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SUMÁRIO
 
CAPÍTULO 01 | Katerina
CAPÍTULO 02 | Dimitri
CAPÍTULO 03 | Katerina
CAPÍTULO 04 | Dimitri
CAPÍTULO 05 | Katerina
CAPÍTULO 06 | Dimitri
CAPÍTULO 07 | Katerina
CAPÍTULO 08 | Dimitri
CAPÍTULO 09 | Katerina
CAPÍTULO 10 | Dimitri
CAPÍTULO 11 | Katerina
CAPÍTULO 12 | Dimitri
CAPÍTULO 01 | Katerina
 
 
Era um tanto perturbador saber a forma como meu pai
tomava tudo o que queria, deixando um rastro de
destruição pelo caminho. Por ser filha de um homem que
trabalhava com máfias de toda a Europa, sempre escutei
histórias terríveis pelos corredores da nossa propriedade;
histórias que pessoas normais só teriam a chance de
conhecer em filmes ou livros.
Mas, infelizmente, aquela era a minha realidade.
Desde muito nova eu já sabia da importância do
sobrenome que carregava e de tudo que isso implicaria em
minha vida. Não era segredo que papai já tinha traçado meu
destino há muito tempo.
Nós nos encontrávamos pouco, já que ele vivia pelo
mundo aproveitando a vida com suas amantes e fechando
alianças com outros monstros como ele. Não que fizesse
alguma diferença ele estar em casa; meu pai era um
homem frio que vivia para seus negócios e mesmo quando
estávamos juntos, apenas ele falava, e seu assunto favorito
era reafirmar minhas obrigações, sendo a mais terrível delas
ter que me casar com Jorgji Abazi.
Se já não bastasse ele ter mais que o dobro da minha
idade, visto que tinha mais de 50 anos, o cara ainda nutria
certa obsessão por mim. Nas vezes em que jantou em nossa
casa, eu senti seu olhar lascivo sobre meu corpo, como se
mal pudesse esperar pelo dia em que eu finalmente seria
dele.
O futuro que me esperava era terrível demais. Eu
sempre fui uma garota sonhadora e me casar por obrigação
era um pesadelo para mim, já que muitas vezes acordava
assustada, após ter sonhado com ele em cima de mim.
Sentia arrepios só de imaginar que, se aquele monstro
não morresse antes, esse seria o meu destino e não havia
nada que eu pudesse fazer a respeito, uma vez que meu pai
deu sua palavra.
Passei os olhos pelo meu quarto, que mais parecia o de
uma princesa de tão lindo, e suspirei. Muitas garotas
deveriam sonhar com todo dinheiro e luxo com os quais eu
era acostumada, enquanto eu, só pensava em ter uma vida
normal.
Aquela gaiola de ouro custara a vida de muitas pessoas,
inclusive de inocentes, e temia que se não conseguisse me
livrar daquele compromisso, custaria a minha também.
Após tomar banho, fui até o closet e escolhi um
comportado vestido preto e sandálias de saltos médios, pois
naquela noite eu deveria jantar com meu pai, um ritual que
seguíamos sempre que ele chegava de viagem.
Penteei os cabelos até não haver nenhum fio fora do
lugar, já que papai exigia que eu andasse sempre bem
alinhada. Ele costumava dizer que a aparência da esposa e
das filhas era um reflexo da soberania e pulso firme do
patriarca da família.
Uma pena que ele não estendesse essa analogia ao
meu olhar, que estava sempre triste e amargurado, um
reflexo direto da infelicidade que havia dentro de mim.
— Querida, venha, precisamos ir — Varya disse ao
entrar em meu quarto.
— Ele chegou? — questionei.
— Sim e não está com uma cara muito boa, então não
vamos irritá-lo.
Desde a morte de minha mãe, que acontecera quando
eu ainda era um bebê, Varya tinha se tornado minha babá;
e quando cresci, fora promovida a governanta. Foi dela que
eu sempre recebi cuidado e carinho, já que meu pai me via
apenas como uma moeda de troca.
— Vamos — disse e começamos a caminhar pelos
corredores da nossa fortaleza.
A construção era antiga e muito bem protegida por
dezenas de homens que circulavam pela propriedade
armados até os dentes.
Boris era envolvido com todo tipo de coisa ilegal que
circulava pelo mundo, por esse motivo, eu fui criada dentro
de um sistema de segurança rígido e tinha até treinamento
para que pudesse me defender e cuidar de mim mesma em
caso de um ataque.
Ele costumava dizer que o mais importante era
sobreviver para perpetuar o nome dos Demidov.
Do alto da escada, eu o avistei na sala principal,
bebendo seu uísque raríssimo e fumando um charuto
fedorento.
Ao chegar no último degrau, Varya me lançou um olhar
suplicante, como se pedisse: tenha calma, logo ele irá
embora.
— Boa noite — falei e ele se virou.
Em seu rosto não havia nenhuma emoção, apenas
rugas e uma cicatriz que descia pela lateral de seu pescoço.
Boris estava velho, mas isso não amolecia suas feições.
— Sente-se, Katerina, serei breve, pois tenho negócios
para resolver — disse em um tom que quase beirava a
irritação.
Boris gostava de impor sua autoridade e vontade sobre
mim, ainda bem que já estava acostumada com sua
grosseria e indiferença.
— Estou ouvindo — falei ao me sentar em uma das
poltronas da enorme sala.
— As coisas se complicaram e terei que adiantar o seu
casamento com Abazi. Se conseguirmos providenciar tudo,
a cerimônia acontecerá nas próximas semanas.
Minha boca se abriu, mas antes que eu pudesse falar
qualquer coisa, ele levantou um dedo.
— Não quero escutar um só lamento sobre isso. Seu
futuro foi traçado desde que ele te viu pela primeira vez,
então, apenas seja uma boa filha e não reclame.
As lágrimas queimaram meus olhos e eu me contive
para não chorar em sua frente, pois sabia que seria muito
pior.
— Tudo bem, será como o senhor quiser — falei
baixinho.
— Mas é claro que será — afirmou categórico. — Agora,
vá. Eu tenho que resolver algumas coisas antes de viajar.
Boa noite, Katerina — falou sem muita paciência.
Assenti e me levantei com o coração atormentado,
seguindo para a sala de refeições.
Pelo menos eu não teria o desprazer de jantar com ele
falando ao telefone, enquanto fingia que eu não existia.
Mexi a comida de um lado para outro no prato, mas o
nó que pressionava minha garganta me impedia de comer.
Após receber a trágica notícia de que meu casamento
com Jorgji seria antecipado, o desespero tomou conta de
mim, porém, como sempre, Varya estava ao meu lado para
me consolar.
Conversamos por algum tempo. Eu me segurando para
não desabar e ela tentando a todo custo me fazer enxergar
que poderia haver alguma beleza em meu casamento, que
Jorgji poderia ser um marido amoroso e que poderíamos ser
felizes.
Olhei estupefata para ela. Eu tinha vinte e um anos e
ele cinquenta e cinco, pelo amor de Deus, como isso
poderia dar certo?! Mas o problema não era só esse. Varya
só poderia estar louca se achava que eu poderia ser feliz
com uma pessoa tão cruel quanto o meu pai.
Fingi que não ouvi, pois sabia que aquele era seu modo
de me acalmar, mas sabia que não pensava daquela
maneira. Deixei que ela me aconselhasse e afagasse meus
cabelos, enquanto escutávamos o barulho do helicóptero do
meu pai se afastando.
Depois que Varya foi embora do meu quarto, fiquei
chafurdando em cima da minha tristeza e decidi que
precisava sair daquela casa ou minha própria mente me
enlouqueceria.
Como iria andar, vesti uma roupa confortável e calcei
um tênis. Então peguei uma pequena mochila, coloquei um
par de scarpins, um vestido bonito, um casaco e um frasco
de perfume. Depois me maquiei um pouco e esperei.
Quando notei que os funcionários internos tinham ido
dormir, saí do quarto e segui pelos corredores do andar
superior em direção à biblioteca. Lá, apertei o botão que
afastava uma das estantes e me daria acesso a uma das
passagens secretas que existiam pela casa.
Tirei a lanterna na minha mochila, desci a escada de
pedras e peguei o caminho que eu faria até de olhos
fechados.
Eu tinha aprendido a fugir daquela fortaleza aos 11
anos, desde então, caminhar por baixo da casa tinha se
tornado algo simples para mim.
Nas primeiras vezes eu ia apenas até uma altura e
voltava, riscando algumas pedras para marcar o caminho de
volta. Após fazer isso dezenas de vezes, fui gravando
aquele labirinto na minha cabeça.
Foram anos brincando naqueles túneis subterrâneos,
sem saber que aquele seria o único caminho que poderia
me dar um pouco de liberdade.
Lembrava-me com clareza da primeira vez que fui à
cidade sem ser na companhia do meu pai e dos seguranças.
Passei uma tarde passeando, entrando em lojas de doces e
vivendo como uma pessoa da minha idade; foi a coisa mais
incrível que eu tinha feito.
Varya sabia das minhas escapadas e às vezes fazia
vista grossa, pois sabia que eu precisava disso de vez em
quando, e também me encobria, ciente de que se meu pai
sonhasse, sua fúria cairia sobre ela, então eu sempre
voltava a tempo de ninguém desconfiar.
Os túneis tinham de dois a quatro quilômetros de
distância, entre a nossa casa e a cidade, por isso sempre
usava um tênis confortável.
Quando cheguei na saída, que desembocava em um
espaço entre dois comércios, troquei de roupa, coloquei
meu sapato, ajeitei a peruca de cabelos castanhos e desviei
do contêiner adaptado que fora fixado ali para manter a
porta escondida.
Depois de guardar minha mochila em um canto, esperei
o momento certo para seguir em frente, ou seja, quando
ninguém pudesse me ver.
Após uns dez minutos de espera – tempo que serviu
para secar o suor proveniente de toda aquela caminhada –,
notei que a rua estava silenciosa e saí. Apertei o nó do meu
sobretudo e caminhei pelas ruas geladas em busca de
qualquer lugar que pudesse me oferecer um pouco de
distração.
Caminhei pelas ruas e o luminoso elegante de uma
boate me chamou a atenção. Já tinha passado por ali
diversas vezes, mas nunca tive coragem de entrar.
Pelo menos não até aquela noite. Se eu fosse mesmo
obrigada a me casar com aquele homem, queria levar na
lembrança a experiência de ter ido a algum lugar que meu
pai jamais deixaria que eu pisasse por vontade própria.
De certa forma, eu queria me vingar, me rebelar,
mesmo que ele nunca soubesse desse meu lado alguma
parte do meu ser ficava muito satisfeita com a minha
rebeldia.
Dei alguns passos e parei próximo a fila que se formava
em frente a boate. Analisei friamente os prós e contras de
entrar ali e decidi que eu não tinha mais nada a perder,
então entrei.
CAPÍTULO 02 | Dimitri
 
 
Tive que sair do conforto da minha residência em
Miami, onde eu cuidava pessoalmente de um braço
importante da máfia da minha família, para atender a um
pedido do meu pai, que estava tendo problemas com um
velho desafeto.
Já dentro do avião, a caminho da Rússia, eu e os
homens que trabalhavam diretamente comigo estávamos
discutindo sobre a rota que usaríamos para transportar e
distribuir drogas em um lugar na Europa que muitos
consideravam impenetrável.
Apesar de pequeno, Varsolly era conduzido com mãos
de ferro pela família real. Embora a regente ainda fosse a
rainha Malena, quem cuidava do que entrava e saía do país
era seu filho, o príncipe Philip, um tipo de lobo em pele de
cordeiro. Dizia isso porque nada – legal ou ilegal – era
comercializado por lá sem a anuência dele. De sua torre, ele
vigiava os contrabandistas e traficantes, interferindo
inclusive no tipo de droga que eles vendiam e sua
quantidade, tomando o cuidado para que não passasse de
recreação. De forma alguma iria querer que acontecessem
overdoses em um lugar cujo turismo rendia milhões aos
cidadãos e cofres reais todos os meses.
Eu, contudo, não era homem de desistir e assim que
meu contato avisou que ele estava viajando, mandei uma
carga para a fronteira leste, mas ela foi interceptada e
completamente destruída.
Um recado claro de que tinha olhos em todos os lugares
e não nos aceitaria em seu território.
Eu cheguei a oferecer uma porcentagem maior do que
a que ele recebia de seus contraventores de estimação, mas
ele não aceitou.
— Teremos que tentar outra rota — disse a Sidor, meu
subchefe e amigo.
Ultimamente, minha vida se resumia a resolver
problemas e apagar incêndios. Aquele, por exemplo, deveria
estar nas mãos do meu pai ou seu subchefe, mas quando
todas as suas tentativas de se infiltrar naquele país deram
errado, ele apelou a mim.
— Não vai adiantar, o exército de Varssoly está por
todos os lugares. O que precisamos é incluir alguém de lá
em nossa folha de pagamento ou nenhuma rota irá
funcionar — concluí, dirigindo-me a Makar, meu conselheiro
e uma das pessoas em quem eu mais confiava.
— É uma ótima ideia, já tinha pensado nisso antes
mesmo de você sugerir, mas todos os funcionários do alto
escalão são muito leais à família real, no entanto, darei um
jeito de conseguir alguém para se infiltrar entre eles.
— Faça isso — falei, dando aquele assunto por
encerrado, e passamos a tratar dos meus outros negócios e
sobre como faríamos para organizar minha agenda, uma
vez que a viagem à Rússia não estava programada e eu
teria que ficar por no mínimo três semanas naquele lugar
que eu tanto detestava.
Eu tinha nascido em Moscou, mas sempre tive vontade
de ir morar nos Estados Unidos. Então, depois de anos
fazendo um ótimo trabalho em prol da nossa organização,
havia ganhado o respeito do meu pai e o direito de gerir os
negócios em Miami, lugar onde morava há oito anos.
Nesse meio tempo, eu voltei algumas vezes, em sua
maioria para tratar de algo muito importante ou para
participar de algum evento. Daquela vez, no entanto, eu
estava ali porque o pakan precisava de mim.
Foi apenas por isso que ele me contou sobre o atentado
que sofrera algumas semanas atrás; se tudo estivesse indo
bem, eu provavelmente não teria sabido.
Assim que chegamos à Rússia, fui direto para a mansão
do meu pai. A construção era centenária e mesmo após
várias reformas, ainda carregava um ar sombrio, mas
principalmente imponente.
Ao passar pelos portões, avistei dezenas de homens
fazendo a segurança da propriedade.
Quando entrei, fui recebido por um dos funcionários que
avisou que eu já estava sendo esperado no escritório.
Assenti e segui para lá.
Já no corredor, o cheiro familiar do tabaco podia ser
sentido. Imediatamente fui levado para momentos
horripilantes da minha infância.
Logo após a morte da minha mãe, meu pai começou a
me doutrinar para que ficasse em seu lugar algum dia.
Seguindo este propósito, Ivan executava pessoas a sangue
frio na sala de nossa casa, enquanto eu estava sentado em
uma poltrona, sendo obrigado a ver e ouvir tudo o que
acontecia.
Ele queria que eu aprendesse o quanto antes o que era
ser um líder, a tomar decisões rápidas, a saber em quem se
poderia confiar e principalmente a me tornar tão impiedoso
quanto ele.
Ivan Leviev Alekseev nunca foi do tipo amoroso, mas eu
sabia reconhecer seus poucos olhares de afeição. O primeiro
apareceu quando fiz minha primeira execução, aos onze
anos e voltaram a aparecer toda vez que eu fazia alguma
coisa que o agradava.
De uma maneira torta, ele também me ensinou sobre
respeito, lealdade e a importância de cumprir nossas
promessas. Dizia que um pakan medroso, imprudente e
desleal, teria subordinados infiéis, que o trairiam no
primeiro suborno. Mas reiterou que esse tipo de coisa
poderia acontecer independentemente da forma como eu
me comportasse, e que por causa disso, eu não poderia
confiar completamente em ninguém, que deveria deixar
alguns segredos e informações apenas comigo.
Bom, ele poderia se orgulhar, pois aprendi todas as
suas lições ao pé da letra.
Cheguei ao fim do corredor e encontrei a porta do
escritório semiaberta. Ao olhar para dentro, vi que, acima
da cabeça de Ivan, havia uma leve nuvem de fumaça
proveniente de seu charuto cubano.
— Estava esperando por você — ele disse quando me
notou parado ali. — Entre, temos muito o que conversar.
Fiz como ele pediu e me sentei a sua frente.
E era isso, nada de cumprimentos, muito menos algum
gesto afetuoso. Tinha aprendido a ser assim e estava bem
com isso.
— Estou ouvindo — declarei e por duas horas ele falou
sobre o que estava acontecendo na Rússia e em como eu
poderia ajudá-lo.
Em resumo, Ivan estava desconfiado de que nossa
organização poderia estar em perigo, pois nossos soldados
haviam escutado algumas conversas sobre aliados se
unindo para nos derrubar.
Tudo era muito recente, não tínhamos muitos nomes,
mas ele queria que eu exterminasse todos os possíveis
envolvidos nessa rebelião.
— Posso contar com você para resolver isso? — ele
questionou ao final da nossa reunião.
— Óbvio que pode, contanto que eu tenha autonomia
para tomar todas as decisões — adverti.
Ele pensou por alguns segundos e depois assentiu.
Nós nos despedimos, sem nenhum dos dois tocar no
assunto de seu atentado, aquilo já tinha sido discutido pelo
telefone, os culpados já tinham pagado e ele estava bem,
então…
Saí da propriedade do meu pai e disse aos meus
homens que iria direto para minha boate. Pretendia comer
alguma coisa por lá e depois seguiria até o clube de sexo
que ficava nos fundos.
Ao chegar, fui direto para o escritório junto com Sidor e
Makar, eles providenciaram nosso jantar e depois de beber
alguns drinks, fomos para o meu reservado, que ficava no
segundo andar.
A boate estava cheia, havia um público seleto e muitas
dançarinas penduradas em gaiolas. As luzes que incidiam
de dentro de cada gaiola deixavam a pintura que havia em
seus corpos ainda mais interessante.
— Faina pediu para falar com você — Sidor disse
enquanto eu observava a pista em busca de alguma mulher
que me chamasse a atenção, mas nenhuma das belas
mulheres que estavam no salão conseguiu esse mérito.
Quando ouvi o nome de Faina, por um momento eu
pensei que poderia servir. Ela trabalhava na parte restrita
da minha boate e servia aos meus convidados da forma que
eles bem entendessem.
— Deixe-a se aproximar — autorizei e segundos depois
ela já estava ao meu lado.
— Como vai, senhor? — saudou.
— Direto ao ponto, Faina — eu a cortei.
— Temos uma garota nova e pensei que pudesse querer
ver a apresentação mais de perto, creio que será bem
excitante.
Eu estava muito entediado, por isso achei que poderia
ser interessante.
— Prepare tudo, chegarei em alguns minutos — avisei e
ela assentiu.
Assim que Faina se afastou, avisei que iria para o clube
e, minutos depois, ambos me seguiram junto com meus
seguranças.
Sidor tomou a frente, colocando sua digital nas portas
que separavam os dois lugares até chegarmos a uma sala
envidraçada. De lá, era possível ver uma morena
completamente nua sobre uma cama com os olhos
vendados.
Faina estava em pé ao lado dela, usando uma roupa de
couro preto bem colada ao corpo. Os cabelos ruivos
estavam presos no alto da cabeça e seus lábios estavam
pintados com um vermelho bem vivo.
O ambiente em que elas estavam era circular e ao
redor havia várias outras salas envidraçadas onde
empresários, políticos e todo o tipo de gente poderia ver
aquelas apresentações sem precisar se expor.
Ao longo da noite aconteciam várias apresentações, às
vezes de homem com mulher, às vezes mistas, sexo em
grupo e coisas que até Deus duvidava.
O show estava prestes a começar quando recebi a
ligação que estava esperando há um tempo e tive que
atender.
— Vou até o meu escritório — avisei a Sidor e Makar, e
quando eles fizeram menção de me acompanhar, eu
recusei.
Segui com meus seguranças para o último andar da
boate e entrei em meu escritório com o telefone colado na
orelha, ouvindo um de meus contatos de Xangai explicar
como estava a distribuição da nossa droga por lá.
Enquanto ele falava, olhei para as telas que mostravam
imagens de todos os ângulos da boate e avistei uma garota
dançando em um canto afastado. Ela tinha a pele alva,
cintura fina e um corpo delicado, mas curvilíneo, dentro de
um vestido rosa escuro que, embora colado, ia até o joelho,
tornando-o elegante e comportado em comparação aos das
outras mulheres que frequentavam o local.
Subi o olhar e me deparei com um rosto digno de uma
princesa. Por causa das luzes, não consegui distinguir a cor
dos olhos, mas mesmo na penumbra, pude ver que ela tinha
traços que beiravam a perfeição.
Os cabelos, lisos e castanhos, eram na altura dos
ombros e flutuavam conforme ela dançava.
— Dimitri, você ainda está aí? — o questionamento me
tirou do transe.
— Sim, e quanto ao que me falou, pode fazer dessa
forma; se tiver algum problema, me ligue.
Finalizamos a ligação e eu saí do escritório com destino
à pista que ficava no primeiro andar. Com alguma sorte,
aquela garota ainda estaria lá e minha noite enfadonha
poderia terminar com aquela delícia gemendo embaixo de
mim.
CAPÍTULO 03 | Katerina
 
 
A boate era incrível por dentro. Eu nunca tinha ido a um
lugar como aquele e visto tantas pessoas bonitas.
Assim que entrei no salão principal, fiquei paralisada
por vários minutos admirando as dançarinas com seus
corpos cobertos apenas por uma tinta especial que brilhava
no escuro. Minha curiosidade era quase infantil, típica de
alguém que praticamente não saía de casa. E isso não era
um eufemismo, já que desde pequena fui ensinada por
tutores, sem o direito de frequentar um colégio.
Inglês eu aprendi como uma segunda língua, pois todos
os meus professores eram obrigados a conversar e me
ensinar as matérias neste idioma.
Foi dentro da minha casa que tive aulas de tiro,
autodefesa e primeiros socorros, mas todos eles em um
nível elevado, uma vez que aprendi a dar alguns golpes de
ataque, manusear uma faca e a dar pontos em mim mesma.
Boris Demidov me criou com o melhor que o dinheiro
pudesse pagar; ele também fez com que eu conseguisse
cuidar de mim mesma em caso de emergência e eu era
muito grata por tudo isso, contudo, nada se comparava ao
que eu estava sentindo naquele momento, enquanto as
batidas da música entravam pelos meus ouvidos e
reverberavam pelo meu corpo.
Quem me visse de longe, poderia me descrever como
uma maluca por estar dançando sozinha em um canto, mas
eu não me importava com nada, tudo o que queria era
aproveitar aquele pedaço de liberdade que era sempre tão
precioso para mim.
Quando abri os olhos e olhei em volta, percebi que
ninguém sequer tinha notado a minha presença. Dando de
ombros mentalmente, caminhei até o bar e comprei uma
água.
Enquanto bebia o líquido gelado em pequenos goles,
um homem parou ao meu lado e pediu um uísque.
Uma expressão estranha tomou o rosto do garçom e ele
se atrapalhou todo, deixando um copo cair no chão.
Voltei a olhar para o homem e dei de cara com um dos
rostos mais incríveis que já tinha visto na vida. Além disso
ele era alto e forte, tinha cabelos e olhos castanhos e uma
barba aparada. O blazer preto e levemente brilhoso que
usava o deixava ainda mais atraente. No entanto, foi seu
olhar que me deixou hipnotizada.
Embora me achasse uma garota esperta e descolada,
eu nunca tinha muita oportunidade para flertar, pois em
todos os jantares da alta sociedade aos quais acompanhei
meu pai, sempre havia alguém de olho no que eu estava
fazendo. Foi um tormento dar o primeiro beijo, imagina
conseguir um encontro de verdade.
Boris me prometeu em casamento para Jorgji quando
eu tinha 17 anos e pelas primeiras conversas, era para eu
ter me casado quando completasse 18 anos, no entanto,
sempre que alguma negociação entre eles dava errada, o
noivado era adiado para o ano seguinte, e assim, três anos
se passaram, com meu destino sendo decidido sem que eu
pudesse ter qualquer controle sobre ele.
Enquanto trocava olhares com aquele estranho,
perguntei-me qual seria o gosto de ter uma vida normal? De
ir a uma festa, topar com um homem como ele e
simplesmente fazer o que me desse vontade.
— Nos conhecemos de algum lugar? — ele questionou
depois de pegar o uísque com o garçom.
Sua voz era grossa e emanava certa intensidade. Não
sabia explicar, mas tive a sensação de que qualquer coisa
que saísse de sua boca teria um tom autoritário. Talvez
fosse a aura de perigo e mistério que emanava dele.
Perguntei-me se ele seria um advogado. Um
engenheiro, talvez? Será que morava na cidade ou estaria
ali a trabalho?
— Acho que não, é a primeira vez que venho aqui —
comentei ao perceber que ele esperava minha resposta.
— Meu nome é Dimitri e o seu? — se apresentou e senti
uma fisgada no estômago.
— Pode me chamar de Kate.
— Muito prazer, Kate — ele disse e me deu um beijo no
rosto.
Sua barba tocou minha pele, seu cheiro invadiu meus
sentidos e senti um arrepio percorrer todo o meu corpo.
— Aceita beber alguma coisa? — ele questionou.
Eu não tinha costume de beber, precisava estar em
alerta para o caso de os homens do meu pai notarem a
minha fuga, fora que eu tinha uma boa caminhada a minha
espera quando saísse dali.
Mas diante da merda que estava a minha vida, beber
com um homem bonito parecia uma recompensa por tudo
que o futuro me reservava.
— Só um drink. Tenho que ir embora cedo — expliquei.
— Trabalha amanhã? — ele questionou e depois fez
sinal para o garçom se aproximar.
— Sim, trabalho — menti.
Ultimamente a única coisa que eu fazia era dormir,
chorar e lamentar a minha má sorte.
— O que quer beber? — ele questionou.
— O que você sugere? — devolvi.
Ele me encarou com aquele olhar hipnotizante.
— A vodca da casa é espetacular, mas acho que pode
ser um pouco forte, então aconselho que faça uma mistura
— sugeriu e eu concordei.
Segundos depois o garçom me entregou o copo com
um drink geladinho e eu quase suspirei ao tomar o primeiro
gole.
— Isso aqui está muito bom — elogiei e ele assentiu.
Ao olhar para os lados, percebi que várias pessoas
olhavam para nós, inclusive alguns seguranças.
— Você é algum tipo de celebridade? Está todo mundo
olhando para nós — comentei.
— Deve ser impressão sua, mas já que está
incomodada, no andar superior tem um ambiente mais
tranquilo — ele comentou —, quer ir até lá?
Qualquer garota ajuizada diria que não. Qualquer
garota ajuizada teria recusado a bebida, a conversa e
qualquer coisa que viesse de algum estranho. Mas toda vez
que eu pensava em negar algo para aquele homem que
parecia ter saído da capa da Vanity Fair, eu simplesmente
lembrava que em poucas semanas eu estaria casada com
alguém que eu não amava e que minha vida se
transformaria em um inferno.
— Claro — falei.
Ele me pegou pela mão e me guiou até um lance de
escadas.
Notei que, ao longo do caminho, os seguranças foram
abrindo caminho, como se estivessem acostumados a fazer
aquilo.
— Eles te conhecem? — questionei quando passamos
por portas de vidro e entramos em outro ambiente.
A música agitada ficou para trás e notei alguns casais
sentados em um lounge aconchegante.
— Eu venho aqui com uma certa frequência — explicou
e nos acomodamos em uma mesa alta, próxima a uma
parede de vidro, de onde conseguíamos ver a rua e os
prédios da área central.
Peguei meu drink e tomei alguns goles enquanto olhava
para fora, sentindo-me totalmente inepta para estar
sentada com um homem como aquele.
— Você é linda, Kate — Dimitri disse do nada e eu fiquei
sem reação.
— Obrigada — agradeci e senti uma quentura nas
bochechas.
Ele estreitou os olhos e continuou olhando para o meu
rosto.
— É impressão minha ou o elogio a deixou ruborizada?
— questionou.
Como explicar para o cara mais bonito que já vi na vida
a minha situação.
— Eu, uh, não sou elogiada com muita frequência —
respondi.
— Ou os caras da cidade são cegos ou você que não
frequenta os lugares certos.
— A segunda opção — rebati. — Na verdade, eu saio
muito pouco de casa.
— E posso saber o motivo? — ele continuou.
Analisei seu rosto magnífico e cheguei à conclusão que
continuar aquela conversa não fazia sentido.
— Desculpe, Dimitri, por te fazer perder seu tempo
comigo. Quando vi a fachada da boate do lado de fora, meu
desejo foi entrar aqui e sentir um pouco de normalidade na
minha vida, sabe, beber e quem sabe beijar um cara bonito
como você, mas a verdade é que não posso me dar esse
luxo... Eu preciso ir embora — falei e deixei o copo em cima
da mesa, dando-me conta de que estava quase vazio.
Mas antes que eu pudesse me levantar, ele pegou a
minha mão.
— Diga-me por que você não pode se dar o luxo de
fazer o que sente vontade.
Suspirei cansada.
— Porque eu sou noiva, noiva de um cara que eu não
amo, mas tenho que me casar porque meu pai deu a
palavra dele. Resumindo, minha vida é uma merda e minha
presença nessa boate é a tentativa patética de fazer uma
despedida de solteiro que já deu errado — falei e fiquei em
pé, espantada por ter tido coragem de dizer tudo aquilo.
Ele também se levantou e ficou na minha frente.
— E por que deu errado? — questionou e chegou ainda
mais perto.
— Bom, porque depois de tudo que eu falei, é óbvio que
você quer sair correndo — brinquei e ele deu um meio
sorriso.
— Não posso fazer nada quanto ao seu casamento, mas
quanto ao beijo.... — Deixou a ideia no ar e eu fiquei
paralisada.
Sério que depois de tudo que eu falei ele ainda estava
flertando comigo?
Dimitri não esperou que eu consentisse ou lhe virasse
as costas, ele simplesmente tomou as rédeas da situação,
pousando as mãos na minha cintura e me puxando para si
antes de tomar minha boca.
Eu ainda estava tentando assimilar o que estava
acontecendo, quando senti sua língua pedindo passagem e
eu simplesmente permiti e me entreguei.
Ele tinha um sabor incomparável, menta misturado com
uísque, mas era a forma decidida como me beijava que
fazia todo o meu corpo amolecer.
Eu já tinha sido beijada antes, foram bons beijos, em
bocas convidativas, de caras bonitos que conheci em
eventos que aconteceram em nossa fortaleza, mas nada se
comparava a boca de Dimitri.
Havia sensualidade e experiência misturada com
paciência. Sentia que ele não queria me assustar, pois sua
mão se limitou a deslizar pela minha cintura e costas, num
carinho suave.
Quando afastei minha boca da sua, eu me sentia
dormente, tonta, com as pernas moles, como se pudesse
desmaiar naquele momento.
— Tudo bem? — questionou, sem me soltar.
Olhei para aquele homem lindo e fiquei me
amaldiçoando por não ser uma garota qualquer.
— Bom, as coisas estariam bem se você fosse um
assassino de aluguel e desse um fim no velho nojento com
quem meu pai quer que eu me case — falei sem pensar e
Dimitri ficou me encarando de um jeito engraçado. —
Desculpe, foi um péssimo comentário, eu jamais mandaria
matar ninguém, só é horrível não ter controle de sua própria
vida — argumentei e percebi que, quando ficava nervosa,
disparava a falar.
Ou talvez fosse ele que com seu ar imponente, fazia eu
querer me abrir com alguém que não fosse Varya.
— Eu entendo o que você está falando — afirmou e de
alguma forma eu acreditei.
Antes que eu abrisse a boca novamente, um dos
seguranças ficou a vista e Dimitri se afastou para falar com
ele.
Alguns segundos depois ele voltou e disse:
— Vou precisar me ausentar por dez minutos, mas
gostaria que me esperasse aqui.
— Tudo bem — menti.
Certamente ele achou toda aquela minha conversa
bizarra e estava dando um jeito de sair fora sem parecer
indelicado.
Assim que Dimitri sumiu entre as pessoas,
acompanhado de alguns seguranças, eu fiquei me
perguntando por que ele parecia ser tão importante naquele
lugar.
De qualquer forma eu não tinha mais nada o que fazer
ali, então dei um gole no meu drink e depois fui embora.
CAPÍTULO 04 | Dimitri
 
 
Enquanto Sidor falava sobre o contratempo daquela
noite, eu só queria resolver logo o problema e voltar para os
braços da morena que deixei no lounge.
— Essa área é do Ramirez. Ligue para ele e diga que lhe
dei 48 horas para ajeitar essa merda, ou eu irei
pessoalmente lá.
Sidor assentiu e sacou o celular.
Todos na nossa organização sabiam que quando eu ia
pessoalmente a algum lugar, as coisas poderiam ficar bem
complicadas.
Minha folha de pagamento era bem extensa e por isso
eu exigia que todos fizessem o seu melhor quando chegasse
o momento de mostrar trabalho. Ramirez estava sendo
muito bem remunerado para cuidar dos carregamentos que
iam para a fronteira do México com os Estados Unidos,
então que desse um jeito naquele problema.
Com isso resolvido, avisei que iria voltar para o lounge
e os deixei no escritório resolvendo aquela confusão, mas
quando cheguei ao meu destino, vi a mesa vazia.
— Vocês viram a garota? — questionei a um dos
seguranças daquele andar.
— Ela foi embora há uns dez minutos, senhor —
respondeu e eu assenti.
Tinha gostado de conhecer Kate e cheguei a fazer
planos para o resto da nossa noite, mas pelo visto ela
estava preocupada com seu noivado.
Quase gargalhei quando ela brincou sobre eu ser um
assassino de aluguel. Bom, eu não era um, mas tinha vários
deles na minha organização, então, se ela quisesse mesmo,
eu resolveria seu problema com muito prazer.
Um cadáver a mais ou a menos na minha lista de
pecados não faria qualquer diferença.
Já que eu não poderia ter Kate aquela noite, segui para
o clube de sexo e resolvi assistir mais uma apresentação;
quem sabe alguma delas me interessasse e a noite não
estivesse perdida.
Já na sala de vidro, analisei a forma confiante como
Faina caminhava em volta da cama. Naquele momento, a
cama estava vazia, mas havia outra mulher nua em um
canto, usando apenas uma coleira de couro no pescoço.
Sem perda de tempo, Faina tomou a guia da loira nas
mãos, a conduziu até a cama, e pediu que ela se deitasse e
dobrasse um pouco as pernas, deixando-as abertas.
Após ser obedecida, Faina foi até uma mesa com vários
vibradores em formato de pênis com espessuras e
tamanhos diferente. Com gestual típico de uma Dominatrix
que sabia o que desejava, tomou o maior nas mãos, voltou
à cama e começou a passá-lo na boceta de sua submissa.
Então, sem aviso, penetrou o vibrador, que entrou de
modo forçado. A mulher gritou de forma um tanto histérica,
mas nitidamente excitada.
Faina introduziu o objeto até a base e passou a movê-lo
para fora e para dentro com movimentos enérgicos e
profundos. Logo, as lamúrias da loira tornaram-se gemidos
de prazer.
O clima tornou-se ainda mais tenso quando Faina
ajustou um cintaralho bem dotado no quadril e começou a
esfregá-lo contra o selo anal da loira. A garota arregalou os
olhos, provavelmente imaginando o que iria acontecer
quando aquele apetrecho descomunal a invadisse.
Faina interrompeu seu assédio e olhou para a minha
cabine, como se soubesse que eu estava ali, observando
toda aquela putaria.
Mesmo sem conseguir me ver, Faina sorriu com certa
zombaria e estocou com força até conseguir romper a
resistência do minúsculo orifício.
Mais uma vez a loira gritou e pude ver lágrimas em
seus olhos quando aquele invasor entrou sem dó nem
piedade. Em contrapartida, sua boceta ficava cada vez mais
molhada, escorrendo e, consequentemente, lubrificando o
ânus.
O ambiente foi tomado por gritos, gemidos e lamúrias.
Faina continuou metendo, sempre com movimentos
enérgicos e pungentes, exibindo um desempenho digno de
sua fama.
Ela só arrefeceu quando o suor começou a escorrer por
suas têmporas. Nessa hora, ela permitiu que sua submissa
gozasse, o que aconteceu após duas estocadas mais
profundas.
Dando-se por satisfeita, Faina se afastou da loira e as
luzes se apagaram, o show tinha terminado.
Diferente do que eu pensei, não fiquei animado a ponto
de estender a noite com Faina.
Olhei o cardápio de garotas disponíveis naquela noite e
escolhi uma qualquer, mandei que a enviassem para a
minha suíte, que ficava anexa ao meu escritório, e fui para
lá.
Foder uma vadia até a exaustão era tudo que eu
precisava para satisfazer o meu tesão e tirar da minha
cabeça tudo o que me esperava a partir do dia seguinte.
CAPÍTULO 05 | Katerina
 
 
Desde a hora em que saí da boate até o momento em
que deitei para dormir, fiquei pensando nos poucos minutos
que passei na companhia de Dimitri, mas especialmente no
beijo que ele me deu.
Para qualquer garota com uma vida normal, aquela
teria sido só uma noite comum, cheia de risos e flertes com
um cara extremamente bonito. Mas no meu caso aquilo se
tornou quase que um evento, algo que dificilmente
aconteceria novamente, levando-se em conta a iminência
do meu casamento.
Papai uma vez disse que me mantinha em casa mesmo
depois de adulta porque temia pela minha segurança, mas
eu sabia que o motivo era Jorgji; quanto mais preservada eu
fosse, mais valeria na hora de me entregar oficialmente
para aquele velho.
E se você não fosse mais virgem?, uma voz sorrateira
questionou.
Mesmo sendo virgem aos vinte e um anos de idade, eu
não me considerava uma completa tapada. Lia muito sobre
sexo, me masturbava com frequência e identifiquei todas as
reações que meu corpo teve quando Dimitri me beijou.
Reações estas que apareciam toda vez que eu me lembrava
dos seus lábios nos meus, sua língua dentro da minha
boca...
Quando estava tomando banho, cogitei me masturbar
pensando nele, imaginando o que sentiria caso passasse
uma noite com um homem daqueles, mas depois desisti.
Não fazia sentido fantasiar uma coisa daquelas com um
homem que eu nunca mais veria na vida.
Pela primeira vez, eu dormi frustrada por algo que nada
tinha a ver com meu pai.
— Bom dia, querida. Dormiu bem? — Varya perguntou
ao entrar em meu quarto na manhã seguinte.
Bocejei e assenti.
Ela estava equilibrando uma bandeja de café da manhã
nas mãos, e enquanto organizava as coisas em uma mesa,
tive vontade de contar o que tinha acontecido, mas decidi
que era melhor guardar segredo.
— Se precisar de qualquer coisa, me chama — ela
avisou e fechou a porta.
Olhei para a bandeja de comida e belisquei uma coisa
ou outra enquanto caminhava pelo quarto e colocava uma
roupa.
Encarei-me no espelho e suspirei em desânimo por ter
que passar mais um dia tedioso naquele lugar.
Peguei meu celular e quando estava prestes a clicar no
ícone de uma rede social, o aparelho tocou na minha mão.
Era um número desconhecido e imediatamente
imaginei que fosse engano, uma vez que eu não tinha
amigos e a única pessoa que me ligava era meu pai, e
mesmo assim, não era como se ele me ligasse para saber
como eu estava, isso nunca acontecia.
— Alô — falei em tom calmo, mas estava curiosa.
— Como vai, Kate? — inquiriu uma voz grave que
arrepiou o meu corpo inteiro.
— Dimitri — sussurrei, mesmo sem acreditar.
— Sim, pequena.
— Como conseguiu meu telefone? — questionei.
— Eu queria falar com você e geralmente consigo tudo
o que quero — devolveu e eu sorri.
— Uau, você sabe deixar uma garota sem palavras —
brinquei.
— Sei sim e gostaria de te ver — disse sem rodeios.
— Esqueceu que eu sou noiva?
— Eu não me importo — rebateu.
— Dimitri...
— Vou ficar três semanas na Rússia e depois vou
embora. Se quiser me ver, mande uma mensagem nesse
telefone que darei um jeito de encontrá-la.
Meu estômago se retorceu de tanta ansiedade.
— Tudo bem, eu vou pensar.
— Perfeito. Tenha um bom dia, Kate — disse com sua
voz maravilhosa e desligou.
Joguei-me na cama escutando as batidas frenéticas do
meu coração, enquanto eu só conseguia pensar em como
seria incrível beijar aquela boca uma última vez.
 
 
Na parte da tarde, por volta das 15h, minha professora
de artes marciais chegou. Foi ela quem me ensinou a como
me defender de um ataque da melhor maneira que
pudesse, mas já há algum tempo ela vinha me ensinando a
lutar.
Katja tinha uma noção de quem era meu pai e quando
falei que tinha medo de não saber o que fazer depois que
me livrasse de um potencial atacante, ela sugeriu que
aprendesse alguns golpes.
Não havia um nome para o que fazíamos, pois ela
juntou golpes de Jiu-jitsu com Krav maga e Judô, criando
uma “nova modalidade” especialmente para mim. Muito
embora tenha confessado que havia dado tão certo, que
resolveu dar uma aula com estes mesmo golpes para
pessoas que só quisessem se defender, não competir.
Ao final da aula, eu estava completamente moída e fui
direto para a minha banheira. Fiquei dentro da água quente
por quase uma hora, o que me deu muito tempo para
pensar em Dimitri e sua proposta.
Aquilo era tão temerário, mas tão tentador. Minha
vontade era ligar para ele naquele momento e dizer que
estava indo encontrá-lo, mas não podia fazer as coisas de
forma intempestiva. Usaria aquela noite e o dia de amanhã
para pensar no melhor modo de agir.
CAPÍTULO 06 | Dimitri
 
 
A noite com uma das putas do clube foi bem
satisfatória, mas quando acordei no dia seguinte, foi o rosto
de Kate que surgiu em minha mente acompanhado de
vários questionamentos, por isso mandei que Sidor
descobrisse quem ela era. Não pedi nenhuma investigação
minuciosa, queria apenas o telefone, pois pretendia marcar
um encontro.
Por causa do cadastro que é feito a todos que entram
na boate a primeira vez, consegui seu telefone e trocamos
algumas palavras. Ela não aceitou meu convite de imediato
e confesso que isso me deixou ainda mais animado. Eu
gostava de uma boa caça e já que não tinha muito o que
fazer naquelas três semanas que estaria na Rússia, decidi
que Katerina poderia ser uma ótima distração.
No dia seguinte, quando retornei de um almoço com um
associado, recebi uma ligação e logo vi que se tratava do
telefone dela.
— Alô — falei ao atender.
— Eu aceito te ver, mas tem que ser hoje e daqui a
meia hora, quarenta minutos, você pode? — ela disse rápido
e senti que sua respiração estava acelerada.
— Tudo bem, estou no escritório da boate. Eu não te
falei aquele dia, mas eu sou o dono, então, se não se
importar, podemos nos encontrar aqui — expliquei.
— Pode ser, não quero ser vista pela cidade — explicou.
— Vou deixar um segurança avisado, assim que você
chegar, ele a trará aqui.
— Combinado.
Aquela ligação me pegou completamente de surpresa e
não aconteceu no melhor momento, pois eu tinha algumas
coisas para fazer, todavia, não iria perder a oportunidade de
foder aquela coisinha gostosa, então resolvi adiantar alguns
telefonemas para estar mais livre quando ela chegasse.
Uns quarenta minutos depois, Sidor abriu a porta e
avistei Kate parada ao lado dele. Ela parecia tensa, mas seu
olhar suavizou ao me ver.
Empurrei a cadeira para trás, dei a volta na mesa e fui
até ela.
Sidor virou as costas para nos deixar a sós e eu fechei a
porta.
— Oi — falou, sem graça.
Passei os olhos por ela inteira, admirando cada detalhe
daquela mulher que era toda linda e delicada.
Ela estava usando um vestido preto com um casaco
grosso por cima, os cabelos estavam soltos e seus olhos me
fitavam com ansiedade.
— Kate — falei e a puxei pela cintura.
— O que está fazendo? — questionou, assustada, e
espalmou as mãos em meu peito.
— Acho que já passamos dessa fase, certo? —
questionei e ela amoleceu um pouco.
Kate passou a língua pelos lábios e me encarou. Aquilo
soou como um convite, então a pressionei contra a parede
ao lado da porta e a beijei esfomeado, matando toda a
vontade que estava sentindo desde o dia em que a vi pela
primeira vez.
Subi a mão por dentro do seu casaco e apertei de leve
por cima de sua bunda; no mesmo instante ela me afastou.
— Dimitri...
— O que foi agora, Kate? — perguntei um tanto irritado.
Não estava acostumado com aquele tipo de
comportamento. Todas as mulheres que caíam em meus
braços sabiam exatamente o que esperar de mim.
Kate é diferente, talvez, ela não saiba, disse a voz da
razão.
— É que, que... eu nunca deixei ninguém pegar, você
sabe, na minha bunda — falou com o rosto ruborizado.
Fiquei encarando aquela garota e tentando entender
por que ela oscilava entre uma mulher com alguma atitude
para uma garota sem muita experiência.
— E o seu noivo? — questionei confuso.
Ela atravessou o escritório e se encostou na minha
mesa.
— Eu só o vi algumas vezes, nós nunca nem nos
beijamos.
Eu não sabia o que pensar sobre aquilo.
— Quem é ele? — questionei.
— Que diferença fará você saber o nome dele? Meu
destino já foi decidido pelo meu pai. Eu só vim aqui porque
quero ter lembranças boas para quando tiver que cumprir
meu dever.
A forma pesarosa como ela falava me deixou
incomodado. Kate agia como se estivesse condenada à
forca.
— Você já é maior de idade, pode decidir o que quer
para sua vida — falei o óbvio.
— Você não entende! Meu pai é diferente, com ele as
coisas não funcionam assim. Olha, foi um erro ter vindo
aqui, me desculpe. Você não tem culpa de nada do que está
acontecendo — falou e começou a caminhar em direção à
porta. Mas antes que ela pudesse colocar a mão na
maçaneta, segurei seu braço. — Dimitri — disse baixinho.
Toquei seu queixo e ela me encarou.
Eu não tinha nada a ver com aquela garota, não deveria
interferir em nada, mas diante do seu desespero, senti-me
obrigado a tomar uma atitude.
Não havia nenhum sentimento amoroso nessa minha
intenção, apenas o desejo de tê-la em minha cama
enquanto estivesse na Rússia.
Foi pensando nisso que ponderei ajudá-la. Quem sabe
ela não ficasse tão agradecida, que se tornaria uma de
minhas amantes.
— Se me falar que não quer se casar com ele, eu darei
um jeito — declarei.
— Do que está falando? — questionou timidamente.
— Isso não importa, apenas me diga para que eu possa
resolver logo isso e tirar esse casamento do meu caminho.
Seus olhos se arregalaram.
— Quem é você, um tipo de deus? — ela brincou, mas
havia nervosismo em sua voz.
— Digamos que aqui na Rússia, eu sou o filho dele —
devolvi no mesmo tom de brincadeira e ela sorriu
fracamente, mas sem entender o meu comentário.
— Eu não quero me casar, mas não quero que ninguém
se machuque por causa dessa minha decisão, então, vamos
esquecer o que te disse antes.
— Depois falaremos disso — sugeri para a acalmar e a
puxei-a para os meus braços novamente.
Voltei a beijá-la e conforme minha língua serpenteava
por dentro de sua boca, me peguei imaginando que gosto
teria sua boceta e quanto tempo iria demorar para que eu
estivesse com o pau todo enterrado nela.
Quase sorri em satisfação por saber que era bem
provável que isso acontecesse antes do corno que o pai
havia escolhido para ser seu marido.
Quando as coisas começaram a esquentar e ela virou
uma montanha de gemidos, seu celular começou a tocar e,
mesmo relutante, tive que me separar dela.
Ela atendeu, e pela lividez que tomou conta de sua
pele, eu soube que nosso encontro tinha acabado.
— Eu tenho que ir — disse e se aproximou.
Seus lábios tocaram os meus e naqueles segundos de
conexão eu tentei entender por que gostava tanto dos
beijos daquela garota.
— Quando nos veremos novamente? — questionei
quando ela se afastou.
— Eu te ligo — avisou e caminhou até a porta, saindo
em seguida
Depois que ela se foi, pedi a Sidor que providenciasse
um dossiê sobre Katerina Demidova, decidido a ajudá-la a
se livrar do tal noivado. No entanto, algumas horas depois,
quando ele entrou em minha sala, sua expressão não era
nada boa.
— Tenho péssimas notícias — ele disse e colocou uma
pasta em cima da minha mesa.
— Ela mentiu sobre o noivado? — questionei.
— Que bom se fosse isso, mas sua garota está bem
encrencada — anunciou e apontou para a pasta.
— Ela é Katerina Borisovna Demidova, filha de Boris
Demidov e foi prometida em casamento para Jorgji Abazi,
chefe...
— Da máfia Albanesa — concluí, sabendo bem de quem
estávamos falando.
Boris Demidov era o traficante de armas mais notório
no submundo. Não era de meu total desconhecimento que
ele possuía uma filha, mas nunca tinha me encontrado com
ela ou visto qualquer foto.
— Boris está fornecendo armas para os inimigos de seu
pai e há boatos de que ele anda conspirando contra nós, por
isso seu nome está na lista de desafetos que ele me
entregou.
A perpetuação do nosso poder se estendeu ao longo
das décadas, principalmente por não negligenciarmos
aquele tipo de informação.
— Você acha que Katerina estava tentando se infiltrar
em nossa organização e usou essa conversa de noivado
para me seduzir?
— No nosso meio tudo é possível, mas a história do
noivado é verdadeira e não consigo imaginar nenhuma
mulher que fique feliz ao saber que vai se casar com um
porco como Abazi, então, não, não acredito que tenha vindo
aqui de caso pensado.
A máfia albanesa era conhecida por ser uma das mais
sanguinárias do mundo, eles não tinham piedade,
escrúpulos ou senso de honra, para eles, tudo era válido
para mostrar sua força e continuar no poder.
— O nome do pai dela está na lista de pessoas que
precisam ser eliminadas. Mas e quanto a garota, o pakan
falou alguma coisa? — questionei.
— A ordem do seu pai é eliminar toda a família para
mostrar o que fazemos com traidores — avisou, mas
levantou uma sobrancelha como que questionando o que eu
pensava sobre aquilo.
Olhei para Sidor, que esperava uma resposta, e
praguejei por ter me interessado logo por alguém que eu
deveria matar.
Aquilo me chateou, todavia, por mais linda e gostosa
que Katerina fosse, não tinha como ignorar o fato de que
seu pai poderia estar conspirando contra nós.
— Vamos seguir as ordens do pakan. Já sabe onde
podemos encontrá-lo?
— Acabei de saber que ele está chegando à cidade.
— Ótimo, reúna os homens, atacaremos essa noite.
— Farei isso agora — disse e se virou para sair.
Quando ele já estava na porta, chamei:
— Sidor, garanta que ela tenha uma morte rápida, e se
possível, indolor.
Meu conselheiro assentiu solenemente e saiu para
cumprir minhas ordens.
Abri o dossiê mais uma vez e olhei para a foto do
mafioso albanês.
Com toda certeza, meu pai já deveria ter calculado os
riscos de matar a noiva de um homem doente como Jorgji,
então eu acataria suas ordens mesmo que fosse uma pena
mandar Katerina para o além, sem nem ao menos tê-la
levado para a cama.
CAPÍTULO 07 | Katerina
 
 
Meu encontro com Dimitri foi rápido e confuso, ele meio
que ofereceu ajuda para me livrar do meu noivado, mas
depois não tocamos mais no assunto, e então Varya me
ligou avisando que meu pai estava a caminho de casa.
Acho que nunca corri tanto na vida, vencendo os
poucos quilômetros de túnel em tempo recorde.
Mas ainda consegui chegar em meu quarto a tempo de
tomar um banho para tirar o suor e o cheiro de medo que
deveria estar exalando por todos os meus poros.
Já estava de cabelos escovados e vestido alinhado no
corpo quando Varya entrou avisando que ele estava na sala
esperando por mim.
— Ele trouxe um convidado — ela disse baixinho
enquanto caminhávamos pelos corredores.
Estava prestes a perguntar quem era, quando escutei a
voz de Jorgji e congelei.
— Precisamos descer, querida, seja forte — Varya
incentivou.
Eu já tinha encontrado com aquele homem ali meia
dúzia de vezes, mas alguma coisa me dizia que sua visita
não era um bom sinal.
Era só um pressentimento, mas papai sempre falou que
quando fechasse oficialmente o acordo com Jorgji, eu teria
que me mudar para a casa do meu futuro marido. Isso
significava que eu teria que ir para seu país.
A ideia de fugir sempre passou pela minha cabeça
como uma opção que não me levaria muito longe, mas
diante da real possibilidade de ter que ir embora com ele,
eu quase me arrependi de ter voltado para casa.
— Aí está ela — papai disse quando me viu descendo a
escada em passos relutantes.
— Tão bela quanto eu lembrava — disse Jorgji e sorriu
com seus dentes amarelados.
Tive náusea só de pensar que teria que beijar aquela
boca podre.
Tudo naquele homem era esteticamente estranho. Seu
rosto enrugado destoava do cabelo claramente pintado de
preto; as pernas finas pareciam prestes a quebrar em
protesto à barriga saliente.
Por mais caras que fossem suas roupas, nada nele me
animava ou deixava atraída. Com tantos coroas charmosos
por aí, parecia castigo que o meu tivesse que ser tão
assustador, em todos os sentidos.
— Boa noite — falei baixo e os dois responderam.
— Filha, seu noivo veio buscá-la. Decidimos realizar a
cerimônia na propriedade dele, então peço que arrume suas
coisas, pois partiremos ainda hoje — papai avisou e eu
fiquei paralisada diante da notícia que veio para selar o meu
trágico destino.
— Hoje? — questionei ainda atordoada.
— Sim, hoje, então suba e deixe tudo pronto, seu noivo
tem pressa de levá-la embora.
Engoli em seco e obriguei meu corpo a caminhar
novamente em direção a escada.
Encontrei Varya me esperando no corredor e ela parecia
tão desolada quanto eu.
— Juro que eu não sabia, querida — ela disse e me
abraçou.
— Eu não quero ir — falei baixinho entre um soluço e
outro.
— Venha, vamos conversar no seu quarto — ela disse,
pois tinha receio de que papai nos escutasse.
Seguimos pelo corredor e quando entramos no quarto
ela fechou a porta.
— Katerina, eu jamais a incentivaria a fazer nada de
errado, mas diante do futuro que traçaram para você, eu
tenho que lhe dar a chance de fugir desse pesadelo — ela
disse, fazendo meu coração retumbar no peito.
— Não tem como, assim que meu pai sentir minha falta,
vai me caçar feito um bicho e depois que me encontrar, as
coisas ficarão piores para o meu lado — argumentei.
— O que será pior do que se casar com aquele velho
decrépito? — questionou.
Minha mente fervilhou com a possibilidade de escapar
daquele destino cruel.
— Você me ajuda? — pedi e ela assentiu.
— Vista uma roupa quente e confortável. Vou dar um
jeito de atrasá-los. Me encontre na biblioteca e desceremos
até os túneis. Coloque na mochila apenas o necessário e
não leve o celular para ele não a rastrear — disse e depois
se foi.
Corri até o meu closet e troquei o vestido delicado por
uma calça e uma blusa de fio colada, joguei um casaco
grosso por cima e calcei um par de botas confortáveis.
Na mochila eu joguei roupas íntimas, barras de cereal,
kit de primeiros socorros, passaporte e o dinheiro que eu
havia escondido para uma possível emergência.
Coloquei a mochila nas costas e caminhei pelos
corredores, indo em direção à biblioteca que ficava ao lado
do quarto do meu pai e onde Varya já me esperava com a
passagem secreta aberta.
— Vamos, temos que ser rápidas.
Assenti e começamos a descer o lance de escadas.
Quando cheguei em frente aos túneis, fiquei em dúvida
em qual direção seguir. Cada um deles dava acesso a um
lugar diferente, o que eu mais usava era um que dava direto
na cidade, mas também conhecia todos os outros.
— Use o túnel que sai na floresta. De lá, siga pelo rio e
passe a noite em nosso esconderijo — ela disse, me
abraçando, e me deu duas garrafas de água.
— E quanto a você?
— Eu também vou fugir, querida, mas teremos mais
chances se estivermos separadas, então pegarei outro
caminho. Agora vá — ela pediu e eu assenti.
De um jeito diferente, Varya também era uma espécie
de escrava do meu pai, já que após a morte de seu marido,
ela foi meio que obrigada a recusar várias propostas de
emprego em sua área para continuar servindo nossa família.
Ela tinha pedido demissão por duas vezes, mas meu pai
não permitiu que ela fosse embora e ainda deixou claro que
se ela insistisse naquele assunto, as coisas poderiam ficar
feias para o seu lado.
Desconfiava que o principal motivo de sua permanência
naquela fortaleza era para me fazer companhia, já que Boris
passava a maior parte do tempo viajando e aquilo me
deixava com a consciência pesada.
— Darei um jeito de encontrá-la — falei com um nó
apertando a minha garganta.
— Seja feliz, Katerina, e não se preocupe comigo.
Nós nos abraçamos uma última vez e então cada uma
correu para um túnel.
Nunca, em toda a minha vida, senti meu coração tão
acelerado, mas não dava mais para voltar atrás. A qualquer
momento meu pai iria se irritar com a minha demora e
descobriria que fugi de casa junto com Varya.
Corri por mais de quinze minutos, até que cheguei no
limite entre o túnel e a floresta. A passagem era coberta por
uma vegetação grossa só quando me livrei dos galhos e
coloquei tudo no lugar foi que comecei a seguir a correnteza
do rio.
Por causa do caminho cheio de pedregulhos eu tive que
usar a lanterna, mas ao menor barulho daria um jeito de me
esconder.
Não tinha ideia de por quanto tempo caminhei pela
floresta, mas de repente cheguei a um paredão de rochas.
Circulei as pedras maiores, passei por uma pequena
correnteza de água e fui até o local que daria acesso ao
meu esconderijo.
Depois que cresci e comecei a entender o mundo em
que eu estava inserida, Varya começou a me contar
histórias horripilantes da época em que minha mãe era viva
e de tudo que passaram juntas. Ela falou que mamãe
sempre dizia que ter um bom esconderijo perto de casa,
poderia ser decisivo no caso de um ataque.
Foi pensando nisso que criamos aquele lugar, pois ela
temia que um dia a fortaleza de Boris fosse atacada e eu
precisaria de um lugar seguro para me esconder até que as
coisas se acalmassem.
Passei pelos galhos que escondiam a entrada da
pequena caverna e entrei. Já na entrada havia uma espécie
de blackout para que ninguém do lado de fora visse a
claridade que tinha do lado de dentro quando ligávamos
uma das fontes de luz que carregávamos lá para dentro
sempre que meu pai viajava.
Iluminei a caverna com uma lanterna e sorri por saber
que ali eu estaria segura enquanto meu pai e seus homens
me procuravam.
Olhei ao redor e em um canto vi as caixas com os
cobertores, colchonetes e travesseiros. Do outro lado havia
comida enlatada, lanternas, pilhas e diversas outras coisas
que pudéssemos precisar, já que tudo fora calculado para
duas pessoas.
O som de um tiro ecoou do lado de fora e eu
imediatamente corri para um canto afastado da entrada,
apaguei a lanterna e me encolhi.
Outros tiros soaram e tive a impressão de que uma
guerra estava acontecendo. Senti-me imediatamente mal
por imaginar que tudo aquilo era por causa de mim.
A batalha continuou, ouvi som de metralhadoras e
podia jurar que tinha havido uma pequena explosão.
Fiquei encolhida por um bom tempo, sentindo o coração
acelerando, pensando em Varya e no que eu faria quando
conseguisse fugir daquela floresta.
Demorou mais de uma hora para que os barulhos se
acalmassem e eu tivesse coragem de ligar a lanterna outra
vez. Peguei uma coberta que estava dobrada dentro de uma
caixa de papelão, puxei um colchonete junto com um
travesseiro e me deitei.
Estava tentando me concentrar para conseguir dormir,
quando comecei a escutar uma espécie de gemido.
Apertei ainda mais a coberta em volta do meu corpo e
tentei ignorar, mas não consegui.
E se fosse Varya? Somente eu e ela sabíamos da
existência daquele esconderijo. E se ela estivesse ferida,
precisando da minha ajuda?
Abri a coberta, peguei a lanterna e comecei a caminhar
cautelosamente até a entrada. Para não ser vista, desliguei
a lanterna e me guiei apenas pela luz do luar.
Atravessei as folhagens, passei pelo pequeno córrego
de águas cristalinas, que estava incrivelmente parado
naquela noite, e avistei um homem encostado no tronco de
uma árvore. Ele estava com uma camisa branca e dava para
ver que havia uma mancha escura na lateral.
Será que era um dos homens do meu pai ou
simplesmente um azarado que teve a má ideia de cruzar o
caminho de Boris naquela noite?, questionei a mim mesma,
pois não conseguia ver seu rosto, uma vez que sua cabeça
estava caída para o lado, como se estivesse desmaiado.
De qualquer forma, não havia nada que eu pudesse
fazer. Também estava fugindo e se parasse para ajudar
todos os feridos que encontrasse no caminho, não iria
demorar para ser capturada.
— Me ajude — o homem disse baixinho e senti que
aquela voz não me era estranha.
Caminhei alguns passos em direção a ele, liguei a
lanterna na luz mais fraca e arregalei os olhos ao me dar
conta de quem era ele.
— Dimitri? — questionei e levei outro susto ao ver que
ele estava com uma arma apontada para mim.
Ele ergueu a cabeça vagarosamente e me encarou.
— Kate?
— Sim — respondi e o vi abaixar o revólver. Quando
recuperei o fôlego, perguntei: — O que está fazendo aqui?
Quem fez isso com você? — questionei, olhando para o seu
ferimento e concluindo que ele deveria ter levado um tiro.
— Eu e meus homens fomos atacados, a floresta está
cheia de inimigos, precisamos sair daqui — ele disse e fez
uma careta de dor.
A floresta está cheia de inimigos?
Nada daquilo fazia muito sentido, pois aquela floresta
fazia parte das terras do meu pai.
Talvez ele quisesse dizer que meu pai era seu inimigo.
Um arrepio percorreu meu corpo ao pensar nisso.
— Quem são seus inimigos? — questionei, desconfiada,
e olhando para os lados.
— Apague essa lanterna ou seremos descobertos —
disse com dificuldade.
Fiz o que ele pediu e fiquei o encarando em meio a
penumbra da noite.
— Me fale o que está acontecendo ou seguirei o meu
caminho e te deixarei aqui — declarei.
— Soube que seu noivo estaria na cidade e armei um
ataque contra ele. Mas acho que alguém o avisou e fomos
atacados antes — ele explicou e seu rosto se contorceu de
dor.
Dimitri tinha organizado um ataque contra Jorgji?
— Quer dizer que está ferido por minha culpa? —
questionei e ele deu de ombros do jeito que pôde.
Minha cabeça tentou encontrar outra justificativa que
não fosse aquela, mas cheguei à conclusão de que Dimitri
estava falando a verdade.
No dia do nosso encontro em seu escritório, ele tinha
falado que iria me ajudar, mas nunca imaginei que levaria
aquilo adiante.
Tomada por um sentimento de gratidão, deixei todos os
questionamentos de lado e me aproximei dele.
— Se apoie em mim, vou te levar para um lugar seguro
— falei e ele assentiu.
Dimitri tinha o dobro do meu tamanho e mesmo assim
eu consegui ajudá-lo a se levantar e com passos de bebê
caminhamos em direção a entrada do meu esconderijo.
Entramos na caverna e depois de eu arrumar a cortina
do blackout, deixei a lanterna em um ponto estratégico e
apontei para o colchonete onde eu estava.
— Venha, deite-se aqui — pedi.
Depois que Dimitri se acomodou, eu peguei o kit de
primeiros socorros na mochila e voltei para onde ele estava.
Abri sua camisa, peguei uma garrafa de água que tinha
nos mantimentos e lavei o ferimento. Começou a sangrar
um pouco e pressionei com gaze. Depois, deslizei a mão por
seu abdômen e virei seu corpo para ver se a bala tinha
saído e encontrei um outro ferimento quase ao lado do
primeiro.
— A bala saiu, se você tiver sorte, não pegou nenhum
órgão importante.
— Você é enfermeira? — ele questionou enquanto eu
passava uma atadura envolta da sua cintura para
pressionar a ferida.
— Minha governanta era, ela me ensinou muitas coisas
sobre primeiros socorros, inclusive, o que eu deveria fazer
no caso de levar um tiro.
Ele assentiu e ficou me observando em silêncio.
Peguei a mochila e procurei pelo saquinho de
comprimidos que Varya tinha colocado junto ao meu kit. Ela
pensava em tudo.
— Tome isso aqui, vai aliviar a dor até que as coisas se
acalmem lá fora.
Dimitri, olhou o remédio com certa cautela, mas logo o
pegou da minha mão e colocou na boca, depois lhe
entreguei a água e ele a tomou avidamente, o que era
natural, após a perda de sangue.
— O que está fazendo na floresta a essa hora? — ele
questionou.
— Depois do nosso encontro, eu voltei para casa e me
arrumei para jantar com meu pai, mas quando desci,
descobri que meu noivo estava com ele e que naquela noite
ele me levaria para seu país. Então eu resolvi fugir.
— E como sabia desse lugar? — questionou
— Isso é segredo, mas o importante é que estaremos
seguros aqui.
Ele assentiu e ficamos trocando olhares silenciosos.
— Desculpa, não queria causar toda essa destruição —
comentei e ele me encarou confuso. — Falo isso porque
você só atacou os homens de Jorgji para me salvar. A gente
mal se conhece e você já fez mais por mim do que o meu
próprio pai, que não se importou em me jogar nas mãos de
um sádico — falei com pesar.
Dimitri ficou me encarando sem muita reação.
— Posso entender por que não gosta do seu pai — falou
depois de um tempo.
— Nossa relação é estranha, fria, distante. Como se ele
não se importasse com as minhas vontades. Desde que
cresci, senti como se estivesse sendo preparada para algo
de seu interesse, então, quando Jorgji apareceu, me tornei
uma moeda de troca para ele. Eu nunca tive o poder de
escolher, pelo menos até hoje, quando escolhi fugir a ter
que me entregar àquele homem.
Antes que ele pudesse responder, seu celular começou
a vibrar no bolso da calça. Ele pegou o aparelho e o levou
até a orelha.
— Estou ferido. Use a localização do celular para me
encontrar — ordenou.
Dimitri conversou brevemente com a pessoa que
estava do outro lado da linha e depois me encarou.
— Por que está me olhando assim? — questionei.
— Porque, de todas as pessoas que poderiam me ajudar
hoje, você com certeza era a menos provável delas. Eu
agradeço.
Aquelas últimas palavras saíram como um rosnado,
como se nunca as tivesse dito.
— Você só se feriu para me ajudar, então nada mais
justo que eu faça o mesmo por você.
Ele pareceu pensativo, então assentiu e ficamos em um
silêncio confortável.
— Quando seus amigos chegarem, você pode me
ajudar a fugir? Se meu pai ou Jorgji me encontrarem, estarei
perdida — expliquei temerosa.
— Tudo bem — ele disse por fim.
— Promete? — questionei.
— Eu tenho uma dívida com você — respondeu e então
seu celular voltou a tocar.
Pelo visto, o socorro tinha chegado.
CAPÍTULO 08 | Dimitri
 
 
Fomos pegos totalmente desprevenidos, pois não
tínhamos ideia de que Jorgji tinha voltado com Boris e
levado um verdadeiro exército com ele.
Havia máfia albanesa por todos os lugares.
Nossos carros foram atacados quando estávamos a
caminho dali e nós contra-atacamos, mas conforme meus
soldados foram caindo e me vi ferido, tive que me refugiar
na floresta, mesmo correndo o risco de ser capturado e
morto.
Sidor e Makar também estavam na operação, mas nos
perdemos durante a fuga.
Sangrando e completamente desorientado, achei que
aquela seria minha última noite, pois tinha minha arma,
mas nenhuma bala ou força para andar, que dirá lutar.
Não sabia quanto tempo iria demorar para meus
homens me encontrarem, por isso me sentei no chão e me
encostei em uma árvore com esperança de que aquela dor
passasse e eu finalmente fosse resgatado.
Estava tão desesperançado, que pela primeira vez gemi
de dor. Ainda bem que fiz isso, pois foi assim que meu anjo
salvador me encontrou.
Katerina ficou surpresa ao me ver ferido na floresta e
comigo aconteceu o mesmo ao vê-la ali.
E quando começou com seus questionamentos, eu tive
que mentir, pois o importante naquele momento era
sobreviver. Ela jamais me ajudaria se desconfiasse que
fomos interceptados enquanto estávamos indo exterminar
sua família, então tive que falar o que ela queria escutar.
Com sua ajuda, fomos para uma espécie de caverna e
lá ela cuidou de mim como pôde, estancando o
sangramento e me dando algo para dor.
Nada do que estava acontecendo entre nós fazia
sentido e mesmo assim eu senti que poderia confiar nela;
ao menos na situação em que estávamos, duvidei que ela
pudesse oferecer algum perigo.
Quando a conheci, muitas ideias passaram pela minha
cabeça e achei mesmo que ela pudesse estar mentindo,
mas quanto mais eu sabia de sua história, mais eu entendia
que ela tinha motivos para estar fugindo de Boris e de Jorgji.
  Makar ligou e avisou que já tinha chegado no local
indicado pelo meu localizador, mas tudo o que via era um
paredão de rochas, Katerina me ajudou a levantar e juntos
fomos para fora.
Assim que a viu, Makar engatilhou a arma e apontou
em sua direção. Meu olhar, no entanto, deixou claro que ele
deveria guardar aquela merda.
— Ela está comigo, depois conversaremos sobre o que
aconteceu — falei simplesmente e Makar assentiu.
Saímos da floresta escoltados pelos meus soldados e
fomos direto para a minha casa de segurança, que ficava
em um lugar ermo, de difícil acesso. Se Boris e Jorgji
resolvessem retaliar, estaríamos seguros em minha
fortaleza.
Ao chegar em casa, um médico e uma enfermeira da
minha organização já estavam a minha espera. Fui atendido
em uma enfermaria localizada no primeiro andar, sob o
olhar atento de Katerina.
— A bala saiu e já suturamos o local. Você tem mais
sorte que juízo — Grigory disse ao terminar seu trabalho.
Ele já tinha me atendido e costurado tantas vezes, que
saberia de olhos fechados os motivos de cada uma das
cicatrizes que eu tinha pelo corpo.
— Obrigado, Grig, mas agora eu...
— Vai descansar — ordenou e só não falei nada porque
realmente não conseguiria fazer outra coisa naquele
momento. — Estou deixando alguns curativos prontos para
serem colocados no local quando for necessário trocar.
Dizendo isso, me entregou uma caixa de metal.
— Quer que eu dê uma olhada na garota? — ele
questionou.
— Não precisa, eu estou bem — Katerina avisou.
Assim que Grigori e sua enfermeira saíram, Katerina se
aproximou de mim.
Sidor, que havia levado um tiro de raspão, parecia
tenso com a presença dela.
— Podemos conversar? — ela quis saber.
— Posso tomar um banho antes? — questionei, pois
estava com os sapatos e as calças sujas de lama e a camisa
coberta de sangue.
Ela concordou, mas aproximou a boca do meu ouvido.
— Posso ir com você, eu tenho medo do Sidor —
sussurrou.
Realmente, meu subchefe não tinha uma expressão
nem um pouco amigável, talvez por eu estar na companhia
de uma mulher que deveria estar morta.
Internamente eu sabia que Katerina não nos oferecia
perigo, ela só tinha nascido na família errada, mas isso seria
difícil para meu amigo entender.
Sabia que Makar também não estava muito feliz, mas
confiava em meu julgamento e se manteve de fora.
— Ela vai comigo para minha suíte — avisei e ele me
lançou um de seus olhares repreendedores.
— Não acho uma boa ideia, senhor, ela pode... — Sidor
comentou, mas parou de falar quando Katerina se levantou
e apontou o dedo na cara dele.
— Escuta aqui, camarada, fui eu que ajudei seu patrão
quando ele estava ferido e perdido na floresta, se fosse para
eu fazer qualquer coisa, teria sido lá, não aqui nessa
fortaleza, cercada de homens armados até os dentes —
esbravejou.
— Vou tomar um banho, conversar com a Katerina,
depois vamos nos reunir e tentar entender sobre o que
aconteceu ontem. Exatamente nessa ordem — declarei.
— Muito bem. Se precisar de mim estarei no escritório
— Sidor disse e saiu da enfermaria.
Com toda a certeza ele deveria estar imaginando que
ela tinha alguma coisa a ver com aquele atentado. No
entanto, eu tinha um ótimo faro para esse tipo de coisa e
sentia que aquela garota só queria escapar daquele
noivado.
Seu pai e seu noivo, todavia, poderiam ser um
problema.
Desci da maca e Katerina me seguiu pela casa.
Entramos em um elevador e ao invés de subir, descemos
dois andares.
— Aonde estamos indo? — ela questionou.
— Para a minha caverna — respondi e logo as portas se
abriram na minha sala.
— Bem melhor que a minha — ela disse ao analisar a
decoração do lugar.
— Eu sei que você tem muitas perguntas, Katerina, mas
eu realmente preciso tomar um banho.
— Tudo bem, eu espero aqui — ela disse e se sentou em
um dos sofás.
Assenti e fui para a minha suíte. As áreas comuns eram
monitoradas por câmeras, então se ela fizesse qualquer
coisa, Sidor daria um jeito de me avisar.
Digitei a senha de acesso na porta da minha suíte e
entrei, depois me livrei daquelas roupas e fui para o banho
com a cabeça fervilhando de suposições.
Tomei cuidado para não molhar o lugar do curativo e
depois de limpo eu já me sentia um pouco mais tranquilo
para pensar em um plano de ataque.
Os homens de Jorgji nos atacaram com tanta força que
alguma coisa me falava que aquele ataque já deveria estar
orquestrado.
Enquanto caminhava pelo closet, tentei achar a
resposta para as coisas que aconteceram na noite anterior e
o nome de Katerina sempre surgia como a peça-chave
daquele quebra-cabeça.
Assim que terminei de colocar o terno, voltei para a
sala e encontrei Katerina sentada no mesmo lugar.
— Podemos conversar agora? — ela questionou.
Grigory sugeriu que eu ficasse de repouso pelo resto do
dia, mas decisões precisavam ser tomadas e eu não poderia
me dar ao luxo de descansar depois de tudo que tinha
acontecido, então pretendia conversar com ela e depois
subiria para fazer uma reunião com meus homens.
Agradecia aos céus pelos revolucionários analgésicos.
— Sim — respondi e me aproximei de onde ela estava.
— Bom, em um primeiro momento acreditei que você
estava ferido naquela floresta porque estava tentando me
ajudar, mas depois as coisas foram se encaixando na minha
cabeça e quando cheguei aqui vi muita semelhança nessa
fortaleza com o lugar que eu moro. Ainda tem todos aqueles
homens armados do lado de fora e uma verdadeira
enfermaria na sua casa... Por um acaso você é algum tipo
de gangster, traficante ou mafioso? — questionou.
Procurei algum resquício de atuação naquela pergunta,
querendo acreditar que ela sabia quem eu era desde o
começo e que toda aquela conversa era uma grande
encenação, se isso acontecesse, seria bem mais fácil
exterminá-la. Mas então me lembrei que eu vivia na Europa
há anos, meu pai era uma pessoa extremamente reclusa, de
modo que seria quase impossível ela saber da nossa
existência então tentei ser o mais sincero possível.
— Um pouco de tudo isso e muito mais — afirmei.
Ela engoliu em seco e depois de pensar um pouco,
voltou a me encarar.
— Eu só peço que não me entregue a Jorgji, eu prefiro
morrer a ir parar nas mãos daquele homem — pediu
temerosa.
Eu ainda não sabia em que pé estava aquela situação,
se o filho da puta do Jorgji ainda estava na Rússia ou se o
pai dela tinha sido morto, então, primeiramente eu
precisava falar com Sidor e Makar, depois pensaria no
destino de Katerina.
— Naquela primeira porta tem um quarto de hóspedes.
Tome um banho e descanse, voltarei em breve e
conversaremos melhor.
Ela assentiu e eu subi.
Quando cheguei ao escritório, encontrei Makar e Sidor
com expressões preocupadas.
— Que merda foi aquela ontem? — esbravejei.
— Acredito que Boris sabia que seria atacado, por isso
estamos desconfiando da garota — Sidor concluiu.
— Katerina tem pavor do pai e principalmente de Jorgji,
não faz o menor sentido que ela esteja compactuando com
isso. Se fosse assim, por que me ajudou na floresta?
— E se isso fizer parte de um plano? — Makar
continuou.
— A garota parece um ratinho assustado e vocês
querem colocar toda a culpa nela? — questionei.
— Estamos trabalhando com suposições, temos que
considerar todos as alternativas — Sidor disse enquanto
Makar saía para atender a uma ligação.
— Por enquanto ela ficará sob nosso domínio, se ela
tiver algum envolvimento nessa merda toda eu mesmo
cuidarei dela, mas por enquanto eu quero saber se tivemos
sucesso na missão — conclui.
— Acreditamos que eles tiveram alguma informação,
por isso conseguiram se adiantar e com uma força
considerável. Jorgji e Boris conseguiram fugir.
— Quero os dois mortos e o traidor também! — ordenei.
— Não sei se seu pai vai concordar em travar uma
guerra com a máfia Albanesa.
— Eles é que não deveriam ter mexido comigo aqui no
meu território.
— Teoricamente, nós atacamos primeiro — Sidor
comentou.
— Não interessa — falei, irritado, e comecei a dar
ordens, pois não iria sossegar até acabar com todos eles.
Depois que eles saíram, eu liguei para o meu pai.
— Como você está? — ele questionou antes mesmo de
falar alô, já que eu raramente ligava para ele.
— Fui ferido, mas estou bem.
— Que bom, estou no Iraque negociando um
carregamento de armas, mas vou antecipar a viagem...
— Não precisa, está tudo sob controle — afirmei.
— Se eu bem te conheço, você vai revidar.
— Eu poderia ter morrido, então sim, eu vou revidar —
declarei.
— Vou levantar informações sobre o que motivou o
ataque de Jorgji, não faça nada até eu voltar.
— Mas eu...
— Isso não é um pedido, Dimitri — alertou.
Ivan Alekseev sempre foi cauteloso em todas as suas
ações e naquele momento não seria diferente.
— Tudo bem, eu vou esperar você voltar.
Finalizamos a ligação e o nome de Katerina Demidova
surgiu em minha mente. Eu precisava decidir o que faria
com ela.
CAPÍTULO 09 | Katerina
 
Dias depois...
 
Fazia mais de uma semana que eu estava na casa de
Dimitri e tínhamos nos visto bem pouco depois do nosso
encontro na floresta. Depois de muito pensar, eu tinha
entendido que ele era um mafioso, pois consegui enxergar
muitas semelhanças entre as coisas que ele fazia com a
rotina do meu pai.
Mas, pelo que vi, Dimitri estava em um outro patamar,
bem mais alto que o de Boris.
Por causa disso e dos olhares de Sidor, eu estava
tentando ficar na minha, pois era nítido que Dimitri estava
organizando um ataque contra Jorgji e meu pai.
Eu estava esperando o momento certo para falar com
ele, pois toda vez que ele aparecia em sua caverna luxuosa,
havia uma expressão de cansaço e dúvida estampada em
seu rosto.
— Dimitri — chamei quando ele surgiu de um dos
corredores.
— Sim — respondeu, dando-me sua atenção.
— Eu virei uma espécie de prisioneira? — questionei,
pois toda vez que dizia que queria ir embora, ele falava que
não era seguro.
— Não — respondeu.
— Então me deixe ir — pedi.
Dimitri passou os olhos pelo meu corpo. Ele tinha
providenciado roupas para mim e até alguns produtos de
higiene pessoal. Entretanto, não havia acontecido mais
nada entre nós. Eu dormia no quarto de visitas e ele em sua
suíte.
— Você não duraria mais que algumas horas fora da
minha proteção. Se está querendo ficar longe de Jorgji, é
melhor que continue aqui até que...
— Que você decida se me entrega ou me mata? —
questionei. — Tudo bem que eu não sabia que você e seu
pai comandavam uma máfia tão poderosa — joguei verde
—, mas eu sei exatamente como as peças desse jogo se
movem. Eu virei sua moeda de troca agora, é isso? —
questionei com um nó se formando em minha garganta,
mas ele não respondeu.
— Eu tenho que ir, mas garanto que até o final da
semana terei uma resposta para todos os seus
questionamentos — respondeu e entrou no elevador.
Assim que as portas se fecharam eu me encolhi no sofá
e me amaldiçoei pela minha má sorte.
Parecia que eu tinha saído da mão de um monstro para
cair nas mãos de outro.
Dimitri poderia ter um rosto de príncipe, mas desde que
o conheci percebi que havia algo de perigoso nele. Se ele
me matasse, eu até entenderia, mas se me entregasse a
Jorgji, mostraria que era muito mais cruel do que aqueles de
quem eu estava fugindo.
Subitamente me lembrei de conversas que tive com
meu pai, da forma como ele se orgulhava do que fazia e das
vezes que falou que eu tinha que me casar com alguém
importante para que nosso sobrenome se perpetuasse.
Boris sempre me falou que eu tinha que fazer de tudo
para sobreviver e naquele momento me peguei pensando
no que eu poderia fazer para evitar que Dimitri me
entregasse a Jorgji ou até mesmo me matasse.
Antes das coisas se complicarem eu achei que ele
poderia estar interessado em mim. Nós tivemos apenas dois
encontros, mas senti em seu beijo que ele me desejava e foi
lembrando desses momentos que uma ideia passou pela
minha cabeça. Poderia ser arriscado, mas se funcionasse,
eu iria sobreviver e era nisso que eu tinha que focar.
CAPÍTULO 10 | Dimitri
 
 
— Seu pai chegará na sexta à tarde e vamos precisar
decidir o que faremos com a garota, porque ele ainda não
sabe sobre ela — Sidor questionou pela decima vez.
Meu pai ainda estava no Iraque e todas as vezes que
nos falamos por telefone, ele pediu que eu não fizesse nada
antes de conversar com ele, motivo pelo qual estava
esperando seu retorno à Rússia.
Katerina ainda estava sob minha proteção e ao longo
da semana ela me questionou bastante sobre seu futuro,
por isso eu estava evitando de ir até o subsolo, Todavia,
naquela noite eu precisaria pegar alguns documentos no
cofre e me obriguei a descer.
Quando as portas do elevador se abriram, notei que a
sala estava silenciosa, então caminhei em direção ao
corredor que levava a minha suíte, parei ao escutar um
cantarolar suave.
A porta do quarto de Katerina estava entreaberta e ela
caminhava de um lado a o outro com uma toalha enrolada
no corpo.
Tanto Sidor quanto Makar questionaram minha decisão
de deixá-la tão livre no meu esconderijo, mas eu ainda não
conseguia enxergar o perigo que eles viam nela.
Em minha sincera opinião, ela era apenas uma vítima
de Boris e Jorgji, mas eu não podia negar que me sentia
muito atraído; existia uma coisa em Katerina que me atraía
para ela e me fazia repensar diversas coisas.
— Você precisa de algo? — perguntou quando me viu
parado à sua porta.
Eu poderia dizer que estava ali para conversar sobre
seu futuro, no entanto, ainda não tinha tomado uma
decisão.
— Não, já estou subindo — avisei e me preparei para
lhe dar as costas.
— Espere, eu… preciso falar com você — ela pediu.
Ficamos nos encarando até que eu entrei e encostei a
porta.
— Estou ouvindo.
— Eu andei pensando sobre tudo o que aconteceu e
cheguei a uma conclusão — ela disse calmamente.
— Diga — exigi.
— Ou você vai me matar ou vai me entregar para Jorgji.
Ela disse aquilo com tanta dignidade, que me deixou
intrigado.
— Então eu queria fazer um pedido antes de saber o
meu trágico final — concluiu.
— Que pedido? — perguntei em tom de curiosidade.
Katerina levou a mão até a altura dos seios e soltou a
toalha, que caiu feito uma poça sobre seus pés.
Desci o olhar pelos seios redondos e firmes, passei pela
barriga e parei na boceta depilada. Katerina era exatamente
como imaginei, linda e delicada em todos os sentidos.
— Quero que tire a minha virgindade, pois me recuso a
morrer virgem ou a ter essa primeira experiência com Jorgji
Abazi — disse sem rodeios e fiquei impressionado com seu
pedido.
— Você é virgem? — questionei sem acreditar que
aquilo fosse possível.
Que Jorgji nunca a tivesse tocado eu até poderia
entender, mas nenhum outro homem tinha feito isso?
Que tipo de santa ela era?
— Sou, isso é um problema para você? — questionou
baixinho.
Como explicar para ela que eu gostava de coisas mais
pesadas no sexo, pior que isso, que eu nunca tinha transado
com uma virgem.
— Não, não é — falei sem conseguir desviar os olhos de
seu corpo.
Imaginei minha língua deslizando por seus seios,
invadindo sua boceta e fiquei duro no mesmo instante.
— Qual é sua resposta? — perguntou.
Analisei rapidamente seu pedido e concluí que ela
estava certa, eu não sabia o que faria com ela, pois antes
precisava conversar com meu pai, no entanto, seria
realmente um pecado deixar que morresse virgem ou que
aquele porco do Jorgji tivesse o prazer de tirar sua
virgindade.
— Tem certeza de que quer isso? — questionei uma
última vez.
— Tenho — respondeu firme, então eu avancei sobre
ela, a puxei pela cintura e a beijei com avidez, sentindo o
pau tão duro dentro da calça que chegava a doer.
Katerina me beijou de volta com a mesma loucura,
enquanto minhas mãos desciam e subiam por suas costas,
mapeando tudo o que encontrava pelo caminho.
Apertei a bunda macia e a ouvi gemer entre meus
lábios.
Peguei-a no colo e a depositei na cama.
— O que vai fazer? — perguntou quando abri suas
pernas e me inclinei para admirar sua boceta.
— Quero sentir seu gosto — respondi.
— Oh! — exclamou.
— O que foi?
— Eu tenho vergonha — falou e colocou as duas mãos
no rosto.
— Não seja tola, garanto que vai gostar — avisei e
voltei a encarar sua boceta que era pequena e rosada, um
botão fechado que em breve me receberia por inteiro.
Agachei-me e passei a língua por sua fenda.
— Hum — foi minha vez de gemer. Katerina tinha um
gosto maravilhoso
Mamei seu clitóris com vontade, fazendo-a se contorcer
na cama, e toda vez que minha língua se aprofundava em
seu canal, eu sentia o limite do seu hímen impedindo-me de
continuar.
Os gemidos de Katerina me enlouqueciam, estava tão
ansioso para possuí-la que afastei a boca de sua boceta e a
encarei.
Suas mãos já não estavam sobre o rosto e sim ao lado
do corpo, agarrando o lençol e os lábios se encontravam
vermelhos de tanto serem castigados por seus dentes.
Tirei minha carteira do bolso, peguei um preservativo e
o deixei em cima da cama.
Katerina estava ofegante e analisava todos os meus
movimentos, enquanto eu me despia. No instante em que
tirei a boxer, seus olhos se fixaram em meu pau.
Rolei o preservativo pela cabeça robusta e inchada e
depois cobri seu corpo com o meu.
— Seja gentil — ela pediu.
— Vou tentar — devolvi e voltei a beijá-la.
Encaixei a glande em sua entrada e senti que ela se
retesou, provavelmente esperando a dor.
Aproveitando que ela estava bem lubrificada e também
para não deixá-la ainda mais nervosa, arremeti e rompi a
fina barreira, mas não avancei muito.
Um urro escapou de sua garganta enquanto suas unhas
cravavam em minhas costas.
— Está doendo — choramingou.
— Já vai passar — eu a tranquilizei e voltei a beijá-la.
A sensação era incrível e prolonguei aquele momento o
máximo que pude, sem fazer nenhum movimento que
pudesse machucá-la, mas era difícil, pois sentia sua boceta
pulsando em volta do meu pau, como se fosse difícil para
ela aguentar toda a minha espessura.
Mulheres experientes sofriam para me aguentar na
cama, então imaginei que Katerina poderia estar sentindo
algum desconforto.
Ela era tão apertada, que tive receio de machucá-la,
então iniciei um vai e vem lento para que seu canal se
acostumasse à minha invasão e, aos poucos, ela foi
relaxando.
Nunca em toda a minha vida eu tinha entrado em uma
boceta tão apertada, quente e gostosa. Em alguns
momentos eu tinha a sensação de que ela estava
ordenhando meu pau.
Continuei a me movimentar, ao mesmo tempo em que
deixava beijos em seu pescoço, subindo até a orelha e
voltando à sua boca.
— Está ficando bom — ela disse baixinho.
Penetrei mais alguns centímetros, construindo seu
desejo aos poucos e imaginando quanto tempo eu ainda
teria para foder aquela boceta, até o momento em que teria
que matá-la ou devolvê-la.
Senti uma coisa estranha por saber que Jorgji teria a oportunidade de tocar
em Katerina. Mesmo de um jeito errado, eu tinha sido o primeiro a lhe mostrar
os prazeres da carne e me incomodava que uma boceta linda daquela fosse
castigada por seu pau velho e nojento.
— Ah, Dimitri... isso é tão bom — balbuciou quando comecei a ir mais
rápido.
Katerina se agarrou a mim e começou a rebolar timidamente. Esse simples
movimento me deixou ainda mais excitado e quase perdi a cabeça. Minha
vontade era estocar com vontade e foi o que fiz, parei de frear meus instintos e
comecei a entrar mais rápido, vendo sua boca se abrir a cada vez que meu pau
a invadia.
— Era isso que você queria? — questionei entrando até o fundo.
— Si... sim — choramingou enquanto seus peitos balançavam a cada
investida.
Eu a fodi por vários minutos, perdido no prazer que ela me proporcionava,
acordando apenas quando suas unhas cravaram em minhas costas e sua boceta
ficou ainda mais molhada, pulsando a cada espasmo proporcionado por seu
orgasmo.
Morto de tesão, me enterrei nela repetidas vezes e profundamente até
gozar demorado, sentindo toda a delícia daquele canal apertado me
acomodando inteiro.
Desabei por cima de Katerina, me dando conta de que nunca ter fodido uma
virgem foi o pior erro que tinha cometido na vida, pois havia muita satisfação
em ser o primeiro homem de uma mulher.
Eu mal tinha saído de dentro dela e já estava me lembrando da sensação
deliciosa que senti por estar todo enterrado naquela boceta apertada.
Soltei uma respiração pesada e tentei me convencer de que não deveria me
acostumar com aquilo, pois em breve o destino dela seria decidido e nenhuma
das opções era favorável para nós dois.
CAPÍTULO 11 | Katerina
 
 
Ainda não sabia se o meu plano de seduzir Dimitri havia
dado certo. Ele tinha tirado minha virgindade, no entanto,
não passou a noite comigo.
Depois do nosso sexo, ele tomou banho, depois disse
que tinha de subir para resolver alguns compromissos e
desapareceu por dois dias.
Aquilo foi um péssimo sinal e várias coisas passaram
pela minha cabeça, mas arrependimento não era uma
delas.
Eu tinha gostado muito de ter me entregado a ele e
ainda me arrepiava toda vez que lembrava de como foi
gostoso chegar ao orgasmo com seu pau todo dentro de
mim.
Pior que isso, eu estava ansiosa para vê-lo novamente,
por isso, todos os dias eu acordava, tomava banho e ficava
esperando por sua visita.
Meu coração acelerou quando escutei o barulho do
elevador, mas para minha tristeza era apenas um
segurança segurando uma bandeja de comida. Ele deixou a
bandeja na sala e se foi.
Jantei sozinha, depois fui para o quarto e fiz minha
higiene.
Estava me preparando para dormir, quando escutei um
barulho na porta.
Levei um susto, e ao me virar, encontrei Dimitri me
encarando de um jeito sério, com as narinas infladas. Por
um segundo eu senti medo.
— Você precisa de alguma coisa? — questionei
baixinho.
Dimitri atravessou o quarto a passos largos e me
agarrou pela cintura de um jeito possessivo.
— Sim, de você — respondeu e começou a me beijar.
Correspondi ao beijo e suspirei quando sua língua pediu
passagem, ao mesmo tempo em que foi tirando minha
camisola e tocando meus seios.
Dimitri me encostou na parede e foi tirando minha
calcinha ao mesmo tempo em que descia beijando minha
barriga, até ficar de frente para minha boceta.
Fechei os olhos e estremeci quando ele começou a me
chupar.
— Estou há dias pensando nessa boceta, morrendo de
vontade de descer aqui e te foder até não aguentar mais —
declarou enquanto eu me contorcia de tesão.
— Estou aqui, Dimitri, faça o que quiser comigo — falei
em tom de submissão e ele rosnou antes de atacar minha
boceta novamente.
Sua língua contornava meu clitóris bem devagar, me
deixando ainda mais enlouquecida. Sem demora, ele
colocou minha perna direita apoiada em seu ombro,
deixando-me totalmente aberta, e voltou a me atacar com
sua boca pecaminosa.
Ele repetia os movimentos da língua, chupando
gostoso, ao passo que suas mãos agarravam minha bunda
com firmeza.
Eu gemia, com as pernas trêmulas, tentando agarrar
seus cabelos como quem estava prestes a desmoronar.
Senti um arrepio ao longo da coluna que me fez arquear
ainda mais, como se aquela sensação de prazer estivesse
irradiando para o restante do meu corpo.
Ele seguiu me chupando, indo e voltando de um ponto
erógeno para outro, me chupando firme, com movimentos
combinados e rápidos, até que eu não aguentei e gozei
rebolando em sua boca.
Ainda meio trêmula e um tanto desnorteada, fui tirando
sua roupa devagar, fazendo questão de tocar seu corpo
delicioso praticamente por inteiro.
Quando estava completamente nu, ele colocou um
preservativo, me pegou no colo e fomos para a cama.
Como estava encharcada, ele deslizou com um pouco
mais de facilidade do que a primeira vez; mesmo assim,
senti meu útero ser comprimido por seu tamanho, o que me
arrancou um gemido alto.
Sem dar caso, ele apoiou minhas pernas em seus
ombros e passou a me penetrar bem fundo, num ritmo
lento, como se quisesse assistir todas as reações do meu
corpo ao seu toque.
Cravei as unhas no lençol, olhei nos seus olhos e mordi
os lábios, apenas me permitindo sentir o prazer que ele me
proporcionava.
Ele deve ter entendido aquilo como uma provocação,
pois suas estocadas ficaram mais firmes e cada vez mais
rápidas. Estava tão intenso, que eu me contorcia toda,
gemendo, pedindo mais e dizendo o quanto era gostoso.
Ele seguiu me comendo assim por um tempo, variando
apenas a posição das minhas pernas: esticadas, dobradas
com os pés no peitoral, bem abertas..., Depois colocou meu
quadril de lado e foi me fodendo assim, enquanto batia na
minha bunda.
Foi delicioso sentir a mudança das sensações a cada
alteração da posição. Sentir seu pau entrando e saindo,
tocando minha intimidade. Tudo aquilo era novo, mas muito
excitante e gozei pela segunda vez enquanto ele me invadia
e falava um monte de obscenidades.
Dimitri gozou alguns segundos depois e desabou em
cima de mim, quase me deixando sem ar por causa do peso
do seu corpo, mas eu não ousei reclamar. Não tinha forças
para nada, estava suada, com a boceta ardendo e o coração
muito acelerado.
Quando nossos olhares se cruzaram, vi que ele parecia
tão perplexo quanto eu com o que tinha acabado de
acontecer. Acho que nenhum dos dois imaginou que seria
um momento de entrega tão intenso.
Sem ter o que dizer, ficamos nos olhando, ambos
ofegantes, e naquele momento eu quase desejei acreditar
que meu plano poderia ter dado certo e Dimitri poderia me
tornar sua amante.
CAPÍTULO 12 | Dimitri
 
 
Meu pai tinha adiado a volta para a Rússia, com isso,
Katerina não saiu mais da minha cama. Meus últimos dias
se resumiam em trabalhar e foder aquela garota de todas
as formas possíveis.
Nunca me senti tão excitado simplesmente por foder
uma boceta, o problema era que não adiantava ser
qualquer boceta, meu pau tinha uma preferida e aquilo
estava fodendo com a minha cabeça.
Eu já tinha comido mulheres em todas as partes do
mundo, de vários jeitos e posições diferentes, mas nada me
deixava tão louco de tesão do que entrar em Katerina.
Já no esconderijo do subsolo, saí do elevador me
sentindo ansioso e fui direto para o quarto dela. Quando
empurrei a porta, ela saiu do banheiro usando apenas uma
lingerie de renda preta transparente, que não escondia
quase nada de suas partes íntimas.
Ficamos nos encarando e antes que eu pudesse falar ou
fazer qualquer coisa, Katerina colocou as mãos para trás e
soltou o fecho do sutiã, que caiu na hora revelando seus
seios redondos e macios.
Salivei no mesmo instante.
Ela jogou a peça em um canto, depois enfiou os dois
polegares nas laterais da calcinha e abaixou-a com
facilidade, ergueu uma perna depois a outra, livrando-se
assim da última barreira com muita sensualidade.
Completamente à vontade, ela deu dois passos em
minha direção, ficando ao alcance da minha mão. Parecia
tranquila e tinha um leve sorriso nos lábios.
Ela abriu um pouco as pernas, como que permitindo
que eu tivesse uma visão melhor da sua maior intimidade, e
consegui enxergar o início dos pequenos lábios, cuja cor era
do mesmo tom de sua boca.
Olhei para cima e me deparei com os mamilos túrgidos,
centrados sobre as aréolas rosadas, apontando para cima
de forma desafiadora.
Ainda me encarando com seus olhos penetrantes,
Katerina tocou no cós da minha calça, abriu o botão e
deslizou o zíper para baixo.
Deixei que ela tirasse minhas roupas e ergui as pernas
nos momentos certos para facilitar seu trabalho. Quando
me viu completamente nu, ela passou a língua pelos lábios
e encarou meu pau.
— Eu quero chupar ele, como você faz comigo —
declarou.
— Vá em frente — ordenei.
Ela se abaixou, segurou meu pau com as duas mãos e
ficou apreciando suas dimensões, no mínimo se
perguntando como tudo aquilo entrava em sua pequena
boceta.
Katerina passou a língua na glande, fazendo um arrepio
de satisfação atravessar o meu corpo inteiro, depois tentou
abocanhá-lo de primeira, mas não conseguiu.
— Pode ir com calma, temos a noite toda — afirmei e
ela assentiu.
Aos poucos, seus lábios começaram a deslizar com
mais facilidade. Ela o engolia até a metade e tirava,
arrancando grunhidos que vinham do fundo da minha
garganta, e fazendo minhas coxas tensionarem a cada
movimento.
Excitado ao extremo, eu a segurei pela nuca e quando
ela abriu a boca, ordenei que ela abrisse um pouco mais e
eu deslizei para dentro, chegando no fundo de sua
garganta.
Ela quase se engasgou, então recuei um pouco e
quando senti que ela tinha se acalmado, voltei a investir.
Repeti esse vai e vem por diversas vezes, querendo que
ela se acostumasse e me deliciando a cada vez que sua
língua percorria a extensão do meu pau.
— Se masturbe pra mim — pedi enquanto fodia sua
boca.
Katerina obedeceu ao meu pedido e deslizou a mão
para o meio das pernas.
A visão daquela mulher mamando meu pau enquanto
seus dedos afundavam em sua boceta foi demais para mim
e acabei gozando.
No meio do processo eu até tentei afastá-la, mas
Katerina me agarrou pelos quadris e bebeu tudo.
Quando os espasmos do meu corpo finalmente
cessaram, ela afastou a boca, se levantou e me deu um
beijo.
Mesmo sentindo meu gosto em seus lábios, eu a beijei
de volta vorazmente, tentando entender por que aquela
mulher me deixava tão louco.
 
***
 
Não tinha costume de dormir com Katerina ou nenhuma
outra mulher, mas depois de horas de sexo, eu estava
exausto e acabamos passando a noite juntos.
Logo ao amanhecer, porém, despertei com uma
mensagem de Sidor avisando que meu pai tinha chegado de
viagem e queria falar comigo.
Suspirei e olhei para a mulher aninhada ao meu peito.
Katerina dormia completamente nua e exibia um semblante
tranquilo, completamente alheia de que seu destino estava
prestes a ser decidido.
Afastei-me dela, saí da cama com cuidado e fui para
minha suíte, onde tomei um banho rápido, troquei de roupa
e subi.
Antes de chegar ao escritório, Sidor me interceptou e
pediu para falar comigo.
— Soube de fonte segura que Abazi nos atacou porque
soube da presença de Katerina em sua boate — revelou.
— Quer dizer que ele nem sabia que eu pretendia
atacar Demidov e foi para cima de mim? — questionei.
— Tudo indica que sim. Me parece que ele descobriu
que você esteve com a noiva dele e veio à Rússia para
buscá-la, mas aproveitou a viagem para te dar uma lição.
Fechei as mãos em punho e senti o ódio ferver dentro
de mim.
— Ivan já sabe dessa informação? — questionei.
— Não, ele acha que tudo que aconteceu foi um grande
mal-entendido — Sidor explicou.
— Não fale nada a ele, vou resolver essa situação da
minha maneira — ordenei.
Meu subchefe assentiu e eu segui meu caminho.
Quando cheguei no escritório, meu pai já estava em sua
cadeira, e antes mesmo de ele abrir a boca, eu presumi que
nossa conversa não seria das melhores.
— Por que diabos não me avisou que a noiva de Jorgji
Abazi está sob nosso domínio? — ele questionou irritado.
— Durante o ataque, eu levei um tiro, me perdi na
floresta e foi ela quem me salvou.
— Como assim te salvou? — questionou.
— Isso mesmo que ouviu. Katerina estava fugindo de
casa para não ter que se casar com Abazi e esbarrou em
mim.
Expliquei para o meu pai como as coisas aconteceram e
vi seu rosto mudar a cada parte do meu relato.
— Quer dizer que você não estava com ela antes? — ele
questionou.
— Eu a conheci antes do ataque, mas não sabia que era
noiva dele, fiquei sabendo um dia antes da nossa missão,
quando Sidor conseguiu um dossiê sobre ela.
— Ouvi dizer que ele é obcecado por essa garota desde
que ela tinha quinze anos. Katerina só não foi entregue a
Jorgji porque Boris enxergou na filha uma forma de se
beneficiar. Por isso, se não quisermos começar uma guerra
com a máfia albanesa, teremos que entregá-la.
— E quanto a Boris? — questionei
— Aquele verme está sob a proteção de Jorgji. Não
sabia que a relação deles era tão próxima. Esse noivado
deveria estar sendo tratado em segredo, pois eu nunca
soube a respeito.
— Seu conselho é que eu deixe as coisas como estão
depois de eles quase me matarem? — questionei.
Meu pai me encarou e fez alguns segundos de silêncio.
— No nosso meio, temos que saber exatamente em que
guerras vale a pena lutar. A máfia albanesa nunca
atravessou o nosso caminho. Eles alegam que atacaram
para proteger Abazi e ainda deixaram claro que se
devolvermos a garota, tudo ficará em paz, caso contrário,
vão declarar guerra.
Porcos mentirosos!
Analisei todas as possibilidades que ele me deu e
cheguei à conclusão de que, após ela ter salvado a minha
vida, matar Katerina estava fora de questão, eu teria uma
dívida eterna por causa do que ela fez e não retribuiria a
colocando na cova dos leões.
— Enquanto Katerina não se casar, ela ainda está sob a
proteção de seu pai, então não devo nada a Abazi. Tenho
certeza de que a intenção de Boris é jogar a filha nos braços
de seu sócio e fugir, como o covarde que ele é, mas se isso
acontecer, a possibilidade de encontrá-lo vai se tornar
menor a cada dia. Então ela continuará sob a minha
proteção até eu pegar aquele filho da puta — afirmei.
Meu pai me encarou como se eu tivesse falado o maior
absurdo do mundo.
— Algo me diz que essa decisão não tem nada a ver
com Abazi ou Demidov e sim com o fato de você querer a
filha dele em sua cama — disse, parecendo um pouco
irritado.
— E se for? — provoquei.
Meu pai me conhecia melhor que ninguém e por mais
que me aconselhasse, ele sabia que quando eu colocava
uma coisa na cabeça, dificilmente mudava de ideia.
— Você sabe que vai correr o risco de iniciar uma
guerra, não sabe? — ele advertiu.
— Foram eles que começaram isso, primeiro com Boris,
quando começou a vender para nossos inimigos, e depois
com Jorgji, quando me atacou. Então, se isso tiver que
acontecer, iremos lutar, mas não vou dar a garota a eles.
Alguns poderiam achar aquela atitude perigosa, que
estava arriscando muito, mas só eu sabia o quanto estava
furioso por saber que aquele verme tinha tido a coragem de
me atacar. Ninguém cometia um erro tão grave e ficaria
impune e com ele não seria diferente. Jorgji iria pagar por
sua audácia.
— Faça como quiser, Dimitri, só não diga depois que
não avisei — meu pai disse e saiu do escritório cuspindo
fogo.
Depois que ele foi embora, conversei brevemente com
Sidor, lhe dei algumas ordens e desci para falar com
Katerina.
Quando cheguei em seu quarto, ela estava secando os
cabelos no banheiro, mas desligou o secador assim que me
viu.
— Esqueci de falar que você fica muito melhor sem
aquela peruca — brinquei, pois quando a conheci, ela tinha
cabelos castanhos e curtos. Estava linda, mas os fios loiros
que exibia naquele momento combinavam muito mais com
a garota que comecei a conhecer.
— Era o único jeito de não ser reconhecida pelos
homens do meu pai — respondeu e me abraçou.
Katerina estava sempre me beijando, me tocando,
como se nunca fosse o suficiente. Embora eu gostasse de
estar com ela, aquilo me incomodava um pouco, pois jamais
recebi carinho de ninguém e não tinha certeza se iria me
acostumar com aquilo.
— Acabei de conversar com meu pai e decidimos sobre
seu futuro — falei e senti seu corpo tensionar.
— E o que vocês decidiram? — questionou, cautelosa.
— Meu pai aconselhou que eu a entregasse para Jorgji,
para evitar um possível confronto entre as duas
organizações — expliquei.
— E o que vocês decidiram?
— Eu falei com meu pai por respeito. Meus
antepassados podem ter fundado a Uzy Krovi[1], mas a
partir do momento em que Ivan pediu que eu resolvesse
esse assunto, a última palavra será minha.
— Certo, e o que você decidiu? — ela refez a pergunta.
— Não vou entregá-la a eles — falei e deslizei os dedos
por seu rosto.
— E posso saber por que mudou de ideia? —
questionou.
Encarei seus olhos bonitos e desci o olhar por seu corpo
delicado. Ela era perfeita, da ponta do pé até o último fio de
cabelo. Era fácil entender por que Jorgji estava obcecado
por ela.
— Porque agora você é minha — declarei.
Após um momento de hesitação, enquanto absorvia
minhas palavras, Katerina abriu um largo sorriso, se jogou
em meus braços e atacou a minha boca.
Eu retribuí, pois Katerina era uma ótima companhia e
uma garota deliciosa, mas o que a tornava valiosa era o fato
de ser noiva do meu inimigo e eu não iria sossegar até me
vingar daquele maldito ataque.
Katerina ainda não sabia, mas mantê-la ao meu lado
fazia parte da primeira fase do meu plano para destruir
aquele infeliz.
Parei o beijo e a carreguei até a cama. Não sabia
quanto tempo ainda teríamos juntos, mas faria questão de
aproveitar cada momento. Kate era, de longe, a mulher
mais deliciosa que já esteve em minha cama. Eu só tinha
que tomar cuidado para não me enfeitiçar por seu corpo
gostoso e sorriso de princesa, se isso se mantivesse sob
controle, em muito pouco tempo eu estaria degustando a
minha vingança.
 
 
FIM...
 
Olá, meninas.
Esse conto é só a ponta do iceberg de tudo o que vem por aí. Quando
comecei a escrever a história, uma enxurrada de ideias começou a surgir na
minha cabeça e por isso decidi que Dimitri e Katerina mereciam um livrão
daqueles, com muitos detalhes e dezenas de páginas.
Assim que eu tiver novidades a respeito, avisarei pelas minhas redes
sociais, mas garanto que será um livro incrível.
Beijos e até o próximo conto.
 
 
 

[1] Nome da Máfia que significa Vínculo de Sangue.

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