar comigo, mas
continuou resolvendo algumas coisas, enquanto retornei à minha sala.
A secretária do prédio fez uma chamada para minha sala, informando que um tal de
Henrique Gutierrez estava me aguardando, mas eu não tinha ideia de quem era essa pessoa. Só
autorizei a sua entrada quando ela me disse que ele era um Delegado. Pensei imediatamente que
Rita poderia tê-lo chamado; ela era muito competente e tinha carta branca para agir.
— Boa tarde, Carlos Eduardo. Sou o delegado Henrique Gutierrez – ele me cumprimentou
com um semblante sério e determinado.
— Boa tarde, é um prazer, entre. Acredito que a Rita tenha entrado em contato com você
devido ao que aconteceu na empresa.
— Carlos Eduardo, na verdade recebi um pedido de ajuda da Ana.
— Como assim, da Ana? Não estou entendendo.
— Ela entrou em contato comigo por meio de um novo aparelho celular que comprou
recentemente para não levantar suspeitas de Alexandre.
— Como assim? – Eu não estava acreditando em tudo o que estava acontecendo.
Enquanto isso Rita entrou na sala.
— Me desculpe, não sabia que estava ocupado, Cadu, eu volto outra hora.
— Não Rita, pode ficar, é bom que esteja aqui, este é o delegado Henrique Gutierrez, ele
veio pois recebeu um pedido de ajuda da Ana.
— Ai, meu Deus, então é isso mesmo? — falou colocando a mão na boca incrédula.
— Não estou entendendo?! – indaguei aos dois, .
— Calma, Carlos Eduardo. A Ana foi sequestrada por Alexandre. Ela conseguiu enviar
uma única notificação antes de ser levada, indicando que estava em perigo. Foi assim que eu
soube do ocorrido – Henrique explicou.
— Como? Como você está envolvido nisso? Me explique melhor.
Então Henrique me explicou em detalhes que Ana estava em contato com ele desde o dia
em que recebeu a ameaça de Alexandre. A única pessoa que estava a ajudando era Rita, que
também detalhou tudo desde o início, incluindo os arquivos da empresa.
— Como? Como ele pôde fazer isso com ela? –
— Ainda estamos investigando os detalhes, mas já sabemos que ele tem acesso aos dados
da empresa, inclusive aos contatos de Ana. Parece que ele a tem vigiado de perto. Inclusive, uma
de suas ameaças está dentro da casa de sua irmã, com suas sobrinhas, já enviei meus homens
para lá, estão aguardando meus comandos.
Rita também explicou desde o dia em que Ana a procurou e contou tudo, a compra do
novo aparelho celular e tudo que Ana estava passando. Ela mandava uma cópia para Henrique e
para ela. Rita já tinha até contactado outra empresa para fazer backups da empresa de forma
sigilosa, caso esse momento chegasse e Alexandre sumisse com tudo. Era um problema a menos,
pensei comigo. Eu parecia estar dentro de uma bolha sem saber o que fazer.
— Precisamos encontrá-la o mais rápido possível, Henrique. Onde podemos começar?
— Estou rastreando o sinal do celular que ela usou para entrar em contato comigo. Já
temos uma ideia de onde eles possam estar. Precisamos agir com cautela e inteligência para
garantir a segurança de Ana e de suas sobrinhas. A babá está em casa e sua irmã também.
— O que faço agora? Farei o que for necessário para resgatá-la. Ela é a mulher que eu
amo, e não posso deixar que nada de ruim aconteça com ela e minhas sobrinhas.
— Sei que isso é extremamente difícil para você, mas é importante que sejamos
estratégicos e discretos. Não podemos colocá-las em maior perigo.
— Entendo, Henrique. Confio em suas habilidades e experiência. Vamos trabalhar juntos
para salvá-las.
Concordamos em unir esforços para resgatá-la. Enquanto Henrique compartilhava mais
informações sobre a investigação.
Juntos, traçamos um plano meticuloso para localizar Alexandre e resgatar Ana. Além de
preservar a segurança das minhas sobrinhas e minha irmã. Cada segundo era crucial, e a
esperança de trazê-la de volta nos unia em um objetivo comum: proteger a vida de Ana e garantir
que o nosso amor prevalecesse sobre qualquer ameaça.
Enquanto Henrique estava relatando tudo o que Ana lhe contou, pedi a Rita para chamar o
Daniel para acompanhar tudo de perto.
— Estive conversando com a Ana sobre as suas preocupações em relação à perseguição de
Alexandre. – Rita me tirou do transe. — Ela mencionou que Silvia, a terapeuta dela, também
tinha conhecimento sobre o caso. Ela pode ter mais informações relevantes.
— Ótimo, Rita. Entre em contato com Silvia o mais rápido possível e veja se ela pode nos
ajudar com mais detalhes. Precisamos reunir todas as informações que pudermos para agir
efetivamente – Henrique falou.
— Com certeza, Henrique. Vou falar com a Silvia imediatamente e trazer todas as
informações relevantes para nós.
— Obrigado, Rita. Sua ajuda é fundamental nesse momento difícil. Estamos contando com
você — Henrique falou.
— O que faremos agora? – perguntei a Henrique.
— Primeiro, entre em contato com sua irmã, converse trivialidades, da forma que já está
acostumado a conversar com ela, para sabermos se ela e as crianças estão bem, deixe no viva-voz
para podermos acompanhar melhor a conversa e entender seu tom de voz, saber que não está
sendo coagida ou coisa assim.
Imediatamente, peguei o telefone para ligar para Clara, que atendeu no segundo toque, me
dando certo alívio.
— Oi, pirralha, tudo bem?
— Oi, maninho, estou bem e você? Precisando de alguma coisa?
— Sim, queria saber como andam as coisas, não te vi no final de semana na casa do pai,
como foi a reunião com o buffet?
Ela falou um pouco sobre a reunião e o que já estava planejando para seu primeiro evento.
— Sabe como essas coisas demoram a deslanchar, né? Mas vou conseguir, estou
divulgando para as mães das coleguinhas das meninas e vai dar certo.
Enquanto isso, li um bilhete que Henrique deixou na mesa.
— Então, Clara, estou precisando que sua babá venha assinar um documento aqui na
empresa, naquele dia não percebi que ficou faltando e o pessoal da contabilidade, que está me
ajudando nesta parte, precisa dele assinado para dar continuidade no registro. Ela poderia vir até
aqui?
— Claro que pode, acho que vou aproveitar para levá-la e então dar uma passada na casa
dos nossos pais para vê-los..
— Tudo bem, se quiser deixá-la aqui primeiro, pode ser que demore, vou pedir a eles para
resolver tudo de uma vez com ela e já liberá-la.
— No máximo uma hora a deixarei aí, só o tempo de arrumar as crias.
Despedi de minha irmã e me voltei para Henrique para entender os próximos passos.
— Dê uma olhada no escritório dela e depois vá para casa, veja se há alguma pista ou
indício de algo lá.
— Perfeito, vou fazer isso imediatamente.
— Pode parecer que estamos demorando a agir, Carlos Eduardo, mas minha equipe já está
rastreando o dispositivo. Quanto mais informações pudermos coletar, melhor, pois ele pode
perceber que está sendo rastreado e mudar o caminho, tornando mais difícil para nós acompanhar
seus movimentos. Em questão a babá, assim que ela colocar os pés aqui vamos abordá-la, não se
preocupe que o caminho até aqui ela estará sendo acompanhada de perto. — Apenas assenti com
um menear de cabeça.
— Cadu, eu vou ficar aqui até que resolva a situação dos dados – Daniel falou.
— Muito obrigado, meu amigo. Não sei o que seria de mim sem vocês.

Fui para o escritório de Ana e peguei o caderno, notebook e a agenda de anotações.


Quando estava prestes a entregar tudo para o Henrique, caiu um envelope de dentro de um
caderno com a escrita bonita dela "Cadu".
Abri imediatamente.
“Querido Cadu,

Eu escrevo esta carta porque há coisas que eu preciso dizer a você. Eu quero que saiba
que eu te amo muito e que você é a pessoa mais importante na minha vida. Desde que nos
conhecemos, eu senti que havia algo especial entre nós, algo que eu nunca havia sentido antes.
Mas há algo que você precisa saber sobre mim, eu tenho um passado que me assombra, e
há alguém que tem me perseguido por um longo tempo. Seu nome é Alexandre, mas você o
conhece como João, ele tem me ameaçado e me perseguido por um tempo. Eu tentei proteger
vocês de tudo isso, mas agora eu não posso mais.
Se você está lendo esta carta, é porque algo de muito ruim aconteceu. Eu não sei o que vai
acontecer comigo, mas eu queria que você soubesse que eu te amo e que sempre vou te amar.
Eu gostaria que as coisas fossem diferentes, mas eu não posso mudar o passado.
Por favor, não se esqueça do nosso amor. Eu sei que isso pode parecer um adeus, espero
que não seja. Eu quero estar e viver ao seu lado, eu quero construir uma vida juntos. Mas eu
entendo se você não quiser mais se arriscar por mim.
Novamente, eu te amo, e sempre vou te amar. Me perdoe.
Com todo meu amor,
Ana.”
Naquele momento, eu já estava chorando como uma criança. Encostei-me na parede e
desabei, devastado por tudo o que estava acontecendo.
Reuni minhas forças e me levantei. Como não percebi que ela estava passando por um
problema tão sério? Como não protegi a mulher que amo? Como fui tão insensível a ponto de
não perceber?
Eu preciso encontrá-la. A qualquer custo. Saí em disparada para o meu apartamento, eu
precisava encontrar pistas, eu tinha que encontrá-la.
Enquanto isso, Henrique estava orientando sua equipe por telefone e monitorando o
aparelho dela.
De certa forma, estou orgulhoso da inteligência da minha mulher.
Cheguei ao apartamento e tudo estava intocado. Depois do tempo que demorei na confusão
do escritório, seria tempo suficiente para ela ter passado aqui e pegado suas coisas, mas pelo
visto, ela não passou.
Procurei no meio das coisas dela qualquer coisa que pudesse nos ajudar na investigação,
para encontrá-la.
Achei no fundo de uma bolsa anotações com telefones de pessoas importantes.
"Telefones importantes para avisar caso algo me aconteça."
Telefones dos pais, o meu, de Rita, Daniel e até mesmo o telefone dos meus pais.
Me abaixei para pegar a pequena mala que ela deixava debaixo da cama. Por mais que eu
tenha insistido para que ela deixasse em meu closet, a intenção dela era tirar somente para
viagens. No entanto, ela sempre ficou com o pé atrás em relação a nós dois, então deixava a mala
ali, caso precisasse ir embora rápido. Nem as roupas dela, ela deixava no closet; era sempre
naquela mala.
Acabei encontrando uma caixa branca amarrada com uma fita de cetim. A peguei e me
sentei na cama.
Fiquei chocado com o conteúdo dentro da caixa. Havia um sapatinho vermelho, uma
roupinha branca, um palitinho com duas listras cor-de-rosa, um exame de sangue com a palavra
"POSITIVO" e alguns corações feitos à mão, além de uma carta.
“Querido papai,

Eu ainda não nasci, mas já sinto que você é uma pessoa muito importante na minha vida.
Eu mal posso esperar para te conhecer e sentir o seu amor de perto. Eu sei que a mamãe já te
contou, mas eu queria anunciar a minha chegada por mim mesmo.
Eu sou o bebê que você e a mamãe estão esperando. Eu ainda não sei o meu sexo, mas eu
já sinto que vou ser muito amado por vocês dois. Eu já sinto o amor que vocês têm um pelo
outro e sei que esse amor será ainda maior quando eu chegar.
Papai, eu queria pedir a sua paciência com a mamãe. Ela está passando por muitas
mudanças em seu corpo e em sua vida, e às vezes pode ser difícil para ela lidar com tudo isso.
Mas eu sei que ela está fazendo o melhor que pode para me proteger e cuidar de mim.
Eu sei que você já é um pai maravilhoso antes mesmo de eu nascer, e eu mal posso
esperar para ter você ao meu lado em cada momento da minha vida. Eu quero aprender e
crescer com você.
E te ter sempre por perto.
Eu te amo, papai. E eu ainda nem nasci! Mal posso esperar para te abraçar e sentir o seu
amor.
Com todo amor do mundo,
Seu bebê.”
Meu mundo desabou. Ana estava grávida do meu filho e eles estavam em perigo. Eu só
conseguia chorar enquanto segurava o papel, chorava tão intensamente que fazia barulho.
Henrique veio correndo para me socorrer, me encontrando em um estado lamentável.
— Deixe-me ver isso. — Ele pegou os papéis e conferiu tudo. — Eu achei que ela já havia
lhe contado.
— Como assim? — perguntei confuso.
— Ela me enviou o resultado do exame e disse que ia te contar. Estava preocupada com a
segurança dela e do bebê, especialmente se Alexandre descobrisse.
Antes que eu pudesse dizer algo, o telefone dele tocou, e ele saiu do quarto para atender,
dando ordens e conversando. Eu estava em uma espécie de bolha, cheio de sentimentos mistos.
Sentia tristeza por não ter Ana comigo, mas também uma profunda felicidade por saber que ela
estava esperando um filho meu. Um filho meu?!
Capítulo 29 - Ana

Horas antes...

— Alô? — Atendi a ligação sem olhar para ver quem era. Eu estava na minha sala,
cuidando de alguns pedidos de outras filiais e adaptando campanhas. Alexandre nunca me ligava;
era sempre por mensagens. Mas, dessa vez, foi uma ligação, e foi a pior da minha vida.
— Ana, espero que tenha pensado bem nas minhas palavras. Se não quiser ver a empresa
do Cadu ser destruída, faça exatamente o que eu mandar. — Sua voz soou ameaçadora.
— O que você quer, Alexandre? Por que está fazendo isso? — Eu estava nervosa.
— Você sabe o que quero. Agora, exijo que saia imediatamente do escritório e vá até a
portaria. Vou esperar lá fora. Precisamos conversar, longe dos olhares curiosos.
— E se eu não fizer o que você quer? — perguntei, preocupada.
— Então, minha gata arisca, prepare-se para as consequências. Tenho informações que
podem arruinar a empresa do seu amante. Você tem cinco minutos para tomar sua decisão. Não
me faça esperar.
— Tudo bem, me dê uns vinte minutos, preciso pelo menos juntar minhas coisas.
— Não me enrole; não tenho mais paciência. Dez minutos, e nenhum minuto a mais.
Sentindo o peso das ameaças, comecei a escrever a carta para Cadu enquanto ouvia as
palavras de Alexandre. Meu coração estava em pedaços; eu não sabia o que esse psicopata estava
planejando. Acionei uma notificação para Henrique; poderia ser um alarme falso, mas eu não
podia me arriscar. Desliguei a ligação e segui para a portaria do prédio. No caminho, encontrei
Rita, que me fez uma pergunta, mas eu não prestei atenção; apenas continuei meu caminho.
Quando cheguei à portaria, havia um carro preto com Alexandre ao volante, e ele tinha uma arma
no banco.
— Entre no carro. — Ele pediu com rudeza. — Sem fazer alarde.
Olhei para trás, e meu coração se partiu ao meio quando vi Cadu correndo em direção à
portaria, testemunhando a cena em que eu entrava no carro de Alexandre. Não havia nada que eu
pudesse fazer naquele momento, então apenas balbuciei um "eu te amo" para que somente ele
entendesse, e entrei no carro, temendo as consequências se não o fizesse.
O carro arrancou suavemente, e seguimos por uma estrada que eu não conhecia - aliás, eu
não conhecia nada no Rio.
— Ana, precisamos conversar.
No trajeto, Alexandre manteve uma expressão séria, mas não ameaçadora. Isso me
assustou; ele parecia controlado, o que me deixava com medo. Chegando a um local tranquilo,
cercado pela natureza e com uma casa afastada, Alexandre estacionou o carro. Eu estava muito
desconfortável com a situação, mas também curiosa para ouvir o que ele tinha a dizer e entender
o que faria comigo depois de tudo.
— Ana, sei que nossos caminhos se cruzaram de forma intensa e complicada. Eu quero
conversar e esclarecer algumas coisas. Por favor, entenda que não estou aqui para te machucar ou
te forçar a nada. Quero apenas falar, sem violência ou ameaças.
— Mesmo depois de tudo que fez comigo, você espera que eu acredite que não haverá
ameaças? — provoquei, irritada.
— Desligue o celular. Não quero ser interrompido.
Peguei o aparelho na bolsa e desliguei, deixando o outro ligado no fundo da bolsa.
— Deixe a bolsa aí e venha comigo. — Ele me arrastou pelo braço até uma casa ao fundo.
— Tudo bem, Alexandre. Vamos conversar. Mas peço que me respeite e não tente me
coagir. Quero entender o que está acontecendo entre nós.
Eu tentava manter a calma e entender o que ele iria fazer. Tentei conversar de forma
tranquila, para entrar no jogo dele e ganhar tempo. Não sabia quanto tempo precisaria.
Dentro da casa, ele abriu a porta e tudo parecia organizado, como se estivesse esperando
alguém, ou seja, eu. Fiquei surpresa com o ambiente; não era luxuoso, mas era bem cuidado.
Ele se voltou para mim e segurou meus braços e olhou profundamente em meus olhos e
começou a falar:
— Ana, sei que tudo o que aconteceu entre nós parece muito confuso, mas há algo que
você precisa saber. Eu não sou apenas um homem frio e distante, como pode ter parecido. Há
uma história por trás disso, uma história que moldou quem sou hoje.
Me soltou e começou a andar de um lado para o outro como um animal inquieto, enquanto
isso me sentei em um sofá que estava disposto na pequena sala.
— Alexandre, eu... Eu estou disposta a ouvir, mas entenda que as coisas que você fez não
justificam...
— EU SEI, Ana, eu sei. Mas por favor, deixe-me explicar. Eu cresci em um ambiente onde
o amor era escasso. Meus pais eram ausentes, sempre ocupados com suas próprias vidas, e eu me
sentia perdido, sem aquele afeto que todas as crianças merecem.
— Sinto muito, Alexandre. Deve ter sido difícil para você crescer em um ambiente assim.
— Finjo entrar no jogo dele.
— Sim, foi extremamente difícil. Aprendi a me fechar emocionalmente, a construir muros
ao meu redor para me proteger. E então você apareceu na minha vida, Ana. Você foi a primeira
pessoa que realmente me deu amor, atenção e cuidado. Eu me apaixonei por você, não só porque
é maravilhosa, mas também porque me mostrou um tipo de afeto que eu nunca havia
experimentado antes.
— Alexandre, eu não posso negar que tivemos momentos bons juntos, mas isso não
justifica suas ações. Todos nós enfrentamos dificuldades na vida, mas isso não nos dá o direito
de machucar os outros.
— EU SEI, ANA! – ele gritou, e eu dei um pulo no sofá. – Eu sei que errei. E estou
disposto a fazer o que for necessário para mudar e me redimir. Eu reconheço que minhas ações
foram impulsivas e equivocadas. Eu não quero mais te machucar, eu só quero ter uma chance de
consertar tudo.
— Alexandre, eu não posso simplesmente ignorar tudo o que aconteceu. Confiança é algo
que se constrói com o tempo, e suas atitudes abalaram essa confiança profundamente. Além de
ameaçar quem não tem culpa de tudo o que aconteceu entre nós, Alexandre, duas crianças
inocentes. Eu preciso de tempo para processar tudo isso. — Eu estava tentando ganhar tempo.
— Eu entendo, Ana. Eu só espero que você possa me perdoar um dia. Eu amo você, e tudo
o que eu quero é poder provar que posso ser uma pessoa melhor para você.
— Alexandre, o caminho da reconstrução não será fácil, se você estiver realmente disposto
a mudar e a enfrentar suas próprias questões, talvez, com o tempo, possamos encontrar um
caminho para seguir em frente. Mas, por agora, eu preciso de espaço e tempo para cuidar de
mim.
— Respeito sua decisão, Ana. Vou dar a você o espaço que precisa, mas saiba que estarei
aqui, pronto para mudar e lutar pelo nosso amor, se você me der uma chance.
— A primeira coisa que você precisa fazer é me deixar ir, você sabe, né.
— NÃO — ele gritou novamente. — Não vou suportar mais ver você com aquele idiota.
— Eu não preciso voltar para ele. — Eu estava arriscando, mas tinha que tentar, por Cadu,
suas sobrinhas e meu bebê. – Podemos voltar para Minas, podemos começar tudo de novo.
— Não sei como seria isso. Mas pode ser uma opção sim, eu sei que ele não iria atrás de
você. Eu deixei bem claro para ele tudo o que você fez comigo e como nos amamos.
— VOCÊ O QUÊ? — indaguei furiosa.
— Eu contei tudo para ele, que estávamos juntos e que planejávamos um golpe na empresa
dele e que a qualquer momento você iria embora comigo, contei tudo nos mínimos detalhes –
falou rindo, com escárnio. — Deixei ele furioso com você, gata.
— Alexandre, você ficou louco, ele pode acionar a polícia atrás de nós, isso pode te
prejudicar, pelo amor de Deus. — Eu comecei a andar de um lado para o outro, demonstrando
que estava preocupada com ele, enquanto pensava no que poderia fazer.
— Eu faria tudo de novo, não me arrependo, agora ele deve estar com ódio de você. —
falou rindo, o que me deixou assustada.
— Meu amor, isso não vai resolver, só me diga que não fez o que estou pensando.
— Você me chamou de amor, você nunca me chamou de amor. Ah, Ana, eu te amo muito,
e vamos ser felizes juntos. - Se aproximou de mim tentando me tocar e eu mantive uma pose de
firmesa.
— Sim, meu amor, vamos ser felizes, mas me diga o que você fez, precisamos pensar no
que fazer.
— Eu destruí o banco de dados da empresa, como havia te falado, agora todos devem estar
loucos, com ódio de você.
— E as sobrinhas de Cadu?
— Nesta correria, até me esqueci delas, mas minha orientação para aquela gostosinha que
eu já comi muito, era que assim que eu avisasse que você já estivesse bem longe comigo ela
poderia ir embora sem deixar rastros.
Eu estava chocada que ele havia cumprido a ameaça de certa forma, ao menos as meninas
ainda estavam a salvo, mas tinha que manter a calma. Eu só não suportaria se ele tocasse em
mim. Eu tinha que me manter segura pelo bem do meu bebê.
— Vamos pensar em algo, fique tranquilo, o que temos aqui para comer?Estou faminta, o
dia foi cheio, vamos ficar aqui por quanto tempo? — Eu queria entender o que ele estava
planejando.
— Tenho algumas coisas no carro, inclusive trouxe suas roupas que você deixou para trás,
minha gata, continua linda do mesmo jeito, acho que vão servir, você não mudou nada. Vou
aproveitar e ligar para a putinha lá e avisar para ir embora.
— Ótimo, pode buscar para nós? As roupas e as coisas para comermos. Posso cozinhar
algo; vi que pensou em tudo por aqui. — Lancei um sorriso, tentando parecer sincera.
— Sim, pensei em tudo por enquanto. Não vamos ficar aqui; é provisório, mas dá para
ficarmos uns dias sem problema. Vou buscar; fique aqui. Deixei um segurança na porta, vou
aproveitar para dar algumas orientações a ele. — Alexandre tentou chegar perto de mim para me
beijar, e eu ofereci o rosto.
— Vamos com calma. Acabei de sair de um relacionamento, quero estar limpa para você.
— Eu espero, esperei por tanto tempo, agora será só minha.
Enquanto ele saía pela porta, comecei a andar pela casa, observando tudo. Talvez eu o
esperasse dormir para fugir. Eu tinha que pensar em algo, e rápido.
Cadu

Henrique descobriu o paradeiro de Ana e estava determinado a resgatá-la. Recebi a


informação dele que Carolina, a babá, já estava com seus homens sendo interrogada na
delegacia.
Contamos com a ajuda de Rita e Daniel para montarmos um plano cuidadoso. Com
informações precisas sobre o local onde Ana estava sendo mantida em cativeiro, nos
aproximamos discretamente, evitando chamar a atenção de Alexandre.
À medida que nos aproximávamos, percebemos que a casa estava vigiada, com um homem
na entrada e câmeras de segurança ao redor. Mantendo nossa confiança e determinação,
Henrique compartilhou seu plano com os demais.
— Henrique, precisamos garantir que a operação seja realizada de forma segura, sem
colocar Ana e meu filho em perigo. Rita, fique aqui comigo e siga as instruções de Henrique.
Vamos resgatar Ana e tirá-la dessa situação.
Henrique concordou e compartilhou as informações que havia coletado sobre a casa,
incluindo os possíveis pontos de entrada. Optamos por uma estratégia de distração para afastar a
atenção do vigia e permitir a entrada sorrateira.
Após combinarmos sinais e começarmos a colocar o plano em prática, Rita e eu esperamos
pacientemente enquanto Henrique, habilidoso e experiente, se infiltraria na casa. Daniel
permaneceria dentro do carro, aguardando orientações, enquanto mais policiais estavam de
prontidão nas proximidades. Queríamos garantir que tudo fosse feito com calma.
Observamos que Alexandre havia saído da casa em direção ao seu carro, retornando com
malas e bolsas em mãos. Parou, conversou com o segurança, e foi naquele momento que
conseguimos ver Henrique entrar furtivamente pela porta dos fundos, passando despercebido.

Ana

Tomei um susto quando vi Henrique entrando pela porta dos fundos, mas felizmente,
controlei meu impulso de gritar. Ele se aproximou e sussurrou que eu deveria entrar no banheiro
e ligar o chuveiro, fechando a porta ao sair, para seguir seu plano. Estava apavorada, mas sabia
que era minha única chance.
Com extrema cautela, seguimos para fora da casa, com Henrique me conduzindo
cuidadosamente, sempre atento a qualquer movimento suspeito. Foram momentos de tensão, mas
eu sentia que estava a salvo.
Finalmente, chegamos ao local onde Cadu e Rita estavam me esperando. Foi um alívio vê-
los. Eu só conseguia chorar. Cadu me deu um breve beijo na testa e me encaminhou para o carro
onde Daniel já estava esperando. Rita e Henrique entraram no carro, e pude ouvir Henrique pelo
rádio comunicador dando instruções.
— Pode invadir, ela está a salvo. Quando tudo terminar, me avisem. Só peguem os
pertences dela e levem para a delegacia. Nos encontramos lá. E muito obrigado pelo apoio.
Assim que voltamos para a estrada, continuei chorando copiosamente. Eu não sabia o que
dizer. Cadu me abraçava e beijava, e era um turbilhão de emoções.
— Ana, você está segura agora, meu amor. Estou aqui por você e não vou permitir que
nada aconteça. Vamos levá-la para um lugar seguro. Tudo ficará bem, tanto com você quanto
com nosso filho.
— Então você já s...sabe? — consegui dizer entre soluços.
— Sei, meu amor. Eu achei a caixa debaixo da cama. Eu sei que era uma surpresa, mas foi
necessário mexer nas suas coisas para te encontrar. Fiquei com tanto medo de te perder, de
perder nosso filho, medo daquele filho da puta te machucar. — Ele me encheu de beijos e me
olhou, verificando se eu estava ferida. — Como você está? Ele te machucou? Ele encostou em
você?
— Não, não chegou a me tocar. Eu consegui enrolá-lo o máximo possível.
— Você foi tão corajosa, planejou tudo e não me falou nada. — Ele estava chorando e
sofrendo. — Eu tive tanto medo por você.
— Eu tive medo por você também, por nós.
— Nunca mais me esconda nada, viu? Eu te amo, e agora ainda mais, por causa do nosso
filho. Eu te amo, eu te amo, eu te amo.
— Preciso ir à clínica do Dr. Roberto. Tinha um ultrassom marcado para hoje. É
importante ver como está nosso bebê. Ele tinha recomendado repouso, e não sei se todo esse
estresse pode afetar nosso filho.
— Vamos para lá agora, e depois resolveremos qualquer pendência.
— Tudo bem, eu ia sugerir mesmo que passássemos em um médico para examinar Ana
antes de irmos à delegacia. Você vai precisar depor sobre tudo, Ana. Faremos de tudo para que
ele seja preso e nunca mais te importune. — Henrique disse.
Capítulo 30 - Cadu

Foi um momento de muita tensão, mas sentimos alívio por termos conseguido tirar Ana de
lá sem recorrer à violência. No entanto, eu teria feito o que fosse necessário para proteger as
minhas preciosidades que estavam naquela casa.
Ana teve que passar por alguns check-ups, conforme Henrique orientou. Apesar de ela ter
afirmado que Alexandre não a tocou, é procedimento padrão realizar exames e ouvir os relatos
dela.
Caminhamos juntos em direção à sala de ultrassom. Meu coração estava repleto de
ansiedade e emoção. Sabíamos que esse momento seria especial e significativo para nós como
casal.
Ao entrar na sala, o médico nos recebeu calorosamente e explicou o procedimento que
seria realizado. Ana se deitou na maca, e eu permaneci ao seu lado, segurando sua mão com
ternura. O médico preparou o equipamento, e logo o som suave do ultrassom ecoou pela sala.
Foi quando o médico direcionou o aparelho entre as pernas de Ana, explicando que, como
o bebê ainda era muito pequeno, o correto era fazer uma ultrassonografia endovaginal. Eu não
queria ver aquilo, só queria saber se estava tudo bem, então mantive o foco na Ana. As primeiras
imagens do bebê apareceram no monitor, e prendemos a respiração, nossas emoções
transbordando à medida que lágrimas de felicidade enchiam nossos olhos.
Então, o som mágico encheu a sala. O coraçãozinho do bebê batia forte, uma melodia
encantadora que preencheu o ambiente. Ana não conseguiu conter as lágrimas, uma mistura de
alegria, gratidão e amor inundou meu ser. Segurei seu rosto delicadamente, beijando suas
lágrimas com carinho.
— Nosso bebê, — sussurrei com voz embargada de emoção. — Nós criamos uma vida
juntos, Ana. Eu não poderia estar mais feliz e grato por tudo o que passamos e por este momento.
Ana me olhou profundamente nos olhos, seu coração transbordando de amor.
— Cadu, você é meu porto seguro, meu companheiro de vida. Eu amo você mais do que as
palavras podem expressar. Obrigada por estar ao meu lado e por ser o pai do nosso bebê.
O médico sorriu para nós dois, compartilhando sua própria alegria.
— Parabéns, vocês estão com sete semanas de gestação. O bebê está saudável e se
desenvolvendo conforme o esperado. Vocês estão fazendo tudo certo. No entanto, lembrem-se de
manter um estilo de vida saudável e de realizar os exames de pré-natal regularmente. Mesmo
com o susto que passaram, o bebê está bem. Podem ficar tranquilos.
Nos abraçamos, agradecendo ao médico pelas palavras encorajadoras. Sabíamos que havia
um longo caminho pela frente, repleto de emoções e desafios, estávamos determinados a
enfrentar tudo juntos, com amor e dedicação.
Naquele momento, o som do coração do bebê ainda ecoava em nossos ouvidos, enchendo-
nos de esperança e renovando nossa conexão como casal. Era o início de uma nova jornada,
cheia de amor, felicidade e o presente mais puro e precioso que poderíamos receber: nosso bebê.
Terminamos a consulta e nos dirigimos à delegacia, onde prestamos nossos depoimentos.
Em seguida, voltamos para casa. Eu queria cuidar de Ana e aproveitar ao máximo nosso tempo
juntos.
Tiramos o resto da semana de folga para resolver questões burocráticas relacionadas ao
que Alexandre nos fez. Graças à inteligência de Ana, não perdemos nossos dados, por ela ter
contado com a ajuda de Rita e Henrique para cuidar de tudo sem que ninguém soubesse. A nova
empresa já estava trabalhando na recuperação dos arquivos. A babá, também foi detida de forma
tranquila e sem traumatizar minhas sobrinhas e minha irmã, já que ela só deixou Carolina na
porta da empresa e se dirigiu para casa dos meus pais. Clara ficou chocada com tudo o que
aconteceu, custou a entender quando no mesmo momento que adentrou o portão, policiais já
estavam chegando junto para acompanhar e saber se estava tudo bem com todos eles.
No estado em que Alexandre foi pego, dava para ver total descontrole, um ato impensado
por parte dele que nos deu a vitória daquela situação e todas estavam à salvo.
Daniel ficou responsável por tudo e estava se saindo muito bem, especialmente com Rita
ao seu lado. Ela havia adotado nosso ritmo de trabalho e não parava nunca.

Dois meses depois...

A sala do tribunal estava carregada de expectativa enquanto a audiência de Alexandre se


desenrolava. Ana e eu estávamos sentados lado a lado, nossas mãos entrelaçadas em busca de
conforto mútuo. A justiça estava prestes a ser feita.
O juiz, com sua expressão séria, ouviu atentamente nossos depoimentos, assim como as
evidências apresentadas. O clima na sala estava tenso, todos aguardavam ansiosamente a decisão
final.
Após considerar todos os fatos e argumentos apresentados, o juiz tomou a palavra. Sua voz
ecoou pela sala enquanto anunciava a sentença para Alexandre.
— João Alexandre Carvalho, diante das evidências apresentadas e das consequências de
seus atos, esta corte considera que você é culpado por seus crimes. Suas ações causaram danos
significativos a Ana Rodrigues, Carlos Eduardo Bianchi e à empresa Bianchi S/A.
O juiz fez uma breve pausa, olhando diretamente para Alexandre, cuja expressão
demonstrava uma mistura de arrogância e apreensão.
— Com base nos crimes cometidos, bem como nas circunstâncias agravantes, esta corte
determina que você será condenado a cumprir pena de reclusão na cidade de Pouso Alegre, sua
cidade natal, pelo período de dez anos. Além disso, você será obrigado a ressarcir integralmente
os danos causados à empresa Bianchi S/A, Ana Rodrigues e Carlos Eduardo Bianchi, conforme
avaliado por especialistas. Além de Alexandre, Carolina também recebeu sua pena, descobrimos
com a investigação que ele havia colocado os dados dela no banco de dados da agência de
babás.
Ao ouvir a sentença, Ana sentiu um misto de alívio e satisfação. Eu apertei sua mão com
firmeza, orgulhoso da coragem que ambos tivemos ao enfrentar a situação e buscar justiça.
Enquanto Alexandre era escoltado para fora da sala do tribunal, nos levantamos, sentindo
um peso sendo retirado de nossos ombros. A batalha havia sido vencida, e agora poderíamos
seguir em frente, reconstruindo nossas vidas e nos concentrando em um futuro mais brilhante.
A sensação de justiça sendo feita trouxe um sorriso de esperança ao rosto de Ana.
Sabíamos que ainda enfrentaríamos desafios pela frente, mas agora tínhamos a certeza de que
estávamos no caminho certo.
Juntos, deixamos a sala do tribunal, prontos para deixar o passado para trás e construir um
futuro baseado no amor, na confiança e na superação. A sentença de Alexandre não era apenas
uma punição merecida, mas também um passo em direção à cura e à reconstrução de nossas
vidas, principalmente para Ana.
Capítulo 31 - Ana

Os meses foram passando, e minha barriga começou a despontar. Minha relação com Clara
melhorou muito, principalmente depois que entendeu tudo o que passei e por ter aceitado ir com
Alexandre para proteger suas filhas, mesmo que o motivo delas estarem em perigo fosse minha.
Cadu me pediu em casamento um mês após tudo o que passamos. Foi emocionante. Fomos ao
mesmo restaurante medieval italiano dos chalés "La Belle". Estavam presentes Rita e Daniel.
Não sei se choraria tanto quanto chorei se não estivesse grávida, sei que chorei horrores. Estou
uma manteiga derretida.
Descobrimos que nosso bebê seria um menino e resolvemos contar para nossos familiares
e amigos no dia do nosso casamento.
A decoração do local transbordava romance, com flores delicadas em tons suaves e velas
espalhadas suavemente pelo ambiente. Havia um clima de serenidade no ar. Os convidados,
vestidos elegantemente, estavam sentados, ansiosos para presenciar aquele momento único em
nossas vidas.
Antes da cerimônia, em um local tranquilo e repleto de significado, tive um encontro
emocionante com meu pai. Ele me esperava com um sorriso orgulhoso no rosto, os olhos
marejados de felicidade ao me ver prestes a embarcar em uma nova jornada.
Nos abraçamos calorosamente, sentindo o amor e a conexão que sempre nos uniram. As
palavras pareceram desnecessárias, pois o olhar já expressava tudo o que precisávamos dizer. Em
um momento de silêncio, ele me encarou, e eu quebrei o momento com uma voz suave.
— Pai, estou tão feliz em vê-lo aqui hoje. Você sempre foi meu exemplo de amor, força e
sabedoria. Sempre me apoiou em todas as minhas escolhas, mesmo quando elas pareciam
incertas. Sua presença aqui é a maior bênção que eu poderia receber.
As lágrimas escorreram pelos olhos do meu pai, que segurou minhas mãos com carinho,
respondendo com uma voz embargada.
— Minha querida filha, ver você se tornar essa mulher forte e amorosa me enche de
orgulho. Desde o dia em que você nasceu, soube que você era especial, e agora vejo que
encontrei a resposta para as minhas preces em Cadu. Ele é o homem certo para você, e eu confio
em seu amor e cuidado.
Sorri, emocionada com as palavras do meu pai. Eu me senti amada, protegida e apoiada em
cada passo da minha jornada. Segurei suas mãos com firmeza e continuei.
— Pai, obrigada por me ensinar a importância do amor verdadeiro, do respeito e da
lealdade. Sei que você sempre estará ao meu lado, mesmo quando as circunstâncias nos
separarem fisicamente. Sua bênção é o maior presente que eu poderia receber neste dia especial.
Meu pai me abraçou novamente, e, com uma voz embargada, ele respondeu.
— Minha amada filha, eu a abençoo de todo o coração. Que sua jornada ao lado de Cadu
seja repleta de amor, harmonia e superação. Vocês merecem toda a felicidade do mundo, e eu
estarei sempre aqui, torcendo por vocês e guiando-os com minhas orações.
Em meio às lágrimas e sorrisos, meu pai e eu compartilhamos desse momento de conexão
profunda, selando com um beijo no rosto todo o amor e gratidão que sentimos um pelo outro.
E assim, com o apoio e as bênçãos dele, seguimos em direção ao meu casamento, com o
coração cheio de amor e a certeza de que estava seguindo o caminho certo.
Estava me sentindo deslumbrante no vestido que possuía um corpete justo e delicado,
revelando minha barriga de sete meses. Ele foi confeccionado em renda francesa com detalhes
em pérolas e bordados à mão. Meus ombros eram suavemente cobertos por mangas de renda
transparente, que se estendiam até os pulsos, criando um efeito etéreo.
A cintura era marcada por um fino cinto de cetim, adornado com um discreto laço nas
costas. A saia do vestido era ampla, com várias camadas de tule macio que se moviam
suavemente a cada passo que eu dava. Cada camada era delicadamente trabalhada para criar um
efeito de volume leve e romântico.
A parte de trás do vestido era um dos seus destaques mais encantadores. O corpete rendado
era intercalado com delicados botões de pérola, que se estendiam da nuca até a cintura. A renda
se fundia perfeitamente com o tule, criando uma aparência elegante e sedutora.
Para complementar o vestido, usava um véu longo e fluido, também adornado com renda e
bordados à mão. Ele caía suavemente pelos ombros e se estendia até o chão, conferindo um
toque de mistério e romance à minha aparência.
Nos pés, calçava sapatos de noiva de cetim, com delicados detalhes em renda e pérolas,
garantindo conforto e elegância a cada passo que dava em direção ao altar.
Cadu
Vamos nos entregar ao amor esta noite
Levantar para tocar a luz das estrelas
E iremos saborear cada segundo
Que estivermos suspensos juntos
Você e eu iremos
Você e eu iremos
Você e eu iremos

Love Someone de Jason Mraz começou a tocar suavemente quando Ana adentrou pelo
corredor, radiante em seu vestido de noiva. Seu olhar estava fixo em mim, que a esperava com
um sorriso apaixonado no rosto. Cada passo que ela dava estava repleto de emoção e significado,
refletindo a jornada que percorremos juntos até aquele momento especial.
O vestido de noiva dela era uma verdadeira obra-prima da alta costura. Feito sob medida
para realçar sua beleza e elegância, era uma mistura perfeita de sofisticação, romantismo e
moldava perfeitamente as curvas que a gestação lhe trouxe.
Estendi a mão para minha noiva quando chegou ao altar, e nos olhamos transbordando de
amor e gratidão. O celebrante, com uma voz suave e emocionada, começou a cerimônia,
compartilhando palavras de amor e compromisso.
Quando chegou o momento dos votos, Ana segurou minha mão com carinho. Em meio aos
suspiros e lágrimas de felicidade da plateia, ela começou a falar, sob a melodia baixinha de
Mariana Aguiar, Seremos Um.

Onde encontrarei palavras


Pra expressar tão grande amor?
E eu me sinto tão amada
Pois Deus me deu você

— Querido Cadu, hoje é o dia em que nossas almas se unem para sempre, e meu coração
transborda de gratidão por tê-lo ao meu lado. Desde o momento em que nossos caminhos se
cruzaram, minha vida ganhou um novo sentido, uma nova cor. Você é meu porto seguro, meu
apoio incondicional e minha fonte constante de amor e felicidade.
As lágrimas escorreram por nossos rostos enquanto ela continuava, sua voz repleta de
emoção.
— Prometo amar você com todo o meu ser, em todos os dias das nossas vidas juntos.
Prometo ser sua companheira, sua confidente e seu apoio nos momentos de alegria e nos desafios
que a vida nos trará. Prometo cuidar de você, valorizá-lo e inspirá-lo, assim como você faz
comigo. Com você, sinto-me completa, amada e em paz.
A plateia estava completamente envolvida naquele momento de pura emoção. As lágrimas
rolavam livremente pelos rostos dos amigos e familiares, tocados pela sinceridade e pelo amor
expressos nas palavras de Ana.
Segurei a mão de Ana com carinho, olhando-a profundamente nos olhos, e, com a voz
embargada, comecei a compartilhar meus próprios votos de amor e compromisso. O ar ficou
ainda mais carregado de emoção, e os corações de todos ali presentes se encheram de alegria e
esperança. A escolha da minha música foi True Colors.

E eu vejo suas cores verdadeiras


Brilhando por dentro
Eu vejo suas cores verdadeiras
E é por isso que eu te amo
Então não tenha medo de deixá-las aparecerem
Suas cores verdadeiras
Cores verdadeiras são lindas
Como um arco-íris

— Querida Ana, hoje, diante de todos os nossos familiares e amigos, quero expressar o
amor que sinto por você e fazer meus votos de compromisso para o resto de nossas vidas
juntos. Desde o momento em que te conheci, minha vida ganhou um novo sentido. Você trouxe
luz, alegria, cor e amor para cada momento que compartilhamos. Você é minha companheira,
minha melhor amiga e a pessoa que escolhi para estar ao meu lado em todas as alegrias e
desafios da vida. Você é a força que me motiva a ser a melhor versão de mim mesmo. Sua
gentileza, inteligência e bondade são uma inspiração constante para mim. Ao seu lado, me sinto
completo e realizado. Juntos, enfrentaremos qualquer obstáculo, celebraremos cada conquista e
construiremos uma vida cheia de felicidade e harmonia. Prometo amar, respeitar e honrar você
em todos os momentos de nossa vida juntos. Prometo apoiar seus sonhos e aspirações, e ser seu
porto seguro nos momentos de tempestade. Estou comprometido em cultivar um amor que seja
forte, paciente e duradouro. Prometo ser o marido que você merece, dedicando meu tempo e
energia para construir um lar cheio de amor, paz e compreensão. Quero ser o seu parceiro, seu
confidente e seu melhor amigo. Estarei ao seu lado em cada alegria, tristeza e conquista que a
vida nos trouxer. Você foi aquela pessoa que me fez compreender que a matemática não é a
resposta para tudo na vida. Foi você quem me ensinou a enxergar além do óbvio e a aceitar que o
amor não pode simplesmente ser reduzido a números e fórmulas. Ele vai muito além disso,
ultrapassando nossos limites e nos conectando em um nível mais profundo.
Naquele momento tirando risadas emocionadas de muitos que sabiam de como eu era,
quanto ao amor.
— Hoje, neste dia especial, compartilho meus votos de amor eterno a você, Ana. Que
nossa jornada seja repleta de risos, abraços apertados, cumplicidade e paixão. Que possamos
construir uma vida cheia de felicidade, amor e realizações juntos. Eu te amo além das palavras, e
sou profundamente grato por ter você ao meu lado. Que este seja o primeiro capítulo de uma
história de amor que durará para sempre. Com todo o meu coração, Cadu.
E assim, em meio a sorrisos, lágrimas e aplausos calorosos, trocamos nossos votos de amor
eterno, selando nosso compromisso diante de todos. Nos beijamos apaixonadamente, celebrando
não apenas a união de duas almas, mas também a promessa de uma vida de amor e felicidade
juntos.
Após os votos, Ana pediu a palavra e começou a compartilhar a notícia sobre nosso bebê.
— Hoje, além de celebrar nossa união, decidimos dividir com todos um pouco sobre nosso
bebê. Sabemos que muitos estão curiosos para saber se teremos uma menina ou um menino, e até
mesmo algumas apostas foram feitas. Já nos perguntaram sobre os nomes, caso seja uma menina
ou um menino, então hoje revelamos que estamos à espera – fez uma pausa dramática — de um
MENINOOOOOO! — ela gritou, e uma celebração geral tomou conta de nossos convidados.
E ela continuou:
— Além disso, escolhemos o nome do nosso precioso bebê: Miguel. Meu coração se enche
de amor e gratidão. — Ela estava ao meu lado, olhando nos meus olhos, enquanto começava a
contar a história por trás desse nome tão especial.
— Sabe, Cadu, desde o momento em que descobrimos que seríamos pais, começamos a
buscar um nome com um significado profundo para nós. Queríamos um nome que transmitisse
força, proteção e amor, algo que expressasse o quanto esse pequeno ser que está crescendo
dentro de mim é uma bênção em nossas vidas.
Respirei fundo, sentindo as emoções fluírem enquanto ela continuava a compartilhar
nossos sentimentos mais profundos.
— E então, durante nossas pesquisas, nos deparamos com o nome Miguel, que ressoou
instantaneamente em nossos corações. Miguel, que significa 'quem é como Deus', é um nome
que simboliza a presença de um anjo protetor, um guardião que nos guiará e protegerá em todas
as fases da vida.
Olhou para a barriga, acariciando carinhosamente o lugar onde Miguel estava se
desenvolvendo.
— Querido, o nome Miguel carrega tantos significados para nós. Ele representa a força e a
coragem que desejamos que nosso filho tenha para enfrentar os desafios do mundo. Representa a
proteção divina que sempre desejamos que ele tenha em sua jornada. E, acima de tudo,
representa o amor incondicional que sentimos por ele, mesmo antes de conhecê-lo pessoalmente.
Uma lágrima de felicidade escorreu pelo meu rosto, enquanto ela segurava minha mão,
emocionada com suas palavras.
— Saber que nosso pequeno Miguel carregará consigo esse nome, essa história de
significado tão profundo, enche nossos corações de alegria e gratidão. Ele é a personificação do
amor que compartilhamos, do vínculo que nos une. E tenho certeza de que Miguel iluminará
nossas vidas e trará ainda mais felicidade à nossa família.
Nos abraçamos, sentindo a conexão que existia entre nós e nosso pequeno Miguel. Naquele
momento, sabemos que estamos preparados para enfrentar todas as alegrias e desafios que a
paternidade trará.
E assim, compartilhamos o nome Miguel com todos aqueles que nos rodeiam, sabendo que
ele representa um capítulo importante em nossa história de amor. Estamos ansiosos para
conhecer nosso filho, abraçá-lo e encher sua vida com todo o amor e proteção que podemos
oferecer.
Miguel, nosso anjo protetor, estamos prontos para recebê-lo de braços abertos. Que sua
jornada seja repleta de felicidade, saúde e amor.
EPÍLOGO

Ana

Enquanto a porta do nosso quarto de hotel se abria, senti o calor suave e aconchegante nos
envolver. Cadu me segurou com gentileza e carinho, como se eu fosse a coisa mais preciosa do
mundo. Seu toque era firme e suave ao mesmo tempo, transmitindo um amor profundo e uma
promessa de entrega.
Ele cruzou o limiar do quarto comigo em seus braços, dando um passo com o pé direito,
um gesto simbólico de boa sorte para começarmos nossa noite especial juntos. A atmosfera era
envolvente, com luzes suaves e música romântica preenchendo o ambiente. A cama estava
adornada com pétalas de rosas, criando um cenário romântico e sensual.
Com cuidado, Cadu me colocou na cama, nossos olhos se encontrando cheios de amor e
desejo. Ele acariciou meu rosto com ternura, como se estivesse memorizando cada detalhe.
Nossas mãos se entrelaçaram, em um gesto de conexão e cumplicidade.
A noite estava repleta de promessas, de explorar cada parte um do outro, não apenas
fisicamente, mas também emocionalmente. As palavras se perdiam no olhar intenso e no toque
suave da pele. Nosso amor transbordava, preenchendo o quarto com uma energia vibrante.
Passamos horas conversando, rindo e nos perdendo nas profundezas do nosso amor. Nosso
amor se entrelaçava com beijos apaixonados, abraços apertados e carícias gentis. Cada toque era
uma expressão de amor e desejo, uma linguagem silenciosa que só nós dois compreendíamos.
Cadu me olhava com amor e desejo, retirou meu vestido. Cada botão era um beijo suave no
ombro, pescoço, enquanto o tecido caiu ao meus pés e ficou vidrado quando visualizou minha
lingerie especial para aquela noite, um conjunto de renda branca com detalhes em strass na
borda, incluindo uma cinta-liga.
— Assim você me mata antes de te amar.
— Eu te amo. Eu sou só sua e sempre serei.
Me acariciou e beijou, aproveitando cada peça de renda, apertando por cima do tecido e
mantendo-me firme junto ao seu corpo. Ele passou a mão pela minha nuca, beijando-me com
fervor, desceu uma mão pelo meu corpo, também beijando-o devagar, parando na barriga que
estava bem redonda. Dando mais atenção ali.
— Oi, meu filho, eu te amo muito. Muito obrigada por cuidar da mamãe.
E voltou a me beijar até chegar em meus pés, retirando a meia-calça da liga, continuando
os beijos. Subiu pelo meio das minhas pernas, beijando, lambendo e mordendo, até chegar em
minha intimidade que já estava ansiosa por isso. Minha calcinha já estava encharcada.
— Tão gostosa, tão minha.
Cheirou minha boceta e afastou a calcinha para o lado, massageando meu clitóris e me
chupando em seguida. Me contorci, agarrando o lençol e gemendo em delírio. Ele infiltrou sua
língua dentro de mim e meteu dois dedos, fazendo movimentos com as pontas, o que me fez
gemer ainda mais alto. Subiu em cima de mim com cuidado, sem parar de me penetrar com os
dedos e massagear meu ponto de prazer.
Ele me beijou com desejo.
— Ah, Cadu, eu vou gozar.
Em um impulso, ele retirou os dedos, substituindo-os por seu pau gostoso, metendo forte
sem perder o ritmo dentro de mim. Comecei a gozar.
— Vem, meu amor, lambuza meu caralho todo com seu prazer. Goza pra mim, vai.
Ele não deu trégua, meteu firme e forte a cada estocada, não me dando tempo para
recuperar do orgasmo. Me virou de quatro e continuou investindo profundamente, acompanhado
de tapas estalados na minha bunda, o que só me fazia rebolar mais intensamente contra seu pau.
Finalmente, chegamos ao orgasmo juntos.
A noite se transformou em uma sinfonia de corpos entrelaçados e almas conectadas.
Exploramos os limites do prazer e da intimidade, mergulhando em um oceano de sensações e
emoções. Cada momento era uma dança de entrega e confiança, um encontro profundo como
uma união sagrada.
No silêncio da noite, nossos corpos encontraram descanso nos braços um do outro. Os
batimentos cardíacos se acalmaram, mas a chama do amor continuou a queimar intensamente
dentro de nós. Adormecemos abraçados, sabendo que o amanhecer traria novas aventuras e a
promessa de um amor que só se fortaleceria com o tempo.
Aquela noite de amor foi o início de uma jornada conjunta, marcada por intimidade,
respeito e uma conexão profunda. Cada momento compartilhado nos uniu ainda mais,
solidificando nosso compromisso e construindo um amor que seria eterno.
Escolhemos a Itália para nossa viagem de lua de mel. Enquanto caminhávamos de mãos
dadas pela praia, eu sentia a areia fina e macia sob meus pés, enquanto o sol da Toscana brilhava
intensamente no céu azul. O som das ondas quebrando suavemente e a brisa do mar acariciando
nossos rostos criavam um cenário perfeito para nossa lua de mel.
A praia era um verdadeiro paraíso, com suas águas cristalinas que variavam entre tons de
azul e verde. A areia branca se estendia por quilômetros, convidando-nos a deitar e aproveitar o
sol quente do Mediterrâneo.
Nosso quarto de hotel era um refúgio de tranquilidade e luxo, com vistas deslumbrantes
para o mar. As cortinas brancas balançavam suavemente com a brisa, e o som das gaivotas
ecoava ao longe. Cada detalhe foi cuidadosamente pensado para criar um ambiente romântico e
acolhedor.
Nossos dias eram preenchidos com aventuras e relaxamento. Exploramos praias
paradisíacas, nadamos em enseadas secretas e descobrimos pequenas ilhas próximas. À tarde,
aproveitamos o sol e o mar, mergulhando nas águas cristalinas e descansando sob guarda-sóis
coloridos.
À noite, desfrutávamos de jantares à beira-mar, imersos na deliciosa culinária italiana e
acompanhados pelos ricos sabores dos vinhos locais. Sentia o carinho de Cadu ao lembrar-se
sempre de solicitar vinho sem álcool, considerando minha gravidez. O suave som da música ao
vivo nos envolvia, enquanto contemplávamos o pôr do sol sobre o mar. Cada refeição tornava-se
uma celebração dos sabores regionais, desde os frutos do mar frescos até as massas artesanais,
com o cuidado necessário para garantir uma experiência gastronômica segura para a futura
mamãe.
Em nossos momentos mais íntimos, caminhávamos observando as estrelas cintilantes no
céu noturno. Trocávamos juras de amor sob o luar, prometendo estar ao lado um do outro em
todas as aventuras que a vida nos reservava.
A lua de mel na Toscana era um sonho tornado realidade, um tempo para nos conectar
ainda mais, mergulhar em novas experiências e construir memórias que durariam para sempre.
Cada momento compartilhado naquelas praias paradisíacas nos lembrava da sorte de termos
encontrado um ao outro e de estarmos começando nossa jornada como marido e mulher.
E assim, enquanto nossa lua de mel chegava ao fim, levamos conosco o brilho do sol, o
som das ondas e a sensação de amor e felicidade que envolveram cada momento. Sabíamos que a
Toscana sempre teria um lugar especial em nossos corações, como o destino onde celebramos o
início de nossa vida juntos.
Nosso amor florescia a cada dia, e os desafios que enfrentamos no passado se tornaram
apenas lembranças distantes. Juntos, aprendemos a confiar e a se apoiar, descobrindo que nossa
conexão era mais profunda do que jamais imaginávamos.
Cadu, o CEO determinado e racional, encontrou em mim a força para enfrentar os desafios
da vida além da matemática. Eu, Ana, a garota insegura que percebeu que o amor poderia ocupar
novamente meu coração.
Agora, compartilhávamos um futuro juntos, onde os sonhos se entrelaçavam e os projetos
profissionais e pessoais caminhavam lado a lado. Aprendemos que o equilíbrio entre o trabalho e
o amor era essencial para sermos verdadeiramente felizes.
Os meses se passaram, e nossa relação se fortaleceu ainda mais. Os desafios continuavam a
surgir, mas enfrentávamos cada um deles juntos, com coragem e compreensão mútua. Afinal, o
amor nos deu uma nova perspectiva, ensinando-nos que o verdadeiro sucesso estava na
capacidade de amar e ser amado.
E assim, a história do CEO e da publicitária que pareciam tão distintos, mas que
encontraram em suas diferenças a complementaridade perfeita, ganhou novos capítulos. Nossa
jornada de crescimento pessoal e profissional continuava, e, a cada página virada, tínhamos a
certeza de que o destino nos uniu para sermos a melhor versão um do outro.
Ao olharmos para trás, somos gratos por todas as reviravoltas e obstáculos que
enfrentamos, pois foi exatamente aquela trajetória que nos trouxe até aqui. Estávamos destinados
a nos encontrarmos, a vencer nossos medos e a abraçar a felicidade que sempre esteve ao nosso
alcance.
E assim, com o amor como guia, construímos uma vida juntos, cheia de realizações,
sorrisos compartilhados e amor incondicional. E que essa história inspire outros a acreditarem
em novos começos e, acima de tudo, na força transformadora do amor. Pois, para nós, o destino
nos concedeu uma chance de sermos felizes, e não poderíamos desejar nada além disso.
FIM
Agradecimentos

Ufa, cheguei até o final dessa história que tanto tocou meu coração de formas
inimagináveis, Ana veio com seu jeitinho meigo e pediu para que eu escrevesse essa história, ela
que me mostrou tantas coisas que seriam possíveis, Cadu me desafiou muito a construir um
homem apaixonado, bem, eu tenho um exemplo em casa, rsrsrs.
Tenho que agradecer a esse casal maravilhoso, bem clichê de dois apaixonados que querem
viver o que estão sentindo, mas nada disso seria possível se eu não ultrapassasse meus medos e
limites.
Nunca fui uma pessoa apaixonada pela escrita como muitas autoras, sempre fui aquela que
ama ler e entrar nas histórias, até cogitei em vender essa história ou dá-la de presente, aí que
entra meus agradecimentos especiais àquelas pessoas que me incentivaram a publicar essa
história.
Primeiro, quero agradecer a Deus por me sustentar até aqui, sem Ele eu nada seria, por
cuidar de mim em cada momento de aflição, só Ele sabe o real motivo de todos os meus surtos e
noites sem dormir, foi dai que nasceu Ana e Cadu, das noites insones que nem ler era o suficiente
para me acalmar, Deus me enviou esse casal para manter minha mente sã e ocupada o máximo
para não surtar e me manter firme no dia seguinte.
Agradeço a minha boneca, inspiradora, cúmplice, amiga, irmã, por me entender mesmo eu
sendo essa pessoa totalmente louca, Michelle Passos, obrigada por ser tudo o que sempre foi para
mim em toda nossa vida, não sei o que seria de mim sem você nesse mundo. Te desejo tudo o
que há de melhor nessa vida. Gratidão.
A minha família, meu esposo Wagner que surtou comigo muitas vezes pelos meus atos de
hiperfoco e acabava me esquecendo de outras atividades, eu te amo muito, mesmo não sabendo
me expressar, sei que sou um ogro às vezes, rsrsrs.
Às minhas filhas, Myllena e Mellyssa, dedico todo meu amor, enfrento todos os dias por
vocês meus amores, eu escalo montanhas se for preciso, mesmo não tendo nenhum preparo
físico, rsrsrs, eu faço.
À pessoa que mais me incentiva nessa vida, minha mãe Fátima, esse livro surgiu das
muitas noites em que estava pensando em você, Deus sabe o quanto foi doloroso tudo que
passamos, a vitória é nossa mãe.
Ao meu pai, por ser quem ele é para mim, meu Rey, rsrsrs literalmente Luiz Rey, aquele
que sempre me tratou como um bebê e sua princesa, eu te amo de formas inexplicáveis.
Ao meu irmão, Douglas Costa, que indiretamente me ajuda, me tolera quando surto com
ele por diversos motivos, com razão ou não, no fundo a gente se entende.
A minha beta Cris Carmone, que sofreu com meus textos cheios de manias e escritas
doidas dos meus pensamentos malucos. Gratidão.
As minhas amizades por esse universo que entrei, em especial Gabi Amorim, autora que
não ficamos um dia sem nos falar, são surtos diários tanto de um lado quanto do outro.Além de
ter tirado um tempo em meio ao seu planejamento do próximo lançamento para dar uma betada
também em Ana e Cadu. Obrigada por tudo e sabe que desejo de todo coração que tenha muito
sucesso. Letícia Ribas, parceira de trabalho que me incentivou a publicar o livro, sucesso. Aos
grupos de leitoras que participo e a todas as autoras que amo demais.
E a você leitora que embarcou nessa história comigo, espero de coração que tenha gostado,
se gostou deixa uma avaliação e um comentário sobre esse casal, se não gostou, tudo bem,
entendo que nem toda história entra em todos os corações.
Grande Abraço.
Sobre a autora

Joyce Queiroz, nascida em Contagem, Minas Gerais, no ano de 1986. Minha jornada
acadêmica me levou à formação em administração, mas minha verdadeira paixão reside na
matemática, design e artes, áreas que preenchem meus dias de maneiras fascinantes.
Sou uma leitora compulsiva, com uma queda especial por livros clichês, embora não hesite
em explorar outras leituras para descobrir novas autoras e estilos. Além disso, meu coração bate
mais forte por filmes e séries, especialmente aquelas produções turcas que me envolvem a ponto
de não querer parar.
Na vida pessoal, sou mãe de duas meninas lindas e carrego um anjo no coração. Minha
vida é enriquecida pelo amor de meu esposo, um homem verdadeiramente apaixonado, e pelas
lições valiosas de meus pais, formado por um casal extraordinário.
Profissionalmente, trilhei muitos anos no setor público e, desde 2011, co-administro uma
empresa de festas ao lado de meu esposo. Minha jornada é um equilíbrio entre o profissional e o
pessoal, refletindo minha capacidade de prosperar em diferentes aspectos da vida.
Redes Sociais

@joycequeiroz.autora
Recomendação
Livros mencionados nesta obra
Quando Toquei o Céu de Michelle Passos
A Herdeira Secreta do Milionário de Alice Walter

[1]
Vinícola Montanari de Campos Dourados: Vinícola fictícia do livro “Quando Toquei o Céu”
da autora Michelle Passos, link no final do livro.
[2]
Gutierrez Securyt é a empresa fictícia de Jhonatan Gutierrez, do livro “A Herdeira Secreta do
Milionário” de Alice Walter, link ao final do livro.

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