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Copyright © 2023 MAYARA DIAS

Todos os direitos reservados.


Capa: Vic Designer
Revisão: Patrícia Suellen
Leitoras Beta: Paula Santos, Ana Perla e Laudiane Marinho.
Leitura final: Andrêa Borges e Patrícia Suellen.
Diagramação: Mayara Dias
Imagens: Canva e Depositphotos.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos são produtos da imaginação da autora. Quaisquer
semelhanças com nomes, datas e acontecimentos reais são mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
A cópia total ou parcial desta obra sem autorização expressa, por
escrito, do autor é proibida.
Plágio é crime.
A violação autoral é crime, previsto na lei nº 9.610/98, com
aplicação legal pelo artigo 184 do Código Penal.
Criado no Brasil.
Obra Registrada.
SUMÁRIO
PLAYLIST
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
SOBRE A SÉRIE BILIONÁRIOS
PLAYLIST
Ouça, no Spotify através do link, a Playlist que combina
perfeitamente com nosso casal, Rafael e Bianca.
Link:https://open.spotify.com/playlist/4qGK1SqkIaMOZvgGlwS
3np?si=4f504bc496f549eb

Se preferir, leia o código abaixo no aplicativo:


A todas as leitoras que assim como eu, são amantes
daquele bom e velho clichê, que é capaz de arrancar suspiros e nos deixar
nas nuvens.
Vocês acreditam em destino? Acreditam que duas pessoas que
verdadeiramente se amam e foram feitas uma para outra são capazes de se
encontrar? Ou melhor, viver um amor, mesmo com todos os percalços que
podem encontrar pelo caminho?
Sim, Rafael e Bianca estão destinados, e este livro veio para mostrar
a vocês que, independentemente do cenário, ela pertencerá a ele.
Prontas para embarcar comigo nessa história?
SINOPSE
Bianca Martins está finalmente alcançando o patamar que sempre
desejou. Ela não vê a hora de terminar a sua pós-graduação para colocar em
prática tudo aquilo que aprendeu na faculdade de Arquitetura paisagista.
Seu maior sonho é trabalhar na empresa de Carlos Mancini. Um
arquiteto renomado, conhecido como exemplo por todos da área.
Então, Bianca decide focar apenas nos estudos, sem dar brecha para
romances que podem afastá-la de seu objetivo.
E tudo está indo muito bem, até que em uma noite curtindo com sua
melhor amiga, um homem misterioso e imponente cruza o seu caminho.
Rafael Armani.
Ele é exatamente o tipo de homem que Bianca tenta se manter
longe, desde sua desilusão com um homem que ela pensou que fosse o
amor de sua vida.
Mas quanto mais ela tenta fugir desse homem misterioso, mais o
destino parece jogá-la para ele.
Como se não fosse o suficiente ter que lidar com aquele homem, ela
recebe uma notícia que vira seu mundo do avesso.
Agora, ela se redescobrirá, ao mesmo tempo em que tentará de todas
as formas não cair na cama daquele homem misterioso.
Mas ele não desiste do que quer. Mesmo que Bianca proteste, ele já
decidiu. Ela pertence a ele.
Bianca conseguirá se manter longe da cama de Rafael Armani? Ou
acabará cedendo aos encantos desse homem que ela jura que será sua
perdição?
PRÓLOGO
6 ANOS ANTES
— Amor, onde você está? — perguntei com a voz contida, enquanto
meus olhos estavam sobre o desgraçado, que estava na área comum de uma
boate com uma mulher enroscada em seu pescoço.
— Eu já te disse, linda, estou com o Andrew. A mãe dele passou mal
e...
Sem conseguir ouvir mais, eu tirei o celular do ouvido e encerrei a
ligação. O aperto no peito se fez ainda maior e eu tive que lutar contra a
vontade imensa de chorar.
Estava em uma área mais reservada, onde o barulho não era tão
intenso. E daqui de cima, consegui o ver perfeitamente ao encerrar a ligação,
Marco apenas guardou o celular no bolso e, em seguida, passou as mãos em
volta do corpo da loira que o acompanhava.
Então, eles estavam se beijando.
Meu coração despencou ao confirmar que eu não estava errada em
desconfiar. Mas Marco era bom, durante longos três anos aquele cretino
conseguiu fazer com que eu fosse a louca, sempre que o questionava
brigávamos feio e, por fim, sempre acabava chegando à conclusão de que
tudo não passava de coisa da minha cabeça.
Aquele homem jurava com todas as forças que me amava
incondicionalmente.
Uma lágrima solitária escorreu de meus olhos, enquanto eu
assimilava que tudo não passou de uma mentira. E, nesse momento, eu
precisava pôr um basta nisso.
Ou então, temia ser refém dele para o resto da vida.
Decidida, saí da área privada e desci as escadas indo em direção ao
local onde Marco se encontrava.
Quando me aproximei, ele ainda estava com os lábios naquela
mulher.
Cruzei os braços e apenas esperei até que o filho da puta me notasse.
Meus olhos se fixaram neles, enquanto eu me convencia de que aquele
homem tinha brincado com os meus sentimentos ao longo dos anos.
O cretino deixou os lábios da loira e começou a depositar beijos no
pescoço dela, mas congelou no momento em que os seus olhos foram ao
encontro dos meus.
— Bianca... — ele sussurrou e se afastou, lentamente, da mulher, que
parecia tão assustada quanto ele ao me ver.
Marco deu alguns passos em minha direção e parou à minha frente.
Ele estendeu a mão para tentar me tocar, mas antes que ele conseguisse, eu
recuei.
— Não vai me manipular agora, Marco, eu vi com os meus próprios
olhos — falei, a voz saiu embargada. O coração estava quebrado, mas estava
decidida a colocar um ponto-final naquela relação tão conturbada.
Aquilo, não era amor. Nunca foi.
— Me escuta, amor, isso... Eu posso explicar — insistiu. Um sorriso
trêmulo se formou em meus lábios.
Ele era inacreditável.
— Eis a questão, eu não quero uma explicação — falei, firmemente,
e balancei a cabeça em negativa. — Não mais. Apenas quero que saiba,
nós... — apontei o dedo para ele, em seguida para mim —, isso, acaba aqui e
agora.
Em um movimento desesperado as mãos dele foram para o meu rosto
e pela primeira vez, eu senti repulsa com o seu toque.
Levei as minhas mãos sobre as dele e as tirei.
— Acabou, Marco — repeti, mantendo a compostura.
— Eu te amo, te amo demais — ele disse em total desespero.
Desviei os meus olhos para a mulher que estava com ele, ela não
esboçava reação alguma. O que me fez concluir que certamente ela sabia que
o cretino era comprometido.
— Eu também me amo e é por isso que eu tenho que ir para o mais
longe possível de você, nossa relação não me faz bem há um bom tempo —
falei ao mesmo tempo em que o meu olhar se voltou para ele. — Tenha pelo
menos a decência de nunca mais aparecer na minha frente.
Marco estava visivelmente surpreso com a minha atitude.
Claro, como não?
Ele sempre conseguia me fazer ver aquilo que ele queria, mas não
nesse momento... não mais.
Sem esperar qualquer reação dele, eu me virei e comecei a caminhar
pela boate sem me importar com os olhares que estavam sobre mim.
— Bianca, espera. — A voz de Marco ressoou, mas logo foi abafada
pela música. Não olhei para trás, porém, pelo espelho que contornava o bar
pude ver que ele estava vindo atrás de mim.
Apertei o passo, disposta a não dar a ele a chance de me alcançar,
não sei como de fato aconteceu, mas quando meus olhos foram mais uma
vez para o espelho, pude ver o reflexo da mão de Marco vindo com tudo em
minha direção
Eu cheguei a fechar os olhos para sentir o baque, mas não aconteceu.
— Não escutou o que ela disse? Acabou. — Uma voz rouca e séria
ressoou pelo ambiente, fazendo-me estremecer.
No mesmo instante, eu me virei e encontrei um homem de terno
segurando o braço de Marco fortemente. Ele se inclinou e sussurrou algumas
palavras no ouvido dele, o que fez com que Marco arregalasse os olhos.
Não consegui ver mais do que a estatura do homem de costas. E,
apesar disso, pude sentir toda sua imponência de onde estava.
Os olhos de Marco voltaram para mim. Isso me fez desviar o contato
e seguir o meu caminho.
Não importava quem era o homem, não importava mais o que Marco
faria da vida dele. Eu apenas precisava sair dali e foi exatamente o que fiz.
Segui sem olhar para trás, indo direto para o meu carro.
Assim que entrei peguei o meu celular e mandei uma mensagem para
a minha amiga Vivian.
Eu: Obrigada por me avisar onde ele estava, não teria conseguido
sair dessa sem você.
Ao enviar a mensagem, coloquei o celular no console do carro.
Coloquei o cinto de segurança e antes de dar partida, ouvi meu celular tocar.
Curiosa, peguei e constatei que se tratava da resposta da minha amiga.
Vivian: Pegou o cretino? O que aconteceu?
Suspirei profundamente, enquanto a cena de Marco beijando outra
pairou sobre minha mente.
O som de mais uma mensagem chegando me trouxe de volta à
realidade, percebi que Vivian estava on-line esperando a minha resposta e
havia mandado alguns pontos de interrogação.
Foi quando decidi respondê-la.
Eu: Acabou, eu finalmente me livrei de todo sentimento que tinha
por ele.
Eu: Prometo te contar tudo amanhã, não quero falar sobre isso
agora, apenas preciso ficar sozinha.
Vivian: Tudo bem, amiga, sabe que estou aqui quando precisar.
Dei um pequeno sorriso e voltei a digitar.
Eu: Obrigada, é por isso que eu amo você.
Ao respondê-la, silenciei o celular e o guardei na bolsa, em seguida
dei partida no carro pronta para ir embora.
Sabia que a noite seria longa, eu me permitiria chorar por aquele
cretino essa noite, apenas essa noite.
Não dava para acreditar que eu estava adiando o meu sonho de cursar
Arquitetura em uma das melhores universidades do mundo, por causa de um
homem que sequer me dava o devido valor.
Mas desse momento em diante, seria diferente.
Eu estava disposta a arrumar as minhas malas amanhã mesmo e
seguir apenas o meu sonho. Nenhum homem valia esse sacrifício.
Essa noite me ensinou uma grande lição, nunca confiar em qualquer
rosto bonito.
Eu não me deixaria enganar, não me permitiria me apaixonar por
homem nenhum.
Não mais.
CAPÍTULO 01
Era bom estar em casa.
Desde que fui para o exterior a fim de estudar, estive no Brasil
algumas vezes. Mas a sensação de voltar era sempre reconfortante.
— Eu ajudo a senhorita. — O motorista de aplicativo se prontificou.
Sorri no momento em que ele pegou a minha mala e a colocou no porta-
malas do carro.
— Obrigada — respondi e, em seguida, caminhei em direção à porta
do passageiro, acomodando-me, enquanto ele dava a volta no carro e
assumia a direção.
Abri as janelas do carro e suspirei profundamente, sentindo a brisa
gostosa do mar. Então, eu me permiti apreciar as praias que passávamos,
enquanto ia em direção à casa da minha mãe.
Búzios era realmente um lugar incrível, estava com saudades desse
clima diferenciado.
Fui tirada daquele transe quando o motorista me avisou que já
tínhamos chegado. Como a corrida seria descontada no cartão, ele me ajudou
com a mala e desejou uma boa estadia.
Mais uma vez, eu o agradeci e fui em direção ao prédio onde minha
mãe morava.
Como o porteiro era antigo, logo me reconheceu e liberou a minha
entrada. Entrei no elevador ansiosa, estava morrendo de saudades da minha
mãe.
Toquei a campainha e apenas esperei até que ela apareceu, com o
olhar totalmente surpreso sobre mim.
— Oh, meu Deus, querida! — minha mãe falou ao mesmo tempo em
que passou os braços em volta de mim, abraçando-me fortemente.
Retribui aquele carinho com um sorriso de canto a canto.
— Que saudades, mãe! — falei e ela se afastou. Com as duas mãos
em meus braços, ela me mediu com o olhar.
— Por que não me avisou que estava vindo? Eu teria buscado você
no aeroporto.
— Queria fazer uma surpresa — respondi, enquanto os olhos dela se
enchiam de lágrimas. — Dessa vez, eu ficarei por três meses.
— Isso é perfeito — ela falou com a voz embargada.
Eu a abracei mais uma vez antes de entrarmos. Ela disse que faria um
café para nós, enquanto isso eu fui para o meu quarto guardar a minha mala.
Apesar de não morar mais aqui, minha mãe mantinha tudo
exatamente da mesma forma.
Quando fui para a cozinha, ela estava arrumando a mesa com frutas,
torradas e geleias. Tudo o que ela sabia que eu gostava.
Sentei-me e comecei a me servir, enquanto admirava-a preparar tudo
com tanto gosto.
Quando terminou, ela se sentou na cadeira à minha frente e começou
a tomar café junto comigo.
— Estou tão feliz que desta vez ficará mais tempo — ela falou algum
tempo depois, fazendo a minha boca se curvar em um sorriso.
Foi quando o barulho do meu celular tocando atraiu a minha atenção.
Eu o peguei e recebi o olhar sério da minha mãe.
— Só um instante, dona Lilian, é a Vivian. — falei, na hora mamãe
esboçou uma careta.
— Vocês duas! Aposto que contou para ela que estava vindo — ela
fingiu indignação.
— Eu queria fazer uma surpresa para você — falei e, em seguida, me
levantei. Fui em direção a ela e dei um beijo na testa. — Eu volto em alguns
minutinhos.
Lilian sorriu e balançou a cabeça positivamente, denunciando que ela
estava apenas implicando um pouco comigo.
Com um sorriso no rosto, eu caminhei em direção à sacada do
apartamento.
— É sério que você chega hoje? — Vivian perguntou assim que
atendi.
— Oi, para você também — falei e dei uma risada.
— Oi... então?
— Já estou na casa da minha mãe, cheguei há cerca de quarenta
minutos.
— Ah, maravilhoso! Temos que comemorar — ela disse, animada. —
Gata, eu te vejo à noite, não é?
Balancei a cabeça em negativa, com a animação de Vivian.
— O que temos para hoje? — perguntei a ela, facilmente me
rendendo.
— Eu vou trabalhar, mas nada que me impeça de tomar alguns
drinks e dar umas escapadas.
— Você não existe, sério!
— Bem, hm... Só temos um pequeno problema — ela falou, e eu
franzi as minhas sobrancelhas, sentindo o receio na voz dela.
— Que seria?
— Fui promovida a gerente, e isso é ótimo, eu sei, mas... — Ouvi o
suspiro dela do outro lado da linha.
— Desembucha, Vivian — pedi, sem paciência alguma para toda
aquela volta que ela estava dando.
— Me transferiram para o Garden Club Night. Você sabe, a boate
onde você pegou Marco aquela vez com...
— Isso é passado — interrompi-a firmemente.
Se tinha algo que não me abalava mais, era o babaca do meu ex-
namorado.
— Eu vou entender caso não queira ir lá.
— Te encontro às 20h? — perguntei, ignorando totalmente a
preocupação desnecessária.
O silêncio se fez presente por alguns instantes, e eu apenas esperei
que Vivian compreendesse o recado.
— Às 20h é perfeito! — ela finalmente respondeu e eu sorri.
Desviei os meus olhos para a sala, constatando que a minha mãe
estava de olho em mim.
— Ótimo, agora preciso desligar antes que dona Lilian queira matar
nós duas, beijo, amiga — falei e ainda consegui ouvir o gargalhar dela do
outro lado da linha antes de encerrar a ligação.
Guardei o celular no bolso e fui ao encontro da minha mãe.
— Já que os planos para a noite estão feitos, o que acha de sairmos
pela tarde para fazermos umas comprinhas? — ela perguntou, à medida que
um sorriso se formava em meus lábios.
— Essa me parece uma ótima programação.

A calça e a jaqueta de couro na cor preta, o cropped vermelho e um


salto alto meia-taça. O look me agradava muito. Para finalizar, fiz cachos nas
pontas dos cabelos e uma maquiagem leve.
Então, eu estava pronta para curtir a noite.
Depois de checar mais uma vez o visual, fui em direção à sala e dei
um grande beijo em minha mãe, que sabia exatamente o que eu queria. As
chaves do carro.
Mesmo relutante por saber que eu certamente beberia, ela me
entregou depois de enchê-la de beijos.
Ela chamava de oportunismo, eu preferia usar a palavra amor.
Dirigi cerca de vinte minutos até estacionar na área reservada aos
clientes da boate. Entrei no edifício e fui em direção ao elevador,
selecionando o último andar.
O diferencial daquela boate, era esse. Estava localizada na cobertura
de um dos maiores edifícios de Búzios. Assim, tínhamos uma vista
panorâmica da cidade, por suas janelas de vidro de fora a fora.
Quando a porta se abriu, percebi uma fila ao lado direito para entrar,
mas fui em direção ao segurança, assim como Vivian me instruiu.
Ao dizer o meu nome, ele checou brevemente em uma lista e me
deixou entrar.
O lugar estava bem movimentado e continuava exatamente como eu
me lembrava. E apesar do medo de Vivian com o que eu sentiria em estar
aqui, tinha que admitir que a sensação era de liberdade.
Foi aqui que eu tomei a decisão mais importante da minha vida,
então, sim, eu não poderia estar mais feliz.
A música eletrônica tomava conta do ambiente, a energia era
contagiante. Sentia saudades de ambientes como esse, afinal, no período em
que estava no exterior, quase nunca saía para curtir. Desviar o foco estava
fora de questão.
— Ah, meu Deus! — Vivian gritou no momento em que cheguei à
área do bar. — Você está tão linda.
Ela saiu de trás do balcão e veio em minha direção. Minha boca se
curvou em um sorriso e eu dei uma voltinha, para dar a ela uma visão
completa de mim.
Depois de uma risada mútua, abri os braços em direção a ela e a
abracei fortemente.
— Que saudades de você — falei no momento em que nos
afastamos.
— Tem que dar um jeito de voltar definitivo para cá.
— E eu vou — disse e ela me mediu com o olhar. — Mas agora eu
quero apenas uma coisa.
Levei a mão próximo à boca, e fiz sinal de virar um copo invisível
em minha boca.
— É pra já — ela falou com animação e começou a andar em direção
ao bar.
Sentei-me em uma banqueta de frente para ela e apenas esperei que
ela me servisse um drink. Permaneci daquela mesma forma um bom tempo,
até que ela conseguiu uma brecha para irmos até a pista de dança.
Balançava o meu corpo conforme as batidas da música. E por mais
que tivesse recebido algumas investidas, as ignorei completamente. Não
estava atrás desse tipo de aventura, a única coisa que eu queria era curtir o
ambiente e dançar. Eu amava dançar.
Precisando de mais bebida, eu e Vivian decidimos voltar para o bar.
Sentei-me na mesma banqueta e depois de me servir um coquetel, ela
foi ajudar as meninas, visto que o movimento estava maior.
Sempre que ela tinha um tempo, vinha em minha direção para
conversarmos um pouco. E enquanto aguardava, seguia apenas curtindo
aquele ambiente.
Senti que a banqueta ao lado havia sido ocupada mais uma vez, mas
assim como das outras vezes, não me dei o trabalho de olhar.
Apenas continuei tomando o meu drink, à medida que esperava
Vivian voltar.
— Eu estou há um tempo me perguntando — uma voz rouca e sexy
pairou pelo ambiente me fazendo estremecer. — O que leva uma mulher
bonita como você a beber sozinha por tanto tempo?
Eu simplesmente congelei quando voltei a atenção para o dono
daquela voz e, meus olhos encontraram os olhos profundos e intensos
daquele homem sobre mim.
Foi inevitável não o checar por inteiro.
Os cabelos estavam perfeitamente alinhados, os olhos tinham um tom
acinzentado, totalmente diferente e chamativo. A boca carnuda e a barba por
fazer, o deixavam extremamente sexy.
Ele usava um terno de alta costura, e toda a sua postura exalava
dinheiro e poder. Estava intimidada por sua presença tão marcante e, ao
mesmo tempo, excitada com os pensamentos que pairaram em minha mente
naquele instante.
— E então? — ele perguntou, trazendo-me de volta à realidade.
O sorriso confiante que se formou em seus lábios, denunciaram
perfeitamente que ele tinha ciência do estrago que causava em minha mente.
— O que posso lhe servir, bonitão? — A voz de Vivian ressoou pelo
ambiente. Mas o homem continuou com os olhos fixos a mim.
— Uma mulher tem o direito de curtir a noite sozinha — respondi e
desviei a atenção para a minha bebida.
Eu a levei a boca e tomei um gole, enquanto tentava não me sentir
tão abalada com o homem.
— Um Jim Beam, por favor — ele, enfim, pediu.
— Trago para você em um instante — Vivian falou e a acompanhei
se afastar pelo olhar.
Não me atrevi a olhar para o lado, mas pude sentir perfeitamente os
olhos quentes do homem sobre mim.
— Pode ser ainda mais agradável com a companhia certa — ele
falou, firmemente.
Meu coração estava em descompasso, e eu me sentia como na
adolescência, nervosa com a presença de um homem. Isso certamente não
era bom.
— E quem seria a companhia certa? Você? — perguntei, tentando
não demonstrar o quanto estava afetada com a presença dele.
Um sorriso de lado se formou nos lábios dele, e antes que ele pudesse
responder, Vivian se aproximou e entregou o copo de Bourbon. E como não
havia clientes esperando, imaginei que ela viria ao meu encontro.
Mas não, a safada me deu um olhar indecente antes de se virar e ir
conversar com uma das meninas que estava trabalhando com ela no bar.
— Por que não? — ele perguntou, atraindo a minha atenção mais
uma vez.
Toda a sua imponência me fez sentir como se o ar não fosse o
suficiente. Precisava sair de perto dele urgentemente, ou acabaria cedendo a
ele.
— Bem, eu já curti o suficiente por hoje — disse e desviei o olhar
dele.
Peguei o meu drink e bebi o restante em um único gole. Em seguida,
tirei algumas notas da bolsa e coloquei sobre o balcão, colocando o copo em
cima para apoiar.
Meus olhos foram para Vivian, que acompanhou o meu movimento
com um sorriso sacana.
Levantei-me e comecei a andar em direção à saída, decidida a
encerrar a noite.
Felizmente, não demorou para que o elevador chegasse. Entrei e
apertei o botão do térreo. A porta estava se fechando quando mãos grandes a
impediram.
Meu coração quase saiu pela boca, ao notar que era o homem de
minutos atrás. Ele entrou no elevador e apertou o botão para que as portas se
fechassem.
O homem permaneceu em silêncio, e eu tentei me manter calma. Era
apenas um elevador, mas era um espaço extremamente tentador e pequeno,
não era?
Droga!
A cada andar, a ansiedade aumentava. Até que quando chegamos ao
térreo, ele travou a porta, o que me fez estremecer.
— O que você quer? — perguntei em fio de voz, quando os olhos
intensos foram ao encontro dos meus.
— Você — falou, autoritário, fazendo com que meu coração entrasse
em total descompasso. Não satisfeito, ele deu alguns passos em minha
direção, eliminando totalmente a distância entre nós. — Eu quero você.
Sem pedir permissão, as mãos dele foram para a minha cintura, ele
me pressionou contra a parede do elevador.
— Céus! — resfoleguei, sem saber como agir em tal situação. —
Isso... não é nenhum pouco apropriado.
— Não seria, se você não quisesse — falou e me mediu com o olhar.
Senti o seu aperto em minha cintura, deixando-me totalmente sem ar.
— E quem disse que eu quero?
— Diga que não quer, então eu não darei o próximo passo. — A voz
rouca enviou uma onda de excitação por todo o meu corpo.
— Eu... Hm...
Eu deveria dizer que não queria, mas o coração traidor ansiou por
toda aquela intensidade, que estava perto de me consumir.
Ele se inclinou e roçou os lábios suavemente nos meus. Senti um
arrepio por todo o corpo, e em um movimento involuntário levei as mãos ao
peitoral dele, a fim de sentir perfeitamente seus músculos firmes.
E tendo a certeza de que tinha a minha permissão, ele tomou meus
lábios para si. Em um beijo intenso e tão controlador que combinava
perfeitamente com ele.
Quando percebi, estava abrindo espaço para que ele explorasse meus
lábios por completo. Senti as mãos dele envolverem a minha cintura e ele
colou nossos corpos ainda mais.
Um sentimento que não pairava sobre mim há muitos anos se fez
presente, eu queria por mais daquele homem. Aquilo era perigoso.
E se tornou ainda mais perigoso, quando pude sentir sua dureza
contra o tecido da minha calça.
Levei as minhas mãos para o peito dele e o empurrei suavemente,
forçando-o a encerrar aquele beijo.
Os olhos escuros de desejo foram para mim, medindo-me com o
olhar.
— Eu... preciso ir — disse, ofegante. Ele arqueou as sobrancelhas
para mim, denunciando o quão surpreso estava por minha fala.
Minhas mãos foram para o painel do elevador e eu o destravei,
fazendo com que a porta se abrisse.
— E eu preciso te ver de novo.
Meus lábios se curvaram em um sorriso e eu o olhei por um
momento, antes de sair de seus braços.
— Tenho certeza de que nos veremos por aí.
Ao dizer aquelas palavras, passei por ele e fui em direção à saída. Eu
parecia confiante, mas, na verdade, meu coração estava em descompasso, e a
única certeza de que eu tinha era que, definitivamente, eu deveria me manter
o mais longe possível de um homem como ele.
Aquele é o tipo de homem que você se fode no instante em que
permite que ele esteja dentro de você.
E me foder, era a última coisa que eu precisava naquele momento.
CAPÍTULO 02
Sabia que não era uma boa ideia ficar com o cara de ontem. Além de
invadir os meus sonhos, eu simplesmente não parava de pensar no beijo
intenso que demos no elevador.
Por um momento, quase me arrependi de não ter passado a ele ao
menos o meu número.
— Droga! — disse em meio a um suspiro e me levantei da cama.
Eu não passaria mais um segundo sequer pensando no que não devia.
Fiz a minha higiene matinal e saí do quarto. Encontrei a minha mãe sentada
no sofá da sala.
— Oh, querida. Tudo bem? Você chegou tarde ontem — ela falou, à
medida que me olhava.
— Um pouco — falei e me inclinei, dando um beijo nos cabelos
dela. — Bom dia.
— Imagino que tenha se divertido bastante — comentou e apontou o
dedo em direção ao móvel da TV. — Pensei que pudesse precisar de um kit
de ressaca.
Eu caminhei até lá e encontrei exatamente o kit milagroso. Eu me
voltei para ela, com um sorriso no rosto.
— Eu já disse que te amo? — perguntei, arrancando-lhe um sorriso.
Fui em direção à cozinha e peguei um copo com água, pronta para
fazer bom uso daqueles comprimidos, afinal, a minha cabeça estava me
matando.
Aproveitei para tomar o meu café da manhã. Peguei uma xícara e
coloquei o café, torcendo que estivesse bem forte, para ajudar a curar a
sensação de ressaca que estava sobre mim.
E céus! Aquele café estava perfeito.
Sentei-me e comecei a devorar o que tinha sobre a mesa.
— O que pretende fazer depois que terminar a pós-graduação,
querida? — minha mãe perguntou, o que atraiu a minha atenção.
Ela se sentou na cadeira de frente para mim.
— Vou voltar para o Brasil — falei, na mesma hora um sorriso se
formou nos lábios dela.
— Isso é tão bom... admito que estava com medo de você querer
ficar por lá — ela falou, docemente. — Sei que é bom para você, mas sinto
sua falta.
— Eu também, mãe... E sinto que meu lugar é aqui. Eu apenas estou
aproveitando para aprender em uma das melhores faculdades do mundo, mas
tenho planos de construir a minha carreira aqui — fui sincera.
— Isso é ótimo. Já tem algo em mente? — ela perguntou, curiosa.
Peguei a garrafa e coloquei mais um pouco de café. Então, voltei o
olhar para ela.
— Sim, eu quero trabalhar na CWR Arquitetura — falei e arqueei as
sobrancelhas, ao notar que minha mãe pareceu desconcertada. — O que foi,
dona Lilian?
— Não sei, querida, não acha que é melhor começar com menos
ambição? Talvez em uma empresa menor — sugeriu e eu, prontamente,
balancei a cabeça em negativa.
— De forma alguma, mãe, estou me dedicando para conseguir as
melhores notas e os melhores conhecimentos exatamente para começar em
uma empresa conceituada — falei, firme. — Carlos Mancini, dono da CWR,
é um dos melhores arquitetos do mundo, o nome dele é referência em todo
país. Para mim, é um grande sonho trabalhar com alguém como ele.
Minha mãe suspirou ao me ouvir.
Naquele instante, eu coloquei a torrada sobre a mesa e a olhei com
atenção.
— Qual o problema, mãe?
— Nenhum... eu só... — Ela suspirou.
Senti-me extremamente chateada, notando que talvez a minha mãe
não confiasse no meu potencial. Eu era sonhadora, mas também sabia que
era capaz.
— Quer saber? Ainda falta pouco mais de um ano para que eu
realmente me mude para cá... Podemos falar sobre isso outra hora — falei,
sentindo o olhar desconcertado da minha mãe sobre mim.
— Não é isso, filha. Você deve seguir os seus sonhos, eu te apoiarei
— ela falou e eu forcei um sorriso para ela.
Como se não houvesse momento mais perfeito, meu celular começou
a tocar.
Eu levei a mão sobre ele, constatando que se tratava de Vivian.
Prontamente, recusei a sua ligação.
Aquela cretina, me deixou em apuros ontem. Ela não desistiu, logo o
meu celular começou a tocar mais uma vez.
— Não vai atender? — minha mãe perguntou, enquanto me media
com o olhar.
— Não, é Vivian — falei e me levantei. — Ela deve estar querendo
me arrastar hoje de novo para a boate.
— Você vai? — ela perguntou, curiosa.
Balancei a cabeça em negativa e, em seguida, comecei a juntar a
minha bagunça pela mesa.
— Não vou, hoje eu quero apenas arrumar as minhas coisas e curtir
uma ressaca — falei e me virei em direção à pia, levando os talheres e a
xícara que eu havia sujado.
Quando terminei, peguei o meu celular e dei de cara com uma
mensagem daquela cretina. Minha boca se curvou em um sorriso quando li.
Vivian: Acha que vai conseguir me evitar por muito tempo? Gata, eu
preciso de informações, o bonitão foi logo atrás de você. Me diz que não
está me atendendo por estar ocupada demais na cama dele.
Balancei a cabeça em negativa e bloqueei o celular. Estava decidida a
ignorá-la por enquanto. Sabia que ela me encheria de questionamentos e me
amaldiçoaria por não aproveitar a noite ao lado de um homem como aquele.
No entanto, não estava disposta a passar mais um segundo sequer pensando
no cara de ontem.
No fundo, estava tentada a perguntar a ela se era algum cliente
frequente. Mas eu estava tentando me manter racional, afinal, em breve eu
voltaria para Nova Iorque para terminar os meus estudos, e não sabia se
conseguiria lidar com uma aventura como essa no meio do percurso.
Afinal, com apenas um beijo eu me senti totalmente fora do eixo. O
que poderia acontecer, caso eu tivesse cedido aos encantos do homem?
Era algo que eu não queria nem mesmo imaginar.
CAPÍTULO 03
— Você é uma cretina! — Vivian disse no momento em que os olhos
dela encontraram os meus.
Minha boca se curvou em um sorriso, enquanto estava ali com a cara
mais lavada do mundo, depois de fugir dela durante a semana inteira.
— Não faz drama, apenas me deixe entrar — falei, fazendo-a revirar
os olhos.
Ela abriu um pouco mais a porta e me deu espaço para passar. Sem
perder tempo, eu entrei.
Vivian fechou a porta e eu segui, andando pela sala, em direção ao
sofá.
— Achou que o tempo me faria esquecer?
— Se tratando de você? É claro que não — falei em meio a uma
risada, em seguida me sentei. — Eu só não queria falar sobre, mas a
curiosidade está me matando.
— Diga — ela falou, sentando-se ao meu lado. A empolgação dela
mostrava perfeitamente que ela já havia me perdoado por ignorá-la.
— Aquele homem... ele é algum cliente frequente? — perguntei,
fazendo-a abrir um sorriso daqueles.
— Não estou ali há muito tempo, mas já o vi algumas vezes. Sempre
acompanhado de alguns deuses gregos. — Ela suspirou. — Inclusive, ele
parece ser bem chegado no dono da boate, que também é um gostoso.
— Você não deixa passar uma mulher — falei, fazendo com que a
cretina desse de ombros.
— Mas me conta, o que rolou com o bonitão aquele dia?
— Nada — respondi, vagamente. Vivian franziu as sobrancelhas e
me mediu com o olhar. — Quero dizer, depois que eu saí do bar, ele foi atrás
de mim e a gente pode ter se beijado um pouco, mas...
— Ah, meu Deus! Me diz que você foi para casa dele.
— Na verdade, não. Eu o deixei naquele elevador e, sinceramente,
espero não o ver nunca mais.
— Uhum. — Ela me mediu com o olhar.
— O que foi?
— É por isso que estava me perguntando se ele é um cliente
frequente? Por que não quer ver ele de novo? — Vivian deu uma risadinha.
— Eu vou embora em menos de três meses, tenho que me concentrar
em terminar os meus estudos, não posso...
— Bianca, é só uma foda! — ela me interrompeu. — Vai ficar se
privando até quando?
— Eu não me privo... a não ser que o cara exale coisas como: “eu
vou te foder a partir do momento em que estiver dentro de você”.
— Ai, amiga! — ela gargalhou. — Mas, literalmente, é isso que vai
acontecer quando ele estiver dentro de você, sabe? Ele vai foder você.
Levei a mão em uma das almofadas do sofá e joguei na cretina, que
levou a mão à frente do rosto para se proteger sem demora.
— Não quero mais falar sobre isso, me atualize sobre você... Como
vão as coisas?
Vivian fez uma careta ao me ouvir, mas não protestou diante do meu
pedido. Logo, o assunto se voltou para ela, enquanto me contava cada
detalhe sórdido da sua vida nos últimos meses.
Nós estávamos sempre em contato, mas a conversa pessoalmente não
tinha comparação. Fiquei ali por um longo tempo, até que deu o horário em
que ela precisava se arrumar para o trabalho.
Ela me deixou na entrada do edifício da minha mãe, e seguiu o seu
caminho.
Permaneci observando a louca arrancar o carro e ir embora, plena
como sempre. Minha boca se curvou em um sorriso e uma voz chamou a
minha atenção, fazendo-me olhar em direção a ela.
Eu não conhecia o homem que vinha em minha direção. Ele
aparentava ter seus cinquenta anos, tinha cabelos grisalhos e olhos
acinzentados.
— Pois não?
— Me desculpe abordá-la desta forma, eu me chamo Marcelo
Armani, sou o advogado de Carlos Mancini, gostaria de conversar com você
por alguns minutos. Seria possível?
Eu certamente recusaria, caso ele não tivesse citado um nome que
para mim era tão familiar. Carlos Mancini, era o meu maior exemplo como
arquiteto.
— Claro, podemos ir a uma cafeteria que tem na esquina — falei,
solícita.
As expectativas sobre ser uma indicação na área fizeram a ansiedade
tomar conta de mim, enquanto íamos em direção ao lugar sugerido por mim.
Quando chegamos, a atendente prontamente nos atendeu. Eu pedi
apenas um suco de laranja, ele optou por um café.
— E então, qual seria o motivo desse contato? — perguntei no
momento em que a atendente nos deixou a sós.
— Você sabe quem é Carlos Mancini?
— Sim, conheço muito bem o trabalho dele — respondi, dando a ele
um sorriso. — É sobre isso, não é?
— Na verdade, não — ele falou, seriamente. Só então me atentei ao
semblante cansado do homem à minha frente.
— Bom, doutor Marcelo... Sobre o que seria então?
Antes que ele pudesse responder, a atendente voltou trazendo os
nossos pedidos. Eu a agradeci e voltei o olhar para Marcelo.
— Não tem forma fácil de dizer isso... Carlos Mancini faleceu em
um acidente, você é a única herdeira dele e...
— Oi? — eu o interrompi, sem saber qual parte havia me chocado
mais.
Ele morreu? Única herdeira?
— O enterro será amanhã, imagino que queira ao menos se despedir.
— Senhor... eu imagino que está me confundindo com alguém.
— Não estou, Bianca Martins, filha de Lilian Martins. — Ele
arqueou as sobrancelhas. — Correto?
— Sim, mas... — Minha voz saiu entrecortada. — Olha, a minha mãe
não faz ideia de onde meu pai está, e eu acredito que se fosse ele, ela teria
me... — interrompi a fala no momento em que a expressão dela quando
toquei no nome de Carlos Mancini se fez presente em minha mente. — Meu
Deus!
— Sinto muito que descubra assim, mas eu não tenho dúvidas de que
ele é o seu pai — disse, seriamente, e meus olhos encheram-se de lágrimas,
ao mesmo tempo em que assimilava a possibilidade de tudo aquilo ser real.
— Como? Se ele sabia onde me encontrar por quê... — Minha voz
falhou. Eu não sabia nem mesmo o que perguntar.
— Isso é algo que terá que conversar com a sua mãe, infelizmente eu
não sou a pessoa certa a te contar sobre isso.
— Oh, Deus! Ele... Ele morreu? — perguntei, Marcelo apenas
balançou a cabeça positivamente. — Como? O que aconteceu?
— O helicóptero que ele pilotava caiu em uma mata. A queda fez
com que o avião pegasse fogo, então...
— Meu Deus! — Levei a mão à boca, totalmente chocada com
aquela informação.
— O enterro acontecerá na capital, que é onde ele reside — ele falou
e eu apenas balancei a cabeça em concordância. — Vou para lá amanhã pela
manhã, posso te dar uma carona até lá.
— Tudo bem... Eu... — Suspirei, tentando assimilar tudo. — Preciso
conversar com a minha mãe.
Marcelo assentiu e tirou um cartão da carteira, em seguida o estendeu
para mim.
— Você pode me ligar nesse número.
Olhei para o suco a minha frente, e só de pensar em tomá-lo meu
estômago revirou.
— Não consigo tomar nada agora. — Levantei-me e voltei a olhar
para ele. — Vou pagar a conta e tirar o resto do dia para pensar. Eu entro em
contato.
— Pode ir, eu cuido da conta — ele falou e antes que eu pudesse
protestar, o homem tirou uma nota da carteira, que seria suficiente para
pagar muito mais do que aquele pedido e a colocou sobre a mesa.
Eu o olhei por um momento, antes de me virar e sair daquela
cafeteria.
A primeira coisa que eu fiz foi buscar pelas notícias de hoje.
Infelizmente aquilo não foi um delírio daquele homem. A notícia já
estava em todas as mídias. Carlos Mancini, havia sofrido um acidente de
helicóptero e falecido.
Sentei-me no sofá e fiquei cerca de uma hora sem sequer me mexer,
enquanto esperava a minha mãe chegar em casa.
Ela chegou com a energia de sempre. Mas seu sorriso logo se desfez,
quando seus olhos foram em direção a mim.
— Oh, querida... aconteceu alguma coisa? — ela perguntou,
preocupada, e veio em minha direção.
— Você conhece o Carlos Mancini? — perguntei, seriamente. Minha
mãe parou no lugar, apenas a sua expressão me deu a resposta que eu
precisava.
Obviamente, ela o conhecia.
— Como você mesma disse... ele é um arquiteto renomado. Por que
essa pergunta tão de repente?
— Ele morreu em um acidente ontem à noite — fui direta.
Mais do que deveria.
De repente, a minha mãe levou a mão na cabeça e eu fui correndo em
direção a ela, pegando-a antes que ela caísse no chão.
— Está tudo bem? — perguntei, preocupada.
— Oh, meu Deus, filha eu... preciso me sentar.
Ao ouvi-la, eu a levei em direção ao sofá. Sentei-a e fui à cozinha
preparar um copo de água com açúcar.
Ela pegou e o tomou. Eu apenas observei, até que ela se estabilizasse.
— Acho que devemos conversar, não parece que ele seja apenas um
arquiteto — falei, medindo-a com o olhar.
Ela parecia ainda relutante.
— Você tem certeza disso?
— Sim, há cerca de uma hora o advogado dele me procurou e contou
uma história um tanto curiosa.
— Foi o Marcelo? — ela perguntou, ignorando a minha última fala.
— Sim, foi ele mesmo — confirmei. — Você disse que não sabia
quem era o meu pai.
— Me perdoe por isso, querida — ela falou com a voz embargada.
— Foi ele que não quis me assumir, ou você que não deixou?
— Foi uma decisão minha, prometo te contar tudo, só espero que não
me odeie pelo que fiz.
— Bem, eu vou ao enterro. Nós conversamos sobre isso quando eu
voltar — falei e me levantei. — Marcelo disse que poderia me dar uma
carona até a capital, ele é de confiança?
— Sim, ele é.
— Tudo bem, vou arrumar as minhas coisas — avisei e me virei para
ir ao meu quarto.
— Bianca — ela chamou, fazendo-me virar para ela uma última vez.
— Me perdoe.
Só consegui dar um aceno de cabeça antes de seguir para o meu
quarto. Eu estava chateada, afinal, minha mãe sabia o quanto queria
conhecer o meu pai.

— Conversou com a Lilian? — Marcelo perguntou, atraindo a minha


atenção para ele.
— Sim, ainda não sei os motivos que o levou a se manter distante,
mas...
— O seu pai amava você — ele interrompeu a minha fala. — Ele
vibrou a cada conquista que você teve, acompanhou cada passo da sua vida.
— Não entendo por que ele não se aproximou.
— Há coisas que simplesmente não tem explicação. São coisas que
devem apenas ser sentidas.
Dei um sorriso fraco a ele e voltei a minha atenção para a estrada,
enquanto pensava sobre aquela fala.
Estava feliz por descobrir que ele ao menos acompanhou a minha
vida de longe.
A verdade era que eu nunca soube como a minha mãe conseguia me
bancar tão bem, mesmo tendo uma loja, as vendas não eram tão grandes para
bancar a minha ida ao exterior.
Então sim, certamente havia a ajuda dele por trás disso.
Conversando um pouco mais com Marcelo, descobri que a relação
dele com o meu pai não era apenas de advogado e cliente. Eles eram bons
amigos. Isso me deixava ainda mais confortável na presença dele.
Quando chegamos, eu me encontrei sem lugar. Estava quase no
horário marcado para o enterro e, infelizmente, o caixão estava lacrado.
Marcelo explicou que isso era devido à forma que o acidente
aconteceu, o helicóptero pegou fogo, o que fez com que se tornasse um
enterro simbólico. Então, depois de um tempo, ele me deixou sozinha para
que pudesse me despedir.
E assim eu fiz.
Levei a mão sobre o caixão e sussurrei:
— Obrigada, pai, por cuidar de mim. Mesmo que de longe, sei que
devo muito a você.
Ao dizer aquelas palavras eu me afastei. Não queria chamar a
atenção, nem ouvir questionamentos sobre quem eu era.
Fui para um ponto distante e acompanhei tudo de longe.
— O mundo é realmente pequeno. — Uma voz rouca e
estranhamente familiar pairou pelo ambiente.
Estremeci quando olhei em direção àquela voz e constatei que quem
estava ao meu lado, olhando para um ponto distante, era o mesmo homem
que nos últimos dias estava invadindo meus pensamentos sem permissão.
Ele usava óculos escuros e seu semblante era sério.
— Eu que o diga — concordei ainda sem acreditar que o homem
decerto conhecia o meu pai.
Ele desviou o olhar para mim e, por um momento, apenas me
estudou. Meu coração saltou, no instante em que ele perguntou:
— Então, você é realmente a filha de Carlos Mancini?
CAPÍTULO 04
— Como você...
— Como eu sei? — Os lábios dele se curvaram em um sorriso fraco.
— Tenho os meus contatos.
— Ah, Deus! Como a vida pode ser tão cruel. — Uma voz
desesperada chamou a nossa atenção. Arqueei as sobrancelhas ao notar uma
mulher se deitando sobre o local que Carlos havia sido enterrado há alguns
minutos. — Não, não, não... eu precisava de mais tempo.
A mulher seguiu chorando de uma maneira desesperada.
Não demorou para que alguns seguranças fossem ao encontro dela.
Eles a seguraram pelos braços e a levantaram.
— Me soltem, eu tenho o direito de me despedir do meu pai — ela
gritou, atraindo ainda mais olhares sobre ela.
Eu fiquei simplesmente em choque. Eu tinha uma irmã?
Os seguranças a soltaram, então Marcelo de imediato caminhou em
direção a ela.
— Bom, parece que eu não sou a única — falei e o olhei, antes de
começar a caminhar em direção a eles.
Queria ver mais de perto toda aquela situação.
Marcelo trocou algumas palavras com ela, que apenas chorava.
Depois de alguns minutos, os seguranças a levaram em direção a um local
reservado. Em seguida, os olhos de Marcelo vieram para mim, em um
instante ele estava vindo em minha direção.
— Bianca... — ele falou ao parar em minha frente.
— Obrigada por me contar sobre Carlos, estou feliz de ter tido a
oportunidade de ao menos me despedir — falei, suavemente. — Mas agora,
eu preciso voltar para casa.
— Eu vou levá-la — ele se prontificou.
— Não precisa, eu chamarei um motorista de aplicativo.
— Preciso discutir com você sobre a herança — ele falou e eu apenas
neguei com a cabeça.
— O que eu queria era tê-lo presente em minha vida. Reconheço que
ele deve ter feito muito por mim, mas não estou interessada em receber uma
herança.
— É seu direito, Bianca.
— Bom, eu não sou filha única. Tenho certeza de que a mulher com
quem falou minutos atrás, irá gerenciar bem as coisas.
— Você pode me acompanhar até o carro?
— Claro — respondi mesmo sem entender.
Marcelo começou a andar e eu o segui, até chegarmos ao local em
que ele havia estacionado o carro.
Assisti-o abrir a porta e retirar um caderno personalizado de lá.
Então, ele o estendeu em minha direção.
— O que é isso? — perguntei ao mesmo tempo em que peguei
aquele caderno.
— É uma espécie de diário. Seu pai escreveu durante um longo
tempo para você... ele queria entregar em vida, mas... — a voz dele falhou.
— Bem, verificarei a situação daquela moça. Ela disse que há duas semanas
Carlos foi atrás dela, ao descobrir a sua existência.
— Obrigada. — Levantei o diário e o balancei. — Eu lerei tudo.
— A questão é que, como eu te disse, sempre fui muito próximo de
seu pai. E ele sempre me falou de você, como única filha. Ele sonhou com o
dia em que você fosse tomar conta da empresa que ele construiu. Vai
simplesmente deixar tudo isso?
— Eu preciso pensar. Vou para casa, preciso conversar com a minha
mãe... — Suspirei, sem saber o que fazer. — Entro em contato com você nos
próximos dias, tudo bem?
— Claro, leve o tempo que precisar.
Ao ouvi-lo, dei um passo em direção a ele e o abracei.
— Obrigada, por tudo.
Quando me afastei, ele deu um sorriso simpático. Estava grata por
tudo, mas precisava voltar para casa e colocar a cabeça no lugar.
— Por nada, querida, esperarei o seu contato.

Aproveitei para começar a ler o diário enquanto estava a caminho de


casa. E não sabia se aquilo foi uma boa ideia.
Havia várias mensagens do meu pai para mim, estava explícito a
vontade que ele tinha de participar da minha vida. Eu chorei, ao vê-lo
comemorando cada conquista que eu tive. Também dei risada, quando ele
claramente expressou a sua felicidade com o fim do meu namoro com
Marco.
Ele não era o cara certo para mim, mas ele não podia fazer nada
quanto a isso apenas esperar que eu abrisse os meus olhos. E aconteceu.
Também tinham felicitações e orgulho.
— Está tudo bem, moça? — o motorista perguntou, atraindo a minha
atenção para ele.
— Sim, é só... — respondi, com a voz contida. Levantei o diário para
ele e o balancei.
— Uma história triste? — ele perguntou, olhando-me pelo retrovisor.
— Muito.
Resolvi fechar o diário e fazer uma pausa.
Certamente a essa altura do campeonato, o homem já me tinha como
uma louca. Afinal, eu estava há um tempo dando pequenas risadas em meio
às lágrimas.
Minha mente viajou com o que acabara de ler durante o resto do
caminho. Quando cheguei, agradeci ao motorista e segui para casa, só queria
entender mais sobre a história dos meus pais.
— Filha, como foi? — minha mãe perguntou em tom de preocupação
no momento em que abri a porta.
— Intenso, não sei o que pensar, só quero entender.
Ela deu um tapinha ao lado vazio do sofá. E sem protestar, fechei a
porta e fui em direção a ela.
Sentei-me e senti o seu abraço forte. Foi quando desabei a chorar,
aquele diário havia me tocado profundamente.
Minha mãe permaneceu me apertando firme, apenas sussurrando a
todo momento: “me perdoe, filha”.
Quando eu me acalmei, ela se levantou e buscou um copo de água
para mim.
— Se sente melhor?
— Um pouco.
— Nós éramos jovens... Eu amava muito o seu pai — ela começou a
falar, séria, como se estivesse revivendo.
— O que mudou?
— As coisas mudaram a partir do momento em que ele não confiou
em mim. Ele era cabeça-dura demais e... preferiu acreditar em uma pessoa
de fora, do que em mim, a mulher que ele dizia amar.
— Vocês não deram certo — concluí. — Mas por que ele não pode
fazer parte da minha vida?
— Isso é tão complicado, querida, não sei se será capaz de me
entender.
— Apenas tente.
— Quando eu descobri que estava grávida, nós havíamos acabado de
noivar, em dado momento chegou à informação até ele que eu o estava
traindo com um amigo próximo. Mas ao invés de conversar comigo, ele
acreditou cegamente em uma vaca que apenas queria algo que ele não
percebeu. — Ela sorriu amargamente. — Ele veio até mim com a certeza de
que eu o traía e exigiu um teste de DNA. Eu disse a ele que faria, mas que
independente do resultado, ele teria que me prometer que ficaria longe de
mim e do meu bebê. Esse foi o castigo que eu dei a ele, por me expor a tal
humilhação.
Tentei encontrar a minha voz enquanto assimilava aquela
informação. Eu entendia a minha mãe e sua atitude, ao mesmo tempo sentia
que o seu castigo não atingiu apenas a Carlos, pois eu cresci sem saber o que
era ter o amor de um pai.
Eu achava que ele simplesmente não quis me assumir e nos
abandonou. Mas, não, ele sabia o tempo inteiro onde eu estava, mas
respeitou a decisão da minha mãe.
— Sei que foi injusto com você, é por isso que peço que me perdoe.
Estive perto de contar isso a você por diversas vezes, mas o meu orgulho
falou mais alto — ela voltou a falar diante do meu silêncio.
— Juro que estou tentando entender, mas é tudo tão...
— Eu sei, querida, nós podemos conversar sobre isso quando se
sentir pronta. Não tenho o que fazer, a não ser pedir que me desculpe.
— Obrigada por me contar — falei e me inclinei, abraçando-a mais
uma vez. — Depois eu te conto como tudo foi, agora eu preciso apenas
descansar.
Minha mãe assentiu. Eu me levantei do sofá e apenas a olhei mais
uma vez, antes de ir para o meu quarto.
Havia muito o que pensar, eu precisava desse tempo sozinha antes de
qualquer coisa.
CAPÍTULO 05
Depois de pensar muito durante os últimos dias, decidi que seguiria a
vontade do meu pai. Em algumas partes de seu diário, era visível a vontade
dele de me ver na CWR Arquitetura. E não era segredo para ninguém o
quanto eu sempre desejei trabalhar lá.
Sentei-me na cama e decidida, peguei o celular e busquei o número
de Marcelo em minha agenda.
— Olá, Bianca, como tem passado? — ele atendeu no quarto toque.
— Muito pensativa para falar a verdade. Mas decidi que quero seguir
conforme a vontade do meu pai — informei.
— Não sabe a felicidade que sinto ao ouvir isso.
— Bem, a questão é que tenho que voltar ao exterior para terminar a
minha pós-graduação, mas ainda tenho pouco mais de dois meses antes
disso. Espero que consigamos resolver tudo até lá.
— Sim, vamos alinhando tudo.
— Perfeito, qual seria o próximo passo?
— Eis a questão — ele falou em meio a um suspiro. — O ideal seria
que você viesse para a capital, assim podemos agilizar as coisas. Minha
ideia inicial era que você se mudasse para a casa que o seu pai tem aqui,
porém, com uma nova herdeira em questão, não podemos fazer isso ainda.
— Hã... eu vejo o que posso fazer. Qual a média de um aluguel aí?
— A média aqui na capital de um apartamento é R$2.000 mais
condomínio, mas se preferir ficar próximo à empresa no Leblon, pode-se
dobrar ou triplicar esse valor.
Estremeci ao ouvi-lo. Apesar de ter uma boa condição, era um valor
que não tinha planejado gastar. Afinal, eu ainda teria que ir e vir da capital
para Búzios em alguns momentos.
— Tem noção de quanto seria o condomínio?
— Olha, Bianca... se não se importar, o meu filho tem uma cobertura
aqui na capital, porém, a usa pouco, já que não mora aqui. Vamos fazer
assim, você vem para cá e se acomoda lá por ora.
— Não quero incomodar, você já tem feito tanto por mim.
— Você não incomoda, apenas lembre-se de que é a filha de um
grande amigo. Fico feliz em poder ajudá-la.
— Muito obrigada, Marcelo.
— Quando você consegue vir?
— Hm... amanhã, pode ser?
— Perfeito, querida, vou deixar tudo alinhado e esperarei por você.

Chocada? Era a palavra que me descrevia nesse momento.


Chequei mais uma vez no endereço que Marcelo me passou,
confirmando que eu estava no lugar certo.
A cobertura que eu ficaria, estava localizada no Leblon. E como se
não bastasse, o lugar era extremamente luxuoso.
— Foi difícil chegar aqui? — A voz de Marcelo pairou pelo
ambiente.
Olhei na direção em que ela vinha, encontrando-o com um sorriso no
rosto ao mesmo tempo em que caminhava até mim.
— Por incrível que pareça, não. O motorista estava situado com o
lugar.
— Ótimo. E como você está?
— Bem, ainda lendo o diário que meu pai deixou, entendendo cada
vez mais ele.
— Isso é bom, ele estaria muito feliz se estivesse aqui.
— Eu também. — Sorri tristemente. — Queria ter recebido isso
antes.
Marcelo apenas balançou a cabeça em concordância. Nessa situação,
não tinha muito o que falar.
— Vamos entrar, vou te mostrar o lugar para que possa se acomodar.
Ele se inclinou e levou a mão na alça da minha mala.
— Oh, pode deixar. Eu posso levar.
— Deixa comigo, vamos lá — ele falou, sem me dar chance para
contestação.
Rendi-me e o segui em direção àquele edifício que mais parecia um
sonho.
Passamos por dois seguranças, onde Marcelo me apresentou antes de
seguirmos para a cobertura.
— A senha é 3502 — ele falou quando chegamos em frente à porta.
Eu o olhei por um momento antes de ir em direção à fechadura
eletrônica e digitei a senha que ele acabara de falar.
A porta se abriu, eu sorri para ele e a empurrei.
Fiquei sem reação ao contemplar a beleza e sofisticação daquele
lugar. Certamente, um homem morava ali. Os tons eram neutros, mas muito
aconchegantes. Dei um passo para frente, admirando um pouco mais de
perto.
Marcelo fechou a porta e deixou a minha mala na sala. Em seguida,
fez um pequeno tour comigo, mostrando-me o que era verdadeiramente o
paraíso.
Ele me mostrou a cozinha, a área íntima e, por último, a sacada, que
tinha uma vista panorâmica da cidade e uma piscina enorme.
Não deveria pensar nisso, mas foi impossível não imaginar Vivian
fazendo a farra comigo.
— Espero que se sinta em casa pelo período que ficar aqui —
Marcelo falou, chamando a minha atenção.
— Aqui é simplesmente incrível. Espero não trazer problemas ao
senhor.
— De forma alguma, como disse o meu filho não vem muito aqui.
— Tudo bem.
— Vou deixá-la descansar por hoje, amanhã cedo nós começamos
com uma conversa em meu escritório, pode ser?
— Claro, é só me passar o endereço e eu estarei lá.
— Te mando mais tarde, até amanhã, Bianca — ele falou, gentil.
Em seguida, o acompanhei até a porta.
— Ei... Marcelo, obrigada — falei, arrancando um sorriso sincero
dele.
Ele balançou a cabeça positivamente, e seguiu o seu caminho.
Foi então que eu me permiti relaxar. Eu estava de fato cansada,
afinal, depois de avisar Marcelo que viria para cá, tive que fazer as minhas
malas mais uma vez e conversar com a minha mãe sobre essa questão.
Ela não gostou muito, claro. Imaginou que eu ficaria todo o tempo ao
lado dela. Mas prometi que iria com frequência visitá-la. Afinal, era por um
bem maior.
Peguei a minha mala e a levei para um dos quartos de hóspedes.
Marcelo disse que não teria problemas caso eu quisesse ficar no quarto
principal. Mas eu não me atreveria, afinal, aquele era o quarto que o filho
dele usava.
O quarto de hóspedes era tão grande e confortável como qualquer
outro. E para a minha felicidade, também era uma suíte.
Tirei da minha mala o básico e espalhei sobre o móvel do banheiro
para deixar de fácil acesso. Como maquiagens e itens de cuidado pessoal.
Quando terminei, decidi tomar um banho para relaxar.
Lavei os cabelos e os sequei, logo após me enrolei na toalha e fui
para o quarto. Estava indo em direção à mala para escolher roupas
confortáveis quando meu celular começou a tocar.
Fui em direção a ele e chequei no visor que se tratava de Vivian. Ela
estava fazendo uma chamada de vídeo.
— Oi, amiga — falei, centralizando o telefone em mim.
— Quem atende uma chamada de vídeo apenas enrolada em uma
toalha? — ela perguntou, me fazendo dar uma risada.
— Foi você quem me ligou, eu acabei de sair do banho. — Dei de
ombros. — Mas fala comigo.
— Até agora não estou acreditando nessa história. É uma pegadinha
que você resolveu fazer comigo? — ela perguntou, gargalhei mediante suas
palavras.
Essa era Vivian, desconfiada como sempre.
— É verdade, inclusive eu estou nesse exato momento na cobertura
que ficarei os próximos dias para resolver as coisas — falei, girando
devagar, para que ela pudesse contemplar todo o luxo do lugar.
— Sério, não dá para acreditar.
— É tudo meio louco, não é?
— Não só isso... Analise bem, como o destino nos prega peças. Em
um dia, você admira o cara. Você disse que ele é sua maior inspiração na
área da arquitetura, né?
— Exatamente isso.
— Pois bem, quem imaginaria que de uma hora para outra você
simplesmente descobriria que o cara é o seu pai?
— Realmente, amiga, estou até agora tentando digerir isso.
— Eu vou ter que concordar com a sua amiga. — Uma voz rouca e
extremamente sexy invadiu o ambiente.
— Oi? — Vivian perguntou sem entender nada.
Estremeci quando os meus olhos foram para a porta, deparando-me
com aqueles mesmos olhos acinzentados fixos em mim. O mesmo homem
misterioso que eu queria fugir a todo custo.
— O destino realmente nos prega peças às vezes.
Em um movimento rápido, desliguei a chamada de vídeo e ajeitei a
toalha, sentindo o olhar intenso daquele homem sobre mim.
— O que você está fazendo aqui?
Ele deu um sorriso de lado, e droga! Aquilo foi incrivelmente sexy!
— Sou eu quem deveria te fazer essa pergunta, afinal, o que você
está fazendo na minha cobertura?
CAPÍTULO 06
Bianca Martins.
Então era esse o nome da mulher que ficou gravada em meus
pensamentos mesmo quando eu não queria, há seis anos.
E o destino parecia realmente estar a meu favor, pois pensei que
nunca mais a veria, até que a encontrei na boate mais uma vez. Claro, não
deixaria passar a oportunidade de beijar aquela boca gostosa.
Deliciosa, o sabor dela era incrível.
E mesmo fugindo de mim, ela continuava sendo jogada em meu
caminho como se tivesse um ímã, puxando-a em minha direção.
Qual seria o significado disso?
— Ei... Rafael. — A voz do meu pai ressoou do outro lado da linha,
tirando-me daqueles devaneios. — Está ouvindo o que estou falando com
você?
Endireitei-me na cadeira e, por um momento, apenas tentei me
recordar qual era a última coisa que ele tinha falado sobre aquela princesa.
Certo, ele estava me dizendo que ela precisava de um lugar para
ficar na capital.
— Claro, pai, não vejo problema algum que ela fique na cobertura —
falei, enquanto cogitava diversas formas de tê-la para mim diante dessa
situação.
— Está me ignorando de propósito? — ele perguntou em um tom
mais sério que o normal.
O que me fez perceber que eu estava mais distraído do que deveria.
Mas como não? Era daquela mulher que estávamos falando.
— O quê?
— Eu disse que para que Bianca se sinta mais confortável, não
apareça por lá por enquanto.
— Ah, sim — falei, vagamente.
— Eu a deixaria em nossa casa, mas creio que será melhor que ela
tenha um espaço só dela. Então, caso precise vir para a capital, fique
conosco.
— Deixa comigo, quando ela chega?
— Hoje, creio que ela já esteja a caminho. Vou mostrar a ela o lugar
e deixá-la à vontade.
Foi tentador ouvir aquilo, e não me oferecer para fazer esse tour. Mas
aquilo seria descaramento demais da minha parte.
— Tudo bem, faça como quiser — falei, fingindo indiferença. —
Qualquer coisa é só me ligar.
Ao dizer aquelas palavras eu encerrei a ligação.
Minha boca se curvou em um sorriso, pensando naquela morena na
minha cobertura.
Peguei o meu celular a fim de verificar a agenda, coloquei para
discar ao clicar no contato de Caio, o meu sócio.
— Opa, o que manda? — ele disse ao atender.
— Mudanças de planos, confirme a minha presença na reunião de
amanhã.
— Não disse que faria uma videoconferência de Búzios?
— Você está certo, eu devo participar um pouco mais das reuniões na
empresa — falei e dei um sorriso. — Nos vemos amanhã.
Encerrei a ligação e me levantei, tinha alguns planos para pôr em
prática. Então, com a cara mais lavada do mundo, fui para o meu closet e
peguei uma mala grande.
Comecei a separar alguns pares de roupa, alguns itens de cuidado
pessoal e os coloquei na mala. Quando estava tudo pronto, coloquei a mala
no carro e aproveitei para resolver algumas coisas.
Pouco depois, recebi uma mensagem do meu pai, informando que
Bianca já havia se acomodado. Aquela foi a minha deixa para cair na
estrada.
Certamente, ele me mataria quando descobrisse que eu estava na
capital, mas pretendia tirar proveito disso enquanto fosse possível.
Estava chegando à capital quando meu celular começou a tocar.
Olhei para o visor do carro, constatando que se tratava de Rodolfo Belmont.
— Fala, cara — disse ao atender.
— Tudo certo para hoje à noite?
Fiz uma careta, me lembrando perfeitamente de que tínhamos
combinado de ir à boate mais tarde.
— Não vou poder, tive que sair da cidade para resolver alguns
assuntos pessoais.
— Vai dar esse mole? Eu posso me esbarrar com a sua morena por
lá. — Dei uma risada ao ouvi-lo. — Está duvidando?
— Não vai, ela estará comigo.
— Assuntos pessoais...hum? — Ele gargalhou. — Você é um
hipócrita.
— Meu caro, essa mulher será minha. Escute só o que estou falando.
— Você sabe o que eu penso disso, mas... siga os seus instintos.
— Claro, eu seguirei, pois não sou influenciado por você.
— Isso me ofende, sabia? — ele falou e eu gargalhei, o desgraçado
me acompanhou.
— Eu te ligo depois, estou na estrada — falei alguns instantes depois.
— Certo, cara, boa sorte.
Encerrei a ligação balançando a cabeça em negativa. Se tinha um
cara que certamente nunca se comprometeria, seria Rodolfo.
Não demorou muito para que eu estacionasse na garagem da
cobertura. Peguei a minha mala como quem não queria nada e fui em direção
ao elevador, selecionando o último andar.
Quando abri a porta, pude ouvir certa movimentação. Deixei a mala
na sala e comecei a ir sorrateiramente em direção à voz gostosa que ressoava
pelo ambiente.
Ela estava no quarto de hóspedes.
Encostei-me no batente da porta e a cena que vi foi melhor do que
imaginei. Bianca estava enrolada apenas em uma toalha enquanto falava
com alguém ao telefone por chamada de vídeo. Logo, identifiquei que se
tratava de uma mulher, coincidentemente elas falavam de destino.
Era engraçado, a essa altura do campeonato.
Permaneci com os olhos fixos nela e assim que tive uma brecha,
arrumei um jeito de chamar a atenção dela para mim. E foi delicioso ver a
sua expressão, quando disse que seria eu quem deveria perguntar o que ela
fazia em minha cobertura.
A ficha dela não parecia ter caído, então esperei até que ela
assimilasse a informação.
— Espera... você é o filho do Marcelo? — ela perguntou, surpresa.
Meus olhos foram para a maldita toalha, que estava a deixando fodidamente
atraente.
— Bianca, essa deveria ser sua última preocupação no momento —
falei, sério. Os olhos dela desceram pelo meu corpo, e não tinha dúvidas de
que ela notou o volume marcando a minha calça.
Não fiz questão de esconder.
— Oh, céus! — ela resfolegou de forma tão sexy, que pude sentir
diretamente no meu pau.
Em um piscar de olhos ela estava vindo em minha direção. As mãos
macias foram para o meu peito, tive que exercer um autocontrole fora do
comum para continuar racional.
Ela me empurrou para fora do quarto e fechou a porta.
— Eu sairei em alguns minutos — ela gritou.
Minha boca se curvou em um sorriso, à medida que aquela cena
deliciosa se repetia em minha mente.
Fui para sala totalmente decidido, eu a teria custe o que custar.
A forma que ela reagiu a mim, denunciava com perfeição que o
sentimento era recíproco. Então, eu não mediria esforços para ter aquilo o
que queria.
Parecia que a minha estadia na capital seria mais interessante do que
eu pensei.
CAPÍTULO 07
Joguei o meu corpo contra a porta, enquanto pensava que o destino
só podia estar de brincadeira comigo.
O homem era filho de Marcelo, quais as chances?
Tranquei a porta e fui em direção à minha mala. Escolhi uma calça
jeans e uma blusa de alça. Em seguida, caminhei para o banheiro e peguei
todas as minhas coisas que ali estavam.
Aos poucos, coloquei tudo dentro da mala e quando terminei, a
fechei.
Peguei o meu celular e constatei que Vivian havia me ligado. Apenas
mandei uma mensagem para ela explicando que mais tarde conversávamos.
Então, abri a porta e saí do quarto.
Andei pela cobertura até chegar à sala. O homem estava sentado no
sofá, apoiando os cotovelos no joelho e, levemente, inclinado.
Senti borboletas no estômago quando os olhos dele foram ao
encontro dos meus.
— Aonde vai? — ele perguntou, sua expressão demonstrava
seriedade.
— Procurar algum lugar para ficar. Marcelo me disse que você quase
não aparecia por aqui e... eu só não quero incomodar, ok?
— De forma alguma deixarei você sair daqui dessa forma — ele
falou e se levantou. Então, ele estava vindo em minha direção. — Meu pai
me ligou algumas vezes, mas não atendi, pois estava a caminho daqui.
— Ah... — Balancei a minha cabeça, como se concordasse. — A
cobertura é sua.
— Sim, mas se meu pai disse que poderia ficar sou eu quem tenho
que sair — ele falou, firmemente. — Posso ficar em um hotel... — Aquelas
palavras ficaram no ar, então, ele abriu e fechou a boca algumas vezes antes
de voltar a falar. — A não ser que não se importe em dividirmos o lugar. Eu
estou aqui a trabalho e quase não ficarei por aqui. Se não for um problema
para você.
— Certamente será um problema para mim.
Só percebi que pensei em voz alta quando o encontrei com as
sobrancelhas arqueadas em minha direção.
— É um lugar bem grande — comentou, e eu apenas balancei a
cabeça positivamente.
O que poderia dar errado?
— Bem, acho que podemos fazer isso — disse, mesmo sabendo a
resposta para o meu único questionamento.
Tudo poderia dar errado, mas aqui estava eu dizendo sim.
— Temos um acordo — ele disse, seriamente. — Vou tomar um
banho e me acomodar.
Ao dizer aquelas palavras, ele se virou.
— Ei... — disse, chamando a atenção dele mais uma vez. — Deveria
ao menos me dizer o seu nome, já que vamos compartilhar o mesmo teto,
mesmo que de maneira provisória.
O homem caminhou em minha direção e pegou a minha mão. Senti
uma eletricidade fora do comum com aquele simples toque.
Imediatamente, eu quis quebrar o contato, mas ele não permitiu. Ele
levou a minha mão à boca e roçou a barba de maneira suave, causando
arrepios por todo o meu corpo. E como se aquilo não fosse o suficiente,
beijou o dorso. Então, os olhos intensos foram para mim.
Deus! Isso foi extremamente sensual e gostoso.
— Eu me chamo Rafael Armani, é um prazer te conhecer.
Puxei a minha mão, a fim de quebrar aquele contato, e dei alguns
passos para trás.
— Bianca Martins — disse e ele assentiu. — Mas creio que você já
saiba.
— Sinta-se em casa, Bianca — ele falou e, em seguida, foi em
direção à porta.
Acompanhei com os olhos, enquanto ele pegava a mala que estava no
canto e ia em direção ao quarto principal.
Oh, céus! O que eu estava fazendo com a minha vida?

Acordei cedo no dia seguinte.


Marcelo havia me mandado o endereço de seu escritório e eu queria
resolver as coisas o quanto antes, afinal, meu tempo aqui estava contado.
Vesti um conjunto composto por um short de alfaiataria, um blazer na
cor marsala e uma blusa branca. Para completar, calcei um salto alto e deixei
os cabelos soltos.
Saí do quarto, sentindo o cheiro delicioso de café no ambiente.
Quando me dei conta, entrava na cozinha, em busca de confirmar se
realmente o cheiro vinha daqui.
Para a minha surpresa, sim.
Rafael estava passando o café, mas não foi isso que chamou a minha
atenção. Mas sim o fato de que ele usava apenas uma boxer branca,
deixando exposto às costas largas, a bunda redondinha e os músculos firmes
de sua coxa.
— Gosta do que vê? — Sua voz rouca chamou a minha atenção,
denunciando que ele havia me pegado no pulo.
— Você deveria vestir uma roupa — falei e me virei, procurando sair
o mais rápido possível daquele lugar.
— Não vai tomar café? — A voz dele estava próxima demais, o que
denunciou que ele decerto estava atrás de mim.
Não me atrevi a olhar, apenas levei a mão na porta e a destranquei.
— Eu tomo na rua, obrigada — respondi e saí, mas não antes de
escutar a gargalhada gostosa daquele homem.
Eu deveria arrumar outro lugar para ficar, certamente, eu deveria!
Segui para uma cafeteria e comprei o café, em seguida peguei um
táxi e fui para o endereço indicado por Marcelo, e mesmo que não quisesse,
estava se tornando impossível não me lembrar da cena que presenciei pela
manhã.
Por um momento, minha cabeça insana chegou a cogitar como seria
passar uma noite com Rafael. Mas, certamente, isso era uma péssima ideia.
Apenas uma foda, isso não era para mim.
Joguei esses pensamentos para bem longe e me concentrei naquilo o
que deveria. O táxi me deixou em frente a um edifício elegante. Conferi o
endereço e depois de ter a certeza de que era ali, fui em direção ao escritório
de Marcelo.
Fui recepcionada por uma mulher gentil, que logo anunciou a minha
presença e me guiou até a sala.
— Bom dia, Bianca, conseguiu descansar bem? — Marcelo
perguntou com um sorriso simpático.
— Hm... Sim, obrigada — menti.
— Então vamos ao que interessa. Sente-se, por favor.
Marcelo apontou para a cadeira à sua frente. Eu fui até ela e me
acomodei, em seguida meus olhos foram ao encontro dos dele.
— Na ausência do seu pai, quem está tomando as decisões dentro da
empresa é o seu tio, Luiz Mancini. Ele tem experiência na área e, por
enquanto, acredito que pode agregar bem ao seu conhecimento.
— Certo.
— Agora sobre as questões legais, o que acontece... com o
surgimento de uma nova herdeira teremos que fazer todo o inventário. Para
que as coisas não fiquem paradas eu usarei o seu conhecimento para colocá-
la como curadora de Carlos.
— Como se chama a... minha irmã? — perguntei um pouco
desconcertada.
— Melanie.
— Não acha que isso causará problemas com ela?
— Olha, Bianca, eu apenas estou agindo conforme a vontade do seu
pai. Sei que na divisão de bens, tudo será dividido igualmente, e tudo bem.
Eu apenas quero confirmar os fatos que ela trouxe para mim antes, afinal, eu
só sabia da sua existência.
— Te entendo completamente, vamos fazer assim então.
— Assim que estiver com a papelada pronta te aviso.
— Tudo bem, e qual será o próximo passo?
— Estava conversando mais cedo com a equipe que cuida da área de
relações públicas e marketing da empresa, fui informado que a mídia está
especulando muito sobre as herdeiras de Carlos. Eles estão pensando em dar
um baile para apresentá-las formalmente em uma semana. Acha que seria
possível?
— Não estou acostumada com a mídia — fui sincera.
— Mas precisa — ele explicou, eu assenti. — Com esse evento, você
pode conhecer um pouco da família do seu pai, acho que seria uma proposta
interessante a avaliar.
— Tudo bem, em uma semana está ótimo.
— Perfeito, vou ligar ainda hoje para eles.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu me levantei. Marcelo me
acompanhou até a porta e, em seguida, nos despedimos.
Como já estava na rua, resolvi ir ao shopping almoçar. Depois, eu fui
em algumas lojas para conhecer.
Por fim, pedi ao motorista para me deixar em frente a um parque
localizado no bairro onde estava morando.
A noite estava simplesmente incrível. Caminhei sozinha por um bom
tempo, enquanto assimilava a volta que a minha vida tinha dado nos últimos
dias.
Era uma profusão de emoções.
Quando me senti cansada, fui andando até chegar ao edifício. Não
demorou muito, afinal, o parque era bem perto de onde estava.
Cheguei em casa e encontrei tudo em uma luz ambiente. Apesar de
não estar totalmente claro, pude ver a silhueta de Rafael na sacada.
Caminhei em direção a ele e parei na porta, assim pude perceber uma
garrafa de uísque sobre a mesa, enquanto ele bebia um copo.
Ao notar a minha presença, Rafael se virou em direção a mim.
— O que faz aqui sozinho no escuro? — Desviei o olhar para as
mãos dele.
Rafael levou o copo à boca e tomou um gole. Então, os olhos dele
foram fixamente para mim.
— Eu estava esperando por você.
CAPÍTULO 08
Meu coração quase saiu pela boca com aquelas palavras. Estava
tentando encontrar a minha voz quando ele deu alguns passos em minha
direção.
— Você demorou, eu estava preocupado — ele falou, seu semblante
demonstrava seriedade.
— Estava por aí, conhecendo um pouco da cidade — expliquei.
— Você aceita um pouco? — Rafael balançou o copo de uísque no
ar.
— Por favor — falei e estendi a mão em direção a ele.
O dia havia sido cheio, a cabeça estava a mil. Um pouco de uísque
realmente cairia muito bem.
Rafael levou o copo à boca e tomou mais um gole, então, ao invés de
me entregar o copo, senti a mão livre dele contra a minha.
Em um piscar de olhos ele me puxou contra o corpo dele e tomou os
meus lábios de forma voraz. O gosto da bebida invadiu a minha boca e eu
estremeci com a sua investida. Percebi vagamente quando ele colocou o
copo sobre a planta ao lado, em seguida senti a mão dele contornar a minha
cintura e ele me colou ainda mais contra seu corpo.
Eu não recuei.
Ele começou a me guiar pela sacada, apenas o segui. Meu corpo o
acompanhou quando ele se sentou na poltrona macia e, em seguida, me
puxou para me sentar em seu colo.
Minhas mãos foram para o pescoço dele, ao mesmo tempo em que
ele exerceu uma pressão maior contra a minha cintura. Um gemido escapou
dos meus lábios quando senti contra o tecido fino da minha roupa o quanto
ele estava duro.
As mãos dele passearam pelas minhas costas, causando uma trilha
gostosa de arrepios.
Então os lábios dele deixaram os meus e, depois, ele começou a
descer os beijos, fazendo uma trilha por todo o meu pescoço. Sua atitude
causou uma onda de excitação tão grande, que estava a ponto de me matar.
Ao chegar aos meus seios, ele não ultrapassou os limites. Os olhos
escuros de desejo foram ao encontro dos meus.
— Eu quero você... — Rafael sussurrou, então, seu aperto em volta
de mim se tornou maior. — Deus! Como eu quero você agora.
Uma lufada de racionalidade caiu sobre mim, ao perceber o que
estava prestes a acontecer. Levei a minha mão no peito dele, impedindo que
ele voltasse a me beijar.
— Rafael... — disse com a voz entrecortada. — Eu... eu não posso.
— Por que não? — Os olhos confusos estavam sobre mim.
Tentei sair do seu colo, mas as mãos firmes em minha cintura não
permitiram. Seus olhos permaneciam sobre mim, esperando por uma
resposta.
— Eu não sou o que procura.
— Você é exatamente o que eu procuro, Bianca.
Senti meu coração entrar em descompasso com aquela afirmação.
Mas não poderia me deixar levar por ela, até porque conhecia muito bem
caras como ele.
— Não sou — disse, tentando não perder a compostura. — Caras
como você procuram sexo e diversão.
— É o que acha que eu quero com você? — perguntou, autoritário.
Eu o medi com o olhar e resolvi devolvê-lo aquela pergunta.
— O que você quer comigo?
— Mais do que uma noite de sexo e diversão. — Ele voltou a fazer
uma pressão gostosa em minha cintura. — Eu estou dizendo que quero mais
do que isso com você.
A forma com que aquela frase saiu da boca dele me fez estremecer.
Precisei ser muito racional para respondê-lo naquele instante. Ou eu acabaria
cedendo facilmente, diante de palavras como aquelas.
— Não é o suficiente para mim.
— E o que seria o suficiente para você, Bianca?
— Eu gosto do romance. — Dei um sorriso fraco, decidida a ser
sincera. — Eu gosto do sexo e da diversão. Mas eu preciso de mais, preciso
me sentir conectada com a pessoa... eu preciso do amor.
— Você quer o pacote completo. — Ele me mediu com o olhar, pude
ver o brilho em seus olhos diante daquela afirmação. — Eu gosto disso.
Eu gosto disso.
Céus! esse homem tinha algum limite?
— Eu me apego fácil. — Fui ainda mais clara, afinal, queria que ele
entendesse o tipo de mulher que eu era.
Tinha ciência de que os caras não gostavam desse tipo de coisa,
então, sabia que o faria desistir, apenas sendo sincera sobre como as coisas
funcionavam para mim.
— Adoraria tê-la apegada a mim — ele sussurrou em meio a um
sorriso sexy, como se aquilo fosse algo realmente interessante.
— Não sabe do que está falando. — Um sorriso incrédulo se formou
em meus lábios, balancei a cabeça em negativa, recusando-me a acreditar
que ele tinha noção do que aquilo significava.
— Acredite em mim, quando eu digo que sei exatamente o que estou
falando — ele disse, parecendo hipnotizado com a ideia.
— E por que eu deveria acreditar nisso?
— Quer saber? Não tem... Só há uma forma de você descobrir a
verdade.
— Dormir com você? — perguntei, arqueando as sobrancelhas.
— Se permitir. — Rafael afrouxou o aperto em minha cintura. — Eu
quero você e, por isso, estou disposto a esperar que se sinta segura para isso.
Mordi o lábio inferior, atraindo o olhar dele para eles.
— Não faz isso, não me faça quebrar uma promessa logo após fazê-
la — ele pediu com a voz rouca.
Sabendo que aquela era a minha deixa, eu me apoiei nele e me
levantei.
— Boa noite, Rafael.
Virei-me, disposta a ir o mais longe possível desse homem que me
confundia cada vez mais com palavras.
Estava passando pela sala quando senti as mãos suaves dele em meu
braço, e em um instante, estava de frente para ele.
Suspirei profundamente, tentando controlar o coração traidor que
insistia em bater forte a cada vez que nossos olhos se encontravam.
— Eu não estou desistindo de você, tão pouco estou disposto a parar
de tentar persuadi-la a se entregar a mim. — Ele levou a mão em meu rosto,
prendendo o meu olhar no dele. — O pacote completo, eu vou dá-lo a você...
apenas quero que esteja pronta para isso, pois no momento em que você for
minha, eu não vou te deixar ir.
Ao dizer aquelas palavras, Rafael se inclinou e deixou um selinho em
meus lábios sem permissão. Em seguida, ele se afastou.
Acompanhei com o olhar o momento em que ele se virou e caminhou
em direção ao quarto principal.
Não sabia o que pensar, não sabia o que sentir. Apenas tinha uma
certeza diante de tudo.
Eu estava a ponto de enlouquecer.
CAPÍTULO 09
“Minha menina, você está tão crescida, tão linda.
Quero que saiba que eu estive em sua formatura, assisti tudo de
longe para não chamar a atenção.
Eu daria a minha vida agora para poder te dar um abraço e lhe
desejar os parabéns por se formar. Nem preciso dizer o quanto estou
orgulhoso, por sem qualquer influência você optar pela mesma profissão
que a minha.
Te desejo todo o sucesso do mundo, te amo.”
Fechei o diário em meio a um soluço, não conseguia ler mais uma
linha sequer.
Peguei o meu celular e disquei para a minha mãe.
— Querida, está tudo bem? — A voz doce dela ressoou do outro
lado da linha após dois toques.
— Mãe... — disse com a voz embargada.
— Aconteceu alguma coisa? — A voz dela se tornou preocupada.
— Na minha formatura, ele estava lá... ele estava orgulhoso por eu
seguir a mesma profissão dele. Por quê? — deixei aquela pergunta no ar.
O que eu estava fazendo? Isso não faria com que as coisas
mudassem.
— Eu falhei com você, meu amor, me perdoe.
Minha voz simplesmente sumiu.
O silêncio se fez presente por um longo tempo antes de, finalmente,
encerrar a ligação.
O meu pai estava morto, não tinha o que fazer quanto a isso. Queria
muito entender os motivos da minha mãe, mas a única coisa que vinha em
minha mente era que ela não tinha esse direito.
Eu cresci bem, ela fez um bom trabalho. Mas, ainda assim, foi difícil
crescer achando que havia sido abandonada.
Levantei-me da cama, coloquei o diário sobre o móvel ao lado e fui
para o banheiro lavar o rosto. Depois de me estabilizar, saí do quarto a fim
de pegar um copo de água.
Durante todo o caminho para a cozinha, pedia mentalmente que
Rafael não estivesse em casa.
Não queria vê-lo, não desta forma.
Felizmente, as minhas preces foram ouvidas. Não querendo abusar
da sorte, depois de beber água, voltei para o quarto e tornei a fechar a porta.
Minha cabeça estava me matando, se eu continuasse aqui iria
enlouquecer. Pensando em mudar o curso disso, peguei o telefone e liguei
para Vivian.
— Ei, gata! — ela atendeu, animada. — Novidades com aquele
bonitão?
Revirei os olhos ao ouvi-la. Sabia que a partir do momento em que
eu contasse o motivo de ter desligado afoita naquele dia, certamente essa
seria seu primeiro questionamento sempre que nos falássemos.
— E então? — ela voltou a perguntar quando eu não respondi.
— Eu te disse que vamos apenas dividir o lugar por um tempo —
falei, sentindo um rubor, enquanto ocultava o fato de que nós nos beijamos,
de novo.
— Aham... sei. — Seu tom soou desconfiado.
— Vai trabalhar hoje? — perguntei sem rodeios.
— Sim, por quê?
— Preciso me distrair um pouco.
— Eu vou adorar te ajudar com isso — ela falou, animada. Minha
boca se curvou em um sorriso e eu balancei a cabeça em negativa.
— Ótimo, nos encontramos à noite então.
— Você veio mesmo! — Vivian gritou, animada.
— Eu disse que viria — respondi com um sorriso no rosto. Em
seguida, me sentei na banqueta vazia de frente para ela.
— O que vai beber?
— Tequila, por favor.
Vivian arqueou as sobrancelhas para mim.
— Tem certeza, amiga? Digo, é uma bebida forte para início de
noite.
— É exatamente o que eu preciso.
Depois de me medir com o olhar, Vivian serviu para mim o que eu
pedi.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu virei o copo de uma só
vez, tomando tudo em um gole só.
O líquido desceu queimando, gostava daquela sensação.
Permaneci sentada na banqueta conversando com Vivian nos
momentos em que apareciam brechas. Ela estava animada e, como sempre,
era uma excelente companhia.
— O mínimo que pode fazer depois de tomar o meu lugar, é me
apresentar essa bela dama. — Uma voz masculina ressoou pelo ambiente.
Olhei em direção a ele, me deparando com um loiro com os olhos
fixos em mim.
— Ai, Arthur! — Vivian falou com impaciência. — Ela não é para o
seu bico.
— Isso é algo que apenas ela pode responder — ele falou sem
desviar os olhos de mim.
Deus! Ele estava mesmo flertando comigo?
A minha atenção foi para a mão de Vivian no momento em que ela
colocou outra dose de tequila de frente para mim.
— Vá fundo, amiga, vai precisar de outra dessa para responder.
Sorri e o tomei da mesma forma que a primeira dose. Então, levantei
o copo em direção ao loiro.
— Estou muito bem aqui, apenas curtindo uma tequila — falei e
coloquei o copo vazio sobre o balcão, sem dar chances para que ele
respondesse, eu me virei e fui em direção à pista de dança.
A última coisa que eu queria, era ficar com alguém.
Depois de ontem, sabia que os meus pensamentos iriam diretamente
para Rafael. Seria impossível não comparar, e eu tinha certeza de que o loiro
não faria um terço do estrago que aquele homem fez em tão pouco tempo.
Droga!
Balancei a cabeça em negativa e, em seguida, comecei a curtir a
música que tocava. Sincronizei cada movimento com as batidas, sentindo-
me leve.
Não tinha certeza de que a sensação estava sendo causada pela
tequila, mas queria mais daquilo. Então, depois de rejeitar alguns caras e
dançar quatro músicas, caminhei em direção ao bar, pois queria tomar mais
uma dose.
Eu não deveria beber muito, mas estava gostando da sensação.
Voltei para a pista de dança e, por alguns momentos, pude curtir
algumas músicas com a minha amiga. Porém, o movimento de hoje não
permitiu que ela ficasse muito tempo.
Quando ela voltou para o bar, fechei os olhos e apenas segui
movimentando o meu corpo conforme a música.
Senti uma mão suave em minha cintura e abri os olhos, encontrando
o loiro de antes tentando investir em algo que já estava mais do que claro
que não daria certo.
Levei as mãos sobre as dele e as tirei de mim.
— O quê? Acha que eu não sou para você? — ele perguntou,
tentando se aproximar mais uma vez. — Posso te mostrar que está errada.
— Como eu disse... estou muito bem apenas com algumas tequilas.
Sem permissão, as mãos dele foram mais uma vez para a minha
cintura e ele me puxou contra ele.
— Ei... — Levei a minha mão no peito dele, tentando o afastar. —
Eu já disse que não!
O cretino não me soltou.
Senti mãos fortes virem ao meu encontro, ao mesmo tempo em que o
corpo do idiota à minha frente era arremessado para trás.
Abri e fechei os olhos, tentando regular a minha visão e assimilar o
que havia acabado de acontecer. Meu coração quase saiu pela boca ao
constatar a imagem séria e imponente de Rafael ao meu lado.
Céus! Eu certamente havia bebido demais.
— Qual é a sua cara? — Arthur perguntou, alterado.
Então, a confirmação de que eu não estava alucinando veio a seguir.
Com a voz autoritária de Rafael pairando pelo ambiente.
— Não aprendeu que quando uma mulher diz não, é não?
CAPÍTULO 10
— Que seja! — o idiota falou e jogou as mãos para o ar. — Pode
ficar para você, não vai conseguir nada mesmo.
Então se virou e começou a passar entre as pessoas.
Deus! Eu socaria o babaca facilmente, isso se as mãos macias de
Bianca não tivessem tocado o meu braço naquele instante.
Meus olhos foram para ela, seu olhar sobre mim parecia um pouco
desnorteado.
— Obrigada — sussurrou.
— Você está bem? — perguntei e a medi com o olhar.
— Sim, eu só preciso de mais uma dose de tequila — respondeu e
começou a passar entre algumas pessoas, indo em direção ao bar.
Minhas mãos foram suavemente para ela e a puxei para mim.
— Você já bebeu demais — disse ainda sem acreditar que ela
pretendia continuar bebendo no estado que se encontrava.
— Eu estou bem.
— Vou levá-la para casa — avisei em um tom autoritário. Arqueei as
sobrancelhas quando um sorriso travesso se formou nos lábios dela. — O
que é tão engraçado, princesa?
— Princesa? — perguntou, visivelmente corada.
A cena fez com que um sorriso se formasse em meus lábios.
— Sim. Não gosta? — perguntei e ela apenas mordeu o lábio
inferior. Deslizei a mão para a cintura dela, decidido a levá-la para casa.
— Tenho que avisar a minha amiga.
— Um amigo cuidará disso — falei e desviei o olhar para a mesa em
que eu estava há poucos minutos, apenas dei um aceno de cabeça para
Rodolfo.
Afinal, eu tinha dito a ele no momento em que vi o babaca se
aproximando de Bianca que a levaria para casa, precisava apenas que ele
avisasse a amiga dela e lidasse com a conta.
Ele deu um sorriso e se levantou.
— Ah! — Bianca falou quando comecei a guiá-la em direção à saída.
Seguimos em silêncio até o estacionamento. Quando abri a porta do
passageiro, ela me deu um breve olhar, mas não protestou para entrar no
carro.
Dei a volta e me acomodei no banco do motorista. Meus olhos foram
para ela, constatando que ela nem mesmo tinha colocado o cinto de
segurança.
Inclinei-me e levei a mão nele, colocando-o em Bianca enquanto
tentava manter o controle, sentindo sua respiração quente tão próximo a
mim.
— Isso... É perto demais — ela comentou, à medida que um sorriso
se formava em meus lábios.
— Não deveria beber tanto — falei e me afastei.
Permaneci com os olhos fixos a ela por alguns instantes, antes de
colocar o cinto e dar partida no carro.
O sorriso foi inevitável quando a minha mente voltou para a cena de
minutos antes do idiota ir para cima de Bianca. O corpo dela balançava no
ritmo da música, como se ela sentisse cada verso.
Ela estava sexy pra caralho, e eu estava adorando aquela cena.
— Está me seguindo? — A voz de Bianca ressoou pelo ambiente,
tirando-me dos meus devaneios.
— Eu também frequento essa boate, sabe disso — menti. Ela apenas
balançou a cabeça positivamente.
A verdade era que eu estava na casa de Rodolfo quando o desgraçado
me mostrou através das câmeras de segurança a imagem de Bianca no bar.
Perguntando se era ela, a mulher que ele havia procurado para mim na
câmera de segurança há alguns dias.
Não pensei duas vezes em passar em casa para tomar um banho e vir
direto para cá.
— Sabe... — ela voltou a chamar a minha atenção. — Eu não me
lembro de ter dito sim a você.
Desviei a atenção do trânsito por um instante, encontrando-a com os
olhos fixos a mim.
— Você não disse não — respondi, seriamente, então voltei a atenção
para frente.
A verdade era que Bianca era uma mulher intrigante. Ela nunca disse
não, em contrapartida, o corpo dela claramente dizia sim, a todo instante.
— Quem diria não para você? — ela perguntou e, no mesmo
segundo, dei um sorriso de lado.
— Você disse, ontem à noite. — Bianca deu uma risada gostosa.
Céus, aquela risada foi contagiante.
— Eu disse não, não é? — perguntou, atraindo meu olhar para ela
mais uma vez. Eu balancei a cabeça em positivo. — Meu Deus! Acho que eu
perdi o juízo.
— Por que acha isso? — perguntei, à medida que parei no sinal.
— Quem em sã consciência, diria não a você?
— Apenas você pode fazer isso — respondi mais sério do que
gostaria.
Apesar da conversa estar leve e divertida, eu realmente falava sério
quanto a isso.
— Eu posso? — A voz dela saiu em um sussurro.
— Mas não por muito tempo. — Dei uma última olhada para ela
antes de voltar a dar partida no carro.
— Você deveria parar de fazer isso.
— Fazer o quê?
— Esse jogo... está me confundindo. Não pode falar coisas como:
“eu vou te dar o pacote completo” ou “só você pode fazer isso”.
Dei um sorriso, pensando em como seria divertido vê-la sóbria pela
manhã.
Estacionei em frente à minha casa e desviei o olhar para ela.
— E por que eu não posso fazer isso?
— Porque o meu coração quase sai do peito cada vez que você mente
tão bem... — ela levou a mão no rosto deslizou até os cabelos. — Você vai
me enlouquecer.
Meu sorriso se alargou, era extremamente delicioso ter essa
informação.
Saí do carro e fui em direção à porta do passageiro. Abri a porta e
estendi a mão para que ela se apoiasse em mim.
Assim ela fez. Quando saiu do carro, os olhos dela passaram por todo
o ambiente.
— Onde estamos?
— Na minha casa, não seria prudente dirigir a uma hora dessas para a
capital — justifiquei e fechei a porta do carro. Em seguida, deslizei a mão
para as costas dela e a guiei para a entrada.
Bianca deu um sorriso quando chegamos em frente à porta, ela levou
a mão até a fechadura eletrônica e digitou a senha 3502. Quando a porta se
abriu, os olhos dela se voltaram para mim.
— Deveria ser mais criativo, Rafael, a mesma senha?
— Só você sabe — falei, fazendo o sorriso dela se dissipar.
Ela não deveria ter me dito para não fazer essas coisas, pois, depois
que descobri o que isso causava a ela, era a única coisa que eu queria fazer.
Totalmente satisfeito com a reação dela, apenas a levei para dentro da
casa. Fechei a porta e a levei em direção ao meu quarto.
Fui em direção ao meu closet e peguei um dos meus pijamas
confortáveis. Em seguida, eu o levei para Bianca.
— Imagino que queira usar algo confortável para dormir — falei e
coloquei sobre a cama.
Os olhos dela estavam fixos aos meus, senti o seu nervosismo
naquele instante.
— Obrigada — ela sussurrou e deu alguns passos em minha direção.
Aquele, era um sinal claro de que eu deveria sair daquele quarto o
quanto antes.
— Caso precise de alguma coisa, pode me chamar a qualquer hora.
Estarei no quarto ao lado — disse e caminhei em direção à saída.
— Rafael... — ela voltou a falar.
Virei em direção a ela e apenas a observei vir em minha direção.
As mãos dela foram para a minha gravata, ela me puxou em sua
direção em um movimento ágil.
— Eu... Eu quero você — falou de forma manhosa, fazendo com que
meu corpo inteiro se arrepiasse.
Levei a minha mão para o rosto dela e, sem conseguir controlar,
mordi o seu lábio inferior. Então, meus olhos escuros de desejo foram para
ela, sentindo aquelas mãos gostosas deslizarem pelo meu peito, enviando
aquelas sensações diretamente para o meu pau.
— Eu quero muito você — falei com a voz cheia de desejo,
exercendo ali meu autocontrole de forma que jamais pensei que conseguiria.
— Mas não dessa forma.
— Por que não?
— Não está em seu juízo perfeito, não quero que se arrependa pela
manhã. — Ao dizer aquelas palavras, dei um selinho nos lábios dele e me
afastei. — Boa noite, Bianca.
Sem pensar demais, segui em direção ao quarto de hóspedes.
Peguei uma toalha no guarda-roupa e fui para o banheiro. Precisava
de um banho frio urgentemente.
Aquela, sem dúvida, seria uma longa noite.
CAPÍTULO 11
Acordei com uma leve dor de cabeça.
Ainda desnorteada, sentei-me na cama e esfreguei os olhos. Quando
o abri, me dei conta de que eu não fazia ideia de onde estava.
Saí debaixo do edredom e, na mesma hora, percebi que vestia um
pijama masculino.
Oh, droga! Isso não era bom.
Passei os olhos pelo quarto em busca de qualquer pista de onde eu
estava. Foi quando os meus olhos encontraram no móvel ao lado da cama
um copo com água, um comprimido e o que parecia ser uma peça de roupa.
Sobre ela havia um bilhete escrito à mão. Estendi a minha mão e o
peguei.
“Admito que não vejo a hora de vê-la sóbria, beba o remédio e vista
esse vestido que separei para você. Esperarei você para tomarmos café,
princesa.”
Meu coração quase saiu pela boca ao ler aquela palavra: princesa.
Merda, merda, merda, merda!
Dei um pulo da cama enquanto flashes de ontem à noite começaram
a vir com tudo em minha mente.
Um rubor caiu sobre mim, quando me lembrei de Rafael me
chamando de princesa e do quanto gostei daquilo.
Deus! Onde eu estava com a cabeça?
Peguei o comprimido sobre o móvel e o tomei, a fim de aliviar pelo
menos uma das dores de cabeça.
A vontade era de me enfiar em um buraco e nunca mais sair.
Mas, infelizmente, isso estava longe da realidade. Sabendo disso,
peguei a peça de roupa, constatando que era um vestido delicado.
Tirei a etiqueta dele e fui para o banheiro.
Joguei água no rosto, ao passo que tentava recuperar um pouco da
minha dignidade. Fiquei surpresa ao encontrar escovas de dente novas e
toalhas limpas.
Decidi aproveitar para tomar um banho.
Enrolei o máximo que eu pude para sair daquele quarto, enquanto
pedia aos céus para que ele não estivesse ali. Mas seu bilhete era claro, ele
estaria esperando por mim.
Passei por um corredor enorme e desci as escadas que me levariam
para o andar debaixo. A casa era deslumbrante, o que me fez questionar se
ele morava nessa casa imensa sozinho.
Minha atenção foi para alguns porta-retratos espalhados pela sala.
Caminhei em direção a um dos móveis para ver melhor aquelas fotos.
Ele estava em todas elas.
Em uma ele estava com Marcelo e uma mulher, que deveria ser a
mãe dele. Havia uma de formatura, denunciando que ele também havia se
formado em Harvard.
Fui em direção ao rack e pude ver outras fotos.
Naquelas havia fotos em boates, sempre de terno e alguns homens
que eram tão atraentes quanto ele. Peguei uma em que ele se encontrava
sozinho.
E o que posso dizer? Ele estava incrivelmente sexy.
— Você acordou. — A voz de Rafael ressoou pelo ambiente,
fazendo-me dar um pulo. No mesmo instante, coloquei aquele porta-retratos
de volta no rack. — Não teria se assustado se não estivesse bisbilhotando.
Virei-me em direção a ele, encontrando-o com aquele mesmo olhar
intenso sobre mim.
— Hm... me desculpe por ontem.
Rafael caminhou em minha direção e parou em frente a mim. Dei um
passo para trás, sentindo a necessidade de fugir para longe.
— Não tem motivos para pedir desculpas. — As mãos dele foram
para o meu rosto, prendendo o meu olhar no dele. — Eu gostei de
absolutamente tudo.
Céus! Ele gostou?
— Rafael... — sussurrei, a voz entrecortada.
— Eu não estou mentindo para você, Bianca, estou sendo
extremamente sincero quando digo que vou lhe dar o pacote completo.
— Por quê? — Meus olhos aguardaram por uma resposta.
O olhar dele não vacilou um segundo sequer, aquilo era um bom
sinal, não era?
— Eu não sei, apenas quero. Há mais tempo do que se pode
imaginar.
Suspirei profundamente e levei a minha mão sobre a dele. Em
seguida, eu a tirei, precisava interromper aquele contato.
— Preciso ir.
— Vamos tomar café, te deixo onde quiser após isso — ele falou, e
eu apenas assenti.
Mais uma vez senti as mãos dele irem para a minha cintura sem
permissão. Eu não protestei, afinal, diferente do toque do cara de ontem, eu
gostava do toque daquele homem. Mais do que gostaria de admitir.
Ele me levou até a cozinha e puxou uma banqueta para que eu me
sentasse de frente para a ilha que continha ali.
Ela estava recheada de opções para o café da manhã. Rafael serviu
uma xícara de café e a colocou à minha frente.
— Fique à vontade para comer o que quiser.
— Obrigada.
Dei um sorriso fraco a ele e peguei algumas torradas. Não perdi a
oportunidade de comê-las com os três sabores diferentes de geleia que
continha ali.
Evitei olhar para Rafael, mas ainda sentia o seu olhar sobre mim a
todo momento.
— Meu pai me contou sobre o baile que estão organizando para o
final de semana — Rafael comentou, atraindo a minha atenção para ele.
— Hm... sim. Parece ser a melhor opção para acabar com tantas
especulações.
— É uma boa estratégia.
O olhar de Rafael em minha direção se tornou mais intenso. O
coração traidor entrou em descompasso, enquanto lutava para não
demonstrar o quanto um simples olhar desse homem me desconcertava
totalmente.
— O que foi? — perguntei, desconcertada, quando ele não disse
nada.
— Um encontro — sugeriu, mantendo os olhos fixos a mim.
— Um encontro?
— Sim, me deixe acompanhá-la a esse baile como o seu par.
Senti-me vulnerável demais naquele instante, então desviei o olhar e
levei a xícara de café à boca.
Quando voltei o olhar para ele, percebi que ele continuava apenas
esperando uma resposta.
— Bem... — Levantei-me. — Vou pensar no seu caso, agora... eu
realmente tenho que ir para casa.
Ele sorriu.
Droga, aquele sorriso de lado era extremamente sexy.
— Você tem até sábado para se decidir — ele falou e se levantou. —
Precisarei viajar, então não nos veremos até lá, mas esperarei ansiosamente
pela sua resposta.
— Tudo bem.
Comecei a caminhar pela cozinha e fui em direção à sala. Rafael me
acompanhou.
— Você está voltando para a capital? — ele perguntou, ao mesmo
tempo em que pegava a carteira e as chaves no móvel da sala.
— Não... vou passar na casa da minha mãe.
Rafael assentiu.
— Espere apenas cinco minutos, vou colocar um blazer e te deixo lá.
Ele não esperou uma resposta. Apenas observei quando ele se virou e
foi em direção à sacada, indo em direção ao segundo andar.
Em menos de cinco minutos, ele estava de volta. E, como sempre, as
mãos atrevidas foram para as minhas costas e ele me guiou para a saída.
Como já era de se esperar, o carro dele era um daqueles de tirar o
fôlego.
Um Lykan Hyper Sport preto.
Como um perfeito cavalheiro, ele abriu a porta para mim e assumiu a
direção em seguida.
Passei para ele o endereço do prédio em que minha mãe morava e
permaneci em silêncio durante todo o trajeto.
A cabeça estava a mil, o coração saltando com a possibilidade de um
encontro com Rafael.
— Chegamos — ele falou, chamando a minha atenção.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu levei a mão à porta do
carro.
— Obrigada... Hm... por tudo.
— Bianca — ele me chamou antes que eu saísse.
A mão dele foi ao encontro da minha e em um movimento suave, ele
a pegou. Levou-a à boca, deixando um beijo suave no dorso.
Oh, céus! Aquilo foi tão intenso que me desestabilizou por completo.
— Eu esperarei ansioso por uma resposta.
Balancei a cabeça em concordância e saí do carro, tendo a certeza de
que seria impossível dizer não a ele.
O que eu estava fazendo da minha vida? Não tinha ideia, afinal,
estava indo contra tudo aquilo o que eu queria.
Mas parecia que quanto mais eu tentava fugir desse homem, mais o
destino me jogava contra ele.
A verdade era essa.
CAPÍTULO 12
O sábado finalmente chegou. Passei a semana em Búzios, no
apartamento da minha mãe.
Não havia necessidade de ficar na capital, afinal, até o evento eu não
teria que me encontrar com Marcelo.
Mas, nesse momento, eu precisava voltar. Afinal, o baile aconteceria
lá.
— Mãe, você realmente não quer ir? Marcelo disse que não teria
problemas — perguntei pela última vez.
— De forma alguma, querida. Isso... seria estranho — ela falou e eu
apenas dei uma risada.
Levei a minha mão em direção a ela e a puxei para um abraço.
— Te amo — disse, sabendo que ela ainda estava apreensiva mesmo
depois de eu conversar com ela.
A verdade era que eu realmente achei injusta a sua atitude. Porém,
não tinha o que fazer. Infelizmente, meu pai não estava mais aqui e ela era a
minha única família.
Então, decidi que mesmo que eu me sentisse triste, não voltaria a
questioná-la.
Eu me afastei e a mão dela foi para o meu rosto.
— Te amo, minha filha — ela falou. Minha boca se curvou em um
sorriso.
— Bem... eu preciso ir.
— Boa sorte, querida, qualquer coisa me liga!
— Obrigada!
Depois de dar mais um abraço nela, pedi um motorista no aplicativo
e peguei as minhas coisas. Estava levando também um dos vestidos de gala
da minha mãe. Estava sentindo um frio na barriga, não sabia o que esperar
do dia de hoje.
E com essa sensação, fui todo o caminho para a capital.
Quando chegamos, o motorista me ajudou com as bagagens até a
portaria do edifício. Eu o agradeci e fui em direção ao elevador.
— Senhorita Martins? — Uma voz feminina atraiu a minha atenção.
— Sim? — perguntei, enquanto uma das jovens que trabalhava na
recepção caminhava em minha direção.
— Você estará na cobertura na próxima hora?
— Sim, por quê?
— Há uma encomenda para você, vou pedir que Richard a entregue
em alguns instantes. — Ela sorriu docemente.
— Hm... a encomenda é para Bianca Martins?
— Isso mesmo.
— Certo, obrigada.
A jovem apenas me deu um aceno com a cabeça e se virou, voltando
para a recepção.
Confusa, continuei andando em direção ao elevador.
Estava curiosa, pois havia poucas pessoas que sabiam que eu estava
ali. Seria algo de Marcelo?
Cheguei à cobertura e acendi as luzes, estava tudo escuro e,
exatamente, da mesma forma que deixei no início da semana. O que
confirmava que Rafael não havia estado por aqui.
Fui para o quarto e guardei as minhas coisas. Em seguida, comecei a
separar as maquiagens e acessórios que pretendia usar na noite de hoje.
Não demorou para que a campainha tocasse. Em passos apressados,
fui em direção à porta, para descobrir que encomenda seria essa.
— Olá, senhorita. — O homem que julguei ser Richard estendeu uma
caixa elegante para mim.
Eu a peguei e sorri.
— Obrigada.
— Disponha. — Ele me deu um aceno de cabeça antes de se virar e
caminhar em direção ao elevador.
Arqueei as sobrancelhas e entrei com aquela caixa enorme nas mãos.
Fui para o meu quarto e a coloquei sobre a cama. Puxei a fita do laço,
revelando ali um bilhete escrito à mão.
Eu logo reconheci aquela escrita. Era a letra do Rafael.
“Não consegui parar de pensar em você quando bati os olhos nesse
vestido. Use-o no baile esta noite, eu estarei ansioso para vê-la.
Te buscarei às 19h.”
Mordi o lábio inferior e li o bilhete mais uma vez, o sorriso foi
inevitável.
Rafael não havia dado sinal algum durante toda a semana, mas esse
bilhete era uma promessa de que ele estaria aqui.
E por mais que eu não quisesse admitir, a verdade era que não via a
hora.

Olhe-me no espelho mais uma vez para checar como eu estava. Tinha
que admitir que Rafael acertou em cheio.
Eu gostava muito do vestido que havia pegado com a minha mãe,
mas não tinha dúvidas de que o presente de Rafael parecia ter sido feito sob
medida para mim.
O modelo era ombro a ombro, marcando os seios, adequando-se
perfeitamente ao meu corpo. Era um preto cintilante com uma abertura
lateral sexy demais.
Eu estava linda.
Para completar o visual, fiz um coque com mechas soltas e uma
maquiagem leve. Assim, combinava com perfeição com o par de brincos e
colar de brilhantes que também acompanhavam o vestido.
O som da campainha chamou a minha atenção. Peguei o meu celular
constatando que eram 19h.
— Ele é mesmo pontual — falei para mim mesma e peguei a bolsa.
Guardei o celular e caminhei em direção à porta.
Tinha que admitir que a cada passo, o coração quase saía pela boca.
Abri a porta e tive uma das visões mais avassaladoras que já presenciei.
Rafael estava ainda mais bonito.
Os cabelos perfeitamente alinhados, a barba aparada e um smoking
elegante.
— Boa noite, Bianca — ele disse fazendo com que os meus olhos
fossem ao encontro dos dele.
Senti o olhar dele queimar sobre mim com uma intensidade tão
grande que tive que me esforçar para disfarçar o quanto estava afetada com
sua presença.
Deus! Não fazia ideia de que isso era possível.
— Eu não disse que aceitaria o seu convite.
— Mas você está aqui — disse com os olhos fixos em mim e
estendeu a mão em minha direção.
Minha boca se curvou em um sorriso, sabendo que não tinha para
onde correr.
— Sim, eu estou — falei e entreguei a minha mão para ele.
— Você está deslumbrante.
Rafael segurou a minha mão, inclinou-se e deixou um beijo suave no
canto da minha boca, fazendo o meu coração entrar em descompasso com
aquele simples gesto.
Era assustador a forma com que ele mexia comigo. Sentia que toda
aquela intensidade iria me consumir, mas não havia nada que eu pudesse
fazer a respeito.
Afinal, no fundo, eu estava ansiando por isso.
— Obrigada — respondi com a voz contida.
Rafael deslizou a mão para as minhas costas e me guiou para o
elevador. E pensar em estar sozinha com Rafael em um lugar tão pequeno
nunca foi tão assustador quanto nesse instante.
Agradeci aos céus quando a porta se abriu, revelando um casal de
senhores que também estava descendo para o estacionamento. Temia que se
estivéssemos sozinhos, não conseguiria controlar a vontade que estava de
beijá-lo naquele momento.
Fomos em silêncio até o carro.
Assim como no outro dia, ele estava no Lykan preto. Rafael abriu a
porta e os olhos permaneceram fixos em mim, enquanto eu me acomodava.
Logo, ele deu a volta e assumiu a direção.
— Como você está? — ele perguntou, quebrando o silêncio que se
instaurou.
— Hm... um pouco nervosa. Não estou acostumada a lidar com a
mídia e... — Minha boca se curvou em um sorriso e minha atenção foi para
ele. — Não sei o que esperar do dia de hoje. Parece que isso vai decidir se as
ações continuarão caindo ou se estabilizarão.
— Eu estarei lá com você — ele falou e desviou o olhar para mim
por um breve momento. — Vai dar tudo certo, você precisa apenas continuar
sendo a mulher incrível e decidida que é.
Franzi minhas sobrancelhas ao ouvi-lo. Não me lembrava de Rafael
ter presenciado qualquer momento em que eu tenha sido da forma que ele
falou.
— Do que você está falando?
— Do dia em que te conheci. — Ele certamente percebeu a minha
confusão, pois voltou a falar ao mesmo tempo em que checava o retrovisor e
estacionava o carro. — Há aproximadamente seis anos, você estava naquela
boate. Pegou o babaca com quem estava com uma mulher e terminou com
ele sem pensar duas vezes, não se permitiu enganar e foi firme até o final. —
Os olhos dele foram ao encontro dos meus. — Aquilo foi admirável.
Meu coração estava a mil, à medida que assimilava aquelas palavras.
Eu tentei me recordar de qualquer lembrança envolvendo Rafael até que
aconteceu.
Arqueei as sobrancelhas enquanto a imagem de um homem
autoritário parou Marco quando ele tentou me agredir. Não tinha visto o
rosto dele, mas me lembrando, não tinha dúvidas de que aquela silhueta era
de Rafael.
— Era você? O cara que não deixou que ele viesse atrás de mim?
— Sim — respondeu, seu semblante denotava seriedade. Eu balancei
a cabeça positivamente enquanto a cabeça girava.
Ele voltou a olhar para frente e começou a acertar o carro.
— Há algumas semanas... quando você foi até mim no bar, sabia que
eu era essa mulher?
Rafael tirou as chaves da ignição e os olhos dele voltaram mais uma
vez para mim. Um sorriso de lado se formou em seus lábios denunciando o
quanto ele gostava da confusão que estava causando em meu coração.
— Bem... o que você acha?
CAPÍTULO 13
Rafael não esperou uma resposta. Ele saiu do carro e, em poucos
instantes, abriu a porta para mim.
Aceitei a ajuda dele para sair, em seguida senti a mão dele deslizar
pelas minhas costas, causando um arrepio por todo o meu corpo. Dei um
suspiro e meus olhos foram ao encontro dos dele.
— Apenas seja você mesma — ele falou e eu balancei a cabeça em
positivo.
Com uma pressão gostosa, Rafael começou a me guiar em direção à
entrada. O manobrista esperava pouco à frente. Rafael entregou as chaves do
carro para ele e o cumprimentou brevemente antes de irmos para o tapete
vermelho.
Havia repórteres na entrada, que não perderam tempo para tirar fotos
conforme nos aproximamos. Tentei me afastar, mas Rafael me puxou ainda
mais para ele.
Meus olhos encontraram os dele, e ele apenas piscou para mim.
Céus! Ele definitivamente queria me matar.
Alguns instantes se passaram, antes de continuarmos indo para a
entrada. Rafael apenas disse os nossos nomes para o segurança, que
prontamente nos deixou passar.
Eu imaginava que seria um evento luxuoso, mas, ainda assim, fiquei
surpresa quando entramos naquele salão.
Tudo estava muito elegante. Havia um lustre enorme no centro e
mesas espalhadas por todo o lugar.
Também não pude deixar de notar os olhares que estavam sobre mim
e Rafael.
— Está tudo bem? — Rafael, perguntou chamando a minha atenção.
— Sim... Hm... — Eu o medi com o olhar. — As pessoas não param
de olhar e tenho certeza de que não é por minha causa, afinal, ninguém sabe
quem eu sou ainda.
Um sorriso de lado se formou nos lábios dele e ele se inclinou em
minha direção.
— Você está errada — ele sussurrou próximo ao lóbulo da minha
orelha, fazendo-me soltar um suspiro involuntário. — As pessoas estão
olhando para você, afinal, eu não apareço a qualquer evento acompanhado
há no mínimo sete anos.
Afastei-me um pouco para olhá-lo nos olhos.
— Por que não? — perguntei, sentindo a sua mão enrijecer nas
minhas costas.
— É uma longa história — falou, vagamente, e desviou o olhar.
— Vocês vieram juntos? — A voz de Marcelo pairou sobre o
ambiente. Demorou alguns instantes para que eu pudesse olhar em direção a
ele. — Não sabia que se conheciam.
— Pensei que seria melhor que víssemos juntos — Rafael respondeu,
sucinto.
— Você fez bem, eu deveria ter pensado nisso — Marcelo falou e o
mediu com o olhar antes de olhar para mim. — Como está, Bianca?
— Tudo bem, e você?
— Bem. Sua irmã chegou há poucos minutos. Gostaria de conhecê-la
antes de avisar a equipe que está tudo certo para apresentá-las a todos?
— Claro, isso seria bom.
— Vamos lá então. — Ele sorriu e se virou, caminhando pelo salão
lentamente.
Meus olhos foram ao encontro de Rafael.
— Hm... te vejo em breve — falei e me virei para acompanhar o pai
dele.
Em um instante, senti aquelas mãos em minha cintura. Ele me puxou
para ele, nos deixando muito perto.
— Rafael... — sussurrei, sem força de vontade para pedi-lo que
parasse.
Os olhos intensos permaneceram sobre mim.
Senti os olhos dele descerem lentamente para a minha boca, antes de
voltar a olhar em meus olhos.
— Esperarei por você.
Balancei a cabeça positivamente. Ele se afastou no instante seguinte,
então apenas me virei e apertei o passo para acompanhar Marcelo pelo salão.
Nós subimos alguns degraus e fomos para o palco. Em seguida,
entramos por uma porta revelando ali uma sala privada.
— Melanie, sua irmã chegou — Marcelo falou, atraindo o olhar da
loira em nossa direção.
— Olá, Melanie, é um prazer te conhecer — falei e caminhei em
direção a ela.
Melanie se levantou e me estudou com o olhar.
— Não deveria ser — ela falou, claramente desconfortável com a
minha presença. Aquilo foi de fato constrangedor, para alguém que não me
conhecia.
— Por que não?
— Não sabe quem é a minha mãe? — Ela arqueou uma sobrancelha.
— Pelo visto não, eu... preciso ir ao banheiro e volto para que Marcelo nos
apresente a todos.
Ao dizer aquelas palavras, Melanie passou por mim e por Marcelo.
Eu olhei em direção a ele sem entender nada.
— Quem é a mãe dela? — perguntei a Marcelo.
— A mãe dela se chama Suellen, mas não faço ideia do motivo que a
levou a agir dessa forma — Marcelo explicou, parecendo tão confuso quanto
eu.
— Certo... isso foi estranho. Ela é mesmo a minha irmã?
— Sim, o exame de DNA é válido e pude confirmar através de fotos
que a mãe dela realmente era próxima do seu pai, então... — ele deixou
aquelas palavras no ar.
— Tudo bem! O que falta para começarmos? É nítido que ela me
odeia, sendo assim não vejo motivos para tentar ser amiga dela — falei,
firmemente.
— Faz sentido, me desculpe por isso.
— Não tinha como você adivinhar.
— Sim... vou dizer à equipe de relações públicas que vocês já estão
prontas.
— Ótimo, obrigada — falei, enquanto Marcelo saía daquela sala, eu
fui em direção a uma das cadeiras para me sentar.
Foram longos dez minutos até tudo estar pronto. Diana, a mulher
responsável pela publicidade, veio até nós e nos explicou como seria e subiu
ao palco para começar o baile.
Eu não me dei ao trabalho de tentar falar com Melanie. Levantei-me
e fui para a porta para ter uma visão melhor do palco.
— Boa noite a todos, sei que muitos estão aqui para entender melhor
as especulações dos últimos dias e que estão preocupados com o destino que
terá a CWR Arquitetura depois do falecimento de Carlos. Afinal, as ações
têm caído após ser revelado a existência de duas herdeiras que, aos olhos
daqueles que gostam de inventar fofoca, não seriam capazes de gerir a
empresa. — Ela fez uma pausa, enquanto flashes caíam sobre ela. — Bem...
quero dizer a vocês de forma clara que essas pessoas estão equivocadas, na
empresa existem arquitetos conhecidos e experientes que estarão sempre ali
para ajudar no que for preciso. Um exemplo disso é Luiz Mancini, que se
comprometeu a continuar como o responsável por cada projeto. Não só isso,
vocês não sabem, mas uma das filhas de Carlos, é formada pela universidade
de Harvard em arquitetura. E será ela a curadora de Carlos até que tudo se
resolva.
Murmúrios se fizeram presentes em todo o ambiente, enquanto eu
assimilava aquela informação. Não fazia ideia de que usariam o meu
diploma para tentar amenizar as coisas, não só isso... nesse momento, eu
podia entender a cara fechada de Melanie para mim. Seria isso?
— Então, gostaríamos que parassem com as fofocas infundadas e
deixassem tudo em nossas mãos, tudo se encaixará mesmo que,
infelizmente, Carlos não esteja mais entre nós. — O tom dela estava
visivelmente triste. Então depois de um pequeno suspiro continuou. — Sem
mais delongas, eu chamarei as duas herdeiras para que possam falar
brevemente com vocês — Diana falou e olhou em nossa direção.
Senti Melanie passando por mim como se eu não estivesse ali.
Suspirei e a segui em direção ao palco.
Como esperado, Melanie pegou o microfone primeiro.
— Olá, me chamo Melanie Backer. Filha e herdeira de Carlos
Mancini, farei o meu melhor para não os decepcionar. Faremos de tudo para
manter a empresa sempre faturando bem, então não há o que temer — ela
falou e aplausos se fizeram presentes.
Então, ela entregou o microfone para mim.
— É um prazer imenso conhecer todos vocês — comecei, a voz
suave e calma. — Me chamo Bianca Martins e preciso dizer que eu queria
ter tido o prazer de conhecer Carlos Mancini, mas infelizmente não tive essa
sorte. Porém, sei do grande homem que ele foi, pois o admirava muito antes
de saber que era a sua filha. E, acreditem se quiserem, sempre foi o meu
sonho trabalhar com ele. Infelizmente, não foi possível, mas eu prometo dar
o meu melhor e usar todo o meu conhecimento para que o nome dele seja
sempre lembrado como o arquiteto incrível que ele foi.
Além de aplausos, pude ouvir alguns assobios vindo daqueles que
nos ouviam. Flashes se faziam presentes a todo momento enquanto
falávamos.
Sem querer acrescentar nada mais, entreguei o microfone a Diana e
meus olhos foram para as pessoas, encontrando os olhos de Rafael sobre
mim.
Ele batia palma junto às outras pessoas, e seu semblante era como se
ele estivesse orgulhoso do que ouvira. Aquilo estranhamente causou uma
sensação boa em mim.
Diana fez algumas pontuações antes de agradecer a presença de todos
ali e nos liberar para aproveitar aquele baile.
— Bianca — Melanie me chamou, enquanto eu descia as escadas.
Olhei em direção a ela e apenas esperei que ela falasse. — Não pense que
terá vantagem por ter estudado na mesma área que Carlos, isso não fará com
que tenha mais direitos sobre nada.
Por um momento, não acreditei que ela estava falando algo assim. Na
verdade, não conseguia entender o problema dessa menina.
— Não é uma competição — falei, seriamente. — Caso se sinta
desconfortável, ainda há tempo para estudar na área de arquitetura, você é
jovem... consegue fazer isso também.
Ao dizer aquelas palavras, segui o meu caminho sem esperar uma
resposta, só podia ser brincadeira tal situação.
Apesar de ela ser visivelmente um pouco mais nova do que eu, não
era motivo para uma birra tão grande. Não era uma guerra para saber quem
mandava mais, tão pouco estava disposta a entrar em uma briga como essa.
— Olha só para você. — Uma voz muito familiar pairou pelo
ambiente chamando a minha atenção. — Não acredito que te encontrei aqui,
seria o destino?
Virei-me ainda sem acreditar que era realmente quem eu imaginava.
— Ai, Alexandre! — Dei uma risada suave. — Ainda não parou com
essas cantadas baratas?
Ele se aproximou e levou a mão em minha cintura, ao mesmo tempo
em que deixava um beijo em minha bochecha.
Então se afastou para me olhar.
— Não soava assim quando nos encontrávamos em algum pub — ele
falou com o mesmo sorriso cretino de sempre. Senti seus olhos descerem
descaradamente pelo meu corpo, antes dos olhos dele encontrarem os meus
mais uma vez. — Você está linda.
— Corta essa, vai! — Dei um tapinha no ombro dele, ele continuou
com o sorriso sacana enquanto os olhos estavam fixos em mim.
Alexandre era um cafajeste dos piores. Sempre que nos
encontrávamos, ele não perdia a oportunidade de flertar. Mas apesar disso,
eu gostava dele.
— Então, você é filha de Carlos.
— O conhecia? — perguntei, curiosa.
— Minha empresa é quem lida com a parte de relações públicas,
marketing e publicidade da CWR.
— Uau... O mundo é realmente pequeno — falei, surpresa com
aquela informação.
Meu coração quase saiu pela boca ao sentir mãos fortes contornarem
a minha cintura e suavemente me afastar de Alexandre. Meu corpo encostou-
se de maneira muito fácil em um peitoral firme e extremamente gostoso.
— Eu que o diga... o mundo é de fato muito pequeno. — A voz séria
de Rafael pairou no ambiente, fazendo-me estremecer.
— Rafael — Alexandre respondeu no mesmo tom e o mediu com o
olhar. — Quanto tempo.
CAPÍTULO 14
— É, um longo tempo — Rafael concordou.
Intercalei o meu olhar entre eles, percebendo uma tensão palpável no
ar.
— Vocês estão juntos? — Alexandre dirigiu àquela pergunta para
mim.
— Sim, nós estamos — Rafael respondeu antes que eu tivesse tempo
para pensar em como responder. — Se nos der licença, a levarei.
Alexandre apenas trocou um olhar com Rafael antes de dirigir a sua
atenção totalmente para mim.
— Bianca, foi bom falar com você. Acredito que nos encontraremos
mais vezes, pois cuidarei pessoalmente da CWR a partir de agora.
— Bom te ver, Alexandre, nos vemos por aí — respondi e dei a ele
um sorriso simpático.
Rafael me guiou pelo salão com as mãos firmes em minhas costas.
Sem dizer uma palavra, ele apenas me guiou para a pista de dança.
Havia algumas pessoas que começaram a dançar, em meio a uma
música que se iniciava naquele instante.
Quando Rafael me puxou para ele, passei as mãos em volta de seu
pescoço e o medi com o olhar, esperando que ele dissesse algo sobre o que
acabara de acontecer, mas ele não o fez.
— O que aconteceu ali? — perguntei em um fio de voz, atraindo os
olhos sérios dele para mim.
Com os olhos fixos aos meus, ele começou a me conduzir em uma
dança lenta, no ritmo da música que tocava.
— De onde conhece o Alexandre? — perguntou, ignorando
totalmente a minha pergunta.
— Hm... Nova Iorque — fui sincera. — Nos encontramos algumas
vezes em pubs, pois tínhamos alguns amigos em comum.
Rafael assentiu e continuou me conduzindo naquela dança. Por um
momento, comecei a me questionar qual era o problema entre aqueles dois,
afinal, certamente havia um.
— Você... já ficou com ele? — perguntou de repente.
— Não, nunca tivemos nada — respondi e o estudei com o olhar. —
E você... O conhece bem?
Rafael se afastou e em um movimento suave me girou, quando meu
corpo foi contra o dele, ele me envolveu totalmente em seus braços e se
inclinou, levando-me com ele. Meu coração entrou em descompasso, ao
senti-lo tão perto.
— Mais do que gostaria — ele sussurrou. — Mas não vamos mais
falar sobre ele, há coisas mais interessantes para se falar, como... o quanto
você é uma mulher linda. — Ele me mediu com o olhar. — E extremamente
sexy.
Rafael me puxou no instante seguinte, ajeitando os nossos corpos.
Nós estávamos tão perto, que descer o olhar para os lábios carnudos foi
inevitável.
— Oh... — disse com a voz entrecortada.
— Não faça isso, Bianca — ele disse em tom autoritário, fazendo
meu corpo inteiro reagir a ele.
— Não fazer o quê? — perguntei no automático, levando o olhar de
volta para os olhos dele.
— Não sabe? — Ele apertou a minha cintura. — Realmente não
sabe?
Mordi o lábio inferior e dei a ele um sorriso. Não era uma mulher
ingênua, sabia exatamente o que não deveria fazer.
Sem dizer uma palavra, eu me afastei, antes que pudesse levá-lo a ter
uma atitude que não deveria, enquanto estávamos em um salão cheio de
pessoas.
— Então, agora temos duas integrantes na família! — Uma voz
masculina fez com que saíssemos de imediato daquele transe. Meus olhos
foram para o lado, notando um senhor grisalho com um sorriso simpático
para mim. — É um prazer conhecê-la. Sou Luiz Mancini, creio que de agora
em diante trabalharemos muito juntos.
— Olá... Espero que possamos ser bons amigos — falei com um
sorriso no rosto e o cumprimentei com um aperto de mão.
— Claro, afinal, somos família — ele falou e o sorriso se alargou. —
Em outro momento, vou apresentá-la à minha filha Patrícia. Será bom ter
alguém quase da sua idade para sair e conhecer um pouco mais da cidade.
— Oh, será um prazer — falei e sorri. Luiz desviou a atenção dele de
mim para Rafael.
— Elas terão muito tempo para se conhecer — Rafael falou e Luiz
apenas balançou a cabeça positivamente.
— Grande Rafael — ele o cumprimentou em um aperto firme. —
Aproveitem o baile, está tudo muito bom.
— Obrigada — agradeci e segui Luiz com o olhar, enquanto ele
caminhava pelo salão.
Naquele momento, eu percebi o olhar de Melanie sobre mim.
— Ela é tão estranha...
— Quem? — Rafael perguntou, fazendo-me perceber que havia
pensado alto demais. Desviei a minha atenção para ele.
— Melanie, minha irmã.
— Ela quer atenção, percebi isso desde o primeiro momento, quando
chegou ao enterro gritando desesperada.
Balancei a cabeça positivamente ao me lembrar da cena. Melanie
realmente estava querendo chamar a atenção naquele dia.
— Bem... não vamos perder o nosso tempo falando sobre ela
também. Ela me odeia e tudo bem — falei, dando uma risada.
— Se você está dizendo — disse e o olhar dele foi para um ponto à
frente, eu o segui, constatando que Marcelo vinha em nossa direção. —
Queria a sua atenção para mim, mas certamente você precisará conhecer
algumas pessoas na próxima hora.
— Com certeza — respondi e segui observando até Marcelo parar à
nossa frente.
— Bianca, gostaria de apresentá-la a algumas pessoas — Marcelo
falou e eu apenas olhei brevemente para Rafael, antes de assentir a Marcelo
com um sorriso no rosto.
E assim como Rafael falou, aconteceu.
Marcelo me apresentou a algumas pessoas que julgou importantes e
aquilo foi interessante. Conheci alguns parceiros da empresa, assim como
alguns parentes que estavam curiosos para saber mais sobre mim.
Segui o conselho de Rafael e apenas fui eu mesma. Tinha que
admitir, gostei do resultado que consegui em cada momento. Foi uma
experiência única, mas apesar disso, um pouco cansativa.
Por isso, agradeci mentalmente quando Rafael aproveitou uma
brecha para me levar em uma área um pouco mais reservada próximo à
saída.
— O que acha de encerrarmos a noite por aqui? — Rafael perguntou
e minha boca se curvou em um sorriso.
Certamente, aquela não era a ideia de encontro que Rafael tinha em
mente. Afinal, foram poucos os momentos em que estivemos sozinhos.
Sempre havia alguém querendo a nossa atenção.
— Acho que seria ótimo — respondi e no instante seguinte, senti as
mãos dele sobre mim.
Rafael me levou para a saída sem se importar em nos despedirmos de
qualquer pessoa. Quando o manobrista nos avistou, trouxe o carro de Rafael
sem demora.
Sendo um cavalheiro dos melhores, Rafael abriu a porta para mim e
esperou que eu me acomodasse antes de dar a volta e assumir a direção.
O caminho para a cobertura foi silencioso. Eu estava ansiosa sem
saber ao certo como terminaria aquela noite.
Sabia que não deveria estar pensando em qualquer outra opção a não
ser a que eu terminava em minha cama, sozinha. Porém, era inevitável.
Quando chegamos à porta da cobertura eu levei a minha mão na
maçaneta para destravar a porta, mas fui impedida no minuto seguinte.
A mão de Rafael pairou sobre a minha, em seguida ele deu um passo
em minha direção, sua atitude fez meu coração palpitar. As mãos grandes
contornaram a minha cintura e ele me puxou para ele sem qualquer pudor.
— Você está fodidamente incrível hoje. — Sua voz saiu rouca e
ainda mais sexy que o normal. — Tive que lutar muito para manter o
controle.
— Rafael... — sussurrei, perdida em seu olhar.
— Eu preciso sentir o seu sabor, e não vou pedir permissão para
fazer isso — sussurrou antes de eliminar totalmente a distância que havia
entre nós, eu não o impedi.
Então, os lábios dele estavam nos meus, reivindicando-me de forma
tão intensa, como se eu pertencesse a ele. Uma das minhas mãos foi para o
pescoço dele ao mesmo tempo em que a outra foi para seu peitoral, tocando
seus músculos firmes.
Eu me vi cedendo a cada investida daquele homem, deixando-o me
explorar por completo. As mãos dele deslizaram para a minha bunda, uma
onda de excitação pairou por todo o meu corpo quando pude sentir o quanto
ele estava duro.
Era assustador a forma que o meu corpo estava reagindo a cada
toque, a cada investida.
Rafael encerrou aquele beijo, dando uma mordida gostosa em meu
lábio inferior, então, os olhos dele foram em direção aos meus.
— Vai me convidar para entrar? — perguntou com a voz cheia de
desejo.
— Mas... você mora aqui. — disse com a voz entrecortada.
— Se eu entrar vou levá-la diretamente para o meu quarto. Então,
preciso que me diga, vai me convidar para entrar?
Meu coração entrou em descompasso diante de uma pergunta tão
direta. Permaneci com os olhos fixos a ele por um momento, apenas com
uma certeza.
Eu queria aquele homem, aqui e agora.
— Sim... — sussurrei, sem desviar os olhos dele. — Eu quero que
você fique.
CAPÍTULO 15
Eu precisava loucamente sentir aquela mulher.
E foi por isso que fui sincero ao dizer o que aconteceria caso eu
ficasse na cobertura esta noite. Tinha a plena certeza de que seria incapaz de
me controlar.
Quando Bianca disse que queria que eu ficasse, não perdi tempo.
Levei a minha mão na fechadura e coloquei a minha digital, puxando-a para
dentro em seguida.
Assim que a porta se fechou atrás de nós, meu corpo estava contra o
dela.
Envolvi-a completamente em meus braços e a beijei com necessidade
e fervor. As mãos dela foram para o meu pescoço, senti sua língua gostosa
passear pela minha boca, denunciando que ela estava tão desesperada,
quanto eu, por aquilo.
Minhas mãos deslizaram por seu corpo, em seguida as guiei por
debaixo da abertura do vestido, ansiando por tocar sua pele.
Com as mãos em seu quadril, eu a levantei, tirei-a do chão. Sem
encerrar aquele beijo, caminhei com ela no colo em direção ao meu quarto.
Quando chegamos, a coloquei no chão e encerrei o beijo. Sem dizer
uma palavra sequer, virei-a de costas para mim e levei as mãos no zíper do
vestido.
Lentamente, eu o abri, revelando ali sua pele nua. Quando terminei,
dei um beijo suave na curva de seu pescoço e a virei de frente para mim.
Ela estava corada e, incrivelmente, sexy.
Tirei o seu vestido e, em seguida, ajoelhei-me para tirar a sua
calcinha. Meus lábios foram ao encontro da pele macia e eu comecei a tirar
aquela peça sem pressa, deixando uma trilha de beijos por todo o seu corpo.
Levantei-me e dei alguns passos para trás, ansiando por admirar
aquela mulher por completo.
— Céus! Você é gostosa pra caralho. — Dei um pequeno rosnado,
deixando-a ainda mais corada.
Caminhei em direção a ela e levei as mãos em seu rosto, mantendo o
seu olhar fixo ao meu. Deslizei a minha mão para a sua nuca e a beijei ao
mesmo tempo em que meu corpo ia contra o dela, fazendo-a dar alguns
passos para trás até chegar à borda da cama.
Eu deixei os lábios dela e a incentivei a se sentar. Então, levei a mão
nos peitos gostosos e a guiei para que se deitasse na cama, e assim ela o fez.
Era visível que Bianca gostava de ser dominada, e eu não poderia
estar mais feliz com isso. Pois era exatamente desta forma que eu gostaria de
fodê-la.
Ajoelhei-me e levei as mãos em seus tornozelos, em seguida apoiei
os seus pés sobre a cama, deixando-a completamente aberta para mim.
E porra! Aquela visão era extremamente sexy e exótica.
Meus olhos foram para ela no momento em que meu polegar foi para
a boceta dela. Meu pau pulsou ao perceber o quanto ela estava molhada para
mim.
— Veja só como você está molhada para mim — falei, autoritário,
fazendo com que ela de imediato desviasse os olhos para os meus dedos.
Então, o deslizei pela sua boceta, fazendo movimentos circulares em seu
clitóris.
— Ah... isso... — ela soltou um gemido contido.
Sentindo a necessidade de tê-la se desmanchando por completo em
meus braços, substituí o meu dedo pela minha boca.
Passei a minha língua por toda a sua boceta, ela gemeu de forma
manhosa, fazendo meu pau saltar. Aquilo apenas me deu um incentivo para
continuar. Comecei a saboreá-la com movimentos constantes, chupando-a, e
suguei com intensidade, avaliando com atenção cada reação que ela
esboçava em cada investida.
Senti o seu corpo enrijecer, Bianca levou a mão até os meus cabelos
e os puxou, enquanto liberava-se em um grito extremamente sexy, enviando
uma eletricidade gostosa direto para o meu pau.
— Quero vê-la gozando mais uma vez — sussurrei, alucinado,
atraindo os olhos dela para mim.
— Meu Deus! — ela resfolegou quando minha língua foi ao encontro
da boceta dela mais uma vez.
Comecei com movimentos suaves e, alguns instantes depois,
introduzi um dedo dentro dela.
Bianca jogou o corpo todo para trás quando eu a penetrei com mais
um dedo.
À medida que sua sensibilidade diminuiu, voltei a chupá-la com
constância, enquanto a fodia com meus dedos. A surpresa me atingiu quando
em apenas algumas investidas, ela se contorceu em minha boca em meio a
um grito, denunciando que estava tendo um segundo orgasmo.
Afastei-me e apenas segui com os olhos fixos a ela, admirando
aquela cena.
— Tão sensível... — sussurrei, totalmente eufórico e surpreso.
Sem aguentar esperar um minuto sequer para estar dentro dela, eu me
levantei e comecei a tirar a minha roupa. Em cada peça tirada, os meus olhos
estavam sobre ela, assistindo-a completamente fora de si.
Era delicioso sentir o seu corpo reagindo a mim a cada toque.
Caminhei em direção ao móvel ao lado da cama e peguei um
preservativo. Ela ainda estava tremendo, quando fui com o meu corpo para
cima dela.
Passei as mãos embaixo de suas costas e a trouxe um pouco mais
para cima da cama. Pressionei o meu pau contra a sua abertura e, em
seguida, comecei a espalhar sua lubrificação.
As pernas dela contornaram a minha cintura, as mãos foram para as
minhas costas.
Bianca passou as unhas em minha pele, enviando faíscas de
eletricidade por todo o meu corpo.
Deus! Como eu queria estar dentro dela agora.
Empurrei o meu pau para dentro dela, mas não fui capaz de ir tão
profundo.
Céus, ela era apertada para caralho.
Puxei para fora devagar e, mais uma vez, deslizei para dentro dela,
fazendo-a emitir sons extremamente sexys.
Eu estava ficando louco a cada gemido gostoso. Teria que me
controlar para não gozar antes da hora, pois ela era incrível demais.
A cada deslize, eu ia mais profundo apenas desejando que ela se
ajustasse a mim. E quando aconteceu, comecei a me enterrar nela com
constância, da forma que sabia que ela precisava.
Não apenas ela, eu precisava fodê-la com força. Sentir a sua boceta
apertada contra o meu pau, levando-nos exatamente onde queríamos estar.
Meus lábios foram ao encontro dos dela, e eu a beijei com fervor
enquanto seguia com movimentos profundos e intensos a cada investida.
— Eu... vou gozar — disse em meio a um gemido.
— Isso, princesa. Goza para mim.
O orgasmo de Bianca a atingiu em cheio, em um grito sensual. Eu
me juntei a ela no momento seguinte, gritando o seu nome em um êxtase
intenso, perguntando-me se Bianca estava sentindo o mesmo que eu.
Para mim, o momento fora o mais intenso que já tive com qualquer
mulher.
Eu sabia que seria incrível, mas isso era como se nossos corpos
pertencessem um ao outro.
Era isso, a sensação que me invadiu foi exatamente essa. Como se ela
pertencesse por completo a mim.
— Meu Deus, isso foi... — ela resfolegou alguns instantes depois.
— Incrível... — completei a frase com os olhos fixos a ela. — E o
melhor de tudo, é que estamos apenas começando a noite.
CAPÍTULO 16
Remexi-me na cama, sentindo o calor de Rafael próximo a mim. Eu
me virei devagar, encontrei-o dormindo tranquilamente ao meu lado. Depois
de me consumir com toda a sua intensidade ele me envolveu em seus braços
e eu me sentia tão exausta, que logo adormeci.
Tudo tinha sido incrível.
O coração faltou saltar para fora, enquanto os flashes de cada
momento começaram a pairar sobre a minha mente. Eu estava
deliciosamente dolorida e desejando mais de tudo aquilo que
experimentamos.
Um sorriso se formou em meus lábios ao me lembrar de uma de suas
confissões. Ele realmente tinha se aproximado de mim na boate, por se
lembrar de mim?
Quando me dei conta do sentimento que prevaleceu com aquele
pensamento, dei um pulo da cama querendo apenas uma coisa. Pegar as
minhas coisas e sair de imediato deste quarto.
Rafael era muito intenso e estava bagunçando a minha cabeça. Não
deveria ansiar por mais, não deveria deixar o meu coração balançar tanto
quando os meus olhos iam ao encontro dele.
Inclinei-me para pegar a minha calcinha sobre a poltrona e a vesti,
em seguida caminhei para o móvel onde estava o meu vestido.
Quase dei um pulo ao sentir mãos fortes envolverem a minha cintura.
Em um piscar de olhos eu estava contra o peitoral de Rafael.
— Aonde pensa que vai? — perguntou com a voz sonolenta, e os
olhos fixos em mim.
— Hm... tenho algumas coisas para fazer hoje.
— Em pleno domingo? — Ele arqueou as sobrancelhas.
— Sim, preciso ver a minha mãe.
Rafael me mediu com o olhar, em seguida suas mãos foram para o
meu rosto e ele se inclinou, a fim depositar um beijo em minha testa, ele
seguiu deixando um beijo na ponta do meu nariz e, por último, beijou os
meus lábios.
— O que está fazendo? — sussurrei, atraindo um olhar confuso para
mim. Não sabia de fato o que aquele gesto significava, mas era íntimo a
ponto de me deixar totalmente desconcertada.
Ele tirou as mãos do meu rosto, mas o olhar continuou sobre mim, de
forma que não consegui decifrar o que aqueles olhos queriam dizer.
— Nada... não estou fazendo nada — ele respondeu por fim, e o
sentimento que tive era que ele estava reafirmando aquilo para ele mesmo.
— Vá se arrumar, vou preparar o café da manhã para nós.
Não disse nada, apenas balancei a cabeça em concordância e me virei
para pegar o meu vestido. Em seguida, fui em direção ao meu quarto.
Coloquei o vestido sobre a cama e fui direto para o banheiro. O
banho foi longo.
Sempre fui uma mulher decidida e que sabia o que queria, mas nesse
momento eu não fazia ideia. Talvez pelo fato de que Rafael era diferente dos
caras com quem fiquei depois de Marco, o que era assustador.
A fim de não me torturar mais, desliguei o chuveiro e saí do banho.
Depois de me secar pendurei a toalha e fui para o quarto. Vesti um conjunto
composto por um short de alfaiataria preto e um cropped branco. Optei por
uma sandália baixa para acompanhar e arrumei os meus cabelos.
Quando saí do quarto, pude sentir o cheiro de café no ar. Fui em
direção à cozinha e encontrei Rafael colocando um prato sobre a bancada.
Encostei-me no batente da porta e apenas segui o admirando. Ele
estava vestindo apenas uma calça de moletom preta, deixando os músculos
de seu peitoral à mostra.
Ele era gostoso, Deus! Ele era extremamente gostoso.
— Espero que goste de waffle — ele falou ao perceber a minha
presença. Disfarcei o fato que eu estava o devorando com o olhar e me
endireitei.
— Eu amo — respondi, fazendo com que um sorriso se formasse nos
lábios dele.
— Então sente-se.
Aquiesci e caminhei em direção à bancada, sentei-me em uma das
banquetas enquanto ele servia uma xícara de café.
— Você tem planos para voltar ainda hoje? — ele perguntou,
colocando aquela xícara à minha frente.
— Não tenho certeza — respondi, vagamente. — Pretendo ir à
empresa amanhã, então...
Rafael apenas assentiu. Dei a ele um sorriso fraco e tomei um gole do
café antes de pegar um prato para me servir com o waffle.
Coloquei um pouco de mel e alguns morangos picados em cima,
antes de levar uma colher generosa à boca.
E tinha que admitir, aquilo estava divino.
— Passou todos esses anos em Nova Iorque? — Rafael perguntou,
chamando a minha atenção para ele.
Precisei de alguns instantes para terminar de comer para respondê-lo.
— Praticamente sim, vim algumas vezes para o Brasil, mas não
ficava por muito tempo por causa da faculdade.
— Por isso não fui capaz de te ver de novo.
— E você queria? — perguntei, curiosa.
— Por que não? — ele me mediu com o olhar. — Precisava saber
que realmente não voltou com aquele babaca.
— Ah, não! — respondi, pegando mais uma colher de waffle. —
Marco tentou falar comigo algumas vezes, mas fui embora naquela semana.
Não tinha mais motivos para adiar a bolsa de estudos que eu havia ganhado.
— Isso é ótimo — ele falou com os olhos fixos aos meus.
— Você deveria comer alguma coisa também.
Rafael assentiu e, em seguida, começou a servir para ele uma xícara
de café.
Aproveitei a deixa para desviar o olhar e continuar comendo. E por
mais que eu não estivesse olhando em sua direção, senti o olhar dele me
estudando a cada momento.
Só quando estava satisfeita que voltei a olhá-lo.
— Obrigada, estava realmente delicioso — falei e me levantei.
Rafael apenas seguiu me medindo com o olhar.
Sem saber ao certo como agir, saí da cozinha e fui em direção ao meu
quarto. Fui para o banheiro escovar os dentes, pedi um motorista de
aplicativo para Búzios e peguei a minha bolsa, pronta para sair.
Quando cheguei à sala, percebi que Rafael estava sentado no sofá
levemente inclinado com os cotovelos apoiados no joelho.
— Bem... eu estou indo — falei, chamando a atenção dele para mim.
— Quer que eu te leve? — ele perguntou e se levantou, caminhando
em minha direção.
— Ah, não precisa... eu já pedi um motorista no aplicativo.
Quando Rafael parou à minha frente eu estava hesitante, afinal, não
fazia ideia de como agir depois da noite intensa que tivemos ontem.
Mas Rafael parecia saber exatamente como agir, pois no minuto
seguinte as mãos dele estavam em meu rosto, prendendo o meu olhar no
dele.
— Princesa, não estava brincando quando disse que a partir do
momento que fosse minha, eu não a deixaria ir... — sussurrou, fazendo meu
coração entrar em descompasso.
— Oh... — Suspirei profundamente.
No instante seguinte, os lábios dele estavam contra os meus. E, porra,
corresponder foi inevitável. Senti meu corpo inteiro reagir, à medida que ele
tomava a minha boca completamente para ele.
Suas mãos deslizaram para a minha cintura, ele me envolveu em seus
braços. Em um movimento involuntário a minha mão estava contra o peito
dele, completamente receptiva a ele.
Quando ele encerrou o beijo, eu estava sem ar. Os olhos dele foram
ao encontro dos meus e a boca gostosa se curvou em um sorriso.
Oh, Céus! Ele sabia perfeitamente o que estava fazendo comigo.
— Vá, e leve o seu tempo, mas saiba que eu estarei aqui esperando
você voltar.
CAPÍTULO 17
— Gata, devido ao seu tom mais cedo receio que algo muito bom
aconteceu — Vivian falou de forma travessa e me mediu com o olhar.
Suspirei profundamente e o sorriso dela se alargou ao mesmo tempo
em que me dava espaço para entrar. Sem dizer uma palavra sequer, eu passei
por ela.
Minha intenção era ir direto para a casa da minha mãe, mas precisava
falar com alguém sobre Rafael ou iria enlouquecer. Então, aqui estava eu.
Sentei-me no sofá e apenas esperei que ela se sentasse ao meu lado.
Seu olhar sério foi para mim.
— Aconteceu alguma coisa no baile ontem? O que está te
incomodando?
— Eu não te contei, mas... — fiz uma pequena careta. — Depois da
boate, Rafael me beijou de novo e eu disse que não era mulher para ele. Fui
tão sincera sobre eu ser apegada e romântica que pensei que logo ele
desistiria.
— Mas?
— Ele disse que adoraria que eu me apegasse a ele e que me daria o
pacote completo.
— Jesus! — Ela arregalou os olhos e começou a se abanar com a
mão. — E aí?
Dei uma risada, enquanto a cretina parecia amar tudo aquilo.
— Ontem as coisas fluíram tão bem entre a gente, o flerte estava tão
gostoso que eu decidi seguir o seu conselho e, bem, nós passamos a noite
inteira juntos.
— Ai, que máximo, Bianca. — Ela sorriu. — Não me diz que está
grilada com isso?
— Ele é intenso demais... isso me assusta. Tanto que estou aqui, sem
saber o que fazer quando ele disse que era para eu levar o meu tempo, mas
que estaria esperando por mim.
Vivian me mediu com o olhar, então, sua mão estava sobre a minha.
— Amiga, quer saber o que eu penso sinceramente?
— Claro, é por isso que estou aqui.
— Acho que você não deve se preocupar tanto, ou ter medo de se
apaixonar. Sabe, eu sei que Marco usou o seu amor por ele para sacanear
com você, mas não significa que todo homem o fará. Já se passaram seis
anos, então, você precisa superar esse medo de se entregar. — Ela acariciou
a minha mão e eu dei a ela um sorriso, enquanto assimilava as suas palavras.
— Se permita, não por Rafael, mas por você.
— Ah, meu Deus... olha só como você amadureceu — falei, tentando
segurar a lágrima que insistia em cair naquele momento.
Vivian me puxou para um abraço.
— Eu te amo, amiga, obrigada.
No mesmo instante, a louca se afastou e os olhos foram afoitos para
mim.
— Obrigada nada, eu quero os detalhes dessa noite na minha mesa
agora.

Depois de ficar a próxima hora na casa de Vivian, eu me despedi e


fui para a casa da minha mãe. Ela não esperava que eu viesse hoje, afinal,
havia passado a semana inteira com ela. Mas aqui estava eu.
Contei a ela sobre o evento, apenas ocultando a parte em que eu
estava acompanhada de um homem extremamente gostoso e intimidante.
Disse a ela sobre como as pessoas gostaram de saber sobre o fato de eu ser
formada em arquitetura, e como todos vieram me cumprimentar docemente.
Evitei ao máximo falar da minha meia-irmã. Mas isso era algo que
não dava mais para evitar, quanto mais eu pensava, mais estranho era.
— Mãe... — falei de repente, pensando em como perguntaria a ela
algo tão vago.
— Sim, filha?
— Você conhece alguma Suellen? — perguntei, sentindo a feição
dela mudar no mesmo instante.
— Por que a pergunta?
— É o nome da mãe da Melanie. — Ela arqueou as sobrancelhas.
— Tem certeza disso? — perguntou com a voz contida. Eu apenas
assenti. — Ela foi a mulher que disse a seu pai que eu o estava traindo.
— Então foi ela quem inventou tudo para separar vocês?
— Isso, querida, e olhe só... — Ela deu um sorriso incrédulo. — E o
seu pai me disse que nunca teve nada com aquela mulher.
— Bem... parece que ele mentiu — respondi com a voz contida. —
Como se sente em relação a isso?
— Apenas surpresa. O que eu e seu pai vivemos está no passado, não
me abala mais — ela falou, sucinta.
— Isso é bom — falei, medindo-a com o olhar.
Conhecia minha mãe o suficiente para saber que ela era sincera
quanto a isso, o que me deixava realmente tranquila.
— O que acha de fazermos para a janta aquele nhoque que você
adora? — ela perguntou e eu concordei.
— Oh, isso seria perfeito.
Sorri disposta a deixar aquele assunto para lá. Estava no passado e
ficar remoendo aquilo não seria bom.
Não vou negar que descobrir que o meu pai ficou com a mulher que
arruinou o relacionamento deles me magoou. Eu realmente esperava que
algo assim não tivesse acontecido.
Fui com a minha mãe até o mercado comprar os ingredientes que
faltavam para o nhoque, e passamos o resto da tarde aproveitando a
companhia uma da outra.
Ainda estava assimilando a conversa que tive com Vivian e isso fez
com que eu decidisse passar a noite na casa da minha mãe.
Tive que acordar cedo no dia seguinte, afinal, havia combinado de ir
à empresa para conhecer um pouco mais de perto. Então, depois de me
despedir da minha mãe, eu pedi um motorista no aplicativo e desci para
esperar.
Minha mãe havia sugerido que eu pegasse o carro dela, afinal, essas
viagens não eram baratas, mas eu não queria deixá-la sem um meio de
locomoção, então prometi que logo procuraria uma agência para alugar um
carro.
— Então, como eu imaginei você está aqui. — Uma voz
estranhamente familiar chamou a minha atenção.
Sem acreditar na audácia do desgraçado, eu me virei e constatei que
a pessoa que estava ali, era Marco, o meu ex-namorado cretino.
— O que você quer? — perguntei sem paciência.
— Calma, linda, não sente saudades de mim?
— Sinceramente? Nenhum pouco — falei e desviei a atenção para a
rua, apenas torcendo para que o motorista chegasse logo.
— Eu vi as últimas notícias, e as fotos... — ele falou, mas
simplesmente fingi que não estava ouvindo. — Filha de um bilionário...
quem diria, hein?
Não se dando por vencido, Marco deu um passo em minha direção,
forçando-me a olhar para ele.
— O que está fazendo aqui, Marco? — perguntei em meio a um
suspiro. Então, avistei o motorista estacionando à frente. — Quer saber? Não
importa. Eu espero nunca mais vê-lo de novo, babaca.
Ao dizer aquelas palavras, passei e esbarrei nele, fazendo com que
ele desse um passo para trás. Entrei no carro e nem mesmo fiz questão de
olhar na direção do idiota.
Era só o que faltava, além de tudo, ter que lidar com o babaca do
meu ex.
Isso estava fora de questão.
CAPÍTULO 18
Suspirei profundamente com os olhos fixos na fachada da empresa.
A CWR Arquitetura estava localizada em uma casa luxuosa no
Leblon, sua fachada era em conceito aberto com janelas de vidro enormes de
fora a fora. E aquele local era totalmente destinado à empresa.
Sem querer esperar mais, fui em direção à porta e a abri, deparando-
me com uma recepção logo na entrada.
— Bom dia, senhorita. — A recepcionista me cumprimentou com um
sorriso no rosto. — Em que posso ajudá-la?
— Bom dia, me chamo Bianca Martins.
— Oh, Bianca. — O sorriso da moça se alargou. — Luiz me avisou
que você viria, só um instante e eu o avisarei que está aqui.
— Muito obrigada — falei e apenas caminhei em direção a uma das
cadeiras para me sentar.
Enquanto a recepcionista ligava para Luiz, passei os meus olhos por
todo o lugar. Havia uma escada que levava ao segundo andar e à esquerda
uma porta que certamente levaria a algum dos setores da empresa.
Estava curiosa, mas permaneci esperando cerca de cinco minutos, até
que Luiz desceu pela escada com um sorriso simpático no rosto.
— Olá, Bianca — ele falou ao mesmo tempo em que me levantei. —
Você realmente veio.
— Sim, eu não via a hora de conhecer a empresa — falei e estendi a
minha mão para cumprimentá-lo em um aperto firme. — Como está?
— Melhor. Separei a parte da manhã para lhe mostrar a empresa, o
que acha?
— É perfeito.
— Ótimo, vamos começar pelo andar de cima — ele falou e eu
apenas assenti.
Em seguida, segui Luiz, dei um sorriso à recepcionista e subi aquelas
escadas.
Luiz começou a me explicar que aquela área era onde ficavam os
arquitetos que necessitavam de um local mais tranquilo e reservado para
trabalhar. Geralmente com o meu pai, quatro pessoas ocupavam aquele
lugar.
Ele me mostrou todas as salas, inclusive a do meu pai.
Luiz me deixou por alguns minutos, e eu observei cada detalhe da
sala. Queria conhecer um pouco mais de sua personalidade.
Sorri ao abrir a gaveta de sua mesa e encontrar uma foto minha
naquele local.
Lágrimas invadiram o meu rosto sem permissão. Apesar de não
conhecer Carlos, através de seu diário e até mesmo por detalhes, como uma
simples foto na gaveta, me faziam notar que ele realmente se importava
comigo.
— Bianca... — A voz de Luiz pairou pelo ambiente. — Podemos
continuar?
Levei as mãos no rosto, limpando as lágrimas que insistiam em cair
sem permissão, e fechei a gaveta antes de olhar em direção à porta.
— Claro. — Forcei um sorriso e caminhei em direção a ele.
Luiz me deu um sorriso simpático e me guiou pelo corredor daquele
andar.
— Pensei que talvez você quisesse redecorar a sala e usá-la. Vou
deixar a decisão sobre isso em suas mãos.
— Hm... por enquanto apenas vamos deixar como está. Eu não
ficarei aqui por muito tempo, preciso voltar ao exterior para terminar a
minha pós-graduação.
— Tudo bem, querida, você decide — ele falou e eu apenas assenti.
Descemos a escada e Luiz me guiou em direção à porta à esquerda.
Quando entramos percebi ali uma movimentação maior. Haviam
algumas salas privadas, porém, no centro haviam mesas individuais com
computadores e algumas pessoas concentradas em seus notebooks.
— Bom dia, pessoal — Luiz falou, chamando a atenção de todos. —
Gostaria de apresentar a vocês a Bianca Martins. Ela é uma das filhas de
Carlos, e em breve se juntará a nós. Creio que aqui será capaz de pegar
muita experiência na área.
Recebi alguns sorrisos e algumas pessoas até mesmo puxaram
aplausos.
— Obrigada a todos, espero que possamos nos dar bem — falei com
um sorriso sem graça no rosto.
Então eu e Luiz seguimos. Passamos entre algumas pessoas, que
voltaram a concentração ao trabalho, o ambiente era gostoso e tranquilo.
Luiz me levou até uma porta à direita, revelando ali uma mesa
enorme. Certamente, era onde aconteciam as reuniões.
Continuamos o trajeto até os fundos, onde pude notar uma cozinha
enorme e muito arejada.
— Uau, aqui é realmente incrível — comentei.
— Aceita um café? — Luiz perguntou, eu neguei com a cabeça.
— Um copo de água, por favor.
— Fique à vontade, querida — ele falou e apontou para um
purificador de água.
Sorri e fui em direção à pia, peguei um copo e peguei um pouco de
água.
— Na parte da tarde, visitarei uma obra que iniciaremos o projeto
nos próximos dias, caso esteja por aqui e queira me acompanhar — sugeriu,
chamando a minha atenção.
— Isso seria ótimo, de verdade — falei, animada. — Farão também o
paisagismo?
— Sim, por isso estou te chamando. O proprietário quer que seja
feito o paisagismo na cobertura do edifício. Imagino que seja interessante
para que acompanhe.
— Claro.
— Então esperarei você às 15h para nos acompanhar. Deixarei que
fique à vontade, eu estarei em minha sala.
— Obrigada — falei e ele apenas me deu um aceno de cabeça antes
de sair.
Enquanto bebia água, encostei o meu corpo na bancada. E por mais
que essa fosse a última coisa que eu deveria fazer, minha cabeça foi para
Rafael naquele momento.
Eu havia saído da casa da minha mãe com uma calça pantalona e
uma blusa comportada, exatamente para não ter que passar na cobertura.
Sim, eu estava o evitando. Mas até quando? Não poderia fugir para
sempre.
Na verdade, eu nem mesmo sabia se queria fugir.
— Fiquei sabendo que estaria aqui. — Meu coração quase saiu pela
boca pelo susto que me tomou ao escutar aquela voz familiar.
Meus olhos foram para a porta, encontrei Alexandre com um sorriso
sacana e os olhos fixos em mim.
— Jesus! Quer me matar? — perguntei, arrancando uma risada dele.
Eu me virei e joguei o restante da água na pia e lavei o copo.
Em seguida me virei, encontrando-o no mesmo lugar.
— Você realmente é uma mulher interessante — ele falou e eu
balancei a cabeça em negativa.
— O que faz aqui?
— Eu te disse que cuidaria de tudo pessoalmente a partir de agora —
ele falou, enquanto eu ia na direção dele. — Estava em uma reunião com a
Patrícia.
— Não é o melhor jeito para flertar, Alexandre — falei com um
sorriso, conhecendo bem aquela peça.
Alexandre nunca perdia a oportunidade de me encontrar por acaso,
enquanto estávamos em Nova Iorque. Parecia que aqui não seria diferente.
— Talvez você tenha uma amiga? — Ele sorriu. — Isso é tão injusto,
mas sinto que agora você se tornou um território proibido para mim.
Arqueei as sobrancelhas e o medi com o olhar.
— Me conta, qual é a sua e do Rafael? Não parecem ser melhores
amigos e, por isso, não entendo porque eu seja um território proibido.
— É complicado. — Seu sorriso foi triste. — Mas me conta, estão
juntos?
— Hm... não exatamente — fui sincera. Então, meus olhos foram
para a morena que entrou no ambiente no momento seguinte.
— Aí está você — ela falou com os olhos em Alexandre. Então, eles
desviaram para mim. — Você deve ser Bianca.
— Sim. E você é?
— Patrícia. — Ela estendeu a mão em minha direção. — Não nos
conhecemos antes, pois eu estava em reunião com Alexandre.
— Oh... é um prazer conhecê-la — respondi e a cumprimentei em
um aperto firme.
— Igualmente... — Os olhos dela se intercalaram entre mim e
Alexandre. — Vejo que vocês já se conhecem.
— Muito — Alexandre falou e eu balancei a cabeça em negativa.
— Um pouco.
— Isso é bom. — Ela forçou um sorriso. — Bem, não quero ser rude,
mas preciso muito terminar de discutir um assunto com Alexandre para
mandá-lo embora daqui.
— Fique à vontade. — Dei um sorriso e estendi a mão em direção à
porta.
— Nos vemos por aí, Bianca — Alexandre falou e eu apenas
balancei a cabeça positivamente. Então, ele tirou um cartão do bolso e o
entregou para mim. — Vamos marcar alguma coisa depois.
— Claro — respondi ao pegar seu cartão de visitas.
Patrícia me deu um aceno de cabeça antes de arrastar Alexandre com
ela.
Eu os acompanhei com o olhar, até que eles entraram em uma das
salas privadas daquele andar. Justamente a que Luiz não havia me mostrado,
certamente por saber que estavam em reunião.
Meus olhos foram para aquele cartão que Alexandre havia me
entregado. O guardei na bolsa e decidi passar em casa, afinal, ainda tinha um
bom tempo antes das 15h.
Com isso em mente eu fui em direção à saída.
E apesar de tentar não ser tão curiosa, foi inevitável me questionar o
que havia acontecido entre Alexandre e Rafael.
Por mais que ele tivesse sido completamente vago, sentia que fosse lá
o que fosse, não era nada bom.
CAPÍTULO 19
Durante todo o caminho para a cobertura, eu pedi mentalmente para
que Rafael não estivesse lá. A verdade era que estava sem saber como reagir
na frente dele, e o coração traidor estava sendo facilmente balançado por ele.
Admitia que por mais que estivesse pedindo por isso, eu me senti
decepcionada por não o encontrar. Comecei a rir de mim mesma, com a
confusão que eu mesma estava criando dentro de mim.
Como tinha um tempo, pedi comida no aplicativo e apenas esperei
em casa que chegasse. Depois de almoçar, fui para o quarto e fiquei um
tempo até dar a hora de me arrumar.
Eram 14h54 quando cheguei à porta da empresa.
Quando entrei dei de cara com Luiz, ele estava conversando com a
recepcionista.
— Garota pontual — Luiz falou quando os olhos dele foram ao meu
encontro.
— Sempre — disse, ao mesmo tempo em que fechava a porta atrás
de mim. Então, caminhei em direção a ele.
— Minha filha vai nos acompanhar, vou pegar minha carteira e volto
para irmos.
— Tudo bem — falei e ele se virou em seguida, indo em direção às
escadas.
Sorri para a atendente e fui em direção a uma das poltronas para me
sentar.
Peguei o meu aparelho celular e fui checar as redes sociais. Estava
distraída quando duas pessoas entraram conversando na recepção. Levei
meus olhos em direção a elas, constatando que se tratava de Patrícia e
Melanie.
— Ei, Bianca... eu acabei de encontrar a sua irmã na entrada —
Patrícia falou quando seus olhos encontraram os meus. — Como meu pai
disse que você nos acompanhará, acabei chamando-a para ir conosco.
— Ótimo — respondi, tentando disfarçar o desconforto. — Oi,
Melanie.
Levantei-me e ela apenas forçou um sorriso para mim. Não sabia o
que ela estava fazendo aqui, afinal, não era a área dela. Mas ela estava
visivelmente tentando marcar território, quem era eu para questionar?
Patrícia olhou em direção à escada, em seguida desviou o olhar para
a recepcionista.
— Meu pai está na sala?
— Sim, ele já está descendo — ela respondeu, Patrícia assentiu e se
virou em direção a Melanie.
— Bom, só nos resta esperar então. — Ela desviou os olhos para
mim. — É a primeira vez que fará esse tipo de visita?
— Não, fiz algumas no decorrer da faculdade... — respondi e ela
apenas balançou a cabeça positivamente.
— Não fazíamos ideia de que Carlos tinha algum herdeiro e no
final... apareceram duas. — Uma voz prepotente se fez presente no
ambiente.
Desviei a minha atenção e encontrei um homem que aparentava ter
seus sessenta anos.
— Olá, você é? — perguntei e forcei um sorriso.
— Me chamo Ricardo Mancini — ele disse e estendeu a mão para
mim.
— Bianca — falei, sucinta, e o cumprimentei com um aperto de mão
firme.
Em seguida, ele se virou para Melanie e a cumprimentou da mesma
forma.
— É um prazer conhecê-lo, Ricardo — Melanie falou e ele apenas
balançou a cabeça positivamente.
— Como é descobrir que virou bilionária da noite para o dia? Aposto
que não é algo que as deixem tristes — ele perguntou de forma rude.
— Tio! — Patrícia o repreendeu, segurando o riso. — Não seja
assim, o que vão pensar de você?
Naquele momento, eu tive que me segurar para não ser mal-educada,
o cara era simplesmente um sem-noção.
— Sempre tive o sonho de trabalhar aqui, mas não dessa forma.
Descobrir que Carlos era o meu pai e que eu não tive a chance de conhecê-
lo, foi o sentimento que predominou com essa descoberta — falei, sem
querer ouvi-lo mais.
— Eu imagino. — Ele me mediu com o olhar. — Façam bom uso de
todo o dinheiro então, se acharem que não dão conta, é melhor vender a
empresa a arruiná-la.
Ricardo falou e no instante seguinte, ele se virou e foi em direção às
escadas.
— Não liga para ele — Patrícia falou, chamando a minha atenção. —
Ricardo é um velho ranzinza, que está aí para atormentar a nossa paz.
— Ele pareceu decepcionado por Carlos ter duas herdeiras —
murmurei, seguindo-o com o olhar.
— O quê? — Patrícia perguntou. Eu passei os olhos entre ela e
Melanie.
— Nada... Luiz está vindo — falei e apontei com a cabeça em
direção às escadas.
Elas se viraram para acompanhar. Luiz cumprimentou a filha e
Melanie, em seguida fomos todos juntos para a obra.
Aquele era mais um motivo para que eu alugasse um carro para mim,
afinal, tive que ir atrás com Melanie, que mal me dirigia a palavra.
Durante todo o caminho, Luiz trocou algumas palavras conosco. Mas
a minha mente não parava de martelar sobre as falas de Ricardo.
Ninguém sabia que Carlos tinha herdeiras. Então, se algo acontecesse
com ele, quem levaria a bolada? Certamente os irmãos.
Chegamos ao local cerca de quinze minutos depois. O edifício era
novo, os construtores pareciam fazer os últimos acabamentos.
Fomos levados até a cobertura, onde o responsável explicou
diretamente para Patrícia o que ele desejava que fosse feito naquele espaço.
Enquanto Melanie estava alheia a tudo, prestei atenção em cada palavra,
afinal, aquela era a área em que eu estava me especializando, então era
empolgante para mim.
— Tudo certo, senhor Oswaldo. Eu montarei duas opções de acordo
com o seu desejo e na próxima semana podemos começar caso aprove um
dos projetos — Patrícia falou com um sorriso simpático.
O homem retribuiu aquele sorriso de forma que eu ansiei pelo
momento que começaria a elaborar projetos também. Era uma sensação boa,
saber que o meu trabalho poderia proporcionar as pessoas momentos únicos
em ambientes confortáveis e aconchegantes.
E mal havia começado, mas eu mal via a hora de vê-lo recebendo
tudo pronto. Esperava profundamente que esse local pudesse estar pronto
antes que eu voltasse para Nova Iorque.
Depois de nos despedirmos do cliente, Luiz pontuou algumas
informações com Patrícia enquanto íamos para o carro.
— Eu agradeço a carona, mas irei aproveitar e daqui ir direto para
casa — falei chamando a atenção de Luiz, Patrícia e Melanie.
Já tinha visto o suficiente e estava cansada dos olhares de Melanie
para mim.
— Tem certeza? Podemos te deixar em casa — Luiz falou de forma
solícita.
— Não precisa, muito obrigada — falei e forcei um sorriso. — Vejo
vocês em breve.
— Tudo bem, querida, até mais.
— Bianca — Patrícia chamou a minha atenção. — Você quer
acompanhar o passo a passo desse projeto? Eu ficarei responsável por ele até
o final.
— Claro, isso seria perfeito — falei sem conseguir disfarçar o
sorriso.
— Ótimo, eu espero você amanhã... Podemos fazer isso.
— Obrigada.
— Gostaria de ver como tudo ficará também — Melanie falou,
atraindo a nossa atenção. — Quem sabe não me ajuda a definir a área que
devo cursar.
— Ótimo, você é bem-vinda — Patrícia falou e eu apenas os
cumprimentei com um sorriso, antes de me virar para o lado contrário.
Comecei a andar pela avenida em que estávamos. Pelo que eu havia
pesquisado, por aqui havia uma agência de carros. Pretendia alugar um para
que eu pudesse ficar pelo próximo mês.
Eu estava exausta!
Depois de andar um pouco, consegui encontrar a agência de carros e
depois de olhar algumas opções acabei deixando para fazer isso com mais
calma. O aluguel por um mês estava ficando mais caro do que pensei, talvez
fosse viável continuar usando o aplicativo.
Com isso em mente, eu fui para casa.
Quando abri a porta, percebi as luzes acesas e um cheiro diferente
vindo da cozinha. Logo, eu me senti ansiosa, por saber que Rafael estava em
casa.
Fechei a porta e sem pensar muito fui em direção ao quarto.
— Fiquei feliz ao perceber que você esteve aqui durante a tarde. —
A voz rouca daquele homem ressoou pelo ambiente no momento em que a
minha mão tocou a maçaneta da porta.
Tentando disfarçar a reação imediata do meu corpo a ele, olhei-o e
minha boca se curvou em um sorriso fraco.
— Eu disse que voltaria — sussurrei.
— Sim, você disse — ele falou, medindo-me com o olhar. — Você
está bem?
— Sim, só um pouco cansada.
— Estou fazendo macarrão ao molho branco. Gostaria de se juntar a
mim?
Balancei a cabeça em negativa.
— Obrigada, mas a única coisa que eu quero no momento é ficar
quieta.
— Tudo bem... se mudar de ideia, o convite está feito.
Apenas balancei a cabeça e abri a porta do quarto. Entrei sem saber
ao certo o que pensar. Eram tantas emoções diferentes que eu estava a ponto
de enlouquecer.
Fui direto para o chuveiro a fim de tentar relaxar um pouco.
O coração balançava por aquele homem de forma inexplicável. Ao
mesmo tempo, eu sentia a dor de perder alguém que não conheci
pessoalmente, mas que deu o mundo para mim.
Não fazia ideia de quanto tempo fiquei embaixo do chuveiro. Mas
quando me dei por vencida, apenas vesti um baby-doll e me deitei na cama,
apenas querendo dormir.
Revirei-me na cama por algum tempo, antes de finalmente pegar no
sono. Haviam tantas coisas me afligindo, que eu não sabia nem mesmo no
que me concentrar. Isso fez com que eu acordasse algumas vezes, mas em
uma delas eu senti meu coração entrar em descompasso, ao sentir uma
movimentação diferente no quarto.
Percebi que alguém estava se deitando ao meu lado, estava prestes a
dar um pulo da cama, no entanto, senti o cheiro de Rafael próximo a mim.
No minuto seguinte, ele me envolveu em seus braços e me puxou ao
encontro dele.
Eu não o impedi.
Deveria o empurrar e dizer a ele que não deveria fazer isso, mas a
verdade era que sentir o seu cheiro, estranhamente, me acalmou. Não
entendia o que ele estava pretendendo com aquele gesto, mas me permiti
apenas aproveitar a paz que aquilo me transmitiu.
Remexi-me em seus braços e me virei de frente para ele.
— Não queria acordar você, princesa — ele sussurrou.
— O que está fazendo?
— Você não parecia bem... eu estava preocupado, então. — Ele deu
uma risada suave, senti com aquele gesto que nem ele entendia o que
exatamente estava fazendo. As mãos dele fizeram uma pressão maior em
minha cintura. — Aqui estou eu, com você.
CAPÍTULO 20
— Ainda não dormiu? — Rafael perguntou quando eu me mexi mais
uma vez.
— Não — sussurrei.
Senti as mãos dele em meus cabelos, no minuto seguinte, ele estava o
acariciando suavemente.
— O que está te afligindo?
Abri os olhos e levei meu olhar ao encontro dele. Estava escuro, mas
ainda assim consegui sentir seus olhos sobre mim.
— Sei que isso é totalmente aleatório, mas você realmente acha que
o que aconteceu com o meu pai foi um acidente?
— Por que a pergunta? — ele perguntou, visivelmente confuso.
— Não sei, eu estava pensando que todos achavam que ele não tinha
nenhum herdeiro... E o mundo está tão confuso, que isso passou pela minha
cabeça durante todo o dia.
— O que eu sei é que ele estava voltando de um evento em Nova
Iorque e o acidente aconteceu. Ainda estão fazendo a perícia, mas não foi
levantado nenhuma hipótese nesse sentido.
— Entendi.
— Se eu posso te dar um conselho em relação a isso, é... Nunca
confie cem por cento em ninguém. Nem mesmo naquelas pessoas que
parecem ser amigáveis.
— Obrigada — falei e voltei a deitar a minha cabeça sobre ele.
Não fazia ideia do que estávamos fazendo nesse momento, mas
gostava da sensação de tê-lo dessa forma, mais do que deveria.
Em algum momento, eu adormeci, a última coisa que me lembro foi
de sentir as mãos de Rafael sobre mim, dizendo que eu deveria dormir um
pouco.
A sensação foi estranhamente boa.
Surpreendi-me ao acordar e sentir que continuávamos na mesma
posição. Rafael estava com os braços em volta de mim, enquanto dormia
tranquilamente.
Meu coração quase saiu pela boca, coisa que eu já deveria estar
acostumada, afinal, era exatamente isso que acontecia quando ele estava ao
meu lado. Mas, nesse momento, era de forma diferente. Não era só pelo
desejo sexual, ou a excitação que sentia com seu jeito autoritário e
extremamente sexy.
O motivo do meu coração estar em descompasso, era por sentir que
algo estava diferente quando o olhava. Pela primeira vez, não vi um homem
que estava apenas atrás de uma foda, como eu pensei.
Até que ponto isso poderia ser verdade?
Fui trazida de volta à realidade quando o som da campainha pairou
pelo quarto. Rafael pareceu acordar um pouco assustado com aquele som.
— É a campainha — sussurrei, atraindo o olhar dele para mim.
— Como você está? — ele perguntou, medindo-me com o olhar.
— Me perguntando quem poderia ser a essa hora. — Dei a ele um
sorriso. — Está esperando por alguém?
— Hm... não — ele falou com a voz sonolenta.
Saí dos braços dele a fim de dar espaço para ele. Rafael se sentou e
me olhou por um instante antes de se levantar.
— Vou checar a porta — ele disse e foi em direção ao banheiro.
A campainha tocou mais uma vez.
Levantei-me e fui até a mala, resolvi pegar uma roupa confortável e,
em seguida, fui ao banheiro para escovar os dentes e checar como eu estava.
Rafael passou por mim no momento em que entrei.
Não deveria ser tão curiosa, mas assim que saí do banheiro fui em
direção à sala para tentar descobrir quem era.
Rafael ainda não tinha atendido a porta, ele estava parado em frente
ao visor. Ele suspirou profundamente e se endireitou. Aquela atitude apenas
fez com que eu ficasse ainda mais curiosa.
Dei alguns passos a fim de conseguir ver melhor. Rafael levou a mão
na maçaneta e abriu a porta, revelando ali a última pessoa no mundo que eu
gostaria que estivesse aqui.
Marcelo.
— Rafael... — Seu tom de voz era totalmente surpreso. — O que
você está fazendo aqui?
— Como assim o que estou fazendo aqui? — Rafael perguntou,
tranquilo. — É a minha cobertura, eu precisei vir para a capital há alguns
dias... é um lugar grande, duas pessoas podem conviver aqui sem problemas.
— Filho. — Marcelo o mediu com o olhar. — Sei muito bem o que
conversamos antes de Bianca vir para cá, o ideal seria deixá-la confortável.
— Ele suspirou. — Não sei o que está aprontando, mas sei que não é um
moleque. Então espero que não esteja usando o que tem para...
— Você disse certo, pai — ele o interrompeu sem qualquer margem
para contestação. — Eu sabia que ela estaria aqui, mas não sou um moleque
que vai usar isso para brincar com ela.
A surpresa me tomou com aquela informação. Não sabia ao certo o
que pensar sobre isso, mas de imediato, eu simplesmente queria matá-lo.
Ele havia sido descarado a ponto de saber que eu estava aqui e vir
como o bom moço fingindo que não sabia de nada?
— Sim, eu sei. — Marcelo voltou a falar, trazendo-me de volta à
realidade. — A Bianca está?
Ao fazer aquela pergunta, os olhos dele sondaram o ambiente e antes
que eu pudesse sair de sua visão, ele me encontrou.
Congelei, sem saber ao certo como agir.
Naquele instante, Rafael olhou na mesma direção do pai,
encontrando-me ali. Então, ele se voltou para o pai e apenas deu espaço para
que entrasse. E assim ele o fez.
Rafael fechou a porta e o seguiu.
Fui em direção a eles e parei em frente ao sofá. Primeiro, meus olhos
foram para Rafael, que me estudava atentamente. Então, sem dirigir a
palavra a ele, desviei a atenção para Marcelo.
— Bom dia, Marcelo, tudo bem? — perguntei, forçando um sorriso.
— Bom dia, tudo bem e você? Está confortável com Rafael estando
aqui?
A preocupação de Marcelo me fez sorrir, gostei de sentir seu carinho
por mim.
— Nos adaptamos bem, como ele mesmo disse. — Meus olhos
voltaram para Rafael, que apenas deu um sorriso com a cara mais lavada do
mundo. — O espaço é grande.
— Isso é um alívio — Marcelo falou, alheio a situação.
— Bem... você precisa falar alguma coisa comigo? — perguntei,
enquanto me sentava no sofá ao lado dele.
— Sim...
— Vou deixá-los à vontade, estarei na cozinha — Rafael falou e
Marcelo apenas assentiu. Então, ele começou a andar em direção à cozinha.
— Agora pela manhã alguns documentos ficaram prontos —
Marcelo falou, seriamente. — Por isso eu resolvi vir aqui hoje, para saber
como estava e te informar que você agora é a curadora de Carlos.
— Isso é muito bom. Acha que em breve tudo estará resolvido?
— Estou fazendo o possível, mas nos próximos dias provavelmente
não precisarei que esteja na capital, então... se achar melhor ir para Búzios,
eu te aviso quando deve voltar para conversarmos — ele falou, gentil.
— Eu estarei por aqui mais alguns dias, fiquei de acompanhar
Patrícia em um projeto e estou bem empolgada.
— Isso é perfeito, fico feliz que já esteja se familiarizando com a
empresa.
— Sim, ontem eu estive lá para conhecer um pouco... E é um sonho,
queria muito que o meu pai estivesse aqui para que eu pudesse aprender com
ele.
— Oh... ele estaria muito orgulhoso, acredite. — Marcelo deu um
sorriso fraco. — Carlos tinha medo de você não o perdoar.
— A única falha dele foi não se aproximar — falei e ele apenas
assentiu.
— Já que ficará por mais um tempo, agora que é curadora pode pegar
um dos carros do seu pai nesse período...
— Ah, não... — neguei antes mesmo de ele terminar de falar. — A
última coisa que eu quero é problemas com Melanie, usarei isso apenas para
decisões relacionadas à empresa.
— Fica a seu critério, mas deve estar difícil estar sem carro todo esse
tempo.
— Você não imagina como seria ainda mais difícil lidar com Melanie
e a ideia dela de que eu estou em vantagem sobre tudo — fui sincera.
Marcelo deu um sorriso e balançou a cabeça em negativa.
— Eu vou conversar com ela depois, as duas têm direitos iguais.
— Não precisa... sinceramente eu não estou a fim de brigar por conta
disso, eu só quero ter a certeza de que a empresa que meu pai construiu tão
bem permaneça em seu melhor.
— Como eu disse, direitos iguais — Marcelo frisou.
Balancei a cabeça positivamente e antes que eu pudesse falar
qualquer coisa, minha atenção foi para Rafael, que vinha em nossa direção.
— O café está pronto, que tal conversarem na cozinha?
— Obrigado, filho, mas tenho uma reunião agora pela manhã —
Marcelo falou e se levantou. — Bianca, ficou alguma dúvida sobre o que
falei?
Eu me levantei e balancei a cabeça em uma negativa.
— Tudo certo.
— Ótimo, te mandarei por e-mail os detalhes. — Ele sorriu amigável
e se virou para Rafael.
— Eu cuidarei dela, não se preocupe — Rafael falou, fazendo meu
coração palpitar. Então, os olhos dele foram para mim.
— Fico feliz com isso — Marcelo falou e apenas intercalou os olhos
entre mim e Rafael. — Não precisam me acompanhar, vejo vocês em breve.
Sem esperar qualquer retorno, ele foi em direção à porta.
Permaneci com os olhos fixos a Marcelo, até o momento em que ele
saiu da cobertura, nos deixando a sós.
Foi então que meus olhos foram em direção a ele, arqueei as minhas
sobrancelhas no momento em que ele deu alguns passos em minha direção.
— Quando você chegou aquele dia... — Dei um passo para trás,
colocando uma pequena distância entre nós. — Já sabia que eu estaria aqui?
CAPÍTULO 21
— Parece que você descobriu o meu segredo mais obscuro — Rafael
falou e deu outro passo em minha direção.
— Obscuro? Eu diria cretino... — interrompi a minha fala quando
senti as mãos grandes contornando a minha cintura. — Rafael...
— Sim, eu sabia — sussurrou, com os lábios próximos aos meus. —
E quer saber algo que é ainda pior?
— O quê? — perguntei, presa naquele olhar intenso sobre mim.
— Eu faria tudo de novo, sabendo que ao final você estaria em minha
cama. — Rafael levou a mão em meu rosto, prendendo o meu olhar no dele.
— Eu te cercaria até que você percebesse que pertence a mim.
— Não deveria fazer isso... — disse com a voz entrecortada.
— Eu sei, mas não consigo nem mesmo me arrepender de pensar em
algo assim. Não quando se trata de você.
— O que... você quer?
— Namorar — ele falou, fazendo meu coração entrar em
descompasso.
— Oh...
— Quero algo sério, quero estar com você. Então, devemos começar
a namorar?
— Que tipo de homem é você, Rafael? — perguntei, minha voz saiu
apenas em um fio. — Pensei que fosse um daqueles playboys mimados que
só querem uma boa foda.
— Eu quero uma boa foda, mas não só isso... — O polegar dele
acariciou os meus lábios suavemente. — Não com você.
— E por que eu?
— Apenas porque eu quero você.
— Isso é vago demais...
— Sempre tive em mente que no dia que eu encontrasse a mulher
que balançasse o meu mundo, não a deixaria escapar. E é exatamente isso
que sinto em relação a você, tem balançado o meu mundo de forma que nem
imagina, princesa.
— Não vai me deixar escapar? — perguntei, sentindo a mão dele
deslizar para a minha nuca.
— Não vou, então lide com isso — falou de forma autoritária,
fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.
Minhas mãos foram para o peito dele em um movimento
involuntário. Então, os lábios dele estavam sobre os meus.
A língua dele pediu espaço e eu facilmente me rendi às suas
investidas. Uma onda de excitação caiu sobre mim no momento em que as
mãos grandes deslizaram pelo meu corpo, parando em minha bunda.
Rafael puxou o meu corpo contra o dele e me tirou do chão.
Passei as minhas pernas em volta da cintura dele e as mãos foram
para o seu pescoço. Logo depois, ele estava caminhando comigo nos braços
pela cobertura. Estava tão envolvida que não percebi quando entramos no
quarto, apenas percebi quando ele se sentou na beirada da cama, mantendo-
me sobre o colo dele.
Apoiei o meu joelho no colchão, enquanto os lábios gostosos
deixaram os meus. Rafael deslizou a mão até a borda da minha blusa, ele se
afastou e os olhos encontraram os meus cheios de desejo.
Levantei as minhas mãos e ele deslizou a blusa pela minha cabeça.
Em seguida, as mãos dele estavam em meu sutiã, desabotoando-o. Então, ele
deixou meus seios totalmente livres para ele.
— Tão perfeitos. — Um gemido escapou dos meus lábios ao sentir
as mãos dele contornar os meus seios por inteiro.
Enquanto segurava os meus seios, ele se inclinou e começou a beijar
entre eles. Ele seguiu fazendo uma trilha molhada de puro desejo e uma de
suas mãos foi substituída por sua boca gostosa.
Ele o abocanhou com vontade, fazendo com que gemidos contidos
escapassem de meus lábios. E isso o incentivou a me sugar com uma pressão
tão gostosa que eu estava a ponto de enlouquecer.
Os lábios dele deixaram o meu seio e ele deu a mesma atenção ao
outro, causando arrepios intensos, causados por seus toques, e sua barba
gostosa roçava por minha pele sensualmente.
Em um movimento preciso, Rafael se levantou e me levou junto com
ele, em seguida me colocou sobre a cama. Então, suas mãos foram para o
meu short, desabotoando-o, e o tirou no minuto seguinte.
Resfoleguei quando as mãos dele encontraram a borda da minha
calcinha. Ergui o meu quadril e o ajudei a tirá-la. Depois de me deixar
completamente nua, ele se afastou e começou a tirar sua calça de moletom.
Meus olhos acompanharam o seu movimento, e a excitação se tornou
ainda maior quando ele liberou seu pau. De forma indecente, ele levou a
mão sobre ele e o acariciou, com os olhos fixos aos meus.
— Oh... eu preciso sentir você. — Resfoleguei, incapaz de lidar com
tal provocação.
A boca dele se curvou em um sorriso e ele caminhou até o móvel ao
lado da cama. Assisti enquanto ele pegou um preservativo e o colocou.
Quando voltou, as mãos dele foram para os meus tornozelos, ele me
puxou em sua direção. Em seguida, Rafael abriu as minhas pernas, e os
dedos dele foram para a minha boceta.
Remexi-me no momento em que senti seus dedos deslizar por toda
ela.
— Você está tão molhada para mim. — Ele deu um pequeno rosnado.
— Tão molhada que eu estou temendo não me comportar.
Gemi ao sentir o polegar fazer movimentos circulares em meu
clitóris.
— Por favor... não se comporte — pedi com a voz entrecortada.
— Você não está facilitando — ele gemeu ao mesmo tempo em que
me puxou um pouco mais. Dei um sorriso satisfeito quando ele levou as
mãos em minhas pernas e as apoiou em cada ombro.
Depois de se ajoelhar, levou uma das mãos em minha coxa,
apoiando-se firmemente. Em seguida, eu pude sentir aquilo que tanto
ansiava.
Rafael começou a passar o pau em minha entrada, torturando-me um
pouco mais.
— Rafael... — gemi, quase implorando que ele seguisse.
Foi quando ele se enterrou em mim, causando um choque intenso
pelo meu corpo.
— Porra — ele rosnou e pude senti-lo retroceder.
Então, ele se afundou mais uma vez, abrindo espaço e foi ainda mais
fundo.
E puta que pariu! Aquela era uma das torturas mais gostosas e
incríveis que já havia sentido em minha vida. Meus gemidos se
intensificavam a cada choque causado em cada investida.
Rafael se inclinou em minha direção, minhas pernas os
acompanharam, dando espaço para que ele viesse com o corpo para cima do
meu.
Tentei levar as minhas mãos em volta do pescoço dele, mas antes que
o fizesse, senti as mãos dele nas minhas, prendendo-as acima da minha
cabeça.
— Ah, princesa... — ele rosnou, enquanto seguia me fodendo de
forma intensa, levando-me facilmente à beira do precipício. — Eu queria
tanto senti-la mais uma vez, que estava a ponto de enlouquecer.
Incapaz de respondê-lo, eu apenas dei um gemido manhoso que
demonstrava perfeitamente o quanto aquilo me agradava.
Seus movimentos se tornaram ainda mais intensos e fortes. Meu sexo
vibrou de forma insana, quando senti o clímax me atingir em cheio de forma
tão intensa, que foi impossível conter o grito que escapou dos meus lábios.
— Vai me matar assim — ele rosnou ao mesmo tempo em que eu me
rendia por completo.
Vagamente senti os lábios de Rafael contra os meus, ao mesmo
tempo que deu um urro gostoso, tendo a sua própria liberação. Foi quando
fechei os olhos e me permiti desabar por completo.
Aquilo tinha sido incrível.
Apenas o senti saindo de mim algum tempo depois e o corpo dele
caindo ao lado sobre o colchão. Então, as mãos dele estavam em minha
cintura, puxando-me em direção a ele.
Eu estava mole, mas recebi seu aperto em volta de mim com um
sorriso, à medida que tentava estabilizar a respiração.
Não faço ideia de quanto tempo permanecemos daquela forma, mas
quando, enfim, abri os olhos, senti seu olhar intenso sobre mim.
Sem dizer uma palavra, ele me puxou para ir com o corpo para cima
do dele. Eu abri as minhas pernas e as ajeitei em volta da cintura dele.
Então, inclinei-me e apoiei o meu cotovelo na cama, ficando muito
perto dele.
— Qual é a sensação de pertencer a mim? — ele perguntou,
deixando-me desconcertada.
— Pertencer a você?
— Sim, princesa, pertencer a mim — ele disse, autoritário, fazendo o
meu coração entrar em descompasso.
Não fazia ideia de onde isso nos levaria, mas a verdade era que me
envolver era inevitável.
— A sensação... é melhor do que imaginei — respondi, suavemente.
E no instante seguinte, Rafael eliminou a distância que havia entre nós,
tomando a minha boca em um beijo diferente de todos que ele já havia me
dado.
Era um beijo lento e tão intenso, que me causou borboletas no
estômago.
Eu estava envolvida, mais do que gostaria.
Então, apenas me permiti acreditar naquele momento que sim, nós
poderíamos seguir com isso. E por mais que quisesse acreditar nisso, sabia
que em breve eu voltaria a Nova Iorque.
Céus! Isso realmente poderia dar certo?

CAPÍTULO 22
— Oh, céus! — Dei um grito ao sentir as mãos de Rafael em mim,
enquanto eu saía do banheiro. A boca dele se curvou em um sorriso ao
mesmo tempo em que ele me virava em direção a ele.
No instante seguinte, ele estava pressionando o meu corpo contra a
parede.
— Está tudo bem? — ele perguntou e me mediu com o olhar.
— Tirando o fato de que você quase me matou de susto, sim.
— Não foi a minha intenção — ele falou e eu arqueei as
sobrancelhas, fazendo o sorriso dele se alargar.
— Jura?
A mão de Rafael foi para o meu cabelo e ele levou uma mecha para
trás da minha orelha. Em seguida, começou a acariciar o meu rosto com o
polegar.
— O que foi? — perguntei, sentindo suas feições se tornando sérias.
— Você está claramente me evitando depois que fizemos amor —
comentou, fazendo meu coração palpitar. — Ficou calada durante todo o
café e depois veio para o quarto, como se quisesse me evitar.
— Tenho que ir para empresa, vim me arrumar — menti.
Obviamente Rafael era mais esperto do que isso, afinal, seu olhar
denunciava perfeitamente que ele não estava convencido.
— Tudo foi intenso demais... tem sido, na verdade.
— Isso te assusta? — perguntou com os olhos fixos aos meus.
Dei um suspiro profundo enquanto pensava em uma resposta.
A verdade era que eu estava com medo, sabia que toda aquela
intensidade estava consumindo-me aos poucos. O sentimento era diferente
de tudo o que já tinha experimentado e, no momento, isso me assustava, e
muito.
— Você... sabe que daqui a menos de dois meses eu precisarei voltar
para Nova Iorque, certo?
— Pensei que já tinha se formado. Por que precisa voltar?
— Sim, eu já me formei, mas comecei a pós e preciso terminá-la,
então só voltarei ao Brasil após um ano.
— Definitivo?
— Sim, definitivo.
— Então, não vamos pensar demais... tudo bem? — ele perguntou e
eu fui incapaz de responder.
Como não pensar demais? Era a única coisa que eu conseguia pensar
depois de me sentir tão conectada a ele. Afinal, não conseguia acreditar que
relacionamentos à distância dessem certo.
— Princesa? — ele chamou quando eu não o respondi.
— Sim? — me forcei a perguntar.
— Apenas... deixe as coisas acontecerem, nós veremos a melhor
solução quando você tiver que ir.
— Hm... tudo bem.
Rafael se inclinou, deixou um beijo rápido em meus lábios antes de
se afastar para voltar a me olhar.
— Eu preciso ir... — sussurrei.
— Vou esperá-la na sala, te deixo na empresa — ele falou, firme.
— Não precisa, posso ir sozinha — respondi rápido.
— Não vai fugir de novo, não é?
Minha boca se curvou em um sorriso. Eu diria a ele que não estava
fugindo, mas claramente foi o que eu fiz no domingo.
— Por que eu fugiria do meu... namorado? — perguntei, a voz saiu
entrecortada, sentindo aquele olhar intenso sobre mim.
Rafael me deu um sorriso em seguida, denunciando o quanto ele
havia ficado satisfeito ao ouvir aquilo.
— Jantar à noite?
— Eu adoraria.

Rafael era intenso e autoritário.


Ele contornava a situação para que acontecesse exatamente da forma
que ele queria, isso era fato. Mas mesmo não querendo admitir, eu gostava.
Gostava da forma que ele estava lidando comigo a cada momento,
daquele jeito firme, imponente e da sensação que sua autoridade causava em
todo o meu corpo.
Sim, eu gostava de tudo isso.
E foi por isso que quando eu cheguei à sala e o encontrei vestido
apenas me esperando, não protestei. Aceitei a sua carona, quando chegamos
em frente à empresa, ele me deu um beijo antes de eu sair do carro.
Céus! Pensar que nós estávamos mesmo fazendo isso me dava um
frio na barriga.
Balancei a cabeça em negativa, tentando conter o sorriso e entrei na
empresa.
— Bom dia, Bianca — a recepcionista me cumprimentou enquanto
eu fechava a porta.
— Bom dia, a Patrícia já chegou?
— Sim, ela está na sala dela... fique à vontade.
— Obrigada — falei e fui em direção à entrada ao lado esquerdo.
Recebi alguns cumprimentos, enquanto ia em direção às salas
privadas. Em seguida, bati à porta que julguei ser da sala de Patrícia, afinal,
foi a única que Luiz não entrou comigo, certamente porque ela estava com
Alexandre.
— Entra. — A voz de Patrícia ressoou pelo ambiente.
Levei a mão na maçaneta e abri a porta. Patrícia apenas me olhou de
cima a baixo e forçou um sorriso.
— Bom dia — a cumprimentei.
— Você veio — ela falou no momento em que fechei a porta atrás de
mim.
Então, eu fui em direção a ela.
— Nunca recusaria um convite assim.
— Sente-se, por favor. — Ela apontou para a cadeira à frente.
— Obrigada — falei e me sentei em seguida.
— Eu estive pensando... você é arquiteta paisagista, certo?
— Isso mesmo.
— Como combinei de fazer dois projetos com o senhor Oswaldo, o
que acha de ficar encarregada de um deles? — Ela arqueou a sobrancelha. —
Imagino que seria uma experiência e tanto.
— Oh... isso seria perfeito! — falei, animada.
A verdade era que por mais que estivesse me aperfeiçoando não via a
hora de colocar o que aprendi em prática.
— Ótimo, faremos assim então. Vou te passar as informações e, caso
queira, fique à vontade para estar onde for mais confortável para você.
— Tudo bem.
Sorri, sem conseguir esconder a empolgação sobre a proposta de
Patrícia. Ela passou a próxima hora apenas me explicando alguns pontos
importantes, me deu uma cópia de alguns arquivos e da planta do local.
Depois disso, juntei tudo e decidi trabalhar no andar de cima, na sala
do meu pai. Queria me sentir mais perto dele e, ao mesmo tempo, teria paz
para começar aquele projeto.
Estava empolgada, o único momento em que parei foi para almoçar.
O restante do dia, eu fiquei enfiada na sala de Carlos, apenas querendo
explorar mais sobre aquele projeto.
Mas claro, o coração traidor virava e mexia me levava a pensar em
Rafael. E foi em um daqueles momentos que meu celular vibrou atraindo a
minha atenção.
Era uma mensagem de um número desconhecido.
Rafael: Princesa, ainda está na empresa?
Curiosa, cliquei na foto de perfil revelando ali o único que poderia
me mandar tal mensagem. Ele vestia uma blusa social preta, com alguns
botões abertos. Um colar de ouro no pescoço e o olhar sério.
Deus! Eu já disse o quanto ele era gostoso?
Porque sim, ele definitivamente seria a minha perdição.
— Ocupada? — A voz feminina no ambiente me fez dar um pulo na
cadeira. — Oh, me desculpe, não queria assustá-la.
Olhei em direção à porta e encontrei Patrícia ali. Eu estava tão
distraída que nem mesmo a ouvi abrir a porta.
— Ah... oi — falei e bloqueei a tela do celular. — Entra.
— Bom... eu até aqui para dizer que estou indo embora, você deveria
ir também.
— Sim, eu vou — falei e fechei a pasta que estava sobre a mesa.
Em seguida, minha atenção foi para o notebook, o coloquei para
desligar e peguei a minha bolsa.
— Queria te perguntar algo — Patrícia falou, chamando a minha
atenção para ela.
— Fique à vontade.
— Não consegui ir ao evento porque estava viajando, mas vi em
algumas fotos que você estava acompanhada do Rafael Armani.
— Oh... sim — falei e forcei um sorriso, em seguida me levantei. —
Ele me acompanhou no baile.
Os olhos de Patrícia me acompanharam e, por um momento, tive
uma sensação estranha com o seu olhar sobre mim.
— Vocês por acaso... estão juntos?
— Ele é filho do advogado do meu pai — respondi, sem querer
esticar seu pequeno interrogatório.
Eu definitivamente não estava pronta para contar a ela qual era
minha relação com Rafael.
— Como eu imaginei — Patrícia falou e, por um momento, pareceu
distante.
— Oi? — fiz a desentendida, chamando a atenção dela de volta para
mim.
— Nada. — Ela sorriu docemente. — Te vejo amanhã, Bianca.
Sem esperar uma resposta, Patrícia foi em direção à saída, eu
permaneci com os olhos fixos a ela, enquanto tentava entender seu interesse
repentino naquele assunto.
Poderia ela ter algum interesse no Rafael?
CAPÍTULO 23
Abri a porta da cobertura e um cheiro extremamente delicioso tomou
o ambiente. Apenas ali percebi o quanto eu estava com fome.
Entrei e fechei a porta atrás de mim, em seguida acendi a luz da sala.
E alguns instantes depois, tive a visão de Rafael saindo da cozinha.
Oh, Deus! Eu estava alucinando?
Porque a visão em minha frente simplesmente mostrava Rafael com
os cabelos recém-lavados, vestindo apenas uma calça social preta e um
avental.
— Princesa — ele falou, fazendo com que meu olhar fosse ao
encontro dele. — Eu poderia ter buscado você.
— E interromper isso. — Apontei o dedo para ele, movimentei-o
para cima e para baixo, gesticulando o look único. — Vim com um motorista
de aplicativo.
— Espero que esteja com fome — ele falou ao mesmo tempo em que
caminhava em minha direção.
Apenas balancei a cabeça positivamente, temia que se respondesse,
minha resposta soasse em total duplo sentido, assim como a minha mente
estava nesse momento.
Rafael parou a minha frente e suas mãos foram para o meu rosto. Ele
se inclinou e deixou um beijo gostoso em meus lábios. Quando o encerrou,
mordeu meu lábio inferior e o puxou de maneira suave, fazendo meu corpo
inteiro se arrepiar.
O gemido contido foi inevitável.
— Estou terminando o jantar, então... — A voz estava mais rouca
que o normal. — Vá tomar banho e eu te esperarei na sacada.
— Hm... tudo bem — sussurrei.
Ele me mediu com o olhar antes de se afastar. Aproveitei a deixa para
me virar e ir em direção ao meu quarto.
Fechei a porta atrás de mim e depois de colocar minha bolsa no
móvel ao lado da cama, fui em direção ao banheiro.
O banho deveria ter sido relaxante, mas a expectativa para aquele
jantar me deixava ansiosa. O que era engraçado, afinal, não era a primeira,
nem a segunda vez que eu estaria com Rafael. Mas esse era o poder que ele
tinha sobre mim.
Quando terminei me sequei e fui em direção à mala, depois de passar
um hidratante corporal, peguei um conjunto de lingerie vermelho e um
vestido simples, mas, ao mesmo tempo, elegante.
Como ficaríamos em casa, fiz uma maquiagem bem leve e calcei
uma rasteirinha confortável. Em seguida, saí do quarto, sentindo um cheiro
ainda mais gostoso por todo o ambiente.
Assim como Rafael havia me instruído, segui para a sacada. A
iluminação estava ambiente, tinha uma mesa posicionada perfeitamente para
a vista da cidade, os pratos estavam postos junto às taças e uma rosa
vermelha.
Minha boca se curvou em um sorriso, percebendo que aquele homem
tinha preparado aquilo tudo para nós, mesmo podendo apenas pagar alguém,
ou me levar a um desses restaurantes elegantes.
Uma música em som ambiente começou a tocar chamando a minha
atenção. Virei-me encontrando ali Rafael, sem avental e com uma blusa
social para completar o look.
— Você está linda — ele falou e caminhou em minha direção.
— Obrigada.
Rafael parou em frente a mim e levou a mão em direção à minha. Ele
a levou em direção à sua boca e deixou um beijo suave no dorso, com os
olhos fixos aos meus.
— Pronta para essa noite, princesa?
— Definitivamente, não... — respondi, fazendo com que ele desse
um sorriso de lado.
— Gosto dessa sinceridade — ele falou, seriamente.
— Oh... — disse, desconcertada.
Rafael levou a mão em minhas costas e me levou em direção à mesa.
Como um perfeito cavalheiro, ele puxou a cadeira para que eu me sentasse.
Acompanhei enquanto ele serviu duas taças de vinho para nós. Em
seguida, foi até uma mesa pequena posicionada ao lado e destampou as
travessas que tinha ali, revelando o cheiro ainda mais intenso e gostoso que
estava sentindo desde a hora em que cheguei.
— Espero que goste de nhoque, filé Mignon e batata rústica —
Rafael falou, atraindo a minha atenção.
— Um dos meus pratos preferidos.
— Isso é perfeito. — Sorriu satisfeito. Em seguida, sentou-se na
cadeira à minha frente.
— Estou intrigada com algo — falei, medindo-o com o olhar.
— Conte-me, Bianca, o que te intriga?
— Hm... — Peguei a taça de vinho e a levei à boca. Depois de
apreciar o sabor, a coloquei sobre a mesa mais uma vez. — O que mais sabe
fazer?
— Mais do que imagina — respondeu com os olhos intensos sobre
mim. — Me conte mais sobre você.
— Bom... acho que deveríamos começar com você contando mais,
afinal, eu estou em desvantagem aqui, você já sabe muito sobre mim —
falei, acompanhando-o tomar um gole do vinho.
De repente, os olhos intensos se voltaram para mim e eu me vi
perdendo o ar por um momento.
— Não o suficiente — ele disse, sério. — Acho que nunca será o
suficiente, pois assim como você, Bianca, eu quero tudo.
Seu tom autoritário e a confissão tão de repente fez meu coração
saltar.
— Faz isso com frequência? — perguntei, tentando buscar qualquer
indício de que deveria ter cuidado com a proporção dos meus sentimentos.
Rafael me mediu com o olhar, como se soubesse exatamente o que eu
estava fazendo.
— Princesa, eu não sou um príncipe encantado. Tão pouco sou um
homem que costuma fazer jantares como esse, ou dizer que quero algo sério
— ele falou, autoritário. — Esse tipo de programação geralmente não me
agrada, tudo que eu estou fazendo é somente para você.
Arqueei as sobrancelhas, assimilando aquela informação. Como
poderia acreditar que ele nunca fez isso antes?
— Por quê?
— Eu te disse, nunca foi de meu interesse ter isso com ninguém.
Você foi clara ao dizer que queria o romance, estou sendo claro ao dizer que
o pacote completo, então o darei a você.

O jantar estava sendo incrível.


Rafael parecia sincero, então me permiti aproveitar o momento com
ele e compartilhar um pouco da minha vida.
Enquanto jantávamos, contei a ele um pouco mais sobre mim, sobre
os meus anos em Nova Iorque e, também, sobre o que eu sabia sobre o meu
pai antes de descobrir que ele era o Carlos.
Tinha que admitir que estava sendo agradável demais aquele
momento com ele. A comida estava divina, eu tive que me controlar para
não comer demais.
Quando terminamos, Rafael recolheu os pratos e pediu que eu
esperasse um momento. Em seguida, apareceu trazendo duas taças com
sobremesa que fizeram meus olhos brilhar.
— Já comeu morangoffe? — ele perguntou e eu neguei com a
cabeça. — Não fui eu que fiz, e apesar de não ser muito fã de doces essa é
uma das melhores sobremesas que já comi.
Rafael colocou uma das taças à minha frente e piscou para mim. Em
seguida, se sentou na cadeira à frente.
Sem perder tempo, peguei a taça e peguei um pouco da sobremesa
com a colher. Saboreei lentamente o pedaço que coloquei em minha boca,
sentindo a combinação perfeita de morango, creme de chocolate branco e
Nutella.
— Perfeito — falei e, sem perder tempo, peguei um pouco mais,
levei a colher até a boca para sentir o sabor delicioso mais uma vez.
— Princesa... — Rafael chamou a minha atenção para ele.
— Sim?
— Precisarei ficar fora por aproximadamente uma semana para
fechar duas parcerias. Nova Iorque e Los Angeles — comentou. — O que
acha de me acompanhar nessa viagem?
Arqueei as sobrancelhas com a proposta repentina.
— Hã... quando você vai?
— Amanhã.
Sorri com o pensamento de ir com ele e aproveitar um pouco a
viagem, mas neguei com a cabeça.
— Aceitei participar de um projeto na empresa, quero acompanhá-lo
de perto antes de voltar.
— Uma semana — ele frisou, meu sorriso se alargou.
Eu estava gostando daquilo, definitivamente estava.
— Eu estarei aqui quando voltar, Rafael.
Como se desejasse mais contato, Rafael se levantou e depois de
alguns passos parou em minha frente. Aceitei quando ele estendeu a mão em
minha direção. Em um movimento rápido, ele me puxou e as mãos
contornaram a minha cintura. Os olhos intensos estavam sobre mim.
— Seria errado querer persuadi-la do contrário? — sussurrou.
— Oh, sim. Definitivamente você não deveria fazer isso.
— Por que não?
— Estou decidida a ficar, apenas vamos aproveitar o tempo que
temos até que vá.
Rafael deu um pequeno gemido e suas mãos foram para a minha
bunda. Em um piscar de olhos, ele me tirou do chão.
Minhas mãos foram para o pescoço dele e eu colei meu corpo
totalmente no dele, com apenas um pensamento em mente.
Aquela seria uma longa noite.
CAPÍTULO 24
— Você vem mesmo? — A voz de Vivian ressoou do outro lado da
linha no momento em que atendi.
— Claro, eu disse que sim — falei enquanto descia as escadas.
— Se me enrolar de novo eu vou até aí buscar você.
— Estou saindo da empresa agora, vou passar em casa para me
arrumar. — Meus olhos foram para frente, encontrando Alexandre e Patrícia
conversando na recepção. — Bom, te vejo mais tarde, beijos.
Encerrei a ligação sem esperar uma resposta e fui em direção aos
dois.
— Alexandre, você por aqui — falei e dei um sorriso a ele.
— Patrícia não está satisfeita em me ver todos os dias, tem que me
fazer vir até aqui também — ele falou e eu arqueei as sobrancelhas. —
Moramos no mesmo edifício.
— Ah, sim. — Sorri e olhei para Patrícia. — Se conhecem há muito
tempo?
— Nos conhecemos desde criança, mas nos aproximamos mesmo na
época da faculdade — Patrícia falou e, em seguida, sorriu. — Estudamos em
Harvard.
— Oh, que legal.
— Diz isso porque não é você que tem que aturá-la todo esse tempo
— Alexandre falou com um sorriso sacana no rosto, Patrícia o fuzilou com o
olhar.
— Como sempre, provocativo — falei com Alexandre e desviei o
olhar para o relógio. — Bom ver você, preciso ir agora.
Sorri e comecei a caminhar em direção à saída.
— Planos para hoje? — A voz de Alexandre me fez parar e olhar
mais uma vez para ele.
— Vou a uma boate com uma amiga, em Búzios. — Medi-o com o
olhar, lembrando que ele havia me perguntado se eu teria uma amiga para
apresentá-lo, eu sorri. — Você deveria ir também.
— É um convite? — Ele arqueou as sobrancelhas.
— Sim... e não — frisei, fazendo com que aquele mesmo sorriso
sacana aparecesse. — Vou te apresentar a minha amiga.
— Me mande o endereço, eu estarei lá — ele falou e eu assenti.
Então fui em direção à saída.
Caminhei em direção ao carro e o abri, em seguida dei partida para ir
em direção à cobertura.
Rafael havia insistido que eu ficasse com o carro dele, e claro, eu não
queria um carro que chamasse tanta atenção como o Lykan, então, ele me
deixou com uma Mercedes um pouco mais discreta.
Não recusei, afinal, não havia nada melhor do que estar de carro.
Estava chegando em casa quando o meu telefone vibrou. Após
estacionar na garagem eu o peguei, checando que era uma mensagem.
Rafael: Princesa, como estão as coisas por aí? Hoje te ligarei mais
tarde.
O sorriso bobo de sempre foi inevitável. Mesmo longe, Rafael não
hesitou em me ligar todos os dias, aquilo era realmente gostoso.
Foram várias mensagens ao longo da semana, como: “Eu deveria
estar trabalhando, mas eu não consigo parar de pensar em você.” Também
recebi algumas mais ousadas e quentes, como: “Eu preciso loucamente foder
você.”
E o sorriso bobo estava presente em todas elas, assim como nesse
minuto.
Sem perder tempo, digitei para ele uma resposta.
Eu: Está tudo bem, eu estou indo à boate onde minha amiga Vivian
trabalha, vamos curtir um pouco a noite, então, nos falamos quando estiver
em casa.
A semana estava sem muita novidade. Concentrei-me no projeto e
tive o desprazer de ter Melanie no meu pé em alguns dias, afinal, ela não
achava justo que eu estivesse na sala de Carlos.
A dor de cabeça era tamanha que, às vezes, eu sentia vontade de
apenas deixar que ela lidasse com tudo, mas aí eu pensava em cada palavra
do meu pai para mim naquele diário.
Eu não poderia fazer isso.
Meu celular vibrou mais uma vez, chamando a minha atenção.
Arqueei as sobrancelhas ao ver que ele já havia respondido.
Rafael: Noite das meninas?
Hesitei em como responder. Rafael claramente tinha algum problema
com Alexandre, e eu não havia pensado nisso quando o convidei.
Fiz uma pequena careta e decidi apenas ser vaga, afinal, não sabia se
ele realmente apareceria e não estava fazendo nada de errado, não via
problema em ocultar um pequeno fato.
Então, antes de ir em direção à cobertura, o respondi.
Eu: Mais ou menos isso.

Avistei Vivian no bar, servindo um drink a um cliente. Naquele


momento, fui em direção a ela.
— Por favor, não me diz que está trabalhando hoje — falei, atraindo
o olhar dela para mim.
— Não estou — ela respondeu, olhando-me de cima a baixo. — Está
gata demais nesse vestido.
— Obrigada — falei e, em seguida, me sentei em uma das banquetas
do bar. — Convidei um amigo para vir aqui hoje.
Vivian arqueou as sobrancelhas, mas não respondeu. Ela colocou
uma garrafa de tequila e dois copos à frente. Em seguida, deu a volta no
balcão e trocou algumas palavras com uma das meninas que estavam
servindo antes de vir em minha direção.
Ela se sentou ao meu lado e serviu uma dose para cada uma de nós.
— Achei que você estivesse com o Rafael.
— E eu estou, o amigo é para você — falei e peguei um dos copos.
Brindamos e, em seguida, eu virei o líquido de uma vez na boca.
— Você sabe que eu não estou procurando um relacionamento —
Vivian falou e eu balancei a cabeça positivamente.
— Eu sei... é por isso que ele é perfeito.
— Hm... me conte mais sobre isso. — Gargalhei ao ouvi-la, em
seguida me levantei.
— Que tal apenas irmos para a pista de dança por ora?
Ela se levantou no mesmo instante, empurrou a garrafa de tequila
para a parte baixa da bancada e fomos dançar um pouco.
Eu amava tanto a energia de boates, que suspeitava que se eu não
tivesse optado pela profissão de arquiteta, eu abriria uma. Amava sentir a
vibração da música na pista de dança, amava como o ambiente era capaz de
me tranquilizar.
Vivian decerto se sentia da mesma forma, então poderia dizer que
éramos a dupla perfeita. E quando estávamos juntas, não dávamos abertura
para os babacas que tentavam vir com tudo.
— Olha só para você... quente como sempre. — A voz masculina
pairou sobre o ambiente, mesmo abafada pela música consegui identificar
que se tratava de Alexandre.
Virei-me em direção a ele, em seguida meus olhos foram para trás
dele, encontrando Patrícia a poucos metros de distância.
— Ah, oi... — falei e voltei o olhar para ele.
— Ela insistiu para vir comigo, espero que não se importe —
Alexandre falou e eu forcei um sorriso.
— Estamos aqui para nos divertir um pouco. — Fiz uma careta.
Então, meu olhar foi para Vivian. A descarada estava com os olhos fixos em
Alexandre.
— Amiga, deixa eu apresentar vocês. — Eu a puxei para mais perto.
— Alexandre, essa é minha amiga Vivian. — Meus olhos foram para ela. —
Vivian, esse é Alexandre e minha prima Patrícia.
— É um prazer conhecê-los — Vivian falou e estendeu a mão para
Alexandre. Em seguida, ela cumprimentou Patrícia. — O que acham de
começarmos pelo bar?
A boca de Alexandre se curvou naquele sorriso cafajeste, ao mesmo
tempo que seus olhos estavam sobre Vivian.
— Eu adoraria.
— Por favor, se beijem logo! — Patrícia falou e eu gargalhei.
Na última hora, o flerte havia rolado solto entre Vivian e Alexandre,
nós revezamos entre a pista de dança e acabamos pegando uma mesa privada
para que ficássemos mais à vontade, porém, o beijo entre eles não havia
rolado até esse exato momento. Então, eu apenas tinha que concordar com
Patrícia.
Peguei mais uma dose de tequila e a bebi em um único gole.
Coloquei mais uma dose no copo, mas assim que coloquei a garrafa sobre a
mesa, a mão de Alexandre foi para o meu copo atraindo a minha atenção.
Ele bebeu aquela dose, e eu fiz uma careta para ele.
— Não deveria beber mais, Bianca, tequila é forte e já bebeu quatro
doses — ele falou e eu no mesmo instante pensei em Rafael.
Dei uma risada quando me ocorreu que ele certamente faria o
mesmo.
— Homens! — falei e desviei a atenção para minha bolsa, sentindo o
telefone vibrar.
O nome que se fez presente no visor, denunciou o quanto nossa
conexão era forte.
— Nada de telefones agora, não vai me deixar aqui de vela com esses
dois — Patrícia falou e em um movimento rápido pegou o meu celular.
— Ei... — chamei a atenção dela, quando os olhos foram para o
visor.
— É o Rafael Armani? — perguntou, curiosa. Eu apenas assenti, em
seguida ela recusou a ligação, silenciou o meu celular e o guardou na minha
bolsa. — Sem celular.
Estava prestes a pegar o aparelho, mas sabia que insistir para atender
apenas faria com que ela me fizesse perguntas, e como Rafael sabia que eu
não estava em casa, optei por ligar para ele mais tarde.
— Deveríamos ao menos dançar então — falei e me levantei, indo
para a pista de dança.
Patrícia me acompanhou, juntamente com Alexandre e Vivian.
Mais uma vez eu remexi o meu corpo conforme a música gostosa. E
apesar de ter tomado quatro doses de tequila, eu me sentia bem.
Passei as próximas músicas, evitando qualquer contato com Patrícia.
Sempre que ela tentava chegar mais perto, eu ia para o lado de Vivian e
Alexandre.
E tudo estava indo bem, até que Patrícia pareceu ter visto um
fantasma. Eu estava prestes a me virar para olhar na direção dela, quando
senti mãos fortes envolverem meu corpo completamente.
No minuto seguinte, eu estava contra músculos fortes. Meu olhar
lentamente foi para cima e encontrei os olhos sérios de Rafael sobre mim.
— O... o que você está fazendo aqui? — perguntei com a voz
entrecortada.
— Eu vim te buscar, princesa.
CAPÍTULO 25
— Rafael... — A voz de Patrícia chamou a nossa atenção.
— Oi, Patrícia — ele falou, sério, então seus olhos se voltaram para
mim.
— Onde está o seu telefone? — ele perguntou, medindo-me com o
olhar.
— Na bolsa — falei e passei os olhos por todos, encontrei Vivian
com um brilho nos olhos, Alexandre apenas observando e Patrícia
totalmente atordoada. — Vamos... conversar em outro lugar.
— Tudo bem, vamos.
Virei-me rapidamente para os três que me olhavam.
— Continuem se divertindo, eu... volto em alguns minutos — falei e
antes que pudessem dizer qualquer coisa, estava sendo levada por Rafael
para fora daquela pista de dança.
Eu não sabia de fato o que sentir. Era gostoso toda sua imponência,
arrancando-me dali, ao mesmo tempo, sabia que eu havia sido flagrada, ao
não contar que Alexandre também estaria ali.
Rafael me levou em direção à área do terraço. Quando chegamos,
percebi poucas pessoas naquele ambiente e, então, Rafael seguiu me levando
para um pouco mais longe.
A vista naquele ponto era mais bonita, ainda assim, era uma área
privada da boate.
— Não podemos... — falei quando ele me puxou para uma área
restrita.
— Eu posso estar aqui, não se preocupe — ele falou. Então, os olhos
foram para mim. — Não esqueceu de me contar nenhum detalhe sobre a
noite das meninas, Bianca?
— Eu não disse que seria a noite das meninas — disse, mesmo
sabendo que eu havia sido vaga quanto a isso.
Rafael balançou a cabeça positivamente.
— Você recusou a primeira ligação e ignorou as outras. Acha que
essa foi uma atitude legal? Eu pensei que algo estava errado e, por isso, vim
o mais rápido que pude para cá.
— Foi a Patrícia...hm... Quando chegou?
— Há cerca de uma hora. Como sabia que estaria em Búzios, vim
direto para cá. — Ele me mediu com o olhar. — O que há entre você e o
Alexandre?
— Eu já disse que nada, ele é um amigo, nunca rolou nada e nem vai
rolar.
— Amigo? — Ele arqueou as sobrancelhas. — Está me dizendo que
ele sua relação com ele sempre foi de amizade?
Não respondi à sua pergunta.
Sabia muito bem que não era assim que as coisas funcionavam.
Apesar de nunca ter rolado nada com Alexandre, nós flertamos algumas
vezes, em contrapartida, não rolou nada exatamente por eu estar concentrada
demais em meus estudos.
— Eu te disse, princesa. — Ele deu um passo em minha direção, em
um movimento involuntário eu dei um passo para trás, encostando o meu
corpo na parede. — Você é minha.
Meu coração entrou em descompasso ao ouvir aquelas palavras
saindo de forma tão autoritária dos lábios dele.
— Sim, eu sou — sussurrei, sentindo uma onda de excitação pelo
meu corpo. — Apenas sua, Rafael, não quero ninguém além de você.
Em um piscar de olhos, as mãos de Rafael estavam sobre mim. Ele as
deslizou pelo meu corpo e puxou meu corpo para ele, fazendo-me sentir o
quão duro ele estava naquele momento.
Um gemido contido escapou dos meus lábios, quando ele levou a
mão em minhas pernas e me tirou do chão. Os lábios foram ao encontro dos
meus e, em seguida, um beijo voraz, cheio de intensidade e desejo tomou
conta.
Minhas mãos foram para o pescoço dele, enquanto dava espaço para
que a língua dele explorasse a minha enviando choques gostosos por todo o
meu corpo.
Quando ele encerrou o beijo, estava totalmente sem fôlego. Eu desci
as minhas pernas e ele me colocou no chão. Meu coração quase saiu pela
boca quando as mãos dele deslizaram em direção à minha calcinha.
— Rafael... — sussurrei, atraindo o olhar dele para mim. — Não
estamos sozinhos aqui.
— É por isso que temos que ser rápidos. — Sua voz rouca me fez
estremecer. — Eu preciso estar dentro de você, princesa, se não quer isso...
essa é a hora de me pedir para parar.
Eu deveria dizer a ele que estava ficando louco, mas, ao invés disso,
apenas dei espaço para que ele seguisse, aquela adrenalina, na verdade, era
excitante demais.
Resfoleguei ao sentir seus dedos em minha boceta.
— Você está tão molhada — ele rosnou. — Gosta disso, não gosta?
A adrenalina está te enlouquecendo, assim como a mim.
Incapaz de responder, apenas deixei um gemido contido deixar os
meus lábios quando os dedos dele encontraram o meu clitóris. Fechei os
olhos e me concentrei naquela sensação.
Mas então, Rafael parou.
— Preciso sentir o seu gosto — ele falou e eu abri os olhos. No
segundo seguinte, ele estava se ajoelhando.
Ele levou a mão na borda da minha calcinha e sem pedir permissão a
tirou. Em seguida, a colocou no bolso de sua calça.
— Oh! Céus... — gemi quando ele apenas levou a mão em uma das
minhas pernas e a passou sobre o ombro dele.
Passei os olhos pelo lugar, constatando que pelo menos ali,
estávamos sozinhos. Cravei a minha unha no ombro dele ao sentir a língua
macia deslizar por toda a minha boceta.
— Deliciosa, como sempre — disse com a voz contida, antes de
voltar a atenção total para a minha boceta.
Rafael não estava facilitando para mim. Ele começou a me sugar e
lamber de forma constante, enquanto eu lutava para segurar os gemidos que
queriam escapar.
Joguei a minha cabeça para trás e me entreguei a um orgasmo intenso
e torturante. Senti as minhas pernas tremerem e, no minuto seguinte, as mãos
de Rafael estavam sobre mim, enquanto eu tentava me recompor.
Quando, enfim, consegui me apoiar sozinha, abri os olhos e encontrei
os olhos escuros de desejo de Rafael sobre mim. Então, apenas ouvi o
barulho da fivela de seu cinto sendo aberta.
E porra! Aquele som foi excitante para caramba.
A ansiedade por tê-lo dentro de mim apenas aumentou.
— É melhor dizer que utiliza algum método contraceptivo, pois estou
sem preservativos — ele falou, atraindo meu olhar para ele. — Meus exames
estão todos em dia, mas se você disser que não...
Seus olhos estavam fixos aos meus, ele estava apenas esperando a
minha permissão.
— Sim, tomo pílula... e tenho os exames também em dia — respondi,
apenas ansiando para que ele seguisse.
Rafael tirou o pau para fora, eu o vi pulsar, enquanto as mãos quentes
vinham ao meu encontro. Ele me levantou e minhas mãos foram para o
pescoço dele, apenas sentindo ele se afundar em mim.
Gememos juntos com o choque gostoso que aquele movimento
causou. Ele o repetiu mais uma vez.
— Porra — Rafael rosnou e encostou as minhas costas na parede,
apoiando-me ali.
Rafael começou a se movimentar, e eu encaixei a cabeça na curva do
pescoço dele, enquanto mordia seu ombro, tentando conter o gemido.
Apertei-o fortemente quando ele começou a intensificar suas
investidas, estava a ponto de enlouquecer a cada vez que ele deslizava para
dentro de mim, enviando ondas de excitação por todo o meu corpo, ao
mesmo tempo em que um arrepio gostoso tomava conta.
A sensação era única, o momento e a intensidade alucinantes.
E, naquele instante, eu não me importei nem um pouco por ele estar
me fodendo em um terraço, onde poderíamos ser flagrados a qualquer
momento. A única coisa que eu queria, era mais daquela sensação que era tê-
lo dentro de mim.
— Olha para mim, princesa — ordenou. Levantei a minha cabeça e
levei o olhar ao encontro dos dele. — Isso, quero você olhando para mim,
enquanto eu te fodo.
Seus movimentos aumentaram, em um ritmo rápido e constante,
atingindo meu ponto sensível, levando-me à beira do precipício.
O coração quase saiu pela boca com a intensidade. Já não conseguia
mais controlar a sensação que caiu sobre mim. Senti meu sexo apertar e,
mais uma vez, estava cravando as unhas no ombro dele enquanto me rendia
completamente.
Em um instante, os lábios dele estavam sobre os meus ao mesmo
tempo em que ele me pressionava contra a parede, juntando-se a mim em um
urro contido em sua própria liberação.
Nós estávamos ofegantes e levou um tempo para que
conseguíssemos nos estabilizar depois de um orgasmo tão intenso. Quando
ele se afastou para me olhar, senti um rubor pelo que havíamos acabado de
fazer.
Rafael saiu de mim e me colocou no chão. Em seguida, ele tirou um
lenço do bolso do blazer e, gentilmente, me limpou.
Observei enquanto ele o fazia, no minuto seguinte se limpou e
abotoou a calça. Então, ele foi em direção a uma lixeira que continha um
pouco mais à frente.
Eu ainda estava tentando me estabilizar.
Quando ele se aproximou, os olhos foram para mim e um sorriso de
lado se formou.
— O que foi? — perguntei, medindo-o com o olhar.
— O cabelo bagunçado, o rosto corado e esse semblante maravilhoso
— ele falou, eliminando o restante da distância entre nós. — Não há
ninguém que não saberá o que estávamos fazendo aqui.
— Está tentando marcar território, Rafael? — perguntei em um claro
tom de provocação.
Ele balançou a cabeça em negativa.
— Não, eu apenas quero que se lembre de que é minha.
Rafael tirou a minha calcinha do bolso, em seguida se ajoelhou para
me ajudar a colocá-la. Quando ele se levantou, os olhos estavam sobre mim
com um brilho diferente. Então, ele se inclinou para sussurrar em meu
ouvido:
— Sete vezes, princesa.
— Do que está falando?
— Foram às vezes em que eu te liguei e você não atendeu, sete
vezes.
— Ah... — disse com a voz entrecortada. Então, ele se afastou e os
olhos dele vieram para mim.
— Mas não é só isso que esse número representa... Duas vezes já
foram, faltam cinco.
— O quê? — perguntei com a respiração ainda irregular.
Eu havia entendido certo?
— Esse será o número de vezes em que eu te farei gozar quando
chegarmos em casa... apenas tenha isso em mente.
Minhas mãos foram para a camisa de Rafael, e meu coração estava
em total descompasso.
— Não acho que eu aguente isso, Rafael...
— Hoje eu lhe mostrarei que sim, você pode ir além. — Ele se
afastou e me mediu com o olhar. Então, em um tom ainda mais autoritário,
ele continuou: — Se ajeite, vamos nos despedir dos seus amigos e eu te
levarei para casa.

— Olha eles aí! — Vivian falou no momento em que eu e Rafael


paramos em frente à mesa reservada.
Fiz uma pequena careta para a cretina.
— Vocês demoraram — Patrícia chamou a minha atenção.
— Ah... estávamos conversando um pouco — respondi,
desconcertada, enquanto a mente vagava para o que havíamos acabado de
fazer.
— Sei... — Vivian nos deu um olhar sugestivo. — Posso ver pelo seu
semblante, gata, a conversa foi dureza.
Meu olhar se voltou para Vivian e eu quis matá-la, enquanto ela
lançava para mim um sorriso sacana.
— Rafael... — Alexandre cumprimentou seriamente Rafael, ele
apenas deu um aceno com a cabeça. Em seguida, senti a mão dele fazer uma
pressão maior em minha cintura.
Dei um suspiro contido, sentindo o corpo traidor reagindo de
imediato.
— Eu vou levá-la mais cedo, espero que não se importem — Rafael
falou, sem dar brecha para que alguém dissesse o contrário.
— Vocês estão juntos? — Patrícia perguntou de repente.
Meus olhos novamente foram para ela, seu interesse em saber se eu e
Rafael estávamos juntos, estava começando a me incomodar mais do que o
normal.
— Eles estão... não acredito que não sabia — Alexandre respondeu e
eu apenas balancei a cabeça em concordância. Meus olhos foram para
Rafael, que claramente estava ignorando a pergunta de Patrícia.
Sem querer prolongar, apenas olhei em direção a todos.
— Bom, vejo vocês por aí — falei e recebi o sorriso de Alexandre.
Em seguida, me inclinei e peguei a minha bolsa sobre a mesa.
— Aproveita o resto da noite, gata, te ligo depois — Vivian falou e
eu apenas balancei a cabeça positivamente.
No mesmo instante, Rafael deu um aceno de cabeça para todos e as
mãos firmes começaram a me guiar em direção à saída da boate.
— Rafael... — chamei a atenção dele no momento em que as portas
do elevador se fecharam.
Em um piscar de olhos, ele estava me pressionando contra aquela
parede.
— Eu gosto muito desse elevador — ele falou, arrancando um
sorriso de mim. Ele se inclinou, mas antes que pudesse me beijar, minha
mão foi para o peito dele, impedindo-o.
— Preciso perguntar algo.
— Diga, princesa.
— É sobre a Patrícia — falei, sentindo o semblante dele mudar. —
Ela parecia interessada demais em saber que estávamos juntos, a conhece de
algum lugar?
— Sim, ela e Alexandre estão sempre juntos — ele sussurrou ao
mesmo tempo em que levou a mão em minha bunda e me puxou para colar
nossos corpos, deixando-me sentir que ele estava completamente duro. —
Mas falar dela, é a última coisa que eu quero nesse momento.
— Oh... eu também — respondi, totalmente envolvida.
No instante seguinte, a porta do elevador se abriu. Rafael se afastou
um pouco e levou a mão na porta para que ela se mantivesse aberta, mas os
olhos permaneceram fixos a mim.
— Espero que esteja preparada para isso, princesa, porque essa noite
eu vou levá-la ao limite.
CAPÍTULO 26
Ela estava me enlouquecendo.
Bianca seguia balançando o meu mundo de forma que nem
imaginava. E a essa altura do campeonato, não esperava que alguém
conseguisse o fazer. Mas aqui estava ela, tirando-me o pouco de juízo que
ainda restava.
No momento em que a porta se fechou atrás de nós, Bianca veio com
o seu corpo para cima do meu. Perceber que ela ansiava por mim na mesma
intensidade que eu, foi excitante para caralho.
Envolvi-a em um beijo avassalador enquanto a guiava pela casa, em
direção ao meu quarto. Entre tropeços, nós paramos algumas vezes pelo
caminho, enquanto eu tirava de forma afoita cada peça de roupa dela.
Bianca não ficou para trás, senti a mão dela em minha calça,
retirando o cinto e, no minuto seguinte, a abaixou junto com a cueca,
liberando meu pau para fora.
— Gostosa — rosnei ao sentir a mão gostosa acariciar a base do meu
pau.
Ela deu um sorriso travesso e se afastou, em seguida se ajoelhou e
terminou de tirar aquelas peças. Levei a mão em minha camisa social e
comecei a desabotoá-la com os olhos fixos na morena gostosa.
Bianca se levantou e após jogar aquelas peças no chão se virou, indo
em direção ao banheiro. Por um momento, permaneci apenas a
acompanhando com o olhar, a fim de admirar a bunda redondinha e gostosa
rebolando à minha frente.
Quando ela passou pela porta, joguei a blusa no chão e segui atrás
dela.
— Preciso de um banho — ela falou, medindo-me com o olhar.
— Nós vamos tomar — respondi e fui em direção ao boxe para me
juntar a ela.
Abri o chuveiro, controlei a temperatura da água e a ajustei na
temperatura certa. Com os olhos fixos em Bianca, peguei um pouco de
sabonete líquido e despejei em minha mão. Então, me aproximei um pouco
mais e levei minhas mãos em sua cintura, subindo lentamente para sua
barriga e, em seguida, fiz o caminho até os seios deliciosos.
— O que está fazendo? — ela perguntou com a voz entrecortada.
— Shhh.... Apenas aproveite — disse, tentando conter minha respiração
enquanto a ensaboava de forma sensual.
Bianca fechou os olhos e continuou aproveitando cada toque. Eu segui a
admirando, à medida que sentia meu pau latejar a cada gemido contido que
escapava dos lábios dela.
Eu toquei cada pedacinho do corpo dela, até que ela foi para debaixo do
chuveiro se enxaguar, aproveitei para me ensaboar, ou pelo menos tentar,
afinal, a mão de Bianca veio sobre a minha e ela tirou o frasco do sabonete
líquido da minha mão.
— Agora, é a minha vez — Bianca falou e despejou o sabonete sobre a
mão. E da mesma forma que eu, ela começou a me ensaboar sem pressa,
dando uma atenção especial ao meu pau. Que, no momento, já estava
dolorido, ansiando por estar dentro dela.
Bianca me empurrou suavemente para debaixo do chuveiro e quando eu
estava terminando de me enxaguar, ela se ajoelhou à minha frente.
Caralho! Eu definitivamente não esperava por isso agora.
Bianca estava se soltando cada vez mais e isso era muito satisfatório.
Algo totalmente delicioso.
Meu corpo tremeu quando aquelas deliciosas mãos seguraram meu pau
pela base em um movimento gostoso. Então, ela me olhou fixamente nos
olhos e o abocanhou com vontade, fazendo com que um suspiro cheio de
desejo escapasse dos meus lábios.
Foram inúmeras vezes em que sonhei com essa boca gostosa, exatamente
dessa forma no meu pau. E, tinha que dizer, a sensação era ainda melhor do
que imaginei.
— Gostosa — rosnei ao mesmo tempo que levei a mão em seus cabelos,
admirando-a, enquanto ela me chupava com tanta vontade.
Estava tendo que me segurar muito para não tomar o controle da
situação.
O que eu queria nesse momento, era foder aquela boca deliciosa. Mas
não o fiz, segurei seus cabelos um pouco mais firme e a deixei guiar os
movimentos.
E, porra, ela estava me deixando louco, por conta da maneira tão ousada
que me olhava, à medida que sua língua brincava perfeitamente com a
cabeça do meu pau.
Bianca começou a alternar os movimentos, levando-me cada vez mais
fundo, e eu sabia que se ela continuasse naquele ritmo gostoso, acabaria
gozando muito em breve.
Puxei o cabelo dela um pouco para trás e tirei o meu pau da boca
gostosa.
— Ah, princesa... Você vai me matar assim — grunhi, quando ela tentou
me abocanhar novamente.
— Eu quero mais — ela falou e mordeu os lábios.
Levei as minhas mãos nela e a virei de costas para mim.
— Apoie as suas mãos na parede, princesa.
Ao me ouvir foi exatamente o que fez, em seguida empinou a bunda
gostosa. Levei a minha mão sobre a bunda dela e a acariciei por um
momento, pude ver seu corpo se arrepiar. No instante seguinte, dei uma
palmada forte.
— Ah, Rafael... — ela gemeu gostoso, fazendo o meu pau pulsar.
— Gosta disso? — perguntei e voltei a acariciar o outro lado.
— Muito... — respondeu em meio a um gemido no momento em que dei
outra palmada.
Mas aquele era um jogo que eu não poderia ganhar, estava a ponto de
enlouquecer. Então, segurei o meu pau e comecei a passá-lo em sua entrada.
Deslizei para dentro dela, sentindo abrir espaço, enquanto um rosnado
pequeno escapava de meus lábios.
Eu retrocedi e me afundei mais uma vez, arrancando um gemido
manhoso de Bianca.
Aos poucos, comecei a aumentar os movimentos. Levei a minha mão nos
cabelos dela e o juntei em um rabo de cavalo, fazendo com que seu corpo
colasse ao meu. E naquela posição, extremamente excitante, eu mergulhei
cada vez mais fundo.
Os gemidos dela aumentaram de maneira considerável e a boceta gostosa
começou a apertar cada vez mais o meu pau.
Aumentei ainda mais as investidas, vendo-a se descontrolar cada vez
mais.
— Eu... puta que pariu — Bianca gemeu, entregando-se a um orgasmo
intenso.
— Três... — sussurrei no ouvido dela.
Em seguida, soltei os cabelos dela, uma das minhas mãos foi para o seu
seio e a outra desceu para seu clitóris.
Eu não estava disposto a facilitar.
Segui me enterrando dentro dela sem pudor, sentia a cada movimento
que atingia o ponto certo.
— Por Deus, Rafael... — Bianca implorou, isso me fez apenas continuar.
E alguns movimentos depois, ela estava se desmanchando em um grito
alucinante em meus braços mais uma vez.
Incapaz de conter, juntei-me a ela em um urro, despejei ali todo o meu
prazer dentro dela.
Permanecemos naquela posição por alguns minutos. Aquilo havia sido
intenso demais.
Eu a virei para mim, e o sorriso foi inevitável ao notar o quão mole ela
estava.
— Quatro, princesa — disse com a respiração irregular.
Bianca me deu um sorriso fraco e, em seguida, a levei para baixo do
chuveiro mais uma vez. Ensaboei-a e, em seguida, fiz o mesmo, depois de
me secar eu a peguei no colo para tirá-la do banheiro.
Bianca passou as mãos em volta do meu pescoço e eu a levei em direção
à minha cama.
Os olhos dela foram para mim, totalmente aéreos.
— Descansa um pouco — sussurrei.
Ela apenas fechou os olhos, eu me deitei ao lado dela e me permiti
admirá-la por um momento.
Minhas mãos foram para os cabelos dela e a única coisa que eu queria
era tê-la ao meu lado. Da forma que pensei durante toda a semana longe
dela.
Aquela certamente havia sido uma longa semana.
Nunca havia sentido tanta necessidade de estar com alguém, nunca ansiei
por um encontro assim, como estava acontecendo sempre que eu pensava
nessa morena gostosa.
A verdade era que, por mais que eu não quisesse admitir tão cedo, estava
me apaixonando por ela.
Talvez, inconscientemente, eu já estava sentindo algo ao longo desses
seis anos, cada vez que eu me perguntava como ela estava, ou cada momento
em que ansiava por vê-la mais uma vez.
CAPÍTULO 27
A experiência havia sido tão intensa que em algum momento eu cochilei
sem perceber. Abri os olhos ainda desnorteada, encontrei o quarto escuro,
denunciando que ainda não havia amanhecido. Virei-me de lado e encontrei
Rafael ao meu lado dormindo serenamente.
Mordi o lábio inferior e o coração saltou dentro do peito, enquanto me
lembrava de como a noite estava perfeita depois de uma semana sem vê-lo.
Levei a minha mão ao encontro dele e me permiti acariciar o seu rosto
por um momento.
— Você acordou — ele sussurrou, fazendo com que eu afastasse a minha
mão em um movimento involuntário.
Os olhos dele foram para os meus e as mãos dele passaram pela minha
cintura. Rafael me puxou em direção a ele.
— Não dormiu? — perguntei, medindo-o com o olhar.
— Estava pensando se deveria ser um cavalheiro e deixá-la dormir um
pouco mais, ou se deveria acordá-la, passando a minha língua na sua boceta
gostosa — ele falou, fazendo-me corar.
Ao perceber, o sorriso de lado se formou nos lábios dele.
Mesmo no escuro, conseguia ver claramente os seus olhos intensos sobre
mim, permanecemos naquela posição por alguns minutos, enquanto ele
seguia mexendo mais do que deveria com os meus sentimentos.
— Por que eu? — sussurrei, ansiando mais uma vez por ouvi-lo falar.
— Eu te disse... sinto que é você a mulher que eu estive esperando por
todo esse tempo.
— Hm... — Mordi o lábio inferior, tentando não demonstrar como
aquelas palavras mexiam comigo.
Em um movimento rápido, Rafael veio com o corpo para cima do meu,
fazendo-me ficar de costas para o colchão macio. Seus olhos encontraram os
meus, e quase perdi o ar com tamanha intensidade.
— Você não é superficial... pelo contrário, é uma mulher decidida e forte
— sussurrou enquanto as mãos começaram a deslizar pelo meu corpo. — Eu
gosto disso, gosto do fato de que você não deixou a decepção acabar com
você, ela te fez mais forte... você foi para fora, estudou e se formou. Isso é
excitante pra caralho.
— Gosta disso? — perguntei com a voz entrecortada.
— Você é uma mulher incrível, Bianca — ele falou, em seguida se
inclinou para falar em meu ouvido. — E é bom que se acostume com a ideia,
pois você será a minha mulher.
Ao dizer aquelas palavras, Rafael mordiscou a minha orelha e começou a
deixar beijos molhados pelo meu pescoço.
Um arrepio percorreu todo o meu corpo, à medida que sentia a
combinação perfeita dos seus lábios gostosos e a sua barba roçando tão
sensualmente em mim.
Sem pressa alguma, em uma tortura deliciosa, ele levou os lábios até os
meus seios e os sugou dando uma atenção especial a eles, antes de continuar
descendo.
Rafael se livrou do lençol, abriu as minhas pernas e se inclinou,
posicionando-as em cada lado de seu ombro enquanto se acomodava entre
elas.
Um gemido manhoso escapou dos meus lábios quando o senti passar a
língua por toda a minha boceta.
Rafael começou a chupar e lamber a minha boceta em movimentos tão
precisos, e eu estava a ponto de enlouquecer.
A forma com que ele estava lidando comigo era única. O momento era
totalmente quente e profundo. E eu sabia que, naquele ritmo, não demoraria
para que ele me levasse a um dos melhores orgasmos que já tive na vida.
Meus gemidos aumentaram, à medida em que me lambeu de forma tão
sensual e me levou imediatamente ao limite.
Um gemido descontrolado escapou dos meus lábios, enquanto eu tremia
em sua boca.
Ah, porra! Tinha sido intenso demais.
— Isso foi sexy pra caralho— Rafael grunhiu com a respiração
visivelmente afetada. — Preciso vê-la gozando em minha boca mais uma
vez.
— Eu não aguento. — Engasguei-me ao sentir a boca de Rafael
novamente em mim.
Seus olhos não deixaram os meus, enquanto ele sugava meu clitóris o
senti me penetrar com um dedo. Enrolei meus dedos no lençol da cama e os
apertei com força, deixando aquela sensação deliciosa tomar conta de mim.
Não demorou muito para que ele introduzisse mais um, penetrando-me
de forma ávida, enquanto sua boca me explorava por completo.
E eu pensei que não aguentaria mais, quando senti uma explosão de
sensações invadirem meu corpo, acompanhado de um grito que descrevia
com perfeição o que eu sentia naquele momento.
— Seis — ele resfolegou, fazendo meu coração entrar em descompasso.
Mesmo aérea, percebi que Rafael se levantou, no minuto seguinte ele
estava me ajeitando na cama.
— Eu não... — Minha voz falhou. — Não acho que eu aguente mais um.
— Aguenta, princesa, você disse isso há alguns minutos, e olha só para
você — disse, autoritário, fazendo meu corpo tremer.
O corpo dele foi sobre o meu e os olhos apenas seguiam me analisando.
Minha boca se curvou em um sorriso, dando a ele exatamente o passe livre
que ele esperava.
A verdade era que ao mesmo tempo que meu corpo gritava que não
conseguiria, eu ansiava cada vez mais por ele.
Enrolei as pernas em volta da cintura dele, dando o passe livre que ele
precisava para continuar.
Rafael posicionou o pau em minha entrada e começou a espalhar a minha
lubrificação.
— Como você está? — perguntou com os olhos fixos aos meus.
— Me sentindo nas nuvens — respondi em meio a um gemido cheio de
expectativas. Naquele momento, ele deslizou para dentro de mim.
O gemido se tornou mais intenso com aquela invasão gostosa.
Apertei as minhas pernas um pouco mais em volta dele, enquanto ele
retrocedia e se afundava mais uma vez dentro de mim.
— Agora, princesa, eu me afundarei em você devagar, até que desabe
totalmente em meus braços, eu te acompanharei em seguida e só então, nós
iremos dormir.
CAPÍTULO 28
Acordamos tarde na manhã seguinte.
A noite havia sido intensa demais e eu mal podia acreditar em como tudo
estava acontecendo entre nós. A intensidade de Rafael, me causava
borboletas no estômago apenas por lembrar.
Com um sorriso bobo no rosto, eu estava me lembrando da noite anterior.
O corpo quente de Rafael sobre o meu, enquanto confirmávamos aquela
conexão inexplicável que estava cada vez mais presente entre nós.
— Eu daria tudo para saber no que tanto pensa nesse momento. — A voz
de Rafael pairou pelo ambiente, fazendo-me procurá-lo dentro do quarto. Ele
estava apoiado no batente da porta do banheiro, enquanto olhava fixamente
para mim.
Passei a língua nos lábios, umedecendo-os, e me levantei, caminhei em
direção a ele. Fiquei na ponta dos pés ao mesmo tempo em que passei os
meus braços envolta do pescoço dele para dar um selinho.
— Bom dia — disse, enquanto ele envolvia os braços em volta de mim.
— O que você quer fazer hoje? — ele perguntou com os olhos fixos aos
meus.
— Eu não sei... Hm, eu pretendo passar na casa da minha mãe, fora isso,
não tenho nada em mente.
— Tudo bem, vamos tomar café e depois podemos nos trocar e ir ver sua
mãe — ele falou, fazendo meu coração saltar. — O que acha?
— Nós... podemos? — perguntei um pouco desconcertada.
— Sim, então depois de a cumprimentarmos, podemos conhecer um
pouco de Búzios. — Ele piscou de um olho e eu quase morri.
Como ele poderia tratar algo assim com tanta naturalidade?
Rafael pareceu notar o meu desconcerto, mas não se deu ao trabalho de
perguntar sobre. Ele se inclinou e beijou meus lábios, em seguida me levou
em direção à cozinha.
Minha mente estava um turbilhão, então, não protestei quando ele me
sentou na bancada e começou a me servir o café.
Durante o café, senti os olhares de Rafael sobre mim. Ele parecia
analisar cada reação que eu tinha e isso apenas me deixava mais nervosa.
O que não era comum, mas era o poder que ele tinha sobre mim.
Quando terminamos, Rafael disse que cuidaria da cozinha e que as
minhas coisas estavam no closet. Não me espantei com isso, eu havia
deixado tudo no carro e o segurança o havia pegado na boate. Fui para o
quarto, usei o banheiro e coloquei um vestido leve que tinha escolhido para
passar o dia de hoje.
Terminei de me trocar e me virei, encontrando Rafael na porta.
— Está pronta?
— Você não precisa fazer isso — respondi, ignorando totalmente a sua
pergunta.
Rafael começou a dar passos em minha direção.
— Fazer o quê? — ele perguntou e parou à minha frente.
— Você sabe, ir comigo até a casa da minha mãe e...
— Eu quero. — Seu tom fez com que um arrepio percorresse todo o meu
corpo.
— Hm... tudo bem então — falei e assenti.
Rafael foi em direção ao closet e voltou alguns minutos depois, vestindo
uma roupa casual, mas sexy.
Uma camisa social preta e uma bermuda jeans.
Aquela era a prova viva de que aquele homem ficaria gostoso usando
qualquer coisa.
— Vamos? — ele perguntou, atraindo a minha atenção.
Seu sorriso sexy denunciou perfeitamente que eu havia sido flagrada,
mas quem ligava?
Eu balancei a cabeça e ele pegou as minhas coisas e veio até mim,
entrelaçando as nossas mãos, e me levou em direção à saída.
Depois de guardar minhas coisas no carro dele, Rafael abriu a porta para
mim e assumiu a direção em seguida. Passei a ele o endereço da minha mãe,
enquanto sentia o coração ficar cada vez mais agitado, conforme nos
aproximávamos do edifício onde ela morava.
Quando chegamos, Rafael seguiu me guiando da mesma forma, até
pararmos em frente à porta dela.
Em um movimento suave, soltei a mão de Rafael e toquei a campainha.
Aguardei ansiosa até que minha mãe abriu a porta.
A expressão dela foi uma mistura de felicidade e surpresa, não soube
identificar qual havia predominado naquele instante.
— Oi, mãe... ele é alguém que eu gostaria que conhecesse — falei e
desviei a atenção para Rafael. Naquele momento, entrei em pânico, ao
perceber que não havíamos combinado nada. — Ele é, bem...
Rafael deu um sorriso de lado, parecendo se divertir com a situação,
então estendeu a mão para a minha mãe.
— É um prazer conhecê-la, Lilian, eu sou Rafael Armani, o namorado de
Bianca.
— Namorado... Hum? — Minha mãe me olhou com o olhar cheio de
malícia, o que me fez corar de imediato. — Achei que ela tinha ido para casa
de Vivian, mas agora eu entendo tudo.
— Mãe... — falei, fazendo com que ela desse uma gargalhada suave.
— Entrem, por favor — ela falou e nos deu espaço para entrar.
— Eu prepararei algo gostoso para nós.
— De forma alguma, antes de saímos de casa eu entrei em contato com
um restaurante que gosto muito e pedi que preparassem alguns pratos e
entregassem aqui, assim podemos conversar com tranquilidade e aproveitar
o dia. Espero que não se importe — Rafael falou, surpreendendo até a mim.
— Filha... — Minha mãe olhou em minha direção. — Tenho que dizer,
que eu já gosto muito dele.
— Eu imagino que sim, mãe. — Sorri e balancei a cabeça em negativa.
— Já que teremos tempo o suficiente, me digam... como e quando se
conheceram?
Ao ouvir aquela pergunta, meus olhos foram automaticamente para
Rafael.
— Conheci Bianca na boate, ela tentou fugir de mim... claro. — Ele deu
um sorriso de lado e minha mãe arqueou as sobrancelhas. — Mas como o
destino estava a meu favor, ela foi parar na minha cobertura depois de meu
pai oferecê-la a ela.
— Oh... você é filho do Marcelo? — ela perguntou, surpresa.
— Sim, mãe, ele é.
— Então acompanhou de perto como Bianca tem passado — ela falou
sem conseguir esconder o sorriso. Eu e Rafael assentimos no mesmo
momento. — Não sabe como fico feliz por isso, em saber que Bianca tem
alguém com quem contar.
— Pode apostar, Lilian, eu farei tudo o que puder por ela — Rafael
falou, fazendo meu coração mais uma vez vacilar.
Naquele momento, eu já estava me perguntando se algum dia me
acostumaria com toda aquela intensidade.
Cerca de duas horas depois, a comida que Rafael havia pedido chegou,
nos sentamos para almoçar e permanecemos naquela conversa, matando toda
e qualquer curiosidade que dona Lilian pudesse ter.
Então, depois de uma sobremesa e tanto e mais algum tempo
conversando, eu e Rafael nos despedimos dela, prometendo que voltaríamos
juntos mais vezes, afinal, ela havia adorado conhecê-lo.
Deixei que Rafael me guiasse como sempre, mas quando ao invés de ir
em direção ao carro, ele foi na direção oposta, meus olhos foram
imediatamente para ele.
— Onde estamos indo? — perguntei, atraindo o olhar dele para mim.
— A praia é em alguns minutos daqui... — Ele me mediu com o olhar.
— Pensei que poderíamos dar uma volta, antes de voltarmos para minha
casa e passarmos o restante do dia lá.
— Oh... — respondi sem conseguir esconder o sorriso, ao perceber que
Rafael realmente parecia querer passar mais tempo comigo. — Claro, nós
podemos fazer isso.
CAPÍTULO 29
O som insistente do meu celular tocando fez com que eu acordasse mais
cedo do que o planejado. Meus olhos foram para o lado e encontrei Bianca
com os olhos em mim.
— Me desculpe por isso, volte a dormir — sussurrei para ela que apenas
me deu um sorriso manhoso.
Levei a mão no móvel ao lado da cama para pegar o celular e o levei no
ouvido.
— Oi? — Atendi sonolento.
— Rafael, onde está? — A voz do meu pai do outro lado da linha me fez
sentar na cama.
— Está tudo bem? — perguntei em alerta.
— Sim, mas preciso falar com você com certa urgência.
Ao ouvi-lo, meus olhos foram para o relógio na parede, constatando que
eram quase 06h.
— Estou em Búzios, mas irei para a capital em aproximadamente uma
hora — respondi e meus olhos voltaram para Bianca, que se sentou na cama
e manteve os olhos fixos a mim.
— Certo, eu vou te esperar em casa para conversarmos pessoalmente.
— Tudo bem, pai, nos vemos antes das 10h — falei e encerrei a ligação.
Coloquei o celular sobre o móvel ao lado da cama mais uma vez e me
voltei para Bianca, que apenas me olhava sonolenta. Levei a minha mão na
cintura dela e a puxei para meu colo.
— Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou, ajeitando as pernas sobre
mim.
— Depois desse final de semana incrivelmente gostoso, parece que é
hora de voltarmos à realidade — sussurrei ao mesmo tempo em que passei
as minhas mãos por baixo do tecido do baby-doll, acariciando sua pele nua.
O domingo havia sido incrível, depois de conhecer a mãe de Bianca e dar
uma volta na praia, nós voltamos para a minha casa e nos concentramos em
coisas simples, como assistir a um filme apenas nos recuperando de toda
aquela intensidade, curtindo um pouco a companhia um do outro.
E tinha que dizer, foi incrível.
Pude conhecer um pouco mais dela, ao mesmo tempo era gostoso
finalmente ter um momento nosso, sem que ela quisesse fugir de mim.
— Hm... — Bianca gemeu, manhosa, e se inclinou, ela passou os braços
em meu pescoço e deixou um selinho em meus lábios. — Tenho que revisar
o projeto para apresentá-lo hoje ao cliente, então, devemos ir.
— Como me pede isso, depois de gemer desse jeito gostoso? — dei um
rosnado suave, fazendo com que um sorriso se formasse nos lábios dela.
— E se for algo urgente? — ela perguntou, à medida que puxava o corpo
dela contra mim, esfregando sua boceta gostosa em meu pau, que ansiava
por ela.
— Mais urgente que isso? — A voz saiu mais rouca que o normal, ela
tremeu, o que me fez sorrir. — Princesa, ontem eu me dediquei apenas a
deixá-la se recuperar, mas eu preciso senti-la antes de voltarmos para a nossa
rotina.
— Você... É um safado — ela disse com a voz entrecortada.
Um sorriso se formou em meus lábios e eu fiz uma pressão maior sobre
ela, fazendo-a gemer gostoso.
— Não quer? — provoquei.
— Eu gosto da forma que você vem me corrompendo, Rafael — ela
sussurrou, ao mesmo tempo em que rebolou suavemente em meu colo.
Deslizei a minha mão pelas costas dela e a puxei para mim, desejando
senti-la mais uma vez.
Ela era incrível, eu sabia que nunca me cansaria disso.
— Tem certeza de que não quer que eu a leve? — perguntei ao mesmo
tempo em que desviei a atenção para Bianca. Eu havia acabado de estacionar
na entrada do edifício.
— Não, vou demorar um pouco para revisar o projeto, então pode ir
tranquilo, eu peço um carro no aplicativo — ela respondeu, firme.
— Vou pedir ao meu segurança para trazer o carro para você — falei e
pude ver o rubor em seu rosto.
Aquilo me fez dar um sorriso de lado.
— Obrigada.
— Me ligue, caso precise de qualquer coisa — falei e levei a mão no
rosto dela. Bianca apenas balançou a cabeça em positivo.
Eu deslizei a minha mão para a nuca dela e a puxei para um beijo lento, a
mão dela foi para o meu braço e ela correspondeu na mesma intensidade.
Encerrei o beijo, deixando alguns selinhos em seus lábios e depois de me
presentear com um sorriso sexy, ela levou a mão na maçaneta do carro e
saiu.
Permaneci com os olhos fixos nela, enquanto ela ia em direção à entrada
do edifício. Quando ela sumiu da minha vista, dei partida no carro e segui
para a casa do meu pai.
Ele geralmente não era de me ligar assim, então sabia que algo havia
acontecido.
Cerca de dez minutos depois, estacionei na garagem da casa dos meus
pais. Cheguei e toquei à campainha, sendo recebido com um abraço apertado
da minha mãe.
— Oh, querido, que saudades de você — ela falou quando nos
afastamos.
— Também, mãe — falei e passei pelo espaço que ela me deu para
entrar. — Tenho uma novidade que vai te deixar animada.
Dona Sônia fechou a porta e começamos a andar em direção à sala.
— Seu pai me contou, está namorando a filha do Carlos — ela falou em
total animação, fazendo minha boca se curvar em um sorriso. — Não
imagina a felicidade que me deu ao saber, eu pensei que você nunca mais
namoraria sério depois de Raquel... — Minha mãe levou a mão à boca no
instante em que eu fiz uma careta.
— Tudo bem, mãe, apenas vamos nos concentrar nas coisas boas.
— Me desculpe, eu realmente me empolguei. — Ela deu aquele sorriso
característico de quando cometia alguma gafe, o que me fez acompanhá-la.
— Meu pai está no escritório? — perguntei, mudando o rumo da
conversa.
— Sim, querido, ele está te esperando — ela falou e parou para me olhar.
— Levarei um café para vocês em alguns minutos.
Apenas balancei a cabeça e dei um beijo em sua bochecha, antes de
seguir em direção ao escritório. Dei uma batida na porta antes de abri-la,
encontrando o meu pai concentrado em seu notebook.
Os olhos dele foram ao meu encontro quando fechei a porta atrás de nós.
— Rafael... — ele falou e se levantou, em seguida foi em direção às
poltronas que ficavam ao lado esquerdo do escritório. Eu caminhei em
direção a ele. — Sente-se.
— O que está acontecendo, pai? — perguntei e me sentei na poltrona de
frente para ele.
— Você nem imagina — ele falou, parecendo um pouco aéreo. — Me dê
apenas alguns instantes e você descobrirá.
Arqueei as sobrancelhas e apenas o observei desviar a atenção para o
celular por alguns instantes. Logo, meu telefone começou a tocar.
O tirei do bolso constatando um número que não conhecia, recusei a
chamada, mas no minuto seguinte o telefone voltou a tocar.
— Atende. — Meu pai pediu e eu apenas o olhei por um momento antes
de seguir o pedido do meu pai.
— Rafael... — A voz que pairou do outro lado da linha me fez sentir um
frio na espinha.
Meus olhos foram para o meu pai, e eu me vi incapaz de respondê-lo.
Afinal, não era possível ser a pessoa que veio em minha mente quando ouvi
aquela voz.
— É exatamente quem você está pensando. — O homem voltou a falar
no momento em que não respondi.
— Carlos? — perguntei, incrédulo. Naquele instante, meu coração quase
saiu pela boca. — Como isso...
— É uma longa história, Rafael, e eu prometo te contar em breve — ele
falou, sério. — Por ora, eu preciso apenas que saiba de algo muito
importante.
— Estou ouvindo — falei e me endireitei na cadeira, apenas sentindo o
olhar do meu pai sobre mim.
— Desde que tudo aconteceu estou em Nova Iorque, precisava
confirmar que o meu acidente no helicóptero foi criminoso — ele falou,
fazendo-me arquear as sobrancelhas. — E agora que tenho tudo em mãos
estou voltando, além do mais, soube por seu pai que você e Bianca estão
juntos, preciso que prepare ela para isso.
Levantei-me da poltrona naquele instante.
— Quando você volta?
— Amanhã... Queria contar a Bianca pessoalmente, mas não sei como
ela reagiria ao descobrir que estou vivo, confesso que estou receoso. Nem
mesmo sei se realmente deveria prepará-la. — Ele deu um sorriso fraco.
— Está brincando? O sonho dela era ter conhecido você... consigo sentir
isso a cada vez que ela fala em seu nome. — Fiz questão de enfatizar aquilo,
não tinha dúvidas de que Bianca nunca o julgaria. — Ela precisa saber.
— Você está certo — ele concordou alguns instantes depois.
— Então deixei comigo, eu cuido das coisas por aqui.
— Obrigado, meu amigo — Carlos falou e eu senti uma alegria fora do
comum em ouvir aquelas palavras. — Estou realmente feliz em saber que
você e Bianca estão juntos.
— É bom ouvi-lo me chamando assim mais uma vez — falei e desviei o
olhar para o meu pai, que estava com um sorriso no rosto.
— Nos vemos em breve — Carlos falou e eu encerrei a ligação.
Meu pai se levantou da poltrona e veio em minha direção.
— Há quanto tempo sabe disso? Como... como aconteceu?
— Eu descobri hoje — meu pai respondeu. — Estou tão feliz e surpreso
quanto a você.
— Meu Deus... Isso... — falei, ainda tentando assimilar.
— César Augusto estava com Carlos, ele o resgatou na queda. Todos o
decretaram como morto, e ele apenas deixou que continuasse assim,
plantando provas para que aquela teoria fosse confirmada, já que o
helicóptero pegou fogo.
— Que loucura. E por que Carlos demorou tanto para aparecer?
— Vou te contar tudo, sente-se, filho — meu pai falou e eu apenas
assenti.
Estava realmente em choque com aquela informação e, então, ouvi com
atenção a explicação do meu pai. Pude entender os motivos que levaram
Carlos a demorar tanto para aparecer e descobri que, afinal, Bianca estava
certa quando suspeitou que, talvez, algo pudesse estar errado naquele
acidente.
Realmente estava.
Aquilo era insano, mas eu estava feliz por Carlos, um velho amigo, e por
Bianca que poderia ter a oportunidade de conhecer o grande homem que era
o seu pai.
Depois de todo aquele choque, eu me despedi dos meus pais e fui em
direção ao meu carro. Estava pronto para ir embora quando percebi que
Bianca havia me mandado uma mensagem, eu a abri e franzi as sobrancelhas
ao ler.
Bianca: Precisamos conversar, mas terei que ir ao edifício apresentar o
projeto ao senhor Oswaldo para finalizar a obra. Então, estarei em casa.
Quando você estará de volta?
Aquela mensagem estava séria demais. Olhei para o relógio constatando
que era pouco mais de 12h30, pelos meus cálculos, Bianca ainda estava
lidando com o projeto que comentou.
Peguei o telefone e liguei para ela, mas ela não atendeu. Então, procurei
em minha agenda o telefone de Luiz, e o coloquei para chamar ao mesmo
tempo que dei partida no carro.
— Grande Rafael — Luiz falou ao atender.
— Luiz, você está com Bianca? — perguntei sem fazer rodeios.
— Ah, não... ela foi com Patrícia e Melanie a obra para apresentar o
projeto ao cliente.
— Certo, pode me enviar o endereço?
— Claro, em um instante — Luiz falou e eu apenas encerrei a ligação.
Alguns instantes depois, recebi a mensagem de Luiz com o endereço.
Felizmente, era perto de onde eu estava, então, segui dirigindo até lá.
Eu já ansiava loucamente por conversar com ela sobre tudo o que eu
acabara de descobrir, e depois daquela mensagem séria, senti que algo estava
errado e se realmente estivesse, eu precisava descobrir.
CAPÍTULO 30
Rafael era um homem incrível.
Não me lembrava de me sentir tão bem na companhia de outra pessoa,
não me lembrava de sentir o total interesse de um homem sobre mim e sobre
tudo que me envolvia, assim como Rafael tinha feito em tão pouco tempo.
No domingo, ele se dedicou totalmente a mim, e eu gostei muito daquilo.
Depois que ele me deixou na cobertura eu peguei o meu notebook e me
concentrei em checar os slides para a apresentação do projeto. Patrícia havia
combinado com senhor Oswaldo de nos encontrar no edifício às 11:30h para
que pudéssemos apresentar os projetos que fizemos.
Estava empolgada com isso.
Totalmente concentrada na tela do computador, levei um susto quando a
campainha tocou. Meus olhos foram em direção ao relógio da sala,
constatando que era quase 11h00. Me levantei e fui em direção à porta.
Parei em frente ao visor para checar quem era, mas estava apagado.
Então, eu apertei um ou outro botão tentando ligá-lo sem sucesso, quando a
campainha tocou mais uma vez, eu optei pela opção mais rápida.
Levei a mão na maçaneta da porta e antes de abri-la, algumas batidas se
fizeram presentes.
— Rafael, eu sei que você está aí. — Ouvi uma voz feminina e
estranhamente familiar.
Franzi as minhas sobrancelhas e abri a porta, confirmando a minha
suspeita. Quem estava ali, era ninguém mais, ninguém menos do que
Patrícia.
— Oi? — falei, arqueando as sobrancelhas para ela.
— Hm... o que está fazendo aqui? — ela perguntou, visivelmente
surpresa.
— Eu estou morando aqui — falei, observando seu semblante mudar.
— Está morando com o Rafael? — ela perguntou, e eu apenas balancei a
minha cabeça positivamente, medindo-a com o olhar.
— Ele teve que sair, quer deixar algum recado?
— Não... Eu te vejo então na empresa em alguns minutos? — ela
perguntou, desconcertada.
— Nos vemos na obra, vou direto para lá.
— Certo... Então, eu te vejo lá — Patrícia falou e se virou em seguida,
indo visivelmente abalada em direção ao elevador.
Eu permaneci ali a observando até que ela saiu da minha vista, e aquilo
definitivamente foi estranho.
Até o momento, eu pensava que Patrícia tinha interesse por Rafael, ou
uma queda bem grande, mas, de repente, vendo-a aparecer aqui dessa forma,
me fazia pensar que havia algo mais nessa história. Algo que Rafael não fez
questão de contar para mim.
Com isso em mente eu entrei e fechei a porta. Fui em direção ao
notebook, tendo a certeza de que estava tudo pronto para a apresentação e
depois de enviar uma cópia para o e-mail de Patrícia eu o desliguei.
Em seguida fui me trocar para ir à empresa.
Quando terminei, peguei a minha bolsa pronta para ir ao local
combinado. Mas antes de sair de casa, eu peguei o meu celular para chamar
um motorista de aplicativo e ao finalizar resolvi mandar uma mensagem a
Rafael.
Não conseguiria falar com ele no momento, mas precisava deixá-lo
ciente de que algo estava errado.
Eu: Precisamos conversar, mas terei que ir ao edifício apresentar o
projeto ao senhor Oswaldo para finalizar a obra. Então, estarei em casa.
Quando você estará de volta?
Eu estava cansada.
O motorista que eu havia chamado teve um problema e cancelou a
corrida, e o que veio em seguida, parecia usar aquele aplicativo como um
hobby apenas para passear, afinal, o homem estava andando a míseros 30 km
por hora.
Para piorar, tive que subir vinte andares pela escada.
Quando entrei pela porta do terraço, avistei Patrícia, Melanie, senhor
Oswaldo e uma senhora conversando no centro.
Eu me apressei para ir ao encontro deles.
— Estávamos esperando por você — Melanie falou quando seus olhos se
fixaram em mim.
— Oh, me desculpem, o motorista acabou se atrasando um pouco —
falei, ofegante. Patrícia me mediu com o olhar.
— Sem problemas, querida, acontece — senhor Oswaldo falou. —
Deixe-me apresentá-la. Essa é minha esposa, Lurdes.
— Olá, é um prazer, dona Lurdes — falei e a cumprimentei com um
aperto de mão.
— Bem, podemos começar agora — Patrícia falou, atraindo a atenção de
todos.
— Luiz não veio? — perguntei ao passar os olhos mais uma vez pelo
local.
— Não, ele tinha uma reunião — ela falou, seriamente. — Hoje seremos
apenas nós. Melanie quis nos acompanhar para ver como funcionam os
projetos.
— Ótimo — falei e forcei um sorriso.
Senhor Oswaldo e dona Lurdes caminharam pelo terraço e se sentaram
nas cadeiras em frente a um projetor que estava alinhado. Melanie ficou em
pé apoiada em uma parede próximo ao cenário, enquanto Patrícia ligou o
notebook e alguns minutos depois, começou a apresentar a todos a sua ideia
de projeto para aquele lugar.
Patrícia focou em todos os aspectos elegantes e com acessórios
luxuosos. Algo que eu particularmente não gostei, afinal, não diferenciava
muito do que Oswaldo veria por todo o prédio.
Tudo sofisticado demais.
Ao montar o meu projeto, levei em consideração na confissão de
Oswaldo quando tivemos aqui, esse espaço estava sendo projetado para que
ele e a mulher dele pudessem ter um lugar só deles.
E pensando que ele era um senhor de um pouco mais de sessenta
anos, optei pela decoração mais simples e aconchegante, sem perder a
elegância. Mas no meu ponto de vista não poderia ser apenas isso, afinal, o
gostoso de ter um local aberto era o contato com a natureza, era se sentir
bem e em casa, mesmo não estando totalmente em um jardim.
E foi isso que eu trouxe para o projeto e expliquei em cada detalhe,
qual era a minha intenção.
— Querido, isso é perfeito! — dona Lurdes disse, animada. — Era
exatamente o que eu queria, esse lugar fará os meus dias melhores.
— Você quem decide, meu amor, eu confesso que também fiquei
muito satisfeito — senhor Oswaldo falou e sua mulher apenas assentiu.
Procurando dar mais privacidade a eles, fui em direção a Patrícia e
Melanie.
— Fez um bom trabalho — Patrícia falou e forçou um sorriso.
Apesar de ela tentar disfarçar bem sua insatisfação, para mim era
bem visível.
— Obrigada — falei, seriamente, e olhei para Melanie. — O que tem
achado desse ramo?
— Parece interessante. — Melanie me mediu com o olhar. — Eu
optaria por algo aconchegante e mais próximo à natureza também.
Estudei Melanie com o olhar quando ela disse aquelas palavras, mas
antes que eu pudesse respondê-la meu telefone começou a tocar. Abri a bolsa
e constatei que se tratava de Rafael.
— Meninas. — A voz do senhor Oswaldo pairou pelo ar, silenciei o
aparelho e dei uma última olhada a Melanie antes de me virar em direção a
ele. — Estou muito satisfeito com o projeto, eu e minha esposa optaremos
pelo segundo. Definitivamente, será uma bênção ter um espaço tão
aconchegante.
— Oh... eu fico muito feliz com isso — falei sem conseguir conter a
animação de conseguir agradá-los.
— Bem... — Patrícia falou, chamando a nossa atenção. — Ficamos
felizes por escolher a nossa empresa, eu avaliarei com cautela e nos
próximos dias consigo dar um parecer sobre finalizar o paisagismo no
mesmo dia em que a obra será entregue a vocês.
— Foi um prazer — senhor Oswaldo falou. Em seguida a sua esposa
se aproximou.
— Obrigada, meninas, nós vamos aguardar ansiosamente — dona
Lurdes falou e nós apenas balançamos a cabeça concordando.
Então, enquanto conversavam, o casal apenas se despediu
brevemente e seguiu em direção à saída. Desviei os meus olhos no minuto
seguinte para as meninas.
— Melanie — falei, atraindo a atenção dela para mim.
— Sim?
— Posso perguntar algo antes de ir?
— Diga — ela falou, seriamente. Patrícia apenas se afastou e foi em
direção à mesa onde estava o seu notebook.
Então, voltei a olhar para Melanie.
— Na primeira vez em que eu te vi... — comecei, enquanto a cena
que ela fez no velório pairou em minha mente. — Hm... você disse que
precisava de mais tempo com o nosso pai, o conhecia há quanto tempo? —
perguntei, sentindo o olhar dela mudar.
Naquele instante, percebi que apesar de sua tentativa de
aproximação, não deveria ter perguntado sobre esse assunto.
— Uma semana... Por que essa pergunta de repente? — Ela me
mediu com o olhar.
— Eu não o conheci, queria saber um pouco mais sobre ele.
— Não perdeu muita coisa — ela falou e eu franzi as sobrancelhas.
— Como assim?
— Eu o vi e uma semana depois recebi a notícia que ele havia
morrido, então era melhor não ter o conhecido — ela falou com aquele
mesmo jeito grosseiro de sempre.
Algo em seu tom de voz me incomodou. Não sabia se estava ficando
louca, mas podia jurar que a pergunta a deixou nervosa.
— Me desculpe, mas não quero falar sobre isso, ainda é recente
demais, então vamos deixar essa conversa para outro momento — ela
continuou a falar alguns instantes depois. Em seguida foi em direção a
Patrícia.
Sem querer dar espaço para os pensamentos incertos que queriam me
atormentar, caminhei em direção a Patrícia e Melanie, a fim de sair dali.
— Já estão indo? — perguntei, atraindo a atenção delas para mim.
— Farei algumas observações com Melanie sobre a obra, você pode
ir se quiser — Patrícia falou e eu franzi as minhas sobrancelhas.
Patrícia realmente era uma mulher estranha, ela mudou totalmente o
comportamento comigo depois de descobrir que eu e Rafael estávamos
juntos. Não havia motivos para isso, e eu queria dizer a ela. Porém, resolvi
me segurar, primeiro eu gostaria de conversar com Rafael.
Então, forcei um sorriso a ela, fazendo vista grossa.
— Claro, eu vou para casa... Qualquer dúvida sobre o projeto pode
me ligar.
— Certo — Patrícia falou e eu apenas assenti e me virei.
Caminhei em direção à escada, apenas pensando em milhares de
degraus a descer.
— Deveria usar o elevador, Bianca, escadas e salto alto não são uma
boa combinação. — A voz de Melanie ressoou atraindo a minha atenção. Eu
me virei para ela, encontrando a seriedade de sempre.
— Pensei que ainda não estivesse liberado — falei e olhei em direção
a ele.
— Eu o usei para subir, eles tiraram a placa — ela falou, e eu apenas
segui os olhos, percebendo que de fato não havia mais avisos sobre o
elevador.
— Obrigada — falei e apertei o botão para acioná-lo.
Não demorou para que a porta se abrisse. E naquele instante meu
telefone voltou a tocar, eu o tirei da bolsa e resolvi atender.
— Rafael... — falei baixo o suficiente para não ser ouvida pelas
meninas e entrei no elevador.
— Onde você está? — ele perguntou sem rodeios. Franzi minhas
sobrancelhas e antes de eu pudesse responder, um solavanco fez com que
meu corpo fosse para frente.
— Oh, meu Deus! — disse, sentindo o coração entrar em
descompasso, ao sentir outro solavanco.
— Bianca? — A voz desesperada de Rafael chamou a minha
atenção.
— Eu estou no elevador, tem algo muito errado... Ele... ele... —
minha voz falhou quando ouvi um barulho estranho.
— Princesa, fala comigo. — A voz de Rafael soou em desespero.
— Céus, o elevador está despencando, Rafael. — Foi a última coisa
que consegui falar antes de eu cair no chão, com as mãos no piso.
Peguei o celular em desespero e constatei que o bendito havia
desligado.
Levei a mão nos botões do elevador e tentei abrir a porta. Mas foi
uma tentativa em vão, ela fez o movimento para abrir, mas travou com uma
pequena fresta.
O barulho se tornou maior e o desespero tomou conta.
Forcei-me a levantar, olhei para as mãos trêmulas e senti a minha
vista ficar cada vez mais embaçada.
Precisava me manter firme e consciente.
Pude ouvir o barulho de algo sendo forçado contra o elevador e como
uma grande alucinação, de forma vaga, vi a porta sendo arrebentada. Na
minha frente, estava o único homem que desejava ver, com um pé de cabra
fazendo todo aquele estrago antes de vir em minha direção.
Céus, eu certamente estava tendo uma das melhores alucinações. Foi
o que pensei, antes de desmoronar, nos braços do único que poderia me
salvar.
Minha válvula de escape.
CAPÍTULO 31
No momento em que Bianca atendeu ao telefone eu estava chegando
ao décimo segundo andar pelas escadas, a ponto de desistir ao imaginar que
ainda tinha muitas escadas a subir.
Logo, o desespero presente na voz de Bianca me apavorou.
Comecei a correr feito um louco quando ela disse que havia algo
errado com o elevador, amaldiçoando a segurança da obra por não deixar
isso claro, afinal, foi uma das primeiras coisas que o rapaz que estava na
portaria me informou.
A porra do elevador precisava de ajustes.
Minha cabeça girou e o desespero tomou conta no momento em que
a ligação se encerrou. Sem saber ao certo o que tinha acontecido, fui o mais
rápido que pude pelos degraus.
Quando meus olhos avistaram um pé de cabra e um martelo em um
dos corredores, eu os peguei e segui para o último andar. Abri a porta
daquele terraço e avistei logo Patrícia e Melanie próximo ao elevador.
— Saiam da frente! — gritei enquanto corria em direção a elas.
Agradeci aos céus por pensar rápido e pegar aquele pé de cabra
quando o vi. Pois foi exatamente ele que encaixei no vão que havia na porta
e exerci toda a minha força para tentar abrir aquela porta.
Por um momento, pensei que não fosse conseguir, mas o grito
desesperado de Bianca me fez apoiar com toda a força e arrebentar aquela
porta, de forma que nem pensei ser possível.
Segundos depois, Bianca desmoronou em meus braços, eu a peguei e
a puxei para fora do elevador.
— Jesus! — falei com o susto do equipamento começar a descer
descontrolado, enquanto o freio tentava o parar. Foi questão de segundos, até
que um baque realmente grande o atingiu.
Meus olhos foram afoitos para Bianca, e eu levei a mão no rosto
dela.
— Princesa... por favor, acorda — pedi em desespero, em seguida
olhei para onde Patrícia e Melanie se encontravam imóveis. — Preciso de
álcool, agora.
— Temos aqui — Patrícia falou e, em alguns instantes, entregou para
mim um vidro de álcool 70%. Borrifei um pouco na manga do meu blazer e
o levei no nariz de Bianca.
Alguns instantes depois, dois dos rapazes que estavam na portaria
apareceram afoitos.
— O que aconteceu? — perguntaram, chamando a atenção.
— Eu... eu... — Melanie começou a gaguejar. — Achei que.... Eu
achei que o elevador estivesse funcionando.
— Meu Deus, senhorita, estamos avisando constantemente que o
acesso tem sido apenas pela escada, ou o elevador do lado oposto no andar
debaixo.
— Oh... eu me confundi — respondeu em desespero.
— Mas isso poderia acontecer? Digo, como podem negligenciar algo
desta forma? — perguntei, sem paciência.
— Não deveria, senhor, o equipamento não está devidamente
instalado, mas não era para ter acontecido isso, iremos averiguar — o
segurança explicou, sério.
No instante seguinte, meus olhos se voltaram para Bianca, que tossiu
um pouco e os olhos foram para mim desorientada.
— O que aconteceu? — perguntou com a voz fraca. — Rafael...
— Sim, princesa, eu estou aqui — falei e a ajeitei em meu colo.
Bianca se sentou e piscou algumas vezes. — Como está se sentindo?
— Acho que foi a tensão do momento, mas estou bem — respondeu
e passou os olhos pelo local.
— Vou levá-la ao hospital — falei, firme, e a incentivei a levantar.
Bianca ficou em pé, apoiando-se em mim enquanto voltava a si.
— Não precisa, eu estou bem... foi só um susto.
— Eu preciso ter certeza disso, então, não discuta comigo — insisti,
autoritário. Bianca me olhou e um sorriso se formou nos lábios dela.
Então, meus olhos foram para os seguranças que continuavam ali.
Tirei um cartão do bolso e estendi para eles.
— Esse é o meu contato, quero que averiguem tudo e entrem em
contato comigo — falei, sério à medida que olhava para Melanie e Patrícia
que estavam pálidas. — E vocês, o que estavam fazendo aqui?
— Bianca foi na frente, nós ainda íamos dar uma olhada no lugar...
Patrícia queria me mostrar como era o trabalho de uma paisagista desde o
início.
Olhei para Bianca naquele instante, ela apenas balançou a cabeça,
confirmando aquela informação.
— Por favor, me leve para casa, eu realmente não quero ir a um
hospital — Bianca pediu e eu a medi com o olhar.
— Tudo bem, princesa, mas eu ligarei para um médico de confiança
para examinar você.

— Então, doutor, como ela está? — perguntei ainda com o coração


na mão.
Doutor Rogers sorriu amigavelmente e desviou o olhar para mim.
— Ela está bem, Rafael, não bateu a cabeça e os sinais vitais estão
ótimos. Ela certamente desmaiou pelo susto, então, hoje apenas a deixe
descansar.
— Tem certeza? — perguntei e ele balançou a cabeça em
concordância.
— Eu te disse, estou bem — Bianca falou, atraindo a minha atenção.
— É isso, mocinha, agora apenas se mantenha longe de perigos —
doutor Rogers, fazendo-a dar uma risada suave.
Naquele momento, meu coração ficou em paz, ela estava realmente
bem.
— Obrigado, doutor — falei e ele me cumprimentou com um aceno
de cabeça.
— Precisando estamos à disposição, te vejo por aí, Rafael —
despediu-se, então o olhar foi para Bianca. — Qualquer coisa não hesite em
entrar em contato.
— Obrigada — ela respondeu.
Então, eu acompanhei o médico. Mais uma vez, eu confirmei que
tudo estava bem antes de ele ir embora, com um sorriso no rosto.
Estava voltando para o quarto quando meu telefone começou a tocar.
Eu o peguei constatando que era Carlos. Meus olhos foram para Bianca e eu
atendi, sabendo que da distância que estávamos, ela não ouviria a ligação.
Precisava dizer a ele que tudo estava bem, afinal, eu havia o
informado sobre o ocorrido.
— Como ela está? — A voz preocupada de Carlos ressoou no
momento em que levei o celular ao ouvido.
— Bem, não se preocupe... te mantenho informado — respondi,
sério.
— Tudo bem, mais uma vez obrigado, Rafael — Carlos falou e eu
apenas encerrei a ligação.
Em seguida, caminhei em direção à cama. Bianca se sentou e seus
olhos permaneceram fixos aos meus.
Sentei-me ao lado dela e segurei a sua mão.
— O que foi? — ela perguntou e franziu as sobrancelhas.
— Princesa, a algo que eu tenho que contar... algo que é
inacreditável, mas tenho certeza de que ao mesmo tempo será a melhor
notícia que receberá.
Bianca suspirou ansiosa e suas mãos apertaram as minhas.
— Por favor, me conte logo, eu não aguento esse suspense — ela
falou e forçou um sorriso.
— É o seu pai, Bianca... Carlos está vivo.
CAPÍTULO 32
Meu coração quase saiu pela boca ao escutar as palavras de Rafael.
— O que você disse? — perguntei, a voz entrecortada.
A mão de Rafael veio para o meu rosto e, em seguida, ele o acariciou
suavemente com o polegar. Um aperto se formou em meu peito, junto com
uma sensação que eu quase não conseguia segurar.
— Você estava certa em suspeitar sobre o acidente do seu pai,
realmente foi algo criminoso e... — ele interrompeu a fala no momento em
que foi impossível para mim guardar o sentimento.
— Do que está falando, Rafael? — perguntei enquanto lágrimas
invadiram totalmente o meu rosto. — Não... não brinca comigo desse jeito.
— É sério, eu falei com Carlos hoje... Ele está vivo.
Levei as duas mãos no rosto enquanto chorava entre soluços. Não
poderia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Como isso era
possível? Como ele poderia estar vivo?
Senti as mãos de Rafael me envolverem completamente. Naquele
instante, ele me deu exatamente o que eu precisava, um abraço apertado,
enquanto eu desabava em seus braços.
Depois de um tempo incalculável, eu me afastei de Rafael. Minhas
mãos foram firmes para o seu peito e eu procurei o olhar dele de forma
afoita.
— Ele realmente está vivo? — perguntei em um som inaudível.
Por um momento, eu senti esperança de poder de fato conhecer o
meu pai. E para me abalar ainda mais Rafael balançou a cabeça
positivamente.
— Creio que ele vá te explicar tudo, mas preciso que guarde esse
segredo. Ninguém sabe, apenas o meu pai, eu e você.
— Oh... foi por isso que Marcelo te ligou — concluí.
— Sim.
— Onde ele está? Preciso vê-lo — falei, fazendo menção a me
levantar, mas Rafael me impediu.
— Ele está em Nova Iorque — Rafael disse, em seguida se inclinou e
deixou um beijo em minha testa. Então, seus olhos estavam em mim mais
uma vez. — Por ora, apenas descanse, princesa, meu pai marcou uma
reunião com todos na empresa amanhã e será lá que Carlos aparecerá.

Estava ansiosa.
Durante a noite, minha cabeça estava em meio a um turbilhão de
emoções, ainda não conseguia acreditar que meu pai realmente estava vivo.
Minha ficha cairia apenas quando eu o visse.
Eu tinha tantas perguntas e queria apenas entender de fato o que
aconteceu, por isso desde às 12h30 eu estava pronta apenas esperando. A
reunião havia sido marcada para as 14h e eu mal consegui comer.
Faltando trinta minutos, eu e Rafael fomos em direção à empresa.
Chegando lá, nós cumprimentamos Marcelo, e entramos.
— Olá, Bianca, tenho que dizer que estou curioso para saber o que
estão aprontando — Luiz falou com um sorriso simpático. Então, meus
olhos foram para Ricardo, que assim como da outra vez que nos vimos,
olhava-me com desdém.
Voltei o olhar para Luiz e apenas forcei um sorriso para ele, antes de
seguir com Rafael e me sentar. Naquele momento, eu não confiava em
ninguém.
Rafael havia sido claro quando disse que o acidente do meu pai havia
sido criminoso, e eu acreditava que a pessoa responsável certamente estava
nessa sala.
Então, assim como Rafael disse naquela noite, não me deixei confiar
em ninguém.
Passei os olhos pela sala, observando as cadeiras quase todas
ocupadas. Havia alguns parentes que eu não cheguei a conhecer, acionistas e
pessoas influentes na empresa.
Alguns minutos depois, passou pela porta Patrícia e Melanie. As duas
caminharam juntas e se sentaram nas cadeiras vazias.
Elas pareciam mais unidas do que nunca.
Era engraçado, talvez devesse ser nós duas juntas naquele momento
para vibrar pela vida do nosso pai. Mas acreditava que isso nunca
aconteceria.
Nosso relacionamento certamente seria restrito, mesmo que Carlos
estivesse de volta.
— Olá, boa tarde a todos — Marcelo falou atraindo a atenção dos
que se encontravam ali. — Como todos estão presentes, podemos começar a
reunião.
— Marcelo, do que exatamente se trata isso? — Ricardo perguntou e
um suspiro escapou dos meus lábios. — Você sabe que tempo é dinheiro,
espero que não seja alguma bobagem.
— Apenas espere, Ricardo, logo você saberá.
— O suspense é grande — Patrícia falou, seus olhos foram para mim
e Rafael.
Tentei não focar nisso.
Rafael entrelaçou as nossas mãos por baixo da mesa e eu o olhei,
antes de voltar a atenção para Marcelo. Os olhos dele passaram por todos na
sala, então ele caminhou em direção à porta e a trancou.
— Tudo pronto, pode entrar — Marcelo falou em alto e bom som.
Algumas pessoas ficaram confusas, mas no instante seguinte a porta
de acesso do lado oposto se abriu.
Meu coração entrou em descompasso, enquanto o homem que eu vira
em fotos, em jornais e revistas entrava por aquela sala, de forma audaciosa e
triunfal.
Murmúrios se fizeram presentes, enquanto eu apenas seguia
admirando-o sem acreditar.
Tinha que admitir, ele estava exatamente igual as fotos. Talvez um
pouco mais magro, mas aparentava ter seus quarenta e cinco anos, sem
contar que chamava a atenção sem fazer esforço em um terno de alta costura
e óculos escuros.
— Ai, meu Deus! — Patrícia foi a primeira a se pronunciar. —
Como... como isso é possível?
— Boa tarde a todos — ele falou, tirou os óculos e os colocou na
blusa.
Em seguida, os olhos foram para todos na sala. Demorando um
tempo maior com os olhos em mim.
Meus olhos se encheram de lágrimas e eu estava a ponto de desabar.
Apesar de não dizer uma palavra sequer, senti naquele momento que tudo o
que estava naquele diário era real, o seu amor por mim.
Carlos desviou o olhar e continuou a sua ronda por todos na sala.
— Sei que muitos estão se perguntando como isso é possível e eu irei
contar, porém, preciso que façam silêncio — ele pediu, seriamente. Logo,
aqueles murmúrios questionadores e incrédulos foram cessando. — Estava
voltando de Nova Iorque quando o acidente aconteceu, mas tudo foi de
forma estranha. Para o azar da pessoa que queria que eu tivesse morrido
nesse acidente, eu estava acompanhado de César Augusto, um amigo e o
melhor detetive particular que conheço. Então, ao perceber que aquilo que
passamos não era uma falha mecânica qualquer, conseguiu me tirar de lá
antes que o helicóptero explodisse. Ele pensou rápido, não sei se eu teria
agido assim, me levou para uma casa no meio da floresta que caímos e
conseguiu ajuda sem levantar suspeitas. Ali, enquanto eu estava
desacordado, ele cuidou de mim. — Carlos começou a andar pela sala,
enquanto todos permaneciam apenas o escutando. — Eu fiquei duas semanas
em coma, um médico de confiança de César cuidou de mim, até que eu
acordei. Foi quando tomei ciência de como as coisas estavam. Notícias que
eu desconhecia, uma mulher que eu não conhecia alegando ser minha filha.
— Seu olhar foi duramente para Melanie, naquele instante meu coração
vacilou. — Melanie, eu não sei os seus motivos, mas acredito que pela
ganância, seja por dinheiro ou poder. Mas posso lhe afirmar que pagará por
tudo, por falsidade ideológica e por tentativa de assassinato.
— Do... do que está falando? — Melanie perguntou, a voz
entrecortada. — Você conhecia a minha mãe.
— Eu nunca estive com ela, nunca — ele frisou.
— Meu Deus! — sussurrei, sentindo o aperto de Rafael em minhas
mãos ainda mais fortes.
— Achou que eu não descobriria que esteve em contato com o rapaz
da equipe que vistoriou meu helicóptero? Achou que eu não acharia as
transferências em dinheiro ou que eu não conseguiria uma confissão? Não
faça a boa moça, Melanie, seu destino já está traçado.
Meus olhos foram para Melanie, enquanto as pessoas na sala
começaram mais uma vez os murmúrios. Ela se levantou, parecendo fora de
si.
Não consegui conter as lágrimas, ao descobrir que a culpada por
tudo, era a mulher que chegou gritando no velório, sobre como era injusto
Carlos morrer daquela forma.
No instante seguinte, Carlos abriu a porta por onde ele entrou e dois
policiais passaram por ela.
— Não... não vai me prender — ela gritou e deu alguns passos para
trás. Mas foi em vão, os policiais foram até ela e, sem demora, a algemaram.
— Você... — ela voltou a gritar quando passou por Carlos. — Você é um
verme. Um verme que não se importa com os sentimentos das pessoas, foi
por isso que eu fiz o que fiz.
— Do que está falando, garota? — ele perguntou, sem paciência.
— Não faz ideia, não é? Você é o culpado da morte da minha mãe.
— Oh... eu não tenho nada a ver com isso, eu soube do acidente e
sinto muito, mas isso não a livrará de...
— Ela se suicidou. Depois de tentar falar com você, ela... — Melanie
começou a chorar, e eu fiquei simplesmente sem palavras com tal revelação.
— Mas você não se importa, não é? Sua única preocupação é a sua querida
filha com aquela mulher que nunca deu valor a você.
— Por favor, apenas levem-na daqui — Carlos pediu, visivelmente
abalado com aquela declaração. Então os olhos dele foram para todos. — Sei
que muitos esperam conversar comigo, mas encerrarei essa reunião por aqui,
e conforme eu me ajustar, falo com cada um de vocês.
Ao dizer aquelas palavras, Carlos olhou para Marcelo, que abriu a
porta de saída. As pessoas que ali estavam, começaram a sair atordoadas,
seguindo o que Carlos falou, sem tentar uma conversa com ele.
Ele se encostou na parede, observando as pessoas passarem, e eu
tomei coragem para me levantar com a ajuda de Rafael.
Aquilo havia sido intenso demais.
Estava indo em direção à porta quando os olhos dele encontraram os
meus. Parei no meio do caminho e pude ver os olhos dele cheios de
lágrimas. Mordi o lábio inferior, tentando conter as lágrimas, quando ele
veio em minha direção.
Rafael se afastou e, no momento seguinte, eu senti as mãos de Carlos
me abraçarem fortemente.
— Minha menina — ele falou com a voz embargada. — Minha
querida menina, me perdoe por fazê-la passar por isso.
— Pai... — chamei entre as lágrimas. — Eu estou feliz... feliz em
finalmente conhecer você.
— Não sabe a paz que me dá saber disso — ele sussurrou.
— Senhor Mancini. — Uma voz masculina pairou pelo ambiente
chamando a nossa atenção. Eu me afastei e juntos olhamos em direção à
porta.
Havia um dos policiais ali, olhando em nossa direção.
— Sim? — Carlos respondeu.
— Me desculpe por interromper, mas precisamos seguir... — o
homem falou e Carlos apenas assentiu, então os olhos dele vieram para mim.
— Eu preciso cuidar da situação com Melanie — ele falou e eu
balancei a cabeça positivamente, ainda me recompondo. — Vou até vocês
assim que resolver com os policiais.
— Tudo bem. — Dei a ele um pequeno sorriso.
Carlos se inclinou e deixou um beijo no topo da minha cabeça, em
seguida se afastou. Depois de me olhar uma última vez, ele foi em direção ao
Rafael, o abraçou e sussurrou algo para ele antes de ir em direção ao policial.
Eu permaneci no mesmo lugar, apenas o acompanhando com o olhar.
A ficha parecia ainda não ter caído, era insano, mas real.
Meu pai estava vivo.
CAPÍTULO 33
— Estão falando alguma coisa sobre o ocorrido? — Rafael perguntou
no momento que fechou a porta entre nós.
— Você não faz ideia — falei e me virei na direção dele, então,
estendi meu celular para que ele visse.
A notícia sobre “A volta de Carlos Mancini” já estava em toda a
mídia.
Estava perplexa ao ver como a notícia se espalhou rápido. Mas claro,
o homem que todos pensaram estar morto, estava de volta. Havia várias
especulações e informações de fontes confiáveis sobre o que ele tinha dito
naquela sala.
— Eles não perdem tempo — Rafael comentou e eu balancei a
cabeça positivamente, ao mesmo tempo em que trazia o celular de volta para
mim.
— Eu vou... ligar para a minha mãe e tomar um banho.
— Faça isso — Rafael falou e deu mais alguns passos em minha
direção. Minha boca se curvou em um sorriso quando ele se inclinou e
beijou a minha testa. Em seguida, ele deixou um beijo em meus lábios.
Eu não deveria gostar tanto disso, mas era inevitável.
Fui em direção ao quarto com um sorriso bobo, apenas sendo grata
por ter Rafael nesse momento.
Depois de fechar a porta, eu me sentei na cama e peguei o celular.
Permaneci alguns instantes olhando para o contato da minha mãe. Estava me
preparando para ligar quando o meu telefone começou a tocar, arqueei as
sobrancelhas ao constatar que não era ninguém mais, ninguém menos que a
própria dona Lilian.
— Mãe... — falei ao atender.
— Oh, querida... como você está? — Pude sentir a preocupação em
sua voz.
— Ficou sabendo, não foi?
— Estava no salão quando começaram a falar sobre o assunto... isso
é tão louco.
— Louco, mas bom — falei, dando um pequeno sorriso.
— Estou feliz por você, querida, me desculpe por tê-la privado disso
antes, agora pelo menos você conseguirá passar um tempo com ele e... o
conhecer melhor.
— Obrigada, mãe — falei enquanto balançava a cabeça em negativa,
era visível que ela simplesmente não sabia ao certo o que falar.
— Você já o viu?
— Sim... mais tarde, teremos a oportunidade de conversar melhor,
mas eu estava na reunião onde tudo aconteceu.
— Certo, só queria dizer que estou aqui, então qualquer coisa me
ligue.
— Tudo bem — falei e depois do silêncio que se formou, encerrei a
ligação.
Joguei o corpo para trás, deitei-me no colchão macio e comecei a
pensar em tudo o que havia acontecido.
Não dava para acreditar que Melanie estava por trás de tudo, muito
menos que ela culpava Carlos por sua mãe decidir se suicidar. Minha mãe
estava certa quando disse que tudo era louco demais.
Com a cabeça a mil, eu me levantei e decidi ir para o banheiro tomar
um banho. Não fazia ideia de quanto tempo fiquei ali, apenas pensando em
tudo que aconteceu de ontem para hoje. Apenas fui tirada daqueles
pensamentos no momento em que o barulho da campainha se fez presente.
Desliguei o chuveiro e me sequei, depois de ir para o quarto e me
vestir, fui em direção à sala. Quando cheguei, encontrei Carlos sentado no
sofá, conversando com Rafael.
Os olhos dos dois foram para mim, e eles se levantaram ao mesmo
tempo.
— Carlos, imagino que teremos muito tempo para conversar. Vou
deixá-los a sós e aproveitar para fazer algumas ligações. — Rafael deu
alguns passos em direção a meu pai e deu alguns tapinhas no ombro dele. —
Se precisarem de mim, estarei no meu quarto.
Então, Rafael veio até mim e deixou um beijo em minha testa.
— Obrigada — sussurrei para que apenas ele pudesse ouvir, ele
sorriu e foi em direção ao quarto dele.
Então, meus olhos foram para meu pai.
— Sei que não deveria ser a primeira coisa a falar, mas estou
realmente feliz em ver que ele não foi em direção ao quarto em que você
saiu — Carlos falou e eu dei uma risada contida.
— Não se anime tanto, afinal, nós estamos morando juntos — falei e
ele fez uma careta.
Eu caminhei em direção a ele e, mais uma vez, o abracei fortemente.
Ainda era difícil acreditar que ele estava aqui. E apesar de não ter tido
convivência com ele, através daquele diário eu senti uma conexão tão
grande, como se o conhecesse a vida toda, era essa a sensação.
Nós nos afastamos e mais uma vez eu pude sentir o seu amor por
mim, apenas em um olhar. Sorri em total desconcerto e o acompanhei
quando ele se sentou no sofá.
— Eu li o seu diário — falei com a voz contida, lutando para que as
lágrimas não viessem cedo demais. — Cada linha... eu senti que apesar de
tudo, você estava lá, sempre lá.
— Me perdoe por deixá-la pensar que não estava — ele falou
seriamente. — Eu quis tanto... tanto me aproximar.
— Eu conversei com a minha mãe... sei que foi algo complicado
entre vocês dois e apesar de não concordar com a decisão que tomaram,
tenho tentado entender desde que descobri.
— Eu era jovem e imaturo. — Balancei a cabeça positivamente. — O
mínimo que eu poderia fazer era respeitar a decisão de Lilian.
— O que vai acontecer com Melanie? — perguntei, lembrando-me
perfeitamente que tudo começou com a mãe dela.
— Ela vai pagar pelos crimes que cometeu... me culpar pela mãe dela
decidir tirar a vida, não é motivo para fazer o que ela fez — ele falou e, por
um momento, pareceu distante. — Não pode me culpar por querer distância
de uma mulher que apenas destruiu a minha vida.
— O passado realmente foi complicado — falei, atraindo o olhar dele
para mim. — Que tal apenas o deixarmos lá?
— Você está certa. — Ele deu um sorriso fraco. — E imagino que
tenha muito o que quer saber, assim como tem muito que quero lhe contar,
então apenas vamos deixar o passado onde ele deve estar.
— No passado.

Durante a próxima hora, eu e Carlos nos permitimos nos conhecer


um pouco melhor. Ele começou me contando um pouco mais sobre tudo o
que li no diário. Sobre como ele ficou feliz a cada conquista minha e de que
forma ele esteve sempre presente.
Aparentemente, Nova Iorque havia se tornado a segunda casa dele,
desde que ele estava sempre lá de olho em mim.
Ele me contou um pouco sobre a família, a relação com cada um dos
seus irmãos e acionistas da empresa. Então, entramos no assunto que não era
o menos importante. Conseguia perceber a ansiedade dele em trabalharmos
juntos na CWR Arquitetura e Paisagismo.
— Quer saber de algo bem interessante e hilário ao mesmo tempo?
— perguntei em meio a um sorriso. Carlos apenas balançou a cabeça em
concordância. — Eu sempre o admirei como arquiteto, o meu sonho era
trabalhar com você.
Senti naquele momento que nada poderia deixá-lo mais feliz e a
sensação foi incrível.
— Oh, minha menina... é sério?
— Sim, estava nos meus planos depois que terminar a minha pós,
enviar um currículo para a CWR.
— Saber disso me deixa realmente feliz — ele falou e minha atenção
foi para Rafael, que passava pela sala.
— Em alguns minutos trarei um café para vocês — Rafael falou ao
passar por nós.
— Aproveite para se juntar a nós — Carlos disse e eu apenas assenti.
— Claro, eu farei isso — Rafael respondeu antes de seguir para a
cozinha, então meus olhos se voltaram para Carlos.
— Me diz apenas que esses planos não mudaram — pediu e eu pude
sentir a esperança em sua voz.
— Definitivamente, não, eu pretendo alugar um apartamento aqui no
Leblon quando voltar e, se for possível, aprender com o melhor — confessei
com os olhos brilhando.
A verdade era que saber que ele era meu pai, apenas me deu ainda
mais vontade de trabalhar com ele.
— Se for possível? — ele perguntou em meio a um sorriso. — Filha,
isso é mais do que possível, eu esperarei ansioso por esse momento.
Sorri, totalmente satisfeita com o rumo que as coisas estavam
tomando. Não esperava conhecer o meu pai a essa altura do campeonato, tão
pouco esperava me sentir tão bem na presença dele.
Mas era exatamente isso que estava acontecendo.
Permanecemos falando um pouco mais sobre a empresa, até o
momento em que Rafael se juntou a nós. Carlos quis mais detalhes sobre o
acidente com o elevador, contamos a ele o que sabíamos e, por um
momento, falamos um pouco mais sobre o tempo que ele passou em coma.
Depois de um longo tempo, eu e Rafael acompanhamos Carlos até a
porta. Ele se despediu de mim com a promessa de nos vermos com
frequência antes de eu voltar para Nova Iorque, ele queria recuperar o tempo
perdido, e eu também, então, dividiria o resto do meu tempo aqui com ele e
com a minha mãe.
Rafael entrelaçou as nossas mãos no momento em que fechou a porta
atrás de nós. Aceitei aquele contato, enquanto íamos em direção ao sofá. Ele
se sentou e me puxou para me sentar no colo dele.
Ele levou a mão em meu rosto e o acariciou com o polegar. Fechei os
olhos com aquele movimento e, por alguns segundos, me permiti curtir
aquele carinho.
— Como se sente? — Rafael perguntou, fazendo com que meu olhar
fosse ao encontro dele.
A sensação naquele momento era inexplicável.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu levei a minha mão sobre a
dele.
— Estou feliz... as coisas parecem, enfim, se encaixar perfeitamente
em minha vida.
— Está me incluindo no meio dessas coisas? — Ele arqueou a
sobrancelha e meu sorriso se alargou.
— Sim, com toda certeza.
CAPÍTULO 34
— Princesa — Rafael me chamou e eu senti meu coração disparar.
Suas mãos me envolveram antes que eu pudesse deixar o quarto, ele
me puxou contra ele. Estava ansiosa.
Céus! Como eu estava ansiosa.
— Oi? — respondi ao sentir seu olhar intenso sobre mim,
analisando-me por completo sem dizer uma palavra sequer.
— Você tem estado distante nos últimos dias, eu não gosto disso, não
gosto nada disso — ele falou, sério, fazendo-me sentir um frio na espinha.
— Hm... É impressão sua.
— Não, não é. — Sua voz firme denunciou com perfeição que nada
que eu dissesse o faria pensar o contrário.
Suspirei profundamente e tentei me afastar, mas aquilo não foi
possível.
— Havia motivos para eu não querer me envolver com alguém no
tempo em que estive aqui... Eu... eu não sei se consigo lidar com isso, Rafael
— fui sincera. — Estou indo embora em menos de uma semana, e não
acredito que isso dará certo.
— Não vá por esse caminho, Bianca, nós podemos perfeitamente
fazer as coisas darem certo. Depois de um ano você estará de volta, então...
— Então, eu ficarei aqui, próximo ao centro. Você mora em Búzios,
Rafael, vai largar a sua vida lá para vir morar de vez aqui?
— Eu escolhi morar lá porque gosto do clima e, ao mesmo tempo,
consigo gerenciar tudo de lá, mas a minha empresa fica localizada aqui na
capital, então não vejo como uma coisa ruim me mudar para cá — ele falou
e eu balancei a cabeça em negativa.
Então, consegui sair de seus braços e dei alguns passos em direção à
porta.
— Isso não está certo, não pode mudar sua vida toda assim. —
Fechei os olhos por um instante, tomando coragem para me virar e olhá-lo
mais uma vez. — Uma hora esse encanto vai acabar.
— Não vai, porque não é um simples encanto... — Sua voz falhou
quando os olhos se tornaram tristes. — É isso que acha que é?
— Como tem tanta certeza de que não é isso o que sente? —
perguntei e ele apenas seguiu com o olhar sobre mim por um momento.
A verdade era que eu estava com medo, medo por estar apegada
demais a ele, medo por sentir que seria impossível ficar tanto tempo longe
dele.
Rafael deu um passo em minha direção e levou a mão em meu rosto,
prendendo o meu olhar a ele.
— Não é. — Seu tom fez com que um arrepio percorresse todo o
meu corpo.
O poder que ele tinha sobre mim, me assustava ainda mais.
O barulho da campainha tocando pairou sobre o ambiente alguns
instantes depois.
— Sua amiga deve ter chegado — ele falou, enquanto me olhava
com atenção. — Preciso ir para não me atrasar para uma reunião com meu
sócio, nós terminamos essa conversa mais tarde.
Ao dizer aquelas palavras, Rafael se inclinou e deixou um beijo em
minha testa. Então, ele se afastou, pegou o blazer que estava sobre a cama e
o colocou no braço.
No minuto seguinte, ele passou por mim e saiu do quarto.
Precisava de alguns minutos para me recompor. Fui em direção ao
banheiro e joguei um pouco de água no rosto, em seguida, olhei para o meu
reflexo ali.
Nas últimas três semanas, depois que tudo pareceu se encaixar, tudo
estava sendo perfeito e incrível.
Tivemos momentos tão intensos, mas não era apenas isso. Estava
gostando cada vez mais de conhecer Rafael, sentia uma conexão tão surreal
e temia que tudo acabasse no momento em que eu pegasse aquele voo para
Nova Iorque.
Eu estava apegada demais, droga!
Depois de alguns minutos, saí do banheiro, estranhando o fato de
Vivian ainda não ter invadido o meu quarto. Caminhei para fora do quarto e
fui em direção à sala.
Quando cheguei, encontrei meu pai sentado no sofá.
— Bom dia, minha menina! — ele falou e se levantou, em seguida
veio em minha direção.
Eu o cumprimentei com um abraço.
— Bom dia, pai, me desculpe, eu pensei que era uma amiga — falei
e me afastei. — Como está?
— Tudo bem, passei aqui para te falar sobre o incidente na obra —
ele falou ao mesmo tempo que nos sentamos no sofá.
— Oh... — passei os meus olhos pela sala por um breve momento.
— Rafael precisou ir — meu pai falou, atraindo a minha atenção para
ele. Forcei um sorriso e tentei disfarçar a decepção.
— Então... sobre o incidente? — perguntei, desviando o assunto.
Carlos me mediu com o olhar por um instante.
— Foi realmente criminoso, Melanie pagou um estagiário para
fragilizar os cabos de suporte.
— Dinheiro não faltava, afinal — falei e balancei a cabeça em
negativa.
A essa altura do campeonato eu já desconfiava que ela tinha o dedo
naquele acontecimento.
— Ela estava apenas atrás de uma vingança infundada. — Sua voz
saiu contida.
— Sabe que você não teve culpa, certo? — perguntei, medindo-o
com o olhar. — Foi uma escolha dela, você estava no seu direito de não
querer conversar com ela.
Ele deu um sorriso fraco e assentiu.
— Mas e você? Me conte o que está errado? — ele perguntou,
desviando a atenção para mim.
— Hã... nada.
— Filha, posso dizer que já te conheço o suficiente para saber que
algo está errado.
— Bem... as coisas estão um pouco complicadas agora que está
chegando a hora de voltar para Nova Iorque — desabafei em meio a um
suspiro. — Eu ficarei um ano fora e não consigo acreditar que isso que eu e
Rafael temos vai dar certo.
— Por que não daria? — ele perguntou e franziu as sobrancelhas.
— Eu não acredito em relacionamentos a distância.
— Mas como se sente em relação a Rafael?
— Eu estou assustada, gosto dele mais do que deveria e isso... me dá
medo — fui sincera, sentindo a cada momento o olhar do meu pai me
estudando.
— Posso dizer a você o que eu penso sobre isso?
— Claro.
— Minha menina. — Ele sorriu e levou a mão sobre a minha. — Não
sofra por antecipação, Rafael é um bom homem, além de ser nítido que é
louco por você. E quem disse que será totalmente a distância? Ele te disse
isso?
— Não... Hum... — Minha voz falhou ao perceber meu erro. Eu nem
mesmo havia conversado com ele sobre isso, apenas havia tirado as minhas
conclusões.
— Rafael é CEO de mais de uma empresa, apenas por essa cobertura
deve perceber que dinheiro não é problema para ele. Quando dinheiro não é
problema tudo se pode fazer, filha — ele falou e eu apenas balancei a
cabeça, compreendendo. — Eu aposto que pelo menos duas ou três vezes no
mês ele conseguirá ir até você.
— Eu... não pensei sobre isso. — Suspirei. — Estou tão acostumada
a estar em Nova Iorque completamente sozinha, apenas falando com minha
mãe por telefone que nem mesmo cogitei a possibilidade de ele ir até mim.
— Agora será diferente, não só tenho certeza de que Rafael irá
muitas vezes até você, como eu também o farei.
Sorri com aquelas palavras e sem perder tempo, abracei-o
fortemente. Pela primeira vez, eu de fato me senti grata por ele estar aqui.
— Obrigada, pai... — falei e me afastei para olhá-lo. — Eu te amo.
— Oh, minha menina... Eu amo você e estarei sempre aqui quando
precisar.
— Eu vou me lembrar disso, você está me dando total liberdade para
incomodá-lo sempre, inclusive quero saber tudo sobre o andamento do
projeto do senhor Oswaldo — falei, arrancando uma risada dele. — Eu estou
ansiosa demais para o resultado daquele jardim.
Naquele momento, eu me senti triste por não poder ficar e conseguir
ver o resultado. Afinal, nas últimas três semanas, fui algumas vezes à
empresa e ao local para ver como estava o andamento.
Mas ainda faltava muito, eu teria que voltar para Nova Iorque antes
que ele estivesse pronto.
— Prometo que te enviarei fotos e vídeos... seu primeiro projeto. —
Os olhos dele brilharam. — Estou tão orgulhoso.
Antes que eu pudesse respondê-lo, o interfone tocou, atraindo a nossa
atenção. Voltei o olhar para Carlos e dei um sorriso sem graça.
— Agora eu imagino que seja a minha amiga — falei e ele assentiu.
Levantei-me e fui em direção ao interfone.
— Oi?
— Olá, senhorita Martins? — Uma voz feminina pairou do outro
lado.
— Sim?
— Vivian Bittencourt está aqui embaixo, posso liberar a sua
entrada?
— Sim, por favor.
— Certo, obrigada — a mulher falou e, em seguida, coloquei o
interfone no gancho.
— Vou deixá-las à vontade — Carlos chamou a minha atenção para
ele.
— Você pode ficar se quiser, não tem problema — falei e ele apenas
balançou a cabeça em negativa. — Te acompanho até a porta então.
Ao dizer aquelas palavras, fui com ele até a porta e o abracei forte.
— Eu devo ir para Búzios passar os últimos dias com a minha mãe.
— Faça isso, ela deve querer me matar por você ter passado o seu
tempo maior por aqui.
— Ela entende — falei e me afastei.
Meu pai sorriu, antes de se virar e começar a ir em direção ao
elevador. Permaneci na porta apenas, observando-o ir embora.
Quando a porta do elevador abriu, pude ver Vivian saindo de lá e
dando de cara com o meu pai.
Foi engraçado ver aquela safada olhar de cima a baixo, quase o
comendo com os olhos. Balancei a cabeça em meio a um sorriso, enquanto
ela o cumprimentava com um aceno de cabeça, ele retribuiu e seguiu para o
elevador.
Foi quando Vivian percebeu a minha presença. Ela veio em minha
direção e me abraçou forte.
— Não acredito que você em poucos dias não estará mais aqui — ela
falou e eu apenas concordei com um aceno.
Quando nos afastamos, a cretina desviou a atenção de mim e olhou
em direção ao elevador, tendo a oportunidade de olhar meu pai uma última
vez antes da porta se fechar.
Então, os olhos dela se voltaram para mim.
— Então, aquele é Carlos Mancini — ela disse em meio a um
suspiro.
— Sim, amiga, o homem que você quase comeu com os olhos agora
é o meu pai.
— Puta que pariu... tenho que dizer que, às vezes, não é nem pelo
dinheiro, viu — ela falou, fazendo-me gargalhar.
— Você é uma cretina safada — falei, dando espaço para que ela
entrasse. Eu fui logo atrás dela.
— Uma cretina safada que está usando a única folga da semana para
vir te visitar — ela falou e eu fiz uma careta.
— E o Alexandre, o encanto já acabou? — Arqueei as sobrancelhas
para ela, dessa vez foi a vez dela fazer uma careta.
— Alexandre é gostoso e um ótimo contatinho. Mas é só isso... —
ela falou, enquanto ia em direção à sacada. Eu a segui.
— Por que diz isso?
— Posso dizer no pouco que o conheço que ele gosta dessa vida de
cafajeste. Ele precisará de alguém que balance o mundo dele, e eu... eu não
sou essa pessoa.
— Não me diga que você está gostando dele — falei, espantada. Ela
prontamente negou com a cabeça.
— Nada disso, é só que não tem feito tanto sentido para mim mais.
— Ela me mediu com o olhar e deu um sorriso sacana. — Prefiro um bom
homem, que tenha uma experiência a agregar.
— Vivian! — Chamei a atenção dela, fazendo-a gargalhar.
— O que foi? — ela disse em meio a risos. — Foi você quem ficou aí
fazendo a maior propaganda dele, dizendo como ele era um homem incrível.
— E você se interessou foi mesmo nessa parte, não é?
— Claro, me interessei totalmente pelo conteúdo. — Eu balancei a
cabeça em negativa, em meio a um sorriso. — Bem, mas chega de falar de
mim — ela falou. — E você e o bonitão, como estão?
Fiz uma pequena careta ao ouvi-la e olhei em direção à poltrona que
havia na sacada.
— Vou pegar alguma coisa para bebermos e te conto. — Voltei meu
olhar para ela. — É melhor nos sentarmos, pois lá vem história.
CAPÍTULO 35
— Tem certeza? — Caio, o meu sócio, perguntou e me mediu com o
olhar.
Recostei-me na cadeira e acenei em concordância.
— Eu sempre lidei muito bem com tudo mesmo estando em Búzios,
acho que será uma oportunidade para expandirmos ainda mais. E, claro, eu
posso voar para cá a qualquer momento.
— Você que manda, cara — ele falou e deu uma risada contida. —
Negócio fechado.
— O que foi agora? — perguntei, sério.
— É só que... Nunca imaginei que depois de tanto tempo eu te veria
de quatro por uma mulher.
— Ela vale a pena — falei e dei um sorriso de lado. Em seguida, me
levantei e fechei a tampa do meu notebook.
— Eu deveria ter suspeitado que essa estadia prolongada aqui tinha
um nome.
— Tem um nome e está nesse exato momento na minha cobertura me
esperando voltar para terminarmos uma conversa — falei e ele se levantou
em seguida.
— Vá lá, meu amigo, a reunião foi um sucesso e logo colheremos os
resultados da parceria fechada.
Aquiesci.
— Nos falamos no decorrer da semana — disse e, em seguida,
peguei o meu celular sobre a mesa e fui em direção à saída, deixando Caio
em sua sala.
Eu precisava voltar para casa, nesse momento poderia conversar com
Bianca tranquilamente, afinal, o que eu tinha em mente estava dando certo.
Durante o caminho de volta minha mente vagou para o olhar de
Bianca para mim quando conversamos pela manhã.
Ela estava com medo. E eu a entendia, afinal, eu também estava.
Na última semana, vinha me perguntando constantemente como seria
passar um ano longe dela, quando já tinha me acostumado tanto com sua
presença. Acordar ao lado dela e admirar o quanto ela era linda, chegar em
casa e encontrá-la.
Estava acostumado com coisas simples, como passar um dia inteiro
dentro de casa, enquanto assistia a um filme ou curtia seu riso gostoso.
Eu sabia que a essa altura do campeonato, já não conseguiria ficar
sem isso.
Pensei sobre isso durante todo o caminho até chegar em casa.
Quando abri a porta percebi que tudo estava escuro e calmo demais. Levei a
mão no acendedor e entrei, indo em direção ao quarto dela.
— Princesa? — chamei, mas não obtive resposta.
Levei a minha mão na maçaneta e abri a porta, encontrando o quarto
vazio. Fui até o banheiro constatando que estava igual. Mais do que isso, a
penteadeira estava limpa demais.
Foi quando voltei para o quarto e passei os olhos mais uma vez,
constatando que a mala dela e as coisas que costumavam estar espalhadas
não estavam mais ali.
Não queria acreditar que ela tinha ido embora sem falar comigo, mas
aquilo era óbvio demais. O aperto no peito por sua decisão foi inevitável.
Saí do quarto e fechei a porta. Sem pensar muito, peguei o celular e
disquei o número dela, mas ela não o atendeu. Então, guardei o aparelho no
bolso e fui em direção ao meu quarto.
Quando acendi a luz quase não acreditei na visão à minha frente. Por
um momento, eu me vi sem reação, ao ver Bianca sentada em minha cama
com os olhos fixos a mim.
— Você chegou — ela sussurrou e se levantou, em seguida veio em
direção a mim. — Me desculpe por mais cedo, eu não deveria tirar
conclusões precipitadas antes de conversarmos abertamente sobre isso.
— Jesus, Bianca! — falei e soltei a respiração que nem havia
percebido que estava segurando até o momento. — Eu... eu pensei que você
tinha ido embora.
— Isso é tão fofo. — Ela deu uma risada contida, franzi minhas
sobrancelhas e dei um passo em direção a ela.
Minhas mãos foram para a cintura dela e eu a puxei em minha
direção.
— Está achando isso engraçado?
— Me desculpe, como Vivian estava de carro eu a pedi para levar as
minhas coisas. Amanhã vou para Búzios ficar o restante dos dias com a
minha mãe — ela sussurrou.
— Quase me matou do coração — falei e levei uma mão no rosto
dela, prendendo seu olhar a mim.
— Nós podemos fazer isso dar certo, não é? — ela perguntou e eu
concordei em um aceno. — Você pode me visitar algumas vezes, a gente
pode se falar todos os dias... da mesma forma que fizemos quando você
viajou.
Minha boca se curvou em um sorriso ao perceber que ela realmente
estava considerando aquilo, afinal, demonstrava que ela tinha pensado sobre
nossa conversa mais cedo.
— O que foi? — ela perguntou, desconcertada.
— Eu vou com você, princesa.
— O quê? Você... — A voz dela falhou. Eu acariciei o seu rosto com
o polegar.
— Eu estou dizendo que vou com você para Nova Iorque — repeti
aquelas palavras, enquanto os olhos dela se enchiam de lágrimas. — Foi
sobre isso a reunião que eu precisei ir hoje.
— Ah...
— Como eu poderia ficar sem você por um ano? — perguntei, a voz
contida. Bianca jogou os braços em volta do meu pescoço e os lábios foram
ao encontro dos meus.
Demorou uma fração de segundos para que eu assimilasse seu
movimento e correspondesse, levando minhas mãos para a cintura dela e
correspondesse aquele beijo com a mesma necessidade. Ela não estava a fim
de esperar, as mãos afoitas deslizaram para a minha camisa social e ela
começou a desabotoar cada botão, à medida que aprofundávamos o beijo.
Então, ela estava tirando o meu blazer sem que eu nem mesmo
percebesse. Ajudei-a a tirar aquela peça, mas quando suas mãos voltaram
para a minha camisa, eu as segurei fazendo com que os olhos dela fossem ao
encontro dos meus.
— Vamos fazer isso com calma, princesa — disse com a respiração
irregular. Bianca concordou.
Eu levei a mão na barra do vestido que ela usava e o deslizei para
cima, incentivando-a a levantar as mãos. Passei a peça por cima da sua
cabeça e a joguei no chão.
— Como eu... poderia ficar sem você por um ano? — ela repetiu a
minha pergunta, fazendo com que um sorriso se formasse em meus lábios.
Então, meus lábios estavam sobre os dela mais uma vez.
Mas, dessa vez, o beijo era lento e cheio de sentimento. Queria
mostrar em cada gesto que eu estava com ela, nós estaríamos juntos
independentemente de qualquer coisa.
E assim eu fiz.
Com o meu corpo contra o dela, eu a guiei em direção à cama e a
deitei. Então, comecei a tirar as peças que faltavam, deixando-a
completamente nua.
E céus, ela era linda demais.
Precisava naquele momento sentir cada pedaço do seu corpo. E foi
por isso que eu beijei, chupei e lambi cada pedacinho daquela mulher, sem
pressa alguma.
Venerando-a por completo, mostrei que eu era louco por ela. Foi
extremamente excitante vê-la se desmanchando totalmente em minha boca.
Eu amava vê-la daquela forma, gemendo de forma sexy só para mim.
Enquanto ela se recuperava do orgasmo, eu me levantei e tirei o
restante das minhas roupas, então meu corpo estava sobre o dela.
Impaciente, loucamente querendo senti-la.
Deslizei devagar para dentro dela, sentindo as suas mãos irem para o
meu pescoço. Naquele momento, com os olhos fixos a ela, eu estava
mostrando o sentimento mais puro que eu sentia por ela.
Eu era incapaz de ficar todo esse tempo longe dela, Bianca pertencia
a mim.
Meus lábios se uniram aos dela, beijando-a com intensidade e desejo,
de forma que suspeito nunca ter feito antes. O sentimento que pairou sobre
mim, era único.
Eu não poderia deixá-la ir.
Era exatamente isso que eu dizia a cada investida, toque e beijo. E,
ao mesmo tempo, selava a promessa de que nós estaríamos juntos.
Encerrei aquele beijo ansiando por sentir o seu olhar. Enquanto eu
me afundava nela, levei a mão em seu rosto e o acariciei.
O sentimento que eu tinha por ela, era genuíno. Queria estar com ela,
queria cuidar dela, eu a queria em minha vida.
Precisava deixá-la saber do sentimento que eu tinha em meu coração
e que estava amadurecendo a cada dia mais.
— Minha princesa, meu amor. — Mergulhei mais uma vez, ela
respondeu com um gemido gostoso. — Eu te amo.
— Oh, Rafael...
— Eu te amo, princesa — repeti aquelas palavras com um rosnado
intenso, sentindo-a enlouquecer.
Bianca fechou os olhos por um momento e um gemido descontrolado
escapou dos lábios dela. Tirei o pau quase todo para fora e me afundei mais
uma vez. Foi quando ela abriu os olhos afoita.
Senti que o corpo dela estava muito perto de sucumbir a mim, então,
segui cada vez mais forte em seu ponto sensível, vendo-a enlouquecer a cada
deslize.
— Por Deus, Rafael... — ela gemeu, fazendo meu corpo inteiro se
arrepiar. — Eu... eu te amo.
Meus lábios se curvaram em um sorriso, e eu me empenhei ainda
mais em me afundar dentro dela.
Nós estávamos em sintonia, uma sintonia perfeita.
Senti as unhas dela cravar em minhas costas e o controle dela se
desfazer, enquanto se entregava a um grito cheio de desejo. Eu me juntei a
ela no mesmo momento, rosnando o nome dela enquanto sentia uma
eletricidade por todo o meu corpo.
Deus! Eu amava essa mulher
E a verdade era que sim, eu iria com ela, para onde quer que ela
fosse.
Deixei um beijo nos lábios dela, antes de me retirar e jogar o corpo
ao lado vazio da cama.
Aquilo havia sido intenso demais.
Com ela, sempre era.
Então, meus braços foram para ela e a puxei para mim. Bianca
apoiou a cabeça em meu peito e, em seguida, acariciei os seus cabelos
enquanto tentava controlar a respiração.
— Você realmente pensou que eu tinha ido embora? — Bianca
perguntou um tempo depois, chamando a minha atenção para ela.
— Sim, eu pensei — Fui sincero.
Ela deu um sorriso gostoso. Naquele instante, deslizei a minha mão
para a cintura dela e puxei seu corpo para cima do meu.
Bianca não protestou, ela ajeitou as pernas em volta da minha cintura
e os olhos foram ao meu encontro.
— O que você faria se eu tivesse ido?
— Iria atrás de você e te lembraria daquilo que eu disse naquele dia
em que estávamos na sacada. — Levei a mão nas costas dela, fazendo-a se
inclinar em minha direção. — Eu não vou deixá-la ir, Bianca, nunca.
— Eu... estou contando com isso — ela sussurrou.
Eliminei a distância que havia entre nós, deixando um beijo lento em
seus lábios macios e gostosos. Em seguida, alguns selinhos antes de me
afastar para olhá-la mais uma vez.
— Como foi o seu dia?
— Hã... foi bom na medida do possível — Bianca respondeu com a
voz contida. — A verdade é que eu estava insegura, precisava que você
chegasse para que pudéssemos alinhar as coisas.
— E por isso, decidiu ficar quietinha em meu quarto e quase me
matar do coração? — Arqueei as sobrancelhas, ela sorriu.
— Talvez isso tenha sido um pouco proposital — ela confessou. —
Mas você também poderia ter me dito o que pretendia, assim eu estaria mais
tranquila.
— Não queria falar sem ter certeza, eu precisava confirmar antes que
tudo daria certo — expliquei, ela apenas balançou a cabeça positivamente
— Então, você vai comigo no sábado?
— Sim, eu vou — falei sem hesitar, vendo o sorriso gostoso se
formar nos lábios dela.
— Vivian quer organizar uma despedida para mim na sexta-feira,
com amigos próximos e família... O que acha disso?
— Em Búzios?
— Sim... Hm, em Búzios.
— Isso vai ser bom, nós podemos fazer isso — falei com os olhos
fixos nela.
Bianca levou a mão em meu rosto e se inclinou, deixando um selinho
demorado em meus lábios.
Ou pelo menos, deveria ser.
Apertei as minhas mãos na cintura dela e aprofundei o beijo, à
medida que sentia gosto a cada deslize da minha língua por sua boca.
Quando nos afastamos, estávamos ofegantes. Os olhos de Bianca se
fixaram nos meus, e ela mordeu o lábio inferior, o que me fez aumentar a
pressão em sua cintura.
— Você... pode repetir? — ela pediu.
Eu estive a ponto de perguntá-la o quê, mas o seu olhar sobre mim,
denunciava perfeitamente o que ela queria ouvir, então, apenas sussurrei
com os olhos fixos a ela:
— Eu te amo, princesa.
CAPÍTULO 36
A sexta-feira finalmente havia chegado, e eu não sabia se tinha feito
certo ao deixar Vivian responsável por minha despedida. Era para ser algo
simples, porém, acabou se tornando algo que aconteceria na boate onde ela
trabalhava.
Quando eu cheguei em Búzios já estava tudo alinhado.
Deixei tudo por conta dela, enquanto meu pai fez questão de pagar
por todas as despesas. Concentrei-me apenas em aproveitar os meus últimos
dias com a minha mãe.
Rafael havia ficado na capital para alinhar com seu sócio alguns
detalhes para que pudéssemos ir amanhã para Nova Iorque. E algo que no
início estava me deixando apreensiva, nesse momento certamente me
deixava ansiosa.
— Está pronta, querida? — A voz da minha mãe pairou pelo
ambiente, trazendo-me de volta à realidade.
— Ah, sim... — respondi e me olhei mais uma vez no espelho.
Eu havia optado por uma calça de couro preta e um cropped azul-
marinho. Gostava muito desse estilo.
— Você está linda — ela falou e eu me virei para olhá-la. Então, dei
um sorriso a ela.
— Obrigada, mãe — respondi e no minuto seguinte minha atenção
foi para o celular, constatando que acabara de chegar uma mensagem.
Peguei-o e abri a mensagem.
Rafael: Princesa, estou chegando. Devo passar na casa da sua mãe
para buscá-la ou devo ir diretamente para a boate?
— É o Rafael — falei e desviei a atenção para minha mãe.
— Devemos ir, não é? — ela perguntou e eu assenti. — Só você e
Vivian para me fazer ir a uma boate a essa altura do campeonato.
Sorri e respondi a mensagem de Rafael dizendo a ele para ir direto
para a boate, então, guardei o celular na bolsa e caminhei em direção à
minha mãe.
Ela se virou em direção à porta e eu a acompanhei.
— Você só tem 43 anos, mãe, deveria sair mais e curtir um pouco. —
Olhei-a com atenção. — Ou... você pode simplesmente hoje quando vir o
meu pai... — deixei a frase morrer e dei um olhar sugestivo a ela.
— Oh, não, querida, não tenha esperanças — ela falou, convicta,
então levou a mão em meu braço, fazendo-me parar para olhá-la. — Eu e seu
pai, isso está no passado. Realmente o que um dia senti por ele acabou. Não
só acabou, como eu não quero ter nada a ver com ele.
— Por que tem estado sozinha por todo esse tempo então? —
questionei.
Essa era uma pergunta que sempre quis fazer a ela, achava que, no
fundo, ela tinha esperanças. Mas seu tom, me mostrava que eu estava errada.
— Simplesmente porque eu gosto de estar sozinha — ela respondeu
sem hesitar. — Gosto de ser livre.
Balancei a cabeça, compreendendo as suas palavras.
— Eu não tenho esperanças sobre vocês dois — fui sincera. —
Apenas quero que sejam felizes, independentemente de com quem seja.
— Então fique em paz, querida, sou feliz da forma que vivo — ela
falou e minha boca se curvou em um sorriso, e voltei a andar em direção à
porta.
O caminho até o elevador foi em silêncio. Quando paramos na frente
dele, ela apertou o botão para chamá-lo e eu desviei a atenção para ela.
Eu entendia o fato de ela ser feliz sozinha, mas o motivo da sua
decisão seria o meu pai?
— Hm... mãe — chamei a atenção dela para mim.
— Sim?
— Você... se apaixonou alguma vez depois do meu pai? — perguntei
e a medi com o olhar.
Ela suspirou profundamente e antes que pudesse dizer qualquer
coisa, a porta do elevador se abriu. Nós entramos e ela apertou o botão do
térreo.
Resolvi permanecer em silêncio e dar a ela seu espaço.
E assim permanecemos até entrarmos no carro. Ela assumiu a direção
e, no instante seguinte, se virou para mim.
— Sim... eu amei outra pessoa — ela sussurrou. — Mas não era o
momento certo, quando me dei conta do sentimento, me afastei e nunca mais
o vi.
Minha mãe forçou um sorriso e deu partida no carro.
Naquele momento, eu soube que era hora de encerrar o assunto. O
motivo de ela estar sozinha não era por não esquecer o meu pai, era uma
escolha que não cabia a mim questionar.
Era isso.

— Vocês chegaram — meu pai falou no momento em que a porta do


elevador se abriu. Olhei brevemente para a minha mãe, vendo-a impassível.
Então voltei a olhar para ele.
— Oi, pai, o que faz aqui fora? — perguntei e, em seguida, caminhei
em direção a ele.
Cumprimentei-o com um abraço.
— Estava esperando que vocês chegassem — ele falou e desviou o
olhar para minha mãe.
— Vocês? — ela perguntou quando me afastei.
— Sim, queria conversar por um momento com você antes de
entrarmos. — Ele a olhou fixamente.
— Tudo bem — minha mãe falou e, em seguida, deu um aceno de
cabeça para mim.
— Bom, vejo vocês lá dentro então — falei e ainda consegui ver um
sorriso do meu pai para mim antes de caminhar em direção à entrada da
boate.
Como o local estava reservado apenas para nós, estava tudo vazio, na
verdade, até demais.
— Oh, céus! — disse com a voz entrecortada quando senti mãos
fortes contornarem a minha cintura e me pressionar na parede.
— Senti saudades, princesa. — A voz rouca e sexy de Rafael me fez
estremecer.
— Três longos dias, imagine um ano? — sussurrei.
— Eu não aguentaria — ele falou e se inclinou em minha direção,
enquanto as mãos exerciam uma pressão gostosa em minha cintura.
Senti seus lábios roçarem os meus, provocando-me da forma que
apenas ele conseguia. Levando-me com tão pouco à beira do precipício,
enquanto o coração quase saía pela boca.
Então, estávamos nos beijando. Era intenso, voraz e cheio de
saudades.
Quando encerramos aquele beijo estávamos totalmente ofegantes. Eu
dei um sorriso para ele, que mordeu meu lábio inferior e o puxou
suavemente. Uma música eletrônica começou a tocar no ambiente, o que nos
fez afastar.
— Devemos entrar... — disse com a voz contida.
— Sim, seus amigos estão esperando por você. — Ele deu um sorriso
de lado.
Minha boca se curvou em um sorriso, à medida que ele entrelaçava
as nossas mãos. Guiando-me em direção ao bar.
A decoração da boate estava um pouco diferente do habitual. Na
pista de dança, luzes roxas estavam pelo lugar, e havia alguns balões e faixas
com os dizeres: “Volta logo, seu lugar é aqui”, ou “Sentiremos a sua falta.”
Balancei a cabeça em negativa, tendo a certeza de que aquilo era
coisa da minha amiga maluca.
Quando chegamos próximo ao bar, me deparei com Vivian,
Alexandre e Patrícia em uma mesa grande que estava a poucos centímetros
das bebidas.
Fui impedida de seguir em direção a eles, meus olhos foram para
Rafael, tentando compreender sua atitude.
— Quero te apresentar a alguém antes — ele falou e olhou na direção
oposta.
Só então eu pude ver em uma mesa mais reservada Marcelo e uma
mulher.
— Voltamos em alguns minutos — falei e passei os olhos pelos três.
Alexandre apenas estendeu o copo de uísque e eu sorri. Sem
cerimônia, Rafael levou a mão em minha cintura e me levou em direção à
mesa.
— Sua mãe? — sussurrei.
— Sim — ele respondeu, fazendo-me sentir um frio na barriga. —
Mas fica tranquila, tenho certeza de que ela vai adorar você.
Sorri para ele e desviei a atenção para Marcelo e sua mulher que se
levantaram ao perceber que nos aproximávamos.
— Bianca, deixe-me apresentar a minha espo...
— Oh, Bianca... Eu não via a hora de te conhecer — a mulher
interrompeu o marido e veio em minha direção para me dar um abraço.
Retribui aquele cumprimento com um sorriso nos lábios, recebendo o
mesmo sorriso de Marcelo que ao mesmo tempo balançava a cabeça em
negativa, certamente pela impaciência da mulher.
— É um prazer conhecê-la também, dona...?
— Sônia, eu me chamo Sônia — ela falou, animada.
— Como está, querida? — Marcelo perguntou quando a mulher se
afastou.
— Eu estou bem, e vocês? — perguntei, intercalando o olhar sobre
eles.
— Bem. — Ele estendeu a mão para mim, eu o cumprimentei em um
aperto firme. — Eu sabia que você voltaria a Nova Iorque no período de dois
meses, mas não imaginava que levaria meu filho junto — ele falou em meio
a um sorriso, o que me fez corar.
— Oh... — respondi sem saber o que falar.
— Marcelo querido, está a deixando sem graça — Sônia falou e eu
neguei com a cabeça, tentando disfarçar.
— Será por pouco tempo — Rafael se pronunciou pela primeira vez,
chamando a atenção dos pais.
— Filho, eu estou realmente feliz com isso... vá e, por favor, só volte
com essa mulher — dona Sônia falou, fazendo-me dar uma gargalhada
suave.
Senti a mão de Rafael novamente em minha cintura, enquanto ele se
aproximava.
— Não tenho planos de voltar sem ela, mãe — ele falou, convicto,
causando-me borboletas no estômago. — Ela é a minha princesa.
Dei uma breve olhada para Rafael, sentindo meu rosto queimar de
tanta vergonha.
— Olha só para eles — Marcelo falou, orgulhoso.
— Quando eu imaginaria que veria o meu filho dizendo isso? —
Dona Sônia falou, abobada.
Dei um sorriso sem graça a ela.
— Vamos nos sentar, meninos — Marcelo sugeriu, atraindo a nossa
atenção.
— Bianca ainda tem que cumprimentar os amigos, mas eu vou trazê-
la mais tarde para conversar um pouco com vocês — Rafael falou e eu
assenti.
— Certo, nós vamos esperar — Dona Sônia disse com um sorriso.
Então, Rafael estava mais uma vez me guiando. Desta vez, em
direção ao bar.
— Você tem que arrumar novos amigos — ele sussurrou e apontou
com a cabeça em direção ao bar. — Só a Vivian salva ali.
— Não imaginei que Patrícia viria, mas o que você tem contra eles?
— Arqueei as sobrancelhas. — É claro para mim que rola algo entre você e
o Alexandre.
Rafael apenas me estudou com o olhar por um momento, com o
semblante mais sério que o normal. Então, sua atenção foi para frente.
— Boa noite a todos — ele falou, sério.
Naquele momento, eu soube, ele ainda não estava disposto a falar.
CAPÍTULO 37
— Boa noite, bonitão — Vivian respondeu, enquanto Alexandre e
Patrícia apenas deram um aceno de cabeça para Rafael. Então, ela desviou a
atenção para mim com um sorriso sacana. — Nós queríamos apenas curtir na
boate e olha só, é tudo nosso.
— Você nem gostou, né? — Pisquei para ela. Então meus olhos
foram para Patrícia, em seguida para Alexandre. — Fico feliz que tenham
vindo.
Os olhos de Patrícia estavam em Rafael, naquele momento eu não
sabia se ela veio para se despedir, ou para ver ele.
Naquele instante, me lembrei que eu tinha algo pendente para falar
com Rafael, afinal, foi tanta coisa que nem mesmo me lembrei de contar a
ele sobre a visita dela em sua cobertura.
— Fiquei surpreso em saber que você está voltando para Nova
Iorque — Alexandre falou, minha atenção se voltou a ele.
— Eu preciso terminar a pós, então, estarei de volta em um ano —
falei, sentindo o aperto de Rafael em minha cintura.
— Sempre focada nos estudos, nada mudou. — Alexandre me mediu
com o olhar.
— Isso vai mudar um pouco, afinal, eu irei com ela — Rafael falou,
sério. Eu olhei para ele o repreendendo com o olhar, mas ele não ligou nem
um pouco.
— Fico feliz por vocês. — Alexandre não se deixou intimidar. —
Bianca ficava muito sozinha em Nova Iorque, então... vai ser uma coisa boa.
— Sim, eu tenho certeza de que será — falei, dando um sorriso a
Alexandre e, em seguida, os olhos foram para Rafael, que havia puxado uma
das cadeiras para que eu me sentasse.
Assim eu fiz, ele se sentou ao meu lado.
Medi-o com o olhar por um momento, percebendo que certamente
era ele quem tinha um problema com Alexandre, não o contrário.
— Sua mãe não veio? — Vivian perguntou, atraindo a minha atenção
para ela.
— Sim... ela e meu pai estão tendo uma conversa — respondi e ela
me deu um olhar sugestivo. — Ah, não... nada disso que está pensando.
— Certeza? — ela perguntou, balancei a cabeça positivamente.
Então minha atenção foi para os garçons que vieram em direção a
nós. Eles começaram a servir sobre a bancada algumas entradas e pratos
frios. Depois que agradecemos, eles fizeram o mesmo na mesa onde Marcelo
e sua esposa estavam.
— Deveríamos brindar — Vivian falou e eu assenti.
— Vamos apenas esperar os meus pais... — Vivian apontou com a
cabeça, fazendo-me olhar para trás.
Foi quando vi o meu pai caminhando em nossa direção, sozinho.
— E a minha mãe? — perguntei, preocupada com o rumo da
conversa.
— Ela deve aparecer um pouco mais tarde — ele falou e no mesmo
momento eu me levantei. — Calma, filha, está tudo bem.
— Então, por que ela não entrou?
— Ela... está conversando com o César Augusto. — Ele deu um
pequeno sorriso, eu arqueei as sobrancelhas.
— E quem é esse? — perguntei sem entender, não me recordava de
qualquer conhecido da minha mãe com esse nome.
— Um amigo que temos em comum... mais precisamente alguém que
a ajudou muito durante o período em que ela estava grávida de você.
— Oh... — respondi, aérea, logo pensando na possibilidade de ele ser
o cara de quem ela falou.
Seria possível? Ou eu estava ligada demais a isso por termos acabado
de falar sobre?
— Não se preocupe, minha menina, ela está bem — ele falou e eu
assenti.
— Então... — Vivian chamou a nossa atenção. — Devemos fazer um
brinde daqueles e aproveitar a pista de danças, já que ela é só nossa?
Sorri para ela, sabendo que ela estava fazendo aquilo o que faz de
melhor.
Animar as coisas.
— Perfeito, vou chamar o Marcelo e sua esposa para se juntarem a
nós — Carlos comentou e eu assenti.
Enquanto ele foi em direção à mesa onde os pais de Rafael estavam,
eu me sentei ao lado de Rafael.
— Farei esses drinks pessoalmente — Vivian falou e se levantou, em
seguida foi em direção ao balcão, fazendo com que o barman desse lugar a
ela.
— Eu farei o brinde e ficarei aqui, de olho em você por ora — Rafael
falou.
O medi com o olhar, e um sorriso se formou em meus lábios antes de
o responder.
— Tenho certeza de que vai.

— Querida. — A voz da minha mãe pairou pelo ambiente, chamando


a minha atenção.
— Mãe — falei e me levantei.
— Me desculpe a demora... eu... — Ela fez uma careta. — Ficaria
chateada caso eu apenas fosse embora?
Meus olhos foram para trás dela, encontrando ali um homem que
aparentava ter a mesma idade do meu pai. Ele apenas me deu um aceno de
cabeça e continuou nos observando de longe.
Então, meus olhos se voltaram para a minha mãe.
— É ele? — perguntei, olhando-a com atenção.
— Sim... é ele.
Minha boca se curvou em um sorriso, e eu apenas assenti.
— Bem... então vá, nós conversamos depois.
— Obrigada, querida — minha mãe falou, e eu a abracei fortemente.
— Nos vemos antes de eu ir.
Ela assentiu e se virou para ir em direção ao homem. Segui os
acompanhando antes de me sentar novamente na cadeira.
Minha mãe nunca foi fã de boates, ou de locais barulhentos como
estava sendo essa noite. E dado as circunstâncias, eu de forma alguma me
importaria por ela não participar.
Mesmo sem a presença dela, poderia dizer que a noite estava sendo
gostosa e divertida. Eu certamente me lembraria desse dia, como algo
marcante em minha vida e com pessoas que eu realmente gostava.
Havíamos dançado tanto, que decidimos fazer uma pausa.
Eu e Rafael acabamos nos sentando em uma mesa com bancos mais
altos e reservados. Patrícia e Alexandre voltaram para a mesa e estavam
bebendo um pouco enquanto conversavam.
Vivian estava tão acostumada a estar sempre lidando com as bebidas
que não aguentou. Em alguns momentos, ela simplesmente ia para o balcão
para fazer algumas bebidas.
E da última vez em que isso aconteceu, o meu pai estava sentado em
uma das banquetas conversando com Marcelo e Sônia no bar. Porém, de
longe eu conseguia ver que Vivian estava trocando alguns olhares com ele.
— Não acredito que essa cretina não vai perdoar nem o meu pai —
sussurrei, fazendo com que Rafael olhasse na direção do bar.
— Ela só está servindo a ele uma bebida. Que mal tem isso?
Fiz uma careta ao ouvi-lo. Então, meus olhos foram para Alexandre e
Patrícia, eles seguiam conversando, mas os olhos dela não conseguiam se
manter longes de Rafael.
Eu queria esperar até estarmos na casa dele para perguntar sobre ela,
porém, estava tão incomodada que não aguentava mais esperar.
— Nós... podemos conversar um pouco no terraço? — perguntei a
Rafael.
Ele me estudou com o olhar por alguns instantes.
— Isso é interessante — ele falou e, em seguida, se levantou.
Eu não disse nada, apenas aceitei quando ele estendeu a mão para
mim. Sem chamar muito a atenção fomos em direção ao terraço.
Parei próximo à algumas mesas que ficavam próximo à sacada, onde
as pessoas conseguiam admirar a vista.
— Eu... quero que me conte sobre a Patrícia — pedi enquanto me
virava em direção a ele.
Rafael franziu as sobrancelhas surpreso. Ele passou a mão em minha
cintura e colou o meu corpo no dele.
— Eu imaginei todos os cenários possíveis quando me chamou para
vir aqui — ele falou com os olhos fixos aos meus lábios. — Mas nenhum
deles envolvia falar sobre aquela mulher.
— Preciso saber — soltei, a voz quase em um fio, tentando apenas
não ceder à tentação que era o olhar de Rafael sobre mim.
— Não há nada a ser falado sobre ela — ele disse, seriamente.
— Rafael... não podemos começar um relacionamento assim. Se quer
que isso dê certo, tem que ser sincero comigo.
— Estou sendo sincero, não há nada. — Dessa vez, os olhos dele
foram ao encontro dos meus.
Balancei a cabeça em negativa e me afastei dele, depois de dar um
olhar extremamente chateado para ele, eu comecei a caminhar pelo terraço
querendo apenas uma coisa, voltar para a boate.
Foi quando senti as mãos de Rafael suavemente em meu braço, ele
me puxou para ele.
— Princesa, não faz assim... apenas confie em mim — ele sussurrou
com os olhos fixos aos meus. — Não tem que se preocupar com alguém que
eu nem mesmo tenho contato.
Aquiesci e decidi ser mais clara sobre a situação.
— Inicialmente... ao perceber como Patrícia sempre estava com os
olhos em você sempre que nos encontrávamos, deduzi que provavelmente
ela tinha certo interesse em você. — Ele apenas assentiu enquanto me ouvia.
— Mas aí ela apareceu na sua cobertura, ela sabe onde você mora e pareceu
muito espantada ao me encontrar. Ela estava ali porque queria falar com
você — falei, sentindo o semblante dele mudar.
Ele estava contendo a raiva, aquilo era visível.
— Quando isso aconteceu? Quando ela esteve lá? — ele perguntou
mais sério que o normal.
— Depois do dia em que ela nos viu na boate, depois daquela noite...
— Estudei seu semblante com atenção. — Certamente isso é mais do que eu
pensei, então, eu preciso que me diga o que está acontecendo entre vocês
dois.
— Não está acontecendo nada, Bianca, a Patrícia é complicada.
— Defina complicada — pedi, me sentia sem paciência, ele suspirou.
— Olha, Rafael, para mim isso não vai dar certo.
— Do que está falando?
— Você sabe tudo sobre mim, tenho sido sincera quanto a tudo...
inclusive sobre o Alexandre. Você quer que eu te diga tudo, mas não está
disposto a fazer o mesmo. Não vou insistir em um relacionamento onde
apenas eu sou realmente sincera.
Tentei sair dos seus braços, na verdade, minha intenção era sair do
terraço, mas ele novamente me impediu, aumentando um pouco seu aperto
em volta de mim.
— Você está certa — ele falou, atraindo a minha atenção. — É só
que não vale a pena falar dela.
— Tudo bem — concordei, e dessa fez fui mais firme ao tentar sair.
Rafael jogou seu corpo contra o meu e me pressionou na parede.
— Rafael... — o chamei, séria.
— Eu disse que não te deixaria ir.
— Então repense as suas atitudes, porque se eu disser que vou
embora... Você não terá como me impedir.
Rafael suspirou e levou uma das mãos em meu rosto.
— Teve um tempo em que Patrícia me perseguiu... isso durou cerca
de um ano, até que eu finalmente consegui que ela entendesse que entre mim
e ela nunca aconteceria nada.
Balancei a cabeça, absorvendo aquela informação.
— E nunca aconteceu nada entre vocês? — Arqueei as sobrancelhas,
e por mais que eu não quisesse aquela confirmação, pude senti-la antes
mesmo que ele falasse qualquer coisa.
— Há sete anos eu tive um momento muito ruim... não vou dizer que
ela se aproveitou disso, mas eu dormi com ela uma vez e tudo se tornou um
inferno, após esse episódio.
— Se conheceram há sete anos? — perguntei, surpresa.
— Não, nós éramos amigos... fomos para a faculdade juntos.
— Oh... Isso significa que conhece o Alexandre dessa época também
— concluí, Rafael apenas assentiu. — Então Patrícia é o motivo da tensão
que rola entre você e ele?
— Não, isso... é outra história. Mas não importa, Bianca, a única
coisa que importa é que isso aconteceu há sete anos, e eu não tenho a
mínima vontade de ter qualquer envolvimento com Patrícia. Tão pouco
quero relembrar o quão doentio foi ter essa mulher atrás de mim por tanto
tempo.
— Se faz tanto tempo, por que ela está tão fissurada em você agora?
— Eu não faço ideia... Talvez o fato de depois de tanto tempo eu
finalmente assumir alguém, não sei! Porque ao longo dos anos eu fiquei
sozinho — ele pareceu ponderar as opções. — Ou talvez porque temos nos
visto com mais frequência, afinal, eu me mudei para Búzios e com isso me
distanciei ainda mais.
Eu o medi com o olhar.
— Bem, talvez sejam os dois — falei e dei um suspiro. — Nunca
suspeitou que ela pudesse gostar de você?
— Seria hipócrita em dizer que não, por isso na época da faculdade
fomos apenas amigos, mesmo quando ela se jogava para cima de mim.
Porém, foi um momento que eu não pensei... eu só...
— Entendi — interrompi-o, compreendendo perfeitamente que ele
não se importou com o fato de ela gostar dele, apenas pensou com o pau.
— Princesa, não deixe que ela fique entre nós — ele pediu.
Balancei a cabeça positivamente.
A verdade era que para mim aquilo não importava, se era algo que
estava no passado e havia acontecido há tanto tempo, não via motivos para
deixar que isso nos afetasse.
— Eu só queria entender — falei, calma, naquele instante pude senti-
lo relaxar. — Foi difícil me dizer a verdade?
— Só não queria que soubesse dessa parte da minha vida.
— Mas se quer que estejamos juntos, precisa compartilhar as coisas
comigo. — Levei as mãos no rosto dele e o acariciei. — É isso que eu espero
de você, afinal, você me conheceu em meu pior momento, por que não me
deixa conhecer você também?
— Você é incrível — ele sussurrou.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu me inclinei, deixando um
beijo nos lábios dele. E minha intenção era dar um beijo rápido, mas Rafael
queria mais, ele tomou minha boca com paixão e intensidade.
As mãos dele mais uma vez estavam em minha cintura, enquanto eu
abria espaço para que ele aprofundasse ainda mais aquele beijo. Sentia
naquele instante o significado daquele beijo, era como se ele estivesse
silenciosamente me mostrando o quão desesperador foi a possibilidade de
deixá-lo ali.
Retribui na mesma intensidade, selando a promessa de que desde que
fôssemos sinceros um com o outro, aquilo não aconteceria.
Quando nos afastamos estávamos ofegantes, ansiava por mais, no
entanto, sabia que aquele era o pior momento.
— Nós... devemos voltar — disse com a voz entrecortada. — Antes
que alguém resolva vir atrás de nós.
A boca de Rafael se curvou em um sorriso de lado. E céus! Como eu
amava aquele sorriso.
— Isso seria embaraçoso — ele falou e eu concordei com um aceno.
Então, ele me mediu com o olhar. — Vou deixá-la aproveitar o resto da noite
com seus amigos, afinal, eu tenho você todinha para mim pelo resto do ano.
— Ei... — Dei um tapa suave no peito dele. — Não é bem assim.
— É exatamente assim, Bianca. — Sua voz rouca e autoritária me fez
perder o ar. — Você pertence a mim.
CAPÍTULO 38
— Enfim, em casa — falei e dei um sorriso para Rafael, em seguida
levei a mão na maçaneta, abri a porta e desviei o olhar para ele. — Seja bem-
vindo ao meu lar.
Depois de uma despedida chorosa como sempre, abraços fortes e
uma mãe dizendo que sentiria muitas saudades, eu e Rafael viemos em seu
jatinho particular para Nova Iorque. Então, após nove horas de voo aqui
estávamos.
— Obrigado, princesa. — Ele piscou para mim e eu perdi o ar.
Dei espaço para que ele entrasse, enquanto me perguntava se algum
dia, eu me acostumaria com esse homem.
Ele passou por mim com um sorriso de lado, totalmente satisfeito
com a reação que causara em mim. Eu fechei a porta e o segui, observando-o
deixar as malas na sala para observar melhor o apartamento.
Tinha que confessar que havia sobre mim uma mistura de excitação e
nervosismo. Era a primeira vez que eu deixava alguém entrar dessa forma
em minha vida.
Fui em direção à porta de vidro e a abri, dando acesso à sacada.
— Aqui, é o lugar que eu mais gosto de estar — falei com um
pequeno sorriso, ele passou por mim e entrou na sacada, admirando ali a
mesa pequena, a namoradeira e a área coberta com uma mesa para estudos.
Ele passou a mão sobre a mesa e seus olhos foram para mim.
— Gosta tanto a ponto de vir estudar aqui? — ele perguntou e eu
balancei a cabeça positivamente. — E há quanto tempo mora nesse lugar?
— Me mudei para esse apartamento há cerca de quatro anos —
respondi, atraindo a atenção dele para mim.
— Sempre esteve aqui sozinha? — perguntou e caminhou em minha
direção.
— Sim, eu gosto de privacidade... e não fiz amizade o suficiente para
morar sob o mesmo teto. — Fiz uma careta. — Eu tentei por alguns meses,
mas não deu certo. Então minha mãe conseguiu esse lugar para mim. —
Minha boca se curvou em um sorriso. — Quero dizer, analisando agora,
provavelmente foi o meu pai.
— Interessante. — Ele me mediu com o olhar.
— O que foi? — perguntei, dando espaço para que ele voltasse para a
sala.
— Isso mostra que você não gosta de morar com estranhos, sua
privacidade e conforto está em primeiro lugar.
— Sim.
— Então, por que aceitou a minha proposta de compartilharmos a
cobertura? — Ele arqueou a sobrancelha para mim com um sorriso sacana
nos lábios.
— Não gosto nem de pensar no seu descaramento, Rafael. Você foi
convincente — respondi, fazendo-o gargalhar.
Mordi o lábio inferior e o acompanhei quando ele seguiu em direção
ao corredor, ele foi em direção à área íntima. Passou o olhar por dois quartos
antes de parar em frente ao quarto principal.
Decerto a decoração denunciou que aquele era o meu. Afinal, foi o
primeiro em que ele entrou.
Ele parecia se atentar a cada detalhe do quarto, era como se não
estivesse disposto a deixar nada passar.
— Quais são os seus planos... Hm, agora que estamos aqui? —
perguntei, atraindo o olhar dele para mim.
— Podem ter momentos em que eu precisarei voar para o Rio, por
isso o jatinho ficará à minha disposição. Mas a ideia é que enquanto você
estuda, aproveitarei o tempo para expandir a minha empresa de Holding. —
Assenti. — O plano é aumentar a cartela de clientes, com a ajuda de um
contato forte que tenho por aqui.
— Uau... isso é incrível — falei, surpresa com como ele já tinha
pensado em tudo.
Rafael sorriu e voltou a atenção para frente.
Naquele momento, me senti ainda mais feliz, pois parte de mim
temia estar complicando a vida dele por ficar tanto tempo fora do país. Mas
ele simplesmente usaria isso como uma oportunidade, aquilo era demais.
Depois de ler algumas anotações em post-it no espelho, Rafael
desviou a atenção para a estante de livros que havia ao lado direito. Ele
analisou alguns títulos antes de desviar a atenção para o livro que estava
sobre a escrivaninha. Aquele, havia sido o último livro que eu tinha lido.
— “Um bebê para a CEO, Laudy M” — ele leu o título em voz alta,
então os olhos curiosos foram para mim.
Corei, sabendo que ele havia descoberto o meu segredo mais
profundo.
Eu era amante de romances hot, e a minha última paixão havia sido
Heitor Karev, um CEO absurdamente gostoso.
— O que está fazendo, Rafael? — sussurrei.
— Estou apenas tentando te conhecer melhor, princesa — ele falou,
colocando o livro de volta na escrivaninha, então ele se virou e deu alguns
passos em minha direção. — Eu continuo achando que não sei o suficiente,
continuo querendo mais.
Meu coração quase saiu pela boca, notando a intensidade e o
sentimento genuíno que ele tinha de sempre querer saber mais sobre mim.
Isso era novidade, uma novidade gostosa, mas, ao mesmo tempo,
desconcertante.
As mãos dele foram para meu rosto e ele acariciou os meus lábios
com o polegar, fazendo com que um gemido contido escapasse dos meus
lábios.
— Você vai me matar com toda essa intensidade — confessei.
Rafael se inclinou e mordeu meu lábio inferior. Senti um arrepio por
todo o corpo enquanto ele o puxava suavemente.
Então, os olhos dele voltaram para mim.
— Devemos continuar o tour pelo apartamento?
— Há algo que podemos explorar juntos — ele falou com a voz
rouca, fazendo-me suspirar profundamente.
— Rafael...
— Eu quero você, princesa.
Meu coração acelerou diante de sua proposta, mas também senti meu
corpo inteiro queimar ao pensar em como eu precisava me conectar com ele
mais uma vez.
— Você me tem — respondi, sentindo a mão dele deslizar para a
minha cintura e em um movimento rápido, ele puxou meu corpo e o colou
com o dele.
— Vamos começar essa nova fase juntos, aqui e agora — sussurrou a
poucos centímetros dos meus lábios. — Quero explorar com você cada
momento, cada lugar, um de cada vez. — Seu tom autoritário e a forma que
aquelas palavras saíram da boca dele me fizeram arrepiar.
Eu fui capaz apenas de balançar a cabeça positivamente antes de
sentir os lábios dele tomar os meus sem pudor. Com a intensidade que eu
amava, seus braços me envolveram enquanto ele estava a ponto de devastar
o meu mundo, tirar a minha sanidade e balançar por completo a minha vida
com sua intensidade e paixão.
Naquele momento, estávamos começando a escrever a nossa história.
Eu estava pronta para enfrentar o próximo ano em Nova Iorque, desde que
ele estivesse comigo.
Nós estaríamos juntos, em Nova Iorque e além.
CAPÍTULO 39
— Bom dia, princesa. — Aquela voz rouca e sexy entrou em meu
subconsciente, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar, enquanto sentia o
hálito quente e gostoso tão próximo a mim.
Eu estava mal-acostumada.
Certamente, estava mal-acostumada, afinal, era dessa forma que era
acordada no último ano. Com esse homem extremamente quente e intenso
sussurrando ao pé do meu ouvido: “Bom dia”, “Eu te amo”, “Você pertence
a mim”.
Céus, eu sentia que iria morrer todas as vezes. Mesmo depois de um
ano, meu corpo reagia exatamente da mesma forma.
Senti a barba de Rafael roçar em meu pescoço, enquanto ele
depositava beijos suaves ali, enviando ondas de excitação por todo o meu
corpo, fazendo com que o sono se dissipasse rapidamente.
— Bom dia, meu amor — respondi com a voz contida, e virei o meu
corpo em direção a ele.
— Então, hoje é o grande dia — ele disse com um brilho no olhar.
Balancei a cabeça positivamente, ainda sem acreditar que estava me
formando. — Como se sente?
— Ansiosa — respondi, fazendo com que a boca dele se curvasse em
um sorriso.
Meus olhos foram brevemente para o relógio na escrivaninha,
constatando que devido à correria do dia, deveríamos nos levantar.
— Vai ser incrível, a noite de hoje será especial — Rafael falou,
atraindo a minha atenção de volta para ele.
— Com toda certeza — concordei sem conseguir conter o sorriso que
se formou em meus lábios.
Rafael levou as mãos em minha cintura e puxou o meu corpo para
cima do dele. Dei um gritinho com o susto, mas logo ajeitei as minhas
pernas em volta dele.
As mãos quentes e fortes deslizaram pelas minhas costas e meu
corpo foi contra o dele, os lábios tocaram os meus, e eu apoiei meus
cotovelos no colchão me entregando totalmente ao beijo gostoso.
Estava feliz com as mudanças em minha vida durante esse ano.
Eu não me sentia mais sozinha, como nos últimos anos de faculdade.
Meu pai se dedicou a vir nos visitar todos os meses, aquilo era gostoso e
reconfortante. E até mesmo a minha mãe que não vinha ao exterior, tirou o
visto e veio algumas vezes.
E o melhor de tudo, eu tinha Rafael ao meu lado.
Não vou dizer que tudo foram flores, porque apesar de Rafael estar
bem perto disso, a perfeição não existe. Tivemos sim alguns
desentendimentos, mas todos acabaram da mesma forma: em pizza.
Nossa conexão estava cada vez mais intensa, nosso relacionamento
estava mais sério do que nunca, e eu sentia que o amava loucamente.
Eu havia me apegado por completo.
E o fato de não fazer ideia de como seria a vida depois que
voltássemos para o Brasil, me deixava um pouco ansiosa.
— Preciso finalizar algumas coisas hoje, o dia será tão corrido —
Rafael disse com a voz rouca, em seguida mordeu meu lábio inferior e o
puxou.
Estremeci com aquele gesto, eu simplesmente amava quando ele
fazia isso.
— Sim... deveríamos nos levantar agora — concordei, a voz
entrecortada.
— Mas eu quero tanto você — ele deu um pequeno rosnado, e eu
senti seu pau pulsar através do tecido do moletom.
Céus! Tendo em mente que alguém precisaria de autocontrole
naquele instante, eu tentei sair do colo dele, mas fui impedida pelas mãos
gostosas.
— Nós precisamos começar o dia mais cedo hoje — sussurrei e
mantive os olhos fixos a ele.
Um sorriso se formou em meus lábios quando ele se rendeu,
suavizando o aperto em volta da minha cintura.
— Tenho certeza de que valerá a pena esperar até a noite — falei e
me inclinei, deixando um selinho nos lábios dele.
— Vou preparar o café da manhã enquanto você toma banho, ou nós
certamente não sairemos daquele banheiro tão cedo.
— É uma boa ideia. — Pisquei para ele.
Então, eu saí de cima dele e caminhei em direção ao banheiro sem
olhar para trás, pronta para me preparar para o dia que eu vinha ansiando
durante todo o ano.
A minha formatura.

Duas batidas na porta chamaram a minha atenção. Olhei em direção a


ela, encontrando Rafael encostado no batente.
Meus lábios se curvaram em um sorriso ansioso, enquanto eu o
media com o olhar.
Ele estava com um smoking preto que se acentuava perfeitamente ao
corpo, a barba devidamente aparada e o olhar intenso sobre mim.
Era uma visão de tirar o fôlego.
— Você está deslumbrante — ele falou, medindo-me com o olhar.
Dei uma volta para ele, para que visse melhor o modelo de beca que
a turma havia escolhido. Eu realmente tinha gostado de cada detalhe, a faixa,
os detalhes em branco e vermelho. Estava realmente lindo, me sentia grata
por termos decidido vestir a peça em casa, assim poderia apreciar um pouco
mais.
Rafael caminhou em minha direção, as mãos contornaram a minha
cintura e ele se inclinou, deixando um beijo em minha testa.
— Preparada para isso, princesa? — ele perguntou quando os olhos
vieram ao encontro dos meus.
— Sim.
— Então, vamos.
Assenti para ele e peguei o capelo que estava sobre a minha
escrivaninha. Então, Rafael levou a mão em minha cintura e me guiou para
fora do apartamento.
A cada passo em direção à porta, me sentia mais ansiosa.
Quando entramos no elevador, Rafael selecionou o térreo ao invés de
selecionar a garagem. Meu olhar foi brevemente para ele, mas decidi não
perguntar.
O elevador se abriu e ele seguiu me guiando em direção à saída. A
surpresa tomou conta quando eu vi de longe o meu pai, encostado em uma
limusine na entrada.
— Oh, meu Deus — falei, animada, com um sorriso de canto a canto.
Sabia que meu pai estaria aqui para acompanhar esse momento, mas
havíamos combinado de nos encontrar no local que ocorreria a colação.
— Minha menina — meu pai falou quando parei em frente a ele. —
Como se sente?
— Feliz com a surpresa — respondi e me inclinei para abraçá-lo.
— Ela está só começando — ele falou e abriu a porta traseira da
limusine. E antes que eu pudesse questioná-lo o que mais estava por vir,
meus olhos foram para dentro do carro, percebendo que ele não estava
sozinho.
— Não acredito — disse, animada, e entrei, tendo ali uma surpresa
maior.
Estavam esperando por mim Marcelo, Sônia, Vivian, minha mãe e
até mesmo César Augusto. Ainda não sabia de fato qual a relação dele e da
minha mãe, mas estava feliz que todos estavam aqui.
— Tem noção do quanto foi difícil não contar que eu estaria aqui? —
Vivian falou e me puxou para um abraço.
Com uma risada eu me ajeitei no banco ao lado dela, recebendo o seu
abraço.
— Que saudade, amiga — falei e me afastei. Em seguida, meus olhos
foram para todos os outros. — Estou tão feliz que todos vocês estão aqui.
— Parabéns, querida, estamos orgulhosos de você — minha mãe
falou e meu sorriso se alargou.
Carlos e Rafael entraram na limusine alguns instantes depois, e se
ajeitaram confortavelmente.
— Isso foi demais, sério! — falei, passando os olhos para todos. —
Eu amei.
— Ficamos muito felizes com o convite, parabéns, Bianca — dona
Sônia, a mãe de Rafael falou.
Nesse momento, percebi que o carro começou a andar, sorri e olhei
para Rafael e meu pai, grata por tudo aquilo.
Tinha certeza de que tinha o dedo deles nessa surpresa maravilhosa.
— O que acham de começarmos com um brinde? — meu pai
perguntou, atraindo a atenção de todos.
— Hm... isso deveria ser depois da colação — brinquei. — Mas eu
adoraria.
Meu pai deu um sorriso e abriu um frigobar que estava no canto
direito, em seguida, começou a entregar taças para cada um de nós. Quando
as entregou, pegou a garrafa de champanhe e serviu um por um.
Meu sorriso já estava de todo tamanho, quando ele serviu a última
taça e colocou o champanhe sobre o frigobar.
— A que vamos brindar? — perguntei e passei os olhos por todos.
— A você, meu amor — Rafael respondeu com a voz rouca e
extremamente sexy. — Ao seu sucesso, ao nosso sucesso... Ao dia de hoje.
Então, ele estendeu a taça em direção ao centro de todos.
— Isso... As novas experiências que estão por vir. — Dessa vez foi
meu pai quem falou, fazendo o mesmo movimento que Rafael.
— E que todas essas experiências sejam no Brasil, porque eu já não
aguento mais te ter tão longe — Vivian falou antes de estender a taça, dei
uma risada e balancei a cabeça em negativa.
— Ao futuro — minha mãe completou e estendeu a taça juntamente
com César.
Marcelo e Sônia apenas acompanharam o brinde, ambos com um
sorriso no rosto.
— Brindemos então, as novas experiências e ao dia de hoje — falei
ao mesmo tempo em que levei a minha taça em direção a todos, fazendo um
brinde único e inesquecível.
Não poderia estar mais feliz, estava tudo apenas começando e eu
poderia dizer que já me sentia realizada apenas por esse momento, com
pessoas que eu amava e queria perto de mim sempre.
Seguimos todo o caminho conversando e chegamos em grande estilo.
Rafael levou a mão até minha cintura e como sempre caminhou ao meu lado,
levando-me para o local. Quando entramos, eu me despedi de todos e fui me
sentar próximo aos meus colegas de turma.
E tinha que dizer, a colação foi incrível do início ao fim. Era uma
conquista que eu almejara muito, o meu diploma.
Depois de recebê-lo apenas aguardei o encerramento e fui para a área
reservada no para nos trocar.
— Bianca, qual desses é o seu? — Lana, uma das minhas colegas de
sala, perguntou.
Olhei em direção a ela, analisando os vestidos que ela mostrava para
mim.
— O prata — falei e fui em direção a ela, para pegá-lo.
— Uau — ela falou e me deu um sorriso. — É lindo.
— Obrigada — falei e dei um sorriso a ela. — Bem... nos vemos
então.
Ao dizer aquelas palavras, entrei em um dos vestuários e tirei a beca,
em seguida coloquei o vestido e fui em direção ao espelho para checar.
Tinha que admitir, aquele vestido era realmente lindo.
Havia optado pelo modelo longo de alças finas, adequando-se ao
meu corpo. Ele tinha uma abertura lateral extremamente sensual, deixando
tudo ainda mais elegante.
Para completar meus cabelos, estavam soltos com cachos nas pontas,
a maquiagem era leve, mas tinha um delineado perfeito e um batom na cor
marsala, valorizando meus lábios ainda mais.
— Eu já te disse isso há pouco, mas sinto que tenho que dizer de novo.
— A voz de Rafael pairou pelo ambiente, eu olhei através do espelho e o vi
caminhar em minha direção. — Você está absurdamente deslumbrante.
— Obrigada — disse ao mesmo tempo em que ele levou a mão em meus
cabelos, e os juntou com cuidado. — O que está fazendo aqui?
— Segura para mim, princesa — ele me interrompeu. Estava prestes a
protestar, quando vi que ele segurava algo com a outra mão. Então apenas fiz
o que ele pediu.
Rafael abriu uma pequena caixa e a colocou sobre o puff ao lado.
Quando as mãos dele contornaram o meu corpo um sorriso se formou em
meus lábios, notando que ele estava com um colar.
Segui observando, enquanto ele o passava em meu pescoço e o abotoava.
— É lindo — disse e levei a minha mão livre sobre o colar, tocando-o.
Era uma peça um tanto delicada com pedras de diamante.
— Quando o vi, pensei em você. Em como seria perfeito para hoje — ele
falou ao terminar de colocá-lo.
Soltei meus cabelos e o olhei mais uma vez através do espelho.
— Eu amei. — Sorri suavemente.
Rafael apoiou as mãos em volta da minha cintura e se inclinou.
— Eu quero muito foder você, aqui e agora — sussurrou em meu
ouvido, fazendo-me arrepiar.
— Rafael — disse com a voz entrecortada. — Nós não devemos...
— Relaxa, princesa — ele voltou a sussurrar. — Por mais que seja
tentador, eu não farei.
Ao dizer aquelas palavras, ele deu dois passos para trás, afastando-se.
Com a respiração irregular, eu me virei em direção a ele.
— Você está perfeita, e é assim que quero que esteja para as fotos — ele
falou e eu assenti.
— Eu adoraria ser fodida aqui e agora, mas você tem razão — respondi
com a voz contida.
Certamente, se ele me pegasse naquele momento tudo iria por água
abaixo. Afinal, era impossível me manter serena quando ele estava dentro de
mim.
Rafael estendeu a mão para mim e eu a peguei. E com seu jeito sedutor
de sempre, ele deixou um beijo no dorso da minha mão, os olhos intensos e
cheios de desejo foram para mim.
— Mais tarde... isso é uma promessa.
CAPÍTULO 40
— Uau! — Vivian comentou quando entramos no salão. — Isso aqui
definitivamente é outro nível.
Tudo não poderia estar mais perfeito. A organização do baile de
formatura estava incrível.
— Não é? — concordei, enquanto íamos em direção à mesa reservada
para a minha família.
Rafael puxou a cadeira para mim, eu sorri para ele e me sentei. Todos se
acomodaram em seguida e permanecemos em uma conversa leve esperando
o discurso de abertura.
A movimentação estava cada vez maior, conforme as pessoas iam
chegando e se acomodavam pelas mesas reservadas.
Eu não poderia estar mais feliz, pois conseguira reservar uma mesa
próxima ao púlpito, no centro de tudo.
— Boa noite a todos — a reitora falou, chamando a nossa atenção. — É
com muita alegria que venho aqui hoje, dizer que é uma honra imensa
participar de um momento como esse e com pessoas tão especiais.
Ao dizer aquelas palavras, alguns assovios e aplausos a fizeram dar uma
pausa. O sorriso dela era enorme e o momento incrível.
— Estamos oficialmente dando início ao baile de formatura da turma de
Arquitetura. Gostaria de nesse momento, antes de deixá-los curtir a noite,
chamar até ao púlpito um convidado especial, ele é um homem que possui
uma vasta experiência e tem feito história aqui em Nova Iorque — ela falou,
em seguida os olhos dela foram para a nossa mesa. — Rafael Armani, por
favor, faça as honras.
Naquele momento, meus olhos foram para Rafael.
— Não me disse que iria discursar — falei com os olhos fixos a ele.
— Foi de última hora, não poderia recusar — explicou e eu assenti. —
Volto em alguns minutos.
Ele se levantou e deixou um beijo no topo da minha cabeça, antes de se
afastar e ir em direção ao púlpito.
— Quem diria... Hm? — Vivian comentou e eu sorri, então meus olhos
estavam em Rafael, acompanhando enquanto ele cumprimentava brevemente
a reitora antes de pegar o que parecia ser um microfone, e o colocar em seu
smoking.
— Boa noite a todos — Rafael cumprimentou todos. — Gostaria de
começar falando que, na verdade, eu não estou aqui para falar das minhas
experiências. Sei que hoje é uma noite especial para todos que estão aqui e
gostaria de deixá-la ainda mais magnífica para a mulher que eu amo. — Ele
desviou a atenção para mim, e eu pude sentir toda a sua intensidade. —
Princesa, você pode se levantar e vir aqui por um momento?
Quando ele disse aquelas palavras, uma vibração fora do comum se fez
presente pelo lugar.
— Céus! — Suspirei.
— Minha menina, o que está esperando? — meu pai chamou a minha
atenção para ele.
Eu sorri nervosa e comecei a caminhar em direção ao púlpito. Mas não
subi, eu parei de frente para ele na parte de baixo.
— Gostaria de dizer a todos vocês que estão aqui hoje que a vida é feita
de oportunidades e você deve arriscar em todas elas. Eu me arrisquei, no
momento em que larguei tudo no Rio de Janeiro para passar o ano ao lado da
mulher que eu amo. E tenho que dizer, isso deu muito certo. Não só pela
proporção que minha cartela de clientes cresceu, mas porque pude viver
momentos incríveis ao lado dessa mulher. — Mais uma vez os olhos dele
vieram ao encontro dos meus. — Em breve nós voltaremos ao Brasil, depois
de um ano morando juntos. E a única coisa que eu consigo pensar, é que eu
já não sei mais viver de outra forma — ele fez uma pausa e, em seguida,
desceu do púlpito, vindo em minha direção.
Meu coração batia loucamente a cada passo que esse homem dava em
minha direção.
— Rafael... — sussurrei quando ele parou de frente para mim.
— Não consigo imaginar acordar um dia sequer sem você ao meu lado,
não consigo pensar em chegar do trabalho depois de um dia cansativo e não
encontrar o meu porto seguro — ele falou e, no instante seguinte, se
ajoelhou.
Meu coração estava saindo pela boca, as mãos estavam trêmulas, e eu
ainda não conseguia acreditar que aquele homem estava fazendo aquilo.
Mas, sim, ele estava.
Rafael levou a mão no bolso e tirou uma caixinha pequena de veludo.
Então, seu olhar voltou para mim.
— Você é a mulher da minha vida, eu soube no momento em que pus os
meus olhos em você a primeira vez. Não consigo imaginar a minha vida
diferente do que temos agora... E por mais que eu sempre enfatize que, você
é meu amor e pertence a mim — ele falou naquele tom autoritário que me
fazia perder o ar. Então, abriu a pequena caixinha revelando um lindo anel
de brilhantes. — Eu preciso lhe perguntar, você aceita ser permanentemente
minha?
Ah! Deus... como eu amava esse homem.
A surpresa foi tamanha, que não consegui encontrar as minhas palavras.
Eu seguia repetindo para mim mesma a todo momento que aquilo era real.
Céus! Aquilo era real.
— Princesa, você quer se casar comigo? — A voz dele se tornou
hesitante. Pela primeira vez eu pude ver aquele homem realmente inseguro.
Um sorriso cheio de nervosismo escapou dos meus lábios, enquanto eu
buscava as palavras para responder.
— Meu Deus, sim... — Minha voz saiu em um sussurro. Fazendo com
que o alívio pairasse sobre Rafael. — Não há nada que eu queira mais, meu
amor.
Ao dizer aquelas palavras, estendi a mão em direção a ele, para que
pudesse colocar o anel em meu dedo anelar. E, naquele instante, percebi que
não era apenas eu que estava nervosa, as mãos dele estavam trêmulas,
denunciando que ele não se sentia diferente de mim.
Aquilo me fez dar um sorriso, enquanto os olhos dele voltaram para
mim.
Aplausos tomaram conta do lugar, assovios e gritos também fizeram
parte enquanto Rafael se levantava. Ele passou as mãos em volta da minha
cintura e me puxou para ele.
— Eu te amo tanto... — sussurrou, seus lábios a poucos centímetros dos
meus. E sem me importar com quem estivesse ao redor, eu o beijei com
necessidade.
Naquele momento, era como se fosse apenas nós dois ali,
compartilhando um momento único, em uma noite que estava mais do que
especial.
Logo, uma música lenta começou a tocar pelo ambiente. Nós nos
afastamos ofegantes, os olhos de Rafael se voltaram para mim.
— Me daria a honra da primeira dança? — ele perguntou com a voz
contida.
Eu mordi o lábio inferior e sem hesitar, o respondi:
— Eu adoraria.

— Para onde está me levando? — perguntei, enquanto o acompanhava


vendada.
Eu sentia a brisa do mar, isso denunciava que certamente estávamos em
alguma praia.
— Não seja tão curiosa, nós já estamos chegando — ele respondeu, e
meu coração saltou no peito com a ansiedade que me cercava.
Depois daquele pedido incrível, eu e Rafael aproveitamos a noite como
nunca. Dançamos algumas músicas, recebemos felicitações dos familiares e
amigos, fizemos alguns brindes e experimentamos pratos deliciosos.
Posso dizer que aproveitei cada momento ao lado de todos que eu
amava, antes de Rafael me tirar do baile, com a ideia de uma surpresa, ele
me vendou. E aqui estava eu, acompanhando-o sem ter ideia do que ele
estava aprontando.
— Meu Deus, Rafael. — Dei um gritinho quando senti ele me pegar no
colo sem aviso, ele me jogou sobre o ombro, deixando-me com a cabeça
para baixo.
Ele pareceu subir em algum lugar, em seguida me colocou no chão e me
segurou para que eu me estabilizasse. Então, as mãos dele estavam sobre a
venda, tirando-a lentamente.
— Chegamos — ele falou, à medida que me dava a visão mais incrível
que eu poderia ter.
Nós estávamos em um iate, a iluminação estava ambiente, a decoração
romântica e sensual na medida certa.
— O que você está aprontando? — perguntei e o medi com o olhar.
— Digamos que nós voltaremos para casa de um jeito diferente — ele
falou, fazendo-me arquear as sobrancelhas.
— E quem estará conosco? — perguntei e ele apenas deu um passo em
minha direção.
— Será apenas eu e você.
— Oh... — sussurrei, sentindo um frio na barriga. Rafael levou a mão até
a minha cintura, seus olhos cheios de desejo foram para mim.
— Prometo que amanhã eu lhe mostrarei todo o lugar — ele disse com a
voz rouca.
— Amanhã? — dei um pequeno gemido em antecipação quando as mãos
dele deslizaram para a minha bunda.
Ele apenas balançou a cabeça em concordância, antes de começar a me
guiar pelo iate. Naquele instante, eu não me dei ao trabalho de me atentar à
decoração interior, eu apenas ansiava por ele, assim como sabia que ele
também ansiava por mim.
Rafael não me deu tempo para agir, assim que entramos no quarto, ele
me puxou em direção ao peito dele e levou a mão em minha nuca, tomando a
minha boca em um beijo voraz.
Eu amava a forma que ele sempre agia e guiava tudo entre a gente, mas
nesse momento eu pensei em fazer diferente, já que ele tirou o dia para me
surpreender, eu queria que ele me deixasse tomar um pouco do controle.
Então, enquanto nos beijávamos de forma urgente, deslizei minhas mãos
até chegar em seu peito firme e o empurrei, afastando nossos lábios.
Ofegante, Rafael arqueou a sobrancelha e me fitou com o olhar. Sorri
para ele e segui o empurrando até a beirada da cama, fazendo-o me sentar
em seguida.
— Sem me tocar — ordenei.
Ele ficou sem reação por um momento, e eu segui o olhando com
atenção apenas esperando que ele me confirmasse que seguiria isso.
— Isso vai ser interessante — ele sussurrou com um brilho diferente nos
olhos.
Tirei o meu celular da bolsa de mão, e comecei a procurar uma playlist
de Two Feet.
— As lâmpadas possuem um sistema de som integrado, pode usá-los se
preferir — ele disse com a voz mais rouca que o normal, como se o
pensamento do que eu estava prestes a fazer estivesse mexendo totalmente
com ele.
Eu o olhei por um momento, mas não o respondi.
Emparelhei o celular rapidamente nas lâmpadas e coloquei a playlist para
tocar em som ambiente.
Depois de deixar o celular dele em cima de um móvel do quarto, eu
voltei a minha atenção para Rafael.
Aquela música sensual tomando conta do ambiente, enquanto os olhos
dele queimavam sobre mim, estavam me deixando totalmente excitada.
Comecei a mexer o meu corpo no ritmo da música sem tirar os olhos de
Rafael. Os olhos dele estavam tão vidrados em cada movimento que eu
fazia, como se estivesse hipnotizado. E aquilo foi realmente gostoso.
Devagar, enquanto eu dançava levei a mão atrás do meu vestido e abri o
zíper lateral. Em seguida, comecei a descer as alças do vestido, revelando
um pouco do que tinha por baixo.
A cada movimento que eu fazia, sentia que Rafael estava mais
impaciente, a sensação que tinha era que ele estava prestes a perder o
controle e isso era muito prazeroso.
Com um sorriso travesso continuei o meu show.
Um suspiro pesado escapou dos lábios dele no momento em que deixei
meu vestido cair totalmente aos meus pés.
Senti os olhos dele queimarem sobre mim de forma que nunca tinha visto
antes.
— Porra, Bianca, você quer mesmo me matar, não é? — ele rosnou e se
levantou, vindo sedento em minha direção.
— Nada disso — disse e levei a mão no peito dele, fazendo-o se manter
sentado. — Eu não terminei ainda.
— Preciso tocá-la — ele suspirou pesado, à medida que lutava para
permanecer ali. — Você está tão gostosa.
E para acabar de vez com ele, sem quebrar o contato visual, eu me
ajoelhei à sua frente.
— Ah... — ele arfou ao perceber o que eu estava prestes a fazer.
Levei as mãos em sua calça, tirei o cinto e abri o zíper. Ele ergueu o
quadril para que eu pudesse puxar sua calça e a cueca, tirando-as totalmente
expondo ali o seu pau que estava duro.
Segurei-o pela base e me inclinei passando minha língua por todo o seu
comprimento.
Rafael rosnou naquele momento fazendo com que um arrepio
percorresse todo o meu corpo. Desejando mais disso, aprofundei minhas
investidas.
Girei minha língua por toda sua glande, fazendo com que Rafael
continuasse com aqueles pequenos rosnados.
Comecei a movimentar a minha mão em um movimento de vai e vem,
depois deslizei os meus lábios por seu comprimento o máximo que pude.
As mãos dele continuavam na cama, enquanto ele visivelmente se
controlava para não levar as mãos até mim e tomar o controle. Vê-lo tão
rendido a mim me excitava ainda mais, estava quase chegando ao êxtase
apenas causando a ele aquelas reações.
Eu queria vê-lo chegar à loucura, queria que ele perdesse o controle.
— Mais devagar — ele pediu em meio a um rosnado. Ignorando-o,
apenas segui o provocando com a minha boca. E a cada investida, sentia que
ele estava cada vez mais perto de gozar.
Naquele momento, senti a mão dele me afastar em um movimento
rápido. Sorri com o seu desespero em me parar ao mesmo tempo em que
sentia que a minha brincadeira estava acabando ali.
E, sinceramente, eu amava o fato de ele ter que tomar o controle.
Em um piscar de olhos, ele levantou-se e me tirou do chão, jogou-me
sobre o colchão macio e antes que eu pudesse reagir Rafael estava sobre
mim, ele rasgou a minha calcinha e a jogou no chão, sem qualquer pudor.
Ele me puxou para ele e abriu as minhas pernas, então deslizou seus
dedos em direção à minha boceta. Um gemido involuntário escapou dos
meus lábios ao sentir seu polegar em meu clitóris.
Enquanto observava-me atentamente, ele continuou aquele movimento
gostoso.
— Eu preciso de você, agora... — Minha voz saiu entrecortada,
precisava com loucura senti-lo dentro de mim.
— Por Deus, Bianca — ele rosnou, enquanto intensificava os
movimentos em meu clitóris. — Hoje eu vou te foder, até que diga que não
está aguentando mais.
A junção daqueles movimentos precisos e quentes, com aquele rosnado
delicioso, foi o suficiente para me levar ao limite. Fechei os meus olhos e
segurei com firmeza os lençóis, um gemido intenso escapou de meus lábios
em conjunto com aquela explosão de sensações que descia sobre mim.
No momento seguinte, pude ver Rafael vir com o seu corpo para cima do
meu, sem dar qualquer tempo para que eu me recuperasse, ele se posicionou.
Então, ele se afundou em mim bruscamente, fazendo-me gemer com
aquela invasão, de forma brusca, mas deliciosa.
— Você é gostosa demais — ele rosnou ao mesmo tempo em que
começou a se enterrar sem pudor dentro de mim, atingindo tão perfeitamente
o meu ponto sensível, a ponto de me levar à beira do precipício apenas com
algumas investidas.
Eu estava fora de controle, sentindo o meu corpo inteiro reagir às suas
investidas. Ele seguiu se afundando em mim com movimentos constantes,
totalmente intensos, levando-me ao limite mais uma vez sem muito esforço.
— Jesus, Rafael. — Resfoleguei assustada, ao me sentir contrair em
volta dele de novo, em um orgasmo totalmente violento, que pensei que nem
fosse possível.
Ele me lançou um sorriso, e eu pensei que fosse morrer, com aquele
homem me olhando com tanta satisfação.
— Ah, princesa — rosnou em sua própria liberação, acompanhando-me
no mesmo instante.
Rafael afundou a cabeça na curva do meu pescoço, suas mãos
contornaram a minha cintura, envolvendo-me completamente nos braços
dele.
A respiração intensa, a sensação que tomou conta e o êxtase prolongado
nos fizeram permanecer naquela posição por mais tempo que o habitual.
Quando ele se levantou para me olhar, a mão dele foi ao encontro do
meu rosto e ele acariciou-me por um instante. Ele permaneceu, olhando-me
profundamente enquanto acalmava a respiração.
— Você me deixou louco, realmente estava a ponto de enlouquecer —
ele disse com a voz contida.
— Vê-lo perder o controle foi excitante demais para mim — respondi
com a voz contida, ainda tentando me recuperar daquela intensidade.
— Essa noite... eu pretendo te dar tudo de mim. — Aquela promessa
saindo de forma tão sexy da boca dele fez com que uma onda de excitação
invadisse o meu corpo. — Pretendo fazer amor com você e mostrar o quão
feliz estou, pois em breve você será permanentemente minha — ele
completou, fazendo-me perder o ar.
— Eu te amo — falei com a voz entrecortada, apenas cheia de
expectativas para o resto da noite.
Logo os lábios dele foram ao encontro dos meus, selando a promessa de
que a noite estava apenas começando.
Após nos recuperarmos, Rafael me levou ao banheiro.
Depois de um banho relaxante, voltamos para o quarto, então ele
cumpriu tudo aquilo que havia prometido.
Rafael me recompensou da melhor forma que poderia, mostrando-me
incessantemente com o seu corpo e com sua boca o quanto me amava.
Provando-me que ele era o único capaz de me amar tão profundamente,
mostrando-me a cada gesto que eu, era o mundo dele e que ele não poderia
mais viver sem mim.
Mostrando-me que sim, eu pertencia a ele.
CAPÍTULO 41
Ela disse sim.
Sim para um futuro comigo, sim para o início de uma vida totalmente
juntos, sim para construir uma família e para ser permanentemente minha.
Bianca estava na sacada da cobertura, sentada em uma namoradeira
concentrada em seu Kindle.
Encostei-me no batente da porta e não sei por quanto tempo permaneci
ali, apenas admirando-a, enquanto me lembrava de como os últimos dias
haviam sido incríveis.
Do seu olhar para mim quando percebeu que eu estava propondo a ela no
meio do baile de formatura, a nossa entrega e o nosso amor naquela mesma
noite com a confirmação de que sim, nós faríamos isso e os dias que
passamos no iate apenas curtindo a companhia um do outro, antes de
decidirmos que era hora de voltar para casa.
Nós havíamos chegado à capital ontem e tiramos o restante do dia para
descansar, mas essa manhã eu precisava ir à empresa para ver como estavam
as coisas.
Era hora de voltarmos à realidade.
Fui em direção a ela e me sentei na namoradeira ao seu lado, só então ela
percebeu a minha presença.
— Ah, oi... — Ela sorriu.
— Acordou cedo...
— Eu perdi o sono, então aproveitei para ler um pouco. — Ela balançou
o Kindle em minha direção.
— Hm... — respondi e me ajeitei na namoradeira, colocando os pés
sobre ela.
Em seguida, levei a minha mão até Bianca e a puxei para mim, fazendo
com que ela se ajeitasse e ficasse no meio das minhas pernas.
Bianca deixou o Kindle no espaço vazio ao lado e encostou a cabeça em
meu peito. Passei as minhas mãos em volta dela e me inclinei, deixando
alguns beijos na curva do pescoço dela, sentindo-a arrepiar com o meu
toque.
O sorriso bobo foi inevitável.
E por que eu estava assim? Porque não tinha sensação melhor do que
amar e sentir que era amado na mesma intensidade. E era exatamente isso
que eu sentia.
Céus! Nunca me imaginei de quatro por nenhuma mulher e, nesse
momento, aqui estava eu, sentia que tinha tudo quando estava ao lado dela e
estava disposto a dar o meu mundo a ela.
Eu realmente estava de quatro por essa mulher, mas não me importava
nem um pouco com isso.
— Rafael... — ela disse com a voz entrecortada, ao mesmo tempo em
que roçava a minha barba sobre o pescoço dela, fazendo o caminho até seu
ouvido.
— Um mês... é o suficiente para ajeitarmos as coisas? — perguntei,
fazendo com que Bianca se virasse em meu colo e seus olhos viessem ao
meu encontro.
— Do que está falando?
— O casamento, acha que podemos nos casar em um mês? — perguntei,
ela deu uma risada suave e gostosa, em seguida balançou a cabeça em
negativa.
Naquele momento, eu torcia para que ela fosse louca o suficiente para
me dar um sim.
— Meu Deus, Rafael, precisamos de mais tempo.
— Eu me casaria amanhã — falei e a medi com o olhar. — Mas você
tem razão, é um momento único.
— Sim, é. — Ela sorriu.
— Mas precisamos decidir a data, seja em dois ou três meses, eu preciso
que me diga de quanto tempo precisa — falei e ela me estudou com o olhar.
— Está tão ansioso assim, senhor Armani? — ela me provocou.
Aumentei o meu aperto em volta da cintura dela e me inclinei. Então,
mordi aquele lábio gostoso e o puxei suavemente, antes de voltar o olhar
intenso para ela.
— E se eu estiver, fará com que decida logo? — sussurrei. — Está me
enrolando há uma semana, princesa, não me diz se ficará aqui até o
casamento, também não me fala uma data.
O sorriso travesso se alargou nos lábios dela.
— Tudo bem, eu não aguento mais fazer isso — ela confessou e eu
franzi as minhas sobrancelhas para ela. — Em quatro meses, acho que
podemos fazer isso.
— Vamos morar aqui na cobertura até lá?
— Hm... eu não sei. — Ela me mediu com o olhar. — Talvez eu fique na
casa da minha mãe até o casamento.
Céus! Ela estava brincando comigo.
— Bianca... — disse em tom de aviso.
— Eu quero morar aqui na capital, pois é perto da empresa do meu pai
onde pretendo começar a trabalhar em breve — ela começou a falar,
seriamente.
— Então, podemos morar aqui na cobertura e procurar uma casa aqui no
Leblon, assim podemos decorá-la exatamente como quiser.
Bianca sorriu e levou a mão em meu rosto. Ela o acariciou com o
polegar, os olhos foram para os meus lábios, no minuto seguinte os olhos
dela estavam sobre os meus.
— Eu te amo — ela falou.
Inclinei-me e a beijei sem pressa, em seguida dei alguns selinhos e voltei
a olhá-la.
— Eu amo você. — Levei a mão no rosto dela e o acariciei. — Você já
tomou café?
— Não, decidi esperar por você.
— Então vamos lá, tenho que estar na empresa na próxima hora para
uma reunião com meu sócio, certamente passarei o dia fora para me atualizar
de como as coisas estão.
— Tudo bem, eu vou aproveitar para ir à empresa do meu pai, ainda não
o avisei que chegamos.
— Eu deixo você lá, vamos apenas tomar café e nos arrumar.
— Obrigada. — Ela se levantou e olhou para mim. — De volta à
realidade, então.

— Não quero atrasar você — Bianca falou quando saí do carro para
acompanhá-la.
— Tudo bem, princesa, eu apenas cumprimentarei brevemente Carlos
antes de ir — falei e levei a mão na cintura dela.
Bianca assentiu e juntos fomos em direção à entrada da empresa.
— Bom dia — a recepcionista nos cumprimentou com um sorriso
simpático. Então os olhos foram para Bianca. — Oh... você está de volta.
— Bom dia, sim. — Ela retribuiu o sorriso. — Meu pai está?
— Sim, fique à vontade, Bianca. — Bianca assentiu e juntos fomos em
direção à escada.
Estávamos indo rumo à sala de Carlos quando a minha mão
involuntariamente enrijeceu ao redor da cintura de Bianca. A visão à minha
frente não me agradava nada.
Carlos estava em uma conversa amigável com Alexandre na porta, o que
já me fez arrepender de vir até aqui.
— Olha só para vocês. — Carlos nos recebeu com um sorriso quando os
olhos dele vieram ao nosso encontro.
— O casal do momento — Alexandre falou e Bianca sorriu. — Noivos,
hum?
Alexandre me olhou brevemente, permaneci com o semblante impassível
e desviei a atenção para Bianca.
— Como vocês estão? — ela perguntou e parou em frente a eles.
— Acredite se quiser, estávamos falando de você há pouco.
— Posso saber sobre o quê? — Bianca arqueou as sobrancelhas, ela
parecia tão confortável que foi inevitável o incômodo que me atingiu.
— Sobre o marketing que usaremos com a sua entrada na empresa —
Alexandre respondeu e eu tive que me esforçar muito para me manter calmo.
— Já pensamos em tantas coisas, aposto que ficará empolgada com tudo o
que estamos preparando.
— Não me deixem ansiosa — ela falou e Carlos deu um sorriso.
— Alexandre vai cuidar pessoalmente de tudo, depois ele se sentará com
você e explicará cada detalhe.
— Acha mesmo que isso é uma boa ideia? — ela perguntou ao pai um
pouco insegura.
— Você pode achar que não, filha, mas há pessoas esperando a sua
entrada na empresa, pessoas que viram o projeto naquela cobertura e
simplesmente amaram — Carlos falou, visivelmente orgulhoso.
— Eu imagino que sim — falei, atraindo a atenção de todos para mim.
— Bom, eu passei apenas para te ver Carlos, tenho uma reunião em alguns
minutos.
Carlos estendeu a mão para mim e deu um sorriso.
— Bom te ver, meu amigo. — Minha boca se curvou em um sorriso e eu
o cumprimentei com um aperto firme.
— Bom te ver — repeti aquelas palavras e desviei a atenção para Bianca.
Puxei-a para mim e deixei um beijo em sua testa, antes de olhar
brevemente para Alexandre e me virar para ir em direção à saída.
Eu não queria ser o cara filho da puta ciumento, mas temia que se ficasse
ali, era exatamente o que eu me tornaria.
Então, eu precisava apenas seguir a minha rotina e, então, foi o que fiz.
CAPÍTULO 42
— Qual é, Rafael. — A voz de Caio ressoou pelo ambiente. — Me conta
logo, o que está acontecendo?
Dei um suspiro e olhei, na última hora estava tentando ao máximo me
concentrar no trabalho, mas a única coisa que eu conseguia pensar, era em
Bianca e Alexandre trabalhando juntos.
— Nada, por que estaria? — perguntei ao mesmo tempo em que fechei a
tampa do meu notebook e voltei a atenção totalmente para ele.
— Tem algo te incomodando, isso é visível. — Ele apontou o dedo para
mim. — Está tentando se concentrar, mas desde que chegou aqui, sua cara
fechada e os suspiros te denunciam.
Passei as mãos no cabelo e fiz uma careta.
— É a Bianca — confessei.
— Sabia, tinha que ser ela. — Ele me mediu com o olhar. — O que está
pegando?
— Não quero bancar o ciumento, mas adivinha quem é o cara ideal para
ajudá-la com as questões de marketing na empresa do Carlos?
— Você só pode estar brincando — ele falou, incrédulo.
— Não, é ele mesmo — respondi a contragosto, sabendo que Caio já
havia pensado no único que me incomodaria a esse ponto.
— O mundo é pequeno, eu sinceramente não sei se eu não bancaria o
ciumento — ele falou. — Ela sabe da história entre vocês?
— Não, não sabe.
— Deveria contar a ela, e dizer o quanto isso te deixa desconfortável.
Balancei a cabeça e, por um momento, não disse nada. Peguei uma das
pilhas de papéis que havíamos analisado na última hora, mas a mente vagava
para as falas de Caio.
— Vou pensar sobre isso — falei e desviei o olhar para ele. — Vamos...
terminar isso logo.
— Claro — Caio respondeu.
Forcei um sorriso para ele e voltei a atenção para onde deveria estar, no
trabalho.
Passamos as próximas horas estruturando como seguiríamos desde a
minha volta, os planos eram que abríssemos uma filial em Nova Iorque e
enviássemos um dos nossos funcionários de confiança para gerenciar de lá a
nossa cartela de clientes.
Eram quase 18h quando Bianca me mandou uma mensagem dizendo que
seu pai havia a levado em uma concessionária para a presentear pela
formatura, e que certamente de lá ela iria para casa.
Fiquei feliz por ele finalmente poder mimá-la como sempre quis.
Resolvi ir para casa e encerrar o trabalho por ali, precisava relaxar um
pouco.
Quando cheguei, tirei o blazer e a gravata e os coloquei sobre a cadeira,
em seguida afrouxei a blusa social. Fui até a cristaleira de bebidas na sala e
peguei uma garrafa de uísque, em seguida fui para a varanda.
Eu me sentei em uma das poltronas e comecei a apreciar aquela bebida
lentamente enquanto admirava a vista. O sorriso foi inevitável ao me lembrar
de uma das últimas vezes que fiz isso naquele lugar. Bianca havia chegado, e
eu não resisti a dar um belo amasso naquela morena gostosa.
Quem diria, que aquela mulher entraria tanto em meu coração?
— Ah... você está aí. — A voz de Bianca ressoou pelo ambiente, então
ela acendeu a luz e veio em minha direção. — Está tudo bem?
— Sim — respondi e coloquei o copo sobre a mesinha.
Estendi a mão para Bianca, ela a pegou sem hesitar. Então, a puxei para
que viesse em minha direção. Ela se acomodou em meu colo, passando as
duas pernas em volta da minha cintura.
— Como foi com o seu pai? — perguntei e ela abriu um sorriso de canto
a canto.
— Agora eu tenho um carro incrível — ela falou, animada. — Um
Maserati preto.
— Isso é demais — falei, tentando acompanhar sua empolgação.
Bianca franziu as sobrancelhas, e as duas mãos foram para o meu rosto.
— Por que você diz que está tudo bem, mas eu sinto que não está? — ela
perguntou, mantendo os olhos fixos aos meus.
— Vai mesmo trabalhar com aquele cara? — perguntei, sem conseguir
segurar mais o sentimento que me afligia.
— Então, é sobre isso afinal.
— Não gosto de pensar em você trabalhando com ele, na verdade, eu não
gosto de pensar em você perto dele de forma alguma.
— O que aconteceu entre vocês? — ela perguntou e naquele instante eu
quis desviar o olhar.
Mas não o fiz.
Como eu poderia mais uma vez tentar esconder o meu passado de
Bianca?
— Alexandre era como um irmão para mim, há sete anos — comecei,
enquanto as lembranças daquela época pairaram sobre a minha mente. —
Fomos muito amigos, até eu pegá-lo fodendo a minha noiva.
— Oh... meu Deus — Bianca disse, visivelmente em choque. — Noiva?
Ele e sua... noiva?
— Sim.
— Você tem certeza disso? Digo...
— Absoluta — interrompi-a. — Eu os peguei literalmente no ato... então
me diga, como eu posso suportar a ideia dele ao seu lado?
— Há uma coisa muito importante diante disso tudo — ela falou, séria.
— Eu não sou ela, jamais faria algo assim para te magoar, Rafael. Eu te amo,
estamos começando uma vida juntos, então você tem que confiar em mim.
— Bianca...
— Não tem noção do quanto eu te amo? — ela perguntou e eu apenas
balancei a cabeça positivamente.
Eu a conhecia, mas como poderia conviver com essa situação?
— Olha... — ela voltou a falar. — Eu entendo o seu lado, foi algo
realmente sacana da parte dele, mas depois que ele soube que estávamos
juntos, nunca mais flertou comigo, isso tem que significar alguma coisa, não
é?
Suspirei profundamente e me mexi, fazendo com que ela saísse do meu
colo. Então eu me levantei.
— Rafael... — ela me chamou, quase foi impossível ouvir sua voz,
quando eu me virei para sair da sacada.
Meus olhos se voltaram para ela.
— Você está ouvindo o que está dizendo? — Ri de nervoso. — Acabou
de confirmar para mim que vocês flertavam e, agora, quer que eu me sinta
calmo em relação a isso?
— Nunca passou disso, e o mais importante... não mais.
Naquele momento, meu autocontrole teve que ser muito grande, queria
perguntá-la se ela já havia desejado dormir com ele, mas a verdade era que
essa resposta me atormentaria, era melhor não saber.
— Ele é o cara que faz toda a parte de marketing da empresa, meu pai
confia nele... como eu posso simplesmente chegar e dizer a ele que não
posso trabalhar com Alexandre?
— Faça como quiser, Bianca, eu só quero que saiba... que eu sou
totalmente contra — falei e me virei, indo em direção à sala.
Não queria deixá-la ali, mas temia que a conversa tomasse outro rumo
caso continuássemos naquele impasse.
Fui em direção ao banheiro e tirei as minhas roupas. Em seguida, entrei
no boxe e liguei o chuveiro. Enquanto a água caía sobre mim fechei os olhos
e apenas tentei controlar a respiração.
Foi quando o barulho de água chamou a minha atenção. Abri os olhos e
me deparei com Bianca enchendo a banheira, apenas a olhei por alguns
segundos antes de pegar um pouco de sabonete líquido e começar a me
ensaboar.
Ela começou a tirar a roupa lentamente, com os olhos fixos a mim. As
curvas gostosas, os peitos redondinhos e, incrivelmente, durinhos, aquela
visão me agradava muito.
E por mais que eu estivesse com raiva, meu corpo reagiu de imediato a
ela.
Observei-a entrar na banheira, mas desviei o olhar no minuto seguinte,
concentrando-me em terminar aquele banho. E quando terminei, desliguei o
chuveiro e levei a mão na toalha, porém, senti as mãos macias de Bianca em
meus braços.
Olhei em direção a ela, percebendo que ela havia se levantado para me
alcançar.
— O que está fazendo, Bianca?
Ela me puxou em direção a ela e deslizou as unhas por meus braços,
enviando uma onda de eletricidade por todo o meu corpo.
— Eu preciso de você — ela sussurrou. — Preciso que saiba de algo.
Ao dizer aquelas palavras, ela me incentivou a entrar na banheira, e por
mais que estivesse relutante, eu o fiz. Acomodei-me e, em seguida, a senti
vir com o corpo para cima do meu e se ajeitar em meu colo.
Minhas mãos foram automaticamente para a cintura dela e a apertei com
uma pressão gostosa.
— Bianca... — disse com a voz rouca quando ela começou a rebolar
suavemente em meu colo.
— Me toca... — ela pediu, manhosa, fazendo o meu pau saltar.
Deslizei a minha mão pela cintura dela, guiando até seus seios e os
contornei com a mão, como se fossem feitos para mim, era o encaixe
perfeito.
Sem conseguir me segurar, eu me inclinei e levei a boca até eles.
— Isso... — Bianca gemeu quando eu comecei a sugar os seios gostosos,
intercalando entre chupar, sugar e acariciar os dois.
E depois de dar atenção suficiente aos dois, desci uma das minhas mãos
em direção à boceta dela. Um rosnado pequeno escapou dos meus lábios
quando a toquei.
— Você está tão molhada. — Arfei com os olhos fixos a ela ao mesmo
tempo em que comecei a movimentar meus dedos em seu clitóris.
— Só você me deixa molhada, amor — ela gemeu de forma tão sexy que
atingiu diretamente o meu pau. — Só você me deixa louca a cada vez que
toca o meu corpo, só você me leva à beira do precipício.
— Porra, Bianca — rosnei, aumentando os movimentos em seu clitóris,
totalmente alucinado com aquela mulher.
Eu sentia como o corpo dela sempre reagia a mim, mas estava ficando
louco com cada palavra que saía de sua boca.
Senti a mão dela ir em direção ao meu pau e ela o posicionou em sua
entrada, fazendo com que eu parasse aquele estímulo com os dedos e levasse
as mãos em sua cintura.
Então, os olhos dela se voltaram para mim e ela deslizou o meu pau para
dentro dela, fazendo-me dar um rosnado e apertá-la ainda mais. Ela ajeitou
as pernas e repetiu aquele movimento, mostrando-me mais uma vez, como o
nosso encaixe era perfeito, como a nossa sincronia era incrível.
Bianca levou as mãos em volta do meu pescoço, e se inclinou, roçando
os nossos lábios. Passei as mãos pelas costas dela, prendendo-a em mim e
tomei seus lábios de forma avassaladora, explorando-a por completo.
Em meio a gemidos extremamente sexys Bianca começou a cavalgar em
mim, enlouquecendo-me a cada sentada.
Encerramos o beijo ofegantes e meu olhar foi ao encontro dela. Enquanto
ela seguia socando a boceta no meu pau, eu levei a mão no pescoço dela,
prendendo o seu olhar completamente a mim, e naquele instante o meu olhar
continha de tudo um pouco.
Um olhar cheio de amor, desejo, luxúria, por mais que eu não quisesse
admitir, também havia o sentimento de posse. Na verdade, naquele momento
o sentimento que predominava era exatamente esse.
— Você é minha... — rosnei entre arfares, fazendo-a estremecer.
— Sim, Rafael... Eu ... — ela gemeu e fechou os olhos, senti seu corpo
enrijecer e assumi os movimentos. Então, ela abriu os olhos mais uma vez.
— Eu pertenço a você... Somente a você.
Meus olhos estavam vidrados nela, enquanto ela se entregava a um
orgasmo intenso e forte. Seu gemido gostoso e mais algumas estocadas
dentro dela me fizeram facilmente me juntar a ela, urrando seu nome com
descontrole.
Levei as minhas mãos para as costas dela, e a puxei para colar o corpo no
meu. Bianca veio mole para mim e com a respiração irregular.
Naquele momento, eu a abracei forte, sentindo que precisava confiar
nela, pois querendo ou não ela estava certa, ela não era a Raquel, e por mais
que eu não concordasse com aquele cara em nossas vidas, desde que nos
mantivéssemos desta forma, nós poderíamos fazer dar certo.
Então, eu apenas precisava lidar com os sentimentos que me
atormentavam.
CAPÍTULO 43
Acordei com a claridade que começava a entrar pelo quarto, ainda
relutante em abrir os olhos, eu me virei e estendi os braços para abraçar
Rafael, foi quando percebi o vazio na cama.
Lentamente, abri os olhos e constatei que ele realmente não estava ali.
Franzi as sobrancelhas e me sentei na cama, meus olhos foram para todo o
quarto constatando que ele realmente não estava no quarto.
Levantei-me e fui em direção ao banheiro.
— Rafael? — chamei, ao mesmo tempo em que checava que também
estava vazio.
Aproveitei para usar o banheiro e escovar os dentes antes de sair pela
cobertura procurando-o.
E estava tudo completamente vazio.
Aquilo era no mínimo estranho, afinal, Rafael nunca saía sem me
acordar.
Peguei o telefone e tentei ligar para ele, porém, não obtive um retorno.
Então, apenas deixei uma mensagem.
Eu: Amor, você foi para empresa?
Depois de enviá-la, meu celular começou a tocar. Meu coração saltou
com a possibilidade de ser ele, mas logo, identifiquei que não, era a minha
mãe.
— Oi, mãe. — disse ao atender.
— Querida, você vem mesmo hoje?
— Oh... sim — respondi, lembrando-me de que eu havia prometido
passar alguns dias com ela antes de começar a minha rotina.
— Posso esperá-la para o almoço?
— Sim, eu estarei aí... nos vemos em algumas horas, mãe.
— Ok, querida — ela respondeu e eu apenas encerrei a ligação.
Meus olhos foram para a mensagem que havia acabado de enviar para
Rafael, constatando que ele ainda não havia visualizado.
Então, decidi tomar café e tomar um banho para seguir o que tinha
planejado para hoje.
Quando terminei de me arrumar, ajeitei uma mala pequena e a levei para
o meu carro novo. Estava feliz com o presente, por mais que eu dissesse ao
meu pai que não precisava, eu estava realmente grata.
Resolvi fazer uma parada antes de pegar estrada para Búzios, joguei o
endereço da empresa de Rafael no Google, e logo eu estava estacionando em
frente a ela.
Fui em direção à recepção e me informei sobre onde era a sala dele e
segui em direção ao andar.
— Bom dia, tudo bem? — a secretária me cumprimentou com um
sorriso simpático.
— Oi... Hm...O Rafael está? — fui direta. Em seguida dei a ela um
sorriso, não queria parecer grossa.
— Tem horário marcado?
— Não, mas...
— Como conseguiu subir? — Ela arqueou as sobrancelhas.
Não poderia negar que fiquei feliz com aquela abordagem, significava
que certamente, havia um controle para que pessoas, como Patrícia, não
conseguissem vê-lo tão fácil.
— A recepcionista liberou a minha entrada. — Fiz uma pequena careta.
— Eu sou noiva dele.
— Preciso confirmar essa informação — ela falou, sucinta, e pegou o
telefone, mas no instante seguinte um homem levou a mão sobre a dela,
impedindo que ela continuasse.
Meus olhos foram para ele, identificando um moreno um tanto exótico
com os olhos sobre a secretária.
— Ela é realmente noiva do Rafael — o homem falou e olhou
brevemente para mim. — Me acompanhe, eu te levarei até ele.
Assenti e apenas o segui, quando ele caminhou em direção à porta que
havia um pouco a frente.
— Me chamo Caio, é um prazer finalmente conhecê-la. — Ele estendeu
a mão para mim. Eu o cumprimentei com um aperto firme, tendo ciência de
que ele era sócio de Rafael.
— Igualmente — respondi com um sorriso.
Ele deu duas batidas à porta, em seguida a abriu.
— Vá lá, esse homem precisa de você — ele falou e eu apenas o medi
com o olhar antes de entrar, encontrando Rafael sentado em sua cadeira e
sua atenção no notebook.
A porta se fechou atrás de nós, foi quando ele olhou em minha direção.
— O que está fazendo aqui? — ele perguntou, visivelmente surpreso, e
se levantou para vir em minha direção.
— Não atendeu a minha ligação, não respondeu a minha mensagem e
não me acordou pela manhã, como sempre faz — falei, séria.
Rafael se levantou e caminhou lentamente em minha direção.
— Estava concentrado revisando um contrato importante — tentou
justificar.
Eu balancei a cabeça em negativa.
— Você nunca agiu assim, Rafael, e não quero que comece agora.
Rafael deu um suspiro profundo e os olhos finalmente encontraram os
meus.
— Na verdade, estou fazendo o que posso para respeitar a sua decisão,
princesa, mas estou muito chateado... — ele fez uma pausa e parou à minha
frente. — Chateado não, isso me deixa com raiva, me deixa louco saber que
você pretende deixá-lo entre nós, mesmo sabendo o que aconteceu no
passado.
— Ele não está entre nós — frisei. — Alexandre e você tem um passado,
mas ele não fez nada diretamente a mim, não posso ignorá-lo e espero que
entenda isso, Rafael. — Olhei-o. — Não pode simplesmente seguir me
evitando.
Rafael levou a mão em meu rosto e prendeu o meu olhar no dele.
— Sabe o que eu quero fazer agora? — perguntou em um rosnado
contido. — Exigir que você o mantenha longe, eu quero ser o filho da puta
que vai dizer que você não tem outra escolha a não ser afastá-lo
completamente da sua vida e, então, é por isso que eu estou te evitando, para
colocar a cabeça no lugar.
— Você não vai fazer isso — respondi, a voz quase não saiu.
Suspirei pesadamente, e em um movimento involuntário mordi o lábio
inferior. Não sabia ao certo qual era o meu problema, mas aquilo havia sido
extremamente sexy.
Sentir o seu olhar possessivo sobre mim, um lado que Rafael tendia a
esconder bem, até esse momento.
— Não vou — ele falou ao mesmo tempo em que acariciou o meu rosto,
então, as mãos dele foram para as minhas mãos. — Vou deixar que faça
como achar melhor.
— E eu te amo por isso — falei, carinhosa, e levei as mãos no peito dele.
Fiquei nas pontas dos pés para beijar seus lábios macios.
Eu conseguia compreendê-lo, mas ele precisava entender que não havia
nada de mais rolando entre mim e Alexandre, e por mais que ficássemos
alguns momentos juntos, seria algo profissional.
Rafael passou a mão em volta da minha cintura e me puxou para ele, em
um beijo lento e gostoso.
Permanecemos alguns minutos naquela troca de beijos, até que eu me
afastei para olhá-lo.
— Eu estou indo para Búzios passar uns dias com a minha mãe —
sussurrei, ele balançou a cabeça positivamente. — Não poderia ir sem te ver.
— Amanhã eu estarei lá para encontrá-la.
— Tudo bem, nos falamos mais tarde então? — perguntei e o medi com
o olhar, pronta para deixá-lo ali e seguir meu planejamento.
— Sim, princesa, nos falamos.

— Então... — minha mãe falou em meio a um suspiro, coloquei o garfo e


a faca sobre o prato, depois olhei em direção a ela. — Eu mal posso acreditar
que a minha menina em breve se casará.
Um sorriso se formou em meus lábios, vendo as lágrimas invadirem o
seu olhar.
— Quem diria, dona Lilian — respondi, fazendo com que ela sorrisse.
Meus olhos automaticamente merejaram, enquanto estendi a minha mão pela
mesa para pegar a mão dela.
— Vocês já definiram uma data?
— Mais ou menos em quatro meses. — Ela arqueou as sobrancelhas. —
Eu sei que pode parecer rápido demais, mas nós moramos juntos por um ano
e pretendemos continuar morando até o casamento, então...
— Não há motivos para adiar. — Ela sorriu. — É o que você quer,
querida?
— Sim, mãe, é exatamente o que eu quero — falei, firmemente.
— Então siga o seu coração, eu te apoio. Apesar de não ter convivido
muito com Rafael, ele parece ser um homem e tanto.
— Ele é. — Acariciei a mão dela. — E quanto a você?
— O que tem eu?
— César Augusto... — Olhei em sua direção. — As coisas têm dado
certo com ele?
— Isso é tão embaraçoso... — ela falou e eu dei uma risada contida.
— Você havia se afastado por ele ser amigo do meu pai, não é? —
perguntei e ela balançou a cabeça positivamente.
— Mas, então, o próprio o trouxe até mim. — Ela suspirou. — Estamos
indo devagar, mas nos conhecemos bem ao longo do último ano.
Arqueei a sobrancelha para ela.
— Dona Lilian, um ano é tempo o suficiente, não enrole o homem —
falei em tom de brincadeira. — Torço para que seja feliz, assim como
também torço pelo meu pai... vocês merecem, ainda mais agora que
deixaram o passado realmente onde ele deve estar.
— Por você, querida. — Ela sorriu suavemente.
O barulho de mensagem do meu celular, me fez deixar as mãos da minha
mãe e desviar a atenção para o mesmo.
Havia chegado na casa da minha mãe há cerca de três horas, mas Rafael
ainda não tinha mandado mensagem.
Mas não se tratava dele, era um número desconhecido.
— Está tudo bem, meu amor? — minha mãe perguntou e meus olhos
foram imediatamente para ela, a surpresa estava evidente.
— Hm... acabei de receber uma mensagem do Marco.
— O que ele quer?
— Fiquei sabendo que está de volta a cidade e o pior, está noiva daquele
cara. Vai seguir com isso, Bianca? Você sabe bem que o seu lugar é ao meu
lado, tenho esperado desde que foi embora. — Li aquela mensagem em voz
alta.
— Oh, meu Deus, ele enlouqueceu — minha mãe disse, preocupada. —
Você o viu no dia da sua despedida na boate?
— Não, por quê? — perguntei, confusa.
— Com tudo eu achei melhor não comentar, mas eu o vi quando estava
indo embora... Ele estava no edifício.
— Isso é bizarro — falei e bloqueei o número.
Não apaguei a mensagem, queria mostrar isso a Rafael amanhã quando
ele chegasse.
— Agora eu estou preocupada.
— Não fique, mãe, ele não é louco de se aproximar de mim. Está muito
claro que eu quero distância dele, então não se preocupe, tudo bem?
— Certo. — Ela balançou a cabeça positivamente.
Eu forcei um sorriso para ela e me levantei.
— Sei que gosta daquele cochilo depois do almoço, vá descansar, eu vou
cuidar da louça e aproveitar para ligar para Vivian, preciso conversar um
pouco com ela.
— Fico feliz por você e ela continuarem tão amigas mesmo depois de
tanto tempo longe.
— Eu também.
— Tudo bem, eu vou aceitar a sua sugestão, pois realmente preciso me
deitar um pouco.
Minha mãe se levantou e foi em direção ao quarto. Acompanhei-a com
um sorriso no rosto, e quando ela saiu da minha vista, peguei o celular para
ligar para Vivian.
Não queria preocupar a minha mãe com as minhas coisas, mas precisava
falar com alguém sobre Rafael.
Talvez eu realmente estivesse criando uma briga desnecessária insistindo
para que ele aceitasse meu relacionamento com Alexandre, então a pessoa
mais mente aberta para conversar sobre isso era Vivian.
CAPÍTULO 44
— Você ligou... — falei ao atender o telefone.
— Eu disse que ligaria, princesa.
— Como você está? — perguntei e me sentei na cama, preocupada com
o que se passava na cabecinha de Rafael.
— Bem, e você? Aproveitou bem o dia com a sua mãe?
— Sim... Vou passar na boate hoje para conversar um pouco com a
Vivian.
Rafael não respondeu de imediato, o silêncio se fez presente por um
longo minuto, até que ele finalmente falou:
— Posso ir com você amanhã, não acha que seria melhor? — sugeriu de
repente.
— Bem... eu quero conversar um pouco com ela a sós. — Fiz uma
pequena careta, mesmo sabendo que ele não a veria.
Novamente o silêncio se fez presente.
Eu sabia que Rafael era mais ciumento do que demonstrava e, que no
momento, ele certamente estava se segurando para não pedir que eu não
fosse, mas eu realmente precisava de Vivian e com sua rotina corrida, o mais
tranquilo para conversar era na boate.
— Tudo bem... se divirta — ele falou, seriamente. — Mas não tanto.
— Pode deixar. — Dei uma risada suave. — Nos vemos amanhã então?
— Sim, eu estarei aí.
— Certo... Hm, eu te amo, meu amor — falei, sentindo o coração na
mão.
Rafael estava se esforçando, mas sabia que ainda estava chateado
comigo e a única coisa que eu queria, era que tudo ficasse bem logo.
— Eu te amo, princesa — ele falou suavemente, antes de encerrar a
ligação.
Permaneci com o olhar no celular alguns instantes, antes de me levantar
a fim de pegar a minha bolsa e as chaves do carro.
Como não pretendia beber mais do que uma ou duas doses, não via
necessidade de pedir um carro de aplicativo.
— Já vai, filha? — minha mãe perguntou enquanto estava passando pela
sala.
Sorri para ela e assenti.
— Prometo não chegar tarde.
— Tudo bem, qualquer coisa me liga.
Balancei a cabeça positivamente e fui em direção à saída, indo em
direção ao elevador.
O caminho até a boate foi rápido, felizmente não tinha trânsito, e
estacionar foi mais fácil do que pensei.
Segui o mesmo roteiro de sempre, fui até a cobertura e ao invés de pegar
a fila para entrar apenas dei o meu nome ao segurança, que liberou a minha
entrada e deu espaço para que eu passasse.
Então, eu estava indo em direção ao bar.
— Olha a noiva mais linda de todas — Vivian gritou quando me viu
aproximar e eu de imediato fiz uma careta para ela. — E o bonitão? Achei
que ele viria com você.
— Não... hm... — Sentei-me na banqueta de frente para ela. — Ele está
na capital.
— Está tudo bem? — ela perguntou, preocupada.
— Uma dose de tequila, por favor, vou precisar para te contar tudo —
falei e olhei brevemente para o lado, tendo a certeza de que poderíamos
conversar ali sem problemas.
— É pra já. — Ela se virou, e logo estava preparando o drink para mim.
Acompanhei-a com o olhar até que ela colocou uma dose de tequila para
mim. Bebi em um gole, e ela se apoiou no balcão para estar mais próxima a
mim.
Depois de colocar o copo na bancada olhei fixamente para ela.
— Eu começarei um projeto de marketing com Alexandre e bem...
digamos que há sete anos Rafael o pegou na cama com a noiva dele — fui
direta.
— Cacete! — Vivian falou sem conseguir esconder a surpresa.
— Foi exatamente isso que pensei também — falei com um sorriso
incrédulo. — O lance é que o Rafael não me quer perto do Alexandre, e eu...
não quero me afastar, afinal, ele não fez nada diretamente para mim.
— Quando você disse que precisava conversar, não imaginei que fosse
tão sério — ela falou em um tom um pouco mais baixo.
— Eu estou errada tomando essa posição? — perguntei e senti-a me
medir com o olhar.
— Vamos lá... me conte desde o início sua relação com Alexandre — ela
falou e eu suspirei profundamente.
Durante a próxima hora eu segui conversando com Vivian, conforme o
ambiente permitia. Ora tínhamos que parar um pouco para que ela auxiliasse
as meninas no bar, hora chegava alguém perto demais, mas consegui
explicar a ela tudo, sobre como conheci Alexandre e o quanto gostava dele
como pessoa, mesmo que tivéssemos flertado algumas vezes.
Então, pela milésima vez, Vivian foi auxiliar enquanto a novata fazia um
drink.
— Pronto, aqui estou eu — Vivian falou ao se aproximar mais uma vez.
— Não vai mesmo beber mais?
— Eu estou de carro, melhor não — falei e ela assentiu.
— Olha, em relação a tudo, eu acredito que tem que ter amor, confiança
e respeito — ela falou, séria. — Eu entendo o bonitão, mas você e...
Vivian interrompeu a fala, e seus olhos foram para trás de mim.
Segui o olhar dela, encontrando Alexandre com um olhar sacana em
nossa direção.
— Meninas — ele disse e se sentou na banqueta ao meu lado.
— O que está fazendo aqui? — perguntei sem conseguir disfarçar a
surpresa.
— É sexta-feira. — Ele deu de ombros.
— Até esqueci de te contar — Vivian falou, fazendo-me olhá-la
brevemente. — Alexandre está quase ganhando a carteirinha de fidelidade,
já que ele não sai daqui.
— Que isso, Vivi — Alexandre disse com o mesmo sorriso sacana, ela
revirou os olhos. — Não revirava os olhos para mim antes, mas agora que
está saindo com...
— Ei... — ela o interrompeu com um grito.
Franzi as minhas sobrancelhas e olhei para ela.
— Cretina, você está saindo com alguém? — perguntei, incrédula.
Afinal, ela não tinha me dito nada.
— O Alexandre que fala demais, acha que tem que ter motivo para eu
não cair mais na lábia dele — ela falou e eu dei uma gargalhada.
— Oh... meu Deus! — falei enquanto tentava me acalmar.
Vivian apenas virou as costas e voltou alguns minutos depois, e entregou
um chope a Alexandre.
— Obrigado. — Ele piscou para ela, que me deu uma olhada antes de ir
em direção à novata mais uma vez.
— Então, Rafael me contou o que aconteceu entre vocês há sete anos —
disse baixinho, enquanto o media com o olhar.
Ele pareceu surpreso com aquela informação, então, seus olhos vieram
para mim.
— O que exatamente ele contou a você?
— Acho que tudo, sobre a Patrícia, a noiva dele — falei, seriamente.
— Significa que ele realmente ama você, muito. Nunca o vi compartilhar
coisas dele com qualquer mulher. — Ele voltou a atenção para mim, fazendo
meu coração palpitar. — Nem mesmo com a Raquel.
Eu sabia que ele me amava, mas saber que o fato de ele estar
compartilhando coisas tão pessoais, que ele possivelmente não contava a
ninguém, era por me amar tanto, isso aquecia o meu coração.
— Então, Raquel é o nome dela...
— É uma longa história, mas na época em que conheci você, estava
tentando me manter distante de toda bagunça que se formou com Rafael e
Raquel, por isso me mudei para Nova Iorque. Então, eu voltei para o Brasil e
aqui estamos. — Seu tom triste, de repente, me colocou para pensar. — Eu
não deveria ter voltado, concorda comigo?
— Por que eu tenho a sensação de que tem mais nessa história do que
parece? — perguntei e ele deu um sorriso com uma pitada de deboche.
— Talvez tenha — ele falou e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa,
o celular dele começou a tocar.
Alexandre levou a mão no bolso e tirou o celular, em seguida o atendeu
sem olhar para mim.
— Você sabe ser chata quando quer — ele falou, seriamente. — Está
onde?
De repente, Alexandre levou a mão nos cabelos e coçou a nuca. Eu não
queria bisbilhotar a conversa, mas quando ele estava tão perto era inevitável.
— Puta que pariu, tudo bem... eu te levo para casa.
Quando ele encerrou a ligação, levou a mão em direção ao copo dele e o
virou na boca, bebendo tudo em um único gole.
— Está tudo bem? — perguntei, atraindo o olhar dele para mim.
Alexandre se levantou e tirou algumas notas da carteira. Em seguida, as
colocou sobre o balcão apoiando o copo e se virou para mim.
— A sua prima é extremamente chata às vezes, acha que pode mandar
em mim só porque nos conhecemos há tanto tempo.
— Patrícia está aqui? — perguntei e ele assentiu.
— Infelizmente, não me pergunte por que eu a trouxe comigo, pois nem
eu sei. — Ele balançou a cabeça em negativa, com um pequeno sorriso.
— Vocês estão juntos?
— Ah, não. — Alexandre fez uma careta. — Patrícia sempre foi uma
amiga.
— Oh...
— Te vejo por aí, Bianca, se cuida — ele falou e no instante seguinte se
virou.
Voltei a minha atenção para Vivian, que estava atendendo a um cliente.
Então, eu simulei o virar de um copo na boca, esperando que ela visse.
— Precisa de um drink? — Uma voz feminina atraiu a minha atenção.
Olhei em direção percebendo que se tratava da novata que Vivian estava
treinando.
— Uma tequila, por favor — pedi.
— Me dê apenas um instante — ela disse, gentil, e se virou para fazê-lo.
Então minha atenção se voltou para Vivian que se aproximava.
— O que está escondendo, Vivian? — perguntei, medindo-a com o olhar.
— Depois que Alexandre falou aquilo, você sumiu de perto de nós.
— Só queria deixá-los à vontade, imaginei que fosse querer trocar
algumas palavras com ele.
— Ele parecia tão triste com aquilo, que foi estranho — confessei.
— Seu drink. — A novata me entregou a dose de tequila. Em seguida, se
virou para Vivian.
— Acabei de utilizar a última dose dessa tequila, e algumas bebidas
estão no final, pode checar para mim?
— Mas já? — Vivian perguntou e ela assentiu.
Peguei aquela dose e assim como da outra vez, tomei em um único gole.
— Gata, eu volto já. — Vivian se direcionou a mim e eu apenas assenti.
Então, acompanhei enquanto ela saía do bar e ia em direção às mesas.
Naquele instante subiu uma ânsia muito grande, eu me levantei pronta
para ir em direção ao banheiro. Mas a cada passo que eu dava na direção
onde ficavam, mais estranho sentia que estava o meu corpo.
— Jesus! Preciso me sentar — falei, sentindo a ânsia me tomar.
— O que aconteceu? — A voz da menina do bar ressoou. — Você não
parecia bem, vim logo em sua direção.
— Acho que bebi rápido demais, aquilo era realmente tequila pura?
— Sim, vem sente-se um pouco, eu vou pegar um copo de água para
você — ela falou e eu assenti.
Sentei-me e vagamente percebi a menina se afastando.
Tudo estava girando, a vista estava ficando embaçada e eu sentia que
algo estava errado, afinal, eu tinha costume de beber socialmente.
— Aqui... toma um pouco de água. — A voz da menina atraiu a minha
atenção, estranhamente eu não queria arriscar tomar mais nada vindo dela.
— Bebe logo, Bianca, vai te fazer bem.
— Hum? — perguntei um pouco desnorteada.
— Água, eu trouxe água para você — ela falou um pouco impaciente.
— Pode chamar a Vivian para mim? — pedi.
— Já chamei, não se lembra de que me pediu há alguns minutos? — ela
perguntou e eu fiquei ainda mais confusa.
Eu havia pedido?
Minha cabeça estava realmente uma bagunça.
Senti um copo ser empurrado em minha direção, foi quando percebi o
quanto minha boca estava seca. Levei o copo à boca e com a ajuda dela o
tomei.
— Isso, garota, um dos rapazes a levará até Vivian. — Ela estendeu a
mão para mim.
Não me lembro de ter pegado a sua mão, mas quando dei por mim ela
estava me guiando entre as pessoas pelo garçom. Logo, o barulho da música
eletrônica se tornou mais distante, mas pela demora sentia que não estava
sendo levada para Vivian.
Eu senti, mas não tive forças para protestar.
Tentei me manter com os olhos abertos, mas foi impossível, meu corpo
estava cada vez mais mole, foi impossível não me render totalmente a
escuridão que estava a cada segundo mais presente.
Eu apenas deixei que aquela escuridão tomasse conta de mim.

— Me solta, porra. — Acordei assustada com aquele grito invadindo o


meu subconsciente.
— Rafael, não... — A voz desesperada de Patrícia me fez forçar para me
sentar na cama.
Tudo estava girando, minha cabeça estava latejando tanto que era difícil
raciocinar.
Quando finalmente estava estabilizando, passei meus olhos pelo quarto
constatando que não conhecia aquele lugar.
— Sai do meu caminho, Patrícia. — A voz séria de Rafael me fez
desviar o olhar para a porta, à procura dele.
Foi quando ele entrou, seus olhos foram para mim de forma que fez meu
coração apertar.
Seu olhar parecia carregado de decepção.
— Rafael... — sussurrei e tentei me levantar, mas minha atenção foi
imediatamente para o lado quando tive a sensação de alguém se mexendo na
cama.
Foi quando percebi que o meu pior pesadelo parecia estar acontecendo.
Alexandre estava ao meu lado e pior, ele se sentou e tirou o lençol
desnorteado, denunciando que usava apenas uma cueca boxer.
Olhei afoita para o meu corpo, constatando que a única coisa que me
cobria era um lençol.
Eu estava nua, céus! Eu estava realmente nua.
Meus olhos foram de imediato para Rafael, que parecia digerir a cena
que via, enquanto Patrícia segurava o seu braço.
— Eu não... faço ideia... de como... — comecei a explicar, totalmente
desnorteada.
Os olhos de Rafael vagaram de mim para Alexandre mais uma vez, e eu
me senti desesperada com o que se passava na mente dele naquele momento.
O que diabos aconteceu ontem?
— Eu e Alexandre nunca... eu não fiz isso, R...
Interrompi a minha fala e engoli em seco no momento em que Rafael
virou as costas e saiu do quarto.
Senti que o meu mundo estava desmoronando e o aperto no peito apenas
aumentou.
— Mas... que inferno. — Alexandre vociferou.
— Como isso... — tentei falar com a voz contida. Passei os olhos mais
uma vez pelo ambiente, sem reconhecê-lo. — Onde estamos?
Alexandre levou a mão na cabeça e massageou as têmporas.
— Nós estamos na porra da minha cobertura, Bianca. — Ele me mediu
com o olhar e suspirou. — Não faço ideia de como você veio parar aqui, mas
ele nunca vai nos perdoar pelo que acabou de ver aqui.
O desespero tomou conta de mim ao ouvir aquelas palavras. Eu não fazia
ideia do que aconteceu, mas diante do passado daqueles dois, aquele era o
pior cenário que Rafael poderia me pegar.
Meu coração despencou enquanto aquela frase martelava em minha
cabeça.
Rafael, nunca me perdoaria por isso.
CAPÍTULO 45
O barulho insistente do meu celular tocando me fez acordar, em um
movimento automático levei a mão no móvel ao lado da cama e peguei o
celular.
— Oi? — Atendi sem nem mesmo checar quem poderia ser.
— Rafael querido, me desculpe ligar a essa hora. — Uma voz suave
pairou do outro lado da linha. Sentei-me na cama sonolento e afastei o
celular, para checar quem estava me ligando.
Foi quando constatei que era Lilian, a mãe de Bianca.
— Está tudo bem? — perguntei, preocupado.
— Eu não sei — ela suspirou pesadamente. — Por acaso Bianca está
com você?
— Não, ela não está — falei e dei um pulo da cama. — O que
aconteceu?
— Vivian me ligou perguntando se ela havia chegado em casa, pois foi
embora sem dizer nada, mas é algo que ela faz às vezes, então ela só queria
confirmar que tudo estava bem, já que ela não atende o celular.
Meu coração entrou em descompasso ao ouvir aquelas palavras, eu fui
em direção ao closet e comecei a pegar algumas roupas.
— Ligou para Carlos? — perguntei enquanto me trocava.
— Sim... ele também não faz ideia de onde ela está.
— Tudo bem... me avise se alguma coisa mudar — falei e, em seguida,
encerrei a ligação.
Fui até o contato de Bianca e coloquei para chamar, enquanto terminava
de me vestir. Logo, veio a mensagem que o número estava fora de área ou
desligado. Então, fui até o aplicativo de mensagens para tentar ver qualquer
vestígio do último contato dela com o celular.
Não havia mensagens, ou marcação de visto por último, mas a bolinha
verde do status me fez clicar para checar.
Era uma filmagem confusa, não aparecia ninguém, apenas o movimento
no lobby de um edifício. Meu coração apertou ao conhecer tão bem aquele
lugar.
Era onde Patrícia e Alexandre moravam, eu tinha certeza.
Suspirei profundamente e analisei as possibilidades. E por mais que eu
não gostasse nenhum pouco da ideia, fui à lista de contatos bloqueados e
desbloqueei o número de Patrícia.
Em seguida, eu o olhei por um instante antes de tomar aquela decisão.
Era necessário, era pela segurança de Bianca, então, coloquei para chamar.
— Rafael? — a voz surpresa de Patrícia pairou do outro lado da linha
após quatro toques.
— A Bianca está com você? — fui direto.
O silêncio se fez presente do outro lado da linha, o que me deixou ainda
mais agitado. Saí do closet e fui em direção à sala, em seguida peguei as
chaves do carro.
— Patrícia? — voltei a perguntar.
— Isso não é da minha conta, mas...
— Fala logo, Patrícia — disse, impaciente, enquanto entrava no
elevador.
Ela suspirou profundamente.
— Quer saber? Mesmo que Alexandre seja meu amigo, você não merece
isso. — A fala dela me fez parar no lugar. — Um pouco mais cedo, eu os vi...
o barulho estava tanto que abri a porta para olhar, vi o suficiente para
saber que aquela mulher não merece você.
— Está me dizendo que ela está com Alexandre? — perguntei, sentindo
o meu mundo desabar.
— Pode ver com os seus próprios olhos... eu tenho acesso à cobertura
dele — ela falou e, por um momento, não consegui responder, apenas não
queria acreditar que algo assim estava acontecendo.
— Estou indo para aí, chego em menos de dez minutos — falei e
encerrei a ligação.
Com o coração na mão, fui em direção ao carro e segui em direção ao
local onde Patrícia e Alexandre moravam. No caminho, enviei uma
mensagem para Lilian e Carlos, para que eles não se preocupassem, pois eu
sabia onde Bianca estava.
Sem dar detalhes demais, apenas os tranquilizei.
Saí do carro e fui em direção ao lobby, Patrícia já me esperava lá
embaixo e eu mal consegui olhar na cara dela, apenas passei e fomos em
direção ao elevador.
— Olha, Rafael... — ela sussurrou quando chegamos no andar.
— Apenas abra aquela porta para mim — falei com a voz contida.
— Eu vou abrir, mas tem que me prometer que não fará nenhuma
loucura.
— Abre logo, Patrícia — mandei, ainda sem acreditar que eu realmente
encontraria algo semelhante ao que vivi há sete anos.
Sem dizer uma palavra sequer, Patrícia digitou a senha e abriu a porta.
Entrei no mesmo instante, deparando-me com algo que não gostara nada.
Roupas jogadas pelo chão do apartamento, roupas familiares para mim.
Uma calça de couro preta e um cropped. Havia também roupas masculinas, e
meu sangue ferveu ao ver tal cena. Eu podia imaginar completamente como
tudo aconteceu, dado a pressa em se livrar de cada peça era evidente.
Fui em direção ao quarto em passos longos, foi quando senti a mão de
Patrícia em meu braço.
— Rafael, precisa ir com calma — ela pediu. Eu puxei o meu braço, mas
ela não me soltou.
— Me solta, porra — falei com a voz contida, apenas querendo a
confirmação daquilo que eu estava vendo.
Patrícia seguiu tentando me segurar, mas eu entrei no quarto e me
deparei com uma cena que fez meu mundo desabar completamente.
A minha princesa, nua embaixo dos lençóis, com aquele cara e os olhos
perdidos para mim, tentando explicar o inexplicável.
Aquilo era demais para mim, eu poderia suportar o que Raquel fez, mas
nunca poderia suportar o golpe de Bianca, eu a amava demais.
Em um momento de desespero, eu me virei em direção à porta e
simplesmente saí daquele quarto. Mas a cada passo longe de tudo, os
pensamentos começaram a me atormentar. A incerteza de estar tomando a
atitude correta parecia cravar no meu peito.
Seu olhar confuso para mim, a voz perdida dizendo que não sabia o que
aconteceu... aquilo me fez parar no meio do caminho, com os punhos
cerrados, tentando conter a emoção que me invadira.
Era de Bianca que estávamos falando, a minha Bianca.
E, por ironia do destino, palavras marcantes de Carlos pairaram sobre a
minha mente naquele instante.
“Eu perdi a única mulher que amei a vida inteira por não dar a ela um
voto de confiança, quando eu percebi, já havia a perdido, não havia nada a
ser feito.”
Era isso que ele dizia sempre que falava de Lilian.
Sem pensar demais e me amaldiçoando internamente por amar tanto
aquela mulher, dei a volta e fui mais uma vez em direção ao quarto.
A verdade era que eu não sabia o que tinha acontecido, ou como
aconteceu, sem contar que a Bianca que eu conhecia seria incapaz dessa
sujeira toda. E poderia ser louco da minha parte, mas mesmo vendo a cena,
não conseguia acreditar que ela faria algo assim comigo.
— Rafael... — A voz de Patrícia ressoou quando me viu ali mais uma
vez.
Eu a ignorei e levei meus olhos para Bianca. Ela estava com a cabeça
enfiada nas mãos, em meio a um soluço.
Aproximei-me dela e sem dizer uma palavra, levei as minhas mãos sobre
ela, enrolando-a no lençol.
— Rafael... — ela sussurrou com a voz trêmula.
— Não estou fazendo isso porque te perdoo pelo que vi aqui, só não vou
te deixar aqui com esse cara — falei com a voz contida e a peguei no colo.
— Não quando você diz que não sabe o que aconteceu.
Bianca assentiu e passou as mãos em volta do meu pescoço, em seguida
encostou a cabeça em meu peito.
Eu passei por cima do meu orgulho, quando me virei e comecei a andar
com ela em direção à porta.
— Rafael... — A voz do desgraçado pairou pelo ambiente, fazendo-me
olhá-lo uma vez. — Eu não sei como isso aconteceu, mas eu não faria isso
com você de propósito... nem agora, nem há sete anos.
— Eu vou descobrir o que aconteceu, e é melhor se preparar caso tenha
forçado ela a alguma coisa — falei, autoritário, em seguida saí do quarto,
sem olhar para trás.
Estava chegando no elevador, quando ouvi passos apressados em minha
direção.
— Vai ficar com ela? — Patrícia gritou em desespero. E seu tom fez com
que um frio atingisse a minha espinha. — Depois do que viu aqui vai ficar
com ela?
Aquela pergunta me deu um aperto no peito. A verdade era que por mais
que tivesse visto aquilo, algo gritava dentro de mim que tinha alguma coisa
errada.
No fundo, eu conhecia perfeitamente a minha mulher, a ponto de saber
que ela jamais faria algo assim, e não saber de fato como tudo levou ao que
aconteceu, estava me deixando louco.
Apertei o botão para chamar o elevador, disposto a ignorar Patrícia.
— Rafael — ela gritou quando dei um passo em direção ao elevador.
— Não que isso seja da sua conta, Patrícia, mas se quer tanto saber... —
olhei brevemente para Bianca, então, meus olhos se voltaram para ela. — Eu
sou incapaz de deixar essa mulher ir, eu preciso dela em minha vida, então,
sim, mesmo depois de tudo, eu a estou levando comigo, pois não imagino a
minha vida sem ela.
Assim que eu disse aquelas palavras, a porta do elevador se fechou. Fui
incapaz de olhar Bianca depois de dizer aquelas palavras, apenas segui com
ela em direção ao carro, sentindo-a chorar em meus braços.
Eu a coloquei no banco do passageiro e dei a volta, assumindo a direção.
Resolvi a levar para a cobertura, mas o caminho foi duro e silencioso. Eu
agradeci mentalmente por ela não tentar se explicar, naquele momento eu
não tinha cabeça para conversar.
Quando chegamos, novamente a peguei no colo e a levei daquela forma,
até chegarmos ao quarto. Eu a coloquei na cama e a olhei por um momento,
pensei em dizer que conversaríamos depois, mas as minhas palavras estavam
entaladas na garganta, eu simplesmente não conseguia pronunciar uma
palavra sequer, então, apenas me virei com a intenção de ir para longe
daquele lugar.
— Por favor... não vai — Bianca pediu com a voz trêmula, fazendo-me
parar no meio do quarto.
Eu fechei os olhos ao mesmo tempo em que cerrei os punhos, então, me
forcei a respondê-la.
— Eu... não consigo ficar aqui agora, não consigo falar com você agora
— falei com a voz contida, sem conseguir me virar para ela.
— Por favor — ela insistiu, e eu me deixei levar pelo sentimento que
pairou sobre mim.
Virei-me para ela, com o olhar carregado da única coisa que eu
conseguia sentir: dor.
— Porra, Bianca, tem noção do que está me pedindo nesse exato
momento? Tem noção do que fez comigo?
— Eu não fiz... eu não fiquei com ele, Rafael, isso...
— Essa merda não teria acontecido se tivesse me ouvido, eu te pedi para
não deixar esse filho da puta entre nós — falei, tomado pela raiva. — Eu te
disse, Bianca, o quanto era desconfortável para mim você estar tão próxima
a ele, e olha o que aconteceu.
Comecei a falar tudo o que estava entalado em minha garganta, mas
parei no momento em que ela voltou a chorar. A verdade era que ela sabia
que poderia ter sido evitado, quando pedi que ela ficasse longe de
Alexandre, ou quando sugeri que ela me esperasse para que fôssemos juntos
a boate, tudo o que aconteceu poderia ser evitado se ela tivesse me ouvido.
— Então, me desculpe por não querer ficar com você agora, mas eu
realmente preciso de um tempo para colocar a cabeça no lugar e pensar se é
realmente isso que eu quero para minha vida. E, sinceramente, acho que
você também deveria.
Virei-me sem esperar uma resposta e saí do quarto, sabia que talvez
tivesse sido duro demais com ela, mas era impossível guardar tudo aquilo
para mim. E, naquele momento, eu precisava ficar sozinho, para pensar com
calma no que faria diante de tudo.
O futuro agora parecia incerto, a verdade era essa.
CAPÍTULO 46
Não consegui ficar na cobertura naquele momento.
Depois de deixar Bianca no quarto, eu me vi sem lugar, sem chão.
A minha ficha ainda não tinha caído, a dor que estava sentindo, era a pior
que senti em toda minha vida. A dor que senti há sete anos não chegava nem
perto da que estava sentindo nesse momento.
Foi aí que eu tive a certeza de que eu realmente não conseguiria viver
sem aquela mulher.
Peguei o carro e dirigi sem rumo, enquanto pensava em como agir. E
sem lugar para ir àquela altura da madrugada, eu acabei indo para a empresa.
O telefone não parou de tocar, tive que silenciá-lo para que Patrícia se
mancasse que a última pessoa com quem eu queria falar naquele momento
era ela.
Entrei na minha sala e peguei uma garrafa de uísque, precisava
desesperadamente de algo para me fazer esquecer, ou eu enlouqueceria.
Enquanto bebia, meus olhos foram para o celular que apesar de
silenciado, conseguia ver mensagens chegando. Eu o peguei e havia ali
mensagens de Patrícia.
A sensação foi estranha, o déjà-vu que caiu sobre mim me fez
estremecer, eu havia passado por isso há sete anos, da mesma forma, Patrícia
estava estranhamente preocupada demais com o rumo das minhas decisões.
A diferença, era que naquela época, nós éramos amigos.
Sem pensar demais, entrei na agenda e liguei para Rodolfo, eu precisava
checar as coisas, e tinha que ser agora.
— Oi? — ele atendeu com a voz sonolenta.
— Preciso de você, e preciso agora — falei, seriamente.
O silêncio se fez presente do outro lado da linha, e pude ouvir o
momento em que ele pulou da cama.
— O que manda?
— As imagens das câmeras da boate, quero todas do momento em que a
boate abriu essa noite até agora.
— Qual é o problema de vocês? Acham que podem me ligar de
madrugada para pedir favores? — ele perguntou em meio a um suspiro.
— É a Bianca, eu a peguei na cama com Alexandre e preciso saber como
isso aconteceu — expliquei, sério, tentando muito não perder o controle.
— Oh... cara. — Seu tom foi mais tranquilo. — É por isso que eu não
acredito nessas filhas da puta, é o que acontece quando confia nas mulheres.
Já havia acontecido com a Raquel, no meu caso aconteceu com a Nathalia,
acho que não precisamos de mais provas de que é a maior roubada dar o
coração a alguém. É por isso que eu prefiro jogar com elas...
Balancei a cabeça em negativa ao ouvi-lo.
— Não acredito que ela tenha sido capaz de algo assim.
— Porra, Rafael, acorda para vida... Você a pegou na cama com o cara
e tem dúvidas de quê?
— Apenas... me mande as drogas das imagens.
— Tudo bem, me dê alguns minutos e eu mando para você.
Encerrei a ligação e peguei o copo de uísque, tomando o restante que
estava ali em um único gole. Em seguida, me levantei e fui em direção à
cadeira, liguei o meu notebook e apenas esperei que Rodolfo fizesse o que
eu pedi.
Alguns minutos depois, ele me mandou o aplicativo que usava para
monitorar as câmeras, o usuário e senha. Baixei o aplicativo e o instalei,
então, comecei a checar as imagens.
O coração estava na mão, no fundo, eu tinha medo do que veria ali, mas
precisava.
Sincronizei todas as câmeras e consegui ver o exato momento em que
Bianca chegou, e algum tempo depois, enquanto Bianca estava no bar,
percebi que Alexandre e Patrícia chegaram juntos e foram para a pista de
dança.
O que para começar era estranho, afinal, Patrícia havia me dito que
estava em casa quando presenciou a cena de Alexandre e Bianca.
Como ela viria de Búzios para a capital com Alexandre, sem
simplesmente saber que Bianca estava indo na mesma direção?
Depois de um tempo, Alexandre se juntou a Bianca no bar, e minha
atenção foi totalmente para aquele momento. Eles permaneceram
conversando, e apesar de não ter como saber o que falavam, não parecia um
flerte. Na verdade, Alexandre tinha o semblante triste.
Talvez eu estivesse desesperado demais para não ver coisas onde poderia
ter?
Talvez.
Segui acompanhando, até que Alexandre atendeu ao telefone e falou algo
com Bianca antes de sair. Enquanto Bianca permaneceu no bar, ele foi em
direção a Patrícia, então, a última imagem que vi, foi dos dois no
estacionamento, indo embora sozinhos.
Voltei a minha atenção para as câmeras do bar. Vivian saiu e Bianca
bebeu mais um drink, ela se levantou de repente e parecia desnorteada ao
passar pelas pessoas, quando a menina que a serviu, seguia atrás dela.
Era estranho, não vi Bianca beber muito, mas ela parecia realmente
desnorteada.
A menina olhava de um lado para o outro, depois entregou outro copo a
Bianca e, em seguida, a levantou e a guiou para um homem. Aquela cena fez
meu coração acelerar, o homem seguiu levando Bianca, até que ela pareceu
perder a consciência.
Foi quando ele a pegou no colo e a levou, colocando-a em um carro e
saindo com ela daquele lugar.
Foi estranho, aquela porra toda estava estranha demais.
Naquele instante, eu tive a certeza de que fosse lá o que aconteceu, eu
estava certo em não acreditar que Bianca faria aquilo comigo, ela
visivelmente não estava com Alexandre.
Voltei o vídeo algumas vezes, e eu não sabia se aquilo era algo da minha
cabeça, mas Patrícia parecia ter falado com aquela menina por alguns
instantes, sem semblante denotava um nervoso incomum.
Com isso em mente, eu mandei as filmagens que achei relevante para
Rodolfo e me levantei, a fim de desvendar o que realmente havia acontecido
naquela noite.
Abri a gaveta da minha mesa e tirei dali uma caneta, a olhei por um
momento enquanto pensava em tudo.
— Pensei que nunca fosse usar você — falei para mim mesmo e suspirei.
— Parece que terá finalidade, afinal.
Levantei-me decidido a tirar a história a limpo, mas antes precisava fazer
uma parada. Pois, se eu estiver certo sobre tudo, Bianca havia sido dopada.

Suspirei profundamente antes de entrar na cobertura. E quando o fiz, não


vi sinal algum de Bianca.
Caminhei lentamente pelo lugar e fui em direção ao quarto em que havia
a deixado. Ela continuava enrolada no lençol, exatamente na mesma posição
que eu havia a deixado.
Bianca não se deu ao trabalho de se levantar, ela puxou o travesseiro e
apenas permaneceu ali.
Com o coração na mão, caminhei em direção à cama e me sentei na
beirada, o coração apertou ainda mais quando eu pude a olhar de perto.
As mãos firmes estavam embaixo do travesseiro, os cabelos estavam
bagunçados, as lágrimas secas no rosto denunciavam que ela havia chorado
até dormir.
Aquela cena partiu o meu coração.
Levei a minha mão em seu rosto e o acariciei, apenas com o pensamento
de que não poderia seguir sem ela. Coloquei uma mecha do seu cabelo atrás
da orelha e continuei com as carícias. Foi naquele instante que ela
lentamente abriu os olhos.
Permaneci apenas a observando, enquanto ela assimilava a minha
presença ali.
— Rafael... — ela sussurrou com a voz embargada. — Você está aqui...
você...
— Como está se sentindo, princesa? — perguntei com a voz calma.
— Eu... eu... eu não fiz aquilo, você precisa acreditar em mim — ela
disse entre soluços e levou a mão em minha camisa, agarrando-a forte. —
Eu... Eu não fiz.
— Bianca, calma — pedi e levei a minha mão até ela.
Tínhamos que conversar, mas, no momento, o que importava era que ela
estivesse bem.
Então, eu a puxei para mim, e a sentei em meu colo. Em seguida
acariciei as suas costas.
— Você tem que acreditar em mim — disse entre soluços.
Meu coração apertou de forma que nem pensei ser possível, como eu
poderia deixar essa mulher? Como eu poderia não me importar?
— Eu acredito, eu acredito, tudo bem? — falei, a fim de tranquilizá-la.
Mas ela ficou totalmente desnorteada, eu a puxei para mim e a abracei forte.
No instante seguinte, eu pude vê-la desabar a chorar.
— Princesa, não chora — pedi com a voz embargada, muito próximo de
desabar junto com ela.
Foi inevitável.
Só percebi que estava chorando quando as lágrimas caíram em seu
ombro.
Eu me permiti perder o controle naquele momento, dizendo para mim
mesmo que tudo ficaria bem, só precisaríamos conversar. Mas, antes de
tudo, eu precisava ter a certeza de que ela estava bem.
Depois de um tempo indeterminado, meus olhos foram ao encontro dela,
e eu levei a mão em seu rosto.
Sem pensar muito, puxei seu rosto e tomei sua boca em um beijo, a
princípio, hesitante e calmo, mas que logo foi se transformando em algo que
transbordava o sentimento mais puro que sentíamos um pelo outro. Um amor
inexplicável, confiança, paixão e alívio, eram muitas emoções para um único
beijo.
Mas que acalmavam totalmente a minha alma.
Quando nos afastamos, eu levei meu olhar ao rosto dela.
— Preciso levá-la ao hospital para um check-up, então, eu resolverei
algumas coisas e estarei de volta, para conversarmos — expliquei.
Bianca apenas assentiu, sem questionar.
Então, eu sabia o que deveria ser feito.
Eu a levei para o banheiro e dei banho nela, em seguida, a ajudei a se
trocar e a levei para o hospital. Expliquei a situação para o médico e liguei
para Carlos, explicando brevemente o que havia acontecido, depois disso,
havia apenas um lugar em que eu precisava estar naquele momento.
Cerca de quinze minutos depois, eu estava estacionando mais uma vez
em frente ao edifício onde Patrícia morava, consegui entrar facilmente, já
que o porteiro me reconheceu, então, fui até a cobertura e toquei a
campainha algumas vezes.
Demorou alguns minutos para que Patrícia abrisse a porta, foi tempo
suficiente para ativar o gravador da caneta, quando ela apareceu e deu um
sorriso para mim, como se a visão à sua frente realmente a agradasse.
— Você voltou... — ela sussurrou. — O que...
— Disse para mim que o barulho no corredor fez com que você viesse
até aqui e checasse a porta, encontrando Alexandre e Bianca se pegando —
falei, seriamente. — Mas eu vi as filmagens da boate e você claramente
estava lá com Alexandre, então... eu voltei. Para que fale na minha cara, o
que não está me contando?
— As filmagens? — ela perguntou ao mesmo tempo em que seu olhar se
transformava totalmente, ela estava assustada, era visível.
— Achou que eu não checaria?
— Ela disse isso? — A voz séria de Alexandre pairou no ambiente, então
me virei, encontrando-o com a porta aberta e os olhos fixos a nós dois. —
Porque Patrícia foi a última pessoa que esteve comigo antes de eu apagar.
— Que bom que está aqui, assim podemos tirar essa história a limpo —
falei e sem que Patrícia me desse permissão, entrei em sua cobertura.
— Alexandre... — Patrícia falou com a voz contida.
Ele entrou em seguida, eu cruzei os braços e meu olhar foi para Patrícia.
— Então, vai nos contar o que realmente aconteceu? — perguntei,
seriamente. — Eu analisei as imagens por um bom tempo e cheguei à
conclusão de que batizaram a bebida da Bianca, pude ver também você
conversando exatamente com a pessoa que suspeito que fez isso.
— Meu Deus... — Alexandre falou, parecendo atormentado. — Sempre
foi você, não é? Eu te considerava a minha amiga, porra.
— Eu... não sei do que está falando — Patrícia falou, visivelmente
afetada.
— Não sabe? A insistência para ir à boate ontem, a insistência para ir
embora. — Ele riu com incredulidade. — A saideira quando chegamos à
minha cobertura, colocou algo na minha bebida?
Franzi minhas sobrancelhas e olhei para Alexandre. Já estava claro para
mim que Patrícia havia armado uma cena, porém, algo me chamou a atenção
em suas palavras.
— O que quis dizer com sempre foi ela? — perguntei, atraindo a atenção
dele para mim.
— Há sete anos, eu não tiro a minha culpa, Rafael, fiquei com Raquel
em um momento de fraqueza, porque eu a amava demais... — ele sussurrou
e eu bufei. — Mas fiz isso, porque a Patrícia disse que vocês tinham
terminado. Sei que não foi certo, mas apenas fui ao encontro dela... — A
voz dele falhou. Os olhos cheios de rancor foram para Patrícia. — Teve a
cara de pau de me pedir desculpas, e dizer que não sabiam que eles tinham
voltado?
Naquele momento, tudo pareceu se encaixar, Patrícia havia sido bem
mais meticulosa do que pensei, não só nesse momento, mas antes também.
Tudo por uma obsessão sem-fim.
— Meu Deus, você é mais doente do que eu pensei — falei, atraindo a
atenção de Patrícia para mim.
A situação estava a cada minuto mais clara.
Tudo não passara dessa mulher descontrolada desde o início?
— Não, Rafael... — A voz dela soou em total desespero. — Me escuta,
eu posso explicar.
— Explicar o quê? — perguntei, sem paciência. Então dei um passo na
direção dela e segurei o seu rosto. — Olha, é melhor me dizer quem é o cara
que trouxe Bianca de Búzios até aqui, e eu juro que se ele tiver se
aproveitado dela de alguma forma, você vai pagar.
— Eu não planejava aparecer, mas já que perguntou por mim, não posso
simplesmente ficar quieto. — Uma voz debochada pairou pelo ambiente. —
É bom te ver de novo, Rafael.
Eu soltei Patrícia e meus olhos foram em direção à porta que dava
entrada a área íntima. E demorei alguns instantes para reconhecer, mas como
eu poderia, quando estive frente a frente com ele há seis anos.
Não dava para acreditar, que o homem que estava com Patrícia, não era
ninguém mais, ninguém menos que o ex-namorado de Bianca.
CAPÍTULO 47
Eu queria simplesmente socar o imbecil, porém, quando meus olhos
foram para a mão dele, eu me contive no lugar.
Olhei brevemente para Alexandre, antes de voltar o olhar para a arma
que estava na mão do infeliz.
— O que... o que está fazendo, Marco? — Patrícia perguntou com a voz
trêmula.
— Não é claro o suficiente para você, boneca? — ele perguntou e no
instante seguinte levantou a mão, apontando aquela arma em minha direção.
— Nós temos um trato. Não pode fazer isso com Rafael — Patrícia falou
e caminhou em direção a ele.
— Nós tínhamos um trato. — Ele desviou a atenção para Patrícia. —
Você o quebrou no momento em que armou com aquela mulher para que
Bianca ficasse presa no elevador, lembra? — ele a questionou e eu senti
mais uma vez meu mundo desmoronar, com a informação de que Melanie
não armou aquele incidente sozinha.
Patrícia deu alguns passos em direção ao Marco, e eu olhei para
Alexandre, trocamos um breve olhar e eu desviei a atenção mais uma vez,
vendo Patrícia se pôr na frente do revólver para tentar impedi-lo.
— Nada aconteceu com a Bianca — ela falou com a voz contida. — Tem
que honrar a sua palavra.
— Não vou, não quando você escondeu essa arma no meio das suas
coisas. Pretendia tentar matá-la, não é? — ele perguntou de repente. Cerrei
os punhos, assimilando as palavras do desgraçado. — Considere que
estaremos quites quando eu o matar.
Marco subiu um pouco a mão, mirando novamente em mim.
— Tentou matar Bianca? — perguntei com a voz contida, segurando-me
para não agir por impulso.
— Rafael — Patrícia disse com a voz embargada, mas a minha atenção
estava totalmente no desgraçado.
— É isso que ouviu, Patrícia teve participação naquele acidente. —
Marco levou a mão livre em Patrícia e a empurrou para o chão, fazendo-a
dar um grito. Em seguida, ele deu alguns passos em minha direção. — Mas
isso não vem ao caso, temos um acerto de contas a fazer, lembra-se do que
fez comigo há seis anos?
— Então, é por isso? — Arqueei as sobrancelhas.
— Vocês estavam juntos naquela época? — ele perguntou em um tom
descontrolado e eu franzi as sobrancelhas.
Naquele momento, eu percebi de canto de olho Alexandre dando alguns
passos suaves em nossa direção, então, só precisava mantê-lo com a atenção
em mim.
O momento era de tensão, meu coração estava batendo
descontroladamente, mas eu precisava seguir, ou o pior aconteceria.
— E se estivesse, afinal, você a traiu primeiro — falei, seriamente. — E
quer saber? Eu faria tudo de novo, mas ao invés de pedir meu segurança para
lidar com você, eu mesmo socaria a sua cara.
Foi muito rápido, ouvi Marco engatilhar a arma, e no instante seguinte,
Alexandre estava com a mão sobre a arma, levando-a para a direção oposta.
Um disparo foi efetuado, quebrando um abajur, em seguida uma luta
corporal se iniciou, eu dei alguns passos em direção a eles, mas antes que eu
pudesse alcançá-los outro disparo fora efetuado.
Alexandre gritou e, em seguida, a arma estava no chão. Eu a peguei em
um movimento rápido e a apontei para o desgraçado.
— Acabou para você — falei, enquanto Alexandre imobilizava o cara
com um mata-leão.
Desviei a atenção para Patrícia que permanecia no chão, em choque com
tudo o que aconteceu. Os olhos perdidos foram para mim, e eu voltei a
atenção para Marco, enquanto tirava o celular do bolso e ligava para a
polícia.
Estava passando o endereço do local quando pude ver sangue no chão,
meus olhos acompanharam a trilha percebendo que Alexandre estava com
um ferimento na perna, foi quando solicitei também uma ambulância.
Encerrei a ligação e travei a arma, em seguida a coloquei na cintura e fui
em direção a eles.
Com a ajuda de Alexandre, virei Marco de costas e levei meu joelho na
perna dele, em seguida prendi as suas mãos para trás e olhei em direção ao
Alexandre.
— Obrigado, por tudo — agradeci e Alexandre assentiu e jogou o corpo
no chão, pressionando o local que o tiro havia o atingido.
— Acha mesmo que vai se livrar de mim? — Marco falou em meio a um
gemido de dor, atraindo a minha atenção.
— Ah, sim... eu garantirei que você não saia da prisão — disse,
autoritário. — Nem que eu gaste metade do meu dinheiro para isso, você não
vai sair.
— Filho da puta! — ele xingou quando fiz uma pressão maior sobre ele.
— Apenas cale a boca — falei, sem paciência alguma para ele.
— Eu nunca tive a oportunidade de dizer isso... — A voz de Alexandre
ressoou pelo ambiente. — Me perdoe, por ter magoado tanto você naquela
época. Sei que aquilo te destruiu, mas me destruiu também.
Eu o medi com o olhar e, por um momento, eu consegui sentir a
sinceridade vindo de Alexandre.
Admito que aquilo me fez querer ir para longe, ao mesmo tempo me fez
perceber que eu nunca dei a ele a chance de se explicar.
— Não pensou em confirmar comigo antes de correr para se enfiar nela?
— perguntei de repente.
O que aconteceu já não me afetava mais, mas queria entender Alexandre.
— Eu falhei com você, tá legal?
Balancei a cabeça positivamente, assimilando tudo o que descobri há
pouco. A situação estava no passado, Alexandre não era cem por cento
culpado do que aconteceu, foi Patrícia quem levou tudo para onde ela queria.
— Rafael... — Patrícia falou com a voz embargada, eu olhei em direção
a ela, mesmo que fosse a última coisa que eu queria fazer no momento.
— Acha que está no direito de falar alguma coisa agora? — perguntei,
seriamente.
Não importava o choque que ela parecia estar, não importava os
sentimentos doentios daquela mulher, eu não conseguia sentir pena, quando
ela foi tão baixo para machucar Bianca.
— Por quê? Por que não pode ser eu? Eu te esperei por tanto tempo,
venho esperando há vinte anos e você nunca...
— Sempre fui muito claro com você quanto a isso, Patrícia, nunca te vi
como outra coisa além de amiga — bradei. — E agora não consigo a ver
nem mesmo como isso.
As sirenes começaram a ressoar alto por todo o ambiente, denunciando
que a polícia estava chegando. Marco tentou se debater mais uma vez, em
vão.
Meu olhar se voltou para Alexandre, que estava na mesma posição
pressionando o local atingido, com os olhos no chão. Senti naquele instante
que ele se culpava, então eu percebi que não fui o único a sofrer com tal
situação.
— Quer saber o que mais me magoou em tudo? — perguntei, atraindo a
atenção de Alexandre para mim. — Foi porque era você, meu irmão.
Os policiais invadiram o ambiente juntamente com a equipe de socorro
naquele instante, antes que Alexandre pudesse responder. Eu forcei um
sorriso cúmplice para ele, que pareceu muito abalado com a minha
confissão.
Tudo ficou agitado demais, eu saí de cima de Marco e deixei que os
policiais lidassem com eles, e entreguei a arma enquanto explicava toda a
situação. Marco e Patrícia seriam levados à delegacia, enquanto Alexandre
seria encaminhado ao hospital.
Sabia que ainda tinha um caminho a percorrer antes que pudesse voltar
para Bianca, mas um caminho totalmente necessário para que, enfim,
pudéssemos viver a nossa vida em paz.
Isso era o que eu mais queria, ainda mais depois de um dia tenso e
agoniante como esse, um dia que não parecia ter fim. Mas que logo passaria,
afinal, iria ao encontro do meu porto seguro.
CAPÍTULO 48
No momento em que a luz solar invadiu o quarto, eu apertei os meus
olhos e dei um pequeno gemido ao mesmo tempo em que levei as mãos
sobre os olhos para ajudar a fugir da incidência solar.
— Me desculpe. — A voz do meu pai ressoou pelo ambiente, fazendo-
me olhar em direção a ele. — Eu estava apenas ajeitando a cortina, não
queria acordá-la.
Demorei alguns instantes para processar aquela informação, eu ainda
estava um pouco desnorteada, sem contar que tudo o que acontecera havia
sido demais para mim.
— Tudo bem — falei e me sentei na cama lentamente. — Acho que já
dormi o suficiente.
Levei as mãos no rosto e as deslizei por ele, sentindo-me estabilizar com
aquele ambiente hospitalar.
— Como está se sentindo? — ele perguntou e veio em minha direção.
Em seguida, sentou-se na cama e me mediu com o olhar.
— Melhor — falei, sentindo que nesse momento eu conseguia pensar
com mais clareza, diferente de mais cedo. — Com certeza melhor.
— A medicação já está fazendo efeito. — Ele levou a mão no botão ao
lado da cama e o apertou.
— O Rafael ainda não voltou? — perguntei, atraindo a atenção dele de
volta para mim.
— Não... — Ele segurou a minha mão. — Ainda não tenho notícias dele,
mas a sua mãe está a caminho.
— Me desculpe, não queria preocupá-los.
— Não foi culpa sua. — Ele forçou um sorriso.
Naquele instante, a porta se abriu atraindo o nosso olhar em direção a
ela.
O médico que havia me atendido mais cedo fechou a porta e veio em
nossa direção, com um sorriso simpático no rosto.
— Olá, Bianca, como se sente? — o doutor Felipe perguntou no
momento em que parou próximo a mim.
— Oh, muito melhor.
— Ótimo, irei examiná-la mais uma vez e liberá-la. — Ele desviou o
olhar de mim para o meu pai. — O resultado dos exames saiu há pouco e
está tudo bem, precisa apenas descansar por hoje.
O barulho de um celular tocando pairou pelo ambiente, meu pai desviou
a atenção para o aparelho e o silenciou, em seguida voltou o olhar para o
médico.
— Isso é ótimo, então enquanto a examina, vou aproveitar para atender a
uma ligação — ele falou e olhou brevemente para mim.
O médico apenas assentiu e meu pai foi em direção à porta. Meus olhos
o acompanharam até que o perdi de vista.
Nos minutos seguintes, o médico me fez algumas perguntas de rotina,
enquanto media os meus sinais vitais. Respondi tudo da melhor forma que
pude, por mais que eu tentasse me concentrar aqui minha cabeça estava em
Rafael, pois ele havia saído daqui disposto a desvendar o que aconteceu.
— Bianca? — A voz do médico me trouxe de volta à realidade.
— Ah... oi?
— Estava dizendo que estou te dando alta, tudo bem? — ele perguntou e
eu assenti.
— Me desculpe, não há nada que eu queira mais.
— Eu imagino, apenas aguarde alguns minutos.
O médico se virou e foi em direção à porta. Aproveitei aquele momento
para pegar as minhas roupas e fui para o banheiro me trocar. Fui devagar,
pois não me sentia cem por cento, porém, me sentia muito melhor.
Quando saí do banheiro, encontrei a minha mãe andando de um lado
para o outro no quarto.
Ela veio em minha direção e me abraçou forte.
— Querida... o que aconteceu ontem? — ela perguntou com a voz
embargada.
— Está tudo bem, mãe, apenas preciso descansar — falei e, em seguida,
me afastei para olhá-la.
— Eu tive tanto medo quando seu pai me contou que estava no hospital.
— Agora está tudo bem. Boate, bebidas... pode acontecer — tentei
tranquilizá-la. — E o meu pai? O viu?
— Sim, ele teve que sair por um momento. Vou levá-la para casa e mais
tarde ele nos encontrará lá — ela disse, firmemente.
— Ele disse alguma coisa?
— Não, apenas que precisava cuidar de algo. — Ela levou a mão em
meu ombro. — Vamos?
— Hm... claro, vamos para a cobertura.

Passei as horas seguintes sendo muito mimada pela minha mãe, ela
preparou uma sopa para mim e me fez companhia por um longo tempo. Meu
pai mandou uma mensagem, dizendo para que eu ficasse tranquila, pois ele
estava com Rafael e mais tarde ele viria ao meu encontro.
Eu e minha mãe acabamos assistindo alguns filmes para o tempo passar.
Era pouco mais de 19h quando a porta se abriu, fazendo o meu coração
saltar.
Olhei na direção dela, encontrando ali os olhos de Rafael sobre mim.
Alívio, foi o que eu senti.
Dado aos últimos acontecimentos, eu estava com uma necessidade além
do normal de sentir seu toque, seu cheiro. Então, foi por isso que sem me
importar com minha mãe, ou a presença do meu pai, logo atrás dele, me
levantei e fui em direção aos braços de Rafael.
Eu fui com tudo, como se precisasse daquele contato para respirar.
Meus braços contornaram o pescoço dele e, no mesmo instante, senti as
mãos fortes contornarem a minha cintura.
Senti-o afundar a cabeça no meu pescoço, enquanto ele sentia o meu
cheiro.
— Princesa— ele sussurrou.
Não sei por quanto tempo permanecemos naquela posição, mas Rafael se
afastou e acariciou o meu rosto.
— Está tudo bem? O que aconteceu? — perguntei e passei o olhar entre
ele e meu pai, afinal, pela demora sabia que algo havia acontecido.
— Bom, Rafael vai te contar tudo — meu pai falou e olhou para minha
mãe. — Vai ficar aqui essa noite?
— Ah... não, imagino que eles precisem de um tempo. Eu irei para a casa
do César — ela falou e meu pai assentiu.
— Posso deixá-la lá, precisarei trocar algumas palavras com ele.
— Agradeço, mas estou de carro — ela respondeu, então se voltou para
mim. — Querida...
Eu saí dos braços de Rafael e a abracei forte.
— Obrigada, mãe, por tudo — falei e, depois, me afastei. — Pode ficar
aqui se quiser, tem quartos o suficiente para isso.
— Eu sei, meu amor, mas prefiro ir até o César. — Ela acariciou meu
rosto. — Me conta tudo depois?
— Claro, eu conto — falei e a abracei mais uma vez.
Quando me afastei, olhei para o meu pai e o abracei.
— Obrigada por hoje, pai — agradeci e o senti dar um beijo no topo da
minha cabeça.
— Sempre estarei aqui para você — ele respondeu e eu balancei a
cabeça positivamente.
Então, nos afastamos.
— Rafael, nos vemos depois — meu pai falou e se despediu com um
abraço.
— Sim, vamos nos falando — Rafael o respondeu, em seguida
cumprimentou a minha mãe com um aperto de mão. — Obrigado por estar
aqui, Lilian.
— Eu sempre estarei — ela falou e o puxou para um abraço.
Dei uma risada contida com a cena e a observei olhar para mim mais
uma vez, e ir com o meu pai em direção à saída.
Quando a porta se fechou, a insegurança tomou conta, apesar do
momento que tive com Rafael mais cedo, a verdade era que eu não fazia
ideia do que se passava na cabeça dele.
— Precisamos conversar — ele falou, calmo.
— Sim...
Rafael se aproximou e me deu um beijo na testa, em seguida os olhos se
fixaram nos meus. Ele eliminou a distância que havia entre nós e deu um
beijo em minha testa, em seguida ele entrelaçou as nossas mãos e me levou
em direção ao banheiro.
Quando entramos ele não disse nada, apenas começou a me despir, no
minuto seguinte ele se despiu e me levou para dentro do boxe.
Assisti enquanto ele ajustava a temperatura do chuveiro, e depois me
puxou para ele.
Rafael tomou banho comigo sem quaisquer segundas intenções, ele
cuidou de mim, da mesma forma de mais cedo.
Quando terminamos, ele desligou o chuveiro e me secou, em seguida fez
o mesmo com ele e seguimos em direção ao quarto.
Assisti-o ir em direção ao closet. Ele voltou de lá vestindo uma calça de
moletom e uma camisola em suas mãos. Ele me vestiu em silêncio e me
levou para cama.
Ele se deitou e me levou junto com ele, colocando-me de frente para ele
e me envolvendo em seus braços.
— Eu consegui as filmagens da boate — ele falou alguns instantes
depois. — Não precisa me contar nada, eu me precipitei quando disse que
aconteceu por você não me ouvir.
— Se eu tivesse esperado você... — sussurrei.
— Você pertence a mim, Bianca — ele disse naquele mesmo tom
autoritário, fazendo o meu coração saltar. — Isso significa que eu não quero
vê-la em um ambiente como uma boate, sozinha, mas não irei impor isso a
você.
Ele levou a mão em meu rosto e o acariciou.
— O que aconteceu hoje com a Patrícia?
— Ela dopou você com a ajuda do seu ex...
— O quê? — interrompi-o, incrédula.
— Seu ex-namorado e a Patrícia estavam juntos. Ele levou você para a
cobertura de Alexandre, Patrícia o dopou e, então, tudo aconteceu.
— Oh... meu Deus.
— Eles irão pagar por isso, quando eu fui a cobertura de Patrícia,
Alexandre apareceu e Marco também, ele estava armado e... teve um
embate. Alexandre levou um tiro na perna, mas está tudo bem.
— Céus! — falei ao mesmo tempo em que dei um pulo da cama, levei a
mão no acendedor para visualizar melhor o rosto de Rafael. — Você
realmente está bem?
— Sim, princesa, não se preocupe. — Rafael levou a mão em direção a
mim e me puxou mais uma vez para ele. Em seguida, voltou a apagar a luz.
— Eu passei a tarde na delegacia, prestei depoimento e deixei com eles uma
gravação que fiz, onde tem material o suficiente para prender aqueles dois.
Então agora acabou.
Meus olhos se encheram de lágrimas naquele momento, não sabia ao
certo explicar a sensação que me invadiu, mas o peso que estava em meu
coração, começou a se dissipar.
Estava com medo e pavor, tudo era tão incerto que eu estava a ponto de
enlouquecer.
Rafael eliminou o restante da distância que havia entre nós e, em
seguida, começou a acariciar os meus cabelos enquanto estava encostada em
seu peito, deixando o alívio tomar conta.
— Isso, princesa, deixe sair — ele sussurrou enquanto seguia me
acariciando.
— Eu tive tanto medo — disse entre um soluço, sentindo-o me apertar
ainda mais.
Então, senti seu hálito quente próximo ao meu ouvido.
— Eu te amo tanto, princesa — ele fez uma pausa, então, senti ele
sussurrar novamente ao pé do meu ouvido: — Eu estarei sempre aqui para
você, lembre-se disso.
CAPÍTULO 49
Em algum momento, eu adormeci.
A última coisa que eu me lembrava, era de sentir o calor do corpo de
Rafael contra o meu e suas mãos me acalentando lentamente, enquanto ele
sussurrava para mim o quanto ele me amava.
Aquilo me tranquilizou muito, eu me senti feliz em como a nossa noite
acabou.
Quando acordei, encontrei Rafael deitado ao meu lado, dormindo
comigo envolvida em seus braços, da mesma forma que estávamos ontem.
Em um movimento suave, levei a mão no rosto dele e o acariciei.
Tudo ainda estava muito vívido em minha mente.
— Você acordou — ele sussurrou, sonolento, em seguida abriu
lentamente os olhos. — Como você está?
— Eu não sei... Hm... — respondi, sentindo o coração a ponto de
explodir. Puxei a minha mão de volta para mim, sentindo-a suar mais do que
deveria.
Ele levou a mão ao encontro do meu rosto, fazendo com que meus olhos
permanecessem fixos aos dele.
— O que foi, Bianca?
Naquele momento, o silêncio se formou entre nós. Ele continuou me
olhando, aguardando uma resposta.
— Você... está aqui — disse, a voz entrecortada. — Nós estamos
realmente bem?
— Princesa, eu já te disse antes, sou incapaz de deixá-la ir. — Ele
começou a acariciar o meu rosto. — Me desculpe se, por algum momento, te
fiz pensar o contrário.
Aquelas palavras tiveram um impacto grande em mim. Naquele
momento, eu sentia que meu coração iria sair pela boca.
— Rafael... — chamei, à medida que lágrimas se formavam em meus
olhos. Mas, dessa vez, não era tristeza que queria me invadir, eu estava feliz,
feliz por ouvir aquelas palavras.
— Você é tudo para mim, ouviu? — sussurrou, intensamente, e a
ansiedade que me tomava a cada palavra, só fazia aumentar. — Tudo. — Ele
desceu as mãos para minha cintura e me puxou, virando-se de costas para o
colchão e me levando para ficar sobre ele.
— O que... está fazendo?
— Eu vou mostrar de forma que não tenha dúvidas — disse com a voz
rouca, fazendo-me arrepiar. — Você quer?
— Sim, eu... preciso — respondi com a respiração irregular.
Rafael deu um sorriso que me mostrava perfeitamente como ele estava
satisfeito com a minha reação.
Desci minha mão em direção ao peito dele ao mesmo tempo em que
acabava com a distância de nossos lábios. O beijo começou lento e cheio de
paixão.
Um arrepio percorreu todo o meu corpo no momento em que senti a mão
dele deslizar de forma suave pelas minhas costas.
Passei a mão pelo seu peito firme, logo em seguida comecei a acariciar
seu abdômen, sentindo-o deliciosamente entre os meus dedos. E eu não parei
por aí, comecei a descer minha mão cada vez mais de forma sensual.
Senti-o arfar entre meus lábios quando o toquei através do tecido de sua
calça de moletom, constatando o quão duro ele estava. Deslizei minha mão
para dentro de sua cueca e tirei o seu pau para fora.
Encerrei o beijo e joguei meu corpo para trás, ajeitando-me sobre o colo
dele. Então, o peguei pela base e, em seguida, comecei a acariciá-lo em
movimentos de vai e vem com os olhos totalmente fixos aos de Rafael.
Um gemido gostoso escapou dos lábios dele. Dei uma leve mordidinha
em meu lábio inferior, ele sorriu para mim.
Rafael levou a mão dele sobre a minha e parou aquela carícia, em um
movimento rápido ele me tirou de cima dele e me deitou de costas para o
colchão.
— Você tem que assumir o controle sempre? — sussurrei com um
sorriso, enquanto passava minhas pernas em volta da cintura dele.
Um sorriso cheio de malícia se formou nos lábios de Rafael e ele me
mediu com o olhar, então se inclinou, até que eu sentisse sua respiração
quente próximo ao lóbulo da minha orelha.
— Sim, princesa, eu tenho — murmurou e começou a mordiscar o meu
pescoço.
Fechei meus olhos para aproveitar melhor cada sensação.
Senti sua barba roçar em minha pele de forma gostosa ao mesmo tempo
em que ele deixava uma trilha de beijos em direção aos meus seios, fazendo
com que uma onda de excitação acompanhasse a cada toque.
As mãos de Rafael trabalhavam ao mesmo tempo em que os lábios.
Enquanto ele dava uma atenção especial aos meus seios, lentamente tirou a
minha camisola.
Seus lábios acompanharam fielmente cada movimento. Em seguida, ele
tirou a minha calcinha. Deixando-me completamente nua.
Senti-o sair de cima de mim e se levantar. Naquele momento, abri os
meus olhos e assisti enquanto ele tirava sua calça de moletom e sua cueca
boxer com os olhos fixos nos meus. E a visão de seu pau pulsando, enquanto
ele me admirava me fez salivar.
Como se soubesse dos pensamentos indecentes que me rondavam ao ver
aquela cena, ele me deu aquele sorriso delicioso e caminhou em minha
direção ao mesmo tempo em que as mãos dele brincavam com o seu pau em
um movimento gostoso, fazendo um show particular para mim.
Dei espaço para que ele se deitasse ao meu lado, em seguida ele me
puxou em sua direção e levou a mão em minha nuca, fazendo-me olhar para
ele. Então, ele encostou a testa na minha e manteve seus olhos fixos aos
meus, ao mesmo tempo em que sentia a sua mão livre deslizar pelo meu
corpo.
— Você gosta de me ter com o controle, não gosta? — ele perguntou em
um sussurro totalmente sexy, enquanto um gemido escapava de meus lábios
em resposta. — Eu quero ouvir você falar — ele continuou a me provocar,
levando os dedos em direção à minha boceta.
— Sim, Rafael, eu gosto mu... — minha voz falhou naquele instante.
Fechei os meus olhos e um gemido profundo se fez presente no momento em
que seus dedos tocaram o meu clitóris. E para acabar de vez com minha
sanidade, ele começou a trabalhar os dedos com a pressão certa em minha
boceta.
— Eu amo a forma que você se entrega totalmente a mim — ele rosnou
ao mesmo tempo em que os movimentos se tornavam ainda mais precisos
em meu clitóris. Abri os meus olhos, encontrando aquele olhar profundo
sobre mim.
Aquilo tornou tudo muito mais intenso.
Levei minha mão em seu pau e comecei a acariciá-lo ao mesmo tempo
em que seus dedos me levavam perto do limite. A boca dele encontrou a
minha naquele instante, eu o beijei com uma vontade avassaladora, a língua
dele me invadia de forma tão intensa, enquanto eu sentia o clímax me tomar
completamente.
Desesperada por senti-lo, eu me ajeitei sobre o corpo dele e abri minha
perna, apoiando o meu pé no colchão e levei seu pau em direção à minha
boceta. Ele subiu a mão, apertando-a em minha cintura, o que me manteve
fixa sobre ele, enquanto me invadia lentamente.
— Isso, eu preciso de mais — gemi, desesperada, com os olhos fixos nos
dele.
Comecei a controlar o movimento, mas não por muito tempo. A mão de
Rafael deixou minha cintura, então entrelaçou nossas mãos e as levou
próximo aos meus seios, mantendo-nos firme ali, enquanto aumentava seus
movimentos dentro de mim de forma profunda e forte, atingindo aquele
ponto que me deixava à sua mercê.
Eu amava aquela conexão, aquela intensidade e entrega. Ele era capaz de
me fazer desabar tão deliciosamente, como ninguém nunca fez.
Não fazia ideia de quanto tempo aquele momento durou, mas após me
levar ao limite mais uma vez, ele me trocou de posição, vindo com o corpo
sobre o meu. Deixando minhas pernas apoiadas em seu ombro, invadindo-
me de forma intensa.
Permanecemos naquela entrega entre gemidos e rosnados a cada deslize
profundo sem deixar os olhos um do outro.
E mais uma vez, eu senti minhas pernas tremerem, e o meu sexo se
apertar em volta dele.
Ao perceber que eu estava prestes a chegar a outro orgasmo, Rafael se
inclinou um pouco mais, encostando a testa dele na minha sem deixar meus
olhos. Então ele me penetrou com golpes rápidos fazendo com que o
orgasmo chegasse para nós dois. Senti-o derramar seu prazer dentro de mim
ao mesmo tempo em que compartilhávamos um gemido intenso e cheio de
entrega.
— Deus! Como. Eu. Amo. Você — ele rosnou, pausadamente, com a
respiração irregular.
Aquele momento havia sido tão forte, tão intenso que cheguei a pensar
que adormeceria ali mesmo. Ele deu espaço para que descesse minhas pernas
e a colocasse apoiadas em volta da cintura dele, enquanto se ele inclinava
para me dar um selinho. Então afastou-se para me olhar.
Aquela entrega, o olhar e o momento me trouxeram um alívio
inexplicável. Eu soube naquele instante que sim, nós iríamos ficar bem
independentemente de qualquer coisa. Nunca me vi querendo tentar tanto, e
eu sabia que ele se sentia da mesma forma.
Todos esses fatores, eram capazes de me dar uma tranquilidade ainda
maior, pois o mais importante nós tínhamos. A vontade de querer fazer dar
certo.
CAPÍTULO 50
— Princesa. — Ouvi vagamente aquela voz gostosa me chamar, então,
senti a mão de Rafael me balançar suavemente, tentando me acordar. Eu abri
os olhos devagar, mas a luz solar invadindo o quarto me fez fechar os olhos
de novo.
— Princesa, está tudo bem? — A voz de Rafael me fez abrir os olhos
mais uma vez.
Levei as mãos no rosto e o esfreguei antes de me sentar na cama,
sentindo Rafael tirar as mãos de mim e apenas me analisar.
Desviei o meu olhar para o móvel ao lado da cama, constatando no
relógio que eram quase 13h
— O que você está fazendo aqui a essa hora? — perguntei em meio a um
bocejo. — A degustação será às 18h.
— Eu estou preocupado com você. Não foi trabalhar ontem porque
estava cansada, dormiu cedo e está dormindo até agora. Está tudo bem? —
ele perguntou e se aproximou um pouco mais, levando a mão em meu rosto
para me analisar de perto.
Sua atitude fez com que um sorriso escapasse de meus lábios. Rafael era
um homem e tanto, eu tinha que admitir. Ele cuidava de mim de forma que
nunca pensei ser capaz, sua preocupação constante durante todo o tempo me
deixava totalmente boba.
Assim era desde que começamos a namorar, mas nos últimos três meses
depois que todo aquele alvoroço aconteceu, seu cuidado pareceu ainda
maior.
Mesmo sabendo que Patrícia e Marco haviam sido presos, e não sairiam
de lá tão cedo, ele começou a prezar ainda mais pela minha segurança.
Então, sempre que eu precisava sair para algum lugar, sentia um de seus
seguranças me acompanhando, e não adiantava debater, afinal, aquilo não
era negociável.
Mas não me incomodava, apenas mostrava o seu cuidado por mim.
E eu achei que seria moleza, mas conciliar a organização do casamento e
os planejamentos para anunciar que eu e meu pai estaríamos trabalhando
juntos na empresa. Mas definitivamente não foi.
Depois de tudo o que aconteceu eu estava decidida a falar com meu pai
sobre mudar a empresa que faria o marketing de tudo, mas Rafael
prontamente negou, disse que não tinha mais necessidade disso.
E, inicialmente, eu não entendi. Até que ele me contou sobre a conversa
que teve com Alexandre, e eu não poderia estar mais feliz, pois sentia que
aqueles dois tinham uma ligação fora do comum.
Percebi isso a cada vez em que eu tentei uni-los. Fosse marcando as
reuniões para discutir sobre os passos aqui em casa, ou levando Rafael para a
empresa. Apesar de no início eles ficarem desconcertados, o tempo estava
fazendo o seu papel e curando as desavenças deles.
Foi algo bom que aconteceu nesses três meses, onde a campanha de
marketing foi um sucesso e já tinha uma cartela de clientes solicitando os
meus projetos.
Aquilo era emocionante, mas decidi que começaria apenas depois do
casamento, afinal, com tão pouco tempo precisava me concentrar no
casamento.
A organização de cada detalhe, como a casa onde iríamos morar e toda a
decoração que precisava ser impecável. E tinha que dizer, me sentia muito
grata por ter Vivian e minha mãe para me ajudar, pois sem elas eu tinha
certeza de que estaria perdida.
— Você tem que me dizer se está sendo demais para você. — A voz dele
me trouxe de volta à realidade. Voltei a sorrir ao encontrar aqueles olhos
cheios de preocupação, apenas esperando que eu o respondesse.
Levei minha mão sobre a dele em meu rosto e o acariciei por um
momento.
— Eu estou bem, meu amor — respondi, dando a ele um pouco de
tranquilidade. — Acho que só estou ansiosa pelo casamento, ansiosa para
ver tudo em seu devido lugar.
— Você almoçou? — ele perguntou e eu apenas balancei a cabeça em
negativa. — Vá tomar um banho então, eu vou fazer algo para você —
Rafael falou de forma autoritária.
Olhei-o por um momento, sabendo que seria perda de tempo discutir
com ele.
— Tudo bem, mas faça algo leve, caso contrário não vou conseguir
participar da degustação. — Dei um pequeno sorriso e me levantei.
— Acho melhor remarcarmos — Rafael falou e se levantou logo atrás de
mim, em seguida parou a minha frente.
— De jeito nenhum, nós já remarcamos semana passada. Então, chega de
remarcar, eu estou bem.
— Tudo bem, princesa. — Ele se aproximou e se inclinou para deixar
um beijo em meus lábios. — Vá para o chuveiro, e eu te esperarei na
cozinha. E sim, eu farei algo leve.

— Eu gosto muito desse estilo de decoração — falei, apontando para


uma das fotos sobre a mesa, então, meus olhos desviaram para minha mãe,
dona Sônia e Rafael. — O que acham?
— Eu gosto muito — minha mãe disse com um sorriso no rosto
— Simplesmente perfeito — dona Sônia respondeu pouco tempo
depois.
Rafael pegou a foto para olhá-la melhor.
— Ao ar livre, a decoração mais natural e aconchegante. Eu gosto
disso... — ele falou e desviou o olhar para mim. — Como minha mãe disse,
perfeito.
— Então, vamos escolher esse — falei e olhei para Bárbara, uma das
proprietárias do buffet escolhido, que estava nos acompanhando
pessoalmente.
Ela estendeu a mão e Rafael entregou a foto a ela.
— É uma excelente escolha, Bianca, eu particularmente acho que é uma
das mais belas.
— Sim, eu amei.
— Então, temos aqui mais um ponto decidido... — Bárbara sorriu doce.
— Vamos começar a degustação?
— Claro, vamos lá.
— Por favor, me acompanhem — ela pediu e se virou no minuto
seguinte.
Nós nos levantamos e seguimos sendo guiados por Bárbara, até
entrarmos em uma sala onde duas moças com avental e touca acabavam de
colocar algumas bandejas sobre a mesa ao lado esquerdo.
Nós fomos em direção a uma mesa posta no centro, Rafael puxou uma
cadeira para que eu me sentasse e se acomodou na cadeira ao lado. Minha
mãe e dona Sônia se sentaram de frente para nós.
— Fiquem à vontade, começaremos a servir vocês aos poucos, cada um
dos pratos que selecionaram anteriormente, então, preciso apenas que vão
me dizendo o que está aprovado para o grande dia, ou não, tudo bem? —
Bárbara perguntou, gentil.
— Tudo bem, muito obrigada. — Ela sorriu antes de desviar a atenção
para o tablet, onde faria todas as observações necessárias.
Começaram nos servindo alguns tira-gosto, como salaminho, queijos,
linguicinhas, uma geleia de abacaxi com torradas simplesmente divinas.
E tinha que admitir que só percebi o quanto estava faminta quando
comecei a comer, estava tendo que me controlar, e claro, aprovando todas as
escolhas possíveis.
Não demorou para que as trouxessem para nós algumas peças de comida
japonesa, eu e Rafael, como bons amantes não poderíamos ter deixado de
pedir.
Fui logo no gunkan, porém, tive uma surpresa não muito agradável
quando levei a peça à boca, meu estômago revirou e eu tive que fazer um
esforço enorme para não vomitar.
Senti meus olhos encherem-se de lágrimas quando me forcei a engolir
aquela peça.
— O que foi, princesa? — Rafael perguntou, ao mesmo tempo que me
entregou um copo de água.
Eu peguei o copo e o bebi, para só então olhá-lo.
— Acho que não desceu muito bem — respondi e peguei um guardanapo
para limpar as lágrimas que invadiram o meu olhar.
— Mas você ama gunkan — ele falou e levou o hashi em direção a uma
peça de gunkan.
Ele a pegou e a levou na boca.
— Vou tentar outra coisa — falei, enquanto Rafael comia.
Então levei o hashi em direção ao sashimi e o levei na boca, mas a
sensação foi ainda pior, eu tive que sair da mesa e Rafael me acompanhou.
Bárbara nos instruiu sobre onde era o banheiro e nos deixou à vontade.
Sem conseguir segurar, eu coloquei tudo para fora, enquanto Rafael
segurava os meus cabelos.
— Deveria ter falado que não estava se sentindo bem, meu amor —
Rafael, falou enquanto acariciava minhas costas.
E, céus, aquilo era tão embaraçoso.
— Eu te encontro em alguns minutos, por favor, apenas...
— De forma alguma, não vou deixá-la aqui. — Ele sorriu. — Na alegria
e na tristeza, lembra?
— Ai, meu Deus, não nos casamos ainda — falei enquanto passava a
mão na boca, tentando-a limpar.
— Será que foi a mistura de frutas?
— Acredito que sim — respondi e me levantei.
— Rafael querido... — A voz da minha mãe ressoou pelo ambiente
atraindo a nossa atenção. — Eu vou cuidar de Bianca agora, você pode
seguir a degustação?
Rafael olhou para minha mãe, em seguida seus olhos foram para mim.
— Só vá, precisamos continuar — disse e ele assentiu.
— Vou pedir para adiarmos.
— Nada disso, vamos terminar isso hoje. Eu gosto de tudo o que foi pré-
selecionado.
— Bianca está certa... em alguns minutos voltamos e eu ajudarei vocês a
decidirem — minha mãe falou e ele assentiu.
— Tudo bem — Rafael respondeu e depois de me medir com o olhar,
deixou um beijo em minha testa e foi em direção à saída.
— Se sente melhor depois de colocar tudo para fora? — minha mãe
perguntou e eu fiz uma careta.
— Mais ou menos. — Minha mãe abriu a bolsa e tirou duas caixas de lá,
em seguida as entregou para mim. — O que é isso?
Peguei as embalagens e senti meu coração saltar quando li o nome teste
de gravidez. Meus olhos foram afoitos para a minha mãe.
— Acho que foi a mistura de tudo o que comi... Não acho que...
— Estou suspeitando disso desde o último mês, por isso eu os comprei
— ela falou, seriamente.
— Mas seria impossível, eu... eu tomo remédio — falei enquanto aquela
possibilidade caia sobre mim.
— Não falhou com um remédio um dia sequer? — Ela arqueou as
sobrancelhas.
— Sou muito pontual com o remédio, eu não... — minha voz falhou e
meus olhos se fixaram em minha mãe. — Quando eu fui dopada, há três
meses. Oh, isso seria possível? Foi apenas um dia e... — Deixei aquelas
palavras no ar.
— Apenas faça, vamos tirar a dúvida. — Ela sorriu e, em seguida,
saiu do banheiro. — Vou te esperar aqui fora.
Eu balancei a cabeça em concordância e fechei a porta. Em seguida,
sentei-me sobre a tampa do vaso enquanto pensava sobre aquela
possibilidade.
Demorou alguns minutos, até que eu criasse coragem de fazer aqueles
testes. Depois de fazer xixi e colocar uma pequena amostra em cada um, só
me restava esperar.
Foram os cinco minutos mais agoniantes que tive em muito tempo, a
ansiedade e a incerteza estavam sobre mim.
Até que, quase ao mesmo tempo, os testes apresentaram um resultado
que eu, definitivamente, não esperava.
Dois traços, céus! Apareceram dois traços em ambos os testes, aquilo era
incontestável.
Com os olhos arregalados, abri a porta do banheiro e os olhos foram ao
encontro da minha mãe, que continuava no mesmo lugar.
Mostrei o teste para ela, que sorriu no mesmo instante.
— E agora, mãe? — perguntei, sem rumo.
— Bem... — O sorriso dela se alargou. — Parece que agora, você deve
fazer um exame de sangue para confirmar e pensar em como contará isso a
Rafael.
Ao ouvi-la, só fui capaz de assentir. Não sabia ao certo o que estava
sentindo, o fato de não ser algo planejado, me deixou em choque, mas, ao
mesmo tempo, pensar que tinha uma vida crescendo dentro de mim, me fez
levar a mão na barriga em um movimento involuntário.
Aquela, era a prova mais bonita do amor incondicional que havia entre
mim e Rafael.
CAPÍTULO 51
Casar.
Eu estava prestes a me casar.
E como eu me sentia? Ansiosa, nervosa e feliz. Muito feliz!
Nunca imaginei que as coisas pudessem vir a acontecer dessa forma para
mim. Tive a minha vida mudada da noite para o dia, ganhei um pai, uma
família e um amor.
Um amor para toda vida.
E mais do que isso, havia uma vida dentro de mim.
Sim, eu estava realmente grávida e, por um tempo, eu pensei em como
contaria essa linda notícia a Rafael.
Porque sim, ele ainda não sabia.
Eu guardava esse segredo comigo a sete chaves, desde que descobri há
um mês que nós seríamos papais.
Foi difícil guardar segredo diante da preocupação constante de Rafael
sobre mim. Em alguns momentos eu quis contar, na verdade, estive muito
perto de fazer isso. Mas eu queria que fosse especial e, na minha cabeça, não
tinha momento mais especial do que esse.
Soltei um suspiro profundo, tentando me acalmar, e caminhei para o
espelho para me olhar mais uma vez.
Havia optado por deixar o cabelo solto, preso apenas nas laterais, com
cachos nas pontas e uma tiara de pérolas.
A maquiagem clássica, com um delineado perfeito e o batom na cor
marsala. O vestido modelo princesa, ombro a ombro e todo rendado.
Estava linda, parecendo realmente uma princesa.
Sorri ao pensar nessa forma tão amorosa que Rafael me chamava desde
sempre, e eu simplesmente a amava.
E nesse momento, meu sorriso era maior, por me sentir perfeitamente
uma princesa.
— Você está linda. — A maquiadora chamou minha atenção para ela,
olhei através do espelho, encontrando-a com um sorriso amigável. Retribui
aquele sorriso antes de me olhar mais uma vez no espelho.
— Ei, filha, está tudo certo? Rafael vai ter um treco a qualquer momento.
— A voz de meu pai pairou pelo ambiente, fazendo-me sorrir. Olhei em
direção à porta e o encontrei com um sorriso no rosto, um olhar cheio de
orgulho e emoção. — Está tão linda... como Rafael sempre diz, uma princesa
— ele completou, senti minhas bochechas arderem de vergonha.
— Obrigada, pai — respondi, enquanto ele estendia a mão para mim.
Entrelacei nossos braços e juntos começamos a caminhar até o local onde
todos nos esperavam.
Tudo estava muito lindo, exatamente como planejamos.
Nós havíamos alugado um hotel à beira-mar, com uma praia privativa. A
cerimônia aconteceria no jardim do hotel, com uma visão privilegiada da
praia e do mar.
O arco de flores estava de frente para o mar, o pôr do sol nesse exato
momento começando a se fazer presente. O tapete bege-claro fazia a trilha,
os arranjos de flores brancas e cadeiras confortáveis para os convidados.
Tudo estava perfeito demais.
Parei de andar no momento em que a música começou a tocar. Dei um
suspiro profundo tentando me preparar para aquele momento.
— Está tudo bem, querida? — meu pai perguntou, fazendo-me dar um
pequeno sorriso.
— Sim, está... Vamos lá — respondi e voltei a caminhar, começando a
andar por aquele tapete.
Rafael estava junto ao celebrante apenas esperando, com um olhar. Ah,
aquele olhar que me causava borboletas no estômago. E a cada passo, mais
nervosa eu estava para o momento que estava prestes a acontecer.
A emoção parecia cada vez maior, a vontade de chorar e o coração em
descompasso. Tudo parecia aumentar a cada passo em direção ao Rafael.
E tentando me controlar, eu olhei brevemente para os convidados, vendo
ali rostos conhecidos, de pessoas que eu amava. Familiares distantes,
pessoas que trabalhavam na empresa do meu pai, pessoas importantes para
mim.
Olhei para onde as madrinhas e padrinhos estavam. Lá, eu vi aqueles
rostos que tanto me apoiaram.
Minha amiga Vivian, Caio e sua esposa, Rodolfo a Alexandre com suas
acompanhantes.
E pasmem, Alexandre foi convidado pessoalmente por Rafael para fazer
parte desse momento conosco.
Dei um breve sorriso a todos, antes de voltar a minha atenção para o meu
homem. Que não estava diferente de mim. Eu o conhecia bem para saber que
ele estava se segurando, tanto quanto eu.
Sorri para ele, e ele prontamente retribuiu, caminhando ao meu encontro
e do meu pai, fazendo-me perceber que aquilo não era um sonho.
Eu estava me casando. Me casando com o homem da minha vida.
Rafael parou um pouco a frente e esperou que chegássemos ao encontro
dele. Então desviou a atenção de mim para o meu pai por um momento, em
seguida ele o puxou para um abraço.
— Obrigado, Carlos, obrigado por tudo.
— Apenas quero que sejam felizes — meu pai disse, afastando-se, e
depois de retribuir o sorriso de Rafael, ele se virou para mim.
— Nós seremos — respondi com um pequeno sorriso, enquanto ele se
inclinava e deixava um beijo em minha testa. Então ele passou o olho por
nós dois e se afastou.
— Você está linda, minha princesa — Rafael sussurrou para que apenas
eu pudesse ouvir. Com aquele olhar que estava me deixando sem ar, desde o
momento em que o encontrei a primeira vez.
Sorri, enquanto ele levava a mão na minha e me guiava em direção ao
celebrante. Que sorriu para nós e naquele momento começou a cerimônia.
E durante todo o tempo, o celebrante disse lindas palavras para nós, nos
explicando o significado do amor e do casamento. Em como deveríamos nos
dedicar um ao outro totalmente. Nos dando a bênção de Deus para que a
união fosse eterna.
Foram palavras lindas e tocantes, que tornaram o momento ainda mais
especial.
Ao final, o celebrante nos disse para trocar os votos e alianças.
Rafael começou, e eu me senti muito grata por isso.
— Princesa, aqui e agora, estamos realizando aquele sonho tão esperado.
E, Deus, como eu estava ansioso por esse momento. — Ele suspirou
nervoso, arrancando alguns risos dos convidados e de mim. — Porque sim,
se você dissesse que sim, eu teria me casado com você na noite em que te
pedi em casamento. Mas você quis fazer as coisas direito, e eu entendo.
Porque tudo está tão lindo, tão perfeito de forma que será impossível não
suspirar a cada vez que eu me lembrar do dia do nosso casamento. — A voz
dele falhou, fazendo-me dar um pequeno sorriso, enquanto lutava para que
as lágrimas não caíssem. — Você, minha princesa, veio para mudar
completamente a minha vida, me dar um motivo para querer ser melhor
todos os dias. Você é a mulher da minha vida. — Então segurou a minha
mão e começou a colocar a aliança. — A partir de hoje, eu posso dizer que
você, minha princesa, meu amor, é permanentemente minha. E desejo que
juntos, possamos construir uma linda família, meu amor. Eu não vejo a hora.
— Ele terminou de colocar a aliança e levou minha mão no rumo de sua
boca, então fechou os olhos por um momento e deixou um beijo demorado
ali. Então seus olhos foram ao encontro dos meus novamente. — Eu te amo
mais do que a mim mesmo — completou, estremeci diante a tamanha
intensidade, tinha certeza de que jamais me acostumaria com ela. Mas eu
simplesmente amava, amava demais.
Peguei a aliança e me preparei para falar os meus votos a ele.
— Meu amor, eu gostaria de começar agradecendo por você ser esse
homem incrível, que está sempre atento e preocupado com o meu bem-estar.
Por você ser esse homem que me coloca em primeiro lugar, acima de tudo
— disse com a voz trêmula, enquanto ele balançava como se concordasse e
respondia sempre em um sussurro para mim. — Você chegou no momento
mais difícil da minha vida e me ajudou a suportar tudo. Eu não sei o que eu
faria sem você — falei com um pequeno sorriso, fazendo-o sorrir também.
Peguei a mão dele e coloquei a aliança, antes de dar o próximo passo, eu
sabia que seria impossível se eu deixasse para depois. — E, bem, tem algo
que eu gostaria de compartilhar com você e com todos aqui — falei,
mantendo meus olhos fixos nos dele. Nesse momento, meu coração começou
a palpitar ainda mais forte. Eu estava muito ansiosa para confirmar se a
reação dele seria aquela que eu imaginei tantas vezes.
— Desde o mês passado, eu tenho seguido com esse segredo para contar
apenas hoje a você, meu amor — fiz uma pausa, com os olhos cheios de
lágrimas, tentando controlar a voz trêmula. Rafael prestava atenção a cada
detalhe. — Pensei que as coisas seriam da forma que sempre é, mas como
somos um casal nada tradicional. Eu tenho algo a te contar. — Parei e soltei
um suspiro enquanto lágrimas invadiam meu rosto sem permissão. Rafael
levou a mão em meu rosto e começou a enxugar cada uma das minhas
lágrimas suavemente com o polegar. — Não somos mais apenas eu e você, a
família que você sonha que comecemos... a nossa família já está
crescendo, pois dentro de mim existem dois corações, dois corações que te
amam, papai. — Rafael foi tomado pela surpresa no momento em que
aquelas palavras saíram da minha boca.
Os olhos dele se encheram de lágrimas em uma velocidade surreal. Ele
fez menção de abrir a boca duas vezes antes de finalmente conseguir falar
algo.
— Você... Você está falando sério? — ele perguntou com a voz trêmula,
enquanto ao fundo, alguns assobios e palmas se faziam presentes.
Assenti, assistindo enquanto lágrimas inundavam totalmente o rosto dele.
Em um instante, Rafael caiu de joelhos aos meus pés, enquanto chorava
como uma criança. Ele me puxou para ele e começou a dar beijos em minha
barriga.
Havia pessoas por todas as partes, mas aquele momento era nosso,
apenas nosso. Então por um momento, eu esqueci todo o resto. Por um
momento, me concentrei que eram apenas nós dois ali.
— Eu te amo — sussurrei com a voz chorosa, enquanto o incentivava a
se levantar. Ele beijou minha barriga mais uma vez e se levantou, puxando-
me para ele em um movimento rápido.
Ele me abraçou com força e se afastou um pouco, levando os lábios até
os meus, sem se importar com quem quer que estivesse ali.
Ele me beijou por um longo minuto, um beijo cheio de paixão e amor.
Então ele se afastou, olhando em direção aos convidados.
— Vocês ouviram? Eu vou ser pai — ele falou, fazendo algumas pessoas
rirem. E os assobios voltarem a todo vapor. E nossos padrinhos e madrinhas
eram os maiores culpados daquele alvoroço.
Passei meus olhos pelo ambiente procurando a minha mãe, e o meu pai
que até o momento não sabia da novidade.
Encontrei-os sentados, minha mãe estava visivelmente emocionada, meu
pai chorava como uma criança, assim como Rafael.
Sorri para eles, que prontamente retribuíram o sorriso. Meu pai sussurrou
entre os lábios:
— Eu te amo, minha filha
— Eu também te amo — balbuciei, antes de voltar minha atenção para
Rafael, que acompanhava aquele gesto com um sorriso no rosto.
Rafael me puxou para ele mais uma vez. Seus lábios tocaram os meus
suavemente, então ele afastou-se para me olhar. Aquele olhar, me fez
derreter ainda mais. O olhar de um homem, completamente, apaixonado e
algo mais. Algo que era bom, mas eu me sentia incapaz de decifrar.
— Obrigado, minha princesa, por tornar esse momento ainda mais
especial. Obrigado, por me fazer o homem mais feliz do mundo.
CAPÍTULO 52
Eu vou ser pai.
Tudo ainda parece um sonho, eu ainda não havia caído em mim, mas
nada poderia me deixar mais feliz.
Casar-me com a mulher da minha vida e começar a nossa tão sonhada
família.
— Eu te amo — sussurrei mais uma vez para ela enquanto a guiava em
uma dança lenta só nossa. Ela sorriu docemente fazendo meu coração
disparar mais uma vez.
Ao perceber que a música chegava ao fim, eu deslizei minhas mãos pela
cintura dela e a puxei ainda mais para mim, fazendo-a soltar um pequeno
gritinho ao mesmo tempo que seu sorriso se alargava. Então eu a inclinei
comigo, enquanto olhava dentro de seus olhos.
Vários flashes se fizeram presentes naquele momento, enquanto eu ia ao
encontro de seus lábios, deixando ali um beijo gostoso, e uma boa foto para
o fotógrafo.
Eu encerrei aquele beijo e devagar me afastei, encontrando aqueles
lindos olhos fixos em mim. Sorri e a puxei a deixando totalmente em pé.
Começou outra música suave, mas eu não a puxei para dançar, apenas
apertei minhas mãos em volta de sua cintura, e a puxei para mim.
— Quanto tempo, meu amor? — perguntei, levando uma das mãos na
barriga dela.
— Quase dezesseis semanas — ela respondeu fazendo meu coração
palpitar. Quase dezesseis semanas? Isso significa que...
— Quase quatro meses? — Olhei para a barriga dela e franzi as
sobrancelhas. Eu havia percebido sim, que ela havia ganhado um pouco de
peso no último mês, mas era tão pouco que era difícil de acreditar que ela
estava grávida de tanto tempo.
— A médica que me examinou disse que pode acontecer, é provável que
minha barriga comece a crescer daqui para frente — ela explicou, deixando-
me aliviado.
— E você já sabe o sexo do bebê? — perguntei com os olhos fixos aos
dela, minha ansiedade com certeza estava muito visível, pois ela deu uma
risadinha antes de balançar a cabeça em negativa.
— Eu deixei para descobrirmos juntos — ela respondeu, fazendo com
que um sorriso bobo se formasse nos meus lábios. — Quando voltarmos de
viagem.
Ah, eu amava essa mulher. Eu a amava demais!
Eu queria muito saber o sexo do bebê, mas amaria o fato de podermos
descobrir juntos.
— Então no final a viagem curta de apenas quatro dias não foi por causa
do projeto que está fazendo — concluí e ela assentiu. — Obrigado, minha
princesa — falei com o olhar inundado de gratidão. E eu estava prestes a
pegar essa mulher e abraçá-la fortemente, quando uma movimentação maior
se fez presente.
— Olha só para vocês dois! — A voz de Vivian invadiu o ambiente, nos
fazendo olhar para ela. — Parabéns. — Vivian se virou para mim. — Vou te
contar, viu? Se para mim foi muito difícil guardar esse segredo no último
mês, não quero nem pensar em como foi para Bianca.
Olhei brevemente para ela, que fez uma careta de forma que demonstrou
perfeitamente como foi difícil.
— Aproveitem para dormir bastante, porque em alguns meses será meio
difícil — Rodolfo falou, atraindo a nossa atenção para ele.
— Isso é verdade — Alexandre concordou, aproximando-se de nós. —
Parabéns aos papais.
Sorri para Alexandre e aceitei quando ele me deu um abraço de lado. A
verdade era que eu estava finalmente bem com a presença dele, nós
conversamos um pouco mais sobre tudo e pude, enfim, compreender tudo.
Não prometi que seríamos como antes, mas sugeri que deixássemos as
coisas se encaixarem, mas desde então, tudo estava indo estranhamente bem
entre nós.
— Tudo valerá a pena — falei e desviei a atenção para Bianca, que
estava com um sorriso sexy e extremamente gostoso no rosto.
Os fotógrafos aproveitaram, nós nos aproximamos dos nossos padrinhos
e aquele momento nos rendeu boas fotos.
E com um sorriso no rosto, fomos todos para a área reservada para as
fotos e começamos a tirar mais algumas para guardar o momento.
Após isso, os quatro foram aproveitar um pouco a festa e nós
começamos a seguir as instruções da equipe para tirar fotos com todas as
pessoas que eram importantes para nós.
Assim nós recebemos as felicitações do meu sócio e da mulher dele, dos
meus pais, os pais de Bianca, alguns amigos mais íntimos e parentes que
estavam comemorando aquele momento conosco.
Todos estavam muito felizes com a notícia, principalmente Carlos.
Após muitas fotos e cumprimentos, fomos para a pista de dança, curtir
um pouco com nossos amigos. Não fazia ideia de quanto tempo
permanecemos curtindo aquela noite, mas devia admitir que estava louco
para deixar todos ali e poder curtir um pouco mais da companhia da minha
mulher essa noite, antes de viajarmos para a nossa lua de mel.
Segurei a mão dela e a levei para um lado da pista de dança onde
pudéssemos ter um pouco mais de privacidade, olhando-a com aquele
sorriso que só ela conhecia.
Então, a puxei pela cintura em minha direção, fazendo-a dar um suspiro
e morder o lábio inferior.
— O que acha de encerrarmos essa etapa por aqui e continuarmos em
nossa suíte?
— Agora? — ela perguntou, à medida que a apertava um pouco mais
contra mim. Ela sorriu com aquele movimento, mostrando-me que ela
apenas estava brincando um pouco comigo.
— Ah, princesa, eu preciso tanto de você. Preciso tanto de um momento
só nosso — supliquei baixinho.
— Preciso disso tanto quanto você, então acho que nesse momento, isso
seria perfeito — ela falou, fazendo-me dar um pequeno sorriso.
— Está pronta para isso? — perguntei sem tirar os olhos dela.
— Para quê, meu amor? — soltou, a voz denotava manha.
— Para uma vida inteira ao meu lado, sendo permanentemente minha?
— Sim, eu estou pronta para isso. — Ela levou a mão em minha gravata
e me puxou ao seu encontro, deixando um beijo gostoso em meus lábios.
Então se afastou, deixando-me sem ar. — E você? Está pronto para ser
permanentemente meu?
— Eu sempre estive — respondi, fazendo-a dar um suspiro.
Então, em um movimento rápido eu a peguei no colo, disposto a fazer
aquilo que tanto ansiava. Tirá-la dali o mais rápido possível.
Podia dizer que estávamos prontos para começar a nossa família e viver
o nosso felizes para sempre.
Sim, depois de tudo eu posso dizer que o nosso relacionamento está
solidificado. E não havia nada que pudesse acontecer que me faria separar
dessa mulher.
Durante esse um ano e seis meses que nos conhecemos aprendemos a
confiar um no outro e nos tornamos totalmente dependentes.
Sim, sabia que não era o ideal se tornar dependente de uma pessoa. Mas,
ainda assim, eu me sentia feliz em dizer que eu precisava dessa mulher
comigo, assim como eu precisava do ar para respirar.
Eu sou incapaz de viver sem ela.
E estava extremamente feliz, por saber que esse sentimento era
recíproco.
E nós, teríamos o resto de nossas vidas, para provar de todas as formas o
quanto nos amamos e como precisamos apenas um do outro para ser feliz.
Porque sim, aquela promessa nesse momento estava sendo, enfim,
selada.
Eu sou permanentemente dela, assim como ela é minha.
EPÍLOGO
TRÊS ANOS DEPOIS
Ela tinha o sorriso mais bonito e sexy de todo o universo. Era o que
vinha à minha mente, sempre que a via sorrir.
Minha morena, minha princesa.
Como eu poderia não amar essa mulher?
Bianca estava no jardim, brincando com a nossa linda menina.
Ela estava com um sorriso bobo no rosto, e eu apenas a acompanhei,
enquanto ela corria atrás de Melissa e a pegava no colo, em seguida ela a
jogou algumas vezes para cima, fazendo-a gargalhar.
Aquela cena me fez perceber apenas uma coisa. Eu era o homem mais
sortudo do mundo.
Desviei brevemente a atenção para o notebook em que eu trabalhava na
última hora e o desliguei, em seguida me levantei e fui em direção às
mulheres da minha vida.
— Hm... terminou o trabalho? — Bianca perguntou quando seus olhos
pousaram em mim.
Balancei a cabeça em negativa.
— Não consigo me concentrar, quando vocês parecem se divertir tanto
— falei e Bianca deu mais um daqueles sorrisos que me fazia perder o ar.
— Estou tentando cansá-la para que eu possa enviar o projeto dos
Bellucci — ela falou e desviou a atenção para Melissa. — Não é, meu amor?
Mas você está dificultando para a mamãe.
Melissa sorriu quando Bianca voltou a jogá-la para cima.
— Por que não me falou? — perguntei e estendi a minha mão em direção
à nossa filha, que prontamente se inclinou em minha direção.
Bianca deixou que ela viesse até mim, e eu comecei a morder aquele
pescocinho gostoso, fazendo-a gargalhar.
— Não, papai — Melissa disse entre risos. Eu me afastei para voltar a
olhar para Bianca.
— Você parecia concentrado, não queria atrapalhá-lo.
— Vocês não me atrapalham nunca, meu amor — falei e logo tive que
voltar a dar atenção para Melissa, a coloquei no chão e a soltei. — Corre que
papai vai pegar você.
Melissa gargalhou e saiu correndo, meu olhar foi brevemente para
Bianca.
— Vou enviar o projeto e tomar um banho enquanto você está com ela.
Assenti, antes de ir ao encontro da minha menina, para brincar um pouco
com ela. E assim eu fiz por cerca de trinta minutos, até perceber que ela
estava cansadinha.
Eu a levei para dentro e dei banho nela, em seguida, levei-a para o berço
e fiz sua mamadeira. Não demorou muito para que ela adormecesse, então,
eu liguei a babá eletrônica e o alarme para choro, em seguida fechei a porta
do quarto e fui em direção ao quarto.
O notebook de Bianca estava sobre a escrivaninha. Caminhei até ele e
olhei de perto o projeto em que ela trabalhava, estava com um toque especial
como sempre.
Eu tinha muito orgulho dessa mulher, em como ela conseguia lidar com
tudo, mesmo com Melissa, e estava se tornando uma arquiteta conceituada.
As pessoas disputavam vaga para projetos com ela. Ela era incrível.
Minha atenção foi tomada para o barulho da água sendo aberta no
banheiro e a única coisa que veio em minha mente, foi aquele corpo gostoso,
enquanto a água caía sobre ele.
E com isso em mente, chequei que o aparelho da babá eletrônica estava
funcionando sobre o móvel ao lado da cama e, em seguida, tirei as minhas
roupas.
Fui em direção ao banheiro e entrei, atraindo o olhar de Bianca para
mim.
— Onde está a nossa princesinha? — ela sussurrou.
— Depois de tomar mamadeira, ela dormiu — falei, a voz rouca,
enquanto ia em direção a ela. — Não se preocupe, dei banho nela antes... e a
babá eletrônica está ativa.
Quando me juntei a ela, Bianca pegou o frasco de sabonete líquido e
despejou na mão, sem quebrar o contato visual comigo.
— O que vai fazer, meu amor? — perguntei, minha voz estava rouca e
cheia de desejo, segurando-me muito para aguardar a sua resposta. Eu
precisava ouvi-la.
Em um instante, a mão dela estava deslizando pelo meu peitoral devagar,
fazendo com que um pequeno gemido escapasse entre os meus lábios.
— Vou te ajudar com isso — respondeu enquanto me provocava,
deslizando a mão em direção ao meu pau suavemente. — A tomar banho,
sabe...
— Ah, princesa — rosnei.
Bianca segurou o meu pau pela base e o acariciou por um momento.
Ela estava prestes a se ajoelhar à minha frente, quando levei minha mão
em sua direção e a barrei, ela me olhou de forma interrogativa e eu dei um
pequeno sorriso.
— Não quer? — perguntou, manhosa, de forma que enviou uma
eletricidade por todo o meu corpo.
— Eu amo essa boquinha gostosa no meu pau, mas preciso muito te tirar
desse banheiro o mais rápido possível. — Ela sorriu ao me ouvir.
Peguei o frasco de sabonete líquido e derramei um pouco em minha mão
sem quebrar o contato visual com ela.
Levei as minhas mãos em seus seios e, lentamente, eu os ensaboei
fazendo uma pequena pressão. Bianca gemia a cada toque, deixando-me
cada vez mais ansioso para estar dentro dela.
Devagar minhas mãos desceram explorando cada parte daquele corpo
delicioso, enquanto analisava com atenção cada reação que ela tinha a mim.
E, assim como eu, ela reagia da mesma forma a cada toque, a cada estímulo.
Isso me deixava ainda mais louco por ela.
Saber que nada mudou, saber que ela se derretia totalmente para mim
sempre, a cada investida era excitante demais.
E eu amava.
Levei meus dedos em sua boceta e estremeci, ao perceber o quanto a
minha mulher estava molhada para mim. Não resisti a estimulá-la com meus
dedos de forma precisa, até senti-la se desmanchar entre os meus dedos com
um gemido sensual e gostoso.
E, porra, precisava dela naquele momento de forma que estava me
consumindo.
Sem poder esperar mais, levei minhas mãos ao chuveiro e o fechei.
Sequei-a brevemente e fiz o mesmo, enquanto ela me olhava daquela forma
safada que eu adorava.
Incapaz de resistir, pressionei-a contra a parede do banheiro e levei as
mãos dela acima da cabeça, prendendo-as, enquanto ela me dava um sorriso
gostoso e safado, que denunciava perfeitamente o quanto ela gostava de me
ver perder o controle.
Tomei a boca dela com necessidade e desejo, mostrando a ela como
sempre exatamente o que ela fazia comigo, como eu estava louco para estar
dentro dela.
Deixei os lábios dela e desci para mordiscar o seu pescoço, sentindo-a
arrepiar a cada toque.
Em um movimento rápido, eu a peguei no colo e a levei para a cama.
Joguei-a sobre o colchão macio e em um instante, eu estava em cima dela.
Beijando seus lábios, deixei uma trilha molhada de beijos até chegar em seus
seios, sugando-os, lambi cada um de seus deliciosos seios, enquanto
explorava o corpo dela com a mão livre.
Ouvindo aqueles gemidos inebriantes escaparem da boca dela, senti que
era impossível adiar, eu precisava estar dentro da minha mulher
urgentemente.
Foi quando eu subi ao encontro dela. Em um movimento rápido eu levei
minhas mãos sobre ela e a virei para que ficasse de costas para mim, dando-
me uma das visões que eu mais gostava.
Eu adorava tudo nela, mas aquela era uma das minhas posições favoritas.
Senti meu pau pulsar com a visão daquela bunda redondinha e gostosa à
minha frente. Levei minha mão sobre ela e a acariciei antes de deixar um
tapa em cada lado, fazendo-a gemer em cada uma das vezes, fazendo meu
pau latejar ainda mais, sedento de vontade de estar dentro dela.
Dei um pequeno sorriso, satisfeito enquanto ela empinava a bunda em
minha direção. Levei as mãos no quadril dela e a puxei um pouco mais e fui
com meu corpo sobre ela. Passei o meu pau em sua entrada e gemi, ao
perceber o quão molhada ela estava para mim.
— Porra! — rosnei, deslizando para dentro dela.
— É o que você faz comigo, meu amor — ela gemeu, deixando-me
ainda mais alucinado. — Me deixa louca, sempre.
Ao ouvir aquele gemido gostoso, retrocedi e me afundei novamente. De
forma intensa e cada vez mais profunda.
Depois de um tempo incalculável, decidi mudar de posição e a coloquei
de lado. Apesar de amar aquela posição, eu queria beijá-la, queria sentir o
seu calor ainda mais.
— Eu gosto disso — ela gemeu quando a posicionei de lado, unindo os
nossos corpos.
Em um movimento rápido, levei minha mão em seus cabelos e os juntei,
puxei-os para o lado e a incentivei a me dar espaço para beijá-la. E assim o
fiz, enquanto me enterrava dentro dela mais uma vez eu segui a provocando
com minha boca.
Não demorou para que eu a sentisse apertar a sua boceta gostosa em
volta do meu pau e a perna dela tremer, denunciando que ela estava muito
perto de gozar. Afastei-me um pouco para olhá-la nos olhos e segui,
afundando-me cada vez mais dentro dela, pronto para acompanhá-la.
E assim eu fiz, ao ouvir seu gemido gostoso e descontrolado, enquanto
ela enrolava uma das mãos no lençol da cama eu a acompanhei em um urro,
deixando o nome dela escapar de minha boca enquanto curtia cada segundo
da nossa liberação.
Ah, porra, isso era demais.
Eu a soltei e saí de dentro dela, depois joguei meu corpo totalmente de
costas para a cama, tentando recuperar a minha respiração. Olhei para o
móvel ao lado da cama, constatando que no quarto de Melissa tudo
continuava quieto.
Bianca virou em minha direção e eu a puxei para mim, deitando a cabeça
dela em meu peito. Levei minhas mãos em seus cabelos e os acariciei,
apenas curtindo aquele momento gostoso que estávamos tendo.
— Amor... — Bianca chamou a minha atenção para ela alguns minutos
mais tarde.
— Oi, princesa?
— Eu queria saber como vamos fazer daqui a alguns meses. A parte mais
difícil é ter que ficar sem fazer amor durante seis semanas — ela falou,
fazendo-me congelar por um instante. Então, ela levantou a cabeça, olhou
em meus olhos e deu um pequeno sorriso. — Acha que conseguiremos fazer
isso de novo?
Eu não sabia ao certo a sensação que me invadiu naquele momento. A
ansiedade para saber se eu estava entendendo certo, o coração acelerado com
aquela insinuação gostosa, a felicidade por, quem sabe, aquilo que eu
almejei depois que tivemos Melissa estivesse acontecendo.
— Você está grávida? — perguntei e ela assentiu com um sorriso. —
Você está realmente grávida? — perguntei novamente, sem acreditar,
enquanto lágrimas invadiam os olhos dela, ela balançou a cabeça em
concordância.
— Ah, meu amor. Que notícia maravilhosa! — disse e rolei meu corpo
sobre o dela. Apoiei o meu antebraço no colchão e a encarei por um
momento, sentindo-me o homem mais feliz do mundo. — Sim, nós faremos
isso quantas vezes você quiser.
— Está feliz? — ela perguntou enquanto eu usava a minha mão livre
para acariciar seu rosto.
— Mais do que nunca. — Inclinei-me e tomei a boca dela em meus
lábios mais uma vez.
O beijo começou lento, mas logo se tornou algo mais urgente. Desci
minha mão livre a fim de explorar o corpo dela, à medida que a reivindicava
por completo entre meus lábios. E, como imaginei, no fim daquele beijo, eu
já estava pronto novamente para ela, era exatamente essa a sensação que
essa mulher me causava.
Posicionei-me entre as pernas dela, fazendo-a dar um pequeno sorriso ao
perceber que eu estava duro novamente.
— Quanto tempo nós temos?
— Sete meses — ela disse em um gemido, fazendo minha boca se curvar
em um pequeno sorriso.
— Devemos aproveitar cada minuto disponível antes disso então.
— Sim, nós devemos. — Sua voz saiu em um sussurro gostoso,
enquanto passava meu pau em sua entrada, espalhando ali a lubrificação dos
orgasmos anteriores.
— Eu te amo, minha princesa.
Então, estava mergulhando para dentro dela mais uma vez.
— Eu amo você — ela disse entre gemidos, enquanto eu retrocedia e me
afundava dentro dela ainda mais profundo, mostrando-a da forma que eu
mais gostava como eu me sentia com aquela notícia.
Eu amava aquela mulher, amava a forma com que estávamos sempre
entregues um ao outro e o quanto aquela conexão que tínhamos só fazia
crescer, incessantemente.
E estava pronto para abraçar o mundo, pronto para fazer qualquer coisa
por essa mulher, era exatamente assim que me sentia, e eu sabia que assim
seria, pelo resto de nossas vidas.
Sim, eu sempre faria tudo por Bianca, por nossa família que estava
crescendo mais uma vez. E nada me deixava mais feliz do que isso.
E se tinha uma coisa que eu sabia desde que bati meus olhos nessa
mulher pela primeira vez, era que ela teria tudo de mim a todo o momento.
Isso nunca mudaria.
AGRADECIMENTOS
Olá, maravilhosas (os)!
Chegamos ao fim de uma história que dará início a uma série de
amores intensos, espero muito que tenham gostado de Rafael e Bianca, e
peço que não se esqueçam de deixar a avaliação ao final, afinal, a autora
aqui está morrendo de curiosidade para saber como essa obra impactou cada
uma de vocês.
Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pois só ele sabe como
os últimos meses foram, antes de eu me estabelecer e escrever essa história.
Agradeço também a vocês, minhas leitoras maravilhosas, que estão
comigo desde o início, as novas leitoras que chegaram ao decorrer de cada
livro, e as leitoras novas que vieram através desse livro, sou imensamente
grata.
A todas do grupo do WhatsApp, e as que estão sempre me
mandando mensagens positivas no Instagram, meu muito obrigada, vocês
são simplesmente incríveis.
Para mim, as top as das top, sempre!
Não poderia deixar de agradecer também as pessoas incríveis que
tenho ao meu lado e que me auxiliaram a cada momento de escrita nesse
livro.
Paula Santos, Ana Perla e Laudiane Marinho, aquelas que
acompanharam meus surtos e inseguranças a cada capítulo escrito, e que
vibraram comigo a cada momento.
Andreia Borges e Karoline Bittencourt, aquelas que se dispuseram a
fazer a leitura final e que, sim, também vibraram comigo em muitos
momentos.
Victória designer e Patrícia Suellen agradeço imensamente pela
parceria, fico muito feliz de poder trabalhar com vocês, profissionais
incríveis para tornar esse lançamento ainda mais especial para mim. Vocês
são maravilhosas!
M. Colchero, não poderia deixar de agradecê-la pela força nessa
nova etapa para mim, sou muito grata por cada momento que se dispôs a me
socorrer, tirar minhas dúvidas e ajudar.
Agradeço também a todas as bookstans maravilhosas que estão
comigo nesse início.
E por último, mas não menos importante, ao meu esposo e família,
que me apoiaram e apoiam sempre em cada projeto.
Mais uma vez, só tenho a agradecer a todas vocês: minhas leitoras,
amigas, profissionais incríveis e família.
Cada um de vocês tem um pedacinho especial no meu coração.
Me siga no Instagram para acompanhar os novos lançamentos:
@autora.mayaradias
PS.: Sintam-se à vontade para surtar comigo no PV, eu amo!
SOBRE A SÉRIE BILIONÁRIOS
Esse foi o primeiro livro da série, teremos pelo menos mais três
histórias independentes pela frente. Confira!
Esse é o motivo de não ter entrado a fundo no final dos personagens
como: Carlos, Alexandre, Rodolfo e Vivian.
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lançamentos: @autora.mayaradias

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