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Perigosa Sedução

Série Os Cafajestes ● Livro 1

Juliana Souza
Direitos autorais © 2020 Juliana Souza

Todos os direitos reservados


1º Edição

Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer


semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é coincidência e não é
intencional por parte do autor.

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema


de recuperação, ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio,
eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem a permissão expressa
por escrito da editora.

Design da capa por: Magnifique Design


Diagramação: Thamires Silva
Revisão do texto: Claudyanne Ferreira e Thayanara Rodrigues

Número de controle da Biblioteca do Congresso: 312238152


Agradecimentos

Primeiramente quero agradecer a todos os meus/minhas leitoras


ncontroláveis pelo carinho, pela paciência e pela força.
Agradecer a cada uma de minhas adm's, sem vocês esse sonho não se
tornaria real... Obrigada Thamires, Andressa, Claudyanne, Thaynara,
Jéssica, Isa e Ana Carolina.
Nossos sonhos nunca são pequenos quando há uma força maior doque
pensamos. Hoje meu sentimento é apenas gratidão... A Deus, a minha
mãe, ao meu esposo e a todos que acreditaram em mim, mesmo quando
nem eu mesma acreditava.
“Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é
realidade.”
Yoko Ono
Eu estou pensando em como
As pessoas se apaixonam de maneiras misteriosas
Talvez seja parte de um plano.

Ed Sheeren
Prólogo
— Dormiu com meu irmão, inferno? Responda Ágata!
Agora! — Sinto a respiração ofegante em meu rosto e ergo
o queixo o olhando.
Minhas pernas estão trêmulas.
Controle-se, Ágata. Controle-se.
— Não é da sua conta, senhor Gonzáles...
— Respondo séria, tentando controlar as
batidas do meu próprio coração.
Minhas pernas estão trêmulas, o ambiente
se tornando cada vez mais apertado para nós
dois, a camisa colada ao corpo com as
mangas dobradas até os cotovelos, revelando
os traços de suas tatuagens, me deixa sem ar.
Complementa absorta.
— Interessa sim. Porque, o que pretendo
fazer, não pode incluir uma comparação com o
meu irmão...
Pisco algumas vezes incerta e ele sorri,
mordendo o próprio lábio.
Os seus olhos estão perto dos meus, a boca
a centímetros da minha, me deixam
hipnotizada. Travo a respiração quando sinto
as suas mãos passearem pelo meu corpo.
Erguendo o vestido, acariciando a minha
barriga...
As mãos subindo, me apalpando, me
apertando.
— Eu não vou fazer amor com vo... Você. —
Respondo séria, observando-o gargalhar
sonoramente.
— Não vamos fazer amor Ágata. Porque eu
não faço.
— Dou um passo para trás e ele me puxa
para seus braços. — Eu não beijo Ágata, eu
chupo... Eu não faço amor, eu fodo. Fodo com
força.
Capítulo 1
Ágata
— Está pronta, Ágata? — Encaro Armando,
que coloca um sobretudo cobrindo meu corpo
quase nu.
Apenas o olho por cima do ombro.
— Nasci pronta. — Respondo fechando as
mãos nos meus cabelos dando mais volume
aos cachos perfeitos que caem como uma
cortina pelas minhas costas.
— Lembre-se de dar total atenção ao noivo,
é sempre a cereja do bolo.
Quer ensinar o meu trabalho?
Sorrio o olhando e assinto com a cabeça.
As despedidas de solteiro sempre são as
melhores, além de várias notas de cem
dólares no fim da noite. E não. O dinheiro não
era a única coisa que me prendia aqui.
Meus saltos vão ecoando por todo o
corredor e ainda sinto o frio na barriga como
se fosse à primeira vez. Os meus seios estão
altos por causa do espartilho preso em meu
corpo. As botas de cano longo me fazem ficar
um pouco mais alta.
Paro em frente à cortina preta de camurça,
fazendo o ritual de sempre.
Queixo erguido
Sorriso aberto
Armando para ao meu lado e fecha o
semblante me olhando. Deveria lamber o chão
que piso, hoje eu faço o seu "Bordel" ser um
dos mais famosos de Nova York.
— Quando estiver pronta. — Se posiciona
atrás de mim, retirando o sobretudo. Viro de
costas para a cortina ajeitando a minha
calcinha fio dental para que fique bem
aparente junto com a cinta linga.
Ouço os gritos atrás de mim, assim que as
cortinas se abrem o som da música Worth
It começa a soar por todo ambiente.
Vou rebolando meus quadris ao som da
música, o sorriso de satisfação em meu rosto
é nítido.
Baby, I'm worth it
Uh huh I'm worth it
Gimme, gimme, I'm worth it

As frases constantes me fazem sorrir,


enquanto me viro observando os homens
enlouquecidos desço até o chão acariciando
meu próprio corpo e subo lentamente na
mesma ousadia.
Give it to me, I'm worth it
Baby I'm worth it
Uh huh I'm worth it
Gimme gimme I'm worth it
Ando em passos lentos até chegar ao pole
dance no centro do palco, o agarro com as
mãos para trás e desço sentindo o metal
gélido entre minhas nádegas.
Percebo uma mesa com mais ou menos
cinco homens, um deles está em pé com uma
garrafa nas mãos.
A aliança na mão direita me faz ter certeza
de que é noivo, um sorriso malicioso surge
nos meus lábios assim que o empurram em
direção ao palco.
Okay, I tell her bring it back like
She left somethin?
Bring it bring it back like she left
somethin?
In the club with the lights off
What you actin' shy for?
O chamo com o dedo anelar e sorrio quando
ele sobe ao palco, espalmo minhas mãos pelo
seu corpo e um perfume forte invade o meu
nariz, fazendo com que eu sorria.
Desço lentamente agarrada em seu corpo
enquanto seus amigos urram feitos loucos.
"...Que que é isso bebê..."
"...Ual delícia..."
Come and show me that you're
Wit it wit it wit it wit it
Stop playing now you know I'm
Wit it wit it wit it wit it wit it
What you actin' shy for?
— Você vai tirar isso aqui... — Coloco suas
mãos na parte de trás do espartilho.
— Com todo prazer... — Sua voz é rouca e
seus dedos ágeis retiram o fecho com
destreza.
Seguro meus seios com ambas as mãos
enquanto o encaro sensualmente, volto para o
pole dance, onde subo usando as pernas até
chegar ao topo.
Just gimme you, just gimme you
Just gimme you, that's all I wanna do
And if what they say is true
If it's true, I won't get mad at you
I may talk a lot of stuff
Guaranteed, I can back it up
I think I'mma call your bluff
Hurry up, I'm walkin' out front
Desço com as pernas cruzadas no metal e
os braços cobrindo os meus seios, mordo os
lábios encarando o "noivo" que arqueia a
sobrancelha sorridente.
Viro de costas ainda rebolando quando
coloco as mãos nas alças finas da calcinha,
olho de lado e balançando a cabeça de um
lado para o outro sorrindo.
Uh huh see me in the spot like
'Ooh I love your style
Uh huh show me what you got
Cuz I don't wanna waste my time
Uh huh see me in the spot like
'Ooh I love your style?
Uh huh show me what you got
Now come and make it worth my while

Sento na borda do palco bem em frente à


mesa dos cinco homens e os olhos famintos
vão para meus seios expostos, o olhar de
cobiça e desejo sempre me deixaram em
êxtase.
Estico minha perna segurando na ponta da
cinta liga presa pelas meias.
“... Eu preciso dela sentando no meu pau...”.
Sorrio internamente arqueando as
sobrancelhas. Vou retirando a liga
sensualmente e a giro nos dedos, segurando
o pedaço de pano.
Jogo em direção ao noivo, mas cai no
chão... Ou melhor, nos pés de alguém.
Engulo seco quando vejo um punho forte, as
luzes me encobrem, mas posso ver seu braço
completamente tatuado.
Levanto sentindo um tremor estranho nas
pernas e o coração palpitar em um ritmo
frenético. Rebolo até o chão assim que os
últimos acordes da música tocam.

Passo a toalha pelo meu rosto e me encaro


no espelho... Bochechas coradas e os lábios
meio trêmulos.
Ainda estava ofegante pelo episódio de
poucos minutos atrás.
— Não seja tola Ágata, é nervosismo. —
Digo para mim mesma.
— Falando sozinha? — Sorrio de lado
olhando Carol, em seu enorme roupão
vermelho.
— Cantando algo...
— Ágata não se troque, um amigo do noivo
quer uma dança na cabine. — Armando nos
interrompe entrando no camarim.
Os seus olhos se fixam aos meus e petrifico
no lugar, não conseguindo mover um músculo.
E se for o homem das tatuagens?!
— E ele disse qual roupa? — Pergunto.
Cada cliente tem um gosto diferente por
danças e roupas.
— A mesma que estava dançando, cabine
quatro.
Solto os cabelos e o encaro pelo espelho,
parado me olhando fixamente.
— Não preciso repetir as regras, preciso
Ágata?
Paro na soleira da porta e me viro de lado,
sorrindo sarcasticamente.
— Jamais misturar prazer, com negócios, eu
já sei.
Capítulo 2
Christopher
Horas antes...
— Fala para a mamãe que eu não vou sair
do meu apartamento, que ela fazer o que
quiser comigo na casa dela!
Rolo os olhos encarando meu irmão mais
novo fechar a cara, tamborilo os dedos no
balcão, apenas o olhando.
— Eu não sou garoto de recado Lorenzo,
fale você. — Digo calmo, voltando a digitar no
computador.
— Mas você é o mais velho Chris, cacete! —
Ele esbraveja. — Que tipo de irmão mais
velho, você é?
Não o respondo, apenas fico o olhando dar
de ombros e cruzar os braços. Ele e minha
mãe estão em guerra há meses, mamãe está
tentando o concertar e transformá-lo em um
homem “família”. O que é impossível.
Sou o mais velho de três irmãos, Lorenzo é
o caçula e como sempre tão irresponsável.
— O tipo de irmão mais velho, que não se
intromete na briga de mãe.
— O que foi agora? — Arthur, meu
advogado, melhor amigo e primo, entra
jogando alguns papéis sobre a mesa.
E se senta à minha frente nos encarando.
— Lorenzo e mamãe com rixa outra vez.
— Respondo sério. Como sempre.
— O que dona Clarisse está aprontando
dessa vez, hein Lorenzo? — Arthur zomba
sorrindo.
— Se sua mãe quisesse te tirar do antro de
perdição que é a sua casa, para te colocar na
casa dela, sobre as regras dela... O que faria?
— Eu saía do país. — Arthur dá de ombros.
Lorenzo emburra e Arthur me acompanha
em uma deliciosa gargalhada.
— Vocês são um bando de pau no cu! —
Lorenzo exclama antes bater a porta com
força.
— Nem para me ajudarem! Ingratos!
— Pobre Lorenzo! Sinto que dona Clarisse
vai coloca-lo nos eixos. — Arthur fala, ainda
sorrindo.
Balanço a cabeça, girando a cadeira de um
lado para o outro.
— Queria pedir autorização para sair mais
cedo chefe, a despedida do Joe é hoje,
então...
Coloco a mão sobre a testa, o olhando.
— Merda, me esqueci completamente! —
falo me ajeitando na cadeira. — Tá liberado,
eu vou passar em casa e logo depois vou
direto para lá.
— Sabe onde é, né? — Afirmo com a
cabeça, enquanto Arthur se retira.
Conhecíamos quase todas as boates da
cidade e as de luxo com certeza eram as que
mais nos chamavam a atenção. Essa em
especial, nunca tinha entrado, mas tinha boas
recomendações.
Ponho os papéis assinados separados
dentro da gaveta, a fecho com chave em
seguida. Sou CEO da empresa Petrolífera da
família, desde que o meu pai se aposentou.
Aos 37 anos, acho que sou realizado em tudo.
Tenho bons imóveis e carros. Não me falta
nada.
É. Eu tinha tudo que queria.
Passo pela sala de Lorenzo, vendo a porta
entre aberta, ele já tinha saído. Sorrio
balançando a cabeça, Lorenzo e seus dramas.
Mesmo ele sendo o mais mimado, sempre
fomos muito unidos, presamos isso demais. A
família.
Entro no carro rapidamente, não querendo
me atrasar para a despedida de solteiro.
Entro embaixo do chuveiro, tomando um
banho demorado, decido não fazer a barba,
apenas a aparo. Visto uma camisa branca,
jogando um blazer cinza por cima o dobrando
até os cotovelos, não coloco gravata, quero
apenas aproveitar a noite.
Tinha apenas pedido a Arthur para me
enviar o endereço, apenas para confirmar
novamente e pego o carro saindo.
Observo o letreiro luminoso escrito: Secret
Gold, já havia passado algumas vezes aqui
em frente. Era um lugar muito bonito e exalava
luxuria.
Sorrio olhando a recepcionista me entregar o
cartão de comanda, entro observando o
ambiente luxuoso. Uma música toca
avidamente fazendo meus olhos enxergar
apenas uma coisa:
A dançarina quase nua no palco, dançando
sensualmente a cada batida da música.
— Chris! Chris! Estamos aqui! — Me viro,
olhando Arthur me chamando.
Ando, ainda com os olhos presos nessa
deusa que está de costas, me dando uma
visão privilegiada do bumbum empinado.
— Oh meu Deus! Eu preciso dela sentando
no meu pau. — Olho para Matt, que sussurra,
parecendo tão hipnotizado quanto eu.
Ela se vira com um sorriso malicioso nos
lábios, esticando a perna grossa, retira a cinta
liga, jogando praticamente aos meus pés,
seus olhos estão nos meus.
Seguro a pequena peça nas mãos, vendo
seu show terminar com uma visão perfeita de
seus seios nus.
— Chegou bem na hora... — Matt me tira
dos devaneios.
— Não poderia deixar de vir na despedida
do Joe, não é?! — Aperto a mão de Matt, que
sorri junto a uma garrafa de vodca. — Joe seu
filho da mãe, estava em boas mãos!
— Agora estou fodido! — Joe diz, pondo as
mãos sobre a mesa.
Desvio, ainda olhando o palco vazio.
Sentindo uma ereção filha da mãe me
incomodar.
Era ela.
Eu a queria.
Joe, o noivo desesperado, começa a ligar
para sua noiva, Matt se afasta indo falar com
um homem que está parado no bar.
— Por que Lorenzo não veio? — Arthur
questiona, chamando uma das meninas para
sentarem em seu colo.
— Eu sinto muito, mas não pude apreciar a
vista de perto, então, estou indo para o
reservado com aquela delícia que dançou no
palco.
— Matt cerra os punhos, jogando os braços
para o alto, como se tivesse acabado de
ganhar um prêmio.
Mas ele ganhou... O prêmio mais incrível
daquela noite.
— Ele vai para o reservado com a stripper?
Um incômodo passageiro se apossa de mim,
mas logo passa quando encaro uma morena
com belas pernas se aproximar de mim e
sentar sensualmente em meu colo.
— Olá... — Olho para seu dedo anelar, que
arranha delicadamente o meu peito.
Eu amava sexo. De todas as formas
possíveis.
Eu sei bem como funcionava o sistema das
boates como aquela. E o que as dançarinas
faziam com seus clientes.
Sem muitas delongas, a sexy e gostosa
morena me arrasta para o quarto e sorrio,
vendo o olhar de cobiça me encarando de
cima a baixo.
Estou com uma baita ereção no meio das
pernas, que me faz praguejar. Ponho os
braços dela para trás, enquanto traço beijos
pela linha de sua espinha, os pelos eriçados.
Minha ereção está quase rasgando a calça,
ela se vira, me olhando com a pupila toda
dilatada de desejo.
— Fica parada aí... Quietinha... — Digo,
pegando em seu queixo, enquanto pego uma
embalagem de preservativo na mesa.
Afundo minha ereção no meio de suas
pernas, minha garganta se fecha, causando
um gemido rouco dentro de mim. Amarro seus
cabelos entre meus dedos, metendo firme,
tentando apazigua a tormenta que está dentro
de mim.
— Oh meu Deus... Você é tão delicioso... —
Seus gemidos vão ficando mais altos, fazendo
meu ego se elevar.
Estou eufórico, sentindo todos os meus
músculos tensos, fecho os olhos por um
segundo, vendo a imagem delirante da loira a
minha frente.
Os movimentos dos quadris sincronizados
com o seu, meu corpo colado ao dela.
Mas não era por ela.
— Você realmente é de tirar o fôlego. —
Sorrio a encarando enquanto retiro a
camisinha a jogando no cesto de lixo. — Sei
que não perguntou, mas me chamo Evelin.
Ela está deitada na cama, completamente
nua, com um sorriso malicioso nos lábios. Eu
não sou um homem de muita conversa, mas
meu corpo e todo meu cérebro, que comanda
a parte sexual, deseja aquela maldita
dançarina.
— Evelin... — Digo vendo seu sorriso
aumentar. — Tem um belo nome.
— Não me disse o seu... — Ela cruza as
pernas, me dando uma visão privilegiada de
suas pernas. E do meio delas...
— Irá saber logo, logo. Mas antes, eu quero
perguntar o nome da dançarina que estava
como atração no palco há pouco. — Digo
sério a olhando.
— Ágata?! Sugiro que tire suas esperanças,
aquela dali é protegida pelo dono da boate,
Ágata não transa com ninguém aqui... E que
eu saiba, nem lá fora.
Um pensamento perverso invade minha
mente, me deixando eufórico com tal
descoberta. Apenas sorrio.
Despeço-me da garota, descendo as
escadas com pressa, vejo Arthur de longe,
enroscado com duas dançarinas. O chamo
discretamente e sigo para bar.
— O que aconteceu? Pensei que tinha
morrido com a chave de
Boceta! — O encaro sério, mas logo depois
sorrio o olhando.
— Matt não voltou? — Pergunto,
bebericando o copo de uísque.
— Voltou puto, ele achou que a stripper iria
para o quarto com ele, mas ele foi informado
por dois seguranças que ela não faz esse tipo
de serviço. — Arthur diz, me fazendo sorrir. —
Por que essa cara?
— Porque eu vou transar com ela. E não vai
ser por dinheiro. — Digo decidido e viro o
líquido âmbar de uma vez.

Ágata
Jogo as chaves no aparador da sala,
relaxando meu corpo sobre o sofá, olho no
relógio vendo que já passam das duas da
manhã. O cansaço toma conta do meu corpo,
mas a rotina não me deixa dormir tão cedo.
Abro as cortinas da varanda, olhando a noite
estrelada de Nova York, me apaixonei por está
cidade, aos 17 anos, quando cheguei aqui
pela primeira vez.
Uma adolescente boba que imaginava um
mundo completamente diferente.
E hoje, quatro anos depois, eu percebo. Eu
não me orgulho de ser dançarina de boate,
mas tenho orgulho por se dona do meu
próprio nariz. Ou quase. A brisa da noite bate
em meu rosto, me fazendo bocejar. Entro,
deixando as cortinas da varanda abertas.
Entro na banheira relaxando meu corpo por
completo, minha mente vaga para aquele
homem magnífico, que estava na boate.
Sorrio. Eu estava acostumada com os homens
maravilhosos que sempre apareciam, mas
aquele...
Suspiro pesadamente.
— Não seja tola.

Espreguiço, sentindo todos os meus ossos


estralarem, ouço meu nome ser chamado
longe e encaro Helena sentada à minha
frente.
— Ágata, pelo amor de Deus! Já passa de
uma da tarde e você aí como uma morta. —
Resmunga me olhando.
— Não te ensinaram a bater na porta antes
de entrar, Helena?
Ela nega com a cabeça e sorrio, ela é o mais
próximo que posso eu chamar de família aqui,
é a minha melhor amiga, minha irmã. Trabalha
comigo na boate, foi a primeira pessoa que
conheci assim que cheguei.
Depois de Armando é claro.

— Armando ligou e pediu para ir até a boate


antes das três, falou que é urgente. — Reviro
os olhos, levando o copo de suco à boca. —
Amiga... Ouvi das meninas que a despedida
de solteiro estava um escândalo...
— Realmente, ontem estava de parabéns.
— Digo, levando uma torrada a boca.
Senti até um calor me consumir agora.
— Eu vou, antes que Armando não me deixe
descansar. — Saio, antes que Helena
pergunte algo, porque se tem uma coisa em
que eu não saiba fazer é mentir para aquela
ruiva.
Pego meu carro, dirigindo até a boate, que
fica a poucos quilômetros de casa. Tudo
pensado para evitar atrasos. Estaciono em
frente, pego minha bolsa, meus cabelos estão
soltos, o que me faz ficar mais bonita ainda.
Eu não me considero bonita, eu sou. Coloco
os óculos de sol e saio pisando firme. Muitas
mulheres tem aquela chamada autoestima
baixa isso nunca me passou pela cabeça. Eu
sou loira, tenho 1,65 de altura, me considero
gostosa.
Passo pelo segurança que me encara de
cima a baixo e abaixa a cabeça rapidamente,
arqueio a sobrancelhas e entro.
— Olha quem veio mais cedo... Um milagre
Ágata por aqui uma hora dessas. — Fecho os
olhos, tornando a abri-os, encarando Evelin.
— Achei que a superstar só viria à noite.
— Estou blindada contra sua inveja, Evelin.
— Aceno, subindo as escadas com pressa.
Passo pelo corredor, com portas nos dois
lados. É um prédio grande, de quatro andares,
muito bem decorado. Entro no elevador, vendo
os números do painel passar ligeiramente,
chego à sala de Armando, vendo-o girar na
cadeira, enquanto segura seu charuto
importado entre os dedos.
— Estou aqui Armando, o que você quer? —
Pergunto, o olhando.
Armando é quinze anos mais velho que eu,
não posso negar a sua beleza. Seus cabelos
dourados e olhos marcantes deixavam
qualquer mulher suspirando, menos eu.
Estava imune aquilo.
— Vou precisar passar uma semana fora,
tenho que resolver uns assuntos da boate. —
O encaro sentindo um arrepio. — Quero avisar
que Magno vai ficar no meu lugar, mas as
regras serão as mesmas, Ágata.
— Vai...
— Não vou demorar. — Me corta
rapidamente e já sei que não é para dar
continuidade a pergunta.
— Não entendo porque está falando isso
para mim Armando, eu sei das regras. — Digo
erguendo o queixo.
— Eu acho bom que saiba!
Viro para sair, mas Armando, me chama
fazendo com que o fite por cima do ombro.
— Sei que é cúmplice de Magno, Ágata.
Ficarei de olho em você.
Reviro os olhos e jogo os braços para o alto,
assim que fecho a porta, queria dar pulos de
alegria só de saber que vou ficar uma semana
sem as grosseiras de Armando. Mas só sinto
um incômodo, porque sabia exatamente para
onde ele iria.
Mordo o lábio suspirando.
— Que cara é essa Ágata? — Olho por cima
do ombro, vendo Manu me encarar.
— Armando vai passar uma semana fora.
Magno ficará no lugar dele!
— Manu arregala os olhos, me olha e finjo
um sorriso, que ela rapidamente me
acompanha.
Desço as escadas, vendo algumas das
meninas ensaiarem no palco, cumprimento
todas e passo direto para a sala de pole
dance. Eu aprendi o dom da dança aos sete
anos, desde então não parei um só dia.
A dança me acalma. Relaxa-me de todas as
formas possíveis.
Escalo o poste de metal, colando meu corpo
no mesmo, ponho uma música qualquer,
balançando meus quadris sensualmente.
— Hei delícia... O gato chegou. — Saio da
frente do espelho, olhando Magno ajeitar a
lapela do casaco.
Magno é o irmão mais novo de Armando,
era completamente diferente do irmão. E não
era só na aparência. O abraço apertado,
enquanto me analisa dos pés à cabeça.
— Está gostosa... — Diz e bato em seu peito
de leve, sorrindo.
— Também está gostoso. Como estão as
coisas? — O sinto beijar minha testa e sorrir
de leve.
— Está tudo bem...
Helena para ao meu lado e vejo-a fitar
Magno com um sorriso malicioso nos lábios.
— Muito bem, vamos deixar de conversa,
tem clientes loucos para verem a estrela
da Secret Gold em ação!
Solto um beijo para os dois e saio, pondo o
sobretudo por cima da fantasia da noite, estou
de líder de torcida, com uma saia rodada
curta, deixando boa parte do meu bumbum a
mostra, a blusa está com um nó cobrindo a
parte dos seios e deixando a barriga à mostra.
As cortinas se abrem e lá estou eu
novamente, ouvindo os assobios altos, me
deixando absorta. Uptown Funk começa a
soar e ando rapidamente até o palco, o som
da música me embala e começo a rebolar de
costas, dando uma imagem privilegiada do
meu bumbum.

I'm too hot (hot damn)


Call the police and a fireman
I'm too hot (hot damn)
Make a dragon wanna retire, man
I'm too hot (hot damn)
Say my name, you know who I am
I'm too hot (hot damn)
And my band 'bout that money
Break it down

Viro de frente, quase perdendo a coreografia


da dança quando o vejo em pé, me olhando.
Os dançarinos se põem ao meu lado, me
erguendo, enquanto giro com as pernas
esticadas para frente. Meus olhos se prendem
aos dele assim que meus saltos encontram o
chão.
Ele está parado com um copo nas mãos, o
homem ao seu lado fala algo em seu ouvido,
que o faz dar um sorriso perfeito de lado.
Sinto o mesmo arrepio.
Volto a minha atenção a dança, terminando
os últimos acordes da música, viro de costas e
olho para trás, notando os seus olhos presos
ao meu corpo. Um sorriso malicioso se põe
em meus lábios e caminho para fora do palco
com o coração aos pulos.
— Ágata? — Quase pulo de susto, olhando
Magno com uma prancheta nas mãos. — Está
pálida, o que houve?
Um gostoso que não sai dos meus
pensamentos.
— Estou eufórica. — Digo o olhando. — O
que houve?
— Preciso que fique no bar, Helena vai... Vai
fazer... — Semicerro os olhos.
— Fazer sexo? — Digo, vendo-o gargalhar.
— Comigo dessa vez. — Ele pisca sorrindo.
— Vai logo.
— Sabe que fica me devendo essa? — Digo,
saindo para o bar.
Eu sei que não é minha tarefa ficar no bar,
mas para cobrir Helena eu faria o esforço.
Desço para o mesmo, pondo o avental curto
por cima da fantasia. Desço os degraus,
observando os olhos famintos em cima de
mim.
Meus olhos varrem o local e quase caio no
chão por esbarrar em uma montanha de
músculos à minha frente.
— Oh... — Ergo os olhos, sentindo a batida
de o meu coração falhar com a sua respiração
perto de mim.
Era ele. Suas mãos rodeiam s em minha
cintura, a barba por fazer o deixa mais lindo.
Os seus olhos marcantes estão em cima de
mim.
Sinto o seu polegar roçar levemente o bico
do meu seio.
Cretino!
Apenas cravo o olhar ao seu, e meu corpo
rapidamente reage àquela carícia íntima.
Estava sendo traída pelo meu próprio corpo.
Capítulo 3
Ágata
Arfo perto do seu rosto, enquanto sinto
minhas pernas fraquejarem. Tento me
desvencilhar, mas é como se meu corpo não
reagisse ao meu comando.
— Segurei você. — Ele diz com a voz rouca,
fazendo minha espinha se arrepiar por
completo.
Sinto o seu quadril roçando no meu e me
solto ajeitando o avental, ainda sob o seu
olhar pervertido. Percorro o seu corpo
musculoso com meus olhos, fixando o meu
olhar nas tatuagens à mostra pela camisa de
botão entre aberta.
— Obrigada. — Digo com a voz rouca o
olhando. — Com licença.
Saio quase correndo daquele contato
ultrajante, meus hormônios borbulham dentro
do meu corpo e fujo para trás do balcão do
bar.
— Está tudo bem? Está pálida! — Olho para
Angelina, que sorri graciosamente.
Está tudo bem, só um tesão filho da mãe
consumindo meu corpo.
— Está Angel, está tudo bem.
Não estava não. Estou sentindo o perfume
invadindo minhas narinas, meu coração
acelerado e sinto meu íntimo latejar.
Ponho a mão na testa afastando as
gotículas de suor que descem pelo meu rosto,
pego a garrafa de tequila, colocando uma
dose generosa em um copo médio, virando
tudo em seguida. Ele está sentado com um
rapaz, incrivelmente lindo como ele.
— Bonito não? — Olho para Angel, que está
com seu uniforme sexy de bar tender e um
bloquinho nas mãos. — Pediram dois shots de
tequila com limão. Ele quer comer você!
— Angel! Todos querem... — Digo,
enchendo os copos e pegando dois limões, os
partindo. — Para eles, somos apenas pedaços
de carne.
— Eu queria ser devorada por ele como um
pedaço de carne. — Sorrio, enquanto ela
suspira.
Ainda estava sentindo a carícia em meu
seio. Meu Deus.
Esse era o resultado de meses sem sexo.
Continuo fazendo os drinks, eu era boa
nisso, assim que vim para cá passei uma boa
temporada os fazendo. Ponho os copos na
bandeja e a entrego para Angel, que me
devolve no mesmo instante.
— Porque não vai lá entregar? —Angel
arqueia as sobrancelhas.
Sorrio internamente. Tal ideia me faz
arrepiar, eu não esperava ficar tão
desconcertada na frente de um homem, eu
sou segura de mim, mas aqueles olhos nos
meus me deixam...
Meu Deus. Pare Ágata. Pare.
Pego a bandeja nas mãos e sigo até a mesa
onde os dois estão conversando
animadamente.
— Humm... Olha a líder de torcida. — Deixo
a bandeja na mesa assim que seus olhos me
encaram.
— Querem mais alguma coisa? — Pergunto
séria os olhando.
— Você. — Ele diz, pegando o copo na mão
e fixa seu olhar em mim.
Ele era tão sério. Exalava um poder. Os
seus músculos bem definidos estavam
marcados por uma camisa social branca, de
uma renomada marca, estava dobrada até os
cotovelos deixando assim expostas algumas
de suas tatuagens que instigavam a minha
curiosidade para saber onde começavam e
terminavam cada desenho.
— Eu não estou no cardápio senhor... Tem
mais de trinta garotas que ficariam muito
contentes em conhecer o que o senhor tem
para oferecer. — Digo rapidamente, ouvindo
uma pequena gargalhada do amigo ao seu
lado.
Ele semicerra os olhos e fica mais lindo e
gostoso do que já é, ergo o queixo quando ele
crava os olhos aos meus, extremamente sério.
— Não ficaria tentada a ver o que tenho para
oferecer?
Agora!
— Ágata meu amor, está livre do bar. Pode
voltar para o camarim. — Magno nos
interrompe e percebo o olhar dele sobre mim.
— O senhor precisa de algo?
— A quero na cabine privada. — Tiro o
avental, entregando-o para Helena.
Magno nos entre olha e assente.
— Alguma preferência? — Cruzo os braços,
semicerrando os olhos, o encarando.
— Sem a parte de cima. — Ele diz e Magno
me encara sorrindo, saio virando as costas.
Que homem mais petulante!
Gostoso também...
Calma, Ágata. Respire. É só um cliente.
Apenas um cliente.
Entro no camarim, soltando os cabelos e
retirando a pequena blusa, tiro a saia, pondo
um short colado de couro preto. Coloco o,
sobretudo, caminhando até as cabines.
As salas privadas custam mais do que para
entrar na boate, dispõe de um sofá de dois
lugares com um poste de pole dance em cada
cabine, é bem espaçosa para que possamos
fazer vários movimentos, mas sem sexo.
Armando deixava bem claro.
— Ágata! — Me viro fechando a cara, assim
que Magno para ao meu lado. — Cabine seis.
Assinto, passando pelas portas vermelhas.
Entro na mesma, quase desfalecendo,
vendo-o sentado com uma cara de que vai
pular em cima de mim a qualquer momento,
deixo o sobretudo no cabide pendurado na
parede, deixando meus seios à mostra.
A sala parecia ter ficado pequena para nós
dois, o clima intenso logo se instala, assim
que o som começa a soar pelas pequenas
caixas introduzidas na parede, eu ponho as
duas mãos rodeando o metal frio, giro meu
corpo, esfregando-me no mesmo, sob o olhar
faminto no meu corpo.
Não hesite Ágata, está aqui para o prazer,
não a negócios...
Não, não. Estou aqui a negócios, não para o
prazer.
Enrosco meu corpo no pole dance, apoio as
pernas, as esticando em sua direção, suas
mãos estão apoiadas nas coxas, enquanto
cubro os seios com o antebraço, virando de
costas, rebolo até o chão, vendo-o morder o
lábio inferior.
Viro de frente para ele, abrindo as pernas,
desço até o chão lentamente, sob o olhar
faminto.
Os últimos acordes da música acabam,
enquanto meu olhar está preso ao seu.
Minha respiração está ofegante, ele se
levanta, caminhando até mim em passos
rápidos. Ergo-me com o rosto a centímetros
do seu.
— Eu quero muito foder você.
Minhas costas se colidem com o metal frio e
suspiro.
— Não fodo com qualquer um, senhor... —
Digo, erguendo meu queixo.
Seus olhos descem para meus seios e sinto
minhas bochechas queimarem.
Ah, vai corar agora?
Quebro nossa troca de olhares e visto o
sobretudo, chego na porta, mas ele está tão
próximo das minhas costas que sinto sua
respiração.
— Eu não sou qualquer um Ágata. — Sinto o
hálito fresco e meus pelos se eriçam.
Engulo em seco, saindo da sala
rapidamente.

Cheguei em casa, novamente as duas da


manhã e essa noite eu não consegui pregar o
olho. Passei a madrugada toda rolando de um
lado para o outro. Acordei mais cedo que o
normal e aproveitei pra ficar com Helena um
pouco.
Precisei ir à boate à tarde, apenas para
fechar alguns documentos e notas que
Armando fazia questão de estar tudo ok,
coloquei apenas uma calça jeans e uma
regata preta, soltei os cabelos e fui.
Ao chegar à boate me deparo com Magno
me encarando no balcão, ao lado de Evelin.
— Ágata, queria que ficasse aqui no bar, só
por uns minutos. — Reviro os olhos, cruzando
os braços. — Vai chegar uma carga de
bebidas e preciso resolver apenas o
pagamento da Evelin, é questão de segundos.
— Eu vou começar a cobrar hora extra, por
ficar presa aqui. — Digo bufando, enquanto
ele sobe as escadas.
Magno apenas sorri, ele era incrível comigo
e já tinha me ajudado em muitas coisas. E era
o ficante fixo da minha melhor amiga.
Arrumo algumas garrafas na prateleira,
guardo alguns copos e ouço a porta se abrir,
continuo no mesmo lugar e ouço o pigarro
atrás de mim.
— Desculpe... Estamos fechados. — Me
viro, vendo o rapaz loiro, parado me olhando.
Os olhos cravam aos meus e seu sorriso
chega até ser um pouco tímido ao me olhar.
— Me desculpe, eu vim... Você trabalha
aqui?
— Sim... Sou...
— Bar Girl, claro. — Ele responde, me
olhando.
Sou a stripper máster dessa boate. — Um
sorriso se forma em meu rosto pelo
pensamento perverso.
— N—não eu...
— Eu cheguei a pouco de viagem, sou um
amigo do Magno... Estava passando e ele me
disse que estaria aqui. — Ele põe as mãos no
bolso da calça da frente e sorrio.
Ele me parecia familiar. O sorriso.
— Ele está lá em cima... — Mordo o lábio. —
Ele desce logo. Quer tomar algo? Por conta
da casa...
Ele realmente tinha um belo corpo, os olhos
claros se prendem aos meus e sorrio. E ele
assente, se sentando no banco, me
encarando fixamente.
Nossos dedos se tocam por questão de
segundos e o encaro.
— Acabei de chegar da Espanha. Mas
conheço ele há um tempo. — Me afasto e ele
sorri.
Pisco algumas vezes, encostando o meu
corpo no balcão e ele beberica o líquido
âmbar.
— Veio passear? — Indago, mordendo o
lábio e ele nega com a cabeça levemente.
— Vim para ficar... — Diz sério, me olhando
e fixa o olhar em minha blusa.
Apenas desço o olhar acompanhado o seu e
ele sorri.
— Me desculpe. Estava procurando um
crachá com seu nome...
Balanço a cabeça sorrindo.
— Ágata... — Respondo o olhando. — Me
chamo Ágata Mendes.
— Não acredito! — Magno desce as
escadas sorrindo. — Achei que iria vir apenas
mais tarde...
O tal rapaz sorri, me encara e volta a olhar
para Magno.
— Se eu soubesse que ficaria em boa
companhia... Eu teria vindo muito mais cedo.
— Ele me encara e estende a mão a minha
frente.
A seguro sorrindo.
— É um prazer Ágata. Meu nome é Patrick...
Patrick Gonzáles.

Christopher
Aperto a caneta nas mãos, enquanto encaro
os doze homens à minha frente. Estou em
mais uma das reuniões estressantes da
empresa. Desejando sair daqui o mais rápido
possível. Massageio as têmporas, enquanto
Arthur entra na conversa de uma das cargas.
Bato a caneta no tampo da mesa, ao mesmo
momento em que os acionistas se entre olham
atrás de respostas.
— A carga tem um valor alto, não podemos
abrir mão assim tão facilmente. — Arthur me
encara.
— Realmente, acho desnecessária essa
reunião. — Digo, me erguendo. — A carga vai
estar disponível amanhã e vamos cobrir tudo
de qualquer maneira.
Minha voz sai em um tom ríspido, não por
querer, mas sim por ser um homem de palavra
e atitude irrevogável.
Fecho os olhos por um segundo, ouvindo os
ruídos dos acionistas saindo. Lorenzo fecha a
cara, desabotoando os primeiros botões do
paletó e me encara.
— Para que esse mau humor do caralho? —
Viro, o encarando, enquanto Arthur assobia
baixo.
— Não é nada Lorenzo, apenas sabe o
quanto odeio ser contrariado. — Digo, girando
na cadeira. — Se eu disse que a merda da
empresa vai cobrir essa carga, é porque vai!
— Cara, relaxa... É sério, você precisa
transar! — Arthur diz, me olhando.
Não me dou ao trabalho de responder, saio
rumo a minha sala, fechando a porta em
seguida. Estou sentindo uma inquietação
gigantesca desde ontem, aquela mulher está
mexendo com meu psicológico!
O telefone toca e atendo, ouvindo minha
secretária dizer que minha mãe está na linha
um, peço para ela transferir a ligação.
— Christopher é assim que demonstra o
amor pela sua mãe, meu filho? Se
esquecendo dela...
— Oi mãe, estou trabalhando muito dona
Clarisse. — Digo, tirando o blazer e pondo no
encosto da cadeira.
Lorenzo abre a porta e pergunta quem é,
sem emitir som algum, apenas mexo os lábios
falando "mamãe"
Ele apenas me encara, colocando a mão
sobre a testa.
— Quero meus três filhos juntos hoje,
Patrick está embarcando agora à tarde para
Nova York. — Mamãe fala eufórica e sorrio do
outro lado.
— Não precisa dizer duas vezes mamãe,
claro que vamos jantar. — Lorenzo aponta
para si mesmo, voltando a dizer que não com
o dedo.
— Lorenzo está por aí?
— Não mamãe, mas prometo que ele estará
ai.
— Filho da mãe! — Ele grunhiu do outro
lado e sorrio.
— Às oito não esqueçam. Te amo bebê.
— Beijo mãe... — Falo e desligo.
— Eu não vou, sabe que mamãe tenta me
converter à igreja dos homens prodígios e
santos. — Lorenzo cruza os braços e nega
com a cabeça. — Patrick chega hoje?
Assinto com a cabeça, voltando a me sentar.
Patrick é o irmão do meio, nós três possuímos
uma boa relação como irmãos, mesmo tendo
nossas picuinhas de vez em quando.
Mas nada que nos faça ficar brigados por
muito tempo, ou coisa do tipo. Sempre fomos
unidos.
Era algo que nossos pais e tios sempre
fizeram questão, nossa união.
Fazia apenas dois anos que Patrick tinha se
mudado para a Espanha, temos uma filial lá e
ele fez questão de ir no meu lugar, não
pestanejei, prefiro a vida movimentada de
Nova York.
— Foi na boate de novo ontem? — Me viro,
olhando Lorenzo se sentar relaxado na minha
cadeira. — A stripper está mesmo te deixando
louquinho?!
— Lorenzo, eu sou homem, ela
simplesmente encantou meu pau... Apenas
isso. — Digo o olhando sorrir.
— Começa encantando o pau, depois o
coração... Quando você vê, ela vai estar na
sua casa, mandando na sua geladeira e
mandando tirar os pés da mesa de centro da
sala. — Lorenzo diz como se previsse uma
catástrofe.
— Por quê? Já tem alguém encantando
você? — Pergunto com certo tom de ironia,
que o faz se contorcer.
— Praga de urubu pega no olho do seu cu,
Christopher!
Ele é do tipo que curte a vida como se não
houvesse amanhã, assim como eu e Arthur.
Aos 29 anos, ele aproveita como pode. E as
maiores brigas dos nossos pais com ele, são
apenas por um motivo:
Fazê-lo tomar juízo.
Deixo a empresa pouco depois das seis e
sigo para o meu apartamento. É uma
cobertura projetada por um grande amigo,
Otávio Perrot, um engenheiro renomado em
Nova York. A sala é ampla, pensada em cada
detalhe para o meu conforto. Entro no quarto,
abrindo a gaveta do closet e tirando de lá, a
pequena peça de renda preta.
A cinta liga sensual em minhas mãos, me
faz sorrir pelo atrevimento da pequena Ágata.
Eu estava enlouquecendo.
Entro no chuveiro, tomando um banho
rápido, visto apenas um suéter, preto com
listras laranja e visto uma calça jeans escura.
Saio rumo à casa dos meus pais, que fica
mais ou menos, meia hora da minha.
É a mesma casa de quando éramos
crianças, possuíamos lembranças incríveis.
Estaciono o carro em frente à porta e vou
entrando na enorme sala de estar. Dona
Clarisse Gonzáles, está em um perfeito
vestido branco, com os cabelos em tom loiro
acinzentado, parada na enorme sala.
Minha mãe era o meu primeiro amor.
— Estava faltando você. — A
abraço, beijando sua testa, enquanto sorri. —
Está tão lindo meu filho...
— A senhora está bem mais. Onde está o
papai? — Pergunto, olhando Lorenzo erguer o
copo de uísque em minha direção.
— Sabe que Patrício não deixaria de ter um
jantar em família sem um vinho da própria
safra, seu pai está me deixando louca,
Christopher... — Ela põe a mão sobre a testa
e sorrio do modo dramático.
— Mulheres... — Lorenzo diz, revirando os
olhos.
— Patrick não chegou? — Pergunto, me
sentando no sofá.
— Patrício o levou para a adega, age como
se Patrick tivesse passado anos fora.
— Olha quem fala mamãe, a senhora chorou
dizendo para ele nunca mais passar tanto
tempo fora... Que estava até esquecendo o
rosto dele. — Sorrio pelo modo como mamãe
encara Lorenzo, que se cala no mesmo
instante. — Sabe que te amo, né minha
rainha?
— Arthur não veio? Catarina e Thomas não
vão gostar de saber que Arthur está
aprontando horrores.
— Arthur sabe o que é o bom da vida
mamãe...
Me viro assim que ouço as vozes se
aproximando, sorrio me erguendo, assim que
Patrick entra junto de papai.
— Realmente, a Espanha te fez bem,
Patrick. — Digo, o abraçando e ele retribui, me
olhando enquanto sorri.
Ele me encara, batendo em meu rosto de
leve, sorrindo. Somos os mais parecidos tanto
na questão de aparência e personalidade,
herdamos a genética loira da nossa mãe.
— Como está a empresa? Arthur e Heitor?
— Ele nos encara. — Mamãe já me falou que
tia Catarina e tio Thomas estão viajando.
— Heitor acabou de ser formar em
fotografia... Não quis seguir o legado da
família. — Lorenzo se ergue nos olhando.

— Ai Patrício... Nossos três tesouros juntos.


Papai apenas balança a cabeça, sorrindo.
— Estava com saudades desses jantares
em família. — Patrick diz, levando uma
garfada de massa a boca.
Estamos jantando na parte de fora da casa,
como costumávamos fazer antes. Tinha uma
vista espetacular da noite.
— Apenas fiquei chateado por não ter vindo
com alguma companhia... — Papai o encara,
e Patrick apenas o olha sorrindo.
— Depois que acabou o noivado não se
interessou por mais ninguém? — Lorenzo
estrala a língua, o olhando.
— Lorenzo! — Mamãe repreende e Lorenzo
apenas dá de ombros.
— Tudo em seu tempo filho. — Papai falou,
nos observando. — Estamos ficando velhos,
queremos nossos netos logo.
— Concordo com você meu bem, quero ver
meus filhos casados.
— Bate na madeira. — Lorenzo diz, dando
umas batidas na mesa. E papai o encara
sério.
Sorrio de lado. Eu não tinha esse desejo,
não me vejo casado e muito menos sendo pai.
Gostava de crianças. Mas são elas lá, e eu cá.
— Eu não encontrei ninguém séria. —
Patrick dá de ombros.
— Resumo: Comeu todo mundo e não
voltou com ninguém! — Lorenzo gargalha e
mamãe acerta um tapa em seu braço. — Aí
mãe!
— Mais respeito à mesa meu filho.
— E você Chris? Achei que já estivesse com
alguém... — Patrick sorri e eu nego
lentamente.
— Ainda não.
Não faço ideia do motivo, mas a única
mulher que veio à mente era aquela loira de
língua afiada.
— Hoje conheci alguém que me chamou
atenção. — Patrick diz, com um sorriso que é
capaz de iluminar meio mundo.
— Ah pronto... — Lorenzo franze o cenho,
nos olhando.
— Minhas preces foram ouvidas! Quero
conhece-la. — Mamãe diz eufórica.
— Mamãe, apenas me simpatizei com a
moça, parece ser uma boa pessoa. — Patrick
diz me olhando. — É uma Bar Girl!
— Bar Girl? — Papai indaga, o olhando.
Patrick, apenas assente levemente.
— Vou chamá-la para jantar, espero que em
breve vocês a conheçam.
— Agora fiquei curioso para conhecer a
mulher que fez o Patrick acordar para Jesus...
Sorrio, olhando Lorenzo gargalhar.
Mas eu também tinha ficado curioso para
conhecer a mulher que Patrick estava
radiante, apenas em mencioná-la.
Capítulo 4
Christopher
Jogo as chaves em cima da mesa de
cabeceira tirando a jaqueta, ficando apenas de
casaco, passo o polegar pelos lábios, exausto.
Abro a geladeira tirando uma garrafa de
cerveja, bebendo direto do gargalo. Essa
tensão sexual está me consumindo por inteiro.
Aquela loira está realmente mexendo com
todas as cenas proibidas da minha mente.
Eu já namorei bastante na vida, nada de
relacionamentos longos demais, o último
durou dois anos, terminamos numa boa e hoje
somos amigos. Nunca me interessei por
casamentos, mas também não fujo como
Lorenzo. Já Patrick, faz o estilo para casar,
sempre teve desejo de formar uma família e
ser pai.
A campainha soa e me ergo, abro a porta
encarando Megan, com seu decote à mostra e
o batom vermelho chamativo.
— Chris... Passei por aqui e não tinha
ninguém, então resolvi vir agora. — Ela
estende uma garrafa de vinho. — Para
comemorar...
Megan é uma das filhas da amiga da minha
mãe. Ela faz o estilo sexy gostosa, nos
tornamos íntimos. Mas era só sexo. Apenas
um gostoso sexo.
— Entra Megan. — Digo, vendo seu sorriso
se abrir.
— Mamãe disse que Patrick chegou da
Espanha. — Encho uma taça para ela, que
beberica vagarosamente o vinho, Apenas
concordo com a cabeça, não querendo entrar
muito no assunto. — Você não me disse,
gostaria de ter ido ao jantar para revê-lo.
Balanço a taça de vinho e a encaro.
— Foi um jantar de família Megan,
extremamente familiar. — Digo, com a voz
rouca a olhando.
— Claro. — Ela responde sorrindo,
abaixando a cabeça.
Retiro a camisa, ficando com o peito exposto
e vejo o olhar de cobiça de Megan sobre mim.
— Vem logo Megan, sei que está louca para
ser fodida. — Quebro o espaço que nos
separa.
Enlaço sua cintura, beijando seu pescoço.
Ela sabe as regras do meu jogo. Sabe que
não beijo, não que eu seja algum tipo de
germofóbico, só acho beijo íntimo demais, não
gosto de me envolver a esse ponto.
Transar é algo instintivo. Natural. Beijo não.
Acaricio a pele exposta do bumbum
enquanto ela geme contra meu pescoço, os
seios fartos fazem a alegria dos meus dedos
que os acariciam.
Fecho os olhos desejando que os cabelos
castanhos fossem dourados como ouro.
Afasto tal pensamento, quando a mão de
Megan se fecha em meu membro rígido e
desce beijos desavergonhados contra meu
abdômen.
Travo a maxilar quando sinto a sua boca
sugar meu membro para a maciez da sua
boca, não chega a algo que me deixa
desconcertado, mas é um belo de um
boquete!
Era apenas uma diversão.
Observo Megan passar para o outro lado da
cama, enquanto ofega rapidamente. Foi mais
uma seção de trepada alucinante.
— Você estava tão... Tão insaciável Chris...
— Ela passa as mãos pelo meu peito e passo
a língua pelos lábios. — O que te deixou com
tanto tesão assim? Meu vestido?
Imaginei que você era uma stripper...
Sorrio com tal pensamento.
— Tenta outra vez. — Digo, indo até o
banheiro, descartando o preservativo na
lixeira.
E embaixo do chuveiro, tomando um banho
demorado.
Eu preciso tirar essa mulher da minha
cabeça.
Ou transar com ela.
Megan vai embora, assim que retorno do
banho. Caio na cama pelado, dormindo
tranquilamente. Nada melhor que um sono
calmo, depois de uma bela foda.

Pesco uma fatia de queijo a colocando na


boca.
— Preciso fazer o mercado Chris, você está
comendo como um búfalo. — Encaro Rita
sobre a borda do copo de suco.
Rita cuida da faxina da casa e das minhas
refeições, ela se divide três vezes na semana
vem para minha casa e os demais dias cuida
do apartamento de Lorenzo. Ela sempre nos
salva, a mim e ao meu estômago.
— O cartão está na terceira gaveta do meu
closet. — Digo me erguendo, pegando a
pasta.
— Não está na das cuecas não, né?
Traumatizei quando achei aquela peça
indecente, de uma daquelas ordinárias que
você chamou Christopher! — Saio rindo,
ouvindo Rita gritar como uma louca.
Rita é minha segunda mãe, a única mulher,
fora minha mãe, que tem livre acesso na
minha casa. Pego a Mercedes-Benz preta,
saindo rumo à empresa, tamborilo os dedos
no volante impaciente.

Entro na minha sala, vendo Lorenzo junto de


Arthur sentados no sofá no canto da sala,
coloco a pasta sobre a mesa e os encaro.
— Lorenzo, a carga vai chegar daqui a
algumas horas então passam fora da minha
sala! Arthur, você tem três relatórios
importantes para passar para me enviar,
revisados e com observações. — Digo,
retirando o blazer e colocando no encosto da
cadeira.
— Eu perguntei algo para ele? — Lorenzo
indaga, olhando Arthur. — Antes que comece
a gritaria, a carga foi suspensa e só chegará à
tarde.
— Mas que diabos...
— Bom Dia! — Olho para a porta, vendo
Patrick entrar com alguns papéis nas mãos. —
Antes que culpe Lorenzo, eu que pedi para o
Raphael mudar a carga para o período da
tarde, achei meio desnecessário pela manhã.
Semicerro os olhos.
Eu odiava quando passavam por cima das
minhas ordens.
— Patrick, você acabou de chegar da
Espanha, então quem cuida da sede sou eu.
— Bato a mão na mesa o encarando,
enquanto ele estende os braços jogando os
papéis sobre a mesma.
— Não disse que não manda, apenas achei
melhor...
— Tudo bem. Mudou, acabou! Agora parem
os dois. — Arthur se ergue nos olhando.
Solto o ar pesado.
— A carga ia chegar às nove. E vai ser às
nove que ela vai chegar! Eu sou o CEO dessa
empresa desde a aposentadoria do papai,
então não ouse passar por cima do que eu
digo. Nem Patrick, nem vocês!
Eu era muito centrado no que fazia,
principalmente quando o assunto era trabalho.
— Me desculpa Chris, de verdade.
Apenas o ignoro, tentando não xingar.
— Arthur, ligue para Raphael, mudando os
planos da carga completamente. — Sopro o ar
pesado e Arthur se ergue, batendo
continência.
Apenas reviro os olhos e Patrick sai logo em
seguida, me jogo sobre a cadeira, ligando o
computador, para não inflar de tanta raiva.
Já tinha passado um pouco da hora do
almoço quando as batidas leves em minha
porta me fazem desviar os olhos do
computador.
— Entra.
— Chris? — Patrick sussurra, me olhando.
— Vim só deixar uns recibos.
Assinto o olhando.
Eu odiava ficar tanto tempo sem falar com
meu irmão.
— E desculpa de verdade por mais cedo.
— Tudo bem Patrick, estou de mau humor.
— Ele sorri fraco, me olhando.
— É mulher, não é? — Encaro Patrick e
sorrio, negando com a cabeça. — Lembro que
ficou assim, logo quando conheceu Rachel.
— É coisa passageira. — Digo rápido, não
querendo entrar no assunto. — E a sua deusa
dos sonhos?
O sorriso que toma conta do rosto de Patrick
o iluminado.
E ele apenas balança a cabeça me olhando.
— Vou convidá-la para jantar, fiquei sabendo
que era seu dia de folga no bar, então... Mas
não sei se ela vai aceitar. — Patrick dá de
ombros sorrindo.
— Qualquer coisa eu te levo para conhecer
uma boate...
Desculpa esfarrapada para ver a gostosa.
Ele se ergue sorrindo.

— Patrick saiu? — Encaro Lorenzo sério.


— Hum-rum.
Estamos em um bar perto da empresa,
resolvemos apenas tomar uma, para distrair a
mente. Arthur está ao nosso lado, apenas
analisando.
— Saiu para jantar, com a deusa bar girl que
ele conheceu. — Digo tomando o drink todo
de uma vez.
— E quando você vai sair com a stripper?
Semicerro os olhos encarando Arthur com
um sorriso debochado no rosto.
— Stripper? — Lorenzo Indaga.
— Sim, sim... A gostosa. Tem uns peitos... É
Chris, acho que vai ficar para o titio.
Apenas balanço a cabeça, revirando os
olhos.
— Acho que o grande pica máster está
ficando para trás. — Arthur, completa sorrindo.
— Sim, tomou pé na bunda da stripper.
— Eu não estou fodendo ela ainda, porque
não quero. — Respondo encarando os dois,
que seguram uma risada.
Ela estava me tirando do sério com apenas
dois encontros. Que inferno. Era somente o
desafio, o desejo, o tesão e o perigo. Eles
atraem e eu estava atraído.
Arthur começa a conversar sobre algo que
não presto atenção direito. Eu realmente
nunca passei tanto tempo sonhando em foder
uma mulher.
E com certeza, Ágata não vai ser a primeira.

Ágata
— Você acha que eu devo ir? — Pergunto,
me jogando na cama, onde Helena se senta
ao meu lado sorrindo.
— Você está de folga, Ágata... Deveria sair,
é só um jantar... Você nunca sai!
Sopro o ar, mordendo o lábio inferior.
Passei o dia inteiro dormindo e à tarde
recebi uma ligação de Patrick, que me fez um
convite para jantar, claro que tinha dedo do
Magno no meio. Pois, poucas pessoas tinham
o meu número. Mas eu só queria minha cama.
Não queria não, queria estar nos braços
daquele monumento tatuado.
— Helena... Ele é lindo e simpático. Mas
está pensando que sou bar girl. — Me sento a
olhando. — Ele parece ter dinheiro, parece ser
bem culto e reservado.
— Vocês vão apenas se conhecer, Ágata.
Vá apenas para se divertir... Não como a
grande e sexy Ágata Mendes, mas apenas a
minha melhor amiga. Doce e romântica,
Ágata.
Sorrio balançando a cabeça.
Eu tinha direito a escolher ao menos uma
folga por semana, tirando alguns finais de
semana. Depois de seguir o conselho de
Helena, acabo me convencendo e vou parar
embaixo do chuveiro.
Pego um vestido tubinho preto, com um
sapato da mesma cor, discreto. Era o mais
caro que eu tinha.
— Está linda. E sexy. — Helena sorri,
enquanto solto meus cabelos, fazendo-os cair
em mechas onduladas.
— Parece que vou a um encontro. —
Suspiro e a encaro sorrir. — Ai Helena... O
que seria de mim sem você?
— Não queira saber meu amor... — Ela me
entrega o batom e sorrio, passando.
— Não consigo parar de pensar naquele
homem, Helena. — Digo me virando, ela se
senta cruzando as pernas.
— Gostoso, não é mesmo?
E insano também. Descarado.
— O Patrick não é aquele homem das
tatuagens que está tirando seu sossego, por
falar nisso... O nome dele é tão lindo quanto
ele. — Quase quebro o pescoço, virando para
encarar Helena. Termino de passar perfume a
olhando.
— Não me fale, não quero saber! — Estendo
a mão a sua frente e ela gargalha.
O interfone toca e Helena corre para
atender, termino de por algumas coisas na
pequena bolsa de mão, quando ela aparece
sorrindo.
— Ele está lá embaixo. — Reviro os olhos,
beijando sua bochecha e saindo.
Eu não era muito de sair, ainda mais para
jantar. Mas a hipótese de apenas não ser
quem eu era por algumas horas... Dava-me
certa liberdade, saber que Patrick estava me
levando para sair apenas por gostar de quem
eu sou.
Desço para o térreo e sorrio o fitando. Ele
está encostado no carro, às mãos nos bolsos
e um sorriso juvenil estampado no rosto.
— Boa noite! Fico feliz que tenha aceitado
meu convite. — Sorrio, enquanto ele segura
em minha mão, encarando-me de cima a
baixo.
— Está linda.
— Obrigada. Você também. — Olho todo o
seu corpo também. Estava com uma calça
jeans e uma camisa de mangas, dobradas até
os cotovelos.
Ele abre a porta do carro e entro
rapidamente. Era um carro e tanto, uma
máquina ambulante. Uma Ferrari preta,
incrível.
— Gosta de comida italiana? — Pergunta,
me encarando.
— Claro. — Respondo e viro o encarando.
— Amo.
Ele desvia o olhar da estrada e sorri para
mim.
Ele era gentil, além de ser delicado também.
Ao menos por hoje Ágata, só por hoje,
esqueça quem você é.
Era errado? Muito.
Ele achava que eu era alguém, que eu não
era. Mas isso não iria levar a lugar algum
mesmo.
Ele estaciona o carro alguns minutos depois
e vem me ajudar a descer.
— Costumo frequentar esse lugar há muito
tempo. — Ele diz, enquanto um moço nos leva
até uma mesa.
É um restaurante sofisticado, com paredes
de vidro rodeando todo o ambiente.
— Realmente, é um belo ambiente. — Digo
sorrindo.
A hostess nos conduz até uma mesa na
aérea externa. O clima do restaurante é
agradável com uma música lenta ao fundo.
Logo um garçom vem tirar nossos pedidos e
opto por um ravióli de espinafre e ricota com
molho branco já Patrick pede um fettuccine ao
molho de marzano e de entrada ele insiste
que eu experimente um bolinho que ele diz ser
divino chamado Olive all’ascolana. O metre
logo surge em nossa mesa e conversa com
Patrick sobre o vinho que melhor harmoniza
com nossos pedidos, fico apenas observando
a desenvoltura dele ao falar sobre vinhos e
suas safras.
— Não me disse muito sobre sua vida,
Ágata... — Ele diz voltando o seu olhar para
mim, depois que o metre vai.
— Não tem muito que contar. — Digo,
bebericando a água na taça.
Nossos olhares se prendem, por questão de
segundos e sorrio.
— Duvido. Sua vida deve ser cheia de
coisas interessantes. — Ele sorri e balanço a
cabeça o olhando.
Realmente, minha vida tinha coisas
interessantes, mas nada bom. Fui expulsa de
casa aos 17 anos pelo meu pai, que
infelizmente não me entendeu. E comecei a
trabalhar na boate.
Minha mãe ainda mora na mesma casa e
mantém pouco contato comigo, por causa do
meu pai, que não quer me ver nem pintada de
ouro.
— Me conte sobre você, sua vida parece ser
mais interessante que a minha. — Digo, o
vendo sorrir.
— Eu digo algo e você também... Bom, eu
tenho 35 anos... Gosto de coisas simples,
como andar por aí à noite... Coisas simples
me atraem... — Ele sorri e seguro a taça nas
mãos. — Diferente dos meus irmãos, o mais
velho tem uma lista de amantes.
Ele sorri balançando a cabeça.
— E o mais novo? — Sorrio, imaginando se
deve ser tão tímido quanto ele parecia ser.
— Lorenzo é o mulherengo da família. Mas
somos muito unidos.
— Eu sou filha única. — O garçom nos
interrompe, pondo o prato sobre a mesa. — O
cheiro está ótimo.
— Ótimo, é ter sua companhia nessa noite.
Ruborizo da cabeça aos pés, olhando para
ele. E passamos tanto tempo conversando
que nem vi as horas passarem. Falamos
sobre seu trabalho e o quanto ele parecia ser
ligado à família. Isso era incrível.
Coloco uma mecha de cabelo atrás da
orelha, assim que ele para o carro em frente
ao meu prédio, onde ele retira o cinto e fica
sério me encarando.
— Você está entregue. — Sorrio para ele.
— Sim, estou entregue. — O acompanho no
sorriso.
E chegamos naquela cena tão clichê, onde
ficamos os dois parados, um encarando o
outro, no silêncio mortal de um carro.
— Obrigada pelo jantar... — Digo, retirando
o cinto e mordo o lábio.
— Espero que tenha outros. — Ele sussurra
baixo.
Suspiro pesadamente, vendo-o se
aproximar, enquanto ele deposita um beijo na
minha bochecha. O perfume másculo me
invade e ele apenas sorri.
— Tenha uma boa noite, Ágata.
— Você também... Patrick. — Falo, abrindo
a porta do carro e saindo rapidamente.
O encaro acenar e sair arrancado com o
mesmo fico ali alguns segundos, até vê-o
sumir pela rua.
Fecho a porta encostando minhas costas na
mesma e suspiro. Há tempos eu não tinha
uma noite como essa, tranquila e incrível.
Faço movimentos desconexos, tirando os
sapatos, mordo o lábio sorrindo e me jogo no
sofá da sala, suspirando.

Chego à boate pouco mais de duas da tarde,


passei uma noite tranquila de sono. Tento me
equilibrar no poste frio de metal, enquanto
deslizo até o chão. Com um short curto,
cobrindo menos do que deve, giro o corpo
novamente me enroscando, enquanto arqueio
as costas.
Precisava ensaiar para repor as energias,
mais do que isso. Me renovar.
Enrosco-me no metal, colando o corpo no
mesmo, às mãos ágeis me fazendo subir e
descer com maestria. Solto uma das mãos,
arqueando as costas e paro estática.
Me viro com a respiração acelerada,
encarando os braços fortes cobertos com
tatuagens, que me analisava como uma presa
que estava prestes a ser atacada.
Ele apenas se aproxima, sem dizer nada.
Minhas costas se colidem com o metal e
suspiro o olhando.
— O-o que... Que está fazendo aqui? —
Pergunto, semicerrando os olhos.
— Você fica incrível dançando...
Arqueio a sobrancelha, escondendo um
sorriso.
— O que está fazendo aqui?
— Você está me deixando louco. — Ele
segura em meu queixo, fazendo um bico se
formar em meus lábios. — E eu vou foder
você, Ágata. Foder como nunca fodi ninguém
na vida.
Capítulo 5
Ágata
Minha respiração está entrecortada, as
mãos pousadas firmes em minha cintura,
enquanto sinto a ereção dura feito rocha em
minha barriga.
— Como entrou aqui? — Pergunto, quando
sinto a respiração ofegante em meu pescoço.
— Eu tenho meus meios, doce Ágata... —
Abro a boca, travando a respiração, quando
uma mão espalma no meu seio, fazendo o
bico enrijecer no mesmo momento.
Apenas o simples fato do seu olhar estar
sobre o meu, me deixa desconcertada, fora de
órbita!
Como posso sentir esse desejo sexual, por
um completo estranho?
Vamos combinar que não é qualquer
estranho...
— Você não é daqueles que aceitam um
não... — Digo entre dentes, o olhando.
Engulo em seco enquanto ele sorri de lado,
balançando a cabeça.
Um gemido fraco escapa do fundo da minha
garganta, fazendo meu comentário ir para o
espaço rapidamente. Minhas pernas
fraquejam quando sua mão vai para o meio
das minhas pernas e tento me manter de pé.
Agarro as suas mãos por cima da minha
carne, enquanto ele morde o lóbulo da minha
orelha com desejo. Eu preciso empurra-lo
para longe de mim, mas é como se meus
instintos não me obedecessem mais.
— Saia... Daqui...
— Seja mais convincente... — Seu hálito
fresco em meu pescoço, fazem os pelos se
eriçarem. — Diga com convicção e eu saio.
Mordo o lábio inferior, me segurando na
barra de metal, quando sua mão espalma as
minhas nádegas.
Minha carne lateja pelo toque íntimo e
prendo a respiração, desejando que aquele
árduo momento se prolongue.
Viro de frente, encarando o rosto másculo
me olhar faminto, minha boca se abre no
mesmo instante, apenas desejando o contato
da língua com a minha, sentir o gosto de seus
lábios.
Pare de pensar nisso, Ágata.
— Saia comigo, Ágata... Apenas por uma
noite... — Cravo os olhos nos lábios
desenhados.
— Não. — Digo, arqueando as
sobrancelhas, conseguindo quebrar nosso
contato íntimo. Aquele corpo que me atraia
como um imã.
Ele balança a cabeça sorrindo.
Merda, ele está sorrindo!
— Eu adoraria acreditar nas suas palavras...
Ágata. Mas seus poros estão exalando
tesão...
— Engano seu, senhor... — Falo, querendo
nesse momento saber, seu sobrenome,
querendo saber detalhes de sua vida. —
Tesão é normal para uma pessoa como eu.
Tanto causar, como sentir.
Percebo seu maxilar cerrar no exato
momento e o encaro séria.
Deveria estar agarrando ele neste
momento. — Abano a cabeça, espantando tal
pensamento obsceno.
São verdadeiros! Deveria estar nos
amassos, ao invés de ficar tentando negar o
fogo que está sentindo.
— O senhor deveria me deixar ensaiar...
— Eu vou. — Ele passa por mim e no
momento seguinte está com a mão em meu
queixo.
Fito o peito, que está na altura do meu rosto
e volto a encará-lo.
— Engane a si mesma... — Ele sussurra
baixo e abro a boca, quando sinto a língua
estalar em meu queixo, fazendo uma sucção.
— Mas não engana a mim... E não, eu não
gosto de ser contrariado, Ágata. E muito
menos de receber um não, como resposta a
algo que eu anseio.
— Pois acostume- se... — Digo e nem sei se
ele chegou a me ouvir.
Apenas ouço os passos ecoarem para longe
e solto a respiração. Esse homem é louco!
Completamente louco!
— Ágata? — Pulo de susto, pondo a mão
sobre o peito, quando encaro Helena parada
na porta. — Não me diga que foi o...
Christopher que saiu daqui?
— Christopher? — Pergunto, piscando
algumas vezes.
— Aquele monumento de músculos? Ele
estava aqui?
— O nome dele é Christopher?! — Pergunto
e me sento rapidamente.
Eu sabia que o nome seria tão forte, quanto
o próprio.
Se o nome é assim... Imagina o restante.
Não quero pensar! Meu Deus!
— Ágata, você está bem? — Viro, olhando
para Helena e nego com a cabeça, tornando a
assentir no mesmo instante.
— Só estou confusa. Como sabe o nome
dele?
— Ouvi Evelin falar com ele. — Helena dá
de ombros e me encara. — Magno não o viu
entrar aqui, sugiro manter esse pequeno
descuido em sigilo.
— Claro. — Sorrio, respirando fundo.
Inferno. Meu corpo ainda estava trêmulo.
Merda, Ágata. Merda.
Sento- me à mesa, mordendo o lábio,
tentando me controlar. Não é possível estar
sentindo uma atração por alguém assim. Não
é.
— Vocês estavam no amasso! — Helena
aponta um dedo em minha direção. — Não
acredito! Você... Você... Ágata!
— O que?! Ele entrou aqui como um furacão
e veio para cima de mim! — Digo a olhando,
enquanto um sorriso se abre em seu rosto.
— E você bem que gostou! — Ela aponta,
sorrindo.
Quem em sã consciência não gostaria?!
— Helena, chega! Vou terminar de ensaiar,
sabe que tenho despedida de solteiro hoje e
exige muito de mim. — Digo e desço da mesa.
— E o Patrick? — Me viro a encarando. —
Não me contou como foi o jantar...
Sorrio de lado e reviro os olhos, a
companhia de Patrick na noite passada foi
magnífica, ele é daquelas pessoas que você
quer passar a noite inteira conversando,
porque nunca se cansa. Abano a cabeça em
negativa, eu não quero me envolver com
ninguém agora, acho que nem tão cedo.
— Ele é magnífico, tá bom. Daquelas
pessoas que você passa horas conversando e
nunca é o suficiente. — Digo e vejo Helena
sorrir.
— Hum...
— Ele me levou em casa, nos despedimos e
só. — Digo me aquecendo, enquanto dobro os
braços, tornando a abrir em um alongamento
demorado.
— Só?! Não saiu nem um beijinho? —
Sorrio, vendo Helena formar um bico com os
lábios e juntar as mãos com movimentos de
beijos.
— Não. Ele é um cavalheiro.
Pena que você prefere o cafajeste!
Eu não ia negar que Patrick é atraente e
sexy também. Mas não chegava nem perto do
que... Christopher fazia comigo. Abano a
cabeça, voltando a me concentrar nos
movimentos, antes de me enroscar no pole
dance.
Duas pessoas completamente diferentes.
Que estavam fazendo minha cabeça girar com
mil e uma perguntas.
Passei horas treinando, logo depois, fui
ajudar as meninas com os figurinos, no
camarim. Reservo um espartilho preto com
cristais brilhantes e a calcinha, pondo em cima
do sofá, separo as sandálias no mesmo lugar.
— Você se acha demais né? — Olho Evelin,
de braços cruzados e sorrio.
— Você tem inveja demais né?!
— Ágata, Ágata... Você ainda está aqui
nessa boate, por causa do Armando. Eu vi
você de amasso com um cliente...
— Ah, desculpe... Ele era seu cliente,
querida? — Cruzo os braços, imitando seu
gesto. — Porque quando ele estava tentando
transar comigo, nem mencionou seu nome.
Evelin é o estilo siliconada, muito bonita por
sinal, mas nunca nos demos bem, desde que
cheguei aqui e tomei seu lugar, ela pensa isso
no caso. Mas eu também não tento mudar a
situação.
— Você sabe que vai ter volta, não é porque
dormiu com Armando algumas vezes, que vai
garantir seu lugar...
— Evelin, eu só vou te dizer uma única vez,
então guarde bem: Não se meta comigo! Faça
seu trabalho e deixe o meu! — Digo, pegando
minha bolsa, enquanto sinto o olhar fulminante
direcionado a mim.
— Armando vai saber o que você fez. — Ela
diz, entre os dentes.
Saio da sala sem responder ao seu
comentário, me despeço de Helena e das
outras; vou rumo ao meu carro estacionado na
parte de trás da boate. Olho no relógio, vendo
que ainda tenho quase três horas até estar na
aqui novamente.
Piso firme no acelerador enquanto tamborilo
os dedos no volante, estaciono na calçada de
um café, que fica a meio quilômetro do meu
apartamento. Visto o casaco, para ficar mais
composta no ambiente e entro.
Sento em uma mesa, olhando as janelas de
vidro e peço um cappuccino light, para tentar
me acalmar.
— Ágata? — Viro o meu rosto para ver
quem me chama e encontro um Patrick
sorridente ao meu lado.
— O-oi... — Digo me erguendo, enquanto
ele beija minha bochecha. — Que surpresa...
— Vim tomar um café com meu irmão
caçula. — Ele aponta com o queixo e olho,
vendo um par de ombros cobertos por uma
jaqueta de couro, ele está de costas e sorri
para uma atendente que está de frente para
mim, mas está tão vidrado na moça, que nem
me encara. — E você? Só veio tomar um
café?
Sorrio o olhando.
— Um café rápido. Eu tenho trabalho hoje...
— Ah Claro. — Ele sorri, me fitando. — Foi
bom ver você! — Mordo o lábio, pegando o
copo nas mãos e sorrio.
— Digo o mesmo. Bom... Eu vou ter que ir.
— Eu posso... te ligar amanhã?
Ah Patrick, eu não quero te enganar ou
coisa do tipo. Nem me envolver.
Mas ao contrário, apenas sorrio assentindo,
me despeço e paro, me virando enquanto ele
ainda está parado.
Aceno com os dedos entrando em meu carro
e indo para casa.

Christopher
Encho o copo de Bourbon, enquanto
desabotoou o blazer, estou em meu
apartamento, esperando Patrick chegar com
Lorenzo, para sairmos para um bar, não
fizemos isso desde que ele chegou de viagem.
Retiro a peça do bolso, sorrindo de leve,
imaginando os longos cabelos loiros. Em
pensar que ela estava tão entregue. Olho o
elevador abrir e Patrick aparecer com algumas
sacolas nas mãos, junto de Lorenzo que
segura um copo de café.
— Eu não vi, já disse que estava de olho nos
peitos da garçonete. — Lorenzo diz, sentando
ao meu lado.
— Não viu quem? — Pergunto, olhando
Patrick pôr as sacolas na mesa.
— O tal anjo loiro dele, estávamos no café
quando ele a encontrou.
Sorrio abanando a cabeça.
— Saímos para jantar ontem, foi incrível.
— Ah velho, ele tá muito gamado! —
Lorenzo fala, quase cuspindo o café que
estava em sua boca. — Daqui a pouco vai
falar com aquelas vozes irritante de bebê
gripado!
Gargalho olhando Lorenzo falar com raiva,
sempre me diverti com suas palavras
românticas em relação ao amor.
— O deixa em paz, Lorenzo. — Volto a
encarar Patrick, que sorri como um idiota. —
Realmente, ela está mexendo com você, não
é?
— Parece loucura, mas está sim. — Lorenzo
revira os olhos e sorrio. Voltando a atenção
para Patrick.
Eu poderia dizer que é loucura dele, se
sentir atraído por alguém que acabou de
conhecer, mas quem sou eu?! Um fodido, que
está com tesão por uma stripper!
Uma maldita e gostosa stripper!
Espero Lorenzo pegar a sacola e saímos
rumo ao bar, fomos no meu carro, já que
Patrick é o único que não vai beber. O bar é
algo familiar que costumávamos sempre vir
aqui em folga ou algo do tipo. Encontro Arthur
junto de Matt, na mesa acenando.
— Olha os frescos! — Lorenzo, aponta com
o queixo.
— Eu falei que era melhor a gente ter ido
para a Secret Gold, lá tem mulher pelada! —
Arthur reclama, sorrindo.
— E por que não vamos? — Indago,
chamando o garçom. — Uma dose de uísque.
— Está fechado, despedida de solteiro de
um fulano. — Ele diz nos olhando.
— Eu fui lá uma vez, meu amigo Magno, é
irmão do dono. — Olho para Patrick, que
continua falando. — Acho que podemos ir lá.
Apenas observo o líquido âmbar no meu
copo, mantendo minha mente o mais distante
possível.
— Como está a caça a stripper popozuda?
— Arthur pergunta, acompanhado de um
sorriso de Lorenzo.
— Ele está de mau humor, o que significa
que nada de boceta!
— O que foi? Está dizendo que tentou
pegar a stripper? — Matt indaga, viro o
pescoço o olhando.
— Eu preciso ver essa danada, todo mundo
a conhece? — Lorenzo pergunta, com os
olhos dançando sobre todos nós.
— Ela é um furacão, um tesão de mulher.
Apenas concordo com a cabeça, um
sentimento de posse me invade e mordo o
lábio.
— Querem que eu faça o que? Nós quase
transamos hoje. — Dou de ombros, tomando o
líquido de uma vez só.
— Quase, o que significa que não transou.
Rolou chupada no pau?
— Não.
— Dedada na Boceta?
— LORENZO, estávamos em um local não
reservado. — Digo, o encarando.
— Velho, eu trepei no banheiro do avião,
com a aeromoça! Isso é local não reservado.
— Patrick encara Lorenzo e todos
acompanham o olhar. — O que foi?
— Mulher tem que ser bem comida, quando
eu transar com ela, vai ser numa cama
enorme e em um quarto confortável. E ela vai
sair de pernas bambas. — Digo, brindando
junto de Arthur, que sorri.
— Vamos fazer um brinde. — Patrick, diz
sorrindo e erguendo o copo. — A trepada mais
esperada do ano!
— A trepada mais esperada do ano! —
Acompanhamos juntos e logo depois ouvindo
o tintilar dos copos.
Chegamos em casa um pouco mais tarde
que o esperado, Patrick resolveu dormir na
casa de mamãe e Lorenzo, resolveu sair do
seu antro de perdição e ir dormir no quarto de
hóspedes da minha casa. Temos nossos
respectivos apartamentos, mas o único que
prefere a casa dos nossos pais é o Patrick.

Espeto o garfo na panqueca, enquanto Rita


põe um ovo mexido em meu prato.
— Vou sair mais cedo hoje, tenho que
passar no apartamento do Lorenzo, aquilo lá
está uma zona. — Rita diz e sorrio sobre a
borda do copo.
— Ele está lá em cima no quarto de
hospedes, então lá deve estar uma zona
mesmo.
— Aquilo lá é pior que cabaré.
— Esse cabaré é novo? — Lorenzo entra na
cozinha se espreguiçando, usando só uma
cueca boxer.
— Você mora lá! Cobre esse corpo menino,
tenho idade de ser tua mãe!
— Calma Rita, você já me viu pelado várias
vezes... — Lorenzo senta e pega meu prato,
comendo os ovos mexidos. — Estou varado
de fome.
— Isso era meu. — Digo o olhando com cara
de poucos amigos.
— Era. Tá indo para a empresa agora?
— Vou, tenho que ler alguns relatórios
importantes e mandar uma carga. — Limpo a
boca com o guardanapo e me ergo.
Pego a pasta, entrando no elevador, encaro
o relógio no pulso me sentindo impaciente.
Chego à empresa pouco mais cedo que o
habitual, indo direto para minha sala.
— Chris? — Olho Patrick, que põe a cabeça
para dentro da sala, me olhando. —
Ocupado?
— Vendo alguns papéis. O que houve? —
Pergunto, quando ele entra acariciando os
cabelos.
— Não quer ir comigo até o café hoje à
tarde? Ela me ligou e pediu para eu ir vê-la,
achei que como quer conquistar alguém da
boate... Ela poderia levar uma amiga.
Um sorriso se forma em seu rosto e dou de
ombros, nunca curti nada arranjado e não vai
ser agora que vou curtir. Mas óbvio que não
vou falar isso para meu irmão.
— Tenho tanta coisa para fazer hoje,
Patrick... Mas quem sabe não passo por lá,
para ver seu anjo. — Sorrio o olhando.
— Quero te apresentar. Estou indo na minha
sala, qualquer coisa me chama.
Ele se retira e balanço com a cabeça. Eu
realmente espero que essa paixão dê certo
para ele, Patrick era o mais calado de nós.
Depois do término do noivado, ou quase
noivado. Ele não gostava de falar muito sobre
o assunto e para ser sincero, nem nós
gostávamos.
Vou até a janela, olhando a vista do centro
Nova York agitado solto um suspiro pesado.
Fecho os olhos, só imaginando o par de
pernas que estava me enlouquecendo.
Aquela mulher era o próprio capeta, me
tirando de órbita.
Mas ela seria minha. Ou não me chamo
Christopher Gonzáles.
Capítulo 6
Christopher
— Patrick ia te levar para onde? — Ergo
os olhos, encarando Lorenzo.
— Cafeteria, para conhecer o anjo dele. —
Digo, o observando mexer a caneta entre as
mãos.
Lorenzo sorri e volta a pegar o celular,
digitando alguma mensagem. Eu preferi não
sair com ele; estou atolado em trabalho.
Apenas volto minha atenção para o
computador, observando os relatórios.
E foi com esse esforço e dedicação que
consegui dobrar o patrimônio da família em
menos de cinco anos, temos três filias
Petrolíferas; papai se aposentou cedo demais,
me passando assim o cargo de CEO, que o
executo com tudo de mim.
Entrego os papéis para Lorenzo assinar, ele
como diretor administrativo analisa tudo com
cuidado.
— Acha que temos que despachar uma
nova carga? — Lorenzo indaga.
— Não, essa que mandamos foi o suficiente.
— Digo, ele se afasta e sai.

Já passavam das 19 horas, a empresa já


está quase vazia, exceto por mim e por
Lorenzo, que está trancando em sua sala. Dou
dois toques, abrindo a porta e paro, vendo
Lorenzo sorrir ao segurar o celular no ouvido.
— Oh, claro que sim... — Ele dá uma pausa,
olhando no relógio em seu pulso e girando a
cadeira me encarando.
— Quem é? — Pergunto em um sussurro.
— Lana dos peitões. — Ele diz, afastando o
celular, sem emitir som algum. — Vou chupar
tanto seus peitos, que minha língua vai ficar
dormente.
Sorrio de lado, me despedindo com um
aceno de cabeça, pego meu carro, pisando
fundo no acelerador, enquanto sigo rumo à
casa dos meus pais. Estou tentando controlar
minha vontade de jogar tudo para o alto e voar
naquela boate; mas o orgulho de macho alfa
não me deixa fazer isso.
Porém, me esqueço desse detalhe, quando
meu carro para em frente à boate, as luzes
ofuscantes nublam minha visão, entro mirando
os olhos instantemente no palco, vendo seus
movimentos sinuosos. Engulo em seco,
quando seus quadris rebolam de lá, para cá,
fazendo o delírio dos clientes.
Ela está linda.
Usando uma espécie de espartilho que tem
babados, que mostra parte da pele alva. Cerro
o punho, não sabendo se de raiva por vê-la
quase seminua em um palco ou se de raiva
por dela não ter cedido a mim.
Nenhum, é apenas tesão encubado.
— Senhor, vai querer alguma coisa? —
Pisco os olhos, reparando na linda ruiva ao
meu lado. — Ou alguém, para ser mais
exata...
Semicerro os olhos e percebo que foi a
garota que transei no dia da despedida de
solteiro de Joe. Sorrio de lado, enquanto ela
continua parada.
— Um uísque. — Digo a observando erguer
a mão para a outra garota no bar.
— Sua perseguição está ficando clara
demais para a pobre Ágata. — A ruiva
sussurra e vejo Ágata perceber minha
presença, enquanto retira uma fita de seu
espartilho. — Pena que ela já tenha outros...
Seu comentário me faz encara-la, enquanto
põe a unha na boca mordendo levemente.
Pego o copo das mãos da garçonete,
tomando um gole generoso, que desce
rasgando minhas entranhas.
— O que acha que ganha com isso?
— O que?! — Pergunta sorrindo, enquanto
aponto para Ágata que termina seu show,
jogando a cinta liga na direção dos clientes,
deixando metade dos homens eufóricos.
Contando comigo, é claro.
Ela era um tesão.
— Estou com um puto tesão por Ágata, ela
pode ter mil e um caras... Mas ela vai para a
minha cama. — Ponho o copo vazio na mesa,
em seguida, segurando em seu queixo, digo:
— Nada... Nada do que você me falar, vai
mudar o que meu pau quer... E não é você
delícia. Até mais.
Não pude negar a raiva que me subiu à
cabeça, mas parece realmente que ela tem
alguém; só que isso não me impede de ter o
que quero.
Meu celular vibra, encaro o nome de Patrick
no visor, ignoro. Saio sorrateiramente para os
fundos da boate, estacionando o carro um
pouco mais distante. Estou agindo como um
psicopata.
O que uma boceta não faz. — Abano a
cabeça, afastando meus pensamentos.
Estou quase desistindo, depois de duas
horas incansáveis dentro do carro, observo
Ágata acenar para alguém e logo entra no
pequeno conversível vermelho, saio do meu
carro e em um segundo estou abrindo a porta
do dela, sob seu olhar espantando.
— Oh meu Deus! Você quer me matar? —
Exclama, pondo a mão sobre o seio, a blusa
de seda deixando o decote à mostra,
enquanto controlo minhas mãos.
— Só se for de prazer. — Digo baixo,
olhando para ela, enquanto passo o polegar
pelos seus lábios avermelhados.
— O-o que está... Fazendo? — Pergunta,
enquanto consigo enlaçar a sua cintura.
Eu queria responder, realmente, mas a
verdade é que nem eu sabia o que estava
fazendo. Eu nunca me peguei perseguindo
uma mulher para leva-la para cama, isso está
me deixando tão puto.
Eu a queria. Eu a queria muito. Era um
desejo, uma ânsia.
Sem responder, levo uma mão até a sua
cintura, descendo até chegar à abertura da
saia justa ao corpo. As respirações estão
ofegantes, estou prestes a colar minha boca
na dela provando de seu gosto. Mas apenas
chupo o lábio inferior, mordiscando levemente,
ela geme contra meus lábios e isso me
incentiva a continuar.
— Eu estou louco de desejo Ágata... —
Digo, enquanto mordisco seu queixo,
passando a língua logo em seguida.
Meu pau quase estourando dentro da calça,
ofego contra seu rosto quando sua mão se
fecha no mesmo, fazendo com que quase
rasgue o tecido.
— Eu também... — Diz, pegando em meus
cabelos, entre abrindo os lábios.
A boca tão perto da minha.
Tão próxima...
— Eu não beijo. — Digo, tentando controlar
meu próprio coração, que teima em galopar no
peito. — Mas irei chupar cada pedacinho do
seu corpo... Do dedo do pé, até a pontinha da
sua orelha...
Mordisco seu pescoço, enquanto ela afunda
as mãos dentro da minha camisa.
— Vamos sair daqui. — Digo a olhando.
— Eu... — Ela começa, mas para e me
encara, piscando várias vezes. — Não é uma
boa ideia, Christopher. Eu mal te conheço...
Eu...
Seguro em seu queixo, sorrindo, enquanto a
encaro.
— Acho que é isso que deixa tudo mais
intenso. — Sussurro no ouvido dela. — Me
deixe ao menos te levar em casa...
Eu nunca em minha vida pensei em me
prestar a um papel desses.
— Eu não sei...
— Por favor, Ágata. — Peço, enquanto ela
assente, depois de relutar.
Eu sabia que ela estava com tanto desejo,
quanto eu. Era nítido a tensão e o desejo que
exalava de nós.
Fazemos o caminho em total silêncio, até
que paro em frente ao prédio de classe média,
até que era bonito.
— É aqui que se esconde? — Sorrio e ela
retira o cinto me olhando.
— Aqui que eu me liberto. — Diz baixo. —
Quer entrar?
Sorrio, abrindo a porta. Era um prédio
localizado em um bairro pacato, o mesmo era
bem decorado e bonito. Ela coloca as chaves
sobre o aparador e eu coloco as mãos sobre
os bolsos a observando.
— Quer tomar algo?
Apenas venço o espaço que nos separa e a
empurro contra a parede, enquanto ela enlaça
as pernas torneadas em minha cintura.
— Christopher...
Meu nome saindo de sua boca, me faz
apenas soltar um palavrão rouco. Ergo seus
braços, enquanto beijo seu pescoço, voltando
a chupá-lo e mordiscar, ela arranha minhas
costas, me fazendo erguer os quadris,
esfregando a ereção em sua cintura. Minha
camisa é facilmente descartada, enquanto
arranco a sua, não tão gentilmente assim.
Estou mais feliz que pinto no lixo.
— Oh meu Deus! — Um grito fino me faz por
Ágata, rapidamente no chão, enquanto tento
cobrir minha ereção quase à mostra.
— Hãm, Helena... Nós estávamos... Eu...
Nós... — Ágata tenta falar, ao mesmo tempo
em que me encara.
A pobre garota ruboriza, enquanto cobre os
olhos com as mãos.
— Está tudo bem, eu vou para o quarto. —
Diz, passando como um foguete por nós dois.
Sorrio a olhando.
Pego a camisa jogada no chão, me
controlando para não chamar um palavrão.
Ágata está sorrindo como uma criança,
descendo a saia sensualmente.
— Me desculpe... Eu...
— Está tudo bem. Eu... Eu preciso ir.
Ela me leva até a porta e me encara se
encostando na mesma, varro seu corpo com o
olhar.
— Eu sinto muito... — Sussurra baixo.
Pego em seu queixo, enquanto fito seus
olhos.
— Sabe que não vou desistir tão fácil assim,
não é? — Pego em seu queixo, a olhando. —
Não quer ir à minha casa?
Ela sorri mordendo o lábio e nega com a
cabeça rapidamente.
— Estarei de folga depois de amanhã, quem
sabe. — Diz, me olhando séria e logo depois
passa o polegar pelo meu lábio, me deixando
tenso, ao mesmo tempo em que o trinco.
— Me dê um bom motivo para não te
arrastar até lá, agora. — Digo, encostando
meus quadris em sua barriga.
— Christopher... — Franzo o cenho,
sentindo meus testículos se contraírem, pelo
simples fato de ouvir e ver meu nome sair tão
sensualmente de sua boca.
Porra, Ágata! Porra!
— Você não está ajudando Ágata... — Digo,
vendo seu sorriso malicioso. — Estou indo,
antes que perca a cabeça e te carregue nos
braços e te foda até perder os sentidos.
Me afasto e ela acena, fechando a porta
logo em seguida.
Ela está me deixando maluco.
Completamente.
Ela é como um furacão.

Ágata
Apoio o meu corpo na parede, limpando um
fio de suor que teima em descer entre o vale
dos meus seios, ofego, pondo a mão sobre os
mesmos.
Por um triz... Por um triz não me entreguei a
ele, sem nenhum remorso.
Estou me sentindo uma vaca.
Por querer dar para aquele gostoso?!
— Helena Torres! — Não sabia se batia
nela, ou a agradecia.
Caminho em disparada, entrando no
pequeno quarto, onde Helena sorri sarcástica,
enquanto põe algumas peças de roupa em
uma bolsa.
— Não tive culpa, Ágata. — Ela esconde um
sorriso e não sei dizer se parte de mim está
aliviada, ou chateada.
— Eu sei que não. Está de saída? —
Pergunto.
— Vou dormir com o Magno. — Abro a boca
no mesmo instante a olhando. — Ele poderia
ter ficado...
Ergo-me a olhando e nego com a cabeça.
— Vai que isso seja um sinal do além, para
não ficarmos juntos. — Digo, dando de
ombros.
— Desculpa mesmo, Ágata... Eu juro que
não queria atrapalhar.— Apenas faço que sim
com a cabeça, olho ela e a abraço apertado.
Helena é a minha melhor amiga de verdade,
eu jamais iria ficar magoada com ela. Meu
coração ainda está disparado, daquele modo
que nos deixa desconcertada, eu tinha
praticamente passado o dia inteiro pensando
nele.
— E Patrick? — Abano a cabeça, olhando
Helena cruzar os braços e me encarar.
— Nós tomamos um café e ficamos
esperando o irmão dele aparecer, disse que o
fulano está afim de uma das meninas da
boate. — Digo, com pouca importância.
— Já contou para ele a verdade?
Nego com a cabeça. Patrick ainda não sabia
que eu era stripper e, toda vez que estava
prestes a contar, perdia a coragem. Não me
envergonho do meu trabalho, só que ele
parece ser aquele tipo de homem correto
demais.
E isso me fazia desistir no meio do caminho.
Passamos uma tarde agradável, eu gostava
de sua companhia, mas Christopher tinha
aquele ar, que me deixava trêmula apenas
pelo seu olhar.
— Vai curtir sua noite, Leninha... — Digo,
pegando em seus ombros, enquanto a
empurro porta a fora.
— Vai ficar bem mesmo? — Pergunta, se
virando.
— Depois de ter acabado com meu tesão,
acho que sim. — Digo sorrindo, enquanto ela
revira os olhos. — Pode ir.
— Besta. — Beija minha testa e logo sai,
cantarolando.
Mordo o lábio inferior, enquanto vou até o
banheiro pondo a banheira para encher, eu
não poderia enlouquecer agora.
Não mesmo.

Acordo ouvindo o barulho ensurdecedor das


buzinas jogo o cobertor no chão enquanto
esfrego os olhos. Vou para o banheiro fazendo
toda minha higiene, olho no relógio, vendo que
já passa do meio dia.
Abro a geladeira, tirando o queijo e presunto,
pondo entre duas fatias de pão, coloco na
sanduicheira e espero o mesmo ficar pronto.
Sento no sofá, comendo tranquilamente,
quando a porta se abre e Helena aparece
junto de Magno com um sorriso estampado no
rosto.
— Acabou de acordar? — Magno me
pergunta, sentando ao meu lado, enquanto
retira o blazer.
— Fui dormir tarde demais ontem. — Digo,
mordendo meu misto, sob o olhar pidão dele.
— Claro que foi. — Helena, diz sorrindo.
— Hum... Senti um tom malicioso aí. —
Magno diz, me dando um cutucão.
Olho para Helena, que sorri e acabo os
ignorando. Passei o restante do dia em casa e
fui para a boate de tarde, ensaiar. Novamente
tinham duas despedidas de solteiro, que iam
acabar com meus pés e meu corpo.
Eu estava tentando evitar Patrick ao
máximo, por vergonha e pelo fato de estar
atraída por outro, que era totalmente incerto.
Ele veio na boate e insistiu para que eu fosse
jantar novamente com ele, eu acabei
aceitando, apenas para dar um fim no que já
nem deveria ter começado.
Termino de pôr os brincos, enquanto passo a
mão no comprimento do vestido tubinho
vermelho, os saltos nude e meus cabelos
estão soltos; passei um batom, também
vermelho, nos lábios.
— Já vai? — Helena grita, enquanto termino
de por algumas coisas dentro da pequena
bolsa de mão.
— Hum-hum, estou levando minhas chaves.
— Digo, batendo a porta e descendo.
Ele está lá, parado dentro do carro. Sorrio,
entrando no mesmo.
— Está linda. — Diz me dando dois beijos
em cada lado.
— Obrigada, também está magnífico.
Sorri de lado, enquanto dá partida no carro.
Passamos do centro da cidade e fiquei meio
envergonhada de perguntar, mas ele parece
entender meu embaraço, pois logo diz:
— Estamos indo jantar em meu
apartamento, espero que goste. — Diz me
encarando. — Me desculpe por não te avisar...
— Tudo bem. — Mordo o lábio, o olhando.
O carro para logo em seguida, me fazendo
admirar o luxuoso condomínio, com três torres
brancas decoradas com letras azuis. Ele
desce do carro assim que estaciona e dá a
volta, abrindo a porta para mim.
— É lindo Patrick. — Falo, admirando o
mesmo.
Era muito errado sair com alguém tão legal
como ele e pensar em outro, o pensamento
me traía a cada instante. Estava tentando
relaxar, mas estava difícil.
Entramos no elevador e logo as portas se
abrem, olho a sala luxuosa, observo os portas
retratos e o vejo acompanhado de um casal
mais velho, que imagino ser seus pais.
— Esses são Clarisse e Patrício, meus pais.
— Diz sorrindo com orgulho.
Logo, puxa outra foto, onde cinco rapazes
jovens estão sorrindo, com uma garrafa de
alguma bebida nas mãos.
Semicerro os olhos, julgando já ter visto dois
daqueles rostos.
— Esses são meus irmãos, Lorenzo e Chri...
— Ah, que fofo. — Me abaixo, acariciando o
enorme e lindo cachorro, que chega latindo
docemente em meus pés.
— Esse, é o Lake. — Diz sorrindo, enquanto
me agacho na frente do pastor alemão, que
passa a língua em minha mão. — Ele gostou
de você.
Sorrio o olhando.
— Vamos para a cozinha, não sei se a
comida está tão boa.
A cozinha é digna de cinema,
completamente linda e moderna. Ajeito-me em
uma banqueta perto do balcão enquanto ele
pega duas taças as enchendo de vinho, levo a
boca, bebericando, enquanto sinto o aroma
preencher minhas narinas.
— Você cozinha, então...
— Eu me arrisco. — Ele sorri, me olhando.
Ele se vira e logo traz uma travessa com um
peixe rodeado de legumes, e sorri enquanto
me serve. Experimento soltando um: Hummm.
— Fico feliz que tenha gostado. — Diz me
encarando, me fazendo desviar o olhar. Põe a
mão sobre a minha e sorrio fracamente.
— Patrick, nós temos que conversar...
— Ágata...
— É sério. Precisamos mesmo. — Indago,
engolindo em seco.
Não queria magoa-lo. De modo algum.
— Está tudo bem, Ágata... Quero apenas
aproveitar a sua companhia nessa noite
incrível. Prove os legumes... Acho que vai
gostar.

Estamos sentados no tapete da sala, ele


conta uma de suas aventuras na Espanha,
balanço a taça o olhando e de repente, ele me
fita muito sério.
Eu não podia negar que ele era lindo e
incrivelmente sexy.
Fico nervosa quando sinto seu rosto perto
do meu, os lábios tão perto, enquanto ele
passa o polegar pelo mesmo e fico tensa o
olhando.
— Patrick... — Sussurro baixo e ele acaricia
meu rosto demoradamente.
— Você é incrível... E linda. — Sorri,
passando o polegar pelos meus lábios os
entre abrindo.
Eu não era nenhuma criança inocente e não
estava traindo ninguém.
Era errado. Imensamente errado.
— Eu quero muito te beijar, Ágata. Sentir o
sabor desses lábios...
Sinto o hálito soprar em meus lábios e fecho
os olhos, sentindo-o colar os lábios aos meus,
lentamente.
O beijo é casto, a língua firme se enfiando
em minha boca, com uma urgência intensa.
Nossas bocas entrando em uma luta frenética.
E por um momento, consigo pensar somente
nele.
Abro a boca, tornando a fecha-la, enquanto
Patrick me puxa para seu colo. As mãos
pousadas em meus ombros, enquanto suga
meu lábio com volúpia e uma fome absurda.
— Você é linda, Ágata... — Ele sussurra me
olhando e baixo os olhos o encarando.
As mãos descem a alça do meu vestido,
enquanto ele deposita um beijo demorado em
meu ombro.
Abaixo os olhos, suspirando, o olhando
sorrir.
O que tinha de errado me entregar para ele
ali?! Nada.
Mas por que eu não conseguia?
Sinto o volume da calça em meu quadril e
suspiro, colando minha testa a sua.
— Eu quero tanto fazer amor com você... —
Admite me olhando, enquanto morde o lábio.
— Patrick... Eu...
— Você me deixa louco, Ágata. Desde o
primeiro dia em que te vi. — Sussurra arfante.
Ainda estava em seu colo, às mãos estavam
pousadas em minhas pernas, em uma caricia
lenta.
— Não precisa falar nada...
— Patrick... — Começo, mas ele coloca os
dedos sobre meus lábios.
— Shiiiu... Só me beija. Apenas. —
Sussurra, colando a boca na minha.
E arfo, enquanto ele suga meus lábios
rapidamente, as mãos se emaranhando em
meus cabelos, me puxando mais e mais para
si.
Até que se deita no tapete, me puxando para
cima do seu corpo, a mão apoiada em minha
coxa, afastando-as.
— Patrick... Eu... Eu não posso. — Sussurro
e ele sorri me olhando.
— Eu também não. — Franzo o cenho, o
olhando. — Quero muito fazer amor com você
Ágata, mas não assim... Não de qualquer jeito.
Você merece mais.
Engulo em seco, enquanto ele me puxa para
seu peito.
— Fique apenas aqui... Eu quero sentir seu
corpo junto ao meu mais um pouco.
Apenas beija minha testa demoradamente e
ficamos ali, conversando, por horas, deitados
no chão, olhando as luzes piscantes de sua
sala de estar.
Mas o efeito do vinho e o sono me venceram
e só me recordo de ouvir Patrick, me
chamando distante. Mas o sono tinha me
vencido.
Abro os olhos, piscando algumas vezes,
tentando me acostumar com a luz que entra
pela fresta da janela. Minha cabeça doía um
pouco, afasto o lençol rapidamente.
Estava no quarto do Patrick!
Droga.
Não fazia ideia de como tinha vindo parar na
parte de cima da casa. O quarto era tão
amplo, um luxo incrível.
Abro a porta, enquanto esfrego os olhos,
percebendo algumas vozes na parte de baixo.
— Patrick? — O chamo baixo, descendo as
escadas lentamente.
Mas paro estática, vendo dois homens de
costas.
— Ágata? — Patrick indaga, me olhando.
Um dos homens se vira.
Christopher está parado, bem na minha
frente.
— Não quis te acordar, Ágata... — Patrick
sussurra, enquanto obrigo minhas pernas a se
mexerem, estão petrificadas.
Christopher apenas me fuzila e o encaro,
enquanto o outro nos olha atento.
— Esses são os meus irmãos, Christopher e
Lorenzo Gonzáles.
Capítulo 7
Ágata
FODEU! FODEU!
Patrick me encara, ele estava sem camisa e
os cabelos ainda molhados e eu com os
cabelos desgrenhados de quem aparentava
ter tido uma noite intensa de sexo.
Mas apenas dormimos. Literalmente.
Eu estava parada. Petrificada, sem
conseguir mover um músculo sequer.
Christopher para na minha frente, abaixo o
olhar no mesmo instante, sentindo meu corpo
tremer de repente.
O outro apenas me fita com um sorriso de
canto.
— Prazer, Ágata Mendes. — Digo,
apertando a mão dele, ele é alto e jovem,
estava me encarando com um sorriso sacana
no rosto.
— Lorenzo, realmente é um prazer conhecer
você, Ágata.
Christopher está lá, me encarando como se
fosse me arrancar da sala a qualquer
momento.
E agora?
Iriamos fingir que nunca nos vimos na vida?
— Christopher. — Diz sério, segurando em
minha mão. — Prazer!
Patrick está com um sorriso que não cabe
no rosto de tão largo, ele se posiciona ao meu
lado e encaro um e o outro. Eles eram bem
parecidos.
Em que mundo eu poderia imaginar que
Christopher é irmão do Patrick?! Meu Deus!
— Trouxe o café. — Lorenzo ergue algumas
sacolas e sorri. — Tem comida o bastante
aqui.
— Não se preocupe, eu preciso ir... Tenho
umas coisas para resolver. — Digo
rapidamente.
— Ágata... Fique eu te trouxe, eu te levo. —
Patrick diz me olhando.
Eu queria apenas fugir desta casa e do olhar
que Christopher sobre lança sobre mim,
apenas isso. Olho de relance para os três,
Patrick tem quase a mesma altura de Chris,
são irmãos de encher a vista, isso tenho que
admitir.
Lorenzo já está na cozinha, mexendo em
algumas coisas e Patrick está tentando me
convencer a ficar.
Ele se aproxima de mim e nem tenho
coragem de encara-lo.
— Apagamos no tapete da sala, aí eu não
quis te acordar... Por isso te coloquei no meu
quarto. — Ele diz baixo, assinto apenas e olho
por cima do seu ombro.
Christopher está parado com os braços
cruzados, me fitando sério. Desvio o olhar do
seu e fito Patrick que sorri.
— Obrigado pela noite incrível, Ágata.
Nego com a cabeça, o olhando e sorrio
levemente.
— Eu também agradeço. Patrick eu preciso
ir... Eu pego um táxi, não se preocupe. Fique
com seus irmãos.
Pego minha bolsa e meus sapatos, os
calçando.
Eu só precisava sair dali.
— Já vai loirinha? — Olho para Lorenzo, que
põe apenas a cabeça na porta, me olhando
com um sorriso.
— Sim... Eu tenho que ir... Foi um prazer. —
O encaro na cozinha e meus olhos cravados
em Christopher, que parece que vai pular em
cima de mim.
Patrick enlaça minha cintura, me
acompanhando até a porta.
— Tem certeza Ágata? Eu posso te levar. —
Diz me olhando.
— Não... Eu pego um táxi, não se preocupe.
— Digo rápido, enquanto ele segura minha
mão entre as suas, e as aperta.
E me dá um beijo rápido nos lábios, me
deixando completamente inerte e confusa.
Sorrio fraco, saindo como um foguete.
Aperto o botão com tanta força esperando o
elevador chegar e quase solto um suspiro
quando ele vem vazio. Entro no mesmo
suspirando, tentando conter minha cabeça
que gira a mil. Saio ainda atordoada, parando
na calçada do prédio.
Onde eu tinha me metido? Mas como, como
poderia imaginar que o mundo estava
conspirando contra mim e colocou dois irmãos
em meu caminho!
Vejo um táxi logo à frente, aceno para o
mesmo parar, mas ele passa direto. Ótimo.
— Inferno! — Praguejo baixo, pegando o
celular e ergo a cabeça rapidamente, quando
um carro luxuoso, que eu sabia muito bem a
quem pertencia para na minha frente.
Christopher sai do carro rápido, me olhando
como um gavião.
Dou um passo para trás o olhando.
— Entra no carro, Ágata. — Diz ríspido.
Empino o nariz, não deixando transparecer o
nervosismo que me consome.
Ele é um tesão!
— Não vou entrar no seu carro... —
Respondo, balançando cabeça.
— Eu estou pedindo com delicadeza Ágata,
entre nesse caralho de carro!
— Não! — O som sai alto e o encaro,
enquanto ele se aproxima. — Saia da minha
frente! — Digo alto, tentando passar, mas ele
bloqueia minha passagem, pegando em meu
braço. — Me solte Christopher!
E sou colocada com tanta facilidade dentro
do carro, que me odeio por isso. Ele entra,
travando as portas e sai arrancando como um
louco. Meu coração palpita tão forte no peito,
que me assusta.
Ele não diz uma palavra, o tempo inteiro
com o maxilar cerrado e a raiva estampada no
rosto. Fico tensa quando o carro estaciona em
frente a um prédio enorme, desço o olhando e
ele apenas me ignora.
— Eu não vou entrar com você. — Digo
baixo, segurando a pequena bolsa entre as
mãos.
Ele volta me olhando e, mais uma vez
segura em meu braço quase me erguendo do
chão.
— Me solte Christopher! Agora! — Digo um
pouco mais alto e as portas do elevador se
abrem, mostrando um casal com um pouco
mais de idade nos olhando.
Ele apenas sorri para o casal, me pondo
dentro do elevador, apertando o número que
nem faço questão de saber.
Ele estava em total silêncio e o casal apenas
nos encara sorrateiramente.
O elevador enfim se abre dentro na
cobertura, nos dando a visão de uma sala
magnífica, toda com detalhes em branco, mas
o que me chama a atenção é a varanda com
portas de vidro, dando uma visão perfeita da
cidade.
Olho para ele, que está sério, apenas me
analisando.
Ele suspira e eu paro no meio da sala,
olhando as costas largas, a nuca à mostra,
revelando as tatuagens.
— O que quer Christopher? — Pergunto,
depois de longos minutos em silêncio.
Cruzo os braços, enquanto ele se vira me
olhando.
— Sabe o que é engraçado, Ágata? — Nego
com a cabeça e ele sorri, chegando muito
perto de mim, me fazendo dar um passo para
trás. — Que eu jamais imaginei que você seria
o anjo do Patrick... Porque eu queria tanto,
mas tanto foder você Ágata... Que estava
consumindo metade dos meus pensamentos...
Engulo em seco o olhando.
— Não transei...
— Cala a boca! — Diz baixo, me analisando
e percebo a raiva em seus olhos. — Transou
com o meu irmão?
Quem ele pensa que é?!
— Eu sou livre Christopher, livre para transar
com quem eu quiser! E isso, senhor... Não diz
respeito a você!
Ele sorri diabolicamente me olhando.
Respire.
Ele vence o espaço que nos separa e para
perto de mim, ficando com o rosto a
centímetros do meu.
A respiração ofegante.
— Pela última vez: Dormiu com meu irmão
inferno? Responda Ágata! Agora! — Sinto a
respiração ofegante em meu rosto e ergo o
queixo o olhando.
Minhas pernas estão trêmulas.
Controle-se Ágata, controle-se.
— Não é da sua conta, senhor Gonzáles...
— Respondo séria, tentando controlar as
batidas do meu próprio coração.
Minhas pernas estão trêmulas, o ambiente
está se tornando cada vez mais apertado para
nós dois, a camisa colada ao corpo revelando
os braços tatuados, me deixa sem ar.
Complementa absorta.
— Interessa sim. Porque, o que pretendo
fazer, não pode incluir uma comparação com
meu irmão...
Pisco algumas vezes incerta e ele sorri,
mordendo o próprio lábio.
Os olhos tão perto dos meus, a boca a
centímetros da minha, me deixam hipnotizada.
Travo a respiração quando sinto suas mãos
passearem pelo meu corpo. Erguendo o
vestido, acariciando minha barriga...
As mãos subindo, me apalpando, me
apertando.
— Eu não vou fazer amor com vo... Você. —
Respondo séria, observando-o gargalhar
sonoramente.
— Não vamos fazer amor Ágata. Porque eu
não faço. — Dou um passo para trás e ele me
puxa para seus braços. — Eu não beijo Ágata,
eu chupo... Eu não faço amor, eu fodo. Fodo
com força.
E aquelas palavras são o suficiente para
estarmos atracados, um no outro. Suas mãos
encontram meus seios, enquanto minhas
costas se colidem com a parede. Pendo a
cabeça para trás, quando sinto a língua
quente rodear meu pescoço.
Agarro na lapela de sua camisa, enquanto
meu corpo não obedece mais aos meus
comandos.
— Chris... — Ofego baixo, o olhando.
Encaro seus olhos, vendo desejo e luxúria
nos mesmos. Ele passa a língua pelo meu
queixo, me deixando completamente envolta
da mais pura excitação e ele segura o mesmo,
me encarando.
— Eu vou foder você, Ágata... E dessa vez,
ninguém vai nos atrapalhar. — Me segura
firme e sinto o membro rígido, de encontro a
minha cintura.
Arfo olhando para ele, quando me põe de
costas na parede, afastando meus cabelos,
enquanto chupa o lóbulo da minha orelha, me
fazendo gemer.
— Seu corpo... Você me deixa louco,
Ágata... Louco, sua gostosa! — Estala uma
tapa em meu bumbum, me fazendo soltar um
gemido.
Meu vestido é tirado com rapidez do meu
corpo, sendo descartado em qualquer canto
da sala. Estou com o peito subindo e
descendo com a respiração acelerada,
enquanto ele mordisca minha pele, ao mesmo
tempo em que a suga para dentro de sua boca
quente.
Fecho meus olhos quando as mãos saem de
encontro ao meu sutiã e meus seios se
arrepiam na mesma hora, as mãos novamente
vão para eles, massageando-os.
— Oh... — Digo em um murmúrio baixo, mas
audível.
— Que coisas mais lindas... — Sussurra,
apertando-os entre suas mãos.
As mãos enormes os cobrem me sinto
menor do que sou.
Éramos como fogo e gasolina; uma explosão
de tesão, desejo e luxúria.
Reprimo um gemido, enquanto uma de suas
mãos vai de descendo até a calcinha de
renda, encontrando minha feminilidade, que
está pulsante nesse momento.
Esfrego uma coxa na outra, mas suas mãos
são mais rápidas e seu dedo desliza sobre
meu clitóris, me fazendo gemer em alto e bom
som.
— Você anseia por mim... Tanto quanto eu
por você Ágata. — Gemo baixo e espalmo as
mãos sobre a parede, quando ele me penetra
com um dedo. — Não resista ao desejo do
seu corpo...
Engulo em seco, suspirando.
Eu sabia apenas que estava
perdida. Completamente e desesperadamente
perdida.
E nunca gostei tanto de me sentir assim.

Christopher
Estou sentindo meu corpo tencionar, agarro
em sua cintura, a puxando para o sofá,
enquanto encaro o rosto delicado se
transformando em puro desejo e cobiça.
Ao mesmo tempo em que estou a odiando
por ter dormido com meu irmão, a raiva e o
desejo estão aflorados em todos os poros do
meu corpo.
Os seios alvos, a centímetros do meu rosto,
cobertos apenas pelo tecido frágil do sutiã.
— Meu irmão conseguiu te deixar louquinha,
hum? Conseguiu? — Pergunto, afastando a
delicada peça, encontrando o seio firme, com
o bico rosado, clamando por atenção. — Ele
chupou seus seios?
Ela nega com a cabeça, ao mesmo tempo
em que pende a mesma para trás, minha
língua percorre o bico duro, ao mesmo tempo
em que suga o botãozinho para dentro, com
força.
Encaro-a e percebo no seu olhar, o brilho de
luxúria.
Eu queria puni-la em desejo. Queria ouvi-la
implorar por mim. Apenas por raiva.
Perdi a porra do meu raciocínio quando a vi
ali, saindo da cama dele.
Ela era minha.
Meu pau lateja, querendo rasgar o tecido da
calça, seguro em seus cabelos, a pendendo
para trás, enquanto passo a língua pela curva
do seu pescoço.
Eu estava quase jogando tudo para o alto e
fodendo ela com força, mas a raiva me
impedia. Eu queria que ela sentisse meu
toque, até na hora de dormir... Que desejasse
a mim, ao invés do meu irmão; que sentisse
meu pau entrando com força.
— Olha para mim. — Peço, segurando em
seu queixo e os olhos dilatados me encaram.
— Ele deixa você assim? Te deixa louca para
foder, apenas com carícias? Deixa?
— Chris... Oh... — Mordisco seu seio, o
prendendo com os dentes e ela me encara. —
Não... Christo...pher...
Seguro um sorriso no rosto e me ergo com
ela agarrada em minha cintura, a coloco
deitada de barriga para baixo, a bunda
empinada e redonda com a pequena calcinha
delicada, me faz soltar um gemido abafado.
Ela era a porra da sedução em pessoa.
Retiro a calcinha, a deixando despida, fico
por cima, com cuidado e passo a língua por
toda sua espinha, vendo os pelos loiros
eriçarem.
Era tesão exalando, por todos os nossos
poros.
Subo novamente, apenas desejando
mergulhar na boceta quente, mas um ódio me
sobe, quando penso em meu irmão fazendo-a
se contorcer.
— Não vou...
A viro com tudo e encaro seus olhos,
enquanto retiro o cinto, ficando apenas de
cueca boxer na sua frente, ofegante. Seus
olhos voam para meu membro, que está duro
feito rocha.
— Me sinta, Ágata... Sinta o quanto estou
duro de tesão por você. — Seguro a pequena
mão, a fazendo fechar sobre meu pau.
E quase sou pego em minha própria
armadilha, seu toque me faz revirar os olhos,
enquanto ela desliza a mão de cima a baixo.
— Ah, inferno...Você é o capeta, Ágata! —
Ofego, a olhando me encarar fixamente.
Jogo a calça, junto com a cueca, em
qualquer canto e pego um preservativo da
carteira, vejo seus olhos gulosos em mim e
desenrolo o preservativo com rapidez. Abro
suas pernas, escorregando os dedos para
dentro da boceta que está latejando, enquanto
esfrego os mesmos no clitóris e ela geme
sensível.
— Chris... Eu...
— Eu vou foder você assim, Ágata... – Digo
a puxando e sentando em meu colo, fecho os
olhos, mordendo o lábio, quando sua mão
começa a masturbar meu pau em um vai e
vem enlouquecedor.
— Ágata... — Digo entre os dentes.
Mesmo com a camisinha, sinto as mãos me
apertarem, desço um pouco, pondo o membro
em sua entrada e a penetro. Duro. Firme.
Forte.
A carne macia e quente, me apertando,
enquanto deslizo até o fundo, minhas mãos
em sua nuca e a outra em seu quadril.
Seu gemido é tirado do fundo da garganta, e
vê-la assim, entregue, comigo, fodendo com
força, é muito melhor do que eu esperava. Era
mil vezes melhor.
Passo o polegar pelos seus lábios
entreabertos, os seios balançando com
maestria, aperto a bunda macia e a seguro
firme na cintura, ajudando ela a cavalgar,
enquanto geme me olhando.
Levo um seio à boca, enquanto ela segura
em meu pescoço, me puxando mais e mais
para si. A penetro fundo, sentindo o interior
aveludado me sugar por completo.
Deslizo com força, o barulho dos nossos
corpos se chocando, o suor descendo pelo
meio dos seios... Passo a língua pelos
mesmos, chupando seu pescoço.
— Oh... — Passo a língua pelos lábios
fechados, puxando o inferior com delicadeza.
A carne macia me aperta, deixando meu pau
enlouquecido por mais. Me ergo, a segurando
pelo bumbum, enquanto afundo meu pau
novamente, tendo um grito de puro prazer em
resposta.
Ela gruda o corpo ao meu e minhas pernas
fraquejam. Seguro com firmeza o seu corpo,
fazendo com que fique colado ao meu. Urro
forte, quando suas unhas cravam nos meus
ombros e vejo a cena que remexe todo meu
interior.
Ela goza. Goza chamando meu nome,
enquanto a penetro fundo, com estocadas
firmes. Meu quadril batendo contra o seu,
enquanto a penetro e paro. Em uma
sequência alucinada de metidas bruscas.
— Chris...
A coloco de pé na parede, espalmando suas
mãos na mesma e estoco mais uma vez.
Seguro nas bochechas de seu bumbum, a
fodendo com força. Dando tudo do meu corpo,
para o seu. Meus músculos se enrijecem e no
mesmo instante sinto seus músculos me
contraírem.
As coxas roliças bem abertas, meu quadril
se chocando contra o seu bumbum. Queria
rasga-la ao meio de desejo.
— Porra, Ágata...
Gemo contra seu pescoço, enquanto gozo
alucinadamente, chamando seu nome em um
gemido forte, os espasmos ainda saindo de
meu corpo. Colo minha testa na curva do seu
pescoço, ouvindo a sua respiração ofegante.
Respiro fundo, saindo de seu interior,
enquanto tombo ao lado do sofá. Ágata, ainda
está encostada na parede, com o olhar meio
perdido.
— O... O que...
Observo seus olhos descem pelo meu
corpo, enquanto me aproximo, parando com o
rosto a centímetros do seu. A face
avermelhada e os olhos arregalados.
Era a coisa mais linda e sexy. Aquela
carinha pós foda. O desejo aflorando, o cheiro
de sexo inebriando todo o ambiente.
— Não faça perguntas, Ágata. — Encosto
minha testa na dela, soltando um suspiro
longo.
Eu realmente queria puni-la, mas apenas
vejo que, eu que tinha acabado de ser
castigado.
Por que eu queria mais... Eu queria tudo
dela.
Eu a quero.
O seu corpo está colado ao meu, logo
aguçando meu desejo de tê-la novamente.
— Chris... — Ela morde o lábio, me olhando
e a ergo no colo novamente.
— Você é minha Ágata... Apenas minha,
inferno!
Era um sentimento de posse, que tomava
conta de mim por inteiro. E eu só espero que
Patrick não ouse ficar no meu caminho.
Capitulo 8
Christopher
— Me deixa ver se entendi o anjo do
Patrick, é a stripper safada da boate? —
Assinto com a cabeça, olhando entre Arthur e
Lorenzo.
— E você transou com ela? — Lorenzo
indaga e faço que sim com a cabeça
novamente. — É normal, Christopher!
Transaram e depois você ficou sabendo que
ela é o anjo do Patrick.
— Aí é que está eu transei depois que eu
soube. — Digo, olhando Arthur e Lorenzo
ficarem de boca aberta, me olhando.
Os dois se entreolham, me encarando.
Eu não me arrependi pelo que aconteceu.
Por Deus, eu não me arrependi mesmo. Ainda
estou trêmulo, apenas por me lembrar do
toque, dos seus cabelos... Do corpo dela
sobre o meu.
Logo depois, ela saiu do meu apartamento,
quase em fuga. Estou aqui, dois dias depois,
relatando o que houve entre nós para meu
irmão, com diploma de putaria e, para meu
primo, com mestrado em safadeza.
— Fura olho do caralho velho, pegou a
danada! — Lorenzo exclama, me olhando.
— Você superou todas as putarias do
Lorenzo, olha que ele já aprontou demais
nessa vida!
— Demais mesmo, se lembra daquela vez
que peguei a amiga da mamãe? Nossa, a
velha tinha um fogo na boce...
— Para, para! É demais para minha cabeça,
imaginando você foder a dona Abigail. —
Digo, me erguendo rápido, enquanto abotoou
o terno.
Os dois estavam lá, tentando me julgar de
todas as formas possíveis, eu não queria
raciocinar direito, pois minha cabeça, só
estava focada no corpo de Ágata.
— Mas quer dizer que para foder com a...
— Quem fodeu, quem? — Olho para a porta,
de olhos arregalados, enquanto Patrick entra
sorrindo.
Me sinto um filho da mãe.
Não, não me sinto.
Eu a vi primeiro.
— O Chris, que fodeu a misteriosa stripper
máster. — Arthur diz, sorrindo e olho Patrick
sentar.
— Já vi que os dois estão muito bem, né? O
que era aquele furacão loiro lá na sua casa?
— Lorenzo arqueia a sobrancelha, sarcástico.
— Nem me fale, Ágata está simplesmente
me enlouquecendo. — Remexo
desconfortável na cadeira, afrouxando o nó da
gravata.
Eu ia mata-lo.
— Fodeu também?
Olho para Lorenzo, engolindo em seco.
— Não, não. Apenas dormimos no tapete da
sala. — Solto um suspiro longo, sentindo um
alívio gigante.
Eu queria acreditar, realmente queria. Mas
eu não conseguia, não poderia imaginar que
Patrick, dormiu com Ágata, sem encostar um
dedo naquele corpo curvilíneo maravilhoso.
— É veado é?! — Arthur, diz sério. — Por
que não transou?
— Dormiu com a gostosa e não a pegou?
Rolou pelo menos um boquete?
Patrick se levanta e sorri, negando com a
cabeça.
E o ódio me corroendo de dentro, para fora.
— Ágata não é dessas, realmente é um
doce de mulher... Meiga. Eu não quis transar
com ela de qualquer jeito, na sala de casa...
Acho que tem que ser algo mais... Especial. —
Diz, me olhando. — Mas e aí? Como foi com
sua stripper?
Engulo seco e sorrio o olhando.
— Foi ótimo, melhor do que eu esperava. —
Digo rápido.
Aperto a caneta entre os dedos, tentando
me controlar, me remexo de um lado para o
outro, quando sinto a ereção me incomodar.
Lorenzo esconde um sorriso, junto de Arthur e
sinto vontade de socá-los.
Logo eles saem, me deixando sozinho, onde
finalmente consigo terminar o meu trabalho
sossegado. Assino uns papéis, liberando
quatro cargas, que estavam me deixando
estressado.
— Deixaram esse projeto na minha sala
agora. — Patrick joga uma pasta sobre a
mesa e abro à olhando.
— Outra plataforma? — Pergunto.
— Por que não? Temos uma indústria boa,
sem contar os lucros que só crescem
Christopher. — Analiso com cuidado, o
olhando e arqueio a sobrancelha. —
Contrataremos uma ótima empresa de
engenharia e pronto...
— Já temos um oficial, a Construl Perrot. —
Digo, girando na cadeira e recolhendo os
papéis, guardando em uma pasta.
Não encarei Patrick nos olhos, eu estava me
sentindo...
Não, estava não.
Eu só estava sentindo muito raiva.
Ele para, de repente, me olhando e
semicerra os olhos me encarando.
— Vai sair hoje? — Sopro o ar pela boca,
negando com a cabeça. — Vamos até a
boate, onde Ágata trabalha? Faz dois dias que
não a vejo e acho chato ficar ligando.
Aparecer por lá sem marcar nada, parece
melhor.
Está querendo marcar território. Conhecia
Patrick muito bem, para saber isso.
— Eu não sei... Bom — Aperto os dedos
entre as mãos. — Vou passar lá na mamãe
hoje, se der tempo eu te digo algo.
Desconverso rápido, era só o que me
faltava. Patrick se retira, fico novamente
revendo novos projetos. Pego meu carro
pouco depois do anoitecer, me despedindo de
Lorenzo, que estava trancando na sala.
Estaciono logo depois, na enorme mansão
dos meus pais, entro na sala de estar, vendo
Megan sentada, com um vestido justo azul,
com uma xícara nas mãos ao lado de mamãe.
— Ah, meu bebê... Que bom que veio. —
Mamãe se ergue, beijando minha testa e
sorrio. — Megan estava agora mesmo falando
sobre vocês...
Encaro Megan, com um cara de: O que,
você está fazendo aqui?
— Estava mesmo dizendo a sua mãe que
nunca mais me levou para jantar... Fico me
sentindo só, às vezes. — Bate os cílios falsos
com delicadeza e solto um sorriso fraco.
— Tão engraçada, Megan.
— Já jantou meu amor? Tânia fez uma
comida de dar água na boca. — Diz me
olhando e nego com a cabeça. — Cadê o
Lorenzo?
Minha mãe é o tipo de mãe coruja, como
mais velho, ela acha que tenho sempre a
obrigação de saber onde meus irmãos estão.
Minha mãe é uma senhora lindíssima e bem
cuidada, pelos mimos e caprichos do meu pai.
— Não estou com fome dona Clarisse.
Lorenzo estava na empresa, quando sai de lá.
— Digo me sentando no sofá com mamãe ao
meu lado. — Patrick não veio por aqui?
— Patrick acabou de sair querido, achei que
tinham se encontrado. — Mamãe diz rápida e
me remexo desconfortável.
Para com isso, Christopher!
Que merda você está fazendo?
Ele não iria encontra-la.
— Mãe eu... Eu tenho que ir preciso
trabalhar um pouco. — Minto a abraçando.
— Mas você acabou de chegar do trabalho,
Christopher. — Diz, em tom de advertência.
— Eu passo com mais calma amanhã.
Prometo.
— Ops! Eu vou aproveitar a carona até o
carro, com o Chris. — Megan diz, se
erguendo, enquanto sorri me olhando.
Saio em passos largos, ouvindo o eco dos
saltos de Megan logo atrás, viro o rosto
quando ela passa na minha frente. O batom
vermelho gritante e os seios médios quase a
pulando para fora do decote.
Mas passam despercebidos por mim.
— Não me ligou mais... — Diz, com a voz
manhosa e a ignoro. — Chris...
— Megan, estou com presa, falaremos
depois. — Digo, abrindo a porta do carro e ela
entra na minha frente a fechando novamente.
— Está me recusando? — Pergunta, com
uma mão na cintura e eu bufo, sorrindo. —
Qual o nome da vadia? Só pode ser uma
mulher...
— Por favor, Megan! — Puxo a porta do
carro, entrando rapidamente. — Não se
preste a isso!
Reviro os olhos. Ela estava se achando
demais.
Saio pisando firme, sem olhar para trás, eu
não sabia identificar a raiva que estava
sentindo. As luzes ofuscantes do Secret Gold,
piscando enquanto passo porta à dentro,
recebendo um cartão de entrada logo em
seguida.
Congelo no mesmo instante, vendo Ágata no
palco, de cinta liga e meias pretas, com a
bunda empinada, fazendo o delírio dos
homens logo abaixo.
Está linda, com a calcinha fio dental,
fazendo meu corpo delirar.
Um sentimento de posse, raiva e ciúmes me
tiram de órbita.
Engulo seco, admirando seu corpo, ainda
parado como uma estátua.
Estava fodido!

Ágata
Abro as pernas provocativamente, enquanto
me agacho, terminando o último acorde da
música. Estava com os pés doendo, por
passar duas horas em cima desse palco.
Um tédio sem igual ouvir todas aquelas
frases clichês:
"Isso delícia... "
"Vêm para o papai, vem..."
Viro de frente, escutando os homens
assobiando, enquanto uns ficam em pé, outro
sentados com duas garotas no colo. Mas
apenas um, conseguiu chamar a minha
atenção de primeira. Com aquele porte
incrível.
Eu passei dois dias sem conseguir ao
menos pregar os olhos, imaginando o corpo
sobre o meu, o modo como transamos ainda
estava presente em meu corpo, cada toque.
Ele está lá, parado com as mãos nos bolsos,
me olhando e eu desejei esse olhar durante
toda a noite.
O desejei por inteiro.
Termino a música, saindo pelos fundos, com
a mão no peito e um sorriso idiota no rosto.
— Ágata? — Helena aparece sorrindo,
colocando meu sobretudo em meu corpo.
— Ele veio me ver. — Digo, arrumando os
cabelos sorrindo. — Ele veio me ver.
— O gostoso tatuado? Ou o gostoso sem
tatuagem?
— Pergunta logo atrás, enquanto me
encaminho rápido, para o camarim.
Estava me sentindo uma adolescente idiota.
Depois que saí do apartamento dele, fui direto
para casa, onde dormi durante quase todo o
dia, estava de folga e aproveitei. Mas quando
me lembrava de cada toque seu, despertava
no mesmo instante.
— Meu Deus, Ágata! — Helena sussurra,
enquanto desato o nó do, sobretudo, me
trocando ali mesmo. — Isso está ficando
sério...
Coloco um macacão de couro curto preto,
junto de botas que vão, até um pouco acima
do joelho. Passo as mãos pelos cabelos e
retoco o batom novamente.
Estava aproveitando os últimos dias sem
Armando por perto, para me soltar mais. Desci
as escadas, tendo os olhares cobiçados em
minha direção e, não podia dizer que não
estava adorando.
— Senhorita... — Me viro, encarando um
senhor com um sorriso perverso nos lábios. —
Gostaria de sua compan...
— Sinto muito senhor, mas a senhorita está
reservada para o salão dourado. Temos uma
ótima dançarina para o senhor... — Magno
estala os dedos. — Evelin... Por Favor.
Um sorriso escapa dos meus lábios e Magno
me puxa de encontro ao salão. A Secret
Gold era bem maior do que se imaginava, o
salão dourado era uma mistura de sala do
prazer, com dança.
Ali, era permitido quase tudo, eu já tinha sido
reservada para aquele lugar, apenas uma vez,
logo que cheguei, mas Armando não permitiu
mais. Então aquilo era proibido para mim.
— Pode me dizer, por que Christopher
Gonzáles a reservou, Ágata? — Magno
pergunta, e sigo à sua frente, sem dar muita
importância.
— Gostou de mim. — Digo, escondendo um
sorriso.
— Sabe que Patrick é um grande amigo meu
e estou segurando as pontas, omitindo sobre
qual é o seu trabalho aqui, Ágata... — Diz em
tom de sermão e fico séria o olhando. —
Cuidado com o que está fazendo, Armando
não pode nem sonhar que esteve aqui.
Mordo o lábio, apreensiva e me viro o
olhando.
— Patrick está apai...
— Magno, irei contar tudo para o Patrick.
Não quero engana-lo. — Digo e ele assente.
Solto um beijo no ar e piso firme, entrando
na sala. Eu sabia que era errado está
enganando Patrick, tanto pelo que trabalho,
quanto por estar envolvida com seu irmão.
Mas eu não sabia o que fazer, ou fazia. Não
sei. Abro a porta devagar, vendo o escuro do
ambiente.
Na sala, havia apenas uma enorme cama,
junto de uma poltrona. E lá estava ele, em pé,
parado.
Meu corpo estava com uma eletricidade
total.
— Tira a roupa, Ágata. — A voz é grave, me
fazendo suspirar.
Desço o zíper do macacão, ficando apenas
com as peças íntimas, estou ouvindo as
batidas do meu coração e, está acelerado.
— Venha até aqui.
Eu sabia exatamente o que ele queria. E não
me opus. O salão servia para tanta coisa. Me
Aproximo dele, vendo o braço tatuado
erguendo meu queixo e encaro os olhos
hipnotizantes.
Uma mão segura firme em minha coxa,
enquanto o polegar chega tão perto da minha
virilha, que sopro um gemido.
— Senti sua falta... — Diz, tirando meu
cabelo do rosto, enquanto chupa meu pescoço
sem pudor.
A ereção esfregando em minha pélvis, ele
senta com um sorriso perverso nos lábios e
apoio minhas mãos em suas coxas firmes.
— Eu quero sua boca meu anjo... Quero
você me chupando forte, Ágata. — Diz,
sussurrando e o encaro enquanto desce o
zíper e seu membro salta para fora.
Duro. Rígido.
Era enorme, com veias saltando, a cabeça
vermelha, clamando por atenção. E ele segura
na base, esfregando em meus lábios, abro os
mesmos, recebendo o membro em minha
boca com tanta sofreguidão, que ele geme.
Passo a língua pela glande viscosa, sentindo
meu corpo tremer pela euforia, ele
sinuosamente segura em meus cabelos, me
dando certo apoio.
Eu não consigo acomodá-lo inteiro na boca,
mas o levo até onde consigo.
— Porra... Ágata!
E suspiro, voltando a passar a língua
novamente. Enquanto ele se ergue me
olhando, as pupilas dilatadas me dão impulso
de passar a língua, desde perto dos testículos,
até a ponta da glande robusta.
Minha boca se abre por inteira e, o chupo.
— Hummm...
É só isso que sai de sua boca, quando sugo
sem pudor algum, me enchendo de seu prazer
mais intenso. O encaro, enquanto ele passa a
glande pelos meus lábios, tirando-o e
passando-o novamente.
Passo a língua e o chupo.
Ele me puxa rapidamente para seu colo,
onde o pau fica roçando em minha cintura, as
mãos flexionadas entre meu bumbum. Meu
peito sobe, enquanto ele me encara, com o
rosto retorcido de prazer.
Era perigoso. Muito.
Passa o polegar pelos meus lábios e fecho
os olhos por uns segundos.
— Você é tão linda...
Torno a abrir os olhos e ele está lá, me
encarando, mordendo os próprios lábios. Ele
desvia da minha boca, onde chupa
sinuosamente meu pescoço. Eu entendia que
ele não beijava, apenas não aceitava.
Eu precisava beija-lo.
Ele afasta minhas pernas, abrindo-as e
passando o membro de encontro a minha
feminilidade, que pulsa. E ele entra todo em
mim, eu apenas ofego, soltando um gemido
forte. Esganiçado.
Sentados mesmo entregando meu corpo,
enquanto ele sugava meu seio, para dentro de
sua boca. Chupando um. Depois o outro.
Um tapa é estalado forte em minha nádega,
arfo enfincando as unhas em seus ombros. E
gemo. Gemo descontroladamente, enquanto
nossos corpos se chocam.
— Você é linda...
— Chris... topher... — Gemo, enquanto ele
estoca firme, em investidas bruscas.
Eu estava perdida.

— Quero te ver amanhã, irei te pegar em


seu apartamento. — Diz rouco, colocando
o sobretudo sobre meu corpo.
— Quem disse que estarei disponível? —
Digo, erguendo o queixo, observando a
perfeição que é o seu corpo.
Ele apenas sorri, balançando a cabeça.
Estava com um conjunto de três peças de
um terno cinza, o colete sem gravata o
deixava magnífico.
— Ficará... — Diz segurando em meu nariz,
enquanto sorrio.
— Acha que é só chegar aqui e falar que vai
me pegar e pronto senhor? Estarei
indisponível. — Cruzo os braços, enquanto ele
me encara.
Os olhos varrem meu corpo, como se me
despisse mentalmente, mordo o lábio o
olhando.
— Você não gosta de receber um não, eu já
sei. — Me aproximo, o encarando e sorrio,
enquanto ele enlaça minha cintura.
— Vai me negar? — Sussurra esfregando o
nariz ao meu, abro a boca, suspirando.
O polegar roça em meu seio e sinto um
arrepio percorrer o meu corpo.
— Eu tenho que ir. — Me afasto rápido e me
viro o olhando.
Sinto apenas o estalo do tapa em meu
bumbum e me viro para olhando-o por cima do
ombro.
— Você é o capeta, garota...
Estava eufórica por dentro, a sessão de
sexo acabou com toda minha sanidade.
Sorrio, enquanto ele abre a porta, onde passo
me equilibrando no salto fino da bota, mas
paro rapidamente, dando um passo para trás
empalidecendo no mesmo instante.
— O que foi? — Chris me olha, quando
fecho a porta me escorando na mesma.
Ele me fita incrédulo e engulo em seco.
— Patrick, está parado em frente ao
corredor dessa sala! — Digo em um sussurro.
Christopher cruza os braços me encarando e
ergue as sobrancelhas.
— Não entendeu...
— Então quer dizer que se importa com o
que Patrick pensa de você? — Pergunta, me
olhando sério.
Na verdade, eu me importava sim, eu não
queria magoa-lo; queria contar do meu jeito.
E esse não seria o jeito.
— Não seja idiota, Christopher. Patrick e eu
somos amigos! — Exclamo, o olhando.
— Prove então. — Desafia e franzo o cenho.
— Provar? Eu não preciso provar nada pra
você, nem para ninguém!
Ele se aproxima e me prende na porta,
colocando o braço ao lado da minha cabeça.
— O que você quer com o Patrick? —
Sussurra baixo e engulo em seco. — O que
aconteceu entre vocês dois naquela noite,
Ágata?
O empurro me livrando do nosso contato e o
encaro.
— Isso não é da sua conta, é minha vida,
Christopher!
Ele assente, me encarando.
— Se diz não se importar com o que dizem e
o que pensam saia desse quarto, vestida
assim e comigo ao seu lado!
Engulo seco no mesmo instante, enquanto
ele para.
Ele não estava falando sério.
Não poderia estar.
Capitulo 9
Ágata
— Eu estava procurando um vestígio de
brincadeira no rosto de Christopher, mas não
encontrava.
Ele estava sério, com os braços cruzados,
me encarando como se fosse me fuzilar ali
mesmo.
— Chris...
— Prove Ágata! Saia desse quarto, agora.
— Diz com a voz rouca.
Cruzo os braços acima do peito e desvio o
olhar dos seus, bato o pé no chão impaciente
e ele continua sério me olhando. Eu não
poderia fazer isso com Patrick, não assim.
— Não! — Digo, o vendo sorrir e balançar a
cabeça de um lado para o outro.
Sinto meu estômago revirar e aquele medo
tomar conta do meu corpo.
Patrick não merecia saber que sou uma
stripper assim, eu tenho que contar! Mas, com
Christopher me olhando, com cara de pitbull
raivoso, não iria adiantar nada agora. Ele
apenas assente, pegando o blazer, jogando no
cabide.
— Eu sabia Ágata. — Diz me encurralando
na parede. Engulo em seco, vendo seu
maxilar travar. — Ou você vai contar para
Patrick, ou conto eu... E garanto a você, que
do meu jeito, não vai ser nada... — Ele revira
os olhos e sorri diabolicamente. — Sutil.
Empurro-o, mas não surte efeito algum.
— Quem você acha que é? O dono do
mundo? Pois bem, o corpo é meu, e faço o
que bem entender com ele! — Digo com o
dedo em riste apontado para o peito trincado.
— Não me ameace senhor Gonzáles, você
não é meu dono!
Sou puxada com tanta força contra seu
corpo que prendo a respiração. Ele está
segurando em meu braço, mas está apenas
segurando.
Os olhos mudando de cor.
— Eu não ameaço Ágata. Eu faço! Então já
estamos entendidos. — Abre a porta, ainda
segurando em meu braço e empalideço.
Não...
Sinto vontade de gritar, mas a voz fica presa
na garganta. Minhas mãos estão trêmulas e
meu coração saltitando feroz no peito.
— Christopher... — Peço em um murmúrio.
— Está vendo? Eu poderia agora mesmo
contar para Patrick, que o anjo dele não passa
de uma diaba! Mas sou bom com você, Ágata.
E vou deixar você, fazer isso... Então, não
teste minha paciência e saia da vida do meu
irmão!
E sai pisando firme, como se o chão fosse
ceder a qualquer momento, com o peso do
seu corpo. Fecho a porta com tanta rapidez,
com uma raiva consumindo meu corpo.
— Miserável infeliz! — Digo entre os dentes.
Quem ele pensa que é? Argh! Cretino idiota!
— Ágata! Ágata! — Sobressalto com o
sussurro percebo ser Helena.
Abro no mesmo instante, vendo-a saltar para
dentro, mais pálida do que eu.
— Meu Deus! O que foi isso? — Pergunta,
me olhando. — O irmão delícia dois, está lá
fora te procurando como um louco e o irmão
delícia um, acabou de sair com cara de
poucos amigos... O que houve Ágata?
Engulo seco e a encaro. Helena parece
entender o gesto e me entrega uma muda de
roupa. Me troco ali mesmo, sem hesitar.
Estou usando uma blusa branca de mangas,
uma saia curta, mas que é coberta pelo
avental com o nome do clube, eu conhecia
esse uniforme, era das meninas que cuidavam
da limpeza.
Helena vai logo à frente, sorrindo, rebolando
em seu short curto e saltos altíssimos. Com
minha roupa simples, mal sou reconhecida
como a mulher que estava seminua no palco,
há pouco tempo.
Vejo os dois de longe, conversando e
Christopher com uma cara que dá medo só de
olhar.
Que Patrick não me veja...
Que Patrick não me veja...
Passo ligeiramente pelas pessoas, quando
uma mão envolve meu braço e lá está ele me
encarando, com um sorriso sincero no rosto.
— Ágata... Estava te procurando em todo
lugar. — Diz e beija meu rosto.
— Eu estava arrumando algumas coisas lá
trás, sinto muito. — Invento, depois de uma
pausa de segundos.
Eu não poderia negar que não era atraída
por Patrick. Ele é bonito, tem um bom papo, é
inteligente... Às horas de conversas com ele
passava em um piscar de olhos. Mas quando
se tratava de Christopher, a conversa era
outra, as horas de sexo passavam em
segundos.
Aquele cafajeste tem um modo de prender
alguém ao seu lado de um jeito... Aqui estou
eu, mordendo o lábio desesperada quando
ele, praticamente me arrasta até a mesa onde
o irmão está.
— Não disse que ela estava aqui? —
Patrick, diz sorrindo. — Se lembra do meu
irmão mais velho?
Eu acabei de transar com ele.
Me sinto uma suja por estar aqui, por está
enganando Patrick desse modo.
Ele apenas assente com a cabeça, virando o
restante do líquido para dentro da boca.
— Patrick... Eu realmente tenho que ir agora
tenho que... Ir para o camarim das meninas.
— Digo rápido, enquanto ele segura em minha
mão.
— Eu tenho um convite para te fazer. — Diz
rápido, sorrindo e encara o irmão. — Nossos
pais vão fazer aniversário de casamento
amanhã, gostaria de ir comigo?
Ouço um pigarro na garganta e não preciso
me virar para saber quem está fazendo. Eu
não posso cair nessa, não posso.
— Patrick...
— Por favor, Ágata. Não faça essa desfeita...
Insistimos, não é Chris?
Ele apenas assentiu novamente e meus
olhos denunciando o desespero.
— Eu não... Realmente não dá. — Digo
rápido, mas Patrick apenas sorri assentindo.
— Vai ser apenas um jantar em família,
Ágata... Eu pego você as oito. — E beija
minha mão, me deixando completamente
desconcertada.

Jogo as chaves no aparador da sala,


enquanto me jogo sobre o sofá, olho no
relógio, passam das duas da manhã.
Helena, foi dormir com Magno e estou aqui,
sozinha. Meu apartamento não é algo grande
demais, mas também não é tão pequeno.
Mordo o lábio inferior, pensativa.
Onde fui me meter, meu Deus?!
Deixei o corpo tombar sobre a cama e
literalmente e apago.
Acordo pouco mais das dez da manhã e sigo
direto para a cozinha, colocando a cafeteira
para funcionar. Aperto a xícara com café
expresso nas mãos.
De hoje não passa, eu vou contar para
Patrick que sou stripper.
Só não posso contar que dormi com
Christopher, não agora, de repente. Abraço os
joelhos, me sentando no sofá, impaciente.
Eu iria naquele jantar, vou contar tudo para
Patrick.
Está decidido.

Christopher
Mordo o lábio, jogando o blazer contra meus
ombros. Passei uma noite dos infernos,
virando de um lado para o outro.
Eu estava entrando em um impasse na
minha vida e estava odiando. Primeiro Ágata
prova para mim que Patrick é mais importante.
E cacete, eu odiei essa sensação.
Chego à cozinha, onde Rita espreme
algumas laranjas em uma jarra de vidro, a
cumprimento, levando a xícara ao lábio,
pensativo.
— Mau humor, Chris? — A encaro sobre a
borda da xícara, negando com a cabeça.
— Se você estivesse transado com a garota
que seu irmão está afim, o que faria? —
Pergunto a Rita na lata, vendo seus olhos se
arregalarem.
Temos intimidade o suficiente, ela trabalhou
para mamãe desde que me entendia por
gente.
— Não me diga que seus irmãos estão a fim
de transar com a Megan? Aquela ali dá para
quem quiser Chris.
Abano a cabeça sorrindo, pondo a xícara
sobre a mesa.
— Esquece Rita. — Abano a mão sorrindo.
— Quer algo para o jantar? — Pergunta alto,
quando me viro.
— Vou jantar fora!
Saio, pegando meu carro, enquanto arranco
com velocidade. A empresa não fica tão longe
assim da minha casa, mais ou menos uns
trinta minutos.
Patrick iria levar Ágata para um jantar de
família, ok. Tenho que encarar.
Passo cumprimentando algumas pessoas e
subo para minha sala, Arthur já está lá,
mexendo em alguns papéis.
— Ei, acordou com o pé esquerdo?
Eu sei que não sou o homem mais
sorridente do mundo, aliás, não saio
distribuindo meu sorriso por aí, mas achar que
estou de mau humor, já é demais.
— Não, Arthur. Não estou de mau humor. —
Digo, me jogando sobre a cadeira.
— Tá aqui os contratos majoritários das
cargas. Lorenzo analisou e as cláusulas estão
perfeitas, só falta você assinar agora. — Joga
os papéis sobre a mesa e eu os afasto.
— Vou olhar isso com mais calma depois.
— Mamãe disse que hoje tem jantar de
bodas da tia Clarisse, você vai? — Arthur
pergunta, franzindo o cenho enquanto, se
senta à minha frente.
— Se nenhum dos filhos dela for é capaz
dela ter uma síncope, sabe como mamãe
consegue ser dramática. — Digo baixo, vendo
Lorenzo entrar sorridente.
— Quem vai ter uma síncope?
— Mamãe, se não formos ao jantar de
bodas dela com papai. — Digo rápido, abrindo
as pastas em cima da mesa.
— Fodeu! Ah velho, por quê? — Lorenzo
pergunta, dando de ombros.
— Por que as bodas? Foi assim: tia Clarisse,
conheceu tio Patrício e aí...
— Tomar no cu, Arthur! — Diz, se sentando
a minha frente. — Eu marquei com uma gata
hoje, depois do trabalho. Como vou agora?
— Desmarca Lorenzo. — Digo com a maior
tranquilidade.
Apenas passo as mãos pela testa e pelos
cabelos.
— O que foi? — Pergunto, encarando os
dois me olhando.
— Essa cara... — Lorenzo balança a
cabeça, e faz um som com a língua como:
Tsc...Tsc...Tsc...
— O que foi agora? Não me diz que ainda é
a gos... Que é a Ágata, o que foi dessa vez?
Estava tão na cara assim que eu estava
louco por essa mulher?
Mordo o lábio inferior e encaro os dois, que
estão como duas adolescentes esperando a
fofoca.
— Patrick vai levar Ágata para jantar na
casa da nossa mãe. — Digo em um fio de voz.
— Eita!
— Caralho!
Não preciso me virar para saber quem falou
o que. Mas não me manifesto, fico apenas
caminhando, novamente de um lado, para o
outro.
— Cara, você é muito pau no cu, velho! —
Lorenzo indaga. — Tá comendo mulher dos
outros! E ainda por cima é a mulher do nosso
irmão!
Eu queria negar essa possibilidade, mas
Ágata não desmente, isso é, na verdade ela
deve até gostar.
Fico remoendo isso quase o dia inteiro,
Patrick veio apenas uma vez na minha sala,
deixar um contrato. O sorriso em sua cara era
nítido, até demais.
Podia está sendo egoísta sim mais foda- se,
eu não me importo!
Quando chegou a noite eu não raciocinei
direito, entrei no modo automático me troquei
colocando uma camisa de mangas pretas e
dobrei até os cotovelos. Cheguei à casa dos
meus pais. Estava tudo bem decorado, com
algumas pessoas já presentes.
Megan percebeu a minha presença assim
que coloquei os pés na sala, estava
acompanhada de seus pais, com um sorriso
triunfal no rosto.
— Está linda. — Digo, beijando minha mãe
que sorri.
— Lindo está você, onde está à gravata,
Chris? — Pergunta, colocando as mãos em
meu colarinho, onde devia estar à peça.
Papai está distante, conversando com um
casal de senhores, o homem parece analisar
tudo ao redor.
— Quem são aqueles? — Aponto com o
queixo, olhando mamãe que sorri.
— Negócios do seu pai. Estou apenas
esperando Lorenzo e Patrick para apresenta-
los...
— Olá... — Olho de relance, vendo Megan
me estender um copo de uísque, que aceito
sem relutar. — Achei que não iria chegar...
O vestido roxo chamativo, que faz meus
olhos se ofuscarem, tento dar o meu máximo
do meu desempenho na conversa, mas é
impossível.
Pois meus olhos estão fixos na porta de
entrada.
Ágata está séria, com o braço entrelaçado
ao de Patrick, que sorri como uma criança que
acabou de ganhar o maior dos prêmios. Ela
está magnífica.
O vestido é curto, rodado, cor de rosa,
quase pálido, a deixa com o rosto mais
angelical possível.
Seus olhos rapidamente encontram os meus
e olham Megan, que está com o braço
entrelaçado ao meu.
— Chris... Chris está me ouvindo? —
Mamãe a cumprimenta e Ágata parece quase
tímida. — Quem é aquela que Patrick está?
Mamãe sorri nos olhando e logo os três
caminham em nossa direção.
— Oh... Já conhece meu filho mais velho?
— Mamãe, pergunta sorrindo.
— Er... Sim, já tivemos a oportunidade de
nos conhecer. — Diz me olhando. — Prazer
revê-lo, senhor Gonzáles...
— Essa é a...
— Namorada dele, prazer. — Megan passa
a minha frente, dando dois beijinhos de cada
lado de seu rosto. — Megan Buarque.
— Ágata Mendes...
— Realmente está tudo magnífico, mamãe.
— Patrick diz sorrindo. — Quer beber algo,
Ágata?
— Eu estou bem, obrigada. — Diz sorrindo.
Eu não saberia expressar em palavras o que
estava sentindo nesse momento.
Mas a raiva estava me consumindo.
E que Deus me segurasse, porque senão,
eu iria fazer dessa festa um tremendo fiasco.
Capítulo 10
Christopher
— Esses são meus filhos. Christopher é o
mais velho... — Papai sorri, batendo em meu
ombro. — Patrick, o do meio.
— Meninos, esses são Luttero e Carllota
Martín.
— Um prazer.
— O prazer é todo nosso. Parabéns, você
tem uma linda família. — A senhora quase
que da mesma idade de mamãe estampa um
sorriso no rosto, nos olhando.
— Oh... Esse é Lorenzo, meu filho mais
novo. — Papai semicerra os olhos e Lorenzo
estende o copo de uísque para o senhor, que
o encara sério.
Lorenzo fica intrigado e nos encara de
relance, mas logo sorri.
Sempre foi desconfiado.
— Só tive homens, não tive nenhuma
menininha. — Mamãe sorri, nos olhando. —
Infelizmente.
— Eu tive duas, Eudora e Diana. — A
senhora, diz sorrindo.
— Pretende se casar, Lorenzo?
Ouço as tossidas de engasgo e contenho
um sorriso, olhando Lorenzo pálido, de olhos
arregalados. Ele sempre teve fobia a
casamentos, como ele mesmo fala. Papai
sorrir nervoso e Patrick logo entra em um
assunto qualquer, para desviar a conversa.
— Claro... Claro que, Lorenzo irá casar
algum dia. — Papai frisa, segurando Lorenzo
pelo ombro.
E meu irmão apenas o encara furioso. Mas
meus olhos cravam no outro lado da sala e lá
estava Ágata, mexendo a taça nas mãos.
Peço licença, saindo daquela conversa
enfadonha. Me aproximo dela com calma, que
sobressalta ao me ver.
— O que está fazendo aqui, Ágata? —
Pergunto, de repente, vendo-a levar a taça
aos pequenos lábios carnudos.
— Não é nítido? Estou acompanhando seu
irmão. — Diz calma e cerro o maxilar. — Sua
Namorada é muito bonita...
Aponta com o queixo em direção a Megan,
que está nos fuzilando com o olhar. Sorrio,
negando com a cabeça.
— Nós dois sabemos que não namoro.
— Eu não sei nada sobre a sua vida,
Christopher. E nem tenho interesse. —
Deposita a taça de cristal sobre o aparador,
seguro em seu braço levemente.
Ela me encara, olha para a minha mão e me
encara.
— Eu te fiz uma pergunta, Ágata!
— O problema é todo seu...
— Não me faça te arrastar até o cômodo
mais perto e lavar sua boca com minha porra,
Ágata... — Percebo sua respiração falhar.
Inferno! O que ela estava fazendo comigo?!
Estava me portando como um homem das
cavernas. E Eu estava com tanta raiva em vê-
la ali, com aquele vestido, por que ela estava
linda.
A solto, enquanto Patrick se aproxima e sorri
nos olhando.
— Estava vendo a hora de Lorenzo sair
correndo dali. — Ele aponta para onde nosso
irmão está.
Arqueio as sobrancelhas quando os braços
de Patrick envolvem a cintura dela com
possessão, ela se retém e sinto vontade de
tirá-lo de perto dela a socos violentos em seu
queixo.
Meu maxilar trinca, enquanto ela me fita.
Meu punho se fecha com força, fazendo os
dedos se esbranquiçarem.
— Você está bem, meu anjo?
— Estou... Pode me dizer onde fica o
toalete? — Pergunta, o olhando.
— Terceira porta, à esquerda. — Aponto
para as escadas.
Eu sabia que tinha um banheiro social logo
ali em baixo, mas não iria perder a
oportunidade de leva-la a uma porta antes do
meu quarto.
Eu queria tirá-la de perto dele!
Patrick me encarou e sorri.
— O banheiro social daqui de baixo está
ocupado, faz alguns minutos. — Me adianto e
ele assente.
— Quer que eu te acompanhe?
E você vai fazer o que?! Segurar a calcinha
para ela? — Torço a cara.
— Não precisa. Volto em um minuto. — E
ela sorri, se virando.
E dá uma tremenda visão do bumbum
arredondado e empinado.
— Acho que estou me apaixonando por
ela... — Patrick me encara sorrindo,
balançando a cabeça.
Estendo a mão pegando uma taça de
bebida, que não faço ideia do que era apenas
sinto o líquido descer rasgando por minha
garganta.
Meu peito se contraí e o encaro.
— Patrick... Você não acha que está indo
rápido demais? — Pergunto sério. — Você
mal a conhece...
— Eu sei que ela é incrível Chris. — Diz
sorrindo e pega uma taça bebericando. — Não
acha?
Aperto a taça nas mãos e franzo o cenho o
olhando.
— Com certeza. — Sinto um entalo na
garganta. — Incrível.
Mamãe acena o chamando e ele sorri.
— Dona Clarisse me chama...
Apenas me viro, subindo as escadas com
pressa e o coração martelando forte no peito.
Não fazia ideia que merda era aquela.
Mas estava me corroendo.
Entro no corredor, que estava
completamente vazio. Bato na porta, girando a
maçaneta, mas está trancada. Ouço
apenas um ruído e sei que ela está dentro do
mesmo. A porta se abre e ela me fita séria.
Os olhos saltados, a respiração acelerada e
a boca entreaberta.
Os lábios tão convidativos.
— O que está fazendo aqui? — Pergunta,
tentando empurrar meu peito, sem sucesso
algum, óbvio. Agarro em seu pulso, trazendo o
corpo esguio para meu. — Christopher...
Em um momento insano a ergo pela cintura,
a colocando sobre a bancada da pia,
chupando a carne de seu pescoço.
— O que está fazendo?
Eu queria responder, mas eu não sabia o
que.
Passo o polegar pelo seu lábio, que estão
pedindo para serem sugados. Chupo seu
queixo e mordisco o lábio com força, sentindo
meu corpo tremer.
Eu precisava daquela mulher!
Merda! Eu precisava!
E ela sabia o quanto eu precisava, os olhos
cravados nos meus e o desejo exalando com
uma força descomunal.
— Seu cheiro, Ágata... Seu cheiro me deixa
desnorteado. — Colo a testa a sua, sentindo
sua respiração ofegante junto da minha.
— Acha que não sinto a mesma coisa
Christopher? — Indaga, enquanto passo o
polegar pelos lábios.
— E o que está fazendo aqui com ele?! —
Rebato a olhando. — É pra me provocar? É
pra me deixar louco? É isso?!
Ela nega com a cabeça levemente.
— Eu vou contar tudo pra ele, Christopher...
— Diz séria e engulo em seco, controlando o
sorriso que se apossa dos meus lábios. —
Não quero enganá-lo.
Assinto, apertando a sua coxa, vendo-a
engolir em seco.
— Ágata... — Sussurro, fechando os olhos e
sorrio a encarando.
— Deveria voltar para a sua namorada. —
Diz séria e nego com a cabeça.
— Megan não é minha namorada. — Sorrio
e ela se afasta rapidamente, descendo da
bancada.
— Ela parecia bem convencida de que era.
— Ela cruza os braços me fitando.
— Mas não é. — Digo ríspido e ela me fita
assentindo.
— Eu preciso ir... — Diz passando por mim,
seguro em seu antebraço, aproximando o
corpo do meu.
— Acabe o que tiver com o Patrick... Por
favor.
— Eu não tenho nada com o Patrick!
— Mas ele está convicto que tem.
— Mas não tenho! — Diz se soltando,
enquanto me encara.
— Então trate de dizer isso para ele...
Ela sorri se soltando e me fita séria.
— Você não é meu dono, Christopher...
Melhor voltar para sua namorada! — Diz,
saindo rapidamente enquanto bate à porta, me
deixando ali.
Solto o ar, socando a bancada.
Mas que diabos ela estava fazendo?!

Ágata
Solto o ar devagar, fechando os olhos
enquanto me encosto na parede, tentando
controlar as batidas do meu coração, que
estava frenética.
Era inevitável negar o desejo que exalava
quando estávamos juntos.
Mas era só isso. Desejo.
Maldita hora que aceitei esse convite. Limpo
o rosto rapidamente e desço as escadas. É
uma casa incrível com uma decoração muito
sofisticada, em algumas mobilas escolhidas
estrategicamente têm portas retratos, fixo o
meu olhar em um em especifico onde estão
Christopher, Patrick e Lorenzo mais jovens.
O seguro em minhas mãos e sorrio.
Os três irmãos abraçados e sorrindo,
pareciam tão felizes.
— Meus três tesouros. — Me viro, enquanto
Clarisse me encara. — Lindos né?
— Muito. Parabéns é uma família linda. —
Falo e ela sorri orgulhosa.
Christopher e Patrick tinham alguns traços
dela, o sorriso. Ela é incrivelmente linda.
— Venha. Vou pedir para servirem o jantar.
— Ela sorri, segurando em minha mão
enquanto vamos para a enorme sala de jantar.
Patrick se ergue, se aproximando e sorrio de
leve o fitando.
— Está bem? — Indaga, enquanto me sento
ao seu lado.
— E-estou, ótima. — Respondo sorrindo.
A mesa esta toda posta e observo Chris se
aproximar, se sentando à nossa frente, ao
lado de Lorenzo, que logo diz algo em seu
ouvido. Ele apenas nega com a cabeça, com
os olhos cravados aos meus.
Megan se senta ao seu lado, colocando as
mãos sobre seu ombro, sorrindo
maliciosamente. Desvio o olhar rapidamente,
quando escuto Dona Clarisse dar a ordem
para a governanta começar a servir o jantar.
Estou sufocando, querendo sair daqui o
mais rápido possível.
Presenciar a cena que desenrola a minha
frente do senhor Patrício e Dona Clarisse
repetirem seus votos, me despertou
recordações. Lembranças da minha casa, dos
momentos que compartilhei com meus pais,
dos almoços de família, das festas,
principalmente das festas de aniversários e de
natal.
Engulo o entalo que se forma e suspiro
enquanto Patrick sorri me olhando.
— Não é todo dia que vemos um casal como
esse. — Ele sorri e assinto.
Meus olhos só conseguiam focar em
Christopher. Ele estava sorrindo, enquanto
Lorenzo diz algo apenas para ele ouvir. Era
daqueles sorrisos que chegavam aos olhos,
deixando os mesmos apertadinhos.
Pare Ágata! — Minha voz interior grita e ele
parece ouvi-la, pois fixa os olhos aos meus.
E inferno! Maldito cafajeste!

— Foi um prazer imenso conhecer você. —


Dona Clarisse sorri me beijando.
— O prazer foi todo meu, parabéns mais
uma vez.
— Eu vou leva-la em casa. — Patrick diz e
sorri me olhando.
— Já posso ouvir os sinos da marcha
nupcial tocando... — Dona Clarisse sorri e
Patrick ruboriza.
— Mamãe!
— Chris meu filho... Já vai? — Christopher
se aproxima a beijando e ela sorri.
— Tenho umas coisas para resolver.
Desculpe.
— Lorenzo já foi? — Ela sopra o ar sorrindo
e me encara. — Filhos depois que crescem
Ágata, se esquecem de nós mães, que demos
e damos a vida por eles!
— Oh drama, Dona Clarisse. — Lorenzo
aparece logo atrás. — Já vai loirinha?
Assinto o encarando, enquanto ele me dá
um beijo na bochecha.
— Um prazer imenso te rever. Mas tenho
que ir.
Christopher me encara sério e ensaio um
sorriso o olhando.
— Até mais, Ágata. — Ele indaga, se
aproximando e me dá um beijo rápido de
cumprimento.
— Até mais... Christopher. — A voz sai fina e
solto um pigarro para ficar mais firme. — Até
mais Dona Clarisse, boa noite.
E só então pareço respirar, quando sinto o
vento da noite me invadir, Patrick abre a porta
do carro e entro rapidamente. Fomos quase o
caminho inteiro em total silêncio.
— Enfim, em casa. — Ele diz, tirando o cinto
assim que o carro para.
Faço o mesmo e me encosto no carro,
aperto a pequena bolsa nas mãos e mordo o
lábio o olhando.
Eu iria falar. Mas falar como?
Transei com seu irmão? — Berro em
pensamento.
Seu irmão me deixa louca! — Não. Assim
não.
— Patrick... — O chamo e ele se vira me
olhando.
— Eu fui noivo por quatro anos. — Ele sorri,
balançando a cabeça. — Nos conhecemos
quando eu estava há trabalho... E em menos
de três meses de relacionamento, noivamos e
estávamos prestes a casar.
— Por que acabaram? — Sussurro e ele da
de ombros.
— Não sei ao certo. Rachel sempre foi muito
dona de si, acho que a ideia de casar a
assustava. Não sei. — Percebo-o engolir em
seco. — Em um belo dia, ela chegou e disse
que... que era melhor acabarmos por ali.
Franzo o cenho, sentindo um aperto no
peito, não fazia ideia por que ele estava me
contando aquilo. Mas parecia sufocado com
total coisa guardada.
— Eu... sinto muito. — Murmuro baixo e ele
sorri.
— Eu precisava te falar. Desabafar. Às
vezes é ruim, não ter com quem conversar. —
Ele da de ombros e coloco minha mão sobre a
sua. — E agora eu tenho você...
— Patrick... Você é uma pessoa incrível. —
O encaro sorrir.
— Você que é Ágata. — Ele segura minha
mão a beijando e me fita.
Patrick era realmente incrível, e o sorriso
largo no rosto o fazia parecer um menino.
— Patrick... Eu...
— Quero beijar você, Ágata. — Ele sussurra
me olhando e nego com a cabeça, enquanto
ele se aproxima.
— Patrick... Eu não... Não posso. Não
podemos. — Digo firme, enquanto ele coloca
as mãos em meu rosto.
— Eu quero muito beijar você... — Sussurra
e nego com a cabeça, enquanto cola a sua
testa na minha.
— Eu tenho que ir, Patrick. — Abro a porta
rapidamente, sem o olhar. — Me desculpe.
Covarde! — Meu interior grita. E encaro
Patrick.
— Me desculpe... — Sussurro quase sem
emitir som algum, enquanto ele sai dando a
volta no carro e parando ao meu lado.
— Não tem por que se desculpar, Ágata.
Obrigado pela noite incrível. — Sorri.
Fecho os olhos, enquanto ele me dá um
beijo demorado na testa.
Eu não queria magoá-lo. Muito menos
enganá-lo. Droga.
— Boa noite Anjo. — Sussurra, entrando no
carro e saindo rapidamente.
Fico ali. Parada, observando o carro sumir.
Abro a bolsa, pegando as chaves e me viro
para entrar.
Estava exausta.
Paro, olhando o carro frear bruscamente, e o
fito sair, batendo a porta. O olhar preso ao
meu, as mãos enfiadas no bolso da calça.
— Achei que ele iria subir. — Diz com a voz
rouca e engulo em seco.
Tinha tirado o blazer, estava apenas de
colete e a camisa dobrada até os cotovelos.
As tatuagens à mostra no braço.
— O que está fazendo aqui, Christopher? —
Ergo o queixo, tentando controlar as próprias
batidas do meu peito.
— Não é nítido? — Abre os braços, me
olhando. — Eu estou enlouquecendo, Loira.
Sinto o ar faltar nos meus pulmões quando
ele se aproxima, a mão enlaça minha cintura e
o nariz se esfregando ao meu.
— Passei uma noite de cão, Ágata.
Desejando você...
— Christopher... — Ofego baixo, em uma
lamúria.
É incrível como o meu corpo reage ao seu,
eu me sinto fraca.
— Diga que não sentiu o mesmo? Diga que
não sente quando nossos olhares se cruzam?
— Sinto a respiração e o hálito fresco me
golpearem.
— Não... Posso... — Minha voz sai
esganiçada pelo desejo.
— Por que não pode?
— Porque estaria mentindo para mim
mesma Chris... — O encaro suspirar e sorrir,
grudando nossos corpos.
— Vamos sair daqui... Por Favor. — Ele
grunhi baixo, fecho os olhos assentindo.
O desejo, fala mais alto que qualquer outra
coisa.
Assim que o elevador se abre dentro da
gigante sala de estar, ele trilha beijos e
mordidas pelo meu pescoço. O caminho tinha
sido uma troca de carícias insanas e quentes.
Ele encosta o meu corpo contra a parede
assim que o elevador se fecha, a sua mão
aperta minha cintura e gemo baixo.
— Você me deixa louco, Ágata... — Diz,
prendendo meus braços para cima, apenas
com uma mão.
Com a outra, ele aperta minha coxa, a
colocando sobre seu quadril.
— Ah, Christopher... — Seus dedos tateiam,
até chegar a minha calcinha.
Fecho os olhos, abrindo a boca quando um
dedo me penetra fundo e rápido. Saindo,
entrando novamente. Aperto a sua mão e ele
apenas me dá um sorriso em resposta.
— Tão pronta Ágata... Tão minha! — A voz
rouca me invade e um arrepio desce pela
minha espinha.
As mãos buscam o zíper do vestido e ele o
desce rápido. Meu peito sobe e desce, ele me
encara, juntando o dedo indicador e o polegar
apertando um dos bicos enrijecidos.
— Meu desejo por você é insano... — Me
olha de cima a baixo.
Sou pega de surpresa quando ele me ergue,
subindo as escadas lentamente, sem quebrar
o contato dos nossos olhos.
É um quarto digno de cinema, grande e
luxuoso.
Ele enrosca meus cabelos em suas mãos
deixando meu pescoço exposto, enquanto
leva a boca para o mesmo. Chupando a carne
com firmeza, passando a língua e descendo
para o vale dos meus seios.
Gemo, quando ele prende um bico entre os
lábios, o bico enrijecido sendo rodeando pela
língua quente e ávida. E eu só consigo
segurar em seus cabelos, em um pedido de
mais.
Meu interior grita e esfrego uma coxa na
outra, o olhando. Ele vem para cima de mim,
como um felino que vai devorar sua presa.
Deito sobre a cama, me apoiando sobre os
cotovelos enquanto ele retira a minha
calcinha, o sorriso perverso nos lábios.
— Eu vou sentir seu sabor...
— Chris... Oh... — O encaro, e sem esperar
ele suga meus lábios vaginais com uma fome
absurda.
A língua se enfiando em minha abertura,
enquanto a mesma brinca, de cima para
baixo, de baixo para cima. Era uma caricia
lenta e intensa.
Meus olhos encontram os seus enquanto a
sua boca me devora. Ele suga cada pedaço
húmido, os estalos da sucção me deixam
alucinada.
— Tem uma bela bocetinha, Ágata... — Diz,
passando a língua novamente por toda a
extensão e me faz gritar.
Nossos olhos, não quebram o contato de
modo algum.
Ele realmente começa a me foder com a
língua, arrancando gemidos abafados e
insanos de mim.
Eu iria me desmanchar em sua boca, e ele
sabia. Apenas aumenta as chupadas,
passando o nariz devagar e suga meu clitóris,
fazendo minha cabeça pender para trás.
Sinto os espasmos em meu ventre e gozo.
Gozo alucinadamente em sua boca. Agarro o
lençol, temendo me desmanchar enquanto o
sinto afastar os pequenos lábios dando
atenção ao meu botão inchado.
— Christopher! —Gemo, o olhando se
erguer.
As roupas são tiradas rapidamente, minhas
mãos espalmam o seu peito. Eu adorava
aquelas tatuagens. Adorava aquele corpo.
Ele pega algo rapidamente na mesinha de
cabeceira, o papel laminado do preservativo
brilha e ele o rasga rapidamente.
— Eu coloco... — Pego o mesmo de suas
mãos.
Christopher apenas geme, meio sorrindo.
Ele tinha um belo pau. Chegando perto do
umbigo, grande e grosso. A glande robusta
brilhando, levo meu polegar passando pelo
mesmo e levo a minha boca.
— Puta merda, Ágata! — Ele grunhi,
enquanto o seguro firme e deslizo o látex
delicadamente.
Sorrio, enquanto ele deita sobre mim,
abrindo minhas pernas e passando a cabeça
por minha entrada, que pulsava.
— Ágata... — Arfa contra minha boca e
rodeio as pernas em seu quadril.
E ele entra fundo, com força. Meu gemido
ecoa pelo ambiente. Sinto minhas carnes se
abrindo, o acomodando dentro de mim.
— Ah, porra... — Gememos juntos.
Ele aperta firme minha cintura, aumentando
as investidas. Fodendo rápido, a boca faminta
suga meu seio, os prendendo entre os lábios.
Os olhos abertos fixados aos meus,
enquanto ele entra e sai fundo. Os quadris se
chocando contra o meu e sinto o pau batendo
fundo.
— Boceta gostosa do caralho... — Diz, entre
uma estocada e outra.
Mordo seu ombro, enfiando as unhas na
pele, o cheiro de sexo exalava por todos os
poros.
Ele me puxa contra seu peito, me virando de
costas rapidamente. A mão segura meu
quadril, me deixando empinada.
— Quero te foder assim... Para você me
sentir dentro de você. Bem fundo, Ágata. —
Sussurra em meu ouvido.
Olho por cima do ombro, enquanto ele estala
um tapa forte. Grudo as costas em seu peito.
Sinto-o abrir as bochechas do meu bumbum,
entrando metendo firme.
Meu corpo soa, minhas pernas fraquejam.
— Chris...to...pher... — As estocadas são
brutas e intensas.
Estava me deixando louca. O corpo suado
atrás de mim, a mão em meu seio e ele
metendo. O pau me enchendo de prazer, me
deixando desnorteada.
Meu interior grita e ele aumenta as
investidas, me fazendo gemer
alucinadamente, o urro sai com força da sua
boca em seu gemido abafado. A mão em
minha cintura, me apertando forte. Ele me vira
rápido, me olhando de cima a baixo, o sorriso
largo em seu rosto.
— Olhe o que faz comigo, Ágata... — Diz,
passando o polegar pelos meus lábios.
Eu estava suada. Descabelada. O vejo
engolir em seco e ele dispara:
— Largue o Patrick, Ágata.
Ainda estava de joelhos na cama, meu peito
ofegante.
— Christopher, eu não estou com o Patrick.
— Digo em um sussurro.
— Mas ele está com você, acabe com isso,
Ágata. — Ele diz firme e o encaro. — Patrick
está se apaixonando por você.
E sinto como se tivesse levado um soco no
estômago, meus olhos se arregalam e saio da
cama, ainda nua.
Não, Patrick. Não.
— Eu...
— Fique comigo, apenas comigo. — Pede
me olhando. — Sem compromisso, só não dá
para ficar assim... Você com os dois ao
mesmo tempo, Ágata.
— Eu não estou com vocês dois! — Ralho e
ele se aproxima, acariciando minha cintura
com o polegar.
— Fique comigo... Eu estou enlouquecendo
loira. — Sussurra e mordo o lábio.
O que eu estava fazendo, meu Deus?!
O desejo estava tomando conta de mim, eu
nunca fiquei tão tentada a me deixar levar por
ele.
Capítulo 11
Ágata
Abro os olhos, tentando me acostumar com a
claridade no quarto e os flashes de luz que
entram pelas cortinas , pisco algumas vezes e
me sento na cama, cobrindo meus seios com
o lençol fino de algodão.
Olho para a varanda do quarto e só então
percebendo detalhes que não notei. A
decoração do quarto é toda nos tons de cinza,
na parede enorme em frente a cama tem uma
TV, que mais parece uma tela de cinema, as
cortinas brancas contrastam com o restante
da decoração, quebrando um pouco os tons
escuros, por trás delas se esconde uma janela
de vidro do chão ao teto que dá acesso a uma
pequena sacada e pelo que posso observar
tem uma pequena mesa e alguns acessórios
de decoração, mas o que mais me chama a
atenção é a linda vista para o Central Park.
Me levanto pegando a camisa dele que está
do lado da cama e visto, caminho para a
varanda e fico admirando aquela bela
paisagem, que mais se parecia uma pintura.
Não dava para negar o quão estávamos
atraídos um pelo o outro, e o que eu teria que
conversar com Patrick, o mais rápido possível.
Eu sabia que tinha entrado em um beco sem
saída, mas era o beco sem saída mais
gostoso que eu já tinha entrado na vida.
Os resquícios da noite anterior ainda estão
por todo meu corpo, minhas mãos trêmulas
denunciam. Abro a porta com cuidado,
olhando o corredor imenso e silencioso.
Tem cerca de quatro portas, me olho no
enorme espelho, que toma quase toda parede.
Minhas bochechas coradas e o brilho em
meus olhos denunciam a felicidade.
Meu Deus, Ágata. Se controle.
Desço as escadas devagar, seguindo o
cheiro espetacular da cozinha.
Ele está de costas, apenas com uma calça
de moletom, as tatuagens à mostra, as costas
tão sexys. Cruzo os braços o olhando mexer a
panela com agilidade.
— Ei... — Diz se virando.
— Não sabia que cozinhava... — Digo indo
até bancada e me sentando em um dos
bancos.
A cozinha é bem equipada, daquelas dos
sonhos consumo que qualquer reles mortal.
Seu sorriso estampado no rosto faz subir um
arrepio pela minha espinha. Ele desliga o fogo
e coloca os ovos em um prato na minha
frente.
— Um dos meus segredos. — Diz, dando
uma piscadela.
— Espero que não se importe... — Digo
erguendo os braços, mostrando a camisa em
meu corpo.
E quase caio do banco, com o olhar que ele
lança para o meu corpo que me faz arrepiar,
aquela leve tremida no peito.
Ele dá a volta no balcão, parando com o
rosto a centímetros do meu. Desço do banco
rapidamente, quando suas mãos enlaçam
minha cintura com força, me colocando em
cima da bancada.
Meu coração falha uma batida, logo depois,
volta a bater frenético no peito.
— Você me deixa tão... Tão louco Ágata... —
Diz passando o polegar pelas minhas coxas,
fazendo minha pele se eriçar pelo toque de
suas mãos.
Não sonhe demais. — Meu interior alerta.
— Você também me deixa assim... — Aperto
seus braços firmemente, sorrindo.
A barba estava por fazer o que o deixava
ainda mais sexy e quente.
Era um desejo insano, desejo carnal, era
aquele desejo que consumia todo seu ser por
dentro. Sinto a ereção em minha entrada, ele
aperta minha coxa firmemente.
Minha boca entre aberta, em um pedido
silencioso por um beijo.
Fecho os olhos, apenas esperando o
momento em que sua boca vai encontrar a
minha...
Mas ele desvia, chupando meu queixo com
avidez, uma decepção toma meu coração, de
repente. Eu nunca entendia essa cisma dele
por beijos, eu respeitava, só não aceitava.
— Oh, Chris... — Digo entre os beijos
quentes em meu pescoço. Era um gemido de
frustação e desejo.
A barba roçando em minha pele, com aquela
fricção deliciosa, fazendo meu interior se
revirar. Os dedos desabotoam as primeiras
casas dos botões na camisa, e meus seios
saltam para fora. Percebo a luxúria em seus
olhos, enquanto as mãos espalmam sobre os
eles.
— Porque você é tão gostosa... — A voz
rouca me faz sorrir.
Meu corpo responde no mesmo instante,
meus pelos se eriçam rapidamente e meu
interior convulsiona com a pressão da
masculinidade sobre minhas pernas. A sua
boca em meu pescoço mordiscando a pele,
ora chupando... ora acariciando com a língua.
Os dedos apertando os bicos dos meus
seios, os puxando.
Minhas costas se colidem com a pedra fria
de mármore, minhas pernas vão para os
ombros de Christopher, onde sinto sua língua
quente passar sinuosamente pela minha
feminilidade.
Arqueio as costas quando sinto os dedos
afastarem os lábios e literalmente chupar com
força, minha boceta.
— Essa boceta... — Grunhi de encontro aos
meus lábios.
Passa o nariz, esfregando em minha boceta,
ao mesmo tempo em que sua língua faz um
trabalho invejável. Suga meu clitóris com força
e gemo alto. Minhas pernas fraquejam, meu
coração acelera e quase desfaleço.
— Chris... Por Favor... Oh, meu... Ah...
Agarro em seus cabelos com força,
impulsionando a cabeça para dentro de
minhas pernas. Não identificando o que estou
sentindo, mas chega tão forte, que dói.
Limpa os lábios, subindo por minha barriga e
parando em meu pescoço, meus lábios
salivam... E abrem convidativos.
Porém, ele desvia.
Ouço o barulho do preservativo sendo
rasgando, e colo minha testa a sua o
observando desenrolar o látex sobre a
extensão dura feito rocha. Ele segura na base
do pau duro, dá umas batidinhas, para e se
enfia dentro de mim com força.
Abro a boca, soltando um gemido rouco e
ele continua metendo fundo dentro de mim.
Seus dedos são enroscados em meus cabelos
e ele impulsiona os quadris contra os meus.
— Caralho, Ágata... — Diz segurando em
meu queixo, passando a língua pelo mesmo
com desejo.
— Me fode, Chris...topher. — Peço.
E ele obedece.
Obedece, preenchendo minha boceta com
todo aquele mastro enorme, minha carne se
abre enquanto ele enfia cada centímetro com
força. Minhas pernas dão aquela fraquejada
quando sinto os espasmos se aproximarem e
enfio minhas unhas em seu ombro, com força.
— Caralho! — Grunhi forte.
E gozo. Chamando seu nome com
desespero, enquanto sinto as socadas me
preenchendo, ele para. Retira o pau. Entrando
novamente.
Meu corpo se impulsiona para frente e sua
mão enlaça minha cintura, ajudando o quadril
a se chocar um com o outro. Duro.
Os corpos suados, esfregando-se um no
outro.
Ouço o urro forte, quando suas mãos
apertam meu bumbum e estoca firme, me
fazendo gritar seu nome. Sinto os braços ao
meu redor, sua boca vai para a curva do meu
pescoço. Vejo o seu rosto ficar vermelho bem
a minha frente e sinto os músculos se
enrijecerem dentro de mim.
— Porra.
A sua testa está colada na curva do meu
pescoço, com a respiração ofegante. Meu
corpo trêmulo denuncia cada ato daquela foda
impressionante.
Eu estava perdida. Era oficial.

Depois daquela manhã turbulenta e intensa,


o sorriso não saia dos meus lábios. Aquela
dorzinha gostosa no meio das pernas me fazia
lembrar cada momento intenso.
Estaciono o carro em frente à Secret Gold,
pegando minha bolsa no banco de trás do
carro. Já passavam das quatro horas da tarde.
Apenas passei em casa, tomei um banho e
me vesti rápido.
Passamos o dia inteiro juntos, tombando por
todos os cantos daquele apartamento.
E era incrível o quanto eu não me sentia
saciada.
Sorrio enquanto abro a porta da boate me
viro e paro, dando de cara com Helena, que
anda de um lado para o outro como uma
louca.
— Helena?
— Aí, Ágata... Graças a Deus você chegou.
— Diz, colocando a mão sobre o peito e
pegando em meu braço. Olho ao redor, vendo
todas as meninas com os olhos arregalados.
— O que aconteceu?
— Armando chegou, Evelin está com ele na
sala desde que ele pôs os pés aqui dentro...
— Helena responde rápido.
Meu coração falha uma batida e empalideço
no mesmo instante.
Merda. Merda. Merda.
— Eu vou matar ela!
— Ágata, por Deus! Pense na... — Helena
me encara e viro, saindo rapidamente.
Tudo que eu fiz durante a ausência dele, ela
foi contar. Vaca miserável.
Respira Ágata. Respira.
Subo as escadas, ouvindo Helena gritar meu
nome. Eu conhecia Armando. Conhecia muito
bem, para saber que ele não era de gritar.
Tinha que agir na frieza.
Abro a porta, vendo Evelin em pé na sua
frente, enquanto ele está sentado
praticamente com a mão em sua perna direita.
— Armando. — Indago o olhando.
Sentia minhas pernas dando uma leve
fraquejada. Mas não demostro.
— Pode ir Evelin. — Diz rápido.
Evelin me encara e passa por mim com um
sorriso de vaca desgrenhada.
— Feche a porta, Ágata. — Ele diz sério,
fazendo um frio subir pela minha espinha.
Armando é alto. Diria que tem a mesma
altura que Christopher. Os cabelos estavam
bem penteados e o blazer em seu devido
lugar.
Mas dava nojo. Um nojo imenso.
Estou encarando-o pelo seu olhar sei o que
ele quer que eu faça, me viro e fecho a porta.
Ele volta a se sentar, girando a cadeira de um
lado para o outro com a mão no queixo.
— Tem algo para me contar, Ágata? —
Pergunta baixo.
— Não. Não tenho. — Ergo o queixo o
olhando.
— Eu vou perguntar mais uma vez... Tem
algo para me contar, Ágata?
— Armando... Tudo que Evelin disse não
passa de fofocas... Eu não...
— O que ela disse Ágata? — Pergunta com
uma falsa calma, que me dá nos nervos.
Ele estava jogando, como o bom jogador
que era.
Estava querendo fazer eu me perder em
minhas próprias palavras.
— Sabe Ágata... — Diz se erguendo
enquanto dá à volta na mesa, parando bem na
minha frente. — Nessa viagem, tive muito
tempo livre para visitar certos lugares...
Dou um passo para trás, enquanto ele se
aproxima.
Um medo toma conta do meu corpo e ele
sorri passando por mim, sinto as mãos em
meus ombros, se fechando perto do meu
pescoço. Fecho os olhos, sentindo minha
garganta fechar.
— Armando... — Digo em súplica.
— Shiii... me deixe falar agora. — Meu
pescoço é arqueado para trás quando ele
puxa com força meus cabelos, presos em
suas mãos. — Você deu a boceta para aquele
filho de uma puta?
— Armando eu... Eu...
— É sim ou não, sua cadela! — A boca a
centímetros do meu ouvindo. Sinto vontade de
soca-lo. Enfiar minhas unhas em seus olhos e
arrancá-los.
— N—não.. Não.. — Digo em um fio de voz.
Eu o odiava. Odiava com todas as minhas
forças.
— Você abriu suas pernas para aquele
merda, Ágata? Não me faça perguntar de
novo! — Ele intensifica o aperto e trinco os
dentes de ódio.
— N—não! Eu falei... Que não... — Digo
rápido.
Ele segura meu queixo com força entre os
dedos, apertando-o.
— Pois vou dizer apenas uma coisa para
você, sabe quem sofre as consequências não
é, Ágata? Pois bem... saiba que ela não vai
ver você tão cedo...
As lágrimas já iam aflorando junto com o
enorme nó que se forma em minha garganta.
— Por Favor, Armando... Eu...
— Acha que aquele almofadinha vai querer
você, quando souber quem é? — Diz me
soltando com brusquidão, enquanto o encaro
sobre a névoa de lágrimas. — Sua Cretina!
— Armando... Deixe ela fora disso... Por
favor...
— Você não decide nada aqui! — Ele diz
entre dentes me encarando enquanto se
aproxima e segura meu braço forte. — Eu
estou com vontade de matar você! Cadela!
Limpo o rosto o olhando. Ele estava me
punindo.
— Saia da minha frente! — Diz virando de
costas, enquanto choro copiosamente em sua
frente.
— Armando...
— Saia, agora! Ou eu não respondo pelo
que vou fazer com você, Ágata!
Limpo o rosto, saindo da sala o mais rápido
possível.
Que você queime no fogo do inferno,
Armando. Eu, mais que qualquer outra pessoa
sabia o quanto ele era cruel, o quanto podia
ser cruel.
Capítulo 12
Ágata
—Eu odeio esse Armando, filho de uma puta!
— Helena grita alto, enquanto fungo limpando
meu rosto. — Eu não aguento Ágata... Juro
que não aguento.
Eu queria falar a mesma coisa, dizer que
não aguentava mais aquela vida de merda.
Aquele homem asqueroso, que odeio com
todas as forças. Nojo.
Termino de beber a água e deposito o copo
em cima da bancada, me ergo rapidamente,
olhando Evelin de braços cruzados, encostada
na soleira da porta. Helena se põe em posição
de ataque.
— Sabe Ágata... Eu disse para não se meter
comigo... — Diz sorrindo.
— Meu Deus... Estou com meu senso de
recalque ligado, ops quebrou... Sinal tá muito
forte, sabe? — Helena responde sorrindo.
— Cuidado, Helena... A próxima a ser
expulsa vai ser você.
Afasto-me olhando Evelin de perto,
enquanto seu sorriso aumenta. Na verdade,
eu nunca a odiei, ao contrário dela que desde
que pus os pés aqui me tem como uma
inimiga.
— É o melhor que pode fazer Evelin? —
Pergunto, cruzando os braços quando o seu
sorriso aumenta. — Me dedurar para
Armando, te faz sentir bem?
— Eu não te dedurei...
— Preguiça de você Evelin. — Viro de
costas, pegando meu blazer e voltando a
encarar. — Cuidado, eu te faço sair daqui
escorraçada como uma cadela sarnenta.
— Armando te bota primeiro, Ágata!
Sorrio, passando a língua pelos lábios,
voltando a ficar séria.
— Você sabe que isso nunca vai acontecer.
Mas eu iria adorar sair daqui! Bom, tenho um
show para fazer daqui a algumas horas. —
Saio da sala com passos apressados, ouvindo
os xingamentos de Helena para ela.
Me encosto na parede, deixando todas as
lágrimas caírem. Porque eu sabia que
Armando não iria deixar barato, eu sabia o
quão horrível aquele monstro poderia ser com
ela.
Pego meu celular, digitando com pressa e
suspiro quando alguém atende.
— Alô?! Vânia me deixe falar com ela...
— Ágata?! É você? — A voz faz meus
dentes trincarem.
— Onde ela está Vânia? — Peço com a
garganta arranhando. O medo se alastrando
pelo meu corpo.
— Ela está dormindo, Ágata... Não pode
falar agora.
— Vânia, eu preciso falar com ela. Por favor.
Ouço a respiração baixa do outro lado e meu
coração dispara.
— Sinto muito, Ágata. São ordens do
Armando.
E desliga. Paraliso com o celular na mão,
olhando Armando descer as escadas com
calma, ao mesmo tempo em que põe o blazer
por cima da camisa creme.
Queria que descesse as escadas rolando!
— Armando... — O chamo e ele se vira,
sorrindo me olhando.
— Estou com pressa, Ágata. Antes de
chegar quero você pronta na minha sala, não
vai dançar hoje. — Diz sério.
— O que? — Pergunto o olhando, temendo
ter ouvido mal.
— Você entendeu. Na minha sala. Não vai
dançar hoje. — Repete, virando as costas e
saindo porta fora.
Engulo seco.
Encosto a testa na parede soprando o ar
pela boca, eu não deixaria Armando fazer o
que fez comigo novamente. Não de novo.
Volto para a sala de ensaio, treinando todos
os passos novamente, por mais que ele
achasse que eu não iria dançar. Esgotei meu
corpo, meus pés reclamam, mas eu estava
satisfeita comigo mesma.
Fui para casa apenas para pegar alguns
itens e voltei correndo para a boate, passo
direto por Helena e vou para o meu camarim,
pegando a roupa vermelha no cabide.
— O que foi? — Ouço Helena perguntar,
quando termino de pôr o espartilho.
A fantasia da noite era algo sexy e ao
mesmo tempo, alucinante. O espartilho é
curto, acompanhado por duas tiras finas que
seguram a calcinha fio dental. Estou de saltos,
também vermelhos.
— Armando disse para você esperar na
sala, Ágata... — Helena reforça.
— Eu sei. — Digo soltando os cabelos que
caem em cachos pelos meus ombros. — Mas
vou dançar. Ele queira, ou não.
— Amiga... — Helena me fita séria.
— Eu preciso acalmar essa raiva de dentro
de mim, Helena. — A beijo rápido, saindo em
passos largos.
Paro atrás das cortinas pretas, ouvindo os
acordes de The Life soar pelas caixas de som
embutidas.

Ever since I'm young I'm tryna get it right


Every year I'm looking for the gold
Don't sleep 'til we see the daylight
Living big going up on the rope
I like seeing all the bright lights
Keep it up, pour it up for the night
Two times, I'mma get it two times
Double up, run it back on my mind

Enrosco meu corpo no metal frio do pole


dance, enquanto meus quadris fazem o
trabalho. Hoje a boate está repleta de clientes,
e isso faz meu sorriso apenas aumentar mais
ainda.
Olho por cima do ombro, mordendo os lábios
lascivamente enquanto sorrio, vendo os
clientes delirando.
This is the life, life, life
This is the life, life, life
This is the life, life, life
This is the life, life, life (this is the life)
This is the life, life, life
This is the life, life, life (this is the life)
This is the life, life, life
This is the life, life, life (this is the life)
Encosto todo o corpo no metal subindo
rapidamente, enquanto desço em um giro
fenomenal. Minha cintura roçando no mesmo,
enquanto meu sorriso aumenta com os
assobios altos dos clientes.
"...Uou, que Delícia..."
Mas meu corpo congela quando vejo
Armando de braços cruzados, em cima das
escadas.
Babaca!
Eu não vou me intimidar.

Give it up for the kids


Eating good, getting lit
Living life, feeling rich
Oh, I, oh, I (this is the life)
We're the best in the biz
Breaking off, betting chips
Living life, feeling rich
Oh, I, oh, I, yeah

Sopro o ar pela boca quando finalizo a


apresentação, as cortinas se fecham e Helena
corre para me entregar o sobretudo. Visto com
rapidez quando vejo Armando se aproximar
como um animal prestes a atacar à presa.
— Me solte... — Berro o olhando.
— Armando...
— Saia da minha frente, Helena! AGORA!
A encaro e ela sai rápido. Suas mãos se
fecham sobre meu braço, ao mesmo tempo
em que ele me arrasta escada acima, meu
coração batendo forte no peito. Entramos em
sua sala e ele me joga sobre o sofá com toda
a força. Seu rosto se contorce de ira e a cor
avermelhada toma conta da sua face por
completo.
— O que merda você estava fazendo? —
Pergunta, batendo com as duas mãos na
mesa.
— Meu trabalho. Se esqueceu o que faço?
— Pergunto, depois de um tempo em silêncio.
Me ergo amarrando o sobretudo, o
encarando praticamente voar para cima da
mim pegando em meu pescoço.
— Eu não tenho nem paciência, muito
menos vontade de aturar suas rebeldias. —
Cospe as palavras em meu rosto e o encaro.
— Cada ação tem uma reação, Ágata...
Faço um movimento brusco, me soltando de
seu aperto.
— Vânia está em outra residência com
Clhoe. — Meus olhos saltam para fora e parto
para cima dele, desferindo socos sem
sentindo algum em seu peito.
Ele rapidamente se desvencilha, segurando
em meu braço.
— Seu miserável! Ela é minha...
— Sua, uma merda! — Segura em meu
pulso me segurando, enquanto me debato
com força. — Se tentar outra coisa para me
atingir... Eu sumo com ela, e você nunca
mais... Ouviu? Nunca mais vai vê-la!
— Vá para o inferno! — Disparo o socando
com força.
Mas a única coisa que ouço são as batidas
na porta, exasperada. Armando me solta e
viro de costas, ouvindo apenas a voz de
Evelin do outro lado.
— Mande-o entrar. — Ouço Armando falar,
antes de bater à porta com força.
Limpo meu rosto com pressa o observando
ajeitar a abotoadura da camisa preta.
— Vá para casa, Ágata. Pense em seus
atos. — Diz manso me fazendo o olhar.
— Eu tenho nojo de você. — Digo baixo.
Saio antes de esperar uma resposta,
batendo a porta com toda a força. Não vejo
Helena antes de ir para casa, cubro meu
corpo com um casaco enorme e amarro os
cabelos em um rabo de cavalo.
As lágrimas vão descendo com muita força,
abaixo a cabeça encostando a testa na porta
do carro.
— Ágata? — Me viro, olhando Patrick
parado.
Não chore, Ágata. Não chore.
Só que é algo mais forte que eu. Um soluço
escapa da minha garganta quando ele me
abraça, não é aquele abraço de desejo... É um
abraço de amigo, daqueles que se mais
precisa nesse momento.
— O que você tem Ágata? Shii... Estou aqui
meu doce... Estou aqui, Ágata. — Diz
segurando minha cabeça com as mãos,
enquanto fungo em seu casaco.
Eu fico em silêncio por um bom tempo,
enquanto as lágrimas descem me golpeando
com força.
— Me deixe cuidar de você, Ágata. Me dê
uma chance apenas para cuidar, cuidar de
você...
— Ah, Patrick... — Ofego.
Eu não queria pensar em nada daquilo.
Nada.
Minha mente estava perdida na única
pessoa que precisava de mim.
É a única que me mantinha firme e forte.

Christopher
— Cala a boca, pau no cu! — Ouço Lorenzo
resmungar baixo enquanto abro a porta da
sala encarando ele e Arthur em pé.
— O que foi? — Pergunto olhando Lorenzo
sorrir.
— Nada. — Respondem juntos, se
entreolhando.
Passo por eles jogando o blazer na cadeira
e volto a encará-los friamente. Eu conhecia
Lorenzo muito bem, o quanto seus olhos
dançavam quando mentia. Arthur convencia a
todos com a cara de anjo, mas eu sabia que
aquela cara era só a farsa do diabo.
— Desembucha, tive uma noite infernal. —
Digo me sentando, colocando as pernas
cruzadas por baixo da mesa.
— Não saiu ontem? — Arthur pergunta,
piscando os olhos rapidamente. — Nem foi à
boate?
Solto o ar pela boca exasperado, Ágata tinha
marcado de ir para meu apartamento assim
que saísse da boate, mas ela não apareceu. E
também não tive como ir até ela. Uma raiva se
apossou do meu corpo com um surto de uma
adrenalina tão forte, que eu era capaz de
socar qualquer ser humano que passasse a
minha frente.
— Não, Arthur. Agora vão me falar o que
merda está acontecendo? — Pergunto,
olhando Arthur encarar Lorenzo que olha para
o lado como se eu tivesse falando com
o Gasparzinho.
— Conta, Lorenzo! Foi você que escutou! —
Lorenzo abre a boca, quando Arthur aponta
para ele.
— Mas foi você que viu! — Lorenzo rebate e
Arthur vira o pescoço de lado, o olhando.
— Vão parar de jogar a culpa um para o
outro, ou vão me falar de uma vez!
Eu não queria tirar a visão de Ágata da
minha mente, passar o dia usufruindo daquele
corpo, apenas deixou meu tesão mais aflorado
do que o normal.
Ponho a mão no queixo, olhando Lorenzo se
erguer e começar a falar:
— Saí ontem à noite, e sem querer... Sem
querer mesmo... Passei em frente à boate
onde a Ágata trabalha. — Pigarreia e
semicerro os olhos. — Bom... Vocês passaram
o dia juntos ontem, né?
Concordo com um leve balançado de
cabeça.
— Patrick estava abraçado com ela,
enquanto ela estava aos prantos do lado de
fora da boate.
Sabe aquela notícia que deixam seus pés
formigando de tanta raiva. Mas não é
daquelas raivas, é uma mistura de ódio e
incredulidade que te fazem cegar, de repente.
— Tem certeza que era a Ágata? —
Pergunto, respirando longamente.
Afrouxo o nó da gravata em meu pescoço
sentindo o mesmo me sufocar.
— Claro que era ela, conheceria aquela
bund... Aquelas costas em distância absurda.
Me levanto com tanta pressa que a cadeira
deu uma leve balançada. Vou até a janela de
vidro, passando a mão pelo queixo. Ela tinha
me prometido que o deixaria que ia ficar
apenas comigo. Mas que inferno do cassete!
Por isso ela não foi para meu apartamento!
Estava com Patrick. Óbvio.
— Onde Patrick está? — Pergunto sério.
— Não chegou. — Arthur diz se erguendo.
— Na real, Chris... Você gosta mesmo dela?
Estreito meus olhos quase o mandando para
a puta que pariu!
— Claro que não, Arthur! É apenas sexo
entre nós! Nada mais justo eu não querer meu
irmão com ela! Transando! Por favor! — Jogo
os braços para o alto, rindo de nervoso.
— Olha Chris... Fodendo ou não, pelo que
entendi, Patrick está gostando mesmo da
Ágata. — Lorenzo diz baixo me olhando.
— E daí?
— E daí Chris, que se você não quer algo de
verdade com ela, deixe Patrick ficar com ela...
Eu gargalho na cara de Arthur, não
acreditando em suas palavras. Saio batendo a
porta, deixando os dois ali mesmo.
Lorenzo um puto de carteirinha, junto de
Arthur que é mestre, vem me dar conselhos!
Vá para a puta que o pariu! Entro na sala de
Patrick, o vendo sentado, enquanto digita algo
no computador.
— Oi... — diz tirando os olhos da máquina,
me encarando.
— Oi, Patrick... Eu... Vim te pedir o relatório
da carga. — Emendo rápido, enquanto
procuro algum rastro da noitada de ontem à
noite.
— Eu te entreguei esse relatório ontem
Chris. — Diz arqueando a sobrancelha. —
Você está bem?
NÃO.
— Estou, tinha esquecido. Desculpa. —
Engulo seco o olhando. — Foi na casa de
mamãe ontem? Iria passar lá, mas tive que
terminar as planilhas.
— Passei, mas fui para casa logo depois,
tive que sair... — Diz e cerro o maxilar, o
observo me encarar e logo depois franzir o
cenho. — Fui ver Ágata ontem... Ela estava
tão mal.
— Estava doente? — Pergunto rápido.
— Não. Deve ter sido problema com a
família ou algo do tipo. A deixei em casa e vim
embora.
Quase grito de felicidade.
— Er... Faz bem. Quer dizer, Fez bem em
deixa-la em casa. — Passo a mão pelo rosto o
olhando.
— Está legal mesmo, Chris? — Ele sorri e
assinto.
— Claro. Eu... Eu vou voltar para o trabalho.
Foi em vão, eu não consegui me concentrar
em porra nenhuma. Minha cabeça estava
longe demais para raciocinar algo, almocei em
minha sala mesmo, nem Arthur e Lorenzo
vieram me encher o saco.
Estava ansioso e quando o relógio marcou
17 horas, pulei como um louco para fora da
empresa, e sai cantando pneus com meu
carro, dirigindo até o pequeno prédio no
centro.
Toco a companhia com insistência, até que a
porta se abre e uma moça de rosto redondo
arregala os olhos me encarando.
— Oi...
— Ágata está? — Pergunto a encarando.
— Não... Ela está na boate, foi há pouco...
— Obrigado. — Saio rápido.
Mordo o lábio inferior, voltando para pegar o
carro. Eu sei que ir até a boate não vai
adiantar, pois estará fechada. Então apenas
volto para casa, abrindo uma garrafa de vinho
e enchendo uma taça.
Abro a camisa com uma mão, enquanto levo
a taça com a outra até a boca sorvendo um
gole da bebida.
Eu iria esperar por horas. Ela iria vir. Eu
sabia.

Abro a porta quando a companhia soa


insistentemente, saio da poltrona, ainda
vestido com roupas do trabalho. O álcool do
vinho já subindo para minha cabeça. Giro a
maçaneta, olhando Ágata vestida com um
vestido rodado azul, seus cabelos presos em
um coque frouxo.
Um suspiro de alívio sai de mim e ela me
encara lindamente.
— Chris... — Puxo seu corpo de encontro ao
meu, sentindo uma necessidade de tê-la em
meus braços.
Fecho a porta com o pé enquanto beijo seu
queixo, passo o polegar pelo seu lábio,
imaginando a doçura que seria provar seus
lábios com desejo.
Mas eu não devo.
Beijar é tão íntimo.
E eu não podia...
— Eu senti sua falta... — Digo a olhando
descer os olhos para minha mão. — Por que
não veio ontem?
Me martirizo com minha pergunta, mas
aquilo estava me matando.
— Eu não pude... Chris, eu... Preciso falar
algo com você. — Pisco algumas vezes a
olhando.
— O que houve? – Indago e vejo erguer o
queixo me fitando.
— Não podemos mais nos ver. — Diz rápido
e a fito franzido o cenho.
— O que?!
Meu coração bate forte no peito a encaro
sério, me afastando.
— Não posso continuar com isso,
Christopher! Preciso decidir minha vida... Eu
tenho alguém que depen...
— É por causa do Patrick? É isso? —
Indago a olhando.
Ela nega com a cabeça em um sinal sutil.
— O que é então? Me diga...
— Eu preciso decidir minha vida! É isso...
Embarcar em um relacionamento... Eu... —
Ela anda de um lado para o outro e para.
Minha cabeça gira.
— É isso que você quer?! Quer um
relacionamento?
— Christopher...
— Você quer ficar com o Patrick, não é? —
Pergunto incrédulo, sorrindo. — Acha que
meu irmão, vai te aceitar quando souber que é
uma stripper?
Vejo seus olhos se arregalarem e me
amaldiçoo pelas próprias palavras saídas da
minha boca.
— Merda! Desculpa Ágata... Eu... — Me
adianto e ela nega com a cabeça.
Seguro em seu braço e ela se afasta.
— Saia de perto de mim, Christopher! —
Vira de costas, pronta para sair.
Puxo o meu corpo o prensando contra a
parede no mesmo instante em que encaixo
minhas pernas em seus quadris.
— Patrick não tem... Capacidade de domar
você na cama, Ágata. Eu conheço meu irmão.
— Digo sério passando a língua pelos lábios.
— Desista de Patrick de uma vez por todas...
— Beijo seu pescoço, ouvindo seu gemido em
resposta. — Fique apenas comigo... — Chupo
seu queixo.
— Não tem nada haver com seu irmão,
Christopher! — Ela ralha, tentando se afastar
e colo seu corpo ainda mais ao meu.
— Ágata, por favor... O que você quer? O
que quer para acreditar que eu quero você?
Só você...
Ela nega com a cabeça me olhando.
— Me beije, Christopher.
Capítulo 13
Christopher
Engulo em seco quando os olhos verdes
me encaram. E eu apenas tento controlar o
impulso.
— Me beije, Christopher. — Repete
mordendo os lábios, me olhando.
Baixo os olhos para o decote avantajado à
mostra pelo vestido. E sorrio. Eu queria provar
de seus lábios, tanto quanto meu corpo
precisa de oxigênio, mas eu sabia que se a
beijasse, eu perderia minha consciência e
minha decisão de não me envolver demais.
E eu não podia. Não desse jeito.
Então apenas ergui seu queixo com o
indicador, e ela me encarando com aquele
rosto arredondado, aquela expressão de anjo
indefeso.
Que de indefeso não tinha nada.
— Eu vou beijar, mas não a sua boca. —
Digo em um sussurro, erguendo suas coxas
para o redor da minha cintura.
Ela apenas nega com a cabeça e o rosto se
transforma em uma expressão distante.
Ando com ela ainda me olhando, e subo as
escadas com pressa, abro a porta do quarto
com um solavanco a coloco deitada sobre a
cama. Seguro em sua mão pondo-a de joelhos
tateio suas costas a procura do zíper e
encontro.
— Chris...
— Me deixe fazer o que eu quero Ágata... —
Sussurro de volta, a acariciando.
As costas nuas, um paraíso.
Desço as alças finas do mesmo, revelando
seus seios alvos e firmes, no mesmo instante
em que a cascata de cabelos loiros tenta
cobri-los, os afasto os fios a fitando
intensamente.
— São tão lindos Ágata. — Digo, mal
reconhecendo minha própria voz
enrouquecida.
Minhas mãos espalmam os mesmos, suas
delicadas mãos vão passando pelo meu peito,
indo até a barriga e subindo novamente em
uma carícia que me deixa salivando.
Me ajoelho, ficando na altura da sua barriga
lisa, beijando cada parte. A calcinha delicada
azul me deixa hipnotizado. Suas mãos se
enfiam em meus cabelos, os puxando.
— Você é tão gostosa...
Beijo sua cintura ao mesmo tempo em que a
puxo para sentar, meu rosto a centímetros da
boceta coberta apenas pelo tecido frágil da
calcinha. Abro suas pernas, não deixando de
encará-la um minuto se quer.
— Quer que eu beije seus lábios, Ágata? —
Pergunto vendo o seu rosto dopado de desejo.
— S-sim... — Diz em um sussurro quase
inaudível.
Uso o indicador para afastar a renda,
mostrando aquela delícia vermelha e brilhante,
convidativa. Minha boca saliva, ao mesmo
tempo em que meu pau trinca dentro da
cueca.
— Vou dar o melhor beijo de língua que essa
boceta já recebeu meu doce...
— Ohh... — Ouço o gemido quando minha
língua passa pela extensão de sua boceta, de
cima a baixo.
O desejo escorrendo pela sua entrada,
enquanto rodeio-a sem pressa com uma
lentidão que desconheço. Suas costas
arqueadas no colchão, os fios de cabelos
cobrindo seu rosto.
Enfio a língua sem ela esperar pelo
buraquinho molhado, ouvindo seus gemidos
abafados. O gosto do seu prazer aguçando
minhas papilas gustativas, enquanto chicoteio
seu clitóris sem pena.
Meu polegar o acaricia a penetro sentindo o
seu corpo se contorcer.
Meus dentes prende os lábios carnudos,
enquanto me afogo em seu prazer.
— Ahh... Oh meu Deus... — Suas pernas
tremem e ela convulsiona, enquanto sinto o
prazer explodir em minha boca, sentindo o seu
gosto.
Desabotoou o cinto com rapidez, tirando a
calça e o descarto em um canto qualquer do
quarto. Subo em seu corpo curvilíneo, vendo
seu rosto corado, o peito subindo e descendo
ofegante.
Tateio a cabeceira, abrindo a gaveta e
pegando um preservativo, o visto rapidamente
vendo seu olhar lânguido em minha direção.
— Vou te foder com força, Loira. — Beijo
seu pescoço, apertando a cintura fina.
Seguro na base do pau esfregando o
mesmo na entrada úmida. Ágata solta um
gemido rouco quando a penetro rápido,
sentindo a carne macia me prender. E ela se
abre ainda mais, me recebendo.
Minha mão espalma em seu seio, enquanto
prendo o outro em meus lábios, o bico
enrijecido e sugo sem pudor enquanto minha
língua o rodeia.
A penetro fundo, ao mesmo tempo rápido e
depois lento. O corpo totalmente entregue ao
meu.
Os olhos fechados e a boca pequena
entreaberta chupo seu queixo e mordisco na
sua ponta, ouço seu gemido.
— Me fode, Chris... — Abro os olhos vendo
as pupilas de seus olhos dilatadas de desejo.
— Com força...
Algo dentro de mim se convulsiona quando
ouço as palavras ditas com tanto desejo, a
puxo pondo em cima de mim, os seios na
altura do meu rosto e a bunda na altura das
minhas mãos. É meu paraíso.
— Rebola... me deixa te sentir todinha,
Ágata. — Peço mordiscando seu seio, ao
mesmo tempo em que o abocanho com fome.
E ela desce lentamente, subindo logo em
seguida para meu desespero. Literalmente
fodendo. Espalmo minha mão em sua bunda
enquanto ela quica a mão em meu peito a
cabeça tombando para trás lindamente.
— Ahhh, filha da puta... — Sorrio de lado,
estalando um tapa forte na nádega e depois
acariciando.
As coxas grossas ao redor da minha cintura.
Pendo a cabeça para trás quando a sinto
descer com força, sinto meu pau ir fundo,
enquanto nossos gemidos se misturam no
silêncio.
E puta merda. Não tinha visão melhor do
que aquela mulher em cima de mim. Nua.
Suada. Gemendo.
Meus músculos enrijecem, e urro como um
louco quando sinto o preservativo se encher
de porra. Acho que nunca tinha gozado tanto
na vida.
Encosto minha testa na sua, sentindo o suor
escorrer pelo meu corpo. Ágata ofega baixo,
me olhando por um longo momento e depois
cai ao meu lado. A puxo para meu peito,
acariciando seus cabelos.
E ficamos assim por minutos incontáveis, até
que ouço sua respiração baixa. Sorrio
acariciando os cabelos dourados.
Ela é linda.
Saio de fininho, vendo seu rosto tranquilo
enquanto ela dorme pego o lençol cobrindo
seu corpo e saio para tomar um banho.
Ligo o chuveiro, deixando a água quente
molhar meu corpo. Saio enrolado na toalha,
vendo Ágata do mesmo modo que deixei.
Volto para a cama, ficando ao seu lado e não
demoro nada a pegar no sono sentindo o
cheiro de seus cabelos.
Abro os olhos devagar e me sento, olhando
Ágata que ainda dorme. Mais uma noite
juntos.
Desço da cama ouvindo vozes no andar de
baixo. Desço as escadas apenas de short de
moletom, vejo Lorenzo, Patrick e Arthur na
sala.
— Invadimos sua sala! — Lorenzo diz
abrindo os braços e me olhando.
— E sua geladeira! — Arthur sorri,
mostrando a garrafa de cerveja.
— Enchendo o cu de álcool uma hora
dessas, Arthur? — Lorenzo dispara e ele sorri.
— Quer também? — Indaga estendendo a
garrafa e Lorenzo a pega, sorvendo um gole.
Engulo seco olhando Patrick sorrir para
Lorenzo.
— O que foi? — Pergunto, dando um sorriso
fraco.
— Eles que me arrastaram até aqui. —
Patrick justifica sorrindo. — O que é isso?
Segura os sapatos pretos nas mãos.
Os sapatos de Ágata.
— A noite foi boa em? — Lorenzo diz
sorrindo.
— A carinha de quem fodeu a noite todinha.
O modelo é pequeno, e lindo. Tinha apenas
uma corrente que pegava a parte de trás.
— Deixe de ser enxerido, Patrick. — O
encaro e sorrio. — E sim, a noite foi ótima
Lorenzo!
Patrick sorri me olhando, balançando a
cabeça. Lorenzo semicerra os olhos me
encarando e Arthur me fita desconfiado.
Eu desvio os olhos rapidamente, indo direto
para a cozinha. Abro a geladeira pegando
queijo e presunto e pondo em cima da mesa.
— Tem mais cerveja nessa casa não? —
Lorenzo indaga
— Depois eu que sou o cu de álcool! —
Arthur rebate, se sentando no banco.
Lorenzo pega uma garrafa na geladeira
abrindo rapidamente.
— E essa cara de cu, é por quê? — Lorenzo
cutuca Patrick, o olhando.
Arthur dá um sorriso e o encaro sério.
— Nada não. Dormi um pouco mal. — Diz
passando os dedos no balcão.
Lorenzo me encara junto de Arthur e ambos
olham para sala, voltando a olhar para mim
em seguida.
Assinto com a cabeça quando ele faz um
gesto com o dedo apontando para cima em
um gesto imperceptível.
— Ah mano, o mundo está cheio de
mulheres! — Arthur sorri. — Nada que um chá
de boceta não te deixe feliz, Patrickzinho.
— Liga não, boceta tem várias nesse
mundo... Eu por exemplo, pego, como e
mando um cartão no outro dia. — Lorenzo diz,
batendo em seu ombro.
— Você e essa sua maneira de tratar as
mulheres como objetos, Lorenzo. — Patrick
balança a cabeça o olhando.
— Ah mano, pra que se apegar, a vida é
bela! — Meu irmão caçula abre os braços
sorrindo. — Usa a lei do desapego: pega e
não se pega.
— Mulher não falta! — Disparo.
— Fazer o que... Se eu quero só uma. — Ele
diz sorrindo fraco.
Eu sinto a alma sair do meu corpo enquanto
o encaro.
Lorenzo franze o cenho e Arthur tosse
levemente.
— Ágata é diferente, não sei explicar... Mas
ela é...
— E se ela já estiver afim de outro? —
Pergunto com a voz rouca.
Lorenzo solta um pigarro e Arthur me
encara.
— Eu iria lutar para tê-la do mesmo modo
Chris, eu gosto da Ágata. — Sinto como se
fosse um soco em meu estômago.
Apenas o encaro, cerrando o maxilar
desejando que Ágata descesse aquelas
escadas.
Dane-se se o egoísmo estivesse me
batendo.
Você não pode lutar comigo irmão. — Minha
garganta se fecha, quase pronunciando as
palavras.
— Fresco. Nunca diga a uma mulher que
gosta dela, porque ela te pisa como um inseto.
— Lorenzo diz o olhando.
— Eu que o diga. — Arthur o encara.
— Eu ainda vou te ver de quatro por uma
mulher, Lorenzo Gonzáles. — Patrick rebate.
Ouço as tossidas de Lorenzo, que
provavelmente se engasgou com a cerveja.
— Tomar no cu, Patrick! Praga pega,
caralho!
Encaro Patrick que sorri me olhando.
— Eu admito, estou gostando de Ágata de
verdade. — Diz pondo os braços para cima. —
Não é errado isso.
Eu nunca achei que em toda minha vida,
algo iria me fazer brigar com meu irmão...
Mas acabei de encontrar. Ágata.
Ágata
Estaciono o carro na garagem do meu
prédio, soltando o ar aos poucos. E merda.
Apenas esperei Lorenzo, Arthur e Patrick sair.
Acordar e ouvir as vozes me fez paralisar.
Christopher estava estranho quando eu saí e
eu sabia que era por causa do Patrick. Me
despedi com um beijo em seu rosto e sai
pegando o carro e dirigindo sem pressa.
Eu não queria magoar nenhum dos dois.
Não queria estar no meio de dois irmãos!
O que Christopher sentia por mim? Era
apenas ego ferido?
Entro no elevador, olhando os números no
painel passarem lentamente. Giro a chave na
maçaneta, abrindo a porta em seguida.
— Helena? — Chamo não obtendo resposta.
— Lena?
Jogo as chaves no aparador, indo direto
para meu quarto, todas as janelas estão
fechadas, deixando todo o quarto
completamente escuro. Faço movimentos
desconexos nos pés, tirando os sapatos e
ascendendo a luz do quarto.
Armando está sentando, me encarando
sério.
Merda.
Recuo dando um passo para trás, mas seu
rosto continua com a mesma aparência de
antes.
— Venha cá, Ágata. — Diz em um fio de
voz. — Não vou te chamar duas vezes, então
pense bem antes de sair correndo como uma
cadela assustada sabe que odeio jogos.
— O que está fazendo aqui? — Indago
séria.
— Eu mandei vir até aqui. — Sussurra entre
dentes.
Não me movo. Nem um passo sequer.
Ele avança sobre mim enquanto segura em
meu queixo com força.
— Onde você estava? — Viro meu rosto e
ele intensifica o aperto, me fazendo o encarar.
Não respondo.
— ONDE VOCÊ ESTAVA SUA MERDA?
Continuo calada o olhando.
A fúria fazendo meus dentes trincarem,
tamanho meu ódio.
— Não.Interessa.Onde.Eu.Estava. — Digo
ríspida com as palavras todas juntas.
Sinto apenas o ardor do tapa em meu rosto,
o peso do anel batendo no canto do meu
lábio. Coloco a mão sobre o local sentindo
meus dedos molhar com o sangue.
— Verme! — Disparo o olhando.
— Eu avisei na primeira vez, eu disse que
não queria você perto daquela almofadinha,
Ágata... — Sua voz é mansa, o que faz meu
ódio apenas aumentar. — Sabe o que vai
acontecer agora?
Ele segura firme em meu rosto e o encaro
enquanto empurro sua mão, sendo mais uma
tentativa em vão, pois seu aperto se intensifica
fazendo meus olhos lacrimejarem.
— Pare... Armando...
— Passou a noite com ele?
— Me solte! — Peço o olhando.
— Abriu as pernas pra ele, Ágata? —
Repete perto do meu rosto.
Seus olhos descem para meu corpo e o
empurro me soltando bruscamente.
— Saia daqui, Armando! Vá embora!
— Se você acha Ágata, que vai ficar livre e
curtir sua vida como uma vadia qualquer...
Você tá enganada!
— Eu sou livre! — Grito o olhando sorrir,
balançando a cabeça de um lado para o outro.
Seu sorriso aumenta quando pega o celular
no bolso, discando um número.
— Vânia? Clhoe está acordada? — Seus
olhos dançando sobre meu corpo. — Ótimo...
Não. Não deixe Ágata falar com ela. Não
passe nenhuma mensagem.
—Me deixe falar com ela, Armando! — Peço
o olhando.
— Isso é uma ordem, Vânia. — Ele me
encara por um tempo e logo sorri. — Diga a
ela que mandei um beijo. Tchau.
Seguro em seu braço o olhando, enquanto
seu sorriso aumenta.
— O que foi? Lembra que eu disse que cada
ação, gera uma reação? — Pergunta com o
rosto a centímetros do meu. — Você teve a
reação que mereceu.
— O que acha que vai ganhar Armando? O
que quer com isso? — Pergunto o encarando.
— Me prender a você? É isso que quer?
— Você já está presa a mim, Ágata! E você
sabe muito bem disso!
Viro o rosto, desviando do beijo em minha
boca, enquanto ele sai pisando firme.
Limpo a cara com tanto ódio, sentindo o
sangue descer.
Me encosto na parede, descendo enquanto
abraço meus joelhos.
— Ah, Clhoe... É por você que aguento isso
meu amor.
Fecho os olhos quando as lágrimas descem.
E ele tinha razão. Eu estava presa a ele.

O restante do dia passou rápido, eu mal saí


da cama. Helena não apareceu em casa e
julguei estar com Magno, em seu
apartamento. Tinha me alimentado mal, não
iria à boate hoje e nem queria sair.
Fiz uma sopa e tomei deitada no sofá,
olhando para o celular que não tinha nenhuma
ligação sequer.
Me arrasto até a varanda da sala, tomando a
brisa fria no rosto e logo a vontade de chorar
aparece novamente.
Eu estava sozinha.
Acordei pouco depois das nove, tomei um
banho frio e vesti uma roupa qualquer,
colocando um sobretudo curto por cima,
amarrei os cabelos em um rabo de cavalo e
segui para o café perto de casa.
A calçada bem movimentada me fez entrar,
peço algumas coisas e um copo grande de
café com creme.
— Ágata! — Me viro olhando Patrick correr
até mim.
Sorrio o olhando, enquanto ele se aproxima.
— O-oi Patrick... — Digo sorrindo, quando
ele beija os dois lados da minha bochecha. —
Como você está?
— Estou bem. Eu levo para você.
Pega as sacolas da minha mão e sorri nos
encaminhamos para fora da padaria. Pego as
chaves do meu carro e Patrick me encara.
— Você está melhor? — Assinto com a
cabeça rapidamente.
Ele me fita e desvio o olhar do seu.
— O que foi isso em seu lábio? — Toca no
ferimento e me afasto.
— Eu escorreguei... Caí... Não foi nada. —
Me apresso e ele não parece muito
convencido.
— Ágata...
— Patrick, eu preciso ir. — Digo rapidamente
o encarando.
— Ágata, o que houve com seu rosto?
— Eu preciso ir. Me desculpe.
— Se cuide. — Beija meu rosto e entro no
carro, arrancando com força.
— Ei! Chegou! — Olho Helena que sorri me
encarando sentada no sofá.
— Onde você estava? — Pergunto indo em
direção à cozinha.
— Estava com Magno. — Diz baixo e sorrio.
— O que houve com seu rosto, Ágata?
Sento na cadeira da mesa, contando tudo
daquele dia perturbado, da visita de Armando
ao apartamento e tudo que ele fez e disse.
Mas eu estava preocupada mesmo era com
ela, meu coração apertava apenas de saber
que ela estava tão longe de mim e eu não
podia fazer nada para lutar.
— Acha que Armando vai mesmo trazer a
Clhoe para cá? Para perto de você? Ou acha
que ele está jogando? — Helena diz de braços
cruzados me olhando.
— Armando faz tudo Lena, tudo para me ver
arrastando aos seus pés. — Me ergo, tirando
o casaco e passo as mãos pelo rosto.
— Como me arrependo de ter entrado
naquela boate, de ter me envolvido com ele,
Helena...
— Não foi culpa sua, Ágata! Pare de se
martirizar por culpa daquele homem! —
Helena se ergue. — Sabe que aquele monstro
foi um intruso, não se culpe...
— Se eu não tivesse entrado ali Helena, eu
não estaria passando por isso.
— Pense em Clhoe, pelo menos foi algo
bom de toda aquela maldade que você passou
Ágata.
Suspiro enquanto Helena me abraça e
pouso cabeça em seu ombro.
— Aquele monstro asqueroso! — Ela diz
com um tom de raiva, beijando o topo da
minha cabeça e suspiro. — A gente tem que
ficar firme por ela, pela nossa princesinha.
— É nela que me firmo Helena, por isso
estou aqui agora. Pela Clhoe.
Capítulo 14
Christopher
— Que saudade dos meus bebês. —
Mamãe me beija, enquanto abre os braços
para apertar Lorenzo e eu ao mesmo tempo.
— Mãe, nós nos vimos ontem. — Digo a
olhando revirar os olhos.
— Eu te vi semana passada. — Lorenzo diz
recebendo um tapa no peito. — Aí.
— Filho ingrato, se esquece de vir me ver.
Onde está Patrick, não veio? — Mamãe diz,
olhando de um lado para o outro.
Travo o maxilar tentando não falar nada que
possa manchar minha imagem. Na verdade,
eu nem sabia onde ele estava. E nem queria
pensar. Eu não tinha visto Ágata desde o dia
que ela saiu da minha casa pela manhã.
Eu sabia que em termos de conquista,
Patrick sempre foi o melhor, com aquele jeito
paciente e sentimental. Só que dessa vez ele
não iria conquistar Ágata, não se depender de
mim.
— Acho que ele deve ter ficado na empresa.
— Lorenzo diz, sentando.
— Olá, papai... — Aperto sua mão e ele
sorri, deixando o jornal de lado.
Encara Lorenzo que apenas o cumprimenta
com um aceno de cabeça, friamente. Eles
nunca se deram muito bem e Lorenzo sempre
fez de tudo para irritá-lo.
De uma semana para cá, sempre tirávamos
um dia ou dois para jantarmos juntos, mamãe
com seu drama de diz que isso serve para não
a esquecermos.
— Obrigada. — Sussurro para Nancy que
coloca o prato a minha frente.
Estamos todos sentados à mesa
conversando sobre assuntos banais, a porta
se abre e Patrick entra sorrindo, beijando
mamãe e papai ao mesmo tempo.
— Onde você estava meu amor?
— Perdi a hora dormindo, mamãe. —
Responde pondo o guardanapo sobre o colo.
Lorenzo me lança um olhar cúmplice e reviro
os olhos, comendo e espetando o garfo na
almôndega.
— Foi ver a Ágata, Patrick? — Lorenzo leva
o copo à boca perguntando com falsa
inocência.
Aperto a taça nas mãos, o fuzilando.
Papai está nos encarando. Olho para minha
mão esbranquiçada pelo aperto na peça e
fecho o semblante.
— A vi hoje de manhã. — Diz mordendo o
lábio.
— A achei um amor de pessoa meu filho, já
até vejo os sinos de casamento tocando. —
Mamãe sorri, juntando as mãos ao rosto.
Tenho uma crise de tosse inexplicável,
enquanto Lorenzo gargalha sonoramente.
— Pare de fantasiar coisas Clarisse, deve
ser apenas um relacionamento breve. —
Papai diz nos olhando.
— Creia Deus, que sim. — Lorenzo diz baixo
e todos o encaram. — Não vai se prender não,
irmão.
— Só se ela não quiser Lorenzo, só se ela
não quiser...
Engoli em seco controlando minha vontade
de soca-lo até a morte, passei o restante do
jantar em total silêncio, ignorando a maioria
das conversas pronunciadas no decorrer do
tempo.
Lorenzo estava me testando e eu estava
querendo apenas testar meu punho em seu
rosto.
Me despedi de mamãe e papai, saindo logo
em seguida com Lorenzo ao meu alcance.
— Chris, eu não quis te pressionar... —
Lorenzo diz enquanto abro a porta do carro,
ignorando sua presença. — Só que vamos
combinar, é hilário ver vocês dois falando da
mesma mulher...
Ele sorri, mas logo fecha o semblante
quando olha para meu rosto.
— Quis matar Patrick, Lorenzo. — Assumo
em um sussurro.
— Cara, você não quer nada sério com a
gostosa da loirona, né? — Arqueio as
sobrancelhas.
Claro que o que existia entre Ágata e eu, era
apenas desejo carnal, sexo. No momento meu
corpo a queria, e ela iria ser minha até o
momento em que eu quiser.
Mas eu só não conseguia controlar o que
estava sentindo. Porra. Era demais pra mim.
Só não iria aceitar de nenhum modo, Patrick
entrando nisso.
— Já respondeu minha pergunta. — Diz
manso. — Então, vocês já transaram o que
quer com ela, então? Por que não deixa
Patrick assumir algo?
Todas as células do meu corpo gritavam: Por
orgulho!
Orgulho de perder para o meu irmão.
Orgulho que ela deseje mais o Patrick.
Mas algo dentro de mim sabia que era mais
que isso.
— Porque eu a vi primeiro, inferno! — A
única coisa que sai da minha boca. — E sai do
meu carro, Lorenzo!
Lorenzo franze o cenho e balança a cabeça
de um lado para o outro.
— Tá gostado dela, né? Puta que pariu
como você é otário, Chris! — Ele me encara,
colocando ambas as mãos em meus ombros
enquanto me olha. — Você não pode ficar
com aquele nome que começa com A e
termina com O, gosto nem de prenunciar a
palavra. Me dá arrepio.
Ele mostra o braço totalmente arrepiado e
reviro os olhos.
Eu quase gargalho na cara dele, mas me
contenho com um sorriso o olhando.
Eu não estou apaixonado por Ágata.
Na verdade, não sou.
— Vai para casa ou para o puteiro?
— Minha casa é um puteiro, Chris. Mas
vamos passar na boate, Arthur está nos
esperando lá.
Saio com o carro, ouvindo as conversas
intermináveis de Lorenzo e seus casos.
Tamborilo os dedos no volante enquanto olho
o sinal fechar.
— Ela tinha boceta meio cavernosa sabe,
era muito grande velho... Quase que sugava
meu pau pelo tronco. — Franzo o cenho o
encarando sério. — Era como um tijolo de
concreto.
Gargalho o olhando, Lorenzo sempre foi
cínico e nunca teve pudor algum para falar
nada.
As luzes piscantes da boate ofuscavam
meus olhos, os carros de luxo cercavam o
local por completo. Entro olhando tudo ao
redor, Lorenzo logo bate em meu ombro,
apontando para Arthur sentado em uma mesa
sozinho.
— Olha aí o putão, veio para um puteiro pra
beber? — Lorenzo indaga, sentando ao lado
de Arthur. — Coisa de virgem.
— Seu cu. Já comi uma delícia, há pouco. —
Diz me olhando. — E você? Veio matar a
saudade da Ágata?
— Ela já dançou? — Pergunto, olhando para
todos os lados.
— Na verdade, ela nem entrou ainda. —
Arthur diz enchendo os copos de vodca, e
Lorenzo logo vira o seu.
Tinha várias meninas dançando no palco,
algumas seminuas andando de um lado para
o outro. Mas meus olhos só procuravam por
ela. Arthur entrou em uma conversa com
Lorenzo, que eu não prestava atenção no que
era.
Levanto rapidamente, dando uma desculpa
qualquer, saio encarando a moça que vi no
apartamento de Ágata, quando fui atrás dela.
— O-oi...
— Ágata não veio hoje? — Pergunto vendo
seus olhos piscarem e encarar um ponto atrás
das minhas costas.
— Ágata teve um contra tempo. — O
homem diz me olhando.
— Armando Contreiras, dono da casa.
— Christopher Gonzáles. Cliente da casa. —
Aperto sua mão e ele sorri.
Seu semblante está uma mistura de raiva
com surpresa.
Não fui com a cara dele.
— Realmente já o vi várias vezes por aqui,
temos outras excelentes dançarinas prontas
para satisfazer seus caprichos. — Diz me
olhando de cima a baixo e sorrio balançando a
cabeça.
— Realmente são excelentes mesmo, mas
Ágata é a única que me chama atenção por
aqui. — Digo em um tom firme.
Meu corpo se contrai enquanto seus braços
estão cruzados me encarando.
— Minha Ágata, realmente conquista todos,
mas hoje ela não está disponível. — Fala e
vira as costas saindo dali.
Minha?!
Ele acabou de chama-la de minha?!
Encaro a moça que está de cabeça baixa. E
saio pisando firme para a mesa onde Arthur e
Lorenzo ainda estão. Minha mente estava
borbulhando.
— O que foi Chris? — Lorenzo questiona.
Nego com a cabeça levemente, olhando o
tal Armando me encarar e as portas do
elevador se fecham e ele sumir.
Eu precisava ver Ágata. E eu iria vê-la.

Ágata
Sobressalto quando a porta se abre,
Armando aparece pisando de leve no chão do
seu escritório, onde estou por quase toda a
noite.
— Você me deixou trancada! — O encaro
séria.
— Está na hora de ir embora. — Diz baixo.
— Já passa das duas da manhã, meu amor.
Tiro suas mãos dos meus braços me
erguendo com rapidez, fico em pé o
observando pegar suas chaves e me olhar.
— Você pode me trancar aqui, ou em
qualquer lugar do mundo, Armando. Meu ódio
por você só vai aumentar. — Digo em um
sussurro vendo-o sorrir com um leve
balançado de cabeça.
— Christopher Gonzáles estava a sua
procura.
Paraliso sem me virar.
— Coincidência. O mesmo sobrenome do
almofadinha, amigo Magno.
Pego minha bolsa, ouço os passos logo
atrás de mim e ignoro, ele me deixou na sala
com um propósito para eu não sair, muito
menos ver ninguém. Sinto é nojo.
— Ágata!
Destravo meu carro, entrando logo em
seguida e vejo Armando entrar no seu e me
seguir assim que saio rapidamente.
Eu sinto um arrependimento por ter posto os
pés nessa boate. Eu só tinha apenas 15 anos
quando encontrei Armando pela primeira vez,
na casa de um amigo do meu pai. E aos 17
anos fui expulsa de casa, vindo me refugiar
exatamente onde eu me arrependeria para o
resto da minha vida.
Eu nunca mais tive notícias dos meus pais e
eles nem quiseram saber notícias minhas. E
nem de qualquer outra pessoa da minha
família. Tudo por culpa de Armando. Ele tinha
me afastado de todo mundo. Eu que fui uma
idiota por ter me deixado levar por uma ilusão.
Limpo uma lágrima que desce pelo meu
rosto, soltando um sorriso fraco.
Idiota.
— Wagner vai ficar aqui, para encarregar
que ninguém vai entrar, ou sair. — Desço do
carro sem o olhar. — Está ouvindo, Ágata?
— O que? — Rebato enquanto ele me
encara.
— Eu te disse que vou rastrear seus passos,
cada um deles...
Viro o pescoço o olhando e solto o ar pela
boca.
— Algo mais, papai? — Debocho o olhando.
Sua mão agarra meu braço e o encaro com
asco.
— Não brinque comigo, Ágata.
Me solto, seguindo até o elevador vendo seu
rosto fechado e os punhos cerrados.
Estiro o dedo do meio em sua direção e as
portas se fecham.
Giro a maçaneta com brutalidade, entrando
no apartamento, a raiva só me domina.
Encaro Helena e Magno que se erguem me
fitando.
— Onde esteve, Ágata?
— Armando está louco... — Digo olhando
Magno que se ergue apressado. — Me
trancou na sala dele... Trouxe um capanga
para ficar na minha cola... Ele está louco!
Sento colocando as mãos sobre a cabeça.
Se ele acha que vai me prender a ele...
Eu estava entrando em desespero,
querendo fazer algo para me livrar daquilo de
uma vez por todas, só queria fugir e pronto.
Fugir pra longe.
— Armando trouxe Clhoe para casa Ágata,
ela está lá.
Ergo os olhos, me levantando com tanta
pressa que temi não ter ouvido direito.
— Clhoe? Ela... Ela está aqui?
Magno solta um sorriso fraco e Helena o
acompanha.
— Vânia a trouxe hoje à noite... Armando
está te punindo, Ágata. — Magno diz.
Sinto meu coração falhar uma batida e meus
olhos nublam.
Pego minha bolsa sentindo as batidas no
meu peito aceleradas. Eu não conseguia
raciocinar direito, minha mente estava
atordoada demais, ao mesmo tempo em que
meu peito se enchia de ódio por Armando.
— Eu vou... Vou até lá... — Abro a porta com
força.
— Ágata!
— Eu vou com ela, fique aqui Helena. —
Ouço Magno dizer logo atrás de mim.
Meus olhos ardiam junto com minha
garganta, eu não estava acreditando que
depois de tanto tempo eu ia vê-la de novo.
Meu Deus.
— Aonde vão? — Wagner pergunta, olhando
entre mim e Magno.
— Vamos à casa do meu irmão Wagner, ou
precisamos de permissão agora? — Magno
abre a porta do carro e entro rapidamente.
Wagner nem protesta.
Meu corpo estava em estado de anestesia,
eu pensava em mil coisas ao mesmo tempo,
Magno dirigia em um total silêncio. Passo em
frente do condomínio onde Chris mora,
olhando para a janela do seu apartamento
com as luzes acesas.
Meu coração bate descompassado e solto o
ar devagar.
Magno entra no condomínio depois de um
tempo, e desço do carro indo até o elevador.
— Mantenha a calma, Ágata. Por favor!
— Calma, Magno? Por Deus! Não me peça
para ter calma em uma hora dessas...
Toco a companhia insistentemente até que a
maçaneta gira e Armando nos encara sério.
— Sentiu saudades amor?
Passo por ele rapidamente, que segura em
meu braço.
— Solte-a, Armando.
— Cadê ela? Onde está Clhoe? — Pergunto
me soltando, enquanto ele encara Magno.
— Eu já disse que Clhoe está aqui. Não faça
essa maldade.
— Se meta com sua vida, Magno! A minha
com a Ágata, não diz respeito a você!
Olho para as escadas e a casa que
frequentei por tanto tempo está do mesmo
modo, a sala escura e fechada. Me solto,
ouvindo Armando logo atrás de mim, e subo
as escadas com tanta pressa e vendo as
portas fechadas.
Abro a porta do quarto que me acomodei por
um tempo, sentindo meu corpo paralisar.
Coloco a mão sobre a boca, abafando um
soluço.
Vou a passos apresados até a pequena
cama, vendo seu corpo pequeno e frágil ali,
me ajoelho pegando as mexas dos cabelos
entre os dedos e sorrindo enquanto minhas
lágrimas escorrem pelo rosto.
Os olhinhos curiosos me encaram, e parece
que o mundo parou de girar apenas para nós
duas.
Os olhos azuis como o céu me fitam e sorrio.
E as lágrimas descem copiosamente.
Meu amor.
Meu bebezinho.
— Mamãe...
Acaricio seus cabelos e sorrio.
— Oi minha filha... Mamãe está aqui agora
amor. Mamãe está aqui.
Capítulo 15
Ágata
Fungo, limpando meu rosto enquanto
minhas lágrimas descem pelo rosto. Pego
Clhoe nos braços ainda adormecida,
beijando seus cabelos curtos.
Eu não estava acreditando que ela
estava aqui. Em meus braços.
— Ou meu amor... — Digo a deitando
sobre meu peito. — Eu estava com tanta
saudade... Com tanta saudade minha filha.
Sorrio entre lágrimas, colocando o queixo
de leve em sua cabecinha pequena, não
preciso olhar para a porta, para ver
Armando parado nos olhando.
— Meu amor... Meu amor... — Sussurro
a apertando firme.
Sinto seu cheiro adocicado, me
lembrando da última vez que o senti. Ela
estava com quase dois anos quando a vi
pela última vez. E agora estava perto de
completar três aninhos. Não deveria nem
saber quem sou eu.
— A deixe dormir Ágata. — Sua voz
rouca me faz encará-lo.
— Me deixe dormir com ela, Armando.
Por Favor... — Peço me erguendo,
colocando Clhoe deitada com seu pequeno
urso.
— Nem era para você estar aqui... — Diz
ríspido.
— Eu imploro Armando, me deixe dormir
com ela... Por favor... — Peço em uma
súplica, segurando na lapela de seu
casaco.
Seus olhos estão cravados nos meus e
uma mistura de raiva e desapontamento,
eu conhecia Armando como a palma da
minha mão, sabia que ele não traria Clhoe
para cá, se não tivesse um propósito.
— Apenas por hoje. Não se acostume.
Fito seus olhos e ele me olha com
desdém, saindo porta a fora. Deixo meus
sapatos em um canto do quarto e me deito
na cama, acolhendo o corpo pequeno em
meus braços.
Fecho os olhos, beijando a pequena
cabeça.
Não sei por quantas horas fiquei apenas
admirando Clhoe dormir. E sentindo o
coração bater contra o meu.
Abro os olhos enquanto encaro Clhoe
abrir a pequena boca, bocejando enquanto
me encara séria. Sento e sorrio a olhando.
— Oi... — Sussurro baixo, temendo
assusta-la.
— Mamãe... — Diz baixo, quase
inaudível. Sorrio a abraçando e a
apertando em meus braços.
— Você não se esqueceu da mamãe,
não é Clhoe? — Pergunto beijando seu
rosto. — Não esqueceu meu amor...
— Fome mamãe... Coe não comeu...
— Sorrio vendo sua forma de chamar seu
próprio nome.
— A mamãe vai te dar o melhor café da
manhã do mundo, minha princesa. — Ela
me olha esfregando os olhinhos e sorri. —
A mamãe te ama tanto Clhoe, mamãe te
ama tanto... tanto...
— Coe também ama a mamãe... Tava
cum sodade.
Olho para a porta vendo Vânia me
encarar séria. Clhoe sorri, ainda segurando
em seu urso cor de rosa.
— Está na hora do banho, Clhoe. — Diz
sorrindo enquanto se encaminha para
perto da minha filha.
Eu conhecia aquela naja muito bem,
Vânia era como uma mãe para Armando e
nunca me suportou. Clhoe segura em
minha mão e sorrio a olhando.
— Mamãe vai estar lá embaixo...
Esperando por você.
— Não vai embola não mamãe. — Diz
baixo e sinto meu coração se partir em mil
e um pedacinhos.
Me ajoelho na cama para ficar da sua
altura e seguro seu rosto entre as mãos.
— Mamãe não vai embora, vai esperar
você tomar banho. Não vou a lugar
nenhum meu amor, mamãe vai esperar
você. — Digo beijando a ponta de seu
nariz. — Eu te amo, Clhoe.
— Coe ama mamãe também. — Sorrio a
olhando.
Me levanto indo para fora do quarto,
acenando para ela que sorri. Era como
tirar um peso das minhas costas sabendo
que minha filha estava aqui, perto de mim.
Desço as escadas com cuidado, ainda
descalça, e vejo Armando sentado na
enorme mesa de café da manhã.
Fico o encarando comer a torrada e
desejo do fundo do meu coração que ele
se engasgue com ela.
Morra entalado! — Meu interior grita e
sorrio cínica.
— Tinha esquecido como e maravilhoso
ver você acordar sorrindo. — Diz me
fitando. — Sente-se.
— Porque trouxe Clhoe para cá? — Digo
ignorando complemente sua fala anterior.
— Porque ela é nossa filha, meu amor...
Fecho o semblante enojada pelo tom de
suas palavras. Seu sorriso aberto falando
como se fosse um troféu para si mesmo.
— Qual o propósito disso?
— Ágata, deixe eu te falar uma coisa. —
Joga o guardanapo em cima da mesa, se
erguendo. — Clhoe é minha filha, quer
você queira ou não... Eu a amo.
— Você não ama nem a si mesmo,
Armando!
Fecho os olhos quando sinto as mãos
rodeando meus braços.
— Ágata... — Seu sussurro perto do meu
ouvido faz meu corpo se retrair. — Sabe
que sou capaz de tudo para ter você para
mim não sabe? Então, meu amor... Vamos
criar nossa filha juntos... Vamos dar o lar
que Clhoe merece Ágata. Como uma
família.
Engulo seco quando vira o rosto de
encontro ao meu, beijando meus lábios,
me esquivo, mas seu aperto é firme, me
fazendo encostar os lábios nos seus.
Nojo era a única coisa que eu sentia.
— Eu preciso... Preciso para casa. —
Digo rapidamente.
— Mas você está em casa, Ágata.
Lembra quando morava aqui? — Sorri me
olhando. — Adorava ficar andando pelada
pelos cantos... me satisfazendo de todas
as formas possíveis meu amor.
— Mamãe... — Olho para a escada
vendo Clhoe descer saltitando e sorrir me
olhando.
Armando se apressa em pegá-la no colo.
— Mamãe vai ter que sair, Clhoe... — Diz
olhando para ela que baixa os olhinhos
tristes me encarando. — Vai nos deixar...
— Vai embola não mamãe...
— Eu volto meu amor, a mamãe só vai
pegar algumas coisas... — Digo a olhando.
— Eu volto... Eu prometo que volto.
Eu sabia o jogo de Armando. A forma
imunda que ele usava minha filha.
— A mamãe vai voltar, Clhoe... — Ele
Diz sorrindo.
— Vai voltar né mamãe?
Beijo sua pequena bochecha, assentindo
com a cabeça.
Mesmo o ódio tomando conta de mim por
inteira.
Eu precisava tomar um rumo na minha
vida.
Abro a porta do meu carro, entrando
rapidamente, eu não iria aguentar aquela
pressão de novo. Pego minha bolsa,
tirando o cartão que Patrick me deu com
seu número, olhando o endereço da
empresa.
Meu coração parece pular quando
estaciono o carro em frente ao enorme
prédio. Mordo o lábio descendo, enquanto
passo pelas enormes portas de vidro.
— Posso ajudar? — Encaro a moça
sorrindo.
— Eu vim falar com Patrick Gonzáles...
— Digo a olhando.
— A senhorita tem hora marcada?
— Não, eu... Diga para ele que é Ágata
Mendes, é questão de vida ou morte... Por
favor. — Digo a olhando.
Solto um sopro de alívio quando ela pega
o telefone e fala algo quase inaudível.
— Pode subir vigésimo andar. — Sigo
quase como uma louca subindo no
elevador.
Eu estava com o coração na mão. Eu
poderia ir falar com Chris, mas ele não iria
entender. Nunca. O vigésimo andar chega
e pulo para fora do elevador, vendo o
corredor extenso e luxuoso.
— Senhorita Mendes? — Me viro
olhando uma moça bem vestida me
encarar. — Senhor Gonzáles a aguarda,
terceira porta a direita.
Agradeço rápido, enquanto fito seu nome
gravado na porta, bato de leve ouvindo um
"entre" e giro a maçaneta.
— Ágata! — Patrick se ergue assim que
entro porta adentro. — Você está bem?
O encaro, sentindo meu corpo se chocar
ao seu, eu tinha Patrick como um amigo,
um grande amigo.
— Eu preciso de sua ajuda, Patrick... —
Digo em um sussurro baixo. — Me ajude,
por favor... por favor me ajude...
Nessa hora, meu rosto já está banhando
por lágrimas que descem sem parar.
Me sento o encarando e ele estende um
copo com água me entregando.

Christopher
O café desce rasgando pela minha
garganta. Eu estava mega atrasado, então
joguei algumas coisas na pasta e saí como
um louco dirigindo.
Cumprimento algumas pessoas com um
aceno de cabeça.
— Eii... — Me viro, olhando Arthur
segurar algumas pastas na mão e me
encarar. — Tá atrasado...
— Perdi o sono à noite. — Reviro os
olhos, entrando em minha sala.
Uma das coisas que mais odeio na vida
é perder o sono, e quando isso acontece
eu viro um porre em potencial.
Mas do que o normal.
Assim que saí daquela boate, eu tentei
dormir, mas ao imaginar Ágata em baixo
daquele cafetão, meus olhos
instantemente se abriam e
automaticamente meu sono foi embora em
questão de segundos.
— Hum...
— Que foi Arthur? — Pergunto,
ignorando seu olhar curioso.
Ele apenas abre os braços negando com
a cabeça. Jogo o blazer nas costas da
cadeira e me sento. Arthur vem discutir
algum contrato que nem presto atenção
direito.
Aperto a caneta entre os dentes
enquanto Arthur pede minha assinatura em
alguns momentos.
— Com licença senhores, o senhor
Patrick está pedindo que vá até a sua
sala... Ele está o aguardando. — Mônica, a
secretária, diz sorrindo.
— Vá, assim que eu terminar aqui vou
deixar essa papelada lá. — Digo me
referindo à pilha que estou assinando.
— Não esqueça Chris, tenho que mandar
isso hoje. — Diz se erguendo.
Passo as mãos pelo rosto, tentando
focar.
— Ah, Ágata... Você tá acabando
comigo... — Aperto a caneta entre os
dedos, mordendo o lábio.
Ótimo, já estou até falando sozinho.
Caminho até a porta a abro e não
encontrando Mônica na mesa, desço pelo
elevador. Entro na pequena lanchonete da
empresa, funcionava como uma cantina
apenas para funcionários. Era realmente
uma raridade vir por aqui.
— Um café forte, puro. — Peço, olhando
para moça que quase morre me olhando.
— Sem açúcar.
— Quero um café descafeinado com
creme. — Lorenzo pede, me olhando
enquanto seguro o copo de café nas mãos.
— Que milagre você por aqui... Veio me
trazer esse humilde presente?
Eu queria não sorrir, mas era inevitável
ficar perto de Lorenzo sem soltar uma
risada sequer.
— Viu Arthur? Estava como uma bicha
louca atrás de você. — Diz subindo o
elevador junto comigo.
— Era para assinar uns papéis, sabe
como Arthur é dramático.
Dou um gole generoso no café, deixando
o líquido queimar minhas entranhas.
Eu estava inquieto, na verdade, sentindo
um desconforto filho da puta!
Termino de assinar os papéis e puxo a
pilha, o copo de café que estava em cima
se desiquilibra e cai molhando todos os
documentos assinados.
— Mais que merda do inferno! Caralho!
— Tiro a camisa com rapidez, vendo uns
botões voarem longe. — Mônica!
— Oi senhor... Ah, meu Deus! — Diz,
vendo o estrago em minha sala.
— Chame alguém para limpar essa
bagunça do inferno! — Tiro a camisa
limpando meus braços e a calça molhada.
— Merda do inferno!
Abro a porta da minha sala dando de
cara com Ágata, Patrick e Arthur me
encarando.
Era só o que me faltava.
O que diabos ela estava fazendo aqui?
Ágata!
— Chris? Você está bem? — Patrick
pergunta, vindo em minha direção.
Eu queria falar, mas minhas palavras
estavam presas na garganta, mil e uma
perguntas rondando minha mente.
O que merda ela estava fazendo?
Por que com o Patrick?!
Mas que merda!
— Caraca, Stripe Tease uma hora
dessas? — A voz de Lorenzo ecoa para
dentro dos meus ouvidos, fazendo meu
corpo tremer.
— Foi apenas café. Preciso de uma
camisa. — Digo passando pelos quatro
com rapidez.
Eu estava transformado de ódio, eu
nunca tinha sentindo aquilo na vida.
Aquele ódio descomunal, que vai subindo
por dentro e querendo explodir.
Eu estava com ódio. Puro ódio.
Abaixo a cabeça, respirando com
dificuldade, não penso direito antes de
socar a porta do almoxarifado com força.
— Chris?
Solto um pigarro, vendo Patrick me
encarando. — Você está bem?
— Humrum. — Digo, não querendo o
encarar.
Conta, Chris.
1, 2, 3... 23... 40...
— As camisas estão aqui, Chris? — Diz
abrindo uma porta e me estendendo uma
camisa branca de mangas. — Tem certeza
que está bem?
É inevitável, eu me viro o olhando.
— Por que, Patrick? — Pergunto mal
reconheço minha voz. — Por que veio até
aqui saber como estou?
Ele me encara sério.
— Não estou te entendendo...
— Ou você é burro ou se faz Patrick... —
O encaro frio.
Eu estava sentindo meus nervos criando
vontade própria para soca-lo, mas Lorenzo
chega de última hora, entrando entre nós
dois.
— Que porra é essa? — Pergunta me
olhando.
— Pergunta pro seu irmão! — Digo
virando de costas.
Ágata está em pé, me olhando sem
entender nada, passo por ela controlando
a vontade de jogá-la sobre os ombros e
gritar para Patrick que ela era minha!
Porque ela é minha!
Fecho os olhos apertando minhas
têmporas com força, não sei por quanto
tempo fiquei naquele estado de explosão
contida, só sabia que minha raiva estava
possessa.
Eu evitei Lorenzo, evitei até Arthur em
minha sala. Fui embora mais cedo,
deixando a empresa e indo direto para o
meu apartamento, enchi um copo de vodca
pura a tomando. Meu estômago vazio
porque nem vontade de almoçar eu tive.
A companhia soava insistente, abri com
brusquidão, olhando Ágata do outro lado
com os olhos arregalados.
Viro as costas a deixando plantada do
outro lado da porta.
— Chris...
— O que quer Ágata? — Pergunto,
engolindo seco a olhando.
Estava um pouco pálida, e mesmo
sentindo a raiva me tomar, ela estava
linda. Ela era linda.
Ela mexia nas mãos nervosamente, me
olhando com um misto de tristeza e raiva.
Arregaço as mangas até os cotovelos
tentando controlar as próprias batidas do
meu peito.
— Me deixa explicar, Chris. Eu... Fui
procurar o Patrick...
Sorrio a olhando.
— Porque queria abrir as pernas para
ele, não é? — Completo com um misto de
raiva que eu não conhecia. — Passei uma
noite de inferno preocupado com você, e
logo pela manhã você procura Patrick?!
Pelo amor de Deus, Ágata!
— Me desculpe Christopher... Mas eu
tive meus motivos! Não fui atrás de Patrick
para isso que está pensando... — Sorrio,
parando o rosto a centímetros do seu.
— Era para coisa pior, né?! — Ela nega
com a cabeça me olhando e eu solto um
sorriso amargo. — Presta atenção...
Patrick não vai ficar com você quando
souber que é uma Stripper, Ágata... Meu
irmão é correto demais para se envolver
com alguém que...
Ela tenciona o corpo, mudando de
expressão completamente.
Engulo em seco, tomado por uma raiva
absurda.
— Alguém que o que? Fala Christopher!
— Diz séria, me fazendo recuar um passo
para trás.
— Alguém que tira a roupa para o
primeiro que oferecer mais dinheiro!
Sinto meu rosto queimar pelo tapa
direcionado em minha face e a encaro
sério.
— Seu cretino! Baixo! Estúpido e Grosso!
— Ralha como uma deusa, com a mão
erguida tomada pela fúria. — Você é pior
do que eu pensava Christopher! Vá para o
inferno!
Se vira batendo a porta com toda a força,
me deixando ali sozinho.
Eu estava em um inferno, e não fazia
ideia de como tinha ido parar lá.
Capítulo 16
Christopher
— Então a distribuição da carga está
completa?
— Só falta o Chris assinar. — Ouço a voz
de Lorenzo.
Eu estava em uma daquelas reuniões
tediosas. Aperto a caneta entre os dedos,
enquanto Patrick está em pé mostrando
os slides da nova carga que estava para
sair.
Fazia exatamente uma semana daquele
episódio grotesco, eu mal estava olhando
para a cara do meu irmão. Fazia também,
exatamente uma semana que eu não via
nem falava com Ágata.
E eu não fui atrás dela.
O tapa tinha ardido de um jeito fora do
comum, mas não foi pela mão delicada, foi
pela tristeza que se estampou em seus
olhos quando eu abri minha maldita boca
de merda!
— Chris? — Me viro, vendo Arthur me
encarar. — Vai assinar?
— Hum-rum. — Respondo, assentindo
rápido com a cabeça.
— Temos que mandar esses papéis hoje
ainda, Christopher. — Encaro Patrick, que
diz sério me encarando.
Minha raiva por ele não diminuía nem um
pouco, mas eu não ia descontar toda
minha fúria nele, não iria mesmo. Passo as
mãos pelos cabelos me ajeitando na
cadeira, enquanto Arthur repassa os
papéis e assino rapidamente.
— Eu tenho que sair hoje ainda. — Ele
diz quando Arthur fala algo que não presto
atenção.
— Vai à casa da mamãe? — Lorenzo
pergunta.
— Tenho que ver Ágata hoje, estou
ajudando ela com uma coisa.
Ai eu paro.
E o encaro com o cenho franzido.
Remexo desconfortável.
E tudo fica em silêncio na sala, Arthur
coça a cabeça enquanto Lorenzo tamborila
os dedos na mesa de vidro. Termino de
assinar os papéis, entregando a Arthur que
passa automaticamente para Patrick.
Ele sai logo após, com uma pressa fora
do comum.
Levanto no mesmo instante, afrouxando
o nó da gravata.
— Que merda é essa, Chris? — Me viro
olhando Arthur se erguer. — Você tá
misturando as coisas...
— Que coisas, Arthur? — Pergunto com
a voz arrastada.
— Tá misturando um sexo, com a
fraternidade de irmãos Chris, cacete! —
Lorenzo indaga e solto uma risada baixa.
Que fraternidade?!
Apoio à mão na testa.
Que merda tá acontecendo comigo?!
— Eu não estou misturando porra
nenhuma! O Problema é que... É...
— É que você está gostando dela. —
Arthur conclui me olhando.
Eu queria gargalhar, mas não saía nada
da minha boca. Ao auge dos meus 37
anos, eu sabia o que era esse sentimento,
só não estava acreditando no que estava
sentindo.
— Pelo amor de Deus! — Digo indo até o
bar, enquanto encho um copo com uísque.
— Bate na madeira! Não joga praga para
o meu irmão! — Lorenzo ergue o punho,
batendo três vezes na perna da mesa. —
Nós somos imunes a esse sentimento e
até a essa palavra!
— Eu também sou imune, Lorenzo! —
Arthur se defende. — Agora, é a única
explicação para esse recalque do Chris!
— A explicação é essa, ele está
recalcado! Não tem nada a ver com aquela
palavra com quatro letras... Fala pra ele,
Chris!
— Lorenzo diz me olhando.
— Eu não estou gostando dela! A minha
raiva foi vê-la pedir ajuda ao Patrick.
Caralho, eu trabalho aqui! O que ela pediu
para ele, que eu não poderia fazer? —
Jogo as mãos para lado do corpo.
— Tá com ciúmes!
— É pior do que eu pensava... —
Lorenzo senta, alisando os cabelos.
— Você precisa de uma noitada e uma
surra de boceta! — Arthur encara Lorenzo,
que concorda o olhando.
— Sai, caiam fora, os dois! — Digo indo
até a porta abrindo.
— Chris... É sério. — Lorenzo começa.
— Para fora! Os dois!
Bato a porta quando os dois saem e me
sento.
Passei o restante do dia trancado, saindo
apenas para almoçar, digitando enormes
contratos.
— Senhor? — Olho para a porta, vendo
Mônica me olhar assustada.
— Me deixe passar... — A sala é
invadida por Megan, que sorri tirando os
enormes óculos escuros. — Vim te fazer
uma visita
Dear ....
— Me desculpe senhor... Eu.
— Pode ir Mônica, está tudo bem. —
Volto minha atenção para Megan, que
coloca a bolsa na cadeira. — O que está
fazendo aqui, Megan?
— Vim te fazer uma visita, baby... — Me
sento na cadeira. — Já que não vai me
visitar, eu visito você...
Seu vestido colado demais para a
sanidade de qualquer homem, não está
me afetando em nada. Ela senta em meu
colo, me pegando de surpresa.
— Megan...
— Vim te fazer um convite, por favor...
Por favor, vamos comigo na inauguração
do ateliê de Victoria. — Sorrio a olhando,
enquanto espalma as mãos em meu peito.
— Não quero ir sozinha...
— Não vou prometer nada, Megan. De
verdade. Sabe que odeio sair à noite. — A
tiro do meu colo gentilmente, arrumo o
colarinho da minha camisa a encarando se
sentar em minha cadeira enquanto leva um
dedo a boca.
Megan consegue despertar aquele tesão
em mim, mas não algo que se diga: "Uau,
como é um tesão". Mas é aquele desejoso.
— Eu sei que vai... — Se ergue
rapidamente, beijando a ponta do meu
queixo. — Como eu queria beijar você.
— Megan...
— Shii... Eu já sei — Deposita o dedo em
meus lábios e se vira pegando a bolsa. —
Posso passar no seu apartamento mais
tarde, se quiser...
Apenas a encaro sorrindo.
Ela dá uma piscadela e balanço a
cabeça.
— Espero você sexta à noite, Dear...
Abre a porta, mas seu corpo é levemente
voltado para trás. Megan franze o cenho e
saio em passos rápidos, olhando uma
menina parada com enormes olhos nos
encarando.
— De quem é ela? — Megan aponta
para a criança que sorri a olhando. — Sua
empresa está virando orfanato, Chris?
Eu não fazia ideia de quem era aquela
menina.
Meus olhos estavam a encarando,
enquanto a pequena garota segurava um
urso vermelho que combinava com o laço
preso aos cabelos dourados.
— Oi, meu nome é Coe. — Ela diz me
encarando.
— Meu Deus... Até mais Dear.
Megan sai bufando, enquanto me ajoelho
para ficar da altura da menina, seus
cabelos curtos, tão loiros. Os olhos azuis
me encaram e sorrio.
— Você é muito linda, Clhoe. — Digo a
olhando sorrir. — Cadê sua mamãe?
Ela olha para trás e eleva os ombros, me
fazendo sorrir.
— Cal é seu nome?
Demorei um pouco mais para entender
que ela estava perguntando o meu nome.
— Me chamo Christopher.
— Kistoper? — Pergunta sorrindo. —
Nome engaçado...
— Gostou? — Sorrio. — Mas onde está
sua mãe? Não pode ficar andando por aqui
sozinha...
— Eu tenho tês anos. — Mostra três
dedos pequenos em minha direção,
fugindo completamente da minha
pergunta.
Sorrio a encarando, mas vejo Helena se
aproximar, soltando um suspiro de alívio
ao ver a menina perto de mim.
— Ah, Clhoe, não saía mais de perto de
mim desse modo. — Pega a menina no
colo, enquanto a encaro.
— Helena? — Ela me encara séria.
— Ah meu Deus! Você está aí! — Me
viro, olhando Ágata se apressar, mas
recua ao me ver. — Helena...
— É sua filha Helena? — Indago e ela
me encara.
— Sobrinha.
— É linda. — Sorrio e sinto meu coração
dar aquela batida falha ao encará-la. E
mais uma vez uma dor aguda se instala
dentro de mim, ela veio procurar Patrick,
mais uma vez.
— Até mais, Helena. — Digo pronto para
sair.
— Eii Sau...Tio Kis! — Ouço a voz fina e
me viro a olhando.
Ágata me encara e desvio os olhos dos
seus.
Sorrio acenando para Clhoe.
— Tchau meu anjo.

Ágata
Engulo em seco vendo Christopher sair
sem olhar para trás, meu coração dando
aquelas batidas estranha em meu peito. E
apenas seguro Clhoe, que pula em meus
braços assim que ele se vira.
Eu ainda estava tão chateada pelo que
ele disse, por tudo. E esperei no outro dia
e no outro e no terceiro eu percebi que ele
não viria.
E estava tudo acabado, sem nem sequer
ter começado.
— Patrick já terminou? — Helena
pergunta, enquanto assinto com a cabeça.
Patrick tem sido mais que um irmão me
ajudando, e pedir segredo sobre Clhoe foi
mais um dos favores que pedi. Eu vou lutar
para ter a guarda da minha filha em sigilo
total. Por que se isso caísse aos ouvidos
de Armando...
Não queria nem pensar no que ele faria.
Me despeço de Patrick, que sorri me
olhando e saímos.
Helena está em total silêncio, mordendo
o lábio inferior.
— Ele não perguntou quem era a mãe...
— Ela diz e assinto.
— Tenho medo do que ele pode pensar
Helena. — Indago séria.
Minha filha jamais seria motivo de
vergonha para mim, Clhoe era a coisa
mais linda que aconteceu em minha vida.
Olho pelo retrovisor e a vejo cochilar na
cadeirinha, ter saído com ela sem a
permissão de Armando me causará um
problema dos grandes.
Deixei Helena em meu apartamento e fui
direto para a casa dele, estaciono o carro,
pegando Clhoe ainda sonolenta no colo
entrando na enorme sala de estar.
— ONDE... Onde você estava? —
Percebo alterar a voz e baixa-lá assim que
Clhoe ergue a cabeça para olha-lo.
— Passiá papai!
— Vânia, leve Clhoe para cima! — Diz
entre os dentes, enquanto Vânia pega
Clhoe dos meus braços.
— Mamãe sobe já para ficar com você
meu amor... — Digo beijando sua testa.
— Não vai embola mamãe! — Ela pede
lindamente, me olhando e meu coração se
parte.
O semblante de Vânia se fecha me
olhando enquanto sobe as escadas,
Armando anda de um lado para o outro,
respirando como um búfalo.
— Vou perguntar pela última vez... Onde
merda você estava?
— Fui levar minha Filha para um
passeio. — Digo firme, erguendo o queixo.
De repente, sinto quando sua mão
envolve meus cabelos os puxando para
trás com toda a força, seguro suas mãos
quando um gemido escapa da minha
garganta.
— Você não tem direito de levar minha
filha para passeio nenhum! — Sua voz é
cortante e tento segurar em sua mão para
afastar.
— Ela é minha filha!
— Sua, um CARALHO! — Foi à última
vez que você levou Clhoe daqui, sem
minha autorização. — O aperto se
intensifica e reprimo um gemido forte. —
Se está pensando... Apenas pensando em
fazer algo, Ágata... Sugiro que pense três
vezes antes... Porque não vou ter pena
novamente.
— Que pena já teve de mim, Armando?
Qual foi sua pena! — Digo sentindo as
lágrimas descendo pelo meu rosto.
Me solta bruscamente, me fazendo
tombar e cair no chão da sala, seus olhos
estão vidrados em cima de mim.
— Você não tem nada dentro de você,
Armando! — Me ergo, limpando meu rosto
com as costas da mão. — O que fez
comigo... Tudo... Você acabou com a
minha vida!
— O que eu fiz para você?! Eu te dei um
lar, Ágata! Te dei uma casa! Te dei meu
amor...
— Você me violentou, Armando! Você
me forçou a engravidar para me prender a
você! Foi isso que fez!
Minha garganta rasga pelo modo que a
voz sai, seus olhos ficam levemente
arregalados, me olhando fixamente.
E parte para cima de mim estalando um
tapa e mais outro. Me fazendo cair sentada
no tapete da sala.
— Cale a merda da sua boca, sua idiota!
— Você nem ama a Clhoe... Você
apenas a mantém para me prender a
você... — Digo em um fio de voz.
— NUNCA MAIS REPITA ISSO! — Suas
mãos apertam meu queixo, me fazendo o
encarar. — NUNCA MAIS, ouviu?! Ela é
minha filha!
— Você não ama nem a si próprio! Seu
imundo!
Ele me solta bruscamente, fecho os
olhos, não querendo vê-lo. Armando vira e
sai marchando como um louco até o andar
de cima.
Imundo. Cretino.
Esperei por incontáveis segundos e
limpo meu rosto tomado pelas lágrimas.
Me encaminho até o andar de cima, onde
Clhoe já dormia tranquila na cama.
Beijo sua testa demoradamente, e
sussurro baixo em seu ouvido:
— Mamãe vai voltar meu amor... E vai te
levar daqui, para bem longe. Só nós duas.

Os últimos acordes da música soam pelo


ar, enquanto rodeio o aço do pole dance,
girando até chegar ao chão. Eu não queria
me apresentar hoje, mas eu precisava de
algo para extravasar meus sentimentos.
Ponho o sobretudo cobrindo o micro
vestido e indo direto para o camarim.
Helena estava inquieta como nunca tinha
visto. A boate estava movimentada,
termino de retirar toda a maquiagem,
ficando apenas com o sobretudo por cima.
— Tá um pouco inchado... — Ela indaga
e me encaro no espelho. — Aí, Ágata.
Queria fazer algo para sairmos daqui.
Sorrio a abraçando.
— A gente vai, Lena... Se Armando
perguntar por mim... Diga que fui embora.
— A beijo rápido, saindo.
Ele não iria me deixar ver Clhoe hoje,
praticamente cuspiu as palavras em minha
cara. O que me enojava mais, era a
possessão que Armando tinha comigo.
Pego as chaves do carro saindo pelos
fundos da boate, já era tarde eu presumia,
mas nem tanto.
Suspiro me encostando na lataria do
meu carro, tentando controlar as lágrimas
que teimavam em descer.
— Ágata! — A voz grossa me faz parar
enquanto me viro.
As mãos nos bolsos da calça, um casaco
cobrindo seus braços e sua expressão
está séria, tão séria que me assusta.
— Oi — Digo como um sussurro.
Christopher fazia meu coração bater
mais forte. Estava sentindo seu perfume
forte e isso estava mexendo comigo.
— Podemos conversar?...
Assinto com a cabeça enquanto ele me
encara. Pega as chaves da minha mão e
entra em meu carro. Suspiro, apenas o
olhando de relance. Continua sério.
Entro em seu apartamento ouvindo seus
passos logo atrás de mim, viemos em um
silêncio fora do comum.
— Achei que ia sair mais tarde hoje...
— Não estava me sentindo bem. — Digo
dando de ombros o observando colocar as
chaves no aparador. — O que você... Você
queria?
— Pedir desculpas.
Arqueio as sobrancelhas o olhando e
cruzo os braços mordendo os lábios.
— Pelo que, Christopher? É tudo
verdade, não é? Eu sou uma qualquer que
tira a roupa para o que oferecer mais
dinheiro. — Ergo o queixo o encarando.
— Não, Ágata! Não é assim...
— É assim, sim! — Me ergo ficando
perto do seu corpo. — Você disse o que
pensa Christopher!
— Eu estava cego, Ágata! — Passa a
mão pelo meu rosto e me esquivo.
— O que foi isso em seu rosto? —
Indaga me encarando.
Nego com a cabeça, sem olhar para ele.
— Ágata, o que foi isso em seu rosto?
Foi um tapa?
— Não foi nada! — Disparo o olhando. —
Você me magoou, Chris... Você me fez
sentir uma... Uma qualquer...
As lágrimas que tanto segurei, começam
a cair.
— Mas você não é Ágata...
Fecho os olhos, suspirando.
— Olha para mim... — Ergue meu
queixo, me fazendo o encarar. — Eu
estou... Eu fico louco quando te vejo perto
do Patrick, não é normal o que eu sinto...
Eu perco o controle, Ágata...
Estou estática percebendo o seu olhar
varrer o meu corpo.
— Eu estou cansada! Cansada de todos
quererem mandar em mim! Mandar com
quem posso falar ou não...
— Ágata...
— Não finja que se importa comigo,
Christopher! — Digo me soltando de seu
aperto.
E me viro, abraçando meu próprio corpo.
— Você só me quer para levar para
cama! É isso que você quer... Quando
acha conveniente...
— Ágata... Você é mais que isso...
— Pare de fingir que sou importante para
você, Christopher!
— Não estou fingindo, Ágata! — Diz me
olhando.
— Então Prove. — O encaro séria. —
Prove Chris...
Ele me encara e em um momento rápido
como um raio, meu corpo se choca contra
a parede, quando sinto os lábios se
colando aos meus. A língua pedindo
espaço entre minha boca, invadindo
enquanto suas mãos seguram minha
cabeça para intensificar o beijo.
Gemo contra seus lábios e ele me
encara, puxando-os levemente.
— Eu me importo com você, Loira.
E volta a colar os lábios aos meus.
Meu Deus...
Christopher estava me beijando.
Capítulo 17
Ágata
Minha respiração está ofegante,
enquanto tateio a parede onde minhas
costas se colidem. A língua entrando e
saindo de minha boca enquanto arfo, a
chupo sem pudor algum, enquanto Chris
põe uma das minhas coxas ao redor de
seu quadril.
Meu cérebro parece não entender que
estou em êxtase, meu corpo responde com
altura ao beijo esfomeado e guloso que me
tira de órbita.
A mão desce pelo meu corpo, o
esfregando como se nunca o tivesse
tocado.
— Provei Ágata?!
Cola a testa na minha, e fico um tempo
encarando os lábios ainda avermelhados.
A respiração entre cortada.
Só que meus pensamentos são
interrompidos quando ele suga meu lábio
para dentro de sua boca. Arranhando-os
com os dentes.
Fecho os olhos quando seus beijos se
espalham pelo meu pescoço, voltando a
sugar meu queixo... A língua fazendo
círculos pela carne macia, fazendo meu
corpo convulsionar. Espalmo a mão em
seu peito, sob a camisa de botões bem
definida em seu corpo.
Desabotoou com dedos rápidos, e sorrio
abertamente quando o tecido revela o
peito másculo, coberto por tatuagens.
Acaricio o mesmo em uma carícia lenta, a
ponta dos meus dedos dançando,
enquanto Christopher me olha soltando um
sorriso fraco.
— Eu sou louco por você... Fiquei louco
desde o primeiro dia que te vi naquela
maldita boate. — Segura em minhas mãos
e me encara mordendo os lábios. — Por
Deus, Ágata...
Pulo em seu colo, enquanto nossos
corpos vão ao chão lentamente. Seu corpo
em cima de mim, sua boca espalhando
beijos por todo meu colo.
Até que ele para, firmando os olhos nos
meus.
— Eu também sou louca por você,
Christopher.
Sorrio entre seus lábios quando ele rola
me deixando por cima, as mãos em minha
cintura roçando sua ereção em mim.
— Eu sou louco por você!
A língua entra na minha boca me
deixando entalada com meu prazer.
Ele se senta rapidamente sem descolar
os nossos lábios. Eu ainda não estava
acreditando, o homem que estava me
tirando à sanidade estava mesmo louco
por mim.
Era um sonho.
Não, era a realidade.
Suas mãos retiram meu vestido
rapidamente e vão tateando até encontrar
o fecho do sutiã, tirando com uma
agilidade impecável.
Meus seios saltam para fora.
Arfo quando sinto a ponta de sua língua
tocar no bico sensível, fazendo minhas
costas se arquearem. Ele começa lento e
logo depois faz uma sucção que me leva
ao extremo.
— Chris...
Afago às costas quando suas chupadas
se tornam mais ágeis, sua atenção fica
entre um seio e o outro, mas em um
mesmo patamar de luxúria.
Sou deitada no tapete levemente,
enquanto seu corpo vai para cima do meu.
Estou parada o fitando ficar de joelhos.
Minha respiração está ofegante o olhando.
— Abre as pernas meu amor...
Instantemente meu corpo responde e
minhas pernas se abrem, o assisto tirar a
peça delicada de renda a levando ao nariz.
Enrubesço no mesmo instante quando seu
olhar se prende ao meu.
— Esse seu cheiro...
Afasta as pernas, sorrindo contra meus
lábios vaginais, arfo quando a ponta da
língua passeia pela minha feminilidade de
um lado para o outro. Seguro em seus
cabelos sem saber ao certo o que meu
corpo quer... Ele volta a afastar meus
lábios passando a língua, chupando...
— Poderia passar a noite inteira...
Sentindo... Tocando... Essa boceta, que eu
não me cansaria nunca. — Diz sorrindo
voltando a carícia ardente.
As mãos brincando com meus seios, a
língua brincando em meu clitóris.
Eu ia ficar louca.
Não. Eu já estava.
Abafo um gemido quando sinto os
espasmos me invadirem e eu gozo. Gozo
em sua boca loucamente, tremendo do
dedo do pé até o último fio de cabelo.
Ele rapidamente me penetra, fundo...
Sem delongas, sem espera. Solto um
grunhido baixo, acompanhado de seu
gemido em meu pescoço. Sinto centímetro
por centímetro me invadindo.
— Chris... Eu...
— Shiii meu amor... Me deixe sentir
como é amar você.
Minha cabeça rodopia novamente, sem
conseguir entender as palavras direito. Ele
começa a me penetrar fundo, indo e vindo,
entrando e saindo... Segurando em meus
cabelos, fazendo minhas costas
arquearem.
— Eu nunca vou me cansar de você... —
Digo o olhando ficar sério enquanto toma
meus lábios novamente.
Estamos deitados ainda no chão da sala,
me aconchego em seu peito ouvindo seus
batimentos acelerados, ao mesmo tempo
em que os meus vão se acalmando.
Brinco passeando os dedos pelas
tatuagens, fazendo contornos imaginários.
Ele acaricia meus cabelos lentamente,
mordo o lábio inferior e o encaro. Está com
o rosto leve me olhando, um meio sorriso
de canto.
— Não me pergunte o porquê de nada,
Ágata... Eu também não sei o que foi isso.
— Diz me puxando de encontro ao seu
corpo.
Eu estava sorrindo por dentro, por mais
que fosse idiota depois de tudo que estava
acontecendo.
Sim, eu estava me apaixonando por
Christopher.
Não, eu já estava apaixonada.
Sorrio e ele me encara.
Aquele contato visual em que não
precisamos falar mais nada, apenas sentir.
— Chris... — Digo baixo e ele responde:
"Hum" apenas sorrindo.
Eu fico receosa em falar algo, mas ele
tinha me beijado... Me beijado muito na
verdade.
— O que foi loira? — Indaga
preguiçosamente.
Rolo ficando por cima do corpo beijando
o pescoço, as bochechas e toco os lábios
levemente.
— Você é incrível. — Sussurro e ele
sorri.
— Você que é incrível.
E me beija. Me beija rápido. Forte.
Entrelaçando os dedos em meus cabelos.
E eu não precisava de mais nada.

Abro a porta de casa, com um sorriso


capaz de iluminar todo o dia. Tinha saído
da casa de Christopher há pouco,
passamos a noite quase toda deliciando o
corpo um do outro.
Suspiro segurando as chaves, enquanto
balanço a cabeça de um lado para o outro.
Não queria sair daquela cama. Daquele
corpo quente colado ao meu. Mas eu
precisava ver Clhoe.
Eu estava apenas preparando o terreno
para contar dela pra ele, uma confirmação
do processo e tudo mais.
— Olhe quem chegou meu amor... —
Encaro Armando, que está de pé com
Clhoe chorosa em seus braços. Ele a solta
e ela logo corre ao meu encontro
abraçando minha perna.
— Mamãe... Não deixa a Coe... Não
deixa...
— Oh minha pequena, a mamãe está
aqui. — A pego nos braços limpando seu
rosto.
Armando sorri me olhando e o ignoro.
— Papai faiou (soluço) que tinha indo
embola (soluço).
— Não meu amor, eu tô aqui... A mamãe
tá aqui. — A aperto bem forte, o olhando
se sentar enquanto põe uma mão no
queixo, como se me analisasse com uma
expressão fechada no rosto.
— Pomete não ir embola mamãe?
— Sorrio beijando seus cabelos.
— Eu prometo meu amor... — Limpo o
rosto a olhando. — A mamãe ama você.
Mais que tudo. Lembra?
— Vânia! — Armando a chama e logo ela
aparece saindo da cozinha.
— O que ela está fazendo na minha
casa? — Indago olhando a mulher
aparecer me encarando.
— Leve Clhoe para brincar no quarto de
Ágata, ela vai já já. — Diz sério.
— Não papai, dexa Coe... ficar com a
mamãe... Pometo ser boazinha!
— Clhoe você vai agora, sua mãe vai em
seguida.
— Vai meu amor... A mamãe já vai
brincar com você. — Beijo sua bochecha e
ela sorri.
Vânia a pega no colo, saindo com pressa
e me viro olhando Armando de queixo
erguido.
Sou pega de surpresa quando ele se
ergue, estalando um tapa forte em meu
rosto, cambaleio para trás com a mão no
lado que arde sem parar. Ele segura nos
meus cabelos quase que no mesmo
instante.
E estala outro tapa forte.
— Vagabunda! Cadela imunda! — Diz
com o rosto colado ao meu. — Ordinária!
Vadiazinha de merda!
— Você me transformou nisso... —
Seguro em seu punho tentando me
desvencilhar. — Não era o que queria?
Pois, então!
— Cale a boca, sua imunda! — Diz
apertando meus cabelos entre os dedos.
— Passou a noite inteira fodendo com
aquele play boy não foi?
Me calo o olhando com muito nojo, meu
pescoço dói tanto que é impossível me
mexer.
— Responda sua cadela!
— Passei sim! Passei a noite inteira
sendo tratada como uma mulher, do modo
que você nunca me tratou! — Cuspo as
palavras em sua cara e solto um grito ao
mesmo tempo em que ele acerta meu
rosto com outro tapa.
— Eu vou te matar! — Travo minha
respiração quando suas mãos apertam
meu queixo. — Eu te mato, eu te trouxe
pra cá, eu te tiro daqui... Me ouviu?
— Me solte! — Peço entre dentes. —
Bastardo! Filho da puta! Desgraçado!
— Vai fazer o que? — Sorri perto de
mim.
— Ei! Armando! — Ouço a voz de
Magno, que entra no apartamento e sinto
quando o aperto se afrouxa. — Que merda
é essa?
— Eu já falei pra você não se meter na
minha vida, Magno!
— Me solte!
— Eu tô avisando Ágata, não brinque
comigo! — Diz com o dedo em riste. — Eu
acabo com você antes que se dê conta!
— Vá para o inferno! Vá se danar! Você
é um merda! — Grito o olhando sentindo
minhas mãos tremerem.
Eu o odiava. Odiava com todas as
forças.
E sempre iria esperar o pior de Armando,
só que isso não ia me fazer parar de lutar
para ter minha filha e muito menos de me
livrar dele.

Christopher
— Vai Chris?
Tiro minha atenção do computador
olhando Lorenzo na minha frente, o dia
tinha se passado em um piscar de olhos.
Eu evitei ficar pensando em Ágata, por
mais que sua imagem não me saísse da
cabeça.
— Vou. Só vou terminar aqui. — Digo o
olhando.
— Vou apressar aquele pau no cu do
Arthur.
Passo o polegar pelos lábios lembrando
a macies dos seus, do modo como ficava
leve a cada estocada que eu dava.
Por Deus. Estou louco. Desligo o
computador, vendo que meu pau já dá
sinal de vida.
— Tá vendo, Ágata... Mesmo longe você
me enlouquece.
— Digo para mim mesmo.
Passo as mãos pelos cabelos, indo até o
banheiro. Eu não sei o que tinha me dado
para beija-la, só que foi mais forte do que
eu quando vi já estava com a língua em
sua boca, e por Deus! Porque eu não tinha
feito antes! Aqueles lábios macios como
pétalas de rosas, moldados para minha
boca.
Nego com a cabeça e jogo uma água no
rosto, logo saindo da minha sala. Lorenzo
está de pé em frente à sala de Arthur que
guarda alguns papéis com pressa.
Estamos indo para um bar próximo daqui,
eu nem estava tão a fim de ir, mas como
Ágata iria chegar apenas mais tarde, decidi
ir.
Fomos no meu carro, eu sabia que se
não estivesse com condições de voltar,
pegaria um táxi. Lorenzo vai conversando
algo com Arthur que nem presto atenção
direito, minha cabeça estava longe demais.
Eu queria saber o que Ágata tanto fazia
na empresa com Patrick, mas ela me
garantiu que não tinha nada com ele. E eu
acredito. Mesmo desconfiado.
Ela estava em meus braços, ela não ia
mentir.
— Então eu a dispensei, ela era virgem!
Acha que vou comer virgem?
— Não deixa de ser xoxota, Lorenzo!
— Xoxota? Quem fala xoxota hoje em
dia?! É boceta mano
B-o-c-e-t-a!
— Tá... Aí você disse o que para ela? Se
manda gata! — Olho para o lado, vendo
Lorenzo revirar os olhos.
— Disse para ela que não ia rolar, sabe o
perigo que é comer uma virgem? Tirar um
cabaço? Sem contar que mulher tem
aquela baboseira de querer se apaixonar
só porque tiramos o lacre! Ah, qual é?! —
Lorenzo joga os braços para alto e me
encara. — Já comeu uma virgem?
— Claro Lorenzo, não é nada demais. —
Digo o olhando.
— Ela demorou quanto tempo para sair
da sua cola?
Não respondo, estaciono o carro no bar,
descendo logo em seguida. Tinha pouco
movimento, pois era dia de semana,
Lorenzo entra na frente subindo as
escadas do bar. Arthur senta-se à minha
frente, e Lorenzo logo ao meu lado.
— Não vi o Patrick hoje, você viu? —
Arthur me encara e nego com a cabeça
dando um gole no copo de Campari.
— Ele teve uma viagem de última hora.
— Lorenzo explica e logo depois me
encara de canto de olho. – Por que essa
cara de cu?
— Nada. — Digo mexendo o líquido de
um lado para o outro.
— Tá estranho Chris, aconteceu algo?
— Não cara, eu só estou cansando. —
Digo terminando de engolir o líquido.
— Ah, vá! Sou teu irmão, fala o que
aconteceu? — Lorenzo indaga e Arthur o
encara.
— Está com a mesma cara de quando
beijou a Vi... — Arthur para na metade do
caminho, me encarando. — Você beijou a
Ágata?
— Valha-me cristo!
E não tinha mais como negar. Não para
os dois que me encaram como se eu
tivesse acabado de cometer o pior dos
pecados.
— Beijei! Beijei Ágata ontem à noite, e
transamos a noite inteira nos beijando! —
Desabafo como se tirasse um peso das
minhas costas.
Lorenzo tosse descontrolado, enquanto
Arthur bate em suas costas.
— Diz que você tá zoando, mano? Diz
que você não a beijou?
Eu queria rir daquele desespero do
Lorenzo, mas eu não conseguia.
— O mundo vai se acabar! Pronto, pode
vir Jesus! Estou preparado para tudo
agora!
— Para com isso, Lorenzo! Não vê que
Chris está apaixonado!
— Para de zoar Arthur! — Digo o
encarando. — Eu senti vontade de beija-la,
beijei.
— Ah, meu Deus! Lembra seu doente,
quando beijou a Vitória? Você estava
apaixonado! Imbecil, apaixonado! —
Lorenzo indaga e sorrio.
— Ótimo, só falta o Lorenzo casar agora,
para tudo ficar melhor!
— Vá tomar no cu, seu fresco!
— Dá para parar os dois? Eu vim para
conversar e vocês ficam como duas
adolescentes fofoqueiras! — Encho o copo
com mais Campari ouvindo os resmungos
de Lorenzo e Arthur.
— Tá... Sem deboche agora, de homem
para homem, você tá gostando da Ágata,
Chris?
Engulo seco olhando Arthur me encarar
sério. Eu tinha idade suficiente para saber
o que estava sentindo, mesmo camuflando
durante algum tempo.
— Estou. Muito. Pra caralho.
Lorenzo solta o ar longamente e Arthur
sorri me olhando.
— Então por que não diz para ela, Chris?
— Ágata tá me escondendo algo, eu não
sei o que é... Tenho que pôr essa história
dela com Patrick a limpo, o mais rápido
possível.
E precisava. Ou iria morrer de tanto ódio.

Entro no meu carro dando partida, eu


estava em condições de dirigir, pois não
estava tão alcoolizado assim. Mesmo
sendo um perigo. Lorenzo me deu mil e
umas recomendações de me desapegar,
mas eu não ouvia nenhuma sequer.
Esperei por incontáveis horas até que a
companhia soa preenchendo o
apartamento. Meu coração deu aquela
palpitada e fui abrir a porta.
Ágata apenas me abraça sem falar nada.
Demoro alguns segundos e a aperto
firme em meus braços, o corpo tão frágil e
pequeno ali agarrado em mim.
— Senti sua falta... — Digo e ela se vira
rápido. — Estava chorando?
Ela nega rápido. O rosto estava um
pouco inchado.
— Também senti sua falta. — Sussurra
me olhando.

Observo o corpo dentro da banheira


enquanto acaricio suas costas, os cabelos
caindo como uma cascata sobre a mesma.
Tento afastá-los, mas Ágata se retém,
dando um pulo.
— Eii.. calma! O que houve? — Pergunto
a encarando.
— Eu... Eu escorreguei e cai, bati com a
cabeça. — Diz acariciando seus cabelos.
Franzo o cenho a olhando virar o rosto
rápido.
— Tá tudo bem?
— Está sim. Não foi nada grave. —
Sussurra e a puxo para deitar sobre meu
peito.
Coloco a água morna em minha mão
jogando sobre seu corpo, molhando os
seios enquanto desce pela barriga lisa.
— Passei o dia inteiro desejando estar
assim com você. — Sussurro baixo e a
ouço sorrir enquanto entrelaço as pernas
as suas.
Ela ergue o rosto e sorrio a observando
morder o lábio me encarando.
— Em uma banheira... Nós dois
pelados... — Beijo seu ombro e observo as
gotículas de água descer pela pele alva.
— Sabe o quanto te desejo? — Sussurra
e nego com a cabeça.
— Me mostre Ágata. — Arqueio a
sobrancelha enquanto ela se vira.
Monta em meu colo e aperto a cintura
firmemente, o corpo escorregadio colado
ao meu. Beijo seu pescoço, e ela geme
sorrindo.
E a beijo apenas para tentar saciar meu
próprio vício naqueles lábios.

Estamos enrolados na minha cama, o


lençol cobrindo seus quadris enquanto ela
me encara fixamente.
Sorrio enquanto desenho um círculo
imaginário em suas coxas firmes a
olhando.
— Chris... Precisamos conversar.
Franzo o cenho e assinto. Beijo seus
lábios novamente, dessa vez o mais lento
possível.
Tão lento que bebo o gemido de
surpresa que ela me lança. Me afasto
passando o polegar pelos lábios
entreabertos.
— Eu estou apaixonado por você, Ágata!
Completamente louco... Por você.
Capítulo 18
Ágata
Abro os olhos lentamente tornando a
fecha-los por causa da claridade que os
ofuscam. O lençol branco de linho cobre
meu corpo, completamente despido.
Estava sozinha na enorme cama.
Flashes da noite anterior rodando minha
cabeça. Sento com um sorriso nos lábios.
Christopher estava apaixonado por mim!
Meu Deus!
Eu estava tão atordoada quanto no dia
em que ele me beijou, passo os dedos de
leve pelos lábios, ainda sorrindo. Foi difícil
de entender, passamos uma das noites
mais longas possíveis nos amando.
E eu estava eufórica.
— Já acordada?
Viro para a porta e o encontro parado de
braços cruzados, as pernas cobertas por
desenhos indecifráveis, apenas com uma
cueca boxer preta, está sem camisa, os
cabelos impecáveis como sempre.
— Acordei agora... — Digo o vendo se
arrastar até a cama, beijando meus lábios
lentamente.
Eu estava em um sonho!
— Chris, sobre ontem... Eu... O que você
disse...
— Eu disse tantas coisas, meu doce. —
Sorri segurando em meu queixo.
Sorrio segurando em seu dedo.
— Eu também estou. — Digo baixo como
um sussurro.
Ele para me olhando e sorrio.
— Também estou apaixonada por você,
Christopher!
Seu sorriso estampa no rosto, e ele volta
a acariciar o meu com carinho. Eu tinha
me apaixonado. Assim. De repente.
Eu amava o modo como ele era intenso,
tudo era magnífico quando ele estava
perto, o jeito que me tocava que me
beijava. Por Deus, eu perdi até a
convicção!
— Vêm cá! — Seguro em sua mão,
quase sendo arrastada até o banheiro
luxuoso.
Era todo Branco e espaçoso, uma pia de
mármore branco, o box perfeito e uma
banheira com uma vista espetacular.
A mesma que tínhamos feito amor na
noite anterior.
Colo a testa na dele enquanto seus
dedos começam a trilhar uma linha
imaginária em minha coluna. Meus dedos
acariciam o peito e sorrio.
— Se for apenas um sonho, Chris? —
Digo em um murmúrio.
— Estamos aqui, Ágata. Não é um
sonho. — Diz sorrindo, enquanto ergue
meu queixo. Encaro os olhos de um
castanho puxado para o mel, que me
deixam sem ar.
Meu coração começa a bater
descontrolado, era amor.
Vamos direto para o box onde Chris tira a
única peça que cobre seu corpo. Liga o
registro, logo me agarrando com volúpia,
era isso que nunca acabava o fogo que
nos consumia.
Sua língua quente logo se enfia dentro
da minha boca, enquanto suas mãos
passam deliberadamente pelo meu corpo.
Não foi algo lento como na noite anterior,
foi algo como se fosse urgente, como se o
corpo ansiasse pelo meu assim, como o
meu anseia pelo dele.
Beijando minha boca, hora beijando meu
pescoço... Marcando cada centímetro da
minha pele.
As mãos quentes passando pelos meios
seios, chegando a minha barriga e
descendo pela minha boceta que já estava
louca de desejo.
A água nos molhando e apenas sorrio.
Ele me vira, me deixando de costas,
enquanto suga meu pescoço com força
fazendo um gemido escapar dos meus
lábios. Gemo quando sinto o membro roçar
entre minhas pernas, duro e forte.

— Ágata?
Observo Chris encher a xícara de café
me olhando. Meus cabelos ainda estão
molhados pelo banho recente, ele vestido
impecavelmente.
— O que estava fazendo na empresa
aquele dia?
Pisco algumas vezes, o olhando ficar
sério ao franzir o cenho.
Ele leva a xícara aos lábios tomando
levemente.
— Eu... Chris, eu sei que... Eu preciso
que confie em mim.
— Digo rápido. — Eu vou te contar, eu só
preciso que confie em mim...
Ele fica em silêncio, me olhando
fixamente.
Seguro em sua mão enquanto ele a
aperta e sorrio.
Eu iria contar assim que os papéis do
processo estivessem prontos. Apenas isso.
— Por favor... — Sussurro e ele assente.
— E aquela menina, sobrinha de
Helena? — Ele indaga depositando a
xícara devagar e o encaro.
— É sim.
— É adorável. — Ele sorri.
Sua mão fica por cima da minha
enquanto seus olhos buscam os meus.
— Não quero te ver ao lado de Patrick,
Ágata. — Diz rápido e assinto. — Não te
quero perto dele. Para nada.
— Chris...
— Eu sei que não tem nada com ele, eu
sei. Mas, isso já rendeu demais.
— Você tem razão. Me desculpe. — O
encaro e mordo o lábio.
A campainha soa pelo ambiente, dando
um fim aquela conversa enfadonha. Chris
se ergue indo abrir a porta e fico
segurando uma xícara nas mãos.
Patrick estava me ajudando, como era
amigo de Magno ele conhecia um pouco
mais a fundo do sobrenome Contreiras.
— Ah Chris, eu te esperei até tarde
ontem... Uou..! — Me viro, olhando o irmão
mais novo dele parado. — Tinha que ter
mulher na parada.
— Lorenzo...
— Bom dia, Ágata!
— Bom Dia... — Respondo sorrindo.
Lorenzo era aquele típico homem que te
deixava desconcertada apenas com o
olhar, ele é alto, e bem bonito. Muito.
— Bom, eu vou ter que ir... Tenho que ir
em casa. Foi um prazer rever você, até
mais Lorenzo.
— Até mais, Gost... Ágata!
Chris me segue segurando em minha
mão, pego minha bolsa colocando a
jaqueta no antebraço o olhando.
— Vai vir mais tarde?
— Farei o possível para estar aqui. —
Beijo os seus lábios e ele demora mais um
pouco. O sabor dos lábios junto aos meus,
me deixando anestesiada. — Até mais
tarde...
— Até mais tarde.
Saio quase voando do prédio pegando
meu carro, recebo apenas uma ligação de
Patrick, desmarcando na empresa, e
agradeci mentalmente por isso. Marcamos
em um café perto da minha casa.
Ele estava me ajudando tanto em relação
a guarda da Clhoe, era isso que me fazia
ficar forte a cada dia. Me livrar das
armações de Armando. E poder ficar com
a minha filha.
E Christopher teria que me entender, eu
não queria mentir para o homem que amo.
Desço do carro com pressa, passando
pelas portas de vidros. Patrick está
sentado de costas para mim. Toco em seu
ombro e ele se vira com um sorriso
enorme, beijando meu rosto
delicadamente.
— Desculpa a demora. — Digo me
sentando rápido.
— Quer tomar café? Eu acabei pedindo
algo para nós...
— Eu já tomei, obrigada! Eu... como está
o processo?
Ao contrário do que pensei Patrick não
me julgou em nada quando falei sobre
Clhoe, ele ficou surpreso. E pareceu tão
apaixonado por ela.
Minha intenção era apenas pedir um
contato de um bom advogado, mas ele
insistiu tanto em me ajudar, que aceitei.
Pela amizade. Ele tinha bons amigos
naquele ramo.
— Está indo tudo ótimo, Ágata. Mas... —
Ele me encara e olha para o papel
novamente.
— Mas?
— Você vai precisar me responder
algumas coisas, que vão te ajudar a
conseguir ficar com a sua filha.
Meu Corpo gela por inteiro. Ele não sabia
que eu era uma stripper.
— O-o-o que? — Pergunto sem
esconder o nervosismo.
— Calma, não é nada demais. Só que,
eu percebi que você não fala do pai da sua
filha com muito afeto... — Abaixo a cabeça
tentando conter o frio que se apossa da
minha espinha.
Ele iria fazer a maldita pergunta capaz de
me desmanchar ali.
Não. Não. Não.
— Ágata... Você foi vítima de um
estupro?
Trinco os dentes causando uma dor
aguda do meu maxilar. E toda aquela
tormenta de três anos atrás volta com
força.
— Armando...
— Olha para mim! — Encaro seus olhos
frios. — Um bebê, só nosso... Como prova
do nosso amor...
— Eu quero estudar, Armando! Eu não
quero... — Digo o olhando ficar sério
enquanto segura em meu pescoço.
Ele não aperta, mas é como se
apertasse, causando uma fricção dolorida
em mim.
— Vem cá!
Fecho os olhos com tal lembrança,
enquanto as lágrimas caem copiosamente.
Eu precisava me livrar disso o quanto
antes.

Christopher
— Papai acabou de ligar, disse que
devemos estar em Atlanta. Deu um
problema em uma das cargas que estavam
sendo transferidas para lá. — Ponho a
mão na testa, o olhando.
Estou dirigindo a caminho da empresa,
eu não estava no pique para viajar. Porque
sabia que as pequenas viagens
demoravam até dois dias.
E eu não queria passa dois dias sem ver
Ágata.
— Que inferno!
Lorenzo resmunga algo que não
compreendo, chegamos à empresa e corri
para a sala, pegando alguns documentos.
Arthur teria que ir comigo, como advogado
da empresa.
Pegamos o jatinho meia hora depois, e
mal tive tempo para ligar e avisá-la.
— Ela é diferente, Arthur... Não é como
as outras. — Digo bebendo um gole de
uísque.
Arthur sorri de lado me encarando, fica
um tempo calado e torna a falar:
— Como disse Lorenzo: "Estou pronto,
pode voltar Jesus!”.
— Não seja idiota. Eu demorei mais
tempo para perceber.
E era verdade, eu tinha demorado em
perceber que estava louco por Ágata. E ter
dito aquilo ontem à noite me fez libertar
algo dentro de mim. Só o que ainda rodava
minha mente era saber que Patrick não
tinha pulado fora, ainda.
— Já pensou como vai falar para Patrick
que você está apaixonado pelo anjo dele?
— Arthur se ergue pegando meu copo e
enchendo com mais bebida.
Senta novamente bebericando o líquido
do seu.
— Porque quer queira, quer não... Ele
também gosta dela.
— Eu não posso contar assim, de uma
hora para a outra, Arthur. Isso é coisa que
vamos fazer juntos... Eu e Ágata. —
Deposito o copo na mesa devagar, o
olhando.
— Vai ser uma explosão e tanto, Chris.
O encaro fixamente.
— Nós nos atraímos desde a primeira
vez que nos vimos Arthur. Foi algo que não
planejamos.
Desembarcamos alguns minutos depois
na perfeita Atlanta. E como previsto, a
viagem ia durar três dias enfadonhos. Eu
tinha um pequeno apartamento aqui, o que
facilitava sempre que precisava viajar.
Fui para a sede junto com Arthur, onde
passamos o restante do dia trancados. A
rede de petróleo tinha suas vantagens.
Mas também suas desvantagens, as
viagens eram uma delas.
— Estou morto de fome, vou direto para
restaurante, você vai?
— Não, eu como algo que tiver lá. Vou
descansar. — Digo entrando em meu
carro.
Eu não estava sentindo fome alguma.
Cheguei ao loft, pegando meu celular
enquanto discava o número de Ágata,
chamou, chamou até cair na caixa postal.
Eu tinha esquecido os sintomas do amor,
esqueci o quanto o sentimento nos deixa
atordoado e maluco.
— Que saudade, Loira. — Deixo a
mensagem na caixa postal.
E estava mesmo.
Seria mais divertido se ela tivesse aqui.
Mesmo há trabalho, eu iria adorar tê-la
comigo.
Digito apenas uma mensagem, dizendo
que ia chegar daqui a três dias de uma
viagem de última hora.

— Liga para o Patrick e pede para ele


ver se todas as cargas foram liberadas! —
Digo rápido para a moça que me encara
sorridente.
— Sim, senhor. — Sai rebolando seu
corpo magro rapidamente
Era mais de duas da tarde, e eu estava
pirando, e ainda nem fazia 48 horas que
estava aqui. Lorenzo me ligou dizendo que
estava tudo resolvido e que já podíamos
voltar para Nova York, então a viagem de
três dias durou apenas dois.
Sempre é mais cansativo se locomover
do seu hábitat natural. Consegui falar com
Ágata apenas duas vezes nesses malditos
dias. Eu estava controlando minha
ansiedade e iria vê-la apenas à noite, por
isso não avisei que estava chegando.
— Depois de amanhã é a exposição da
deliciosa Victória.
— Você vai?
Já estamos no carro, indo direto para a
empresa.
— Claro que sim! Não perco a
oportunidade de comer aquela gostosa. —
Diz sorrindo, se ajeitando no banco do
carro.
Arthur não perdia uma oportunidade de
levar qualquer beldade para sua cama,
com a lábia de Don Juan fajuto, fazia
qualquer dama cair aos seus pés.
Entrei em minha sala, cumprimentando
Mônica rapidamente. Estou sentado, tirei
apenas o blazer ficando só com a camisa
de botões azul.
— Senhor... Me desculpe. — Olho para a
porta, vendo Mônica vermelha. — Tem
alguém querendo vê-lo.
— Quem?
Mônica abre espaço quando vejo
pequenos cabelos loiros vindo em minha
direção, era a mesma garotinha de antes.
— Oi.
Saio da cadeira a olhando sorrir, ela era
linda. Tinha um rosto pequeno e redondo,
uns olhos azuis marcantes.
— Como sabia que essa era minha sala?
— Pergunto a olhando.
— Eu lembo de tudo... Eu lembei de
você. — Diz sorrindo.
— Falei que quelia ver o tio Kis, Mas a
mamãe não sabe que vim aqui... Seguedo
nosso.
Sorrio a pegando no colo. Não tinha a
menor noção de como agir com uma
criança, mas eu tinha gostado dela de
primeira.
— Segredo nosso então. Mas não
podemos deixar sua mãe preocupada,
onde ela está? — Pergunto abrindo a porta
da sala, ao mesmo tempo em que lembro
que Ágata falou que Patrick estava a
ajudando.
E se Ágata estivesse lá?
Não. Ela disse que não procuraria mais
ele.
— Gosta de bincar com bonecas? Coe
tem válias...
— Meninos não brincam de bonecas. Só
com meninas lindas como você. — Digo a
olhando sorrir.
Chego em frente á porta da sala de
Patrick, não vendo nem sinal de Helena.
— Clhoe... Christopher? — Helena me
encara, como se não acreditasse que
estava me vendo.
— Tia Helena, eu tava poculando o tio
Kiss e encontlei ele!
Encaro Helena pálida e a fito.
— Olha quem eu achei de novo... —
Sorrio apontando para Clhoe, que nos
encara.
Só que a porta se abre e Ágata aparece
com Patrick, ela me encara e volto a olhar
a criança em meu colo.
— Mamãe!
Clhoe pula do meu colo, indo direto para
o de Ágata.
Minha garganta seca, de repente. A
olhando.
Mamãe?
Não.
— Bom senhorita Mendes, nos veremos
na audiência de guarda da sua filha. Foi
um prazer. — Um homem que conhecia
muito bem diz a olhando.
Patrick aperta sua mão e ele me
cumprimenta.
— Christopher... — Diz me olhando.
— Essa é minha mamãe Tio
Kiss! Mamãe olha o tio Kiss... Coe achou
sozinha.
Capítulo 19
Christopher
—Clhoe meu amor, não quer tomar um
suco?
— Ouço a voz de Helena soar tensa.
— Coe quer suco!
Cerro o punho no mesmo instante, uma
mistura de ódio me consumindo que chega
a ser fora do normal. Ágata empalidece no
mesmo instante, entregando a menina
para a amiga que já está de braços
abertos.
— Não sabia que tinha chegado de
viagem. — Encaro Patrick me olhando e o
fito rápido.
— Patrick pode me levar, por favor...
Tenho medo de me perder... Vamos tomar
um suco com a Clhoe.
Patrick assente e sorri me olhando.
— Cheguei de surpresa. — Digo rígido.
— Deu tudo certo?
Apenas assinto, não conseguindo
pronunciar mais nada.
— Eu vou pegar minha bolsa, vão na
frente, eu encontro vocês lá. — Ágata
quase suplica para Patrick sair de lá.
Meu coração dá uma batida falha, uma
mistura de raiva e dor que sufoca até
minha fala.
— Sau, tio Kis!
— Tchau, meu doce... — Sorrio
acenando para Clhoe.
O nó dos meus dedos está dormente,
tamanha força que aperto eles entre os
dedos. Meu Deus.
— Christopher!
Me viro de costas, andando em passos
largos e apressados, a raiva me cegando.
Como Ágata teve coragem de mentir?
Mentir para mim?
Bato a porta com força, ouvindo o
estrondo. Afrouxo o nó da gravata,
tentando assim, tirar o sufoco da minha
garganta.
— Me deixe explicar, Chris! Por favor...
Eu...
Apoio às mãos na mesa, pendendo a
cabeça para baixo, eu sinto o perfume
adocicado invadir o ambiente. Eu não
queria ouvir nada que ela tivesse para
falar. Eu quebrei a minha regra mais
importante. A beijei! Eu assumi meus
sentimentos.
E que merda ela faz?!
Ela mente!
Soco o móvel de vidro com força,
fazendo-a se afastar.
— Você quer explicar o que, inferno? —
Me viro e a encontro me encarando. —
Agora quer explicar?
— Chris... eu sei que err..
— Errou?! Ágata, por favor! Você mentiu
para mim, mentiu!
— Ponho o dedo em riste a olhando. —
Você... Como?
— Eu omiti Chris! Eu errei...
— Sai daqui Ágata! — Peço me virando
novamente. — Saia!
Passo a mão na testa, limpando o suor
que escorre pelo meu rosto.
— Eu não podia contar Chris... Eu estou
entrando com o pedido de guarda...
— E foi procurar Patrick, caralho?! Logo
meu irmão que é doido por você inferno!
Você tinha que procurar ele! — Minha
garganta inflava dolorida pelo timbre da
voz que saia.
Minha mente estava um turbilhão, ela
preferiu procura-lo do que a mim,
novamente.
— Você tem uma filha! Meu Deus! —
Passo as mãos pelos cabelos exasperado
Respiro pesadamente, sorrindo enquanto
a encaro.
— Me ouça, Chris. Você tem... Tem esse
direito de ficar chatea..
— Chateado? Eu estou com ódio, Ágata!
Você mentiu! Mentiu Ágata!
Fico a olhando por longos minutos, e
percebo a garganta subir e descer, vendo
que ela acabou de engolir em seco.
— Eu não podia falar! — Diz exaltando a
voz e logo após limpa o rosto. — Me ouça,
Chris! Por favor!
Viro o rosto não conseguindo olha para
ela, minha raiva era porque ela mentiu!
Porque procurar logo meu irmão! Que
inferno!
— Com quantos anos... Há teve?
Ela suspira e me olha.
— Com 17 anos.
Sorrio. Era menor de idade.
— Quem é o pai dela? — Pergunto a
encarando friamente.
Cerro o maxilar que chega a doer os
dentes trincados. Ela ergue os olhos,
ficando calada.
— Responde inferno! Quem é o pai da
sua filha?!
— Chris... Você precisa entender tudo do
começo... Eu... Precisa...
— Ao menos sabe quem é o pai da sua
filha? — Rebato.
E Dane-se.
Percebo os olhos se arregalarem de
surpresa, ao mesmo tempo em que tem
uma mistura de mágoa.
Ela abaixa a cabeça sem me olhar.
— O-o que...? — Torna a me encarar.
— Por favor, Ágata! Ao menos seja
honesta ao me encarar e dizer! Quem é o
pai da sua filha?
— Você tem que me escutar! Eu era
jovem demais, Christopher!
— Quem é o pai da sua filha? —
Pergunto entre os dentes.
Ela está de cabeça baixa, olha para o
lado e vejo uma lágrima escorrer pelo seu
rosto.
— Não me faça perguntar de novo,
Ágata!
— É o Armando... — Sua pronúncia sai
como um sussurro, um sussurro quase
inaudível.
— Quem? — Torno a perguntar, quase
tendo um AVC de tanta raiva e ódio.
— É o Armando! O pai da minha filha é o
Armando!
Minha boca abre e fecha ao mesmo
tempo. E procuro o chão nos pés e não o
encontro. Engulo seco.
O cafetão da boate. Aquele merda
ambulante.
— Me ouça... Eu...
— Cala a Boca! — Digo a encarando. —
Por Deus! Por isso aquela possessão toda
que ele tem por você! Porque você já foi
dele! É óbvio! Óbvio!
— Não, Christopher! Não é isso que você
tá pensando... Ele me...
— Não um caralho! — Ponho meu dedo
em riste enquanto ela para ao meu lado.
As mãos segurando a lapela da minha
camisa e me afasto.
— Me ouça! Por favor...
— Eu quero que você saía daqui agora!
— Peço segurando em seus pulsos. —
Não me faça te botar para fora, Ágata!
Saia!
Eu tinha acabado de levar um soco no
estômago, daqueles que doem até a alma.
Eu não podia acreditar que Ágata teve a
coragem de dormir com aquele homem
De chegar ao ponto de ter uma filha!
Uma filha!
— Chris...
Abro a porta a encarando friamente, em
pensar que esperei três dias ansiosos para
vê-la, para te-la apenas para mim.
— Por Favor... — Suplica me olhando.
— Sai daqui Ágata! Agora inferno! Saí!
Bato a porta com força, passando as
mãos pelos meu cabelo, derrubo a mesa
de vidro com tanta força no chão, ouvindo
o estrondo. Eu não sei que tipo de coisa
estava me possuindo, mas era algo feio.
— Chris? Cara, o que é isso? — Lorenzo
abre a porta olhando todo o ambiente
bagunçado. — Ouvi a gritaria lá da minha
sala!
Retiro a camisa suada a jogando em um
canto qualquer da sala.
— Eu tô falando cacete!
— O que quer saber, Lorenzo? —
Pergunto ríspido.
— O porquê desse cabaré! — Diz me
olhando sério.
Sorrio abanando a cabeça, pego um
copo enchendo de vodca, tomando todo o
líquido de uma só vez.
— Ágata tem uma filha. — Digo em um
sussurro, ainda de costas.
Mas minha surpresa não é tão grande
quando olho para Lorenzo, que coça a
cabeça.
— Você sabia, né? Meu Deus! Óbvio que
sabia!
— E queria que eu fizesse o que? — Diz
me olhando. — Arthur me pediu segredo,
caralho! Era algo que ela devia ter te
contado, não eu!
Eu não queria falar mais nada, saio
pisando duro, dizendo a Mônica que volto
apenas amanhã. Minha cabeça estava
distante, mil e um pensamentos a rodando.
Desço do elevador e paro, quando vejo
Ágata se debatendo com o aperto da mão
de Armando sobre seu braço.
É quando a fúria me cega.

Ágata
— Entra no carro antes que eu te ponha
para dentro com minhas próprias mãos! —
Ele diz baixo, mas com a voz firme e rude.
Olho para o lado, vendo Clhoe distraída
com Vânia, enquanto Helena estava ao
meu lado tentando me soltar.
Armando tinha literalmente me pegado
de surpresa, Patrick teve que resolver um
assunto da empresa. Armando apenas me
encara com muita raiva, o aperto em meu
braço ficando mais forte.
— Armando está chamando a atenção
de todos! — Helena diz entre dentes. —
Solta ela antes que eu faça um escândalo
dos grandes aqui!
— Faça um escândalo, que eu te mando
para rua hoje mesmo.
— Diz encarando Helena friamente. — E
você, vai vir comigo antes que eu saía
daqui com Clhoe e você nunca mais vai
vê-la entendeu?
— Posso ajudar? — Viro meu pescoço,
olhando Christopher parado sério.
Mil e uma coisas passando pela minha
cabeça. O ódio que a pouco estava em
seus olhos foi substituído por uma mescla
de sentimentos. O que eu mais queria era
falar tudo o que aconteceu.
— Claro que pode. — Armando começa
e me solta imediatamente, seu braço agora
aperta minha cintura me puxando para
perto do seu corpo. — Tem como
convencer minha mulher a ir para a nossa
casa?
Percebo Christopher trincar o maxilar
com as palavras frisadas.
— Ela não parece muito contente em ir
com você.
— Eu não sou sua mu...
— Vamos meu amor... Nossa filha está
esperando por você.
— Precisa de ajuda para levar a sua
mulher para casa? — Chris pergunta sério.
— Deve ser tão ruim assim sua casa para
alguém ajudar a convencê-la a ir para lá...
— Christopher, por favor! — Helena
pede, já prevendo uma catástrofe.
Percebo os seguranças se aproximando,
formando aquele tumulto pré briga.
— Tomando as dores dela?
— Armando... Eu vou com você. Agora
pare com isso! — Digo entre os dentes.
Eu não tive coragem de olhar para
Christopher e ver sua reação, abro a porta
do carro, vendo Armando sorrir
diabolicamente.
— Tá vendo, é para mim que ela sempre
volta. Sempre.
E tudo acontece rápido, quando
Christopher acerta o nariz de Armando
com força o jogando sobre a calçada. Tapo
a boca prendendo um grito que chega até
a garganta.
Em um minuto, o motorista de Armando
dá a volta no carro, os seguranças
segurando Christopher, que tenta passar
como um trator.
— Filho da puta!
— Christopher, pare com isso! Pelo amor
de Deus! — Peço o olhando.
Ouço o choro de Clhoe, me viro e a
encontrado nos olhando assustada
enquanto chora. Armando sendo contido
pelo motorista. Lorenzo desce correndo
junto de Arthur, parando em frente nós
dois.
— Me solta!
— Helena, fique aqui! Eu... Eu falo com
você depois!
— Você me paga, seu play boy de
merda! — Armando diz, pondo o dedo em
riste.
Abre a porta do carro praticamente me
jogando dentro. Eu iria me resolver com
Armando primeiro, depois Christopher iria
me ouvir de um jeito ou de outro.
O caminho foi feito em silêncio. Vânia
não me encarava, muito menos Armando,
que esfregava um pano no nariz. Clhoe
estava aninhada em meus braços, sorrindo
enquanto brincava com meu colar.
Entro na casa e Vânia a pega no colo,
saindo. Armando continua de pé me
olhando, nego com a cabeça o fitando.
Como pude me deixar levar por esse
homem um dia?
— Tem algo para me falar, Ágata?
— Eu só vim para te dizer uma coisa:
Você não tem poder nenhum sobre minha
vida, Armando! Nunca teve! — Disparo o
olhando cerrar o maxilar, enquanto joga o
lenço em cima da mesa com brusquidão.
— Não pense em usar Clhoe para me
prender a você, porque não vai conseguir!
— Acha mesmo que ele vai ficar com
você? Acha mesmo, Ágata?
— Chega de querer mandar em mim!
Chega de me bater, chega! — Minha
garganta rasga enquanto o encaro. — A
Ágata que você trouxe para essa casa há
três anos, não existe mais! Eu tenho nojo
de você, nojo!
— Acha que vai ganhar o que com essa
rebeldia? — Sussurra saindo de trás da
mesa. — Não vai deixar de trabalhar na
boate porque tem contrato, não vai deixar
de vir aqui, porque tem a Clhoe... Estamos
ligados meu amor... Para sempre,
entendeu?
Me esquivo do seu toque em meu
queixo. Se eu voltasse no tempo, eu
jamais iria ter caído nessa.
Mas não podia voltar, não tinha como
desfazer o que já estava feito. E eu teria
que lidar com minhas escolhas e decisões.
— Eu não sou sua propriedade,
Armando! — Disparo séria.
— Quer o que? Quer sua liberdade? —
Pergunta sarcástico.
— Eu não sou presa a você, Armando!
Nem a você, nem a ninguém!
— Então, Ágata... O que você quer meu
amor? Quer brincar de vida de patroa? Eu
dou tudo o que você quiser Ágata!
— Eu quero que você suma da minha
vida! Quero que me deixe viver com minha
filha em paz...
Ele para me olhando e se vira de costas
andando de um lado para o outro
continuamente. Armando volta a me olhar,
sorrindo diabolicamente.
— Quer viver sua vida? Vá meu amor!
Agora minha filha, você não leva para
lugar nenhum! — Ele abre os braços
sorrindo.
— Quer sua liberdade? Problema seu!
Agora vai precisar arcar com suas
consequências!
— Ela é minha filha também! Ela é
minha! O que eu puder fazer para lutar por
ela, eu vou fazer Armando. E nem você,
nem ninguém vai me impedir!
— Será? — Ele se aproxima e o encaro
de cima a baixo. — Eu vi o modo que ele
te olhou, está com ódio de você.
Ele sorri e no fundo ele poderia ter razão,
mas eu não iria me esconder do homem
que eu amava. Nem negar mais nada.
— Quero que vá para o inferno,
Armando!
Bato a porta com força, saindo daquela
casa o mais rápido possível. Pego um táxi
rápido, indo direto para o meu
apartamento.
Eu não esperava encontra-lo ali na
empresa, só que o desespero falou mais
alto quando a audiência foi marcada para
daqui a dois meses. E pronto. Eu iria
contar assim que ele chegasse.
Os olhos acusadores em cima de mim
me mataram por dentro. Jogo as chaves
no aparador e tomo um banho rápido,
vestindo uma calça jeans e uma blusa
preta.
— Eu achei que iria acontecer uma
desgraça. — Helena se se senta no sofá e
a encaro.
— Eu acho que ainda vai, Lena. Viu a
cara do Christopher em minha direção? —
Ofego, mordendo o lábio.
— O que me petrificou foi isso, Ágata.
Armando está com ódio. — Ela se ergue,
andando de um lado para o outro.
— Eu preciso falar com o Christopher. —
Pego a bolsa e me despeço dela
rapidamente.
Meu coração batendo forte e rápido no
peito, ele tinha que me ouvir. Ele precisava
me ouvir.
Mesmo por cima do ódio. Da arrogância.
Eu entendi a fúria dele ao me expulsar
da sua sala e a raiva por ele ter achado
que tudo que vivi com Armando foi lindo.
Subo no elevador assim que o porteiro
libera minha entrada, e suspiro. Ao menos
não me proibiu de entrar aqui.
Toco a companhia insistentemente e
nada.
Tamborilo os dedos na porta, voltando a
insistir apertando o botão.
— Chris! — Bato incontrolável na porta.
Até que a maçaneta gira, mostrando uma
morena coberta apenas por um roupão
felpudo, seus olhos azuis me encaram dos
pés à cabeça com um olhar de nojo.
Era a mesma do jantar.
— Sinto muito... Acho que deve ter
errado de prédio...
Semicerro os olhos a encarando.
— Eu vim falar com o Christopher! —
Digo pondo a mão na porta a afastando.
— Ele está no banho queridinha....
— Não perguntei onde ele estava eu vim
aqui para falar com ele e só saio daqui
quando o fizer. Nem que passe por cima
de você para isso!
Capítulo 20
Ágata
— Conheço você de algum lugar...
— Encaro a morena com os cabelos
enormes soltos, me encarando com o nariz
franzido.
Minhas mãos estavam trêmulas por
encontrar esse projeto de vadia aqui. Ele
nem me deixou explicar e já estava com
ela em sua cama. Ótimo. Perfeito.
— Você atrapalhou o nosso super e
incrível sexo. Melhor sair daqui.
Não me intimido. Iria fazê-lo engolir a
verdade a trancos e barrancos.
Ela está de braços cruzados, mordendo
o lábio. Imito seus gestos, arqueando as
sobrancelhas.
— Eu tenho certeza que te conheço de
algum lugar.
— Não conheço você. — Digo por fim.
— Eu não esqueço um tipinho desses
como você queridinha. — Ela diz e sorrio.
— Pouco me importa...
— Megan você não foi embo... —
Christopher desde as escadas com uma
calça de malha azul e sem camisa,
enquanto enxuga os cabelos com uma
toalha. — Ágata?
— Preciso falar com você. — Digo o
encarando.
— Meu bem, ela invadiu o apartamento
querendo falar com você aos berros! — A
idiota sai correndo, parando ao lado de
Christopher, que me encara.
Passo a mão na testa, tentando não
sufocar essa iguana com minhas próprias
mãos.
— A única pessoa que invadiu minha
casa foi você, Megan! Já era para ter saído
faz tempo! — Diz olhando a tal da Megan
com asco, enquanto ela pisca várias
vezes.
— Mas meu bem... Eu...
— Vá embora, Megan!
Me acomodo no sofá, vendo a cena
completa da tal Megan tirar o roupão
mostrando o belo vestido por baixo.
Sorrio a encarando e balanço a cabeça.
Ela sobe às pressas, voltando em
seguida com uma pequena bolsa nas
mãos, me olhando.
— Isso não vai ficar assim!
— Eu tô morrendo de medo de você. –
Aceno sorrindo, enquanto ela dá um passo
à minha frente e eu dou dois em sua
direção.
Observo Christopher bater a porta e logo
depois ir até o pequeno bar encher um
copo com alguma bebida. Eu não me
mexo, fico do mesmo modo o olhando
levar o copo de vidro à boca.
— Você não tem motivos para querer me
ouvir... Mas eu vou falar Christopher! —
Me ergo rapidamente assim que ele se
senta na poltrona.
Os olhos varrendo meu corpo, o silêncio
pairando no ar.
— O que quer falar? Dizer por que
mentiu? Por que escondeu que tinha uma
filha? Por que preferiu confiar em Patrick, a
mim?
— Eu não escolhi um lado, Christopher!
— Passo as mãos pelos cabelos,
suspirando.
— Escolheu sim! Escolheu quando
decidiu omitir que era mãe, Ágata! — Ele
se ergue e o fito.
— Eu mal conhecia você! Era um
arrogante metido a besta, o que queria que
eu falasse?
— Ao menos verdade! Que teve uma
filha com aquele cafetão de merda! — Seu
peito sobe e desço, eu me viro. — Que
viveu com ele durante anos! Era isso que
eu esperava que você me contasse!
Jogo os braços sobre o corpo, sorrindo
entre as lágrimas que desciam.
— E o que você iria fazer? Espera. Eu
respondo. Me ofender como sempre faz
quando está bravo! Gritar! E agir como se
fosse à vítima disso tudo!
— Vítima, Ágata? Você mente o tempo
inteiro! Não contou no começo, que merda
te impedia de contar quando estávamos
juntos? — Ele berra e balanço a cabeça.
— Por medo de agir como está agindo
agora! — O encaro gargalhar e suspiro.
— Por isso foi correndo para o Patrick!
Parabéns. — Ele ainda sorri e limpo o
rosto com as costas das mãos.
— Eu fui sim até o Patrick e não por
interesse ou o que você pensa nessa sua
cabeça de merda, Christopher!
— Você não faz ideia das merdas que eu
penso.
— Então não tenho porque está aqui! —
Dou de ombros, pegando minha bolsa. —
Se eu quisesse estar com o Patrick, eu
estaria! E garanto a você, que não foi por
falta de investidas dele...
Não acabo de formular a frase, enquanto
ele me encara o rosto a centímetros do
meu.
— Não me provoque Ágata...
— Ou vai fazer o que, Chris? Você só
ouve e entende o que quer! — O empurro
entre lágrimas. — Não tenho porque estar
aqui...
— Que inferno, caralho! — Ele rebate e o
encaro.
Me afasto segurando a maçaneta e
apenas o encarando sobre o ombro
disparando:
— Clhoe é tudo que tenho na minha vida,
Christopher. Eu não escondi minha filha de
você! E nunca faria tal coisa... Eu só
estava protegendo a única coisa que me
restou!
E fecho a porta, rapidamente coloco a
mão sobre a boca, arfando. Eu estava
cansada de brigar, de discutir, de tentar me
explicar.
Me afasto, apertando os botões do
elevador com mais força do que o normal e
parece demorar meio século para chegar.
E então ouço a porta se abrir devagar,
mas não me viro para encará-lo.
— Ágata... — O ouço sussurrar e fecho
os olhos, ouvindo os passos se
aproximarem de mim.
O elevador se abre e paro, quando o
sinto tocar em meu braço.
— Não vai, não. — Ele pede, virando
meu rosto e ficando a centímetros com o
seu.
— Por que você é assim, Christopher? —
Sussurro o olhando enquanto passa o
polegar por minhas bochechas.
— Eu sou um idiota, um idiota que é
louco de ciúmes de você, Loira. – Diz
engolindo em seco.
Fito o elevador e suspiro, vendo o
mesmo se fechar.
— Eu prometo te ouvir. Prometo. —
Indaga enquanto entrelaça os dedos aos
meus e entramos na sala de estar.
Ele se senta ao meu lado, assim que me
entrega um copo com um dedo de uísque,
tomo rapidamente.
— Se Armando sonhar que estou
tentando ficar com Clhoe... Ele... —
Começo a falar baixo e ele me encara
fixamente.
— Ele vai o que?
— Você não sabe do que ele é capaz
Christopher... — Sussurro, apertando o
copo nas mãos levemente.
Ele me fita e suspiro.
— Eu só preciso entender Ágata... Do
que ele é capaz?
Sinto minhas mãos tremerem e ele pega
o copo de minhas mãos devagar.
Fecho os olhos, tentando não demostrar
a raiva e a tristeza que me consome.
— Eu tinha 15 anos quando vi Armando
pela primeira vez, na casa de um amigo do
meu pai. — A voz sai como um sussurro
inaudível. — E ele ficou insistindo...
Quando eu estava perto de fazer 17...
— 17 anos? Quantos anos ele tinha?
— 30. — Digo baixo e o encaro. — Nós
nos envolvemos...
— Se envolveram?
— Sim. — Digo o olhando. — Meu pai
descobriu que eu estava com ele e acabou
me colocando para fora de casa, eu não
tinha para onde ir... Nem o que fazer.
Sorrio sem humor e Christopher está
sério, me olhando.
— Acabou que eu e Armando fomos
morar juntos, no começo eu acreditei que
estava em um conto de fadas. — Fito
meus sapatos e suspiro. — Aí comecei a
trabalhar na boate... Como bar girl.
Sorrio fitando meus pés e suspiro.
— Mas eu queria dançar. E a cada dia,
Armando demonstrava ser uma pessoa
possessiva, mais que o normal.
Travo a respiração tentando controlar
minhas lágrimas.
Eu não posso desmoronar, não posso.
— Não vai sair para lugar nenhum! É
minha mulher e é aqui que vai ficar! —
Seus gritos ecoando dentro do meu
ouvido.
— Eu só ia até a casa da minha mãe! —
Seguro na lapela do seu casaco. — Por
favor, Armando!
Tento não soluçar o encarando, mas
suas mãos são tão fortes me pegando, que
não consigo esboçar sentimento algum. Só
aquela raiva em passiva.
— Eu vou ver a minha mãe! Armando....
— Não, Ágata. Você não vai para canto
nenhum! Vai ficar aqui! Não vai sair!
— Eu não conseguia reconhecer aquela
pessoa que me fez acreditar no amor. Tola,
não é? — Fecho os olhos, tentando não
pensar nas lembranças horrendas. — Aí
conheci Helena, e nos tornamos muito
amigas. Então acabou me chamando para
morar com ela.
— Ágata...
Christopher está parado me encarando,
o rosto distorcido. Meus olhos nublam a
visão, aquela cena passando pela minha
cabeça, rodando. E um bolo se forma
dentro da minha garganta.
— Você descobriu que estava grávida...
E voltou para casa dele? — Olho para
cima, passando a língua pelos lábios. —
Não foi isso?
E as lágrimas vão rolando sem parar.
Eu me lembrava de cada detalhe
daquele dia, de como ele me arrastou da
casa de Helena, até a sua. De suas
palavras me falando que eu era apenas
dele. E que iria me matar se eu o deixasse.
E foi inevitável conter um soluço que saiu
da minha garganta.
Aquele choro copioso que eu sempre
tinha todas as noites antes de dormir,
daquele choro que não sessava de modo
algum.
— Armando me arrastou porta a fora,
para a casa dele... — Digo baixo, contendo
um soluço.
Christopher passa as mãos pelos
cabelos, franzido o cenho como se
previsse o que eu iria contar.
— Eu não pude fazer nada, eu não pude
lutar Christopher... E eu não sabia qual era
o real motivo dele... Qual a intenção de
fazer aquilo! — Suspiro e ele me encara
balançando a cabeça. — E eu entendi
quando soube que estava Grávida.
Me levanto com dificuldade, sentindo o
peso do meu corpo.
— E quando... Quando Clhoe nasceu...
Eu tive que ficar... Ficar presa a Armando,
ficar naquela casa pela minha filha!
Eu não conseguia ver o rosto dele, nem
o que fazia. Apenas abraço meu corpo,
fungando baixo.
— Armando a levou para morar com a tia
dele quando ela completou um ano... —
Limpo o rosto com as costas da mão. Meu
coração batendo forte, meu rosto banhado
por lágrimas que descem quentes. — E eu
só à via quando ele achava "necessário".
Viro fitando o seu rosto que está
impassível. Me encarando sério.
— Eu procurei Patrick... Porque eu não
queria que soubesse disso, Chris! Por que
dói lembrar...
Ele não se move. Após longos minutos
ele se ergue passando a mão pela boca.
— Eu preciso da guarda da minha filha!
— Digo entre soluços abafados. — Eu
estou cansada, Christopher! Cansada...
Eu deveria ter contado antes, deveria ter
colocado a boca no trombone, mas eu
sabia que Vânia levaria Clhoe para longe
de mim se eu tentasse algo contra ele.
— Eu tentei fugir com Clhoe, quando ela
era apenas um bebê.
— Relato, fechando os olhos. —
Armando a levou para a fazenda que ele
tem no sul do estado, passei meses sem
ver minha filha.
Eu estava com as mãos atadas, só tinha
um modo de reverter isso, e era fazendo
tudo às escondidas.
— O que ele fez com você, Ágata? — Se
vira, perguntando com uma voz
irreconhecível.
Seus lábios estão trêmulos, aquela
expressão transtornada. E meu peito
dispara.
— Chris... Me ouça! — Soluço segurando
em seus braços.
— Olhe para mim, eu estou bem agora...
Eu só preciso ter a minha filha...
— O que ele fez com você, Ágata? —
Pergunta mais uma vez, arfando.
— Olhe para mim! Eu estou bem... —
Peço em súplica, o olhando.
— Está bem, Ágata? Bem? Por... Por
Deus! — Ele sorri. Mas não há nenhum
traço de humor.
— Christopher...
— Ele abusou de você! Ele... Meu Deus,
Ágata! — Se solta bruscamente, passando
as mãos pelos cabelos. — Que tipo de
monstro é esse homem?
Eu me calo. Porque não queria aumentar
o ódio que ele estava sentindo, eu não
queria dar um motivo para Chris bater em
Armando e prejudicar a minha filha.
— Me dê um bom motivo para não ir lá,
mata-lo agora?
Arregalo os olhos no mesmo instante,
minhas pernas ficando dormentes
enquanto agarro na lapela de sua camisa
com toda a força que tem em meu corpo.
— Christopher, pare! Olhe para mim! —
Ele se desvencilha.
— Não tem um bom motivo, não é?! —
Diz se encaminhando para o elevador e
seguro em seu braço.
— Se você for lá, ele vai saber que te
contei e vai levar Clhoe para longe de mim!
— Digo rapidamente e seus olhos
encontram os meus. — Eu estou bem, eu
juro!
Ele nega com a cabeça e me encara.
Fungo baixo o olhando.
— Eu... Estou bem...
Eu sinto apenas os braços me cercando
em um abraço sufocado, apertado. Enterro
o rosto em seu peito, enquanto suas mãos
prendem minha cabeça.
— Eu...estou...bem. — Repito, soltando
um soluço que se rompe.
E o encaro assim que ele ergue meu
rosto com o dedo indicador.
— Não quero que aconteça nada com
você, Chris...
— Ele fez coisas terríveis com você e
você está com medo por mim?! — O
polegar passa pelas minhas bochechas e
seguro em sua mão a beijando.
Seu cheiro me inebriando por completo é
impossível controlar novamente o choro
que me invade. Eu estava me sentindo tão
segura, como nunca tinha me sentido em
toda minha vida.
— Você vai ter sua filha de volta, Ágata...
— Sussurra baixo e firme.
Ele está sério, com os olhos fixo nos
meus, completamente presos.
— Me perdoa! Me perdoa por ter dito
coisas horríveis para você...
Nego veemente.
— Eu deveria ter te contado Christopher!
Eu procurei Patrick, porque estava
desesperada sem saber o que fazer... E eu
estava com medo.
Eu estava com o coração aos pulos,
sentindo um alívio por ter contado essa
história.
— Você não está mais sozinha, Ágata.
Eu prometo.
Ele acabou insistindo para eu dormir com
ele. E pelo nosso estado depois daquela
longa conversa, eu não protestei. Acabou
contando que a tal da Megan, tinha
chegado antes de mim, ele disse que não
tinha feito nada, o que acabou me
convencendo pela roupa escandalosa que
ela estava por baixo daquele roupão.
Fiquei por horas deitada em seu peito,
apenas ouvindo as batidas do seu
coração, enquanto ele afagava meus
cabelos em silêncio.
Até que adormeci sem nem ao menos
perceber.
Chris estava calado quando acordamos
pela manhã, tomei um banho e desci, indo
em direção à cozinha, onde ele estava
falando ao telefone.
— Oi... — Digo assim que ele me encara.
— Oi. — Coloca o celular na bancada e
me sento no banco.
— Arthur está vindo para cá. — Chris
estende uma caneca de café em minha
direção, que seguro nas mãos
rapidamente.
Assinto com a cabeça rapidamente.
— Você vai precisar contar tudo para ele,
Ágata.
Mordo o lábio, enquanto ele deposita um
beijo demorado em minha testa e me
encara.
— A gente precisa fazer isso. Arthur é
um excelente advogado e de extrema
confiança.
— Chris...
— Se não se sentir a vontade, você para.
Tá? — Assinto e ele sorri de lado. — Eu
vou estar bem do seu lado...
Me beija demoradamente e fica me
olhando por alguns segundos.

Christopher
Ágata me encara e se encolhe
rapidamente quando Arthur chega, junto
de Lorenzo, eu apenas resumi
rapidamente pelo telefone e eles
perceberam que minha cara não estava
nada boa.
Aquela raiva que eu estava sentindo não
ia passar tão cedo, faço um sinal para
Lorenzo, que percebe de imediato.
— Eu vou fazer uma ligação para a
empresa, volto em um instante. — Beijo
Ágata rapidamente e ela assente.
Eu tinha sido um canalha na noite
interior! Mas estava com raiva. E merda.
— Não acredito que aquele imundo teve
a cara de pau de fazer isso! — Lorenzo me
encara, cerrando o punho. — Sou contra
homem que bate em mulher! Filho da puta,
do caralho!
— Eu preciso que me ajude em algo,
Lorenzo. — Digo em um fio de voz.
Eu não senti meu sangue correr nas
veias quando ouvi o que Ágata falou, eu só
estava cego por um ódio fora do normal.
Eu não iria fazer com minhas próprias
mãos, para não atrapalhar ela a conseguir
a guarda da filha dela.
Só que ele iria aprender.
— Quero que pague alguém, não sei
como... Quero que forje um assalto, ou
qualquer coisa do tipo, e deem uma surra
daquelas bem dadas, em Armando. —
Digo, olhando Lorenzo que sorrir
diabolicamente. — Queria fazer eu
mesmo, mas não vou prejudica-la.
— Não precisa falar duas vezes, irmão.
— Ele sorri e me ergo.
— Lembrando que não é pra usar nem
nosso sobrenome, nem o da Ágata. —
Estava com tanta raiva, só aquilo iria
amenizar ao menos 1% dela.
— Deixa comigo, aquele pica fina vai ver
o que é ter rola grossa!
Eu iria adorar vê-lo todo surrado.
Voltamos para a cozinha, onde Arthur
ainda conversava com Ágata, que relatava
tudo. Percebi as mãos trêmulas, ela estava
nervosa.
— Bom você tem ótimas condições de
ficar com a guarda da sua filha. — Arthur
começa e nos encara. — Agora,
comprovar o abuso sem nenhuma prova
ou testemunha, fica difícil.
— A palavra dela não conta, Arthur?
— Já se passaram quase quatro anos,
Chris! Eu só preciso deixar Armando
desprevenido.
— Tenho Helena, ela sabe... — Ágata diz
o olhando.
— Vamos ter que conversar com o
advogado que estava preparando tudo, eu
vou levar esses papéis para o fórum e
solicitar a audiência para o mais breve
possível. — Consegui ouvir o sopro de
alívio que Ágata soltou.
— Isso é um bom sinal. — Ponho minhas
mãos em cima da sua, enquanto ela sorri.
— Ágata? — Olho para trás, vendo
Patrick parado na porta, nos encarando.
Ágata me encara, voltando a olhar para
Patrick, que encara nossas mãos.
O clima se instala dentro da cozinha.
— O que está fazendo aqui?
— Estamos resolvendo um problema,
Patrick. Algo... É... — Lorenzo se põe a
frente dele.
Fecho o punho instantaneamente.
— Patrick... — Ágata começa, mas se
cala rapidamente.
— Está acontecendo algo? — Ele torna a
perguntar.
Arthur me fita e solto o ar.
— Ela está comigo. Não está vendo,
Patrick! — Me exalto o encarando.
Capítulo 21
Christopher
— Ela está com o Chris, por que...
Porque precisou de um advogado urgente!
— Lorenzo entra em minha frente, antes
que eu possa falar qualquer coisa.
O fuzilo com o olhar, querendo esganar
Lorenzo.
Patrick ainda estava nos encarando
sério, o rosto meio pálido tamanho susto
que deve ter tido.
— O que aconteceu, Ágata? — Ele
desvia diretamente para ela, que está em
pé com as mãos entrelaçadas em cima da
mesa.
Eu me amaldiçoo pela falta de coragem
em mim, ou até mesmo pela situação.
Então desvio levemente, subindo as
escadas, que saco. Que inferno.
Mas também, será que ele é tão burro ao
ponto de não perceber que pingo é letra,
inferno!
Caralho, que ódio!
— Não seja tão burro, Christopher! — Me
viro, olhando Lorenzo entrar com as mãos
para alto.
— Mais cedo ou mais tarde, eu vou falar
com Patrick e nem você, nem ninguém vai
me impedir! — Digo pondo o dedo em
riste. — Já chega dessa palhaçada!
— Chega dessa palhaçada, você! Se
quiser falar algo para Patrick, chegue
como um homem e converse! — Diz baixo
mas com a voz firme, para que só eu
possa ouvir.
— E você acha que vai acontecer o
que?! Vamos sentar conversar, ele vai dar
tapinhas nas minhas costas e me
parabenizar? Acorde, Lorenzo!
— Foda-se o que vai acontecer, só não
pode ser do modo que seria agora!
Eu apenas solto uma gargalhada
exuberante, negando com a cabeça.
— E como iria ser Lorenzo?
— Você indo brincar de quem tem mais
testosterona, Christopher!
Um nó se forma dentro da minha
garganta, enquanto arranco a camisa com
força.
— Quero ver quando estiver na minha
pele, Lorenzo. Quando gostar de alguém
ao ponto de não se importar com mais
nada! E nem ninguém, Lorenzo!
— Eu? Gostar de alguém?! Olhe para
mim, Chris! — Pende os braços e abotoou
a camisa preta de mangas rapidamente. —
Isso não vai acontecer, porque eu sei a
hora de parar!
— Pimenta no cu dos outros é refresco,
irmão!
Eu não iria discutir pouco me importava o
que iam pensar ou falar. Eu iria conversar
com Patrick e ninguém ia me impedir.
— Raciocine e pense. Prejudicar a Ágata
é a última coisa que você quer. — Diz
pegando em meu ombro, dando um aperto
de leve. — Então, Christopher... Raciocine.
Reviro os olhos bufando. Outra coisa que
estava me deixando como um vulcão
prestes a entrar em erupção. Armando.
Queria vê-lo a beira da morte.
Desço as escadas rapidamente, olhando
Patrick conversar com Arthur junto de
Ágata, que os olhava atenta, em alerta a
cada fala dirigida.
Apenas me aproximo, colocando as
mãos nos bolsos, olhando-os em total
silêncio. E Arthur começa a dar instruções
do que podemos fazer.
— Tem certeza que pode conseguir que
o irmão dele testemunhe a seu favor? —
digo a olhando de lado.
— Sim, eu vou conversar hoje mesmo
com Magno. — Diz me olhando. — Ele
sempre foi muito meu amigo...
— Difícil um irmão ficar contra o outro
assim. — Lorenzo diz e me encara.
— Então com isso, acha que Ágata
consegue a guarda de Clhoe? — Patrick
indaga, olhando Arthur.
— Com isso e mais algumas avaliações
que irei solicitar ao juiz responsável. — fala
assumindo um tom profissional.
— Quais avaliações Arthur? — Lorenzo
questiona, demonstrando estar prestando
atenção ao dialogo que se desenrola.
— Como vocês sabem a minha área de
atuação é a empresarial, mas antes de vir
para cá liguei para uma amiga advogada
que atua na área de família e ela me
aconselhou a solicitar uma avaliação tanto
da assistente social como uma avaliação
psicológica da Clhoe. Assim com esses
laudos mais os testemunhos de Helena e
Magno teremos grandes chances de
ganhar o caso. E de quebra ferrar com a
vida do Armando por abuso e alienação
parental.
— Mas com estas avaliações não vamos
pega-lo de surpresa Arthur. — Digo
convicto.
— De toda forma Chris não iriamos
pega-lo tão de surpresa assim. Armando
ira receber uma notificação da audiência,
então Ágata é melhor se preparar para os
próximos dias, sei que ele não ira lhe dar
uma trégua quando isso acontecer. — Vejo
o semblante dela mudar ao escutar as
palavras saindo dos lábios de Arthur.
— Haja o que houver Ágata estamos
com você. — Digo segurando sua mão fria.
— Eu não... Não sei como agradecer a
vocês. — Ela nos encara com um meio
sorriso.
E sinto meu estômago se contorcer com
aquele sorriso.
— Ver a felicidade de vocês duas já
basta, meu doce. — Patrick segura em sua
outra mão, que está pousada na bancada.
Travo o maxilar no mesmo instante,
tentando não socá-lo.
Mantenha a calma, Christopher.
Mantenha sua calma.
— Eu vou... Vou ter que ir para a
empresa. Fiquem aí se precisarem. —
Digo tentando virar as costas e sair. — Vou
subir para pegar umas coisas.
E subo impacientemente, querendo jogar
aquela merda no ventilador de uma vez
por todas.
— Chris... — Me viro, a olhando cruzar
os braços. — Não faça uma besteira, eu
vou conversar com Patrick. — Diz em um
sussurro baixo.
— Ele sabe do que você trabalha? —
Pergunto arqueando as sobrancelhas.
Não foi uma pergunta grosseira, nem
hostil.
— Eu irei conversar com ele,
Christopher. Só peço que espere, por
favor... Eu não quero apunhalar Patrick
pelas costas, depois de tudo que ele fez
por mim!
— Apunhalar, Ágata? Não estamos
apunhalando ele, porque vocês não têm
nada!
— Eu sei Christopher! Eu... Eu irei
conversar com ele, é só o que peço a
você! Por favor!
Eu deveria ter ficado puto com tudo isso,
mas eu não o fiz.
Apenas enlacei o pescoço fino entre
minhas mãos, a beijando com tudo de
mim. Aperto sua cintura com uma mão,
enquanto a outra prende os cabelos
firmemente.
A língua em uma batalha frenética e
deliciosa com a minha.
Era o sentindo de estar apaixonado. É
confiar.
Fui para a empresa, deixando Ágata ser
levada para casa com Arthur e Lorenzo.
Patrick saiu comigo, sem falar mais que
três palavras. Passei o restante do dia
preso entre mil relatórios. Até foi melhor,
para tentar deixar a cabeça no lugar.
Lorenzo me ligou, falando que a surra
dada em Armando, tinha sido coisa de
cinema. Minha alma tinha ficado quase
lavada. Só faltava meu punho em seu nariz
para completar.
E não iria demorar a eu fazer isso.
A única coisa que não saía da minha
mente, era Ágata. Tudo que tinha me
falado estava rodando e rodando na minha
cabeça, como se fosse me enlouquecer.
Em pensar na Ágata de 17 anos... Sendo
mãe e sozinha. Faz um arrepio se apossar
da minha espinha, uma menina que teve
que ser tornar mulher, a força.
Era horrendo. Monstruoso.
Tudo que ela tinha passado. Quantas
vezes ele abusou dela? Foi apenas uma?
Ou foram várias?
Forçar uma gravidez, colocar uma
inocente no mundo de uma forma tão suja.
A cadeia será pouco para ele.
Meu Deus. Aquilo estava me
enlouquecendo.
— Chris? — Olho para a porta e suspiro,
vendo mamãe parada sorrindo.
— Mãe, que surpresa! — Beijo seu rosto
enquanto ela sorri. — Papai não veio?
Ela assente e mordo o lábio.
— Patrício entrou na sala de Patrick,
para resolverem algo. Vim ver como está,
parece que esquece que tem mãe... O
único que ainda vai me visitar é Patrick,
porque você e Lorenzo me saíram pior que
encomenda!
Reviro os olhos, sorrindo com seu
drama.
— Prometo jantar em sua casa amanhã,
ando ocupado com as coisas da empresa.
— Beijo suas mãos, enquanto ela sorri me
analisando. — O que foi?
— Está diferente meu amor... — Indaga,
colocando a mão em meu rosto e suspiro
leve.
— Diferente, como?
Minha mãe tinha aquele olhar de todas
as outras mães, quando sabem algo que o
filho tenta esconder. Mas ela parecia ler
meus olhos.
— Já vi esse olhar uma vez, Christopher.
Sabe que conheço você e seus irmãos
melhor que ninguém.
— Estou bem, Dona Clarisse. Eu juro.
Tentei desconversar, mas parecia ser em
vão, quando ela colocava algo em sua
cabeça. Apenas desviou do assunto,
quando Lorenzo chegou.
Ai ela começou a pegar no pé dele. Para
o meu alívio e desespero dele, que quase
saiu correndo.
Eu não vi Patrick durante o dia inteiro,
nem o procurei para falar a verdade.
Estava cansado e exausto.

— Marcaram a audiência para daqui


vinte dias, Chris. — Encaro a mão
pequena entrelaçada a minha, e a beijo
demoradamente.
Estamos em minha cama deitados, ainda
suados e ofegantes. Tínhamos passado
três malditos dias distantes, nos falando
apenas por mensagem.
Enrolo uma mexa de seu cabelo entre
meus dedos e beijo o topo de sua cabeça.
— Vai dar tudo certo. — Sussurro e ela
ergue o rosto sorrindo de leve.
— Eu estava com saudades de você. —
Acaricio a maçã do rosto, ainda
avermelhada.
— Eu quase morri de saudades. — Beijo
seus lábios e franzo o cenho a olhando. —
Viu o Armando? Ou a Clhoe?
Ela se senta, levando o lençol ao corpo,
enquanto cobre os seios alvos.
— Não vejo Clhoe há dois dias. — Sua
voz some e ela coloca o travesseiro em
seu colo, mexendo na pontinha do mesmo.
— Mas vai vê-la, Ágata... — Ergue os
olhos.
— Armando está agressivo, mas do que
já é.
— Ele tentou algo com você, Ágata? —
Me sento rapidamente e ela nega.
— Não.
— Não está mentindo para mim, não é?
— Arqueio as sobrancelhas a encarando.
Eu tinha prometido para mim mesmo não
tentar fazer nada contra ele, mas eu juro
que se ele tentar algo contra ela, ou até
mesmo a menina, eu o mataria sem
piedade.
— Não, Chris. Juro que não estou. —
Segura em meu rosto e monta em meu
colo.
Acaricio sua coxa e ela sorri, arranhando
de leve minha nuca com as unhas.
— Eu nunca me senti assim...
— Assim como? — E ela sorri.
E era aquele sorriso estampado, aberto e
lindo. Que só ela sabia dar.
Meu coração da uma puta falhada, e
apenas a observo, sentindo aquele frio no
estômago.
— Tão protegida. — Diz e sorrio
levemente.
Aperto os quadris firmemente, a abraço
apertado e fico ali... Parado com ela em
meus braços. Sentindo aquele cheiro
incrível impregnar nos lençóis e em mim.
Ela era um vício. Um tremendo e incrível
vício.
Não passamos a noite juntos como
pretendíamos, ela ainda trabalhava na
boate e infelizmente precisava estar lá.
Coloco as mãos nos bolsos da calça,
estava descalço sentindo o chão frio sob
meus pés, observando a noite pelas
janelas de vidros.
Eu já estava com saudades dela.

Patrick
Algumas horas antes...

— Ela tem alguém, Magno? — Me viro e


ele me encara, balançando o copo cheio
de Bourbon de um lado para o outro.
— Eu não faço ideia, Patrick. Ágata é
muito reservada quando se trata de sua
vida pessoal. E mesmo com meu irmão
tentando controla-la, Ágata é livre.
Sorrio passando as mãos pelos cabelos,
o olhando.
— É isso que acho mais adorável nela.
— Tamborilo os dedos e Magno me encara
sério. — Ela tem uma liberdade... A alma
livre...
E eu estava apaixonado. Completamente
apaixonado, como jamais pensei que
estaria. Era idiota e bobo da minha parte.
— E se ela tivesse alguém? — Magno
rebate e dou de ombros.
— Se a merecesse, faria mais por ela. —
Nego com a cabeça, o olhando se
encostar-se na poltrona e relaxar os
braços.
Ele não responde. Apenas assente
levemente e sorrio.
Eu tinha me fechado para sentir novos
sentimentos, quando se passa tempo
demais criando expetativas com um
noivado, criando sonhos, planos... E de
repente, o vê voando pelos ares, como se
fosse um vendaval, levando tudo que você
imaginou. Você se tranca por dentro.
Mas ao entrar na boate naquela manhã e
vê-la com aquele sorriso aberto e incrível
estampado no rosto...
Aquele sorriso que só ela sabe dar.
Meu coração disparou. Foi inevitável
negar o que senti. Eu sempre fui muito
transparente com meus sentimentos, e
com Ágata não tinha sido diferente.
Tê-la em meus braços no dia do jantar
em meu apartamento, foi ali que eu vi.
Era ela. Tinha que ser ela. Precisava ser
ela.
Como eu quis tomar aquele corpo ao
meu, fazê-la ser minha por inteira. E me
afogar em suas curvas.
Me despeço de Magno, que não estava
em um de seus melhores dias, e entro no
carro indo direto para casa. Iria apenas
tomar um banho e ir para a empresa.
Lake corre em minha direção e afago seu
pelo sorrindo.
— Hey, garotão... Também estava com
saudade. — Ele rapidamente pula em meu
colo e o beijo sorrindo, caindo sentado
pelo seu tamanho. — Ah, Lake...
Ele lambe meu rosto e sorrio. Eu amava
animais, principalmente cachorros. Lake
era meu melhor amigo, fiel.
— Eu iria amar brincar, mas preciso ir
trabalhar... Já está perto da hora do
almoço. Ou vou me atrasar. — Me ergo,
colocando a ração em seu pote e ele logo
corre em direção ao mesmo.
Pego meu celular, olhando o número de
Ágata, pensando em ligar, ou até chamá-la
para um jantar. Mas acabo desistindo.
Ela estava tão triste e angustiada pela
filha... A pequena, Clhoe.
Deslizo a tela do mesmo, indo até a
galeria, olhando as fotos que eu tinha
tirado no dia em que foram no meu
escritório.
Clhoe era um anjo lindo e delicado, como
a mãe.
Sorrio passando as outras fotos e paro,
olhando uma de Ágata, no dia que esteve
aqui. Passo o dedo pela tela, acariciando o
mesmo.
Tinha a colocado na cama gentilmente,
temendo acordá-la. E não resisti, resolvi
tirar uma foto e mandar para ela.
Ela era linda de todos os modos e jeitos,
mas dormindo ao natural, era como uma
pintura valiosa. Iria imprimir e dar a ela de
presente algumas das fotos que tinha
tirado.
Tomo um banho e visto o terno preto,
pegando uma maçã e como no caminho,
não estava tão atrasado assim, mas
preferi correr.
Chris era o primeiro a chegar à empresa,
só que tinha uns dias que ele estava
chegando atrasado. Não que isso fosse
um problema, já que era o CEO, mas ele
odiava atrasos.
Só podia ter mulher no meio.
Lorenzo já era a famosa "ovelha
negra" junto de nosso primo, Arthur. Os
dois estavam sempre em boates, baladas
e todo tipo de casa de festa que existia.
E eu... Bom, eu tinha minha vida
reservada. Não tão espalhafatoso quanto
meus irmãos e primos, mas era tranquilo.
Gosto de sair. Mas se for para ficar em
casa, tudo bem também. Todo homem
gosta de boates e sexo, eu não era
diferente.
Cheguei à empresa e Arthur me entrega
um contrato, decido ir até o local de
embarque de uma carga, apenas verificar
e dar o meu OK.
— Chris está meio estranho. Não acha
Arthur? — Aperto o copo de café nas
mãos.
Estávamos saindo da empresa, enquanto
me encaminho até o meu carro.
— Chris é estranho. — Ele toma todo o
líquido e me encara, jogando o copo vazio
no lixo.
— Acho que deve ser impressão minha,
não sei.
— Eu e Lorenzo vamos encher a cara,
quer ir com a gente? Beber? Transar?
Nego com a cabeça, enquanto abro a
porta do carro.
— Fica para a próxima.
Fazia uns três dias que mal falava com
Ágata. Arthur estava resolvendo todos os
assuntos da guarda de Clhoe e eu estava
aliviado por isso.
Faço o retorno, decidindo ir até a boate
para vê-la, provavelmente ela já estaria lá
ou perto de chegar.
— Olá... Não estamos abertos, ainda. —
Sorrio, enquanto a mulher com enormes
cabelos vermelhos me encara.
— Eu sei. Me desculpe. Estava querendo
falar com uma pessoa... — Digo, olhando
ao redor de todo local.
Era uma boate luxuosa, isso era bem
nítido. E o dono era um cafetão de merda,
que eu o odiava com todas as forças.
— Deixe-me adivinhar... Ágata? — Ela
sorri meio de lado, revirando os olhos.
Apenas assinto de leve, a encarando de
cima a baixo. Tinha um corpo curvilíneo,
não tão bonita quanto Ágata, mas tinha
seus traços.
— Ela não está? — Ela dá a volta no
balcão e me encara.
— Quer uma bebida? — Sorri se virando,
enquanto pega uma das dezenas de
garrafas em uma prateleira.
Nego com a cabeça a olhando.
— Não. Obrigado. Eu preciso ir... — Digo
e ela me encara, enquanto enche o copo
com o líquido transparente.
— Sabia que você não é o único a
procurá-la aqui? — Ela sorri enquanto vira
o copo e o deposita na bancada.
Nego com a cabeça e suspiro me
aproximando.
Eu e Ágata não tínhamos nada. Mesmo
eu estando apaixonado por ela. Ela é livre.
Não devo me importar.
— Ela é livre. Eu também. Não temos
nada.
— Mas você gosta dela, não gosta? —
Ela arrasta um dos copos em minha
direção.
— Eu preciso ir. — Devolvo o copo, sem
ao menos tocar no líquido.
Ela é livre. Completamente livre.
Abro a porta dupla de vidro, sentindo
meu coração galopar no peito.
— Seu irmão vem sempre aqui atrás
dela.
Me viro, temendo ter ouvido mal.
Ela está sentada no balcão, as pernas
para fora, balançando de um lado para o
outro. Me fita pela borda do copo, com
uma falsa inocência.
— M-meu irmão? — Rebato a olhando.
Não. Não.
— Meus irmãos frequentam aqui...
— Eu os conheço. Muito bem por sinal...
Lorenzo e Christopher? Né isso?
Concordo, enquanto cerro o punho e a
encaro. Solto o ar que parece não querer
passar pela minha garganta e encaro a
ruiva descer de onde estava.
— O que está querendo dizer? — Indago
e ela nega com a cabeça.
— Que, Ágata e Christopher, seu irmão,
estão tendo um caso.
Franzo o cenho, negando veemente
enquanto afrouxo a gravata.
— Acho que está tendo um engano,
senhorita.
Meu irmão não seria capaz de fazer tal
coisa... Não. Christopher, não. Muito
menos, Lorenzo. Não.
Sorrio sem humor, franzindo o cenho.
Mas os olhares de Christopher?
E ela em seu apartamento naquele dia?!
O sapato em sua sala?
— Eu nunca me engano senhor. Ela
sempre se atrasa quando...
Não a deixo acabar, apenas me viro
saindo rapidamente dali. Aquela mulher
estava blefando, era nítido. Christopher
jamais faria algo desse tipo, ainda mais
sabendo que eu estava interessado nela.
Ele não seria tão baixo a esse ponto.
Cego pela raiva e mesmo desacreditado,
eu paro em frente ao prédio do meu irmão.
Meu celular toca e olho o número de
Lorenzo piscar na tela, apenas conecto no
carro e sua voz ecoa.
— Patrick, cara de cu, você não vem?
Vamos chamar o Chris pra tomar uma!
Arthur falou que você não queria vir...
Aperto o volante nas mãos, suspirando.
— Não vou, Lorenzo. Estou resolvendo
uma coisa. — Digo firme, olhando o prédio
sem movimento algum.
— Ah, caralho! Vêm logo, deixa de ser
pau no cu...
— Lorenzo... — Sussurro fixando o olhar
no portão, que se abre. — É ela...
Desligo o celular e a observo sair do
prédio, ajeitando a roupa e os cabelos
desgrenhados.
Não. Não acredito no que meus olhos
estão vendo.
Não.
Ela faz sinal e o táxi para e ela entra
rapidamente.
Ela estava com meu irmão. Não.
Minha boca se abre e solto o ar,
fechando os olhos e socando o volante
com toda a força que existe dentro de mim.
Meu irmão! Meu irmão estava tendo um
caso com a mulher por quem eu estava
apaixonado!
Capítulo 22
Christopher
Acampainha soa insistentemente
enquanto saio do banho, seco os cabelos
rapidamente e supondo não ser alguém
desconhecido, já que não fui avisado, e
nem tão conhecido por não ter a senha
que iria o fazer entrar.
Giro a maçaneta e Patrick me encara.
— Patrick? O que houve? — Indago o
olhando.
— Posso entrar?
Dou espaço o olhando entrar com as
mãos nos bolsos. Estava sério.
— Aconteceu algo? — Fecho a porta o
olhando.
— Talvez. — Indaga e franzo o cenho.
Mas a fúria em seus olhos era notória.
— Seja mais claro, Patrick. Sem rodeios.
Não sou muito fã de surpresas.
— Como teve a coragem, Christopher?
— Sua voz sai passiva e cruzo os braços o
olhando.
Sinto apenas o impacto do soco em meu
maxilar, o gosto de sangue
instantaneamente invade minha boca.
— Você é um idiota!
— Você enlouqueceu seu merda! —
Disparo passando as costas da mão em
meu nariz.
O infeliz deu um soco certeiro em meu
nariz.
— Quem enlouqueceu foi você, a partir
do momento que resolveu transar com a
mulher que amo!
Arfo, sentindo minhas veias saltarem
tamanho o meu ódio naquele instante.
Acho que nunca senti tanta raiva em toda
minha vida, minha língua passa
tenuamente sentindo o gosto de sangue
em minha boca.
— A mulher que você ama? — Sorrio o
olhando. — A MULHER QUE VOCÊ AMA?
Minha voz ecoa sarcasmo, enquanto
cerro o punho que pretendo voar na cara
dele em um piscar de olhos. Patrick está
com o rosto distorcido, com o peito
subindo e descendo com a respiração
acelerada.
— Você é um imbecil ou doente mental?
— Minha garganta rasga pelo tom da voz
que sai alto. — Seu idiota!
— Doente mental é você! Como pôde ter
feito isso comigo, Christopher? Como
pôde? — Põe o dedo no próprio peito me
olhando. — Ter um caso com a Ágata!
Eu simplesmente gargalho, é uma
gargalhada que escapa do fundo da minha
alma. E eu não conseguia controlar.
— Eu não fiz nada com você, Patrick!
Porque EU vi Ágata antes de
VOCÊ chegar de viagem! Porque a
CONHECI antes que pudesse imaginar
seu interesse por ela! — Meu dedo em
riste, já trêmulo pelo ódio que sinto dentro
de mim.
Cerro o punho, tentando controlar a
vontade de parti-lo no meio.
Ele sorri jogando os braços para o alto e
bufo irritado.
— Você é pior do que eu pensava
Christopher!
— Eu? Pior? Eu não fiz nada do que
você não teria feito Patrick! — Disparo e
ele me fuzila com o olhar.
— É isso que sempre faz, não é? VOCÊ
SÓ PENSA EM VOCÊ, CHRISTOPHER!
— Tá despeitado por que ela preferiu
ficar comigo! — Rebato, vendo-o partir
para cima de mim mais uma vez.
Mas dessa vez meu punho o certa
primeiro, sinto as mãos agarrando a lapela
da minha camisa enquanto o derrubo no
chão.
E acerto um soco de direita em seu
queixo.
— Ela... Não vai ficar com você! —
Grunhi alto, enquanto acerta minha boca.
— Ela já ficou idiota! Ágata é minha, e
nem você, nem aquele estuprador de uma
merda vai mudar isso! — Acerto seu
queixo rapidamente, enquanto ele se vira
me dando um soco no estômago.
Eu me desvencilho enquanto o chuto.
— Que merda é essa? — Ouço a voz de
Arthur ecoar pela sala.
Sinto apenas os braços e os gritos de
Lorenzo, que me segura firmemente.
Patrick ainda me encara, enquanto se
debate tentando se soltar de Arthur, que
prende seus braços.
— Vocês enlouqueceram seus merdas?!
— Pergunte ao seu irmão, Lorenzo! —
Patrick rosna me encarando.
— Você não passa de um merda
despeitado, Patrick. Não entendeu que
Ágata ficou comigo antes de conhecer
você! — Digo vendo o rosto se contorcer.
— Ela não quer e nunca quis você!
Os olhos de Arthur se arregalam
levemente, enquanto Patrick me encara
com ódio.
— Você sabia! Sabia que ela era a
mulher por quem eu tinha me apaixonado!
Você nos viu juntos naquele dia! Seu
traidor de merda!
— E viemos para minha casa depois que
ela saiu de lá...
— Cala a boca, Christopher! —Lorenzo
ralha.
— Parem os dois, é sério!
— Você não presta Christopher! Você é
pior do que eu pensava!
Eu seria capaz de destruir ele em mil
pedaços!
— Saia da minha casa! Saia da minha
frente! — Lorenzo segura em meus
braços. — Me solte inferno!
— Ela não confia em você! Não é atoa
que veio atrás de mim para ter a guarda da
filha! — Cospe as palavras, me olhando
com desdém.
Minha respiração ofega enquanto o
encaro.
— Mas e para os meus braços que ela
volta... Idiota! É NA MINHA CAMA QUE
ELA DORME! — Berro em plenos pulmões
e ele avança sobre mim, enquanto Arthur o
segura.
— Eu tenho pena de você, Christopher...
Pena! Não vou desistir de Ágata, não
espere isso de mim... Seu idiota! Babaca
do caralho!
Semicerro os olhos, o encarando como
uma presa fácil.
— Ela não te quis antes de mim, vai te
querer agora depois que me teve?!
— Para, Christopher!
— Eu não vou desistir da Ágata por você!
Porque eu sim te conheço!
Sorrio e Lorenzo intensifica o aperto.
Estava tremendo de ódio.
— Ágata é minha, Patrick! MINHA!
— Vamos ver! — Solta bruscamente de
Arthur, batendo a porta da sala com toda a
força.
Lorenzo afrouxa os braços e me solto
rapidamente, soltando o ar
descompassado pela boca.
— Eu vou atrás dele! — Arthur diz
abrindo a porta e saindo rapidamente.
Passo a mão pelo machucado que arde
no canto da boca e no nariz, até meu
estômago dói.
Merda. Inferno.
— Que merda foi essa, Chris? Caralho!
— Lorenzo indaga, jogando as mãos para
o alto enquanto repara na bagunça que
está o apartamento.
Alguns vasos quebrados, minha mesa de
aparador virada com alguns vidros
espatifados.
— Ele descobriu que estou com a Ágata!
— Isso eu percebi, você é burro de
contar para ele? A loirinha não ia contar?
— Viro o pescoço, olhando Lorenzo me
encarar sério.
— Ele chegou aqui me atacando já, já
sabia de tudo, o idiota! — Digo tirando a
camisa, olhando alguns arranhões pelo
peito. — Filho da mãe! Desgraçado!
Se ele acha que Ágata vai querer ele, ele
tá muito enganado.
— Precisava disso tudo? Cara! O mundo
tem mais mulher que homens, dá
praticamente 30 mulheres para cada um...
E você brigando com o Patrick, por causa
de uma?
Balanço a cabeça o olhando.
— E só uma boceta!
— Lorenzo vá se danar! Saia daqui! Vá
para o inferno!
Subo as escadas pegando uma maleta
de primeiros socorros no banheiro, molho
o algodão, passando de leve no lábio
cortado. Minha mão está trêmula, meu
sangue parece borbulhar dentro de mim.
Que ódio. E eu não sei explicar se era de
mim, por não ter contado essa merda
antes, ou dele por não ter percebido.
Olho pelo reflexo do espelho, vendo
Lorenzo parado de braços cruzados, o
rosto sério.
— O que foi? — Pergunto jogando a
algodão na pia.
— Tá apaixonado por ela não é? —
Pergunta me encarando, ainda de braços
cruzados.
— Estou. — Digo em um sussurro leve.
— Não começa com a mesma ladainha de
sempre...
— Não. Não vou começar Chris.
Eu sabia o quanto Lorenzo abominava a
ideia do amor, mas todo mundo passa por
isso um dia, tem que passar.
— Está disposto a lutar por esse
sentimento, Christopher? Porque você
sabe o caos que vai vir...
Seguro outro algodão o olhando.
— Ágata é minha, Lorenzo. — Digo
apenas.
Eu desci para tomar alguma coisa para
relaxar, mas não adiantou. Lorenzo acabou
ficando um pouco mais de tempo, mas
logo depois foi embora.
Eu estava entre ir até o apartamento de
Ágata, ou ficar por aqui deixando a raiva
me dilacerar por dentro.
Não estava raciocinando direito para
pensar como Patrick ficou sabendo, e
pouco me importava também.
Ao menos não iria precisar me esconder
como se fosse algo ilícito.
Passo a mão pelo rosto, indo até a
varanda da sala, à noite com a brisa fria.
As luzes dos prédios à frente deixando o
lugar mais bonito.
— Você não vai tirar ela de mim, Patrick.
Mas não vai mesmo.
Já estava quase amanhecendo, não sai
da varanda em momento algum. Ela iria
vir.
Sobressalto quando a companhia soa
pelo apartamento, abro a porta de relance,
olhando Ágata desmanchar o sorriso assim
que me encara.
— Acabei de sair da boate e vim... — Ela
para rapidamente. — O que aconteceu?
Seguro em sua mão a olhando
fixamente.
— Nada... Eu...
— Como assim não foi nada, Chris?
Você está machucado! Olhe para esse
corte em seu lábio! — Viro de costas, mas
ela passa na minha frente, me olhando. —
Brigou com alguém? O que aconteceu?
— Onde estava? — Pergunto tentando
mudar o foco da conversa.
Seu vestido preto e curto deixava muito a
desejar, as pernas bem torneadas que
tiravam o sossego de qualquer ser
humano, estavam em cima de um salto
que a deixava quente como o inferno.
— Estava na boate. Não minta para mim,
Christopher. O que foi isso?
— Patrick ficou sabendo, Ágata. —
Sussurro baixo e ela ergue a cabeça me
encarando.
Percebo os olhos dilatarem, sua cor
chega até a empalidecer por um
instante. Nem preciso falar o que ele ficou
sabendo, já estava claro pela sua
expressão.
Ela dá um passo para trás me olhando.
— Ele já chegou me dando um soco no
rosto, sem falar coisa com coisa, Ágata. Eu
não neguei! — Digo rápido.
Ela fica calada, andando de um lado para
o outro sem falar nada, absolutamente
nada.
O que acaba me enlouquecendo por
dentro.
— Meu Deus... Você cuidou disso
direito? — Pergunta tocando no
machucado de repente.
— Apenas limpei.
— Vem, eu vou cuidar disso e vamos
conversar direito.
Me puxa como uma criança escada a
cima, parando no banheiro. Me senta na
borda da banheira vazia e a vejo andar até
a maleta pegando algumas coisas. Ela se
ajoelha a minha frente me olhando séria.
— Vai doer um pouco... — Diz em um
sussurro.
— Uhhh... Cacete, Ágata! — Seguro em
sua mão quando o medicamento vermelho
entra em contato com minha testa.
Termina de fazer um curativo na
sobrancelha, deixando o lábio apenas com
uma pomada. Os olhos vidrados nos
meus, a calça de moletom que visto esta
levemente arranhada pelas unhas.
— A briga foi feia. — diz em tom de
lamento e a encaro. — Não queria que
tivessem chegado a esse ponto.
Ela apenas me encara ainda de joelhos,
as mãos pousadas em minhas coxas
fazendo uma carícia lenta, que começa a
me instigar. Travo a respiração quando sua
mão acaricia levemente meu rosto.
— Você... Ágata...
— Eu? — Pergunta, dando pequenos
beijos em meu pescoço.
Eu tinha ficado abismado com meu tom
de possessão sobre Ágata, era algo mais
forte que eu. Era... Mais forte que tudo que
já senti em minha vida.
— O que está fazendo, Ágata? —
Pergunto com a voz arrastada, enquanto
seu nariz roça no meu. Os lábios fazendo
uma brincadeira incansável com meu
rosto.
— Mostrando para você, que eu não
quero mais ninguém... — A mão
deslizando pelo meu peito nu. — Só você.

Ágata
A sua mão aperta firme em minha cintura
enquanto avança sobre meus lábios com
tanto ardor, que fico entorpecida.
Ainda de joelhos no piso frio do banheiro,
entre as pernas dele. Que ainda está
sentado na borda da banheira me beijando
loucamente. As mãos passeando sobre
meu corpo sem saber onde parar.
E eu ansiei a noite inteira por aquele
contato, aquele beijo.
— Eu só quero você, Christopher...
Apenas.
É como uma faísca que cai sobre a
palha, porque em um momento estou de
joelho, no outro já estamos em pé. Suas
mãos apertando minha cintura, enquanto
me equilibro na ponta dos pés para
aprofundar o contato das nossas bocas.
Acho que nunca me cansaria de beija-lo,
os lábios macios em volta dos meus, a
língua em luta frenética com a minha. Ele
veste apenas uma calça de moletom que
deixa muito a desejar, um corpo bem
estruturado.
Um paraíso.
Desço as mãos pelo peitoral, descendo
cada vez mais... Era incrível sentir a pele
sob meus dedos se eriçarem, enquanto a
mesma responde as minhas carícias.
Eu não queria pensar em mais nada ali.
Nada.
As mãos segurando em meus ombros e
descendo, o aperto se intensifica em
minha cintura quando chega à base do
vestido, puxando-o totalmente. Eu tinha
vindo da boate com um conjunto de
lingerie preto, com meias e cinta liga na
mesma cor.
Depois da apresentação, saí correndo
para cá e encontrá-lo machucado tinha
acabado com uma parte de mim, estava
me sentindo péssima.
Fomos tombando até chegar a uma
poltrona que fica em seu quarto, enquanto
ele se deita com as costas apoiadas.
Seguro em seu rosto delicadamente,
novamente selando nossas bocas em um
beijo avassalador.
— Eu quero tanto você... — Sussurra
acariciando meu rosto e sorrio.
Sinuosamente suas mãos vão para o
fecho do sutiã, liberando os meus seios
que vão para seu rosto, precisamente para
os lábios. Reprimo um gemido quando os
mesmos prendem o bico enrijecido entre
eles, sugando, mordiscando...
Ele fazia isso muito bem.
Me encaixo rapidamente na curva de sua
cintura esfregando-me em sua ereção já
bem evidente.
Levanto enquanto ele me agarra
rapidamente, me debruçando sobre a
cama, enquanto seus beijos vão se
espalhando entre meus seios e minha
barriga.
Sufoco um gemido, enquanto meu corpo
já exala prazer. Minhas pernas esfregando-
se uma na outra para ver se contém o
desespero de tê-lo logo dentro de mim.
— Poderia passar a noite inteira
chupando você todinha, amor... E não
seria o suficiente. Nunca me cansaria. —
Diz com a voz carregada de desejo me
olhando, enquanto uma de suas mãos
desce até o meio de minhas pernas.
Arqueio as costas quando um dedo me
penetra e sua boca me cala com um beijo.
— Ah...
O corpo não espera muito tempo, segura
em minha mão me puxando para seu colo
e me penetra fundo e rápido.
O membro chegando cutucar meu
interior, me afogando em pura luxúria.
Chris segura em minha cintura me
olhando, fazendo meu coração saltar
enquanto as investidas se tornam brutas e
intensas.
Os dedos emaranhados em meus
cabelos, arqueando meu pescoço e a
língua passeando por toda a minha pele.
— Você é minha, Ágata... — Diz contra
meus lábios, enquanto me apoio em seu
colo mexendo os quadris para acompanhar
as investidas bruscas.
— Ah, Christopher! — Seu nome sai dos
meus lábios em forma de grito e ao mesmo
tempo um gemido.
Sorrio enquanto ele rapidamente me põe
de joelhos sobre a cama, era uma
urgência, que só nós entendíamos. A mão
aperta minha cintura enquanto ele se
encaixa de novo.
— Puta merda, Christopher! — Digo
entre dentes, sentindo o pau rígido entrar.
Sair. Entrar novamente.
O quadril batendo firme, as pernas
apoiadas enquanto ele se enterra.
O vejo sorrir assim que empino mais o
bumbum e ele acerta um tapa em cheio,
apertando-o.
Era uma entrega gigante de nossos
corpos.
Meu corpo pertencia apenas a ele. E ele
a mim.
Disso eu tinha a certeza.

Estava quase perto da hora do almoço


quando sai do apartamento de Chris. Ele
precisava trabalhar e eu também. Mas
antes precisava fazer uma coisa que
deveria ter feito antes.
Entro no prédio e minha entrada é
liberada de imediato, aperto a bolsa nas
mãos. Ainda estava com a roupa de
quando cheguei, coloquei apenas um
sobretudo.
Aperto a campainha e mordo o lábio
assim que a porta se abre.
Patrick me encara e o fito.
— Eu quero... Falar com você... — Digo
enquanto ele entra rapidamente me
deixando ali parada.
Estava apenas de calça, sem camisa. E
só então observo com detalhes a tatuagem
nas costas, tomando boa parte do lado
direito. Apenas a metade do rosto de um
Leão, e alguns rabiscos completava a
parte que faltava.
Patrick era bonito. Muito por sinal. Os
olhos de um azul céu e os cabelos loiros.
Mas não era por ele que meu coração
disparava.
Estou em pé no meio da enorme sala o
olhando me encarar, ele apenas põe as
mãos nos bolsos e solto o ar devagar.
— Eu queria dizer que sinto muito por
tudo que aconteceu, Patrick... O que
aconteceu entre mim e o...
— Não, Ágata. Não, você veio até aqui
para dizer na minha cara que prefere o
meu irmão, a mim! — Passa a mão pela
testa, soltando um suspiro.
Consigo ver os machucados em seu
rosto, e abaixo a cabeça estalando a
língua.
— Eu sinto muito, por ter me deixado
levar e não ter te contado antes... —
Pigarreio e ele me fita.
O rosto com uma expressão de
desapontamento enorme.
Percebo os olhos marejarem e engulo
em seco.
— Eu não sabia que eram irmãos até o
dia em que estive em sua casa...
Ele assente e sorri. Mas não tem um
traço de humor em seu rosto.
— Patrick...
— Quase ficamos juntos naquela noite,
Ágata. E eu... Eu não achei correto te ter
em um lugar qualquer, eu quis te fazer
minha de um jeito que você não
esquecesse mais! — Ele branda me
encarando. — E você estava...
— Eu não fazia ideia que ele era seu
irmão, Patrick!
— E quando soube foi para a cama com
ele, Ágata! — Rebate e me calo no mesmo
instante. — Com meu irmão!
— Eu sinto muito...
— E sabe o que dói, Ágata?! Poderia ter
sido qualquer outro... Mas meu irmão!
Inferno!
Ele não estava falando alto, nem sequer
estava bravo. O que me quebra era o tom
carregado de amargura e tristeza.
Ele balança a cabeça de um lado para o
outro e para, me olhando.
— Por que ele, Ágata? Por que não me
deu uma chance?
Engulo em seco enquanto ele abre os
braços me encarando.
— Eu... Eu amo você, Ágata. Amo você
desde o primeiro dia que te olhei...
— Patrick... Não faça isso. — Brando o
olhando. — Você é uma pessoa incrível,
um homem espetacular... Tudo que uma
mulher gostaria... Mas...
— Mas, eu não sou o Christopher! — Diz
com a voz embargada.
— Mas, eu só vejo você como amigo! —
Completo enquanto ele se aproxima. — Eu
sinto muito...
Ele nega enquanto segura em minha
mão.
— Ágata... Eu posso fazer você feliz. Se
você me der uma... Uma única chance...
— Patrick... Não faça isso... — Retiro
minha mão das suas, o olhando. — Eu...
— Eu te amo, Ágata!
Fecho os olhos soltando o ar. Eu não
posso fazer isso. Não posso deixar isso ir
mais longe do que já tinha ido.
— Patrick... — Sussurro enquanto ele me
encara. — Eu amo o Christopher.
Ele para por um segundo e percebo-o
engolir em seco, enquanto franze o cenho.
Os olhos brilhando e a boca se torna uma
linha reta.
— Me perdoe por te deixado isso, ter ido
longe demais... Mas foi o Christopher.
Ele se vira e sinto em uma lágrima
descer pelos meus olhos e a limpo
rapidamente.
— Eu o conheci dois dias antes de...
Conhecer você. E... E eu não sei explicar,
mas foi mais forte.
Ele se vira e crava os olhos aos meus, e
sinto uma tristeza ao olhá-lo.
— Ele não consegue amar ninguém,
Ágata. Christopher sempre teve as
mulheres como um capricho para ele... E
você não vai passar disso! — Diz ríspido e
a voz embargada.
Pisco algumas vezes o encarando, eu
entendia a sua raiva. E não rebati.
— Christopher mantém todos presos no
mundo particular dele, e quando ele se
cansar de você como se cansou da
Megan, ele te jogará para escanteio! Por
que ele é assim! E eu não vou deixá-lo
fazer isso com você...
— Patrick, eu sinto muito. E sei que vai
ser demais pedir para sermos amigos...
— Eu quero ser mais que seu amigo,
Ágata! Eu amo você... — Diz baixo, quase
num som inaudível.
— Patrick... — Mexo as mãos e pego a
bolsa rapidamente.
— Eu não vou desistir de você assim...
— Patrick, eu não... Eu não posso
retribuir o que sente por mim, eu não
posso. — Seguro na alça da bolsa o
olhando, com olhos tristes.
Me viro prestes a sair enquanto apenas
ouço me chamar.
— Ágata? — Me viro e ele se aproxima.
Tão perto. O rosto a centímetros do meu.
— Eu não vou desistir de lutar por Clhoe. E
nem por você...
Os olhos presos aos meus e a respiração
tão perto.
— Não me faça escolher entre vocês,
Patrick... Porque sempre vai ser o
Christopher. Eu não posso ser nada além
do que uma boa amiga para você.
Abro a porta, saindo rapidamente e
respiro fundo. Uma. Duas. Três vezes.
Foi o Christopher. No primeiro olhar.
Sempre foi ele.
Capítulo 23
Ágata
— Eu só posso contar com você e com
a Helena, é a única forma de ter minha
filha de volta, Magno! Por favor...
Magno está sentado me encarando, os
olhos bem abertos. Enquanto Helena está
em pé atrás dele, aperto uma mão na outra
nervosamente. Estávamos na boate, por
sorte Armando tinha saído.
— Tem que entender que Armando tem
todas as armas para ficar com ela. —
Sussurro novamente. — Eu não posso
perder minha filha, não de novo.
Ele se ergue passando as mãos pelos
cabelos, andando de um lado para o outro.
Magno é um grande amigo, sempre foi.
Desde que me mudei para a casa de
Armando, ele era a única pessoa depois
de Helena em que eu confiava.
— Eu deponho contra Armando. Agora
só eu não vai adiantar, amor! Tem que ter
alguém que conviveu com ele... — Helena
diz e me olha. — Ágata sofreu abuso, ficou
sem Clhoe durante três anos... Será que
ela não merece ter a guarda da própria
filha?
Eu estava com o coração na mão, em
todos os sentidos.
— Eu nunca fui a favor do que Armando
fazia, vocês sabem disso. — Ele começa
me olhando. E nitidamente minhas
lágrimas começam a cair. — Eu nunca iria
o deixar fazer mal para Clhoe...
— Magno... — Suplico o olhando.
— E claro que eu vou ficar do seu lado,
Ágata. Óbvio que vou depor contra
Armando!
Dou alguns passos o abraçando,
enquanto enlaço seu pescoço, uma
mistura de alívio e felicidade que não me
cabiam no peito. Eu sabia que Magno
depondo contra Armando, a guarda de
Clhoe seria minha.
— Eu sabia que você não ia nos
desapontar! — Helena diz o olhando. —
Meu amor!
— Eu não sei como te agradecer... —
Digo o olhando sorrir.
— Cuide da minha sobrinha... E já me
agradece. — Diz passando o polegar pela
minha bochecha.
Sorrio o abraçando. Estava perto.
Faltava menos de duas semanas para a
audiência e pelas minhas contas a
intimação para Armando chegaria logo,
logo. Eu estava preparada pelo pior. Nada
de bom viria, era óbvio.
Três longos dias tinham se passado
desde o dia da minha conversa com
Patrick, ele não me procurou, nem me
ligou. E foi o melhor a se fazer, com toda a
certeza.
— Posso saber o motivo de tanta
alegria?
Sobressalto olhando Evelin, ela esta de
braços cruzados sorrindo debochada.
— Podemos dizer que não é da sua
conta. — Digo a olhando.
Ela anda como uma cobra rastejante até
mim, olhando Magno e Helena.
— Muito cuidado, Helena... Ágata tem
certo tipo de fetiche por irmãos. — Sorri
mostrando os dentes alvos. — Como o
irmão número dois reagiu ao saber que o
“anjo” dele... Estava transando com o
irmão?
Pisco algumas vezes enquanto ela põe a
mão na boca com um gesto de: "Ops".
— Evelin, seu amor por mim me deixa
chocada. — Ela sorri me olhando e coloca
o dedo no queixo.
— Acha que o mundo gira em torno de
você benzinho? Não!
— Evelin, é melhor voltar para seu local
de trabalho. — Magno diz sério.
— Estou em meu local de trabalho, só
vim dar os parabéns para Ágata. — Acena
dando um tchauzinho.
— Ai que vontade de esfregar a cara
dessa imunda no chão! — Digo cerrando o
punho.
— Essa cretina!— Helena grunhi nos
olhando.
— É melhor cada um ir para seu lugar,
antes que Armando volte. — Magno solta o
ar pela boca e logo depois enlaça a cintura
de Helena. — Vou estar por aqui, qualquer
coisa me chame. Vamos lá pra casa mais
tarde?
Helena apenas sorri e concorda.
— Vou ficar te esperando.
Sorrio os olhando.
Sento na borda de apoio do pole dance,
segurando a garrafinha de água nas mãos.
Voltei novamente para ensaiar, não
percebendo que as horas tinham passado
voando, fui para o banheiro do clube
mesmo... Tomo um banho e coloco um
vestido azul rodado.
Eu iria ver Clhoe hoje, por isso dei um
sorriso ao pegar meu carro e dar partida.
Imaginar a minha filha morando comigo
estava me deixando em transe total.
Toco a companhia e uns minutos depois
Vânia abre a mesma, fechando a cara
assim que me vê.
— Vim ver a minha filha. — Passo por
ela rapidamente e percebo tudo em
silêncio.
— Armando mandou dizer, que é para
você ir direto para o escritório dele. — Diz
me olhando de cima a baixo.
— Onde está Clhoe?
— Eu te acompanho até o escritório. —
Caminha a minha frente, indo pela sala de
jantar, ignorando a minha pergunta por
completo.
Insuportável.
Eu conhecia muito bem aquele buraco de
casa. Vânia dá umas três batidas e abre a
porta, me olhando. Entro rápido e olho
tudo ao redor enquanto Armando está na
janela com um copo nas mãos.
Ele percebe minha entrada, mas não se
move.
Vânia sai, fechando a porta e fico ali
parada, olhando as costas largas de
Armando.
— Lembra-se quando Clhoe nasceu
Ágata? — Pergunta baixo, mas com a voz
carregada de ódio.
— Como vou esquecer o dia que
arrancou ela dos meus braços. — Digo no
mesmo tom.
Ele vira de frente e seu rosto estava
horrendo, com marcas mais feias ainda.
Contenho o sorriso que teima em
escapar. Ele tinha sido assaltado por uns
quatros bandidos, que o socaram até ele
perder a consciência e por sorte, está vivo
ainda. Infelizmente.
— Quando olhei aquele ser minúsculo
em meus braços, o fruto do nosso amor. —
Ele sorri me olhando.
— Como você é falso, Armando!
Ele dá a volta na mesa, ainda segurando
o copo nas mãos e me encara.
— Estava preso a você para sempre. —
Ele sussurra se aproximando e ouço
apenas o barulho do copo se chocando
contra a parede.
Sobressalto vendo os estilhaços de vidro
e o encaro.
— Eis a minha surpresa, quando um
oficial de justiça vem até minha casa, para
me entregar essa MERDA! — Pega o
papel nas mãos enquanto aperta minha
nuca e esfrega o mesmo em meu rosto.
Eu não recuo, muito menos nego.
— Está tentando pedir a guarda de
Clhoe?! — Pergunta entre os dentes. —
Sua vagabunda!
— Não está claro? O papel está em suas
mãos... E nem ouse Armando, não ouse
encostar um dedo em mim! — Digo pondo
o dedo em riste me afastando.
Sua gargalhada preenche todos os
cantos da sala, fazendo um frio subir pela
minha espinha.
Ele estava transformado de ódio.
— Lembra-se do que eu disse que faria...
Se você pelo menos pensasse, em pegar a
guarda dela?
— Você disse que ia me matar. — Digo
erguendo o queixo. — Então se quer, faça
logo agora. Porque não vou desistir de ter
a minha filha! Vá me mate!
— Isso... Ponha as garrinhas para fora.
Quanto mais alto se sobe, o tombo é três
vezes pior. — Dá um passo em minha
direção, me afasto dando outro para trás.
— Não se confie no González, Ágata...
Engulo em seco e minhas mãos tremem
descontroladamente.
— Eu estou cansada de tudo, Armando!
Cansada de você mandar em mim, me
falar o que posso e devo fazer! Como devo
agir! A vida é minha, Clhoe é minha filha!
— Nossa... — Corrige sorrindo. — Nossa
filha meu amor, ela não foi feita com seus
perfeitos dedos.
Solto o ar pela boca quando sua mão
agarra em meu braço, me prendendo em
seu peito.
— Me solte... — Peço entre dentes.
— Desista dessa ideia louca, Ágata!
Você não vai ficar com Clhoe! — Diz
soprando o ar em meu rosto. — Você não
sabe do que sou ca...
— Sei sim, um homem que abusa de
uma mulher para engravidar ela e logo
depois toma a própria filha para mantê-la
presa! É capaz de qualquer imundice! —
Disparo em seu rosto. — Você é capaz de
tudo, Armando!
O empurro com força o olhando arfar
demoradamente. Eu conhecia todos os
monstros escondidos dentro de Armando e
repudiava todos.
— Vá em frente... Vou te dar corda o
suficiente para se enforcar. — Diz abrindo
a porta.
— Onde está Clhoe...
Ele sorri me fitando friamente.
— Onde está a minha filha?!
— Se por um acaso... A audiência der
errado, nunca mais você vai vê-la. Nunca
mais! Então pense mil vezes antes de ir
com isso a diante, Ágata... — Acaricia meu
rosto e bato na sua mão no mesmo
instante.
— Eu vou até o fim.
— O preço pode ser alto meu amor,
muito alto.
— Eu já pago o preço, Armando. Eu vou
lutar por ela com todas as forças que eu
tenho!
Saio às pressas com uma pontada sem
tamanho no peito, as lágrimas descendo.
Eu não iria desistir agora. Eu teria minha
filha comigo. E enfrentaria o preço que for.

Christopher
— Acha que consegue assinar os papéis
até amanhã de manhã? — Arthur pergunta
e assinto.
Coço a cabeça me espreguiçando e
sorrio.
— Meu Deus... Eu nunca pensei que
uma surra de boceta fosse deixar meu
irmão assim! — Lorenzo exclama,
enquanto solto um bocejo o olhando.
— Surra de boceta, é surra. — Arthur
completa sorrindo. — A surra mais gostosa
de se levar.
— Pois tá para nascer à mulher que vai
me dar uma surra de boceta que vá me
fazer ficar de quatro por ela! — Olho pela
borda do copo, vendo Lorenzo sorrir.
— Cuidado Lore... Vai ver ela nasceu e
só está esperando você no altar. — Arthur
alfineta e Lorenzo quase cai da cadeira.
— Pau no seu cu, boiola! Vai jogar praga
para quem tu quiser viado!
— As moças acabaram com a
discussão? — Pergunto tentando controlar
a gargalhada.
Lorenzo está arfante olhando para
Arthur, com uma raiva mortal no rosto. Meu
irmão mais novo sempre teve uma fobia
por casamento, que eu nunca vi em toda
minha vida. Nem precisava ser um
casamento para deixá-lo irritado.
Bastava apenas ter uma mulher em seu
apartamento por mais de três dias, já era
motivo suficiente para ele achar que a
criatura estava querendo amarrar ele pelo
pau.
— Senhor... — Olho para Mônica. — Tem
uma moça querendo falar com você, mas
ela não tem hora marcada então...
— Quem é? — Pergunto depositando a
xícara na mesa.
— Ágata Mendes, senhor...
— Mande-a entrar! — Peço rápido.
— Hummm... Visitinha no trabalho. —
Arthur faz uma voz irritante.
— Hummmm... Sexo no trabalho.
— Vão se foder os dois! Saíam daqui
agora!
Os dois tombam em uma gargalhada e,
de repente, Ágata aparece na porta com
um sorriso meio tímido.
— Desculpa... Atrapalhei algo? —
Sussurra e a encaro.
— Você não atrapalha em nada. — Beijo
sua mão e ela ruboriza da cabeça aos pés.
Arthur encara Lorenzo, que cruza os
braços sorrindo.
— Bom, eu e Lolo vamos lá embaixo
comer algo... Nos vemos depois. Até mais
Ágata!
— Até mais Arthur. — Ela sorri o
olhando.
— Tchau loirinha...
— Tchau, Lorenzo.
Fecho a porta rapidamente, a olhando
mexer na alça da bolsa em sua mão, está
linda com um vestido azul que realça a cor
alva da pele.
Ela ficava linda até de burca.
— Uma surpresa ver você aqui uma hora
dessas.
— Eu estava passando por aqui e quis te
ver. — A puxo para perto de mim a
prendendo em meus braços.
Eu poderia ficar assim por horas infinitas
que nunca cansaria. Espalmo as mãos em
suas costas enquanto as mãos acariciam
meu abdômen.
— Não vim para fazer o que você está
pensando... — Ela sorri e aperto o queixo.
— Mas já que está aqui... Por que não?
— Pergunto beijando seu pescoço vendo o
sorriso expandir em seu rosto.
Acho que o beijo se aprofundou tanto
que eu não ouvia mais nada. A minha mão
segurando em sua nuca, enquanto a outra
aperta a cintura, não tinha nada mais
gostoso que provar aquela boca... Aqueles
lábios... Meu Deus.
— Vem, vamos para casa. — Beijo seus
lábios novamente enquanto seu sorriso se
expande.
— Achei que teríamos um sexo no
escritório... — Ela morde o dedo
lindamente e já sinto o tesão me tomar.
Seguro em sua mão, que lindamente
percorre meu peito, eu iria adorar possuir
seu corpo em minha sala, mas o simples
fato de alguém ouvi-la me deixava
transtornado de ciúmes.
Sorrio pegando meu blazer, que estava
jogado sobre as costas da cadeira e
seguro em sua mão.
— Vamos. — Saímos de mãos dadas e
aviso a Mônica que não volto mais hoje.
Ágata sorri me fitando enquanto aperto o
botão do elevador, estamos esperando e
olho Lorenzo, vendo-o aparecer no outro
lado.
— Hummm... Saindo cedinho? — Sorri
nos encarando. — Ágata... Ágata... Só
você para fazer o Chris sair da empresa
antes do horário.
Reviro os olhos, enquanto Ágata
simplesmente sorri.
— Isso é bom ou ruim? — Ela me encara
e reviro os olhos.
— Avisa para Arthur, que eu não volto
mais hoje.
Só que rapidamente, meus olhos voam
para Patrick, que está parado nos olhando.
Sem expressão alguma no rosto. Minhas
mãos automaticamente vão para a cintura
de Ágata, em um gesto de possessão.
Eu nunca fui assim.
Não tínhamos nos vistos desde o dia da
confusão, estávamos nos evitando ao
máximo. Sempre chegava mais tarde e ele
mais cedo, ou eu saia mais cedo e ele
mais tarde.
Ele apenas chama Lorenzo, que me
encara e se despede.
O elevador chega e entro, olhando Ágata
meio ruborizada.
— Ele foi atrás de você? — Pergunto
sério.
— Não, Chris. O que tinha para falar com
ele... Eu já falei. — Ela responde e sorrio a
abraçando.
Meu Deus, eu tinha que parar com isso.

Estamos os dois entrelaçados na


banheira, depois de transar loucamente no
quarto. Ágata está em cima da minha
cintura, com a cabeça pousada em cima
do meu peito.
— Então você era um menino rebelde?
— Pergunta com um sorriso de canto e a
fito.
— Um pouco. — Assumo sorrindo. — E
você? Era uma menina rebelde?
Ela gargalha sonoramente e a fito.
— Uma menina má, eu diria. Esperta e
intrometida. — Ela revela e abro a boca
fingindo surpresa.
— Não me diga... Achei que era um anjo.
— Sussurro, sorrindo enquanto espalho
beijos por seu pescoço.
O silêncio é quebrado pelo celular de
Ágata, que toca insistentemente no quarto.
— Preciso atender. — Concordo sorrindo
enquanto ela corre para atender, estava
completamente nua. Coloca o celular
sobre o ombro e a orelha.
— Magno? Eu não estou em casa... O
que houve? — Indaga e me olha.
Estava séria.
Pego uma toalha pendurada e a encaro.
— Eu quero. Claro. Eu vou dar... Um
jeito.
— O que está acontecendo? — Pergunto
a olhando.
— Magno está indo para o meu
apartamento com minha filha e tenho
medo de não dar tempo de chegar até lá...
— Diz me olhando.
Eu nunca fui muito apegado à
paternidade. Nem sonhos, nem nada do
tipo. Mas ver Ágata aflita desse modo veio
como um relâmpago em minha mente.
— Peça para ele vir para cá. É mais
perto.
— Não, Chris... Eu consigo ir até lá e dar
apenas um beijo nela.
Pego o celular gentilmente, falando com
o tal de Magno para trazer a menina para
cá, ele rapidamente diz que chega em
alguns minutos.
— Vou ver minha filha! — Ela indaga se
jogando em meus braços.
Beijo o topo de sua cabeça sorrindo.
— Vai sim...
Ágata rapidamente se veste e descemos
as escadas, apenas me sento enquanto
ela anda de um lado para o outro,
mordendo os lábios.
Me ergo segurando em suas mãos.
— Eii amor... Calma. — Beijo sua testa.
— Ela já está vindo.
— Eu não a vejo há alguns dias, Chris...
— Ela sorri e a encaro.
Eu não fazia ideia do que era amar
alguém mais que a si mesmo, deveria ser
estranho. Mas era bonito. Tínhamos sido
criados em um lar de amor. Tanto pelo meu
pai, quanto pela minha mãe.
A campainha soa alguns minutos depois,
e Ágata corre para atender a mesma com
pressa.
Cruzo os braços, vendo a garotinha
pendurar-se em seu pescoço.
— Eu senti tanto a sua falta meu amor...
Tanto. — Diz beijando a bochecha rosada,
enquanto a menina sorri a olhando. — Oh
meu amor... Minha princesa.
Magno entra, me cumprimentando com
Helena. E respondo sorrindo.
Só que meus olhos estavam presos
naquela cena.
Eu não conseguia parar de olhar, era
uma coisa de outro mundo.
Tinha me apaixonado pela Ágata
dançarina, que me prendeu na teia de
sedução.
Pela Ágata menina, que se tornou
mulher.
Só que agora, estava apaixonado pela
Ágata mãe.
— Armando... Onde... — Ágata balbucia.
— Ele teve uma viagem de última hora e
Vânia estava com Clhoe, então eu a trouxe
para ver você. — Magno sorri a olhando.
Apenas me aproximo delas, era incrível a
semelhança das duas.
Clhoe tinha os cabelos curtos e
dourados, os olhos marcantes de um azul
hipnotizantes.
Me ajoelho para ficar da sua altura e ela
sorri me olhando.
— Oi Tio Kis. — Sorrio a olhando.
— Oi Clhoe... — Falo e Ágata sorri a
encarando.
— Sua casa é ninda, Tio Kis... — Clhoe
fala e a encaro.
— Você que é linda Clhoe. — Olho para
Ágata, que nos encara. — Tão linda
quanto a sua mãe...
— Também asso, Tio Kis! — Diz e Ágata
aperta em seus braços a beijando.
— Convencida...
Clhoe se aproxima e me encara, ela
coloca a pequena mãozinha sobre a minha
e sorri pela diferença de tamanho.
Olho pra Ágata que dá de ombros e
Magno e Helena fazem o mesmo.
— Mão do Tio Kiss... — aponta e me
encara. — Mão da Coe...
E fico parado olhando a mão sobre a
minha, enquanto ela segura em um dos
meus dedos sorrindo.
Não fazia ideia do que ela estava
fazendo. Mas estava gostando.
— Coe quer bincar...
— Amor, Tio Chris não pode brincar
agora... — Ágata diz a abraçando.
— Eu vou brincar sim. Mas vai ter que
me ensinar... Ainda não sei. — Indago e
Clhoe sorri lindamente.
Ágata se ergue, enquanto leva Clhoe
para ver o resto da casa.
— A audiência é daqui a alguns dias.
Tenho medo que Armando tente algo
contra Ágata. Ele ficou uma fera com a
vista da assistente social e com a ordem
para levar a Clhoe até uma psicóloga. —
Encaro Magno tomar um gole de sua
bebida, me olhando.
Estávamos apenas nós dois na cozinha,
enquanto as meninas estavam na sala,
brincando com algumas bonecas que
Helena havia trazido.
— O que ele poderia fazer? Já temos
todas as provas para Clhoe ficar com
Ágata. — Digo o olhando me encarar sério.
— Eu não quis contar nada para Ágata,
mas tem duas pessoas que Armando pode
usar contra ela. — Fico o olhando sem
entender nada e Magno olha de um lado
para o outro.
— Quem seriam?
— Os próprios pais dela.
Capítulo 24
Christopher
Passo as mãos pelos cabelos e suspiro
enquanto, Ágata se ajoelha. Clhoe acaricia
seu rosto com cuidado e sorri de leve. Ela
já estava indo embora e parecia tão triste
quanto à mãe.
E porra... Isso estava acabando comigo.
— A mamãe promete que vai te ver
assim que puder Clhoe. — Ágata diz em
um sussurro baixo, mas audível.
Magno está em pé, de costas junto de
Helena que está um pouco afastada.
— Pomete? — Clhoe sussurra enquanto
Ágata a abraça apertado.
— Prometo meu amor, sabe que pode
demorar, mas eu sempre volto para você!
Sempre! Mamãe te ama muito. Muito.
Percebo os olhinhos marejados e sinto o
entalo no peito.
— Eu sei que você vota mamãe. Mas eu
não quelo ir.
Sinto um aperto forte ao ouvir aquilo.
Ágata apenas sorri, com o rosto banhado
por lágrimas.
É impossível não fazer nada. Sinto o
engasgo em minha garganta e sou tomado
por uma força que não sei de onde vem.
— Clhoe... — Me ajoelho na sua frente e
ela me encara. — Eu prometo para você
que vai ver sua mãe amanhã, vamos te
levar para um lugar lindo... Para
brincarmos até você cansar.
Os olhos de um azul intenso me encaram
com curiosidade.
— Pomete, Tio Kiss? — Pergunta e logo
concordo. Meu estômago se aperta e
suspiro.
— Prometo meu anjo. — Bato em seu
nariz levemente e ela funga baixo.
— Vai cudar da minha mamãe até
eu votar? — Ela segura em meu rosto e
assinto.
Eu estava trancado por dentro, sentindo
algo que jamais fui capaz de sentir em
toda minha vida.
— Prometo que sim meu amor, eu vou
cuidar da mamãe até você voltar. Tá bom?
— Bom, vamos meu amor. — Helena diz
com a voz embargada e pega Clhoe no
colo, que esconde o rosto na curva de seu
pescoço.
— Coe não quer ir pa casa, titia...
Magno assente com a cabeça me
olhando. Ágata beija a cabeça de Clhoe,
que está deitada e limpa o rosto.
— Eu te amo. Te amo mais que tudo na
vida.
— Assim que puder eu trago ela, Ágata.
— Magno assente nos olhando. — Até
mais.
Helena se despede de Ágata e Clhoe
ameaça chorar. Os olhinhos lacrimejando.
Doía ver aquilo. Doía para um caralho.
Eu tinha entrado em uma história que
não era minha... Ou pensava que não era.
A olho andar até o sofá assim que a
porta se fecha.
— Aonde você vai? — Pergunto assim
que ela pega a bolsa.
Estava aos prantos, as lágrimas
descendo copiosamente pelo rosto.
— Eu... Vou... Embora! — Diz entre um
soluço e outro.
Me desarmo por inteiro a olhando
daquele modo.
Não era mais a minha dançarina de
língua afiada e dona de si.
Era apenas a mãe da Clhoe.
— Ágata...
Ela desvia quando tento segurar em seu
braço, mas acabo a pegando de surpresa.
A abraço tão forte. Tão forte. Que eu
nunca esperei abraçar uma mulher desse
modo, o aperto era como se minha vida
dependesse daquilo.
E dependia.
O corpo frágil envolta dos meus braços.
Eu ouvia o desespero do seu choro e só
podia apertá-la.
E ela chorava. Chorava forte, enquanto
os ombros sacolejavam e os soluços
saiam abafados. Um choro da alma.
Daqueles que doem apenas em ouvir.
— Eu farei o impossível para ela ficar
com você... — Digo acariciando seus
cabelos. Meu queixo repousando no topo
de sua cabeça enquanto ela soluça baixo.
— Eu prometo meu amor.
Depois de tudo que Magno me falou, eu
estava mais decidido do que faria.
Há princípio, eu não acreditei que o pai
dela fosse capaz de testemunhar contra,
mas o ódio que ele tinha pela filha era
maior que qualquer laço de sangue.
E isso me deixava enojado.
— O pai da Ágata nunca aceitou ela ter
saído de casa para virar uma stripper, Seu
Otto nunca a perdoou. — Me viro, vendo
Magno virar o copo de uísque na boca. —
Armando armou sujo para ela, ele fez tudo
de um modo bem pensando e articulado...
Engulo seco passando as mãos pelo
rosto.
— Engravidou Ágata... Fez a cabeça dos
pais dela, tomou Clhoe... E o único modo
foi ela trabalhar para ele, para sempre
estar por perto... A vigiando.
— Você... Você quer dizer que...
— Que Armando fez tudo de caso
pensado. — Magno completa sério. — Otto
repudia Ágata e não deixaria Clhoe com
ela, nunca. Eu tenho certeza disso.
Minha cabeça está uma confusão
imensa, eu não parava de pensar um único
segundo, sequer.
Seguro em seu queixo, erguendo-o e a
encaro. Os olhos marejados me
encarando, uma lágrima desce pelo seu
rosto e a limpo com o polegar. Um
sentimento indescritível se apossa de mim
naquele exato momento, parece que meu
coração deu pause e começou a bater
frenético no peito.
— Estou com tanto... Tanto medo, Chris.
Se Clhoe ficar com... Com Armando... Eu
nunca mais vou ver minha filha...
— Shiii... — Passo o polegar pelo sei
rosto, em um gesto que a fez se calar no
mesmo instante. — Eu vou fazer o
impossível para isso não acontecer. Irei
lutar com todas as forças, mas Clhoe vai
ficar com você!
— Christopher, ela é tudo que eu tenho!
Sorrio a olhando.
— Eu vou mover o mundo se for preciso,
Ágata. Mas você vai ter a sua filha!
A beijo demoradamente, segurando o
rosto entre as mãos.
Peço uma comida rápida pelo telefone
enquanto Ágata subiu para tomar um
banho, alguns minutos depois o jantar
chega, eu me encarrego de levar para o
quarto.
Ela estava no meio do quarto com o
rosto mais suave, vestindo apenas uma
camisa minha, que ficou enorme em seu
corpo.
Em um silêncio quase ensurdecedor,
coloco as embalagens na mesa de centro
do meu quarto. Ela se ergue me olhando.
— Obrigada... — Murmura quando
enlaço a cintura fina.
Encosto a testa na sua, perdendo um
pouco da sanidade que me restava. O
corpo tão perto do meu, tão junto de mim.
— Você diz que não faz amor... Mas... —
Ela balbucia e ergue o rosto para me olhar.
Eu sabia exatamente o que ela iria pedir.
Continuo a olhando e ela espalma a mão
pelo meu peito e ofega.
— Faz amor comigo, Christopher... —
Ela sussurra levemente.
Sorrio franzindo o cenho.
— Acho que não precisa pedir duas
vezes, Ágata...
Seguro o pescoço levemente fazendo-a
comprimir os lábios contra os meus, sinto-
a arfar enquanto minha língua invade sua
boca. O desejo aflorando a pele. Suas
mãos percorrendo meu peito enquanto tiro
a camisa em questão de segundos.
Retiro a camisa que ela veste e apalpo
os seios fartos, meu coração acelerado,
minha respiração entre cortada
misturando-se com a dela. Desço os
olhos por um segundo, apenas para vê-la
seminua.
Ela era minha. Era toda minha.
A deito na cama fazendo suas costas se
colida com o colchão macio. Minhas mãos
parecem ter vontade própria, pois
percorrem o corpo com delicadeza,
enquanto minha boca faz o trabalho com a
sua.
— Chris... — Sorrio quando meu nome
escapa de sua boca em um murmúrio
esganiçado.
— Vou amar você todinha, Ágata... Por
inteira. — Meus dedos avidamente
encontram o tecido frágil da calcinha por
cima da boceta, que já estava pingando de
desejo.
As costas arqueiam quando meus dedos
afundam em seu interior aveludado, minha
boca tomando a sua em um beijo casto e
demorado.
Sinto a pele arrepiar-se e sinto meu pau
retorcendo dentro do tecido da boxer.
Prendo um dos seios entre meus lábios,
enquanto meus dedos brincam em seu
interior.
Beijo o vale entre seus seios, descendo
minha língua, passeando pela pele alva.
Eu poderia passar a noite inteira fazendo
isso. E porra. Não seria o suficiente.
Quando as pernas se fecham ao redor
do meu pescoço, entendo como um
convite em silêncio. Minha língua logo
percorre a boceta, provando cada
centímetro com volúpia. As costas se
arqueiam e beijo cada lábio, cada dobra
que clama por atenção.
O desejo escorrendo por entre as
pernas, enquanto minha língua serpenteia
de cima para baixo, de baixo para cima, de
um lado para o outro.
— Oh... Não... Pare...
Fito os olhos que me encaram de volta,
as pupilas dilatadas me encarando
enquanto a boca se entreabre.
— Nem se eu quisesse eu pararia meu
amor...
Levo o nervo duro à boca prendendo-o
entre meus lábios, sugo brincando, passo
a língua. É o suficiente para senti-la
desmanchar em minha boca.
Ela apenas geme alucinadamente e a
encaro, me deitando sobre seu corpo.
Então ela começa a espalhar beijos pelos
meus ombros, subindo para meu pescoço.
Seguro na base do pau, que já latejava e
esfrego em sua entrada pulsante, o desejo
era tanto que chegava a escorregar.
A penetro lento, sentindo a carne macia
me prender firme em cada centímetro que
entrava nela. Meus lábios rapidamente
prendendo os seus.
Vários sentimentos se misturam dentro
de mim.
Nossos corpos juntos se tornando um só.
— Ah, Ágata... — Digo entre seus lábios,
meio gemendo... Meio sorrindo.
As unhas enfiando na pele do meu
ombro, sem forçar nada. Apenas como
uma gata afiando as garras. Meu pau
desliza e ofego.
— Eu... Oh meu... Eu... — As palavras
desconexas saindo de sua boca, e sorrio
enquanto a penetro, era uma sincronia
perfeita de corpos.
Seguro nos seios fartos enquanto minha
boca agarra na pele de seu pescoço
sugando-a. Aquela posição tão comum,
tão clichê. Mas era espetacular sentir
aquele corpo sob o meu. As pernas
rodeando minha cintura e a boceta se
abrindo para me prender.
— Como eu... Amo... — As palavras iam
saindo da minha boca sem nenhum
controle.
A vejo com o cenho franzido, me olhando
sem piscar.
Engulo em seco enquanto ataco seus
lábios, tentando calar minha própria boca.
Mas meu coração estava saltitando forte
no peito.
— Chris... — abro os olhos a encarando
com um medo filho da puta. — Eu não me
arrependo de nada...
— Eu... Também não. — Beijo sua testa
demoradamente.
A viro, vendo-a se encaixar em cima de
mim com perfeição, os seios na altura dos
meus olhos eram como pecados.
Era meu fim.

Ágata
Saio do banheiro, me enrolando no
roupão macio que estava estendido no
cabide. Solto os cabelos secos, que caem
sobre meus ombros. O quarto estava
vazio.
— Chris? — Chamo, sem obter resposta
alguma.
Passar as noites com ele estava me
deixando mal acostumada, eu estava
gostando muito daquilo. Coloco o vestido
que estava jogado sobre a poltrona e
desço as escadas.
Ouço as risadas vindas da cozinha e
percebo que o irmão dele estava lá, a
outra voz denunciava que Arthur também
estava. Fiquei indecisa entre seguir em
frente ou voltar para trás.
— A botei de joelhos e disse: Vai provar
o que é um cacete de qualidade! —
Lorenzo diz com a voz grossa.
— E ela não deu na sua cara? — Arthur
indaga, com uma risadinha.
Meus olhos estão arregalados.
— Deu na minha cara com a xota! A
safada sabe como esfregar uma xota na
cara. Oh, estou todo arrepiado!
Tapo minha boca tentando controlar uma
risada.
Há tanto tempo eu não me sentia tão
bem pela manhã, sem aquela falta
inexplicável que Clhoe me fazia. Dessa
vez eu estava tão mais confiante que tudo
ia dar certo.
— Então eu sentei ela no meu pau...
— A Viviana?
— Não, idiota! A Priscila!
Ouço um pigarro forte e sorrio amarelo
quando Arthur me encara junto com
Lorenzo, ele para com as mãos no ar
como se tivesse segurando uma cintura
imaginária.
Chris apenas nega com a cabeça,
sorrindo.
— Eu já ia subir com seu café. — Diz me
olhando.
— Bom dia meninos, eu só vim...
— Tudo bem loirinha, senta aí... Come
um misto quente com a gente? — Lorenzo
indaga sorrindo.
— Obrigada, eu não estou com fome. —
Digo olhando Chris me encarar com o
cenho franzido.
— Amor, eles são feios, mas não
mordem... — Chris diz sorrindo, beijando
meu ombro. — Quer algo?
— Hummmm... Amor... — Lorenzo diz
sorrindo e vejo Arthur dar um cutucão nele.
Eu acabo comendo apenas uma salada
de frutas com mel, eu não estava com
tanta fome como pensei. E apenas ouço as
histórias que Arthur que contava
animadamente.
Minha cabeça estava rodando,
aparentemente em mil e uma dimensões,
menos naquela cozinha. Logo depois,
Arthur foi embora com Lorenzo. Me sento
na sala, olhando Christopher andar de um
lado para o outro.
— Eu sei que você está com medo,
Ágata...
— Chris, eu não quero falar sobre isso
agora. — Digo me erguendo. — A gente
falou sobre isso ontem. Me deixe pensar
em outra coisa... Não quero ficar
pensando...
Ele se cala me olhando e sorrio.
— Eu preciso ir em casa, ver Helena. E
resolver uns assuntos na boate. — Digo,
pegando minha bolsa.
— Vou ficar te esperando mais tarde...
Solto um sorriso leve e assinto.
— Eu volto...
Beijo seus lábios rapidamente e saio,
alguns minutos depois chego à boate,
passo pelas portas de vidro, olhando tudo
ao redor. Me recordo de quando pus os
pés nesse lugar pela primeira vez, era
como se eu estivesse liberta de tudo.
Mal sabendo que tinha acabado de
entrar em uma prisão.
— Olha... Olha... Quem é vivo sempre
aparece, errou o caminho? — Ergo os
olhos, encarando Evelin sorridente.
— Desculpe. Achei que estava em uma
boate, não no canil. — Viro o rosto,
passando por ela rapidamente.
Entro na sala de Armando, o olhando
sentado perto das janelas de vidro. Ele se
vira no mesmo instante me encarando
friamente.
— Que surpresa, meu amor... Não
esperava te ver tão cedo por aqui...
Deixo a bolsa em cima da sua mesa e o
encaro, os olhos frios e avermelhados me
encarando.
— Já cansou de brincar, Ágata?
Percebeu que o que estava fazendo é inútil
e burro? Percebeu que é fraca para lutar
comigo?
— Eu percebi que sou mais forte do que
pensa, Armando. — As palavras saem da
minha boca sem ao menos eu pensar
direito. — E não vou desistir.
Ele sorri andando de um lado para o
outro sem me olhar, eu precisava vir aqui
olhar para a cara dele, para ele entender
de uma vez por todas, que não sou a
menina de anos atrás.
— Desista disso enquanto é tempo
Ágata. Ou não vai poder pedir perdão
depois.
— Acha mesmo que vou te pedir
perdão? Você é um idiota, Armando!
— Você era mais... Mais dócil meu anjo.
Mas confesso que fica linda assim, como
uma gata selvagem. — Ele aperta minha
cintura firmemente e me afasto.
Corto a mão no ar, acertando a mão em
cheio diretamente no seu rosto, ele se vira
com a mão pousada no mesmo, me
fuzilando com ódio nos olhos.
— Você não deveria ter feito isso...
— Eu quero que você vá para inferno,
Armando! — Disparo. — Só saiba que eu
vou lutar pela minha filha, até o final.
E saio rápido, suspirando pesadamente.

Encaro meu reflexo no espelho da sala,


mordo o lábio apreensiva, olhando
Christopher ao meu lado. Estávamos no
fórum da cidade, eu estava a poucos
minutos de ter minha filha para mim.
Os dias passaram lentos demais, eu não
via Clhoe há duas semanas e aquilo
estava acabando comigo. Armando tinha
encontrado uma maneira de se vingar pelo
tapa.
Nestas duas semanas recebi a visita de
uma assistente social em meu
apartamento, ela verificou o local e me fez
algumas perguntas que julgo serem de
praxe. Também passei por uma avaliação
com uma psicóloga indicada pelo fórum,
fiquei sabendo que Armando também teve
que passar pelos mesmos procedimentos
burocráticos que eu. Magno me contou
que ele ficou furioso após a ida da
assistente social a sua casa e que estava
se recusando a levar a Clhoe para a
avaliação com a psicóloga, mas que o seu
advogado o havia orientado a levar a
minha pequena, pois a não colaboração
dele seria mal vista pela juíza.
Arthur não havia chegado ainda. Só
estávamos eu, Helena, Lorenzo e
Christopher.
— Vai dar tudo certo Amor. — Ele beija
meu ombro e suspiro.
— Onde Arthur está que não chegou? —
Lorenzo indaga nos olhando.
A porta se abre e sobressalto. Patrick
aparece me olhando e sorri de lado.
— Oi. — Nos cumprimenta com um
gesto rápido. Chris fica imóvel sem mexer
um músculo sequer.
Lorenzo sorri e Helena o cumprimenta.
Ele se aproxima e me encara. Não
tínhamos mais nos falado desde a última
vez que nos vimos.
— Desculpa vir sem avisar, mas eu não
iria te deixar... Bom... — Me encara
sorrindo. — Toda ajuda é bem vinda...
Então...
— Obrigada, Patrick! — Seguro em suas
mãos o olhando. — Você me ajudou muito
com tudo isso.
Ele sorri e segura em meu queixo.
— Eu tô sempre aqui anjo...
Chris rapidamente solta um pigarro e
sorrio levemente o olhando, o rosto dele se
fecha rapidamente.
Arthur abre a porta e aparece junto de
Magno, que está mais branco que uma
folha de papel.
— Magno? O que aconteceu?
Meu coração parece que vai sair pela
boca.
— O que houve?
— Não temos boas notícias, Ágata. —
Arthur diz me olhando.
Chris me olhando parando ao meu lado.
— Como assim? A audiência é daqui a
trinta minutos! Como não tem notícias
boas? — Christopher indaga sério.
— Bom... Acabamos de descer no
carro... E o advogado de Armando e ele
acabaram de chegar. — Arthur diz me
olhando.
— E daí? Tá com medo de advogado
agora? — Lorenzo diz entre olhando os
dois.
Magno me encara sério.
Não. Não era possível.
— Fala Magno! O que... Houve?
— Quem é o advogado dele? —
Pergunto com um nó na garganta.
Estava tremendo em pensar em tal
possiblidade.
— Otto Mendes. — Arthur diz sério.
— Quem? — Três vozes falam ao
mesmo tempo, mas é quase impossível
identificar.
Encaro Chris e fecho os olhos, enquanto
ele me aperta firme.
— É o meu pai.
Capítulo 25
Ágata
— Como assim... Como assim seu pai?
Passo as mãos pelo rosto, sentindo de
repente, um suor frio invadir meu corpo.
Uma ânsia de vômito fora do normal me
invadindo. O ar não vinha.
— Está me falando que o advogado de
Armando, é o seu pai? — Encaro
Christopher, que parece mais incrédulo do
que eu. — Que tipo de pai vai ficar contra
a filha?!
Tento me segurar, mas minhas pernas
fraquejam e me sento. Fecho os olhos
sentindo um arrepio percorrer. Já tinha
imaginado que Armando iria falar com meu
pai, só não pensei que o convenceria ficar
ao seu favor.
— O grande e magnata correto, senhor
Otto Mendes, meu pai. — Sussurro com a
voz embargada.
— Ágata... Calma. — Helena se
aproxima, segurando em minha mão. —
Calma amiga...
— Helena... Eu não vou conseguir...
— Não temos tempo para desistir agora,
Ágata. — Ergo o olhar enquanto Patrick
encara Arthur. — Temos um ótimo
advogado, ótimas testemunhas. Não
vamos perder essa batalha. Não vamos.
O encaro negando com a cabeça.
— Exatamente meu amor... — Chris
segura em minhas mãos e o abraço. —
Nada vai nos fazer recuar...
Eu estava com medo. Meu pai era bom
no que fazia. E Armando com certeza,
disse as piores coisas de mim.
— Bom, temos tempo para nos
recuperar... Ainda temos 20 minutos para
começar a audiência. — Arthur me encara
sorrindo. — E se for para te deixar
confiante, Ágata... Eu não entro em uma
audiência para perder.
Ele dá uma piscada e sorri de lado.
— Não é atoa que é conhecido como
advogado do diabo.
— Vai dar tudo certo amor, eu estou bem
aqui. — Chris sorri e aperto sua mão.
Tento controlar o impulso de chorar,
apenas em lembrar quando meu pai me
expulsou de casa, a raiva estampada em
seus olhos às coisas terríveis que ele me
disse.
Armando armou tudo da pior maneira
possível, ele me seduziu, me fez ficar em
sua casa e me jogou contra o meu próprio
pai.
Séria cômico, se não fosse trágico.
Quando o meirinho veio nos chamar, eu
quase tropeço nos meus próprios pés. Mas
eu não daria esse gosto a Armando, de me
ver naquele estado. Eu não tinha feito
nada. Eu era a vítima ali.
A porta se abre e entro na sala de queixo
erguido, junto com Arthur. Tinha escolhido
um vestido preto meio solto, sapatos da
mesma cor e os cabelos amarrados em um
rabo de cavalo.
Era uma sala ampla, composta por uma
mesa enorme de vidro. Estava apenas eu,
Arthur. As testemunhas viriam quando a
juíza chamasse.
Armando estava com um sorriso
triunfante nos lábios, ao lado do meu pai
que me olha de cima a baixo. Desvia
rapidamente os olhos dos meus.
Era triste ver que ele não percebeu meu
olhar de socorro, meu pedido de:
"Pai eu estou aqui... E eu sou a vítima"
— Iremos dar início à audiência da
menor, Clhoe Mendes Contreiras.
Sento na cadeira em frente a Armando,
Arthur ao meu lado. Logo o promotor do
caso começa a ler os autos do processo,
não compreendo muito bem o que ele fala,
mas sei que ele esta falando tudo que
relatei quando abri o processo de guarda.
— Então senhora a senhora Ágata,
afirma ter sofrido violência moral,
psicológica, física, patrimonial e sexual do
senhor Armando? E agora ele está
praticando alienação parental com a filha
de vocês? — Inquere a juíza
— É mentira senhora meritíssima, ela
está levantando uma calunia contra minha
pessoa. — Armando diz, mal contendo o
tom da sua voz.
— Senhor Mendes peça para o seu
cliente permanecer em silencio e só se
pronunciar quando lhe for dirigida a
palavra.
Vejo o meu pai tentando acalmar os
ânimos de Armando.
— Pode responder senhora Ágata. — Diz
a juíza e Arthur me incentiva a relatar tudo
o que passei nas mãos de Armando.
— É verdade meritíssima. Quando eu
tinha apenas 15 anos conheci Armando na
casa de um casal de amigos dos meus
pais — Engulo em seco — Armando se
apresentou como uma pessoa
encantadora e eu tola acreditei,
começamos a nos encontrar
ocasionalmente até quando eu estava para
completar meus 17 anos Armando quis
assumir um relacionamento sério
comigo.... E eu tola deseja aquilo mais de
tudo na vida, mas os meus pais... —
Abaixo o olhar e respiro fundo — Os meus
pais foram contra, então eu fui expulsa de
casa, não tendo para onde ir fui morar com
Armando e trabalhar em sua boate... Mas
com o passar do tempo ele foi se tornando,
ou melhor, dizendo, mostrando a sua
verdadeira face, um homem cruel,
ciumento, possessivo. Ele queria a todo
custo que eu tivesse um filho dele, mas eu
negava, pois eu sempre sonhei em estudar
e cursar uma universidade... Então um dia
cansada de tudo aquilo eu decidir dar um
basta. Uma amiga, que também trabalhava
comigo me ofereceu um lugar em seu
apartamento para eu ficar... — Sinto as
lagrimas rolarem pelo meu rosto enquanto
eu relato — Então eu me mudei, Armando
não aceitou aquilo muito bem, no mesmo
dia ele me buscou na casa desta minha
amiga e me levou para a sua casa, lá ele...
— Meu corpo todo treme quando me
recordo do ocorrido, revivo na minha
mente cada detalhe daquele dia, cada
toque nojento, Arthur me estende o seu
lenço e um copo de água que pego de
bom grado — Eu me recordo como se
fosse agora, neste exato momento, dos
chutes, dos tapas, dos socos, dos puxões
de cabelo... E dele rasgando a minha
roupa, eu não queria... — O choro toma
conta de mim.
— A senhora quer fazer uma pausa? —
Indaga a juíza.
— Nã- não eu quero continuar. — Digo
com a voz rouca pelo choro. Ela faz um
gesto com as mãos para que eu prossiga.
— Eu me sentia suja imunda. Depois
daquele dia armando me prendeu em casa
não me deixava nem mesmo ir à boate....
Com o passar do tempo os sintomas da
gravidez começaram a aparecer.... Quando
eu descobri que estava esperando a Clhoe
foi um misto de sensações, mas em
momento algum eu odiei ou não quis a
minha filha, afinal ela era um ser puro e
inocente... A minha gestação foi toda
conturbada, Armando não me deixava ir às
consultas médicas e quando eu ia, ele ou a
tia dele tinham que estar presentes...
Armando então começou a me ameaçar se
eu o deixasse ele tomaria minha filha
assim eu desse a luz... E assim ele o fez...
— Então a menor permanece sobre
custódia do pai? — A juíza indaga me
olhando.
E assinto levemente.
— A senhorita tem direito a visitas?
— Não, senhora. Apenas quando o
Armando permite e quer. Clhoe foi tirada
dos meus braços assim que nas...
— Isso é uma calúnia!
— Se o senhor não se manter calado,
vou pedir que saía da sala, senhor
Contreiras. — A juíza diz olhando
Armando. — Continue senhorita Mendes.
— Eu não tive oportunidade de
acompanhar a minha filha depois do
nascimento. Assim que Clhoe nasceu,
Armando cruelmente a levou para morar
com sua tia. — O encaro séria e a
expressão fria. — Sempre sob suas
ameaças.
— Solicito a palavra meritíssima. — Diz
o meu pai em um tom frio.
— Palavra consentida.
— Desejo fazer uma pergunta para a
senhorita. — Meu pai me encara.
— Faça senhor.
Ele se ergue e já consigo ver os cabelos
brancos em sua cabeça, o rosto já está
mais cansado, mas continuava com a
mesma expressão.
— Por que apenas agora... Apenas
agora, que resolveu entrar com o pedido
de custódia da menor? — Os olhos azuis
me encarando como pedras de gelo.
Os olhos azuis de Clhoe tinham sido
herdados dele.
— Porque o seu cliente, senhor Otto, me
ameaçava constantemente, diariamente.
— Engulo seco, sentindo minha mão
trêmula. — Ameaças horrendas...
Meu pai me fita sério e estende os dedos
para cima.
— Esperou três anos para poder ter a
guarda de sua filha?
Arthur bate em minha mão gentilmente e
me calo.
— Protesto, meritíssima! — Arthur se
ergue e a juíza o encara. — O senhor
advogado esta coagindo a minha cliente.
— Protesto consentido.
— Peço a palavra senhora meritíssima.
— Palavra consentida.
Arthur abre a pasta preta que está em
cima da mesa e encara Armando com um
sorriso.
— Senhor Armando Contreiras, você é
dono de uma boate de Stripp Tease? Que
é bem frequentada por sinal. — Armando
assente com a cabeça. — Quando a
senhorita Mendes se envolveu com o
senhor ela era menor de idade, confirma?
Armando assente meio ressentido.
— O senhor tinha trinta anos, correto?
— Sim.
— A minha cliente alega, ter sido
abusada sexualmente por você enquanto
ainda era menor de idade! Tendo assim,
você cometido à insensatez de engravida-
la para chantageá-la emocionalmente,
tirando a criança logo após o nascimento...
Armando se ergue com fúria nos olhos.
— Isso é uma mentira!
— Ele está diferindo calúnia contra meu
cliente! — Meu pai se ergue.
— Me desculpe senhora meritíssima,
mas temos testemunhas que comprovam
os fatos ocorridos. — Arthur diz os
encarando. — Se a senhora puder chamar
a testemunha, meritíssima.
— Pode chamar o senhor, Magno Malta
Contreiras.
Meu coração parecia que ia sair pela
boca a qualquer momento, no mesmo
instante que Magno entra, fica nítida a cara
de ódio que Armando lança em nossa
direção.
A cada palavra dita, era uma parte
daqueles dias que eu pretendia esquecer.
Magno relatou tudo em detalhes e
respondia tudo que lhe era perguntado.
Otto continuava implacável em me
intimidar com suas perguntas. Helena
entra alguns minutos depois e relata tudo
que tínhamos passado. As lágrimas iam
caindo pelo rosto enquanto ela me fitava.
A juíza apenas me encarava séria, eu
não poderia negar que estava nervosa.
Não, eu estava prestes a enlouquecer.
Completamente.
Vânia entra logo após, defendendo
Armando com unhas e dentes. O que não
era novidade, ela sabia tudo que eu tinha
passado e mesmo assim disse que era
uma mentira.
— Ela deixou Clhoe com Armando assim
que nasceu para poder dançar.
— Isso é mentira! — Digo a olhando.
— Se acalme Ágata! — Arthur pede me
olhando.
Ela continua a relatar algo que não faz
sentido.
— Mais alguma pergunta a testemunha
senhores advogados? — Ambos negam —
testemunha dispensada.
— Peço a palavra meritíssima — Meu pai
solicita e ela faz um gesto para que ele
prossiga. — Por que demorou tanto para
relatar um caso de abuso, senhora
Mendes?
Umedeço meus lábios encarando Meu
pai a minha frente.
— Ágata... — Arthur segura em minha
mão.
Engulo seco olhando todos me
encarando.
— Por que demorou tanto para procurar
a justiça para relatar sobre sua filha? Por
que ao invés de correr atrás da guarda da
criança, você ficava tirando a roupa para
qualquer homem que pagasse a mais por
você?
— Senhora Meritíssima! — Arthur diz se
erguendo. — Ele está ofendendo a minha
cliente...
— Ofendendo não! Não é verdade,
senhora Mendes? Não tira a roupa em
uma boate? Não se vende por migalhas!
— Basta, senhor!
Fecho os olhos sentindo minhas lágrimas
descendo, minhas mãos trêmulas em cima
da mesa. Meu coração batendo forte no
peito, chegando a doer.
O ar faltando e minha voz não saia de
jeito algum.
— Como eu previa um delicioso silêncio.
Me ergo e rapidamente, encarando os
dois que me analisam, minhas mãos
tremem e ofego, enquanto limpo meu rosto
com as costas da mão.
— Não, senhor Otto. Não vai ter um
delicioso silêncio. Eu não relatei antes o
abuso, porque nunca tive ninguém por
mim! Eu fui expulsa de casa aos 17 anos,
porque esse monstro me hipnotizou como
uma idiota! Me iludiu e me fez acreditar em
um tolo conto de fadas! — Aponto para
Armando que me encara. Olho para a juíza
que está séria me olhando. — Eu demorei
três anos para... Para contar, porque
Armando me ameaçava todos os dias... De
todas as formas possíveis senhora. Ele até
mudou a Clhoe de cidade para ficar longe
de mim. E sim, eu trabalho na boate dele,
desde os meus 17 anos! E não me orgulho
disso, mas era a única forma para eu
sobreviver! E para me manter, já que fui
abandonada a minha própria sorte pela
minha digníssima e exemplar família.
Minhas lágrimas descem copiosamente.
Armando está com olhos saltados me
olhando.
— Eu não estou pedindo nada demais
senhora juíza, eu só quero o direito de
criar minha própria filha! Filha a qual, o
senhor Armando arrancou tão brutalmente
dos meus braços! E não me dá nem o
direito de vê-la...
— Eu não arranquei Clhoe dos seus
braços, Ágata! Você me entregou ela, para
poder dançar na boate! — Armando se
ergue me encarando.
— Ordem, Ordem no tribunal ou serei
obrigada a tomar as medidas cabíveis.
Senhores advogados controlem os seus
clientes. A promotoria tem mais algo á
acrescentar?
— Sim meritíssima, temos uma gravação
autorizada e os laudos da pericia técnica.
— O promotor diz entregando os
documentos a juíza, que lê cada item.
— Então senhora Ágata, aqui nos laudos
consta que a senhora trabalha a noite,
caso ganhe a guarda quem ficara com a
criança enquanto a senhora está no
trabalho? — Questiona a juíza em um tom
sério.
— Eu... eu pretendo mudar de emprego
senhora meritíssima e quando eu estiver
trabalhando vai ter uma pessoa qualificada
para ficar com minha filha.
— Você não pode largar o emprego
ágata ou se esqueceu do seu contrato,
querida? — Armando diz com um sorriso
triunfante no rosto.
— Senhor Armando, peço que o senhor
se cale ou serei obrigada e lhe retirar da
sala. Este é o ultimo aviso. — Profere a
juíza.
— Senhora juíza, temos um vídeo que
gostaria que assistisse. — diz Arthur com
certo sorriso no rosto.
Um telão é abaixado e nele são
projetadas as imagens de Clhoe e
Armando. O som da voz de ambos
preenche a sala.
— A sua mamãe não te ama Clhoe. —
Armando diz segurando Clhoe em seus
braços.
— A mamãe ama a Coe, six.
— Não ama filha, ela vai embora
novamente e te abandonar como fez
quando você era um bebê. Ela nunca te
quis filha ela vai abandonar você e o papai
para ficar com um homem rico. Sua mãe é
uma vagabunda que ama dinheiro acima
de qualquer coisa.
— Metila mamãe ama a Coe pa sixpe —
Ela diz com a voz embargada e os
olhinhos marejados.
— Ela te ama tanto, que nem veio te ver
nestas ultimas semanas. Aceite Clhoe
você é apenas um estorvo na vida da sua
mãe. Ela nunca te amou e nunca vai te
amar, ela sente pena de você.
Clhoe começa a chorar e ele se irrita
mais a sacudindo em seus braços.
— Vânia, Vânia — ele grita e logo aquele
cão de guarda aparece. — Tira essa
menina chorona daqui, eu não suporto
esse choro dela. Você é uma fraca é uma
inútil Clhoe nem para segurar sua mãe
você prestou.
O vídeo e interrompido no exato
momento em que Vânia retira Clhoe da
sala.
Um ódio me sobe no instante que vejo a
angustia e o medo nos olhos da minha
filha. — VOCÊ É UM MOSTRO
ARMANDO! VOCÊ É NOJENTO.
— Nojenta é você ágata que a abre as
pernas para o primeiro que aparecer.
Gosta de usar o seu poder de sedução,
assim como fez comigo agora está
fazendo com os idiotas dos irmãos
Gonzáles.
—Basta os dois! — A juíza nos encara
séria e um filete de suor desce pela minha
testa. — Vou pedir um minuto a sós com
os advogados, peço que se retirem os dois
da sala.
Arthur me encara assentindo e limpo
meu rosto. Ouço os passos de Armando
logo atrás de mim. Abro a porta, tomando
o ar que estava faltando em meus
pulmões.
— Como foi? — Helena pergunta me
olhando.
— Espere para ver se chegará perto da
minha filha outra vez. — Olho de relance
Armando parado de braços cruzados. —
Você não perde por esperar!
— Espere para ver você, se chegar perto
de Ágata novamente. — A voz grave me
faz encarar Chris, em pé ao lado de
Armando.
Lorenzo o encara de cima a baixo.
— Se encostar um dedo nela, eu acabo
com você! — Patrick ralha
— Hum... Encontrou bons defensores
não foi? — Armando sorri olhando todos.
— Não me diga que pega os três irmãos
agora?
— Eu vou te mostrar o que é...
— Para, Chris! Deixe Armando falar o
que bem entender. — Seguro Chris pelo
braço o olhando.
— Seu pai está me representando muito
bem, Ágata. Sugiro que volte trás
enquanto há tempo. — Diz antes de se
virar e ir para outro corredor.
— Hô cara mais seboso velho! —
Lorenzo ralha. — Vou dá um chute no seu
saco murcho e caído!
— Canalha!
Eu sentia um medo absurdo tomar conta
de mim, eu só não iria expressar para
todos. Me sento mordendo os lábios
apreensiva, eu tinha tentado dar o meu
melhor. Eu só esperava ter conseguido.
Por favor, Deus. Não tire minha menina
de mim. Por favor.
— Não fique assim meu amor. — Ergo os
olhos enquanto sinto a mão cobrir a minha
sobre meu colo. — Eu tenho certeza que
Arthur está fazendo o melhor que pode...
— Eu sei que sim. — Sinto o polegar
roçando de leve nas costas da minha mão.
— Só que ver meu pai defendendo ele...
Eu não achei que seria assim... Chris... Ele
me odeia!
— Ágata, nem todo mundo é como
pensamos. Seu pai acredita em uma
versão contada por Armando, ele não sabe
que...
— Ele sabe agora. — Digo erguendo o
queixo. — Só não sei se acredita em
mim...
— Eu acredito em você.
Acaricio o rosto o beijando tão
suavemente, que mal dá para sentir o
contato dos lábios direito. Só que era a paz
que meu coração estava precisando.
Depois de quase uma hora esperando,
finalmente entramos na sala. Arthur estava
pálido, enquanto meu pai mantinha um
sorriso enorme no rosto. Foi o suficiente
para meu coração saltar feito louco no
peito.
E um desespero me tomou por inteira.
— Com base nas provas apresentadas
hoje á este tribunal...
— Arthur... Diga para mim que deu tudo
certo? — Pergunto em um sussurro assim
que a juíza começa a falar.
— Eu não faço ideia, Ágata. — Arthur
completa me olhando.
Meus olhos marejam e meu coração
dispara.
Armando surge com um sorriso infernal,
junto com meu pai.
Por favor, Deus...
—... E na pericia técnica realizada pela
psicóloga e assistente social. Este tribunal
da o seguinte veredicto: A guarda da
menor Clhoe Mendes Contreiras
permanecerá a partir de hoje, com Ágata
Mendes. Tendo assim o genitor, Armando
Contreiras, direito á vistas assistidas por
um oficial da justiça que será previamente
agendada, assim como responsabilidade
de auxiliar com as despesas da menor.
Solicito ao ministério publico que abra uma
investigação sobre a exploração do
trabalho de menor sofrido pela senhora
Mendes, visto que ela tinha apenas 17
anos quando começou a trabalhar na
boate citada nos autos, sendo que pela lei
menores de 21 anos não podem frequentar
estes ambientes. Solicito também uma
abertura de inquérito de abuso sexual
contra Armando Contreiras. Muitos se
equivocam ao pensar que o crime
prescreve quando a vitima completa
dezoito anos, ao contrario disso ela tem
até 20 anos após sua maioridade para
realizar a denuncia. E o senhor, senhor
Otto, como um grande advogado que é
deveria saber que você era o responsável
legal pela sua filha até os seus 21 anos,
embora desde os 16 a lei permita que
casos de gravidez não sejam relatados aos
pais da menor, por isso o senhor e sua
esposa serão investigados por negligencia
familiar.
— Arthur? — Pergunto o olhando e
minha cabeça girando com tantas
informações. — O-o que isso quer dizer?
Arthur me encara sorrindo e mal posso
crer.
— Conseguimos! A guarda de Clhoe é
sua, Ágata! Sua! E Armando pagara por
tudo que lhe fez.
Capítulo 26
Ágata
— Ah, meu Deus!
Abafo a som que sai da minha boca,
acompanhado de lágrimas que descem
copiosamente.
— Isso é um absurdo! — Armando diz
batendo com as duas mãos na mesa. —
Eu não vou deixar...
— O senhor não tem que deixar nada,
senhor Armando, no que diz respeito a
menor o senhor terá direito a visitação
assistida e nas tomadas de decisões que
impactam na vida dela, quando aos outros
processos cada vara judicial dará a
sentença corresponde a sua infração. —
Diz a juíza em um tom autoritário fazendo
com que Armando se cale.
Abraços Arthur carinhosamente, não
sabendo o que falar às palavras me fogem.
Era difícil de acreditar que depois de tantos
anos, eu finalmente eu teria a minha filha
para mim.
— Oh meu Deus, Arthur! — Digo o
olhando. — Eu não sei como te
agradecer...
— Não precisa Ágata. Eu só fiz o meu
trabalho. — Ele sorri me abraçando e
sorrio entre lágrimas.
Abro a porta da sala eufórica enquanto
pulo nos braços de Christopher, que me
olha sem entender nada, eu estava em
êxtase.
— Oh! Você ganhou não foi? — Encaro
Chris sob um sorriso triunfal no rosto. —
Diga que ganhou!
— A guarda de Clhoe é minha, Chris!
Minha! — Digo sorrindo, enquanto enlaço
seu pescoço sentindo apenas me girar no
ar, enquanto me aperta.
— Ah meu amor! Você conseguiu! —
Helena segura em minhas mãos e a
aperta, me abraçando.
— Conseguimos Lena! Nós!
— Eu disse que ia conseguir Ágata... —
Patrick me abraça demoradamente e sorri.
Ao menos uma vez depois de tanto
tempo, eu estava bem comigo mesma.
Estava em família.
— Daria metade do meu rim para ter
visto a cara de perdedor de Armando! —
Helena diz, jogando os cabelos para o
lado.
— Não precisa dar seu rim, Helena. Ele
tá vindo para cá. — Magno diz, fazendo
meu pescoço virar e ver Armando vindo
junto com meu pai e Vânia.
Eu acho que nunca me senti tão vitoriosa
quanto agora, em olhá-lo derrotado.
— Isso não acabou aqui, Ágata! — Ergue
o dedo e o encaro.
— Realmente não acabou Armando... —
Chris enlaça minha cintura em um gesto
possessivo, passando a minha frente.
— Acho melhor pensar duas vezes antes
de ameaça-la novamente. — Patrick diz
sério.
Armando apenas dá um sorriso de
desdém, encarando Chris e volta a encarar
Patrick.
— O irmão número dois é esse, Ágata?
— Pergunta sorrindo e encara Patrick. —
Sabia que ela não é garçonete coisa
nenhuma? — Sorri vitorioso e me
encarando. — É a melhor stripper da
boate... A melhor.
Chris tenta dar um passo, mas seguro
em seu braço.
— Não vale a pena, Chris. — Digo
pegando em seu braço.
Patrick apenas me encara e fita Armando
com uma fúria imensa.
Meu pai me encara, balançando a
cabeça de um lado para o outro e sem
dizer nada, puxa Armando falando algo em
seu ouvido.
— Patrick... — O chamo e ele apenas
suspira me olhando.
— Hoje o dia é seu. Parabéns. — Ele
segura em meu rosto beijando minha testa
demoradamente.
Ele apenas abre as portas de vidro,
saindo rapidamente.
— A gente conversa depois. — Chris diz,
passando a mão em meu rosto.
Assinto o beijando enquanto sorrio.
Fomos direto para minha casa, Lorenzo
saiu logo atrás com Patrick. Arthur seguiu
junto comigo e com Helena. Eu estava tão
ansiosa para ver minha filha, que mal
estava me segurando.
— Vamos esperar até à tarde, para
Armando ter um momento com Clhoe. —
Arthur diz sorvendo um gole de
champanhe.
— Você merece um aumento dos
grandes, Arthur... — Chris diz erguendo a
taça.
— Arthur, como você conseguiu aquele
vídeo? — o questiono, pois aquilo não saia
da minha cabeça, como Arthur tinha
conseguido entrar na casa de Armando e
capturar o momento exato em que ela
falava aquelas atrocidades para minha
filha.
— Bom minha cara Ágata — Ele sorri
presunçoso — Digamos que eu entrei com
um pedido judicial para realizar uma
gravação e assim que a juíza autorizou eu
contei com a ajuda de uma bela ruiva, com
todo respeito Magno — Magno apenas faz
um gesto com a cabeça e enlaça a cintura
de Helena com os braços beijando sua
bochecha. — que instalou as câmeras na
casa de Armando...
— Então por isso você insistiu naquele
dia para que eu a levasse na casa de
Armando para ver a Clhoe? — Magno
indaga. — E ainda ficou insistindo para
que eu e Armando fossemos falar de
negócios no escritório. Ruiva, você é
diabólica. — diz abrindo um grande
sorriso.
— Culpada! — Diz soltando uma
pequena risadinha — Desculpa querido,
quando Arthur me ligou não pensei duas
vezes... Eu faria e faço qualquer coisa pela
Ágata e por Clhoe. — Mal deixo Helena
terminar de falar e a envolvo em um
abraço apertado.
— Eu realmente não sei como te
agradecer se não fosse por você... —
Encaro Arthur e Magno. — Por vocês. Eu
não teria conseguido.
— A fase ruim já passou. Agora temos
que aproveitar a chegada da Clhoe! —
Helena diz ainda com seus braços a volta.
Eu esperava mesmo que a fase ruim
tivesse acabado.
Observo Chris andar de um lado para o
outro sem me fitar, me ergo rapidamente,
parando na sua frente. Os olhos me
encarando, a boca em linha reta
mostrando que ele estava bravo.
— Chris, não há motivos para você ter
ciúmes do Patrick, estamos juntos... Não
estamos?
— Então porque diabos você quer pedir
desculpas, Ágata? Você não deve
satisfação da sua vida para meu irmão! —
Joga as mãos para o alto exasperado.
Christopher tinha surtos de raiva
repentinos. Estamos em meu quarto,
conversei com ele que devo um pedido de
desculpas para Patrick. Por tudo. Por ter
escondido dele, que eu não que eu era bar
gril e por não ter aberto o jogo desde o
inicio sobre nós, mesmo que eu devesse
nada a ele, mas para ficar tudo em paz.
— Eu menti Chris. Menti para Patrick. E
ele ficou do meu lado o tempo inteiro... —
Digo o olhando.
Ele solta um estalo com a língua, me
encarando sério.
— Eu não fiquei do seu lado, então?
Rolo os olhos, o observando passar a
mão pela barba, depois pelos cabelos e
finalmente virar de costas.
As costas largas cobertas pelo tecido
branco da camisa de botões, ele era
magnífico.
— Chris... Eu não falei isso. — Envolvo
os ombros com minhas mãos e ele não se
move. — Hoje é dia de comemoração...
Ele se vira e estava sério.
— Faça o seguinte, Ágata. Pegue sua
filha... Chame Patrick, conversem. E
depois conversaremos. — Se esquiva
rapidamente enquanto bate a porta do
quarto saindo.
— Chris!
Bufo me sentando, sem acreditar. Aquilo
era ciúme?
Ciúme de mim? Ou do irmão?
— Eii! — Helena entra, me olhando
sentada na cama. — Brigou com o irmão
urso?
Sorrio a olhando sentar ao meu lado.
— Brigar não foi bem o termo. — Tomo a
taça de champanhe de suas mãos,
tomando um gole generoso. — Chris não
suporta ser contrariado...
— Lindos e possessivos. — Diz com uma
voz distante e me encara. — Será que
todos eles são lindos pelados?
— Deixa apenas o Magno ouvir isso... —
Gargalho a olhando.
— Nem me fale! — Se ergue sorrindo. —
Está chegando a hora de trazer nossa
princesa para casa!
Solto um sorriso fraco, desejando que
àquelas horas passassem voando.
Magno ainda conversava com Arthur, e
nem sinal do Chris. Ele poderia ter
engolindo a raiva que estava sentindo e ter
ficado comigo. Sorrio pegando uma taça
de água e a viro rapidamente.
Ficamos por um bom tempo
conversando, logo depois os meninos se
despedem, ficando apenas eu e Helena.
— Eu vou para o quarto, vestir uma
roupa confortável e ligar pro Chris.
— Além de gostoso, é ciumento. —
Helena sorri e jogo uma almofada em sua
direção.
— Achei que iria para a casa do Magno...
— Rebato e ela me encara.
— Talvez eu vá, mais tarde! Se quiser
posso ficar aqui com você...
Sorrio e beijo sua testa rapidamente.
— Vou esperar minha princesa. — Jogo
um beijo e vou para o quarto.
Sorrio mordendo o lábio, enquanto jogo
os saltos no chão, me jogando em cima da
cama.
Estava tão feliz. Finalmente.

Patrick
Bato a porta do carro lentamente olhando
o prédio à minha frente, estava sentindo
aquela angústia me tomar por dentro.
Ágata estava feliz. E eu também estava
por ela.
Mas estava magoado, ao extremo. Ouvi-
la dizer que ama meu irmão, tinha sido
como se tivesse pegado em meu coração
e apertado, o deixando em míseros
pedacinhos.
Mal estava falando com meu irmão e
muito menos, ele comigo. Difícil manter a
civilização quando nós queríamos a
mesma coisa:
Ágata.
Eu precisava falar com ela, precisava
tirar aquilo do meu peito. O porteiro
interfona e liberam minha entrada, subo
até o apartamento e toco a campainha,
sorrio enquanto Helena abre a porta.
— Oi, Patrick.
— Helena. Vim falar com a Ágata.
— Claro. Pode entrar, ela está no banho.
— Diz abrindo a porta e entro olhando tudo
ao redor.
Era bem a cara dela, alegre, pequeno e
aconchegante.
Percebo uma garrafa de champanhe na
mesa e algumas taças, Helena cruza os
braços me fitando.
— Er... Quer beber algo? Um suco?
Cerveja?
— Não, eu estou bem. Obrigado. —
Sorrio e Helena abana as mãos. — Você
estava de saída?
— Não, bom... Eu ia apenas comprar
umas coisas. Sabe como é? Com criança
em casa agora, temos que ter tudo
saudável e do melhor para ela.
Sorrio assentindo. Eu achava incrível o
amor que Helena tinha por Clhoe, um amor
de tia.
— Pode ficar à vontade, Helena. Não
quero atrapalhar.
— Eu prometo que volto logo, posso
avisar a Ágata que está aqui...
— Pode deixar ela a vontade. Eu espero.
— Digo e ela assente sorrindo, enquanto
pega a bolsa, as chaves e sai
rapidamente.
Encaro o porta retrato na mesa e o
seguro, olhando Ágata sorridente junto de
Helena, passo os dedos pelo rosto e
sorrio.
Ela era incrivelmente linda.
E doía não tê-la para mim, doía saber
que ela preferiu o Christopher.
Engulo em seco colocando o mesmo no
lugar, eu tentei tirá-la da minha mente
durante essas semanas. Mas era
impossível, era como se ela estivesse
cravada em meu peito e na minha mente.
Ouço um barulho no quarto enquanto ela
cantarola baixo e sorrio, por um instinto
caminho pelo corredor e observo a porta
entreaberta, paraliso no mesmo instante.
Ela estava com uma toalha enrolada nos
cabelos, enquanto a outra estava em seu
corpo.
Dava para ver as gotículas de água
escorrendo pelo seu corpo curvilíneo, sinto
meu coração bater desenfreado no peito.
Ela não estava me vendo. Aliás, nem
sabia que eu estava ali.
Era tolice. Loucura.
Ela se senta na cama enquanto segura
um frasco de creme nas mãos, o passando
pelas pernas torneadas, e subindo...
Fecho os olhos tentando controlar a
vontade de entrar no maldito quarto.
Não. Não posso ficar aqui a olhando.
Cerro o punho enquanto ela retira a
toalha, a jogando sobre a cama e meus
pés se fincam no chão.
Desço os olhos devagar, olhando os
seios fartos e alvos... Ela era linda.
Completamente linda.
— Helena você viu meu perfume... — Ela
berra e me viro, saindo dali rapidamente.
Estava sufocando, um bolo se formou em
minha garganta impedindo a minha
respiração, a imagem do seu corpo
rondando a minha mente. Aquela pele
alva, sem nenhum resquício da sua
gestação, os seus seios fartos e
empinados, a sua barriga lisa, a sua...
Deus, ela era tão delicada quanto eu
pensei... Balanço minha cabeça forte
tentando dissipar tais pensamentos.
Caminho até a janela me encostando,
suspirando pesadamente, tentando
recuperar a frequência normal da minha
respiração.
"Eu não fiz nada do que você não faria
Patrick!"
A voz do meu irmão ecoa e engulo em
seco, me virando.
— Hele... Patrick? — Ágata indaga e
sorrio levemente a olhando.
Estava com um vestido solto colorido,
mantinha a toalha ainda em seus cabelos.
— Não sabia que estava aqui.
— Eu... Cheguei há pouco. Queria falar
com você. — Sussurro baixo e ela
assente.
Tento evitar olhar para ela.
Ágata sempre foi mais que uma
conquista para mim, ela era mais que isso.
— Patrick... Eu também precisava falar
com você. Pedir desculpas, eu menti...
Eu...
— Não precisa falar nada, eu vim aqui
para... — Passo as mãos pelos cabelos. —
Eu não... Não sei nem por onde começar.
A encaro morder os lábios.
Eu precisava por aquela angústia para
fora de mim.
— Eu me apaixonei por você, Ágata. Não
deveria, mas me apaixonei... E quando
eu... Pensei em falar — Sorrio sem humor
e ela me encara lindamente. — Você já era
do Chris...
Percebo que ela engole em seco e passo
as mãos pelos cabelos.
— Eu tentei lutar, Ágata... Tentei não
sentir isso, só que é mais forte do que eu.
— Fecho os olhos, tornando a abri-los,
uma lágrima rola pelo meu rosto.
Merda.
— Patrick...
— Eu sinto uma raiva quando vejo ele ao
teu lado, porque era eu que deveria estar,
Ágata!
— Não queria ter causado isso, Patrick.
Eu não...
— Se eu pudesse voltar no tempo,
Ágata... Você seria minha, apenas minha.
Ela me fita e eu precisava ouvir, mesmo
que fosse um tiro no peito.
— Então... Seja sincera, por favor, e me
diga... Mesmo que doa ou me acabe por
dentro... Apenas diga, eu ainda posso ter
uma chance de te fazer feliz?
Ela arregala os olhos e me fita por uns
segundos.
Ela já havia dito que o amava, mas eu
precisava ouvir. Eu precisava, para tomar
um rumo na vida, arrancar ela de uma vez
por todas de mim.
Ela nega com a cabeça delicadamente.
— Eu amo o seu irmão...
A dor se instala novamente.
— Patrick... Eu não escolhi amá-lo, não
foi proposital...
— Você o viu primeiro. — Sorrio sem
humor algum.
— Eu gosto de você, Patrick. Só que
como amigo...
— Mas sempre vai ser o Christopher. —
Completo a olhando.
— Sempre.
Mordo os lábios, apertando os dedos
apreensivo.
— Não posso te dar esperança, do que
não há Patrick... Eu sinto muito, muito.
— Eu também sinto Ágata. — Me viro
soprando o ar.
— Eu sinto tanto, Patrick. — Sopra o ar
devagar e sorrio, temendo que as lágrimas
desçam. — Você vai encontrar alguém
que... Que te ame de verdade e que...
— Eu quero você, Ágata... Mas mesmo
te querendo, não posso querer por nós
dois. — Indago fechando os olhos.
Ela cruza os braços e me aproximo
enquanto ela me encara, os olhos claros e
a boca perfeita.
Não iria ser um canalha, nem iria falar
nada para ofender. Tem coisas que não
vão sair da minha mente, nem da minha
boca, nunca.
— Eu só tenho medo de uma coisa,
Ágata... Tenho medo de te esquecer,
seguir em frente... E você me pedir para
voltar... E eu voltaria.
Dou de ombros, segurando em seu
queixo.
Ela apenas suspira e me encara.
— Até mais, Ágata.
Abaixo a cabeça e saio em passos
rápidos. Fecho a porta respirando fundo.
O sentimento de perda se apossa de
mim...
Mas não tinha como perder algo que
nunca se teve.

Christopher
Tec... Tec... Tec...
— Dá para parar de apertar esse cacete?
— Lorenzo indaga, tomando a caneta da
minha mão. — Mas que inferno! Caralho!
Tento não encará-lo na minha frente, só
que era impossível.
Passar uma noite mal dormida era o
cúmulo. E imaginar Ágata sozinha também
colaborou para a noite mal dormida. Não
voltei para sua casa e não liguei.
Foda-se! Estava agindo como um...
Merda!
Eu queria ter controlado o maldito...
Meu Deus! CARALHO!
Eu estava com ciúmes!
Era como se uma parte adormecida de
mim tivesse acordado, o ciúme era uma
delas. Ver Ágata querendo se desculpar
com Patrick, foi demais para minha
sanidade mental, eu fiquei louco. Eu estou
louco!
— Senhor... — Olho, vendo Mônica
parada. — A senhora González.
Me levanto junto com Lorenzo, que tosse
descontroladamente, mamãe vir na
empresa era como se um vulcão estivesse
prestes a entrar em erupção.
— Obrigada. — Ela entra na sala nos
olhando. — Esqueceram que tem mãe?
— Mamãe, que surpresa! Estávamos
falando da senhora agora mesmo! Não é,
Chris? — Lorenzo diz indo abraça-la.
— Não seja falso, Lorenzo. — Diz
sorrindo batendo em seu ombro.
— Realmente é uma surpresa mamãe.
— Beijo seu rosto enquanto ela sorri. —
Papai não veio?
Ela nos encara, deixando a bolsa de
lado.
— Patrício ficou em casa. — Seus olhos
dançam de um lado para o outro sobre
mim e Lorenzo. — Patrick não está aqui?
— Não está na sala dele?
— Não, Lorenzo. Patrick não dormiu em
casa. — Diz me encarando e me sento
sôfrego.
Se eu não conhecesse tão bem minha
mãe, diria que ela estava fazendo um jogo
da verdade. Lorenzo afrouxa a gravata me
olhando. E se tinha algo que mamãe sabia
fazer era jogar. E era a defensora de
Patrick.
— Bom, o papo está ótimo... Mas eu
tenho que ir...
— Sente-se, Lorenzo. — Diz séria e me
encara. — Vocês não tem nada para me
contar?
— Não mamãe. — Digo sério.
Ela se ergue passando a mão pela mesa
e me encara.
— Megan esteve lá em casa ontem à
noite. Eis minha surpresa quando soube
que você e Patrick, não estão se falando...
— Os olhos azuis cravados em mim. —
Então, vai me falar o motivo dessa
pequena discussão? Ou vou descobrir
sozinha...
— Foi um pequeno desentendimento. —
Digo depois de um longo silêncio.
— Se você chama roubar mulher alheia,
de desentendimento... — Lorenzo diz
baixo e mamãe o encara. — Desculpa!
— Então é verdade? Meu Deus,
Christopher!
Me ergo fuzilando Lorenzo com o olhar,
encaro minha mãe de braços cruzados.
— Depende de qual versão te contaram,
eu não roubei Ágata do Patrick! Nós
apenas ficamos... Depois do Patrick a
conhecer... — Digo em um fio de voz.
— Oh, Meu filho! — Diz me olhando. —
Christopher! Que burrada você fez!
— Eu avisei!
— Cala a boca, Lorenzo! — Falamos em
uníssono enquanto ele encolhe os ombros.
— Eu não me arrependo, mãe. Conheci
Ágata antes do Patrick. E sim, foi errado.
Só que não me arrependo. — Digo a
olhando passar a mão pela testa.
— Saiu no braço com o seu irmão,
Christopher? Como duas crianças?
— Tudo por uma xota! — Lorenzo ralha e
mamãe bate em seu ombro o olhando. —
Ai mãe!
— Eu não acredito que meus filhos estão
brigando... Christopher, isso é...
— Eu sou apaixonado por ela, mãe!
Complemente!— Rebato e ela se senta na
cadeira.
Os olhos arregalados e engulo em seco.
— Meu filho...
Eu estava esperando uma lista enorme
de repreensões, mas não. Apenas me
abraçou e disse coisas que só uma mãe
poderia dizer, eu estava meio aliviado por
ela "entender".
Patrick não tinha dormindo em casa, nem
atendia ao telefone. Mamãe estava louca
para saber o que tinha acontecido, na
verdade eu também. Aliás, ele ainda era
meu irmão. Mesmo apaixonado pela
minha... Pela minha mulher.
Mordo o lábio quando penso em Ágata,
em sua felicidade ao ter a guarda da filha,
os olhos sorrindo. Arthur tinha ido com ela
buscar a pequena e tinha ocorrido tudo
bem. Menos mal. Eu fiquei louco de
preocupação.
Mas temi uma briga com o bastardo do
Armando.
— Tá aqui todos os relatórios. — Arthur
diz jogando as pastas sobre a minha
mesa.
— Hum. Vou rever alguns antes de sair.
— Digo abrindo a pasta e folheando. —
Mamãe já foi?
— Foi até o apartamento de Patrick para
saber se ele já tinha aparecido. — Diz
tirando o blazer. — Já foi ver a Ágata?
Nego com a cabeça rolando meus olhos
pela pasta.
— Você não ficou com ciúmes não, né?
— Jogo as pastas em cima da mesa,
olhando Arthur sério. — Porque se tiver, ou
você é burro ou se faz!
Semicerro os olhos tentando não o socar.
Arthur era um galinha assumido, mas
entendia de romances muito mais do que
certos Don Juan's por aí.
— Do que está falando, Arthur?
— Fica ai pensando "oh grande mestre!"
— Revira os olhos e bate a porta saindo.
Caminho passando as mãos pelos
cabelos. Eu sabia que Ágata não queria
nada com Patrick, eu sabia. Só os ciúmes
que faltava entender.
Então, não me pergunte como sai da
empresa correndo e estou aqui parado em
sua porta.
Quando finalmente ela abre, percebo o
sorriso ser estampado instantaneamente
em seu rosto.
Encaro Clhoe que está em seus braços,
a encarando curiosa.
— Oi. — Digo a olhando.
— Entra. — Dá espaço e entro na
pequena sala que está repleta de bonecas
espalhadas.
— Eu trouxe para ela. — Estendo a caixa
embrulhada nas mãos. — Um presente de
boas vindas...
Ágata sorri me olhando e coloca Clhoe
no chão, que sorri se aproximando.
— É um pesente? — Pergunta sorrindo.
— É sim, espero que goste. — Digo me
ajoelhando a sua frente.
— Coe ama pesentes...
— Como se diz Clhoe? — Ágata diz a
olhando.
— Obigada...
A vejo tirar o papel sorrindo com a
pequena boneca, eu era péssimo com
presentes então pedi para Mônica escolher
algo simples e delicado para uma menina
de três anos.
Sorrio enquanto ela pula em meus
braços e beijo sua bochecha.
— Vai bincar comigo?
— Filha... O tio Chris está todo
arrumado...
— Quem disse que um terno me impede
de brincar? — Digo, tirando o blazer e
entregando a Ágata, que me encara
abismada e sorrio.
Me sento no tapete entrando em uma
brincadeira com Clhoe. Ágata se junta
fazendo o mesmo.
Olho de uma para a outra e franzo o
cenho enquanto Clhoe sorri me olhando e
a encaro.
Apenas sorrio de volta e Ágata me fita.
— E assim a branca de neve viveu feliz
para sempre com seu... — Sorrio com o
livro nas mãos enquanto Ágata me encara
séria. — Ela dormiu?
Ela assente e olho para Clhoe que dorme
no sofá.
— Eu vou colocar ela na cama...
— Deixa ela comigo.
Pego Clhoe dos seus braços já
adormecida e Ágata vai à frente, abrindo
espaço. A coloco na cama infantil perto de
sua cama.
— Eu ainda não acredito que ela está
aqui... — Diz acariciando seus cabelos e a
encaro sorrindo.
— Ela é incrível.
— É...
Saímos rapidamente e ela fecha a porta
em silêncio.
A fito sem saber por onde começar e
passo o polegar pelo rosto delicado a
puxando em um beijo silencioso e casto.
— Me desculpe por ser um estúpido e
ciumento... — Sussurro e ela me encara.
— Não entende que eu...
Ela para e fito seus lábios, sinto a mão
se entrelaçar a minha.
— Chris, eu... — Meu coração quase
pulando para fora do peito.
— Eu te amo, Ágata.
Capítulo 27
Christopher
É como se as palavras tivessem vontade
própria e saem rapidamente.
— Chris...
Não estava pensando direito. Eu só
estava sentindo. Deixando aquele
sentimento me tomar por inteiro, algo que
eu julguei nunca mais sentir.
— Eu te amo. — Digo agora mais baixo e
com uma convicção.
A boca pequena é cruelmente invadida
pela minha, com um beijo casto, rápido.
Minha língua percorrendo toda aquela
boca, me deixando mais afoito, por mais e
mais. A seguro pelo quadril, enquanto suas
pernas se enroscam em minha cintura.
Vamos tateando até chegar à porta do
quarto. Abro e saio fechando com o pé
mesmo.
— A Clhoe tá no meu quarto... — Diz
enquanto suga meu lábio inferior para
dentro de sua boca. — A... A Helena não
vai se importa... Se...
— Não... Não vai. — Digo tirando sua
blusa com uma rapidez que até cheguei a
admirar.
Eu estava eufórico. Feliz.
A cama não era tão grande como a
minha, mas o espaço era suficiente. É
maravilhoso ter o corpo dela junto ao meu.
O sutiã branco de renda é exposto e
meus olhos brilham de luxúria pela peça
delicada e fina. As mãos dela logo vão
para os botões da minha camisa, que é
tirada com agilidade. Jogo a peça no chão,
junto com as outras que foram tiradas.
Suspiro quando as mãos se fecham ao
redor do meu pau, que lateja. Os dedos
delicados o apertando por cima do tecido.
Reprimo um gemido quando os beijos vão
descendo, entre meu pescoço, meu peito...
— Ágata... — Digo entre os dentes
trincados.
— Quietinho... — Sussurra desfivelando
meu cinto, logo depois descendo a
braguilha da calça.
Ela era o diabo. O pecado em forma de
gente.
Seus olhos brilham e ela passa a língua
pelos lábios, me olhando sinuosamente. A
glande sendo acariciada pelo polegar
delicado, minha boca reprime um gemido,
quando ela literalmente engole meu pau.
Pendo a cabeça para trás segurando em
seus cabelos, eu não preciso força-la. Ela
mesma desce a boca e sinto a língua
percorrer todo meu membro, os olhos
cravados nos meus, as mãos em minhas
coxas.
— Ah, caralho... Ágata!
Sinto a garganta se fechar enquanto ela
solta um sorriso filho da puta, estava
prestes a deixar uma lambança em seu
rosto. E até que não seria uma má ideia.
Foco, Chris. Foco.
Foco caralho!
Solto o ar preso nos pulmões, minhas
pernas se contraem quando ela retira o
pau da boca me olhando, morde os lábios
demoradamente sorrindo e meu cacete
some na sua boca novamente.
E o foco que vá para puta que pariu!
Seguro em seus cabelos ainda presos
em meus punhos tirando-a levemente, mas
ela parecia uma gata esfomeada... Porra!
Foi suficiente para deixar os espasmos
do gozo sair de mim, sujando seus seios,
sua boca...
— Meu Deus... — Sussurro abrindo
meus olhos.
Ela sorri lindamente, passando os dedos
pelos cantos dos lábios suspirando.
Apenas a ergo, a deitando sobre a cama,
a boca se abre em um sorriso travesso...
Meus olhos descem pelo corpo seminu.
— Sua vez de ficar quietinha... — Sorrio
contra os lábios, sugando-os para dentro
da minha boca.
Tateio o chão pegando a camisa,
enquanto a limpo. A peça de renda já foi
tirada, os seios alvos na altura do meu
rosto. Acaricio um bico enrijecido,
enquanto sugo o outro com minha língua.
Observo o seu corpo se contorcer
lindamente e percorro cada centímetro
com leves mordiscadas, sugando toda a
pele com cuidado.
— Chris...
— Amo quando meu nome sai assim de
sua boca... — Digo beijando o vão entre
suas pernas. Beijo a coxa esquerda
enquanto ela sorri me olhando. — Passaria
horas chupando você meu amor... — Beijo
a coxa direita e a encaro. — Você tem um
gosto delicioso.
Prendo o clitóris inchado, que já clamava
por atenção, minha língua percorrendo
toda sua extensão molhada. Sentir o gosto
do seu prazer em minha língua não tem
preço. Era morrer e padecer no paraíso.
E quando deito sobre o corpo curvilíneo
ainda com o gosto do seu prazer em minha
boca, às pupilas dilatadas de desejo. Um
sentimento de posse, um desejo inabalável
dentro de mim.
Era amor. Era amor exalando por todos
os meus poros, gestos.
— Eu... Eu...
— Eu também te amo, Christopher. Te
amo. — Afasto uma mexa de seu cabelo, a
beijando.
E a penetro. A sinto engolir cada
centímetro meu. Os seios perfeitos sendo
esmagados lindamente pelo meu peito.
Mordo o lábio inferior, enquanto bebo seus
gemidos entre beijos.
Gotículas de suor descendo pela sua
testa, meu coração batendo frenético no
peito.
Porra eram movimentos sincronizados e
intensos, ela rola por cima do meu corpo.
A mão se espalma em meu peito, sorrio a
olhando se mover sorrateiramente.
E ela desce, voltando a subir novamente.
Depois esfrega a pélvis, o sorriso aberto,
os cabelos caindo sobre o rosto úmido.
Não consigo desgrudar os olhos dos
seus, uma deusa...
Sorrio enquanto ela gruda os lábios nos
meus.

Agarro seu corpo acariciando seus


cabelos em cima do meu peito, ainda
ofegante. O cheiro de sexo exalando por
nossos corpos.
— Tem certeza que não pode ficar?
— Não vamos poder ficar no quarto de
Helena. Não vou aguentar dormir com
você no seu quarto... Sem querer me
enterrar em você. — Digo sorrindo,
enfiando o rosto na curva do seu pescoço.
— Mas amanhã... Você vai passar a noite
inteira comigo...
— Amanhã Helena vai sair...
— Vai levar Clhoe para minha casa. —
Digo beijando seu queixo demoradamente.
Ela se deita de bruços, as pernas
balançando de um lado para o outro.
Com muita relutância saio da cama,
vestindo as peças de roupas espalhadas.
Minha camisa estava toda suja e sob o
olhar de Ágata, gargalho.
— Isso é culpa sua. — Digo a encarando
pôr a mão no rosto.
Visto a camisa com algumas manchas,
sorte que vou de carro.
Beijo os lábios que estão em formato de
biquinho.
— Tem certeza que não vai ficar? —
Sussurra sorrindo.
— Não fique me tentando, meu amor. Me
deixe ir antes que eu desista.
Saio pisando firme e chamo o elevador.
— Chris! — Olho para trás e ela continua
lá. Os olhos cravados em mim, com um
dedo na boca me olhando. — Eu te amo.
Sorrio a olhando, meu coração vira do
avesso e volto a apertando. Beijo seu
nariz, sua testa, sua boca...
— Eu também te amo, muito.

Seguro o copo de café nas mãos


sorrindo para Arthur que me encara
apático. Estamos na lanchonete da
empresa, tomando café da manhã.
— Você não me engana, Chris. — Diz
tirando uma mordida generosa do
sanduíche de atum.
— Não começa Arthur.
— Bom dia! — Olho Lorenzo retirar os
óculos de sol, mostrando várias olheiras
horrendas. — Eii! Me vê uma vitamina
forte, três sanduíches de presunto e um
café puro, sem açúcar.
— Há veado! — Arthur exclama quando
ele pega o sanduíche de sua mão,
comendo o que faltava.
— Que merda é essa, Lorenzo? —
Pergunto o vendo suspirar.
— Isso aqui se chama surra de boceta!
— Diz apontando para o próprio rosto.
Entre olho Arthur, que me encara. — Se
lembra daquela gostosinha que eu não
estava querendo comer?
Eu e Arthur assentimos juntos o
encarando.
— Sabe que odeio pegar mulher que já é
gamada em mim. Porque gostam sem me
provar, provando então... — Dá de ombros
e prossegue. — Aí eu estava lá de boas no
meu apê, bebendo e comendo algumas
besteiras... E a campainha toca, vou lá
abrir! — Faz um suspense e nos encara.
— Era a dita cuja! Vestindo uma saia...
Que meu Deus! Era mais curta que minha
paciência!
— E você? — Pergunto o olhando. O
garçom trás os pedidos e Lorenzo morde o
sanduíche, tirando metade em uma só
mordida.
Meu irmão e suas longas histórias para
contar.
— Eu a taquei lá dentro e coloquei
a loreconda para funcionar! — Berra
sorrindo.
— Oh, meu Deus! — Arthur gargalha e o
acompanho, não contendo uma risada
grotesca. — E depois?
— Depois... Velho! Ela é uma ninfa! —
Diz tomando a vitamina. — Preciso repor
as energias, foram dois litros de porra só
na cara dela!
— Eca! — Arthur limpa a boca com o
guardanapo. — Eu tô tomando vitamina de
baunilha, seu imundo! Não preciso
imaginar sua porra aqui!
Lorenzo apenas sorri, comendo seu
lanche como se nada tivesse acontecendo.
Balanço a cabeça comendo mais uma
rosquinha.
— Ora... Ora... Se não são meus
cafajestes preferidos. — Viro o pescoço,
encarando o par de pernas torneadas de
Carolina.
— Carol! — A encaro e ela sorri.
Os cabelos cacheados em cascatas
pelos ombros, os olhos negros como a
noite me fitando.
— Quanto tempo não, Chris? — Beijo
seu rosto com carinho.
— É realmente uma surpresa ver você
por aqui. Não estava na Europa?
— Férias. Tive que antecipar por causa
do coquetel de mamãe, sabe como ela é.
— Bate em meu peito sorrindo. — Oh, meu
Deus! Arthur!
Arthur a cumprimenta com um abraço e
Lorenzo segura em sua mão, a girando.
— Achei que já estava casado, Enzo... —
Diz o olhando sorrir.
— Docinho, tá para nascer à mulher que
vai me colocar essa coleira! — Diz
orgulhoso.
Carol sorri me olhando. Tínhamos
namorado por cinco anos, sim, eu namorei.
Mas não tive nenhuma desilusão com ela,
nada do tipo. Acabamos porque não era
para ser. Ponto.
— Não vão acreditar quem eu encontrei?
Se lembram da Cami?
Arthur se remexe desconfortável. Camille
era aquele assunto proibido para todos
nós.
— É uma grande advogada.
— Camille sempre foi apaixonada por
direito. — Digo a olhando.
— E você, Chris... Como está? — Sorrio
negando com a cabeça. — Não me diga
que está solteiro? Serei obrigada a te levar
ao altar se disser que sim.
— Eu estou com uma pessoa... —
Indago e os meninos me encaram.
— Não me diga que com Megan?! Por
Deus! — Se ergue ficando a minha frente,
segurando em minha gravata.
Lorenzo sorri e Arthur apenas beberica a
bebida nos olhando.
— Não... Foi uma pessoa que conheci há
pouco. — Digo me erguendo para quebrar
o contato dos seus dedos sobre mim. —
Carol...
— Hum... Não vou te morder. Não se não
quiser. — Sorri me olhando e pisca
pegando a bolsa. — Só vim para convidar
todos vocês para o coquetel que terá da
galeria de mamãe... Sua mãe já confirmou
presença.
Seguro o convite nas mãos, olhando-a.
— Claro que é para levar sua namorada,
quero conhecer a mulher que domou esse
coraçãozinho. — Segura em meu queixo
sorrindo.
— Farei o possível para ir, Carol.
Viro meu rosto desviando do beijo que
estava prestes a ser em minha boca.
Realmente ela não tinha mudado.
— Já prevejo alguém tomando no cu. —
Arthur Sussurra.
— Sem cuspe e com areia. — Lorenzo
completa.
Para que inimigos, quando se tem um
irmão e um primo desses?

Ágata
— Gosta de morangos? — Pergunto,
vendo Clhoe sorrir e coloco uma pequena
quantidade de morangos em sua colher.
— Não acredito! — Helena sai do quarto
me olhando.
— Coe quer mais mamãe!
Sorrio a olhando, enquanto dou mais
morangos em sua pequena boca. Ela sorri
e balanço a cabeça. Ainda estava
extasiada com a sua presença, ainda
parecia um sonho.
— Você... Fez aquilo lá... Na minha
cama, Ágata? — Helena me encara com a
mão na cintura.
A encaro indignada sorrindo.
— Claro que não sua louca! — Me ergo
pegando Clhoe no colo.
Eu tinha tirado todos os vestígios da
noite anterior do quarto dela, limpei tudo,
tirei roupa de cama. Não tinha como
Helena saber, a não ser pela...
Olho para sua mão, segurando minha
calcinha. Encolho o rosto e Clhoe me
encara sorrindo inocente.
— Tia Helena bava mamãe...
— Que tal ir brincar lá no quarto, meu
amor? A mamãe já está indo ficar com
você. — Digo a olhando sair sorrindo.
— Agora diz para mim, que não se
limpou com minha roupa de cama! —
Aparo a calcinha no ar quando Helena
joga. — Isso estava limpo pelo menos?
— Bom... — Sorrio, vendo-a limpar a
mão na toalha. — A gente tirou para
começar, né?
— Me poupe Ágata! — Diz me
encarando. — Sua cretina! Safada!
Gargalho enquanto ela finge estar com
raiva. Eu e ela tínhamos uma intimidade e
cumplicidade que poucas pessoas
entenderiam.
Tirei a louça da mesa, colocando na pia
enquanto Helena ainda está de braços
cruzados.
— Está me devendo um vale sexo. —
Diz emburrada.
— Mais do que já te dei, Helena?
— Cretina! — Atira uma almofada em
minha direção e me abaixo. — VOU
PEGAR AQUELE SEU VESTIDO
CARÍSSIMO!
Ainda gargalho enquanto entro no quarto
logo em seguida, olhando Clhoe brincar
com suas bonecas.
As mechas loiras caindo sobre os olhos,
seu sorriso era a coisa mais perfeita que
eu já tinha visto. Mas uma vertigem rápida
me invade e pisco algumas vezes, vendo o
quarto girar e girar.
— Mamãe?
— Oi amor... — Digo massageando as
têmporas.
— Fico dodói? — Clhoe me encara com
os olhos enormes e nego com a cabeça,
tirando mexas de cabelo que caiam sobre
os seus olhos.
— Não meu amor, a mamãe só passou
mal porque não tomou café direito. — Digo
beijando suas mãos e ela me encara
lindamente.
— Não fica dodói... Porque não quelo
ficar com o papai.
A seguro nos braços apertando-a forte,
aquilo era de partir meu coração.
— A mamãe não vai ficar doente, Clhoe.
E você não vai ficar com o papai meu
amor... Eu prometo. Tá bom?
A beijo demoradamente enquanto a
aperto em meus braços.
Armando não ligou muito menos se
pronunciou. Apenas tinha me demitido
junto com Helena, o que era de se esperar.
Mas Magno ainda conseguiu manter
Helena trabalhando para ele. Eu não
estava tão preocupada ainda, tinha
algumas economias guardadas.
Daria para me manter com Clhoe por um
tempo, depois iria conseguir um emprego.
Algo menos radical, com certeza.
Fiquei o dia inteiro com Clhoe assistindo
e acabamos indo no shopping comer e
comprar algumas coisas. Helena estava
com a gente, o que tornava tudo melhor
ainda.
— Esse silêncio do Armando não te
assusta? — Helena indaga sentando ao
meu lado.
Observo Clhoe correr para a escada do
escorregador.
— Armando me assusta estando calado
ou não, Helena. — Assumo a olhando
séria.
— Ele não veio ver ela ainda... É
estranho.
Doía admitir aquilo, mas Clhoe só era
importante para ele apenas para me
prender.
Aceno para Clhoe, que sorri.
— Como um pai não pode gostar de uma
filha?
— Armando não gosta nem dele, Ágata.
Voltamos para casa poucas horas
depois, olhei o celular vendo uma
mensagem de Chris me chamando para
um coquetel. Respondi no mesmo instante
dizendo que não tinha com quem deixar
Clhoe.
— Pode ir, eu cuido dela. — Helena diz
me olhando.
— Não, Helena... Eu não sei nem o que
vestir em um lugar desses— Digo me
sentando.
— Deixa de ser idiota, Ágata. Magno iria
acabar vindo para cá de todo jeito. — Diz
olhando Clhoe ao seu lado. — Se importa
de ficar com o titio e a titia?
— Não! — Diz se sentando rapidamente
— Tá vendo... Pode ir lá com o gatão!
Realmente minha vida com Helena era
bem mais fácil. Tomei um banho demorado
lavando os cabelos, passei um hidratante
no corpo.
— Helena eu não sei o que vestir.
— Ai Ágata! Sabe sim... Aquele
vestido deuso que você comprou! Ele não
disse de quem era o coquetel?
— Não. Acho que deve ser de algum
conhecido. — Digo soltando os cabelos.
Pego o vestido que Helena me entrega,
era um modelo maravilhoso, tinha
comprado há uns dias atrás. Era rodado,
com pedras na parte de cima, e a saia
preta.
Deixei os cabelos presos em um coque
solto, fiz uma maquiagem leve e pronto.
— Tem certeza que vai ficar bem? —
Pergunto olhando Helena sorri.
— Claro que sim, Ágata. Agora vai. —
Praticamente me empurra para fora de
casa.
Beijo Clhoe que está nos braços de
Helena, sorrindo para mim. Eu estava
ansiosa e nervosa ao mesmo tempo.
Seria o primeiro encontro, que não era
tão primeiro assim.
Olho para Chris parado no carro me
encarando. Estava apenas de blazer preto,
uma camisa azul perfeita.
— Está linda. — Beija meus lábios
sorrindo.
— Você também está lindo. — Beija
minha mão enquanto abre a porta do carro
e entro rapidamente.
— A noite vai ser incrível. Prometo. —
Pisca e mordo o lábio sorrindo.
— Com você todo lugar é incrível...
Capítulo 28
Ágata
—Seus pais também estão aqui, né? —
Pergunto enquanto Chris estaciona o carro
em frente ao enorme clube.
O espaço é bem amplo e arborizado, tem
uma arquitetura imponente e uma
decoração refinada e elegante.
— Não vai me dizer que está com
vergonha, meu amor? — Sorri tirando o
cinto e faço o mesmo.
— Não seja tolo. — Reviro os olhos
quando ele dá a volta, abrindo a porta para
mim.
O perfume exalando masculinidade, a
barba por fazer dava um charme a mais
em seu rosto. Beija minha mão, enquanto
segura a outra.
Não, eu não estava com vergonha. Era
só a timidez. E nervosismo.
Quem diria? Uma ex stripper que
dançava para mais de cem homens!
Uau, Ágata. Sem contar que fui
apresentada para os pais dele, com o
Patrick. Meu Deus.
Alguns flashes dispararam em nossa
direção atingindo o meu rosto, enquanto
Christopher enlaça minha cintura me
olhando, era como estar em um sonho.
Meus olhos vasculham o local, repleto de
quadros. Pessoas circulando com taças
nas mãos, vestidos magníficos. Um
verdadeiro luxo e requinte.
— Oh, chegaram... — Christopher nos
guia até sua mãe, que estava a poucos
passos da gente. — Como estão?
— O trânsito hoje está horrível. — Chris
diz abraçando seu pai, que nos encara
sério. — Mamãe, papai... Já conhecem
Ágata...
— Oh, claro. — A mãe dele beija meu
rosto gentilmente e suspiro de alívio. — É
um prazer rever você.
— O prazer é todo meu. — Sorrio
timidamente, a olhando.
O pai de Chris lembrava muito Lorenzo,
os cabelos no mesmo tom e a cor dos
olhos também. Chris e Patrick eram mais
parecidos com a mãe. O cumprimento
apenas com um aperto de mão.
Ela me encara com um sorriso amigável
e retribuo, ela era muito bonita. Os olhos
de um azul muito marcantes.
— Vou levar Ágata para conhecer o local.
— Chris fala.
Lorenzo logo se aproxima sorrindo assim
que nos ver, está acompanhando de
Arthur, que carrega um sorriso de lado no
rosto.
— De quem são esses quadros? —
Pergunto quando paramos em frente a
várias obras com cores gritantes e sem
forma de nada.
Nossa. Aquilo era arte?
— Uma amiga da família.
— Eii! — Me viro olhando Lorenzo nos
encarar. — Achei que não viriam.
— Olá, Lorenzo.
— Olá, loira! — Dá uma piscadela
sorrindo. — Realmente, a mãe da Carol
tem um péssimo dom para a arte!
— Lorenzo! — Chris o encara sério, ele
sorri me olhando.
— Eu não estou mentindo, não. Eu estou
Arthur?
— Está nada.
— Osh... Vou mentir dizer que tem?! Não
sei como tem gente que dá dinheiro nisso!
— Diz apontando para um quadro que
olhamos. — É medonho!
Prendo a risada que quer escapar da
minha garganta, se tinha uma coisa que
Lorenzo e Arthur não tinham, eram papas
na língua.
Arthur se aproxima, enquanto finge
arrumar a gravata.
— Não olhem agora, mas tem uma
deusa de vestido vermelho e seios fartos
que é um espetáculo. — Olha pra mim
piscando. — Não é para o Chris olhar, tá
Ágata!
Disfarço pegando uma taça de
champanhe, que o garçom trazia em uma
bandeja, viro o pescoço onde estão duas
morenas elegantes que não paravam de
olhar em nossa direção.
Uma tinha o rosto mais fino e olhos
verdes marcantes. Já a outra, o rosto mais
redondo e olhos castanhos.
A de vestido verde dá um sorriso em
nossa direção e rapidamente caminha para
onde estamos.
— Todos os meus cafajestes reunidos
novamente. — Ela sorri abrindo os braços
e a encaro de cima a baixo.
— Carol... — Arthur vai até ela a
beijando sua bochecha. — Está linda...
— Bobo! — A tal da Carol nos encara
sorrindo e encara Christopher fixamente.
— Oi Chris, não vai me apresentar?
— Claro. Ágata essa é Carolina
Velásquez, uma amiga da família. — Chris
enlaça minha cintura enquanto ela vem até
mim beijando o meu rosto.
— Um prazer.
— O prazer é todo meu querida! Estão
gostando das telas?
— São lindas. — Digo sorrindo.
Medonhas.
— E você Lorenzo, gostou?
— Claro que sim, são obras de artes!
Estava falando agora mesmo o dom que
sua mãe tem, eu mesmo adoraria uma
peça dessas em minha sala.
— Que tal comprar uma, Lorenzo? —
Arthur alfineta enquanto Lorenzo fecha o
semblante o olhando.
Enquanto os dois travavam uma briga de
olhares, Chris desviava os olhos da mulher
o tempo todo. O que era uma situação
bem constrangedora por sinal.
Obviamente eu não era nenhuma
criança.
— Há quanto tempo estão juntos? —
Sou pega de surpresa pela pergunta que
ela dirige a mim. — Não leve a mal meu
doce, conheço o Chris há tanto tempo e
ele...
— Faz alguns meses, Carol. — Chris
responde rígido, mas com um sorriso. —
Tempo suficiente para ver o quanto Ágata
e eu nascemos um para o outro.
Vejo o maxilar dela enrijecer e sorrio o
olhando.
— Ah Christopher... Quanto tempo, meu
querido! — Uma senhora com um pouco
mais de idade se aproxima o abraçando
rapidamente.
— Mamãe... Cumprimente a namorada
do Chris primeiro.
A senhora para e me encara, dando uma
olhada de cima a baixo que me deixa
desconfortável.
— Oh... Sinto muito! Prazer, Odette
Velásquez.
— Ágata Mendes.
— Mendes? É filha do Otto Mendes? —
Ela me encara e de repente um sorriso
aparece nos dentes brancos.
— Sim. — Assinto rápido.
— Seu pai é um magnata da advocacia.
Mande lembranças para Otto.
— Bom, um prazer rever você Odette,
está linda. Mas vou levar Ágata para tomar
um ar. Vamos amor?
Saímos daquela roda de conversa que já
estava entediante, eu odiava o fato do meu
sobrenome gerar outro modo de
tratamento. Sem falar o olhar que as duas
tinham me lançando.
Meu pai tinha dinheiro, eu não.
— Desculpe por Carol, ela consegue ser
antipática quando quer. — Chris diz assim
que chegamos à parte de fora.
É um jardim com mesas espalhadas,
luzes brilhantes. Um leve incômodo em
meu estômago me fez apenas concordar.
Isso estava ficando frequente.
— Você está bem? — Semicerra os
olhos e apenas concordo.
— Sim. Só um mal-estar. — Digo com
um sorriso, colando minha testa em seu
peito.
Ele apenas me abraça e sinto o queixo
pousado no topo da minha cabeça, era
estranho e ao mesmo tempo reconfortante
estar assim. Outra náusea me atormentou
e soltei o ar pela boca devagar.
— Chris! Chris! — Olho de onde Lorenzo
vem com uma taça de champanhe, ou
seja, lá o que for. — Será que dá para me
salvar ali?
— Há Lorenzo, o que foi?!
— Papai tá com aquelas ideias, com
aquele velho do bigode que me dá medo!
— Lorenzo revira os olhos. — Vamos lá...
Por Favor! Por favor...
Sorrio o olhando.
— Se importa se eu for?
— Não. Vá.
— Volto em um minuto. — Diz, beijando
em minha testa e saindo.
Eu poderia ter entrado só que o vento
estava tão melhor aqui fora. Me apoio em
uma mureta que divide o jardim.
Realmente a lua estava perfeita.
Mordo o lábio sentindo a brisa da noite.
— Entediada?
Viro encontrando Patrick que me encara
e se aproxima, enquanto segura duas
taças nas mãos.
— Não. Só o ambiente que é... —
Suspiro. — Glamoroso demais.
— Aceita? — Me entrega uma. — É
água!
Sorrio pegando a taça de suas mãos,
fazia alguns dias que eu não o via, desde a
conversa em meu apartamento.
Ele estava com um sorriso enorme no
rosto, me olhando. Aperto a taça enquanto
dou um gole na água, deixando o líquido
molhar minha garganta.
— Não sabia que viria. — Diz depois de
uma longa pausa em silêncio.
— Também não sabia. — Sorrio
balançando a taça entre minhas mãos.
— Está linda. — Me encara suspirando.
— Obrigada. Você também está...
Elegante.
— Gosto da palavra elegante. — Sorri de
lado.
Olho para dentro do salão, onde Chris
está interdito com Lorenzo... E Carol, que
segura em seu braço enquanto se dobra
de rir. Tinham mais pessoas, inclusive os
pais dele também.
— Ela é inofensiva, Ágata. — Patrick diz
apontando com um dedo na direção que
estou olhando.
— Eles se conhecem há muito tempo? —
Pergunto soltando um pigarro logo após
Patrick me encara e abaixa a cabeça em
seguida.
— Se conhecem tempo o suficiente para
ela não ser um perigo. — Sorri dando de
ombros. — Como está Clhoe?
— Está bem. Tagarela como sempre.
— Clhoe é um anjo. — Ele sorri e o
encaro. — Como a mãe.
Me calo bruscamente e ele balança a
cabeça.
— Vai ter que aguentar os elogios.
Reviro os olhos enquanto sorrimos e
começamos a falar sobre um assunto
qualquer, acabamos entrando juntos para
o salão e passamos a discutir os temas
dos quadros espalhados pelo local.
— Não sei como Lorenzo veio para cá,
ele odeia arte. — Patrick diz sorrindo.
— Estava reclamando que não entendia
como compravam isso. — Digo apontando
para uma tela. — Realmente... Eu também
não faço ideia.
— De verdade? Eu também não.
Olho ao redor do salão ainda sorrindo
não vendo Chris, nem Lorenzo, muito
menos Arthur. Patrick parece ver meu
desconforto e me encara.
— Papai sempre monopoliza Chris
nesses eventos, Ágata. — Explica
pegando duas taças de champanhe. —
Aquele lance do filho mais velho.
Eu realmente queria pensar que ele
estava sendo monopolizado pelo pai e não
por ela.
— Oh Patrick! — Nos viramos, olhando
Megan parada com um sorriso estampado
no rosto.
Ela me ignora por completo e até preferi.
— Oi Patrick, como está?
— Estou ótimo. E você?
— Melhor impossível. Acabei de ver que
Carol chegou de viagem, está radiante. —
Diz e me olha com um sorriso estampado.
— Com licença Patrick, vou ao banheiro.
— Digo colocando a taça no móvel e saio.
Realmente esse coquetel já deu o que
tinha que dar, entro no banheiro e logo
uma tontura tão forte me invade, que me
apoio na pedra de mármore.
Fecho os olhos e suspiro.
— Respira Ágata... Respira! — Solto o ar
puxando novamente.
Minha visão fica turva, me olho no
espelho percebendo a palidez. Merda!
Merda. Merda.
— Precisa de um lenço querida? — A
voz enojada me invade.
— Não, obrigada! — Digo ignorando
Megan que sorri através do espelho.
— Sabe... Como é seu nome mesmo?
Há sim... Ágata! Fiquei extremamente
surpresa quando soube que estava com
Christopher... Aliás, no coquetel da...
A encaro rapidamente e ela morde os
lábios.
— Da?
Ela vai até o espelho tirando um batom
da bolsa enquanto passa nos lábios já
avermelhados.
— Mentira que ela não te contou?!
— O que você quer Megan? — Ouço as
batidas do meu coração acelerado.
Minhas mãos chegam a tremer de raiva.
— Só dar um recado para você, homens
como Christopher se divertem com
vagabundas, mas é com as damas que
eles se casam!
Umedeço os lábios e sorrio sem querer.
— Hum... Tá explicado então porque ele
te deu um pé na bunda, né?
— Ouça bem... Chris não vai ficar com
você, nem hoje, nem nunca. —
Desvencilho do aperto dela em meu braço.
— Me solte!
— Você não passa de uma vadia que ele
vai jogar fora quando cansar! — A sua voz
sai trêmula e sorrio amigavelmente.
— Dançarinazinha de beira de estrada.
— Então querida... Me deixe dar um
aviso para você.
— Chego perto do seu rosto a vendo
dar alguns passos para trás. — Eu já bati
em gente que fez muito pouco, então
sugiro que se não quiser ter esse rosto
desfigurado, saia do meu caminho, Megan!
Ou nem o melhor cirurgião vai consertar a
sua cara!
— Selvagem! Vagabunda!
Dou meia volta, saindo do banheiro na
maior calma e elegância do mundo,
mesmo sentindo meus nervos aflorarem.
Eu só queria encontrar Chris e ir embora
dali. Minha cabeça parecia que ia explodir
a qualquer momento.
— Ágata! — Olho para Arthur que se
aproxima.
— Onde está o Chris?
— Ele está conversando com tio Patrício
e Lorenzo. — Diz olhando para trás. —
Você está bem?
Assinto o olhando, enquanto suspiro.
— Só com um pouco de dor de cabeça.
— Mordo o lábio inferior apreensiva.
— Olha eles ali! — Olho para onde
Arthur aponta. Chris, Lorenzo e o pai deles
descem... E Carol também.
Arthur me encara com um sorriso, mas
fico parada os olhando. Engulo em seco
quando eles se aproximam e Chris sorri ao
me ver, fico parada quando beija meu
rosto.
— Desculpe monopolizar o Chris,
estávamos vendo assunto de trabalho. —
Ela diz sorrindo.
Entrelaço meus dedos nos deles e beijo-
o rapidamente nos lábios.
— Sem problemas. — Digo sorrindo a
olhando.
Outra tontura me invade, só que dessa
vez chega a ser insuportável. Aperto a
lapela do blazer de Chris, fazendo-o me
olhar.
— Amor? O que houve?
— Não acha melhor sentar?
— Estou bem. Deve ter sido as taças de
champanhe. — Digo forçando um sorriso.
— Mas esses champanhes não contêm
álcool. — Ela diz com a voz doce, o que
me irrita mais ainda.
— Estou bem melhor. — Digo entre
dentes.
— Não acha melhor descansar? — Chris
pergunta acariciando meu rosto. — Não
quero ver você doente...
— Já estou melhor, eu juro. — Minto o
encarando. Me aproximo enquanto
sussurro baixo em seu ouvido. — Chris sei
que está resolvendo assuntos de
trabalho... Mas quero ir embora.
Ele sorri e assente.
— Vamos sim. Só vou finalizar algumas
coisas e prometo que vamos.

Encaro um dos quadros a minha frente,


soltando um suspiro longo e pesado.
— Nunca vi meu filho tão apaixonado
como está. — Me viro olhando dona
Clarisse se aproximar.
Sorrio levemente a olhando.
— Também nunca vi nenhum dos dois
passarem mais de uma semana sem se
falarem.
— Me desculpe... — Aperto a bolsa entre
as mãos e ela me fita.
— Não precisa se desculpar Ágata. Não
mandamos no coração... Não é mesmo?
— Ela sorri enquanto beberica na taça
devagar.
— A senhora tem três filhos incríveis...
— É, tenho sim. E você parece ser uma
mulher incrível também, Ágata.
Sorrio e nos encaminhamos para uma
roda de conversa. Chris me abraça e sorrio
o olhando.
Eu não estava prestando atenção em
nada que eles conversavam, mas a tal
Carol chamava atenção pela risada
extravagante.
— Carol, querida... — Megan se
aproxima sorridente a beijando.
Falsidade!
— Oh Megan, há quanto tempo não?!
Reviro os olhos encarando meus sapatos
com o tédio, a mão de Chris espalmada
em minha cintura enquanto o polegar
roçava de leve minhas costas. Na verdade,
eu estava louca para chegar em casa e
tirar as malditas roupas.
E sair daquele lugar.
— Você está maravilhosa, Carol. Está
mais magra depois da cirurgia. — Megan
continua tagarelando.
— Realmente. E você, também está mais
magra. Linda.
Ela fica cumprimentando o restante das
pessoas com aquele sorrisinho miserável
no rosto e me encara com desdém.
— Megan meu bem, está namorando?
— Por enquanto não... Mas e você fofa?
Superou o fim do relacionamento com
Christopher?
Encaro as duas com olhos saltados, logo
depois todos aqueles olhares se viram
para mim. Meu corpo inteiro entrando em
uma adrenalina tão forte, que minha
garganta chega a se fechar.
— Oh! Ela não sabia... Mil perdo..
— Cale sua boca, merda! — Ouço
Christopher rosnar.
Solto um sorriso na força do ódio e os
encaro.
— Com licença. — Peço entre dentes.
Saio como um furacão daquele local que
estava me sufocando, saio pisando firme
sem me importar com os passos de Chris
atrás de mim.
Como ele pôde? Me trazer pra um lugar
repleto de suas ex’s amantes?
A raiva não era por elas serem amantes,
mas a mentira.
Que raiva, Christopher!
Patrick para me encarando e sopro o ar
devagar.
— Ágata... O que houve?
— Eu quero sair daqui. Por favor.
Capítulo 29
Christopher
— Ágata! — Minha voz sai mais alta do
que o esperado. E a maioria dos
convidados para e me encaram.
Ela anda com toda pressa para perto da
porta e vejo-a falar algo com...
Patrick?!
— Ágata! — Me aproximo segurando em
seu braço sem força alguma, enquanto ela
me encara de olhos saltados.
— Christopher, me solte! — Pede entre
dentes me olhando.
— Ágata por Deus... Pare com isso.
Ignoro meu irmão que abaixa a cabeça
colocando as mãos sobre os bolsos.
Ela transforma o lindo rosto em uma
carranca, as sobrancelhas juntas e a boca
formando um lindo bico.
— Não vou entrar nesse lugar! —Diz
séria me olhando.
— Querida eu sinto muito... Megan às
vezes... — Carol entra na nossa frente
com um sorriso.
— Não sinta. Apenas saí porque não
estava me sentindo bem. — Ágata
responde e me encara. — Aliás, o que
estava no passado ficou no passado...
Ela para e me fita longamente os olhos
cravados aos meus.
— Eu já avisei para Lorenzo que vou
para casa, até mais. — Me despeço sem a
encarar.
Ágata apenas se vira indo um pouco
mais a frente e saio a observando. Eu
realmente a tinha deixado sozinha
praticamente a festa inteira, só que era
impossível manter papai e Lorenzo calmos
no mesmo ambiente. Inclusive quando
meu irmão tenta confrontar nosso pai.
E por incrível que pareça, sobrou para
mim. Lorenzo cismou que ouviu nosso pai
falando algo sobre casamento com o
amigo dele.
— Eu ouvi, Chris! Posso ser meio louco,
mas não surdo! — Diz virando de costas.
— Papai tá trazendo aquele velho para
todos os eventos sociais, com a mesma
ladainha de sempre! Lorenzo, você
pretende casar? Lorenzo, você pretende
ter filhos? Ah vá mano!
— Como você tem certeza que era sobre
você? — Cruzo os braços o olhando
impaciente.
— Você por acaso conhece outro
Lorenzo putão? — Indaga sério. — Não,
né? Vou logo avisando, Chris... Se papai
tiver sonhando com uma aliança nesse
dedo aqui. — Me mostra o dedo anelar da
mão esquerda. — Ele tá perdendo o tempo
dele!
E como era de se esperar, eles
discutiram. O que acontecia quase
sempre. Mamãe não poderia nem sonhar
com uma briga dos dois em público,
enquanto Patrick falou com papai, eu
acalmava Lorenzo.
— Você vai ficar com essa cara
emburrada a noite inteira, Ágata? — Jogo
as chaves no aparador, enquanto ela
permanece de pé com os braços cruzados.
— Eu sei que mal te dei atenção na...
— Mal não, Christopher! Você
praticamente me largou naquele local...
Repleto de ex mal amadas e cretinas.
Aquela Carol lá te monopolizando a festa
inteira, a bruxa da Megan com um
recalque maior que a unha postiça que ela
tinha nas mãos!
— Eu não fiz por mal, Lorenzo passou
quase a festa inteira discutindo com
papai...
— Tivesse me dito então! — Dou um
passo à sua frente e ela estende a mão. —
Pode ficar onde você está! Me leva para
um coquetel onde só tem ex e quer que eu
fique feliz?
Um sorriso triunfante escapa dos meus
lábios.
Ela mal tinha tamanho. Mas era brava.
— Tá rindo de que, seu infeliz?
— Não sabia que você era tão ciumenta.
— Jogo o blazer no sofá enquanto tiro a
camisa aos poucos.
— Ciúmes? Eu? Christopher! — Me
aproximo dela pegando na pequena
cintura. — Eu estou bem...
— Me desculpa... — Afasto seu cabelo
plantando um beijo na carne exposta do
pescoço. — Me perdoe se te fiz passar por
isso hoje à noite. — Beijo novamente,
enquanto ela segura em meus ombros. —
Pode me perdoar?
— Não. Saia daqui. — Diz séria. — Vá
para o inferno!
Eu sabia que tinha pisado na bola com
ela, que ultrapassei todos os limites da
cafajestagem que um homem pode fazer
em questão de ex’s no mesmo ambiente, é
claro. Seguro na pequena mão, logo
entrelaçando aos meus dedos.
— Pode me pisar... Me xingar... Só faça
as pazes comigo! — Sussurro em seu
ouvido. — Se passei meia hora perto da
Carol...
— Carolina, é o nome dela. — Diz
erguendo o queixo.
— Sim, Carolina. Desculpa. — Beijo seus
lábios rapidamente, enquanto ela se curva.
— Vaca! — Ela se afasta bruscamente e
a encaro. — Você é um cretino,
Christopher! Um cretino!
— Eu sou sim... — Rebato me
aproximando. — Mas um cretino louco por
você...
Minhas mãos rapidamente deslizam
pelas suas costas, enquanto aprofundo o
beijo que se torna mais intenso e voraz.
Minha língua percorrendo todo o interior da
sua.
Cambaleamos até ela ficar com as
costas no sofá, ergo a coxa esquerda,
acariciando-a. Era incrível como meu
corpo reagia ao seu tão perfeitamente.
— Espera só um minuto. — Seguro o
rosto dela e beijo.
Ligo o aparelho de som colocando a
música em uma altura ambiente. Sorrio
quando o acorde da música começa a
soar.

È iniziato tutto per un tuo capriccio


Io non mi fidavo, era solo sesso
Ma il sesso è un'attitudine
Come il'arte in genere
E forse l'ho capito e sono qui

Meu sorriso se alarga apenas por


encarar o rosto dela. Me aproximo
acariciando o mesmo, passando o polegar
pela bochecham, o esfregando em seu
lábio.
Logo sugo o lábio inferior e minhas mãos
tateiam buscando o zíper do seu vestido.
Logo o desço lentamente.

Scusa sai se paravo a insistere


Divento insopportabile, io sono
Ma ti amo, ti amo, ti amo
Ci risiamo, va bene, è antico, ma ti amo

— Eu te amo, Ágata... É apenas você


meu amor... — Beijo o ombro desnudo
assim que o monte de pano cai em seus
pés.
As mãos em meus ombros me puxando
para colar o corpo ao seu.
As minhas mãos tateiam as costas,
tirando o sutiã e largando onde as outras
peças estavam. Meu pau já rígido
esfregando-se contra sua coxa, um arrepio
se apossando do meu corpo.
Os lábios suspirando e sorrio esfregando
o nariz sobre o seu.
Scusa se ti amo e se ci conosciamo
Da due mesi o poco più
Scusa se non parlo piano
Ma se non urlo muoio
Non so se sai che ti amo
Scusami se rido, dall'imbarazzo cedo
Ti guardo fisso e tremo
All'idea di averti accanto
E sentirmi tuo soltanto
E sono qui che parlo emozionato
E sono un imbranato
E sono un imbranato

Os seios fartos livres, enchendo minha


boca d'água. O polegar roçando no
mesmo, enquanto minha boca suga a
carne do seu pescoço. A outra mão
esfregando a boceta que escorregava de
desejo.
Deslizo o dedo calmamente, sentindo o
seu prazer molhar meus dedos.
Retiro, esfrego-os calmamente.
— Eu também... — Sussurra contra
meus lábios, quando a preencho com o
dedo novamente.
A carne macia me prendendo, ao mesmo
tempo em que meu dedo deslizava para
dentro e para fora.
As costas se arqueiam e a boca se abre
em um sorriso.
Ciao, come stai? Domanda inutile!
Ma a me l'amore mi rende prevedibile
Parlo poco, lo so, è strano, guido piano
Sarà il vento, sarà il tempo, sarà fuoco
A puxo para o sofá, a deitando por baixo
e maneiro o peso antes de subir nela. Sem
parar um minuto de beijá-la, de esfregar
meu corpo ao seu.
O corpo embaixo do meu, colado. Os
gemidos baixos em meus ouvidos.
— Chris... Eu... Por favor...
— Por favor, o que meu amor? —
Pergunto olhando nos olhos dopados de
desejo.
Ela não precisava falar especificamente
o que queria, porque apenas pelo olhar, já
decifrava. Mas eu precisava ouvi-la.
— Faça amor comigo... — Fala, meio
gemendo, meio sorrindo.
Sorrio segurando a base do pau,
enquanto esfrego-o na fenda
completamente encharcada, o mesmo
desliza e ela morde os lábios me olhando.
As pernas dela se abrem enquanto
começo a dar batidas na boceta pulsante,
meu pau lateja e baba ao mesmo tempo.
Eu faria amor com ela sem pensar duas
vezes. Só que meu corpo ansiava por
fade-la com força, com volúpia.
Minha cabeça pendida contra o pescoço
dela, ao mesmo tempo em que a penetro
bem fundo. Começo lento, só que as
pernas em volta do meu corpo me
empurrando cada vez mais para dentro
dela, me faz perder o controle.

Io, si
Ah, ma ti amo
Giro o corpo a colocando por cima, ela
se apoia em minhas pernas. Minha língua
se enfia na boca dela, enquanto a fodo
com uma urgência sem tamanho.
O quadril se remexendo, rebolando e
sentando ao mesmo tempo. Aperto a
cintura dando apoio e ela estoca cada vez
mais fundo.
Apalpo os seios prendendo um bico
enrijecido entre meus lábios, enquanto
Ágata geme enfincando as unhas em meu
ombro.
Meu corpo tenciona para liberar o gozo e
quando um grito fino rompe de sua
garganta eu finalmente me liberto dentro
dela.
— Inferno! — Solto um grunhido baixo
enquanto a fito sorrir me olhando.
Os cabelos grudados em seu rosto,
ainda ofegante.
— Me deve um banho... — Diz e solta
um grito fino enquanto a ergo no colo.
— Será um prazer...
— Ágata? — Passo a mão do outro lado
da cama, abrindo os olhos assim que o
percebo vazio.
Sento, e meus olhos param a ajoelhada
no vaso sanitário, à cabeça para baixo.
Merda!
Enrolo a toalha na cintura e logo me
ajoelho ao seu lado.
— Eii... O que foi? — Ela passa a mão
na boca e me encara de olhos baixos.
— Deve ter sido alguma coisa que eu
comi... — Diz voltando a colocar a cabeça
no vaso. — Ou bebi...
— Oh, meu amor. Eu vou preparar um
chá para você.
— Não! Chá não, pelo amor de Deus! —
Diz rapidamente. — Um café é suficiente.
Puro e sem açúcar! Por favor...
Franzo o nariz a olhando.
Beijo sua testa enquanto ela acaricia o
abdômen. Visto o calção jogado, descendo
as escadas. Solto um sopro de alívio
vendo Rita parada preparando o café.
— Hum... Resolveu acordar? Estou
preparando um café reforçado... Vi que
tem visitas! — Sorri apontando com o
queixo para sofá. — Depravado!
Observo o vestido de Ágata jogado e
sorrio a olhando.
— Finja que não viu. Pode preparar uma
bandeja para eu levar. Ágata não está se
sentindo bem. — Mordo uma maçã
enquanto Rita sorri abanando a cabeça.
Subo as escadas com a bandeja nas
mãos, vendo Ágata deitada na cama. O
rosto meio pálido, enquanto suspira.
— Eu não quero comer!
— Só que você vai, apenas essa salada
meu amor... — Digo olhando ela torcer o
rosto. — Se isso for uma infecção
intestinal, Ágata? Ou algo do tipo?
— Comer só vai piorar. — Diz pegando a
xícara de café tomando um gole.
Passo a mão pelo rosto não querendo
discutir, deixo a bandeja na cama e vou
para banheiro. Não me lembro bem de
quando fomos dormir na noite anterior, só
lembro que foram três rodadas de sexo. E
que acabou comigo.
Seco os cabelos olhando Ágata dormir, o
rosto tranquilo enquanto as costas
relaxavam nos travesseiros. Eu realmente
poderia passar o dia inteiro vendo-a assim.
— Já estava prestes a subir para ver se
não tinha dado um coma de tanto trepar.
— Lorenzo indaga assim que desço.
— Há há há... Tão fazendo o que aqui?
— O encaro e Arthur, que estão deitados
no meu sofá. — Se eu fosse você não
deitava aí...
Arthur pula do sofá, limpando as costas,
enquanto Lorenzo gargalha.
— Tem tanto canto para trepar velho... Aí
vem passar essa rola no sofá, puta que
pariu cacete!
— Minha casa, eu trepo onde eu quiser!
— Digo sorrindo. — Agora... O que as
donzelas estão fazendo aqui?
— Vim ver meu irmão que tanto amo e
admiro... — Lorenzo abre os braços
sorrindo.
— Não vou te dar férias antecipadas,
Lorenzo.
— Deixa de viadagem porra! Diz logo! —
Arthur exclama sentando no sofá.
— Bom... Você sabe que se eu pedir
para papai, ele vai negar. Mas... Se o
primogênito dele pedir...
— Não! Não! E não! Não vou pedir para
papai liberar o jatinho.
— Ah Christopher! Caralho... A Lana vai
dar uma festa, velho... Tetas! E você não
vai fazer isso para seu irmão?
— Ele falou TETAS! — Arthur sorri.
— Não.
— Eu disse que ele não iria Lorenzo.
Chris só tem olhos para duas tetas agora...
Então foda-se o pau alheio!
Entorto o rosto ignorando os protestos de
Lorenzo e Arthur, com a mesma ladainha
de sempre. Falar para papai liberar o jato
para Lorenzo ir para uma festa, era como
pedir para começar uma catástrofe.
— Cadê a loira? — Arthur indaga
sentando-se novamente.
— Tá dormindo, acabou passando mal
hoje pela man...
— Passou mal? Que tipo de doença? —
Lorenzo diz rapidamente.
— Deve ter sido algo que comeu. — Digo
percebendo um olhar cúmplice dos dois. —
O que foi?
— Vomitou? — Arthur se senta e
Lorenzo franze a sobrancelha. Concordo
com a cabeça.
— Ah meu Deus! Jesus! Pode descer,
estou preparado!
Eu não contenho a gargalhada que
escapa da minha garganta, a cara de
Lorenzo e de Arthur são as melhores. Meu
Deus, achar que Ágata está grávida foi a
melhor coisa que eles poderiam pensar.
— Ágata não está grávida...
— Como você sabe? Tem protegido o
pau?!
Retenho-me no mesmo instante.
— Ah, Chris!
— Caralho fresco! Homem não pode dá
vacilo com mulher, tem que usar dois
preservativos para não correr o perigo...
— Dois?! — Perguntamos em uníssono,
olhando Lorenzo sério.
Eu estava gargalhando com aquilo tudo.
Claro que Ágata não estava grávida. Nem
cogitava tal pensamento.
Mas e se...
Não. Tudo bem que não estávamos nos
protegendo.
Mas ela tomava anticoncepcional.
Calma, Chris. Óbvio que isso não passa
de um mero engano.
Há meu Deus! Olha no que estou
pensando. Ágata não está grávida. A
campainha soa e me ergo abrindo a porta.
Helena entra me encarando
rapidamente.
— Onde está Ágata?
— O que aconteceu Helena? —
Pergunto assim que ela entra com olhos
saltados.
— Christopher... Armando esteve lá em
casa hoje... Hoje pela manhã... E...
Perguntou por Ágata... — Ela suspira e me
olha.
— O que aconteceu? — Pergunto a
encarando.
— Ele a levou... Ele levou a Clhoe!
Capítulo 30
Christopher
— Cuide da Ágata! Eu vou com
Lorenzo até lá! — Digo pegando a chave
do carro enquanto sinto as mãos
tremerem.
Meu peito sobe e desce com tamanha
adrenalina que se apossa de mim, meu
coração está disparado e os punhos
cerrados.
— Espera aí, o que você vai fazer? —
Lorenzo se ergue em um pulo, colocando a
mão espalmada em meu peito.
Arthur faz a mesma coisa me olhando
sério.
— Eu vou fazer o que eu deveria ter feito
há muito tempo! — Digo afastando a mão
dele com brusquidão. — Matar o filho da
puta!
— Chris, isso é burrice... Eu sou o
advogado da Ágata... Eu posso ir até lá e
conversar...
— Não tem conversa, Arthur! Eu vou lá e
nem você, nem ninguém vai me impedir.
Entendeu? — Disparo o olhando.
Helena arregala os olhos passando as
mãos pelos cabelos. A minha cabeça
estava a mil por hora, pensando em uma
possível gravidez da Ágata, pensando na
filha dela com aquele homem. Meu Deus.
Clhoe pode ser filha dele, mas eu não
confiava naquele homem.
— O que eu vou... O que vou falar para a
Ágata? — Helena diz me olhando séria.
Pego o blazer vestindo-o rapidamente, a
olhando. Lorenzo para ao meu lado e
Arthur me fita.
— Diga para ela que...
— Diga para ela que saímos e voltamos
logo, ela não vai acordar tão cedo. — Abro
a porta ouvindo os passos deles logo atrás
de mim.
O carro de Lorenzo estava estacionado
perto do meu, entramos no meu carro
batendo a porta da Ranger Rover com
força.
Saí de arranque com o carro pisando
firme no acelerador, estava puto e só
conseguia imaginar meus punhos socando
Armando com todas as minhas forças.
— Você precisa se acalmar, cacete!
— Acalmar Lorenzo? A possível futura
mãe do meu filho, está dormindo enquanto
a filha dela está nas mãos de um louco
psicótico!
Vejo Arthur arregalar os olhos e só então
percebo o que acabei de falar. Era o
nervosismo, isso era certeza.
— Jesus! Pode me levar Cristo, não falta
mais nada agora! — Lorenzo ergue os
braços e me encara. — Nunca pensei que
estaria vivo para ouvir você falar isso...
— É o apocalipse! — Arthur exclama no
banco de trás. — Pode me levar também
Jesus, estou pronto!
Eu poderia ter revidado, mas minha
cabeça estava tão perturbada que eu não
conseguia pensar. Era como se meus
olhos estivessem tapados, apenas a raiva
me dominando por completo.
Se ele tocasse um dedo naquela
menina... Meu Deus.
Entramos no condomínio assim que
Arthur se identificou na entrada, tentei abrir
a porta só que ele foi mais rápido e
segurou em meu pulso.
— Você vai ficar aqui fora. — Ergue a
sobrancelha me olhando.
— Mas não fico mesmo. — Digo com os
dentes trincados.
— Chris, me ouça. Se você for até lá, vai
piorar as coisas. Eu vou entrar com
Lorenzo e resolver. Fique aqui. — Arthur
pede me olhando.
Tiro a mão da porta bufando, Lorenzo sai
em seguida, observo os dois tocarem a
campainha.
Aperto os dedos das mãos observando
ficarem esbranquiçados pelo aperto, bato o
punho no queixo de leve e eles entram.
Meu coração vai batendo frenético, aquele
ódio me consumindo.
O tanto que ele já fez Ágata sofrer, o
tanto que ela chorou...
Ele seria capaz de fazer algo contra a
própria filha?!
Oh inferno que eu iria ficar nesse carro!
Bato a porta com força, chegando a
poucos passos na entrada. A porta já está
entre aberta então entro olhando Lorenzo
de costas, enquanto Arthur conversa com
Armando que está sentado na poltrona.
Os olhos se fixam aos meus.
— Vejam só... Chegou quem faltava. —
Diz com sarcasmo enquanto solta um
sorriso me olhando.
— Onde está Clhoe? — Pergunto
fingindo uma calma que não sei de onde
surgiu.
— Opa. Calma aí, você acabou de
chegar e já se acha no direito de perguntar
sobre a minha filha? — Se ergue me
olhando.
Ele não disfarça a ênfase, nem o
sarcasmo.
— Armando nós queremos apenas que
você entregue a Clhoe, você sabe que
está infringindo uma ordem judici...
— Que se foda essa justiça de merda! —
Diz alto e passo a mão na testa. — Ela é
minha filha e daqui ela não vai sair! Nem
com você, nem com ninguém!
— Eu vou perguntar pela última vez... —
Vejo Lorenzo atravessar em minha frente.
— Onde está Clhoe?
— Por que quer saber? — Sorri
sentando-se novamente. — Não me diga
que agora Ágata quer saber onde a filha
está? Para passar a noite inteira abrindo
as pernas para você ela não pens...
O ódio me cega e a raiva me consome.
Empurro Lorenzo com brusquidão e ainda
vejo Arthur tentando segurar em meu
braço.
Pego Armando pelo colarinho com toda
minha força o fuzilando.
— Agora você me paga.
Meu punho acerta o nariz dele em cheio
e na mesma hora um filete de sangue
desce pelo mesmo, sinto os braços me
segurando só que minha raiva é maior e
soco-o mais ainda.
Ele acerta o canto da minha boca de
raspão, enquanto aperto sua jugular com
minhas mãos.
— Chris, pare!
— Christopher, filho da mãe!
— Me mata... Não é isso que você quer?
— Diz me olhando e respirando com certa
dificuldade.
— Você merece mais do que a morte seu
desgraçado! — O jogo no chão com
brusquidão o encarando. — Eu não acabei
com você ainda. Pedaço de merda!
Pela minha visão periférica o vejo
rastejando até a poltrona enquanto eu
subo as escadas, eu não tinha ideia de
onde ela estava, mas saí abrindo todas as
portas que encontrava.
Sinto o meu pulso latejar de doer e um
leve gosto de ferrugem do sangue em
minha boca. Paro, abrindo uma porta
enquanto ouço um choro baixo.
— Não quelo ficar, tia... Não...
Uma mulher que está ao seu lado tenta
conversar e a encaro, ela se ergue me
olhando. E espalmo a mão para ela ficar
onde está.
Clhoe estava com rosto avermelhado e
as bochechas molhadas pelas lágrimas
que desciam.
— Tio Kis! — Sai correndo de onde está
e vem para perto de mim, estendendo os
braços.
A pego no colo sentindo uma mistura de
alívio com alegria.
Um sentimento que não consigo explicar.
— Mamãe... Mamãe não veio? — Funga
e sorrio, passando a mão por seu rosto.
— Ela me mandou vir aqui para pegar
você... Você está bem? Te machucaram?
Ela nega e solto o ar de alívio
— Coe que ir pa casa... — Ela pede
deitando a cabeça em meu ombro.
O corpo pequeno ali em meus braços,
rapidamente faz que sim com a cabeça.
— Ela não...
Encaro a senhora e ela se cala me
olhando.
— A mamãe está esperando você meu
amor...
Desço as escadas com Clhoe no colo,
ela logo se encolhe. Vejo Lorenzo olhando
Armando jogado no mesmo lugar. E Arthur
me encara.
— Clhoe minha filha... — Ele se ergue e
dou um passo para trás. — Ela é minha
filha!
Clhoe apenas se encolhe enterrando o
rosto em meu peito.
— Saia de perto dela, agora!
— Quelo ficar com a mamãe...
— A gente tá indo para lá agora. — Digo
o olhando cerrar o maxilar com os punhos
cerrados.
— Você não sabe com quem está
lidando...
— Lembre-se que isso não acabou por
aqui. — Rebato me virando.
Não vi amor nos olhos dele, nada. Ele só
usava Clhoe para atingir Ágata. Que tipo
de monstro era aquele homem?!
— Não quelo... — Ela pede se
encolhendo enquanto tento coloca-la no
banco.
— Eu fico com você, tá bom? — Ela
assente me olhando.
Me sento apertando-a em meu colo
enquanto Arthur ocupa o volante e Lorenzo
o banco ao lado.
— Você foi imprudente, Chris.
— Dane-se Arthur! — Observo a
mãozinha sobre a minha e a encaro. — Ele
não te machucou, né meu amor?
Ela nega com a cabeça e deita em meu
peito.
— Eu estou aqui agora... — Suspiro
pesadamente.
Estava sentindo um aperto no peito com
aquela menina em meus braços, tão
indefesa.
Lorenzo a segura assim que o carro
para.
— Porque ela tá me olhando assim? —
Lorenzo indaga pegando Clhoe no colo. —
Por que tá me olhando assim bonitinha?
— Você tem namolada? — Pergunta na
maior inocência e Lorenzo gargalha a
olhando.
— Não. Nunca vou ter. E sugiro que você
não arrume um namorado também. —
Aperta seu nariz e ela sorri.
Abro a porta e Ágata logo corre, tirando
Clhoe dos meus braços. Beijando-a por
todos os cantos enquanto a pequena
apenas a aperta
— Graças a Deus você está bem meu
amor... Que bom que está aqui! — Beija a
sua testa e me encara. — Por que não me
acordou?
— Desculpa, mas foi difícil tentar distrai-
la. — Helena diz me olhando.
— Papai me levou pa casa... Disse que
eu ia molar lá... E que... Nunca mais ia vê
a mamãe... — Ela narra, enquanto Ágata
nega com a cabeça.
— Você não vai meu amor, a mamãe
promete. Promete que nada vai te
acontecer... Eu prometo...
Ela para e me encara séria.
— O que foi isso no seu rosto?
— Digamos que foi um pequeno
incidente. — Lorenzo sorri enquanto me
entrega um copo de uísque.
— Helena, pode levar Clhoe para tomar
um banho? Eu subo já, já. — Clhoe vai
para os braços de Helena e Arthur encara
Lorenzo.
— Bom... A gente vai à cozinha, vamos
Lôlo...
— Eu não, vou ficar aqui e ver a treta!
Encaro-o e logo se ergue do sofá, saindo
rapidamente.
Ágata se aproxima me olhando, sinto os
braços me rodeando. Descanso o queixo
no topo de sua cabeça aspirando o cheiro
do seu cabelo.
— Está muito machucado? — Pergunta
me olhando.
Acaricio o rosto negando com a cabeça.
— Nada que um beijo seu não resolva.
— Não sei como te agradecer, o que fez
pela minha filha... — Beijo sua testa
demoradamente.
Sorrio a olhando.
— Eu te amo, Ágata. E eu faria tudo de
novo. Por você. Por vocês...

Ágata
— Vai dormir aqui hoje? — Helena me
olha, enquanto termino de arrumar os
cabelos de Clhoe.
— Chris disse que tinha algo para
conversar comigo. Acho que sim, então.
— Mamãe... Tio Kis vai ser meu papai
agora?
Helena me encara e fito Clhoe franzir o
cenho.
— Não, amor. O Chris é... Ele... — Abro
a boca sem saber ao certo o que falar.
— Por que não vai brincar um pouco,
Clhoe? — Helena intervém e suspiro,
agradecendo em silêncio.
— Coe pode mamãe?
— Pode sim, meu amor. — Beijo sua
bochecha e ela logo sai correndo para os
brinquedos espalhados no chão.
Clhoe era extremamente carente de
afeto, sua pergunta tinha realmente me
deixado confusa.
Ela só tinha três anos e já tinha passado
por tanta coisa. E isso me doía, queria
poder dar um lar para ela, mais que tudo
na vida.
Estávamos na parte de cima, já que
Chris precisou sair com Arthur e Lorenzo.
Eu estava feliz e ao mesmo tempo
preocupada por ele ter enfrentado
Armando pela minha filha. Em anos, eu
nunca me senti tão bem. Tão protegida.
— Magno vai dormir lá comigo. — Sorrio
a olhando.
— Está ficando sério em... — Ela para e
me fita.
— Ele pediu para eu morar com ele,
Ágata.
Abro a boca a olhando surpresa.
— Lena... Isso é bom! — Ela dá de
ombros e paro. — Não é?
— Ágata... — Se ergue sorrindo e
arqueio as sobrancelhas.
— Você o ama, Lena? — Ela para no
meio do quarto e suspira.
— Eu o amo... Mas... Eu não sei se estou
disposta a trazer toda a bagagem do
Magno para minha vida...
Cruzo os braços, a vendo se sentar e
revirar os olhos.
— Ele não quer que eu trabalhe mais na
boate.
— Sabe que sempre fui contra você
fazer...
— Eu sei. E parei você sabe. Não quero
mais fazer aquilo... — Sorrio e seguro em
suas mãos a olhando. — Sabe que eu
precisava...
— Eu estou do seu lado para o que der e
vier, você sabe Lena...
— Eu sei, por isso que te amo.
Helena era tudo para mim. Amiga, irmã,
confidente...
— E não te falaram que amar tem seus
altos e baixos?
— Eu sei... Eu sei... Só que, casar é
casar, né? Por que não manter esse
relacionamento do jeito que está?
Eu queria sorrir na cara de Helena, ela e
esse modo estranho de manter o
relacionamento. Era uma maneira de se
proteger, eu diria.
Passamos horas no quarto, conversando
e lembrando de vários momentos. Ela
precisou ir embora e eu fiquei com Clhoe
naquele apartamento enorme, sem ter
ideia do que fazer.
— Tá com fome? — Pergunto para
Clhoe, que está sentada no balcão com as
perninhas balançando para lá e para cá.
— Tô! — Diz sorrindo.
Meu coração bate tão alegre por ter
minha filha junto de mim, beijo sua testa
demoradamente a olhando sorrir.
— Mamãe... Meu papai não gota de
mim? — Fico estática no mesmo instante,
a olhando.
Aquilo doía.
— Claro que não, Clhoe. Seu pai ama
você.
— Ele guita muito e eu não gosto
mamãe...
— Eu sei meu amor, eu sei...
— Se eu pedir a papai do céu... Ele deixa
eu tocar de papai?
Sorrio a encarando e suspiro tentando
não desmoronar em lágrimas ali mesmo.
— Se você pedir... Papai do céu vai
melhorar o seu pai.
Era impressionante a esperteza dela, o
quanto percebia tudo ao seu redor. Só que
mesmo odiando Armando com todas as
forças, eu queria acreditar que no fundo,
bem lá no fundo, ele amava Clhoe.
Tentei distrai-la o máximo possível e ela
acabou almoçando e dormiu no sofá
mesmo. Fiquei por minutos acariciando
seus cabelos, olhando-a dormir.
A porta se abriu e Chris entrou
segurando algumas sacolas, jogando-as
no sofá levemente.
— Quer que eu a coloque lá em cima? —
Pergunta me olhando.
— Daqui a pouco. Você está bem? — Me
ergo passando a mão pelo rosto.
O lábio inferior estava meio inchado, o
acaricio com cuidado enquanto ele aperta
minha cintura, me puxando para perto do
seu corpo. Os seus olhos me encaravam e
não resisto. O beijo com volúpia, como se
minha vida dependesse daquilo.
— Com você, eu sempre fico bem.
Sorrio o olhando pegar Clhoe no colo e
segurar em minha mão, entramos no
quarto dele logo após a colocar no quarto
de hóspedes.
As roupas sendo jogadas no chão e em
nenhum momento ele desgrudava a boca
da minha.
A língua misturando-se com a minha,
enquanto as mãos percorriam meu corpo
sem pudor. Solto um gemido contra seus
lábios quando o senti me penetrar, tão
forte e ao mesmo tempo tão rápido. Logo
após nos vira, me colocando por cima,
meus seios na altura do seu rosto
enquanto ele os suga com avidez.
Meu corpo convulsiona a cada estocada
bruta, é o prazer mais intenso que existe.
E eu quero sentir isso para o resto da vida.

— Eu vou... — A minha cabeça quase


entra no vaso sanitário enquanto coloco
todo meu almoço para fora. —...Morrer
Completo, olhando Chris ao meu lado. É
vergonhoso, mas infelizmente eu teria que
procurar um médico.
— Quer um copo de água?
Limpo meu rosto olhando no espelho,
negando com a cabeça.
— Onde está Clhoe?
— Ela está assistindo. — Diz encostado
na soleira da porta.
Me aproximo da cama me deitando
rapidamente, semicerro os olhos vendo
Chris no mesmo lugar me olhando.
— O que foi? — Pergunto me sentando.
Ele caminha até ficar de joelhos entre
minhas pernas, me sento rapidamente e
um silêncio se instala no quarto.
— Amor... Eu preciso perguntar uma
coisa para você. Promete ser sincera? —
Começa me olhando e assinto com a
cabeça, esperando-o continuar.
— Claro que sim... O que...
— Paramos de usar preservativo... E...
Você está usando anticoncepcional?
Engulo seco abrindo e fechando a boca
ao mesmo tempo, meu coração acelera
rapidamente e o encaro.
— Chris... Eu...
— Você está atrasada
Paro, sentindo o chão fugir dos meus
pés.
— Qual foi à última vez? — torna a
perguntar novamente.
Eu sentia as lágrimas querendo descer
pelo meu rosto, porque com toda essa
confusão não passou pela minha mente
uma suposta gravidez. Um desespero
começa a tomar conta de mim e ele
simplesmente se ergue sem falar nada e
sai do quarto.
Começa a surgir um desespero total, ele
demorou alguns segundos e retornou com
a testa franzida e uma sacola nas mãos.
Voltando para o mesmo lugar onde estava
e me entrega.
— Chris me per... Eu não...
— Shiii... Faça o teste, meu amor. E seja
lá qual for o resultado, eu vou estar aqui.
— Diz me olhando.
E um soluço escapa minha garganta.
O que eu faria agora?
Vou para o banheiro e tranco a porta.
Fico parada olhando os dois testes de
gravidez sobre a pia, fiz tudo que as
instruções pediam e fiquei esperando por
10 minutos, o resultado sair no palitinho.
Fiquei encarando aquelas duas listrinhas
que significava uma única coisa:
Eu estou grávida!
Capítulo 31
Ágata
— Ágata! Está tudo bem?
Limpo o rosto rapidamente soltando o ar
pela boca devagar. Coloco o teste dentro
da sacola, tentando não me desmanchar
em lágrimas.
Agora não, Ágata. Agora não.
Olho para o espelho arrumando alguns
fios de cabelos que caem sobre meu rosto.
Abro a porta e Chris logo me encara.
Eu simplesmente não conseguia o olhar.
— Chris...
Ele passa a mão pelo rosto virando de
costas, eu não precisava falar mais nada.
Ele percebeu que tinha dado positivo. Era
nítido o desespero em meu rosto.
Um medo absurdo toma conta de mim.
O que ele iria pensar? Que eu dei o
famoso golpe da barriga?
— Eu... Chris eu não queria... — Ele não
se move. — Fale comigo...
Levanto rapidamente, no exato momento
em que ele sai do quarto como um vulto
rápido. Engulo em seco me sentando, meu
coração acelerado.
O que diabos eu ia fazer agora?!
Grávida e com uma filha para criar!
Meu Deus!
Eu esperei por incontáveis minutos ele
voltar, mas ele não voltou. Aflita e cansada
de esperar, sei que tenho de tomar uma
atitude, caminho até o closet, pego a
primeira bolsa que encontro e vou a
enchendo com as minhas roupas. Eu não
iria ficar mais um minuto nessa casa.
Abro a porta do quarto e Chris está
tirando Clhoe da cama, ele me encara e
olha para a bolsa aos meus pés.
— O que está fazendo? — Pergunta
sério.
— Mamãe! — Clhoe sorri me olhando e
encara Chris estático.
— Eu vou embora. — Passo por ele
pegando Clhoe nos braços.
— O que?! Enlouqueceu?
— Eu sei que você odiou Christopher! Eu
não optei por ficar grávida, ok?! Você pode
achar que quero te dar o golpe da barriga,
mas não! Eu não culpo você por ter ficado
chateado com essa gravidez... Eu não
queria...
Ele chega com tanta rapidez, tomando
meus lábios com um beijo que parece que
vai sugar minha alma. O encaro sem
entender absolutamente nada.
Clhoe sorri escondendo o rosto entre as
pequenas mãos.
— Essa foi a melhor notícia que você
poderia ter me dado, Ágata... — Passa o
polegar pelas minhas bochechas. — Eu
fiquei sim, surpreso. Só que uma surpresa
boa meu amor...
— Então... Não vai me mandar ir
embora?
— Enlouqueceu? — Nego com a cabeça
sorrindo. — Eu jamais iria fazer isso,
Ágata...
— Por que saiu daquele jeito?
Ele sorri e encara Clhoe.
— Não foi a Coe mamãe...
— O que meu amor? — Pergunto a
olhando sorrir.
— Perguntei se ela queria um
irmãozinho... — Beija minha testa me
olhando. — E acho que ela gostou da
ideia...
Clhoe sorri nos encarando e sinto meu
peito desfalecer.
— Eu jamais iria te abandonar, Ágata...
Jamais.

Ouço a respiração baixa de Chris


enquanto deito a cabeça em seu peito.
Ainda absorvendo toda a notícia. Eu
estava sentindo um medo, acho que como
todo mundo fica no início. Eu já tinha
passado por aquilo, mas não foi fácil da
primeira vez.
Acho que esse era meu pior receio.
Ele beija meu ombro e sorrio o olhando.
— Liguei para minha mãe... Pedi para ela
fazer um jantar especial para amanhã. —
Diz espalhando vários beijos entre meu
ombro e pescoço. — Ela vai enlouquecer
quando souber...
Sorrio escondendo o rosto entre seu
peito.
— Se ela não... Bom, aceitar bem?
— Minha mãe é louca para ter netos,
Ágata. Ela irá ganhar dois ao mesmo
tempo.
O encaro perplexa.
— Dois? Não! Aqui só tem um bebê, tá
bom? — Me sento o encarando.
Ele fica por um tempo sério. Muito sério.
— Eu quero... Ágata... — Ele segura em
minhas mãos e me encara. - Clhoe é...
Bom...
Sorrio o encarando enquanto as lágrimas
descem pelo meu rosto.
— Eu sou apaixonado por sua filha...
Clhoe também vai ser neta dela, Ágata...
Sua filha é como se fosse minha também.
— Ah Chris... — Sussurro me jogando
em seus braços enquanto ele começa a
espalhar beijos em meu pescoço.
— Você entrou na minha vida, Ágata...
De um jeito arrebatador. — Aperta em
meus dedos e sorrio.
— Você é o homem da minha vida
Christopher!
Acho que eu nunca tinha sido tão feliz
em toda minha vida.
— Eu te amo. — Sussurro baixo beijando
seus lábios rapidamente.
— Eu te amo mais... Loira...

Helena para com o copo na altura da


boca me olhando.
— Grá-grávida?
Faço um sinal afirmativo com a cabeça
cortando a carne em pequenos pedaços
para Clhoe, que comia tranquilamente.
A encaro, observando o seu rosto
assumir uma tonalidade pálida enquanto
sua boca se abre formando um perfeito O.
— Eu descobri ontem à noite, Helena...
Na verdade, Chris desconfiou antes de
mim.
— Mas como... Não, eu sei como se faz
bebês... Eu digo... Meu Deus! — Sorrio
balançando a cabeça. — Pelo menos está
tudo bem... Digo... Ele reagiu bem?
— No começo eu achei que não, mas
depois ele ficou radiante Helena. —
Amarro os cabelos em um coque enquanto
um sorriso enorme se abre em seu rosto.
— Eu fico tão feliz, Ágata... A gravidez da
Clhoe foi tão...
Encaro minha filha que não faz ideia do
que acontece ao redor, aperto sua
bochecha com o polegar e ela sorri me
olhando.
Eu jamais deixaria acontecer algo com
ela.
— Foi conturbada... — Completo
sorrindo. — Só que ela foi o presente mais
lindo que eu já ganhei... Não foi meu
amor?
— O mais lhindo!
— O mais lindo de todo universo! —
Helena sorri a beijando. — Né, amor da
dinda?
Eu estava com uma mistura de
nervosismo e ansiedade que não cabiam
no peito. Helena passou o restante do dia
comigo e foi embora assim que
entardeceu.
Eu praticamente tinha me mudado para
apartamento do Chris. Foi tão rápido que
nem eu percebi.
Aliás, tudo tinha sido rápido entre nós
dois.
Clhoe estava no quarto brincando e
resolvi separar uma roupa para mim, deixei
o vestido vermelho em cima da cama e
sorri quando senti as mãos rodeando
minha cintura.
— Voltou cedo. — Digo me virando
enquanto beijo seus lábios rapidamente.
— Tive que controlar minha língua para
não contar nada a Lorenzo até à noite. —
Beija meu pescoço espalhando vários
beijos por todo ele.
O sorriso se espalhando em seu rosto
enquanto enlaça minha cintura, me
fazendo encostar em seu corpo.
— E como pretende controlar a língua?
— Pergunto em um sussurro baixo.
— Advinha?
Um grito fino escapa da minha boca
quando sou jogada na cama em um puxão
violento, enquanto ele sorri me olhando.
— Clhoe está...
— Eu sei. Assim que ela dormir eu mato
esse desejo de você...

— Não fique nervosa. — Chris diz


enquanto dirige calmamente. Olho para
trás onde Clhoe está sentada com uma
boneca nas mãos, parecendo uma
princesa de tão fofa que está. O vestido
amarelo com uma saia rodada lindo, os
cabelos soltos em cachinhos.
Não era fácil ficar calma, não era
mesmo. Estava indo ao banheiro de 10 em
10 minutos. Minhas mãos suavam.
— Estou tentando não ficar nervosa. —
Digo sorrindo.
— Não é a primeira vez que vem aqui. —
Diz, mas não tinha tom de ironia nem nada
do tipo em sua voz.
Estava apenas me acalmando.
Ele balança a cabeça e sorri. Estava
magnífico com uma camisa social preta,
junto com a calça. Aquelas belas
tatuagens à mostra que me deixavam
desnorteada. O sorriso meio de lado.
Queria que nosso bebê tivesse seu rosto,
seu sorriso.
Nosso bebê.
Era tão estranho falar aquilo, não fiz
planos quando estava grávida de Clhoe.
Era tudo muito novo, muito recente.
O carro estaciona em frente a enorme
casa e meu coração dá uma palpitada
forte. Chris desce, abrindo a porta
enquanto vou em seguida. Ele pega Clhoe
nos braços e o encaro.
— Estou com medo.
— Não precisa ficar com medo. Eu vou
estar aqui. — Beija minha testa e sorrio. —
Clhoe, não está nervosa. Está amor?
— Sou mocinha... — Sorrio enquanto a
beijo.
Chris gira a maçaneta da porta abrindo-a
enquanto todos se erguem nos olhando.
Lorenzo, Arthur, Patrício e Clarisse.
— Oh... Meu amor!— A mãe dele se
ergue e para nos olhando. — E quem é
essa princesa mais linda?
— Sou Coe...
— Ah, que amor!
— E aí loirinha?— Cumprimento Lorenzo
e Arthur com um sorriso.
— Que menina mais linda você é Clhoe.
— Dona Clarisse diz e me encara. — Sua
filha é encantadora.
— Obrigada. — A encaro orgulhosa.
Eles ficaram sabendo de todo o processo
que passamos, fiquei mais confortável em
não precisar explicar tudo novamente.
— Pensou que eu não viria mais? —
Chris diz beijando a mãe que bate em seu
ombro.
— Não demore tanto em um jantar na
casa dos seus pais, seu ingrato!
Patrício tinha um semblante fechado,
mas me cumprimenta com um sorriso
singelo e faz o mesmo com Clhoe.
Enquanto Lorenzo e Arthur conversavam,
ele apenas assentia de vez enquanto.
— É apenas um coquetel na casa dos
Martins.
— Mais um coquetel que o senhor tenta
para me arrumar uma noiva? — Lorenzo
rebate sério o olhando.
Estávamos nos sofás sentados, o clima
parece que começa a ficar meio tenso.
Clhoe está sentada no colo de dona
Clarisse, que sorri encantada para ela.
— Não sei por que não desiste papai.
— Eu vou mandar colocarem a mesa,
Patrick deve estar chegando. — Dona
Clarisse pega Clhoe pela mão, saindo em
direção à cozinha. — Vamos amor?
A porta se abre e Patrick entra na sala,
os olhos se prendem aos meus e ele
apenas assente enquanto sorri.
— Desculpe a demora, o trânsito está
caótico. — Nos encara. — Papai.
— Meu filho.
Christopher e ele apenas se
cumprimentam rapidamente e Patrick se
senta ao lado de Arthur.
— Bom... O jantar está na mesa. Oh...
Meu amor, você chegou? — Dona Clarisse
diz indo até Patrick o beijando.
— Perdão pelo atraso mamãe. — Ele se
ergue a beijando. — Eii Clhoe... Como
você está linda!
— Obigada... Ta nindo também.
— Você que é uma princesa linda,
gostou da casa?
Ela faz que sim com a cabeça enquanto
ele a segura no colo.
Chris apenas dá um sorriso fraco
enquanto o encaro.
— Tô morto de fome! — Lorenzo
exclama alto. — Ô mãe... Esse jantar não
sai não? Ainda tenho uma rave para ir...
Seu Patrício o encara e Lorenzo o fita.
— Quando vai começar a tomar juízo,
meu filho?
— Não sei... Mas por enquanto vou
tomando uísque mesmo!
Patrício suspira enquanto se ergue Chris
logo entra entre os dois.
— Me respeite, Lorenzo! Eu ainda sou
seu pai...
— Pelo amor de Deus, Patrício. Tem uma
criança na sala!
— Lorenzo, já chega! — Chris pede.
— Para cara! — Arthur diz o olhando.
— Pare de me tratar como se eu tivesse
dez anos, pai Eu não vou tomar juízo nem
hoje e nem nunca! Então é melhor desistir
dessa ideia patética de netos e casamento!
— Lorenzo altera a voz e posso ver as
veias de seu pescoço saltando.
— Se tivesse puxado um pouco aos seus
irmãos...
— Mas não puxei. Não sou perfeito como
Chris e não sou puxa saco como Patrick!
Eu sou a ovelha negra, não é papai?!
— Lorenzo, já chega! — Chris o segura
pelo braço. — Por favor... Pare.
— Me desculpe por isso minha filha. —
Dona Clarisse diz e sorrio.
— Ninguém melhor que eu sei o quanto
pai e filho se desentendem.
Pego Clhoe de seus braços, enquanto
ela me encara.
Lorenzo continuava a encarar o pai de
uma forma estranha. Eu não tinha um
relacionamento dos melhores com o meu
pai, mas Lorenzo tinha algo como um ódio
grande no olhar. Um rancor.
— Pelo menos hoje vamos jantar com
decência em família. — Dona Clarisse diz
os encarando. — Mas eu quero ter uma
conversa bem seria com você, Lorenzo...
Lorenzo revira os olhos e nos sentamos
à mesa de jantar. Sento Clhoe do meu lado
e Chris senta à minha esquerda. Mordo o
lábio inferior, tentando controlar a ânsia de
vômito que me toma.
— Bom... Você pediu para fazer um
jantar especial hoje meu filho, o que quer
nos contar?
Chris sorri me olhando e encara Arthur,
que está na sua frente junto de Lorenzo.
Apenas Patrick está com a mão no queixo
nos olhando.
— Ágata e eu... Bom, nós vamos ter um
filho.
Uma tossida radical é ouvida. Arthur bate
nas costas de Lorenzo, que tosse
descontroladamente. Dona Clarisse está
de boca aberta.
— Que isso mano??? Meu Deus!
— Caraca!
— Meu filho! Oh, meu Deus! — Dona
Clarisse se ergue em um pulo, me
abraçando pelo pescoço. — Eu estou... Ah
meu Deus... Um bebê? Vocês vão ter um
bebê? Eu vou ser avó! Patrício eu vou ser
avó!
— Me leva Jesus! Não tô conseguindo
mais sentir meus pulmões...
Seu Patrício se ergue enquanto
abraça Chris, dava para ver o sorriso de
orgulho em seu rosto.
— Ao menos uma notícia boa, que
felicidade. — Patrício me encara enquanto
me abraça.
— Nosso primeiro netinho. Ah, Deus!
Catarina vai surtar quando descobrir, ela
sempre disse que iria ser avó primeiro!
— Ainda bem que Chris roubou esse
posto. — Arthur indaga me olhando.
— Parabéns. — Patrick diz e me encara,
enquanto sorri de lado.
— Obrigada Patrick.
— Parabéns, Chris.
Christopher
— A gravidez é certa mesmo? Não foi
resultado errado? — Lorenzo pergunta
pela milésima vez. — Porque tem exames
que dão errado, né?!
— Vamos ao obstetra amanhã. Mas sim,
Lorenzo... Ágata está grávida. — Digo
bebericando o copo de uísque.
Tínhamos voltado da casa dos nossos
pais há quase uma hora. Mamãe quase
não nós deixou sair com Clhoe... Ela é
apaixonada por crianças.
Estava radiante com tudo.
E na verdade, aquela notícia não tinha
deixado apenas ela feliz. Eu estava
radiante.
Eu ia ser pai!
Eu fiquei surpreso e ao mesmo tempo
bobo, uma sensação estranha e uma
felicidade sem controle.
— Você tá de boas? — Arthur pergunta
sério. — Porque você já está na idade de
formar uma família, né?
— Eu posso ter mil anos... Ser uma
múmia ambulante, nunca vou estar na
idade de ter uma família!
Reviro os olhos não querendo discutir
com meu irmão. Eu não sei qual o
problema que Lorenzo tinha com
casamentos ou família. Já que a nossa
sempre foi estruturada, pais incríveis.
— Patrick ficou meio...
— Sabe que vocês dois um dia vão ter
que conversar sobre isso, né?
Mordo o lábio os olhando.
Eu não queria ficar brigado por anos com
meu irmão, não queria mesmo. Sempre
tivemos uma conexão, uma amizade.
Mas parecia que não havia mais nada,
éramos como se fôssemos dois
desconhecidos. E era insuportável o jeito
que ele a olhava. Assim que acabou o
jantar, ele saiu e viemos embora. Não
trocamos mais uma palavra sequer.
Subo para o quarto assim que Arthur e
Lorenzo vão embora. Passo pelo quarto,
olhando Clhoe dormir na enorme cama.
Me aproximo enquanto ela ressona baixo
e me sento a encarando.
— Prometo que vou ser um pai incrível
para seu irmão ou irmã... E para você
também, se quiser. — Sorrio beijando sua
testa.
Encosto a porta devagar e saio entrando
em meu quarto.
— Ágata? — Indago e ela sorri me
olhando.
— Estou aqui. — Diz enquanto me
encaminho para a varanda.
Beijo o ombro desnudo pela camisola e
ela sorri apertando minha mão.
— Acho que nunca pensei que passaria
por isso de novo...
— Por isso, o que? — Sussurro a
abraçando.
— Por uma gravidez... Eu achei que
depois de Clhoe...
— Ágata... — A viro e franzo o cenho a
olhando. — Com você eu aprendi que um
homem tem que ter uma família...
— Chris...
Espalmo a mão sobre a barriga
imperceptível e um sorriso toma conta dos
meus lábios.
— É a nossa família... — Digo a olhando.
— Vai ser o começo de uma nova vida...
Eu prometo.
Eu não deixaria ninguém acabar com
isso.
Capítulo 32
Christopher
Entro em minha sala enquanto encaro
Patrick na minha frente. Já sabia que
estava aqui, jogo o blazer nas costas da
cadeira e ele passa a língua pelos lábios
me olhando.
Aquela semana tinha sido uma correria
tão grande, que eu estava aéreo. Depois
da descoberta da gravidez e toda aquela
turbulência dos últimos acontecimentos.
— Não vim para brigar, Chris. — Diz e
me sento o encarando.
— Senta. — Aponto com o queixo e ele
de senta rapidamente.
— Eu sei que não parece, mas eu estou
feliz por você e por ela...
Arqueio as sobrancelhas o olhando, não
estávamos mais como rivais.
Era apenas meu irmão ali, na minha
frente.
— Chris, você é meu irmão e quero ver
você feliz e que a faça feliz. — Diz e me
remexo na cadeira. — Ela preferiu você,
Chris...
Era realmente estranho estar tendo essa
conversa com ele, mas era necessária.
— Não é um jogo, Patrick. Nunca foi. —
Digo em um fio de voz e ele me fita. — Eu
nunca... Nunca pensei que Ágata era a
mulher que você falava e depois que eu
soube...
— Ficou com ela. — Termina a frase me
olhando. — Vocês quiseram Chris... Os
dois.
— E você está feliz... E eu também... Por
elas... — Ele sorri me fitando.
O encaro e assinto.
— Elas merecem Chris. Depois de tudo
que passaram...
— Eu prometo que farei o melhor. —
Sorrio.
— Agora vai ser pai, né? — Ele suspira
abrindo os abraços. — Parabéns... Eu
quero apenas que vocês sejam felizes.
Muito.
Ele se vira pronto para sair.
— Patrick? — O chamo enquanto ele se
vira.
— Você também vai ser feliz. Muito. E
me desculpe por...
— Não precisa Chris.
Aperto seu ombro enquanto ele assente.
— Irmãos outra vez? — O encaro.
— Que merda é essa? — Lorenzo abre a
porta com tudo e nos entre olha com o
rosto torcido. — Vão se beijar agora?
— Ah Lorenzo... Pelo amor de Deus! —
Digo revirando os olhos.
— Estão de boas já? — Pergunta
olhando Patrick.
— Estamos Lorenzo. Sempre.
— Jesus seja louvado! E como eu digo,
não adianta brigar por causa de uma
boceta. — Olho-o torto e ele sorri. — Sem
ofensas, é claro. Mas tem milhões de
bocetas no mundo gente... Por Deus!
— No dia que você se apegar a uma
boceta só, eu vou soltar fogos de artifício.
— Patrick diz batendo em seu peito.
— Sinto muito caros irmãos... No dia que
o papai aqui ficar gamado em uma boceta
só, eu deixo de me chamar Lorenzo
Fernandes González!
— Faltou o Júnior, no final. — Alfineto
sorrindo.
— Meu pau!
Eu gargalho em sua cara e ele para de
sorrir no mesmo instante.
Arthur tinha saído para fazer uma viagem
e não tinha retornado ainda, às vezes
essas viagens demoravam mais que o
previsto. Ligo o computador terminando de
digitar os últimos contratos, já era final de
expediente e não via a hora de chegar em
casa.
— Olha isso daqui. — Lorenzo joga
algumas páginas sobre minha mesa.
— O que tem? — Dou uma rápida olhada
nos papéis, eram documentos com
assinaturas do nosso pai. — Onde pegou
isso, Lorenzo?
— Achei no escritório do papai, esperei
Patrick ir embora para falar com você. —
Diz se sentando.
Eu não fazia ideia do que se tratava, mas
eram promissórias assassinadas pelo
senhor Martín.
— Papai está aprontando alguma, Chris.
— Diz em um fio de Voz. — Não sei o
que... Mas está.
— Não fale besteira, Lorenzo. — Fecho
as páginas, colocando sobre minha mesa.
— Sabe que papai sempre emprestou
dinheiro para amigos próximos.
— Só que dessa vez é diferente. Não
tem data de devolução do dinheiro!
— Eu não estou entendendo essa sua
preocupação. Papai sabe o que faz
Lorenzo. Deixe esses papéis comigo e falo
com ele depois. — Ele passa as mãos
pelos cabelos e suspira.
— Estou precisando é sair! Estou
começando a pensar merda! E sabe que
oficina vazia, é mente do diabo...
— Mente vazia, é oficina do diabo,
Lorenzo!
— Dane-se, irmão! Dane-se!
Lorenzo bufa enquanto pisa firme saindo.
Realmente não estava entendendo essa
paranoia de Lorenzo, era como se papai
estivesse aprontando algo pelas suas
costas. Coisa que ele não faria.
Termino de revisar os papéis e fecho a
sala rapidamente saindo. Estava
completamente louco para chegar em
casa. Sabia que Ágata estava me
esperando.
Sim, era incrível como eu tinha mudado
de uns meses para cá. Completamente.
Chego ao estacionamento, pronto para
entrar no carro quando ouço uma voz fina
me chamando. Olho para trás vendo
Megan andar em minha direção.
— Chris...
Reviro os olhos abrindo a porta do carro
e ela segura em meu braço me fazendo
encará-la.
— O que quer Megan?
— Estou com saudades meu amor... — A
mão espalma em meu peito e seguro,
tirando-a bruscamente. — Chris...
— Megan, o que diabos está fazendo
aqui? — Ela sorri e passa as mãos pelos
lábios, olhando no espelho do carro.
— Vim tentar colocar juízo nessa sua
cabeça, Christopher! Como você acredita
em uma mulherzinha daquelas? Me diz!
— Megan, por favor... — Peço tentando
entrar no carro.
— Por favor, peço eu Chris... Aquela
mulher está te enganando, ela... Ela está
se aproveitan...
— Lave sua boca para falar dela, ouviu
bem?
Ela se afasta e se inclina para me olhar.
Os olhos azuis me fulminando.
— Clarisse comentou com minha mãe
que ela está grávida! Meu Deus, Chris...
Não achei que seria tão idiota para cair no
conto do golpe da barriga. Esse bebê nem
deve ser seu!
Aperto o antebraço dela entre meus
dedos, a olhando com desdém. Eu nem
devo dar ouvidos para ela.
— O mesmo conto que você queria fazer,
não é mesmo? — Digo com o rosto a
centímetros do seu. — Só que ao contrário
de você, Megan... Ágata tem uma coisa
chamada caráter.
A solto bruscamente, entrando no carro
rapidamente. Piso tão fundo deixando o
rosto dela transformado de ódio para trás.
Eu sempre tive dúvidas de tudo que
acontecia em minha vida.
Menos com Ágata.
Entro no apartamento e dou de cara com
Clhoe sentada no sofá. Sorrio enquanto
ela corre até os meus pés e a seguro no
colo, beijando a bochecha.
— Onde está a mamãe?
— Foi lá no baneilo, falou que o bebê
não deisava ela comer dileito. — Sorrio a
colocando no sofá novamente.
— O bebê não deixa a mamãe comer
direito? — Pergunto e ela sorri,
escondendo o rosto entre as mãos. —
Linda... Fica aqui e eu volto logo, tá bom?
Subo as escadas em silêncio, entrando
no quarto. Sorrio olhando Ágata parada na
porta do banheiro.
— Estou destruída. — Diz escondendo o
rosto em meu peito.
— Está linda. — Beijo sua testa a
encarando.
A gente não falava sobre como ia ser
depois. Aliás, nem conversamos mais o
que faríamos depois. E por incrível que
pareça, eu não estava preocupado, eu só
iria viver o momento e deixar as coisas
acontecerem.
— Vou tomar um banho rápido.
— Fiz um jantar incrível para a gente. —
Ela sorri e aceno entrando no banheiro.
Meu apartamento nunca pareceu tão
confortável e aconchegante ao mesmo
tempo. Tinha brinquedos espalhados e
gargalhada de criança pela casa inteira.
Desço as escadas logo após o banho,
tinha colocado uma calça de moletom e
uma camisa de algodão.
Sorrio enquanto piso em um giz de cera
e seguro entre os dedos o pegando. Clhoe
se esconde nos travesseiros do sofá.
Os olhinhos meio saltados me
encarando.
— Deculpa... — Ela Sussurra e me sento
ao seu lado.
— Está pedindo desculpas por um giz de
cera?
— Coe fez bagunça... — Ela se senta e
me encara. — Meu papai não gosta...
A fito, encarando-a e seguro em sua
mão. A mão pequena sobre a minha.
— Aqui você pode tudo... Tá bom?
Ela assente e sorri me encarando.
— Quer bincar com Coe? — Ela
pergunta inocentemente.
Olho de um lado para o outro e me ergo
a encarando.
— Vamos brincar então, seu pedido é
uma ordem. — Digo sério e ela pula,
abrindo um sorriso que faz meu coração
pular na caixa do peito.
Parece que o cansaço de todo o dia se
esvai do meu corpo, e eu não era mais o
CEO engravatado, era apenas um homem
comum, sentado no chão de uma sala e de
olhos cravados em uma criança que só
precisava de uma coisa... Que eu não
sabia, mas estava tendo de sobra.
Amor paterno.
Ágata
Me viro na cama colocando a cabeça
encostada nas minhas mãos, enquanto me
apoio na cama, o sono parece demorar
séculos para chegar, observo Chris me
olhando e sorrio.
— Enjoada de novo?
— Humhum. — Nego com a cabeça o
olhando. — Acho que agora ele resolveu
parar de brincar...
— Ele? — Pergunta sorrindo.
— Modo de falar... — Os dedos se
entrelaçam aos meus.
Ele esboça um sorriso preguiçosamente
delicioso que faz meu coração saltar de
felicidade. Eu não lembrava mais o quanto
era exaustivo estar grávida, mas estou
amando essa fase.
— E se eu falar para você... Que quem
quer brincar agora sou eu? — Um grito fino
escapa da minha garganta quando sinto o
corpo forte em cima de mim.
— Chris... Não! Eu vou dormir! — Digo
tentando esconder um sorriso.
Mas sou vencida quando sinto os lábios
beijando de leve o meu pescoço. Arfo
quando sinto a boca invadindo a minha. As
mãos começam a percorrer meu corpo, e
sorrio entre seus lábios.
— Se alguém me falasse que eu estaria
aqui hoje, eu não acreditaria. — Gemo
quando sinto os braços rodeando meu
corpo.
Sugo seu lábio inferior, enquanto o
polegar começa a fazer uma massagem no
meu seio. Era padecer no paraíso e ir para
o inferno ao mesmo tempo, apenas por
sentir aquele prazer.
Eu era Ágata Mendes, uma ex dançarina
de boate, que acabou se apaixonando por
um CEO cafajeste.
— Eu te amo. — Sussurro entre seus
lábios entre abertos.
— Eu também te amo...

— Quer mais suco? — Pergunto para


Clhoe, que nega com a cabeça.
Eu tentava engolir um pedaço de torrada
que não descia de modo algum pela minha
garganta. E ela estava bem apoiada
enquanto comia seu cereal da manhã.
Só que ao contrário de todos os dias, ela
estava mais triste, cabisbaixa.
— O que foi meu amor? — Pergunto
olhando-a.
— Mamãe... Quem é o papai do seu
bebê? — Sorrio pela pergunta inocente.
— É o tio Chris, meu amor.
— Intão agola ele é meu papai tumbém,
né?
Engulo seco a olhando, meu coração se
aperta. Era difícil explicar para uma criança
de três anos, essa reviravolta que a vida
tinha dado.
— Clhoe... O Chris, ele...
Me calo no mesmo instante, em que ele
entra na cozinha com um sorriso enorme
no rosto, me beijando rapidamente e logo
em seguida faz o mesmo com Clhoe.
Estávamos passando mais tempo na
casa dele do que na minha própria casa. E
eu sabia que isso estava passando dos
limites de todos os modos.
Poderia confundir a cabeça de Clhoe de
algum modo.
— O que foi? Já comeram? — Pergunta
se sentando.
— Estamos terminando, né filha? — Digo
sorrindo enquanto ela assente, voltando a
comer seu cereal, esquecendo aquele
assunto que me deixou desnorteada.
Ela não tocou mais naquele assunto e
também não tive coragem de fazê-lo. Chris
acabou me deixando em frente ao meu
apartamento, se despedindo de nós duas.
Seguro Clhoe no colo enquanto equilibro
todas as sacolas no braço. Giro a
maçaneta sorrindo e Helena se ergue, me
encarando séria.
— Ágata... Não me disse...
— Olha o que os bons ventos trazem. —
Sinto um calafrio percorrer minha espinha
quando a voz de Armando ecoa pelo
ambiente. — Estava agora mesmo pedindo
para Helena entrar em contato com você...
Aperto Clhoe forte em meus braços,
quando ele se aproxima a pegando no
colo.
— Papai estava morrendo de saudades,
docinho. — A beija demoradamente e ela
se encolhe.
Encaro Helena que está mais assustada
do que eu. Meu coração começa a bater
tão forte que começa a doer.
— Magno mandou te avisar que vêm
depois de amanhã, Helena. — Diz sorrindo
e os olhos dele voam para cima de mim.
Ele estava jogando. Tentando nos
prender em uma teia.
Pisco algumas vezes vendo Clhoe o
encarar e ficar seria.
— Armando... Ela está assustada.
Ele sorri olhando Clhoe e nos encara.
— Está com medo do papai, meu amor?
— Pergunta fingindo um sorriso.
— Mamãe! — Engulo seco quando ela
estende os bracinhos me olhando.
Dou um passo à frente, pegando-a no
colo e a apertando entre meus braços. Um
arrepio sobe pela minha espinha e solto o
ar preso em minha boca.
— Helena meu amor, será que poderia
me emprestar seu celular? — Helena olha
para o aparelho em cima do móvel da sala
e ele sorri o pegando, guardando no bolso.
— Que gentileza a sua.
— Armando, o que você...
— Leve Clhoe para dentro. E se eu ao
menos ouvir a sua voz lá... Bom, digamos
que eu não serei tão gentil. — Sorri me
olhando.
— Mama...
— Vá com a titia Helena, amor. A mamãe
vai pegar você daqui a pouco. — Digo
beijando sua testa.
Helena sai com Clhoe no colo e o encaro
friamente. Vira de costas dobrando a
camisa até os cotovelos e senta-se me
olhando. Continuo do pé sem me mover.
Meu estômago revira e uma ânsia de
vômito me domina.
— Está passando mal, amor? —
Pergunta em um sussurro.
— O que você quer? — Pergunto entre
dentes. — Já não basta ter feito tudo que
fez, Armando? Nada é suficiente para
você?
Ele se levanta e estala a língua,
passando a mão pelo móvel da sala.
— Móveis empoeirados, casa fechada...
Helena praticamente se mudou para o
apartamento do meu irmão... Pelo tempo
que esse apartamento ficou fechado, devo
sugerir que você não está mais morando
aqui? Ou estou enganado?
Passa a mão pelo meu queixo e desvio o
rosto.
— Como imaginei. Agora me diga uma
coisa, Ágata. Está levando minha filha para
fazer parte dessa família perfeita que você
está inventando?
— Clhoe é minha filha!
— É nossa!
— Ela é minha!
— Nossa. Minha e sua. Nossa filha. —
Diz pausadamente, me olhando de cima a
baixo. — Ela foi feita com um desejo
absurdo... Já esqueceu?
Afasto meu rosto quando ele tenta
segurar.
— Está diferente... O rosto mais corado,
até o corpo está mais...
— Ficar longe de você, me causa um
bem que você nem acredita.
Fecho os olhos quando outra ânsia de
vômito me invade.
O suor frio descendo pelo meu rosto
enquanto ele me encara.
— Acho que a dona cegonha veio visitar
alguém, ou estou errado?
— Plenamente equivocado. — Digo
erguendo o rosto enquanto ele aperta meu
braço. — Me sol...
— Está grávida?
Fico em silêncio no mesmo instante.
— Responda inferno! Está grávida? — O
aperto se torna mais forte e um gemido
escapa dos meus lábios. — Eu mandei
você responder! Inferno!
— Eu... Eu estou.
Capítulo 33
Ágata
Meu braço é apertado pelos dedos no
mesmo instante em que as palavras saem
da minha boca. Minhas costas se colidem
com a parede, enquanto ele me encara
com fúria.
— Armando... — Tento me soltar, mas é
quase em vão. Isso só faz o aperto se
tornar mais rígido.
Minha boca seca no mesmo instante e as
lágrimas descem pelo meu rosto.
Não iria deixar Armando me ver frágil.
— Engravidou daquele homem, Ágata?!
— Cospe as palavras segurando em meu
queixo com a mão livre.
Eu não conseguia olhar para ao lado, só
tentava não enlouquecer e tornar a
situação pior do que já estava.
— Você deveria estar morta! — Meu
corpo congela quando seus olhos se
tornam frios.
— Você é um... — As palavras saem
esmagadas quando ele intensifica o aperto
cada vez mais.
— Se você acha que vai ter seu conto de
fadas assim... Você está tão enganada,
Ágata. Mas tão enganada. — Diz como um
sussurro perto do meu ouvido. — Acha
mesmo que vou deixá-la criar a minha filha
junto desse bastardo?! Acha?
— Eu tenho nojo de você! — Digo me
desvencilhando o aperto. — Você não
manda em nada, Armando. Não mais!
Ele acaba dando um sorriso de lado, me
fazendo o encarar com ódio.
— Eu acabo com você e com esse
bastardo em um piscar de olhos. Está me
entendendo?
— Você é louco! Um doido! Psicótico!
Sobressalto quando ele bate a mão na
parede, passando a poucos centímetros do
meu rosto. Os olhos avermelhados.
Estava fora de si. Era óbvio.
Seguro a respiração, olhando Helena de
olhos saltados pela fresta da porta.
— Clhoe não vai ficar com você nem
mais um minuto. — Diz pronto para sair,
mas agarro no colarinho da sua camisa.
— O que você vai fazer? Armando, não!
— O seguro firme, enquanto segura em
minhas mãos tentando se desvencilhar. —
Me ouça...
— Te ouvir? Acha que quero te ouvir,
Ágata? ACHA?
— Armando... Por Deus...
Ele se cala por um segundo e sorri me
encarando.
— Nossa filha viva, ou seu bastardo!
Você decide.
Paro estática por um instante, sentindo
todo meu corpo gelar e petrificar no local.
Pisco algumas vezes o olhando.
— Eu vou acabar com voc...
Ponho a mão na boca sobressaltando
quando ele cai no chão e o sangue se
espalha pelo local rapidamente.
Helena me encara paralisada, com o
abajur nas mãos.
— Vamos embora daqui, Ágata! —
Segura em minha mão, me puxando até o
quarto onde Clhoe está abaixada perto da
cama.
Os joelhos dobrados e ela chora baixo.
A pego no colo, colocando a pequena
cabeça na curva do meu pescoço.
— A mamãe vai pedir uma coisa, tá meu
amor? — Peço a olhando antes de chegar
à sala. — Feche os olhinhos que vamos
voar, mas só vai funcionar se fechar os
olhos, tá bom?
— Tá mamãe...
— Promete que não vai olhar meu amor?
Por favor...
— Pometo...
Eu não queria que minha filha visse
aquela cena horrorosa. Tinha um corte
atrás da cabeça de Armando, que estava
sangrando muito, mas muito mesmo.
Helena fecha a porta e corremos como
loucas para o elevador.
Os pés descalços, o coração palpitando
em disparado.
Ainda consigo ouvir minha respiração
ofegante.
— Ele ia te amar, não ia? — Helena
indaga me encarando.
— Ia Helena... — Sussurro e ela me
encara ainda pálida. — A polícia...
Precisamos chamar a polícia!
— Vamos sair daqui primeiro... Meu
Deus, Ágata!
Balanço a cabeça, parando assim que
um táxi estaciona na nossa frente,
entramos rapidamente enquanto dou o
endereço do apartamento de Christopher.
Todos os celulares tinham ficado em meu
apartamento. Merda. Merda.
Deixo Clhoe no andar de cima e desço
as escadas com pressa.
— Ele ia matar o bebê ou a Clhoe,
Helena! — Digo passando as mãos pelos
cabelos exasperada. — Ele me pediu para
escolher entre os dois! Como... Como ele...
— Ele é um monstro! Um monstro! Você
precisa pensar Ágata. Se Armando
estiver... Morto...
Eu odiava admitir isso. Não, não odiava
não. Eu realmente queria que ele morresse
que ele pagasse por tudo o que me fez.
— Se Chris souber, ele mata o Armando
com as próprias mãos, Ágata. — Helena
diz, deixando o seu corpo cair no sofá.
Meu coração está pesado, meu corpo em
uma total adrenalina que me dá medo. Eu
não queria imaginar o que aconteceria se
Helena não tivesse o acertado, eu não
pensaria em mais nada.
— Se acontecer algo, Helena... Eu
respondo... Eu digo que você estava no
quarto e eu que joguei o abajur na cabeça
dele.
— Enlouqueceu Ágata?! Claro que não!
Ele ia te matar! Vou assumir a culpa...
— Que culpa? — A porta se abre e Chris
entra com Arthur na sala.
Helena se ergue e o encaro.
— O que está acontecendo? — Torna a
perguntar com a voz rígida. — Eu deixei
você há pouco no apartamento...
Aconteceu alguma coisa?
— Ah Chris... — Me aproximo o olhando.
— Ágata... O que aconteceu?
— Armando estava no apartamento na
hora que a Ágata chegou. — Helena
começa e me encara. — Ele me mandou
para o quarto com Clhoe e descobriu que a
Ágata está grávida...
Christopher passa a mão na testa e vejo
sua mandíbula enrijecer no mesmo
instante.
— O que ele fez? — Diz pausadamente.
— Chris... Ele... Ele me pediu para
escolher, entre a Clhoe e o bebê. — Digo
em um sussurro.
— Só que eu ouvi a conversa... E acabei
batendo com um abajur em sua cabeça. —
Helena termina me olhando. — Saímos
como loucas do prédio, sem saber como
ele ficou lá!
— Onde está Clhoe?
— Ela está lá em cima, está bem... —
Helena diz me olhando.
Chris rapidamente me puxa para seus
braços, onde repouso minha cabeça.
— Vai ficar tudo bem meu amor... Eu
prometo. — Diz colocando o queixo no
topo da minha cabeça.
— Onde exatamente ele ficou? — Arthur
pergunta e o encaro.
— Na sala... E... Ele estava sangrando
muito, não sabemos se ele está vivo...
— Eu vou pedir aos céus que ele esteja
morto. Porquê não vou ver problemas em
mandá-lo para o inferno hoje mesmo! —
Chris beija minha testa e encara Arthur. —
Ligue para o delegado, a gente vai agora
naquele apartamento.
— Chris...
Arthur sai com o telefone no ouvido e ele
junta as mãos em meu rosto, me olhando.
— Vocês são minha vida agora, eu
jamais vou deixar alguma coisa acontecer
com vocês. Está entendendo, Ágata?
Tento segurar minhas lágrimas que
teimam em descer e sorrio o olhando.
— Eu fiquei com tanto medo,
Christopher... Meu Deus...
— Eu estou aqui meu amor... Estou
aqui...

Christopher
— Eu só quero que ele esteja morto, ou
eu mesmo vou acabar com a vida dele. —
Digo sorvendo um gole de uísque, que
desce rasgando entre minhas entranhas.
Minha mão tremia a mandíbula cerrada
enquanto aperto o copo nas mãos.
— Calma Chris. Estamos levando os
polícias para resolver isso. — Encaro
Arthur por cima da borda do copo e
deposito calmamente sobre a mesa.
— Não manda ele ter calma não, que é
pior. — Lorenzo se ergue colocando a mão
em meu ombro. — Só relaxa Chris...
— Relaxar? A minha mulher estava nas
mãos de um psicopata e você me pede
para relaxar? — Digo pausadamente
olhando Lorenzo arregalar os olhos para
Arthur.
— Tremeu até meu saco agora. —
Lorenzo diz me olhando.
Passo as mãos na testa quando um filete
de suor desce, um misto de raiva e ódio
me toma. Puta que pariu. Eu queria
estrangular Armando.
E iria fazer. Juro por tudo.
Descemos as escadas do prédio assim
que o carro de polícia estaciona em frente.
Prefiro ir no meu carro junto com Lorenzo
e Arthur. O volante se torna saco de
pancadas porque seguro com tanta força
que meus dedos chegam a ficar
esbranquiçados.
A respiração se torna acelerada quando
penso no que ele poderia ter feito ao meu
filho e até a própria filha dele. A Ágata.
Psicopata pau no cu de um caralho!
— Acho melhor você ficar aqui, Chris. —
Arthur diz olhando o relógio de pulso no
braço.
— Pois tente me segurar. — Passo por
ele, olhando os quatro policiais fortemente
armados.
Lorenzo sorri, vindo logo atrás de mim.
Assim que a porta do elevador se abre, eu
encaro o corredor vazio.
— Eu peço que fiquem aqui, por favor. —
Um dos policiais pede nos olhando.
Quando em apenas um chute a porta da
frente se abre, eu presto atenção o quão
sem segurança o apartamento é, eles
entram e encaro Lorenzo que me olha de
volta.
— Eu não vou esperar aqui.
Abro a porta, olhando apenas um policial
em pé, olho para o sangue espalhado no
chão. Muito sangue. O abajur quebrado e
nem sinal do infeliz.
— Não encontramos nada senhor. — Um
policial chega nos olhando.
— Como assim não encontraram nada?
— Pergunto olhando de um para outro. —
Tem sangue por todo o apartamento...
— Fomos até as escadas de
emergência, senhor Gonzáles. Não tem
ninguém aqui.
— Eu quero que vocês peçam as
câmeras de segurança de todo o prédio,
de corredores e escadas. — Arthur os
encara sério. — Uma pessoa não vai sumir
assim do nada...
— Isso está muito estranho. — Digo
olhando o sangue arrastado por todo o
local. — Não faz nem duas horas! Como...
— Não vamos esquentar o cu com rola
fina. — Lorenzo diz e encara os policiais
sérios. — Modo de dizer, entendam.
Me afasto indo até o quarto de Ágata,
algumas coisas bagunçadas e sem rastro
de sangue algum. Volto para a sala, onde
Arthur conversa com os homens. Lorenzo
me encara, chutando o abajur todo sujo
com os pés.
— Uma pancada dessas na cabeça...
Não sei se ele está vivo para contar
história.
Afrouxo a gravata passando as mãos
pelos cabelos.
— Mas não pode ter sumido Lorenzo. Ele
não sumiu assim do nada. — Digo com a
voz arrastada.
Passamos na delegacia para fazer um
boletim de ocorrência e pedir uma
meditada de proteção para Ágata e Clhoe.
Armando já estava proibido de se
encontrar com Clhoe sem um oficial de
justiça por perto, isso só iria complicar
mais sua situação e o inquérito sobre o
abuso sexual contra á Ágata já estava em
andamento. Arthur me aconselhou a abrir
outro boletim de ocorrência pelo que
aconteceu hoje, isso vai foder ainda mais
sua vida. E eu ainda acho pouco perto do
sofrimento que ele causou as minhas
meninas. Ágata e Helena precisarão
prestar depoimento, mas pedi para o
delegado que isso acontecesse em outro
momento, expliquei que a minha mulher
está gravida e que hoje já havia sofrido
fortes emoções e que isso poderia
impactar negativamente na sua gestação.

— E ai? Encontraram? — Ágata se ergue


rapidamente, assim que entro na sala.
Arthur e Lorenzo foram para casa e segui
sozinho.
— Não. — Digo beijando sua testa
demoradamente. — Não tinha nada lá,
Ágata. Nada.
— Como assim? Não tinha nada? —
Helena diz me olhando séria. — Ele estava
lá, Christopher! Deitado no chão da sala!
Desmaiado... Morto, não sei!
Nego com a cabeça me sentando no
sofá.
— Arthur solicitou a abertura de um
inquérito em caráter de urgência. Mas o
apartamento estava vazio. Era como se
tivesse sumido em passo de mágica. —
Explico me erguendo.
— Então quer dizer... Que ele pode estar
vivo por ai?
— Pode ser que sim... Eu não sei, Ágata!
— Digo em modo de súplica. —
Solicitamos uma medida protetiva para
você e outra para Clhoe, Armando não
poderá chegar a menos de 500 metros de
distancia de vocês. Caso ele apareça —
Caminho até a janela soltando um o ar que
nem tinha me dado conta que estava
prendendo.
É mais difícil do que imaginava ser,
explicar aquela situação que nem eu
mesmo tinha entendido. Tinha sido por um
triz, por questão de segundos ele poderia
ter machucado uma delas.
Helena preferiu dormir aqui por
segurança. Eu também preferi ficar de olho
nas três enquanto aquela situação não se
acertasse.
Me jogo embaixo do chuveiro, tomando
um banho demorado e acabei perdendo a
noção do tempo, com um misto de
preocupação gigante no peito. Enrolo uma
toalha na cintura enquanto seco os
cabelos com outra.
O quarto estava em total silêncio quando
abro a porta.
— Ágata?
— Oi... — Solto um suspiro de alívio
enquanto ela sai da varanda, se
aproximando.
Ela abre um sorriso que faz meu peito
doer.
Doer de amor. De cuidado. Preocupação.
— Se ele tivesse...
— Ele não vai fazer nada contra vocês...
Eu juro. — Ela deita a cabeça em meu
peito e afago seus cabelos.
— Eu tive tanto medo... Se ele...
— Ele não fez Ágata. Não vai fazer. —
Sussurro contra sua boca. — Confia em
mim?
Sinto-a assentir e sorrio.
Eu não sabia direito o que era amar e
acho que nunca procurei saber, mas agora
eu sabia. Espalmo a mão sobre a barriga e
sinto um frio na espinha me tomar por
completo.
— Eu prometo cuidar do nosso filho e da
Clhoe... Me deixe ser o pai que ela não
teve, Ágata... Deixa eu cuidar de vocês...
Ela me encara absorta e sorri.
— Chris... Você já é tudo para nós...
Você...
— Casa comigo?
— Chris... — Diz atônita me olhando.
Franzo o cenho a encarando e sinto
como se meu coração fosse sair a galope
no peito.
A boca se abre e fecha ao mesmo
tempo.
— Eu quero que você seja minha,
Ágata... Aceita se casar comigo?
Ela sorri e enterra o rosto em meu peito.
— Aceita meu amor?
— Chris... Eu tenho uma filha, uma filha
com alguém que me fez tanto mal... E
Clhoe é...
— Ágata... Eu te amo... Eu amo a sua
filha... Eu... Me deixe cuidar de vocês...
Por favor...
Ela sorri enquanto se joga em meus
braços, enterrando o rosto em meu peito.
— Não teria outra resposta a não ser um
sim, Chris! É claro que sim, meu amor!
Capítulo 34
Christopher
A aperto entre meus braços, sentindo o
corpo junto ao meu. Aperto tão forte com
um misto de alívio e sossego que não
entendo direito. Ou entendo.
Tinha sido ela. Desde o primeiro
momento.
— Eu quero te fazer tão feliz quanto você
me faz, meu amor... — Sussurro em seu
ouvido sorrindo.
Passo o polegar pelo seu rosto, sentindo
a pele macia sobre meu toque.
Era conexão. Amor. Desejo.
— Eu nunca achei que... Você, assim...
Logo eu, Chris... — As palavras saem
arrastadas e balanço a cabeça a
encarando.
— Logo você... A mulher que roubou
meu coração no exato momento em que
me olhou, Ágata.
— Ah Chris... Eu te amo! — Ela me
aperta e enterra o rosto em meu peito.
Ergo seu queixo com o polegar, beijando
seus lábios com delicadeza e ao mesmo
tempo com muita volúpia. Beijar Ágata era
como perder o juízo e encontrá-lo em
várias partes ao mesmo tempo.
Espalho beijos entre sua testa e seu
pescoço. Suas mãos começam a passear
pelas minhas costas e sorrio nos lábios
entre abertos.
— Quer mesmo se casar comigo?
Tiro uma mexa do seu cabelo, que cai na
testa.
Os olhos verdes fixados nos meus. Meu
paraíso.
— Quero mesmo é passar o resto da
minha vida ao lado de vocês... — Espalmo
a mão em sua barriga e um sorriso lindo se
abre em seu rosto.
Eu não sabia explicar o amor paterno,
talvez nunca tenha percebido que
necessitava disso.
E Ágata estava me dando tudo que
jamais pensei que teria. Um motivo.
Ela estava gerando uma vida, fruto de
um amor avassalador entre nós dois.
Beijo seu pescoço, sentindo suas mãos
espalmarem em minhas costas. Seguro
em suas coxas a colocando firme em
minha cintura. O desejo começa a aflorar
em minhas veias e sorrio antes de prender
o lábio inferior entre os meus.
— Pretendo fazer amor com você até
perder o juízo. — Sussurro antes de
capturar sua boca em um beijo dominante.
— A gente não faz amor... — Ela
sussurra entre meus lábios e a encaro.
— Ágata...
A encosto na parede ainda com as
pernas agarradas em minha cintura, retiro
sua camisola, a jogando no chão do
quarto.
A meia luz me fazendo contemplar
aquele corpo, que era tão meu.
— Você me enlouqueceu desde o
primeiro momento que pus meus olhos em
você. — Ela fica séria enquanto olha
dentro dos meus olhos.
— Pretendo te enlouquecer até o fim dos
meus dias, Ágata...
O cheiro adocicado me invade, enquanto
ela prende o corpo ao meu. Minha língua
começa a descer pelo seu pescoço,
arqueio o mesmo, cheirando e beijando,
sem saber o que fazer, fazendo tudo ao
mesmo tempo.
A coloco no chão ainda em pé me
encarando, prendo as mãos em cima da
cabeça e o gemido escapa do fundo da
sua garganta, quando minha língua desce
entre o vão dos seios.
Acaricio o bico enrijecido enquanto
capturo o outro com a língua, prendo entre
meus dentes, deixando o desejo aflorar a
pele.
Mordo o lábio, a encarando com um
sorriso tão perverso que ela se contorce.
— Calma amor... A noite está apenas
começando. — Digo rápido, a virando de
costas.
Acerto um tapa em seu bumbum
enquanto ela se joga para trás,
esfregando-se em meu pau. Meus dedos
sobem, fazendo uma carícia lenta,
enquanto aperto a cintura firmemente.
A outra mão chega a sua nuca, os dedos
se emaranhando entre seus cabelos e a
puxo beijando-a com voracidade.
A língua entrando e saindo. Sugando os
lábios.
— Você me fez o homem mais feliz do
mundo, Ágata. — A seguro e ela
prontamente se vira me acompanhando.
Me sento na pontinha da cama, enquanto
ela está em pé esfregando uma coxa na
outra, mordendo o lábio levemente. O
rosto meio avermelhado e a respiração
ofegante.
Beijo sua barriga, fechando os olhos por
alguns segundos. Meu coração batendo
forte.
— Papai promete fazer você e sua irmã
as pessoas mais amadas do mundo... —
Encaro Ágata que me encara com os olhos
marejados e sorrio enquanto torno a olhar
para a barriga. — E fazer sua mãe a
pessoa mais feliz da face da terra, meu
amor...
— Eu te amo... — Ergo a cabeça a
beijando com toda a ternura do mundo. —
Eu te amo, Christopher... Eu te amo tanto...
Tanto... Tanto...
— Eu também te amo... Muito. Até mais
do que a mim, Ágata. — Sussurro com a
testa entre seus seios. — Mas me deixe te
amar, por favor... Eu preciso de você
agora...
Seguro entre as nádegas apertando-a
forte, o desejo estava acabando comigo.
A puxo para cima de mim e rapidamente
retiro a calcinha de renda. Seguro um seio
na mão enquanto sugo o outro, como se
minha vida dependesse daquele momento.
Ela se deita rapidamente, a respiração
baixa enquanto desço beijando o vão entre
os seios, passando a língua pelo umbigo
vendo ela se contorcer de desejo.
Começo a passar a língua por toda a
parte externa, ela ainda de pernas
fechadas. O cheiro inebriante me invade e
é inevitável não enlouquecer.
Afasto as pernas a olhando se contorcer
entre os lençóis, a encaro segurar o tecido
com tanta força que os dedos ficam
esbranquiçados. Sorrio internamente.
Afasto suas pernas até ela ficar
completamente aberta. Passo o polegar
entre os lábios, umedecendo-os.
Começo uma carícia lenta entre o clitóris
e a entrada quente.
Ela coloca a mão sobre a boca tentando
controlar o gemido e sorrio.
— Oh Chris....
Sua respiração logo é substituída por
gemidos aguçados e sussurros. Ela tenta
fechar as pernas quando as carícias ficam
mais intensas e a penetro com um dedo.
Fundo. Girando-o. Tiro. Ponho
novamente.
Seguro em seu tornozelo o mantendo
firme em cima da cama.
— Assim não amor...
Meu pau completamente trincado, vendo
aquela cena com ela se contorcendo por
inteiro em cima da cama, de prazer.
Proporcionado por mim.
A penetro novamente com o dedo,
sentindo a carne macia me prender
enquanto ela arqueia as costas soltando
um gemido composto por um grito, que
acaba com minha sanidade.
— Chris... Eu...
— Eu amo quando você se entrega
assim... — Sussurro com a boca a
centímetros da sua.
Desço novamente, beijando-a do
pescoço até entre o meio de suas coxas.
Afasto os lábios carnudos e não penso
duas vezes antes de enfiar a boca,
sugando-a por completo. Passo a língua
por toda a boceta, que chega a escorregar
de tão molhada. Seu gemido agora é um
grito fino que escapa por sua garganta.
— Ch..ris...
Passo a língua pelo buraquinho,
enquanto ela segura em meus cabelos. E
não entendo se é para afastar ou puxar de
encontro a ela.
Eu sentia seus músculos se enrijecendo
e começo a sugá-la com vontade e desejo.
Sua mão se entrelaça na minha
enquanto aumento o ritmo com todo o
desejo preso em meu corpo. Eu sabia que
ela estava perto de se desmanchar em
minha boca.
E quando um grito forte rasga sua
garganta, eu sinto que ela chegou ao limite
e se desmancha em prazer.
Passo a língua entre os lábios da boceta,
encarando-a com os olhos dopados de
desejo. Posiciono meu pau em sua entrada
e a penetro. Fundo. Rápido. Forte.
— Eu... Há como você é gostosa, meu
amor... — Sussurro entre os lábios entre
abertos. — Como eu amo... Você...
Eu não me imaginava em outro lugar
nesse momento. A não ser aqui com ela,
dentro dela.

Me remexo na cadeira enquanto analiso


um relatório de uma das cargas, era pouco
mais de oito da manhã e pedi para
Lorenzo me enviar por e-mail.
Optei por trabalhar em casa hoje, ao
menos uma parte da manhã. Queria tirar o
dia para ficar com as duas mulheres da
minha vida.
Sorrio enquanto seguro a caneta nas
mãos e a porta se abre devagar. Deito a
cabeça não vendo absolutamente
ninguém, desvio do computador e sorrio
quando Clhoe me encara, segurando o
urso nas mãos.
— Oi Clhoe. — Sussurro e ela sorri.
— Ta tabalhando? — Indaga e concordo
a olhando.
Os olhos azuis me fitam e a chamo,
enquanto ela se aproxima me encarando.
Ao mesmo tempo em que o sorriso se
abre no rosto, os olhinhos me fitam meio
tristes.
— Mamãe não sabe que subi... — Diz
enquanto se senta em meu colo.
— A mamãe não te viu subindo? —
Pergunto e ela nega com a cabeça. — O
que foi amor? Está se sentindo algo?
Ela me encara fixamente e sorrio
segurando em seu queixo.
— Eu estou aqui, meu anjo... O que
aconteceu?
Ela baixa os olhos e franzo o cenho.
— Coe tá com medo... — Diz em
Sussurro.
— Medo de que meu amor?
Sinto um bolo se formar em minha
garganta, eu sabia exatamente do que ela
estava com medo. Clhoe era esperta, uma
criança inteligente e amável.
— Não precisa ficar com medo, eu estou
aqui. E nada de ruim vai te acontecer... Eu
prometo. — Sorrio apertando seu nariz. —
Agora quero um sorriso bem gigante e
lindo nesse rostinho lindo...
Ela me olha com curiosidade e acaba
sorrindo de leve.
— Um sorriso maior...
— Do tamano de Coe?
— Maior... — Sorrio a olhando abrir a
boca.
— Maior que uma gilaffa? — Diz
empolgada e balanço a cabeça.
— Maior... Bem maior!
Ela para e me encara, batendo o dedinho
no queixo.
— Do seu tamano? — Ela me encara e
sorrio por sua inocência.
— Eu sou tão grande assim? —
Pergunto sorrindo e ela me encara,
erguendo o braço até onde pode.
— Um gigante... Tão gande que chega
no céu!
Abro a boca a olhando.
— E o que gigantes fazem Clhoe? —
Pergunto fingindo seriedade e ela coloca
ambas as mãos no rosto, me olhando.
Me ergo a segurando, enquanto faço
uma espécie de foguete e ela gargalha
sonoramente.
— Ah Coe vai moler... — Diz correndo
enquanto sorrio.
A porta se abre e Ágata aparece nos
olhando.
— Mamãe! Mamãe!
— Acho que ouvi risadas... — Ágata a
segura nos braços e as encaro.
— Gigante quer pega a Coe mamãe... —
Clhoe sorri me olhando.
— Um gigante bonzinho. Prometo. — Me
aproximo, enquanto Ágata sorri de lado.
— O gigante pode esperar Clhoe tomar
um banho e comer algo.
— Ahhhh... — Clhoe faz um beicinho e
me olha. — O gigante epera?
Assinto enquanto Ágata a coloca no chão
e ela corre para os meus braços.
— Obigada... — Sussurra enquanto
estala um beijo em minha bochecha.
Fico parado por alguns segundos sem
saber pelo que exatamente ela estava me
agradecendo.
Ela se aproxima de Ágata que a encara e
franzo o cenho, a encarando.
— Viu mamãe? Ele é gande...
Bem gande... — Ela sorri e me encara. —
O papai é gande...
Não ouvi a última frase com perfeição,
pois logo ela some enquanto saltita
sorrindo.
Ágata sai rapidamente de um jeito
estranho e fico por uns minutos ali parado.
O peito batendo forte enquanto engulo em
seco, me erguendo.
Passamos o dia inteiro, juntos jogados
no tapete da sala ou assistindo todos os
tipos de filmes de princesas que existem
na face da terra.
Eu achava que não existam tantos,
estava enganado para cacete. Era
princesa comendo maça envenenada,
outras espetando o dedo em uma agulha,
uma que soltava gelo pelos dedos.
Sorrio enquanto Clhoe dorme em um
braço e o Ágata no outro. Estava no meio
das duas.

“Tantos anos, vivendo a vida em vão


Tanto tempo nunca enxergando
As coisas do jeito que são
Ela, aqui, à luz das estrelas
Com ela aqui, vejo quem eu sou
Ela que me faz sentir que eu sei pra
onde vou”.

A música do desenho soa e sorrio.


Tiro o braço delicadamente para não
acordar nenhuma das duas, pego Clhoe
nos braços e Ágata se remexe, voltando a
dormir tranquilamente.
Subo as escadas devagar com a
pequena nos braços e entro no quarto,
enquanto a coloco na cama
delicadamente.
— Boa noite, Clhoe... — Beijo sua testa e
sorrio enquanto me viro.
— Eu não quelo ser uma pincesa sem
papai... — Engulo em seco me virando.
Ela estava deitada do mesmo modo que
a coloquei.
Me aproximo e me ajoelho perto da
cama, enquanto acaricio seus cabelos.
— Eu tenho medo... De ficar com o
meu...
Sorrio a olhando e nego com a cabeça.
— Não precisa ter medo, amor...
— Tio Kiss... Meu papai não me ama?
Sinto uma pontada forte no peito e nunca
em toda minha vida, senti isso.
Passo a língua pelos lábios a encarando
e seguro em sua mão.
— Ele ama sim...
— Ele guita muito... Você não guita
comigo...
Fecho os olhos, tentando controlar as
lágrimas que teimavam em descer.
E pouco me importava, apenas as deixo
rolar pelo meu rosto, enquanto ela me
encara colocando a mão em meu rosto.
— Não chola, não... Porque tá cholando?
Sorrio beijando a pequena mãozinha.
— Você não é uma princesa sem pai,
Clhoe... Eu estou aqui.
Ela me encara e franze o cenho.
Fecho os olhos e abro enquanto as
lágrimas descem copiosamente.
— Você... Quer ser meu papai?
Engulo em seco e assinto, enquanto ela
se senta me encarando.
— Eu posso ser o que você quiser, se
você quiser que eu seja o seu papai, eu
posso ser... — Digo a olhando.
— Coe quer... — Ela pula enquanto
segura em meu pescoço, me apertando
tão forte. — Meu papai...
A aperto forte, enquanto as lágrimas
descem rolando quente.
— Eu te amo minha pequenininha... Você
é minha filha agora, é minha! — Sussurro
enquanto ela me encara.
— Pomete? — Pergunta com os olhinhos
brilhando cheios de esperança — Pomete
papai?
— Ah, Clhoe... — Volto a abraçar,
sentindo o ar faltar dos meus pulmões.
Ela não tinha acabado de nascer, eu que
renasci.
Ela era a luz que eu enfim, vi brilhar no
fim do túnel.
— Ouviu mamãe? Ele é meu papai
agora! — Clhoe pergunta erguendo a
cabeça e encaro Ágata, parada na porta
nos olhando.
Ela chorava tanto quanto eu.
— Ah Chris... — Fala enquanto me ergo
e me abraça.
— A gente vai ser feliz agola, né
mamãe? — Clhoe nos encara sorrindo,
enquanto a pego no colo.
Beijo sua bochecha e Ágata sorri nos
olhando.
— Vamos, filha... Vamos sim meu amor...
— Digo rápido.
Agora eu entendia que tudo tinha um
propósito... E elas são o meu.

Ágata
— Shiii não vamos acordar a mamãe
agora...
— Ela tá mimindo ainda?
— A mamãe anda com uma preguiça
enorme... Mas ela vai adorar essa
surpresa.
Abro os olhos depois de ouvir o diálogo
mais lindo de toda a minha vida. Clhoe
estava sentada na cama, ainda com seu
pijama cor de rosa e abre um enorme
sorriso quando me encara.
— Mamãe!
Sorrio a abraçando, enquanto beija
minha bochecha demoradamente.
— Que abraço mais delicioso, meu
amor... — Beijo sua testa enquanto ela fica
em pé na cama me olhando.
Chris está de camisa e short, beija minha
testa sorridente.
— Fixemos uma surplesa linda mamãe!
Abro a boca, tornando a fechá-la olhando
para a bandeja de café da manhã em cima
da cama, estava tudo perfeito e repleto de
coisas que enchiam minha boca d'água.
— Não acredito que vocês fizeram isso!
— Digo sorrindo, pegando uma torrada
com geleia. — Oh, meu Deus! Isso está
delicioso...
— Foi a titia Rita que fez, mamãe!
Ops! — Clhoe coloca as mãozinhas na
boca como se tivesse falado algo que não
deveria.
— Que feio, Christopher! — Digo fingindo
um tom de indignação enquanto ele me
encara.
— Estragou o nosso plano, filha? —
Chris segura Clhoe nos braços, que
gargalha o olhando.
Era a cena mais linda que eu já tinha
visto em toda minha vida, depois de ontem
a noite.
Tinha acordado na sala e como Chris
sempre levava Clhoe para a cama, eu
sabia que eles não estariam em outro
lugar, só não imaginei encontrar o que vi.
Ele ajoelhado no chão, enquanto minha
filha pedia na inocência de criança uma
única coisa:
Amor!
Chris era o homem da minha vida e
agora seria o pai dos meus dois filhos.
Ele senta ao meu lado e começa a
provar um pouco de tudo que está na
bandeja. A mão acariciando meu joelho me
faz soltar um sorriso enorme e preguiçoso.
Eu amava aquele modo de ser sério e
romântico dele. Eu o amava com todas as
forças.
— Coe amou dormir na cama do papai!
— Pode dormir aqui sempre meu amor.
— Chris diz enquanto a olha.
A conexão que os dois têm é surreal e
mesmo sabendo que Clhoe tinha um pai,
que nem deveria ser considerado como
um. Armando iria surtar.
Mas nada pagaria o sorriso que ela
esbanja. Puro. Sincero.
— Acho que a mamãe está com
ciúmes... — Faço um beicinho os olhando
e ambos sorriem.
— Surra de beijos na mamãe!
Um grito fino escapa dos meus lábios
enquanto os dois se aproximam me
abraçando.
Terminamos de tomar café e Clhoe corre
para quarto para ir assistir antes de tomar
banho. Deito em seu peito enquanto ele
afaga meus cabelos.
Tínhamos dormido os três naquela cama
gigante, e era tão bom.
Helena apenas me ligou falando que
estava tudo bem, e eu iria dar as boas
notícias pessoalmente.
Ouço a respiração de Chris tão calma e
sorrio o olhando.
— Ela se apegou muito a você, Chris. —
Ergo o rosto e ele sorri. — Ela te ama...
— Eu também a amo... Como se fosse
minha.
— Obrigada... Por ser...
— Vocês são a minha vida, Ágata.
Nunca me esqueceria do que tinha
passado antes, de tudo que enfrentei para
ter ela aqui comigo. E também não me
esqueceria das palavras de Chris ontem a
noite, o quanto senti o amor transbordar.
Eu entendia agora o que era Realmente
felicidade.

— Eu estou surpreso por isso. — Arthur


me encara e sorri. — Realmente você fez
a diferença na vida desse cafajeste,
Ágata... Está de parabéns.
Sorrio o olhando e Chris revira os olhos.
— Estou sem chão... Sem ofensas loira,
mas nunca achei que iria receber uma
notícia dessas, assim. — Lorenzo diz se
sentando. — Meu irmão vai casar! Meu
Deus!
— Deixa de frescura, Lorenzo! — Chris
ralha o olhando.
— Mamãe acaba de enlouquecer e você
sabe disso! Está contando até para o papa
que você vai juntar os panos de bunda!
Não controlo a gargalhada que me
escapa. Eu adorava o drama de Lorenzo e
como ele aumentava tudo.
— Pretendemos nos casar antes do bebê
nascer. — Aperta minha mão e sorri.
— Anww... Não são fofos, Lorenzo? —
Arthur junta a mão no rosto nos olhando.
— Anww... Não é nada fofo!
Clhoe senta ao meu lado e me encara
sorrindo, beijo sua testa enquanto ela deita
a cabeça em meu ombro.
— Patrick ficou na empresa?
— Não, foi resolver um assunto rápido
em Los Angeles... Mas nada para se
preocupar. — Arthur diz abrindo o paletó.
Já era fim de tarde quando eles foram
embora, eu já estava em cólicas de tanto
rir com Lorenzo e suas palhaçadas sem
tamanhos. Eu nunca tinha visto alguém
com tanto medo de casar, como ele tinha.
Falou que tinha uma doença
chamada altarfobia.
Subi com Clhoe para o quarto e enchi a
banheira, enquanto ela estava sentada
pacientemente no banquinho, logo atrás.
— Mamãe?
— Oi, meu amor. — Me viro a pegando e
tirando o pequeno roupão, colocando-a na
banheira.
— Quando o nenê vai chegar? — Me
encara sorrindo.
— Vai demorar um pouquinho... Mas ele
vai chegar logo, logo... — Digo jogando
água em seus cabelos.
— Sempre quis um imãozinho! — Ela
fala e sorrio. — Ele ta quecendo dento da
sua baiga?
— Isso mesmo amor. Dentro da barriga.
— Seguro em seu rosto, sorrindo.
Termino o banho e visto um pijama
confortável enquanto ela sai correndo, se
jogando nos braços de Chris, que estava
no escritório.
— Clhoe... Filha, você tem que comer.
— Deixa ela aqui, né amor? — Chris
sorri a olhando.
— E você precisa trabalhar. Ela vai ficar
mal acostumada, Christopher! — Coloco a
mão na cintura, os encarando.
— Coe quer fica com o papai...
— Tadinha dela amor... E o papai quer
ficar com ela!
Franzo o cenho olhando os dois sorrindo,
me olhando.
Traidores!
Vou saindo do cômodo quando a
campainha toca e desço as escadas
devagar, o sorriso estampado no rosto
abertamente.
Mas o mesmo morre assim que abro a
porta.
— Ágata...
— Pai?
Capítulo 35
Ágata
— Posso entrar?
Me seguro na porta e dou espaço, o
olhando entrar. Ele observa todo o
apartamento, se vira abruptamente e o
encaro. Eu sentia minhas mãos
formigando, um nervosismo que nunca
tinha sentido em toda minha vida.
Era a primeira vez depois da audiência
da guarda de Clhoe, que eu o encarava
frente a frente. Ele rapidamente coloca a
pasta sobre o sofá e continua de pé. Os
olhos me analisam de cima a baixo e toma
uma postura reta.
E então percebi. Não era meu pai que
estava ali. Era o Otto. O grande advogado.
— Vim trazer uns papéis... — Diz
sentando-se no sofá e abrindo a pasta
marrom ao seu lado. — Vânia me
entregou. Neles, pede para você abrir mão
de todo o dinheiro de Armando, em caso
de desaparecimento ou morte do mesmo.
— Como me achou aqui? — Pergunto
ignorando os papéis estendidos na minha
frente.
Ele se ergue passando as mãos nas
pernas e me encara. Mordo os lábios ao
mesmo tempo em que esfrego uma mão
na outra, o olhando. Eu era muito parecida
com meu pai. Os cabelos dourados
estavam meio esbranquiçados pela idade.
Os olhos azuis, como os de Clhoe.
Só que por dentro, eu não era nem um
pouco parecida. O rancor estampado nos
olhos dele, a raiva transparecendo em
cada movimento dado.
— Não é difícil, quando você só vive
colada a um dos Gonzáles. — Seu tom de
voz é rústico. Cruzo os braços quando ele
pega os papéis no sofá e me encara. —
Assine esses papéis, Ágata...
— Quem te mandou aqui? — O
questiono sentindo o com o meu queixo
trêmulo.
Ele arqueia a sobrancelha e engulo seco.
— Vânia. Óbvio. Armando está
desaparecido... Sumiço esse que você
estava no meio, não é?
— Ele tentou matar minha filha! —
Disparo enquanto ele dá um sorriso fraco
de desdém.
— Armando nunca faria uma coisa
dessas. Nunca! — Seu dedo se põe em
riste enquanto ele começa a se alterar.
— Você não o conhece! — Disparo
teimando contra as lágrimas que querem
descer. — Não imagina as coisas que ele
fez...
— Eu não conheço é você, Ágata! A filha
que eu criei com tanto amor e carinho ter
virado uma... Uma...
— Uma dançarina de boate que o próprio
dono é o seu cliente, senhor Otto? —
Christopher desce as escadas
majestosamente, olhando meu pai que o
encara friamente. — Como defende um
monstro, ao invés de sua filha?
— A conversa não é sua, senhor
Gonzáles!
— O senhor está na minha casa, falando
com minha noiva... E a conversa não é
minha? Tem certeza? — Chris o questiona
enquanto se posiciona ao meu lado.
A mão pousa em minha cintura, em um
gesto de proteção e apenas abaixo o olhar.
— Eu só vim para ela assinar uns
papéis... — Diz me olhando.
— O que é isso?
— Armando deixou um documento,
pedindo para eu abrir mão de toda sua
herança em caso de morte ou
desaparecimento. — Explico olhando Chris
pegar o mesmo e me encarar.
— Pode assinar. Ela não quer um tostão
desse verme!
Meu pai franze o cenho ao olhar para
mão de Chris ao meu redor. Eu sabia que
Armando tinha feito à cabeça dele, virou
minha própria família contra mim.
— O senhor realmente acredita em tudo
dito pelo Armando, não é? O próprio pai
ficar contra a filha em um tribunal requer
muito sangue frio...
Ele estende a caneta, que logo pego e
me encara.
— Ágata escolheu se jogar no mundo, ao
invés de ter escolhido a família!
— Ela foi forçada a fazer isso! — Chris
dispara me olhando. — O tribunal e todos
ouviram!
— Pare Chris... Nada que você falar para
ele vai quebrar o encanto de homem
perfeito que Armando é aos olhos dele! —
Digo assinando o restante dos papéis e o
entregando.
Ele abre a pasta, colocando o restante
dos papéis e fecha a mesma com
brutalidade. Chris crava os olhos o
observando me encarar friamente.
— Como está minha mãe? — Sussurro o
encarando.
— Melhor sem sua presença, pode ter
certeza disso. — Diz ajeitando o paletó. —
Saiba que Armando não conseguiu a
guarda da menina...
— Ela tem nome! — Digo sentindo minha
garganta arranhar. — Clhoe! Sua neta!
— Eu não vou deixar essa criança ser
criada por você, Ágata... Não vou deixá-la
se transformar em uma perdida como
você. Ela não vai ter o mesmo destino...
— Preferia que ela fosse criada por um
estuprador?!
— Chris!
Os olhos do meu pai saltam e ele me
encara sério.
— Ele não fez isso... — Começa me
olhando. — Isso foi uma... Uma mentira...
— Fez sim, e fez pior! Que tipo de pai é
você que não acredita na própria filha?
Que merda de pai é você! — Christopher
dispara e o seguro pela camisa com força.
Minhas lágrimas começam a embaraçar
minha visão, meu pai parece sufocar com
as próprias palavras.
— Sua neta foi concebida através de um
estupro! Por causa da doença que esse
Armando tem, que apenas o senhor mão
enxerga!
— Ágata teve Clhoe, para... Ter... a-
acesso a herança dele!
— Não pai, nunca foi... — Me adianto o
olhando afrouxar a gravata rapidamente.
— Eu disse em frente à juíza... Armando
me violentou... Eu nunca iria mentir... Eu...
— Não... Não foi, Ágata...
— O senhor é cego? Nunca percebeu
que ele sempre foi doente por ela? —
Chris altera a voz e meu pai começa a
suar, ficando totalmente vermelho. — Ele a
violentou para Clhoe nascer e Ágata nunca
o deixar! Nunca! Com 16 anos! Sua filha
tinha 16 anos quando aquele merda a
tocou!
Ele começa a tossir e percebo que está
começando a ficar sem ar, corro até ele o
olhando engasgar com a própria fala.
— Pai... Papai fale comigo! — Digo o
olhando. — Chris faça alguma coisa! Por
favor...
Eu começo a entrar em desespero sem
saber o que fazer ou como agir, desato o
nó da gravata enquanto o encaro.
Christopher fala ao telefone e deve ser
com alguma ambulância.
— Por... Por...
— Pai não fale nada... Calma por favor...
Eu estou aqui! — Digo tentando acalmar o
desespero que tenta me atingir.
Eu não me perdoaria se acontecesse
algo com meu pai na minha frente.
— Fique calma, amor... A ambulância
está chegando... Vai ficar tudo bem. —
Chris diz me olhando.
E os minutos pareciam ser horas, pela
demora. Eu estava com medo. Com tanto
medo que não sentia mais minhas forças.
— Helena está vindo para cá! — Chris
diz, enquanto enterro meu rosto em seu
peito.
— Eu quero ir para o hospital... Eu
preciso ver ele, Chris... Por favor...
Solto o ar quando a emergência o leva
quase inconsciente, eu não fazia ideia do
que estava acontecendo, ou o que ele
tinha. Eu só estava preocupada.
Meu pai sempre foi rígido, fechado. Não
era de conversar ou se abrir.
E mesmo ficando contra mim, ainda era
o meu pai.
Helena chega alguns minutos depois e
me abraça, logo saio com Chris às
pressas, meu coração doía tanto... Ao
mesmo tempo em que minha cabeça
parece que vai explodir.
— Você precisa se acalmar, Ágata... Isso
não faz bem para bebê.
Ele pousa a mão em minha perna
enquanto o observo apertar o volante com
força.
Estava com medo. Um medo absurdo.

Christopher
— Então quer dizer que o velho está
passando dessa, para a melhor? — Acerto
a barriga de Lorenzo com o cotovelo
enquanto ele me encara. — Ai fresco! Isso
dói inferno!
— Estamos em um hospital! — Arthur diz
batendo em sua cabeça.
Estamos na sala de espera, esperando
Ágata voltar da visita que foi fazer na
U.T.I., Otto sofreu um infarto e a situação
não é nada boa.
Eu não estava me sentindo culpado,
porque ele apenas enxergou o que estava
nos olhos de todo mundo. Que Armando
não prestava.
Acabei chamando Arthur e Lorenzo para
me dar um certo apoio. Patrick ainda
estava viajando e meus pais estavam
vindo para cá.
Todo apoio era bem vindo, por Ágata.
— Ah vá! O velho é o maior filho da puta
e vocês vem me bater? Encosta a mão em
mim de novo, que arranco essas rolas
finas! — Lorenzo diz me olhando.
— Então vocês estavam conversando e
ele acabou passando mal? — Arthur diz,
ignorando totalmente o comentário de
Lorenzo.
— Eu apenas falei a verdade para ele, a
verdade que ele já sabia, Arthur. — Engulo
seco. — Ele não acredita na própria filha!
Levou um documento para Ágata assinar,
que a faz abrir mão da fortuna de
Armando...
— Mas a Clhoe tem direitos, ela é filha
dele! — Arthur diz estendendo as mãos. —
Ele não pode fazer isso!
— Mas ele fez e Ágata assinou!
— Esse velho é pior que a encomenda.
Que tipo de pai é esse que não conhece a
própria filha? — Lorenzo diz e vira o
pescoço, dando uma piscadela para
enfermeira que se encontra no balcão.
Arthur me encara e encaro-o de volta.
— Tá paquerando a enfermeira?
— Eu sou homem de paquerar, Chris?
Eu sou homem de passar a loreconda para
dentro da caverna! — Diz com um sorriso
presunçoso que chega a me irritar. —
Pena que você amarrou o pau e não quer
mais comer mulher alheia...
— Quando se acha a mulher certa
Lorenzo, as outras não importam mais.
— Socorro! — Ele mostra o braço e
reviro os olhos. — Arrepia até as bolas
desse jeito! Espero não te perder para
essa facção da palavra com "A". —
Lorenzo fala com Arthur
— Joga essa praga para longe de mim,
Lorenzo! Enlouqueceu? — Arthur diz sério.
Eu já tinha curtido tudo que era para
curtir. Mas tem um momento na vida da
gente, que o que mais queremos, é parar.
E foi assim quando descobri que Ágata
está grávida, que estava na hora de parar.
Parar de pensar só em mim e passar a
pensar em nós.
Éramos quatro agora. Uma família.
— Ainda bem que nunca soube o que é
amor... — Volto à atenção para Lorenzo
que se ergue. — Mas o que é transar...
Isso eu sei! Então boa sorte aí para o
sogrão. Porque o Lorenzo aqui vai pôr o
pau em ação!
Reviro os olhos vendo ele se retirar
sorrateiramente. Logo após, a enfermeira
sai como se não quisesse nada. Na
verdade eu tinha pena das mulheres que
passaram pela vida do meu irmão na
intenção de fazê-lo se apaixonar.
Ágata volta minutos depois com o rosto
inchado. Coloco sua cabeça em meu peito
a ouvindo chorar baixinho. Arthur está em
pé do outro lado, de braços cruzados sem
falar absolutamente nada.
— O que o médico falou? — Pergunto
erguendo seu rosto com o dedo indicador.
— O estado dele não é nada bom... —
Diz em um Sussurro.
— Amor... Vamos para casa, não é bom
para você ficar nesse estado, Ágata. Arthur
vai ficar aqui até a sua mãe chegar...
— Eu não posso ir embora. — Meu
coração se parte ao vê-la naquele estado.
— Eu não...
Arthur já tinha se encarregado de ligar
para a mãe dela, só que era difícil
convencer Ágata a fazer alguma coisa. Por
isso esperei ela adormecer em meu peito e
a deitei no sofá ali mesmo.
Passo meu blazer cobrindo-a e acaricio
os cabelos levemente.
— Quero que faça uma coisa para mim.
— Digo a Arthur, que segura um copo de
café nas mãos.
— O que foi?
— Quero que consiga uns papéis de
adoção o mais rápido possível.
— Como assim? O que você...
— Eu quero meu nome no registro da
Clhoe, como pai Arthur. Antes do meu
casamento com Ágata.
Arthur arregala os olhos e bate em meu
ombro de leve.
— Que orgulho de você, Chris...
Parabéns irmão!
— Quero que a Clhoe tenha nosso
sobrenome, Arthur. A quero como minha
filha.
Eu precisava resolver todos os assuntos
pendentes antes de me casar. E me tornar
pai de Clhoe oficialmente, era uma delas.
Ela tinha conseguido roubar meu coração
de um jeito que não consigo explicar.
— Boa noite.
Me viro, olhando uma mulher parada
com uma bolsa nas mãos. Seu sorriso era
tão doce... Ela para e me encara, enquanto
olha diretamente para Ágata, que ainda
dormia.
— Eu sou...
— Ava Mendes. — Estende a mão nos
olhando. — É um prazer.
— Christopher Gonzáles. Esse é meu
primo, Arthur.
Ela nos encara e com um sorriso singelo
vai direto para onde Ágata está. Diferente
do marido, ela parecia estar mais
preocupada e feliz em ver a filha.
Talvez não a tenha procurado por
influência do marido. Não fazia ideia.
Ágata abre os olhos enquanto a mãe a
abraça rapidamente.
Acabei saindo com Arthur para deixar as
duas com mais privacidade.
Me sento na cadeira e suspiro enquanto
aperto o copo de café nas mãos.
Tinha sido uma noite longa e totalmente
demorada. Passamos a noite inteira
naquele ambiente. Meus pais passaram
rapidamente, mas estava tudo sobre
controle quando insisti para irem para
casa.
E o alivio veio quando o médico disse
que o caso de Otto estava estável. Por
mais que ele não merecesse, Ágata
precisava de paz.
A convenci ir para casa apenas para
tomar um banho e comer algo, ela relutou,
mas a sua mãe insistiu e ela acabou
aceitando.
— Obrigada por tudo que está fazendo
pela minha filha. — Ela segura em minha
mão e a encaro. — Perdão por Otto. Ele
sempre foi muito correto, tanto que chega
a ser cego.
— Ele disse coisas terríveis, senhora...
— Digo e passo a mão pelo pescoço a
olhando.
— Imagino. Armando foi um monstro,
que entrou em nossa casa e levou o nosso
bem mais precioso. — Franzo o cenho e
ela parece ler meus pensamentos. —
Achei que Ágata não queria mais nos ver.
Sempre que pedia para falar com minha
filha, ele mentia... Falava coisas horríveis.
— Bem o tipo dele. — Arqueio a
sobrancelha a olhando.
— Obrigada meu rapaz. Por tudo.
— Eu prometo voltar daqui a pouco,
mamãe... — Ágata se aproxima.
— Não se preocupe meu amor, dê um
beijo em minha neta.
Ela tinha um ar mais verdadeiro que o
próprio Otto, não aparentava defender
Armando. Por mais que nunca tenha feito
nada para impedir o marido a ajudar
aquele crápula.
Chegamos ao meu apartamento e a
primeira pessoa a pular no nosso colo é
Clhoe, a beijo no rosto demoradamente e
logo depois ela pula no colo de Ágata, a
beijando.
— A mamãe vai tomar um banho e desce
já meu amor...
— Eu subo já, já. — A beijo antes de
subir as escadas.
— Ele está melhor? — Helena pergunta
assim que Ágata some nas escadas.
— O quadro já está melhor sim, Helena.
Foi um susto e tanto.
— Papai... — Encaro Clhoe e parece que
meu peito vai inflar de tanto orgulho.
— Oi meu amor. — A pego no colo a
olhando sorrir.
— Senti sodade...
— Também senti saudades, meu amor.
Helena nos encara soltando um sorriso e
parece que vai chorar a qualquer
momento.
— Acho que agora sim, vai dar tudo
certo. — Digo olhando Helena sorrir.
— Eu também acho.
— Coe também asso...
Helena sobe rapidamente para o quarto
e Clhoe senta em meu colo, me olhando.
— Eu te amo... — Sussurro encostando
meu queixo em sua cabeça de leve.
Clhoe vira o rosto e sorri.
— Também amo o papai e a mamãe... E
meu irmãozinho também. — Ela franze o
cenho e sinto o aperto no peito.
Meu coração dá uma transbordada de
amor, enquanto sinto a mãozinha em meu
rosto.
Capítulo 36
Christopher
Olho para a porta que se abre, vendo
Lorenzo entrar com um saco de gelo na
cabeça e os olhos fechados. Praticamente
um zumbi.
— Alguém entrou em uma briga por
aqui? — Patrick diz sentado na minha
frente, olhando Lorenzo sentar ao lado de
Arthur.
— Isso foi uma noitada do cacete! — Diz
em um resmungo. — Alguém pega um
café para mim, por favor... Acho que vou
morrer...
— Se cair em cima de mim, eu te mato!
— Arthur resmunga.
— Não temos tempo para discutir sobre
as noitadas de vocês. — Sorrio enquanto
pego os relatórios.
Lorenzo estava quase caindo no colo de
Arthur.
Patrick o encara e logo solta:
— Isso foi por causa da discussão que
teve com papai?
— O que foi dessa vez? — Pergunto
olhando Lorenzo se sentar e deixar o saco
de gelo de lado. — Será que você e papai
nunca vão se entender, Lorenzo?
— Tio Patrício tem suas coisas... Mas
não convém essa briga sempre. — Arthur
se ergue, depositando os papéis na minha
mesa.
— Ele me pediu para ir lá e eu fui depois
veio com um papo meio estranho para
meu lado. Falando que um amigo dele está
precisando de grana...
— E o que é que tem? — Franzo o
cenho enquanto ele revira os olhos me
olhando.
— Foi isso que eu perguntei para ele!
— Você não perguntou sutilmente não,
Lorenzo. — Patrick diz cruzando os
braços. — Você perguntou o que diabos
tinha a ver com o dinheiro dele, que por
você ele poderia doar até a casa!
Balanço a cabeça olhando Lorenzo
fechar o semblante para Patrick, na
verdade essa briga dos dois era bem
antiga.
— Mudando de pau, para cacete... Como
vão os preparativos para colocarem a
coleira em você? — Lorenzo me encara
com um sorriso meio esnobe.
— Falta menos de uma semana para o
Chris ficar algemado pelo pau! — Arthur
berra rindo.
— Ele já está!
— Está nervoso?
Nego com cabeça olhando Patrick. Eu
esperei por longos três meses para ter
Ágata oficialmente, finalmente. Esperar
quatro dias não iria me matar. Ou iria. Eu
não estava tão nervoso assim, bom...
Estava. Mas ela não precisava saber.
Mamãe insistiu tanto para casarmos no
jardim de casa e até que achei melhor do
que na igreja. Era algo completamente
íntimo, para alguns convidados por
insistência minha e de Ágata. Por mamãe,
seria uma festa para abalar Nova York
inteira.
— Até hoje estou de boca aberta por
mamãe ter aceitado uma cerimônia
simples. — Patrick se ergue.
— Não é tão simples assim. Vai ter o
que? 300 convidados?
— Quase isso. — Digo me virando na
cadeira. — Eu espero ter mais convidados
no casamento de vocês.
— Prefiro morrer, há me ver em um altar.
— Lorenzo sorri com as mãos na cintura.
— Eu tô fora, deixa isso para vocês!
— Estou muito bem, obrigado. — Patrick
me encara. — Por falar nisso... Faltam
apenas três meses para Chris virar o papai
do ano!
— Iti malia... Titio tá doido pra ver esse
mini puto!
Dessa vez foi impossível conter o sorriso
que se espalhou pelo meu rosto. Há dois
meses descobrimos que Clhoe iria ser a
irmã mais velha do Henry.
E eu porra... Eu estava puto de orgulho.
O peito inflando de felicidade.
Estava lá segurando a mão de Ágata
enquanto Clhoe estava em meu colo e foi
impossível me segurar.
Era um baita bebê. Estava todo formado
e meu Deus. Seria a coisa mais linda do
mundo.
— Papai de casal! Ser pai de menina
não é fácil. — Arthur diz me olhando. —
Um menino irá te ajudar a por Clhoe no
eixo, quando ela começar a se balançar
para os meninos...
— Não me fale... Não saberia o que fazer
se viesse mais uma menina. — Balanço a
cabeça sorrindo.
— Mulheres juntas sempre dá treta. —
Lorenzo me encara. — Ansioso pra ver o
loirinho que vai vir.
Eu também estava ansioso para isso.
Segurar meu filho em meus braços.
Minha atenção vai para o computador
assim que os três saem da minha sala. Eu
queria deixar tudo pronto para pelo menos
não precisar vir para cá na minha lua de
mel. Não iríamos sair de viagem por conta
da gravidez e de Clhoe, apenas iríamos
ficar em um hotel.
— Posso entrar? — Arqueio a
sobrancelha, olhando Megan entrar meio
cabisbaixa.
— O que está fazendo aqui?
— Sua secretária não estava então... Eu
vim falar com você. — Puxa a cadeira
sentando na minha frente. — Papai
recebeu o convite do seu casamento...
— Hum. — Apoio o queixo na mão a
encarando. — O que é que tem?
— Não se case com ela, Christopher...
Essa mulher não é para você.
Ergo-me com as mãos espalmadas no
tampo da mesa. Fazia um bom tempo que
eu não via Megan. E não estava sentindo
falta nenhuma.
— E quem é mulher para mim, Megan?
Você? — Pergunto trincando o maxilar. —
Pois bem... Eu não ficaria novamente com
você, nem se a Ágata não tivesse
aparecido em minha vida... Você
entendeu?
Ela solta a bolsa de lado e se ergue,
ficando a minha frente.
— Não vou me jogar aos seus pés Chris,
não vou. É assim que você quer ótimo,
seja feliz com a oportunista. — Diz se
erguendo e saindo do mesmo modo como
entrou. Como um furacão.
Era só que o me faltava.
Sento-me novamente na cadeira,
temendo qual a próxima surpresa que vou
ter.

Jogo as chaves no aparador vendo a


casa em total silêncio, o que não era de
costume quando Ágata e Clhoe estavam
em casa.
— Ágata? Está aí?
A cozinha está totalmente vazia, a sala
de estar também. Subo as escadas, vendo
o quarto do mesmo modo. Até que paro e
vejo Clhoe sentada na cama, enquanto
Ágata conversava algo com ela que mal
dava para ouvir.
— Aquele homem mal não está mais
aqui amor... Passou Clhoe.
— Maise eu vi...
— O que aconteceu? — Digo entrando
no quarto. — O que foi meu amor?
Me ajoelho perto de Ágata que está
sentada em uma cadeira, Clhoe me encara
com enormes olhos.
— Nada... Paxou.
— Tem certeza? — Pergunto vendo-a
assentir com a cabeça. — Quer contar
para o papai?
— A mamãe vai encher sua banheira
para você tomar um banho e vamos
descer para jantar, tá bom? — Ágata se
ergue e me beija, enquanto pega em
sua mão a levando para o banheiro.
Outra coisa que estava me deixando
paranoico, não era a primeira vez que
Clhoe falava isso. Precaução ou não
acabei dobrando a segurança do prédio e
delas.
Eu não queria surpresas novamente.
Eu queria confiar no pai de Ágata, mas
eu não conseguia. Armando não tinha sido
encontrando e não tínhamos nenhum sinal
sequer dele. Clhoe diz com todas as letras
que vê o tal homem sempre que saímos.
Era desesperador.
Infelizmente os papéis da adoção iriam
demorar um pouco para ficarem prontos,
algumas burocracias. Ela ainda tinha um
pai biológico. O que dificultava.
Ainda tinha medo que ele voltasse para
tentar algo. Contra ela e contra Ágata.
— Eii... Clhoe é uma criança, Chris. Não
vai acontecer nada amor...
— Não é a primeira vez que ela diz isso,
Ágata! Será que não entende que aquele
homem pode tentar algo contra vocês? —
Digo me virando enquanto ela cruza os
braços. — Tá... Pode ser que eu esteja
paranoico ou meio louco...
— Não precisa ficar assim, meu amor. —
A abraço encostando o queixo no topo de
sua cabeça. — Vai ficar tudo bem...
— Eu nunca vou me perdoar se
acontecer algo com vocês, Ágata... Eu não
vou me perdoar, nunca. — Beijo sua testa
a olhando.
— Chris... Você redobrou a nossa
segurança. Acha mesmo que alguém seria
louco de tentar algo?
Estalo a língua, balançando a cabeça. A
mão espalmada em suas costas enquanto
acaricio a barriga, sentindo um movimento
de ondas.
Eu já tinha sentido várias e várias vezes,
mas cada vez era como se fosse único.
A aperto em meu braço, sentindo o
cheiro de seus cabelos me invadindo.
— Acho que ele está com saudade de
você. — Diz pousando minha mão na
barriga novamente.
— Não vejo a hora de ter ele em nossos
braços.
— Também não vejo a hora... — Sorri
colocando a mão sobre a barriga e me
mostrando o movimento no mesmo
instante.
Era o amor que não tinha palavras para
descrever, apenas sentir.

Ágata
— Está nervosa? — Helena bebe um
pouco do seu cappuccino me olhando. —
Não é nem eu que vou casar, mas estou
em uma pilha de nervos...
— Estou neutra, eu acho... — Digo a
olhando. — Quer mais?
Encho a xícara novamente a olhando
bebericar o líquido quente. Eu estava
sentindo uma dor nas costas que estava
fora do comum, não era normal.
Estávamos em minha cozinha revisando
os últimos detalhes para o casamento, que
seria amanhã.
Sim, tinha passado tão rápido, que me
deixou com medo. E nervosa. Muito.
— Tem certeza que não está nervosa?
— Tenho Helena. — Digo revirando os
olhos. — Acho que Chris está mais
nervoso do que eu.
Sobressalto quando a companhia toca e
giro a maçaneta da porta, olhando três
homens parados com sacolas nas mãos.
— Ágata Mendes?
— Sim.
— O vestido da senhora. — Seguro o
enorme embrulho nas mãos e chamo
Helena para me ajudar e eu poder assinar.
O último rapaz me olha insistentemente e
abaixa a cabeça assim que o fito.
— Obrigada. — Digo fechando a porta
rapidamente.
— Que homem estranho... Nossa. —
Helena torce o rosto e sinto um arrepio em
meu braço.
— Estamos pegando as paranoias do
Chris. — Digo abrindo o embrulho e sorrio
ao ver o vestido perfeito.
Helena sorri me olhando assim que o tiro
da capa que o protegia, era um vestido
simples e foi o primeiro que me encantou.
Era de renda francesa com pedras. Longo.
Adaptado para a barriga.
Eu realmente não via a hora de estar
oficialmente casada. Ainda não acreditava
na reviravolta que minha vida tinha dado
nesse último ano.
Antes uma dançarina de boate que não
tinha absolutamente nada. Hoje, eu estava
vendo os preparativos do meu casamento.
Com um homem que eu realmente amava
com todas as minhas forças.

Clarisse veio me buscar junto com Clhoe


para ver os últimos ajustes do buffet, o
jardim já estava rodeado por bancos e
arcos de flores vermelhas.
Tudo com muita perfeição.
Eu iria ficar no apartamento de Chris,
para ter mais espaço para me arrumar e
viria direto para cá com meu pai.
— Eu não acreditei que estaria viva para
presenciar o casamento de um dos meus
filhos. — Dona Clarisse diz me olhando. —
Eu realmente achava que não teria netos
nunca... E agora tenho dois.
— A senhora ainda tem Lorenzo e
Patrick... — Seguro em suas mãos e ela
abana a cabeça me olhando.
— Lorenzo é um assunto complicado
Ágata, meu filho tem uma relação muito
conturbada com Patrício. — Diz me
olhando. — Temo que ele faça algo para
Lorenzo criar juízo e que isso acabe os
afastando ainda mais.
— A senhora acha que ele pode bom...
Fazer algo para Lorenzo?
— Não algo que o machuque, é claro. —
Assinto rapidamente. — Patrício é cabeça
dura, Ágata... Quando ele põe algo na
cabeça, só Deus para tirar. E nosso filho é
uma cópia do pai.
Eu realmente tinha ficado curiosa. O que
ele poderia fazer para Lorenzo o odiar
ainda mais?
Chris não entrava muito no assunto deles
dois e eu também não perguntava.
Nego com a cabeça, afastando tais
pensamentos. Fui direto para a casa dos
meus pais, que estavam tão animados
quanto eu.
Mamãe só faltava soltar fogos de
artifício. Passei o restante do dia com eles,
para aproveitar um pouco mais.
— Não consegui dormir. — Chris assume
beijando minha mão entrelaçada na sua.
Ainda estamos deitados, eu com a
cabeça pousada em seu peito enquanto
ele mexia em meus cabelos.
— Por que não?
— Porque hoje você vai ser minha para
sempre... Oficialmente. — Diz em um
sussurro. — Senhora Gonzáles. A primeira
dama.
Sorrio o olhando.
— Primeira dama? — Ele apenas
concorda enquanto me aperta firme.
— Eu te amo. — Digo beijando seus
lábios.
— Bom... O casamento vai ocorrer daqui
a cinco horas... Então, eu encontro você
no altar? — Sorri beijando meu ombro.
— Estarei lá...

Me olho no enorme espelho, vendo meus


olhos marcados pela sombra clara da
maquiagem, Helena estava ao meu lado,
sorrindo como uma boba. A olho sorrindo,
sem conter a felicidade que estava dentro
de mim.
Faltava pouco mais de uma hora para a
cerimônia. Helena iria no carro com Clhoe
enquanto eu iria sozinha com o meu pai.
Minhas mãos tremiam de um nervoso
incontrolável.
Estava de roupão. Não tinha colocado o
vestido, pois Henry não me deixava ficar
dez minutos sem ir ao banheiro.
Passo a mão na barriga saliente,
sentindo aquele movimento que preenchia
meu coração de tanta alegria.
Eu tinha ficado apenas com mamãe, que
acabou descendo para o carro para fazer
companhia ao meu pai.
— Olhe quem está uma princesa... — Me
viro olhando Clhoe com um vestido balão
branco.
— Ou meu amor... Você está tão linda,
minha pequena... — Digo beijando sua
bochecha rapidamente.
— Tá lida mamãe... — Diz acariciando
meu rosto.
— Você vai à frente com a titia Helena e
a mamãe vai te encontrar lá com o papai,
tá bom? — Digo vendo-a assentir
rapidamente, enquanto rodopia com o
vestido.
Helena corre para atender o celular e me
encara.
— O que foi?
— Não fique nervosa, vai dar tudo certo.
— Helena diz me dando um beijo. — Vou
ter que ir na frente, pois o noivo está quase
enlouquecendo. Sabe que te amo, né?
A abraço sorrindo.
— Eu te amo mais, minha ruiva.
— Otto está subindo, Ágata...
— Tudo bem. — Beijo-a rapidamente,
vendo-a pegar Clhoe no colo. — Mamãe te
encontra lá meu amor...
A encaro da porta sorrindo.
— Mamãe...
— Oi meu amor. — Digo a olhando.
— Eu te amo. — Diz beijando meu rosto
demoradamente.
— Eu também te amo minha vida. Muito,
Clhoe. Muito.
Aceno para as duas, terminando de me
arrumar. Não deveria ficar tão nervosa ou
tão ansiosa assim. Claro que deveria, eu
estaria me casando dentro de uma hora.
— Senhora... — Sobressalto olhando o
segurança me encarar.
— Pois não? — Me viro enquanto ele me
encara fixamente.
— Clhoe acabou se desequilibrando e
caiu da escada...
— O que? Onde está minha filha? Que
escada? — Digo amarrando o roupão em
minha cintura, passando por ele como um
foguete.
Eu já não sentia minhas pernas nem
nada, saí como uma louca de roupão e
descalça.
Meu peito acelerado e doendo.
— Onde, James?
Ele me encara.
— Foram pela escada de incêndio. —
abro a porta o olhando.
— Por que não foram no elevador? Ligue
para a emergência, rápido! Ligue para o
Chris! Rápido!
Abro a porta que dá acesso às escadas,
descendo no corredor e as luzes vão se
ascendendo rapidamente.
— Clhoe! Helena!
O eco da minha voz voltando e o
desespero tomando conta de mim. Eu não
fazia ideia de quantos andares eu já tinha
descido. Eu não via nada.
Arfo, sentindo o cansaço me tomar por
inteira.
— James! Clhoe? Helena?
— Eu disse que tinha sido uma
brincadeira de péssimo gosto. — Me viro,
olhando Armando encostado no corrimão
da escada.
Os braços cruzados e de uniforme de
motorista. A barba estava enorme, o que
não deixava ver seu rosto perfeitamente.
— O que... — Me viro pronta para sair e
ele rapidamente segura em meu braço. —
Socorro!
— Péssima hora para gritar por socorro,
meu amor. — Aperta em meu queixo, me
encarando de cima a baixo. — Sentiu
saudades, anjo?
Capítulo 37
Ágata
— Meu... Meu Pai... Está... — Balbucio
sentindo o ar faltar.
O mundo gira e o encaro.
— Digamos que tive que manter a boca
de Otto bem fechada. — Diz segurando
meu queixo com força, me obrigando a
encará-lo. — Vai colaborar comigo e sair
daqui? Ou vou ter que tomar medidas
drásticas...
— O que você fez com meu pai,
Armando? — Digo entre dentes.
— Ele vai com a gente fazer um passeio.
Vamos. — Pega em meu braço, me
fazendo tropeçar em meus próprios pés.
Ele me segura prontamente. — Sem
demora, Ágata!
— Cadê a Clhoe? — Pergunto parando
bruscamente. — Onde ela está? Onde
está a minha filha?
— Você faz muitas perguntas, meu amor.
Não confia em mim? — Sorri
diabolicamente, apertando em meu braço.
Um medo começa a me tomar por inteira
e as lágrimas vão descendo copiosamente
pelo meu rosto.
Saímos pelos fundos e ninguém naquele
maldito prédio parecia ver o que está
acontecendo.
Eu queria gritar. Berrar. Mas nada saia
da minha garganta.
— Eu dei uma pequena contribuição,
para digamos "ninguém atrapalhar a
gente". — Sussurra quando me puxa para
dentro do carro, onde James está à frente
dirigindo. — Pegou a fita da câmera de
segurança?
— Sim senhor, está aqui. — James
entrega um pen drive e Armando sorri,
guardando no bolso do paletó.
— Não sou amador, Ágata. Entenda isso.
— Sussurra me olhando.
— O que você fez com a minha filha?!
— Deixei Helena ir embora com ela,
acho que o sentimento paterno falou mais
alto. — Diz e abre um sorriso macabro e
em seguida volta a ficar sério.
— Você não tem nenhum sentimento por
ninguém!
— Preferi pegar o Otto do que a Clhoe.
Ela não teria tanta serventia para o que
vou fazer.
— Você é um desgra...
— Deixe os elogios para mais tarde meu
amor... Temos um longo caminho pela
frente...
Começo a me debater furiosamente
enquanto ele me aperta com uma força
abominável, então sinto um pano ser
colocado com força no meu nariz.
— Shiii... Calma anjo...
E vai me sufocando. Me debato tentando
lutar... Mas era em vão.
Até que ele para de pressionar e não
ouço e nem vejo mais nada à minha frente.

O peso em minha cabeça é tanto, que


não consigo abrir os olhos, forço-os
novamente e eles me obedecem. A
claridade me incomoda e puxo o ar
devagar.
Era um quarto. Era meu quarto. Era meu
apartamento.
Passo a mão na barriga,
instantaneamente soltando um suspiro de
alívio.
Eu não confiava em Armando de modo
algum.
Me encolho quando a porta se abre e
Vânia entra, estava séria e com os olhos
fixados em mim. Cruza os braços.
— Você é tão tola, Ágata. — Diz
cruzando os braços. — Achou mesmo que
Armando iria deixar você sair dessa tão
fácil?
— Eu quero que Armando queime no
fogo do inferno junto com você, sua velha
asquerosa do demônio!
Ela está pronta para responder quando
Armando aparece, a fitando sério.
— Me deixe sozinho com ela, Vânia. —
Pede fixando os olhos em mim.
Ela assente sorrindo e sai rapidamente,
fechando a porta atrás de si.
— Vejo que essa língua continua afiada,
não é meu amor? — Sussurra se sentando
ao meu lado. — Não ligue para ela... Vânia
tem esse instinto protetor.
O encaro ao mesmo tempo em que varro
o quarto com os olhos, a procura de algo
que eu poderia jogar na cara dele. Meu
coração parecia que ia sair pulando para
fora do corpo a qualquer momento, o ódio
e o medo me tomam por inteira.
— Eu tirei todos os objetos daqui. Fui
original, né? Ninguém ia pensar em
procurar vocês no seu antigo apartamento.
— Encara minha barriga e me encolho, a
escondendo com meus braços. — É um
menino?
— Não é da sua...
— Quando você engravidou de Clhoe, eu
queria que fosse um menino. Para ficar
com tudo. A boate seria dele, as meninas...
— Ele sorri me fitando — Só que quando vi
você carregando aquela miniatura sua nos
braços, eu não poderia ficar infeliz...
Porque Clhoe é nossa filha... — Me encara
sorrindo. — Eu me senti o homem mais
realizado do mundo. Porque ela é a
ligação que eu e você temos para sempre,
Ágata!
Passa a mão em meu cabelo e desvio no
mesmo instante.
— Agora imagina a minha surpresa,
quando eu soube QUE AQUELE
DESGRAÇADO PEDIU A GUARDA DA
MINHA FILHA PARA ELE! IMAGINA
INFERNO! — Caio no chão quando ele
segura em meu braço e me solta
bruscamente.
Um soluço escapa da minha garganta
quando ele segura em meu cabelo,
puxando-os para trás.
— Eu senti vontade de matá-lo! Arrancar
aquela cara dele com uma faca... —
Sussurra apertando meu maxilar com
força. — Mas ai eu pensei... Quem tem
como me pagar... Não me deve nada,
Ágata. Ele tem como me pagar...
— Armando... Por Favor...
— Agora você pede, por favor, não é? —
Diz se erguendo e me puxando para a
cama novamente. — Eu senti saudades,
anjo... Senti saudades de sentir você... De
acariciar você...
As mãos acariciando meus braços,
cobertos apenas pelo roupão, o medo
estava me travando por inteira.
— Tire o roupão, Ágata.
Sinto meu peito apertar e o encaro, eu
podia sentir o sangue fugir do meu corpo
por inteiro. Não. Aquilo de novo não. Ele
parecia transformado, o rosto retorcido.
Monstro.
— Armando...
Em um puxão violento, ele arranca o
roupão rasgando o tecido em duas partes,
as peças íntimas cobriam pouca coisa. O
sutiã de renda branca acompanhado
apenas pela calcinha.
Os olhos varrendo meu corpo como um
animal apreciando a presa.
— Por favor... Não faça... — Peço
tentando me esconder o máximo que
podia.
— Você está tão linda. — Me puxa para
seus braços. — Se você soubesse a
vontade que estou de possuir você agora,
Ágata... De me enterrar dentro de você e
te ouvir gritar para parar... Eu queria você
assim, tremendo de medo...
— Você é um monstro, Armando!
Sempre vai ser!
Seguro as lágrimas quando ele segura
em meus cabelos os puxando tão forte que
um gemido sai da minha garganta.
— Você é louco! Doente!
— Louco por você, Ágata! Não vou tocar
em você enquanto estiver assim... —
Aponta para minha barriga. — Quero ver
esse Garotão saudável quando vir ao
mundo...
O pânico toma conta de mim e o seguro
pela lapela da camisa.
— Armando... O-o que... O que você vai
fazer?
— Ora, Ágata... Se o Gonzáles tomou
minha filha... Por que eu não posso tomar
o filho dele também? — Sorri friamente. —
Olho por olho... Dente por dente, amor.
— Não Armando! Por Favor! Por favor,
não faça isso... — Digo o olhando sorrir,
enquanto parece amar o meu desespero.
— Calma Ágata... Que desespero. Eu sei
que está apenas com sete meses... Será
que ele vai sobreviver tão pequeno? Claro
que vai, né meu amor? Você vai cooperar
com isso. Sempre foi forte.
— O que você...
— Vou ver se seu pai já acordou... —
Beija minha testa e o encaro.
— Tenho nojo de você! Nojo! — Limpo a
testa no mesmo instante, o olhando.
— Minha menina malvada...
A porta é trancada e no mesmo instante
giro a maçaneta, não tendo nenhum
sucesso. Então começo a bater na mesma,
com socos e chutes.
Era um desespero. Uma angústia.
Ele estava louco. Completamente fora de
si.
— Pelo amor de Deus! Armando me tire
daqui! Por favor! — Soco a porta com toda
a força que ainda existe dentro de mim e
eu não ouvia mais nada. — Armando, por
favor...
O silêncio do lado de fora estava me
deixando louca, eu não fazia ideia do que
estava acontecendo. Encosto a testa na
porta, sentindo o corpo reclamar do
cansaço.
— Vai ficar tudo bem... — Sussurro para
mim mesmo, sentindo o bebê mexendo. —
Eu não vou deixar nada acontecer com
você... Nada.

Christopher
— Eu não vou ficar de braços cruzados
sem saber notícias dela! Eu não vou! —
Digo sentindo a mão de Lorenzo me
segurar pelo braço. — Me solte inferno!
— A polícia já foi acionada Chris, pelo
amor de Deus! — Pede me olhando.
— Ficar nervoso não vai adiantar meu
filho. Não vai levar ninguém a lugar
nenhum Christopher. — Meu pai me
encara e balanço a cabeça.
— Ótimo. Se fosse a mamãe que tivesse
sumido grávida? O senhor faria o que? —
Pergunto, o olhando se calar rapidamente.
— Perfeito. Eu não vou ficar de braços
cruzados enquanto minha mulher
desapareceu. É meu filho, pai!
Ele estava pronto para falar algo, que
não conseguiu. Helena está de braços
cruzados, com o rosto inchado de tanto
chorar. Eu fiquei como um louco quando
me ligaram do prédio, falando que Ágata
tinha sumido.
Eu não pensava em outra pessoa a não
ser Armando. Quem mais faria tal coisa?
— Enquanto a polícia procura, eu vou
voltar no prédio. — Digo olhando Lorenzo
me encarar.
— Eu vou com você. — Patrick diz
pegando as chaves do carro.
— Vamos Lorenzo. — Arthur passa na
minha frente.
Os convidados do casamento tinham
sido elegantemente retirados do jardim por
minha mãe. Não conseguia respirar de
tanta preocupação e medo. Medo por ela.
Pelo meu filho.
— Papai... — Encaro Clhoe que me fita.
— A mamãe?
Helena se aproxima a segurando no
colo.
— Eu juro por Deus que eu vou trazê-la
meu amor. O papai promete.
Beijo sua testa enquanto saio como um
louco. Lorenzo dirige com a velocidade
digna de um filme de ação, o que ajudou a
estarmos no meu apartamento em menos
de 10 minutos, o que costuma demorar 30.
— Eu quero o nome do segurança que
estava com a Ágata! Agora! — Coloco o
dedo em riste, olhando o segurança em
minha frente empalidecer.
— Era o James senhor...
— E onde esse infeliz está agora?
— Senhor Gonzáles... James e Gérard
foram comprados. — Olho para o rapaz
que chega correndo e para na porta, me
olhando. — Eu também fui.
— Christopher! — Ouço Arthur tentar me
segurar quando acerto o rapaz magrelo,
que cai tombando para trás com a mão no
rosto. — Se acalme!
— Me perdoe... Eu... Eu realmente
estava precisando de dinheiro e...
— Quem era a pessoa? — Patrick
pergunta. — Temos um advogado dos
bons aqui e somos quatro! Se você não
quiser ter sua vida acabada, eu sugiro que
colabore com a gente.
— Toda a filmagem de hoje
desapareceu. — Lorenzo diz me olhando.
— Os policias estão procurando pistas e
não tem filmagem de hoje.
— Eu quero o nome! Agora! Quem era o
homem?
— Uma senhora veio aqui e disse
apenas o necessário, senhor. Nos pagou e
foi embora. — O rapaz diz limpando o
nariz que desce sangue. — James atraiu a
senhora Mendes para as escadas... E...
Alguém a levou...
Tento me soltar, mas Arthur segura em
meu braço com toda a força. Eu queria
quebrar a cara dele!
Passo a mão pelo rosto e afrouxo a
gravata, que me sufoca.
— Entre em contato com esse tal de
James, agora! Pergunte onde estão, ou
você não vai sair vivo daqui! — Disparo,
me soltando bruscamente. — Eu juro que
te mato!
Eu devia desconfiar que estava tudo indo
bem demais para ser verdade.
O meu maior desespero era saber que o
pai de Ágata também tinha sumido, ele
tinha levado os dois.
— James... Eu... Preciso falar com você,
posso ir onde você está? É urgente! Não...
Não, é claro eu entendo... Tudo bem. — O
rapaz desliga o celular e me encara.
— E ai? — Lorenzo diz o olhando.
— Ele não disse.
Solto um suspiro fraco entrando em um
desespero que eu nunca tinha sentindo em
toda minha vida.
— Me dá essa merda para cá! —
Lorenzo toma o celular e me encara.
— O que vai fazer?
— Vou pedir para o delegado rastrear a
última ligação. — Sai às presas da sala,
junto de Patrick.
— Sugiro que não saia desse prédio.
O rapaz me encara e nego com a
cabeça, passando as mãos pelo cabelo
exasperado. Era uma situação de
impotência e raiva que iam me fazer
explodir a qualquer segundo.
As lágrimas descendo sem piedade
alguma e doía. Doía para um inferno.
Me ergo indo até o quarto, o vestido
intocado no cabide. O celular na mesa de
cabeceira, em pensar que ela esteve aqui
há alguns minutos.
— Ela vai ficar bem. Eles... — Arthur diz
da porta.
— Se acontecer alguma coisa com ela...
— Não vai, Chris. — Arthur entra no
quarto e pega em meu ombro me olhando.
— Vamos encontrar o mandante disso tudo
e acabar com ele.
Eu precisava acreditar nisso. Eu tinha
que acreditar.
A polícia estava a procura de mais
pistas, mas era quase como procurar
agulha no palheiro, não foi amador dessa
vez. Mas nada era perfeito.
Nada.
— Consegui. O detetive localizou o lugar.
— Lorenzo entra com o rosto vermelho ao
lado de Patrick. — Estão no antigo
apartamento da Ágata!
Solto um suspiro pesado e saio correndo
como um louco. A polícia estava logo atrás
de nós enquanto Lorenzo dirigia
novamente. Meu corpo em uma adrenalina
total, meu peito parecia que ia rachar de
tanta dor que eu estava sentindo.
— Não aconselho a entrar. Deixe isso
com a polícia, por favor.
— Não há um ser humano nessa terra
que vai me impedir de entrar nesse
apartamento. — Digo passando em sua
frente, ouvindo os resmungos logo atrás de
mim.

Ágata
Me deito na cama tentando cobrir meu
corpo, eu estava com tanto frio e ao
mesmo tempo com medo. Sobressalto
quando Armando entra com um sorriso
perverso no rosto.
— Alguém quer ver você, meu amor... —
Diz me pegando pelo braço e acabo me
desequilibrando e caindo sentada no chão.
— Ah Ágata... Sem cair meu amor... Não
quero que se machuque.
— Você é um verme, Armando! — Digo
entre dentes, enquanto ele me ergue com
brusquidão.
Ele arrasta meu corpo para fora do
quarto apenas de lingerie, eu via os
seguranças de costas e quase corri
quando vi meu pai jogado no sofá,
amordaçado.
— Pai... — Sussurro o olhando.
— Acho que seu pai não está te ouvindo.
— Fala baixo em meu ouvido. — Otto meu
querido, vai deixar sua filha ser violentada
na sua frente e não vai fazer nada?
Ele não se mexia.
— Pai... — Falo o olhando.
— Vem cá Ágata. — Armando me puxa e
tento me soltar. — Vocês podem sair
reunião de família agora.
Ficamos apenas nos três na pequena
sala. Armando está atrás de mim enquanto
encaro meu pai, que não se mexe.
— Olhe como sua filha é linda, Otto... De
roupas íntimas então?! É um sucesso...
Sem ela então...
Solto um grito fino quando o sutiã cai no
chão.
— Pare com isso!
Eu não estava sentindo minhas pernas.
Uma dor tão forte me atingindo no ventre
e nas costas, que foi impossível evitar o
grito.
— Você está sangrando amor...
Sobressalto quando a porta é aberta e a
polícia aparece.
— Ágata!
Capítulo 38
Christopher
— Eii... — A seguro quando ela tomba
para o chão.
Pego seu corpo rapidamente, a
abraçando enquanto ela enterra o rosto em
meu peito em um choro compulsivo.
— Eu estou aqui, meu amor... Eu estou
aqui... — Sussurro a olhando. — Ágata...
Tiro o blazer rapidamente, passando por
seu corpo.
Mas ela não responde.
— Ágata... Ágata, fale comigo! Ágata!
— Chris! — Lorenzo me encara e olho
para baixo, vendo uma poça de sangue em
meus pés. — Merda, Christopher!
A encaro pálida e fico cego no mesmo
instante. Eu ouvia a voz de Arthur
mandando chamar os paramédicos. A
polícia entra e eu não consigo enxergar
mais nada, a não ser ela quase
desmaiando em meus braços.
— Diga que ele não tocou em você,
Ágata... Por favor... Diga que ele não
encostou em você!
A observo enquanto acaricio o seu rosto.
— Chris...
— Não... Não... Não... — Repito para
mim mesmo a erguendo no colo. —
Chame uma ambulância, a emergência!
Pelo amor de Deus!
O desespero e o medo tomando conta do
meu corpo ao mesmo tempo.
E ela desmaia. Desmaia em meus
braços.
— Ágata! Ágata, por Deus...
— A gente tem que tirar ela daqui...
Abro a porta em um solavanco forte com
ela nos braços, olha para Patrick que está
parado com os olhos arregalados.
— Christopher... O que?
— Patrick... Leve-a daqui. — Peço o
olhando.
— Na... eu..
— Eu vou logo atrás. — O encaro
sentindo o ar sumir. — Patrick...
Ele me encara enquanto a pega nos
braços.
— Eu estou entregando a vida dela e a
do meu filho a você, Patrick... Por favor...
— Eu juro que eu vou manter os dois a
salvo, Chris.
Beijo a testa dela demoradamente,
vendo o sangue descer pelas suas pernas.
Eu precisava acreditar que iria ficar tudo
bem. Mas eu não arriscaria deixar
Armando sair vivo dessa vez.
— Eu prometo. — Ele diz, saindo
rapidamente.
Otto sai carregado pela maca, totalmente
desacordado. Os policiais levam Vânia
algemada enquanto ela se debatia,
gritando pelo nome do infeliz, que estava
de joelhos.
— Onde ela está? — Lorenzo indaga me
olhando.
— Vá atrás de Patrick e ligue para a
mamãe, por favor.
— Chris... — Lorenzo me encara.
Fecho os olhos, sentindo uma lágrima
grossa descer quente.
Lorenzo apenas assente, saindo.
Me aproximo olhando Armando
algemado, com um sorriso no rosto que
estava me enojando.
— A situação de Otto não é nada boa,
Chris. — Arthur diz parando ao meu lado.
— Quanto vocês querem para me deixar
a sós com ele? — Pergunto olhando os
policiais me encararem espantados.
— Chris...
— O senhor está tentando nos subornar?
— Um deles fala, me olhando sério.
Eu estava pouco me fodendo se eles
iriam me prender ou não, eu só iria me
vingar por tudo.
— É claro que ele não está tentando
fazer isso, eu sou advogado. Meu cliente
só quer um momento com o elemento.
— Não, eu quero que vocês saíam e me
deixem sozinho com ele. — Digo em um
sussurro. — Cinquenta mil, está bom?
Eles se entre olham. Cinco no total.
— Para cada.
Arthur me encara e os cinco policiais
marcham para fora, junto com o restante
do pessoal. Armando não se mexe e
continua com as mãos para trás, me
olhando sério.
— Eu vou botar minha boca no trombone
quando eu sair daqui. — Diz erguendo o
queixo.
— Quem disse que vai sair vivo daqui?
— Sussurro acertando seu queixo com
toda a força que existe dentro do meu
corpo.
Ele cambaleia para trás, caindo no chão
enquanto sorri com os dentes e o nariz
cobertos de sangue.
— Eu estando algemado é fácil...
— Não é assim que você age? Pela
covardia? Seu desgraçado, miserável!
Chuto suas costelas... Uma... Duas...
Três... Quatro... Cinco... Várias vezes
seguidas.
Até o suor descer pingando no meu
rosto.
— O seu único erro, foi ter se metido
mais uma vez com a Ágata... — O seguro
pelo colarinho e mal posso ver seus olhos,
de tão inchados.
O sangue descendo pelo nariz e pela
boca, eu só sentia mais raiva a cada
minuto que se passava. Em pensar que ele
poderia ter... E se eu não tivesse chegado
a tempo?
— Ela adorou, sabia? Adorou o jeito que
eu a fodi sem parar...
— Você não é um homem! — Acerto seu
queixo mais uma vez com o punho,
batendo várias e várias vezes seguidas.
— Otto... Otto viu tudo, sabia? — Cospe
o sangue e me olha. — Seu bastardo não
vai nascer... Ele não vai!
Ele solta um sussurro e parto para cima
dele o socando, sentindo a adrenalina
percorrer meu corpo totalmente. Meu
punho chega a doer tamanha a força que
eu coloco, mas era mais forte do que eu.
Eu não conseguia parar, eu não
conseguia.
— Chris, já chega! — Ouço a voz de
Arthur e ele pega em meu ombro.
— Saia da minha frente! — Digo com o
maxilar cerrado.
Estou pronto para socar Armando
novamente, quando Arthur segura em meu
punho e me olha.
— Ágata precisa de você, Chris... Já
chega!
E como um choque de realidade eu
desperto, vendo Armando jogado com a
respiração irregular.
Passo a mão no rosto, vendo o sangue
entre meus dedos, meu coração batendo
tão forte que parecia que iria parar a
qualquer momento.
— Vamos.
Estava em uma espécie de transe, com
tanto ódio.

Entro no hospital as pressas, dando de


cara com todo mundo na sala de espera.
Patrick me encara, abaixando a cabeça e
mamãe corre me olhando.
— Onde está Ágata? — Pergunto rápido.
— O que aconteceu com você, meu
filho? — Pergunta analisando meu rosto.
Lorenzo se ergue e vejo a mãe de Ágata
chorando baixinho perto do sofá.
— O que está acontecendo?!
Não. Não poderia ter acontecido nada.
Por Deus, não.
Não. Não.
— Ágata está em cirurgia, meu filho...
— E o bebê? Como está? — Pergunto e
ela me encara séria. — Mamãe...
— É uma cesárea de emergência, Chris.
Devido ao nervoso a pressão de Ágata
subiu muito meu filho e mesmo Henry
sendo muito pequeno ainda... É necessário
que ele seja retirado agora, para o bem
dos dois meu amor...
Meu peito parecia que iria se rasgar de
uma vez. Meu pai se aproxima me
abraçando e eu não sabia como agir,
porque era como se tivessem arrancando
meu coração com as unhas.
Encaro a enfermeira terminar de dar os
pontos na minha mão e terminar o
curativo.
Por mim eu passaria horas naquela sala
apenas para saber se ela estava bem, eu
estava me aguentando para não ir lá. Ergo
o rosto encarando Patrick de braços
cruzados na soleira porta.
— Armando não resistiu aos ferimentos.
— Diz em um sussurro. — A polícia não
entrou em detalhes sobre o caso.
Abaixo a cabeça novamente, vendo a
enfermeira sair.
O infeliz tinha morrido.
— Eu não teria feito diferente, Chris. —
Engulo em seco o olhando. — Ágata vai
sair dessa, eu sei o quanto ela é forte, e
seu filho também... E vai ficar tudo bem,
porque você precisa deles... Assim como
eles precisam de você.
Levanto rapidamente, o abraçando tão
forte como nunca tinha feito durante anos.
— Obrigado. Obrigado por ter trazido ela
até aqui.
— Sou seu irmão, lembra? — Sorri de
lado. — Um por todos e todos por um,
Chris.
Chego à sala de espera e eu não fazia
ideia de quanto tempo tinha se passado.
Aquele clima de silêncio estava acabando
comigo.
— Onde está Clhoe?
— Helena ficou com ela. — Lorenzo me
entrega um copo de café. — Arthur foi até
o IML...
— Como está Otto?
Lorenzo abaixa a cabeça, negando de
um lado para outro.
— Ele está em coma, Chris. O estado
dele realmente não é nada bom.
Dou um longo gole, deixando o líquido
descer queimando por dentro de mim.
Passo a mão pelo rosto, soltando o ar pela
boca demoradamente.
— Não acha melhor descansar Clarisse?
Eu fico aqui com eles. — Papai diz depois
de longas horas em silêncio.
— Não. Eu vou ficar bem. — Mamãe
sorri me olhando.
Quatro malditas horas se passaram, eu
já estava louco sentindo todas as minhas
forças se esvaindo do meu corpo. Me ergo
quando o médico se aproxima, limpando o
rosto.
— Como Ágata está?
— Pelo amor de Deus doutor, diga que
minha filha está bem... Por favor... — Ava
se ergue o olhando.
Ele nos encara e cerro o punho,
fechando os olhos por uns segundos.
— Foi uma cesárea de emergência, mas
conseguimos.
Solto um suspiro tão forte me sentando
no sofá, com as mãos nos cabelos.
— E o bebê?
— Ele está na UTI neonatal. O quadro é
delicado... Porém estável. Vocês vão poder
visitá-lo em breve.
— Posso vê-la? — Pergunto me
erguendo.
— Eu não aconselho no momento...
— Eu preciso vê-la. Por favor. — Peço o
olhando.
Rapidamente ele me autoriza e abro a
porta daquela sala, olhando-a deitada com
os olhos fechados.
Meu coração se aperta de um modo tão
grande que é impossível conter as
lágrimas que desciam sem parar. Beijo sua
testa e pego em sua mão, vendo aqueles
aparelhos ao redor.
— Eu disse que iria ficar tudo bem e vai,
meu amor. Eu prometo. — beijo sua testa
novamente, sorrindo. — Acabou, Ágata.
Finalmente acabou.

Ágata
Abro os olhos sentindo um peso no meu
corpo e na minha cabeça, tento me sentar,
mas não consigo.
— Que bom que você acordou meu
amor... — Minha mãe me encara, a abraço
sentindo aquele medo sair de dentro de
mim. — Está tudo bem... Está tudo bem...
— A Clhoe? Como ela está mamãe? —
Pergunto a olhando sorrir.
— Está com saudades.
Varro o quarto com o olhar, vendo
apenas minha mãe parada me olhando.
— Cadê o meu filho? — Indago olhando
para minha barriga sem nada.
— Calma meu amor... Eu vou chamar um
médico, Ágata. — Ela se afasta, indo até a
porta e chama alguém.
Os flashs começam a passar pela minha
mente e não consigo me mexer. Eu
apenas lembro que Chris invadiu o
apartamento, apenas isso.
— Doutor... Por favor... Me diz onde está
meu filho?
— Você acabou de voltar de uma
anestesia, é normal ficar agitada. — Diz
me olhando.
— Cadê o Chris? — Indago olhando
minha mãe me encarar.
— O bebê está na UTI, Ágata. Ele é tão
pequeno e tão forte ao mesmo tempo,
filha... — Minha mãe se aproxima
acariciando meu rosto e enxugo minhas
lágrimas, que teimam em descer sem
parar. — Vai ficar tudo bem... Tudo bem...
Solto o ar devagar quando Chris aparece
na porta, era tão bom ver ele novamente.
O aperto forte.
— Eu vou avisar para Helena que você
está bem. — Mamãe sai do quarto e
encaro Chris, que abaixa a cabeça sem
me olhar.
— Como ele é?
— Ele se parece comigo. — Sorri
limpando o rosto no mesmo instante. —
Mas é tão forte quanto à mãe...
— Papai já sabe que eu acordei? Ele
estava tão mal, Chris... Eu... Eu fiquei com
medo que ele...
Paro quando sinto a mão de Chris se
fechar junto a minha.
— Está tudo bem, Ágata. Descanse
agora... Passamos por coisas demais. —
Diz me olhando. — Não vou sair do seu
lado, amor...
— Henry vai ficar bem, não vai? —
Sussurro o encarando.
— Vai meu amor... Ele tem que ficar
bem.

— Ágata? — Encaro minha mãe que


segura em minha mão, apertando-a com
força.
Fazia três dias que eu estava naquele
quarto sem poder ver meu filho, era
doloroso não poder segurá-lo nos braços.
Era angustiante. Chris passava o dia
inteiro comigo e revessava com Helena.
Clhoe não pode vir ainda, mas estávamos
tentando abrir uma exceção.
Estava morrendo de saudades da minha
filha.
— Armando faleceu, Ágata. Ele não
sobreviveu. — Minha mãe diz em um
sussurro quase inaudível.
Eu não senti nada.
Nem pena, nem raiva. Nada.
Só um sentimento de liberdade e
sossego que eu nunca tinha sentindo em
toda minha vida, era apenas como se eu
soubesse que aquilo tinha acontecido.
Patrick entra na sala com um enorme
buquê de flores, sorrindo junto de Lorenzo.
— É bom ver você de pé cunhada. —
Lorenzo diz sorrindo.
— É bom ver você também, Lorenzo.
Chris não veio?
— E ele te deixa aqui? — Patrick sorri. —
Acabamos de vir da UTI. Ele ficou lá vendo
o Henry...
— Como ele está? Falaram que vou
poder vê-lo apenas amanhã...
— Está forte. É um Gonzáles, não é
mesmo? — Lorenzo sorri me abraçando.
Sorrio concordando com Lorenzo. Chris
entra sorrindo, me dando um beijo
demorado nos lábios. Mamãe acaba
chamando os meninos para tomarem algo
e encaro Chris assim que ficamos
sozinhos.
— Tenho uma pequena surpresa para
você agora... Mas é por pouco tempo, tá
bom?
Assinto sorrindo quando ele sai para
abrir a porta. Paro estática quando a
enfermeira vem trazendo um pequeno
carrinho.
Sorrio olhando Henry tão pequeno e forte
ao mesmo tempo.
— Tem certeza que ele é de sete meses?
Ele é enorme! — Sorrio olhando Chris me
encarar enquanto a enfermeira o coloca
em meus braços.
— Oi bebê... — Seguro no pequeno
dedinho sorrindo. — Realmente ele parece
tanto com você... Olhe esses olhos...
Era impossível não sorrir olhando para
Christopher, que continha o sorriso no
rosto. Era uma sensação de paz que eu
estava adorando sentir.
Foi difícil quando tiveram que levar ele
de volta. Mas eu sabia que logo, logo, ele
estaria em meus braços e não sairia por
nada.
— Amor, nós precisamos te contar uma
coisa. — Chris segura em minha mão
enquanto minha mãe me encara.
— É sobre meu pai, não é? Onde ele
está? Eu sei que já se passaram três dias
e ele não veio me ver.
Mamãe engole em seco e Chris aperta
minha mão.
— Seu pai está em coma, Ágata. Não
sabemos se ele vai acordar hoje... Ou
amanhã... Ou talvez nunca.
Abro a boca, fechando-a novamente.
— Ele está aqui? Eu quero vê-lo. Agora.
— Ágata...
— Por favor, me leve para ver ele... É só
o que peço.
Era um misto de emoções e sensações
que passavam pelo meu corpo. Mordo o
lábio, pois depois de tanta relutância,
Christopher acabou me trazendo até a ala
da UTI do hospital. Ver meu pai neste
estado é de partir o meu coração. Ele esta
ali e ao mesmo tempo não.
Chris afasta a cadeira e seguro em sua
mão, que está muito fria.
— Pai, eu estou bem... Estou muito bem
por sinal. — Sussurro baixo acariciando a
palma de sua mão. — Todo aquele inferno
acabou e estamos livres agora... Eu sei
que, eu nunca fui uma boa filha, só que...
Eu não sei se vou aguentar perder o
senhor agora, não quando tudo vai se
resolver. — Limpo o rosto com as costas
da mão o olhando. — Henry é tão lindo,
papai... Apesar de ser pequeno. Mamãe
não aguentaria viver em um mundo sem
você... Então por Favor, não se vá...
Paro limpando o rosto e suspiro.
— Não se culpe pelo que houve papai.
Eu só não quero perder mais ninguém...
Por favor... Volte para nós.
— Amor... — Chris sussurra me olhando.
— Ele vai ficar bem... Todos nós vamos.
Seguro em sua mão quando ele beija
minha testa demoradamente.
— Christopher...
— Vai ficar tudo bem amor... O inferno
acabou.
Capítulo 39
Christopher
Quatro meses depois...

— Tem certeza que ela está vindo? —


Pergunto olhando Arthur assentir
rapidamente. — Mas já se passaram...
— Cinco minutos que você perguntou
pela última vez, Chris. — Diz me
mostrando o rolex no pulso.
— Colocaram seguranças suficientes?
— Já, inferno! Tem sete seguranças
trazendo ela para cá. — Lorenzo dispara,
espirrando pela milésima vez desde a hora
que chegamos.
— Quer um lenço? — Patrick oferece e
ele nega com a cabeça.
— Sabe que fico assim a vida toda
quando chego perto de um altar. — Diz
espirrando novamente.
Patrick franze o cenho junto com Arthur e
disparamos em uma gargalhada.
— Mas sou eu quem está casando,
Lorenzo. — Digo dando leves batidinhas
em seu peito.
Eu estava com aquele frio na barriga
novamente, mas dessa vez não tinha nada
de ruim. Era a ansiedade de saber que
depois de tudo, finalmente iríamos casar.
Dessa vez o cenário era na casa de praia
dos meus pais, preferimos o ar livre
novamente, mas ao invés do jardim
estamos perto da praia. Mamãe sorri
lindamente e caminho até ela, que está
segurando Henry que tentava puxar a
pequena roupa de seu corpo.
O pego beijando a pequena cabecinha.
Henry estava com quatro meses e é a
coisa mais maravilhosa do mundo. Era
nosso pequeno guerreiro. Ainda era difícil
falar sobre tudo que se passou e o quanto
fomos fortes por enfrentar aquilo.
— Onde está Clhoe?
— Está vindo no carro com Ágata, está
linda naquele vestido, Chris... Você precisa
ver Patrício, vem tirando mil e uma fotos
dela. — Mamãe diz sorrindo.
Sorrio internamente, levando Henry para
o altar improvisado. Como da última vez, a
cerimônia seria apenas para pessoas mais
próximas.
No altar, colocaram uma enorme tenda
com flores e as cadeiras acomodaram-se
na areia da praia mesmo.
Lorenzo falava algo com Patrick,
enquanto Arthur captura Henry do meu
colo.
— Quem é o mini puto do titio? —
Lorenzo diz sorrindo, pegando na
mão Henry sorri.
— Pensando em ter um desses,
Lorenzo? — Patrick alfineta e sorrio, vendo
Lorenzo se contorcer. — Ou melhor... Uma
linda menininha...
— Creio em Deus pai! Ta amarrado! Oxe!
Nem menino e piorou uma menina! — Diz
pegando Henry do colo de Arthur e me
olhando. — Já tenho meu mini puto, né
gostosão do titio?
— E você, Arthur? Já não está na hora
de pensar em uma família?
Arthur sorri, balançando o dedo de um
lado para o outro. Ele não era como o
Lorenzo que corria de casamento como o
diabo foge da cruz. Mas ele não queria se
apegar de nenhum modo, só que isso é
outro caso.
— Acho que a noiva chegou. — Patrick
diz batendo em meu ombro, me tirando
dos meus devaneios.
Eu via alguns parentes se posicionando
no lugar e mamãe corre para pegar Henry
e ir ficar ao meu lado, junto do meu pai que
não se continha em sorrisos. Vi Ava
descendo do carro e acomodando Otto nas
muletas ortopédicas.
Sim, ele tinha saído do hospital a mais
ou menos, um mês atrás. Tirando a parte
que ele tinha perdido os movimentos de
todo o lado direito, ele estava ótimo.
Helena desceu acompanhada de Magno
e Clhoe pulou do carro, sorrindo e
acenando.
Minha menina. Minha pequena.
— Não fique nervoso. — Patrick diz se
posicionando ao meu lado. — Vocês
merecem toda a felicidade do mundo,
Chris...
Viro o pescoço o olhando.
— Obrigado. Eu estou nervoso.
Patrick sorri balançando a cabeça.
— Vou estar bem aqui, do seu lado.
Sorrio mordendo os lábios quando bate
aquele vento forte e Ágata desce do carro.
Solto um suspiro sôfrego vendo-a tão
linda, que chega até doer na alma.
Os cabelos estavam soltos com uma
coroa de flores brancas, o vestido estilo
sereia é de renda e caiu feito uma luva
sobre seu corpo.
Helena entrou sorrindo e parou, ficando
ao meu lado esquerdo, junto de Patrick.
— Mantenha a emoção. — Sussurrou me
olhando.
Ava vinha com Clhoe, que jogava
algumas pétalas de rosas pelo caminho,
mas o vento espalhava todas elas.
— Oi papai... — Sussurra me olhando.
Sorrio balançando a cabeça.
— Oi princesa... — Sussurro me
abaixando quando ela para ao meu lado e
beija minha bochecha.
— Te amo.
— Eu te amo mais que tudo. — Digo
apertando seu nariz.
Me ergo e paro por um segundo, já não
estava sentindo minhas pernas enquanto
Ágata se aproxima, caminhando ao lado
do seu pai. Era uma tremedeira e
nervosismo me aflorando. Minha boca
estava doendo pelo sorriso que tomava
conta de todo o meu rosto.
O sorriso dela era a coisa mais linda de
se ver. Eu acho que era assim quando se
sentia um homem completo, tudo ficava
mais amplo.
Eu era o homem mais apaixonado da
face da terra. Porque eu a amava com
todas as minhas forças.
Encaro Otto, que sorri e seguro nos
dedos finos de Ágata, que entrega o buquê
a sua mãe.
— Oi meu amor... — Sussurra me
olhando.
— Oi minha loira.
— Eu te amo.
Eu via Lorenzo se segurando para não
espirrar, o que me deixou com uma crise
de riso impossível. O juiz de paz começava
a falar. E meus olhos fixaram aos seus.
Eu não estava prestando atenção em
absolutamente nada.
Eu tinha passado tempo demais
esperando para ter Ágata para mim.
— Podem proferir os votos...
Atchim!... — Perdão. — Lorenzo diz
sorrindo amarelo.
Sorrio balançando a cabeça enquanto
Ágata me encara, segura em minhas mãos
firmemente me olhando.
— Eu nunca imaginei que poderia sim
conhecer o amor de verdade. Até você
aparecer e me mostrar, o amor existe e
vale muito a pena esperar por ele,
Christopher... Você me mostrou que o
amor suporta tudo... Então com essa
aliança, eu te dedico todos os dias da
minha vida. — Segura em minha mão e a
encaro. — Eu te prometo honrar e
respeitar... Até o fim dos meus dias.
Sorrio enquanto a encaro e engulo seco,
quando a aliança dourada desliza sob meu
dedo anelar.
Ela dá um beijo singelo e a fito.
Pego a aliança fina da caixinha em que
Clhoe segura com um sorriso encantador.
— Eu não tenho muito o que falar... Só a
agradecer. Obrigado por ter entrado em
minha vida. Obrigado por ter me feito
acreditar que a vida é mais importante
quando se tem alguém ao lado. — Dou
uma pausa a olhando. — Você me mostrou
que um homem precisa de uma família,
Ágata. E você me deu.
Sorrio olhando para os pequenos olhos
curiosos de Clhoe e Henry.
Coloco a aliança em seu dedo anelar a
beijando.
— Me desculpe, mas preciso fazer uma
coisa... — Ágata me encara com o cenho
franzido, me ajoelho enquanto Clhoe me
fita curiosa — Oi minha baixinha...
— Oi Papai... — Sussurra e engulo em
seco.
— Você me transformou Clhoe. Você me
fez querer ser alguém melhor... — Sorrio
enquanto ela pisca os olhinhos me
encarando.
Vejo quase todos limpando os olhos e
sorrio, continuando a olhar.
Ela espalma a mão sobre a minha, no
mesmo gesto que fez quando nos vimos.
Mas agora tudo fazia sentido, aquele
gesto simples e inocente.
— Eu não escolhi ser seu pai, meu
amor... Você me escolheu, Clhoe. E eu
prometo durante todos os dias da minha
vida ser o melhor pai do mundo pra você,
meu pequeno Anjo... — Engulo em seco,
limpando uma lágrima que desce.
Ela sorri olhando de um lado para o
outro.
— Quer ser minha filha para sempre?
— Eu já sou bobinho... Pala semple! —
Ela se joga em meus braços e a aperto.
Tiro de dentro do meu paletó uma
pequena caixa que guardava comigo há
dias. Abro a caixa revelando um lindo e
delicado anel, pego a mãozinha pequena
de Clhoe e deslizo o metal pelo seu dedo
anelar — Para sempre minha pequena!
— Ah Chris... — Ágata diz se jogando
em meus braços assim que me ergo a
encarando com os olhos lagrimejantes.
— Não é só você que vai receber meu
sobrenome hoje, meu amor... — Pisco de
leve sorrindo.
Estava tudo preparado, os papéis tinham
chegado há alguns meses e decidi fazer
uma surpresa para todos.
Clhoe era minha filha, oficialmente.
— Bom... Eu vós declaro marido e
mulher! Pode beijar a noiva...
Sorrio a olhando, beijando seus lábios
demoradamente. O primeiro beijo de
casados.
O primeiro de muitos que estavam por
vir.
— Epa... Motel é só mais tarde! — Ouço
Lorenzo falar e depois soltar um palavrão.
Por insistência de mamãe, fizemos uma
festa logo depois da cerimônia, seria na
casa mesmo.
— Meu Deus... Estou com vontade de
chorar. — Ava diz sorrindo me olhando. —
Eu sinto um alívio imenso por saber que
finalmente vocês estão...
— Felizes! — Ágata diz chegando por
trás de mim com Clhoe nos braços.
— Muito Feizes! — A beijo e sorrio.
— Você deu um nome a minha neta,
Christopher. Seremos gratos a você pelo
resto das nossas vidas.
— Eu dei meu sobrenome e ela deu um
sentindo a minha vida, Ava.
Ava me abraça e sorrio enquanto Clhoe
nos encara.
Enlaço a cintura de Ágata assim que a
sua mãe pede licença. Ela espalma a mão
em meu peito.
— Estou morrendo de saudades. — A
beijo demoradamente.
— Acho que o senhor meu marido, anda
muito mal acostumado. — Sussurra
passando a língua pelos lábios.
— Como eu te amo, Ágata Gonzáles...
Ela sorri e balanço a cabeça.
— Mil perdões por atrapalhar vocês. —
Patrick solta um pigarro e sorrio olhando
Henry em seu colo, que chora
inconsolável. — Acho que o pequeno está
irritado.
— Oh meu amor... Tá tudo bem, meu
bebê. — Ágata vai até ele o pegando no
colo.
— Parabéns. Estou feliz por estarem
felizes. — Diz colocando as mãos nos
bolsos da calça. — Sabe que minha
viagem está marcada para a semana que
vêm, então...
— Mas já? — Ágata diz o olhando.
— Sabe que não precisa aceitar isso,
Patrick. Lorenzo pode muito bem ir para a
Alemanha no seu lugar. — Digo vendo-o
sorrir.
— Não. Papai prefere Lorenzo sob seus
olhos. E mesmo assim, é uma ótima
oportunidade para mim, Chris. Eu preciso
ir, realmente. São apenas alguns meses.
O abraço enquanto ele sorri me olhando.
Ágata faz o mesmo e percebo até o seu
embaraço.
Sorrio de leve e suspiro enquanto ele se
afasta rápido.
— Eu quero que ele seja muito feliz.
Patrick merece. — Ágata sussurra e
concordo.
— Como vai minha nora? — Papai se
aproxima sorrindo.
— Radiante meu sogro. — Diz o
encarando.
— Vamos estrear a pista de dança... —
Papai me encara. — Vim pegar meu neto
para vocês abrirem com a dança dos
noivos...
Ágata entrega Henry para o meu pai, que
logo abre o sorriso enorme no rosto.
— Vamos meu amor? — Ela assente e
sorrio, segurando em sua mão.
Era ver a felicidade realmente
acontecendo.

Patrick
Arthur me encara, arqueando a
sobrancelha e sorrio balançando a cabeça.
— Qual o sentimento nesse momento?
— Me encara sobre a borda do copo.
— Normal. — Ele me encara com os
enormes olhos azuis. — Qual foi, Arthur?
— Te conheço, Patrick.
Mordo o lábio enquanto aperto a taça em
meus dedos.
Observo Ágata rodopiar pelo salão
enquanto Chris a guia sobre passos lentos
e firmes. O vestido estava lindo, os
cabelos caindo sobre as costas como uma
cortina dourada.
Ele estava feliz. O sorriso estampado no
rosto abertamente. Ágata diz algo em seu
ouvido e ele a encara, colando a testa na
sua, a beijando.
Abaixo os olhos rapidamente, querendo
que aquele sentimento suma. Era horrível.
— Eles estão felizes... Eu também. —
Indago e Arthur assente me olhando.
Eu estava feliz. Do fundo meu coração,
eu estava.
Era o grande dia. O dia do casamento da
mulher da minha vida... E não era eu quem
a esperava no altar.
Ela estava radiante. Feliz. E
incrivelmente linda.
Ela caminhou em direção ao homem a
quem ela escolheu para passar o resto da
sua vida... Meu irmão.
Hoje ela ganhou o sobrenome e
tecnicamente não era o meu.
Hoje eu ganhei uma dor e tinha o nome
dela.
Eu estava feliz. Eu precisava acreditar
que estava feliz.
— Tem coisas que vão morrer comigo,
Arthur. — Ergo a taça enquanto ele me
encara sorrindo.
— É o melhor a se fazer, Patrick. —
Arthur rebate tocando sua taça na minha.
Assinto veemente o olhando.
— Ela tem três corações e nem
percebeu, Arthur... — Sorrio e ele me
encara com o cenho franzido.
— Três?
— O dela, o dele... E o meu.
E sinto o nó na garganta enquanto abro o
sorriso.
Queria arrancar aquele sentimento de
mim, sem deixar rastros. Mas era
impossível. Aceitei ir para a Alemanha
para tentar fugir.
Longe dos olhos, longe de coração. Iria
seguir isso.
Ela agora dança com meu pai que sorri,
assim passando por cada membro da
família. Sorrio enquanto seguro em sua
mão e ela me encara fixamente, os olhos
claros presos aos meus.
— Patrick... — Sussurra enquanto a
encaro.
— Que vocês viagem, aproveitem tudo
de mais lindo... Que tenha tudo que você
sempre quis. Eu te desejo tudo de mais
lindo. — Digo baixo e ela franze o cenho.
Continuo a guiando enquanto a música
soa.
— Patrick... Você também merece tudo
de mais lindo.
Assinto e aperto os dedos entre os meus.
— Você é a noiva mais linda. — Afirmo e
ela balança a cabeça me encarando. — Eu
preciso ir agora...
A música para e a fito enquanto sorri.
— Posso te dar um abraço? — Pergunta
e assinto.
Ela me abraça e por um segundo sinto
uma pontada forte no peito.
— Boa viagem, Patrick... — Sussurra e
beijo sua testa rapidamente.
— Faça ele feliz. — Digo apontando com
o queixo para Chris, que se aproxima.
Ela assente sorrindo e limpa o rosto
delicadamente.
Me viro saindo rapidamente.
Alegria de saber que eles estão felizes é
o suficiente para aguentar a tristeza de não
a ter ao meu lado.

Ágata
— Promete que vai ligar se alguma coisa
acontecer com eles? — Pergunto, olhando
Clarisse sorrir e assentir.
— Você está me falando isso pela
terceira vez só essa noite, Ágata.
— Eles vão ficar bem, meu amor.
Clarisse e eu sabemos cuidar de bebês
ainda. — Mamãe sorri, me olhando diante
do meu nervosismo.
Sair em uma lua de mel realmente não
estava em meus planos com duas crianças
pequenas. Henry só tinha quatro meses e
Clhoe iria completar seus quatro anos
daqui a três semanas. Depois de tanta
insistência da minha mãe e de Clarisse,
acabei concordando.
Abraço as duas ao mesmo tempo
sorrindo. Abraço Patrício que está com
Clhoe adormecida em seus braços e a
beijo demoradamente. Caminho até meu
pai que sorri de lado me olhando, as
coisas entre nós tinham se acertado, papai
passou pela investigação e pelo
julgamento, do processo que a juíza tinha
solicitado, eu testemunhei a seu favor,
afinal ele assim como eu tínhamos sido
vítimas das armações de Armando. Papai
e mamãe foram condenados a prestar
serviços comunitários e a fazer doações de
cestas básicas para algumas instituições
que acolhem menores de idade. Nada
mais justo afinal, todas as ações têm as
suas reações nesta vida. A lei do retorno
nunca falha e agora sim estamos prontos
para virar esta página em nossas vidas e
começar um novo capítulo.
— Estou com o coração na mão... —
Falo o olhando. — Por deixar vocês...
— Está indo para sua lua de mel, minha
filha. Não para uma viagem sem volta,
Ágata. — Diz com certa dificuldade na voz.
Acaricio seu rosto o beijando.
— Eu te amo.
— Eu também te amo. Agora vá ser feliz,
filha... Porque você merece.
Aperto suas mãos e me viro, olhando
Helena de braços abertos, a aperto tanto
que ela chega a sorrir, falando que está
sendo sufocada.
— Obrigada por tudo... Por tudo... —
Sussurro a olhando limpar o rosto
rapidamente. — Eu te amo mais que tudo
nessa vida...
— Eu também te amo. — A encaro e
sorrio.
Helena estava diferente, o rosto mais
arredondado. Estava com um sorriso largo,
ao mesmo tempo em que uma tristeza
passa por seus olhos.
— Você está bem, Lena? — Ela assente
e sorrio. — Eu te conheço...
— Não seja boba, loira... — Diz baixinho
enquanto me abraça. — Agora vá curtir
sua lua de mel com seu homem tatuado,
porque ele deve estar louco.
— Eu vou... Mas antes eu preciso falar
com o Magno.
Caminho até ele, o olhando erguer o
copo de vodca em minha direção. Depois
da morte de Armando, ele tinha ficado com
tudo que era dele. Tinha transformado a
boate.
Ele estava diferente também.
— Eu não sei como te agradecer por
tudo que fez por mim e pela Clhoe,
Magno... Por todas as vezes que me
salvou... E...
— Não precisa agradecer Ágata. Sabe
que isso já passou. Minha sobrinha não
poderia ter escolhido um pai melhor do que
o Christopher... Você só precisa esquecer
tudo aquilo e seguir em frente. — Diz
colocando o copo na mesa me olhando.
— Estou agindo como se fosse uma
despedida, não é?
— Mas é uma despedida. — Diz sorrindo
ao ver minha cara de espanto. — Porque
você está se despedindo da vida antiga e
dando um olá para a nova vida que está
chegando.
— Cuide da Helena... Ou eu te mato! —
Sorrio enquanto ele segura em minhas
mãos.
— Helena é tudo que eu tenho Ágata...
Sorrio balançando a cabeça enquanto
Helena se aproxima. Espero que Magno
seja um homem bom para ela.
O abraço fortemente enquanto
caminhamos de volta para dentro da casa.
Chris sorri enquanto enlaça minha cintura
e Lorenzo e Arthur gargalhavam
sonoramente.
— Acho que devemos ir...
— As malas já estão no carro. — Arthur
fala sorrindo. — Então... Boa viagem e se
previnam! Não queremos um bebê tão
cedo por aqui...
— Não seja trouxa, Arthur. — Chris
dispara sorrindo.
— Estou me sentindo de luto. — Lorenzo
diz sério e me encara. — Não me leve a
mal, Ágata... Mas meu irmão vai virar um
escravoceta, é muito triste para mim...
Gargalho o olhando enquanto Chris
revira os olhos, o encarando.
— Com todo prazer do mundo.

— A vista é maravilhosa... — Sussurro


olhando pela cabine do enorme navio.
— Isso é porque não está tento a mesma
visão que eu. — Chris sussurra logo atrás
de mim. — Essa calcinha é a oitava
maravilha do mundo...
Sorrio quando sinto a respiração atrás do
meu pescoço. Estamos em um cruzeiro
divinamente maravilhoso, o nosso destino
era a espetacular França. Por uma
semana estaríamos curtindo só nós dois.
Me viro o olhando beijar o vão entre
meus seios e subindo até chegar a minha
boca, arrancando um beijo sôfrego que
acabou me deixando atordoada.
— Vira de costas... — Sussurra enquanto
me vira de costas rapidamente. — Que
coisa mais linda...
Sinto as mãos passeando por todo meu
corpo. A cabine era enorme e luxuosa. No
começo eu até me senti um pouco
deslocada. Só que agora eu estava em
chamas.
Solto um gemido rouco quando sinto as
mãos percorrendo minha barriga... Meus
seios... Até chegar naquele ponto em que
eu estava tão úmida, que doía.
— Chris...
— Estamos apenas começando, amor.
Sinto a língua traçar um caminho
imaginário em meu pescoço e rapidamente
capturar minha boca em um beijo
selvagem.
Me vira novamente, me erguendo para
seu colo e tombamos na cama, meu corpo
inteiro fervendo enquanto sentia a língua
sugando meus seios, intercalando entre
um e outro... É assim até me ver
completamente louca.
Sento em seu colo, enquanto ele
contorna um mamilo entre os lábios em
uma carícia excitante.
— Você me enlouquece... — Diz me
deitando gentilmente sobre a cama.
— Não faz ideia do que sua boca faz
comigo. — Digo o olhando passar a língua
pelos lábios e mordê-los antes de atacar
minha feminilidade.
Arqueio as costas sentindo a carícia da
língua quente entrando e saindo, sugando
e mordiscando... Chupando... Esfregando-
se... Um ciclo que não cansava.
Tateio o lençol da cama em uma tentativa
de não me desmanchar em seus lábios.
Mas era isso que ele estava tentando
provocar. Era impossível conter os
gemidos que estavam escapando sem ao
menos eu perceber.
Eu sentia minhas carnes se fechando ao
redor da língua macia e quente. E foi
impossível conter o gozo que veio em
disparada.
— Deliciosa. — Sussurra, voltando a
beijar meus lábios. — Eu adoraria sentir
essa boca me chupando totalmente... Mas
se eu não me enterrar dentro de você, meu
amor... Eu vou morrer.
Me aperta, capturando minha cintura e
colocando minhas pernas ao redor da
mesma.
— Oh... Chris...
Sinto o membro me invadir, entrando
totalmente em mim. Ele pende a cabeça
para trás com um sorriso de puro êxtase.
— Eu te amo. — Sussurra entre meus
lábios enquanto sugo-os com força e
rapidez.
Meu corpo inteiro se arrepiando
enquanto ele se movimentava com
maestria, o pau duro feito rocha entrando e
saindo... Deixando-me em puro êxtase.
Era um turbilhão de emoções quando ele
rapidamente se ergue, sem parar um
segundo sequer, me colocando na beirada
da cama, de quatro.
— Ágata... Meu amor... — Sussurra
segurando em meus cabelos, se
enterrando todo de uma vez. — Diga que
você é só minha...
— Eu... Eu sou só sua... Sempre fui... E
sempre... — As estocadas firmes enquanto
ele enrola meu cabelo em seu pulso, o que
torna os movimentos muito mais ágeis.
Os gemidos me engolfando, o prazer que
eu estava sentindo não tinha palavras o
suficiente para descrever.
Eu só sentia que o amava com todas as
forças que existiam dentro de mim.
— Amor... — Sinto a respiração ainda
ofegante em meu ouvido e sorrio o
olhando me beijar.
— Hum...
— Já amanheceu... Não quer sair para
comer algo? — Pergunta esfregando o
corpo nu sobre o meu.
— Preciso me alimentar, Chris... — Digo
com um sorriso fraco. — Você está
insaciável...
— Com você, eu sempre vou ser
insaciável.
— Meu cafajeste. — Digo sorrindo
enquanto me viro. — Eu te amo.
— Sexo matinal? — Pergunta apertando
minha coxa.
— Ei. — Bato em seu peito sorrindo. —
Eu falei que te amo.
— Vamos ter tanto tempo para dizer
isso... Por agora, eu só quero você... De
novo e de novo...
Capítulo 40
Ágata
Um ano depois...

— Parabéns para você... Nessa data


querida... (...) Clhoe... Clhoe... — As
palmas ecoavam no jardim da casa dos
meus pais, junto com os sorrisos e
gargalhadas.
— Com quem será... Com quem será...
— Arthur puxa o coro enquanto sorri nos
olhando.
— Parou a brincadeira. — Chris diz sério
nos olhando.
— Tá com medinho de a Clhoe casar, é
Chris? — Lorenzo alfineta enquanto pula
com Henry nos braços, que gargalhava
sonoramente.
Ajudo Clhoe a soprar à velinha de
número 5 enquanto ela me encara
sorrindo.
— Pode fazer um pedido meu amor. —
Digo em um sussurro, vendo-a abrir um
sorriso enorme.
— Pode pedir qualquer coisa, mamãe?
— Indaga e assinto com a cabeça. —
Posso pedir que você e o meu papai nunca
me deixarem?
— Pode pedir meu amor... Mas isso não
vai acontecer, nunca. — Chris diz a
beijando. — Eu prometo para você.
Era incrível como nossa vida podia
mudar de uma hora para a outra. Ainda
ontem eu dançava em uma boate para
conseguir me manter bem.
E hoje eu estava casada e com dois
filhos lindos.
Não tinha parado de trabalhar, ainda o
fazia, mas em casa agora. Cuidava de
investimentos que fiz com ajuda do meu
marido.
Eu nunca pensei que seria tão feliz
assim, a ponto de não querer mais saber
de nada. Clhoe e Henry eram uns grudes
com Chris. Até mais do que comigo, na
verdade.
Meu filho mais novo adorava passar
horas no colo do pai, ouvindo-o relatar
histórias imaginárias para Clhoe, que o
ajudava sempre.
— Ela está tão Feliz. — Sussurro para
Helena, que bebe um gole de refrigerante.
— É incrível como ela não lembra...
— Clhoe bloqueou as memórias ruins,
Ágata. — Diz me olhando.
— A psicóloga disse que é uma maneira
dela se proteger. Mas ela ainda tem
marcas, Helena.
— Todas nós temos Ágata. — Sorri sem
humor, me encarando.
Seguro em sua mão a olhando.
— Ah Lena... — A abraço enquanto ela
suspira pesadamente. — Eu sinto tanto,
meu amor...
Ela limpa o rosto suspirando e tenta
sorrir.
— Eu preciso passar uns dias com meus
pais. Preciso arrancar essa dor daqui de
dentro. — Ela ofega e assinto.
Aperto suas mãos firmemente.
— Sabe que estou aqui para o que
precisar minha amiga...
— Eu sei... Mas essa dor nunca vai sair
daqui. — Ela coloca a mão sobre o peito e
suspiro.
— O Magno... Ele...
— Ele não vai saber Ágata. Não quero
que ele saiba nunca. — Ela me fita e a
abraço apertado.
Me faltam palavras para dizer, na
verdade eu nem saberia o que falar para
aliviar aquela perda que ficaria em seu
coração para sempre.
— Agora me diz... Como está sendo a
vida de casada com o gostoso? — Sorri
enquanto limpa o rosto me olhando.
Essa era minha Helena.
— Você é tão perversa!
— Eu?! Há meu Deus, Ágata! Ele tem
aquele tom possessivo, né? Christopher é
realmente um espetáculo. — Diz com a
voz arrastada e um suspiro sôfrego logo
em seguida.
Sorrio o olhando falar com Arthur e
Lorenzo, que sorriem.
— Arthur também é um espetáculo...
Lorenzo então... Patrick nem se fala. —
Digo cruzando os braços.
— Arthur e Lorenzo carregam o nome
puto na testa, Ágata. Nunca vi na minha
vida homens mais safados e gostosos. —
Ela diz me olhando. — Patrick é o famoso
príncipe encantado... Ele já chegou de
viagem?
— Chega amanhã. Clarisse está em uma
felicidade imensa.
— Como vai à esposa mais maravilhosa
desse mundo... — Sorrio quando Chris
enlaça minha cintura me beijando.
— Gente eu não tô a fim de segurar vela
não. — Helena diz sorrindo enquanto se
afasta. — Vou é comer!
— Não sei se são meus olhos famintos,
mas acho que você fica mais gostosa a
cada dia que passa... — Sussurra em meu
ouvido, mordiscando o mesmo.
Meus pelos se eriçam no mesmo instante
apenas por ouvir aquelas rápidas palavras.
— Eu acho que são seus olhos... — Digo
fazendo um bico enquanto ele me beija
sorrindo.
— Me deixa ter a certeza... — Diz
tomando meus lábios em um beijo
apaixonado.
Eu tinha ouvido várias teorias sobre
casamentos, mas o meu estava sendo a
coisa mais maravilhosa que já tinha me
acontecido.
— Eu te amo. — Sussurro entre seus
lábios.
— Mamãe... Mamãe... — Clhoe corre e
nos encara sorrindo. — Titio Enzo acha
que o Henry tá com fome...
— Oh meu Deus... Não podemos deixar
o Henry com fome, não é mesmo? — Digo
a pegando no colo.
Saio com Clhoe indo até Lorenzo, que
balançava Henry no colo enquanto ele
resmungava esfregando os olhos.
— Lorenzo estava quase chorando por
não saber o que fazer com o Henry. —
Arthur diz sorrindo. — Falei para ele ter um
para ir treinando...
— Só não te mando tomar naquele
canto, porque a Clhoe não pode ouvir que
canto é...
— Qual o canto titio? — Clhoe indaga
olhando Lorenzo pigarrear.
— Explica ai Lorenzo. — Digo o olhando,
colocando a mão na cintura.
— Um canto muito feio que só os adultos
podem mandar os outros adultos irem... —
Diz a pegando no colo enquanto ela o
beija. — Cadê sua namorada titio?
Lorenzo tosse várias vezes seguidas
arrancando boas gargalhadas de mim e
Arthur. Eu nunca tinha visto alguém com
tanto medo de compromisso do que ele.
Papai está sentado na cadeira, enquanto
mamãe está ao seu lado conversando, ele
estava se recuperando tão rápido, as
seções de fisioterapia estavam ajudando
na recuperação.
Mamãe pega Henry do meu colo, o
levando adormecido para dentro de casa.
Me sento ao lado do meu pai enquanto ele
observa Clhoe correr com seus enormes
cabelos louros, com Helena tentando a
pegar.
— Como está se sentindo? — Sorrio
enquanto ele segura em minha mão a
beijando.
— Vivo Ágata. Estou me sentindo vivo.
— Sussurra me olhando. — Vivo e feliz!
Eu sinto como se tudo estivesse
completo agora, realmente estava. Eu
tinha Christopher e principalmente meus
pais comigo.

— Eles dormiram? — Pergunto quando


Chris se deita no sofá, colocando a cabeça
em meu colo.
— Henry queria pular na cama... Mas
finalmente dormiu. — Diz soltando um
suspiro enquanto me encara.
— Eu disse que ter filhos não é fácil. —
Emaranho meus dedos em seus cabelos,
olhando o corpo musculoso coberto
apenas por uma calça de moletom.
— Eu teria mais cinco com você. — Diz
sorrindo enquanto o encaro perplexa. —
Você ficou um tesão quando estava
grávida do Henry... Aliás, podíamos
encomendar um irmãozinho para eles não
acha?
Me puxa e rapidamente está em cima de
mim, me beijando ferozmente. Chupo seus
lábios enquanto suas mãos espalmam
minhas coxas a colocando em seu quadril.
Sorrio quando sinto a ereção esfregar em
meus quadris e puxa as alças da minha
blusa para baixo, meus seios saltam para
fora e o sorriso que ele solta chega a ser
hipnotizante.
— Mamãe... Papai... — Chris pula do
sofá enquanto eu ajeito a blusa
rapidamente.
— Oi, meu amor. — Digo a olhando
coçar os olhos.
— O que foi princesa?
— Tive um sonho ruim... — Diz com um
fio de voz e Chris vai até ela a pegando no
colo.
— Está tudo bem meu anjo, quer que a
mamãe fique com você até você pegar no
sono? — Digo a olhando assentir enquanto
Chris sorri.
— Pensando bem... Acho melhor pensar
em ter aqueles cinco filhos em um futuro
mais distante... — Chris diz, me fazendo
gargalhar.

Christopher
O almoço na casa dos meus pais estava
mais movimentado que dia de Natal.
Patrick estava chegando de viagem e
estávamos naquela euforia. Aliás, tinha
sido um ano bem longo.
Sorvo um gole de uísque enquanto vejo
Ágata segurar Henry, que queria andar
sozinho junto de Clhoe, que estava ao seu
lado.
— Sua cara de bocó está sendo bem
nítida, se você quer saber. — Lorenzo diz
e o encaro. — Ele não está com cara de
bocó, Arthur?
— Ele sempre teve.
— Vocês dois não tem mais nada
interessante para fazer não? — Pergunto
vendo Lorenzo negar com a cabeça, junto
de Arthur.
— Eu até tenho... Só que mais tarde...
Vou levar uma gostosa lá para meu
abatedouro. — Lorenzo captura uma
azeitona recheada jogando na boca.
— Nem me fale... Levei uma delicinha
para comer e acredita que ela era virgem?
— Arthur solta um suspiro e o encaro.
— Deus me livre de uma virgem na
minha vida... Ainda tenho aquele caderno
de 10 coisas impossíveis. A segunda delas
é nunca pegar uma virgem. — Lorenzo diz
me olhando.
— A primeira é...
— Nunca... Ca... Aquela palavra que só
em falar o nome, me deixa nervoso.
Sorrio terminando de beber o líquido
enquanto eles continuam a relatar as
obscenidades. Não que eu tivesse virado
um santo. Não. Só que agora eu era
homem de uma mulher só.
E isso nunca me fez tão bem na vida.
Mamãe abre a porta sorrindo, quando
Patrick entra com malas e um sorriso
estonteante no rosto. Literalmente a
viagem tinha feito um bem enorme para
ele.
— Até que em fim você voltou! —
Lorenzo o abraça e sussurra algo em seu
ouvido, que o faz revirar os olhos sorrindo.
O abraço batendo de leve em suas
costas quando ele me encara.
— Quase não o reconheci quando
cheguei. — Patrick diz segurando Henry,
que está concentrado demais em seu
biscoito para falar uma de suas palavras
indecifráveis. — Ele está a sua cara...
— Não deixe Ágata ouvir isso...
— Eu quero falar com vocês três daqui a
pouco, um assunto importante. — Papai
diz nos olhando e encarando Lorenzo que
para com um garfo a meio caminho da
boca.
— Há não, inferno... Lá vêm ele com
aquelas lições de moral que me deixem
com sono.
— Lorenzo, você realmente não tomou
juízo ainda? — Patrick indaga e ele nega
com a cabeça.
— Fui tomar juízo, mas só tinha vodca.
— Lorenzo sorri dando de ombros.

Ágata encosta a cabeça em meu ombro


enquanto observamos a noite, que
realmente estava linda.
Esperamos todos saírem para meu pai
ter a conversa que pelo que ele disse, era
mais que importante.
— Sinto vontade de chorar olhando
vocês. — Nos viramos olhando mamãe se
aproximar sorrindo, com Clhoe. — Estão
tão felizes...
— Graças a Ágata, mamãe. — Digo a
olhando sorrir.
— Vamos por o jantar... Não se
atrasem... — Sai levando Clhoe com ela e
encaro Ágata me olhando.
— O que foi?
— Lembra quando joguei minha cinta liga
em você na primeira vez que nos vimos?
— Como eu poderia esquecer a primeira
vez que vi esse par de pernas
maravilhosas... — Digo sorrindo, pegando
em seu queixo. — Eu não sabia que você
era a mulher que eu iria passar o resto dos
meus dias...
— Você nem queria me beijar. — Diz
dando de ombros e tiro uma mexa de seus
cabelos. — Você me deixava possessa
sabia?
— Hum... Deixava era?
— Mas como eu estava louca para dar
para você, eu não senti a diferença...
— Repete isso...
— Não sentia a diferença, Chris... O que
importava...
— Estava louca para dar para mim? —
Sorrio enquanto ela bate em minha mão
sorrindo.
— Acho melhor virem... Dona Clarisse
está estressando todo mundo. — Patrick
aparece e sorri nos olhando.
Ágata sorri e se ergue o olhando. Aquele
clima chato e desconfortável tinha sumido,
eu tinha certeza que o único sentimento
que existia entre minha esposa e meu
irmão era um carinho, e isso não iria
passar.
— Acho melhor irmos, não acham? —
Ágata diz e cruzo os braços.
— Pode ir, Ágata... Diga a mamãe que já
estamos indo.
Patrick senta ao meu lado no sofá e solta
um longo suspiro depois de me encarar.
— Fico imensamente feliz por ver que
vocês finalmente estão bem...
— Foi uma longa história. — Digo sério o
olhando. — E você, como está? Como foi
a viagem?
Ele sorri e ergue uma sobrancelha.
— Não me diga que...
— Não é nada especial. Depois eu te
explico. — Diz se erguendo. — Acho
melhor irmos, ou mamãe vai vir nos puxar
pelas orelhas.
Me ergo entrando na sala de estar, onde
estavam todos reunidos. Eu me sentia o
homem mais completo do universo em ver
que finalmente eu tinha tudo que mais
amava.
Eu tinha meus pais, meus irmãos... Tinha
uma esposa maravilhosa e dois filhos
lindos.
— Pensando em que? — Ágata se
aproxima segurando Henry, que sorria me
olhando.
— Pensando em quanto sou feliz por ter
vocês.
— Papai... — Olho para baixo, vendo
Clhoe estender os braços para mim.
— Papa... — Henry sorri me encarando.
— Eu amo vocês. — Ágata sussurra me
olhando. — Muito...
— Muito?
Sorri me encarando e assente com a
cabeça.
— Eu também amo... Muito.
— Vamos brindar, então? — Mamãe diz
sorrindo. — Ao futuro...
O tilintar das taças batendo umas nas
outras, me fazendo sorrir como uma
criança.
— Ao futuro...
Eu tinha demorado tempo demais para
ver o que estava embaixo do meu nariz há
tempos. O amor.
— Meu cafajeste... — Ágata sussurra me
abraçando, enquanto as crianças brincam.
— Minha eterna stripper gostosa.
Sorrimos. Porque aquela era nossa
forma de dizer: Para sempre...
Fim...
Epílogo
Christopher
Era um dia ensolarado de domingo,
onde estávamos todos reunidos no jardim
da minha casa. Nos mudamos para uma
grande mansão.
Não poderia ter feito troca melhor.
Acho que isso acontece quando você se
casa e vira pai.
— Eii, campeão... — Sussurro olhando
Henry tentar correr e o seguro no colo. —
Cadê a mamãe?
Ele aponta com o dedo para Ágata que
está sentada, enquanto Clhoe conversa
sem parar. Eu sorrio de lado. Me sinto o
homem mais orgulhoso do mundo por ter
uma família tão perfeita quanto a minha.
— Chris! — Olho para Patrick que entra.
— Temos um problema...
— O que aconteceu? — Ágata se
aproxima, pegando Henry no colo.
— Papai nos pediu para irmos a casa
dele. Eu, você e Lorenzo. — Diz me
olhando.
— O que ele quer?
— Não fazemos ideia, Chris. Lorenzo
está quase pondo um ovo de tão nervoso
que está.
Lorenzo sofria por antecipação, é claro
que não seria nada demais. Papai sempre
inventava essas reuniões, onde falava
coisas apenas da empresa. Não
precisávamos nos preocupar.
— Ágata! — A chamo assim que abro a
porta e ela desce me olhando.
— Como foi à reunião? O que
aconteceu? — Pergunta me encarando.
Eu estava apreensivo depois de tanto
tempo, realmente papai tinha pisado na
bola. E Lorenzo estava uma fera.
— Chris?
— Papai quer que Lorenzo se case. —
Digo em um sussurro, vendo-a abrir a boca
e fechar no mesmo instante.
— Meu Deus! Como assim?
É agora temos que controlar a fúria de
Lorenzo para cima da pobre garota, o que
estava sendo difícil de fazer.
— Como Lorenzo está?
— Ele está uma fera, amor. Uma fera.
Eu nunca tinha visto Lorenzo com tanto
ódio nos olhos como ele estava. Eu
sempre achei que esse medo dele era
apenas um capricho, mas vê-lo quase
bater em nosso pai tinha sido a prova que
ele estava realmente perdido.
— Vamos pensar em um lado positivo
nisso tudo, Chris. — Olho para Ágata que
sorri. — Quem sabe Lorenzo não se
apaixone pela menina?
— Ágata... Você não conhece o Lorenzo.
Ele não é como eu, nem como Patrick...
Arthur e ele tem mestrado na putaria. —
Digo me sentando enquanto ela senta ao
meu lado, apoiando o queixo na mão.
— Você também não beijava... Não fazia
amor... E agora estamos casados. — Diz
com um fio de voz, me fazendo sorrir.
— São situações diferentes...
— Não são, Chris. — Diz em um
sussurro. — Quem sabe não será
a Redenção do Lorenzo?
Paro por um segundo, a beijando
demoradamente nos lábios.
— Como você foi minha Sedução? —
Pergunto beijando seu pescoço.
Puxo os lábios entre os dentes e sorrio a
olhando, enquanto ela sussurra baixo:
— Sim. Como eu fui sua sedução. Meu
cafajeste.
Sobre a Autora
Juliana Souza nasceu em 1997, é natural
de Natal, capital do Rio Grande do Norte.
Sempre foi apaixonada por histórias de
enredos envolventes. Aos seus 17 anos,
sentiu um forte desejo de ingressar no
mundo da escrita, o seu primeiro livro foi
Proibido desejo, que deu origem a trilogia
“ Os irmãos Perrot” , em 2016 querendo
alçar novos voos, escreveu naquele ano o
livro Perigosa Sedução que mais tarde se
tornou o primeiro livro da série “ Os
cafajestes” que conta com 8 livros.

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