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Cop y rig h t ©2022 A lessa A b lle

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estabelecido pela lei nº 9.610/98 e previsto pelo artigo 184 do código Penal
Brasileiro.

Título: DEVER & ORGULHO – ATO II


Imagens da capa: Depositphotos.com
Ilustração da capa e Diagramação: Alessa Ablle.
Revisão: Ana Rodriguez.
Série: Honrados No Sangue; 5

1. Romance | 2. Ficção | 3. Crime Internacional | 4. Erótico | 5. Suspense

Texto fixado conforme as regras do Acordo Ortográfico da Língua


Portuguesa (Decreto Legislativo n° 54, de 1995).
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos que
aqui serão descritos, são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança
com a realidade é mera coincidência.
NÃO COMEÇE ESSE SEM LER ESTE!
É NECESSÁRIO LER #EPE
SINOPSE

Se soubessem que aceitar a união deles, seria


a queda de uma coroa, com certeza teria um
velório, não um casamento marcado.
Eles são duas forças da natureza que colidiram e
aprenderam a conquistar o espaço que cada um precisa ter
numa união forjada para duas famílias da máfia terem
“paz”.
Mas não é isso que acontece.
O lema desse casamento deveria ser como os dos
Homens Feitos da máfia: “Entro vivo e, se preciso for, saio
morto.” Pois algo muito mais poderoso que a honra e o
dever vêm deles, o orgulho.
Amândio D’Ângelo aceitou o casamento arranjado
com Marinne Lozartan pensando no presente, nas
relações entre a Darkness e a Lawless, mas ele não pensou
que ela iria tirar suas correntes. Que seria ela o estopim para
ele conseguir o que tanto desejava há anos, que seria a
mulher que dormiria ao seu lado a trazer finalmente todo o
poder da sua Famiglia em suas mãos, mesmo que ele tivesse
que cometer a maior das traições da máfia.
Ele jurou com seu sangue que a Darkness sempre viria
em primeiro lugar.
Isso antes dela.
Nota da Autora

NÃO LEIA ANTES DO ATO I

meus anjos lindos...


SÓ QUERIA DIZER QUE VOCÊS MERECEM O MUNDO E
EU FALHEI, MAS JAMAIS FOI POR FALTA DE AMOR OU
RESPEITO A CADA UM DE VOCÊS.
Eu queria ter uma vida mais tranquila. Uma família
não tão cheia de problemas. E só um pouquinho de sorte.

Mas garanto que esse livro entrega muito mais


do que um casal na máfia. Ele é sobre crescer,
aprender com os erros, redenção e amor.

Obrigada Por Tudo!


JURO COM MEU SANGUE, QUE NUNCA MAIS
FAREI O QUE FIZ COM A ESPERA DESSE LIVRO.

Obrigada por estarem do meu lado principalmente


nos momentos difíceis e na minha crise de ansiedade. Eu
estou LUTANDO demais com ela para continuar com vocês.
Não se sintam mal por mim, eu não gostaria de fazê-los se
sentirem assim está.
Eu gosto da cobrança, da alegria de vocês quando
perguntam dos livros, dos próximos lançamentos. Isso me
motiva, só espero de todo coração que entendam que as
vezes eu não dou conta, por mais que eu TENTE COM TODAS
AS FORÇAS DAR CONTA.
AMO DO FUNDO DO CORAÇÃO VOCÊS <3
TODOS VOCÊS!!!
Uma boa leitura!
Amo vocês e sejam sempre abençoados!

Ah... se acharem que eu exagerei no hot, só reclamar


no final hahaha... E saibam que minhas orações ficarão em
dias depois que eu terminar de escrever os livros de Greta e
Santino, porque eles são paleio duro com Amândio e
Marinne.
OBSERVAÇÃO:
Esse recadinho aqui é meio bobo, mas não custa nada
porque eu sei que pode acontecer confusões na cabeça de
vocês.
Como alguns sabem o livro se passa em 2015 e
algumas coisas não existiam nessa época e existem agora,
porém criando uma conectividade com a atualidade, preferir
usar músicas, filmes e até mesmo “Alexa”.

Além disso, qualquer erro no livro, sintam-se à


vontade para printar e mandar no ZAP ou no INSTAGRAM.
Vocês irão me ajudar, pois SIM,EU MANDO REVISAR, mas
erros passam infelizmente.
Vamos deixar claro que não compactuo com nenhuma
das atitudes ilegais dos personagens. Não sou favorável a
nenhuma perversidade, maldade, brutalidade ou covardia.
Este é um livro de ficção baseado em estudos sobre a máfia
italiana e usando o bom senso da licença poética, minha
criatividade, para criar os cenários e acontecimentos. Não
tentem abolir nenhuma atrocidade aqui para o romântico ou
“defensável”. É um livro. Na vida real é errado.

É sobre a MÁFIA sim! USO O PLANO DE FUNDO DA


MÁFIA ITALIANA DE FORMA TÉCNICA e ESTRATÉGICA ÀS
VEZES, MAS É UM ROMANCE! Temos as maldades, tretas,
regras e tradições, porém o forte é o nosso mocinho (anti-
herói) se apaixonar pela mocinha (guerreira), e vice-versa.
CONTÉM GATILHOS!
Esse livro contém algumas
cenas de violência, como:
amputação de membros,
sangue, cenas sensíveis,
assassinato, aborto e palavras
dolorosas, que geram gatilhos.
Se você for uma pessoa
sensível, não leia.
O aviso está dado. ;)
A HISTÓRIA DO CAPO DE LAS VEGAS, TRAVIS
LOZARTAN E MADELEINE BELUZZO.
DOMINADOS TEM OS DOIS PRIMEIROS + UMA
NOVELETA EXCLUSIVA.

XEQUE-MATE É A HISTÓRIA DO CONSIGLIERE DE


TRAVIS.
Curta a playlist que fiz no Spotify para me
ajudar a escrever o livro.

Não é porque alguém tropeça
uma vez, que está perdida para
sempre.

Charles Xavier – Dr. Estranho 2


Sumário
SINOPSE
Nota da Autora
1
2
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VEM AÍ
Glossário
“É uma cobra que envolve meu braço
para eu nunca esquecer que existem pessoas
sem honra que seduzem e enrolam o adversário
para depois lançar seu veneno.
Antes que me ataque, eu os vejo
comendo suas próprias cabeças e rabos.
Antes do vilão se torna vilão,
ele se disfarça de mocinho.”
1

Colen não ficou tranquilo quando eu disse que

precisava subir sozinha para o apartamento de Amândio,


mas eu o assegurei que meu noivo nunca iria me machucar.

Ele quis saber o porquê, mas não pude dizer.


Ah, droga. Eu não estou pronta para contar para
Colen, na verdade para ninguém, sobre o que fizemos

naquele quarto em Las Vegas há quatro meses. Foi errado.


Quebramos as regras.

Talvez no sábado eu diga para Madeleine. Ela é a

única que eu confio em confessar que me entreguei a


Amândio antes do casamento, que não vai me castigar. Ou

eu possa correr o risco de ficar viúva e ver uma guerra

estourar.
Respirando profundamente, eu tento me acalmar na

certeza que dei a Colen, que Amândio nunca me

machucaria e o porquê vale a pena vir até aqui hoje.

Eu tenho total confiança de que Amândio não deixou

de me querer ou que ele quer mesmo cancelar o casamento.


E depois do que Travis disse na segunda-feira, com tanta

certeza, que pode ser um plano de Giovanni, minha

confiança se ascendeu mais ainda.

Por isso passei a terça-feira conseguindo tudo que

precisava para vir até aqui hoje. Eu falei com Mario, que me
deu o número de Matteo e me deixou envergonhada por

saber de tudo. Colen arrumou contatos que precisava para

achar Amândio e hoje, numa quarta nublada e triste, entrei

no avião confiante de que meu noivo é meu.

Por isso estou no escuro, dentro do apartamento de

um homem que mata homens e mulheres, na sua cidade,

meu território inimigo e confiando que vai ficar tudo bem.


Meu estômago dá um nó e um aperto estranho,

parece comprimir meu coração quando escuto as portas do

elevador privado se abrir.


— Caramba — resmungo baixinho. Morrendo de

ansiedade e medo.

No escuro, vejo Amândio caminhar para perto com

passos lentos. Eu tenho certeza que ele sente minha

presença. Seguro a respiração vendo-o sacar uma arma e se

espreitar na parede do lobby da casa, que logo acaba. Não


tem muitas paredes por aqui.

A casa dele é escura e como um grande loft, não tem

paredes e as escadas são de vidro. Sala aberta com a

cozinha, ampla e com janelas panorâmicas enormes, que

ele me enxergaria pela luz do luar antes de acender as

luzes, se as cortinas pretas estivessem abertas.

Eu gostaria de ficar em silêncio e dar um susto nele

quando conseguisse me enxergar totalmente, mas como

tudo está escuro e minha irritação é grande demais, dou um

passo e digo com a voz sem humor:


— Isso é para mim?

De repente uma claridade me atinge e preciso piscar

rápido para me acostumar com as luzes do ambiente. E não

estou preparada enfim ver Amândio com a feição cruel,


vestido de jaqueta de couro, calça social e uma arma

prateada apontada para mim, que logo é baixada.

Respiro fundo vendo-o dos pés a cabeça, todo de


preto, sangue nos dedos e seja lá o que aconteceu,

respingou sangue no canto do seu rosto. Os cabelos

cresceram um pouco e parecem mais escuros, assim como

seu rosto mais sombrio.

Por que sem a barba ele fica mais intimidador?!


O frio na minha barriga aumenta quando seus olhos

focam no meu pescoço. O colar.

Eu fiz de propósito escolhendo o vestido branco de

algodão simples, que fica solto no meu corpo da cintura

para baixo e sem o sobretudo – que deixei jogado no sofá

atrás de mim –, dá para ver que estou sem sutiã e coloquei o

colar de rubi.

Eu não sei o que essa joia tem, mas Amândio ficou

alucinado quando me viu usando no meu aniversário de

dezoito anos. Na verdade, desde que me deu esse rubi com

diamantes, ele pareceu obcecado.

Não tirando os olhos dos meus, pergunta friamente:


— O que você quer aqui?
Aprumo a postura para não demonstrar que me senti

ofendida com sua pergunta. Ele não vai ganhar esse jogo.

Sorrio com ironia e dou um passo à frente.

— É assim que você fala com a... Como é mesmo que

você disse? — Arregalo os olhos, debochando. — Ah! Você é

minha — cuspo as palavras querendo que ele sinta que


estou com raiva.

Os olhos dele brilham selvageria e eu devolvo com

meu desprezo.

— Já esqueceu que eu sou sua?


Jogo a carta de posse que eu sei que será o fim ou a

certeza de que ele me tem como sua ainda.

Sem ele perceber, me deu esse poder e eu fui criada

por um homem que tentava me controlar com joguinhos,

que a partir dos meus doze anos, eu já sabia compreender

muito bem Travis e o que ele queria ganhar. Eu sempre fui

obediente, mas nunca deixei de me beneficiar nos jogos

dele. Até porque, o que ele queria era me manter forte e

segura.

O blefe perfeito aprendi com Colen, mesmo que

aprender a enganar e mentir não seja meu forte. Como digo


sempre para Dario – que me treinou na luta e nos tiros

desde os meus dezesseis – é que eu sei atirar muito bem,

mas mentir não.

— Nunca.

O triunfo maior não é sua resposta e sim quando ele

guardar a arma. Baixou a guarda totalmente.

Meu Deus.
Se soubessem como ele fica mexido comigo. Não vou

negar, eu também fico mexida com ele... É por isso que

talvez o Giovanni, e acho que o avô dele, querem nos

separar. O que Travis falou faz muito sentido agora.

“No fundo, acho que você vai dar muita força para o
Amândio e talvez é isso que alguns tenham medo.”
“Amândio já é uma máquina assassina e cruel. Tão
inteligente e maquiavélico desde novo.”
“Amândio é usado por Giovanni por suas fraquezas. O
pai o contém para não se tornar perigoso para ele também.
Amândio detesta o Luca e diz que é o meu cachorro raivoso,
que eu preciso deixá-lo na coleira, mas ele não percebe que
também tem uma. E eu acho que você vai soltá-lo dela com
o tempo e Giovanni não quer isso.”

Engulo em seco e retruco, testando se é da vontade

dele o término do noivado.

— Não é isso que parece Amândio, porque quando a

gente recebe uma mensagem dizendo que quer cancelar

um compromisso, parece que não existe mais vínculo.


Seu olhar frio e distante me analisa. Ele enrijece a

mandíbula. Estamos fazendo a mesma coisa. Duelando


sobre o que o outro quer nessa noite.

— Eu não cancelei o casamento.


— Você cancelou o quê? — Esbravejo e sem sua

resposta, caminho até ele. Bato e empurro seu peito. —


Como você pode simplesmente mandar uma mensagem

para o Travis dizendo que acabou?


— Eu não disse que acabou. Disse que cancelei o

casamento.
— O nosso casamento! — Dou um berro cheia de ódio.
— Marinne...
— Não! — Detenho-o de falar e espero que enxergue
em meu olhar o meu desespero e raiva. Merda. Mil vezes

merda, por eu sentir que ele é meu tanto quanto ele me faz
sentir que sou dele. — Não pode ser! Você é meu.

— Marinne... — Ele me toca nos ombros.


Meu corpo se arrepia e eu mordo os lábios, aperto as

mãos na sua jaqueta, falando teimosa e enraivecida:


— Você não compreende o que eu sinto com você. Eu
sou livre com você. Eu sou apenas eu.

Ele fica em silêncio, encarando-me. Continua


querendo analisar minha mente, minhas palavras e ações.

Tudo bem, eu entendo. Até porque metade do que sou aqui


é manipulação, mas não são ações vazias. Estou

manipulando-o porque não vou perder essa aposta.


— Isso é verdade?

— Como assim?
— Eu sei que você se sente livre comigo, acho que

depois do que a gente teve, é natural, mas...


Meu sangue sobe e eu engulo em seco, com ódio.

— Você quer dizer depois que você tirou minha


virgindade, passou a noite comigo, invadiu meu quarto e
depois você me fez gozar na sua mão na mesa do jantar e
fez a mesma coisa no piano. Depois que você me possuiu

como sua. É isso que a gente teve?


— Sim, porra. Eu te fodi.

Abro a boca em espanto, minha indignação se


transformando em ira total, e dou um tapa no seu rosto com

toda a força. Sua cabeça chega a virar. Com certeza ele não
estava esperando por isso.

E eu não estou pronta para ser agarrada brutalmente.


Amândio aperta meu pulso, da mão que acertou seu rosto, e

meu pescoço, arrasta-me para a parede de uma das


pilastras da sala e quase rosna ao dizer:

— Nunca mais faça isso.


Meu coração bate forte, meus olhos estão

estranhamente abertos e lacrimejando pelo susto. Os olhos


dele perfuram-me de um jeito animalesco. Meu Deus. Todos
os Homens de Honra são monstros, homens assassinos e eu

não deveria testar um como Amândio.


— Não bata na minha cara, Marinne.

— Me-me desculpe — sussurro assentindo.


Ele dá um aceno conciso, me solta e dá dois passos

para trás.
Eu tento me controlar, parar de tremer. Eu devo estar

louca em bater na cara de um homem com a reputação de


Amândio. Não somos casados ainda e mesmo que tenha um

vínculo forte entre nós dois de posse, ele pode


simplesmente dar fim a minha vida apertando meu pescoço
até eu parar de respirar.

Não há nada que o impeça na sua casa, na sua cidade,


em matar uma mulher membro de outra Famiglia. Não tem

nada que me dê a garantia de que ele não vai me machucar.


Não existe nada que nos prenda a vida. E ele não perderia

nada e poderia me acusar de ter invadido Nova York e sua


casa, e me mataria com essa desculpa.

Merda, Marinne. O que você tem na cabeça.


Tirando meus olhos das suas mãos, dentro dos bolsos,

fito seu rosto.


Sinto um bolo na garganta, mas me controlo. Todo

mundo espera que as mulheres chorem e esperam nossa


fraqueza. Eu cresci chorando de ódio e no único momento

que desabei, foi para encontrar a saída do inferno, e eu era


uma menina de quatorze anos caída naquela sala quando

pegaram Dario. Hoje, eu sou uma mulher e preciso


continuar com o plano. Focar no que eu vim fazer aqui e no

que eu sei que é meu, e ele não quer.


— O que você vai fazer? — Deixo minha voz

vulnerável.
— Sobre?

— Nós — digo incerta. — Travis não quer esperar.


— Como?

Suspiro e coloco a segunda carta na mesa.


É uma meia verdade. Travis está mesmo conversando

com seus Underboss e Paolo, para assumir a melhor posição


se houver um conflito com a Darkness. Sobre um novo noivo

para mim, não duvido que demorará a procurar muito


tempo.
— Ele está tentando se proteger. Falando com alguns

homens de confiança e procurando um Underboss para eu


me casar no sábado. Porque... — pauso com medo de ter

perdido Amândio depois do tapa. Respiro fundo e contínuo:


— Porque tem que ter o casamento sábado e... O que vai ser
de mim quando descobrirem que não sou mais virgem?
Você fez de propósito?

Se eu pareço humilde e fraca, dessa vez não é


mentira. Não quero acreditar que aquela noite foi por pura
malícia. Um joguinho de manipulação para enfraquecer a

Lawless através de mim. Me fazendo trair minha Famiglia.


Não pode ter sido por isso. Eu adorei aquela noite. O

amor não existe, tudo bem, mas... eu queria que ele e eu


fossemos mais do que um acordo.

— Você não vai se casar com ninguém a não ser


comigo.

Tiro meus olhos do chão e assinto. Meu coração


apertado e batendo devagar. Quando ele toca meu rosto, eu

renuncio meu lado Lozartan, porque não sei explicar.


Eu só me sinto dele, sinto-o meu, quando me toca.

— Não é para você esse joguinho.


O alívio tranquiliza meus batimentos.

— Eu confiei em você — confesso. — Você me tomou


para si e depois escolheu seu pai em vez de mim.

Ele balança a cabeça que não.


— Meu pai queria deixar o seu irmão com raiva, então
a minha ideia foi...

— Me usar? — Digo brava e encaro-o ameaçando: —


Você não vai acabar esse casamento antes de começar e eu

sei que o Mario sabe.


— O que o Mario sabe?

Ele tenta tocar meu ombro, mas me afasto dessa vez.


— Não me toca, por favor.

Não fica satisfeito, mas faz o que eu peço.


— O Mario sabe que você entrou no meu quarto e que

você ficou comigo durante a noite toda. Ele que me deu a


informação de onde te encontrar e eu descobri que durante

esses quatro anos, você tem pagado ele para me vigiar. No


caso, ele é um traidor do meu irmão. — Respiro fundo
encarando-o de cara feia. — Estou querendo dizer que ele
sabe que você tirou minha virgindade e eu sei que o Matteo

sabe também. Então, se você não se casar comigo,


Amândio, meus irmãos vão entrar em Nova York e será o fim.
Ele não esboça reação, mas eu sei que sabe o que
pode acontecer.
— Eu não vou poder fazer nada por você. — Mesmo
que só o pensamento dele morrer, me deixe com um

desconforto terrível no peito, preciso ameaçá-lo. — Ele vai


matar o seu pai, você e seus irmãos. Eu aposto que ele
consegue acabar com Nova York. Vão matar o seu braço
direito, o esquerdo. — Rio porque estou enfurecida por ter
chegado a esse ponto. — Você não pode brincar comigo e

achar que vai acabar assim, porque eu confiei em você.


— E eu em você.
— Mas eu não sou a pessoa que está fazendo
joguinhos agora — cuspo as palavras com repulsa. — Mesmo

que seja o seu pai, você tinha que ter falado comigo pelo
menos. Me dado um sinal de que não era você.
Na frieza de sempre, ele chega perto e toca meu
ombro e rosto.

— Nunca passou pela minha cabeça não me casar


com você. Eu ia falar hoje com Travis que sábado está de pé.
— Não me trate como um negócio.
Ele me oferece seu sorriso torcido e assente.

— Não. Você realmente não é meu negócio, Marinne.


— A mão dele suavemente chega na minha nuca e mesmo
que eu queira ele longe de mim, deixo que me beije. — Você
é minha garantia.

Toco seu peito e o encaro sem entender.


— De que?
— Muitas coisas.
Eu abro a boca para questionar, mas recebo seu

agarre na minha cintura, seu corpo sobre o meu e sua boca


bate nos meus lábios, sua língua encontra a minha com
destreza, que me deixa insana. Chupo sua língua e
necessito tocar seu corpo, senti-lo tão quente e forte. E

gemo quando ele faz minha cabeça ficar mais para cima e
intensifica o beijo.
Enquanto ele me devora, eu só consigo pensar no que
Travis disse com o que ele acabou de deixar escapar.
Eu sou a garantia dele ser livre do pai. Garantia de ele

ser mais forte.


— Sim, você é minha — de repente diz enquanto me
beija.
Sorrio e dou um beijo estalado na sua boca, molhada

do nosso beijo. Eu toco seu rosto, onde bati e murmuro:


— Saiba que você me pertence também e terá que

provar que me merece.


Os olhos dele ficam brilhantes de fúria e excitação.
— Apenas peça, principessa.
Eu não esperava ele dizer essas palavras para mim,
afinal, ele só as pronuncia quando está prestes a me fazer

gozar.
A única coisa que eu penso agora e que ele poderia
me devorar. Posso ter chegado aqui com a impressão de que
estou me rebaixando, que estou deixando ele fazer o que

quiser comigo, mas é nitidamente ao contrário. Amândio me


respeita e acredito que eu tenho, nem que seja um pouco,
de poder sobre ele.
Encosto meus lábios na sua boca, segurando sua

nuca, puxando-o para mim. Fazendo seu corpo alto e forte


se curvar, me cobrir. O seu calor atravessa o meu vestido
quando suas mãos passam por minhas costas e desce até a
bunda. Eu gostaria de não estar vestida.

Ele suga meus lábios, mordendo e voluntariamente


deixo escapar um gemido. Entregando-me ao seu beijo, não
tenho forças para me afastar dele, mas eu sei que é errado

ceder tão voluntariamente a ele.


E merda, Colen está me esperando. Então empurro
seu peito e solto a respiração ofegante.
— Não vim aqui para isso — digo com a voz afoita. —

Eu ainda estou com raiva de você.


Ele dá seu sorriso de lado, deixando-me e tira a
jaqueta de couro, jogando no outro sofá de L da sala. E meu
cérebro fica em alerta vendo-o de camiseta preta, o coldre

preso no seu corpo, os braços musculosos e a bendita


tatuagem de cobra envolvendo seu braço esquerdo, que me
deixa com tesão. Está parecendo um garoto rebelde, que é
muito mau, desse jeito.
Me dando as costas, vai até a sua cozinha.

— Você não veio sozinha — fala sobre os ombros.


— Colen está me esperando — respondo ainda no
mesmo lugar e olho para todos os cantos, mas sem prestar
muita atenção na sua casa. Eu preciso ir e por isso olho meu

sobretudo. — Eu acho que já devo ir.


Vou pegar meu sobretudo, ficando de costas para ele
e quando estou me vestindo, indo para as portas do
elevador, ele surge do meu lado.

— Fica mais um pouco.


Meu coração acelera com seu pedido.
— O quê?
Ele não responde, só fica me encarando.

— O que eu tinha para conversar hoje, já conversei,


Amândio.
— Tem certeza?
Engulo em seco e tento passar para ele, mas ele fica

na minha frente. Então eu dou um passo para o lado e ele


faz o mesmo. Suspirando, paro e ergo a postura, duelando
com seu olhar.
— O que você vai fazer? Não vai deixar eu sair?

— Você está fugindo. É diferente.


— E se eu estiver?
Bruscamente, Amândio me agarra, colocando as mãos
nas minhas costas, uma delas bem em cima da minha

bunda, fazendo meu corpo envergar para trás.


— Não fuja, principessa — diz com a boca perto da
minha. — Essa cidade é minha e vou saber onde você está.
— Acha que manda em mim assim como você manda
nessa cidade?
Suas mãos apertam a carne da minha cintura.
— Você é minha e não deveria fugir do que é seu.

Um sorriso brota lentamente na minha boca e dou


uma risadinha. Engolindo em seco, deixo minhas mãos nos
seus braços. Ele é tão forte e quente. Adoro sua pele, seu
calor. Toco até o seu queixo, meus olhos seguindo cada

movimento e então passo os dedos na sua boca, finalmente


encontrando seus olhos prateados.
— Meu — sussurro.
Amândio engole com força e seus olhos me deixam
com as pernas bambas, mas mais ainda suas mãos tentando

tirar o sobretudo de mim.


— Eu não posso ficar — gemo e mordo o lábio inferior
— Por que não?
A voz dele rouca, é uma tentação.

— Eu ainda estou com raiva de você.


Ele sorri com o olhar com tantas promessas.
— Você fica linda zangada.
Quando puxa meu corpo, agarrando minhas coxas
para abrir minhas pernas, me faz abraçar seu corpo ao colar-
me na parede.
Gemo sentindo seu corpo pressionando o meu. Deixo

meus braços ficarem sobre seus ombros e minhas mãos nos


seus cabelos. Eu mordo a boca pela onda de desejo que me
bate conforme ele me olha.
— Eu não me importo com a sua raiva — diz

apertando minha carne e fazendo meu corpo pular,


encaixando ainda mais em cima dele.
— Mas eu me importo.
— Até que ponto?

— O quê?
Amândio, não responde, ele me pega no colo e me
leva para a sala.
— Você não vai sair daqui sem eu provar o quanto

você é minha. Até nós fazermos as pazes.


Gemo e deslizo as mãos em seus ombros. Ah foda-se.
Quem eu quero enganar dizendo que não estou louca para
senti-lo dentro de mim.
Minhas costas pousam no sofá e eu sorrio vendo
pairando sobre mim. Ele faz questão de ficar no meio das
minhas pernas, onde tem uma das mãos segurando a

direita, e a outra mão desliza pela minha barriga e sobe,


passando o indicador no meu mamilo duro.
— Você sempre me quer.
Sinto suas palavras no meu clitóris. Como uma onda
elétrica e puxo sua camisa. Ele beija minha boca dando uma

mordida.
— Sábado é depois da manhã, mas — sua voz está
rouca — eu não sei por que... Mas eu preciso... — Ele parece
que está com fome.

— O que você quer? — Sussurro provocando-o.


Meu Deus. Parece que seus olhos são de chumbo.
Intensos e escuros, profundamente famintos quando fala
com a voz mais rouca e selvagem. Ele parece que saiu dos

livros que eu leio. Amândio é eroticamente tentador e


gostoso.
— Eu quero você. — Me beija na boca. — Você pelada
nesse sofá, toda aberta e derretendo-se pelas pernas para
mim. Quero chupar sua boceta doce até você implorar pelo
meu pau bem fundo dentro de você.
Eu também.
Respiro pelo nariz, tentando não parecer uma
desesperada para ele fazer exatamente tudo isso comigo.
No entanto, não controlo meu gemido. Estou louca de
desejo.

Se ele pode abrir mão do seu autocontrole e sua


capacidade de fingir que não é afetado por mim, eu
também posso. E eu o quero.
Não consigo resistir e me agarro a Amândio. Ele faz o

mesmo, escorregando as mãos por debaixo do meu vestido,


tocando minha bunda, apertando. Resmungo quando se
afasta, mas entendo o que ele quer quando pede:
— Fica de pé.

Eu faço o que ele pede, vendo-o todo poderoso


sentado no sofá me admirando.
Mordo meu lábio e tiro meu sobretudo lentamente, e
sorrio porque ele olha para os meus seios, meus mamilos
furando o tecido do vestido.
— Tira esse vestido, Marinne — ordena com pressa.
Eu encho meus pulmões de ar, sentindo-me toda
sensível e sem protesto tiro meu vestido pela cabeça, e não

estou preparada – nem em mil vidas – para o seu olhar


quando me vê apenas de calcinha. Ah, a calcinha.
Estou com a calcinha que ele me deu de presente no
meu aniversário de dezoito anos.
— Você sempre me surpreende.

— Por que diz isso? — Finjo inocência.


Sua boca se curva para o lado, seu olhar safado.
— Você fez de propósito? Tinha imaginado que
terminaria assim na minha frente hoje?

Suspiro e balanço a cabeça devagar, erguendo um dos


ombros, fazendo charme.
— Eu só queria ser confiante — digo em voz baixa,
sedutora, — e queria lembrar de tudo que você já me deu. —

Toco minha barriga e vou subindo para os meus seios até


passar as pontas dos dedos no pingente de coração de rubi
e nos diamantes. Movo meu corpo como estivesse dançando
sensualmente. — Não quero que você esqueça.

As narinas dele se abrem quando respira fundo e eu


sinto um frio na barriga quando fica de pé e me agarra.
— Eu nunca esqueço nada que tem a ver com você,
principessa.
Eu abro a boca, para conseguir respirar, e ele
aproveita para capturar minha boca num beijo molhado,
intenso e gostoso. Eu gemo nos seus braços, amando como
meus peitos sensíveis raspam nele.

De olhos fechados e ainda beijando-o, deslizo minhas


mãos para a bainha da sua camisa e a arranco dele.
Também preciso dele sem camisa. Todo forte, quente e
suado. Me afasto e suspiro vendo seu peitoral.

Porra. Eu senti falta do corpo dele. Minhas mãos


acariciam cada detalhe do seu peito, as cicatrizes, as
tatuagens, os gominhos do seu abdômen definido. E pelos
céus, eu sou louca pela tatuagem de cobra dele. Meus dedos

vão como imã, contornando cada detalhe dela; da cabeça


que pousa na sua clavícula até o rabo que termina um
pouco acima da sua mão, que está agarrando meu pescoço,
conduzindo minha boca para a sua.
— Minha — ele rosna me beijando.

Eu concordo abraçando seu pescoço, forçando meus


peitos a se esfregarem na sua pele, e solto um gemido
quando ele aperta meu pescoço pela nuca, nossas bocas

batendo uma na outra num beijo enfurecido.


Paciência é a única coisa que eu recomendaria a
Amândio a comprar. Se vendesse, é claro.
Soltando sons de puro prazer, eu me jogo no seu beijo
e quase perco as forças das pernas quando sua mão vem

para frente, segurando do jeito dele, meu pescoço. Eu


deveria odiar quando ele faz isso, é bruto e um pouco
demais, mas a verdade é que eu adoro quando ele “meio
que me enforca”.

Sou só gemido e tesão, quando ele para de me beijar


e se afasta. Vejo-o sorrindo com malícia.
— Você gosta que eu te agarre o pescoço.
— U-hum — gemo concordando mesmo que não

tenha sido uma pergunta. — Eu gosto.


Amândio me dá um beijo estalado na boca, chegando
a machucar.
— Você gosta que eu te maltrate?

— Não — respondo e afago seu peitoral. — Eu gosto


que você não me trate como uma porcelana.
Ele sorri de lado e me dá um tapa forte na bunda.
Merda. Isso me deixa carente, desejando que faça de
novo. E ele faz, me dá outro tapa e eu solto um gemido alto
e ridículo. Estou tão safada.
Seguro seu queixo atrevidamente e digo:
— Você que merece ser punido.

— Mas é você que quer que eu te dê umas palmadas.


— Sim — respondo gemendo. — Eu quero.

— Quanto?

Mordo a boca.
— O quanto você quiser.

Dou uma risada surpresa quando Amândio me vira de

costas e me dá um tapa forte na bunda.


— Tira essa calcinha de costas para mim e arrebita

bem essa bunda. Quero conseguir ver sua boceta.


Ui!

Sinto minha excitação grudar na calcinha de tão

molhada que estou.


Confiante, eu faço o que ele pede e de propósito

desço minhas mãos, mantendo os joelhos retos e minha


bunda fica na frente dele. Vou assim até estar com a

calcinha passando pelos meus pés.


— Porra — ele rosna, dá um tapa em mim e sou

derrubada no sofá com surpresa.

Preciso me apoiar rápido para não cair de cara e estou


de joelhos, e não espero a palmada bem na minha boceta.

— Agarra esse sofá, principessa.


— O que você vai fazer? — Tento olhar para ele atrás

de mim.

Ele não responde apenas afaga com dois dedos os


lábios da minha boceta, depois abre para pegar minha

excitação, que estou envergonhada por estar tão molhada


pelos tapas que ele me deu, e desliza pelos lábios, abrindo.

Fecho os olhos e mordo a boca com força.

— Porra! — Resmungo um gemido.


Amândio chega o corpo para mais perto, obrigando-

me a abrir mais as pernas. Viro a cabeça e o pego colocando

os dedos dentro da boca.


— Mm... salgadinha e deliciosa.

Minhas bochechas esquentam e assisto de boca


aberta quando leva os mesmos dedos para acariciar meu

clitóris e mete outro no meu núcleo.


— Oh... porra — falo deixando a cabeça pender para
frente. Fechando os olhos e deixando a boca aberta,

babando porque estou grogue.

Com o dedão, ele pressiona meu clitóris, apertando e


massageando, e com os dois dedos me fode, enfiando e

tirando rápido.

— Vai, amor, goza para mim — ele fala no meu ouvido.


Assinto e ele puxa meu cabelo para o meu rosto

levantar e ele poder me beijar.


Seus dedos me fodem e a outra mão bate na minha

bunda, puxa meu cabelo ou passa a mão aberta nas minhas

costas.
Sou conduzida a uma corrente de intenso prazer, que

me faz gozar mordendo o sofá. E nem tenho tempo de me


recuperar. Amândio me vira e me beija. Preciso respirar

fundo pelo nariz enquanto ele me devora.

Quando estou recuperando as forças, ele sorri para


mim e eu vou logo arrancando sua calça, a cueca. Ele ajuda

tirando os sapatos com os pés. E eu o empurro no sofá.

— Você quer isso? — ele diz com a mão no seu pau,


punhetando vagarosamente, enorme e duro. Melando ainda
mais a ponta de pré-gozo.

Eu lambo os beiços com vontade de colocá-lo na boca

– um desejo um tanto estranho. E claro que Amândio


percebe. Mas não deixo que seja o único com vantagens

essa noite.
Atrevida, coloco meu pé em cima do seu joelho.

— Tira minha sandália, por favor — peço deixando

minha voz meiga.


Ele sorri e obedece, abrindo a tira da sandália.

— Eu gosto de ver você assim — comenta encarando-

me.
— Como se eu fosse uma majestade. Você olhando-me

de baixo?
Amândio não responde, apenas olha enigmático.

Ele dá um tapinha no meu pé, para eu tirar de cima

dele, e pede o outro. E faz calmamente a tarefa de remover


a sandália, e dessa vez não pede para eu tirar de cima. Ele

corre as pontas dos dedos pela minha panturrilha até as

coxas. O rosto chegando bem perto da minha virilha.


— Gosto de ver você brilhando — responde finalmente

à pergunta passando dois dedos no meu sexo, que eu


assisto ficarem realmente brilhantes

Sou derrubada no sofá quando ele abraça meu corpo


num movimento rápido.

— Ah! — Grito surpresa. — Amândio...


Ele agarra minha bunda com as duas mãos, meu

corpo responde no automático ondulando a pélvis para

cima. Abro mais as pernas e ele me dá um beijo molhado na


boca antes de descer o corpo e sua cabeça desaparecer

entre minhas coxas. Eu sinto sua língua áspera na minha

parte sedosa.
— Oh... meu... Deus — gemo segurando com força o

encosto e o acento do sofá. — Isso! — Grito sentindo sua


língua entrar em mim.

Eu realmente senti falta disso.

Como?
Conforme ele fica mais animalesco, suas chupadas no

meu clitóris intensas, sinto-me absurdamente quente e grito


quando ele morde a pontinha. Seus ombros obrigam minhas

pernas a se abrirem mais e sem controle, sedenta para

sentir seu pau dentro de mim, eu aperto meus seios. Tão


macios, quentes e pesados, e gozo.
Gozo gostoso, sentindo minhas pernas como

gelatinas. O ar doloroso entrando em meus pulmões e

minha boceta arde de um jeito que eu preciso da boca dele


de novo.

Minha respiração parece demais por conta do forte

desejo que me incendeia por dentro.


Estou sem forças e abro os olhos quando noto uma

cosquinha no meu rosto. Amândio roça o nariz na minha


têmpora e se afasta, os olhos azuis de volta me fitam ainda

famintos.

— Ainda está zangada comigo?


Faço meus dedos percorrerem por seus braços

musculosos e suados, e toco seu rosto com as duas mãos.

— Nada mudou, mas... — Abro as pernas e me esfrego


nele, que pelo ângulo minha boceta só alcança suas bolas.

Eu não preciso verbalizar o que eu quero.


Amândio se acomoda entre minhas coxas, agarrando

e empurrando uma delas. Olhando dentro dos meus olhos,

guia o seu pau para a entrada da minha boceta.


— Porra... você está... — Ele fecha os olhos arfando e

completa deslizando para dentro de mim: — Está como um


mel. Molhada e quente. Puta que pariu, Marinne. Você é tão

macia.
Eu aquiesço no automático porque ainda é doloroso

senti-lo entrando em mim.

Ele tem seu pau na mão e o retira, esfrega a cabeça


na minha entrada, me acariciando. Eu fecho os olhos

suspirando e jogo a cabeça para trás quando me invade


completamente, me abrindo toda. Penetrando de-li-ci-o-sa-

men-te vagaroso.

— Ah... Amândio... — Solto um gemido delirante.


— Você é tão apertada — murmura no meu ouvido. —

E minha.
Abro um sorriso entorpecido, mexendo meu ombro e

concordo.

— Sim, sua.
Isso faz ele estocar para dentro de uma vez só. Me

tremo toda, os olhos lagrimejando. Amândio congela em

cima de mim. Ele é enorme e é doloroso senti-lo no fundo,


tocando-me em partes de extrema sensibilidade.

— Meu Deus — balbucio quase sem voz.


— Fui muito duro? — ele pergunta.
Não era para ser engraçado, mas eu rio e ele também.
E meu coração acelera estranhamente dentro do peito por

ele ser cada vez mais suave comigo. Mais aberto.


Ganho um beijo rápido nos lábios.

— Doeu?

Balanço a cabeça que sim, suspirando e sussurro sem


fôlego:

— Só foi um susto. Está tudo bem, Amândio

— Ótimo — ele diz parecendo aliviado. Como


precisasse de mim, assim como eu preciso dele.

E com a aprovação que precisava para me comer


como essa noite promete, noto seus ombros relaxarem e

sem eu estar pronta, Amândio nos levanta, fazendo-me

sentar no seu colo, e nesse ângulo seu pau enorme me faz


quase chorar de novo. É doloroso suportá-lo nesse ângulo

mais ainda.

— Porra. Uau... — Solto o ar pela boca, me agarro a


ele, os braços jogados nos seus ombros e respirando com

dificuldade.
Suas mãos, firmemente me segurando pela cintura,

me aprisionando no seu colo. Amândio orienta meu corpo a


subir e descer no seu pau duro e grosso. Estou sensível

demais e sinto cada pedacinho dele dentro de mim. Essa


posição faz com que eu me abra e o aceite todo dentro de

mim.

É incrível? É. Mas doloroso também.


— Isso, principessa. Me cavalga. Não para.

— SIM! — Concordo assentindo três vezes.


Enlouquecida no momento.

Adoro seu corpo mais quente e o suor começando a

escorrer por nós dois. Trocamos fluidos corporais e nos


beijamos aflitos, bocas abertas e línguas lambendo lábios e

dentes. Chupando minha língua, ele engole meus gemidos.

Suas mãos escorregam por minhas costas e sou


guiada para frente, para o alto. Entro em combustão quando

suga meus mamilos, ele mama meus seios.


— Ah... Amândiooo... — Eu gemo, continuando a

cavalgá-lo e arranho seus ombros.

Quero arranhá-lo.
Quero devorá-lo.

Quero todo para mim.

Quero beijá-lo.
Sentando firme no seu colo, fazendo seu pau ir até o
fundo, puxo sua cabeça com as duas mãos e o beijo como

dependesse disso. As mãos dele massageando minhas

costas tão lento e gostoso. Beijando-o gemo dentro da sua


boca e quase gozo quando ele desce as mãos e enchem com

minhas nádegas, me fazendo mover o corpo guiado por ele.


— Sua boceta é incrível — diz na minha boca. — Estou

viciado.

Assinto e sorrio, gemendo e movendo meu corpo


rápido, meus peitos balançam e ele segura com as duas

mãos. Eu rebolo no seu colo olhando-o nos olhos.

— Você está como sonhei.


Mordo a boca e espero que conclua o raciocínio.

— No meu colo com essa boceta maravilhosa e


apertada engolindo meu pau, os peitos sacudindo e apenas

— toca meu pescoço e passa vagarosamente a ponta dos

dedos no rubi — usando o meu colar.


— Meu colar.

— Ele sempre será meu na minha mulher — murmura


antes de me agarrar pela nuca e beijar minha boca

animalesco.
Porra!
Eu adoro isso. Eu adoro ele dentro de mim. Adoro esse

poder que ele tem sobre mim. Como é forte e perfeito. É


uma sensação tão gostosa.

Se eu soubesse que transar era tão bom...


É isso. Talvez seja por isso que não querem que as

meninas saibam, porque com certeza esperar até o

casamento é longe demais.


Mas, claro, algumas não tem a sorte que eu tenho. Um

homem lindo, gostoso, que gosta de me fazer gozar


alucinadamente e é óbvio que gosta de transar. Amândio me

deixou viciada nele também. No seu toque, no seu cheiro, no

seu pau e na língua.


Abro a boca, respirando com dificuldade e me afasto,

e apenas o encaro. Ele parece perder o controle e me

segurando, estoca para cima com força. Fazemos barulho:


suas coxas batendo em mim conforme força para dentro e

pulo em cima dele e não paro.


— Marinne... — diz jogando a cabeça para trás,

perdido — goza! Vamos — Me encara ordenando e dando


tapas na minha bunda. — Goza, para mim. Goza, para mim,
porra. Goza, principessa.

Engulo com força, minha garganta seca e meus

pulmões forçando a encher de ar. Ele agarra meus cabelos e


sou apenas sons e gemidos. É como se ele estivesse me

abrindo toda. Me sinto melada e não sei exatamente como,


mas aperto seu pau dentro de mim.
— Porra, mulher... — Ele rosna me puxando para ele,

segurando-me pela nuca, forçando-me a encostar minha


testa na sua molhada de suor. — Que delícia.

Sorrio grogue, convencida e grito sentindo uma onda

forte de prazer. Não recuo e acelero até que estou gozando


feliz porque ele também começa a gozar. Suas pernas

tremem e ele não me deixa se afastar.


Amândio está tomando tudo de mim.

Ele segura meu cabelo num aperto forte, que não

machuca, é dominante, e eu beijo sua boca sentindo-o me


encher, tanto que dá desconforto por me sentir lambuzada

pelas coxas.

— Puta que... — ele não completa a frase. Aperta meu


pescoço e me dá um beijo molhado na boca.
Tremendo e satisfeita, tento respirar e ficar calma. A

exaustão tomou conta de mim.

Minha respiração está trêmula, meu coração bate


dolorosamente e eu deixo meu corpo cair para a frente. E

Amândio me agarra por completo.


E acho que desmaio porque tudo fica preto e suave.
2

Com minha boca aberta solta o ar e puxo pelo nariz.

Eu já trepei muitas vezes e algumas foi tão intenso. Marinne


tem os olhos focados em mim, a boca aberta e quando

estoco forte para cima, ela joga a cabeça para trás.


Tê-la em cima de mim, recebendo minhas estocadas

violentas, os peitos sacodindo, suada e ofegante. Mais

perfeita impossível.

Sua boceta me aperta e eu seguro firme seu corpo,


não permitindo sair muito de dentro dela. O barulho de nós

fodendo é ainda mais excitante.

— Marinne... — jogo a cabeça para trás sentindo o

aperto no meu pau, — goza! Vamos — Eu mando e dou


tapas na sua bunda fazendo-a gemer, quase gritar. — Goza,

para mim. Goza, para mim, porra. Goza, principessa.

Ela assente no automático e parece uma fera olhando

sua presa. Desliza os dedos abertos por meus ombros e pega

meus cabelos com fúria, e começa a soltar gemidos altos,


sons que vou querer ouvir sempre dela.

— Ah... — ela solta baixinho.

Porra, ela está absurdamente encharcada dos seus


orgasmos e das minhas gozadas que solto sempre que atinjo

seu ponto mais sensível e sua boceta me aperta. E ela faz de


novo e mais forte. Sinto suas paredes nervosas, o encaixe da

sua boceta que recebe meu pau tão bem. É difícil respirar de

tão intenso.

— Porra, mulher. — Pego-a pela nuca, dou um beijo

atrapalhado na sua boca e deixo sua testa na minha,

trocando a respiração com ela de boca aberta. — Que

delícia.
Ela me presenteia com um sorriso grogue antes de

gritar.

— Vamos. Goza, amor.


Marinne ondula o corpo, rebolando e fica ainda mais

perto. Contemplo-a quando goza; rosto tranquilo, boca

aberta – um sorriso quase se formando –, cabeça para trás e

a respiração ofegante e baixinha. Ela fica linda gozando e

porra... Dou uma estocada para cima e enfim começo a

gozar. Meus nervos se eletrizam, meus músculos rígidos,


meu pau lateja enquanto solto jatos dentro dela. Pego seus

cabelos e trago sua boca para mim. Chupo seus lábios, sua

língua sentindo meu gozo escorrer de dentro dela,

escorrendo por nossas coxas.

Meu lado predador adora isso. Um reflexo de luz

atinge os diamantes no seu pescoço e me sinto um animal

faminto.

— Puta que....

Agarro seu pescoço e a beijo molhando sua boca,

desejando que solte seus gemidos ofegantes. Ela se afasta,


olha dentro dos meus olhos, sorri sem mostrar os dentes e

estremece, a respiração cortada e então dá um suspiro

suave caindo em meu peito.

Um senso de posse e ferocidade me domina. Eu

envolvo seu corpo em meus braços com força. Fecho os


olhos para me acalmar e recuperar o fôlego.

Tocando seu rosto, vejo-a de olhos fechados

ressonando. Marinne geme quando saio de dentro dela, mas


não desperta. Ela está exausta e sinto-me bem para caralho

de ver minha mulher se sentir tão satisfeita assim.

Nos deito no sofá e puxo seu corpo para mim o mais

perto possível e não tem nada a ver com o espaço. Mesmo

quase inconsciente, ela se agarra ao meu corpo. Eu deslizo


minhas mãos por suas costas e sinto algo que não sei

nomear olhando-a.

Mais quanto eu vou fazer por você, principessa —


penso e murmuro afagando suas costas:

— Mas vale a pena.

Torço para estar certo. Que ela valha a pena cada

regra que eu quebrei e sei que vou quebrar.


3

Não sei quanto tempo se passou, mas quando abro os

olhos, despertando de uma soneca de puro esgotamento,


me sinto revigorada. Quer dizer, nem tanto porque minhas

pernas estão doídas.


Pisco sonolenta e observo que estou deitada num

sofá. Amândio atrás de mim, me tem agarrada fortemente

por seus braços longos e fortes. Talvez o motivo seja porque


não tem muito espaço no sofá para não estarmos tão

colados dessa forma.

Eu tremo e me aconchego a ele mais um pouco. E não


é apenas por falta de espaço que o quero tão perto. Eu me

sinto bem em estar aqui.

— Está com frio? — ele pergunta.


— Um pouco.

Para minha tristeza, Amândio se levanta, pega o meu

sobretudo e coloca sobre nós dois, mais em mim, e volta a

se deitar comigo, dessa vez ficamos um de frente para o

outro. Ele deixa o braço para eu colocar a cabeça.


Acho que ele também quer ficar agarrado a mim.

Escondo meu sorriso, deito-me sobre seu corpo quente e

fecho os olhos gostando de realmente ficar aqui nos seus

braços.

— Quem trouxe você para Nova York? — ele pergunta


depois de um tempinho.

— Já disse.

— Você falou que o Colen está com você, mas foi ele

que te trouxe?

— U-hum — resmungo. — Ele conseguiu me trazer

sem ninguém perceber e como tem alguns contatos,

chegamos em Nova York hoje a tarde.


— Eu aposto que sim. — A voz dele está distante, fria.

— E quem disse onde eu morava?

Seguro a risadinha e múrmuro:


— Foi o Matteo. — Seu silêncio faz eu falar mais. —

Mario me deu o número dele e Colen conhece uma pessoa

que conhece outra pessoa que sabia onde ele fica e assim

chegamos até a ele mais fácil.

— Por um acaso ele disse que eu estaria ocupado?

— Sim — replico. — Disse sim e que você iria demorar.


Amândio respira fundo e desliza a mão pelas minhas

costas, me fazendo gemer baixinho. Fecho os olhos

aproveitando as carícias.

— Você ficou quanto tempo me esperando?

— Ah, eu não sei exatamente — respondo baixo. —

Mas eu cheguei a dormir no seu sofá.

Seu peito sobe e desce com a respiração pesada.

— Imagino que você ficou com raiva.

— Não, não por isso, porque eu sei que você trabalha

de noite e nós não somos casados ainda.


Amândio fica em silêncio, respira fundo, seu peito

subindo e descendo, me dando uma sensação tão gostosa.

O corpo dele e o meu nus nesse sofá.

Eu não planejei isso e nem ele fazendo cafuné no meu

couro cabeludo. Ele é capaz de ser suave?! Até agora


mostrou que sim.

— Acho que eu preciso ir — digo em voz baixa. —

Colen está me esperando e deve estar puto por eu não ter


voltado ainda. Ele já deve saber que você chegou.

— Liga para ele para dizer que está tudo bem e que

você vai ficar.

Ergo o corpo, franzo a testa e fito-o desconfiada.

— Liga para ele — insiste Amândio mandão.

— É impressão minha ou você quer...

— Falar com ele também? — Completa minha frase. —

Sim, eu quero. Porque tenho certeza de que Colen vai querer

falar comigo.

Ele nem termina de falar e meu celular toca no chão,

jogado no tapete perto da minha calcinha. Acho graça e me

desvencilho de Amândio, ele faz questão de passar a mão

na minha bunda quando me levanto. Pegando o sobretudo

para me cobrir, pego o aparelho, vejo as horas; uma e vinte

da madrugada. Porra! Já é quinta-feira.

— Oi — atendo.

— Você vai demorar mais quanto tempo? — Colen


parece irritado. — Está tudo bem com você?
— Está tudo bem comigo e — travo quando Amândio

se levanta e caminha para sua cozinha pelado.

Engulo em seco vendo sua bunda branca e musculosa

se afastando. Caramba. Esse homem é tão erótico.

— Marinne?

Dou uma risada, sacudo a cabeça para espantar os

pensamentos e volto a prestar a atenção no meu irmão.

— Eu vou ficar aqui.

— Vai ficar? Que porra você está falando, Marinne

Lozartan?
— Eu... — paro de falar de novo.

Amândio anda pelado pela cozinha, pega uma garrafa

de água, todo tranquilamente, e toma tudo. E para minha

alegria, se vira de frente para mim. Confesso que tenho um

leve surto porque o pau dele, até meio amolecido, é enorme

e eu acho bonito.

Meus olhos observam as pernas fortes, que os

músculos enrijecem conforme caminha para mim e admiro

seu dorso; o abdômen musculoso definido, a voltinha do

peitoral e as tatuagens. A marca da Famiglia no peito, a

cobra no braço e ombros, e umas figuras que não entendo


espalhadas na lateral do corpo. Eu não tinha percebido elas,

ou são novas. O anel no dedo mindinho brilha capturando o

reflexo das luzes do lobby da casa e cozinha, porque todo o

resto está no breu. Ele deve ter apagado as luzes porque

adormeci.

Ele é um monumento impressionantemente lindo na

minha frente. Acho que sou tão possessiva com ele quanto

ele é comigo. Eu mato quem tocar nele também. Com

certeza.

Amândio sorri, observando-me. Suspiro quando fica

de pernas abertas parando na minha frente. Ele está me

provocando.

Ele não cansou depois do que nós fizemos?


Pisco para os meus pensamentos se reorganizarem,

mas não estou pronta quando Amândio pega o celular da

minha mão.

— O quê? — Tento detê-lo, mas atoa.

— Colen — fala friamente, a mão afagando a maçã do


meu rosto. — Sim, ela está bem. Nós estamos bem. Não se

preocupe.

Eu balanço a cabeça para ele e sussurro:


— Não fala nada.

Ele me ignora e toca meu pescoço, os dedos

lentamente passando nos diamantes do colar de rubi.

— Ela está bem comigo. Não fode, Colen. — Seu

semblante muda e ele diz: — Claro que pode.

Eu franzo a testa e sorrio quando Amândio se inclina e

me dá um beijo na boca barulhento e entrega o celular.

— Vou fazer alguma coisa para comer — ele comunica


e vira de costas.

— Marinne? — Escuto meu irmão do outro lado da


linha, mas estou atenta ao meu noivo pegando sua cueca e

vestindo e indo para cozinha. — Você está aí? Marinne,


porra! Alô?
O grito me desperta.
Respiro fundo e respondo:

— Oi, Colen?
— Você vai ficar no apartamento dele? Que história é

essa? — Sua voz está descrente e zangada. — O que vocês


resolveram?
— Não tinha nada o que resolver. Como Travis tinha

dito, foi tudo uma armação de Giovanni.


— E você acreditou fácil assim em Amândio?
— Sim. Eu acreditei sim. — Amândio não disse

exatamente qual foi o motivo, mas ele pode apostar que vou
querer saber depois. — O mais importante é que o meu

casamento não corre risco.


— Certo, então agora desce. Já conversou com ele.

Não tem que ficar aí.


Colen tem razão, mas por ter falado tão mandão,
agora mesmo é que eu vou ficar.

— Eu vou ficar.
— Marinne, — ele respira exasperado, — você não vai

ficar.
— Eu já estou.

— Porra. Eu não posso ir para casa sem você.


— Então espera aí embaixo. Você está acostumado a

perder noites de sono.


Meu irmão fica uns breves minutos em silêncio.

— Marinne... vocês...
— Olha, Colen, eu não queria ter que falar isso por

telefone, nem assim, mas... — Olho para Amândio e solto a


respiração. — No meu aniversário de dezoito anos a gente
ficou junto.

— Puta que pariu. Ficou junto é uma expressão nova


para dizer que ele te fodeu no seu aniversário? Ele fodeu
você escondido de todos e antes do casamento? Tirou sua
virgindade?
Me recuso a afirmar essas ofensas.
— O Travis vai matar ele, você sabe, não sabe. Merda

— resmunga alto.
Deve estar fazendo um espetáculo dentro do seu carro

na garagem do prédio.
— Eu quero que você me explique como é que vocês

vão fazer com a tradição do lençol de sangue? Caralho,


Marinne. Você é maluca? É por isso que você ficou
ensandecida para salvar esse noivado?
— Não foi só por causa disso.
— Você gosta dele — ele afirma, não pergunta.

Fito o chão, refletindo suas palavras e respondo


olhando para Amândio cozinhando.

— Eu acho que sim, mas não é isso.


— Então me explica — Colen parece mais calmo.
Talvez ele entenda o sentimento que se passa dentro

de mim mais do que ninguém.


— Eu não sei o que acontece com você e com aquela

garota loira, só sei que ela existe e você sempre volta para
ela, mesmo Travis tentando por duas vezes te afastar ou

você mesmo fugindo. — Pauso e caminho para as janelas,


empurrando a cortina para ver a cidade através dos vidros
de três metros de altura. — Mas você sempre volta e... eu

acho que é praticamente o que eu sinto por ele — sussurro


para Amândio não ouvir. — Tenho uma necessidade de ter

ele, ficar perto dele e... quebrar as regras é fácil, porque eu


sinto que ele é meu e eu não vou abrir mão disso por

ninguém.
— Marinne... — é um aviso com cuidado. Está

querendo me proteger.
— Ele nunca foi desrespeitoso comigo, Colen. Ele

mereceu essa lealdade que tenho para ele, entende? —


Espero sua resposta e como não diz nada, insisto: — Você

pode dizer que entendeu?


— Se a questão fosse apenas você e ele, okay, mas é
perigoso. São muitas regras e tradições. O que vocês vão
fazer quando chegar o momento de mostrar a consumação
desse matrimônio? Porra. Não vai ter sangue, Marinne.
— Isso é problema do Amândio.

— Como é que é?
— Eu já entreguei essa responsabilidade para ele e

não quero saber como ele vai manchar o lençol.


— Então o que eu posso fazer? Estou sozinho na
cidade dele e mesmo que eu tente subir até aí para resgatá-
la, não vou conseguir e corro o risco de sair daqui morto.
— Eu não estou sendo mantida como refém. Não
precisa me resgatar.

— Pode ser.
Rio e fico feliz por estarmos indo pelo caminho da

tranquilidade. Colen sempre foi o irmão mais aberto para


diálogo, no caso entre ele e Travis, Colen é o tranquilo. O
que tem o senso comum do mundo de fora.

— Olha, eu não acho que você não está fazendo nada.


Você está cuidando de mim e me trouxe até aqui. Confiou

em mim.
— Mas você não me contou tudo.

— Não podia arriscar e... você vai falar com o Travis?


— Claro que não.
Solto uma respiração de puro alívio.

— Você vai dizer que eu fiquei com você?


— É claro sim e você tem que entender que está me
fazendo mentir para o Travis. Você sabe que ele é o meu
Capo e eu não deveria mentir jamais para ele? — Sua voz
está grave, séria. — Nós nunca deveríamos mentir para ele.

Eu entendo. Travis é muito mais que um irmão, que


nosso Capo. Ele é nosso protetor, nosso salvador.

— Mas ele também é o nosso irmão e nos criou como


pai, e essa mentira é... —, procuro a palavra certa, — um

prelúdio. Eu não me entreguei para um estranho. Amândio


vai ser meu marido.

— Mas ainda não é.


— Colen...

— Merda. — Ele parece rir do outro lado da linha. —


Você não é mais a minha irmãzinha.
— Não. Não sou mais.
— Certo.

— Okay — dou uma risada. — Você vai ficar me


esperando ou vai para sua casa?
— Vou para casa. Não tenho nenhum receio de deixá-
la aqui com ele, mas estarei aqui para voltarmos para Las
Vegas bem cedo.
— Tudo bem. Obrigada, irmão — digo e finalmente

encerro a ligação.
Suspirando, deixo meu celular na mesinha e vou até a

cozinha. Encontro Amândio fazendo ovos mexidos, lindo e


tentador apenas de cueca, e reavalio o que disse para Colen.

Eu não quero me iludir, mas esse homem na minha


frente é obcecado por mim. Sei que Amândio nunca vai me

machucar. Eu quero confiar nisso.


Mordo meu lábio para não sorrir quando ele caminha

para mim e toca meu rosto.


— O que ele falou?
— Que vai vir me buscar pela manhã.
— Então você disse que vai ficar?

— Falei que eu vou dormir aqui. — Assinto sorrindo.


Sua postura fica rígida.
— Então Colen sabe que a gente já dormiu juntos?
— Sabe — murmuro.

Ele não diz nada, vira as costas e pega dois pratos.


— Tudo bem ele saber? — pergunto.
Amândio me olha de lado e dá um aceno silencioso e

confiante, mas não elabora e eu também não.


— Você não vai botar uma roupa?
Me olha de lado, depois seu corpo e ergue a
sobrancelha.
— Só foi reparar que eu estou seminu agora?

— Não mesmo — respondo rindo e me sento em uma


das banquetas do balcão de vidro da cozinha. — Mas eu
acho perigoso você cozinhar assim, pode se queimar.
— Está preocupada com seus bens?

Franzo a testa e mordo o lábio para não rir.


— O que seria os meus bens? — digo baixinho.
Calmamente, ele se chega para mim, seu olhar
perigoso. Ele aperta seu pau, crescendo dentro da cueca e

fala com a voz rouca:


— Meu pau, principessa. — Para na minha frente e
coloca a minha mão em cima da sua ereção. — Se eu me
queimar, como é que eu vou te fazer gozar no meu pau

gostoso que nem você fez no sofá agora a pouco?


Engulo em seco. Sinto-me hipnotizada pelos seus
olhos e sua voz.

— Você ainda está sujo de sangue. — Toco onde está


sujo e nem me importo. Eu esqueço de tudo que é racional
quando estou com ele.
— Eu sei, espero que não tenha sujado você.

— Tudo bem, acontece. — Afago seu peitoral, amando


como ele é forte. É como passar as mãos em algo muito
duro revestido de carne e sangue, porque é quente.
— Está com fome? — ele pergunta.

— Não estou com fome. Eu quero dormir. — Suspiro.


— Estou cansada do voo e…
Seu olhar brilha de orgulho. Ah, esse homem.
— Tudo bem. Podemos dormir — diz ficando no meio
das minhas pernas e abre o meu sobretudo, toca a minha

cintura e desce para apertar minha bunda. Levanto a cabeça


e seus lábios encontram os meus, e sou gemidos enquanto
ele me beija.
— Eu perdi a fome do que tem nesse prato —

Amândio fala.
Meu coração acelera e eu agarro seu pau, enfiando a

mão dentro da cueca.


— Fique à vontade para me levar para o sofá.
— Você é toda minha hoje. — O jeito que ele fala isso
tem uma possessividade carregada e eu já estou todo
derretida para ele.
4

Acordo com um calor filho da puta, suando e abro os

olhos, despertando de uma vez. O calor provém de Marinne,


que está encaixada com o seu corpo no meu. Ela está

literalmente embaixo de mim.


Estamos na mesma posição, de lado e meio deitados

de barriga para baixo no sofá, os braços esticados com as

mãos entrelaçadas. Enquanto tenho sua cabeça repousando


no meu outro braço, o meu rosto está apoiado na sua

cabeça e ela respira baixinho serena enquanto dorme.

Eu nunca dormir na mesma cama com ninguém,


principalmente com nenhuma das mulheres que comi.

Marinne foi a primeira, a quatro meses atrás quando tirei

sua virgindade, mas dessa vez, dormir num sofá?!


Caralho. Eu estou cedendo tão fácil para ela. Eu sou
um homem grande e forte para ficar agarrado a minha noiva

no sofá da sala. Não é uma reclamação, mas eu poderia ter

ido para o quarto.

Incomodado porque, embora Nova York não faça


realmente calor no verão, é mais quente e abafado, estou

suando. Mexo meu corpo de leve e ela geme, mas acaba

resmungando quando meu celular toca na mesa de centro à

nossa frente.

Não querendo acordá-la, consigo esticar minha mão e


pegar o aparelho.

— Amândio falando — eu atendo.

— Vai demorar muito para minha irmã descer? A gente

precisa ir embora antes que Travis precise vir até Nova York
para te matar e capturá-la pessoalmente.
Quero ver ele tentar pegar minha mulher de mim.

São sete da manhã ainda, mas não quero contrariar


Colen. Ele é o que eu menos tenho atrito, mesmo residindo

há uns anos na minha cidade contra a vontade do meu pai.

— Eu vou acordá-la e então vamos descer.


— Você foi irresponsável e um sedutor de merda. Ela

era uma garota inocente.


Vou ficar calado porque ele não precisa mesmo saber

como a irmã dele não é inocente, em nada.

— Eu não seduzi a sua irmã e culpe a Travis, que

forçou um relacionamento entre nós dois.


— Um relacionamento?

— Marinne é como se fosse minha namorada há

quatro anos e você agora está reclamando que nós fizemos

sexo antes do casamento? Ela é minha há quatro anos.

— Foda-se — ele xinga. — Agora não faz diferença

nenhuma, apenas quero saber que merda você vai fazer com
a apresentação do lençol de sangue. Vai deixar todo mundo
saber que ela não se casou virgem?
— Não é da sua conta.

— É sim, caralho!
— Eu vou fazer o que for preciso.

— Essa é a sua resposta?

— Não fode, Colen. A merda do lençol vai estar com

sangue no domingo, não precisa se preocupar com isso.


Se ficar se metendo demais, o sangue que estará no
lençol vai ser seu.
— Qualquer coisa eu derramo o seu sangue.
— Ou eu o seu — devolvo com vontade de socar a sua

cara.

— Manda ela descer agora — fala e desliga.

Imbecil. Eu coloco o celular no lugar, e enquanto eu

discutia com seu irmão, Marinne continuou intacta no seu

sono em meus braços.

Jogo seus cabelos um pouco para o lado e percorro as

pontas dos meus dedos da sua nuca até a bunda, e assim

ela desperta vagarosamente com um gemidinho, que

acorda a minha ereção.

— Bom dia — falo no seu ouvido e saio de cima do seu

corpo, dando um beijo nas suas costas.

Procuro minha cueca, visto e Marinne puxa a coberta,

que peguei nas roupas passadas na lavanderia, porque não

queria deixá-la sozinha no primeiro andar.

— Minha nossa — ela fala para si mesmo, desviando

os olhos do meu pau duro, que é metade culpa dela e a


outra, razões da anatomia. — Bom dia — diz acanhada.
Suspirando, gira o corpo até ficar deitada de barriga

para cima e estica os braços, espreguiçando-se. Ela é uma

bela visão em cima do meu sofá e ainda não sei, mas

quando me deu aquele tapa ontem – embora eu tenha

odiado seu ataque agressivo – me deixou excitado. O

resultado, é a bunda dela com várias marcas da minha mão

das palmadas que dei.

Ela olha para mim e acho que nem percebe que sorri.

Merda. Meu plano de conter meu pai e ao mesmo tempo

fazer Marinne perder o brilho no olhar perto de mim, falhou.


— Eu preciso ir — comunica baixinho.

Pegando minha calça, visto e sigo para a cozinha,

dando as costas para ela, falo por cima do ombro friamente:

— É melhor mesmo você ir logo. Seu irmão já chegou

e ligou. Não está paciente.

Escuto sua respiração pesarosa e parece chocada com

minha distância. Puta merda. Eu só preciso que ela não

queira tanto de mim.

Chegando na cozinha, preparo e coloco para passar o

café. Marinne ainda está no sofá, agora sentada e parece

pensativa.
— Você quer tomar um banho antes de ir?

Ela desperta dos seus pensamentos, veste o sobretudo

rápido e concorda com um aceno conciso.

— Eu ia tomar banho no apartamento do Colen, mas é

melhor ser aqui porque... — Baixa o rosto para eu não

analisá-la.

É porque ela está melada de sêmen e seus orgasmos,

é óbvio.

Indo até ela, toco seu ombro e volto a ser o que me

permito ser com ela.

— Vem, vou levá-la até o meu quarto para...

— Não.

Franzo a testa, não compreendendo.

— Não o que?

— Me leva em outro quarto, pode ser um banheiro

aqui de baixo.

— Por que isso?

Ela mexe os ombros, engole em seco e sorri


envergonhada.

— É bobagem, eu só...

Dou um passo e tenho seu rosto em minhas mãos.


— Fala — uso minha voz autoritária.

Marinne respira fundo e toca meu peito insegura. Suas

ações é culpa da minha tentativa de afastamento.

— Nós estamos pulando tantas etapas, que eu só...

queria entrar no seu quarto quando for sua esposa. Quero

deixar algumas primeiras vezes para quando for oficial.

Esse é o lado doce e inocente que Colen disse e agora

tenho jogado na porra da minha cara. E eu nem sei porque,


mas de algum jeito sei que ela tem razão e quero agradá-la.

— Pode tomar banho no quarto de visitas daqui de


baixo, não tem problema e não fique com vergonha de fazer

um pedido tão simples.


— Obrigada — fala baixinho e sacode o ombro de leve.

— Eu... só não quero parecer uma boba. Eu nem sou esse


tipo de garota, ma-mas...

— Tudo bem. — Pego sua mão dando um aperto. —


Vamos lá.

Ela assente, pega seu vestido e as sandálias. Levo-a


para o quarto, mostro onde está as coisas e deixo-a sozinha
para ir até meu quarto.
— Vou precisar ir para Las Vegas antes do esperado,

então você vai ter que cuidar de tudo por...


— Eu sempre faço o seu trabalho e até melhor. — Meu
irmão tem um humor que não sei como consegue já estar
engraçadinho as oito da manhã.

— Sem babaquice, Leon. No domingo eu estou de


volta e você não precisa ir ao casamento.

— Você está desconfiado de algo para não deixar


Mario sozinho cuidando dos negócios?
Mario Ferrari aceitou muito fácil meu pai concordar
com Travis em não se casar com a filha dele, como o antigo

acordo, e feito o meu noivado com Marinne.


Embora Valentina já esteja casada – há quatro anos, o

tempo do meu noivado, porque o pai não esperou um mês


para resolver o problema de ela ser rejeitada –, Mario nunca
reivindicou a decisão.
Certo que o meu pai é o Capo, mas o filho da puta
nem ficou com raiva de Travis. E o trabalho dele está ainda

pior. Eu não sei o que seria da Darkness com apenas ele,


meu pai e uns soldados de merda.

— Apenas faça o seu trabalho — desligo e saio do meu


quarto.

Descendo as escadas, tenho o vista de Manhattan


chuvosa. O céu nublado, carregado de nuvens cinzas que

escondem o sol do amanhecer.


Antes de também ir tomar meu banho, tinha aberto as

cortinas, porque Marinne pareceu querer ver a vista, e agora


ela está parada no meio da sala contemplando Nova York

num dia não tão bonito.


Geralmente nesse horário a luz do sol repousa sobre

os topos dos prédios cinzas e marrons, deixando-os


alaranjados, o céu tão azul que transforma o verde do
Central Park num verde musgo e vivo.

— Geralmente é melhor — comento.


Marinne leva um susto, erguendo os olhos quando

suspira e vira-se para mim.


— E ainda sim é uma vista linda.
Assinto e não estou me referindo a Nova York, e sim a

ela parada com esse vestido branco, os cabelos castanhos


caídos em suas costas e seu sorriso para mim.

— Já está pronta para ir?


— Só falta a calcinha. — Ela mexe as sobrancelhas e

sorri. — Você viu?


Não respondo, viro-lhe as costas e caminho para a
cozinha para pegar um pouco de café. Eu guardei a calcinha

dela no meu quarto e não pretendo devolver. É meu suvenir


da noite passada.

— Amândio, é sério. Você viu a minha calcinha?


— Só ontem quando você tirou para mim — digo

sugestivamente. Ela ontem foi perfeita.


— O quê?!

Com a caneca cheia de café, tomo um grande gole.


Marinne para na minha frente com as mãos na cintura.

— Mesmo que eu tivesse visto, não vou falar —


provoco.

— Eu não vou para casa sem calcinha.


Ignoro, terminando de beber o café e logo deixo a

caneca na pia. Passo por ela e vou no meu escritório para


pegar o paletó preto que usei ontem cedo.

— Você vai deixar eu sair assim? — ela resmunga


atrás de mim. Rebatendo onde sabe que eu reajo, a

possessividade.
— Você só ficará com seu irmão e comigo nas

próximas horas. — Ajeito o paletó vestindo-o, escondendo


meu coldre, que arrumo encarando-a. — Ela será minha

garantia.
— Para que você precisa de garantia? — Cruza os

braços na frente do corpo. — Depois de amanhã serei sua


esposa, Amândio. Você está é querendo brincar comigo.

Seguro seu rosto com as duas mãos, beijo sua boca.


Molhando e deixando vermelha. Marinne aperta meus

braços e tira sua boca da minha, as unhas cravando em


minha pele.
— Eu não vou sair daqui sem a minha calcinha.

— Você tem certeza disso? — Segurando sua cintura,


faço ela se sentar na minha mesa, obrigando a abrir as

pernas para eu ficar no meio e ataco seus lábios me


sentindo faminto. — Deixa ser o nosso segredinho.

— O quê?
— Você voltando para Las Vegas peladinha por baixo
desse vestido alvo e puro. Com marcas de palmadas nessa

bunda linda, que eu sei que está empolada.


Assisto seus mamilos ficarem duros por baixo do
vestido, já que está sem sutiã, e gosto quando suas mãos

deslizam pelo meu abdômen e corre para trás, e aperta


minha bunda.

— Lembra que você que pediu umas palmadas? —


Lembro-a desejando fazer de novo uma sessão de foda com

direito a tapas.
Os olhos dela brilham de luxúria.

— Você gostaria de fazer todo mundo saber o que


fizemos, não é? — murmura rouca.

Meu riso verbera pela garganta. Dou uma mordida na


sua boca e digo:

— Só imaginar. Porque você é só para mim. Meus


olhos, minhas mãos e meu pau e boca.

Travando as emoções, fingindo estar com raiva, me


empurra com força e rebola propositalmente saindo do

escritório. Rio pegando meu sobretudo no cabide do canto e


vou atrás dela.
E Marinne já está com o seu sobretudo, mexendo no
celular e caminhando para as portas. Acho que ela não vai

falar comigo tão cedo.

Logo que o elevador chega na recepção, nós damos de

cara com Colen Lozartan. Ele vem para cima de nós com
passos largos e espumando pela boca. Do que ele está

reclamando. São oito e meia agora.


— Poderiam ter sido mais rápidos.

— Ela está viva, o que é o importa.

— Não é — Colen rebate.


— Claro que é — Marinne insiste raivosa, mas ele nem
liga.
— Fala para o seu pai parar com esses joguinhos. —

Lozartan fica ao lado da irmã, e protetoramente segura seu


braço. — Uma hora o meu irmão vai perder a paciência e eu
também.
— Não se preocupe, eu vou com vocês agora para Las
Vegas conversar com Travis.

— O quê? — Marinne olha para mim arregalando os


olhos. — Você não disse isso.
— Depois de amanhã é o casamento, eu já iria na
sexta, então chegar um dia mais cedo, não vai fazer
diferença.

— E as suas malas?
A única coisa importante que eu preciso levar, é o
terno que foi feito sobre medida para me casar, penso
rápido.

— Eu compro o que precisar por lá. Eu só preciso que


Matteo esteja no hangar na hora que vocês saírem. Tudo
bem por você Colen?
— Está sim.

— Certo. Só preciso falar com o meu pai que estou


indo.
De soslaio vejo a careta de nojo que Marinne faz, mas
ela logo esconde baixando o rosto.

— As duas horas nós iremos sair, esteja lá — Colen


informa.
Dou um aceno e o vejo levar Marinne pela mão para
fora do prédio. Espero ela sumir para eu entrar no elevador e

descer para a garagem, e ligo para o babaca do meu pai.


Giovanni D’Ângelo não perde por esperar o que eu
tenho em mente para ele me pagar. Espero que Travis aceite
a oferta.

Respiro fundo antes de ter que falar com meu pai


quando ele atende.
— Qual o problema para você me ligar a esta hora,
Amândio?
— É para avisar que estou indo para Las Vegas.
— O que você vai fazer?
— Meu casamento é sábado, esqueceu?
— Você falou com o Travis?
Pergunta em cima de pergunta. Ele é sempre o botão

que ativa meu lado psicopata mortal.


— Resolvi tudo. Disse que foi um mal-entendido.
Meu pai dá uma risada do outro lado da linha.
— Ele deve ter ficado muito puto.

— Com certeza, pai — retruco entredentes e aperto o


segredo meu carro. Eu também estou puto e quero te dar
uma surra com meu taco de beisebol.
— Eu apenas liguei para avisar que estou indo.
— Vai levar Matteo?
— Claro que sim. — Abro a porta do meu McLaren
Elva, estou a fim de andar com meu conversível. — Irei num
voo comercial. Vou deixar o jatinho para você levar Gemma

e as crianças.
Não conto que vou com Colen e Marinne, que espero
que Lozartan tenha sido esperto para fugir do radar dos
homens do meu pai também – mesmo que eu possa resolver

isso –, e nem que Leon vai ficar em Nova York.


— Será que seu avô vai?
— Eu creio que não, mas ele disse que sim.
— Okay. Me ligue para passar informações de Travis

quando estiver nas terras dele — e então desliga.


Entrando no meu carro, aperto o botão do bluetooth e
ligo para Matteo.
— Onde você está? — pergunto saindo da garagem.

— A caminho da sua casa.


— Volte para sua casa e prepara uma mala para você.
Estamos indo para Las Vegas.
— O que aconteceu?

— Porra. Todo mundo está com amnésia? Meu


casamento, é o que aconteceu.
— Ah, ela encontrou você — seu comentário tem um
ar orgulhoso.

— Você ainda pergunta? — Ironizo e pensando nas


horas de foda com Marinne. A bunda dela toda vermelha dos
meus tapas. Puta merda. Ela com certeza me encontrou.
— Eu estava esperando uma mensagem dela para

confirmar o encontro.
Assinto pensativo, mesmo que ele não possa ver.
— Foi tudo bem. Ela teve sua ajuda para entrar no
meu apartamento.
— Eu pensei que você ia gostar.
Não me interessa o motivo dele pensar isso. Não sou
um imbecil para adivinhar que depois das loucuras que fiz
por Marinne, que ele pensa que eu me importo com esse
casamento – com ela. E Matteo está tentando, ainda,

compensar quando preferiu ficar contra a mim e a favor do


meu pai.
— Uma surpresa agradável, mas um pouco arriscada.
Analisando meu encontro com ela ontem. Eu podia ter

dado um tiro em Marinne. Ela não acendeu as luzes, estava


me esperando como num filme de suspense e por alguns
minutos, levei um susto e estava pronto para acertar quem
invadiu minha casa.

Dobrando mais uma rua, estou a caminho da


empresa. Antes de viajar tenho umas recomendações para
Pedro, o CEO da D’Ângelo Corporation.
— Por que você presumiu que eu gostaria dessa

surpresa?
— Eu sei que você não pretendia romper o noivado e
depois de torturar aquele cara ontem, ficou óbvio que o
casamento estava de pé ainda.
— Okay, porém não repita mais uma surpresinha
como essa.
— Pensei que não haveria problema já que ela é sua
mulher. Para mim vocês já são um casal.
Ele está querendo mostrar lealdade e referindo-se
Marinne como minha esposa, é uma bajulação. Matteo, terá
uma surpresa também, pois ele mal sabe os planos que eu
tenho para provar a sua lealdade comigo.
— Fique pronto e esteja no hangar, pega o endereço
certo com Colen, antes das duas horas.

Mesmo desconfortável em viajar com Colen, no jatinho


dos Lozartan, não é tão ruim. Ele não disse mais nada,
apenas mantém seus olhos de águia em mim e eu tentei
sentar longe de Marinne por causa dele, mas ela não quis

saber.
Ela está na poltrona de frente para a minha, ainda
com o vestido branco e tenho certeza que sem uma maldita
calcinha. Ela cruza e descruza as pernas lentamente

enquanto finge ler um livro. Minha principessa também


gosta de provocar.
Prendo a vontade de esticar a mão e tocar seu joelho,
abrir suas pernas e me ajoelhar – com gosto – na frente dela

só para chupar sua boceta. Eu não sei porque, mas a


sensação que eu tenho é de vencer com ela. O que fizemos
ontem a noite. Colen com certeza não conhece a irmã
sedutora dele.
Nem eu a conhecia tão bem e posso apostar que ela
ainda vai me surpreender muito e fodendo... Porra, essa

mulher é um sonho erótico.


Quando o avião aterrissa, Colen assegura que Marinne
levante primeiro que eu e passe na frente.
Ele diz alguma coisa no seu ouvido, que a faz torcer o

rosto numa careta. Puxando o braço do agarre do irmão, ela


anda na sua frente descendo as escadas.
Eu vou logo atrás deles e vejo dois carros para nos
levar. Marinne entra em um cumprimentando Mario, que

olha para mim e oferece um aceno de cabeça.


Colen abre a porta do carona da frente e diz para
mim:
— Você e os demais vão no outro carro. — Ele entra e

antes de eu piscar novamente, o carro dá partida e segue


caminho.
Enfiando as mãos nos bolsos, balanço a cabeça para a
babaquice de Colen.
— Ele está em cima de você. O que houve? — Matteo
para do meu lado depois que coloca as malas no carro, que
mesmo que eu tenha falado que compraria umas coisas por

aqui, fiz uma mala com alguns pertences, incluindo


algumas armas e o presente de casamento de Marinne.
— Marinne ficou comigo — encaro-o completando: —
até hoje de manhã.
Ele abre a boca e xinga um palavrão para si mesmo.

— Vamos, senhores.
Assinto para o soldado da Lawless e entro no veículo.
Não demora quase nada, nós chegamos na mansão
dos Lozartan. Ordeno Matteo a pegar as malas assim que a

governanta fala onde ficaremos na casa.


Dessa vez minha hospedagem será sobre o teto de
Travis, pois o casamento é no imenso jardim e a noite de
núpcias também, porque na manhã seguinte tem a

apresentação do lençol. Eu ainda não estou tranquilo em


fazer isso com Marinne. É um vexame.
Os empregados, Matteo e Mario se afastam. E eu fico
sozinho no lobby da casa, aproveito para avisar Leon que

cheguei, antes de ser recebido por Travis.


O olhar dele é um puta teste de autocontrole para
mim, porque puta que o pariu, não vou entrar em guerra
com Travis Lozartan dois dias antes de me casar com sua

irmã. E eu sou um merda arrogante, mas sei que estou no


erro.
Antes dele falar qualquer coisa, meus olhos seguem
um movimento no corredor que dá acesso a sala do piano.

Marinne, chegou uns minutos antes e está passando


com Madeleine, de cabeça baixa e assentindo várias vezes.
Parece que a esposa de Travis está brigando com ela. Sem
lutar, ela entra na sala sem pensar duas vezes.

Em breve ela nunca mais vai precisar obedecer a eles.


Foco em Travis, dando um passo e estico minha mão.
Nos cumprimentamos com um aperto, que ele aperta com
mais força.

— Acho que precisamos conversar — ele fala soltando


minha mão.
— Eu vim para isso e para o meu casamento.
Travis não diz nada, vira o corpo de lado – jamais dê as
costas ao seu inimigo – e orienta para o mesmo corredor que
Marinne acabou de passar, mas é para ir até seu escritório.
Eu entro no seu escritório, vejo-o fechar a porta, se
aproximar de mim e enfio as mãos nos bolsos – querendo
demonstrar que estou tranquilo – e respiro fundo.
— Vai me explicar o que aconteceu? — Travis indaga

com o queixo erguido, engrandecendo ainda mais seu


tamanho e autoridade.
— Meu pai queria atacar você e cancelar de verdade o
casamento — digo sem rodeios.

— Posso saber o porquê?


— Eu não sei. De verdade. Meu pai é um maquiavélico
filho da puta. Ele só quis deixar você nervoso e ter um
pretexto para a guerra.
Ele fica uns minutos em silêncio e depois passa por

mim, sentando-se em uma das poltronas de couro. Faço o


mesmo quando parece que ele vai me dar um tiro se
continuar de pé. Abrindo o paletó, sento-me e coloco a
perna em cima da outra.

— E eu só posso acreditar em você. — É quase uma


pergunta, mas também uma afirmação.
— Acho que nós dois temos alguém importante o
suficiente nessa equação para você não duvidar de mim.

Vejo em segundos uma realização passar em sua


expressão fria antes de ele falar:
— Você se importa com Marinne.
— Ela é minha. — Deixo meu braço pousar no braço o

sofá, tranquilo. — Sim, eu me importo.


Travis não verbaliza o que diabos passa em sua mente
quando desvia o olhar para a porta. Ele parece lembrar de
algo, mas escolhe mudar de assunto.

— Vocês atacaram uma das minhas cidades.


— Não foi exatamente um ataque. Ia acontecer pior.
Eu impedi a tempo.
— Impediu com a ideia de fazer o joguinho sobre o
cancelamento do casamento.

Sim, porra.
— Eu sei que você não gostou, e nem Marinne, mas foi

o único jeito de ter o meu pai sobre controle.


Desconfiado, Travis muda de posição, apoiando os
cotovelos nas pernas, projetando o corpo para frente.
Estreitando o olhar.
— Por que você está falando tão abertamente isso

para mim?
— Porque você pode me dar algo em troca, que
deixará você também... satisfeito.
Ele estreita ainda mais os olhos suspeitos e volta a se

acomodar na poltrona.
Dou meu sorriso de lado e digo:
— Isso será o meu presente de casamento para
Marinne.

“Você vai ter que provar que me merece.” Lembro o


que ela disse. E eu vou, principessa.

— Como assim?

Nervoso, fico de pé e tiro meu sobretudo, deixando no


sofá. Travis me segue com os olhos quando caminho em
cima do tapete enorme que fica no meio do seu escritório.
— Eu não posso castigar o meu pai, mas você pode. A

Òmerta cabe a mim nessa situação.


Minhas palavras fazem ele se levantar e vir para
minha frente.
— Elabore, Amândio.

Arfando, passo a mão no rosto.


— É meu acordo com você, meu pedido de desculpas

por ter deixado ele brincar com o casamento e ter feito

Marinne se despencar até Nova York para falar comigo. Não


tinha necessidade porque eu já ia falar com você, mas não

me incomodei dela ir me enfrentar. Então, eu quero que

você dê um... corretivo no meu pai. Eu faria, mas não posso.


Travis passa uns minutos em silêncio me encarando.

— Você está me pedindo para sequestrar Giovanni


D’Ângelo, seu pai?

Assinto veementemente.

— Sequestrar e torturar o Capo de outra Famiglia —


Travis completa e coloco as mãos na cintura por dentro do

paletó. Os músculos dele ficam evidentes e o seu olhar é


assassino. Deste seu lado eu sempre gostei.
— Ninguém virá atrás de você — o asseguro. — Eu

posso te dar o que quiser como garantia.

— Tem certeza disso?


— Absoluta — respondo e cerro os dentes. — Vou fazer

de tudo para que você tenha êxito em capturar ele com


facilidade e ninguém desconfiará da Lawless.

Ele concorda com um aceno seco.

— Mas não é momento de matá-lo — reitero. — Eu


ainda preciso dele vivo e se acontecer, fica difícil eu
esconder. Eu quero um castigo apenas.
— E você quer que eu faça isso?

— É, mas não pense como se você estivesse fazendo

um favor para mim, mesmo que seja uma ideia minha. —


Ando até a poltrona e sento-me no braço. — Alguém tem

que sair punido desse joguinho e foi tudo ideia dele. —

Minha voz fica grave, a fúria me tomando. — Ele me pegou


de surpresa querendo cancelar o casamento e atacar você.

— Eu entendo — diz aprumando a postura. Ele


também está puto com a situação. — Mas o que me garante

que você não vai usar isso contra a Lawless depois?


— Não tenho por que atacar você, Travis. — Levanto e
paro na sua frente, cara a cara, temos a mesma altura, ainda

bem. — Meus problemas agora são outros.

— Que seria?
— Eu não lhe devo satisfação, — retruco com deboche

—, mas eu estou aqui finalmente para selar um acordo de

paz entre nós dois. — Enfatizo o final, pois é entre; Travis e


Amândio. O acordo de união da Lawless e Darkness foi

suspensa desde que meu pai começou a cagar com tudo. —


E meus problemas no momento não sei a extensão

exatamente. Vou descobrir na lua de mel.

— Vocês vão para Itália — diz com segundas


intenções.

— Vamos — respondo mesmo que ele não tenha


perguntado.

— Você sabe que não podem ficar perto da Sicília.

— Eu sei. Nós vamos ficar entre lá e os territórios da


Camorra, porque vocês são de lá.

— Está certo. — Ele vai até o seu bar e se serve. — O

seu pai vai vir para o casamento?


— Sim, chega sábado.
Travis assente, toma um grande gole do seu copo e

traz um para mim. Bebo um pouco do uísque ouvindo sua

pergunta:
— O que você tem em mente, Amândio?

— Você pegará ele entrando por uma das cidades que


seja menos chamativa.

— Poderia ser por Colorado — ele diz.

— Pode ser, mas agora com a aliança entre a Lawless


e a Darkness, alguns territórios se tornam neutros. Você

pode usar outra cidade, talvez uma que fique mais perto de

Nova York.
Ele assente, com certeza anotando as táticas, mas não

seguindo nenhuma para não mostrar como pensa. Sempre


seremos desconfiados e inimigos.

— Eu só peço que você não use o Luca. Todo mundo

sabe quem ele é e meu pai é um babaca, mas não é burro.


— E eu não sou idiota, Amândio. Não nasci ontem.

— Sei que você não nasceu ontem, Travis, mas a gente

tem o mesmo tipo de pensamento. Vamos mandar quem a


gente confia em fazer o melhor trabalho e Luca é o seu

melhor Executor.
— Okay. Você não precisa me ensinar a fazer o meu

trabalho.
— Certo — retruco assentindo e vou pegar meu

sobretudo para ir embora, quando ele pergunta:


— Você e Marinne ficaram juntos, não ficaram?

Puta que me pariu. Me torno frio, a máscara de

combate e viro-me para ele.


— Como é que é?

Se o Colen ou Mario falaram algo, eu vou sentir muito

por Marinne, mas eu vou matar eles, entrar em guerra


diretamente com a Lawless e ela não verá sua família nunca

mais. Eu não saio dessa cidade sem ela dessa vez.


De frente para ele, minha mão coça para pegar minha

arma. Eu não preciso disso agora.

— O que você quer dizer com isso?


Ele dá três passos, vagarosamente intimidador.

— Quando ela foi para Nova York, como exatamente


vocês se encontraram?

Porra. É isso!
— Ela e Colen me aguardavam no meu prédio e
depois subimos para o meu apartamento. — Uma pequena
omissão apenas.

Vejo a artéria do seu pescoço saltar.

— Quer dizer que vocês conversaram no seu


apartamento sozinhos?

— Gostaria que eu tivesse recebido ela no meio da

rua?
Seu semblante fica ainda mais sério, dá outro passo,

estando mais perto de mim e fita meus olhos quase como


estivesse perfurando-me com seu olhar.

— Eu vou ter alguma surpresa no sábado, Amândio?

— Sobre? — Mantenho a frieza.


— O casamento.

Não entendi dessa vez, mas respondo que não. Talvez

seja o que eu estou imaginando – sobre a tradição – mas me


faço de idiota.

— Eu espero que sim. Marinne é como minha filha,


então preste bem atenção em como você vai tratá-la.

— Tem o meu juramento de que ela estará segura.

Não precisa se preocupar com isso.


Sua expressão se desmonta por alguns segundos

antes de dizer:
— Fique longe dela até sábado.

Encaro-o sem entender.


— Marinne olha para você de um jeito que eu não

queria que ela olhasse tão cedo.

Franzo a testa tentando entender o que ele quis dizer.


— O joguinho sobre cancelar o casamento não foi só

inteiramente coisa do seu pai. Você também queria


endurecer Marinne, não foi?!

Eu não respondo. Odeio que ele tenha percebido isso,

o que deixa um sinal de alerta sobre como eu e ela estamos


conectados. Não era para um homem como Travis notar que

rola interesse mútuo nesse casamento além de ser tático.


— Não funcionou muito bem — ele conclui. — Então

hoje e amanhã você não fala com ela, só sábado.

— Você quer deixá-la com raiva.


— Faço o que for melhor para ela. Quero que você

suma do mapa. Pode ficar no Bellagio por minha conta, na

verdade tem um quarto esperando por você. Apareça


sábado perto do horário do casamento. Se atrase um pouco.

Sem dizer mais nada, porque não tenho o que


caralhos dizer, eu saio do seu escritório obrigando-me a não
bater com muita força a porta.
Estou passando pelo corredor, quando escuto um

barulho de trinco e logo as portas da sala de piano se


abrem. Marinne aparece, os olhos azuis ansiosos e a boca

sendo mordida. Olhando para mim, ela nitidamente quer

falar comigo.
Um caos é o que se transforma dentro de mim. Raiva,

desprezo e consternação.

Ela dá um passo e eu, decidido, não retribuo seu


olhar, não toco seu rosto, não beijo sua boca e falo uma

única palavra, viro-lhe as costas e saio dessa merda de casa.


Não estou obedecendo Travis. Estou seguindo meu

próprio conselho. Se for preciso que Marinne esteja zangada

comigo amanhã na frente de todos para estar segura, eu


desejo seu ódio tanto quando ela por inteira.

Eu não sei no que estou me tornando, mas ao mesmo

tempo que me assusta, me fortalece. É um fato. Eu passarei


pelo fogo, pelo frio e por torturas sangrentas para mantê-la

comigo.
5

O barulho da porta do escritório do meu irmão me

deixa em alerta, e eu paro de tocar o piano. Ajeitando meu


vestido – agora eu estou de calcinha –, levanto e abro a

porta rápido para dar tempo de ver quem é. Que eu tenho


minhas suspeitas.

Dou de cara com Amândio no corredor. Ele está

segurando o sobretudo e eu contemplo seu corpo coberto


pela calça social preta, a camisa de linho cinza escuro e o

paletó preto. Ele vem de cabeça baixa até que ergue o rosto

perto de mim. Para de andar e ficamos nos encarando.


Dou um passo e estou prestes a cumprimentá-lo, mas

minha voz some e de qualquer forma Amândio me dá as


costas e sai pela casa sem mais e nem menos. Sai como se

eu não tivesse bem aqui.

Meu coração é preenchido de ansiedade. Parece que

estou numa piscina com os bolsos cheios de pedras. E nem

percebo quando dou uma corridinha até a porta e consigo


ver o carro que leva ele, passar pelos portões.

Minha mão vem em automático para cima do meu

peito como aliviasse a decepção.

Idiota. Porque eu esperei que ele tivesse alguma


consideração real por mim. Sentimentos nos transformam
em bobos e fracos. E parece que eu sempre quero o

impossível das pessoas que não terei nada. Amândio sente

atração por mim, e tudo bem, pois eu sou louca no corpo

dele e em sexo com ele.

Volto para dentro de casa e vejo Travis parado perto

das escadas. Seu olhar parece saber de tudo e odeio ele

agora.
Caminho sem dar importância para as escadas.

— Tudo bem?

— Tudo ótimo — respondo-o sobre os ombros já

subindo as escadas.
Estou parada no meu quarto, pensativa. Irritada

porque não sei o que deu em Amândio. Ele não voltou

ontem. Não estava na mesa do café da manhã, que eu saí

correndo.
Estou me afogando em pensamentos, ao ponto de

nem perceber quando Madeleine entra, somente quando ela

senta ao meu lado na cama.

— Está tudo bem? — Sua pergunta soa suave e

preocupada.

— Sim, eu estou bem. — Sorrio para ela.

Ela tira o cabelo do meu rosto e faz um carinho no

meu rosto.

— Amanhã você vai se casar e como você se sente?

— Eufórica, no bom sentido.


Ela dá uma risada, que me faz rir também e esquecer

os problemas. Me acalmando, estico a mão e fito meu anel


de noivado, o diamante brilha tanto. Parece zombar de mim

por esperar Amândio o dia todo ontem.

— Eu posso te confessar uma coisa? — Sussurro


baixinho.

— O que você quiser?

Tomo coragem e digo olhando para ela.

— Eu posso te contar um segredo?

— É claro — responde com carinho. — Você sempre

pode me contar o que quiser, sabe disso.

— Eu sei, mas... — baixo a cabeça e dou uma

risadinha. — Eu não sei nem como começar.

— Seja o que for, apenas tente. Acredito que eu vou

conseguir entender.

— Está bom. — Dou de ombros e viro meu corpo de

frente, para ficar melhor de encará-la. — Desde o início eu

fiquei muito curiosa sobre o Amândio. Ele tem um olhar frio

e tão misterioso. Sei que a maioria dos homens tem esse

tipo de olhar, mas ele tem... o olhar do Dario.

Assustadoramente frios que nos força a se manter longe,

mas...
— Você não ficou, assim como é muito próxima ao seu

irmão — completa erguendo as sobrancelhas. — Você nunca

ficou longe do Amândio. Na verdade, foi bem ao contrário.

— O que você quer dizer com isso?

— Que você e ele criaram uma ligação nesses anos de

vivência.

— Seria melhor dizer anos de visitas.

— Sim, foi isso que eu quis dizer.

Eu não quero contar tudo para ela, mas o básico.

— O segredo é esse? Que você está atraída por ele?


— Não.

— Não é? — Madeleine deita a cabeça um pouco para

o lado, intrigada.

— A verdade é que... ele tem aquele olhar penetrante,

é lindo, adoro os cabelos dele e as vezes quase me tira o

fôlego quando me encara. E-eu acho ele...

Made coloca sua minha mão sobre a minha e de um

jeito carinhoso, afaga.

— Eu acho que preciso te falar uma coisa, que toda

mãe fala quando as meninas vão se casar.

Franzo a testa confusa.


— Quando a gente se casa, temos a lua de mel e os

casais...

— Eu sei — interrompo-a.

— Eu sei que você sabe, Marinne. Nós estamos no

século XXI e você assiste televisão, seriado e ler livros. Eu sei

que você sabe que um homem e uma mulher fazem amor.

Dou uma risada sem graça. Minhas bochechas ficando

vermelhas e escondo meu rosto baixando a cabeça, meus

cabelos fazendo um véu na frente.

— Marinne, olha para mim.

Eu faço o que pede e perco o riso. Ela está séria.

— Eu quero que você seja corajosa e saiba que não vai

ser confortável, porém vai ter que acontecer.

— Eu sei que não é confortável.

— Você sabe?

Engulo em seco. Droga. Não sei se conto para ela da

minha primeira vez com ele. Seria bom alguém que eu

confio e sei que vai entender, saber. No entanto, o que sai da


minha boca é algo totalmente diferente.

— Um casamento tático pode ter amor? — Reformulo

rápido minhas ideias. — Eu nunca liguei para isso, porque


sempre soube que casaria com alguém escolhido para mim,

mas... fico pensando se pode haver uma possibilidade de

existir sentimentos num casamento como o meu.

— Temos alguns casamentos tático que os casais se

dão bem.

— Me dar bem com Amândio não é o que eu cobiço e

a verdade é que — pauso.

— O que é? Fala.
— A verdade é que fico me perguntando se Amândio é

capaz de sentir algo por mim além de atração física.


— E ele sente atração física por você?

— Assim como eu por ele — confesso de uma vez.


Como tirasse um band-aid de curativo. — E... ele me beijou.

— Beijou?
— Me beijou na boca na minha festa de dezoito anos.

Ela arregala os olhos por um tempo assustada, mas


logo entendida.

— E não foi a única vez — contínuo.


— Não.
— Ontem?

— Sim.
— Só se beijaram?
Faço um biquinho, torcendo a boca e balanço a

cabeça que não. Ela leva um tempo pensando, refletindo.


— Quando? Como? Por quê?

— Por quê?
— Vocês poderiam ter esperado. Então a pergunta é,

por que a pressa?


— Ele estava me beijando e... — Olho para o alto,
lembrando aquela noite, — quando dei porque mim estava

querendo mais do que beijos dele.


Madeleine assente e me assusta dando uma

gargalhada.
— O que foi isso?

Ela em vez de responder, me dá um abraço bem forte


e beija meu rosto.

— É por isso que eu te amo.


— Por que eu quebrei a tradição?

— Não — diz sorrindo abertamente e afaga meu rosto.


— Porque você é tão impetuosa e sincera com tudo, que não

consegue esconder as coisas que são importantes. Você


toma atitude e é brava, maravilhosa. Marinne Lozartan você
é minha religião, mia cara.

Sorrio sentindo um bolo na garganta por sua emoção


e carinho. Troco um abraço forte com ela mais uma vez e me

afasto.
— Pode me explicar por que tudo isso?

— Porque eu já sabia — ela confessa.


Meus olhos ficam embaçados pelas lágrimas. Pavor e

outra emoção misturadas.


— Você já sabia?

— Sim.
— Mas... e-eu...

— Eu não vou brigar com você. Não sou o Travis. —


Seus olhos estão tão amorosos e preocupados.

— Okay, mas como é que você ficou sabendo?


— Você sabe que depois que eu me casei com seu
irmão, eu não queria ser uma mulher inútil e só a mãe dos

filhos dele e ficar dentro de casa como uma dondoca. Então


Travis resolveu que eu iria ajudá-lo a cuidar do Bellagio.

— Sim, eu sei disso, mas... — Abro a boca e os olhos


com a realização dos fatos. — Você viu pelas câmeras ele
entrar no meu quarto.

— As duas vezes.
— Ai, meu Deus, Madeleine. Eu...

— Não fique assim. — Pede colocando sua mão sobre


a minha. — Quem me mostrou foi o Antonio.

— Então ele sabe também e vai contar para Travis e


eu vou ficar viúva antes mesmo de me casar.
— Se fosse o caso, Travis tinha feito alguma coisa com

o Amândio quando ele o convidou para jantar.


— O jantar... Travis sabia?

— Não. Ninguém sabe além de mim.


— Por quê? Como?

— Porque quando o Antonio me chamou e eu vi as


filmagens, eu pedi para ele apagar e como ele tem já seus

sessenta e cinco anos, cinco filhas e sete netas, e outros


netos e filhos, ele resolveu que iria proteger você.

— Por quê? Para ganhar a confiança de você e do


Travis?

— Ele não precisa disso para ter minha confiança.


Antonio fez a cortesia de me mostrar primeiro e comunicar

da visita de Amândio no seu quarto, porque as filhas dele,


todas elas, se casar por amor. Elas se apaixonaram, teve

seus relacionamentos e depois se casaram.


Olho para o meu anel e mexo nele.

— Mas isso quer dizer?


— Você gosta do Amândio?

Ergo a cabeça para ela.


— Se eu gosto do Amândio?

— É, Marinne. É isso que eu estou te perguntando.


Levanto-me e inquieta ando de um lado para o outro e

depois me viro para ela.


— A verdade é que eu não sei se eu gosto dele como...

— Pauso e tomo uma respiração profunda. — É uma coisa


estranha. Não é o mesmo sentimento que eu tenho pelos

meus irmãos, por você e pelo Dante. É um sentimento de...


— Me perco nas palavras e vou até ela, que se levanta para
eu poder falar olho no olho. — Amândio adora dizer para

mim que eu sou dele. “Você é minha. Você é minha. Você é


minha”. Ele repete isso todas as vezes, mas a verdade... é

que eu acho que ele é meu. Talvez eu sinta possessividade


sobre ele e não necessariamente amor.
Ela concorda com um aceno, mas não elabora. E uma
luz se acende na minha mente e eu a relembro do que disse

a um tempo atrás.
— Sabe aquilo que você disse sobre a Bárbara e o
Enzo. Que ela confundiu a atração imensa que tinha por ele

com sentimentos e que na verdade ela era obcecada. Depois


do casamento ela teve uma desilusão, porque não teve

aquilo que tanto desejava.


— Bárbara não teve aquilo que ela desejava por um

tempo — me corrige.
— Eu sei, mas ela sofreu muito para ter o que tem

hoje e sinceramente eu não quero passar por um terço do


que ela passou. Honestamente, eu acabo com o meu

casamento se sofrer um milésimo do que a Bárbara sofreu


no primeiro mês de casamento, que foi o início de um

pesadelo para ela. Eu não nasci para ser desprezada e nem


ignorada. Talvez Travis tenha me estragado para qualquer

um, porque eu desejo ser desejada e que as pessoas gostem


de mim, me respeitem, que elas me deem valor. Eu não

nasci para ser uma esposa ignorado ou uma esposa troféu.


Madeleine sorri e acaricia meu rosto com um olhar
maduro de mãe que ela tem de vez em quando.

— Eu acho que estou vendo Travis e eu em você nesse


momento.

— Como assim? — digo franzindo a testa sem


entender.

— Você está uma mistura de sentimentos entre o que


eu senti e o que o Travis sentiu quando... — ela faz uma

pausa e controla a risada — namorávamos. Eu só espero que


você não demore tempo demais para perceber a

importância que o tempo tem. Está me entendendo? Se


você sentir dentro do seu coração, — ela bota a mão no meu

peito e diz de um jeito que sinto dentro de mim realmente,


— que o Amândio é uma pessoa importante na sua vida, que
ele é especial e que você daria sua vida por ele, que só em
pensar em ele morrer, isso parte seu coração...

A última eu já senti.
— Não espere uma briga ou algo que possa tirar ele
de você — seus olhos ficam cheios d’água. — Porque todos
esses homens, seja os seus irmãos ou o seu futuro marido,

correm perigo diariamente ou de ser preso ou de ser morto.


A condenação deles é perpétua desde que se iniciaram.
Então, só não demore muito.

— E se, no caso, for ele?


— Como assim?
— E se Amândio não perceber a tempo que eu sou
importante para ele?
Madeleine não diz nada, apenas olha para mim dando

um sorriso pragmático.
— Você é uma mulher inteligente e vai saber a hora.
Eu espero que sim. Penso retribuindo seu sorriso.
— Agora, sente-se aqui e me conta do primeiro

beijinho de vocês.
— Não foi um beijinho.
— Não?
Rio e espero nos acomodar na ponta da cama.

— Foi um beijo tipo de livro.


— Tipo de livro? — Madeleine franze a testa e suspira
nervosa. — Eu espero que não tenha sido nada como
Cinquenta Tons de Cinza.
— Ah, não — eu falo alto.
Ela nem demora para captar que minha negação diz
que eu sei tudo sobre o livro.

— Marinne Lozartan, você já leu esse livro?


— É claro que sim. Você mesma disse que eu tenho
vários livros, um deles é essa trilogia.
— Meu Deus do céu. Se Travis ficar sabendo, vai achar

que a culpa é minha tudo que você fez naquele fim de


semana.
— Não vai — digo com firmeza. — Para você saber, eu
comprei o livro esse ano e três meses antes de fazer dezoito

anos. Sei lá, fiquei curiosa. Muitas meninas ficaram falando,


então eu li. — Dou de ombros, sem culpa. — E eu não fiz
sexo com Amândio por causa do livro.
Ela fica em silêncio olhando para mim e suavemente
surge um sorriso em seu rosto.

— Você nem parece que é aquela garotinha tão


inteligente, linda e que me acolheu com carinho. Eu sei que
começamos com o pé esquerdo, mas você é maravilhosa.
Querida, eu espero do fundo do meu coração que você seja

imensamente feliz.
— Eu sei que sim e você sempre vai ser minha

mãezinha, não importa que eu vá para o outro lado do país.


— Pode ter certeza disso, eu sempre vou ser sua mãe.
A pessoa que você vai ligar para fazer perguntas, para
contar que vai ser mamãe também. — Uma lágrima cai e ela
limpa rápido. — Eu ando muito emotiva.

Dou uma risada e a abraço bem forte, deixando minha


cabeça deitar no seu colo. Madeleine afaga meus cabelos e
me dá conselhos sobre me proteger e o casamento. E depois
Dante acorda e nós vamos ficar com ele no seu quarto.

— Vou sentir falta disso — comento mexendo o


boneco que Dante acerta com o outro boneco na sua
mãozinha.
— Você pode vir sempre que quiser e precisar.

Eu assinto e sorrio. Ficar com eles alivia todo o


estresse e ansiedade.
A primeira coisa que eu faço quando a música “Love

On Top” da Beyoncé me acordar, é abrir os olhos e gritar:


— ALEXA, CALA A BOCA.
O silêncio se restaura e eu encaro o teto do meu
quarto, não mais rosa, e levanto meu corpo, sentando no

meio da cama. Tento manter o silêncio dentro da minha


mente também para não enlouquecer.
Hoje é sábado. Hoje é o dia que esperei por quatro
anos. Hoje é o dia do meu casamento e minha ansiedade

ganhou novos porquês. Daqui a sete horas me casarei com


Amândio D’Ângelo.
E ele era para ter ficado aqui em casa, mas ele foi
embora e não voltou desde que chegamos de Nova York. Eu
sei por que fui ao quarto reservado para ele – duas vezes – e

não o achei. E na hora do jantar ontem, novamente, o seu


lugar na mesa ficou me encarando dolorosamente vazio.
Mesmo conversando com Madeleine, me distraindo
com Dante ontem a tarde e Dario me levando para

academia, lutar. Não fiquei calma. Fui dormir com a mente


fervilhando para saber porque ele sumiu e antes de sair, me
deu aquele olhar tão frio e distante.
Ele nem parecia o mesmo homem que passou a noite

comigo abraçado, escondeu minha calcinha apenas para me


provocar e fica possesso de ciúmes quando falo que alguém
tocou em mim.
Não quero ficar pensando nisso, mas talvez ele tenha

se divertir por Las Vegas. Como nos filmes populares, foi


fazer sua despedida de solteiro. Deve ter ido em uma das
boates e pegou uma vagabunda qualquer. Deve ter esfolada
a bunda dela, já que a minha ele não passou dos limites e

nunca irá.
Fecho os olhos, sentindo meu coração se encolher de
dor e raiva, solto a respiração.
— Eu não vou ser esse tipo de mulher. Não vou

mesmo.
Jogando as colchas para longe, me levanto da minha
cama e entro no banheiro ignorando completamente meu
vestido e véu de noiva no cabideiro no canto do closet.

Enquanto tomo banho, esfregando mais do que o


saudável minha pele, resmungo o tempo todo. Amândio vai
ter eu sorridente caminhando para ele no altar, mas apenas
isso que terá. Ele vai me pagar. Imbecil sorrateiro. Filho de
um puto miserável.
Eu tinha que ter escutado meu irmão Colen e não ter
subido sozinha para o apartamento dele e sim esperado na

recepção do prédio. E com certeza não ter passado a noite


com Amândio.
Suspiro fechando os olhos porque odeio que as mãos
dele ainda estejam como tatuagens na minha pele, na droga

da minha bunda. Sim, meu bom Deus. As marcas dos dedos


dele ainda estão na minha pele porque eu sou uma
branquela que fica marcada por qualquer coisinha, e como
empolou as palmadas no dia, agora só me restam as marcas
ao longe.

— Argh! — Resmungo virando de costas para as


paredes de espelhos no meu banheiro. — Odeio espelhos.
Odeio gostar tanto do toque dele. Odeio mais ainda como
ele é gostoso.

Os minutos que levo para lavar os cabelos e sair do


banho, foco em me acalmar. Finalizando, enrolo uma toalha
na cabeça e outra no corpo. E vou procurar no armário do
banheiro o aromatizador. Escolho o aroma terapêutico de
baunilha e vou para o closet.
— Ele não vai estragar esse dia — digo encarando
meu vestido de noiva. — Porque mesmo que seja um

casamento tático e sem amor, sem aquela típica história de


paixão e tudo o que eu leio nos livros. Melhor, que me iludo
ao ler nos livros, pois duvido que seja real amores como
aqueles. — Respiro fundo e toco nos cristais do vestido. —

Cada detalhe desse casamento, eu escolhi, eu pedi e eu


sonhei, e Travis e Madeleine não mediram esforços para
alcançarem.
Meu vestido é perfeito. Magnifico e mesmo que eu

tenha surtado com como ele acabou ficando caro – Travis


pagou um pouco mais de meio milhão de dólares – eu
adorei ele e vou guardar com carinho.
Sorrio admirando a peça feita por um estilista alemão,

que trabalha com cristais Swarovski, ele brilha de cima a


baixo. Pedi que tivesse as mangas compridas com voal,
tecido transparente, no colo e nos ombros para eu poder
usar o colar de rubi. Vou usar porque amo aquele coração
vinho. Ele causa um contraste perfeito em minha pele. Não
tem nada a ver com a obsessão de Amândio com o colar.
Meu vestido ficou muito pesado pois tem milhares de

pedrinhas de cristais bordados e a saia é volumosa. Ele tem


a exata aparência de um vestido de princesa.
— Principessa — sussurro com gosto amargo o apelido
que Amândio me deu. — Não sou princesa de ninguém,
Amândio.

Um toque na minha porta me deixa alerta. Vestindo


um roupão, vou atender.
— Oi, Rosália.
— Você vai tomar café?

— Hun... — Faço uma careta de enjoo. — Vou só tomar


um copo de leite. Não estou com apetite.
Ela assente sorrindo.
— Vou preparar e estão esperando você lá embaixo.

Meu peito se enche de ansiedade. Pisco para limpar as


vistas embaçadas pelo estresse.
— Já irei descer.
Prendendo meu cabelo com um prendedor que não

marca ele, espero os dois soldados que estão levando as


minhas coisas para a tenda saírem.
Foram montadas algumas tendas no extenso gramado
onde será a festa. E uma delas será para eu me preparar
para o casamento, que começará as duas e meia da tarde.

Uma cabelereira e maquiadora cuidarão de mim e


provavelmente de Madeleine e os outros membros da
família que estão aqui em casa.
Descendo as escadas observo tudo limpo, as cortinas

abertas e muitas flores brancas espalhadas em vasos de


cristais. Madeleine com ajuda de Nina cuidaram de tudo, por
isso meu casamento terá muitas flores e luzes.
Me aproximando da sala de jantar, onde ouço vozes,

me encho de esperança de vê-lo tomando café, mas me


decepciono mais um pouco não constatando sua presença.
Travis sentado no seu lugar, na cabeceira que dá de
frente para a entrada, me direciona um olhar profundo e

escrutínio. Ele me conhece a vida toda, soube muitas vezes


o que eu queria antes de eu saber.
— Bom dia, Marinne — Madeleine diz sorridente e se
levanta.
Ela me abraça e eu retribuo.

— Como está se sentindo? Nervosa?


— Ótima pelas circunstâncias — respondo de olho nos
meus irmãos. Afinal, Colen está me analisando também.
— Vem comer, Kill Bill — Dario brinca comigo.

Estremeço com minha risada por conta do apelido que


ganhei depois que ele me ensinou e eu demonstrei minhas
artimanhas com a espada japonesa. Aprendi bem rápido.
Dario gosta de Kenjutsu, a arte de lutar com a espada

katana. Extremamente ágil e cortante. Eu partir uma


melancia em dez partes numa aula com ele. Desde o fim do
ano passado, ele me ensinou a lutar como os samurais. Ele
adora a arte japonesa, mas sendo previsível, odeia a Yakuza.

Ainda sorrindo para ele, vou me sentar ao seu lado,


não antes de dar um beijo em Dante que é agarrado comigo.
— Senta aqui — Dante exige.
— Não dá — falo olhando-o do outro lado da mesa, a

cadeirinha dele está encaixada entre os pais.


— Não! — Ele berra, autoritário.
— Dante — Travis esbraveja o repreendendo e meu
“irmão” obedece na hora. — Ela está na sua frente.

Madeleine aperta a mão do filho e ele se acalma.


— Depois nós ficamos juntos — digo sorrindo para ele.
Dante faz um aceno conciso e estufa o peito quando
inspira forte. Ele tem três anos e já se parece demais com

meus irmãos, na verdade com o pai. Ele é filho de Travis. Ele


é um Lozartan.
Seguimos em silêncio num café da manhã tedioso,
que eu não como nada. Travis parece nervoso e com certeza

é por conta das centenas de pessoas estranhas que estarão


em breve em nossa casa.
— A cabeleireira chegará daqui a pouco — comenta
Madeleine, quebrando o gelo e eu fico grata por ela ser
exatamente assim. O oposto de todos nós.
Ser a menina forte de Travis sempre me pareceu fácil,
ele permitiu ser fácil, mas agora não parece ser. Ergo minha
cabeça, o véu preso na coroa – tão brilhante quanto o
vestido – no topo da minha cabeça, meus cabelos presos

num coque volumoso. Solto o ar pela boca e encaro meu


rosto maquiado, não sou chegada a colocar muita
maquiagem, mas hoje é o dia mais importante da minha
vida, e não estou completamente animada.

Amândio não é de todo mau. Meu Deus, eu sei disso,


mas hoje minha mente viajou para o lado ruim que ele tem.
Todo mundo tem seu lado ruim. Seus pensamentos sombrios
dentro da caixa de sapato debaixo da cama. O bicho papão
dos livros são reais na minha vida e andam pelas ruas e

alguns de ternos pretos.


Hoje eu só penso na sua frieza, sua falta de palavras
quando eu mais preciso que ele fale alguma coisa. Nas
histórias que escutei sobre ele. As mortes sangrentas. A
droga do seu sumiço esses dias. Os dois anos na Itália sem

dar uma palavra para mim. A noite que me entreguei a ele.


Porra, não.
Todo aquele dia da festa de dezoito anos se resumiu a
nós dois. Desde a surpresa no meu quarto, o presente, o

primeiro beijo, o que aconteceu no banheiro, a dança e


depois nossa transa. Eu esqueci de mim e fui dele naquele

dia. Não lembro de nada daquele dia a não ser eu e ele

juntos em todos os lugares.


E toda vez que lembro a história sobre o irmão gêmeo

dele, fico com falta de ar. Medo de ele ter sido capaz de

matar sua cópia para ter o poder, que será dele sem custo.
Sem o irmão não tem nenhuma possibilidade dele não se

tornar o Capo da Famiglia.


Se ele foi mesmo capaz disso.

Meu Deus!
Prendo a respiração e lembro da primeira vez que o vi.
Eu era uma menina, que sempre soube de muita

coisa, e que tinha acabado de ter uma noção do tempo, de


que eu não seria para sempre uma menina.
Eu tinha acabado de menstruar a primeira vez e

percebido que me tornara mulher. O mais engraçado foi que

eu deduzi que logo Travis estaria procurando um marido


para mim ou falando do assunto.

Então meus pensamentos se tornaram físicos. Como


se o dia já não estivesse cheio, vi Amândio D’Ângelo na

minha frente pela primeira vez e meu mundo... se resumiu a

ele desde então.


Não posso e não tenho o porquê negar que ele me

tomou desde aquele momento. Desde que colocou seus


impressionantes olhos azuis prateados sobre mim.

Fecho os olhos e inspiro e expiro com força.

Meus olhos enchendo de lágrimas.


Eu não vou chorar. Eu não vou chorar.
— Não precisa — sussurro para mim mesma e solto a

respiração me acalmando. — Vai dar tudo certo.


— Vai.

Levo um susto e vejo Travis na entrada da tenda, onde


estou há duas horas esperando o momento de atravessar o

tapete vermelho e pisar no altar, montado sobre um píer

móvel de madeira.
Olhar para o meu irmão abre as comportas do meu
choro e eu me desespero. Ele corre até a mim e me segura

em seus braços enormes e fortes.

— Ei — ele diz baixinho e ergue meu rosto. Passa


suavemente o lenço que tira do bolso embaixo dos meus

olhos. — O que houve?

— Eu não queria ter conhecido ele antes — confesso


baixinho.

— Por quê?
— Porque... — Balanço a cabeça e desvio o olhar. —

Porque não. Porque assim eu não teria criado expectativas

ou... Eu não sei. — Encaro meu irmão de volta ficando séria.


— Não sei o que é, mas...

— Essas lágrimas são de tristeza ou raiva?


— As duas coisas!?

Ele assente e não diz nada, e eu choro mais um

pouco.
Abraço-o bem forte e tento encontrar meu equilíbrio

de volta, mas então Madeleine surge na tenda e eu choro

mais um pouco.
— Mia cara — ela sussurra comigo nos braços,

afagando minhas costas. — Nada sai do seu controle. Você é

a pessoa mais — me afasta para falar olhando-me nos olhos,


— incrível que eu conheço. Vai ficar tudo bem.

Assinto repetidas vezes, saio dos braços deles e digo


com a voz fanha:

— Vou ter que retocar a maquiagem e isso vai atrasar

tudo. São dez para as duas.


— Você é a noiva. Pode fazer o que quiser. — Travis

pisca para mim.

Dou uma risada e ganho um abraço rápido dele antes


de sair. Madeleine me coloca para sentar em frente a

penteadeira que a maquiadora fez um belo trabalho no meu


rosto e me ajuda a ficar apresentável.

— Você está linda. Não acredito que ele não perceba

isso e — puxa meu rosto para ela — que ele consiga negar
isso. Nem tudo que a gente pensa que sabe, é verdade.

Concordo assentindo e sorrio.

Levantando-me, passo o batom vermelho sangue,


quase da mesma cor que o rubi no meu pescoço e respiro

fundo tocando o pingente.


— Foi ele que te deu, não foi? — Madeleine fala

olhando meus dedos passando no colar.


— Foi — respondo enfrentando-me no espelho de

corpo inteiro e lembro de sorrir.


Cada momento da minha vida eu senti diversas

emoções que me levaram a ir até o fim. Se eu sou uma

mulher destemida como um Homem Feito, foi porque a


palavra medo nunca me definiu. Eu fui criada para ser forte

e representar minha família.

Nunca fui fraca e não sei agora.


— Está pronta?

— Estou — respondo com garantia.


— Vamos.

Eu deixo que ela me leve até Travis, que esperava do

lado de fora. Os olhos dele ficam iluminados e o carinho me


toma por completo.

Espero Madeleine se afastar para falar:


— Eu te amo, Travis. Obrigada... — engulo o bolo

emotivo — por tudo. Você salvou a minha vida. Você me

escolheu e não há nada no mundo mais gratificante do que


as pessoas te escolherem no meio de tantas outras ou

quando não têm essa obrigação. Obrigada.

Ele concorda com um aceno simples e beija minha


testa, me levando para os seus braços. Fecho os olhos e

encontro a alegria dentro de mim. Encontro a menina que

ele salvou, ensinou e criou.


Quando me afasto, abro um sorriso enorme.

— Você sempre será minha menina.


Fico emocionada, mas controlo o choro lembrando de

respirar e olhar para cima.

— Eu sempre serei a sua menina.


— A primeira.

Arfo com força, jogando o ar pela boca para fora e

mesmo tremendo, vou para o seu lado e entrelaço nossos


braços.

— Vamos lá.
É ele que dá o primeiro passo e eu sigo.

O sol da tarde está brilhantemente lindo num céu azul

que parece pintado de aquarela. O ar está suave e fresco, e


uma brisa passa por nós e acaricia minha pele, me

acalmando.
Sorrio vendo uma rede de pequenas luzes penduradas

no alto, que ilumina todo o gramado. Colocamos a festa na


área onde tem o campo de golfe, porque é bem maior, e não

seria sensato fazer na parte da piscina. As árvores estão

podadas, bem verdes e com luzes também.


As mesas de vidro com as cadeiras brancas criam um

contraste com a madeira do píer e os vasos com flores


brancas. Muitas e muitas rosas e tulipas brancas.

— Está tudo tão lindo — falo baixinho.

Estou admirada com a parede enorme de rosas


brancas. Parece um casamento de gente famosa. Tipo das

Kardashians. E não sei porque estou tão boba. Nós temos os


mesmos 17 bilhões de dólares de fortuna como elas e meu

casamento foi quase tão caro como da Kim. A diferença é

que talvez ela tenha casado por amor, ou não.


A marcha nupcial me tira dos devaneios e noto

quando Travis faz uma pausa no começo do tapete.

Foco na arrumação para a cerimônia religiosa e


suspiro.

Um píer gigante de madeira, cadeiras brancas; umas


duzentas e cinquenta de cada lado, uma parede de rosas
vermelhas e brancas atrás do altar que tem um arco – que
parece de ferro – com pequenas luzes.

No altar o padre e os padrinhos: Nina e Paolo, do meu


lado. Matteo e uma mulher desconhecida, do lado dele.

E ele. Amândio D’Ângelo.

Engulo a saliva com força. Ele está de branco.


Smoking completo: calça, colete, gravata borboleta e

o paletó preto. E a camisa de dentro branca.

Eu não sei porque, mas sinto-me eufórica em vê-lo de


camisa branca. Está tão lindo. Me deixa animada, porém, eu

lembro do seu sumiço e não importa nada. Nem se ele


estivesse sorrindo, coisa que sua expressão fácil está longe

de estar.

Seu rosto está marcado pelo maxilar rígido, a boca


numa linha reta, as sobrancelhas levemente erguidas e os

olhos fixos e penetrantes em mim. Ele não piscou uma vez

sequer nos segundos que o encaro.


Dando o primeiro passo para o altar, sou orgulho da

cabeça aos pés. Eu nunca irei deixar os joguinhos dos


D’Ângelos me tirarem o que conquistei desde pequena.
O orgulho sempre foi minha arma, a carta na manga,

o jeito de conseguir manter a cabeça erguida depois de ser


a filha rejeitada e ouvir fofocas sobre mim a vida toda. Travis

me honrou e eu jurei o orgulhar.

Eu entro nesse casamento com meu orgulho e vou


fazê-los se arrependerem por tentarem me envergonhar.

Não serei uma marionete em Nova York e nos olhos de


Amândio, eu vejo que ele sabe muito bem disso.
6

A primeira vez que vi esses olhos azuis profundos, eles

estavam em uma menina miúda, muito bonita e falante que


andava saltitando e correndo.

A primeira vez que vi Marinne Lozartan, e já sabendo


que seria minha, reprimi o ódio por meu pai. Ela era uma

criança e por mais que eu já tenha minha alma condenada

ao inferno, não podia, não me permitiria, cobiçar e nem


imaginá-la como mulher. Era um pecado sujo demais para

eu sustentar.

Agora ela é minha mulher. Agora ela está vestida toda


de branco na minha frente, pronta para dizer seus votos e

ser minha irrevogavelmente e para sempre. Mesmo com os


olhos brilhando de ira, ela é simplesmente deslumbrante,

porra.
Espero Travis beijar sua testa para me aproximar. Ele

troca um aperto de mão comigo e espero mesmo que ele

tenha entendido no meu olhar que fiz o que pediu: sumi do


mapa.

Fiquei dois dias dentro do quarto, que ele me

ofereceu, para criar dentro de Marinne o efeito esperado. O

efeito que vejo refletir em seu olhar, mesmo odiando cada

parte da sua repulsa. Eu pensei que queria isso para


sustentar a distância do meu pai para com ela, mas não

gosto nem um pouco da sua raiva direcionada a mim.

Dou outro passo e espero ela olhar para mim e

quando não faz, pego sua mão e aperto. Ela fita nossas

mãos unidas e sobe o olhar para o meu rosto.

— Oi — digo rápido.

Ela assente friamente.


Porra.
Eu sabia que ela iria me olhar assim nesse momento,

e estou odiando. Eu queria seus olhos brilhando, seu sorriso

doce sem mostrar os dentes e quando eu tocasse sua mão,


sentisse calor, não uma tremedeira. Queria poder contar

para ela, mas então vejo meu pai com seu sorriso

repugnante de caçador e volto a ignorá-la.

O padre pede para todos se sentarem e inicia, que

para alguns é uma cerimônia religiosa, para mim uma

espécie de tortura.
Ter Marinne perto de mim sem eu poder tocá-la como

eu gosto e ainda por cima fingir que não noto quando ela

olha para mim algumas vezes, deixando a muralha se

abaixar e sorrir, mas então ficar séria novamente, é um

tormento.

Eu fico quieto e acompanho as orientações

calmamente. Silenciando o meu redor, que é apenas

abatido quando somos pedidos para ficar um de frente para

o outro e trocar os votos da Famiglia no fogo.

Nos entregam a lâmina e eu faço primeiro. Corto a


palma da minha mão com firmeza e estico o braço para que

o sangue derrame dentro da fogueira e falo o juramento

para ela e mais ninguém nessa merda de mundo.


— Entro com meu sangue, juro por meu nome, morro

por minha honra. Entro vivo e só saio morto desse


casamento.

Como no juramento da Famiglia, nós damos nosso

sangue e honra. Juramos sair apenas morto, ir até as últimas


para defender a nossa causa. Nós somos honrados no

sangue. Mas sei que dei muito mais nesse meu juramento
de agora do que quando jurei pela Famiglia.

Há um tempo percebi que minha causa não é apenas

a Darkness. É também essa mulher bem aqui na minha

frente derramando seu sangue no fogo.

— ... e saio morta. — Ela termina e engole em seco.

Eu não me importo. Me apresso a pegar meu lenço do

bolso da frente do smoking e entrego para ela colocar no

corte.

— Obrigada — diz surpresa.

Viramos para o padre, que fala mais algumas coisas

antes de anunciar:

— Vamos receber o pajem.

Franzo a testa e me viro para trás junto com Marinne

que tem um sorriso enorme no rosto, e logo entendo o

porquê. Dante Lozartan vem trazendo as alianças e um


sonoro e uníssono suspiro pelas mulheres preenche o

ambiente.

— Obrigada, irmãozinho — Marinne fala baixinho,

toda doce e alegre com ele.

Dante faz um meneio com a cabeça e aperta a minha

mão antes de ir para os pais, sentados na primeira fileira.

Ele já tem uma puta personalidade e é protetor de Marinne.

Gosto dele.

— Agora trocaremos as alianças — fala o padre.

Concordamos e nos posicionamos de frente para o


outro mais uma vez. Pegando firme a sua mão, encaixo a

aliança e deslizo lentamente.

— Repita o que eu falo — o padre orienta e eu faço:

— Em nome de Deus, eu, Amândio D’Ângelo — falo

olhando-a nos olhos, — tomo você, Marinne Lozartan, para

ser minha esposa. Jurando ser fiel e mantê-la a partir de hoje

no melhor e no pior. Na riqueza e na pobreza. Na saúde e na

doença. Amando e cuidando até que a morte nos separe.

— Agora é a sua vez — o padre fala para ela.

Pegando com as mãos vacilantes a aliança, segura a

minha e diz seus votos bem baixinho, que me esforço para


ouvir, e fico puto por ela não olhar em meus olhos.

— Em nome de Deus, eu, Marinne Lozartan, aceito

você, Amândio D’Ângelo, como meu esposo. Jurando ser fiel

e acompanhá-lo no melhor e no pior. Na riqueza e na

pobreza. Na saúde e na doença. E...

Eu aperto a sua mão e isso chama a sua atenção, e ela

finaliza olhando para mim:

— Amando e cuidando de você até que a morte nos

separe.

Cerro o maxilar e falo só para ela:

— Está tudo bem.

Ela franze a testa e eu assinto querendo dizer que

está tudo bem ela me odiar hoje.


— Em nome de Deus e os declaro esposa e esposo.

Pode me beijar a noiva.

Marinne parece respirar com muita dificuldade

quando ficamos muito perto, seu corpo estremece. Eu

seguro seu rosto entre as mãos. Eu queria matar quem fez


seus olhos estarem marejados de raiva e tristeza, mas sou

eu mesmo.
— Está tudo bem — falo de um jeito que não gesticulo

muito a boca.

Uma lágrima grossa escapa do seu olho e cai na

minha mão. Ela inspira com força, enchendo os pulmões e

fecha os olhos quando aproximo minha boca da sua, mas

então eu não a beijo na boca e sim na testa, e isso parece

partir ela ao meio de uma vez.

Um flash me desperta e trincando os dentes, me


afasto e pego sua mão, nos viro para os convidados e ergo

para cima nossas mãos.


Mais fotos são registradas enquanto todos

comemoram levantando-se e gritando em uma euforia


dissimulada, mas os olhos de contentamento de Travis – por

supostamente ver sua irmã com uma muralha erguida – e


do meu pai – por ter conseguido essa aliança e com algum

plano diabólico na sua mente distorcida – são verdadeiros.


Travis e Madeleine chegam perto de nós, apertam

nossas mãos e abraçam minha esposa.


Porra, ela é finalmente minha esposa.
Alguns convidados se aproximam para falar conosco e

cumprimentamos sorrindo e apertando várias mãos.


Quando somos liberados pela cerimonialista,
caminhamos para o local onde será a festa, e tiramos mais

fotos.
— Abrace ela por trás — o homem orienta para nós

dois na parede de rosas brancas na entrada da festa.


Marinne suspira profundamente quando abraço seu

corpo.
— Sorriam.
Forço um sorriso de boca fechada e parece o

momento mais insuportável da minha vida não ser legal


com Marinne, que respira com dificuldade junto a mim.

— Agora vamos tirar uma foto de vocês se beijando.


Ótimo.
Quando ficamos de frente um para o outro, seus olhos
estão... A consternação me encara. Pego sua mão e percebo

seu pulso acelerado. Marinne sorri para mim de um jeito que


eu me odeio.

— Beija logo — cochicha baixinho e me permite beijar


sua boca para tirar a foto.
Acho que umas centenas de fotos são registradas. De

dós dois sozinhos, dela sozinha e maravilhosa. Eu não aceito


a ordem de tirar fotos minhas, deixo para ela. É seu dia.

Depois os padrinhos são chamados, Paolo me encara


irritado.

Tranquilo, também quero me acertar com meu taco.


Logo são Travis e Madeleine com Dante que são

fotografados conosco. E os irmãos Lozartan e avós de


Marinne também. Vincenzo e Giulia são receptivos a mim.

Deve ser porque estou sendo frio como eles são.


Eu recuso a chamar meu pai e a família dele. O único

que eu gostaria que estivesse no álbum de casamento, está


em Nova York sendo meus olhos e voz, Leon.
— Vocês ficaram lindos. Obrigado e depois tiramos

mais. Podem curtir a festa. — O babaca fala isso depois de


uma hora posando para ele.

Logo que a equipe de fotógrafos se afasta, alguns


amigos de Marinne que tiraram foto com ela e a mulher que

organiza tudo nos libera, eu dou um passo para longe.


Fito Marinne por uns segundos e solto a sua mão com

muito esforço, mesmo que não pareça para ela.


— O que houve? — indaga com o rosto marcado de

indignação.
— Nada — respondo frio.

Ela balança a cabeça recusando-se a acreditar. Vira o


corpo para mim, a testa franzida.

— Onde você esteve esses dias?


— Não importa.

Marinne solta a respiração pela boca e dá um sorriso


fraco, até porque têm muitos olhos nos observando.

— Preciso ir.
— Está bem. — Ela dá de ombros.

— Vou ao banheiro — digo dando as costas para ela.


Não posso deixar meu pai nos ver juntos. Cerro os

punhos andando com passos pesados, ecoando pela


madeira do píer e pego a bebida da mão de Matteo e

entorno.
— Porra, o que há com você?

— Nada — respondo olhando Marinne de longe.


Ela parece perdida e eu quero matar o Travis e o meu

pai. Quero matar todo mundo que acha que pode se meter
no meu relacionamento.
Isso não vai durar mais do que já está durando.

Quero arrancar as minhas mãos e tudo mais, por fazê-


la se sentir menos do que uma rainha.

— Você está com o seu olhar assassino — Matteo


avalia com seu sorriso torto e irônico.
— Pode crer que eu quero matar alguém hoje. — Olho
para ele deixando claro que não é uma ameaça vazia.

Matteo faz um aceno e fica quieto.


7

Como se meu corpo estivesse sendo carregado, meu

espírito está dormente, não sinto nada. Eu sei que tem um


sorriso no meu rosto e que minha cabeça se move conforme

as pessoas me cumprimentam e falam como estou linda,


como o meu casamento está lindo.

Num efeito de câmera lenta, vejo todos se

acomodarem, Travis sendo o falso simpático para com os


seus homens e suas esposas. Madeleine também tem seu

sorriso cordial ao seu lado. Colen, ao longe de cara amarrada

bebendo. Dario sentado em uma cadeira com Dante.


Meu coração dói. Meu peito não parece suportar mais

ficar aqui e eu queria saber onde foi morar a minha vontade


de viver. Minha vitalidade ficou em Nova York ou se perdeu

no voo. Não mora mais dentro de mim.

Olho para minha palma da mão e encaro o pequeno

corte do juramento, que está me incomodando. Parou de

arder, agora só está coçando.


Engulo com força a saliva com gosto salgado das

lágrimas que eu literalmente estou engolindo.

Eu estou com tanta RAIVA.

As pessoas se confundem quando uma mulher chora

em algumas situações. A verdade, é que mulher não pode


ter cargos onde ela pode apertar o botão de uma bomba

nuclear, porque nós somos muito temperamentais e

justiceiras. Sentimos demais.

Tem muitas lágrimas com gosto de vingança e não

fraqueza. As vezes uma mulher está chorando porque de

algum jeito a fúria precisa sair de dentro de nós. Precisamos

nos esvaziar, antes que nos sufoque.


Eu estou sendo essa mulher agora. Enfurecida e

engolindo bombas nucleares salgadas. Mas eu sou uma

mulher firme e crescida. A Marinne menina ficou para trás.


Não penso uma segunda vez quando o garçom passa

por mim e pego uma taça de champanhe e entorno de uma

vez.

Quase me sentindo bem para aproveitar a minha

festa, sinto uma presença do meu lado e viro o rosto.

Para o meu azar, Giovanni D’Ângelo, esse gordo porco


e imundo, para na minha frente com seu sorriso traiçoeiro e

convencido.

— É um prazer muito grande — ele me abraça de

surpresa e fecho os olhos, contando mentalmente até dez

sentindo a mão boba dele perto demais da porra da minha

bunda, que ainda bem tem umas dez camadas de pano,

para salvá-lo de ter essa taça cravada na sua cabeça — ter

você — se afasta e beija meu rosto — na família.


Meu Deus. Eu vou matar ele um dia.
— O prazer é todo meu — devolvo com meu veneno
escorrendo por minhas veias.

Ele consegue sentir?


Não vou denunciar seu assédio porque eu mesma

quero um dia ter a chance de acabar com esse miserável.


Mas eu sei que Travis, Colen e Dario acabariam com ele

lindamente.
— Pai — de repente escuto a voz firme atrás de mim.
Tenho Amândio ao meu lado, que magicamente tira a

taça da minha mão e passa o braço pela minha cintura,

afastando de Giovanni e me puxando para si. Fito seu perfil.

O maxilar rígido e os olhos penetrantes em seu pai. Ele viu o

que Giovanni fez e me defendeu. Franzo a testa tentando

entender o que está se passando com ele. Uma hora me

ignora e a outra é protetor.

Você é minha.
É. Eu sou a posse dele.

— Amândio. — Seu pai aperta os ombros dele, beija o

seu rosto e se afasta para que sua esposa jovem demais, ela

deve ter uns vinte e poucos anos, me cumprimentar.

— Bem-vinda a família — ela diz educadamente.

Sorrio agradecida e arregalo os olhos sorrindo quando

a menina vestida de lilás atravessa a sua frente. Ela dá uma

olhada para Amândio de admiração e depois para mim, do

mesmo jeitinho.
— Oi. Eu sou a Bella.
— Oi. Eu sou a Marinne.

— Você está linda. Parece uma princesa. — A irmã

mais velha de Amândio fala com muito carinho.

Eu sorrio com sinceridade.

— Obrigada e você também.

Ela é linda e bem diferente de Amândio. Tem o tom de

pele como a dele, mas o cabelo loiro escuro e olhos verdes.

A mais nova, Lianne, é idêntica a ela, porém os cabelos são

de fato loiros. E o bebê, Bene, de um ano nos braços da

esposa de Giovanni, Gemma, é a cara da mãe. Pele mais


escura e os cabelos pretos e olhos claros como dos irmãos. É

um bebê lindo.

Logo que eles se afastam, eu franzo a testa para

Amândio e ele deita a cabeça para o lado, tentando me

analisar. Engraçado que o enigma é ele. Tirando meu corpo

do seu agarre, fico cara a cara com ele. Porque precisa ser

tão lindo, droga.

— Quantas esposas seu pai teve?

— Por quê? — Franze a testa, com certeza surpreso

por eu fazer essa pergunta.

— Suas irmãs...
— Filha de Jackeline, a segunda esposa dele.

— E a sua mãe?

— Laura, a primeira esposa. — Ele parece sentir dor

em falar o nome da mãe. Finalmente uma emoção para o

dia de hoje.

Ficamos em silêncio nos olhando, na verdade ele

passa os olhos de cima à baixo por mim várias vezes e eu só

consigo focar em seu rosto. Ele cortou os cabelos, estão

rentes embaixo e mais compridos em cima. Fez a barba e

está cheiroso. Consigo sentir de longe.

Meu coração começa a bater forte, a me deixar quente

por dentro e eu queria poder falar como ele está lindo de

smoking. Dizer que a camisa branca combinou com ele de

algum jeito.

Limpando a garganta, recuo um passo e ele pisca

como acordasse.

— Preciso... trocar o vestido — murmuro e dou de

ombros.
— Por quê?

Dou um sorrisinho e respondo:


— Não dá para dançar com esse e eu só vou tirar a

saia. Tem outra menor por dentro.

Ele assente distraidamente e eu queria tanto aquele

homem que me beijou no banheiro há quatro meses.

Respirando com força, me afasto mais um pouco e ele

não tira os olhos de mim.

— Está tudo bem — repito o que ele disse antes.

Amândio balança a cabeça que não, mas deixa que eu


me vire e vá embora.

Eu ando o mais rápido que consigo para longe dele,


que não vem mesmo atrás de mim e antes de entrar em

casa, dou uma última olhada para ver se realmente não


valho a pena para ele.

— É isso. Foi tudo uma manipulação — cochicho.


Fecho os olhos e as mãos com força e não estou nem

aí se vou destruir o vestido de milhões. Arranco a saia de


mim e corro escada acima para o meu quarto.

— Merda!
Inspiro e expiro com força e coitado do vaso de flores
na minha frente, ele voa pelo corredor. Eu quebraria tudo

aqui dentro se não tivesse que passar a minha última noite


nesse maldito quarto branco. Cortinas brancas, paredes
brancas e os malditos lençóis brancos.

Eu soco a minha cama revoltada por não entender o


que diabos aconteceu com ele. Porque eu fui uma imbecil

que foi atrás dele em Nova York.


— Tinha que ter acabado esse noivado mesmo.

Afundo minha cara no colchão e grito:


— FODA-SEEEE!!! — Bato no colchão inúmeras vezes
e por sorte minha arma não está aqui, senão... — Aaaah! —

Grito dentro do colchão de novo. — Droga.


Me coloco de pé, tossindo porque acabei com a minha

voz.
Vou até a penteadeira para ver como estou. Sem

destruir, retiro o véu preso da coroa, que mantenho e


observo que borrei um pouco os olhos e a boca, que ajeito.

— “Seja uma boa menina, Marinne. Sorria, Marinne.”


— Zombo de vovó falando isso para mim a vida toda. — Oh,

caralhos, Marinne. Seja você — esbravejo apontando o dedo


para o meu reflexo.

Respirando fundo, fico de pé, dobro o véu e deixo em


cima da cadeira e arrumo meu vestido - agora justo ao meu
corpo, em estilo sereia e todo coberto de Swarovski.
— Vai ficar tudo bem — digo num mantra. Tento me

convencer, levanto e dou uma olhada no meu quarto.


Está me matando Amândio me ignorar há dois dias.

Odeio ter que estar no meu quarto em um dia que esperei


tanto. Solto a respiração, fechando os olhos e foco em me

acalmar.
Lembro da primeira e última vez que ele esteve aqui.

Foi tão perigosamente bom e mais uma lembrança de nós


dois.

As pessoas falam que é só um quarto, uma casa, um


lugar, mas tem tantos dias guardados nos lugares. Eu tenho

tantos acontecimentos nessa casa. E amanhã eu vou para


Nova York criar novas lembranças, ter uma nova vida e

construir uma nova família.


Afago o colar no meu pescoço e balanço a cabeça
indignada por Amândio fazer isso comigo. Não está certo. Eu

mereço mais.
Mas eu ainda tenho a esperança, de verdade, que eu e

Amândio ficaremos bem. Eu quero um casamento onde


tenha entendimento, respeito, pelo menos admiração e

cuidado, mesmo que para ele, eu seja apenas sua posse.


Ele está estranho o dia todo. Eu não sei o que fiz ou

talvez alguém tenha falado algo. Argh, droga. Não vou botar
a culpa em mim quando eu sei que tem muita coisa em

jogo.
Vou até meu banheiro, faço xixi com muita dificuldade
por conta que a saia do vestido é bem justa no corpo e logo

saio do quarto. E dou de cara com Paolo encarando as flores


e os vidros do vaso quebrado no meio do corredor.

— Não gostou das rosas que a Nina te deu?


— Não — respondo rápido, me sentindo culpada. —

Não é isso.
— O que você está fazendo aqui? Por que não está

aproveitando a sua festa?


— Eu queria ir ao banheiro e preferir vir no meu

porquê o batom eu deixei aqui. — E sei mentir finalmente.


— Okay. — Ele vira o corpo e estende o braço, que eu

entrelaço com o meu. — Quer dar um passeio?


Rio lembrando dele falando isso para mim quando era

criança e só me levava para o jardim. Para não escutar Travis


discutir com Vincenzo.

— Sim, claro — respondo sorrindo.


Paolo me guia para o jardim do lado oposto da festa e

nós caminhamos lentamente pela casa até sair pelas portas


que dão para a piscina.

— Você vai me dizer o que aconteceu? — Paolo indaga


depois de um tempinho.

— Não. — Dou de ombros. — Não é nada.


— Você não mente muito bem.

Balanço a cabeça fitando a saia do meu vestido


brilhando por conta das luzes espalhadas até aqui.

— Foi a única coisa que Travis não conseguiu me


ensinar. Não saber mentir é algo que todo mundo tem para

reclamar de mim.
— Não deveriam. — Olho para o seu perfil e espero
concluir olhando para mim. — É uma virtude sua não mentir.

É algo bom.
— É, eu sei, mas seria bom saber mentir no nosso

mundo.
— Com o tempo você vai aprender. A vida nos ensina.

— Acredito que sim.


Paramos perto do banco de ferro e ele fica com o
corpo de frente para o meu.

— Então, vai me dizer agora? Nós estamos bem


distantes da festa.
Respiro fundo e consigo escutar tão bem, ao longe, a

música. Meus olhos focam no contraste da grama verde, a


piscina azul com meu vestido branco e o terno de Paolo

cinza chumbo.
Estou tentando distrair minha mente e não falar, mas

eu o encaro e baixo os muros altos que ficaram


protetoramente ao meu redor desde ontem.

— Você uma vez me disse que não confiava nele.


Paolo coloca as mãos dentro dos bolsos, me dando

total atenção.
— Sim — assente duas vezes. — Sim, eu disse para

você isso.
— Eu queria saber porque você disse isso. Você não

quis elaborar naquela época. — Meneio a cabeça. —


Provavelmente porque eu tinha só quinze ano.

— Sim.
— Você vai dizer agora?
Ele parece receoso, mas não me faz de idiota. Não
precisam mais fazer isso. Eu sou uma mulher, não uma

menina.
— Amândio tem uma reputação um pouco

preocupante e o cargo dele em Nova York é um dos mais


severos.

— É?
— Sim, porque apesar de ele ser o sucessor do Capo, o

filho primogênito e escolhido, ele faz o papel de carrasco.


— O quê? Como assim?

— Ele é o cobrador da Famiglia e mesmo que o Matteo


seja o Cinistro oficial da Darkness, Amândio faz muito bem o

trabalho de executor e ele gosta. — Paolo faz uma pausa e


endurece a voz. — Ele gosta de matar, de sangue, de
torturar.
Engulo em seco, assentindo sem controle.

— Eu já o vi matando e posso apostar minhas fichas


que ele realmente gosta de fazer esse trabalho.
— E você não gosta?
Paolo pensa um o pouco antes de dizer:
— Eu faço e não tenho remorso. Não é algo que eu
escolho antes de dialogar, mas faço. Porém, Amândio e

Travis tem algo em comum. Eles parecem que deixam a


mente se esvaziar e eu já tenho muita coisa na minha
mente. Não sou bonzinho. — Abre um meio sorriso. — Mas o
meu trabalho é outro e até o seu irmão tem pudores quanto
a fazer essa parte do trabalho, Amândio não.

— Ouvi por aí.


— Sim e Marinne — ele toca o meu ombro. —
Amândio, para mim, pelos meus anos de vida e experiência,
é só um moleque, uma criança e muito novo para ter tantas

mortes na sua listinha.


— Eu estou entendendo. — Meneando a cabeça, viro
meu corpo de lado e olho para o horizonte pensando nessas
informações.

— Ele te deu algum sinal para você está me


perguntando isso? Ele fez alguma coisa com você?
— Não — respondo rápido e desesperada virando-me
para Paolo de volta. — É só porque ele foi muito receptivo e

cavalheiro comigo todas as vezes que a gente se viu. —


Engulo o sentimento amargo preso na garganta e termino:
— Mas nos últimos dias e hoje... ele está muito longe, sabe?
Eu fico esperando-o me dar alguma atenção, mas... nada

muda.
— Entendi.
— Eu posso te fazer uma pergunta?
— Todas.

— Você gosta dele como meu marido, como um


homem para mim? O que você acha dele?
— Alguns homens ficam distantes em público,
Marinne. — Sua resposta é incógnita. — Não tem nada a ver

com você o jeito dele agir hoje, posso garantir.


— Eu sei e eu estava pensando...
— Eu não sei realmente o que é para falar — ele me
interrompe —, mas fique tranquila com...
— Marinne?!

Nós dois nos viramos e eu dou de cara com Amândio


vindo até nós. Ele tem um olhar assassino no rosto. E sem
nenhuma palavra, Paolo e ele trocam um aceno de cabeça
friamente, um aperto de mão cordial e forçado, e Paolo me

deixa à sós com meu marido sem olhar para trás.


Meu marido.
Eu engulo em seco e espero Amândio ficar na minha

frente. Ele enfim as mãos nos bolsos da calça, deixa as


pernas afastadas. A postura firme e poderosa. Seria
intimidadora se eu não achasse tentadora também.
— O que você estava fazendo aqui longe da festa e o
com Paolo? — E completa logo: — Eu não me importo com

ele. Ele é como se fosse um parente seu.


Suspiro e cerro os olhos.
— Está dizendo que confia nele nesse quesito? —
minha voz sai irritadiça.

— Sim.
— Hun... — Dou de ombros. — Menos mal. Seria
insultante você me acusar de trair você, justo hoje e com o
Paolo, que é como um tio para mim.

Ele cerra os olhos, vejo desconfiança e irritação. Mas


logo mascara a emoção e pergunta com a voz baixa.
— O que aconteceu com você? Parecia muito triste e
preocupada falando com ele.

Dou uma risadinha e cruzo os braços.


— Que engraçado você.
— O que é engraçado, Marinne?
— Você ter notado — aponto para mim mesma e

engulo a ira — alguma coisa sobre mim, já que está me


ignorando descaradamente há dois.
Ele franze a testa balançando a cabeça.
— Eu não estou ignorando você.

— Está sim. Desde anteontem, quando saiu do


escritório do Travis. — Sinto meu rosto todo esquentar de
raiva. — Eu não sei o que que houve. Sei que eu não te fiz
nada, mas... você parece estranho. Está agindo diferente

comigo.
— Confia em mim, Marinne. Não aconteceu nada.
— Então por que que você está me ignorando? — Dou
um passo e toco seu peito. — A gente estava tão bem e
agora você mal olha para mim. Logo hoje.

Amândio parece sentir dor enquanto encara-me e


coloca sua mão sobre a minha, entrelaçando nossos dedos.
— Eu sei disso e quero que você confie em mim. —
Faz uma careta estranha molhando os lábios com a língua.

Não parece bem com ele mesmo. — Eu estou em público e é


difícil querer você e ser o que esperam de mim.
— É só por isso? Eu não te fiz alguma coisa?
— Nunca — ele responde de uma vez e estende a

mão, tocando minha bochecha.


Suspiro e deito o meu rosto na sua mão, mesmo não
quero ser uma boba. Ele desliza os dedos para minha nuca,
me puxando para si.

— Você não fez nada. — Sua voz é baixa, uma carícia.


— Tire isso da sua cabeça. Agora vamos entrar.
— Espera — eu peço, apertando sua mão na minha.
Ele faz que sim e aguarda minha ação. Eu levo minha

mão até seu rosto e afago. Amândio segura a respiração,


mantendo a distância que nunca se esforçou para fazer
comigo. Me deixando com raiva e excitada porque parece
um desafio. Uma aposta para ser ganha. Ganhar sua

atenção de volta.
— Agora que você é meu, parece que nunca foi. Agora
que podemos, você não me quer.
— Mas não é verdade — diz e enrijece o maxilar.

Eu afasto a minha mão e surpresa, ganho um beijo na


boca; rápido e seco.
— Você é minha. — A voz dele é rouca, determinada e
perigosa. — É isso nunca vai ser diferente.
Engulo em seco e fecho os olhos com o beijo deixado
na minha testa.
— Vamos agora.
Assinto e ele coloca a mão em minhas costas, me

guiando para dentro. E estamos caminhando pela casa


quando ele para e me pergunta:
— O que a Madeleine significa para você?
Eu não entendo a pergunta e franzo a testa.

— O que exatamente você quer saber? Eu não entendi


bem.
— O seu irmão é como se fosse seu pai. — Ele faz uma
expressão engraçada. — Ele te criou como tal, portanto,
você é muito parecida com ele. — Ele não fala isso como

algo ruim ou bom, na verdade é como se fosse uma


teimosia. — E Madeleine?
— Ah, entendi — respondo. — Bem, a Madeleine, eu
sei que não tem tanta diferença de idade comigo, para ser

minha mãe, mas ela foi a única figura feminina na minha


vida de verdade. Uma figura materna de cuidar e proteger. E
falar coisas que mães falam para as filhas. — Dou de
ombros. — Então a Madeleine se tornou a mãe que eu não
tive. Porque as babas recebiam para cuidar de mim, e ela
não. Ela me aceitou porque simplesmente queria.
Ele parece satisfeito e assente.
— Por que você está querendo saber dela?

— Porque ela me falou que sabe que eu entrei no seu


quarto no Bellagio.
Arregalo os olhos surpresa por ela ter contado a ele.
— Ah — abro a boca e rio. — Sim, ela sabe.

— E você confia nela?


— Ela é minha família. É minha mãe e está tudo sobre
controle. Ela apagou as filmagens e sério, — dou de ombros,
— nós somos casados agora. Não tem mais problema o que

fizemos.
— É verdade — diz com humor e aperta minha mão.
— Não se preocupe com isso. Madeleine é minha
família.

— Foi bom você ter esse suporte na vida — comenta


me levando para a festa.
— E você também vai ter quando a gente tiver filhos.
Amândio para de andar e aperta minha mão mais
uma vez fitando meus olhos.
— Eu vou ensinar a eles a respeitar e a amar você —
digo baixo, como não quisesse falar.
— O amor é bobagem, Marinne.

Meu peito... meu coração se parte, se é possível ter


um coração rasgado ao meio.
— Você acha mesmo isso?
Ele não responde, solta a minha mão e me dá um
olhar firme deixando o corpo de frente para o meu.

— Em nosso mundo é realmente preocupante — ele


diz apenas.
Ergo o rosto e assinto. Tudo bem, ele não está errado.
Mas estou paralisada por dentro. Oca.

— E se acontecer? —sussurro.
Ele fica pensativo por um tempo, o rosto neutro.
— Aconteceu.
— Como assim?

— E AGORA VAMOS A VALSA DOS NOIVOS — em


volume máximo sai a voz da cerimonialista pela caixa de
som.
8

— Ela me aceitou porque simplesmente queria —

Marinne responde com muito carinho ao falar de Madeleine.


— Por que você está querendo saber dela?

— Porque ela me falou que sabe que eu entrei no seu


quarto no Bellagio.

Madeleine me deu um breve sermão e aviso quando

me encontrou dentro de casa, quando eu estava procurando


Marinne.

Depois das inúmeras vezes que dei gelo nela, fiquei

preocupado de ela estar fazendo uma loucura ou simples ter


escolhido não participar dessa merda de festa. É tudo para

ela.
Eu não suporto mais fingir que não a quero. Merda. É

uma luta miserável ficar longe dela e agora que ela é

oficialmente minha, não beijá-la como desejo é uma merda.

Encontrá-la conversando com Paolo não me tirou do

sério, mesmo sabendo que ele não confia em mim para ser
marido dela. Ele já deixou bem claro isso.

Mas quando vi seu olhar. Marinne está vulnerável e

sensível hoje. E não vou julgá-la por isso. Ela está se

casando, se unindo para sempre com um homem como eu.

Podemos foder muito bem, porém não rola sentimentos


entre nós.

E ela é muito forte e sabe que eu, Travis e Paolo

conseguem ver a luta que ela está fazendo para se manter

firme. Está parecendo como as noivas do meu pai.

Desesperada por ter casado com um monstro.

Eu me odeio. Me tornei meu pai para a pessoa que

não merece meu lado frio e bruto. Os únicos momentos que


a vi relaxar e sorrir foi quando Dante entregou as alianças,

falando com minhas irmãs e agora falando de Madeleine.

Fora isso, Marinne se fechou internamente num duelo de

raiva e tristeza.
— Ah — ela ri com conhecimento. — Sim, ela sabe.

Sabe e quer saber como eu vou colocar um sangue no

lençol. Colen e Madeleine estão me tirando do sério com

isso. Vou acabar cortando suas gargantas para manchar logo

as paredes brancas dessa maldita casa.

— E você confia nela?


— Ela é minha família — Marinne determina. — É

minha mãe e está tudo sobre controle. Ela apagou as

filmagens e sério, nós somos casados agora. Não tem mais

problema o que fizemos.

O único problema é que eu quero demais você.


Quero a mulher que estava na minha sala antes de

ontem. Quero agarrar seu corpo, apertar sua nuca e trazer

sua boca para mim.

— É verdade — digo aliviado dela estar mais suave e

aperto sua mão com um recado: Entenda, é para o seu bem.


— Não se preocupe com isso. Madeleine é minha

família — diz confiante.

— Foi bom você ter esse suporte na vida.

Coisa que eu nunca tive.


Não lembro direito da minha mãe, mas aposto que ela

era boa. Eu vejo pelas fotos dela comigo e meus irmãos

como era sorridente e amável. O sorriso de Marinne me


lembra o dela.

— E você também vai ter quando a gente tiver filhos.

Paro de andar e encaro-a sem reação.

— Eu vou ensinar a eles a respeitar e a amar você.

Amor? Piada.
— O amor é bobagem, Marinne. — Falo sem pensar e

me arrependo porque ela me olha como eu tivesse matado

mil gatinhos.

— Você acha isso mesmo? — sua voz soa quebrada.

Solto sua mão e falo com dureza.

— Em nosso mundo é realmente preocupante.

Ela não pode esperar isso do nosso mundo e ela

mesma disse que não queria amor quando dançamos no seu

aniversário. Que papo torto é esse agora, porra.

Marinne assente parecendo concordar, mas não

completamente.

As mulheres sempre querem afeição. Eu lido com


minhas irmãs querendo isso de mim e já tive uma maluca
que foi apaixonada atrás de mim como um cachorro.

— E se acontecer?

Se acontecer de ela se apaixonar por mim?

Porra.

— Aconteceu — respondo mecanicamente.

— Como assim?

— E AGORA VAMOS A VALSA DOS NOIVOS. — Minha

deixa na hora certa.

Eu pego sua mão.

— Vamos dançar.
A levo para a pista de dança e todo mundo aplaude

levantando das suas cadeiras. Eu tenho meu pai também de

pé olhando para nós dois. Cerro o maxilar com raiva. Ele

acha que não o vi olhando para Marinne como se fosse um

pedaço de carne.

— Aí — Marinne reclama e eu me dou conta que

apertei com força demais a mão dela sem querer.

— Desculpa.

Ela pisca dando um aceno e para na minha frente

quando eu conduzo o seu corpo. A valsa tradicional soa por


teclados do piano no palco onde tem os músicos. Nós dois

nos posicionamos e damos o primeiro passo.

Marinne tem seus olhos azuis me perfurando,

acusatórios.

Ela está tão linda. Tão perfeita. E seu olhar parece

querer atravessar as paredes que ergui para ela hoje. Eu as

tinha baixo desde o seu aniversário de dezesseis anos e nos

seus dezoito, quando ela abriu aquela porta para mim, eu

me esqueci do acordo que me juntaria a ela no futuro e

apenas foquei no que eu queria: ela.

Damos uma volta completa no salão sendo filmados,

fotografados e observados. Não sei o que faço, mas ela abre

um sorriso frouxo e hesitante antes de sussurra:

— Você está querendo me machucar por quê? —

Pergunta num tom acusatório.

— Não foi de propósito.

— Não estou falando da minha mão — retruca brava.

— Por que você está tão frio comigo?


Porque eu quero você viva.
— Todo mundo tem seus motivos — escolho a resposta

fácil.
— Não importa — diz teimosa. — Você não deveria

fazer nada que você não queira.

— Confia em mim que sendo quem eu sou, as minhas

vontades nunca vieram em primeiro lugar.

Ela enche os pulmões de ar e mesmo irritada, aceita.

— Eu já confiei muitas vezes.

Ela tem razão.

Fazendo seu corpo ficar colado ao meu, me satisfaço


quando deita a cabeça no meu peito e a conduzo a valsa

toda, admirando o seu vestido refletindo as luzes.


Ela está tão linda, de fato uma princesa hoje.

Suavemente ela inclina o rosto para mim e ficamos


nos encarando enquanto dançamos. Desço minha mão do

meio das suas costas para sua cintura e seguro firme. Seu
corpo reage se empertigando.

Por alguma razão, lembro do assunto; amor. Acho


muito cedo para nós dois assumirmos esse tema em nossas

conversas. É prematuro e idiota. O amor em nosso mundo é


um risco muito grande. Um risco muito alto e eu sou
diferente do irmão dela.
Não sei o que faria se tivesse uma situação como a de
Travis anos atrás. Uma mãe grávida que quase abortou um

bebê e quando nasceu, se matou e deixou a criança sozinha


com um pai que não a queria.

Eu não sei se eu ajudaria a criar essa criança, mas ele


fez. Criou uma mulher incrível, determinada, destemida,

linda e esperta. E hoje ela é a minha esposa e mesmo


sabendo que é necessário endurecê-la e deixá-la afastada,
não calo a porra da minha boca.

— Você estava linda.


Marinne pisca seus brilhantes olhos azuis para mim.

— Você está linda — me corrijo rápido.


Ela recebe o elogio com surpresa e sorri sem jeito.

— Você gostou do vestido?


— Bella tem razão. Você pareceu uma princesa

caminhando no altar.
Caminhando para mim.
Seu corpo estremece e em seus olhos vejo excitação.
Ela move a sua mão dentro da minha, esticando e logo

entrelaçando os dedos com os meus. Aprumando o corpo,


estufa o peito – que faz seus seios empinarem
deliciosamente –, o rosto todo inclinado para cima.

— Não me pareceu que você tinha notado.


— Marinne — eu a advirto.

Ela é melhor do que isso.


— Você vai se arrepender por hoje — sussurra.

Penso em reivindicar com uma resposta, mas o


imbecil do cerimonialista fala que é o momento de dançar

com os pais. E como ela não tem pai, e sim Travis, e eu não
tenho mãe e me recuso a dançar com Gemma, Madeleine

toma o lugar de Marinne em meus braços.


Deixo minha mão no topo de suas costas, segurando

sua mão sem pressão e existe um palmo de distância seguro


entre seu corpo e o meu.

— Contou para ela o que eu falei para você?


— Sim. E ela disse para eu não me preocupar. — Fito
os olhos de Madeleine. — Ela disse que você apagou as

filmagens. É verdade?
— Sim, eu fiz.

— E por que não me disse antes?


— Porque eu queria que você sentisse um leve

desconforto.
Ergo as sobrancelhas, ameaçadora para ela.

— É mesmo?
Madeleine sorri abertamente, um ar intimidador e diz:

— Você está fazendo o jogo errado com Marinne. Ela


não vai gostar de saber que você está manipulando ela.
Enrijeço os músculos da mandíbula, trincando os

dentes.
— Você...

— Eu sei o que você está fazendo e o que meu marido


falou para você.

— Você sabe o motivo.


— Sim, eu sei, mas você poderia ter tomado outro

caminho.
— Fale isso para o seu marido. Eu não pretendia sumir

esses dias.
Madeleine ri, olha para os convidados fazendo a blasé

e volta o foco para mim.


— Nem sempre Travis faz as coisas certas. — Faz uma

pausa dramática. — Principalmente quando o assunto é


sentimentos.

— Não tem a ver com isso.


— Claro que tem. — Olha para Marinne, e eu faço o

mesmo. — Ela não deixaria você entrar no quarto dela e ido


até você em Nova York, lutando como uma leoa — diz com

conhecimento e encara-me, — se não sentisse nada por essa


aliança. Se não estivesse disposta a ficar do seu lado. —
Madeleine balança cabeça, o olhar analisando-me. — Eu não
sei realmente o que você pensa dela ou desse casamento,

mas tome cuidado para não enfiar os pés pelas mãos.


— Você não me conhece.

— Não — retruca direta. — Eu não conheço você, mas


aposto que ela sabe uma ou outra coisa sobre você. Não

brinque com ela. Marinne é...


— Imprevisível e tem as artimanhas de um Madman.
Madeleine abre um sorriso orgulhoso.

— Ela pode ser a melhor coisa da sua vida.


E nosso tempo de música acaba e ela se afasta.

— Não acho que está fazendo certo. Marinne é mais


esperta do que você pensa e seria valido dar valor a sua

companhia.
Fico em silêncio e fito minha esposa rindo com o
irmão.

— Poderia ser para você — as palavras de Madeleine


me causam ódio.
— Pode ser a minha vez? — Bella surge do nosso lado.

Viro-me para minha irmã e Madeleine sorri para ela


com carinho, antes de se afastar.

— Claro que pode, querida.


Com minha paciência forçada, posiciono-me na valsa

com minha irmã de quatorze anos e a guio numa dança


plácida, meus olhos não desgrudando do meu pai com

Marinne.
— Você está com ciúmes.

Olho para baixo e vejo os olhos verdes de Bella


concentrados em minha esposa. Elas são muito parecidas.

Observadoras e espertas. Um perigo para homens como


meu pai.

Agora vou precisar ficar de olho nas duas. Antes


Marinne estava segura em Las Vegas das garras do babaca

do meu pai, mas ela ainda estará em Nova York. Garanto


que sim.
— Não é isso. — Retruco minha irmã.
— Bem, você deveria ter pelo menos atenção

redobrada com ela.


— Bella.

Minha irmã foca sua atenção em mim e dá de ombros.


— Papai gosta de ferir quem ele pensa que pode usar

para chegar até você. — Ela parece consternada. — Por que


você acha que ele gosta de me trancar no quarto? — É uma

pergunta sugestiva, e ela responde: — É porque ele sabe


que você se preocupa comigo. Não deixe ele chegar perto

dela.
— Ele não vai — afirmo. — Nem dela e nem de você,

me ouviu?
Bella abre um sorriso amargo e me abraça quando
acabamos de dançar. Marinne se aproxima de nós e minha
irmã a abraça também e corre para longe.

Sem Leon por perto e eu ocupado, minhas irmãs se


refugiam em Donato. Um dos meus soldados que tem a
função de cuidar delas.
Gemma não se importa muito com minhas irmãs

desde que seu filho nasceu. Eu tinha pena dela antes. Antes
dela ser mãe e ficar colocando ideias na cabeça do meu pai
do tipo; que o novo e mais jovem filho dele pode ser o seu

sucessor. Até porque meu pai sabe que comigo seu reino
durará menos, com Bene, ele terá ainda longos anos como
Capo. Imbecil egocêntrico.
Entretanto, ele sabe que antes mesmo de tentar fazer
algo contra a mim ou Leon, meu avô faz ele comer adubo à

sete palmos da terra. Cassio diz que Giovanni foi o maior


erro da sua vida. Meu pai só é bom para falar com políticos,
muitos do mesmo caráter que ele. Egoístas, mercenários e
manipuladores.

— Ela está bem? — Marinne pergunta quando se junta


a mim numa última dança.
Ainda de olho em minha irmã, respondo:
— Ela vai ficar. — Chego o corpo da minha esposa

mais para perto e olho em seus olhos. — Tudo vai ficar como
eu quero.
9

Tenho meu corpo puxado para os seus braços e

suspiro fitando seu rosto. Amândio está estranho demais e


sinto seu ódio quando fala:

— Tudo vai ficar como eu quero.


Eu não entendo muito bem o que quer dizer, mas

suas palavras são carregadas de determinação vingativa e

outro sentimento que não sei definir.


Acho que sua ira é por causa do pai. Eu também estou

sentindo o mesmo depois de ser obrigada a dançar com

Giovanni. Que homem desprezível.


Pelos minutos mais longos da minha vida, dançar com

aquele velho foi terrível. E como dessa vez eu não estou


mais com a saia do vestido de noiva, a sua mão foi notada,

com muita repulsa, perto da minha bunda de novo.

Talvez Amândio estivesse muito ocupado falando com

Bella e não percebeu, ou se ele notou essa segunda

interação atrevida do pai dele comigo, ignorou


propositalmente para não haver um banho de sangue.

Suspirando, eu me entrego a última valsa antes da

gente subir para o nosso quarto, no caso o meu quarto que

foi preparado para a noite de núpcias.

Sinto-me desconfortável por fazer sexo na casa da


minha família. Sexo de verdade porque o que ele fez comigo

no meu quarto naquele jantar foi arriscado, mas não foi

sexo.

No entanto, como o lençol de sangue será forjado, não

é preciso que nós tenhamos algo hoje. Eu não quero ele tão

perto de mim. Pelo menos é o que minha mente ordena,

mas não o que meu corpo deseja.


A valsa com meu irmão foi esclarecedora e irritante

também, por outros motivos.


— O que houve que você está séria? — Travis
perguntou me guiando pela pista.
— Não é nada. É impressão sua.
— Não é não — insistiu e me fez olhar para o seu
rosto. — Hoje era para você estar sorrindo.
Baixei o olhar e foquei na sua gravata borboleta. Não
estava a fim de dar chance para Travis me dizer que é
normal os Homens Feito ficarem fechados em público. Essa
conversa já deu para mim.
— Você precisa ver além do que ele está deixando.
Franzi a testa para o meu irmão.
— O quê? Como assim?
— Ele tem seus motivos e eu...
— Você?
— Pedi para ele continuar com a ideia dele.
— Que ideia? — Dou um passo para trás, parando de
dançar e me afastando. — O que você fez?
— Nem tudo é cruel. Veja através dos atos.

Então eu entendi o que Travis quis dizer no exato

momento que Amândio segurou minha mão e voltou a


dançar comigo.

É tudo um plano para nós ficarmos longe, porque tem

Giovanni e outros membros da Darkness presente. É porque


ele precisa ser o assassino. O homem que matou seu irmão

gêmeo. Não o homem que dorme agarrado ao meu corpo a

noite toda e faz loucuras para ter um tempinho comigo.

— Por que está me olhando assim? — Amândio

indaga.

— É porque... — Calo minha boca quando os acordes

da próxima música começam.

Viro o meu rosto para o palco e meu coração acelera.

Os acordes da música que nós dançamos no meu

aniversário de dezoito “Love On Top”, ecoam pelas teclas do

piano preenchendo o ambiente e dessa vez é ao vivo.

Abro um sorriso de puro contentamento e plenitude.

— Eu adoro essa música — digo baixinha olhando

para os músicos e algumas pessoas, que mesmo que a

melodia tenha ficado mais “dançante”, continuam valsando.

— Eu sei.

Levanto minha cabeça para ele e franzo a testa.


— Foi você?
Amândio assente e consegue deixar meu corpo mais

junto ao seu.

— Queria que você ficasse feliz hoje. Que sorrisse.

Suspiro sentindo um peso no meu peito. Uma

ansiedade me domina e eu aperto minha mão no seu

ombro, subindo até tocar a pele do seu pescoço e o arranho.

Ele nem esboça reação, mesmo machucando porque fica

vermelho. No máximo, entrelaça com mais força minha mão

na sua.

— Você que foi o culpado de me deixar assim —


retruco em voz baixa.

— Eu nunca te dei motivos.

— Motivos para que?

— Para você duvidar que eu a respeito e a tratarei

bem.

Ele faz um passo na dança que o obriga a envolver

seu braço na minha cintura e eu a segurá-lo mais firme.

Chego a sentir o cabo da faca presa em suas costas. Ele fica

ainda mais perto e deixa a boca no meu ouvido para

murmurar:

— Motivos para duvidar que eu a quero.


— Hoje não.

Amândio foca meu rosto.

— Foi fácil você me odiar. — Acusa.

Ergo meu queixo e o olho no olho, confrontando.

— Não me faça sentir culpada por seu joguinho.

Piso no seu pé bem rápido e ele nos gira na pista.

Soldado de pé ainda. Ele é imbatível, porra.


— Marinne — adverte.

— Você tem boca e podia ter conversado comigo.

— Podia?

— Sim, podia — respondo apertando os dentes. —

Podia ter pedido meu lado frio para me proteger do

molestador do seu pai.

— O quê? — Seus olhos ficam em brasa. — Ele tocou

em você?

Ai meu Deus.
— Não — minto e ele sabe, é claro.

— Ele tocou — diz e tenta me soltar.


— Amândio. — Agarro-o pela lapela do paletó. — Fica

comigo. Fica aqui.


Ele enrijece o maxilar, apertando com tanta força os

dentes que as veias do seu rosto saltam. Sua mão envolve

meu punho, levando a minha palma para o seu peito. Sinto-

o ferver e o coração bater tão forte que é assustador.

Seu rosto está erguido e eu sei para quem ele está

dando seu olhar glacial.

— Olha para mim — eu imploro baixinho. — Amândio!

Olha para mim.


— Você deveria deixar...

— Não — interrompo-o e entrelaço minha outra mão


com a sua, que caminhava para dentro do paletó, onde eu

sei que tem uma arma. — Não faz isso. — Eu imploro. —


Hoje não. Hoje não.

Isso o desperta e ele baixa os olhos para mim. É pura


fúria.

— Um dia — sussurro — você faz o que quiser com


ele.

Franzo o rosto enraivecida porque o sentimento entre


nós dois é mútuo para o seu pai. Estou toda arrepiada e ele
percebe.

— Não hoje. Não agora. Não aqui... por mim.


Ele está paralisado. Não concorda, não discorda.
Olhando para os cantos, noto que ninguém percebeu

o momento mais aterrorizante da minha vida em público e


puxo Amândio.

— Vem comigo.
Pegando-o pela mão, levo para a tenda. Finalmente

ela vai servir para alguma coisa de verdade.


Faço-o entrar primeiro e como dá, fecho a entrada, a
porta de pano. Porra. Era para ter levado ele para dentro de

casa.
Girando meu corpo, eu o encontro no meio da tenda.

Ele passa a mão nos cabelos, destruindo o penteado que


estava tão bonitinho e tira o paletó, jogando no sofá

vermelho onde passei vinte minutos pensando no porquê


ele sumiu e se ia aparecer.

Vejo a faca presa no coldre no seu corpo forte e largo,


e quando se vira para mim, a arma pequena do lado

esquerdo. Ele ia mesmo pegar e atirar no pai.


Meu bom Deus.
Eu me odeio por ter sido fraca o dia todo e agora
precisar ser forte para não haver um banho de sangue no
meu casamento. Uma guerra generalizada da Darkness no
território do meu irmão, que iria se envolver e eu não sei

como no final eu ficaria com Amândio.


— Quando foi que ele tocou em você? Como ele tocou

em você? — Amândio pergunta se aproximando. — Onde ele


te tocou? Por quanto tempo?

Respiro profundamente, procurando me acalmar e


corto mais a nossa distância e toco seu peito, porque

percebi que ele sempre fica calmo.


— Foi quando ele me cumprimentou e você logo

chegou perto. Lembra que tirou a taça da minha mão? Você


percebeu que eu ia acertar ele com a taça, não foi?!
— Percebi que você estava desconfortável com ele,
mas não — cerra os dentes — consegui ver do ângulo que eu

estava ele te tocar.


Como eu quero o sangue de Giovanni, delato com
detalhes o que e como ele fez comigo:

— Não demorou muito. Ele me abraçou e sua mão


desceu. Ele quase tocou na minha bunda, mas com a saia

do vestido de noiva não dava para sentir muita coisa.


Como uma máquina assassina, Amândio tenta passar

por mim.
— Não — o som escapa de mim e eu corro. —

Amândio... — Fico na frente dele e o abraço com toda a


minha força. — Por favor, não faz isso. Amândio... olha para

mim, por favor.


Ele agarra meus punhos no alto, sem machucar, e
desce o rosto. Os olhos presos nos meus, a testa quase

colada na minha.
— Por que você está salvando ele?

Levanto mais o rosto e duelo com sua fúria.


— Eu não estou salvando ele, estou salvando você. —

Solto uma respiração estrangulada. — Você sabe o que vai


acontecer se matar o seu pai no meio de toda essa gente.

Ele é o seu Capo. Sem contar que é uma traição matar outro
membro da Famiglia.

— Traição é ele tocar na minha mulher — suas


palavras têm tanto peso.

Não sei onde vai morar meu amor-próprio, mas nesse


momento eu amo que esse homem me tenha assim. Adoro

que ele queira matar alguém que quase me tocou, tocou no


que é dele. Aprecio de verdade que ele queira fazer uma

guerra por mim.


— Eh... e-eu sei — perco a fala. Tento ficar calma,

porque, oras, eu também estou com raiva.


— Ele tem que sofrer as consequências, Marinne.

— Sim — concordo balançando a cabeça. — Eu


também acho, mas não quero que você faça isso aqui e

hoje.
— Um dia eu vou. — Sua voz sai rouca, vibrante e

assustadora. Uma promessa.


— Vai? — Sussurro para tentar amenizar a situação. —

Você vai fazer isso por mim?


Amândio segura meu rosto com as duas mãos com

seu jeito dominador e bruto. Ele está tremendo, quente e


seus olhos lacrimejam de ódio. Como se fosse um vulcão em
erupção e a sua lava fosse as lágrimas, brotando

lentamente. E se uma dessas lágrimas derramasse agora, eu


sei que é puro ódio.

— Eu fiz de tudo hoje para ele não chegar perto de


você. — Afaga minha bochecha movendo o polegar. — Eu já

fiz tanta coisa... — faz uma pausa e suas mãos ficam mais


firmes no meu rosto, os dedos deslizando para dentro dos
meus cabelos, os olhos procurando algo nos meus. — E eu

dei o meu pai de bandeja para o seu irmão, principessa.


— Como assim? — Franzo a testa desconfiada e
seguro seus punhos, sentindo os batimentos extremamente

acelerados.
— O meu presente de casamento para você é o meu

pai sendo capturado pelo seu irmão.


— O quê? — Digo com espanto.

— Travis vai dar uma surra bem dada nele.


— Por causa que ele me tocou?

— Por causa que ele tentou cancelar o casamento. O


presente na verdade é para nós dois. — Ele está tão sério,

tão mal, tão distante. Eu teria medo se fosse comigo essa


raiva toda. — Fiz um acordo com Travis antes de ir para o

Bellagio.
Escuto com espanto e uma luz acende na minha

mente.
— Esses dois dias — engulo em seco — foi lá que você

ficou?
— Você acha que eu fiquei aonde?
— Eu não sei. — Dou de ombros. — Achei que você
tinha ido fazer uma despedida de solteiro.

Ele quase sorri antes de falar:


— Eu tive uma despedida de solteiro quando você

apareceu em Nova York na quarta-feira.


Meu Deus. É muito ruim ter esperança, mas sempre
que ele fala algo desse tipo para mim, tudo o que ele faz de
errado, se desfaz.

Parece que ele erra tentando acertar. E eu me vejo


apagando seus erros, não de borracha ou removedor. Eu

arranco a folha do livro.


— Por que você foi para lá se tinha um quarto aqui

para você? — Quero realmente saber o motivo.


Amândio pensa muito antes de responder.
— Era preciso.
Me solto dele, recuando um passo. Deixo meus braços

soltos ao lado do corpo. Vulnerável.


— Travis falou algo do tipo, mas não elaborou e você
também está falando em enigmas. Eu não sou idiota. O que
era preciso, Amândio?
É nítido que ele não quer falar, mesmo assim
responde. Ele consegue ver que eu não vou parar. É bom ele

aprender que eu não desisto fácil.


— Eu queria que você ficasse mais endurecida para
conviver e estar perto do meu pai.
— E não podia falar para mim com a porra da boca? —
Cruzo os braços na frente do corpo. — Preferiu me

manipular? Me fazer de idiota e ter a impressão de que sou


um lixo. Que não valia a pena para você.
— Você não vale a pena para mim? — Ele dá uma
risada assustadora, vem para cima de mim e pega meu

rosto de novo em suas mãos fortes e enormes. — Você é


minha. Você é minha mulher. Minha esposa e eu acabei de
jurar em sangue, olhando em seus olhos que só saio morto
desse casamento. Que irei te proteger e cuidar pela minha

honra.
— Palavras todo mundo fala, Amândio.
— Ah é? — A ameaça escapa da sua boca numa
respiração. Ele me solta e dá um giro rápido indo para a

saída.
Oh, não. Merda.
Corro para detê-lo, mas por um milagre Travis e
Madeleine surgem na entrada da tenda. Os passos de

Amândio estancam e ele encara meu irmão com os punhos


cerrados, o maxilar rígido e seus olhos prateados, assassino.
— O que que vocês estão fazendo aqui? — Travis
pergunta passando os olhos de mim para Amândio algumas

vezes. — Qual é o problema? — O timbre da voz mudou.


É claro que meu irmão percebe, como um bom
observador, que tem algo errado com Amândio.
— Marinne me trouxe para cá antes que eu matasse

meu pai na frente de todo mundo.


O quê?!
Meu coração acelera. Ponho a mão no peito.
— O quê? — A expressão de Travis se fecha. — Do que
você está falando?

Madeleine depressa fecha as cortinas da entrada,


como se realmente fosse capaz de abafar o que falamos
aqui dentro para quem passar por perto. Eu tentei também.
É bom a gente se comportar e falar baixo.

— Explique-se, Amândio — Travis fala bravo.


— Parece que o meu pai está a fim de morrer mais

cedo.
— Por quê?
— Ele passou a mão idiota dele em Marinne. — Meu
marido raivoso trinca o maxilar, notavelmente sentindo ódio
e literalmente solta a trava da granada no meio da “sala”. —

Ele tocou na minha mulher — e completa.


Engulo em seco surpresa por ele confessar tão
facilmente.
— Ele fez o que? — Travis vocifera.

— Ele fez o quê? — Madeleine repete e chega até a


mim, tocando meu rosto.
— Eu estou bem — sussurro para tranquilizá-la.
— Quando foi que isso aconteceu? — Travis parece

que vai explodir. O rosto está vermelho. — Marinne, quando


foi que isso aconteceu?
— Quando ele foi me cumprimentar hoje. — Engulo
com força lembrando o momento, mais uma vez. — Ele me

abraçou e a mão dele... escorregou um pouco mais para


baixo, quase chegando na minha bunda, mas como o
vestido de noiva tinha várias camadas, não senti direito.
— Foda-se — Amândio resmunga e solta quase um

rosnado.
Olho-o de soslaio e ele ignora totalmente falando:
— Ele tentou sentir sua bunda, caralho.
— E você disse isso agora? — Travis acusa-me.

— Eu não estava, e não estou, a fim de ter um banho


de sangue hoje. E vocês têm que parar com esse olhar
assassino. Mata ele depois, porra — esbravejo e baixo a voz
de novo. — Esse é o meu casamento e vocês vão destruí-lo.

Por mais que não seja de verdade e não tenha amor ou não
seja um casamento lindo como dos meus livros, quero ter
lembranças e se vocês fizerem um banho de sangue, vai
estragar tudo.
Amândio olha para mim de um jeito que não entendo

e se afasta. Travis fixa o olhar nele quando fala:


— Você está me dizendo isso... por que?
— Marinne sabe do nosso acordo.
— Que acordo? — Madeleine questiona

— O acordo que eu fiz com Travis para pegar o meu


pai e torturá-lo — meu marido explica baixo.
— E você me contando o que ele fez com minha irmã

hoje... Está querendo que eu o mate.


— Eu iria apreciar — Amândio verbaliza o que todos
nós estamos querendo nessa tenda com o rosto tranquilo e a
voz sombria. — Mas eu gostaria de participar, então por

mais que a oferta seja tentadora, só quero que você quebre


uns ossos dele no máximo. — Troca um olhar comigo
rapidamente e completa: — Deixe-o vivo para mim.
Com um entendimento silencioso, Travis e Amândio

selam novamente o acordo de capturar Giovanni.


— Acertamos tudo melhor depois.
— Sim, claro. Agora nos deem licença — Amândio
“pede”.

Faço um aceno conciso e tranquilo para Travis e


Madeleine, e eles saem nos deixando à sós.
Nesse momento sinto-me entre a cruz e a espada. Eu
me sinto defendida e representada por ele, principalmente

por ele, meu marido, querer castigar quem me tocou


quando não deveria e me fez sentir como uma sujeira
embaixo dos seus pés. Por permitir que meu irmão se vingue
por ter sido feito de palhaço quando tentou cancelar o
casamento.
Mas por outro lado, meu peito se enche de terror
porque pode ser verdade que Amândio matou o irmão

gêmeo e vai, um dia ele vai mesmo, matar o pai.


Se ele pode matar seu sangue, o que não pode fazer
comigo se eu o desagradar.
Ele sabe o que estou pensando quando fica do meu

lado. Quando ergue a mão devagar. Quando pede permissão


para me tocar sem palavras e quando diz:
— É por você. Não para você.
— E se, eu te desagradar um dia... você vai me matar?
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— É por você — digo tocando seu rosto. — Não para

você.
Em seu olhar vejo o que não estava nos meus planos.

Medo. Seu medo direcionado a mim. Faço uma ideia do que


está rondando sua mente e não gosto nem um pouco.

— E se, eu te desagradar um dia — ela fala baixinho,

— você vai me matar?

— Corto minhas mãos primeiro.


Marinne fica com a respiração suspensa e pisca

rápido. Ela ainda tem dúvidas do que posso fazer com ela

depois de tudo que já passei e arrisquei. Não vou ficar


relembrando e nem contanto para ela. Não estou somando

pontos, caralho. E ela não precisa saber de tudo.

— Palavras que saem da minha boca, é juramento e

eu não as quebro — digo com a voz firme e grossa.

— Tudo bem — diz ela com desdém. — Mas você não


jurou pela Famiglia também?

— Sim.

— Então você jurou que honraria pela causa da

Famiglia e pelo seu Capo.


Eu adoro a mente inteligente dela. Pois ela está certa,
mas não sobre tudo.

— U-hum — faço com a garganta, que sai vibrante e

com uma mão, abro minha camisa e deixo aparente a minha

tatuagem de iniciado. — Jurei por Cassio D’Ângelo, pela

‘Ndrangheta. Ele é o único homem que eu jamais irei matar,


por circunstância alguma — pauso e por alguma razão seus

olhos me fazem dizer — a não ser que...


— Que?

Que ele machuque você, meu irmão e minhas irmãs.


— Que ele me traía — concluo numa omissão.

Novamente, ela não precisa saber de tudo e isso inclui meus


pensamentos.

Marinne enche os pulmões de ar e me surpreende

quando desliza com afobação a mão pelo meu pescoço, me

puxando para ela.

Eu envolvo meus braços ao redor da sua cintura e toco

sua boca com a minha feroz e apressado. Marinne devolve o


beijo na mesma intensidade e suas mãos apertam meu

pescoço, chegando a arranhar minha pele. Ela geme

enquanto nos beijamos com sofreguidão, como se eu fosse

um balão de oxigénio e precisasse urgentemente recuperar

seu fôlego.

Meu abraço forte obriga ela a se esticar, um dos pés a

ficar fora do chão. Eu praticamente estou com ela no colo e

gosto da sensação de como seus braços me envolvem, uma

mão nos meus cabelos e a outro no meio das costas.

Não afrouxo nem um pouco o aperto, na verdade


quero-a ainda mais. Quero-a nua, suada e gemendo em

cima de mim, meu pau indo até o fundo da sua boceta. Seus

peitos pressionados por meu peitoral, minha boca

exatamente como agora, devorando.


— Eu queria isso — confessa separando sua boca

rapidamente da minha e suspirando.

Aprumando o corpo, suspendo-a nos meus braços,


pegando em cheio sua bunda. Ela geme sentindo minha

ereção e chupa minha língua, e eu chupo a sua também.

Chupo a língua, os lábios, mordisco de leve.

Por culpa do vestido cheio de pedrinhas brilhantes,

Marinne está mais pesada e eu adoraria pegar minha faca e

rasgar esse vestido ao meio, mas ela quer guardar tudo do

casamento. E eu não vou ser um babaca.

Abrindo os olhos, pouso seus pés no chão e a solto por

breves segundos. Estou latejando de tesão, quero abrir

minha calça, tirar seu vestido e comê-la bem em cima desse

sofá vermelho tentador. Essa mulher acaba com qualquer

força de vontade em mim e eu não preciso mais me segurar

agora. Ela é oficialmente minha, porra.

— Você está incrivelmente perfeita hoje.

— Queria que você tivesse dito isso antes — sussurra,

ainda ofegante do beijo, os lábios molhados e vermelhos. —

Queria...
Com urgência toco seu rosto numa caricia suave.

Sempre pareço ganancioso para tocá-la, tomá-la. Senti-la

toda para mim.

— Queria o que, Marinne?

Seus olhos flamejam, quentes e acesos como estrelas

num céu escuro.

Invés de responder, volta a juntar o seu corpo ao meu,

morde os lábios olhando-me como estivesse com fome e

furiosa, toca meu rosto.

— Você me fez desejar não ter vindo hoje. Eu passei o


dia te odiando — sua expressão se contorce de consternação

— quando tudo que eu fiz desde que te conheci foi admirar.

Você sempre me tratou bem e hoje foi como se eu não fosse

nada.

— Marinne...

— Como os quatro anos que nos conhecemos e as

noites que passamos juntos, tivessem se apagado. Não foi

tão fácil como você disse eu ficar com raiva de você. Tive

dois dias e suas atitudes de hoje.

Tenho vontade de dizer que essa merda aconteceu e

começou por causa do irmão dela, que estragou a porra do


plano dele de não fazê-la se casar sentindo-se mal. Travis foi

o culpado dela estar com raiva.

Nunca mais ninguém vai se meter em como vou tratar

Marinne. O que faço, o que quero ou como quero viver com

ela, para ela. Meu casamento é problema meu. Ela é

problema meu, porra.

— Mas de uma coisa o meu avô tem razão — Marinne

sussurra pensativa.

É a primeira vez que ela menciona Vincenzo. Os avós

Lozartan não parecem pessoas ligadas a família, bem

diferente de Travis. Vincenzo e Giulia comparecem e ficam

perto da família apenas para manter as aparências. Eu já

ouvi muito sobre eles, são frios e cruéis.

— Me diga o que é.

Marinne sai dos meus braços e ergue o rosto com

atrevimento.

— As expectativas nos condenam ao fracasso.

Concordo sem verbalizar.


— E o que você esperava hoje? — quero saber.

— Primeiramente, que você não tivesse agido como

um babaca — ela fala muito séria. — Eu, com certeza, não


esperava você sorrindo ou fazendo aquelas loucuras que

você fez no meu aniversário de dezoito anos, mas... — anda

na minha frente de um lado para o outro, tentando explicar

o que está sentindo, — eu queria que você tivesse ficado no

quarto que foi reservado para você na minha casa e me

tratado hoje melhor do que fez até agora.

Com certeza outros pensamentos estão passando por

sua mente porque ela não para de andar de um lado para o


outro. Nervoso, seguro-a pelos ombros. Marinne levanta o

rosto e solta a respiração.


— Marinne — chamo-a para a realidade.

— Não me toca, okay. — Cambaleia para trás, tirando


minhas mãos dela. — Nós já conversamos e agora eu quero

aproveitar o resto da festa. Você poderia fazer o favor de


mandar o seu pai para longe?

Trincando o maxilar, assinto e fico parado enquanto


ela vai até o espelho, retoca a maquiagem e sai da tenda

sem olhar para trás.


Tentando o meu melhor para não quebrar tudo aqui
dentro, visto meu smoking, ajeitando a gravata e a camisa,

saio atrás de minha esposa que não encontro.


Onde ela foi agora?
Dou uma volta no salão, basicamente em todas as

mesas e não a encontro, até que lembro que têm uma área
para dançar. Uma discoteca sobre outro píer e dentro de

uma tenda moderna com luzes e aprova de som, parece


mais uma casa montada e flexível. A procurei lá antes e

dessa vez quando entro no local, encontro-a rindo e


dançando com as amigas da escola.
Fecho os olhos por breves segundos com a visão dela

se divertindo como uma garotinha, uma linda garota. Eu me


esqueci que ela ainda é muito nova e Travis pode ter criado

ela da melhor forma; forte e invulnerável para alguns


aspectos do nosso mundo. Mas caralho, Marinne ainda é

jovem demais e eu fui um babaca mesmo com ela hoje.


— Deixa ela se divertir. — Dario fala parando do meu

lado.
— Não tenho pretensão de impedir, só não quero que

ela fique bêbada. Ela não comeu ainda.


Percebo que ele vira o rosto para mim, mas não tiro

meus olhos da minha esposa, assim como outras pessoas.


Olhando para ela dançando e rindo com as amigas, eu
vejo uma garota querendo aproveitar o momento e também

uma mulher, porque eu não consigo apagar as vezes que


fodemos.

Diferente de mim Marinne sente a idade fisicamente.


Já eu, acho que nunca fui um menino e meu momento

garoto, durou muito pouco. Acho que fui “relaxado” nos


meus sete, oito anos. Depois disso me afundei no

submundo, nos negócios da Famiglia e depois que meu


irmão morreu, com certeza ali não tinha mais retorno ou

chance de eu ter momentos tranquilos de um adolescente.


E por esse motivo que deixo minha jovem esposa

curtir seu dia. Ela não precisa ter a mesma carga sombria de
vida que eu levo.

Virando meu corpo para Dario, digo:


— Você pode cuidar dela por uns minutos?
Seu olhar é soberbo e sei que vou ouvir o que já sei e

não poderei retrucar para não parecer tão babaca quanto


ele.

— Eu cuidei dela mais vezes do que você já a visitou,


pode acreditar. Não precisa me pedir isso como um
sacrifício.

Para um homem que tem a minha idade, Dario se


comporta como Bella. Esperto, mas irritante.

Travis como orientador dos irmãos, no caso pai, é o


oposto do meu. Ele não os forçou a ser e crescer antes do

tempo. Não penso isso como critica, mas acredito que para
ser o marido da irmã/filha dele, ele prefere como eu sou.
Dez anos de experiência sobre minha idade de vida. De fato,

não me sinto com tivesse apenas vinte e três anos.


Sem devolver seu discurso, dou uma última olhada

em Marinne e saio da discoteca para a festa, a procura do


meu pai e Matteo.

— Por onde você esteve? — Matteo pergunta logo que


eu piso na festa. — Você sumiu e Marinne também. Giovanni

parece interessado nisso.


Fecho os punhos com força e procuro meu pai com os

olhos. Ele está bêbado, rindo com uns Underboss da


Darkness que ele convidou.
— Preciso que você o tire daqui.
Matteo assente e surge na minha frente.

— Aconteceu alguma coisa?


— Só faz o que eu mandei. Eu não quero ficar perto

dele — faço uma pausa para respirar e lembrar que não


posso matar meu pai aqui. — Preciso que ele saia daqui

antes que Marinne retorne para cortar o bolo.


Matteo curva a boca num sorriso irônico.

— Ela parece que quer fazer todos os rituais. Tão


diferente das noivas que nós assistimos nos casamentos da

Famiglia.
Estico minha mão e aperto, com muita força, o ombro

dele.
— Matteo — advirto.

— Sim — diz entredentes porque estou machucando-


o.

— Apenas tire o filho da puta da festa em no máximo


dez minutos e não esqueça do outro pedido.
— Ser sua sombra na casa de Travis.

— Ótimo. — Solto-o e dou-lhe as costas.


Eu preciso de duas coisas no momento; uma bebida e

meu pai longe dos meus olhos. E vendo Travis de pé, na


outra ponta da festa que meu pai, conversando com Luca,

tenho certeza de que ele está pensando o mesmo que eu.


É bom meu pai sumir das nossas vistas se não quer
morrer hoje.

Minhas mãos tremem e suam conforme me esforço


para não dar um berro e fazer uma cena na frente dessa

gente falsa e interesseira presentes no meu casamento.


Marinne caminha para mim com um sorriso frouxo e passos

desiguais. Segura-a assim que ela está no meu alcance. Eu


pego seu queixo, trazendo seu rosto para os meus olhos e

analiso seus reflexos.


— Como você ficou bêbada?
— Não sei exatamente — responde muito baixo.

— Como não sabe exatamente, porra. — Esbravejo


encarando-a.

Seu sorriso fica mais vacilante e me surpreendo


quando tenta me beijar.
— Eu te odeio, mas não sou cega. — Escorrega as
mãos no meu peito. — Você é bem gostoso.

Mesmo que eu goste de ouvir da minha mulher coisas


desse tipo, detenho suas mãos de descer e pegar meu pau

na frente de alguns convidados que estão perto do gramado,


entre o píer da festa e a discoteca móvel.

— Você não quer que eu toque em você? — ela diz


parecendo magoada.

Eu tiro o cabelo, que soltou do seu penteado, da


frente do seu rosto e respondo:

— Eu adoro que você me toque.


— Mas só quando você quer.

— Agora não é o momento, Marinne — retruco e afago


seu rosto.
Ela faz uma careta de lamento e se joga nos meus
braços, as mãos no meu peito, que sobem para o meu rosto.

— Então me leva para casa. Eu não quero mais... ficar


aqui.
Por mim também essa merda de festa já teria acabado
e nós estaríamos em nosso quarto trepando.
Ajeitando meu corpo, preparo para baixar e pegar
suas pernas para carregá-la para dentro, quando uma

sombra se aproxima da gente. Fico em alerta. Acomodo-a


em meus braços e me viro para ver quem é.
— O que aconteceu? — Madeleine pergunta parando
perto demais da gente e tocando no rosto de Marinne.
— Parece que ela bebeu demais.

— Marinne, você desceu para o café da manhã, não


foi?
— Sim, mas não comi direito. Não estava conseguindo
comer — responde olhando nos meus olhos.

Porra. Ela não comeu porque estava nervosa por eu


estar a tratando com frieza.
— Por quê? — Madeleine insiste.
— Ah... — minha esposa desvia o olhar para a “mãe”.

— Não estava com fome e meu... estômago estava


embrulhado... porque eu estava nervosa do Amândio não
aparecer.
Madeleine olha para mim visivelmente irritada e

depois para Marinne de novo.


— Eu sei, meu amorzinho, mas está tudo bem. Vamos
entrar, tomar um café forte e comer alguma coisa para você

voltar e cortar o bolo. Você não queria cortar o bolo? — Ela


fala com Marinne como se fosse uma criança.
Não tenho o que reivindicar, só acho estranho porque
eu nunca vi esse tipo de comportamento. Por mais que eu

não trate minhas irmãs grosseiramente, não trato dessa


forma, e nem vejo isso de Emma com minhas irmãs e irmão
mais novo.
Ninguém da minha família de Nova York é afetiva e

conectada desse jeito, mas na Itália minha avó é mais


carinhosa, pode-se dizer isso. E mesmo meu avô sendo tão
rude e sendo o homem que me treinou, torturou e me
transformou num homem imbatível, ele foi o primeiro a
fazer um gesto afetivo comigo, beijando minha testa assim

que fiz meu juramento a ‘Ndrangheta.


Isso que eu me lembre, pois todas as memórias com
minha mãe não foram guardadas. Deve ter sido por tantas
pancadas na minha cabeça e os afogamentos que meu pai

tanto adorou fazer comigo. Acho que ele tem fetiche por
afogar os outros.
— Eu não quero cortar o bolo — a voz de Marinne

grogue no meu pescoço me deixa arrepiado.


Porra. Que tesão.
— Eu só quero ir dormir — ela sussurra.
Madeleine dá uma risadinha e olha para mim séria.
— Vamos levá-la para dentro.

— Eu já estava fazendo isso.


— Então vamos logo.
— Eu não comi — Marinne fala desorientada. — Eu
pensei que ele não ia vir que nem não veio me ver nos meus

dezessete anos e nem no Natal e nem depois. Ele... ia me


deixar plantada no altar.
Novamente ela toca nesse assunto que foi motivo de
briga após nossa primeira vez. Que merda. Talvez eu escute

essa reclamação até o fim da minha vida.


Me odeio por ter feito isso com ela daquela vez, e
agora, de novo, estou repetindo o erro. Deixando que os
outros tomem a decisão sobre como devo cuidar e tratar
Marinne, que finalmente agora é apenas minha. Puta que
pariu. Que ódio. Não vai acontecer mesmo de novo. Eu faço
o que bem entender com minha relação com a minha
esposa. Foda-se o que pensem de mim, sobre mim e meu

casamento.
Chegamos na cozinha e Madeleine pede para eu ir
para a sala de jantar. Eu coloco Marinne em uma das
cadeiras e cento ao seu lado para ela não cair, mesmo assim

ela cai para frente, para os meus braços.


Cerro o maxilar, controlando-me para não sorri
enquanto Marinne brinca com os botões do meu smoking e
depois sobe o rosto, deitando a cabeça no meu ombro, me

cheira e sussurra no pé do meu ouvido:


— Você é tãooo — ela arrasta a palavra em sua boca —
cheiroso e forte.
Afago suas costas e fito seu perfil de cima, o nariz
enrugando de vez em quando como sentisse cócegas.

Ela sussurra algo muito baixo e eu pergunto:


— O quê?
Suspirando, ela passa o braço por cima do meu
ombro, se aconchegando em mim.

— Apesar de você ter sumido, eu queria que você


viesse — fala baixo ainda. — Eu sempre quis você aqui.
— Tudo bem e agora para de falar isso.
— Por quê? Você não quer que eu lembre?

— Não. Esse não é o problema. Você está contando


para todo mundo um assunto particular nosso.
— Só tem você aqui — cochicha como se fosse um
segredo.

Adoro o humor debochado dela.


— Sim, tudo bem. — Beijo sua testa. — Fica quietinha
agora.
— Ah... — Suspira alto e balbucia: — Eu não... sou

sua... quando estou contando um segredo.


Acho graça porque não entendi merda nenhuma do
que disse e puxo-a mais para os meus braços. Seu corpo
está escorregando da cadeira. Ela bêbada é engraçada

definitivamente, mas comigo. Eu jamais acharia graça dela


fora do seu estado mental responsável longe de mim ou
talvez de Matteo, que já tem ordens de cuidar dela quando
eu não puder.

— Você veio hoje... para não me deixar triste?


— Não.
Ela levanta a cabeça e abre os olhos, mas os deixa
cerrados. Acho que está enxergando turvo porque demora
para focar após piscar algumas vezes. Sorrindo, levanta a
mão até meu rosto e toca meu queixo.
— No meu aniversário... nos meus dezoito anos...
aquilo — a voz fica mais baixo — foi manipulação ou porque
você queria? Por que você me queria?
— Não — segura seu pulso, mas não afasto sua mão
do meu rosto. — Foi porque eu queria você — respondo de
uma vez, sem rodeios e espero que ela esqueça dessa

merda. — Já falei isso.


— Eu também queria, mas fiquei... Estou pensando na
semana passada.
Semana passada. O quase cancelamento do
casamento. Porra, pai. Você me paga um dia.

— Você só queria me usar para atingir meu irmão? —


ela pergunta.
— Não, nunca foi isso. Marinne, — aprofundo seu
nome em minha voz —, nós já colocamos isso em pratos

limpos.
Ela engole em seco e concorda silenciosamente. Sua
mente está a mil, é perceptível. Tomando um suspiro longo,
murmura receosa:
— Você nunca vai me matar?
— Marinne — a censuro.
Ela está falando merda agora.
— Não! É sério. — Ela levanta o corpo e fica cara a

cara comigo, as mãos no meu ombro, o rosto bem perto do


meu e eu observo se não tem ninguém vindo. — Eu não
quero... que você não queira... que eu não tenha medo de
você.

— O quê? — Franzo a testa. — Não entendi.


Ela engole em seco, nervosa e reformula seu
raciocínio.
— Não quero que você precise que eu tenha medo de

você.
— E por que eu quero isso?
Ela fica em silêncio encarando-me confusa.
— Você não quer isso?

— Não — cuspo a resposta.


Que porra de conversa é essa?!
— Mas... você matou o seu irmão e vai matar o seu
pai. — Respira fundo. — Não me mate também. Eu nunca
vou te trair.
Agora eu entendi por que ela às vezes fica com medo
de mim. Ela já sabe do Antônio. Melhor, ela sabe da história
que contam por aí. A versão que faz todos temerem ainda

mais a minha presença, afinal, se eu fui capaz de matar meu


irmão gêmeo, mato qualquer um.
— Juro que eu nunca vou te matar — respondo apenas
porque ela precisa entender essa merda — e nem te tocar
contra a sua vontade. Eu lhe dou a minha palavra que nunca

vou machucar você.


— Você está jurando?
— Sim, eu estou jurando.
Marinne abre um sorriso singelo, sem mostrar os

dentes e toca minha bochecha.


— Você promete?
— Dou a minha palavra de honra.
Seu sorriso se abre, enorme e ainda bêbado. Ela me

surpreende sentando-se no meu colo, se aconchega e eu


círculo forte com meus braços a sua cintura. Beijando meu
rosto, deita a cabeça no meu ombro e solta a respiração. Ela
parece sensível e carente.
— Melhor agora? — eu pergunto focando nos seus
cabelos e na pontinha do nariz, que é a única coisa que
consigo ver do seu rosto. — Está tudo bem?

Marinne resmunga e sua testa encosta no meu


pescoço.
— Eu preciso confiar em você de verdade... De
verdade mesmo — diz bem baixinho e de repente após um

suspiro longo completa: — Eu vou passar a minha vida toda


com você. Eu sou sua esposa, sabia?
— Eu sei — digo com humor.
Erguendo de leve sua cabeça, consigo dar um beijo na

sua testa e pego sua mão, que ela entrelaça com meus
dedos. Vejo o brilho do seu anel de noivado e minha aliança,
e um choque de realidade me atinge fortemente. Porra.
— Você é minha esposa. — Foco em seu rosto. — E eu

vou cuidar de você e proteger. Eu juro.


— Eu sei — ela diz baixinho.
O tempo passa e continuamos sozinhos. Ela suspira
no meu colo pois está pegando no sono. Fechando os olhos,
relaxa a cabeça no meu peito e deixa a respiração suave.
De repente escuto alguém limpar a garganta e vejo
Madeleine surgir com uma bandeja. Marinne resmunga e

desperta, ficando de pé.


— Onde eu estou? — Coloca a mão na cabeça e eu
fico de pé para segurá-la. — Por que estou aqui?
Sinto o cheiro do café forte e torradas. Madeleine
coloca a bandeja em cima da mesa e toca no ombro da

minha esposa, que eu me afasto afirmando a postura e a


expressão fria.
— Você precisa comer um pouco.
— Eu não estou com fome — Marinne faz uma careta.

— Ah, mas você vai comer sim.


Marinne cai e eu pego-a nos braços. Mole, ela faz
charme olhando-me nos olhos e depois pisca e encara
Madeleine, que eu sigo o olhar.

— Tudo bem, só tem eu aqui — Madeleine diz com um


sorriso secreto para mim.
Cerro o maxilar, controlando minha expressão. Eu não
gosto nenhum pouco que ela pense que o que estou

fazendo agora, lhe dá a entender que ela me conheça. Peço


para Marinne me soltar e ajudo-a se sentar na cadeira de
novo, ficando do seu lado novamente. Madeleine senta do
outro lado e assim minha esposa começa a comer.

— Se você quiser pode sair, Amândio. Eu fico com ela


— Madeleine sugere olhando para mim com o semblante
neutro, mas julgador.
— Não, não tem problema. Eu vou ficar.

Marinne parece que gosta da minha resposta porque


ela estica a mão, que eu seguro e com a outra aperto seu
joelho. Esse movimento foi detectado e observado
atentamente por Madeleine. Aposto meu fígado que ela vai

falar para o marido.


Ah, foda-se. Esse era o objetivo, me fazer ser um bom
marido, não era, porra.
— O que que você bebeu? — Madeleine pergunta

afagando as costas de Marinne.


— Eu não bebi nada além de vinho e uma bebida
colorida azul e outra verde. Foi Isabella que pegou.
— E que estrago fizeram — resmungo fitando-a
abocanhar a torrada quase toda numa mordida. Balanço a

cabeça e Marinne olha para mim bem séria.


— Você mandou seu pai embora?
— Ele já foi tem uma hora.

— Acho bom — devolve e toma um pouco do café. —


Ele podia ir embora de Nova York também.
Madeleine me surpreende soltando uma gargalhada e
afaga as costas de Marinne ao dizer:
— Querida, para de falar isso.

Levantando a cabeça para Madeleine, ela troca um


olhar comigo de entendimento e eu faço um meneio com a
cabeça.
— Marinne está parecendo a menina que eu conheci

com quatorze anos. Grosseiramente sincera e falando mais


do que deveria — Madeleine fala e pede licença.
Concentrado em Marinne, aproveito que estamos à
sós de novo e chego minha cadeira mais perto da minha

esposa. Tocando suas costas, observo-a terminar de comer


outra torrada e beber o café. Marinne respira fundo, vira o
rosto e em seu olhar noto que está voltando a ficar sóbria.
— Eu não disse que você é bonito porque eu estava

bêbada, você é mesmo muito bonito. — Ela estica a mão e


toca o meu rosto de verdade, o polegar afagando a lateral.
— Eu gostei de você sem barba. Mesmo ficando mais

intimidador.
Mexo a sobrancelha.
— Que bom. Eu também prefiro.
Ela balança a cabeça e ri encarando o prato, as duas

outras torradas e toma mais um gole do café.


— Eu estou com medo de comer isso e vomitar —

resmunga.

— Não vai não. É só comer devagar. Alimente seu


estômago para sua cabeça parar de dar voltas.

Marinne encara-me e franze a testa.

— Como você sabe que minha cabeça está dando


voltas?

Tiro um farelo de pão do seu queixo e respondo:


— Já fiquei bêbado uma vez na vida, principessa.

— Mm... — Murmura. — Está bem então. Eu vou

comer.
Ela está quase terminando de comer tudo quando

passos trovejam por perto e olho para as portas a tempo de


ver o irmão mais novo dela aparecer.
— Porra. Procurei você em todos os lugares. — Dario

entra na sala de jantar e toca o encosto da cadeira de

Marinne, que o encara com a testa franzida antes de dizer:


— O quê?!

Como eu sei que Marinne já está sóbria o suficiente,


eu me levanto e vou até ele me controlavam para não dar

um soco bem no meio da sua cara preocupada.

— Eu só te pedi um favor; toma conta dela, e adivinha.


Eu encontrei a minha esposa bêbada.

— Não faz drama. Ela está em casa.


— Dario — digo com advertência.

— Porra. Eu tive que fazer um favor para Travis. Não

pensei que a minha irmã seria uma tola em beber demais.


Ela nunca fez isso. — Estreita os olhos para mim, olhando-

me de cima a baixo, e diz olho no olho: — Ela deve estar

infeliz porque se casou com você.


Cerro os punhos. Ele não deveria me provocar com a

quantidade de adrenalina e fúria que estou o dia todo após


acatar a ordem de Travis e saber que meu pai tocou na

minha mulher.
— É melhor você medir as suas palavras antes de falar
merda.

Nem parece que tem a mesma idade do que eu. Fica

fazendo essas babaquices.


— Para vocês dois.

Nós nos viramos para Marinne e ela está tentando se

levantar da cadeira e vir até nós. Rápido, vou até ela e a


ajudo.

— Está bem. Está bem, Amândio. Espera, porra. — Ela


me empurra. — E não briga com ele. Dario não tem culpa e

eu não pensei que ia ficar bêbada. Só foi uns drinques com

as meninas.
— Tudo bem, mas não repita isso de estômago vazio.

Marinne suspira parecendo cansada e empurra o


irmão também, saindo da sala de jantar.

— Chega, eu quero ir para o meu quarto agora.

Sigo-a, envolvendo sua cintura.


— Você não queria cortar o bolo?

— Não. — Ela balança a cabeça, me afasta com as

mãos no meu peito e inspira devagar encarando-me. — Eu


só quero subir e dormir um pouco.
Não digo nada. Se ela não quer, tudo bem.

— Você pode me ajudar?

Nem precisa pedir de novo. Eu a pego nos meus


braços, que ela se ajeita olhando para trás de mim.

— Dario.
— Sim — o irmão de pronto responde.

No meu colo, ela toca na mão do irmão e pede:

— Avisa a Madeleine que nós estamos indo para o


quarto.

— Tudo bem.

Não espero mais nenhuma interrupção, sigo pelas


escadas e logo chego no corredor dos quartos.

— Tem caco de vidro. Cuidado.


— Caco de vidro? Do que você está falando?

— No corredor tem caco de vidro.

Virando para o corredor do seu quarto, não vejo nada


e como ela está com a cabeça deitada no meu ombro,

também não se vira para perceber que não existe vidros em

lugar nenhum. Entro no quarto dela e suspiro vendo tudo


branco.
Estão de sacanagem?! Que merda de conceito de
pureza é essa num mundo como o nosso.
Certo, é tradição e eu respeito-as para caralho, mas

mudar o quarto dela dessa forma para mostrar a pureza.


Para destacar a merda do sangue no lençol quando perder a

virgindade. Que nojo. Ainda bem que já passamos por isso e

o sangue que pingar nessa droga de lençol será falso, será


de outra pessoa e não da porra da minha mulher para todo

mundo ver, caralho.

— Eu joguei o vaso que a Nina fez no corredor —


Marinne comenta erguendo o rosto. — Eu o quebrei com

raiva de você e de todo mundo.


— Já entendi.

Eu pouso seus pés no chão e ela olha surpresa para o

corredor e depois para sua cama, para o seu quarto


ridiculamente branco.

— O que está errado? — pergunto. Além do óbvio, é


claro.

— Era para tudo estar sujo.

Abafo o riso e pergunto:


— Você fez uma bagunça?
Noto um encolher de ombros de leve antes dela olhar

para mim novamente.

— Fiz — responde um pouco arrependida. — Eu queria


ter quebrado tudo. — Fica em silêncio e de repente ela vem

para cima de mim, desliza as mãos no meu peito e segura

minha nuca, fazendo-me inclinar para ela. — Eu fiquei com


raiva de você.

Meus dedos raspam as pedrinhas brilhantes do


vestido antes das minhas mãos gananciosas pegarem com

força sua cintura, puxando-a para mim.

— Ainda está com raiva? — Indago encostando minha


boca na sua.

Marinne estreita os olhos e recua dois passos, me

obrigando a soltá-la. Ela está usando das minhas palavras


de que nunca a forçarei para dominar o momento. Eu vou

adorar estar casado com essa mulher.


— No momento, eu só quero tomar um banho e tirar

esse cheiro de bebida e fumaça de mim.

Não vou forçá-la, mas não vou permitir que me afaste.


Tomo de volta os dois passos que ela nos distanciou e seguro

o seu rosto, encosto minha boca na sua, pressionando e a


energia que passa por meu corpo sempre quando a tenho

para mim, me deixa louco.


Eu agarro seu corpo e beijo sua boca com fome dela.

Minha língua viaja dentro da sua boca, chupo sua língua,

seus lábios e volto a enfiar a língua na sua boca e duelamos


entre quem vai sentir e saborear o outro. Minhas mãos em

suas costas apertam seu corpo no meu e o sangue enche


meu pau. Eu quero fodê-la agora mesmo. Marinne geme e

puxa meus cabelos mexendo o corpo com euforia, tentando

estar mais conectada a mim.


— Ainda está com raiva? — Repito na sua boca,

provocando.
Marinne puxa meu cabelo de forma que eu me curvo

mais para ela e morde meu lábio.

— Acho que sim.


Sorrio de lado.

— Tudo bem — murmuro e agarro sua bunda com as

duas mãos. — Eu estou começando a adorar a Marinne


zangada.

Ela segura com força meu queixo, interrompendo-me


de beijá-la e cerra os olhos encarando-me.
— Veremos, meu marido. — Empurra meu peito com a
força exata para me afastar e limpa a boca sedutoramente.

— Avise Madeleine que precisarei da cabeleireira quando


descer. Vou tomar banho — comunica e se vira para o

banheiro.

Na verdade, ela quase me dá as costas, porque eu


agarro seu antebraço a forçando a manter contato visual

comigo.

— Vai me deixar duro assim, porra?


Marinne dá dois passos lentamente, o corpo

espelhando o meu e agarra meu pau com a mão em cheio.


Sinto-me latejar e resmungo:

— Oh, porra.

Ela geme mordendo o lábio inferior e sorri.


— Adoro saber que você fica assim por mim.

Pego seu pescoço, sentindo-a engolir em seco. Chupo

seus lábios antes de falar olhando sua boca molhada e


vermelha.

— Aposto que você está encharcada por mim.


Um sorriso provocante e sexy se forma em sua linda

boca vagarosamente e os olhos brilham. Caralho. Que


mulher linda.

— Vai avisar que precisarei da cabeleireira para


retocar e fazer o meu cabelo de novo.

Engulo em seco e tomo uma respiração profunda,

procurando o autocontrole para não rasgar seu vestido e


fodê-la contra a parede.

— Mas você não disse que a festa acabou?!


— Eu quero cortar o bolo, jogar o buquê e me despedir

direito. — Afaga meu rosto, tudo muito devagar e suave,

assim como a porra da voz; baixa e vibrante. — Eu não sou


um bicho, Amândio. Fui muito bem-criada e precisamos

mostrar como somos a elite. Você será o Capo muito em

breve.
Ela quer me fazer gozar nas calças. Dando um único

beijo no coração da sua boca, solto-a. Marinne sorri sem


mostrar os dentes e fica de costas para mim. Fito sua bunda

rebolando acompanhando a cintura violão com vestido tão

apertado enquanto caminha para o banheiro.


A sigo como um louco cheio de tesão e quando ela

para em frente aos espelhos da pia, fico bem atrás. Nossos


olhos se encontram, o azul vibrante dela e o azul cinzento
dos meus. Vejo-a suspirar e quase sorrir.

— Tudo poderia ter sido melhor hoje.

— Como assim? — minha voz está rouca.


— Quando você vai matar ele? — Ela responde com

outra pergunta.
Cerro o maxilar e encosto meu corpo no seu, deslizo

minhas mãos na sua cintura até tocar a sua barriga e

pressiono minha ereção na sua bunda, que encaixa


perfeitamente porque ela está de salto.

Seu corpo amolece quando baixo a cabeça e bem

devagar dou um beijo no seu ombro e murmuro:


— Eu não sei... — Escorrego minha boca para o seu

pescoço. — Talvez depois da lua de mel.


Marinne abre um sorrisinho achando que eu não

consigo ver e seus dedos sacodem como quisesse me tocar.

— Você vai fazer isso por mim...


— Por nós. — Dou um curto passo para trás e começo

a deslizar o zíper e abrir os botões de cima do seu vestido de


noiva. — Eu quero matar meu pai muito antes de você, mas
— ergo meus olhos para encontrar os seus no espelho — eu

nunca encontrei a motivação certa para fazer isso.

— E sem ser um risco para você — ela considera.


— U-hum — eu afirmo. Fito de relance suas costas

nuas, mas continuo falando olhando-a nos olhos. — Eu


precisava de uma desculpa, uma distração, qualquer coisa.

E meu pai anda se metendo com gente que eu não confio e

com meu casamento agora, com a aliança oficial a Travis,


todos vão me respeitar mais.

— Tem certeza de que é seguro?


Dou um aceno conciso e foda-se, deslizo as mangas e

o vestido absurdamente pesado vai saindo dos seus ombros,

ela ajuda a peça a cair do seu corpo.


— Os homens casados têm a tendência de serem

vistos como... mais sérios e responsáveis — digo no

automático. Caralho. Como ela é minha. — Eu.. sempre...


fui... Eu sou... Ah, porra — definitivamente paro de falar.

Marinne fica de calcinha, sutiã combinando com uma


cinta-liga branca, a liga de casamento que é uma maldita

cobra dourada, os sapatos que parecem de cristais, e a

merda do colar de rubi na minha frente.


Perfeita.
Deliciosa.

Minha.
Faminto, eu seguro-a por trás, pegando no colo e tiro
seus pés de dentro do vestido, que fez um monte no meio

do chão de porcelanato do banheiro. Ela dá uma risada alta

de surpresa e quando tem os pés no chão, vira o corpo para


mim com o sorriso alegre marcado na sua face,

transformando-a em irresistível.
Eu salivo para senti-la. Meu pau lateja para entrar

nela. Estou dando um passo e ela espalma as mãos no meu

peito me parando.
— Eu não quero que você toque em mim.

— Não quer? — eu pergunto com a testa franzida.


— Eu não quero — responde séria. — Você não está

merecendo. Vai lá para baixo e...

— Eu não vou deixar você sozinha, porra.


— Eu estou sóbria, Amândio e você precisa avisar a

Madeleine que...

Sem nenhuma palavra a ela, pego meu celular


encarando-a a todo tempo e ligo para o Matteo que no
segundo toque atende:

— Sim.
— Mande a Madeleine falar para a cabeleireira se
aprontar dentro da tenda. Ela vai ter que refazer o cabelo e

a maquiagem de Marinne.
— Porra. Vocês já estão transando com a festa rolando
ainda?
— Cala a boca, Matteo. Faz o que eu estou mandando.
— Desligo e boto o celular no bolso de novo. — Pronto, feito

— digo olhando sério Marinne.

Descruzando os braços, ela tira os sapatos, a liga da


coxa e abre a cinta-liga olhando-me nos olhos. Entrando no

seu jogo de provocação, desfaço a gravata, tiro meu


smoking e eu jogo no sofá de veludo que tem no banheiro.

— O que você está fazendo? — Levanta o corpo e

coloca as mãos na cintura.


— Eu não vou deixar você tomar banho sozinha. Você

ainda está meio tonta.

Marinne solta uma respiração exasperada e abre o


sutiã, deixando a peça cair no chão, e depois tira a calcinha,

ficando apenas com o colar de rubi e a coroa brilhante na


cabeça, isso tudo olhando-me nos olhos. Quando está para

entrar no box, para e olha para mim de testa franzida.


— Você quer entrar no chuveiro comigo?

— Com certeza — respondo sem humor.


Ela dá uma risada alta.

— Como se alguém já tivesse se afogado num

chuveiro.
— Já aconteceu, não duvide.

— Que horror e que burrice.

Por um momento nós ficamos sérios um olhando para


o outro, até que ela suspira, fazendo seus seios ficarem

apetitosos e olha para minhas calças dizendo:


— Você pode ficar, mas do lado de fora e vestido. Eu

não vou demorar.

— Que seja.
Visivelmente triunfante, ela tira a coroa e o colar, e

entra no box. Ligando o chuveiro pega a esponja, coloca


sabão e dá a primeira esfregada em sua pele, e tudo

encarando-me o tempo todo.

Eu me apoio na pia, quase me sentando. Deixo


minhas mãos ao lado do corpo, apertando a mármore
quando ela leva as mãos para cima e com prática, tira os
grampos dos cabelos e os soltam. Cachos volumosos

formam-se em suas costas e ela me dá uma olhadinha de


lado, movendo os ombros com charme, antes de entrar por

inteira debaixo da ducha.

Balanço a cabeça e cruzo os braços sobre o peito. Ela


é provocadora e diga-se também; perfeita. Puta merda.

Assistir ela tomar banho é eroticamente perturbador se eu


não posso fazer nada, por isso, quando ela vai lavar sua

boceta, eu decido sair para o seu quarto.

— Desistiu do show, querido? — Ela grita e sua voz


ecoa por conta do pequeno espaço do box de vidro.

— Não provoque — respondo e espero que ela não

sinta meu riso na voz.


Marinne ter a idade que lhe é permitida, de fato seus

dezoito anos, a torna um ar fresco para mim. Prevejo no


futuro que terei dias de sombras e morte, sangue – dias

comuns para mim até então – que chegarei em casa e ela

será um holofote me trazendo de volta.


Afinal, a noite precisa do dia para se renovar. Não

existe escuridão que dure para sempre e nem claridade que


permaneça sem sombras. Apenas espero que minha

escuridão não apague essa energia radiante que é Marinne


para todos. Eu sinto como ela é exatamente isso; uma luz,

para todos em Las Vegas.

Merda. Eu estou levando a melhor deles. Foda-se. Eles


perderam e não sinto muito. Ela é e sempre será minha.

Depois de cinco minutos no quarto dela, volto para o


banheiro e visto as roupas que deixei no sofá

adequadamente. Pego o vestido do chão do banheiro,

achando dentro dele o sapato, e levo com cuidado para o


closet.
— Pode levar tudo para o closet.
Depois de deixar tudo em cima do sofá enorme em

frente aos espelhos, volto para a parte do banheiro. Sento-

me no pequeno sofá, jogando minha perna em cima da


outra, apoiando os braços abertos nos braços do sofá e

admiro sua beleza. Seu corpo todo molhando, os seios

durinhos e empinados, a boceta que parece que ela depilou.


Não está como na quarta-feira. Seus cabelos castanhos

caídos como cascatas em suas costas.


Porra. Eu preciso apertar meu pau latejante para não
ter a vontade necessária para ir até ela, jogá-lo no ombro,

levar para cima desse sofá, abrir suas pernas e chupar cada
parte dessa mulher.

Marinne parece sentir o meu desejo porque morde o

lábio de cabeça baixa com um sorrisinho sorrateiro. No


entanto, se vira totalmente de frente para mim e olhando-

me nos olhos, desliza dois dedos do meio dos seios

passando lentamente pela barriga até os lábios da sua


boceta, que agora sim eu consigo ver que ela depilou

mesmo. Não tudo, mas consigo ver bem agora tudo.


— Você fez isso para mim? — Levanto a sobrancelha.

— Talvez — responde baixo e toca a sua intimidade,

passando dois dedos onde eu gostaria de estar com a minha


boca. — Pena que você não vai ter.

Limpando a garganta levanto-me do sofá.

— Está dizendo agora?


— Hoje.

— Nem fodendo, Marinne.


Ela mexe os ombros e vira de costas para mim. Não

demora muito para terminar o banho e de prontidão eu


pego a toalha dela e abro. Relutante e desconfiada ela vira o

corpo e entra na tolha em meus braços, que eu envolvo num


aperto forte.

— Você vai mesmo resistir? — digo baixo no seu

ouvido, o cabelo cheiroso molhando meu rosto.


Marinne suspira e vira o rosto na minha direção. Dou

um cheiro na sua bochecha e mordo o lóbulo da orelha

fazendo-a gemer.
— Acha que vai ganhar essa luta?

Ela toca minhas mãos, em cima do seu colo, quase


sobre os peitos.

— Do que você está falando? — sussurra com a

respiração ficando ofegante. Ela me quer.


— Teimar em me odiar e fugir — respondo.

— Você me enganou primeiro.


Num movimento rápido, viro seu corpo de frente para

mim, ela é rápida e segura a tolha para não cair, e eu não

tiro minhas mãos dela. Seguro com firmeza seus ombros. Eu


quero que ela me queira, não vou forçar. Não terei prazer de

forçá-la a me querer.

— Vamos fazer um acordo?


— O quê? — Ela diz franzindo a testa e empurrando
meu peito.

— Se você não estiver com essa boceta linda

molhadinha para mim, eu deixo você em paz, mas você vai


precisar deixar eu tocar em você só um pouquinho.

Marinne engole em seco e tira as mãos da toalha, que


cai em seus pés. Meus olhos descem imediatamente para

sues peitos, os mamilos umedecidos, o abdômen ainda com

cotículas de água como as pernas e dou um passo para trás


para ver ela toda.

Caralho. Eu não vou ficar com o pau roxo na hora de

dormir depois vê-la tomar banho e me provocando agora


mostrando seu corpo. E eu aposto minhas bolas como ela

está molhada por mim.


Pegando-a pela cintura, seu corpo grudando-se ao

meu de encontro e deslizo uma das mãos para sua bunda

subindo para esfregar seus mamilos.


— Eu adoro seu corpo.

Ela tenta não sorrir e abre a boca para falar algo, mas
eu sou mais rápido e cravo minha boca na sua. Dou-lhe um

beijo molhado, chupando seus lábios com força e nós dois


gememos. Ela corre as mãos pelo meu peito e aperta meus

ombros enquanto eu afago suas costas e a bunda. Minha

boca escapa da sua e lambo e beijo com a boca aberta seu


pescoço.

— Você tem certeza que não me quer hoje?


Marinne geme e enfia as unhas em mim.

— Não... Não foi isso que eu... Que eu quis dizer. —

Jogando os braços nos meus ombros, se esfrega em mim.


Rápido e sem dar tempo de ela reclamar, pego-a no

colo agarrando suas coxas e levo para sua cama, deitando-a


e ficando por cima. Me afasto o necessário para afagar seus

peitos, o meio deles e descer até acariciar os lábios da sua

boceta e lentamente abrindo-os, sinto seu clitóris duro e


mais para baixo...

— Puta merda, Marinne. Você está sempre pigando

para mim, principessa.


Ela geme, morde o lábio inferior e pega as lapelas do

meu smoking olhando fixamente meu rosto.


— Não disse que não te quero. A questão é que você

não me merece. — Passa as pontas dos dedos na minha


boca. — A sua vida está muito fácil e agora você tem que
conquistar o que deseja.

Faço um som com a garganta e tiro a mão da sua

vagina e coloco os três dedos na boca. Minha esposinha


deixa um suspiro misturado com gemido escapar da sua

boca perfeita.

— E o que você quer que eu faça para merecer você


essa noite?

— Só essa noite? — fala com sua voz manhosa e


baixa.

Sinto meu sorriso torto sombrear pela lateral do meu

rosto e beijo sua boca rápido. A contragosto, saio de cima


dela, ficando de pé, mas ela apenas se senta e suas mãos

tocam meu corpo, passando lentamente na frente e fecha os

botões do smoking. Ficando de pé, ela passa os dedos nos


botões da camisa de dentro.

— Você fez para mim?


Encho os pulmões de ar e não toco em seu corpo,

mesmo que seja muito difícil não sentir sua pele macia nas

palmas das minhas mãos. Ela é minha.


— Se contar como pontos, sim, eu fiz para você. — A

verdade, é que sim, eu usei a camisa branca para

surpreender a ela. Dar-lhe algo novo e especial num dia de


hoje.

— Você tem que fazer muito mais para me conquistar,

mas foi legal da sua parte.


Faço cócegas nas laterais do seu corpo e subo até ter

o peso dos seus seios nas palmas das mãos. Contemplo seu
rosto lívido de reação, ela é boa em camuflar as emoções,

mas seu corpo deixa absurdamente claro como me quer.

— Eu sou um marido bonzinho — digo soltando-a no


meio do quarto com um sorrisinho nervoso, — e por isso não

vou te impedir de cortar o bolo e nem se despedir das


pessoas. — Ajeito a gravata olhando-a nos olhos. — Você vai

jogar o buquê também?

Marinne suspira e entra no closet. Vou atrás e pego-a


de bunda para o alto pegando alguma coisa. Deliciosa –

penso enfiando as mãos nos bolsos e apoiando-me na

soleira da porta. Quando ela apruma o corpo de volta me dá


um olhar atravessado e me ignora.
— Se eu fosse um marido mal, você estaria em cima

daquela cama com meu pau enterrado tão fundo, que você
ia ter que enterrar a boca no colchão para ninguém te ouvir

gemer.
Com um vestido branco na mão, que pegou no

armário, estreita os olhos para mim e eu seguro meu pau,

apertando para ela.


— Isso aqui é a prova de que eu não estou brincando.

Marinne luta consigo mesma, mas fracassa

demostrando sua reação ao engolir em seco e virar o rosto


para o vestido na mão.

— Ele era para eu usar amanhã, no almoço de


despedida, mas vai servir para agora — fala para si, fingindo

que eu não estou aqui vendo-a pelada escolhendo uma

roupa.
— Você pode ficar do jeito que estar, — paro quando

ela olha para mim e caminho até ela, mas não a toco. — Mas
ficando aqui dentro do quarto.

Um sorrisinho brinca na sua boca.

— Possessivo — sussurra bem baixinho.


— Oh, minha principessa, você não faz ideia. — Fico
quase colado ao seu corpo, mas não a toco de propósito. —

Você é minha para mim, minhas mãos, meu pau, minha


boca e minha cama.

Ela segura a respiração e abraça o vestido na frente

do corpo como fosse para se proteger.


— Eu vou usar outro vestido amanhã — fala fora de

contexto. — Tenho um vestido que... eu mandei fazer para o


jantar de ensaio que não existiu, ele é branco também como

se fosse de uma noiva simples.

Estico a mão e vejo pelo reflexo de um dos espelhos


nós dois. Eu vestido todo de preto, smoking, e ela

deliciosamente nua. Me ajoelharia para dar uma boa


lambida na sua boceta brilhante de desejo nesse instante.
Foco no seu corpo pelo reflexo. Assim como no

banheiro, o closet é coberto de espelhos.


— Você gosta de espelho — comento com a mente em

mil teorias e ideias de diversão para nós dois em frente a

espelhos.
— Mais ou menos — responde sem muito entusiasmo.

Talvez saiba que no que eu estou planejando.


— Imagino — falo com ironia e ela se vira

rapidamente para deixar o vestido em cima de uma


cômoda. Meus olhos focam na volta da sua bunda e na curva

da cintura. — Que linda — comento em voz alta para ela

ouvir mesmo.
Marinne vai até um cabideiro de pé e pega um robe

de seda preto e veste.


— Não tenta nada. — Me empurra e abre uma gaveta.

Pega uma calcinha e veste olhando-me séria. Finalizando,

cruza os braços, o que não é uma boa ideia se não quer me


provocar, e fala: — Você pode me dar licença.

— Por quê?

— Será que você pode me dar licença só um


pouquinho?

Como ela está totalmente sóbria, aceito seu pedido e


dou um tapa na sua bunda antes sair.

— Aí. Eu vou te dar uma que você vai ver só.

— Estou esperando, amor. — Gosto de chamá-la assim


porque muitos casais se tratam assim e vamos precisar

manter as aparências para as pessoas. Espero que Marinne


não leve para o coração. Eu não sei o que é amor e chamá-la
assim é apenas uma palavra.

Ela estreita os olhos quando estou saindo. Aposto que

ela quer me surpreender com alguma coisa assim como fez


com a liga de cobra na perna, que não tive o prazer de

deslizar pelas suas coxas, por isso quer que eu saia.


Assinto encarando-a com um olhar escrutínio e

caminho de costas para a saída do closet. Marinne não tira

os olhos de mim e eu vejo antes de me virar seu sorriso.


11

Desço as escadas alisando meu vestido marfim de

seda com bordados de flores com Swarovski no busto e na


bainha, que cobre até meus joelhos. Foi o mesmo estilista

que fez meu vestido de noiva e é lindo.


Passando pelo quadro com a imagem da fonte do

Bellagio que eu sou apaixonada, vejo meu reflexo e ajeito

meus cabelos soltos tirando do meu ombro e jogando para


trás.

Trocar de look fez muito bem a mim. O vestido me

deixa mais livre e os cabelos, que a cabeleireira acabou indo


até meu quarto e apenas escovando meus cabelos e fazendo

a mesma maquiagem, me deu um ar de leveza, calma e


sabedoria. Mesmo que por dentro eu esteja um turbilhão de

emoções.

Terminando os últimos degraus, olho para as costas de

Amândio, que para muitos poderia ser um simples marido

esperando pacientemente, mas eu sei que um homem como


ele a mente nunca está em paz.

Me questiono por que estou fugindo dele quando é

óbvio para mim, e para ele, que o que eu mais quero é estar

entre quatro paredes com seu corpo quente.

Ficou bem óbvio quando ele enfiou a mão entre


minhas pernas e sentiu minha umidade desejosa por ele só

por seu beijo e palavras. As promessas que ele faz me torna

maníaca por sexo.

No entanto, é claro que os últimos dois dias não foram

apagados da minha mente com os beijos que demos lá em

cima. Eu ainda estou puta com ele por permitir que todo

mundo decida o que deve ser feito entre nós.


Que merda. Talvez o que eu quero de verdade é que

ele me escolha pelo menos uma vez. Suspiro e sinto um frio

na barriga. Eu não deveria me sentir tão estranha, mas é o

que tem para hoje.


Involuntariamente sinto meus lábios se curvarem para

os lados quando estou ficando tão perto. Ele está nos pés da

escada com as mãos nos bolsos e quando faltam cinco

degraus, seu rosto vira-se para mim e depois seu corpo todo.

Seus olhos se encontram com os meus, ele ergue a

sobrancelha me olhando de cima a baixo, muito para


minhas pernas e peitos. Termino de descer as escadas e ele

espera eu estar na sua frente para dar um sinal de OK com a

cabeça e dizer:

— Você está ainda mais bonita. — Sua voz rouca e

sexy como um inferno.

O único defeito que ele tem para mim é o pai. Até a

agora e espero não ter mais nenhum.

Sorrio passando a mão na frente do vestido e noto

sua atenção para o colar no meu pescoço. Sempre o rubi

captura sua atenção, mas noto que ele gostou também da


coroa na minha cabeça. Ele é tão... previsível.

— Você parece uma princesa.

— Por que essa fixação com isso?

Ele franze a testa, olha para os lados e corta a nossa

distância, suas mãos pegando-me pela cintura e


espalmando em minhas costas.

— Porque sim — responde e me beija na boca. Um

beijo duro, molhando e quente, mas que não se prolonga. Se


afastando, limpa os cantos da minha boca com um sorriso

sombrio. — Você vai precisar retocar.

Seus olhos acompanham meus movimentos, e ele

assiste quando tiro o batom do meio dos meus peitos e

passo na boca, tudo olhando-o nos olhos.

— Já estava esperando por isso — comento.

Quando volto a “guardar” o batom, Amândio pega

minha mão e coloca em cima da sua ereção, que eu aperto.

Vejo uma sombra passar por seu rosto, os olhos

escurecendo. Uau. Ativei o Amândio alucinado por mim.

— As paredes aqui são a prova de som?

Franzo a testa e ele nem espera eu responder, me

puxa pela mão até a sala de piano, onde fecha as portas

como estive pegando fogo o resto da casa. Sem parcimônia,

me agarra e coloca em cima do piano, abrindo minhas

pernas o suficiente para estar no meio delas.

— Você vai precisar retocar o batom de novo.


Amândio captura meu suspiro com um beijo afoito e

molhado, tão quente e eletrizante que eu estou começando

a desconfiar que algo está pegando fogo sim. E sou eu!

Suas mãos afagam meu corpo com gosto, se


demorando em cada curva. Ele aperta minhas coxas, os

dedos querendo descobrir os detalhes da cinta-liga e sobe

meu vestido até a seda se embolar na minha cintura.

Ofegante o beijo com a mesma fome que a dele e não

permito nenhum pensamento interromper o que ele quer

fazer comigo.
— Não lute.

— Não quero — gemo e agarro suas lapelas,

empurrando para fora do seu corpo.

O smoking cai no chão no exato momento que ele

rasga minha calcinha e se afasta para ver o estrago com um

sorriso predatório.

— Eu sabia que você queria me fazer uma surpresinha

— ele se refere a cinta-liga novinha. Não é a mesma que

usei por baixo do vestido de noiva. Essa tem detalhes

dourados e pretos.

— Preto é uma cor quente, não acha? — Sussurro.


Ele nem precisa responder, seus olhos estão brilhando

e o volume absurdo na virilha é ma-ra-vi-lho-so.

Mordo os lábios e sinto meu coração bater acelerado

no meio do peito. Por que é tão divertido fazer essas coisas

com ele? Me arriscar assim. Ficar exposta na sala de piano

com quase quinhentos convidados perambulando pela casa.

Eu transaria com ele nesse momento. Eu vou fazer se é o

que ele está pensando.

Amândio me dá um beijo na boca antes de se abaixar

na minha frente.

Sinto uma pontada de ansiedade no coração e

pergunto:

— O que você vai fazer?

— O que você me privou... —, beija meu joelho e a

coxa, — ...de apreciar no seu quarto agora a pouco.

Engulo em seco e apenas assisto-o erguer minha

perna direita. Ele beija cada centímetro da minha pele,

mesmo que a meia cubra até o meio das minhas coxas. E


com seu poder de me deixar derretida – eu sinto o quanto

estou molhada por ele – puxa com os dentes a liga da perna.


Ela é de renda preta com uma corrente dourada com um

pingente de cobra. Eu sabia que ele ia adorar.

Esse homem na minha frente com um dos joelhos no

chão e a mão segurando minha perna para o alto, me faz

sentir e fazer coisas... alucinantes.

Com a liga presa nos seus dentes, ele ergue mais

ainda minha perna e arrasta lentamente pela minha coxa a

peça que escolhi para minha noite de núpcias. Eu quis


provocá-lo porque é bom pensar que eu o tenho nas mãos às

vezes.
Pensei que ele ia parar por causa do sapato, mas sou

surpreendida. Amândio tira meu Scarpin branco sem pressa


e deixa no chão, e volta a puxar a liga com os dentes até

estar pendurada na sua mão.


— Isso é meu — diz com toda a propriedade que lhe é

concedida por pura autoestima e conquista.


É dele sim, porra.
Prendo meu sorriso, na verdade impeço de ser muito
aberto, e assinto.
Ele guarda a liga no bolso da calça e engulo em seco

quando fica totalmente de joelhos no meio das minhas


pernas, abre-as mais um pouco e dá uma lambida de boca
aberta na minha boceta.

— Oh — geme jogando a cabeça e o corpo para trás e


aperto com força a tampa dos teclados do piano. —

Amândio...
Ele chupa minha boceta tão... gostoso. É como

estivesse devorando um soverte ou uma fruta. Um morango


suculento e grande, porque o jeito que ele abre bem a boca
para poder lamber meu núcleo e meu clitóris ao mesmo

tempo, é de enlouquecer.
Amândio não deixa escapar um cantinho sequer de

mim enquanto me chupa. Ele deixa sua saliva se misturar a


minha excitação, me deixando envergonhadamente

molhada e mordisca a pontinha do clitóris, depois chupa


com força e depois devagar e depois com mais força ainda.

Lambe de cima a baixo e seu dedo pressiona meu ânus,


onde eu jamais pensaria em pedir para ele fazer algo,

mas.... porra... eu gosto do que ele faz e gemo alto.


— Não para, por favor... — Imploro de olhos fechados.

— Amândio!!!
Sua mão livre se estica e ele entrelaça os dedos com
os meus em cima da minha barriga. Eu abro os olhos e ergo

a cabeça para poder encontrar os seus, sua cabeça no meio


das minhas pernas, os lábios molhados. É tão bom.

— O que você quer? Peça, principessa.


— Me faz gozar... Eu preciso — respondo gemendo.

Ele beija, beija como se fosse um carinho, a minha


virilha e sorri.

— Eu senti falta do seu gosto, principessa — murmura


antes de voltar a me fazer ver estrelas.

Eu senti falta dele também e não apenas da sua boca,


mas do seu calor, da sua voz e do jeito que ele me venera.

Eu sempre fui a princesa de Las Vegas, mas nunca me


senti princesa de nada e agora eu sou a principessa dele. E

foda-se que é bobo e possessivo ele repetir isso toda hora.


Eu adoro que ele me queira tanto quanto eu quero ele. Meu
corpo quase grita; me toque.

Enquanto ele me chupa demoradamente, meu corpo


reage, entra em alerta. Meus peitos estão pesados e

sensíveis. Eu queria estar pelada e sua boca viajando em


cada pedaço de mim. Chupando meus mamilos e mordendo

meu pescoço.
Eu quero seu corpo pesado e forte em cima de mim,

no meio das minhas pernas. Quero sentir seu pau enorme


me abrindo. Quero... TUDO.

— Porra... você está derretendo. Goza, Marinne.


Abro a boca procurando ar e meu coração bate tão
rápido quanto é possível quando sinto os espasmos do meu

orgasmo. Fecho os olhos com força e ofegante gozo


mordendo a boca e gemendo baixinho.

De repente, sinto um beijo na minha testa e abro os


olhos. Vejo, não sinto, minha mão ir até seu rosto e afagar

sua bochecha.
— Oi — digo sem ar.

Um sorriso tremula em sua boca e ele me beija rápido.


— Você quase caiu do piano.

Ofego e ele me ajuda a ficar de pé. Tento ajeitar a


cinta-liga e arrumo o vestido. Levantando o rosto para ele,

fecho o semblante para ele saber que não estou muito


contente com as próximas palavras.
— Vou precisar subir e colocar outra calcinha —

resmungo.
Vejo seus dedos deslizarem pelo meu braço e fazerem

cócegas no meu pescoço antes de erguer meu rosto na


altura certa para sua boca raspar a minha.

— Não. Fique assim.


— Amândio... — Franzo a testa e espalmo as mãos no

seu peito, mas não empurro.


— Eu quero você assim — diz e sua outra mão levanta

meu vestido e ele passa as pontas dos dedos na minha


boceta, espalhando meu gozo pelos lábios da minha vagina.

Chego a sentir calafrio com o atrito dos seus dedos e


ar frio atingindo minha parte molhada, me arrepiando.

— Deixa assim. Vai valer a pena — a voz dele é


carregada de promessa e luxúria.
Mordo a boca e aperto com força seus braços,

tentando me estabilizar nas pernas, que estão fracas.


— Você adora me provocar.

Sério, ele abaixa meu vestido e se afasta, lambe os


dedos – um de cada vez – e me dá as costas.
Abrindo a porta da sala de piano, ele meneia a cabeça
indicando para o corredor e estica a mão para mim.

— Vem, esposa. Vem jogar o buque e cortar o bolo. Eu


aposto que estão esperando você.
Controlo-me para não sorrir.

Respirando fundo, aprumo a postura e ando


elegantemente até ele, fingindo que não estou pigando

após ter um orgasmo alucinante e que estou sem calcinha.


Não pego sua mão, o que faz ele me encarar zangado.

— Só vou precisar ir ao banheiro primeiro.


Ele assente e me guia com a mão nas costas até o

banheiro mais próximo. Antes de fechar a porta do toalete,


sorrio dizendo:

— Você vai ficar me escoltando?


— Óbvio.

— Se eu estivesse... vestida — sussurro — não teria


esse trabalho.

Ele não diz nada, toca meu rosto com reverencia e


ordena:

— Vamos logo com isso, Marinne.


Com borboletas nervosas no estômago, fecho a porta
e encaro uma mulher satisfeita com os olhos brilhantes e os

lábios inchados no espelho. Toco minha boca e sorrio mais


ainda imaginando como será minha vida daqui para frente

com Amândio ao meu lado.


Que Deus permita que eu encontre felicidade em

Nova York, mesmo que até Giovanni morrer será perturbador


viver na mesma cidade que ele.
12

Existe dois grandes motivos para eu entrar em casa

agora, um porque minha bexiga está estourando e a outra é

porque Madeleine disse que Marinne passou mal e entrou


para tomar um banho e se recompor. Logo, não demorou

muito, a mulher que veio preparar as mulheres entrou em


casa para arrumar o cabelo de Marinne.

E tem muito tempo que ela entrou e não voltou para

festa. Fiquei desconfiado quando Madeleine falou que

Marinne ficou com Amândio para cuidar dela.


Passei longos minutos pensando em como eles já têm

essa intimidade, esse envolvimento, como minha irmã já


confia nele para cuidar dela enquanto está passando mal. E

ela ia tomar banho e ele estaria com ela no quarto.

Caralho. Eu não sou um completo imbecil e não sei o


que eles irão fazer para manchar os lençóis de sangue essa

noite, mas eles ainda não fizeram. Eles ainda são estranhos
intimamente para ele vê-la nua tomando banho.

Estranho. Muito estranho tudo isso.

Atravessando o corredor, vou direto para o banheiro

do meu escritório procurando uns minutos de sossego. Essa

festa está me esgotando. São muitos filhos da puta para


ficar de olho, e Giovanni partindo menos um.

Giovanni D’Ângelo ter ido embora foi ótimo. Ele

estava correndo risco de vida continuando no meu radar.

Mesmo que ele terá o que merece em breve.

No entanto, mesmo me agradando ele ter ido embora,

não me trouxe tranquilidade. Tem muitos outros ainda na

minha casa que eu quero fora dela.


Aliviado, lavo a mão e saio do banheiro. Meu celular

toca e vejo uma mensagem de Solo. Ele, Luca e Vito são os

meus melhores executores. Solo está em Las Vegas por

conta do casamento, mas retornará para Nova York para


continuar de olho em Colen, que vira e mexe vai para lá

ainda, e agora Marinne. Eu preciso que um dos meus cuide

dela nas terras inimigas.

Giovanni acabou de decolar para Nova York.

Franzo a testa estranhando ainda mais a ida de

Giovanni para Nova York. Para mim ele só tinha ido embora

da festa. O miserável nem falou comigo. Pelo que pude


perceber ele realmente deixou a aliança ser entre eu e

Amândio.

Ah, vai ser maravilhoso dar uma surra nele.

Ele foi com a família toda?

Foi sim. Percebi que alguns dos soldados e dois


Underboss também o seguiram e foram para
suas cidades.

Ótimo. Continua de olho nas movimentações


e me informe tudo que for suspeito.

Sim, senhor, Capo .

Guardo meu celular no bolso da frente do paletó e

saio do escritório. No corredor, passando pela sala do piano


um barulho capta minha atenção e eu paro. Tento abrir as

portas e descubro que estão trancadas.

— Que merda é essa?! — resmungo para a maçaneta


que estou quase quebrando de tanto apertar. — Cazzo.

Mas o pensamento de arrombar a porta é

interrompido quando ouço um gemido seguido de um

nome:

— Oh... Amândio...
Por alguns minutos eu fico sem reação, porém a ira

logo me domina e eu quero cravar uma faca no crânio dele.

Ele está fodendo alguém na minha casa enquanto minha

irmã está precisando dele.

A fim de descobrir quem é, controlo minha fúria e

espero mais alguma palavra porque só ouço gemidos.

— Não para, por favor... Amândio!!!


Essa voz...

— O que você quer? Peça, principessa.


Principessa? O quê?

— Me faz gozar...
Sinto meus olhos e minha boca se abrirem quando a
realidade cai em cima de mim. É Marinne.
— Eu senti falta do seu gosto, principessa — Amândio
fala.

Sentiu falta?

Meus pés me tiram de perto da porta e olho sem foco

para frente. Eles estão... Ele estava com... a minha irmã e

eles pareciam. Paro meus pensamentos antes de aprofundar.

Nova York. Eles ficaram juntos e agora entendi a


reação de quando perguntei a Amândio se tinham ficado

juntos e ele visivelmente travou.

Cazzo.
Madeleine. Ela sabe de algo.

Caminho para fora de casa, mesmo que eu queira

abrir a porta e matar Amândio, vou direto para minha

esposa. Que assim que me vê apruma a postura e fica séria.

— O que houve? — Madeleine pergunta.

— Precisamos conversar.

Ela me acompanha prontamente para longe de todos.

— O que que aconteceu, Travis?

Entramos na tenda e minha esposa fecha a entrada.

Mesmo não sendo exatamente um lugar fechado, temos um

pouco de privacidade.
— Vai me contar o que aconteceu agora? — Ela diz

com os olhos arregalados e parece segurar o ar.

— Marinne e Amândio já ficaram juntos?

— Ficaram juntos? Como assim?

— Eles já transaram?

— Travis... e-eu...

Com meu olhar paro sua desculpa e dou um passo

que a obriga a erguer o rosto.

— Você sempre sabe de tudo e aposto que Marinne

conversou com você.

Madeleine assente e engole em seco. Ela sabe que

mentir não é a melhor jogada comigo.

— Eu só estou me decidindo quando aconteceu. Se foi

em Nova York ou... — Paro e ligando os fatos, retiro a última

ideia da questão. — Não, não foi em Nova York.

Madeleine nega com um aceno de cabeça.

— Quando Marinne ficou no quarto no Bellagio, no dia

do aniversário dela, que eu a mandei voltar para casa e ela


ficou tão brava. — Rio balançando a cabeça me achando um

imbecil e viro meu corpo. — Agora está explicado tanta

coisa. Aquele filho da puta planejou...


— Não foi assim — Madeleine me interrompe.

Encaro minha esposa e espero o que tem a dizer.

— Amândio descobriu que Marinne iria ficar no

mesmo andar que ele naquele dia. Sei disso porque cheguei

as reservas do hotel. E também vi pelas câmeras ele indo

visitá-la uns minutos antes dela descer para festa.

— Ele não podia esperar como qualquer outro?

— Ele foi lhe entregar um presente.


Faço um som de desdém e estreito os olhos.

— Ela lhe contou isso?


— Ela me contou tudo — responde com segurança.

Ergo a sobrancelha e cruzo os braços esperando.


Suspirando Madeleine fala:

— Ela me contou que eles... ficaram juntos naquela


noite e... Acho que ela gosta dele de verdade.

— E você acha isso bom — afirmo.


Madeleine coloca as duas mãos no meu peito e abre

um sorriso tranquilo e orgulhoso.


— Eu realmente quero que Marinne tenha a
oportunidade de ter um marido como você é para mim. —

Ela faz com que eu me sinta um babaca agora. — Quero que


ela possa ser feliz em casa, que possa sentir o amor em
Nova York. Ela não terá mais a gente não perto e ela sempre

foi amada e eu quero que continue.


— Eu também quero que ela seja feliz. — Soo como

estivesse bravo, mas não é com Madeleine. É com Amândio.


Ele corrompeu minha irmã.

— Então por que está zangando, Travis?


Coloco as mãos em cima das suas sobre meu peito e
entrelaço nossos dedos.

— Ela quebrou um juramento.


— Eu sei — diz sorrindo contido e pesaroso, — mas

agora eles já são casados.


— Ela mentiu para mim.

Minha esposa faz uma expressão de ironia.


— Você não perguntou a ela sobre nada disso. Como

ela mentiu para você?


— Antes de ela ir para Nova York escondido, nós

conversamos e eu quis saber qual era o interesse dela em


falar com ele. Como ela tinha tanta garantia sobre ele e ela

não me disse a verdade. Não disse que eles...


— Já tinham se entregado e... —, dá de ombros, —
talvez role um sentimento, talvez química. Olha, — pausa

pensando em algo, — eu não tenho como ter certeza sobre o


motivo deles acabarem quebrando um juramento, mentindo

para todo mundo, mas fico aliviada que ela, de algum jeito,
parece ter Amândio... disposto para ela. Disposto a defendê-

la, a querer castigar quem a machuque ou toque. — Pausa


porque falar de Giovanni causa cólera em nós dois. — Sério,

Travis, será que só eu consigo enxergar que ele parece...


— Hipnotizado por ela — concluo. — Não, não é só

você que reparou.


— E isso não é bom? — Pergunta baixinho. — Ele

querer cuidar e proteger dela, não parece bom?!


Sinceramente eu aprovo e mesmo que eles tenham feito

sexo antes do casamento, já passamos pelo perigo. Eles


acabaram de se casar
— Cazzo. — A interrompo. — O lençol. Como ele vai

manchar de sangue?
Madeleine prende a respiração e tenta me acalmar

tocando no meu peito.


— Eu tenho certeza de que ele já tem tudo em mente.

Amândio não parece disposto a fazer um boato ruim sobre a


esposa dele.

Principessa. A palavra bem minha cabeça e eu torço a


cara.

— Espero que você esteja certa, porque senão eu


mato ele.
— Eu sei disso.

— Bem, mesmo que você tenha certeza de que ele vai


honrá-la, eu preciso saber como... — Paro com outras

realizações vindo na minha mente. — Não é apenas você


que sabe, não é.

— Como?
— Quem mais sabe?

Madeleine prende a respiração e tenta se afastar.


— Cazzo. Não minta para mim. Você sabe que eu não

gosto.
— Para que que você quer saber? Que diferença vai

fazer?
— Porque eu preciso saber — respondo esbravejando.

— Isso é uma vergonha. Por mais que vivemos no mundo


moderno, ainda existem muitas regras na Famiglia que a

gente precisa cumprir e uma delas é o casamento. As regras


de não ficarem sozinhos, casar virgem e manchar o lençol

de sangue.
— Mas você não fez nada disso no seu casamento,

Travis. Então, por que você está tão preocupado com isso?
— A gente se safo daquele sangue porque teve aquele

atentado, mas eu deveria mostrar o lençol quando a gente


se casou.

— Você já tinha algo planejado?


— Eu teria cortado minha mão no mesmo lugar que

fiz o juramento do casamento. Ninguém desconfiaria.


Madeleine ergue as sobrancelhas e assente abrindo

um sorriso.
— Não tínhamos conversado sobre isso — comenta em
voz baixa e surpresa.

— Porque não era algo que você tinha que se


preocupar e sendo honesto, minha mente estava ocupada

demais com os conflitos que seu pai arrumou com os russos.


Eu tinha acabado de matar o Underboss de Denver.

— U-hum.
— Porém isso é passado e de qualquer forma eu já era
Capo quando me casei. Minha palavra é lei em Las Vegas.
Todo mundo me respeita e se eu não quisesse apresentar o
lençol, eles iam aceitar. E pensavam que você já tinha uma
vida antes de mim.

— Você deveria mais do que nunca mostrar que era


mentira.

— E eu não fiz isso nesses anos que estamos juntos?


Todo mundo sabe que você é uma mulher honrada. Não crie

uma tempestade no copo d'água.


— Não sou eu que estou fazendo uma tempestade

num copo d'água.


— Está falando isso sobre eu estar preocupado com o

lençol amanhã? Cazzo, é a honra da Marinne que estou


preocupado e as pessoas vão comentar, falar merda e você

sabe disso.
— Sim, eu sei. — Algo deve passar pela sua mente

porque ela desvia o olhar. — Quem ficou sabendo primeiro


foi Antonio.

— Gerente do Bellagio?
— Sim, ele viu pelas câmeras e me chamou para
mostrar a filmagem do Amândio entrando na primeira e na

segunda vez.
— Que horas que foi?

Ela engoliu em seco antes de responder:


— Eram quase três da manhã e ele ficou com ela,

sabia. Ele não foi só lá e... simplesmente saiu. Eles


dormiram juntos, então mesmo que esteja passando

milhares de teorias na sua cabeça de que ele quis se


aproveitar dela, eu não acho que foi.

Ignoro suas teorias românticas.


— E o que o Antonio fez?

— Além dele ter falado comigo? — Franze a testa.


Não respondo seu sarcasmo.
— Ele me chamou no dia seguinte, me mostrou as
fitas e eu apaguei. Ele jurou que nunca iria falar para

ninguém e mesmo assim, eu falaria que é mentira e o


mataria.
Cerro a mandíbula orgulhoso dela ser desse jeito.
Ninguém dúvida que Madeleine pode matar alguém se for

preciso. Eu mandei espalhar as ações dela em Reno.


— Você tem certeza que apagou as fitas?
— Absoluta porque fui eu que apaguei.

— E o que ele falou? O que ele viu?


Madeleine sorri antes de responder:
— Antonio disse que viu Marinne crescer e que tem
várias filhas, e todas se casaram por amor.
— Ela acha que Marinne está apaixonada e...

— Por isso aceitou Amândio no quarto dela e eles


teriam um casamento além de tático.
— Não faz sentido.
— Por quê?

— Ele sabe das regras do lençol.


— Talvez na cabeça de Antonio, o Amândio só entrou
para ficar com Marinne naquela noite.
— Foi isso que ele disse? — falo com sarcasmo.

— Foi isso que eu quis que ele acreditasse.


— Tudo bem e quem mais sabe?
— Mário sabe, mas ele como um grande protetor de
Marinne, guarda os segredos dela como sua vida

dependesse de não revelar. Eu acho que ela sabe que ele


sabe, mas não tocam no assunto.
— E como você sabe isso?
— Porque conheço as pessoas e você sabe que o

Amândio pagou Mário esses quatro anos para cuidar dela.


— Não foi exatamente isso. Ele passava informações
de como ela estava e não foi desde o início. Começou
quando aconteceu aquele atentado no nosso casamento.

Amândio demonstrou cm ligações insistentes e com Mário


se aliando a ele para passar informações que ficou receoso
com a situação da Lawless.
— Você sabia esse tempo todo?

— Nada fica fora do meu radar, amor.


Ela sorri chegando mais perto e coloca a mão em cima
do meu peitoral.
— Percebi Mário às vezes distante e quando Amândio
vinha visitar Marinne, ele deixava os dois muito perto e

sozinhos.
— Amândio pedir para cuidarem dela mostra que não
é tão frio como parece. — Madeleine fala. — Achei incrível e
você não pode achar ruim. Eu iria apreciar muito um noivo

arranjado se preocupando genuinamente comigo.


— Eu sei e não estou reclamando, mas preciso saber

quem sabe e se o Colen levou Marinne para Nova York,


deixando-os sozinhos e juntos, preciso conversar com ele.
— Você vai perguntar ao Colen?
— Estou pensando sobre o assunto — respondo frio. —
Talvez eu fale só com o Amândio.

— Ele vai querer saber como você descobriu.


— E eu vou falar como.
Ela faz uma careta de nojo e vergonha.
— Você vai falar que ouviu eles... Não faça isso, por

favor. Marinne vai ficar envergonhada e não conseguirá ficar


perto de você tão cedo.
— Eu não vou dar detalhes. Vou falar que... escutei
eles dois na sala de piano e talvez ele minta dizendo que só

foi hoje.
Madeleine cruza os braços e cerra os olhos.
— Tem certeza que quer que ele saiba que você
descobriu?

— Por que você está falando isso? — Olho para ela


desconfiado porque ela tem algo em sua mente.
— Você iria querer que as pessoas soubessem que

você me ama? — ela pergunta baixinho chegando perto de


mim de novo e tocando no meu pescoço. Eu me inclino para
poder beijar sua boca. — Você guarda tão bem esse segredo.
— Assinto concordando e ela continua: — Todo mundo sabe

que você é protetor e louco por mim e pelo nosso filho, mas
eu acho que se as pessoas acreditassem que você consegue
amar e ama sua esposa, eles... teriam planos contra nós.
— Você está dizendo isso por que exatamente?

Ela suspira e dá um sorrisinho.


— Eu queria que o Amândio pensasse que ele está
seguro sobre o que sente ou o que está sentindo por
Marinne e o que você falar, pode interromper o momento e
você não quer isso.

— Não quero o que, Madeleine?


— Que Amândio pare de tentar gostar dela de
verdade.
— Você quer que ele... se apaixone por ela?

— Meio que eu quero isso para ela — afirma baixo e


respira fundo. — E eu também quero que você jure por mim
que jamais vai colocar o casamento dela em xeque. Você vai
ter que jurar por mim, por Dante e pela Marinne que nunca

vai usá-la como uma moeda de troca para chantagear o


Amândio ou Nova York. Ela é sua menina e eu quero muito
acreditar que você vai protegê-la até mesmo disso.
— E você... não quer — falo numa tentativa de

entendê-la — que eu diga para o Amândio... porque talvez


ela se torne o ponto fraco dele.
Madeleine sorri e limpa os olhos porque ela ficou
emocionada.

— Acho que ela já é o ponto fraco dele. — Sacode a


cabeça afirmativa. — Ele vai matar o pai dele por ela.
— Acho que ele sempre quis matar o pai.
— Eu sei, mas ele tem um grande motivo agora que é

proteger Marinne.
— Provavelmente você está certa.
— Sim e talvez você possa falar em enigma com ele,
mas não deixar ele descobrir tudo. — Seu rosto fica marcado

de irritação. — Amândio já fez o que você queria o dia todo.


Fecho os punhos com raiva e cerra os dentes porque
ela ficou muito puta com o meu plano de fazer Amândio
sumir esses dias.
— Você já fez o que achava que seria melhor para esse
dia e mesmo assim o Giovanni ultrapassou o limite. Ele fez o
impensável e acho que você concorda que foi um esforço
idiota agora.

Na verdade, ela quer me chamar de idiota, não a


ideia.
— E seria muito melhor ter visto uma Marinne menos
triste caminhando no altar — continua. — O Amândio ter

dado um beijo nela de verdade e não um beijo na testa, que


foi tão frio e distante para um casal que já ficou junto. Foi
horrível ver aquilo e tudo porque você queria que a Marinne
não ficasse... — Para abrindo os brancos, gesticulando com
as mãos sua irritação.

— Com os olhos brilhando quando olha para ele —


completo.
Madeleine ri e balança a cabeça.
— Isso parece muito com você sentindo ciúmes da sua

irmã. Você não quer vê-la ter uma paixonite pelo marido. —
Gargalha alto. — Mas eu acho que você tem que parar de se
meter agora. Eles já são marido e mulher, e tenho certeza
de que ele vai fazer algo sobre o lençol de sangue amanhã.
A Darkness aprecia muito as tradições, Travis. — Ela ironiza.
— Acho que agora você precisa deixar esse casamento em
paz. Quero que Marinne sorria jogando o buquê e cortando o
bolo. Eu quero vê-la sorrindo de verdade e se você escutou

eles dois... juntos, quer dizer que eles fizeram as pazes. E


honestamente — pausa olhando dentro dos meus olhos, —
você conhece a Marinne, você a criou e sabe coisas que eu
não sei. Eu aposto que você confia nela.

— Eu confio — apenas digo isso.


— Então você sabe que ela não abriria a porta para ele
se não quisesse também. Se não desejasse também.
— Sim — respondo, olho para longe e balanço a

cabeça assentindo.
— Eu sei. — Madeleine toca minha mão e aperta. —
Eu sei que é difícil você vai ver a sua garotinha crescer, ir
embora. — Pausa engolindo a emoção. — Eu também estou

triste, mas me dá um certo conforto saber que talvez ela vá


ter alguém para sangrar por ela. Para matar por ela.
— Querida, — digo e limpo suas lágrimas. Dou um
beijo na sua boca acalmando-a. — Ela vai ficar bem.
— Eu sei.
— E eu não vou falar nada, mas acho que você deveria
falar.
— Estava pensando que você poderia falar depois de

um ano de casamento. Seria bom jogar isso na cara do


Amândio quando surgir o momento.
— Você é maquiavélica, sabia.
Madeleine dá uma risada e me abraça. Fica na ponta
dos pés, inclina a cabeça para trás e eu seguro seu rosto

com as duas mãos para beijar sua boca profundamente até


fazê-la gemer.
— Eu te amo, minha conselheira de saia.
— Eu não sou a conselheira. Sou o Capo número dois.

— Minha rainha.
Pegando-a mais forte, beijo sua boca com mais força e
sinto minha ereção acordando. Eu sei que ela sente e tenta
me levar para o sofá.

— O que você está fazendo?


— Procurando aliviar seu estresse — responde
desfazendo minha gravata.
Seguro suas mãos parando-a.

— Não vamos fazer nada aqui. Não é seguro.


Ela para e olha em volta a tenda.
— Depois que essa gente insuportável for embora, vou
te dar um trato.

Rio e aperto sua bunda, que depois da gravidez


aumentou um pouco e eu gostei.
— No momento quero que você seja má.
Ela franze a testa e limpa minha boca. Devo estar sujo

com seu batom vermelho.


— Como assim?
— Ele sabe que você descobriu?
— Sim.

— E conhecendo você como conheço, já falou algo


para ele.
— Já — respondo baixo.
— Então vou deixar nas suas mãos.

Ela faz uma expressão enigmática querendo entender.


— Você pode não ser o Capo, mas é a minha rainha e
tem um verdadeiro poder nas suas mãos. Você pode dar
castigo e falar coisas assustadoras para quem precisar. E
nem sempre em meu nome.

— E você quer que eu dê uma dura em Amândio?


— Sim.
Ela abre um sorriso como tivesse ganho todas as

moedas douradas do Bellagio e me dá um beijo.


— Você pode ter certeza que ele tem medo de mim e
eu vou fazer ele ficar com mais medo ainda.
— Assim espero.
— Pode confiar, amor. Eu já falei para ele sobre o

lençol de sangue e aposto que Colen também e tenho


certeza de que o tal do Matteo o alertou. Amândio não é
burro. E... eu falo sério, ele foi a melhor escolha para ser o
marido de Marinne.

Enrijeço o maxilar.
— Espero que você esteja certa.
— Eu estou certa e não vejo Marinne se casando com
outra pessoa. Estando ao lado de outra pessoa. — Suspira e

ergue a sobrancelha, sabichona. — Ela pode não ter se


tornado Capo, mas sei que ela vai ter um deles na palma da
mão.
— Assim como você me tem às vezes.

Ela ri e abraça meu pescoço.


— Às vezes?
13

Mordendo o lábio inferior, aceito a mão de Amândio

quando saímos de casa. Estou tentando esquecer o que


acabei de fazer na sala de piano. Meu Deus. Eu nunca mais

vou conseguir encarar o piano de Travis. Olhando para baixo,


foco na bainha do vestido.

Droga. Droga. Estou tentando com tudo de mim me

controlar e agir natural, mesmo sabendo que estou sem


calcinha enquanto vamos nos aproximando dos convidados.

— Relaxa. Ninguém tem como saber — ele diz perto

do meu ouvido assim que pisamos na madeira do píer e fico


na sua frente.

Quem olha para nós não percebe como ele está perto

de mim, sua mão tocando minha bunda que vai subindo


lentamente por minhas costas. Amândio acaricia minha

omoplata e paramos quando os convidados se levantam e

aplaudem nosso retorno.

Franzo a testa. Eu não entendo o porquê a saudação

calorosa. Sinto minhas bochechas esquentarem, os


músculos do meu pescoço retrair e minha pressão arterial

martelar meus ouvidos.

— Deus. Eu não estou bem — cochicho e sinto uma

louca vontade de rir.

Ele vem para minha frente, tapando a visão de todos e


coloca a mão no meu queixo, erguendo-a de leve.

— Qual o problema? Respira, Marinne.

— Será que eles... pensam que a gente já transou e

agora querem ver o lençol de sangue? — pergunto e solto

uma risada estrangula na garganta.

— Eu espero que não — Amândio responde bravo. —

Não estou ansioso de mostrar essa merda de lençol.


— Mas será?

— Vai ser amanhã e se você quiser, não precisa

comparecer.

Ele está querendo me tranquilizar?


— Todas as noivas comparecem.

— Você é todo mundo?

Prendo a vontade de sorrir e de beijá-lo por falar isso.

Sentindo um pouco – quase nada – de alívio, suspiro e foco

em seus olhos, não nos convidados atrás dele, que voltaram

a fazer o que estavam fazendo antes de nos ver e fazer essa


saudação estranha.

— Você já pensou o que vai fazer?

— É claro que sim — responde tranquilo. Ele sabe do

que estou falando sem muitas palavras. A mancha de

sangue no lençol.

— Você está linda. — Do nada Madeleine aparece pela

lateral e toma o lugar do meu marido, porque ele é educado

– ou já observou como Made domina o ambiente – e saiu do

lugar.

Amândio se posiciona ao meu lado pousando a mão


na minha lombar. O peso do seu contato me causa calafrio e

ansiedade. Estou arrependida de ter voltado para festa.

Abrindo um sorriso, foco em Madeleine.

— Obrigada por fazer a cabeleireira ir para o meu

quarto. Foi bem melhor.


— Eu achei que seria — esclarece e me olha de cima a

baixo. — Esse vestido está lindo. Você não ia usá-lo amanhã?

— Eu ia, mas como resolvi voltar para festa e não


queria colocar o vestido de noiva de novo, preferi usar esse.

E sim, ele é lindo e mais confortável.

— E não tão pesado — ela completa.

Rio e assinto.

— Verdade. — Dando uma olhada para a festa, minha

ansiedade cresce de novo e eu falo: — Eu acho que já vou

cortar o bolo.

Madeleine concorda com um aceno e Amândio parece

uma estátua do meu lado sem esboçar reação e olhando

para frente. Parece um segurança.

— Acho que você pode cortar agora. A festa está

acabando e alguns convidados já foram embora.

Um deles eu não queria que estivesse aqui. Penso em

Giovanni e procuro não contrair meus olhos pela fúria que

passa por mim.

— Então, vamos.

Abrindo o caminho, Madeleine vai na nossa frente.


Entrelaçando meu braço com o de Amândio, que troca um
olhar comigo estranho.

— O que foi?

— Nada — responde friamente.

Franzo a testa e olho para frente quando a equipe de

fotografia e o filmador nos seguem. Sorrio parando na

posição que a fotografa pede, em frente a mesa do bolo.

O bolo de casamento tem oito andares, deve ter um

metro de altura. Branco perolado com efeito de bordado de

renda, um cacho de rosas brancas caindo pela lateral feito

de algum material que faz bolos desse tipo e com alguns


pontos de luzes – que acredito também que seja comestível.

Enfim, ele é tão brilhante e magnifico quanto meu vestido

de noiva. Ele foi uma das muitas surpresas que Madeleine e

Nina prepararam para mim. Elas prometeram que fariam

um casamento lindo para mim e cumpriram.

Amândio e eu tiramos algumas fotos. Fingimos cortar

o bolo, depois morder e sorrimos. Pelo menos eu me esforço

para ter fotos sorrindo. Amândio apenas não fecha tanto a

cara.

— Você pode tentar? — Peço quando as câmeras estão

mais distantes e eu estou nos seus braços, as mãos apoiadas


no seu peito.

Ele desce o olhar para mim e ergue a sobrancelha.

— Você pode tentar... não parecer tão entediado?

Amândio contrai a mandíbula e me puxa para os seus

braços, uma mão fica na voltinha da minha bunda e a outra

no meu rosto. Olhando-me nos olhos, sem dizer uma única

palavra, me beija na boca. Um beijo profundo, demorado e

certeiro para fazer as batidas do meu coração acelerarem.

Registro o som das câmeras capturando o momento e

por isso, mordo o lábio dele de leve e deslizo as mãos por

seus braços até pousarem em seus ombros. Parando o beijo,

ele tem o mesmo olhar presunçoso e convencido antes de

me beijar. A sobrancelha ainda erguida e agora um sorriso

de lado desenhado na sua boca suja do meu batom.

— Era isso que eu queria — escuto baixinho a voz da

fotografa. Ela com certeza falou para o assistente dela.

Sinto minhas bochechas esquentarem e sorrio.

Amândio descem mais o rosto e para alguns ele está


beijando minha bochecha, mas ele cochicha no meu ouvido:

— Estou entediado porque queria estar te comendo

nos lençóis brancos preparados para nós.


Engulo em seco e cravo as unhas nele, mesmo com o

paletó ele deve sentir minhas unhas porque suas pupilas se

dilatam. Ele tem um olhar feroz e faminto.

— Está bom de fotos agora — a fotografa fala se

aproximando.

Meu marido possessivo se irrita num piscar de olhos.

Qualquer um a dois metros de distância veria a mandíbula

dele rígida e o peito estufado. Sem me soltar, ele se afasta


um pouco e olha para a mulher, que engole em seco

visivelmente nervosa.
— Se a senhora quiser, pode chamar os convidados

para cortar o bolo.


— Sim. Obrigada — respondo gentilmente para aliviar

a atmosfera assassina de Amândio.


Não demora muito e alguns convidados se aproximam

da mesa. Nina sorri abertamente para mim com Dimmi nos


braços, ele tenta a todo custo agarrar os cabelos dela. Talvez

por isso ela tenha cortado os cabelos curtos. Barbara


também sorri com Enzo ao seu lado e como todo homem
feito, o semblante fechado.
Travis finalmente se junta a nós e pisca o olho para
mim ficando ao lado de Madeleine, que está mandando nos

garçons e nos fotógrafos.


Seguindo as orientações, Amândio e eu pegamos uma

faca cumprida de cortar bolo e fazemos o ritual de partir um


pedaço. Com cuidado eu puxo para fora e pegando um garfo

dou um pedaço para ele e espero-o fazer o mesmo. Sinto


borboletas nervosas na boca do estômago por esse gesto
afetivo na frente desses estranhos. Tudo bem, nem todos são

estranhos, mas noventa por cento é.


Engolindo o pedaço de bolo, desvio meu olhar para

não sorrir para ele. Preciso manter a postura fria como a


dele para ninguém desconfiar como eu quero que ele jogue

esse glacê em mim e me lamba toda. A culpa é das coisas


que ele fala para eu querer essas coisas.

Pegando mais um pedaço de bolo, tiramos uma foto


um alimentando o outro e em seguida nós nos afastamos.

Tiramos mais fotos e o cerimonialista anuncia que eu vou


jogar o buquê.

Eu nem penso muito, vou no automático e subindo no


palco, fico de costas para uma pequena multidão de
mulheres, um pouco ao longe minha família com Amândio,
que parece ter uma conversa calorosa com Madeleine. Ela

está discutindo com ele?


Ignorando e querendo que esse circo acabe de uma

vez, conto até dez – para fazer uma pose de noiva feliz
jogando o buquê para a filmagem – e jogo. Escuto um

burburinho de grito e me viro. Solto uma gargalhada vendo


Matteo, que não sei como, pegou o buquê. Ele estava atrás

de todas as mulheres. Talvez eu tenha jogado com muita


força. Bárbara do seu lado não consegue conter o riso e se

afasta indo até Nina e Madeleine. Elas são inseparáveis.


Matteo com o arranjo de flores na mão olha para os

lados sem saber o que fazer. Amândio surge do seu lado e


toca no seu ombro. Deve ter falado alguma coisa porque

Matteo torce a boca com desgosto.


Pedindo licença, saio do palco e caminho até Matteo.
— Parece que teremos um casamento em Nova York —

comenta Amândio num momento de descontração. Eu gosto


dele assim.

— Nem fodendo.
Dando um soco na boca do estômago de Matteo,

Amândio o repreende:
— Não fala assim perto da minha esposa.

Balanço a cabeça ignorando o surto de proteção e


possessão dele, e sorrio.

— Você quer jogar de novo? — Matteo pergunta.


— Claro que não. Dá azar. Se você pegou, é porque
tinha que ser seu.

Ele concorda com um aceno e nesse momento vejo


Nina me chamar. Educadamente me afasto deles, que

continuam numa conversa provocativa.


— Você tinha que ter jogado mais devagar — comenta

Nina.
Rio balançando a cabeça.

— Eu nem percebi minha força na hora.


— Eu imagino — ela diz e sorri para mim com carinho.

— Bárbara quase pegou.


Olho para Bárbara quietinha no canto e falo:

— Você já é casada, então nem conta.


— É verdade e talvez o homem de Amândio encontre

uma pessoa logo, por mais que eu fosse guardar com


carinho e ele vai jogar fora.

Dou uma risada, mas elas ficam sérias. Não entendo


até sentir a presença alta e quente de Amândio parando ao

meu lado.
— Olá, senhoras — ele as cumprimenta com a voz

baixa e pousando a mão na minha cintura.


Madeleine troca um olhar com ele rápido e depois

foca em mim.
— Vamos nos sentar. Você precisa comer o bolo.

— E curtir essa festa até o final — Nina comenta e


pede licença indo até Paolo e Sophia, que já estão sentados.

Madeleine e Bárbara vão na frente para suas mesas,


no caso a mesa de Madeleine é a mesma que a nossa.

— Você está tão ansioso assim para subir? — pergunto


quando estamos longe delas.
Amândio move apenas os olhos e responde sem

esboçar emoção.
— Eu não gosto de eventos sociais e quando vou, eu

não demoro muito.


— Você ficou até o fim da minha festa de dezoito

anos.
Ele para de andar, alguns passos da nossa mesa e eu
viro meu corpo.

— Sempre que for a ver com você, eu vou ficar até o


fim das festas, mesmo que eu não goste.
Mordo o lábio inferior com sua declaração.

— Obrigada, então.
Ele assente e ergue a sobrancelha. Sempre tão

convencido.
— Então, — mexo o ombro e sorrio, — eu estou com

dor de cabeça e acho que é melhor a gente entrar logo.


Sem dizer nada, Amândio pega minha mão e

caminhamos até meu irmão e Madeleine. Aviso que já estou


indo e Travis levantada para me abraçar. Ele está estranho.

Não sei dizer o que é, mas seu abraço foi um pouco distante.
— Você está bem? — Travis pergunta com a voz rouca.

O timbre protetor que conheço muito bem.


— Você quis perguntar se eu estou feliz? — retruco

sua pergunta com outra e respondo: — Se for, é sim. Eu


estou feliz. Obrigada pela festa... e... obrigada por tudo.

— Não precisa agradecer. É minha obrigação fazê-la


sorri.
Meus olhos se aquecem com suas palavras e eu o
abraço de novo. Madeleine logo troca de lugar com Travis, e

me abraça bem forte, beija meu rosto e diz:


— Saiba que estou torcendo para sua felicidade.

— Eu sei disso.
Meu Deus. Eu vou sentir tanta falta deles.

Termino de cumprimentar minha família, dou um


abraço bem forte em Dario, que pediu para eu nunca mais

beber sem comer, e Colen é o último.


— Se precisar de mim, não hesite em ligar.

— Até porque você gosta muito de Nova York.


— Com certeza e eu espero que você tenha razão.

— Sobre? — Franzo a testa.


— Que você pode confiar nele. Que ele nunca irá fazer
nada de ruim com você, tirando é claro o que não deverei
ter acontecido há quatro meses.

Prefiro ignorar sua reclamação e o abraço de novo.


— Eu sei me cuidar.
— Você é uma Lozartan.
— E sempre serei.

Colen me dá um beijo na testa.


Feliz, satisfeita e aliviada, chego até Amândio, aceito
sua mão e me afasto de todos acenando ao me despedir e

ouvindo aplausos. Sério, esse foi o dia mais longo da minha


vida. Finalmente para alegria de Amândio, e a minha
também, nós seguimos para casa.
— Que dia longo — murmuro quando passamos pela
tenda que guardou fortes emoções. — E eu nem demorei.

— Você se sente forçada a entrar?


Giro rápido meu corpo e encaro Amândio.
— Não! Eu realmente quero subir e...
— Noivos?! — A gente vira para o chamado e meus

ombros caem em desânimo. — Antes de vocês irem,


gostariam de algumas fotos no jardim?
Troco um olhar com meu marido e para minha
surpresa, ele me leva para onde a mulher no guia. Ele deve

pensar que eu quero mais fotos. Nossa, não. Meus pés estão
doendo. Eu quero ficar descalça. De preferência nua.
— Você pode abraçar ela por trás, por favor, e Marinne
se apoia nele.

Apesar de Amândio não ter demonstrado nenhuma


intimidade em público hoje, ele faz o que a mulher pede e
me abraça um pouco mais forte do que deveria. Aproveita e
beija meu pescoço.

— LINDO — a fotografa exclama com muito


entusiasmo.
Prendo a vontade de soltar uma gargalhada. Que
mulher doida.

Espero ela pedir outra posição, e dessa vez fico de


frente para Amândio, e sua mão aperta minha cintura de um
jeito que eu quero aquela sensação da sala do piano de
novo. Como tivesse brasa dentro de mim.

— Levanta a cabeça e Amândio, toque o rosto dela.


Ele faz e fico presa nos seus olhos.
— Dê um beijo nela — escuto ao longe.
Minha mente está voando nas lembranças do dia todo.
Eu queria tanto o beijo que ele me deu agora quando o

padre mandou ele me beijar, mas ganhei a merda de um


beijinho na testa. Eu queria odiá-lo por mais tempo. Ser
forte para me afastar, mas droga. Assim que sua boca toca a
minha, sinto tanta vontade de arrancar nossas roupas e

transar em qualquer lugar do mundo.


Amândio deve ter esquecido dos fotógrafos perto de

nós, porque não afasta sua boca da minha. Sua mão desliza
pelas minhas costas, agarrando meu pescoço do jeito que
eu gosto que ele faça, inclinando minha cabeça no ângulo
certo, e a outra mão ele enfia os dedos dentro do meu
cabelo e aprofunda o beijo. Eu chupo sua língua e gemo

baixinho que só ele pode ouvir e fico na ponta dos pés


querendo mais. Quero ele.
Escuto alguém limpar a garganta e um cochicho: —
Bem, acho que já deu hoje. Já estou indo.
Sorrio na boca de Amândio, e contragosto, me afasto
para ver a mulher chefe da equipe, que foi a única que
sobrou na nossa presença.
— Felicidades a vocês. As fotos chegarão em um mês.

— Obrigado — a voz de Amândio é bem clara de que


ele quer que ela suma da nossa frente.
E assim é feito. Com um sorriso sem graça, ela baixa a
cabeça e desaparece.

Me pegando totalmente de surpresa, Amândio me


ergue em seus braços e me coloca sobre suas pernas
quando se senta no banco em frente a piscina. Arregalo os
olhos sentindo sua mão correr por minha coxa e sumindo

por debaixo do meu vestido.


— Lembra da primeira vez que estivemos aqui? — Ele
pergunta beijando meu pescoço.
Eu gemo deixando a cabeça tombar um pouco e

permitindo que ele lamba minha carne. De propósito não


coloquei perfume no pescoço. Ele me tornou uma maníaca
por sua obsessão por beijar, morde e agarrar meu pescoço.
Eu sinto até falta quando ele não dá atenção para esse lugar

em meu corpo.
Que loucura.
Fechando os olhos, lembro da primeira vez que nós
dois conversamos e Madeleine me trouxe para a área da
piscina. Eu tinha só quatorze anos, ele quis se apresentar

formalmente para mim e eu estava com tanto medo. Ele era


um estranho que virou meu noivo de um dia para a noite e
mesmo que meu coração acelerou estranhamente logo que
o vi, não estava tranquila por ele está ali. Agora ele é meu

marido, o homem que eu me entreguei e passarei a vida


toda ao lado.
— Você nem sempre é tão mal — gemo jogando a

cabeça para trás e enfio os dedos nos seus cabelos.


Ele puxa meu rosto para eu encará-lo. Fica em silêncio
por um tempo antes de dizer com sua voz rouca.
— E se eu te der umas palmadas? — Ele passa os

dedos na minha boca, puxando meu lábio para baixo e


tocando dentro da minha boca. Tão feroz.
Sinto-me extremamente carente entre as pernas.
Estou me controlando para não me sentar de pernas abertas

no seu colo, mas estou gostando tanto das caricias das


pontas dos seus dedos que encontram os lábios da minha
boceta e esfrega a pontinha.
— Eu só quero que você se concentre em mim. —

Beijo sua boca com truculência. — Que seja somente meu e


de mais ninguém. Cansei de você não me escolher.
Os olhos dele ficam escuros de um jeito que fico
pronta para ele. Gemendo afasto mais um pouco a perna e

ele afaga com mais liberdade meu clitóris, enervando minha


sensibilidade e me arrepiando.
— Serei somente seu hoje — ele diz e chupa os meus
lábios.
Tenho vontade de perguntar se será só hoje, mas ele
aprofunda o beijo. A chupada nos meus lábios e língua é
eletrizante. Eu amasso meu nariz com o seu conforme mexo
minha cabeça de um lado para o outro saboreando o gosto

do seu beijo.
— Eu quero... — pausa gemendo. — Eu quero que
você me leve... para o quarto — digo numa voz sussurrante
e carente, — agora. Por favor.

Amândio não diz nada e eu me remexo no seu colo,


fazendo seus dedos esfregar mais forte o meu clítoris. Eu já
estou tão molhada. Ele morde meu queixo e eu jogo a
cabeça para trás gemendo baixinho de boca aberta.
— Agora... que não é mais um erro. — Encontro seu

olhar e lambo seus lábios. — Agora que você é meu. —


Fecho os olhos para me concentrar no seu toque.
— Nunca foi um erro.
Assinto freneticamente e seguro seu pulso, não

fazendo-o parar nenhum minuto.


— Eu sei. Eu sei, mas agora você é meu marido. Você
é meu e não precisamos nos esconder.
A mandíbula dele contrai e ele cerra os olhos. Minha
visão turva quando sinto-o pressionar minha entrada, mas
sem meter o dedo. Porra, que gostoso o jeito forte que seu
dedo pressiona e o outro faz círculos na ponta do meu

clitóris.
— Você está tão molhada que eu vou mergulhar meu
pau bem devagar para saborear esse néctar — murmura no
meu ouvido.

Sinto um calafrio e preciso que ele faça isso agora.


— Me leva logo daqui.
Como soubesse exatamente tocar e despertar meu
tesão por completo, tira o dedo devagar escorregando por

entre os lábios da minha vagina que depois pressiona sobre


eles e quase no meu ânus. É bem em cima e porra....
— Ah! — Deixo a cabeça cair para a frente e minha
testa toca seu ombro. Aperta com força o seu smoking e

meu corpo lateja. Engoli em seco e sussurro: — Por favor.


— O que você quer, principessa?
— Só... me leva... para o quarto, por favor.
Parando de repente de me tocar, ele fica sério e me
coloca de pé. Me coloca de pé mesmo porque não tenho
forças nas pernas. Não se afastando, deixa as mãos
segurando minha cintura e também fica de pé.
14

Ela não precisa implorar tanto para eu levá-la para o

quarto, mas é bom saber que a raiva que ela estava de mim
morreu porque seu tesão por mim se ascendeu. Se ela

pudesse brilhar, estaria escandescente nesse momento de


tanta excitação.

Entrando pela casa, a carrego nos braços pela escada.

Ela solta um gritinho e eu tenho sua boca beijando e

lambendo meu pescoço.


Meu pau está dolorido de tanto que estou me

segurando desde a sala do piano. Não sei se vou conseguir

me controlar.
Nós dois chegamos no andar do seu quarto rápido e

afoitos. Pouso-a no chão ao lado da porta e pressiono seu

corpo na parede. Levanto sua perna até envolver minha

cintura, agarro sua coxa e seguro seu pescoço. Marinne

gosta quando seguro seu pescoço. E consigo sentir sua


necessidade, sua umidade perto dos meus dedos.

— Amândio... — geme na minha boca, — por favor.

— Você está implorando?

Pegando com as duas mãos meu rosto, ela junta sua

boca com a minha e eu aprofundo o beijo, chupando sua


língua forte e duro. Marinne solta gemidos altos.

— Sim. Estou!

— Não sei se vou conseguir ser gentil.

Ela me puxa, agarrando meu smoking, querendo tirá-

lo de mim e eu abro a porta. Nós quase caímos quando

estramos dentro do quarto. Girando seu corpo, deslizo o

zíper para baixo e arranco o vestido do seu corpo. Perco a


cabeça vendo-a com a cinta-liga e sem calcinha. Envolvo

seu corpo por trás, inclinando o meu, suas costas coladas no

meu peito e corro minha mão pela cintura fina até conseguir

apalpar sua boceta por trás.


— Ah... Isso... — Ela joga a cabeça para trás, expondo

seu pescoço e eu mordo, sentindo a pulsação na ponta da

minha língua.

— Não vou ser gentil mesmo, principessa.

— Tudo bem. — Engole em seco e vira de frente para

mim e desfaz minha gravata. — Tudo bem. — Com os dedos


trêmulos abre dois botões da minha camisa. — Só...

Tiro o cabelo da frente do seu rosto e não desvio o

olhar. Toco de leve sua barriga, deslizando as pontas dos

dedos e sentindo os músculos contraírem ao meu toque.

Gosto disso. Passando pela renda da cinta-liga, afago sua

vagina e abro os lábios do seu sexo e a encontro ainda mais

encharcada. Suave como seda, melada e quente.

Marinne me deixa ainda mais viciado quando olhando

para o meu rosto, guia as mãos para trás do corpo e abre o

sutiã, que sem alças, cai livremente no chão com facilidade.


Fito seus seios e salivo como estiveste faminto.

Esticando a outra mão, seguro seu seio direito. Sinto o

peso dele e com o polegar provoco o mamilo até ficar para

fora, duro e apetitoso. Baixo a cabeça, chupo o bico, passo a

língua na ponta e enfio um dedo dentro dela.


— Céus, Amândio.

Concentrado nela, chupo seus peitos como um

faminto, abocanhando e sugando. Trazendo quase todo ele


para minha boca. Marinne geme e enfia as unhas nos meus

cabelos. Meto outro dedo dentro dela e escuto seu gritinho

de prazer e súplica. Ela está escorrendo por entre meus

dedos, melando as coxas.

— Por favor... por favor, Amândio — ela implora.

Voltando meu rosto para cima, ela não pensa muito.

Me agarra e sua boca bate na minha. Abraçando meus

ombros, geme e chupa minha língua com desespero. Sou

obrigado tirar as mãos dela e envolver seu corpo com força,

querendo-a o mais próximo possível.

Essa sensação de pose e obsessão me pega de

surpresa. Nunca tive necessidade de algo ou alguém assim.

Porém nesse exato momento estou fora de controle.

Nossas línguas pressionam e duelam, quase uma

dança de poder. Marinne geme na minha boca e os dedos

afagam meu couro cabeludo, meu pescoço, meus ombros.

Chupamos nossos lábios soltando sons. Acaricio suas costas,


pegando sua bunda e apertando. Ela abre bem as mãos para

afagar meus braços. Parece se deliciar com meus músculos.

Abrindo um dos olhos, pego-a nos braços, as pernas

envolvendo minha cintura e levo-a para cama. Pouso-a no

colchão e ela me encara. As pupilas dilatadas e amo a boca

inchada e vermelha.

— Você está ansiosa para mim?

Ela não responde. Abre meu colete olhando-me nos

olhos. Desabotoa toda a minha camisa, puxando para fora

da calça, e toca minha pele. Baixa os olhos e encara meu


peito, o abdômen e espalma as mãos subindo e descendo

por meu corpo. Ela puxa o ar com força e finalmente volta os

olhos para o meus e sussurra:

— Sim. — Simples e tentador. — Eu... quero... — A

perda das suas palavras basta para eu querer dar tudo de

mim para ela hoje.

Sinto repuxar os cantos da boca para cima e dou um

beijo rápido na sua boca. Ela morde o lábio inferior e me

observa sair de cima dela. Marinne é obrigada a apoiar os

cotovelos atrás de si, elevando um pouco o corpo para me


ver retirar finalmente o colete e a camisa. Deixo a arma e a

faca sobre o criado mudo.

Seus olhos brilham como todas as vezes quando vê

minhas tatuagens, principalmente a cobra. Adoro essa

cobiça dela descarada pelo meu corpo. Assim como eu, que

salivo vendo-a de pernas abertas, expondo sua boceta

brilhante para mim na cama, me esperando.


Vendo-a assim, toda para mim e carregando a aliança

dourado e brilhante no dedo, o colar de rubi que sem eu

esperar virou um símbolo mais do que uma simples joia.

Eu a quero.
E sei que vou precisar conquistar a confiança dela,

porque seu corpo eu tenho certeza de que possuo. Eu nem

sei por que quero isso. Esse deveria ser apenas um

casamento de conveniência.

Balanço a cabeça querendo espairecer os

pensamentos e me concentro no meu tesão. Na vontade

crua de foder minha mulher.


— Quê? — ela sussurra. Alguma coisa parecida com

ansiedade e preocupação passa por suas feições antes de

sorrir sem mostrar os dentes.


Merda. Eu estou me tornando um babaca.

— Adoro seu corpo — digo com a voz rouca. A

garganta seca de tanto que estou excitado. Meu pau lateja

querendo ela.

Marinne se move rápido e fica de joelhos na cama.

Chegando perto de mim, estica a mão murmurando:

— Então, faça isso, Amândio. — Afaga meu peitoral

com as mãos abertas. — Me adore toda.


Contraio a mandíbula e agarro sua cintura, juntando

nossos corpos. Seus mamilos fazem cócegas no meu corpo e


sinto meu pau babar a cueca. Inclino-me, beijo seu pescoço

e falo contra sua orelha:


— Eu quero beijar seu corpo todo.

Sinto seus lábios no meu pescoço, imitando meus


gentis, se arrastando para encontrar minha boca.

— E se eu quiser fazer o mesmo?


Porra.
— Você pode — respondo e coloco seus cabelos para
trás, querendo ver seus seios. Ela fica sem fôlego quando
faço círculos nos mamilos. — Pode tudo. É minha esposa.
Piscando devagar, ela morde a boca para não sorrir e
aperta os músculos dos meus bíceps.

Como eu consigo estar tão excitado se fodemos como


animais antes de ontem?! Todo o meu corpo lateja de desejo

e quando belisco seus mamilos, ela geme e me arranha.


Sinto-me arrogante, orgulhoso de saber como seu corpo

reclama por meu contato.


— Eu aposto que consigo fazê-la gozar apenas dando
atenção aos seus mamilos.

Contemplo seu olhar quando engole em seco e


assente. Perde as palavras antes de dizer com a voz fraca:

— Eu aposto que sim, mas…


Beijo-a, chupando seus lábios, interrompendo-a. Sim,

ela pode gozar apenas com simples toques no lugar certo.


Ela é sensível e se entrou para sem relutância. Isso eu

preciso agradecer a Travis.


Porra.
O jeito que me olha não me resta dúvidas, porém não
quero apenas tocar e chupar. Eu preciso trepar hoje. E não

sei se eu vou me aguentar por muito mais tempo.


— Teremos tempo para fazer isso depois — digo
acariciando a lateral do seu corpo curvilíneo. Ela de fato tem

um corpo perfeito e desde fevereiro, nossa primeira vez, ela


ganhou mais curvas. A bunda dela está mais redonda e

gostosa, e eu aperto formando uma concha com as mãos. —


Agora quero te fazer gozar com meu pau bem fundo dentro

da sua boceta.
Os olhos de Marinne se ascende e ela engole em seco,

ansiosa e nervosa mordendo os lábios.


— Faça tudo comigo. Sou sua.

Puta merda. Como ela gosta de me “pegar” onde


atinge meu lado mais sombrio. Ela é minha obsessão. Minha

mulher. Toda minha e de mais ninguém. Nunca será.


Correndo minhas mãos para cima, encontro seus

peitos de novo e belisco os mamilos com força, fazendo ficar


vermelho. Ela geme como sentisse dor e eu uso desse
momento para fazer seu corpo cair na cama. Com o meu por

cima, faço Marinne se esticar no colchão e adoro quando


arqueia para frente o corpo, se arrepiando com meu toque.

Ela solta uma súplica silenciosa por mais.


— Vamos precisar do mundo todo para fazer todas as

coisas que eu tenho em mente para adorar seu corpo,


adorar você.
Ela enche o pulmão de ar e olha para os meus dedos
arrastando-se na sua barriga e brincando com seu mamilo.

— Você... — ela para de falar receosa.


— Fala, principessa.
— Você vai fazer aquilo de novo?

Dou um beijo bruto na sua boca.


— Te chupar?

Marinne solta um gemido de confirmação e suas


bochechas ficam vermelhas. Como ela ainda sente vergonha

de falar essas coisas para mim. Dou outro beijo na sua boca
e murmuro no seu ouvido:

— Por que está com vergonha de perguntar isso? Se


liberte comigo. — Mordo seu lábio. — Você é minha esposa.

Ela espalma as mãos no meu peito e me afasta para


responder encarando-me.

— Não é isso... É só...


— Não fala nada. — Eu a paro porque não quero suas

dúvidas sendo o terceiro elemento hoje. — Só confia em


mim.

— Eu confio — ela sussurra.


Marinne desliza as mãos para baixo, se demorando no

meu abdômen. E meus músculos flexionam com seu


contato.

— Você é tão... quente. — Seu olhar parece vidrado. A


voz espessa. — Seus músculos... são tão — morde o lábio

sedutora e natural. — Você é tão forte. — Ergue os olhos


para mim, o azul tão feroz, e seu semblante animado,

contemplativo.
Gosto muito dela me olhando com tanto desejo.

Para impor respeito, força e poder, precisa fazer as


pessoas verem que tem foco, boa aparência e atitude, fora

as lendas que contam sobre o que já fez. Toda pessoa


temida tem histórias notórias e cruéis. Reputação, boa ou
ruim, é o que faz uma grande pessoa. E ter uma aparência

que chama atenção, é importante. Eu mantenho meu físico


para lutar e intimidar, e sei que as mulheres sempre

cobiçaram. Agora a minha mulher mais do que cobiça.


— Que bom que gosta.
Marinne desliza as mãos para trás do meu corpo,
ávida toca minhas costas e desviando o olhar, abre meu

cinto e a calça. Respiro pelo nariz e agarro suas coxas,


abrindo mais suas pernas e ficando entre elas. Esfrego
minha ereção dura na sua boceta, dando uma pressão

gostosa e ouvindo a gemer. Ela envolve meus ombros com


os braços, puxando-me para baixo e beija meu pescoço, meu

queixo e eu encontro sua boca num beijo bruto com direito a


lambidas e mordidas.

— Amândio... — ela geme enquanto se esfrega na


minha ereção presa nas calças e me beija.

Apreciando a macies das suas coxas, afago e levo


minha mão direita para dentro, encontrando-a babando por

mim. Meus dedos roçam sua umidade que se acumulou na


sua entrada.

— Porra, — chupo com força sua língua — você


sempre está pronta.

Ela puxa meu cabelo e se abre mais, permitindo-me


que eu sinta como está realmente pronta para mim.

— Tão molhada. — Deslizo dois dedos dentro dela,


metendo-os até o fim.
Marinne geme e para o beijo. Ela abre bem os olhos, a
boca e seus olhos refletem pura luxúria. Ela é malditamente

sexy. Tiro os dedos e meto mais uma… mais duas… mais


três vezes. E salivando, tiro os dedos e lambo-os bem

lentamente.
— Céus... você... — ela sussurra e rebola, arqueia a

cintura pedindo, desejando algo que a preencha.


Marinne arranha meu corpo até roçar os dedos pela

extensão do meu pau preso na merda da calça ainda. Ela


massageia toda a extensão e abre a boca num gemido

baixo. Trocamos o mesmo fôlego de excitação.


— Marinne...

Ela me cala beijando minha boca, provocando-me,


mordendo meu lábio e chupando minha língua.
— Eu quero tanto... — ela murmura ainda me beijando
e tenta baixar minha calça.

Dou um riso sombrio e antes de me afastar. Agarro


sua cintura e esmago nossos corpos juntos na cama. Como
conchas minhas mãos pegam sua bunda e levanto seus
quadris para roçar meu pau. Ela geme e se esfrega, quase

implorando para eu entrar nela.


Eu teria prazer em apenas arrancar minhas calças e
trepar forte e rápido com ela, mas antes preciso saboreá-la

mais uma vez.


Nunca fui de fazer muito oral nas mulheres, posso
contar em uma mão quantas vezes fiz, mas com Marinne.
Com certeza todas as vezes vou precisar sentir seu gosto na
minha língua. Posso até me contentar em chupar sua boceta

até mesmo sem gozar também, porque assisti-la se


perdendo com minhas chupadas e lambidas é excitante
demais.
Dando um último beijo na sua boca, me afasto e fico

de joelhos na cama. Empurro suas pernas para o lado e


Marinne segura o ar vendo eu contemplar a visão dela
exposta.
— Você me quer tanto assim?

— Muito — responde rápido.


— Já passou a raiva?
Ela quase sorrir ao responder baixinho:
— Acho que…já tem quase uma hora que você me

chupou sobre o piano.


— Aquilo foi meu pedido de desculpas?
Marinne dá de ombros com a expressão mais doce e
animada. Ela me lembrou dela mais nova agora. Fingindo

inocência com os olhos sabidos.


Olhando-a nos olhos, chego meu corpo para baixo e
vou beijando suas coxas e devagar desprendo e retiro uma
meia, depois a outra. Ela sorri quando percebe que não vou

tirar a cinta. Ela ficou linda vestida assim. Com as pernas


nuas, posso beijar cada centímetro até estar parado entre
elas. De pé na lateral da cama, ajoelhado no chão, baixo
meu corpo e apoio meus cotovelos no colchão, agarro com

as mãos cheias sua bunda e faminto dou uma lambida e em


seguida uma chupada no clítoris bem forte.
— Ah… Meu Deus! — Marinne geme se contorcendo.
Assisto com meu rosto inclinado para sua barriga, que
dou beijos suaves, ela se contorcendo mais e mais, se

mexendo ansiosa para que eu a preencha. Eu lambo, cheiro


e mordidos, saboreando. Passo a língua bem no nervo do
clítoris e ela grita agarrando as colchas.
— Porra! — ela sufoca um grito na garganta e olha

para mim com os olhos cerrados.


Fico mais tentado e chupo sua boceta com mais

vontade. Ela vai ficando mais molhada, seu clitóris inchado


conforme descrevo círculos com a língua e mordo a
pontinha. Seus gemidos ficam mais altos e eu sei que
Marinne não vai aguentar mais. Os nós dos seus dedos estão
brancos de tanto apertar a colcha da cama. Adoro vê-la se

entregando ao prazer.
Marinne arqueia o corpo, impulsionando-se contra a
minha língua e eu dou lambidas, e uma bem vagarosa da
base até o topo. Atingindo o nervo do clitóris, deslizo dois

dedos e os curvo dentro dela. E nesse instante ela goza


chamando meu nome baixinho e suplicante.
Dou um beijo simples na sua barriga, me coloco de pé
e arranco de uma vez os sapatos, cinto e calça. Pelado,

passo dedos nos lábios melados da sua vagina para chamar


sua atenção. Olhos azuis e brilhantes me encaram ansiosos.
— Vem — sussurra ela mordendo o lábio e eu vejo sua
boceta se contrair.

Puta merda. Ela é tão perfeita.


— Por favor.
Me sinto um animal bruto e selvagem indo para ela,

que se ajeita na cama, ficando deitada do jeito certo no


meio do colchão.
Meus joelhos afundam a cama, ela segura a respiração
e se prepara para me acomodar entre suas pernas e sobre

ela. Seus olhos se ascendem mais ainda quando me olha


minha ereção e ao posicionar-me em cima do seu corpo.
As mãos rápidas dela tocam meu abdômen, minha
lateral e as costas.

— Quente — sussurra com um sorriso.


Beijo leve e rápido seus lábios, e me afasto vendo-a
abrir um sorrisinho. Seus gestos tumultuam meus
pensamentos, mas eu os coloco para baixo. Ela sempre
parece querer algo de mim que não sei se posso lhe dar.

Marinne fica com o semblante calmo e engole em


seco quando seus dedos longos agarram minha ereção –
quase dolorosa – e apertam suavemente.
— Quente — repete a palavra eroticamente na sua voz

rouca e baixa.
Gemo com sua mão circulando meu pau. Curiosa ela
desce e sobe a mão, massageando e me descobrindo.
Olhando para baixo vejo um pré-gozo sujar sua barriga e

porra. Um som estranho como de uma besta sai de dentro


de mim e eu retiro sua mão, um pouco bruto demais, e
encaixo na sua entrada.
— Não vou conseguir ser gentil, Marinne.

— Tudo bem, — diz em meio a sua respiração


irregular. — Só...
Suas pernas me acomodam e eu coloco a cabeça do
meu pau na sua entrada, e fecho os olhos sentindo-a tão

quente e melada. Movo meu corpo mais para cima, meus


pés cavando o colchão como minhas mãos ao lado do seu
rosto. Por mais animalesco que eu esteja, não vou meter
direto nela. Lembro nossa última vez e como ela sentiu dor

ao ser penetrada. Não dá para ser um babaca com ela de


novo.
— O que foi? — ela questiona recosa.
— Não quero te machucar.

Ela engole em seco, voltando a se acalmar, e coloca as


mãos no meu rosto. Ela faz muito isso. Toca meu rosto e
milagrosamente funciona para me acalmar.
— Você não vai — sussurra tão baixo.
Respiro fundo pelo nariz e ela me pega de surpresa
puxando-me para beijar minha boca. Eu caio sobre ela, sem
entrar ainda, e minha mão corre pelo colchão até estar atrás
da sua cabeça. Com os dedos entre seus cabelos, guio sua

boca na minha num beijo profundo e bruto, raspando a


língua nos dentes, nos lábios e gemendo. A ponta larga do
meu pau força a sua entrada e conforme a beijo, ela fica
mais e mais escorregadia e aberta. Espero que tome fôlego

e finalmente deslizo para dentro do seu calor incrivelmente


escorregadio e quente.
— Você é tão gostosa.
Marinne raspa as unhas pintadas de vermelho em
meus ombros e geme. Eu tomo isso como um sinal e retiro

os centímetros que entrei e meto mais forte dessa vez.


— Ah... Meu... Amândio!
Engulo em seco e movo meu corpo para trás e para
frente, esperando que se acostume. Ela ainda é muito

apertada e eu sei que sou grande.


— Vamos, amor.
Marinne ofega contra a minha boca, respirando com
dificuldade e se agarrando a mim. Encarando-a, tiro o
cabelo da frente do seu rosto e digo:
— Envolve as pernas em mim.
Ela assente e faz o que eu mandei, e geme alto
quando vou mais para dentro dela. Seu corpo se contrai e

arqueia, fazendo com que meu pau escorregue mais ainda


para dentro.
— Oh! — Seus olhos e boca se abrem.
— Cuidado.

Seu corpo vira estatua por uns segundos, mas ela logo
afaga meus ombros e braços.
— Está tudo bem. Está tudo bem — diz com a voz
baixa e tremula.

— Temos tempo. Relaxa. Respira fundo.


Ela abre um sorriso sem mostrar os dentes e assente.
Seu corpo segue seu comando e eu sinto as paredes da sua
boceta relaxarem, e com isso retiro e quando meto de novo

vou mais fundo. Reviramos os olhos e gememos juntos.


Baixo a cabeça para dar um chupão no seu pescoço e ela
abraça meus ombros. Seus peitos colocam-se em mim, se
esfregando e tão macios. Eu a abraço também e deixo que a
vontade nos domine.
— Isso, principessa.
Abraçados, gememos e nos movemos procurando o
nosso prazer. Nosso próprio ritmo. E desse jeito vou saindo e

entrando devagar até que estou todo dentro dela, batendo


minhas bolas na sua bunda. Tremo quando suas paredes
internas apertam forte meu pau.
Porra.
Poucas mulheres me aguentaram até o fundo, e

muitas eram pagas para isso, mas Marinne. Porra. Ela me


quer todo dentro dela. Eu não preciso forçá-la a me receber
por inteiro. Ela quer. Ela deixa. Ela parece precisar disso.
— Caralho — urro quando suas mãos seguram minha

bunda, forçando-me a ir mais fundo e com força. — Cuidado


— falo no seu ouvido, alertando.
— Eu não me importo. — Ela faz de novo, me força
para ir mais fundo, mesmo gemendo e contorcendo o rosto

num misto de dor e prazer. — Meu. Você é meu. — Ofega e


abre a boca erguendo a cabeça e raspa os lábios nos meus.
Puta que pariu.
Eu não quero machucar ela, mas não dá para não me

mexer, não querer ir cada vez mais fundo e rápido. Dou um


beijo bruto na sua boca, chupando sua língua até deixar
vermelha.
Curvando meu corpo, passo a língua no seu pescoço e

encontro seus mamilos. E chupo seus peitos agarrando com


as duas mãos os dois seios, juntando no meio e me esbaldo.
Ouço-a gemer alto, a respiração ofegante e seus quadris se
mexem para cima. Eu mordo seus mamilos, os peitos e meto

mais fundo meu pau. Fodendo desesperado, querendo gozar


muito dentro dela.
Ajoelhando-me na cama, agarro seus quadris e puxa
seu corpo de encontro ao meu a cada estocada que dou.

— Céus... — Ela joga os braços para cima e rebola me


recebendo. — Amândio.
— Olha para mim, principessa.
Ela morde o lábio inferior e assente. Seu peito sobe e

desce conforme respira com dificuldade. Suas mãos de


repente voam para as minhas no seu corpo e ela enterra as
unhas em mim.
— Vem — eu ordeno e deslizo as mãos para atrás do
seu corpo até erguê-lo e deixá-la sobre minhas coxas.
Marinne abre a boca em espanto com a posição nova
e joga os braços nos meus ombros. Ela não desvia o olhar e

mantém a boca aberta enquanto respira ofegante.


Nós não paramos, continuamos a nos mexer, a foder
no meio da cama, que é bem firme e não faz um som
sequer. Não querer fazer barulho extra – porque nós não
estamos sendo necessariamente silenciosos – é um objetivo

bom a se ter.
Mas nós estamos além de pensamos racionas. Só
queremos gozar e parece que nós dois queremos o mesmo,
substituir as coisas – e as pessoas – que nos afastam, na

cama. No momento que é somente nosso. E os olhos dela


não se desgrudam do meu enquanto sobe e desce no meu
pau, que só fica duro desse jeito com ela, e isso será para
sempre.

Mesmo se não tivesse jurado em sangue, jamais vou


querer outra mulher.
Flexiono meu quadril para cima, sentindo estar indo
fundo nela. Nós nos movemos e respiração em sincronia.

Bocas abertas quase coladas uma na outra, trocamos o


mesmo ar, oras eu passo os lábios entreabertos no seu
corpo. Mãos acariciando ombros, costas e braços. E vê-la
fechar os olhos, jogar a cabeça para trás, o corpo inclinando

junto, me deixa louco.


Diminuindo a velocidade, saboreio dentro dela, sentir
sua macies e calor. Gosto de como ela se entrega, das suas
mãos no meu peitoral, da boca aberta e dos mamilos

durinhos. Impulsiono o quadril para cima, bato minhas coxas


na sua bunda, enfiando tudo e jogando seu corpo para o
alto. Ela faz um som sexy com a garganta e se joga para
frente, abraçando meu corpo e me beijando. Aperto sua

cintura e a forço para baixo, invadindo-a por inteiro. Ela sobe


e desce o corpo de novo, deslizando. Os movimentos ficando
mais rápidos, cavalgando meu pau num vaivém sem pausa.
Por um bom tempo ficamos num ritmo alucinante.

Esfrego seu clitóris e ela goza encostando a testa na minha,


arfando.
— Isso é tão bom.
— É sim, principessa.
Marinne suspira gemendo quando envolvo seu corpo

todo, volto a nos deitar na cama e ficando por cima, retiro


uns centímetros de dentro dela e avanço de novo,

preenchendo-a toda.
Olho no olho. Bocas abertas. Suas mãos no meu rosto.
As minhas mãos deslizando para suas coxas, recuperamos o
ritmo. Ela arregala os olhos quando bato forte nela. Minha
mão sobe e afago seu rosto, polegar raspa seu lábio inferior

que se abre. Ela geme e apoia os pés nas batatas das


minhas pernas, se abrindo mais ainda.
Não falamos mais nada, trepamos compartilhando
respiração afoitas, beijos atrapalhados, arranhões e

gemidos. Eu apoio os joelhos para conseguir recuar e


estocar. Esfrego minha testa suada na sua, também
molhada, sentindo seu sexo tremer com a invasão do meu
pau latejante e dura para caralho.

Nesse momento chego no meu ápice e não vou parar.


Me retiro todo lentamente para conseguir massageá-la por
dentro, provocando suas terminações nervosas e querendo
que goze junto comigo. Com a cabeça latejante da minha

ereção, sentindo como nossos fluidos fazem sua boceta tão


gostosa, avanço para dentro e sou obrigado a tapar sua boca
para ninguém ouvir.
— Shuu... — faço com a boca e não controlo meu

sorriso.
Ela geme, tira minha mão da sua boca e me agarra.
Nos beijamos como dois animais e chupo sua língua
conforme ela chupa a minha. Marinne envolve os braços e as

pernas entorno de mim, e eu me enterro até o fundo.


Caralho. É a melhor sensação do mundo. E eu consigo
ver o meu pau entrando nela olhando para baixo. Estou

brilhando do seu gozo e isso faz eu acelerar mais.


— Porra, Marinne.

Ela beija meu rosto, meu pescoço e geme no pé do

meu ouvido. Arqueia o corpo, os mamilos se esfregando em


mim, a boceta implorando para receber minhas estocadas.

Eu devo estar apertando seu corpo com muita força, mas ela
não reclama, na verdade fecha mais as pernas em volta de

mim e solto um som feroz sentindo meu orgasmo que vem

em ondas violentas.
Vou mais fundo sentindo-me despejar dentro dela,

enchendo-a da minha porra. Eu queria foder com ela desde


que a vi tomando banho. Desde que começamos a brigar

esse dia. Desde que todos começaram a se meter entre nós.


— Você é minha mulher. — Encaro-a fixamente. —

Minha para sempre agora.


Marinne morde minha boca e assente.
— E você também é meu para sempre.

Meu autocontrole se acaba por completo e num


instante agarro seu corpo e estoco sem piedade, gozando de

verdade. Ela com certeza gritaria se pudesse, mas faz o que


é melhor. Me puxa para um beijo e mexe o corpo
lentamente, a macies do meu pau e da sua boceta fazendo

uma fricção do caralho enquanto nossos orgasmos se


esvaem, chegando a vazar de dentro dela, lambuzando por

entre nossas coxas.

Nossos corações acelerados, nossos corpos suados e


grudentos, e não paramos de nos mexer. De gemer sentindo

nossos corpos irem além, porque todos os meus nervos

estão aflorados e aposto que os dela também. Mas não


paramos. Fodemos após gozar procurando, querendo,

desejando e pedindo o que com a boca não sabemos as


palavras, mas com nossos corpos sabemos exatamente

como talvez encontrar.


Minutos se passaram e continuamos juntos no meio

da cama suados e gemendo, a diferença é que agora nossas

respirações se acalmaram um pouco. Eu ainda me mexo


dentro dela, meu pau meio mole já, mas como ela está

incrivelmente molhada e quente, é o bastante. O toque


sedoso das paredes da sua boceta envolvendo-me apertado
é uma delícia. Marinne suspira baixinho e beija minha boca,

afagando minha nuca. Ela está quente e macia em cima


baixo de mim, movendo o corpo lentamente.

— Isso é tão bom — murmura no meu pescoço. — Não

sei como sair daqui. Não sei como parar.


Girando na cama, deixo seu corpo por cima e ela

suspira parando de rebolar no meu pau. Ela solta uma

respiração, ergue a cabeça e sorri para mim.


— Será que ouviram a gente?

Rio, porque não seria possível ficar sério após essa


pergunta, e tiro o cabelo da frente do seu rosto, coloco atrás
da orelha. Os olhos de Marinne estão brilhantes, bem azuis e

calmos. Ela parece bem satisfeita.

— Eu espero que não — respondo baixo.


Ela respira fundo e seu corpo relaxa em cima de mim.

Eu sempre espero que ela se afaste, mas desde a primeira


vez, Marinne fica grudada em mim. Ela quer meu contato e

não sei se sempre conseguirei dar isso, mas no momento

não penso em me mover um centímetro de dentro dela. É


realmente muito bom estar dentro dela e foder desse jeito.
Afago suas costas, minha mão indo e voltando na sua

pele macia, que já está se refrescando e o suor secando. Os


cabelos castanhos jogados para o lado, o rosto deitado de

lado no meu peito e seus dedos caminhando pelo meu


ombro e braço.

— Eu acho que... estou dormindo. — Sua mão para no

meu ombro. — Estou esgotada — sussurra.


Não digo nada, deixo que relaxe e não demora muito

para ela pegar no sono. E me permito tentar fazer o mesmo.

Tenho poucas horas de sono antes de colocar meu plano em


mente e não é nada ruim ficar dentro dela, quentinha e

macia, em cima de mim. O ruim é não ter uma coberta


sobre nossos corpos e um ar frio entrar pelas portas dublas

da varanda, mesmo fechadas. Por isso, saio de dentro dela,


deitando seu corpo para o lado no colchão e puxo as

cobertas.
Marinne resmunga e abre os olhos, as mãos

procurando se agarrar ao meu corpo.

— O quê? — ela murmura franzindo a testa.


Tento acalmar suas mãos, segurando-as e colocando

sobre a cama.

— Só estou querendo pegar uma coberta para nós.


— Mm...

Marinne sai de cima da cama junto comigo.


— Onde fica as cobertas? — indago.

— Eu vou pegar. Um instante — responde e vejo

minha esposa tirar o resto da cinta-liga. Sexy como um


inferno. Porra.

Passando por mim, ela entra no closet e volta com um


edredom me entregando. Sem nenhuma palavra entrar no

banheiro. Enquanto isso pego nossas roupas espalhadas,

deixo em cima de um sofá que fica no canto e visto a minha


cueca. Abro a coberta sobre a cama e ajeito os travesseiros.
A luz do banheiro se apaga e eu me viro para vê-la

voltar uns cinco minutos depois parece confortável e à

vontade. Marinne está com uma camisola preta de seda com


alças finas, que cobre menos que a metade das suas coxas,

e os cabelos escovados.

Ela é gostosa.
— Tudo bem? — pergunta dando de ombros e

mexendo nos cabelos.


Assinto tranquilo e assisto-a ir para o outro lado da

cama, puxar as cobertas, que imito seus movimentos do

meu lado e nós nos deitamos juntos.


Segundos se passam e ela morde o lábio ficando com

o corpo virado para mim, eu também e espero. Espero não

sei o que, mas espero.


E se passam outros segundos até que ela tenta

esconder um sorriso puxando o edredom para o seu rosto.


Ela é gostosa e adorável.

Porra. Sem esperar mais, puxo seu corpo para mim.


Ela geme e suspira jogando uma perna em cima do meu
corpo e encolhendo os braços dentro do meu abraço, se

acomodando junto de mim.


— Boa noite — sussurra e fecha os olhos.

Beijo sua testa e não relaxo. Merda. Eu nem sei por


que faço essas coisas com ela. Apenas não resisto. Marinne

me torna quase irracional com seu corpo, sua voz e seus

sorrisinhos. E foda-se. É melhor ela querer meu contato do


que ser essas esposas que rejeitam os maridos arranjados.

Às vezes parece tão errado chamar esse casamento


assim, porque às vezes parece que não somos um acordo.

Eu sinto isso desde que meu avô me trancou naquele

calabouço. Desde que pareceu que eu estava lutando para


voltar para ela, para ter ela.

Descendo meus olhos, encaro seu perfil – já que ela


escorregou um pouco para longe do meu peito e sua cabeça

está acomodada sobre meu braço –, e imagino não ser

Marinne Lozartan aqui, ser outra esposa arranjada para


mim.

Eu odeio essa ideia. Odeio pensar nela também sendo

obrigada a se casar com outro homem e a culpa é dela me


fazer pensar isso.

Quando Marinne falou aquela merda de que Travis


estava procurando outro marido para ela porque eu tinha
alertado sobre um possível fim de noivado, eu quis incendiar
Las Vegas e roubá-la para mim.

Para um homem que estrangulou uma vagabunda


para se provar forte ao seu Boss, sequestrar minha noiva não

seria nada.

O ruim desses pensamentos, é que eles são venenosos


e fazem eu esconder quem sou ainda mais.

Uma vez eu disse a Marinne que ninguém me

conhecia, que eles sabiam o que eu permito ser dado a eles.


Essa verdade é mais prevalecente agora, até mesmo para

ela. Eu não quero que ela veja o quão cruel eu consigo ser.
Não quero que ela veja o assassino a sangue frio, o mostro

sádico que sou. Não quero atentar perder seus sorrisinhos e

olhares calorosos, mesmo não merece nada dela.


15

Acordar ao lado de Amândio é uma das coisas que eu

estou me tornando uma mania para “viver”. Eu não sei


explicar direito o porquê, só sei que eu gosto de acordar

com seu corpo junto ao meu.


Ele é deliciosamente quente e forte, e me abraça

junto ao seu corpo a noite toda. E mesmo que agora eu

ainda esteja morrendo de sono, me sentindo cansada dos


pés a cabeça e dolorida. Droga. Todo o meu corpo está

pesado por causa das atividades que nós dois fizemos. Para

nossa primeira vez como marido e mulher, ele foi


maravilhoso. Eu sinto-me bem nos seus braços.

Eu adorei todas as vezes que acordei do seu lado, nos

seus braços. Gostei quando acordei no Bellagio e depois na


sua sala em Nova York, por mais apertado e desconfortável

que estávamos naquele sofá.

Eu escuto a sua voz rouca e grave no meu ouvido me

chamando de princesa em italiano e sua mão afagando

minhas costas de cima a baixo.


Estou deitada de barriga para baixo, a coberta

cobrindo um pouco abaixo da metade das minhas costas, na

verdade só meu bumbum. Meu cabelo caído para o lado

deixando minha pele livre para as mãos de Amândio que me

acariciarem.
— Levante logo. — Ganho um beijo em minhas costas.

— Eu sei que você está acordada. Levanta, Marinne — ele

diz, dá outro beijo perto do meu pescoço, um tapa na minha

bunda e eu sinto o colchão remexer quando ele sai da cama.

Resmungo, viro-me na cama e estico os braços para o

alto, me espreguiçando. Esfrego os olhos porque não é

possível que já esteja na hora de acordar.


Que merda! Hoje Amândio tem que apresentar o

lençol de sangue e eu não sei o que ele vai fazer, mas sinto
que se ele está me acordando agora, é porque deve ser
agora o que ele vai fazer para manchar o lençol. Será que
ele vai cortar a mão? Ou vai pedir que eu faça.

A contragosto e me sentindo bem preguiçosa, coloco-

me sentada segurando a colcha sobre meus seios. Olho para

Amândio caminhando até a mesa – que comi e estudei

muitas vezes nesses dezoito anos – pegando seu celular e


não demora para erguer para seu ouvido.

— Que horas são? — murmuro e viro o rosto para a

cabeceira a procura do meu celular, mas não o encontro. —

Acho que está muito cedo para gente acordar. Não

precisamos levantar tão cedo assim — digo com a minha

voz fraca de sono e os lábios ressecados. Estou com sede.

Passo a língua nos lábios quando Amândio olha para

mim, e seu olhar muda para algo perto de desejo, mas é tão

rápido. Acho que ele está preocupado? Ansioso? O que será

que está tramando.


— Eu preciso que você se levante e tome um banho.

— Ele está bem sério e frio.

— São que horas? Você não me respondeu. — Jogando

minhas pernas para fora da cama, me levanto e pego a

camisa branca que ele usou ontem no sofá, e visto. Tem um


cheiro bom, que me controlo para não puxar até meu nariz e

inspirar o colarinho.

— Não importa a hora. Preciso de você pronta e


rápido, Marinne.

Franzo a testa e teimosa, passo por ele e com um

pouco mais de esforço dessa vez, encontro meu celular

embaixo do véu na penteadeira. Eu quase não toquei no

meu celular ontem e por isso está com a bateria quase toda

cheia, mas não é isso que faz eu arregalar os olhos e abrir a

boca em espanto.

— São sete da manhã?! — Falo girando em meus

calcanhares e encarando meu marido louco. — Por que

estamos levantando as sete da manhã depois de uma festa

que acabou as duas e nós fomos dormir quase as três?

Vou até ele, coloco as mãos na cintura e estreito os

olhos parando na sua frente. Ele está vestido apenas com a

sua cueca e, meu Deus, ele é tão bonito, tão forte e talvez

um dia eu me acostume, mas no momento eu fico babando

pelo meu marido bonitão. Mas que se dane isso. A questão é

que fomos dormir tarde porque transamos por looongas


horas e ouvimos quando o som desligou, embora as vozes

continuaram por um tempo depois.

— Por que acordar as sete da manhã, Amândio?

— Matteo está chegando aqui e...

— Matteo? — interrompo-o.

— Ele vai chegar logo e eu preciso que você tome um

banho ou — me olha de cima a baixo, seus olhos

escurecendo porque dá para enxergar minha nudez dentro

da blusa, afinal não abotoei tudo, — ou vista alguma roupa.

— Eu preciso estar presente?


— Sim — responde seco e firme.

— E você já quer que eu fique pronta para o almoço?

— Acho que seria bom, quero sair daqui umas duas

horas para nós podermos ir para Nova York e chegar pelo

menos no horário do jantar e não de madrugada. Mas se

você quiser tomar banho depois que ele sair, pode ser

também. Dará tempo.

Ir para Nova York. Ir para casa. Deixar minha família e

viver com ele para sempre.

Porra. Pisco rápido e disfarço meu quase ataque de


pânico.
— Está bom, mas você vai me explicar o porquê que a

gente está acordando tão cedo? Está planejando fugir?

Um sorriso sombrio cruza seu rosto.

— Eu não preciso fugir. — Ele corta nossa distância e

me pega, envolvendo-me e suas mãos correm pelo meu

corpo e apertam minha bunda.

O tecido da blusa é erguido e sinto um frio na barriga

de ansiedade para sentir seu toque.

Como estou sem calcinha ele consegue com facilidade

sentir minha pele nua e abre as poupas da minha bunda.

Solto um gemido apoiando minhas mãos no seu peitoral

musculoso quando seus dedos tocam minha entrada,

sentindo como ainda estou molhada do resíduo de nós dois

ontem. Eu adoro que ele seja tão selvagem na cama.

— Eu vou explicar, mas depois. Matteo vai chegar a

qualquer momento e você precisa colocar uma roupa.

Ele está bem mandão e possessivo.

— E você já tomou banho?


— Não. Vou tomar depois. — Me solta e puxa a bainha

da sua camisa, no meu corpo, para baixo. — Agora, vai se

vestir.
— Está bom. Estou indo — digo andando de costas na

direção do banheiro e entrando no mesmo, antes de fechar

a porta, falo em voz alta: — Bom dia para você.

Amândio balança a cabeça e vejo um sorriso torto na

sua boca antes dele desaparecer atrás da porta que fecho.

Encostando-me na porta, inspiro e expiro. Estou me

sentindo estranha, mas muito mais calma e diferente.

Será que eu estou cedendo cedo demais a ele depois


do que fez esses dias. Tudo bem que não foi ideia dele,

mesmo assim ele fez. Droga. Talvez sim, talvez não, porém
não quero entrar nesse casamento brigada com o homem

que me fará companhia durante longos e longos anos. Eu


quero ter uma vida boa com Amândio. Quero construir uma

vida em Nova York que me orgulhe. Quero manter a Marinne


Lozartan dentro de mim.

A missão da minha vida é não permitir que esse


casamento passe por cima de quem sou, de quem fui criada

para ser. Uma das herdeiras da Famiglie mais temida dos


Estados Unidos. A protegida de Travis “O Cruel” Lozartan.
Uma mulher inteligente que sempre descobriu tudo, até

antes dos outros saberem.


Fora que anseio fazer Giovanni se arrepender de
sacanear meu irmão e eu. Os problemas dele com Amândio

são de muitos antes e o que ele fez comigo só fortalece a irá


do meu marido para dar fim nele.

Respirando fundo, saio da parte que fica o closet e


paro na porta vendo Amândio vestido e acho que o conheço

um pouco para dizer que parece nervoso.


Eu estou pouco me importando com o que Amândio

tem em mente para manchar o lençol. Claro que não sendo


uma morte dentro da casa do meu irmão, o Capo de Las

Vegas e embora a aliança, seu oponente e inimigo, ele não


pode fazer o que quiser. Eu disse que ele teria que se

preocupar com isso e espero que não saia do limite.


Depois de tomar um banho ligeiro, estava me
sentindo melada e grudenta entre as pernas. Será que todas
as vezes terminarei assim?! Não estou necessariamente
reclamando, mas é demais.

No meu closet para pôr uma roupa antes que ele dê


seu ataque possessivo.

Não demorei para me decidir. Joguei a toalha no sofá


que usava para me calçar e verti uma lingerie preta da

Victoria Secret’s. Calcinha de lycra com algodão e sutiã de


bojo, pretos. Coloquei um vestido de algodão franzido, tão

fofo e macio como lã. Ele fica solto em meu corpo, sem
marcar nada, confortável e seu comprimento vai até minhas

panturrilhas. Ele é idêntico ao vestido que fui fazer minha


visita a Amândio em Nova York, porém esse é preto.
Meu guarda-roupa desde os meus dezessete anos e
meio não tem mais cor. Para não dizer que não possuo

nenhuma roupa colorida, tenho uma saia social que cobre


meus joelhos, rosa-pink e um blazer que combina com ela.
Vovó me deu de aniversário esse ano. Mas antes desse

conjunto havia tempos que roupa colorida não estragava a


minha sistematicamente organização de branco para preto

das minhas roupas. Meu arco-íris sem cor. Afinal, tem a


variação; cinza, grafite, bege.
Queria muito ter lavado o cabelo, mas se eu tivesse

feito isso precisaria usar o secador porque meu cabelo é


muito pesado e volumoso, e demora muito para secar ao

natural, mas como não quero acordar a casa inteira, vou


lavar depois dessa “reunião” estranha com Matteo.

Será que eu entendi certo e preciso estar presente na


conversa deles?!
Que seja. Agora eu estou muito curiosa para não ouvir

o que eles vão falar, e isso não necessariamente precisa ter


a minha presença. Perdi as contas de todas as conversas que

ouvi sem ser convidada. Balanço a cabeça rindo lembrando


que uma dessas conversas foi meu noivado com Amândio.

Passando a escova pela última vez nos cabelos, que


embora não tenha lavado ainda, escovei até deixá-los

apresentáveis, mesmo apenas para o estranho do Matteo.


Ele me causa arrepios e um embrulho no estômago de

ansiedade.
Vou no rapidinho banheiro, pego minha pulseira e os

anéis. Colocando-os nos dedos, encaro meu anel de noivado


e casamento. Meu coração acelera.
Não sei exatamente o que eu estou sentindo, mas é

um misto de esperar pelos dias que vão seguir, tudo o que


vai acontecer com minha vida a partir de agora e uma

torcida imensa para que tudo dê certo.


Deixando de bobeira, volto para o quarto e paro de

andar por causa do olhar de Amândio sob mim, e eu


também levo um tempo admirando-o.

Ele está todo de preto; calça social, cinto com a fivela


prateada, uma camisa de gola e manga cumprida de malha,

dobradas até o antebraço – onde dá para ver a sua tatuagem


de cobra, e sapatos brilhantes e polidos. Impecável dos pés

aos cabelos que ele penteou para o lado sutilmente. Lindo


de matar se contar o coldre preso no peito com duas armas

nas laterais, as duas facas medias nas costas e mais duas


pequenas nas alças da frente.
Limpando a garganta, eu ando até ele que discute

com Matteo, que está parado como um soldado perto da


porta, cabeça baixa e a postura atenta escutando meu

marido.
— Bom dia, Matteo.
O soldado de Amândio vira-se para mim e me
cumprimenta com um aceno simples antes de responder:

— Bom dia, senhora D’Ângelo.


Estupidas borboletas fazem cócegas no meu
estômago e eu me controlo para não abrir um sorriso mais

estupido ainda.
Não gosto de me sentir uma garotinha, mas em

alguns momentos eu sou uma garotinha envergonhada e


cheia de pensamentos bobos que Travis tentou lapidar e

controlar por todos esses anos. Ele não queria que eu me


tornasse uma pessoa sonhadora demais dentro de um

mundo de trevas e poucas escolhas para as mulheres.


Na verdade, ele me tornou uma mulher forte,

controlada, destemida e honesta com tudo. Eu quero que


Amândio goste de mim porque não quero ter um casamento

frio demais, mas além disso, eu quero o seu respeito e


lealdade acima de todos os desejos “falíveis” em nosso

mundo como o amor e afeição em um casamento arranjado.


Essas crises de ansiedade quando acontece algo

relacionado a nós – seja alguém me chamar de senhora


D’Ângelo ou ele me beijar intensamente na frente de outros
–, é porque ainda tudo é novo demais. Uma hora eu vou
parar de me sentir assim.

Devolvo o aceno a Matteo e chego mais perto deles


abrindo meu sorriso educado, que morre quando vejo o

lençol que eu e Amândio dormimos ontem à noite esticado


no chão.

O que Amândio está tramando?


Franzo a testa e digo baixo:

— O que é isso? O que estamos fazendo?


Amândio se aproxima de mim e segura a minha mão,

me levando mais para perto do lençol e Matteo, que parece


não saber o que está fazendo aqui também.

— Amândio — insisto olhando-o de frente. — Pode me


explicar o que é isso, por favor.
Ele respira fundo e me dá toda a sua atenção virando-
se para mim.

— Eu tinha prometido a você que iria resolver o


problema do lençol e que ele seria manchado de sangue
quando fosse a hora.
Sinto meu rosto todo contrair em confusão.
— Eu lembro disso, é claro, mas... — viro-me para
Matteo. — O que ele está fazendo aqui?

Os olhos dele ficam ainda mais obscuros.


— Hoje eu não vou apenas manchar o lençol com
sangue, eu vou provar, mostrando a você o que significa
quando eu digo que honro você e também vou fazer isso
porque parece que a sua família entendeu que eu a

desonrei.
— Eu nunca pensei isso, você sabe disso, Amândio.
— Tudo bem se tivesse pensado também, mas não foi
essa a intensão. — Fica mais perto de mim e a voz baixa

para apenas eu ouvir: — Não foi um erro aquela noite.


Engulo em seco e tenho vontade de agarrá-lo, mas
não sou tão ousada para fazer isso na frente do soldado
dele. E mesmo que eu tivesse coragem, Amândio se vira

Matteo.
— E você, — cruza os braços na frente do corpo, — eu
disse que na hora certa iria provar que está do meu lado e
que nunca mais daria as costas as minhas ordens e a mim.

Matteo assente enquanto. Eu não sei do que estão


falando, mas percebo como Amândio está bravo e sério.
— Depois do que aconteceu, você sabe que precisava
se provar para mim.

— Eu sempre estou disposto a provar que estou do


seu lado e faço o que for para cumprir a minha palavra. Eu
sou leal a você, Amândio.
— Então, prove.

Me assusto vendo Amândio tirar uma faca pequena,


que ele sempre usa, da parte lateral do coldre. É uma faca
com o formato diferente, tem dois furos dentro dela
embaixo, o cabo é de aço e tem a forma exata de encaixar

os dedos. Acho que Colen tem uma faca parecida. Ele


estende a faca para Matteo que pergunta sem demostrar
reação, mas visivelmente confuso.
— O que é isso?
— Quero que você júri pelo meu casamento, por mim,

que sempre estará ao nosso lado e fará o que for preciso


para honrar a sua palavra como o meu braço direito.
Matteo pega a faca e imediatamente sem pensar uma
segunda vez, se prontifica em cortar a palma da mão, mas

Amândio faz um gesto com a cabeça e Matteo se detém no


próximo movimento.
— Eu ainda não acabei. — Amândio fala colocando as

duas mãos dentro dos bolsos.


Não sei porque, mas toda vez que ele faz isso significa
que ele não está no seu lado calmo e sim o lado sombrio e
assassino. Eu ainda lembro dos olhos dele quando entrou no
seu apartamento e me viu lá. Ele não estava num bom

momento e foi muita sorte minha não ganhar um tiro ou


uma facada.
— Jure por ela.
Arregalo os olhos e sinto meus batimentos

acelerarem.
O quê?
— Eu quero que você jure por Marinne — Amândio
engrossa a voz. — Jure que você irá honrá-la, respeitá-la e

servi-la.
Caramba! Estou tentando não parecer tão surpresa,
mas não tem como eu não estar. Jamais imaginei que
Amândio pensaria em fazer algo assim por mim. Me honrar

ao ponto de pedir que seu soldado faço o juramento para


mim.
Matteo me encara sem embaraço e finalmente corta a

palma da mão. Pisco rápido assistindo-o fechar o punho e


assim seu sangue manchar o lençol imaculadamente branco
de vermelho. No entanto, minha atenção se concentra na
sua voz enquanto pronuncia o juramento que Travis, um

líder, um Capo recebe de um homem feito quando é iniciado


oficialmente na Famiglia.
Meus olhos vão para Amândio. Eu jamais pensei que
alguém faria isso por mim, e nem estou falando do

juramento. Ele acabou de fazer seu homem mais leal se


rebaixar para mim. Seguir a mim.
— ... e morro por sua honra — Matteo termina e retira
sua mão de cima do lençol e pega um lenço colocando em
volta para parar de sangrar.

— Ótimo — Amândio fala friamente. — Agora eu


quero que você me dê licença para ficar à sós com a minha
esposa.
Matteo estica a faca, segurando a lâmina e oferecendo

o cabo ao meu marido, devolvendo a arma. Faz um gesto


cordial se despedindo de mim e sai fechando a porta
silenciosamente.
Solto o ar e encaro meu marido sombrio. Porra, eu

estou sem fôlego.


Assisto Amândio limpando a faca e guardando no
coldre e pergunto, porque não consigo não falar nada agora.
Eu sempre falo muito e quero saber de tudo, e nesse

momento eu estou com cede de informações sobre o que


passa na sua mente.
— Por que você fez isso?
Sem olhar para mim, ele caminha para o banheiro,

que eu vou atrás.


— Eu precisava que ele provasse a si mesmo.
Franzo a testa e vou para sua frente quando ele para
perto da pia e com movimentos metódicos tira as armas e o

coldre.
— Ele precisa provar que ainda era leal a mim. Que
será leal a nós.
— Mas ele jurou por mim? — murmuro.

Amândio vira apenas o rosto e responde sem emoção:


— Ele jurou por nós, mas eu precisava que ele jurasse
por você.
Dou um aceno demostrando que quero mais
informação e que não vou desistir. Ele respira fundo, deixa o
corpo de frente para o meu e cruza os braços.
— Precisava que ele jurasse por você porque quero

que Matteo honre a sua proteção, que cuide de você até


mesmo acima de mim.
Levo uns segundos para recuperar a voz.
— Você tem certeza?

— Claro que sim. — Descruza os braços e enfia as


mãos nos bolsos. — Não faço nada que não tenha certeza.
— U-hum — murmuro e dou um passo para a frente,
ficando mais perto dele. — Eu consigo me defender, sabia.
— Marinne, eu não estou dizendo que você não

consegue se defender, é só que... — Faz uma pausa


parecendo pensar nas palavras certas para me enrolar. Travis
fazia muito isso. — Escuta, até eu tenho retaguarda e sou
alguém que... prática em excesso minha força bruta.

O eufemismo do ano. Eu sei muito bem a fama dele.


— Mas se o Matteo cuidar de mim agora, quem vai
cuidar de você em Nova York ou onde quer que você precise
ir?
Mordo o lábio nervosa e encaro o sangue no lençol.
Minhas orelhas esquentam, um sinal clássico de que estou
ficando vermelha. Ah, droga. Não quero demonstrar para ele
que tenho vergonha. Porra. Depois do sexo que fizemos

ontem, e na quarta-feira na sala em Nova York também, eu


não deveria mais ter qualquer receio ou timidez com esse
homem. Ele já me virou do avesso.
Minha atenção volta para o presente quando vejo

Amândio encher um copo com água da torneira e levar para


fora do banheiro.
— Para que isso? — indago atrás dele.
— Para dar uma aparência melhor no sangue do

lençol.
Pisco sem entender e vejo Amândio molhar dois dedos
com a água e depois sacudi-los em cima de onde Matteo
derramou seu sangue. Entregando o copo para mim, ele se

agacha e esfrega sem muita força a água no sangue, que


logo forma um borrão manchado de vermelho claro – quase
rosa – quase no meio do lençol. Ele pensou em
absolutamente tudo. O lugar exato onde a mancha deveria
estar e como deveria aparentar o sangue no lençol.
Um pouco assustador, porém inteligente.
Engulo em seco a ânsia de vômito e tento desviar o
olhar. Parece tão real. Parece incrivelmente com a mancha

que ficou no lençol há quatro meses naquele quarto do


Bellagio. O meu sangue no lençol, que Amândio pegou no
dia seguinte e levou consigo.
— O que você fez com aquele... — Sacudo a cabeça e
repito: — O que você fez com o lençol daquela noite?

Ele passa as mãos na calça e fica de pé virando o


corpo para mim.
— Eu queimei assim que cheguei em Nova York —
responde rápido e sem hesitação. — E não foi porque eu não

me senti honrado por você ser minha, por ter se entregue a


mim aquele dia, mas acho que você não gostaria que eu
guardasse.
— Sim, eu não gosto muito de ver isso. Digo, a

tradição e pensar que hoje é a minha vez. — Minha voz está


fraca e sem emoção.
Ele assente encarando-me em silêncio.
— Acho essa tradição um nojo e eu até entendo, faz

sentido existir algo nessa proporção para manter um


casamento estratégico e sem sentimento... nas primeiras
horas. — Dou de ombros.
— É verdade — ele concorda. — É necessário ter uma

prova, ter uma garantia de que nada pode quebrar o


compromisso feito na frente de tantas pessoas.
— E tirar a virgindade é fazer algo irreparável. —
Desvio o olhar para o lençol ainda no chão. — Sei que faz

sentindo, mas é uma vergonha para as mulheres e fora que


algumas são forçadas. E têm mulheres que não sangram,
então os homens têm que forçar. Tem maridos maus e cruéis
que machucam as mulheres por puro prazer e a primeira

vez que transam com suas esposas é... insuportável só de


pensar. — Cerro a mandíbula sentindo a cólera por tocar no
assunto. — Tem muitos casamentos arranjados aonde o
convívio para as mulheres é um pesadelo. — Levanto minha

cabeça e deixo o copo na mesa para ter as mãos livres. —


Obrigada — digo assentindo.
— Pelo que? — Amândio pergunta com os olhos
inquisidores.
— É... — Respiro fundo e fico perto dele

necessariamente para sentir o seu cheiro e precisar erguer o


rosto. — Eu... fico feliz que meu irmão pensou nisso. Pensou
no meu bem e que não queria que eu tivesse te conhecido

ontem ou te visto ontem, no nosso casamento. E mesmo


que na verdade eu não te conheça tão bem assim, você não
é um completo estranho e nós...
— Eu sei. — Ele toca meu queixo. — Eu entendo o que
você está falando e achei a ideia de Travis sensata. E fiquei

satisfeito também por você não ser aquelas noivas


assustadas e desesperadas no casamento, mesmo que
tenha ficado com raiva de mim.
Mordo a boca para não sorrir e sua mão para de tocar

meu queixo porque assinto concordando com ele.


— Eu só pensei... que depois que... nós... — Engulo em
seco, nervosa e dou de ombros. — Nós ficamos juntos duas...
três vezes?

Seus lábios se contorcem num quase sorriso e


Amândio toca meu queixo, mas não para. Os dedos deslizam
para o meu pescoço e param atrás de minha nuca, forçando
minha cabeça a ficar no ângulo exato para eu não desviar os

olhos.
— Marinne, entenda de uma vez por todas, que eu não
planejei de forma alguma ficar longe de você esses dois

dias. Não planejei acabar com o nosso noivado e não


planejei levianamente tirar sua virgindade e magoar você. —
Sua outra mão toca meu ombro gentilmente. — O que
aconteceu, é que você é... Quando eu vi, como você cresceu

e ficou tão bonita. — Balança a cabeça como quisesse


esquecer o que estar prestes a falar, mesmo assim continua:
— Eu não resisti. Nós não resistimos.
— Eu sei — sussurro e coloco a mão livre no seu peito.

— E sim, nós estamos juntos, de verdade, desde o seu


aniversário de dezoito anos e eu não esperava seu irmão me
pedir para te afastar.
— Mas você disse que também passou pela sua

cabeça me afastar para me deixar forte.


— Porque meu pai é um sádico. — Ele estreita os olhos
e enrijece a mandíbula. — E eu quero que você jure que não
ficará perto dele. Que não chegará perto dele.
— Você está de brincadeira comigo? — Me afasto e

coloco as mãos na cintura. — Esse nojento passou as mãos


na minha bunda duas vezes. Eu quero ele morto. Jamais

duvide disso.
— Não vamos discutir por causa dele. — Ele me pega
pelos ombros. — Eu só quis enfatizar que você precisa tomar
cuidado com ele sempre.
Reviso os olhos e assinto. Me soltando, Amândio pega

o lençol do chão e dobra, deixando em cima da cadeira da


minha penteadeira.
— Vai tomar outro banho e lavar seu cabelo agora?
Como ele sabe que eu estava pensando nisso.

— Vou deixar para tomar outro banho... depois... em


Nova York.
Amândio estreia os olhos para mim e se aproxima.
Pega minha mão e me puxa.

— Vem tomar um banho comigo.


Uau. O convite dele foi direto para o meu clitóris, que
parece arder e latejar por atenção. Que loucura.
Coloco a mão na boca e mordo um dedo na desculpa

dele não ver meu sorriso, mas eu sei que ele percebe. E me
puxando com ele para o banheiro, fecha a porta e me vira de
frente para si.
— Por que fechou a porta?

— Para o ambiente ficar mais quente e confortável. —


Agarra minha cintura, encostando nossos corpos juntos. —
Me mostra como sua antiga banheira é boa.
Rindo, eu passo as mãos nos seus ombros e descendo

tiro a camisa de dentro da calça. Estou extremamente


nervosa para minha vida nova, mas eu gostei do jeito que

ele falou sobre meu antigo lugar. E gosto mais ainda quando

tiro sua camisa e tenho seu peitoral e braços músculos a


olho nu. Ambiciosa afago seus músculos sentindo-os

retraírem com meu toque e automaticamente se

aquecerem. A anatomia do corpo desse homem é


espetacular. Fico fascinada como seus músculos o tornam

tão quente e rígido. Amândio é todo durinho.


Ele deixa eu tocá-lo por longos minutos, mas de

repente parece perder a paciência e sem muita delicadeza,

remove meu vestido, passando pelos meus braços até deixar


cair no chão.

Um arrepio percorre todo o meu corpo. Sinto minha


pele ansiosa pelo seu toque e quando vejo que ele fica com
os olhos em chamas fitando-me de calcinha e sutiã... Meu

Deus.
— Você gosta de me atentar, só pode — ele fala com
sua voz rouca vibrante.

Dou uma risadinha e balanço a cabeça. Enfio meus


dedos no elástico da calcinha e vou puxando para baixo,

mas Amândio tira minhas mãos e continua o percurso

passando a lingerie pelas minhas pernas, enquanto eu tiro


meu sutiã.

Amândio fica de pé deslizando e acariciando com seus


dedos minhas pernas, se demora nas coxas, então salpica

beijos na minha barriga e vai subindo até estar todo

imponente na minha frente. Ele pega meus peitos com as


duas mãos e massageia de um jeito delicioso. Sinto-me

latejar mais ainda quando seus polegares afagam os bicos

dos meus peitos enrijecidos. Amândio faz um som gostoso


com a garganta capturando minha atenção.

Encaro seu rosto, sua língua passa em sua boca como


estivesse prestes a devorar um prato suculento e perco um

pouco as forças das pernas quando baixa a cabeça e passa a

língua na ponta de um mamilo e depois de outro. E ele não


pensa duas vezes antes de abocar meu peito direito e
chupar de verdade.

Fecho os olhos desejando ardentemente que ele meta

seus dedos dentro de mim ou que sua boca chupe meu


clitóris do jeito alucinante que ele faz com tanta maestria.

Aperto com toda força ele, quase arrancando seus

cabelos do lugar e gemo alto, jogando a cabeça para trás


sentindo sua boca chupar o outro seio, se demorando, me

deixando ainda mais ansiosa.


Abro os olhos porque ele para de me chupar. Porra. Ele

está de joelhos na minha frente, afastando mais minhas

pernas e dá um beijo na virilha antes de lamber os lábios do


meu sexo.

— Amândio... — gemo olhando-o nos olhos, que ele


corta o contato porque encara minha boceta e... — Porra! —

Solto um grito e agarro seus cabelos sentindo sua língua

circular meu clitóris, pressionando com força e lambendo


devagar.

Tento controlar minhas pernas tremulas de pé e

aproveito o ritmo perfeito das suas chupadas, que está lenta


em comparação as outras vezes. Algo dentro de mim parece
se ascender. Estou desesperada para sentir seu pau dentro

de mim.

De repente ele se afasta, eu olho para baixo – para


cima quando fica de pé – e mesmo com a visão turva e o

coração acelerado, assisto com a respiração fora de ritmo,


ele abrir o cinto, tirados os sapatos com a ajuda dos pés e

rapidamente meu marido musculoso e gostoso está pelado

na minha frente, perto das minhas mãos gananciosas.


Arregalo os olhos porque suas mãos enormes me

pegam e me colocam em cima da pia. Ele abre minhas

pernas e de uma vez me penetra. Grito sentindo o


alargamento e porra, só entrou a metade. E mesmo assim

eu mordo a boca para não gritar como uma louca, embora já


tenha gente acordada. Acho que por isso mesmo não vou

deixar que me ouçam. Nos ouçam.

Amândio agarra minhas coxas enquanto eu enfio as


unhas na sua pele e sinto seu pênis recuar e logo entrar

numa estocada, voltando-se para mais dentro de mim.

Seus lábios entreabertos estão no meu pescoço e


ombro, raspando-os e lambendo de relance. Enfio os dedos
nos seus cabelos e gemo baixinho, respirando fundo e

adorando como ele me fode.


— Isso — gemo quando sinto-o todo dentro de mim.

Ele pega meu rosto entre as mãos e sua boca está


aberta perto da minha. Trocamos o mesmo ar, gemidos e

sinto que estou perto de gozar. Eu amo senti-lo dentro de

mim e acho que nunca vou me cansar. Queria agradecê-lo


por me dar essa distração no prelúdio de um dos momentos

mais vergonhosos da minha vida.

Canso de só provocar e chupo sua língua, me rendo


totalmente. Solto gemidos e resmungos eróticos enquanto o

beijo e Amândio estoca com força para dentro de mim. Meus


músculos internos apertam sua ereção.

Céus! Eu vou gozar. Eu vou gozar.


Agarro seus ombros, abraçando-o com força e desejo
que ele sinta que estou além de satisfeita por ele me deixar

ardendo de desejo. Eu estou feliz por ele ser meu foco nessa
manhã.

— Ah — jogo a cabeça para trás gemendo e

arranhando suas costas.


— Isso. Goza para mim — Amândio ordena no meu

pescoço, que logo é chupado e mordido. — Que delícia,

principessa. Aperta meu pau... Assim... Isso, Marinne. Oh,


porra.

A voz dele.

As mãos dele na minha bunda.


A boca dele na minha pele.

Lábios entreabertos no meu pescoço... queixo... e


rosto.

— Amândio... — Seu nome sai entre as minhas cordas

vocais secas e doloridas – porque não gritar é exaustivo –


como uma súplica, como um agradecimento enquanto gozo.

Acelerando os movimentos das suas estocadas, ele

bate seu corpo de encontro ao meu e goza grosso e quente.


Me pegando em seus braços, deixa beijos no meu

ombro e pescoço tirando meu corpo de cima da pia.


Abro os olhos mantendo-os cerrados e vejo que ele

nos leva para dentro do box. Minhas costas batem de leve na

parede de azulejos frios e me arrepio toda quando o jato de


água quente cai sobre nós.
Suspirando, beije seu ombro e afasto minha cabeça

para encontrar seus olhos. Ele parece... suave.


Um sorrisinho forma-se em meus lábios e eu tiro o

cabelo do seu olho que a água espalhou.

— Você não disse que íamos para banheira? —


pergunto provocando, e céus, ele ainda está dentro de mim

meio duro. Esse homem gosta de sexo e me tornou viciada


nele. Isso é um fato.

— E nós vamos, mas primeiro preciso te limpar. — Me

dá um beijo na boca rápido, ergue meu corpo até sair de


dentro de mim e assim solto as pernas e coloco os pés no

chão.
Levantando o rosto para o seu, sorrio de novo e tenho

uma vontade louca de passar as pontas das unhas no seu

peitoral. E eu faço isso. Amândio geme, agarra minha


cintura e eu mordo os lábios. Me virando de costas, pego a

esponja e enquanto coloco o sabão, ele me abraça por trás e

me beija o pescoço. Porra. Ele...


Dou uma risada quando faz cosquinha na minha

barriga e viro de frente de novo.


— Posso te esfregar e depois você me esfrega? —
Minha voz sai tímida.

Ele leva um tempo me encarando em silêncio antes


de tirar a espoja da minha mão e diz:

— Eu vou primeiro.

Estou quase fechando a porta do meu quarto, quando

paro e dou uma última olhada nele. Meus lábios tremem e


sinto o gosto salgado das lágrimas presas por um esforço

inútil nesse dia decisivo.


Sinto a mão de Amândio tocando o meu ombro antes

dele se postar na minha frente. Com calma seus dois dedos

tocam meu queixo e ele ergue meu rosto para encontrar


seus olhos.

— O que houve? Qual é o problema? — Sua testa está

enrugada num misto de preocupação e curiosidade.


Sorrio sem jeito e coloco a mão no seu peito. Eu nem

sei por que, mas preciso do contato dele. Volto a encarar


meu quarto e sorrio com tristeza. É uma despedida e não

tem como eu não me sentir nostálgica.

— É só que... — perco a voz e um filme começar a


passar na minha cabeça. Visões de momentos da minha

vida; bons e maus.


Lembro a primeira vez que vi meu quarto após a

reformar quando eu tinha oito anos. Travis disse que eu

estava me tornando uma mocinha e não podia mais ter um


quarto com cara de bebê, então ele fez tudo ficar moderno,

rosa e com flores.

Travis sempre me deu tudo, inclusive sua companhia e


seu amor. E eu nunca o culpei por me colocar num colégio

interno, entendi os motivos dele e todos os dias que era


necessário ele compareceu na escola, ele estava lá e sempre

me levava e buscava. Só teve algumas ocasiões que não

esteve. Travis é mais do que meu irmão, meu salvador, meu


pai. Ele foi a minha pessoa. E será sempre.
Suspirando lembro quando fiquei apavorada ao saber

da morte de Vincenzo, e não porque fiquei triste dele


morrer, nunca tive qualquer sentimento para com aquele
homem, mas fiquei nervosa pela forma como ele acabou

morto.

Eu fiquei pensando desde aquele dia em como eu


lidaria com a morte de Travis. Como eu vou ficar longe dele,

e mesmo que eu esteja tranquila em ir para Nova York, sei


que vou sentir falta dele e de Madeleine profundamente

todos os dias, porque nem quando tiveram o Dante

deixaram de enxergar a garotinha deles.


Todos esses momentos foram aqui no meu santuário e

deixar para trás, é perder uma parte de mim.

Engulo em seco e percebo quanto estou chorando


quando olho o decote do meu vestido, que está molhado. Eu

coloquei um vestido simples branco e joguei um blazer


longo preto por cima com uma sandália preta.

Eu não quero também parecer uma idiota chegando

em Nova York. Uma princesa da Famiglia da Lawless


indefesa e fraca. Quero que todos da Darkness me

respeitem porque isso foi algo que eu sempre almejei.


— Vai ficar tudo bem — Amândio fala para mim

afagando o meu rosto e me surpreendendo tirando um lenço


do bolso e seca minhas lágrimas.

Droga.
Porra.
Meu Deus.
Amândio me dá falsas esperanças fazendo coisas
assim. Esperanças de que eu não quero preencher o meu

coração, mas dentro de mim uma vozinha almeja

ardentemente, assim como meu corpo arde pelo corpo dele,


que ele seja a minha nova pessoa.

A pessoa que vai viver momentos inesquecíveis como


quando nossos filhos nascerem, quando talvez eu descobrir

algo importante sobre mim mesma e meu primeiro cabelo

branco. Passaremos a vida inteira juntos e eu não quero que


ele seja só o homem bonito que eu cansei. O homem cruel

que não me maltrata.

Não quero só ficar agradecida por ele não me bater,


não me estuprar na noite de núpcias. Eu quero que ele seja

alguém importante, alguém que eu possa contar.


— É só saudade antecipada — falo com a voz baixa e

fanha.
Seco meu rosto sem fazer força com o lenço que ele
me deu para não manchar a maquiagem, que coloquei

pouca coisa, mas eu não dormi quase nada e estou com

olheiras. Também não quero que as pessoas imaginem como


a gente se dá bem, que transamos a noite toda. Sei que é

importante manter as aparências e sei que as pessoas

precisam pensar que esse homem na minha frente não


tenho um pingo de carinho ou devoção pela esposa

arranjada dele.
Mas a verdade é que Amândio me surpreende a cada

suspiro que dou. Eu sei que homens bons existem na máfia

porque eu tive o meu irmão. Tive os meios irmãos, mas


também sei que existe os cruéis e nojentos como Giovanni e

Vincenzo. E os frios que só pensa no status como vovô.


Eu ainda não sei se Amândio é como meu avô ou

como Travis. E eu não vou forçar descobrir isso muito rápido.

Quero deixar o tempo se encarregar disso.


— Desculpa. Não liga para mim.

— Tudo bem. Não se desculpa por se emocionar, mas

se você está com receio de alguma coisa sobre a sua vida


em Nova York. Eu juro que vou fazer o que for possível para
você ter a vida tão boa quanto tinha aqui. Vou dar tudo o

que você quiser. Dei a minha palavra a Travis.

— Não estou pensando no material, Amândio, mas eu


talvez entenda o que você está falando. — Balanço a

cabeça. — Certas coisas você não vai poder me dar porque


elas já são minhas. Não tem como substituir, mas fico feliz.

Realmente fico muito agradecida por você parecer ser

diferente do seu pai. — Pauso e suspiro. — Diferente do meu


pai.

Ele fica em silêncio olhando para mim e me

surpreende esticando a mão e segurando o meu rosto. Ele


não necessariamente afaga a minha bochecha, apenas

encosta a sua palma sobre a minha maçã do rosto.


— Espero que com o tempo Nova York se torno sua

casa e para que o vazio que ficar agora dentro de você, seja

preenchido por novos momentos. Que lá você crie


lembranças novas para estarem dentro dessas lacunas que

ficaram vazias hoje.

Porra. Ele fala tão bem.


— Tudo bem —, digo engolindo em seco e me

afastando, lhe ofereço um sorrisinho. — Acho que eu vou ter


que retocar a maquiagem rapidinho e a gente já desce.

— Leve o tempo que você quiser. Vou ficar esperando


aqui fora.

Agradeço-o com um aceno e sorriso decidida a voltar


para dentro do quarto.

— Posso te dar um conselho?

Franzo a testa encarando-o.


— Pode, claro.

— Faça o que você tiver que fazer e caminhe para fora

do seu quarto. Caminhe para fora dessa casa, para fora de


Las Vegas e se sinta orgulhosa do que você fez até agora, ou

se acha que foi pouco o que fez, tente ver o lado bom e
simplesmente siga em frente. Se você ficar olhando para

trás, não vai conseguir dar chance para o futuro e nem para

seguir em frente.
Demoro a encontrar as palavras para respondê-lo.

— Eu sei e obrigada. — Estive o lenço para devolver


para ele, mas Amândio balança a cabeça.

— Pode ficar para você. Acredito que vai precisar

ainda hoje.
Dou-lhe um sorriso de agradecimento e volto para
dentro do quarto para retocar a maquiagem e decido a

seguir em frente sem ficar pensando nas lembranças.


Amândio tem razão, se eu não for decidida a ir

embora, acho que nem consigo sair de casa, que dirá de Las

Vegas. E eu sou muito orgulhosa mesmo da Marinne


Lozartan que viveu dezoito anos na Lawless e ela irá comigo

de cabeça erguida para o outro lado o país enfrentar o que


vier.
16

A mão de Marinne está suando quando paramos no

lobby da mansão de Travis, que eu não vejo a hora de me


despedir. Não posso reclamar da hospitalidade de Madeleine

como a senhora dessa casa, mas é impossível me sentir


confortável na casa do meu inimigo.

Aplausos nos saúdam quando paramos nos pés da

escada. Têm pelo menos umas trinta pessoas aqui dentro,

mais a família de Marinne.


Viro meu rosto para minha esposa de olhar arregalado

e maxilar rígido. Ela está se fazendo de elegante para os

convidados que estão dentro da mansão e sua família.


Logo que os aplausos cessam e Madeleine coloca os

olhos em Marinne, ela sorri e corre para lhe dar atenção.

Beija seu rosto dos dois lados e coloca as mãos em seus

ombros, fazendo com que minha esposa solte a minha mão.

— Você parece que vai desmaiar mesmo com esse


sorriso no rosto, querida. — Madeleine afaga o rosto da

minha esposa.

— Eu preciso mesmo ficar nessa apresentação?

— Por mim nem teria, mas você conhece as regras —

responde a esposa de Travis, que me dá um olhar cruzado.


— Bom dia, Amândio.

Dou-lhe um aceno e respiro pelo nariz vendo Travis se

aproximar com Colen e Dario atrás dele como dois

carrapatos.

— Está tudo em ordem para a apresentação do lençol?

— Travis pergunta de uma vez sem delongas.

Estranho seu comportamento com a situação. Ele


sempre me pareceu tão protetor de Marinne. Como está

tranquilo e interessado demais nessa merda de lençol que

irá colocá-la exposta? E ele nem olha para a irmã, que está
olhando-o fixamente. Estreito os olhos e aperto o algodão do

lençol em minhas mãos.

— Está tudo em perfeita ordem.

— Então vamos logo com isso — diz e vira as costas

seguindo o caminho para a sala que tem a porta de acesso

ao imenso quintal.
Pressiono com força os dentes, cerrando o maxilar e

encaro Marinne. Ela ainda está seguindo com os olhos os

irmãos. Porra. Nem mesmo o babaca do Dario falou com ela.

— Você está bem? — Madeleine fala primeiro.

— Quero acabar com isso — responde. Seus olhos

encontram os meus e ela pega minha mão de volta, me

puxando para onde foi a festa do nosso casamento. Tudo

ainda está do mesmo jeito, só o chão que foi varrido. —

Merda — Marinne resmunga baixinho.

Merda é pouco. Basicamente quase todos os


convidados do casamento estão de volta nessa manhã. Esse

povo é doente e depois querem apontar o dedo para as

minhas ações. O meu jeito de lidar com meu trabalho e

deveres.
Hipócritas do caralho. Pelo menos eu não finjo ser

uma boa pessoa e depois querer tanto ver o sangue de uma

mulher que sofreu perdendo a virgindade com um homem


que não a conhece.

Embora a situação com Marinne e eu seja diferente,

noventa e nove por cento das vezes é como ela disse. O

homem força a mulher a sangrar para provar depois na

frente de outros homens babacas como ele que o pau dele

fez um estrago. Que ele é homem e fodeu sua esposa.

Cerro o maxilar e estou quase rasgando esse lençol na

minha mão por conta dos olhares de alguns soldados e

Underboss de Travis e pelo menos os mais chegados a mim


da Darkness.

— Está tudo bem? — Matteo surge do meu lado.

Apenas olho para ele como resposta e isso basta.

Marinne limpa a garganta e quando me viro para

encarar seu rosto, ela aperta minha mão sem nem sentir. O

lábio inferior vai ficar ferido de tanto que ela morde.

— Para de mastigar a boca. Vai se machucar.

Minha voz lhe causa um sobressalto. Seu corpo sacode


e a mão se solta da minha.
— Eu nem percebi.

Salvatore Moretti se aproxima de nós. Ele é filho do

Underboss de Nova Jersey, que está muito doente –


praticamente contando os dias – e que ordena o único

herdeiro a substituí-lo em todas as missões, reuniões e

festas, se aproxima de nós. Ele tem um pouco mais de vinte

e cinco anos. Ele já poderia ter assumido o cargo do pai,

mas o filho da puta do Pietro Morelli não irá deixar o cargo a

não ser no caixão.

Salvatore cumprimenta Marinne com um aceno antes


de focar em mim.

— O Capo ordenou que eu ficasse para lhe dar apoio

moral e filmar a...

— Você não vai fazer — corto-o antes de seguir com

sua frase que poderia lhe causar a perda de um olho. —

Fique e assista. Já é o bastante. Se você filmar, eu vou

arrancar a sua mão.

— Tudo bem, Amândio — responde com firmeza.

Como um bom sábio, Salvatore já escolheu um lado

para se beneficiar e é o meu lado. Assim como eu, ele está

esperando a substituição do Capo, no caso eu, e a morte dos


nossos pais. Mesmo que a relação dele com o pai seja

pacífica como todos dizem, ele quer o cargo de subchefe de

Nova Jersey.

A voz inconfundível de Travis nos chama para lhe dar

atenção, que está parado na frente de todos falando sobre a

importante do lençol, desse casamento, dessa união.

— Vamos ao cumprimento da tradição dos nossos

ancestrais. Vamos mostrar a honra de Marinne dada a você.

Porra. Ele está me provocando ou o que?! O brilho

maquiavélico que ele apenas me deu duas vezes; quando

falou da proposta do noivado e três dias quando mandou eu

ir para o Bellagio, está em seu olhar agora.

Focando na minha esposa. Aperto a mão que ela

segura e mando:

— Fique aqui com Madeleine. Não precisa estar mais

envolvida nisso do que já está.

Ela engole em seco e assente. Madeleine me encara

como tivesse duas cabeças, porém a ignoro e caminho até a


porra do Travis no palco.

Ignorando de propósito os olhares curiosos dos

demais, com maestria e rapidez abro o lençol, estendendo-o


para todos verem o sangue numa mesa. A mancha ficou

exatamente no meio da mesa que foi posta justamente para

isso.

Marinne baixa o olhar e mexe as mãos nervosa na

frente do corpo, totalmente desconfortável.

— Que belo estrago você fez, rapaz — um velho diz e

ele tem sorte de eu estar no palco. Talvez eu o afogue na

bela piscina do seu Capo.


— Bom trabalho — diz Vincenzo Lozartan.

Travis tem o olhar fixo na mancha enquanto todos têm


algo para dizer e sua irmã, esposa e outras mulheres olham

quietes, porém nem todas. Algumas mulheres cochicham


olhando para Marinne de rabo de olho.

Paolo, que está ao lado de Travis como um bom


Consigliere, não se atreveu a dar um simples olhar no lençol.
Consigo ter um leve respeito por ele por fazer isso. No
entanto, tenho Colen com seu olhar desconfiado se

aproximando de mim.
— Você é melhor do que pensei. — Dá seu sorriso
irritante de lado. — Valeu pelo show — diz antes de passar
por mim, batendo seu ombro de propósito no meu e sumir
para dentro da casa.

Ele tem muita sorte por Marinne gostar dos irmãos,


senão eu já tinha enfiado uma bala na cabeça dele. Ou

talvez usado meu taco, arrebentando-o até fazer seus


órgãos romperem. Eu iria assisti-lo morrer com hemorragia

interna na minha frente, esvaindo em sangue e em total


agonia.
Ah, teria sangue para mais de cem lençóis brancos

com uma morte assim. Eu já fiz e sei do que estou falando.


— Chega. Vocês já viram o que tinham que ver. —

Respirando fundo, paro com o espetáculo puxando o lençol e


juntando-o em cima da mesa. Viro-me para Travis e aprumo

a postura. — Quer ficar para você? Parece que gostou muito.


— Você não me engana, Amândio.

Mantenho a neutralidade. Apenas fito seus olhos tão


parecidos com os da minha esposa. Nela esses olhos são

irresistíveis, nele... Eu tenho vontade de atear fogo no seu


terno, com seu corpo dentro, é claro.

— Pode levar isso com você e — dá um passo


intimidador, quase batendo seu peito no meu, — da próxima
vez não tente me enganar.
Suas palavras expõem as cartas. Dou um breve olhar

em Madeleine e isso basta. Ela contou para ele.


Sem me importar, volto minha atenção para Travis e

digo:
— Não me arrependo do que fiz e eu não pensei em

você um segundo sequer quando fiz o que você sabe que fiz


naquela noite.

Demora um pouco para ele falar algo. Sua mandíbula


rígida e o olhar assassino não me amedrontam.

— Não me provoque.
— Não estou e sendo honesto. Nada de ruim

aconteceu.
— Por sorte.

— Por estratégica — respondo-o e não lhe dando mais


um minuto do meu tempo, pego o lençol, me viro e vou para
minha esposa.

— O que foi aquilo? — Marinne pergunta me


encontrando no meio do caminho.

— Pergunte a sua mãezinha — falo encarando


Madeleine. — Parece que você não sabe guardar segredo,
senhora Lozartan.

— Não se atreva a falar comigo dessa forma. Foi você


que não cumpriu com as regras.

— Por que eu dormir com a minha mulher? — Dou um


sorriso cruel e chego bem perto dela. — Me mate por este

crime.
Ela coloca a mão no meu peito como fosse me
empurrar, mas como já estamos chamando muita atenção

para nós, ela não faz e retira a mão lentamente do local.


— Você....

— Madeleine — Marinne intervém com uma voz


tranquila e entrelaçando seu braço no meu. — Amândio,

esquece isso.
Madeleine recua e foca em minha esposa.

— Você está protegendo ele?


— Estou protegendo a minha família. Sei que o que

fizemos não era o... certo, mas já foi. — Sua voz é baixa e
tranquila. — O pior que poderia acontecer, não aconteceu.

Vamos esquecer isso.


— Trair parece algo simples para você — Travis fala

surgindo entre nós e focando na irmã.


Marinne fecha o semblante encarando-o.

— Eu não traí você. Fiz o que eu queria fazer. Era a


minha vontade.

— Acima da sua honra.


— Quando foi que eu prometi que não ficaria com ele?

— Você conhece as regras.


— E daí? — Ela para na sua frente e quando fala sua

voz está baixa de novo, mas agora suplicante. — Já passou,


Travis e eu não fiz com um qualquer. E... foi apenas

antecipado, não errado. — Balança a cabeça e dá de


ombros. — Ele seria meu e eu dele de qualquer forma.

Só discordo da frase estar no futuro sobre aquela


noite, pois ela já era minha desde o dia que Travis fez o

acordo do casamento.
— Você não se preocupou em como as pessoas iriam
falar da sua honra?

— Eu me preocupei — respondo e colo a mão na


lombar de Marinne, mostrando-o que ela é minha e é

problema meu. — E fiz o meu dever. Não deixaria falarem


nada que não fosse verdade.
Travis troca um olhar com a esposa, que tem uma
expressão que não sei identificar e fica do seu lado

entrelaçando o braço e tocando o peito dele.


— Acho que nós precisamos nos acalmar e encerrar
esse dia bem. Não é, querido?

— É sim — Travis responde a ela com os olhos em


mim.

— Então, vamos almoçar para celebrar o casamento.


Não podemos deixar as pessoas suporem nada. Esse

casamento foi para nos unir.


Franzo a testa, dou uma olhada séria em Madeleine e

assinto. Meu objetivo sempre foi transformá-la em minha


aliada. No entanto, agora eu estico a mão para Travis.

— Vamos manter a paz?


Ele olha para a minha mão com ódio estampado nos

olhos, mas aceita meu aperto de mão e tenta me machucar


fazendo mais força do que o necessário. Ele está apenas

sendo um babaca, isso sim.


— Que não se repita mais mentiras.

— Posso jurar por um mês e depois renovo.


— Amândio — ele soa amedrontador.
Enfio as mãos nos bolsos e dou de ombros como um
imbecil. Eu estou pouco me lixando para as regras e as

exigências de Travis. Ele está fazendo uma tempestade com


isso, porra. Ele faz eu e Marinne conviver, nos conhecer e

quando descobre que o plano foi além do esperado, dá esse


ataque. Não fode a minha paciência.

Nitidamente não querendo uma briga em público,


Madeleine puxa Travis para longe, levando-o para a mesa da

família. Os convidados se acomodam nas mesmas mesas de


ontem para o almoço de apresentação do lençol de sangue.

Caralho, eu não imaginei que seria para tantas


pessoas. Em Nova York é sempre um evento menor que o

casamento. Aqui os únicos que não estão são meu pai e


seus homens fiéis que o seguiram, cada um para suas
devidas casas.
Balanço a cabeça e pego a mão de Marinne para nós

irmos nos sentar, porém ela não se mexe. Encaro-a e ela


suspira e ergue o rosto para mim.
— Esse acordo de paz não vai durar, vai?
Se ela soubesse que esse acordo tem prazo para

expirar, e não é tão longo como na sua cabeça imagina,


talvez de uma vez por todas me odiaria de verdade.
— Não vamos nos preocupar com isso agora. E eu e

seu irmão não vamos nos tornar pacíficos da noite para o


dia.
— Mas esse acordo já tem quatro anos.
— Sim, mas ele está valendo de verdade desde
ontem.

— Então talvez Travis tenha razão.


— Sobre? — Deixo meu corpo de frente para o seu e
estou perdendo a paciência.
— Naquela noite no Bellagio eu traí a minha família.

Dormir com o inimigo.


— Não coloque palavras na minha boca.
— E você não tente me enrolar — diz de queixo
erguido e vai para a mesa sem me esperar.

Matteo preenche meu campo de visão e aproveita a


saída de Marinne para se aproximar.
— O que aconteceu?
— Nada, apenas vigie ela como sua vida dependesse

disso. — Dou um passo cortando a distância e repito com


mais firmeza: — A sua vida depende disso.
— Não hesitarei em cuidar dela, Amândio, mas o que
aconteceu agora?

Giro em meus calcanhares e olho Marinne


conversando com sua família. Ela me deixa louco, seu corpo
virou um vício, mas sei que vai demorar para ter sua
lealdade e a devoção que sente por sua família. Não tem

problema. Eu sou tão teimoso quanto ela.


— Nada que eu não possa resolver — respondo e
caminho até a minha mulher colocando a mão na sua
lombar.

Marinne se assusta e vira o rosto para mim. Franze a


testa e abre um sorriso fingindo. Não gosto. Não aceito.
— Vamos almoçar, amor — falo indicando a cadeira
dela e suas amigas penduradas na mesa se afastam em um
piscar de olhos.

— O que foi isso?


— A comida vai esfriar.
Ela estreita os olhos, respira fundo e dando-me as
costas senta-se e puxa assunto com Nina, esposa de Paolo

que parece pertencer a família.


Aturo todos os Lozartan e minha bela esposa me

ignorando o almoço todo, mas não me importo. Quando


aquele avião decolar dessa merda de cidade quente, eu vou
levar o que é meu e o que eles mais têm de valor. Mesmo
com o olhar irritado, Marinne ainda é minha e nada vai
mudar isso. Encaro Travis de relance. Esse babaca não sabe

do que sou capaz quando quero algo e eu ainda vou assistir


sua consternação quando ela me escolher e não a ele.
17

— Marinne.

Viro-me para a voz que me chamou, que eu conheço


muito bem, e fico em alerta.

— Sim?
— Venha comigo. Quero falar com você à sós — Travis

não fala, comunica.

Pedindo licença para o resto da minha família que


ficou na mesa, incluindo meu marido com seus olhos como

de águias em mim, levanto-me. Silenciosamente,

acompanho Travis para dentro de casa e logo dentro do seu


escritório, que ele fecha a porta.

— O que você quer falar comigo?


Sem dar a minha resposta, ele caminha até a sua

mesa e abre uma das gavetas. De dentro dela, retira uma

caixa de veludo azul petróleo. Fecha a gaveta e volta a se

aproximar de mim, que não saiu de cima do tapete no meio

do escritório enquanto assistia Travis ser minucioso e um


tanto misterioso também.

— O que é isso? — Meu lado curiosa não consegue se

controlar.

Travis me oferece a caixa e eu abro. Finjo costume

com o peso da caixa e fito-a ouvindo:


— Abra.

O músculo responsável por franzir a testa dá uma leve

tremida antes de eu assumir minhas emoções e ficar neutra.

É um pouco difícil manter a pose quando vejo o que tem

dentro da caixa.

— Uma arma? — Indago encarando meu irmão, uns

bons centímetros mais altos que eu e com todos os seus


músculos, ele se torna bem intimidador. — Você está me

dando uma arma?

— Considere um presente de casamento.


— Por que acha que eu tenho que ter uma arma com

Amândio? Não confia nele?

— Não se trata disso. — Contrai a mandíbula. — Você

sabe se defender. Foi treinada em luta, tiro e espada –

graças ao Dario. — Seu tom é desgostoso, ele não gostou de

saber das minhas aventuras com espadas, mas não proibiu.


— Agora você está indo morar em outra cidade e dar essa

arma para você, significa sua liberdade. Significa que estou

lhe dando sinal verde para cuidar de si mesma a partir de

agora.

— É como estivesse me iniciando? Um ritual de

Madman, mas sem cortar a mão e jurar com sangue.


Eu não sei se entendi bem. Mas esse ritual é feito

quando os meninos – nunca uma menina – se torna um

Homem Feito, um iniciado na Famiglia. Finalmente um


Madman. E se Travis quer que eu aja assim, significa muito
para mim.

— Você jurou com sangue ontem.

— Mas foi para a minha lealdade à Amândio.

— Já basta você sangrar uma vez.

Sempre protetor e cuidadoso comigo.


— Tudo bem, mas você acha que Amândio deixará em

andar armada?

— Não acredito que ele a proibirá e tão pouco a


deixará sem sua proteção.

— Você faz parecer que essa arma é um suvenir. Algo

simbólico. Ela funciona?

Sua boca curva-se para o lado e ele toca meu ombro.

— Sim, funciona.

Sorrio e fecho a caixa.

— Obrigada pelo presente de casamento. Vou tentar

levá-la a onde eu for.

— Quando for preciso — diz com advertência.

— Você só usa a sua quando é preciso?

— No meu caso, sempre é preciso. O que quero dizer,

é que confio em Amândio o suficiente para protegê-la.

— Então por que faz parecer que ele é fraco.

— É um jogo, mia cara. — Travis me puxa para os seus

braços, beija o topo da minha cabeça e colocando as mãos

nos meus ombros, me afasta para olhar-me nos olhos. —

Você vai ficar bem. Confio nisso.


Assinto, dou-lhe um abraço rápido e cambaleio para

me desvencilhar dele e sua estrutura gigante.

— Eu juro que você não irá se arrepender. Vou ser uma

boa esposa e mesmo assim, uma boa... filha para você

sempre.

— Não duvido disso. — Pisca um olho, fica do meu

lado e diz: — Agora vamos voltar para você se despedir e ir.

Aceno que sim e deixo que passe na minha frente,

pois minha ansiedade de ir morar com Amândio em Nova

York me paralisou por breves segundos.


De cabeça erguida, volto para a mesa e sento-me ao

lado de Amândio. Ele dá uma olhada inquisitória no meu

“presente” e cerra a mandíbula fitando-me.

— Tudo bem?

— Mas do que bem — respondo rápido trocando um

olhar com meu irmão.

Eu realmente espero que Amândio não cria caso com

minha arma, e óbvio, eu ir do seu lado armada em algumas

ocasiões. Talvez uma demonstração de como sou boa no tiro

faça ele confiar em mim.


18

Nós estamos no aeroporto nos despedindo da família

e amigos de Marinne. E ela parece feliz enquanto abraça os


irmãos, a cunhada, os avós, o filho de Travis, Paolo e sua

família e uma mulher de cabelos castanhos que veio junto.


Puta que pariu. Até a porra da babá que cuidou dela a vida

toda veio.

É uma grande cerimônia. Ela ganha flores e


finalmente se aproxima de mim. Seu olhar transparece que

a discussão mais cedo foi esquecida.

Será que ela perdoa fácil ou isso é apenas com a


família? Porque comigo não parece ter o mesmo efeito,
porque ao envolver sua cintura, seu corpo se retrai e ela só

não se afasta para não causar mais uma discussão calorosa


com os irmãos. Dario é o mais firme sobre odiar esse

casamento e o problema é dele. Daqui a pouco ele arruma

uma boceta e seus neurônios se ocupam com isso.

Marinne ergue a mão que não segura as flores e dá

até logo para todos nos pés da escada do jatinho. Eu faço o


papel de marido sem humor e espero ela entrar logo no

avião.

Matteo pega as flores das mãos dela quando minha

esposa entrega para ele antes de subir as escadas correndo.

— Ela gosta mesmo da família ou está apavorada de ir


morar com você.

Ignoro seu comentário sarcástico e entro no avião.

Matteo se encarrega de ordenar que subam as escadas e

fechem as portas.

— Ótimo — penso em voz alta encarando o avião

fechado. Não aguento mais esse lugar e me controlar para

não matar alguém. — Vou precisar de algo para me acalmar


quando chegar em Nova York — falo para Matteo.

— Uma morte sangrenta?

— Com certeza. Procure um devedor caloteiro. Vamos

visitá-lo assim que eu deixar Marinne em casa.


Matteo me dá um aceno, mas seus olhos estão

focados para além de mim. Virando meu rosto vejo Marinne

com os joelhos na poltrona do avião, de frente para a janela

e acena incansavelmente.

— Será que ela vai ficar bem?

— Assim espero — digo sem olhar para ele e caminho


até minha esposa. — Você precisa se sentar e colocar o

cinto, Marinne.

Ela concorda com um aceno sutilmente sem olhar

para mim, dá um suspiro forte, mas não se senta, apenas

continua olhando para fora e dando tchau.

Sento-me na poltrona de frente para ela e assim que o

motor do avião liga, assisto uma lágrima escorrer em seu

rosto e ela desistir de dar tchau porque não consegue mais

ver eles. Marinne fica paralisada olhando para frente, não

para mim, respirando fundo.


— Senhora, você precisa sentar e colocar o cinto.

Marinne finalmente entendeu o que eu já tinha falado

e vira o corpo para frente, sentando-se na poltrona.

Deixo que ela se estabilize sozinha e acontece bem

rápido. Piscando os olhos, seca as lágrimas com o lenço que


dei mais cedo, afivela o cinto e ergue o queixo olhando para

mim.

Marinne nem se mexe e seus olhos se desviam de


mim.

Merda. Levanto-me para ficar na cadeira ao seu lado e

deixo meu corpo virado de frente para ela. Pego as suas

mãos e isso faz ela soltar um soluço. Eu nunca me importei

com o sentimento de ninguém. Não me importava, não me

interessava e não ligava nem mesmo dos meus irmãos, claro

que não tolero que eles sofram, mas seus olhos estão tristes

e causam um turbilhão de sensações dentro do meu peito.

— Você vai ver eles de novo. Não fica assim.

Marinne acena com a cabeça chorando copiosamente.

— Mesmo brigando com Travis, eu nunca fiquei sem

ele — murmura. — Eu nunca, em toda a minha vida desde

que eu era um bebê, fiquei longe do meu irmão e... — Faz

uma pausa procurando as palavras e porque está chorando

demais. — Travis é o meu pai, a minha família e eu vou

sentir muita falta dele. Na verdade, vou sentir falta de todos

eles.
Assinto escutando-a e estico minha mão para secar

seu rosto das lágrimas, que mesmo eu secando continua

manchando suas bochechas com maquiagem. Mas ela ainda

é adorável.

— Nós iremos ver eles, ou eles podem ir para Nova

York, quando quiser. Não precisa ficar desse jeito.

Ela parece acreditar nas minhas palavras, mesmo

chorando ainda. Esticando a mão, abro seu cinto.

— O que você está fazendo?

Não respondo. Desafivelo meu cinto também, levanto-


me e sem esforço tiro-a da sua poltrona sentando na mesma

e colocando-a no meu colo.

— Senhor, por favor, cada um sente-se na sua

poltrona.

Ergo meu rosto para a aeromoça e faço a minha

melhor cara de intimidador.

— Senhor não é recomendado que sentem os dois no

meu lugar — ela fala dessa vez com menos pressão.

Preciso admitir que ela tem coragem.

— Faz um favor e cala a boca. Nos deixe à sós agora.


Não preciso falar uma segunda vez. Ela sai com o

rabinho entre as pernas de cabeça baixa.

— Ela tem razão — Marinne murmura, mas acaba

deitando a cabeça no meu peito se aconchegando.

Passo os braços em volta dela, trazendo suas pernas

para cima e agarrando suas coxas.

— Você está triste e ela deveria respeitar isso.

Ela levanta a cabeça e olha para mim de testa

franzida como Madeleine não para de me encarar assim. Por

acaso tenho chifres do diabo ou o bigode do Hitler?

— Você está cuidando de mim? — Tem muita

insegurança na sua voz.

— É a minha obrigação não deixá-la sofrer.

Marinne dá uma risada baixa, beija meu rosto –

surpreendendo-me – e deita a cabeça no meu ombro de

novo.

— Obrigada por cuidar de mim então.

— Que você pare de chorar.


— Está bem — cochicha dando de ombros nos meus

braços.
— Eu falei que a levaria para casa, para viver comigo,

de cabeça erguida e não chorando.

Ela está levando para um lado que não deveria. Só

não quero chegar em Nova York com uma esposa chorosa e

parecendo absurdamente triste. Eu gosto mais dela forte,

determinada como apareceu na minha sala na quarta-feira,

me confrontando. Corajosa como quando abriu a porta do

seu quarto de hotel há quatro meses, do que uma mulher


que precisou se despedir do seu quarto por duas vezes e

chorou por cinto minutos no aeroporto e dentro do avião.


— Você não entende — fala depois de um tempo.

— O que eu não entendo?


Ela suspira e sua voz soa rouca e quente perto do meu

ouvido.
— Você não gosta de ninguém da sua família?

— Não é que eu não goste de ninguém da minha


família, apenas não me importo com nenhum deles a ponto

de chorar por ir viver longe deles.


— Mas você não está indo.
— Basicamente vive mais da metade da minha vida

na Itália. — Ela não precisa mesmo saber da última vez que


fui parar no porão do meu avô longe de casa, do meu
conforto e sendo torturado.

— Você não se importa com nenhum? Nem seus


irmãos?

— Certo, eu gosto dos meus irmãos, talvez não tanto


quanto você gosta dos seus.

— Por quê? — Ela fica em alerta e ergue a cabeça para


olhar meu rosto.
— Eu não sei — sou franco. — Leon é um pouco

irritante como Matteo. As vezes eu quero matar os dois, não


para valer, é claro.

— E suas irmãs?
— Minhas irmãs são muito pequenas e eu não convivo

muito com elas. Vejo-as quando meu pai me faz ir até sua
casa.

— Mm... — Faz um som julgador e estreita os olhos.


— Entenda, eu gosto do meu avô e da minha avó que

vivem na Itália. Tenho alguns primos também que tolero e


protejo meus irmãos. Só não sou sentimental.

— Meus irmãos também não são, mas garanto que


demonstram mais afeto do que você.
— Eu faço o possível e por exemplo, gosto mais da
minha família da Itália, tirando meus irmãos aqui.

— Deve ser porque estão longe.


Dou uma risada e Marinne sorri também. Ela ergue a

mão e mexe no meu cabelo.


— Você gosta do seu avô mesmo ele te torturando?

— Meu avô é minha inspiração. O respeito pela sua


história e a forma que organiza a ‘Ndrangheta.

Suas sobrancelhas se movem em surpresa.


— Isso você não tem em comum com Travis.

— É verdade?
— Não é que ele não goste de vovô, mas Vincenzo

Lozartan não é a melhor pessoa do mundo. Acho que é mal


do nome. — Ela ri e dá de ombros. — Eu não colocaria esse

nome nem em um cachorro.


Novamente ela me faz rir e sua risada se intensifica.
— Você gosta do meu humor ácido, não é?

— É bom para variar você ser espontânea até falando.


Gosto que seja tão diferente do que se espera de uma

mulher da máfia criada como você foi.


Suas bochechas ficam vermelhas e ela me surpreende

dando um beijo na minha boca.


— Obrigada.

Coloco a mão no seu pescoço e afago seu queixo. Ela


morde o lábio e os olhos ficam lascivos.

— Pelo que exatamente?


— Obrigada por cuidar de mim, me distrair e pelo
elogio.

Escorrendo os dedos para trás, agarro sua nuca e


trago sua boca para mim. Chupo seus lábios antes e retribui-

la dando outro beijo na sua boca, óbvio que sou mais


incisivo.

— Não seja por isso e eu só não quero que você chore


por algo que pode ser resolvido. Você não estará sozinha em

Nova York.
— Não vou?

Balanço a cabeça, minha mão nas suas costas apalpão


sua bunda e a outra dá um puxão de leve em seus cabelos.

— Você terá a mim.


Marinne arfa de boca aberta olhando para a minha

como estivesse hipnotizada. Olhos azuis sobem


vagarosamente passando por meu rosto e param nos meus

olhos e ela diz baixinho:


— E você a mim.

Porra.
Ela quer me deixar louco. Não sei se é um jogo para

ela essa constante tentativa de ser sexy e doce. Forte e


meiga. Safada e tímida. O que eu sei é que estou ficando

obcecado por essa mulher, o jeito que olha para mim com
tanto desejo.

É um risco, um perigo enorme o que ela faz eu


necessitar, e não estou necessariamente falando de trepar

com ela vinte e quatro horas. Eu quero escondê-la dos olhos


invejosos em cima dela, a começar pelo meu pai. Eu não

quero que nem em sonhos ele saiba como ela é.


Mordendo o lábio e baixando o olhar, ela solta um
suspiro, sua mão desliga pelo meu braço e sobe pelo meu

peito umas cinco vezes até parar no meu pescoço.


— Me acorde quando chegar em casa — sussurra e

deita a cabeça no meu ombro.


— Pode deixar — a seguro olhando para frente sem

piscar.
Chegar em casa. Eu estava contando com isso. Ela
assumir que está indo para casa. Para nossa casa, minha e

dela.

Minha ideia era chegarmos em Nova York num horário

para não ser tão escuro e Marinne ter a oportunidade de ver


um pouco melhor o apartamento, a cidade ela terá muitas

oportunidades de ver. Embora a sua nova residência


também, mas para uma primeira vez, eu queria que ela

entrasse em casa às luzes do dia.


Psicologicamente falando todo mundo se sente
melhor chegando num lugar novo, seja para morar,

conhecer ou passar um tempo de dia. À noite o clima é de


desespero. De dia, é um clima mais tranquilo.

Não é porque sou um assassino cruel que não tenho


sabedorias desse tipo. Na verdade, preciso ter a mente

astuciosa para conseguir manipular e driblar sentimentos


dos meus oponentes. Agora eu não quero manipular minha
esposa, quero apenas que ela se sinta bem e não me dá

uma nova crise de identidade encarando sua nova realidade.


Mas a apresentação do lençol, o almoço e a comitiva

no aeroporto para sua despedida, nos fez sair de Las Vegas


tarde demais e agora tudo que Marinne tem é a cidade toda

iluminada, muita buzina, uma ou duas sirenes de polícia e


outra de ambulância. A bela e caótica cacofonia de Nova

York. A cidade que não tem silêncio. Nada para nunca.


Dentro do carro ela não fala nada, parece cansada e

atenta. Ela respira devagar, as mãos em cima da saia do


vestido não param, passando uma unha dentro da outra. O

pé da perna que está em cima da outra sacode seu corpo


todo. Nem precisava ser um ótimo leitor de gestos como eu
sou para afirmar que ela está ansiosa.
Donato, meu outro “braço” na Darkness que está

dirigindo o carro, entra pela garagem do prédio e segue até


estacionar o carro na minha vaga.
Saio primeiro fechando meu paletó para os olhos
curiosos não verem meu coldre e deixo a porta aberta para

Marinne. Ela solta a respiração antes de pegar sua bolsa e


aceitar a minha mão e saltar do carro. Ergue-se na minha
frente e seus lábios tremulam num sorriso ansioso.

— Vamos? — digo colocando a mão atrás da sua


lombar e guiando-a sem muito esforço para dentro do
prédio.
Na recepção o ascensorista levanta-se da cadeira e
por pouco não é um completo imbecil e faz continência para

mim. Medo é uma desgraça.


— Boa noite, senhor D’Ângelo. Boa noite, senhora.
— Senhora D’Ângelo — o corrijo. — Essa é minha
esposa, Derek.

— Oh, sim. Parabéns pelo casamento, senhor.


Ignoro-o e passo com Marinne pelo lobby do prédio e
sigo para o elevador privado.
— Você já conhece o caminho — comento para aliviar

o clima. Ela está ansiosa demais.


Seus ombros se encolhem dentro do sobretudo preto
que vestiu ainda dentro do jatinho e ela abre um sutil sorriso
antes de entrar no elevador.

Definitivamente estar dentro de um lugar apertado


com ela muda o clima de fato, pois ter seu corpo mais perto,
embora todo coberto, seu cheiro – o perfume levemente
doce preenchendo o ambiente – e os movimentos metódicos

jogando os cabelos castanhos para trás, muda tudo.


Mas a experiência acaba quando as portas de aço
correm para lados oposto e meu apartamento nos saúda. Ela
sai primeiro, vou atrás acompanhando seus passos lentos.

— Você já esteve aqui, por que parece receosa?


— Daquela vez não era minha casa — comenta de
costas para mim ainda e olhando para todos os cantos. —
Naquele dia eu tinha uma missão, hoje eu... — Para e gira o

corpo de frente. — Hoje eu estou aqui para conhecer de


verdade e... a aprender.
Dou dois passos ficando mais perto.
— Aprender?
Ela assente de leve e seus olhos focam nas escadas

para o segundo andar, para as portas do elevador fechadas


atrás de mim e retornam para o meu rosto.
— Aprender onde tudo fica, onde eu fico e... — Morde
a boca e respira — a cuidar das coisas. Eu não sou uma

inútil, mas nunca cuidei de uma casa antes.


Corto a distância entre nós e coloco as mãos na sua

cintura. Ela se retrai, mas não se afasta. não entendo o


motivo, porém não comento.
— Você não precisa cuidar da casa. Tenho uma
empregada que faz isso e uma faxineira que limpa duas
vezes por semana. O que você precisa fazer é tudo que

quiser. Não penso em você como uma dona de casa


recatada e solicita, Marinne.
Ela ri, morde o lábio inferior e toca meu peito. Os
dedos longos e delicados deslizam e brincam com os botões

da minha roupa.
— Eu gosto de pintar.
— Pintar? — franzo a testa.
— Sim — responde abrindo um sorriso tímido e

genuíno. — Gosto de arte, museu e eu pinto. Fiz curso de


artes no internato e depois com uma professora particular
desde os meus dezesseis anos.
Assinto com a realização de descobrir algo sobre além

da bravura e que amo que eu chupe seus seios. Não dá para


viver a vida toda com uma pessoa e não saber coisas desse
tipo. Eu fui um babaca por não perguntar.
— E o que você quer fazer?

Os olhos de Marinne se ascendem.


— Eu adoraria fazer faculdade de artes, mas sei que é
perigoso demais, mas eu gostaria de aprimorar meus
desenhos com cursos simples. — Dá de ombros, tímida de

novo. — Ter um lugar para mim seria legal.


— Tem vários quartos nessa casa. Escolha um que
mais te agradar e organize um estúdio para você. Matteo
estará a sua disposição.

Ela morde a boca, a mania nervosa e se afasta


recuando uns passos. Olha para os lados e arfa com força.
— Queria... ir ao banheiro.
Aponto para o lado direito e falo:
— Tem um na segunda porta.

— Obrigada — murmura e some da minha frente


como um vulto.
Que merda foi essa?
O sinal do elevador apita no momento que estou

pegando meu celular. Viro-me e vejo Matteo com duas


malas e Ricardo com mais duas.
— Leve tudo para o quarto do Capo — Matteo manda e

o soldado imediatamente sobe as escadas com as malas que


já estavam nas suas mãos, e deve voltar para levar as de
Matteo, que comenta assim que estamos à sós. — Ela tem
muita bagagem.

Ele não sabe de nada. Marinne parece ter mais


bagagem emocional do que roupas para eu lhe dar.
— Onde ela está? — ele pergunta se aproximando.
— Foi no banheiro e essas malas são as coisas que ela

não quis que trouxéssemos antes.


— Eu sei e por isso estou falando que ela tem muita
coisa. Como vai caber tudo no mesmo quarto que você?
— Ela terá seu próprio quarto e não fode. Você não

precisa saber de tudo sobre mim. — Viro-lhe as costas e


caminho para a cozinha. — Para com esse papo idiota e
vamos aos negócios.
Passo a mão no cabelo vendo o elevador fechar e levar
Matteo embora e viro-me olhando para os cantos da minha
casa. Sala vazia, cozinha vazia, sem barulho no corredor do
quarto de hospedes e banheiro. Vou até meu escritório e o

encontro vazio também.


— Onde ela foi parar? — penso em voz alta querendo
saber onde Marinne se meteu.
Subo para o segundo andar e um instinto manda eu

entrar no quarto principal. Parada de braços cruzados sem o


sobretudo e o blazer, de vestido branco com alças finas, ela
olha pela janela panorâmica o lado de fora.
O tempo não parece ser aliado aos meus planos. Uma
chuva de vento transforma a visão da cidade sombria e

solitária para uma recém moradora de uma cidade pouco


convidativa quando você está com medo do novo. Que
merda.
— Está fugindo de mim? — pergunto me aproximando

dela lentamente.
Ela não se vira, mas sei que me ouviu porque seu
corpo denuncia pelo sobressalto. Esses sustos estão me
irritando, mas forçá-la a qualquer coisa não é a melhor
escolha. Ela precisa se adaptar e eu vou lhe dar o que não
costumo fazer para ninguém, paciência.
— Marinne? — Chamo-a de novo.
Assim que paro na sua frente, ela vira o rosto para

mim. Seus olhos brilham de emoção contida. Lágrimas que


não escaparam. Seu semblante muda rudemente de
pensativo para ansioso, a testa enrugando e alisando em
nanossegundo.

— Não — responde baixinho balançando a cabeça


freneticamente. — Eu... não estou fugindo, só...
Chego mais perto e ofereço minha mão, que ela
encara por longos segundos antes de aceitar. Puxo-a para

mim e ela vem, espalmando as mãos no peito.


— O que houve?
— Não sei o que fazer — responde e seu queixo treme,
pois está fazendo um grande esforço para não chorar.

— Sobre o quê?
— Estou longe de casa — sua resposta te um toque de
dúvida. Ela sabe que Las Vegas não é mais sua casa. Está
confusa talvez. — Não conheço você direito ainda... — A
respiração profunda corta sua voz. Ela limpa embaixo dos
olhos sem deixar de tocar meu corpo e murmura: — Eu só
não sei o que fazer, Amândio.
Seguro seu rosto, passando os polegares nas suas

maçãs e mantenho a voz apaziguadora.


— Eu não vou mudar com você. Não vou fazer nada
com você que não queira. Vou te proteger. Cuidar de você.
Não fica assustada, menina.
— Não sou uma menina.

A encaro e preciso concordar:


— Não, você não é uma menina. É uma mulher. A
minha mulher.
Isso a faz segurar a respiração e morder o lábio

inferior. Deixo minha mão cair para seu pescoço, deslizar


para sua nuca e num movimento bruto, bato minha boca na
sua.
Seus lábios aceitam os meus com a mesma vontade. E

seguro seu rosto, minha língua invadindo sua boca. Ela


estremece, mas logo seus braços estão envolta do meu
pescoço, seus peitos esfregando-se no meu corpo. Ela abre a
boca permitindo que eu chupe sua língua. Seu cheiro é

viciante. Minha mão nas suas costas desliza e encontro a


polpa da sua bunda, apertando e roçando minha ereção
latejante nela. O vestido dela me deixou com tesão, mas é
seu gosto que me tornou pronto para trepar.

Marinne geme enquanto nos beijamos e espero seu


corpo dar o sinal verde para avançar. Ela estava receosa
agora a pouco, não quero que pense que sou um tarado,
mesmo que seu corpo me torne um viciado em foder com

ela.
Seus dedos enfiam-se entre meus cabelos, apertando
e ela morde minha boca.
— Adoro como me beija — fala ofegante e chupa

minha língua.
Levando as duas mãos para a bainha do seu vestido
devagar, indicando o que vou fazer, não sou parado e assim
retiro a peça dos eu corpo. Ela engole em seco e avança em

mim, puxando minha camisa de linho preta. Eu tinha


trocado de roupa quando descemos para o almoço,
colocando minha roupa de trabalho padrão. Terno completo,
colete, coldre e camisa pretas. E ela parece que aprecia
sempre minhas escolhas de vestes.
Marinne joga a camisa para o lado e passa as unhas
no meu peito.

— Porra, amor — minha voz sai rouca.


Viro-a de costas, dou um tapa na sua bunda e ela grita
jogando a cabeça para trás. Cambaleando, seu corpo bate
contra o meu e ela coloca minha mão na sua barriga,
esfregando sua bunda na minha ereção estourando dentro

das calças.
Escorrego a mão para baixo e meus dedos encontram
a renda da sua calcinha branca. Sem esforço minha mão
entra na sua calcinha e encontro sua boceta quente. Ela não

está molhada como gosto.


— Quer que eu te chupe? — Digo no seu ouvido e
mordisco a o lóbulo.
Marinne vira o rosto até sua boca encontrar a minha,

beija minha boca, chupando e fazendo barulho.


— Quero. Eu sempre quero sua boca em mim.
Dou um leve peteleco no seu clitóris antes de retirar
minha mão de dentro da sua calcinha. Ela geme alto e fica

de frente para mim.


— Será que só seremos bons no sexo? — pergunta
passando as mãos no meu peitoral.

— Podemos conversar depois de trepar na nossa cama


se você quiser.
Ela morde o lábio para não abrir muito o sorriso.
— Conversar agora ou estrear a cama?

— Estrear a cama — responde apressada segurando a


fivela do meu cinto.
Apressado termino de tirar minhas roupas e as dela.
Ela morde os lábios, parecendo ansiosa. Agarro sua cintura e

jogo-a em cima da cama.


O colchão afunda quando apoio meus joelhos e fico
por cima do seu corpo. Círculo com um abraço sua cintura,
puxando-a para o meio da cama. Minha língua encontra a

sua molhada. Dou-lhe um beijo profundo e rápido ajeitando-


me no meio das suas coxas. Ela geme e arqueia a pélvis, se
esfregando e entrelaça as pernas na minha cintura.
Elevando o tronco deslizo a mão no meio dos seus
peitos e vejo seu corpo se arrepiar, os olhos fecharem e

escuto-a gemer alto.


— Amândio!
Belisco seus mamilos e massageio os seios. Marinne

abre a boca e passa a língua nos dentes, tão provocadora.


Baixo a cabeça e fecho os olhos com o bico do seu peito
duro na minha boca. Ela raspa as unhas nos meus ombros e
abre as pernas.
— Isso... Mais forte — murmura.

Dou uma chupada no seu mamilo latejando para


trepar. Não importa se seremos apenas bons no sexo, é bom
sermos bons. Eu sou bom no sexo, porra. E seu corpo me
pede isso.

Minha boca entreaberta desce por seu corpo,


lambendo e chupando sua pele até que meus ombros abrem
mais suas pernas. Dou um beijo firme nos lábios da sua
boceta como fossem sua boca antes de abocar seu clitóris e

perceber que dar atenção aos seus mamilos a deixaram


quase pronta.
O desejo explode dentro de mim ao dar prazer a
minha mulher e escutar finalmente Marinne se soltar,

gemendo alto e puxando as colchas para conter um pouco


seu furor, é hipnotizante.
Chupando sua doce boceta, minha mente viaja para

posições e ações que podemos fazer agora. Finalmente ela


está na minha cama, porra.
— Porra.... Amândio. Porra! — grita e tenta fechar as
pernas.

Eu agarro suas coxas e vejo-a se tornar selvagem,


possuída de desejo. Faço minha língua tremer sobre seu

clitóris e meto dentro dela. Eu nunca tinha chupado uma

mulher como fiz com ela, e na única fez que fiz, foi a única.
Agora eu quero chupar sua boceta por todos os motivos, é

gostoso e ela se rende.

Escuto Marinne gemer quando intensifico a sucção, e


sinto sua boceta contrair com força. Dou uma última

lambida e ela goza segurando seus cabelos e abrindo a


boca. Erguendo o corpo um pouco, fito seu rosto enquanto

esfrego seu clitóris, fazendo-a gemer de novo e mais forte.

Ela chama meu nome e rebola recebendo meu dedo.


Descubro quão sedosas suas coxas estão e quando acelero

dentro dela, sinto sua boceta apertar meus dedos até ela
gozar mais uma vez.
Beijando suas coxas, coloco-me no meio das suas

pernas, posiciono meu pau latejante no seu sexo encharcado

e entro de uma vez só, sem ao menos ter esperado ela


relaxar dos seus dois orgasmos.

— Amândio! Meu Deus! Meu Deus! — Ela arfa e as


mãos voam para o meu peito, arranhando. Me recebendo

com mais facilidade dessa vez.

Olho dentro das suas írises azuis, estocando para


dentro, indo bem fundo e sentindo-a minhas bolas baterem

na sua bunda. A boca aberta, os olhos levemente cerrados e


marejados, a respiração ofegante, suas mãos sobem e

descem em meu peito, em um afago bruto e ela tenta pegar

meu rosto, mas não alcança.


— Mais forte, Amândio.

Fodo com força, empurrando seu corpo para cima,

seguro sua cintura.


— Isso… Ah, meu… — ela perde a voz.

Vou fundo e fecho os olhos quando sinto sua boceta


me apertar como um punho fechado bem gostoso.

— Porra, Marinne. Faz de novo.


Ela se contraia mais uma vez e eu jogo a cabeça para
trás me deixando levar pela luxúria. Meus quadris vão para

frente e para trás. Seus gemidos são música para meus

ouvidos. Meu coração bombeia meu sangue ferozmente


enquanto a fodo como um bruto.

Eu não imaginei minha vida de casado, não idealizei

como lidaria com minha esposa. Caralho, eu nunca, antes da


bomba ser jogada em cima de mim – o noivado – pensei em

casamento, em uma mulher vivendo comigo todos os dias.


Sabia que eventualmente teria que ter uma para conceber

meu herdeiro que tomará meu lugar quando eu morrer.

A Famiglia exige isso desde que somos garotos. Essa


pressão é maculada em nossas cabeças desde pequenos.

Para mim desde os meus nove anos. A moral, é que o


questionamento de Marinne se nós só seremos bons no sexo,

gerou uma análise de conteúdo sobre conviver com ela.

É provável que nem ela saiba como devemos nos


comportar, como deveria ser um casamento saudável. Talvez

o que ela quer, seja o mesmo tipo de relacionamento que

Travis tem com sua esposa, que eu não sei afundo.


Admirando seu corpo suado, ouvindo seus gemidos e

sentindo sua boceta não melada me apertando, seu corpo

procurando o atrito certo para fazê-la gozar.


Nós sermos bons apenas no sexo não parece ruim,

mas quando olho em seus olhos, sei que para mim também
não será suficiente. Gosto da companhia dela.

Baixando meu corpo, meu corpo cobre o seu e meus

braços circulam-na com um aperto. Ela envolve as pernas na


minha cintura e sua boca entreaberta desliza

vagarosamente pelo meu pescoço. Mas eu ergo a cabeça

para visualizar seus olhos.


— Não é mau ser bom no sexo.

Isso é uma verdade crua. Seu corpo me faz querer


foder, gozar e continuar a estar dentro dela até a exaustão

como meu corpo precisa de adrenalina. Como meu ser

precisa de punir, ver sangue e a dor dos que cruzam meu


caminho sem permissão.

— Me fala que é ruim, principessa?

Marinne puxa o ar com força e engole sem seco.


— Não foi mesmo isso que eu quis dizer, Amândio.
Rude, eu beijo sua boca. Chupando e mordendo sua

língua, ouvindo gemer na minha boca e sentindo sua boceta


ficar mais melada quando soco até o fundo.

— Ótimo — digo através do beijo.


Marinne arfa, geme e suas mãos agarram minha

cabeça para eu não parar de beijá-la.

A verdade, é que ela gosta desse momento. Nele só


tem meu corpo sobre o dela, meu pau indo fundo e o seu

remexe embaixo de mim. Nossas respirações, nosso suor,

nossos gemidos e o desejo ardente. Ela pode não pensar


assim, mas ela é desde o início uma grata surpresa. Eu

gosto da minha esposa escolhida para mim.


Marinne geme e lambe meu suor do pescoço, sentindo

meu gosto misturado com o seu com certeza. Ela mordisca

minha orelha e corre as mãos pelas minhas costas até


apertar minha bunda, pedindo sem palavras para ir mais

fundo. Caralho, eu adoro que seu corpo deseja me sentir


todo.
— Já disse que adoro que sua boceta receba meu pau

inteiro dentro de você. — É uma pergunta retórica, é óbvio.


Marinne engole em seco e sorri maliciosamente

quando ondulo a pélvis. Gemo sentindo suas paredes

internas apertarem forte meu pau e suas coxas contraírem.


— É a melhor parte — sussurra dando um aperto na

minha bunda.

Caralho. Coloco as mãos embaixo do seu corpo, nos


encaixando e estou longe de estar satisfeito, do meu

orgasmo, mas quero que ela goze de novo e de novo, é por


isso soco e soco até o fundo.

— Ah, Amândio... — ela chama meu nome.

Chupo seu pescoço e mantenho o ritmo acelerado.


Marinne me deixa louco porque na cama nunca me rejeita,

nunca briga comigo, mas fora dela parece que vivo dando

um passo em falso. Estou acostumado com pessoas me


querendo por interesse, mas nunca pensei que ela fosse me

usar para gozar. Porra, pelo menos é isso que parece.


— Oh, meu Deus — geme alto e goza.

Beijo seus ombros e para apenas para saborear suas

paredes parecer massagear meu pênis e estar tão, mas


incrivelmente macia, quente e molhada. E basta eu
escorregar para trás e meter forte para urrar e gozar com

força.
Jogo meu peso em cima dela e Marinne tem seus

braços tremendo envolta do meu pescoço, as unhas se

arrastando pelo meu couro cabeludo. Beijo seu ombro e


apreciado a sensação estranha e indescritível que sinto

agora.

— Acho que você faz de propósito — a voz de Marinne


preenche o ambiente do quarto.

Acabamos de trepar em alto e bom som. Sua voz este

levemente rouca e mudamos de posição porque respirar é


preciso para viver.

Acho que nós estávamos guardando os sons para


quando poderíamos fazê-los sem receios de alguém ouvir.

Pelo menos os gemidos, gritos e pedidos dela deixaram

óbvio isso.
— Do que você está falando?
Ela geme porque passo a mão demoradamente sobre

suas costas de cima a baixo de novo e de novo. A pele dela é


uma delícia de passar a mão.

— Toda vez que eu estou nervosa ou estressada,

independente de ser com você ou não, você acaba me


desviando para... isso — pausa sorrindo e escondendo o

rosto dentro do travesseiro.

Estamos no meio da cama, ela deitada de barriga para


baixo e eu de bruços com a cabeça em cima do travesseiro,

o braço atrás da cabeça. Minha mão afaga suas costas e a


dela brinca com os pelos da minha panturrilha. Olhando

para esse cenário quase rio de ironia. Jamais tive isso com

nenhuma mulher que trepei.


— Isso você quer dizer: foder?

Ela assente sorrindo.

— Quando é que você vai parar de ter vergonha de


falar que nós fodemos, trepamos, transamos. — Dou um

tapa na sua bunda. — Praticamos coito?


Marinne solta uma gargalhada forte e vira de barriga

para cima na cama. Sentando, seu olhar é brilhante e


tranquilo. Um olhar reconfortante. Esticando o braço, puxo-a

para sentar em cima de mim. E ela aceita abrindo às pernas


e morde o lábio porque sua boceta raspa no meu pau

adormecido.

Ainda estamos sujos, e eu gosto de sentir ela melada


com a minha porra. Eu sou e não nego bem possessivo por

ela.
— É que eu não fui acostumada a falar muito palavrão

ou usar esse tipo de palavra, mas eu acho que uma hora eu

vou falar. Tudo é costume.


Isso incluo ela me receber todo com mais facilidade.

Sinto que seu corpo está se moldado ao meu e me deixa

obcecado pensar nisso.


Percorre com as pontas dos dedos sua lateral e a

barriga reta e macia.


— Não quero te forçar a nada. Se você não está

acostumada a falar assim, tudo bem, mas —, pego de jeito

sua cintura e trago para mais perto, suas mãos espalmando


no meu corpo, — chamar o que fazemos de coisa ou isso,

também não é muito favorável. Fazemos mais do que isso.


Ela ri assentindo de leve. Seus olhos focam nas
minhas tatuagens, as marcas de tiro ou facada. E se demora

na marca da ‘Ndrangheta. Seus olhos se estreitam sentindo

a queimadura na minha pele.


— Todos são marcados a ferro? — Indaga olhando nos

olhos.
Respiro fundo e eu acariciar a ponta do seu mamilo

não tira seu foco. Eu adoro como ela é forte. Essa mulher é

um perigo.
Mesmo odiando pensar nela sobre tortura, tenho

minhas dúvidas sobre ela aguentar firmemente um

interrogatório. Dependendo do que usarem com ela, aposto


minhas tripas que Marinne aguenta firme. Mas ela nunca

precisará provar isso.


— Não necessariamente — minha voz sai rouca. Ela

não desistiu de descobrir sobre essa merda.

— Então por que você foi?


Tiro meus olhos dos seus mamilos e foco em seus

olhos curiosos.
— Eu fiz uma coisa errada... e meu avô não gostou.
Suas sobrancelhas se elevam. Da outra vez ela

perguntou justamente isso. Se eu tinha feito algo para

merecer a marca. E agora a confissão a deixa apreensiva.


— Então a sua punição foi ter a marca dá ‘Ndrangheta

a ferro na sua pele?


— Ele queria que eu me lembrasse o que era mais

importante. — Não sei porque, mas responder isso parece

errado para ela.


Querer a mulher que foi dada para mim, escolhida

para mim, não tinha que ser errado. O problema que todos
eles queriam que ela fosse apenas uma boceta para mim e

uma troca de peças no jogo sujo da Famiglia. Porém Marinne

não pode ser ignorada ou usada.


Ela mantém os olhos na minha pele e dá um

sorrisinho afagando a tatuagem da cobra.

— O que foi? — Digo querendo saber o que se passa


na sua mente.

— Nada, é só que... — pausa e fixa os olhos nos meus


de volta, — eu queria fazer uma tatuagem.

— Você quer? — Minhas sobrancelhas sobem em

surpresa.
— Quero.
— Você sabe que doí, certo?

— Claro que sei — responde como fosse um insulto. —

Mas não pode ser nada que eu não suporte. Se fosse tão
tantas pessoas, e mulheres, não teriam espalhadas em seus

corpos.

— É verdade.
Ela assente com um ar presunçoso e morde o lábio

pegando minha mão para analisar o rabo da cobra.


— Você deixa eu fazer? — A voz é duvidosa.

— Hun... — Resmungo com a garganta e agarrando

sua cintura, jogo seu corpo no colchão e fico por cima.


Ela ri e enfia as unhas nos meus cabelos.

— Você deixa?
Dou um beijo na sua boca e respondo olhando-a nos

olhos para ver sua reação.

— Você não precisa me pedir permissão para fazer


uma tatuagem, principessa.

Seus lábios tremulam num sorriso contido.

— Mas eu pensei que...


— Eu não sou um troglodita que irá medir suas ações.

Policiar suas escolhas como fazer uma tatuagem ou usar

uma arma. Eu sei que você tem uma.


Marinne passa as pernas em volta dos meus quadris,

seus mamilos arrepiados esfregando-se no meu peito e seus


olhos focam nas mãos que deslizam por meus braços.

— Você é tão forte — comenta distraída. — E grande.

Você malha?
Cerro os olhos para sua curiosidade.

— Sim. Corro todos os dias, puxo ferro e gosto de lutar.

— Mm... — Geme e morde a pele de dentro da boca,


os olhos encontra os meus. — Você pode me levar com

você?
— Para academia?

— Eu gosto de me exercitar. Em Las Vegas eu tinha

até uma personal-trainer.


— Mulher, certo?

Ela dá uma risadinha.

— Sim, Travis não deixava os homens ficarem perto de


mim. Acho que tirando Paolo que ajudou a me criar e meus
irmãos, os dois únicos homens que ficavam por perto eram

Mario e Luca.
Luca, sei...

— Muito perto?
Marinne faz uma careta e balança a cabeça.

— Por que você detesta tanto assim o Luca?

— Ele não parece seguro. Não sei como Travis deixava


ele cuidar de você.

— Porque, como eu já disse, Luca é um cachorro louco

e muito bom de matar. — Algo passa em sua mente. — Ele


não hesitaria em acabar com quem tentasse algo contra a

mim.
— Mario era um fracote?

— Mario não é Luca. — Dá de ombros. — Travis sempre

queria o melhor para me manter segura.


E ele a casou com um homem como eu. Quão segura

ele pensou que ela ficaria. Talvez o plano de nós nos


conhecer antes era para medir minha afeição a sua

protegida e não correr o risco de eu machucá-la, já que a


conheceria e aprenderia a conviver com ela. Se foi uma
aposta, ele ganhou. Eu jamais vou ferir Marinne.
Morrendo o assunto, baixo a cabeça e beijo seu
pescoço. Marinne geme e arranha minhas costas.

— Quantas mulheres você teve antes de mim?


Caralho. Franzo a testa e levanto a cabeça.

— Quê?

— É só curiosidade — diz timidamente.


Saio de cima dela e me deito ao seu lado. Ela vira o

corpo para mim apoiando a cabeça na mão quando dobra o


braço sobre o colchão.

— Não sei por que, mas eu sabia que uma hora você ia

me fazer uma pergunta desse tipo. — Brinco com seu


mamilo, fazendo se arrepiar. — Mas não é algo que você

tenha que se preocupar.

Ela não parece convencida.


— Você teve alguma namorada?

Quase rio com essa. Eu? Namorada? Que merda.


— Não — respondo secamente. — Eu nunca tive uma

namorada. Todas as mulheres que eu trepei foi passagens

de uma noite. Só tive alguns encontros com duas mais de


uma vez pelo menos.
— Então... você ficou... com duas mulheres... mais de

uma vez? — Ela pergunta pausadamente parecendo até


mesmo receosa de fazer a pergunta.

— Sim, teve duas que fodi mais de uma vez, mas não

foi nada específico.


— Por que você quis voltar para ver elas?

— Ah, merda.
Deixo meu corpo cair no colchão e olho para o teto

encontrando uma boa razão do porquê eu transei mais de

uma vez com essas duas mulheres em específico. E não


encontro nada a não ser que elas eram muito boas no que

me interessava: chupavam bem e gostavam que eu as


amarrasse e batesse.

— Acho que foi por costume.

— Costume? — Sua voz é confusa e um pouco irritada.


Viro o rosto para ela e explico:

— Quero dizer que foi uma escolha fácil. Elas duas

queriam, estavam disponíveis e eu já conhecia as


procedências de quem elas eram, então não tive que

procurar.
Marinne continua curiosa e receosa. Soltando o ar pela
boca, tento ser mais direto.

— Geralmente eu tinha que ir em um puteiro ou num


bordel da Famiglia. E elas duas sempre estavam mais

solicitas, e na verdade, elas gostavam muito do jeito que eu

fodia. Esse foi o motivo.


A cara que ela faz não é de alguém que gostou de

ouvir isso, mas porra a culpa é dela mesmo. Eu nunca iria

tocar nesse assunto se ela não tivesse tocado primeiro e eu


sou muito franco.

— Não faz essa cara, Marinne. Foi você quem tocou no


assunto e lembre-se, que você mesma disse que não gosta

de mentiras.

— Eu não estou fazendo cara nenhuma — ela


responde de cara amarrada, mesmo que ela não perceba e

sai da cama pegando a minha camisa e vestindo.

Ela fica linda com todas as roupas que veste e mais


ainda quando está pelada, mas o meu lado possessivo

aprecia mais do que deveria quando ela veste uma das


minhas camisas. Fica bem no seu corpo. Só não fica bem

quando ela está irritada e entra no banheiro.


Bem que vovó disse que eu precisaria aprender a lidar

com minha esposa. Ela deve ser alguma vidente do caralho.


E de um lado eu fico satisfeito. Não tem como eu não

ficar aliviado da minha esposa – de um compromisso

arranjado – sentir possessão sobre mim, porque afinal de


contas, eu também sinto o mesmo por ela.

Porém, espero que o ciúme dela não seja exagerado. E

novamente, eu não sou ninguém para falar. A morte do meu


pai já está encomendada com o diabo por tocar minha

mulher. A primeira coisa que irei fazer é arrancar suas mãos.


Levantando-me da cama e vou até o armário para

procurar uma calça de flanela e vestir. Depois caminho até o

banheiro. Ela aprendeu rápido a se virar por aqui. Menos um


problema. E fora que fiquei satisfeito dela não correr para o

seu quarto.
Marinne é esperta demais para ter instruções básicas

e eu detestaria que ela ficasse de frescura pensando que a

casa não é dela, porque caralhos é dela.


— Estou descendo para fazer o jantar ou se você

quiser, posso pedir algo para você.


Ela não responde e eu abro a porta, que ela não
trancou, menos mau.

Curvo o canto da boca com a visão deliciosa dela

tomando banho. Esfregando os peitos apetitosos e a sua


bunda redondinha. Facilmente eu fico com o pau duro, mas

eu tenho que dar um pouco de descanso para ela, e para


mim também.

Nunca transei em tão pouco tempo tantas vezes

seguida. Talvez pare em algum momento. Todo mundo diz


que recém-casados é assim mesmo. Eu não tenho com o

que comparar.

Sendo honesto, a minha vontade é não parar de trepar


com ela. Só paro mesmo porque preciso recuperar o fôlego e

nesse momento estou morrendo de fome, a última vez que


eu comi, nós comemos, tem quase nove horas.

— Marinne?

Ela para de se esfregar e presta atenção.


— Estou descendo para pedir o jantar ou fazer.

Ela vira o corpo de frente para mim, passa a mão no


vidro do boxe limpando e sorri olhando para mim dos pés a

cabeça. É isso que eu estou falando. Possessividade.


— Quer algo específico ou eu posso pedir para você?

— Não. Seja lá o que você vai fazer ou pedir, eu vou

comer. Não sou fresca.


— Tudo bem. Vou te esperar lá embaixo.

Ela sorri assentindo e eu fecho a porta do banheiro.


Descendo as escadas, um pensamento louco passa

pela minha cabeça sobre ela dizer que não é fresca. Quero

testar até quanto. Vou propor os meus atos sexuais mais


hediondos e ver se topa.

Se ela pensou que aquelas palmadas no sofá foram o


meu limite, ela mal espera por esperar. E se ela não gostar,

vou ser obrigado a aceitar. Mas não antes de lhe mostrar

como pode ser gostoso.


19

Desço as escadas para encontrar Amândio e paro de

repente quando olho para ele na cozinha parecendo falar


sozinho. Ele ainda está só com a calça preta de dormir que

deixa seu pênis bem avantajado.


Será que eu estou ficando doente por ver ele seminu e

precisar pressionar as pernas por literalmente arder de

desejo?
Decidida, entro na área da cozinha e Amândio sente

logo a minha presença e se vira para mim. Seus olhos

digitalizam meu corpo dos pés a cabeça.


Vesti uma camisola preta, longa e de manga. O tecido

de algodão como o robe que coloquei.


— Parece que conseguiu encontrar as suas coisas —

ele comenta antes de virar as costas e voltar a mexer na

panela.

Assinto e me aproximo, sentando em uma das

banquetas e achando surpreendente que ele saiba cozinhar.


De fome nós não morreremos porque eu também sei fazer

uma ou outra coisa.

Me sentindo corajosa, e levemente abusada, abri as

portas do guarda-roupas do quarto que estávamos e

encontrei minhas roupas lá, mas não todas. Curiosa e


preocupada para dizer a verdade, entrei em dois quartos

antes de encontrar as malas que vieram hoje comigo num

quarto feminino demais.

— Eu vou ter um quarto e você outro? — pergunto

quando ele coloca dois pratos em cima do balcão, um na

minha frente.

— Não necessariamente.
Franzo a testa para ele, que se afasta. Pegando uma

garrafa de vinho no canto do armário da bela cozinha de

madeira escura e inox, duas taças, vem se sentar ao meu

lado.
— Você gosta de vinho?

— Sim — responde.

— Mesmo? — retruca instigado.

Reviro os olhos e dou de ombros.

— Não é a minha bebida favorita do mundo, mas tomo

uma vez ou outra.


Acho que antes eu não tomava porque todos ainda me

viam como criança, mas agora eu sou uma mulher casada.

Mesmo assim, dando o primeiro gole no vinho tinto, reafirmo

que gosto e não é minha bebida favorita do mundo.

Amândio precisa encher mais um pouco a sua taça

após um longo gole e enrola o macarrão com maestria no

garfo antes de abocanhá-lo.

Não me movo. Assisto-o mastigar, pegar mais um

pouco e tomar outro gole.

— Você não vai comer? Ou macarrão à bolonhesa


também não é sua comida favorita?

Dou uma risada e como uma garfada.

— Satisfeito agora?

— Mais ou menos — responde sério e come mais uma

garfada. — E não.
Viro a cabeça e franzo a testa para ele.

— O quê?

— Você não dormirá em um quarto separado —


Amândio fala me encarando.

— Então por que tem aquele quarto com as minhas

coisas e a minha cara?

— Você tem muita coisa e de qualquer forma, pensei

que gostaria de ter um espaço seu.

— Pode ser, mas por que a cama?

Sua boca se curva de leve.

— Podemos foder nela também às vezes. É só uma

cama.

Borboletas idiotas me fazem rir e eu assinto.

— Ah... eu só... estava pensando que não seria legal

dormimos em quartos separados se... quisermos ter um

casamento sólido. — Dou de ombros e sem querer

pensamentos intrusos invadem minha mente. — A não ser

que você queira manter distância e ter sua privacidade. Não

é um casamento comum de qualquer jeito.

— O que seria um casamento comum? — Pergunta


quase que por cima da minha voz.
— Você sabe, quando um homem e uma mulher se

apaixonam e decidem se casar. Ou não necessariamente se

apaixonam, mas eles decidem se casar. Eles se conhecem e

eles mesmos querem se casar.

Largando o garfo em cima do prato vazio, Amândio

vira o corpo de frente para o meu e os olhos estão

prateados, calculistas.

— Eu não conheço você há dois dias, que é o tempo

que estamos casados — o jeito que fala isso parece irritado.

— Embora tenha sido um casamento arranjado para nós


dois. Nós não somos como todos os casais que tiveram o

mesmo processo. Nós nos conhecemos há quatro anos, pelo

menos visualmente.

Sorrio concordando com um aceno sutil.

— Então, eu não acho que nós sejamos iguais aos

outros casais da Famiglia, Marinne. — Ele quer que seja isso.

É estranho perceber isso. Ele quer de verdade que não

sejamos como os outros. Por quê?

Amândio respira fundo, sua mão pega uma mecha do

meu cabelo e continua:


— E sobre manter a distância ou a minha privacidade

— ironiza, — se eu quisesse isso não teria aceitado me casar.

O quarto é apenas para você ter um espaço seu. Se quiser

tirar a cama, nós tiramos. Não vamos criar um problema

sobre isso.

— É... — Sussurro assentindo freneticamente. — Sim

e... e eu acho que você não está entendendo.

— Então me explica.

Merda. Como é que eu posso explicar para ele, que

um dos livros que eu li de romance o cara que não queria

dormir com a garota, que supostamente estava num

relacionamento com ele, era um sádico que só queria

transar com ela e fez um quarto todo bonito para ela se

sentir mais ou menos em casa.

Tudo bem que não é o mesmo cenário aqui, pois o

Christian Grey e a Anastácia não eram casados ou foram

forçados a se casarem. Mas quando eu vi o quarto todo

bonito para mim e minhas coisas dentro dele depois de ter o


primeiro sexo no quarto que eu pensei que fosse o nosso,

imediatamente me senti mal.

Dou de ombros e confesso:


— Eu gosto de acordar com você — falo o que parece

plausível e menos idiota, talvez. — E-eu acho que... para a

gente se conectar mais e termos um dia... talvez, um

casamento mais real. — Gaguejo e reformulo a frase: —

Quero dizer... Eu não quero dizer que não é real. Eu só...

quero dizer que...

Amândio fica de pé, faz a cadeira que é giratória virar

para ele, abre as minhas pernas e colocando-se entre elas


segurando o meu rosto com as duas mãos.

— Acho que estou entendendo o que você quer dizer e


para mim também desde aquela noite no hotel, quero

dormir com você na minha casa. Agora, sua casa.


Uau. Fico sem palavras.

— E imaginar me casar com você e ter um quarto


separado ou só te ver quando a gente trepar. Não! Não

quero você só para isso.


— Não? — murmuro como uma idiota.

— Não.
— Tudo bem, então.
— Agora, para de pensar o que você está tentando

adivinhar.
Solto uma risadinha.
— Travis sempre me ensinou que não custa perguntar.

— Claro que não, mas a sua dúvida não deveria existir.


— Por que está dizendo isso?

Amândio leva um tempo me encarando antes de falar:


— Desde a primeira vez que a gente ficou juntos, eu

fico com você. Faço questão de dormir com você.


— Eu sei.
Ele me beija, mordendo meu lábio.

— Eu teria dormido com você os dois dias anteriores


ao nosso casamento se não fosse pelo seu irmão. Mas não

quero ficar tocando nesse assunto. Nós já brigamos muito


por ele, já brigamos muito por todos os motivos que não

precisava estar entre nós.


— Concordo.

— Ótimo. Agora esse casamento não diz respeito a


ninguém. Se quisermos dormir no meio da sala, vamos

dormir. Se quisermos dormir no quarto que sempre foi meu


e agora é o seu, vamos ficar lá ou se acharmos que seria

legal dormir no terraço, na piscina, na sauna ou no meio da


cozinha, a gente vai fazer e tudo bem.
Rio e gosto como a sua barba arranha a palma da
minha mão quando toco seu rosto.

— Eu quero conhecer você — confesso e desvio o olhar


para minha mão que desce e acaricia seu peito. — Eu quero

ficar com você. — Encaro-o. — Eu... gosto de ficar com você


e só tenho você aqui.

Seus olhos se tornam negros.


Amândio me agarra, colocando no seu colo e eu

envolvo seu corpo com minhas pernas e braços. Sou levada


para o andar de cima e dou uma risada quando vejo que

estamos no meu quarto. Ele me joga em cima da cama


imaculada de lençóis brancos e cheirando a novo.

Em cima de mim, me dá um beijo rude e rápido.


— Acho que precisamos colocar um ponto na sua

cabeça, minha esposa.


Meu coração acelera e sinto o mesmo prelúdio de
algo, que não sei o que é, igual quando ele entrou no meu

quarto e eu resolvi que me entregaria a ele. Agora quando


ele me beija, eu só quero que a gente seja feliz.

Não escolhemos esse casamento, mas aceitamos e


desejamos ardentemente um ao outro. E eu sei que é
perigoso, mas não consigo me afastar. Até mesmo se esse

quarto fosse o meu quarto, eu correria para o dele todas as


noites.

— Minha — ele sussurra no meu ouvido quando lambe


meu pescoço e me penetra lentamente. Seu corpo

obrigando minhas pernas a se abrirem mais.


Fecho os olhos aproveitando suas investidas suaves,
as mãos deslizando pelo meu corpo numa lentidão que pode

me manter refém. Amândio gira nossos corpos, me deixando


por cima. Eu dou um gritinho e olho seu rosto.

— Se mexa, principessa — ordena dando uma


estocada para cima.

Mordendo o lábio inferior, jogo a cabeça para trás e


me entrego totalmente as sensações.

Mãos no seu peito, meus quadris movendo-se


lentamente, sentindo seu pau massagear meu interior e as

mãos dele nas minhas coxas e cintura.


— Minha — ele repete.

Olho para baixo, meu cabelo formando o véu


castanho. Deslizando as mãos para cima da sua cabeça,

desço meu corpo e adoro quando seus braços enormes me


envolvem. As mãos afagando minhas costas, sua língua

raspando meu bico do peito, e lambendo minha pele até


tocar minha boca quando meu corpo está colado ao seu.

— Sua — balbucio na sua boca e sorrio.

É estranho acordar sorrindo. E tipo, antes de abrir os


olhos?! Porque eu acabei de fazer isso.

Sinto o corpo de Amândio deitado do meu lado na


cama. Ainda estou no meu quarto e virando de barriga para

cima, olho para o meu marido dormindo.


Amândio está de barriga para cima, o braço esquerdo

embaixo da cabeça e a outra mão estica para o meu lado.


Ele estava me tocando antes de eu me mexer. Seu rosto está
virado para mim. Esticando a mão tiro o cabelo da frente do

seu rosto.
Que homem bonito, porra.
— Oh meu Deus — sussurro e me levanto da cama
devagar. Ele não dorme muito e para mim é um prazer vê-lo

assim.
Vou no banheiro e já que estou aqui, tomo um banho.
E me secando fito meu corpo. Tenho umas marcas de dente

no ombro, mãos na cintura e um chapão roxo no peito


direito.

Minha barriga está doendo tanto quanto minhas


coxas. Parece que me exercitei muito esses dias. Bem, eu fiz,

mas não na academia. E indo fazer xixi de novo, uma


realização passa na minha cabeça. Eu preciso ir em uma

ginecologista.
Não lembro o filme exato, porque vejo muitos, mas

uma vez escutei que excesso de sexo pode causar infecção.


E eu já fiz umas...

Na quarta-feira quando confrontei Amândio três


vezes. Na noite de núpcias duas vezes, quando acordei no

dia seguinte uma e mais duas vezes em Nova York. Ou seja,


ontem fiz três vezes.

Acho que isso é muito. Pelo menos para minha


experiencia é. Será que Amândio era assim? Então como
não tinha uma mulher fixa?
— Certo, vou parar com esse pensamento agora. —

Balanço a cabeça e me critico enrolando a toalha no corpo.


Saio do banheiro, entro no closet majestoso 3 por 4.

Ele é uns bons centímetros maior que o meu, mas coberto


de espelhos e espaços como o meu antigo. Não quero ser

uma iludida, no entanto, parece que foi projetado para ser


realmente parecido com o meu antigo. Será?!
Colocando uma calça jeans escura e uma camisa
branca de algodão de manga comprida, por cima de uma

lingerie de renda marrom. Escovo meus cabelos, que não


lavei, coloco uma maquiagem leve e calço um tênis branco

social.
Não sei se Amândio vai sair para trabalhar. Meus
planos é ir conhecer algum lugar hoje. Nem que seja a
padaria mais perto e com certeza uma loja que venda tudo

para fazer meu cantinho de pintura. Eu não vou enlouquecer


sem fazer nada.
Quando volto para o quarto, ele está de pé e pelado.
Mordo a boca vendo seu pau ereto e sinto um frio na barriga
quando caminha para mim. Pega meu rosto entre as mãos,
beija minha boca.

— Você pretende sair? — pergunta em seguida, sem


se afastar.
— Queria conhecer um pouco a cidade. Qualquer
coisa.
— Matteo pode levar você — responde passando por

mim e entrando no banheiro.


— Você vai trabalhar hoje? — Não era para minha voz
sair tão melodramática.
Ele faz xixi no vazo, me deixando de queixo caído

quando não suja nada e dá descarga. Ele pode ser civilizado.


E droga, lava as mãos.
— Tenho uns assuntos para resolver e meu pai
mandou mensagem ontem. Ele quer me ver.

Impossível eu não sentir o estômago revirar com a


menção de Giovanni.
Amândio caminha para mim, me dá um beijo nos
lábios e sai do meu quarto entrando no seu e seguindo para

o banheiro. Eu vou atrás.


— Você vai precisar de mim? — indaga.
Confesso que preferia conhecer a cidade na sua
companhia, desse jeito ficaríamos juntos e nos conhecendo,

mas sei das suas responsabilidades e não sou uma garota


boba.
— Não. Está tudo bem ficar com Matteo.
— Talvez seja o Donato — comunica antes de entrar

no box.
— Donato?
— Ele será seu guarda-costas. — Liga o chuveiro e
entrar debaixo d'água.

— E Matteo é o que então? — Quero saber me


sentindo perdida.
— Seu fiel escravo — brinca.
Dou uma risada e me apoio na pia do banheiro
assistindo-o tomar banho. Agora entendi o olhar que ele me

deu ontem. É bom de ver isso.


Amândio me dá umas olhas enquanto se esfrega e
depois ensaboa seu pau e as bolas, me dando ideias que
não dá para ser agora. Ele lava o cabelo, que acabo de

descobrir que passa xampu. Por isso ele é tão cheiroso.


Não demora muito, está desligando a ducha e saindo.
— Você poderia ter tomado banho comigo e não só

assistido — fala pegando a tolha e passando no corpo.


— Eu não quis te acordar. — Dou de ombro.
Sorrio quando ele toca meu rosto saindo do banheiro
com a tolha enrolada nos quadris.
Como o banheiro é aberto para o closet, todo de

madeira escura e vidro, ele apenas caminha e para em uma


das gavetas. E eu vou atrás curiosa para vê-lo se vestir, vê-lo
no seu íntimo.
Roo a ponta da unha admirando-o descontraído. Me

apoio no batente que divide os dois ambientes e contemplo


mais um pouco o closet.
Provavelmente por ter noventa e nove por cento de
roupas pretas, ele mandou colocar vidro – no meu são portas

de espelhos – nas partes onde ficam os ternos, camisas e


paletós. As gavetas só são de um lado e o outro lado a parte
debaixo são prateleiras para os sapatos brilhantes e limpos.
Têm sapatos meus também e uns três bolsas.

Tudo é metódico e organizado. Mordo o lábio amando


esse closet. Temos algo extremamente incomum.
Amândio abre uma gaveta e pega uma cueca falando:
— Você podia ter me acordado.

— Dá próxima eu penso nisso — comento vendo-o


soltar a tolha e vestir uma cueca.
Olhando para um puff no meio do closet tão grande
quanto o meu, sento-me nele e reparo que ele deixou as

minhas coisas no mesmo lado das suas. Na verdade, as


nossas roupas estão quase que dívidas em classe. Vestidos
longos e smoking. Roupas sociais e para passeios de dia, no
caso ficam com os ternos e paletós. E a área de frio, casacos

e sobretudos.
— Quem organizou as roupas?
Amândio veste uma calça social preta e um cinto de
couro preto, a fivela dourada. E caminha para outra parte do
armário.

— Mandei uma mulher vir fazer — responde distraído


vestindo uma camisa de manga comprida fina. — Ela
trabalho com isso.
Paro de pensar sobre o guarda-roupas quando me dou

conta do que é feita a camisa que ele acabou de colocar.


Curiosa, caminho até ele. Amândio franze a testa
virando-se para mim e fica mais confuso quando toco a
camisa com as pontas dos dedos como o tecido fosse me dar

um choque.
— Isso é uma camisa protetora? — sussurro.
Travis e Colen usam muito dessas camisas. Elas são a
prova de balas numa certa distância apenas. Se o tiro for

perto demais ou for uma facada, não vai resolver muito.


— É — ele responde neutro.
— U-hum — murmuro e engulo em seco, meus dedos
ainda passando em sua camisa. Sempre tive vontade de ver

como ela fica no corpo, sentir o tecido. É gelado e áspero por


fora. Nunca senti um tecido assim.
Meu coração acelera e minha garganta fecha quando
meus olhos sobem pelo pescoço dele e encontram seu olhar.

Um desespero me atinge quando a noção de que


todos os dias que ele for trabalhar corre perigo.
Todo mundo corre perigo ao sair de casa, mas ele é o
perigo e caça o perigo. Amândio é a escuridão e muitos
gostariam de eliminá-lo.
Lembro das suas palavras que não apenas as
organizações inimigas o querem morte, mas como seus
primos, tios e até o pai.
Noto que estou segurando a respiração e apalpando a
camisa nas pontas dos dedos, tento não permitir que ele
perceba. O que é em vão. Amândio pode ler nossas almas se
olhar por muito tempo para nós.

— Marinne? — Ele chama e segura meus punhos, mas


não afasta minhas mãos do seu peito.
Trêmula, levanto os olhos para ele.
— Mesmo que você ganhe um tiro, vai doer, não é?

Porque essa camisa protege, mas não é um colete. Não


significa que um tiro não vai te matar ou machucar de
verdade.
Ele deixa que eu fale, que eu surte. Sua mão desliza
para o meu rosto e afaga a maçã do meu rosto.

— Olha para mim — ele pede com a voz tranquila.


Deixo de fitar minha mão com a aliança sobre seu
peito, bem simbólico por sinal, e encaro seus olhos.
— Eu sei me cuidar. Não vai acontecer nada. Eu uso

essa camisa porque é melhor eu estar preparado, mas não


necessariamente eu tenho tiroteios e lutas corpo a corpo
para lidar.
Assinto e respiro fundo.
— Às vezes eu esqueço tudo o que nós somos —
confesso a ele. — E por mais que eu saiba que é uma camisa
a provar de bala, que você é forte e que talvez eu não
devesse me sentir assim porque eu nasci nesse mundo

sombrio... Porque todos nós merecemos a morte mais


dolorosa. Eu não quero que algo aconteça com você.
Ele fica calado me encarando e suas mãos me puxam
para si como garras na minha cintura.

— Não se preocupe comigo — diz baixo, a boca perto


da minha.
Movo minhas mãos do seu peito, entrelaçando os
dedos na sua nuca e vou fechando os olhos conforme ergo o

rosto e nossos lábios vão se tocando.


Amândio perde a paciência, uma mão deixa sobre
minha bunda e a outra no meio das minhas costas e sua
língua invade minha boca furiosamente.

Solto um gemido e sinto meu coração martelar dentro


do peito. Faço meus braços se acomodarem no seu pescoço,
quase abraçando sua cabeça, meus seios pressionando seu
peitoral e fico na ponta dos pés para o ter mais e mais perto.
Droga de tênis que não te salto.
Os braços fortes dele me envolvendo com força tão
quentes e rígidos, me puxando. Abro a boca para conseguir
respirar e Amândio afasta a cabeça. Seus olhos estão

prateados como de um vampiro nesses filmes insanos que


eu gosto.
Ele deixa a boca aberta, mas não fala nada. E as mãos
afrouxam o aperto e só percebo que meus pés estão fora do
chão quando cambaleio porque ele me solta.

Sorrio sem graça colocando o cabelo atrás da orelha.


Ele pisca rápido me olhando e me dá as costas
falando:
— Donato está vindo com Matteo para você o

conhecê-lo melhor.
Tento não demonstrar a mudança de assunto e a
frieza na sua voz, concordando com um aceno.
— Tudo bem.

Amândio volta a se vestir e eu não fico para ver.


No corredor dos quartos balanço a cabeça sem
entender nada. De repente um beijo que me deixa sem
fôlego e em seguida me afasta.
20

— Mesmo que você ganhe um tiro, vai doer, não é? —

A voz dela é vacilante. — Porque essa camisa protege, mas


não é um colete. Não significa que um tiro não vai te matar

ou machucar de verdade.
Não sei como lidar com ela questionando algo que

para mim é corriqueiro. Sua preocupação é novidade para

mim.

Não quero ser um babaca, porém nunca lidei com


isso. Leon e Matteo querem saber sobre como estou depois

de eventuais lutas porque não posso cair. Não posso estar

fraco. Mas Marinne não parece se questionar por isso.

— Olha para mim.


Ela ergue o rosto e eu tento ler seus olhos. Tento

entender sua mente agora.

— Eu sei me cuidar — afirmo para ela. — Não vai

acontecer nada. Eu uso essa camisa porque é melhor eu

estar preparado, mas não necessariamente eu tenho


tiroteios e lutas corpo a corpo para lidar.

Ela toma uma respiração profunda, o rosto se

contorcendo entre agonia e confusão. Creio que até ela está

confusão com seu surto por conta dessa camisa.

— Às vezes eu esqueço tudo o que nós somos.


Ela quer dizer: assassinos e criminosos. É fácil para ela

esquecer quem sou, mas para mim nunca. Está sob a minha

pele a Darkness. Eu não sou apenas parte dela, eu sou a

escuridão. A escuridão de muitos homens e mulheres.

— ... e que talvez eu não devesse me sentir assim

porque eu nasci nesse mundo sombrio... — Pausa desviando

o olhar para sua mão no meu peito. — Porque todos nós


merecemos a morte mais dolorosa. Eu não quero que algo

aconteça com você.

Tudo que diz respeito a Marinne sempre me deixou

com diversos pensamentos. Seus olhos, suas respostas


afiadas, o jeito que nunca tremeu na minha presença e até o

fato de não temer os Executores de Travis.

E agora ela está mostrando preocupação comigo.

Quem tem que cuidar de alguém aqui, sou eu. Mantê-la

segura é minha obrigação.

Puxo seu corpo para mim, batendo minha boca na sua


para ela parar de pensar nos perigos que me rondam.

— Não se preocupe comigo — digo baixo com minha

boca na sua.

Os olhos dela estão acesos, as pupilas dilatadas e

brilhantes. As mãos percorrem meus ombros e fixam atrás

do meu pescoço. Minha altura a torna pequena nos meus

braços. Envolvo-a toda, mãos nas costas e quando tomo sua

boca num beijo impaciente, puxo-a mais para mim com as

mãos como colchas na sua bunda. Ela geme e chupa minha

língua.
Não tão secretamente eu quis uma esposa que não

fosse inocente para o mundo que nascemos. Paciência não é

meu forte e lidar com mulheres medrosas não ia dar certo.

Marinne sempre foi além do que eu idealizei. Além do

que eu acho que Bella é, e ela sabe das funções de cada um


e respeita os cargos. É muito inteligente e parece treinada

como um soldado. Eu a acho impressionante.

Contudo, sua mente é um perigo para si. Um perigo


para mim porque nunca irei algemar sua boca, mas irei

silenciar todos que tentarem ameaçá-la ou fazer algum tipo

de crítica punitiva.

Talvez a única forma que eu irei calar sua boca, parar

sua mente, é beijando-a e mudando de assunto como agora.

Eu gosto de saborear seus lábios, ouvir seus gemidos

e sentir suas unhas cravando em minha pele, mas nesse

momento meu furor é para silenciar sua preocupação tola.

Merda. Nunca ninguém se preocupou comigo assim e é...

estranho.

Meus pulmões exigem oxigênio e eu paro de beijá-la,

num primeiro momento fico olhando, querendo entendê-la e

depois a solto. Ela perde o equilíbrio, mas rapidamente se

recupera e me dá um sorriso envergonhado.

Querendo sumir com sua imagem jovial e doce

demais, o calor dos seus olhos, dou-lhe as costas e caminho

para pegar um camisa social.


— Donato está vindo com Matteo para você o

conhecê-lo melhor — comunico olhando-a pelo vidro da

porta do closet.

Ela está mordendo a boca do jeito faz quando está

nervosa, só a pontinha. No entanto, a testa franzia entrega

sua confusão e um pouco de frustração. Ela está quase

desnorteada com minha abrupta distância.

Se costume, principessa. Vai ser melhor assim.

Eu a quero. Desesperadamente eu a quero o tempo

todo, mas não além do que é seguro. Afeição é uma coisa.


Apego é outra. Sentimentos muito profundos causam

grandes estragos.

— Tudo bem. — Ela fala de cabeça baixa e sem pensar

uma segunda vez sai do closet.

Ando para a porta e vejo-a saindo do quarto

balançando a cabeça e resmungando.

— Merda — vocifero voltando para o closet. — Uma

hora ela entende.

E meus pensamentos são interrompidos quando meu

celular toca em cima da cabeceira. O abandonei ontem


depois de trepar com Marinne assim que chegamos. Ela

consegue me tirar o foco facilmente.

Pego-o e atendo sem ver quem é:

— Você não ligou para informar que chegaram. — A


voz emputecida de Travis só piora a manhã.

— Estivemos ocupados. — Acho que não preciso

aprofundar o assunto e creio que ele já entendeu que a irmã

dele adora foder comigo, senão não teria feito antes.

— Marinne está por perto? Quero falar com ela. — Ele


não sede de jeito nenhum.

Que cara insuportável.

— Ela desceu. Foi tomar café. O que você quer, Travis?

— Vou ligar para ela depois — retruca me ignorando.


— Mas quero saber quando começamos os planos do nosso

acordo; você sabe qual.


Capturar meu pai e dar uma bela e digna surra.

— Vou ver hoje a mercadoria — falo em código porque

é fácil para a polícia grampear as linhas. Estamos nos


Estados Unidos e até nossa respiração é monitorada. —

Assim que tiver um destino para ela, passei as informações

de onde pegar.
— Certo e Colen está indo para Nova York.
Franzo a testa encarando meu reflexo no vidro das

janelas panorâmicas, a visão da cidade ainda nublada por

ter chovido ontem.

— Mandou ele vir proteger minha esposa?

— Nem tudo é sobre você, Amândio — responde


rápido. — Ele está aí para receber as novas incomodadas

que vem do Canada, mas soube que terá um baile para


receber Marinne na Darkness.
Eu tinha esquecido do circo que terá no sábado. Meu
pai gosta de uma festa, de ostentação, e organizou um baile

para o meu casamento.


— Acredito que o irmão dela está convidado, afinal até
os políticos mais sujos estarão na festa.
— Você tem a lista de convidados, porra?

— Não, mas sei o padrão de uma festa para a


sociedade e os negócios.
— Colen estará na lista, não se preocupe — digo sem
rodeios. — Agora vou desligar. Tenho assuntos para tratar.
Quando tiver tudo pronto para você sobre o nosso acordo,

ligarei.
Desligo e coloco o aparelho em cima da cômoda que
guarda os relógios, joias e a perfumaria, agora muita coisa

está ocupada. Antes meu closet era vazio. Marinne chegou


para preenchê-lo, assim como minha casa e acredito que

meus dias.
Sem delongas, abotoo a camisa de linho, prendo o

coldre e coloco minuciosamente as armas e as facas. Prendo


o velcro das canelas com mais duas facas menores, pego um
paletó novo e coloco em cima para esconder as armas. Nos

bolsos coloco um paco de dinheiro, uns dois mil dólares,


chiclete e meu soco-inglês.

Esticando o terno no meu corpo, encaro-me no


espelho e contrário a mandíbula. Nem Travis conseguiu me

fazer esfriar a mente sobre a preocupação de Marinne.


Por quê?
Descendo as escadas para o andar de baixo, escuto a
risada de Marinne. Só poderia ser dela. Atravesso o lobby e a

sala para entrar na cozinha onde ela está com Matteo e


Donato conversando. Ela para de falar imediatamente e seus

olhos focam em mim.


Enfio as mãos nos bolsos e solto a respiração

esperada. A visão dela de calça jeans, camisa branca e os


tênis me causam algo estranho. Tão jovial e doce. Fora o fato

de que agora é mora aqui.


— Oi. — Ela fala baixo sorrindo e vindo até a mim.

Morde o canto da boca. — Matteo e Donato chegaram e eu


resolvi... encurtar as formalidades me apresentando.

— U-hum.
— Ele parece tranquilo como Mario.

Sinto o refluxo de um sorriso e ergo a sobrancelha.


— Garanto que Donato é mais firme que Mario.
Ela assente e cruza os braços na frente do corpo.

Parece desconfortável e não sei se foi meu distanciamento


de antes ou por causa dos homens na nossa presença.

Ficando mais perto, pouso a mão na sua cintura e a


levo para perto deles de novo.
Matteo tem o olhar passivo e sabido. Depois de jurar

por ela, é claro que sabe o peso que Marinne tem na minha
vida, na sua vida.

Donato tem a postura respeitosa de sempre. Ele tem


quinze anos a mais do que eu e foi um soldado leal de meu

avô que foi designado para me proteger depois que meu


irmão morreu. Confio nele o suficiente para proteger minha
esposa.

— Pelo visto você já conheceu minha esposa


pessoalmente.

— Sim, senhor — Donato responde tranquilo.


Marinne se afasta indo até o balcão da cozinha onde

tem um prato com uma torrada solitária e uma xícara de


café fumegante. Ela toma um gole da bebida de olho em

mim.
— Você ficará com ela quando Matteo estiver ocupado.

E hoje Marinne pretende sair. Ricardo e Malu irão com vocês.


Matteo ficará comigo e qualquer coisa você me ligue.

Ela baixa a cabeça e brinca com as pontas das unhas


pensativa. Ela pensou que eu ia mandar um único homem
cuidar da segurança dela. Jamais. Tem muitos filhos da puta

no meu encalço.
— Sim, senhor, Capo. — Na frente do meu pai Donato

não me trata como: Capo, mas por trás sempre tratou.


As ordens do meu avô eram Donato cuidar do Capo

Amândio. E essa é uma das vontades do meu pai querer me


matar ou meu avô.

Antes eu faço ele virar adubo de minhoca.


Sem precisar falar eles vão para o lobby deixando-me

sozinho com Marinne. Ela está distraída lavando a xícara


quando sente minha presença do seu lado.

— Sei que seria melhor eu ficar com você nos


próximos dias, mas para nós podermos viajar, preciso fazer

uns trabalhos antes.


— Eu sei, não estou reclamando. Nem nada.
— Mas não está contente.

— Ah... — Para sorrindo sem graça por ter sido pega.


— Não é nada. Só é estranho não ter conhecido direito nem

a sua casa... que vou morar agora e... você viveu aqui... Eu
quero dizer... Eu não quero...
— Tudo bem. — Interrompo-o suas palavras
desconectas. — Acho que entendo o que estar tentando

dizer, mas a casa é sua também. Pode fazer o que quiser,


menos colocá-la à baixo.
Ela solta uma risada e vira o corpo de frente para

mim, a mão imediatamente pousando no meu peito. Ela


sempre faz isso.
— Se você preferir que eu chegue em casa para
mostrar a casa e o que você quiser fazer, não tem problema.

Mas se quiser mudar seu quarto ou conhecer todos os


cômodos sem mim, também não tem problema, Marinne.

Não se prenda nisso.


Seus ombros se elevam quando suspira forte.

— Eu queria — enruga o nariz numa carreta — ir a


uma loja para comprar minhas coisas de artes e transformar

meu quarto num estúdio.


— Pode ser no espaço vazio do terraço também. Tem

uma bela vista.


Seus olhos brilham com entusiasmo e por isso pego

sua mão, puxando-a para as escadas.


— Vou mostrar uma coisa a Marinne e já desço —
aviso Matteo e Donato.

Eles nos entreolham em silêncio.


Passando pelo segundo andar, logo chegamos na

cobertura. As escadas dão de frente para o terraço de piso


de madeira, um píer discreto.

— Aqui tem a sauna e a piscina — digo e mostro a ela


o espaço da pequena piscina e o espaço de vidro da sauna.

— Aqui é a área de lazer. Você pode tomar sol ou fazer Yoga.


Essas coisas que mulheres gostam.

Ela dá uma risada e aperta minha mão, que não soltei.


Levando-a para o outro lado do terraço, atrás da parte

que fica as escadas, deslizo as portas de vidro da sala de


musculação.
— Uau. Gostei — ela comenta dentro da sala.
— Aqui fica a esteira e uns aparelhos de malhar.

Ela assente de olho nas máquinas de fazer


musculação, a esteira e a bicicleta ergométrica. Pesos e um
banco onde malho peito e costas. A barra presa na parede e
parece que adora as duas paredes toda de espelho no canto,
as outras paredes são blindex com a visão do céu, pois
estamos no trigésimo quarto andar.

Saindo dessa sala abro outra porta, bem ao lado


numa sala igual, porém vazia.
— E aqui pode ser seu lugar — comento.
Marinne sorri distraída e solta minha mão entrando na
sala. Ela olha para as paredes, o tento e fita a janela que fica

para as escadas.
— Não tem janelas para a cidade.
— Você pode deixar a porta aberta.
Ela assente e vira-se para mim com o lábio inferior

mordido, escondendo seu sorriso.


— Eu posso mesmo ficar com essa sala?
— Já é sua.
Marinne abre o sorriso e corre para mim. De surpresa

envolvo seus ombros já que ela está abraçando meu corpo.


Ela levanta a cabeça e apoia o queixo no meu peito, os olhos
sorridentes como sua boca mostrando os dentes.
— Eu adorei. É mais estonteante do que meu antigo

lugar de pintar.
— E onde você fazia? — Pergunto curioso.
— As vezes levava uma tela para pintar na piscina ou
no jardim, mas meu quarto de pintura era na escola. — Dá

de ombros. — Travis mandou reservarem um quarto só para


mim lá. Eu não ficava em casa e sim no internato.
Porra. Eu esqueci disso.
Marinne basicamente vivia num convento. Como ela

pode ser tão solta, tão espontânea e alegre. Algo parecido


com um sentimento de gratidão me atinge por ser
presenteado por sua graça.
Beijo sua testa e coloco o cabelo atrás da sua orelha.

— Agora você pode ter todos os quartos dessa casa


para você pintar. Se quiser pinte todas as paredes.
Ela gargalha, me aperta em seus braços finos e se
afasta para dar outra olhada na sala.
— Eu já posso ver como vai ficar esse lugar quando

minhas coisas estiverem aqui e Amândio... — Ela se vira


para mim.
— Diga.
— Posso tirar a cama daquele quarto e fazer do meu

quarto meu lugar de leitura? — Caminha para mim


cutucando a unha do dedão com a outra unha. — Eu tenho

muitos livros.
— Eu sei disso — afirmo sacodindo a cabeça que sim.
— E não precisa fazer do seu quarto sua biblioteca.
— Não?!
Sem respondê-la, viro as costas e desço para o

segundo andar sabendo que ela vem atrás. Atravessando o


corredor todo abro uma das portas brancas, a última.
— Entre — ordeno para ela.
Marinne me dá um olhar interessante antes de entrar

e assim que faz solta um suspiro alto.


— Oh meu Deus.
Entro atrás dela e vejo-a tocando a estante que pega
de uma ponta a outra a parede do cômodo como seus livros.

Ela deve ter uns mil livros. Agora têm mais espaço para ela
comprar mais mil livros.
— Você já leu isso tudo?
Ela dá uma risada e vira o rosto alegre para mim.

— Não e por que todo mundo pergunta isso quando vê


uma estante de livros?
— Por que ter tantos livros se não é para ler?
Dando de ombros, ela caminha até a escrivaninha. A

estante até o teto é branca como as paredes, com dois


quadros de Nova York e Las Vegas em preto e branco.
A designer deixou as cortinas num tom mais escuro de
branco. A mesa de vidro com uma cadeira com rodinhas

bege, tem seu computador e outros pertences.


Tem um sofá branco de couro de três lugares na
parede oposta da estante e uma poltrona de camurça preta
no meio do quarto com o puff para apoiar os pés. As luzes

ficam no tom que ela escolher e têm uns três abajures


espalhados.
— Eu... — Marinne balança a cabeça no meio da sua
biblioteca e mexe as mãos agitada. — Isso é tão lindo.
— É um lugar.

— Não — ela me confronta e para na minha frente.


Pega minhas mãos, tirando dos meus bolsos, e abre um
sorriso enorme. — Não estou falando do lugar e sim que
você prestou atenção em mim. Nas minhas coisas e fez... —

Pausa balançando a cabeça. — Me fez ser bem-vinda aqui.


Eu nem tenho palavras para agradecer.
— Você acabou de fazer.
Ela se joga nos meus braços dando um pulinho. Eu a

pego, as mãos nas suas coxas para ampará-la. Marinne


coloca as duas mãos no meu rosto e me beija
demoradamente, os lábios apenas passando nos meus.
— Eu quero transar com você no meio desses livros.

— Eu topo.
Solta seu riso baixinho e beija meu nariz, a bochecha
e minha boca.
— Quando você deve chegar hoje?

— Não muito tarde.


— Está bem — murmura e se move para sair do meu
colo.
Eu a deixo cair e curvo o canto da boca vendo-a ajeitar

meu paletó. Depois pega minha mão e nos leva para o andar
de baixo. Vai comigo até a saída e me surpreende beijando
minha boca antes de eu entrar no elevador.
— Se cuida — são suas últimas palavras antes das

portas de aço se fecharem.


Meus olhos não desviam da porta e fico com a
lembrança do seu sorriso. O som da sua risada vendo as
coisas que mandei fazer para ela. Eu só quis agradá-la
porque ela sempre pareceu gostar de presentes.
— Você está bem? — Matteo indaga assim que saímos
do elevador na garagem.

— Conseguiu o que te pedi ontem?


Ele franze a testa.
— Você ainda está precisando?
Paro com a mão na maçaneta do carro encarando-o.

— Desde quando eu não preciso matar um filho da


puta devedor?
Não preciso da sua resposta.
Espero ele entrar no carro também para acelerar e
pegar o destino da empresa.

Meus pensamentos na doçura de Marinne e em como


ser suave com ela pode dar o recado errado até para Matteo.
— O que você vê dentro da minha casa com minha
esposa, é apagado no mesmo momento. — Viro minha

cabeça para ver seus olhos. — Entendeu?


— Eu jamais vou comentar nada, Amândio. E você
tratar Marinne bem, não é um erro.
Cerro a mandíbula e aperto o volante olhando para
frente.
— Não para todos — comento com minha voz que ele
conhece de que não quero esticar o assunto.
21

Nova York é majestosamente barulhenta, caótica e

linda. Não tem muita diferença na questão caótica que Las


Vegas.

Se um dia pensei que seria um sacrifício me casar


com Amândio, todas as vezes que estamos juntos parece

que foi uma vida esse pensamento. O que ele fez para mim,

a biblioteca, me deixou feliz de um jeito que fiquei quando


Travis me deu um carro. Era quase uma “independência”,

porque mesmo no meu carro Mario sempre iria estar

comigo.
— A senhora deseja ir em mais algum lugar? —

Donato pergunta atrás do volante. Ele está sendo o

motorista paciente me levando para os lugares que pedi.


Primeiro fomos numa cafeteria provar o café

novaiorquino. E saindo agora de uma loja de moveis para

comprar a mobília para o meu canto de artes.

— Você sabe onde tem uma loja que venda tinta e

coisas para pintura?


— Sei de um lugar, mas fica no Brooklyn e o senhor

Amândio não gostaria que eu a levasse para lá.

— É perigoso?

Donato demora para responder e eu estreio os olhos

fitando-o pelo espelho retrovisor do meio do carro.


— É um lugar com dificuldades e ocasionalmente

perigoso.

— Mm... Você não seria capaz de me defender? Tem

mais dois homens no carro de trás.

Novamente o silêncio longo antes das suas palavras:

— Tudo bem, mas a senhora promete não demorar e

ser precisa nas compras.


— Farei o meu melhor.
O suor escorre pelas minhas costas e desce até sumir

por dentro da minha calça de moletom. Estou esgotada e

faminta, mas me sentindo realizada por ter conseguido

arrumar tudo num dia só.


— Acho que está bom — comento olhando para o meu

estúdio de artes.

Comprei três tripés, várias telas e um tripé com um

bloco de gigante de papel. Duas mesas de madeira, cadeira,

banco e sofá (de couro para eu sentar e admirar a tela secar)

no estilo retro. Consegui tudo numa loja toda rustica. Fui ao

delírio nela.

Também comprei dois armários, um para guardar as

telas, é próprio para isso. As telas ficam organizadas em pé


lado a lado. O outro armário para guardar folhas e tintas, e

outras coisas. Das duas mesas, uma está vazia e a outra já

bagunçada com os pinceis, lápis, tintas e folhas.

— Olha o que você fez.


Me viro e sorrio para Matteo parado na soleira das

portas de vidro.

— Três soldados, umas sete horas e você tem seu


espaço, mas parece bagunçado.

— É para ficar aconchegante. Se eu deixasse muito

arrumado ia parecer intocável.

— Você quer que pareça que já usou?

Desvio minha atenção para o ateliê e seguro a

respiração.

— Sei lá. Só quis que ficasse... com cara de pronto

para eu fazer minhas sujeiras.

Matteo sorri e entra pegando um livro. Ele folheia o

mesmo e balança a cabeça.

— Legal você gostar disso. — Larga o livro na mesa

bagunçada. — Você quer mais alguma coisa hoje?

— Não. Ah... — Encaro o chão de piso de porcelanato e

não consigo parar de imaginá-lo de madeira no mesmo tom

de caramelo dos moveis, talvez mais escuros. Ia ficar tão

bonito. Levanto a cabeça e encaro Matteo. — Você acha que

Amândio deixaria eu trocar o chão daqui?


— Depois de você colocar essas coisas todas aqui

dentro, você quer trocar o chão?

— Sim, mas essa não é a questão. — Me aproximo

dele e cruzo os braços na frente do corpo. — Você acha que

ele deixa?

— A casa é sua — afirma com convicção.

— Mas foi do Amândio por mais tempo e... ele talvez

queira que...

— Para com isso, Marinne. — Ele me corta e seu rosto

mostra uma irritação. — Ele já falou para você que pode


fazer o que quiser na casa...

— Como você sabe disso?

— Eu conheço o Amândio, e outra, se ele se

importasse com alguma coisa dessa casa, não teria

transformado um quarto para você, feito um quarto só para

as suas coisas e te dado esse espaço aqui. E não foi porque

ele não usava, mas porque ele se importa com você. —

Pausa limpando a garganta. — Então, se você quer trocar o

chão daqui ou o chão da casa inteira, pintar as paredes ou

trocar as cortinas, a casa é sua.

— Eu sei. — Dou de ombros.


— Então um conselho, para de repetir suas perguntas

idiotas.

Arregalo os olhos, mas ele ignora e continua:

— Eu não vou ficar respondendo o óbvio, Marinne e se

você for falar com ele se pode fazer algo. Porra. Você vai

deixar ele irritado. Amândio não tem muita paciência.

— Eu já notei isso.

— Então por que está insistindo?

— Porque me sinto estranha em estar finalmente aqui

— minha voz sai alta. Respiro fundo e me calmo. — As

pessoas têm uma visão de uma Marinne; forte e que encara

tudo, mas eu também tenho meus medos.

— Está com medo do Amândio?

— Não. Claro que não, mas é... Eu tenho minhas

dúvidas em estar aqui e não é porque eu não me sinto em

casa, é só porque é uma novidade. — Meus olhos seguem a

visão da cidade atrás dele ao entardecer. Deve ser umas seis

da noite agora. — Essa cidade e essa casa ainda é estranha


para mim. — Fito seus olhos verdes de volta. — A única coisa

que eu conheço é o Amândio e no primeiro dia que eu estou

aqui... Ele não está.


— Marinne...

— Eu sei disso, porque se é você que está falando

comigo agora, é porque ele não chegou ainda.

Matteo parece Colen prestes a arrumar uma desculpa.

Lidei muito com isso nos meus dezoito anos com Travis e

Colen, mas endureço o olhar e Matteo fala a verdade.

— Amândio tem funções necessárias na Famiglia e ele

precisa fazer as cobranças. E as vezes demora mais do que o


programado.

Balanço a cabeça concordando e lembro do que ouvi


mais cedo.

— Ouvi os soldados o chamarem de tesoureiro. — Ergo


as sobrancelhas na minha cara mais curiosa e tranquila. —

Por que chamam Amândio de tesoureiro?


— É uma longa história — Matteo responde com um

sorriso irônico.
— Pelo que você pode notar, não tenho muito para

onde ir e tenho tempo livre.


Ele fica um bom tempo em silêncio apenas olhando
para mim.

— Acharia melhor ele mesmo te contar a história.


— Por que é tão cruel e violento que eu posso ficar
com medo dele?

— Não acredito que você fica com medo de coisa


alguma — responde rápido.

— Por que você diz isso? — Estreio os olhos.


— Criada por quem você foi, eu acho meio nada a ver

você ter medo de algo que Amândio fez ou irá fazer em


algum momento. A reputação do seu irmão são as melhores,
se queremos dizer sobre as melhores punições.

Ele pode ter razão, mas pelo que Paolo me contou na


outra vez, as ações de Amândio na Darkness são piores do

que a de Travis. Acho que não piores, é uma questão da


idade do meu marido para a do meu irmão. Mas quem está

cotando quantas pessoas eles matam?


— Preciso concordar com você — comento dando de

ombros.
Ele concorda assentindo e me encara.

— E, pelo que eu fiquei sabendo, você sempre gosta


de ficar por dentro de tudo, não é?

Ergo minha sobrancelha e imito o seu sorriso irônico.


Se ele está se referindo sobre eu sempre saber de tudo
porque eu ouço atrás da porta, não é mentira.
— Como você sabe disso sobre mim.

Ele apenas olha para mim em silêncio e, deduzo


abrindo um sorriso e falo:

— Foi Amândio que te falou?


— Sim e não.

— Sim? Não? — devolvo suas palavras. — Por favor,


Matteo. Eu serei obrigada a ficar com você boa parte do meu

dia, todos os dias, então vamos conversar melhor e você


pode se abrir. Não gosto de meias-voltas.

— Tudo bem — fala como estivesse renunciando. — Eu


ouvi coisas a seu respeito.

— Coisas de que tipo?


— Que você é muito observadora, perspicaz, esperta,

audaciosa e inteligente. E isso dá para ver nos seus olhos.


— Obrigada — peço sem jeito.
— Muitas vezes você não percebeu que eu estava tão

perto de você e Amândio enquanto conversavam, mas


mesmo de longe eu percebi como você pensa e age. E ouvi

que você saber sobre todos os assuntos, que acabava sendo


importante para Las Vegas. Então é por isso que eu sei sobre

você mais do que o óbvio.


— O que seria óbvio?

— Que você é a esposa de Amândio, que eu preciso


fazer o que for necessário para lhe proteger e que você

deixa Amândio às vezes desconcentrado.


— Eu deixo ele desconcentrado? Quando?
Matteo realmente estava disposto a me dar uma

resposta, porém o seu celular apita e ele faz um


cumprimento antes de atender e sai logo em seguida.

Sozinha de novo, foco nas minhas telas e em deixar


tudo como quero.

Uns vinte minutos depois estou descendo para o meu


quarto para tomar um banho. Estou suada, descabelada e

com as pernas cansadas de tanto subir e descer as escadas


e o banquinho que usei para pendurar uns quadros e

plantinhas.
De calça legging e camiseta de manga pretas, vou

comer algo. Meu estômago está rocando. Quase não comi


nada hoje e nem vi a hora passar.
Com o celular na mão entro na cozinha e vejo as

horas. Vai dar oito da noite agora e nada de Amândio voltar.


Eu mentira se dissesse que meus batimentos estão normais.

Esfregando os olhos, pego meu celular jogado do meu


lado no sofá e confiro as horas. São dez para as onze da

noite. Merda.
Eu não sei mais se mando outra mensagem para

Amândio para saber onde ele está, se vai chegar em casa. Já


tem muito tempo que ele foi trabalhar e não voltou. E ele

disse que ia voltar cedo.


A casa está vazia agora. Matteo já foi embora para

casa, ou sei lá para onde, dizendo que volta pela manhã. E


Donato deve estar em algum lugar do prédio para tomar

conta de mim.
Descobri que o andar de baixo não mora ninguém e

seguindo o raciocino de Travis como meu protetor, desconfio


que Amândio tem seus soldados no andar de baixo e mais
outros na garagem do prédio. Desde a primeira vez que

estive aqui percebi que seu lindo e estupendo prédio na 5th


Avenida é fortemente protegido.
Tirando a manta de cima de mim, sento-me no sofá e

suspiro. O ar-condicionado está ligado no mínimo, porque


mesmo no verão Nova York não fica muito frio e hoje o dia

ficou nublado, um vento frio e irritante.


Matteo disse que o tempo estava esquisito, mas para

mim pareceu agradável para uma mudança, embora agora o


céu sem estrelas com a companhia apenas das luzes dos

prédios altíssimos da cidade continua abrilhantando a noite.


É como as luzes das janelas substituísse a iluminação que

vem das estrelas.


Levanto e caminho para frente da janela panorâmica

que vai do teto ao chão. Nova York está aos meus pés. Aqui
sozinha sabendo que estou sendo vigiada pelos soldados de

Amândio, volto a sentir aquela sensação de ser protegida.


Eu sempre tive um lance sobre isso. Sabia que

sozinha nunca estava, mas que companhia de verdade eu só


tinha quando voltava para casa ver a minha família nos
finais de semana.

Deus. Eu pensei que iriam acabar essa sensação de


estar solitária me casando. Mas talvez eu esteja enganada e
vou ver meu marido de vez em quando.
Sacudo a cabeça espairecendo meus pensamentos.

Eu não sei. Estou confusa com o que pensar sobre a


ausência de Amândio hoje. Pode ter vários motivos e ele

ainda vai aparecer essa noite. O dia não acabou, só está


muito tarde.

Respirando fundo caminho até a cozinha e pego um


pouco de água. Com o copo na mão caminho pela casa tão

grande e espaçosa.
Sigo para os fundos da cozinha e descubro a
lavanderia, área de serviço, um quarto para colocar bagunça
e o outro vazio com uma cama. Saindo da cozinha,

abandono o copo na mesa de jantar de vidro com cadeiras


em preto e ando pela sala fazendo piruetas como uma
bailarina.
— Eu já conheço você — digo para a primeira porta do

corredor posterior ao lobby. É o banheiro que descobri


sozinha quando vim aqui semana passada. Cheguei de Las
Vegas com muita vontade de fazer xixi.

Fechando a porta caminho e abro outra achando o


quarto de hóspede que usei para tomar banho após aquela
seção de sexo com Amândio no sofá. Aquilo foi bom – penso
sorrindo para a parede do corredor que estou de volta.
Acho na outra porta um armário para colocar casacos.

Um pouco estranho, mas compreensível. Amândio parece


pensar em tudo.
Cerrando os olhos, abro meu sorriso de bisbilhoteira e
vou até o escritório dele.

Observo sua mesa metodicamente arrumada. Aqui os


móveis parecem com o estilo de Amândio, mogno escuro
com estofado de couro preto e tapete cinza chumbo.
Quadros abstratos atrás da sua mesa que fica de lado para a

janela panorâmica com a visão da caótica Nova York,


impecavelmente barulhenta com prédios altos e dignos de
serem chamados de arranha-céu.
Passo a mão na madeira da sua mesa e lembro dele

me colocando em cima dela e jurando que não ia devolver


minha calcinha. Pergunto-me o que ele fez com ela e com a
do casamento.

Abrindo um sorriso, saio do escritório e viro para o


lado oposto da entrada da casa. Então descubro uma adega
de vinhos caros e uma porta que está trancada, então
ignoro.

Senti-me nada melhor, estou de volta para o lobby da


casa, que paro no meio. Meus ombros caem e olho para as
portas de elevador.
Sinto o meu coração quase pausar de ansiedade para

ver se consigo escutar o barulho das engrenagens fazendo o


elevador subir. Fecho os olhos e imagino as portas se
abrindo, trazendo meu marido de volta.
— Merda — resmungo abrindo os olhos e dando de
cara com portas fechadas e silenciosas.

Indo até os sofás, pego meu celular e de novo confiro


as horas.
— Droga. São meia-noite e nada dele ainda.
Eu não queira ser uma mulher grudenta e

inconveniente, mas ligo. Estou preocupada também dele


nem me atender ou ligar.
— Deixe seu recado. — A ligação vai imediatamente

para a caixa postal.


Mesmo nervosa e com o coração acelerado, porque eu
sei que não é uma vida segura o que ele faz. Quem eu quero
enganar sobre o que ele faz. Eu espero o sinal e gravo uma
mensagem:

“Oi, sou eu de novo... Queria saber se você vai voltar


para casa? No caso hoje... E se você está bem.” Pauso
fitando meu reflexo na janela que se mistura com a visão da
cidade. “Ah... É... É isso e é a Marinne, sua esposa. Ah... tudo

bem e tchau.” Desligo com uma vontade gigante de poder


apagar essa mensagem patética.
Eu quero muito apagar essa mensagem, mas não tem
como e eu vou ser uma boba. Ele vai pensar que eu sou uma

boba e grudenta atrás dele.


Resmungando subo os degraus para o segundo andar
lentamente. Se eu estivesse em Las Vegas descontaria essa
frustração em uma folha de papel dando tiros ou no ringue

lutando com Dario.


— Dane-se.
Eu vou dormir. Amanhã é outro dia e quando ele

chegar vou saber o motivo dele desaparecer hoje desde as


oito da manhã.
No corredor decido dormir no quarto que é o meu.
Fecho a porta e me escondo embaixo das cobertas.

E me viro para um lado, para o outro e tento fechar os


olhos, mas eu não consigo dormir.
— Chega!
Pegando o controle remoto da tevê, coloco um filme e

mesmo não prestando atenção, sinto meus olhos se


fechando cada vez mais.
Pego no sono com o coração pesado e sacodindo os
pés. Um clássico sinal de que estou nervosa.
22

Pego meu celular de novo quando vibra no meu bolso

e vejo que é Marinne ligando mais uma vez. Merda. Já perdi


as contas de quantas vezes ela ligou nesses quatro dias.

Puta que pariu.

Quero tanto dar uma boa surra no meu pai, mas meus

planos foram por água abaixo quando um dos meus

soldados mais próximos e fiéis, conversando comigo falou


que no momento algo acontecer conosco é muito previsível.

Não sei por que ele falou isso, mas pelo que eu

entendi, todos esperam que depois de um casamento


aconteça um ataque.
Os inimigos sempre vão pegar pesado onde pareça

mais vulnerável. E quando acontece um casamento ou um

filho nasce, nossos rivais sempre gostam de bater nas

recentes falhas humanas.

Os russos, principalmente, sabem que existe


casamentos por conveniência entre nós, mas também por

vontade e sentimento. Ou seja, eles gostam de atacar a

família. Sabem que encontra os elos mais fracos nos clãs de

todo Homem Feito.

Então, depois disso e uma ligação com Travis, ele


também concordou. Acho que Paolo colocou sua influência

na conversa e na sua cabeça para pôr fim ao nosso plano.

Não estou necessariamente contente, por ao

contrário, e com isso Travis ficará me devendo. Ele tem algo

sobre mim em suas mãos, minha sede pela morte do meu

pai. Uma alta traição na Famiglia. E mesmo que castigar

meu pai seria minha carta de desculpas pelo que fiz semana


retrasada, agora é Travis que precisará me pagar.

É provável que eu use Travis quando for o momento

certo para matar meu pai. Eu disse isso a ele e que, se


mesmo assim quiser prosseguir com o plano, não vou contar

como um favor para mim.

Sei que no momento certo, mais cedo ou mais tarde,

vai chegar o momento de eu matar meu pai.

Essa vontade só aumentou esses quatro dias. Esse

filho de uma... Não. Não posso ofender minha avó. Esse


desgraçado está me privando de voltar para casa.

Estou desde segunda-feira arrumando as bagunças

que ele faz quando deixa os motoqueiros agirem como

rebeldes em Nova York. E ainda por cima vim parar em

Chicago.

Vir para a cidade da Blood Hands como um intruso, foi

um perigo e erro. Escapei de morrer porque liguei para o

meu avô e ele falou com Vitorio Malvez, o Capo daqui.

Marido da minha tia de segundo grau. Não a conheci direito,

só a vi poucas vezes e agora ela está morta. O imundo do


Vitorio se casou na semana seguinte e foi com essa atual

esposa que teve duas filhas.

São duas e vinte da madrugada e estou voltando para

Nova York de carro porque meu pai mandou. Sei que vai
levar mais tempo. Nem sei que horas vou chegar em casa e

daqui a pouco vai fazer cinco dias que não vejo Marinne.

Eu percebi pelo tom da voz dela nas últimas


mensagens que deixou gravada na caixa postal, como está

preocupada. Matteo também me passou informação de

como ela ficou esses dias.

Parece que minha doce esposa ficou bem agitada e

por algum motivo está dormindo no quarto que seria o dela

guardar suas coisas. Ela deve estar se sentindo abandonada

por mim.

Estou sendo um babaca e ela tem até razão de me

odiar. Eu também estou me odiando, mais ao meu pai.

Talvez se ela souber que dormir apenas dez horas

nesses quatro dias juntos. Mais ou menos duas horas de

sono por dia entre vigília e cochilos dentro do carro para

encontrar o soldado que desapareceu pelos arredores de

Chicago, ela me perdoe.

— O senhor quer que eu pegue um pouco no volante?

— Pietro, o soldado que veio comigo no carro pergunta.

Sem olhar para ele, respondo:


— Deixa chegar no próximo posto de gasolina que nós

trocamos.

— Tudo bem, mas se o senhor precisar descansar, é só

falar.

Deixo-o com seus pensamentos e me concentro na

estrada. Pietro fala como se eu fosse realmente dormir com

ele dirigindo. Eu não confio em ninguém o suficiente para

perder a coincidência. Só Marinne teve essa confiança

porque é minha esposa e eu confio nela.

Passando por uma placa na estrada, noto que agora


falta pouco.

— Manda uma mensagem para Matteo — ordeno para

Pietro. — Pergunta se ele ainda está na minha cobertura.

— Sim, senhor.

Espero impaciente ele falar com Matteo. Eu sei que

mandei meu braço direito ficar com a minha esposa hoje até

eu voltar. Ele sabe que estou voltando agora. No entanto,

ultimamente minhas ordens não estão garantindo que

Matteo não escape. Não sei o que está havendo com ele.

Tem pelo menos um ano que desconfiado que ele

conseguiu uma mulher. Uma merda de notícia. Desse jeito


terei que arrumar um novo guarda-costas mortal para

Marinne.

Um soldado arrumar um relacionamento e gostar da

garota, e até se casar e ter filhos, ele não será mais eficaz

para proteger alguém com sua própria vida. Ele vai ter uma

preocupação com seu próprio clã.

— Ele respondeu que ainda está no seu apartamento,

senhor — Pietro fala e eu dou uma olhada para ele rápido.

Fico mais tranquilo de Matteo ainda estar com

Marinne. Como ela já conhece ele um pouco talvez não se

sinta tão solitária. Ou não. Não quero ficar pensando isso.

Logo estarei em casa e poderei saber por mim como ela

está.

Chego em casa faltando dez minutos para as quatro

da manhã. Encontro tudo silencioso já que mandei Matteo


descer para o apartamento onde os outros soldados ficam

no andar de baixo.

Está tudo apagada tirando uma luz amarela do abajur

que fica na cômoda perto das escadas. Ela nunca se apaga.

Franzo a testa olhando minha casa. Está como

sempre. Parece que nada mudou. Vou dar uma olhada na

sala, na cozinha e não tem nada de diferente. Largo meu

paletó e sobretudo no corrimão.


Subo as escadas de dois em dois degraus. Vou direto

para o seu quarto e encontro a cama vazia, o banheiro


também vazio. Vou para o nosso quarto e o encontro sem

ela também. A última coisa que me vem na cabeça é que


Marinne pode ter dormido lendo um livro talvez.

Então corro e vou direto para sua biblioteca. Franzo a


testa por precisar acender a luz e novamente está tudo

vazio.
Recuo cambaleando e sentindo-me estranho. Parece

que ela nunca esteve aqui. Eu sei que estou cansado, mas
não inventei o último final de semana, meu casamento e o
domingo quando chegamos. Quando ela chegou para morar
aqui, merda. E Marinne não sairia de casa a uma hora
dessas.

Como uma última tentativa, subo para o terceiro


andar e logo que meus pés pisam no terraço vejo vasos com

flores que não estavam aqui antes.


Muitas flores coloridas espalhadas pelo terraço.

Almofadas azuis claras no banco de madeira na mesa com


três cadeiras que serviria para um almoço de verão, que
nunca fiz. A churrasqueira também nunca usei e as duas

espreguiçadeiras de pegar sol estão intactas. E agora tem


um guarda sol gigante azul com pequenos desenhos de sol

e nuvens.
Solto o ar pela boca balançando a cabeça,

reconhecendo que um certo alívio me atinge por notar que


ela está aqui, que mora aqui.

Indo para o lado oposto das escadas, passo pela


academia e encontro as portas de vidro do espaço que

ofereci para Marinne abertas, não totalmente.


Sinto meu coração bater tão forte como um sinal de

que ela estava aqui. Que ela está aqui.


Enfio as mãos nos bolsos e admiro minha esposa
dormindo no sofá que estava na sua biblioteca no canto do

seu ateliê, agora com cara de um lugar de pintura.


Marinne está encolhida, as pernas puxadas para

cima, a cabeça num travesseiro pequeno e uma fina colcha


cobrindo-a. Parece estar com frio porque seu corpo parece

querer se esconder entre as partes do sofá que são soltas.


Porque ela não foi dormir na cama. Que merda.

Antes de me aproximar e levá-la para uma cama


quente e confortável, pois não resta dúvidas de que quero

arrancá-la desse desconforto. Dou uma boa olhada no que


ela fez aqui.

Ainda parado na soleira da porta, observo a


decoração. Mesas, armários e cadeiras com cara de moves

velhos, mas não é exatamente feio.


Chego mais perto, passo os dedos no banco que ela
deve usar para sentar enquanto pinta e vejo a tela em sua

frente que ela está trabalhando.


É uma pintura ainda disforme sendo descoberta. Tinta

preta e azul com pontos brancos. Não entendo o que ela


quer fazer, mas para mim parece um céu estrelado.
Nas paredes do estúdio vejo quadros: Um tigre

sozinho em preto e branco. Uma cobra preta num fundo


branco. Uma floresta tropical com coqueiros altos e um

vasto espaço de areia em preta e branco. E muitas plantas


em vasos pendurados e outros pequenos na mesa e nos

armários.
Finalmente caminho para o sofá e me agacho
apoiando os cotovelos nas coxas. Estico um braço para tirar

o cabelo da frente do seu rosto. Ela está dormir


profundamente e nem sente eu tocando seu rosto.

Tirando meu coldre, deixo em cima de uma cadeira e


volto para ela. Encaixo-a nos meus braços, trazendo seu

corpo para o meu colo e me levanto. Marinne resmunga e


deita a cabeça no meu peito.

Levo-a para o andar de baixo, para o nosso quarto. Ela


não acorda nem quando a deito na cama. Cubro seu corpo e

dou um beijo na sua testa antes de me afastar e entrar no


banheiro para tomar um banho.

Realmente precisava de uma ducha. Fiquei dois dias


sem tomar banho. Estou sujo de pólvora, sangue, terra e

suor.
Não demora muito e volto para o quarto, e ela ainda

está dormindo. Se eu não tivesse com tanta fome, deitaria


para dormir com ela, mas preciso comer qualquer coisa

antes.

Estou terminando de comer um pedaço de bife

quando ouço passos na escada e me viro a tempo de ver


Marinne estancar os passos quando me encontra na cozinha.

Ela fica um bom tempo só olhando para mim sem


dizer nada no mesmo lugar e meus olhos não conseguem

não acompanhar suas longas pernas nuas, os pés descalços,


o cabelo desengonçado como tivesse acabado de trepar

loucamente comigo e a camisola transparente, que eu não


tinha reparado porque ela estava com uma manta cobrindo

seu corpo.
Quando ela finalmente dá o primeiro passo, dá o

próximo e rapidamente está na cozinha parando na minha


frente. Eu levanto também e não deixo seus olhos.
— Oi, tudo bem? — digo baixo para ela.

Marinne me surpreende vindo para mim e envolvendo


seus braços envolta do meu corpo, a cabeça pousada no
meu peito. Ela está me abraçando muito forte como

quisesse me levar para dentro de si. Dou um beijo no topo


da sua cabeça e afago suas costas.

— Você voltou — escuto-a falar bem baixinha.


Franzo a testa sem entender, mas não crio caso. A

conforto, pois parece abalada por eu ter sumido. Porra.


— Sim, eu voltei.

Marinne inclina o corpo para trás e olha para o meu


rosto, seus olhos brilhando de emoção contida.

— Pensei que estava sonhando.


— Quando?

— Agora — sussurra, — quando eu levantei e percebi


que estava na cama. Eu tive a sensação de que alguém me

levou para lá e pensei que sonhei que você tinha feito.


Dou um aceno escutando-a.

— Eu sonhei que você voltava tem dois dias e o sonho


foi quase isso, mas você me pegava dormindo no sofá,
porque eu dormi muito aqui esperando você. — Seu sorriso
é de pesar.

— Você estava preocupada? — Coloco uma mecha


castanha dos seus cabelos para trás da sua orelha.

— Eu estava. Claro que estava. — Morde a boca


pensativa e arfa com força. — Acho que eu estava com

medo.
— Medo? — Contraio o maxilar por ela confessar um

sentimento como este. Medo. Eu a deixei se sentir fraca com


meu sumiço.

— Sim — quase não ouço sua voz. — Eu... estava com


medo de ficar nessa cidade sozinha... sem você. De ficar

aqui e ver você só de vez em quando. Ou... — Faz uma


pausa longa e os olhos se aquecem de preocupação. —
Pensei que você tinha morrido. Fiquei com medo de já ter
acabado.

Eu nem tenho como devolver qualquer coisa do que


ela falou. Estou surpreso de ela se sentir assim sobre mim.
Talvez ela tenha sentido o mesmo que experimentei quando
Las Vegas foi atacada no casamento de Travis e eu não pude
fazer nada para cuidar dela, só esperar a notícia de que ela
estava sã e salva.

— Matteo falou que eu não precisava me preocupar —


Marinne me conta se afastando mais para conseguir olhar
meu rosto melhor. — Ele disse que você estava bem, mas ele
podia estar mentindo. — Algo passa na sua mente. — Já
fizeram isso.

— O quê?
— Mentir dizendo que tudo estava bem. Muitas vezes
Travis estava em perigo, mas falaram que ele estava bem
para mim e para Madeleine.

Assinto ouvindo-a.
— Mas ele não estava e eu descobria por que eu
sempre dava um jeito, porém com você eu não tinha... Eu
não tenho contatos o suficiente em Nova York para

conseguir descobrir, por exemplo, onde você estava esses


dias. O que estava fazendo e você... não atendeu nenhuma
das minhas ligações. — Franze a testa e percebo que tenta
me ler com seus olhos. — Por quê?

— Foi difícil pegar o celular esses dias e todas as vezes


que pude, eu estava num momento que precisava fazer
silêncio.
— Mm.... — resmunga concordando. — O que você

estava fazendo? Para quem você estava fazendo seja lá o


que era? Para onde você foi? E por que me ignorou todo esse
tempo?
— Eu não estava te ignorando. Eu estava tentando

resolver os problemas que o meu pai arrumou para mim. —


Respondo de uma vez. — Eu fui parar em Chicago, que
também pertence ao meu avô e alguns assuntos de lá não
podem chegar até a Darkness, e vice-versa. Não iria dar

certo. E eu não quis não responder você, ou te deixar no


escuro, foi inevitável.
Marinne assente e seus olhos ficam marejados.
— Eu pensei que você tinha se machucado. Você está
bem? — Ela espalma as mãos no meu corpo, olhando cada

parte do meu peito.


Eu não queria que visse os novos hematomas e a
marca da facada perto do meu umbigo. Seu corpo reage
estremecendo e a mão dela toca o corte. Ela olha de novo

para o meu rosto e nem sei dizer o que consigo ver em seus
olhos.
— Pensei que você podia... estar morto. — Respira

devagar. — Fiquei muito nervosa, mas mantive a calma e


aguentei firme. Não enche a cabeça do Matteo. — Força um
sorriso. — Na verdade, eu me sinto uma intrusa aqui.
— Mas essa é a sua casa e como minha esposa, a
Darkness iria proteger você, mas essa cidade é sua também.
— Eu não estou interessada na cidade e nem na
Darkness e em nenhuma proteção. — Ela faz uma pausa e
suspira alto. — Sem querer eu idealizei, pelo menos, o início
do nosso casamento, sabe. A primeira semana, os primeiros

dias com nós dois nos conhecendo e fazendo muito sexo


também, mas não estava incluso ficar sozinha nesse
apartamento. E eu juro que tentei distrair minha cabeça
lendo e vendo filme. Tentei ficar tranquila. — Olha para o

alto balançando a cabeça e depois toca meu peito me


encarando. — Eu queria que você tivesse me respondido
uma vez só... para assim... eu não ficar imaginando você
indo até aquelas mulheres que têm mais experiência do que

eu e...
— Jamais, — eu a interrompo segurança seu rosto com
as duas mãos e como ela está descalça, está muito baixa.
Ela é uma cabeça mais baixa do que eu. — Eu nunca vou

trair você.
— Você jura? — pergunta mordendo o canto da boca.
— Jura?
— Juro — afirmo beijando sua boca. — E eu não atendi

as suas ligações porque como eu disse, quase não peguei no


celular e quando eu pegava, era nos momentos que eu
precisava fazer silêncio. — Deslizo as mãos para os seus
ombros. — Eu realmente pensei que seria rápido, que logo

estarei aqui, então quando vi passou quatro dias. Não pensei


que ia ficar tanto tempo longe.
Ela assente umas três vezes e espalma as mãos no
meu peito e olha para mim apenas piscando suavemente
sem dizer nada por um minuto.

— O que você está pensando?


Marinne sorri e dá de ombros.
— Que você está bem. Que você está vivo e isso é o
que mais me importa. — Toca meu rosto com a ponta dos

dedos. — Eu não quero... que isso acabe logo... — sussurra


com a voz rouca. — Talvez... eu não queira que isso acabe
nunca. — Ela dá um sorriso trêmulo e me puxa para ela
fazendo a minha testa encostar na sua. — Me beija. Me

prova que você está aqui e prometa que não vai desaparecer
assim de novo.
Desço meu corpo um pouco mais para baixo
deslizando minhas mãos pela sua cintura e bunda, e agarro

suas coxas erguendo-a do chão. Marinne geme baixinho e


envolve os braços no meu pescoço e abraça meu quadril
com as pernas.
Sinto sua boca no meu pescoço, beijando e lambendo.

Virando a cabeça, encosto minha boca na sua e chupo seus


lábios e depois sua língua. Marinne se esfrega no meu
abdômen.
— Você quer que eu prove que estou aqui?

Ela recua o corpo e coloca a mão na minha boca.


— Tira minha roupa.
Encarando seus olhos, deixo seu corpo em cima da
mesa e forço-a a deitar na mesa quando passo as mãos no

meio dos seus peitos e abdômen. Ela geme e abre a pernas.


Agarro seus tornozelos e coloco seus pés na mesa, abrindo-
a.
Esfrego sua boceta por cima da calcinha e ela arqueia
o corpo abrindo a boca e agarrando as bordas da mesa.
Subindo mais sua camisola, tiro por cima da sua cabeça e
adoro quando ela estica os braços, e mais ainda quando sua

boca lambe meu peito, pescoço e queixo.


Admiro seu corpo todo esbelto em cima da mesa e
estreitando os olhos, estico a mão e pego a faca que usava
para cortar o bife.

— O que você vai fazer?


— Não se preocupe. — Dou um beijo na sua boca. —
Fica quietinha.
Marinne segura o ar quando encosto a lâmina – o lado
que não corta – na sua pela e segue o movimento da minha

mão descendo por entre seus seios e a barriga, que ela


encolhe. Beijo perto do seu umbigo e olhando-a nos olhos
passo a faca na sua virilha.
— Aí. Está gelada. — Ela chia sentindo a ponta da

lâmina tocar seu clitóris duro. — Amândio... — Tem uma


advertência na sua voz.
Cortando o contato com seu olhar ansioso, foco no
que estou fazendo. Puxando o tecido da calcinha o
suficiente, enfio a faca e rasco. Marinne engole em seco e
morde o lábio inferior.
Nervosa, mas excitada. Boa garota.
Largando a faca no chão, me abaixo para deixar beijos

na sua barriga, quadris e coxas. Dou uma chupada longa e


gostosa na sua boceta querendo que fique bem molhada
para mim.
— Eu estou pronta. Eu estou pronta, por favor, só me

foda.
Imediatamente ergo meu corpo, faço-a deitar-se na
mesa, puxo suas pernas para os meus quadris, nos
encaixando. Arriando minha calça de dormir, bombeio meu

pau para ficar mais duro e encosto a ponta da cabeça na sua


entrada.
Marinne solta o ar pela boca como um soluço e
arqueia o corpo, a boca mordida e a cabeça para trás.

— Isso... Só faça, Amândio.


Sinto como ela precisasse foder, mas não
necessariamente de mim. E eu nunca me engano sobre o
que as outras pessoas querem, no entanto, também quero
foder.
Bombeio meu pau até ir todo para dentro dela, até o
fundo. Ela rebola e abre os olhos, focando em mim.
— Porra, você é linda. — Agarro suas coxas para cima

e puxa ela para mim e arremeto para dentro de uma vez.


Ela solta um grito, fica sentada na mesa e suas mãos
pegam meus bíceps com força, enfiando as unhas. Sua boca
procura a minha. Chupo seus lábios antes de juntar nossas
bocas e aprofundar o beijo.

Marinne rodeia todo o meu corpo como uma serpente


querendo me matar. Porque realmente parece que ela está
me usando agora. Geme e pede para ir mais rápido e fundo.
Parece quase enlouquecida.

Solto a respiração ofegante e fecho os olhos jogando o


braço no meu rosto. Sinto a mão de Marinne deslizando pelo

meu peito, descendo para o meu abdômen e subindo para


os ombros.
— Eu já perdi as costas de quantas vezes você me...
sacaneou.
Franzo a testa para o teto e me movo para poder ver

seu rosto, que tento tocar, mas ela recua.


— Você precisa provar que está aqui. — Marinne fala
bem sério e de repente se afasta sentando-se na cama
puxando o lençol para cobrir seu corpo nu.

Eu a trouxe para o nosso quarto depois dos seus


orgasmos duplos em cima da mesa. E na nossa cama a
chupei bem gostoso porque ela implorou, porém parece que
não está relaxada e sim puta da vida.

— O que houve? — Tento a abordagem passiva com


ela.
— Você já se deu conta de quantas vezes fez alguma
sacanagem comigo e eu... — estreia os olhos e cospe as

palavras: — E eu simplesmente te perdoei.


— Marinne, eu...
— Não. — Me rejeita e sou obrigado a fitar as suas
costas quando se afasta e se senta na ponta da cama.
Balanço a cabeça.
Eu sei que o meu pai cause os problemas, mas não
nego que deixo ir longe demais. Ela não está errada. Só que

nós já conversamos sobre isso no nosso casamento.


— Eu estava muito preocupada esses dias — começa a
falar de costas, mesmo assim escuto sua risada sarcástica.
— Eu não conseguia dormir direito, nem comer e... — Ela
gira o corpo para ficar de frente para mim, mas ainda

distante. — Quando eu te vi na sala, é claro que eu fiquei


feliz. Não quero que nada te aconteça. Eu gosto de você. Eu
gosto de transar com você e fui uma boba idealizando dias
incríveis para a gente nesses quatro dias que você

desapareceu, mas você tem que parar de fazer isso, se não...


— Marinne, eu juro que...
— Não, Amândio. — Me interrompe. — Você jurar que
nunca vai me trair, não significa muita coisa se você não

jurar que vai me colocar em primeiro lugar, porque sabe o


que eu mais sinto... — Fecha os olhos e me dá as costas de
novo. — O que eu mais senti falta nesses quatro dias em
estar tão longe de Las Vegas... é que lá eu tinha tudo em

minhas mãos.
Faz uma pausa respirando devagar como estivesse
recuperando o fôlego. O ódio me corrói por dentro enquanto

isso.
— Eu não estou falando de dinheiro, sabe. — Continua
num murmúrio. — Não estou falando de viver em uma linda
casa e nem de soldados me protegendo. Isso eu sempre tive,

mas uma coisa que eu não tenho aqui... é alguém que lute
por mim, alguém que... — Ela faz uma longa pausa e se
levanta virando-se de frente para mim. Seus olhos focam em
nada em cima da cama.

Porra. Talvez eu saiba o que ela está tentando dizer e


colocar isso nessa conversa. Puta que pariu.
Em Las Vegas ela tinha amor. Ela tinha quem a
amasse e ela não pode jogar isso em cima de mim, merda.

Não é que eu não sinta nada por ela, mas amor?! Eu nem sei
o que é isso. Nunca senti nada perto desse sentimento
totalmente estranho na minha vida. Creio que nem de fora,
nem de dentro vi ou vivi o que ela tem em Las Vegas.
Pegando a manta que estava com ela no seu ateliê,

cobre o seu corpo. Ela ergue a cabeça e me fita com um


olhar superior.
— Eu quero que você fique comigo, Amândio. — Sua

voz é determinante, exigente e autoritária. — Quero que me


escolha.
— Mas eu escolhi.
— Não. Não... e não. Eu falei com você isso no nosso
casamento. — Esbraveja e fecha o semblante. — Eu quero o

Amândio que invadiu o meu quarto. Quero o Amândio que


foi atrás de mim no banheiro. Eu quero o Amândio que
driblou minha segurança para ficar uns minutos sozinhos
comigo no casamento do Paolo. — Suspira e solta o ar pela

boca. — Parece que você ganhou sua conquista e agora não


precisa mais provar nada.
— Puta que pariu, não. — Levanto-me da cama e vou
ficar na sua frente e não a deixo se afastar quando seguro o

seu rosto em minhas mãos. — Você nunca foi uma conquista


para mim. Nunca pensei isso. Você não é alguém que eu
preciso conquistar da forma que está falando.
Porque se for para ganhar sua lealdade, sim. Eu

sempre pensei em conquistá-la nesse sentido e parece que


estou fodendo com tudo.
— Eu sei que estou errando e desde que eu decidi que

não iria confrontar meu pai, entrar no jogo dele e assim


irritá-lo, não...
— Não está dando certo — me interrompe. — Ele está
se metendo no seu casamento e de toda a forma que

consegue. — Ela coloca as mãos nos meus punhos, mas não


afasta meu toque do seu rosto. — Eu sei que deve ser

complicado odiar o homem que é o seu Capo e ele ser o seu

pai, mas uma hora ele vai ganhar ou... você vai perder. Não
tem como ser os dois.

Fico um tempo encarando seus olhos e beijo sua testa

antes de dizer:
— Eu não sou de falar; “eu sinto muito”, mas eu, de

fato, sinto muito.


Marinne franze a testa e se afasta cruzando os braços

sobre o peito.

— Sente pelo que exatamente? — sua voz é baixa.


Ela quer que eu fale as merdas que eu fiz com ela,

okay.
— Eu sinto muito por não ter falado com você sobre o

plano de fingir que ia cancelar o casamento. Eu deveria ter


mandado uma mensagem, conseguido o seu telefone e

ligado para você.

Marinne assente e ergue uma sobrancelha. Até


zangada é irresistível.

— Eu sinto muito que cedi aos caprichos do seu irmão


e te tratei friamente antes do nosso casamento.

— E no nosso casamento — completa.

— E no nosso casamento — repito.


Ela balança a cabeça concordando e seus olhos

refletem uma fúria que eu preciso aceitar. Marinne


representa liberdade e inteligência. Meu objetivo nunca foi

controlá-la. Eu quero conhecê-la e se possível, fazê-la maior.

— Tem mais coisa e você sabe.


— Hum — resmungo. — Eu sinto muito por ter sumido

esses quatro dias e não ter atendido nenhuma ligação.

Acho que toquei no ponto alto da sua fúria. Se ela


tivesse uma arma agora, eu ganharia um tiro no pé.

— Eu aposto que quando você estava indo no


banheiro, porque você deve ter feito cocô esses dias ou você

deve ter ido tomar banho. Eu não sei, mas com certeza tinha

pelo menos cinco minutos para mim.


Tento abrir a boca, porém ela continua:
— Tinha uns minutos para dizer; “Oi, principessa. Eu

estou vivo e estou em uma missão perigosa, mas eu vou

voltar para casa. Não sei quando, mas provavelmente ainda


essa semana.”

Tem uma tonelada de raiva e ironia na sua frase,

principalmente como imita meu jeito de falar. Ela me


lembra demais eu mais novo, antes do meu avô me prender

o calabouço. Coisa que ela nunca vai ficar sabendo. Tenho


medo da sua fúria e curiosidade.

— Você tinha que ligar para mim! — Ela exige. —

Porque você pode não me amar, mas você me deve respeito,


porque eu respeito você e para mim esse é um dos pontos

fortes de um casamento.
— Você está certa.

— Claro que estou e é você quer tanto que nós

sejamos diferentes dos outros casamentos arranjados da


Famiglia. Mas se continuar agindo desse jeito, vamos nos
tornar dois estranhos, que se casaram e um dia — dá de

ombros, — eu vou ter seus filhos e é isso. Sigamos em frente


como dois desconhecidos que compartilha uma família.
— Porra, Marinne. — Eu sacudo a cabeça. Ela acabou

de me atingir forte.

— Dói quando eu falo a verdade? — Ela diz antes de ir


para a porta do quarto. — Você tem que provar que

realmente está aqui. Eu adoro foder com você e talvez eu


não consiga escapar, mas a minha mente não consegue

esquecer as suas mentiras.

— Eu não menti para você.


— Então, o que você fez? — Ela berra e vem para cima

de mim batendo seu polegar no meu peito. — O que você

fez? Eu estou brigando com você todo o tempo, não


percebe? Hoje é sexta-feira e amanhã faz uma semana que

estou casada com você e na última quarta-feira, fez uma


semana que eu vim aqui e confrontei você. Que eu me

humilhei e implorei para você ficar comigo, casar comigo,

porque você tirou minha virgindade, lembra? Nós fodemos


antes do tempo.

Engulo em seco a raiva. Realmente não gosto dela

falando assim.
— E eu não estou esquecendo que eu também quis.

Não sou hipócrita, mas pelo menos eu assumo, e você?


— Eu o que?

— Quando vai assumir as suas vontades? As suas


responsabilidades? — Suas bochechas ficam vermelhas pela

raiva. — Quando vai assumir que você deve ter esquecido de


mim esses quatro dias, por isso que tanto faz você me

responder. Para você conforto e dinheiro é o mais importante

para mim.
— Eu nunca esqueço de você — engrosso a voz puto

por me acusar assim. — Não esqueço você. Não fala isso. —

Tento pegar sua mão, mas ela não deixa. — Porra, Marinne.
— Eu não quero que você me toque.

— O que, porra? — Sinto minha boca curvar para o


lado no meu sorriso irritado.

— Não quero... — ela engole em seco, — que me

toque porque eu sempre esqueço de pensar. — Fita meu


corpo dos pés a cabeça, e eu ainda estou pelado. — Sempre

foi assim — sussurra.


— O quê?

Ela pisca rápido e levanta a cabeça, seus olhos azuis

encontrando os meus.
— Até você segurar minha mão, me faz esquecer de

pensar. — Sacode a cabeça e suspira. — Então, fala comigo

sem me tocar. Olha nos meus olhos e diz qualquer coisa que
seja profundamente verdadeira.

Nem preciso pensar.

— Eu quero você.
— Não basta.

— Eu quero ficar com você e sei que estou errando. —


Balanço a cabeça pensando em tudo o que ela falou e o jeito

como ela está me encarando agora e tenho tanta raiva de

mim. — O que você quer que eu jure? Peça.


— O que você gostaria de mim? — Pausa e estreita os

olhos. — Minha devoção, minha lealdade ou a minha

obediência?
Encarando seus olhos respondo o óbvio:

— A sua lealdade.
— Tem certeza?

— Eu não quero que você me obedeça — retruco. —

Claro que eu quero que você me escute quando te


direcionar para o que for mais correto, mais seguro. Porque

por mais incrível que você seja, eu sei mais dos perigos do
que você e posso proteger você. E não fala que você não

quer minha proteção, porque não tem como. É como você


cortasse minhas duas mãos.

— Eu nunca disse que não quero a sua proteção —

fala mais calma. — O que eu disse, é que eu não quero


apenas isso de você. Não basta, Amândio. Não foi isso que
você me ofereceu quando bateu na porta do meu quarto. E
você sabe disso, se não fosse, tinha esperado até agosto

para casar comigo e tirar minha virgindade. Mas quando

você apareceu na minha porta, me ofereceu uma vida


incrível, onde os sentimentos falam mais alto que as regras.

Você disse sem palavras que me queria.


— E eu quero — digo com firmeza.

Ela fica um tempo em silêncio apenas olhando para

mim, até que murmura:


— Você quer que eu seja leal a você?

— Contaria muito para mim que você fosse leal a

mim. Não quero a sua devoção, isso é como te humilhasse.


Você ser devota a mim, é como ser submissa. Não consigo

nem imaginar você sendo desse jeito.


— Que bom, porque eu jamais iria ser assim, mesmo
que tenha dado esse recado cedendo ao seu corpo.

— Meu corpo?
Ela ergue a sobrancelha direita e sorri de lado.

— Talvez você tenha imaginado, que por eu todas as

vezes te perdoar e correr para os seus braços, significou que


não ligo de você me enganar, mas sempre fiquei martelando

na minha cabeça se eu estava cedendo tão fácil e você se

aproveitando.
— Não, Marinne.

— Sabe, a coisa mais forte dentro de mim é a


honestidade e a verdade. — Ela diz com orgulho. — Eu estou

te falando, Amândio. Tudo o que eu sinto desde que percebi

os seus erros e que eu estava passando a mão por cima,


apagando eles. Porém... não pode continuar desse jeito.

— O que você quer que eu faça além de prometer que

vou ficar com você.


Ela me dá um sorriso, que não chega em seus olhos,

se aproxima e coloca a mão no meu rosto, suave como uma


pluma.
— Só dizer que você vai ficar e jurar que não vai me

trair, que vai me escolher, dessa vez não vai valer.


— Como assim? — Franzo a testa. — O que você quer

dizer?

Soltando o lábio inferior de entre os dentes, fala:


— Sempre ouvi dizer, que as ações falam mais do que

palavras. E tem duas semanas que você está errando e eu


vou te dar exatamente duas semanas para você provar as

suas palavras. — Dá de ombros e recua dois passos, se

afastando. — Eu vou sentir falta de dormir do seu lado, mas


é isso que vai ser. Não entre no meu quarto. Eu estou

falando sério.

— Você vai dormir longe de mim? — Tento me


aproximar dela.

— Vou e você não vai entrar no meu quarto. Foi até


bom você ter feito ele para mim. Talvez você tenha pensado

que em algum momento erraria feio nesse casamento e eu

precisaria ficar longe de você.


— Longe de mim? Isso quer dizer que a gente...

— Você está perguntando se a gente não vai foder? —

Ela resmunga aborrecida.


Chego a fechar os olhos ouvindo-a falar desse modo.
— Marinne...

— Bem, se você quiser que eu corte o seu pau com

aquela sua faquinha que você usa no coldre.


— Marinne!

— Você vai sobreviver ou se você for muito bom, pode


encurtar o castigo. — São suas últimas palavras antes de

virar as costas para mim e sair do quarto

Vou atrás a tempo de vê-la fechar a porta do quarto na


minha cara e trancar.

— A gente tem uma festa amanhã em sua

homenagem e nós vamos brigados?


— Todo casal briga e finge que não aconteceu nada.

— Marinne — espalmo as mãos na sua porta. — Você


está de sacanagem comigo.

— Lembre! Apenas lembre que eu fiquei quatro dias

sem notícia. E eu poderia te dar mesmo o troco.


— Como é que é?

Escuto-a resmungar e não entendo nada.


— Vamos conversar direito, Marinne. Abre a porta.

— Não entre.
— Eu não vou — digo irritado.

Ela aparece na minha frente com um roupão branco e

fazendo um biquinho irritado.


— Eu podia sumir do seu radar durante quatro dias,

mas eu estou fazendo algo que pareça mais maduro. Só vou


dormir no meu quarto e você vai dormir no seu. E se você

me agarrar ou tentar me beijar a força, eu vou para Las

Vegas.
— Tudo bem. Eu não vou te fazer nada.

Segurando a porta, me observa desconfiada.


— Eu não ameaço em vão.

— E eu não prometo em vão também. Não vou te

agarrar e nem invadir seu quarto, mas eu queria falar


olhando para você.

— Você tem algum problema com isso? Por isso que

não atendeu os meus telefonemas? — Sinto o deboche na


sua voz.

— Vai ficar tocando nesse assunto agora?


Ela não responde, só me olha.

— É incrível como a gente voltou a estaca zero.


— A culpa é sua! — Me acusa. — Você jurou para mim
antes da gente vir para Nova York, que eu seria sua primeira

escolha e você na primeira oportunidade faz uma merda

colossal dessas. O problema não é você sumir, é não me


atender. Não se preocupar em falar comigo.

— Eu perguntava de você a todo tempo.

— Não Basta! — Grita. — Você me ignorou e provou


que não sou sua primeira escolha... ainda. — Respira fundo,

se acalmando. — Eu sinto muito também por você não


conseguir cumprir suas palavras. Eu estou tentando te

ajudar a ser um bom marido para mim. Não é isso que você

quer?
— Sim, mas não é justo você jogar toda a merda que

aconteceu semana passada de novo em cima de mim. Nós


conversamos e nos acertamos. Pensei que você tinha

esquecido, mas agora você relembra tudo e me culpa por

tudo.
— É verdade, eu disse, mas você não provou que eu

estou em primeiro lugar. Porque o seu pai faz qualquer

coisinha, te manda ir cagar em Chicago, você vai e


simplesmente me esquece. Você me esqueceu. Confessa,

Amândio.

— Não esqueci um minuto sequer — retruco com


vontade de sacudir ela e enfiar isso na sua cabeça. — Mas se

quiser acreditar nisso. Tudo bem.


— Merda, Amândio. Você foi trabalhar, me ignorou

mesmo depois de eu ter um ataque de pânico antes de você

sair pensando nos perigos que você corre. — Balança a


cabeça em negativa. — Você sabe como a minha cabeça

ficou esses dias?

Não respondo, pois é obviamente uma pergunta


retorica. Ela está desabafando e me deixando ainda mais

puto.
— Eu sou forte, Amândio.

— Eu sei que é.

— Mas eu já vi meus irmãos ensanguentados. Travis


chegando todo rasgado, furado, quase morto e sei como são

as torturas... Eu vi Dario mudar depois que foi capturado. —

Seus olhos ficam cheios d'água. — Eu não quero que isso


aconteça com você e imediatamente quando você some, é
claro que imaginei tudo isso acontecendo. — Pausa e

suspira. — Você me deixa fraca. É isso que quer?


— Eu não quero. Claro que não quero. Eu adoro a sua

coragem. Adoro a sua verdade e a sua bravura e


inteligência. Juro que vou fazer o que você quiser.

Ela assente e dá de ombros.

— Comece hoje. Me respeite e vai dormir no seu


quarto.

— E depois?

— Eu acordo e vejo o meu humor. Um dia de cada vez,


Amândio.

— Mas eu...
— Tem um monte de livros na minha biblioteca. Talvez

um deles dê uma ideia.

Abre um sorriso que me dá vontade de beijá-la. Porra.


Me controlo para não avançar e pegá-la nos braços.

— Boa noite, Marinne. — Faço minha voz rouca que


ela gosta e sorrio.

— Boa noite, amor. — Mexe as sobrancelhas com

ironia. — Reflita essa noite sozinho.


Ergo a sobrancelha e sinto que não perco o sorriso
encarando a madeira da porta. Olhando para baixo, vejo

minha nudes com descrença dela ter brigado comigo pelado


e balanço a cabeça indo para o meu quarto.

Se eu colocar na ponta do lápis ficar duas semanas

dormindo longe dela – e talvez sem sexo, porque como ela


mesma disse, não resiste –, é algo fácil. Para mim o que vale

dessa vez é saber que está comigo e mantê-la sã e salvo.


São quase cinco da manhã agora e não devo dormir

mais que duas horas. Sinto o cansaço desses dias nos

ombros, mas não recusaria trepar com Marinne de jeito


nenhum. Ela estava uma visão com a sua camisola preta.

E deitando-me na cama, deixo um braço embaixo da

cabeça e o outro, jogo para o lado onde ela deveria estar.


Lembrando da sua camisola, me veio na cabeça agora

que Marinne não estava com ela antes. Um sorriso cruza


meu rosto teorizando de que minha doce e nada inocente

esposa, gosta de brincar comigo e usar seu corpo magnético

nas discussões contra mim.


Primeiro foi a calcinha que dei a ela de dezoito anos.

Ela fez questão de usar para vir me confrontar naquele dia.


Depois no casamento, usando uma lingerie nova para a

noite de núpcias – e dizendo que não queria que eu a


tocasse. E agora essa camisola que não deixa muito para

minha imaginação.

Balanço a cabeça fitando o teto e rindo.


— Acho que está na hora dela provar do seu veneno.

— O quê? — Sento-me na cama e olho para o lado. A

caixinha branca de som que fica em cima da cabeceira ao


lado de Marinne, toca um rock antigo e em alto e bom som.

— Puta que pariu.

Jogando as cobertas para longe, me estico e toco na


caixinha. Nada acontece. Faço de novo. Nada acontece.

— Caralho. Marinne! — Me irrito e lembro de relance a


voz de Marinne dizer “pare” para a caixinha. — Pare!

Olho como um babaca para a caixinha e nada.


— Para merda. Cala a boca. — O diabo da música
continua a tocar até o fim e de repente para surgindo a voz

de uma mulher chata:


“Bom dia. São sete e meia da manhã em Nova York.
Hoje o céu está limpo e ótimo para um passeio nesta sexta-
feira.”
— Vai se fuder — reclamo saindo da cama logo. — Eu

já ia me levantar mesmo.

Entrando no banheiro, resolvo tomar uma ducha e


indo para o closet visto um short de correr de lycra sem

cueca porque não precisa. Tenho certeza de que minha


adorável esposa vai aprovar como ele fica justo nas partes

que ela mais gosta em mim.

Merda. Eu preciso que ela se solte mais. Preciso sentir


seus lábios carnudos e sorridentes no meu pau, me

mamando e engolindo tudo e sem tirar os olhos dos meus.


Aqueles olhos azuis intensos. Essa fantasia está cada vez
mais vivida na minha mente.

Termino de amarrar os cadarços e saio do quarto. No


primeiro andar encontro a casa vazia e silenciosa. Mandei

uma mensagem para Matteo e a empregada para virem só


depois das oito. O que é ótimo, assim ninguém viu a

camisola e a calcinha da minha esposa, e minha calça,


espalhados no chão.

Pegando nossas coisas, levo para a lavanderia – a

calcinha deixo no bolso. Meu souvenir.


Voltando, preparo um shake para tomar um café

reforçado hoje. Esses dias foram fodas. E vou correr para

desestressar e planejar algo para Marinne. Ela quer que eu


mostre que é minha prioridade. Eu vou fazer o que posso no

momento, porque a minha maior prova terá que esperar. A


morte do meu pai será para nós dois.

Minha liberdade e a salvação de Marinne. Talvez a

salvação do meu casamento. A Darkness eu já salvei e cuido


há anos. Agora preciso me livrar de Giovanni e proteger

minha esposa.
Levando minha vitamina de banana e Whey Protein

comigo, subo e antes de pegar o terceiro andar, passo no

quarto de Marinne.
Abro a porta devagar – usando minhas táticas – e paro

na sua frente. Ela está dormindo de lado, as mãos embaixo


da cabeça, no rosto. Respira suavemente e parece sorrir.
Como?
Passo as costas da mão em seu rosto e balanço a

cabeça. Muito doce para um crápula assassino como eu,


mas eu jamais abrirei mão dela.

Beijando sua testa, ergo o lençol até cobrir seus


ombros e saio do seu quarto sentindo algo esquisito. Algo

que nem sei nomear e desconto toda a frustração e irritação

do que fiz, da nossa briga e de como eu gostaria que ela


fosse alguém que não mexesse tanto comigo, na

musculação e depois da esteira.

Mas merda. Eu disse uma vez e sinto isso cada vez


mais. Não consigo e não quero, nunca quero, me ver casado

com nenhuma outra mulher que não a minha Marinne


Lozartan D’Ângelo.
23

Acordo com muita dor de cabeça. Sentando-me na

cama, jogo meus braços para cima e me espreguiço


gemendo e sentindo todos os músculos das minhas costas e

pescoço retraírem.
Meus ombros caem e olho para o lado vazio.

— Droga.

Quatro dias sem dormir com Amândio e é


inacreditável como sinto falta do seu corpo quente e forte

me envolvendo, ou eu jogada sobre ele. Ou sentir

simplesmente que ele está do meu lado. A terceira opção


não sei o que é, pois nós sempre estamos grudados na

cama.
Ontem a noite quando ele chegou, parecia que meu

cérebro deu um branco. Não totalmente porque eu não

tinha esquecido os quatro dias de preocupação que passei,

mas querer seu corpo e transar loucamente, não tinha como

fugir.
Eu adoro o corpo dele e aquela calça de flanela, que

procurei na internet como é o nome – deixa meus neurônios

falhando. E foi inevitável eu querer fazer sexo.

Não minto, usei ele para as minhas necessidades e se

precisar, faço de novo. Adorei estar no comando ontem e


mais ainda por deixar claro isso para ele.

Será que ele notou que eu troquei a camisola? Eu sei

onde atingir o meu oponente.

Mas a moral da história, é que parece que Amândio

que está nas rédeas da nossa relação e toda vez que eu

pareço não ligar pelas coisas que ele faz se sucumbindo ao


desgraçado do pai, simplesmente dar um recado errado de
submissão e eu não quero mais isso. Eu tentei explicar para

ele duas vezes antes, mas ontem acho que ele entendeu, ou

está tentando. Nós estamos tentando fazer desse casamento

algo melhor do que um acordo.


E depois, quando a gente estava na cama, eu me senti

quase relaxada e coloquei tudo o que estava sentindo para

fora.

Uma coisa que aprendi com Madeleine é falar o que

for preciso na hora certa, não deixar para depois. Ela uma

vez me falou isso sobre sua relação com Travis. E embora, eu


nunca querer me envolver no relacionamento deles dois,

não me interessava, nunca esqueci o que ela me disse. Que

era preciso se manter firme e falar o que pensa na hora

certa, não depois. Não guardar para si. Não acreditar que de

repente os homens serão inteligentes o suficiente para ler

nas entrelinhas o que uma mulher tenta dizer para eles com

um olhar ou uma resposta.

E sobre Amândio e eu, a verdade é que a culpa foi

minha chegar ao ponto dele não me responder as ligações

por quatro dias.


A primeira vez que eu cedi ao Amândio, foi quando

vim para Nova York e meio que implorei para ele ficar

comigo e acabei parando no seu sofá esgotada de uma foda

louca, que me deixou com as palmas das suas mãos

marcadas na minha bunda.


Não vou dizer que me arrependi, porque nenhuma das

vezes que nós transamos, mereça a palavra arrependimento.

Eu adoro transar com ele.


Amândio me faz revirar os olhos, desejar coisas que

eu nem sei como pedir e talvez esses quatorze dias será

entre discursões e muito sexo raivoso.

Finalmente descobri que é bom sexo raivoso ou de

desculpas. Eu sempre li nos livros, mas nunca pensei que o

meu relacionamento me traria a experiência de fazer sexo

com raiva com o meu marido.

Será que um dia nós faremos amor também?


Sacudo a cabeça com esse pensamento e caminho

para o banheiro. Procuro nas gavetas um remédio de dor de

cabeça e coloco os dois comprimidos – o relaxante e o

anticoncepcional de todo dia – logo na boca.

Não sei por que estou com dor de cabeça assim.

Talvez eu não sirva para discutir ou me estressar. Sei lá, a

culpa é do Amândio.

Faço minhas necessidades, lavo meu rosto, penteio

meus cabelos e mesmo que eu esteja brigada com Amândio,


não significa que eu vá sair de camisola – embora essa seja
comportada – pela casa. Matteo e Donato já devem estar lá

embaixo me esperando.

Passando do banheiro para o closet pergunto em voz

alta:

— Alexa, que horas são?

Espero a resposta e quando não vem, me dou conta

que a minha Alexa está na cabeceira do outro quarto. E

assim me relembro que aquele é o meu quarto.

Usando uma calça legging e tope pretos e uma

camisa branca por cima, desço com meus tênis de corrida


brancos. Acho que Ioga e uma corrida na esteira

ergométrica lá em cima, vai resolver meu estresse. Hoje não

estou a fim de sair. Vou passar a tarde lendo e pintando. É

impressionante, mas brigar com Amândio sugou minha

energia.

Descendo as escadas vejo Matteo ao telefone e ele

estava sorrindo antes de perceber minha presença.

— Bom dia, Matteo.

— Bom dia, Senhora D’Ângelo. — Seus olhos passam

por mim de cima à baixo antes dele indagar olhando-me nos

olhos. Ele sabe para onde olhar. — Vai sair agora?


— Não. Eu estava pensando em ficar em casa. — Com

um suspiro respondo e entro na cozinha. — Mas obrigada

por perguntar. — De costas pergunto como não estivesse

interessada. — Você e Amândio tem muitas coisas para

fazerem hoje? Donato deve me fazer companhia.

— Amândio não vai sair.

Paro minha mão no ar com o bule de café e franzo a

testa. Controlo minha respiração e tenho certeza da minha

feição neutra antes de me virar para Matteo de volta.

— O que você quer dizer com isso?

— Amândio está na esteira lá na academia do terraço

e informou que não vai sair hoje.

Aquela pontinha de orgulho e soberba se acende

dentro de mim por ele ficar em casa. Ou pelo menos está.

— Então, vocês não têm nada para fazer hoje? Ele não

vai sair?

— Até segunda ordem, Amândio falou que vai ficar em

casa, senhora.
— Tudo bem — respondo fingindo uma voz tranquila e

modéstia. — Você já tomou café? — Volto minha atenção


para o bule e sirvo uma boa dose para mim. — Aliás, foi você

que fez o café?

— Não.

Franzo a testa para Matteo e espero que complete sua

resposta.

— Não, eu não quero café e não, não fui eu que fiz.

Deve ter sido o Amândio.

Pelo visto meu marido ficou em casa, mas não me


acordou. Ele está levando tão a sério meu castigo ou nem

liga de ficarmos longe um do outro. Deve ser a opção dois.


Tomo um gole do café forte e fumegante, pego uma

torrada e assim que mastigo, meu cérebro se acende como


uma lâmpada. Repousando a caneca na mesa, olho para

Matteo.
— Eu vou ter uma palavra com o meu marido. Por

favor, não nos interrompa.


Ele me dá um olhar de suspeita, mas assente e fica

em silêncio. Acho bom.


Subo lentamente os dois andares e respiro fundo
quando estou chegando nas portas da academia. Meus pés

estacam-se, grudando no chão, como se eu estivesse


pisando numa areia movediça quando escuta a voz brava de
Amândio. Prendo a respiração e mordo a ponta da boca,

ficando em silêncio para escutá-lo.


— Não adianta você falar. Caralho! Vou fazer o que eu

quiser hoje, pai.


Mm... Ele está falando com o porco nojento do

Giovanni. Tocando no nome dele, tenho que perguntar ao


Amândio quando vai ser o tal sequestro armado entre ele e
Travis. Estou ansiosa para o momento de Giovanni ganhar a

sua merecida surra. Queria ser uma mosca e assistir esse


dia.

— Eu já fiz todo o seu trabalho. Você me deu quatro


dias de muito estresse e coisas que eu não deveria resolver.

Você é o Capo, esqueceu? — Uma pausa, umas respirações


irritadas e um palavrão gritado. — Se você continuar a me

dar as suas obrigações, é melhor me tornar logo o Capo e


assim você fica livre para passar as noites trepando e

bebendo em casa ou onde você quiser. Eu tenho... EU


TENHO SIM — grita provavelmente para parar o pai, — todo

o direito de falar como eu quiser com você. Não sou seu pau
mandado. Fazer funções de líder para provar que sou apto
ao cargo é diferente de todo o SEU trabalho como Capo. Vou
ficar em casa, pois acabei de me casar e... Não fala dela.

Minha esposa DEVE ficar longe da sua boca, pai. — Tem


muita raiva e nojo na última palavra.

O que será que esse velho porco disse?! Merda. Por


que não está no viva-voz?!

— E se acostume com a minha ausência.


Como assim? O que ele quer dizer com isso. Ele não

vai mais trabalhar? Parece que o pai dele faz a mesma


pergunta, pois suas próximas palavras são:

— Eu vou para a Itália passar a minha lua de mel com


Marinne. Vou ficar lá por um mês, ou dois. E não vai ser nada

incomum viver com minha ausência, já que eu passei


tempos em Calábria longe da Darkness. — Amândio é

sarcástico. — Ou você se esqueceu que o meu avô me


prendeu e eu fiquei um ano naquela merda de fazenda e
preso no calabouço, que vocês gostam tanto de me torturar.

Então....
Calabouço? Ele ficou preso num calabouço? Um ano

logo? Será que ele está falando do tempo que ficou sem me
ver, dos meus dezesseis aos dezoito anos. Amândio sempre

foge da resposta quando pergunto por que ele ficou longe.


Coloco a mão na boca para não sair nenhum som e ele

me ouvir.
— Não fode, pai. Vai ser assim e acabou. Você vai

poder me contatar por telefone, assim como os meus


soldados.
Um barulho como algo tivesse caído, corta a sua voz.

Meu coração quase para, mas percebo que foi o seu celular,
pois as engrenagens da esteira ficam em alta velocidade e

em seguida os passos dele trotando enquanto corre.


Se eu aparecer aqui nesse exato minuto, Amândio vai

saber que eu já estava aqui e provavelmente ouvindo atrás


da parede.

Sorrindo, relembro meus tempos em casa e


estrategicamente volto para as escadas. Faço barulho como

estivesse subindo os últimos cinco degraus. Esbarro num


vazo de planta, para me certificar que ele me ouça

“chegando”.
Soltando meu cabelo, passo o laço e conforme vou me

aproximando da academia, prendo num rabo de cavalo.


Fingindo me preparar para fazer exercício.

Paro nas portas abertas e olho para ele. Uau! Meu


Deus. Eu nunca estou preparada para ver esse homem

seminu.
Amândio está correndo com um shortinho apertado

que deixa suas coxas aparentes, o peito nu com quase pelo


nenhum e um tênis branco sem meias. Ele está todo suado

e corre em alta velocidade. Os cabelos molhados, seus


músculos se flexionando, as veias saltadas e por sorte, o

short é bem apertado senão seu membro estaria sacodindo.


Tento não morder a boca ou gemer enquanto o

admiro. Fingir não estar afetada me afeta.


Sinto-me latejar entre as pernas e aperto os dedos dos

pés dentro dos tênis, para jogar a energia que sinto em algo
lugar do meu corpo que ele não veja.
— Bom dia — murmuro controlada para não parecer

abalada.
Me aproximando, olho para os seus olhos, não para o

seu peito forte, lindo e musculoso. Se esse homem fosse um


pouquinho menos branquelo, seria a versão idealizada que
tive do Jacob de Crepúsculo. Mas pode ser perfeitamente o
Edward, porém ele é bem mais decidido.

— Bom dia, amor — Ele devolve me mirando de cima


abaixo, se demora na minha calça e na camisa, nos meus
peitos. — Veio correr também ou vai usar a bicicleta?

— Ah... — Solto o ar e me controlo. — Eu estava


pensando em fazer Ioga e correr depois, mas eu posso

esperar você acabar.


— Já estou terminando aqui.

Assinto e me fingindo de idiota, como se não tivesse a


resposta para a pergunta que Matteo já me assegurou,

indago:
— Já está saindo para trabalhar?

— Não.
Franzo a testa e coloco as mãos na cintura,

empinando os peitos. Que ele dá uma boa olhada.


— Hoje eu vou ficar em casa.

— Você vai ficar em casa? — Enceno uma surpresa,


quase um choque. Chego a colocar a mão no peito e piscar

rápido. Os livros e os filmes que eu li e assisti, me ensinaram


muita coisa.
Amândio sorri de lado e sacode a cabeça que sim.
— Vou ficar em casa com você. Não era isso que você

queria?
— Então você vai ficar só por que eu pedi?

— Vou ficar porque eu já queria.


— Tem certeza disso? — Provoco.

Facilmente Amândio cai nas minhas provocações,


porque ele bate no botão vermelho de parada de

emergência da esteira e ofegante balança a cabeça saindo


de cima do aparelho. Pega uma toalha pequena e passa no

rosto sentando-se no banco de fazer supino.


— Se eu saio, você reclama. Se eu fico, você reclama.

— Ele solta o ar com força pela boca e me encara com o


semblante fechado. — O que você quer, Marinne?
— Que fique porque você quer, não porque eu te pedi.
— Mesmo mantendo a pose de durona, essa fala é

verdadeira.
— Mas vou ficar porque eu quero. — Levanta do banco
e cerra o maxilar. — Acha que eu quis realmente ficar esses
quatro dias longe de você, quando minha cabeça não parou
de pensar nesses quatro meses – depois que a gente transou
– em como eu gostaria que você estivesse comigo.

Engulo em seco e meu coração acelera.


— Eu antecipei o casamento e anteciparia para março,
mas para não levantar suspeitas e você precisar terminar a
escola, deixei que fosse agora.
— Eu sei e não estou falando sobre isso, Amândio.

Coloco a mão na cintura, e já que a gente está num


joguinho novo, puxo minha camisa para cima, ficando só de
tope. E preciso bater palmas para ele, pois seus olhos estão
nos meus.

— Que bom que vai ficar em casa hoje. — Dou de


ombros.
Amândio corta a nossa distância, mas não me toca. E
nem precisa. Seu cheiro é entorpecedor com suor

misturado.
— Você quer sair para algum lugar? Nós podemos
almoçar juntos.
— Mm... — faça um som com a garganta me fingindo

de difícil e como não tivesse adorado ele me chamar para


sair.
Ah, eu estou zangada com ele pelo que fez. Ele errou,
mas tenho que dar uma chance. Não sou do tipo rancorosa.

Travis me ensinou a usar as coisas ao meu favor.


— Acho que seria bom a gente almoçar juntos hoje
em um restaurante legal. Podemos conversar.
— Conversar? — Franzo a testa.

— Sobre qualquer coisa. — Diz rápido. — Não


necessariamente todas as nossas conversas precisam ser
uma briga. A gente precisa se entender sem estar na cama,
você não concorda?

Uau. É verdade.
— Não tinha percebido que a gente só não briga
quando estamos transando.
Amândio assente e olha para trás de mim. Enquanto
eu paro para analisar o que ele disse. É verdade. A gente só

não briga quando estamos transando.


— Que merda de relacionamento. Não quero isso para
mim.
Me dou conta que falei em voz alta quando ele olha

para mim e assente.


— Também não quero, então a gente pode almoçar e

passear. Posso te levar para algum lugar que você queira


conhecer em Nova York.
— O que você me recomenda?
Amândio balança a cabeça pensativo e diz:
— Seria clichê eu te dizer todos os pontos turísticos?

Dou uma risadinha e aceno com a cabeça que não.


— Você pode me levar para onde acha que eu gostaria
de ir primeiro.
Ele dá um passo e levanta a mão para o meu rosto,

quase tocando minha bochecha, mas não faz.


— E se eu te mostrar a cidade toda de uma vez?
— Como assim? — retruco curiosa.
Amândio estica a mão até me tocar. Ele lentamente

segura o meu queixo e noto que espera que eu recue, mas


permaneço no mesmo lugar. Sua mão ergue o meu rosto
mais um pouco e beija a minha testa.
— Vou ter que sair rapidinho para poder resolver o

nosso encontro. Enquanto isso você corre e coloca uma


roupa confortável para ficar a tarde toda em Nova York
comigo.
Mordo a boca por dentro e seguro a sua mão tirando

do meu queixo, e não porque eu não quero que ele me


toque. Eu... só quero tocar a sua mão.
Como lesse meus pensamentos, fica mais perto e me
dá um beijo quase na boca e se afasta.

Suspiro derrotada com sua ausência.


Vejo-o pegando a toalha, sua camisa e seu celular. E
me dando um olhar intenso, me deixa sozinha com meus
pensamentos.

É impressionante como ele consegue brincar com a


minha mente. Talvez eu também consiga brincar com a
mente dele.
— Uma roupa confortável? — digo em voz alta me
encarando nos espelhos e sorrio.

O que seria mais confortável que um vestido curto,


bem justo ao meu corpo e botas de couro. Meus cabelos
soltos e uma maquiagem leve.
Toco minha boca e sorrio. Por que parece que ele

acabou de me beijar?
Mordendo o lábio, subo na esteira e respiro fundo.
— Aí, Amândio. Você não sabe o que vai te atingir

hoje, maridinho.

Vejo Amândio atravessando o lobby de casa e


cumprimentando rapidamente Matteo, que entra no
elevador.
Quando ele saiu para resolver o que está planejando
para o nosso encontro hoje, eu estava tomando banho,

então eu não o vi arrumado e nem ele me viu.


Prendo meu sorriso entre os dentes e seguro a
vontade de suspirar.
Amândio está como sempre todo de preto; calça
social com a camisa para dentro, as mangas dobradas
mostrando seus antebraços musculosos. O cinto com a fivela
preta e combinando com os sapatos italianos. O cabelo
penteado de lado num estilo bagunçado e o mais perfeito,
seu olhar faminto por mim.
Eu estou com um vestido preto de viscose ajustado ao

meu corpo, as mangas longas com efeito blusê nos ombros


e o comprimento deixa a metade das minhas coxas à
amostra. E minhas botas de cano alto da Prada de verniz,
preta, salto agulha e bico fino. Não é tão confortável, porém

estou na moda.
Estou sexy e provocadora, para Amândio uma
tentação. E isso porque ele não está vendo minha lingerie.
Um body sem alças de renda preta com o corpete apertado

da Victoria Secret’s. Estou com cinturinha de boneca e a


arma que Travis me deu, presa por dentro da coxa. Nem sei
como consegui encaixá-la ali.
Com uma falsa inocência, ando a passos lentos até

meu marido sério e sombrio. Meus saltos tilintando no chão


branco de porcelanato.
Amândio nem se move. Acompanha meus passos
como se eu estivesse desfilando para ele e enfia as mãos
dentro dos bolsos cerrando o maxilar.
— Você chegou rápido — comento e sorrio mexendo o
ombro com charme.
Ele não diz nada e nem tira os olhos de mim.

— Você já está pronta?


— U-hum — murmuro. — Por quê?
— Por nada. — Dá um passo, coloca dois dedos no
meu queixo e ergue meu rosto. Contempla meus olhos e
minha boca e me solta de repente, se afastando e indo até a

cozinha.
Espero o beijo, mas não vem. Zangada, franzo a testa
e vou atrás dele.
— Ainda vamos sair hoje? — Pergunto pegando minha

bolsa de cima da mesa do jantar e vendo as horas no celular.


Agora são uma e vinte.
— Você não almoçou, não é?!
— Não — digo confusa levantando a cabeça para ele.

— Nós não vamos almoçar na rua?


Amândio termina de encher o copo com água até a
boca e se vira para mim bebendo lentamente. Seu pomo de
Adão se move conforme engole e ele leva sua cabeça bem
para trás. Tornando uma atividade idiota, de se hidratar, a
coisa mais sexy do mundo.
Baixando o copo, ele limpa o lábio inferior com o

polegar e o indicador fitando-me nos olhos.


Engulo em seco e aperto minha bolsa com tanta força
que faz um barulho engraçado do couro sendo esmagado.
Pobre da minha Chanel.

— Vamos sim. Perguntei porque te vi aqui na cozinha.


Levanto a sobrancelha, vou até ele com passos lentos
e ergo minha cabeça para manter o contato visual. Tiro o
copo da sua mão e tento ser sexy dando um gole na sua

água.
— Ah! — Arfo de boca aberta fingindo satisfação de
me refrescar. — Gelada.
Ele mantém sua pose blasé e eu rio por dentro.

— Eu estava na cozinha porque Matteo estava aqui —


respondo sua dúvida.
Concordando um aceno, toca meu ombro passando
por mim.
— Vou no escritório e depois podemos ir. Se for pegar

algo, dá tempo.
Olho para suas costas largas e o sigo tomando
cuidado para não fazer barulho. Em vão porque ele percebe

que estou atrás dele.


No seu escritório ele abre uma porta dupla e entra.
Descubro que é um armário e quando acende as luzes
arregalo os olhos.
— Uau.

Estou realmente abismada com a quantidade de


armas e facas penduradas na parede e em mesas como
estivesse em exposição. Tudo organizado em moveis em
preto e vidraças limpas. Caminho com meus dedos

passando por cima das armas, sentindo os canos frios e o


couro nas alças. As facas tão afiadas que cortam um fio de
cabelo facilmente.
— Isso tudo é só para você?

Ele sente meu espanto?! Não é porque eu nunca vi


tantas armas de uma vez, mas porque são muitas para um
único homem.
Ele está se preparando para uma guerra?
— Sim — responde no canto com os braços cruzados
sobre o peito, me encarando. — Gostou de alguma?
— Se eu gostei, você vai me emprestar? — Ergo a
sobrancelha e dou um sorrisinho.

Amândio descruza os braços e se aproxima. Parando


na minha frente, fica cada vez mais perto. Seu rosto a
milímetros do meu. Sinto suas mãos atrás de mim e seguro
a respiração, me inclinando para manter algum espaço

entre nós.
— O que você...
Sorrindo, Amândio se afasta rápido e mostra uma
arma pequena toda preta que pegou na mesa que estou

quase sentada.
Eu pensei de novo que ele ia me beijar, mas na
verdade só estava pegando a arma.
Argh. Que frustração.
— O que foi? — pergunto mal-humorada.
— Essa arma é pequena, mas muito potente. Com
esse seu vestidinho — pausa me olhando de cima a baixo, —
seria ideal para você.
Meu Deus. Nós pensamos igual.

Espalmando as mãos no seu peito, empurro até


ficarmos numa distância boa e apoio meu pé na mesa do
outro lado. Seus olhos como de uma Águia fitam o coldre

que prendi na perna com a arma similar a que está na sua


mão, que Travis me deu.
— Tipo isso? — Pergunto fazendo uma voz rouca e
baixa.
Amândio balança a cabeça bem devagar olhando para

minha coxa e a arma. Sinto-me orgulhosa dele ficar sem


ação. Baixando a perna, ajeito meu vestido e quando
aprumo a postura, vejo-o com um sorriso de lado. Seu olhar
perfurando a minha alma.

Meu coração acelera porque eu acho ele formidável


quando me olha dessa maneira.
— Por que está armada?
— Sempre uso quando saio.

Ele franze a testa.


— Matteo disse que vocês foram no shopping na
quarta-feira. Como entrou armada?
— Ah... eu deixei dentro do carro. Sei que não pode

entrar armada em certos lugares. Pelo menos, no meu caso.


— O que você quer dizer com isso?
— Você sabe. — Dou de ombros. — Meus irmãos, e

aposto que você e seus homens, podem entrar armados até


os dentes em todos os lugares porque sabem quem vocês
são e está tudo bem. As pessoas têm medo e não seriam
loucas de dizer que vocês não podem entrar.

Ele se aproxima e sua altura majestosa na minha


frente me deixa acalorada por dentro.

— Se você estiver comigo, vai poder entrar.

— Quero poder entrar sem estar com você


necessariamente.

Amândio respira pelo nariz, olha para algum ponto

sem foco e ao erguer os olhos para mim, eles estão


prateados iguais quando ele está transando comigo.

— Você quer que te respeitem como um membro da


Darkness?
Confusão total me domina e cambaleio para trás

colocando a mão no peito. Meu coração agora acelera de


outro jeito. Pânico, será?!

— Se... eu dizer sim... — Engulo em seco. — O que


você vai fazer?

— O necessário para você ter o que quer.


— Por que você faria... É... melhor dizer: — Sacudo a

cabeça e reformulo. — Por que você me daria isso?

— Porque sinto que para você é importante que não a


vejam como fraca.

— Você não me vê assim?


— Fraca? — Sacode a cabeça que não e enrijece o

maxilar. — De jeito nenhum. E fazer as pessoas respeitarem

você como um membro da Darkness, não apenas uma das


mulheres, seria bom para mim também. Ficaria mais

tranquilo sabendo que terão medo de você, além dos seus


seguranças.

Mesmo achando que falta algo em sua resposta. Sorrio

assentindo e estico a mão para pegar a arma que ele ainda


segura.

— Você me daria essa arma?

— Acho que preciso te dar algo diferente dessa, mas


—, tira a arma da minha mão e beija minha testa, — hoje

não é dia para isso. — Ele a coloca no lugar e se vira para


mim. — Temos que ir. Estão nos esperando.

— Quem?
Vestindo seu coldre, coloca uma única arma presa nas
costelas, uma faca do outro lado e pegando minha mão, me

tira de dentro do armário, apaga as luzes e fecha as portas.

Acompanho seus passos até um cabideiro. Ele pega


um paletó, joga em cima da sua mesa e se vira para mim

respondendo:

— Reservei uma mesa para nós no melhor restaurante


de Manhattan e tenho uma surpresa para você.

— Surpresa para mim?


Ele apenas assente desdobrando as mangas e com

sua elegância, veste o paletó e eu me aproximo para ajeitar

as lapelas. Amândio fica parado enquanto endireito sua


roupa e lentamente seus dedos tocam minha barriga,

subindo até eu sentir nas costelas e deslizando para trás das


minhas costas, cola meu corpo no seu. Rindo olho para o seu

rosto.

— Na regra sua regra de duas semanas dormindo em


quartos separados — fala com sua voz magnética e rouca —,

eu não vou poder te tocar?

Subo minhas mãos por seu peito e adoro quando as


mãos dele estão apoiadas na minha bunda.
— Acho que já respondi quando toquei em você agora

e para de me provocar?

— Do que está falando?


Estreito os olhos.

— Você sabe muito bem. — Mesmo de salto, fico na


ponta dos pés e quase beijo a sua boca e me afasto

recuando dois passos. — Vamos. Estão nos esperando.

Antes de sair do seu escritório, jogo meus cabelos


para trás e o vejo soltar o ar pela boca quase sorrindo.

Amândio está mesmo querendo se redimir, pois eu

amei o restaurante que ele me trouxe. E óbvio, é um clássico


restaurante italiano, todo iluminado e elegante. Chão de

mármore, mesas e cadeiras de madeira preta, foros e

toalhas brancas. Vasos de Cristais altos com rosas brancas


com os canos inteiros. Pratos brancos e talheres dourados.

Tudo tão perfeito e chique como num filme.


— Este lugar é lindo — comento após engolir um

pedaço delicioso da torta de morango.


— Que bom que gostou. Podemos vir aqui quando

quiser.
Assinto sorrindo e termino de comer minha torta

sozinha, porque ele não quis sobremesa.

Amândio acabou com seu cordeiro a molho madeira,


que me lembrou tanto o dia que ele tocou minha boceta por

baixo da mesa e depois colocou os dedos na boca. Nós

sempre gostamos de nos provocar.


— Você quer um pedaço? — Ofereço o garfo para ele e

como estamos sentados numa mesa redonda, um do lado do


outro, estamos bem pertos.

Além do mais, estamos longe das outras pessoas.

Amândio ordenou que as dez mesas perto de nós ficassem


vazias.

Ele coloca o cotovelo na mesa e vira o corpo de frente


para mim. Estica-se e abocanha o pedaço que lhe ofereci.

Merda. Não era minha intenção ficar excitada vendo-o comer


torta de morango.
Prendo a vontade de rir mordendo o lábio inferior e

puxo o garfo da sua boca.

— Gostou? — sussurro.
— Uma delícia.

Sua resposta torna inevitável eu soltar um riso. Mas

paro quando estica a mão e passa o polegar sobre meus


lábios.

— Estava sujo — fala com sua voz tentadora.


Fico paralisada e foco em sua boca.

— Quero... te beijar.

Sua mão escorrega para minha nuca e apenas vou


quando nos aproxima ainda mais. Seu rosto fica bem perto

do meu e prendo a respiração para ganhar seu beijo. Seus

lábios acariciam os meus e sufoco um gemido, segurando


forte seu paletó.

O beijo é quente com gosto de morango e uísque.


Uma pena ser rápido e discreto. Não se parece nem um

pouco com seus beijos que me deixam molhada. Esse só me

deixa carente.
— Você já acabou de comer?

Fito-o nos olhos e dou de ombros.


— Sim.

— Então vamos. — Se levanta, ajeita a roupa, fecha o


paletó e estica a mão para mim.

Bebendo um gole da água com gás, limpo a boca,

pego minha bolsa e o acompanho para a saída, onde


pegamos nossos sobretudos.

Depois que Amândio se despede do dono do


restaurante, que pertence ao grupo da Darkness, ele pega

minha mão e me leva para fora. E eu não consigo parar de

olhar nossas mãos juntas até chegarmos no carro.


Atencioso, ele me guia para dentro com as mãos em minhas

costas.
Preciso admitir. Ele está se esforçando de verdade.

Dentro do carro, Amândio manda Donato ir para a

empresa. Franzindo a testa, espero que ele acione o botão


que nos dá privacidade atrás do Escalade Preto – uma

versão robusta e curta de uma limusine – e viro a cabeça

para ele, acomodado ao meu lado.


— Por que vamos para a sua empresa?

Amândio abre os botões do paletó e apoia o braço no


encosto do banco atrás de mim. Me dando a sensação de
estar cercada por ele.
— Porque eu tinha dito para você que ia mostrar a

cidade toda de uma vez.


— Mas o que isso tem a ver com a sua empresa? Por

acaso lá tem um holograma ou uma maquete gigante de

Nova York?
— Não, querida. Espere e verá.

Suspirando não tenho uma alternativa a não ser

esperar para ver. Minha curiosidade vai ativar a ansiedade e


não é bom. Porém não quero ser chata.

Pedindo licença, Amândio atende seu celular e eu viro


meu rosto para a janela, me concentrando no movimento da

rua.

Nova York é tão barulhenta e movimentadas, em


qualquer horário. E a diferença de Las Vegas, é que as ruas

ficam cheias porque todo mundo estão se divertindo. Como

uma grande festa. Aqui, todos estão apresados e


trabalhando. Milhares de pessoas surtando e desesperadas

porque o relógio está passando as horas.


Las Vegas podem te levar à falência, ou se tiver muita

sorte, ficar muito rico. Nova York a mesma coisa, só que aqui
a loucura não é opcional.

Mesmo assim estou gostando muito dessa cidade. Ela


é linda, majestosa. Prédios gigantes e outros com estruturas

antigas. A iluminação por toda parte como uma galáxia com

vários pontos de luzes para todo lado.


O carro entra num estacionamento amplo e que grita

organização. Nem precisa saber que estamos num edifício


comercial. Donato para perto dos elevadores.

Vejo a porta na minha frente se abrir e olho surpresa

Amândio com a mão esticada para mim.


— Marinne?

Sorrio. Sem jeito e aceito sua mão saindo do carro.

— Fiquei distraída — digo. — Aqui é a D’Ângelo


Corporation?

— Sim — responde seco e nos guia para o elevador.


Percebo o seu olhar para Donato. — Fique aqui até

voltarmos.

— Sim, senhor.
Ofereço um aceno de despedida a Donato e encaro

meu marido. Ele estica a mão e Donato entrega um lenço

preto.
— Onde está o Matteo?
— Trabalhando.

Que forma fofa de falar o que eles fazem.


Sem querer me estender, não pergunto mais.
Amândio não quer falar sobre o trabalho. Já entendi.

Assim que as portas se fecham, apenas nós dois


dentro do elevador. Ele fica na minha frente, me impedindo

de ver o andar que estamos indo. Fito seu perfil e texto seu

humor.
— Para onde você está me levando, vai fazer frio?

— Não sei. Por que?

— Mm... é porque estou com esse vestidinho e talvez


eu sinta frio.

Seus olhos ficam prateados, as narinas se dilatam


quando respira profundamente e quando vejo estou sendo

presa por seu corpo nas paredes do elevador. Amândio

consegue abrir minhas pernas com as suas no meio delas,


subindo meu corpo e agarra minha coxa.

— Não se preocupe. Eu esquento você.


Porra. Eu tentei provocar, mas fui atingida. Aperto

suas lapelas e quase infarto quando ele passa os dedos


lentamente no coldre da minha arma.

Ele segura meu queixo, para eu não desviar o olhar e

beija minha boca de leve.


— Você confia em mim?

— Confio — respondo rápido.


— Então fecha os olhos.

— Mas...

Quando outro beijo rápido e ele me solta.


— Fecha os olhos e se vira de costas para mim.

— Como assim? Para que isso?


— Porque eu estou pedindo.

— Okay — balbucio e prendendo o ar, me viro de

costas para ele e fecho os olhos.


24

Minha confiança em Amândio não foi algo que ele

conquistou fácil e mesmo acreditando que ele nunca me


machucará, quando sinto algo passar no meu rosto e tento

desviar do objeto, ele me segura no lugar com as mãos


enormes em meus ombros.

— Calma. — Ele pede com a voz firme. — É só o lenço

que eu vou cobrir os seus olhos.


— Para que isso?

— Se você confia em mim, então apenas confie. —

Beija minha nuca, me arrepiando toda. — Não vai acontecer


nada de ruim com você.

Ponho minha mão sobre a dele no meu ombro.

— Está bom.
Amândio amarra o lenço na minha cabeça, cobrindo

os meus olhos e me vira, fazendo-me ficar de frente para ele

de novo segurando meus ombros.

Não estou pronta quando me agarra a cintura,

juntando nossos corpos. Ele beija minha boca, sua língua


acariciando meus lábios antes de invadi-los e enroscar em

minha língua.

Por estar sem ver, meus sentidos estão aflorados.

Gemo quando ele chupa a minha língua, aprofundando o

beijo. Eu deslizo minhas mãos por seus ombros e peito até


chegar aos seus cabelos.

— Amândio — sussurro ofegante.

Ele me iça para o alto, me fazendo abraçar seus

quadris com as pernas, as mãos como conchas na minha

bunda. Eu entrelaço os dedos atrás do seu pescoço e mordo

seu lábio.

— Aí, porra. Marinne. — Ele reclama e devolve a


mordida. — Estou ficando duro e nós precisamos sair daqui.

— Por quê? Está tão bom. Eu não estou zangada mais.

Escuto-o rir. Ele riu de verdade. Sinto um calafrio na

barriga e queria estar vendo seu rosto. Ele nunca riu de


verdade, tipo fazendo som e tudo mais.

— Isso foi uma risada?

Me dando um selinho na boca, me solta. Eu não

queria isso e faço beicinho para ele, que mexe no meu

vestido.

— Para com isso. — Dou tapas na sua mão e ele


reclama.

— Preciso ajeitar sua roupa. Fica quieta.

Como não posso ver, confio que estou apresentável, e

é óbvio que sim. Ele nunca deixaria ninguém ver o que “é

dele”.

Segurando minha mão de novo, me arrasta para fora

do elevador.

— Boa noite, senhor.

— Boa noite, Wesley — Amândio devolve o

cumprimento. — Essa é minha esposa. Não liga para sua


faixa. Vamos fazer uma surpresa para ela.

— Claro, senhor. E é um prazer lhe conhecer, senhora

D’Ângelo.

— Com certeza irei conhecê-lo direito outra hora.


O homem ri e eu também. Já Amândio, enlaça minha

cintura e segura minha mão com firmeza.

— Tente me acompanhar — ele fala pacientemente.


Assinto e sinto minhas bochechas esquentarem. Ele

ser desse jeito me recorda a forma como me tratou no início.

Cuidadoso, preocupado e polido.

— O que foi? — Ele indaga conosco sem sair do lugar.

— Nada. — Dou de ombros.

Ganho um beijo no pescoço, sua boca se arrastando

até o lóbulo da minha orelha.

— Você está tão perigosa e linda.

— Você também está bonito e obrigada pelo almoço.

Foi muito bom.

— Aquilo não foi a melhor coisa desse dia.

— Não?

— Não.

Eu queria poder olhar nos seus olhos quando digo:

— Você está fazendo isso tudo para a gente transar?

Escuto-o respirar fundo.

— Não vou negar que eu quero. Eu sempre quero ficar


o mais próximo de você, do seu corpo maravilhoso e beijar
cada centímetro seu. — Fala passando as mãos de cima a

baixo nas laterais do meu corpo e quase toca meus seios, os

dedos brincam com minhas costelas. — Mas não. Eu não

estou fazendo isso por sexo. Tudo o que você me falou de

madrugada, é verdade. — Faz uma pausa e segura meu

rosto, — Você tem razão. Eu nunca deveria ter feito você

ficar esperando uma resposta minha, em nenhuma das

circunstâncias. Ou estar zangada e triste no seu casamento.

Eu preciso acertar as coisas com você. Preciso lhe dar algo

especial quanto a sua confiança em mim.


Ganho um beijo na boca rápido e sou puxada para sei

lá onde.

Não sei se ele faz isso para despistar meus

pensamentos de focar nas coisas que falou, ou se é o seu

jeito mesmo. Se for a primeira opção, ele teria que cortar a

parte que guarda as memórias do meu cérebro. Teria que

chamar o Derek Shepherd para isso.

Nós paramos e ele me pega nos braços. Dou um

gritinho surpresa e me agarro no seu pescoço.

— Vou te mostrar uma coisa e espero que você goste.

— Tudo bem. Tudo bem.


Sinto que sou colocada dentro de um lugar. Merda.

Não estou vendo realmente nada e preciso usar as mãos

para com o tato me localizar e me mover. Sinto o couro

gelado de uma poltrona e não posso ficar de pé.

— Estamos em um avião?

— Não e não se levante. Cuidado com a cabeça.

— U-hum — murmuro e me sento na poltrona.

Logo sinto suas mãos passando um cinto de

segurança pela minha cintura e prendendo. Se não estamos

num avião, onde estamos?

— Uma Montanha Russa chique? Porque estou

sentada em uma poltrona de couro.

Ele ri no meu ouvido, me dá um beijo na boca e se

acomoda ao meu lado.

— Mais dois minutos e você verá.

— Ah, para com isso. Tira essa coisa do meu rosto. —

Falo de um jeito como estivesse com as mãos atadas, mas

uma coisa que aprendi na vida, é não estragar uma surpresa


que alguém está fazendo para você.

Não esquecerei jamais o dia que Travis desistiu de

fazer uma surpresa para mim porque eu perguntei o tempo


todo o que era. E até hoje não sei o que ele fez para mim.

Amândio entrelaça a sua mão com a minha e coloca

em cima da sua perna.

— Você não tem medo de altura tem?

— Não — respondo rindo e sacudo o pé ansiosa. — É

mesmo uma Montanha Russa?

— Você acha mesmo que eu traria você em uma

Montanha Russa idiota?


— Eu não sei.

Com a audição aguçada, percebo um som abafado e


forte sobre nós. Um frio na barriga me atinge ao sentir uma
atmosfera diferente. Um ar rarefeito. Estamos voando sim.
— Pode tirar o lenço dos meus olhos agora? Por favor.

Amândio me empurra para o lado, me pressionando


no braço do sofá e diz perto do meu ouvido:

— Vira a cabeça.
Faço o que pede, sinto sua mão atrás da minha

cabeça e logo ele desamarra o lenço.


— Posso abrir os olhos? — digo abrindo um sorriso.
— Pode.
Devagar abro os olhos, piscando-os e perplexa coloco
as mãos no peito.

— Uau. Não acredito que você fez isso.


Ele não diz nada, me deixa em paz para admirar Nova

York do alto. Estamos voando em um helicóptero comercial


espaçoso, robusto e silencioso. Ele é todo bege por dentro e

comporta talvez umas dez pessoas.


Mas não é a imponência desse helicóptero que me
deixa maravilhada, e sim a visão que passa por meus olhos

pela janela.
— O que nós estamos fazendo? — Pergunto sem olhar

para ele.
— Você está vendo a cidade toda de uma vez. Claro

que para conhecer, você precisa andar por ela, mas do alto
consegue admirar melhor essa caótica cidade.

— Ela é linda.
— É sua.

Sorrio e viro-me para ele.


— Como assim?

Pegando minha mão, segura firme.


— Quando nos casamos, tudo o que é meu, passou a
ser seu. Então, por sua vez, Nova York é sua.

Sinto as bochechas queimarem, sorrio e volto a


contemplar a minha cidade do alto.

— Queria ver de noite. Deve ser uma visão linda.


— Vamos ficar aqui até o Sol se por. Não se preocupe.

Levando em conta que agora são quatro e pouco, vai


dar tempo. Nos demoramos no restaurante, pois além de

comermos, conversamos. Falamos sobre coisas que


gostamos, filmes e descobri que Amândio é tão normal

quanto pode ser. Almoçamos devagar e ele me deixou


saborear minha torta de morango. Estou pensando em fazer

uma em casa, mesmo que ele não goste.


Porém consigo fechar os olhos e imaginar ele coberto

de Chantilly e morango em cima da nossa cama, depois


lamber todo seu corpo musculoso e pedir que faça o mesmo
comigo.

— O que você está pensando? — pergunta olhando


nos meus olhos e apertando minha mão.

— Que... o dia está sendo muito bom. Obrigada.


— Não há de quê. Agora olha pela janela.
Estamos passando pelo Centro da ilha de Nova York,

perto dos prédios altos que parecem tocar o céu. Incríveis


arranha-céus e mesmo a metros longe do chão, escuto

daqui sirenes de ambulância, carro de polícia, buzinas para


todos os lados. Luzes e mais luzes conforme o dia vai

perdendo o céu claro e azul.


Vindo do Oeste, o céu forma um degradê do laranja
forte – onde o Sol está sumindo – para o azul acinzentado no

alto. Pontinhos de luzes, estrelinhas vão surgindo e não


demora muito para a cor avermelhada tomar todo o céu.

— É a coisa mais linda que já vi — comento me


sentindo emocionada. — É tão... lindo. Tão perfeito.

— Espera mais um pouquinho.


Assinto distraída e o helicóptero pega uma rota entre

os prédios e então surge a visão perfeita do Sol


desaparecendo entre os prédios, agora o céu está bem

escuro. E pegando altura, o piloto chega até o rio e uma


ponte que vi muitas vezes em filmes.

— Uau.
— Essa é a Brooklyn Bridge. — Amândio explica.
Limpo os olhos, porque derramei algumas lágrimas e

desvio minha atenção para ele, que da mesma forma me


tira o fôlego.

— Você chorou? — Ele franze a testa e seca meu rosto


com o lenço preto.

Seguro sua mão e aperto.


— É... Isso foi... — Repenso o que ia dizer e brinco

dizendo: — Vou me arrepender de não ter filmado.


— O que não vai faltar é oportunidade de você filmar

Nova York.
Concordo acenando e abro meu cinto para conseguir

abraçá-lo.
— Muito obrigada. — Beijo seu queixo. — De verdade.

Amândio afaga minhas costas e não diz nada. Me


virando para a janela, faz com que eu esteja deitada e
confortável sobre seu corpo e tenha a bela vista da cidade.

E o piloto sobrevoa os prédios e abro um sorriso


apaixonada quando vejo um dos arranha-céus mais famosos

da Big Apple.
— E esse você deve saber, é o Edifício Chrysler.
— Chrysler — falamos juntos e eu rio de olho no
prédio, que o piloto dá uma volta de 360 graus três vezes,

subindo e descendo.
— É muito mais bonito de perto. Ah, sei lá. É lindo de
longe também.

Amândio me aperta em seus braços e em silêncio


passamos por toda Nova York. E tenho ataques de alegria

vendo o Empire State Building, o meio do Central Park,


porque da nossa casa consigo vê-lo, mas um pouco longe.

Pegamos a rota para a Park Avenue, a Times, o Woolworth.


— Esse prédio é do filme “Encantada”.

Amândio ri e eu me viro tão rápido para vê-lo com seu


sorriso, que quase quebro a cabeça.

— Peguei você rindo — digo com um sorriso idiota e


rindo com ele.

Esticando a mão, joga meu cabelo para trás do meu


ombro e fica sério.

— Só você para ficar feliz de me ver rindo.


Deitada no seu peito, mexo na sua camisa.

— Não ligue para mim.


Ele assente, beija minha mão e aponta para trás de
mim falando:

— E aquele é o Rockefeller Plaza. No Natal fica todo


iluminado.

— Já vi num filme também.


Ele me amassa em seus braços e acabamos deitados

na poltrona de três lugares. Em cima dele, beijo sua boca e


me afasto para encará-lo.

— Já estamos voltando para casa?


— Falta apenas uma coisa — responde passando as

mãos no meu corpo, da bunda até as costas.


Relaxando em cima dos seus músculos e calor,

percebo que estamos nos afastando da ilha. E de repente


surge a cara gigante da Estátua da Liberdade.
— Porra. Que perfeito — digo sem sair do lugar.
Sorrio achando incrível a Estátua da Liberdade tão

perto. O helicóptero fica bem pertinho e consigo ver todos


os detalhes da gigante estátua.
Depois disso, seguimos em direção de casa numa
nova rota e estamos sentados, eu nas suas pernas. Vejo um
bairro não tão iluminado e com poucos prédios e acho que
reconheço.

— Aqui é o Brooklin.
— Eu vim aqui esses dias — digo para ele.
— Sei disso — ele diz irritado.
— Apesar de não ter tanta luz, é um bairro muito
bonito também. Nova York inteira tem uma estrutura bonita.

— Graças a nós.
Dou um olhar cruzado com Amândio.
Eu sei que a chegada da Cosa Nostra nos Estados
Unidos, começando com Nova York, teve grande influência

no sindicato dos arquitetos. E assim a Big Apple se tornou o


que é hoje.
Mesmo agora eles demonizando a máfia. Foi as
Famiglie que organizou todos os tipos de sindicato.
Caminhoneiros, arquitetos e muitos outros. Foram muitos
italianos que criaram ordem nessa cidade no começo de
tudo. Trazendo toda essa riqueza.
A Cosa Nostra era muito respeitada, até as gangues

começarem a querer o seu pedaço da maçã. Embora o que


estragou tudo foi os russos e suas drogas. E hoje temos uma
cidade que precisa ser mais do que controlada e a polícia se
envolve conosco porque sabe que precisa de todo reforço

possível.
Reconhecendo nosso prédio, viro meu rosto para o
seu.
— Acabou?

— O passeio sim, por quê?


— Ah... eu só estava pensando. Amanhã você vai
esquecer do que conversamos e voltar a agir como antes?
— Não — afirma. — Eu não vou esquecer o que você

me pediu e o que fiz de errado. Vou provar isso levando você


para Itália.
— Nossa lua de mel? — Sinto-me eufórica só de
pensar em ficar com ele todo para mim por um mês inteiro.
— Sim. A ideia era irmos quando meu pai estivesse

nas garras do seu irmão, mas lamento informar que não vai
acontecer agora.
— Por quê? — Droga. Estou muito decepcionada.
— Porque os inimigos esperam isso. Um ataque em

um de nós, pois quando tem um casamento ou um filho


nasce, eles gostam de atacar.
Isso me dá calafrios. Lembro do casamento de Travis.

Foi horrível aquele dia.


— Eles atacam para dizer que estamos vulneráveis
nesse período e o nosso casamento não foi um simples
casamento. É a união de duas famílias. Um acordo para
fortalecer os dois lados. Esses filhos da puta devem aprontar

alguma e preciso controlar os danos. Por isso que não vou


poder fazer o que te prometi nesse momento, mas vai
acontecer.
— Eu sei que vai — digo com segurança. — A quanto

tempo você quer isso?


Amândio fica distante em seus pensamentos e
responde sem olhar para mim.
— Há muito tempo e você me deu novas razões e

motivações. — Me encara e conclui: — E quando eu decidir o


dia, não terá volta. Ele vai morrer e não vai demorar muito.
— Tenho certeza disso.
Quase relaxado, Amândio me envolve em seus braços.

Eu deito a cabeça no seu peito, olhando para o lado de fora


para a nossa cidade.
O passeio de helicóptero foi a coisa mais incrível que
ele poderia ter me dado. Ele mais do que provou que está
tentando acertar o nosso casamento. Torço de verdade que
ele a partir de hoje melhore, que prove que eu sou

importante e não se esqueça desse dia.


Agora são sete da noite e depois de admirar mais um
pouco a cidade do alto do edifício da sua empresa,
descemos para ir para casa.

Estamos dentro do carro, Donato dirige com calma por


uma via sem muito movimento. Eu estou com a cabeça
repousada no peito de Amândio, brincando com os botões
da sua camisa distraidamente ainda.

Abrindo os olhos passo as mãos no seu peito e no


ombro. Sabendo que por baixo tem sua pele tatuada. E uma
ideia louca passa na minha cabeça. Mesmo não querendo
testar Amândio, vou arriscar.
— Onde você fez a sua tatuagem de cobra? —

pergunto na mesma posição, minha voz baixa.


— Em um estúdio na Broadway. Por quê?
— Me levaria lá?
Amândio fica um bom tempo em silêncio, então

inclino a cabeça e olho para o seu rosto. Ele está encarando-


me quieto, como se eu tivesse duas cabeças.
— Você quer fazer uma tatuagem hoje?
Saindo de cima dele, ajeito-me no banco.

— Você disse que não teria problema e que eu não


deveria te pedir. Que não ia me proibir de nada.
— Você está com uma arma presa na coxa. Acho que
eu não quebrei a minha palavra, mas você quer fazer a

tatuagem hoje?
Dou de ombros e assinto.
— Talvez só conversar e conhecer o local. Eu posso
mudar de ideia.

Aprumando a postura também no banco, me oferece


um olhar desconfiado e diz:
— Está bom. Vamos lá.
— De qualquer forma teria que marcar a sessão.
— Não. Eu não preciso marcar. — Amândio abre o
vidro de privacidade no meio do carro e ordena ao seu
soldado: — Donato, nos leve para o Alessandro.
— Sim, senhor.

Merda. Vai acontecer. Meus únicos medos é doer e


Amândio matar o tatuador por tocar em mim.
Principalmente pelo local onde eu quero a tattoo.
Espero a janelinha se fechar para agarrar meu marido.

— Obrigada — digo beijando seus lábios.


— Você sabe que dói, não é?
— Você segura a minha mão e eu não vou sentir nada.
De surpresa, sou colocada em cima das suas pernas,
uma de cada lado e ganho um beijo na boca de arrancar

meu fôlego.
— O que você faz comigo sua garota teimosa?
Rio e beijo sua boca, me remexendo no seu colo.
Nós ficamos nos esfregando, amassando e beijando no

banco de trás do carro até que o veículo para e um toque na


janela nos desperta.
— Chegamos — Amândio diz com seu olhar escrutínio.
Está tentando ver se tenho certeza. — Você está pronta?
Mordo a boca e assinto.
Amândio me tira de cima dele, passa as mãos na
frente da camisa e ajeita seu membro dentro das calças. Eu
limpo sua boca do meu batom, arrumo meu vestido e espero

que ele saia para segui-lo.


Na calçada movimentada e um pouco suja, leio o
letreiro; “Alessandro’s Tattoo” em neon azul. Sem demora,
entramos no estúdio e meu estômago se revirar de

ansiedade. Aperto forte a mão de Amândio, que não se


abala enquanto me leva para dentro e ainda bem que estou
com o meu sobretudo. Não ficaria à vontade passando perto
dos homens que estão sentados fumando no corredor com

esse minivestido.
Passamos por umas portas de vidro e chegamos na
recepção do estúdio com paredes e cadeiras em preto. Na
parede principal fotos de pessoas tatuadas e o nome do

estúdio em um letreiro que pisca atrás do balcão. Uma


música maligna. Um rock pesado toca baixinho.
— Boa noite.
Uma mulher de cabelos ruivos e olhos azuis escuros,
toda tatuada nos cumprimenta sem nos ver, mas ela não
parece feliz quando vê quem está na sua frente. Sinto seu
terror de longe.
— Senhor D’Ângelo. — Ela diz com os olhos

arregalados, engole em seco nervosa e bate a caneta no


balcão em madeira preta nervosa. Ou tremendo. — Que
prazer em revê-lo.
Nossa. Como ela tem coragem de mentir desse jeito.
Ela não pode ser uma idiota e não saber que Amândio

consegue sentir o cheiro do medo dela e mesmo assim, é


visível o pânico até para mim.
— Oi, Rita. Alessandro está?
— Está terminando uma tatuagem.

— Informe a ele que estou aqui e que vou entrar


agora.
Como se fosse um cachorro com o rabo entre as
pernas, some da nossa frente. Coloco a mão na boca rindo.

— O que foi? — Amândio quer saber.


— Nada. — Dou de ombros.
Ele não percebeu a reação dela ou está acostumado
com as pessoas agirem assim perto dele. E agora está tão
sério e distante. Tudo bem, ele não pode ser o marido
atencioso agora.
— Amândio! — Um homem negro, bem alto e forte se

aproxima de nós, e ele sim parece feliz em ver meu marido.


— Quanto tempo. O que veio fazer aqui?
Amândio aperta a sua mão e depois vira-se para mim,
me apresentando.

— Essa é minha esposa, Marinne.


Alessandro mantém seus olhos castanhos nos meus e
estica a mão, que eu aperto.
— Senhora D’Ângelo, é um prazer conhecê-la.

— O prazer é meu.
— A que devo a honra?
— Minha esposa quer uma tatuagem. Será que você
poderia fazer alguma coisa hoje por ela?

— Dependendo do tamanho, até terminar hoje


mesmo. — Alessandro olha para mim. — Você está disposta
a sentir dor ou não?
— Acho que sim. Muitas pessoas fazem tatuagem e
estão vivas. Não deve ser nada tão ruim que eu não possa

aguentar.
— Então vamos para a minha sala — diz com
empolgação.

Engulo em seco e acompanho o homem, ainda


agarrada na mão de Amândio.
Nós passamos pelo corredor e no final entramos em
uma sala toda branca, que mais parece um consultório
dentário. Limpa e iluminada. E não estou tão surpresa,

Amândio não me traria em um lugar ruim.


Dou uma risadinha nervosa quando o homem se senta
na cadeira giratória e olha para mim com expectativa.
O aperto na mão de Amândio o desperta, pois olha

para mim e fala baixo comigo.


— Tem certeza? Se não quiser, tudo bem.
— Não! Eu quero, só... não estou com uma roupa
adequada e acho que você vai matar ele... — cochicho, — se

eu ficar do jeito que preciso para ele conseguir me tatuar.


Amândio fica abalado, mas se controla.
— Onde você pensa na tatuagem? — Alessandro
questiona. — Talvez eu possa arrumar um jeito de você ficar

mais a vontade possível. Não se preocupe, senhora.


Penso na foto que vi no Pinterest e eu não sei se é
uma boa ideia. Amândio vai esganar o tatuador até os olhos

do homem sair para fora da sua cara.


Fito o tatuador e peço:
— Você pode nos dar licença rapidinho — peço com
tom de ordem.

— Claro, senhora. Quando estiver pronta, é só me


chamar.
Ele sai e eu solto a respiração quando fecha a porta.
— Onde você quer a tatuagem? — Amândio pergunta

logo.
Fico remoendo a resposta.
— O que que houve, Marinne?
— Eu quero fazer, mas me preocupo com...

— Com o que?
— Com o Senhor Possessivo? — Como ele me encara
confuso, digo: — Você! Você é o Senhor Possessivo,
Amândio.
Ele respira fundo, o peito subindo e descendo, e limpa

a garganta.
— Não vai falar nada?
— O que você quer que eu fale, Marinne?

Pouso minhas mãos no seu peito na tentativa de


acalmá-lo. Sempre funciona, mas talvez agora não.
— Que você vai se controlar e não vai matar o
tatuador.
Ele faz uma expressão que não sei identificar, tira o

sobretudo de mim e coloca as mãos no meu rosto. Voltou a


ser atencioso e eu acabo de me dar conta que isso é seu
jeito carinhoso, mas que ele mesmo não sabe o que está
fazendo.

— O que você realmente quer?


Seguro seus punhos no meu rosto e sou franca:
— Eu queria fazer uma surpresa para você. Queria
ficar sozinha...

— Marinne — me interrompe.
— Mas, — tapo sua boca, — acho que você iria
enlouquecer ainda mais.
— E o que você quer que eu faça? Segure a sua mão e

feche os olhos para não ver?


— Pode ser.
— Você quer que eu feche os olhos para não ver um

homem com as mãos em você? — Parece que o ofendi. —


Mesmo se eu fechar os olhos, não vai mudar nada. Talvez
piore.
— Eu... — Gemo em sofrimento.

— Por um acaso ele vai precisar te ver pelada?


— Não! Mas ele vai ver muita... muita... muita pele.

— Onde é a tatuagem? — pergunta entredentes mais

uma vez.
Não digo com palavras, pego a sua mão e o faço tocar

onde ficaria a tatuagem. O rabo da cobra vem um pouco

abaixo da minha cintura e por trás das minhas costas,


caminha por minhas costelas e a cabeça fica ao lado do meu

seio direito.
— Marinne — meu nome sai da sua boca com uma

respiração. Ele não parece bem.

— Você está bem?


— É sério que você quer a sua tatuagem aí?

— Eu gostaria muito, mas se for um grande problema,


eu desisto.
Ele fica um bom tempo encarando-me até que me

beija na boca.

— Está bom. Faça a sua tatuagem, mas não vou deixar


você sozinha e muito menos fechar os olhos.

— E eu nem quero. Só me preocupo se você vai deixar


esse homem vivo para o dia seguinte, porque eu sei que

algumas tatuagens demoram mais de um dia para ficarem

prontas.
— Eu posso deixá-lo vivo até terminar a sua tatuagem.

— Ah, para com isso. Eu gostaria que ele não


morresse.

Um sorriso aparece na boca de Amândio antes de

beijar a minha testa, meu nariz e boca.


— Você me deixa maluco às vezes, principessa.

Dou uma risada e jogo os braços nos seus ombros e

gosto quando suas mãos agarram minha bunda.


— Eu quero que você aproveite a tatuagem —

murmuro na sua boca. — Ela é um pouquinho para você,


mesmo que você não mereça.

— Não mereço? — Estreita os olhos com humor.

— Não ainda.
Seu olhar prateado me deixa sem forças. Respiro
fundo quando ele abaixa a cabeça e beija meu pescoço, me

arrepiando toda. Acaricio ele com mais entusiasmo e recebo

o mesmo. Ele me dá vontade de tirar a roupa. Gemo abrindo


a boca na sua, enroscando nossas línguas.

— O castigo... — paro o beijo empurrando-o. — Era

para ficarmos duas semanas longe e estou vendo que não


vai durar.

— Tudo bem, Marinne. Eu sei que você é forte e me


colocaria de joelhos se quisesse. Não se julgue por você me

querer. Eu sou um homem treinado, jurado em sangue que

cede a você. Então, porque você não pode ceder? Está tudo
bem. Eu continuo respeitando tudo o que disse.

Não digo nada, só me afasto dele.


— Estou pronta, apenas antes eu... — Paro de falar.

Ele parece ler meus pensamentos e diz:

— Alessandro tem roupas hospitalares aqui para te


ajudar.

— Não sei se vai adiantar. — Abro o vestido pela

lateral e Amândio quase infarta vendo como é minha


lingerie. O body sem alças, que lógico, ele pensa que é uma

peça única.

— Okay. Não estou gostando.


— Calma. Eu consigo tirar a parte do meio. —

Rapidamente mostro para ele como pode ficar, e mesmo


assim seu olhar assassino não some, afinal minha calcinha é

fio dental e sutiã de renda transparente.

— Porra, Marinne. Você está de brincadeira.


— Eu falei para você.

— Isso é para os meus olhos.

Mordo a boca sorrindo.


— Você vai ficar comigo o tempo todo. — Me aproximo

e toco seu peito.


— Mas o que você vai fazer para não ficar pelada na

frente de outro homem?

Com meu sutiã e a calcinha, subo o vestido até ficar


como uma saia e pego meu sobretudo escondendo a parte

da frente.

— Acho que assim vai servir.


— Melhor que ficar de peito de fora para ele. — Seu

comentário demonstra como está irritado.


— Eu posso fazer outro dia. Não vou morrer se não

fizer hoje.
— Não. Tudo bem. — Ele está tentando ser razoável e

talvez por querer me agradar, está se esforçando. — Tudo


bem. Eu vou relaxar.

Visto o sobretudo e vou até ele. Pego suas mãos.

— Você não confia em mim?


— Eu não confio nele.

— Você tem que confiar em mim — retruco

bravamente. — É provável que você nunca tenha analisado,


que tem que confiar em mim e não nos outros homens.

— Eu sei, Marinne.
— Nem um outro homem vai tocar em mim a não ser

você.

— Pode acreditar nisso, principessa.


Ele coloca a mão com seu jeito bruto no meu rosto e

me dá um beijo estalado nos lábios.


— Você é minha.

— Eu sei.

— Espero que os sonhos dele não seja você nua em


cima dessa cadeira e ele lambendo sua boceta, que é
minha. Você é toda minha. Ele vai precisar esquecer esse dia

para sobreviver.

— Amândio! Para com isso. Quer me deixar chateada


de novo?

— Não. Não quero, mas você não tem noção de como

é bonita.
Ele me dá as costas e abre a porta chamando

Alessandro de volta.
— Prometo te recompensar. — Tenho uma vontade de

agradecê-lo pelo esforço que está fazendo.

Isso chama a sua atenção. Ele olha para mim e eu


concluo:

— Com o que você quiser fazer comigo.

Amândio chega até a mim em três passos e me


abraça.

— Eu quero você de quatro na nossa cama —


murmura no meu ouvido. — Quero a sua boca no meu pau

engolindo até o fundo. Me chupando por muito tempo.

Engulo em seco e aperto sua roupa, e tenho que


pressionar as pernas uma na outra só de imaginar.

Inclinando a cabeça, meus olhos encontram os seus.


— Eu só não sei se vou aguentar até o fundo. Já

percebeu como você é enorme?


— Marinne! — Ele solta o meu nome e infelizmente se

afasta rápido, antes beija a minha testa. — Fica quietinha,

amor.
A presença de Alessandro nem me deixa ir e fora que

torna Amândio frio mais uma vez. Meu estômago revira


quando o homem volta para a sua sala e senta na cadeira.

— Então, como será tatuagem?

Com seu olhar matador, meu marido fala com


Alessandro, na sua melhor forma de intimidar.

— Primeiramente, a minha esposa deve ficar um


pouco à vontade demais na sua presença e eu gostaria...

— Amândio, sem querer interrompê-lo, eu já fiz

tatuagens que você não tem noção e não foi para homens
como o senhor. E você sabe que o respeito e conheço há

anos. Por mais bela que sua esposa seja, ela é sua. Não

precisa se preocupar.
— Tem certeza disso? — Amândio insiste enfiando as

drogas das mãos nos bolsos.


— Eu tenho — Alessandro responde com segurança. —
Só espero que ela não traga a minha morte.

Em um acordo silencioso, eles dão um aceno e o


homem olha para mim com todo respeito, pedindo que eu

explique o que quero. Peço meu celular a Amândio, que o

tinha guardado no bolso, procuro a foto e mostro ao homem.


— Nossa. Bem ousada — comenta admirando a

imagem.

O olhar de descontentamento de Amândio assola a


minha esperança de ele não enlouquecer e pegar sua

faquinha e cortar a garganta desse homem.


— É bem bonita. — Me entrega o aparelho. — Eu

consigo terminar em três sessões. Hoje nós faríamos o

rabisco e se você aguentar, os detalhes também.


— Tudo bem, eu só queria que ela ficasse mais

parecida com a do Amândio, porém toda pintada de preto.

— Sem problemas. Eu vou pegar tudo o que preciso e


ajeitar minha mesa e você vai se ajeitando. Deite-se de lado,

de costas para mim. — Olha rápido Amândio. — Acho


melhor assim.

— Okay.
Enquanto o homem pega suas coisas, abro o

sobretudo, deito-me na cadeira e Amândio rapidamente me


cobre. Ele pega uma cadeira que Alessandro oferece, e

senta.

— Será que vai dar tempo de terminar antes da lua de


mel? — pergunto baixinho.

— Acredito que sim — Amândio responde frio.


Estico a mão e seguro a dele. Logo o homem volta

para a cadeira giratória atrás de mim e pede que Amândio

descubra a minha pele.


— Eu posso pegar uma toalha — diz o homem.

Assinto e prontamente tenho uma toalha escondendo

meu sutiã, o sobretudo cobre minhas pernas, mas minhas


costas, cintura e costelas estão nuas.

— Você precisa tirar o sutiã e jogar o braço para cima.


Engulo em seco e olho para Amândio. Ele se levanta,

coloca meu braço para cima, abre o sutiã e depois puxa as

abas para frente. Na verdade, só deixou minhas costas sem


impedimento e sentando-se, mantém a mão sobre meu seio

que a cabeça da cobra será desenhada.


— Desculpe — sussurro para ele quando seus olhos
encontram os meus.

Ele não fala nada, foca nas mãos de Alessandro e na

sua em cima do meu peito. Mesmo frio, ele está protetor.

Embora apreensiva de Amândio pegar sua arma do

coldre e matar Alessandro, estou tranquila. A dor é tolerável

na maioria das partes, mas nas costelas, meus olhos se


enchem de lágrimas e preciso virar a cabeça, respirar fundo

e aperto a mão do meu marido. Ele não soltou a minha mão

sobre a cabeça um minuto sequer.


— Quer fazer uma pausa? — Amândio pergunta.

— Não. Só está queimando agora.


Ele assente e dá um aperto na minha mão

confortando-me. Eu levanto meus olhos para os seus e sinto

meu coração bater mais forte. Sua atenção e cuidado


comigo me desmontam. Provavelmente eu nuca vou

conseguir ficar com raiva dele na vida. Ele não merece.

Tudo que fez de errado até agora entre nós, foi por
intermédio de outras pessoas, porque por ele... Tenho a

sensação de que Amândio pode fazer tudo por mim. Essa


realização me assusta.

Mais alguns minutos e chega o momento de traçar a

cabeça da cobra. Confesso que não doí tanto nessa parte,


mas estou preocupada com Amândio. Ele nem pisca focado

nas ações de Alessandro, mas um brilho cruza seu olhar


quando parece olhar toda a tatuagem e depois meus olhos.

Sorrio e tenho uma vontade louca de beijá-lo.

— Falta muito? — pergunto.


— Um pouco. — Alessandro confirma e parece perdido

em sua arte. Ele é muito profissional e por isso deve viver

para o dia seguinte.


— Está doendo? — Amândio pergunta.

— Não. Estou me acostumando.


Ele enrijece o maxilar e não tira os olhos dos meus

agora. Céus! Adoro a sua preocupação comigo. É tão

aconchegante.
Com o curativo que Alessandro fez na tatuagem,

chego em casa carregada por Amândio. Meu vestido


amontoado abaixo da minha cintura, sem sutiã e o meu

sobretudo me cobrindo. Estou cansada.

E estou me aproveitando de Amândio. Ele me trata


como se eu estivesse doente, me deu até comida na boca.

Precisamos parar para comer senão eu ia desmaiar de fome.


Nos seus braços de olhos fechados, saímos do

elevador e passamos pelo lobby de casa.

— São que horas agora? — pergunto sentindo-me


moída.

— Duas da manhã.

— Meu Deus. Ficamos sete horas naquele lugar.


— E você deitada naquela cadeira. Não precisava ter

feito quase tudo de uma vez.


— Foi melhor assim. — Afago seus cabelos da nuca e

beijo seu pescoço. — Estou tranquila para viajar na nossa

lua de mel agora.


Ele vira a cabeça e me encara.

— Era essa a sua preocupação?


— U-hum.

— Okay. — Beija a minha testa. — Valeu a pena. Agora

falta fazer os retoques e a sombra, mas ficou muito bom.


— Eu sei — murmuro sonolenta. — Você falou isso

muitas vezes.

Estou de olhos fechados, sendo carregada pela casa e


amando a temperatura desse homem. Ele é sempre

quentinho.
— Você quer fazer o que agora?

— Me desculpa se eu falar que vou dormir.

— Tudo bem — diz subindo para o segundo andar.


Abro os olhos quando chegamos no corredor e eu

quero beijar os pés dele por me levar para o meu quarto,

mas antes que ele entre, espalmo a mão no seu rosto


chamando a sua atenção.

— Não. Eu quero dormir com você no nosso quarto.


Ele não parece soberbo como se soubesse que eu iria

falar isso. A surpresa em seu rosto é agradável. E ele não


pensa duas vezes antes de girar seu corpo e me levar para o

nosso quarto. Me deita do meu lado da cama.


— Você quer trocar de roupa? Tomar um banho?

Sorrindo para ele, acaricio seu rosto e fecho os olhos,

minha mão caindo junto com meu suspiro. Ficando de lado,


agarro um travesseiro e relaxo meu corpo na cama.

— Eu só quero dormir. Estou cansada.

— Certo, mas eu posso tirar a sua roupa e colocar algo


mais confortável?

Balbucio um sim e Amândio tira minhas botas e


minhas meias. Me viro para ajudar a tirar o sobretudo e

como se fosse uma criança, meu vestido por baixo das

pernas e eu fico só de calcinha.


— Vai dormir com essa calcinha mesmo?

— Na verdade, não. Você pode pegar uma de algodão?


Aquelas calcinhas feias.

Ele beija meu ombro e acho que pego no sono até ele

voltar. Que me faz sentar na cama, esticar os braços para


vestir uma camisa gigante em mim.
— O que é isso?
— É meu. Agora tira a calcinha e coloca essa.

Sem pensar direito, deito e elevo os quadris, Amândio


puxa minha calcinha e logo desliza a outra para cima.

— Gira para o lado, Marinne.

Novamente sigo seu comando e espero empurrar as


cobertas para quando eu volto para o meu lado da cama, me

cobrir devidamente.
Sorrio por ele ter me vestido toda confortável e

ajeitado a cama. Fechando os olhos de novo, estico o braço

para o seu lado vazio.


— Você vai vir dormir também?

— Eu vou trocar de roupa.

— Está bom.
Minutos se passam e eu sinto a cama afundar e as

luzes se apagam finalmente. A presença de Amândio


deitado ao meu lado é o Sol me queimando. Abro os olhos

cerrados e sorrio sonolenta para ele.

— Você está bem? — ele pergunta.


— Eu só estou cansada. Não estou doente.

— Okay. Não precisa ficar nervosa.


Dou uma risada de olhos fechados.

— Posso ficar mais perto? — pergunta.


Ai meu Deus.
Desperta, pisco fitando seus olhos. Eu sei que ele erra

e às vezes quero gritar com ele, mas seria injusta em dizer


que ele não tenta acertar e não adianta, eu sou fraca. Não

quero ficar longe dele.


Em vez de ele chegar mais perto, me arrasto até ficar

com meu corpo juntinho ao seu. Amândio deita de lado,

assim deito a cabeça no seu peito e jogo minha perna nas


suas. Sua mão acaricia minha coxa e a outra deixa nas

minhas costas, longe da tatuagem.


— Você não resiste — brinco com ele.

— E nem você.

Rio e beijo seu peito.


— Eu sei. Eu sei. — Dou um tapa de leve no seu peito.

— Relaxa e dorme. E obrigado por hoje. Você foi um marido

muito bom para mim. Continue assim, por favor.


— Eu vou continuar porque minha esposa merece.

Estreito os olhos para ele e perco o fôlego quando


seus olhos me fitam.
— Não sei não, mas tudo o que preciso, é que você me
ouça. E não mate Alessandro. Ele precisa terminar a minha

tatuagem.
Um meio sorriso cruza seu rosto e ele aperta minha

coxa.

— Não se preocupe com isso.


— Mesmo?

— Não posso matá-lo. Ele é quem faz as tatuagens dos

iniciados da Darkness.
Solto uma gargalhada e balanço a cabeça.

— Você me fez de trouxa me preocupando à toa.


— Na verdade, a ideia de matá-lo ficou na minha

cabeça o tempo todo, mas sei que ele me respeita. Eu não

levaria você em outro lugar.


Suspiro assentindo e fecho os olhos.

— Esqueci seu abajur ligado — fala se mexendo.

— Fica parado.
— O quê? Não vou dormir com a luz acesa.

— Shu... — Espero se acalmar e digo: — Alexa, apaga


a luz.
Como magica meu abajur se desliga e o quarto fica

escuro.
— Porra. Esse é o nome. — Sua voz no breu parece

mais rouca. — Alexa.

Franzo a testa sem entender o que ele disse.


— O quê? — Falo totalmente confusa.

— Essa filha da puta me acordou hoje com uma

música alta. Não consegui desligar.


Meu Deus. Ele é tão perfeito. Eu amo esses momentos.
Quando parece que somos comuns e livres. Sem as amarras
da Famiglia.

Controlando as batidas do meu coração, pego sua

mão de cima do seu peito e beijo.


Desejo do fundo do meu coração que a escuridão que

nos cerca, que sei que faz parte dele, não nos afaste. Que
Giovanni morra antes de matar um pouco de vida que tem

dentro de Amândio, que eu sei que posso fazer crescer. Não

desejo mais do que sua verdadeira companhia para mim.


O resto é coisa de livro. Não são reais para eu ter. No

máximo posso imaginar como seria ter amor nesse

casamento.
25

De repente sinto um beijo na nunca e uma carícia.

Cerro os olhos para ela quando aparece na minha frente.


Está com um robe de seda preto bem amarrado ao seu

corpo. Ela é esperta e não se atreveria a aparecer com uma


das suas camisolas pela casa com Donato e Matteo

aparecendo cedo por aqui.

— Bom dia, marido.


— Bom dia. — Olho seus pés descalços e volto para o

seu rosto com um sorrisinho, os olhos azuis acesos e tão

azuis quanto o céu da tarde. — Parece de bom humor.


Marinne assente sorrindo e eu pego a sua mão quando

vai se afastar. Sem mostrar os dentes, mas sorrindo, ela

senta nas minhas pernas assim que afasto a cadeira.


— Você gostou de ontem? — Sua voz está alegre e

curiosa.

— Claro que sim, por quê?

Dá de ombros e morde a boca.

— Foi um dia muito incrível, obrigada e não precisava


ter feito tanto. Mesmo assim foi legal.

— Menos a parte que você ficou pelada para outro

homem.

— Eu não fiquei pelada. — Ralha fingindo ofensa. — E

de qualquer forma, você esteve comigo o tempo todo.


— Jamais deixaria você fazer essa tatuagem sem eu

estar presente.

— Eu ia fazer e Matteo estaria comigo.

— Puta que pariu. Pior ainda. Dois homens na

companhia da minha esposa basicamente nua e eu longe

para não estar de olho neles.

— Eu ia usar meu maiô de costas nuas e calça jeans.


— A resposta vem pronta.

Levanto as sobrancelhas.

— Você já tinha pensado nisso — acuso-a.


— U-hum. Tinha planejado fazer na semana que vem

ou depois, mas foi melhor com você ontem.

— Que bom que acha isso.

Ela ri, joga o braço para trás da minha cabeça,

arranha minhas costas e beija minha boca.

— Não comece a reclamar. — Afaga meu peito com


vontade e me beija de novo. — Eu gosto quando não
estamos brigando.

— Eu também prefiro. Aliás, eu não quero mais brigar

com você. De fato, ontem foi um dia muito bom.

Ela concorda com a cabeça e seu sorrisinho sem

mostrar os dentes.

— Você é minha esposa e eu gosto da sua companhia.

— Você quer dizer minha companhia fora da cama,

certo?!

— Sim. Foi isso que eu falei com você ontem mais


cedo.

— E provamos que conseguimos — ela completa.

— Sim, é verdade. — Aperto suas coxas, tomando

cuidado para não tocar a tatuagem recém feita, que ela vai

encostar na mesa se não parar de se mexer. — Eu quero


poder ficar com você. Conversar, sair e viver

civilizadamente. Teremos muitos eventos para ir juntos e o

dia a dia. A vida inteira.


Novamente ela assente e me surpreende se

levantando, abrindo as pernas e volta para o meu colo,

encaixando-se. Coloca as suas mãos no meu peito como

sempre, subindo para cima e para baixo. E fala baixo, um

pouco tímida.

— Eu gosto de ficar com você e não nego isso, mas...

não gosto de lembrar que somos... — Pausa e desvia o olhar.

— Que somos?

— Um casamento arranjado.

Cerro a mandíbula sem compreender o que sinto

ouvindo isso e espero seus olhos tão azuis pela manhã,

focarem em mim.

— Eu sei que somos um acordo. — Volta a falar. —

Mas... às vezes não parece. Não sinto como fosse assim. —

Engole em seco e faz beicinho emocionada. — Somos tão

parecidos às vezes e desde sempre você me tratou bem. Às

vezes parece que...


Ignoro o fato dela estar nervosa e repetindo “às vezes”

nas frases, e completo seu raciocínio:

— Que eu não deixei de escolher ficar com você. Que

eu te vi e pedi sua mão em casamento.

— É — diz em um sopro e fica com os olhos

marejados.

Porra. Eu não entendo o que houve.


Seguro seu rosto e beijo seu nariz porque ela sempre

ri quando faço isso, mas dessa vez não. Marinne segura

meus punhos e respira fundo.


— Promete que não vamos mais brigar? Não quero

mais isso. Seja... meu.

Seu.
— Lembra o que você disse? Que eu seria sua e nada

mudaria isso. “Você é minha e nada e nem ninguém vai

mudar.” — Repete minhas palavras. — Só quero que você

cumpra suas palavras. E... pare de falar que somos um

acordo, porque dessa forma parece que estamos nos

esforçando sem necessidade, pois seriamos unidos mesmo

que não quiséssemos. Que estamos juntos porque alguém

decidiu isso por nós.


— Você sabe que eu não quero isso tanto quanto você

está pedindo agora. — Jogo a verdade, mesmo perigosa,

para ela. — Eu nunca imaginei minha vida com mais

ninguém a não ser você e quando eu erro, é porque preciso

proteger você. Cuidar para que ninguém perceba que o

nosso casamento não tem a ver com o jogo deles.

Uma lágrima escorre em seu rosto e ela limpa

sorrindo.

— Não sei o que estamos fazendo — sussurra.

Fico paralisado por um tempo até soltar o ar e beijar

sua boca.

— Também não sei, mas vou repetir uma coisa que já

lhe disse: o nosso casamento é sobre nós.

— É! Esse casamento é sobre nós dois. Não a máfia.

Nunca foi por eles.

— Desde o dia que lutei para voltar para você, eu sei

disso.

Ela engole em seco.


— O que você quer dizer? Por que fala isso?

Lembro dos dias de terror no calabouço. Dias que me

tornaram frios, rudes e criaram uma casca grossa de


resistência em mim. Sem remorso ou segundas chances. Eu

matei mulheres como se fossem lixos. Eu apanhei tanto

quanto possível para me deixar vivo para continuar a ser

torturado. Tudo para eu esquecer Marinne.

Meu avô já sabia que a garota de olhos tão azuis me

deixava distraído. Que eu a queria para mim.

O que ela fez ontem. Tatuou uma cobra no seu corpo e

ainda disse em voz alta que queria a cobra igual a minha.


Talvez ela não tenha percebido o sinal que deu a Alessandro,

de que nossa aliança é real. E além da tatuagem, tem os


sorrisos, a gratidão e todas as segundas chances que me

deu até agora.


Eu não a mereço. De verdade, eu não merecia ela

como esposa, como a pessoa que viverá comigo até a minha


morte. Ela não merecia estar nessa vida de riscos.

— Você não vai me dizer, não é. — Seu jeito vulnerável


não vai me driblar sobre esse assunto.

Faço uma careta e me limito a dizer:


— Foi um momento da minha vida muito ruim. Você
sabe quem eu sou, já ouviu histórias sobre o que eu já fiz.

Não é difícil de imaginar o que passo ou passei.


— Mas é diferente. Você diz que lutou para voltar para
mim. Então, seja lá o que aconteceu —, pausa tocando a

cicatriz em cima do meu olho, — fizeram com você algo


para não ter o nosso casamento. E essa cicatriz não existia

antes. No meu aniversário de dezesseis anos. Eu sou boa de


memória.

Puxo-a mais para mim e dou-lhe um beijo na boca


mordendo seus lábios, chupando sua língua e afasto sua
cabeça agarrando seus cabelos quando estamos sem fôlego.

— Um dia eu vou contar — prometo olhando-a nos


olhos, sem desviar. — Não agora.

Bruta, ela também segura meus bíceps, enfiando as


unhas na minha pele e doí porque estou de camiseta.

— Tem medo de que eu não queira mais você? Ou que


eu tenha medo de ficar com você? — Está me desafiando.

Trago-a para perto e desço minha cabeça até lamber e


morder seu pescoço.

— Talvez — rosno no seu ouvido.


Ela geme e se esfrega no meu pau. Sua boca também

está no meu pescoço e, safada, ela puxa a gola para ter mais
da minha pele.
— E se eu quiser conhecer? E se eu gostar?
— Não.

Marinne mete as mãos dentro da minha camiseta e


arranha meu peito. Seus olhos como de uma felina.

— Eu quero tudo de você, não percebe? Não vou


correr.

Odeio a sensação de fazê-la acreditar que contos de


fadas existem. Marinne lê muitos livros e pode ter a

impressão de que finais felizes podem existir para todos.


Não quero ser um hipócrita e negar que a desejo por

completo. Cada parte dela me pertence, mas o que ela quer


de mim, é o problema.

Eu posso dar o seu final feliz, mas não pode estar


incluído tudo da sua lista de desejos. Um marido bom por

exemplo. Ela não terá.


— Não se arrisque tanto. Você pode se queimar,
principessa.
Ela não parece contente e quando volta a me beijar,
está gananciosa e violenta. Desço minha mão pelo lado

oposto da tatuagem e enfio dentro do robe e a descubro


ainda com a minha camisa e a calcinha.
— Ran-ran-ran. — Escuto alguém limpando a garganta

perto de nós e viro a cabeça.


Matteo está de costas para nós parado com uma pasta

na mão e de cabeça baixa.


— Desculpe a intromissão, mas tenho uma ligação

importante para o senhor, Capo.


Marinne está com as bochechas vermelhas e fica pior
quando Matteo a cumprimenta:

— Bom dia, Marinne.


— Bom dia, Matteo. — Ela responde saindo de cima de

mim amarrando com força o robe. — Chegou tem muito


tempo?

Olho para ele e Marinne parece o torturar com o


interrogatório. Porra. Como é fácil ela desmontar a cara

fechada de Matteo.
— Não, senhora. Cheguei agora e não vi nada.

— Tudo bem, Matteo. — Ela diz tocando no seu ombro


e meu soldado vira-se. — Relaxa. Você quer café?

— Não.
Sem dizer nada, ela caminha até a cozinha toda

educada e elegante. Meus olhos a acompanham como ímãs.


— Amândio.

Presto atenção em Matteo e levanto-me de uma vez.


— Vamos ao escritório.

Calado ele me segue e espera sentar-me na minha


cadeira trás da mesa.

— Desculpe se cheguei em uma hora ruim.


— Não me interessa. — Corto o papo furado. — Me fala

o que aconteceu.
— O Governador quer falar com você, mas desligou.

Ele deve ligar de novo.


— O que aconteceu? — indago. — Ele sabe que os

negócios dele são com o meu pai.


Reviro os olhos irritado e direciono a cadeira para

Matteo se sentar, que faz de imediato.


— Ele disse que logo você será o chefe e será com
você os negócios a partir de agora.

— Puta que pariu. — Esbravejo e minha cadeira


inclina quando jogo o peso nela. — Ele quer comprar uma

briga direta com meu pai, só pode ser. Além disso, ele não
terá mais um mandato.

O olhar do meu braço direito me conta outra história.


— Como ele quer continuar? Johnsson está no seu
segundo mandato.

— Ele tem um filho e o garoto é um aspirante dele.


— Você quer dizer, sucessor de merdas.
— Bem colocado, mas o que nos interessa é os

próximos passos de Johnsson. Não podemos correr o risco de


o próximo Governador não querer se envolver conosco.

— Como se muitos deles fossem certinhos e não


quisessem nossa ajuda, seja na campanha ou cuidando

dessa cidade caótica. — Cerro o maxilar. — Foda-se. Preciso


de um nome.

— Você precisa pensar. — Matteo me corrige. — Seus


planos o tornam o cabeça da Famiglia. Seu pai não estará

aqui ano que vem de todo modo, se tudo correr como você
planeja esse ano.

Matteo sabe que a morte do meu pai está


encomendada para este ano e não será mais adiada.

Respiro fundo e me levanto.


— Vou me vestir e você arrume um encontro com

Jeremy Richardson.
— O senador?
— Sim.
Matteo sai comigo do escritório falando:

— Ele estará no baile hoje a noite.


Paro meus passos e espero Matteo aparecer na minha

frente. Ele é o único que aceito ficar atrás de mim e eu


desarmado, mesmo que com minhas mãos eu possa matá-lo

facilmente.
— O baile de hoje é uma celebração ao meu

casamento. Como ele vai? Meu pai o convidou?


Odeio o sorriso de superioridade de Matteo.

— Fala porra.
— Leon o convidou.

— Por quê?
— Sério que não consegue pensar no motivo?
Virando a cabeça vejo Marinne de onde estou. Ela está
no telefone com alguém e rindo alto. Deve ser com sua

família e por algum motivo Leon fazer algo que me ajude,


me recorda quando comparei a vida dela com a minha.
Talvez eu não seja tão desgarrado dos meus irmãos como
parece.
— Ele quer que você seja o líder. — Matteo fala como
se fosse a voz da minha consciência. — Quer o mesmo que

você. Seu pai fora do caminho e a Darkness prosperando.


— É claro. — Assinto pensando alto.
Leon quer a Darkness forte porque sabe que um dia
ela será dele. Meu avô morrendo, eu subo para o cargo
maior da Famiglia, como Boss, e meu irmão me sucede

como Capo.
Esse plano apenas eu e Cassio sabemos. Foi para isso
que ele me treinou a vida toda. Mesmo com Antônio vivo
essa era a vontade dele. E por isso que Santino, meu primo,

não me aceita na Itália. Ele deveria ser o Boss da


’Ndrangheta, mas no máximo será o meu soldado mais
forte.
Olho para Matteo.

— Faça com que eu tenha uma palavra com Jeremy e


mande Leon ficar por perto no baile.
— Sim, senhor.
— Agora pode ir. Vou ficar em casa hoje e posso cuidar

da minha esposa.
Ele sacode a cabeça e toca meu ombro.
— Ela sabe se virar sem você de qualquer jeito. —
Sabiamente sai depois de falar isso.

Eu espero as portas do elevador se fecharem e


encontro Marinne na sala, sentada no sofá com as pernas
dobradas como uma criança e vendo tevê. Um filme
barulhento.

— O que foi?
— Nada — respondo.
— Quer ver um filme comigo?
— Não posso agora.

Ela dá de ombros, se levanta e puxa minhas mãos.


Não tenho tempo de impedir que me derrube no sofá e ela
me enrosque como uma cobra. Ficamos deitados no meio do
sofá.
— Marinne — a censuro.

— Ah, fica comigo hoje?


Afasto minha cabeça e fito seus olhos. Afago seus
cabelos longos por suas costas e arfo com força.
— Não tenho lugar melhor para ir.

Seu sorriso é minha recompensa, mas sua boca


quente e deliciosa, é o melhor. Ela deita a cabeça no meu
braço e eu acaricio suas costas com cuidado.

Antigamente os políticos eram eleitos para limpar as


cidades da violência, drogas e mendigos, agora eles pedem

suborno para homens como eu e outras organizações para


conseguirem ganhar a disputa de ego e um poder sujo,
porque as ruas são muito mais sombrias e corruptíveis do
que antes.
E como eu tinha informado para a Marinne, ela teria

uma festa de apresentação em Nova York com a presença de


todos os soldados, Subchefes e Afiliados a Darkness.
Entramos no salão monstruoso do Rockefeller Plaza.
Um dos salões de festas mais cobiçados de Nova York.

Muitas cabeças se viram para nós.


Olhares se estreitam para Marinne ao meu lado e eu sei
que não é apenas por causa da sua beleza. Para contrariar o
mundo da máfia, e porque ela tem um senso de humor
distorcido como o de Leon, ela está vestida toda de branco

como uma noiva.


A noiva da Lawless entregue para nós. A chegada da
paz e aliança com Las Vegas. É isso que todos os membros
da minha Famiglia pensam quando aplaudem.

Porém meu foco é Marinne. Ela está deslumbrante e vai


me matar um dia.
Seu vestido captura às luzes ao redor porque é de seda
e se acomoda nas suas curvas, caído de tal forma que

parece que ela está pintada. Como se uma tinta branca


tivesse caído sobre seus seios, que nitidamente percebem
que ela está sem sutiã. Sua bunda da mesma forma e
devem supor que está sem calcinha também, mas posso
confirmar que não.

Seus cabelos estão soltos e com cachos na ponta. E ela


está usando o colar que lhe dei hoje. Uma versão de
diamantes com pontos azuis do colar de rubi de coração. Ela
adorou o presente e agradeceu gritando em cima da nossa

cama com a minha boca na sua boceta deliciosa.


Suspirando ela aperta sua mão na minha quando
alguns olhares são além de curiosidade. Caralho!
Eu não posso trancafiar a minha esposa dentro de casa

porque ela é formidável, mas não gosto muito de como


alguns estão comendo ela com os olhos.
Marinne suspira do meu lado e eu olho para o seu
rosto. Seu queixo erguido, os olhos atentos a cada

movimento e a coluna reta. Acho incrível como ela parece


um soldado treinado.
— Está tudo bem? — pergunto.
— Está sim — responde com a voz polida. — Só não

pensei que teria tanta gente.


Olho em volta e tenho que concordar com ela, pois
pensei que seria mais ou menos para cem pessoas. O que
vejo são umas trezentas cabeças no salão.

— É um novo casamento. — Ela ironiza.


— Meu pai queria não só apresentar você. — Comento
de olho em todos. — Ele queria mostrar a sua aliança com
seu irmão. Giovanni gosta de um espetáculo.

Nós trocamos um olhar e ela apenas concorda com um


aceno de cabeça.
— Seu pai gosta de extravagância e gastar dinheiro
onde não tem que gastar. Acho que eu já notei isso.
Aperto sua mão e ela fica na minha frente. Olha para
minha gravata borboleta, porque eu estou de smoking de
novo e camisa branca só porque ela gosta, e suspira mais
uma vez.

— Promete que a gente não vai ficar muito aqui? Não


sei se eu gosto desses olhares.
— Eu sei que eu não gosto.
Ela ri baixinho.

— Vai ficar tudo bem.


— Eu sei que vai. — Ela garante e antes de abrir seu
sorriso, parecia que ia me beijar, mas eu detecto alguém se
aproximando de nós e sutilmente a faço ficar do meu lado
de novo, empurrando sua mão.

— Você deve ser a Senhora D’Ângelo. — O homem fala


e estende a mão, Marinne a aperta em vez de oferecer a
mão para ele beijar.
Reprimo à vontade de rir.

— Sou eu mesmo e você quem é?


Dou um passo para a frente, ficando com o corpo
direcionado para ela e mantendo distância de quem vai
falar, porque acho que ele ficou muito próximo.
— Este é Orazio Giacomo — eu respondo-a.
Marinne torce a cara de um jeito engraçado, mas muito
rápido como um reflexo se recompõe e abre um sorriso.
— Eu sou o Capitão de Nova York, da Darkness.

— É um prazer conhecê-lo, senhor.


— O prazer é todo meu. — Ele me dá um aceno e se
afasta.
Então olho para ela querendo saber o motivo de ter

torcido a cara para ele.


— Em Las Vegas tinha um Orazio e eu nunca gostei
dele. Ainda não gosto. — Comenta bem blasé. — Agora ele é
Subchefe do meu irmão em Santa Mônica.
— Seu irmão divide os Subchefes por cidade?
— Não, mas a Califórnia dá muito trabalho. Tem muitos
motoqueiros e a Bratva adora aquele lugar. Então acaba que
existe o Underboss da Califórnia, morando em Beverly Hills,

como um todo e mais quatro para cuidar de São Francisco,


San Diego, Santa Monica e Napa Vale.
— Você sabe disso tudo? Travis deixava você se
envolver nos negócios?
— Não — responde com pesar e balança a cabeça. —É
que... — Morde a boca envergonhada. — Eu gostava de ouvir
atrás da porta. Ficava curiosa e como sentia muita falta de

Travis, quando eu estava em casa e ele não tinha tempo


para mim, descia e ficava ouvindo atrás da porta do seu
escritório.
— Então você sabe de muita coisa.
Ela me olha desconfiada.

— Por quê? — Fica séria. — Está querendo saber como


funciona as coisas na Lawless? Acha que eu vou contar tudo
que eu sei de Las Vegas para você?
Dessa vez eu vou para a frente dela e toco seu rosto.

— Não, amor — respondo e minha voz sai além de


rouca. Entendo ela ficar desconfiada. A Famiglia é um jogo
de cartas e xadrez, vence quem tiver a melhor estratégia. —
Mas não quero que ninguém mais saiba que você sabe

tanto. Tudo bem?


Seus olhos ganham uma sombra fria e é claro que
Marinne compreende. Ela toca meu peito.
— Travis pediu para eu me fazer de idiota. Não com

essas palavras. — Ri sem humor. — Mas eu confio em você,


não para contar tudo sobre a Lawless.
— Só conversar.
— Isso — afirma sorrindo de lado. — Não fique

preocupado. Ninguém vai saber que eu sei tanto assim de


Las Vegas e de qualquer forma, as coisas mudam.
— Eu sei disso e sei também que você vai morrer com
as informações que aprender sobre Nova York, queira eu ou

não.
Marinne morde o lábio escondendo o sorriso. Como um
gato que pegou um canário e empurra o meu peito
sutilmente.

— Pode ter certeza disso, querido.


Entrelaço meus dedos nos seus, vejo sua expressão se
transformar no sorriso cordial que usamos em público e olha
para frente como uma rainha. Sigo seu olhar e vejo Conrad

parando na sua frente como estivesse vendo uma borboleta


em 3D.
— Minha nossa! “Oh My God”. Você é perfeita. A mulher
mais linda de Nova York agora. — Ele fala alto, chamando
atenção de algumas pessoas. O que mostra nitidamente que

ele é gay.
Conrad Smith Smith – que eu não posso esquecer de
repetir o Smith – é o gay mais gay que eu conheci em toda a

minha vida. É um pouco complicado conviver com ele,


porque parece que sai purpurina da sua boca. Ele é o melhor
designer de joias que já conheci e foi quem desenhou
nossas alianças e o colar de rubi que deixa o meu pau duro
só em pensar.

E o colar que está no pescoço de Marinne, que ele está


olhando fixamente e deixando ela desconfortável.
— Este é Conrad Smith Smith. O designer de joias que
fez o seu cordão.

Ela olha para o pescoço e depois para ele, então abre


um sorriso de verdade.
— Então você desenhou o meu cordão de rubi?
— Com certeza e eu espero que você tenha gostado

dele. Eu vi que usou no casamento.


— Eu amo aquele cordão. — Ela me dá um olhar
sugestivo rapidamente e volta sua atenção para Conrad que
pega a mão da minha esposa e olha os dedos delicados

dela.
— Eu vou fazer uma coisa mais espetacular para você.
Se o seu marido concordar.

— Fique à vontade — falo para ele.


Conrad abre mais ainda o sorriso, se é possível. Ele é
um homem de um metro e setenta e cinco, magro que está
com um smoking vinho e uma gravata branca

acompanhando a camisa. O cabelo castanho com alguns


reflexos mais claros, espetados para cima com tanto gel que
chega a brilhar.
Seus olhos castanhos não param de olhar para a

Marinne com admiração verdadeira. Eu o deixaria sozinho


com ela tranquilamente e não porque ele é gay, mas porque
olha para ela com respeito.
Conrad olha para ela como eu me sinto às vezes. Como

se Marinne fosse uma deusa que precisa ser contemplada.


— Você gosta de anéis?
— Eu gosto sim — ela responde envergonhada e
baixinho.
— Você gostou da sua aliança?

— Você que fez também?


— Todas as duas. De noivado e casamento.
— Obrigada. A minha aliança de noivado é o item mais

bonito da minha coleção no momento.


Meu Deus. Hoje ela vai ganhar um boquete delicioso,
de novo.
— Você é uma fofa, mas na verdade eu acho que você
nua, já é um diamante.

Marinne coloca a mão na boca dando uma gargalhada


e fica com as bochechas vermelhas.
— Ah... obrigada. Eu acho.
— Imagina — ele diz com zelo. — Eu vou me retirar

porque sei que muitas pessoas querem falar com você,


Senhora D’Ângelo, mas foi um prazer e quando precisar de
qualquer coisa, eu não faço só joias. Sei fazer bolo e design
de casa.

— Eu vou lembrar disso e muito obrigada, Conrad.


Ele faz um aceno de cabeça para mim, que eu devolvo
e então se afasta. E tenho Marinne com um sorriso tão
bonito e honesto olhando para mim.

— Eu não acreditaria, se alguém me contasse, que


você sério desse jeito tem um amigo gay.
— Ele não é meu amigo.
— Parece que é e você faz as minhas joias, meus

presentes, com ele.


— Eu o conheci há muitos anos em uma boate. — Paro
de falar lembrando daquele dia. Foi uma carnificina, mas
não me arrependo.

Marinne tenta puxar a informação e como não vejo


ninguém se aproximando, a levo para a nossa mesa.

— Você não vai mesmo me contar essa história?

Abro meu smoking e sento-me na cadeira ao seu lado.


— Era uma boate um pouco falida e suja no Brooklyn.

Eu estava passando por lá de moto e uns homens estavam

atacando Conrad. Batendo nele até a morte.


Os olhos dela ficam cheios de lágrimas rapidamente.

— Eu não quero vestir uma capa de herói, mas às vezes


acontece isso em Nova York. Salvo uns malucos por aí sendo

herói. — Desvio o olhar para longe. — Ou a escuridão mais

densa.
— Então você saiu da sua moto e... defendeu ele?

É claro que ela quer a história completa.


— Não sei se estava lá defendendo ele, mas aconteceu.

Eu larguei a minha moto no chão e fui para cima dos caras


com tudo. Descontei o meu dia naqueles três filhos da puta.

— Encaro sua mão junto da minha em cima da mesa. — Bati

tanto neles e depois peguei a minha faca e cortei os seus


pescoços. Conrad foi extremamente agradecido a mim e não

desconfiou no momento de quem eu era. O que eu... faço.


— E como é que ele se transformou em um designer de

joias conhecido? — Ela pergunta cautelosa.

— Eu patrocinei ele.
Marinne arregala os olhos e seu sorriso fica estático.

— Você o que?
— Eu coloquei Conrad em um dos meus apartamentos

na Park Avenue. Lhe dei dinheiro e com o tempo, não sei

como, ele começou a se interessar por joias. Apesar de você


gostar da sua aliança — brinco com o anel no seu dedo. — O

item mais caro é o seu colar de rubi.

— Você é o Batman? — Ela pergunta e dá uma risada.


Desço minha outra mão e aperto sua coxa. O tecido sob

a pele dela é excitante. Marinne para de rir quando faço o


pano escorregar por entre suas pernas e engole em seco

quando acaricio sua boceta.

— Se eu sou o Batman, você seria a Mulher-Gato?


Marinne ri baixinho e pisca os olhos com charme,
mantendo a discrição.

— Eu posso me acostumar com esse tipo de visão sua.

— Seus olhos brilham de admiração. — Você não é de todo


mal, Amândio.

Na reajo. Ela está romantizando minhas ações.

— E não, você não foi um super-herói. Foi um justiceiro,


o que é bem diferente. — Respira fundo e parece louca para

me beijar. — Não se sinta culpado por ter ajudado um


homem mantando outros tão brutalmente.

— Eu não sinto, mas não gosto que alguns saibam que

faço isso de vez em quando.


— Eu sei, mas um homem como você, que detém tanto

poder, seja comprado ou tomado. Poderes sobre a sujeira


dessa cidade e o escarnio da política, tem quase que

obrigação de ajudar algumas outras pessoas que não

conseguem sair da escuridão.


— Mas eu as trago para a minha escuridão.

— Conrad não significa isso.

Assinto e tiro minha mão das suas pernas e entrelaço


com seus dedos. Ela abre um sorriso e chega o rosto um
pouco para a frente, só para falar mais baixo:

— Eu com certeza ficaria de joelhos agora para chupar

o seu pau, mas vou esperar a gente chegar em casa.


— Eu posso mandar esvaziar esse salão.

— Não. Deixe o seu pai se divertir um pouco. Ele é um


homem moribundo.

Respirando pelo nariz, sentindo meu coração bater

mais forte, toco seu rosto com um indicador.


— Você é uma mulher prestes a gozar umas dez vezes

hoje.

Ela se levanta e puxa minha mão. Fico de pé e franzo a


testa.

— O que é?
— Vamos para um dos banheiros. — Sua boca fica

perto da minha. — Faz comigo o que queria no meu

aniversário. Agora você pode.


Cerro os dentes e pego seu queixo entre os dedos.

— Vai na frente.

— Eu não conheço esse lugar.


— Tem um banheiro na recepção do hotel virando à

direita. Ele é mais vazio. Você passa pelo salão de Chicken e


depois dos elevadores vira duas vezes.

Sinto seu coração acelerar daqui.


— Você vai mesmo?

Dou um beijo na sua testa.


— Corra.

Eu a vejo sumir pelas portas do salão, Matteo indo atrás

dela. E meus pés mal tocam o bar, porque preciso de uma


bebida forte, meu pai se aproxima.

— Onde está sua esposa?

— Foi ao toalhete.
— Ótimo. Vem, tenho algumas pessoas para apresentá-

lo e depois a Marinne.
Contrariado eu vou e penso em Marinne me esperando.

Eu não quero essas pessoas perto dela. Mesmo assim,

alguns precisam a conhecer pela obrigação deles residirem


em Nova York e terem que respeitar ela. Eu não quero que

eles a vejam apenas como minha esposa. Ela será muito


mais para eles.

Não vou permitir que aconteça na Darkness o que

Travis não permitiu na Lawless. Uma mente como a de


Marinne guardada a sete chaves.
Notei hoje quando ela falou da Califórnia, que ela

precisa explorar esse lado para se sentir inteiramente

completa. Ela tem sede de fazer parte da Famiglia.


26

Sentada no vazo sanitário há pelo menos vinte

minutos, sacudo a perna ansiosa, até que recebo uma


mensagem de texto de Amândio:

“Não vou poder ir. Volte para a festa.”


Encaro a tela do meu celular por segundos

indeterminados e me levanto. Aprumando a postura, saio da

cabine e confiro minha maquiagem no espelho.


— Ele tem que ter um motivo sério para fazer isso.

Com toda a minha elegância, respiro fundo e saio do

banheiro. Dou de cara com Matteo, que eu já sabia que


estava me escoltando.

— Como você é meu...

— Braço direito? — Ele completa a frase.


— É isso que você é?

— Pelo o que eu fiz naquela noite, sim.

— Mm...Então, — chego mais perto dele e diminuo a

minha voz; — você poderia trazer meu marido para mim.

— Eu teria um enorme prazer em tirar o Amândio das


garras... das pessoas daquele salão, mas não será possível

agora.

Franzo a testa e controlo minha cara de pânico.

— O que aconteceu?

— Giovanni está com Amândio, conversando com


pessoas importantes e tenho certeza de que não vão deixá-

lo em paz tão cedo. Amândio é o troféu maior de Giovanni.

Fito o teto e sinto um misto de sentimentos entre

raiva e decepção. Procurando me recompor, abro um sorriso

falso e ordeno Matteo me seguir para o salão.

Chegamos e não preciso procurar muito meu marido.

Ele está conversando com um homem alto e elegante.


— Aquele é o Senador. — Matteo fala perto do meu

ouvido discretamente. — Amândio quer a sua aliança. As

eleições estão chegando e como você sabe, em breve

Amândio será o chefe maior.


Chefe maior. Meu coração bate rápido e engulo a

saliva com força. Ele será o Capo e mais pessoas vão querer

a sua cabeça. Eu vi de perto isso com Travis.

Fico congelada olhando Amândio.

— Você está bem? — Como eu não respondo, Matteo

fica na minha frente e como todos os homens da máfia,


tenta achar a sua resposta nos meus olhos. — Marinne, você

está bem? — repete.

— Eu necessariamente não sei.

— Como assim? Quer que eu chame o Amândio.

Detenho-o de se mover segurando seu braço.

— Não, Matteo. Escuta o que eu vou falar.

Ele acena e parece desconfiado. Tiro minha mão do

seu braço e entre olhar para ele e Amândio, falo:

— Em breve Amândio será o chefe da Darkness e

mesmo que ele tenha feito você jurar por mim naquele dia,
eu quero que você proteja ele, entendeu?

Ele abre a boca duas vezes e não sai nada. Resolvo

que antes de me dar uma desculpa, falo de novo.

— Eu sei que você respeita muito o Amândio e se você

fez aquilo, mostra a sua lealdade por ele, mas tenho a


sensação de que ele precisa mais de você do que eu.

— Você está me pedindo o mesmo que ele. Eu

entendo o que vocês querem, e espero que você também


entenda, quando eu disser que jamais iria deixar de estar

com Amândio. Eu sou o braço direito dele.

Anuo em silêncio, satisfeita com a sua declaração.

— Nova York tem sorte de ser você a esposa dele.

Me surpreendo com seu elogio, mas não tenho tempo

de agradecer. Sigo o olhar de Matteo atrás de mim e vejo um

homem muito bonito e parecido com Amândio, que

caminha em minha direção.

Ele tem os cabelos mais escuros, olhos azuis bem

escuros e não é tão alto quanto meu marido.

— Finalmente vou conhecer você. — Caramba, até as

vozes se parecem, menos o sorrio aberto.

— Eu também estava muito curiosa para conhecer

você, Leon.

Matemos a distância e eu nem sei como o

cumprimentar. Sigo os passos de Leon, apenas acenando e

sorrindo.
— Infelizmente você não pôde ir ao casamento.
— Quando Amândio sai, sou obrigado a ficar.

— Eu sei. Ele me explicou como é que vocês

trabalham.

— Vejo que meu irmão está se abrindo.

Disfarço que fiquei envergonhada mantendo o sorriso.

— Você dança? Porque poderíamos conversar

enquanto dançamos. Meu irmão não verá problema nenhum

nisso.

— Está bom.

Leon me leva para a pista de dança todo respeitoso.


Ele coloca a mão no lugar certo, que por sorte, longe da

minha tatuagem cicatrizando.

— Você é mais bonita pessoalmente do que nas fotos.

— Você viu fotos minhas?

— Desde que você tinha quatorze anos. Eu quis ver

como era a noiva prometida do meu irmão.

Odeio ele me chamar assim, mas tudo bem.

— E você me aprovou?

— Sim — devolve rápido. — Gostei do seu ar

misterioso no olhar e descobri que é muito inteligente.


Ele fala de um jeito educado, não intimidador, mesmo

assim parece que tem alguma coisa que eu não estou

entendendo.

— Eu gosto de saber das coisas.

— Prova que você é boa para o meu irmão.

Sem comentar nada, deixo que me guie e olho para

Amândio quando chegamos perto dele. Ele cruza um olhar

com o irmão friamente. Quando volto para Leon, percebo

em seu rosto que olha para Amândio com respeito e

admiração, não com frieza.

— Tem certeza de que está tudo bem dançar comigo?

Leon fica em silêncio, desvia o olhar – perdido em

pensamentos.

— Eu posso ajudar. Tenho três irmãos mais velhos.

— É verdade.

— Então, — tento ser amigável.

— Você sabe que nós éramos três.

— Ah, você quer dizer o irmão que morreu.


Leon assente sem elaborar.

— Vocês eram próximos?

— Mais do que eu sou do Amândio.


— Ele era mais próximo do outro também?

— Parece que Antônio era o melhor irmão.

Antônio. Eu tinha esquecido o nome dele.

— É uma pena o que aconteceu.

— Você não faz ideia de como a morte dele mudou

todo o cenário. — Seus olhos finalmente encontram os

meus. — Mesmo que não exista muito espaço para

sentimentos no nosso mundo, Antônio era muito leal e seria


um líder muito bom. Só não foi isso que aconteceu.

Muita informação de uma vez e uma delas me


preocupa.

— Era ele que seria o Capo?


— Para o meu pai sim.

— Como assim? — Deixo minha confusão ofuscar a


curiosidade, para ele continuar a falar e não perceber que

entrega informações.
— Amândio é a escolha do meu avô. Antônio seria a

escolha do meu pai.


Balanço a cabeça. Pensei que Giovanni também não
gostava do outro filho.
— Mas provavelmente a Darkness teria dois Capos, já
que eles eram gêmeos e pensavam muito iguais. — Seu

semblante descontrai. — Você ficaria maluca de como eles


eram idênticos.

— Eu posso imaginar — digo com humor.


— Entenda, não é que eu não goste do meu irmão. Foi

um pouco difícil conviver com Amândio depois que Antônio


morreu. Ele se fechou.
— Quer dizer que você é mais disponível e aberto para

os sentimentos? — Brinco com ele para aliviar o clima. —


Conversar e essas coisas.

— Talvez, mas acredito que você consegue viver com


Amândio fácil, fácil.

Olho para o meu marido mais uma vez.


— Você pode mudar as coisas — Leon comenta.

— Não me leve a mal, mas o seu pai passou a mão na


minha bunda duas vezes no meu casamento — falo com

aversão e olhando no fundo dos seus olhos. — Eu odeio o


seu pai e conto os dias para a morte dele. Então, a pior coisa

do meu casamento...
— É o meu pai — completa como também fosse a pior
coisa para ele.

— Você também não gosta dele.


— É meio difícil gostar de um homem como Giovanni

e se ele passou a mão em você, — Leon tem o mesmo olhar


assassino de Amândio, — nesse momento estamos numa

corrida para quem vai pegar ele primeiro. Eu, Amândio,


Santino, os russos e o seu irmão, obviamente.

— Sim, você acertou. — Faço uma pausa e pergunto:


— Quem é Santino?

— Meu primo. Ele é filho do irmão do meu pai. Um


ótimo... Madman. Um péssimo parente.

— Também não gosta dele?


— Nada contra. Só não gosto de ficar perto.

— Por quê? — Digo com cautela.


— Ele gostaria muito de ser o Capo da Darkness, já
que vai perder a chance de ser o Capo de Calábria. Ele é o

segundo filho.
— Você também se ressente em ser a segunda cabeça

da Darkness?
— Não porque Amândio me dá muitas funções e

poder. Ele confia em mim. Todos me respeitam, porém não


me chamam de Capo por trás do meu pai.

Dou uma risada de sacudir o corpo.


— É verdade. Já ouvi muitos chamarem Amândio de

Capo.
— Todos o respeitam assim. Tem uns quatro anos que
ele faz todas as funções do meu pai.

— Giovanni podia facilitar a nossa vida, não é, e


morrer de uma vez.

Ele concorda e paramos de dançar.


— Eu gostei muito de você.

Leon se afasta e me leva até meu marido, que chega


até a mim e coloca a mão na minha cintura. Me arrepio

porque ele toca na tatuagem, mas rápido tira a mão e me dá


uma olhada de desculpa.

— Gostei dela. Foi uma ótima escolha.


— Eu não pedi a sua opinião, mas obrigado.

Leon é realmente mais aberto. Ele ri sem medo da


resposta do irmão. Eu sei que é pura provocação. Pega a

minha mão, dá um beijo e pisca o olho.


— Até breve cunhada e cuide dele. Faz bem para o

coração ter uma mulher bonita. — E ele some da nossa


frente.

Eu estou tão leve de algum jeito em saber que


Amândio não é tão sozinho. Me traz conforto saber que Bella

e Leon o tem em alta estima.


Amândio me dá um olhar estranho.

— O que que ele te falou?


— Que você usava fraldas quando era bebê. — Rio por

nós dois, abraço-o dando um beijo no seu pescoço e me


afasto rápido.

— Não pude ir ao banheiro. Tive que falar com


algumas pessoas. E precisei fazer isso no balcão do bar.

— Como assim?
— Tinha que esconder minha ereção em algum lugar.
Ele me faz rir alto de novo e quase sorri olhando para

mim, mas continua com a sua máscara fria.


— Você sabe que eu não consigo não rir.

— Tudo bem. Não quero que você seja toda fechada e


sombria. Você fica mais bonita sorrindo.

Dou de ombros e seguro a sua mão.


— Estranhamente eu prefiro você sério. Essa sua cara
de mau é linda.

Amândio mexe as sobrancelhas.


— Foram boas as conversas? — Mudo de assunto.
— Embora eu tenha odiado não ir até você, foi bom

porque falei com o Senador.


— Ótimo.

— E você, está tudo bem?


Não entendo a pergunta e dou de ombros.

— Você dança comigo?


Amândio pega minha mão como resposta.

— Eu ia propor isso. Fiquei vendo você dançando com


o Leon e estava tão relaxada, lembrei de você no nosso

casamento.
— Mas eu não estava relaxada.

— E hoje? — Ele fala me levando para a pista de


dança.

Fazendo um giro como uma valsa, estou nos seus


braços. Ele coloca a mão no alto das minhas costas. Abro um

sorriso discreto e as pessoas em volta aplaudem. Tolas. Elas


são tão medíocres.
— Quando a gente vai para Itália?
— Talvez sexta que vem.

— É longe, mas eu consigo aguentar. Até lá a minha


tatuagem vai estar curada e eu vou poder suar muito.

Os lábios de Amândio tremem num quase sorriso e


seus olhos escurecem.

— Porra. Você é tão certa para mim, principessa.


— Pena que ninguém pode saber.

— E nunca saberá.
Levanto a sobrancelha pensando que Giovanni

enlouqueceria se soubesse que seu filho e eu nos damos tão


bem. Travis não parece irritado por isso, mas sei que sente

ciúmes. Eu só tenho a lamentar por eles e agradecer por


mim.

Eu quase engasgo quando vejo a figura alta e forte de


terno preto, de Colen caminhando para mim. Largando meu
jantar, levanto-me e ando até ele o mais rápido e elegante
que consigo.

— Irmão — exclamo e o abraço bem forte.


Colen me envolve em seus braços e seu cheiro
familiar faz meu coração bater mais forte. Me afastando,
sorrio para seu semblante sério.
— Por que não disse que viria mais cedo?

Nós nos falamos mais cedo por telefone. Ele tinha dito
que estaria vindo para Nova York em breve.
— Porque quis fazer uma surpresa e seu marido sabia.
Olho para trás e vejo Amândio se aproximando de nós.

Ele cumprimenta meu irmão com um aperto de mão. Tão


frio como tratou Leon.
— Pensei que não viria mais.
— Não podia faltar a celebração dessa união — Colen

devolve com sarcasmo.


Ergo as sobrancelhas. Eles nunca vão se dar bem
depois do que aconteceu aquele dia. Colen vai odiar
Amândio, e a si mesmo, por pensar que fui usada. Tolo, eu

fiz porque quis e envolvo o braço de Amândio para mostrar


que sou bem tratada e buscando ser feliz no meu
casamento.

— Você vai ficar?


— Infelizmente vim apenas para vê-la e já estou
partindo.
— Você tem um assunto mais importante do que eu?

— Tem — Amândio responde. Franzo a testa para ele e


espero elaborar. — Colen precisa ir com Leon para as
fronteiras do Canadá.
— Poxa, que pena. — Finjo ignorância e vou abraçar

meu irmão mais uma vez. — Quando puder, me ligue e me


convide para almoçar. Você será o irmão que mais poderei
ver aqui.
— Mesmo que eu não ficasse por Nova York, arrumaria
tempo e jeito de vir te ver.

Mordo o lábio segurando a emoção.


Ganho um beijo no rosto e ao lado de Amândio vejo
Colen se aproximar de Leon, e logo os dois saem pelas
portas do salão.

— Você está bem?


Viro meu rosto para Amândio e assinto.
— Estou. Foi bom vê-lo. Mesmo passando apenas uma

semana, consegui sentir saudades.


Ele não diz nada, cruza seu braço com o meu e volta
para a mesa comigo.
Amândio não entende o significado de sentir saudade
ou de ser unido aos irmãos. Talvez um dia ele mude ou me

entenda.

Depois da conversa com Leon e dançar com Amândio,

e o prazer de ver Colen. Jantei em paz com meu marido e a


noite se estendeu em bajulações e apresentações. Pessoas
que eu nunca gostaria de ficar perto demais.
Como um cão de guarda, Amândio não permitiu uma

vez sequer Giovanni se aproximar de mim. Ele arrumou


todos os tipos de desculpas para isso.
E agora saio da festa com os pés doendo e feliz por ter
me esquivado daquele safado arrogante.
Deitando a cabeça no ombro de Amândio, fecho os

olhos e entrelaço os dedos nos seus em cima da sua perna.


— Cansada?
— Mortinha, me desculpe.
— Pelo que?

Inclino a cabeça e fito seu rosto.


— Não sei se vou conseguir ficar acordada assim que
por os pés em casa.
— Você está dizendo que não vai conseguir transar, é

isso?
Movo o ombro em forma de desculpas. Amândio
estreita os olhos e vira o rosto para frente, todo sério.
— Nem sempre só quero você para trepar.
O choque das suas palavras, me deixam sem fala. Me

ajeito no banco para conseguir beijar seu rosto e trazê-lo


para eu enxergar seus olhos.
— Eu disse isso também por mim — murmuro.
— Tudo bem, Marinne. A noite foi longa e infelizmente

amanhã vou ter que sair cedo.


Beijando sua boca, deito a cabeça no seu ombro de
novo e penso que acabei dando a ideia errada para ele.
Parece que sou eu que só quero sexo.

E sim, eu amo transar com ele. Meu corpo grito pelo


seu. Desejo-o como nunca quis nada na vida, mas...
Merda. Eu não quero Amândio só para transar. Eu me
importo com ele, mesmo não negando que o que mais me

aproxima nele por enquanto seja seu corpo.


Será possível eu sentir por ele algo mais forte que
desejo e preocupação? Eu me apaixonar?

Tenho medo de sentir demais e ele não corresponder,

mas não vou travar uma batalha interna com isso. Vou

deixar... acontecer.
27

O domingo foi tumultuado de reuniões com Leon,

meu pai e o Governador, que não apareceu no baile. Odeio


correr atrás de quem deveria vir até a mim, mas precisei

saber o motivo dele não aparecer e como ficará as coisas


entre ele e a Famiglia.

No dia seguinte, precisei ligar para o meu avô e dizer

que estou indo para sua casa sábado. Ele falou que vai
preparar um banquete para nossa chegada.

Hoje chego em casa cedo pela primeira vez desde que

me casei, mesmo após uma luta corpo a corpo e ter me


ferido.

Logo que as portas do elevador se abrem na

cobertura, sinto um cheiro de comida no ar.


Ao invés de seguir o caminho para a sala de estar ou

as escadas, vou para o lado oposto, indo para a entrada da

cozinha sem ser pela parte aberta com a sala de estar. Passo

pela sala de jantar, deixando meu sobretudo em uma das

cadeiras.
De costas para mim, vejo Marinne mexendo em uma

panela no fogão. Ela está movendo a mão para o cheiro

subir e quando até eu sinto o aroma do molho, vejo-a

suspirar, chegando a mexer os ombros. Logo fecha a panela

de volta desligando o fogo.


Marinne vira-se para pegar um pano de prato no

balcão e com isso fica de frente para mim. Ao me ver,

segura a respiração por nanosegundos.

— Oi — murmura com um sorriso acanhado.

— O que você está fazendo?

Ela abre um pequeno sorriso e dá de ombros.

— Comida.
— Você cozinha? — Me aproximo e ela abre a boca,

respirando fundo, quando estou na sua frente.

— Sei fazer algumas coisas. — Geme, o que soa

eroticamente e vejo as pupilas dos seus olhos dilatarem.


— E o que você fez hoje?

Engolindo em seco, anda de costas até ficar perto do

fogão e abre a panela.

— Macarrão ao molho sugo — responde olhando-me

nos olhos, sem desviar. — E frango em cubinhos com

legumes.
— Parece bom — falo deixando minha voz rouca e

estou tocando sua cintura, deslizando minha mão para trás

e deixando na altura da sua bunda.

Sua respiração fica fraca e ela tenta, mas não

consegue, controlar a vontade de morder o lábio inferior.

— Quer... provar? — sussurra.

— A comida ou você?

Ela ri alto, mas o que acontece comigo é outra coisa.

Caralho. Meu pau já estava ficando duro pela roupa

que ela escolheu para cozinhar. Um vestido branco, bem


justo, com um decote aberto e as mangas dobradas. Um

avental branco com babados cor-de-rosa e o cabelo quase

preso.

Ela parece que acabou de trepar e está na cozinha

preparando algo para recuperar as energias.


— Você já comeu?

Sua pergunta me traz de volta e eu fito seus olhos.

— Não. — Dou um beijo na sua boca e me afasto. —


Vou tomar um banho e trocar de roupa e já desço.

Marinne me dá um aceno antes de eu pegar o

caminho das escadas.

Rápido eu tiro minha roupa e limpo o ferimento que

aconteceu mais cedo em uma das minhas cobranças. Não

esperava que aquele filho da puta me acertaria com uma

cadeira nas costas, e que a droga da cadeira quebraria e

entraria dentro da minha camisa, rasgando a minha pele.

Não está tão ruim. Parece uma queimadura de segundo grau

bem feia.

— Merda. — Xingo em voz alta colocando o remédio

para não infectar.

Aquele gorducho morreu com a mesma cadeira que

me acertou. Eu peguei um dos pés e enfiei no meio do peito

dele. Seus olhos perderam o brilho na hora e eu nunca tinha

segurado um coração humano na mão. Foi estranho porque

ainda estava batendo quando puxei do seu peito. As veias


penduras e o sangue pingando.
Mas parou os batimentos e a cor quando joguei para o

cachorro que anda com Cirilo. Meu soldado que mastiga

jujuba para não fumar. Desculpa para a larica dele.

Leon me chamou de sádico o tempo todo no trajeto de

volta para a Garagem. O local onde fica as drogas e armas

em Nova York. Era um estacionamento de Guindastes e

caminhões gigantes. Hoje é a garagem para os táxis da

Darkness, que rondam pela cidade e monitoram as visitas


em cada canto.

Entrando debaixo da ducha, preciso tocar uma


punheta, mesmo tendo uma esposa linda e insaciável. Eu só

não quero que Marinne veja o ferimento. É cedo demais para

ela começar a ver como as coisas ficam às vezes para mim.

Não quero que ela entre em pânico ou se preocupe.

Ela já demonstrou que se importa e foi o suficiente para eu

decidir evitar trazer meus assuntos para dentro de casa.

Estranhamente a última vez que transamos, foi

quando voltei de madrugada e ela logo em seguida brigou

comigo. Talvez seja de propósito que passamos esses dias

nos provocando. Os dias acabam e nada acontece.


Já foram quatro dias sem sexo. Eu chupei ela antes do

baile, no sábado, mas foi só isso.

Me secando, enrolo a toalha na cintura e faço o

curativo em mim.

— O que é isso?

Levanto a cabeça e vejo Marinne na porta do banheiro

com os olhos arregalados. Seu choque desaparece,

transformando em urgência.

— Não é nada.

Ela já está na minha frente e tira minha mão de cima.

— Você está ferido. Como aconteceu isso?

— Não queira saber.

— Tudo bem. — Balança a cabeça mais de uma vez.

Tento ler seu estado de espírito, se está nervosa ou

preocupada.

— Marinne.

— Eu posso cuidar do machucado?

— Não precisa.
Ela não pergunta de novo. Me vira de costas para si,

não permite que eu faça nada e com cuidado limpa, coloca

o remédio e tampa com gaze.


— Isso parece uma queimadura.

— É. Caí de moto. — Minto seguindo sua mente que

deve ter desenhado o cenário de como aconteceu o

ferimento.

— Caiu de moto? — Ela aparece na minha frente de

testa franzida. — Você ainda anda de moto?

— Sim. — Essa parte não é mentira.

Ela faz um som surpresa e tenta ser relaxada dizendo:


— Vamos comer?

— Você está bem?


— Por que está perguntando isso? — Não espera

minha resposta. — Eu sei que dei aquele ataque de pânico


quando vi aquela camisa, mas... Eu estou bem. Você só se

machucou caindo de moto. Não é um ferimento profundo


como uma bala alojada dentro de você.

Isso é porque ela está bem.


Segurando seus ombros, faço prestar atenção em

mim.
— Eu sei que você está dizendo que está bem, mas
não parece.

— Amândio, eu...
— Você vai ter que se acostumar. Um dia talvez eu
volte para casa bem machucado. Não quero te assustar, mas

é a verdade.
— Eu sei e acho meio estranho me sentir incomodada

com essa situação. Eu não sou essas meninas bobas que


nascem na Famiglia e se comportam como se o mundo fosse

cor de rosa, sendo que o nosso é escuro e com manchas


vermelhas de sangue. Não ligue para mim.
Uma coisa passa pela minha cabeça e eu não posso

deixar para lá.


— O que você viu que te deixou traumatizada?

— Como assim?
— O que você viu com seus irmãos ou talvez Luca ou

Paolo, já que você se importa com eles, que te deixou


assustada em ver sangue. Em ver um homem ferido. —

Afago seu rosto. — Aquilo que você teve vendo a minha


camisa, não foi algo simples, Marinne.

Ela desce os olhos para o meu peito e toca a tatuagem


da ‘Ndrangheta. Minha queimadura. Será que é isso que

deixa ela nervosa?


— Você sabe... o Dario foi pego pelos russos — fala
com a voz bem baixinho.

— Eu estava lá quando ele ainda estava cativo.


Lembro como se fosse ontem quando ficamos noivos.

Na época, Dario estava em um cativeiro da Bratva de Las


Vegas.

Marinne chorou pela primeira vez na minha frente. Ela


estava tão apavorada, e não porque ela pensou que nunca

mais veria o irmão, mas porque sabia exatamente o que


estava acontecendo com ele no cativeiro. Em como ele

talvez voltaria para casa.


— Quando Dario voltou — ela fala distraída, ainda

tocando na minha queimadura, — ele não era mais o irmão


que eu cresceu comigo. Eu já expliquei para você. Travis foi

meu pai e Colen ajudou. Eles são minhas figuras paternas. Já


o Dario, foi só o meu irmão. A gente se divertia, éramos
unidos e antes do cativeiro, sempre pude contar com ele

para distrair minha mente dos terrores da Famiglia.


Coloco a minha mão em cima da sua e ela ergue os

olhos para mim.


— Mas não foi isso que deixou você apavorada. Eu

lembro de você dizendo que tinha medo de como o Dario


voltaria. Você detalhou, que o seu medo não era ele não

voltar e sim como ficaria depois, porque você sabia o que ele
estava passando.

Minhas palavras traz recordações a ela de algum


momento.
— Eu já vi como Travis , — engole em seco, —

consegue ser quando deseja obter informações. — Ela


confessa com culpa.

— Então você não olhava só atrás da porta do


escritório dele.

Marinne sacode a cabeça que não.


— Uma vez, eu tive a péssima ideia de ir até a casa

adjacente. Onde Travis me proibia de pisar, em qualquer


horário. Por circunstância alguma, eu deveria estar ali. — Ela

olha para longe recordando o momento e seus olhos se


enchem de água. — Eu não sabia quem era o homem que

ele estava mantendo em cativeiro, mas embora vocês não


tenham remorso, eu não fui treinada para não sentir

absolutamente nada.
E novamente seus olhos encontram os meus. Eu nem

sei dizer o que estou lendo neles.


— Foi tão cruel — continua. — Tão perverso. Aquele

homem morreu terrivelmente. E fique orgulhoso, eu não dei


um grito. — Ela está sendo irônica.

— O que você fez depois?


— Eu sabia que eles iriam demorar por ali. Na outra

sala, tinha um outro homem. Então eu voltei para casa e me


tranquei no meu quarto. Não quis ver o Travis pelos

próximos dias e... como não tinha a Madeleine naquela


época...

— Você ficou sozinha — concluo porque ela não


consegue.

Marinne assente, as lágrimas prisioneiras dos seus


olhos gélidos.
— Aquilo me deixou forte — diz com tanta frieza.

Me assusta agora o fato dela ter terrores noturnos


como eu.

— Travis sabe que você viu aquilo?


— Não e nem desconfia. — Faz uma pausa e se afasta

mexendo nas unhas. — Ninguém nunca soube que eu vi


pela janela, meu irmão queimando aquele homem com um
cabo, que eu não sei o que que era, mas estava ligado numa

bateria quadrada. Acho que de um carro. Ele queimava,


batia, esfaqueava o homem enquanto Luca o ajudava e
Colen assistia do canto da sala com Dario. — Sorri com

pesar. — Ele ainda era o meu irmão naquela época.


— E ele não fez nada.

— Não. Dario só assistiu de longe. — Respira e seus


olhos têm expectativas quando pergunta: — Se eu te contar

como foi, eu vou te dar informações de como Travis opera?


— Claro que não. Está tudo bem, amor. Não precisa

me contar.
Marinne respira fundo e segura a minha mão quando

eu estico.
— É o único momento da minha vida que eu queria

esquecer, mesmo quando eu vi... Você sabia que o Dario tem


a tatuagem da Bratva marcada na pele dele?

— Não — respondo e até estranho ter ficado tão


surpreso. Dario tem uma Temhota na pele. Que merda.

— É! E ele voltou para casa com outra cabeça.


Distante e com aquela merda de tatuagem.
— Ele não quis tirar, então.
— Não. Ele ainda tem a marca da Temhota. A marca

de um prisioneiro da Bratva. Travis tentou e ainda tenta até


hoje, fazê-lo tirar, mas Dario disse que é para lembrar.

— Entendo.
— E... eu fiquei em pânico com você, com aquela

camisa — pausa esperando que eu foque nela —, não


porque você precisa usar ela. É porque o Travis estava

usando uma igual naquele dia.


Porra, por essa eu não esperava.

— Você sabe o que eu faço. Te contei como salvei


Conrad.

— Eu sei. Você até usa um taco de beisebol para


matar.
— Como é que você sabe?
— Você sabe que eu acabo descobrindo tudo, mas o

taco de beisebol, foi o Luca que me contou.


— Ele não deveria.
— Eu insisti. Eu queria saber como você faz.
— Por quê?

— Eu não sei, só queria saber.


— Okay.
— E... por que te chamam de tesoureiro?

— Porque eu enfiei uma tesoura de cortar frango na


cabeça de um homem, que fui cobrar o dinheiro da Famiglia.
— Falo de uma vez porque não adianta tentar esconder nada
dela.
Ela me surpreende rindo e franze o nariz com nojo.

— Deve ter ficado um nojo o lugar.


— Ficou uma mistura de gordura e sangue.
— Meu Deus, que nojo. — Ela ri e bota a mão no meu
rosto. — Sua barba está crescendo.

— Eu vou fazer depois.


— Hm... Não gosto de você de barba. Fica muito mais
sombrio e eu não consigo ver o seu sorriso, que disfarça para
eu não ver.

— Eu não disfarço. Apenas não sorrio muito.


— Eu sei.
Abraço-a, tomando cuidado e Marinne passa a ponta
do nariz no meu, seus braços nos meus ombros.

— A gente não vai conseguir transar tão cedo.


— Eu me cicatrizo rápido. Até a nossa lua-de-mel vou
estar bonzinho.

— Eu espero que sim. Tem quatro dias que não


transamos.
— Eu estava pensando a mesma coisa. — Não sei por
que, mas não consigo esconder nada dela.

Me dá um beijo, lambe a minha boca e depois morde.


Aperto sua bunda e encaro-a.
— Você está mesmo bem? — pergunto.
— Eu estou. Só toma cuidado e obrigada por me

contar sobre o lance da tesoura. Não quiseram me explicar.


— Matteo não quis te contar — eu concluo.
— Na verdade, eu ouvi os homens chamando você de
tesoureiro. Achei que era por causa que você faz as
cobranças. O que até faz sentido.

— É uma piada.
— Sim, mas agora eu entendi melhor porque te
chamam assim. Você já usou a tesoura com mais alguém?
— Não tive oportunidade e eu prefiro o meu taco.

— E a sua faquinha.
— Que implicância com essa faca.
Beijando sua boca, a solto e entro no closet com ela

me seguindo.
— Você sabia que eu sei lutar com à espada japonesa
— ela comenta com orgulho e uma voz animada como de
uma criança.
Paro meus movimentos e viro-me para ela.

— Você aprendeu as artes marciais da Yakuza? —


Estou sem palavras.
— Dario gosta de Kenjutsu, a arte de lutar com a
espada katana. E como eu sou curiosa, ele me ensinou.

— E ele ensinou também a atirar e a lutar?


— Foi, só que o Travis me permitiu aprender a tirar e
lutar. Porém ele não gosta de eu usar aquela espada nem
um pouco.

— Você tem uma katana?


— Tenho. Está no meu outro closet numa caixa que
você deve ter pensado que era uma bota.
Porra. Ela é fascinante.

— Marinne D’Ângelo, eu gosto do jeito que você


pensa.
Ela chega até a mim, tira minha toalha e segura meu

pau com força.


— Adoro quando você me chama assim e quando
elogia o meu cérebro.
— Ele é a parte mais fascinante sua.

Ela sorri mordendo a boca, se ajoelha na minha frente,


pega com as duas mãos o meu pau e beija a cabeça.
— Se eu não estivesse com fome... de comida. — Ela
se corrige rápido. — Eu te chuparia agora.

— Você está me prometendo tem três dias.


— Eu sei. — Ela se levanta e fica a três passos longe
de mim. — Pensa que, quando eu fizer, você vai me pedir
muitas vezes para repetir.
— Assim como você me pede para chupar a sua

boceta?
— A gente podia fazer uma competição. — São suas
últimas palavras antes de sair do closet dando uma
risadinha.

Virando-me, olho no espelho e não reconheço o


homem sorrindo no reflexo.
Me assusta o que ela faz eu sentir. Marinne domina a

minha boca, porque não consigo não falar tudo que ela me
pergunta. Domina meus pensamentos, porque eu nunca
consigo parar de pensar nela. E não sei mais que parte eu
vou descobrir que consigo dar para ela.

— Boa noite, Senhor D’Ângelo — a governanta da casa


do meu pai me cumprimenta.
Lhe ofereço um aceno e passo direto pelas salas e

entro no seu escritório, já que as portas estavam


destrancadas.
— Merda, pai.
Viro de costas para não continuar a ver Gemma

chupando o pau dele.


— Que isso, garoto. O seu velho ainda dá no couro e
você reage assim? Fique feliz, prova que terá muitos anos
para enfiar na goela da sua jovem esposa.
Cerro meus punhos com tanta força, que minhas
unhas perfuram minha pele. E quase não tenho unhas.
— Fala logo o que você quer — rosno como um animal
de costas para ele.

— Richardson está querendo pular fora. Faça alguma


coisa.
— Você sabe que eu estou viajando depois de
amanhã.

— A Famiglia é mais importante.


Foda-se. Me viro para eles, focando no rosto
desprezível do meu pai.
— Não vou discordar que a Famiglia é importante para
mim, afinal, eu faço todos os seus deveres e se a Darkness

está crescendo, é por causa de mim.


— Fala de um jeito como você tivesse conseguido o
seu casamento.
É claro que a nossa aliança com a Lawless nos trouxe

benefícios e ele não deixaria de jogar na minha cara que foi


ele que aceitou a ideia de Travis.
— Não importa. Quem casou com ela foi eu e aliança
com Travis, você deixou na minha mão quando decidiu que
iria provocá-lo falando que o noivado acabou.
— Foi só uma brincadeira — diz com seu tom de
braveza. — Eu gosto de provocar e queria que Travis
revidasse e assim eu teria motivos para invadir Las Vegas.

Não esboçar reação é difícil quando eu quero vê-lo


estrebuchando no chão. Pedindo socorro a mim.
Voltando para o assunto em questão:
— Eu vou pedir o Leon entrar em contato...

— Leon não sabe fazer nada .


— Entrar em contato com Richardson — o atrapalho
subindo o tom de voz e antes de cometer uma loucura. —
Quando eu voltar da Itália converso com o Jeremy.

— Você disse que vai ficar dois meses. Acha que ele
vai esperar até lá?
— Talvez eu fique um pouco menos. Um mês e meio,
mas não vou deixar de ter minha lua-de-mel.

— Por que você quer tanto isso? Quer é agradar


aquela garotinha? É só chupar a boceta dela que ela vai
gostar e gemer.
Coloco minha mão dentro do paletó e lembro que se
eu fizer o que eu quero agora, não vou conseguir voltar para
casa. Por isso, pego meu celular para não desconfiar e finjo
que tocou.
— Eu vou ter que ir — olho para a tela preta do

aparelho e depois para ele. — Conversamos depois.


Me viro para sair e ele me chama.
— Amândio, você tem que fazer alguma coisa. — É
uma ordem. — Você não quer ser o Capo? Não fica contando
para todo mundo que vai ser o futuro chefe de Nova York.

Então haja como um e entre em contato com o Senador.


Pisco com força, soltando o ar pela boca e girando em
meus calcanhares, volto a olhar sua cara suada com um
porco.

— Eu posso entrar em contato com Jeremy


Richardson, mas para marcar uma reunião em outro
momento e dizendo que eu desejo que ele não cancele
conosco. Ele não pode esquecer como se beneficiou com a

gente.
— E você também. Comeu a filha dele por anos.
Ignoro a provocação.
— O fato é que ele precisa de dinheiro para a sua

campanha e Jeremy não é tão idiota quanto você está


fazendo parecer.
— Você sabe que esses políticos gostam que as
pessoas corram atrás deles.

— Parece que você tem algo em comum com eles.


— Não fale assim comigo, garoto. — Desconta a sua
ira puxando o cabelo de Gemma.
Escuto-a gemer de dor e prendo meus pés no chão

para não ir até lá e tirá-la das suas garras.


— O senhor tem mais alguma coisa que queira falar
comigo?
— Eu apreciaria você trazer Marinne aqui. Suas irmãs

gostaram dela e eu também não gosto. E não tive a


oportunidade de falar com ela no sábado.
Por sorte sua você não conseguiu.
— Você precisa trazer a sua esposa para jantar

conosco. Somos uma família.


Mas eu não a quero perto de você. Me controlo para
não dizer a verdade sobre ele não merecer estar na
presença de Marinne.
— Vou ver o que posso fazer. Podemos vir jantar em

outro momento assim como eu só falarei com o Jeremy


quando voltar de Calábria e não tem mais discussão sobre
esse assunto.

Antes de sair do seu escritório, consigo vislumbrar o


rosto envergonhada de Gemma. Ela está de cabeça baixa, o
rosto deitado em cima da virilha do meu pai.
E eu me viro ignorando. Não posso salvá-la sem matar
ele primeiro e cometer a Òmerta, que por ela não sujarei

minhas mãos e morrei pelo homens de meu pai que vigiam


a mansão. De qualquer forma, a liberdade de Gemma está
chegando.

Como se tivesse uma tonelada sobre meus ombros,


saio do elevador e caminho até a sala.
A vista de Manhattan às duas da manhã sempre é

uma bela visão, a contemplei muitas vezes desde que me


mudei para esse tríplex e foi motivo de distrair minha mente
de insônias depois de um combate ou algo que me
perturbava, mas com a silhueta de Marinne, além de ser
ainda mais exuberante, representa minha insônia atual. Ela,

minha esposa.
Fico receoso de me aproximar. Acabei de ter horas de
gritos, tiros e sangue. Confrontos sempre trazem meu
monstro à tona e Marinne é a única pessoa no mundo que

não quero que veja esse meu lado. Principalmente depois do


que contou para mim sobre Travis.
Porém, acredito que ela consegue expulsar a
escuridão de dentro de mim apenas com seu olhar. Ela não

sabe o quanto mexe comigo e, nesse pouco tempo juntos, o


quanto me faz pensar fora dos negócios da Famiglia, que
sempre foram meu único foco.
Eu não quero que ela veja o que realmente sou, não

depois de jurar que nunca a machucaria. Eu jurei olhando


em seus olhos em nosso casamento.
Estou me virando para as escadas, decidido a subir
para o quarto, quando ouço sua voz baixa:
— Amândio?

Paro e viro-me de volta. Vejo-a caminhando até a mim


apressada e parar na minha frente. Ela respira pesadamente
e parece que ansiava pela minha chegada.

Por que ela está assim? Eu saio para trabalhar todos


os dias.
— Você chegou — diz como uma realização.
— Sim. — Nem sei dizer por que confirmo algo óbvio.
Ela sobe dois degraus e ficamos cara a cara. Observo

sua respiração lenta e a pulsação em seu pescoço. Parece


ansiosa.
— Você precisa de algo?
Você. É meu primeiro pensamento, a resposta óbvia.
Ela, seu corpo, seu calor, seu gosto, seus gemidos.
— Você está bem? — Ainda distante pergunta de
novo.
Tudo sobre ela pode acalmar a fúria dentro de mim. É

difícil desligar a adrenalina pós-combate e eu posso ver se


ela realmente tem tanto poder sobre mim, se deixá-la se
aproximar agora. Sei que não sou capaz de machucá-la, mas
não tenho certeza se vou conseguir ficar totalmente focado

nela. Se irei silenciar meu monstro quando estiver sobre ela.


Marinne suspira e mesmo sem minha resposta, ela se
aproxima e em seus olhos cautelosos, vejo muita ansiedade
conflitando com algo mais intenso. Ela levanta as mãos,

segura meu rosto e lentamente encosta seus lábios nos


meus.
Fecho os olhos e eu não tenho a paciência dela. A
agarro, enfiando meus dedos entre seus cabelos castanhos e

os solto do prendedor. Ela resmunga um gemido em minha


boca e chega seu corpo mais para o meu, que eu envolvo

fortemente.

Logo a pego nos braços, a levando para o nosso


quarto. Subo os degraus às cegas e, por sorte, a porta do

quarto está aberta, facilitando nossa entrada.

— Tira sua roupa — ela pede de um jeito quase


envergonhado. Ao mesmo tempo que ela é acanhada, ainda

está ficando ousada. Eu adoro isso nela. Ousadia combina


com minha doce principessa.

Não demoro a ficar nu na sua frente e, sendo franco,

suas mãos ansiosas ajudam a retirar cada peça chegando a


arrebentar alguns botões da minha camisa, que já iria para

o lixo porque não limpo sangue de camisa. Não uso roupa


que tem algum traço de quem matei.
Ficando pelado na sua frente, a agarro pelo pescoço,

prensando seu corpo na parede e falo com a boca colada a

sua:
— Okay, principessa, e agora o quê?

Marinne fica na ponta do pé para conseguir envolver


meu pescoço. Sua boca raspa na minha antes de forçar

meus lábios a abrirem. A ponta da sua língua encosta na

minha e abrindo totalmente minha boca, abocanho a sua e


encontro sua língua numa chupada violenta. Ela geme e

ergue uma das pernas para o meu quadril, e eu mantenho


no lugar agarrando sua coxa.

O tecido da sua camisola causa um atrito em minha

pele bom.
Sua mão desce pelo meu peito, se demorando nos

ferimentos novos. E com um gemido, ela separa nossas

bocas, me olha nos olhos e baixa a cabeça.


Rosno jogando a cabeça para trás, batendo na parede,

quando ela lambe meu mamilo e depois uma das feridas.


— Você se machucou de novo.

Não respondo como espera. Num movimento rápido,

pego seu corpo, fazendo com que envolva meu quadril e


levo para dentro do banheiro.
— Não vou te foder sujo. Vamos tomar um banho.

Ela sorri e morde a boca.

Acariciando sua pele, tiro seu cabelo da frente e peço


que levante os braços. Tiro sua camisola e a encontro com

uma calcinha minúscula fio dental e, claro, preta.

— Vai querer essa também? — Indica a peça íntima


com o olhar.

— Sempre. — Sem mais, arrebento a calcinha, deixo


na pia e encontro com ela no box.

Marinne mesmo excitada, me força a ficar debaixo da

ducha e me esfrega, ensaboa meu corpo todo. Ela não tem


um pingo de vergonha quando lava meu pau e as bolas, e

faz olhando-me nos olhos.


— Você é tão safada — digo com as mãos longe, sem

impedi-la de fazer o que deseja.

Ela nada diz. Com o sabonete nas mãos ainda, esfrega


até fazer espuma e depois passa por meu peito, braços, me

virando, passa nas costas. Ela se ajoelha para lavar minha

bunda e minhas pernas.


— Merda, Marinne — xingo quando dá uma mordida

na minha bunda.

— Você gostou que eu sei.


Apoio as mãos na parede e vou ao delírio quando ela

esfrega os seus mamilos duros nas minhas costas feito uma


gatinha pedindo carinho.

— Eu vou arrebentar a sua boceta hoje.

Entre o vapor quente e a neblina que embaçou os


vidros do box, escuto sua risada feliz. É estranho para

alguém como eu que não ri com facilidade, saber identificar

o riso de alguém. Mas eu faço isso por Marinne.


— Vire-se.

Eu faço o que pediu sabendo perfeitamente que


continua de joelhos e perco o fôlego. Marinne tem o olhar

cativante e uma sombra de sorriso nos lábios, que me faz

liberar pré-gozo quando beija a cabeça do meu pau.


— Eu nunca fiz isso — murmura com modéstia e

honestidade. — Se não gostar ou... Como você gosta?

Abro a boca e percebo que estou sem fala, sem ar,


sem forças. Acabei de espancar dois filhos da puta,
deixando-os com narizes quebrados e ombros deslocados. E

aqui estou eu, um homem controlado fora de controle.


— Segura e aperte.

Assisto como um bêbado querendo mais uma dose,


seus dedos longos circular meu pau e com curiosidade

apertar, levando o punho para frente e para trás. Ela repete

o movimento, vezes que não conto, até se sentir confiante


para fazer com mais força. Engulo em seco quando vejo-a

lamber e morder os próprios lábios como estivesse com

vontade de me comer.
Meus músculos das coxas contraem pela energia que

estou fazendo para não forçá-la a me colocar na boca. Quero


que ela leve seu tempo e aproveite. Que se familiarize com

meu membro e que goste.

— É tão macio. — Me olhando por cima dos cílios, ela


para de mover a mão e chega o rosto mais perto. — É...

gostoso.
— Caralho. Para — solto entre uma respiração,

fechando os olhos e preciso me apoiar no vidro à minha

frente. — Me chupa. Me lambe. Qualquer coisa.


Ela me acaricia de novo antes de eu sentir seus lábios

perto da ponta. Mesmo sua respiração me deixa fraco.

Marinne raspa as unhas de leve do meu saco até o


corpo todo do meu pau, me fazendo urrar como um tigre

desesperado.

— Por favor — e eu nunca implorei por nada na vida.


Nem mesmo com uma faca no ombro que meu pai já

enfiou.
Nem mesmo por um gole de água após dias dentro do

calabouço.

Nem mesmo por... nada, porra.


Minha respiração está alta, ofegante. Estou louco.

Abro os olhos e enxergo turvo Marinne ajoelhada. É uma

pena não estar sorrindo. Combinaria com seu triunfo de me


ver implorar. Na verdade, ela parece tão perdida quanto eu.

Sem fôlego e animada. A mão que me segura estremece e


seu peito sobe e desce numa respiração aflita.

Pregando os olhos nos meus, ela abre a boca e me

coloca para dentro. Fico de boca aberta vendo a cabeça do


meu pau pousar no meio da sua língua. Ela move a língua e

fecha a boca, os olhos acompanham.


Metade de mim some por alguns segundos por entre

seus lábios. Ela faz lentamente o processo de sucção, as


bochechas sugadas para dentro. Ela geme comigo dentro da

sua boca e sua outra mão agarra minha perna com força,

como se precisasse se estabelecer em algo. Ou alguém.


Ela me tira de dentro da sua boca e abre os olhos para

mim. Eles estão molhados.


— Eu quero... tudo — a voz dela está rouca e baixa —,

mas você é muito grande e... eu não sei — engole em seco,

— se estou pronta para não enlouquecer fazendo isso.


Sua confissão é tão avassaladora. Puta que o pariu.

Me abaixo e levanto-a, puxando seu corpo para se


chocar com o meu.

— Outra vez você tenta.

— É.
Deslizo minha mão pelo seu corpo e encosto no seu

rosto.

— Estou muito duro.


— Eu sei — sussurra como uma súplica. — Eu quero

você. Eu queria na minha boca, mas você é grande demais e


se eu não tomar cuidado, vai me machucar. Desculpe, por...
Coloco os dedos na sua boca.
— Para com isso.

Marinne geme e o calor em seus olhos, a fome neles, é


viciante. Vagueio as mãos no seu corpo. Os músculos da sua

barriga se contraem e sinto o peso dos peitos. Voltando para

baixo, encontro seus poucos pelos pubianos e meus dedos


abrem os lábios do seu sexo.

Ela geme e arqueia o corpo, seus peitos esfregando-se

em mim. Eu a encontro encharcada.


— Tão molhada — digo no seu ouvido, provocando.

Ela estremece, sua cabeça tomba para frente. A testa


passando no meu ombro e sua boca beijando meu peito. Ela

está macia e quente. Seu néctar banham meus dedos e eu

enfio com facilidade meus dedos no seu núcleo.


— Oh... Amândio.

Nesse momento qualquer sinal da escuridão do meu

dia, se foi. Não lembro meu nome. Não lembro quem sou.
Não lembro se existe algo a mais do que ela.

Ela suspira e deixa a cabeça cair. Dou uma mordida no


seu pescoço e agarro o mesmo. Marinne geme e seu interior

aperta meus dedos.


— Aqui ou na cama?

Leva um tempo para eu ganhar foco na sua frente. E


ela sorri quando responde:

— Em qualquer lugar.

Sem precisar mais um sinal dela, pego suas coxas,


subo seu corpo e nos giro. Pressiono seu corpo na parede e

Marinne prontamente circula meu corpo com suas pernas e


não deixa de se esfregar. E ela faz gemendo, mordendo a

boca, arranhando meus ombros e passando os peitos nos

meus.
— Você é o meu melhor sonho erótico.

Ela geme e nos afasto só o suficiente para fazê-la

descer no meu pau. Que sua boceta engole, ela solta um


grito seguido de um gemido que fica preso na garganta.

Seus braços me puxam.


— Amândio — murmura com sua boca na minha. —

Isso!

Pegando sua bunda com minhas mãos, abrindo-a para


mim, tiro meu pau e meto. E repito sem pausa e com força.

Ela meio sorri, meio que grita e geme.


Marinne agarra meus cabelos e geme de novo e grita
mais alto com minha estocada. A boca aberta solta lufadas

trêmulas de ar. Adoro os olhos inebriantes dela quando está

tão excitada.
Mesmo que hoje seja a primeira vez que vejo esse tipo

de olhar nela. Fome. Tesão. Puro tesão.


— Você é deliciosa.

Suas mãos me apertam, cravando as unhas. Ela solta

outro grito e beijo sua boca, entrando até o fim. Seus olhos
ficam cheios de água. Dou estocadas violentas para cima.

Marinne respira ofegante pelo nariz e quando sua boca

encontra a minha, me morde. Porra. Fora de controle, aperto


seu pescoço e desejo que esteja com os olhos fixos nos

meus. Ela não desvia e se entrega, gozando a primeira vez.


Perfeita.
Acelero as estocadas para cima, seu corpo sai do

ângulo certo quanto estou quase gozando. Ela geme de


frustração, mesmo assim se prende a mim.

— Preciso gozar — confesso.


Ela assente freneticamente.

— Desliga o chuveiro.
Fazendo o que pedi, abre a porta do box e espero que

pegue a toalha jogada em cima do blindex. Como estou

agarrando sua bunda, ela joga em meus ombros e me seca


atrapalhada. Depois é minha vez, ela prende as pernas em

mim. E ainda molhados, seguimos para o quarto.


Eu mal registro quando coloco Marinne deitada na

cama e vou para cima, abrindo suas pernas com as minhas e

fixo meus olhos nos seus, quando pego meu pau e meto
dentro dela com força.

Eu quero abafar um pouco a necessidade que tenho


de descobrir, porque ela mexe tanto comigo.

Gemendo alto, agarrando meus braços, sinto sua boca

e a umidade da sua língua perto do meu ombro e pescoço.


Saio quase todo e meto mais fundo, sentindo as paredes do

seu interior me apertarem deliciosamente. Minhas bolas

baterem na sua bunda.


— Meu Deus. — Ela grita. — Eu quero mais.

Virando na cama, deixo-a por cima. Ela arregala os


olhos e eu não dou tempo de pensar, dou um tapa na sua

bunda e depois agarro, estocando para cima. Jogando meus

quadris para o alto e ela soluça um gemido.


— Oh... minha nossa.
Sem pausa eu movo meu corpo rápido, forçando para

cima, para dentro dela e fazendo um barulho excitante.

Estou estrelando um filme erótico, e a estrela desse filme


não sou eu. É Marinne. Ela é fodidamente sexy e ama foder.

Seu corpo está em cima de mim, me abraçando e

mexendo, enquanto eu vou mais fundo e abro bem suas


pernas. Ela nunca esteve tão molhada. Sinto minhas bolas

pesarem, se acumulando para gozar e eu sei que vou gozar


muito.

Eu gostaria de vê-la em cima de mim, me cavalgando,

mas outra imagem passa por minha mente. E viro o corpo


de novo, saio de dentro dela, ouvindo seu protesto e sem

delongas, deixo-a de quatro.


Pego na minha cabeceira, na última gaveta, um cinto

preto – que já estava pensado para ela – e mostro antes de

colocar no seu pescoço.


— O que é isso?

— Uma brincadeira, amor — sussurro no seu ouvido e

beijo suas costas até a bunda.


Marinne estremece e fica parada. Abro suas pernas,

sentindo sua boceta molhada com a nossa mistura e bato ali

com o final do cinto.


— O quê!? — Ela grita e estica o pescoço para cima,

facilitando o comprimento do cinto.


Eu bato de novo e mais uma vez. E após umas seis

cintadas na boceta, Marinne tem a cabeça pendida para

frente, boca aberta seca e sem fôlego. Eu nunca estive com


tanto tensão na vida e quase selvagem, fico atrás dela, pego

minha ereção avermelhada, as veias estão grossas. Parece

que vou estourar e pincelo a ponta larga na sua entrada.


— Posso entrar?

— PODE! — Ela exige.


E deixando meu pau na sua entrada gotejando – de

verdade –, jogo meu corpo para frente, meu peito

encostando nas suas costas. Dou beijos no seu ombro e


pescoço. Entrelaço meus dedos nos seus e faço um impulso

seco para dentro.

Marinne treme toda, até por dentro, dá um gritinho e


os nós dos seus dedos perdem a cor pela força que aperta as
colchas da cama e meus dedos juntos. Sua respiração fica

presa nos pulmões.


— Uh... — faz como sentisse dor.

Pegando o couro do cinto, puxo seu pescoço e ela vira


a cabeça na minha direção. Seu sorriso bêbado e excitado

me provoca. Retiro-me e quando estoco, meto quase até o

fundo.
— O que estamos fazendo? — Ela parece perturbada,

distorcida.

Está pelas sombras, amor.


— FO — tiro — DEN — meto — DO! — Vou mais fundo.

Vejo a lágrima escorrer em seu rosto e ela se abre


mais. Soltando o cinto, faço meus braços circularem com

força seu corpo e encontro um ritmo frenético. O grito dela

se prolonga e estende pelo quarto todo.


— Amândio. Amândio. Porra!

Eu acelero e ela começa a tremer. Seu corpo cai e


mesmo de cara no colchão e desconfortável, empina a

bunda. Soltando seu corpo, fico de joelho e inço meu corpo,

fazendo impulsos para frente e vou até o fundo.


— Isso! Até o fundo. Oh... — ela geme rebolando e
meu pau massageia seu interior gostoso.

Ela me enlouquece.
Dou o primeiro tapa na sua bunda e Marinne grita

tirando a cabeça do colchão, mas mantendo o corpo para

baixo. O ângulo: sua bunda empinada, meu pau sumindo


dentro do seu calor e o cinto no pescoço. Me perturba.

A palma da minha mão fica marcada na sua pele no


próximo tapa e eu agarro sua cintura para me mover, indo e

indo para frente, para dentro. Sua boceta me aperta com

tanta força que estremeço pelo esforço de não gozar ainda.


Fechando os olhos, só vou batendo dentro dela e urro

como um leão quando sinto sua unha sem querer tocar

minhas bolas ao tocar seu clitóris.


— Goza comigo. — Eu ordeno.

Ela se acaricia, eu invisto num vaivém sem controle, e


Marinne goza como se estivesse estrebuchando. Solta um

gemido sofrido e choraminga. Ela se aperta e seu néctar é

quente. Ela está ainda mais macia. Tão gostosa e minha.


Paro de me mover um pouco e pergunto:

— Marinne. Você está bem?


— Eu estou... — Respira fundo três vezes. — Só estou

me recuperando, pera aí.


Eu posso esperar ela se recuperar, mas meu corpo

ainda precisa gozar. Volto a envolver seu corpo e beijo suas

costas e fechando os olhos, mexo lentamente.


— Ah... isso é gostoso — diz baixinho.

— É sim.
— Continua... é como você estivesse fazendo... Oh...

carinho dentro de mim.

Porra. Essa frase foi direto para o meu pau e chego a


sentir dor de tão duro que fico.

Agarrado nela, sigo no ritmo lento e quando ela solta


o ar, nitidamente sentindo as nuances do próximo orgasmo.

Me ergo, fico num encaixe perfeito e só meto. Meto de fazer

barulho. Pele com pele.


— Oh... porra. Você é tão... boa — Jogo a cabeça para

trás. — Eu vou gozar.

— Vai. Por favor. Goza.


A fúria da conquista, como eu estivesse correndo uma

maratona, me subjuga e eu tiro meu pau de dentro dela.


Punheto rápido e forte. Um selvagem. O som que sai de mim
é irreconhecível e quando vejo estou jorrando minha porra
na sua bunda.

— Oh, meu Deus... — Marinne sussurra e vira a cabeça


para tentar ver.

Não deixo que pense, viro-a na cama, abro suas

pernas e minha cabeça está no meio delas.


— Amândioooo....

Chupo-a forte e duro. Sinto o gosto do meu sêmen,

das ejaculadas que dei dentro dela e porque a sujei. Ela me


surpreende rindo alto, uma gargalhada e arqueia o corpo

gozando, puxando meu cabelo.


— Que LOUCURA! — diz num misto de riso e gemido.

Respirando, soltando o ar doloroso dos meus pulmões,

engatinho para cima e trago-a para mim quando caio na


cama. Ela beija meu peito e suspira lançando a perna em

cima de mim.

— Você me colocou uma coleira — comenta com a voz


distante e sem fôlego.

Balanço a cabeça e escuto seu sorrisinho.


— Você está sem fôlego?

— Sim.
Ela é a única que me faz rir. Engatinhando pelo meu

corpo, seu rosto surge na minha frente.


— Por que você fez isso?

Minha mão escorrega pelas costas suada dela e sinto-

o melada também de mim. Gosto de sentir isso.


— Porque a sua boceta apertadinha agarra como se

tivesse dentes o meu pau. Fico meio louco com isso.

Ela beija minha boca e morde meu queixo em


seguida.

— Tira isso de mim agora — pede fazendo charme.


Derrubo-a na cama e tiro o cinto do seu pescoço. Para

ela abrir seu sorriso, belisco o bico duro do seu seio e chupo

para aliviar a dor.


— Você gosta de sadomasoquismo? É isso? — Ela joga

os braços nos meus ombros, me puxa e lambe meus lábios.


Prefiro não responder. Apenas mexo as sobrancelhas.

— Precisamos de outro banho. — Encaixo seu corpo

nos meus braços e rápido levanto, e a levo comigo para o


banheiro. — Que tal banho de banheira? — digo no seu

ouvido.
Marinne assente e como sempre morde sua boca
sorrindo. É meu sorriso preferido, o de menina travessa.
28

Resmungando, eu abro os olhos e me espreguiço

jogando os braços para o alto. Até abro a boca soltando um


bocejo. Tomando uma respiração profunda, encho meus

pulmões de ar e expiro abrindo os olhos de novo e viro


minha cabeça para o lado.

— Uau — sussurro vendo a face de Amândio, que está

repousando no meu travesseiro.


Movendo meu corpo com cuidado, viro de lado e fico

face a face com ele. Acaricio com a ponta do dedo seu rosto.

As sobrancelhas grossas sobre sua pele tão clara, o nariz


comprido e fino. Adoro o nariz dele. Mas gosto mais da sua

boca, num tom mais escuro de bege, que fica vermelha

quando nos beijamos. Sua barba por fazer parece


perfeitamente desenhada. Acompanha as linhas definidas

do seu rosto e do cabelo. E dela ralinha assim eu gosto.

Fico com vontade de beijar sua boca e mordo a lábio

inferior para não sorrir demais e não tiro os olhos do meu

marido sadomasoquista.
Suspiro rindo e lembrando do que fizemos de

madrugada. Meu corpo está cheio de marcas e dolorido, nos

lugares certos afinal eu amei transar tão animalesco como

ontem.

Rolando para o lado, tiro a colcha de cima de mim,


saio da cama e pego meu robe no recamier. Amândio deve

estar esgotado porque nem sinal de que sentiu eu levantar.

Indo para o banheiro, faço minhas necessidades

rapidamente e vou lavar as mãos. Sorrio para o meu reflexo

e subo o robe até conseguir ver as mãos dele marcadas na

minha bunda. Está bem evidente e tem a digital dele na

polpa direita de um dos seus dedos.


— Droga. Esquece usar um biquíni na lua de mel.

De qualquer forma eu não poderia usar biquíni agora

porque não poderei pegar sol na tatuagem. Ela ficou

perfeita e na quarta-feira, meu último dia de retoque,


Amândio estava mais tranquilo porque usei a roupa que

ajudaria o tatuador, e a ele em ficar calmo.

O desenho na minha pele ainda está vermelho nas

bordas e magoado, por isso passo a pomada agora e tomo

um anestésico.

Eu e Amândio esquecemos completamente das


nossas feridas ontem. Ele estava tão louco e senti-o distante.

Fui sua válvula de escape e sei que aticei, embora tenha

percebido que não estava totalmente bem quando chegou.

Ficando de camisola e robe, desço para a cozinha

deixando Amândio ter seu descanso, e entro na cozinha.

— Alexa, toque “Love On Top” da Beyoncé.

Prontamente a canção começa e eu sorrio.

Lembranças de eu dançando no meu quarto e no meu

aniversário de dezoito anos. A primeira vez que Amândio e

eu dançamos essa música, quando ele mandou tocarem em


no nosso casamento. Ele estava pedindo desculpas, mesmo

que seja difícil de perceber que fez justamente isso.

Pegando ovos, bacon e frutas na geladeira, deixo tudo

em cima do balcão. Procuro a frigideira no armário e coloco


em cima do fogão e ligo o fogo. Coloco o café para passar

enquanto cozinho.

Faço dois ovos para mim e arrumo num prato grande


com morangos picadinhos e banana. Deixo pronto ovos e

bacon para Amândio. Torro duas fatias de pão e levo tudo

para a mesa. Ele deve acordar a qualquer momento. Nunca

dorme até tarde.

Estou distraída comendo quando ele aparece na

minha frente todo arrumado para o trabalho.

— Fiz café.

Amândio não fala nada, mantém seu olhar em mim

antes de seguir para a cozinha mudo e sombrio.

Franzo a testa sem entender o que deu nele. Continuo

comendo e por duas vezes viro o rosto para vê-lo na cozinha.

Ele está no telefone em uma delas.

— Vou precisar sair agora.

— Não vai comer?

Sem nenhuma resposta, demora-se me fitando até

que caminha até a minha. Levanto o rosto para encontrar

seus olhos. Ele segura meu queixo e se inclina, fecho os


olhos esperando o beijo nos lábios, mas ele beija minha

testa.

— Você já fez as malas para amanhã? — Fala

friamente já se afastando do meu alcance.

— Nós ainda vamos viajar?

— Que pergunta é essa Marinne — retruca

impaciente.

Merda. Uma pergunta em cima da outra. Que

joguinho é esse. Levantando-me da mesa paro na sua frente.

— o que aconteceu?
— Não aconteceu nada.

— Não me faz de idiota. Você sabe que eu não gosto.

Aconteceu alguma coisa e você não está me dizendo.

— Marinne, conversamos depois quando eu...

— Não. Fala qual é o problema agora. Se não falar,

prova que não confia em mim.

Ele vira a cabeça, desviando o olhar. Parece contar até

cem antes de responder encarando meu rosto.

— Eu não quero tocar nesse assunto, porque se você

mentir, eu não vou gostar.


— Como se você nunca tivesse mentido para mim. —

Jogo na sua cara, porque obviamente ele já contou alguma

mentira e eu não sei porque está falando sobre mentiras. O

que eu teria para esconder.

— As coisas que eu não conto para você, não são

necessariamente mentiras. Muitas vezes estou omitindo

para o seu bem.

— E isso não é a mesma coisa que a falta de

confiança?

Ele endurece o olhar e irritado fecha os punhos ao

lado do corpo.

— Nós estávamos indo muito bem. Passamos uma

semana sem brigar. Nos aproximamos e eu confio em você

— suas palavras têm peso. — E em nenhum momento falei

sobre falta de confiança.

— Você falou sobre mentiras e para mim a mentira é o

ponto chave de romper a confiança.

Amândio assente com absoluta concordância.


— Eu não estou te enrolando, na verdade, não sei

direito o que está acontecendo, mas espero que você não

saiba de nada ou se envolva.


Desconfiada aprumo a postura e cruzo os braços.

— É com meus irmãos?

— Colen — se limita a dizer.

Com toda a minha força de vontade interior, escondo

dele – o pouco que sei – através dos meus olhos. Ele pode

me ler facilmente. Faço a minha melhor cara de

desentendida e dou um passo para frente, tocando seu

peito.
— O que aconteceu com ele?

— Nada aconteceu com ele — Amândio diz e eu


escuto: nada aconteceu AINDA com ele.

— Então o que houve?


— O pouco que eu sei, não me agrada. Espero que

Travis não esteja envolvido. Eu acharia estranho depois de


tudo o que ele passou a quatro anos atrás.

Está falando sobre o conflito com a Bratva, então tem


a ver com a menina russa de Colen. Esse é o segredinho que

guardo do meu irmão à sete chaves e usei contra ele para


chegar até Nova York. Eu prometi que não contaria para
ninguém. É sempre bom ter na palma da mão quem a gente

precisa chantagear.
— Seja lá o que você descobriu... —, dou de ombro me
fazendo de idiota. Um ótimo truque para quem tenta tirar

de você informações, — Talvez seja informação errada. Seria


melhor investigar.

Amândio estreita os olhos para mim com tamanha


desconfiança. Não vou julgá-lo por interpretar que eu

guardaria um segredo dos meus irmãos.


Mesmo que ele seja meu marido, e eu o conheci há
quatro anos e desde fevereiro estamos juntos, minha

lealdade ainda não é totalmente para ele. Nunca trairei


Amândio. Eu quero que esse casamento funcione e não

sinto que há motivos para trai-lo, mas ainda sou leal à


minha família.

— Você realmente não tem nada que saiba sobre


Colen, que te coloque em risco?

— Me coloque em perigo?! O que Colen faria que me


colocaria em perigo?

— Muitas coisas — responde enigmático. — Coisas


como principalmente se envolver com quem não deveria

Meu Deus. Ele descobriu.


Quando ele fala que Travis não apoiaria as ações de
Colen porque há quatro anos teve uma guerra com a Bratva

e agora diz que Colen não deveria se envolver com quem


não deve. As frases casam uma na outra e Amândio

descobriu que Colen teve um caso com aquela menina.


Eu não sei exatamente o que rolava. Se eles chegaram

a transar e a se conhecerem de verdade, mas sabia que


Travis tentou muitas vezes distanciar Colen de Las Vegas.

Deixá-lo longe da menina.


As idas e vindas para Califórnia e Nova York de Colen o

tempo todo em uma falsa alegação que era sobre os


negócios, era um pretexto para jogá-lo para fora de alcance

de Kira Aviloc.
Ela é a filha do homem que sequestrou e tatuou a

marca de prisioneiro em Dario. Quase matou o Travis e


queria Madeleine como seu prêmio de consolação por um
acordo que fez com o pai dela.

Eu vou ficar com muita raiva se o Colen realmente se


envolveu com Kira. Não importa os motivos. Eles não

deveriam. E, na verdade, ele teria que ter um motivo tão


grande para nos trair dessa forma.
Amândio circula meus punhos e tenta sentir minha

pulsação. Eu sou controlada e Dario me testava para


tranquilizar meus batimentos. E o olhar do meu marido é de

confusão.
— Você não parece tão calma como parece.

— Talvez você queira um motivo para desconfiar de


mim.
— Ele é seu irmão. — Me acusa com a verdade e

quase um desgosto. — Tudo o que você fala sobre Colen e


Travis, suas figuras paternas da vida inteira. Seus salvadores

e protetores. Você andaria sobre brasa para guardar seus


segredos. — Faz uma pausa e respira fundo. — Como você

quer que eu não pense, que mesmo que você saiba o que
anda acontecendo de errado em Las Vegas, não vai me

contar.
— Você não sabe exatamente o que está acontecendo.

Está me acusando de esconder algo de você. Está me


acusando de traição. Eu agora sou da Darkness. Sou sua

esposa e de Nova York. Preciso defender os meus interesses


e minha proteção. Você acha mesmo que eu sendo uma
pessoa que gosta da verdade, esconderia algo que seria

contra o que eu defendo.


— Eu jamais duvidaria de você ou te acusaria de

traição. O que eu queria era que você me esclarecesse se


sabe de algo e acho que... — faz uma pausa e seus olhos se

movem de cima a baixo em meu rosto, e enrijece o maxilar.


— Acho que você me esconderia os segredos das pessoas

que ama para protege-los.


— Não acima da verdade e da minha vida.

— Nunca?
O que ele quer perguntar com isso? Não importa, eu
sei a resposta.
— Os únicos que terão a minha fé inabalada e a

minha total devoção, serão os meus filhos. Por eles eu vou


mentir e proteger, não importa o que e nem a quem.
Ele me dá o seu tipo de olhar feroz e segura meu rosto

com as duas mãos, encostando sua testa na minha. Eu não


sei o que ele gostaria de falar, mas é como fosse um

obrigado. Nem ele e nem eu tivemos mãe presente.


Amândio, pelo o que eu soube, sua mãe morreu muito

jovem, ele era criança e eu nem tive uma mãe. Acho que
falar que irei amar e defender nossos filhos, traga alívio.
Beija minha boca rápido, sem se afastar ainda.

— Eu vou procurar saber melhor o que está


acontecendo e você não faça nada que comprometa sua
vida.

Aceno para lhe dar garantia, recebo outro beijo e o


vejo ir embora. E meus pés me levam para o andar de cima.

Pego meu celular na cabeceira e ligo para Madeleine. Ela


precisa me atualizar de como andam as coisas em Las

Vegas.
Se tudo estiver bem, Colen deve ter vacilado nas suas

visitas ou foi idiota o bastante para deixar que a Darkness


descobrisse seu segredo.

Merda mil vezes. Antes de me casar, eu pesquisei


tudo sobre a Darkness. Ela é Famiglia mais tradicional e que

segue à risca as regras. Cassio D’Ângelo odeia que façam as


coisas bagunçadas ou sem pensar. Não sei como definir,

digamos que ele odeia que saiam fora da linha das nossas
tradições. E o que seria pior do que um dos membros da

Famiglia que se aliou a sua nos Estados Unidos, estar tendo


um caso com uma garota russa. A Bratva é a nossa arqui-
inimiga e nunca vai deixar de ser.

Além da minha preocupação com Colen, não quero


que meu casamento com Amândio desande por erros que

eu não cometi.
— Droga, Colen — resmungo sozinha no quarto.
29

— Os únicos que terão a minha fé inabalada e a

minha total devoção, serão os meus filhos. Por eles eu vou


mentir e proteger, não importa o que e nem a quem.

Suas palavras são implacáveis e eu a admiro ainda

mais. Estou despreocupado sobre como Marinne vai ser

como mãe. Eu nunca duvidei, ela foi criada com cuido e

dedicação pelo babaca do Travis. Ela será protetora dos


nosso filhos, e é claro que isso é bom, mas sua fé em seus

irmãos ainda me preocupa.

Não quero que Marinne odeie os Lozartan, apenas que


ela me pediu para escolher ela e estou me esforçando para

caralho para provar que ela é minha escolha.


Agora ter jogado na minha cara sua lealdade por sua

família, me incomoda. Até porque pode ser uma traição de

Colen.

Eu disse a verdade, não espero e não creio que Travis

esteja de acordo com seu irmão, seu Testa, estar envolvido


com uma mulher da Bratva. É perigoso e burro demais

confiar que a mulher não posso armar contra eles.

Puxo Marinne para mim com desespero e irritação.

Aprofundo o beijo enfiando minha língua na sua boca e

chupando a dela, procurando um escape da frustração de


não poder contar com a sua lealdade para mim.

Sei que não represento nada para ela. Sou seu marido

no papel e é só. Ela me deve alguma obediência, por conta

das regras da máfia. Fora isso, não sou merda nenhuma. Ela

não me escolheria se fosse preciso.

— Eu vou procurar saber melhor o que está

acontecendo e você não faça nada que comprometa sua


vida.

Ela assente sucinta e seus olhos brilham entre

irritação e preocupação. Tenho vontade de ficar e continuar

a conversa, colocar essa situação no lugar dela. Fora do meu


casamento. É Travis que precisa resolver a vida de Colen.

Caralho.

Mas já fodeu tudo e eu sei que Marinne vai procurar

um jeito de ajudar o irmão antes que eu descubra o que está

acontecendo. Sua lealdade é dele e provavelmente sempre

será.
Tiro meus olhos dela e por breves segundos sinto algo

estranho estalar em minha cabeça enquanto caminho para

as portas do elevador. Uma pressão incômoda de não poder

mudar a situação.

Eu sempre tenho tudo que anseio, no entanto, creio

que minha esposa toda para mim nunca será alcançável.

Merdas de pensamentos raivosos me acompanham

até a garagem do prédio. Matteo me recebe parado ao lado

da porta aberta do Escalade.

Depois da ligação que acabou de foder minha manhã,


ordenei que trouxessem o carro que uso quando vou até a

Garagem. Não estou com cabeça para dirigir e entrarei e

sairei dos lugares hoje o rápido que eu puder.

Tenho a sensação de que Marinne não pode ficar

sozinha. Ela é inteligente demais e pode muito bem ir atrás


de Colen pessoalmente para acertar as coisas. Sabendo do

que se trata ou não, ela vai querer confrontá-lo cara a cara e

antes de mim ou até Travis.


— Onde ele está? — Me refiro ao soldado que trouxe a

informação de Colen.

— Esperando na Garagem para conversar com você.

Assinto e ordeno:

— Suba e fique com Marinne até eu estar de volta.

— Pensei que você preferiria que eu fosse com você.

— Matteo para de falar percebendo meu humor, mas insiste:

— Pelo menos para falar com Alfredo.

Alguém entra na garagem do prédio e eu me viro para

ver um carro branco seguir para a outra parte da garagem.

Foi sábio da parte dele. Foco no meu soldado novamente.

— Você seria útil com Alfredo, mas prefiro que fique

com Marinne.

— Aconteceu alguma coisa que precise redobrar a

segurança dela hoje? Eu fico quando você não precisa de

mim ou ela vai sair.

— Eu sei muito bem das minhas ordens, Matteo. E o


que eu quero agora é que você fique com a minha mulher.
Cirilo irá comigo.

Ele cerra os olhos desconfiado e óbvio que me faz

imaginar o motivo.

— Por que você não quer que Cirilo vá comigo?

— Desconfio de como as coisas podem acabar e eu

posso guardar seus segredos. — Matteo diz com segurança.

— Mas entendo que queira eu aqui com Marinne.

Porra. Eu odeio dar razão a outra pessoa, mas ele está

certo. Preciso de um soldado que seja de confiança. Cirilo

não é ruim e já se provou diversas vezes para mim, porém


não ao ponto de saber de assuntos que preciso manter em

silêncio. Nem mesmo Donato eu permito estar nos meus

momentos mais violentos ou negócios que não podem vazar

para o meu pai.

— Certo. Você vai comigo e retorna assim que eu

acabar com Alfredo — falo e entro no carro.

Cirilo rapidamente nos leva para as ruas e Matteo me

entrega um envelope pardo sentado do meu lado. Eu o

encaro esperando explicação.

— Alfredo fotografou a informação. — Ele fala em

enigmas porque até agora ninguém sabe do que se trata a


volta de Alfredo para Nova York e procurando por mim.

Alfredo é um dos soldados responsáveis das entregas

das drogas da Lawless que vem do Canadá e acompanhou

Colen de volta para o seu território há dois dias. Pelo visto

ele ficou um pouco por lá e teve a sorte de ver o irmão do

Capo em lugar suspeito.


— Ele o seguiu — concluo analisando as fotos.

O ângulo das imagens é distorcido, Alfredo está

dentro do carro e longe. Tomou cuidado em estar a espreita,

sabendo que Colen é um bom atirador e tem consciência de

perceber ao seu redor. Uma das fotos, antes de entrar na

boate, é o irmão de Marinne olhando para trás.

— Ele ficou desconfiado — comento encarando Colen

Lozartan parecer familiarizado com o segurança da porta da

boate.

— Parece que sim.

Caralho. Assim que Marinne ligar para ele, Colen vai

suspeitar que alguma coisa não está certa. Eu gostaria que


ela não ligasse, mas sei vai.

Assim que chegamos a Garagem, saio do carro e

Matteo me segue. Cirilo fica com os outros soldados, que me


cumprimentam com um aceno de cabeça e olhares

confusos. Eu não trabalho nos negócios da Darkness durante

o dia.

— Quero que você vigie a porta do lado de fora — falo

com Matteo seguindo meus passos largos. — Eu vou falar

com Alfredo sozinho.

— Não suspeitava que você faria algo diferente.

Com poucos passos para chegar na sala onde Alfredo


espera, penso em Marinne.

— Ligue para Donato e manda ele não deixar Marinne


sair hoje.

— E se ela já saiu?
— Eu espero que não. — Fica claro a minha ameaça.

O olhar desconfiado de Matteo fica mais intenso.


— Você acha que ela pode ir atrás de Colen? — Faz

uma pausa e conclui por si mesmo. — Então você já contou


para ela.

— Na verdade, eu queria saber se ela sabia de algo.


— E o que ela disse?
— Que não — digo friamente. Não devo satisfação de

como as coisas ficaram com minha mulher a ninguém e


Matteo está começando a me irritar com o interrogatório.
— Você acreditou nela?

Penso um pouco antes de responder. O juramento que


fiz Matteo fazer para Marinne é para protegê-la, dar sua vida

para ela, não indagar nossa vida e conversas. Mas respondo


para ele calar a boca.

— Ela parecia não saber mais do que as suposições


que Alfredo levantou. — Focando na parede pintadas de
cinza e o odor terrível de cigarro dos taxistas, lembro do seu

rosto. Marinne realmente não pareceu ter a resposta que eu


quero..

Finalmente Matteo cala a boca e me segue em


silêncio, mesmo que se eu me esforçar mais um pouco

consiga ouvir seus pensamentos desconfiados. Eu nunca


tive problemas com Colen. Ele frequenta a minha cidade há

anos, mesmo antes de um acordo de aliança com a Lawless.


Nós nunca tivemos uma rivalidade ou ameaças veladas.

Agora esse assunto de Colen é uma maldita preda no meu


sapato.

Virando para a esquerda no container com novas


peças de carros e motos avisto a construção onde fica os
quartos para manter os cativos – sempre provisório aqui. O
lugar certo para guardar nossos sequestrados ou capturados

é bem maior e longe de olhos curiosos – polícia e a mídia.


Meus passos fazem barulho no chão de britas e me

irrito. Essas pedras malditas estão arranhando os meus


sapatos. Sangue dá para tirar.

Levantando o olhar vejo a porta de madeira e tiro os


óculos de sol. Odeio ter que fazer “interrogatório” a luz do

dia porque embora Nova York seja barulhenta, tem sempre


alguém para ouvir o que não deve. Mas a minha sala aqui é

a prova de som e ele não vai ter chance de sair de lá vivo.


— Fica de guarda e ligue agora para Donato — são

minhas últimas palavras para Matteo antes de entrar na


sala.

— Senhor — Alfredo levanta-se da cadeira acolchoada


que fica na sala de reunião do meu pai. Ele, Leon, seu
Consigliere, o General e eu usamos.

E as vezes trazemos soldados para conversar em


particular, ou mulheres. A última parte é mais coisa do meu

pai. Eu tomo cuidado para sentar na cadeira dele. Mas


comigo é diferente. Todos sabem que meu modos operante
é castigar da melhor forma. Se falo para todos verem, é um

péssimo sinal. Por isso Alfredo parece bem confiante,


mesmo assim tem a postura de submissão de um soldado.

— Sentisse, Alfredo. Precisamos de conversar.


Ele concorda e prontamente se senta.

Tirando meu sobretudo e o paletó, deixo sobre a mesa


e permito Alfredo ver minhas armas no coldre. Dobro as
mangas até os cotovelos e permaneço de pé. Autoridade é

posta de várias formas e você estar mais alto do que seu


subordinado, ou para quem precisa intimidar, é um acerto

no psicológico do filho da puta. Ele se sente menor, inferior


e facilmente se rende.

— Antes de você me falar o que descobriu, quero que


lembre que está falando da família da minha mulher. Os

Lozartan hoje fazem parte do nosso círculo. Temos um


acordo com eles.

— Mas eles são uns vermes — esbraveja


demonstrando sua imaturidade.

Porra. Com a idade de Alfredo, vinte anos, eu tinha


mais culhões e respeito ao meu pai, mesmo odiando suas

práticas como Capo. E se eu cogitasse em falar assim com


meu avô, ele com certeza esqueceria sua oferta de preservar

pedaços da sua família e arrancaria um dedo meu apenas


para provar que eu sou a porra do subordinado e não posso

falar assim com ele.


E por que eu vou deixar Alfredo escapar dessa?!

Quero descobri tudo o que ele sabe, se contou para


alguém e o que pretendia fazer. Depois, com certeza eu vou

a famosa faquinha que minha esposa tanto adora.


Me controlar para não cortar a sua língua é

complicado.
— Eu sei quem eles são, Alfredo. — Dou corda para o

seu abuso. É bom deixar o oponente pensar que está


ganhando, mesmo na mentira.

— O que eu vi só prova que essa junção com eles foi


um erro.
Opa. Ele acabou de insinuar que me casar com

Marinne foi um erro.


Cruzo os braços na frente do peito, um jeito que uso

para prender minhas mãos embaixo dos sovacos e encosto


na mesa do meu peito.
— Vamos falar do que interessa. Quero saber tudo o
que você descobriu.

— Está nas fotos — fala como explicasse o composição


do cocaína.
— Aquelas fotos não foram muito claras para mim. Eu

quero uma explicação do que está nas fotos e você nem


entrou na boate.

— Eu entrei.
Meneio a cabeça num claro sinal para ele prosseguir.

— Quando estava lá dentro, notei como Colen parecia


muito familiarizado com o local e as pessoas.

— Eu percebi isso também vendo as fotos.


— Sim e até aí tudo bem. Ele é o dono daquele

território junto com o irmão. O senhor também vai nas


boates da Darkness e todo mundo conhece o senhor, mas o

problema foi a garota. A dançarina loira. Eles pareciam


muito... conectados.

— Você chegou a ver eles se beijarem ou algo assim?


— Não, mas ela o abraçou um pouco mais de tempo

que as outras pessoas e... — Alfredo dá de ombros — deu


um sorriso que as mulheres só compartilham com os
homens quando tem alguma intimidade ou interesse
afetivo.

Parece que a minha cabeça deu um branco. Eu não


lembro das mulheres sorrindo para mim antes de Marinne.

— Mais o que?
— Percebi que Colen não saia de perto dela. Ele podia

não tocar nela, porque é a regra do clube, mas quando ela


estava dançando ele fazia questão de dar gorjeta. Jogar

dinheiro e ela dançava como se fosse só para ele.


— Ele chegou a te ver?

— Não. Eu fiquei do outro lado e ele não me viu.


— Você tem certeza?

— Absoluta.
— Você conseguiu alguma foto dele dentro da boate?
— Não! É proibida tirar fotos dentro daquela boate e
concluí que deve ser por isso que ele fica lá observando a

russa tão à vontade.


— Como você sabe quem ela é? Quem você suspeita
ser.
Alfredo levanta e abre um sorriso convencido.
— Eu não ia deixar isso escapar tão fácil. Eu fiquei até
a boate fechar e o que vou mostrar agora não entreguei para

Matteo. Guardei para você ver.


Ele têm um envelope pardo igual ao que está dentro
do meu sobretudo que irei queimar. Pego e encontro quatro
fotos em formato A4 coloridas e bem nítidas. Eu posso ver
com detalhes Colen e a garota loira entrando em um carro

preto muito caro e masculino para não ser de Colen


Lozartan. Nas outras fotos vejo Colen saindo do
estacionamento da boate. Alfredo o seguiu.
— Ele foi para a casa dela aparentemente — meus

pensamentos saem em voz alto com tamanha fúria. Eu


quero esganar Colen miserável Lozartan. — Eu acredito que
esse prédio seja onde ela mora.
— Sim.

— Você confirmou quem ela é? — indago de olho na


foto dos dois tão íntimos sumindo pelas portas de madeira
azul bebê de um apartamento modesto em um complexo
parecido com os dos hotéis fuleiros que se acha nas

estradas. Eles olham um para o outro, e merda, parecem


relaxados?!
— Sim. Eu esperei ela sair de casa na manhã seguinte,
o maldito do Lozartan junto com ela e perguntei no

complexo o nome dela e há quanto tempo mora lá.


Levanto meu rosto e foco nele, jogando as fotos em
cima da mesa atrás de mim.
— É Kira Aviloc — responde entredentes. — Filha do ex

subchefe da Bratva, do grupo de Las Vegas.


Uma maldita russa e mesmo com o pai morto há
quatro anos, ela continua sendo quem nasceu para ser, uma
Aviloc. Aposto que o tio dela, o atual Pakhan da Bratva que

se restaurou no Oregon, vai gostar muito de saber que ela


está levando um Lozartan para cama.
— O tio dela é o novo Pakhan — fala com nojo, — e eu
não acredito que ele esqueceu da sobrinha. E se esqueceu,
não vai demorar muito para querer levá-la de volta ao

círculo da família e usar o fato dela estar com o homem que


matou o irmão, o sobrinho dele e destruiu o seu grupo em
Las Vegas.
O raciocino de Alfredo é lógico e preciso. Estou

pensando o mesmo. Essa história pode gerar uma merda tão


grande que se Colen não fosse irmão de Marinne, eu o
mataria antes da situação chegar aos extremos. Porém eu

não posso, não agora, fazer nenhum movimento sobre isso.


Preciso ter uma reunião com Travis antes que essa
merda chegue até Nova York. A Bratva tem um apego maior
por nós do que por Lawless, mesmo sendo pessoal invadir o
território de Travis.

— Nós precisamos deter os movimentos deles antes


que venham para Nova York. O Capo não vai gostar de saber
disso.
Movo minha cabeça lentamente e que ofereço meu

olhar mortal. Estou fuzilando-o com o olhar. Ele segura a


respiração e apruma a postura. Já sentiu que falou merda.
— Você acha que meu pai vai ficar sabendo?
— Ele tem que saber. Ele é o Capo.

— Se você queria que ele soubesse, porque quis falar


antes comigo?
— Falei porque, como você disse, Colen é o irmão da
sua esposa.

Eu vou cortar a língua dele. Ele acabou de devolver


minhas palavras?! Puta que pariu.
Dou um passo intimidador frente e estreito mais os

olhos esperando ele concluir suas palavras, que o levarão


para a cova.
— Você pode fazer ela falar. Às vezes ela sabe de
alguma coisa.

Caralho! Minha pulsão acelera. Ele acabou de insinuar


que eu forçaria minha esposa a falar. Com o quê? Uma
espécie de tortura.
Respiro fundo e enfio as mãos nos bolsos.

— Não envolva minha esposa nesse assunto. Eu vou


resolver do meu jeito, Alfredo. Esse assunto é meu.
— Você não vai falar para o Capo? — ele parece
insultado.
Não sou uma mulherzinha, mas o ofendido com sua

falta de respeito, sou eu.


— Não.
— Mas você precisa falar.
Por menos de um minuto eu encaro ele em silêncio, os

olhos e bocas abertos. Estáticos. Até a minha maldita


respiração some enquanto junto minha fúria com vontade.
Alfredo não tem tempo de reagir e ele não seria louco

de tentar. Seu corpo bate no chão assim que chuto os pés da


cadeira, que tomba para o lado. E estou em cima dele, meu
joelho pressionando seu peito e um dos braços, o outro eu
seguro ao lado da sua cabeça enquanto minha outra mão

enforca ele.
— Eu não pretendia te matar.
— Me-mentira — gagueja e ainda não parou de se
debater. — Você pensou nisso qua-quando Matteo falou que

eu sabia de-de algo dos Lo-Lozartan.


Aperto com mais força seu pescoço e jogo mais o meu
peso em cima dele, meu joelho começa a esmagar suas
costelas e vejo suas pupilas dilatarem.

— Você va-vai me ma-matar para con-continuar com


uma mulher deles. Es-esconder os se-segredos da família
de-dela.
Sorrio vendo-o cuspir sangue. Coloco seu braço livre

entre seu peito e meu joelho, pego a minha faca no


compartimento da frente do coldre e passo a lâmina
vagarosamente na linha que define seu perfil. Testa, nariz,
boca e queixo. Um filete de sangue aparece em sua pele me
dando uma enorme satisfação.
— Ela é minha mulher. Não deles.
Alfredo consegue soltar a mão debaixo do meu joelho

e pega a faca da minha mão e acerta minha coxa.


— Filho da puta. — Rosno como um maníaco que sou
e dou um soco na sua cara, minha outra mão ainda o
enforcando.

— Fraco — ele cospe junto com seu sangue e tenta


engolir. — Eles têm que morrer. To-todos os Lozartan. São
imorais. Sujos! Eu sou seu soldado e você vai me matar
pelos erros deles.
Desço meu rosto até poder prender seus olhos

moribundos nos meus.


— Você vai morrer porque não me respeitou. Vai
morrer porque sempre teve a boca grande e sim, vai morrer
porque desrespeitou a minha esposa.

— Ta-talvez eu tivesse que vê-la antes pa-para


esclarecer os assuntos da-da sua família.
Sugo o ar com força e aperto sem parar seu pescoço.
Seus olhos esbugalham e a fúria percorre todo o meu corpo.
Como um veneno entrando em minhas veias a vontade de
apreciar sua morte por minhas mãos me dá prazer.
Suas pernas começam a debater mais forte. Seus
pulmões imploram por ar e eu alivio só um pouco para ele

sentir a morte vir devagar. Passo a lâmina na sua camisa,


abrindo e rasgo para ver a tatuagem da Darkness. Com a
faca rasgo sua pele até ver o sangue cobrir a marca da
Famiglia.

— Você não é um Homem de Honra. — Forço mais a


faca na sua pele até ver os nervos do corpo, a gordura da
pele.
Ele grita agonizando por falta de ar e dor. Minha

pulsação desacelera e a excitação chega até as pontas dos


meus dedos. Firme deslizo a faca até seu rosto e paro nas
suas pálpebras que se fecharam inconsciente.
— E nunca tocará na minha mulher.

Jogo o peso do corpo para o meio da sua caixa torácica


e me causa satisfação ouvindo o osso partir. O sangue
escapa da sua boca e seu corpo reage em desespero. Espero
abrir os olhos e cravo a faca no seu olho.
— PORRA!
Escorrego meu joelho para seu pescoço e o enforco
com ele enquanto perfuro seu outro olho. Alfredo não
consegue gritar, mas suas mãos tentam agarrar-me. Puxar

minha camisa.
— Você tinha que ter aprendido a calar a porra da
boca.
Jogo as bolotas dos seus olhos para longe e vejo o
vazio dos buracos na sua cara. Me levantando, limpo a faca

na manga da camisa e vejo seu corpo quase sem vida. Não


sobrou muito. Esmago seus dedos com meu sapato e me
agacho para cortar sua garganta. O sangue jorra na minha
cara e no peito, me sujando todo.

— Caralho.
Fico de pé e me afasto do seu corpo ficando
acinzentado sem vida. Uma poça de sangue se forma no
chão e minhas pegadas estão marcadas. Limpo meus

sapatos no tapete e viro-me para mesa. Coloco as fotos


juntas no sobretudo, visto-o junto com o paletó.
— Embrulhe e coloque nos fundos. Preciso queimar as
provas — falo para Matteo quando saio da sala.

Ele desencosta da parede e para na minha frente.


— Você já terminou?
— Sim. Vou precisar trocar de roupa. Ainda vou fazer
algumas cobranças antes de voltar para casa.

Sem ouvir sua resposta, sigo para a casa e entro no


banheiro. Meu rosto e mãos estão com sangue.

Mesmo durante o dia em um céu azul claro com


poucas nuvens de Nova York, a fogueira que o corpo de
Alfredo misturado com lixo sintético não some desaparece.
A fumaça está sendo carregada para o rio e dois soldados

estão trabalhando para não subir e chamar atenção.


Me aproximo do fogo e faço um sinal com a cabeça
para Matteo e ele logo manda os soldados se afastarem.
Paro perto da fogueira, tiro os óculos de sol e jogo o

envelope no fogo.
— Você não quis guardar? Podia servir para
chantagear o Colen.
Enrijeço a mandíbula e sacudo a cabeça que não.
— Prefiro ter algo melhor do que fotos que não fui eu

que tirei e queima-las não some com o que eu descobri.


— Então você vai falar com ele.
— Em algum momento eu vou — limito a dizer.
— Você vai visitar a família de Alfredo?
— Não. Agora deixe tudo limpo. Não quero nada que

abre uma suspeita do que aconteceu.


— Ele está morto.
Cruzo meu olhar com Matteo.
— Ele é um desertor e será isso que se espalhará. Fim

de papo.
Terminei de ver as fotos queimarem para voltar para o
carro. Não demora muito para Matteo entrar na frente ao
lado de Cirilo.

Vamos para o hotel no centro de Manhattan e não me


demoro. Saio com a maleta de dinheiro sendo carregada por
Matteo. Dentro do carro meu celular apita e eu abro o
aplicativo de mensagem.

— Porra.
Meu coração acelera vendo Marinne vestida com uma
lingerie preta. A calcinha parece de couro, bem pequena

como o sutiã que segura firme seus peitos. Lambo os lábios


desejando lamber seus mamilos.
Embaixo do vídeo sexual dela vem a mensagem:
“Seria para você, mas não está merece”.

Sorrio com sua provocação. Ela está querendo se


desculpar ou se sentindo culpada. Eu não me importo.
Odeio que Colen tenha quebrado a rotina tranquila e feliz
que estávamos desde o passeio por Nova York.

Eu estava decidido a levar meu casamento do jeito


fácil. Nós dois nos dando bem e eu controlando minha
cidade pelas beiradas até exterminar meu pai e finalmente
ter controle sobre tudo.

Sem olhar para cima, mando Cirilo ir para casa do


meu pai. Preciso falar pessoalmente sobre Alfredo. Contar a
mentira de que um dos nossos soldados nos traiu. Ele não
vai se importar.
O carro pega a avenida para a casa do meu pai e eu

foco em responder a minha esposa.


“Só eu que não estou merecendo, principessa?”
Vejo que está escrevendo e sinto-me ansioso para

saber qual a nova gracinha que falará.


— Amândio?
Levanto a cabeça para Matteo.
— O carro do seu pai foi atacado.
— Como assim?

— Um grupo que não foi identificado, atacou o carro


dele. Disparou tiros quando ele estava voltando para casa.
— Onde ele está? — Se está contando essa
informação calmamente significa que o desgraçado ainda

está vivo.
— Em casa agora. Mario disse que está esperando
você.
Como se Mario Ferrari, o Consigliere do meu pai me

mandasse.
— Acelera logo para eu...
— Amândio! — O grito de Matteo me pega desprevino.
Não tenho muito tempo de registrar o que está

acontecendo. Cirilo acelera, os pneus cantam quando


derrapam e tiros e mais tiros são disparados em nossa
direção.
— Corre. Desvia deles, caralho — Matteo esbraveja.

Meu celular cai no chão. Eu saco minha arma e fico


em alerta total. Os tiros continuam e por sorte esse carro é a
prova de balas, mesmo assim eles tentam atingir o vidro
mais do que a lataria. O barulho de vidro espatifando me

incomoda. Está ficando todo trincado, alguns cacos caem no


banco.

— O que porra está acontecendo? — Berro para Cirilo

e Matteo.
— Não sei. Deve ser o mesmo grupo que atacou seu

pai — responde alto, afoito.

— Acelera Cirilo e Matteo atira de volta. Eles não vão


desistir.

O que esses filhos da putas querem?


Eu me posiciono de joelhos no banco, olho pelo vidro

traseiro e espero ganhar distância do dois carros pretos, dois

Audi suvs, para abrir um pouco o vidro da janela e devolver


os tiros. Miro nos pneus deles.

— Acerta os pneus — ordeno.


— Estamos em desvantagens — Matteo reclama.

— Eles estão se aproximando.


Ignoro o comentário de Cirilo. Eu estou vendo eles

chegando perto de novo.

— Liga para o Salvatore. Fala que estamos passando


pela entrada de Jersey e estamos sendo metralhados.

Se Salvatore Moretti for rápido consegue foder com


esses filhos da putas que estão nos atacando.

O carro faz uma curva defensiva para seguir para a

entrada de Nova Jersey e um tiro me acerta. Abri demais a


janela.

— Merda — falo junto com Matteo que informa:


— Ele disse que está esperando.
30

Suspiro e viro-me para ver Sara parada na frente do

meu estúdio. Ela nunca passa dos trilhos das portas de


vidro, respeita meu espaço. Sabe que não gosto que me

incomodem aqui em cima e no meu quarto.


— Oi, Sara.

— Vim ver se a senhora não quer comer? — pergunta

com sua voz meiga.


Sara deve ter seus cinquenta anos, cabelos loiros

escuros, com poucos brancos. Mais baixa que eu uns cinco

centímetros e um sorriso amigável. Ela trabalha para


Amândio desde que ele se mudou para esse triplex. E gostei

quando disse que ele a trata bem e ajudou seus três filhos a

se juntarem ao grupo principal dos soldados.


Óbvio que ela faz parte da Famiglia. Pouquíssimas

pessoas trabalham pessoalmente para nós que não seja do

nosso círculo. Empregados precisam manter sigilo e se

verem algo assustador ou ilícito, calam a boca ou a Darkness

faz calar.
— Não vou querer não — respondo saindo do banco.

Estava terminando uma pintura que estou trabalhando há

cinco dias. É a visão de Nova York olhada pela Estátua da

Liberdade.

— Tem certeza? Fiz uma saladinha fresca e frango. Sei


que a senhora não come muito.

Sorrio agradecida por pensar em mim.

— Obrigada, mas não me sinto bem. Estou enjoada

hoje. — Enjoada porque brigar com meu marido me deixa

ansiosa.

— A senhora não quer nem um chá com biscoitos?

Posso providenciar rapidinho.


— Tudo bem Sara e você já pode ir.

— A semana toda está pedindo para eu ir mais cedo.

— Para de falar e eu detecto seu ressentimento. — Fiz algo

que não gostou?


— Que é isso... Jamais, Sara. É só... que não tem muita

coisa para fazer e como as meninas já devem ter limpado a

casa.

— Sim, limparam tudo.

— Viu, é por isso que eu prefiro que vocês já vão. Não

tem mais nada para fazer aqui hoje e eu não estou me


sentindo bem.

Seus olhos mostram preocupação imediatamente.

— Não tem nada que eu possa realmente fazer?

— Não e na verdade... — Olho para baixo e cutuco

minhas unhas uma nas outras e me aproxima para olhá-la

nos olhos. Espero que consiga ver que eu estou bem com

ela. — Eu gosto dos seus serviços. Não tem nada a ver com

você eu pedir para você e as outras meninas irem embora

cedo. Sinto muito se dei a entender isto.

— Tudo bem. A senhora é a dona da casa e se deseja


ficar sozinha, eu irei fazer. Mas não se sinta pressionada em

querer eu aqui quando não quer. Eu apenas não quero que a

senhora se desgaste. A casa é muito grande para você

cuidar dela sozinha.


Ela está falando isso porque eu insisto em cozinhar,

ou pelo menos tentar cozinhar, todos os dias desde que me

mudei e Amândio só comeu duas vezes da minha comida


até hoje. Ele não fica em casa e meio que eu já esperava

isso; sua ausência. Ele é um homem importante e ainda

nem é o Capo.

— Se a senhora tem certeza, eu já estou indo. Mas

lembre-se que eu deixei comida pronta. Se sentir fome, é só

descer.

— Obrigada mais uma vez, Sara.

Ela se vira para ir embora e chega a dar dois passos

para longe, porém se vira e olha para mim com preocupação

e carinho. O olhar que eu recebi durante ao longo da minha

vida das empregadas e da babá.

— O senhor Amândio fica ausente, mas ele tem

motivos para voltar para a casa agora. Não se preocupe. Ele

é um homem forte e durante todos esses anos que trabalho

aqui, foi depois que a senhora chegou que vi aproveitar mais

essa casa. Sei que é difícil acreditar, mas é verdade — ela

termina e vai embora me deixando com meus pensamentos.


Caio sentada no sofá e me recosto no encosto

sentindo um peso enorme nos ombros. Estou tentando não

me sentir culpada por não conversar com ele abertamente.

Merda. Sei também que se eu tivesse contado o

segredo de Colen estaria me sentindo culpada e não

adiantaria nada. Esse problema não é meu.

Minha mente está uma pilha de nervos. Queria poder

falar honestamente com Amândio e explicar que acho uma

burrada o que Colen está fazendo, mas não posso.

E mesmo doentio, esse segredo de Colen é algo que


tenho sobre meu irmão que posso usar contra ele ainda.

Madeleine não me disse nada que fosse preocupante

ao telefone. Nenhum sinal de problemas por Las Vegas, mas

isso não ignifica nada. Há anos não temos problemas e

mesmo assim Colen já estava com esse rolo.


Meu Deus. Eu não suporto mais descer para a sala

principal e subir para o meu ateliê para ver se Amândio

chegou.

Tem oito horas que ele respondeu aquela mensagem e

mesmo eu mandando outra, ele não retornou. Quis brincar

com ele mandando aquele vídeo de lingerie para ver como

estava o seu humor.

Eu estava tão feliz com nós dois nos dando bem.

Estávamos numa bolha de alegria e paz. Porque o segredo

de Colen tinha que surgir agora?! Que merda.

Pela sexta vez desço as escadas e reviro os olhos para

Donato. Ele hoje está parecendo um cão de guarda na porta.

Ele chegou a colocar uma cadeira ao lado do elevador. Leu

jornal, almoçou e tomou o café que ofereci à tarde. É

provável que nem foi ao banheiro. Não largou seu posto de

jeito nenhum. Desconfio que foi ordens de Amândio. O

motivo é que não sei qual foi.

— Tudo bem, Donato?


— Sim, senhora. Deseja alguma coisa?

— Mesmo que nada estivesse bem, você não falaria e

o que eu quero, é meu marido em casa.


— Ele já deve estar chegando.

Que seja. Dou-lhe as costas e vou procurar uma fruta


para comer. Hoje não tive apetite e cheguei a vomitar de

nervoso. Amândio vai me matar de ansiedade se continuar a

sumir assim.

E por Deus, se ele fizer de novo a palhaçada de não

me responder e não aparecer por quase uma semana, dessa

vez eu juro que vou para Las Vegas e fico duas semanas com
a minha família.

Pego duas bananas na cesta de frustas, leite e gelo na


geladeira para fazer uma vitamina. Vou empurrar comida

para não acabar desmaiando.


Sinto um aperto estranho no peito. Olho para o lado

de fora, as luzes dos prédios iluminando a cidade


acompanhando o céu totalmente escuro. Agora são dez e

meia da noite.
Estou bebendo a vitamina quando escuto o som do

elevador chegando. Largo o copo no balcão e corro para ver


quem é.
— Amândio!?

— Pode ir, Donato — ele ordena com os olhos em mim.


Sua voz está rouca, mas não é isso que me chama
atenção. Ele está com uma camisa de gola alta preta, que

não estava quando saiu de casa. Seu rosto está machucado.


Tem um corte na testa.

Seus olhos não desgrudam de mim e espero as portas


do elevador se fecharem para me aproximar. Paro na sua

frente e me detenho de tocá-lo. Ele parece distante.


— O que aconteceu?
Meu cuidado para não tocá-lo morre quando ele

avança e entrelaça seus dedos nos meus cabelos. Sua boca


bate na minha com ganância. Ele morde e lambe meus

lábios. Eu abraço seu pescoço e puxo-o mais para mim.


Nosso beijo é feroz e longo. Barulhento e um dos

gemidos que escapa da sua boca é de desconforto, dor.


Paramos quando falta ar e eu pisco excitada com a

forma que ele me encara.


— O que houve? — pergunto sem fôlego. — Você está

machucado. — Toco a ferida na sua testa e esse movimento


faz ele gemer de dor. Foco no seu ombro e passo os dedos

de leve. Arregalo os olhos sentindo o toque fofo de gases. —


Você se feriu?
— Não é importante.
— É sim. O que aconteceu?

— Chega — ele ruge como um animal feroz e segura


meu rosto com as duas mãos, sua testa encosta na minha.

— Eu não me importo.
— Com o que? — Engulo em seco. Ele parece

desesperado e eu coloco as mãos sobre as suas no meu


rosto. — Amândio?

Com afobação seus lábios passam nos meus. Encara-


me profundamente e seus olhos me queimam.
— Eu quero você. Só você, porra.

Mordo o lábio e pressiono as pernas. Sua declaração


me domina perigosamente. Eu pensei nele o dia todo e ouvir

isso agora, é tudo que preciso.


Pegando-o pela mão, levo para o nosso quarto. Tiro

seu camisa por cima da cabeça e quase morro.


— Amândio! — digo alarmada vendo o ferimento no

seu ombro. Parece grave. O curativo é grande.


— Esquece.

Ele avança mais uma vez e tira meu vestido preto por
cima da minha cabeça. Estou apenas de calcinha na sua

frente. Seu olhar ganancioso me dá fome.


Abro sua calça e arranco-a junto com a cueca, os

sapatos e as meias. Ele fica pelado na minha frente.


Eu morro de tesão nele, mas nesse momento eu sinto
outra coisa vendo as marcas de tiro e facadas na sua pele. E

o curativo no ombro me apavora.


Eu não quero perdê-lo.
Fico de pé e me agarro nele. Puxando seu boca para
mim. Amândio gira-me em seus braços e me deita na cama

lentamente. Os lençóis gelados me fazem gemer baixinho


de prazer. Ele me beija devagar, mordisca meu queixo e
encontra meus mamilos duros.

— Oh... Amândio... — gemo puxando as cobertas ao


sentir sua língua áspera nos meus peitos. Sinto-me vazia por
dentro.

Jogo a cabeça para trás apreciando sua boca descer


pela minha pele. Ele está paciente, calmo. Beija meu corpo,

lambe os lugares certos. Abre minhas coxas se acomodando


entre elas. As mãos afagando minha pele, sentindo quando

enrijeço os músculos por causa do seu toque.


— Amândio — gemo de novo seu nome. — Mm... que

gostoso.
Sua estrutura larga fica na minha frente. Eu sorrio

para ele e ergo os quadris para ajudá-lo a arrancar minha


calcinha. Ele balança a cabeça, me oferecendo um sorriso

sombrio antes de arrebentar a calcinha de renda.


Quando estou pelada, ele se posiciona entre minhas

pernas, coloca seu pau na minha entrada e entra em mim


lentamente. Fecho os olhos e abraço seu corpo. Seu peitoral

esmagando meus seios. Nossas peles roçando uma na outra.


Ele beija meu pescoço e meu ombro. Eu repito o gesto
adorando ele devagar. Amândio está carinhoso. A única vez

que foi assim foi na minha primeira vez.


Seus gestos, suas investidas para dentro de mim, sua

boca beijando-me e repetindo que sou dele, me deixa no


limite fácil, fácil. Eu gozo duas vezes antes dele gozar forte,

mordendo meu ombro. O único ato bruto.

Estamos na nossa cama, deitados um nos braços do

outro. Nunca foi assim. Tão conectado e intenso, mas não da

forma animalesca que transamos. Intenso de um jeito que


não sei descrever. Confesso que estou emocionada.
— O que aconteceu?
— Nada — a voz dele é distante e muito diferente do

seu contato na minha pele. A mão nas minhas costas não se


afasta, continua a carícia.
Agora eu estou preocupada de verdade que Amândio
descobriu tudo e por isso chegou naquela estado. Seu olhar

me deu arrepio e excitação, mas o que realmente quero


saber é das feriadas novas.
O dia hoje foi estranho. Silencioso e Donato manteve
uma vigília que não fez em nenhum desses dias que estou
aqui.

Que merda aconteceu?


Levanto meu corpo, fito seu rosto e passo os dedos no
machucado na sua testa.
— O que aconteceu? Conta para mim.

Demora um pouco para ele focar em mim, nas minhas


palavras.
— Balearam o carro do meu pai. — Ele solta as
palavras friamente, os olhos fixos no teto.

Arregalo os olhos.
— E ele?
— O filho da puta ainda está vivo.
Balanço a cabeça e sinto a mesma raiva dele. Outras

pessoas morrem por aí por menos e esse verme ainda está


vivo.
— Você estava junto com ele? Por isso se machucou?
— Não.

— Então por que você está todo machucado? Esse


curativo no seu ombro parece ser grave senão não estaria
tampado.
— Já estive pior.

Fito bem o seu rosto e espero que sinta minha


irritação por ele estar distante. Estou demonstro com meu
olhar que não vou parar de perguntar. Amândio solta uma
respiração exasperada e ainda sem me encarar fala:

— Eu fui resolver o assunto do seu irmão e depois uma


cobrança. E estava a caminho da casa do meu pai quando
me falaram que o carro dele foi atacado.
Ignoro a parte que ele fala que resolveu o assunto de
Colen, e foco no ataque.

— Você tentou salvar ele?


Uma expressão sombria passa por seu rosto.
— Com certeza não. Eu teria ajudado os filhos da puta
que atiraram no carro dele e a fazer o trabalho melhor. Mais

bem-feito. — Respira e seu olhar encontra o meu rosto


finalmente. — Acontece que eles me acharam. Eu estava a
caminho e provavelmente eles estavam esperando. Sabem

que sempre vou até a casa do meu pai às quinta-feira.


— Eles atacaram você também, foi isso?! — Meu
coração acelera.
Amândio me faz deitar no seu peito e volta a acariciar
minhas costas, dessa vez pega meus cabelos, enrolando nos

seus dedos.
— Sim, eles metralharam o meu carro.
Fica em silêncio e eu espero quieta, não querendo
cortar sua boa vontade de me contar o que aconteceu.

— Eu fiquei encurralado. Estava em desvantagem e


pensei que eles iam conseguir nos pegar. O carro quase
capotou e senti que ia morrer por causa desses filhos da
puta.

Sinto um aperto no coração. Fecho os olhos e aperto


meus braços nele, agradecendo por estar de volta para mim.
— Tive que fugir para Nova Jersey. Salvatore ficou a
minha espera e meteu bala, os desgraçados fugiram quando

perceberam que o jogo tinha virado.


— Eu conheci esse tal de Salvatore no baile. Ele
parece ser jovem — digo aleatória, fugindo dos
pensamentos do risco que ele correu hoje. Odeio pensar nas

pessoas que tentam matar Amândio.


— Só parece. Salvatore já tem trinta e um anos. Está
cuidando das coisas em Nova Jersey porque o pai está muito
doente. Ele é bom no que faz.

Assinto distraída. Ele é bom mesmo porque salvou


meu marido. Sou grata por ele.
— Você conseguiu pegar quem fez os ataques? Matteo
estava junto com você?

— Não, ainda estamos trabalhando para descobrir


quem está por trás, mas já tenho minhas suspeitas e o
motivo foi o nosso casamento. Acertaram quando falaram
que iam fazer algum movimento de ataque contra nós.
— E foi por isso que mandou Donato não sair da

porta? Não permitindo que eu saísse hoje.


— Não. O ataque aconteceu de tarde e mandei Donato
vigiar você e não permitir que saísse desde que ele colocou
os pés em nosso apartamento.

— Por que? Você nunca me tratou assim. Não sou sua


prisioneira.
— Não — ele fala de um jeito carregado e me pega de

surpresa girando na cama e ficando em cima de mim. —


Você é minha. Minha para proteger e cuidar. Minha esposa,
mas eu não consigo proteger você da sua mente. — Balança
a cabeça com ar de lamento. — E confesso que duvidei de

você ri atrás de Colen. Me diga que você não pensou nisso?


Ele tem razão. Eu pensei mesmo em ir atrás de Colen.
Queria, ainda quero, saber o que ele está fazendo. Travis
proibiu tantas vezes esse envolvimento com a garota e

parece que ele não ouviu.


— Eu só pensei em ir atrás dele porque não consegui
falar por telefone.
— Então você ligou para ele.

— Sim, mas não consegui falar e você? O que


descobriu?
— Não quero tocar nesse assunto.
— O quê? — Empurro seu peito, ele tomba para o lado

e eu sento-me na cama encarando-o. — Por quê?


— Porque eu já resolvi.
— Como assim?
— O que eu sei, vai ficar só na minha cabeça — ele
fita meu rosto e puxa minha mão —, mas saiba que eu não
gostei de saber da situação. Ela coloca todos nós em risco.
— O que você descobriu?

— Meu soldado tirou umas fotos do seu irmão em uma


boate e indo na casa de Kira Aviloc. E para o seu alívio, eu
matei o informante e queimei as fotos.
— Você fez o quê? — Chego a segurar a respiração

surpresa.
— Eu destruí as provas. Não é o momento para tocar
nesse assunto agora, mesmo que seja de extrema
importância eu discutir isso com Travis.
— Por que você fez isso?

Amândio me encara por longos minutos antes de


jogar as pernas para fora e levantar da cama. Se aproxima
de mim, beija minha testa e vejo sua forma musculosa e alta
caminhar para dentro do banheiro.

Meu coração acelera vendo a marca do seu sangue


manchada nos lençóis. Coloco as mãos no rosto e sinto o
desespero. Deus, eu estou sendo tão injusta com ele.
Por que estou lutando tanto para confiar nele. Até
quando ele tem vantagem sobre meus irmãos, escolhe a
ignorância para talvez não me magoar.
Por um lado, penso que está tentando recompensar

porque não matou o pai ainda e ele me prometeu que iria


fazer. Por outro, ele simplesmente se importa de verdade
comigo e meus sentimentos.
Me levanto para ir ficar em sua companheira. Visto um

robe e prendo os cabelos. Pego-o saindo do banho e engulo


em seco vendo a marca do tiro no seu ombro, já que o
curativo saiu.
Ele tem os olhos em mim enquanto enrola a toalha

nos quadris.
— Você vai sair de novo? — pergunto indo trás dele no
closet.
— Conseguiram pegar o grupo que nos atacou. Preciso

resolver isso e tenho que ver meu pai. Nem ele e nem
ninguém tem que desconfiar que o quero morto. Preciso
marcar presença.
— Está bom — murmuro. — Você deve voltar ainda
hoje?
— Eu não sei, Marinne.
Aperto o robe em volta de mim e eu quero meu
marido de dez minutos atrás me fazendo gozar, beijando

meu corpo e junto de mim. Ele parecia diferente, mas agora


está frio e distante. Odeio isso. Eu quero seus beijos, seus
braços envolta de mim, sua atenção.
Fico assistindo-o se vestir parada perto do batente do
closet. Ele usa uma camisa de gola alta, calça e sapatos
pretos. Um paletó por cima e antes de sair, para na minha
frente, segura meu rosto com as duas mãos e me olha
intensamente por minutos indeterminados.
— Você é minha e eu jurei que nada mudaria isso.

Concordo com um aceno e engulo em seco.


Ele me dá um beijo bruto nos lábios e saí.
Estou paralisada com sua declaração. Com a
intensidade do seu olhar. Quando pisco e meu coração

parece voltar a bater normal, corro para vê-lo e perguntar o


que estamos fazendo. O que significa suas palavras.
Mas já é tarde. Vejo-o sumir pelo elevador. Sento
derrotada nas escadas colocando as mãos no rosto.
— O que a gente está fazendo? — murmuro para o
vazio.
A última vez que me senti assim foi quando vim

confortar ele. Quando pensei que o noivado tinha acabado.


Porém eu sinto algo estranho e desesperador agora. Eu
quero confiar nele com tudo de mim. Eu quero me jogar
nesse casamento, mas tenho medo de me machucar. De

estar sendo manipulada.


Sei que certas coisas já abri mão. Meu autocontrole,
minha necessidade de estar com ele. A preocupação de
perdê-lo. Essas coisas já não tenho mais como voltar atrás e

o que estou me agarrando é no meu orgulho. Não quero


deixar que ele entre de vez no meu coração. Vai doer demais
se for tudo invenção da minha mente ou manipulação.
31

Forço meus pés no chão e os passos ficam mais firmes

e pesado. Minhas pegadas marcadas no chão lamacento de


uma antiga fábrica de bebidas no Brooklyn. Matteo abre

caminho e eu entro no prédio seguindo para a sala dos

prisioneiros. Aqui a sentença já está definida sempre. Morte.

Rapidamente meus olhos registram a imagem do

homem amarrado na cadeira. As mãos para trás e os pés


presos em cada pé da cadeira. Pânico e um toque de

desespero brilho em seus olhos quando vê que sou eu

chegando.
Vou ter o prazer de descobrir o que ele estava fazendo

do meu lado da cidade. Eu tento controlar esses gangsters


da melhor forma dando um pedaço para eles venderem suas

drogas, alguns trabalham junto com a Darkness no

contrabando, mas esse miserável veio de Boston e não

conheço sua tribo.

Arregaçando as mangas da minha camisa, paro na


sua frente e deixo que veja minhas mãos com as luvas.

Estou usando minhas armas prateadas para sobressair na

minha roupa. O objetivo é amedrontar e fazê-lo abrir o bico.

Salvatore conseguiu parar os dois carros que me

seguiram. Mandou seus homens trazerem eles para mim.


Ele se mostra subordinado a mim, mas nunca erro quando

desconfio que alguém quer algo de mim.

Respiro pelo nariz e mantenho meus olhos no babaca

que não desviou o olhar ainda. Ele quer mostrar coragem.

Se esses motoqueiros soubessem como está meu

humor hoje. Trepar com Marinne não aplacou nem um pouco

minha fúria. Até porque parte dessa fúria é culpa dela e do


que me faz sentir. Nunca senti desespero em sofrer um

ataque, mas agora...

Merda. Merda.
Avanço para cima do homem na minha frente e

envolvo seu pescoço com as duas mãos e aperto com toda a

força.

O que ela está fazendo comigo? Me sinto fraco,


vencível, exposto. Deixei ela ficar perto demais. Me

enfeitiçar com sua mente, seu corpo e seus sorrisos.


Solto minhas mãos e recuo. A cadeira cai no chão e

ele bate como um saco de merdas na sua própria poça de

sangue.

Sangue. Morte. Sangue e mais morte. É tudo o que

vejo hoje.

Estou aqui para vingar os ataques, mesmo que eu

comemorasse se tivessem matado meu pai, embora tirando

o meu triunfo de fazer com minhas próprias mãos.

— Levanta ele — ordeno com a voz rouca. Gritei para

caralho com Matteo e Cirilo.


E o pensamento retorna. Ia morrer e deixá-la nas

garras do meu pai. Eu ia simplesmente deixá-la.

Me viro e pego meu taco das mãos de Raven, meu

executor. Sempre mando Ricardo Valente – o verdadeiro

nome dele – para os trabalhos de maior crueldade. Ele não


se segura. E o rosto destruído do motoqueiro mostra isso.

Supercílio ainda sangrando, boca inchada e rasgada. Sei

que não está falando muito porque provavelmente deslocou


a mandíbula.

Parando na sua frente, cutuco com meu taco seu

ombro e espero erguer a cabeça.

— O que veio fazer aqui?

Seus olhos me miram vazios de emoções enquanto a

boca se curva num sorriso maníaco.

— Finalmente conheci o Capo cara a cara. O imbatível

Amândio D’Ângelo.

— Ainda não sou o Capo. — Odeio ter que repetir essa

frase, mas é bom. Me dá mais vontade e ânsia de exterminar

o Capo atual. Apoio a ponta do taco no chão e jogo o meu

peso. — E você deve ser o homem morto que sobrou para

me contar o que estavam pretendendo atacando meu pai e

eu. Vocês nunca aprendem a não pisar no meu território e

agora ainda por cima, tentaram a minha vida.

— Você não é dono de Nova York.

O taco de beisebol voa na cara dele. O barulho do


mental tilintando com o golpe e o sangue explodindo da sua
pele me dá prazer. Sugo uma respiração forte e nem preciso

falar para Matteo levantar o porco.

— Eu posso te provar facilmente como essa cidade é

minha.

De volta a posição sentada, ele respira algumas vezes

para recuperar o fôlego e de repente dá uma gargalhada. O

filho da puta simplesmente começa do nada a rir alto. Vejo

todos os dentes da sua boca. Acerto seu joelho com o taco e

pego seu colarinho, sacodindo seu corpo e obrigando a olhar

meus olhos.
— O que porra você está fazendo? Está achando graça

em ganhar uma surra? — Dou um soco no seu estômago. —

Você não vai sair daqui vivo. Eu te garanto.

Petulante, ele enrijece bem o rosto e fala com a voz

fraca.

— Você acha mesmo que é invencível?

— Existe uma diferença entre achar alguma coisa e

saber.

Ele solta outra gargalhada na minha cara e eu o

empurro. Sua cabeça cai no chão, mas ele continua rindo.

Giro em meus calcanhares e entrego o taco para Raven. Vou


com exatidão para frente do corpo do motoqueiro e acerto

em disparada suas costelas até a cadeira quebrar.

— O desamarre — ordeno com sabedoria de que ele

não tem forças para tentar nada.

Acompanho de longe Raven e Matteo desamarrar o

desgraçado. Pego meu taco de volta e acerto com toda força

suas costelas. E “crack” o som de mais uma costela

quebrada é delicioso.

— O que você queria?

Parado com o rosto todo no chão, ele respira com

dificuldade.

— Dê um pouco de água para o cachorro.

Matteo liga a mangueira em cima dele. Ele geme de

frio. Sangue fresco escorrendo das suas veias se misturam

com a cor vermelha do sangue da surra de antes. Pedaços

de carne dele escorrem e eu recuo para não pisar na sua

imundice.

— Vamos, responda. — Com o pé faço-o ficar de


barriga para cima e com a ponta do taco forço seu rosto a

ficar na minha direção. — Ande.


Ele cospe, se engasgando com o próprio sangue. O

libero para conseguir respirar e falar. Seu corpo tomba para

o lado e respira com muita dificuldade antes de abrir a boca.

— Sabemos que você se casou... — murmura. — Vocês

se aliaram a Las Vegas e... — tosse e arfa sentindo dor. — O

chefe mandou dar parabéns.

Um sorriso distorcido brota na minha face e eu me

agacho, apoiando os cotovelos nos joelhos abertos.


Pressiono o taco na boca do seu estômago.

— Obrigado. Acho que vou precisar retribuir.


Ele tenta falar mais alguma coisa, mas sua voz está

longe.
— Não ouvi — forço-o de maldade. Ah, merda. Eu não

sou bonzinho.
— Você deveria ir para casa.

— Por quê, hein?


— Para dar tempo — responde e como um

desequilibrado solta um sorrisinho fino e alto. Mesmo com


dor sua mente consegue preservar energia para
perturbações. — Precisa curtir ela enquanto não te

matamos.
Eu não perco mais um minuto com ele. Acerto-o
repetidas vezes com meu taco.

Bato.
Bato.

Bato.
E bato mais forte.

Seu sangue explode na minha cara. Pedaços dele


saem e se misturam com sangue, água e sujeira.
Com a respiração afoita, apoio o taco no ombro e

contemplo seu corpo morto ensanguentando sentindo um


enorme deleite.

— Mande para o grupo dele junto com os outros — me


viro para Matteo e Cirilo — e não esquece o bilhete de

agradecimento.
Vou para longe e sigo para o quarto que tomo banho e

troco de roupa. Meu avô avisou. Eles sempre querem o seu


elo mais fraco. Mulheres e crianças. Acho que eu já posso

mandar um bilhete de boas-vindas para todos que tentarem


me acertar através de Marinne. Essa jogada não vai ser boa

para eles.
Antes de entrar no banho, ligo para Donato. Ele não
está no triplex, mas continua no prédio. No andar de vigília e

eu mandei trancar o elevador privado. Ninguém vai


conseguir subir, e nem Marinne descer, sem a senha de

emergência.
— Sim, senhor.

— Está tudo tranquilo?


— Sim.

— Daqui a pouco estarei aí e manda conferirem o


prédio inteiro. Estamos sobre ataque. — Desligo e entro no

banho.
Olhando para baixo vejo o sangue do motoqueiro

deslizar pelo ralo, talvez um pouco do meu também. O


curativo do meu ombro estava banhado de sangue quando

tirei a roupa. Arrebentei os pontos e vou precisar de mais


morfina.
Pendo minha cabeça para frente e apoio as mãos na

parede, mesmo sentindo uma dor filha da puta no lugar


onde levei um tiro. Esconder de Marinne que estava doendo

enquanto trepávamos foi difícil.


Porém não quero o seu olhar preocupado e muito

menos de pena. Essa coisa com Marinne está saindo do


controle. Não consigo me afastar. Não consigo tirar ela da

minha cabeça. Aquela energia louca que senti desde a


primeira vez que fixei seus olhos quando ela tinha seus

quatorze anos, só aumentou. Minha possessão está se


tornando doentia. Perdi o controle.

— Pensei que você não veria me ver. Tem uma semana


que quase morri.

— Estava tirando o lixo da cidade — respondo ao


comentário sarcástico do meu pai.

Ele, essa cidade e seus problemas estão arruinando


minha vida nos últimos dias. Meu pai está gozando feliz em

me dar trabalho e me deixar longe de casa. Esse filho da


puta está forçando o meu casamento a fracassar. Quer

mostrar a Marinne a vida de merda que terá comigo.


— Você parece uma merda. Não está dormindo?

— O suficiente — o respondo. — Para que me chamou


aqui?

— Queria ver como estão as coisas. Você foi baleado.


— Meu ombro está em perfeito estado. — Ele quer

bancar o bom pai. Isso nem combina com ele. — Mais


alguma coisa?

Desde o atentado quinta passada, não consigo ficar


em casa mais de quatro horas, que é o tempo que durmo

por dia. Mandar os motoqueiros de volta para Boston, nos


rendeu um incêndio no nosso laboratório de drogas no

Brooklyn. Eles conseguiram matar três dos nossos.


Eu não pude deixar de revidar. Foda-se. Juro que se

eles continuarem com esse bate-e-volta, eu vou visitar


pessoalmente a tripe deles e incendiar a porra toda. Já
mandei o recado. Não vai sobrar ninguém e a fama de que

eu não poupo mulheres e crianças está se espalhando.


O que fiz quarta-feira na boate da Diabolos é a prova

de que eu sou inteiramente cruel. Eu odiava quando me


chamavam de “meio cruel”. Como se as mortes que fiz não

fossem o suficiente porque eu deixava as mulheres vivas.


Ah, isso foi antes de apertarem os botões certos em
mim.

Fora nossa luta desenfreada para dominar o território


da Diabolos, que Travis está ajudando.
Ele está invadindo as duas melhores cidades do

Mississipi, Tennessee e Albana. Georgia, Florida e as


Carolinas são minhas. Estamos cercando o Texas, território

dos russos. A Bratva logo partirá para cima de nós já que a


Hechos entrou em acordo com eles. A filha do chefe do
grupo dos mexicanos se casou com o chefe da Bratva.
Isso deixou meu pai incomodado. Eu balancei a

cabeça e estou torcendo para que eles não procurem em


nós um novo passa tempo. O Novo México é deles agora e

deveriam ficar quietos.


Então, além da guerra com a Diabolos, meu pai quer

que eu agora assuma totalmente os assuntos políticos.


Ele está pedindo para eu matá-lo ou uma viagem para

Itália sem volta. Está na hora de se aposentar como todo


Capo cansado ou velho demais faz.
— Mais alguma coisa? — Digo e eu odeio me repetir.
— Você falou com o Governador?
— Sim, fiz a sua vontade e ele aceitou o nosso acordo.
Vai se manter conosco.

Ele dá um aceno satisfeito e diz:


— Soube que o Senador se aliou a você. Boa jogada.

— Foi Leon que conseguiu.


— Oras, o garoto acertou uma.

Que merda. Suspirando, me apoio no batendo da


porta do seu escritório enquanto ele está sentado em uma

das poltronas de couro. A droga do seu escritório se parece


com o de Travis e essa semelhança me faz lembrar a esposa

abandonada no meu apartamento.


— Eu tenho uma cobrança para fazer ainda, então

estou indo.
— Calma, garoto. — Ele se levanta e anda até a mim.
— Você tem que buscar uma encomenda no hotel Lotte New
York Palace. Traga para mim ainda hoje.
Assinto e viro-lhe as costas antes que ordene mais
alguma coisa. Estou cansado dele.
Nesses seis dias não parei em casa e quando chego
Marinne sempre está dormindo. É estanho, mas sinto falta

dela e preciso recomeçá-la urgentemente.


A última vez que a vi acordada, foi na terça-feira, o
único dia que consegui chegar em casa de tarde. Ela estava

pintando no seu ateliê vestida com um macacão jeans, um


tope cor da pele e coberta de tinta.
Fiquei excitado na hora. Fodi com ela no sofá, ficando
todo sujo de tinta roxa e azul. Ela brincou de pintar meu
peito e depois a chupei lentamente na nossa cama.

Nós esquecemos o assunto Colen como nunca tivesse


surgido. Na verdade, ela fez ser assim e eu segui. Eu nunca
quis fazer ninguém feliz ou sorrir, ou se sentir bem, mas eu
quero isso tudo para ela.

Foi estranho depois, porque a ouvi falar do seus dias


como se não morássemos na mesma casa e mais estranho
ainda quando ela riu e eu fiquei feliz em escutar aquele
som.

— Direto para o Lotte New York Palace — falo para


Donato, que está comigo.
Matteo está de folga. O que resultou em ficar metade
do dia com Marinne. Essa hora, onze e meia, ela está

trancada no triplex e Raven cuidando da segurança pessoal


dela. Não quero deixá-la sufocada, mas é difícil abrir mão da
sua segurança em tempos de conflito.

Esfrego o rosto expulsando o sono e franzo a testa


enfurecido para o relógio marcando duas da manhã. Mais

uma vez cheguei em casa tarde e encontrei minha esposa


dormindo no seu décimo sono.
Para completar a frustração, Marinne está com a
maldita camisola de renda e um tecido transparente preta,

que ficou totalmente exposta porque ela se mexeu demais e


se descobriu.
Acabei de tomar um banho e os pensamentos do dia,
a vontade de cortar fora a fora a garganta do meu pai, me

fizeram desviar a vontade de bater uma punheta.


Cobrindo seu corpo primeiro, vou para o meu lado da
cama e me junto a ela. Marinne geme e rola para mim. Logo
me arrepio com sua pele quente e macia. Seu cheiro fresco
e doce misturado com lençóis limpos, o barulho das buzinas

ao longe, Nova York sendo o céu estrelado de janelas acesas


como a vista da nossa janela panorâmica. Tudo no seu
devido lugar e perfeito.
De tanto Marinne falar com tanta admiração de Nova
York, passei a observar melhor a minha cidade.

Falando baixo, mando a Alexa apagar as luzes e não


antes de perceber os três livros na cabeceira da minha
mulher. Ela sempre está lendo. Não deve ter muito tempo
que veio dormir e Matteo falou que ela nunca dorme cedo.

Eu fico puto por ele fazer mais companhia a ela do que eu.
Isso tem que acabar.
Deixando um braço embaixo da sua cabeça, trago-a
para mim. Espalmo a mão nas suas costas e a outra deslizo

para sua bunda, sentindo a calcinha de renda. Marinne solta


um gemido e seu nariz está no meu pescoço fungando antes
da sua boca beijar meu ombro.
— Você chegou — sussurra e geme acordando minha

ereção com facilidade.


Viro a cabeça e beijo sua testa gostando de como seu
corpo se aconchega no meu. Como funciona bem e normal
chegar em casa e tê-la assim para mim.

— Cheguei, amor.
Ela inclina a cabeça para trás e me fita com os olhos
cerrados. Dá um sorrisinho e me pega de surpresa puxando
para ficar sobre ela.

— Vem. Senti sua falta hoje — a forma como ela


murmura isso é gostoso. Sinto na cabeça do meu pau.
Me ajeitando no meio das suas pernas, a coberta se
amontoando sobre nós. Ela abre os braços e sorri esperando

eu apoiar os meus ao lado dos seus ombros.


— Joga o peso, Amândio. Eu aguento.
Olhando fixamente seus olhos, deixo meu peso cair
sobre o dela e gemo quando abraça meu corpo com as
pernas. Suas mãos passam lentamente no meu rosto e

Marinne abre um sorrisinho.


— Você precisa mesmo fazer a barba dessa vez.
Ela tem razão. Há uma semana não tenho tempo de
fazer a barba e está bem grande.

— E cortar os cabelos.
Como sempre ela me faz ri. Chupo seus lábios e dou
uma mordida.
— Mais o que?

— Ficar em casa? — A resposta/pergunta dela veio


cheia de receio.
Enfiando minha cabeça entre seu pescoço e ombro,
deslizo as mãos por suas curvas até conseguir subir a

camisola. Num movimento rápido, estou sentado e trazendo


ela para mim. Não demora e Marinne está só com calcinha e
seu sorriso. Seus peitos quentes e macios é um convite para
eu agarra-los, juntando-os. Adoro quando ela geme jogando

a cabeça para trás e agarrando meus braços para não cair


na cama.
— Amândio!
Levo um tempo dando atenção para os seios. Amo a

textura do seus mamilos na minha boca. Espero ela gemer


para deitá-la na cama e minha ideia era passar mais um
tempo chupando sua deliciosa boceta, mas sou puxado por
ela.

— Não. Eu quero você dentro de mim.


Meus batimentos aceleram e eu entro em movimento.
Coloco meu corpo na posição que consigo afastar sua
calcinha para o lado, arreio a calça de dormir. Meu pau
sacode para fora e eu o seguro. Pincelo a cabeça na sua
entrada melada e olhando em seus olhos a penetro de uma
vez.
Marinne solta um grito forte e arranha meus ombros.

Saindo um pouco para fora, avanço para dentro de novo


dessa vez devagar e ela joga a cabeça para trás.
Seu interior me suga forte e eu lhe dou golpes duros,
metendo e tirando rápido. Ela me arranha e arqueia as

costas. Eu empurro as cobertas, revelando nossos corpos


para o vento frio e giro na cama.
Ela arregala os olhos antes de morde a boca no seu
sorriso safado.
— Me cavalga, principessa.

Ela anui um sim e começa a rebolar no meu pau.


Marinne espalma as mãos no meu peito e se entrega,
sentindo-me tão profundo dentro dela e porra, como é bom
sua boceta me engolindo por inteiro. Amo que minha

mulher aceite meu tamanho, meus gostos.


Ela solta um berro jogando a cabeça para trás, as
mãos nos cabelos e ondulando o corpo como uma deusa.
Ficando sentando, abraço-a e chupo seus peitos antes de
trazer sua boca para minha.
Fecho os olhos sentindo sua boceta tão escorregadia
levando meu pau tão duro. Deitando-nos, prendo seu corpo

em meus braços e cavo meus pés no colchão para conseguir


bater para cima, para dentro dela.
Sinto seus dentes no meu ombro e logo seu orgasmo
vem, seguido de choramingos e gemidos altos. Sem cessar

meus movimentos, continuo até jorrar dentro dela. Minha


boca na sua em um beijo faminto.
Uma necessidade estranha de estar aqui com ela,
porra.

Não parro de mover a pélvis até exaurir meu gozo e as


forças. Eu precisava disso.
Lânguidos e sem fôlego, repousamos na cama. Ela em
cima de mim com a boca aberta, o corpo mole jogado em

cima do meu. Com o pouco de forças, afago suas costas e


bunda. Ela beija sem perceber minha pele e geme baixinho.
— Principessa?
Escuto-a dar uma risada. Ela remexe o corpo, meu pau
ainda dentro dela e geme de novo.
— São que horas? — Ela fala lambendo meu pescoço.
— Deve ter passada das duas da manhã agora.
— E você ainda está aqui?

Um sentimento que não sinto. Acho que nunca senti,


me assola. Culpa. Segurando seu rosto com as duas mãos,
subo até poder beijar sua testa e falar vendo seus olhos.
— Vamos para Itália hoje.
— Hoje? Jura?

— Sim. Para conseguirmos pegar a parte da tarde do


sábado precisamos sair umas cinco da tarde. Você tem suas
coisas prontas?
— Desde semana passada — responde com um

encolher de ombros.
— Certo. — Beijo sua boca, nos viro e saio de dentro
dela para pegar as cobertas e nos cobrir.
Marinne me abraça, joga a perna em cima das minhas

e suspira.
— Estou ansiosa para ficar com você por mais tempo.
Fito o tempo, o quarto um breu, presto atenção na sua
respiração e espero o sono vir.
Essa coisa de afeto, o apego por mim, deve ser
contagioso. Eu aprecio de verdade meu casamento estar
caminhando para algo bom. É a única coisa boa na minha

vida e deve ser por isso que quero proteger. Que mesmo eu
nunca ter divido uma cama com ninguém, não impede de
eu precisar do seu corpo junto ao meu para dormir
desesperadamente agora. Ficar longe dela é a pior coisa.

Também estou ansioso de ficar com ela vinte e quatro


horas por dia durante um mês e meio. Mesmo sentindo que
voltaremos diferente dessa experiencia, já que nos unirá
ainda mais.
32

Colocando o último pincel guardado na gaveta, dou

outra olhada para o ateliê. Deixei tudo limpo e organizado


para eu poder viajar e não estragar nada.

Me virando para sair, fito o meu reflexo em uma das


portas e suspiro. Eu nunca me senti como estou me

sentindo agora. É redundante, mas é tipo isso.

Um pouco antes de eu me casar, mesmo depois de ter


tido a primeira vez com Amândio, ainda me sentia uma

garota e não sei exatamente quando parei de me sentir a

jovem Marinne recém descobrindo os prazeres carnais da


vida.

Sempre li sobre sexo e morria de curiosidade, mas

experimentar a primeira vez e Amândio sendo quem ele é,


não me dando nem tempo para raciocinar o que a gente

tinha acabado de fazer naquele hotel, invadindo meu

quarto, me tocando debaixo da mesa e me beijando

escondido. Foi tão rápido e mesmo assim eu ainda me

sentia uma garota.


Acho que a chave virou no momento que o confrontei

em nosso casamento. Ali eu vi que tinha que ser forte e

deixar minha juventude adormecer no passado.

Hoje eu me sinto uma mulher, totalmente. Me sinto

dona dessa casa, casada e tenho um outro sentimento que


me assusta, porque pode ser perigoso demais.

Travis nunca me policiou em gostar de nada ou de

ninguém, até mesmo porque depois que ele ficou com

Madeleine, mudou um pouco o seu jeito. Só dentro de casa.

As más línguas e as fofocas que circulavam em Las Vegas

contam a versão do Capo, que me causam pânico.

Às vezes penso que me casei com uma versão do


Travis mais jovem e mais irritada, bruta e com certeza

intensa. Amândio tira o meu fôlego sem necessariamente

tirar minha roupa e esses sentimentos me assustam.


Essa última semana foi difícil e estranha. Fiquei com

medo pelo atentado, o ferimento no seu ombro, sua

distância e eu quase não o vi. Senti de verdade falta dele e

ontem foi tão revelador. Pareceu que ele correspondeu a

saudade. Uma saudade que não se compara aos meses do

meu aniversário até o casamento.


E por influência das palavras de Colen e Dario, que

estou tão medrosa sobre o que estou começando a sentir

por Amândio. Eles falam sobre sentimentos como se fosse

um erro.

Colen disse que o amor é perigoso e é muito provável

que doa demais. Acho que os amigos dele da Califórnia são

culpados por ele pensar assim. Meu irmão nunca contou o

que acontecia lá, mas eu li nos jornais e deve ter sido um

terror para aquela mulher, para o marido dela e para a

família deles.
Quando você não nasce em um mundo sombrio, cruel

e perverso, tudo assusta. Os de Fora sempre têm mais medo

do escuro do que nós e parece que a gente tem medo do

oposto. Da alegria, da felicidade e de momentos que nos


enchem de esperança. Momentos que Amândio está me

dando sem perceber.

E eu me esforço todo dia para largar o medo e parar


de pensar que vou me enganar por um sentimento não

correspondido.

Abro olhos e limpo as lágrimas que escorreram em

meu rosto.

Fechando o meu ateliê, desço e troco de roupa.

Escolho um terninho preto, justo no meu corpo, as botas

novas que Amândio me deu essa semana. Tem uma cobra

na sola. É muito bonita.

E essas coisinhas que ele faz; lembrando do que eu

gosto, querendo me agradar, que ele entra no meu coração.

Será que ele sabe o que está fazendo comigo?!


Colocando o perfume, ajeito meus cabelos, confiro a

maquiagem e visto o paletó branco de seda por cima.

Pronta, pego minha bolsa, apago as luzes e confiro as horas

enquanto desço as escadas para o andar principal.

Matteo está na porta da cozinha mandando

mensagem no celular distraidamente. Ele é outro que


dentro de casa é diferente, mais aberto e espontâneo. Odeio
quando invés dele vem Raven. Embora a cicatriz no rosto

como de Colen, as suas me assustam muito mais.

— Amândio já chegou? — eu pergunto para ele.

Imediatamente Matteo ergue a cabeça e enfia o

celular no bolso.

— Ainda não, mas deve estar chego. Precisamos sair

logo. O voo é daqui a pouco.

— Nós vamos em voo comercial?

— De jatinho, mas precisamos sair no horário

agendado.
Assinto concordando no mesmo tempo que o barulho

do elevador me chama atenção e eu me viro. Não sei porque

sempre perco o fôlego vendo Amândio chegar.

Principalmente quando está de sobretudo e sapatos italiano

brilhando e polidos, o cabelo arrumado e de óculos escuro.

Perigo, poder e sexo significa esse homem.

— Já está pronta?

— Estou sim e estava perguntando se você tinha

chegado.

— Estou aqui. Podemos ir?

Engulo em seco e assinto.


Matteo nos segue com as mãos livres. Ele já tinha

levado as malas para os carros. O toque de Amândio na

minha lombar me arrepia e queria que segurasse a minha

mão, mas sempre é assim na frente das outras pessoas,

distantes.

Não demoramos muito na garagem e rapidamente

seguimos para o aeroporto. Entrego meu documento para

Amândio e assim ele agiliza a viagem.

Vinte minutos depois estou sentada no meu lugar, na

janela do avião, e Amândio na minha frente. Matteo sentou

distante de nós. E graças a Deus o jatinho é grande o

suficiente e só temos que aturar ele na lua de mel.

— Está ansiosa? — Amândio me pergunta.

— Estou — digo sorrindo. — Eu nunca estive em

Calábria. Não era um território permitido para mim antes e

mesmo assim a última vez que estive no território da

Camorra tem muito tempo.


— Você vai gostar de Calábria. É muito bonita.
— Pelas fotos que eu vi é sim. Parece que saiu de um

filme.
O avião decola e eu me surpreendo quando Amândio

solto o cinto e vem se sentar ao meu lado. Ele segura a

minha mão e dá um beijo. Agradecida entrelaço nossos

dedos.

— Conseguimos.

— Finalmente — eu comento sorrindo e sentindo

borboletas na boca do estômago.

Ele franze a testa olhando para mim estranho.


— Você está bem?

— Estou — balanço a cabeça que sim. — É só que... eu


estou feliz.

— Fico feliz com isso.


Coloco sua mão em cima de mim e tento entendê-lo.

Amândio é tão duro às vezes. Ele não consegue aceitar um


elogio ou dizer que está feliz. Será que um dia vai mudar.

O ruim de eu saber tanto sobre a máfia, é que eu sei


os limites dos homens. Por mais família que sejam, são

duros consigo mesmo.


Eu entendia todas as vezes que Travis se afastava.
Entendia que eu precisava rezar muito para poder ver meus

irmãos enquanto eu crescia. Agora rezo para Amândio


também. Ele é o meu quarto homem mais importante e eu
não estou dizendo que ele é o número quarto. Às vezes eu

acho que ele é o primeiro.


Beijando minha mão, ele não tira os olhos de mim.

— Você comeu hoje? Está enjoada? Sara disse que


você estava enjoada esses dias.

— Eu só estava nervosa com essa coisa toda dos


ataques. Você foi baleado e me deixou preocupada essa
semana ficando longe.

— Tudo bem. Está tudo bem agora e na Itália as coisas


estão mais tranquilas. Eu poderia até não ter trago Matteo,

mas de qualquer forma ele não vai ficar com a gente.


— Não?

— Não. Vamos passar uma semana, pelo menos, no


casebre que fico no meio do mato depois da Fazenda. Eu

quero ficar com a minha esposa à sós por um tempo. Quero


poder dormir e relaxar. Quero ser egoísta.

Dou um sorrisinho e concordo com um aceno. Deito a


cabeça no seu ombro e fechando os olhos, murmuro:

— Eu também quero ser egoísta.


Ele responde beijando meus cabelos e eu gemo
baixinho.

Eu estou com tanto medo de gostar demais de você,


Amândio. Penso apertando sua mão na minha.
33

Depois de adiar essa viagem mais uma semana,

porque deixei claro para o meu pai que seria essa sexta-feira
e nenhuma outra, chegamos em Calábria em uma tarde de

sábado. Onze horas de voo mais o fuso horário programado


perfeitamente para Marinne chegar na cidade durante o dia.

Ao meu lado ela sorri parecendo linda e fresca com

um vestido branco de babados na bainha e ombros nus.

Óculos de sol com armação dourada e uma bolsa cominando


com os sapatos marfim. Linda não define minha esposa. Ela

sempre está elegante e tudo fica bonito no seu corpo.

— Aqui é tão ensolarado — ela comenta caminhando

de mãos dadas comigo para o carro. — E calor também.


Calábria fica em uma península da Itália. As

montanhas escarpadas, aldeias à moda antiga e um litoral

espetacular para curtir o dia. Aqui tem muitas praias

conhecidas no mundo todo. A Itália parece que foi feita para

o turismo.
— Boa tarde, senhor — cumprimenta Fabricio em

italiano, o soldado do meu avô que serve de motorista e

segurança.

Matteo é o único comigo nessa viagem. Precisei deixar

Donato para manter vigilância nos meus interesses, e claro,


Leon está me substituindo nas cobranças. Ele melhorou

muito desde a última vez que o deixei fazer meu trabalho.

Mesmo meu pai ainda o menosprezando.

Embora minha sede de sangue, não posso negar que

Giovanni está devolvendo o que recebeu do meu avô para os

filhos.

As vezes os pais devolvem aquilo que foi lhe entregue.


Nem todos conseguem evoluir.

Me acomodo ao lado da minha esposa tão encantada

que está silenciosa, e dentro do carro Marinne não solta

minha mão. Ela mantém o sorriso a viagem toda. Olhando


para a paisagem o que faz muitos turistas lotarem a ilha o

ano inteiro. Claro que muito mais no verão.

— Fabricio vá devagar — continuo em italiano. Não

falo muito em inglês aqui.

Ele assente e com o carro andando mais lentamente

pelas ruas, vou explicando para Marinne alguns lugares mais


conhecidos e que eu já visitei. Algumas das estátuas gregas

da época da guerra, os hotéis mais almejados e ela se

inclina para frente quando descemos a estrada que leva

para o litoral.

— Uau. Que lindo — comenta vendo a praia.

Chego para o lado e vejo um mar azul mesclado entre

o tom mais escuro e o verde água, vários barcos e jet-skis.

Um sol brilhante no horizonte e uma porrada de gente na

areia.

Marinne vira-se para mim rápido, as mãos na minha


coxa.

— Promete que vamos na praia. Eu sei que é perigoso,

mas eu quero muito mergulhar nesse mar feito pelos

deuses.
Concordo com um aceno em silêncio e ganho um

sorriso seguido de um beijo rápido no rosto. Animada ela se

vira para a janela de novo, mas deixa uma das mãos na


minha perna.

Olho rápido para frente porque Marinne não consegue

não demonstrar afeto em público. Mas Matteo e Fabricio

estão imersos numa conversa sobre carros porque passamos

por umas cinco Ferrari.

A ideia era nós irmos para o casebre onde me refúgio

das garras do meu avô. Aquela casa foi construída pelo meu

tataravô como esconderijo. A Famiglia quando está em

apuros, foge para Itália. Tem até piada pronta para isso

quando um de nós some, mas quando estamos aqui, o jeito

de fugir é se esconder pelos matos e montanhas.

Mas vendo a alegria e entusiasmo de Marinne posso

mudar de planos e ir para o casebre depois, talvez mais para

o final da viagem.

— Quer ficar um pouco em um dos hotéis? —

pergunto para ela e espero que se vire para mim para

continuar: — Você quer conhecer a parte do litoral e


provavelmente gostaria de ir nos pontos turísticos. Podemos

ir para o casebre depois, não tem problema.

Seus olhos brilham de empolgação igual quando

mostrei Nova York para ela. Uma ideia passa na minha

cabeça de repetir o tour de helicóptero aqui em Calábria.

Tenho certeza que ela vai gostar muito.

— E depois do hotel vamos para a casa do seu avô?

Mesmo ansiosa e animada com a ideia de ficar pela

cidade, é educada e generosa para pensar na minha família.

— Teremos que ir agora para lá. Ele está nos


esperando, mas podemos voltar e nos hospedar no hotel

ainda hoje. — O bom de ter programado a saída, é que

chegamos no horário do almoço. Temos muito dia para

aproveitar ainda.

— É muito longe da cidade a casa dele?

— É distante, mas não longe. Por quê?

— Porque não precisamos ficar num hotel. Eles vão

assumir como desfeita a hospedagem.

Puxando sua mão, faço seu corpo se recostar no banco

e falo no seu ouvido:


— Eu não vou poder fazer você gritar na casa dos

meus avôs e eu quero fazer você gritar.

Sinto sua pulsação acelerar e consigo ver o arrepio

através da sua nuca.

Virando o rosto, quase deitando-o no banco, me

encara. A marca da curva do seu sorriso envergonhado

transformando sua afeição chocada em adorável.

— E se eu prometer não fazer barulho?

— Mas eu quero que faça.

Ela dá um risadinha, sacode a cabeça de um lado para

o outro brincando comigo, fingindo estar sofrendo. Aperto

sua cintura e beijo seu pescoço.

— Você gosta.

Ela vira a cabeça para mim rápido e beija minha boca

murmurando:

— Eu amo.

Respiro fundo, sentindo seu cheiro e antes de me

afastar, dou outro apertão na sua cintura.


— Vamos para a mansão e chegando lá pensamos no

que fazer.
Ela assente e se recompõe, ajeitando o corpo no

banco e olha para frente perdendo o sorriso. Sigo seu olhar e

encontro Matteo olhando para nós. Como tem valor da sua

existência na Terra, ele está com o semblante neutro.

— O que foi? — pergunto sério.

— Para a casa do Boss?

Me limito a acenar que sim e o fuzilo com o olhar até

se virar para frente. Marinne está acanhada do meu lado


olhando para fora. Arrastando minha mão pelo banco, pego

a sua e aperto. Ela suspira, mas fica do mesmo jeito. Não


olha para mim.

Um suv branco e robusto começa a subir por uma


estrada envolta da natureza, a grama tão verde e vasta que

cria um contraste. A estrada é de relevos, horas subimos e


horas descemos. Como estivesse seguindo para o deserto
verde que continua mesmo quando o chão muda para terra.
Os pneus esmagando as pequenas pedras.

O ar daqui é mais limpo e a poeira entra um pouco no


carro conforme ganha velocidade. E mais um pouco vejo o

caminho de paralelepípedo que leva para os portões altos de


ferro da mansão do meu avô.

Marinne tira os óculos e um sorriso se alarga em seu


belo rosto quando ler “D’Ângelos” no alto dos portões. Não
sei o motivo, mas ela olha para mim e seu sorriso morre

lentamente, a feição ficando calma apenas.


— O que houve?

Sacode a cabeça e aperta minha mão, que não soltei


ainda. Franzo o cenho e vou lhe perguntar se está bem

quando o carro para. Matteo sai junto com Fabricio.


Colocando meus óculos de sol, saio e espero Marinne dar a

volta no carro.
Coloco a mão na sua lombar e pego o caminho das

escadas. Ela olha atentamente para a construção antiga, as


esculturas de leão no início das escadas largas e ergue a

cabeça suspirando vendo a casa colossal em tons de areia


cercada de verde e cores fortes das árvores e flores.
— Parece um castelo — comenta admirada.
— Foi a casa de um duque anos atrás.

Ela me dá um olhar atravessado, mas sorri virando


para frente. Minha avó acabou de abrir as portas pesadas de

ferro e vem em nossa direção.


— Vocês chegaram finalmente — fala, um pouco alto

demais em italiano.
Marinne dá uma risadinha e eu deixo ela ficar na

minha frente, já que é nítido a atenção da minha avó para


ela.

— Essa é Nicoletta, minha avó.


Vovó olha para minha esposa dos pés a cabeça e abre

os braços. Elas trocam um abraço. O contraste da roupa


colorida e floral, seu cabelo loiro pintado para esconder os

braços, da minha avó com a roupa sem cor de Marinne e os


cabelos castanhos naturais, é grande.
— Você deve ser a bambina de Amândio. — Vovó fala

sorridente. — Você é muito linda. Uma bela ragazza.


Marinne fica com as bochechas vermelhas e assente

em agradecimento.
— Vocês vão me dar netos lindos.
— Ah... é... — Marinne arregala os olhos gaguejando e

olha para mim ansiosa.


Me aproximo da minha avó, beijo sua testa e me

afasto dizendo:
— Nonna, está muito cedo para a gente falar sobre

filhos. Temos só um mês de casados.


— Eu sei e lamento não ter ido no casamento. O seu
avô não estava bem, mas fico feliz que vocês estejam aqui.
Podemos organizar uma festa ou...
— Não. — Tento não ser grosso com ela. Mesmo sendo

frio com todos, com minha avó nunca consegui ser. — Chega
de festa. Só queremos curtir uns dias aqui.
— Sem problemas, você que sabe. — Ela entrelaça os
braços com os meus e Marinne, nos carregando para dentro

de casa. — Vamos entrar, Cassio está esperando vocês.


Solto o ar pelo nariz e não reivindico. Confesso que

senti falta do sotaque carregado italiano da minha terra.


Mesmo nascido nos Estados Unidos passei a maior parte do

que me lembro aqui e por isso escolhi fazer o juramento à


‘Ndrangheta, diferente dos meus irmãos. Talvez por isso

meu pai me odeia tanto quanto eu o desprezo.


Nós entramos na casa ouvindo vovó falar sobre a

estação do ano, que o clima está bom para boas fotos e


Marinne concorda e observa os detalhes, que se por fora

pode ser antigo, do lado de dentro tudo é moderno.


Paredes pintadas de marfim, uma escada colossal que

leva para as duas alas da casa, chão de porcelanato cinza


claro, janelas pintadas de dourado, cortinas brancas e

móveis de primeira linha no estilo imperial. Os olhos


curiosos de Marinne focam em mim quando vovó se afasta

um pouco.
— Você pode dizer que foi a casa de um duque, mas

parece a casa de um rei agora.


Balanço a cabeça concordando e aprumo a postura

quando vejo meu avô se aproximando. Ele está com uma


calça social cinza clara e sapatos marrons como seu suéter.
Parece despojado e mesmo assim poderoso.

Cassio D’Ângelo sempre fui um homem que impõe


seu poder por sua postura e não pela forma que se veste. E

vejo-o levantar as mãos no seu típico jeito de gesticular


italiano e parar na minha frente. Ele segura minha cabeça e

puxa dando um beijo nos dois lados do meu rosto.


— Você demorou, meu neto — diz e me solta dando
um empurrão no meu ombro com seu jeito avô natural, não

o Boss.
— Tentei chegar mais cedo. Você sabe o que
aconteceu.
— Sim e espero que esteja tudo bem agora.
Precisamos conversar sobre isso depois.
— Tudo bem — respondo friamente porque não quero
tocar em assuntos de negócios agora.

Cassio para na frente de Marinne e olha para ela com


escrutínio, querendo analisá-la. Ela fica incomodado e mexe

os pés nervosa. Ele finalmente firma seus olhos em seu


rosto, estende a mão, que Marinne coloca a sua sobre a dele

respeitosamente.
— Primeiro, queria lhe dar boas-vindas a família e

segundo, que você é muito mais bonita pessoalmente.


Espero que se sinta em casa. Que você fique à vontade
esses dias.
— Muito obrigada e a sua casa é muito bonita. —

Marinne fala baixo e olha para mim como esperasse uma


resposta do que fazer.
Minha mão encontra dela e eu aperto atrás de mim,
dando conforto.

— Nós iremos ficar na sua casa por essa semana, mas


Marinne quer conhecer a cidade. Os pontos turísticos e a
praia. Estou pensando em nos hospedar por uma semana em
um hotel.
— Mas é claro que não — minha avó exclama. — Eu
não vou permitir meu neto ficar em um hotel, que pode ter
lençóis com bactéria e aqui ele tem o seu quarto. Faça
alguma coisa, Cassio.
Vovô lhe direciona um olhar tranquilo antes de falar
comigo:

— Sua avó tem razão, Amândio. Se Marinne quer


conhecer a praia, vocês podem pegar o barco e ficar uma
semana navegando. Podem ancorar na costa, passear na
cidade, almoçar, conhecer os lugares que ela quer e depois
voltar para o barco e o alto mar é lindo.
O sorriso de Marinne pequeno sem mostrar os dentes
e o aceno de cabeça que quase ninguém percebe, me faz
aceitar a ideia. Foco em meus avós e falo:
— Certo, a gente pega o barco e ficamos aqui —
respondo em inglês, e só percebo depois porque minha

nonna torce o rosto.


— Essa semana apenas aqui — diz vovó mantendo o
italiano e sendo muito apegada. Coisa nossa. Somos bem
possessivos e poucos conseguem entender os italianos por
isso.

— Vamos ficar aqui essa semana, sim.


— Claro, bambino — Nicoletta chega perto de nós
tocando nossos rostos. — Aqui tem tanta coisa para fazer e
você vai para fazenda depois?

— Eu quero que Marinne conheça também.


— É claro. Você passa tanto tempo lá quando está
aqui — comenta e vira-se para Marinne. — Ele é quase um
cowboy. Fica todo sujinho, fedido e suado como os meninos
que cuidam da terra. Amândio gosta da fazenda desde
menino.
Marinne ri assentindo e parece relaxada.
— Eu não consigo imaginar isso — é a maior frase em

italiano que Marinne fala e eu gostei de como sua voz soa


sexy e doce.
— Você verá com os próprios olhos e bene, agora vou
terminar de preparar o almoço que fiz para vocês.
— Mas vocês almoçam cedo. Não precisava ter
esperado. São quase duas horas agora.
— Não se preocupe, — retruca dando uns tapinhas no
meu rosto, — queríamos almoçar com vocês quando

chegassem.
— Tudo bem, nonna.
Ela sorri para nós, seus olhos azuis esverdeados
brilhando e vai embora falando alto com a empregada na

metade do caminho. Marinne tenta disfarçar o riso e morde


o lábio olhando acanhada para o meu avô.
Apenas com o gesto, ele nos guia para a sala de estar
principal. Essa casa é tão grande que tem quatro salas de
estar.

Não importando se eu estou de mãos dadas com


Marinne, sigo meu avô e sento no sofá com ela enquanto ele
se acomoda na poltrona. Cassio demora um pouco para falar
e quando encara minha mulher, noto qual é o problema.

— Pode falar, nonno. — Volto para o inglês.


— Você tem certeza?
— Claro que sim. — Eu não tenho nada a esconder de

Marinne, penso, mas não falo.


— Os negócios às vezes não são para as mulheres.
— Eu não me importo de Marinne saber — falo ao
mesmo que Marinne comenta em voz baixa:
— Se o senhor quiser eu vou ao banheiro ou... não sei.

Posso sair. — Ela se levanta. — Eu não quero incomodar.


Fico de pé também.
— Você não precisa sair se não quiser.
— Eu entendo, Amândio.

Meu avô levanta e se aproxima.


— Não tem nada contra a você, Marinne, mas existe
assuntos que não gostaria de tratar na sua frente. Preciso
ver como está os negócios com a aliança que fizemos com

seu irmão.
— O senhor não ofendeu e nem ao meu irmão, que é
como um pai para mim. — Respira fundo e mantém a
postura firme. — E mesmo me considerando, Travis também

não falava dos negócios na minha presença, mas agora eu


sou adulta e o senhor não acha que é um pouco
contraditório, eu fazer parte da sua família e mesmo assim

não poder ouvir esses assuntos?


— Não é contra você, de forma alguma. São as regras.
— Está tudo bem — responde assentindo. — No fim a
moral é que fazemos tantas alianças para quando algum

conflito acontece, todos se odiarem de novo.


— Marinne — chamo sua atenção.
Vovô ri e olha para ela com simpatia, como fazia
comigo quando criança.

— Deixa-a, Amândio. Ela tem razão. — Ele fica mais


próximo e baixo o tom da voz: — Mia cara, não se preocupe.
Nunca os conflitos da Famiglia foram tão explicados como
agora.
Marinne engole em seco e assente.

Detenho minha vontade de mostrar minha afeição a


ela e o prazer de perceber que meu avô a aprova até mesmo
com sua mente sem filtro. Esses momentos me assustam.
Ela ser tão especial e ideal para mim. Era para ser um

casamento tático, mas eu ganhei muito mais que uma


esposa troféu que serve de aliança com Las Vegas.
Nos sentando de novo, a conversa se volta para as

drogas e armas que passam agora por Nova York até chegar
Las Vegas. As finanças melhoraram e claro que Cassio quer
saber dos últimos conflitos, os interesses políticos e é nesse
instante que Santino aparece vindo pelo corredor.

— Santino! — Vovô rapidamente se levanta e o fita


com entusiasmo. Cumprimenta meu primo como faz
comigo, dando o beijo no rosto rápido e o tapinha no ombro.
Espero Santino chegar até nós para levantar

estendendo a mão para apertar a do meu primo.


— Como você está?
— Eu estou bem, primo e feliz que você esteja aqui
conosco novamente — responde Santino e olha para trás de
mim.
Marinne se levantou e está com as duas mãos sobre o
seu paletó branco e parece um pouco desconfortável.
— Esse é Santino Montonarri, meu primo. Filho da

minha tia Nara.


— É um prazer conhecê-lo — diz em italiano.
— É todo meu também.
Marinne abre seu sorriso educado e estica a mão, que
Santino aperta como fez comigo e não se abala pelo fato
dela não oferecer para beijar.
Logo nós quatro sentamos. Vovô continua falando

sobre Nova York e Las Vegas, mas então ele dá um olhar


para mim que entendo muito bem.
— Marinne — eu a chamo e espero que se vire. — Você
pode ficar com vovó? Preciso conversar com eles dois e

dessa vez o assunto é mais sério.


— Não tem problema — murmura e abre seu sorriso
gentil. Ela levanta e se despede.
Acompanho-a com os olhos indo na direção que vovó
foi, e sem eu precisar falar para fazer.

— Ela é adorável e muito inteligente — meu avô


comenta quando nós estamos à sós. — Isso é um pouco
perigoso porque é visível como sua mente funciona.
— Não acho que é um perigo — retruco. — Eu prefiro

que ela seja assim do que retraída e burra. Não


menosprezando as mulheres que não querem saber de nada,
mas é pior. Elas criam um mundo na cabeça que não é
saudável. Não gostaria de ter casado com uma mulher
medrosa e frágil.
— Isso eu concordo.
Concordo com a cabeça e sem enrolações, digo:

— O que o senhor quer falar?


— Seu primo precisa ir para Nova York por um tempo.
Olho para Santino rapidamente e estreito os olhos
para o meu avô.

— Por quê?
— Temos negociações em Chicago.
— Negociações?
— Vou me casar em breve também, primo — Santino
diz com desdém. É normal se sentir infeliz com certas
pressões, mas ele pode ter a mesma sorte que eu e ter uma
esposa incrível.
— Ele vai se casar com quem?

— Greta Malvez.
Tento não demonstrar meu espanto, mas porra.
— Com a filha de Vitorio?
— Parece que o destino quis marcar essa emboscada
quando minha filha morreu e o verme de Vitorio se casou de
novo e teve Greta.
— Ele vai aceitar?
— Ele não tem muito escolha. Vou propor uma
retomada dos negócios com o casamento. A Blood Hands
está de mal a pior, e um casamento deve estar passando por
sua cabeça, mas ele não tem com quem casar a filha e
Santino está disposto a fazer.
Continuo desconfiado quando pergunto:

— Mas não é só isso, certo?


— Não. Eu poderia muito bem sair invadindo o meu
território, tirar Vitorio e colocar outro já que ele não está
dando conta de recuperar as forças, porém tenho um acerto
de contas. Uma dívida não paga dele comigo.
Cassio quer vingança pela morte da minha tia. Toda a
Famiglia sabe que não foi acidental a história de que
Antônia escorregou no banheiro e quebrou o pescoço. Essa

foi uma das piores versões mentirosas de um assassinato


conjugal, mas em nosso mundo fica no esquecimento.
Meu avô pode não ter entrar em Chicago e destruído
Malvez, mas ele nunca esqueceu e talvez pensou em um

momento propício para se vingar.


Ele vai colocar um cavalo de Tróia dentro da Blood
Hand com Santino sendo o pretendente de casamento e
uma nova aliança para fortalecer Chicago. E Vitorio não

pode desconfiar do meu avô, que disse entender o acidente


com Antônia. Cassio é um ótimo mentiroso.
— Eu preciso que você hospede Santino em Nova York
por um tempo. Ele precisa sondar o território e óbvio, eu não
vou deixar ele no território de Vitorio quando for fazer a
proposta de casamento.
— E com certeza você quer que eu vá junto —
concluo. — Por acaso passa na sua cabeça eu me aliar a este

plano?
— Mas eu quero uma aliança com você, primo —
Santino fala olhando para mim mais sério do que o normal.
Ele é mais velho do que eu seis anos e por isso nas lutas

sempre ganhou. — Eu não quero que você seja meu inimigo.


Seremos vizinhos e sempre fomos unidos.
Respiro fundo e concordo soltando o ar.
— Eu topo contanto que não respingue em Nova York.
— Não por Marinne e minhas irmã em perigo.

— Está tudo bem — Santino aceita.


Vovô me dá um olhar que não sei interpretar, mas
aceita também minhas regras.

— Em breve você será o melhor líder que Nova York já


teve — Cassio fala.
— você me criou para isso — respondo e olho para
Santino, que está balançando a cabeça.
Meu primo aceitou o fato de que eu estou acima dele

muito antes de eu saber. Nunca vou entender porque meu


avô me escolheu, porém jamais vou reivindicar suas
escolhas. É um alto risco ser um Boss, receber as
responsabilidades de Nova York desde os dezenove anos.

Mas eu nasci para isso. Ser o maior.

Depois de um almoço em família e conversas em

volume alto e despreocupadas como se fossemos normais, o


que às vezes parece muito aqui na Itália. Tenho lembranças
da minha vida quando era um adolescente de minha avó
sendo muito bondosa e aconchegante, mas eu nunca deixei
me envolver muito nesses afetos.

Santino permaneceu na casa até mesmo depois do


almoço. Ele queria conhecer minha esposa e ela parecia
tranquila com isso, menos eu que não gostei do interesse
dele.

Agora Marinne e eu estamos no banheiro da minha


suíte, na banheira. Ela está deitada no meu peito. Faço uma
concha com a mão e molho seus ombros e os seios que a
metade está submerso pela água.

Ela está respirando baixinho, ressonando. As mãos nas


minhas coxas subindo e descendo. Aperto o seu seio, mas
não escuto um gemido e sim um resmungo:
— Por favor, não. Eu realmente estou com sono —

murmura e deixe seu corpo cair um pouco de lado.


Pegando seu queixo, trago seu rosto para cima e
analiso seu estado.
— Qual o problema?
— Nada, eu só estou com sono. Não dormi direito na

viagem e eu sei que poderia, mas não deu. — Dá de ombros


e abre os olhos.
Também estou cansado. Foram onze horas de viagem

e mais o fuso horário.


— Tudo bem, mas você quer dormir na banheira?
— Não — geme. — Só que eu quero ficar aqui um
pouquinho. Está bom.
Beijo sua testa e ela fecha os olhos. Fitando a janela a

nossa frente, o céu ganhando um tom de laranja da tarde,


analiso Marinne e eu.
A verdade é que estamos bem próximos desde ontem.
E eu gosto que ela pareça precisar de mim.

— Você acha que seus avós gostaram de mim? — de


repente sua voz corta o silêncio. — Mesmo querendo saber
dos assuntos do seu avô?
Molho suas bochechas e deslizo os dedos por seu

pescoço.
— Você é linda, educada e inteligente. Claro que
gostaram.
Marinne sorri de olhos fechados.

— Eu adoro quando você elogia meu cérebro.


— É uma das melhores partes de você.
Ela morde a boca e me surpreende abrindo os olhos.

Totalmente acordada, vira de frente para mim, força minhas


pernas a se juntarem e coloca as suas em cada lado,
sentando-se no meu colo. Espalma as mãos no meu peito e
se inclina com um sorriso travesso e beija meu queixo.

E mesmo que a posição seja erótica e eu adoraria


foder com ela nessa banheira, Marinne fica mais perto e

deita a cabeça no meu peito. Passo as mãos nas suas costas

só para escutá-la gemendo de prazer.


— Estou pensando em dormir até amanhã, entrar no

fuso horário e logo pela manhã sair para conhecer os

lugares.
— É um ótimo plano.

Ela fica em silêncio, suspira alto e aperta meu bíceps.


— Quando a sua avó falou sobre você na fazenda...

fiquei curiosa. Deve ser incrível lá. Você ficou muito aqui

quando criança?
— Mais ou menos.

— E o seu irmão Leon?


— Também.

— E... o outro?
Ela está falando da Antônio. Eu nunca toco no

assunto, e nem ela fez, é a primeira vez.

— Quem sempre veio mais fui eu. Gosto daqui.


— Seu avô não gostava... dele?

— Gostava. Era Antônio que não gostava muito de vir


e nem do meu avô. — Olho para longe lembrando das brigas

com meu irmão.

— Ele preferia ficar com seu pai? — a pergunta dela


parece tão ofendida. A mesma reação que eu tinha, repulsa

por Antônio preferir papai.


— Sim.

— Nossa. Ainda bem que eu casei com o gêmeo certo

— ela faz o comentário, então suspira arrependida. Se


levanta para encarar-me. — Desculpa falar isso.

— Tudo bem. Eu entendo o seu comentário ácido,

mocinha.
Eu sorri e dá de ombros.

— Você pode falar dele para mim? Eu sei que... nunca


pergunto, mas eu queria que você falasse.

Ela quer que eu conte a verdade não o que escuta por

aí. Ninguém nunca responde o que aconteceu, porque eu


nunca contei para ninguém.
— Vamos deixar para outro dia. — Afago seu rosto. —

Eu vou te contar, só que não agora.

Marinne assente e me beija.


— Eu não me importo com o que aconteceu, está

bem. Eu confio em você. — Preocupada abre um sorriso e

toca meu rosto, agora barbeado e eu cortei o cabelo


também ontem antes de viajar. — Mas eu posso fazer outra

pergunta?
— Pode.

— Mesmo?

— Marinne...
— Eu nunca... A gente sempre fala, mas... não

necessariamente falando...
Controlo a vontade de rir. Ela nervosa é um pesadelo

com as palavras. Coloco as duas mãos nas suas coxas,

sentindo a volta da sua bunda. Eu adoro o corpo dela cheio


de curvas e carne para apertar e morder. Marinne tem uma

bunda incrível mesmo que a cintura seja fina.

— Respira e faz a pergunta.


— Nós vamos ter filhos? Você quer filhos?
Porra. Não esperava isso.

— Sim, claro que sim — respondo rápido. — Por quê?

Ela arregala os olhos antes de responder:


— É porque a gente fala meio que superficial sobre

isso, mas eu quero filhos.


— Eu também, mas não agora. A gente pode pensar

nisso daqui dez anos.

— Muito tempo — retruca rapidamente.


— Oito?

— Cinco.

Sacudo a cabeça que sim e aperto sua cintura


tentando imaginar eu como pai e ela grávida. A segunda

visão é mais agradável.


— Tudo bem. Que seja daqui a cinco anos.

Joga os braços em mim, me dá um beijo no queixo e

ronrona.
— Eu não estou pronta mesmo.

— Nem eu — falo e sinto meu coração batendo um

pouco mais rápido. — Vamos sair dessa água. Está fria.


Dessa vez ela não reivindica e saímos da banheiro. Eu

seco ela, me aproveitando do seu corpo e ajudo a enrolar a


toalha em volta dela. Marinne também me seca e acaba me

beijando e puxando para os seus braços.


Saímos do banheiro para a suíte. A cama de dossel

convidativa com lençóis brancos e limpos.


Vovó mandou fazer alguns reparos para receber

Marinne. No alto tem um negócio que parece um

mosqueteiro – eu não sei o nome –, roupas de cama brancas,


muitos travesseiros e uma espécie de cortinas presas nas

madeiras da cama de dossel. Marinne suspirou quando viu.

E agora ela vai gemer.


Parada perto da cama, ela seca os cabelos – que não

molhou muito – com a toalha e depois o seu corpo e sorri


para mim atira as duas toalhas na poltrona colonial perto da

cama. Suspende as cobertas e deita com as pernas bem

abertas.
— Vem.

O sangue desce todo para o meu pau. Puta que pariu.


Essa mulher é perfeita.

Jogo a toalha para se juntar com as delas e

rapidamente já estou junto do seu corpo embaixo da coberta


pesada. Beijo seu pescoço, lambo seu ombros e encontro
seus seios macios e quentes. Ela geme e agarra meus

cabelos.

Marinne geme abrindo as pernas para me incomodar


e geme baixinho. Sei muito bem que é porque estamos na

casa do meus avós e porque está com sono.

— Você tem certeza? — provoco. — Não quer dormir?


Ela afasta minha cabeça do seu pescoço e responde:

— Não. Eu quero você dentro de mim.


Minha boca encontra a dela, chupando sua língua e

ela passa as mãos abertas nos meus ombros e descendo

pelas costas, agarra minha bunda e nós ficamos um tempo


nos provocando e beijando.

Descendo meus dedos por sua barriga lisinha,

encontro os lábios do seu sexo e escorrego os dedos entre


eles e meto na sua boceta encharcada. Ela joga a cabeça

para trás abrindo mais as pernas.


— Amândio — sua voz é um sussurro erótico.

Estou com dois dedos dentro dela, alargando-a para

mim e sem fazer barulho. Com mais alguns estímulos no


seu clitóris e dentro dela, Marinne goza e eu meto dentro

dela.
Me apoiando nos braços, foco em seu rosto. Ela morde

a boca com força e sua garganta solta gemidos quase de dor


enquanto vou fodendo-a.

— Shuu... principessa.

Ela gemendo baixinho jogando a cabeça para trás,


arranha minhas costas e seu interior chupa meu pau forte.

Saindo, estoco para dentro. Pego o ritmo e continuo. O


barulho dos nossos corpos colidindo é alto.

— Porra — resmungo no seu ouvido. — É demais.

— Continua — sussurra.
Tento ir mais lento e de olhos fechados, afago meu

nariz no seu. Sinto sua respiração na minha boca e de vez


em quando nos beijamos.

Ela começa a ficar agitada.

— Preciso ir mais rápido.


— U-hum — geme concordando.

— Se abre mais.

Marinne envolve suas pernas nos meus quadris,


encaixo-me até minhas coxas estarem tocando sua bunda e

meto sem pausa.


— Oh...isso!
— Não fala. Não fala, porra.
Ela ri e geme e resmunga ao mesmo tempo. E

desconta a frustração de não poder fazer barulho


arranhando meus ombros.

Chupo sua boca amando como suas paredes internas

me apertam. Minhas bolas estão pesadas e preciso lembrar


do pedido dela para usar biquínis para não morder seu

pescoço. Então apenas beijo sentindo sua pulsação na

jugular.
O sono misturado com a colcha fria, o vento fresco do

lado de fora entrando pelas portas da varanda e seus


gemidos baixinhos, me dá conforto. Mexo preguiçosamente

para dentro dela. Porra. Encontrei meu novo vício. Trepar

lento.
Eu gosto de foder, de trepar e bater nela. Amarrar e

ver sua pele branquinha vermelha, mas isso aqui, eu posso

facilmente querer todo dia.


Nós gozamos sem fazer barulho, só respirações e

gemidos. Palavras que não entendo e sinto ela toda melada.


Seu interior se enchendo da minha porra.
Marinne deixa escorregar um pouco as pernas e eu o

meu peso em cima dela. Deito a cabeça no seu ombro e


escuto-a recuperar o fôlego assim como eu.

Vou beijar o seu pescoço porque está muito quieta e

vejo-a de olhos fechados. A respiração lenta e a cabeça


tombada para o lado. Minha doce mulher adormeceu.

Meu coração acelera olhando para linda mulher


embaixo de mim. Beijo sua boca e saio de dentro dela para

deitar do seu lado. Ressonando ela se mexe, vira-se para

mim e me abraça.
E enquanto ela pega no sono, chegando a roncar

baixinho, eu fito o teto até o céu ficar estrelado. Algo está

fora de ordem. Tem uma coisa me incomodando há dias e


toda vez que Marinne fica mais perto, piora. Porém ela

longe... Eu fico louco de pensar em perdê-la.


Engulo em seco, beijo seus cabelos e torço para que

essa sensação passe. Não sei que merda é essa.


Duas semanas e meia já se passaram da nossa lua de

mel. Dias que parecem iguais na minha memória. E como

sempre faço as vontades de Marinne, nós estamos no barco


do meu avô conhecendo Calábria há dez dias.

Seguindo a sugestão do meu avô também, saímos


todos os dias do barco para a cidade. Eu nunca tinha

passeado com ninguém, digo andando por aí e muito menos

com uma mulher.


Marinne não solta minha mão, para em todas as lojas

– comprando o que mais gosta –, entramos nas filas dos

pontos turísticos e ela come tudo que aparece. Ela disse que
precisa aproveitar tudo.

Agora são sete da noite, estamos de volta no barco e


minha esposa alegre demais, está vindo em minha direção

pelas águas escurecendo.

Ela quis nadar pelada e eu não ia deixar que fosse


sozinha, perto dos olhos alheios. Ancorei o barco bem longe

da praia. Jamais deixarei alguém ver minha esposa pelada.


— Você está com um olhar assassino.

— Olhar assassino?
Ela ri e me abraça com os braços e as pernas. Boiamos

tranquilamente nas águas sem ondas. Escolhi um lugar

estratégico.
— O olhar que você dá para o seu pai e para todo

mundo que chega perto de mim. Você fez muito isso esses
dias. Mas aqui não tem ninguém.

— Acho bom porque eu sou o único que pode olhar e

tocar o seu corpo pelado.


Ganho um jato d'água no rosto e vou atrás dela

quando nada para longe, mergulhando fundo. Sinto minha


ereção acordar vendo seus peitos debaixo d'água, parecem

mais suculentos. Porra. Esses dias nós trepando em

qualquer lugar possível e agora quero nessas águas.


Agarro sua cintura e ela dá uma risada alta quando

voltamos para superfície. Abraçando meus ombros, envolve

meus quadris e se esfrega no meu pau. Nós queremos a


mesma.

— Você fica tão mais bonito molhado.


Dou uma risada e aperto sua bunda.

— Como seria isso, principessa?


— Você fica sexy — beija minha boca com os lábios
abertos, — mais selvagem.

— Você gosta de selvageria?

Marinne geme e acha um jeito de passar seu clitóris


na minha ponta. Enquanto engulo em seco ela revira os

olhos.

— Eu gosto que você seja de todos os jeitos —


murmura passando as mãos nos meus sonhos. — Devagar...

forte... Selvagem.
Joga a cabeça para trás e eu vejo seus mamilos duros,

que se esfregam em mim.

— Me leva para areia.


— Se eu te comer na areia, você vai ficar assada.

Desce a cabeça e me encara.


— Você passa pomada depois. — Faz mais pressão

entre nós. — Você não me quer?

Porra. Que mulher.


Ela se afasta e nada para longe, e eu acompanho-a.

Logo estamos na beira da praia. Na areia nos agarramos,

abraçamos como selvagens. Eu puxo seu cabelo, fazendo-a


gemer alto e ela arranha minhas costas. Seguro bem forte
sua bunda e gosto de beijar sua boca com gosto salgado. Ela

chupa minha língua e eu faço o mesmo com ela.

Marinne cai de joelho e acaba deitado na areia na


toalha que estendemos antes. A praia obviamente é deserta

e por isso estamos aqui prestes a foder berrando.

— Eu gosto de transar com você, mas... — ela fala nos


meus braços deitada na toalha que acabamos de trepar. Ela

gritou tanto que a voz está rouca.

— O que, principessa? Fala para mim.


— Eu gosto quando você me machuca — quase não

escuto a resposta.
Isso me surpreende para caralho. Eu me afasto para

olhar seus olhos.

— Você quer que eu...


— Quero que você me bata.
Rolo para cima dela e Marinne morde a boca

prendendo o sorriso.
— Você quer que eu te bata?

— Só um pouquinho — ela sussurra rindo.


Balançando a cabeça, abraço seu corpo e trago para

mim. Ela deita a cabeça no meu peito e suspira alto.

— A culpa é sua. Eu nunca iria querer isso se você não


tivesse começa primeiro.

— Eu sei, mas...

— O quê? — Se apoio no meu peito e fita meu rosto


com expectativa. — Agora é a sua vez de falar.

— Eu gosto de amarrar, bater e foder mais bruto, mas


não pensei que você fosse aceitar, que dirá gostar.

Ela desvia o olhar e dá de ombros.

— Estou tão surpresa quanto você.


Sentando-me, e fazendo ela me acompanhar, tiro

cabelo do seu rosto.


— Precisamos voltar para o barco.

— Sábado vamos voltar para casa dos seus avós?

— Sim.
— E depois para a Fazenda? — ela está muito ansiosa
para isso.

Me levanto, puxo-a pela mão e beijo sua boca antes de


responder.

— Eu quero que você vá. Lá é diferente.

Desconfiada, estreita os olhos e aquiesce sem dizer


nada.

Voltamos para o barco e eu não paro de pensar o que


ela vai achar da minha ideia. Eu mesmo não sei porque

quero que ela me ajude nisso, mas foda-se. Eu quero ela

comigo.

Eu desconfiava que vovó não ia aceitar meu não como

resposta sobre fazer uma festa, mas pelo menos ela fez o

que eu pensei que fosse acontecer em Nova York. Um jantar


para a família. Embora uma reunião de família é incluído os

membros mais importantes da ‘Ndrangheta.


Assim como na festa em Nova York, Marinne e eu

fomos recebidos por aplausos e as pessoas vieram falar


conosco. Estavam curiosos para conhecer a princesa de Las

Vegas, pois é assim que chamam vovó chama minha esposa.

Depois que nós conversamos com todo mundo.


Apresentei Marinne aos pais de Santino e meu tio olhou para

ela com escrutínio, querendo ver se conseguia detectar


alguma coisa na minha mulher. Eu queria enfiar uma faca

no olho dele, mas estou em família e meu nonno tem uma

regra de que dentro da casa dele, não podemos fazer nada.


Muitas vezes tem um soldado, Underboss querendo

matar o outro em reuniões como desta noite, porém ficamos


civilizados se não Cassio D’Ângelo mata os dois.

Marinne coloca o último pedaço da carne que estava

comendo na boca e baixa o rosto porque ela encheu de fato


a boca.

Olhando para mim de soslaio, ela levanto às

sobrancelhas envergonhada.
— Isso aqui estava muito bom. Eu nunca mais quero

voltar. Nova York não tem comida boa — ela comenta e bebe
um pouco do seu vinho.
Eu preciso concordar com ela. Não tem comparação
em comer aqui. Nos Estados Unidos a alimentação é

horrível. Eu já fui para vários países e aquela coisa de


lanchar em vez de comer no almoço. Merda. A Famiglia não

sobreviveria se não fosse por suas raízes.

Um dos países que gostei muito de visitar foi o Brasil.


Lá eles comem tanto quanto na Itália e fora que o país é

responsável por acolher mais de oitenta por cento dos

italianos refugiados. Considero o Brasil um primo distante.


— Vamos dançar?

Presto a atenção na minha esposa quando ela se


levanta da mesa e dou uma outra olhada no vestido de hoje.

Foi presente da minha nonna e pela primeira vez

desde os seus dezoito anos vi Marinne usando outra cor sem


ser preto ou branco. É estranho porque eu só uso preto e ela

nunca reivindica, mas pede para eu usar uma camisa branca

de vez.
A moral da história, é que eu posso afirmar que ela

fica linda de todas as cores.


Aceitando sua mão, vamos para a pista de dança. Essa

casa é um monstro e meu avô sendo o Boss precisa fazer


muitas festas e reuniões para seus homens. Então tem um

espaço para esses eventos.


Guiando Marinne espero o maestro tocar a música

dela. Rapidamente seus olhos ganham um brilho que chega

a impactar.
— Você mandou tocar “Love On Top” de novo?

— É sua música.

Em agradecimento, ela apenas sorri. Estamos


próximos, mostramos que somos marido e mulher, mas não

além de mãos e dançar junto.


Sinto a sua vontade de me beijar igual a minha, e me

controlo.

— Você está linda.


Ela suspira e desvia os olhos engolindo em seco. Mas

eu trago sua atenção de volta. Marinne está nos meus


braços e quando giro seu corpo para longe, puxando de

volta. Seu sorriso se abre ainda mais e as mãos ficam atrás

da minha nuca, os dedos entrelaçados.


Seus olhos não se desviam um segundo sequer. E

apesar de nós fodermos muito e eu adorar essa parte. É


quando ela me olha assim, que faz meu coração acelerar. É
nesse momento que me sinto mais eufórico e assustado.

— O que foi? — Ela sussurra e puxa meus cabelos da

nuca, brincando comigo.


— Nada.

— Nada? — Devolve desconfiada e o sorriso agora é


sem mostrar os dentes. — Você está me olhando estranho.

— Estou normal, Marinne. Talvez cansado de andar por

aí.
Sua testa se enruga e ela assente antes de virar o

rosto, morde o lábio e suspirar baixinho. Desistiu de insistir.

E não sei por que essa atitude me irrita.


Eu queria que eu fosse alguém que ela insistisse.

Provavelmente só eu estou confuso sobre o que estamos


fazendo.

Paro meus pés e ela me olha assustada, se afastando.

— O que houve?
— Preciso ir ao banheiro — digo rápido e já entrando

em casa.
34

Depois de um mais um dia de passeando por Calábria,

eu e Amândio subimos para o nosso quarto e meu coração


acelera quando ele começa a acariciar meu corpo. Ele

sempre começa pelos braços, depois os ombros.


Ele puxa as alças do meu vestido branco, que usei

para conhecer o museu, tento relaxar, mas minha mente

está uma pilha pelo que fiz mais cedo. Eu fiquei curiosa e


agora estou muito nervosa porque não sei quero que ele

veja. Eu sei que estou sendo boba.

— O que houve, não quer?


— Não.

Amândio franze a testa confuso.

— Está menstruada?
— Também não.

Agora ele me olha como se eu tivesse duas cabeças.

— O que houve? Conta logo.

— Eu fiz uma coisa impulsiva e... — dou uma risada,

— não sei o que você vai achar.


— O que você fez que não pode transar?

— Pode sim, mas tinha que esperar umas horas e já

passou.

Seus olhos brilham de entusiasmo. Acho que já

entendeu.
— Eu vi na internet uma coisa chamada depilação

brasileira e eu fiz. — As borboletas no meu estômago

parecem ter aterrissado, mas continuam a movimentar as

asas perto da minha bexiga. Isso não são cócegas. É tesão

mesmo.

— Você se depilou?

— Sim, mas não que nem para o casamento.


Seu olhar animalístico. Fome cruel e selvagem. Ele

está imaginando como estou. Ah, meu Deus. E eu pensei

que ele ia tirar minha calcinha e me devorar, mas apenas

ele se afasta e pede:


— Deixa eu ver.

Engulo em seco nervosa porque eu nunca tinha feito

uma depilação total e minha virilha, do lado de dentro

também, ficou que nem quando eu era mais novo. Bem

mais nova e inocente.

— Tira a roupa para mim.


Aprumando a postura, pego forças do seu olhar. Ele

parece querer me devorar e tem o mesmo olhar da nossa

primeira vez.

— Quem fez?

— Foi uma mulher no spa fui mais cedo com a sua

prima.

Eu nunca tinha saído sozinha sem meus irmãos e sem

Amândio – desde que me casei. E hoje eu fui a um spa com

a irmã de Santino e seu segurança. Ela é uma muito legal.

Gostei de Sara e acabei lembrando da minha Sara. Estou


com saudades do seu café da tarde.

Me virando de costas, meu vestido vai parar no chão, e

logo meu sutiã e a calcinha se juntam a ele. Soltando meus

cabelos, jogo meus sapatos para longe com a os pés e me

viro de frente para o meu marido.


— O que você acha?

Amândio fica um bom tempo só me olhando, quer

dizer, olhando para minha virilha. Então ele assente com um


ar de experiência.

— Ficou bom, mas eu preciso de uma prova — suas

palavras saem no mesmo momento que avança até a mim e

dá um tapa no meu sexo e deixa seu dedo escorregar entre

os lábios.

— Oh! — Sou obrigada a agarrar seus ombros e jogo a

cabeça para trás.

E sou jogada na cama. Ele abre minhas pernas e se

ajoelha no chão, o rosto na frente da minha boceta. Eu

seguro a respiração quando sua mão corre do meio da

minha barriga até que eu sinto dois dedos deslizarem pelos

lábios do meu sexo. Eles estão molhados porque ele chupou

antes.

— Amândio — grito e arqueio as costas.

Deus, faz os avós dele não me ouvirem.

Isso é tão maravilhando. A sensação... o meu liquido

melado e meio quente escorrendo entre os lábios e


encharcando seus dedos.
— Você ficou mais sensível.

— Sim. É isso — concordo.

— Mas está melada porque ficou com tesão te me

mostrar.

Ergo a cabeça para conseguir vê-lo e respondo:

— Sim.

Ele engatinha até pairar em cima de mim.

— Peça, principessa — ele diz com sua voz gostosa

ficando perto do meu ouvido, os dedos ainda dentro de mim

e o outro fazendo círculos no meu clitóris. — Você quer


minha boca ou meu pau.

Abro os olhos e solto um suspiro ofegante sentindo ele

me acariciar. Quando eu tomei banho, percebi que fiquei

sensível, mas não tanto assim.

— Tu-tudo — gaguejo.

Ganho um beijo bruto nos lábios.

— Eu quero te comer todinha — diz me beijando

ainda. — Quero passar horas te lambendo e você nunca

mais vai querer ter pelos da sua boceta depois disso.

Solto uma risadinha e mordo o lábio assentindo

porque eu já estou gostando e ele não fez nada ainda.


Lambendo meus lábios, chupa e mordisca o debaixo e

aprofunda o beijo quando abraço seu pescoço, puxando-o

para mim.

Nosso beijo é profundo e gostoso que me tira o ar.

Faço seu corpo descer envolvendo com minhas pernas e o

atrito da sua camisa de linha, o cinto e a calça nos meus

mamilos, barriga e pernas, é alucinante.

— Eu aprecio você ter feito naquele spa. — Fala

quando nos afastamos um pouco.

— Por quê?

— Porque lá não trabalha homens, só clientes mesmo.

Estreito os olhos. Sua afirmação me dá certeza de que

ele já fez depilação lá também e eu não gosto de saber que

alguém olhou minuciosamente seu pau. Eu gosto que ele

seja lisinho, sempre achei bonito de ver, mas não outra

mulher.

Esses pensamentos de posse morrer quando Amândio

vai descendo beijando minha barriga, chupa meus mamilos


e abrindo bem minhas pernas, me come como se eu fosse

seu banquete.
Não gritar é uma tarefa difícil. O jeito é pegar dois

travesseiros ou...

— Amândio?

Ele ergue a cabeça porque sente a urgência na minha

voz.

— O quê?

— Podemos... — pausa tomando coragem. — Podemos

fazer juntos?
Ele abre um sorriso tão grande que me assusta. Para

na minha frente, me beija e belisca meu seio.


— Você quer um 69?

Assinto eufórica e abro sua camisa puxando com


força, os botões voam para cima da nossa cama e o quarto.

— Eu quero muito te chupar enquanto você me come.


Meu Deus. O olhar dele. Eu nem preciso pedir duas

vezes.
Quando acabamos, eu me sinto exausta, mas
satisfeita como nunca. Deixo meu corpo escorregar para o

lado, mas não vou muito longe porque Amândio puxa minha
perna dando um tapa na minha bunda.

Ele está de ponta cabeça na cama e eu normal,


deitada com a cabeça nos travesseiros. Eu fiquei por cima, o

que foi bom. O membro dele é grande demais e


infelizmente não consegui ainda colocar tudo na boca.
Eu suspiro exausta e feliz. Ele não é o que eu pensei

que seria. Nunca é. É sempre mais e sempre maravilhoso.


Aquele medo está mudando para tranquilidade, algo

reconfortante.
— Eu estou com calor — digo baixinho.

Amândio se levanta da cama, vai até o ar-condicionado


e o liga. Eu o admiro na sua estrutura musculosa e grande,

todo pelado. Eu amo o corpo dele.


Puxando o edredom para poder nos cobrir, ele se deita

ao meu lado e eu logo estou nos seus braços. Cabeça


deitada no seu peito, perna jogada nas suas e minha mão

vagueando por seus músculos.


O quarto está escuro, silencioso e com o cheiro das
velas aromatizantes que comprei na cidade. Sorrio de olhos

fechados e ganho um beijo suave na minha têmpora, e


depois ele tira o cabelo da frente do meu rosto e beija minha

testa, bochechas e boca. Eu não me atrevo a abrir os olhos.


— Você pode ficar com a minha amanhã?

Suspiro e finalmente ele tem a minha atenção, mas


não abri os olhos não.

— Por quê?
— Tenho uma reunião na hora do almoço, mas quando

eu voltar a gente pode fazer o que você quiser.


Franzo a testa e sinto seu dedo no meu nariz.

— Podemos andar de cavalo. Ir para a fazenda


finalmente e depois para o casebre.

Ele vira nossos corpos e eu fico de barriga para cima.


Sou obrigada a abrir os olhos para encontrar os seus e perco
o fôlego. Eu amo seu rosto, seus olhos e o jeito que ele me

encara.
— Eu sei que estou de férias, mas o meu avô precisa de

mim.
— Está tudo bem — digo fazendo carinho no seu rosto.
— Eu nunca me sinto trabalhando com meu avô.

— Isso é bom.
— É bem melhor do que trabalhar com meu pai.

Isso faz eu soltar uma risada.


— Mas uma coisa de bom ele fez para mim.

— O que foi? — Franzo a testa.


Amândio não responde, só me dá um beijo na testa e
se afasta entrando no banheiro. Balançando a cabeça,

ignoro seu surto. Ele as vezes fica assim.

Enrolando o lençol no meu corpo, saio da cama e


encontro Amândio na varanda parecendo com os

pensamentos longe. Os braços cruzados, pernas afastadas e


apoiado no parapeito. Deve estar tão distraído que nem
sentiu eu chegar perto.

Toco suas costas antes de ficar do seu lado. Ele olha


para mim um pouco alarmado e logo relaxa.
— Está tudo bem?

— Está e você? — devolve.


Nossa. Que frieza.

— Está estranho desde que a gente dançou.


Aconteceu uma coisa?

— Não aconteceu nada — ele se vira para mim e


acaricia meu rosto. — Vai dormir. Está tarde.

— Não consigo — confesso com a voz baixa. — Tem


algo faltando na minha cama.

Ele sorri, mas fica sério e respira fundo. Sem esperar


que se afaste, abraço seu corpo e ele envolve seus braços

em mim também. Escuto seu coração acelerado, a


respiração como a minha. Parece pesada e presa e quando

se solta é uma lufada de ar forte.


Eu não vou deixá-lo fugir porque não vou mais fugir
também.

Amândio acaricia meu rosto, meus cabelos –


alongando eles até a minha cintura e faz o mesmo processo

repetidas vezes. É tão íntimo e aconchegando. Consigo


sentir que ele quer relaxar.
— Vai fazer dois meses que nos casamos — comento
baixinho.

— Eu sei. Depois de amanhã. Parabéns.


Eu rio e fito seu rosto. Levanto minha mão e toco sua
bochecha, depois a cicatriz e seu peito, a marca da

‘Ndrangheta.
— Parabéns para você também.

Nós ficamos nos encarando em silêncio. As mãos


juntas.

— O primeiro mês foi difícil.


— Acontece em todo casamento. É assim mesmo. —

Dou de ombros.
— Provavelmente é sim. — Ele me envolve minha

cintura e eu deixo as mãos no seu peito. — Mas melhorou.


— Sim, nós melhoramos muito.

Amândio faz um som engraçado com a garganta e seu


olhar me deixa inquieta.

— O que foi?
— É que você é linda.

— Eu estou enrolada num lençol.


— Por isso mesmo. Eu lembro o que fizemos, não faz
muito tempo. Sei o que esse lençol está escondendo e seus

olhos são lindos.


— Eu não posso reclamar do meu marido também.

— Espero que não. Não aceitamos devolução.


Oh, meu Deus. Ele fez uma piada?!
Dou uma risada e sua boca me surpreende quando ele
agarrando minha cintura, cola seu corpo no meu e me beija

profundamente. Suas mãos me livrão do lençol. Sendo


inçada para o seu colo, abraço seu corpo e sou levada para

dentro do quarto.
O meu corpo pede pelo dele. Eu acho que estou

ficando louca. Não pode ser normal o que sinto perto de


Amândio. Se luxúria condena ao inferno, eu vou abraçar o
capeta porque eu adoro transar com meu marido.
— Será que é normal eu te querer o tempo todo?

Ele afasta sua boca da minha e estava prestes a me


penetrar.
— Eu realmente não me importo, porque você é... a
melhor coisa da minha vida.

— Eu quero você o tempo todo — sussurro.


— Sou todo seu, amor.

Tirando meus óculos de sol, solto um gemido sentindo


o meu corpo doer e me espreguiço. Essa maratona de sexo
com Amândio é uma delicia, eu não posso negar que

procuro ele tanto quanto ele faz, mas estou exausta.


Acordar todas as manhãs e parecer aceitável para os
seus avós foi difícil, por isso estou muito feliz de estar
finalmente na fazenda.

Pegando a garrafa de água que trouxe comigo para


piscina, bebo um pouco d'água e nesse momento percebo o
guarda-sol fora do lugar que deixei, mas ele continua me
cobrindo. Sorrio por ter sido Amândio que fez. Ele é tão
atencioso.

O sol está batendo nas minhas pernas e uma brisa


deliciosa vem do mar. Acho que poderia ficar uma semana
ou mais nessa Fazenda curtindo essa piscina e o campo. E
transar em todas as superfícies como Amândio.

Suspiro e engulo em seco virando a cabeça para o


lado, e me surpreendo com ele me encarando.
Ele está sério, os olhos me devoram e parecem um
céu revolto em uma tempestade particular. Eu quase não

consigo ver o azul, estão prateados e confusos.


Eu sorrio para Amândio porque eu não sei o que fazer
ou dizer.
— Oi — murmuro baixinho.

— Oi.
— Você está bem? — pergunto.
— Estou sim.
Estreito os olhos não acreditando.
— Você não está relaxando. Aconteceu alguma coisa.

— Não consigo relaxar porque têm muitas coisas na


minha cabeça.
Dou de ombros. Ele está estranho, mas me trata bem
e fica comigo o tempo todo, só anda estranho. Uma hora vai

passar. Amândio tem um temperamento difícil e eu estou


disposta a aguentar. Esses dias aqui me transformou.
Já tem um tempinho que não sinto mais o medo dos

sentimentos, apenas o frio na barriga. É claro que ainda me


assusta eu me entregar e ele não corresponder. Eu nem sei
direito o que estou sentindo.
Viro meu corpo, deitado de lado, fico de frente para o
senhor azedo. Minhas mãos formigam querendo tocar seu

peito nu. Ele é tão e apenas de calção de banho, é um


pecado de gostoso.
— O que vamos fazer hoje? — pergunto olhando seus
olhos. — Andar a cavalo ou você vai finalmente me ensinar a

andar de moto.
— O que você quiser. O que te deixar feliz.
— Eu me sinto feliz o tempo todo ultimamente.
Amândio senta-se na espreguiçadeira igual a que

estou e indaga:
— Isso é verdade?
Espelho sua postura e não pisco enquanto confesso:
— É bom ficar mais junto... assim.

— Sempre estivemos.
— Não — digo balançando a cabeça. — Não quero só
transar com você pela casa... — reformulo o que quero dizer.
— Não basta só transar com você pelo mundo todo. Eu

quero mais.
— Mais?
— É. — Dou de ombros, levanto e vou sentar no seu
colo. Ele não me afasta, envolve minha cintura e eu sorrio

sem mostrar os dentes. — Quero sua companhia e te


conhecer.
— E o que preciso fazer?
— Você já está fazendo, Amândio. Apenas continue e

pare com essa cara fechada.


— Eu vou tentar.
Nos beijamos e estico a mão para o meu celular
quando paramos. Tiro uma self nossa e ele até sorrir.
— Você é mais do que eu mereço.

O abraço forte para agradecer esse comentário e


fecho os olhos quando deito a cabeça no seu ombro
sentindo seu carinho nas minhas costas e braços. Ele está
tentando como eu e isso vale muito.
35

O dia passou que nem senti. Marinne insistiu tanto

que nós fomos andar de cavalo depois da piscina. Ela


merece minha atenção. Estou agindo como um babaca

desde a festa e aquela dança. Tudo por causa do que ela me


faz sentir.

Primeiro que eu não deveria sentir nada, mas estou

perdendo todo o meu autocontrole cada vez mais.

Acabei de sair da cama para tomar uma ducha,


porque minha esposa é insaciável. Eu não estou

reclamando.

Terminando de me secar, coloco uma cueca limpa e

vou me deitar ao lado de Marinne, que não saio da cama


para começar, e agora está com as costas apoiada na

cabeceira com a sua camisola sexy transparente e de

calcinha. Ela está lendo um livro e fica rindo para ele o

tempo todo.

Como estou deitado, acaricio suas pernas apreciando


como é sedosa, mas nem quando toco sua boceta por cima

da calcinha ela larga o livro. Aliás ri alto. Não sei o que é tão

engraçado.

Dando um beijo na sua coxa, me viro, apoio as costas

na cabeceira também e pego meu iPad para checar alguns


e-mails.

Estou conferindo o último quando escuto-a fazer um

resmungo parecido com gemido. Então fito-a e ela está com

o livro parado e olhando para minhas pernas.

— Algum problema? — indago cerrando os olhos para

seu rosto.

Ela pisca como tivesse sido pega no flagra por mim.


— Não. Está tudo bem.

— Okay.

— Okay — ela repete e volta a ler o livro, e eu meus e-

mails.
Não se passa nem cinco minutos e a pego olhando de

novo para mim, só que fico em silêncio e percebo que não é

para minhas pernas e sim para o meu pênis. Então olho para

ela esperando que se explique.

Respirando fundo, Marinne fecha o livro deixando em

cima da cama perto das pernas, projeta o corpo para ficar de


lado e de frente para mim.

— Você sabia que um livro tem o tamanho de

dezesseis por vinte e três? — diz com a voz animada como

uma menina safada que ela é às vezes.

Franzo a testa sem entender o comentário. Ponho o

iPad em cima da cabeceira para dar total atenção a ela.

— Do que você está falando?

Ela olha para o meu rosto, para minha barriga,

descendo os olhos até o meu pau e depois fita meu rosto de

volta.
— Eu estava pensando... — Limpa a garganta. —

Assim... Só para tirar uma dúvida.

— Sobre o que? — Interrompo antes que começa a dar

voltas.
— Eu estava lendo esse livro e acontece que a

protagonista estava... fazendo uma coisa.

— Fazendo uma coisa? O que seria?


Ela morde a boca não querendo dizer, remoendo seja

lá o que for na sua cabecinha fértil.

— Fala.

— Eu vou te mostrar. Fica quietinho — pede fazendo

uma voz sexy.

Ela se arrasta para baixo até ficar de joelho na cama,

desce um pouco mais e monta as minhas pernas. Ela fica

sentada perto dos joelhos e começa a descer minha cueca.

— O que que você está fazendo?

— Tirando sua cueca — responde com o rosto perto do

meu pênis. — Você pode me ajudar a te ajudar?

Ela está me seduzindo e agora massageia meu pau.

Sua mão sobe e desce, no começo lento, depois forte e

rápido. Lógico que meu pau reage ficando duro.

— Você quer que eu fique duro?

— U-hum — geme e beija a cabeça e lambe depois.

Abro a boca adorando a sua em mim e estico a mão


para apertar seus cabelos, mas sem empurrar.
— O você quer? Me chupar?

Respira pelo nariz, ela ergue a cabeça. Vejo sua língua

lamber a minha ponta e fazendo círculos. As vezes não

consigo crer que aquele garota de franjinha é minha esposa

safada.

— Não só isso — ela sussurra e o ar que sai da sua

boca atinge meu pênis.

Não tenho tempo de dizer nada. Ela me coloca todo

para dentro. Minha cabeça vai para trás, chegando a bater

na merda da cabeceira. Porra.


Ela me colocou na boca duas vezes, a primeira foi

apenas uma tentativa, que resultou nela engasgando e se

afastando rápida. A outra foi no barco e ainda lembro como

é sentir meu pau na sua garganta, mas não quis forçá-la a

me levar por muito tempo.

Com outras mulheres eu metia nas suas gargantas e

não ligava nenhum pouco, mas Marinne é minha esposa e

não quero usá-la dessa forma.

Mas agora parece que ela está livre. Se entregando ao

prazer de me chupar e não serei eu que vai parar ela.


Enrijeço o maxilar quando engole mais um pouco e aperto

as cobertas da cama sentindo sua garganta.

— Cuidado, porra.

Marinne passa as unhas nas minhas coxas e baba

quando tira meu pau da sua boca engasgando. Quando

ergue os olhos para mim, estão marejados e mesmo assim

parece triunfante e linda. Absurdamente linda.

— E agora? Você quer medir o meu pau, é isso? Com

um livro?

— U-hum — ela responde séria, mas acaba caindo na

gargalhada e eu balanço a cabeça desacreditado.

— Faça o seu melhor, principessa — digo.

Ela se recompõe, engatinha para cima e me beija. Não

deixo se afastar, agarro seu rosto e aprofundo o beijo. Sinto

meu gosto na sua boca e não há coisa mais sexy e triunfante

mesmo do que ela ser minha desse jeito.

Dando um beijo estalo nos seus lábios, bato sua

bunda para fazê-la sorrir.


Marinne volta para a posição anterior, segura firma

meu pau, punhetando devagar, e pede:

— Pega o livro.
Esticando a mão, pego o livro e entrego na sua mão

livre.

— Não acredito que estou te ajudando nisso.

— Fica quietinho — fala franzindo a testa, sua

expressão séria.

Observo em silêncio Marinne segurar o livro ao lado do

meu pau ereto. Sorrio de lado vendo sua cara de espanto

vendo meu pau dar uma tremida porque está todo em pé já


que ela segura pela base. E finalmente bota o livro ao lado e

não se demora quando vê que é do mesmo tamanho, na


verdade a cabeça passou um pouco o livro.

Mordendo a boca com força, joga para longe o livro e


engatinha para os meus braços. Pego sua cintura com as

mãos abertas e faço-a se sentar em cima de mim.


— Isso quer dizer que seu pau é maior que vinte e três

centímetros — ela diz com os olhos arregalar e um


sorrisinho.

Embora a loucura de medir meu pênis, coisa que


nunca pensei em fazer mesmo notando desde o último
crescimento, creio que foi nos meus dezesseis anos, que ele

é grande. Ou maior do que a maioria que já vi por aí nos


vestiários da academia da Darkness e dos paus que já
arranquei dos babacas que invadem as minhas boates.

Agora me sinto bastante orgulhoso e pego o livro que


caiu perto de mim, jogo para fora da cama e beijo sua boca.

— Você é tão sortuda.


Marinne ri alto e ergue os braços para cima. Nem

precisa dizer nada. Puxando sua camisola, tiro do seu corpo


gostoso, rasgo a sua calcinha e derrubo-a na cama. Ficando
entre suas pernas, já encaixando meu pau no seu calor, que

está meladinho. Ela adora meu corpo e fica excitada fácil.


Isso me deixa mais orgulhoso do que o tamanho do meu

pau.
— Vamos ver se você aguenta vinte e quatro

centímetros até o fundo dessa boceta gostosa mais uma


vez.

Ela arranha meus ombros e sussurra:


— Só se você me chamar de principessa.

Giro na cama e aperto sua bunda.


— Me cavalga que nem fez com o Black, principessa.

— Ah! — Isso foi um riso alto misturado com gemido.


Porra. Ela me faz tão bem. Eu a adoro, talvez mais que
isso.

Nós estamos suados e sem fôlego, sentados nas

cadeiras do lado de fora. Eu não sei como sobrou energia


para correr depois da madrugada de sexo pós medição de

pênis. Mas talvez a culpa é do corpo viciante de Marinne.


Ela sai da sua cadeira e vem ficar em cima de mim.

Sua respiração pesada perto do meu pescoço. Passo as


minhas mãos nas suas costas e coxas, subindo descendo e

adoro seus cabelos espalhados no meu ombro.


Os minutos se passam e nossa respiração se acalma. E

ela levanta a cabeça vendo Black correndo no cercado de


treino. Ele é o cavalo que meu avô me presenteou quando

pequeno e mesmo bruto e volátil, ele deixou Marinne montá-


lo duas vezes.
— Eu adoro seu pau de vinte e quatro centímetros —

de repente ela comenta.


Encaro seu rosto e ela dá uma gargalhada abraçando

meu pescoço.
— Você lembrou do meu pau vendo o cavalo?

— Shuu...
Envolvo forte seu corpo e fecho os olhos aproveitando
sua companhia. Não sei mais o que ela pode fazer para ser

mais perfeita.
— Eu nunca pensei que você seria assim comigo — ela

sussurra.
— E nem eu pensei que você seria uma ninfomaníaca.

Ela ri baixinho, porém sinto que não está sendo


brincalhona agora.

— Mas você é meu marido e eu posso tudo.


Ela levanta o corpo e fica olhando para mim passando

a mão no meu rosto.


Eu adoro essa mulher de um jeito perigoso.
— O que foi? — tento descobrir o que tem na sua
mente.
Ela sorri e toca a cicatriz em cima do meu olho.

Sempre essa cicatriz.


— Vai me contar sobre ela agora?

— Eu tenho algo melhor em mente do que apenas te


contar o que aconteceu.

— O quê?
Enfio a mão entre seus cabelos, puxo seu rosto para

mim e começo a beijar sua boca chupando seus lábios, sua


língua e aprofundo quando ela geme na minha boca. Suas

mãos apertam meus músculos, já que não estou de camisa


e gosto quando toma a atitude de montar minhas pernas.

— Eu adoro quando você sorri — diz me beijando e se


afasta fixando os seus lindos olhos azuis nos meus. — Quero

poder te deixar menos sombrio.


Assinto em silêncio e faço cócegas na sua barriguinha.
— Eu adoro você — ela diz meio sem certeza, meio

envergonhada.
Porra. Marinne. Dou um beijo estalado na sua boca e

não desvio o seu olhar intenso.


— Eu também adoro você. — Confessar isso é muito,

no entanto, não consigo controlar e eu não sabia que queria


ouvir dela.
Noto que puxa o ar com força e sua pulsão acelera

tanto que vejo palpitar na jugular.


— Promete... não me machucar.
Porra. Porra!

— Claro — afirmo e deixo que deite no meu peito.


Meus olhos seguem o vasto terreno da fazenda. Eu

queria poder dar a certeza para ela de que nosso casamento


vai sobreviver a todas as crises. Nosso relacionamento está

sobre forte pressão por todos os lados e todos os motivos.


Meu pai quer golpear Travis e meu avô não quer que

eu me envolva tanto.
Um eu irei matar e o outro decepcionar porque não

consigo mais me afastar dela.


36

Meus avós devem estar entediados para aparecem

aqui na fazenda e acabarem com a nossa privacidade. Nem


a porra do Matteo está nos importunando mais já que

mandei ficar num hotel. Ele manda os relatórios e quando


saímos para cidade nos escolta, mas só isso. No barco e na

fazenda não quero ninguém perto.

Nós sorrimos e acenamos para o carro dos meus avós

que os levam para a casa de volta, umas boas milhas de


distância. Eles tinham que ter ido mais cedo porque tenho

algo muito importante para fazer hoje.

Marinne vira-se para mim quando o carro some e só

falta dar pulos de animação. Ela está linda e parece jovem


demais com o biquíni preto – que me deu ideias sádicas por

ser todo amarradinho no seu corpo – e short jeans. Estamos

à vontade e deram sorte de nos verem vestidos.

Estávamos nadando antes dos meus avós chegarem,

por tanto estou com uma calça de moletom e uma camiseta


preta que ela pegou correndo para mim.

Minha sunga deve ter parado no mato quando

Marinne jogou para longe antes de se ajoelhar na minha

frente e começar a me masturbar.

— Você vai mesmo me levar para andar de moto?


— Claro que sim.

— Então vamos logo.

Eu a sigo para onde deixei minha moto. Não sei

porque está tão entusiasmada quando eu apenas disse que

iriamos para o casebre e talvez ensinaria ela a pilotar. Já

andamos de moto esses dias.

Espero que não acabe essa alegria assim que


descobrir meus planos. Eu preciso ver até que ponto

Marinne consegue ver a verdadeira face do que faço, da

máfia. E finalmente responderei tudo que ela tanto quer

saber.
Subindo primeiro espero ela se agarrar a minha

cintura acomodando-se na garupa da moto. Morde minha

orelha e enfia as mãos dentro da minha camisa.

— Você fica gostoso andando de moto — sussurra no

meu ouvido.

Aperto sua mão e dou partida na moto correndo pela


terra, levantando poeira. Não demora muito e pego o

caminho do casebre, mas iremos dar uma parada antes.

Seus braços me abandonam quando ela os abre e

deixa seus cabelos voarem enquanto corro. Marinne está se

diverte na garupa e faz questão de me abraçar, levantar

minha camisa e tocar minha pele.

— Chegamos — comunico.

— Foi bem rápido — ela diz e sinto a dúvida na sua

voz.

Eu desligo o motor, ela sai e quando estou de pé,


agarro sua cintura, boto em cima da moto e abrindo suas

pernas, me encaixo.

— Você está sendo muito travessa.

Ela não sorri, mexe a sobrancelha sutilmente.

— Aqui não é o casebre — fala com a boca na minha.


Me afasto e arrumo minha camisa.

— Não.

Marinne levanta e coloca as mãos na cintura a


desconfiança brilhando em seus olhos.

— Onde estamos? O que viemos fazer aqui?

Seguro seu queixo, erguendo seus olhos para mim.

— Depois eu vou te comer em cima dessa moto.

— Depois. Agora me responda.

Solto a respiração. Ela é muito perspicaz. Puxando-a

comigo, entramos na casa.

— Primeiro vamos trocar de roupa.

— Não me enrola, Amândio.

Me viro para ela.

— Eu não estou.

— Então me conta o que estamos fazendo nessa casa

estranha.

A casa é pequena comparando com a da Fazenda e a

dos meus avós. Modesta e simples. Um andar, ampla e sem

moveis. Tem apenas uma mesa comprida, a cozinha aberta

e quatro portas dos quatros, que usamos para dormir e


trocar de roupa. Espero que tenha algo para ela vestir.
Nunca uma mulher entrou aqui para ver a luz do dia

seguinte.

— Eu vou responder todas as perguntas que você

tanto faz para mim.

Sua postura muda imediatamente. Ela engole em

seco e seus olhos brilham.

— Tudo? — sua voz é baixa.

Concordo acenando, fico perto dela de novo e ponho a

mão na lateral do seu pescoço.

— Tudo e vou... — pauso. — Eu quero ver até onde


você pode ir.

Ela franze a testa.

— É um teste?

— Sim.

O medo mascara sua face. Por isso beijo seus lábios de

leve, querendo que ela sinta que está segura.

— Não vou machucar você. Eu quero saber se você

consegue fazer o que for necessário para se proteger.

— Você quer dizer matar alguém? — retruca

rapidamente. As mãos no meu peito.


A astúcia dela não me dá garantia de nada. Eu adoro

que ela pense como eu, se vista como eu e sabia lutar, atirar

e usar a merda de uma espada japonesa, mas preciso de

mais. Eu quero ela forte. Capaz de matar para não morrer.

— Quero confiar em você.

— Confiar em mim?

— Não sei até quando conseguirei segurar os conflitos

em Nova York. Você sempre diz que sabe atirar e até usar

uma espada, mas você já usou elas?

— Eu acho que você não consegue compreender que

Dario nunca pegou leve nos treinamentos.

Segura seu rosto com as duas mãos e procuro as

palavras certas para ela entender.

— Marinne, treinamento não é igual a vida real. Você

ver o seu irmão matar, é diferente de você precisar fazer.

— Eu nunca fiz porque não sou um soldado ou uma

iniciada. Não é permitido e você sabe. Eu aprendi a lutar, a


usar uma espada e a tirar porque sempre fui um pouco
curiosa e talvez abusada. Eu não usei meus talentos, mas eu

aguento.

— Eu espero mesmo que você aguente.


Ela dá um passo para trás olhando para mim confusa.

— Por que você está falando isso? Até agora não

entendi o que estamos fazendo nesse lugar e já deu para

entender que essa casa é aonde faz as torturas.

— Aqui treinamos, os soldados fazem seu juramento,

mantemos nossos prisioneiros e onde tem o calabouço.

— O calabouço?

Balanço a cabeça assentindo e corto nossa distância.


— Eu quero que você me ajude a fazer uma coisa, mas

antes precisa colocar uma roupa. Você aceita?


Seu peito sobe e desce por conta da respiração afoita.

Sua resposta é aceitar minha mão quando ofereço e a levo


para um dos quartos.

Espero Marinne sair do quarto e balanço a cabeça em


aprovação por sua roupa. Ela conseguiu achar uma calça
pequena e uma camisa social media, que dobrou de um
jeito que parece ter sido feita para ela.

— Ficou bom? — indaga com ar de superioridade.


Pegando a sua mão, beijo sua testa.

— Ficou ótimo.
Ela enche os pulmões de ar, no caso coragem e me

segue para os fundos da casa. Saio e seguimos em direção


de onde ficam os cavalos. Muitos preferem em vez de carro
e moto.

O estábulo está vazio porque ordenei Matteo levar os


dois cavalos para a Fazenda. Os soldados que ficam em

guarda foram para o laboratório de drogas que fica no


subterrâneo.

— Matteo? — Marinne franze a testa para mim. —


Pensei que seria só nós dois.

— Ele precisa estar aqui.


Sabiamente ela não diz nada.

Caminhamos para dentro do estábulo e viramos em


uma das selas e finalmente vimos o desgraçado. Marinne

me encara confusa e dá um passo para frente, mas eu


agarro seu braço detendo-a de se aproximar mais.
Faço um sinal de cabeça para Matteo ficar atento.
Ferdinando estava dormindo quase de cara no chão.

Pegando a enxada, bato no ferro da sela e o barulho faz ele


levantar a cabeça com o susto, acordando.

— Porra, você me deu um susto.


— Levanta — eu mando.

Ele fica de pé ajeitando sua camisa, que está toda


amarrotada, e o paletó.

— O que que você quer?


— Eu quero que você me faça um favor lá fora. —

Enfio as mãos nos bolsos e afasto as pernas.


Ferdinando se aproxima e olha para Marinne de cima

a baixo
— Trouxe a sua esposa.

— Lá fora — digo protegendo Marinne, fazendo-a ficar


atrás de mim e dele pôr os olhos nela. Faço um sinal para
passar na minha frente. Imediatamente ele obedece e

espero estar no meio do gramado ressecado para sacar a


minha arma sem ele perceber e acerto seus pés de uma vez.

Ferdinando cai para frente gritando e xingando de dor.


— Puta que pariu. Por que você fez isso? Você está

maluco?
Matteo chega perto e antes de Ferdinando ter a

chance de pegar a sua arma, suas mãos têm o mesmo


destino que os pés. Matteo atira e eu corro para chutar seu

estômago.
— Estou te devolvendo o que você fez comigo.
Ele se mexe agonizando pela dor nos pés e nas mãos,

fica de barriga para baixo e me surpreende tentando pegar


sua arma. Tento deter Marinne, só que é tarde, ela corre e

chuta a mão dele.


— Sua vadia.

Ela recua o pé como um jogador de futebol e a cabeça


dele é a bola perfeita. O chute faz Ferdinando rolar no chão.

Deve ter quebrado o nariz com a bota que está usando de


bico. Foi propício já estar com elas quando viemos.

Não arriscando, puxo-a para longe dele.


— Droga — ela reclama virando de frente para mim. —

Você não me quer forte? Então deixa eu fazer e me conta a


história.
Como apenas Matteo está por perto, seguro o queixo

dela e beijo sua boca.


— É todo seu.

Ela agarra meu punho e parece feroz.


— Me conta o que ele te fez antes.

Pego sua mão e passo seus dedos na cicatriz em cima


do meu olho. Não preciso dizer mais nada. Fico louco e com

tesão pelo brilho que seus olhos ganham.


Marinne se vira, parece procurar algo e me surpreende

quando pega uma pá de limpa estercos. Caminho


lentamente até Ferdinando e se inclina falando:

— Vou arrancar os teus olhos com o meu sapato, seu


desgraçado.

Seguro a vontade de ri com sua bravura e noto


Ferdinando olhando para mim.
— Você vai fazer isso para parecer um chefe forte para

sua mulherzinha?
Novamente Marinne se defende batendo nele com a

pá. O som do metal no ombro dele é estridente. Acerta seu


queixo com a ponta do sapato, não fazendo um grande

estrago.
Ela é bem inteligente, pois o que está fazendo são
artimanhas de tortura; bater para machucar e durar mais

tempo. Não sei se ela tem noção ou se é instinto. De


qualquer forma, está mandando muito bem.
— Não me chame assim — ela esbraveja e zangada

olha para mim com o rosto fechado. Extremamente linda. —


Você tem uma faca?

— Claro que sim, por que não?


— Arranca logo a porra da língua dele. Assim não fica

enchendo o saco.
— É uma boa ideia, mas ele vai sangrar muito rápido e

eu ainda preciso marcar ele como um gado.


— Ele também está por trás da sua marca?

Apenas concordo assentindo. Vejo seu maxilar


enrijecer e se virar para Ferdinando aprumando a postura.

Ela está realmente com raiva. Tocando suas costas, avanço e


espero Matteo parar perto dele também.

Me ajoelho ao seu lado, passo a faca vagarosamente


nas suas sobrancelhas e forço no canto, cortando perto do

seu olho como ele fez comigo. Matteo pisa na sua mão para
ele não tentar me acertar.
— Você não pode me matar. — Para recuperando o
fôlego, ele está com dor no maxilar. — Não pode fazer isso.

O seu avô não vai deixar.


Fico cara a cara com ele.

— O meu avô não está nem aí para você, seu merda.


Ele têm muitos iguais a você para fazer o seu serviço. Você

tinha que ter pensado antes de tentar me cegar.


— Eu segui ordens.

Soco com o punho de lado seu externo para deixá-lo


sem ar por uns segundos. Ferdinando tosse rápido, cuspindo

sangue.
— Me capturar é atrair o Boss.

— Vir buscar você para sua morte, é sobre a minha


honra. Não poderei governar a Ndrangheta sabendo que um
dos meus homens participou da minha tortura.
— Então terá que matar mais alguns. Eu não estava

sozinho.
Engulo a raiva e fito minha faca falando:
— Minha esposa tem razão. Você está falando merda
demais.
— Eu não quis cegar você. O plano nunca foi um dano
permanente.

Eu estico minha mão e agarro sua camisa. Puxo até


ele ficar de pé. Sou forte para caralho e ele é magro porque
bebe e fuma demais.
— Você terá o que merece.
Solto-o, ele cai na terra com pedrinhas. Pegando seus

cabelos, arrasto e faça um sinal para Marinne. Ela pega a


cadeira e rapidamente traz para eu colocá-lo. Deixo-o
sentado na entrada dos caminhões, que o sol está batendo
forte.

— Tira a roupa dele.


Matteo é rápido e deixa ele só de cueca, e se afasta.
Seu corpo está com vários hematomas e cortes. Sangue
escorre pelo seu rosto do corte que fiz.

Paro na sua frente e estalo os dedos para Matteo, que


sabe o que eu quero. Que esquente o forcado na fogueira
que mandei acender.
— Antes de você morrer, quero ensinar minha esposa

como uma tortura alguém.


Ferdinando olha para mim e noto a repulsa.
— Por que você quer ensinar isso para ela?
— Porque eu estou com vontade.

— Desperdício. Uma mulher não tem que aprender a


matar só esquentar a cama e chupar até o fim.
Detenho Marinne colocando a mão na sua frente.
— Não lembro de ter pedido a sua opinião — digo e

começo a socar a cara dele incessantemente.


O sangue respinga na minha cara, molha a minha
mão e mancha o chão terreno criando uma poça marrom
escura. Agarrando seu crânio, aperto seus olhos e tremo

sentindo esmagar seus miolos. O sangue desliza para fora


dos buracos dos seus olhos e sinto em meus nervos o desejo
de ver seus olhos na palma da minha mão.
Paro soltando o ar pela boca e fico de costas para ele.
Marinne está parada sem reação, mas sua respiração está

acelerada.
Pergunto sem palavras se ela está bem e espero seu
aceno para continuar.
Giro em meus calcanhares e no momento exato que

Matteo vem com forcado em brasa. Tão quente que os


quatro dentes do garfo de feno estão vermelhos.
— Segure ele.

Matteo expõe seu peitoral para mim prendendo os


braços dele para trás e eu carimbo o forcado de lado na sua
pele.
— AH! PORRA! — ele berra jogando a cabeça para trás
e tenta empurrar a cadeira para trás com os pés, mas

Matteo não permite.


Queimo sua pele até ver que está empolando e o
sangue escorrendo. Sangue queimado e fedorento.
Ferdinando sacode a cabeça em agonia. Eu afasto o forcado

para ver a marca perfeita dos quatro dentes queimados.


Minhas mãos estão tremendo e soltando o forcado no
chão vejo a sombra de Marinne aparecer do meu lado. Ergo
a cabeça e vejo-a com um pequeno sorriso encarando

Ferdinando.
O sangue está pingando do nariz, do supercílio, do
peito e das mãos e pés. Sua cabeça pende para frente
enquanto geme sem fôlego.

Respiro fundo, tiro o lenço de dentro do meu bolso.


Limpando a minha mão pego a faca, que eu tenho no coldre
e estico para Marinne. Ela olha para mim com o cenho

franzido.
— O que?
Projeto meu corpo de frente para ela e digo:
— Eu quero que você tenha a honra de usar a faca

como você quiser com ele.


Ela sorri agradecida e chega perto de mim. Puxa
minha camisa fazendo-me inclinar para ela.
— Eu com certeza vou chupar muito você hoje.

Agarro-a pelos cabelos, minha mão na sua nuca e


beijo sua boca com força.
— Eu vou cobrar.
Marinne sorri e se afasta com a faca na mão. Chega
até Ferdinando e assisto quando estica a mão livre e puxo

sua cabeça para frente pelos cabelos. Ele olha para ela e
tenta tirar a cabeça do seu agarre, mas ela não solta.
— Você ainda está sentindo alguma coisa? —
pergunta e passa a faca pelo braço dele perfurando. Eu vejo

o sangue escorrer.
— Vadia! — ele grita esperneando.
Chego perto e piso nos pés dele. A dor é tanta que ele

começa a implorar, mas minha mulher corta o outro braço


dele e depois a barriga e enfia a faca no seu joelho, girando
e arrebentando as articulações.
Orgulhoso respiro no seu cangote dizendo:

— Vai, querida. Faça o seu melhor.


Ela não esboça nenhuma reação. Apruma a posta e
me dá um beijo de surpresa antes de empurrar com os pés
Ferdinando no chão. Pega o forcado do chão e caminha

lentamente até ficar em cima dele. Entorta a cabeça para o


lado e abre um sorriso assustador.
Ela é perfeita.
— Mudei de ideia, sabe.

Ferdinando segura a respiração e não fala nada.


Finalmente o respeito e medo dado a ela.
— Sobre o que? — Matteo pergunta e é para saber o
que ela está pensando.

— Não vou usar meus sapatos — diz olhando para o


meu braço direito e depois foca em Ferdinando. — Acho que
isso vai funcionar. — Ela fala e ergue o forcado.
Os olhos inescrupuloso de Marinne analisa os dentes.
Vira a peça para um lado, para o outro e quando menos
espera, segura o cabo com as duas mãos e mergulha os
dentes nos olhos de Ferdinando.

Ele esperneia, balanço as pernas tentando se livrar,


mas está espetado na grama. A vida é drenada do seu corpo
quando Marinne vira o garfo no seu rosto e parte sua
cabeça, tirando a parte de cima. Seu crânio fica em dois

pedaços e ela levanta o forcado para ver o cérebro dele


espetado, que logo vira geleia.
Vagarosamente ela respira fundo, solta a arma e
virando-se para mim, corre para os meus braços. Ela sorri
abraçando meu pescoço e me beija.

— Isso foi incrível — fala baixinho e morde a boca


analisando o que fez. — Meu Deus, agora eu entendi.
— O quê?
— Porque vocês gostam de machucar e

principalmente um filho de puta desses.


— Não fala assim.
— Amândio — ela empurra meu peito. — Eu acabei de
assassinar um homem e você está incomodado porque falei
palavrão.
Agarro sua cintura e coloco o cabelo atrás dos eu
rosto, e sem querer a sujo de sangue. Ela olho minha mão e
deve passar algo em sua mente porque focando em meu

rosto, toca a cicatriz.


— Será que você confia em mim agora?
— Com tudo de mim — agarro sua bunda.
Me afastando, olho Matteo que está discretamente

olhando para longe. Estalo os dedos para ele prestar


atenção.
— Limpe tudo e deixa que os outros saibam o que
aconteceu. Porque aconteceu.

— Quer que saibam que foi ela que deu fim nele?


Fitando minha princesa assinto.
— Quero.
Marinne tem o semblante em branco quando abraça

meu pescoço e diz no meu ouvido:


— Me leva daqui.
Pegando-a no colo, vou para a moto e falo adorando o
olhar satisfeito e orgulhoso dela.
— Você é completa. Linda, inteligente, gostosa, sexy e
uma assassina sanguinária.
Ela dá uma gargalhada e beija meu pescoço.

— Sou igual ao meu marido. Parece que fomos feito


um para o outro.
Paro antes de chegar na moto e fico sério. O que ela
disse é assustadoramente bom. Perigoso, mas bom.

Deslizo meus dedos pelas costas de Marinne para


cima e para baixo, ela geme baixinho e solta a respiração

lenta, como um suspiro. Como uma impulsão, ergo-me


rápido e deixo um beijo nas suas costas. Ela vira o rosto para
mim e está com um sorriso sonolento e sexy para caralho.
— Será que uma hora nós vamos cansar?
Franzo a testa não compreendendo-a.

— Disso. — Menciona nossos corpos nus com os olhos


e me dá um sorriso envergonhado. Tão safada. — Isso,
Amândio. Nós transarmos o tempo todo.
— Não.
Marinne ri alto e encolhe os braços para dentro da

cama, quase se escondendo no colchão da cama. Ela parece


ainda mais sexy e linda. Sua bunda empinada me provoca
loucas sensações. Percorro com a ponta do indicador sua
coluna até sua bunda, o rego, e deixo escorregar para o

meio das suas pernas. Ela empina mais a bunda e fecha os


olhos mordendo a boca. Ergo a sobrancelha satisfeito em
sentir que está ficando molhada, sua reação a mim. Inclino-
me para dizer no seu ouvido.

— Nem eu e nem você pretendemos abolir o sexy tão


cedo..
— Na-não... disse isso — fala gemendo de olhos
fechados. — Mas... toda hora?

— Nunca fui viciado em nada, talvez adrenalina...


— Por isso a moto e os esportes? — Me interrompe.
— Por isso eu vou fazer as cobranças da Famiglia,
querida.
Ela abre os olhos e eles estão azuis escuros e curiosos.
— Eu nunca usei drogas, nunca gostei dessa merda —
continuo. — Vício torna as pessoas fracas e independentes

de algo que precisa abrir mão do controle de si mesmo.


Paro de acariciar seu clitóris e rápido e surpreso,
agarro-a pela cintura, faço-a deitar de barriga para cima e
vou ficar no meio das suas pernas. Deslizo minhas mãos por
baixo do seu corpo, afagando suas costas macias e encosto

nossos corpos. E apenas isso a faz gemer e ficar arrepiada.


Ela sorri quando beijo seu nariz.
— E agora eu me encontro viciado em você,
principessa. Absurdamente louco por cada centímetro seu.
— Pego meu pau e deixo na pontinha do seu boceta
escorregadia em tão pouco tempo. — Quero te lamber,
beijar, chupar e foder o tempo todo. — Para provar minhas
palavras, deslizo para dentro dela lentamente porque, porra,

ela está encharcada e eu nem fiz muito para isso. — Não me


peça para parar.
Marinne morde meu lábio e joga os braços nos meus
ombros, as pernas me circulam e ergue a pélvis, fazendo

meu pau ir mais fundo na sua boceta apertadinha.


— JAMAIS! — ela grita gemendo sentindo-me mais
fundo.
37

— Você pode buscar um pouco mais de açúcar na

cozinha?
— É claro que sim — respondo a avó de Amândio já
me encaminho para dentro da casa.
Passo a mão no meu vestido que sujei de farinha.

Estamos cozinhando na cozinha ao ar livre para aproveitar

mais um belo dia ensolarado e magico.


Estou gostando da diversão em ajudar a fazer o bolo.

Sei muito bem que todos estão se esforçando para me

receber bem na família e essa brincadeira de cozinhar é


para nos aproximar.

As mulheres foram e são legais comigo, diferente de

Cassio que parece apenas me aceitar. Ou estou com a


impressão errada. Mas não é como ele não gostasse de mim.

Sinto a forma diferente que ele me trata em comparação

aos outros, até o Santino não desperta essa desconfiança

em mim de que não gosta ou eu sou uma inimiga.

Estou aqui há quarenta dias e daqui a pouco vai fazer


três que sou casada com Amândio. Acho que eles não

precisam continuar desconfiados de mim. Fora que provei

lealdade a Amândio quando matei Ferdinando.

Estranhamente aquela cena de horror não virou pesadelo.

— Oi, garoto — falo para um dos cachorros da casa.


Filipe é um labrador espoleta e por isso mesmo vem atrás de

mim balançando seu rabo caramelo e macio.

Passando pelo longo corredor dessa casa gigante, que

eu consegui me perder algumas vezes, escuto vozes.

— Nonno, eu não quero conversar sobre isso — escuto

a voz de Amândio. — Você está me aborrecendo à toa.

Arregalo os olhos e me escondo atrás da parede


transversal aonde eles estão, que é perto da saída para os

fundos da casa onde fica os carros. Cassio e Amândio estão

conversando em português. Deve ser porque todos falam


italiano ou inglês por aqui. Geralmente usamos o italiano

para as pessoas na América não entenderem.

Eu fico em silêncio e tento entender o que eles estão

falando. Quase ninguém sabe, mas eu aprendi a falar

português, espanhol e francês. Era meu passatempo e Travis

queria que eu soubesse outras línguas e deixou eu escolher.


Ele sentiu falta do russo, mas não reclamou.

— Você fica falando que não é o momento para


conversar. Esse é o caso, Amândio.
— Desde que eu pisei aqui, depois do meu casamento,
você está insistindo em falar sobre isso e o que que vai
adiantar?
— O que vai adiantar? Eu não tranquei você naquele
calabouço à toa. Você permitiu que ela matasse um homem
nosso.
Calabouço? Como assim? Amândio falou essa palavra
naquele dia que torturamos Ferdinando, mas não se

estendeu no assunto. Fiquei curiosa, mas a vontade de fazer

Ferdinando pagar por machucar meu marido foi maior.

— A lista é mais longa, nonno. Você quase me cegou.


Você me queimou. Fez essa marca horrenda no meu peito e
acha que não foi suficiente? Eu tinha que matar ele.
— Mas tinha que deixa ela fazer, por que? E você
percebe como olha para ela?
Olha para mim? Eu deixo meu rosto um pouco de lado

para ouvir melhor. Idiotia. Como fizesse diferença.

— Você está apaixonado por ela e nem percebe.


Meu coração acelera e coloco as mãos no peito. Ele

quer dizer que Amândio está apaixonado por mim. Essa é a

conversa.

Arregalo os olhos e sinto o meu coração acelerar mais,

minhas orelhas ficam quentes porque com certeza toda

concentração de sangue foi para minha cabeça.

— Eu não estou apaixonado por Marinne.


— Está sim e eu não estou dizendo que você não
deveria. Ela é uma menina bonita, esperta e corajosa. Você
escolhei muito bem, o que é ótimo, mas esse casamento é
tático.
— Você fica toda hora repetindo isso. Está fazendo o
que? Questão que eu odeie ela?
— Não quero que você odeie sua esposa. É bom ter
um bom convívio, mas é arriscado ter sentimentos,
Amândio. Você quer saber por que eu fiz questão de trancar
você e afastar dela?
Afastar de mim? Ele está falando dos dois anos que

Amândio não foi me ver.

— Eu realmente amei a minha primeira esposa. Eu não


vou mentir para você, mesmo tentando não contar essa
história para ninguém. Porém, preciso que você entenda que
eu gostei muito dela. Eu a amei de verdade. Me apaixonei e
foi durante o casamento. Ele também foi tático. Nossa
família vem de uma grande linhagem de casamentos
arranjados.
— Eu sei — Amândio fala com repulsa.
— Um dia nós fomos encurralados. Estávamos
passeando na nossa segunda lua de mel. Íamos fazer três
anos de casados — Cassio faz uma longa pausa. — Eu
consegui sair do carro antes dele explodir porque eu nunca
usava sinto, mas ela... Ela ficou dentro do carro e morreu. —
Ele novamente pausa e eu sinto meus olhos arderem em

compaixão. — Eu a perdi e não quero que você sinta o que

eu senti. Sem forças. Derrotado e todo treinamento não nos


prepara para isso.
Eles ficam em silêncio e eu limpo meus olhos com a

manga do meu vestido.

— Você está querendo dizer que não gosta da vovó?


— Eu gosto sim. Claro que eu gosto. São cinquenta
anos juntos, convivendo e ela me deu meus filhos. É uma
ótima mulher, mas eu não posso dizer para você que sinto a
mesma coisa que senti pela minha primeira esposa. Vou
repetir, não quero que você passe por isso.
— Marinne não vai morrer.
— Como você vai garantir isso, Amândio?
— Porque vou proteger ela. Nem que seja por cima de
mim mesmo.
Fico sem reação. Eu perco meus pensamentos e sinto

meus olhos queimarem. Coloco a mão na boca emocionada.

Pensei que ele estava ficando distante e frio nas últimas

semanas. Mesmo que desde Ferdinando tenha se

aproximado de verdade. Ele fez muito isso nesses dois

meses. Fica perto e depois distante. Talvez ele esteja


tentando não gostar de mim.

E eu não sei se o avô dele está certo em fazê-lo não se

apaixonar por mim, ou gostar menos de mim. Eu pisco os


olhos e continuo escutando:

— Chicago em breve vai ser tomada e você tem que


estar focado.
Arregalo os olhos. Eu com certeza não poderia escutar

essa parte da conversa.

— Eu estou focado, vô e vou fazer o que for preciso


para proteger a Darkness.
— Eu sei que vai — Cassio fala com confiança e faz
uma pausa, penso até que a conversa acabou. Espio com

um olho só, mas eles ainda estão no mesmo lugar. — Escuta


— ele fica mais próximo de Amândio, — você pode gostar

dela. Ter sentimentos, mas só tome cuidado. Tenta não dar


isso como um troféu para ela.
Troféu? Ele é louco?
— Você não conhece Marinne. Não fale dela dessa
forma.
Sorrio por ele me defender.

— Tudo bem — Cassio solta como renunciasse. — Eu


sei que ela é uma boa menina e...
Acho que está na hora de eu me apresentar.
Respiro fundo, ajeito a postura e limpo os olhos. Sorte
a minha que essa mansão tem muitos espelhos. Fitando

meu reflexo, pareço que estava brincando de cozinhar


porque até farinha nos cabelos eu tenho, mas meus olhos

estão normais. Eles não vão notar que derramei algumas


lágrimas em ouvir meu marido tão protetor – e apaixonado?

– falar de mim.
Suspirando, faço questão de passar por onde eles
estão e sorrio para Amândio quando vira o rosto em minha

direção. Paro de andar e ele fala ainda em português para


Cassio encerrar a conversa.

Sendo corajosa, eu me aproximo deles. Amândio toma


a frente, dando as costas ao avô, e pergunta:

— Está tudo bem?


— Está sim. Só vou pegar mais um pouco de açúcar —

digo tranquila e dou um sorriso para ele. — Ela gosta


mesmo de fazer comida em grande quantidade.

— Vocês ainda estão fazendo bolo?


— Estamos sim. Está sendo divertido — respondo

sorrindo e, Deus, seguro minha mão atrás do corpo para não


tocar ele.
— Está tudo bem mesmo? — ele insiste porque com
certeza consegue perceber minha luta interna.

— Só estou cansada. — Dou de ombros. — Eu acho


que não vou conseguir comer o bolo, mesmo que eu goste

de doce. Prefiro ir me deitar. Ainda não me acostumei com o


sol daqui.

Amândio assente e toca meu ombro, mas logo se


afasta quando Cassio se aproxima de nós parando ao nosso

lado.
— Você está se divertindo?
— Estou sim, Cassio. Obrigada pela hospitalidade —
respondo em italiano também.

— Espero que vocês voltem.


Caramba. A resposta que eu quero dar não é educada.

— Eu também — deixo minha voz um pouco alegre


demais e preciso ficar longe dele. — Agora eu vou lá pegar o
açúcar antes que a nonna brigue comigo.
Espero seu aceno de cabeça, sua permissão e sorrio.
Passo por eles indo procurar na dispensa o condimento.

Depois que pergunto a empregada onde fica.


Estou lendo as informações nutricionais do pacote na

minha mão saindo da cozinha quando os pés de Amândio


aparecem na minha frente. Freio meus passos e levanto a

cabeça.
— Oi.

— O que aconteceu? — Ele logo atira as palavras em


mim.
— Eu disse que estou bem, Amândio.

— Disse, mas eu conheço você. Tem alguma coisa


errada.

Sinto meu coração doer enquanto acelera. Só a voz


dele faz meu coração bater forte. Eu sei que acima de

sentimentos, o meu corpo sempre clamou por ele como se


precisasse do seu toque.

Eu estico minha mão e toco o seu braço. Ele segue o


movimento com os olhos então levanta a sua mão e segura

a minha entrelaçando nossos dedos. Nossos olhos grudados


um no outro.

— Me fala o que está acontecendo.


Engulo em seco e balanço cabeça.

— Não — sussurro. — Está tudo bem.


Se eu falar que está tudo bem mais uma vez, vou

morder a minha língua.


— Se acontecesse algo, você ia me contar, certo?

— Claro que sim.


— Tudo bem. — Cerra a mandíbula e toca meu ombro

deslizando para o pescoço. — Vai deitar, daqui a pouco eu


vou estar lá.

— Está bom.
Ele ia beijar minha testa, mas eu levanto meu rosto

para beijar minha boca. Ele franze a testa sorrindo de um


jeito enigmático e eu seguro a respiração.

Céus. Eu quero falar tanta coisa para ele, mas se eu


abrir a boca, ele vai saber que ouvi sua conversa e que

entendo português, e sei lá, acho melhor ele não saber tudo
que eu sei ainda.
— Marinne?

Piscando rápido, levanto a mão e toco seu rosto.


Encaro a cicatriz perto da sobrancelha e contorno com meu

polegar, descendo até fazer o mesmo com seu nariz e boca.


Pouso minha outra mão aonde ele foi queimado e sinto meu

coração bater forte, e o dele também na minha palma.


Acredito que não sei disfarçar minhas emoções como
ele consegue, porque a forma que segura meu rosto com as

duas mãos, me dá certeza que está vendo através dos meus


olhos minhas emoções.
— Conta para mim — ele insiste mais uma vez.

— Não foi nada — respondo surrando e me obrigando


a não chorar. — Eu... só queria dizer... que sou feliz com

você. — Engulo em seco, me sentindo nervosa. — Obrigada.


Ele levanta a sobrancelha estreitando os olhos.

— Tem mais alguma coisa aí, não tem?


— O quê? — Me afasto um pouco, tirando suas mãos

de mim. — Eu estou falando a verdade. Não é nada. — Dou


de ombros. — É... só que é legal ficar em volta da sua

família, ficar aqui na Itália. Sua avó é tão diferente da


minha. Ela é carinhosa até com você sendo fechado.

— Você sente falta da sua família?


— É claro que sim — respondo rápido e meio que me

arrependo pela expressão dele.


— E estar aqui é como se você estivesse perto da sua

família. — Ele desvia o olhar brevemente. — Eu lamento


muito que você não tem muito disso em Nova York.
— Eu tenho você. — Coloco minha mão sobre seu
peito. Deus. Eu não sei o que está acontecendo comigo,

mas... eu odeio que ele pense que não é suficiente. — Eu


tenho você e isso é importante.

— Tudo bem — diz friamente.


Balanço a cabeça e me desespero. Deixo o saco de

açúcar cair no chão e agarro-o de novo, abraçando seu corpo


e digo olhando nos seus olhos, nossas testas quase se

tocando.
— Se eu estou dizendo que sou feliz com você, é

porque é. Não pense que é mentira. Você é mais do que


suficiente, está bem?

Merda. Eu estou mesmo me importando com os


sentimentos dele. O que diabos está acontecendo?
— Amândio.
Ele me beija e suas mãos seguram forte minha

cintura.
— Eu acredito. Tudo bem, querida.
Não gosto que me chame de querida. É padrão
demais e frio.
— Eu pediria para você me levar para o nosso quarto,
mas... — sussurro — eu adoro a sua avó e mesmo não

aguentando mais fazer o bolo. Vou terminar... mesmo


querendo que você tire minha roupa, a sua ele e...
Ele ri e me abraça forte, deixando as mãos
repousando na minha bunda, meus pés fora do chão e me
dá outro beijo na boca.

— Em breve você vai subir e eu vou fazer o que você


quiser.
Concordo com um aceno e dou um beijo nele antes de
me afastar, dando três passos para trás.

— Me espera lá em cima.
— Ao seu dispor, Senhora D’Ângelo.
Abro um sorriso enorme, pego o açúcar do chão e viro
as costas para ele. Caminho sentindo seus olhos em mim e

deve ser mesmo verdade pela forma que ele me olha. Ele
realmente está apaixonado por mim.
E isso quer dizer que ele me ama?
Paro de andar olhando para frente como uma tonta.

— Ele me ama? — Coloco a mão na boca. — Minha


nossa.
Estou tremendo. Em pânico. Eu não sei se o amo
ainda, mas com certeza não quero viver uma vida sem ele.

Morro de medo de perdê-lo. De me tirarem ele e todos


querem isso.
Mas minha dúvida não era de eu me entregar a ele e
não ser correspondida? Ele me amando não tenho mais

desculpas.
Uma lágrima escorre no canto do meu rosto e o que
me detém de correr para dentro e beijá-lo até o ar deixar
meus pulmões, é Nicoletta me chamando.

— Bambina, o açúcar! O açúcar!


Dou uma risada por causa do jeito dela e me controlo.
— Desculpe a demora. Me atrapalhei lá dentro.
Ela toca minha mão e estreita os olhos para os meus.
— Está tudo bem?
Dou de ombros e no automático, me jogo em seus
braços. Ela me envolve num aperto aconchegante e protetor.
— Shu... vai ficar tudo bem.
Concordo com a cabeça repetidas vezes e vejo as

primas de Amândio se afastarem, nos deixando à sós.


Nicoletta me leva para o banco e deixa que eu fique quase
no seu colo enquanto me conforta. Ela é uma senhora

fofinha e cheirosa. Seu afago é familiar e cheio de amor.


— Amândio te fez alguma coisa? Porque se for isso, eu
vou brigar com ele.
Rio e levanto a cabeça negando.
— Não. Ele é... — solto o ar com força e vejo o sol se
despedindo. — Ele é tudo que eu queria e... eu nem sabia
que precisava, mas...
Ela vira meu rosto em sua direção pelo queixo e abre
um sorriso contemplativo.

— Você está assustada.


— Eu não sei se estou pronta.
Assentindo em lamento, afaga meu rosto.
— Dê tempo ao tempo. As coisas vão se encaixando e
vocês têm muita vida pela frente para descobrir um ao
outro.
Deito no seu colo de novo e fecho os olhos. Espero do
fundo do meu coração que tenhamos muito tempo porque

cada dia que passa não consigo me ver sem ele.


As mãos de Amândio na minhas costas é a melhor
coisa do mundo. Ele sempre faz isso depois que terminamos
de transar. Faz carinho no meu corpo, em qualquer parte do
meu corpo.

Beijando minhas costas, me vira de frente para ele e


puxa meu rosto.
— Estamos bem?
— Estamos.

— É com essa voz que você quer me convencer de que


estamos bem?
Rio e me jogo em cima dele só para sentir seu calor e
as mãos nas minhas costas e na bunda. Padrão Amândio de

carinho.
— Estou dizendo que está tudo bem toda hora e você
não acredita.
— Você ficou estranha desde mais cedo quando foi

buscar aquela merda de açúcar.


— Por que está com raiva do açúcar?

— Não estou com raiva do açúcar. Estou com raiva do


que aconteceu e te deixou monossilábica. — Tira meu
cabelo do rosto, deixando a mão na minha nuca. — Se você
me falar o que que houve, eu posso resolver.

— Não aconteceu nada. Estou assim porque a gente já


vai embora depois de amanhã e eu gostei muito de ficar
aqui.
— É só isso?

— É sim. — Em partes não é mentira o que estou


dizendo. — Eu adorei ficar com a sua família. Todo mundo
foi muito educado.
— E ficar em Nova York comigo é um pesadelo.

Fico em silêncio olhando para ele e quero encaixar o


Amândio que tem uma avó tão amorosa e um avô que beija
a testa dele, que está preocupado dele se apaixonar e me
perder. Cassio quer proteger ele de sentir dor.

No Amândio inseguro que não aceita que eu sou feliz


com ele. Talvez se eu me abrir mais um pouquinho, ele pare
de duvidar.
A culpa é minha quando disse que meus irmãos vem
na sua frente.
— Eu gostei de ficar com a sua família porque eles são
carinhosos e mesmo Cassio sendo mais frio, foi bom comigo.

Aqui é diferente. Eu gostei muito de Calábria, embora o


calor ainda me mate. — Dou um beijo na sua boca e
cochicho: —Mas ficar com você não é nenhum sacrifício e o
que tornou tudo perfeito aqui, é que estou com você. Ficar

com você o tempo todo. Conhecer melhor você e ter várias


primeiras experiências com você.
Ele dá de ombros, nos gira na cama e suas mãos
massageiam minhas coxas que estão abraçando seu corpo.
— Por hora, vamos fingir que eu aceitei o que você

falou — diz no modo brincalhão.


Meu coração dá um salto dentro do peito e o beijo
mais uma vez.
— O que eu posso fazer para convencer você de que o

mais importante dessa viagem é meu marido todo para


mim?
Ele não diz com palavras, apenas me leva para o
paraíso quando faz sexo comigo lentamente.
Eu li em diversos livros de romance o que estamos
fazendo. E me seguro para não entrar em pânico ao
perceber que ele faz amor comigo e não fode ou trepa como
sua boca suja gosta de nomear.

Eu o abraço forte e respondo quando ele exige:


— Você é de quem?
— Sua — declaro e me desmancho embaixo dele.
— Minha para sempre — murmura no meu ouvido

quando goza também.

No dia seguinte, logo pela manhã, espero o carro que


está levando Amândio, Cassio e Santino para onde não sou

autoriza a me envolver, mesmo depois de matar um homem


brutalmente, sumir pelos portões e entro de volta para casa
indo procurar a nonna.
Cassio ficou sabendo do que eu fiz, é óbvio que sim,
mas ele não falou nada comigo. Parece que escolheu
ignorar. Foda-se. Para mim o mais importante é Amândio ter
confiado em mim e permitido. Tudo que ele faz por – e para
– mim é tão maior do que eu faço por ele. Preciso entregar

algo de mim para ele do mesmo tamanho. Não preciso mais


ficar me segurando.
Eu quero fazer algo antes de voltar para casa. Não sei
ainda o que, mas quero.
Mesmo que eu esteja sentindo saudades de Nova York,

meu ateliê e até a cidade, sei que pelo fato de Amândio ficar
muito ocupado com a Famiglia, a vontade de voltar não
chega a ser grande. Eu adoro tê-lo só para mim aqui.
Encontro Nicoletta conversando com a cozinheira e

sorrio. Ela fala alto e gesticulando em italiano. Acho uma


graça e eu estou gostando de praticar meu italiano aqui.
Nos Estados Unidos não temos muita oportunidade.
Sorrindo para ela, me aproximo e Nicoletta para o que

estava fazendo e limpa as mãos no pano de prato antes de


jogá-lo em cima do balcão.
— Está tudo bem, bambina?
— Está sim — afirmo. — Amândio acabou de sair com
Cassio e Santino. O que a senhora sugere para nós
fazermos?
Ela pega minha mão dando tapinhas e sorri.
— Nós podemos conversar do lado de fora. Aproveitar
esse sol bonito. Eu quero conhecer melhor a minha neta
antes dela partir para a cidade tumultuada.
Rindo, eu suspiro assentindo e Nicoletta pede para a
empregada separar uma bandeja com biscoitos

amanteigados e passar um café fresco.


Nós duas saímos e o sol está no topo ao meio-dia.
— O almoço já deve estar ficando pronto.
Mordo a boca ansiosa.

Diferente dos Estados Unidos, aqui nós comemos


comida de verdade, não lanche. Nada de pão ou
hambúrguer ou qualquer coisa assim. Aqui é comida como
que fosse nosso jantar e eu gosto. Vou acabar engordando.

Nós sentamos nas cadeiras de ferro da mesinha que


fica em frente à piscina gigante. O verde da Fazenda ao
longe, as árvores e flores rosas e amarelas criando uma
visão muito bonita. De onde estamos consigo ver o lago que
tem os patinhos. Aqui parece um filme de época e como eu
gosto de Orgulho e Preconceito, é claro que me remete a
lembranças.

— Por que está sorrindo? — Nonna me pergunta.


— Porque aqui é bonito demais. É como eu estivesse
em um filme ou livro com uma mistura do clássico e o
contemporâneo.
— Preciso concordar — ela diz com a voz suave. O
sorriso enrugando a pele mais clara, por conta da idade,
perto dos olhos.
E seguimos uma conversa sobre modernismo, moda e
decoração. Ela disse que um dia irá em Nova York para ver a

nossa casa.
— Eu não mudei quase nada no apartamento. Gostei
do estilo dele.
— Mas você precisa mudar.
— Por quê? — Franzo a testa.
Ela apoia a mão sobre a minha.
— Para Amândio perceber de verdade como sua vida
foi preenchida. Mude tudo que você tiver vontade. A casa
não é dele. É de vocês.
A empregada chega com o chá e os biscoitos nos
interrompendo. Nos servindo, espero Nicoletta voltar a

relaxar para dizer:


— Acho que ele fez isso por conta própria.
— Por quê?
— Ele fez um ateliê para mim no terraço, na sala vazia,
uma biblioteca e um quarto só para minhas coisas.
— Ele fez você dormir em quarto separado?
— Não — respondo rápido e nem sei porque dei esse
surto. — Nós... dormimos juntos.

Ela mexe as sobrancelhas e novamente a emprega


atrapalha, chamando para almoçar. Nicoletta se levanta,
mas eu não saio do lugar, e ela também não. Encara-me
franzido a testa, confusa comigo.

— Você está bem?


— Sim.
— Você anda muito silenciosa desde ontem quando
conversou brevemente comigo. — Fica mais perto de mim e
toca meu rosto. — Eu posso não te conhecer tanto assim,

mas percebi que está pensativa. Ontem você chorou — diz


com o carinho e atenção que me faz lembrar como

Madeleine me trata.
Dou de ombros e suas palavras me deixam na beira do
penhasco de novo. Eu lembro da conversa de ontem. Da
suposta revelação de que meu marido, o homem que foi
escolhido para mim, talvez me ame. Talvez esteja

apaixonado por mim e não é só isso. O que Cassio falou me


assombra agora. Eu abracei tão forte Amândio essa noite
que ele disse que estava com calor para não ser grosso ao
dizer: “Marinne, está me sufocando.”.

Eu nunca senti isso. Eu cresci para ser forte, para


aquentar tudo. Sem fraquezas. Eu fui a filha rejeitada, a
irmã que virou obrigação, mesmo Travis nunca jogando isso
na minha cara, eu sei que fui.

Eu sou forte. Sou destemida. Não posso enfraquecer


agora e não quero arriscar sentir mais do que admiração,
desejo e prazer por ele. Não posso também fazer isso com
Amândio. Sua força e foco são as coisas que mais me deixa

obcecada por ele desde o início.


— Eu só estou pensando muito — murmuro desviando
o olhar para qualquer canto.
— Eu posso te ajudar a desenrolar seus pensamentos.
— Acho que foi isso que ela quis dizer, as palavras ainda me
confundiram.
Não penso muito antes de dizer:
— A senhora é feliz com o seu marido? Ah... desculpa
perguntar e se não quiser responder... Tudo bem.
Ela me leva para o banco de madeira e senta perto de

mim. Pega a minha mão e coloca a sua por cima.

— Eu entendo que você está perguntando e é até


normal. Você acabou de se casar por um acordo, sem
sentimentos e agora convive com um homem que dorme do
seu lado, que tem intimidade, que vai dividir a vida por
longos anos e se Deus permitir até o fim, porque não há
coisa pior do que uma mulher se casar de novo porque o
marido morreu.
Eu me arrepio toda com o que ela fala.

Sempre acreditei que Deus me escuta, porque talvez


ele escute quem acredita nele, independente do que faz

parte. Se nós nos redimir de verdade, ele estará conosco.


Mas sei, que não sou alguém que deveria mencionar Deus e
mesmo assim espero muito que ele me deixe viver muitos

anos com Amândio.

Piscando, foco em Nicoletta.


— Eu me dou muito bem com Cassio. Nós somos
felizes, mas — seus olhos ficam longe, relembrando, — no
início foi estranho, até porque eu tinha dezoito anos e ele
trinta e quatro. Uma diferença de idade grande. — Ri e olha
para mim. — Eu estava um pouco assustada. Tinha acabado
de sair da casa dos meus pais e antigamente era muito mais
severo as regras, os comportamentos, as exigências das
meninas em serem boas esposas. Eram costumes rígidos. As
mulheres tinham que ser donzelas, resgatadas, obedientes,
compreensivas e obrigadas a ter algum talento ou passa
tempo. A única diferença da máfia para os costumes antigos,
era que não exigia o dote.
Assinto concordando.
— O seu pai era alguém grande na Famiglia?
— Sim, ele era o conselheiro do Capo e foi por isso que
eu fui escolhida para se casar com o Cassio — responde
fracamente. — Ele tinha acabado de perder a sua segunda

esposa e a primeira, ele ficou casado durante um ano e meio


apenas. A segunda, dois anos e o pai dele queria um filho
para ele. Cassio já iria fazer de trinta e cinco anos, se casou
tarde, porque não é exigido que os homens tenham uma
idade para se casar como para nós, que é até os vinte.
Isso me incomoda muito e espero que mude um dia.

— E infelizmente, por mais moderno que o mundo

esteja agora, nossos costumes se mantém e a ‘Ndrangheta é


a pior. A que mais exige todos os costumes e tradições. —
Ela abre um sorriso irônico. — E eu duvido muito que mude
porque as nossas tradições mantém as regras, mantém a
civilidade ainda entre nós e não corremos o risco de que o
progresso nos destrua. Veja o mundo, tem mudanças que
não são tão boas e sim um perigo.
— Mas você concorda que as mulheres ainda não
tenham cargos altos ou nenhum cargo na Famiglia?
— É claro que não, mas toda mulher forte e
determinada está por trás dos homens mais fortes. Eles não
sabem se virar sem nós e não quero me gabar, mas não sou
só uma avó dedicada, a mãe zelosa e a esposa obediente. E
você pode contar comigo. Já resolve muitos problemas.
— Eu aposto que sim.
— As pessoas têm essa visão de que nós somos pobres
e defesas, mas se nós erguermos a cabeça, não nos verão
assim. As pessoas vão tratar você, ver você da forma como
você se vê. — Faz uma pausa me analisando. — Eu sei que
você sabe atirar e lutar. Eu sei o que você fez com
Ferdinando. Estão comentando, mas eu pedi para calarem a
boca de quem estava falando porque eu espero que sua
coragem possa ajudar meu neto. Certo?
Caramba. A pergunta dela tem ao mesmo tempo

carinho e intimação. Ela protege a sua família do jeito mais

doce. É como um veneno que se bebe sem perceber. Cada


vez mais eu entendo que o símbolo da ‘Ndrangheta ser

cobra é perfeito.
— Sim, ele pode contar comigo e eu não só sei atirar e
lutar. Eu sou muito inteligente e sempre gostei de saber
sobre tudo. Meu irmão não me permitia, mas eu sempre
tentava ajudar e descobrir o que estava acontecendo.
— Isso é legal. Eu gosto que você seja determinada e
espero que Amândio um dia confie totalmente em você. Ele
precisa de alguém do seu lado que ele possa se abrir.
Confiar de verdade.
— Então você acha que ele não confia mesmo
ninguém?
— Não como eu gostaria. Nem mesmo com Cassio. Eu
entendo e sei que ele pode ser uma boa pessoa, mas tem
uns ressentimentos por algumas coisas que aconteceram e o
treinamento, mas ele não confessa e eu respeito demais
Amândio. Ele é um homem muito honrado e sei que muitas
das características dele é somente dele. Não herdou de
ninguém ou se não, foi uma mistura das coisas boas minhas,
de Cassio, da mãe e do pai dele.
A forma como fala do próprio filho. Nossa. Que triste.

— É com pesar que eu digo que Giovanni é um filho


que eu quero o mais longe possível. Ele ganhou a
oportunidade de ficar com Nova York e se tornou o que eu e
o pai dele mas detesta.
— Eu entendo e deve ser difícil ver Giovanni cuidando
de Nova York e o marido da sua filha em Chicago. Eles não
são bons para suas Famiglie.
— A ganância é a fórmula de assolar qualquer coisa
boa que possa sair de dentro de você e eles dois só
enxergam o que irá beneficiá-los a curto prazo, por isso
estão como estão. Por sorte Amândio está em Nova York.
Eu apenas concordo assentindo e quando ela para de
falar, tomo coragem para fazer uma pergunta que talvez ela

não responda.

— A senhora tem sentimentos pelo seu marido? Se


não quiser, não responde.
Ela fica um bom tempo me encarando antes de dizer:
— Eu não sei se você está curiosa com o meu
casamento. Parece que tem alguma coisa no seu, que está te
incomodando. Amândio fez alguma coisa?
— Não! Ele é muito bom e me dá muita atenção
quando a gente está junto. Nós chegamos a brigar no início
porque ele fez uma coisas que não gostei, mas agora a
gente está bem.
— Eu fico feliz de ouvir isso e tenha paciência. Ele não
é ruim, mas é difícil de se abrir.
— Sim. Eu sei. Tenho três irmãos e aprendi que preciso
comer pelas beiradas.
— E dar um voto de confiança — completa sorrindo. —
Bem, sobre a sua pergunta. Eu gosto sim e acho que Cassio
por ter sido casado duas vezes antes de mim, tornou tudo
mais difícil, mesmo assim eu consegui me aproximar. Eu ter
dezesseis anos a menos que ele, que já estava acostumado
com uma esposa mais adulto, não medrosa como eu era e a
primeira esposa tinha vinte anos quando ele tinha vinte e
seis. Uma diferença baixa e a outra tinha dezenove quando
ele tinha vinte e novo. Ele demorou cinco anos para se casar
pela terceira vez. Nós casamos e eu engravidei bem rápido
por conta disso, mas não me arrependo.
— Eu entendo bem. — Mostro minha simpatia pois
parece que não foi fácil mesmo o início. Ela sabe que ele

amava a viúva?
— Eu gosto do meu marido. Ele é bom para mim,
nunca me machucou — fala isso com ênfase. — Ele nunca
levantou a voz para mim, nunca foi cruel nas palavras, mas
isso depois de um ano. O primeiro ano ele era distante. Eu
tive que aguentar firme para não entrar em desespero, mas
então foi melhorando e a gente foi se dando bem. Como
estávamos tentando, fiquei grávida depois de um ano e
meio de casada. O pai dele pressionava todos os meses e
semanas.
— Deve ter sido sufocante.
— Depois da gravidez nós ficamos mais unidos e
próximas, mas necessitados um do outro e aí que surgiu o
sentimento. Pelo menos o meu.
Eu consigo vislumbrar uma linda garota de olhos

azuis, cabelos castanhos muito claros se apaixonando


sozinha.

— Eu nunca me ressenti por ele guardar o que sente


por mim, mas é claro que eu adoraria que não fosse assim.
— Ela limpa embaixo dos olhos. — Desculpa, você me deixou

melancólica.
— Oh, eu sinto muito. Não foi minha intensão, nonna.
— Está tudo bem — diz tranquila batendo na minha
mão. — Escute, cada homem, é um homem. Cada
casamento, é um casamento. Cada coração, é um coração.
Não queria comparar Amândio com Cassio e nem a ninguém.
Olho para baixo para suas mãos segurando a minha e
suspiro baixinho.

— Eu não sei o que eu tenho.


— Você está com medo.
— U-hum. — Ergo os olhos. — Eu ia ligar para
Madeleine, a esposa do meu irmão. Ela é como se fosse
minha mãe, assim como Travis o meu pai.
— Eu sei. Conheço a história.
Assinto feliz por ela conhecer a minha história.
— Nonna, não quero desrespeitar a senhora, mas
como você consegue sentir algo por Cassio quando ele
tranca o seu neto dentro de um buraco?
— Você sabe sobre o calabouço?
— Eu ouvir falar por aí e não entendi direito o motivo,
mas foi crueldade e só para impedi-lo de me ver. Por quê?
— Você tem ideia de que aquilo o deixou mais forte?
— Mas a troque de que? Ele ficou jogado em um
buraco. Isso é desumano.
— Cassio queria ele um homem mais forte, que não
sinta nada. Doeu ver ele jogar o neto favorito naquele lugar.
— Ela fecha os olhos e lamenta. Solta minha mão e sua

postura fica rígida. — Eu nunca briguei com Cassio


enquanto treinando os meninos, eu sabia que era necessário
eles ficarem fortes, mas quando fez aquilo com Amândio e
disse para mim que precisava fazê-lo mais feroz. Eu também
não gostei, Marinne. Foi difícil e chorei de alegria quando vi
meu neto.
— Então você não fez nada? Deixou ele ficar preso?
— Eu tento compreender as escolhas de Cassio, por
mais dolorosas que sejam.
Balanço a cabeça e olho para o chão.
— Eu não sei se conseguiria.
— Você já viu o calabouço?
Franzo a testa e respondo rápido:
— Não e nem quero.
— Vou tentar descrever mais ou menos. Você já deve
ter visto um bueiro, não sei se viu aberto.
— Não.
— Então, o calabouço deve ter uns quatro metros de
profundidade, dá para deitar lá embaixo. Bem esticado e
tem como levar comida e água. O pior é quando fecha. Não
tem sol, não entra luz.
Eu vou surtar. Meu Deus. Minhas mãos tremem e

meus olhos encherem d'água.


— Ele ficou lá por quantos dias?
— Eu não sei. Acho que Cassio fazia rodadas de uma
semana sim e outra não durante alguns meses, mas ele
deixou Amândio por quinze dias direto uma vez. — Olha
para longe e parece abatida. — Eu nem reconheci meu neto.

Saiu daquele buraco diferente. Nem me chamou de nonna


ou deixou eu beijar sua testa. Ele foi para o casebre e ficou
uns bons dias distante.
— Eu faria o mesmo.
— O casebre é o seu limite para Cassio. A forma de
Amândio dizer que precisa ficar longe de todos.
— Qual foi o verdadeiro motivo? — eu pergunto
porque não acredito que seja apenas por minha causa. Para

ele não se apaixonar. O quão doente é Cassio, porra.


— Amândio vai se tornar o líder em breve e não é fácil.
Ele precisa ser pior que seus inimigos.
— Vocês não tiveram medo dele se tornar um monstro
e se casar comigo? Dele me bater para descontar sua raiva
ou... seja lá o que sentiu dentro daquele buraco escuro.
— Ele faz? — ela pergunta com preocupação. — Ele já
machucou você?
Me levanto e foco na piscina. Fico com vontade de
chorar porque não. Ele é tão bom e não sei como. Eu limpo

meu rosto e olho para Nicoletta.

— Não — falo baixo. — Ele é muito bom para mim.


Nunca levantou a voz ou foi grosso. Mas se eu soubesse
dessa história antes, eu com certeza ficaria apavorada de
estar perto dele.
— Eu entendo. É compreensível, mas com as pessoas
que ele quer se importar, Amândio é muito bom e passivo.
— E se não se importasse comigo?
Ela me dá um sorriso de pesar, pega minha mão, me

fazendo sentar de novo.


— Ele sempre se importou. — Faz uma pausa e se
inclina para mim, olhando nos meus olhos. — Eu vou te
dizer uma coisa que você tem que guardar como um
segredo. Como um juramento.
Apenas balanço a cabeça concordando.
— Desde que ele te viu algo mudou nele. Talvez, eu
me arrependa, mas sinto que preciso lhe dizer.
— Sim. — Quase imploro para continuar.
— Ele só tinha visto você umas duas ou três vezes e
mesmo assim, sentiu que precisava cuidar de você. Ele é o
melhor de nós e... quero que ele sinta um pouquinho de
amor, mesmo que seja dele para você.
— Como assim? O que quer dizer?
Nicoletta abre a boca para falar, mas vozes agitadas

vindo de dentro da casa, desperta seu interesse e ela se

levanta.
— Depois continuamos, querida. Eu vou ver o que é.
Balanço a cabeça que sim, mesmo que ela já tenha

saído e solto uma respiração soluçante. Deve ser Amândio e


por isso entro pelos fundos da casa, subo as escadas e no

nosso quarto, entro no banheiro trancando a porta. Preciso


respirar.

Essa viagem, os momentos com ele e os avós dizendo

o quanto ele é bom. E agora isso, que ele sempre se


importou comigo. Eu me sinto sufocar.

Desejar o amor é algo que todo mundo almeja. Mas eu

sempre fui consciente do mundo que cresci e das coisas que


poderia ter. casamento e amor nunca estiveram na mesma

lista. Agora eu posso ter.


Sento no vaso colocando a mão na cabeça porque

sinto que tenho uma tonelada sobre meus ombros. Respiro e


inspiro com força, até que alguém bate na porta tentando

abrir, e eu sei que antes de falar:


— Marinne, está tudo bem?

— Estou saindo — digo e limpo a garganta para minha

voz ficar firme. — Dois minutinhos.


Eu ligo meus olhos e troco a maquiagem, colocando

mais mascara de cílios e uma sombra rosa para ele não

notar que chorei. Colocando um sorriso no rosto, respiro


fundo e ajeito meu vestido branco, que tinha escolhido para

gente passear e abro a porta. Amândio se levanta do


recamier em frente a cama e para na minha frente,

segurando as duas mãos.

— Você está bem? Tem alguma coisa nos seus olhos?


— Quê?

— Minha avó disse que você correu aqui para cima


desesperada. Falou que você começou a esfregar os olhos de

repente e sumiu.

Meu Deus. Essa mulher é um gênio.


— Deve ter sido poeira. Está ventando muito hoje.
— Sim.
— Agora estou melhor. Lavei e retoquei a maquiagem

— Você nem precisa dessas merdas. É linda sem isso


na cara.

Eu sorrio olhando para ele e deposito minha mão no

seu peito, em cima da queimadura. Sinto que nunca vou me


perdoar pelo que ele passou.

Amândio estreita os olhos e a sua mão na minha


cintura, me aperta.

— Você está tão estranha desde ontem.

Suspiro e beijo sua boca.


— Eu estou bem. Só queria ficar aqui nesse paraíso

por mais um mês com você. Sem nada nos distraído.

— Podemos voltar quando quiser.


— Eu sei e... — engulo em seco e meu corpo se

acende como uma chama quando afago seus braços


musculosos e quentes. — Vamos ficar aqui.

— Aqui no quarto?

— Isso.
Seus olhos ficam prateados, cheios de desejo.
— A gente pode almoçar e voltar para cá, porque eu

estou com fome e claro. Não vou deixar você sem comer.
Precisa de energia — brinco no final para aliviar o clima.

Amândio concorda com um aceno, me dá um selinho

e segura minha mão, me levando para fora, mas eu puxo de


volta. Ele se vira para mim e eu o agarro, abraçando forte.

Fecho os olhos e beijo seu pescoço.


Suas mãos grandes afagam minhas costas e uma

delas agarra minha nunca. Me inclinando para trás, meus

olhos capturam os seus famintos antes da sua boca


encontrar a minha em um beijo avassalador. Um beijo

exigente.
Ele chupa minha língua, meus lábios e eu gemo na

sua boca. Espremo uma perna na outra sentindo-me

umedecer. Ficando pronta para ele.


Amo seus braços segurando tão firme meu corpo que

tiram meus pés do chão. Meu corpo estremece e começo a

sentir falta de ar, mas não o deixo se afastar. Respiro pelo


nariz e ele também. O beijo se prolonga e ele agarra meus

cabelos.
— Amândio — respiro seu nome num misto de gemido
e soluço.

Ele apenas lambe meus lábios, minha língua e passa


os dentes, arranhando de leve. E o beijo vai se acalmando.

Volto a sentir o chão nos meus pés e abro olhos tendo seu

rosto perfeito. Os olhos intensos que me faz perder o fôlego.


— Marinne? — Murmura acariciando meu rosto.

Dou-lhe um beijo antes de dizer:

— Eu quero te agradecer por tudo.


Ele balança a cabeça que sim e consigo ver sua

confusão.
— Você enxerga como é para mim?

Demora um pouco para responder, fica apenas me

encarando em silêncio.
— Eu enxergo e faço muito esforço para que você

note. Não sei se estou indo bem.

— Por que você acha isso?


— Depois da primeira semana, eu senti que precisava

me esforçar. Você estava certa e sim, você é minha


prioridade.
Sorrio e faço carinho no seu rosto, propositalmente

sentindo a cicatriz quase imperceptível em cima da


sobrancelha.

— Você está indo muito bem — falo em voz baixa,

suave e amorosa. Ele precisa sentir o amor. As palavras de


Nicoletta explodem na minha cabeça e no meu coração. — E

eu... quero que você me abraça essa noite. Me abrace todas

as noites e... que você conte comigo para tudo. Você pode
confiar em mim.

Sua testa enruga toda tamanha sua confusão. Merda.


Eu estou fazendo um show idiota.

— Você está preocupada da gente voltar para Nova

York por causa do que aconteceu? Não se preocupe. Eu vou


cuidar de você. Vou proteger você.

— E vai se cuidar também? Não quero perder você.


38

— E vai se cuidar também? Não quero perder você.

Essa conversa, a emoção que vejo em seus olhos. Eu


nunca vi seu olhar assim, assustado, quase em pânico. Eu

não sei o que fez Marinne ficar desse jeito. Talvez fazê-la
matar Ferdinando foi demais e agora está impressionada.

Teorizando cenários terríveis no meu trabalho.

Eu faço o que ela parecer precisar de mim, o que

acabou de pedir. Trago-a para os meus braços. Envolvendo-a


bem forte e beijo seus cabelos quando deita cabeça no meu

peito.

— Vamos ficar bem.

— Você confia em mim?


Pego seu rosto pelo queixo e inclino para encontrar

seu olhar.

— Sim. Eu confio.

Ela sai dos meus braços e espalmas as mãos no meu

peito.
— Você acredita que sou leal a você?

Que pergunta peculiar. Eu responderia talvez, antes

dessa viagem. Ela mesma deixou a entender isso quando

falou da sua lealdade aos irmãos, mas agora eu sei que ela

está comigo.
— Acredito sim.

Ela assente e abre um sorriso mais confiante. Voltou a

ser a Marinne determinada que eu gosto. Que sinto orgulho.

— Vamos almoçar agora e depois conversamos até

você querer parar de falar.

Ela ri e me abraça.

— O que eu queria era que você contasse tudo para


mim.

— Tudo?

— Sobre o calabouço.

— Mas eu...
— Você deixou para minha imaginação o que fizeram

com você. Claro que eu entendi. Não sou idiota, mas não sei

o motivo.

Porra. Ela quer saber demais. O motivo do meu avô

me prender naquela merda e me obrigar a ficar dois anos

em Calábria, foi por causa dela. Ele pareceu adivinhar como


eu me transformaria depois de experimentar um pouco de

vida com ela. E ele estava certo. Eu vou matar todos que

tentarem tirá-la de mim. Toda escuridão precisa de um

pouco de luz. Ela é minha luz.

— Eu vou te contar o que dá para contar. Não posso

dizer tudo e não quero que tenha pesadelos.

— Mas?

— O meu avô queria me ensinar uma lição e...

— E ele conseguiu? — me interrompe.

Passo as costas da mão no seu rosto e balanço a


cabeça.

— Não.

Marinne segura respiração e me beija.

— Você não merecia.

— Eu fiquei mais forte para mudar para você.


— E se você não conseguisse?

— Mas eu consegui. Não quero mais falar nisso,

Marinne.
— Tudo bem, mas... — engole em seco — promete que

quando você for o chefe dessa porra toda, você vai afundar

aquele buraco. — Ela aperta com força minha camisa, se

tremendo toda e olha com determinação.

— Eu vou.

— Você vai jogar cimento e nunca mais vai abrir um

buraco na terra para trancafiar ninguém, porque eu juro,

que se você fizer isso com meus filhos. Eu te mato.

Gosto dela falar assim e antes mesmo de exigir isso,

eu já pensava em acabar com o calabouço.

— Eu não vou. É um juramento.

— Deve ser horrível passar quinze dias no escuro total.

— Por isso que eu acho que você é o meu sol — digo

sem pensar e não analiso como ela descobriu o detalhe dos

quinze dias. — Não importa o que ele queria. O objetivo deu

errado.

— Objetivo?
Respiro fundo pela boca e solto pelo nariz segurando

suas mãos.

— Era para eu te esquecer. Manter distância e apenas

comprimir com o acordo. — Afago seu rosto, tirando o

cabelo da frente e prendendo atrás da orelha. — Era para

esquecer seus olhos, seu jeitinho doce e seu sorriso.

Ela assente ouvindo atentamente.

— Mas não foi isso que aconteceu, porque eu saí de

Calábria determinado a te ver. A ter você de volta.

Acho que ela está tentando lembrar do nosso


reencontro. Eu sei que nunca esqueci quando ela abriu

aquela porta para mim.

— Você me perguntou, no seu aniversário, se eu te via

como uma criança antes, porque dei um colar de Rubi, uma

lingerie e roubei aquele beijo. A resposta é mais complexa

do que você ser linda.

— Você disse que, eu abrir a porta e aceitar o beijo,

lhe deu coragem para me dar o outro presente.

Trago-a para mim e raspo minha boca nos seus lábios.

— E também porque você era como um copo d’água e

eu estava morrendo de sede.


Sinto a respiração de Marinne na minha boca e seus

olhos azuis se arregalam. Ela toca meu rosto e fica séria.

— Você é mais do que eu esperava — sussurra.

— Você também é — confesso abrindo mão do que me

restava de autocontrole. — Depois tantos dias preso naquele

buraco sem luz e ver a forma como você olhou para mim.

Ninguém nunca tinha olhado para mim como você olhou.

Sem medo, apenas curiosidade. Você é a minha garotinha

de olhos azuis determinadas de uniforme, que arrancou um

sorriso meu naquele dia e eu nunca esqueci ela.

Marinne morde a boca sorrindo e os olhos brilham de

emoção.

— Eu sei que é um risco, mas eu confio em você. —

Toco com a ponta dos dedos todo o seu rosto. Faço uma

pausa admirando-a e considerando se falo o que estou

pensando há dias. — Eu nunca tive medo de porra nenhuma

nessa vida, de absolutamente nada e eu respeito o meu avó.

Jamais gostaria de voltar para aquele calabouço, por isso


que eu não quero falar o que realmente estamos fazendo

Marinne.
Ela balança a cabeça freneticamente assentindo e

aperta minha camisa de novo.

— Mas não significa que não é algo que penso, apenas

quero...

— Esperar — ela sussurra e me abraça.

Renunciar ao meu autocontrole, minha força e até os

pensamentos, nunca foi algo que cogitei. Fechando os olhos,

beijo a sua testa e depois os lábios. Seguro seu rosto com as


duas mãos.

— Você é minha e eu sei que isso jamais vai mudar.


— Sempre serei sua — ela sussurra firmemente.

— Desde quando tomei a decisão de você ser minha,


tudo mudou e se meu pai soubesse que a aliança que ele

queria, causaria a sua morte, ele jamais teria me permitido


casar com você, mas aqui sou eu e irei quebrar a Òmerta por

você.
— Você sempre quis matá-lo.

— Sim, mas foi você que fez essa decisão chegar mais
rápido. — Beijo-a e digo na sua boca: — Agora vamos descer
antes que eu reivindique meus direitos de marido nesse

momento.
Marinne abraça meu pescoço e de propósito esfrega
sutilmente os peitos em mim.

— Eu gostaria.
Toco sua bunda por baixo do tecido do vestido e

belisco sua pele.


— Depois serei todo seu.

— Você sempre é todo meu.


E ela não está errada, como sempre.

Marinne está silenciosamente estranha ao meu lado


na mesa. Mesmo com a nossa conversa e uma puta

revelação do que estamos nos tornando, um casal de


verdade. Ela não voltou ao modo normal falante e

extrovertido.
Deslizando minha mão por baixo da mesa, encontra a
sua perna e aperto sua coxa. Ela tem um sobressalto e vira o

rosto para mim tão rápido que acho engraçado. Sua mão
rapidamente está sobre a minha, apertando e os olhos
arregalados, as sobrancelhas movendo-se, nitidamente ela

está pedindo para eu soltar sua perna.


— Amândio — diz entredentes.

Aperto sua de novo sua coxa e descendo, empurro a


bainha do vestido, deixo meus dedos desliarem para o meio

das suas pernas e toco sua boceta através da calcinha


sedosa.

— Você parece estressada.


Um sorriso sapeca vai se abrindo, mas ela morde o

lábio inferior.
— O que vocês vão fazer hoje? — Vovó pergunta e eu

olho para ela.


— Estava pensando em levar Marinne para caminhar

pelas terras — respondo e esfrego minha princesa, que


poderia fechar as pernas, mas abre mais um pouco. — O que
você acha?

— Eu quero — Marinne responde e lambe os lábios.


— Então iremos.

O olhar que meu avô de repente me direciona, faz


com que eu remova a mão do meio das pernas da minha
esposa, porém agarro a mão dela. Realmente é

desrespeitoso provocar Marinne na mesa do almoço.


Terminamos de comer ouvindo vovó contar alguma

merda que fiz quando criança. Matteo calado apenas


observando. Eu deveria ter encontrado uma mulher para ele

nessas férias, assim me deixava em paz.

Sorrio olhando para nossas mãos juntas enquanto

caminhamos pelas terras do terreno do meu avô. São muitos


quilômetros e facilmente se perde por aqui, mas eu tenho

planos e estou levando Marinne para lá.


Ela para de balançar nossas mãos, para a frente e

para trás, e olha em meu rosto. Agora ela parece relaxada,


soltinha. Os cabelos castanhos voando como o vestido
branco quando a brisa nos atinge. E eu até estou fazendo a

vontade dela. Usando uma camisa branca para acompanhá-


la. Marinne diz que eu de branco parece mais jovem, menos

mal.
— Você está melhor agora?

Ela dá de ombros e para na minha frente, segura meu


rosto com as duas mãos e me beija.

— Sempre que estou só com você, eu fico melhor.


— O que fizeram sem a minha presença para você

ficar assim?
— Não é isso — retruca ficando séria. — Estou

querendo dizer, que me sinto melhor quando estamos à sós.


Até porque, você é mais legal comigo longe dos olhos

curiosos.
Agarrando sua cintura, ergo seu corpo e faço-a se

sentar na cerca de madeira que fica no caminho que leva


para o celeiro.
Eu começo a beijar sua boca suave, apenas lambendo

os lábios, dando mordidas e sentindo seu gosto. Ela comeu a


torta de morango e o gosto na sua boca é delicioso. E por

isso abro a boca sobre a sua, enfio minha língua, lambendo


a sua e depois chupo com força. Aperto seus cabelos na
minha mão enquanto a outra eu afago sua coxa até sentir
sua calcinha.

— Amândio — ela geme na minha boca e coloca as


duas mãos no meu rosto. — Vão nos ver.
— Que vejam — eu mesmo não me reconheço, pois

nunca fui de exibicionismo, mas com ela. Eu foderia com


Marinne num campo de futebol.

Eu não deixo que ela pense muito, pego com força seu
corpo, fazendo suas pernas envolverem meu corpo, ficando

mais perto e aprofundo o beijo. Me delicio em seu gosto e


gemidos. Tomando tudo para mim.
Marinne começa a se esfregar no meu abdômen. Ela
vira a cabeça para o lado oposto do meu. Vou dando

lambidas nos seus lábios, mordiscando-os e a beijo suave,


provocando os gemidos de súplica.
Ela enfia os dedos entre meus cabelos, e escorrega da
cerca e fica na ponta dos pés para continuarmos a nos
beijar. As mãos apertam meus braços.
— Você pode — ela murmura — me levar para um

lugar que possamos transar.


Seguro seu queixo e afasto nossas bocas.
— Com certeza.
Puxando sua mão, ando rápido até o celeiro e tranco a
porta quando estamos dentro dele. Aqui é escuro e tem

cheiro de madeira e feno.


Marinne não está interessada no local e sim em trepar.
Ela me empurra e caio num monte de feno. Logo ela está
abrindo as pernas e se encaixando no meu colo. Puxa minha

camisa para cima e morde minha boca quando me beija.


— Quero você — diz arfando, a pélvis ondulando
quando esfrega sua boceta na minha ereção.
Metendo as mãos dentro do seu vestido, tiro por cima

assim que ela ergue os braços, e deslizo as mãos por eles


quando estão livres da roupa. Sua pele macia está quente e
volto a beijar sua boca. Seus lábios se movem contra os
meus, cada vez mais inchados e úmidos.

Eu a devoro, ficando mais excitado, como se não


tivesse trepado com ela de manhã antes de sair com meu
avô.
— Eu sempre te quero. Quero mais — diz e chupa

minha língua como eu gostaria que ela chupasse meu pau.


Eu ataca-o, apertando seus cabelos, fechando os olhos
com raiva como estivesse duelando o que eu posso fazer
com o que quero fazer. Estou cheio de tesão.

— Quer uma chupada antes? — pergunto na sua boca.


— Não. — Marinne se afasta, tira a calcinha – jogando
para cima de mim – e passa dois dedos entre os lábios do
seu sexo, que brilham quando os tiram do seu calor. —

Quero só você.
— Porra — rosno como um animal e me levanto o
suficiente para baixar as calças com a cueca e punhetar
meu pau para ficar mais duro. — Senta, amor. Senta no meu
colo.

Marinne morde a boca sorrindo e eu solto um pré-gozo


quando ela abre bem as pernas, vejo-a brilhando e depois
deslizando pelo meu pau. Vejo a cabeça sumir entre seus
lábios e vou sentindo seu interior apertando todo o corpo

vagarosamente.
Agarro sua cintura para ser mais devagar e ela joga a

cabeça para trás quando estou todo dentro dela. Aperto


suas coxas, abrindo-a mais e apalpo sua bunda antes de dar
dois tapas.
— Aí! — geme e entrelaça as mãos atrás do meu
pescoço e ondula o corpo. — Isso.

O tesão está me matando. Fecho com força os olhos e


agarro seu pescoço para sua boca estar na minha enquanto
empurro para cinta, indo mais fundo. Minha língua se enfia
de uma vez na sua boca, enroscando-se.

Nossas respirações estão aceleradas, misturando-se e


preciso encher meus pulmões pelo nariz para não morrer
sem ar. Estamos mergulhados um no outro, fodendo como
dependêssemos disso.

— Eu aguento. — Ela geme e sobe e desce o corpo. —


Eu quero.
Pego seu pescoço e encaro-a.
— O quê?

Ela desacelera, mas continua a ondular a pélvis, meu


pau massageando-a por dentro.
— Eu o quero além da carne, além do coração. —

Beija-me ferozmente. — Nada pode me quebrar, Amândio.


Sua declaração me faz acelerar e sou um maníaco
obcecado, porque sinto meu orgasmo quando vejo as
lágrimas em seus olhos porque estou indo muito fundo,

muito rápido.
— Mais — ela exige.
Abraçando seu corpo, nos giro e deito-a no feno, abro
mais suas pernas, pego firme suas coxas e recuo, e meto

forte, empurrando seu corpo para cima. Ela abre a boca, sua
boceta contraindo e apertando, joga a cabeça para trás
berrando:
— Amândio!
Beijo seu pescoço, mordo e pego o ritmo perfeito que

atinge com mais força. Seu interior me suga e quero devorá-


la.
Eu a quero demais.
Suas mãos percorrem meu peito, trêmulas e

inquietas. Ela grunhe, e sinto sua boceta se contrair em


resposta. Agarro seus quadris e ela crava os dentes no meu
lábio inferior, para depois acariciar com a língua. Ela geme

pedindo mais. Sua boca está inchada e sensível.


É sempre assim. Por mais perto que estamos um do
outro, nunca é o bastante. Podemos trepar o dia todo e
vamos querer repetir e repetir.

Agarro suas nádegas e trago-a para mim. Sinto minha


ereção como uma barra de aço prestes a explodir em jatos
quentes e fortes dentro dela.
— Você é minha — rosno nos seus lábios.

Seu interior estremece violentamente e ela solta um


rugido, seus quadris encontrando os meus num movimento
vaivém. Aperto sua bunda e meu grunhido reverbera entre
nós. Sinto Meu pau latejar e quando ela goza, meu jorro

morno escorrega entre nossas pernas. Ela ficando toda


melada.
Marinne me abraça, fazendo meu peito colar nos seus
seios e dá um beijo estalado na minha boca. Eu faço com

que deitamos relaxados na palha, e solto a respiração. Beijo


sua testa e olho para o alto, madeira e o telhado de ferro ao
longe.
Escuto seu suspiro antes de deixar um beijo no meu
peito.

Um tempinho depois, estão respirando com calma,


recompostos. Ela suspira deitada de barriga para baixo e eu
passo a mão para cima e para baixo nas suas costa, na
minha bunda.

— Eu adoro a sua bunda redondinha..


Ela ri baixinho e abre os olhos para mim.
— Eu acho a sua bunda muito mais atraente. Toda
musculosa e gostosa. — Ergue o corpo e apoia as mãos no

meu peito. — Você malha as pernas e eu adoro.


Dou um tapa na sua bunda e depois um beijo sua
boca. Ela abre um sorriso sem dentes e apoia a cabeça na
mão quando, dobrando o braço.

— Acho seu corpo lindo e também fico feliz que você


malhe as pernas, assim você me aguenta — falo e enrolo
seu cabelo no dedo.
Ela dá uma gargalha e se joga em cima de mim.
Envolva-a e fico por cima.
— E pensar que não ficaríamos juntos — comenta

pensativa. Acredito até que era para ser silencioso.


— Como assim?
Ela dá de ombros e responde:
— Se Travis não tivesse ficado com a Madeleine, ele ia

casar com a Valentina e com certeza não existiria o nosso


casamento.
— Talvez não — comento.
Ela olha para o meu rosto de relance e fecha os olhos,

deitando no meu peito.


— Eu não sei, não. Mas estou feliz que a gente ficou
junto.
— Eu também.

Se faz silêncio entre nós. Afago suas costas.


— Eu tive medo — diz de repente.
— Do que? De mim?
— Não — responde rápido. — Nunca senti medo de
você.
— Isso é bom.
— É — sussurra. — E eu tive medo quando teve aquele
cancelamento repentino.

Cerro a mandíbula.
— A maldita ideia do meu pai de atacar Las Vegas. —
Fito com raiva o teto. — Eu infelizmente tive que fazer
aquilo para proteger você.
— Eu sei. Está tudo bem.

— Mas eu nunca iria aceitar.


— O quê?
— Acabar o noivado — respondo de uma vez. — Eu
certamente irei invadir Las Vegas e roubar você.

Marinne dá uma risada alta e murmura:


— Eu gosto disso.
Movendo meu corpo, beijo suas costas e a puxo para
os meus braços. Nós deitamos na cama feita de feno e a

deixando por cima de mim. Minha blusa jogada sobre seu


corpo nu e graças ao ar frio do lado de fora, nosso suor
secou, mesmo depois de tanta atividade.
— Gosta de que? — indago.

Ela se vira em cima de mim e beija meu pescoço.


— Eu ia gostar que você me roubasse. Ia ser
emocionante. — Ri baixinho.
Passo as mãos nas suas costas e desço para a volta da

sua bunda.
— Ia ser uma traição. Travis ia invadir Nova York e
pegar de volta a princesa dele.
Marinne fica em silêncio por um tempo, engole em

seco e levanta a cabeça, os olhos azuis brilhantes e diz:


— Eu não ia querer voltar.
— Não?
Leva uns segundos para ela responde, e faz

escondendo o rosto deitando a cabeça no meu peito.


— Não... porque... eu sou sua.
Fito o teto, a madeira sobre nós e me perco na enorme
vontade de reivindicá-la como... não é possível.

— Promete nunca deixar me levarem? — Ela diz


pausadamente, receosa.
— Eu nunca vou deixar — afirmo.
Ela suspira, o corpo ficando ainda mais pesado sobre o
meu e a respiração suave.

— Eu... adoro... você — sua voz se arrasta.


Fico em silêncio e a aperto mais forte em meus
braços. Meu coração acelera e beijo seus cabelos.

— Eu também gosto de você… mais do que eu


deveria.
Marinne não diz nada e virando meu corpo, o dela cai,
mas não se desgruda de mim. Tiro o cabelo da frente do seu
rosto, beijo sua bochecha e encaro-a. Ela adormeceu.

Penso em me levantar, mas me permito ficar. As


palavras do meu avô se intrometem no meu subconsciente e
eu aceito.
— Talvez ele tenha razão, principessa. — Afago seus

ombros. — Talvez eu... esteja realmente me apaixonando por


você.
Balanço a cabeça consternado, desesperado. Eu
nunca tive nada meu para sentir que precisa cuidar para não

perder. E é ela. É ela que eu me sinto obcecado em não


perder.
39

— Ei, dorminhoca.

Soltando a respiração, relaxo meu corpo na cama e


fecho os olhos mais forte de novo. Não quero levantar. Sinto

quando Amândio começa a fazer carinho nas minhas costas,


mas logo está passando a mão em todo o meu corpo.

Abro os olhos quando coloca uma mecha do meu

cabelo atrás da orelha e fixa seus lindos olhos prateados e


intensos em mim.

— Que cara é essa? — pergunto franzida a testa.

— Que cara?
— Essa daí. Você está... pensativo.

Amândio respira fundo e murmura:


— É você! — Beija minha boca pausando e completa:

— Eu me sinto convencido porque toda vez que a gente

termina de trepar você fica assim.

Eu me sinto satisfeita por ele me acordar lambendo e

transando em seguida. Ontem no celeiro foi intenso e nem


lembro direito o que fizemos depois. Sei que chegamos no

quarto e capotamos de cansaço e o sexo ficou para o

amanhecer.

— Assim? Como? — tento esconder meu riso.

— Suspirando alto e solta sua risadinha como se fosse


impossível de segurar. Arqueia as sobrancelhas e relaxa

totalmente. Você realmente gosta.

— É porque é bom.

— É bom? — Ele diz movendo as sobrancelhas e

quase sorrindo.

— É... tipo, é bom de um jeito que não tenho como

comparar.
— Porra! — ele me agarra, levando meu corpo para o

meio da cama. — É isso que eu estou falando. Você me

deixa convencido — diz passando a mão na minha bunda e

apertando.
— E eu sempre quero mais — sussurro num gemido

ofegante.

Amândio levanta a cabeça e me encara como se eu

tivesse duas cabeças.

— É sério? Você quer mais agora?

Tampo minha cara e confesso:


— Eu sempre quero mais.

— Você está se tornando muito insaciável.

— É que nem quando a gente está sem fôlego depois

de fazer exercício e bebe água. Cada gota de água parece

insuficiente para acabar com a falta de ar e o cansaço.

Sem eu esperar, Amândio me agarra, me faz deitar de

barriga para cima e está por cima, se acomodando entre

minhas pernas. Me dá um beijo na boca molhado e sinto

quando encosta o seu pau semiereto em mim.

— Eu também sempre quero mais, porém preciso me


recuperar e respirar um pouco.

Sorrio um pouco envergonhada e convencida ao

mesmo tempo também. Eu levanto as mãos e pego o seu

rosto. Sinto a barba por fazer que ele está deixando crescer
há uns três dias e afagando seu rosto, nossos olhos estão

fixos um no outro.

Não dizemos nada. A nossa conexão é algo


inexplicável e sem dizer o fato de que parecemos animais

sedentos um pelo outro. É loucura e nunca resisto ao soltar

um gemido alto jogando a cabeça para trás quando ele me

penetra lentamente.

Amândio morde meu pescoço e eu amo quando ele

sai e entra de novo, e faz o movimento várias vezes bem

devagar. Eu gosto de todos os jeitos; rápido, forte, violento,

devagar, doce ou ainda mias bruto. Sou viciada.

Meu corpo deseja. É como meus pulmões que

precisam de ar e continuam precisando e precisando. Ter

Amândio é como dependente para a minha sobrevivência e

mesmo que isso me deixe apavorada, às vezes eu gosto de

sentir meu coração desse jeito. A adrenalina de deixar meu

corpo falar e deixar ele responder com o seu.

A sua boca encontra minha de novo e ele me beija

fazendo sua língua escapar de vez enquanto de dentro da

minha boca para lamber meus lábios. Fico toda excitada


quando ele faz isso e agarro-o com os braços e as pernas.
Soltando gemidos enquanto ele remete para dentro de mim

sem parar. Tão gostoso.

— Eu adoro. Eu simplesmente amo isso — decido

murmurar e arranho suas costas.

Amândio em cima de mim tem os olhos prateados.

Um animal feroz e sexual.

— Minha principessa.

Deslizo as mãos até sua bunda e aperto.

— Sim. Sua principessa. Sempre sua.

Amândio termina de tomar banho primeiro e me deixa

dentro do box com um beijo nas costas. Eu sorrio e o vejo

pegar a toalha e secando seu corpo, depois enrolando na

cintura.

— Não demore — diz saindo do banheiro.

Mais uma manhã e ele acordou agitado. Mas

compreendo, estamos voltando para casa depois de dois


meses e uma semana aqui. Mesmo o pai dele ligando para

voltar antes, ele foi irredutível e nos manteve em Calábria

por mais tempo, e acredito que Cassio também quis isso.

Perdi as contas de quantas vezes eles foram sair a trabalho.

Focando no banho, termino de lavar meus cabelos e

não demora muita para eu sair do banheiro com uma toalha

enrolada no corpo e outra na cabeça.

No quarto vejo Amândio de cueca, vestindo uma calça

social preta. Eu paro em frente ao armário e rapidamente

encontro uma calcinha, sutiã e pego a roupa que separei

para voltar para Nova York. Calça jeans azul caneta, camisa

preto e vou colocar um terninho, preto também, por cima.

Os sapatos, vou usar minhas botas de couro pretas italianas

que ganhei de Amândio na viagem.

Rapidamente, coisa que eu sou quando me arrumo

pois me programo antes, estou vestida e calçada. Finalizo a

maquiagem suave, porque sei que vou dormir a viagem

toda, e deixo meus cabelos escovados. Boto a minha aliança,


o anel de noivado e estou pronta.

Saio para a varanda e encontro Amândio ao telefone.

Ele faz um gesto para eu esperar.


— Eu já vou sair — gesticulo com a boca. — Vou

descer para tomar café.

Ele levanta o polegar em sinal de okay e eu o deixo

sozinho. Ele parecia irritado com a pessoa do outro lado da

linha.

Caminho pela casa e desço as escadas cantarolando

baixinho, e quando chego na sala de jantar, aonde comemos

todas as refeições, encontro Cassio conversando com


Santino. Os dois param de falar imediatamente e olham

para mim com seus olhares atentos.


— Bom dia — sou simpática e doce.

— Bom dia, Marinne — Santino fala primeiro.


— Bom dia. Como você está hoje? — Cassio pergunta.

Ele sempre tenta puxar assunto.


— Eu estou bem. Um pouco triste por ir embora, mas

bem e o senhor?
— Eu estou muito bem, obrigado. Sente-se conosco.

Faço um aceno em agradecimento e sento-me na


frente de Santino, Cassio na cabeceira do meu lado direito.
Eu queria não ser desconfiada ao lado dele, mas acho quase
impossível perder o meu senso farejador de apunhalada nas
costas.

Eu juro que não tem nada a ver com a sua opinião


sobre amor e meu casamento na mesma frase. Cassio só

não me passa cem por cento de confiança, assim como seus


olhos deixam claro que pensa o mesmo de mim. Por ele não,

mas pelo seu neto, eu mato e sangro.


— Onde está Amândio?
— Está ocupado em um telefonema.

Cassio apenas assente pela informação.


— Vocês já estão voltando para Nova York? — Santino

indaga. — Pensei que iriam amanhã.


— Sim, vamos amanhã de madrugada.

Pelo visto passarei o dia de hoje arrumando as malas.


Ganhei muitos presentes da família de Amândio e Nicoletta

disse que vai fazer marmitas. Ela gosta que a gente coma.
Pego uma maçã e uma banana e começo a descascar

no prato para ter algo para me distrair. Espero que Amândio


não demore a descer.

Santino olha para o celular e arrasta a cadeira ao se


levantar.
— Bem, eu tenho que ir — diz todo cordial para mim.
— Se não nos virmos de novo, gostaria de desejar uma boa

viagem. Em breve nós nos veremos por lá.


— Obrigada e até breve então.

Santino vai embora e eu fico um pouco sem entender


o que aconteceu aqui. Olho para Cassio e dou um sorriso

sem graça.
— Você não vai comer nada? — Cassio indaga

encarando meu prato.


— Eu só queria esperar Amândio.

— Não se incomode com isso, ragazza. Se sirva logo.


Dou de ombros e sorrio. Pego um pouco de café preto

e parto um pedaço generoso de queijo branco para comer


com a geleia e a torrada. A maçã e a banana estão cortadas

e eu belisco-as entre uma mordida e outra. Adoro salgado e


doce.
Um silêncio nada confortável é o que nos acompanha

na mesa antes de eu ouvir passos e me virar quando sinto a


presença de alguém.

— Bom dia — Amândio chega saudando o avô e se


aproxima de mim. Ele ia se sentar, mas Nicoletta entra
nesse momento na sala. Ela o abraça e dá um beijo. — Bom

dia, nonna.
— Eu não acredito que vocês já estão indo. — Ela olha
para mim, o que me faz levantar para receber seu abraço. —
Eu vou sentir saudade.
Com ela nunca deixamos de falar em italiano, e não é
porque ela não sabe inglês. Ela apenas não gosta e prefere
sua língua. Nossa língua materna.

— Vamos tentar voltar o mais breve possível.


— Eu espero que sim e por favor, eu quero muito ter
bisnetos antes de morrer.
Borboletas brotam na boca do meu estômago e eu

encaro Amândio, mas eu vejo que ele gosta da ideia. Tudo


bem. Tudo bem, mas agora não. Nós já tínhamos

concordado em viver um pouco o casamento e ter um bebê


daqui uns cinco anos.

— Vamos comer? Não quero me demorar. Precisamos ir


— nós viramos para a voz de Amândio.

Céus. Ele arranca o meu fôlego e engulo em seco para


disfarçar como me impacta a visão dele que está com as

mãos dentro dos bolsos da calça preta, os sapatos polidos, a


camisa preta – o óculos de sol no bolso da frente – e os

cabelos mais ou menos penteados. Ele parece sexy e


perigoso como sempre.

— Nonna, você tem que parar de perturbar Marinne


com bebês. Temos muitos anos ainda para ver isso.
— Eu sei — Nicoletta afaga seu rosto. — Eu só gosto
da ideia de bebês chorando e crianças correndo pela casa. É
uma ideia que me agrada. Netinhos seu.
Mordo a boca por dentro, sorrindo e acompanho com

os olhos Amândio beijando a testa da avó antes de vir se


sentar ao meu lado. Nicoletta fica no lugar onde Santino

estava.
— Daqui a uns cinco, sete anos você terá, nonna.
— Vou te esperar mais sete anos? Isso é um sacrifício.
Santino terá que me dar netos mais rápido.
Nós rimos e Amândio parece relaxado.

— Primeiro ele terá que encontrar uma esposa, vovó.


Por mais velho que seja, eu estou na frente dele. — Amândio
pega minha mão e aperta. — Eu já tenho uma esposa.
— Ele não demorará muito para ter uma também —
Cassio finamente entra no conversa. — Santino será o
próximo solteiro saindo do mercado.
Isso não pareceu algo saudável e sim um plano. E

acho que tem tudo a ver com a visita de Santino a Nova York
e a queda de Chicago. O que eles estão tramando.

Ganho um beijo suave na testa e depois na boca que


me desperta. Estou esgotada da viagem.

Abrindo os olhos, sorrio para Amândio com o rosto


pairando o meu.

— Chegamos em casa.
Me recomponho e olho para o lado de fora do carro.

Estamos na garagem do nosso prédio. Assentindo, passo a


língua na boca seca e dou um suspiro forte.

— Casa — murmuro pensativa.


Amândio aperta minha coxa antes de abrir a porta,

sair e estender a mão para mim. Eu aceito e do lado de fora


preciso fechar o sobretudo.
— Não senti falta desse frio — resmungo.
Ele apenas balança a cabeça e me guia para os

elevadores. Eu devo ter me acostumado com o clima da


Itália nesses quase dois meses, porque estamos no final de

setembro, longe do inverno começar a apresentar os sinais.


Ou senão, tem uma frente fria por Nova York, porque está

frio.
Respiro aliviada dentro do elevador privado e mais do

que o conforto do calor do prédio, é eu poder abraçar meu


marido e deitar a cabeça no seu peito. Sentir suas mãos

afagando minhas costas.


— Você está com sono ainda? — diz no meu ouvido.

— Não vale dormir no avião como descanso. — Inclino


a cabeça para trás e entrelaço os dedos atrás na sua nuca,
quase me pendurando a ele. — Eu quero dormir na nossa
cama. Acredite se quiser, eu senti falta dela.

Suas mãos apertam meus quadris se enfiando por


dentro do casaco.
— Eu também senti falta da nossa casa e tenho uma
surpresa para você.

Arregalo os olhos e mordo a boca curiosa.


— O que é?
— Surpresa.

As portas de aço se abrem e eu entro em casa


sorrindo com Amândio, mas logo paro e ando rápido até o
centro do apartamento, entre as salas de jantar e estar, que
tinha apenas a vista de Nova York como atrativo e agora tem
um lindo e cauda longa piano clássico de última linha.

— Você comprou isso quando? — indago virando-me


para Amândio.
— Era uma surpresa para você — responde tranquilo,
as mãos nos bolsos, os pés afastados.

Coloco a mão na boca e olho para o piano de novo. Me


aproximo até tocar a madeira pintada em preto polida e
cheirando a limpeza. Sara deve ter limpado hoje mesmo.
— Eu percebi como você gostava daquela sala de

piano na sua casa em Las Vegas e resolvi comprar um.


Realmente esse lugar estava vazio demais.
Me virando rápido, corro para ele. Amândio tira as
mãos a tempo dos bolsos para me pegar e girar no meio da

sala. Eu beijo sua boca e passo minhas pernas por sua


cintura e abraço-o apertado.
— Você é incrível. — Beijo sua boca de leve. —
Obrigada. Eu adorei a surpresa.

Ele me dá seu sorriso simples e aperta minha bunda


com as mãos em conchas em cada lado. Sou levada para o
piano e depositada em cima da cauda. Minhas pernas não
deixando de abraçar seu corpo.

— Você tem como me agradecer melhor — ele diz


mordendo minha boca.
Dou uma risadinha e concordo passando as mãos no
seu peito.

— Podemos recriar a cena de “Uma Linda Mulher”. —


Toco sua boca com a ponta dos dedos, seduzindo-o. — Você
vai ser meu Richard Gere?
— Eu quero ser eu mesmo.
— Mm... melhor ainda.

Ele me puxa para ficar de pé e tira meu sobretudo


lentamente, os olhos nos meus. Eu faço o mesmo e morro de
tesão vendo seu coldre com as armas e as facas.
Porra. Eu adoro ele ser quem ele é. Nunca mais serei a

mesma depois de matar alguém pela primeira vez e a visão


que tenho do meu homem agora, é diferente.
— Ninguém vai subir para trazer nossas malas não? —

pergunto quando ele tira minha blusa e abre minha calça.


— Não. Falei para Matteo manter vigilância e não
incomodar porque eu precisava resolver uma coisa.
Olho para Amândio de boca aberta e debocho:
— Resolver uma coisa: trepar em cima do piano com a

minha esposa.
Ele me surpreende soltando uma gargalhada e me dá
um beijo na boca tão forte que machuca meus lábios.
— É algo muito importante.

— Você já tinha planejado isso?


— A maioria das coisas que faço com você, eu planejo
antes.
— Então você já sabia que eu ia querer isto.

— Sim — ele acaricia meus mamilos. — Você tem


fetiche por piano e eu percebi.
Mordo a boca rindo e o abraço.
— Eu acho que o meu fetiche é você.

Isso o atinge de uma certa forma, que Amândio nem


consegue disfarçar. Ele arranca minha calça, junto com a
minha calcinha e eu tiro meu sutiã, jogando para longe.
Céus. Eu nem percebi quando ele conseguiu tirar minhas

botas. Só sei que estou pelada e me esfrego nele agora. O


atrito da sua calça no meu clítoris é tão gostoso, que eu faço
com mais força e solto um gemido sofrido quando ele vem
me beijar.

— Nem fizemos nada e você está assim, amor — diz


colocando dois dedos entre os lábios da minha boceta e
sente claramente como eu estou molhada.
Ele aperta com a ponta do polegar meu clitóris do

jeito que eu gosto.


— Você quer forte ou...
— Eu quero com força — interrompo-o. — Eu quero
que você me foda em cima desse piano.
— Com prazer, amor.

Gemo mais forte quando ele fala; amor. Ele não tem
noção que toda vez que me chama assim é confessasse o
que o avô dele disse.
Seus dedos continuam massageando meu clitóris, me

deixando mais e mais molhada. Eu me sinto latejar, arder.


Meu sangue está fervilhando em minhas veias e meu desejo
duplo não tem nada a ver com o piano, é porque eu vou ficar
menstruada. Não sei porque fico com tanto tesão nesses

dias.
— Tira a sua roupa — eu digo beijando sua boca.
Amândio se afasta um pouco e espalhando minha
excitação pelos lábios do meu sexo, dá um tapa no em cima.

Me fazendo pular.
— Ui.
Ele abre um sorriso perverso e pegando-me pela
cintura, me coloca em cima do piano de novo e abre minhas

pernas. Eu deito, a madeira gelada me arrepiando tanto


quanto sua boca afagando meus seios, barriga, boceta e
coxas.
— Porra! — grito quando sua boca está em mim.

Ele começa dando lambidas suaves, mordiscando a


pontinha do meu clitóris e abrindo a boca, me chupa de
verdade como um beijo feroz.
Não precisa ficar muito tempo me provocando,

quando mete dois dedos dentro de mim e me suga com


mais força, e sinto tontura quando meu orgasmo vai
crescendo e crescendo até que gozo colocando os pés na
cauda, me abrindo descaradamente.
Sua ausência faz com que eu abra os olhos e apoiando
os braços atrás do corpo, admiro-o tirando sua roupa. Ele é
tão forte e gostoso. Adoro ver seus músculos flexionarem
quando se mexe.

Virando em encima do piano, fecho a tampa dos


teclados e coloco meus pés em cima, um em cada lado, me
abrindo. Me oferecendo para ele.
Amândio vem para mim, sentando-se no banco e

agarrando meus calcanhares. Ele dá uma lambida forte em


mim e me puxa, o que me faz gritar.
— Não. Não. Não quero que você me chupe.
Seus olhos prateados quase me faz gozar de novo. Ele
me faz escorregar pelo piano e até sentar na tampa dos

teclados. Observo-o se masturbar, ficando cada vez mais


duro e a ponta com pré-gozo.
Faminta, me inclino para frente, beijo sua boca e fico
de joelhos. Olhando em seus olhos, pego seu pau –

empurrando sua mão – e abocanho a cabeça, enrolando a


língua na ponta, sentindo o gosto dele.
— Oh, Marinne. Isso, amor — ele urra como um animal
e sua mão vem no automático para os meus cabelos,
empurrado para baixo.
Respiro pelo nariz, me controlo ao sentir a ponta do
seu pau na minha garganta e relaxo. Das primeiras vezes eu
quase morri levando-o até o fundo, mas agora. Eu me

controlo e adoro. O melhor é vê-lo perder a cabeça enquanto


o chupo.
Fecho os olhos, deslizo a mão para cima e para baixo
no seu comprimento e levo um tempo chupando, lambendo,

passando os dentes de leve. Tendo-o na minha boca quente


e grosso. Gemo chupando-o e coloco a mão entre meus
lábios, sentindo meu clitóris inchado e encharcado. Meto
meu dedo dentro de mim.

— Isso, principessa. Isso! — Amândio joga a cabeça


para trás e agarra minha mão que está envolvendo-o.
Quando suas coxas estremecem e eu estou quase
gozando só por chupar seu pau, lampo todo ele e fico de pé.

Amândio pega minha cintura com suas mãos enormes e


olhamos para minha mão que agarra seu pênis e coloca na
minha entrada.
— Desce devagar.
Abro a boca sentindo-o me abrir do início ao fim.
Engulo em seco, sentindo-me preenchida e quando
encontro seus olhos, quase gozo, mas fecho os olhos com

força e sento no seu colo. Ele está todo dentro de mim e eu


abraço seu corpo, e ele envolve seus braços em mim,
mordendo meu pescoço para beijar depois.
Quando ele agarra meus quadris, estoca para cima e
me atinge no ponto mágico que me faz berrar e sentir

lágrimas nos olhos.


— Amândiooo! — Jogo a cabeça para trás, deitando
minhas costas no piano e arranho seu peito quando ele se
levanta e parece um animal metendo seu pau em mim,

empurrando meu corpo para cima, mas suas mãos detém de


eu sair do ângulo certo. — Isso! Isso.
Eu me sinto quente, latejando e é loucura, mas
sempre quero mais. Juntando minhas forças, consigo

abraçar seu pescoço e aproximar nossas bocas, mas não nos


beijamos, trocamos o mesmo ar e lambidas. Línguas afoitas.
Ele me aperta com suas mãos e eu esfrego meu peito
no seu e aí sim, beijo sua boca..
— Eu vou gozar — sussurro com a voz falhando. — eu
vou.
— Isso, amor.

— Ah... ah... Amândio!


Adoro quando sua boca encontra a minha e sentindo
meu orgasmo vir, junto os pés atrás dele e jogo a cabeça
para trás, ele chupa meu pescoço e eu gozo, apertando seu

pau dentro de mim.


— Marinne — ela solta meu nome em meio ao seu
orgasmo.
Sinto seu jato quente dentro de mim, que chega a

vazar entre minhas pernas e extremoso toda. Vou de bom


grande para seu colo quando senta no banco de novo e
respiro ofegante, tentando me recuperar.
Continuo me movendo e adorando ele dentro de mim,

seu beija suave no meu pescoço e pegando meu queixo,


recebo um selinho na boca.
— Bem-vinda de volta.
Sorrio e enfio as mãos dentro dos seus cabelos.
— Eu quero que você me coma de quatro no sofá.

— Agora?
Assinto e eu não preciso pedir de novo. Amândio me
leva para o sofá, me coloca de quarta, dá um tapa forte na

minha bunda e começa a meter.

— O que deu em você? — ele pergunta.


Eu viro meu rosto e vejo meu marido deitado de lado
na nossa cama. Amândio parece jovem e tranquilo. Lindo e
poderoso.

Dou uma risadinha e toco seu rosto.


— Eu não sei. Só estava com tesão.
— Por causa do piano?
Mexo os ombros e rio quando ele vem para cima de
mim, os braços de cada lado dos meus ombros, mas a parte

de baixo longe. Ele beija a ponta do meu nariz e eu toco seu


rosto.
— Eu devo estar fazendo algo errado para você ainda
estar com tesão depois da lua de mel.

— Ou... — levanto as sobrancelhas — está fazendo


algo de muito certo.
Ele sorri, meu sorriso favorito. Sem mostrar os dentes,
suave e próximo de mim.

Eu o trago para os meus braços. Sua cabeça pousa no


meu peito e eu fecho os olhos. Afago seus cabelos sedosos e
controlo as batidas do meu coração.
Só sei que tudo é real porque não é perfeito, mesmo

assim, as vezes não acredito que somos assim. Que estamos


construindo um casamento real.
Não posso fingir que não existe sentimentos entre
nós. Seria mentira e eu não minto.

E o medo... está morrendo e não vai demorar para eu


dizer a Amândio as palavras que jamais imaginei dizer ao
meu marido arranjado.
40

Meu celular toca na bolsa e faço um sinal para Matteo

que vou entrar na cafeteria. Ele abre a porta para mim e me


segue até os fundos.

— Me dê um pouco de espaço.
Ele assente e se afasta um pouco. Abrindo minha

bolsa, pego meu celular e vejo que é Madeleine.

— Oi, mãezinha — atendo alegremente.


Escuta-a rindo do outro lado da linha.

— Oi, minha querida. Como você está? Voltou de

viagem e nem ligou para mim.


Meus ombros caem sentindo a culpa. Eu e Amândio

voltamos têm três dias e como Madeleine disse, não liguei.


Eu não fiz nada esses dias a não ser pintar, comer e

dormir. Tudo bem, eu também procurei cursos de artes para

fazer em Nova York, e é isso que estou fazendo na rua.

Vim conhecer a Daemen University, que fica no

Brooklyn. Eu nem acredito que vou fazer faculdade de Artes.


Amândio disse que não tem problema e eu acredito que

Travis não faria diferente já que ele fez faculdade também.

Eu preciso ocupar a minha mente, que por mais que

Amândio deixou eu mata Ferdinando, isso não me tornou

uma “iniciada” e francamente, não estou a fim de ser só


isso. Eu amo esculturas, pinturas e músicas clássica.

Fazer faculdade parece um sonho e estou

entusiasmada. E por mais que eu tenha perdido já um mês

de aula – isso se eu conseguir entrar ainda esse mês de

outubro –, posso me recuperar rápido.

Embora a “permissão”, eu sei que Amândio veio na

frente. Matteo parecia saber de mais onde tudo ficava.


Quando quis ir ao banheiro, ele disse: “Vira a direita e segue

reto”. Se era para eu não saber que eles fizeram uma

varredura no perímetro antes de eu pisar, falhou.


E enquanto eu resolvo minhas coisas, Amândio está

ocupado concertando as merdas que Leon fez. Acho que

meu cunhado não é tão bom assim para fazer as cobranças

e os motoqueiros atacaram de novo. Dessa vez jogaram

tinta rosa na frente do prédio da D’Ângelos Corporation.

— Sinto muito. Eu fiquei atarefada.


— Tudo bem. Me conta das novidades. Você ficou dois
meses na Itália. O que achou?
Suspirando olho para Matteo que visualiza a cada

piscar de olhos o visor do celular. Ou é Amândio querendo

saber onde estou – ele pode ver pelo “me encontrar” do

celular. E verá que estou a passos do nosso prédio.

Estou na linda cafeteria que me apaixonei desde o

primeiro dia de passeio em Nova York por causa da sua

fachada envidraçada com vista para o Central Park.

Se não for meu marido, é uma mulher mandando


mensagem. Matteo não ficaria tão ansioso por outro motivo.

Ignorando meu fiel escravo, respondo Madeleine e

conto as aventuras em Calábria, mas esconde que espetei o

cérebro de um homem, transei em uma praia deserta e que

talvez Amândio está apaixonado. E talvez eu também?


Chego em casa e é estranho ver Amândio me

esperando sentado na banqueta da cozinha. Ele está

bebendo vinho e quando se levanta, e caminha para mim,

admiro sua estrutura forte. Os braços e as pernas

musculosas escarçando a camisa e a calça social preta. Está

sem o paletó e a camisa dobra até os bíceps.

— Oi? — Sorrio e adoro quando segura minha cintura.


— Você chegou primeiro do que eu.

— Você demorou demais na cafeteria.

Inclino-me para trás, impedindo que me beije e coloco

a mão na sua boca.

— Está querendo me intimidar dizendo que sabia

onde eu estava.

— Eu sempre sei onde você está e não estou querendo

te intimidar. Saber onde você está é para sua segurança. —


Me agarra pela nuca e consegue beijar minha boca. —

Preciso cuidar do que é meu.

Borboletas animadas fazem festa dentro de mim.

Disfarço que adorei ela falar isso, empurrando-o para longe

e digo:

— Está bom.

Passando por ele ganho um tapa na bunda que faz

barulho e arte porque estou de calça jeans. Balanço a

cabeça sorrindo e vou até a geladeira pegar uma garrafa de

água.
— E como é que foi a faculdade? Gostou do local?

— Gostei sim. É muito organizada e limpa. As pessoas

parecem tranquilos.

— Tudo sempre parece tranquilo antes da

tempestade.

Estreito os olhos e deixo a garrafa no balcão para

cruzar os braços.

— Está querendo dizer que vai andar para trás e não

vai deixar eu estudar?

— Não falei isso — ele volta a se sentar na banqueta

da cozinha e noto que os seus olhos não param de focar na


minha bunda. — Apenas disse o que é verdade. Os

momentos mais tranquilos são os mais perigosos. Não se

engana.

Concordo com um aceno e vou me sentar do seu lado.

Ele coloca a mão em cima da minha e brinca com meu anel

de noivado.

— Nós temos uma festa para ir sábado.

— Mais uma?

— Dessa vez não é nossa — diz sem se abalar. — É um

evento social que eu preciso comparecer.

— Tudo bem — dou de ombros.

— Você precisa ir muito bonita. Será a primeira vez

que você vai sair em um evento comigo.

— É uma festa sobre o que?

— Campanha política disfarçada de aniversário.

— Aniversário de quem?

— Do senador.

— Hun. Eu fui em alguns eventos desse tipo em Las


Vegas, mas eu era nova e ninguém ligava.

— Agora as pessoas vão reparar.

— Eu sei.
Amândio se levanta, abre minhas pernas para ficar no

meio e suas mãos passam em minhas coxas.

— Você parece uma garota levada de calca jeans e

tênis.

— Mm... — murmuro um gemido e passo as mãos no

seu peito. — Você tem fetiche por novinhas de calça jeans

de bunda e peito grande?

Amândio me dá uma mordida na boca quando me


beija e responde tão perto que sinto o seu hálito de vinho

branco nos meus lábios.


— Eu tenho fetiche por você, principessa.

Jogando meus braços nos seus ombros, beijo sua


boca. Adorei que ele devolveu minhas palavras sobre piano.

Quando estou sem fôlego, ele se fasta e me puxa para


dentro da cozinha, abre a geladeira e olhando para dentro

da mesma, sorrio de lado.


— Você pediu a Sara para fazer para mim?

— Não. Eu fiz.
Viro minha cabeça tão rápido que fico tonta.
— Você fez uma torta de morango para mim?
Ele assente e me pressiona na outra porta da
geladeira.

— Hoje completamos três meses e duas semanas


juntos.

Acho sua resposta fofa e o abraço forte.


— Você vai comer a torta em cima de mim?

— Morango, chantilly e Marinne? — As mãos deslizam


para minha bunda e dão um aperto forte, fazendo-me pular.
— Com certeza.

Como estava programado, Amândio e eu estamos na


festa de aniversário de Jeremy Richardson, o senador que é

um dos associados da Darkness. Entrando no salão, paramos


para nos fotografar.

— Eu nunca tinha visto fotos suas em eventos antes


dos seus vinte anos — comento sorrindo amarelo para as
câmeras.
— Eu odeio esses eventos e odeio mais ainda posar

para esses tabloides.


— Então porque estamos aqui?

Amândio vira a cabeça para mim e a mão na minha


lombar escorregar para cintura, juntando mais nossos

corpos.
— Porque eu quero que vejam você comigo.
Logo ele vira o rosto para os fotógrafos e eu também,

fazendo minha melhor pose e aproveitando que é para


chamar atenção, curvo minha perna para a abertura do

vestido se afastar de leve, dando uma amostra do que é dele


e de quem eu sou.
Meu vestido é um Dior preto com mangas de voal

preta com brilho, longo, a blusa igual um corpete e com


uma cauda igualmente brilhante e transparente como as

mangas. A fenda é bem comprida, deixa até a metade da


minha coxa à mostra quando eu caminho ou faço a pose de

modelo de agora.
Amândio está todo de preto, mas vestiu uma camisa

branca por baixo, sem gravada e o coldre tradicional. Ele


está apenas com uma arma e a faca de “estimação”. E

preciso dizer que também estou com a minha arma, presa


na coxa.

O evento vai ser menos desagradável, para mim pelo


menos, porque o senador mandou fechar o museu

Metropolitan para o seu evento. O que para mim torna essa


noite legal.
Nós entramos e Amândio não segue o caminho que

todos os outros estão indo, ele me puxa na direção oposta.


— O que você está fazendo? — indago, mas não tenho

resposta.
Ele continua a me levar para longe da multidão e

entra em uma sala com algumas esculturas cobertas com


lençóis, me encurrala no canto mais distante e segura-me
forte. A mão em meu queixo, as pontas dos dedos fortes no

meu pescoço.
— Porra, Marinne. Esse vestido e você mostrando essa
pele toda — diz despindo-me com seu olhar faminto.

Não tenho como retrucar, sua boca vem em um beijo


luxurioso e feroz, que chega a machucar meus lábios, mas

estou tão acostumada com seus beijos violentos, que gemo


em sua boca e deslizo as mãos por seus braços até elas

ficarem atrás do seu pescoço sentindo seus cabelos fazerem


cócegas nas costas das minhas mãos.

Ele me beija roubando meu ar, me fazendo gemer.


Viro meu rosto para o lado oposto, seus lábios juntos com os

meus. Abro a boca para aumentar o contato e ele vira a


cabeça, enfiando a língua na minha boca. Seus movimentos

rápidos, profundos me enchem de desejo.


Para não destruir seu penteado, ele milagrosamente

está com o cabelo arrumado, aperto o paletó em seus


ombros e solto um gemido quando suga minha língua.

Ele está me devorando, me deixando excitada a cada


segundo, me fazendo desejá-lo ardentemente. Os beijos
dele são fortes, apaixonantes e eu sempre fico com muito
tesão.

Eu não sei o que levou ele a ficar tão excitado e não


estou aqui para impedir. Só de me beijar dessa forma, me

deixa louca. É as preliminares que mais me excitam.


Amândio se afasta me dando um beijo suave nos

lábios e diz:
— Eu preciso te comer com esse vestido.

Eu mordo meu lábio sentindo meu sexo ficar ansioso,


excitado e carente.

— Mas a gente está na rua e se alguém entrar aqui?


— Pode ter certeza de que não vai e você é minha

esposa. Você é minha, eu posso trepar com você quando e


onde eu quiser.
Reprimo um gemido alto apertando meu lábio com os
dentes e ganho um beijo rápido, barulhento, e eu o vejo se

afastar.
— Eu preciso te provar. Chupar sua boceta gostosa,
que deve estar ansiosa por mim. Toda melada.
Ui. Perco o fôlego e não tenho como reivindicar se é

verdade. Ele consegue perceber, suas palavras me fazem


pressionar uma perna na outra. Chego a cruzar os pés
embaixo. Eu definitivamente perco o ar vendo Amândio se

ajoelhar na minha frente. Sorrio com orgulho e afasto as


pernas para ele.
— Você disse que não se ajoelhava.
Ele levanta os olhos com um sorriso sem vergonha e
diz:

— Só me curvo para chupar você, principessa.


Não tenho o que retrucar.
Ele abre o meu vestido, seus dedos raspando em
minhas coxas.

— Eu aprecio bastante essa fenda — diz com a voz


rouca e abre mais a fenda, levanta a mão e oferece um
pedaço do tecido dizendo: — Segura para mim enquanto eu
te chupo.

Mordo a boca excitada e faço o que pede. Adoro que


ele fale tão abertamente sacanagem para mim. Amândio é
tão deliciosamente depravado. E eu estou muito
concentrada nas suas palavras, que mal percebo quando ele

pincela as pontas dedos na frente da minha boceta e


retirando sua faquinha do bolso da frente, passa sobre meu
clitóris antes de puxar o tecido e rasgar a calcinha.

Abro a boca para protestar, mas sua boca está na


minha boceta. Ele pressiona a língua no meu clitóris, que
está duro e excitado só com suas palavras e talvez é por isso
que ele fale tão gostoso.

— O que vai fazer? Estamos na rua.


Amândio não responde, dá um beijo na coxa onde
está o coldre com a arma, guarda a calcinha no bolso da
calça e pegando-me pelos culotes, puxa e enfia a cabeça

entre minhas pernas, dando uma lambida antes de chupar.


Eu procuro por algo que possa apertar e fico
emocionada quando ele ergue a mão para mim,
entrelaçando nossos dedos. Minha outra mão vai para o meu
seio e gemo baixinho, um choramingo.

— Eu quero você.
Ele assopra minha boceta, o ar gelado me fazendo
arrepiar.
— Você quer trepar, principessa?

— Eu quero, mas vou ficar toda melada depois, você


sabe.
— Não se preocupe — fala olhando-me sob as

sobrancelhas. — Eu tenho um lenço no meu bolso.


Ergo a sobrancelha e seguro o riso, não acreditando
no que ele disse. Amândio sorri de lado e eu cochicho:
— Você sempre vem preparado?
— Não necessariamente. Esse lenço sempre está aqui

porque às vezes eu limpo minhas mãos de sangue.


Que visão, porra. Eu não sei o que me tornei, mas a
visão dele coberto de sangue, todo cruel e vingativo como
estava com Ferdinando, me excita.

— É para eventuais acontecimentos quando pego um


filho da puta e o mato.
— E agora terá porque sua esposa vai ficar toda cheia
de gozo.

Suspiro alto e toco o seu rosto dizendo:


— E já que é assim, eu quero que você me coma bem
gostoso.
Ele me dá um beijo rápido na coxa, abre mais minhas

pernas. Ele passa a ponta dos dois dedos pelos lábios, vai e
volta, vai e volta, e então escorrega para minha entrada
pegando minha excitação e espalha para o clitóris.
Ele faz isso repetidas vezes. Depois seus dedos fazem

uma pressão gostosa, apertando meu clitóris e eu jogo a


cabeça para trás, sentindo meu coração acelerar, a
respiração falhar e queria poder gritar, mas não posso.
Dois dedos escorregam para dentro de mim e ele os

curva, massageando minhas paredes internas. Solto


gemidos baixinhos, sentindo a deliciosa pressão e estou de
olhos fechados quando sua boca vem me chupar e morder.
Soltando a língua, suas lambidas é como se estivesse

beijando minha boca.


Seus dedos saem de dentro sendo substituídos por
sua língua e eu quero gemer porra.
— Amândio — reclamo num resmungo/gemido.
Eu coloco uma das pernas em cima do seu ombro,

dando maior acesso e ele me devora. Me chupa com tanta


vontade como se eu fosse um copo d’água e ele estivesse no
deserto. Como ele precisasse disso. Sua língua ao mesmo
tempo suave, é intensa, assertivas nos toques dentro de

mim.
— Me fode — sussurro e puxo de leve seus cabelos. —
Me fode, por favor.
Minhas palavras parecem ativar seu lado possessivo,

pois Amândio fica de pé rapidamente. Segura meu rosto


com as duas mãos, me beija forte, fazendo borboletas no
meu estômago me agitarem. E elas vão para o meio do meu
peito, em meu coração acelerado. Eu solto um gemido

abafado dentro da sua boca, gozando com seu beijo.


Ele abre seu cinto, a calça, baixando com a cueca. Seu
pau salta para fora. Suas mãos fortes levantam-me,
firmando meu corpo na parede com suas pernas, ele mete

dentro de mim e beija sem muita força meu pescoço.


Eu abraço firme seus ombros, deixando meu corpo
seguir seus movimentos. Adorando como me fode.
Amândio me beija e pergunta:

— Quer que eu goze dentro?


Mordo sua boca e segurando seu rosto, as bochechas,
com as duas mãos.
— Eu sempre quero, mesmo ficando melada de você a

festa toda.
— Talvez sintam o cheiro e não cheguem perto. Você é
minha — fala e estoca para cima.
Dou um gritinho e rio. Adoro a possessividade dele.
— Sou sua.
— E é mesmo.
Ele aperta mais forte minha cintura e meu corpo
sacode para cima com suas estocadas. Eu deslizo as minhas

mãos em seu peito, sentindo os músculos e como ele está


um pouco suado, adoro seu cheiro. Suor e perfume.
De repente olho para a porta e pergunto:
— E se alguém entrar?

— Matteo não vai deixar.


— Ai, meu Deus. — Arregalo os olhos. — Ele sabe que
a gente...
— Está fodendo? — completa a frase como não fosse
nada de mais. — Você é minha esposa. Ele não tem que falar

porra nenhuma. — Ele me dá um beijo rápido nos lábios, um


selinho. — Não se preocupe e foca no importante.
— Que é?
— Seu marido de comendo contra a parede bem forte.

— Céus — digo sorrindo e junto nossas bocas, porque


é o único jeito de poder gritar.
41

Marinne respira lentamente, apoiada no meu ombro,

no meu ouvido. Eu quero saber quando foi a porra da vez


que fiquei tão exaurido, mas continuo querendo trepar de

novo e de novo. O ciclo nunca acaba com ela.


Inclino um pouco meu corpo, afastando minha cabeça

do seu pescoço e dou um beijo na sua testa e na têmpora,

porque ela continua jogada em cima de mim. Ainda bem


que estou segurando-a. Acho que ela perdeu as forças.

Encheu-me de orgulho distorcido.

— Você está bem? — pergunto baixo, acariciando seus


ombros.

— Estou... Só não sei se eu vou conseguir andar.


Sinto meus lábios curvarem-se com um sorriso

presunçoso e babaca, mas não posso deixar de apreciar o

comentário óbvio.

Percebendo que ela está em cima de mim, quase

sentada nas minhas coxas. Toco seus braços até tocar seu
rosto e levantar.

Marinne abre os olhos piscando lentamente até eu

ganhar foco na sua frente e então sorri. Amo seus sorrisos.

— Eu acho que vou precisar mesmo do seu lenço.

— A sua disposição, querida.


Ela dá uma gargalhada alta. Não é uma risadinha ou

sorriso. É uma gargalhada e passa o dedo indicador nas

minhas sobrancelhas.

— Você está muito inteiro para quem fodeu contra a

parede feito um animal. — Toca meu nariz. — Por que você

quis fazer isso?

— Porque eu posso e acho que a gente poderia repetir,


eu te comeria de quatro naquele banco de mármore.

— De cara para o Dante? — ela tem o semblante sério,

mas a voz é cheia de humor.


— Pode ser em frente aquele quadro com a mulher

nua, mas — deixo um beijo nos seus lábios vermelhos, — eu

realmente preciso participar do evento.

Marinne parece despertar do que acabamos de fazer,

onde fizemos e se solta de mim. Saio de dentro dela,

ouvindo-a gemer e sinto mesmo um prazer gostoso para


caralho de sentir a sua boceta apertada contrair conforme

deslizei.

Seus saltos fazem um barulho estrondoso no chão e

ela fica de pé, cambaleando de relance. Dou para ela o lenço

e enquanto se limpa. Eu coloco meu pau dentro das calças,

vestindo a cueca, ajeito minha blusa e fecho a calça e o

cinto. Arrumo meu paletó e Marinne só precisa dá um jeito

no vestido; arrumando as mangas e a saia.

— Você está lindo — ela comenta.

Assinto e ajeito seus cabelos, já que ela não está


vendo.

— Deixa eu te limpar direito.

Mesmo franzindo a testa, me entrega o lenço e me

ajoelho para limpá-la melhor. E notando que está seca e

limpa, guardo o lenço no bolso na calça.


— É sério que você vai guardar?

— É claro que sim.

Ela balança a cabeça descrente e me coloco de pé.


— Você tem um espelho? — indago.

— Por que? Estou toda borrada?

— Não, mas precisa retocar o batom.

— Ah, relaxa — responde ajeitando o cabelo. — Minha

bolsa ficou com Matteo. Ele tinha pego no carro para mim.

Vou sair daqui e entrar num banheiro.

— Sem problemas.

— Na verdade, não.

— O que foi?

Ela faz uma careta zangada.

— Você cortou a minha calcinha, lembra?

— Não se preocupe. Não vamos demorar e quando

chegar em casa, vou te comer com esse escolar e os

sapatos.

— Aquela calcinha era um presente.

Seguro seu queixo e digo:

— Eu te dou mil iguais a ela.


Ela solta uma gargalhada balançando a cabeça e

passa por mim. E preciso morder a língua por ela rebolar até

a recepção onde deveríamos estar.

Esticando a mão, me chama e eu prontamente

seguro.

— Para de rebolar — falo no seu ouvido.

Marinne finge que não disse nada e continua

caminhando calmamente.

Ela faz meu coração disparar quando a ouço rir alto e

quando olha para trás, para saber se estou onde devo:


seguindo-a. Parece que ganho uma porrada no meio do

peito.

Não é como se eu nunca tivesse sentido merda

nenhuma, mas Marinne me faz sentir tudo. A única pessoa

que tem o poder de me destruir é ela, e talvez eu nunca lhe

dê essa chance.

Eu morreria por ela. E acima de tudo, eu matarei por

ela.
Não faço ideia do porque diabos eu aceitei vir nesse

tipo de evento. O problema que recusar um contive de um

homem importante e influente como Jeremy Richardson,

não é inteligente. É meu pai que gosta de babá ovo de

político, não eu. Mesmo que Jeremy não seja dos piores.

— Pensei que você não veria. — Jeremy fala quando


paro na sua frente, depois de esperar uma fila ridícula de

bajuladores parabenizando-o por mais um ano de vida.

— Eu não vejo o motivo de não comparecer. — Aperto

sua mão rapidamente.

— Seu pai disse que você estava viajando.

— Sim.

— Negócios?

— Lua de mel — retruco com vontade de pedir para

ele parar de falar.

— Ah, bem melhor. Muito mais prazeroso do que

trabalho. — Ele olha para os cantos e depois para mim. —


Falando nisso, cadê sua esposa?

— Aqui — Marinne chega justamente nesse momento.

Caminhando toda elegante, o vestido movendo-se e

brilhando enquanto chega até a mim, o colar de rubi dando

a mensagem de que ela é rica e inacessível para os meros

mortais. Ela está uma rainha hoje. — Está no toalete.

Eu passo a minha mão por trás do seu corpo,

envolvendo sua cintura e Jeremy estica a mão, que como


sempre Marinne cumprimenta dando um aperto.

— Feliz aniversário, senador.


— Muito obrigado por terem vindo. Sei que vocês

acabaram de vir de uma lua-de-mel, então devem estar


ajeitando as coisas em casa ainda.

— Não é mentira — Marinne devolve com simpatia.


Ele acena como esperasse pelo próximo passo e

olhando para minha esposa, eu sei o que devo falar a seguir.


— Marinne, quer entrar na Daemen e eu queria saber

se conseguiria uma reunião com o reitor. Como foi de


improviso, ela não fez a inscrição a tempo, mas tem ótimas
notas.
Marinne olha para mim franzindo a testa sem
entender. Eu sou um homem poderoso, mas o poder vem de

contatos e se ela quer entrar na faculdade, preciso arrumar


alguém que possa colocá-la lá dentro.

— É claro que eu faria isso por você, mas preciso que


faça algo por mim também.

— Se o problema for dinheiro, sabe que não é o caso.


Quando você quer?
— Não estou te pedindo dinheiro.

— Você quer dizer, que não está pedindo dinheiro


ainda.
— Sim, Amândio. Não estou pedindo seu dinheiro,
enfim. — Ele diminui nossa distância. — Preciso que você

assuste o meu concorrente.


— E por quê?

— Você está bancando um homem ético agora para


me perguntar por que? Eu quero assustá-lo e é isso.

Enfio minha mão livre no bolso e aperto com raiva.


— Eu preciso saber o motivo e não porque sou uma

pessoa moralmente civilizada, mas tudo tem motivo. Eu não


ataco sem razão ou estratégica.
Jeremy respira fundo e pensa muito antes de falar.
Babaca arrogante.

— Ele levantou uma mentira sobre a minha família


para os jornais. Falou da minha família e eu aceitaria

qualquer coisa sobre mim, menos com meus filhos.


Se ele está querendo dizer dos filhos homens, tudo

bem, porque sua filha é uma vadia. Eu posso ter comido


Ellen Richardson várias vezes, mas sabia quem ela era. Uma

vadia interesseira e mentirosa que não vale nada.


— Certo, vou ver o que posso fazer?

— Então eu vou ver o que eu posso fazer pela sua


esposa.

Marinne lhe dá um olhar penetrante, igualzinho como


encarou Ferdinando. Eu preciso segurar sua mão para ela

sacar a arma e dá um tiro em Jeremy.


— Tudo bem, eu faço.
— Amândio — Marinne fala zangada, — você não

precisa aceitar a chantagem dele.


— Querida, isso é política e o trabalho do seu marido.

— Você está barganhando — ela diz irritada para ele.


— Eu não preciso de você. Posso fazer a prova para o ano
que vem. Eu não vou entrar na faculdade atrás de uma

chantagem.
— É um acordo como todos os outros que fazemos —

Jeremy rebate.
Apertando a mão de Marinne, falo para Jeremy:

— O acordo é, primeiro a faculdade, depois eu assusto


o cara.
Ele me dá um aceno e aperta minha mão selando o

acordo. E antes que Marinne fale mais alguma coisa tiro-a


de perto dele.

— Por isso que eu nunca gostei de Travis se envolver


com a política — ela comenta quando estamos no jardim do

museu.
— Eu sei que você ficou irritada, mas é assim que

funciona.
— Você não precisar pedir porra nenhuma a ele. Como

você mesmo disse, eu tenho ótimas notas e isso conta como


ponto para entrar na faculdade. — Cruza os braços. — Eu

poderia conversar com o reitor, conseguir uma reunião com


alguém lá de dentro e talvez entraria para o próximo

semestre. Você não precisava pedir nada a ele.


— Se não fosse essa chantagem, ele iria fazer por

outro motivo. Em algum momento Jeremy iria me pedir


exatamente a mesma coisa. Eu sei que você não gostou,

mas é assim que funciona.


Ela olha para as unhas, provocando atrito com uma

passando na outra e ergue os olhos para mim.


— Estou odiando ficar nessa festa e como você já falou

com ele, já fez o seu pedido, podemos ir iríamos embora. —


Fala brava e passa por mim, voltando para festa.

Eu já odeio esse tipo de evento e um que acaba


fazendo eu brigar com o Marinne. Definitivamente ela tem

razão, já podemos ir para casa.


Indo atrás dela, vejo-a pegando uma taça de

champanhe quando o garçom passa perto dela e tomando


um grande gole. Seus olhos observam atentamente todos os
convidados e eu vejo o momento que Ellen me nota e vem

em minha direção.
Rápido chego até Marine e seguro seu braço. Ela olha

de testa franzida onde estou tocando-a e indaga:


— O que está acontecendo?
— Nada. Só quero que você fique perto de mim. Não
confie em ninguém aqui.

— Então por que estamos aqui se você não confia em


ninguém?
— Eu preciso manter as aparências. Faço parte desse

ninho de cobras, mesmo odiando a presença de cada um


deles.

Ela assente automaticamente e noto quando os seus


olhos focam em algo atrás de mim.

— Por que a mulher vestida de vermelho está vindo


em nossa direção e olhando para você como se fosse um

pedaço de carne suculenta.


Girando em meus de calcanhares, dou de cara com

Ellen parando na minha frente.


— Quanto tempo Amândio! — Ela perde a noção do

perigo me dando dois beijos no rosto, se demorando e


quando recua olha para Marinne com cara de nojo, mas

então abre seu sorriso falso dizendo: — Você deve ser a


esposa dele. Eu vi suas fotos. Você realmente é muito

bonita. Sou Ellen Richardson.


Espero a reação de Marinne porque ela fica um bons
segundos apenas olhando para Ellen sem se mexer, sem

sorrir, sem balançar a cabeça. Só olha até que para entre eu


e Ellen, chegando a me empurrar para trás.

— Sou Marinne Lozartan D’Ângelo.


Não entendi porque ela disse Lozartan. Todas as vezes

que ela se apresentou até hoje, sempre disse Marinne


D’Ângelo e hoje ela solto uma merda dessas. Por um acaso

ela pensa que gosto, ou gostei de Ellen?


— E da próxima vez, você fica um pouco mais longe.

Ele é um homem casado agora — Marinne fala entredentes.


— Ele gostava muito quando eu ficava por perto antes

de você.
Marinne respira pelo nariz, olha para baixo de um jeito
perigoso e suspira abrindo um sorriso ácido.
— Isso foi antes, como você mesma disse. Agora ele é

casado e eu gostaria que você mantivesse distância.


— Eu vou tentar fazer o meu melhor a Senhora
D‘Ângelo.
Marinne estreita os olhos para ela e Ellen se afasta de

nós rebolando como uma vadia. Marinne tira a taça da


minha mão e termina de beber o champanhe.
— Para essa festa ficar pior, só falta o seu pai chegar e

tocar a minha bunda de novo. — E novamente ela passa por


mim, pisando com força e eu faço um sinal para Matteo
segui-la.
Preciso falar com algumas pessoas antes de ir
embora.

— Para com isso, porra — agarro as mãos de Ellen e

tiro de cima de mim. Jogando-a para longe. — O que você


tem na cabeça?
— Nós já trepamos tantas vezes, Mandinho — usa sua
voz de vadia manhosa.
— Você deve ter algum tipo de problema mental. Eu

sou casado.
— Não é um casamento de verdade. Foi só um acordo.
Acha que eu não sei como que funciona para vocês italianos
cheios de dinheiro e do submundo.
Dou um passo para a frente e coloco o dedo na cara

dela.
— Se você quer viver para ver o Sol novamente, é bom
calar a boca.
— Ah, que isso. Você adora a gente fodia e eu te

chupava até o fundo. Esse seu pau enorme.


Estou indo para ciam dela quando uma sombra cai
sobre nós e eu me viro. Marinne está nas escadas que levam
para o jardim, onde estamos. Eu vim no banheiro e Ellen

deve ter me seguido.


Fico preocupado de Marinne suspeitar de algo, que
NÃO aconteceu, e vou para ela quando termina de descer as
escadas. Seus olhos azuis estão vibrantes, como a cor
tivesse saturado.

— Eu posso saber o que que está acontecendo aqui?


— Nós só estávamos conversando — Ellen responde e
toca meu ombro. — Não é, Mandinho?
Eu sempre odiei esse apelido e agora odeio

duplamente.
A cabeça de Marinne tomba para o lado e seus olhos

poderiam matar Ellen se ela tivesse poderes telepáticos.


— Tira a mão, por favor.
— Do que?
— Dele — minha esposa esbraveja.
Ellen ergue as sobrancelhas antes de dar uma risada

fina de deboche.
— Meu Deus. Ela é sua dona, Amândio? — pergunta
rindo e de proposito toca meu peito.
Eu agarro seu pulso e empurro com força para baixo.

Seu corpo saco, mas ela não perde a linha. Seus cabelos
ruivos, os olhos castanhos e sua cara cheia de maquiagem,
me enojam.
Focando em Marinne, envolvo seu corpo com um

braço e fico feliz dela não ter me afastado. Prova que confia
em mim. Eu sei um porco idiota em trai-la com Ellen. Trai-la
com qualquer uma.
Como o clima está muito perturbado, levo Marinne

para dentro do jardim, longe da festa, mas seu rosto


marcado de raiva mostra que Ellen nos seguiu.
— Qual é os eu problema? — Marinne pergunta indo

para cima dela e não estou pronto quando tira sua arma do
coldre e aponta para testa de Ellen. — Você não me ouviu
nenhuma das vezes?
Caralho. Eu mesmo mataria Ellen se não provocasse

um grande problema, mas Marinne porra.


Toco suas costas e digo no seu ouvido:
— Abaixa isso. Ela é filha do senador.
— Podia ser filha do Boss, que eu iria tratá-la como

merece. — Dá um passo ameaçador e solta: — Como uma


vadia de quinta categoria.
Seguro firme o braço de Marinne e tento puxá-la para
longe de Ellen, que por sua vez mantém a cara cínica e
provocadora.

— Vai. Tenta.
Marinne nem pisca enquanto mantém a arma
apontada para Ellen. Não treme, mal respira e o foco é
único. O ombro dela. Não quer matar Ellen. Quer machucar.

— É melhor você ter desejado morrer antes de fazer


isso — Marinne murmura.
Donato e Matteo trocam um olhar, depois meu braço

direito olha para mim, mas ignoro. Eu sei que Marinne não
vai fazer nenhuma loucura.
— Amor, não faz isso — murmuro no seu ouvido só
para ela. — Deixa ela para lá. Não vale a pena.

Marinne engole em seco, o peito sobe quando inspira


com força sede sutilmente o aperto na sua arma. Sei que
ainda está com raiva, seus olhos estão molhados. Lágrima
de raiva.

— Eu disse para você não tocar no que não é seu —


fala baixo, a voz tão firme quanto sua postura. Ela fica
bonita demais ameaçadora.
— Marinne — advirto e envolvo sua cintura pela

frente, suas costas no meu peito.


Ellen ri balançando a cabeça, confiante demais.
— Que isso, italiana.
Fecho os olhos brevemente e só registro quando

Marinne se afasta de mim, encaixa o silenciador na arma,


destrava a segura e aperta o gatilho acertando o ombro de
Ellen, que cai no chão.
— PORRA! — Ellen berra colocando a mão na ferida. —
Maluca.
— Caralho, Marinne. — Agarro-a puxando para mim. —
Raven fica para cuidar de Ellen — ordeno e saio com Matteo

e Donato.
Geralmente não tenho tantos soldados comigo, mas
hoje pareceu que precisava e aqui está a prova. Que caralho.
A arma de Marinne está sendo escondida pelo meu

paletó enquanto passamos pelas pessoas. Graças a música


alta ninguém ouviu nada. Está calmo e por sorte não esbarro
com nenhum conhecido.
— Que merda você fez — falo no seu ouvido.
Marinne está tremendo, e não porque atirou em

alguém. Ainda está com raiva. Dou para ela meu lenço e ela
limpa o sangue que respirou nas suas mãos de tão perto que
estava de Ellen quando atirou. Pego a arma dela e consigo
encaixar no meu coldre. Parece eu adivinhei e só vim com

uma arma.
Merda. Os babacas dos fotógrafos. Corro com Marinne
para o carro. Faço-o andar na minha frente observando o
movimento em volta.
Abrindo a porta do carro, ela entra e eu a sigo. Espero
Donato ligar o motor para subir a janela que nos dá
privacidade e viro-me para Marinne.
— Você tem noção do que fez?

Ela cruza os braços e olha para frente, não se


importando. Não vou permitir. Segurando seu queixo, forço-a
a olhar para o meu rosto.
— Você não pensou no que isso vai provocar?

— Eu não matei ela. Só dei um tiro. Foi um ferimento


de leve. — Puxa o rosto, tirando da minha mão. — Acho que
nem atravessou o ombro.
— É isso que você está pensando? A sua preocupação

é essa?
— Na verdade, eu não estou preocupada com nada.
— Ela é filha do senador e você deu um tiro nela.
— Eu tive que fazer alguma coisa já que você não

tirava as mãos dela de cima de você. — Vira o corpo para


mim e aponta o dedo para o meu peito. — E o que que você
estava fazendo sozinho ali com ela?
— Não fode. Ela me seguiu quando fui ao banheiro. E
como é que você não sabe que eu empurrei ela umas três
vezes para se afastar. Ellen é desse jeito mesmo.
— Então você gostava de vagabunda? — Mesmo a
frase sendo violenta, sua voz se mantém baixa.

Eu penso em responder, mas é bem no momento que


o carro faz um movimento que eu conheço muito bem.
Passando pelo quebra molas da garagem do nosso prédio.
Abro a porta do carro, deixando Marinne sair primeiro
e falo no seu ouvido:

— Lá em cima nós conversamos melhor.


Com a postura rígida e o queixo para cima, ela
caminha para dentro do elevador e antes que as portas se
fechem, ela me dá um aceno com dissesse; estou pronta

para conversar. Ou no caso brigar.


O olhar de Matteo precisa ser silenciado, porque está
me dando vontade de quebrar todos os dentes da sua boca.
Eu não sei o que ele está pensando e nem quero saber

porque prezo muito ele como meu braço direito. Tem um


tempo que eu estou pensando em transformá-lo em meu
Consigliere. Se ele amadurecer a mente.
Ele caminha até a mim quando estou sozinho,

esperando Donato se afastar e o segurança que fica na


garagem.
— O que você quer que eu faça com Ellen?
— Não é preciso fazer nada. O que está feito, está

feito.
— Sua esposa deu um tiro nela. Não creio que ficará
esquecido o assunto com Jeremy.
— Tome uma atitude se o pai dela fizer alguma coisa.

— Você concorda com o que aconteceu?


Respiro fundo e realmente torço que ele consiga ler
meu olhar de aviso
— Acho que eu faria o mesmo e Ellen procurou o que

recebeu.
— Você permitiu Marinne fazer isso.
— O que você quer dizer com isso?
Matteo baixa o tom de voz a cabeça. Acho bom

lembrar que eu estou acima dele


— Não quero te desrespeitar, Amândio, mas ela tirou
uma arma de você e acertou uma mulher num evento
público. E sem demonstrar nenhum respeito.
— Aquela arma é dela. — Quase rio com sua

acusação. — Travis deu de presente de casamento para


Marinne, assim como ela tem uma espada e eu acho que
você lembra, não faz muito tempo, acho o que dez dias que

ela matou Ferdinando na sua presença.


Matteo sacode a cabeça que sim e não parece julgar.
— Eu não estou dizendo que não confio nela — fala
com certeza. — Eu jurei meu sangue por Marinne. Morreria
hoje se fosse preciso, mas talvez ela tenha sido imprudente.

Eu não estou falando por mal. — Pausa, pensativo e conclui:


— E você não pode confundir ela matar o Ferdinando a dar
um tiro em Ellen por ciúme.
Ele tem razão, mas eu não vou confessar isso. Dessa

forma vou mostrar que deixei Marinne passar por cima de


mim. E eu não tenho problema com isso, mas os meus
homens precisam me respeitar.
— Seja o que for que acontecer, o que Jeremy falar, eu

vou resolver. Ellen é uma mentirosa e o pai dela não vai


querer criar um caso comigo.
Nesse jogo de poder, eu sou mais forte e mais
perigoso do que Jeremy. Que no máximo pode me

denunciar, porém eu tenho tudo legal, já ele não. Um


mafioso com dinheiro sujo, grandes coisas.
— Ele é político, Matteo. Não vai querer se meter
comigo.

Assim que as portas do elevador se abrem no triplex,


eu imediatamente vejo Marinne sentada no banco em frente
ao piano tocando uma melodia barulhenta.
— Você está irritada — falo tirando meu paletó e

jogando no sofá.
Ela se levanta e vem até a mim descalça e com um
coque bagunçado no topo da cabeça.
— Por que você não fez nada?

— Você está querendo dizer sobre o quê?


— Ela te tocando e você não fez nada.
— Marinne, eu já falei que tentei afastar, mas eu...
— Você o quê? Não bate em mulher? Não mata

mulheres? O que que foi? — Esbraveja. — Custava você dar


um empurrão e ela tropeçar, bater com a cabeça e morrer.
Balanço a cabeça e analiso seu olhar, a voz e até

mesmo o que acabou de dizer. Ela não está com raiva de


Ellen me tocar hoje.
Cortando a nossa distância, seguro seu rosto em
minhas mãos, e ainda bem que ela não recua.
— Quando foi que eu dei motivo para você pensar que

iria te trair ou que penso em outra mulher? Que eu não me


sinto satisfeito com você?
Ela espalma as mãos no meu peito e os olhos
arregalam focando nos meus.

— Eu não estou falando sobre isso, Amândio.


— Então está falando sobre o quê?
Ela leva um tempo me encarando em silêncio, até que
fala com a voz de baixa:

— Eu só tive você. Não fui de mais ninguém não tive


outras experiências e você sim.
— Você está insegura por causa da Ellen? Está se
comparando com ela?

Gostaria de saber o que Marinne acharia se


descobrisse que as duas empregadas da casa dos meu avós
eu comi. Elas foram muito legais com Marinne. E a garota do
estúdio de tatuagem, antes de virar recepcionista foi

prostituta e eu comi ela algumas vezes por isso me olha


apavorada. Bate muito nela enquanto comia seu cu.
— Você é a única mulher da minha vida e sempre
será.

Ela dá de ombros não parece convencida.


— Marinne, por favor, eu não sei como fazer você

entender o óbvio.

— O que é óbvio?
— Você é linda, educada e eu chamo você de princesa

porque tem esse seu jeito elegante e iluminado, mas é

muito mais do que isso. Não se compare com nenhuma


mulher que eu já fodi. Elas foram passa tempo e entendo

você, porque mataria todos os homens que tivessem tocado


você.

— Sorte a sua que nunca teve ninguém.

— Sorte mesmo é dos que não tiveram a


oportunidade. Eles já estariam mortos. — Eu abraço seu

corpo e aprecio quando joga seus braços nos meus ombros,


e dou um beijo na sua boca. — Mesmo você sendo uma

menina má hoje. Eu me senti vingado por seu ciúmes.


Ela sorri, voltando a relaxa.

— O que eu fui?

— Você foi uma menina má hoje, Marinne — digo com


a boca no seu ouvido.

Ela geme e beija meu pescoço.


— E o que você vai fazer sobre isso? — Toco meus

ombros e as costas.

Pegando-a nos braços, levo para o nosso quarto e jogo


na cama. Ela soluça uma respiração presa e eu rasco seu

vestido todo. Escandalizada ela assiste quando viro-a de


barriga para baixo e puxo o pano, deixando-a apenas de

sutiã, sapatos e o colocar.

Sentando na beira da cama, bato em minhas pernas.


— Deita aqui.

Marinne fica de joelhos na cama e engatinha até se

deitar sobre minhas pernas. Quando dou a primeira


palmada ela grita e agarra o colchão.

— Sabe que eu não conto meus planos, eu...


— Você faz — completa interrompendo-me.

— Isso e o que uma menina má merece?

Ela respira ofegante, ficando claramente excitada.


— Ganha palmada.
Minha resposta é bater duas vezes na sua bunda. Ela

geme mais alto a cada tapa e no terceira, meus dedos estão

marcados na polpa da sua bunda.


— Valendo uma palmada na boceta. De quem você?

— SUA! — berra.

Sentindo meu pau latejar, faço-a ficar de pé, agarro


seu corpo para arremessar na cama e abrindo bem suas

pernas, dou um tapão na sua boceta e quando afasto para


ver o que fiz quase gozo. Ela está brilhando. Vou para cima e

dou uma lambida e vou subindo até encontrar sua boca.

— Minha garota safada adora umas porradas.


Ela me abraça todo com as pernas e os braços, se

esfregando na minha calça.


— Isso! Adoro. Me bate mais forte.

Sorrio e beijo sua boca. Eu adoro essa mulher de um

jeito que tira meu fôlego. Como pode ser tão perfeita para
mim?

— Eu ainda vou te mostrar uma coisa, mas você não

está pronta ainda.


Marinne franze a testa.
— Tudo que for com você, vai ser bom. Eu sei disso. —

Ela faz um movimento de luta e estou por baixo. Segurando

firme minha camisa, puxa para os lados e arrebenta os


botões. — Agora me castiga.
42

Vejo a cara de Matteo como se estivesse em um

enterro e sei que meu dia será atolado de problemas.


— Que merda aconteceu agora?

— Além de Jeremy Richardson querer uma reunião


com você? — Matteo comunica assim que entra na merda

da cozinha da minha casa.

Ando até a cafeteira e encho uma caneca grande.

— Você me ouviu?
— Sim, porra. — Viro-me para ele. — Você quer que eu

faça o quê? Ele deveria ter esquecido essa merda já. Tem

uma semana.
— Fale com ele. Sua esposa atirou na filha dele. Será

que é pouco? Eu te avisei naquele dia.

— Marcar uma reunião com o Jeremy. Nós vamos

resolver conversando.

— O que você vai falar para ele?


— Não sei, porra. Na hora eu vou pensar sobre isso,

Matteo e não comenta nada perto de Marinne.

— Por que? Ela ficou preocupada?

— Não, mas ela vai ficar com raiva.

— Você não acha que tem que controlar a sua esposa?


Viro-me para ele quase que em câmera lenta.

— Controlar minha esposa? — Deixo a caneca bem

devagar em cima do balcão e o encaro com a expressão

vazia, o que não é um bom sinal. Ele sabe disso.

— Eu quis dizer que Marinne as vezes.... — Ele perde a

fala. — O que ela fez foi infantil.

— Apenas para desencargo de consciência, você acha


que eu concordei? Porque a resposta é não, mas eu não vou

controlar minha esposa. Ela não é minha submissa ou uma

criança.
— Tudo bem. Eu entendo, porém Marinne foi um

pouco exagerada. Ela não tinha necessidade de ter feito

aquilo.

— Ela sentiu ciúmes.

— Você quer dizer que se fosse um homem...

— Não conclua essa frase, Matteo. — Balanço a cabeça


em negativa. — Não vai ser bom para você.

— Certo, eu já entendi que vocês dois têm uma

grande possessividade um pelo outro, mas foi

desnecessário. Não precisava atirar na mulher.

— Ela não matou a Ellen. Você fala de uma forma

como Marinne tivesse matado ela. Só foi um tiro que pegou

de raspão.

— Em um evento público. Uma festa com muitas

pessoas poderosas que poderiam ver. O que você ia fazer?

— Matteo, eu vou resolver o problema com o


Richardson, não com você. Ele tem rabo preso comigo e

fique sabendo que ele está envolvido com o mercado de

tráfico de órgãos. E antes dele querer falar da minha esposa,

precisa controlar os cachorros da sua família.


Matteo fica em silêncio, ponderando suas próximas

palavras.

— Você quer que eu procure saber melhor sobre os


podres dele?

— Isso. Faça o seu trabalho e me deixe em paz. Você

está chato para caralho essa semana.

Ele não se abala e ainda solta:

— Acho que você deveria focar no seu cunhado. Você

tem mais do que o problema com Jeremy no seu prato para

resolver ultimamente.

— Na hora certa eu vou ligar para Travis e colocar esse

assunto na mesa. Agora saia.

— Não vai sair hoje para as cobranças?

— Vou com Donato mais tarde.

— Tem certeza?

— Absoluta — digo lhe dando um olhar para ir

embora.

Matteo finalmente some da minha frente.

Eu desisto de tomar meu café e caminho até as

janelas panorâmicas. Olho para o horizonte de Nova York, o


verde do Central Park e céu deixando o tom avermelhado do

nascer do sol para o azul claro.

Realmente preciso focar em Colen, que nunca pensei

que de todos os Lozartan fosse ser um traidor.

— Oi — escuto a voz de Marinne e viro-me para ela.

Entro em alerta e observo-a caminhar até a mim. Está

com o macacão jeans sujo de tinta e um tope branco por

baixo. Dá para ver sua tatuagem, o rosto com uma sujeirinha

de tinta e gosto dos cabelos dela bagunçados. Acordei com

ela fora da cama hoje. Está toda animada com a faculdade,


que Jeremy pode não ter conseguido, mas o governador sim.

— Estava pintando?

— Fui ver a tela que estou concluindo e acabei me

perdendo por lá — diz sorrindo. — Desci porque ouvi você e

Matteo. Pareciam brigar.

— Não foi nada.

Ela mexe as sobrancelhas desacreditada.

— Vai ficar em casa hoje? — mudo de assunto.

— Na verdade, estava pensando em ir numa feira ao

ar livre.
Estreito os olhos para ela e estico as mãos, que ela

aceita e fica perto de mim. Observo quando seu macacão

encosta em mim e não dou a mínima se vai sujar o terno. E

ela também, porque passa as mãos no meu peitoral sem se

importar.

— Quero comprar morangos — diz com os olhos nos

movimentos das suas mãos. Ela passa as unhas de leve no

meu pescoço e encontra meu olhar. — Quero comer

morango com chantilly.

— Isso parece é gostoso — falo com a voz rouca.

Marinne sorri como lesse meus pensamentos e levanta

os as sobrancelhas. Ela parece tão serena.

— Esse tope não é muito grande.

Ela ri baixinho e me beija murmurando:

— Você não precisa sentir ciúmes.

— Falou a mulher que atirou em outra porque me

tocou.

Ela fica na ponta dos pés e abraça meu pescoço.


— É bom não aparecer nenhuma outra vagabunda

que você fodeu ao longo da sua vida na minha frente.

Puta que pariu. Isso me deixa com tesão.


— Eu vou fazer um esforço.

— Certo. — Me beija e sai dos meus braços indo para

cozinha.

Vou atrás e por algum motivo conto:

— Hoje é meu aniversário.

Ela para seus passos e vira-se para mim. Franze a

testa como recordasse a data e um sorriso vai surgindo em

seu rosto.
— É verdade. Hoje é vinte e quatro de outubro —

Corre para mim e eu a abraço, tirando seus pés do chão.


Ganho um beijo na boca. — Feliz aniversário, amor. Muitos

anos de vida e que você continue todo gostoso por muito


tempo. — Rio e apoio seus pés no chão para beijá-la

agarrando seus cabelos e apertando sua bunda. — Preciso


comprar seu presente — solta sem fôlego.

— Eu já ganhei você. Não preciso de mais nada.


Ela fica me olhando por tempo e percebo que ficou

tímida. Me obrigando a soltá-la. Marinne vai para a cozinha,


e vou atrás.
— Meu pai quer fazer uma reunião na casa dele.

— E por que não pode ser aqui?


— Campanha política.
Ela revira os olhos e coloca as mãos na cintura.

— Falando nisso, como ficou com o senador? Ele já


falou com você?

— Para o bem dele, é bom esperar eu entrar em


contato.

— Sério? Mas fui eu que atirou na filha dele.


— Mas é ele que tem rabo preso comigo.
Marinne ergue as sobrancelhas.

— Acho que foi bom você ter outros contatos, porque


definitivamente não seria por meio de Jeremy que eu

entraria na faculdade.
— Ótimo. Pensei no que você disse naquele dia, antes

de atirar em Ellen, e ele foi um babaca. Não podia ceder as


suas chantagens.

— Dever favor a merdas como ele é a pior coisa.


Concordo com um aceno e sento-me na banqueta que

estava antes e observo Marinne fazendo ovos e bacon.


— Quer também?

Assinto em silêncio e sinto-me extasiado assistindo-a


cozinhar para mim. Parece tão certo ela aqui.
De repete ela começa a cantarolar com um sorriso
meigo no rosto. Ela prende os cabelos com em um coque e

pisca o olho para mim quando deixa o prato na minha


frente.

Inquieto, me levanto e indo por trás dela, apago o


fogo.

— O quê? — Vira de frente para mim. — Por que você


fez isso, Amândio?

Abraço-a, envolvendo sua cintura e ela relaxa, tocando


meus braços e dando um beijo. Ela se afasta um pouco para

focar em meus olhos e franze a testa.


— Você parece feliz — comento.

— Eu me sinto feliz. — Respira fundo tocando meu


nariz. — Eu sou feliz

Eu assinto concordando com ela. Eu queria poder


protegê-la de absolutamente tudo, mas é impossível. E
talvez eu falhe miseravelmente fazendo-a permanecer na

minha vida como meu avô disse.


Suspirando, ela me beija de novo e eu enfio a mão

dentro dos seus cabelos e aprofundo o beijo. Quando ela


tenta se afastar, não permito. Continua lambendo e
chupando sua boca, até que ela morde a minha e eu me

afasto.
— O café vai esfriar? — diz com um sorrisinho e

segura meu queixo. — Ei.


Está certo. Ela deve estar com fome, por isso a solto.

Ela faz uma careta engraçada e termina de preparar seus


ovos e bacon. Fala para eu acompanhá-la na mesa da sala
de jantar, e aceito.

— Foi você quem fez o café? — pergunta quando


estamos sentados à mesa.

— Espero que não esteja muito forte para o seu gosto.


Marinne bebe um pouco e sorri com os lábios ainda na

caneca.
— Não, está ótimo — responde e pega uma fatia de

bacon, dá uma mordida olhando para mim com um


sorrisinho secreto.

Eu quero tanta coisa com essa mulher, que me sinto


enlouquecer. Ela é demais para mim.

Deixando a caneca em cima da mesa, Marinne se


levanta e senta no meu colo. Meus olhos percorrem suas

pernas e quando encaro-a, ela sorri e as lapelas do meu


paletó, já que estou pronto para ir trabalha e ela me olha

com desejo e admiração.


— Você é tão bonito.

Aperto sua cintura do jeito que ela gosta.


— Você que é linda.

Me surpreende com as bochechas ficando vermelhas.


— Isso é mentira.

Beijo sua boca de leve.


— Até se você estiver de pijama e descabelada, suja

de tinta, é a mulher mais linda que eu já vi.


Marinne solta uma risada e me dá um sorriso

envergonhado, aquele que faz seus ombros se retraírem, e


morde o lábio assentindo em agradecimento.

— Nós temos que ir na casa do meu pai hoje para o


meu aniversário.
— U-hum, eu sei e vai ser bom um jantar com a alta

sociedade depois do acidente com Ellen.


Dando um beijo no meu rosto, ela se vira e pega sua

caneca.
— Acidente? Você atirou na filha do Senador.
— Ela não deveria mexer nas minhas coisas —
murmura com humor.

Tiro a caneca da sua mão, e quero que ela foque em


mim. Faço-a se virar para mim e ela morde os lábios
escondendo o sorriso.

— Suas coisas?
Marinne concorda com um aceno quase imperceptível

e passa as mãos abertas nos meus bíceps, ombros e toca


meu pescoço.

— Eu adoro ver você todo arrumadinho. — As mãos


descem para o meu peito e sobem pelos braços, seu olhar

de desejo mais intenso. — Você de smoking, três peças e


camisa preta, porque você sabe que eu fico babando. Você

fica tão lindo. Essa sua cara de mau em público, os olhos


que parecem perfurarem as pessoas e o jeito inconsciente

que segura minha cintura. — Dá de ombros. — Desculpe se


eu não aceito alguém tocar em você, principalmente uma

mulher que já teve você.


Ergo as sobrancelhas e subo minhas mãos por seu

corpo, acariciando seus coxas e meus polegares encontram


seus mamilos arrepiados por baixo do tope.
— Nem Ellen e nem nenhum outra mulher me teve.
— Mas vocês...

— Eu tinha uma vida sexual ativa antes de você, mas


só isso. — Abro seu macacão e tenho livre acesso para

deslizar as palmas das mãos por cima dos seus seios, até
segurar seu rosto, os dedos erguendo seu queixo no ângulo

certo para beijar sua boca. — A única mulher que me teve,


que me tem e sempre terá é você. Não existe mais ninguém,

principessa.
Nós estávamos nos provocando, como já é costume,

mas ela perde seu sorriso jovial. Ficamos sérios olhando um


para o outro, a provocação acabou. Nossa respiração fica

leve e espero que ela não sinta meu coração acelerado


assim que pousa a mão no meu peito.
Marinne engole em seco e solta a respiração num
suspiro, um sorriso sem mostrar os dentes. Ela se levanta,

saindo de cima de mim, mas eu agarro sua mão e fico de pé


também.
— Nunca pensei que fosse realmente possível você ser
desse jeito comigo, mas... — seus lábios tremem quando
para de falar, — quero que você saiba que eu me sinto feliz.
Muito feliz. Eu adoro você.

Surpresa me domina e eu foco em seu olhar. Eu não


sei por que, mas minha memória resgata todos os
momentos de nós dois, tudo que já fiz por ela. Para nós dois
ficarmos juntos e o que eu ainda vou fazer.
Vou quebrar a Òmerta por ela, esse dia cada vez mais

está chegando. Irei fazer qualquer coisa por ela porque a


verdade é que eu a amo.
Sim, porra. Eu amo tanto essa mulher e tenho medo
desse amor por ela, em tão pouco tempo, ser tão

monstruoso.
Mas amo essa mulher, amo seus olhos brilhantes e o
jeito como ela morde os lábios. Seu sorriso e a alegria. Tudo
nela é lindo e impressionante.

— Amândio? — Ela parece ficar emocionada e abre a


boca sem ar.
— Eu te amo — deixo escapar.
— O quê? — ela franze a testa, mas não se afasta. Ela

agarra meu braço estremece.


— Estou apaixonado por você. Todo dia que eu acordo,
todo dia que eu faço amor com você, que eu te fodo como

um animal porque parece que nunca é o suficiente. —


Inspiro com força. — Eu te amo Marinne e por esse
sentimento que lutarei por você. É um risco grande demais,
me deixa perturbado, mas... não posso fazê-lo morrer.

Ela está sem ação, não consegue dizer nada.


— Vo-você... Você tem certeza? — Ela gagueja
trêmula. — Você quer... dizer isso mesmo? Vo-você... —
Espalma as mãos no meu peito, os olhos marejados, as

mãos tremendo e apreensivas. — Você me ama?


— Amo e não é pouco.
— Mas...
— Estou apaixonado por você e não precisa fazer
nada. Você está aqui dentro. — Eu pressiono sua mão sobre

o meu coração. — Não vale muito e sempre foi oco. Vazio e


frio. Mas desde que te vi, ele bateu mais forte.
Marinne está muda e paralisada. Desvia o olhar,
focando nas suas mãos me tocando e parece emocionada,

acho que triste.


Eu sabia que confessar meus sentimentos seriam uma

péssima ideia, mas não achei que ela ficaria assim.


— Tudo bem?
— Amândio?
Viro-me e vejo Matteo nas portas do elevador.
— Precisamos de você.

— Já estou indo.
Espero ele sumir para segurar o rosto de Marinne e
analisar seus olhos.
— Marinne?

Ela desperta e toca meu peito de novo.


— Tudo bem. Tudo bem — responde e talvez não
perceba que está chorando.
Eu não sei o que fazer. Não existe um manual para

sentimentos, como lidar com a sua esposa chocada porque


você disse que está apaixonado por ela. Porra.
— Eu preciso ir agora, mas quando eu voltar, a gente
conversa, tudo bem?

Ela balança a cabeça que sim e toma coragem para


me enfrentar. Mas só consegue abrir a boca algumas vezes
sem dizer uma palavra sequer, os olhos molhadas e mesmo

assim continua linda.


— Quando eu voltar, a gente conversa. Fica quietinha
em casa.
Ela assente e agarra minhas mãos. Assisto um lágrima

escorrer em seu rosto, mas finjo que não estou vendo. Ela
precisa se entender consigo mesma.
— Só não some. Eu preciso...
— Está tudo bem. Eu vou voltar. Temos uma festa

hoje.
— Me abraça. — É quase uma suplica seu pedido. —
Eu não quero perder você.
Franzo a testa e a tomo em meus braços com força.
Tiro seus pés do chão e ela envolve meus quadris com as

pernas. Deita a cabeça no meu ombro e chora baixinho.


— Marinne, amor.
— Eu ouvi o que... o seu avô falou.
— O quê? Como assim? Olha para mim e repete.

Ela faz o que pedi e segura meu rosto com as duas


mãos.
— Eu ouvi o que Cassio falou para você, sobre se

apaixonar por mim e que ele perdeu a mulher que amava.


Por isso que ele não queria que você gostasse de mim e eu
sei que você ficou preso para não me ver. Te torturaram só
para...

Ela ouviu a nossa conversa, mas nós falamos em


português.
— Para eu não me apaixonar por você — concluo sua
frase. — E mesmo assim aconteceu — ironizo. — Aquilo foi

mais um incentivo do que outra coisa.


— Incentivo?
— No fim ficar preso naquele buraco me deixou mais
forte e com mais ganância de encontrar você. Cassio sem

querer transformou você na minha luz no fim do túnel.


Ela se solta de mim, ficando de pé e coloca a mão
sobre a queimadura do meu peito.
— Eu sei que você pensa que não sinto nada por você

porque disse que sou leal aos meus irmãos, mas não é
verdade. São sentimentos diferentes e... — Ela faz uma
pausa, engole em seco e agora se dá conta de que está
chorando porque precisa limpar o rosto. — Eu... nunca senti
isso.
— E você acha que eu já tinha sentido? Porra. Você é o
primeiro amor que eu conheço na minha vida toda. Eu

nunca tive de ninguém.


Não quero ser insensível e fingir que meus avós não
gostam de mim, mas porra, eu nunca liguei. Não cobicei
sentimento de ninguém ou me importei.

Marinne se agarra a mim e beija meu peito várias


vezes. E quando ergue a cabeça, toca meu rosto.
— Apenas não some e... — Pausa soluçando e sorri
sem graça. — Eu também estou me apaixonando —
sussurra, — e estou apavorada. O nosso mundo... ele vai

esmagar isso.
Limpo seu rosto e faço-a deitar a cabeça no meu
peito.
— Um dia de cada vez, foi o que eu aprendi naquele

buraco.
— Um dia de cada vez — ela repete baixinho.
Termino de colocar a gravata e saia do closet dando
de cara com Marinne com as mãos atrás do corpo sorrindo

para mim. Depois do que falamos mais cedo, parece tudo


diferente. Mais real, mais assustador e perigoso.
— O que você tem aí atrás?
— Comprei um presente para você enquanto estava
cortando a cabeça de quem te deve.

Balanço a cabeça rindo da sua brincadeira.


— E foi difícil porque você tem tanto coisa,
basicamente tudo.
Ela tem razão. Eu tenho absolutamente tudo e

inclusive ela.
— Espero que você goste — diz e oferece uma caixa
quadrada preta.
Abrindo encontro um relógio prata cromado e uma

pedra de Rubi cortada em formato de um coração humano,


não o coração que criança desenha, no meio.
— É incrível. É lindo — digo.
— Vê atrás.
Eu viro e encontro a gravação: “Da sua eterna

principessa.” Eterna? Boa escolha de palavras.


Sorrio e jogo a caixa em cima da cama, e coloco o
relógio e mexo o pulso, o rubi brilha refletindo a luz.
— Extravagante, mas bonito. Eu gostei.
Olho para ela e Marinne está sorrindo de um jeito

diferente. Ficando perto, ela me puxa para baixo e beija a


minha boca. Eu abraço sua cintura e aprofundo o beijo.
— Obrigado. Eu gostei muito do presente.
— Eu espero que sim. Tudo que você me dá é lindo e

perfeito. E eu nunca tinha dado presente nenhum para você.


— Quem disse?
Ela morde a boca, escondendo seu sorriso e passa a
mão no meu rosto.

— Seu maior presente também não veio exatamente


embrulhado — sussurra.
Estamos falando do que pareceu não existir quando
voltei para casa para me arrumar. Foi de verdade. Eu não
criei a merda da cena e muito menos imaginei que essa
linda mulher também está começando a me amar.
Amor é uma fraqueza? Eu gostaria que testassem
minha fraqueza a partir de hoje.
43

Eu já era agarrada a Amândio como um carrapato

quando estamos na presença de Giovanni, Cassio e Santino,


mas hoje em especial, eu não pretendo ficar sozinha na casa

de Giovanni.
Eu poderia enfiar uma faca nas suas bochechas e

rasgar sua boca, mas se eu matar ele aqui, não saio viva e

corro o risco de matar meu marido. Porra.

A declaração de Amândio mudou minha mente


imprudente, porque se ele se ferir e for culpa minha, vou

ficar muito puta.

— Você está bem?

Levanto o rosto para ele e assinto.


— Feliz em estar na casa do seu pai? Não. Nenhum

pouco. Mas vou ficar bem se você não me deixar sozinha.

Amândio me dá conforto apertando minha mão e

viramos para frente quando a porta se abre.

— Senhor e senhora D’Ângelo, sejam bem-vindos e


feliz aniversário, senhor — um homem com cerca de

cinquenta anos no saúda.

— Obrigado, Samuel — Amândio toca o ombro do

homem e me leva para dentro da casa.

Nós entregamos nossos sobretudos para guardarem


no armário e passamos pelo lobby da casa.

Meus olhos tentam registrar cada detalhe da mansão.

Nossa, Giovanni gosta de ostentar. Tudo tão exagerado,

brilhantes e grande. É como entrasse em uma loja de

material de construção e tem os moldes para escolher o

piso, sofá, cortina e tapetes. A única coisa uniforme são as

escadas em mármore branco.


— Seu pai gosta de gastar.

Amândio dá outro aperto na minha mão e esse é para

eu calar a boca.
Os convidados estão espalhados pela casa

conversando, bebendo e comendo. Eles cumprimentam

Amândio com apertos de mão e saudações de feliz

aniversário.

Eu tento encontrar os irmãos dele. Gostei muito deles

e são os únicos que me agradam nessa casa.


O garçom passa por nós e pegamos champanhe. Tomo

um gole e acompanho Amândio até o seu pai, que está

acenando para ele. Giovanni da um abraço no filho e um

tapa um rosto. Coisa de homem.

— Meu filhão está ficando cada vez mais velho e forte.

Pessoal! — Giovanni fala alto, chamando a atenção de todos

e bate na sua taça com anel em seu dedo. — Vamos fazer

um brinde ao meu filho, que hoje está comemorando hoje

mais um ano de vida. Mais um ano da sua excelência como

o meu verdadeiro braço direito.


Todos levantam suas taças falando em uníssono o

nome de Amândio em uma saudação calorosa e depois

batem palma rapidamente. Isso é só fachada, ninguém aqui

de fato liga se ele está vivo ou se o pai gosta do filho como


está fazendo esse papel hoje. Por sinal, ele atuando muito

mal.

— Por que o show? — Amândio pergunta quando os


convidados voltam a focar em si mesmos.

— Você é meu primogênito e preciso fazer com que

todos vejam como tal.

Olho para o chão para ele ver ler meu olhar de

desprezo. Eu realmente não quero que meu marido seja

vinculado ao pai dele.

— Acho que todos aqui já sabem disso. Não precisa

fazer essa cena de pai orgulhoso. Nem combina com você.

Giovanni corta a distância e sou obrigada a erguer o

rosto para vê-lo em cima da Amândio, ele me dá um olhar

rápido cheio de raiva.

— Você permitiu que a sua esposa fizesse um show na

festa do senador semana passada e não estou vendo você

ignorar? Ela nem era para ter vindo.

— Minha esposa não era para ter vindo? Você está se

ouvindo?

Agarro o braço de Amândio porque ele parece


disposto a enfiar a taça na cabeça do pai.
— Ela deveria estar em casa trancada e cheia de

hematomas.

É isso que ele pensa. Que ele fez com as outras

esposas e faz com Gemma?

Amândio olha para o lado, vendo se tem alguém por

perto e abaixa a voz para o pai:

— Ainda bem que sou eu que toma as decisões dentro

da minha casa e no meu casamento.

— Lembre-se de que ela só existe por causa de mim.

Sua esposinha — Giovanni direciona o olhar para mim, — foi


um presente do papai e você deveria mantê-la quieta para

não arrumar problemas.

Aperto mais forte o braço de Amândio e por sorte ele

olha para mim, lê em meus olhos que estou pedindo para se

afastar e ficar calmo, é dá as costas ao pai, se afastando.

— Você não deveria dar as costas para mim, Amândio.

Meu marido não retruca, mas vejo sua boca tremer em

um sorriso maligno. Essa noite pode acabar pior do que o

último aniversário que fomos.


Infelizmente por alguma razão distorcida, Giovanni

não permite que as filhas participem de eventos como este,

quando tem por tantos interesses e engravatados

poderosos. Pessoas de caráter duvidoso de ternos e vestidos

longos bebendo champanhe e curtindo a comida sem graça.

Bella e Lianne só foram no meu casamento porque


Amândio mandou levá-la senão nem isso elas iriam.

Giovanni é um verdadeiro babaca que prende a garotas

como mercadorias ou peças para seu jogo.

E por mais que eu adore meu marido, acho que

Amândio demorou muito para matar o pai. Ele está

demorando demais.

— O que você está pensando? — Amândio pergunta

me entregando outra taça de champanhe que pedi para

pegar.

Tomo um longo gole. Caramba. Essa vai ser a última

taça. Estou ficando tonta e enjoada, talvez porque não comi


nada.

— Eu estou pensando que seu pai é um idiota em não

deixar as meninas participarem da sua festa.

Ele projeta o corpo para ficar na frente do meu,

bloqueando os demais.

— Eu também acho. Nunca gostei dessa regra dele,

mas essa festa está longe de ser para mim.

Preciso concordar e até parece coisa do destino, pois


vejo Giovanni passando com o governando e mais alguns

homens.
— Por que ele quis fingir que seria para o seu

aniversário? — Encaro Amândio de volta. — Ele está


estragando o seu dia?

Ele toca meu ombro, os dedos resvalando suavemente


em meu pescoço e pega uma mecha do meu cabelo entre os

dedos.
— Marinne, eu não ligo para isso. Está tudo bem.

Respiro fundo e seguro sua mão, puxando-o para ficar


mais no cantinho comigo.
— Mas eu ligo e estou odiando. Ele está usando você.
— Eu já disse isso para você, eu acho. — Baixa ainda
mais o tom da voz, que fica muito rouca. — Alguns pais têm

filhos para usá-los, outros não ligam e outros são como seu
irmão. O meu pai é a pior combinação da primeira e da

segunda opção. Então, meus irmãos e eu estamos mais do


que acostumados.

E por isso ele disse que eu sou o único amor que


conheceu na vida. Sou a única pessoa na sua vida que ele
quis amar e quer ser amado.

— Droga — resmungo baixinho.


— Por quê? — Ele sorri achando graça do meu mini

ataque.
— Odeio não poder te tocar.

Uma sombra passa em seu olhar me arrepiando e eu


mordo a boca cruzando as pernas. Ele percebe e direciona

seus olhos para minhas coxas, dá dois passos, colocando seu


corpo no meu e toca minha lombar.

— Tem um banheiro no fim do corredor com um


quadro de homem fumando charuto.

Engulo em seco e fito o seu rosto, que ele está


olhando para frente então só vejo seu queixo.
— Você está pedindo para me encontrar lá?
Sua mão desliza e apertar minha cintura.

— Sim. Daqui a cinco minutos você vai. — Recua os


passos, toca meu queixo e murmura: — Não demora.

Mordo o lábio inferior, mas fico séria para ninguém


perceber meu estado de excitação e felicidade. Eu sempre

fico feliz perto dele e suas aventuras sexuais.


Olho para o resto do liquido que ficou na taça e

sentindo meu coração acelerar. Bater descontrolado porque


eu também o amo. Droga. Por que eu não disse? Ele precisa

saber. Precisa que eu diga com todas as letras que eu o amo.


Amo tanto que me dá desespero. Amo tanto que sou capaz

de tudo por ele.


Deixando a taça em cima da mesa com aperitivos,

sorrio para alguns convidados e estou entrando no corredor


quando Leon me para.
— Cunhada.

Rio do seu jeito brincalhão.


— Oi, Leon. Como você está?

— Bem — responde ficando mais perto para falar


baixo: — Soube das suas conquistas na Itália.
Subo uma das sobrancelhas e dou de ombros fingindo

modesta.
— Queria estar lá para ver você fazer o que me

dizerem que você fez. — Abre um sorriso sombrio e balança


a cabeça. — Ainda não acredito que Amândio deixou.

— Acho que ele me pediu — retruco e minha voz tem


muito orgulho.
Leon ri fazendo um barulho com o fundo da garganta

e beija minha testa, murmurando antes de se afastar:


— Gosto de você. — Fitando-me nos olhos, toca meu

ombro e pisca o olho. — Continua sendo como você é.


Ele faz um aceno e passa por mim. Me viro para vê-lo

caminhar até um casal e um garota de lindos cabelos loiros.


Ela é muito bonita e seus olhos brilham para Leon. Ele

aperta a mão do homem, beija o rosto da mulher e a garota,


ele toca sua mão e dá um beija na sua testa.

Estreito os olhos. Ela é a pretendente dele? Ou eles


namoram? Não parecem estranhos. Ele oferece seu braço e

ela aceita. E os quatros somem do meu campo de visão


conversando.

— Enfim — suspiro. — Vou encontrar o meu par.


Entro no corredor que Amândio falou e observo as
esculturas e os quadros. Pego a bainha do meu vestido e
faço sacodir. Sinto-me como uma menininha apaixonada.

Mas eu sou, porém uma mulher apaixonada. Espero


controlar minhas emoções quando me declarar para ele.

— O caralho, Amândio. — O berro faz eu parar meus


pés.

Noto que tem uma porta entreaberta. Dou uma olhada


discretamente e percebo que é um escritório. Giovanni

aparece de relance e eu encosto meu corpo na parede para


ele não me ver.

Porra. Engulo em seco e me controlo para ouvir.


— Eu já tenho tudo resolvido.

— Mesmo assim Amândio. Eu não vou reduzir ou


recuar.

— Não. Mande eles pararem. Isso é um erro.


— Você não manda ainda na Darkness. Você se acha o
Capo, mas não é.
— E você está procurando problema onde não tem.
Vai fazer uma guerra com a pessoa errada.
— Não. Eu fiz a escolhe errada. Vitorio Malvez sempre

foi meu aliado e você deveria ter casado com a filha dele.
Arregalo os olhos e coloco a mão na boca.

— Porra. Então por que você quis tanto uma aliança


com a Lawless se fica o tempo todo pensando em atacá-la.

Atacar? Ele quer atacar meu irmão?


— A pior merda que já fiz, foi permitir você se casar

com essa garota. Ela é abusa, confiada e agora atirou na


filha do senador. Você precisa acabar com isso.

Engulo em seco. Acabar comigo? Ele está falando em


me matar? É óbvio, assim Amândio fica livre para filha de

Vitorio e ele se alia a Blood Hands.


Infelizmente quando eu vou projetar meu corpo mais

para frente, empurro a porta do escritório. O movimento


pega os dois de surpresa e Amândio ergue a arma, mas logo

abaixa.
— Veja só — Giovanni ironiza. — Que bela esposa você
tem Amândio. Ouvindo atrás da porta.

Mesmo orgulhosa, abaixo a cabeça porque ele é meu


Capo. Vejo Giovanni chegar perto de mim e levanto o os

olhos para ele sutilmente.


— Foi seu irmão que te ensinou a ouvir atrás da porta?

— Me desculpe. Juro que não foi a minha intenção. —


Olho para Amândio e continuo: — Eu vim chamar o Amândio

e ouvi vocês gritando. — A todo momento minha voz é


submissa e humilde.

Amândio caminha até ficar do meu lado e toca meu


ombro. Ele sabe o que estou fazendo aqui, mas pergunta:

— Você quer alguma coisa? — Sua voz está


preocupada. Em alerta.
Giovanni dá um passo para frente e sinto a falta
imediatamente do calor do toque de Amândio.

— Você precisa dar um jeito nela.


Amândio dá um olhar para o pai cheio de raiva, a
mandíbula enrijecendo.
Deus. Não!
— O que você acha que eu tenho que fazer, ou não
fazer com a minha esposa, não é problema seu.

Eu só consigo ver todos os piores cenários na minha


cabeça agora. Porra! Não vai dar certo.
— Ela não fez nada demais e também não escutou
nada que nos comprometa — Amândio conclui e segura
minha mão, bem forte.

— Talvez você esteja falando de si mesmo — Giovanni


fala e olha para mim, — porque eu não vou permitir que ela
chegue dentro da minha casa e me desrespeite dessa forma.
— Ela não te fez nada, pai.

Amândio se coloca na minha frente com um único


passo, mas se Giovanni tentar algo, ainda conseguirá. Só
uma parte de mim está protegida.
— Ela ficou ouvindo atrás da porta. Você acha normal?

— Não foi minha intenção — digo de novo em voz


baixa.
— Cala a boca, menina. — Ele vem para cima e
Amândio me empurra.

Eu cambaleio para trás, me afastando. Giovanni é


mais rápido que Amândio e consegue parar na minha frente.
Sou forte. Corajosa, mas nesse momento estou me
tremendo. Porra. Talvez é raiva ou desprezo porque ele está

me tratando como um lixo.


— Eu não fiz por mau.
— Você não está na casa do seu irmão e nem na sua
casa. Está na minha! — Ele grita comigo.

— Pai?! — Amândio solta em aviso vindo para cima.


— Sua garota abusa.
Vejo Amândio correr para intervir, mas só sinto
quando Giovanni ergue a mão e bate com toda força no meu

rosto. E vejo em câmera lenta quando levanta a outra mão,


mas esse tapa não vem.
Abro os olhos e cambaleio para trás. Engulo em seco e
noto minha respiração ofegante. Amândio me encara, seu
olhar se fixando na minha bochecha, que escondo colocando

as mãos e estremeço pela ardência. Uma lágrima me escapa


sem eu conseguir deter e olho para o chão.
Seguro a respiração, nervosa pela situação.
— Você não tem o direito de bater na minha mulher.

Eles se afastam e Giovanni fala:


— Você está ficando mole. Está deixando ela fazer o

que quiser. Dê um corretivo nela, Amândio. Ou terei que


fazer certas coisas para você entender.
Balanço a cabeça respirando fundo.
— Eu não estou aqui para atrapalhar. Estou aqui para
ajudar o Amândio.

— Vejam só. Ela não cala a boca.


Amândio olha para mim e balança a cabeça
sutilmente antes de agarrar meu braço com força. Força
demais. Sinto meu coração se contrair.

— Fica quieta — diz entredentes.


Assinto e estremeço quando Giovanni dá uma
gargalhada.
— Agora sim, meu filho. — Ele toca no filho e vai para

a porta do escritório.
Imediatamente Amândio me solta e estamos um na
frente do outro paralisados, o único som é de nossas
respirações. Eu olho para o meu braço e sinto meus lábios

tremerem.
Engulo com força e seguro o choro botando a mão
aonde levei o tapa. Olho para a porta e depois para o meu
marido. Ele está perdido. A ficha está caindo agora e o

arrependimento também.
Limpo meus olhos e Giovanni fala:
— Saia logo daqui, menina.
Sem direcionar outro olhar a eles, saio pelo corredor.

Pego meu casaco que guarda minha carteira, e não


paro até estar fora dessa casa. Passando pelos portões,
consigo despistar Matteo, Raven e Donato.
Visto meu sobretudo e como estou com dinheiro e

minha arma presa no coldre, corro até a esquina. O próximo


taxi que aparece, eu entro quase trocando os pés.
— Para aonde moça?
— Só anda, por favor — sussurro. — Só... me leva para
qualquer lugar e depois eu vou para casa.

— Sim, senhora.
44

Eu sempre soube que chegaria a isso. Que esse dia

iria vir mais cedo ou mais tarde, mas nunca pensei que seria
por este motivo. Que ele me faria falhar miseravelmente em

algo que jurei com meu sangue que nunca ia fazer.


Eu jurei olhando nos olhos dela que nunca a

machucaria. Encarar Marinne e ver sua dor, sua magoa.

Senti um peso no meio do peito. De todas as expressões e

olhares que ela já me deu, a tristeza nunca foi uma delas. E


pior, não é apenas tristeza. É decepção.

É. Eu cheguei no meu limite. O dia D veio para nós,

penso encarando o vazio do vão da porta depois que ela saiu

correndo como um cachorro enxotado.


Meu corpo todo treme. Mal consigo pensar direito.

Respirar direito. Jamais em toda minha vida senti tanta raiva

assim.

— Você deveria ter feito isso mais cedo — meu pai fala

e eu me viro para ele.


— Eu nunca deveria ter feito isso — digo sem emoção.

— Marinne não é uma pessoa que me aborreça. É você que

está me aborrecendo — paro na sua frente e deixo que ele

sinta minhas palavras. — Você que merece a minha punição

por ter batido nela.


— Ela tinha que ficar no seu lugar e perder o costume

horrível de ouvir atrás da porta. — Inabalável. Está

realmente acreditando que nada vai acontecer.

Aproveito que ele está olhando para minha cara para

enfiar a mão dentro do casaco e pegar minha faca.

— Amândio! — Tomo um sobressalto ao escutar atrás

de mim e dou de cara com Raven. — Tenho que falar uma


coisa séria com o senhor.

Merda. Marinne.
Olhando para o meu pai, meu olhar faiscando de puro

ódio.
— Essa conversa não acabou.

— Depois a gente se fala — escuto-o enquanto vou

para o meu soldado.

Ignorar meu instinto agora é a pior luta interna. Mas

se acontecer algo com Marinne agora, vou me sentir ainda

mais culpado. Eu posso caçar meu pai depois. Vai ser até
mais emocionante.

— O que quer falar comigo, Raven?

— Marinne saiu correndo pela casa e pegou um táxi.

Não deu tempo de ninguém ir atrás, mas ela está com o

celular.

Sinto um aperto no peito. Ela deve estar armada, mas

se os motoqueiros ou a Bratva descobrir que a minha esposa

está pela cidade sozinha. Caralho! É um risco alto demais.

— Precisamos ligar para ela e saber para onde foi.

Sem nenhuma palavra, caminho pelo corredor e pego


meu celular ligando para ela. A ligação chama até que cai

na caixa postal. Merda.

— Marinne... vai para casa. Atende esse celular e vai

para casa. — deixo gravado e sigo o caminho para a fora da


mansão. — Eu vou no meu carro e você vai com Donato.

Mande Matteo ir atrás dela, mas não espalha o sumiço.

— Matteo já foi.
Franzo a testa.

— Assim que ela saiu, ele pegou a moto do seu irmão

e foi atrás dela.

— Okay.

Entrando no meu carro, ligo o motor e aperto a

ligação para o celular dela de novo, e aproveito que estou

sozinho para mandar a mensagem correta:

— Amor, me perdoe. — Olho para as calçadas e

mesmo querendo acelerar, mantenho a calma. — Vai para

casa e fica lá. Eu prometo que não vou te incomodar até

você querer falar comigo, ou senão quiser, não fala mais.

Mas fica segura. Está bem? — Pego a estrada de volta para a

cidade e antes de desligar falo: — Por favor, só vai para

nossa casa.

Procurando pelo rastreador, tento localiza-la. Meu

coração batendo de um jeito estranho. Ela é tudo que eu

tenho. Tudo que me pertence e mesmo que nunca mais olhe


para mim como antes, eu quero ela viva.
Já passou das três horas da manhã e nada da Marinne

voltar. Estou saindo de casa para procurar ela de novo

quando a porta do elevador se abre. Pisco para vendo-a

caminhar para dentro de casa e paraliso encontrando seu

olhar.

— O que você fez como seu celular? — pergunto para

ela, mas não me aproximo. — Tentei te achar, mas não

consegui.

— A bateria acabou.

Assinto e coloco as mãos na cintura. Quero perguntar

onde estava, porém parece tão errado. Ela suspira e passa

por mim indo para cozinha.

— Eu estava... andando de táxi — como sempre ela

sabe exatamente o que eu quero.

Com movimentos econômicos, ela pega uma garrafa


de água, coloca num copo e apoia as duas mãos no balcão
da cozinha olhando fixamente para nada.

— Só fiz duas paradas — fala distraída e respirando

fundo, ergue a cabeça e olha para o meu rosto. — Precisei...

ir no banheiro e comer. Estava com fome.

Assinto e me mata ficar longe dela.

— Depois... — engole em seco e desvia o olhar. —

Depois pedi para ele dar outra volta na cidade. Não estava

pronta para vir para casa.

— Chegou a ouvir minhas mensagens?

— Não. O celular desligou... assim que terminei de

falar com a Nina.

Porra. Ela ligou para eles.

— Eu estou indo para Las Vegas amanhã.

— Não. — Balanço a cabeça e ando até ela. Paro na

sua frente e me controlo para não tocá-la. — Fica aqui.

— Eu... — seus lábios tremem e os olhos se enchem

rapidamente, lágrimas banhando seu rosto com facilidade.

— Eu não quero falar com você — diz baixinho.


— Não fale. Tudo bem. Só não vai embora. Eu vou ficar

preocupado assim como estivesse com você sumindo hoje.


— Eu estou bem aqui na sua frente e não precisa se

preocupar comigo em Las Vegas. Vou estar segura.

— Eu sei, mas... — Levanto a mão para tocá-la, mas

não faço. — Eu não venho para casa. Te deixou em paz e

quando você quiser conversar, me liga.

Ela concorda assentindo suavemente e fita meu peito.

— Acha que é fácil?

— Não. Não é.
Vira de lado, bebe um gole da sua água e seus olhos

encontram os meus.
— Eu não sei nem o que fazer, Amândio. Você jurou...

nunca me machucar e... hoje.


— Eu sei — falo olhando para o seu rosto ainda

vermelho, a marca dos dedos do meu pai tatuados na sua


pele.

Ficamos em silêncio de novo e ela funga por conta do


choro. Mexe os ombros de leve e está tão triste. Nunca,

mesmo nas outras brigas, ela nunca ficou assim. E é


compreensível e o aperto no meu peito, o aperto estranho,
me corrói. Eu nunca chorei na vida e as lágrimas dela estão

me matando.
— Eu abria mão de você se não me custasse tudo.
Marinne soluça baixinho, as lágrimas voltando a

escorrer.
— Nunca me arrependi de fazer nada, mas assim que

ele te bateu e eu segurei seu braço porque estava


desesperado dele matar você ali mesmo. Ele passou a

minha frente e poderia ter atirado em você sem


misericórdia. — Balanço a cabeça. — Só tenho esse
arrependimento. Tudo que sou e faço, faz parte de mim,

sinto até orgulho. Eu deixaria você ir se não fosse tudo que


eu tenho.

Ela chora mais forte e eu limpo seu rosto.


— Só fique aqui. Deixa eu saber onde te encontrar

quando voltar.
— Voltar? — Franze a testa.

Consigo sentir minha expressão se fechar quando falo:


— Eu não vou deixar ele mais um minuto respirando

quando estiver em minhas mãos.


Marinne balança a cabeça concordando e fica estática,

encarando-me com muitas questões em sua mente que ela


não vai falar agora. Uma das coisas que eu mais acho
incrível nela é seu orgulho. E é meu dever honrá-la. Vingá-la.

Dando um beijo demorado em sua testa, recuo e


acaricio sua bochecha – a que ele não tocou. Antes de

finalmente ir embora.
45

Estou debaixo das cobertas com a mão na minha

cabeça, tentando abafar todo tipo de som em volta, até as


malditas buzinas dessa cidade caótica, quando passos perto

da cama chamam a minha atenção. Prendo a respiração


quando uma mão toca minhas costas.

— Marinne? Está acordada?

É Amândio. Tem três dias que não o vejo e fecho os


olhos sentindo sua falta.

—O que você tem? — Ele pergunta baixinho.

— Não tenho nada — respondo querendo que ele vá


embora. Não porque não quero ele perto de mim, mas

porque... Não posso contar agora.

— Você não parece bem? Está sentindo o quê?


— Só estou com dor de cabeça. Só me deixa... em paz.

Sinto a cama se mover quando ele se afasta e quase

me viro para abraçá-lo. Dizer que eu estou com mais raiva

dele por ter demorado muito para matar o pai, do que toda

a situação.
Merda. Eu não sei de nada. A verdade é que estou

confusa.

Virando-me na cama, encontro o quarto vazio e me

sento no meio do colchão. Sinto meu coração doer e talvez

não estou com tanta raiva dele por estar carregando um


filho nosso. Detesto estar escondendo dele que estou

grávida.

Começo a chorar compulsivamente e abraço o

travesseiro. Um bebê. Um bebe logo agora.

Sinto como estivesse sendo atropelada por um trem

porque eu sei que tem o problema do Colen também

perturbando a cabeça de Amândio.


Matteo não é muito bom em guardar segredos e ele

disse que estão preocupados porque a Bratva está atacando.

Eles invadiram um dos bordéis do meu irmão e anteontem

incendiaram novamente um laboratório da Darkness.


Então é claro que tem muita coisa na cabeça de

Amândio agora e ele vai matar o pai a qualquer momento.

As coisas podem ficar muito ruins. Nova York vai se

tornar um inferno porque o Capo não vai morrer ou se

aposentar, ele vai ser morto. A não ser que Cassio ajude, não

sei como isso pode sair dos trilhos.


Não é simplesmente excluir Giovanni da equação. As

pessoas, os contados dele, seus aliados, vão desconfiar de

Amândio. E meu medo é que Vitorio se fortaleça com isso de

alguma forma e queira atacar Nova York. Ele é um verme

que gosta de apunhalar pelas costas.

Vitoria fez isso com Travis há quatro anos. Atacou

quando nós estávamos com problemas. O azar dele foi que

Travis tinha acabado de se aliar a Darkness.

Um bebê nesse inferno não é o que eu queria. Fora

que nós tínhamos conversado, planejando ser daqui a


alguns anos.

Afago minha barriga e choro baixinho.

— Bebê, o que vamos fazer, hein?


De repente pulo da cama sentindo uma dor horrível.

Saio correndo para o banheiro e só percebo o chão sujo

quando estou aqui dentro, já que o piso é branco. Estou

pingando sangue. Muito sangue.

— Oh, não. Não! — Me desespero e entro no box,

ligando o chuveiro.

O sangue vermelho vivo vai ficando rosa, escorrendo

pelo ralo do box. Eu toco minha barriga e aperto para aliviar


a dor aguda. É como uma cólica forte.

— NÃO! — grito chorando. — NÃO! NÃO!

Meu soluço é forte, doloroso e me machuca tanto

quanto ver que estou abortando. Minha camisola está

molhada e manchada de sangue. Tiro ela e jogo para o

canto do box.

— Marinne?!

O que ele está fazendo em casa? Acho que ele nem foi

embora ou eu não verdade só cochilei.


— Marinne, onde você está? — Escuto a voz tensa de

Amândio.

Me viro a tempo de vê-lo entrar no banheiro.

— Porra, o que... — Ele para de falar imediatamente

olhando para o chão sujo, o box e eu de sangue. — Você está

ferida? — Se aproxima e abre o box para me tocar.

Eu recuo e balanço a cabeça que não.

— Não. Eu... — Choro, não falo. Não consigo dizer em

voz alta.

Seus olhos seguem o movimento das minhas mãos.


— Você está grávida? — pergunta tão baixo que

acredito que tenha sido para si mesmo.

— Eu estava — e a minha resposta destrói um homem

indestrutível em menos de um segundo.

Ele anda para trás e parece tão perdido quanto na

hora que cheguei em casa depois de sumir pela cidade.

Parece destruído.

— Há quanto tempo você sabia?

— Eu descobri na noite do seu aniversário.

Ele olha para o meu rosto, perguntando sem palavras

como. Eu tomo uma respiração profunda e explico:


— Depois que eu saí correndo da casa do seu pai e

fiquei andando pela cidade. Parei numa farmácia e comprei

o teste. Eu estava desconfiada porque andei enjoando e

minha menstruação atrasou. Então depois...

— Você parou em posto de gasolina e foi no banheiro,

você me falou isso. Apenas não disse que fez xixi num

palitinho.

— É foi isso — murmuro e soluço.

—E você não ia me contar? Eu não ia ficar sabendo

porque não mereço nada. — Balanço a cabeça perdido em

pensamentos. — Ele me tirou até a chance de ficar feliz por

três dias.

— Três dias — sussurro e olho para baixo. Foram três

dias que fui mãe. Que fiquei sabendo do meu bebê.

— Você quer que eu te leve para o hospital?

Balanço a cabeça que não e dou um passo para frente

porque estou tonta. Ele me pega em seus braços a tempo de

eu cair. Pensei que me levaria para o quarto, mas ele cai no


chão e me deixa em seus braços. Me deixa chorar em seus

braços.
Fico de calcinha, toda molhada e manchada com meu

sangue sobre seu corpo vestido todo de preto. Amândio me

abraça e acaricia minhas costas, meu braço. Me ninando

como se eu fosse uma criança e mesmo sentindo tanta dor,

tanta tristeza. Noto o seu coração batendo acelerado. Triste

também.

— Será que você perdeu por causa de mim? — ele

pergunta depois de um tempo.


— Por que nós brigamos? — sussurro acalmando meu

choro.
— Talvez.

— não sei.
— Mais uma coisa que ele tirou de mim. — Ele faz

uma pausa e beija meus cabelos. — Você me perguntou


uma vez sobre meu irmão.

Meu Deus, ele vai falar. Fico quieta para ele não perder
a coragem.

— Eu e ele nos dávamos muito bem, mas Antônio era


um pouco parecido com meu pai. Tinha quase o mesmo
temperamento, mesmo assim tínhamos coisas parecidas.
Acho que posso dizer que ele foi o meu melhor amigo, se
posso ter o luxo de ter um melhor amigo

A frase dele me faz pensar que o carinho era só de um


lado. Como apenas ele considerasse o irmão um amigo, um

aliado.
— Nós fomos para a nossa primeira missão sozinhos.

Era um balcão da Bratva em Nova Jersey e eu sei que todos


falam que eu matei ele e a verdade, é que eu matei sim.
Me coloco sentada no seu colo e encaro seu rosto

consternada com essa informação.


— Você mesmo que matou ele?

— Matei antes dele conseguir me matar.


— Como assim?

Amândio faz carinho no meu rosto, os olhos fixos nos


meus, por longos segundos.

— Sabe porque foi difícil dizer que eu te amo, mesmo


sendo a mais pura verdade desde sempre.

Balanço a cabeça que não e fico emocionada. Sempre


vou ficar emocionada dele falar que me ama. É tão cru. Real.

É como eu pudesse tocar o amor que ele sente por mim.


— Eu amava meu irmão. Antônio era meu irmão
gêmeo. Estive com ele a minha vida toda, mas então

naquele balcão eu consegui ver as suas intenções. Ele ia me


matar, era uma emboscada.

— Mas por quê? Eu pensei que vocês se dá sem bem.


— E nós nos damos bem, porém o meu pai fez a

cabeça dele dizendo que o meu avô iria me fazer o Capo e


não a ele, mesmo ele nascendo cinco minutos na frente.

— Mas isso não é verdade?


— Não. com Antônio vivo eu nunca seria o Capo de

Nova York, porém sempre foi meu destino tomar o lugar do


meu avô. Não me pergunte porquê, mas Cassio me treinou

para tomar o seu lugar. Por isso, por mais que ele fale coisas
que eu não concorde, me torture e tranca em um buraco

sem luz. Eu nunca vou poder ir contra ele, a não ser que ele
machuque você.
Isso é demais. Prova o amor dele por mim, mesmo que

eu não precise necessariamente que me prove seus


sentimentos.

— Então Antônio ia matar você?


— Todo mundo fala que eu matei Antônio porque o

ângulo do tiro foi como eu tivesse acertado ele, e a bala era


minha. Por isso não corrijo. É verdade e também porque

mexeu com a cabeça de muitas pessoas. Minha reputação


cresceu em torno disso.

— O seu pai sabe?


— Não e por isso que todos só falam como
especulação. A verdade — ele faz uma pausa e a maneira

que me encara é intensa, não consigo decifrar. — Ninguém


nunca soube a verdade.

Arregalo os olhos.
— Você está querendo dizer que eu sou a primeira

pessoa a saber disso?


— Sim, nunca contei para ninguém que eu matei

Antônio.
— Por que?

— Porque eu não confio em ninguém.


— E confia em mim?

— Eu te amo — diz naturalmente. — Você é tudo para


mim. Eu não sei explicar o que sinto por você. Nunca
experimente e tudo bem você não me contar sobre o bebê.

Eu não mereço. Eu não mereço você, Marinne.


O abraço tão forte e choro. Choro porque ele se

entregou todo para mim. E choro porque a forma que me


abraça, é de necessidade. Sou o seu tudo.

Fecho os olhos e procuro me acalmar. Seu colo é tudo


que preciso agora. Perdi nosso bebê e não estou pronta para

libertá-lo da sua culpa. Dizer que o amo.


Algo dentro de mim está pedindo para eu lhe dar essa

dor como combustível para matar seu pai.


Mesmo me doendo, preciso forçar Amândio a nos

livrar desse monstro. Forçá-lo a se libertar de Giovanni de


uma vez por todas.
46

O barulho do elevador me coloca em alerta. Estou

esperando Amândio desde ontem depois da sua mensagem


de voz com um simples: “Se cuide. Eu te amo para
sempre.”
Quem caralhos manda uma porra de mensagem

dessas para alguém? Eu preciso conversar com ele.

Levanto do sofá e saio correndo para ver quem é. Meu


coração murcha ao observar Matteo caminhando para perto

de mim. Mas seus olhar urgente, me mantém em alerta.

— O que que houve? — eu indago para a expressão


sombria.

Ele não parece tranquilo e meu coração acelera

desesperadamente por isso.


— Amândio sumiu.

— Sumiu? — Minha voz cai uma oitava e eu fico

apenas a dois passos dele. — Como assim?

— Ninguém encontra ele em lugar algum.

— Já procuraram ele em toda a Nova York? Essa cidade


é enorme e ele pode estar em outro território que seja da

Darkness.
— Nós sabemos aonde ele estaria nesse momento.

— E?

— Ele tinha uma reunião e eu procurei em todos os


lugares óbvios, mas não encontro.

— Porra, Matteo. Você não pode chegar para mim e

falar que ele sumiu. O que você vai fazer?

— Eu vim aqui falar com você. Ele te disse alguma

coisa?

— Não — minha resposta não o convence e eu me

abraço confortando-me, mas não é desse contato que


preciso. — O que você vai fazer agora?

— Vou procurá-lo aonde for. Ele é o meu Capo e eu

quero achar ele e você talvez seja a única pessoa que me

traga a informação de que preciso.


— Eu juro que não sei onde ele está.

— O que está acontecendo entre vocês? Eu sei que

aconteceu alguma coisa e foi depois você saiu de casa de

Giovanni.

— Ele te contou alguma coisa?

— Não precisou. Ele está há uma semana tramando


alguma coisa que não contou para nenhum dos seus

homens. Ele veio aqui esses dias, o que disse?

Eu te amo
— Nada. Não falou nada. Ele me deu um beijo e foi

embora.

— Tudo bem. Vou continuar procurando

— Me dê notícias e não precisa vir até aqui. Ligue.

— Okay Donato ficará lá embaixo com os outros

seguranças, mas esse andar estará trancado para não

acontecer nada com a sua segurança. É melhor desse jeito.


— você quer me trancar aqui?

— Você quer correr o risco de sumir também? Não

sabemos se ele sumiu porque alguém pegou ou porque ele

simplesmente está ocupado.


— Eu sei. Eu sei — gaguejo. — Eu entendo, desculpa.

Fui idiota.

— Eu sei que está nervosa, então tenta se manter


calma. Vou achar ele.

E hoje faz três dias que meu marido não volta para

casa e eu estou tentando entrar em contato com ele. Mando

mensagem para o celular dele todos os dias, às vezes ligo

deixando minha voz um pouco desesperada e ansiosa na

caixa postal dele. A cada trinta minutos mando uma

mensagem de texto.

Merda. Onde ele se meteu.

Suspiro alto e abro os olhos, encaro o teto do meu

quarto e hoje ainda é quarta-feira. Eu deveria estar indo

para aula, mas não fui um dia ainda.

Só quero dormir até o dia seguinte. Estou tão

cansada. Estou cansada de ficar assim e cansada de me


sentir magoada. Eu preciso conversar com Amândio. Nós

precisamos colocar nosso casamento em pratos limpos.

Eu tinha que ter falado para ele que o amo. Fui uma

idiota. Um plano de perna, isso sim.

Decidida, me levanto, entro no banheiro, escovo os

dentes e faço minhas necessidades. Colocando um roupão

que pego no recamier nos pés da cama, e saio.

A casa está toda escura, em silêncio e vazia. Parece

um tanto com o meu estado de espírito. Sombria e

inexistente.
Termino de descer as escadas e entrando na cozinha

estico minha mão para acender a luz. Quando a luz

amarelada e fraca no canto na cozinha ilumina o ambiente,

sinto meu coração pular para fora de mim.

— O que você está fazendo aqui?


47

— Eu sempre estou aqui. — Matteo responde como eu

fosse a louca que pergunta o que ele está fazendo no


escurinho na minha casa. — É o meu dever. Cuidar de você.

— Não foi isso que eu quis dizer? São cinco e meia da


manhã. O que você está fazendo aqui tão cedo? —

reformulo minha pergunta.

— Eu queria ver como é que você está? Ontem você


foi dormir às sete da noite e não voltou.

Franzo a testa confusa.

— Eu não subi para ver, porque não posso ir no


segundo andar, é proibido, a não ser que haja uma

emergência ou você me pensa para subir.

— Eu sei — murmuro.
— Enfim, eu estranhei você não ter descido para

comer. Sara disse que você mal acorda.

— Você não foi para casa?

Faz um único aceno de cabeça e cruza os braços sobre

o seu peito largo.


— Você ficou aqui desde ontem só por que eu não

desci?

— E porque você não parece bem. Amândio fez você

ser minha prioridade. Sempre colocá-la em primeiro lugar .

— Eu sei. Eu sei. Está tudo bem e obrigado por ter


ficado, mas acho que você deveria ir para casa. Não preciso

que você me proteja. — Olho para o lado de fora, minha

cidade dourada. — Eu não vou sair daqui.

— Eu não preciso ir a lugar nenhum.

Viro-me para Matteo.

— Estranho você não cobrir a retaguarda de Amândio.

Ele se levanta e fica do outro lado o balcão, mas


responde firmemente:

— Eu não sei ainda.

— Você não sabe? — Meu coração acelera.

— E para piorar, Giovanni sumiu.


Abro tanto meus olhos que devo estar com cara de

doida.

— Você acha que...

— Que capturaram os dois? Ou que ele está em algum

canto do mundo torturando Giovanni. — Matteo dá um riso

sombrio. — Ninguém pode saber se foi isso.


Balanço a cabeça querendo esquecer esse

pensamento e de repente o som do elevador chegando

chama nossa atenção. Matteo vai na frente e quando vejo

quem é abro a boca sem entender.

Santino está na minha frente todo de preto com um

sobretudo vinho e me encarando com escrutínio.

— O que você está fazendo aqui?

— Meu avô mandou eu vir para cá. — Ele se aproxima

e contorna Matteo, parando na minha frente. — Pediu para

eu cuidar dos negócios.


— Cuida dos negócios? — Franzo a testa e odeio que

perceber que minha voz está medrosa.

Ele estar aqui não é um bom sinal.

— Giovanni e meu primo sumiram e meu avô não

quer deixar Nova York sem supervisão.


— Giovanni?

— Você não estava sabendo que o seu Capo sumiu já

tem dois dias?


Matteo não conta tudo. Idiota.

Sacudo a cabeça que não. Estou preocupada com

Amândio. Meu Deus. Eu não sei o que fazer. Sinto-me fraca e

Santino percebe.

— Você está bem?

— Você acha que eu estou bem? — devolvo a

pergunta irritada e me arrependo. Não quero que ele faça

alguma coisa comigo. Não confio nele. — Cassio pediu para

você vir cuidar de Nova York exatamente por que?

— É tão difícil você entender isso? — retruca com a

voz rude.

— Ele poderia ter ligado para mim. Me perguntado o

que queria e tem Leon.

— Você não pode e Leon também.

— O quê? — Franzo a testa. — Eu sou capaz de muitas

coisas, Santino.

— Só porque você matou aquele soldado, não te


qualifica para governar Nova York.
Governar?
— Não se preocupe. Eu vou cuidar de você e da

Darkness.
Cuidar de mim?
Ele caminha até o espaço do piano, passa a mão nele,

e escuto-o:

— Essa cidade não pode ficar sozinha, então eu vou

cuidar dela até tudo voltar ao normal. — Ele se vira para

mim e sua boca repuxa em um sorriso sombrio. — Sou seu

Capo interino, Marinne.


Mesmo que estejamos passando por isso
E faça você se sentir sozinha
Saiba que eu morreria por você
Amor, eu morreria por você
A distância e o tempo entre nós
Nunca vai fazer eu mudar de ideia, pois amor
Eu morreria por você
Amor, eu morreria por você
Estou tentando achar formas de manipular
O sentimento que estou passando
Mas gata, não estou te culpando
Mas não me culpe também
Pois eu não vou conseguir suportar essa dor para sempre
E você não vai achar outra pessoa melhor
Pois estou bem aqui para você, amor
Acho que sou a pessoa certa para você, amor

Die For You The Weeknd


VEM AÍ

O ÚLTIMO ATO.
Glossário

Baseado na licença poética e em pesquisas.

Boss: é o CHEFÃO, que toma conta dos Capos. O


supremo poder da máfia. Os Capos aposentados, mas
muito perigosos. Sempre os mais antigos (muuuito
velhos) que conquistaram o cargo a duras penas. Os
postos são passados de pai para filho, por isso eles
dão tanta importância aos filhos homens. As
mulheres não assumem cargos altos e nem de longe
podem ser Capo e chefe menor.

Capo: O cabeça chefe de cada território, só deve


respeito ao Boss, e que comanda as Famiglie
compostas de: Capo, Testa, Underboss, Cinistro,
Consigliere, Soldados, Associados (os que não tem
ligação consanguínea ou italiana, porém atuam e
“trabalham” para a máfia) e Clãs (as distintas
famílias: pais, esposas e filhos).

Testa: Muito respeitado e temido. Homem de


extrema confiança. Serão os irmãos dos Capos.
Underboss: Chefe menor ou gerente do Capo, são
incumbidos pelo Capo, a cuidar e zelar dos territórios
dominantes. Aplicam as leias dos Capos, mas não
podem fazer o que querem.

Consigliere: Cada posto principal tem seu próprio


conselheiro (Boss, Capo, Testa e Underboss) para
orientar e muitas vezes frear decisões.

Cinistro: Quem é o braço esquerdo. Muitas vezes


incumbido de fazer a “limpeza”. Mata ou acompanha
as ações. O Executor.

Famiglia: Nome dado aos grupos organizados. Eles


se denominam assim e defendem a ferro e fogo seus
homens e suas famílias (clãs). É a junção das várias
organizações criminosas que formam A Máfia
Organizada Italiana, que, com a americana, é a mais
importante das organizações mafiosas do mundo.

Máfia Italiana: As organizações originais da Máfia


Italiana, que se expandiu pelo mundo e nos Estados
Unidos, pelas regiões e ganharam nome, para
defender a ordem, comandar o crime organizado e
etc. São as quatro grandes Famiglie: Cosa Nostra,
Camorra, ‘Ndrangheta e a Sacra Corona Unita.

Porém, há outros países com suas organizações criminosas.


Irei colocar as que serão presentes no livro.

Máfia Mexicana: Após uma longa pesquisa não


encontrei nada, então vou usar minha licença
poética: Hechos.
Máfia Yakuza: Famosa por muitos filmes de
Hollywood, é um grupo de crime organizado nativo
que usa ameaças e extorsão para obter o que
querem. Sua origem data do século XVII. Todos os
membros são marcados com tatuagens, e exigem
atos extremos de dedicação que envolvem a
amputação do dedo mindinho quando algum
membro comete um erro. Como uma forma de
desculpas.

Máfia Russa: é, talvez, a mais perigosa. Teve


origem na extinta União Soviética e agora possui
influência em todo o mundo. Estão envolvidos em
crimes organizados em Israel, Hungria, Espanha,
Canadá, Reino Unido, EUA e Rússia, entre outros.
Denominada de Bratva .

Madman, Homens de Honra: Os homens que


são iniciados na “máfia”. Homem feito.

Os de Fora: Os que não pertencem a máfia. Não


nasceram em um Clã.

Temhota: Tatuagens dos prisioneiros russos.


Geralmente denotam o ranking em que está o
criminoso.
Sobre a autora

Alessa Ablle já sabia o que queria desde criança: deixar um pedacinho


dela no mundo. Sempre sonhadora pensou até em ser astronauta (risos), mas
aprofundou-se na dramaturgia e suas infinitas possibilidades. O teatro foi sua
primeira paixão e logo depois vieram os livros, que se tornaram seu escape da
realidade após conseguir superar sua depressão. Escrever não é apenas sua
terapia favorita como também a sua melhor forma de superar sua dislexia, dando
exemplo para muitas pessoas de que não será uma deficiência que irá pará-la.
Seu primeiro lançamento na Amazon , Ensina-me o prazer, alcançou o
ranking em 1º lugar e tem mais de 10 Milhões de páginas lidas pelo Kindle
Unlimited . Mais de 10 mil e-books baixados e 2 mil exemplares vendidos em todo
o Brasil.
Seu segundo lançamento também alcançou o ranking no top 5,
Profundamente Apaixonado, e hoje a Saga Profundamente já bateu mais de 25
milhões de páginas lidas pelo Kindle Unlimited .
Hoje Alessa já tem mais de 4 mil exemplares vendidos, dos livros
publicados em físicos, e mais de 50 milhões em páginas lidas na Amazon .
É uma legítima geminiana, carioca, que vive ainda na Cidade Maravilhosa
com sua família e seus amados cachorros. Falante, animada, adora fazer LIVEs
em suas redes sociais. Aberta ao público e humorada. Conhecida por sua
sinceridade e palhaçadas ela vive para seus livros e indicar suas leituras pelas
redes.
Para conhecer mais dessa autora regada a humor, siga-a em suas redes
sociais:
Instagram: ALESSA ABLLE
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Para saber sobre livros físicos, entre em contato via e-mail
(alessaablle@gmail.com) ou no Instagram (@alessaablle).
Qualquer tipo de transtorno no arquivo ou se você
quiser falar comigo, deixo meu e-mail abaixo.
alessaablle@gmail.com

Ou me chamem no Instagram, lá é mais fácil e rápido.


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na Amazon ou no Skoob. O feedback é muito importante
para eu continuar a amadurecer, melhorar ou saber o
quanto vocês amaram (tenho que ser otimista, né?) o livro.
Fique à vontade também para falar comigo via
Facebook ou Instagram. ;)
Ou, se quiser, manda um e-mail para
alessaablle@gmail.com e até ganhe mimos se mandar a
avaliação ou leitura ou compra do livro. Eu adoro agradar
meus leitores.

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