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Capitulo 4 25
Capitulo 5 29
Capitulo 6 37
Capitulo 7 41
Capitulo 8 46
Capitulo 9 51
Capitulo 10 56
Capitulo 11 61
Capitulo 12 67
Capitulo 13 74
Capitulo 14 80
Capitulo 15 85
Capitulo 16 91
Capitulo 17 94
Capitulo 18 100
Capitulo 19 104
Capitulo 20 109
Capitulo 21 113
Capitulo 22 118
Capitulo 23 122
Capitulo 24 128
Capitulo 25 137
Capitulo 26 140
Capitulo 27 144
Capitulo 28 152
Capitulo 29 156
Epílogo 162
Agradecimentos
Almocei com meus pais. Sendo filho único, dona Antonella usava toda sua
energia italiana em mim. Mesmo com meus 28 anos, ela ainda me tratava
como um bebê. Não reclamo, eu gosto de atenção, ainda mais atenção
feminina.
— Meu bebê não está comendo o suficiente. Você está magro, figlio[4].
— Estou bem, mãe.
— Deixa o menino, Antonella, você tem que parar de tratá-lo como bebê.
— Ele sempre será o meu bebê, Salvatore. E você também, amore mio[5].
Minha família era amorosa, calorosa e muitas vezes foi o único modelo que
Eduardo teve, tendo a família fodida que ele tinha. Apesar do seu jeito
reservado, minha mãe o tratava como filho, talvez ela sentisse a carência e a
necessidade de pessoas que se importassem com ele.
— Você está cortejando a menina Conti, figlio?
Perguntou meu pai.
— Onde o senhor ouviu sobre isso?
— As notícias correm.
— Não é assim. Eu e ela conversamos algumas vezes, mas não tenho nada
com ela.
— Talvez você devesse avisá-la então. Hoje ela ligou para sua mãe,
combinou de passar o dia com ela na semana que vem.
Eu fechei os olhos. Será que era tão difícil de entender? Garota maluca.
— Figlio, sabe que te apoiaria em qualquer coisa, mas tem algo sobre essa
garota que me incomoda, soa forçada essa aproximação. Mas se você a quer,
então farei um esforço e…
— Mamma[6], por favor, não é assim, eu não tenho nada com essa garota, eu
já disse isso a ela. — Segurei a mão de mamma e dei um sorriso contido. —
Você não é obrigada a recebê-la. Quando ela te procurou?
— Hoje, um pouco antes de você chegar.
Eu estava odiando isso.
Importunar minha mãe era totalmente fora dos limites. Veja, eu já estive com
garotas que esperavam mais de mim, mas Luísa Conti passou atropelou todas
as regras. Eu teria que falar com ela, deixar bem claro que não teríamos mais
nada.
Achei que, depois da ligação, ela teria entendido, mas pelo jeito ela parece
um cão que não larga o osso. Cazzo[7].
Terminamos o almoço e meu pai não parou de me mandar olhares
desconfiados. Quando fomos ao seu escritório, ele logo perguntou.
— Você dormiu com essa garota, né? — Eu não respondi. — Cazzo, figlio.
Será que você não aprende? Se o pai dela pedir uma reparação? Ela pertence
a Famiglia, é filha de um Capitão, pelo amor de Deus!
— Então, ele vai ter que ter um conversa séria com a filha dele, porque
aquela toca já tinha sido invadida antes.
— Eu espero não ter dor de cabeça por causa disso, Giovanni. Eu já tenho
problemas suficientes para ter que me preocupar com suas amantes.
— Não se preocupe, pappa[8]. Eu só achei que ela conhecia as regras, ela
parecia conhecer quando apareceu no meu apartamento. — Eu estava
irritado, mas a culpa era minha. Deveria saber que, com a insistência dela, só
poderia ser louca.
Conversamos mais alguns minutos e recebi uma mensagem de Eduardo para
me encontrar em uma cafeteria próxima. Eu sabia que ele não estava muito
bem sobre arrumar uma esposa e eu realmente sentia por isso.
Encontrei com ele e entramos na fila para pegar o café. Atrás, ouvíamos a voz
de algumas garotas falando alguma merda sobre filmes, mas não me virei.
Hoje eu estava enfadado com as mulheres. Peguei meu café e avisei Eduardo
que ia me sentar para aguardar que o seu pedido ficasse pronto.
Quando me sentei, pude ver as garotas que tagarelavam perto do balcão. Uma
estava próxima a Eduardo, a outra parecia uma adolescente, loira, e estava de
costas, mas o nocaute era a morena de cabelo longo. Um rosto em formato de
coração, uma postura confiante, um sorriso quase doce, um olhar escuro
impenetrável. Ela estava alheia a minha inspeção, então continuei olhando.
Pernas torneadas que se destacavam em um vestido preto e curto, cobertas
por meia-calça preta e saltos, um sobretudo creme aberto. Linda, linda. Já
imaginei aquelas pernas em volta da minha cintura...
Dei um chute mental em minha bunda, meu humor azedando. Eduardo se
aproximou parecendo bem-humorado para quem tem um prazo para se casar
e não tem noiva.
— Que cara de besta é essa? — zombei dele.
Ele logo franziu o cenho e se fechou. Eu dei uma risada com isso.
— Não sei do que está falando. — Ele me olhou e continuou: — Agora você
está com cara de merda.
Fiz uma careta, eu ia começar a contar sobre Luísa quando vimos uma
movimentação próximo ao caixa.
Foi tudo muito rápido.
Um assaltante puxou uma das garotas que estavam perto de nós na fila pelo
braço e ela deveria ter caído no chão, mas se equilibrou com facilidade.
Eduardo já estava levantando e eu ia seguir o seu exemplo quando ela
desarmou o assaltante com um golpe, derrubou-o no chão e o desmaiou.
Acompanhei seu olhar e o outro assaltante estava com a arma apontada para
ela. Mas logo não estava mais.
Atrás dele, a loira acertou seus joelhos e deu-lhe um mata-leão, o homem
apertou o gatilho e por muito pouco não acertou a morena. Meu coração
disparou quando a vi desviando da bala. Mais uma vez me surpreendi com o
olhar mortal que a loira deu para o homem ao soltá-lo. Ela estava pegando
algo em sua perna. Uma arma? A morena de cabelo curto correu, mas a de
cabelo longo já estava próximo ao homem e, com um olhar confiante,
naqueles saltos arrasadores, nocauteou o segundo assaltante.
E foi o ato mais sensual que já vi em toda minha vida. Ela acertando o
Stronzo[9] de merda que quase a baleou. A de cabelo curto saiu puxando a
loira pelo braço e falando energicamente em seu ouvido.
Logo, alguns seguranças apareceram nas portas e as tiraram de lá.
Eu sentei na cadeira em um baque. Eduardo estava com o mesmo olhar.
— Va fancullo[10]! O que foi tudo isso?
Capitulo 2
A casa dos Maceratta era, uau! Linda, imponente, mas supera colhedora.
Branca e moderna, estilosa, com estilo georgiano, exalava poder. Nossa casa
na Filadélfia também era linda, mas essas em Nova Iorque eram
arrebatadoramente maravilhosas. Entrando na grande sala, fomos recebidos
pela senhora Antonella. Ela era uma mulher muito bonita, cabelo loiro e
grandes olhos azuis. Sua feição era pálida e seu sorriso era triste. Ela
provavelmente amava muito seu marido, seu sofrimento era sincero.
Cumprimentei-a com um abraço contido, eu sinceramente não sabia muito
bem como me comportar nessas situações, então fiquei em silêncio.
Seguimos para a sala de estar, minha mãe disse algumas palavras de consolo.
Ela era realmente boa com essa coisas.
— Suas filhas são impressionantes e tão lindas, Alessandra. Eu gostaria de ter
uma filha. Giovanni logo se casará e, de qualquer forma, ele tem o
apartamento dele.
— Obrigada, querida. Giovanni também é um cavalheiro. Foi muito
atencioso conosco na outra noite. E, de qualquer forma, você terá uma nora,
que presumo será como filha.
Segurei um riso irônico. Ele poderia estar enlutado, mas cavalheiro ele não
era. Na verdade, extremamente irritante definiria melhor.
— Oh, querida, eu gostaria muito. De verdade, quero que meu filho conheça
a felicidade como eu conheci com Salvatore. — Seus olhos se abaixaram e
ela disfarçou as lágrimas. — Acredito que seja a mesma felicidade que você
compartilha com Enrico. Fomos abençoadas sendo a exceção.
Eu sei que isso era verdade. Na Máfia, os casamentos eram de conveniência
em sua maioria, traições e falta de respeito eram comum, às vezes até mesmo
a violência era aceitável. E exatamente por isso que eu jamais abriria mão da
minha vida para me casar, nem mesmo pelo meu pai.
— Oh, minha querida, você pode contar com a gente. Se quiser passar alguns
dias na Filadélfia conosco, é mais que bem-vinda.
— Obrigada, eu vou me lembrar disso.
Elas continuaram conversando e eu pedi para ir ao toalete. Eu tinha tirado
meu casaco, porque dentro da casa estava esquentando e queria ver como
estava o vestido. Pedindo licença, a senhora Antonella me indicou o toalete
da parte de cima, pois o de visita estava em manutenção.
Subi as escadas e achei o toalete. Sem fechar a porta, mirei o meu reflexo.
Sim, vaidade era meu sobrenome. Ajeitei o meu vestido, acertei o batom,
virei a lateral para ver o meu cabelo, balancei as madeixas. Virei de frente e
joguei o cabelo de lado.
Nada mal.
Escutei um pigarreio ao meu lado e já coloquei a mão no suporte da arma,
mas, pelo reflexo, vi um sorriso torto e olhos azuis brilhantes em mim. Tudo
bem, ele era lindo, isso era inquestionável.
— Cazzo[20]! Quer me matar do coração? — falei em um grunhido virando-
me para ele, que estava em pé, na porta.
— Eu acho que quem pode ter um ataque do coração sou eu… diante de
você, assim — disse mordendo os lábios e me olhando dos pés à cabeça.
Segurei uma resposta cortante, mas revirei os olhos. Ele estava enlutado e
isso me fez suavizar um pouco. Porque, por trás de todas aquelas piadas, seus
olhos estavam vermelhos e, em sua mão, tinha uma faixa.
Provavelmente foi pela renovação do voto de lealdade, oficialmente agora
Giovanni era o consigliere[21] da Cosa Nostra, o segundo no poder. Quando
alguém assumia um dos topos da hierarquia, o voto de lealdade era reforçado
diante de todos os Sottocapos[22] e Caporegímes[23] da Cosa Nostra. Eu não
poderia me esquecer disso.
— Eu sinto muito pela sua perda — disse pela primeira vez me dirigindo a
ele com suavidade.
Seus olhos prenderam os meus e, por um segundo, ele perdeu aquele ar de
deboche. Seu olhar foi tão profundo que eu me senti cativa.
— Obrigado — ele respondeu, sincero. — Eu não sabia que você estava aqui
na minha casa.
— Minha mãe veio ver a sua. Eu estava em casa, então minha mãe me fez
fazer companhia a ela.
— Agradeça sua mãe pela atenção com a minha. E obrigado a você também.
— Imagina, não é nada demais.
Ficamos ali em um silêncio desconfortável. Era a primeira vez que tínhamos
um diálogo civilizado, sem provocações.
— Preciso ir — Sentindo-me agitada, disse, indicando para que ele saísse da
porta.
Ele era grande, ombros largos, estava de calça jeans, uma camiseta cinza de
manga longa. Ele tinha o cabelo liso, quase loiro, curto nas laterais, mas que
teimava em cair sobre a testa. Cílios enormes que só enfatizavam o azul dos
olhos. Uma cara de cafajeste, enlutado ou não. Perigo sinalizado em todo o
rosto.
— Se quiser tirar uma foto, fique à vontade. Dura mais. — Idiota.
Dei um falso sorriso e parei em sua frente. Ele não se moveu e, quando
levantei meus olhos aos dele, senti o seu perfume. Tão masculino. Meu
sorriso falso vacilou um pouco e ele engoliu em seco, perdendo um pouco do
deboche e da confiança. Seu olhar estava pesado e vi que ele levantou a mão
para o meu rosto lentamente, quase indeciso. Nós tínhamos química, aliás,
mais química que já experimentei com qualquer pessoa antes e eu tinha visto
o cretino somente algumas vezes, sem qualquer interação física dessa
natureza. Mas esse era um limite rígido para mim, eu não poderia cair na
tentação, ficar com o consigliere só porque ele era gostoso e achar que isso
não me atingiria de alguma forma, até mesmo a minha família. Eu não era tão
louca assim.
Quando sua mão alcançou meu rosto, eu a torci em um movimento rápido e
bati a outra mão em seu diafragma. Ele se afastou puxando o ar, mas um
sorriso sacana estava no rosto. Eu saí do toalete e disse.
— Eu já falei para não me tocar.
Ele recuperou o ar ainda sorrindo, em seus olhos, um fogo brilhou, ele se
aproximou. Todo meu corpo se acendeu em eletricidade só com a sua
proximidade, mesmo que não houvesse toque envolvido. Seu hálito fez
cócegas em meu ouvido quando ele disse:
— Você ainda vai implorar pelo meu toque. — Arrogante. Stronzo[24].
Mesmo um pouco instável por dentro, eu mantive o rosto impassível.
— Vai sonhando.
Ele soltou uma risada que esquentou meu ventre e eu voltei para a sala antes
que me fizesse parecer tola.
Capitulo 4
2 meses depois
Cheguei na casa da minha mãe no dia seguinte para jantar. Já era rotina,
todos os dias eu me esforçava para jantar e passar a noite com ela. Às vezes,
eu dormia lá para que ela não se sentisse tão solitária. Eu evitava ir durante o
dia por temer encontrar Luísa. Ela sempre estava por perto, principalmente
depois que meu pai faleceu. Eu poderia ser grato por ela estar fazendo
companhia a minha mãe, mas temia encontrá-la, e que ela ficasse cheia de
ideias.
Chegando no saguão da casa da minha mãe, escutei vozes e uma risada que
me fazia ter vontade de correr. Parei e pensei seriamente em fazer isso, mas
esse meio tempo me custou a escolha. Minha mãe me viu.
— Querido! Venha aqui, Talía e Luísa estão me fazendo companhia. — Talía
é minha prima e deve ter uns dezoito anos, sei que ela vai entrar na mesma
faculdade que Luísa está e por isso, recentemente, ela se mudou para Nova
Iorque. E ultimamente ela tem andado muito com Luísa.
— Oi, mãe. — Me aproximo e dou um beijo na testa. — Olá, meninas. —
Não me aproximo delas. Se beijar a testa de Talía como o habitual, talvez
Luísa queira se aproximar também, e eu não quero arriscar.
— Oi, Giovanni — diz Luísa com uma voz doce. Eu me sinto um covarde
por correr de uma garota que tem metade de meu peso e tamanho, mas ela me
causa arrepios.
Que diabos.
Isso tem que acabar.
— Oi — digo o mais indiferente possível — Mãe, eu vou te atrapalhar, só
passei para saber se estava tudo bem. — Beijo a testa da minha mãe, ela me
dá um olhar conhecedor, mas não diz nada. Ela aceita a companhia de Luísa,
mas sabe que a garota quer se aproximar de mim.
— Tudo bem, meu amor. Se cuida! Não se esqueça de sábado, o evento na
casa dos Tommazzi — ela gritou enquanto eu ia pela porta. Dei um joia e
continuei o meu caminho.
Eu saio pelo porta quase correndo. Tenho conseguido evitar Luísa com
sucesso nas últimas semanas, mesmo sabendo que ela tem se aproximado de
todos que são próximos a mim.
Antes de chegar em meu carro, escuto passos. Saltos.
Merda.
— Onde você está indo? — Luísa pergunta, ofegante. Ela é linda, mas já não
consigo sentir nem tesão por todas as suas loucuras. Aliás, nos últimos meses,
estou com falta de tesão sempre. Logo eu, que sempre senti tesão, até
dormindo.
Será que eu deveria estar preocupado? Talvez eu devesse dar uma volta, ir em
algum dos nossos clubes.
— Você foge de mim como se eu fosse o diabo. Não precisa ser desse jeito,
Giovanni. Podemos ser amigos.
Respiro fundo, destravando o carro.
— Ok, Luísa. Só não fique me ligando nem me perguntando o que eu faço ou
deixo de fazer, nem se comportando ou dizendo por aí que é minha
namorada. Nós não temos nada. E estas atitudes estão me irritando.
Percebi que seus olhos ficaram marejados. Ela deu um sorriso sem graça e
saiu. Eu me sentia mal por ser assim tão direto, mas ela não me deixou outra
escolha. Eu já tinha enfrentado o perigo de várias formas. Todos os dias eu
corria o risco de não voltar vivo para casa, mas essa garota minúscula, com
esses olhos esperançosos me assustava como meu trabalho nunca assustou.
Saí do estacionamento. Por um momento, considerei ir para um de nossos
clubes, mas logo senti um desânimo, cansaço.
Pensei em meu pai.
Quando estava com minha mãe, a noite era mais fácil. Quando estava
trabalhando, eu poderia me envolver ali e esquecer. Mas, quando eu estava
sozinho em meu apartamento, meu coração apertava pensando nele.
Novamente, fui para casa e amorteci minha dor com uísque.
Capitulo 5
passei uma noite com Milena. Eu tinha ficado surpreso com sua ligação,
Mas ela me ligou, me procurou. Ela também queria ficar comigo. Olhei para
a bagunça de seu cabelo no rosto, seu corpo nu, sua respiração.
Ela era letalmente linda.
Sem sua maquiagem, sem os saltos e as roupas de grife, ela era mais humana,
mas ainda assim ela era perfeita. Sem respostas espertinhas, sem o sarcasmo
marcando suas expressões, sem sua arma a reboque. Sem sua armadura. Ela
ainda era linda.
Seus olhos se abriram lentamente e focaram em mim. Logo ela se sentou na
cama um pouco desorientada.
— Que horas são?
— Cedo. Tome um banho, eu vou fazer um café antes que você saia. — Eu
não sabia que merda estava fazendo, mas achei educado oferecer um café.
Milena não me deu tempo. Ela empalideceu sob a perspectiva de tomar café
comigo. Se não fosse tão engraçado, eu poderia me sentir ultrajado.
— Não, não. Não é necessário. Eu vou embora, preciso me arrumar, cadê
minhas roupas?
Uma Milena totalmente perdida andava pelo apartamento pegando suas
roupas, falando consigo mesma coisas que eu não conseguia entender. Em
seguida, ela se trancou no banheiro. Eu fiquei ali na cama, olhando o teto.
Alguns minutos depois, ela saiu do banheiro, vestindo as roupas que veio na
noite anterior. Parou na porta do meu quarto, desconfortável, pegando sua
bolsa com o cabelo preso em um coque frouxo acima da cabeça.
— Bem, obrigada. Eu já vou indo.
Eu me levantei totalmente nu observando-a engolir em seco. Eu segurei seu
rosto e beijei sua boca duramente. Ela colocou suas mãos nas minhas, mas
não me afastou. Eu soltei seu rosto e dei o meu melhor sorriso.
— Eu vou te esperar novamente. — Ela estreitou os olhos.
— Você não acha que está assumindo demais? — Aí está. Minha bella[50]
selvagem e suas garras.
— Eu vou te esperar de novo, Milena — eu disse com mais firmeza. Ela quer
e eu também, não tem por que correr disso, aproximei meu rosto a uma
respiração do seu. — Isso entre nós não acabou. A gente vai, sim, continuar
com isso e ver onde vai levar.
— Isso não vai a lugar algum além da cama, Giovanni. Não pense que s...—
Eu a beijei novamente e não a deixei terminar. Ela lutou um pouco, mas
relaxou. Eu ficava mais alerta quando ela relaxava, então a soltei.
— Tem medo do quê? — disse enquanto ela apertava ainda mais seu olhos.
— Eu não tenho medo de nada! — Seu olhar era firme e seu tom implacável.
— Eu acho que você tem medo sim, medo de se apaixonar loucamente por
mim.
Ela gargalhou com isso. Meu riso quase escorregou.
Quase.
Ela se aproximou e ficamos a centímetros de distância.
— Eu volto essa semana, Giovanni. Eu vou usar e abusar de você e depois te
dar um belo de um Addio[51]— Ela me deu um selinho e saiu antes que eu
desse qualquer resposta, nada parecida com a Milena que acordou atordoada
e vulnerável.
Eu fiquei ali, olhando meu apartamento, dividido entre beijar e esganar
Milena.
Saí do estacionamento por volta das 11:00 da manhã, iria almoçar com minha
mãe e discutiria nosso primeiro plano de ação contra a Bratva. Sabia que
todos os ataques não ficariam sem respostas. Eu era estrategista e Nero
executava, e hoje Eduardo voltaria em ação após alguns dias na Itália. Saindo
do estacionamento, um vulto pulou em minha frente, pisei no freio e já
coloquei a mão em minha arma. Sempre tinha uma equipe e segurança me
seguindo, então logo eles estariam aqui.
Quando olhei melhor, suspirei em desânimo. Luísa. Ela bateu no vidro do
motorista e eu o desci.
— Você está querendo se machucar? — disse em um latido, já sem paciência
para outra louca.
— Você não me atende — ela disse com sua versão de voz sedutora.
— O que você quer?
— Eu só queria conversar. — Ela encostou na janela do carro.
— Não tenho tempo, estou atrasado para uma reunião.
— Quando você terá tempo? — Ela se aproximou mais.
— Nunca — eu resmunguei.
— O quê?
— Não sei, eu disse que não sei. — Eu era um homem das mulheres. Sempre
as tratei bem, sempre evitei ser estúpido e jamais fui violento. Mas Luísa
estava me pondo à prova.
— Eu posso ir com você e esperar você terminar. — Oh, Dio[52]. Tirei meus
óculos para que ela olhasse em meus olhos e não tivesse dúvidas das minhas
próximas palavras.
— Presta atenção, Luísa, eu estou atrasado, ocupado e não tenho tempo nem
vontade de falar com você. Desencosta do carro, por favor. E eu só vou pedir
com educação uma vez. — Ela arregalou os olhos e se afastou um pouco.
— Você disse que poderíamos ser amigos.
— Você parece uma perseguidora louca, não uma amiga. — Seu lábio tremeu
um pouco, mas ela logo endireitou a postura e colocou um sorriso brilhante
no rosto.
— Eu vou em seu apartamento hoje à noite.
— Nem pensar. — Essa garota era louca, desequilibrada, precisava de
internação ou de morrer para me deixar em paz.
— Libera a minha entrada, Giovanni. — Eu comecei a rir, mas foi de
desespero.
— Você é louca! — disse mais para mim do que para ela.
— Eu estou cansada de ser... — Antes que ela terminasse, e pouco me
importando que estivesse de frente para a avenida, eu segurei seu queixo com
força, trazendo seu rosto para perto do meu. Ela sufocou um grito de susto.
— Se você não se afastar, eu vou passar por cima de você, eu é que estou
cansado dessa loucura. Ela acaba aqui! — disse e apertei ainda mais seu
queixo com um sorriso maníaco — Não se aproxime de mim ou eu esqueço
que você é filha de um Caporígeme[53] e meto uma bala em sua cabeça!
— Você não pode me machucar! — Lágrimas desciam no seu rosto, mas eu
pouco me importei. Dei outra risada maníaca.
— Você não tem ideia de com quem está falando. Eu posso te matar sorrindo
e fazer parecer um acidente, garota. Não confunda meu bom humor com
fraqueza! Fica. Longe.
Soltei seu queixo, empurrando-a para trás e parti. Essa mulher era louca de
uma maneira péssima. Isso tinha que terminar, porque minha paciência já
tinha terminado.
Cheguei na casa da minha mãe, mas ainda estava alterado e nervoso.
— Figlio[54]! O que aconteceu com você?
Minha mãe sabe que quase nunca perco a calma. Geralmente sou razoável,
frio, não é à toa que sou o consigliere[55]. Sento-me no sofá com um suspiro
frustrado.
— Mãe, não quero mais Luísa aqui. Não quero ela perto da senhora e, se
possível, quero Talía longe dela também.
— O que aconteceu? Eu não sou fã dessa garota, mas ela é amiga da sua
prima, está sempre aqui com ela. Eu sempre desconfiei que era mais por sua
causa do que por mim. O que ela fez?
— Ela virou uma perseguidora. Me liga todos os dias, onde me vê tenta me
encurralar, eu não sei o que ela espera com isso, mas tudo que ela está
conseguindo é me fazer ter raiva.
— Ela quer casamento! — Escuto a voz de Tala entrando na sala da minha
casa de infância. Ela me dá um beijo, outro em minha mãe e se senta na
poltrona ao meu lado. Talía veio de Nova Inglaterra para estudar em Nova
Iorque. Ela quer ser médica. Ela conseguiu convencer seu pai, irmão de meu
e um Caporigeme em Nova Inglaterra, a ficar em um alojamento. Por ser
filha única, meu tio faz de tudo por ela. Até colocá-la em risco lá. Mas ela
disse que, antes de se casar, quer ter toda a experiência da faculdade como
uma universitária comum. Eu achava um absurdo, não era seguro.
— Dio! Giovanni, você prometeu algo a essa menina? — minha mãe disse
preocupada.
— Claro que não! Foi uma foda! — disse irritado.
— Giovanni Maceratta! — minha mãe disse em sua voz firme e eu me
encolhi.
— Mas a culpa é dele, tia. Ele não consegue controlar seu…
— Talía Maceratta! Per Dio[56]! Que palavreado horroroso é esse!
— Desculpe, tia. — Talía me deu um sorriso de canto.
— Aquela maluca apareceu no meu apartamento, tarde da noite. Eu nunca
prometi nada a ela — resmunguei.
— Ela me ligou. Chorando. Disse que você agrediu e ameaçou ela.
— Talía, quero você longe dessa garota. Bem longe — disse para minha
prima.
— Você não manda em mim, Gio — disse a pirralha.
— Eu sou seu consigliere! Essa garota está usando vocês duas para se
aproximar de mim, ela precisa ficar longe de mim, consequentemente longe
de vocês.
— Eu não vou deixar de ter amizade com ela porque você é um galinha! E eu
estou tão preocupada com o fato de você ser consigliere.
— Não me teste, Talía. — Eu estava no meu limite.
— Vai fazer o quê?
— Chega! Os dois! Talía, seu primo tem razão. Não traga mais essa garota
aqui e você está proibida de falar de Giovanni para ela. Você pode achar que
já enfrentou todos os tipos de perigos, mas uma mulher obcecadamente
determinada é o pior deles, figlio.
— Eu a mato.
— Giovanni...— minha mãe começou a me repreender.
— Tô brincando. — Eu não estava. — Mas quero que se afastem dela. Eu
sou o chefe dessa família agora. E se você não me escutar, eu vou falar com
seu pai! Aliás, ela nem é boa companhia para você.
— Não, imagina. Só para você quando quer “se divertir”.
— Eu não preciso discutir isso com você! Essa garota está te usando, estou
tentando te proteger também.
— Poxa, não é justo! Não tenho que pagar por seus erros!
— Chega! Os dois! Vamos almoçar em paz, e sua prima tem razão, o erro foi
seu Giovanni. Você não tem o direito de proibir elas de conversarem. Mas
nada de trazê-la aqui, Talía. E nem dê informações sobre o seu primo.
— Mãe, por favor, eu sou…
— E eu sou a sua mãe! Você pode ser o consigliere, mas ainda é meu filho e
me deve respeito. E já deu dessa conversa.
Dei um suspiro derrotado. Fomos almoçar e minha mãe começou a perguntar
sobre as aulas para Talía, dando o assunto por encerrado.
Nossas reuniões costumavam acontecer no Vecchio, o melhor restaurante
Italiano de Nova Iorque. Ele pertencia a Nero. Depois que Eduardo se tornou
Don, as reuniões menores aconteciam aqui.
Entrei no Vecchio e fui direito para o escritório de Nero, onde Eduardo já
estava.
— Está atrasado. — Eduardo disse.
— Pelo jeito, as férias não melhorou o seu humor.
— Pelo contrário! Estou em meu melhor humor! — Me joguei no sofá. —
Você parece terrível.
— Eu acho que faço uma ideia do que seja. — Nero olhou em minha direção
— Luísa.
— Eu não quero falar sobre essa garota.
— Deveria ter pensado nisso antes. Espero que tenha aprendido a não se
meter com as meninas da Famiglia[57], a não ser que queira se casar com
alguma.
Pensei no furacão Milena. Eu achava bem difícil ela ficar louca igual Luísa,
então disso eu estava seguro. Começamos a conversar sobre os ataques. Nero
disse que as fronteiras estavam silenciosas no mês que transcorreu. Nenhum
ataque da Bratva, nenhuma ameaça.
— O silêncio me deixa ainda mais alerta — disse Eduardo pensativo.
— Eles estão planejando algo. Algo grande. — Nero concluiu.
— Temos que nos antecipar. Meu palpite é que façamos uma armadilha. —
Os olhos de Nero estreitaram em mim.
— O que você sugere? — perguntou Eduardo.
— Uma isca. O que Dimitri Nikolai mais quer, além do Ivanov que não
sabemos quem é?
— Nem pense nisso. — disse Nero com o maxilar travado.
— Isabella Castelle. — eu disse sorrindo.
— Não. — Foi um grunhido.
— Ela estaria segura, nada aconteceria com ela. Só daremos a impressão de
que ela está vulnerável. Não é como se ela não soubesse se defender. — A
menina poderia matar comendo um chocolate.
— Eu não vou permitir isso de maneira alguma, Giovanni. — Nero olhava
furiosamente para mim. Punhos cerrados e a boca em uma linha fina. Ele era
assustador quando queria, mas eu também era.
— Qual o seu problema? Ele está obcecado por ela. Essa é a nossa vantagem
sobre ele. — Isso era lógica.
— Não! Esqueça isso!
— Eu acho que deveríamos falar com ela. Tenho certeza que ela concordaria.
— A garota era firme, tinha treinamento. Ela só foi levada porque tinha sido
drogada.
— NÃO! — Nero disse com um soco na mesa. Ficamos ali em uma disputa
de olhar. Ele estava sendo irracional. Se quiséssemos aniquilar a ameaça de
vez, deveríamos ir em quem importa: Dimitri Nikolai.
Eduardo perdeu a paciência.
— Chega! Não vamos colocar a irmã da minha esposa em perigo, precisamos
pensar em outro plano.
— Poderíamos ao menos falar com ela? Não vamos deixá-la desprotegida,
jamais faria uma proposta assim. Estou propondo a participação dela.
— Giulia não vai concordar… — Eduardo pareceu pensar em voz alta. —
Vamos ver. Vou pensar sobre isso.
— Isso é loucura!
Nero me fulminava com os olhos. Eu estava muito desconfiado dessa
superproteção com Isabella já tinha alguns dias. Eu achava, no início, que era
orgulho ferido, até um pouco de culpa por estar responsável pela segurança
no dia que ela foi sequestrada. Mas, para uma pessoa razoável, Nero estava
quase irracional.
Conversamos mais alguns minutos sobre outros tópicos. Nero disse que
atacou alguns laboratórios da Bratva, mas não houve respostas. Nenhum
contra-ataque.
— A família Nikolai é composta por Dimitri, sendo o atual Pakhan [58]e, ao
que tudo indica, ele matou o pai. Ele tem uma irmã e um irmão. E atividades
sexuais masoquistas. O conselho na Rússia não está feliz em como ele está
gerindo as coisas por aqui, então isso justifica seu desespero com a
possibilidade de ter um sobrevivente Ivanov. Ele tomaria o posto sem
nenhum trabalho — eu disse.
— Devemos coletar mais informações. Sobre a família, os hábitos e,
principalmente, sobre Dimitri. Pelo preço certo, as pessoas falam. Eu preciso
de alguém de confiança lá. — O olhar de Eduardo para em mim. — Preciso
que você vá à Ohio, Giovanni. Alguns poucos soldados, Nero selecionará os
melhores. Ninguém deve saber que você irá. Ninguém. Tente coletar o maior
número de informação possível. Eu mandaria outra pessoa, mas preciso de
alguém de minha confiança lá.
Concordo com um aceno.
— Vamos nos manter alertas. Eles estão planejando algo, avise aos outros
Sottocapos[59]. Nada de baixar a guarda. Se organize para ir na semana que
vem.
Capitulo 13
— E sabe o que ela disse? Que eu era muito inteligente, seria a primeira da
minha turma — Anita contava delirante de alegria sobre as aulas na nova
escola. Eduardo tinha permitido que ela fosse à escola presencial, graças à
insistência de Giulia.
— Que bom, querida. Mantenha isso! Nos orgulhe sempre! — disse minha
irmã. — E você, Milena, como está o curso?
— Estou amando. Chantal é exigente, mas é maravilhosa. Tão elegante, tão
talentosa. Me sinto sortuda por ter sido selecionada.
— Você merece, Mi. Fico feliz por você — Giulia se vira para Bella. — E
você, Bella? Vocês ficam tão ocupadas durante a semana, mal sei de vocês.
— Estou bem. O ballet toma todo o meu tempo, e entre terapia e as aulas
com as crianças, não tenho tido muito tempo.
— Fico feliz que esteja ocupando o seu tempo. E que esteja bem. — Giulia
estava pisando em ovos com Bella desde o sequestro. Ela se sentia culpada,
eu sabia disso. A indiferença de Bella não ajudava. — Você está fazendo
amizades?
— Vamos fazer uma temporada de apresentações mês que vem. Será no
Lincoln Center. E, sim, não tenho problemas com ninguém, me receberam
muito bem.
— Que maravilha, fico feliz maninha! — Giulia apertou a mão de Bella por
cima da mesa.
— Que apresentação será? — perguntou Anita animada. Ela tinha começado
o ballet.
— Lago dos Cisnes.
— Que lindo! Quem você será? — Os olhinhos de Anita brilhavam
— Princesa Odette.
— Você vai ser a principal? Ed, eu quero ir, por favor, me deixe ir!
Eduardo olhou divertido para sua irmã quando respondeu.
— Claro, Anita. Vamos todos prestigiar Isabella. Só não se esqueça de passar
essa informação para a segurança, Isabella.
— Tenho certeza de que eles já sabem.
— Eu ficaria louca com esse monte de guardas — falei.
— É necessário. Eu fico mais tranquila sabendo que Bella está segura —
Giulia disse com firmeza e ainda me lançou um olhar furioso.
— Eu não gosto. Mas ninguém perguntou o que eu acho de nada até agora,
então… eu vou deixar vocês continuarem assumindo que sabem o que é
melhor para mim — Isabella disse tranquilamente.
Ficamos em um silêncio desconfortável. Ela tinha o dom de desequilibrar um
ambiente sem precisar de qualquer explosão emocional. Às vezes, sua frieza
machucava e ela não percebia. Eduardo e Giulia seriam irredutíveis quanto à
segurança de Isabella, independente do que ela achava. Eduardo pediu licença
para atender uma ligação. Eu resolvi quebrar um pouco da tensão.
— Realmente, fica difícil até para namorar. Gabriel Tommazzi que o diga.
— Milena. — Isabella estava um pimentão vermelho.
— Está namorando Gabriel, Bella? Mas isso é ótimo, ele é um garoto
adorável, sensível — disse Giulia.
— Claro que não estou! Milena está inventando isso. Talvez devesse
perguntar à Milena se ela está vendo alguém. — rebateu Bella com um
sorriso.
Stronza[60].
Cerrei os olhos em sua direção.
— O que vocês duas andam aprontando?
— Eu nada. Como se eu pudesse dar um passo sem que vocês soubessem. Já
Milena…
— Eu não estou aprontando nada! — eu disse rápido demais.
— Milena, cuidado. Não estamos em Philly.
O jantar perdeu a graça. Levantei e joguei o guardanapo na mesa.
— Eu sei que não estamos, Giulia. Eu já vou embora.
— Vamos, eu preciso arrumar algumas coisas também.
Nos levantamos e fomos para a sala, mas ainda ouvi o resmungo mal-
humorado de Giulia.
Eduardo voltou e a abraçou por trás, beijando seu ombro. Ela soltou um
suspiro feliz. Eles claramente se amavam.
— Em breve, eu também estarei ocupada. Irei treinar os novos soldados. Sou
faixa preta em várias modalidades de lutas e resolvi aproveitar disso.
Em Philly, Giulia já fazia esse trabalho. Aqui foi mais difícil, pois as famílias
eram mais conservadoras, mas, devagar, Giulia estava conquistando seu
espaço. Ela poderia derrubar qualquer um, pois tinha técnica. E Eduardo a
apoiava incondicionalmente.
Antes que saíssemos, escutamos a campainha. Não muito tempo, entra
Lorenzo, pai de Eduardo.
A tensão deles era palpável.
Esse homem me causava nojo e arrepio. Ele me olhava de um jeito que me
dava calafrios.
— O que você está fazendo aqui? — O maxilar de Eduardo parecia que iria
rachar.
— Acho que ainda faço parte da família. — Como não teve nenhuma
resposta, ele continuou: — Vim ver a minha filha. Já que ela não vai me ver.
Anita estava séria e visivelmente nervosa. Lorenzo parou o olhar em mim e
em Bella. Se aproximou e beijou a mão de Bella sem tirar os olhos de mim,
quando se aproximou, eu tive que reprimir o desejo de puxar minha mão. Ele
a beijou mais demoradamente e passou a língua discretamente.
Bile subiu em minha garganta e eu soltei minha mão em um movimento um
pouco brusco demais.
— Sempre selvagem, senhorita Castelle.
Eu não me importava quando Giovanni me chamava assim. Eu fingia que me
importava, mas, na verdade, eu sabia que era algo nosso. Mas vindo de
Lorenzo, me deu vontade de socá-lo na cara e arrancar a sua língua da boca
com uma adaga de Isabella.
Nojento.
— Eu já estava de saída. Com licença.
Puxei Isabella pelo braço e saí. Quando entramos no carro, Isabella disse.
— Não gosto do jeito que ele olha para você.
— Nem eu.
Com isso, fomos para casa. Ele não tinha como fazer nada comigo. Não sem
perder as bolas antes.
Quando chegamos em casa, fui direto para o meu quarto. Vi o horário, 21:30.
Tinha uma semana que eu não via Giovanni. Por duas vezes ele me mandou
mensagem perguntando se eu gostaria de ir até sua casa, mas eu estava muito
ocupada com o curso. Ele estava sugando meu tempo. Ontem ele não me
ligou, deveria estar com outras mulheres.
Pensar sobre isso me fez ficar de mal humor.
Droga, nunca tive um caso. Não sabia qual o protocolo. Olhei meu telefone e
estava prestes a deixar uma mensagem quando ele tocou.
Giovanni.
Atendi com meu coração acelerado.
— Alô.
— Eu quero você. — Sempre direto.
— Eu estou bem, Giovanni, e você? — disse com sarcasmo, mas suas
palavras fizeram meu ventre apertar.
— Vou ficar bem quando estiver dentro de você. — Esse homem era
impossível.
— Você é um safado.
— Você adora. — Revirei os olhos.
— Onde você está?
— Saindo da minha mãe. Jantei com ela e Talía. — Eu encontrei Talía
algumas vezes na cafeteria da universidade, mas nunca trocamos mais que
cumprimentos. Ela sempre tinha Luísa a reboque, então não tinha nenhuma
oportunidade de conhecê-la melhor.
— Passa aqui e me pega. — disse antes que perdesse a coragem.
— Traga roupa para passar o dia amanhã.
— De jeito nenhum.
— Ou não traga nada. De qualquer forma, eu prefiro você nua. Passo aí em
15.
Esse homem.
Coloquei meus itens de higiene e uma calcinha na bolsa. De jeito nenhum
que eu iria passar o dia amanhã.
Desci para esperar por ele no saguão. Meu telefone tocou.
— Ludo.
— A senhorita vai sair?
— Vou.
Eu poderia ouvir seu suspiro de desaprovação do outro lado.
— Só… só toma cuidado, tá.
— Pode deixar.
Ele desligou. Eu sabia que sair nesse horário era preocupação para ele. Ludo
era amigo do meu pai e com certeza diria a ele. Mas eu não estava
escondendo nada do meu pai. Só do resto da humanidade. Mandei uma
mensagem para Isabella, com certeza ela estaria dormindo já.
Reconheci a BMW de Giovanni.
Entrei no banco passageiro, coloquei o cinto, fechei a porta e enfim olhei para
Giovanni. Ele era lindo e sabia disso.
Era gostoso.
Perigoso.
Ele puxou meu pescoço e me beijou.
Eu senti seu beijo em todos os lugares do meu corpo e devolvi com a mesma
paixão. Eu sabia que isso tinha que parar, eu estava quebrando todas as
minhas regras. Mas, poxa, era tão bom.
— Oi, gatinha.
Eu sorri de volta e ele seguiu para o apartamento. Eu e Giovanni éramos fogo
e gasolina. Começamos a nos despir no elevador, cheguei no seu andar e já
tinha tirado casaco, sapato, mal entramos e ele já tirou minha roupa e a dele.
Chegamos ao quarto nus. Foi uma longa noite.
Acordei toda dolorida. Ainda conseguia sentir Giovanni entre minhas pernas.
Olhei seu rosto tão pacífico dormindo.
Seu cabelo bagunçado caindo na testa, minha mão coçou para arrumar.
Levantei minhas mãos para sua testa, mas antes de encostar, desisti. Isso era
burrice. Quando fui retirar, ele segurou minha mão, abriu os olhos e me
encarou sério, com suas piscinas azuis. Eu engoli em seco. Fiz menção de
levantar, mas ele veio por cima de mim e me prendeu com seu corpo. Senti
sua rigidez, pois estávamos ambos nus.
Giovanni estava sério, ainda segurando minha mão, ele beijou meu nariz e
minhas bochechas com uma ternura que eu nunca tinha sentido antes. Senti
minha garganta se apertar. Levantei a mão que estava solta, um pouco
trêmula, e arrumei o seu cabelo como queria fazer antes que ele acordasse.
Ele encostou sua testa na minha e fechou os olhos. Como se ele sentisse o
mesmo que eu. Me sentia nua por dentro, vulnerável.
Ele abriu os olhos confusos, como imagino que estavam os meus. O que
estávamos fazendo? Meu coração estava acelerado, a impressão de que me
faltaria ar. Presa por seu corpo, nossas batidas se misturavam, as suas tão
furiosas quanto as minhas.
Ele me beijou.
Foi um beijo doce, totalmente dissonante da noite selvagem que tivemos. Foi
um beijo mais emocional que carnal e este pensamento me trouxe de volta à
realidade.
Alerta.
Perigo.
Perigo.
Eu mordi sua boca com força e ele se afastou. Passei a língua em seu lábio
inferior e dei um sorriso safado.
Ele estreitou os olhos, pegou uma camisinha na cabeceira e não muito depois
entrou em mim. Com força.
Assim era melhor. Assim era mais seguro.
Foi mais uma foda dura.
Eu estava dolorida, mas eu morreria antes de reclamar, porque o orgasmo que
eu tive fez todo o desconforto valer a pena.
Capitulo 14
todo o caminho.
E u estava fodido.
Totalmente.
Aqui, sentado no sofá, olhava ao redor, percebendo que os últimos meses o
melhor da minha vida tem sido ela. E ela estava presente em cada canto do
apartamento. O banheiro tinha o cheiro do seu shampoo. Tinham roupas e
botas jogadas no meu closet, uma imensidão de maquiagens e cremes
espalhados no meu banheiro. Mesmo que eu pedisse para que ela usasse o
banheiro do quarto de hóspedes para guardar suas coisas, elas continuavam
no meu banheiro. Eu nunca iria entender por que ela precisava de tudo isso,
mas tenho amor à vida suficiente para guardar meus pensamentos para mim.
Tem uma caneca Power Girl [75]no balcão da minha cozinha, pulseiras no
aparador da sala, alguns desenhos, em meu escritório, misturados com meus
documentos. Ela invadiu a minha vida, deixou a marca dela e eu não estou
nem um pouco incomodado.
Por isso que eu estava fodido.
Porque já não imaginava minha vida sem as loucuras e a bagunça que é a
Milena. Ela tem toda aquela confiança de ser mais forte que o mundo, de ser
inabalável. Ela grita por causa da minha arrogância, mas se derrete com
qualquer indício de que algo me incomoda, ela é agridoce. Ela é uma
parceira, uma igual.
Eu sei quando ela está pensativa, pois começa a desmontar e limpar suas
armas, mesmo sem necessidade. Ela tem um vinco na testa quando está
concentrada em seus desenhos e morde a sua língua. Sei que ela fica louca se
eu tento falar com ela nesses momentos, então, às vezes, eu falo mesmo
assim, só para vê-la esbravejar e eu ficar duro com a sua falta de paciência.
Milena não tinha pudor quanto à sua sexualidade. Ela era aberta para ir mais
e além, sempre. Ela não tinha limites para o novo, era aventureira. Ela era
tudo que eu era, tudo que eu poderia querer em alguém para estar comigo e
mais. Ela poderia ser geniosa ao extremo, mas eu sabia como domá-la. Eu
sabia onde tocar para tê-la mansa e ronronando como uma gatinha manhosa.
Não falar isso em voz alta era um precedente, ou ela ia de manhosa a
selvagem em um minuto. E eu adorava todas as partes dela.
Droga, estava tão fodido.
Já não queria mais ficar nesta situação, onde temos que nos esconder. Eu já
não vejo motivos para continuar escondendo nossa relação. Antes era por ser
temporário, mas já temos seis meses juntos, e eu não consigo ver um final
que não seja ela na minha cama e na minha vida. Porque já não é somente
sexo, faz um tempo que é mais que isso. Ela também sabe disso.
Por isso hoje eu oficializarei um compromisso com ela. Pedi para que
preparassem um jantar no terraço e vou finalmente falar como eu me sinto
sobre ela, como eu quero ir além do que temos. Eu estava nervoso e isso era
irônico. Eu jamais me vi nesta situação. Sempre pensei que quando
oferecesse o lugar a alguém, esse alguém estaria esperando ansiosamente. Eu
sei que Milena sente mais, ela não fala, mas eu vejo em seu olhar cada vez
que estou dentro dela ou quando ela sorri para mim. Eu sei.
Eu falo que não gosto da sua bagunça na minha, mas a verdade é que os
pertences dela misturados com os meus são perfeitos. Eu queria sair com ela,
exibi-la em meu braço, poder beijá-la e tocá-la quando bem entendesse. Eu
queria que ela fosse minha. E ela seria.
Meu telefone toca e me tira do meu devaneio: Eduardo.
— Venha ao Vecchio, Giovanni. Nero e eu te esperamos.
— Chego aí em alguns minutos.
Sua mensagem me fez chorar ainda mais. Qualquer chance de algo mais, Don
Lorenzo tirou de nós. Depois de chorar mais, eu fui ao banheiro, lavei o rosto
e encarei o meu reflexo.
Não dava para ser explosiva e resolver do meu jeito. Não dava para ser
egoísta e mandar tudo à merda. Tinha muito envolvido, gente que eu amava.
Sim, amava. Eu não poderia arriscar, pois vivíamos sobre regras.
Eu tinha que ser inteligente. Fria. Eu iria reverter o jogo.
Don Lorenzo se arrependeria de ter cruzado meu caminho e ameaçado as
pessoas que eu amo.
Capitulo 22
[1]
Capitão.
[2]
Família.
[3]
Conselheiro.
[4]
Filho.
[5]
Meu amor.
[6]
Mamãe.
[7]
Porra.
[8]
Papai.
[9]
Idiota.
[10]
Caralho.
[11]
Família.
[12]
Conselheiro.
[13]
Segundo Chefe.
[14]
Mamãe.
[15]
Por Deus.
[16]
Linda.
[17]
Minha menina.
[18]
Deus.
[19]
Família.
[20]
Porra.
[21]
Conselheiro.
[22]
Segundos Chefes.
[23]
Capitães.
[24]
Idiota.
[25]
Conselheiro.
[26]
Porra.
[27]
Porra.
[28]
Conselheiro.
[29]
Idiota.
[30]
Capitão.
[31]
Família.
[32]
Papai.
[33]
Conselheiro.
[34]
Papai.
[35]
Família.
[36]
Família
[37]
Porra.
[38]
Família.
[39]
Conselheiro.
[40]
Putas
[41]
Filha da puta
[42]
Líder da Máfia Russa. Mesma função do Capo, na Máfia Italiana
[43]
Família.
[44]
Porra.
[45]
Meninas.
[46]
Criança.
[47]
Papai.
[48]
Porra.
[49]
Idiota.
[50]
Linda.
[51]
Adeus.
[52]
Deus.
[53]
Capitão.
[54]
Filho.
[55]
Conselheiro.
[56]
Por Deus.
[57]
Família.
[58]
Líder em russo.
[59]
Segundos Chefes.
[60]
Idiota.
[61]
Conselheiro.
[62]
Maldito.
[63]
Família.
[64]
Líder em russo.
[65]
Idiota.
[66]
Linda.
[67]
Puta.
[68]
Conselheiro.
[69]
Família.
[70]
Caralho.
[71]
Capitães.
[72]
Porra.
[73]
Idiota.
[74]
Líder em russo.
[75]
Garota Poderosa.
[76]
Líder em irlandês.
[77]
Família.
[78]
Conselheiro.
[79]
Criança.
[80]
Deus.
[81]
Líder em russo.
[82]
Papai
[83]
Filha.
[84]
Conselheiro.
[85]
Família.
[86]
Idiota.
[87]
Maldito.
[88]
Conselheiro.
[89]
Criança.
[90]
Maldita.
[91]
Linda.
[92]
Porra.
[93]
Princesa.
[94]
Conselheiro.
[95]
Meu amor.
[96]
Conselheiro.
[97]
Porra.
[98]
Filho de uma puta.
[99]
Maldito.
[100]
Por Deus.
[101]
Cruel.
[102]
Capitães.
[103]
Segundos Chefes.
[104]
Idiota
[105]
Maldito.
[106]
Filho de uma puta.
[107]
Porra.
[108]
Segundos Chefes.
[109]
Capitães.
[110]
Conselheiro.
[111]
Obrigada, Deus.
[112]
Conselheiro.
[113]
Filho
[114]
Mamãe.
[115]
Família.
[116]
Por Deus.
[117]
Menino.
[118]
Conselheiro.
[119]
Meu amor.
[120]
Idiota.
[121]
Família.
[122]
Filha.
[123]
Por Deus.
[124]
Minha querida.
[125]
Mamães
[126]
Conselheiro.
[127]
Filhote em russo.