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Juliana Souza
Direitos autorais © 2020 Juliana Souza
Ed Sheeren
Prólogo
— Dormiu com meu irmão, inferno? Responda Ágata!
Agora! — Sinto a respiração ofegante em meu rosto e ergo
o queixo o olhando.
Minhas pernas estão trêmulas.
Controle-se, Ágata. Controle-se.
— Não é da sua conta, senhor Gonzáles...
— Respondo séria, tentando controlar as
batidas do meu próprio coração.
Minhas pernas estão trêmulas, o ambiente
se tornando cada vez mais apertado para nós
dois, a camisa colada ao corpo com as
mangas dobradas até os cotovelos, revelando
os traços de suas tatuagens, me deixa sem ar.
Complementa absorta.
— Interessa sim. Porque, o que pretendo
fazer, não pode incluir uma comparação com o
meu irmão...
Pisco algumas vezes incerta e ele sorri,
mordendo o próprio lábio.
Os seus olhos estão perto dos meus, a boca
a centímetros da minha, me deixam
hipnotizada. Travo a respiração quando sinto
as suas mãos passearem pelo meu corpo.
Erguendo o vestido, acariciando a minha
barriga...
As mãos subindo, me apalpando, me
apertando.
— Eu não vou fazer amor com vo... Você. —
Respondo séria, observando-o gargalhar
sonoramente.
— Não vamos fazer amor Ágata. Porque eu
não faço.
— Dou um passo para trás e ele me puxa
para seus braços. — Eu não beijo Ágata, eu
chupo... Eu não faço amor, eu fodo. Fodo com
força.
Capítulo 1
Ágata
— Está pronta, Ágata? — Encaro Armando,
que coloca um sobretudo cobrindo meu corpo
quase nu.
Apenas o olho por cima do ombro.
— Nasci pronta. — Respondo fechando as
mãos nos meus cabelos dando mais volume
aos cachos perfeitos que caem como uma
cortina pelas minhas costas.
— Lembre-se de dar total atenção ao noivo,
é sempre a cereja do bolo.
Quer ensinar o meu trabalho?
Sorrio o olhando e assinto com a cabeça.
As despedidas de solteiro sempre são as
melhores, além de várias notas de cem
dólares no fim da noite. E não. O dinheiro não
era a única coisa que me prendia aqui.
Meus saltos vão ecoando por todo o
corredor e ainda sinto o frio na barriga como
se fosse à primeira vez. Os meus seios estão
altos por causa do espartilho preso em meu
corpo. As botas de cano longo me fazem ficar
um pouco mais alta.
Paro em frente à cortina preta de camurça,
fazendo o ritual de sempre.
Queixo erguido
Sorriso aberto
Armando para ao meu lado e fecha o
semblante me olhando. Deveria lamber o chão
que piso, hoje eu faço o seu "Bordel" ser um
dos mais famosos de Nova York.
— Quando estiver pronta. — Se posiciona
atrás de mim, retirando o sobretudo. Viro de
costas para a cortina ajeitando a minha
calcinha fio dental para que fique bem
aparente junto com a cinta linga.
Ouço os gritos atrás de mim, assim que as
cortinas se abrem o som da música Worth
It começa a soar por todo ambiente.
Vou rebolando meus quadris ao som da
música, o sorriso de satisfação em meu rosto
é nítido.
Baby, I'm worth it
Uh huh I'm worth it
Gimme, gimme, I'm worth it
Ágata
Jogo as chaves no aparador da sala,
relaxando meu corpo sobre o sofá, olho no
relógio vendo que já passam das duas da
manhã. O cansaço toma conta do meu corpo,
mas a rotina não me deixa dormir tão cedo.
Abro as cortinas da varanda, olhando a noite
estrelada de Nova York, me apaixonei por está
cidade, aos 17 anos, quando cheguei aqui
pela primeira vez.
Uma adolescente boba que imaginava um
mundo completamente diferente.
E hoje, quatro anos depois, eu percebo. Eu
não me orgulho de ser dançarina de boate,
mas tenho orgulho por se dona do meu
próprio nariz. Ou quase. A brisa da noite bate
em meu rosto, me fazendo bocejar. Entro,
deixando as cortinas da varanda abertas.
Entro na banheira relaxando meu corpo por
completo, minha mente vaga para aquele
homem magnífico, que estava na boate.
Sorrio. Eu estava acostumada com os homens
maravilhosos que sempre apareciam, mas
aquele...
Suspiro pesadamente.
— Não seja tola.
Christopher
Aperto a caneta nas mãos, enquanto encaro
os doze homens à minha frente. Estou em
mais uma das reuniões estressantes da
empresa. Desejando sair daqui o mais rápido
possível. Massageio as têmporas, enquanto
Arthur entra na conversa de uma das cargas.
Bato a caneta no tampo da mesa, ao mesmo
momento em que os acionistas se entre olham
atrás de respostas.
— A carga tem um valor alto, não podemos
abrir mão assim tão facilmente. — Arthur me
encara.
— Realmente, acho desnecessária essa
reunião. — Digo, me erguendo. — A carga vai
estar disponível amanhã e vamos cobrir tudo
de qualquer maneira.
Minha voz sai em um tom ríspido, não por
querer, mas sim por ser um homem de palavra
e atitude irrevogável.
Fecho os olhos por um segundo, ouvindo os
ruídos dos acionistas saindo. Lorenzo fecha a
cara, desabotoando os primeiros botões do
paletó e me encara.
— Para que esse mau humor do caralho? —
Viro, o encarando, enquanto Arthur assobia
baixo.
— Não é nada Lorenzo, apenas sabe o
quanto odeio ser contrariado. — Digo, girando
na cadeira. — Se eu disse que a merda da
empresa vai cobrir essa carga, é porque vai!
— Cara, relaxa... É sério, você precisa
transar! — Arthur diz, me olhando.
Não me dou ao trabalho de responder, saio
rumo a minha sala, fechando a porta em
seguida. Estou sentindo uma inquietação
gigantesca desde ontem, aquela mulher está
mexendo com meu psicológico!
O telefone toca e atendo, ouvindo minha
secretária dizer que minha mãe está na linha
um, peço para ela transferir a ligação.
— Christopher é assim que demonstra o
amor pela sua mãe, meu filho? Se
esquecendo dela...
— Oi mãe, estou trabalhando muito dona
Clarisse. — Digo, tirando o blazer e pondo no
encosto da cadeira.
Lorenzo abre a porta e pergunta quem é,
sem emitir som algum, apenas mexo os lábios
falando "mamãe"
Ele apenas me encara, colocando a mão
sobre a testa.
— Quero meus três filhos juntos hoje,
Patrick está embarcando agora à tarde para
Nova York. — Mamãe fala eufórica e sorrio do
outro lado.
— Não precisa dizer duas vezes mamãe,
claro que vamos jantar. — Lorenzo aponta
para si mesmo, voltando a dizer que não com
o dedo.
— Lorenzo está por aí?
— Não mamãe, mas prometo que ele estará
ai.
— Filho da mãe! — Ele grunhiu do outro
lado e sorrio.
— Às oito não esqueçam. Te amo bebê.
— Beijo mãe... — Falo e desligo.
— Eu não vou, sabe que mamãe tenta me
converter à igreja dos homens prodígios e
santos. — Lorenzo cruza os braços e nega
com a cabeça. — Patrick chega hoje?
Assinto com a cabeça, voltando a me sentar.
Patrick é o irmão do meio, nós três possuímos
uma boa relação como irmãos, mesmo tendo
nossas picuinhas de vez em quando.
Mas nada que nos faça ficar brigados por
muito tempo, ou coisa do tipo. Sempre fomos
unidos.
Era algo que nossos pais e tios sempre
fizeram questão, nossa união.
Fazia apenas dois anos que Patrick tinha se
mudado para a Espanha, temos uma filial lá e
ele fez questão de ir no meu lugar, não
pestanejei, prefiro a vida movimentada de
Nova York.
— Foi na boate de novo ontem? — Me viro,
olhando Lorenzo se sentar relaxado na minha
cadeira. — A stripper está mesmo te deixando
louquinho?!
— Lorenzo, eu sou homem, ela
simplesmente encantou meu pau... Apenas
isso. — Digo o olhando sorrir.
— Começa encantando o pau, depois o
coração... Quando você vê, ela vai estar na
sua casa, mandando na sua geladeira e
mandando tirar os pés da mesa de centro da
sala. — Lorenzo diz como se previsse uma
catástrofe.
— Por quê? Já tem alguém encantando
você? — Pergunto com certo tom de ironia,
que o faz se contorcer.
— Praga de urubu pega no olho do seu cu,
Christopher!
Ele é do tipo que curte a vida como se não
houvesse amanhã, assim como eu e Arthur.
Aos 29 anos, ele aproveita como pode. E as
maiores brigas dos nossos pais com ele, são
apenas por um motivo:
Fazê-lo tomar juízo.
Deixo a empresa pouco depois das seis e
sigo para o meu apartamento. É uma
cobertura projetada por um grande amigo,
Otávio Perrot, um engenheiro renomado em
Nova York. A sala é ampla, pensada em cada
detalhe para o meu conforto. Entro no quarto,
abrindo a gaveta do closet e tirando de lá, a
pequena peça de renda preta.
A cinta liga sensual em minhas mãos, me
faz sorrir pelo atrevimento da pequena Ágata.
Eu estava enlouquecendo.
Entro no chuveiro, tomando um banho
rápido, visto apenas um suéter, preto com
listras laranja e visto uma calça jeans escura.
Saio rumo à casa dos meus pais, que fica
mais ou menos, meia hora da minha.
É a mesma casa de quando éramos
crianças, possuíamos lembranças incríveis.
Estaciono o carro em frente à porta e vou
entrando na enorme sala de estar. Dona
Clarisse Gonzáles, está em um perfeito
vestido branco, com os cabelos em tom loiro
acinzentado, parada na enorme sala.
Minha mãe era o meu primeiro amor.
— Estava faltando você. — A
abraço, beijando sua testa, enquanto sorri. —
Está tão lindo meu filho...
— A senhora está bem mais. Onde está o
papai? — Pergunto, olhando Lorenzo erguer o
copo de uísque em minha direção.
— Sabe que Patrício não deixaria de ter um
jantar em família sem um vinho da própria
safra, seu pai está me deixando louca,
Christopher... — Ela põe a mão sobre a testa
e sorrio do modo dramático.
— Mulheres... — Lorenzo diz, revirando os
olhos.
— Patrick não chegou? — Pergunto, me
sentando no sofá.
— Patrício o levou para a adega, age como
se Patrick tivesse passado anos fora.
— Olha quem fala mamãe, a senhora chorou
dizendo para ele nunca mais passar tanto
tempo fora... Que estava até esquecendo o
rosto dele. — Sorrio pelo modo como mamãe
encara Lorenzo, que se cala no mesmo
instante. — Sabe que te amo, né minha
rainha?
— Arthur não veio? Catarina e Thomas não
vão gostar de saber que Arthur está
aprontando horrores.
— Arthur sabe o que é o bom da vida
mamãe...
Me viro assim que ouço as vozes se
aproximando, sorrio me erguendo, assim que
Patrick entra junto de papai.
— Realmente, a Espanha te fez bem,
Patrick. — Digo, o abraçando e ele retribui, me
olhando enquanto sorri.
Ele me encara, batendo em meu rosto de
leve, sorrindo. Somos os mais parecidos tanto
na questão de aparência e personalidade,
herdamos a genética loira da nossa mãe.
— Como está a empresa? Arthur e Heitor?
— Ele nos encara. — Mamãe já me falou que
tia Catarina e tio Thomas estão viajando.
— Heitor acabou de ser formar em
fotografia... Não quis seguir o legado da
família. — Lorenzo se ergue nos olhando.
Ágata
— Você acha que eu devo ir? — Pergunto,
me jogando na cama, onde Helena se senta
ao meu lado sorrindo.
— Você está de folga, Ágata... Deveria sair,
é só um jantar... Você nunca sai!
Sopro o ar, mordendo o lábio inferior.
Passei o dia inteiro dormindo e à tarde
recebi uma ligação de Patrick, que me fez um
convite para jantar, claro que tinha dedo do
Magno no meio. Pois, poucas pessoas tinham
o meu número. Mas eu só queria minha cama.
Não queria não, queria estar nos braços
daquele monumento tatuado.
— Helena... Ele é lindo e simpático. Mas
está pensando que sou bar girl. — Me sento a
olhando. — Ele parece ter dinheiro, parece ser
bem culto e reservado.
— Vocês vão apenas se conhecer, Ágata.
Vá apenas para se divertir... Não como a
grande e sexy Ágata Mendes, mas apenas a
minha melhor amiga. Doce e romântica,
Ágata.
Sorrio balançando a cabeça.
Eu tinha direito a escolher ao menos uma
folga por semana, tirando alguns finais de
semana. Depois de seguir o conselho de
Helena, acabo me convencendo e vou parar
embaixo do chuveiro.
Pego um vestido tubinho preto, com um
sapato da mesma cor, discreto. Era o mais
caro que eu tinha.
— Está linda. E sexy. — Helena sorri,
enquanto solto meus cabelos, fazendo-os cair
em mechas onduladas.
— Parece que vou a um encontro. —
Suspiro e a encaro sorrir. — Ai Helena... O
que seria de mim sem você?
— Não queira saber meu amor... — Ela me
entrega o batom e sorrio, passando.
— Não consigo parar de pensar naquele
homem, Helena. — Digo me virando, ela se
senta cruzando as pernas.
— Gostoso, não é mesmo?
E insano também. Descarado.
— O Patrick não é aquele homem das
tatuagens que está tirando seu sossego, por
falar nisso... O nome dele é tão lindo quanto
ele. — Quase quebro o pescoço, virando para
encarar Helena. Termino de passar perfume a
olhando.
— Não me fale, não quero saber! — Estendo
a mão a sua frente e ela gargalha.
O interfone toca e Helena corre para
atender, termino de por algumas coisas na
pequena bolsa de mão, quando ela aparece
sorrindo.
— Ele está lá embaixo. — Reviro os olhos,
beijando sua bochecha e saindo.
Eu não era muito de sair, ainda mais para
jantar. Mas a hipótese de apenas não ser
quem eu era por algumas horas... Dava-me
certa liberdade, saber que Patrick estava me
levando para sair apenas por gostar de quem
eu sou.
Desço para o térreo e sorrio o fitando. Ele
está encostado no carro, às mãos nos bolsos
e um sorriso juvenil estampado no rosto.
— Boa noite! Fico feliz que tenha aceitado
meu convite. — Sorrio, enquanto ele segura
em minha mão, encarando-me de cima a
baixo.
— Está linda.
— Obrigada. Você também. — Olho todo o
seu corpo também. Estava com uma calça
jeans e uma camisa de mangas, dobradas até
os cotovelos.
Ele abre a porta do carro e entro
rapidamente. Era um carro e tanto, uma
máquina ambulante. Uma Ferrari preta,
incrível.
— Gosta de comida italiana? — Pergunta,
me encarando.
— Claro. — Respondo e viro o encarando.
— Amo.
Ele desvia o olhar da estrada e sorri para
mim.
Ele era gentil, além de ser delicado também.
Ao menos por hoje Ágata, só por hoje,
esqueça quem você é.
Era errado? Muito.
Ele achava que eu era alguém, que eu não
era. Mas isso não iria levar a lugar algum
mesmo.
Ele estaciona o carro alguns minutos depois
e vem me ajudar a descer.
— Costumo frequentar esse lugar há muito
tempo. — Ele diz, enquanto um moço nos leva
até uma mesa.
É um restaurante sofisticado, com paredes
de vidro rodeando todo o ambiente.
— Realmente, é um belo ambiente. — Digo
sorrindo.
A hostess nos conduz até uma mesa na
aérea externa. O clima do restaurante é
agradável com uma música lenta ao fundo.
Logo um garçom vem tirar nossos pedidos e
opto por um ravióli de espinafre e ricota com
molho branco já Patrick pede um fettuccine ao
molho de marzano e de entrada ele insiste
que eu experimente um bolinho que ele diz ser
divino chamado Olive all’ascolana. O metre
logo surge em nossa mesa e conversa com
Patrick sobre o vinho que melhor harmoniza
com nossos pedidos, fico apenas observando
a desenvoltura dele ao falar sobre vinhos e
suas safras.
— Não me disse muito sobre sua vida,
Ágata... — Ele diz voltando o seu olhar para
mim, depois que o metre vai.
— Não tem muito que contar. — Digo,
bebericando a água na taça.
Nossos olhares se prendem, por questão de
segundos e sorrio.
— Duvido. Sua vida deve ser cheia de
coisas interessantes. — Ele sorri e balanço a
cabeça o olhando.
Realmente, minha vida tinha coisas
interessantes, mas nada bom. Fui expulsa de
casa aos 17 anos pelo meu pai, que
infelizmente não me entendeu. E comecei a
trabalhar na boate.
Minha mãe ainda mora na mesma casa e
mantém pouco contato comigo, por causa do
meu pai, que não quer me ver nem pintada de
ouro.
— Me conte sobre você, sua vida parece ser
mais interessante que a minha. — Digo, o
vendo sorrir.
— Eu digo algo e você também... Bom, eu
tenho 35 anos... Gosto de coisas simples,
como andar por aí à noite... Coisas simples
me atraem... — Ele sorri e seguro a taça nas
mãos. — Diferente dos meus irmãos, o mais
velho tem uma lista de amantes.
Ele sorri balançando a cabeça.
— E o mais novo? — Sorrio, imaginando se
deve ser tão tímido quanto ele parecia ser.
— Lorenzo é o mulherengo da família. Mas
somos muito unidos.
— Eu sou filha única. — O garçom nos
interrompe, pondo o prato sobre a mesa. — O
cheiro está ótimo.
— Ótimo, é ter sua companhia nessa noite.
Ruborizo da cabeça aos pés, olhando para
ele. E passamos tanto tempo conversando
que nem vi as horas passarem. Falamos
sobre seu trabalho e o quanto ele parecia ser
ligado à família. Isso era incrível.
Coloco uma mecha de cabelo atrás da
orelha, assim que ele para o carro em frente
ao meu prédio, onde ele retira o cinto e fica
sério me encarando.
— Você está entregue. — Sorrio para ele.
— Sim, estou entregue. — O acompanho no
sorriso.
E chegamos naquela cena tão clichê, onde
ficamos os dois parados, um encarando o
outro, no silêncio mortal de um carro.
— Obrigada pelo jantar... — Digo, retirando
o cinto e mordo o lábio.
— Espero que tenha outros. — Ele sussurra
baixo.
Suspiro pesadamente, vendo-o se
aproximar, enquanto ele deposita um beijo na
minha bochecha. O perfume másculo me
invade e ele apenas sorri.
— Tenha uma boa noite, Ágata.
— Você também... Patrick. — Falo, abrindo
a porta do carro e saindo rapidamente.
O encaro acenar e sair arrancado com o
mesmo fico ali alguns segundos, até vê-o
sumir pela rua.
Fecho a porta encostando minhas costas na
mesma e suspiro. Há tempos eu não tinha
uma noite como essa, tranquila e incrível.
Faço movimentos desconexos, tirando os
sapatos, mordo o lábio sorrindo e me jogo no
sofá da sala, suspirando.
Christopher
Encho o copo de Bourbon, enquanto
desabotoou o blazer, estou em meu
apartamento, esperando Patrick chegar com
Lorenzo, para sairmos para um bar, não
fizemos isso desde que ele chegou de viagem.
Retiro a peça do bolso, sorrindo de leve,
imaginando os longos cabelos loiros. Em
pensar que ela estava tão entregue. Olho o
elevador abrir e Patrick aparecer com algumas
sacolas nas mãos, junto de Lorenzo que
segura um copo de café.
— Eu não vi, já disse que estava de olho nos
peitos da garçonete. — Lorenzo diz, sentando
ao meu lado.
— Não viu quem? — Pergunto, olhando
Patrick pôr as sacolas na mesa.
— O tal anjo loiro dele, estávamos no café
quando ele a encontrou.
Sorrio abanando a cabeça.
— Saímos para jantar ontem, foi incrível.
— Ah velho, ele tá muito gamado! —
Lorenzo fala, quase cuspindo o café que
estava em sua boca. — Daqui a pouco vai
falar com aquelas vozes irritante de bebê
gripado!
Gargalho olhando Lorenzo falar com raiva,
sempre me diverti com suas palavras
românticas em relação ao amor.
— O deixa em paz, Lorenzo. — Volto a
encarar Patrick, que sorri como um idiota. —
Realmente, ela está mexendo com você, não
é?
— Parece loucura, mas está sim. — Lorenzo
revira os olhos e sorrio. Voltando a atenção
para Patrick.
Eu poderia dizer que é loucura dele, se
sentir atraído por alguém que acabou de
conhecer, mas quem sou eu?! Um fodido, que
está com tesão por uma stripper!
Uma maldita e gostosa stripper!
Espero Lorenzo pegar a sacola e saímos
rumo ao bar, fomos no meu carro, já que
Patrick é o único que não vai beber. O bar é
algo familiar que costumávamos sempre vir
aqui em folga ou algo do tipo. Encontro Arthur
junto de Matt, na mesa acenando.
— Olha os frescos! — Lorenzo, aponta com
o queixo.
— Eu falei que era melhor a gente ter ido
para a Secret Gold, lá tem mulher pelada! —
Arthur reclama, sorrindo.
— E por que não vamos? — Indago,
chamando o garçom. — Uma dose de uísque.
— Está fechado, despedida de solteiro de
um fulano. — Ele diz nos olhando.
— Eu fui lá uma vez, meu amigo Magno, é
irmão do dono. — Olho para Patrick, que
continua falando. — Acho que podemos ir lá.
Apenas observo o líquido âmbar no meu
copo, mantendo minha mente o mais distante
possível.
— Como está a caça a stripper popozuda?
— Arthur pergunta, acompanhado de um
sorriso de Lorenzo.
— Ele está de mau humor, o que significa
que nada de boceta!
— O que foi? Está dizendo que tentou
pegar a stripper? — Matt indaga, viro o
pescoço o olhando.
— Eu preciso ver essa danada, todo mundo
a conhece? — Lorenzo pergunta, com os
olhos dançando sobre todos nós.
— Ela é um furacão, um tesão de mulher.
Apenas concordo com a cabeça, um
sentimento de posse me invade e mordo o
lábio.
— Querem que eu faça o que? Nós quase
transamos hoje. — Dou de ombros, tomando o
líquido de uma vez só.
— Quase, o que significa que não transou.
Rolou chupada no pau?
— Não.
— Dedada na Boceta?
— LORENZO, estávamos em um local não
reservado. — Digo, o encarando.
— Velho, eu trepei no banheiro do avião,
com a aeromoça! Isso é local não reservado.
— Patrick encara Lorenzo e todos
acompanham o olhar. — O que foi?
— Mulher tem que ser bem comida, quando
eu transar com ela, vai ser numa cama
enorme e em um quarto confortável. E ela vai
sair de pernas bambas. — Digo, brindando
junto de Arthur, que sorri.
— Vamos fazer um brinde. — Patrick, diz
sorrindo e erguendo o copo. — A trepada mais
esperada do ano!
— A trepada mais esperada do ano! —
Acompanhamos juntos e logo depois ouvindo
o tintilar dos copos.
Chegamos em casa um pouco mais tarde
que o esperado, Patrick resolveu dormir na
casa de mamãe e Lorenzo, resolveu sair do
seu antro de perdição e ir dormir no quarto de
hóspedes da minha casa. Temos nossos
respectivos apartamentos, mas o único que
prefere a casa dos nossos pais é o Patrick.
Ágata
Apoio o meu corpo na parede, limpando um
fio de suor que teima em descer entre o vale
dos meus seios, ofego, pondo a mão sobre os
mesmos.
Por um triz... Por um triz não me entreguei a
ele, sem nenhum remorso.
Estou me sentindo uma vaca.
Por querer dar para aquele gostoso?!
— Helena Torres! — Não sabia se batia
nela, ou a agradecia.
Caminho em disparada, entrando no
pequeno quarto, onde Helena sorri sarcástica,
enquanto põe algumas peças de roupa em
uma bolsa.
— Não tive culpa, Ágata. — Ela esconde um
sorriso e não sei dizer se parte de mim está
aliviada, ou chateada.
— Eu sei que não. Está de saída? —
Pergunto.
— Vou dormir com o Magno. — Abro a boca
no mesmo instante a olhando. — Ele poderia
ter ficado...
Ergo-me a olhando e nego com a cabeça.
— Vai que isso seja um sinal do além, para
não ficarmos juntos. — Digo, dando de
ombros.
— Desculpa mesmo, Ágata... Eu juro que
não queria atrapalhar.— Apenas faço que sim
com a cabeça, olho ela e a abraço apertado.
Helena é a minha melhor amiga de verdade,
eu jamais iria ficar magoada com ela. Meu
coração ainda está disparado, daquele modo
que nos deixa desconcertada, eu tinha
praticamente passado o dia inteiro pensando
nele.
— E Patrick? — Abano a cabeça, olhando
Helena cruzar os braços e me encarar.
— Nós tomamos um café e ficamos
esperando o irmão dele aparecer, disse que o
fulano está afim de uma das meninas da
boate. — Digo, com pouca importância.
— Já contou para ele a verdade?
Nego com a cabeça. Patrick ainda não sabia
que eu era stripper e, toda vez que estava
prestes a contar, perdia a coragem. Não me
envergonho do meu trabalho, só que ele
parece ser aquele tipo de homem correto
demais.
E isso me fazia desistir no meio do caminho.
Passamos uma tarde agradável, eu gostava
de sua companhia, mas Christopher tinha
aquele ar, que me deixava trêmula apenas
pelo seu olhar.
— Vai curtir sua noite, Leninha... — Digo,
pegando em seus ombros, enquanto a
empurro porta a fora.
— Vai ficar bem mesmo? — Pergunta, se
virando.
— Depois de ter acabado com meu tesão,
acho que sim. — Digo sorrindo, enquanto ela
revira os olhos. — Pode ir.
— Besta. — Beija minha testa e logo sai,
cantarolando.
Mordo o lábio inferior, enquanto vou até o
banheiro pondo a banheira para encher, eu
não poderia enlouquecer agora.
Não mesmo.
Christopher
Estou sentindo meu corpo tencionar, agarro
em sua cintura, a puxando para o sofá,
enquanto encaro o rosto delicado se
transformando em puro desejo e cobiça.
Ao mesmo tempo em que estou a odiando
por ter dormido com meu irmão, a raiva e o
desejo estão aflorados em todos os poros do
meu corpo.
Os seios alvos, a centímetros do meu rosto,
cobertos apenas pelo tecido frágil do sutiã.
— Meu irmão conseguiu te deixar louquinha,
hum? Conseguiu? — Pergunto, afastando a
delicada peça, encontrando o seio firme, com
o bico rosado, clamando por atenção. — Ele
chupou seus seios?
Ela nega com a cabeça, ao mesmo tempo
em que pende a mesma para trás, minha
língua percorre o bico duro, ao mesmo tempo
em que suga o botãozinho para dentro, com
força.
Encaro-a e percebo no seu olhar, o brilho de
luxúria.
Eu queria puni-la em desejo. Queria ouvi-la
implorar por mim. Apenas por raiva.
Perdi a porra do meu raciocínio quando a vi
ali, saindo da cama dele.
Ela era minha.
Meu pau lateja, querendo rasgar o tecido da
calça, seguro em seus cabelos, a pendendo
para trás, enquanto passo a língua pela curva
do seu pescoço.
Eu estava quase jogando tudo para o alto e
fodendo ela com força, mas a raiva me
impedia. Eu queria que ela sentisse meu
toque, até na hora de dormir... Que desejasse
a mim, ao invés do meu irmão; que sentisse
meu pau entrando com força.
— Olha para mim. — Peço, segurando em
seu queixo e os olhos dilatados me encaram.
— Ele deixa você assim? Te deixa louca para
foder, apenas com carícias? Deixa?
— Chris... Oh... — Mordisco seu seio, o
prendendo com os dentes e ela me encara. —
Não... Christo...pher...
Seguro um sorriso no rosto e me ergo com
ela agarrada em minha cintura, a coloco
deitada de barriga para baixo, a bunda
empinada e redonda com a pequena calcinha
delicada, me faz soltar um gemido abafado.
Ela era a porra da sedução em pessoa.
Retiro a calcinha, a deixando despida, fico
por cima, com cuidado e passo a língua por
toda sua espinha, vendo os pelos loiros
eriçarem.
Era tesão exalando, por todos os nossos
poros.
Subo novamente, apenas desejando
mergulhar na boceta quente, mas um ódio me
sobe, quando penso em meu irmão fazendo-a
se contorcer.
— Não vou...
A viro com tudo e encaro seus olhos,
enquanto retiro o cinto, ficando apenas de
cueca boxer na sua frente, ofegante. Seus
olhos voam para meu membro, que está duro
feito rocha.
— Me sinta, Ágata... Sinta o quanto estou
duro de tesão por você. — Seguro a pequena
mão, a fazendo fechar sobre meu pau.
E quase sou pego em minha própria
armadilha, seu toque me faz revirar os olhos,
enquanto ela desliza a mão de cima a baixo.
— Ah, inferno...Você é o capeta, Ágata! —
Ofego, a olhando me encarar fixamente.
Jogo a calça, junto com a cueca, em
qualquer canto e pego um preservativo da
carteira, vejo seus olhos gulosos em mim e
desenrolo o preservativo com rapidez. Abro
suas pernas, escorregando os dedos para
dentro da boceta que está latejando, enquanto
esfrego os mesmos no clitóris e ela geme
sensível.
— Chris... Eu...
— Eu vou foder você assim, Ágata... – Digo
a puxando e sentando em meu colo, fecho os
olhos, mordendo o lábio, quando sua mão
começa a masturbar meu pau em um vai e
vem enlouquecedor.
— Ágata... — Digo entre os dentes.
Mesmo com a camisinha, sinto as mãos me
apertarem, desço um pouco, pondo o membro
em sua entrada e a penetro. Duro. Firme.
Forte.
A carne macia e quente, me apertando,
enquanto deslizo até o fundo, minhas mãos
em sua nuca e a outra em seu quadril.
Seu gemido é tirado do fundo da garganta, e
vê-la assim, entregue, comigo, fodendo com
força, é muito melhor do que eu esperava. Era
mil vezes melhor.
Passo o polegar pelos seus lábios
entreabertos, os seios balançando com
maestria, aperto a bunda macia e a seguro
firme na cintura, ajudando ela a cavalgar,
enquanto geme me olhando.
Levo um seio à boca, enquanto ela segura
em meu pescoço, me puxando mais e mais
para si. A penetro fundo, sentindo o interior
aveludado me sugar por completo.
Deslizo com força, o barulho dos nossos
corpos se chocando, o suor descendo pelo
meio dos seios... Passo a língua pelos
mesmos, chupando seu pescoço.
— Oh... — Passo a língua pelos lábios
fechados, puxando o inferior com delicadeza.
A carne macia me aperta, deixando meu pau
enlouquecido por mais. Me ergo, a segurando
pelo bumbum, enquanto afundo meu pau
novamente, tendo um grito de puro prazer em
resposta.
Ela gruda o corpo ao meu e minhas pernas
fraquejam. Seguro com firmeza o seu corpo,
fazendo com que fique colado ao meu. Urro
forte, quando suas unhas cravam nos meus
ombros e vejo a cena que remexe todo meu
interior.
Ela goza. Goza chamando meu nome,
enquanto a penetro fundo, com estocadas
firmes. Meu quadril batendo contra o seu,
enquanto a penetro e paro. Em uma
sequência alucinada de metidas bruscas.
— Chris...
A coloco de pé na parede, espalmando suas
mãos na mesma e estoco mais uma vez.
Seguro nas bochechas de seu bumbum, a
fodendo com força. Dando tudo do meu corpo,
para o seu. Meus músculos se enrijecem e no
mesmo instante sinto seus músculos me
contraírem.
As coxas roliças bem abertas, meu quadril
se chocando contra o seu bumbum. Queria
rasga-la ao meio de desejo.
— Porra, Ágata...
Gemo contra seu pescoço, enquanto gozo
alucinadamente, chamando seu nome em um
gemido forte, os espasmos ainda saindo de
meu corpo. Colo minha testa na curva do seu
pescoço, ouvindo a sua respiração ofegante.
Respiro fundo, saindo de seu interior,
enquanto tombo ao lado do sofá. Ágata, ainda
está encostada na parede, com o olhar meio
perdido.
— O... O que...
Observo seus olhos descem pelo meu
corpo, enquanto me aproximo, parando com o
rosto a centímetros do seu. A face
avermelhada e os olhos arregalados.
Era a coisa mais linda e sexy. Aquela
carinha pós foda. O desejo aflorando, o cheiro
de sexo inebriando todo o ambiente.
— Não faça perguntas, Ágata. — Encosto
minha testa na dela, soltando um suspiro
longo.
Eu realmente queria puni-la, mas apenas
vejo que, eu que tinha acabado de ser
castigado.
Por que eu queria mais... Eu queria tudo
dela.
Eu a quero.
O seu corpo está colado ao meu, logo
aguçando meu desejo de tê-la novamente.
— Chris... — Ela morde o lábio, me olhando
e a ergo no colo novamente.
— Você é minha Ágata... Apenas minha,
inferno!
Era um sentimento de posse, que tomava
conta de mim por inteiro. E eu só espero que
Patrick não ouse ficar no meu caminho.
Capitulo 8
Christopher
— Me deixa ver se entendi o anjo do
Patrick, é a stripper safada da boate? —
Assinto com a cabeça, olhando entre Arthur e
Lorenzo.
— E você transou com ela? — Lorenzo
indaga e faço que sim com a cabeça
novamente. — É normal, Christopher!
Transaram e depois você ficou sabendo que
ela é o anjo do Patrick.
— Aí é que está eu transei depois que eu
soube. — Digo, olhando Arthur e Lorenzo
ficarem de boca aberta, me olhando.
Os dois se entreolham, me encarando.
Eu não me arrependi pelo que aconteceu.
Por Deus, eu não me arrependi mesmo. Ainda
estou trêmulo, apenas por me lembrar do
toque, dos seus cabelos... Do corpo dela
sobre o meu.
Logo depois, ela saiu do meu apartamento,
quase em fuga. Estou aqui, dois dias depois,
relatando o que houve entre nós para meu
irmão, com diploma de putaria e, para meu
primo, com mestrado em safadeza.
— Fura olho do caralho velho, pegou a
danada! — Lorenzo exclama, me olhando.
— Você superou todas as putarias do
Lorenzo, olha que ele já aprontou demais
nessa vida!
— Demais mesmo, se lembra daquela vez
que peguei a amiga da mamãe? Nossa, a
velha tinha um fogo na boce...
— Para, para! É demais para minha cabeça,
imaginando você foder a dona Abigail. —
Digo, me erguendo rápido, enquanto abotoou
o terno.
Os dois estavam lá, tentando me julgar de
todas as formas possíveis, eu não queria
raciocinar direito, pois minha cabeça, só
estava focada no corpo de Ágata.
— Mas quer dizer que para foder com a...
— Quem fodeu, quem? — Olho para a porta,
de olhos arregalados, enquanto Patrick entra
sorrindo.
Me sinto um filho da mãe.
Não, não me sinto.
Eu a vi primeiro.
— O Chris, que fodeu a misteriosa stripper
máster. — Arthur diz, sorrindo e olho Patrick
sentar.
— Já vi que os dois estão muito bem, né? O
que era aquele furacão loiro lá na sua casa?
— Lorenzo arqueia a sobrancelha, sarcástico.
— Nem me fale, Ágata está simplesmente
me enlouquecendo. — Remexo
desconfortável na cadeira, afrouxando o nó da
gravata.
Eu ia mata-lo.
— Fodeu também?
Olho para Lorenzo, engolindo em seco.
— Não, não. Apenas dormimos no tapete da
sala. — Solto um suspiro longo, sentindo um
alívio gigante.
Eu queria acreditar, realmente queria. Mas
eu não conseguia, não poderia imaginar que
Patrick, dormiu com Ágata, sem encostar um
dedo naquele corpo curvilíneo maravilhoso.
— É veado é?! — Arthur, diz sério. — Por
que não transou?
— Dormiu com a gostosa e não a pegou?
Rolou pelo menos um boquete?
Patrick se levanta e sorri, negando com a
cabeça.
E o ódio me corroendo de dentro, para fora.
— Ágata não é dessas, realmente é um
doce de mulher... Meiga. Eu não quis transar
com ela de qualquer jeito, na sala de casa...
Acho que tem que ser algo mais... Especial. —
Diz, me olhando. — Mas e aí? Como foi com
sua stripper?
Engulo seco e sorrio o olhando.
— Foi ótimo, melhor do que eu esperava. —
Digo rápido.
Aperto a caneta entre os dedos, tentando
me controlar, me remexo de um lado para o
outro, quando sinto a ereção me incomodar.
Lorenzo esconde um sorriso, junto de Arthur e
sinto vontade de socá-los.
Logo eles saem, me deixando sozinho, onde
finalmente consigo terminar o meu trabalho
sossegado. Assino uns papéis, liberando
quatro cargas, que estavam me deixando
estressado.
— Deixaram esse projeto na minha sala
agora. — Patrick joga uma pasta sobre a
mesa e abro à olhando.
— Outra plataforma? — Pergunto.
— Por que não? Temos uma indústria boa,
sem contar os lucros que só crescem
Christopher. — Analiso com cuidado, o
olhando e arqueio a sobrancelha. —
Contrataremos uma ótima empresa de
engenharia e pronto...
— Já temos um oficial, a Construl Perrot. —
Digo, girando na cadeira e recolhendo os
papéis, guardando em uma pasta.
Não encarei Patrick nos olhos, eu estava me
sentindo...
Não, estava não.
Eu só estava sentindo muito raiva.
Ele para, de repente, me olhando e
semicerra os olhos me encarando.
— Vai sair hoje? — Sopro o ar pela boca,
negando com a cabeça. — Vamos até a
boate, onde Ágata trabalha? Faz dois dias que
não a vejo e acho chato ficar ligando.
Aparecer por lá sem marcar nada, parece
melhor.
Está querendo marcar território. Conhecia
Patrick muito bem, para saber isso.
— Eu não sei... Bom — Aperto os dedos
entre as mãos. — Vou passar lá na mamãe
hoje, se der tempo eu te digo algo.
Desconverso rápido, era só o que me
faltava. Patrick se retira, fico novamente
revendo novos projetos. Pego meu carro
pouco depois do anoitecer, me despedindo de
Lorenzo, que estava trancando na sala.
Estaciono logo depois, na enorme mansão
dos meus pais, entro na sala de estar, vendo
Megan sentada, com um vestido justo azul,
com uma xícara nas mãos ao lado de mamãe.
— Ah, meu bebê... Que bom que veio. —
Mamãe se ergue, beijando minha testa e
sorrio. — Megan estava agora mesmo falando
sobre vocês...
Encaro Megan, com um cara de: O que,
você está fazendo aqui?
— Estava mesmo dizendo a sua mãe que
nunca mais me levou para jantar... Fico me
sentindo só, às vezes. — Bate os cílios falsos
com delicadeza e solto um sorriso fraco.
— Tão engraçada, Megan.
— Já jantou meu amor? Tânia fez uma
comida de dar água na boca. — Diz me
olhando e nego com a cabeça. — Cadê o
Lorenzo?
Minha mãe é o tipo de mãe coruja, como
mais velho, ela acha que tenho sempre a
obrigação de saber onde meus irmãos estão.
Minha mãe é uma senhora lindíssima e bem
cuidada, pelos mimos e caprichos do meu pai.
— Não estou com fome dona Clarisse.
Lorenzo estava na empresa, quando sai de lá.
— Digo me sentando no sofá com mamãe ao
meu lado. — Patrick não veio por aqui?
— Patrick acabou de sair querido, achei que
tinham se encontrado. — Mamãe diz rápida e
me remexo desconfortável.
Para com isso, Christopher!
Que merda você está fazendo?
Ele não iria encontra-la.
— Mãe eu... Eu tenho que ir preciso
trabalhar um pouco. — Minto a abraçando.
— Mas você acabou de chegar do trabalho,
Christopher. — Diz, em tom de advertência.
— Eu passo com mais calma amanhã.
Prometo.
— Ops! Eu vou aproveitar a carona até o
carro, com o Chris. — Megan diz, se
erguendo, enquanto sorri me olhando.
Saio em passos largos, ouvindo o eco dos
saltos de Megan logo atrás, viro o rosto
quando ela passa na minha frente. O batom
vermelho gritante e os seios médios quase a
pulando para fora do decote.
Mas passam despercebidos por mim.
— Não me ligou mais... — Diz, com a voz
manhosa e a ignoro. — Chris...
— Megan, estou com presa, falaremos
depois. — Digo, abrindo a porta do carro e ela
entra na minha frente a fechando novamente.
— Está me recusando? — Pergunta, com
uma mão na cintura e eu bufo, sorrindo. —
Qual o nome da vadia? Só pode ser uma
mulher...
— Por favor, Megan! — Puxo a porta do
carro, entrando rapidamente. — Não se
preste a isso!
Reviro os olhos. Ela estava se achando
demais.
Saio pisando firme, sem olhar para trás, eu
não sabia identificar a raiva que estava
sentindo. As luzes ofuscantes do Secret Gold,
piscando enquanto passo porta à dentro,
recebendo um cartão de entrada logo em
seguida.
Congelo no mesmo instante, vendo Ágata no
palco, de cinta liga e meias pretas, com a
bunda empinada, fazendo o delírio dos
homens logo abaixo.
Está linda, com a calcinha fio dental,
fazendo meu corpo delirar.
Um sentimento de posse, raiva e ciúmes me
tiram de órbita.
Engulo seco, admirando seu corpo, ainda
parado como uma estátua.
Estava fodido!
Ágata
Abro as pernas provocativamente, enquanto
me agacho, terminando o último acorde da
música. Estava com os pés doendo, por
passar duas horas em cima desse palco.
Um tédio sem igual ouvir todas aquelas
frases clichês:
"Isso delícia... "
"Vêm para o papai, vem..."
Viro de frente, escutando os homens
assobiando, enquanto uns ficam em pé, outro
sentados com duas garotas no colo. Mas
apenas um, conseguiu chamar a minha
atenção de primeira. Com aquele porte
incrível.
Eu passei dois dias sem conseguir ao
menos pregar os olhos, imaginando o corpo
sobre o meu, o modo como transamos ainda
estava presente em meu corpo, cada toque.
Ele está lá, parado com as mãos nos bolsos,
me olhando e eu desejei esse olhar durante
toda a noite.
O desejei por inteiro.
Termino a música, saindo pelos fundos, com
a mão no peito e um sorriso idiota no rosto.
— Ágata? — Helena aparece sorrindo,
colocando meu sobretudo em meu corpo.
— Ele veio me ver. — Digo, arrumando os
cabelos sorrindo. — Ele veio me ver.
— O gostoso tatuado? Ou o gostoso sem
tatuagem?
— Pergunta logo atrás, enquanto me
encaminho rápido, para o camarim.
Estava me sentindo uma adolescente idiota.
Depois que saí do apartamento dele, fui direto
para casa, onde dormi durante quase todo o
dia, estava de folga e aproveitei. Mas quando
me lembrava de cada toque seu, despertava
no mesmo instante.
— Meu Deus, Ágata! — Helena sussurra,
enquanto desato o nó do, sobretudo, me
trocando ali mesmo. — Isso está ficando
sério...
Coloco um macacão de couro curto preto,
junto de botas que vão, até um pouco acima
do joelho. Passo as mãos pelos cabelos e
retoco o batom novamente.
Estava aproveitando os últimos dias sem
Armando por perto, para me soltar mais. Desci
as escadas, tendo os olhares cobiçados em
minha direção e, não podia dizer que não
estava adorando.
— Senhorita... — Me viro, encarando um
senhor com um sorriso perverso nos lábios. —
Gostaria de sua compan...
— Sinto muito senhor, mas a senhorita está
reservada para o salão dourado. Temos uma
ótima dançarina para o senhor... — Magno
estala os dedos. — Evelin... Por Favor.
Um sorriso escapa dos meus lábios e Magno
me puxa de encontro ao salão. A Secret
Gold era bem maior do que se imaginava, o
salão dourado era uma mistura de sala do
prazer, com dança.
Ali, era permitido quase tudo, eu já tinha sido
reservada para aquele lugar, apenas uma vez,
logo que cheguei, mas Armando não permitiu
mais. Então aquilo era proibido para mim.
— Pode me dizer, por que Christopher
Gonzáles a reservou, Ágata? — Magno
pergunta, e sigo à sua frente, sem dar muita
importância.
— Gostou de mim. — Digo, escondendo um
sorriso.
— Sabe que Patrick é um grande amigo meu
e estou segurando as pontas, omitindo sobre
qual é o seu trabalho aqui, Ágata... — Diz em
tom de sermão e fico séria o olhando. —
Cuidado com o que está fazendo, Armando
não pode nem sonhar que esteve aqui.
Mordo o lábio, apreensiva e me viro o
olhando.
— Patrick está apai...
— Magno, irei contar tudo para o Patrick.
Não quero engana-lo. — Digo e ele assente.
Solto um beijo no ar e piso firme, entrando
na sala. Eu sabia que era errado está
enganando Patrick, tanto pelo que trabalho,
quanto por estar envolvida com seu irmão.
Mas eu não sabia o que fazer, ou fazia. Não
sei. Abro a porta devagar, vendo o escuro do
ambiente.
Na sala, havia apenas uma enorme cama,
junto de uma poltrona. E lá estava ele, em pé,
parado.
Meu corpo estava com uma eletricidade
total.
— Tira a roupa, Ágata. — A voz é grave, me
fazendo suspirar.
Desço o zíper do macacão, ficando apenas
com as peças íntimas, estou ouvindo as
batidas do meu coração e, está acelerado.
— Venha até aqui.
Eu sabia exatamente o que ele queria. E não
me opus. O salão servia para tanta coisa. Me
Aproximo dele, vendo o braço tatuado
erguendo meu queixo e encaro os olhos
hipnotizantes.
Uma mão segura firme em minha coxa,
enquanto o polegar chega tão perto da minha
virilha, que sopro um gemido.
— Senti sua falta... — Diz, tirando meu
cabelo do rosto, enquanto chupa meu pescoço
sem pudor.
A ereção esfregando em minha pélvis, ele
senta com um sorriso perverso nos lábios e
apoio minhas mãos em suas coxas firmes.
— Eu quero sua boca meu anjo... Quero
você me chupando forte, Ágata. — Diz,
sussurrando e o encaro enquanto desce o
zíper e seu membro salta para fora.
Duro. Rígido.
Era enorme, com veias saltando, a cabeça
vermelha, clamando por atenção. E ele segura
na base, esfregando em meus lábios, abro os
mesmos, recebendo o membro em minha
boca com tanta sofreguidão, que ele geme.
Passo a língua pela glande viscosa, sentindo
meu corpo tremer pela euforia, ele
sinuosamente segura em meus cabelos, me
dando certo apoio.
Eu não consigo acomodá-lo inteiro na boca,
mas o levo até onde consigo.
— Porra... Ágata!
E suspiro, voltando a passar a língua
novamente. Enquanto ele se ergue me
olhando, as pupilas dilatadas me dão impulso
de passar a língua, desde perto dos testículos,
até a ponta da glande robusta.
Minha boca se abre por inteira e, o chupo.
— Hummm...
É só isso que sai de sua boca, quando sugo
sem pudor algum, me enchendo de seu prazer
mais intenso. O encaro, enquanto ele passa a
glande pelos meus lábios, tirando-o e
passando-o novamente.
Passo a língua e o chupo.
Ele me puxa rapidamente para seu colo,
onde o pau fica roçando em minha cintura, as
mãos flexionadas entre meu bumbum. Meu
peito sobe, enquanto ele me encara, com o
rosto retorcido de prazer.
Era perigoso. Muito.
Passa o polegar pelos meus lábios e fecho
os olhos por uns segundos.
— Você é tão linda...
Torno a abrir os olhos e ele está lá, me
encarando, mordendo os próprios lábios. Ele
desvia da minha boca, onde chupa
sinuosamente meu pescoço. Eu entendia que
ele não beijava, apenas não aceitava.
Eu precisava beija-lo.
Ele afasta minhas pernas, abrindo-as e
passando o membro de encontro a minha
feminilidade, que pulsa. E ele entra todo em
mim, eu apenas ofego, soltando um gemido
forte. Esganiçado.
Sentados mesmo entregando meu corpo,
enquanto ele sugava meu seio, para dentro de
sua boca. Chupando um. Depois o outro.
Um tapa é estalado forte em minha nádega,
arfo enfincando as unhas em seus ombros. E
gemo. Gemo descontroladamente, enquanto
nossos corpos se chocam.
— Você é linda...
— Chris... topher... — Gemo, enquanto ele
estoca firme, em investidas bruscas.
Eu estava perdida.
Christopher
Mordo o lábio, jogando o blazer contra meus
ombros. Passei uma noite dos infernos,
virando de um lado para o outro.
Eu estava entrando em um impasse na
minha vida e estava odiando. Primeiro Ágata
prova para mim que Patrick é mais importante.
E cacete, eu odiei essa sensação.
Chego à cozinha, onde Rita espreme
algumas laranjas em uma jarra de vidro, a
cumprimento, levando a xícara ao lábio,
pensativo.
— Mau humor, Chris? — A encaro sobre a
borda da xícara, negando com a cabeça.
— Se você estivesse transado com a garota
que seu irmão está afim, o que faria? —
Pergunto a Rita na lata, vendo seus olhos se
arregalarem.
Temos intimidade o suficiente, ela trabalhou
para mamãe desde que me entendia por
gente.
— Não me diga que seus irmãos estão a fim
de transar com a Megan? Aquela ali dá para
quem quiser Chris.
Abano a cabeça sorrindo, pondo a xícara
sobre a mesa.
— Esquece Rita. — Abano a mão sorrindo.
— Quer algo para o jantar? — Pergunta alto,
quando me viro.
— Vou jantar fora!
Saio, pegando meu carro, enquanto arranco
com velocidade. A empresa não fica tão longe
assim da minha casa, mais ou menos uns
trinta minutos.
Patrick iria levar Ágata para um jantar de
família, ok. Tenho que encarar.
Passo cumprimentando algumas pessoas e
subo para minha sala, Arthur já está lá,
mexendo em alguns papéis.
— Ei, acordou com o pé esquerdo?
Eu sei que não sou o homem mais
sorridente do mundo, aliás, não saio
distribuindo meu sorriso por aí, mas achar que
estou de mau humor, já é demais.
— Não, Arthur. Não estou de mau humor. —
Digo, me jogando sobre a cadeira.
— Tá aqui os contratos majoritários das
cargas. Lorenzo analisou e as cláusulas estão
perfeitas, só falta você assinar agora. — Joga
os papéis sobre a mesa e eu os afasto.
— Vou olhar isso com mais calma depois.
— Mamãe disse que hoje tem jantar de
bodas da tia Clarisse, você vai? — Arthur
pergunta, franzindo o cenho enquanto, se
senta à minha frente.
— Se nenhum dos filhos dela for é capaz
dela ter uma síncope, sabe como mamãe
consegue ser dramática. — Digo baixo, vendo
Lorenzo entrar sorridente.
— Quem vai ter uma síncope?
— Mamãe, se não formos ao jantar de
bodas dela com papai. — Digo rápido, abrindo
as pastas em cima da mesa.
— Fodeu! Ah velho, por quê? — Lorenzo
pergunta, dando de ombros.
— Por que as bodas? Foi assim: tia Clarisse,
conheceu tio Patrício e aí...
— Tomar no cu, Arthur! — Diz, se sentando
a minha frente. — Eu marquei com uma gata
hoje, depois do trabalho. Como vou agora?
— Desmarca Lorenzo. — Digo com a maior
tranquilidade.
Apenas passo as mãos pela testa e pelos
cabelos.
— O que foi? — Pergunto, encarando os
dois me olhando.
— Essa cara... — Lorenzo balança a
cabeça, e faz um som com a língua como:
Tsc...Tsc...Tsc...
— O que foi agora? Não me diz que ainda é
a gos... Que é a Ágata, o que foi dessa vez?
Estava tão na cara assim que eu estava
louco por essa mulher?
Mordo o lábio inferior e encaro os dois, que
estão como duas adolescentes esperando a
fofoca.
— Patrick vai levar Ágata para jantar na
casa da nossa mãe. — Digo em um fio de voz.
— Eita!
— Caralho!
Não preciso me virar para saber quem falou
o que. Mas não me manifesto, fico apenas
caminhando, novamente de um lado, para o
outro.
— Cara, você é muito pau no cu, velho! —
Lorenzo indaga. — Tá comendo mulher dos
outros! E ainda por cima é a mulher do nosso
irmão!
Eu queria negar essa possibilidade, mas
Ágata não desmente, isso é, na verdade ela
deve até gostar.
Fico remoendo isso quase o dia inteiro,
Patrick veio apenas uma vez na minha sala,
deixar um contrato. O sorriso em sua cara era
nítido, até demais.
Podia está sendo egoísta sim mais foda- se,
eu não me importo!
Quando chegou a noite eu não raciocinei
direito, entrei no modo automático me troquei
colocando uma camisa de mangas pretas e
dobrei até os cotovelos. Cheguei à casa dos
meus pais. Estava tudo bem decorado, com
algumas pessoas já presentes.
Megan percebeu a minha presença assim
que coloquei os pés na sala, estava
acompanhada de seus pais, com um sorriso
triunfal no rosto.
— Está linda. — Digo, beijando minha mãe
que sorri.
— Lindo está você, onde está à gravata,
Chris? — Pergunta, colocando as mãos em
meu colarinho, onde devia estar à peça.
Papai está distante, conversando com um
casal de senhores, o homem parece analisar
tudo ao redor.
— Quem são aqueles? — Aponto com o
queixo, olhando mamãe que sorri.
— Negócios do seu pai. Estou apenas
esperando Lorenzo e Patrick para apresenta-
los...
— Olá... — Olho de relance, vendo Megan
me estender um copo de uísque, que aceito
sem relutar. — Achei que não iria chegar...
O vestido roxo chamativo, que faz meus
olhos se ofuscarem, tento dar o meu máximo
do meu desempenho na conversa, mas é
impossível.
Pois meus olhos estão fixos na porta de
entrada.
Ágata está séria, com o braço entrelaçado
ao de Patrick, que sorri como uma criança que
acabou de ganhar o maior dos prêmios. Ela
está magnífica.
O vestido é curto, rodado, cor de rosa,
quase pálido, a deixa com o rosto mais
angelical possível.
Seus olhos rapidamente encontram os meus
e olham Megan, que está com o braço
entrelaçado ao meu.
— Chris... Chris está me ouvindo? —
Mamãe a cumprimenta e Ágata parece quase
tímida. — Quem é aquela que Patrick está?
Mamãe sorri nos olhando e logo os três
caminham em nossa direção.
— Oh... Já conhece meu filho mais velho?
— Mamãe, pergunta sorrindo.
— Er... Sim, já tivemos a oportunidade de
nos conhecer. — Diz me olhando. — Prazer
revê-lo, senhor Gonzáles...
— Essa é a...
— Namorada dele, prazer. — Megan passa
a minha frente, dando dois beijinhos de cada
lado de seu rosto. — Megan Buarque.
— Ágata Mendes...
— Realmente está tudo magnífico, mamãe.
— Patrick diz sorrindo. — Quer beber algo,
Ágata?
— Eu estou bem, obrigada. — Diz sorrindo.
Eu não saberia expressar em palavras o que
estava sentindo nesse momento.
Mas a raiva estava me consumindo.
E que Deus me segurasse, porque senão,
eu iria fazer dessa festa um tremendo fiasco.
Capítulo 10
Christopher
— Esses são meus filhos. Christopher é o
mais velho... — Papai sorri, batendo em meu
ombro. — Patrick, o do meio.
— Meninos, esses são Luttero e Carllota
Martín.
— Um prazer.
— O prazer é todo nosso. Parabéns, você
tem uma linda família. — A senhora quase
que da mesma idade de mamãe estampa um
sorriso no rosto, nos olhando.
— Oh... Esse é Lorenzo, meu filho mais
novo. — Papai semicerra os olhos e Lorenzo
estende o copo de uísque para o senhor, que
o encara sério.
Lorenzo fica intrigado e nos encara de
relance, mas logo sorri.
Sempre foi desconfiado.
— Só tive homens, não tive nenhuma
menininha. — Mamãe sorri, nos olhando. —
Infelizmente.
— Eu tive duas, Eudora e Diana. — A
senhora, diz sorrindo.
— Pretende se casar, Lorenzo?
Ouço as tossidas de engasgo e contenho
um sorriso, olhando Lorenzo pálido, de olhos
arregalados. Ele sempre teve fobia a
casamentos, como ele mesmo fala. Papai
sorrir nervoso e Patrick logo entra em um
assunto qualquer, para desviar a conversa.
— Claro... Claro que, Lorenzo irá casar
algum dia. — Papai frisa, segurando Lorenzo
pelo ombro.
E meu irmão apenas o encara furioso. Mas
meus olhos cravam no outro lado da sala e lá
estava Ágata, mexendo a taça nas mãos.
Peço licença, saindo daquela conversa
enfadonha. Me aproximo dela com calma, que
sobressalta ao me ver.
— O que está fazendo aqui, Ágata? —
Pergunto, de repente, vendo-a levar a taça
aos pequenos lábios carnudos.
— Não é nítido? Estou acompanhando seu
irmão. — Diz calma e cerro o maxilar. — Sua
Namorada é muito bonita...
Aponta com o queixo em direção a Megan,
que está nos fuzilando com o olhar. Sorrio,
negando com a cabeça.
— Nós dois sabemos que não namoro.
— Eu não sei nada sobre a sua vida,
Christopher. E nem tenho interesse. —
Deposita a taça de cristal sobre o aparador,
seguro em seu braço levemente.
Ela me encara, olha para a minha mão e me
encara.
— Eu te fiz uma pergunta, Ágata!
— O problema é todo seu...
— Não me faça te arrastar até o cômodo
mais perto e lavar sua boca com minha porra,
Ágata... — Percebo sua respiração falhar.
Inferno! O que ela estava fazendo comigo?!
Estava me portando como um homem das
cavernas. E Eu estava com tanta raiva em vê-
la ali, com aquele vestido, por que ela estava
linda.
A solto, enquanto Patrick se aproxima e sorri
nos olhando.
— Estava vendo a hora de Lorenzo sair
correndo dali. — Ele aponta para onde nosso
irmão está.
Arqueio as sobrancelhas quando os braços
de Patrick envolvem a cintura dela com
possessão, ela se retém e sinto vontade de
tirá-lo de perto dela a socos violentos em seu
queixo.
Meu maxilar trinca, enquanto ela me fita.
Meu punho se fecha com força, fazendo os
dedos se esbranquiçarem.
— Você está bem, meu anjo?
— Estou... Pode me dizer onde fica o
toalete? — Pergunta, o olhando.
— Terceira porta, à esquerda. — Aponto
para as escadas.
Eu sabia que tinha um banheiro social logo
ali em baixo, mas não iria perder a
oportunidade de leva-la a uma porta antes do
meu quarto.
Eu queria tirá-la de perto dele!
Patrick me encarou e sorri.
— O banheiro social daqui de baixo está
ocupado, faz alguns minutos. — Me adianto e
ele assente.
— Quer que eu te acompanhe?
E você vai fazer o que?! Segurar a calcinha
para ela? — Torço a cara.
— Não precisa. Volto em um minuto. — E
ela sorri, se virando.
E dá uma tremenda visão do bumbum
arredondado e empinado.
— Acho que estou me apaixonando por
ela... — Patrick me encara sorrindo,
balançando a cabeça.
Estendo a mão pegando uma taça de
bebida, que não faço ideia do que era apenas
sinto o líquido descer rasgando por minha
garganta.
Meu peito se contraí e o encaro.
— Patrick... Você não acha que está indo
rápido demais? — Pergunto sério. — Você
mal a conhece...
— Eu sei que ela é incrível Chris. — Diz
sorrindo e pega uma taça bebericando. — Não
acha?
Aperto a taça nas mãos e franzo o cenho o
olhando.
— Com certeza. — Sinto um entalo na
garganta. — Incrível.
Mamãe acena o chamando e ele sorri.
— Dona Clarisse me chama...
Apenas me viro, subindo as escadas com
pressa e o coração martelando forte no peito.
Não fazia ideia que merda era aquela.
Mas estava me corroendo.
Entro no corredor, que estava
completamente vazio. Bato na porta, girando a
maçaneta, mas está trancada. Ouço
apenas um ruído e sei que ela está dentro do
mesmo. A porta se abre e ela me fita séria.
Os olhos saltados, a respiração acelerada e
a boca entreaberta.
Os lábios tão convidativos.
— O que está fazendo aqui? — Pergunta,
tentando empurrar meu peito, sem sucesso
algum, óbvio. Agarro em seu pulso, trazendo o
corpo esguio para meu. — Christopher...
Em um momento insano a ergo pela cintura,
a colocando sobre a bancada da pia,
chupando a carne de seu pescoço.
— O que está fazendo?
Eu queria responder, mas eu não sabia o
que.
Passo o polegar pelo seu lábio, que estão
pedindo para serem sugados. Chupo seu
queixo e mordisco o lábio com força, sentindo
meu corpo tremer.
Eu precisava daquela mulher!
Merda! Eu precisava!
E ela sabia o quanto eu precisava, os olhos
cravados nos meus e o desejo exalando com
uma força descomunal.
— Seu cheiro, Ágata... Seu cheiro me deixa
desnorteado. — Colo a testa a sua, sentindo
sua respiração ofegante junto da minha.
— Acha que não sinto a mesma coisa
Christopher? — Indaga, enquanto passo o
polegar pelos lábios.
— E o que está fazendo aqui com ele?! —
Rebato a olhando. — É pra me provocar? É
pra me deixar louco? É isso?!
Ela nega com a cabeça levemente.
— Eu vou contar tudo pra ele, Christopher...
— Diz séria e engulo em seco, controlando o
sorriso que se apossa dos meus lábios. —
Não quero enganá-lo.
Assinto, apertando a sua coxa, vendo-a
engolir em seco.
— Ágata... — Sussurro, fechando os olhos e
sorrio a encarando.
— Deveria voltar para a sua namorada. —
Diz séria e nego com a cabeça.
— Megan não é minha namorada. — Sorrio
e ela se afasta rapidamente, descendo da
bancada.
— Ela parecia bem convencida de que era.
— Ela cruza os braços me fitando.
— Mas não é. — Digo ríspido e ela me fita
assentindo.
— Eu preciso ir... — Diz passando por mim,
seguro em seu antebraço, aproximando o
corpo do meu.
— Acabe o que tiver com o Patrick... Por
favor.
— Eu não tenho nada com o Patrick!
— Mas ele está convicto que tem.
— Mas não tenho! — Diz se soltando,
enquanto me encara.
— Então trate de dizer isso para ele...
Ela sorri se soltando e me fita séria.
— Você não é meu dono, Christopher...
Melhor voltar para sua namorada! — Diz,
saindo rapidamente enquanto bate à porta, me
deixando ali.
Solto o ar, socando a bancada.
Mas que diabos ela estava fazendo?!
Ágata
Solto o ar devagar, fechando os olhos
enquanto me encosto na parede, tentando
controlar as batidas do meu coração, que
estava frenética.
Era inevitável negar o desejo que exalava
quando estávamos juntos.
Mas era só isso. Desejo.
Maldita hora que aceitei esse convite. Limpo
o rosto rapidamente e desço as escadas. É
uma casa incrível com uma decoração muito
sofisticada, em algumas mobilas escolhidas
estrategicamente têm portas retratos, fixo o
meu olhar em um em especifico onde estão
Christopher, Patrick e Lorenzo mais jovens.
O seguro em minhas mãos e sorrio.
Os três irmãos abraçados e sorrindo,
pareciam tão felizes.
— Meus três tesouros. — Me viro, enquanto
Clarisse me encara. — Lindos né?
— Muito. Parabéns é uma família linda. —
Falo e ela sorri orgulhosa.
Christopher e Patrick tinham alguns traços
dela, o sorriso. Ela é incrivelmente linda.
— Venha. Vou pedir para servirem o jantar.
— Ela sorri, segurando em minha mão
enquanto vamos para a enorme sala de jantar.
Patrick se ergue, se aproximando e sorrio de
leve o fitando.
— Está bem? — Indaga, enquanto me sento
ao seu lado.
— E-estou, ótima. — Respondo sorrindo.
A mesa esta toda posta e observo Chris se
aproximar, se sentando à nossa frente, ao
lado de Lorenzo, que logo diz algo em seu
ouvido. Ele apenas nega com a cabeça, com
os olhos cravados aos meus.
Megan se senta ao seu lado, colocando as
mãos sobre seu ombro, sorrindo
maliciosamente. Desvio o olhar rapidamente,
quando escuto Dona Clarisse dar a ordem
para a governanta começar a servir o jantar.
Estou sufocando, querendo sair daqui o
mais rápido possível.
Presenciar a cena que desenrola a minha
frente do senhor Patrício e Dona Clarisse
repetirem seus votos, me despertou
recordações. Lembranças da minha casa, dos
momentos que compartilhei com meus pais,
dos almoços de família, das festas,
principalmente das festas de aniversários e de
natal.
Engulo o entalo que se forma e suspiro
enquanto Patrick sorri me olhando.
— Não é todo dia que vemos um casal como
esse. — Ele sorri e assinto.
Meus olhos só conseguiam focar em
Christopher. Ele estava sorrindo, enquanto
Lorenzo diz algo apenas para ele ouvir. Era
daqueles sorrisos que chegavam aos olhos,
deixando os mesmos apertadinhos.
Pare Ágata! — Minha voz interior grita e ele
parece ouvi-la, pois fixa os olhos aos meus.
E inferno! Maldito cafajeste!
Christopher
— Cala a boca, pau no cu! — Ouço Lorenzo
resmungar baixo enquanto abro a porta da
sala encarando ele e Arthur em pé.
— O que foi? — Pergunto olhando Lorenzo
sorrir.
— Nada. — Respondem juntos, se
entreolhando.
Passo por eles jogando o blazer na cadeira
e volto a encará-los friamente. Eu conhecia
Lorenzo muito bem, o quanto seus olhos
dançavam quando mentia. Arthur convencia a
todos com a cara de anjo, mas eu sabia que
aquela cara era só a farsa do diabo.
— Desembucha, tive uma noite infernal. —
Digo me sentando, colocando as pernas
cruzadas por baixo da mesa.
— Não saiu ontem? — Arthur pergunta,
piscando os olhos rapidamente. — Nem foi à
boate?
Solto o ar pela boca exasperado, Ágata tinha
marcado de ir para meu apartamento assim
que saísse da boate, mas ela não apareceu. E
também não tive como ir até ela. Uma raiva se
apossou do meu corpo com um surto de uma
adrenalina tão forte, que eu era capaz de
socar qualquer ser humano que passasse a
minha frente.
— Não, Arthur. Agora vão me falar o que
merda está acontecendo? — Pergunto,
olhando Arthur encarar Lorenzo que olha para
o lado como se eu tivesse falando com
o Gasparzinho.
— Conta, Lorenzo! Foi você que escutou! —
Lorenzo abre a boca, quando Arthur aponta
para ele.
— Mas foi você que viu! — Lorenzo rebate e
Arthur vira o pescoço de lado, o olhando.
— Vão parar de jogar a culpa um para o
outro, ou vão me falar de uma vez!
Eu não queria tirar a visão de Ágata da
minha mente, passar o dia usufruindo daquele
corpo, apenas deixou meu tesão mais aflorado
do que o normal.
Ponho a mão no queixo, olhando Lorenzo se
erguer e começar a falar:
— Saí ontem à noite, e sem querer... Sem
querer mesmo... Passei em frente à boate
onde a Ágata trabalha. — Pigarreia e
semicerro os olhos. — Bom... Vocês passaram
o dia juntos ontem, né?
Concordo com um leve balançado de
cabeça.
— Patrick estava abraçado com ela,
enquanto ela estava aos prantos do lado de
fora da boate.
Sabe aquela notícia que deixam seus pés
formigando de tanta raiva. Mas não é
daquelas raivas, é uma mistura de ódio e
incredulidade que te fazem cegar, de repente.
— Tem certeza que era a Ágata? —
Pergunto, respirando longamente.
Afrouxo o nó da gravata em meu pescoço
sentindo o mesmo me sufocar.
— Claro que era ela, conheceria aquela
bund... Aquelas costas em distância absurda.
Me levanto com tanta pressa que a cadeira
deu uma leve balançada. Vou até a janela de
vidro, passando a mão pelo queixo. Ela tinha
me prometido que o deixaria que ia ficar
apenas comigo. Mas que inferno do cassete!
Por isso ela não foi para meu apartamento!
Estava com Patrick. Óbvio.
— Onde Patrick está? — Pergunto sério.
— Não chegou. — Arthur diz se erguendo.
— Na real, Chris... Você gosta mesmo dela?
Estreito meus olhos quase o mandando para
a puta que pariu!
— Claro que não, Arthur! É apenas sexo
entre nós! Nada mais justo eu não querer meu
irmão com ela! Transando! Por favor! — Jogo
os braços para o alto, rindo de nervoso.
— Olha Chris... Fodendo ou não, pelo que
entendi, Patrick está gostando mesmo da
Ágata. — Lorenzo diz baixo me olhando.
— E daí?
— E daí Chris, que se você não quer algo de
verdade com ela, deixe Patrick ficar com ela...
Eu gargalho na cara de Arthur, não
acreditando em suas palavras. Saio batendo a
porta, deixando os dois ali mesmo.
Lorenzo um puto de carteirinha, junto de
Arthur que é mestre, vem me dar conselhos!
Vá para a puta que o pariu! Entro na sala de
Patrick, o vendo sentado, enquanto digita algo
no computador.
— Oi... — diz tirando os olhos da máquina,
me encarando.
— Oi, Patrick... Eu... Vim te pedir o relatório
da carga. — Emendo rápido, enquanto
procuro algum rastro da noitada de ontem à
noite.
— Eu te entreguei esse relatório ontem
Chris. — Diz arqueando a sobrancelha. —
Você está bem?
NÃO.
— Estou, tinha esquecido. Desculpa. —
Engulo seco o olhando. — Foi na casa de
mamãe ontem? Iria passar lá, mas tive que
terminar as planilhas.
— Passei, mas fui para casa logo depois,
tive que sair... — Diz e cerro o maxilar, o
observo me encarar e logo depois franzir o
cenho. — Fui ver Ágata ontem... Ela estava
tão mal.
— Estava doente? — Pergunto rápido.
— Não. Deve ter sido problema com a
família ou algo do tipo. A deixei em casa e vim
embora.
Quase grito de felicidade.
— Er... Faz bem. Quer dizer, Fez bem em
deixa-la em casa. — Passo a mão pelo rosto o
olhando.
— Está legal mesmo, Chris? — Ele sorri e
assinto.
— Claro. Eu... Eu vou voltar para o trabalho.
Foi em vão, eu não consegui me concentrar
em porra nenhuma. Minha cabeça estava
longe demais para raciocinar algo, almocei em
minha sala mesmo, nem Arthur e Lorenzo
vieram me encher o saco.
Estava ansioso e quando o relógio marcou
17 horas, pulei como um louco para fora da
empresa, e sai cantando pneus com meu
carro, dirigindo até o pequeno prédio no
centro.
Toco a companhia com insistência, até que a
porta se abre e uma moça de rosto redondo
arregala os olhos me encarando.
— Oi...
— Ágata está? — Pergunto a encarando.
— Não... Ela está na boate, foi há pouco...
— Obrigado. — Saio rápido.
Mordo o lábio inferior, voltando para pegar o
carro. Eu sei que ir até a boate não vai
adiantar, pois estará fechada. Então apenas
volto para casa, abrindo uma garrafa de vinho
e enchendo uma taça.
Abro a camisa com uma mão, enquanto levo
a taça com a outra até a boca sorvendo um
gole da bebida.
Eu iria esperar por horas. Ela iria vir. Eu
sabia.
Ágata
Sobressalto quando a porta se abre,
Armando aparece pisando de leve no chão do
seu escritório, onde estou por quase toda a
noite.
— Você me deixou trancada! — O encaro
séria.
— Está na hora de ir embora. — Diz baixo.
— Já passa das duas da manhã, meu amor.
Tiro suas mãos dos meus braços me
erguendo com rapidez, fico em pé o
observando pegar suas chaves e me olhar.
— Você pode me trancar aqui, ou em
qualquer lugar do mundo, Armando. Meu ódio
por você só vai aumentar. — Digo em um
sussurro vendo-o sorrir com um leve
balançado de cabeça.
— Christopher Gonzáles estava a sua
procura.
Paraliso sem me virar.
— Coincidência. O mesmo sobrenome do
almofadinha, amigo Magno.
Pego minha bolsa, ouço os passos logo
atrás de mim e ignoro, ele me deixou na sala
com um propósito para eu não sair, muito
menos ver ninguém. Sinto é nojo.
— Ágata!
Destravo meu carro, entrando logo em
seguida e vejo Armando entrar no seu e me
seguir assim que saio rapidamente.
Eu sinto um arrependimento por ter posto os
pés nessa boate. Eu só tinha apenas 15 anos
quando encontrei Armando pela primeira vez,
na casa de um amigo do meu pai. E aos 17
anos fui expulsa de casa, vindo me refugiar
exatamente onde eu me arrependeria para o
resto da minha vida.
Eu nunca mais tive notícias dos meus pais e
eles nem quiseram saber notícias minhas. E
nem de qualquer outra pessoa da minha
família. Tudo por culpa de Armando. Ele tinha
me afastado de todo mundo. Eu que fui uma
idiota por ter me deixado levar por uma ilusão.
Limpo uma lágrima que desce pelo meu
rosto, soltando um sorriso fraco.
Idiota.
— Wagner vai ficar aqui, para encarregar
que ninguém vai entrar, ou sair. — Desço do
carro sem o olhar. — Está ouvindo, Ágata?
— O que? — Rebato enquanto ele me
encara.
— Eu te disse que vou rastrear seus passos,
cada um deles...
Viro o pescoço o olhando e solto o ar pela
boca.
— Algo mais, papai? — Debocho o olhando.
Sua mão agarra meu braço e o encaro com
asco.
— Não brinque comigo, Ágata.
Me solto, seguindo até o elevador vendo seu
rosto fechado e os punhos cerrados.
Estiro o dedo do meio em sua direção e as
portas se fecham.
Giro a maçaneta com brutalidade, entrando
no apartamento, a raiva só me domina.
Encaro Helena e Magno que se erguem me
fitando.
— Onde esteve, Ágata?
— Armando está louco... — Digo olhando
Magno que se ergue apressado. — Me
trancou na sala dele... Trouxe um capanga
para ficar na minha cola... Ele está louco!
Sento colocando as mãos sobre a cabeça.
Se ele acha que vai me prender a ele...
Eu estava entrando em desespero,
querendo fazer algo para me livrar daquilo de
uma vez por todas, só queria fugir e pronto.
Fugir pra longe.
— Armando trouxe Clhoe para casa Ágata,
ela está lá.
Ergo os olhos, me levantando com tanta
pressa que temi não ter ouvido direito.
— Clhoe? Ela... Ela está aqui?
Magno solta um sorriso fraco e Helena o
acompanha.
— Vânia a trouxe hoje à noite... Armando
está te punindo, Ágata. — Magno diz.
Sinto meu coração falhar uma batida e meus
olhos nublam.
Pego minha bolsa sentindo as batidas no
meu peito aceleradas. Eu não conseguia
raciocinar direito, minha mente estava
atordoada demais, ao mesmo tempo em que
meu peito se enchia de ódio por Armando.
— Eu vou... Vou até lá... — Abro a porta com
força.
— Ágata!
— Eu vou com ela, fique aqui Helena. —
Ouço Magno dizer logo atrás de mim.
Meus olhos ardiam junto com minha
garganta, eu não estava acreditando que
depois de tanto tempo eu ia vê-la de novo.
Meu Deus.
— Aonde vão? — Wagner pergunta, olhando
entre mim e Magno.
— Vamos à casa do meu irmão Wagner, ou
precisamos de permissão agora? — Magno
abre a porta do carro e entro rapidamente.
Wagner nem protesta.
Meu corpo estava em estado de anestesia,
eu pensava em mil coisas ao mesmo tempo,
Magno dirigia em um total silêncio. Passo em
frente do condomínio onde Chris mora,
olhando para a janela do seu apartamento
com as luzes acesas.
Meu coração bate descompassado e solto o
ar devagar.
Magno entra no condomínio depois de um
tempo, e desço do carro indo até o elevador.
— Mantenha a calma, Ágata. Por favor!
— Calma, Magno? Por Deus! Não me peça
para ter calma em uma hora dessas...
Toco a companhia insistentemente até que a
maçaneta gira e Armando nos encara sério.
— Sentiu saudades amor?
Passo por ele rapidamente, que segura em
meu braço.
— Solte-a, Armando.
— Cadê ela? Onde está Clhoe? — Pergunto
me soltando, enquanto ele encara Magno.
— Eu já disse que Clhoe está aqui. Não faça
essa maldade.
— Se meta com sua vida, Magno! A minha
com a Ágata, não diz respeito a você!
Olho para as escadas e a casa que
frequentei por tanto tempo está do mesmo
modo, a sala escura e fechada. Me solto,
ouvindo Armando logo atrás de mim, e subo
as escadas com tanta pressa e vendo as
portas fechadas.
Abro a porta do quarto que me acomodei por
um tempo, sentindo meu corpo paralisar.
Coloco a mão sobre a boca, abafando um
soluço.
Vou a passos apresados até a pequena
cama, vendo seu corpo pequeno e frágil ali,
me ajoelho pegando as mexas dos cabelos
entre os dedos e sorrindo enquanto minhas
lágrimas escorrem pelo rosto.
Os olhinhos curiosos me encaram, e parece
que o mundo parou de girar apenas para nós
duas.
Os olhos azuis como o céu me fitam e sorrio.
E as lágrimas descem copiosamente.
Meu amor.
Meu bebezinho.
— Mamãe...
Acaricio seus cabelos e sorrio.
— Oi minha filha... Mamãe está aqui agora
amor. Mamãe está aqui.
Capítulo 15
Ágata
Fungo, limpando meu rosto enquanto
minhas lágrimas descem pelo rosto. Pego
Clhoe nos braços ainda adormecida,
beijando seus cabelos curtos.
Eu não estava acreditando que ela
estava aqui. Em meus braços.
— Ou meu amor... — Digo a deitando
sobre meu peito. — Eu estava com tanta
saudade... Com tanta saudade minha filha.
Sorrio entre lágrimas, colocando o queixo
de leve em sua cabecinha pequena, não
preciso olhar para a porta, para ver
Armando parado nos olhando.
— Meu amor... Meu amor... — Sussurro
a apertando firme.
Sinto seu cheiro adocicado, me
lembrando da última vez que o senti. Ela
estava com quase dois anos quando a vi
pela última vez. E agora estava perto de
completar três aninhos. Não deveria nem
saber quem sou eu.
— A deixe dormir Ágata. — Sua voz
rouca me faz encará-lo.
— Me deixe dormir com ela, Armando.
Por Favor... — Peço me erguendo,
colocando Clhoe deitada com seu pequeno
urso.
— Nem era para você estar aqui... — Diz
ríspido.
— Eu imploro Armando, me deixe dormir
com ela... Por favor... — Peço em uma
súplica, segurando na lapela de seu
casaco.
Seus olhos estão cravados nos meus e
uma mistura de raiva e desapontamento,
eu conhecia Armando como a palma da
minha mão, sabia que ele não traria Clhoe
para cá, se não tivesse um propósito.
— Apenas por hoje. Não se acostume.
Fito seus olhos e ele me olha com
desdém, saindo porta a fora. Deixo meus
sapatos em um canto do quarto e me deito
na cama, acolhendo o corpo pequeno em
meus braços.
Fecho os olhos, beijando a pequena
cabeça.
Não sei por quantas horas fiquei apenas
admirando Clhoe dormir. E sentindo o
coração bater contra o meu.
Abro os olhos enquanto encaro Clhoe
abrir a pequena boca, bocejando enquanto
me encara séria. Sento e sorrio a olhando.
— Oi... — Sussurro baixo, temendo
assusta-la.
— Mamãe... — Diz baixo, quase
inaudível. Sorrio a abraçando e a
apertando em meus braços.
— Você não se esqueceu da mamãe,
não é Clhoe? — Pergunto beijando seu
rosto. — Não esqueceu meu amor...
— Fome mamãe... Coe não comeu...
— Sorrio vendo sua forma de chamar seu
próprio nome.
— A mamãe vai te dar o melhor café da
manhã do mundo, minha princesa. — Ela
me olha esfregando os olhinhos e sorri. —
A mamãe te ama tanto Clhoe, mamãe te
ama tanto... tanto...
— Coe também ama a mamãe... Tava
cum sodade.
Olho para a porta vendo Vânia me
encarar séria. Clhoe sorri, ainda segurando
em seu urso cor de rosa.
— Está na hora do banho, Clhoe. — Diz
sorrindo enquanto se encaminha para
perto da minha filha.
Eu conhecia aquela naja muito bem,
Vânia era como uma mãe para Armando e
nunca me suportou. Clhoe segura em
minha mão e sorrio a olhando.
— Mamãe vai estar lá embaixo...
Esperando por você.
— Não vai embola não mamãe. — Diz
baixo e sinto meu coração se partir em mil
e um pedacinhos.
Me ajoelho na cama para ficar da sua
altura e seguro seu rosto entre as mãos.
— Mamãe não vai embora, vai esperar
você tomar banho. Não vou a lugar
nenhum meu amor, mamãe vai esperar
você. — Digo beijando a ponta de seu
nariz. — Eu te amo, Clhoe.
— Coe ama mamãe também. — Sorrio a
olhando.
Me levanto indo para fora do quarto,
acenando para ela que sorri. Era como
tirar um peso das minhas costas sabendo
que minha filha estava aqui, perto de mim.
Desço as escadas com cuidado, ainda
descalça, e vejo Armando sentado na
enorme mesa de café da manhã.
Fico o encarando comer a torrada e
desejo do fundo do meu coração que ele
se engasgue com ela.
Morra entalado! — Meu interior grita e
sorrio cínica.
— Tinha esquecido como e maravilhoso
ver você acordar sorrindo. — Diz me
fitando. — Sente-se.
— Porque trouxe Clhoe para cá? — Digo
ignorando complemente sua fala anterior.
— Porque ela é nossa filha, meu amor...
Fecho o semblante enojada pelo tom de
suas palavras. Seu sorriso aberto falando
como se fosse um troféu para si mesmo.
— Qual o propósito disso?
— Ágata, deixe eu te falar uma coisa. —
Joga o guardanapo em cima da mesa, se
erguendo. — Clhoe é minha filha, quer
você queira ou não... Eu a amo.
— Você não ama nem a si mesmo,
Armando!
Fecho os olhos quando sinto as mãos
rodeando meus braços.
— Ágata... — Seu sussurro perto do meu
ouvido faz meu corpo se retrair. — Sabe
que sou capaz de tudo para ter você para
mim não sabe? Então, meu amor... Vamos
criar nossa filha juntos... Vamos dar o lar
que Clhoe merece Ágata. Como uma
família.
Engulo seco quando vira o rosto de
encontro ao meu, beijando meus lábios,
me esquivo, mas seu aperto é firme, me
fazendo encostar os lábios nos seus.
Nojo era a única coisa que eu sentia.
— Eu preciso... Preciso para casa. —
Digo rapidamente.
— Mas você está em casa, Ágata.
Lembra quando morava aqui? — Sorri me
olhando. — Adorava ficar andando pelada
pelos cantos... me satisfazendo de todas
as formas possíveis meu amor.
— Mamãe... — Olho para a escada
vendo Clhoe descer saltitando e sorrir me
olhando.
Armando se apressa em pegá-la no colo.
— Mamãe vai ter que sair, Clhoe... — Diz
olhando para ela que baixa os olhinhos
tristes me encarando. — Vai nos deixar...
— Vai embola não mamãe...
— Eu volto meu amor, a mamãe só vai
pegar algumas coisas... — Digo a olhando.
— Eu volto... Eu prometo que volto.
Eu sabia o jogo de Armando. A forma
imunda que ele usava minha filha.
— A mamãe vai voltar, Clhoe... — Ele
Diz sorrindo.
— Vai voltar né mamãe?
Beijo sua pequena bochecha, assentindo
com a cabeça.
Mesmo o ódio tomando conta de mim por
inteira.
Eu precisava tomar um rumo na minha
vida.
Abro a porta do meu carro, entrando
rapidamente, eu não iria aguentar aquela
pressão de novo. Pego minha bolsa,
tirando o cartão que Patrick me deu com
seu número, olhando o endereço da
empresa.
Meu coração parece pular quando
estaciono o carro em frente ao enorme
prédio. Mordo o lábio descendo, enquanto
passo pelas enormes portas de vidro.
— Posso ajudar? — Encaro a moça
sorrindo.
— Eu vim falar com Patrick Gonzáles...
— Digo a olhando.
— A senhorita tem hora marcada?
— Não, eu... Diga para ele que é Ágata
Mendes, é questão de vida ou morte... Por
favor. — Digo a olhando.
Solto um sopro de alívio quando ela pega
o telefone e fala algo quase inaudível.
— Pode subir vigésimo andar. — Sigo
quase como uma louca subindo no
elevador.
Eu estava com o coração na mão. Eu
poderia ir falar com Chris, mas ele não iria
entender. Nunca. O vigésimo andar chega
e pulo para fora do elevador, vendo o
corredor extenso e luxuoso.
— Senhorita Mendes? — Me viro
olhando uma moça bem vestida me
encarar. — Senhor Gonzáles a aguarda,
terceira porta a direita.
Agradeço rápido, enquanto fito seu nome
gravado na porta, bato de leve ouvindo um
"entre" e giro a maçaneta.
— Ágata! — Patrick se ergue assim que
entro porta adentro. — Você está bem?
O encaro, sentindo meu corpo se chocar
ao seu, eu tinha Patrick como um amigo,
um grande amigo.
— Eu preciso de sua ajuda, Patrick... —
Digo em um sussurro baixo. — Me ajude,
por favor... por favor me ajude...
Nessa hora, meu rosto já está banhando
por lágrimas que descem sem parar.
Me sento o encarando e ele estende um
copo com água me entregando.
Christopher
O café desce rasgando pela minha
garganta. Eu estava mega atrasado, então
joguei algumas coisas na pasta e saí como
um louco dirigindo.
Cumprimento algumas pessoas com um
aceno de cabeça.
— Eii... — Me viro, olhando Arthur
segurar algumas pastas na mão e me
encarar. — Tá atrasado...
— Perdi o sono à noite. — Reviro os
olhos, entrando em minha sala.
Uma das coisas que mais odeio na vida
é perder o sono, e quando isso acontece
eu viro um porre em potencial.
Mas do que o normal.
Assim que saí daquela boate, eu tentei
dormir, mas ao imaginar Ágata em baixo
daquele cafetão, meus olhos
instantemente se abriam e
automaticamente meu sono foi embora em
questão de segundos.
— Hum...
— Que foi Arthur? — Pergunto,
ignorando seu olhar curioso.
Ele apenas abre os braços negando com
a cabeça. Jogo o blazer nas costas da
cadeira e me sento. Arthur vem discutir
algum contrato que nem presto atenção
direito.
Aperto a caneta entre os dentes
enquanto Arthur pede minha assinatura em
alguns momentos.
— Com licença senhores, o senhor
Patrick está pedindo que vá até a sua
sala... Ele está o aguardando. — Mônica, a
secretária, diz sorrindo.
— Vá, assim que eu terminar aqui vou
deixar essa papelada lá. — Digo me
referindo à pilha que estou assinando.
— Não esqueça Chris, tenho que mandar
isso hoje. — Diz se erguendo.
Passo as mãos pelo rosto, tentando
focar.
— Ah, Ágata... Você tá acabando
comigo... — Aperto a caneta entre os
dedos, mordendo o lábio.
Ótimo, já estou até falando sozinho.
Caminho até a porta a abro e não
encontrando Mônica na mesa, desço pelo
elevador. Entro na pequena lanchonete da
empresa, funcionava como uma cantina
apenas para funcionários. Era realmente
uma raridade vir por aqui.
— Um café forte, puro. — Peço, olhando
para moça que quase morre me olhando.
— Sem açúcar.
— Quero um café descafeinado com
creme. — Lorenzo pede, me olhando
enquanto seguro o copo de café nas mãos.
— Que milagre você por aqui... Veio me
trazer esse humilde presente?
Eu queria não sorrir, mas era inevitável
ficar perto de Lorenzo sem soltar uma
risada sequer.
— Viu Arthur? Estava como uma bicha
louca atrás de você. — Diz subindo o
elevador junto comigo.
— Era para assinar uns papéis, sabe
como Arthur é dramático.
Dou um gole generoso no café, deixando
o líquido queimar minhas entranhas.
Eu estava inquieto, na verdade, sentindo
um desconforto filho da puta!
Termino de assinar os papéis e puxo a
pilha, o copo de café que estava em cima
se desiquilibra e cai molhando todos os
documentos assinados.
— Mais que merda do inferno! Caralho!
— Tiro a camisa com rapidez, vendo uns
botões voarem longe. — Mônica!
— Oi senhor... Ah, meu Deus! — Diz,
vendo o estrago em minha sala.
— Chame alguém para limpar essa
bagunça do inferno! — Tiro a camisa
limpando meus braços e a calça molhada.
— Merda do inferno!
Abro a porta da minha sala dando de
cara com Ágata, Patrick e Arthur me
encarando.
Era só o que me faltava.
O que diabos ela estava fazendo aqui?
Ágata!
— Chris? Você está bem? — Patrick
pergunta, vindo em minha direção.
Eu queria falar, mas minhas palavras
estavam presas na garganta, mil e uma
perguntas rondando minha mente.
O que merda ela estava fazendo?
Por que com o Patrick?!
Mas que merda!
— Caraca, Stripe Tease uma hora
dessas? — A voz de Lorenzo ecoa para
dentro dos meus ouvidos, fazendo meu
corpo tremer.
— Foi apenas café. Preciso de uma
camisa. — Digo passando pelos quatro
com rapidez.
Eu estava transformado de ódio, eu
nunca tinha sentindo aquilo na vida.
Aquele ódio descomunal, que vai subindo
por dentro e querendo explodir.
Eu estava com ódio. Puro ódio.
Abaixo a cabeça, respirando com
dificuldade, não penso direito antes de
socar a porta do almoxarifado com força.
— Chris?
Solto um pigarro, vendo Patrick me
encarando. — Você está bem?
— Humrum. — Digo, não querendo o
encarar.
Conta, Chris.
1, 2, 3... 23... 40...
— As camisas estão aqui, Chris? — Diz
abrindo uma porta e me estendendo uma
camisa branca de mangas. — Tem certeza
que está bem?
É inevitável, eu me viro o olhando.
— Por que, Patrick? — Pergunto mal
reconheço minha voz. — Por que veio até
aqui saber como estou?
Ele me encara sério.
— Não estou te entendendo...
— Ou você é burro ou se faz Patrick... —
O encaro frio.
Eu estava sentindo meus nervos criando
vontade própria para soca-lo, mas Lorenzo
chega de última hora, entrando entre nós
dois.
— Que porra é essa? — Pergunta me
olhando.
— Pergunta pro seu irmão! — Digo
virando de costas.
Ágata está em pé, me olhando sem
entender nada, passo por ela controlando
a vontade de jogá-la sobre os ombros e
gritar para Patrick que ela era minha!
Porque ela é minha!
Fecho os olhos apertando minhas
têmporas com força, não sei por quanto
tempo fiquei naquele estado de explosão
contida, só sabia que minha raiva estava
possessa.
Eu evitei Lorenzo, evitei até Arthur em
minha sala. Fui embora mais cedo,
deixando a empresa e indo direto para o
meu apartamento, enchi um copo de vodca
pura a tomando. Meu estômago vazio
porque nem vontade de almoçar eu tive.
A companhia soava insistente, abri com
brusquidão, olhando Ágata do outro lado
com os olhos arregalados.
Viro as costas a deixando plantada do
outro lado da porta.
— Chris...
— O que quer Ágata? — Pergunto,
engolindo seco a olhando.
Estava um pouco pálida, e mesmo
sentindo a raiva me tomar, ela estava
linda. Ela era linda.
Ela mexia nas mãos nervosamente, me
olhando com um misto de tristeza e raiva.
Arregaço as mangas até os cotovelos
tentando controlar as próprias batidas do
meu peito.
— Me deixa explicar, Chris. Eu... Fui
procurar o Patrick...
Sorrio a olhando.
— Porque queria abrir as pernas para
ele, não é? — Completo com um misto de
raiva que eu não conhecia. — Passei uma
noite de inferno preocupado com você, e
logo pela manhã você procura Patrick?!
Pelo amor de Deus, Ágata!
— Me desculpe Christopher... Mas eu
tive meus motivos! Não fui atrás de Patrick
para isso que está pensando... — Sorrio,
parando o rosto a centímetros do seu.
— Era para coisa pior, né?! — Ela nega
com a cabeça me olhando e eu solto um
sorriso amargo. — Presta atenção...
Patrick não vai ficar com você quando
souber que é uma Stripper, Ágata... Meu
irmão é correto demais para se envolver
com alguém que...
Ela tenciona o corpo, mudando de
expressão completamente.
Engulo em seco, tomado por uma raiva
absurda.
— Alguém que o que? Fala Christopher!
— Diz séria, me fazendo recuar um passo
para trás.
— Alguém que tira a roupa para o
primeiro que oferecer mais dinheiro!
Sinto meu rosto queimar pelo tapa
direcionado em minha face e a encaro
sério.
— Seu cretino! Baixo! Estúpido e Grosso!
— Ralha como uma deusa, com a mão
erguida tomada pela fúria. — Você é pior
do que eu pensava Christopher! Vá para o
inferno!
Se vira batendo a porta com toda a força,
me deixando ali sozinho.
Eu estava em um inferno, e não fazia
ideia de como tinha ido parar lá.
Capítulo 16
Christopher
— Então a distribuição da carga está
completa?
— Só falta o Chris assinar. — Ouço a voz
de Lorenzo.
Eu estava em uma daquelas reuniões
tediosas. Aperto a caneta entre os dedos,
enquanto Patrick está em pé mostrando
os slides da nova carga que estava para
sair.
Fazia exatamente uma semana daquele
episódio grotesco, eu mal estava olhando
para a cara do meu irmão. Fazia também,
exatamente uma semana que eu não via
nem falava com Ágata.
E eu não fui atrás dela.
O tapa tinha ardido de um jeito fora do
comum, mas não foi pela mão delicada, foi
pela tristeza que se estampou em seus
olhos quando eu abri minha maldita boca
de merda!
— Chris? — Me viro, vendo Arthur me
encarar. — Vai assinar?
— Hum-rum. — Respondo, assentindo
rápido com a cabeça.
— Temos que mandar esses papéis hoje
ainda, Christopher. — Encaro Patrick, que
diz sério me encarando.
Minha raiva por ele não diminuía nem um
pouco, mas eu não ia descontar toda
minha fúria nele, não iria mesmo. Passo as
mãos pelos cabelos me ajeitando na
cadeira, enquanto Arthur repassa os
papéis e assino rapidamente.
— Eu tenho que sair hoje ainda. — Ele
diz quando Arthur fala algo que não presto
atenção.
— Vai à casa da mamãe? — Lorenzo
pergunta.
— Tenho que ver Ágata hoje, estou
ajudando ela com uma coisa.
Ai eu paro.
E o encaro com o cenho franzido.
Remexo desconfortável.
E tudo fica em silêncio na sala, Arthur
coça a cabeça enquanto Lorenzo tamborila
os dedos na mesa de vidro. Termino de
assinar os papéis, entregando a Arthur que
passa automaticamente para Patrick.
Ele sai logo após, com uma pressa fora
do comum.
Levanto no mesmo instante, afrouxando
o nó da gravata.
— Que merda é essa, Chris? — Me viro
olhando Arthur se erguer. — Você tá
misturando as coisas...
— Que coisas, Arthur? — Pergunto com
a voz arrastada.
— Tá misturando um sexo, com a
fraternidade de irmãos Chris, cacete! —
Lorenzo indaga e solto uma risada baixa.
Que fraternidade?!
Apoio à mão na testa.
Que merda tá acontecendo comigo?!
— Eu não estou misturando porra
nenhuma! O Problema é que... É...
— É que você está gostando dela. —
Arthur conclui me olhando.
Eu queria gargalhar, mas não saía nada
da minha boca. Ao auge dos meus 37
anos, eu sabia o que era esse sentimento,
só não estava acreditando no que estava
sentindo.
— Pelo amor de Deus! — Digo indo até o
bar, enquanto encho um copo com uísque.
— Bate na madeira! Não joga praga para
o meu irmão! — Lorenzo ergue o punho,
batendo três vezes na perna da mesa. —
Nós somos imunes a esse sentimento e
até a essa palavra!
— Eu também sou imune, Lorenzo! —
Arthur se defende. — Agora, é a única
explicação para esse recalque do Chris!
— A explicação é essa, ele está
recalcado! Não tem nada a ver com aquela
palavra com quatro letras... Fala pra ele,
Chris!
— Lorenzo diz me olhando.
— Eu não estou gostando dela! A minha
raiva foi vê-la pedir ajuda ao Patrick.
Caralho, eu trabalho aqui! O que ela pediu
para ele, que eu não poderia fazer? —
Jogo as mãos para lado do corpo.
— Tá com ciúmes!
— É pior do que eu pensava... —
Lorenzo senta, alisando os cabelos.
— Você precisa de uma noitada e uma
surra de boceta! — Arthur encara Lorenzo,
que concorda o olhando.
— Sai, caiam fora, os dois! — Digo indo
até a porta abrindo.
— Chris... É sério. — Lorenzo começa.
— Para fora! Os dois!
Bato a porta quando os dois saem e me
sento.
Passei o restante do dia trancado, saindo
apenas para almoçar, digitando enormes
contratos.
— Senhor? — Olho para a porta, vendo
Mônica me olhar assustada.
— Me deixe passar... — A sala é
invadida por Megan, que sorri tirando os
enormes óculos escuros. — Vim te fazer
uma visita
Dear ....
— Me desculpe senhor... Eu.
— Pode ir Mônica, está tudo bem. —
Volto minha atenção para Megan, que
coloca a bolsa na cadeira. — O que está
fazendo aqui, Megan?
— Vim te fazer uma visita, baby... — Me
sento na cadeira. — Já que não vai me
visitar, eu visito você...
Seu vestido colado demais para a
sanidade de qualquer homem, não está
me afetando em nada. Ela senta em meu
colo, me pegando de surpresa.
— Megan...
— Vim te fazer um convite, por favor...
Por favor, vamos comigo na inauguração
do ateliê de Victoria. — Sorrio a olhando,
enquanto espalma as mãos em meu peito.
— Não quero ir sozinha...
— Não vou prometer nada, Megan. De
verdade. Sabe que odeio sair à noite. — A
tiro do meu colo gentilmente, arrumo o
colarinho da minha camisa a encarando se
sentar em minha cadeira enquanto leva um
dedo a boca.
Megan consegue despertar aquele tesão
em mim, mas não algo que se diga: "Uau,
como é um tesão". Mas é aquele desejoso.
— Eu sei que vai... — Se ergue
rapidamente, beijando a ponta do meu
queixo. — Como eu queria beijar você.
— Megan...
— Shii... Eu já sei — Deposita o dedo em
meus lábios e se vira pegando a bolsa. —
Posso passar no seu apartamento mais
tarde, se quiser...
Apenas a encaro sorrindo.
Ela dá uma piscadela e balanço a
cabeça.
— Espero você sexta à noite, Dear...
Abre a porta, mas seu corpo é levemente
voltado para trás. Megan franze o cenho e
saio em passos rápidos, olhando uma
menina parada com enormes olhos nos
encarando.
— De quem é ela? — Megan aponta
para a criança que sorri a olhando. — Sua
empresa está virando orfanato, Chris?
Eu não fazia ideia de quem era aquela
menina.
Meus olhos estavam a encarando,
enquanto a pequena garota segurava um
urso vermelho que combinava com o laço
preso aos cabelos dourados.
— Oi, meu nome é Coe. — Ela diz me
encarando.
— Meu Deus... Até mais Dear.
Megan sai bufando, enquanto me ajoelho
para ficar da altura da menina, seus
cabelos curtos, tão loiros. Os olhos azuis
me encaram e sorrio.
— Você é muito linda, Clhoe. — Digo a
olhando sorrir. — Cadê sua mamãe?
Ela olha para trás e eleva os ombros, me
fazendo sorrir.
— Cal é seu nome?
Demorei um pouco mais para entender
que ela estava perguntando o meu nome.
— Me chamo Christopher.
— Kistoper? — Pergunta sorrindo. —
Nome engaçado...
— Gostou? — Sorrio. — Mas onde está
sua mãe? Não pode ficar andando por aqui
sozinha...
— Eu tenho tês anos. — Mostra três
dedos pequenos em minha direção,
fugindo completamente da minha
pergunta.
Sorrio a encarando, mas vejo Helena se
aproximar, soltando um suspiro de alívio
ao ver a menina perto de mim.
— Ah, Clhoe, não saía mais de perto de
mim desse modo. — Pega a menina no
colo, enquanto a encaro.
— Helena? — Ela me encara séria.
— Ah meu Deus! Você está aí! — Me
viro, olhando Ágata se apressar, mas
recua ao me ver. — Helena...
— É sua filha Helena? — Indago e ela
me encara.
— Sobrinha.
— É linda. — Sorrio e sinto meu coração
dar aquela batida falha ao encará-la. E
mais uma vez uma dor aguda se instala
dentro de mim, ela veio procurar Patrick,
mais uma vez.
— Até mais, Helena. — Digo pronto para
sair.
— Eii Sau...Tio Kis! — Ouço a voz fina e
me viro a olhando.
Ágata me encara e desvio os olhos dos
seus.
Sorrio acenando para Clhoe.
— Tchau meu anjo.
Ágata
Engulo em seco vendo Christopher sair
sem olhar para trás, meu coração dando
aquelas batidas estranha em meu peito. E
apenas seguro Clhoe, que pula em meus
braços assim que ele se vira.
Eu ainda estava tão chateada pelo que
ele disse, por tudo. E esperei no outro dia
e no outro e no terceiro eu percebi que ele
não viria.
E estava tudo acabado, sem nem sequer
ter começado.
— Patrick já terminou? — Helena
pergunta, enquanto assinto com a cabeça.
Patrick tem sido mais que um irmão me
ajudando, e pedir segredo sobre Clhoe foi
mais um dos favores que pedi. Eu vou lutar
para ter a guarda da minha filha em sigilo
total. Por que se isso caísse aos ouvidos
de Armando...
Não queria nem pensar no que ele faria.
Me despeço de Patrick, que sorri me
olhando e saímos.
Helena está em total silêncio, mordendo
o lábio inferior.
— Ele não perguntou quem era a mãe...
— Ela diz e assinto.
— Tenho medo do que ele pode pensar
Helena. — Indago séria.
Minha filha jamais seria motivo de
vergonha para mim, Clhoe era a coisa
mais linda que aconteceu em minha vida.
Olho pelo retrovisor e a vejo cochilar na
cadeirinha, ter saído com ela sem a
permissão de Armando me causará um
problema dos grandes.
Deixei Helena em meu apartamento e fui
direto para a casa dele, estaciono o carro,
pegando Clhoe ainda sonolenta no colo
entrando na enorme sala de estar.
— ONDE... Onde você estava? —
Percebo alterar a voz e baixa-lá assim que
Clhoe ergue a cabeça para olha-lo.
— Passiá papai!
— Vânia, leve Clhoe para cima! — Diz
entre os dentes, enquanto Vânia pega
Clhoe dos meus braços.
— Mamãe sobe já para ficar com você
meu amor... — Digo beijando sua testa.
— Não vai embola mamãe! — Ela pede
lindamente, me olhando e meu coração se
parte.
O semblante de Vânia se fecha me
olhando enquanto sobe as escadas,
Armando anda de um lado para o outro,
respirando como um búfalo.
— Vou perguntar pela última vez... Onde
merda você estava?
— Fui levar minha Filha para um
passeio. — Digo firme, erguendo o queixo.
De repente, sinto quando sua mão
envolve meus cabelos os puxando para
trás com toda a força, seguro suas mãos
quando um gemido escapa da minha
garganta.
— Você não tem direito de levar minha
filha para passeio nenhum! — Sua voz é
cortante e tento segurar em sua mão para
afastar.
— Ela é minha filha!
— Sua, um CARALHO! — Foi à última
vez que você levou Clhoe daqui, sem
minha autorização. — O aperto se
intensifica e reprimo um gemido forte. —
Se está pensando... Apenas pensando em
fazer algo, Ágata... Sugiro que pense três
vezes antes... Porque não vou ter pena
novamente.
— Que pena já teve de mim, Armando?
Qual foi sua pena! — Digo sentindo as
lágrimas descendo pelo meu rosto.
Me solta bruscamente, me fazendo
tombar e cair no chão da sala, seus olhos
estão vidrados em cima de mim.
— Você não tem nada dentro de você,
Armando! — Me ergo, limpando meu rosto
com as costas da mão. — O que fez
comigo... Tudo... Você acabou com a
minha vida!
— O que eu fiz para você?! Eu te dei um
lar, Ágata! Te dei uma casa! Te dei meu
amor...
— Você me violentou, Armando! Você
me forçou a engravidar para me prender a
você! Foi isso que fez!
Minha garganta rasga pelo modo que a
voz sai, seus olhos ficam levemente
arregalados, me olhando fixamente.
E parte para cima de mim estalando um
tapa e mais outro. Me fazendo cair sentada
no tapete da sala.
— Cale a merda da sua boca, sua idiota!
— Você nem ama a Clhoe... Você
apenas a mantém para me prender a
você... — Digo em um fio de voz.
— NUNCA MAIS REPITA ISSO! — Suas
mãos apertam meu queixo, me fazendo o
encarar. — NUNCA MAIS, ouviu?! Ela é
minha filha!
— Você não ama nem a si próprio! Seu
imundo!
Ele me solta bruscamente, fecho os
olhos, não querendo vê-lo. Armando vira e
sai marchando como um louco até o andar
de cima.
Imundo. Cretino.
Esperei por incontáveis segundos e
limpo meu rosto tomado pelas lágrimas.
Me encaminho até o andar de cima, onde
Clhoe já dormia tranquila na cama.
Beijo sua testa demoradamente, e
sussurro baixo em seu ouvido:
— Mamãe vai voltar meu amor... E vai te
levar daqui, para bem longe. Só nós duas.
Christopher
— Vai Chris?
Tiro minha atenção do computador
olhando Lorenzo na minha frente, o dia
tinha se passado em um piscar de olhos.
Eu evitei ficar pensando em Ágata, por
mais que sua imagem não me saísse da
cabeça.
— Vou. Só vou terminar aqui. — Digo o
olhando.
— Vou apressar aquele pau no cu do
Arthur.
Passo o polegar pelos lábios lembrando
a macies dos seus, do modo como ficava
leve a cada estocada que eu dava.
Por Deus. Estou louco. Desligo o
computador, vendo que meu pau já dá
sinal de vida.
— Tá vendo, Ágata... Mesmo longe você
me enlouquece.
— Digo para mim mesmo.
Passo as mãos pelos cabelos, indo até o
banheiro. Eu não sei o que tinha me dado
para beija-la, só que foi mais forte do que
eu quando vi já estava com a língua em
sua boca, e por Deus! Porque eu não tinha
feito antes! Aqueles lábios macios como
pétalas de rosas, moldados para minha
boca.
Nego com a cabeça e jogo uma água no
rosto, logo saindo da minha sala. Lorenzo
está de pé em frente à sala de Arthur que
guarda alguns papéis com pressa.
Estamos indo para um bar próximo daqui,
eu nem estava tão a fim de ir, mas como
Ágata iria chegar apenas mais tarde, decidi
ir.
Fomos no meu carro, eu sabia que se
não estivesse com condições de voltar,
pegaria um táxi. Lorenzo vai conversando
algo com Arthur que nem presto atenção
direito, minha cabeça estava longe demais.
Eu queria saber o que Ágata tanto fazia
na empresa com Patrick, mas ela me
garantiu que não tinha nada com ele. E eu
acredito. Mesmo desconfiado.
Ela estava em meus braços, ela não ia
mentir.
— Então eu a dispensei, ela era virgem!
Acha que vou comer virgem?
— Não deixa de ser xoxota, Lorenzo!
— Xoxota? Quem fala xoxota hoje em
dia?! É boceta mano
B-o-c-e-t-a!
— Tá... Aí você disse o que para ela? Se
manda gata! — Olho para o lado, vendo
Lorenzo revirar os olhos.
— Disse para ela que não ia rolar, sabe o
perigo que é comer uma virgem? Tirar um
cabaço? Sem contar que mulher tem
aquela baboseira de querer se apaixonar
só porque tiramos o lacre! Ah, qual é?! —
Lorenzo joga os braços para alto e me
encara. — Já comeu uma virgem?
— Claro Lorenzo, não é nada demais. —
Digo o olhando.
— Ela demorou quanto tempo para sair
da sua cola?
Não respondo, estaciono o carro no bar,
descendo logo em seguida. Tinha pouco
movimento, pois era dia de semana,
Lorenzo entra na frente subindo as
escadas do bar. Arthur senta-se à minha
frente, e Lorenzo logo ao meu lado.
— Não vi o Patrick hoje, você viu? —
Arthur me encara e nego com a cabeça
dando um gole no copo de Campari.
— Ele teve uma viagem de última hora.
— Lorenzo explica e logo depois me
encara de canto de olho. – Por que essa
cara de cu?
— Nada. — Digo mexendo o líquido de
um lado para o outro.
— Tá estranho Chris, aconteceu algo?
— Não cara, eu só estou cansando. —
Digo terminando de engolir o líquido.
— Ah, vá! Sou teu irmão, fala o que
aconteceu? — Lorenzo indaga e Arthur o
encara.
— Está com a mesma cara de quando
beijou a Vi... — Arthur para na metade do
caminho, me encarando. — Você beijou a
Ágata?
— Valha-me cristo!
E não tinha mais como negar. Não para
os dois que me encaram como se eu
tivesse acabado de cometer o pior dos
pecados.
— Beijei! Beijei Ágata ontem à noite, e
transamos a noite inteira nos beijando! —
Desabafo como se tirasse um peso das
minhas costas.
Lorenzo tosse descontrolado, enquanto
Arthur bate em suas costas.
— Diz que você tá zoando, mano? Diz
que você não a beijou?
Eu queria rir daquele desespero do
Lorenzo, mas eu não conseguia.
— O mundo vai se acabar! Pronto, pode
vir Jesus! Estou preparado para tudo
agora!
— Para com isso, Lorenzo! Não vê que
Chris está apaixonado!
— Para de zoar Arthur! — Digo o
encarando. — Eu senti vontade de beija-la,
beijei.
— Ah, meu Deus! Lembra seu doente,
quando beijou a Vitória? Você estava
apaixonado! Imbecil, apaixonado! —
Lorenzo indaga e sorrio.
— Ótimo, só falta o Lorenzo casar agora,
para tudo ficar melhor!
— Vá tomar no cu, seu fresco!
— Dá para parar os dois? Eu vim para
conversar e vocês ficam como duas
adolescentes fofoqueiras! — Encho o copo
com mais Campari ouvindo os resmungos
de Lorenzo e Arthur.
— Tá... Sem deboche agora, de homem
para homem, você tá gostando da Ágata,
Chris?
Engulo seco olhando Arthur me encarar
sério. Eu tinha idade suficiente para saber
o que estava sentindo, mesmo camuflando
durante algum tempo.
— Estou. Muito. Pra caralho.
Lorenzo solta o ar longamente e Arthur
sorri me olhando.
— Então por que não diz para ela, Chris?
— Ágata tá me escondendo algo, eu não
sei o que é... Tenho que pôr essa história
dela com Patrick a limpo, o mais rápido
possível.
E precisava. Ou iria morrer de tanto ódio.
— Ágata?
Observo Chris encher a xícara de café
me olhando. Meus cabelos ainda estão
molhados pelo banho recente, ele vestido
impecavelmente.
— O que estava fazendo na empresa
aquele dia?
Pisco algumas vezes, o olhando ficar
sério ao franzir o cenho.
Ele leva a xícara aos lábios tomando
levemente.
— Eu... Chris, eu sei que... Eu preciso
que confie em mim.
— Digo rápido. — Eu vou te contar, eu só
preciso que confie em mim...
Ele fica em silêncio, me olhando
fixamente.
Seguro em sua mão enquanto ele a
aperta e sorrio.
Eu iria contar assim que os papéis do
processo estivessem prontos. Apenas isso.
— Por favor... — Sussurro e ele assente.
— E aquela menina, sobrinha de
Helena? — Ele indaga depositando a
xícara devagar e o encaro.
— É sim.
— É adorável. — Ele sorri.
Sua mão fica por cima da minha
enquanto seus olhos buscam os meus.
— Não quero te ver ao lado de Patrick,
Ágata. — Diz rápido e assinto. — Não te
quero perto dele. Para nada.
— Chris...
— Eu sei que não tem nada com ele, eu
sei. Mas, isso já rendeu demais.
— Você tem razão. Me desculpe. — O
encaro e mordo o lábio.
A campainha soa pelo ambiente, dando
um fim aquela conversa enfadonha. Chris
se ergue indo abrir a porta e fico
segurando uma xícara nas mãos.
Patrick estava me ajudando, como era
amigo de Magno ele conhecia um pouco
mais a fundo do sobrenome Contreiras.
— Ah Chris, eu te esperei até tarde
ontem... Uou..! — Me viro, olhando o irmão
mais novo dele parado. — Tinha que ter
mulher na parada.
— Lorenzo...
— Bom dia, Ágata!
— Bom Dia... — Respondo sorrindo.
Lorenzo era aquele típico homem que te
deixava desconcertada apenas com o
olhar, ele é alto, e bem bonito. Muito.
— Bom, eu vou ter que ir... Tenho que ir
em casa. Foi um prazer rever você, até
mais Lorenzo.
— Até mais, Gost... Ágata!
Chris me segue segurando em minha
mão, pego minha bolsa colocando a
jaqueta no antebraço o olhando.
— Vai vir mais tarde?
— Farei o possível para estar aqui. —
Beijo os seus lábios e ele demora mais um
pouco. O sabor dos lábios junto aos meus,
me deixando anestesiada. — Até mais
tarde...
— Até mais tarde.
Saio quase voando do prédio pegando
meu carro, recebo apenas uma ligação de
Patrick, desmarcando na empresa, e
agradeci mentalmente por isso. Marcamos
em um café perto da minha casa.
Ele estava me ajudando tanto em relação
a guarda da Clhoe, era isso que me fazia
ficar forte a cada dia. Me livrar das
armações de Armando. E poder ficar com
a minha filha.
E Christopher teria que me entender, eu
não queria mentir para o homem que amo.
Desço do carro com pressa, passando
pelas portas de vidros. Patrick está
sentado de costas para mim. Toco em seu
ombro e ele se vira com um sorriso
enorme, beijando meu rosto
delicadamente.
— Desculpa a demora. — Digo me
sentando rápido.
— Quer tomar café? Eu acabei pedindo
algo para nós...
— Eu já tomei, obrigada! Eu... como está
o processo?
Ao contrário do que pensei Patrick não
me julgou em nada quando falei sobre
Clhoe, ele ficou surpreso. E pareceu tão
apaixonado por ela.
Minha intenção era apenas pedir um
contato de um bom advogado, mas ele
insistiu tanto em me ajudar, que aceitei.
Pela amizade. Ele tinha bons amigos
naquele ramo.
— Está indo tudo ótimo, Ágata. Mas... —
Ele me encara e olha para o papel
novamente.
— Mas?
— Você vai precisar me responder
algumas coisas, que vão te ajudar a
conseguir ficar com a sua filha.
Meu Corpo gela por inteiro. Ele não sabia
que eu era uma stripper.
— O-o-o que? — Pergunto sem
esconder o nervosismo.
— Calma, não é nada demais. Só que,
eu percebi que você não fala do pai da sua
filha com muito afeto... — Abaixo a cabeça
tentando conter o frio que se apossa da
minha espinha.
Ele iria fazer a maldita pergunta capaz de
me desmanchar ali.
Não. Não. Não.
— Ágata... Você foi vítima de um
estupro?
Trinco os dentes causando uma dor
aguda do meu maxilar. E toda aquela
tormenta de três anos atrás volta com
força.
— Armando...
— Olha para mim! — Encaro seus olhos
frios. — Um bebê, só nosso... Como prova
do nosso amor...
— Eu quero estudar, Armando! Eu não
quero... — Digo o olhando ficar sério
enquanto segura em meu pescoço.
Ele não aperta, mas é como se
apertasse, causando uma fricção dolorida
em mim.
— Vem cá!
Fecho os olhos com tal lembrança,
enquanto as lágrimas caem copiosamente.
Eu precisava me livrar disso o quanto
antes.
Christopher
— Papai acabou de ligar, disse que
devemos estar em Atlanta. Deu um
problema em uma das cargas que estavam
sendo transferidas para lá. — Ponho a
mão na testa, o olhando.
Estou dirigindo a caminho da empresa,
eu não estava no pique para viajar. Porque
sabia que as pequenas viagens
demoravam até dois dias.
E eu não queria passa dois dias sem ver
Ágata.
— Que inferno!
Lorenzo resmunga algo que não
compreendo, chegamos à empresa e corri
para a sala, pegando alguns documentos.
Arthur teria que ir comigo, como advogado
da empresa.
Pegamos o jatinho meia hora depois, e
mal tive tempo para ligar e avisá-la.
— Ela é diferente, Arthur... Não é como
as outras. — Digo bebendo um gole de
uísque.
Arthur sorri de lado me encarando, fica
um tempo calado e torna a falar:
— Como disse Lorenzo: "Estou pronto,
pode voltar Jesus!”.
— Não seja idiota. Eu demorei mais
tempo para perceber.
E era verdade, eu tinha demorado em
perceber que estava louco por Ágata. E ter
dito aquilo ontem à noite me fez libertar
algo dentro de mim. Só o que ainda rodava
minha mente era saber que Patrick não
tinha pulado fora, ainda.
— Já pensou como vai falar para Patrick
que você está apaixonado pelo anjo dele?
— Arthur se ergue pegando meu copo e
enchendo com mais bebida.
Senta novamente bebericando o líquido
do seu.
— Porque quer queira, quer não... Ele
também gosta dela.
— Eu não posso contar assim, de uma
hora para a outra, Arthur. Isso é coisa que
vamos fazer juntos... Eu e Ágata. —
Deposito o copo na mesa devagar, o
olhando.
— Vai ser uma explosão e tanto, Chris.
O encaro fixamente.
— Nós nos atraímos desde a primeira
vez que nos vimos Arthur. Foi algo que não
planejamos.
Desembarcamos alguns minutos depois
na perfeita Atlanta. E como previsto, a
viagem ia durar três dias enfadonhos. Eu
tinha um pequeno apartamento aqui, o que
facilitava sempre que precisava viajar.
Fui para a sede junto com Arthur, onde
passamos o restante do dia trancados. A
rede de petróleo tinha suas vantagens.
Mas também suas desvantagens, as
viagens eram uma delas.
— Estou morto de fome, vou direto para
restaurante, você vai?
— Não, eu como algo que tiver lá. Vou
descansar. — Digo entrando em meu
carro.
Eu não estava sentindo fome alguma.
Cheguei ao loft, pegando meu celular
enquanto discava o número de Ágata,
chamou, chamou até cair na caixa postal.
Eu tinha esquecido os sintomas do amor,
esqueci o quanto o sentimento nos deixa
atordoado e maluco.
— Que saudade, Loira. — Deixo a
mensagem na caixa postal.
E estava mesmo.
Seria mais divertido se ela tivesse aqui.
Mesmo há trabalho, eu iria adorar tê-la
comigo.
Digito apenas uma mensagem, dizendo
que ia chegar daqui a três dias de uma
viagem de última hora.
Ágata
— Entra no carro antes que eu te ponha
para dentro com minhas próprias mãos! —
Ele diz baixo, mas com a voz firme e rude.
Olho para o lado, vendo Clhoe distraída
com Vânia, enquanto Helena estava ao
meu lado tentando me soltar.
Armando tinha literalmente me pegado
de surpresa, Patrick teve que resolver um
assunto da empresa. Armando apenas me
encara com muita raiva, o aperto em meu
braço ficando mais forte.
— Armando está chamando a atenção
de todos! — Helena diz entre dentes. —
Solta ela antes que eu faça um escândalo
dos grandes aqui!
— Faça um escândalo, que eu te mando
para rua hoje mesmo.
— Diz encarando Helena friamente. — E
você, vai vir comigo antes que eu saía
daqui com Clhoe e você nunca mais vai
vê-la entendeu?
— Posso ajudar? — Viro meu pescoço,
olhando Christopher parado sério.
Mil e uma coisas passando pela minha
cabeça. O ódio que a pouco estava em
seus olhos foi substituído por uma mescla
de sentimentos. O que eu mais queria era
falar tudo o que aconteceu.
— Claro que pode. — Armando começa
e me solta imediatamente, seu braço agora
aperta minha cintura me puxando para
perto do seu corpo. — Tem como
convencer minha mulher a ir para a nossa
casa?
Percebo Christopher trincar o maxilar
com as palavras frisadas.
— Ela não parece muito contente em ir
com você.
— Eu não sou sua mu...
— Vamos meu amor... Nossa filha está
esperando por você.
— Precisa de ajuda para levar a sua
mulher para casa? — Chris pergunta sério.
— Deve ser tão ruim assim sua casa para
alguém ajudar a convencê-la a ir para lá...
— Christopher, por favor! — Helena
pede, já prevendo uma catástrofe.
Percebo os seguranças se aproximando,
formando aquele tumulto pré briga.
— Tomando as dores dela?
— Armando... Eu vou com você. Agora
pare com isso! — Digo entre os dentes.
Eu não tive coragem de olhar para
Christopher e ver sua reação, abro a porta
do carro, vendo Armando sorrir
diabolicamente.
— Tá vendo, é para mim que ela sempre
volta. Sempre.
E tudo acontece rápido, quando
Christopher acerta o nariz de Armando
com força o jogando sobre a calçada. Tapo
a boca prendendo um grito que chega até
a garganta.
Em um minuto, o motorista de Armando
dá a volta no carro, os seguranças
segurando Christopher, que tenta passar
como um trator.
— Filho da puta!
— Christopher, pare com isso! Pelo amor
de Deus! — Peço o olhando.
Ouço o choro de Clhoe, me viro e a
encontrado nos olhando assustada
enquanto chora. Armando sendo contido
pelo motorista. Lorenzo desce correndo
junto de Arthur, parando em frente nós
dois.
— Me solta!
— Helena, fique aqui! Eu... Eu falo com
você depois!
— Você me paga, seu play boy de
merda! — Armando diz, pondo o dedo em
riste.
Abre a porta do carro praticamente me
jogando dentro. Eu iria me resolver com
Armando primeiro, depois Christopher iria
me ouvir de um jeito ou de outro.
O caminho foi feito em silêncio. Vânia
não me encarava, muito menos Armando,
que esfregava um pano no nariz. Clhoe
estava aninhada em meus braços, sorrindo
enquanto brincava com meu colar.
Entro na casa e Vânia a pega no colo,
saindo. Armando continua de pé me
olhando, nego com a cabeça o fitando.
Como pude me deixar levar por esse
homem um dia?
— Tem algo para me falar, Ágata?
— Eu só vim para te dizer uma coisa:
Você não tem poder nenhum sobre minha
vida, Armando! Nunca teve! — Disparo o
olhando cerrar o maxilar, enquanto joga o
lenço em cima da mesa com brusquidão.
— Não pense em usar Clhoe para me
prender a você, porque não vai conseguir!
— Acha mesmo que ele vai ficar com
você? Acha mesmo, Ágata?
— Chega de querer mandar em mim!
Chega de me bater, chega! — Minha
garganta rasga enquanto o encaro. — A
Ágata que você trouxe para essa casa há
três anos, não existe mais! Eu tenho nojo
de você, nojo!
— Acha que vai ganhar o que com essa
rebeldia? — Sussurra saindo de trás da
mesa. — Não vai deixar de trabalhar na
boate porque tem contrato, não vai deixar
de vir aqui, porque tem a Clhoe... Estamos
ligados meu amor... Para sempre,
entendeu?
Me esquivo do seu toque em meu
queixo. Se eu voltasse no tempo, eu
jamais iria ter caído nessa.
Mas não podia voltar, não tinha como
desfazer o que já estava feito. E eu teria
que lidar com minhas escolhas e decisões.
— Eu não sou sua propriedade,
Armando! — Disparo séria.
— Quer o que? Quer sua liberdade? —
Pergunta sarcástico.
— Eu não sou presa a você, Armando!
Nem a você, nem a ninguém!
— Então, Ágata... O que você quer meu
amor? Quer brincar de vida de patroa? Eu
dou tudo o que você quiser Ágata!
— Eu quero que você suma da minha
vida! Quero que me deixe viver com minha
filha em paz...
Ele para me olhando e se vira de costas
andando de um lado para o outro
continuamente. Armando volta a me olhar,
sorrindo diabolicamente.
— Quer viver sua vida? Vá meu amor!
Agora minha filha, você não leva para
lugar nenhum! — Ele abre os braços
sorrindo.
— Quer sua liberdade? Problema seu!
Agora vai precisar arcar com suas
consequências!
— Ela é minha filha também! Ela é
minha! O que eu puder fazer para lutar por
ela, eu vou fazer Armando. E nem você,
nem ninguém vai me impedir!
— Será? — Ele se aproxima e o encaro
de cima a baixo. — Eu vi o modo que ele
te olhou, está com ódio de você.
Ele sorri e no fundo ele poderia ter razão,
mas eu não iria me esconder do homem
que eu amava. Nem negar mais nada.
— Quero que vá para o inferno,
Armando!
Bato a porta com força, saindo daquela
casa o mais rápido possível. Pego um táxi
rápido, indo direto para o meu
apartamento.
Eu não esperava encontra-lo ali na
empresa, só que o desespero falou mais
alto quando a audiência foi marcada para
daqui a dois meses. E pronto. Eu iria
contar assim que ele chegasse.
Os olhos acusadores em cima de mim
me mataram por dentro. Jogo as chaves
no aparador e tomo um banho rápido,
vestindo uma calça jeans e uma blusa
preta.
— Eu achei que iria acontecer uma
desgraça. — Helena se se senta no sofá e
a encaro.
— Eu acho que ainda vai, Lena. Viu a
cara do Christopher em minha direção? —
Ofego, mordendo o lábio.
— O que me petrificou foi isso, Ágata.
Armando está com ódio. — Ela se ergue,
andando de um lado para o outro.
— Eu preciso falar com o Christopher. —
Pego a bolsa e me despeço dela
rapidamente.
Meu coração batendo forte e rápido no
peito, ele tinha que me ouvir. Ele precisava
me ouvir.
Mesmo por cima do ódio. Da arrogância.
Eu entendi a fúria dele ao me expulsar
da sua sala e a raiva por ele ter achado
que tudo que vivi com Armando foi lindo.
Subo no elevador assim que o porteiro
libera minha entrada, e suspiro. Ao menos
não me proibiu de entrar aqui.
Toco a companhia insistentemente e
nada.
Tamborilo os dedos na porta, voltando a
insistir apertando o botão.
— Chris! — Bato incontrolável na porta.
Até que a maçaneta gira, mostrando uma
morena coberta apenas por um roupão
felpudo, seus olhos azuis me encaram dos
pés à cabeça com um olhar de nojo.
Era a mesma do jantar.
— Sinto muito... Acho que deve ter
errado de prédio...
Semicerro os olhos a encarando.
— Eu vim falar com o Christopher! —
Digo pondo a mão na porta a afastando.
— Ele está no banho queridinha....
— Não perguntei onde ele estava eu vim
aqui para falar com ele e só saio daqui
quando o fizer. Nem que passe por cima
de você para isso!
Capítulo 20
Ágata
— Conheço você de algum lugar...
— Encaro a morena com os cabelos
enormes soltos, me encarando com o nariz
franzido.
Minhas mãos estavam trêmulas por
encontrar esse projeto de vadia aqui. Ele
nem me deixou explicar e já estava com
ela em sua cama. Ótimo. Perfeito.
— Você atrapalhou o nosso super e
incrível sexo. Melhor sair daqui.
Não me intimido. Iria fazê-lo engolir a
verdade a trancos e barrancos.
Ela está de braços cruzados, mordendo
o lábio. Imito seus gestos, arqueando as
sobrancelhas.
— Eu tenho certeza que te conheço de
algum lugar.
— Não conheço você. — Digo por fim.
— Eu não esqueço um tipinho desses
como você queridinha. — Ela diz e sorrio.
— Pouco me importa...
— Megan você não foi embo... —
Christopher desde as escadas com uma
calça de malha azul e sem camisa,
enquanto enxuga os cabelos com uma
toalha. — Ágata?
— Preciso falar com você. — Digo o
encarando.
— Meu bem, ela invadiu o apartamento
querendo falar com você aos berros! — A
idiota sai correndo, parando ao lado de
Christopher, que me encara.
Passo a mão na testa, tentando não
sufocar essa iguana com minhas próprias
mãos.
— A única pessoa que invadiu minha
casa foi você, Megan! Já era para ter saído
faz tempo! — Diz olhando a tal da Megan
com asco, enquanto ela pisca várias
vezes.
— Mas meu bem... Eu...
— Vá embora, Megan!
Me acomodo no sofá, vendo a cena
completa da tal Megan tirar o roupão
mostrando o belo vestido por baixo.
Sorrio a encarando e balanço a cabeça.
Ela sobe às pressas, voltando em
seguida com uma pequena bolsa nas
mãos, me olhando.
— Isso não vai ficar assim!
— Eu tô morrendo de medo de você. –
Aceno sorrindo, enquanto ela dá um passo
à minha frente e eu dou dois em sua
direção.
Observo Christopher bater a porta e logo
depois ir até o pequeno bar encher um
copo com alguma bebida. Eu não me
mexo, fico do mesmo modo o olhando
levar o copo de vidro à boca.
— Você não tem motivos para querer me
ouvir... Mas eu vou falar Christopher! —
Me ergo rapidamente assim que ele se
senta na poltrona.
Os olhos varrendo meu corpo, o silêncio
pairando no ar.
— O que quer falar? Dizer por que
mentiu? Por que escondeu que tinha uma
filha? Por que preferiu confiar em Patrick, a
mim?
— Eu não escolhi um lado, Christopher!
— Passo as mãos pelos cabelos,
suspirando.
— Escolheu sim! Escolheu quando
decidiu omitir que era mãe, Ágata! — Ele
se ergue e o fito.
— Eu mal conhecia você! Era um
arrogante metido a besta, o que queria que
eu falasse?
— Ao menos verdade! Que teve uma
filha com aquele cafetão de merda! — Seu
peito sobe e desço, eu me viro. — Que
viveu com ele durante anos! Era isso que
eu esperava que você me contasse!
Jogo os braços sobre o corpo, sorrindo
entre as lágrimas que desciam.
— E o que você iria fazer? Espera. Eu
respondo. Me ofender como sempre faz
quando está bravo! Gritar! E agir como se
fosse à vítima disso tudo!
— Vítima, Ágata? Você mente o tempo
inteiro! Não contou no começo, que merda
te impedia de contar quando estávamos
juntos? — Ele berra e balanço a cabeça.
— Por medo de agir como está agindo
agora! — O encaro gargalhar e suspiro.
— Por isso foi correndo para o Patrick!
Parabéns. — Ele ainda sorri e limpo o
rosto com as costas das mãos.
— Eu fui sim até o Patrick e não por
interesse ou o que você pensa nessa sua
cabeça de merda, Christopher!
— Você não faz ideia das merdas que eu
penso.
— Então não tenho porque está aqui! —
Dou de ombros, pegando minha bolsa. —
Se eu quisesse estar com o Patrick, eu
estaria! E garanto a você, que não foi por
falta de investidas dele...
Não acabo de formular a frase, enquanto
ele me encara o rosto a centímetros do
meu.
— Não me provoque Ágata...
— Ou vai fazer o que, Chris? Você só
ouve e entende o que quer! — O empurro
entre lágrimas. — Não tenho porque estar
aqui...
— Que inferno, caralho! — Ele rebate e o
encaro.
Me afasto segurando a maçaneta e
apenas o encarando sobre o ombro
disparando:
— Clhoe é tudo que tenho na minha vida,
Christopher. Eu não escondi minha filha de
você! E nunca faria tal coisa... Eu só
estava protegendo a única coisa que me
restou!
E fecho a porta, rapidamente coloco a
mão sobre a boca, arfando. Eu estava
cansada de brigar, de discutir, de tentar me
explicar.
Me afasto, apertando os botões do
elevador com mais força do que o normal e
parece demorar meio século para chegar.
E então ouço a porta se abrir devagar,
mas não me viro para encará-lo.
— Ágata... — O ouço sussurrar e fecho
os olhos, ouvindo os passos se
aproximarem de mim.
O elevador se abre e paro, quando o
sinto tocar em meu braço.
— Não vai, não. — Ele pede, virando
meu rosto e ficando a centímetros com o
seu.
— Por que você é assim, Christopher? —
Sussurro o olhando enquanto passa o
polegar por minhas bochechas.
— Eu sou um idiota, um idiota que é
louco de ciúmes de você, Loira. – Diz
engolindo em seco.
Fito o elevador e suspiro, vendo o
mesmo se fechar.
— Eu prometo te ouvir. Prometo. —
Indaga enquanto entrelaça os dedos aos
meus e entramos na sala de estar.
Ele se senta ao meu lado, assim que me
entrega um copo com um dedo de uísque,
tomo rapidamente.
— Se Armando sonhar que estou
tentando ficar com Clhoe... Ele... —
Começo a falar baixo e ele me encara
fixamente.
— Ele vai o que?
— Você não sabe do que ele é capaz
Christopher... — Sussurro, apertando o
copo nas mãos levemente.
Ele me fita e suspiro.
— Eu só preciso entender Ágata... Do
que ele é capaz?
Sinto minhas mãos tremerem e ele pega
o copo de minhas mãos devagar.
Fecho os olhos, tentando não demostrar
a raiva e a tristeza que me consome.
— Eu tinha 15 anos quando vi Armando
pela primeira vez, na casa de um amigo do
meu pai. — A voz sai como um sussurro
inaudível. — E ele ficou insistindo...
Quando eu estava perto de fazer 17...
— 17 anos? Quantos anos ele tinha?
— 30. — Digo baixo e o encaro. — Nós
nos envolvemos...
— Se envolveram?
— Sim. — Digo o olhando. — Meu pai
descobriu que eu estava com ele e acabou
me colocando para fora de casa, eu não
tinha para onde ir... Nem o que fazer.
Sorrio sem humor e Christopher está
sério, me olhando.
— Acabou que eu e Armando fomos
morar juntos, no começo eu acreditei que
estava em um conto de fadas. — Fito
meus sapatos e suspiro. — Aí comecei a
trabalhar na boate... Como bar girl.
Sorrio fitando meus pés e suspiro.
— Mas eu queria dançar. E a cada dia,
Armando demonstrava ser uma pessoa
possessiva, mais que o normal.
Travo a respiração tentando controlar
minhas lágrimas.
Eu não posso desmoronar, não posso.
— Não vai sair para lugar nenhum! É
minha mulher e é aqui que vai ficar! —
Seus gritos ecoando dentro do meu
ouvido.
— Eu só ia até a casa da minha mãe! —
Seguro na lapela do seu casaco. — Por
favor, Armando!
Tento não soluçar o encarando, mas
suas mãos são tão fortes me pegando, que
não consigo esboçar sentimento algum. Só
aquela raiva em passiva.
— Eu vou ver a minha mãe! Armando....
— Não, Ágata. Você não vai para canto
nenhum! Vai ficar aqui! Não vai sair!
— Eu não conseguia reconhecer aquela
pessoa que me fez acreditar no amor. Tola,
não é? — Fecho os olhos, tentando não
pensar nas lembranças horrendas. — Aí
conheci Helena, e nos tornamos muito
amigas. Então acabou me chamando para
morar com ela.
— Ágata...
Christopher está parado me encarando,
o rosto distorcido. Meus olhos nublam a
visão, aquela cena passando pela minha
cabeça, rodando. E um bolo se forma
dentro da minha garganta.
— Você descobriu que estava grávida...
E voltou para casa dele? — Olho para
cima, passando a língua pelos lábios. —
Não foi isso?
E as lágrimas vão rolando sem parar.
Eu me lembrava de cada detalhe
daquele dia, de como ele me arrastou da
casa de Helena, até a sua. De suas
palavras me falando que eu era apenas
dele. E que iria me matar se eu o deixasse.
E foi inevitável conter um soluço que saiu
da minha garganta.
Aquele choro copioso que eu sempre
tinha todas as noites antes de dormir,
daquele choro que não sessava de modo
algum.
— Armando me arrastou porta a fora,
para a casa dele... — Digo baixo, contendo
um soluço.
Christopher passa as mãos pelos
cabelos, franzido o cenho como se
previsse o que eu iria contar.
— Eu não pude fazer nada, eu não pude
lutar Christopher... E eu não sabia qual era
o real motivo dele... Qual a intenção de
fazer aquilo! — Suspiro e ele me encara
balançando a cabeça. — E eu entendi
quando soube que estava Grávida.
Me levanto com dificuldade, sentindo o
peso do meu corpo.
— E quando... Quando Clhoe nasceu...
Eu tive que ficar... Ficar presa a Armando,
ficar naquela casa pela minha filha!
Eu não conseguia ver o rosto dele, nem
o que fazia. Apenas abraço meu corpo,
fungando baixo.
— Armando a levou para morar com a tia
dele quando ela completou um ano... —
Limpo o rosto com as costas da mão. Meu
coração batendo forte, meu rosto banhado
por lágrimas que descem quentes. — E eu
só à via quando ele achava "necessário".
Viro fitando o seu rosto que está
impassível. Me encarando sério.
— Eu procurei Patrick... Porque eu não
queria que soubesse disso, Chris! Por que
dói lembrar...
Ele não se move. Após longos minutos
ele se ergue passando a mão pela boca.
— Eu preciso da guarda da minha filha!
— Digo entre soluços abafados. — Eu
estou cansada, Christopher! Cansada...
Eu deveria ter contado antes, deveria ter
colocado a boca no trombone, mas eu
sabia que Vânia levaria Clhoe para longe
de mim se eu tentasse algo contra ele.
— Eu tentei fugir com Clhoe, quando ela
era apenas um bebê.
— Relato, fechando os olhos. —
Armando a levou para a fazenda que ele
tem no sul do estado, passei meses sem
ver minha filha.
Eu estava com as mãos atadas, só tinha
um modo de reverter isso, e era fazendo
tudo às escondidas.
— O que ele fez com você, Ágata? — Se
vira, perguntando com uma voz
irreconhecível.
Seus lábios estão trêmulos, aquela
expressão transtornada. E meu peito
dispara.
— Chris... Me ouça! — Soluço segurando
em seus braços.
— Olhe para mim, eu estou bem agora...
Eu só preciso ter a minha filha...
— O que ele fez com você, Ágata? —
Pergunta mais uma vez, arfando.
— Olhe para mim! Eu estou bem... —
Peço em súplica, o olhando.
— Está bem, Ágata? Bem? Por... Por
Deus! — Ele sorri. Mas não há nenhum
traço de humor.
— Christopher...
— Ele abusou de você! Ele... Meu Deus,
Ágata! — Se solta bruscamente, passando
as mãos pelos cabelos. — Que tipo de
monstro é esse homem?
Eu me calo. Porque não queria aumentar
o ódio que ele estava sentindo, eu não
queria dar um motivo para Chris bater em
Armando e prejudicar a minha filha.
— Me dê um bom motivo para não ir lá,
mata-lo agora?
Arregalo os olhos no mesmo instante,
minhas pernas ficando dormentes
enquanto agarro na lapela de sua camisa
com toda a força que tem em meu corpo.
— Christopher, pare! Olhe para mim! —
Ele se desvencilha.
— Não tem um bom motivo, não é?! —
Diz se encaminhando para o elevador e
seguro em seu braço.
— Se você for lá, ele vai saber que te
contei e vai levar Clhoe para longe de mim!
— Digo rapidamente e seus olhos
encontram os meus. — Eu estou bem, eu
juro!
Ele nega com a cabeça e me encara.
Fungo baixo o olhando.
— Eu... Estou bem...
Eu sinto apenas os braços me cercando
em um abraço sufocado, apertado. Enterro
o rosto em seu peito, enquanto suas mãos
prendem minha cabeça.
— Eu...estou...bem. — Repito, soltando
um soluço que se rompe.
E o encaro assim que ele ergue meu
rosto com o dedo indicador.
— Não quero que aconteça nada com
você, Chris...
— Ele fez coisas terríveis com você e
você está com medo por mim?! — O
polegar passa pelas minhas bochechas e
seguro em sua mão a beijando.
Seu cheiro me inebriando por completo é
impossível controlar novamente o choro
que me invade. Eu estava me sentindo tão
segura, como nunca tinha me sentido em
toda minha vida.
— Você vai ter sua filha de volta, Ágata...
— Sussurra baixo e firme.
Ele está sério, com os olhos fixo nos
meus, completamente presos.
— Me perdoa! Me perdoa por ter dito
coisas horríveis para você...
Nego veemente.
— Eu deveria ter te contado Christopher!
Eu procurei Patrick, porque estava
desesperada sem saber o que fazer... E eu
estava com medo.
Eu estava com o coração aos pulos,
sentindo um alívio por ter contado essa
história.
— Você não está mais sozinha, Ágata.
Eu prometo.
Ele acabou insistindo para eu dormir com
ele. E pelo nosso estado depois daquela
longa conversa, eu não protestei. Acabou
contando que a tal da Megan, tinha
chegado antes de mim, ele disse que não
tinha feito nada, o que acabou me
convencendo pela roupa escandalosa que
ela estava por baixo daquele roupão.
Fiquei por horas deitada em seu peito,
apenas ouvindo as batidas do seu
coração, enquanto ele afagava meus
cabelos em silêncio.
Até que adormeci sem nem ao menos
perceber.
Chris estava calado quando acordamos
pela manhã, tomei um banho e desci, indo
em direção à cozinha, onde ele estava
falando ao telefone.
— Oi... — Digo assim que ele me encara.
— Oi. — Coloca o celular na bancada e
me sento no banco.
— Arthur está vindo para cá. — Chris
estende uma caneca de café em minha
direção, que seguro nas mãos
rapidamente.
Assinto com a cabeça rapidamente.
— Você vai precisar contar tudo para ele,
Ágata.
Mordo o lábio, enquanto ele deposita um
beijo demorado em minha testa e me
encara.
— A gente precisa fazer isso. Arthur é
um excelente advogado e de extrema
confiança.
— Chris...
— Se não se sentir a vontade, você para.
Tá? — Assinto e ele sorri de lado. — Eu
vou estar bem do seu lado...
Me beija demoradamente e fica me
olhando por alguns segundos.
Christopher
Ágata me encara e se encolhe
rapidamente quando Arthur chega, junto
de Lorenzo, eu apenas resumi
rapidamente pelo telefone e eles
perceberam que minha cara não estava
nada boa.
Aquela raiva que eu estava sentindo não
ia passar tão cedo, faço um sinal para
Lorenzo, que percebe de imediato.
— Eu vou fazer uma ligação para a
empresa, volto em um instante. — Beijo
Ágata rapidamente e ela assente.
Eu tinha sido um canalha na noite
interior! Mas estava com raiva. E merda.
— Não acredito que aquele imundo teve
a cara de pau de fazer isso! — Lorenzo me
encara, cerrando o punho. — Sou contra
homem que bate em mulher! Filho da puta,
do caralho!
— Eu preciso que me ajude em algo,
Lorenzo. — Digo em um fio de voz.
Eu não senti meu sangue correr nas
veias quando ouvi o que Ágata falou, eu só
estava cego por um ódio fora do normal.
Eu não iria fazer com minhas próprias
mãos, para não atrapalhar ela a conseguir
a guarda da filha dela.
Só que ele iria aprender.
— Quero que pague alguém, não sei
como... Quero que forje um assalto, ou
qualquer coisa do tipo, e deem uma surra
daquelas bem dadas, em Armando. —
Digo, olhando Lorenzo que sorrir
diabolicamente. — Queria fazer eu
mesmo, mas não vou prejudica-la.
— Não precisa falar duas vezes, irmão.
— Ele sorri e me ergo.
— Lembrando que não é pra usar nem
nosso sobrenome, nem o da Ágata. —
Estava com tanta raiva, só aquilo iria
amenizar ao menos 1% dela.
— Deixa comigo, aquele pica fina vai ver
o que é ter rola grossa!
Eu iria adorar vê-lo todo surrado.
Voltamos para a cozinha, onde Arthur
ainda conversava com Ágata, que relatava
tudo. Percebi as mãos trêmulas, ela estava
nervosa.
— Bom você tem ótimas condições de
ficar com a guarda da sua filha. — Arthur
começa e nos encara. — Agora,
comprovar o abuso sem nenhuma prova
ou testemunha, fica difícil.
— A palavra dela não conta, Arthur?
— Já se passaram quase quatro anos,
Chris! Eu só preciso deixar Armando
desprevenido.
— Tenho Helena, ela sabe... — Ágata diz
o olhando.
— Vamos ter que conversar com o
advogado que estava preparando tudo, eu
vou levar esses papéis para o fórum e
solicitar a audiência para o mais breve
possível. — Consegui ouvir o sopro de
alívio que Ágata soltou.
— Isso é um bom sinal. — Ponho minhas
mãos em cima da sua, enquanto ela sorri.
— Ágata? — Olho para trás, vendo
Patrick parado na porta, nos encarando.
Ágata me encara, voltando a olhar para
Patrick, que encara nossas mãos.
O clima se instala dentro da cozinha.
— O que está fazendo aqui?
— Estamos resolvendo um problema,
Patrick. Algo... É... — Lorenzo se põe a
frente dele.
Fecho o punho instantaneamente.
— Patrick... — Ágata começa, mas se
cala rapidamente.
— Está acontecendo algo? — Ele torna a
perguntar.
Arthur me fita e solto o ar.
— Ela está comigo. Não está vendo,
Patrick! — Me exalto o encarando.
Capítulo 21
Christopher
— Ela está com o Chris, por que...
Porque precisou de um advogado urgente!
— Lorenzo entra em minha frente, antes
que eu possa falar qualquer coisa.
O fuzilo com o olhar, querendo esganar
Lorenzo.
Patrick ainda estava nos encarando
sério, o rosto meio pálido tamanho susto
que deve ter tido.
— O que aconteceu, Ágata? — Ele
desvia diretamente para ela, que está em
pé com as mãos entrelaçadas em cima da
mesa.
Eu me amaldiçoo pela falta de coragem
em mim, ou até mesmo pela situação.
Então desvio levemente, subindo as
escadas, que saco. Que inferno.
Mas também, será que ele é tão burro ao
ponto de não perceber que pingo é letra,
inferno!
Caralho, que ódio!
— Não seja tão burro, Christopher! — Me
viro, olhando Lorenzo entrar com as mãos
para alto.
— Mais cedo ou mais tarde, eu vou falar
com Patrick e nem você, nem ninguém vai
me impedir! — Digo pondo o dedo em
riste. — Já chega dessa palhaçada!
— Chega dessa palhaçada, você! Se
quiser falar algo para Patrick, chegue
como um homem e converse! — Diz baixo
mas com a voz firme, para que só eu
possa ouvir.
— E você acha que vai acontecer o
que?! Vamos sentar conversar, ele vai dar
tapinhas nas minhas costas e me
parabenizar? Acorde, Lorenzo!
— Foda-se o que vai acontecer, só não
pode ser do modo que seria agora!
Eu apenas solto uma gargalhada
exuberante, negando com a cabeça.
— E como iria ser Lorenzo?
— Você indo brincar de quem tem mais
testosterona, Christopher!
Um nó se forma dentro da minha
garganta, enquanto arranco a camisa com
força.
— Quero ver quando estiver na minha
pele, Lorenzo. Quando gostar de alguém
ao ponto de não se importar com mais
nada! E nem ninguém, Lorenzo!
— Eu? Gostar de alguém?! Olhe para
mim, Chris! — Pende os braços e abotoou
a camisa preta de mangas rapidamente. —
Isso não vai acontecer, porque eu sei a
hora de parar!
— Pimenta no cu dos outros é refresco,
irmão!
Eu não iria discutir pouco me importava o
que iam pensar ou falar. Eu iria conversar
com Patrick e ninguém ia me impedir.
— Raciocine e pense. Prejudicar a Ágata
é a última coisa que você quer. — Diz
pegando em meu ombro, dando um aperto
de leve. — Então, Christopher... Raciocine.
Reviro os olhos bufando. Outra coisa que
estava me deixando como um vulcão
prestes a entrar em erupção. Armando.
Queria vê-lo a beira da morte.
Desço as escadas rapidamente, olhando
Patrick conversar com Arthur junto de
Ágata, que os olhava atenta, em alerta a
cada fala dirigida.
Apenas me aproximo, colocando as
mãos nos bolsos, olhando-os em total
silêncio. E Arthur começa a dar instruções
do que podemos fazer.
— Tem certeza que pode conseguir que
o irmão dele testemunhe a seu favor? —
digo a olhando de lado.
— Sim, eu vou conversar hoje mesmo
com Magno. — Diz me olhando. — Ele
sempre foi muito meu amigo...
— Difícil um irmão ficar contra o outro
assim. — Lorenzo diz e me encara.
— Então com isso, acha que Ágata
consegue a guarda de Clhoe? — Patrick
indaga, olhando Arthur.
— Com isso e mais algumas avaliações
que irei solicitar ao juiz responsável. — fala
assumindo um tom profissional.
— Quais avaliações Arthur? — Lorenzo
questiona, demonstrando estar prestando
atenção ao dialogo que se desenrola.
— Como vocês sabem a minha área de
atuação é a empresarial, mas antes de vir
para cá liguei para uma amiga advogada
que atua na área de família e ela me
aconselhou a solicitar uma avaliação tanto
da assistente social como uma avaliação
psicológica da Clhoe. Assim com esses
laudos mais os testemunhos de Helena e
Magno teremos grandes chances de
ganhar o caso. E de quebra ferrar com a
vida do Armando por abuso e alienação
parental.
— Mas com estas avaliações não vamos
pega-lo de surpresa Arthur. — Digo
convicto.
— De toda forma Chris não iriamos
pega-lo tão de surpresa assim. Armando
ira receber uma notificação da audiência,
então Ágata é melhor se preparar para os
próximos dias, sei que ele não ira lhe dar
uma trégua quando isso acontecer. — Vejo
o semblante dela mudar ao escutar as
palavras saindo dos lábios de Arthur.
— Haja o que houver Ágata estamos
com você. — Digo segurando sua mão fria.
— Eu não... Não sei como agradecer a
vocês. — Ela nos encara com um meio
sorriso.
E sinto meu estômago se contorcer com
aquele sorriso.
— Ver a felicidade de vocês duas já
basta, meu doce. — Patrick segura em sua
outra mão, que está pousada na bancada.
Travo o maxilar no mesmo instante,
tentando não socá-lo.
Mantenha a calma, Christopher.
Mantenha sua calma.
— Eu vou... Vou ter que ir para a
empresa. Fiquem aí se precisarem. —
Digo tentando virar as costas e sair. — Vou
subir para pegar umas coisas.
E subo impacientemente, querendo jogar
aquela merda no ventilador de uma vez
por todas.
— Chris... — Me viro, a olhando cruzar
os braços. — Não faça uma besteira, eu
vou conversar com Patrick. — Diz em um
sussurro baixo.
— Ele sabe do que você trabalha? —
Pergunto arqueando as sobrancelhas.
Não foi uma pergunta grosseira, nem
hostil.
— Eu irei conversar com ele,
Christopher. Só peço que espere, por
favor... Eu não quero apunhalar Patrick
pelas costas, depois de tudo que ele fez
por mim!
— Apunhalar, Ágata? Não estamos
apunhalando ele, porque vocês não têm
nada!
— Eu sei Christopher! Eu... Eu irei
conversar com ele, é só o que peço a
você! Por favor!
Eu deveria ter ficado puto com tudo isso,
mas eu não o fiz.
Apenas enlacei o pescoço fino entre
minhas mãos, a beijando com tudo de
mim. Aperto sua cintura com uma mão,
enquanto a outra prende os cabelos
firmemente.
A língua em uma batalha frenética e
deliciosa com a minha.
Era o sentindo de estar apaixonado. É
confiar.
Fui para a empresa, deixando Ágata ser
levada para casa com Arthur e Lorenzo.
Patrick saiu comigo, sem falar mais que
três palavras. Passei o restante do dia
preso entre mil relatórios. Até foi melhor,
para tentar deixar a cabeça no lugar.
Lorenzo me ligou, falando que a surra
dada em Armando, tinha sido coisa de
cinema. Minha alma tinha ficado quase
lavada. Só faltava meu punho em seu nariz
para completar.
E não iria demorar a eu fazer isso.
A única coisa que não saía da minha
mente, era Ágata. Tudo que tinha me
falado estava rodando e rodando na minha
cabeça, como se fosse me enlouquecer.
Em pensar na Ágata de 17 anos... Sendo
mãe e sozinha. Faz um arrepio se apossar
da minha espinha, uma menina que teve
que ser tornar mulher, a força.
Era horrendo. Monstruoso.
Tudo que ela tinha passado. Quantas
vezes ele abusou dela? Foi apenas uma?
Ou foram várias?
Forçar uma gravidez, colocar uma
inocente no mundo de uma forma tão suja.
A cadeia será pouco para ele.
Meu Deus. Aquilo estava me
enlouquecendo.
— Chris? — Olho para a porta e suspiro,
vendo mamãe parada sorrindo.
— Mãe, que surpresa! — Beijo seu rosto
enquanto ela sorri. — Papai não veio?
Ela assente e mordo o lábio.
— Patrício entrou na sala de Patrick,
para resolverem algo. Vim ver como está,
parece que esquece que tem mãe... O
único que ainda vai me visitar é Patrick,
porque você e Lorenzo me saíram pior que
encomenda!
Reviro os olhos, sorrindo com seu
drama.
— Prometo jantar em sua casa amanhã,
ando ocupado com as coisas da empresa.
— Beijo suas mãos, enquanto ela sorri me
analisando. — O que foi?
— Está diferente meu amor... — Indaga,
colocando a mão em meu rosto e suspiro
leve.
— Diferente, como?
Minha mãe tinha aquele olhar de todas
as outras mães, quando sabem algo que o
filho tenta esconder. Mas ela parecia ler
meus olhos.
— Já vi esse olhar uma vez, Christopher.
Sabe que conheço você e seus irmãos
melhor que ninguém.
— Estou bem, Dona Clarisse. Eu juro.
Tentei desconversar, mas parecia ser em
vão, quando ela colocava algo em sua
cabeça. Apenas desviou do assunto,
quando Lorenzo chegou.
Ai ela começou a pegar no pé dele. Para
o meu alívio e desespero dele, que quase
saiu correndo.
Eu não vi Patrick durante o dia inteiro,
nem o procurei para falar a verdade.
Estava cansado e exausto.
Patrick
Algumas horas antes...
Ágata
A sua mão aperta firme em minha cintura
enquanto avança sobre meus lábios com
tanto ardor, que fico entorpecida.
Ainda de joelhos no piso frio do banheiro,
entre as pernas dele. Que ainda está
sentado na borda da banheira me beijando
loucamente. As mãos passeando sobre
meu corpo sem saber onde parar.
E eu ansiei a noite inteira por aquele
contato, aquele beijo.
— Eu só quero você, Christopher...
Apenas.
É como uma faísca que cai sobre a
palha, porque em um momento estou de
joelho, no outro já estamos em pé. Suas
mãos apertando minha cintura, enquanto
me equilibro na ponta dos pés para
aprofundar o contato das nossas bocas.
Acho que nunca me cansaria de beija-lo,
os lábios macios em volta dos meus, a
língua em luta frenética com a minha. Ele
veste apenas uma calça de moletom que
deixa muito a desejar, um corpo bem
estruturado.
Um paraíso.
Desço as mãos pelo peitoral, descendo
cada vez mais... Era incrível sentir a pele
sob meus dedos se eriçarem, enquanto a
mesma responde as minhas carícias.
Eu não queria pensar em mais nada ali.
Nada.
As mãos segurando em meus ombros e
descendo, o aperto se intensifica em
minha cintura quando chega à base do
vestido, puxando-o totalmente. Eu tinha
vindo da boate com um conjunto de
lingerie preto, com meias e cinta liga na
mesma cor.
Depois da apresentação, saí correndo
para cá e encontrá-lo machucado tinha
acabado com uma parte de mim, estava
me sentindo péssima.
Fomos tombando até chegar a uma
poltrona que fica em seu quarto, enquanto
ele se deita com as costas apoiadas.
Seguro em seu rosto delicadamente,
novamente selando nossas bocas em um
beijo avassalador.
— Eu quero tanto você... — Sussurra
acariciando meu rosto e sorrio.
Sinuosamente suas mãos vão para o
fecho do sutiã, liberando os meus seios
que vão para seu rosto, precisamente para
os lábios. Reprimo um gemido quando os
mesmos prendem o bico enrijecido entre
eles, sugando, mordiscando...
Ele fazia isso muito bem.
Me encaixo rapidamente na curva de sua
cintura esfregando-me em sua ereção já
bem evidente.
Levanto enquanto ele me agarra
rapidamente, me debruçando sobre a
cama, enquanto seus beijos vão se
espalhando entre meus seios e minha
barriga.
Sufoco um gemido, enquanto meu corpo
já exala prazer. Minhas pernas esfregando-
se uma na outra para ver se contém o
desespero de tê-lo logo dentro de mim.
— Poderia passar a noite inteira
chupando você todinha, amor... E não
seria o suficiente. Nunca me cansaria. —
Diz com a voz carregada de desejo me
olhando, enquanto uma de suas mãos
desce até o meio de minhas pernas.
Arqueio as costas quando um dedo me
penetra e sua boca me cala com um beijo.
— Ah...
O corpo não espera muito tempo, segura
em minha mão me puxando para seu colo
e me penetra fundo e rápido.
O membro chegando cutucar meu
interior, me afogando em pura luxúria.
Chris segura em minha cintura me
olhando, fazendo meu coração saltar
enquanto as investidas se tornam brutas e
intensas.
Os dedos emaranhados em meus
cabelos, arqueando meu pescoço e a
língua passeando por toda a minha pele.
— Você é minha, Ágata... — Diz contra
meus lábios, enquanto me apoio em seu
colo mexendo os quadris para acompanhar
as investidas bruscas.
— Ah, Christopher! — Seu nome sai dos
meus lábios em forma de grito e ao mesmo
tempo um gemido.
Sorrio enquanto ele rapidamente me põe
de joelhos sobre a cama, era uma
urgência, que só nós entendíamos. A mão
aperta minha cintura enquanto ele se
encaixa de novo.
— Puta merda, Christopher! — Digo
entre dentes, sentindo o pau rígido entrar.
Sair. Entrar novamente.
O quadril batendo firme, as pernas
apoiadas enquanto ele se enterra.
O vejo sorrir assim que empino mais o
bumbum e ele acerta um tapa em cheio,
apertando-o.
Era uma entrega gigante de nossos
corpos.
Meu corpo pertencia apenas a ele. E ele
a mim.
Disso eu tinha a certeza.
Christopher
— Acha que consegue assinar os papéis
até amanhã de manhã? — Arthur pergunta
e assinto.
Coço a cabeça me espreguiçando e
sorrio.
— Meu Deus... Eu nunca pensei que
uma surra de boceta fosse deixar meu
irmão assim! — Lorenzo exclama,
enquanto solto um bocejo o olhando.
— Surra de boceta, é surra. — Arthur
completa sorrindo. — A surra mais gostosa
de se levar.
— Pois tá para nascer à mulher que vai
me dar uma surra de boceta que vá me
fazer ficar de quatro por ela! — Olho pela
borda do copo, vendo Lorenzo sorrir.
— Cuidado Lore... Vai ver ela nasceu e
só está esperando você no altar. — Arthur
alfineta e Lorenzo quase cai da cadeira.
— Pau no seu cu, boiola! Vai jogar praga
para quem tu quiser viado!
— As moças acabaram com a
discussão? — Pergunto tentando controlar
a gargalhada.
Lorenzo está arfante olhando para
Arthur, com uma raiva mortal no rosto. Meu
irmão mais novo sempre teve uma fobia
por casamento, que eu nunca vi em toda
minha vida. Nem precisava ser um
casamento para deixá-lo irritado.
Bastava apenas ter uma mulher em seu
apartamento por mais de três dias, já era
motivo suficiente para ele achar que a
criatura estava querendo amarrar ele pelo
pau.
— Senhor... — Olho para Mônica. — Tem
uma moça querendo falar com você, mas
ela não tem hora marcada então...
— Quem é? — Pergunto depositando a
xícara na mesa.
— Ágata Mendes, senhor...
— Mande-a entrar! — Peço rápido.
— Hummm... Visitinha no trabalho. —
Arthur faz uma voz irritante.
— Hummmm... Sexo no trabalho.
— Vão se foder os dois! Saíam daqui
agora!
Os dois tombam em uma gargalhada e,
de repente, Ágata aparece na porta com
um sorriso meio tímido.
— Desculpa... Atrapalhei algo? —
Sussurra e a encaro.
— Você não atrapalha em nada. — Beijo
sua mão e ela ruboriza da cabeça aos pés.
Arthur encara Lorenzo, que cruza os
braços sorrindo.
— Bom, eu e Lolo vamos lá embaixo
comer algo... Nos vemos depois. Até mais
Ágata!
— Até mais Arthur. — Ela sorri o
olhando.
— Tchau loirinha...
— Tchau, Lorenzo.
Fecho a porta rapidamente, a olhando
mexer na alça da bolsa em sua mão, está
linda com um vestido azul que realça a cor
alva da pele.
Ela ficava linda até de burca.
— Uma surpresa ver você aqui uma hora
dessas.
— Eu estava passando por aqui e quis te
ver. — A puxo para perto de mim a
prendendo em meus braços.
Eu poderia ficar assim por horas infinitas
que nunca cansaria. Espalmo as mãos em
suas costas enquanto as mãos acariciam
meu abdômen.
— Não vim para fazer o que você está
pensando... — Ela sorri e aperto o queixo.
— Mas já que está aqui... Por que não?
— Pergunto beijando seu pescoço vendo o
sorriso expandir em seu rosto.
Acho que o beijo se aprofundou tanto
que eu não ouvia mais nada. A minha mão
segurando em sua nuca, enquanto a outra
aperta a cintura, não tinha nada mais
gostoso que provar aquela boca... Aqueles
lábios... Meu Deus.
— Vem, vamos para casa. — Beijo seus
lábios novamente enquanto seu sorriso se
expande.
— Achei que teríamos um sexo no
escritório... — Ela morde o dedo
lindamente e já sinto o tesão me tomar.
Seguro em sua mão, que lindamente
percorre meu peito, eu iria adorar possuir
seu corpo em minha sala, mas o simples
fato de alguém ouvi-la me deixava
transtornado de ciúmes.
Sorrio pegando meu blazer, que estava
jogado sobre as costas da cadeira e
seguro em sua mão.
— Vamos. — Saímos de mãos dadas e
aviso a Mônica que não volto mais hoje.
Ágata sorri me fitando enquanto aperto o
botão do elevador, estamos esperando e
olho Lorenzo, vendo-o aparecer no outro
lado.
— Hummm... Saindo cedinho? — Sorri
nos encarando. — Ágata... Ágata... Só
você para fazer o Chris sair da empresa
antes do horário.
Reviro os olhos, enquanto Ágata
simplesmente sorri.
— Isso é bom ou ruim? — Ela me encara
e reviro os olhos.
— Avisa para Arthur, que eu não volto
mais hoje.
Só que rapidamente, meus olhos voam
para Patrick, que está parado nos olhando.
Sem expressão alguma no rosto. Minhas
mãos automaticamente vão para a cintura
de Ágata, em um gesto de possessão.
Eu nunca fui assim.
Não tínhamos nos vistos desde o dia da
confusão, estávamos nos evitando ao
máximo. Sempre chegava mais tarde e ele
mais cedo, ou eu saia mais cedo e ele
mais tarde.
Ele apenas chama Lorenzo, que me
encara e se despede.
O elevador chega e entro, olhando Ágata
meio ruborizada.
— Ele foi atrás de você? — Pergunto
sério.
— Não, Chris. O que tinha para falar com
ele... Eu já falei. — Ela responde e sorrio a
abraçando.
Meu Deus, eu tinha que parar com isso.
Ágata
Saio do banheiro, me enrolando no
roupão macio que estava estendido no
cabide. Solto os cabelos secos, que caem
sobre meus ombros. O quarto estava
vazio.
— Chris? — Chamo, sem obter resposta
alguma.
Passar as noites com ele estava me
deixando mal acostumada, eu estava
gostando muito daquilo. Coloco o vestido
que estava jogado sobre a poltrona e
desço as escadas.
Ouço as risadas vindas da cozinha e
percebo que o irmão dele estava lá, a
outra voz denunciava que Arthur também
estava. Fiquei indecisa entre seguir em
frente ou voltar para trás.
— A botei de joelhos e disse: Vai provar
o que é um cacete de qualidade! —
Lorenzo diz com a voz grossa.
— E ela não deu na sua cara? — Arthur
indaga, com uma risadinha.
Meus olhos estão arregalados.
— Deu na minha cara com a xota! A
safada sabe como esfregar uma xota na
cara. Oh, estou todo arrepiado!
Tapo minha boca tentando controlar uma
risada.
Há tanto tempo eu não me sentia tão
bem pela manhã, sem aquela falta
inexplicável que Clhoe me fazia. Dessa
vez eu estava tão mais confiante que tudo
ia dar certo.
— Então eu sentei ela no meu pau...
— A Viviana?
— Não, idiota! A Priscila!
Ouço um pigarro forte e sorrio amarelo
quando Arthur me encara junto com
Lorenzo, ele para com as mãos no ar
como se tivesse segurando uma cintura
imaginária.
Chris apenas nega com a cabeça,
sorrindo.
— Eu já ia subir com seu café. — Diz me
olhando.
— Bom dia meninos, eu só vim...
— Tudo bem loirinha, senta aí... Come
um misto quente com a gente? — Lorenzo
indaga sorrindo.
— Obrigada, eu não estou com fome. —
Digo olhando Chris me encarar com o
cenho franzido.
— Amor, eles são feios, mas não
mordem... — Chris diz sorrindo, beijando
meu ombro. — Quer algo?
— Hummmm... Amor... — Lorenzo diz
sorrindo e vejo Arthur dar um cutucão nele.
Eu acabo comendo apenas uma salada
de frutas com mel, eu não estava com
tanta fome como pensei. E apenas ouço as
histórias que Arthur que contava
animadamente.
Minha cabeça estava rodando,
aparentemente em mil e uma dimensões,
menos naquela cozinha. Logo depois,
Arthur foi embora com Lorenzo. Me sento
na sala, olhando Christopher andar de um
lado para o outro.
— Eu sei que você está com medo,
Ágata...
— Chris, eu não quero falar sobre isso
agora. — Digo me erguendo. — A gente
falou sobre isso ontem. Me deixe pensar
em outra coisa... Não quero ficar
pensando...
Ele se cala me olhando e sorrio.
— Eu preciso ir em casa, ver Helena. E
resolver uns assuntos na boate. — Digo,
pegando minha bolsa.
— Vou ficar te esperando mais tarde...
Solto um sorriso leve e assinto.
— Eu volto...
Beijo seus lábios rapidamente e saio,
alguns minutos depois chego à boate,
passo pelas portas de vidro, olhando tudo
ao redor. Me recordo de quando pus os
pés nesse lugar pela primeira vez, era
como se eu estivesse liberta de tudo.
Mal sabendo que tinha acabado de
entrar em uma prisão.
— Olha... Olha... Quem é vivo sempre
aparece, errou o caminho? — Ergo os
olhos, encarando Evelin sorridente.
— Desculpe. Achei que estava em uma
boate, não no canil. — Viro o rosto,
passando por ela rapidamente.
Entro na sala de Armando, o olhando
sentado perto das janelas de vidro. Ele se
vira no mesmo instante me encarando
friamente.
— Que surpresa, meu amor... Não
esperava te ver tão cedo por aqui...
Deixo a bolsa em cima da sua mesa e o
encaro, os olhos frios e avermelhados me
encarando.
— Já cansou de brincar, Ágata?
Percebeu que o que estava fazendo é inútil
e burro? Percebeu que é fraca para lutar
comigo?
— Eu percebi que sou mais forte do que
pensa, Armando. — As palavras saem da
minha boca sem ao menos eu pensar
direito. — E não vou desistir.
Ele sorri andando de um lado para o
outro sem me olhar, eu precisava vir aqui
olhar para a cara dele, para ele entender
de uma vez por todas, que não sou a
menina de anos atrás.
— Desista disso enquanto é tempo
Ágata. Ou não vai poder pedir perdão
depois.
— Acha mesmo que vou te pedir
perdão? Você é um idiota, Armando!
— Você era mais... Mais dócil meu anjo.
Mas confesso que fica linda assim, como
uma gata selvagem. — Ele aperta minha
cintura firmemente e me afasto.
Corto a mão no ar, acertando a mão em
cheio diretamente no seu rosto, ele se vira
com a mão pousada no mesmo, me
fuzilando com ódio nos olhos.
— Você não deveria ter feito isso...
— Eu quero que você vá para inferno,
Armando! — Disparo. — Só saiba que eu
vou lutar pela minha filha, até o final.
E saio rápido, suspirando pesadamente.
Patrick
Bato a porta do carro lentamente olhando
o prédio à minha frente, estava sentindo
aquela angústia me tomar por dentro.
Ágata estava feliz. E eu também estava
por ela.
Mas estava magoado, ao extremo. Ouvi-
la dizer que ama meu irmão, tinha sido
como se tivesse pegado em meu coração
e apertado, o deixando em míseros
pedacinhos.
Mal estava falando com meu irmão e
muito menos, ele comigo. Difícil manter a
civilização quando nós queríamos a
mesma coisa:
Ágata.
Eu precisava falar com ela, precisava
tirar aquilo do meu peito. O porteiro
interfona e liberam minha entrada, subo
até o apartamento e toco a campainha,
sorrio enquanto Helena abre a porta.
— Oi, Patrick.
— Helena. Vim falar com a Ágata.
— Claro. Pode entrar, ela está no banho.
— Diz abrindo a porta e entro olhando tudo
ao redor.
Era bem a cara dela, alegre, pequeno e
aconchegante.
Percebo uma garrafa de champanhe na
mesa e algumas taças, Helena cruza os
braços me fitando.
— Er... Quer beber algo? Um suco?
Cerveja?
— Não, eu estou bem. Obrigado. —
Sorrio e Helena abana as mãos. — Você
estava de saída?
— Não, bom... Eu ia apenas comprar
umas coisas. Sabe como é? Com criança
em casa agora, temos que ter tudo
saudável e do melhor para ela.
Sorrio assentindo. Eu achava incrível o
amor que Helena tinha por Clhoe, um amor
de tia.
— Pode ficar à vontade, Helena. Não
quero atrapalhar.
— Eu prometo que volto logo, posso
avisar a Ágata que está aqui...
— Pode deixar ela a vontade. Eu espero.
— Digo e ela assente sorrindo, enquanto
pega a bolsa, as chaves e sai
rapidamente.
Encaro o porta retrato na mesa e o
seguro, olhando Ágata sorridente junto de
Helena, passo os dedos pelo rosto e
sorrio.
Ela era incrivelmente linda.
E doía não tê-la para mim, doía saber
que ela preferiu o Christopher.
Engulo em seco colocando o mesmo no
lugar, eu tentei tirá-la da minha mente
durante essas semanas. Mas era
impossível, era como se ela estivesse
cravada em meu peito e na minha mente.
Ouço um barulho no quarto enquanto ela
cantarola baixo e sorrio, por um instinto
caminho pelo corredor e observo a porta
entreaberta, paraliso no mesmo instante.
Ela estava com uma toalha enrolada nos
cabelos, enquanto a outra estava em seu
corpo.
Dava para ver as gotículas de água
escorrendo pelo seu corpo curvilíneo, sinto
meu coração bater desenfreado no peito.
Ela não estava me vendo. Aliás, nem
sabia que eu estava ali.
Era tolice. Loucura.
Ela se senta na cama enquanto segura
um frasco de creme nas mãos, o passando
pelas pernas torneadas, e subindo...
Fecho os olhos tentando controlar a
vontade de entrar no maldito quarto.
Não. Não posso ficar aqui a olhando.
Cerro o punho enquanto ela retira a
toalha, a jogando sobre a cama e meus
pés se fincam no chão.
Desço os olhos devagar, olhando os
seios fartos e alvos... Ela era linda.
Completamente linda.
— Helena você viu meu perfume... — Ela
berra e me viro, saindo dali rapidamente.
Estava sufocando, um bolo se formou em
minha garganta impedindo a minha
respiração, a imagem do seu corpo
rondando a minha mente. Aquela pele
alva, sem nenhum resquício da sua
gestação, os seus seios fartos e
empinados, a sua barriga lisa, a sua...
Deus, ela era tão delicada quanto eu
pensei... Balanço minha cabeça forte
tentando dissipar tais pensamentos.
Caminho até a janela me encostando,
suspirando pesadamente, tentando
recuperar a frequência normal da minha
respiração.
"Eu não fiz nada do que você não faria
Patrick!"
A voz do meu irmão ecoa e engulo em
seco, me virando.
— Hele... Patrick? — Ágata indaga e
sorrio levemente a olhando.
Estava com um vestido solto colorido,
mantinha a toalha ainda em seus cabelos.
— Não sabia que estava aqui.
— Eu... Cheguei há pouco. Queria falar
com você. — Sussurro baixo e ela
assente.
Tento evitar olhar para ela.
Ágata sempre foi mais que uma
conquista para mim, ela era mais que isso.
— Patrick... Eu também precisava falar
com você. Pedir desculpas, eu menti...
Eu...
— Não precisa falar nada, eu vim aqui
para... — Passo as mãos pelos cabelos. —
Eu não... Não sei nem por onde começar.
A encaro morder os lábios.
Eu precisava por aquela angústia para
fora de mim.
— Eu me apaixonei por você, Ágata. Não
deveria, mas me apaixonei... E quando
eu... Pensei em falar — Sorrio sem humor
e ela me encara lindamente. — Você já era
do Chris...
Percebo que ela engole em seco e passo
as mãos pelos cabelos.
— Eu tentei lutar, Ágata... Tentei não
sentir isso, só que é mais forte do que eu.
— Fecho os olhos, tornando a abri-los,
uma lágrima rola pelo meu rosto.
Merda.
— Patrick...
— Eu sinto uma raiva quando vejo ele ao
teu lado, porque era eu que deveria estar,
Ágata!
— Não queria ter causado isso, Patrick.
Eu não...
— Se eu pudesse voltar no tempo,
Ágata... Você seria minha, apenas minha.
Ela me fita e eu precisava ouvir, mesmo
que fosse um tiro no peito.
— Então... Seja sincera, por favor, e me
diga... Mesmo que doa ou me acabe por
dentro... Apenas diga, eu ainda posso ter
uma chance de te fazer feliz?
Ela arregala os olhos e me fita por uns
segundos.
Ela já havia dito que o amava, mas eu
precisava ouvir. Eu precisava, para tomar
um rumo na vida, arrancar ela de uma vez
por todas de mim.
Ela nega com a cabeça delicadamente.
— Eu amo o seu irmão...
A dor se instala novamente.
— Patrick... Eu não escolhi amá-lo, não
foi proposital...
— Você o viu primeiro. — Sorrio sem
humor algum.
— Eu gosto de você, Patrick. Só que
como amigo...
— Mas sempre vai ser o Christopher. —
Completo a olhando.
— Sempre.
Mordo os lábios, apertando os dedos
apreensivo.
— Não posso te dar esperança, do que
não há Patrick... Eu sinto muito, muito.
— Eu também sinto Ágata. — Me viro
soprando o ar.
— Eu sinto tanto, Patrick. — Sopra o ar
devagar e sorrio, temendo que as lágrimas
desçam. — Você vai encontrar alguém
que... Que te ame de verdade e que...
— Eu quero você, Ágata... Mas mesmo
te querendo, não posso querer por nós
dois. — Indago fechando os olhos.
Ela cruza os braços e me aproximo
enquanto ela me encara, os olhos claros e
a boca perfeita.
Não iria ser um canalha, nem iria falar
nada para ofender. Tem coisas que não
vão sair da minha mente, nem da minha
boca, nunca.
— Eu só tenho medo de uma coisa,
Ágata... Tenho medo de te esquecer,
seguir em frente... E você me pedir para
voltar... E eu voltaria.
Dou de ombros, segurando em seu
queixo.
Ela apenas suspira e me encara.
— Até mais, Ágata.
Abaixo a cabeça e saio em passos
rápidos. Fecho a porta respirando fundo.
O sentimento de perda se apossa de
mim...
Mas não tinha como perder algo que
nunca se teve.
Christopher
Tec... Tec... Tec...
— Dá para parar de apertar esse cacete?
— Lorenzo indaga, tomando a caneta da
minha mão. — Mas que inferno! Caralho!
Tento não encará-lo na minha frente, só
que era impossível.
Passar uma noite mal dormida era o
cúmulo. E imaginar Ágata sozinha também
colaborou para a noite mal dormida. Não
voltei para sua casa e não liguei.
Foda-se! Estava agindo como um...
Merda!
Eu queria ter controlado o maldito...
Meu Deus! CARALHO!
Eu estava com ciúmes!
Era como se uma parte adormecida de
mim tivesse acordado, o ciúme era uma
delas. Ver Ágata querendo se desculpar
com Patrick, foi demais para minha
sanidade mental, eu fiquei louco. Eu estou
louco!
— Senhor... — Olho, vendo Mônica
parada. — A senhora González.
Me levanto junto com Lorenzo, que tosse
descontroladamente, mamãe vir na
empresa era como se um vulcão estivesse
prestes a entrar em erupção.
— Obrigada. — Ela entra na sala nos
olhando. — Esqueceram que tem mãe?
— Mamãe, que surpresa! Estávamos
falando da senhora agora mesmo! Não é,
Chris? — Lorenzo diz indo abraça-la.
— Não seja falso, Lorenzo. — Diz
sorrindo batendo em seu ombro.
— Realmente é uma surpresa mamãe.
— Beijo seu rosto enquanto ela sorri. —
Papai não veio?
Ela nos encara, deixando a bolsa de
lado.
— Patrício ficou em casa. — Seus olhos
dançam de um lado para o outro sobre
mim e Lorenzo. — Patrick não está aqui?
— Não está na sala dele?
— Não, Lorenzo. Patrick não dormiu em
casa. — Diz me encarando e me sento
sôfrego.
Se eu não conhecesse tão bem minha
mãe, diria que ela estava fazendo um jogo
da verdade. Lorenzo afrouxa a gravata me
olhando. E se tinha algo que mamãe sabia
fazer era jogar. E era a defensora de
Patrick.
— Bom, o papo está ótimo... Mas eu
tenho que ir...
— Sente-se, Lorenzo. — Diz séria e me
encara. — Vocês não tem nada para me
contar?
— Não mamãe. — Digo sério.
Ela se ergue passando a mão pela mesa
e me encara.
— Megan esteve lá em casa ontem à
noite. Eis minha surpresa quando soube
que você e Patrick, não estão se falando...
— Os olhos azuis cravados em mim. —
Então, vai me falar o motivo dessa
pequena discussão? Ou vou descobrir
sozinha...
— Foi um pequeno desentendimento. —
Digo depois de um longo silêncio.
— Se você chama roubar mulher alheia,
de desentendimento... — Lorenzo diz
baixo e mamãe o encara. — Desculpa!
— Então é verdade? Meu Deus,
Christopher!
Me ergo fuzilando Lorenzo com o olhar,
encaro minha mãe de braços cruzados.
— Depende de qual versão te contaram,
eu não roubei Ágata do Patrick! Nós
apenas ficamos... Depois do Patrick a
conhecer... — Digo em um fio de voz.
— Oh, Meu filho! — Diz me olhando. —
Christopher! Que burrada você fez!
— Eu avisei!
— Cala a boca, Lorenzo! — Falamos em
uníssono enquanto ele encolhe os ombros.
— Eu não me arrependo, mãe. Conheci
Ágata antes do Patrick. E sim, foi errado.
Só que não me arrependo. — Digo a
olhando passar a mão pela testa.
— Saiu no braço com o seu irmão,
Christopher? Como duas crianças?
— Tudo por uma xota! — Lorenzo ralha e
mamãe bate em seu ombro o olhando. —
Ai mãe!
— Eu não acredito que meus filhos estão
brigando... Christopher, isso é...
— Eu sou apaixonado por ela, mãe!
Complemente!— Rebato e ela se senta na
cadeira.
Os olhos arregalados e engulo em seco.
— Meu filho...
Eu estava esperando uma lista enorme
de repreensões, mas não. Apenas me
abraçou e disse coisas que só uma mãe
poderia dizer, eu estava meio aliviado por
ela "entender".
Patrick não tinha dormindo em casa, nem
atendia ao telefone. Mamãe estava louca
para saber o que tinha acontecido, na
verdade eu também. Aliás, ele ainda era
meu irmão. Mesmo apaixonado pela
minha... Pela minha mulher.
Mordo o lábio quando penso em Ágata,
em sua felicidade ao ter a guarda da filha,
os olhos sorrindo. Arthur tinha ido com ela
buscar a pequena e tinha ocorrido tudo
bem. Menos mal. Eu fiquei louco de
preocupação.
Mas temi uma briga com o bastardo do
Armando.
— Tá aqui todos os relatórios. — Arthur
diz jogando as pastas sobre a minha
mesa.
— Hum. Vou rever alguns antes de sair.
— Digo abrindo a pasta e folheando. —
Mamãe já foi?
— Foi até o apartamento de Patrick para
saber se ele já tinha aparecido. — Diz
tirando o blazer. — Já foi ver a Ágata?
Nego com a cabeça rolando meus olhos
pela pasta.
— Você não ficou com ciúmes não, né?
— Jogo as pastas em cima da mesa,
olhando Arthur sério. — Porque se tiver, ou
você é burro ou se faz!
Semicerro os olhos tentando não o socar.
Arthur era um galinha assumido, mas
entendia de romances muito mais do que
certos Don Juan's por aí.
— Do que está falando, Arthur?
— Fica ai pensando "oh grande mestre!"
— Revira os olhos e bate a porta saindo.
Caminho passando as mãos pelos
cabelos. Eu sabia que Ágata não queria
nada com Patrick, eu sabia. Só os ciúmes
que faltava entender.
Então, não me pergunte como sai da
empresa correndo e estou aqui parado em
sua porta.
Quando finalmente ela abre, percebo o
sorriso ser estampado instantaneamente
em seu rosto.
Encaro Clhoe que está em seus braços,
a encarando curiosa.
— Oi. — Digo a olhando.
— Entra. — Dá espaço e entro na
pequena sala que está repleta de bonecas
espalhadas.
— Eu trouxe para ela. — Estendo a caixa
embrulhada nas mãos. — Um presente de
boas vindas...
Ágata sorri me olhando e coloca Clhoe
no chão, que sorri se aproximando.
— É um pesente? — Pergunta sorrindo.
— É sim, espero que goste. — Digo me
ajoelhando a sua frente.
— Coe ama pesentes...
— Como se diz Clhoe? — Ágata diz a
olhando.
— Obigada...
A vejo tirar o papel sorrindo com a
pequena boneca, eu era péssimo com
presentes então pedi para Mônica escolher
algo simples e delicado para uma menina
de três anos.
Sorrio enquanto ela pula em meus
braços e beijo sua bochecha.
— Vai bincar comigo?
— Filha... O tio Chris está todo
arrumado...
— Quem disse que um terno me impede
de brincar? — Digo, tirando o blazer e
entregando a Ágata, que me encara
abismada e sorrio.
Me sento no tapete entrando em uma
brincadeira com Clhoe. Ágata se junta
fazendo o mesmo.
Olho de uma para a outra e franzo o
cenho enquanto Clhoe sorri me olhando e
a encaro.
Apenas sorrio de volta e Ágata me fita.
— E assim a branca de neve viveu feliz
para sempre com seu... — Sorrio com o
livro nas mãos enquanto Ágata me encara
séria. — Ela dormiu?
Ela assente e olho para Clhoe que dorme
no sofá.
— Eu vou colocar ela na cama...
— Deixa ela comigo.
Pego Clhoe dos seus braços já
adormecida e Ágata vai à frente, abrindo
espaço. A coloco na cama infantil perto de
sua cama.
— Eu ainda não acredito que ela está
aqui... — Diz acariciando seus cabelos e a
encaro sorrindo.
— Ela é incrível.
— É...
Saímos rapidamente e ela fecha a porta
em silêncio.
A fito sem saber por onde começar e
passo o polegar pelo rosto delicado a
puxando em um beijo silencioso e casto.
— Me desculpe por ser um estúpido e
ciumento... — Sussurro e ela me encara.
— Não entende que eu...
Ela para e fito seus lábios, sinto a mão
se entrelaçar a minha.
— Chris, eu... — Meu coração quase
pulando para fora do peito.
— Eu te amo, Ágata.
Capítulo 27
Christopher
É como se as palavras tivessem vontade
própria e saem rapidamente.
— Chris...
Não estava pensando direito. Eu só
estava sentindo. Deixando aquele
sentimento me tomar por inteiro, algo que
eu julguei nunca mais sentir.
— Eu te amo. — Digo agora mais baixo e
com uma convicção.
A boca pequena é cruelmente invadida
pela minha, com um beijo casto, rápido.
Minha língua percorrendo toda aquela
boca, me deixando mais afoito, por mais e
mais. A seguro pelo quadril, enquanto suas
pernas se enroscam em minha cintura.
Vamos tateando até chegar à porta do
quarto. Abro e saio fechando com o pé
mesmo.
— A Clhoe tá no meu quarto... — Diz
enquanto suga meu lábio inferior para
dentro de sua boca. — A... A Helena não
vai se importa... Se...
— Não... Não vai. — Digo tirando sua
blusa com uma rapidez que até cheguei a
admirar.
Eu estava eufórico. Feliz.
A cama não era tão grande como a
minha, mas o espaço era suficiente. É
maravilhoso ter o corpo dela junto ao meu.
O sutiã branco de renda é exposto e
meus olhos brilham de luxúria pela peça
delicada e fina. As mãos dela logo vão
para os botões da minha camisa, que é
tirada com agilidade. Jogo a peça no chão,
junto com as outras que foram tiradas.
Suspiro quando as mãos se fecham ao
redor do meu pau, que lateja. Os dedos
delicados o apertando por cima do tecido.
Reprimo um gemido quando os beijos vão
descendo, entre meu pescoço, meu peito...
— Ágata... — Digo entre os dentes
trincados.
— Quietinho... — Sussurra desfivelando
meu cinto, logo depois descendo a
braguilha da calça.
Ela era o diabo. O pecado em forma de
gente.
Seus olhos brilham e ela passa a língua
pelos lábios, me olhando sinuosamente. A
glande sendo acariciada pelo polegar
delicado, minha boca reprime um gemido,
quando ela literalmente engole meu pau.
Pendo a cabeça para trás segurando em
seus cabelos, eu não preciso força-la. Ela
mesma desce a boca e sinto a língua
percorrer todo meu membro, os olhos
cravados nos meus, as mãos em minhas
coxas.
— Ah, caralho... Ágata!
Sinto a garganta se fechar enquanto ela
solta um sorriso filho da puta, estava
prestes a deixar uma lambança em seu
rosto. E até que não seria uma má ideia.
Foco, Chris. Foco.
Foco caralho!
Solto o ar preso nos pulmões, minhas
pernas se contraem quando ela retira o
pau da boca me olhando, morde os lábios
demoradamente sorrindo e meu cacete
some na sua boca novamente.
E o foco que vá para puta que pariu!
Seguro em seus cabelos ainda presos
em meus punhos tirando-a levemente, mas
ela parecia uma gata esfomeada... Porra!
Foi suficiente para deixar os espasmos
do gozo sair de mim, sujando seus seios,
sua boca...
— Meu Deus... — Sussurro abrindo
meus olhos.
Ela sorri lindamente, passando os dedos
pelos cantos dos lábios suspirando.
Apenas a ergo, a deitando sobre a cama,
a boca se abre em um sorriso travesso...
Meus olhos descem pelo corpo seminu.
— Sua vez de ficar quietinha... — Sorrio
contra os lábios, sugando-os para dentro
da minha boca.
Tateio o chão pegando a camisa,
enquanto a limpo. A peça de renda já foi
tirada, os seios alvos na altura do meu
rosto. Acaricio um bico enrijecido,
enquanto sugo o outro com minha língua.
Observo o seu corpo se contorcer
lindamente e percorro cada centímetro
com leves mordiscadas, sugando toda a
pele com cuidado.
— Chris...
— Amo quando meu nome sai assim de
sua boca... — Digo beijando o vão entre
suas pernas. Beijo a coxa esquerda
enquanto ela sorri me olhando. — Passaria
horas chupando você meu amor... — Beijo
a coxa direita e a encaro. — Você tem um
gosto delicioso.
Prendo o clitóris inchado, que já clamava
por atenção, minha língua percorrendo
toda sua extensão molhada. Sentir o gosto
do seu prazer em minha língua não tem
preço. Era morrer e padecer no paraíso.
E quando deito sobre o corpo curvilíneo
ainda com o gosto do seu prazer em minha
boca, às pupilas dilatadas de desejo. Um
sentimento de posse, um desejo inabalável
dentro de mim.
Era amor. Era amor exalando por todos
os meus poros, gestos.
— Eu... Eu...
— Eu também te amo, Christopher. Te
amo. — Afasto uma mexa de seu cabelo, a
beijando.
E a penetro. A sinto engolir cada
centímetro meu. Os seios perfeitos sendo
esmagados lindamente pelo meu peito.
Mordo o lábio inferior, enquanto bebo seus
gemidos entre beijos.
Gotículas de suor descendo pela sua
testa, meu coração batendo frenético no
peito.
Porra eram movimentos sincronizados e
intensos, ela rola por cima do meu corpo.
A mão se espalma em meu peito, sorrio a
olhando se mover sorrateiramente.
E ela desce, voltando a subir novamente.
Depois esfrega a pélvis, o sorriso aberto,
os cabelos caindo sobre o rosto úmido.
Não consigo desgrudar os olhos dos
seus, uma deusa...
Sorrio enquanto ela gruda os lábios nos
meus.
Ágata
— Gosta de morangos? — Pergunto,
vendo Clhoe sorrir e coloco uma pequena
quantidade de morangos em sua colher.
— Não acredito! — Helena sai do quarto
me olhando.
— Coe quer mais mamãe!
Sorrio a olhando, enquanto dou mais
morangos em sua pequena boca. Ela sorri
e balanço a cabeça. Ainda estava
extasiada com a sua presença, ainda
parecia um sonho.
— Você... Fez aquilo lá... Na minha
cama, Ágata? — Helena me encara com a
mão na cintura.
A encaro indignada sorrindo.
— Claro que não sua louca! — Me ergo
pegando Clhoe no colo.
Eu tinha tirado todos os vestígios da
noite anterior do quarto dela, limpei tudo,
tirei roupa de cama. Não tinha como
Helena saber, a não ser pela...
Olho para sua mão, segurando minha
calcinha. Encolho o rosto e Clhoe me
encara sorrindo inocente.
— Tia Helena bava mamãe...
— Que tal ir brincar lá no quarto, meu
amor? A mamãe já está indo ficar com
você. — Digo a olhando sair sorrindo.
— Agora diz para mim, que não se
limpou com minha roupa de cama! —
Aparo a calcinha no ar quando Helena
joga. — Isso estava limpo pelo menos?
— Bom... — Sorrio, vendo-a limpar a
mão na toalha. — A gente tirou para
começar, né?
— Me poupe Ágata! — Diz me
encarando. — Sua cretina! Safada!
Gargalho enquanto ela finge estar com
raiva. Eu e ela tínhamos uma intimidade e
cumplicidade que poucas pessoas
entenderiam.
Tirei a louça da mesa, colocando na pia
enquanto Helena ainda está de braços
cruzados.
— Está me devendo um vale sexo. —
Diz emburrada.
— Mais do que já te dei, Helena?
— Cretina! — Atira uma almofada em
minha direção e me abaixo. — VOU
PEGAR AQUELE SEU VESTIDO
CARÍSSIMO!
Ainda gargalho enquanto entro no quarto
logo em seguida, olhando Clhoe brincar
com suas bonecas.
As mechas loiras caindo sobre os olhos,
seu sorriso era a coisa mais perfeita que
eu já tinha visto. Mas uma vertigem rápida
me invade e pisco algumas vezes, vendo o
quarto girar e girar.
— Mamãe?
— Oi amor... — Digo massageando as
têmporas.
— Fico dodói? — Clhoe me encara com
os olhos enormes e nego com a cabeça,
tirando mexas de cabelo que caiam sobre
os seus olhos.
— Não meu amor, a mamãe só passou
mal porque não tomou café direito. — Digo
beijando suas mãos e ela me encara
lindamente.
— Não fica dodói... Porque não quelo
ficar com o papai.
A seguro nos braços apertando-a forte,
aquilo era de partir meu coração.
— A mamãe não vai ficar doente, Clhoe.
E você não vai ficar com o papai meu
amor... Eu prometo. Tá bom?
A beijo demoradamente enquanto a
aperto em meus braços.
Armando não ligou muito menos se
pronunciou. Apenas tinha me demitido
junto com Helena, o que era de se esperar.
Mas Magno ainda conseguiu manter
Helena trabalhando para ele. Eu não
estava tão preocupada ainda, tinha
algumas economias guardadas.
Daria para me manter com Clhoe por um
tempo, depois iria conseguir um emprego.
Algo menos radical, com certeza.
Fiquei o dia inteiro com Clhoe assistindo
e acabamos indo no shopping comer e
comprar algumas coisas. Helena estava
com a gente, o que tornava tudo melhor
ainda.
— Esse silêncio do Armando não te
assusta? — Helena indaga sentando ao
meu lado.
Observo Clhoe correr para a escada do
escorregador.
— Armando me assusta estando calado
ou não, Helena. — Assumo a olhando
séria.
— Ele não veio ver ela ainda... É
estranho.
Doía admitir aquilo, mas Clhoe só era
importante para ele apenas para me
prender.
Aceno para Clhoe, que sorri.
— Como um pai não pode gostar de uma
filha?
— Armando não gosta nem dele, Ágata.
Voltamos para casa poucas horas
depois, olhei o celular vendo uma
mensagem de Chris me chamando para
um coquetel. Respondi no mesmo instante
dizendo que não tinha com quem deixar
Clhoe.
— Pode ir, eu cuido dela. — Helena diz
me olhando.
— Não, Helena... Eu não sei nem o que
vestir em um lugar desses— Digo me
sentando.
— Deixa de ser idiota, Ágata. Magno iria
acabar vindo para cá de todo jeito. — Diz
olhando Clhoe ao seu lado. — Se importa
de ficar com o titio e a titia?
— Não! — Diz se sentando rapidamente
— Tá vendo... Pode ir lá com o gatão!
Realmente minha vida com Helena era
bem mais fácil. Tomei um banho demorado
lavando os cabelos, passei um hidratante
no corpo.
— Helena eu não sei o que vestir.
— Ai Ágata! Sabe sim... Aquele
vestido deuso que você comprou! Ele não
disse de quem era o coquetel?
— Não. Acho que deve ser de algum
conhecido. — Digo soltando os cabelos.
Pego o vestido que Helena me entrega,
era um modelo maravilhoso, tinha
comprado há uns dias atrás. Era rodado,
com pedras na parte de cima, e a saia
preta.
Deixei os cabelos presos em um coque
solto, fiz uma maquiagem leve e pronto.
— Tem certeza que vai ficar bem? —
Pergunto olhando Helena sorri.
— Claro que sim, Ágata. Agora vai. —
Praticamente me empurra para fora de
casa.
Beijo Clhoe que está nos braços de
Helena, sorrindo para mim. Eu estava
ansiosa e nervosa ao mesmo tempo.
Seria o primeiro encontro, que não era
tão primeiro assim.
Olho para Chris parado no carro me
encarando. Estava apenas de blazer preto,
uma camisa azul perfeita.
— Está linda. — Beija meus lábios
sorrindo.
— Você também está lindo. — Beija
minha mão enquanto abre a porta do carro
e entro rapidamente.
— A noite vai ser incrível. Prometo. —
Pisca e mordo o lábio sorrindo.
— Com você todo lugar é incrível...
Capítulo 28
Ágata
—Seus pais também estão aqui, né? —
Pergunto enquanto Chris estaciona o carro
em frente ao enorme clube.
O espaço é bem amplo e arborizado, tem
uma arquitetura imponente e uma
decoração refinada e elegante.
— Não vai me dizer que está com
vergonha, meu amor? — Sorri tirando o
cinto e faço o mesmo.
— Não seja tolo. — Reviro os olhos
quando ele dá a volta, abrindo a porta para
mim.
O perfume exalando masculinidade, a
barba por fazer dava um charme a mais
em seu rosto. Beija minha mão, enquanto
segura a outra.
Não, eu não estava com vergonha. Era
só a timidez. E nervosismo.
Quem diria? Uma ex stripper que
dançava para mais de cem homens!
Uau, Ágata. Sem contar que fui
apresentada para os pais dele, com o
Patrick. Meu Deus.
Alguns flashes dispararam em nossa
direção atingindo o meu rosto, enquanto
Christopher enlaça minha cintura me
olhando, era como estar em um sonho.
Meus olhos vasculham o local, repleto de
quadros. Pessoas circulando com taças
nas mãos, vestidos magníficos. Um
verdadeiro luxo e requinte.
— Oh, chegaram... — Christopher nos
guia até sua mãe, que estava a poucos
passos da gente. — Como estão?
— O trânsito hoje está horrível. — Chris
diz abraçando seu pai, que nos encara
sério. — Mamãe, papai... Já conhecem
Ágata...
— Oh, claro. — A mãe dele beija meu
rosto gentilmente e suspiro de alívio. — É
um prazer rever você.
— O prazer é todo meu. — Sorrio
timidamente, a olhando.
O pai de Chris lembrava muito Lorenzo,
os cabelos no mesmo tom e a cor dos
olhos também. Chris e Patrick eram mais
parecidos com a mãe. O cumprimento
apenas com um aperto de mão.
Ela me encara com um sorriso amigável
e retribuo, ela era muito bonita. Os olhos
de um azul muito marcantes.
— Vou levar Ágata para conhecer o local.
— Chris fala.
Lorenzo logo se aproxima sorrindo assim
que nos ver, está acompanhando de
Arthur, que carrega um sorriso de lado no
rosto.
— De quem são esses quadros? —
Pergunto quando paramos em frente a
várias obras com cores gritantes e sem
forma de nada.
Nossa. Aquilo era arte?
— Uma amiga da família.
— Eii! — Me viro olhando Lorenzo nos
encarar. — Achei que não viriam.
— Olá, Lorenzo.
— Olá, loira! — Dá uma piscadela
sorrindo. — Realmente, a mãe da Carol
tem um péssimo dom para a arte!
— Lorenzo! — Chris o encara sério, ele
sorri me olhando.
— Eu não estou mentindo, não. Eu estou
Arthur?
— Está nada.
— Osh... Vou mentir dizer que tem?! Não
sei como tem gente que dá dinheiro nisso!
— Diz apontando para um quadro que
olhamos. — É medonho!
Prendo a risada que quer escapar da
minha garganta, se tinha uma coisa que
Lorenzo e Arthur não tinham, eram papas
na língua.
Arthur se aproxima, enquanto finge
arrumar a gravata.
— Não olhem agora, mas tem uma
deusa de vestido vermelho e seios fartos
que é um espetáculo. — Olha pra mim
piscando. — Não é para o Chris olhar, tá
Ágata!
Disfarço pegando uma taça de
champanhe, que o garçom trazia em uma
bandeja, viro o pescoço onde estão duas
morenas elegantes que não paravam de
olhar em nossa direção.
Uma tinha o rosto mais fino e olhos
verdes marcantes. Já a outra, o rosto mais
redondo e olhos castanhos.
A de vestido verde dá um sorriso em
nossa direção e rapidamente caminha para
onde estamos.
— Todos os meus cafajestes reunidos
novamente. — Ela sorri abrindo os braços
e a encaro de cima a baixo.
— Carol... — Arthur vai até ela a
beijando sua bochecha. — Está linda...
— Bobo! — A tal da Carol nos encara
sorrindo e encara Christopher fixamente.
— Oi Chris, não vai me apresentar?
— Claro. Ágata essa é Carolina
Velásquez, uma amiga da família. — Chris
enlaça minha cintura enquanto ela vem até
mim beijando o meu rosto.
— Um prazer.
— O prazer é todo meu querida! Estão
gostando das telas?
— São lindas. — Digo sorrindo.
Medonhas.
— E você Lorenzo, gostou?
— Claro que sim, são obras de artes!
Estava falando agora mesmo o dom que
sua mãe tem, eu mesmo adoraria uma
peça dessas em minha sala.
— Que tal comprar uma, Lorenzo? —
Arthur alfineta enquanto Lorenzo fecha o
semblante o olhando.
Enquanto os dois travavam uma briga de
olhares, Chris desviava os olhos da mulher
o tempo todo. O que era uma situação
bem constrangedora por sinal.
Obviamente eu não era nenhuma
criança.
— Há quanto tempo estão juntos? —
Sou pega de surpresa pela pergunta que
ela dirige a mim. — Não leve a mal meu
doce, conheço o Chris há tanto tempo e
ele...
— Faz alguns meses, Carol. — Chris
responde rígido, mas com um sorriso. —
Tempo suficiente para ver o quanto Ágata
e eu nascemos um para o outro.
Vejo o maxilar dela enrijecer e sorrio o
olhando.
— Ah Christopher... Quanto tempo, meu
querido! — Uma senhora com um pouco
mais de idade se aproxima o abraçando
rapidamente.
— Mamãe... Cumprimente a namorada
do Chris primeiro.
A senhora para e me encara, dando uma
olhada de cima a baixo que me deixa
desconfortável.
— Oh... Sinto muito! Prazer, Odette
Velásquez.
— Ágata Mendes.
— Mendes? É filha do Otto Mendes? —
Ela me encara e de repente um sorriso
aparece nos dentes brancos.
— Sim. — Assinto rápido.
— Seu pai é um magnata da advocacia.
Mande lembranças para Otto.
— Bom, um prazer rever você Odette,
está linda. Mas vou levar Ágata para tomar
um ar. Vamos amor?
Saímos daquela roda de conversa que já
estava entediante, eu odiava o fato do meu
sobrenome gerar outro modo de
tratamento. Sem falar o olhar que as duas
tinham me lançando.
Meu pai tinha dinheiro, eu não.
— Desculpe por Carol, ela consegue ser
antipática quando quer. — Chris diz assim
que chegamos à parte de fora.
É um jardim com mesas espalhadas,
luzes brilhantes. Um leve incômodo em
meu estômago me fez apenas concordar.
Isso estava ficando frequente.
— Você está bem? — Semicerra os
olhos e apenas concordo.
— Sim. Só um mal-estar. — Digo com
um sorriso, colando minha testa em seu
peito.
Ele apenas me abraça e sinto o queixo
pousado no topo da minha cabeça, era
estranho e ao mesmo tempo reconfortante
estar assim. Outra náusea me atormentou
e soltei o ar pela boca devagar.
— Chris! Chris! — Olho de onde Lorenzo
vem com uma taça de champanhe, ou
seja, lá o que for. — Será que dá para me
salvar ali?
— Há Lorenzo, o que foi?!
— Papai tá com aquelas ideias, com
aquele velho do bigode que me dá medo!
— Lorenzo revira os olhos. — Vamos lá...
Por Favor! Por favor...
Sorrio o olhando.
— Se importa se eu for?
— Não. Vá.
— Volto em um minuto. — Diz, beijando
em minha testa e saindo.
Eu poderia ter entrado só que o vento
estava tão melhor aqui fora. Me apoio em
uma mureta que divide o jardim.
Realmente a lua estava perfeita.
Mordo o lábio sentindo a brisa da noite.
— Entediada?
Viro encontrando Patrick que me encara
e se aproxima, enquanto segura duas
taças nas mãos.
— Não. Só o ambiente que é... —
Suspiro. — Glamoroso demais.
— Aceita? — Me entrega uma. — É
água!
Sorrio pegando a taça de suas mãos,
fazia alguns dias que eu não o via, desde a
conversa em meu apartamento.
Ele estava com um sorriso enorme no
rosto, me olhando. Aperto a taça enquanto
dou um gole na água, deixando o líquido
molhar minha garganta.
— Não sabia que viria. — Diz depois de
uma longa pausa em silêncio.
— Também não sabia. — Sorrio
balançando a taça entre minhas mãos.
— Está linda. — Me encara suspirando.
— Obrigada. Você também está...
Elegante.
— Gosto da palavra elegante. — Sorri de
lado.
Olho para dentro do salão, onde Chris
está interdito com Lorenzo... E Carol, que
segura em seu braço enquanto se dobra
de rir. Tinham mais pessoas, inclusive os
pais dele também.
— Ela é inofensiva, Ágata. — Patrick diz
apontando com um dedo na direção que
estou olhando.
— Eles se conhecem há muito tempo? —
Pergunto soltando um pigarro logo após
Patrick me encara e abaixa a cabeça em
seguida.
— Se conhecem tempo o suficiente para
ela não ser um perigo. — Sorri dando de
ombros. — Como está Clhoe?
— Está bem. Tagarela como sempre.
— Clhoe é um anjo. — Ele sorri e o
encaro. — Como a mãe.
Me calo bruscamente e ele balança a
cabeça.
— Vai ter que aguentar os elogios.
Reviro os olhos enquanto sorrimos e
começamos a falar sobre um assunto
qualquer, acabamos entrando juntos para
o salão e passamos a discutir os temas
dos quadros espalhados pelo local.
— Não sei como Lorenzo veio para cá,
ele odeia arte. — Patrick diz sorrindo.
— Estava reclamando que não entendia
como compravam isso. — Digo apontando
para uma tela. — Realmente... Eu também
não faço ideia.
— De verdade? Eu também não.
Olho ao redor do salão ainda sorrindo
não vendo Chris, nem Lorenzo, muito
menos Arthur. Patrick parece ver meu
desconforto e me encara.
— Papai sempre monopoliza Chris
nesses eventos, Ágata. — Explica
pegando duas taças de champanhe. —
Aquele lance do filho mais velho.
Eu realmente queria pensar que ele
estava sendo monopolizado pelo pai e não
por ela.
— Oh Patrick! — Nos viramos, olhando
Megan parada com um sorriso estampado
no rosto.
Ela me ignora por completo e até preferi.
— Oi Patrick, como está?
— Estou ótimo. E você?
— Melhor impossível. Acabei de ver que
Carol chegou de viagem, está radiante. —
Diz e me olha com um sorriso estampado.
— Com licença Patrick, vou ao banheiro.
— Digo colocando a taça no móvel e saio.
Realmente esse coquetel já deu o que
tinha que dar, entro no banheiro e logo
uma tontura tão forte me invade, que me
apoio na pedra de mármore.
Fecho os olhos e suspiro.
— Respira Ágata... Respira! — Solto o ar
puxando novamente.
Minha visão fica turva, me olho no
espelho percebendo a palidez. Merda!
Merda. Merda.
— Precisa de um lenço querida? — A
voz enojada me invade.
— Não, obrigada! — Digo ignorando
Megan que sorri através do espelho.
— Sabe... Como é seu nome mesmo?
Há sim... Ágata! Fiquei extremamente
surpresa quando soube que estava com
Christopher... Aliás, no coquetel da...
A encaro rapidamente e ela morde os
lábios.
— Da?
Ela vai até o espelho tirando um batom
da bolsa enquanto passa nos lábios já
avermelhados.
— Mentira que ela não te contou?!
— O que você quer Megan? — Ouço as
batidas do meu coração acelerado.
Minhas mãos chegam a tremer de raiva.
— Só dar um recado para você, homens
como Christopher se divertem com
vagabundas, mas é com as damas que
eles se casam!
Umedeço os lábios e sorrio sem querer.
— Hum... Tá explicado então porque ele
te deu um pé na bunda, né?
— Ouça bem... Chris não vai ficar com
você, nem hoje, nem nunca. —
Desvencilho do aperto dela em meu braço.
— Me solte!
— Você não passa de uma vadia que ele
vai jogar fora quando cansar! — A sua voz
sai trêmula e sorrio amigavelmente.
— Dançarinazinha de beira de estrada.
— Então querida... Me deixe dar um
aviso para você.
— Chego perto do seu rosto a vendo
dar alguns passos para trás. — Eu já bati
em gente que fez muito pouco, então
sugiro que se não quiser ter esse rosto
desfigurado, saia do meu caminho, Megan!
Ou nem o melhor cirurgião vai consertar a
sua cara!
— Selvagem! Vagabunda!
Dou meia volta, saindo do banheiro na
maior calma e elegância do mundo,
mesmo sentindo meus nervos aflorarem.
Eu só queria encontrar Chris e ir embora
dali. Minha cabeça parecia que ia explodir
a qualquer momento.
— Ágata! — Olho para Arthur que se
aproxima.
— Onde está o Chris?
— Ele está conversando com tio Patrício
e Lorenzo. — Diz olhando para trás. —
Você está bem?
Assinto o olhando, enquanto suspiro.
— Só com um pouco de dor de cabeça.
— Mordo o lábio inferior apreensiva.
— Olha eles ali! — Olho para onde
Arthur aponta. Chris, Lorenzo e o pai deles
descem... E Carol também.
Arthur me encara com um sorriso, mas
fico parada os olhando. Engulo em seco
quando eles se aproximam e Chris sorri ao
me ver, fico parada quando beija meu
rosto.
— Desculpe monopolizar o Chris,
estávamos vendo assunto de trabalho. —
Ela diz sorrindo.
Entrelaço meus dedos nos deles e beijo-
o rapidamente nos lábios.
— Sem problemas. — Digo sorrindo a
olhando.
Outra tontura me invade, só que dessa
vez chega a ser insuportável. Aperto a
lapela do blazer de Chris, fazendo-o me
olhar.
— Amor? O que houve?
— Não acha melhor sentar?
— Estou bem. Deve ter sido as taças de
champanhe. — Digo forçando um sorriso.
— Mas esses champanhes não contêm
álcool. — Ela diz com a voz doce, o que
me irrita mais ainda.
— Estou bem melhor. — Digo entre
dentes.
— Não acha melhor descansar? — Chris
pergunta acariciando meu rosto. — Não
quero ver você doente...
— Já estou melhor, eu juro. — Minto o
encarando. Me aproximo enquanto
sussurro baixo em seu ouvido. — Chris sei
que está resolvendo assuntos de
trabalho... Mas quero ir embora.
Ele sorri e assente.
— Vamos sim. Só vou finalizar algumas
coisas e prometo que vamos.
Io, si
Ah, ma ti amo
Giro o corpo a colocando por cima, ela
se apoia em minhas pernas. Minha língua
se enfia na boca dela, enquanto a fodo
com uma urgência sem tamanho.
O quadril se remexendo, rebolando e
sentando ao mesmo tempo. Aperto a
cintura dando apoio e ela estoca cada vez
mais fundo.
Apalpo os seios prendendo um bico
enrijecido entre meus lábios, enquanto
Ágata geme enfincando as unhas em meu
ombro.
Meu corpo tenciona para liberar o gozo e
quando um grito fino rompe de sua
garganta eu finalmente me liberto dentro
dela.
— Inferno! — Solto um grunhido baixo
enquanto a fito sorrir me olhando.
Os cabelos grudados em seu rosto,
ainda ofegante.
— Me deve um banho... — Diz e solta
um grito fino enquanto a ergo no colo.
— Será um prazer...
— Ágata? — Passo a mão do outro lado
da cama, abrindo os olhos assim que o
percebo vazio.
Sento, e meus olhos param a ajoelhada
no vaso sanitário, à cabeça para baixo.
Merda!
Enrolo a toalha na cintura e logo me
ajoelho ao seu lado.
— Eii... O que foi? — Ela passa a mão
na boca e me encara de olhos baixos.
— Deve ter sido alguma coisa que eu
comi... — Diz voltando a colocar a cabeça
no vaso. — Ou bebi...
— Oh, meu amor. Eu vou preparar um
chá para você.
— Não! Chá não, pelo amor de Deus! —
Diz rapidamente. — Um café é suficiente.
Puro e sem açúcar! Por favor...
Franzo o nariz a olhando.
Beijo sua testa enquanto ela acaricia o
abdômen. Visto o calção jogado, descendo
as escadas. Solto um sopro de alívio
vendo Rita parada preparando o café.
— Hum... Resolveu acordar? Estou
preparando um café reforçado... Vi que
tem visitas! — Sorri apontando com o
queixo para sofá. — Depravado!
Observo o vestido de Ágata jogado e
sorrio a olhando.
— Finja que não viu. Pode preparar uma
bandeja para eu levar. Ágata não está se
sentindo bem. — Mordo uma maçã
enquanto Rita sorri abanando a cabeça.
Subo as escadas com a bandeja nas
mãos, vendo Ágata deitada na cama. O
rosto meio pálido, enquanto suspira.
— Eu não quero comer!
— Só que você vai, apenas essa salada
meu amor... — Digo olhando ela torcer o
rosto. — Se isso for uma infecção
intestinal, Ágata? Ou algo do tipo?
— Comer só vai piorar. — Diz pegando a
xícara de café tomando um gole.
Passo a mão pelo rosto não querendo
discutir, deixo a bandeja na cama e vou
para banheiro. Não me lembro bem de
quando fomos dormir na noite anterior, só
lembro que foram três rodadas de sexo. E
que acabou comigo.
Seco os cabelos olhando Ágata dormir, o
rosto tranquilo enquanto as costas
relaxavam nos travesseiros. Eu realmente
poderia passar o dia inteiro vendo-a assim.
— Já estava prestes a subir para ver se
não tinha dado um coma de tanto trepar.
— Lorenzo indaga assim que desço.
— Há há há... Tão fazendo o que aqui?
— O encaro e Arthur, que estão deitados
no meu sofá. — Se eu fosse você não
deitava aí...
Arthur pula do sofá, limpando as costas,
enquanto Lorenzo gargalha.
— Tem tanto canto para trepar velho... Aí
vem passar essa rola no sofá, puta que
pariu cacete!
— Minha casa, eu trepo onde eu quiser!
— Digo sorrindo. — Agora... O que as
donzelas estão fazendo aqui?
— Vim ver meu irmão que tanto amo e
admiro... — Lorenzo abre os braços
sorrindo.
— Não vou te dar férias antecipadas,
Lorenzo.
— Deixa de viadagem porra! Diz logo! —
Arthur exclama sentando no sofá.
— Bom... Você sabe que se eu pedir
para papai, ele vai negar. Mas... Se o
primogênito dele pedir...
— Não! Não! E não! Não vou pedir para
papai liberar o jatinho.
— Ah Christopher! Caralho... A Lana vai
dar uma festa, velho... Tetas! E você não
vai fazer isso para seu irmão?
— Ele falou TETAS! — Arthur sorri.
— Não.
— Eu disse que ele não iria Lorenzo.
Chris só tem olhos para duas tetas agora...
Então foda-se o pau alheio!
Entorto o rosto ignorando os protestos de
Lorenzo e Arthur, com a mesma ladainha
de sempre. Falar para papai liberar o jato
para Lorenzo ir para uma festa, era como
pedir para começar uma catástrofe.
— Cadê a loira? — Arthur indaga
sentando-se novamente.
— Tá dormindo, acabou passando mal
hoje pela man...
— Passou mal? Que tipo de doença? —
Lorenzo diz rapidamente.
— Deve ter sido algo que comeu. — Digo
percebendo um olhar cúmplice dos dois. —
O que foi?
— Vomitou? — Arthur se senta e
Lorenzo franze a sobrancelha. Concordo
com a cabeça.
— Ah meu Deus! Jesus! Pode descer,
estou preparado!
Eu não contenho a gargalhada que
escapa da minha garganta, a cara de
Lorenzo e de Arthur são as melhores. Meu
Deus, achar que Ágata está grávida foi a
melhor coisa que eles poderiam pensar.
— Ágata não está grávida...
— Como você sabe? Tem protegido o
pau?!
Retenho-me no mesmo instante.
— Ah, Chris!
— Caralho fresco! Homem não pode dá
vacilo com mulher, tem que usar dois
preservativos para não correr o perigo...
— Dois?! — Perguntamos em uníssono,
olhando Lorenzo sério.
Eu estava gargalhando com aquilo tudo.
Claro que Ágata não estava grávida. Nem
cogitava tal pensamento.
Mas e se...
Não. Tudo bem que não estávamos nos
protegendo.
Mas ela tomava anticoncepcional.
Calma, Chris. Óbvio que isso não passa
de um mero engano.
Há meu Deus! Olha no que estou
pensando. Ágata não está grávida. A
campainha soa e me ergo abrindo a porta.
Helena entra me encarando
rapidamente.
— Onde está Ágata?
— O que aconteceu Helena? —
Pergunto assim que ela entra com olhos
saltados.
— Christopher... Armando esteve lá em
casa hoje... Hoje pela manhã... E...
Perguntou por Ágata... — Ela suspira e me
olha.
— O que aconteceu? — Pergunto a
encarando.
— Ele a levou... Ele levou a Clhoe!
Capítulo 30
Christopher
— Cuide da Ágata! Eu vou com
Lorenzo até lá! — Digo pegando a chave
do carro enquanto sinto as mãos
tremerem.
Meu peito sobe e desce com tamanha
adrenalina que se apossa de mim, meu
coração está disparado e os punhos
cerrados.
— Espera aí, o que você vai fazer? —
Lorenzo se ergue em um pulo, colocando a
mão espalmada em meu peito.
Arthur faz a mesma coisa me olhando
sério.
— Eu vou fazer o que eu deveria ter feito
há muito tempo! — Digo afastando a mão
dele com brusquidão. — Matar o filho da
puta!
— Chris, isso é burrice... Eu sou o
advogado da Ágata... Eu posso ir até lá e
conversar...
— Não tem conversa, Arthur! Eu vou lá e
nem você, nem ninguém vai me impedir.
Entendeu? — Disparo o olhando.
Helena arregala os olhos passando as
mãos pelos cabelos. A minha cabeça
estava a mil por hora, pensando em uma
possível gravidez da Ágata, pensando na
filha dela com aquele homem. Meu Deus.
Clhoe pode ser filha dele, mas eu não
confiava naquele homem.
— O que eu vou... O que vou falar para a
Ágata? — Helena diz me olhando séria.
Pego o blazer vestindo-o rapidamente, a
olhando. Lorenzo para ao meu lado e
Arthur me fita.
— Diga para ela que...
— Diga para ela que saímos e voltamos
logo, ela não vai acordar tão cedo. — Abro
a porta ouvindo os passos deles logo atrás
de mim.
O carro de Lorenzo estava estacionado
perto do meu, entramos no meu carro
batendo a porta da Ranger Rover com
força.
Saí de arranque com o carro pisando
firme no acelerador, estava puto e só
conseguia imaginar meus punhos socando
Armando com todas as minhas forças.
— Você precisa se acalmar, cacete!
— Acalmar Lorenzo? A possível futura
mãe do meu filho, está dormindo enquanto
a filha dela está nas mãos de um louco
psicótico!
Vejo Arthur arregalar os olhos e só então
percebo o que acabei de falar. Era o
nervosismo, isso era certeza.
— Jesus! Pode me levar Cristo, não falta
mais nada agora! — Lorenzo ergue os
braços e me encara. — Nunca pensei que
estaria vivo para ouvir você falar isso...
— É o apocalipse! — Arthur exclama no
banco de trás. — Pode me levar também
Jesus, estou pronto!
Eu poderia ter revidado, mas minha
cabeça estava tão perturbada que eu não
conseguia pensar. Era como se meus
olhos estivessem tapados, apenas a raiva
me dominando por completo.
Se ele tocasse um dedo naquela
menina... Meu Deus.
Entramos no condomínio assim que
Arthur se identificou na entrada, tentei abrir
a porta só que ele foi mais rápido e
segurou em meu pulso.
— Você vai ficar aqui fora. — Ergue a
sobrancelha me olhando.
— Mas não fico mesmo. — Digo com os
dentes trincados.
— Chris, me ouça. Se você for até lá, vai
piorar as coisas. Eu vou entrar com
Lorenzo e resolver. Fique aqui. — Arthur
pede me olhando.
Tiro a mão da porta bufando, Lorenzo sai
em seguida, observo os dois tocarem a
campainha.
Aperto os dedos das mãos observando
ficarem esbranquiçados pelo aperto, bato o
punho no queixo de leve e eles entram.
Meu coração vai batendo frenético, aquele
ódio me consumindo.
O tanto que ele já fez Ágata sofrer, o
tanto que ela chorou...
Ele seria capaz de fazer algo contra a
própria filha?!
Oh inferno que eu iria ficar nesse carro!
Bato a porta com força, chegando a
poucos passos na entrada. A porta já está
entre aberta então entro olhando Lorenzo
de costas, enquanto Arthur conversa com
Armando que está sentado na poltrona.
Os olhos se fixam aos meus.
— Vejam só... Chegou quem faltava. —
Diz com sarcasmo enquanto solta um
sorriso me olhando.
— Onde está Clhoe? — Pergunto
fingindo uma calma que não sei de onde
surgiu.
— Opa. Calma aí, você acabou de
chegar e já se acha no direito de perguntar
sobre a minha filha? — Se ergue me
olhando.
Ele não disfarça a ênfase, nem o
sarcasmo.
— Armando nós queremos apenas que
você entregue a Clhoe, você sabe que
está infringindo uma ordem judici...
— Que se foda essa justiça de merda! —
Diz alto e passo a mão na testa. — Ela é
minha filha e daqui ela não vai sair! Nem
com você, nem com ninguém!
— Eu vou perguntar pela última vez... —
Vejo Lorenzo atravessar em minha frente.
— Onde está Clhoe?
— Por que quer saber? — Sorri
sentando-se novamente. — Não me diga
que agora Ágata quer saber onde a filha
está? Para passar a noite inteira abrindo
as pernas para você ela não pens...
O ódio me cega e a raiva me consome.
Empurro Lorenzo com brusquidão e ainda
vejo Arthur tentando segurar em meu
braço.
Pego Armando pelo colarinho com toda
minha força o fuzilando.
— Agora você me paga.
Meu punho acerta o nariz dele em cheio
e na mesma hora um filete de sangue
desce pelo mesmo, sinto os braços me
segurando só que minha raiva é maior e
soco-o mais ainda.
Ele acerta o canto da minha boca de
raspão, enquanto aperto sua jugular com
minhas mãos.
— Chris, pare!
— Christopher, filho da mãe!
— Me mata... Não é isso que você quer?
— Diz me olhando e respirando com certa
dificuldade.
— Você merece mais do que a morte seu
desgraçado! — O jogo no chão com
brusquidão o encarando. — Eu não acabei
com você ainda. Pedaço de merda!
Pela minha visão periférica o vejo
rastejando até a poltrona enquanto eu
subo as escadas, eu não tinha ideia de
onde ela estava, mas saí abrindo todas as
portas que encontrava.
Sinto o meu pulso latejar de doer e um
leve gosto de ferrugem do sangue em
minha boca. Paro, abrindo uma porta
enquanto ouço um choro baixo.
— Não quelo ficar, tia... Não...
Uma mulher que está ao seu lado tenta
conversar e a encaro, ela se ergue me
olhando. E espalmo a mão para ela ficar
onde está.
Clhoe estava com rosto avermelhado e
as bochechas molhadas pelas lágrimas
que desciam.
— Tio Kis! — Sai correndo de onde está
e vem para perto de mim, estendendo os
braços.
A pego no colo sentindo uma mistura de
alívio com alegria.
Um sentimento que não consigo explicar.
— Mamãe... Mamãe não veio? — Funga
e sorrio, passando a mão por seu rosto.
— Ela me mandou vir aqui para pegar
você... Você está bem? Te machucaram?
Ela nega e solto o ar de alívio
— Coe que ir pa casa... — Ela pede
deitando a cabeça em meu ombro.
O corpo pequeno ali em meus braços,
rapidamente faz que sim com a cabeça.
— Ela não...
Encaro a senhora e ela se cala me
olhando.
— A mamãe está esperando você meu
amor...
Desço as escadas com Clhoe no colo,
ela logo se encolhe. Vejo Lorenzo olhando
Armando jogado no mesmo lugar. E Arthur
me encara.
— Clhoe minha filha... — Ele se ergue e
dou um passo para trás. — Ela é minha
filha!
Clhoe apenas se encolhe enterrando o
rosto em meu peito.
— Saia de perto dela, agora!
— Quelo ficar com a mamãe...
— A gente tá indo para lá agora. — Digo
o olhando cerrar o maxilar com os punhos
cerrados.
— Você não sabe com quem está
lidando...
— Lembre-se que isso não acabou por
aqui. — Rebato me virando.
Não vi amor nos olhos dele, nada. Ele só
usava Clhoe para atingir Ágata. Que tipo
de monstro era aquele homem?!
— Não quelo... — Ela pede se
encolhendo enquanto tento coloca-la no
banco.
— Eu fico com você, tá bom? — Ela
assente me olhando.
Me sento apertando-a em meu colo
enquanto Arthur ocupa o volante e Lorenzo
o banco ao lado.
— Você foi imprudente, Chris.
— Dane-se Arthur! — Observo a
mãozinha sobre a minha e a encaro. — Ele
não te machucou, né meu amor?
Ela nega com a cabeça e deita em meu
peito.
— Eu estou aqui agora... — Suspiro
pesadamente.
Estava sentindo um aperto no peito com
aquela menina em meus braços, tão
indefesa.
Lorenzo a segura assim que o carro
para.
— Porque ela tá me olhando assim? —
Lorenzo indaga pegando Clhoe no colo. —
Por que tá me olhando assim bonitinha?
— Você tem namolada? — Pergunta na
maior inocência e Lorenzo gargalha a
olhando.
— Não. Nunca vou ter. E sugiro que você
não arrume um namorado também. —
Aperta seu nariz e ela sorri.
Abro a porta e Ágata logo corre, tirando
Clhoe dos meus braços. Beijando-a por
todos os cantos enquanto a pequena
apenas a aperta
— Graças a Deus você está bem meu
amor... Que bom que está aqui! — Beija a
sua testa e me encara. — Por que não me
acordou?
— Desculpa, mas foi difícil tentar distrai-
la. — Helena diz me olhando.
— Papai me levou pa casa... Disse que
eu ia molar lá... E que... Nunca mais ia vê
a mamãe... — Ela narra, enquanto Ágata
nega com a cabeça.
— Você não vai meu amor, a mamãe
promete. Promete que nada vai te
acontecer... Eu prometo...
Ela para e me encara séria.
— O que foi isso no seu rosto?
— Digamos que foi um pequeno
incidente. — Lorenzo sorri enquanto me
entrega um copo de uísque.
— Helena, pode levar Clhoe para tomar
um banho? Eu subo já, já. — Clhoe vai
para os braços de Helena e Arthur encara
Lorenzo.
— Bom... A gente vai à cozinha, vamos
Lôlo...
— Eu não, vou ficar aqui e ver a treta!
Encaro-o e logo se ergue do sofá, saindo
rapidamente.
Ágata se aproxima me olhando, sinto os
braços me rodeando. Descanso o queixo
no topo de sua cabeça aspirando o cheiro
do seu cabelo.
— Está muito machucado? — Pergunta
me olhando.
Acaricio o rosto negando com a cabeça.
— Nada que um beijo seu não resolva.
— Não sei como te agradecer, o que fez
pela minha filha... — Beijo sua testa
demoradamente.
Sorrio a olhando.
— Eu te amo, Ágata. E eu faria tudo de
novo. Por você. Por vocês...
Ágata
— Vai dormir aqui hoje? — Helena me
olha, enquanto termino de arrumar os
cabelos de Clhoe.
— Chris disse que tinha algo para
conversar comigo. Acho que sim, então.
— Mamãe... Tio Kis vai ser meu papai
agora?
Helena me encara e fito Clhoe franzir o
cenho.
— Não, amor. O Chris é... Ele... — Abro
a boca sem saber ao certo o que falar.
— Por que não vai brincar um pouco,
Clhoe? — Helena intervém e suspiro,
agradecendo em silêncio.
— Coe pode mamãe?
— Pode sim, meu amor. — Beijo sua
bochecha e ela logo sai correndo para os
brinquedos espalhados no chão.
Clhoe era extremamente carente de
afeto, sua pergunta tinha realmente me
deixado confusa.
Ela só tinha três anos e já tinha passado
por tanta coisa. E isso me doía, queria
poder dar um lar para ela, mais que tudo
na vida.
Estávamos na parte de cima, já que
Chris precisou sair com Arthur e Lorenzo.
Eu estava feliz e ao mesmo tempo
preocupada por ele ter enfrentado
Armando pela minha filha. Em anos, eu
nunca me senti tão bem. Tão protegida.
— Magno vai dormir lá comigo. — Sorrio
a olhando.
— Está ficando sério em... — Ela para e
me fita.
— Ele pediu para eu morar com ele,
Ágata.
Abro a boca a olhando surpresa.
— Lena... Isso é bom! — Ela dá de
ombros e paro. — Não é?
— Ágata... — Se ergue sorrindo e
arqueio as sobrancelhas.
— Você o ama, Lena? — Ela para no
meio do quarto e suspira.
— Eu o amo... Mas... Eu não sei se estou
disposta a trazer toda a bagagem do
Magno para minha vida...
Cruzo os braços, a vendo se sentar e
revirar os olhos.
— Ele não quer que eu trabalhe mais na
boate.
— Sabe que sempre fui contra você
fazer...
— Eu sei. E parei você sabe. Não quero
mais fazer aquilo... — Sorrio e seguro em
suas mãos a olhando. — Sabe que eu
precisava...
— Eu estou do seu lado para o que der e
vier, você sabe Lena...
— Eu sei, por isso que te amo.
Helena era tudo para mim. Amiga, irmã,
confidente...
— E não te falaram que amar tem seus
altos e baixos?
— Eu sei... Eu sei... Só que, casar é
casar, né? Por que não manter esse
relacionamento do jeito que está?
Eu queria sorrir na cara de Helena, ela e
esse modo estranho de manter o
relacionamento. Era uma maneira de se
proteger, eu diria.
Passamos horas no quarto, conversando
e lembrando de vários momentos. Ela
precisou ir embora e eu fiquei com Clhoe
naquele apartamento enorme, sem ter
ideia do que fazer.
— Tá com fome? — Pergunto para
Clhoe, que está sentada no balcão com as
perninhas balançando para lá e para cá.
— Tô! — Diz sorrindo.
Meu coração bate tão alegre por ter
minha filha junto de mim, beijo sua testa
demoradamente a olhando sorrir.
— Mamãe... Meu papai não gota de
mim? — Fico estática no mesmo instante,
a olhando.
Aquilo doía.
— Claro que não, Clhoe. Seu pai ama
você.
— Ele guita muito e eu não gosto
mamãe...
— Eu sei meu amor, eu sei...
— Se eu pedir a papai do céu... Ele deixa
eu tocar de papai?
Sorrio a encarando e suspiro tentando
não desmoronar em lágrimas ali mesmo.
— Se você pedir... Papai do céu vai
melhorar o seu pai.
Era impressionante a esperteza dela, o
quanto percebia tudo ao seu redor. Só que
mesmo odiando Armando com todas as
forças, eu queria acreditar que no fundo,
bem lá no fundo, ele amava Clhoe.
Tentei distrai-la o máximo possível e ela
acabou almoçando e dormiu no sofá
mesmo. Fiquei por minutos acariciando
seus cabelos, olhando-a dormir.
A porta se abriu e Chris entrou
segurando algumas sacolas, jogando-as
no sofá levemente.
— Quer que eu a coloque lá em cima? —
Pergunta me olhando.
— Daqui a pouco. Você está bem? — Me
ergo passando a mão pelo rosto.
O lábio inferior estava meio inchado, o
acaricio com cuidado enquanto ele aperta
minha cintura, me puxando para perto do
seu corpo. Os seus olhos me encaravam e
não resisto. O beijo com volúpia, como se
minha vida dependesse daquilo.
— Com você, eu sempre fico bem.
Sorrio o olhando pegar Clhoe no colo e
segurar em minha mão, entramos no
quarto dele logo após a colocar no quarto
de hóspedes.
As roupas sendo jogadas no chão e em
nenhum momento ele desgrudava a boca
da minha.
A língua misturando-se com a minha,
enquanto as mãos percorriam meu corpo
sem pudor. Solto um gemido contra seus
lábios quando o senti me penetrar, tão
forte e ao mesmo tempo tão rápido. Logo
após nos vira, me colocando por cima,
meus seios na altura do seu rosto
enquanto ele os suga com avidez.
Meu corpo convulsiona a cada estocada
bruta, é o prazer mais intenso que existe.
E eu quero sentir isso para o resto da vida.
Christopher
— Eu só quero que ele esteja morto, ou
eu mesmo vou acabar com a vida dele. —
Digo sorvendo um gole de uísque, que
desce rasgando entre minhas entranhas.
Minha mão tremia a mandíbula cerrada
enquanto aperto o copo nas mãos.
— Calma Chris. Estamos levando os
polícias para resolver isso. — Encaro
Arthur por cima da borda do copo e
deposito calmamente sobre a mesa.
— Não manda ele ter calma não, que é
pior. — Lorenzo se ergue colocando a mão
em meu ombro. — Só relaxa Chris...
— Relaxar? A minha mulher estava nas
mãos de um psicopata e você me pede
para relaxar? — Digo pausadamente
olhando Lorenzo arregalar os olhos para
Arthur.
— Tremeu até meu saco agora. —
Lorenzo diz me olhando.
Passo as mãos na testa quando um filete
de suor desce, um misto de raiva e ódio
me toma. Puta que pariu. Eu queria
estrangular Armando.
E iria fazer. Juro por tudo.
Descemos as escadas do prédio assim
que o carro de polícia estaciona em frente.
Prefiro ir no meu carro junto com Lorenzo
e Arthur. O volante se torna saco de
pancadas porque seguro com tanta força
que meus dedos chegam a ficar
esbranquiçados.
A respiração se torna acelerada quando
penso no que ele poderia ter feito ao meu
filho e até a própria filha dele. A Ágata.
Psicopata pau no cu de um caralho!
— Acho melhor você ficar aqui, Chris. —
Arthur diz olhando o relógio de pulso no
braço.
— Pois tente me segurar. — Passo por
ele, olhando os quatro policiais fortemente
armados.
Lorenzo sorri, vindo logo atrás de mim.
Assim que a porta do elevador se abre, eu
encaro o corredor vazio.
— Eu peço que fiquem aqui, por favor. —
Um dos policiais pede nos olhando.
Quando em apenas um chute a porta da
frente se abre, eu presto atenção o quão
sem segurança o apartamento é, eles
entram e encaro Lorenzo que me olha de
volta.
— Eu não vou esperar aqui.
Abro a porta, olhando apenas um policial
em pé, olho para o sangue espalhado no
chão. Muito sangue. O abajur quebrado e
nem sinal do infeliz.
— Não encontramos nada senhor. — Um
policial chega nos olhando.
— Como assim não encontraram nada?
— Pergunto olhando de um para outro. —
Tem sangue por todo o apartamento...
— Fomos até as escadas de
emergência, senhor Gonzáles. Não tem
ninguém aqui.
— Eu quero que vocês peçam as
câmeras de segurança de todo o prédio,
de corredores e escadas. — Arthur os
encara sério. — Uma pessoa não vai sumir
assim do nada...
— Isso está muito estranho. — Digo
olhando o sangue arrastado por todo o
local. — Não faz nem duas horas! Como...
— Não vamos esquentar o cu com rola
fina. — Lorenzo diz e encara os policiais
sérios. — Modo de dizer, entendam.
Me afasto indo até o quarto de Ágata,
algumas coisas bagunçadas e sem rastro
de sangue algum. Volto para a sala, onde
Arthur conversa com os homens. Lorenzo
me encara, chutando o abajur todo sujo
com os pés.
— Uma pancada dessas na cabeça...
Não sei se ele está vivo para contar
história.
Afrouxo a gravata passando as mãos
pelos cabelos.
— Mas não pode ter sumido Lorenzo. Ele
não sumiu assim do nada. — Digo com a
voz arrastada.
Passamos na delegacia para fazer um
boletim de ocorrência e pedir uma
meditada de proteção para Ágata e Clhoe.
Armando já estava proibido de se
encontrar com Clhoe sem um oficial de
justiça por perto, isso só iria complicar
mais sua situação e o inquérito sobre o
abuso sexual contra á Ágata já estava em
andamento. Arthur me aconselhou a abrir
outro boletim de ocorrência pelo que
aconteceu hoje, isso vai foder ainda mais
sua vida. E eu ainda acho pouco perto do
sofrimento que ele causou as minhas
meninas. Ágata e Helena precisarão
prestar depoimento, mas pedi para o
delegado que isso acontecesse em outro
momento, expliquei que a minha mulher
está gravida e que hoje já havia sofrido
fortes emoções e que isso poderia
impactar negativamente na sua gestação.
Ágata
— Shiii não vamos acordar a mamãe
agora...
— Ela tá mimindo ainda?
— A mamãe anda com uma preguiça
enorme... Mas ela vai adorar essa
surpresa.
Abro os olhos depois de ouvir o diálogo
mais lindo de toda a minha vida. Clhoe
estava sentada na cama, ainda com seu
pijama cor de rosa e abre um enorme
sorriso quando me encara.
— Mamãe!
Sorrio a abraçando, enquanto beija
minha bochecha demoradamente.
— Que abraço mais delicioso, meu
amor... — Beijo sua testa enquanto ela fica
em pé na cama me olhando.
Chris está de camisa e short, beija minha
testa sorridente.
— Fixemos uma surplesa linda mamãe!
Abro a boca, tornando a fechá-la olhando
para a bandeja de café da manhã em cima
da cama, estava tudo perfeito e repleto de
coisas que enchiam minha boca d'água.
— Não acredito que vocês fizeram isso!
— Digo sorrindo, pegando uma torrada
com geleia. — Oh, meu Deus! Isso está
delicioso...
— Foi a titia Rita que fez, mamãe!
Ops! — Clhoe coloca as mãozinhas na
boca como se tivesse falado algo que não
deveria.
— Que feio, Christopher! — Digo fingindo
um tom de indignação enquanto ele me
encara.
— Estragou o nosso plano, filha? —
Chris segura Clhoe nos braços, que
gargalha o olhando.
Era a cena mais linda que eu já tinha
visto em toda minha vida, depois de ontem
a noite.
Tinha acordado na sala e como Chris
sempre levava Clhoe para a cama, eu
sabia que eles não estariam em outro
lugar, só não imaginei encontrar o que vi.
Ele ajoelhado no chão, enquanto minha
filha pedia na inocência de criança uma
única coisa:
Amor!
Chris era o homem da minha vida e
agora seria o pai dos meus dois filhos.
Ele senta ao meu lado e começa a
provar um pouco de tudo que está na
bandeja. A mão acariciando meu joelho me
faz soltar um sorriso enorme e preguiçoso.
Eu amava aquele modo de ser sério e
romântico dele. Eu o amava com todas as
forças.
— Coe amou dormir na cama do papai!
— Pode dormir aqui sempre meu amor.
— Chris diz enquanto a olha.
A conexão que os dois têm é surreal e
mesmo sabendo que Clhoe tinha um pai,
que nem deveria ser considerado como
um. Armando iria surtar.
Mas nada pagaria o sorriso que ela
esbanja. Puro. Sincero.
— Acho que a mamãe está com
ciúmes... — Faço um beicinho os olhando
e ambos sorriem.
— Surra de beijos na mamãe!
Um grito fino escapa dos meus lábios
enquanto os dois se aproximam me
abraçando.
Terminamos de tomar café e Clhoe corre
para quarto para ir assistir antes de tomar
banho. Deito em seu peito enquanto ele
afaga meus cabelos.
Tínhamos dormido os três naquela cama
gigante, e era tão bom.
Helena apenas me ligou falando que
estava tudo bem, e eu iria dar as boas
notícias pessoalmente.
Ouço a respiração de Chris tão calma e
sorrio o olhando.
— Ela se apegou muito a você, Chris. —
Ergo o rosto e ele sorri. — Ela te ama...
— Eu também a amo... Como se fosse
minha.
— Obrigada... Por ser...
— Vocês são a minha vida, Ágata.
Nunca me esqueceria do que tinha
passado antes, de tudo que enfrentei para
ter ela aqui comigo. E também não me
esqueceria das palavras de Chris ontem a
noite, o quanto senti o amor transbordar.
Eu entendia agora o que era Realmente
felicidade.
Christopher
— Então quer dizer que o velho está
passando dessa, para a melhor? — Acerto
a barriga de Lorenzo com o cotovelo
enquanto ele me encara. — Ai fresco! Isso
dói inferno!
— Estamos em um hospital! — Arthur diz
batendo em sua cabeça.
Estamos na sala de espera, esperando
Ágata voltar da visita que foi fazer na
U.T.I., Otto sofreu um infarto e a situação
não é nada boa.
Eu não estava me sentindo culpado,
porque ele apenas enxergou o que estava
nos olhos de todo mundo. Que Armando
não prestava.
Acabei chamando Arthur e Lorenzo para
me dar um certo apoio. Patrick ainda
estava viajando e meus pais estavam
vindo para cá.
Todo apoio era bem vindo, por Ágata.
— Ah vá! O velho é o maior filho da puta
e vocês vem me bater? Encosta a mão em
mim de novo, que arranco essas rolas
finas! — Lorenzo diz me olhando.
— Então vocês estavam conversando e
ele acabou passando mal? — Arthur diz,
ignorando totalmente o comentário de
Lorenzo.
— Eu apenas falei a verdade para ele, a
verdade que ele já sabia, Arthur. — Engulo
seco. — Ele não acredita na própria filha!
Levou um documento para Ágata assinar,
que a faz abrir mão da fortuna de
Armando...
— Mas a Clhoe tem direitos, ela é filha
dele! — Arthur diz estendendo as mãos. —
Ele não pode fazer isso!
— Mas ele fez e Ágata assinou!
— Esse velho é pior que a encomenda.
Que tipo de pai é esse que não conhece a
própria filha? — Lorenzo diz e vira o
pescoço, dando uma piscadela para
enfermeira que se encontra no balcão.
Arthur me encara e encaro-o de volta.
— Tá paquerando a enfermeira?
— Eu sou homem de paquerar, Chris?
Eu sou homem de passar a loreconda para
dentro da caverna! — Diz com um sorriso
presunçoso que chega a me irritar. —
Pena que você amarrou o pau e não quer
mais comer mulher alheia...
— Quando se acha a mulher certa
Lorenzo, as outras não importam mais.
— Socorro! — Ele mostra o braço e
reviro os olhos. — Arrepia até as bolas
desse jeito! Espero não te perder para
essa facção da palavra com "A". —
Lorenzo fala com Arthur
— Joga essa praga para longe de mim,
Lorenzo! Enlouqueceu? — Arthur diz sério.
Eu já tinha curtido tudo que era para
curtir. Mas tem um momento na vida da
gente, que o que mais queremos, é parar.
E foi assim quando descobri que Ágata
está grávida, que estava na hora de parar.
Parar de pensar só em mim e passar a
pensar em nós.
Éramos quatro agora. Uma família.
— Ainda bem que nunca soube o que é
amor... — Volto à atenção para Lorenzo
que se ergue. — Mas o que é transar...
Isso eu sei! Então boa sorte aí para o
sogrão. Porque o Lorenzo aqui vai pôr o
pau em ação!
Reviro os olhos vendo ele se retirar
sorrateiramente. Logo após, a enfermeira
sai como se não quisesse nada. Na
verdade eu tinha pena das mulheres que
passaram pela vida do meu irmão na
intenção de fazê-lo se apaixonar.
Ágata volta minutos depois com o rosto
inchado. Coloco sua cabeça em meu peito
a ouvindo chorar baixinho. Arthur está em
pé do outro lado, de braços cruzados sem
falar absolutamente nada.
— O que o médico falou? — Pergunto
erguendo seu rosto com o dedo indicador.
— O estado dele não é nada bom... —
Diz em um Sussurro.
— Amor... Vamos para casa, não é bom
para você ficar nesse estado, Ágata. Arthur
vai ficar aqui até a sua mãe chegar...
— Eu não posso ir embora. — Meu
coração se parte ao vê-la naquele estado.
— Eu não...
Arthur já tinha se encarregado de ligar
para a mãe dela, só que era difícil
convencer Ágata a fazer alguma coisa. Por
isso esperei ela adormecer em meu peito e
a deitei no sofá ali mesmo.
Passo meu blazer cobrindo-a e acaricio
os cabelos levemente.
— Quero que faça uma coisa para mim.
— Digo a Arthur, que segura um copo de
café nas mãos.
— O que foi?
— Quero que consiga uns papéis de
adoção o mais rápido possível.
— Como assim? O que você...
— Eu quero meu nome no registro da
Clhoe, como pai Arthur. Antes do meu
casamento com Ágata.
Arthur arregala os olhos e bate em meu
ombro de leve.
— Que orgulho de você, Chris...
Parabéns irmão!
— Quero que a Clhoe tenha nosso
sobrenome, Arthur. A quero como minha
filha.
Eu precisava resolver todos os assuntos
pendentes antes de me casar. E me tornar
pai de Clhoe oficialmente, era uma delas.
Ela tinha conseguido roubar meu coração
de um jeito que não consigo explicar.
— Boa noite.
Me viro, olhando uma mulher parada
com uma bolsa nas mãos. Seu sorriso era
tão doce... Ela para e me encara, enquanto
olha diretamente para Ágata, que ainda
dormia.
— Eu sou...
— Ava Mendes. — Estende a mão nos
olhando. — É um prazer.
— Christopher Gonzáles. Esse é meu
primo, Arthur.
Ela nos encara e com um sorriso singelo
vai direto para onde Ágata está. Diferente
do marido, ela parecia estar mais
preocupada e feliz em ver a filha.
Talvez não a tenha procurado por
influência do marido. Não fazia ideia.
Ágata abre os olhos enquanto a mãe a
abraça rapidamente.
Acabei saindo com Arthur para deixar as
duas com mais privacidade.
Me sento na cadeira e suspiro enquanto
aperto o copo de café nas mãos.
Tinha sido uma noite longa e totalmente
demorada. Passamos a noite inteira
naquele ambiente. Meus pais passaram
rapidamente, mas estava tudo sobre
controle quando insisti para irem para
casa.
E o alivio veio quando o médico disse
que o caso de Otto estava estável. Por
mais que ele não merecesse, Ágata
precisava de paz.
A convenci ir para casa apenas para
tomar um banho e comer algo, ela relutou,
mas a sua mãe insistiu e ela acabou
aceitando.
— Obrigada por tudo que está fazendo
pela minha filha. — Ela segura em minha
mão e a encaro. — Perdão por Otto. Ele
sempre foi muito correto, tanto que chega
a ser cego.
— Ele disse coisas terríveis, senhora...
— Digo e passo a mão pelo pescoço a
olhando.
— Imagino. Armando foi um monstro,
que entrou em nossa casa e levou o nosso
bem mais precioso. — Franzo o cenho e
ela parece ler meus pensamentos. —
Achei que Ágata não queria mais nos ver.
Sempre que pedia para falar com minha
filha, ele mentia... Falava coisas horríveis.
— Bem o tipo dele. — Arqueio a
sobrancelha a olhando.
— Obrigada meu rapaz. Por tudo.
— Eu prometo voltar daqui a pouco,
mamãe... — Ágata se aproxima.
— Não se preocupe meu amor, dê um
beijo em minha neta.
Ela tinha um ar mais verdadeiro que o
próprio Otto, não aparentava defender
Armando. Por mais que nunca tenha feito
nada para impedir o marido a ajudar
aquele crápula.
Chegamos ao meu apartamento e a
primeira pessoa a pular no nosso colo é
Clhoe, a beijo no rosto demoradamente e
logo depois ela pula no colo de Ágata, a
beijando.
— A mamãe vai tomar um banho e desce
já meu amor...
— Eu subo já, já. — A beijo antes de
subir as escadas.
— Ele está melhor? — Helena pergunta
assim que Ágata some nas escadas.
— O quadro já está melhor sim, Helena.
Foi um susto e tanto.
— Papai... — Encaro Clhoe e parece que
meu peito vai inflar de tanto orgulho.
— Oi meu amor. — A pego no colo a
olhando sorrir.
— Senti sodade...
— Também senti saudades, meu amor.
Helena nos encara soltando um sorriso e
parece que vai chorar a qualquer
momento.
— Acho que agora sim, vai dar tudo
certo. — Digo olhando Helena sorrir.
— Eu também acho.
— Coe também asso...
Helena sobe rapidamente para o quarto
e Clhoe senta em meu colo, me olhando.
— Eu te amo... — Sussurro encostando
meu queixo em sua cabeça de leve.
Clhoe vira o rosto e sorri.
— Também amo o papai e a mamãe... E
meu irmãozinho também. — Ela franze o
cenho e sinto o aperto no peito.
Meu coração dá uma transbordada de
amor, enquanto sinto a mãozinha em meu
rosto.
Capítulo 36
Christopher
Olho para a porta que se abre, vendo
Lorenzo entrar com um saco de gelo na
cabeça e os olhos fechados. Praticamente
um zumbi.
— Alguém entrou em uma briga por
aqui? — Patrick diz sentado na minha
frente, olhando Lorenzo sentar ao lado de
Arthur.
— Isso foi uma noitada do cacete! — Diz
em um resmungo. — Alguém pega um
café para mim, por favor... Acho que vou
morrer...
— Se cair em cima de mim, eu te mato!
— Arthur resmunga.
— Não temos tempo para discutir sobre
as noitadas de vocês. — Sorrio enquanto
pego os relatórios.
Lorenzo estava quase caindo no colo de
Arthur.
Patrick o encara e logo solta:
— Isso foi por causa da discussão que
teve com papai?
— O que foi dessa vez? — Pergunto
olhando Lorenzo se sentar e deixar o saco
de gelo de lado. — Será que você e papai
nunca vão se entender, Lorenzo?
— Tio Patrício tem suas coisas... Mas
não convém essa briga sempre. — Arthur
se ergue, depositando os papéis na minha
mesa.
— Ele me pediu para ir lá e eu fui depois
veio com um papo meio estranho para
meu lado. Falando que um amigo dele está
precisando de grana...
— E o que é que tem? — Franzo o
cenho enquanto ele revira os olhos me
olhando.
— Foi isso que eu perguntei para ele!
— Você não perguntou sutilmente não,
Lorenzo. — Patrick diz cruzando os
braços. — Você perguntou o que diabos
tinha a ver com o dinheiro dele, que por
você ele poderia doar até a casa!
Balanço a cabeça olhando Lorenzo
fechar o semblante para Patrick, na
verdade essa briga dos dois era bem
antiga.
— Mudando de pau, para cacete... Como
vão os preparativos para colocarem a
coleira em você? — Lorenzo me encara
com um sorriso meio esnobe.
— Falta menos de uma semana para o
Chris ficar algemado pelo pau! — Arthur
berra rindo.
— Ele já está!
— Está nervoso?
Nego com cabeça olhando Patrick. Eu
esperei por longos três meses para ter
Ágata oficialmente, finalmente. Esperar
quatro dias não iria me matar. Ou iria. Eu
não estava tão nervoso assim, bom...
Estava. Mas ela não precisava saber.
Mamãe insistiu tanto para casarmos no
jardim de casa e até que achei melhor do
que na igreja. Era algo completamente
íntimo, para alguns convidados por
insistência minha e de Ágata. Por mamãe,
seria uma festa para abalar Nova York
inteira.
— Até hoje estou de boca aberta por
mamãe ter aceitado uma cerimônia
simples. — Patrick se ergue.
— Não é tão simples assim. Vai ter o
que? 300 convidados?
— Quase isso. — Digo me virando na
cadeira. — Eu espero ter mais convidados
no casamento de vocês.
— Prefiro morrer, há me ver em um altar.
— Lorenzo sorri com as mãos na cintura.
— Eu tô fora, deixa isso para vocês!
— Estou muito bem, obrigado. — Patrick
me encara. — Por falar nisso... Faltam
apenas três meses para Chris virar o papai
do ano!
— Iti malia... Titio tá doido pra ver esse
mini puto!
Dessa vez foi impossível conter o sorriso
que se espalhou pelo meu rosto. Há dois
meses descobrimos que Clhoe iria ser a
irmã mais velha do Henry.
E eu porra... Eu estava puto de orgulho.
O peito inflando de felicidade.
Estava lá segurando a mão de Ágata
enquanto Clhoe estava em meu colo e foi
impossível me segurar.
Era um baita bebê. Estava todo formado
e meu Deus. Seria a coisa mais linda do
mundo.
— Papai de casal! Ser pai de menina
não é fácil. — Arthur diz me olhando. —
Um menino irá te ajudar a por Clhoe no
eixo, quando ela começar a se balançar
para os meninos...
— Não me fale... Não saberia o que fazer
se viesse mais uma menina. — Balanço a
cabeça sorrindo.
— Mulheres juntas sempre dá treta. —
Lorenzo me encara. — Ansioso pra ver o
loirinho que vai vir.
Eu também estava ansioso para isso.
Segurar meu filho em meus braços.
Minha atenção vai para o computador
assim que os três saem da minha sala. Eu
queria deixar tudo pronto para pelo menos
não precisar vir para cá na minha lua de
mel. Não iríamos sair de viagem por conta
da gravidez e de Clhoe, apenas iríamos
ficar em um hotel.
— Posso entrar? — Arqueio a
sobrancelha, olhando Megan entrar meio
cabisbaixa.
— O que está fazendo aqui?
— Sua secretária não estava então... Eu
vim falar com você. — Puxa a cadeira
sentando na minha frente. — Papai
recebeu o convite do seu casamento...
— Hum. — Apoio o queixo na mão a
encarando. — O que é que tem?
— Não se case com ela, Christopher...
Essa mulher não é para você.
Ergo-me com as mãos espalmadas no
tampo da mesa. Fazia um bom tempo que
eu não via Megan. E não estava sentindo
falta nenhuma.
— E quem é mulher para mim, Megan?
Você? — Pergunto trincando o maxilar. —
Pois bem... Eu não ficaria novamente com
você, nem se a Ágata não tivesse
aparecido em minha vida... Você
entendeu?
Ela solta a bolsa de lado e se ergue,
ficando a minha frente.
— Não vou me jogar aos seus pés Chris,
não vou. É assim que você quer ótimo,
seja feliz com a oportunista. — Diz se
erguendo e saindo do mesmo modo como
entrou. Como um furacão.
Era só que o me faltava.
Sento-me novamente na cadeira,
temendo qual a próxima surpresa que vou
ter.
Ágata
— Está nervosa? — Helena bebe um
pouco do seu cappuccino me olhando. —
Não é nem eu que vou casar, mas estou
em uma pilha de nervos...
— Estou neutra, eu acho... — Digo a
olhando. — Quer mais?
Encho a xícara novamente a olhando
bebericar o líquido quente. Eu estava
sentindo uma dor nas costas que estava
fora do comum, não era normal.
Estávamos em minha cozinha revisando
os últimos detalhes para o casamento, que
seria amanhã.
Sim, tinha passado tão rápido, que me
deixou com medo. E nervosa. Muito.
— Tem certeza que não está nervosa?
— Tenho Helena. — Digo revirando os
olhos. — Acho que Chris está mais
nervoso do que eu.
Sobressalto quando a companhia toca e
giro a maçaneta da porta, olhando três
homens parados com sacolas nas mãos.
— Ágata Mendes?
— Sim.
— O vestido da senhora. — Seguro o
enorme embrulho nas mãos e chamo
Helena para me ajudar e eu poder assinar.
O último rapaz me olha insistentemente e
abaixa a cabeça assim que o fito.
— Obrigada. — Digo fechando a porta
rapidamente.
— Que homem estranho... Nossa. —
Helena torce o rosto e sinto um arrepio em
meu braço.
— Estamos pegando as paranoias do
Chris. — Digo abrindo o embrulho e sorrio
ao ver o vestido perfeito.
Helena sorri me olhando assim que o tiro
da capa que o protegia, era um vestido
simples e foi o primeiro que me encantou.
Era de renda francesa com pedras. Longo.
Adaptado para a barriga.
Eu realmente não via a hora de estar
oficialmente casada. Ainda não acreditava
na reviravolta que minha vida tinha dado
nesse último ano.
Antes uma dançarina de boate que não
tinha absolutamente nada. Hoje, eu estava
vendo os preparativos do meu casamento.
Com um homem que eu realmente amava
com todas as minhas forças.
Christopher
— Eu não vou ficar de braços cruzados
sem saber notícias dela! Eu não vou! —
Digo sentindo a mão de Lorenzo me
segurar pelo braço. — Me solte inferno!
— A polícia já foi acionada Chris, pelo
amor de Deus! — Pede me olhando.
— Ficar nervoso não vai adiantar meu
filho. Não vai levar ninguém a lugar
nenhum Christopher. — Meu pai me
encara e balanço a cabeça.
— Ótimo. Se fosse a mamãe que tivesse
sumido grávida? O senhor faria o que? —
Pergunto, o olhando se calar rapidamente.
— Perfeito. Eu não vou ficar de braços
cruzados enquanto minha mulher
desapareceu. É meu filho, pai!
Ele estava pronto para falar algo, que
não conseguiu. Helena está de braços
cruzados, com o rosto inchado de tanto
chorar. Eu fiquei como um louco quando
me ligaram do prédio, falando que Ágata
tinha sumido.
Eu não pensava em outra pessoa a não
ser Armando. Quem mais faria tal coisa?
— Enquanto a polícia procura, eu vou
voltar no prédio. — Digo olhando Lorenzo
me encarar.
— Eu vou com você. — Patrick diz
pegando as chaves do carro.
— Vamos Lorenzo. — Arthur passa na
minha frente.
Os convidados do casamento tinham
sido elegantemente retirados do jardim por
minha mãe. Não conseguia respirar de
tanta preocupação e medo. Medo por ela.
Pelo meu filho.
— Papai... — Encaro Clhoe que me fita.
— A mamãe?
Helena se aproxima a segurando no
colo.
— Eu juro por Deus que eu vou trazê-la
meu amor. O papai promete.
Beijo sua testa enquanto saio como um
louco. Lorenzo dirige com a velocidade
digna de um filme de ação, o que ajudou a
estarmos no meu apartamento em menos
de 10 minutos, o que costuma demorar 30.
— Eu quero o nome do segurança que
estava com a Ágata! Agora! — Coloco o
dedo em riste, olhando o segurança em
minha frente empalidecer.
— Era o James senhor...
— E onde esse infeliz está agora?
— Senhor Gonzáles... James e Gérard
foram comprados. — Olho para o rapaz
que chega correndo e para na porta, me
olhando. — Eu também fui.
— Christopher! — Ouço Arthur tentar me
segurar quando acerto o rapaz magrelo,
que cai tombando para trás com a mão no
rosto. — Se acalme!
— Me perdoe... Eu... Eu realmente
estava precisando de dinheiro e...
— Quem era a pessoa? — Patrick
pergunta. — Temos um advogado dos
bons aqui e somos quatro! Se você não
quiser ter sua vida acabada, eu sugiro que
colabore com a gente.
— Toda a filmagem de hoje
desapareceu. — Lorenzo diz me olhando.
— Os policias estão procurando pistas e
não tem filmagem de hoje.
— Eu quero o nome! Agora! Quem era o
homem?
— Uma senhora veio aqui e disse
apenas o necessário, senhor. Nos pagou e
foi embora. — O rapaz diz limpando o
nariz que desce sangue. — James atraiu a
senhora Mendes para as escadas... E...
Alguém a levou...
Tento me soltar, mas Arthur segura em
meu braço com toda a força. Eu queria
quebrar a cara dele!
Passo a mão pelo rosto e afrouxo a
gravata, que me sufoca.
— Entre em contato com esse tal de
James, agora! Pergunte onde estão, ou
você não vai sair vivo daqui! — Disparo,
me soltando bruscamente. — Eu juro que
te mato!
Eu devia desconfiar que estava tudo indo
bem demais para ser verdade.
O meu maior desespero era saber que o
pai de Ágata também tinha sumido, ele
tinha levado os dois.
— James... Eu... Preciso falar com você,
posso ir onde você está? É urgente! Não...
Não, é claro eu entendo... Tudo bem. — O
rapaz desliga o celular e me encara.
— E ai? — Lorenzo diz o olhando.
— Ele não disse.
Solto um suspiro fraco entrando em um
desespero que eu nunca tinha sentindo em
toda minha vida.
— Me dá essa merda para cá! —
Lorenzo toma o celular e me encara.
— O que vai fazer?
— Vou pedir para o delegado rastrear a
última ligação. — Sai às presas da sala,
junto de Patrick.
— Sugiro que não saia desse prédio.
O rapaz me encara e nego com a
cabeça, passando as mãos pelo cabelo
exasperado. Era uma situação de
impotência e raiva que iam me fazer
explodir a qualquer segundo.
As lágrimas descendo sem piedade
alguma e doía. Doía para um inferno.
Me ergo indo até o quarto, o vestido
intocado no cabide. O celular na mesa de
cabeceira, em pensar que ela esteve aqui
há alguns minutos.
— Ela vai ficar bem. Eles... — Arthur diz
da porta.
— Se acontecer alguma coisa com ela...
— Não vai, Chris. — Arthur entra no
quarto e pega em meu ombro me olhando.
— Vamos encontrar o mandante disso tudo
e acabar com ele.
Eu precisava acreditar nisso. Eu tinha
que acreditar.
A polícia estava a procura de mais
pistas, mas era quase como procurar
agulha no palheiro, não foi amador dessa
vez. Mas nada era perfeito.
Nada.
— Consegui. O detetive localizou o lugar.
— Lorenzo entra com o rosto vermelho ao
lado de Patrick. — Estão no antigo
apartamento da Ágata!
Solto um suspiro pesado e saio correndo
como um louco. A polícia estava logo atrás
de nós enquanto Lorenzo dirigia
novamente. Meu corpo em uma adrenalina
total, meu peito parecia que ia rachar de
tanta dor que eu estava sentindo.
— Não aconselho a entrar. Deixe isso
com a polícia, por favor.
— Não há um ser humano nessa terra
que vai me impedir de entrar nesse
apartamento. — Digo passando em sua
frente, ouvindo os resmungos logo atrás de
mim.
Ágata
Me deito na cama tentando cobrir meu
corpo, eu estava com tanto frio e ao
mesmo tempo com medo. Sobressalto
quando Armando entra com um sorriso
perverso no rosto.
— Alguém quer ver você, meu amor... —
Diz me pegando pelo braço e acabo me
desequilibrando e caindo sentada no chão.
— Ah Ágata... Sem cair meu amor... Não
quero que se machuque.
— Você é um verme, Armando! — Digo
entre dentes, enquanto ele me ergue com
brusquidão.
Ele arrasta meu corpo para fora do
quarto apenas de lingerie, eu via os
seguranças de costas e quase corri
quando vi meu pai jogado no sofá,
amordaçado.
— Pai... — Sussurro o olhando.
— Acho que seu pai não está te ouvindo.
— Fala baixo em meu ouvido. — Otto meu
querido, vai deixar sua filha ser violentada
na sua frente e não vai fazer nada?
Ele não se mexia.
— Pai... — Falo o olhando.
— Vem cá Ágata. — Armando me puxa e
tento me soltar. — Vocês podem sair
reunião de família agora.
Ficamos apenas nos três na pequena
sala. Armando está atrás de mim enquanto
encaro meu pai, que não se mexe.
— Olhe como sua filha é linda, Otto... De
roupas íntimas então?! É um sucesso...
Sem ela então...
Solto um grito fino quando o sutiã cai no
chão.
— Pare com isso!
Eu não estava sentindo minhas pernas.
Uma dor tão forte me atingindo no ventre
e nas costas, que foi impossível evitar o
grito.
— Você está sangrando amor...
Sobressalto quando a porta é aberta e a
polícia aparece.
— Ágata!
Capítulo 38
Christopher
— Eii... — A seguro quando ela tomba
para o chão.
Pego seu corpo rapidamente, a
abraçando enquanto ela enterra o rosto em
meu peito em um choro compulsivo.
— Eu estou aqui, meu amor... Eu estou
aqui... — Sussurro a olhando. — Ágata...
Tiro o blazer rapidamente, passando por
seu corpo.
Mas ela não responde.
— Ágata... Ágata, fale comigo! Ágata!
— Chris! — Lorenzo me encara e olho
para baixo, vendo uma poça de sangue em
meus pés. — Merda, Christopher!
A encaro pálida e fico cego no mesmo
instante. Eu ouvia a voz de Arthur
mandando chamar os paramédicos. A
polícia entra e eu não consigo enxergar
mais nada, a não ser ela quase
desmaiando em meus braços.
— Diga que ele não tocou em você,
Ágata... Por favor... Diga que ele não
encostou em você!
A observo enquanto acaricio o seu rosto.
— Chris...
— Não... Não... Não... — Repito para
mim mesmo a erguendo no colo. —
Chame uma ambulância, a emergência!
Pelo amor de Deus!
O desespero e o medo tomando conta do
meu corpo ao mesmo tempo.
E ela desmaia. Desmaia em meus
braços.
— Ágata! Ágata, por Deus...
— A gente tem que tirar ela daqui...
Abro a porta em um solavanco forte com
ela nos braços, olha para Patrick que está
parado com os olhos arregalados.
— Christopher... O que?
— Patrick... Leve-a daqui. — Peço o
olhando.
— Na... eu..
— Eu vou logo atrás. — O encaro
sentindo o ar sumir. — Patrick...
Ele me encara enquanto a pega nos
braços.
— Eu estou entregando a vida dela e a
do meu filho a você, Patrick... Por favor...
— Eu juro que eu vou manter os dois a
salvo, Chris.
Beijo a testa dela demoradamente,
vendo o sangue descer pelas suas pernas.
Eu precisava acreditar que iria ficar tudo
bem. Mas eu não arriscaria deixar
Armando sair vivo dessa vez.
— Eu prometo. — Ele diz, saindo
rapidamente.
Otto sai carregado pela maca, totalmente
desacordado. Os policiais levam Vânia
algemada enquanto ela se debatia,
gritando pelo nome do infeliz, que estava
de joelhos.
— Onde ela está? — Lorenzo indaga me
olhando.
— Vá atrás de Patrick e ligue para a
mamãe, por favor.
— Chris... — Lorenzo me encara.
Fecho os olhos, sentindo uma lágrima
grossa descer quente.
Lorenzo apenas assente, saindo.
Me aproximo olhando Armando
algemado, com um sorriso no rosto que
estava me enojando.
— A situação de Otto não é nada boa,
Chris. — Arthur diz parando ao meu lado.
— Quanto vocês querem para me deixar
a sós com ele? — Pergunto olhando os
policiais me encararem espantados.
— Chris...
— O senhor está tentando nos subornar?
— Um deles fala, me olhando sério.
Eu estava pouco me fodendo se eles
iriam me prender ou não, eu só iria me
vingar por tudo.
— É claro que ele não está tentando
fazer isso, eu sou advogado. Meu cliente
só quer um momento com o elemento.
— Não, eu quero que vocês saíam e me
deixem sozinho com ele. — Digo em um
sussurro. — Cinquenta mil, está bom?
Eles se entre olham. Cinco no total.
— Para cada.
Arthur me encara e os cinco policiais
marcham para fora, junto com o restante
do pessoal. Armando não se mexe e
continua com as mãos para trás, me
olhando sério.
— Eu vou botar minha boca no trombone
quando eu sair daqui. — Diz erguendo o
queixo.
— Quem disse que vai sair vivo daqui?
— Sussurro acertando seu queixo com
toda a força que existe dentro do meu
corpo.
Ele cambaleia para trás, caindo no chão
enquanto sorri com os dentes e o nariz
cobertos de sangue.
— Eu estando algemado é fácil...
— Não é assim que você age? Pela
covardia? Seu desgraçado, miserável!
Chuto suas costelas... Uma... Duas...
Três... Quatro... Cinco... Várias vezes
seguidas.
Até o suor descer pingando no meu
rosto.
— O seu único erro, foi ter se metido
mais uma vez com a Ágata... — O seguro
pelo colarinho e mal posso ver seus olhos,
de tão inchados.
O sangue descendo pelo nariz e pela
boca, eu só sentia mais raiva a cada
minuto que se passava. Em pensar que ele
poderia ter... E se eu não tivesse chegado
a tempo?
— Ela adorou, sabia? Adorou o jeito que
eu a fodi sem parar...
— Você não é um homem! — Acerto seu
queixo mais uma vez com o punho,
batendo várias e várias vezes seguidas.
— Otto... Otto viu tudo, sabia? — Cospe
o sangue e me olha. — Seu bastardo não
vai nascer... Ele não vai!
Ele solta um sussurro e parto para cima
dele o socando, sentindo a adrenalina
percorrer meu corpo totalmente. Meu
punho chega a doer tamanha a força que
eu coloco, mas era mais forte do que eu.
Eu não conseguia parar, eu não
conseguia.
— Chris, já chega! — Ouço a voz de
Arthur e ele pega em meu ombro.
— Saia da minha frente! — Digo com o
maxilar cerrado.
Estou pronto para socar Armando
novamente, quando Arthur segura em meu
punho e me olha.
— Ágata precisa de você, Chris... Já
chega!
E como um choque de realidade eu
desperto, vendo Armando jogado com a
respiração irregular.
Passo a mão no rosto, vendo o sangue
entre meus dedos, meu coração batendo
tão forte que parecia que iria parar a
qualquer momento.
— Vamos.
Estava em uma espécie de transe, com
tanto ódio.
Ágata
Abro os olhos sentindo um peso no meu
corpo e na minha cabeça, tento me sentar,
mas não consigo.
— Que bom que você acordou meu
amor... — Minha mãe me encara, a abraço
sentindo aquele medo sair de dentro de
mim. — Está tudo bem... Está tudo bem...
— A Clhoe? Como ela está mamãe? —
Pergunto a olhando sorrir.
— Está com saudades.
Varro o quarto com o olhar, vendo
apenas minha mãe parada me olhando.
— Cadê o meu filho? — Indago olhando
para minha barriga sem nada.
— Calma meu amor... Eu vou chamar um
médico, Ágata. — Ela se afasta, indo até a
porta e chama alguém.
Os flashs começam a passar pela minha
mente e não consigo me mexer. Eu
apenas lembro que Chris invadiu o
apartamento, apenas isso.
— Doutor... Por favor... Me diz onde está
meu filho?
— Você acabou de voltar de uma
anestesia, é normal ficar agitada. — Diz
me olhando.
— Cadê o Chris? — Indago olhando
minha mãe me encarar.
— O bebê está na UTI, Ágata. Ele é tão
pequeno e tão forte ao mesmo tempo,
filha... — Minha mãe se aproxima
acariciando meu rosto e enxugo minhas
lágrimas, que teimam em descer sem
parar. — Vai ficar tudo bem... Tudo bem...
Solto o ar devagar quando Chris aparece
na porta, era tão bom ver ele novamente.
O aperto forte.
— Eu vou avisar para Helena que você
está bem. — Mamãe sai do quarto e
encaro Chris, que abaixa a cabeça sem
me olhar.
— Como ele é?
— Ele se parece comigo. — Sorri
limpando o rosto no mesmo instante. —
Mas é tão forte quanto à mãe...
— Papai já sabe que eu acordei? Ele
estava tão mal, Chris... Eu... Eu fiquei com
medo que ele...
Paro quando sinto a mão de Chris se
fechar junto a minha.
— Está tudo bem, Ágata. Descanse
agora... Passamos por coisas demais. —
Diz me olhando. — Não vou sair do seu
lado, amor...
— Henry vai ficar bem, não vai? —
Sussurro o encarando.
— Vai meu amor... Ele tem que ficar
bem.
Patrick
Arthur me encara, arqueando a
sobrancelha e sorrio balançando a cabeça.
— Qual o sentimento nesse momento?
— Me encara sobre a borda do copo.
— Normal. — Ele me encara com os
enormes olhos azuis. — Qual foi, Arthur?
— Te conheço, Patrick.
Mordo o lábio enquanto aperto a taça em
meus dedos.
Observo Ágata rodopiar pelo salão
enquanto Chris a guia sobre passos lentos
e firmes. O vestido estava lindo, os
cabelos caindo sobre as costas como uma
cortina dourada.
Ele estava feliz. O sorriso estampado no
rosto abertamente. Ágata diz algo em seu
ouvido e ele a encara, colando a testa na
sua, a beijando.
Abaixo os olhos rapidamente, querendo
que aquele sentimento suma. Era horrível.
— Eles estão felizes... Eu também. —
Indago e Arthur assente me olhando.
Eu estava feliz. Do fundo meu coração,
eu estava.
Era o grande dia. O dia do casamento da
mulher da minha vida... E não era eu quem
a esperava no altar.
Ela estava radiante. Feliz. E
incrivelmente linda.
Ela caminhou em direção ao homem a
quem ela escolheu para passar o resto da
sua vida... Meu irmão.
Hoje ela ganhou o sobrenome e
tecnicamente não era o meu.
Hoje eu ganhei uma dor e tinha o nome
dela.
Eu estava feliz. Eu precisava acreditar
que estava feliz.
— Tem coisas que vão morrer comigo,
Arthur. — Ergo a taça enquanto ele me
encara sorrindo.
— É o melhor a se fazer, Patrick. —
Arthur rebate tocando sua taça na minha.
Assinto veemente o olhando.
— Ela tem três corações e nem
percebeu, Arthur... — Sorrio e ele me
encara com o cenho franzido.
— Três?
— O dela, o dele... E o meu.
E sinto o nó na garganta enquanto abro o
sorriso.
Queria arrancar aquele sentimento de
mim, sem deixar rastros. Mas era
impossível. Aceitei ir para a Alemanha
para tentar fugir.
Longe dos olhos, longe de coração. Iria
seguir isso.
Ela agora dança com meu pai que sorri,
assim passando por cada membro da
família. Sorrio enquanto seguro em sua
mão e ela me encara fixamente, os olhos
claros presos aos meus.
— Patrick... — Sussurra enquanto a
encaro.
— Que vocês viagem, aproveitem tudo
de mais lindo... Que tenha tudo que você
sempre quis. Eu te desejo tudo de mais
lindo. — Digo baixo e ela franze o cenho.
Continuo a guiando enquanto a música
soa.
— Patrick... Você também merece tudo
de mais lindo.
Assinto e aperto os dedos entre os meus.
— Você é a noiva mais linda. — Afirmo e
ela balança a cabeça me encarando. — Eu
preciso ir agora...
A música para e a fito enquanto sorri.
— Posso te dar um abraço? — Pergunta
e assinto.
Ela me abraça e por um segundo sinto
uma pontada forte no peito.
— Boa viagem, Patrick... — Sussurra e
beijo sua testa rapidamente.
— Faça ele feliz. — Digo apontando com
o queixo para Chris, que se aproxima.
Ela assente sorrindo e limpa o rosto
delicadamente.
Me viro saindo rapidamente.
Alegria de saber que eles estão felizes é
o suficiente para aguentar a tristeza de não
a ter ao meu lado.
Ágata
— Promete que vai ligar se alguma coisa
acontecer com eles? — Pergunto, olhando
Clarisse sorrir e assentir.
— Você está me falando isso pela
terceira vez só essa noite, Ágata.
— Eles vão ficar bem, meu amor.
Clarisse e eu sabemos cuidar de bebês
ainda. — Mamãe sorri, me olhando diante
do meu nervosismo.
Sair em uma lua de mel realmente não
estava em meus planos com duas crianças
pequenas. Henry só tinha quatro meses e
Clhoe iria completar seus quatro anos
daqui a três semanas. Depois de tanta
insistência da minha mãe e de Clarisse,
acabei concordando.
Abraço as duas ao mesmo tempo
sorrindo. Abraço Patrício que está com
Clhoe adormecida em seus braços e a
beijo demoradamente. Caminho até meu
pai que sorri de lado me olhando, as
coisas entre nós tinham se acertado, papai
passou pela investigação e pelo
julgamento, do processo que a juíza tinha
solicitado, eu testemunhei a seu favor,
afinal ele assim como eu tínhamos sido
vítimas das armações de Armando. Papai
e mamãe foram condenados a prestar
serviços comunitários e a fazer doações de
cestas básicas para algumas instituições
que acolhem menores de idade. Nada
mais justo afinal, todas as ações têm as
suas reações nesta vida. A lei do retorno
nunca falha e agora sim estamos prontos
para virar esta página em nossas vidas e
começar um novo capítulo.
— Estou com o coração na mão... —
Falo o olhando. — Por deixar vocês...
— Está indo para sua lua de mel, minha
filha. Não para uma viagem sem volta,
Ágata. — Diz com certa dificuldade na voz.
Acaricio seu rosto o beijando.
— Eu te amo.
— Eu também te amo. Agora vá ser feliz,
filha... Porque você merece.
Aperto suas mãos e me viro, olhando
Helena de braços abertos, a aperto tanto
que ela chega a sorrir, falando que está
sendo sufocada.
— Obrigada por tudo... Por tudo... —
Sussurro a olhando limpar o rosto
rapidamente. — Eu te amo mais que tudo
nessa vida...
— Eu também te amo. — A encaro e
sorrio.
Helena estava diferente, o rosto mais
arredondado. Estava com um sorriso largo,
ao mesmo tempo em que uma tristeza
passa por seus olhos.
— Você está bem, Lena? — Ela assente
e sorrio. — Eu te conheço...
— Não seja boba, loira... — Diz baixinho
enquanto me abraça. — Agora vá curtir
sua lua de mel com seu homem tatuado,
porque ele deve estar louco.
— Eu vou... Mas antes eu preciso falar
com o Magno.
Caminho até ele, o olhando erguer o
copo de vodca em minha direção. Depois
da morte de Armando, ele tinha ficado com
tudo que era dele. Tinha transformado a
boate.
Ele estava diferente também.
— Eu não sei como te agradecer por
tudo que fez por mim e pela Clhoe,
Magno... Por todas as vezes que me
salvou... E...
— Não precisa agradecer Ágata. Sabe
que isso já passou. Minha sobrinha não
poderia ter escolhido um pai melhor do que
o Christopher... Você só precisa esquecer
tudo aquilo e seguir em frente. — Diz
colocando o copo na mesa me olhando.
— Estou agindo como se fosse uma
despedida, não é?
— Mas é uma despedida. — Diz sorrindo
ao ver minha cara de espanto. — Porque
você está se despedindo da vida antiga e
dando um olá para a nova vida que está
chegando.
— Cuide da Helena... Ou eu te mato! —
Sorrio enquanto ele segura em minhas
mãos.
— Helena é tudo que eu tenho Ágata...
Sorrio balançando a cabeça enquanto
Helena se aproxima. Espero que Magno
seja um homem bom para ela.
O abraço fortemente enquanto
caminhamos de volta para dentro da casa.
Chris sorri enquanto enlaça minha cintura
e Lorenzo e Arthur gargalhavam
sonoramente.
— Acho que devemos ir...
— As malas já estão no carro. — Arthur
fala sorrindo. — Então... Boa viagem e se
previnam! Não queremos um bebê tão
cedo por aqui...
— Não seja trouxa, Arthur. — Chris
dispara sorrindo.
— Estou me sentindo de luto. — Lorenzo
diz sério e me encara. — Não me leve a
mal, Ágata... Mas meu irmão vai virar um
escravoceta, é muito triste para mim...
Gargalho o olhando enquanto Chris
revira os olhos, o encarando.
— Com todo prazer do mundo.
Christopher
O almoço na casa dos meus pais estava
mais movimentado que dia de Natal.
Patrick estava chegando de viagem e
estávamos naquela euforia. Aliás, tinha
sido um ano bem longo.
Sorvo um gole de uísque enquanto vejo
Ágata segurar Henry, que queria andar
sozinho junto de Clhoe, que estava ao seu
lado.
— Sua cara de bocó está sendo bem
nítida, se você quer saber. — Lorenzo diz
e o encaro. — Ele não está com cara de
bocó, Arthur?
— Ele sempre teve.
— Vocês dois não tem mais nada
interessante para fazer não? — Pergunto
vendo Lorenzo negar com a cabeça, junto
de Arthur.
— Eu até tenho... Só que mais tarde...
Vou levar uma gostosa lá para meu
abatedouro. — Lorenzo captura uma
azeitona recheada jogando na boca.
— Nem me fale... Levei uma delicinha
para comer e acredita que ela era virgem?
— Arthur solta um suspiro e o encaro.
— Deus me livre de uma virgem na
minha vida... Ainda tenho aquele caderno
de 10 coisas impossíveis. A segunda delas
é nunca pegar uma virgem. — Lorenzo diz
me olhando.
— A primeira é...
— Nunca... Ca... Aquela palavra que só
em falar o nome, me deixa nervoso.
Sorrio terminando de beber o líquido
enquanto eles continuam a relatar as
obscenidades. Não que eu tivesse virado
um santo. Não. Só que agora eu era
homem de uma mulher só.
E isso nunca me fez tão bem na vida.
Mamãe abre a porta sorrindo, quando
Patrick entra com malas e um sorriso
estonteante no rosto. Literalmente a
viagem tinha feito um bem enorme para
ele.
— Até que em fim você voltou! —
Lorenzo o abraça e sussurra algo em seu
ouvido, que o faz revirar os olhos sorrindo.
O abraço batendo de leve em suas
costas quando ele me encara.
— Quase não o reconheci quando
cheguei. — Patrick diz segurando Henry,
que está concentrado demais em seu
biscoito para falar uma de suas palavras
indecifráveis. — Ele está a sua cara...
— Não deixe Ágata ouvir isso...
— Eu quero falar com vocês três daqui a
pouco, um assunto importante. — Papai
diz nos olhando e encarando Lorenzo que
para com um garfo a meio caminho da
boca.
— Há não, inferno... Lá vêm ele com
aquelas lições de moral que me deixem
com sono.
— Lorenzo, você realmente não tomou
juízo ainda? — Patrick indaga e ele nega
com a cabeça.
— Fui tomar juízo, mas só tinha vodca.
— Lorenzo sorri dando de ombros.