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Copyright © 2023 BEATRIZ SILVEIRA

Todos os direitos autorais reservados para a autora.

É proibida a venda total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio
eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da
internet, sem permissão do seu editor (Lei nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998).
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos da imaginação da autora, qualquer semelhança com acontecimentos reais é uma mera
coincidência.

CAPA
Beatriz Silveira – Canva e Picsart.
DIAGRAMAÇÃO
Beatriz Silveira
BETAGEM
Carla Kristina
ILUSTRAÇÃO
Julia Araujo
SUMÁRIO
SINOPSE
ALERTA DE GATILHO
PLAYLIST
DEDICATÓRIA
NOTA DA AUTORA
EPÍGRAFE
PREFÁCIO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
AGRADECIMENTOS
SINOPSE
Dylan Foster é o jovem CEO do Grupo Foster e tem um verdadeiro império. Dono de
uma beleza digna de um Oscar e um carisma excepcional, Dylan faz sucesso entre as mulheres –
e ele sabe disso. – Mas o seu passado conturbado fez com que ele decidisse que uma boa foda
sem compromisso é o suficiente.
Aurora Duarte é uma mulher atrevida e não gosta de levar desaforo para casa. Ela teve a
sua vida virada de cabeça para baixo quando precisou ir embora do Brasil escondida da sua
família. Ao chegar em Los Angeles as coisas estavam caminhando bem, mas como ela não tem
um dia de paz, acabou ficando desempregada.
O destino dos dois se cruzaram de uma maneira inusitada e apesar de todas as brigas, a
atração foi instantânea. Tanto o Dylan quanto a Aurora não querem ter um relacionamento sério
e para tentar lidar com a explosão de sentimentos que um sente pelo outro, eles decidiram entrar
em um acordo que tem tudo para dar errado.
Ela é explosiva e ele sabe como tirá-la do sério.
Ele é ciumento e ela gosta de provocar.
Ele tem regras e ela vai mudar tudo.
São dois corações que se recusam a serem feridos novamente, mas são dois corpos que se
desejam mais do que tudo.
Será que o Dylan conseguirá enfrentar o seu passado?
Será que a Aurora vai conseguir acreditar que o amor também pode ser para ela?
Faça a sua aposta e venha conferir o desenrolar dessa história cheia de sentimentos,
humor, tesão nível hard e drama.
ALERTA DE GATILHO
Este livro contém cenas de sexo explícito, cenas de BDSM, relações sexuais sem uso de
preservativo e uso de palavras impróprias. Além disso, o livro contém cenas de violência contra
a mulher, violência psicológica, traumas, inseguranças, crises de pânico e traição.

Este livro abordará tópicos sensíveis. Ambos os personagens possuem traumas e trabalho
o desenvolvimento pessoal dos dois.

Não esperem pessoas perfeitas, eles erram. E muito.

Vale ressaltar que eu, a autora que vos fala, não compactuo com algumas das atitudes dos
personagens, mas determinadas cenas são essenciais para o desenvolvimento deles, então, espero
que saibam separar as coisas e tenham empatia quando forem fazer comentários, também tenho
sentimentos.

É importante lembrar que, se você for sensível a qualquer um dos gatilhos citados,
infelizmente, eu não recomendo a leitura. Mas, se esse não for o caso, pode ler sem medo, pois o
único risco que você correrá é de se apaixonar pelo gostoso do Dylan ou pela gostosa da Aurora.

Livro recomendado para maiores de 18 anos.


PLAYLIST
Para ouvir a playlist de Explosive no Spotify, é só abrir o aplicativo da plataforma de
música no seu celular, ir até a opção buscar e apontar a câmera pra o código abaixo, ou clique
aqui.
DEDICATÓRIA
Dedico este livro a todos que lutam diariamente para enfrentarem os seus traumas. Não
sejam prisioneiros do passado, libertem-se.
E para aqueles que tiveram o coração partido: não permita que essa decepção te impeça
de conhecer uma pessoa que possa te fazer feliz. Não deixe que o passado interfira no seu futuro.
NOTA DA AUTORA
Caros leitores, eu me chamo Beatriz (talvez isso seja meio óbvio), mas alguns me
chamam apenas de Beea ou Bia.

É um imenso prazer ter você aqui para apreciar o meu trabalho. Essa é a minha primeira
obra e já peço desculpas, caso você encontre algum erro.

Então, minhas esmeraldas, esse livro foi o meu maior desafio. Tive vários bloqueios
criativos, mudei partes da história, escrevi e apaguei parágrafos inúmeras vezes, mas consegui.

Quando comecei a escrever, eu tinha certeza de que o Dylan seria um mocinho sensível,
carismático e de bom humor (amo esse cara). Eu também tinha certeza de que a Aurora seria
“dura na queda” e respondona. Queria uma mocinha intensa e ela foi (o Dylan sabe bem).

Os dois personagens vieram do nada. Eu estava em mais uma das minhas noites de
insônia e a voz do Dylan simplesmente apareceu dentro da minha cabeça. Ele dizia: já que você
não está fazendo nada de útil, conta a minha história aí.

Bom... Como sou uma boa cachorrinha, eu obedeci (esse homem está me contaminando,
esse seria a resposta dele, não a minha).

Em seguida veio a Aurora, ela chegou como quem não quer nada, foi se apresentando e
eu me interessei pela sua história.

Mas aí, os dois começaram a brigar dentro da minha cabeça e esse caos foi o suficiente
para me deixar obcecada.

Sim, eu fiquei obcecada por eles.

Acredite, você vai se apaixonar pelo carisma do Dylan e pelo jeito provocador da Aurora.
Além disso, prometo que farei você sentir um friozinho na barriga e também farei você sorrir (o
senso de humor é algo que os dois têm em comum).

Você vai adorar a cumplicidade da Aurora com a sua amiga, Dora. A loucura delas se
completam direitinho e quando estão juntas, a diversão está garantida. São duas apocalípticas.

Tenho que falar sobre o Theo, o amigo mais irritante e leal que o Dylan poderia ter.
Falando em lealdade, a Hanna não pode ficar fora dessa. Se existem amigos leais e verdadeiros,
os dois estão no topo da lista.

Ah... Não posso esquecer a minha preciosa, Diana (que senhorinha danada), ela vai
deixar o filho de cabelo em pé.

Outra coisa, eu garanto que você sentirá a tensão sexual que existe entre o Dylan e a
Aurora, daí da sua casa. E nas cenas hots, eu acredito que você precisará dar uma cruzada nas
pernas e talvez até trocar de calcinha/cueca.
Espero que você goste dessa história cheia de humor, sentimentos explosivos e confusos,
tesão nível hard e drama.

E por fim, quero te desejar uma boa leitura. Sinta-se à vontade para mandar um feedback
nas minhas redes sociais.

A sua avaliação é extremamente importante para mim.

Para ir direto para o meu perfil do Instagram, aponte a câmera do seu celular para o QR
Code que se encontra logo abaixo, ou clique aqui.
EPÍGRAFE
Simba: que história é essa?
Macaco Rafiki: não interessa, está no passado.
Simba: é, mas ainda dói.
Macaco Rafiki: o passado pode doer, mas do jeito que eu vejo, você pode fugir dele ou
aprender com ele.
— Rei leão.
PREFÁCIO
AURORA DUARTE
Brasil, 2 meses atrás.
Deixar tudo pra trás vai doer, mas não posso pagar por algo que eu não fiz. Não pretendo
me sacrificar por uma família que nunca me respeitou.
Minha família desfruta de uma vida confortável. Não somos ricos, mas David – meu pai
– tem uma pequena empresa e é dela que vem a principal fonte de renda da casa.
Eu tive uma boa educação – pelo menos nisso o meu pai investiu – sempre fui uma aluna
dedicada, fiz cursos e ingressei na faculdade de administração logo após concluir o ensino
médio. Com muito esforço, consegui me formar um ano antes do previsto.
Assim que atingi a maioridade, consegui encontrar um emprego. Mesmo sabendo da
situação financeira do meu pai, eu nunca quis depender do seu dinheiro, e se quisesse, a minha
madrasta jamais deixaria.
Minha mãe se chamava Alice e ela só tinha o meu pai e a minha avó paterna como
familiares. Durante o meu parto, ela enfrentou uma hemorragia e não resistiu. Ela era muito
amada e a sua perda foi um golpe doloroso para meu pai e minha avó.
Ao completar 1 ano de idade, o meu pai se casou com a Ester – que dizia ser amiga da
minha mãe. – Segundo a minha avó Amélia, Ester se comprometeu a cuidar de mim como se eu
fosse a sua própria filha, mas era mentira, ela só me tratava bem porque queria agradar a sogra e
sabia que a minha avó me amava.
Infelizmente, quando fiz 6 anos, Amélia morreu e levou a minha paz junto com ela. Ester
se transformou em outra pessoa e mostrou a sua verdadeira face.
Elias é o meu meio-irmão, ele nasceu quando eu estava prestes a fazer 2 anos. A princípio
eu amei a ideia de ter um irmãozinho, na minha cabeça, nós seríamos melhores amigos, mas eu
estava terrivelmente enganada. Meu irmão veio a cópia da mãe e juntos, eles fizeram da minha
vida um inferno. Fui humilhada, castigada, sofri agressões verbais, físicas e psicológicas.
Tudo isso começou quando eu tinha apenas 6 anos de idade e onde estava o meu pai?
Bom... David sempre me tratou com indiferença. Para ele, era mais conveniente delegar a
outros a responsabilidade de cuidar de mim. Ver o meu pai dando todo o seu amor para o meu
irmão, me matava por dentro, mas precisei me acostumar com essa dor. Eu só podia engolir o
choro e fingir que nada disso me atingia.
Acredito que o meu pai foi a raiz dos meus problemas. Ele deveria me amar e me
proteger, mas preferiu me culpar por algo que eu não tive culpa e pior, decidiu me jogar na cova
dos leões – literalmente – para proteger o seu “filhinho querido”.
E você esperava o quê, Aurora? Amor e consideração paterna?
Não seja iludida.
— Vamos, Aurora. Acabou o expediente – saio dos meus devaneios quando ouvi a voz
da minha amiga, Tina.
— Vou sentir falta daqui – digo triste.
Trabalho na área administrativa de uma empresa há quase dois anos. Tenho uma boa
remuneração e amo o que faço. Ao longo da minha carreira profissional, eu consegui guardar
uma quantia significativa. Inicialmente, planejava utilizar esse dinheiro como entrada para meu
sonhado apartamento, mas as coisas mudaram.
Já tentei sair da casa do meu pai algumas vezes, mas ele joga sujo e tiraria a minha
chance de estudar, por isso decidi aguentar firme até concluir os meus estudos.
O meu plano estava progredindo bem. Me formei na faculdade e ainda consegui um
emprego estável, mas a “Aurora Duarte não tem um dia de paz” e todos os meus planos foram
por água abaixo, vou precisar usar uma parte do dinheiro que guardei para ir embora e terei que
adiar – por tempo indeterminado – a compra do meu apartamento.
— Você vai contar pra ele? – minha amiga perguntou.
— Com toda certeza. A única coisa que não posso contar pra ninguém, é para onde eu
vou.
— Nem pra mim? – questionou com a sobrancelha franzida.
— Nem pra você – respondi. – Quando eu me livrar do problema, eu volto, vou tentar ser
rápida – digo esperançosa.
A minha estratégia para me livrar desse maldito problema, consiste em: juntar a quantia
necessária e tentar negociar.
Mas não quero fazer isso daqui. A minha família só iria me atrapalhar e estando longe,
existirá a possibilidade deles desistirem de me meter em algo que não tem nada a ver comigo.
— Entendo – disse com um semblante triste. – Vai falar com ele quando?
— Saindo daqui, vou até a faculdade dele – minha voz saiu trêmula.
— Fica calma amiga. Por mais que eu não goste daquele rapaz, quero que você seja
feliz... Vou sentir a sua falta – dei um sorriso de lado.
— Obrigada. Vou sentir a sua falta também – falei lhe dando um abraço apertado de
despedida.
Meus amigos e o meu emprego são as melhores coisas que eu tenho aqui, consegui
encontrar pessoas que me fizeram bem. Se fosse pela minha família eu estaria destruída.
Me despedi da minha amiga e fui até a faculdade do Tiago.
Tiago é meu namorado e está prestes a concluir o último semestre do curso de direito. A
ideia de não poder estar presente em sua formatura me deixa com o coração apertado, pois
esperávamos ansiosos por esse momento tão especial. Seu pai é policial, e Tiago seguirá os seus
passos, tornando a conclusão da faculdade um grande passo em direção aos seus objetivos.
Preciso explicar para ele que enfrentaremos um período de namoro à distância, mas
acredito que tudo será resolvido e em breve voltarei para ficarmos juntos novamente. Nós nos
amamos e estou confiante de que superaremos essa fase com sucesso.
O início do nosso namoro foi um processo difícil. Eu hesitava em entregar o meu
coração, convicta de que todos os homens seriam iguais ao meu pai: me rejeitariam e me
machucariam.– Por esse motivo, o conceito de amor parecia algo distante para mim. No entendo,
a chegada do Tiago em minha vida, mudou tudo.
Ao chegar à faculdade, as aulas não haviam começado ainda e eu sabia que ele ficava na
entrada do campus com os amigos antes do início das aulas.
Procurei, e lá estava ele.
CALMA.
MUITA CALMA NESSA HORA.
Aquela não é a Ana? Por que o meu namorado está beijando a BOCA dela? Eles não
eram apenas amigos?
Ele jurou por Deus que não tinha nada com ela – sim, ele teve a coragem de colocar Deus
nisso.
É um sem-vergonha mesmo.
O idiota olhou em minha direção e veio correndo até mim. Eu poderia fugir, mas fiquei
parada. Eu precisava ouvir a sua explicação de merda.
— Aurora... Não era pra ser assim. Eu juro por Deus que iria te contar – olha ele jurando
por Deus de novo.
Imbecil.
Não o respondi.
— Aurora, fala alguma coisa – insistiu.
Safado. Vagabundo. Infeliz. Traidor.
— Você jurou que a relação de vocês era só amizade e eu confiei na sua palavra.
Entreguei a você não só meu coração, mas também meu corpo. Compartilhei as minhas
inseguranças e implorei para que não quebrasse a minha confiança. Você prometeu que não me
faria mal – engoli seco. – Você prometeu que se a relação não estivesse indo bem, nós
conversaríamos e colocaríamos um fim sem nos machucar.
— Deixa eu...
— Não terminei – o interrompi. – Você não é obrigado a ficar comigo Tiago, mas poderia
ter tido a decência de ter terminado antes de me trair. Ser rejeitada é doloroso, eu sei disso
porque a minha vida inteira foi assim, mas ser rejeitada e traída por alguém que afirmava me
amar é muito cruel – as lágrimas queriam sair, mas não deixei. – Eu me abri e confiei.
É Aurora, parece que o amor não é pra você.
— Me desculpa, Aurora. Eu... Eu juro que ia terminar com você antes – o imbecil nem
me olhava. – O que aconteceu entre mim e a Ana foi algo que eu não consegui evitar.
Ótimo, sou a chifruda do ano.
— Tudo bem... Vamos terminar aqui e agora – tentei parecer forte. – Eu vim aqui porque
precisava te contar algo, mas agora não faz mais diferença. Boa noite, Tiago.
— Aurora – o ridículo me chamou, mas não respondi. Apenas virei as costas e me retirei.
Eu não estava disposta a chorar na frente dele, seria humilhante.
A Tina sempre esteve certa sobre o Tiago. Eu fui uma idiota, decidi abrir o meu coração
para o amor e foi isso que recebi: um chifre bem grande.
Como eu pude acreditar que algum homem seria capaz de me amar, sabendo que nem o
meu próprio pai conseguiu? – você foi ingênua, Aurora.
Essa foi a coisa mais estúpida que eu já fiz.


Cheguei em casa e a minha madrasta não perdeu tempo. Logo veio encher a minha
paciência.
Péssimo dia pra isso, Ester.
— Chegou tarde. Estava com quem? – perguntou. – Não vai me dizer que estava com
aquele namoradinho? Eu já mandei terminar, agora você não pode mais ficar com ele.
— Terminei – fui ríspida.
— Por isso que ela está com essa cara horrível mamãe – meu meio-irmão se meteu na
conversa. – Ainda não sei como esse rapaz quis alguma coisa com essa garota sem sal.
Preferi ignorar.
— Agora que esse problema foi resolvido, vamos preparar tudo – meu pai falou feliz da
vida.
— Sim, finalmente essa garota vai deixar de ser uma inútil – ridícula.
— Inútil é você e esse seu filho – falei com desprezo. – Vocês não fazem nada da vida, só
ficam encostados – isso aí, já que estou indo embora, vou falar.
— Como você se atreve a falar assim comigo? – Ester latiu.
— O quê? Só falei a verdade. Vocês dois que são inúteis – digo extremamente irritada.
Meu irmão que é o dobro do meu tamanho, se levantou, puxou o meu cabelo com força e
deu um tapa no meu rosto. Automaticamente o meu corpo travou e as lágrimas começaram a
rolar.
Queria entender por que o meu irmão me odeia tanto. Será que esse ódio passou de mãe
para filho? – provavelmente.
Eu sei que a Ester não me suporta porque sabe que o grande amor da vida do meu pai é e
sempre será a minha mãe. Ele nunca conseguiu superar essa perda e acredito que ao me ver, a
minha madrasta tem um lembrete diário da existência desse amor.
— Nunca mais fale desse jeito comigo ou com a minha mãe – usou o tom que sempre faz
o meu corpo gelar.
Quando Elias fica nervoso ele se transforma e o seu típico “olhar sanguinário” me deixa
em pânico.
— Vai me espancar? – digo firme.
— Quando você vai aprender a ser mais obediente, Aurora? Você só apanha porque não
consegue manter a porra da boca fechada – mentiroso.
Às vezes eu acho que eu deveria ficar calada mesmo, mas não consigo, não mais.
Desde o momento em que comecei a reagir às suas provocações, as coisas pioraram para
o meu lado e as agressões se tornaram mais frequentes. Posso apanhar mil vezes, chorar, sentir
medo e espernear, mas não irei me render, é exatamente isso que eles querem.
Coloquei a minha mão onde levei o tapa e no momento em que ele iria me dar outro, o
meu pai interveio.
— CHEGA – gritou. – Ela já entendeu. Não é pra deixar marcas nela.
Infeliz.
— Terminaram? Vou me deitar – não esperei responderem e apenas subi.
O tapa do meu irmão só não está doendo mais, porque o meu coração está muito pior.
Entrei no meu quarto e para chorar em grande estilo, coloquei a música “Someone You
Loved” do cantor Lewis Capaldi. Deixei todas as lágrimas que estavam presas rolarem
livremente.
I let my guard down
(Eu abaixei minha guarda)
And then you pulled the rug
(E então você puxou o tapete)
I was getting kinda used
(Eu estava meio que me acostumando)
To being someone you loved
(A ser alguém que você amava)

Um pouco dramático? Talvez!


Mas é assim que estou me sentindo. Eu me abri e fiquei vulnerável. Abaixei a minha
guarda e aquele infeliz puxou o meu tapete sem nenhuma consideração.
Depois de chorar um oceano inteiro, decidi que aquele imprestável não merece as minhas
lágrimas – um pouco tarde pra tomar essa decisão não é mesmo, Aurora?
Chega.
Hora de puxar o band-aid.
Reage, Aurora.
Me levantei, tomei um banho rápido e preparei tudo pra sair no meio da noite. Peguei
uma bolsa pequena, conferi os meus documentos e a minha passagem. Falei com a minha amiga
que está me esperando em Los Angeles e, depois de algumas horas, fui para o aeroporto.
Optei por não deixar o país de forma ilegal e isso me preocupa. Sei que uma hora ou
outra, vão me encontrar, mas até lá, estou confiante de que conseguirei juntar algum dinheiro
para oferecer.
Como eu digo: eu só tenho uma vida, portanto, só tenho uma chance.
Então, não posso desperdiçar a minha vida sendo a forma de pagamento de outra pessoa.
Adeus Brasil.
01 AURORA DUARTE
Los Angeles, Califórnia – EUA.
Dias atuais.
Sair do Brasil foi um enorme desafio, lá eu tinha um bom emprego e amigos.
Inicialmente, eu relutava em deixar tudo para trás, entretanto, a minha experiência em Los
Angeles está sendo positiva. Agora, a única coisa que eu quero é seguir o plano: trabalhar,
guardar dinheiro e tentar negociar quando me encontrarem.
Caso a negociação não saia como o planejado, eu não pretendo me entregar tão
facilmente, mesmo que isso signifique continuar fugindo em busca de oportunidades e soluções.
Faz dois meses que estou morando em Los Angeles. Tenho um trabalho, fiz alguns
amigos, conheci alguns gringos maravilhosos pra transar quando me der vontade, enfim, não
posso reclamar de nada.
— Acorda senhorita preguiça, temos que ir pra cafeteria – chamei a minha amiga.
Todos os dias é a mesma coisa. Tenho que acordar a bonita.
— Ah não – diz com a voz sonolenta. – Não vamos hoje – quem vê até pensa que é ela
quem manda.
— Você é a chefe agora? – bufei. – Vamos sim, levante-se.
— O que seria de mim sem você, Aurora? – indagou. – Já sei... Eu seria uma
desempregada. Antes de você eu só chegava atrasada.
Ri alto.
Isadora – Dora para os mais íntimos – foi quem me ajudou quando cheguei a Los
Angeles. Ela é brasileira e mora aqui há alguns anos.
Dora ajuda brasileiros a praticar o inglês através de um aplicativo e foi assim que nós nos
tornamos amigas. Ela é alta, magra e tem os olhos e cabelos castanhos.
Contei os motivos que me levaram a tomar a decisão de ir embora do Brasil e ela me
ofereceu ajuda. Sem o seu apoio eu não sei se teria conseguido me manter aqui.
Quando cheguei, a Dora já havia conseguido um emprego pra mim na cafeteria em que
ela trabalha e estou nesse emprego desde que cheguei ao país.
— Também te adoro. Agora vamos – a apressei.
Saímos do apartamento e fomos até o carro dela para irmos trabalhar.


Ao chegarmos à cafeteria, vestimos os nossos ridículos uniformes e nos preparamos para
abrir.
— Bom dia, rainhas – Justin veio nos cumprimentar.
— Bom dia, gatão – eu e a Dora falamos ao mesmo tempo.
Justin é o nosso amigo e é um gato. Ele é alto, tem os olhos azuis, seu corpo é forte e o
seu cabelo é castanho claro.
— Me digam que hoje a Dora conseguiu acordar sozinha. Preciso de uma notícia boa –
Justin falou dramatizando.
Rimos e a Dora fez beicinho.
— Não tem graça nenhuma. Vocês são péssimos amigos – Dora disse rindo. – Para a sua
informação, Justin, eu consigo acordar sem a Aurora me chamar.
Ergui as sobrancelhas desafiando a minha amiga.
— Ah é querida Dora? Quero só ver amanhã.
— NÃO! Eu me rendo, pode me acordar amanhã. Amo quando você me acorda, é
aconchegante – dei um abraço carinhoso nela.
— O papo está ótimo minhas rainhas, mas temos que trabalhar. Vamos abrir – Justin
falou, estragando o momento “amigas felizes”.
Apenas confirmamos com a cabeça e iniciamos o trabalho.
Os clientes começaram a chegar e, como toda manhã, a cafeteria logo se encheu de
pessoas.
— Aurora, olha aquele homem gostoso ali – Dora disse olhando disfarçadamente. – Ele
está olhando pra você.
Eu estava atendendo um cliente, então só olhei pra ela e fiz uma expressão como se
estivesse dizendo: mulher para de fogo no rabo, eu estou trabalhando.
Ela entendeu o meu olhar, mas continuou inclinando a cabeça em direção ao tal “homem
gostoso”.
Após concluir o atendimento, me virei para olhar esse homem, mas ele já havia se
levantado para ir embora e só consegui ver o seu perfil.
E que perfil bonito.
É um homem alto e estava vestindo um elegante terno preto. Ele tem um maxilar bem
desenhado, pele clara e cabelos escuros. Infelizmente, eu não consegui observar mais detalhes.
Olhei pra minha amiga e ela me encarava com uma carranca.
— Que raiva. Você não o viu, Aurora – falou revoltada.
— Eu vi o suficiente para concordar com você. Ele é bonito – encolhi os ombros.
— Você só o viu de perfil, Aurora – disse revirando os olhos.
— Sim, mas o perfil dele é bonito – afirmo.
— Foi a primeira vez que vi esse cliente por aqui e ele estava olhando pra você –
gargalhei.
— Deve ser impressão sua – parei de rir e comentei. – Vamos voltar a trabalhar.
O restante do dia transcorreu bem e quando estava na hora de fechar, o nosso chefe
convocou todos os funcionários. Nesse instante, eu pressenti que algo de ruim iria acontecer.
E aconteceu, senhoras e senhores.
FUI DEMITIDA – eu e outros funcionários.
Precisavam cortar gastos e eu fui um deles.
02 DYLAN FOSTER
O sol nasceu e eu me levantei cedo para ir até a academia do meu prédio. Gosto de me
exercitar pela manhã, me faz bem e preciso cuidar do meu belo corpo.
Após concluir os meus exercícios físicos, retornei para o meu apartamento, e Jenna –
minha ajudante há alguns anos – já havia preparado o meu café da manhã.
— Bom dia, Jenna.
— Bom dia, Sr. Foster. Fiz a sua vitamina e também preparei algumas torradas com ovos
mexidos.
— Obrigado, Jenna. Você está dispensada por hoje – falei. – E não precisa se preocupar
com o jantar. Essa noite terei um jantar de negócios.
Ela assente e vai embora.
Para ser sincero, eu não aprecio esses jantares, mas reconheço que eles são essenciais. É
importante marcar presença e estabelecer conexões com outros empresários.
O Grupo Foster é a empresa da minha família. Meu falecido avô foi o fundador e após o
seu falecimento precoce, meu pai se tornou o novo CEO – ele desempenhou um excelente
trabalho.
Meu pai se aposentou há um pouco mais de dois anos e eu assumi o seu cargo. Consegui
triplicar os negócios da família e nos tornamos um dos maiores e mais influentes grupos do país
e até do mundo. Criamos o nosso império.
Minha empresa detém uma variedade de propriedades, incluindo clubes, restaurantes,
edifícios e condomínios residenciais. Atualmente, estou ampliando os empreendimentos da
família.
Comprei um resort antigo e irei reformá-lo, além disso, vou construir outros ambientes
para transformá-lo em um destino de férias excepcional. O local contará com quartos
aconchegantes, áreas de lazer, SPA, salas de jogos, quadras esportivas, piscinas, saunas,
academia e salão de festas.
Não é fácil administrar tudo, mas sou bom no que eu faço. Não é à toa que consegui
conquistar o meu espaço. Sou respeitado pelos demais empresários, apesar de ser um dos mais
novos no ramo.
Termino o meu café da manhã e começo a me preparar para mais um dia de trabalho.
Depois de tomar um banho, escolhi um dos meus ternos pretos e o vesti. Como de costume, não
posso esquecer os meus óculos escuros. Eu sei que eles escondem os meus lindos olhos verdes,
mas eu fico muito sexy quando os uso.
Estou quase saindo quando o meu celular começa a tocar.
— Sim?
— Bom dia. Já saiu do seu apartamento? – é o mala do Theo.
Ele é meu amigo e braço direito na empresa.
— Bom dia. Estou saindo agora, algum problema?
— Não... Me encontra naquela cafeteria que fica no caminho para a empresa – ninguém
merece.
— Não, obrigado – recusei. – Já tomei café da manhã.
— Vamos, preciso conversar com você – tenho certeza de que ele revirou os olhos ao
falar isso.
— Theo, por que não falamos na empresa?
— É melhor falarmos longe da empresa.
— Por quê?
— Dylan, só vai.
Bufei, mas concordei.


Ao chegar à cafeteria, vejo o meu amigo sentado, me esperando com a cara mais sonsa do
mundo.
— Estou aqui. Seja rápido.
— Nossa. Você já foi mais educado – tomou um gole do seu café. – Oi pra você também,
meu amigo.
— Oi. Agora fala.
— Sua mãe me procurou – seu tom brincalhão desapareceu.
— Ela queria o quê? – franzi a testa.
— Ela quer que eu converse com você e te convença a se casar – não aguentei e comecei
a rir.
— Não tem graça. Sua mãe vai deixar todo mundo doido com essa história. Conversa
com ela, cara – o loiro falou com um olhar sério.
— Eu já falei que não quero me casar tão cedo. Não depois do que aconteceu – só de
lembrar sinto um nó na garganta. – Estou feliz assim, fodendo com quem eu quero, na hora que
eu quero.
— Nem todas são iguais a Nicole – lembrou.
— Não quero falar sobre a minha ex-traidora – respirei fundo. – Você me chamou até
aqui só pra falar isso? Pensei que era algo grave.
— Sua mãe me endoidando é algo grave – disse com um sorriso que eu queria tirar da
cara dele com um murro. – Mas também foi uma oportunidade de trazê-lo nessa cafeteria – olhou
ao redor. – Olha o tanto de mulher bonita que trabalha aqui – seus olhos brilhavam, parecia uma
criança em um parque de diversões.
Comecei a analisar o ambiente e vi uma mulher que estava atendendo um cliente. Nunca
vi um sorriso igual ao dela. Que mulher linda – mesmo vestindo um uniforme horroroso.
Escuto alguém pigarreando e Theo estava me observando com uma cara de idiota.
— Está gostando do que vê? – questionou com aquele sorrisinho irritante.
— Vamos embora – me levantei e saí sem olhar pra trás.


Cheguei ao Grupo Foster e fui direto para o elevador. Apertei o décimo quinto andar e, ao
chegar lá, notei que a minha secretária não estava em sua mesa. Odeio quando os meus
funcionários se atrasam.
— Onde se encontra a minha secretária? – indaguei pra secretária do Theo.
— Ela pediu demissão, Sr. Foster – de novo?
Não respondi e fui até a sala do Theo.
— Minha secretária pediu demissão. Preciso que encontre outra.
— Outra? O que você faz com essas pobres mulheres? – questionou.
— Não tenho culpa se elas não aguentam a pressão – digo encolhendo os ombros. – Sou
exigente.
— Vou falar com a Emma do RH. Ela vai providenciar isso – parou por um segundo e
voltou a falar. – Falando nela... Vocês ainda transam pela empresa? – o loiro disse segurando o
riso.
Idiota.
Emma é a chefe do setor de RH e às vezes transo com ela – e com outras funcionárias de
outros setores. – Para equilibrar, eu não me envolvo com as minhas secretárias. Nós sempre
estamos juntos, então eu não acho que seria agradável.
Hipócrita.
Sobre as outras funcionárias da empresa, é simples: elas querem, eu quero, elas são de
outros setores, nos vemos pouco, então não existe problema nisso. Ou existe?
Sei que o maior risco que estou correndo é de ser processado, mas é consensual, então
não existe problema. Além disso, é tudo casual, deixo bem claro pra todas.
— Não é da sua conta, só faz o que eu te pedi – me viro pra sair. – Vou trabalhar, tenho
muitas reuniões.
— Tenha um ótimo dia, Sr. Foster – diz com tom de deboche.
Revirei os olhos.
— Ah! – olho em sua direção. – Vou ficar usando a sua secretária por enquanto –
informei.
— Tudo bem. Até mais tarde.
Me encaminhei para minha sala e dei início às minhas tarefas. Lidar com a ausência de
uma secretária é desagradável, talvez eu deva considerar a possibilidade de ser mais agradável
com as coitadas.
03 AURORA DUARTE
Os dias foram passando e olha que interessante: estou desempregada há uma semana.
Essa situação está me sufocando, preciso de um emprego. O dinheiro que tenho guardado
ainda não é o suficiente para eu tentar comprar a minha liberdade.
Lamentável.
Percebo a porta do apartamento sendo aberta e fechada logo em seguida.
— Aurora! – Dora veio saltitando até mim.
— Nossa, que animação é essa? O que aconteceu?
— Encontrei uma vaga pra você, ela é ótima e paga muito bem – falou na maior alegria.
— MEU DEUS – gritei pulando. – A minha hora chegou... Onde é?
— É no Grupo Foster. Só sei que é uma vaga pra secretária.
— Perfeito. Qual é o número? Preciso marcar uma entrevista.
— Já marquei – disse encolhendo os ombros. – Eu sei, sou uma ótima amiga.
— Você é mesmo. Muito obrigada – pulei em cima dela.
— Sua entrevista é amanhã pela manhã. Você me deixa na cafeteria e pode ir com o
carro, pode ser?
— Claro. Obrigada. Obrigada – digo dando vários beijinhos em sua bochecha.
— Você vai conseguir. Essa vaga já é sua garota – disse dando uma piscadela.
— Obrigada por tudo, você sabe o quanto isso é importante pra mim – falei agradecida.
— Somos amigas e você sempre poderá contar comigo.
— Eu sei e te digo o mesmo, sempre estarei aqui pra você – dei um sorriso singelo. –
Bom, agora vamos dormir, não quero me atrasar amanhã.


Despertei nas primeiras horas da manhã e prontamente me apressei para preparar o café
da manhã. Em seguida, acordei a Dora para garantir que não nos atrasássemos.
— Bom dia. Hora de acordar.
— Só mais 5 minutinhos – os olhos dela permaneciam fechados.
— Que pena, vou ter que comer todas aquelas panquecas com Nutella, sozinha – fui bem
chantagista, eu sei.
— Você disse panqueca com Nutella? – abriu os olhos. – Caramba! Por que não falou
antes? – pulou da cama. – Vamos logo.
Tomamos o nosso café da manhã juntas e fui terminar de me arrumar.
Eu estava perdida e não sabia o que vestir. Eu e a Dora não sabemos muito sobre o Grupo
Foster, mas sabemos que é um lugar muito sofisticado. Parece que ele é um dos maiores grupos
do país e do mundo também. Não quero passar vergonha nesse lugar.
Decidi vestir um belo vestido tubinho justo, na cor nude, que alcança até os joelhos.
Calcei uma sandália preta de salto médio que combina com a minha bolsa da mesma cor.
Apliquei uma maquiagem básica, soltei os meus cabelos longos e, para finalizar, passei meu
perfume.
Depois de conferir tudo. Saímos.
— Como você está? – Dora percebeu que eu estava aflita.
— Estou nervosa.
— Vai dar tudo certo.
— Sim. Preciso ser positiva.
Chegamos à cafeteria.
— Boa sorte, Aurora. Você vai conseguir esse emprego. Estou tendo um bom
pressentimento – Dora falou antes de sair do carro.
— Obrigada e que Deus me ajude – rimos. – Ah, fala pro Justin que eu mandei um beijo
pra ele.
— Tá bom. Vou falar pra ele que você mandou um beijo NA BOCA – a égua gargalhou.
— Tchau, Dora – revirei os olhos. – Até mais tarde.
— Tchauzinho – acenou com a mão e me lançou um sorrisinho zombeteiro.
Nos despedimos e liguei o carro para ir até a empresa.
O trânsito estava caótico, então aproveitei para ligar a minha playlist. Cantar sempre me
acalma.
Tenho talento? Não! Mas eu gosto.
Coloquei a música “Without Me”, da Halsey e comecei a cantar loucamente.
Tell me how’s it feel sittin’ up there?
(Diga-me como é a sensação de estar aí em cima)
Feeling so high but too far away to hold me
(Sentindo-se tão alto, mas longe demais para me abraçar)
You know I’m the one who put you up there
(Você sabe que fui eu quem te colocou aí em cima)
Name in the sky Does it ever get lonely?
(Com seu nome no céu, alguma vez se sente sozinho?)

Continuei seguindo o meu caminho, cantando, feliz e calma – alegria de pobre dura
pouco. – Quando parei no sinal vermelho, ouvi uma batida na traseira do carro.
Lá no fundo, eu ainda tinha a esperança de que não fosse o carro da Dora, mas minhas
expectativas foram frustradas.
PUTA MERDA!
BATERAM NO CARRO DELA.
Dora, cadê o bom pressentimento que você disse que estava sentindo?
Isso não pode estar acontecendo. Será que tem como esse dia ficar pior?
Desci do carro possessa de raiva. Corri pra olhar o estrago e o péssimo motorista
responsável pela batida estava de costas com o celular no ouvido.
— VOCÊ NÃO SABE DIRIGIR NÃO? – falei prestes a explodir. – VOCÊ ESTÁ ME
OUVINDO? – o infeliz ainda estava falando no celular. – EI? – levantei o braço pra cutucar o
ombro do homem alto que continuava de costas.
Que babaca.
— O que foi? Eu estava falando com o seguro. Essa batida vai me custar uma fortuna –
falou se virando pra mim.
Caramba! Esse homem é estupidamente lindo e gostoso.
Ao olhá-lo, tive a impressão de já ter o visto em algum lugar, só não lembro onde.
É um homem alto, aproximando-se dos 1,90 metros de altura, sua pele tem um tom claro.
Sua boca e nariz são bem delineados – tudo perfeito. – Ele está vestindo um impecável terno de
três peças na cor preta e tem um corpo, que mesmo estando bem vestido, dá pra ver que é forte –
deve ter vários gominhos na barriga. – Seu cabelo escuro está perfeitamente alinhado, e a barba
por fazer acrescenta ainda mais charme à sua beleza.
Detalhe: ele fica muito sexy usando esse terno preto e óculos escuros.
Ser gostoso assim deveria ser pecado.
Para Aurora! Isso não é hora.
Outro detalhe: o carro desse homem deve ser caríssimo.
— Ainda bem que não fui eu quem bateu no seu carro – resmunguei mais alto do que eu
gostaria.
Ele retirou os óculos e me olhou franzindo o cenho.
PARA TUDO... Que olhos lindos.
É um tom de verde esmeralda, são os olhos mais lindos que eu já vi, fiquei hipnotizada,
mas logo voltei pra realidade – que não está nada boa.
— Espero que você tenha falado sobre o conserto desse carro também – apontei para o
carro da minha amiga. – Ele não é meu e essa batida foi culpa sua.
— Não se preocupe, eu vou pagar – declarou me encarando.
O olhar dele pra mim era tão profundo, que fiquei sem jeito. Se a minha pele fosse um
pouquinho mais clara eu estaria vermelhinha e ele conseguiria ver o tamanho do meu
constrangimento.
— Ótimo, e presta mais atenção quando estiver dirigindo.
A expressão do seu rosto bonito se transformou em uma carranca.
— Eu já disse que vou pagar, sua Pinscher raivosa. Para de ser louca.
Ele. Não. Falou. Isso.
Esse cara me chamou de Pinscher raivosa?
É hoje que eu perco o meu réu primário.
— O QUÊ? Você se distrai, não ver que o sinal fechou, bate na traseira do carro que EU
estou dirigindo e eu que sou a louca? Seu playboyzinho metido – digo apontando o dedo e
caminhando em sua direção. – Seu ogro – finalizei sentindo o delicioso cheiro refrescante e
levemente amadeirado que seu corpo exalava.
Muito cheiroso.
— Se for pra ser um ogro, eu espero que você esteja se referindo ao Shrek[1]... Ele é um
bom ogro – debochou. – E eu não sou nenhum playboy. O que você tem de pequena, você tem de
atrevida e explosiva. É isso. Pequena dinamite – deu um sorriso debochado.
O canalha está debochando? Vou voar no pescoço dele.
E que merda é essa de dinamite?
Eu não sou explosiva!
Falei alguns palavrões em português e espero que ele não tenha entendido.
— Não estou acreditando nesse absurdo – digo fechando os olhos e respirando fundo. –
Olha aqui seu cosplay dos agentes do filme MIB: Homens de preto[2] – digo segurando o riso, ele
está vestindo um terno preto e usando óculos escuros, igual aos personagens. – Vou te passar o
meu número e você vai me ligar quando for consertar o carro. Estamos entendidos?
— Estamos, pequena dinamite – o encarei com o meu olhar mais mortal. – Tudo bem,
desculpa... Meu nome é Dylan, e o seu?
— Aurora. Agora adeus, eu tenho um compromisso inadiável.
Sem aguardar a sua resposta, entrei apressadamente no carro e dirigi até a empresa.
Que merda!


Finalmente cheguei ao edifício, ele é enorme e todo revestido com vidro espelhado.
Dentro tem uma ótima iluminação natural. A decoração segue tons de branco e dourado, com
sofás e poltronas para proporcionar conforto enquanto se espera. É tudo impecável.
— Bom dia! – cumprimentei a moça da recepção. – Eu vim pra entrevista de emprego,
será para o cargo de secretária – dei o meu sorriso mais simpático.
Ela me olhou de baixo pra cima e empinou o nariz.
— Primeiro haverá uma pré-seleção e espero que você esteja com tempo, pois o processo
pode demorar... Depois, as candidatas selecionadas passarão por uma entrevista com o Sr. Foster.
A secretária será pra ele, o CEO – pegou um cartão de acesso e me entregou. – Pega o elevador
ali – apontou. – Vai para o décimo andar e procura a Emma, ela que irá realizar a pré-seleção.
Elevador? É hoje que eu morro.
Caso seja contratada, vou precisar me acostumar com isso. Não sei por que, mas ficar
dentro de uma caixa de metal que sobe e desce me deixa apreensiva. Sempre me sinto
envergonhada quando não estou sozinha, tenho quase certeza de que as pessoas percebem o meu
desespero.
Engoli seco.
Socorro Deus.
— Obrigada pelas informações – falei e ela apenas assentiu.
Ao me aproximar do elevador, avistei as escadas, meu medo implorava para que eu
subisse por elas, mas são muitos andares, não posso me atrasar. Entrei nele pedindo perdão a
Deus por todos os meus pecados, e só consegui respirar quando alcancei o andar desejado.
Quando desci da caixa de tortura falei com a Emma e que mulher metida, mas o
importante é que eu consegui passar pela pré-seleção e consegui avançar para a próxima etapa: a
entrevista com o todo poderoso.
O processo estava demorando, como fui avisada. Havia muitas candidatas e a entrevista
com o CEO é individual. Infelizmente eu seria a última entrevistada, mas estou muito confiante.


Chegou a minha vez de passar pela entrevista e o friozinho na barriga veio com tudo.
— Senhorita, Aurora Duarte? – uma moça de cabelo curto me chamou.
— Sou eu – respondi já me levantando.
— É a sua vez... O Sr. Foster está te aguardando – falou com um sorriso simpático.
Entrei utilizando o meu melhor sorriso.
Sorriso esse que morreu no momento em que eu vi quem era o Sr. Foster – eu conheço
esses olhos de esmeralda.
Será que fica feio se eu sair correndo?
Merda. Merda. Merda.
Me ferrei meus amigos, esse emprego não será meu.
04 DYLAN FOSTER
Como foi que eu me distraí e bati no carro daquela Pinscher raivosa? Eu realmente não
sei o que aconteceu e juro que não estava mexendo no celular.
Droga!
Ao fixar o olhar em seu rosto, a reconheci instantaneamente. É a mulher que trabalha na
cafeteria.
E aquela comparação ridícula? MIB: homens de preto? – confesso que eu quis rir. –
Aquela baixinha realmente teve a coragem de falar uma coisa dessas pra mim?
Sim, Dylan, a desbocada teve.
Seus olhos são castanhos e brilhantes, enquanto os seus cabelos são escuros e longos.
O que falar do aroma que ela exala? É uma fragrância leve, cítrica e adocicada. Esse é o
cheiro da perdição e transmite uma sensação prazerosa, deve ter sido feito para deixar qualquer
homem louco.
O vestido justo que usava acentuou todas as suas belas curvas. Ela não é uma mulher
muito magra, tem uma bunda grande, coxas grossas e os seus seios são proporcionais. Tem um
corpo perfeito.
Acho que essa batida afetou todo o meu juízo, não consigo parar de pensar na pequena
dinamite atrevida e cada vez que me lembro da sua expressão de brava, eu tenho uma ereção.
Estou com uma nesse exato momento.
Preciso resolver isso.
Escuto uma batida na porta e autorizo a entrada.
— Sr. Foster, as candidatas estão no décimo andar passando pela pré-seleção. Em breve,
você poderá iniciar as entrevistas para escolher a sua nova secretária – Emma, a chefe do setor de
RH veio me avisar.
Ela serve.
— Entra e fecha a porta, Emma – ordenei e a safada veio em minha direção já sabendo o
que vai acontecer. – Ajoelha que eu quero foder a sua boca agora.
— Com todo prazer – ela disse.
Como ordenei, ela se ajoelhou e retirou o meu cinto. Com pressa, abriu a minha calça e
conseguiu tirá-la com a minha ajuda. Emma deu uma risadinha ao ver o meu pau latejando e sem
aviso, ela o enfiou de uma vez dentro da boca.
— Isso, eu quero sentir ele na sua garganta – segurei o seu cabelo e fodi a boquinha dela
com força. – Quero ver você se engasgando – quando ela começou a se engasgar, retirei o meu
pau da sua boca e deixei ela respirar por alguns segundos. – Acabou o tempo.
Sua boca voltou a engolir toda a minha extensão. Emma chupava, lambia e se engasgava.
Um tempo depois, eu senti que estava quase gozando.
— Vou gozar – ela ia parar de chupar, mas segurei a sua cabeça. – Engole toda a minha
porra – ela sorriu e engoliu tudo. – Isso mesmo. Agora pode se retirar. Você foi excelente.
— Sempre que precisar estarei por aqui, Sr. Foster – deu uma piscadela. – Vou preparar
outra sala para você realizar as entrevistas – assenti e ela saiu da minha sala sorrindo.
Por isso que gosto da Emma, ela sabe qual é o seu devido lugar e não tenta conseguir
algo além de uma boa foda.
Acabei de gozar, mas ainda não me sinto satisfeito.
Que. Porra. É. Essa?


Em outra sala, as entrevistas estavam progredindo, mas ainda não encontrei uma
candidata forte o suficiente. Desta vez, eu quero uma secretária que não vai pedir pra sair quando
sentir a pressão do serviço.
Agradeci quando finalmente chegou a vez da última candidata, desejo que a minha nova
secretária já possa começar amanhã, de preferência.
A secretária do Theo – que até hoje eu não decorei o nome – entra anunciando o nome da
moça.
— Sr. Foster, essa é a última candidata, Aurora Duarte – Aurora? Esse nome está me
perseguindo hoje. – Pode vir, Srta. Duarte – a chama e ela entra.
Puta que pariu.
É ela: a gostosa raivosa.
Quando a Aurora me viu, o sorriso que ela tinha estampado no rosto desapareceu.
— Obrigado e pode se retirar – avisei a secretária.
Fiquei olhando para a pequena dinamite que estava imóvel e quebrei o silêncio.
— Olha quem está aqui, é a Pinscher raivosa. Quer dizer que eu sou o seu compromisso
inadiável? – ela olhou pra mim prestes a explodir, mas se conteve. – Desculpa. Pode se sentar.
— Eu não sabia que você é o Dylan Foster – revelou envergonhada.
— Deveria saber – digo dando de ombros.
— Ninguém é obrigado a saber quem você é, seu metidinho arrogante – tão delicada.
— Vai começar com as ofensas?
— Você que começou quando me chamou de Pinscher raivosa – disse quase explodindo
de ódio.
Um ódio supremo.
— Tudo bem, me desculpa – falei arrependido. – Vamos começar novamente e esquecer
o que aconteceu mais cedo, o que você acha?
— Me desculpa também e sim, podemos começar novamente – deu um sorriso tímido.
Iniciei a entrevista evitando olhar muito pra ela, esse vestido nude marca todas as suas
curvas e está tirando toda a minha atenção.
— Então, Srta. Duarte, quantos anos você tem?
— Tenho 24 anos, Sr. Foster – porra. Gostei de ouvi-la me chamando assim.
— Você tem alguma experiência na área?
— Serei franca, Sr. Foster – fez uma pequena pausa. – Não tenho experiência. Antes de
deixar o Brasil, eu trabalhava na área administrativa de uma empresa. Sou formada em
administração.
— Você é brasileira? Está aqui há quanto tempo?
— Sim, eu sou brasileira e estou morando aqui há 2 meses – respondeu um pouco
incomodada com esse assunto.
Fiz mais algumas perguntas pra ela e finalizei a entrevista.
— É só isso, Srta. Duarte. Se você for selecionada, entrarão em contato ainda hoje – ela
assentiu. – Tenha um ótimo dia.
— Obrigada, Sr. Foster – se retirou.
Eu já sabia que ela seria a minha escolhida. Não é pela evidente beleza ou pelo cheiro
maravilhoso, mas é pelo fato dessa primeira maravilha do mundo ser uma mulher forte e
determinada. Eu preciso de uma secretária assim.
Só teremos um problema.
Ela será a minha secretária, portanto, terei que manter uma postura extremamente
profissional.
Recolhi as minhas coisas e retornei para a minha sala.


— Sr. Foster, os seus pais e o seu irmão estão subindo – diz a recepcionista pelo telefone.
Era só o que me faltava.
— Obrigado por avisar – agradeço e desligo.
Respiro fundo e me preparo psicologicamente para a palhaçada que vem a seguir. Já sei
até qual será o assunto.
A porta abre e como sempre, eles não sabem bater.
— Boa tarde, família. Ao que devo a honra dessa visita? – digo colocando um sorriso no
rosto.
— Boa tarde – o meu irmão Ethan me cumprimenta com um sorriso sarcástico.
Ele adora ver os nossos pais me encurralando desse jeito.
— Boa tarde, meu filho – minha mãe Diana diz em seguida.
— Boa tarde, mãe – falo dando um abraço e um beijo em seu rosto.
— Você está cheio de graça não é mesmo, Dylan? Fiquei sabendo que outra secretária
sua se demitiu. Você tem que parar de assustar as moças, não seja tão insuportável – meu pai,
Edward, diz com um semblante implacável.
Essa empresa está cheia de pessoas linguarudas.
Línguas de metrô.
— Não se preocupe, hoje realizei algumas entrevistas e em breve terei uma nova
secretária – anunciei com um semblante sereno. – Dessa vez pretendo ser “menos insuportável”.
— Ok – meu pai falou com uma carranca. – Precisamos conversar – massageei as
têmporas.
— Meu filho, escuta o seu pai – minha mãe pediu usando o seu tom apaziguador.
— É irmão, escuta o nosso pai – o palhaço do meu irmão mais novo diz rindo
descaradamente.
Moleque.
— Dylan, está na hora de você encontrar uma noiva – meu pai iniciou a conversa chata. –
Alguns investidores estão de olho em tudo o que você faz, inclusive o seu tio. Você sabe que ele
quer te tirar do seu cargo para tentar colocar o filho dele.
Luke Jones é o meio-irmão do meu pai. Meu avô era um homem complicado, traiu a
minha avó e dessa traição veio Luke. Antes de falecer, o meu avô deixou 50% das ações da
empresa para o meu pai, incluindo a posição de CEO. Minha avó herdou 25% da empresa e meu
tio herdou 25%.
Quando a minha avó faleceu, os 25% das ações foram automaticamente para o meu pai,
mas ele repassou mais 15% para o meu tio. Apesar de Edward possuir a maior parte da empresa,
a influência dos investidores é significativa.
Até hoje, o meu tio não aceita que o meu pai foi o escolhido para ser o CEO da empresa e
ele sempre tenta me derrubar para promover seu filho James como meu substituto.
— Você tem 26 anos e é um dos empresários mais novos do meio empresarial. Apesar de
estar entre os melhores, só estão esperando um deslize seu para te atacarem, meu filho – meu pai
continuou. – Não dá mais pra você ficar saindo com qualquer uma. No mundo dos negócios a
imagem desemprenha um papel crucial.
Franzi o cenho.
— Filho, eu te entendo – se me entende por que não me deixa em paz? – Você passou por
uma situação difícil e dolorosa – põe dolorosa nisso. – Mas você precisa se dar uma nova
chance... Eu nem falo isso pelos negócios, falo isso por você – minha mãe finalizou.
Enquanto rolava toda essa conversa empolgante, o meu irmão apenas observava tudo,
sem dizer uma palavra.
É um inútil mesmo.
— Eu entendo a preocupação de TODOS vocês, mas eu ainda não estou pronto para
enfrentar um relacionamento. Preciso de mais tempo.
Meu pai bufou.
— Seja rápido filho, não posso morrer antes de conhecer os meus netos – estava
demorando pra ela vir com esse papo de netos. – Quero morrer feliz, sabendo que passei um
tempo com todos os meus lindos netinhos – olhou pro Ethan.
Dramática.
Minha mãe poderia ter sido uma grande estrela da dramaturgia, ela é muito boa.
— Para com isso, mãe - digo tentando soar o mais calmo possível.
— O assunto está muito bom, mas preciso me retirar, tenho um compromisso – Ethan
fala se retirando.
— Espere, nós vamos também – meu pai falou.
Por hora, estou livre desse assunto.
— Tchau família – me despedi e o meu irmão apenas acenou.
— Tchau, filho. Te amo – minha mãe me deu um abraço e um beijo no rosto.
— Pensa no que eu te falei, só quero o seu bem – eu sei pai, mas ainda é difícil pra mim.
– Te amo – me deu um abraço.
— Vou pensar sim – ou não. – Amo vocês – eles saíram e eu fiquei sozinho com os meus
pensamentos.
Minha família é tudo pra mim, eles estiveram comigo nos melhores e piores momentos –
inclusive no momento que me destruiu – mas ainda não consigo agir como eles querem, preciso
de tempo.


Após a partida da minha família, alguém entra na minha sala – sem bater – volto o meu
olhar para frente e me deparo com a Hanna, minha amiga, e logo atrás dela veio o Theo. Nos
conhecemos no colegial e a nossa amizade se estendeu, continuamos amigos até hoje – melhores
amigos.
Eu sempre fui comunicativo e gostava de fazer novas amizades, no entanto, isso não
impediu que os valentões de praticasse bullying comigo. A minha adolescência foi marcada por
inseguranças, já que me viam como o “patinho feio” da turma.
Na época eu estava acima do peso e usava aparelho. Não sei onde eles viam problema
nisso – era um bando de idiotas mesmo.
Parece que o jogo virou. O “patinho feio” se transformou em um cisne gostosão – sou o
sonho de toda mulher.
Está bem... Talvez eu tenha soado um pouco egocêntrico, mas é a verdade. Aqueles que
me humilharam devem estar chorando até agora.
Hoje, eu vejo que não havia nada de errado comigo, mas naquela época, eu me odiava.
Para alguns, isso pode parecer besteira, mas eu era apenas um adolescente e o Dylan que todos
conheciam desapareceu.
Eu me fechei.
O bullying iniciou repentinamente e ultrapassou os limites quando um dos idiotas me
agrediu, causando traumas e crises de pânico. Me senti impotente e inútil por não ter me
defendido.
Os meus pais ficaram desesperados quando tudo isso aconteceu, por esse motivo, eles me
trocaram de escola e nela, eu conheci o Theo e a Hanna.
As piadas por conta da minha aparência não desapareceram por completo, mas a terapia,
o apoio da minha família e dos meus novos amigos no ambiente escolar, me ajudou a seguir em
frente. E assim, o Dylan comunicativo voltou.
Na universidade, a minha aparência mudou e eu passei a ser notado – positivamente – por
todos, principalmente pelas meninas.
Embora tudo tenha acabado e a maior parte da dor tenha passado, as cicatrizes
permanecem e um pedaço de mim ainda se recorda de tudo o que aconteceu no colegial. As
crises de pânico, que eu pensei que tinham ido embora, ressurgiram no momento em que aquela
loira maldita saiu da minha vida.
— Boa tarde, Dy – Hanna me saudou com um sorriso nos lábios.
— Boa tarde, Hanna, como você está?
— Estou bem – me encarou. – Decidi te fazer uma visita já que parece que você se
esqueceu da minha existência.
— Hanna, ele está se tornando um péssimo amigo – o intrometido falou e revirei os
olhos.
— Theo, para de ser idiota – protestei. – Desculpa, Hanna, estou com muito trabalho aqui
na empresa – soei arrependido.
— Sei – semicerrou os olhos. – Preciso falar com vocês sobre a Focus.
Focus é a boate que nós três somos os proprietários. Ela é voltada para o prazer dos
frequentadores, mas mantemos critérios rigorosos para a entrada.
O acesso é permitido apenas para os sócios e convidados dos sócios, além disso, para
entrar, todos devem assinar um termo de confidencialidade e sigilo, já que muitos famosos e
empresários frequentam e não querem ser expostos – a multa para quem viola o termo é
altíssima.
Geralmente, quem fica à frente da boate é a Hanna, ela sabe administrar o lugar com
excelência.
Essa boate é um dos meus empreendimentos independentes, não possuindo qualquer
vínculo com o Grupo Foster. Até então, o Theo e eu não achamos necessário expor que também
somos proprietários. Embora tomemos todas as decisões em conjunto, é a Hanna quem merece
todos os créditos, dada a sua dedicação e criatividade.
— Pode falar – falei.
— Quero fazer uma festa – disse empolgada.
— Que tipo de festa? – Theo perguntou intrigado.
— Baile de máscaras – respondeu.
— Gostei da ideia – meu amigo se animou.
— Não sei – pensei. – Qual seria o objetivo desse baile?
— Diversão? – Hanna disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Ah, Dylan,
vai por mim, vai ser um sucesso.
As festas da Hanna na boate sempre são um sucesso.
— Tem outra coisa – sabia que ela não tinha parado por aí. – Vamos abrir para o
público...
— De jeito nenhum – digo depressa.
— Eu não terminei de falar Dy – cruzou os braços. – Muitas pessoas morrem de vontade
de conhecer a Focus e pagariam por isso. Podemos vender alguns ingressos.
— E os sócios que não querem ser expostos? – indaguei.
— Já conversei com todos e por ser baile de máscaras não viram problemas.
— Vamos, Dylan, é uma boa ideia. Isso irá aumentar a visibilidade da boate. Confia na
Hanna, ela administra duas boates e as duas são um sucesso.
Isso é verdade, além da nossa boate, a Hanna tem uma que não é voltada para o prazer,
mas é um sucesso, principalmente entre os jovens.
— Tudo bem – cedi e a Hanna deu pulinhos.
Não consegui segurar o riso.
— Quem sabe podemos fazer isso mais vezes – ela não para.
— Não força, Hanna – falei.
— Já que está tudo certo, vou voltar para a minha sala – Theo disse.
— E eu vou embora também, tenho muita coisa para preparar agora que esse evento irá
acontecer – se levantou. – Tchau amigos – jogou um beijo no ar.
— Tchau – falei.
Meus amigos foram embora e eu fiquei pensando nesse evento que a Hanna inventou.
Espero que essa ideia de abrir a boate não cause nenhum problema.
05 AURORA DUARTE
O que eu posso dizer sobre a entrevista que fui hoje?
Desastre!
A entrevista foi um desastre. Como eu poderia imaginar que o meu possível chefe seria o
péssimo motorista que bateu no carro da Dora?
O homem dos olhos de esmeralda.
Pensando bem, nós começamos novamente e esquecemos o que aconteceu mais cedo,
então EU ACHO que ainda tenho uma pequena chance de conseguir o emprego – a esperança
tem que ser a última a morrer, não é mesmo?
Meu celular toca e vou atender torcendo para que seja uma resposta sobre a entrevista.
— Olá – atendo entusiasmada.
— Aurora, é a Tina, quanto tempo – ouço a voz da minha amiga e automaticamente, os
meus olhos se enchem de lágrimas.
Saudades. Só essa palavra define.
– Tina que saudades. Como você está? Como estão os seus pais? Como está todo mundo?
Me conta tudo – falei eufórica.
— Calma doida, respira – sorriu – Eu estou bem, mas sinto a sua falta – é recíproco
amiga. – Por aqui todos estão bem e como estão as coisas por aí?
– Também sinto a sua falta – digo triste. – Aqui está tranquilo, tirando o fato de eu ter
sido demitida da cafeteria.
— COMO ASSIM?
— Estavam cortando gastos e eu acabei sendo cortada do quadro dos funcionários – dei
um sorriso frustrado. – Mas tudo bem, estou procurando um emprego novo, inclusive, hoje eu
tive uma entrevista.
— Aurora, você sabe que se precisar eu estou aqui, eu posso te emprestar...
— Eu não vou pegar dinheiro emprestado com ninguém.
— Tudo bem – suspirou chateada. – Não se preocupe, o emprego já é seu – ah minha
amiga, se você soubesse.
— Não estou tão confiante, não sei se conseguirei ser aprovada nessa entrevista.
— Não seja pessimista – falou em um tom de repreensão.
— É sério. Você acredita que quando eu estava indo pra entrevista, parei no sinal
vermelho e um maluco bateu na traseira do carro da Dora?
— Dora? Hum! – ela tem ciúmes da minha nova amiga.
— Tina, não começa – tentei parecer séria.
— Parei. Pode continuar — bufou.
— Continuando... Desci do carro para ver o tamanho do estrago e o homem que bateu era
um grosso – e gostoso. – Então batemos boca no meio da rua. Você sabe que eu não costumo
levar desaforo pra casa. Briguei mesmo – falei orgulhosa.
— Isso mesmo amiga, não deixa esses gringos montarem em cima de você não – na
verdade, quem queria montar em cima dele sou eu, mas vamos deixar isso em off. — E ele vai
pagar o conserto do carro da sua “nova amiguinha”? – desdenhou.
— Ele disse que sim e ainda bem que não fui eu quem bateu no carro desse homem. O
carro dele parece ser caríssimo, eu nunca conseguiria pagar o conserto – comentei aliviada.
— Ok, você falou, falou e falou, mas até agora eu não entendi o que isso tem a ver com a
possibilidade de você não conseguir a vaga.
— Calma, deixa eu continuar – respirei. – Acontece que quando eu cheguei para realizar
a entrevista com o chefe, adivinha quem era?
— NÃO. É. POSSÍVEL – gritou já entendendo tudo.
— Sim, é possível – afirmei. – Era o “batedor de carros” – ri de nervoso. – Eu fiquei em
choque e quase saí correndo.
Minha amiga rompeu em uma gargalhada – falsa.
— Não tem graça, sua bandida. Foi horrível e eu fiquei terrivelmente constrangida – falei
tentando parecer brava.
— Isso é coisa do destino – começou com as paranóias. – Ele é bonito? Seja sincera,
Aurora.
— Ah, ele é razoável – menti na cara dura.
– Aurora. Eu sei que você está mentindo.
Droga.
Ela me conhece tão bem.
— Tudo bem... Ele é lindo pra caralho. Arrisco dizer que é o homem mais bonito que eu
já vi pessoalmente – suspirei. – Os olhos dele são como esmeraldas, eu nunca vi nada igual.
— CARAMBA. É o destino, eu tenho certeza – revirei os olhos com força. – E é por
causa dessa briga que você acredita que não será contratada?
— Exatamente. Você sabe como eu fico quando estou irritada, foi uma briga bonita de
ver.
Ela riu.
— Imagino – respirou fundo antes de continuar. – Agora vamos falar sobre aquele
assunto – não gosto desse tom de voz.
— Sobre a minha família?
— Sim. Eles estão loucos atrás de você. Até o idiota do Tiago está preocupado – balancei
a cabeça em negação.
– Que imbecil – falei. – Mas você acha que eles têm alguma pista sobre a minha
localização?
— Ouvi dizer que não. Na opinião deles, é praticamente impossível que você tenha
deixado o país. Eles acreditam que você não possui coragem nem recursos financeiros para ir
tão longe.
— Ótimo. É melhor que eles continuem pensando assim – falei aliviada. – E o César? Ele
já sabe?
César é o motivo da minha fuga.
— Parece que não. O seu pai deve estar com medo de contar.
Não é pra menos.
— Hum, provavelmente.
— Vou ficar de olho aqui pra você, qualquer coisa te aviso – minha amiga falou. –
Amiga, vou precisar desligar agora, depois nos falamos, tudo bem?
— Tudo bem, até breve.
Concluí a minha conversa com a Tina e liguei pra Dora logo em seguida. Eu precisava
conversar sobre os acontecimentos da manhã e fiquei aliviada ao ouvir que ela não ficou
chateada comigo. Vale ressaltar que, para ela, o que ocorreu com o Dylan também foi coisa do
destino.


Já estava no final da tarde, e ainda não havia recebido uma resposta da empresa. A espera
pela bendita ligação estava me deixando atordoada, então, para relaxar, peguei o meu celular e
coloquei a minha playslist. A música “As It Was” do cantor Harry Styles começou a tocar e para
não perder o costume, cantei junto.
Subitamente, a música parou, anunciando que alguém estava me ligando. Dei um pulo
para atender.
Será?
— Pronto – falei com os dedos cruzados.
— Srta. Duarte?
— Sim, sou eu.
— Aqui é a Emma do departamento de RH do Grupo Foster.
— Sim.
— Estou entrando em contato para te comunicar que você foi selecionada para vaga de
secretária e já inicia amanhã.
— Muito obrigada.
— Outra coisa, o seu horário de trabalho será das 8h às 18h. Amanhã, preciso que você
chegue 30 minutos mais cedo para formalizar a sua contratação. Então quando você chegar, vá
para o décimo andar e me procure.
— Tudo bem.
— E não se atrase. O Sr. Foster detesta atrasos.
— Ok, muito obrigada, até ama... – desligou na minha cara, que mal-educada.
PORRA. EU CONSEGUI.
Trabalhar com aquele homem será um desafio.
Ele é lindo e gostoso, mas também é insuportável.


Na manhã seguinte, despertei cedo e corri para fazer a minha higiene matinal. Em
seguida, tomei café da manhã e fui me arrumar para o meu primeiro dia de trabalho.
Coloquei um vestido justo em um tom azul bebê, que alcança a altura dos joelhos. Nos
pés, escolhi uma sandália branca de salto médio e peguei uma bolsa da mesma cor. Finalizei
soltando o meu cabelo.
Antes de sair, acordei a Dora para ela não se atrasar para o seu trabalho.


Cheguei no Grupo Foster e fui direito pro décimo andar. Como eu estava adiantada,
resolvi ir de escada.
Hoje é um ótimo dia para eu não precisar enfrentar os meus medos.
No décimo andar eu recebi todas as orientações essenciais e entreguei os documentos
necessários. Depois de resolver a parte burocrática, Emma me entregou uma carteirinha de
acesso ao edifício, item que todos os funcionários possuem.
Estou oficialmente contratada.
— Agora pode ir pro décimo quinto andar. A secretária do Sr. Smith irá te mostrar a sua
mesa.
— Ok. Muito obrigada.
Assenti e me retirei.
— Bom dia, Srta. Duarte, meu nome é Kim e sou a secretária do Sr. Smith. Eu vou te
auxiliar até você se adaptar, caso você tenha alguma dúvida pode me perguntar – Kim me
recebeu quando cheguei ao andar indicado pela Emma.
— Obrigada... E me chame apenas de Aurora. Srta. Duarte é muito formal – dei um
sorriso simpático e ela retribuiu.
Kim me mostrou a mesa que irei ocupar e me passou a agenda do Sr. Foster.
Que vida agitada esse homem tem, é muita coisa pra um homem só.
Ouço o som vindo do elevador e vejo um homem bonito saindo.
É um homem alto, loiro e forte. Um príncipe.
— Bom dia, Kim – ele a cumprimentou e ela respondeu. – Bom dia, Srta...? – diz
olhando pra mim.
— Duarte. Aurora Duarte – falei sorrindo.
— Aurora Duarte. Que nome bonito – bonito é você. – Você deve ser a nova secretária
do Dylan, é isso?
— É isso mesmo Sr...?
— Me desculpe, eu não me apresentei. O meu nome é Theo Smith, muito prazer – diz
estendendo a mão pra mim.
Confesso que eu quis responder: prazer é só na cama meu amor e se você quiser, eu te
dou.
Mas é claro que eu não fiz isso. Sou profissional.
— O prazer é todo meu – digo apertando a sua mão e nós dois sorrimos.
— Vou para a minha sala. Se precisar de algo, fique à vontade para me chamar – ele
falou e se retirou.
Príncipe delicioso.
Escuto mais uma vez o som do elevador, e ao se abrir, avisto meu chefe.
Ele trajava um impecável terno preto, usava óculos escuros, e seus cabelos estavam
cuidadosamente alinhados e penteados para trás. Um verdadeiro deus.
Deus grego.
— Bom dia, Srtas. – cumprimentou eu e a Kim ao mesmo tempo.
— Bom dia, Sr. Foster – falamos em uníssono.
— Srta. Duarte, para a minha sala. Agora – nossa, nem um “por favor”?
Engoli seco e fui.
O acompanhei e fiquei impressionada com a decoração clean da sua sala, essa claramente
não é a mesma sala da entrevista. O ambiente era espaçoso, com janelas de vidro que
proporcionavam uma bela vista.
Ao retornar à realidade, notei que ele já estava acomodado em sua cadeira, e seus lindos
olhos de esmeralda me fitavam com uma expressão indecifrável. Este homem consegue ficar
ainda mais atrativo quando está sentado nessa cadeira.
Ele é o seu chefe Aurora, se controla.
— No que eu posso ajudar, Sr. Foster? – falei toda trabalhada no profissionalismo.
— Passe a minha agenda do dia, por favor – olha só, ele sabe dizer “por favor”.
Respirei e passei a sua agenda.
— O senhor tem uma reunião às 10 horas – olhei o iPad e continuei. – Às 12 horas, o
senhor tem um almoço com alguns investidores do projeto Resort Foster e às 14 horas, o senhor
tem outra reunião – concluí.
— Obrigada. Quero que você me acompanhe no almoço de hoje – oi?
— Mas...
— Mas nada, você vai para esse almoço – O QUÊ? Mas é MEU horário de almoço.
Grosso.
Cretino.
Gostoso.
— Olha aqui seu... – ele cruzou os braços e me olhou com um sorrisinho desafiador.
— Olha aqui seu o quê? – me desafiou com as sobrancelhas erguidas.
QUE ÓDIO!
Respirei fundo.
— Nada – falei com os punhos cerrados.
— Perfeito – lançou um sorriso satisfeito.
Lidar com esse homem vai ser fogo – muito fogo.
Tenho vontade de torcer o seu pescoço, mas também tenho vontade de montar em cima
dele e deixá-lo fazer o que quiser comigo.
06 DYLAN FOSTER
Ao sair do elevador, Aurora já me esperava do lado de fora. No momento em que a vi
naquele vestido justo, tive a sensação de que essa brasileira seria a minha ruína.
Acho que contratá-la foi a maior loucura da minha vida. Estar perto dela me excita, o seu
cheiro me enlouquece, tudo nela é maravilhoso.
E se eu a demitir? – aí ela nunca mais vai querer te ver, seu babaca.
Saio dos meus pensamentos quando a nervosinha começa a passar a minha agenda do
dia. Decidi levá-la comigo para o almoço com os investidores. Acho que irá ajudá-la a entender
mais sobre o trabalho.
É sério. É só por isso.
Quando informei que ela me acompanharia para o almoço, a pequena dinamite estava
pronta para explodir, mas ela conseguiu segurar a raiva e me obedeceu.
No fundo, eu queria que ela retrucasse e resistisse. Gosto desse desafio, gosto de ver a
Aurora sendo selvagem e brigona. Quando a vejo assim, sinto vontade de puni-la com vários
tapas na sua bunda grande.
— Posso me retirar, Sr. Foster? – ela diz.
—Sim. Sairemos às 11:30 da manhã – digo olhando pro relógio.
— Cretino – resmungou baixinho, mas eu ouvi.
— Eu ouvi, Srta. Duarte – falei, mas ela não se importou, apenas virou as costas e saiu da
minha sala.
Atrevida.
A visão da Aurora de costas é um atentado contra a minha vida. Sua bunda fica
irresistível nesse vestido e o seu cabelo longo caindo pelas costas me deixa com o pau totalmente
duro – preciso parar de pensar nela assim.
A porta da minha sala se abre e o Theo entra.
— Você não sabe bater? – digo bufando. – E se eu estivesse trepando aqui? – falei sério e
ele riu.
— Foi mal aí cara – é um cínico mesmo. – Mas se você estivesse trepando, não seria a
primeira vez que eu veria uma cena dessas com você sendo o protagonista.
Respirei e soltei o ar gradativamente.
— Vi a sua secretária nova – o olhei com curiosidade. – É a moça da cafeteria?
— Sim.
— Essa mulher é uma gostosa cara – falou assobiando. – E o cheiro dela é muito bom...
Ainda bem que você não fica com as suas secretárias – cerrei os punhos ao ouvir essa declaração.
Que puto.
— Deixa a minha secretária em paz – ele me olhou franzindo a testa.
— Por quê? – disse com um sorriso malicioso.
— Não posso perder outra secretária e não quero problemas – isso é verdade.
— Fica tranquilo – sorriu.
Cara de pau.
— Você não tem que trabalhar?
— Vou trabalhar, vim apenas cumprimentar o meu melhor amigo e comentar sobre a
nova secretária gostosa dele – decidi ignorar essa última parte.
— Já comentou, então pode se retirar – aponto pra porta.
Meu amigo revirou os olhos, mas saiu da minha sala.
Eu não deveria estar me importando tanto.
Estou fodido.


As horas passaram voando e logo chegou o horário do almoço. Me levantei pra chamar a
minha secretária, mas antes peguei as minhas chaves e o meu estiloso par de óculos escuros.
— Vamos, Srta. Duarte. Está na hora.
— Sim, Sr. Foster, vou apenas pegar a minha bolsa.
Juro que fiz de tudo pra não ficar olhando para a sua bunda enquanto ela caminhava, mas
porra, é uma bunda tão bonita.
— Estou pronta, Sr. Foster, podemos ir – ela parece mais tranquila agora. – Não precisa
levar nenhum documento pra esse almoço?
— Não, hoje não precisa. É só um almoço amigável com os meus colegas de trabalho –
Aurora assentiu.
Eu, particularmente odeio esse tipo de almoço, faço um esforço enorme pra ser simpático,
mas é difícil. Há tanta sujeira no mundo dos negócios, é cobra comendo cobra. Sempre tem um
esperando pra puxar o tapete do outro, só participo desses almoços porque preciso ficar por
perto.
Chamei o elevador e quando ele chegou, abri o caminho pra Aurora entrar primeiro –
posso até ser um safado, mas também sou um cavalheiro,
Ela não entrou, apenas me olhou e balançou a cabeça em negação.
— Sr. Foster, obrigada, mas eu prefiro ir pela escada – franzi o cenho.
Será que ela me acha tão insuportável ao ponto de não querer entrar no elevador comigo?
— Algum problema, Srta. Duarte?
— Não – me encarou.
— Então vamos – abri caminho novamente e ela entrou contrariada.
Apertei o botão para o estacionamento e olhei para o lado. A Aurora estava imóvel, quase
não respirava.
— Está tudo bem, Srta. Duarte? – falei dando um leve toque em seu pulso e ela olhou
diretamente nos meus olhos.
Não sei descrever a sensação que experimentei quando minha pele tocou a dela, só sei
que foi algo diferente, algo que eu nunca senti antes. Parece que uma corrente elétrica passou
pelo meu corpo e as minhas mãos se recusavam a desfazer esse contato.
Posso afirmar que Aurora também compartilhou dessa sensação, pois notei que sua pele
se arrepiou.
— Eu não mordo, Srta. Duarte – mas se você quiser eu posso te morder todinha. – Não
precisa ficar com medo.
— Eu não tenho medo de você. Tenho medo é dessa coisa – apontou para o elevador.
— Você não precisa ter medo. Sempre enfrente os seus medos e eu estou aqui dentro com
você, vai ficar tudo bem.
Diz o cara que não enfrenta os seus próprios medos.
— Grande coisa, se esse negócio cair, morre nós dois – falou baixo, mas eu ouvi.
Não resisti e dei uma risada.
— Você tem razão, mas a minha fala foi tão motivadora, não precisava ter estragado o
momento desse jeito – ela deu um sorrisinho tímido e senti que a tensão diminuiu.
Descemos até estacionamento.
— Obrigada pelo apoio moral, Sr. Foster – agradeceu. – Eu queria descer pela escada
porque fiquei com vergonha. Sempre fico tensa dentro de elevadores e não queria que o meu
chefe presenciasse o meu desespero – confessou com um sorriso sem graça.
— Não se preocupe, Srta. Duarte. É normal ter medo... Agora vamos, o meu carro está
por aqui – chamei.
— Eu vou ter que ir com você? No seu carro? Você se lembra de como foi que nos
conhecemos? Você bateu na traseira do carro da minha amiga, Sr. Foster – arqueou as
sobrancelhas.
— Achei que tivéssemos superado os eventos daquela manhã caótica – falei alisando o
meu queixo.
— Esquecemos, mas estamos falando sobre a minha segurança. Você não me passa muita
confiança quando o assunto é direção – ri do seu comentário.
— Vamos logo... Ou você quer nos atrasar, Srta. Duarte? – digo com um sorriso cínico.
Aurora bufou, mas entrou no carro comigo.
— Posso ligar o som?... Eu gosto muito de ouvir música.
Eu quase não escuto música, mas deixei que a Aurora ligasse o som. Ela cantarolava as
músicas que sabia a letra, e naquele instante, desejei que o trajeto até o restaurante fosse mais
extenso, apenas para prolongarmos um pouco mais nossa permanência dentro deste carro.
— Chegamos – falei.
— Estou inteira... Até que você não dirige tão mal assim, Sr. Foster.
— Eu sou bom em muitas coisas, Srta. Duarte. Você iria se surpreender – sorri
maliciosamente e ela arregalou os olhos.
Você quer um processo, Dylan? – não! Então pode parar.
Mas eu já fiquei com outras funcionárias antes e nunca fui processado porque foi tudo
consensual. Então se ela quiser não terá problema – tem sim, ela é a minha secretária.
— Vamos, Sr. Foster – saiu rapidamente do carro.
Sorri da sua reação.


Entramos no restaurante e os meus “colegas de trabalho” já tinham chegado.
Cumprimentei todos e puxei uma cadeira pra Aurora se sentar. Em seguida me sentei
também e a apresentei para os senhores que estavam sentados conosco.
— Senhores, essa é a Aurora Duarte, a minha nova secretária. Eu a trouxe para ela ir se
acostumando com o ambiente.
Aurora os cumprimentou e ficou quieta observando. Os idiotas olhavam pra ela como se
estivessem vendo um pedaço de carne.
— Então você está com uma secretária nova? O que aconteceu com a outra? Pediu
demissão por não te aguentar mais? – que idiota.
Inspirei e expirei profundamente.
Paciência, Dylan, logo acaba.
— Ela se demitiu porque não aguentou a pressão, quero uma secretária que lide bem com
isso e as que desistiram não eram – falei olhando pra Aurora que me olhava com curiosidade. –
Não quero ser amigo de funcionário, quero que eles façam o seu trabalho direito. É pela minha
exigência que alcancei a posição em que me encontro hoje. – falei orgulhoso.
Dirigi meu olhar para Aurora e testemunhei um sorriso brotar de seus lábios. Acho que
ela gostou da minha resposta.
Os senhores se calaram e mudaram de assunto.
— E você mocinha, percebi que o seu sotaque é diferente. Você é de onde? – perguntou
um dos homens que devia ter mais de 50 anos de idade.
— Eu sou brasileira – Aurora respondeu.
— Dizem que lá é muito bonito e que o carnaval é espetacular... Ouvi dizer que lá tem
muita mulher bonita e vejo que é verdade. Você é encantadora – olhei pra cara do senhorzinho
safado.
— Oh! Muito obrigada, senhor.
— Então, Sr. Foster, quando será a viagem para Nova Iorque? É imprescindível que
visitemos pessoalmente. A implementação do projeto do resort deve ser iniciada o mais rápido
possível – outro homem me perguntou.
— Sim, você tem toda razão, inclusive, a viagem já está agendada para daqui a 20 dias.
Tive que adiá-la porque estava sem uma secretária, mas agora está tudo em ordem – olhei pra
Aurora e ela estava com uma expressão confusa.
Ah minha pequena dinamite, você vai ter que ir comigo pra essa viagem. Dar essa notícia
pra ela vai ser divertido.


O almoço terminou e voltamos pra empresa.
Cheguei em minha sala e me preparei para a próxima reunião do dia. Chamei a Aurora
pra avisar que ela não precisaria me acompanhar, mas pedi a ela que enviasse alguns e-mails para
mim.


A reunião chegou ao fim e voltei pra minha sala. Passei pela mesa da Aurora e a chamei
para contar sobre a viagem.
— Reserve dois quartos em um dos melhores hotéis de Nova Iorque. Fique à vontade
para fazer a escolha – pedi. – Quero os melhores quartos.
Comecei devagar.
Por que estou com medo de falar que ela vai viajar comigo pra realizar o trabalho que ela
é paga pra fazer?
Para com isso, Dylan, está com medo da mulher?
Coragem homem.
— Ok, Sr. Foster.
— Outra coisa... Você vai viajar comigo. Ficaremos 3 dias fora e esse tempo pode
aumentar – falei. – E antes que você queira questionar, lembre-se que esse é o seu trabalho –
mostrei quem manda.
Sinto que ela estar prestes a explodir de raiva.
— Você está falando sério? Ou é mais uma das suas gracinhas? – vem Pinscher raivosa.
— Estou falando seríssimo, Srta. Duarte, ou você tem algo mais importante pra fazer? –
falei levantando as sobrancelhas.
Caramba.
Será que ela tem um namorado e não quer ficar longe dele? Como eu não pensei na
possibilidade de ela ter alguém?
Se bem que seria bom, assim seria difícil eu ter algo com ela, não sou fura olho.
— Não tenho nada pra fazer, Sr. Foster – respirou fundo.
— E não tem ninguém que precise de você?... Um namorado talvez – por que eu
perguntei isso?
Eu sou um idiota.
— Não tenho... Na verdade – caramba ela tem um namorado. – Tenho a minha amiga, a
Dora. Ela é a dona do carro que você bateu e ainda não consertou – porra, eu esqueci. – Nós
moramos juntas e foi ela que me ajudou quando... Quando eu me mudei pra cá.
— Desculpa, você pode mandar consertar e depois me manda a conta – falei
envergonhado. – Tudo sobre a viagem foi esclarecido então você pode se retirar – a dispensei. –
Não se esqueça de reservar os quartos – ela assentiu e saiu da minha sala resmungando coisas
que decidi ignorar.
Consegui. Estou no controle.
E para provar que eu realmente estou no controle, decidi que vou passar por cima dessa
vontade que tenho de foder a minha secretária ou eu não me chamo Dylan Foster.
Acho que preciso começar a comer alguma mulher regularmente, assim o meu pau vai
ficar bem ocupado dentro de alguma boceta – ótima ideia Dylan.
07 AURORA DUARTE
Fui pega de surpresa pelo toque de Dylan. O calor do seu corpo incendiou o meu.
Agora temos essa viagem para fazermos juntos e confesso que fiquei um pouco
incomodada com esse comunicado, mas ele tem razão, é o meu trabalho, estou sendo paga pra
isso e viagens fazem parte do pacote.
Como o meu chefe pediu, reservei dois quartos em um dos melhores hotéis de Nova
Iorque e o informei logo em seguida. Acho que ele gostou da escolha porque me lançou um
sorriso de satisfação.


Já se passaram duas semanas desde que iniciei meu trabalho no Grupo Foster, e consegui
me adaptar à nova rotina.
A manhã passou, e logo chegou a hora do almoço. Estou começando a conhecer alguns
funcionários e almoçamos juntos quase todos os dias.
— Como está a minha novata favorita? – Jake, o meu novo colega de trabalho me
perguntou.
Ele é um homem muito bonito e tem um belo sorriso. Sua pele é escura e os seus lábios
são carnudos.
— Está falando comigo? – brinquei me fazendo de desentendida. Ele sempre faz essa
pergunta quando me vê e eu sempre dou a mesma resposta, se tornou uma brincadeira nossa.
— Claro. Quem mais seria? – olhou pra mim e chegou mais perto. – Você é a mais linda
– falou no meu ouvido e eu sorri.
— Você adora me iludir não é mesmo? – ele balançou a cabeça em negação e deu um
beijo no canto dos meus lábios.
O Jake é um homem encantador, nós ficamos próximos e um dia surgiu um clima entre
nós dois e desse clima, acabou rolando um beijo, mas foi apenas isso, percebi que só o vejo
como amigo.
— Só falo verdades, pequena Aurora – piscou e eu sorri igual uma boba.
Permanecemos conversando até o término do meu intervalo para o almoço. Quando
finalizou, retornei para o meu posto, na expectativa de chegar antes do Sr. Foster.
Ao subir até o andar que eu trabalho, observei ao redor e pareceu que meu chefe ainda
não havia retornado. Separei alguns documentos e fui leva-los à sua sala para que ele os
assinasse.
Péssima ideia, Aurora.
Abri a porta de uma vez e vi uma cena inesperada.
A Emma-do-RH estava pelada e com o pau do Sr. Foster dentro da boca.
Sim queridos, o pau do meu chefe estava dentro da boca da metida do RH.
A ideia inicial era sair de fininho, mas como “Aurora Duarte não tem um dia de paz”, o
meu susto resultou em um pequeno barulho.
Barulho esse, que foi o suficiente para chamar a atenção do meu chefe, que abriu os seus
olhos esmeralda.
Fiquei imóvel e envergonhada por ter entrado sem bater.
— Eu não vi nada – falei e saí correndo.
Ao fechar a porta atrás de mim, coloquei a mão no peito, como se tivesse corrido uma
maratona.
Caralho.
O homem estava trepando no seu ambiente de trabalho?
Nada contra, mas puta merda.
Que pornográfico!
Fora da sala do Sr. Trepador, vi que o Theo conversava com a Kim e assim que me viu,
ele abriu um sorriso largo.
— Está tudo bem? – perguntou.
— Sim – menti, mas logo desmenti. – Mentira... Acabei de ver uma cena pesada na sala
do Sr. Foster – falei perplexa.
Theo começou a rir e eu semicerrei os olhos.
— Você pegou o Dylan transando não foi? – meus olhos quase saltaram para fora. – E era
com a Emma, certo? – completou.
Que loucura. Será que isso era comum aqui nessa empresa?
— Exatamente. Como você sabe? Eu nunca pensei que teria um chefe tão trepador assim
– falei chocada. – Eu não o julgo, até porque, eu sei que é muito bom transar, mas ele poderia
pelo menos ter trancado a porta – rompemos em uma gargalhada.
— Trepador? – questionou. – Relaxa, Srta. Duarte, isso já aconteceu outras vezes.
— Eu pensei que ele não havia retornado do almoço ainda – mordisquei o meu lábio
inferior. – Nunca mais vou entrar sem bater, não estou pronta pra passar por isso de novo. Que
horror.
Sorrimos.
— Fica tranquila – falou e eu assenti.
— Vocês são todos malucos.
Nós dois gargalhamos da situação e o meu chefe trepador saiu da sala pegando a gente
no flagra.
— Srta. Duarte, na minha sala agora – Theo me lançou um olhar de cumplicidade.
Entrei na sala e a Emma estava terminando de se arrumar, ao me ver entrando, ela deu um
sorriso exibido.
Eu realmente não entendo qual é o problema dessa mulher.
Quando ela saiu da sala, o meu chefe pediu para eu me sentar.
— Quero te pedir desculpas. Sei que deve ter sido estranho flagrar o seu chefe transando
no escritório – se desculpou e parecia arrependido. – Isso não irá mais acontecer.
Constrangedor é a palavra certa.
— Sr. Foster, quem deve desculpas aqui sou eu. Pensei que o senhor ainda não havia
voltado do seu horário de almoço, por isso entrei sem bater. Prometo que nunca mais farei algo
desse tipo – falei calmamente.
Ele assentiu e me liberou.
08 DYLAN FOSTER
Porra.
Não era pra Aurora ter visto o que aconteceu. Por que eu fui inventar de comer a Emma?
Que ideia ridícula, Dylan.
Durante a pausa para o almoço eu resolvi descer até o refeitório para ver se a Aurora
estava se adaptando, mas quando cheguei lá, percebi que ela estava bem adaptada – até demais.
Aurora estava envolvida em uma conversa animada com um funcionário que eu não sei o
nome. Ele sussurrava coisas em seu ouvido e ela ria alegremente. O abusado quase deu um beijo
na boca dela. Não sei por que, mas isso me deixou com um ódio supremo.
Resolvi subir e aproveitei para chamar a Emma. Ela me ajudou a manter o meu pau
ocupado nesses últimos dias.
Rapidamente ela atendeu ao meu chamado e em poucos minutos ouvi uma batida na
minha porta. Emma entrou e como sempre, ela já sabia o que fazer. Fodi a sua boceta e no
momento que eu fodia a sua boca, a Aurora apareceu.
Você é um idiota, Dylan.
A coitada ficou chocada e saiu correndo.
Ao perceber a merda que havia acabado de acontecer, o clima morreu e não tinha como
continuar. Sendo assim, retirei o meu pau da boca da Emma e me vesti. Eu precisava chamar a
Aurora para conversar.
Saí da minha sala para chamá-la e a encontrei gargalhando com o Theo. Parece que os
dois se aproximaram.
Minha porta se abre e vejo Theo entrando com um sorriso estampado em seu rosto.
— Olá, Sr. Trepador – franzi o cenho. – Não olha pra mim desse jeito, foi a nossa
brasileira que colocou esse apelido em você.
Nossa brasileira? Que intimidade é essa?
Decidi ignorar essa parte.
— Acho que a assustei, até desculpas ela pediu – falei ressentido.
O imbecil do meu amigo começou a gargalhar com vontade.
— Está rindo por que idiota?
— No início ela ficou um pouco chocada, mas depois nós rimos da situação e ela
prometeu que nunca mais entraria aqui sem bater – sorriu.
Travei o meu maxilar ao me lembrar dos dois juntos.
— Parece que vocês estão bem próximos – sondei tentando descobrir mais informações
sobre a relação deles.
— Talvez – fez suspense.
Revirei os olhos.
— Como foi a conversa com ela? – Theo perguntou.
— Foi melhor do que eu imaginei. Ela agiu tranquilamente e pediu desculpas por ter
entrado sem bater – dei de ombros.
— A Aurora é uma boa mulher.
— Terminou de elogiar a minha secretária? Se sim, pode se retirar.
— Terminei – falou. – Mas tem outra coisa.
— Então fala – soei impaciente.
— Vamos ir à Focus hoje? – se refere a nossa boate.
— Sim. Quero ver como as coisas estão indo por lá. Agora pode se retirar?
— Sim – deu uma pausa. – Adeus trepador – saiu rindo.
Palhaço.
09 AURORA DUARTE
Os dias passaram depressa e logo chegou o dia da viagem.
Na noite anterior, saí com a Dora para dançar e beber, estávamos precisando disso.
Acabei conhecendo um homem lindo chamado Tim e não perdi tempo – também tenho as
minhas necessidades. – Foi um sexo muito bom, admito.
Como a minha noite foi agitada – literalmente – não dormi muito bem, mas acordei cheia
de energia. Eu estava ansiosa, será a minha primeira viagem a trabalho e eu quero que tudo saia
perfeito.
— Você tem certeza de que pegou tudo, Aurora? – Dora me perguntou pela milésima
vez.
— Peguei sim, não se preocupe – dei um beijo no rosto da minha amiga.
— Ok, então vamos? Vou ir com você até a empresa e aproveito pra dar uma olhada no
seu chefe dos olhos de esmeralda – deu um sorriso malicioso e pegou a chave do carro.
O caminho até a empresa não foi nada tranquilo, nós ligamos o som do carro no último
volume, colocamos a nossa playlist brasileira e cantamos até chegar ao nosso destino. Eu adoro
passar esse tempo com a Dora, ela é tão doida quanto eu e nos identificamos logo na primeira
troca de palavras.
— Vamos, irei te ajudar com as malas – eu sei o que ela quer.
— Dora, não precisa, o meu chefe já deve estar me esperando na recepção.
— Melhor ainda – safada. – Vou fingir que preciso ir ao banheiro – acabei rindo.
Descarada.
— Aurora do céu, que lugar incrível.
— Sim, é muito bonito. Também fiquei de boca aberta quando entrei aqui pela primeira
vez.
— Tá. Agora vamos pro que interessa. Cadê o gostosão? – analisei o lugar e o encontrei.
— É aquele que está conversando com aquela ruiva metida ali – balancei a minha cabeça
em direção aos dois. – Ele está com um terno preto e óculos escuros – falei baixo.
— Caralho, Aurora – cochichou perplexa. – Esse é o cara da cafeteria – franzi o cenho
sem entender. – Se lembra do homem que foi na cafeteria no seu último dia de trabalho?
Me recordo muito bem daquele dia trágico, mas eu ainda não consegui me lembrar de
quem ela estava falando, afinal, muitos homens frequentavam a cafeteria. Respondi apenas
balançando a cabeça em negação.
— Esse é o homem que eu comentei que não parava de olhar pra você – finalizou.
Puta merda!
Arregalei os meus olhos e recordei que eu realmente tive a sensação de já ter o visto em
algum lugar.
— Meu Deus. É verdade. Caramba, e agora? – falei eufórica.
— E agora o quê? Para de ser doida, se fosse eu no seu lugar, estaria pulando de alegria.
Mas confesso que não deve ser fácil trabalhar com uma tentação dessas. Força guerreira – deu
um tapinha amigável no meu ombro.
Olhei novamente para o meu chefe e reparei que ele caminhava lentamente até nós. A
safada da Dora também percebeu que ele estava vindo e se endireitou – só espero que essa
bandida não fale nenhuma besteira.
— Está pronta pra ir, Srta. Duarte? – falou tirando os óculos.
— Sim, Sr. Foster – olhei pra Dora que estava babando pelo meu chefe. – Essa é a minha
amiga, Dora. Dora, esse é o meu chefe, Sr. Foster – falei tentando parecer plena.
Minha amiga estendeu a mão para cumprimentá-lo e ele retribuiu.
— Muito prazer, senhorita.
— O prazer é todo meu, Sr. Foster, mas pode me chamar apenas de Dora – ele assentiu. –
Minha amiga falou muito bem de você – caralho.
— Sério, Srta. Duarte? – indagou com um olhar curioso.
— Eu falei que você é um chefe rígido, mas que isso é bom – soei confiante.
— Entendi, Srta. Duarte – me olhou profundamente. – Você está com uma aparência
cansada, não dormiu bem essa noite?
— Ah, Sr. Foster! Dormir foi o que a Aurora menos fez – a minha amiga falsa falou
divertida. – Não é mesmo, Aurora? – me deu uma piscadela.
EU. QUERO. MORRER.
O chão poderia abrir agora e me engolir.
— É mesmo, Srta. Duarte? Aconteceu alguma coisa?
E agora?
— Sim. Saímos ontem e ela... – interrompi a Dora antes que ela falasse mais alguma
besteira.
— Não aconteceu nada – falei rápido. – Está na hora de ir embora não é mesmo, Dora?
Você pode se atrasar pro seu trabalho – a encarei.
— Verdade – concordou. – Eu vou indo, boa viagem pra vocês e quando você chegar me
liga, Aurora, sabe que eu fico preocupada – me deu um abraço apertado e um beijo no rosto.
Assenti e ela foi embora.
— Podemos ir agora? – assenti. – Vamos no meu jatinho, detesto voos comerciais –
franzi o cenho.
Metido.


Entrei no jatinho do Dylan e fiquei de boca aberta, é muito bonito e aconchegante. Ele
indicou o meu assento – ao seu lado – e me sentei apreensiva. Percebi que o Dylan me observava
enquanto eu me acomodava e resolvi fazer a pergunta que estava presa na minha garganta desde
o momento que ele falou que iríamos de jatinho.
— Sr. Foster? – me olhou. – Esse negócio que voa é seguro? Está bem abastecido? – o
idiota riu.
Sim senhoras e senhores. O IDIOTA RIU.
Cruzei os braços e trinquei os dentes. Ele percebeu que a coisa não iria ficar boa e parou
de rir.
— Está tudo certo e ele é seguro, Srta. Duarte. Por que a pergunta? – pensou por um
segundo. – Você não vai me dizer que também tem medo de aviões? – olhei pra baixo.
Por um momento, pude ver um pouco de compaixão em seu olhar.
— Não tenho medo de aviões, mas fiquei apreensiva. Eu nunca andei de jatinho, então
não sei se são tão seguros quanto os que fazem voos comerciais – fui sincera. – E queria
confirmar se estava tudo certo.
— Fica tranquila, está tudo muito bem revisado, estamos seguros – me garantiu e eu
assenti.
Nesse momento vieram nos informar que iríamos decolar e o meu corpo gelou.
— Me dê a sua mão, Srta. Duarte – levantei as sobrancelhas. – Vamos, confia.
Entreguei a minha mão pra ele e senti novamente aquele calor passando pelo meu corpo.
— Fecha os olhos e respira, isso vai te ajudar – falou baixinho. – Estou aqui com você,
nada vai acontecer, está tudo bem – tentou me acalmar e estava conseguindo.
Alguns minutos se passaram, e ainda permanecíamos de mãos dadas, era uma sensação
boa, mas percebi que isso estava começando a parecer estranho e desfiz o nosso contato. Quando
o soltei, ele me fitou profundamente, como se estivesse sentindo falta do toque das nossas mãos.
— Está melhor?
— Sim, Sr. Foster. Muito obrigada – dei um sorriso sincero.
— Disponha – retribuiu o sorriso.


Depois de algumas – longas – horas, chegamos ao nosso destino. Não sei descrever a
alegria que senti no momento que pisei em terra firme.
Viva. Estou viva.
Assim que chegamos, eu liguei para a Dora e aproveitei pra dar uma bronca nela por ser
tão linguaruda.
Fomos diretamente para o hotel e ao entrar no quarto fiquei maravilhada. O espaço é
imenso e na cama cabiam umas cinco Auroras.
Além do espaço, havia uma varanda que dá vista a uma linda paisagem. Não posso deixar
de comentar sobre o banheiro, tem até uma banheira e espero que eu consiga usar antes de ir
embora.
Ouço o meu celular tocar e corro para atender.
— Srta. Duarte, esqueci de informá-la que hoje temos um evento para comparecer. Não
se preocupe com o que vestir, eu já providenciei a sua roupa e outros detalhes. Te espero no
saguão do hotel às 19 horas.
— Tudo bem, Sr. Foster, muito obrigada.
Não respondeu e desligou na minha cara.
Babaca.


Meu corpo cedeu ao cansaço e acabei adormecendo. Algumas horas mais tarde, desperto
com uma batida na porta.
— Sim? – falei ao abri-la.
— Somos da equipe que o Sr. Foster contratou pra cuidar do seu visual – disse uma
mulher super estilosa. – Vamos te deixar mais bonita do que você já é – deu um sorriso
simpático.
— Então, você prefere uma maquiagem mais leve ou algo mais forte? Prefere o cabelo
preso ou solto? – um rapaz questionou.
— Sobre a maquiagem, eu prefiro algo mais leve e o resto eu deixo nas mãos de vocês –
eles se olharam animados e começaram a trabalhar.
A equipe finalizou a minha maquiagem e ela ficou leve do jeito que eu gosto. No meu
cabelo, eles fizeram o coque despojado, com algumas mechas soltas na frente.
Na hora de colocar o vestido, o meu queixo quase caiu no chão.
Que vestido lindo da porra.
É um vestido longo e preto, com um brilho discreto – percebi que o Dylan ama essa cor.
– O vestido é um pouco mais justo e deixa a minha bunda bem desenhada. Tem uma fenda que
revela um pouco da minha coxa grossa e o decote em V, realça os meus seios médios. Além
disso, as minhas costas ficaram levemente nuas – é um verdadeiro espetáculo.
E não para por aí. O meu chefe pensou até na sandália. Ela é preta com detalhes
prateados. O salto é fino e médio.
Quando eu achava que não poderia ficar mais impressionante, vieram as joias. Brinco,
colar e pulseira. Essas peças devem valer uma fortuna, percebi que tenho que tomar muito
cuidado com tudo que estou usando esta noite. Não tenho dinheiro para pagar se alguma coisa
estragar ou perder.
— Garota, você ficou maravilhosa. Vai arrasar hoje – o rapaz disse.
— Sim, você está perfeita – a moça concordou.
Fiquei tímida com os elogios.
— Obrigada. Tudo isso foi graças a vocês – falei agradecida.
Olhei no relógio e já estava na hora de descer para me encontrar com o meu chefe. Como
combinado, ele estava no saguão no horário marcado. Dylan vestia um terno preto
impecavelmente alinhado e os seus cabelos lisos estavam penteados para trás.
Perfeito.
Ele dirigiu o olhar na minha direção e seus olhos de esmeralda brilharam. Era um olhar
ardente e acredito que o meu olhar estava exatamente igual ao dele. Ficamos alguns segundos
nos encarando até ele quebrar o silêncio.
— Boa noite, Srta. Duarte, você está linda.
— Obrigada, Sr. Foster, você também está muito elegante – digo envergonhada.
— Vamos? – me ofereceu o braço.
— Vamos – sorri e segurei o braço dele.
Começamos a caminhar até o carro enorme que nos esperava em frente ao hotel e
seguimos até o local do evento.
Quando chegamos, fiquei impressionada. As pessoas estavam bem arrumadas, com
roupas sofisticadas e elegantes. Fiz uma nota mental pra não me esquecer de agradecer ao Dylan
por ter me preparado para esse evento. Eu jamais teria conseguido me vestir à altura se não fosse
por ele.
Espero que tudo saia bem essa noite e que eu não passe nenhum tipo de vergonha.
Vamos lá!
10 DYLAN FOSTER
Caralho.
Quero saber quem foi que escolheu esse vestido pra Aurora.
Confesso que a culpa foi minha, eu apenas especifiquei a cor e as vendedoras escolheram.
Eu pensei que não teria como essa mulher ficar mais bonita, mas me enganei. Ela é um
monumento.
A sua bunda e os seus seios ficaram bem marcados no vestido e estou tentando controlar
todos os meus instintos selvagens.
O caminho até o evento foi desesperador. A Aurora estava tão perto e o seu cheiro cítrico
adocicado tomou conta do carro. Senti o meu pau pulsar dentro da cueca. Porra, eu poderia fazer
tantas coisas com ela aqui dentro.
Estou parecendo um adolescente afobado.
Chegamos ao evento e assim que entramos no salão, a atenção dos convidados se voltou
para nós dois. Cumprimentei alguns conhecidos e apresentei a Aurora como a minha secretária.
Os imbecis não tinham vergonha na cara. Olhavam descaradamente pra bunda e para os
seios da minha secretária.
Não seja hipócrita, Dylan, você também está babando por ela.
Fomos até a mesa que estava reservada para nós e nos sentamos. Enquanto eu conversava
sobre negócios, a minha secretária não parava de comer. Essa pequena dinamite come que é uma
beleza.
Notei que a Aurora bebeu apenas uma taça de espumante. Os idiotas que estavam
sentados à mesa conosco ofereciam mais taças, mas ela negava.
Esperta. Nunca é bom beber demais nesse tipo de evento.
Saí dos meus pensamentos quando ouvi uma voz familiar.
— Ora, ora, ora, olha quem veio, Dylan Foster – a loira falou.
— Sim, Sienna, eu vim – falei educadamente.
— Que bom, a noite vai ficar mais divertida com você aqui – me deu uma piscadela. –
Dança comigo? – eu ia questionar, mas ela completou. – Não aceito um não como resposta –
sorriu maliciosamente.
Eu poderia dizer que não, mas é apenas uma dança.
Notei que a Aurora estava quieta observando cada canto da festa, nossos olhares
encontraram, mas ela logo desviou.
— Aurora você está liberada, não está mais em horário de trabalho – resolvi deixar ela
livre pra aproveitar e explorar o lugar.
Me levantei e fui até a pista de dança.
— Você está cada dia mais gostoso, Dylan Foster – Sienna comentou enquanto
dançávamos.
— Obrigado. Você também está muito bonita – tentei ser educado.
— Só isso? Você já foi melhor nos elogios, Dylan – fez biquinho.
— Acho que perdi a prática – ela riu.
De canto de olho observei a Aurora e vi que ela conversava com um rapaz. Mudei a
direção do meu olhar e encarei a loira com quem eu dançava. Ela não parava de falar e queria
muito a minha atenção.
A música acabou e logo iniciou outra, mas a Sienna não me largava.
Paciência, Dylan.
Olhei pra onde a Aurora deveria estar sentada, mas não a encontrei. Varri o salão com os
olhos e vi que ela estava dançando com o mesmo rapaz com quem conversava anteriormente.
Reparei que a mão dele estava descendo até a bunda da minha secretária.
— Eu não posso fazer nada. Eu não sou nada dela. A Aurora é apenas a minha
funcionária – repeti baixinho para mim mesmo.
Ela não está percebendo o que esse atrevido está fazendo não? – percebeu sim, e foi por
esse motivo que ela pegou a mão dele e tirou de onde estava.
Toma, otário.
Me despedi da Sienna quando a segunda música finalmente acabou e voltei para a minha
mesa. Ao me aproximar de onde eu estava sentado, vi que a Aurora ainda não havia retornado,
então comecei a procurá-la. Olhei para o bar e a encontrei sentada conversando com um rapaz
que estava de costas.
O homem olhou para trás e no momento em que vi o seu rosto, o meu corpo ferveu – de
ódio supremo. – Era James Jones, o meu primo infeliz.
Me levantei na velocidade da luz e fui tirar a Aurora de perto desse canalha.
— Aurora, tudo bem por aqui? – utilizei um tom grave.
— Sim, está tudo bem – ela disse erguendo o canto dos lábios. – Eu estava conversando
com James – tão inocente. – James, esse é o meu chefe, Sr. Foster. Sr. Foster esse é James Jones,
acabei de conhecê-lo.
— Não precisa nos apresentar gata – gata? Que intimidade ridícula é essa que ele acha
que tem com ela? – Nós já nos conhecemos. Dylan é o meu primo – o infeliz sorriu.
— Ah! Eu não sabia – Aurora disse mordiscando o lábio.
Que delícia.
Por um momento, fiquei paralisado observando os lábios dela, mas logo me dei conta de
que estava sendo observado pelo imprestável do meu primo. Ele me olhava com um sorrisinho
maldoso – de maldade ele entende.
— Vocês não têm o mesmo sobrenome... – Aurora voltou a falar.
— Não se preocupe, Srta. Duarte – a interrompi. – Ele é filho do meio-irmão do meu pai
e o sobrenome é diferente porque o pai dele não tem o sobrenome do nosso avô – expliquei e
James me olhou com o maxilar travado.
— É Aurora, é exatamente isso que ele explicou, mas isso não muda o fato de que somos
uma família, não é mesmo primo?
QUERO QUEBRAR A CARA DELE.
— Isso mesmo – evita o confronto, Dylan. – Vamos, Srta. Duarte? – chamei.
— Se você quiser ficar aqui, meu bem – meu bem? – Mais tarde eu te levo pra onde você
quiser – não mesmo.
— Não precisa. Eu levo a MINHA funcionária para o hotel que NÓS estamos
hospedados – falei um pouco irritado.
Aurora olhou pra mim estranhando a minha reação, mas não falou nada.
— Eu falei com a Aurora primo, não com você – que cão. – E aí Aurora, o que você me
diz? – levantou as sobrancelhas.
— Vou ir para o hotel mesmo, mas muito obrigada por tudo, gostei de te conhecer –
gostou nada, você não conhece esse animal. – Nos vemos por aí – dei um sorrisinho vitorioso
para o imprestável.
— Eu também amei te conhecer – me encarou. – Vou te passar o meu número, quando
você não estiver em horário de trabalho, me liga que te levo pra conhecer o lugar, podemos fazer
um tour – isso não vai acontecer, nem por cima do meu cadáver.
Ele tirou um cartão do terno e ia entregar para ela, mas eu fui mais rápido.
— Ela não quer. E pode ficar tranquilo, eu irei levá-la para conhecer o lugar – falei
puxando o cartão da mão dele e colocando em cima do balcão do bar.
Aurora me olhou incrédula, mas ignorei e peguei a sua mão pra levá-la para fora do
evento.
Não sou um lunático, mas tenho motivos para agir assim.
— Me solta, Sr. Foster – não falei nada e continuei puxando a coitada. – Qual é o seu
problema? Para de ser desagradável – não respondi, só queria aumentar a distância entre ela e o
meu primo.
Chegamos do lado de fora e fomos direto para o carro. Aurora estava emburrada e não
nos falamos durante o trajeto de volta para o hotel – ela fica tão linda emburrada.
Ao chegarmos, nós descemos do carro e a minha secretária caminhava rápido me
deixando para trás.
— Me desculpa pelo que aconteceu, mas eu não gosto dele – resolvi quebrar o silêncio
enquanto esperávamos o elevador.
— Se você não gosta dele, o problema é todo seu e eu não tenho nada a ver com isso –
ela estava com aquela expressão de ódio supremo, prestes a explodir. – E outra... Você não
precisava sair me arrastando como se fosse um homem das cavernas – cruzou os braços. – A sua
atitude foi extremamente deselegante.
Realmente, não precisava fazer tudo isso, mas eu fiz.
Acho que estou ficando maluco. Será que estou obcecado por uma mulher que conheço a
pouquíssimo tempo?
Só tenho certeza de uma coisa: é apenas atração.
Uma forte e fodida atração.
— Você tem razão, me desculpa, eu só... – só o quê, Dylan? – Ele não é uma boa pessoa
– falei baixo.
— Eu não vou tirar conclusões com base no que você acha, Sr. Foster – ela estava muito
irritada. – Você é um idiota sabia? – olhei pra ela com as sobrancelhas erguidas.
— Aurora – usei um tom de aviso.
— E não adianta vir argumentar que é o meu chefe. Eu não estou em horário de trabalho,
então você é um super-hiper-mega-idiota – disse com satisfação na voz.
Touché, Srta. Duarte.
— E tem mais – continuou. – Você não tem que se meter no que eu faço e com quem eu
falo quando estou fora do meu horário de trabalho.
Que porra, ela tem razão.
— Me desculpa – falei parecendo uma criança que foi pega fazendo alguma arte.
Ela não falou nada.
Por que ela tem que ser tão brigona? Essa mulher não demonstra nenhum pingo de receio
em me ofender. Eu poderia demitir ela amanhã por causa dessa audácia – claro que não vou
fazer isso com a minha pequena dinamite.
O elevador chegou e eu senti que ela estava tensa, como sempre fica quando entra em
um.
Me aproximei do seu corpo e a aproximação a fez paralisar. Coloquei minha mão em seu
rosto e acariciei – senti ela estremecer com o meu toque. – Seus olhos ficaram fixos nos meus, as
nossas respirações pesaram e o seu peito subia e descia. Eu sei que causo nela o mesmo efeito
que ela causa em mim.
Isso não pode ser normal, eu não a conheço direito.
Ela é sua secretária – minha cabeça repetia essa frase mil vezes, como se fosse um
mantra.
ELA É A SUA SECRETÁRIA.
A Aurora não está me parando, será que está consentindo? Acho melhor eu perguntar se é
um sim.
Não idiota, ela é sua secretária. Recua.
Mas e se for só uma vez? Assim a tensão sexual acaba e podemos viver em paz.
— Se você não me parar agora, eu vou te beijar – falei.
Recua. Não seja idiota.
— Não pare – consentiu em um sussurro.
Porra, ela consentiu.
Quer saber?
Que se foda.
Peguei Aurora pela nuca e a beijei com fúria e desejo. Enfiei a minha língua em sua boca
e ela me deu passagem imediatamente. Minha ereção era visível e a Aurora soltou um gemido
quando percebeu o quanto eu estava duro – eu poderia ficar ouvindo esse gemido pelo resto da
minha vida.
Nossos corpos friccionavam um no outro. Eu não queria sair dali, queria ficar naquele
elevador a beijando, mas fui obrigado a desfazer o nosso contato quando o elevador chegou no
andar dos nossos quartos.
Saímos e ficamos nos encarando por um longo minuto. Como um imã, os nossos corpos
se chocaram, a minha mente me mandava recuar e fugir dali, mas o meu corpo não reagia, ele
queria aquilo mais do que tudo.
A tensão sexual entre nós estava ficando insuportável, meu pau doía de tanto tesão por
essa mulher e sei que ela sentia o mesmo porque se esfregava contra o meu corpo em busca de
alívio.
Fomos em direção ao meu quarto sem descolar nossas bocas, peguei o cartão do quarto
no meu bolso e abri a porta com um pouco de dificuldade. Entramos e bati a porta atrás de mim,
para fechá-la.
No momento em que a porta se fechou, encostei a Aurora na parede e apalpei todo o seu
corpo, a sua pele se arrepiava com o meu toque, nossos corpos irradiavam um calor fervente que
seria capaz de incendiar o quarto e se brincar, incendiaria o hotel inteiro.
A levantei e ela passou as pernas ao redor da minha cintura. O decote do vestido facilitou
o contato que eu queria com os seus seios e eles couberam perfeitamente em minhas mãos
grandes. Com delicadeza, eu apertei os seus mamilos que estavam duros e sensíveis. Aurora
choramingava e gemia de satisfação.
Esse gemido me deixa doido.
Parei de beijá-la e encostei os meus lábios em seu pescoço, o beijei lambi e mordisquei
com fome e desejo. Desci os meus lábios até os seus seios, chupei, lambi e rocei os meus dentes
no seu mamilo antes de abocanhá-los, um de cada vez.
A desci do meu colo e ouvi o seu gemido frustrado, não resisti e dei um sorriso safado.
Com pressa para me livrar do vestido, acabei o rasgando de uma só vez. Os olhos dela se
arregalaram, mas eu não me importei.
Aurora passou as mãos pelo meu abdômen que ainda estava coberto pelas minhas roupas
e foi tirando peça por peça, fazendo alguns botões voarem no processo – foi selvagem, foi
intenso.
Quando me dei conta, a Aurora já estava tirando as minhas calças e suspirei quando as
suas mãos roçaram no meu pau. A ajudei tirando os meus sapatos e as meias para a calça sair
com mais facilidade. Encostei os nossos corpos seminus e grudei as nossas bocas novamente, eu
estava apenas de cueca e ela apenas de calcinha.
Fomos andando, sem parar de nos beijar até a cama e a deitei com pressa e necessidade.
Eu precisava estar dentro dela o mais rápido possível.
Desculpa minha pequena dinamite, mas preciso correr senão vou explodir. Prometo que
na próxima, eu capricho nas preliminares.
Próxima? Não vai ter próxima, Dylan.
Continuei chupando e lambendo os seus seios, pescoço, lábios e a sua língua. Parece que
o seu corpo inteiro foi feito especialmente pra mim. Meus dedos passaram pela sua coxa e
subiram até encontrar a sua boceta que já estava encharcada.
— Você está prontinha pra mim – digo sussurrando em seu ouvido. – Tão molhadinha,
Aurora – ela gemeu em resposta. – Estou doido para entrar em você e te foder até você perder as
suas forças – acariciei o seu clítoris. – Depois que eu te foder com o meu pau, vou te chupar e
quero que você goze na minha boca – enfiei dois dedos dentro da sua intimidade molhada –
Quero me deliciar enquanto te chupo, quero sentir o seu gosto – retirei os meus dedos e os
chupei olhando em seus olhos.
Eu estava parecendo um adolescente prestes a gozar na cueca. Ver a Aurora se
contorcendo de prazer e ouvir o seu gemido estava me matando.
Essa mulher vai ser a minha perdição.
— Sr. Foster, por favor – choramingou arqueando as costas e buscando alguma forma de
aliviar o tesão.
— Por favor, o quê Aurora? – sussurrei.
Respondeu apenas com gemidos.
— Vamos Aurora, por favor, o quê? – repeti.
Ela praguejou, mas respondeu.
— Me fode, por favor – disse em meio a gemidos.
Como um bom cachorrinho, eu obedeci.
Não consegui esconder o largo sorriso que se formou no meu rosto.
Tirei a minha cueca e Aurora arregalou os olhos quando viu o tamanho generoso do meu
pau.
Peguei uma camisinha na mesa ao lado da cama e a desenrolei por toda minha extensão
em tempo recorde.
Posicionei-me no meio das pernas da minha dinamite e pincelei a cabeça do meu pau em
sua entrada. Ela gemeu em antecipação e a minha vontade era de enfiar tudo de uma vez, mas fui
invadindo aos poucos para não machucá-la.
— Porra, Aurora, que delícia – gemi alto. – Você é tão apertada.
Ela gemia. Eu gemia. Nós dois gememos intensamente.
Quando entrei totalmente dentro dela, nossos gemidos aumentaram. Esperei a boceta dela
se acostumar com o meu tamanho e comecei a me movimentar entrando e saindo devagar.
Aurora prendeu as duas pernas na minha cintura e isso aumentou a profundidade.
— Mais rápido – a safada pediu.
Aumentei a velocidade.
— Quero ouvir o meu nome saindo da sua boca enquanto você goza, Aurora. É uma
ordem.
— Sim, Sr. Foster – porra, assim essa mulher acaba comigo.
Com um movimento rápido, a coloquei de barriga para baixo e a penetrei de uma vez,
Aurora deu um grito de prazer e segurou o lençol do colchão. Ela gemia tão alto que se esse
quarto não fosse à prova de som, todos escutariam os gemidos que me pertencem.
Enquanto a minha mão a segurava com firmeza pela cintura, peguei o seu cabelo longo e
puxei – sem machucá-la. – Soltei a sua cintura e dei alguns tapas em sua bunda. Aurora gemia
freneticamente e eu urrava de prazer.
Boceta viciante.
Os únicos sons que ouvíamos no quarto eram o dos nossos gemidos e dos nossos corpos
se chocando. O meu tesão está em um nível que eu nunca senti.
Percebi que o orgasmo dela, assim como o meu estavam se aproximando. Os espasmos
tomaram conta do seu corpo e a sua boceta contraiu esmagando o meu pau.
— Vem, Aurora, goza no meu pau.
— Sr. Foster... – não conseguiu terminar de falar e liberou todo o seu prazer chamando
pelo meu nome.
Depois de mais algumas estocadas rápidas, eu gozei forte. Parecia que eu não gozava há
anos.
Estávamos ofegantes e suados. Me deitei ao seu lado e a puxei para o meu peito, ficamos
quietos até as nossas respirações voltarem ao normal.
— Isso foi... – ela começou.
— Incrível – completei e ela concordou com um sorriso.
Lembram quando eu AFIRMEI que iria “passar por cima da vontade que eu tenho de
foder a minha secretária ou eu não me chamo: Dylan Foster”?
Parece que agora eu preciso de um novo nome.
Que tal Josh?
Acabei de transar com a Aurora e a vontade de tê-la não passou, só aumentou.
Mas isso não vai mais acontecer.
Dessa vez é sério.
11 AURORA DUARTE
Despertei quando o sol estava nascendo e não consegui parar de pensar sobre a noite
anterior. Tudo aconteceu de um jeito peculiar, foi tão do nada.
Não compreendi a reação do Dylan quando avistou o primo dele, acredito que alguma
coisa aconteceu entre os dois, mas não acho que seja da minha conta. Se ele quiser me contar um
dia, tudo bem.
Agora o que veio depois é totalmente da minha conta. Depois da primeira rodada de sexo,
eu perdi as contas de quantas vezes eu e o Dylan transamos. Só sei que marcamos cada cantinho
desse quarto e ele cumpriu todas as suas promessas: depois de me foder com o seu pau, ele me
chupou até eu gozar em sua boca.
O que eu posso falar sobre o tamanho do pau do meu chefe? – é uma lapa de pau.
Mas se Deus fez é porque cabe – e coube.
Senti o Dylan se mexer ao meu lado e retorno à realidade. Sei que isso não deveria ter
acontecido e sei o que precisamos que fazer. Ele é o meu chefe e eu sou sua secretária, ainda tem
a questão da minha vida que é um caos.
É evidente que há alguma forma de conexão entre nós. A atração que sentimos um pelo
outro é algo inexplicável, mas não podemos continuar.
Saí dos meus devaneios e comecei a observar o homem que dormia ao meu lado. Ele
estava bonito, despojado e com o cabelo despenteado. O corpo que esse homem possui, é de
matar qualquer mulher. O abdômen é bem definido e pude lambê-lo inteirinho – e lamberia mais
se fosse possível.
Chega. Parou, Aurora.
Não vamos misturar as coisas.
Como o meu chefe ainda não acordou, aproveitei para me levantar. Vesti uma das suas
camisas, já que a minha roupa estava completamente rasgada e deixei as joias e sapatos ao lado
dele. Com cuidado para não acordá-lo, saí do seu quarto e fui para o meu, que era no mesmo
corredor.
Ao entrar no meu quarto, me joguei na cama e fui descansar um pouco mais,
considerando que teríamos uma reunião importante à tarde.


Algumas horas depois, despertei e pedi o meu café da manhã. Enquanto a comida não
chegava aproveitei para tomar um banho e separar a roupa que usaria mais tarde.
Enquanto me envolvia com um roupão e enrolava uma toalha na cabeça para ajudar a
secar os meus cabelos molhados, escutei batidas na porta do quarto. Abri imaginando que seria o
meu café da manhã, mas dei de cara com o Dylan. Ele me olhou de cima para baixo e engoliu
seco. Os seus olhos de esmeralda brilharam e eu sabia que era de desejo, vi esse mesmo olhar
ontem à noite.
— Vai ficar aí parado? – quebrei o silêncio.
— Você abriu a porta e nem perguntou quem era – olhei pra ele.
— Pensei que era a minha comida – dei de ombros.
— E você ia receber a sua comida desse jeito? De roupão? – o encarei e cruzei os braços.
— Desculpa pela intromissão – falou. – Por que você saiu do quarto tão cedo? – indagou
receoso.
— Achei melhor deixar você descansar e vim fazer o mesmo. Mais tarde temos uma
reunião com os empreiteiros do projeto – não era mentira, mas também tem o fato de eu achar
que não deveríamos ter feito o que fizemos.
Foi tudo perfeito, mas é melhor não se repetir.
— Aurora – parou como se estivesse buscando palavras. – Precisamos conversar sobre o
que aconteceu ontem – falou sem olhar nos meus olhos.
— Fica tranquilo, Dylan – o chamei pelo primeiro nome. – O que aconteceu não vai sair
daqui, é melhor assim – olhei no fundo dos seus olhos. – Você é o meu chefe e eu sou a sua
secretária, nós não podemos confundir as coisas.
— Que bom que você entende – segurou a minha mão e deu um beijo na palma. – Não
quero que as coisas fiquem estranhas entre nós – coloquei a minha outra mão por cima da dele.
— Fica tranquilo. Nada mudou – eu espero que nada tenha mudado. – Posso te fazer uma
pergunta? – falei um pouco apreensiva, mas ele assentiu. – Você já me conhecia?
— Sim, no dia que bati no carro da sua amiga.
— Não... Estou falando antes disso.
— Um dia eu fui a uma cafeteria e te vi trabalhando lá – havia um sorriso no canto dos
seus lábios.
— Entendi – dei um meio sorriso. – A Dora te viu nesse dia, nós trabalhávamos juntas e
ela te reconheceu quando apresentei vocês dois – falei. – Bom... Acho melhor você ir descansar,
porque às 16:30 da tarde nós teremos uma reunião importante – ainda estava cedo, mas é o certo
a se fazer. – Nos encontramos mais tarde tudo bem? – perguntei.
— Tudo bem – respondeu. – Por que você não levou as suas coisas? Seu sapato e as suas
joias ficaram no meu quarto, o vestido também, mas ontem eu acabei o rasgando quando... –
pensou antes de falar. – Enfim, depois venho trazer o que restou.
— Não precisa se incomodar, eu deixei de propósito, não sabia que eu poderia ficar com
eles – digo tímida. – Não posso deixar de te agradecer pelo que fez por mim ontem. Se não fosse
por você eu não teria me vestido à altura e ainda passaria a maior vergonha no evento – dei um
sorriso fraco.
— Não precisa agradecer e as coisas são suas, eu comprei pra você, Aurora – disse
cabisbaixo.
— Obrigada.
Dylan assentiu e saiu do quarto meio desnorteado.
Fechei a porta atrás de mim e respirei fundo. Um tempo depois, o meu café da manhã
chegou e ao terminar de comer, eu fui descansar mais um pouco até a hora do almoço. Pretendo
explorar o lugar.


Decidi sair do hotel quase na hora do almoço. Vesti um cropped branco e um short jeans
escuro, cós alto e curto. Nos pés, eu coloquei um confortável tênis branco para poder andar
tranquilamente. Não passei nada de maquiagem, apenas um hidratante labial com cor. Prendi o
meu cabelo em um rabo de cavalo, peguei meus óculos escuros e uma bolsa com alça comprida
pra colocar o meu celular, os meus documentos e a minha carteira dentro.
Entrei no elevador com o meu coração saindo pela boca – como sempre – mas sobrevivi.
Chegando ao saguão de entrada do hotel, peguei o meu celular na bolsa para pesquisar um bom
restaurante.
Do lado de fora do hotel, resolvi pedir um motorista por aplicativo. Ao sair, vi que o dia
estava lindo e sorri observando tudo ao meu redor. De repente escutei uma voz conhecida me
chamando. Olhei na direção da voz e encontrei James Jones, o primo do meu chefe.
— Olá, gata – me saudou sorridente.
— Oi, James, como você está?
— Estou melhor agora e você?
— Estou bem – dei um sorriso de lado.
— Então. O que faz por aqui?
— Resolvi aproveitar algumas horas livres para sair um pouco e almoçar fora, mas logo
preciso voltar para uma reunião.
— Também estou indo almoçar. Gostaria de ir comigo? Conheço um restaurante muito
bom.
Pensei um pouco a respeito. Até então, o James não fez nada de errado comigo, muito
pelo contrário, mas estou atenta.
— Olha que quem convida paga – brinquei.
— Com toda certeza – sorriu. – Vamos? O meu carro está logo ali.
Assenti e fui com ele.
— Seu carro é bonito – falei entusiasmada.
— Obrigada – sorriu. – Gosta de ouvir música?
— Eu amo – minha voz saiu mais animada do que eu gostaria.
— Também amo ouvir música. Escolhe uma para nós escutarmos durante o caminho –
me lançou uma picadela.
Assenti e escolhi uma música. James me acompanhou na cantoria durante o caminho e
logo chegamos no restaurante.
Nos sentamos e fizemos os nossos pedidos.
Estávamos tendo um momento divertido. Notei que ele está flertando comigo, mas só
podemos ser amigos.
— Você é de onde? Sei que não é americana.
— Eu sou brasileira – sorri ao me lembrar do meu país.
— Que legal... Está aqui há muito tempo?
— Não muito.
— Entendi – tomou um gole de água. – E como está sendo trabalhar com o insuportável
do meu primo? – soou brincalhão.
— Não fala assim – ergui os lábios em um pequeno sorriso. – O Sr. Foster é difícil e
exigente, mas gosto disso, gosto dessa pressão – me olhou curioso. – Por mais que eu sempre
fique prestes a explodir, gosto do meu trabalho e do salário também.
Ele riu.
James é um homem muito bonito. Tem a pele clara, é alto e forte. Os seus olhos tem um
tom de azul escuro e o seu cabelo é loiro. Ele tem um estilo mais despojado, usa calça jeans,
camiseta, tênis e o cabelo não é tão alinhado.
— Que bom que você está gostando do seu trabalho.
Sorri pra ele e nossos pedidos chegaram.
Comi como se não houvesse amanhã. James não parava de me olhar, no início eu fiquei
envergonhada, mas essa vergonha durou pouco.
— O que achou do restaurante?
— Eu amei e a comida é maravilhosa. Boa escolha, Sr. Jones – rimos.
— Sou um bom guia – se gabou. – Ainda tem mais um tempo livre?
— Sim, só não posso demorar muito.
— Percebi que você gosta de comer – semicerrei os olhos brincando. – Calma – levantou
os braços em rendição. – Quer conhecer uma sorveteria?
Acho que os meus olhos brilharam.
— Caralho – percebi o que eu falei e coloquei a mão na boca. – Desculpa, eu não
costumo falar palavrão – menti descaradamente. – Ok, às vezes falo sim – rimos.
— Gosto da sua sinceridade.
— Obrigada – falei exibida. – Sobre o seu convite, eu aceito.
— Vamos lá.
Conheci a sorveteria e fiquei maravilhada com o lugar, a decoração era delicada e
acolhedora. Provei praticamente todos os sabores de sorvete, mas na hora de pagar a conta, assim
como no almoço, o James não deixou que eu o ajudasse.
O tempo passou e precisei voltar pra me preparar para a reunião.
O James me acompanhou até o hotel. Entramos conversando e rindo de coisas aleatórias,
mas do nada – literalmente do nada – vi o meu chefe vindo em nossa direção com um olhar
assustador. Acho que se ele pudesse matar alguém com o olhar, ele mataria.
— Onde vocês estavam? – me olhou com os seus lindos olhos de esmeralda.
Engoli seco e respondi.
— Fomos almoçar e andamos um pouco por aí. Por quê?
— Nada – virou pro James. – O que você quer? Por que está rondando a minha
secretária? – fiquei calada observando o desenrolar dessa conversa.
— Para de ser louco, nós nos encontramos por acaso, não foi, Aurora?
— Sim – respondi firme.
Dylan nos olhava de um jeito impassível e eu não conseguia imaginar o que se passava na
cabeça dele.
— Vamos, Aurora. Temos uma reunião.
— Mas ainda falta uma hora e meia para a reunião – retruquei.
— Sim, mas temos que nos preparar e você precisa colocar uma roupa mais formal –
falou me olhando de cima para baixo.
Respirei fundo porque ele tinha razão. Preciso tomar um banho e me vestir de forma mais
apropriada para a reunião.
— Muito obrigada pelo passeio, Sr. Jones – rimos. – Foi tudo muito legal. Eu estava
precisando sair um pouco.
— Eu que devo lhe agradecer por ter me acompanhado, adorei ter a sua adorável
companhia. Quando precisar é só me ligar, agora você tem o meu número – piscou e me deu um
abraço.
— Vamos, Aurora – Dylan falou irritado.
Chato.
— Obrigada, James. Até mais.
Ele assentiu e foi embora.
— O que você está fazendo? – meu chefe não parecia feliz.
— Como? – questionei confusa.
— Eu te falei que esse homem não é de confiança.
— E eu te falei que não vou tirar conclusões usando você como base. Ele foi um
cavalheiro comigo, então para de se meter no que não é da sua conta.
Ok, eu fui grossa e isso não foi legal, mas ele me irrita.
— Para de ser teimosa – falou impaciente passando a mão pelo cabelo.
— E você para de ser intrometido.
Empinei o queixo e passei por ele pra ir em direção ao elevador.
— Como foi o passeio de vocês? – como assim?
O QUÊ? Dylan Foster querendo saber sobre o meu passeio com o primo que ele não
suporta?
— Foi divertido – dei um leve sorriso.
— Entendi – falou baixo. – Sei que devíamos esquecer e que isso não é da minha conta,
mas... – pensou um pouco. – Eu fui o primeiro homem que você dormiu desde que chegou aqui
em Los Angeles?
Não estou entendendo essa conversa.
— Isso realmente não é da sua conta, mas não tenho por que esconder – falei. – Antes de
você eu fiquei com outros e alguns foram recentes. Então não, você não foi o primeiro homem
que fiquei depois que saí do Brasil – fui sincera.
— É aquele da “noite que você não dormiu”?
Arregalei os meus olhos.
Porque esse elevador não sobre mais rápido?
— Relaxa, Aurora – o que aconteceu com o “Srta. Duarte”? – Eu não sou burro, entendi o
que a sua amiga quis dizer – deu um sorriso anasalado.
— Hum – só tinha isso pra falar, Aurora? – Se já sabia, por que você me perguntou?
— Fiquei curioso e queria confirmar – assenti.
Descemos no nosso andar e resolvi encerrar essa conversa estranha.
— Vou ir me preparar pra reunião – digo doida para entrar no meu quarto.
— Tudo bem. Nos vemos às 16 horas, no saguão do hotel.
Assenti e entrei no meu quarto, deixando o Dylan para trás.
Esse homem só pode estar querendo me enlouquecer.
12 DYLAN FOSTER
O sol nasceu e ao me levantar, percebi que a Aurora não estava mais no quarto. Tomei
um banho, fiz a minha higiene e fui até o quarto dela pra ver se estava tudo bem. Aproveitei para
conversar sobre o que aconteceu entre nós.
Terminamos a nossa conversa e por mais que eu tenha ficado aliviado por ela ter
entendido, senti um leve aperto no coração.
Tudo o que eu não quero é magoá-la e por isso preciso me afastar. Eu não sou o que ela
precisa e merece. Não tenho nada a oferecer além de uma foda bem gostosa.
Não posso negar que temos química, mas é só isso, é algo carnal e sexual, não é nada
romântico. O que sentimos um pelo outro, desde o dia da batida foi um enorme tesão à primeira
vista.
Ou foi tesão na primeira briga?
Não sei exatamente, mas acho que foi tesão na primeira briga. Assim que ela abriu aquela
boquinha atrevida pra brigar comigo o meu pau deu sinal de vida. Tenho que parar de pensar
nisso, senão vou ter que ir atrás dela agora.
Voltei para o meu quarto na tentativa de descansar, mas falhei em todas as tentativas. A
minha cabeça não parava de reproduzir as cenas da noite anterior. Os gemidos e as expressões de
prazer da Aurora ficaram gravados na minha cabeça e eu nunca serei capaz de apagar.
Na hora do almoço, passei em seu quarto para chamá-la pra almoçar comigo, mas não a
encontrei. Estranhei porque ela não conhece o lugar, pensei até em ligar, mas desisti, não quis
parecer inconveniente. Resolvi descer até o restaurante do hotel na esperança de encontrá-la, mas
me enganei, ela também não estava lá.
Almocei – sozinho – e retornei para o quarto. Preparei algumas coisas para a reunião que
teríamos com os empreiteiros às 16 horas e em seguida, fui novamente atrás da Aurora em seu
quarto, mas ela ainda não havia retornado.
Onde essa mulher se meteu?
Desci novamente para o saguão do hotel e me deparei com uma cena lamentável. Aurora
estava com o otário do meu primo. O que eles estavam fazendo juntos? Os dois estão rindo como
se estivessem se divertindo muito.
Que palhaçada é essa?
Relaxa, Dylan. Ela não é nada sua.
Não pude deixar de observar as suas roupas simples e descontraídas. Sempre a vejo
utilizando peças mais formais, de acordo com o nosso ambiente de trabalho.
O short jeans destaca a sua bunda grande. As suas coxas grossas estão expostas e a blusa
mostra um pedaço da barriga. Essa mulher é gostosa de todas as formas.
Porra, eu estou obcecado.
Fui resgatar a minha secretária das mãos daquele idiota. Ver eles juntos me irrita
profundamente e acabei não conseguindo controlar a minha língua. Como sempre, a dinamite
não deixou barato e acabou comigo – não foi nada sutil, inclusive.
Quando subimos ela estava agindo normalmente e parecia que o passeio realmente tinha
sido agradável – se fosso comigo, esse passeio teria sido mais divertido, tenho certeza.
E que pergunta idiota foi aquela que eu fiz pra Aurora?
Até agora não estou acreditando na minha capacidade de passar vergonha.
“Eu fui o primeiro homem que você dormiu desde que chegou aqui em Los Angeles?”
Ela deve ter me achado um maluco, mas acho que no fundo eu estava preocupado com a
probabilidade dela não ter se envolvido com outra pessoa e ter se permitido fazer isso logo
comigo – o seu chefe. – Não quero que a Aurora crie algo sobre nós em sua cabeça.
Na verdade, essa informação deveria me deixar aliviado, mas fico possesso de raiva só de
pensar em outro homem tocando no corpo da minha pequena dinamite.
Entrei no meu quarto e me arrumei para a reunião. No momento em que eu estava saindo
do quarto para ir esperar a Aurora no saguão, a porta do seu quarto abre e ela vem ao meu
encontro.
— Boa tarde, Sr. Foster – sorriu docemente.
— Boa tarde, Srta. Duarte – retribuí o sorriso. – Pronta pra reunião?
— Prontíssima – afirmou.
— Então vamos – chamei. – A propósito – passei os olhos pelo seu corpo. – Você está
muito bonita.
Aurora engoliu seco e percebi que ficou envergonhada antes de responder.
— Obrigada, Sr. Foster – agradeceu. – O senhor também está muito boni... – interrompeu
a fala. – Muito elegante.
— Obrigada – sorri.


Chegamos na reunião e lá encontramos todos os empreiteiros envolvidos no projeto do
Resort Foster. Além disso, acertamos os detalhes para o início da reforma, que está programada
para começar daqui uma semana.
Escolhemos abrir o primeiro resort em Nova Iorque, considerando que é um lugar muito
frequentado por turistas e oferecerá um retorno substancial. Nosso resort será moderno e
elegante, queremos que ele chame a atenção e que seja o melhor da região.
Em breve, pretendo construir mais resorts em outros lugares do país. Expandir os
negócios não é uma tarefa fácil, exige habilidade, conhecimento, estratégia e dinheiro – e eu
tenho tudo isso, não é à toa que eu tripliquei os negócios da minha família. – Acredito que esse
resort será o primeiro de muitos.
Enquanto resolvíamos todas as questões da reforma, a Aurora fazia as anotações que eu
pedia e prestava atenção em tudo. Tenho que confessar que ela é uma ótima secretária. É
organizada, atenta e determinada.


— Srta. Duarte? – a chamei, interrompendo a sua conversa com a secretária de um dos
investidores que também estava na reunião.
— Sim, Sr. Foster.
— Podemos ir, já concluímos aqui.
— Tudo bem – se despediu da secretária e saiu.
Andamos até o carro e quando estávamos a caminho do hotel, resolvi fazer um convite
pra ela.
— Bom, Srta. Duarte, nós concluímos tudo o que tínhamos para fazer aqui em Nova
Iorque – falei. – Está quase na hora do jantar, você gostaria de ir jantar comigo? Depois podemos
dar um passeio pela Times Square[3], lá fica muito legal à noite.
— Sério? – franziu as sobrancelhas estranhando o convite.
— Claro – dei um pequeno sorriso. – Amanhã pela manhã nós já vamos ir embora, acho
que devíamos passear um pouco.
— É uma boa ideia, Sr. Foster – sorriu. – Podemos ir jantar sim. Essa é a minha primeira
vez aqui e acredito que vai ser legal aproveitar antes de ir embora – sorri em resposta.
Isso!
Ao chegar no hotel, cada um foi para o seu quarto. Tomei um banho e me arrumei para ir
jantar com a minha pequena dinamite.
Resolvi vestir uma camisa social preta e uma calça da mesma cor – eu já falei que preto é
a minha cor preferida? – Nos pés, calcei um sapato fechado. Penteei o meu cabelo e passei um
perfume, para finalizar.


Desci para o saguão do hotel, mas Aurora ainda não havia descido. Esperei alguns
minutos e por fim, a avistei caminhando em minha direção com um vestido curto de cetim, ele
tem as alças finas e é na cor rosa bebê. Nos pés, a Aurora usava uma sandália prata de salto
médio e fino. Os seus cabelos estavam soltos e ela utilizava alguns acessórios do mesmo tom da
sandália.
Perfeita.
— Boa noite, Sr. Foster – me cumprimentou.
— Boa noite, Srta. Duarte – cumprimentei com um sorriso nos lábios. – Estou faminto,
podemos ir?
— Com toda certeza – riu. – Eu também estou com muita fome.
Como não irei beber, decidi ir dirigindo o carro que aluguei quando chegamos à Nova
Iorque.
— Posso ligar o som? – me perguntou.
— Pode – cedi e ela colocou uma música que eu nunca ouvi na vida.
A música rolava e a Aurora cantava na maior animação.
Makin' my way dowtown walkin' fast
(A caminho do centro da cidade, andando rápido)

Faces pass and I'm homebound


(Rostos passam e estou indo para casa)

Starin' blankly ahead, just makin' my way


(Olhando vagamente para frente, apenas abrindo caminho)

Makin' a way through the crowd...(Abrindo caminho pela multidão)

– Que música é essa? – perguntei achando engraçado o fato dela ter se empolgado tanto
ao ponto de cantar como se estivesse sozinha dentro do carro.
— Como assim? Você não conhece? – me olhou incrédula.
Neguei com a cabeça.
— Caramba, você é estranho – não contive o riso. – Essa música se chama “A Thousand
miles” da cantora Vanessa Carlton, é a que o Latrell[4] canta no filme “As branquelas”[5], como
você não conhece essa música? Em que planeta você vive?
— Não costumo escutar música – encolhi os ombros.
— Deveria escutar. Música ajuda a desestressar e você está precisando. Quem sabe a sua
chatice some um pouco – como sempre, nada sutil.
— Você me acha chato, Aurora? – questionei.
— Às vezes – deu de ombros. – O que aconteceu com o “Srta. Duarte”?
— Aqui somos apenas Dylan e Aurora, tudo bem? – assentiu. – Mas voltando, você acha
que eu deveria escutar música para desestressar?
— Ok, Dylan – riu. – Eu acho que você poderia tentar escutar música mais vezes, pode
ser que te ajude também – disse confiante.
— Vou tentar seguir o seu conselho, mas conheço poucas músicas.
— Se quiser, posso te mostrar a minha playlist depois.
— Gostei da ideia, obrigado – agradeci. – O que você mais gosta de escutar?
— Que pergunta difícil – mordeu o lábio inferior enquanto pensava. – Eu sou muito
eclética, gosto de vários gêneros musicais, principalmente pop.
— Tem alguma música que você acha que se parece comigo? – dei um sorriso
provocante.
Que porra de pergunta foi essa?
Desisto de mim.
— Deixa eu pensar – colocou a mão no queixo. – Já sei! – exclamou empolgada.
— Me mostra – dei um sorriso bobo.
Aurora pegou o celular e colocou a música.
Como ela não se aguenta, a sua voz começou a acompanhar a voz do cantor.
— Essa música se chama “Thunder”, da banda: Imagine Dragons.
A letra da música dizia: I was lightning before the thunder (Eu era o relâmpago antes
do trovão).
É bom saber que ela me ver assim.
Trovão.
— Gostei dessa música, me senti poderoso pra caralho – digo convencido e a Aurora
revirou os olhos.
— Você não tem jeito, Dylan – brincou.
— Não mesmo – concordei. – Estamos chegando, o restaurante é logo ali – apontei para o
estabelecimento e a Aurora assentiu.
Descemos do carro e entramos no restaurante. A Aurora ficou fascinada pelo lugar –
tenho bom gosto, isso não podem negar.
— Nossa – disse surpresa. – Esse restaurante é lindo e muito elegante.
— É sim e a comida é magnífica, acho que você adorar.
— Acredito que sim – sorriu e seguimos andando.
Fomos para a nossa mesa e pegamos o cardápio. A Aurora escolheu um Ravióli e eu
escolhi Nhoque de ricota com espinafre.
Nossos pratos chegaram e ver a Aurora comendo é uma tortura, ela come com tanta
vontade que em vários momentos eu quis lamber a sua boca atrevida.
Até comendo essa mulher é sexy.
— Qual sobremesa você quer? – perguntei.
— Será que tem sorvete? – perguntou baixinho.
— Se não tiver, nós damos um jeito – dei uma piscadela.
Pedi um sorvete de chocolate com baunilha para a Aurora e fiquei apreciando a vista. Sua
boca se lambuzava e acredito que eu nem pisquei. Não quis perder um movimento sequer.
Eu só queria ser esse sorvete.
— Hum – gemeu. – Isso está muito bom – caralho, vou ter uma ereção se ela continuar
gemendo desse jeito. – Tem certeza de que não quer provar? – engoli seco tentando não parecer
um bobão.
— Tenho certeza, pode continuar comendo. É todo seu – e seja rápida, antes que eu te
jogue em cima dessa mesa e te coma aqui mesmo.
— Você que sabe – deu de ombros.
Após o jantar resolvemos caminhar pela Times Square.
— Caramba! – Aurora disse impressionada. – Isso é incrível.
— Aqui fica uma maravilha à noite.
— Deu pra perceber. Olha esses telões, essa iluminação, as pessoas andando enquanto
admira o lugar. É muito legal – estava muito empolgada. – Você pode tirar algumas fotos pra
mim? – pediu fazendo biquinho.
Esse biquinho está pedindo um beijo.
— Tiro sim – concordei e ela me entregou o seu celular.
Aurora caminhava e parava em todos os lugares para tirar foto, sua felicidade era
evidente e vê-la assim aqueceu o meu coração. Por um segundo pensei na possibilidade de
continuar ficando com ela, sem considerar todas as possíveis consequências. Mesmo sabendo
que há uma enorme chance dela sair destruída, eu quis ser egoísta e quis colocá-la dentro do caos
que a minha vida.
Essa obsessão por ela é como se chamas invadissem todo o meu corpo e me queimasse de
dentro para fora. É assustador, eu sei, mas é mais assustador pra mim – pode acreditar.
O poder que ela tem sobre o meu corpo e sobre a minha mente é incontestável, mas não
posso deixar esse poder chegar ao meu coração. Eu não mereço alguém como ela – sou um
homem quebrado.
13 AURORA DUARTE
— Pronto Sr... – interrompi a minha fala. – Dylan... Obrigada por ter tirado as fotos pra
mim – falei pegando o meu celular de volta.
— Por nada. Quando precisar de um fotógrafo pode me chamar, prometo que não irei
cobrar pelo meu excelente serviço – contive o meu riso.
— Você é muito convencido sabia? – sorri e ele deu de ombros. – Mas tenho que
confessar que as fotos ficaram ótimas – falei olhando uma por uma.
— Você já deveria ter percebido que eu sou bom em tudo o que eu faço, Aurora – soou
rouco e eu engoli com certa dificuldade.
Ele realmente é muito bom – meu corpo está começando a reagir.
Respira, Aurora.
— É mesmo? Pode me dar um exemplo do que você é bom? – entrei na brincadeira e ele
lançou um sorriso cheio de malícia.
Péssima ideia.
— Claro que posso te dar um exemplo – começou a se aproximar e eu fiquei imóvel. –
Vamos ver – pensou. – A noite que eu te fodi em todos os cantos do quarto do hotel e te fiz gozar
diversas vezes chamando pelo meu nome, é um bom exemplo. Você não acha, Aurora? –
sussurrou no meu ouvido e tive que conter um gemido.
— Dylan... – minha voz saiu como um sopro.
— Dylan o quê, Aurora? – continuou sussurrando no meu ouvido e senti as minhas
pernas ficarem bambas.
Caralho!
Aurora... O jeito que ele fala o meu nome é extremamente sexy.
Ele está tão perto que consigo sentir a sua ereção.
— Estamos no... No meio da Times Square – minha voz até falhou. – É melhor a gente
voltar para o hotel antes que... – me escutava com atenção. – Antes que fique tarde – o certo
seria: antes que eu abra as minhas pernas aqui e agora.
— Você tem razão – falou parecendo que tinha saído de um transe. – Vamos, amanhã o
nosso voo sai cedo.
Assenti e fomos em direção ao carro.
O caminho até o hotel foi quase silencioso, só ouvíamos o som da música tocando e da
minha voz que cantarolava alguns trechos. Nós dois não conversamos e o clima ficou estranho.
— Gostou do passeio? — Dylan me perguntou dentro do elevador.
— Sim. Foi tudo incrível – eu realmente tinha gostado. – Obrigada por isso.
— Por nada! – pude ver um pequeno sorriso no canto dos seus lábios. – Eu gostei de
passar esse tempo com você – confessou. – Agora sei mais sobre o seu gosto musical e sei que
você gosta de sorvete – rimos juntos.
— Eu não sei muito sobre você – falei pensativa.
O elevador chegou ao nosso andar e saímos.
— Você sabe que eu tenho bom gosto e sabe que sou um excelente fotógrafo – soou
convencido.
— Sei também que você é convencido – rimos.
— Mas só falei a verdade, o que eu posso fazer? – deu de ombros e eu ri. – Tem algo que
você também sabe.
— Sério? – perguntei curiosa. – O quê? – a minha pergunta veio e logo em seguida, o
abusado deu um sorriso malicioso.
Não faz isso, Dylan.
— No que eu sou bom – puta merda. – Você sabe no que eu sou bom, Aurora – repetiu se
aproximando.
De novo!
Por que ele faz isso? Eu não quero jogar esse jogo, nós dois vamos sair destroçados dessa
brincadeira. O pior é que esse joguinho é atraente e aparenta ser mais forte do que eu.
Parece que há um campo magnético entre nós e isso faz com que a nossa atração seja
quase impossível de reprimir. O meu corpo grita e implora pelo seu toque.
Como posso resistir a isso? Como posso resistir a ele, sabendo que ele me quer, tanto
quanto eu o quero?
Ele está perto – muito perto – consigo sentir o seu hálito quente em meu pescoço
enquanto a sua barba roça em minha pele de forma lenta e gentil. As suas mãos passeiam pelo
meu corpo e param na minha cintura.
— Dylan... – respirei tentando resistir. – Nós não deveríamos...
— Eu sei, Aurora – encostou a sua testa na minha. – Eu sei.
— Nós combinamos que isso não iria mais acontecer, Dylan.
— Você me fez quebrar uma das minhas regras – seus lindos olhos de esmeralda
pousaram nos meus.
— Qual? – essa revelação me deixou curiosa.
— Dentro da empresa, eu posso comer todas as funcionárias que também desejarem estar
comigo – ok, eu não precisava saber disso. – Menos as minhas secretárias – franzi o cenho. – Eu
tenho muito contato com as minhas secretárias, estamos juntos todos os dias e eu não gostaria
que as coisas ficassem estranhas – faz sentido.
— Entendo – saí de perto dele. – Acho que precisamos descansar, amanhã acordaremos
cedo – caminhei em direção a porta do quarto. – Boa noite, Dylan – dei um meio sorriso.
— Boa noite, Aurora.
Ao entrar no quarto, organizei as minhas malas e deixei tudo pronto para o dia seguinte.
Em seguida, tirei a minha roupa e tomei um banho relaxante na banheira do hotel.
Fiz a minha higiene e me deitei. Fiquei um bom tempo deitada na cama rolando de um
lado para o outro. Em um determinado momento, o cansaço venceu e adormeci.


O dia amanheceu e percebi que dormi demais. Me levantei rapidamente, fiz a minha
higiene e corri pra me encontrar com o Dylan no saguão do hotel. Quando descei, ele já estava
me aguardando – sempre pontual.
— Finalmente – nenhum bom dia? – Demorou muito, temos horário.
Ogro.
— Desculpa Sr. Foster, demorei a dormir ontem, por isso acabei me atrasando.
— Que isso nunca mais se repita – voltamos a ser o que éramos antes.
É melhor assim.
— Olha aqui – vai Aurora. – Eu não me atrasei de propósito. Você acha o quê? Que eu
acordei cedo e pensei: “nossa, hoje é um ótimo dia para me atrasar e irritar o meu chefe
babaca” – desabafei e ele fechou a cara. – Essas coisas podem acontecer, todo mundo se atrasa
um dia.
— Eu não – soou presunçoso.
Idiota.
— Nossa, me desculpe senhor não-me-atraso-nunca – debochei revirando os olhos.
— Dessa vez passa, Srta. Duarte.
— Ok. Muito obrigada pela compreensão – usei um tom sarcástico.
— Agora vamos. O jatinho já está pronto – assenti e fomos.


O voo foi uma aflição, mas logo chegamos em Los Angeles. Não avisei a Dora que eu
estava voltando, então resolvi fazer uma surpresa pra ela.
Depois de deixar as malas no apartamento saí para comprar algumas comidas e algumas
bebidas também. Foi uma festa quando nos reencontramos, quem vê até pensa que passamos
anos sem nos ver.
A minha amiga tentou me arrastar pra rua hoje, mas eu precisava descansar e ficar um
pouco com ela. Prometi que amanhã nós vamos sair para aproveitar o sábado.
— Me conta como foi a viagem – me olhou com curiosidade.
— Foi legal. Aprendi muita coisa e conheci pessoas importantes.
— Não quero saber sobre isso. Sei que profissionalmente, essa viagem foi muito
produtiva – lá vem. – Quero saber como foi ficar esses dias perto do seu chefe bonitão – os olhos
dela brilhavam de ansiedade.
— Então... – fiz um suspense. – Foi normal – menti.
— Mentirosa! Você está querendo rir, Aurora – falou e eu não aguentei, rompi em uma
gargalhada. – ACONTECEU ALGUMA COISA. CONTA TUDO – gritou.
Escandalosa.
— Eu conheci o primo dele e antes que você me pergunte: sim, ele também é um gato –
iniciei. – Mas percebi que eles não se dão bem.
— Sério? Por quê?
— Seríssimo – afirmei. – Porque quando o Dylan nos viu conversando, ele veio e me
tirou arrastada de perto do primo – minha amiga ficou surpresa e colocou a mão na boca. – E
quando eu falo arrastada, é arrastada mesmo, me puxou pra fora do evento.
— Caramba, mas porque ele agiu assim?
— Eu não sei – dei de ombros. – O interessante é o que aconteceu depois – dei um sorriso
sacana.
— AURORA DUARTE, VOCÊ NÃO FEZ O QUE EU ESTOU PENSANDO – gritou
escandalosamente e eu gargalhei novamente.
Tão expressiva a minha amiga.
— Calma, me deixa concluir – parei de rir pra continuar. – Nós começamos a brigar
porque eu fiquei indignada com a atitude dele. Ele parecia um Neandertal me arrastando – ela
gargalhou.
— Se não tiver briga, não é você, Aurora – rimos juntas.
— Não seja exagerada, Dora. Eu só brigo com ele porque ele me irrita muito.
— O nome disso é: tesão reprimido – pensou. – Espera, acho que não é mais reprimido –
rimos.
— Continuando – voltei a falar. – Chegamos no hotel e fomos pro elevador. Dentro da
caixa de metal, ele se aproximou e quando eu vi, nós estávamos nos beijando loucamente – Dora
gritou de empolgação. – Descemos do elevador e quando me dei conta, eu já estava dentro do
quarto com o pau dele dentro de mim.
— AU.RO.RA – gritou novamente. – Eu sabia que isso aconteceria – afirmou. – Aquele
homem dos olhos verdes te olha como um predador e você é a presa.
— Para com isso – me fiz de inocente. – Foi um acidente, eu tropecei e caí sentada no
pau dele – gargalhamos juntas.
— Você é uma safada – brincou. – Mas e depois o que aconteceu?
— Nada. Resolvemos fingir que isso nunca aconteceu e é melhor assim – falei séria. –
Tenho que pensar no meu trabalho, eu preciso do salário e não quero misturar as coisas.
— Eu te entendo e irei te apoiar em qualquer decisão que você tomar – me deu um olhar
de cumplicidade. – Valeu a pena?
— Valeu – ri. – Marcamos cada canto do quarto e eu não posso negar que a nossa
química é impressionante – respirei fundo. – Mas acabou. Agora somos apenas chefe e
funcionária.
— Sei – falou desconfiada. – Lembra quando eu disse que o encontro de vocês era coisa
do destino?
— Sim, Dora – falei revirando os olhos.
— Eu tinha razão e acredito que isso não parou por aí. Vocês não vão resistir por muito
tempo e quando resolverem se entregar, quero que você aproveite muito, use e abuse daquele
corpo que parece ser uma delícia.
Rimos alto.
Contei tudo – literalmente tudo – pra minha amiga e depois resolvemos nos deitar para
descansar. Amanhã combinamos que iríamos sair depois do almoço para comprar algumas coisas
e à noite, queremos ir a uma boate que tem na cidade.


No dia seguinte tudo correu como o combinado.
Acordamos um pouco mais tarde e nos preparamos para sair depois do almoço. Na rua
nós compramos algumas coisas para a casa, passamos no mercado e eu aproveitei para comprar
um vestido justo e curto pra usar hoje na boate – fiquei sabendo que essa boate é muito famosa e
é uma das melhores.
A noite logo chegou e começamos a nos arrumar. Coloquei o “meu vestido novo para
jogo”. O vestido é de veludo na cor vinho, ele tem as alças finas e o decote é em V. Nos pés, eu
coloquei uma sandália de salto fino preta com detalhes pratas.
Fiz uma maquiagem mais elaborada – na medida do possível, não sou boa com
maquiagem. – Para finalizar, coloquei alguns acessórios, soltei o meu cabelo e pronto.
— Uau! Quem é essa princesa que a Disney não tem? – falei com a Dora que estava
lindíssima.
— Sou a Dora – convencida. – Nós estamos lindas... Precisamos de uma foto.
Ela rapidamente pegou o celular que já estava guardado na sua bolsa pequena e tiramos
algumas fotos antes de sair.
— Vamos? Não vejo a hora de conhecer o lugar. Quero beijar na boca hoje – comentei.
— Eu também... É hoje que eu tiro o meu atraso.
Gargalhamos e como queremos beber hoje, preferimos pedir um motorista por aplicativo.
Sem-vergonhas? Sim.
Irresponsáveis? Jamais.
Se beber não dirija!
Assim que entramos na boate, compreendi imediatamente por que o lugar é tão famoso.
Tudo é organizado, a área do bar exala sofisticação e a pista de dança é imensa, iluminada por
diversas luzes e logo acima consigo ver o DJ tocando e agitando todos os clientes.
As músicas são vibrantes e os drinks são deliciosos. Dizem que a dona da boate é ótima
nessa área e fiquei sabendo que ela tem outra boate que também é um sucesso.
Sinceramente? Eu amei.
O lugar é repleto de pessoas bonitas e bem vestidas. Os funcionários são lindos e tem
cada garçom gostoso – confesso que me senti em um parquinho.
— Vamos até o bar, Aurora, quero pegar mais um daquele drink rosinha – saímos da
pista e fomos para o bar que tinha ao lado.
— Eu também quero – perdemos as contas de quantos drinks já bebemos, mas ainda não
me sinto bêbada.
Nos sentamos nos bancos do bar e pedimos as nossas bebidas.
— É muito gostoso – a minha amiga elogiou o drink e deu um gole.
— Realmente, é muito gostoso – falei olhando para um garçom que se aproximou.
— Aurora! Pelo amor de Deus, não seja tão... – antes de concluir, ela olhou pra ele. – Oi
– desistiu de continuar com o sermão. – Você vem sempre aqui? – eu balancei a minha cabeça
em negação e ri baixinho.
— Isadora! Pelo amor de Deus – repeti a sua fala anterior e nós rimos.
A indecente iniciou uma conversa com o garçom gostoso, enquanto isso, eu conversava
com o outro que estava sendo gentil com a gente desde o momento em que chegamos na boate.
Do nada – literalmente do nada – começou a tocar uma música brasileira, um funk, para
ser mais exata. Confesso que eu não sou a maior fã desse gênero musical, mas eu não poderia
perder a oportunidade de rebolar a minha bunda no meio dos gringos.
Abrem alas que as rainhas do funk estão chegando.
Andamos rapidamente até a pista de dança que era bem próxima do bar e começamos a
dançar. Rebolamos, jogamos a bunda para lá e para cá, tentamos fazer o quadradinho e rolou até
um passinho.
Estávamos tão felizes que chamamos a atenção de todas as pessoas que estavam ao nosso
redor. Formaram uma rodinha de dança e lá estava eu e a Dora no meio colocando o nosso
“talento dançante” para jogo.
Começaram a chegar algumas garotas e elas logo se juntaram conosco. Eu acho que o DJ
gostou da nossa animação, porque ele colocou mais músicas brasileiras.
A noite estava perfeita e nada poderia estragar esse momento.
Spoiler: estragaram.
Eu e a minha boca grande. Deveria ter ficado calada.
14 DYLAN FOSTER
Ao retornar da viagem, fui direto para o meu apartamento. Tentei levar a Aurora até a sua
casa, mas ela não aceitou a minha carona.
Que saudade do cheiro cítrico adocicado que a minha pequena exala.
Assim que cheguei ao meu apartamento eu tomei um banho e vesti uma calça moletom.
Acreditei que a minha noite seria tranquila, mas para o meu azar, a porta se abre e o imoral do
Theo entra com um sorriso nos lábios.
Alguém pode me explicar onde eu estava com a cabeça quando permiti que ele tivesse a
entrada liberada, sem precisar interfonar?
— Boa noite, meu amigo, que saudades – cínico.
— Boa noite – fui educado. – O que você quer? – tudo bem, isso não foi tão educado.
— Isso é jeito de tratar o seu melhor amigo? – colocou a mão no peito e tentou parecer
ofendido.
— Vamos, me fala o que você quer.
Ele caminhou até o meu bar para pegar uma dose de whisky – impertinente.
— Traz pra mim também – aproveitei e me sentei no sofá.
— Como foi a viagem? – me entregou o copo e se sentou no outro sofá.
— Foi tranquila – bebi um gole da minha bebida. – Consegui resolver tudo o que
precisava e está tudo certo para o início da reforma.
— Parabéns meu amigo – falou orgulhoso. – E como foi viajar com a sua secretária
gostosa? Vocês brigaram muito? – riu desse comentário idiota.
— Não seja inconveniente Theo. Não sei como eu ainda sou o seu amigo – digo de cara
amarrada.
— Você é meu amigo porque você me ama – ele tem razão. – Agora responde a minha
pergunta.
— Foi normal... Quanto a sua outra pergunta: não, nós não brigamos – tentei parecer
convincente.
— Normal? – me provocou com um sorriso e logo continuou. – Dylan, eu te conheço e
não é de hoje. Você acha que me engana?... Eu sei que aconteceu alguma coisa.
Tive que falar porque ele não ia desistir.
Comecei contando sobre o meu desagradável encontro com o meu primo.
— Caralho, ele estava no evento também? E os dois estavam conversando? – disse
indignado. – Esse cara não tem jeito, será que ele sabia que a Aurora é a sua secretária?
— Sim, ele estava no evento e conversou com a Aurora – respondi as primeiras
perguntas. – Ele pareceu surpreso quando contei que ela é a minha secretária, mas não sei, eu não
confio nele – fui sincero.
— Eu no seu lugar eu também não confiaria.
— Você não sabe o que eu fiz quando os vi conversando – cocei a nuca.
— Não sei mesmo... Agora fala.
— Fui tirá-la de perto daquele homem – ele me olhou desconfiado. – Na verdade, eu a
arrastei até o lado de fora do evento.
— VOCÊ FEZ O QUÊ? – se expressou incrédulo.
— A arrastei pelo braço, mas não a machuquei – esclareci. – Não sei o que deu em mim.
Fiquei cego de raiva.
— Depois de tudo o que você passou com o seu primo, eu até entendo a sua reação –
pensou. – Seja sincero, Dylan, você ficou com raiva por ela estar conversando com outro ou por
ela estar conversando com o seu primo? – agora ele me pegou. – Acho que você ficou com
ciúmes – tinha um sorriso brincalhão nos lábios desse palhaço.
— Eu fiquei com raiva por ser ele, claro – afirmei. – Ele estava perto da minha secretária
e ela não faz ideia do tipo de homem que ele é. Também não posso deixá-lo tão perto de alguém
que trabalha diretamente comigo.
— Então se fosse outro homem conversando com ela, você não se importaria? – claro que
sim.
Não, claro que não.
— Que perguntas idiotas são essas?
— Não são perguntas idiotas... Eu pensei que você ficou com ciúmes porque ela estava
gostosa naquele evento. O vestido caiu muito bem no corpo dela – a Aurora mandou fotos pra
ele? – Não me olha assim, ela usa as redes sociais e postou algumas fotos lá – deu de ombros.
— Entendi – respirei antes de contar a pior e melhor parte. – Tem mais – olhei para
baixo.
— A sua cara está ótima, Dylan – riu. – Deve ter acontecido alguma coisa grave pra ter
conseguido te deixar com essa cara de desespero.
O “meu amigo” continuou rindo e estou prestes a expulsá-lo daqui.
— Depois que eu agi como um “homem das cavernas”, nós brigamos – tentei conter o
riso. – Você acredita que ela teve a coragem de me chamar de homem das cavernas? – ele
gargalhou.
— Essa mulher é muito atrevida – afirmou suspirando.
— Tenho que concordar – dei um sorriso bobo. – Depois da nossa briga nós nos beijamos
e transamos a noite toda no meu quarto do hotel.
— EU SABIA – gritou. – Eu sabia que você não resistiria a aquela bunda grande – fechei
a cara. – Calma cara – tentou apaziguar. – Mas e agora?
— Decidimos esquecer o que aconteceu – fui convincente.
— Nem você acredita nisso, Dylan.
Porra, não fui convincente.
— Acredito e é só a minha opinião que importa.
— Se você quer se enganar meu amigo, tudo bem – merda. – Então, eu vim aqui por
outro motivo, além de saber sobre a viagem e sobre a sua secretária gostosa – revirei os olhos. –
Vamos ir à Focus hoje.
Franzi o cenho.
— Por quê? Tem algum problema lá?
— Não – deu de ombros. – Vamos para nos divertir mesmo.
— Eu não vou sair daqui hoje, preciso descansar.
— É sério, temos que ir pra ficarmos um pouco com a Hanna – pegou no meu ponto
fraco, eu realmente estou sendo um péssimo amigo.
— Parabéns. Você venceu. Vou me trocar e já volto.


Quando a Hanna nos viu na boate, os seus olhos brilharam de felicidade e nessa hora eu
tive a certeza de que sou um péssimo amigo.
— Não me digam que eu estou sonhando – brincou. – Isso só pode ser uma miragem.
Quantos anos meus amigos, lembraram que eu existo?
— Para de exagero – falei.
— Verdade, Hanna – Theo concordou comigo e riu. – Viemos te ver e te atualizar.
Temos muitas novidades – encarei o babaca.
— Não temos novidade nenhuma – o repreendi com o olhar.
— Temos sim.
— Se o Dy está desse jeito, eu sei que tem novidades. Conta tudo Theo – a danada estava
saltitando.
Fofoqueira.
— Adivinha quem quebrou a regra da secretária?
— MENTIRA – parece que eu só tenho amigos escandalosos. – Quem é a moça? Ela
merece um prêmio por isso – revirei os meus olhos.
— Você ainda não a conheceu. Depois vai lá na empresa pra conhecer a nossa brasileira
– falou me provocando. – Ela é uma gostosa.
— Ei, eu estou aqui – Hanna reclamou. – Quero saber mais – rimos.
— Não tem nada pra saber. Transamos e vamos fingir que nada aconteceu.
— Hanna, você acredita nisso? Porque eu não acredito – idiota. – Dylan, você quebrou
uma regra que na sua concepção, era inquebrável.
Hanna ficou calada e eu sei no que ela está pensando. Ela tem o mesmo medo que eu
tenho, minha amiga tem medo por mim.
Quando eu me encontrava no fundo do poço, os meus amigos estavam ao meu lado, mas
a Hanna sempre foi a mais sensível e a situação a deixava abatida. Eu sei que ela quer o meu bem
e por esse motivo, sempre faz o que pode para me proteger.
— Está tudo bem, Hanna – a tranquilizei. – O Theo está exagerando.
— Eu sei que ele não está exagerando, Dy – olhou nos meus olhos. – Só peço que você
tome cuidado e eu vou ficar de olho – fodeu. É melhor eu deixar a pequena dinamite em paz,
porque a Hanna pode ser muito implicante.
Se bem que a minha Pinscher raivosa é bem temperamental, tenho certeza de que ela
daria conta.
Para, Dylan! A relação de vocês é apenas profissional.
— Fica tranquila – reforcei.
— Cadê o álcool desse lugar? – Theo perguntou para amenizar o clima de velório.
— Isso mesmo, também quero – Hanna ia começar a falar, mas fui mais rápido. – Antes
que você fale alguma coisa, nós não estamos dirigindo porque já estávamos bebendo no meu
apartamento.
Hanna foi até o bar e pegou copos com gelo, em seguida, ela trouxe uma garrafa de
whisky.
— Amanhã quero os dois na minha outra boate, faz tempo que vocês não vão lá.
— Por mim, nós vamos – Theo se pronunciou. – O difícil vai ser convencer esse vovô
aqui do meu lado – apontou pra mim.
— Ah Dy, por favor, eu nunca te peço nada – não? Imagina se pedisse.
— Tudo bem, eu vou – por que eu concordei tão rápido? Só pode ser efeito dos 2 goles
de whisky que tomei.
— Ótimo – deu pulos de alegria.
— Que maravilha, o trio reunido – Theo falou.
Permanecemos conversando por mais algum tempo e, posteriormente, partimos. Eu
estava tão exausto que não demorei a adormecer.


Após concluir a minha rotina matinal, resolvi dedicar um tempo ao trabalho. Como hoje é
sábado e a Jenna não trabalha nos finais de semana, interrompi minhas tarefas e me dirigi até a
cozinha para preparar o almoço. Aproveitei e liguei o som pra ouvir um pouco de música –
resolvi seguir o conselho da Aurora.
Logo o sol se pôs e me preparei para ir até a boate da Hanna. Optei por vestir uma camisa
de mangas curtas, branca com listras pretas – vou exibir os meus braços musculosos. Malho para
isso. – Coloquei uma calça jeans preta e calcei sapatos fechados.
Depois de me arrumar, desci e o meu motorista já me esperava na garagem do prédio.
— Boa noite, Dylan – me cumprimentou.
Fred está na família há muitos anos, nós nos tratamos pelo primeiro nome.
— Boa noite, Fred, como você está hoje?
— Estou bem e o senhor?
— Estou ótimo – falei contente.
— Para onde vamos hoje?
— Vamos pra boate da Hanna – assentiu e o carro deu partida.
No meio do caminho o meu celular começou a tocar e vi que era a minha mãe.
— Boa noite, mãe – atendi.
— Boa noite, meu filho, que saudade.
— Estou com saudade também, mãe – fui sincero.
— Liguei para avisar que eu e o seu pai estamos em uma viagem – os dois amam viajar.
– Estamos no Caribe... Espera aí, o seu pai quer falar com você.
Esperei.
— Oi filho, como estão as coisas? – meu pai falou.
— Está tudo bem... Como está a viagem de vocês? Estão aproveitando muito?
— Sim, mas a sua mãe não para de gastar dinheiro – rimos.
— Ei, eu estou ouvindo – minha mãe resmungou.
— Deixa ela gastar, pai – digo com um sorriso nos lábios. – Ela merece.
— Está vendo, Edward? O meu filho me entende... Obrigada, filho – ouvi o meu pai
bufando.
— Vocês só queriam falar isso? – falei gentilmente.
— Não – a Sra. Diana Foster falou. – Você pensou no que te falamos?
Começou.
— Ainda não.
— Pensa com carinho e se você quiser, nós podemos te ajudar. Que tal um encontro às
cegas? – Edward se meteu na conversa.
Ele só pode estar de brincadeira.
— De jeito nenhum... Eu consigo encontrar alguém sozinho – consigo, mas não quero. –
O Ethan não foi com vocês? – mudei de assunto.
— Não... Ele disse que era uma viagem de casal.
— Não julgo ele – dei de ombros. – Então... Vou ter que desligar agora, estou na rua.
— Onde você está? – minha mãe perguntou curiosa.
— Estou indo na boate na Hanna.
— Se comporta – meu pai se meteu novamente e eu me senti um adolescente.
— Não se preocupem... Tchau pra vocês.
— Tchau, filho – falaram em uníssono.
Desliguei e depois de alguns minutos nós chegamos na boate.
Desci do carro e fui encontrar os meus amigos no nosso camarote que fica no segundo
andar. De cima, conseguimos ter uma visão privilegiada e podemos observar tudo o que ocorre lá
embaixo.
— O mais bonito chegou – entrei de braços abertos.
— Você é o mais egocêntrico, isso sim – Theo se manifestou revirando os olhos.
— Isso é pura inveja – afirmei exibido.
— Os dois já terminaram de se ofenderem? – Hanna entrou na conversa.
— Sim – fui andando em sua direção. – Como você está? – lhe dei um abraço.
— Estou bem e muito feliz por ter os meus melhores amigos aqui comigo – sempre
emocionada.
— Que bom – sorri. – Aqui está perfeito... Você fez um trabalho magnífico, Hanna.
— Obrigada – sorriu orgulhosa.
— Hora da diversão? – Theo falou animado.
— SIM – Hanna gritou. – Vou pegas as bebidas.
As bebidas chegaram e começamos a beber enquanto conversávamos. Em um
determinado momento, cansei de ficar sentado, então resolvi me levantar para observar o que
ocorria lá embaixo. Passei os meus olhos por cada canto da boate e tive uma surpresa – essa
surpresa tem nome e sobrenome.
Aurora Duarte.
Ela estava sentada no bar conversando com a amiga que conheci no dia da viagem e com
alguns garçons.
Deu pra perceber que a minha pequena dinamite estava se divertindo.
De repente começou a tocar uma música que eu não conheço – isso não é novidade – mas
tinha um ritmo animado. Na primeira batida da música, a Aurora se levantou em um pulo e saiu a
passos rápidos levando a amiga com ela.
Uma pausa na programação para comentar sobre a roupa que ela está usando: QUE
PORRA DE VESTIDO É ESSE?
Não sou um homem tóxico e ela é livre pra usar o que quiser, mas eu senti uma coisa
estranha – ciúmes talvez?
Não.
Nossa relação é profissional e temos apenas uma fodida atração sexual.
Voltando para a programação normal:
Depois que parei de analisar o corpo da minha secretária – isso, apenas secretária. – Me
dei conta de que ela estava na pista de dança rebolando a bunda que eu dei vários tapas enquanto
a fodia com vigor.
Senti alguém se aproximando e era o Theo.
— O que você tanto olha aí? – olhou para a direção que eu estava olhando.
A pista estava mais animada do que nunca. Fizeram uma roda de dança e as duas amigas
estavam no meio dela. Todos estavam eufóricos.
— Aquela ali não é a... – o olhei com o intuito de fazê-lo pensar antes de falar. – A
gostosa da sua secretária? – pra variar ele não pensou.
— Sim – a minha cara estava mais fechada do que a porta de um submarino quando está
no fundo do mar.
— Caralho. Olha como ela dança – os olhos do idiota brilhavam. – E aquela que está com
ela?... Acho que já vi essa moça em algum lugar.
— Ela trabalhava na cafeteria com a Aurora.
— Verdade. Que gostosas.
— É – tentei disfarçar o meu incômodo.
— Vou lá embaixo falar com elas – me deu as costas para sair, mas o puxei de volta.
— Você vai ficar bem aqui.
— O que vocês dois estão olhando? – era só o que me faltava. – Ah, estão olhando as
duas atrações da noite... Elas são maravilhosas – Hanna elogiou. – Gosto de gente assim,
animada.
— Ela é a...
— Mais animada da boate – interrompi o Theo antes dele abrir a boca grande. – Você
não acha, Theo?
— Sim, eu acho – riu da minha cara. – Vamos descer um pouco?
— Ótima ideia – Hanna falou divertida.
— Eu não vou, obrigada – recusei.
— Você vai sim – ela insistiu fazendo uma carinha fofa.
— Ok. Mas só um pouco – cedi porque eu não resisto a essa carinha fofa.
É só por isso mesmo. Não tem nada a ver com a Aurora.
Descemos para a parte principal da boate e nos dirigimos ao bar, me sentei próximo à
pista e eu conseguia avistar a Aurora de onde estava. A Hanna falava alguma coisa no meu
ouvido, mas eu não consegui entender, a minha atenção estava voltada para a minha dinamite.
Continuei a encarando e os nossos olhares se cruzaram. Notei que ela ficou um pouco
surpresa, mas logo voltou a dançar. Um rapaz se aproximou e se posicionou atrás dela. Os dois
começaram a dançar coladinhos e o meu corpo ficou inquieto.
Porra, segura a onda, Dylan.
— Algum problema, Dy? Você está bem? – Hanna percebeu e indagou preocupada.
— Não – respondi de forma ríspida.
Não fiz de propósito. Eu juro.
— Desculpa – me desculpei. – Não se preocupa, eu estou bem.
— Dylan – Theo me chamou. – Relaxa cara.
Relaxar? Por que eu deveria relaxar? Estou muito relaxado.
Porra. Nem eu acredito nisso.
— Eu estou bem... Vamos beber – tentei mudar o foco da conversa e deu certo porque
eles logo se esqueceram do assunto.
Como eu sou a porra de um curioso, fui dar mais uma olhada na Aurora e quando vi, o
rapaz estava com o corpo grudado no dela e as suas mãos bobas deslizavam em direção a bunda
grande da minha dinamite.
Caralho, eles vão se beijar.
E agora? – e agora nada, a relação de vocês é estritamente profissional.
Mas ele está querendo enfiar a língua dentro da boca dela, isso não me parece certo – a
sua obsessão por essa mulher que não parece uma coisa certa, Dylan.
Foda-se o certo e o errado.
Situações inesperadas exigem medidas inesperadas e desesperadas – como é o meu caso.
– Me levantei e o Theo tentou me puxar pelo braço, mas sou mais forte e me soltei para ir
resgatar a minha secretária.
Pronto, eu fui apenas resgatá-la.
— Esse homem pode ser um aproveitador. Um pervertido do mal e ela bebeu, isso é um
perigo – falei para mim mesmo, enquanto caminhava até a pista.
Segurei o rapaz pelo braço e o empurrei pra longe dela – não fui agressivo... Eu acho – a
Aurora me olhou abismada e eu senti que a Pinscher raivosa que tem dentro dela estava querendo
sair.
Vem.
— Você – apontei pro inseto que ela estava dançando. – Sai fora daqui.
Não precisei falar duas vezes.
— COVARDE – Aurora gritou para o rapaz quando ele estava indo embora e um riso
escapou dos meus lábios.
Aurora cruzou os braços e me lançou um olhar de ódio supremo.
Enquanto isso, os meus amigos estavam no bar observando a cena e pelo semblante da
Hanna, eu sei que ela estava confusa. A amiga da Aurora nos olhava de longe, pronta para
intervir caso fosse necessário – relaxa amiga da pequena dinamite, você não vai precisar se
meter em nada.
— Você ficou maluco?... Estragou a minha foda – essa atrevida realmente teve a coragem
de me dizer isso?
Mas se ela está tão preocupada com essa “foda perdida”. Eu posso ajudar. Fodo ela a
noite inteira, com muito prazer – muito prazer mesmo.
Foco, Dylan.
— Desculpa atrapalhar a sua “foda” – fiz aspas com os dedos. – Mas você tem que tomar
cuidado, Aurora, esse homem poderia ser um aproveitador – que desculpa ridícula.
— Você é desagradável, inconveniente, intrometido, imoral, idiota e imbecil – quanta
sutileza. – Eu sei me cuidar, Dylan, você não precisava se meter, estava tudo bem. O rapaz era
legal, gostoso e você – apontou pra mim. – Estragou tudo.
Ela vai explodir.
— Desculpa. Eu só... Só fiquei preocupado – e com uma pitada de ciúmes.
— Conta outra, Dylan – caçoou. – Você queria era estragar tudo mesmo, essa sua cara
cínica não nega.
Touché, Aurora.
Está tão na cara assim?
— Eu confesso. Ele estava quase te beijando e... Eu não gostei de ver que as mãos dele
estavam chegando na sua bunda – tentei explicar, mas acabei explicando porra nenhuma.
— Era só você fechar os olhos ou olhar para o outro lado – rebateu. – Você é
inacreditável, Dylan – respirou fundo.
— Eu sei – falei convencido, mas ela me lançou um olhar assustador. – Desculpa...
Talvez eu tenha ficado com um pingo de ciúmes – essa mulher vai me matar.
— Nós não vamos entrar nesse assunto de novo, Dylan – olhou pra baixo. – Preciso sair
daqui.
— Fica? – pedi.
— Não posso.
— Por que não pode, Aurora?
— Porque esse ambiente não ajuda e se eu ficar, vou acabar pedindo pra você me foder
aqui mesmo.
PORRA!
Meu pau pulsou dentro da cueca.
Se controla, Dylan Foster.
— Tchau, Dylan – passou por mim com um semblante triste e o meu coração apertou
dentro do peito.
Fiquei sem reação e só voltei a raciocinar quando o Theo me puxou pelo braço e me
levou de volta para o camarote.
— Que merda foi aquela, Dylan? – nem eu sei o que foi aquilo meu amigo.
Na verdade, sei sim... Ciúmes.
Mas ele não precisa saber.
— Fui resgatar a minha secretária. Aquele homem poderia ser um pervertido – ele riu da
minha desculpa esfarrapada.
— Para de tentar ser mentiroso, Dylan. Você sabe que não me engana – acho que não
engano ninguém.
— Estou falando a verdade – mentira.
— Você estava com ciúmes da sua secretária – afirmou com total certeza.
— Verdade, eu estava – confessei e agora ele sabe.
— EU SABIA! – falou vitorioso. – Você está ficando... Espera... Já está de quatro pela
nossa brasileira.
Nossa nada.
— Não seja idiota.
— O que aconteceu lá embaixo, Dy? – fodeu.
— Nada Hanna, eu pensei que aquela mulher estava em perigo.
— Você sabe que mente muito mal, Dylan, principalmente pra mim que te conheço há
muito tempo – palhaçada.
— Não aconteceu nada... A noite foi ótima, mas preciso ir embora – saí apressado. – Nos
vemos em breve.
Nem esperei os meus amigos responderem, apenas fui embora.
Será que a minha dinamite está bem? Vê-la com uma expressão triste me deixou abatido.
— Vai ficar tudo bem – falei comigo mesmo.
15 AURORA DUARTE
O meu domingo foi calmo, o oposto do dia anterior.
Fiquei em casa com a minha amiga e aproveitamos para assistir alguns filmes que
queríamos ter assistido há dias. Compramos algumas besteiras para comer durante a nossa
“sessão cineminha em casa” e passamos o dia assim.
Mesmo tentando esquecer, o que aconteceu sábado ainda estava martelando dentro da
minha cabeça. O Dylan estava com ciúmes... Ciúmes de mim.
Só não entendi uma coisa: Ele não estava acompanhando?
O vi de conversinha com uma mulher e eles estavam bem próximos. Se ele estava com
outra, por que não me deixou em paz?
Aquele marrentinho implicante ainda teve a coragem de estragar a minha foda, enquanto
a dele provavelmente ficou intacta.
Falando em foda... Caramba, eu falei isso na cara dele. A culpa foi do álcool – não minta
Aurora, você estava ótima.
Agora, a minha fala final foi chocante até pra mim.
“Se eu ficar, vou acabar fazendo você me foder aqui mesmo.”
Acredito que por essa ele não esperava.
— Dora – acordei a minha amiga para ir trabalhar. – Acabou o final de semana.
— Hoje é domingo, Aurora – falou com os olhos fechados.
— Não Dora, hoje é segunda – ri baixinho.
— Ah não! – resmungou. – Só mais 5 minutos – choramingou.
— Pode se levantar. O nosso café da manhã está pronto.
Dora se levantou e comemos juntas. Após o café, nós nos arrumamos e ela me deu uma
carona até o meu trabalho.
Cheguei à empresa cedo e fui para o elevador, quando as portas estavam se fechando,
uma mão apareceu e impediu que ela se fechasse. Olhei para a pessoa que entrou e era ele: o
gostoso dos olhos de esmeralda.
Eu não sabia o que fazer, se eu já estava tensa antes, a tensão só aumentou com a
presença do meu chefe.
— Bom dia, Srta. Duarte – o cretino me cumprimentou.
— Bom dia, Sr. Foster – falei em um tom seco e não olhei pra ele.
— Eu queria me desculpar... Sei que passei dos limites no sábado – pelo menos
reconhece. – Pensei em te ligar ontem, mas fiquei envergonhado.
— Esquece o que aconteceu. Não quero falar sobre a foda que eu perdi por sua causa.
Deixa de ser ridícula, Aurora.
Ah. Mas vou ser sincera, eu fiquei chateada mesmo. O rapaz era bonito, bom de papo, um
cavalheiro e ainda dançava bem. Foi uma sacanagem o que o Dylan fez.
— Aurora... – usou um tom repreensivo.
— Aurora nada Dy... Sr. Foster – o interrompi. – Por que você não ficou com a moça do
bar? Não precisava ter ido atrás de mim – ele franziu as sobrancelhas.
Cacete. Por que eu falei sobre a moça do bar?
— Aurora, ela é a...
— Não quero saber. Não é da minha conta – o interrompi novamente.
Ele apertou um botão no elevador que o fez parar. Senti o meu coração parar de bater por
alguns segundos.
— Dy... Sr. Foster...
— Calma, não vai acontecer nada. Só preciso conversar com você.
Respirei fundo tentando controlar as batidas do meu coração. Eu não sabia se ele estava
batendo rápido por medo de estar presa dentro dessa caixa de metal ou por estar tão perto do
Dylan.
— Ok. Fala rápido, antes que eu morra aqui dentro.
— Aurora, eu tenho consciência de que eu não tinha o direito de fazer o que fiz... Fiquei
com ciúmes quando vi aquele cara colocando as mãos em você – falava olhando nos meus olhos.
– Sei que isso não justifica nada, mas prometo que não irá se repetir.
— Promete? – questionei cruzando os braços e estreitando os olhos.
— Tudo bem. Eu não prometo – confessou. – Quando se trata de você eu não sei o que
acontece comigo. Sinto uma explosão de sentimentos dentro de mim.
— Dylan...
— Eu sei o que você vai falar e você tem razão. Isso não vai dar certo e nós vamos nos
magoar, mas é difícil ficar perto de você e não poder te tocar – tocou o meu rosto. – Não poder
sentir o seu cheiro viciante de perto – cheirou o meu pescoço e comecei a ficar ofegante. – Não
poder te beijar – passou o polegar nos meus lábios. – Não poder afundar o meu pau dentro da sua
boceta deliciosa – um gemido escapou pelos meus lábios. – Você me deixa louco – sussurrou no
meu ouvido. – Não sei o que está acontecendo comigo, mas eu sei que você sente o mesmo, o
seu corpo te entrega, Aurora – eu estava completamente molhada.
Não era ela que tinha medo de elevadores? O que aconteceu Aurora?
Vamos analisar os prós e os contras.
Prós: temos química, a nossa foda foi maravilhosa e ele é um gostoso.
Contras: vamos nos machucar, ele é o meu chefe e posso ficar desempregada – de
novo.
Foda- se.
Eu quero isso, então só vou pensar nos prós.
Uma vida, uma chance, Aurora, não desperdice.
Fiquei na ponta dos pés e puxei o meu chefe gostoso pela gravata. Nossas bocas se
encontraram e o beijei com vontade. Passei os meus braços pelo seu pescoço para manter o
equilíbrio e uma das suas mãos segurou a minha cintura com firmeza. Nós dois gemíamos
durante esse beijo ardente.
Meu chefe estava excitado – muito excitado. – Senti a sua enorme ereção pressionando
contra a minha barriga e comecei a me esfregar para aliviar o desconforto que se formava entre
as minhas pernas.
Eu não estava molhada, eu estava encharcada.
— Aurora, eu preciso sentir o seu gosto, agora – pode vir.
Dylan tirou os seus lábios dos meus e mordiscou o meu queixo. Seus lábios pousaram no
meu pescoço depositando beijos e leves mordidas. Meu corpo se arrepiava com o seu toque.
Com muita habilidade, Dylan abriu os botões da minha blusa social rosa bebê e puxou o
meu sutiã para baixo. A sua boca sugou um dos meus seios e gemi com esse movimento. Ele
chupava, lambia e mordiscava o meu mamilo, dando gemidos roucos. A sua mão livre subiu para
o meu outro seio e o massageou. Seus dedos apertavam o meu mamilo e o meu corpo se
contorcia de prazer.
Gemi alto, sem me importar com a possibilidade dos demais funcionários estarem
ouvindo.
Depois de se esbaldar nos meus seios, Dylan se agachou na minha frente, ergueu a minha
saia longa preta e colocou uma das minhas pernas em seu ombro.
Ele começou beijando as minhas coxas e gemi em antecipação. As suas mãos grandes
tocaram a minha intimidade por cima da calcinha e fiquei inquieta querendo sentir a sua boca
explorando cada parte do meu sexo.
— O seu cheiro é delicioso, Aurora – passou o nariz pela minha intimidade que ainda
estava coberta por uma calcinha de renda. – É viciante.
Ouvi algo rasgando e nesse momento eu sabia que tinha ficado sem calcinha.
— Não se preocupe, posso te dar mil dessas – falou alisando o meu sexo.
Eu não me importo. Pode rasgar todas.
— Você está tão encharcada – passou o dedo pela minha lubrificação e chupou. – Uma
delícia.
Muito sexy.
Dylan assoprou a minha intimidade e eu fechei os olhos.
— Olha pra mim, Aurora. Eu quero que você me veja chupando a sua boceta gostosa.
Quero que você me veja lambendo toda a sua excitação – seus olhos estavam injetados de desejo.
Senti a sua língua me invadir e um gemido de prazer escapou dos seus lábios.
— Eu poderia te chupar o dia todo. Estou viciado no seu gosto – gemi em resposta.
Dylan mordiscava e sugava o meu clítoris inchado, sua língua entrava e saia de dentro de
mim e os meus quadris rebolavam enquanto a minha mão segurava o seu cabelo.
— Isso, rebola na minha cara, gostosa – amo quando esse homem fala sacanagem.
Os seus dedos começaram a brincar com a minha entrada e senti dois deslizarem com
facilidade para dentro de mim. A minha respiração falhou quando ele me invadiu.
— Gostosa. Você é muito gostosa, Aurora – falou enquanto me masturbava. – Eu quero
lamber até a última gota do seu gozo – sua língua voltou a me sugar, enquanto a sua mão
apertava a minha coxa.
Minhas pernas ficaram bambas e o meu ventre contraiu, senti o orgasmo se formando.
Rebolei e esfreguei a minha intimidade na cara dele com força e velocidade.
Dylan me explorava e se deliciava como se estivesse comendo a sua comida preferida...
Eu estava perto.
Muito perto.
— Ah... Dylan... – gemi alto.
— Goza pra mim, Aurora – falou e colocou a cara novamente entre as minhas pernas.
Ele não precisou pedir novamente. Meu orgasmo explodiu e como prometido, Dylan
lambeu até a última gota gemendo de satisfação. Senti o meu corpo ficar mole e ele me ajudou a
manter o equilíbrio.
Já em pé, Dylan beijou a minha boca fazendo com que eu sinta o meu próprio gosto.
Estávamos ofegantes, mas por mim a gente continuaria, eu queria mais. Muito mais.
— Você é uma delícia – disse alisando a minha bochecha e eu dei um sorriso. – Eu queria
te foder aqui e agora, mas se eu colocar o meu pau dentro da sua boceta, eu não vou conseguir
sair tão cedo – pegou uma mecha do meu cabelo que estava preso em um rabo de cavalo e
colocou atrás da minha orelha.
— Obrigada pelo orgasmo, Sr. Foster – rimos.
— Disponha... Se precisar de mais, é só me chamar – piscou.
— Pode deixar – pisquei de volta. – Caramba, vou ficar sem calcinha o dia todo – o
safado deu de ombros.
— Eu queria ter rasgado a sua blusa também, mas me segurei – riu.
— Engraçadinho.
— Se quiser, não precisa mais vir trabalhar usando calcinha – oi? – Assim fica mais fácil
para eu ter acesso a sua boceta gostosa – se deu conta do que falou e abaixou o olhar.
Ele parecia arrependido.
— Dylan...
— Eu sei – beijou os meus lábios gentilmente. – Não vamos falar sobre isso agora –
olhou pra baixo e se afastou.
Terminei de me arrumar e Dylan liberou o elevador.
Elevador.
Será que eu vou continuar sentindo medo depois disso?
Quando chegamos ao andar e tinham algumas pessoas nos esperando.
Puta merda. Acho que devem ter escutado alguma coisa
— Sr. Foster – Emma veio correndo. – Aconteceu alguma coisa com esse elevador... Não
se preocupe, eu vou chamar o técnico.
Saí fora daqui intrometida, eu que vou “chamar o técnico” – não precisa de técnico, mas
a secretária aqui sou eu.
— Pode deixar que eu resolvo isso – Dylan falou indiferente.
– Tudo bem – se aproximou, ficando entre nós dois. – Você está bem? – falou tocando o
ombro dele.
Ridícula.
Para com isso, Aurora.
— Está tudo bem – falou sério. – Vamos, Srta. Duarte.
— Sim, Sr. Foster – fui profissional.
Emma me olhou de cima para baixo. Ela definitivamente não gosta de mim... Azar o dela.
Eu sou uma ótima amiga.


Entramos na sala e Dylan se pronunciou.
— Srta. Duarte – ok. Voltei a ser “Srta. Duarte”. – Me desculpa pelo que aconteceu no
elevador – hoje ele está cheio das desculpas.
— Não pre...
— Eu não deveria ter provocado você – me interrompeu. – Eu agi por impulso – aquilo
foi tudo, menos impulso. – Você é a minha secretária – eu sei, mas você só foi se lembrar disso
agora?
Vou explodir.
— QUAL É O SEU PROBLEMA? – falei mais alto do que eu gostaria. – Há poucos
minutos atrás eu estava esfregando a minha boceta na sua cara e só agora você lembra que eu sou
a sua secretária? E ainda usa essa desculpa ridícula de que “agiu por impulso” – respirei fundo. –
Eu sei que me joguei em cima você, mas se fosse pra usar essa desculpa depois, você deveria ter
me afastado.
— Srta. Duarte. Olha o tom.
— Olha o tom nada – retruquei. – Então as coisas que você me falou também foi por
impulso? – não mata ele Aurora, você não tem dinheiro o suficiente para pagar um bom
advogado e não pode mexer nas suas economias.
Respira.
— Não, Aurora – e voltamos para o meu primeiro nome. – O que eu te falei é real, mas
eu não deveria ter ido tão longe – fechou os olhos e apertou o espaço entre o nariz e as
sobrancelhas.
Paciência, Aurora.
— Mas você foi longe e pelo visto se arrependeu – fechei os meus olhos e respirei. –
Olha... Eu sei que existe uma atração sexual entre nós dois e não tenho problema com isso, mas
não quero ser o arrependimento de ninguém.
Não estou o cobrando, até porque nós não temos um relacionamento, mas porra, ele me
fala várias coisas, me atiça, me faz ter um orgasmo com a boca e como se não fosse o bastante,
ele ainda tem a coragem de falar que agiu por impulso? Por que ele não confessa que fez porque
queria aquilo tanto quanto eu?
Assume esse B.O, Dylan.
Isso é surtar atoa?
— Aurora...
— Você fez aquilo porque quis, então assume e para de tentar encontrar uma desculpa.
— DROGA, AURORA. EU NÃO SEI O QUE FAZER – falou alto.
— ENTÃO ME DEIXA EM PAZ E VAMOS VOLTAR A FINGIR QUE NADA
ACONTECEU – falei alto também.
— EU. NÃO. CONSIGO.
— VOCÊ QUER ME ENLOUQUECER? – respira. – Não se preocupe, eu não vou mais
me jogar em cima de você. Não quero que você haja por impulso novamente e se arrependa
depois – soei sarcástica. – Vou começar a trabalhar, posso me retirar, Sr. Foster?
— Quer saber? Eu confesso – olhei nos olhos dele. – Tudo o que fiz naquele elevador foi
porque eu quis – finalmente reconheceu. – Amei cada segundo e não me arrependo de ter feito
você gozar na minha boca... Porra, eu queria poder me controlar melhor perto de você, mas
quando eu te vejo, tudo o que quero fazer é arrancar as suas roupas e te foder com força, eu não
consigo resistir a você, Aurora e isso me deixa revoltado – se repreendeu.
— Chega, Dylan... – falei cansada dessa conversa.
— Desculpa por ter feito você achar que eu fiz tudo por impulso e que me arrependi de
ter feito você gemer o meu nome. Eu só não sei o que fazer com o tesão que sinto por você
minha pequena dinamite.
Dá pra entender esse cara? Por que ele fala essas coisas?
— Tudo bem, Sr. Foster. Não vamos mais voltar nesse assunto.
— Desde o momento que você entrou nessa sala eu estou tentando me manter afastado.
Por mim, nós continuaríamos o que começamos naquele elevador – por mim também. – Ver
você brava é excitante – veio caminhando em minha direção e eu dei passos para trás. – Não fuja
de mim, Aurora.
— Não estou fugindo – estou sim. – Mas acho melhor... – a porta da sala se abriu.
— Bom dia, meu filho – uma senhora linda e elegante entra.
— Mãe e pai – Dylan falou se afastando. – Vocês não sabem bater?
— Dylan – o senhor idêntico ao meu chefe chamou a sua atenção.
— Desculpa – meu chefe falou. – O que vocês querem? – ele terminou de falar e logo
entrou um rapaz na sala. – O que é isso? É uma reunião familiar?
— Bom dia, irmão – esse é o irmão? Nossa... Nessa família só tem gente bonita.
— Viemos te visitar. Chegamos mais cedo da viagem e resolvemos passar por aqui – a
senhora me olhou. – Olá moça bonita, como você se chama?
— Bom dia, Sra...
— Diana... Diana Foster – falou estendendo a mão para me cumprimentar.
— Bom dia, Sra. Foster – apertei a sua mão. – Me chamo Aurora... Aurora Duarte.
— Belo nome – sorri com o elogio.
— Bom dia, Srta. Duarte. Eu me chamo Edward Foster – o pai do Dylan me
cumprimentou.
— Bom dia, senhor.
— Família, essa é a minha nova secretária.
Ouvi alguém assobiando e era o irmão do Dylan.
— Bom dia, Srta. Duarte. É um prazer te conhecer, eu me chamo Ethan – beijou o dorso
da minha mão. – É uma bela secretária meu irmão, acertou dessa vez.
— Cala a boca – Dylan rosnou.
— Nossa, que cavalo – acho que acabei falando alto demais.
Todos que estavam na sala riram – menos o meu chefe resmungão.
— Pode se retirar, Srta. Duarte – Dylan ordenou.
— Sim, Sr. Foster. Foi muito bom conhecer vocês – fui sincera. – Com licença.
Me retirei e fui para a minha mesa.
— Dylan, Dylan. Você tem que parar de mexer com a minha mente e com o meu corpo,
eu não irei resistir e isso vai acabar machucando nós dois – falei baixinho.
Ele é o seu chefe, Aurora.
16 DYLAN FOSTER
Eu já fodi várias mulheres dentro da minha empresa – confesso que sou um péssimo
exemplo. – Mas com a Aurora é diferente. Quanto mais eu tenho, mais eu quero e não estou
sabendo lidar com essa merda. Ela se tornou o meu vício.
No momento em que entramos na minha sala, eu tentei parecer indiferente e me manter
no controle, mas quando ela pensou que eu tinha me arrependido de ter chupado aquela boceta
gostosa, a coragem que tomei para afastá-la, evaporou. A minha consciência pedia para eu
recuar, mas o meu corpo quis seguir em frente.
A Aurora tinha toda razão quando disse que a atração que sentimos um pelo outro é
apenas sexual, então por que não podemos aproveitar?
Porque ela é sua secretária, idiota.
Porque a única coisa que você pode oferecer é sexo.
Isso deveria ser o bastante para me manter distante, mas eu sou teimoso e vergonha na
cara é tudo o que eu não tenho... Então, se ela estiver disposta, podemos continuar.
É isso. Depois de terminar essa “reunião” com a minha família, eu vou conversar com
ela.
— O que aconteceu com a viagem? Chegaram rápido demais.
— Na verdade, quando te ligamos nós já estávamos viajando há 3 dias – meu pai
explicou. – Mas acabamos voltando antes do previsto. Sua mãe ficou entediada.
Olhei pra minha mãe que parecia despreocupada.
— Gostei da sua secretária, meu filho – minha mãe falou mudando de assunto.
— Eu também, irmão – deu um sorriso malandro. – Ela é muito bonita – eu sei.
— Vou te expulsar daqui se você não calar a sua boca.
— Dylan. Para de falar assim com o seu irmão – revirei os meus olhos. – Reparei que o
sotaque dela é diferente. Ela é de onde?
— Ela é brasileira, pai. Está aqui há pouco tempo.
— Que maravilha... Ela é solteira? – o inconveniente do Ethan perguntou.
— Sim. Mas isso não é da sua conta – soei grosseiro. – Vocês têm algo de importante pra
falar?
— Viemos te convidar para jantar em nossa casa hoje – a Sra. Foster falou dando um
lindo sorriso.
— Pode ser.
— Chama a sua secretária nova.
Qual é a necessidade?
— Não precisa mãe. Ela é apenas a minha secretária e não vamos misturar as coisas. Não
tem porque eu chamá-la para um jantar de família.
— Se você não chamar, eu chamo – deu de ombros.
Mas que absurdo é esse? O que deu nela?
Minha mãe nunca fez isso com as minhas outras secretárias.
— Diana... – isso pai, salva o seu filho. – O que você pretende com isso? – olhou
desconfiado.
— Por que essa desconfiança toda? – quis parecer ofendida. – Só quero acolher a moça.
Ela veio de longe e não deve conhecer muitas pessoas aqui – explicou e o meu pai assentiu.
— Ela mora com uma amiga e conversa com algumas pessoas aqui da empresa mãe –
inclusive com aquele que a beijou no rosto. – Então ela não é tão sozinha assim.
— Pobre moça. Está aqui, sozinha, sem a família – disse com um semblante triste.
Ela sabe ser atriz.
— Ok, mãe. Já que você faz tanta questão, vou chamá-la – por que eu cedi assim tão
rápido? – Só um minuto – peguei o telefone e a chamei.
Em poucos minutos a Aurora bate na porta e eu autorizo a sua entrada.
— Precisa de alguma coisa, Sr. Foster? – preciso de você pelada em cima da minha mesa.
— Minha mãe, por algum motivo gostou de você – a dinamite ergueu a sobrancelha. – E
está te convidando para jantar conosco hoje – minha mãe sorria alegremente.
— Oh! Acho que...
— Você não negaria um pedido de uma senhorinha, negaria? – dramática. – Dylan me
falou que você veio de fora e acredito que você não tenha muitas amizades por aqui. Quero que
você se sinta acolhida – minha mãe não tem jeito.
Aurora engoliu seco.
— Mãe, a Srta. Duarte é a minha secretária. Não acho que seria apropri...
— Eu adoraria ir jantar com vocês. Fico feliz em ter agradado a senhora – Aurora sorriu
docemente e me lançou um olhar desafiador.
Essa mulher gosta de me provocar – e eu gosto de ser provocado por ela.
— Ah! Magnífico – minha mãe deu pulinhos de alegria. – Dylan te busca às 20 horas,
esse horário está bom? – ela concordou com a cabeça.
— O quê? Eu buscar?
— Eu posso buscá-la, mãe – o meu irmão não perde tempo. – Será um prazer – Aurora
sorriu.
ELA SORRIU.
— Não. Eu que vou buscar a MINHA secretária – informei. – Era só isso Aurora, pode se
retirar.
Tem alguma coisa por trás da atitude da Sra. Foster. Eu sei que a sua cabecinha traiçoeira
está tendo ideias que eu não vou gostar.
— Bom... Já que o convite foi feito podemos ir embora – minha mãe estava radiante.
— Sim. Vamos meu amor.
Olho para os meus pais e fico imaginando como deve ser bom amar alguém e ser
correspondido. Eles se amam tanto e eu já quis ter e viver um amor como o deles.
Quis. No passado.
— Até mais tarde – falei.
— Até mais tarde, irmão – piscou.
Quando todos foram embora, eu fiquei pensando em como será essa noite com a Aurora e
a minha família. Ainda tem o meu irmão, ele não tem limites e vai flertar a noite inteira com a
minha secretária – preciso colocá-lo em seu devido lugar.
— Onde eu fui me meter? – falei massageando as têmporas.


Resolvi que precisava conversar com a Aurora antes desse jantar e entender por que ela
aceitou esse convite. Eu sei que a minha mãe pode ser bem persuasiva quando quer, mas a
Aurora é uma mulher teimosa e não cederia assim tão fácil.
Não quero que a minha família saiba sobre o que aconteceu entre nós, eles iriam me
encher de perguntas e não estou preparado pra responder algo que nem eu mesmo sei.
Peguei o telefone e chamei a minha dinamite até a minha sala.
Logo ela chegou batendo na porta.
Depois de ter presenciado aquela cena lamentável entre mim e a Emma, parece que a
Aurora levou a sério a questão de nunca entrar sem bater na porta.
— Sim, Sr. Foster?
— Precisamos conversar sobre o convite que a minha mãe te fez.
— Ah, claro.
— Em primeiro lugar, por que você aceitou esse convite? Você sabe que não é
conveniente.
— Sua mãe é bem convincente – eu sei.
— Srta. Duarte... Você não me engana. Sabe o que eu acho?
— Não. Eu não sei o que você acha.
— Acho que você aceitou o convite porque quer passar mais algumas horas perto de mim
– provoquei e a Aurora começou a gargalhar.
— O senhor é um homem muito convencido. Acha mesmo que eu aceitei esse convite
para ficar perto de você? – franzi o cenho e analisei a sua postura desafiadora.
— Sim. Eu acho – falei confiante.
— Pois bem... Para a sua informação, por mais que a sua mãe tenha sido maravilhosa
comigo, eu iria negar o convite – afirmou. – Mas quando eu vi a sua cara de desespero – deu um
sorriso diabólico. – Eu tive a necessidade de te irritar e me vingar pela raiva que você me faz
passar minutos antes da sua família chegar – explicou orgulhosa. – Só para ressaltar, eu gostei da
sua família, eles parecem ser pessoas incríveis e o seu irmão é bonito e educado – sorriu de um
modo sacana.
— Você achou o meu irmão bonito e educado, Srta. Duarte? – falei me levantando da
cadeira.
— Sim, eu achei – me encarava tranquila.
— Aurora, Aurora. Parece que você gosta de me provocar – comecei a me aproximar.
— Sinceramente, Sr. Foster?... Eu gosto – confessou mordendo o lábio inferior.
— O que eu vou fazer com você, Srta. Duarte? – alisei o seu lindo rosto. – Acho que você
precisa ser punida – sorri maliciosamente e ela engoliu seco.
— É mesmo? E quem vai me punir? Você? – debochou.
— Claro que serei eu – respondi me aproximando cada vez mais.
— E como você me puniria, Sr. Foster? – questionou.
— Primeiro eu daria alguns tapas nessa sua bunda gostosa pra você aprender a nunca
mais me provocar – segurei o seu queixo. – E depois eu te foderia até você esquecer o seu nome,
minha pequena dinamite – sussurrei em seu ouvido.
— Essa punição me parece justa, Sr. Foster – gemeu baixinho. – Mas eu sou a sua
secretária e temos que ser profissionais – provocou em um sussurro.
— A partir do momento que eu chupei a sua boceta no elevador até sentir o gosto do seu
gozo, nós ultrapassamos essa barreira – sua respiração acelerou. – Você não acha, Srta. Duarte?
— Tenho que concordar, Sr. Foster – a sua voz falhou. – E agora? Como iremos lidar
com isso? – segurei a sua cintura e rocei a barba em seu rosto.
— Resolver isso está fácil, Srta. Duarte – passei o meu polegar em seus lábios. – Vou
começar beijando essa sua boca atrevida até você perder o fôlego – mordisquei o seu lábio
inferior. – Em seguida, eu vou pegar a sua bunda – segurei a sua bunda e a apertei. – E dar vários
tapas nela – dei o primeiro tapa e a Aurora deu um pulinho de susto.
Meu pau estava tão duro que acho que a minha excitação está molhando a cueca.
— E para finalizar... Irei apoiar as suas mãos naquela mesa – apontei. – E vou fazer o que
eu queria ter feito desde o momento em que saímos do elevador – Aurora gemeu em antecipação.
– Eu vou te foder forte e duro, minha dinamite – sussurrei.
Como prometido, a puxei para um beijo urgente. Minha língua pediu passagem para
invadir a sua boca e ela cedeu sem hesitar. Foi um beijo quente e cheio de desejo. Aurora arfava
entre os meus lábios e percebi que as suas pernas se esfregavam uma na outra para aliviar o
desconforto que acumulava entre elas.
Ficamos sem fôlego e eu parei o beijo. Virei a Aurora de costas para mim e as suas costas
bateram contra o meu peito. Aproveitei para mordiscar e beijar o seu pescoço que estava
exposto. A minha vontade era de deixar a sua pele toda marcada para todos verem que essa
mulher é minha.
Caminhei com a Aurora até a minha mesa e apoiei as suas mãos em cima dela. Abaixei a
sua saia e com os pés ela terminou de tirá-la. Tive uma visão perfeita da sua bunda grande sem
calcinha, já que eu fiz o prazeroso favor de rasgá-la dentro do elevador. Sem aviso, eu dei o
primeiro tapa em sua bunda e um gritinho de prazer escapou dos seus lábios.
Colei os nossos corpos e as minhas mãos que antes estavam em sua cintura, foram para
os seus peitos. Os massageei por cima da roupa e em seguida desabotoei a sua blusa lentamente.
— Olha como o meu pau fica perto de você, Aurora – sussurrei soltando o seu sutiã. – É
assim que eu fico sempre que penso em você – ainda vestido, eu encostei a minha ereção em sua
bunda.
— Dylan... – gemeu o meu nome.
Empinei a sua bunda e dei outra tapa. Mais um gritinho saiu de seus lábios e dei um
sorriso satisfeito. Minhas mãos saíram dos seus peitos e enquanto uma segurou a sua cintura, a
outra foi para o meio das suas pernas. Sem a penetrar, passei os meus dedos pelos seus grandes
lábios e senti a sua excitação molhá-los.
— Porra, Aurora... Você está muito molhada – mergulhei dois dedos dentro dela.
— Sim, Dylan, eu estou muito molhada. Você faz isso comigo – falou tentando controlar
a respiração.
Porra.
— Eu quero que você fique molhada apenas pra mim, Aurora – dei um tapa em sua
bunda. – Só eu quero ter o prazer de te foder do jeito que você gosta – dei outro tapa. – Agora, eu
vou fazer você gozar forte no meu pau – a inclinei até o seu rosto encostar completamente em
cima da mesa.
Após tirar o meu cinto e a minha calça, eu desci a cueca e libertei toda a minha grossura.
Para puni-la, passei a cabeça do meu pau pela sua entrada, mas não a penetrei. Em seguida, para
aumentar a sua aflição, comecei a me masturbar.
Suspirei e gemi de prazer.
Quero vê-la implorando.
— Dylan – reclamou. – Não faz isso.
— Implore – falei ofegante enquanto me masturbava. – Eu quero que você implore – ela
tentou colocar a mão entre as suas pernas, mas não deixei.
— Dylan... – falou com a respiração acelerada e eu quis esquecer essa punição.
— Implora, Aurora – repeti sentindo que estava prestes a gozar. – Implora que eu te fodo
com força – pincelei a cabeça do meu pau em sua entrada novamente.
—Dylan – tentou colocar a mão de novo entre as suas pernas, mas não deixei. – Por
favor... Por favor, me fode – gemeu. – Eu te imploro, Dylan – falou em tom de súplica.
Perfeito.
A puxei pela cintura e penetrei de uma vez, fazendo um gemido alto ecoar pela sala.
Agarrei o seu cabelo e inclinei a sua cabeça para trás.
— Você é minha, desde o dia que coloquei os meus olhos em você – falei em seu ouvido.
– Só eu irei enfiar o meu pau dentro dessa sua boceta quente. Só eu vou ouvir os seus gemidos.
Só eu vou te segurar com essa firmeza enquanto te fodo. Você entendeu, Aurora? – dei um tapa
em sua bunda.
— Sim, Sr. Foster – dei um sorriso vitorioso.
O meu pau entrava e saía de dentro dela e em resposta, Aurora gemia, se empinava e
rebolava nele. Só conseguíamos ouvir o barulho da nossa excitação. O som dos nossos gemidos e
fluídos se misturando é sem dúvidas, a minha música favorita.
— Dylan... Mais rápido – aumentei a velocidade e eu sabia que ela estava perto.
— Ah! Dylan...
— Goza, Aurora, que eu vou logo atrás.
Aurora apertou o meu pau com a boceta e explodiu em um orgasmo forte. Quando senti o
meu gozo se aproximando, me retirei de dentro dela e gozei em sua bunda.
— Srta. Duarte... Você é incrível – beijei as suas costas.
Ajudei ela a se erguer e segurei o seu corpo exausto.
— Dylan – me olhou. – Você não colocou o preservativo – respirou fundo. – Mas não se
preocupe, eu estou limpa e tomo anticoncepcional.
Porra, onde eu estava com a cabeça?
Eu não faço sexo casual sem preservativo.
Sem proteção, sem sexo.
Porque com a Aurora é tudo tão diferente? Não consigo resistir a essa mulher.
— Também estou limpo e gozei fora – encostei perto dela e dei um selinho em seus
lábios. – Me desculpa por isso.
— Tudo bem, eu também deveria ter lembrado – deu um sorriso fraco. – Você trancou a
porta?
— Não – respondi com tranquilidade.
— Dylan... Meu Deus – arregalou os olhos. – Alguém poderia ter entrado aqui.
— Fica tranquila, todos batem na porta antes de entrar na minha sala – nem todos.
Meus pais, meu irmão e meus amigos Theo e Hanna sempre entram invadindo.
— Sei – me olhou desconfiada. – Caramba, as janelas são de vidro – me encarou
chocada. – Meu Deus, devem ter visto a gente.
Gargalhei com a sua reação e ela revirou os olhos.
— Não liga pra isso – dei um sorriso safado. – Agora você precisa limpar toda essa porra
que eu jorrei na sua bunda deliciosa – estava escorrendo pela sua pele. – Atrás daquela porta –
apontei. – É um banheiro, pode ir lá primeiro, te espero aqui, porque se eu for nós não vamos sair
de lá tão cedo.
— Você tem razão – sorriu de um jeito sem-vergonha.
Aurora pegou as suas coisas e passou por mim pelada.
— Ei – a chamei enquanto limpava o meu pau em um lenço umedecido. – Você é uma
gostosa – analisei o seu corpo de cima para baixo.
— Você também é um gostoso, Sr. Foster – sorriu.
— Eu sei – dei um sorriso convencido e vesti a minha cueca.
— Retiro tudo o que eu disse – gargalhei. – Você é muito egocêntrico, Sr. Foster.
— Eu sei também – rimos juntos.
— Vou me vestir, antes que alguém entre aqui e me veja do jeito que eu vim ao mundo.
— Vai rápido, não quero ninguém olhando o que me pertence – vesti a minha cueca.
Porra... Ela não me pertence.
— O que te pertence? – ergueu as sobrancelhas e cruzou os braços.
Caralho.
Ver a Aurora pelada me encarando com esse olhar desafiador é o suficiente para me
deixar duro novamente.
— Já conversamos sobre isso, Aurora – avisei me aproximando. – Tudo o que eu te falei
é verdade... Você é minha – segurei o seu queixo e encostei os nossos lábios.
Ainda estou insistindo nisso?... É mais forte do que eu.
— Dylan... Não fala essas coisas, estou ficando excitada de novo – ri.
— Eu também... Olha – apontei pra baixo.
— Caramba – falou passando a mão lentamente por cima da cueca. – Está muito duro, Sr.
Foster – deu um sorriso travesso. – Você precisa dar um jeito nisso – mordeu o lábio inferior.
— Aurora... – tentei manter a minha respiração controlada. – Parece que você não
aprendeu a lição.
— Não aprendi. Talvez eu mereça ser punida novamente – disse roçando os nossos
lábios.
— Aurora... – passou a língua pelos meus lábios. – Você vai me matar mulher.
— Eu? Jamais, Sr. Foster – sorriu e se afastou. – Vou me vestir, estamos aqui dentro há
muito tempo – riu e me deixou com o pau duro.
Ela me paga.
Depois de alguns minutos a Aurora saiu do banheiro devidamente arrumada.
— Sr. Foster – soou profissional e eu ri. Cadê a minha pequena dinamite provocante? –
Às 14 horas você tem uma reunião. Estarei em minha mesa, se precisar de algo é só me chamar.
Gargalhei e ela me olhou descontente.
— Desculpa. Você fica tão linda desse jeito – foi a vez dela rir.
— Para – sorriu. – Vou trabalhar, não quero que o meu chefe dos olhos de esmeralda me
demita – piscou.
— Olhos de esmeralda? – olhei para ela com interesse no assunto.
— Sim, os seus olhos verdes são lindos como esmeraldas.
Olhos de esmeralda. Gostei.
— Obrigado – falei todo bobo. – Você gostaria de ir almoçar comigo, Srta. Duarte? –
perguntei.
— Dylan... Desculpa, Sr. Foster – se corrigiu e eu ergui o canto dos lábios. – Não é uma
boa ideia. Não quero que as pessoas saibam o que está acontecendo, eles vão começar a falar
coisas desagradáveis e eu não vou conseguir ficar calada ouvindo as provocações, você sabe
muito bem disso.
— Aurora, a sua sorte é que essa sala tem isolamento acústico, porque se não tivesse,
todos ficariam sabendo pelos sons dos seus gemidos – rimos juntos.
— Pode parar – soltou uma risada gostosa. – Mas é sério, não quero que os outros saibam
disso – fiquei um pouco chateado, mas entendi. É melhor assim.
— Você tem razão – falei. – Sobre o jantar com os meus pais hoje, não vamos falar sobre
isso com eles também, pode ser?
— Sim, eu ia te pedir isso – sorriu. – Agora vou trabalhar, nos vemos na reunião.
— Ok, Srta. Duarte – acenou com a cabeça e saiu.
Eu tenho consciência de que estamos fazendo algo que pode nos magoar e eu acredito
que ela também sabe disso, mas uma hora ou outra nós iríamos ceder. A nossa atração é forte,
então por que não deixamos rolar?
Posso até me arrepender, mas no momento eu não vou pensar nisso, quero apenas
aproveitar.
17 AURORA DUARTE
Definitivamente, “Aurora Duarte não tem um dia de paz”.
Parece que os problemas adoram me perseguir.
Não é que o Dylan seja um problema, longe disso, mas ele faz com que eu sinta vontade
de chutar o balde e deixar as coisas acontecerem naturalmente.
Posso me decepcionar? Sim. Isso pode me destruir? Sim também.
Mas eu já sou uma mulher que foi destruída por dentro. Será que tem como ficar pior? –
prefiro acreditar que não.
O estrago já foi feito.
Para de ser teimosa, Aurora.
E se eu precisar voltar para o Brasil um dia? – é só ir.
É apenas sexo, sem apego.
Parece que os meus divertidamente[6] estão brigando dentro da minha cabeça, sinto que
estou no meio de uma batalha interna.
Está decidido: eu não serei covarde, não pode ficar pior do que já está.
A química que eu tenho com o Dylan é algo que nunca experimentei e isso faz com que
eu tenha a necessidade de explorar esse sentimento de luxúria explosiva que sentimos um pelo
outro.
Como eu falo: só tenho uma vida, portanto, eu só tenho uma chance.
Ainda estou usando essa desculpa?


Entro no elevador para ir almoçar no refeitório e as cenas dos acontecimentos da manhã
não saem da minha cabeça. As lembranças fizeram o meu coração bater em um ritmo frenético e
a minha pele se arrepiava com essa recordação.
Saio do meu momento de reflexão quando a porta se abre e vejo a Emma-do-RH entrar.
— Boa tarde, Emma – a cumprimentei educadamente.
— Boa tarde – falou seca.
O silêncio reinou.
— Você está transando com o Sr. Foster? – questionou sem me olhar.
Será que essa mulher ouviu alguma coisa?
— Não quero falar sobre a minha vida pessoal com você.
— Vamos Aurora, você não me engana – deu um sorriso sarcástico. – Eu posso até
imaginar o que vocês estavam fazendo aqui dentro desse elevador – me encarou.
— É mesmo? – digo tentando não enforcar essa mulher.
— Sim... E você deve estar se perguntando como eu sei disso.
— Sinto muito, mas eu não estou me perguntando nada.
— Ah não? Mas vou te responder mesmo assim – cadela. – Acho que o Sr. Foster tem
fetiche por elevadores – piscou.
— Essa informação mudou a minha vida. Muito obrigada – falei indiferente, mas no
fundo eu estava prestes a explodir.
É apenas sexo.
— Eu sei que foi ele que parou o elevador, esse truque é velho.
Se já sabia, então por que fez aquele drama todo quando nos viu?
Está óbvio. Ela precisava disfarçar.
Atriz.
Fiquei calada.
— Sabe como eu sei disso? – posso imaginar. – Nós costumávamos nos divertir muito
aqui dentro, Aurora – mordeu o lábio inferior.
Que caia um cérebro do céu e entre diretamente na cabeça dessa mulher!
— Incrível. Coloca isso no seu currículo – o olhar dela escureceu.
— Vai por mim querida... Você pode até ter sido a primeira secretária que ele fodeu, mas
o seu final será igual ao de todas – disse confiante.
— Emma – cochichei em seu ouvido como se estivesse contando um segredo. – Pense o
que você quiser – ergui os lábios em um pequeno sorriso.
— Não fica se achando muito, Aurora. Logo ele irá enjoar de você e vai te dispensar,
como fez com as outras.
— Inclusive com você? – ela negou com a cabeça.
— Sabe qual é a diferença entre mim e as outras? – fez suspense. – A diferença é que ele
sempre me procura, nós temos uma química inexplicável – seus olhos brilhavam. – Mas
nenhuma mulher terá espaço no coração dele, esse espaço é da Nicole. Ele ama essa mulher.
Nicole? Quem é essa?
— Isso não é da minha conta – e realmente não era, mas fiquei curiosa.
A porta do elevador abriu.
— Esse foi o meu aviso. Não se iluda. O Sr. Foster fode muito bem, mas é só isso que ele
pode te oferecer. Se você estiver pensando em conquistar o coração dele, é melhor desistir.
— Obrigada pela preocupação – falei e saí sem olhar na cara da mocreia.
No fundo eu sei que ela tem um pouco de razão, mas há alguma coisa que está
incomodando essa mulher e por isso ela veio me alfinetar.


Terminei de comer e decidi procurar um lugar mais tranquilo para descansar até dar o fim
do meu intervalo para o almoço. De repente o meu celular começou a tocar e vejo o nome da
Tina. A última vez que nos falamos foi quando eu liguei para contar que consegui o emprego.
— Oi, Tina – falo sorridente.
— Amiga, como você está? Desculpa por não ter te ligado, esses dias estão corridos na
empresa, não tenho tempo pra nada.
— Estou bem e você? Eu também deveria ter te ligado, me desculpa – me senti mal por
isso.
A Dora e a Tina são as minhas pessoas favoritas. Sem o apoio delas, eu provavelmente
estaria no Brasil, sendo humilhada e forçada a fazer coisas que eu não quero.
— Estou bem, mas sinto muita saudade de você.
— Te digo o mesmo – respirei fundo. – Um dia nós vamos nos reencontrar, tenha certeza
disso – falei esperançosa.
— Vamos sim – afirmou. – E como está o emprego novo? – considerando o fato de que
eu estou transando com o chefe, está ótimo.
— Está bem, estou aqui nesse exato momento – ri. – No meu intervalo, claro.
— Que susto. Pensei que eu estava te atrapalhando – rimos. – Me conta como está
sendo. Gostou da empresa? As pessoas são legais? O seu chefe é tranquilo?
— Tem tanta coisa acontecendo, você nem imagina.
— Conta tudo, Aurora – falou ansiosa.
Comecei a contar as novidades pra ela e também contei sobre o jantar.
— MEU DEUS. AURORA VOCÊ É IMPOSSÍVEL – gritou.
— Não sou – rimos. – Nós quisemos transar e transamos. É só sexo Tina.
— Eu disse pra você que era coisa do destino.
Revirei os olhos.
Ela e a Dora têm essa fixação de “coisa do destino”, as duas seriam boas amigas se não
fossem tão ciumentas.
— Não existe isso, para de ser doida.
— Então tá Aurora, depois não diga que eu não avisei – falou e rimos.
— E como estão as coisas por aí? – preciso de informações.
— Até agora não fiquei sabendo de nada importante. O seu pai está surtando e a sua
madrasta também – riu. – Estão dizendo que os dois andam brigando muito porque a situação
financeira não está boa.
— É uma pena – zombei sem um pingo de dó.
— E o seu irmão é um folgado, não faz nada e não quer trabalhar.
— Isso não é novidade – ri. – Acho é bom, não consigo ter pena.
— Você é terrível – gargalhou. – Agora sobre o César – respirou fundo. – Ele está
reagindo e começou a cobrar o seu pai.
— Caramba. Quando ele souber, a minha vida acabou.
— Calma, eu vou ficar te informando, vai dar tudo certo... Ah – lembrou-se de algo. –
Tiago – revirei os olhos. – Terminou com o presente de Deus e foi atrás de você – que ridículo. –
Ele está tão desesperado que foi na sua antiga casa, mas foi expulso pelo seu pai.
— Que pena amiga – gargalhei.
— Você está achando graça sua safada? – sorriu. – Só está rindo porque não é você que
ele está perseguindo. Em todas as festas que eu estou, ele está e não para de perguntar por você,
esse cara é insuportável – fiquei mal por ela.
— Desculpa por isso, eu não queria ter te colocado nessa situação.
— Você não tem que se desculpar, Aurora. A culpa não é sua, uma hora ele aceita que
perdeu.
— Espero – suspirei. – Agora quero saber sobre você. Conta tudo.
Tina me atualizou e fiquei feliz em saber que ela está bem e que continua a mesma Tina
animada e divertida de sempre.
Olhei o meu relógio.
— Amiga, vou precisar desligar. Depois eu te ligo para contar sobre o jantar.
— Tudo bem. Aproveite e continue usando o corpo do gostosão.
— Pode deixar e você continue aproveitando vários corpos por aí – por que somos assim?
— Claro – sorriu.
Desligamos e me preparei para voltar a trabalhar.


Entrei no apartamento depois de um longo dia de trabalho e a Dora vem saltitando em
minha direção.
— Vamos escolher uma roupa bem bonita, você não pode chegar de qualquer jeito –
correu pro meu guarda-roupa.
— Dora, não exagera. É só um jantar.
— Mesmo assim. Você vai ir arrasando.
— Tudo bem, Dora – desisti de resistir. – Escolhe qualquer coisa aí, eu vou tomar banho.
Terminei o meu banho e a Dora me esperava deitada na minha cama. Quando me viu, a
doida deu um pulo e me mostrou o que escolheu.
— Eu não estou indo para um desfile de moda – falei revirando os olhos.
— Eu sei que não, mas você vai usar esse vestido com brilhos sim – neguei com a
cabeça.
— Escolhe outra coisa. Nada de brilho – minha amiga bufou.
— Você é difícil – se levantou para procurar outro vestido. – E esse? – me mostrou um
vestido preto com alcinhas. – Esse está bem simples.
— Pode ser esse.
— Escolhi essa sandália – apontou para uma sandália de salto médio. – Ela é simples
também.
— Gostei – concordei.
— Solta o cabelo, ele é lindo demais pra ficar preso.
— Ok, Dora. Agora preciso me arrumar, faltam 40 minutos pro Dylan chegar.
— Passa uma maquiagem bem leve – não.
— Maquiagem não, Dora – supliquei.
— Aurora, não seja chata. Passa pelo menos um batom – ela colocou a mão na testa e
fechou os olhos.
— Vou passar um gloss, está bom?
— Bom não está, mas é melhor do que nada – bufei e nós rimos.
Me arrumar não foi uma tarefa fácil. De 5 em 5 minutos a Dora aparecia no meu quarto
para dar algum palpite, ou reclamar de alguma coisa.
Marquei com Dylan às 20 horas e às 19:59 o interfone toca.
— Acho que é ele – Dora saltitava de alegria. – Que homem pontual.
— Verdade – digo pegando a minha bolsa. – Estou indo. Até mais tarde.
— Vai lá e arrasa garota – ri. – Não faça nada que eu não faria – deu uma piscadela.
— Claro – pisquei de volta.
Nosso apartamento tem elevador. Mas como moramos no primeiro andar, sempre uso as
escadas.
Desci e encontrei o meu chefe me esperando encostado no seu carro preto. O veículo
estava estacionado na frente do prédio que eu moro.
— Boa noite, Srta. Duarte – beijou o dorso da minha mão. – A senhorita está lindíssima.
— Obrigada, Sr. Foster. O senhor também está lindíssimo.
Ele não vestia roupas formais. Colocou uma calça jeans e uma blusa preta básica.
— Eu estou sempre lindíssimo, Srta. Duarte – exibido.
— Não seja metido – rimos.
— Podemos ir?
— Sim.
Dylan apoiou uma mão suavemente nas minhas costas e me encaminhou até o carro. Ele
abriu a porta para eu entrasse primeiro, e logo em seguida, se sentou ao meu lado.
— Fred, essa é a minha secretária, Aurora Duarte – me apresentou para um homem que
vestia um terno preto. – Srta. Duarte, esse é o Fred, ele é o motorista da minha família.
— Boa noite, senhorita – deu um pequeno sorriso.
— Boa noite, senhor – retribuí o sorriso.
— Pode me chamar apenas de Fred.
— Tudo bem... Boa noite, Fred – todos nós rimos.
— Assim está melhor – sorriu e começou a dirigir.
— Preparada para esse jantar? – Dylan me perguntou.
— Sim... Eu gostei muito da sua mãe, ela parece ser uma mulher maravilhosa.
— E ela é – deu um sorriso sincero ao se lembrar da mãe. – Por mais que a minha mãe
me enlouqueça, eu não sei o que seria da minha vida se ela não estivesse por perto – falou
orgulhoso. – Digo o mesmo sobre o meu pai – acrescentou.
— Vocês são bem unidos não é?
Como deve ser bom ter uma família unida. Ter mãe, pai e ser amado. Pena que a minha
realidade foi totalmente diferente.
— Somos... Nos momentos em que eu mais precisei a minha família estava ao meu lado
me dando apoio – ele parecia triste. – Os meus dois melhores amigos também – deu um sorriso
fraco.
— Entendo – falei. – Estamos chegando? – percebi que esse assunto o deixava para
baixo, então desconversei.
— Sim. Está com fome?
— Claro – ri. – Eu gosto de comer.
— Tenho que concordar, eu nunca conheci uma mulher que come tanto – rimos.
— Eu sou especial.
— Eu sei – olhou no fundo dos meus olhos. – Você é muito especial Aurora.
Engoli seco.
— Obrigada – falei envergonhada.
— Por nada – ergueu o canto dos lábios.
Atravessamos um enorme portão e o espaço era tão grande que parecia um condomínio,
mas no final, havia apenas uma casa toda branca com detalhes dourados.
Casa? Parece mais um palácio.
— Uau! – exclamei impressionada. – Parece um palácio – minha boca estava aberta. – É
muito linda, Dylan.
— Gostou?
— Claro – confirmei. – Dá até medo de tocar nas coisas – ele riu. – É sério, tudo o que
tem nessa casa deve valer uma fortuna, nem as minhas próximas gerações conseguiriam pagar –
rimos.
— Você é exagerada, Aurora – dei de ombros. – Vamos entrar?
Respirei profundamente.
— Vamos – sorri.
Caminhei por todo lugar com a boca aberta.
Na frente da enorme casa, há um jardim lindo e muito bem cuidado. No momento em que
coloquei os pés para dentro da casa, me deparei com uma sala ampla e elegante, também havia
uma escada que dava acesso ao segundo andar.
Todos nos aguardavam na sala e a Sra. Foster foi a primeira a me cumprimentar.
— Boa noite, minha querida. Que bom que veio – me deu um abraço carinhoso.
— Boa noite, Sra. Foster. Muito obrigada pelo convite – segurei a sua mão. – A sua casa
é muito bonita, estou encantada.
— Obrigada, mas nada de Sra. Foster, me chame apenas de Diana – sorriu e eu assenti. –
E que bom que gostou da casa.
— Boa noite, senhorita – o pai do Dylan me cumprimentou. – É muito bom te ver
novamente – estendeu a mão.
— Boa noite, é muito bom ver o senhor também – apertei a sua mão.
— Vou fazer como a Diana, me chame apenas de Edward – confirmei com a cabeça.
— Boa noite, mãe e pai, eu também estou aqui – Dylan reclamou e os seus pais logo
foram o cumprimentar.
— Você está carente, irmão? – o irmão do meu chefe chegou provocando.
— Não começa, Ethan.
— Não vou – olhou em minha direção. – Boa noite, bela Aurora – pegou a minha mão e
levou até os lábios. – É muito bom te ver duas vezes no mesmo dia – sorri.
— Nossa. Assim eu vou ficar exibida igual o seu irmão – todos riram. – É muito bom te
ver também.
Ethan é um rapaz bonito, deve ter aproximadamente a minha idade e é muito parecido
com o Dylan.
Ouvi alguém pigarreando e era o meu lindo e gostoso chefe.
— Já pode soltar a mão da minha secretária, Ethan, não seja abusado – Dylan repreendeu
o irmão.
— Isso te incomoda, Aurora? – neguei com a cabeça e o Dylan bufou.
— Vamos jantar, a mesa está posta – Diana nos chamou. – Espero que você esteja com
fome querida.
— A Aurora está sempre com fome, mãe, ela nunca nega comida – que homem
inconveniente.
— Estou com fome sim, eu gosto de comer – olhei para o Dylan e ergui as sobrancelhas.
— Essa é das minhas – Ethan falou colocando a mão no meu ombro.
— Pedi para as cozinheiras prepararem algumas comidas brasileiras pra você – meu
coração ficou aquecido. – Você deve estar sentindo falta da comida do seu país.
Nesse momento eu tive a certeza de que se fosse para eu ter uma mãe, queria que ela
fosse amorosa e atenciosa como a mãe do Dylan.
— Obrigada por isso, Diana – minha voz falhou. – É muita gentileza da sua parte – dei
um pequeno sorriso pra tentar disfarçar o tanto que essa atitude mexeu comigo.
— Por nada – sorriu docemente.
— Então vamos jantar – Ethan entrelaçou os nossos braços e me levou até a sala de
jantar.
Dylan estava com uma expressão séria. Parecia estar muito irritado.
Esquentadinho.
Nos sentamos à mesa e fiquei impressionada com as comidas. Analisei tudo e quando os
meus olhos viram a feijoada o meu coração pulou de felicidade.
— Caramba! – exclamei e em seguida coloquei a mão na boca. – Desculpa.
Todos riram, mas o Dylan permanecia calado.
— Sem problemas – Ethan disse e o meu chefe revirou os olhos.
— Caramba – ri. – Faz um bom tempo que eu não como feijoada. O cheiro está uma
delícia.
— Que bom que gostou – Edward falou. – A Diana quase deixou todas as cozinheiras
malucas – não contive o riso.
— Eu queria tudo perfeito – ela se defendeu e nós rimos. – Pedi para fazerem também os
acompanhamentos da feijoada e um arroz carreteiro porque eu também quero experimentar –
falou ansiosa.
— Você vai adorar – afirmei. – Muito obrigada, eu... Eu estou muito feliz.
Não sei por que, mas a Sra. Foster faz com que eu me sinta bem. É uma senhora humilde,
que não olha as pessoas pelo que elas têm, mas sim, pelo que elas são. Mesmo sem me conhecer,
ela me acolheu, me tratou bem e ainda me colocou dentro de sua casa.
Que família incrível você tem Dylan.
18 DYLAN FOSTER
Demos início ao nosso jantar e desde o momento que o meu irmão apareceu, eu já pensei
em diversas formas de tirá-lo de perto da minha pequena. As suas patas não saem de cima da
Aurora e ele ainda fez questão de se sentar ao lado dela.
A cara de pau do meu irmão é tão grande, que ele me olhava com um sorrisinho
debochado nos lábios – o idiota está implorando para que eu tire o sorriso do seu rosto com um
murro.
— O que você achou da feijoada, Aurora? – minha mãe questionou.
— Eu amei, está tudo perfeito – seus olhos brilhavam.
— E realmente... Arroz carreteiro é muito bom – Diana elogiou e todos concordaram.
— Que bom que vocês gostaram – falou. – Vou comer mais.
Essa boquinha nervosa come com tanta vontade.
Queria vê-la usando toda essa vontade pra engolir o meu pau.
Se controla, Dylan.
— Quer que eu te sirva? – o intrometido do meu irmão perguntou.
— Eu sirvo – peguei o prato dela e coloquei mais arroz.
— Obrigada, Sr. Foster – agradeceu.
— Aqui é apenas Dylan, esqueceu?
— Verdade... Obrigada, Dylan – corrigiu.
Terminamos de jantar e logo vieram as sobremesas.
— Nossa, eu amo sorvete – eu sei.
— O Dylan me contou que você gosta – minha mãe falou.
— Oh... Sério? – confirmei com a cabeça. – Obrigada, Dylan – falou surpresa.
— Disponha, Aurora.
— Então Aurora, por que você resolveu vir pra Los Angeles? – meu pai perguntou.
Pela sua expressão corporal, percebi que ela ficou tensa.
— Problemas familiares – colocou uma colher de sorvete na boca.
— Entendo... E os seus pais ficaram felizes com isso?
— Infelizmente a minha mãe morreu me dando à luz – me senti mal por não saber disso.
– E o meu pai... Ele está vivo, mas... – os seus olhos lindos brilharam, mas era de tristeza.
— Não precisa responder – interrompi.
— Gostou do sorvete, Aurora? – minha mãe mudou de assunto e eu a agradeci
mentalmente.
— Gostei muito – Aurora respondeu com um pequeno sorriso nos lábios.
— Conheço muitas sorveterias legais por aqui. Se você quiser, posso te apresentar
algumas – meu irmão disse com um largo sorriso no rosto.
— Sério? – perguntou animada.
— Sim, é só me chamar que eu vou com você – não vai não.
— Cria vergonha na cara, Ethan. Para de ser oferecido – resmunguei.
— Só quero ajudar — quis parecer ofendido.
— Os dois, não comecem. Temos visita – meu pai chamou a nossa atenção. – Aurora, me
desculpe pelos modos dos meus filhos, eles parecem cão e gato.
— Sem problemas, Edward – disse totalmente alheia a situação entre mim e o meu irmão.
Parei para observá-la enquanto saboreava seu sorvete com tranquilidade. Aqueles que a
veem tão serena nem imaginam que essa pequena é uma dinamite prestes a explodir.
É brigona, mandona, respondona, teimosa e me deixa louco.
— Aurora, sábado nós vamos fazer o meu aniversário e resolvi que eu quero uma festa na
piscina – minha mãe comunicou.
— Que ideia maluca é essa, mãe? – falei franzindo a testa. – Festa na piscina? Por que
não faz um jantar mais íntimo?
— Eu quero uma festa mais jovial, meu filho. Ainda sou jovem, tenho que aproveitar.
— Você tem razão, meu amor – meu pai defendeu.
— Como eu estava dizendo... Farei uma festa na piscina. Serviremos bebidas, lanches,
entre outras coisas – sorriu animada. – Quero que você venha e traga a sua amiga que mora com
você, vou adorar conhecê-la.
— Obrigada pelo convite, mas... – Aurora me olhou.
— Venha, você vai se divertir, eu tenho certeza. Terá muita gente interessante e você
poderá paquerar à vontade – minha mãe piscou e a Aurora arregalou os olhos.
— Mãe – lancei um olhar descontente.
— O quê? A Aurora é jovem e bonita. Vai fazer o maior sucesso – isso é verdade.
— Concordo, mãe – meu irmão afirmou. – Vem Aurora, vai ser legal. Eu posso te buscar
em casa e após a festa, te levo de volta – fuzilei o meu irmão com o olhar.
— Eu... – Aurora me olhou novamente e eu concordei com a cabeça. – Eu vou adorar
estar presente na sua festa jovial, Diana – rimos. – Muito obrigada pelo convite.
— Ótimo – minha mãe bateu palmas de felicidade. – Vai ser fantástico.
— EU busco você, Aurora – olhei para o meu irmão e ele me lançou um sorriso
debochado – E te levo de volta para o seu apartamento no final da festa.
— Obrigada, Dylan – agradeceu com um sorriso sincero.
Após o jantar, nós conversamos mais um pouco e eu percebi que a minha família gostou
da Aurora, principalmente a minha mãe. Ela está radiante e encantada com a minha secretária.
O que essa mulher tem que conquista todo mundo?
— Vamos embora, Aurora? – a chamei. – Já está ficando tarde e amanhã precisamos ir
trabalhar.
— Ah não – minha mãe falou. – Queria que ficassem mais um pouco – comentou
entristecida.
— Sábado nós nos veremos novamente. Prometo que venho para a sua festa – Aurora
afirmou.
— Tudo bem então – abriu um sorriso. – Obrigada por ter vindo Aurora, amei te receber
aqui em minha casa – a abraçou.
— Eu que tenho que agradecer. Obrigada por tudo, vocês foram maravilhosos comigo e
fizeram eu me sentir acolhida.
— Volte quando quiser, mocinha – meu pai se despediu.
— Obrigada – ela deu um sorriso agradecido.
— Faço das palavras do meu pai, as minhas – revirei os olhos para o meu irmão. – Foi
muito bom te ter aqui e volte sempre – beijou o dorso da mão da minha secretária. – Sobre a
sorveteria... O convite ainda está de pé.
— Obrigada... Nós podemos mar...
— Vamos – não deixei ela concluir e a guiei para fora da casa.
O Ethan é um verdadeiro idiota.


Deixei a Aurora em seu apartamento e fui para o meu.
Tomei um banho relaxante e ao terminar, eu me deitei em minha cama mesmo não
sentindo uma migalha de sono.
A minha mente insistia em continuar pensando na minha dinamite e em como as coisas
serão daqui para frente. A Aurora chegou virando a minha vida de cabeça para baixo. A sua
presença fez com que eu quebrasse a porra da “regra das secretárias” e ainda está fazendo com
que eu me esqueça de uma promessa que fiz há um tempo.
Depois da Nicole, eu prometi que nunca mais me apaixonaria, prometi que seria apenas
sexo e foi assim até a Aurora aparecer. Eu nunca quis tanto uma mulher e nunca fui tão
ciumento. Isso me assusta pra caralho.
Não posso dizer que estou completamente apaixonado pela minha secretária, mas se isso
continuar é bem provável que eu fique.
Não entendo a minha cabeça. Apesar de estar ciente de todos os riscos, eu não consigo
pensar na possibilidade de não poder tocá-la novamente.


Acordei no dia seguinte e segui a minha rotina matinal. Fui até a academia para cuidar do
corpo que deixa as mulheres loucas – só digo verdades. – Ao retornar para o meu apartamento,
tomei um banho e a Jenna já havia preparado o meu café da manhã. Resolvi que iria sair para
trabalhar um pouco mais tarde, por volta das 9 horas – essas são as vantagens de ser o chefe.
Ouço a porta do meu apartamento se abrindo.
— BOM DIA! – Theo e Hanna gritam ao mesmo tempo.
— Ah não! – me joguei no sofá de olhos fechados. – Preciso trocar a fechadura dessa
porta, urgente.
— Você é horrível, Dylan – Hanna disse rindo.
— Theo... Você não deveria estar na empresa trabalhando?
— Você também deveria – meu amigo é um grande babaca.
— Sim, mas eu sou o chefe. Esqueceu?
— Idiota – revirou os olhos e foi a minha vez de rir.
— Tudo bem. O que vocês vieram fazer aqui? – fui direto.
— Eu precisava falar com vocês sobre a festa que faremos na boate – Hanna começou. –
Liguei na empresa e a sua secretária disse que você não havia chegado ainda, então liguei para o
Theo e viemos aqui.
— E o que você quer conversar sobre a festa? – Theo indagou.
— A festa já está toda estruturada – ela foi rápida. – Eu só queria confirmar a data com
vocês.
— Poderia ter confirmado por telefone – reclamei.
— Ah, eu queria me reunir com os meus amigos – disse encolhendo os ombros.
— E quando será a festa? – Theo questionou.
— Daqui a 15 dias – comunicou entusiasmada. – O que acharam?
— Por mim tudo bem – concordei.
— Está ótimo – Theo também concordou. – Será que se eu chamar a Aurora para ir, ela
vai comigo? – o encarei com seriedade.
Ela não pode estar falando sério.
— A secretária do Dy?
— Sim – o ridículo confirmou.
— Acho que você deveria cham...
— Ela vai comigo, eu irei chamá-la – interrompi a minha amiga.
— Ah, Dylan! – Theo resmungou.
— Bom, já que está tudo decidido, vou trabalhar, são quase 10 da manhã – encerrei esse
assunto.
— Eu vou também. Quero ficar um pouco com vocês e estou entediada – Hanna se
convidou.
— Tudo bem – concordei.


Ao chegarmos à empresa, a minha secretária me aguardava em sua cadeira, ela vestia um
vestido justo da minha cor preferida.
— Bom dia, Sr. Foster – acenou com a cabeça.
— Bom dia, Srta. Duarte – dei um pequeno sorriso.
— Bom dia, Sr. Smith.
— Bom dia, Srta. Duarte – pegou a mão dela. – A senhorita está encantadora.
Cafajeste.
— Obrigada – sorriu e olhou pra Hanna. – Bom dia, Srta...?
— Hanna... Hanna Davis – Hanna estendeu a mão.
— Bom dia, Srta. Davis – Aurora a cumprimentou com um aperto de mão.
— Bom dia – Hanna ergueu o canto dos lábios.
— Sr. Foster, às 14 horas nós teremos uma reunião.
— Tudo bem Aur... Srta. Duarte. Pode voltar ao trabalho, qualquer coisa eu te chamo –
Aurora assentiu e foi para a sua mesa.
Ao entrarmos na minha sala eu notei que havia um silêncio incomum e ensurdecedor.
— O que foi? – iniciei a conversa com os meus amigos.
— Nada – Theo falou tentando conter o riso.
— Algum problema, Hanna? – questionei.
— Você está transando com ela, não está? – direta.
— Eu já falei que transei com ela – respondi cinicamente.
— Eu sei que você transou com ela, no passado – me encarou. – Mas agora eu perguntei
se você está transando com ela, no presente – é um bom ponto.
Fiquei calado.
— Responde, Dylan – porra, eu vou expulsar o Theo daqui.
— Ok. Nós transamos novamente – estou parecendo uma criança que está recebendo uma
bronca dos pais.
— Espera – Hanna se lembrou de alguma coisa. – Essa é a moça que você foi “resgatar”
na boate? – perguntou fazendo aspas com os dedos.
— É a própria – o meu amigo é um traíra.
— Foi por isso que você foi pra cima daquele rapaz... Meu Deus, Dylan por que você não
me contou?
— Eu não queria te preocupar – me senti culpado.
— Dy, eu te entendo. Ela é linda, aparenta ser simpática e pelo que eu vi na boate, ela
também é divertida, mas, por favor, toma cuidado – pediu preocupada. – Você sabe que sempre
irei te apoiar e eu realmente senti que ela é uma boa pessoa, mas não quero ver o meu amigo
sofrer.
— Obrigada pela preocupação – agradeci. – Parece que todo mundo gosta da Aurora –
me arrependi de ter dito isso.
— Por que está falando isso? – Theo me questionou.
— Meus pais a conheceram – falei logo, eles ficariam sabendo de qualquer maneira. –
Ontem a minha mãe a convidou para jantar e ela foi – respirei fundo. – Minha mãe sabe que a
Aurora veio do Brasil e quer que ela se sinta acolhida.
— Caramba Dylan, você está fodido – meu amigo riu da situação.
— Eu sei – massageei as têmporas. – E para piorar, a minha mãe a chamou para o seu
aniversário no sábado – Theo gargalhou.
— Ela vai? – Hanna indagou.
— Sim, ela vai com uma amiga.
— Amiga? – Theo perguntou animado.
— É Theo, uma amiga.
Enquanto a conversa rolava, a Hanna observava pensativa.
— Hanna, tudo bem?
— Estou bem, mas quero conhecer a Aurora melhor e essa festa vai me ajudar nessa
tarefa.
Ferrou.
19 AURORA DUARTE
Após o jantar, Dylan me deixou em meu apartamento e foi um cavalheiro – sim, ele sabe
ser cavalheiro. – Ao entrar no meu apartamento, a Dora estava na sala me esperando e aproveitei
para contar todos os detalhes da noite, inclusive sobre a festa na piscina. A minha amiga ficou
muito feliz por ter sido convidada.
No dia seguinte, ao iniciar meu expediente, recebi um telefonema do meu chefe
informando que chegaria um pouco mais tarde e pediu pra eu responder alguns e-mails. Fiquei
me questionando sobre o que poderia ter ocorrido, mas decidi deixar isso de lado, não quis
parecer intrometida.
Iniciei o meu trabalho respondendo os e-mails que o Sr. Foster solicitou e ao terminar
essa tarefa, comecei a preparar os documentos para a reunião que teremos nessa tarde. Nessa
reunião, o meu chefe e os investidores irão discutir sobre o progresso da reforma do Resort
Foster.
A reforma do resort começou e estou impressionada com o comprometimento da equipe,
agora eu entendo por que o Grupo Foster é um sucesso. Além de ter um CEO inteligente e
engenhoso, o grupo conta com um grande número de pessoas que trabalham duro e torcem para
que a empresa permaneça no topo.
Pouco tempo depois, ouço o barulho que avisa que alguém chegou ao andar. A porta do
elevador se abre e dele saí o meu chefe, o Sr. Smith e a garota do bar.
Ao observá-los, me lembrei da conversa que tive com a Emma e pensei na possibilidade
dessa moça ser a Nicole, mas a descartei quando ela se apresentou. Nesse momento eu fiquei
aliviada e soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo.
O trio entrou na sala do Dylan e me dei conta de que as chances dela ser outra Emma na
vida dele são altas e devido à péssima reputação que o meu chefe carrega, eu não duvido.
Ah não. Duas é demais.
Aproximadamente uma hora depois, os três saíram da sala e os dois homens esperaram o
elevador junto com a Srta. Davis. Eles parecem próximos.
— Até mais, Dy. Te vejo em breve – se despediu dando um abraço apertado no meu
chefe.
Dy?
— Tchau, Hanna – retribuiu o abraça lhe dando um beijo carinhoso no rosto.
Em seguida ela abraçou o Sr. Smith e foi embora.
— Srta. Duarte – ouço o meu nome e vejo Dylan vindo em minha direção. – Já está com
a pauta da reunião?
— Sim, Sr. Foster – me levantei e entreguei a pauta pro meu chefe gostoso.
— Obrigado – me olhou de cima para baixo. – A propósito... Você está uma delícia com
esse vestido preto.
— Não fala essas coisas aqui – olhei para os lados para verificar se tinha alguém por
perto.
Olhei para a mesa da Kim e não a encontrei. O Sr. Smith também não estava por perto.
— O que foi? Só estou elogiando a gostosa da minha secretária – deu um sorriso
cafajeste.
Eu poderia gozar apenas vendo esse sorriso.
— Você não tem jeito, Sr. Foster – falei utilizando o meu tom profissional. – Mas muito
obrigada, prometo que vou continuar vindo “uma delícia”, para você – provoquei. – E para todos
que quiserem olhar.
Sou uma filha da puta mesmo. O desejo que tenho de provocá-lo é mais forte do que eu.
Adoro ser castigada por esse marrentinho gostoso.
— Não me provoque, Srta. Duarte – chamou a minha atenção. – Você está precisando de
um castigo mais severo – ergui o canto dos lábios.
Olha aí. O castigo vem.
Ouço o som do elevador se abrindo e vejo que a víbora está se aproximando.
— Bom dia, Sr. Foster – Emma chegou com um sorriso perverso.
— Bom dia – respondeu friamente.
Como ela fingiu que não me viu, precisei lembrá-la da minha presença.
— Bom dia, Emma – falei bem cínica.
— Bom dia, Aurora – riu sem graça. – Sr. Foster, podemos conversar em particular? –
meu chefe assentiu.
— Srta. Duarte, prepare a sala de reuniões quando você voltar do seu horário de almoço,
tudo bem?
— Claro, Sr. Foster – sorri e eles saíram.


Uma hora depois o meu intervalo chegou e eu pude ir matar o que estava me matando.
Ficar com fome me estressa.
No caminho do refeitório, acabei encontrando o Jake e ele me convidou para almoçar em
um restaurante que tem perto da empresa.
Entramos no restaurante e pedi uma comidinha simples: bife com batata frita e uma
salada para equilibrar. Até porque, equilíbrio é tudo – o que eu não tenho.
— O que você está achando do trabalho? O Sr. Foster é um bom chefe?
— No início foi difícil, mas agora está tranquilo, ele é um chefe bem rígido.
— Imagino... Por mais que o Sr. Foster também seja o meu chefe, eu adoro o fato de não
trabalhar no mesmo setor que ele. Deve ser angustiante trabalhar diretamente com o chefão, você
é uma guerreira – disse sorrindo. – As secretárias anteriores diziam que ele é insuportável.
— Acho que ele é um chefe normal e já me acostumei – até demais não é mesmo
senhorita Aurora? – Em uma empresa de grande porte como o Grupo Foster, é fundamental que
o chefe seja exigente.
Não estou o defendendo, eu realmente acredito nisso.
— Você tem razão – concordou.
Nossos pratos chegaram e o almoço foi muito agradável, o Jake é uma excelente
companhia. Voltamos para a empresa rindo de algumas besteiras e vi o meu chefe nos
observando parado na recepção.
— O chefão está nos olhando – Jake me avisou enquanto nos dirigíamos até o elevador.
— É – falei sem jeito.
Assim que o elevador chegou nós entramos e quando a porta estava se fechando eu vi
uma mão impedir – uma mão que eu conhecia bem
— Boa tarde – Dylan nos cumprimentou e se posicionou ao meu lado.
Fiquei no meio de dois homens bonitos... Que paraíso.
Cria vergonha na cara Aurora.
— Boa tarde, Sr. Foster – Jake o cumprimentou educadamente.
— Boa tarde – cumprimentou de volta.
— Boa tarde, Sr. Foster – falei.
— Boa tarde – parou de falar por um segundo. – Como foi o almoço, Srta. Duarte?
— Foi muito bom, o Jake me levou para comer em um restaurante que tem aqui perto,
gostei bastante da comida – Jake riu para mim.
— Interessante – Dylan falou enquanto me olhava fixamente. – Imagino que tenha
gostado, você adora comer.
— Isso é verdade, dá até gosto de observar a Aurora comendo – Jake falou me fazendo
rir.
— Podem parar de comentar sobre o tanto que eu como? – brinquei. – Obrigada.
— Como quiser minha novata favorita – meu amigo falou carinhoso.
— Ela não é mais novata – esse homem não cansa de ser inconveniente.
— É uma piada interna, Sr. Foster – digo bufando.
— Entendi – falou inexpressivo.
O andar do meu amigo chegou e ele se despediu de nós.
— Bom trabalho para vocês – se despediu e Dylan acenou com a cabeça.
— Obrigada e bom trabalho para você também – digo lhe dando um abraço.
— Vocês são bem próximos – meu marrentinho falou.
— Nós somos amigos, ele foi uma das primeiras pessoas que me aproximei quando
comecei a trabalhar aqui... Fora a Kim, claro.
— Ele não quer ser apenas o seu amigo, Aurora.
— E? Ele sabe que entre nós não haverá mais nada.
— Como assim? Já houve algo entre vocês?
Merda!
— Sim, mas isso não vem ao caso – e não vem mesmo, foi apenas um beijinho.
— Sei – fechou a cara. – Se você quiser eu posso te levar para conhecer outros
restaurantes.
— Dylan... Você sabe que eu não quero que as pessoas nos vejam juntos andando para
cima e para baixo, principalmente quando não estamos em horário de trabalho.
— Por que isso, Aurora? – questionou sentido.
— Você sabe o porquê – me olhou impaciente. – E outra coisa... A naja me enquadrou no
elevador, ou seja, já estão suspeitando – fiz a observação.
— Naja? – levantou uma sobrancelha.
— A Emma-chupadora-de-pau – o seu semblante impaciente desapareceu e ele rompeu
em uma gargalhada.
— Aurora, você inventa cada apelido.
— Não tem graça, aquele dia foi traumatizante – ri também.
— Desculpa por isso – parou de rir. – Mas o que ela falou?
— Veio me alertar sobre você... A coitada está muito preocupada comigo – zombei. –
Algumas coisas eu já sabia, então nem vale a pena comentar.
— O que você sabia, Aurora?
Chegamos no nosso andar e corri para a minha mesa. Eu não queria conversar sobre esse
assunto naquele instante.
— Depois você vai me explicar isso direitinho, Srta. Duarte – falou.
— Claro, Sr. Foster – confirmei. – Agora vou organizar a sala para a reunião... Até daqui
a pouco – saí das suas vistas apressada.


Deixei a sala de reuniões impecável para receber o meu chefe e os investidores. A mesa é
enorme e o meu chefe sempre se senta na ponta, assim ele consegue ter uma visão ampla de
todos.
Coloquei água, sucos, café e alguns petiscos a disposição dos convidados.
Aos poucos todos chegaram e foram se acomodando em seus assentos. Fui chamar o meu
chefe e a sala que antes estava barulhenta com vários homens conversando, ficou em silêncio.
Todos se calaram com a chegada do Dylan.
— Boa tarde, senhores – Dylan os cumprimentou olhando em volta.
— Boa tarde, Sr. Foster – todos responderam em uníssono.
— Sr. Foster, eu gostaria de agradecer em nome de todos os que estão aqui presentes pela
recepção – um senhor barrigudinho falou.
— Agradeçam a minha secretária, ela que organizou a sala – Dylan me encarou e se
sentou em sua cadeira.
— Obrigada, senhorita – o senhor me agradeceu com um sorriso de contentamento nos
lábios.
— Por nada, senhor – sorri.
— Vamos começar a reunião... Srta. Duarte, sente-se ao meu lado por gentileza, vou
precisar que você faça algumas anotações.
Peguei uma cadeira e me sentei ao lado do meu chefe, como ele pediu.
— Como todos sabem, a reforma do Resort Foster foi iniciada e está tendo um avanço
significante. Contratei as melhores equipes com o intuito de receber o resort o mais rápido
possível – Dylan declarou.
— Estamos impressionados com a agilidade dos trabalhadores. Todos estão focados e por
esse motivo eu acredito que a reforma será finalizada antes do previsto – um rapaz jovem
comentou.
Dylan deixou uma caneta cair embaixo da mesa e se abaixou para pegar. De repente eu
senti uma mão subindo e trazendo o meu vestido para cima de maneira discreta.
Como o vestido era um pouco mais curto, não demorou muito para a mão do meu chefe
cretino chegar na minha calcinha – nesse momento meus amigos, eu já estava totalmente
molhada. – O meu corpo travou e o meu coração começou a bombear mais rápido.
Olhei para o sem-vergonha e ele estava sereno, conversava sobre negócios como se nada
estivesse acontecendo. Sua mão acariciou o meu sexo por cima da calcinha e meu corpo
começou a ficar inquieto. Senti a necessidade de cruzar as pernas, mas o cafajeste me impediu.
A sua mão afastou a minha calcinha para o lado e pude sentir os seus dedos passeando
pela minha pele. Me entreguei para o tesão avassalador que tomou conta do meu corpo e tentei
abrir as pernas para facilitar o seu acesso, mas um gemido baixo escapou dos meus lábios.
— Algum problema, Srta. Duarte? – o cretino me perguntou com um sorriso discreto.
— Nenhum – falei com um fio de voz.
Seus dedos exploravam a minha intimidade espalhando toda a minha lubrificação. Dylan
encontrou o meu clítoris e o seu dedo fazia leves movimentos circulares no meu ponto de prazer.
Estava quente, muito quente.
— Você está bem, senhorita? – o rapaz jovem me perguntou e eu ri de nervoso.
— Sim, só estou com um pouco de calor – tentei disfarçar.
— O calor vai piorar, Srta. Duarte – o cretino falou enquanto brincava com o meu
clítoris. – Estamos no verão.
Ah, mas esse calor vai piorar mesmo, estou sentindo.
— Uhum... – resmunguei.
A reunião continuou e senti o meu chefe mergulhando um dedo dentro de mim – como
ele consegue fazer isso sem ninguém perceber? – Seu dedo entrava e saía lentamente e a minha
boceta o apertava com força.
Dylan retirou o dedo e voltou a massagear o meu clítoris inchado. Eram movimentos
precisos, ele sabia o que estava fazendo e usei todo o meu autocontrole para não gritar quando
ele começou a esfregar a minha intimidade com maestria.
Senti o meu ventre se contrair, o orgasmo estava vindo forte e meu corpo pegava fogo.
Ao notar que eu estava prestes a gozar em seus dedos, os seus movimentos cessaram e ele se
retirou.
Sim meus queridos... Ele simplesmente tirou a mão de baixo da minha saia e seguiu com
a reunião. Esse era o meu castigo?... Se for, eu retiro tudo o que eu disse sobre gostar de ser
castigada por ele.


A reunião finalmente acabou e tudo o que eu queria era sair daquela sala e jogar uma
água no meu rosto.
Todos saíram da sala e no momento que eu estava me retirando, ouço a voz autoritária do
meu chefe cretino.
— Srta. Duarte?
— O quê? – falei brava e ele riu.
— Gostou? – deu o sorriso canalha que eu adoro.
— Sr. Foster, eu odiei – digo séria. – Juro que quero enfiar esse seu rostinho bonito entre
as minhas pernas e só tirar depois que eu gozar na sua boca.
Dylan gargalhou e a minha vontade era de voar no pescoço dele.
— Espero que você tenha aprendido dessa vez, Srta. Duarte – piscou para mim. – Senão
eu terei que te castigar novamente – sussurrou no meu ouvido e senti um arrepio percorrer pelo
meu corpo.
— Cretino – resmunguei. – Agora com licença, preciso ir ao banheiro para jogar uma
água no meu rosto – ele riu e eu decidi provocar. – Vou aproveitar para procurar algum contato
que possa terminar o que você não terminou – pisquei de volta e virei as costas.
— Aurora... – não respondi e saí da sala.
Ah, Sr. Foster, eu também sei brincar.
20 DYLAN FOSTER
Senti o meu pau pulsando dentro da cueca enquanto eu masturbava a minha pequena
dinamite. Só de me lembrar das reações do seu corpo, eu fico duro novamente.
Espero que ela não tenha falado sério quando disse que iria procurar alguém para
terminar o que eu não terminei. Essa mulher sabe como me deixar maluco.
Após o horário do almoço, ela estava com aquele rapaz, o Jake. Como sou curioso e
intrometido – segundo a minha dinamite – resolvi procurar saber mais sobre ele. O rapaz é um
funcionário exemplar, mas ele tem um defeito: está de olho na minha Aurora.
Saber que os dois já tiveram algo me deixou incomodado e tenho total conhecimento de
que estou sendo um hipócrita do caralho. Eu já fodi várias funcionárias, mas não consigo
controlar o meu ciúmes quando se trata da Aurora.
Mais cedo a Emma veio até a minha sala para perguntar se poderia sair mais cedo hoje –
será que ela não sabe mais usar o telefone? – Era só ligar e me pedir uma autorização.
No fundo eu sei o que ela quer, faz um bom tempo que não a procuro.


Finalmente o horário de trabalho chegou ao fim e eu fui atrás da minha secretária. Ela
acha que eu me esqueci da conversa que deixamos pendente.
— Já está indo, Srta. Duarte? – a encontrei esperando o elevador.
— Sim – mal me olhou.
Magnífico, ela ainda está com raiva pelo castigo que lhe dei mais cedo.
— Ah, Aurora... Vamos deixar o passado para trás – falei descontraído e ela estreitou os
olhos.
— Você é um idiota, Sr. Foster – tentou não rir.
— Eu sei, você sempre me lembra disso – rimos juntos. – Precisamos conversar.
— É sobre aquele assunto? – esperta.
— Exato. Podemos ir jantar, o que acha?
— Claro – nunca nega comida.
Fomos para o carro e o entrarmos, eu já liguei o som – virou um hábito para mim. – A
Aurora sorriu quando viu a minha atitude e como não perde tempo, colocou a sua playlist para
tocar.
— Essa música é diferente. A voz da cantora é profunda, dá para perceber que ela se
entrega e sente a música – falei enquanto dirigia. – Quem canta?
— O nome da música é “When the party's over” e quem canta é a Billie Eilish. As
músicas dela são cantadas com muita entrega e nós conseguimos captar todas as suas emoções.
Ela é uma verdadeira artista – diz encantada.
Tem um trecho que diz: Don’t you know I’m no good for you? (Você não sabe que não
sou boa pra você?).
Nesse momento eu olhei pra Aurora e senti um aperto no meu coração. Eu não sou bom
pra essa mulher.
— É muito boa – falei. – Você está fazendo com que eu goste de música.
— Isso é bom – riu.
— Sim, é muito bom – lhe lancei uma olhada rápida e vi que tinha um sorriso genuíno
em seus lábios.
Chegamos no restaurante e a Aurora elogiou o lugar. Nos sentamos e o garçom veio
trazer o cardápio. Enquanto esperamos a comida chegar, resolvi que era a hora de começar a
conversa.
— Então Aurora, o que a Emma te falou no elevador e o que você já sabia?
— Já que você quer ter essa conversa, vamos lá – respirou. – Se lembra daquele dia que
você me proporcionou um orgasmo maravilhoso dentro do elevador? – assenti e dei um sorriso
convencido. – Pode tirar esse sorrisinho do seu rosto – ordenou. – A cascavel me garantiu que foi
você que parou a caixa de metal e segundo ela, “esse truque é velho” – fez aspas com os dedos. –
A megera ainda teve a coragem de dizer que vocês costumavam se divertir lá dentro.
— Não vou negar, eu e ela já tivemos momentos no elevador, mas não foi nada
comparado ao que nós dois tivemos.
— Isso não é da minha conta – que insensível.
— Me desculpa por isso – falei envergonhado. – Ela falou mais alguma coisa?
— Dylan, não precisamos conti...
— Conta, Aurora.
— Ok... Ela falou que eu posso até ter sido a primeira secretária que você comeu, mas
que o meu final será igual ao das outras.
Filha da puta.
— Aurora...
— Não se preocupe – segurou a minha mão. – Eu sei que isso que nós temos é apenas
sexo. Não crio expectativas, Dylan, sei onde é o meu devido lugar – não gostei de ouvir isso. – E
não precisa se desculpar pelas provocações dos outros.
— Eu sei, mas me sinto mal por você ter que ouvir essas coisas... Eu não sou santo,
transei com muitas funcionárias da empresa e algumas podem ser bem inconvenientes.
— É o caso da Emma-serpente-venenosa – rimos. – Vou te avisar logo, Sr. Foster – usou
o seu tom profissional. – Se aquela lacraia mexer comigo novamente, eu vou arrancar aquele
aplique da cabeça dela – gargalhamos.
— Não seja agressiva, Srta. Duarte – brinquei.
— Vou tentar, Sr. Foster – falou. – Vamos esquecer essa história?
— Sim – sorri. – Você está animada para o aniversário da minha mãe?
— Claro – deu um sorriso enorme. – E o calor está insuportável, a ideia da sua mãe de
fazer uma festa na piscina foi genial.
— Não sei, ainda acho que deveria ser algo mais íntimo.
— Deixa ela – defendeu a minha mãe. – Foi uma ótima ideia – deu de ombros.
— Tudo bem – concordei sorrindo.
Nosso jantar chegou e comemos em silêncio. Ao terminar, a Aurora pediu uma torta de
chocolate e começou a comer com muita vontade.
— Hummm – gemeu de satisfação e o meu pau deu sinal de vida.
— Está gostosa? – perguntei já sabendo a resposta.
— Sim... Abre a boca – com a sua colher, ela levou um pouco da sobremesa até a minha
boca. – Você tem que experimentar essa torta. Ela é simplesmente perfeita.
Abri a boca e comi a torta que ela me ofereceu. Essa atitude foi tão natural, parecíamos
um casal de namorados dividindo a sobremesa.
— Você tem razão, essa torta é perfeita – concordei com ela.
— Quer mais? – assenti e ela colocou mais um pouco na minha boca.
— É muito boa – elogiei mais uma vez.
Aurora continuou comendo a sua torta e eu fiquei admirando o canto dos seus lábios que
estavam sujos de cobertura de chocolate.
— Tem um pouquinho de cobertura aqui – não resisti e passei o dedo no canto dos seus
lábios.
Peguei o dedo que usei para limpá-la e o chupei.
— Obrigada – agradeceu enquanto me olhava profundamente.
— Disponha – pisquei.
Ao terminar a sua sobremesa nós saímos do restaurante e fui deixá-la em seu
apartamento.
— Obrigada pelo jantar, Dylan – agradeceu. – E obrigada por me deixar em casa.
— Obrigado você por ter aceitado o meu convite... Espero que possamos sair para jantar
mais vezes.
Por que eu falei uma coisa dessas?
— Uhum... Pode ser – deu um sorriso tímido.
— Ótimo então – sorri.
— Bom... Eu vou entrar, obrigada novamente e nos vemos amanhã. Boa noite, Dylan.
Eu queria me despedir com um beijo, mas acredito não faria sentido.
— Boa noite, Aurora – acenei.
Virei as costas para ir embora e saí sorrindo igual um idiota.


Acordei na manhã seguinte cheio de disposição. Eu estava feliz e nada poderia estragar o
meu dia. Me levantei, fiz a minha higiene pessoal e fui para a academia.
Após o treino eu tomei um banho para me livrar do suor.
— Bom dia, Sr. Foster – Jenna veio me cumprimentar. – Fiz o seu café da manhã. Posso
servir?
— Sim, Jenna, obrigado – sobre a mesa tinha ovos mexidos, suco e um sanduiche leve.
Tomei o meu café e fui me vestir. Coloquei o meu fiel terno preto. Calcei um sapato
lustroso da mesma cor do terno, alinhei o meu cabelo e para fechar com chave de ouro, peguei os
meus óculos escuros.


— Bom dia, senhoritas – entrei cumprimentando as moças da recepção.
— Bom dia, Sr. Foster – responderam juntas.
Entrei no elevador e ao chegar no meu andar, vi a minha bela secretária que se encontrava
perfeitamente arrumada.
A Aurora vestia uma saia justa na cor marsala, que se estendia um pouco acima dos
joelhos e uma blusa branca. Por cima da blusa ela usava um blazer da mesma cor da saia. Os
seus pés estavam calçados com um scarpin branco de salto bloco e o cabelo estava com um
coque despojado.
— Bom dia, Sr. Foster, está tudo bem? – minha dinamite falou.
— Bom dia, Srta. Duarte – digo sorridente. – Estou incrivelmente bem e você?
— Estou bem – me olhava curiosa. – Podemos passar a sua agenda?
— Claro, vamos até a minha sala.
Chegamos em minha sala e a Aurora passou toda a minha agenda. Até que hoje não
teríamos tantos compromissos. Minha secretária é muito organizada e prática, geralmente ela
deixa muita coisa adiantada e eu gosto dessa agilidade. Isso é ótimo, porque não perdemos
tempo.
Como dizem: tempo é dinheiro.


As horas foram passando e quando me dei conta já eram 16 horas.
O dia estava maravilhoso. Aproveitei que o elevador estava vazio e roubei um beijo da
Aurora quando estávamos indo almoçar – não almoçamos juntos, infelizmente. – E na volta,
mesmo com outros funcionários presentes, eu não resisti e apertei a sua bunda dentro do
elevador.
Escuto a porta se abrir e vejo os meus amigos Theo e Hanna entrarem descaradamente.
— Boa tarde, Dy – Hanna falou.
— Boa tarde, Dylan – foi a vez do Theo me cumprimentar.
— Boa tarde, queridos amigos – os dois me olharam desconfiados. – O que foi?
— Nada – Hanna me olhava intrigada.
— Você está feliz demais. O que aconteceu? – Theo questionou.
— Nada – falei. – Querem alguma coisa? – fui direto.
— Aí está o Dylan chato que conhecemos – Hanna falou.
Revirei os olhos.
— Nada, viemos te ver – Theo falou e eu estreitei os olhos.
— Eu te vejo todos os dias aqui na empresa, Theo – ele riu.
— Mas eu não – Hanna disse. – Então deixa eu te visitar.
— Você pode vir quando quiser – dei um sorriso para a minha amiga.
Ouço o telefone que fica em cima da minha mesa tocar e atendo rapidamente.
— Alô – falei.
Silêncio.
— Se não responder eu vou desligar.
— Dylan – uma voz chorosa falou do outro lado da linha.
— Sim?
— Sou eu – quando essas duas palavras saíram eu senti o meu corpo travar e o meu
coração acelerar.
— Me responde, por favor – falou chorando e eu desliguei.
A minha mente queria se desligar e eu senti a necessidade de me esconder, precisava
encontrar um lugar seguro. O meu corpo começou a tremer e a minha boca estava ficando seca.
Já passou um bom tempo, por que ainda fico assim?
— Dylan? – alguém me chamou, mas não reconheci a voz.
— Dylan, respira, está tudo bem.
Minhas vistas embaçaram e uma tontura fazia tudo girar ao meu redor, me obrigando a
fechar os olhos com força.
Acontecia muita coisa ao mesmo tempo.
Senti que eu estava prestes a cair em um buraco. Ouvi vozes, mas não consegui
responder. Senti alguém me tocando, mas não consegui reagir. A escuridão queria me dominar –
eu tenho que me proteger.
Andei de um lado para o outro e me sentei encolhido em algum lugar que não soube
identificar – estou seguro, não tem como eu cair daqui.
— Dylan – alguém chorava. – Respira.
Hanna. Acho que é a minha amiga.
Respira Dylan.
— Volta irmão, nós estamos com você, nada vai acontecer. Está tudo bem – Theo?
Nada vai acontecer, está tudo bem.
Nada vai acontecer.
Está tudo bem.
— Vai ficar tudo bem, Dy... Estamos aqui – ouvi um soluço. – Nós te amamos.
Sim. Os meus amigos estão aqui e eles me amam.
Eu sou uma boa pessoa, tem quem me ame de verdade, não estou sozinho.
Abri os meus olhos devagar e fui voltando para a realidade. Não sei quanto tempo essa
crise durou, mas pela cara dos meus amigos, acredito que não tenha sido uma crise curta.
Já com os olhos totalmente abertos, me dei conta de que eu estava sentado encolhido no
chão, em um canto da sala. Os meus amigos logo vieram abraçar o meu corpo trêmulo e suado.
— Aconteceu de novo – afirmei com lágrimas nos olhos. – Por quanto tempo eu fiquei
assim?
— Aconteceu, mas agora está tudo bem – Theo disse me entregando um copo de água.
— Quase 15 minutos – Hanna hesitou, mas falou.
— Me desculpa – olhei pra ela. – Eu não queria ter feito você chorar.
Me levantei ainda desnorteado e me sentei no sofá tentando me recuperar do que havia
acabado de acontecer. Essa ligação fez eu me lembrar dos motivos pelos quais me isolei. Me
lembrei dos meus traumas e como algumas pessoas são cruéis ao ponto de destruírem as outras.
Porra, me lembrar desses motivos me deixou terrivelmente irritado.
— Não se desculpe – Hanna me confortou enquanto limpava as suas lágrimas. – Já
passou – me deu um abraço apertado.
Fazia tempo que eu não tinha uma crise assim – por que aquela maldita resolveu me
ligar?
Ouço uma batida na porta e a Aurora entra.
— Desculpa entrar assim, mas...
— Agora não, Srta. Duarte – falei firme.
— Mas...
— EU. DISSE. AGORA. NÃO – fui grosso e os seus olhos se arregalaram. Ela parecia
assustada com a minha reação.
Porra.
— Sinto muito. Com licença – falou e saiu logo em seguida.
Olhei para os meus amigos e eles não falaram nada, mas eu sabia o que estavam
pensando. Eu peguei pesado.
Me desculpa minha dinamite.
— Acho que é melhor você sair mais cedo – Theo sugeriu.
— Também acho – Hanna concordou.
— Preciso fazer algumas coisas aqui ainda.
— Nós ficamos aqui com você.
— Não precisa, Hanna – falei agradecido. – Eu gostaria de ficar sozinho.
— Tem certeza? – Theo questionou.
— Sim – dei um sorriso fraco. – Obrigado por estarem aqui e por me ajudarem.
— Não precisa agradecer. Somos melhores amigos, esqueceu? Sempre estaremos juntos
– Hanna afirmou.
— Falou tudo, Hanna – Theo concordou.
— Obrigado – eles assentiram e foram embora.
Acho que preciso voltar com a terapia.
E preciso me desculpar com a Aurora, fui muito grosso com ela.
21 AURORA DUARTE
Conversei com o Dylan na noite anterior, mas acabei não contando tudo o que a Emma
me falou. Deixei o assunto “Nicole” de lado, não achei que seria conveniente falar sobre a “única
mulher que tem espaço no coração” do meu chefe.
No dia seguinte, a minha manhã no trabalho foi tranquila e fluiu bem. Quando eu e o
Dylan estávamos no elevador, indo para o nosso horário de almoço, o cretino me roubou um
beijo. Foi um beijo quente e tivemos que usar todo o nosso autocontrole para não transar ali
mesmo.
Na volta do intervalo, o meu chefe resolveu me provocar. Aquele cafajeste apertou a
minha bunda dentro do elevador.
“Ah Aurora, qual é o problema?” – O problema é que nós não estávamos sozinhos,
tinham outros funcionários presentes.
Na parte da tarde, vi o Sr. Smith e a Srta. Davis chegando. Os dois me cumprimentaram e
entraram na sala do meu chefe. O trio ficou um bom tempo lá dentro e como eu não queria
incomodá-los, evitei passar ligações para a sala do Dylan.
Mas uma ligação específica fez com que eu precisasse atrapalhar a conversa dos três. O
telefonema veio da equipe que estava realizando a reforma do Resort Foster. Um funcionário que
trabalha na obra acabou se acidentando e eu precisava avisar ao Sr. Foster sobre esse ocorrido.
Com um certo receio, fui até a sala e entrei sem esperar a resposta do meu chefe – ok, foi
errado, mas era algo sério. – Ao entrar eu me deparei com uma cena estranha e o Dylan foi
grosseiro comigo. A minha vontade foi de dar dois tapas na cara dele e xingar todas as gerações
desse ignorante, mas me segurei e me retirei – ou me retirei por medo?
Saí da sala do meu chefe sentindo o meu corpo trêmulo, ver um homem gritando comigo
faz com que eu me lembre do meu pai e principalmente do meu irmão. Certamente, o Dylan não
é como os dois, mas infelizmente, a forma como ele falou trouxe à tona lembranças dessas
pessoas que eu preferiria esquecer para sempre.
O meu irmão mais novo, além de ser grosso, ele me fazia de saco de pancadas. Acho que
deve ter aprendido com a minha madrasta, ela me batia na frente dele.
Se eu ousasse bater nele de volta, a Ester vinha com tudo pra cima de mim e ainda me
castigava. Então, para não apanhar duas vezes eu parei de revidar.
Conforme fui crescendo, fiquei mais atrevida e passei a respondê-los, isso fez com que o
meu irmão começasse a me bater com mais frequência. Durante esses momentos de terror, o meu
corpo tremia de medo e por mais que eu tentasse segurar as minhas lágrimas, elas insistiam em
cair. Eu me odiava por isso, não queria parecer fraca.
Com o tempo, entendi que nunca serei forte o tempo inteiro, até porque eu continuo
sendo um ser humano, não sou um ser inabalável.
Já o meu pai, ele nunca levantou a mão para mim. A sua forme de me ferir era utilizando
palavras e ainda fazia questão de me acusar de ter matado a minha mãe.
Passei por muita coisa, mas mesmo diante de todas as humilhações e independente das
consequências, eu não me curvei.
Vi a porta da sala do meu chefe se abrindo e Dylan saiu.
— Aurora... – veio caminhando em minha direção. – Me desculpa.
— Não quero falar sobre isso – soei ignorante.
— O que você queria falar quando foi até a minha sala? – falou cauteloso.
— Um funcionário se acidentou na reforma resort, eu fui te informar sobre isso.
— Obrigado por avisar. Vou resolver isso.
Apenas assenti.
— Estou indo embora – seu olhar era de puro arrependimento. – Se você quiser pode ir
também, acabamos por hoje.
— Ok. Obrigada.
Dylan acenou com a cabeça e foi embora.


Saí do trabalho e passei no mercado para comprar os ingredientes do jantar que decidi
preparar. Eu estava com vontade de comer estrogonofe de frango com arroz branco e batata frita.
A Dora ama esse prato.
Algumas horas depois, ouço o barulho da porta se abrindo.
— Aurora! – Dora veio correndo me abraçar.
— Que animação – a abracei de volta.
— Estava com saudades – carente.
— Nos vemos todos os dias, Dora – ergui as sobrancelhas.
— Não importa – deu de ombros. – Que cheiro é esse?
– Adivinha? – cruzei os braços e dei um sorriso desafiador.
— MENTIRA – deu pulinhos. – Você fez estrogonofe de frango?
Confirmei com a cabeça.
— Caramba, parece que você leu a minha mente – rimos.
— Vai lavar as mãos e vamos jantar.
Terminamos de comer e o meu celular começou a tocar.
— Sim? – atendi.
— Oi Aurora, sou eu, a Diana – a mãe do Dylan. – Pedi o seu número pro meu filho.
— Oi, Diana, no que eu posso te ajudar?
— Vim te informar sobre a minha festa – falou entusiasmada.
— Sim, pode falar – sorri da sua agitação.
— Esqueci de te falar o horário... Vai começar 1 hora da tarde.
É um bom horário, já que será uma festa na piscina, precisamos de muito sol.
— Tudo bem, obrigada por avisar! Não vejo a hora de rever a senhora.
— Nada de senhora – riu – Senhora está no céu – gargalhamos juntas.
Dora me pediu para agradecê-la pelo convite.
— Tudo bem, nada de senhora então... A minha amiga Dora está te agradecendo pelo
convite.
— Foi um prazer convidar as duas – falou com carinho. – Bom, eu só te liguei para te
comunicar sobre o horário da festa. Nos vemos no sábado.
— Até lá – nos despedimos e eu desliguei.


A semana foi passando e o clima com o Dylan continuava estranho, não conversamos
mais sobre a sua atitude desagradável e a nossa relação ficou no profissional, como deve ser.
Logo chegou o final de semana e eu fiquei com receio de ir à festa da mãe do Dylan, mas
a festa é dela e eu prometi que iria. Acordei por volta das 10 horas, já que era sábado, eu podia
me dar ao luxo de acordar um pouco mais tarde.
Me levantei, fiz a minha higiene e comecei a preparar o café da manhã. Ao concluir, fui
acordar a minha amiga preguiçosa para comermos juntas.
— Aurora, você não vai com esse maiô broxante – Dora falou quando estávamos nos
arrumando.
— Esse maiô é lindo – ele realmente era bonito.
— É, mas você tem que colocar essa bunda grande para jogo – que louca. – Vai que você
encontra o amor da sua vida nesse lugar – piscou.
— Não quero encontrar amor – ri. – Lá terá pessoas ricas, Dora, não sei se seria
conveniente ir com algo mais provocante. Confesso que estou um pouco envergonhada,
estaremos no meio dos ricaços – sorrimos da situação.
— E qual é o problema? O que é bonito tem que ser mostrado, Aurora – me olhou de
cima para baixo. – Eu já separei o meu biquíni bem pequeno.
— Meu Deus – falei rindo.
— Vamos, Aurora...
— Quer saber?... Vou colocar a minha bunda pra jogo – ela tem toda razão, não tenho
que ligar pra isso.
— Essa é a Aurora que eu conheço... Seu chefe vai ficar de queixo caído – pontuou.
Eu realmente não tinha pensado nisso.
— Não exagera – falei dando um sorriso perverso. – Agora vamos terminar de nos
arrumar, não quero chegar muito tarde.
— Nem muito cedo. Odeio chegar cedo demais nos lugares – eu também.
— Concordo – rimos.
Coloquei um biquíni verde água. Não tenho uma pele clara, então eu acho que essa cor
combina com o meu tom. A calcinha do meu biquíni é fio dental e tem amarração nas laterais. A
parte de cima é sem bojo e tem o modelo cortininha. Por cima do biquíni eu coloquei um vestido
leve e soltei o meu cabelo.
A Dora escolheu um biquíni fio dental vermelho, que ficou lindo na sua pele clara e
colocou um vestido leve por cima, ela também preferiu deixar o cabelo solto.
Terminamos de nos arrumar, pegamos a nossa bolsa e saímos. Resolvemos chamar um
motorista por aplicativo, porque queríamos beber e não daria para voltar dirigindo.
A Diana me mandou a localização então rapidamente chegamos em sua casa. A festa
estava com eu imaginei, bem tranquila. As pessoas conversavam, bebiam e comiam com
sofisticação, é bem diferente da loucura que eu estou acostumada.
No início, eu fiquei um pouco acuada, mas logo consegui relaxar. Sem perder tempo, a
Dora pegou um drink para nós duas e começamos a beber enquanto caminhávamos até a Diana.
— Boa tarde, querida – Diana veio me cumprimentar.
— Boa tarde, e feliz aniversário – a abracei e dei a lembrancinha que eu havia comprado.
Eu não sabia do que ela gostava e vamos combinar... A Diana deve ter quase tudo, então
dei para ela um colar com um pingente de coração.
Dentro do pingente tem uma pequena pedra que é conhecida como pedra de projeção.
Quando nos aproximamos da pedra e a olhamos como se estivéssemos olhando pelo olho mágico
de uma porta, nós conseguimos ver uma foto dentro dela. Nessa foto está Diana, Edward, Dylan
e o Ethan – peguei a foto no Instagram do Ethan. – Sei que para alguns isso pode ser brega, mas
percebi o quanto ela é apaixonada pela sua família, então acredito que é uma boa lembrancinha.
Após entregar o colar para a Diana, eu pedi pra ela olhar dentro da pedra de projeção.
— Aurora... – me abraçou quando viu a foto. – Muito obrigado, é o presente mais lindo
que eu já recebi – seus olhos brilhavam de alegria e as lágrimas começaram a cair.
— Não chore – limpei as suas lágrimas.
— Obrigada por isso.
— Por nada – sorri e puxei a Dora. – Bom... Essa é a famosa Dora.
— Olá, senhora – Dora a cumprimentou estendendo a mão.
— Nada de senhora – sorriu e puxou a Dora para um abraço. – Seja bem-vinda.
— Obrigada e feliz aniversário – disse lhe entregando um presente.
— Obrigada – Diana sorriu de volta. – Que pulseira linda... Obrigada querida – lhe deu
outro abraço.
— Por nada – a minha amiga a abraçou.
— A sua festa jovial ficou incrível, amei a decoração – comentei fascinada.
— Que bom que gostou – sorriu. – Queridas eu vou precisar me ausentar por um tempo,
mas fiquem à vontade. Dylan, Ethan e Edward estão por aí.
Diana se retirou e fomos passear pelo local, acabamos encontrando o Edward e o
cumprimentamos.
Ethan se aproximou e nos chamou para ficar com o seu grupo, nela tinha os seus amigos
e alguns primos. Acabamos nos enturmando muito rápido e começamos a conversar com os
rapazes.
Do nada vi o James e ele estava se aproximando.
A princípio eu achei estranho vê-lo na festa da mãe do Dylan, já que os dois não se dão
bem, mas me dei conta de que eles são da mesma família e o aniversário é da MÃE do meu
chefe, então eu creio que não tenha nada de estranho nisso.
Estávamos todos conversando e o James chegou perto do grupo. Senti que o Ethan não
gostou muito dessa aproximação, mas apenas ignorou a presença dele.
— Ei, você está aqui – James me cumprimentou com um abraço e um beijo no rosto.
— Sim – sorri. – A Diana me convidou.
— Ela deve gostar de você.
— Acredito que sim – falei e ele ergueu os lábios em um sorriso.
— Você está linda, Aurora – me elogiou.
— Obrigada – agradeci.
— Aurora, os rapazes estão nos chamando para ir pra piscina, vamos? – a minha amiga
disse se aproximando.
— Vamos sim... James, essa é a minha amiga Dora – os apresentei. – Dora esse é o
James, primo do meu chefe e do Ethan.
— É um prazer, senhorita – beijou o dorso da mão da minha amiga.
— O prazer é todo meu – Dora me encarou e deu uma risadinha.
Safada.
— Você quer ir conosco pra piscina? – ela perguntou pro James.
— Agora não, depois eu vou.
— Tudo bem... Vamos, Aurora?
— Sim – falei animada. – Até mais, James.
Ele assentiu e nós saímos para nos encontrar com os rapazes – é um mais gato do que o
outro, eu me senti no paraíso.
Ethan me deu um drink e bebi com calma. Vi que o DJ começou a tocar e a maluca da
Dora correu em sua direção. Consigo imaginar o que ela pediu para ele tocar – a safada quer é
rebolar a bunda quase nua.
Observei atentamente toda a área da piscina e os meus olhos se encontraram com o olhar
profundo do Dylan.
Quase caí pra trás quando o vi. A sua camisa estava totalmente aberta e isso deixou o seu
abdômen exposto – porra, por que ele tem que ser tão gostoso e tão exibido? – A minha vontade
era de ir lá fechar a camisa dele.
Relaxa Aurora, não seja surtada.
Avistei o Sr. Smith e a Srta. Davis ao lado do Dylan e também havia outra garota com
eles. A danada não parava de admirar o corpo do meu chefe cretino – não posso julgá-la.
Chegamos à piscina e resolvi provocá-lo – ok, não é legal, mas eu não resisto.
Tirei o meu vestido olhando fixamente pra ele e fiquei só de biquíni. Um sorriso cheio de
segundas intenções se formou nos meus lábios e isso foi o suficiente para fazer o meu querido
chefinho se engasgar com a bebida que estava tomando.
Ai, ai, que lindo dia.
Que sol incrível.
Hoje o dia promete.
22 DYLAN FOSTER
Contei para os meus pais sobre a ligação que recebi da Nicole e também falei sobre a
crise que tive. Como previ, os dois ficaram preocupados, mas os acalmei, não quero que eles
fiquem angustiados por minha causa. A Hanna e o Theo também ficaram sabendo do motivo da
minha crise e a preocupação no semblante dos dois era visível.
O resto da semana foi uma tortura, precisei ficar afastado da Aurora para tentar colocar a
minha cabeça no lugar. A maldita crise me deixou um pouco perturbado e o melhor a se fazer no
momento é manter as coisas como estão – só no profissional.
Caralho... Por que as coisas têm que ser tão difíceis?
O meu corpo grita quando ver a minha pequena, quero tocá-la, beijá-la, sentir o seu corpo
no meu e não poder fazer isso está me deixando aborrecido.
Na quinta-feira eu saí para beber e acabei conhecendo uma mulher. A minha vontade era
de foder essa desconhecida a noite toda, mas a minha mente não colaborou. É a Aurora que o
meu corpo deseja.


O final de semana chegou e eu não estava pronto para encontrá-la fora do ambiente de
trabalho. Para ser sincero, eu não sei se a Aurora vai mesmo para a festa da minha mãe, mas se
for, pretendo deixá-la em paz, não quero que ela se sinta desconfortável com a minha presença.
Como a festa será na piscina, resolvi vestir roupas mais leves. Coloquei uma bermuda
casual em um tom de bege claro, uma camisa preta de manga curta e deixei os botões dela
totalmente abertos. Nos pés, eu calcei um sapatênis estilo slip-on.
Ao terminar de me arrumar, peguei os meus óculos escuros e a chave do meu Mustang
GT 500 preto – é um belo carro.
Antes de dar partida no carro, coloquei uma playlist aleatória e começou a tocar uma
música que eu já havia escutado antes, o nome dela é: “Heat Waves”, da banda Glass Animals.
Ao ouvir essa música, me lembrei da minha pequena dinamite e do quanto estamos
afastados.
Tem um trecho da música que diz: You need somethin' I can never give (Você precisa
de algo que nunca poderei dar).
Eu acredito que estou me afastando da Aurora pelos motivos certos, sei que não sou o
que ela precisa e nunca poderei amá-la como ela merece.
Outro trecho diz: You'll be better off in someone new (Você vai estar melhor com um
novo alguém).
O pior é que mesmo sabendo que não sou o melhor pra ela, a minha mente e o meu corpo
traidor se recusam a entender. Além disso, imaginar a Aurora com “um novo alguém”, me irrita
pra caralho.

Consegui chegar cedo na casa dos meus pais e a Sra. Foster estava empolgada. A
decoração ficou bonita e jovem, do jeito que ela queria.
Não demorou muito para os convidados começarem a chegar e pouco tempo depois, vi os
meus amigos se aproximando. Junto com o Theo e a Hanna, vinha a Kate, ela é prima da minha
amiga.
— Olá, meu amigo – Theo falou. – Nos desculpe pela demora, primeiro fomos
cumprimentar a aniversariante.
— Tudo bem – falei. – Boa tarde, Hanna. Boa tarde, Kate – cumprimentei as moças.
— Boa tarde, Dy – Hanna me deu um abraço.
— Oi, Dylan – Kate falou com um sorriso safado nos lábios.
— Bom, espero que curtam a festa – digo para os meus amigos.
— Sua mãe é incrível, Dylan. O tema da festa está sensacional – Kate elogiou.
— Minha mãe é muito criativa.
Pegamos alguns drinks e enquanto conversávamos, vejo a Aurora entrando com a Dora.
Elas estavam lindas, mas a minha dinamite estava perfeita.
As duas cumprimentaram a aniversariante e vi que a minha mãe chorou quando a Aurora
lhe entregou uma pequena caixa. Confesso que fiquei curioso, mas não fui até elas, preferi me
manter distante.
— A sua secretária chegou – Theo falou. – E parece que a sua mãe gosta mesmo dela.
— Sim, também acho – Hanna caçoou.
— Quem é aquela moça? – Kate perguntou.
— É a secretária do Dylan – Hanna respondeu. – Foi com ela que ele quebrou a regra da
secretária – fofoqueira.
— Sério? – Kate arregalou os olhos e a Hanna confirmou com a cabeça.
— Parem de falar sobre a minha vida – resmunguei.
— Você desceu de nível, Dylan, já ficou com mulheres melhores do que ela – Kate
desdenhou.
Que merda é essa?
— A Aurora é muito bonita e parece ser simpática, além disso, a bunda dela é linda – a
Hanna piscou pra mim.
— Tenho que concordar, principalmente com a parte da bunda – Theo deu um sorriso
malicioso e eu quis quebrar os dentes dele.
— Vocês estão malucos – Kate continuou.
— Está com ciúmes? – Theo a questionou.
Fiquei com a Kate algumas vezes, mas não foi nada sério. Faz meses que não a procuro e
acho que ela não gostou disso.
— Claro que não – negou e Theo riu junto com a Hanna.
Continuei olhando pra Aurora “disfarçadamente” e vi que ela estava no grupo do Ethan.
Um dos amigos idiotas do meu irmão se aproximou e eles começaram a conversar.
— Boa tarde, Dylan – um amigo me cumprimentou oferecendo a mão.
— Boa tarde, Marco – apertei a sua mão.
Marco é italiano e é o CEO de uma empresa de veículos automotores. Ele abriu uma das
suas filiais aqui em Los Angeles e nos conhecemos na inauguração.
O convidei para conhecer a Focus e ele se tornou sócio, sempre que vem para Los
Angeles, a sua parada na boate é obrigatória. Estou até pensando em abrir uma boate na Itália,
mas isso é apenas uma possibilidade.
— Obrigado por ter vindo – agradeci.
— Obrigada pelo convite. Amanhã volto pra Itália então aproveitei para me despedir.
— Já volta amanhã? – ele assentiu. – Você vem para a festa na Focus, certo?
— Claro mio amico[7] – deu um sorriso quase imperceptível.
Esse homem raramente sorri, nunca vi alguém tão sério. Quem o observa, sente um
arrepio na espinha – com razão. – Tenho a sensação de que por trás da fachada de empresário,
tem algo mais complexo. O homem sempre anda cercado de seguranças armados, inclusive ELE
anda armado. É suspeito, mas nunca perguntei nada sobre isso.
— Vai ser ótimo – pisquei pro meu amigo.
Comecei a observar todo o local em busca da Aurora e a vi, mas também vi que o meu
primo James estava se aproximando dela.
Por que esse traste está aqui?
Ele a abraçou e ainda beijou a bochecha da minha dinamite.
— Algum problema? – Marco questionou.
— Não – engoli seco.
— Está olhando para aquela bella ragazza?[8] – olhou na direção que eu estava olhando.
— Sim, é a minha secretária.
— Já imagino, não precisa falar nada – está tão na cara assim? – Boa sorte, ela parece ter
um gênio forte – deu um tapinha no meu ombro em cumplicidade.
— Estou fodido – rimos.
— Muito fodido – deu um pequeno sorriso. – Vou dar uma circulada pela festa. Boa
sorte.
— Sorte é tudo o que eu preciso mesmo. Obrigado – sorri.
Voltei a conversar com os meus amigos, mas os meus olhos não saiam da Aurora. Vi que
ela estava conversando novamente com o amigo ridículo do meu irmão e todos estavam indo em
direção à piscina.
Será que a Aurora vai entrar?
Porra... É uma festa na piscina, é claro que ela vai entrar na água.
Continuei observando a atrevida e quase tive um infarto quando a vi tirando o vestido e
ficando apenas com um biquíni que lutava para conseguir tampar todas as suas partes íntimas.
Porra!
Se fosse em outras circunstâncias, eu teria adorado esse biquíni. Ele ficou lindo nela.
Olhei ao redor e vi que os babacas não paravam de olhar para a sua bunda – a bunda que
só eu deveria olhar. – Os homens babavam e eu estava quase morrendo do coração.
Tudo piorou quando a sem-vergonha me lançou um olhar e um sorriso safado. Dessa vez
eu quase morri engasgado com a bebida que estava tomando – ela quer me provocar e está
conseguindo.
Ouvi a minha mãe me chamando e a encarei. Ela percebeu que eu estava observando a
Aurora e com um enorme sorriso no rosto, me lançou uma piscadela como se estivesse falando:
olha o que você está perdendo, meu filho.
Puta que pariu.
A Sra. Foster sabe que eu estou em agonia e está adorando ver o meu desespero, ela me
conhece como ninguém.
A música começou a tocar e vi a Dora indo até o DJ. Implorei mentalmente para que ele
não tocasse aquele tipo de música que a Aurora dançou na boate.
— CARALHO – a Hanna gritou quando olhou pra Aurora. – Eu te entendo, Dylan... Eu
te entendo.
— Eu também te entendo – Theo concordou rindo.
A Kate permaneceu calada.
— Podem parar – tentei parecer indiferente.
— Te conhecemos, Dy, você está surtando por dentro – a Hanna debochou. – E eu não te
julgo, a mulher é um espetáculo – eu sei.
Passei a mão no meu cabelo tentando me manter em paz.
A Aurora entrou na piscina e vi um rapaz se aproximando dela, mas a Dora interveio e a
puxou para mantê-la ao seu lado.
Fico te devendo uma Dora.
Depois de um tempo dentro da água, as duas começaram a subir as escadas para sair da
piscina e os idiotas não perderam a chance de olhar pra bunda delas – ridículos.
— Respira, Dylan – Theo falou.
— Estou respirando... Qual é o problema de vocês?
O Theo e a Hanna deram de ombros e eu resolvi pegar outra bebida.
Quando retornei, os meus amigos continuavam conversando e de repente, ouço uma
batida começar a tocar.
É agora que eu infarto.
As duas amigas se levantaram e foram dançar, chamando a atenção dos convidados. Elas
estavam tão animadas que algumas pessoas foram acompanhá-las na dança.
Eu estava surtando.
— Preciso ser amiga dessa mulher... Tchau pra vocês – Hanna falou e foi dançar também.
— Essa Hanna é exagerada – sua prima comentou e parecia totalmente infeliz.
— Vou dançar também – Theo falou e simplesmente sumiu.
Que porra é essa?
Fiquei observando tudo de longe. A minha dinamite estava apenas de biquíni e rebolava a
bunda gostosa que os babacas não tiravam os olhos – eu queria arrancar os olhos de cada um
deles.
Olhei para o lado e o Marco me olhava, ele levantou a taça como se estivéssemos fazendo
um brinde à distância e tinha um sorriso discreto em seus lábios. Nunca vi esse homem sorri
tanto em apenas um dia.
Eu realmente estava na merda.
A Hanna e o Theo se juntaram e começaram a dançar. Em questão de segundos, a Aurora
e a Hanna se abraçaram e dançaram juntas, as duas pareciam amigas de infância.
Meu Deus, essa festa virou o quê? Cadê os ricos de nariz em pé que eu conheço?
Olha o que essa dupla fez com essa gente – é o efeito Aurora. – Claro que tinham
algumas pessoas que olhavam a cena com um certo desprezo – a Kate é uma delas – mas a
grande maioria estava se divertindo, inclusive a minha mãe.
Espera... A MINHA MÃE REBOLANDO A BUNDA?
O meu pai ria e se divertia da situação... Como assim?
O meu irmão dançava animado e vi o Theo dançando com a Dora.
— Parece que a festa saiu do controle, Dylan – Kate falou.
— É, parece que sim – digo olhando para a minha pequena.
— Vamos sair daqui? – me deu um sorriso cheio de maldade.
Não consegui responder, porque quando vi o James abraçando a Aurora por trás, não me
segurei. Saí andando o mais rápido que eu podia – o que eu estou fazendo? – Já cheguei
empurrando o canalha para tirá-lo de perto dela.
Juro que tentei manter a paz e a tranquilidade, mas quando se trata dessa pequena
criatura, eu não consigo me controlar, a Aurora ainda vai acabar comigo.
Peguei a minha dinamite e joguei o seu pequeno corpo sobre o meu ombro. Caminhei
com ela se debatendo e dando soquinhos nas minhas costas – se a intenção era me fazer sentir
dor, ela falhou miseravelmente.
— Me solta seu ogro – Aurora gritou e eu fiquei em silêncio.
— Deixa ela se divertir, meu filho – ouvi a minha mãe falando enquanto gargalhava.
Apenas continuei andando e como a Aurora não parava de se debater, dei dois tapinhas
na sua bunda gostosa. Ouvi várias risadas atrás de mim, mas não me importei, eu só queria
colocar a minha dinamite bem longe dos olhares lascivos dos homens pervertidos.
— Você é ignorante, desagradável, insuportável e arrogante – muito sutil. – Você
também é selvagem e deselegante.
Dei outro tapa em sua bunda e entrei pra dentro da casa principal. Fui direto pra uma sala
com ela pendurada no meu ombro. Entramos e fechei a porta.
— POR QUE VOCÊ É TÃO IRRITANTE? – gritou quando a coloquei no chão.
Não respondi.
— Vou voltar pra festa – tentou passar por mim, mas segurei a sua mão com delicadeza.
— QUAL É O SEU PROBLEMA? QUE MERDA DYLAN – gritou indignada.
— O MEU PROBLEMA É VOCÊ – falei mais alto do que eu deveria.
— EU NÃO FIZ NADA PRA VOCÊ.
— FEZ. VOCÊ FEZ – por que estamos gritando?
— O QUÊ? – me encarou e eu não sabia o que dizer. – FALA DYLAN. O QUE EU FIZ?
— Você invadiu a minha mente e tomou conta do meu corpo – sua expressão relaxou. –
Você me deixa louco Aurora.
Nossos corpos se chocaram colando as nossas bocas logo em seguida. Era um beijo de
saudade, um beijo bruto e ardente. Minha mão apalpou a sua bunda e a mão dela acariciou o meu
abdômen nu.
— Eu quase morri do coração quando vi você tirando o vestido e ficando apenas com
essa porra de biquíni minúsculo – ela gargalhou.
Tomei a sua boca novamente e enfiei a minha língua dentro dela, rapidamente ela me deu
passagem e nossas línguas se entrelaçavam. Aurora gemia entre os meus lábios e senti o meu pau
latejando.
Passei a minha mão por todo o seu corpo e desamarrei a parte de cima do seu biquíni,
esse movimento deixou os seus peitos descobertos e apertei o seu mamilo sensível.
Parei o nosso beijo e deixei a minha boca explorar cada parte desse corpo que eu tenho
um desejo insaciável. Desamarrei a parte de baixo do seu biquíni e ela ficou totalmente pelada.
Abocanhei o seu peito com necessidade, chupei, mordisquei e lambi um de cada vez.
Aurora gemia e arfava de prazer. Sua mão massageou o meu pau por cima da cueca.
— Eu sei que fui uma menina má, Sr. Foster – sorriu de um jeito safado. – Preciso me
desculpar por isso – segurou a minha mão e me sentou no sofá.
Minha pequena dinamite abaixou e começou a tirar o meu short.
Ela vai mesmo fazer isso?
— Agora eu vou enfiar o seu pau dentro da minha boca e você vai poder fodê-la do jeito
que você quiser.
PORRA.
Essa mulher foi feita para mim.
A atrevida estava abaixada entre as minhas pernas e ao olhar para o meu pau, lambeu os
seus lábios – sexy demais. – Com firmeza e delicadeza, a Aurora segurou a base da minha
grossura e deslizou a mão para cima e para baixo. A cabeça do meu pau brilhava de tanto tesão.
Antes de colocá-lo na boca, a Aurora me masturbou com destreza. Sua língua deslizou
por toda a minha extensão, de baixo para cima e ao chegar na cabeça, ela começou a fazer
movimentos circulares. A safada lambeu a minha lubrificação e sugou a cabeça com uma
precisão inacreditável.
Enquanto uma mão segurava a base do meu pau, a outra massageava as minhas bolas.
— Aurora... Que delícia – falei com a voz falhando.
Ela nem chegou a enfiar tudo dentro da boca e eu já queria gozar.
Seus lábios depositaram um beijo na cabeça do meu pau antes de abocanhá-lo – A
PORRA DE UM BEIJO.
Isso foi muito erótico.
Em seguida, a Aurora engoliu o máximo que conseguiu.
— Humm – gemeu.
Sua língua se movimentava enquanto a sua boca quente subia e descia em volta da minha
extensão.
Com cuidado, a Aurora enfiou uma bola de cada vez dentro da sua boca e as sugou com
delicadeza.
— Porra, que boca deliciosa – minha voz estava carregada de desejo. – Preciso foder essa
sua boca atrevida – ela assentiu.
Segurei o seu cabelo fazendo um rabo de cavalo e comecei a fodê-la.
— Relaxa a sua garganta e respira pelo nariz, minha gostosa – ela assentiu e fez o que eu
pedi.
Enfiei o meu pau bem fundo e senti a sua garganta. Me movimentei mais rápido e o
primeiro engasgo veio – que cena maravilhosa – pude ver as lágrimas saindo dos seus olhos. A
soltei para que ela pudesse respirar e após se recuperar, sua boca voltou a engolir a minha
grossura.
A Aurora me chupou com vontade e para aliviar o tesão que se acumulava entre as suas
pernas, ela começou a se tocar. Vê-la se dando prazer enquanto eu fodia a sua boca, foi o auge
pra mim.
— Caralho – tentei controlar a respiração. – Se você não parar agora eu vou gozar na sua
boca.
Ela continuou e eu jorrei toda minha porra em sua garganta. A Aurora lambeu até a
última gota do meu gozo.
— Humm – gemeu lambendo os dedos. – Uma delícia, Sr. Foster – limpou o canto dos
lábios.
PUTA QUE PARIU.
— Vem aqui que eu quero você cavalgando no meu pau – a puxei e dei um tapa na sua
bunda.
Aurora subiu em cima de mim e foi se sentando aos poucos.
— Você está muito molhada, Aurora – ela gemeu em resposta.
Minha extensão invadiu a sua intimidade e pulsava dentro dela. Minha boca explorava os
seus seios e uma das minhas mãos massageava o seu clítoris inchado.
— Ah, Dylan... Continua.
Aurora cavalgava enquanto eu a tocava. Nós dois gememos e gritamos de prazer. Nossos
corpos estavam suados e estávamos pelados no meio da sala, correndo o risco de alguém entrar.
Ela retirou toda a minha extensão de dentro da sua boceta e se sentou de uma vez. Grunhi
com esse movimento.
— Faz mais uma vez, Aurora – pedi e ela repetiu. – Caralho – suspirei.
Senti meu o pau sendo esmagado pela sua boceta quente.
— Ahh... Dylan... – falou com a voz fraca e fincou as unhas nas minhas costas. – Eu vou
gozar – seu prazer explodiu em um orgasmo forte.
— Isso, Aurora – o meu orgasmo também se aproximava.
Dei mais algumas estocadas apertando a sua bunda sem nenhuma delicadeza e gozei forte
dentro dela. A Aurora apoiou a cabeça no meu ombro e tentou controlar a respiração. Nós dois
estávamos suados e ofegantes.
— Aurora, eu não quero mais sair de dentro de você – digo me recusando a sair.
— Mas vai, porque estamos no meio de uma festa e devem estar nos procurando – ela riu
e começou a se movimentar novamente.
— Aurora... Desse jeito nós não vamos sair daqui – dei um beijo calmo nela. Ficamos um
tempo nos beijando.
— Nós não usamos preservativo novamente – ela falou colocando a mão na testa.
— Desculpa.
— A culpa também foi minha – falou. – Vamos voltar pra festa.
— Vamos, mas hoje você dorme comigo no meu apartamento.
O quê? Eu convidei uma mulher para ir pro meu apartamento?
O meu apartamento é sagrado, não levo as mulheres que eu transo pra lá.
Mas a Aurora é especial.
— Por quê? – indagou saindo de cima de mim.
— Quero ficar com você hoje – dei de ombros.
— Sei não, Dylan – falou receosa.
— Vamos – fiz uma carinha de cachorro pidão.
— Que ódio – riu. – Não resisto a esse corpo nu.
— Como assim? E a minha carinha fofa?
— Não resisto a ela também, mas o seu corpo gostoso é mais irresistível.
Rimos alto e eu a puxei para um abraço,
— Você que é irresistível, Srta. Duarte – beijei o seu pescoço. – Desculpa pelo que eu fiz
lá fora, eu fiquei...
— Com ciúmes? – ergueu as sobrancelhas.
— É talvez – cocei a nuca.
Eu mal conheço essa mulher e já sinto um ciúmes desgraçado por ela. Devo estar
obcecado mesmo.
— Talvez? – me encarou divertida. – Vou lá rebolar a minha bunda – foi andando na
minha frente.
— Pode voltar – segurei a sua cintura e encostei as suas costas no meu peito.
— Então confessa, Sr. Foster – me desafiou.
— Ok. Eu fiquei com ciúmes – confessei e ela sorriu.
— Doeu?
— Doeu o quê?
— Confessar que sentiu ciúmes.
— Não doeu – gargalhamos.
Começamos a nos arrumar.
23 AURORA DUARTE
O dia estava sendo divertido e até a mãe do Dylan entrou no meio da nossa bagunça.
Dançamos horrores e foi engraçado ver os ricaços caindo na gandaia conosco. Claro que alguns
ficaram nos olhando com cara de nojinho, mas o clima estava tão incrível que não perdi tempo
me importando com isso.
No meio de toda essa loucura, eu até me aproximei da Hanna – agora nós nos tratamos
pelo primeiro nome. – Ela contou que é amiga do Theo e do Dylan há anos e confesso que senti
muita verdade nas coisas que ela me falou.
Falando em Dylan, ele não se misturou com o “grupo dos descolados”, preferiu ficar
conversando com a Kate, a Hanna me disse que ela é a sua prima.
Deixei o Dylan pra lá e me concentrei em continuar curtindo a festa, mas como eu não
tenho um dia de paz, o meu querido chefe fez questão de estragar tudo. Aquele selvagem teve a
coragem de me jogar sobre o seu ombro e me tirar do meio da galera como se eu fosse um saco
de batatas.
Que humilhação.
— Porque a minha mãe estava chorando mais cedo? Aconteceu alguma coisa? – Dylan
me perguntou preocupado.
— Acho que ela se emocionou com a lembrancinha que eu dei.
— É mesmo? O que era? – intrometido.
— Um colar com um pingente de coração. Nesse pingente tem uma pedra de projeção e
dentro dessa pedra tem uma foto da família de vocês.
— Foi um presente lindo, Aurora. Minha mãe ama a nossa família.
— Eu sei – dei um sorriso singelo. – Vocês são uma família muito bonita e se eu pudesse
ter escolhido a minha, com certeza seria como a sua.
— Por que você fala isso? – questionou segurando a minha mão.
— A minha família é complicada – falei tensa. – Vamos voltar pra festa? – digo quando
termino de me arrumar.
— Vamos – começou a andar segurando a minha mão.
— Dylan – olhei para as nossas mãos. – Já pode me soltar.
— De jeito nenhum. Não vou desgrudar de você, Srta. Duarte – me deu um beijo
carinhoso.
— Ah, é mesmo? – estreitei os olhos. – E por que isso agora, Sr. Foster?
— Porque eu quero que os babacas que estão lá fora saibam que essa bunda e esse corpo,
são meus – não contive o riso e ele apertou a minha bunda.
Esse jeito possessivo é tão excitante.
— Acho que você já deixou isso bem claro quando me tirou da festa como se eu fosse um
saco de batatas – fiz a observação. – Você não acha? – ergui a sobrancelha.
— Talvez, mas é sempre bom reforçar. Deve ter um ou outro que não entendeu – me
lançou um sorriso cafajeste.
— E a sua amiguinha não vai ficar com ciúmes? – me referi a Kate.
— Está falando da Hanna?
— Não... Eu estou falando da Kate – digo fazendo uma careta. – A prima dela.
— Porque ela ficaria com ciúmes de mim? Nós dois já ficamos, mas faz alguns meses
que isso não acontece mais.
— Entendi – o olhei desconfiada.
— É sério – acariciou o meu rosto. – Não precisa sentir ciúmes, Srta. Duarte – disse
convencido.
— Você se acha, Sr. Foster – revirei os olhos e ele sorriu. – Vamos combinar assim: nada
de mãos dadas, mas podemos ficar juntos durante a festa, pode ser? – mudei de assunto.
— Pode, mas eu só vou aceitar isso porque eu te terei a noite inteira no meu apartamento
– sorriu de um modo sacana.
— Então vamos? – soltamos as nossas mãos.
— Sim.
Saímos da sala e voltamos para a festa.


— Onde os dois estavam? – a Dora me perguntou.
— Fomos conversar – falei tentando parecer convincente.
— Conversar? Sei – disse com um sorriso travesso nos lábios.
Parece que falhei nessa missão.
— Não começa, Dora – a repreendi e Dylan riu.
— Vamos beber? – ele falou para mudar de assunto.
— VAMOS – Dora gritou e entrelaçou os nossos braços.
Caminhamos até o Ethan e nos juntamos com o seu grupo. Algum tempo depois os
amigos do Dylan se aproximaram e do nada, alguém sugeriu uma brincadeira.
Verdade ou desafio.
Alerta de spoiler: foi uma péssima ideia.
Estávamos preparando a brincadeira quando o James se sentou para brincar também. O
Dylan e o seu irmão pareceram não gostar da sua presença, mas preferiram ficar calados.
Qual é a probabilidade dessa brincadeira acabar bem? – NENHUMA.
O jogo começou e a garrafa parou na Dora e na Hanna.
— Vamos, Hanna pergunta pra ela – Kate-cara-fechada falou.
— Verdade ou desafio, Dora?
— Verdade.
— Com quem dessa roda você ficaria? – Hanna perguntou.
— Pode ser dois? – a safada da minha amiga perguntou e não contive a gargalhada.
Ela é muito cara de pau.
— Pode – Hanna confirmou sorrindo.
— Theo e Ethan – falou serena. – Ah... E esse ruivinho também – apontou para o amigo
de Ethan. – Nunca fiquei com um cara ruivo.
Todos nós rimos da loucura da minha amiga.
— Eu também ficaria contigo, mas saber que você ficaria com esses aí – Theo desdenhou
dos rapazes e todos riram. – Partiu o meu coração – tentou parecer derrotado.
— Retiro o que eu disse – Dora falou rapidamente. – Eu ficaria só com você.
E de novo, todos explodiram em uma gargalhada.
Rodaram a garrafa e ela parou na chatonilda da Kate e no Ethan.
— Verdade ou desafio? – Ethan perguntou.
— Desafio.
— Escolhe alguém e dê um beijo no canto dos lábios.
— Pode ser diretamente na boca? – Ethan negou com a cabeça.
Kate se levantou e foi até o Dylan. No primeiro momento ele recuou, mas resolveu entrar
na brincadeira.
A safada quase deu um beijo na boca dele, mas o Dylan se afastou.
Voltaram a girar a garrafa e ela parou na Kate e no James.
— Verdade ou desafio? – perguntou para o James.
— Desafio.
A jararaca olhou pra ele de um jeito perverso e nesse momento eu sabia que ela faria
merda.
— Escolhe alguém para dar um beijo na boca ou no pescoço.
O primo do meu chefe se levantou e me pediu autorização para beijar a minha boca, mas
neguei com a cabeça.
— Eu adoraria beijar essa sua boquinha linda, mas não vou forçar – falou pra todos
ouvirem.
Olhei para o meu chefe e ele mantinha os seus olhos de esmeralda fixos em mim.
James se aproximou e consegui sentir a sua respiração em minha pele. Aos poucos, os
seus lábios foram depositando diversos beijos lentos pelo meu pescoço.
— É só um beijo. Já está bom – Dylan rosnou.
— Parece que alguém está incomodado com a brincadeira – Theo provocou.
— Desculpa Aurora, é porque o seu cheiro é bom. É meio...
— Cítrico e adocicado – Dylan completou e os meus olhos o encararam com admiração.
— Vamos voltar para a brincadeira? – Kate-impaciência-em-forma-de-gente falou e o
James voltou a se sentar.
A garrafa rodou novamente. Ela parou no rapaz ruivo e no Dylan.
— Verdade ou desafio, Dylan?
— Desafio.
— Escolhe alguém para dar um beijo, mas quero um beijo de língua.
A Kate ficou animada, mas o meu marrentinho veio até mim.
Meu?
De onde foi que eu tirei isso? – não sei, mas gostei.
Dylan me ajudou a levantar e com determinação, ele segurou a minha nuca e tomou a
minha boca de um jeito forte e possessivo.
— Já está bom – ouvi alguém dizer.
A nossa excitação não demorou a aparecer. Senti a sua ereção contra o meu corpo e
quando me dei conta desse detalhe, parei o nosso beijo. Os seus olhos estavam injetados de
desejo e sei que os meus estavam iguais.
— Aposto que você está molhada – sussurrou e eu me fiz de desentendida.
— Isso que é um beijo de verdade – Dora falou.
A brincadeira continuou e aconteceram várias coisas durante o jogo, inclusive, rolou um
beijo entre o Theo e a Dora.
Em um determinado momento, a garrafa parou um mim e no James.
— Verdade ou desafio, bela Aurora? – ele me questionou.
— Verdade – fiquei com medo de responder desafio.
— Você já transou com alguém aqui da roda? – quase caí da cadeira quando ouvi essa
pergunta.
Olhei pro Dylan com um olhar de: socorro pelo amor de Deus.
— Que porra de pergunta é essa? – Dylan rosnou indignado. – Acabou a brincadeira.
— Pelo visto a resposta é sim – James falou com um tom magoado e deu um sorriso
fraco.
Fiquei um pouco sentida com a sua reação.


O aniversário foi incrível e a Diana estava radiante. Infelizmente chegou a hora de irmos
embora e o Theo ofereceu uma carona pra Dora, ele chamou o seu motorista e a danada da minha
amiga foi com eles sem olhar pra trás – é uma falsa mesmo.
O Dylan chamou o Fred e ele nos levou até o meu apartamento. Como eu esperava, a
minha amiga ainda não havia chegado, então peguei alguns itens pessoais e partimos para o
apartamento do meu marrentinho.
Chegamos em um enorme prédio luxuoso.
O meu chefe tem um estacionamento privado com vários carros que deveriam valer uma
fortuna. Um detalhe interessante é que a maioria dos seus carros são pretos.
— Caramba, Dylan... – falei deslumbrada. – Quantos carros.
— Eu gosto de carros – encolheu os ombros. – Se você quiser, nós podemos andar em
todos, assim você conhece cada um deles.
Olhei para ele sem saber o que dizer, então apenas assenti.
O elevador nos levou até o último andar e caralho, quando olhei aquele duplex enorme,
eu fiquei impactada. O apartamento do Dylan tem a decoração toda em preto e branco. Ele é
impecável e não tem uma coisa fora do lugar, tudo estava devidamente arrumado.
Na sala há uma janela que vai do teto até o chão. A vista é maravilhosa e deve ficar ainda
mais bonita durante a noite.
Dylan me mostrou todo o andar de baixo do seu apartamento.
— Uau... O seu apartamento é lindo. Você tem bom gosto – elogiei.
— Eu sei – sempre exibido.
— Você é um exibido, Sr. Foster.
— Eu sei também – rimos. – Agora vou te mostrar o segundo andar e o meu quarto,
minha dinamite – piscou.
— Por que você me chama de dinamite? – questionei.
— Porque você é explosiva – cretino. – Mas também te chamo de Pinscher raivosa e de
vários outros apelidos que inventei – deu um sorriso debochado.
— E você é marrento, egocêntrico, desagradável e irritante.
— Viu... Você é explosiva.
— Você também é – cruzei os braços. – O que você fez hoje na festa foi uma prova.
— Talvez eu possa ser um pouco explosivo mesmo – pensou. – Mas você é mais.
— Que absurdo – falei estreitando os olhos.
— Tudo bem... Então nós dois somos – segurou a minha cintura e selou os nossos lábios.
– “Casal dinamite”, o que você acha?
— Mas nós não somos um casal, Dylan – meus braços passaram pelo seu pescoço.
— Eu sei – me deu um selinho. – Mas não estraga o momento.
— Ok. Não vou estragar – sorri. – Casal dinamite parece justo.
Rimos juntos e Dylan me levou para conhecer o segundo andar do seu apartamento.
— O seu quarto é lindo também.
A cama cabe uma família inteira. Além disso, o quarto tem uma varanda espaçosa e a
vista não deixa a desejar.
— Obrigada – deu um beijo no meu pescoço. – O que você quer fazer?
Nos olhamos com um sorriso pervertido estampado em nossos rostos.
— Preciso de um banho – falei. – Onde é o banheiro?
— Atrás daquela porta – apontou. – Vamos.
— O que você quis dizer com “vamos”?
— Eu quis dizer que NÓS, vamos tomar banho... Juntos.
— Não. Nós não vamos, Sr. Foster.
— Por favor? – ele fez o mesmo olhar do gato de botas[9] e eu cedi.
Esses olhos de esmeralda são tão lindos.
Merda.
Levantei o vestido que eu estava usando e o tirei passando por cima da cabeça. Os olhos
do Dylan observavam cada movimento meu com atenção. Desfiz os laços da parte de cima do
meu biquíni e ele caiu no chão.
— Aurora, você vai ser a minha ruína. Tenha certeza disso – declarou tentando controlar
a respiração.
Desfiz o laço do lado esquerdo da minha calcinha e depois desfiz o do lado direito, assim
como a parte de cima, a parte de baixo do biquíni também caiu no chão. Fiquei totalmente nua.
— Já que você vai ficar aí parado, eu vou ir tomar banho... Sozinha.
Dylan parecia hipnotizado, mas quando eu virei as coisas, ele voltou para a realidade e
correu atrás de mim tirando a roupa no meio do caminho.
Assim como os outros cômodos do apartamento, o banheiro do Dylan também é
impecável. Além do chuveiro, ele tem uma bela banheira que deve caber três pessoas.
Quando eu estava ligando o chuveiro, senti um corpo másculo atrás de mim. O meu
marrentinho encostou o seu peito forte nas minhas costas e senti o seu pau duro roçando em
minha pele.
Entrei embaixo do chuveiro e o Dylan me abraçou por trás.
— Deixa eu te lavar.
Ele pegou o shampoo e lavou o meu cabelo com cuidado. Ao terminar, as suas mãos
ensaboaram o meu corpo e nesse momento meus amigos, eu já estava quase gozando.
Já de banho tomado, eu quis retribuir o cuidado que o meu marrentinho teve comigo.
Lavei o seu corpo e como eu não poderia perder a chance de mexer com ele, peguei um
pouco de sabão e sem nenhum pudor, comecei a passar delicadamente por toda a sua extensão,
fazendo movimentos de baixo para cima.
— Aurora – chamou a minha atenção.
— Sim, Sr. Foster – falei inocentemente.
Eu sou uma safada também.
— Não brinca comigo, Aurora – dei um selinho em seus lábios enquanto o acariciava.
— Não estou brincando, Sr. Foster. Estou apenas te dando um banho relaxante.
Em um movimento rápido, Dylan se colocou na minha frente e colou o seu corpo no meu.
Ele me prensou na parede e levantou uma das minhas pernas.
— Você está sempre pronta, minha pequena – me beijou enquanto me tocava. – Sempre
pronta para mim – dois dedos invadiram o meu sexo.
— Sim, Dylan– gemi.
Nossas línguas se entrelaçavam e logo eu estava abraçando a sua cintura com as minhas
duas pernas. Sem nenhuma cerimônia, o Dylan enfiou toda a sua grossura dentro de mim e um
grito de prazer saiu dos meus lábios.
Ele enfiava duro, sem suavidade. Era grosso e bruto.
Para manter o equilíbrio, me apoiei nos seus ombros.
— Você é gostosa demais, Aurora. Adoro estar dentro de você.
— E eu adoro quando você está dentro de mim, Dylan – falei manhosa.
Dylan abocanhou um dos meus seios e mordiscou o meu mamilo.
— O seu corpo é o meu paraíso e eu quero me perder dentro dele, quero te lamber inteira
– falou ofegante enquanto metia bem fundo dentro de mim.
— Me usa, Dylan... Essa noite o meu corpo é todo seu – falei em meio a gemidos.
— Porra, Aurora – rosnou. – O que eu faço com você?
— Me come gostoso, Sr. Foster. Quero que a nossa noite juntos valha a pena.
— Caralho – grunhiu. – Será um prazer satisfazer todos os seus desejos – fincou os dedos
na minha bunda, apertando-a com vigor.
Dylan me desceu e me virou de costas. Sua mão deu um tapa forte na minha bunda e dei
um pulinho pelo susto. Ele pegou o meu cabelo e o puxou, fazendo com que a minha cabeça
inclinasse levemente para trás. Suas estocadas eram fortes e sem gentileza.
— Isso, Dylan, assim. Não para, por favor... – falei quase sem fôlego.
— Goza para mim, Aurora... Quero sentir você se derramando no meu pau.
Nossas respirações estavam aceleradas. Dylan metia fundo e o meu sexo se contraiu
apertando toda a sua extensão. Uma das suas mãos faziam movimentos circulares no meu clítoris
e a outra apertava o meu seio com força. Sua boca passeava pelo meu pescoço e deixava rastros
por onde passava. Esse homem consegue estimular todos os pontos sensíveis do meu corpo.
— Eu vou gozar, Aurora...
— Eu também... – senti o meu orgasmo se aproximando.
Estávamos ofegantes e em poucos segundos, eu gozei. Dylan tirou o pau de dentro de
mim e gozou em cima da minha bunda.
— Um dia eu vou comer esse cuzinho e vou jorrar toda a minha porra dentro dele – que
papo é esse?
Nessa região nada entra.
— Depois conversamos sobre isso – essa conversa nunca acontecerá.
Tomamos banho novamente e saímos do chuveiro.
Mais tarde, o Dylan pediu algo para nós comermos e o resto da noite foi puro fogo.
24 DYLAN FOSTER
Acordei pela manhã e não vi a Aurora na cama.
Será que ela foi embora?
Se tiver ido, vou me sentir usado.
Desci as escadas e a encontrei na cozinha usando o fogão. Ela usava uma das minhas
camisas pretas e estava sem calcinha – que mulher gostosa da porra. – Reparei que ela ouvia
uma música e prestei atenção na letra.
I am woman, I am fearless
(eu sou mulher, sou destemida)
I am sexy, I'm divine
(eu sou sexy, sou divina)
I'm unbeatable, I'm creative
(sou imbatível, sou criativa)
Honey, you can get in line
(querido, você pode entrar na fila)
I am feminine, I am masculine
(eu sou feminina, eu sou masculina)
I am anything I want
(eu sou qualquer coisa que quero ser)
I can teach you, I can love you
(eu posso te ensinar, eu posso te amar)
If you got it going on
(se você entendeu, deixa rolar)

— Quer dizer então que eu posso entrar na fila? – Aurora deu um pulinho de susto.
— Caramba, Dylan, que susto – sorriu. – Respondendo a sua pergunta: sim, você pode
entrar na filha, mas será o número 25.
— Que audácia, Srta. Duarte – deu de ombros e eu fui até ela para lhe dar um beijo. –
Pensei que você tinha usado o meu corpo e me abandonado depois.
Aurora explodiu em uma gargalhada.
— Desculpa – tentou parar de rir. – Eu estava com fome e não queria te acordar, então
vim preparar algo para nós comermos – me abraçou.
O que está acontecendo nessa cozinha é algo novo pra mim e eu estou gostando dessa
sensação de pertencimento. A Aurora mexe comigo de um jeito que eu não sei explicar.
Você está fodido, Dylan Foster.
— E o que você preparou?
— Eu não sei o que você costuma comer no café da manhã, então fiz panquecas e
descasquei algumas frutas... Pra beber fiz um suco de laranja e café preto.
Fiquei impressionado.
— Desculpa se eu fui muito intrometida – ficou envergonhada. – Acho que eu deveria ter
te perguntado antes.
— Ei – segurei o seu rosto entre as minhas duas mãos. – Está tudo ótimo – dei um selinho
em seus lábios. – Obrigada por ter preparado tudo isso.
Ela abriu um sorriso lindo e os seus olhos brilharam. Nesse momento eu tive a certeza de
que não conseguiria tirá-la da minha vida tão fácil.
Tomamos o nosso café e o meu celular começou a tocar.
— Pronto.
— Oi, meu filho querido, como você está? – minha mãe me cumprimentou.
— Estou bem e você?
— Estou ótima. A minha festa foi um arraso, um estouro – desde quando a minha mãe
fala assim?
Isso só pode ser coisa da Aurora e da amiga dela.
— Foi legal mesmo.
— Cadê a minha adorada, Aurora? – sondou.
“Minha adorada?”
Eu estou lascado.
— Não sei de nada – dessa vez eu fui convincente.
— Para de tentar ser mentiroso Dylan, você é péssimo nisso.
Droga!
— Depois do show que deu ontem, é claro que você sabe onde ela está – caramba. –
Passa o celular para ela.
Como ela sabe?
— Minha mãe quer falar com você – falei encolhendo os ombros.
Entreguei o celular para a Aurora e ela engoliu seco.
— Oi, Diana, como você está? – Aurora colocou no viva-voz.
— Oi minha querida, eu estou bem... A sua voz parece cansada, acho que a noite de
vocês rendeu – minha mãe disse gargalhando.
Aurora se engasgou com o copo de água que estava tomando e começou a tossir.
— Está tudo bem aí? – a Sra. Foster perguntou.
— Sim... Está tudo bem – falei.
— Vocês não me enganam seus danadinhos.
Minha pequena dinamite não conseguiu conter o riso e gargalhou. Minha mãe a
acompanhou.
— Você é demais, Diana – Aurora disse brincalhona.
Eu amo vê-la descontraída desse jeito.
— Então meus queridos... Eu liguei para chamá-los pra almoçar aqui comigo hoje.
— Não.
— Claro.
Respondemos ao mesmo tempo.
É óbvio que eu neguei o convite, mas a Aurora aceitou e como eu sou obediente, nós
iremos.
Parece que eu virei o cachorrinho dessa mulher.
— Tudo bem, nós vamos – cedi.
— Isso aí – minha mãe comemorou e eu aposto que ela deu pulos de alegria. – Aguardo
vocês mais tarde... Beijos, amo vocês.
“Amo vocês?”
Desligamos e a Aurora parecia emocionada com as palavras da minha mãe.
— Está tudo bem?
— Sim... É que... – hesitou. – Nunca falaram assim comigo – olhei pra ela sem entender.
– Quero dizer... A minha avó, as minhas duas amigas e o meu ex-namorado já falaram que me
amam, mas essas palavras saírem da boca da sua mãe me trouxe uma sensação boa. Acho que
essa seria a sensação se eu ouvisse a minha mãe dizendo isso pra mim.
— Sinto muito – beijei a palma da sua mão. – E o seu pai? – sondei “testando o terreno”,
se ela parecer desconfortável eu encerro o assunto.
— Meu pai – deu um sorriso frustrado. – Ele me odeia... Ele, a minha madrasta e o meu
meio-irmão.
Achei isso muito pesado. Como um pai pode odiar a própria filha? Isso é um absurdo.
— E por que ele te odeia? – sondei mais um pouco.
— Ele me culpa pela morte da minha mãe... Como eu te falei, ela morreu no meu parto,
então ele jura que a culpa foi minha – percebi que a tensão tomava conta do seu corpo.
— Espero que você não pense como ele. Você não teve culpa de nada e ele é um burro,
não sabe que está perdendo uma filha maravilhosa – ela sorriu e eu dei um beijo casto em seus
lábios. – Agora me fala mais sobre esse seu ex-namorado.
— Ah não – uma risada gostosa saiu dos seus lábios. – Ele é um estúpido traidor.
Ele traiu a minha dinamite?
— Ele te traiu?
— Sim – deu de ombros. – Ele jurava de pés juntos que era apenas amigo da mulher, mas
acabei pegando os dois aos beijos – ela parecia chateada, será que ainda gosta dele? – Já superei
o que aconteceu, mas não penso em namorar, relacionamento é muito complicado.
Fiquei feliz em saber que ela já superou, mas a outra parte eu não sei se gostei.
Espera... Eu tenho que gostar sim, isso é bom para nós dois.
— Te entendo – e como eu entendo. – Vamos parar de falar desse imbecil – segurei a sua
cintura e a puxei para mim. – Temos que aproveitar a manhã.
Aurora mordeu o lábio inferior e me deu um sorriso pervertido.


Aproveitamos o resto da manhã e nos arrumamos para ir almoçar na casa dos meus pais.
Tenho que me preparar psicologicamente para os comentários da minha mãe, ultimamente ela
anda muito jovial pro meu gosto.
— Pronta? – fui atrás da Aurora no banheiro.
— Quase – disse passando a mão pelo cabelo.
— Olha como nós somos lindos – falei olhando para o nosso reflexo no espelho.
— Concordo com você – sorriu.
— Um verdadeiro casal dinamite. Somos uma explosão de beleza.
Aurora gargalhou.
— Você é terrível, Sr. Foster. Ainda está com essa história de casal dinamite?
Gostei desse apelido. Combina muito com a gente.
Claro que nós não somos um casal, mas quero aproveitar esse momento. Vou deixar
rolar.
— Estou, é a nossa cara – sorrimos juntos e me retirei do banheiro para ela terminar de se
arrumar.
Descemos para a garagem e deixei a Aurora escolher o carro que iríamos. Ela escolheu o
meu Bugatti preto – ótima escolha, Srta. Duarte.
Entramos no carro e eu julguei que era o momento de chamar a Aurora para me
acompanhar no baile da Focus. Aproveito e apresento o lugar para ela.
— Aurora – a chamei.
— Diga – parou de procurar uma música no celular e me olhou.
— Gostaria de te fazer um convite – ela estreitou os olhos.
— Convite? – me olhou desconfiada. – Qual seria esse convite?
— Tem uma boate...
— Quero – me interrompeu.
— Calma, não terminei – sorri.
— Dylan... Se tem boate, tem música e se tem música, tem a Aurora no meio da pista de
dança rebolando a bunda – falou confiante. – Então sim, eu quero.
Não aguentei e comecei a rir com o comentário dessa atrevida.
— “Aurora no meio rebolando a bunda?” – franzi o cenho. – Essa parte não é tão
interessante – foi a vez da Aurora rir.
— Essa parte é ótima – parou de rir. – Agora é sério, pode continuar.
— Como eu estava dizendo, essa boate é voltada para o prazer dos frequentadores.
— Tipo uma boate liberal? – me perguntou animada.
— Isso. Já foi em alguma?
— Nunca, mas deve ser legal.
— É muito legal... Lá só entra sócios, mas vão fazer uma festa aberta – resolvi não contar
que eu sou um dos donos da boate. – Então eu gostaria de saber se você quer ir comigo. O que
você acha?
— Você não acha que seria muita exposição?
— Por quê?
— Você é o meu chefe, eu sou a sua secretária, não quero que pensem besteira.
— Que tipo de besteira?
— Que eu estou dando para o chefe só para crescer dentro da empresa.
— Você está fazendo isso?
— Não.
— Então pronto – dei de ombros. – Nós estaremos fora da empresa, não se preocupe.
— Tudo bem – concordou. – Quero me divertir.
— Você vai. Pode ter certeza disso – dei um sorriso sacana para ela. – Vai ser um baile
de máscaras.
— SÉRIO? – indagou eufórica.
— Sim – confirmei.
— Nossa, vai ser incrível então.
— Vai sim – sorrimos.
Aurora colocou uma música e foi o caminho todo cantando. Não demorou muito e logo
chegamos na casa dos meus pais.
— Aurora – minha mãe veio andando depressa com os braços abertos. – Como é bom te
ver – a abraçou.
Que exagero, nem parece que ela estava aqui ontem.
— É bom te ver também, Diana – deu um beijo em seu rosto.
— Oi mãe, eu também estou aqui.
— Oi, meu filho lindo, como é bom te ver também – me abraçou.
— É bom te ver também, mãe.
— Vamos entrando, estamos todos na área da piscina, o almoço ainda não está pronto.
Caminhamos até a piscina e avistei o meu irmão e meu pai sentados nos esperando.
Enquanto o almoço não era servido, nós começamos a comentar sobre a festa. A minha mãe e a
Aurora não paravam de tagarelar.
— Aurora, eu adorei a sua amiga Dora – a Sra. Foster falou. – Vamos sair algum dia,
queria que vocês me ensinassem a dançar... Que tal irmos para uma boate? – perguntou animada.
— Ótima ideia – Aurora respondeu eufórica.
De jeito nenhum.
— Adorei a ideia também. Quero ir – meu irmão se convidou.
— Desculpa, Ethan, mas é um passeio só entre mulheres – Aurora deu um tapinha
amigável em seu ombro.
Bem-feito!
— Mãe, o que você quer em uma boate? – perguntei incomodado.
— Dançar e me divertir. Não é para isso que as boates servem? – me respondeu erguendo
a sobrancelha.
Meu irmão e a Aurora começaram a rir.
— Pai, você não está ouvindo isso?
— Estou – respondeu tranquilamente.
— E não vai falar nada?
— Falar o quê?
— Como assim o quê?
— Ah, Dylan. Para de ser estraga prazeres. Não seja tão reclamão – Aurora comentou
colocando a mão na minha perna e o meu pau pulsou.
Que porra é essa?
Como ela faz isso?
— Aurora tem razão, deixa elas se divertirem – meu pai falou despreocupado.
— Não falo nada para todos vocês.
Todos começaram a rir e eu fiquei com a cara mais fechada do mundo.
— Queremos nos divertir, Dylan... E eu vou ajudar a Aurora a encontrar um cara bem
gato para se divertir com ela – piscou para a Aurora e elas riram.
— Para de falar essas coisas mãe – bufei de raiva e o meu irmão só ria da situação.
Idiota!
— O que foi? Ela é jovem, tem que aproveitar muito, antes de se casar um dia – minha
mãe não está bem hoje. – Ou você acha que ela vai ficar solteira para sempre? – merda.
Falando em casamento... Parece que os meus pais se esqueceram dessa história de
casamento – bom para mim.
— Aurora não pensa em relacionamentos – pontuei.
— Por que, Aurora? – meu pai indagou.
— Tive uma experiência frustrante – ela respondeu.
— Nem todos os homens são iguais, assim como nem todas as mulheres são iguais –
minha mãe falou me olhando. – Não se feche querida... Você é linda. Um dia vai encontrar
alguém que te ame e te valorize como você merece – as duas deram um sorriso de cumplicidade.
— Isso serve pra você também irmão – que idiota.
— Por quê? – Aurora questionou.
— Dylan também teve uma experiência frustrante e afirmou que não pretende ter um
relacionamento sério.
Desde quando o meu pai virou um fofoqueiro?
— Entendi – a Aurora deu um sorriso fraco.
— Chega de falar da minha vida.
Tentei encerrar esse assunto.
— Boa tarde, família – uma voz conhecida nos cumprimentou.
Olhei pra trás porque eu não queria acreditar que a voz que os meus ouvidos escutaram
seria dessa pessoa, mas infelizmente era quem eu imaginava.
Meu tio Luke resolveu aparecer logo hoje?
O pior é que ele fez o favor de trazer o mala do seu filho.
Quando James viu a Aurora, um sorriso ridículo surgiu em seus lábios e ela retribuiu.
Será que a minha pequena não consegue perceber que esse traste não presta?
— Boa tarde a todos – o imbecil cumprimentou.
Como meu primo não perde a oportunidade de me infernizar, ele pegou a mão da Aurora
e deu um beijo. A minha vontade foi de dar um chute na cara desse ridículo.
— Boa tarde – meu pai disse com um sorriso.
O meu pai dá muito valor para a família, mas eu não sei por que ele ainda tenta ter uma
relação amigável com o meu tio. Esse homem é um poço de falsidade.
— Boa tarde – todos cumprimentaram os visitantes que não foram convidados.
— Como é bom encontrar a família reunida – a cara do meu tio nem treme.
Como pode ser tão falso?
— Essa mocinha eu não conheço – Luke se referiu a Aurora. – É a sua namorada, Ethan?
Por que Ethan?
Não poderia ser “a namorada do Dylan”?
— Não é minha namorada – Ethan negou.
— Então é a sua namorada, Dylan?
Que porra de curiosidade é essa?
— Pai, ela é a secretária do Dylan – meu primo falou lançando um sorriso bobo para a
Aurora.
— Ah, esqueci que o Dylan tem aversão a relacionamentos desde a Nico...
Cerrei os punhos.
— Pai – James chamou a sua atenção.
A Aurora olhava para todos com curiosidade.
— Desculpa... Bom, eu vim apenas para lhe entregar o seu presente de aniversário
cunhada – entregou uma caixa para a minha mãe. – Não consegui vir ontem, sinto muito.
— Obrigada, Luke – minha mãe agradeceu.
Os dois homens impertinentes foram embora e levaram a tensão junto com eles.
O almoço foi divertido. Conversamos e rimos bastante. Foi muito bom estar com a minha
família e com a Aurora.
No final da tarde nós fomos embora e eu teria que deixar a Aurora em seu apartamento,
mas a verdade é que eu queria que ela dormisse comigo novamente.
— Aurora, dorme comi...
— Já sei o que você quer e a resposta é não.
Como ela sabe? Leu os meus pensamentos?
— Amanhã vamos para a empresa juntos.
— Não Dylan, você sabe o que vão pensar se aparecermos juntos.
— Todos já devem saber que nós dormimos juntos. Eles são um bando de fofoqueiros e
você também geme alto – pisquei para ela
— Meu Deus – gargalhou. – Você é um cretino, Dylan Foster – rimos juntos.
— E aí? Diz que sim – fiz biquinho.
O que é isso?... Eu estou me humilhando para uma mulher dormir comigo?
Isso é lamentável Dylan Foster, até para você.
— Outro dia. Hoje eu vou ir para casa, a Dora está me esperando.
Fiquei me sentindo abandonado, mas respeitei a decisão dela.
— Tudo bem, mas você não me escapa, Srta. Duarte – sorri de um jeito safado.
— Vem com tudo, Sr. Foster – sorriu de volta.
Deixei a Aurora em seu apartamento e voltei para o meu me sentindo incompleto. Olhei
ao redor do meu lar e senti que faltava alguma coisa, estava vazio, sem brilho, sem a Aurora.
Sossega, Dylan.
Lembre-se que você não sente nada romântico por ela.
É apenas uma atração forte.
25 AURORA DUARTE
O meu dia com o Dylan e a sua família foi maravilhoso.
A Diana é uma peça rara, eu adoro estar com ela e o nosso passeio para a boate vai
acontecer – o marrentinho que lute.
A visita do pai do James me deixou intrigada, agora eu tenho certeza de que alguma coisa
muito séria aconteceu entre o Dylan e a Nicole. O meu lado curiosa está implorando por mais
informações.
Hoje descobri que o Dylan tem aversão a relacionamentos, não sei dizer se fiquei feliz ou
triste com isso, mas tenho que colocar dentro da minha cabeça que nós temos algo casual e não
pode passar disso.
Uma vida, uma chance.
Só curta o momento, Aurora.
Dylan me deixou no meu apartamento e quando cheguei, a Dora estava jogada no sofá –
parece que ela também aproveitou. – Conversamos muito e fiquei sabendo de tudo o que ela
aprontou.
— Quer dizer então que você passou a noite na cama do Theo? – indaguei.
— Sim amiga – confirmou com a cabeça. – E foi uma delicinha.
Gargalhei.
— Você é uma indecente – sorrimos.
— Você também é – piscou e nós gargalhamos. – Além de dormir lá, você ainda passou o
domingo inteiro com o gostosão.
— Isso é verdade – dei um sorriso malicioso. – Inclusive, hoje nós fomos almoçar na casa
dos pais dele.
— Olha ela... Almoço na casa dos sogros. Já estão nesse nível?
— Nada a ver, Dora – joguei uma almofada nela. – Eu e a mãe dele somos amigas,
apenas isso.
— Sei, Aurora – semicerrou os olhos. – Mas e aí, você e o Dylan são “ficantes fixos”
agora?
— Não tivemos essa conversa ainda – encolhi os ombros.
— É melhor ter. Combinado não sai caro, Aurora.
— Você tem razão, mas por enquanto vou deixar rolar – falei. – Mudando de assunto... A
mãe do Dylan quer que nós a levemos em uma boate.
— SÉRIO?
— Sim... Acho que vai ser divertido, vou esperar ela entrar em contato.
— Sogra boa é assim, bem animada. Quero uma sogra igual a sua.
Revirei os olhos e joguei todas as almofadas disponíveis na cara dela.
Durante a nossa conversa o meu celular começou a tocar e vejo que é a Tina. Aviso a
Dora – que revira os olhos quando falo quem é – e me retiro da sala para atender.
Tina me passou as atualizações sobre como estão as coisas no Brasil. Segundo ela, o meu
pai ainda está a minha procura e que agora eles estão pensando na possibilidade de eu ter ido
embora do país.
Parece que o César ainda não sabe de nada – o que é estranho. – Para ele, o meu pai falou
que eu fui fazer um curso qualquer. Me recuso a acreditar que eles conseguiram enganá-lo com
tanta facilidade.
Sobre o Tiago... Esse animal continua enchendo o saco da Tina e eu me sinto super mal
por isso. O meu maior medo é dele pedir a ajuda do seu pai para me rastrear, ele é muito bom
nessas coisas.
Eu não sei o que pensar, estou aqui a aproximadamente 4 meses e ainda não me
encontraram. É claro que não estou reclamando, mas isso está esquisito.
O meu pai se recusa a pedir a ajuda das autoridades e o Tiago aparentemente ainda não
pediu a ajuda do pai. Agora o César... Esse indivíduo é quem mais me preocupa, ele tem todos os
recursos e já poderia ter me encontrado, será que desistiu de tudo?
Espero que sim.


O dia amanheceu e era segunda-feira, devido ao final de semana agitado que tivemos, eu
e a Dora acabamos acordando um pouco atrasadas, então tivemos que nos arrumar rapidamente.
Com sorte, quando cheguei no Grupo Foster, o meu chefe ainda não havia chegado.
Consegui organizar a minha mesa com calma e logo em seguida, iniciei o meu trabalho.
Alguns minutos depois, o meu chefe chega todo elegante, mas a bruxa da Emma vinha na
cola dele e ainda ostentava um sorrisinho horroroso no rosto. Essa mulher parece um carrapato.
— Bom dia, Srta. Duarte – Dylan me cumprimentou dando uma piscadela.
— Bom dia, Sr. Foster – sorri.
Gostoso.
O silêncio tomou conta do ambiente.
— Bom dia, Emma – sorri toda falsa.
— Bom dia – soou seca.
— Srta. Duarte, eu quero que você passe os dados do funcionário que se acidentou na
reforma para a Emma. Ela cuidará desse caso para mim.
— Sim, Sr. Foster – ele acenou com a cabeça e foi pra sua sala.
— Bom dia, Aurora – Kim chegou me cumprimentando.
— Bom dia – dei um enorme sorriso pra ela.
— Bom dia, Emma – Kim a cumprimentou sem muito entusiasmo.
— Bom dia – chata.
A porta do elevador abre e uma ruiva que eu já vi antes sai dele.
— Emma, conseguiu pegar os dados do funcionário? Precisamos começar a trabalhar no
caso dele.
— Vou pegar agora – me olhou. – Vamos, Aurora, eu não tenho o dia todo – ergui a
sobrancelha.
— Bom dia – falei pra mulher que chegou enquanto eu separava os documentos.
— Não tenho tempo para isso, algumas pessoas trabalham de verdade nessa empresa – a
ruiva que eu não faço questão de saber o nome falou com desdém.
Olhei pra ela intrigada.
— Acredito que todos trabalham de verdade aqui nessa empresa – falei.
— Ah claro – a Emma falou com um tom de sarcasmo. – O seu trabalho é dar para o
chefe e ser a putinha dele dentro dessa empresa – a ruiva riu do comentário.
Ok.
Opção um: respira, absorve e relaxa.
Opção dois: explode e xinga ela.
Opção três: explode e puxa o cabelo dessa imbecil.
Não sou a favor desse tipo de atitude, mas chega uma hora que as provocações se tornam
insuportáveis e não é de hoje que essa palhaça vem sendo desagradável comigo.
— Emma, você não tem moral nenhuma para falar algo assim – a ruiva estava prestes a
falar alguma coisa, mas fui mais rápida. – E acredito que você também não tenha.
Ouvi a Kim rindo.
Escolhi a opção um, é a mais prudente.
— Você é muito folgada, Aurora. Desce do seu pedestal porque você não é nada – a ruiva
latiu e eu bocejei demonstrando todo o meu tédio.
— Se eu não sou nada porque não me deixam em paz? Parem de perder tempo comigo –
não respondeu. – Aqui estão as informações do funcionário – entreguei a pasta. – Agora preciso
voltar a trabalhar.
Aqui é Brasil. O sangue brasileiro corre pelas minhas veias, nunca que eu abaixaria a
minha cabeça para essas duas cobras.
— Você é uma iludida e eu quero estar de camarote quando o Sr. Foster te der um pé na
bunda – Emma cuspiu as palavras.
As duas saíram batendo os pés e eu fiquei um pouco pensativa.
Sem expectativas, Aurora... Você não pode começar a gostar do seu chefe.
Merda!
— Aurora, eu quero ser sua amiga para sempre – Kim se aproximou rindo.
— Eu adoraria ser a sua amiga para sempre – gargalhamos. – Inclusive, vamos sair
qualquer dia para nos divertir.
— Com toda certeza – sorriu.
Ao longo da manhã, eu participei de uma reunião com o meu chefe e ela terminou no
horário do almoço.
O Dylan insistiu para almoçarmos juntos, mas a Dora havia me chamado para almoçar
com ela anteriormente e eu não podia recusar a um pedido da minha amiga.
Após o meu horário de almoço eu fui ao banheiro e enquanto fazia as minhas
necessidades dentro da cabine, ouvi duas vozes desconhecidas.
— Acho que a Emma não falaria isso à toa – desocupada um.
Isso o quê?
Contem essa fofoca direito.
— Concordo e acredito que ela tenha razão, eu realmente acho que o Sr. Foster está
fodendo a secretária – deu uma pequena pausa. – Fiquei sabendo que a Emma está morrendo de
ciúmes dele com a tal Aurora, porque antes dela chegar nessa empresa, a Emma era a que ele
mais procurava – desocupada dois.
Senti um desconforto no estômago só de imaginar os dois juntos.
— Bem feito. Ela se achava superior – desocupada um. – É normal o Sr. Foster se
envolver com algumas funcionárias, mas o que está deixando as pessoas curiosas é o fato de ele
ter se envolvido com a sua secretária. Ele nunca se envolveu com as secretárias anteriores.
— Isso é verdade, mas essa moça será mais um brinquedo em suas mãos, foi assim com
todas. O Sr. Foster não leva ninguém a sério – desocupada dois.
— Quero que as duas se lasquem – a desocupada um falou e a outra riu.
— Boa tarde – saí da cabine sorrindo. – Adorei saber das fofocas que estão rolando pelos
corredores, obrigada pela atualização.
Responderam apenas o “boa tarde” e saíram.
Antes eu estava com receio de todos verem eu e o meu chefe passeando juntos por aí,
mas parece que as fofocas estão rolando soltas, então, já que querem fofocar, eu vou ajudá-los –
não se esconda mais Aurora.
Meu celular começou a tocar e eu vejo que é a Diana.
— Oi, Diana
— Oi querida, tudo bem?
— Estou bem sim e você?
— Estou bem... Eu te liguei porque acho que deveríamos sair na sexta, depois que você
sair do trabalho. O que acha?
— Acho perfeito... Vou levar a Dora e posso chamar outra amiga?
— Claro... Só te peço para não contar nada pro Dylan. Você sabe como ele é chato –
rimos juntas.
— Negócio fechado – falei rindo.
— Preciso desligar agora, mas vamos nos falando.
Desligamos e voltei para o meu trabalho.
Vi a Kim sentada em sua cadeira e tive a ideia de chamá-la para sair na sexta, ela
rapidamente aceitou o convite. Pouco tempo depois, o meu chefe chegou e me chamou para a sua
sala.
— No que posso ajudar, Sr. Foster?
Ele estava sentado no sofá segurando alguns papéis.
— Em muitas coisas – me deu um sorriso safado. – Vem aqui.
— Sim? – parei um pouco distante dele.
— Mais perto, Srta. Duarte – falou com uma voz sensual e eu já estava toda derretida.
Por que esse homem mexe tanto com o meu corpo?
— Sim? – fiquei na frente dele.
— Estava com saudades – segurou a minha cintura sem se levantar do sofá.
— Passei a manhã com você Dylan... Desculpa, aqui é Sr. Foster.
Ele sorriu da minha confusão.
— Mesmo assim... Gosto de estar com as minhas mãos grudadas no seu corpo – me
puxou e eu me sentei em seu colo, com uma perna de cada lado da cintura.
Essa posição fez a minha saia subir um pouco.
— E eu gosto das suas mãos em mim – acariciei o seu rosto.
Dylan me beijou, mas não era um beijo forte, era um beijo calmo, parecia um beijo
apaixonado.
Não!
Não mesmo.
— Deixa eu te levar pra casa hoje?
— Pode ser – concordei.
— O quê? Assim tão fácil? Eu tinha preparado até discurso pra te convencer.
Não segurei a gargalhada.
— Hoje estou boazinha, Sr. Foster – dei um selinho em seus lábios. – Ok, esse não é o
verdadeiro motivo – brinquei com a gola da sua camisa social.
— É mesmo? E qual é o motivo? – disse colocando uma mecha do meu cabelo atrás da
orelha.
— Não vou mais me importar com o que vão pensar – dei de ombros. – As pessoas já
estão comentando sobre nós dois. Esse povo não perde tempo.
— Já imaginei.
— Claro que você imaginou – dei um sorriso de lado. – É normal você se envolver com
as funcionárias, mas segundo as minhas fontes, o que está deixando as pessoas curiosas é o fato
de você ter ficado com a sua secretária.
— Você foi a única exceção, Srta. Duarte – apertou a minha bunda me pressionando
contra a sua visível ereção.
— Uma coisa me chamou a atenção.
— O quê?
— Elas disseram que eu serei mais um brinquedo em suas mãos – falei olhando no fundo
dos seus olhos de esmeralda.
Estou me saindo uma ótima fofoqueira.
Mas preciso tirar as minhas dúvidas, então acredito que isso não é fofocar.
— Não vou fazer isso, Aurora.
— Espero.
— Então... A partir de amanhã nós podemos começar a almoçar juntos?
— Sim, mas não sempre.
— Já é alguma coisa – sorriu.
— Exato – dei um selinho nele.
— Seu cheiro é tão bom, Aurora – cheirou o meu pescoço e senti o meu corpo arrepiar. –
É viciante – levantei a cabeça para ele ter mais acesso.
Seus lábios percorreram cada parte do meu pescoço e eu gemi com a sensação de ter a
sua barba curta roçando em minha pele. Senti um incômodo entre as minhas pernas e a excitação
tomou conta de mim.
Dylan retirou a boca do meu pescoço e os seus lábios pousaram nos meus, dando início a
um beijo fervente. As suas mãos seguraram a minha cintura com firmeza e me movimentava para
frente e para trás, fazendo com que eu me esfregasse no seu pau que ainda estava coberto.
As mãos que estavam na minha cintura, foram para a minha bunda e eu continuei me
esfregando enquanto o Dylan apertava a minha bunda com vigor.
Nossos gemidos ecoavam pela sala. A sua boca desceu e com habilidade, ele colocou os
meus seios para fora e o abocanhou com desejo, a sua mão passeava pelo meu corpo e quando
encontrou a minha intimidade, ele a acariciou por cima do tecido da calcinha.
— Dylan – falei entre gemidos. – Quero você dentro de mim, agora – ordenei.
— Como você quiser – começou a abrir o cinto.
Coloquei a minha mão dentro da sua cueca e passei a mão pela sua extensão. O acariciei
levemente fazendo movimentos de baixo para cima.
— Aurora... Suas mãos são maravilhosas masturbando o meu pau – sussurrou e voltou a
beijar a minha boca dando leves mordidas no meu lábio inferior.
De repente, alguém abre a porra da porta.
— Cadê o meu ami... Puta que pariu.
É o Theo.
Dei um pulinho de susto e o meu chefe me pressionou contra o seu corpo para tampar os
meus seios que estavam expostos.
Merda!
Logo agora que eu iria dar uma sentadinha.
— Porra, Theo, quando você vai aprender a bater na porta? – Dylan rosnou enquanto
ajeitava a minha roupa e cobria os meus seios.
Ajudei o meu chefe a guardar o seu pau e de uma forma desajeitada, eu me retirei do colo
dele.
Em pensar que há um tempo, eu estava julgando o meu chefe por estar trepando no
escritório. Agora sou eu que faço isso – paguei com a língua.
— Desculpa... Eu não sabia que você – apontou pro Dylan. – Ou melhor, vocês – apontou
para nós dois. – Estavam aqui se pegando.
Se a minha pele fosse mais clara eu estaria vermelha. Que situação constrangedora.
Não falei um “a”. Fiquei só observando.
— Pode sair – Dylan falou.
— Tudo bem – Theo saiu e fechou a porta.
— Onde paramos? – Dylan tentou me beijar.
— Ficou doido? Fomos pegos no flagra há poucos minutos atrás – me afastei.
— Caralho, eu vou xingar tanto o Theo – rimos.
— Preciso voltar a trabalhar, Sr. Foster – dei um beijo nele e saí da sua sala.
Me retirei e voltei a trabalhar.
26 DYLAN FOSTER
Ficar sabendo dos comentários que estavam rolando na empresa para mim não era
novidade, alguns funcionários adoram falar sobre a vida dos outros, mas não gostei de saber que
falaram que a Aurora seria mais um brinquedo em minhas mãos.
Eu nunca tratei as mulheres como um brinquedo. Sempre deixei as minhas intenções bem
claras: é só sexo, nada mais que isso.
Mas agora me bateu uma dúvida: será que eu deixei as minhas intenções claras pra
Aurora?
Não lembro, então é melhor nós dois termos essa conversa.
Que tipo de relação nós temos?
É “sexo casual fixo”? – existe isso?
Ou somos “ficantes fixos”?
Pode ser apenas “sexo casual” – sem o fixo.
Mas se for “sem o fixo”, a Aurora poderá ficar com outros caras e isso não é uma boa
ideia, não consigo pensar na possibilidade de ter outros caras tocando naquele corpo delicioso.
Preciso decidir que tipo de relação nós teremos. Não sendo nada romântico ou nada que
possa nos aproximar demais, está ótimo.
Outra coisa, eu não posso esquecer de acabar com a raça do Theo por ele ter estragado o
meu momento com a Aurora, nós estávamos em um amasso gostoso e esse amasso estava
evoluindo para uma trepada forte, mas o babaca nos interrompeu e tivemos que parar.
Quando vão aprender a bater na porta da minha sala antes de entrarem?
Ouço a porta abrir – sem a minha permissão – e Theo entra com um sorriso cínico.
— Voltei... Desculpa por ter estragado o seu momento íntimo – pelo menos reconhece
que estragou.
— Quando você vai aprender a bater na porta antes de entrar?
— Acredito que nunca – encolheu os ombros.
— Mas deveria – bufei. – Se você chegasse poucos minutos mais tarde, teria visto a
Aurora cavalgando em cima de mim – estremeci só de imaginar.
Porra, quando ele entrou a Aurora estava com os peitos nus, se eu não tivesse pensado
rápido e a tampado com o meu corpo, ele teria visto.
— Deve ser uma bela cena ver a Aurora cavalgando com aquela bunda grande – deu um
sorriso cheio de malícia e eu cerrei o punho.
— Isso não tem graça, Theo. Se for para continuar falando besteira, é melhor você se
retirar da minha sala.
— Calma cara – me olhou desconfiado. – Eu já te flagrei aqui fazendo coisas piores,
inclusive com mais de uma mulher e você nunca se importou com isso.
Isso é verdade. Que tipo de CEO eu sou? – gato, gostoso e que gosta de sexo.
— Nenhuma delas era a Aurora.
Falei sem pensar e me arrependi amargamente por ter feito esse comentário.
— Eu não acredito no que eu ouvi. Dylan Foster com ciúmes? É isso mesmo? – me olhou
abismado. – O que a Aurora tem?
— Não é da sua conta.
— O James e alguns caras da empresa querem essa mulher. Inclusive eu e o seu irmão já
demos uma babada olhando pra ela. Agora até você? – odiei saber disso.
— É apenas casual, mas não divido mulher.
— Divide sim, já dividimos várias – levantou as sobrancelhas. – Para de negar Dylan,
você gosta dela – que loucura é essa? – E estou falando romanticamente.
Eu nunca confessaria algo que não é verdade.
Não gosto dela romanticamente, sinto apenas uma atração. A atração é um pouco
obsessiva e possessiva, mas não deixa de ser apenas atração.
— Você não tem trabalho pra fazer não?
— Sim – afirmou tranquilamente.
— Então vai e para de encher a minha paciência.
— Estou indo, mas pensa no que eu te falei – piscou e saiu.
Não tenho nada para pensar. Está tudo muito claro.


O resto do dia passou rapidamente e como combinado, fui deixar a Aurora em seu
apartamento, saímos juntos da empresa e pude observar vários olhares para nós dois. A Aurora
estava calma, acho que ela realmente parou de se importar com o que os outros pensam.
Chegamos em seu apartamento e a minha dinamite perguntou se eu queria jantar com ela
e a amiga, então eu aceitei. O apartamento dela é pequeno, mas é aconchegante e arrumado.
Para a minha surpresa, foi a Aurora que preparou o jantar e eu fiquei impressionado com
as suas habilidades culinárias. Minha pequena cozinha muito bem e pude notar o seu sorriso de
satisfação quando comi pela segunda vez.
A Dora é doidinha igual a Aurora, agora entendo por que elas se dão bem. Além disso,
sua amiga me contou sobre a noite que teve com o Theo, mas eu já sabia de tudo, o Theo fez
questão de se abrir comigo.
Depois de muita conversa, voltei pro meu apartamento e me preparei para dormir.


O resto da semana foi agitado, mas a notícia boa é que a reforma do resort está adiantada
e acredito que em breve a obra estará completa.
Além de todo o trabalho, ainda tem a irresistível Aurora para tomar uma parte do meu
tempo. Nós soubemos aproveitar todos os nossos intervalos, o elevador, a minha sala, a sala de
reuniões e vários outros lugares da empresa. Não sei o que acontece, mas o nosso fogo não
apaga, muito pelo contrário.
Hoje é sexta-feira e pretendo chamar a minha pequena para jantar comigo em minha casa,
eu mesmo irei cozinhar. Quero retribuir o jantar maravilhoso que ela fez para mim na segunda-
feira.
Não é por nada não, mas eu mando muito bem na cozinha. Para ser sincero, se eu fosse
mulher, eu casaria comigo. Sou bonito, charmoso, carismático, gostoso, rico, sei cozinhar, sei
foder e várias outras coisas.
Porra, a Aurora tem razão quando diz que eu sou egocêntrico e exibido.
Ouço alguém bater na minha porta e autorizo a entrada. É a minha dinamite. Ela vem
caminhando lindamente com um belo sorriso em seu rosto perfeito.
Para de ser idiota, Dylan.
— Sr. Foster, já estou indo, precisa de mais alguma coisa? – olhei o meu relógio de pulso
e vi que o horário de trabalho realmente se encerrou.
— Preciso – falei sério.
— O que você precisa?
— Preciso que você jante na minha casa hoje – dei um sorriso bobo.
— Sinto muito – lamentou. – Tenho compromisso hoje, pode ser amanhã?
Que compromisso é esse?
Isso não é da minha conta, por isso não vou perguntar nada.
— Posso saber que compromisso é esse?
Qual é a porra do meu problema?
Isso não é da minha conta.
— Vou sair com algumas amigas – deu um sorriso animado.
— Entendi – falei brincando com uma caneta para tentar disfarçar o meu desânimo.
— Então... Pode ser amanhã? – perguntou novamente.
— Pode sim – tentei parecer sereno, mas eu estava surtando por dentro.
— Tudo bem então, obrigada – veio até mim e me deu um selinho, mas eu a puxei para
um beijo forte e possessivo.
— Toma cuidado, qualquer coisa me liga.
Que porra foi essa?
— Ok... Obrigada – me olhou surpresa.
Te entendo, Aurora, até eu fiquei surpreso com o que eu falei agora.
Ela saiu e eu fiquei pensando no que acabei de dizer. Eu realmente estou preocupado
desse jeito com ela?
É casual. Foda casual. Nada fixo.


Ao chegar ao meu apartamento, eu tomei um banho e comecei a procurar uma comida
para pedir por aplicativo. De repente o Theo entra invadindo a minha residência e decidimos
jantar juntos.
Ouço o meu celular tocar.
— Oi pai.
— Oi meu filho. O que você está fazendo?
— Nada, estou aqui em casa com o Theo, vamos pedir algo para jantar.
— Venham para cá. Está eu e o seu irmão aqui, nós vamos jantar e jogar alguma coisa.
— Cadê a minha mãe? – perguntei curioso.
— Ela saiu, deve voltar mais tarde.
— Ok. Estamos indo.
Como o Theo iria para o seu apartamento mais tarde, nós resolvemos ir em carros
separados.
Chegamos na casa dos meus pais e começamos a nos divertir, fazia um tempo que não
tínhamos um momento assim.
O tempo passou e percebi que estava tarde e a minha mãe ainda não havia chegado.
— Pai, minha mãe está demorando muito, você não acha?
Meu pai e o meu irmão se encararam e eu percebi que algo estava errado.
— Ela já deve estar voltando. Vamos continuar jogando? – mudou de assunto e eu
concordei.
Jogamos mais um pouco e ao olhar no relógio, vi que era quase uma hora da manhã.
Peguei o meu celular e verifiquei se a Aurora havia respondido as mensagens que mandei mais
cedo, nós sempre conversamos pelas redes sociais quando não estamos juntos, mas até agora, eu
não obtive nenhuma resposta.
— Pai, você sabe onde está a minha mãe? – perguntei impaciente.
— Ela deve estar chegando – respondeu a mesma coisa.
— Relaxa irmão, elas devem estar voltando – Ethan falou.
Elas?
Meu irmão passou a mão no cabelo e o meu pai tossiu.
Theo só observava a conversa.
— Elas quem? – indaguei.
— Sua mãe saiu com as amigas, filho.
— Onde ela e as outras velhinhas estão? É quase uma hora da manhã, isso é um absurdo.
Meu irmão começou a rir e eu entendi tudo.
Liguei todos os pontos. A Aurora disse que sairia com as amigas e não respondeu as
minhas mensagens. A minha mãe saiu com as amigas e até agora não voltou.
Puta que pariu.
— Elas não fizeram isso – falei incrédulo.
No fundo, eu ainda tinha a esperança delas não estarem onde eu acho que estão.
— Parece que fizeram, porque olha a cara desses dois – Theo falou olhando para o meu
pai e para o meu irmão.
— Não me digam que ela saiu com a Aurora e a Dora – por favor não. – Só me digam
que elas não estão em uma boate.
— Deixa elas se divertirem, sua mãe está tão animada com elas – meu pai tentou me
conter.
Elas estão na boate.
— Foi a nossa mãe, a Aurora, a Dora e mais uma amiga delas – meu irmão falou.
— Em qual boate elas foram? – perguntei quase surtando.
— Você não vai atrás delas – eu vou sim pai.
— Vou encontrar elas, nem que eu rode todas as boates de Los Angeles – digo decidido.
Por que eu estou assim?... É pela minha mãe, ela já é uma senhora, não pode ficar solta
desse jeito, tem que se cuidar.
— Deixa elas, Dylan – Theo falou.
— Pai – falei calmamente. – Acho que você se lembra do jeito que a minha mãe estava
dançando no dia do aniversário dela – meu pai me olhou pensativo... Ótimo, está dando certo. –
Agora imagina os marmanjos da boate olhando ela rebolar até o chão.
— Vamos – meu pai deu um pulo do sofá e todos riram. – Elas estão na boate da Hanna.
Espero que a Hanna não seja cumplice.
Meu pai e o Ethan foram em um carro e eu e o Theo fomos em outro. Em busca das
fujonas.
Eu juro que estava preparado para o que eu veria, mas quando entrei e vi as quatro –
quatro não, AS CINCO, porque a traidora da Hanna estava no meio – pensei que teria um
infarto.
Elas estavam lindas e estavam se divertindo. As cinco dançavam e desciam até o chão
sem nenhuma preocupação. O vestido da Aurora era curto e deixava o seu corpo bem desenhado.
Paramos e ficamos observando as mulheres que nem perceberam a nossa presença.
— Aquela ali é a Kim? – Theo perguntou.
— Parece que sim – respondi sério.
— Kim, a sua secretária? – meu irmão perguntou perplexo.
— Sim – o Theo também estava chocado.
Realmente, a Kim estava diferente, nunca a vimos assim. Ela é sempre tão séria e formal.
— Porra, que gostosa – Ethan se animou e Theo revirou os olhos.
— Olha como elas estão dançando – digo quase infartando.
— A Aurora e a Dora têm as pernas lindas – Theo elogiou e eu olhei feio para ele.
— É verdade... Os rapazes que estão aqui nessa boate também devem pensar o mesmo –
ergui as sobrancelhas e foi a vez dele fechar a cara.
Um garçom todo sorridente se aproximou delas e entregou um copinho pequeno para
cada uma.
— NÚMERO SETE – elas gritaram ao mesmo tempo.
Número sete? Sete doses? – isso só pode ser um pesadelo.
E as cinco viraram de uma vez.
ATÉ A MINHA MÃE.
O meu pai sorria vendo a minha mãe se divertir, mas o sorriso morreu quando ele viu um
grupo de rapazes se aproximando delas.
— Deixa elas se divertirem pai – zombei com um sorriso sarcástico estampado no rosto.
Os rapazes se aproximaram das mulheres e dois deles foram pra cima da Dora e da
Aurora, os idiotas começaram a dançar atrás delas – já chega.
Travei o maxilar com força e fui resgatar a minha pequena dinamite. Senti que tinha
alguém me seguindo e quando vi, era o Theo. Ele caminhava com a cara fechada e mais atrás
vinha o meu pai e o Ethan.
Cheguei arrancando a minha Aurora dos braços do idiota e os outros fizeram o mesmo,
até o Ethan saiu puxando a Hanna e a Kim.
— Dylan – Aurora me olhou com um sorriso no rosto, ela estava um pouco alta por conta
da bebida, mas não parecia bêbada.
— Vamos, Aurora – segurei a mão dela delicadamente.
— Eu não – puxou a mão. – ESTAMOS NOS DIVERTINDO, NÃO É MENINAS? –
falou alto para as outras ouvirem.
— SIM – as outras responderam gritando.
Até a minha mãe.
Alguém me acorda desse pesadelo.
— Nós não vamos ir embora agora e ainda não conseguimos chegar na décima dose –
Aurora me abraçou e eu não resisti.
— Tudo bem – por que eu sou assim? – Mas vamos pra sala privada, não quero que
vejam você rebolando essa bunda gostosa.
Quando ela ia me responder, aquela batida que eu detesto começou tocar.
— URRUL – Aurora gritou. – ESSA É BOA MENINAS, VAMOS – chamou e todas
correram para a pista.
Eu e os outros homens ficamos sem reação. Até o meu pai que estava tranquilo, ficou de
cara amarrada.
— Estão vendo? Por que vocês não me escutam? – falei pra eles enquanto observávamos
as cinco dançando.
Não consegui ficar parado por muito tempo. Caminhei até a Aurora e me posicionei atrás
dela para tentar tampar a sua bunda.
Onde eu fui me meter?
A música finalmente acabou e levamos as cinco para a nossa sala privada. Elas se
sentaram no sofá e pareciam crianças quando são pegas aprontando.
— Muito bonito – iniciei a bronca. – As cinco aqui, bebendo e descendo até o chão
enquanto os marmanjos ficam olhando pra bunda de vocês.
Elas se olharam e eu sei que queriam rir da situação.
— Ah, Dylan, estamos nos divertindo e vocês estão estragando tudo – Aurora falou
cruzando os braços e fazendo biquinho.
— É – todas responderam juntas.
— Aurora, Aurora, você merece ser punida – falei sem pensar e ela deu um sorriso cheio
de safadeza.
Essa mulher vai me matar.
— Os dois, podem parar – Dora falou. – Eu sei o tipo de punição que vocês gostam – a
Aurora riu e a minha mãe a acompanhou.
— Até você, mãe? Até você fazendo esse tipo de coisa? – ela me olhou despreocupada.
— Tenho que me divertir, filho, não estou morta – deu de ombros. – E você Edward –
apontou. – Como você é fofoqueiro – meu pai olhou para baixo e parecia arrependido.
É sério isso?
— Já que vocês querem ficar aqui com a gente, vamos descer, queremos dançar e beber
mais – a Hanna falou se levantando e as outras fizeram o mesmo.
— E você, Hanna... Que traidora – Theo falou.
— Foi tudo uma coincidência. Eu estava aqui e nos encontramos – falou tranquila.
— E aí, vamos voltar a dançar ou não? Precisamos chegar na décima dose – a Kim
perguntou e o meu irmão não parava de olhar para ela.
— VAMOS – a Aurora e a Dora gritaram.
Não acredito nisso.
Elas desceram novamente e nós ficamos observando tudo do segundo andar, preparados
para descer caso fosse necessário.
A cinco dançavam, pulavam e bebiam. Depois que elas completaram as dez doses, nós
fomos embora, mas a Hanna não voltou conosco. As mulheres não queriam acabar com a noite,
então demos a ideia de continuar na casa dos meus pais e todas aceitaram.
Depois de muita diversão, chegou a hora de descansar um pouco. A minha mãe pegou
algumas roupas para as meninas dormirem com mais conforto e em seguida, cada um foi
procurar um lugar para dormir.
Eu tenho um quarto na casa dos meus pais, então levei a Aurora para dormir comigo. A
Dora e o Theo foram para outro quarto e a Kim... – eu realmente não sei para qual quarto ela
foi.
Mal entrei no quarto com a Aurora e ela já foi logo tirando a roupa sem nenhuma
vergonha. Quando ficou pelada, ela me perguntou onde era o banheiro e eu respondi. A atrevida
simplesmente entrou no banheiro sem olhar para trás.
Ouvi o barulho do chuveiro e comecei a tirar a minha roupa com pressa. Caminhei até a
porta e percebi que ela a deixou aberta – mandou bem, Srta. Duarte.
Assim que entrei no banheiro, encontrei a Aurora de costas e a visão do seu corpo nu me
deixou tão duro que eu senti que poderia explodir a qualquer momento.
— Demorou, Sr. Foster – falou com uma voz safada.
— Me desculpa, Srta. Duarte – me posicionei atrás dela e beijei o seu pescoço.
Começamos a nos lavar e inesperadamente a danada se ajoelhou e enfiou o meu pau
dentro da sua boca. Ela lambia, chupava e me masturbava com vontade. No momento em que eu
estava quase chegando no ápice, a Aurora parou.
— Agora não, Sr. Foster, eu vou envolver a minha boceta no seu pau e quero que você
jorre tudo dentro de mim.
Porra!
Ainda molhados, eu peguei a atrevida no colo e a carreguei até a cama – acho que já está
na hora da minha dinamite aprender uma lição.
Após deitá-la na cama, me encaminhei até o meu closet e peguei uma gravata. Me
aproximei da Aurora e levantei os seus braços, mantendo-os esticados acima da cabeça. Com a
gravata, eu amarrei os seus pulsos e a deixei com os movimentos limitados.
— Dylan – gemeu o meu nome.
— Hoje você foi muito rebelde, Srta. Duarte – sussurrei. – Precisa ser castigada – enfiei
dois dedos dentro dela.
— Sempre molhada, do jeito que eu gosto – retirei os meus dedos de dentro da sua boceta
e os chupei para sentir o seu gosto. – Agora abre as pernas Aurora – pedi e ela obedeceu.
Enfiei o meu rosto entre as suas pernas e com a boca aberta, eu passei a língua na sua
intimidade, de baixo para cima. Dei uma leve assoprada e voltei a passar a língua devagar
apreciando o seu gosto viciante.
— Ah, Dylan – gemeu. – O seu rosto fica ainda mais bonito quando está entre as minhas
pernas.
— Porra, Aurora – grunhi e aumentei a velocidade.
A Aurora mexia os quadris e tentava fechar as pernas, mas eu não permiti. Comecei a
intensificar os movimentos com a ajuda do meu polegar, ele massageava o seu ponto de prazer
enquanto a minha língua entrava e saía de dentro do seu sexo.
As reações do corpo da Aurora me excitam. As suas expressões me excitam. Os sons de
prazer que saem da sua boca também me excitam. Tudo nessa mulher me excita.
Não aguento e começo a me masturbar enquanto a chupo.
Sugo o seu clítoris e sinto as suas pernas tremerem. Sei que ela está quase gozando – hoje
você vai ter que esperar minha pequena dinamite.
Ao perceber a proximidade do seu orgasmo, paro de chupá-la, mas continuo me
masturbando na sua frente.
— Ah não, Dylan – esbravejou tentando utilizar os braços.
— Você está sendo castigada minha, Aurora.
— Por favor – pediu enquanto as suas pernas friccionavam uma na outra em busca de
alívio.
— Sua hora vai chegar – falei ofegante sentindo o meu próprio orgasmo se aproximando.
Não consegui me conter e gozei.
Me levantei para me limpar e aproveitei para pegar uma camisinha.
Envolvi o preservativo em toda a minha extensão e me aproximei da Aurora. Abri as suas
pernas com delicadeza e sem nenhum aviso, enfiei a minha grossura dentro da sua boceta
apertada.
— Por favor, Dylan, mais rápido.
Fingi não ouvi e continuei me mexendo lentamente.
— Dylan – suplicou erguendo o quadril.
— Calma, minha pequena.
Ela fechou os olhos e se contorceu.
— Olha para mim, Aurora. Quero que você me veja te fodendo – ela me obedeceu e os
nossos olhares se encontraram.
Aumentei o ritmo das estocadas e os nossos gemidos ecoavam pelo quarto.
— Ver aquele homem dançando atrás de você me deixou louco – lambi o seu pescoço. –
Me diga que não sentiu nada quando ele tocou em você – sussurrei.
— Não senti nada – falou entre gemidos. – Meu corpo só reage ao seu toque Dylan.
Caralho.
— E o meu só reage ao seu – estoquei mais forte. – Eu sou viciado em você, Aurora –
falei ofegante.
— E eu sou em você – rebolou no meu pau. – Adoro quando você me fode assim, com
força.
Gostosa demais.
A beijei desesperadamente enquanto o meu pau entrava e saía. Senti mais um tremor
vindo do seu corpo e parei novamente.
— Dylan – choramingou. – Por favor.
Pedindo desse jeito, eu quase cedi.
— Sua hora vai chegar, minha pequena.
Virei a Aurora de bruços e levantei o seu quadril, deixando a sua bunda empinada em
minha direção. Enfiei o meu pau duro dentro da sua boceta e um gemido alto saiu dos nossos
lábios.
Passei o meu dedo pela entrada do seu cuzinho e senti o seu corpo ficar tenso.
— Não vou fazer nada, fica tranquila.
A tensão desapareceu e ela se empinava mais em minha direção. Meu dedo continuava
passeando pelo seu buraco, mas não a penetrei, só massageei a entrada.
Segurei os seus cabelos longos com uma mão e a outra segurou a sua cintura com
firmeza.
— Hum... Isso, Dylan, mais rápido – dei um tapa em sua bunda e aumentei a velocidade.
– Me usa como você quiser, me fode forte.
Caralho!
Dei outro tapa na sua bunda.
Ela se empinava e abria as pernas para me dar mais passagem. Senti o seu corpo tremer e
a sua boceta apertou o pau com mais força. Eu sabia que ela estava quase gozando e dessa vez
não irei impedir.
Senti o meu pau pulsar dentro da sua boceta quente.
— Quero que você goze agora, Aurora.
— Sim, Sr. Foster – gemeu.
— Vai, Aurora... – meu orgasmo veio forte.
— Ah, Dylan...
Gozamos juntos, em sincronia.
Reparei que as suas pernas ficaram bambas e a deitei na cama com delicadeza. Comecei a
desamarrar os seus pulsos e me deitei ao seu lado.
— Gostou? – indaguei e a puxei para o meu peito.
— Você ainda pergunta? – sorrio orgulhoso.
— Quando você não gostar de algo, me avisa tudo bem?
— Sim – sorriu. – Tirando o fato de você ter me impedido de gozar mil vezes, foi tudo
ótimo.
Sorrimos.
— Era o seu castigo, Srta. Duarte.
— Foi cruel, Sr. Foster, mas irei me vingar. Me aguarde – me deu um sorriso perverso e
eu semicerrei os olhos.
— Cuidado, Srta. Duarte – alertei, mas ela continuou sorrindo.
— Mudando de assunto... Por que você foi até a boate? Ficou chateado porque a sua mãe
foi?
O que eu falo? Nem eu sei por que eu fui.
Ok, eu sei. Senti um pouco de ciúmes.
Pouca coisa.
— Também.
A Aurora levantou a cabeça para me olhar com curiosidade.
— Como assim?
— Acho que acabei ficando com um pouco de ciúmes.
— Dylan – riu alto. – Eu e a sua mãe somos amigas, não vou roubá-la de você, relaxa.
— Você não entendeu – segurei o seu queixo e olhei no fundo dos seus olhos. – Senti
ciúmes de você. Eu sei que você atrai olhares, principalmente quando está dançando, fiquei com
ciúmes só de pensar na possibilidade de você ficar com alguém essa noite – ela me olhou um
pouco surpresa.
— Dylan, não fala assim...
— Eu sei, Aurora, mas não consigo evitar.
— Não quero expectativas. Não quero me machucar. Não quero e não posso ter um
relacionamento.
— Como assim, não pode?
— Nada – tem alguma coisa por trás disso.
— Tudo bem, mas quero que você saiba que os mesmos medos que você tem, eu também
tenho. Vamos apenas deixar rolar.
— Como você pensa em fazer isso?
— Não sei, o que você sugere?
— Nada fixo – o quê?
— Você fica com quem quiser e eu também?
— Isso – confirmou.
Aceita burro. É o ideal.
— Não sei.
Eu só posso estar de brincadeira.
— Amizade com benefícios então?
— Talvez. Mas você ficaria com outras pessoas?
— Não sei, no momento não sinto essa vontade.
— Entendi.
— Vamos fazer assim: amizade com benefícios, mas quando as coisas começarem a ficar
sérias demais, nós saímos disso.
— E como saberemos que as coisas estão sérias?
— Não faço a mínima ideia... Se a gente começar a sentir muito ciúmes? Será que é isso?
– fodeu, porque eu já sou ciumento.
— Acho que deve ser mais ou menos isso.
— Acredito que nós só saberemos se acontecer. Por enquanto deixamos como está. Sem
cobranças... Temos um acordo?
— Tudo bem. Temos um acordo – é o jeito.
Espera... É o certo.
— Ah... Você me promete que vai me avisar se você ficar ou sentir vontade de ficar com
outra pessoa? Por mais que não seja nada sério, eu quero que você seja verdadeiro comigo. Não
quero ser feita de idiota Dylan.
— Sim, prometo.
— Promete mesmo? – reforçou. – Palavra de escoteiro?
— Eu não sou escoteiro, Aurora – nós rimos.
— Mesmo assim – deu de ombros. – Promete?
— Sim, eu prometo – repeti convicto. – Você me promete o mesmo?
— Com toda certeza. Não quero te machucar e não quero me machucar também.
Gostei de saber que ela se preocupa. Acho que vamos sair bem disso.
— Então vamos deixar rolar – falei a abraçando e ela sorriu. – Sem cobranças e com
sinceridade.
Casal dinamite na área.
Para de ser emocionado Dylan. É apenas uma amizade com benefícios, sem cobranças.
— Isso... Agora vem aqui que eu quero cavalgar no seu pau – subiu em cima de mim e eu
dei um sorriso cafajeste.
— Ele é todo seu.
Ela montou em cima de mim e voltamos a transar.
Nossa foda durou um bom tempo e do jeito que a Aurora gemeu alto, acredito que
alguém deve ter ouvido os gemidos que me pertencem.
Essa mulher é uma explosão de tesão e fogo. Nos encaixamos muito bem.
27 AURORA DUARTE
A noite passada foi uma loucura, as meninas estavam animadas e eu também, nós
cantamos, dançamos e bebemos como adolescentes. De repente os rapazes chegaram e foi muito
engraçado ver os quatro incrédulos com o que estavam vendo.
Encontrar a Hanna foi uma maravilha, nós cinco estávamos na mesma vibe. A Diana e a
Kim me surpreenderam.
Diana é uma mulher animada, entrou em todas as nossas loucuras e dançou todas as
músicas. A Kim se revelou, nunca a vi tão solta, ela definitivamente é uma das nossas, temos que
sair mais vezes.
Dylan admitiu que sentiu ciúmes de mim e eu fiquei sem reação.
Diante dessa declaração, acabamos tendo a conversa que deveríamos ter tido a um bom
tempo. Decidimos continuar ficando sem cobranças. Apenas uma “amizade com benefícios” e se
as coisas ficarem estranhas nós acabamos com isso.
Depois de longas horas de sexo, acordo na manhã seguinte e vejo o meu marrentinho
dormindo ao meu lado. O seu cabelo está despenteado e o seu abdômen definido está nu.
Puta merda, esse homem é perfeito, tem a beleza de um deus.
Passo os meus dedos pelos traços do seu belo rosto – Meu Deus... O que eu estou
fazendo?
Será que esse negócio de amizade com benefícios dará certo?
Que merda!
— Terminou de admirar a minha beleza? – ele abriu os seus olhos de esmeralda e eu
tomei um susto.
— Terminei – fiquei sem graça por ele ter me pegado assim, toda boba.
— Vem aqui – me puxou pro seu peito e eu o fiz de travesseiro.
— Bom dia, marrentinho – digo abraçando o seu corpo.
— Bom dia, pequena dinamite – sorri.
— Esse apelido é tão ridículo Dylan – gargalhei.
— Não é – beijou o topo da minha cabeça. – Ele combina com o seu temperamento.
— Claro que não – dei uma leve beliscada no seu abdômen.
— Ai! – reclamou. – Marrentinho que é ridículo, não combina comigo – falou
acariciando o meu braço.
— Combina sim – sorri e tentei me levantar.
— Onde você pensa que vai? – me segurou.
— Quero pegar o meu celular para ver que horas são e depois vou tomar um banho.
— De jeito nenhum, pode se deitar aqui – deu aquele sorriso que eu conheço bem. –
Quero um beijo de bom dia.
— Ah não, eu ainda nem escovei os dentes Dylan – tentei fugir, mas ele me puxou para
um beijo.
Nosso beijo esquentou e quando vi, tínhamos transado novamente. Sexo matinal é bom
para alegrar o dia.
Tomamos um banho juntos e o Dylan me entregou uma das suas camisas pretas, quando
vesti parecia que eu estava usando um vestido. Como eu estava sem calcinha, vesti uma das suas
cuecas.
Peguei o meu celular e vi que já eram quase 10 horas. Descemos para nos encontrar com
o restante do pessoal e alguns já estavam esperando o café da manhã ser servido. Faltavam
apenas a Kim e o Ethan – hum... Suspeito.
— Bom dia – falamos juntos.
— Bom dia, pombinhos – Diana falou e eu balancei a cabeça em negação.
— Bom dia – os demais falaram.
Poucos minutos depois a Kim e o Ethan desceram e eu reparei que a Kim estava tranquila
e desinibida.
— Parece que a noite foi ótima para todos – Diana piscou.
— Foi mesmo – Dora-safada falou olhando para o Theo que deu um sorrisinho cafajeste
para ela.
— Parece que o meu irmão parou com a história de que a Aurora é APENAS a sua
secretária – Ethan provocou.
— Para de ser intrometido – meu marrentinho rosnou.
— Ethan para de provocar o seu irmão – Edward chamou a atenção dos filhos.
— Só estou falando a verdade pai – encolheu os ombros e o Theo riu.
— E você, Kim, dormiu bem? – sondei.
— Dormi sim. Obrigada por perguntar – ela ficou corada e o Ethan a olhou com um
sorriso satisfeito em seus lábios.
Safadinhos.
— Quando será a nossa próxima saída meninas? – Dora perguntou.
— Não – os rapazes falaram ao mesmo tempo e nós gargalhamos com a sincronia deles.
— O que foi? Nós vamos sair de novo sim e vocês não vão se meter – Diana falou. – E
dessa vez Edward, eu não vou te contar para onde vamos, você é um fofoqueiro.
— Desculpa meu amor – olhou arrependido.
— Que palhaçada – Dylan resmungou. – Já que vocês querem tanto sair novamente, nós
vamos com vocês – os rapazes concordaram.
— Não mesmo – a Kim se pronunciou e o Dylan arqueou a sobrancelha para ela. – Vocês
não saem de cima.
— Verdade. Eu estava dando o meu show e você – apontei pro marrentinho sentado ao
meu lado. – Parecia uma sombra atrás de mim, isso atrapalhou a minha performance.
— Não atrapalhei performance nenhuma. Eu só atrapalhei a visão dos indivíduos que
queriam ver a sua bunda. Apenas isso – Dylan disse e todos rimos.
— E fez muito bem meu amigo. Vi vários babacas babando por todas vocês – Theo falou.
— E qual é o problema? – indaguei. – Eles podem olhar e até babar, mas não podem
tocar.
— Isso aí, Aurora – Diana concordou.
— E se eles tentarem alguma coisa, nós daremos um jeito, somos boas de briga, não é
mesmo, Aurora? – Dora falou com um sorriso malvado.
— Somos – respondi.
— Não falo nada pra vocês – o marrentinho falou de cara amarrada.
A conversa foi longa e muito engraçada. Depois do café da manhã todos foram para as
suas casas. O Dylan tentou me convencer a ir para o seu apartamento, mas não fui. Combinamos
que eu iria jantar com ele hoje e ele prometeu que iria cozinhar.
Cheguei em casa com a Dora e aproveitamos o sábado para organizar o apartamento.
Durante a semana é uma correria, então só fazemos o básico. Sábado gostamos de limpar tudo.
Nós duas adoramos arrumar a casa ouvindo música, então ligamos o som no máximo e
colocamos a nossa playlist.
Começou a tocar a música “Shower” da Becky G e não conseguimos escutar caladas,
quando me dei conta, nós duas estávamos dançando e cantando no meio da sala, como duas
malucas.
Thinkin' of ya when I'm goin' to bed
(Penso em você quando estou indo dormir)
When I wake up, think of you again
(Quando eu acordo, penso em você de novo)
You are my homie, lover and friend, exactly why
(Você é o meu companheiro, amante e amigo, exatamente porque)
You light me up inside like the 4th of July
(Você me ilumina por dentro, como o 04 de julho)
Whenever you're around, I always seem to smile
(Sempre que você está por perto eu sorrio)
And people ask me how, well, you're the reason why I'm
(E as pessoas me perguntam como, você é a razão pela qual)
Dancing in the mirror and singing in the shower
(Eu estou dançando no espelho e cantando no chuveiro)

Terminamos de organizar tudo e já havia passado do horário de almoço. Como não


estávamos com vontade de cozinhar, pedimos algo simples por aplicativo.
Depois do almoço resolvi tirar um cochilo para descansar um pouco. Por volta das 16
horas, eu já estava acordada.
— E aí Aurora, como ficou a sua situação com o gostosão?
— Amizade com benefícios – respondi.
— Cada um fica com quem quiser?
— Combinamos que seríamos verdadeiros um com o outro. Se um de nós ficar ou quiser
ficar com outra pessoa, temos que avisar.
— Isso é estranho, mas se esse foi o jeito que vocês encontraram para ficarem juntos sem
assumirem o que sentem, tudo bem – deu de ombros. – Quem sou eu pra julgar.
Semicerrei os olhos pra minha amiga palhaça.
— Nada a ver, Dora. Nós gostamos de transar e temos química na cama, é só isso.
— Sei, Aurora – me olhou com desconfiança.
— Você sabe que nem se eu quisesse, eu poderia entrar em um relacionamento. Pelo
menos não antes de resolver tudo, não quero me apaixonar por alguém e depois ter que largá-la.
Ainda tem o fato do meu histórico não ser um dos melhores. O Tiago foi péssimo comigo
e quebrou a minha confiança, não sei se irei me sentir segura novamente.
— Te entendo – falou olhando para baixo. – Mas mudando de assunto, aquela sua amiga
lá do Brasil – falou com desdém. – Trouxe mais atualizações sobre a sua família?
— Não mudou muita coisa. Meu pai ainda está me procurando e está começando a pensar
na possibilidade de me procurar fora do Brasil.
— Por que o seu pai ainda não procurou a polícia ou um detetive particular?
— Porque ele tem medo do César descobrir – encolhi os ombros. – Meu pai conseguiu
inventar uma desculpa para ele, mas eu estou achando essa história tão estranha, o César não é
burro.
— Você acha que ele está tramando alguma coisa?
— Não sei, mas às vezes acho que ele quer que eu fique despreocupada, para depois dar o
bote.
— Ele é tão ruim assim?
— Ele é o cão em forma de gente – me arrepiei só de lembrar do jeito que ele me olhava.
– Será que ele pode ter desistido de tudo?
— Pode ser que sim... Vamos parar de falar sobre isso – meus olhos encheram de
lágrimas, falar disso me deixa em pânico. – E o Tiago?
— Aquele imprestável continua infernizando, mas logo ele desiste, tenho fé – ri.
— Eu também – gargalhou.
Continuamos conversando e vi que já estava ficando tarde, então comecei a me preparar
para ir até a casa do Dylan. Nos falamos mais cedo e ele queria vir me buscar, mas eu preferi
pedir um motorista por aplicativo, não queria atrapalhar o seu “momento cozinheiro”.
Falei que chegaria no seu apartamento até às 20 horas.
Coloquei um vestido simples que vai até o meio das coxas, na cor azul marinho. Não é
um vestido muito justo, é um pouco rodado, mas tem um leve decote. Nos pés, eu coloquei uma
sandália preta de salto médio.
Deixei o meu cabelo solto com as suas ondas naturais e finalizei com uma maquiagem
discreta.
— Estou pronta – falei pra Dora.
— Uau. Você está um arraso – colocou a mão na boca. – Amo quando você usa o seu
cabelo solto.
— Obrigada – lhe dei um abraço forte. – Mais tarde eu estarei de volta e qualquer coisa
me liga tudo bem?
— Sim senhora – bateu continência e eu gargalhei. – Divirta-se – piscou.
— Pode deixar – pisquei de volta.


Ao chegar no prédio que o Dylan mora, eu interfonei na portaria e ele liberou a minha
entrada. Cumprimentei o porteiro e subi.
Antes de tocar a campainha, ajeitei o meu vestido e o meu cabelo.
— Boa noite, Sr. Foster – Dylan abriu a porta e estava uma delícia.
Ele usava uma calça jeans e uma camisa preta gola polo que abraçava os seus braços
fortes. Nos pés ele usava um sapato fechado e o seu cabelo estava mais despojado.
Um verdadeiro deus grego gostoso.
— Boa noite, Srta. Duarte – depositou um beijo no dorso da minha mão.
Cavalheiro.
— Pode entrar – abriu os braços me mostrando o caminho.
— O cheiro está divino – elogiei.
— Obrigada. Estou fazendo tudo isso com muito prazer – piscou e eu senti um arrepio
quando ouvi a palavra “prazer” saindo da sua boca gostosa.
— Então está perfeito – afirmei. – Acredito que tudo o que você faz com prazer, é
perfeito – os seus olhos estavam injetados de luxúria.
É instantânea a reação dos nossos corpos quando estamos tão próximos.
— Isso é verdade – disse caminhando em minha direção. – E você sabe muito bem, Srta.
Duarte – a sua boca encostou no meu ouvido.
Está ficando quente aqui.
— Sim, eu sei, Sr. Foster – o meu corpo estava mole.
— Que bom – passou o nariz pelo meu pescoço. – Aposto que você já está encharcada,
Srta. Duarte.
Encharcada é pouco.
— Sim, Sr. Foster – fechei os olhos para sentir o seu toque com mais intensidade.
— Adoro o seu cheiro – inalou o meu perfume. – É o meu cheiro preferido – beijou o
meu pescoço e eu soltei um leve gemido.
— É melhor a gente parar por aqui.
Dylan simplesmente me puxou para um beijo desesperado, estávamos excitados e se
continuássemos assim, adeus jantar.
Com muita dificuldade tive que parar o nosso beijo.
— Ah, Dylan, se a gente não parar agora, eu esqueço que vim para jantar – ele deu um
sorriso safado.
— Tudo bem, vamos jantar depois podemos continuar, quero que você prove a minha
comida.
— E o que você preparou?
— Eu fiz peixe grelhado, legumes salteados e uma salada – disse orgulhoso.
— Uau – falei surpresa. – Isso deve estar perfeito.
— Espero que sim – falou um pouco apreensivo. – Vem, vamos nos sentar.
Quando olhei para a mesa, ela estava linda, bem decorada e tinha até velas – romântico
até demais.
— Que lindo, você caprichou – desse jeito fica difícil.
— Tudo o que eu faço, eu faço com capricho – convencido.
Mas ele tem razão.
— Concordo – ergui os cantos dos meus lábios.
Fui até a mesa e o Dylan puxou a cadeira para eu me sentar.
— Falta só uma coisa – colocou uma música baixa. – Agora está tudo perfeito – se sentou
à mesa.
— Nossa, eu estou surpresa.
— Não sei por quê. Eu sempre sou um cavalheiro – encolheu os ombros.
— Ah claro – zombei.
Dylan nos serviu com uma taça de vinho e nós começamos a jantar.
Tenho que confessar: ele realmente sabe cozinhar. A comida estava divina.
— Hummm – gemi de satisfação.
— Aurora... Não geme assim, não vou conseguir resistir.
— Desculpa – não contive o riso. – É porque está muito bom. Você cozinha bem.
— Obrigada – tomou um gole do seu vinho
— Por nada.
— Eu sou um homem completo – piscou.
Começou a se exibir.
— Tenho que concordar.
Como sempre, eu não perco a oportunidade de provocar o meu chefe gostoso. Peguei o
meu vinho com delicadeza e dei um pequeno gole olhando diretamente pra ele. Passei a língua
lentamente pelos meus lábios, sem parar de encarar os seus olhos de esmeralda.
— Porra, Aurora.
— O quê? Só estou tomando um gole de vinho – tentei parecer inocente.
— Você pode até ser pequena, mas é muito atrevida – respirou fundo. – Tem sobremesa.
— Sério? O que é? – tomei um gole de vinho.
— Tem sorvete e brownie com calda de chocolate – tomou mais um gole do seu vinho. –
O brownie eu não fiz, mas a calda sim. Acho que você vai gostar.
— Nossa. Você é uma caixinha de surpresas, Sr. Foster – ele me deu um sorriso exibido.
Terminamos o nosso jantar e o Dylan se levantou pra pegar a sobremesa. Aproveitei para
organizar a mesa, tirei as louças do jantar e as coloquei na pia. Depois de concluir, nós nos
sentamos à mesa novamente e o ambiente foi preenchido pelo som de uma música lenta.
De uma maneira inesperada, o Dylan se colocou de pé e estendeu a mão para mim.
— Dança comigo?
Que fofo.
Não, ele não pode ser fofo desse jeito.
— Claro – aceitei.
A música se chama “Rewrite the stars” é um feat entre o cantor James Arthur e a cantora
Anne Marie. Essa música fala sobre um casal que estão em um dilema. Querem ficar juntos, mas
parece algo impossível.
Enquanto o cantor diz:
You know I want you
(Você sabe que eu te quero)
It's not a secret I try to hide
(Não é um segredo que tento esconder esconder)
You know you want me
(Você sabe que me quer)
So don't keep saying our hands are tied
(Então não continue dizendo que nossas mãos estão atadas

A cantora diz:
You know I want you
(Você sabe que eu te quero)
It’s not a secret I try to hide
(Não é um segredo que tento esconder esconder)
But I can’t have you
(Mas eu não posso ter você)
We’re bound to break, and my hands are tied
(Não vamos dar certo e minhas mãos estão atadas)

No fundo, é isso que eu sinto. EU estou com as minhas mãos e pés atados, estou entrando
em algo que tem tudo para dar errado.
Mas se eu sei disso, porque insisto no errado?
Uma vida, uma chance, Aurora.
Parece que eu gosto de brincar com fogo.
Dylan colou os nossos corpos e começamos uma dança lenta. Pousei a minha cabeça em
seu peito e ficamos calados dançando e curtindo o momento.
Isso é preocupante.
— Parece que temos uma música – Dylan falou e eu fiquei sem reação.
O que esse homem está querendo? Isso está fora do script.
Não tinha romance no acordo, muito menos uma música que parece que foi feita para
nós. Sabe o que é pior? O pior é que eu gostei. E muito.
Merda!
— Dylan – levantei a minha cabeça para olhá-lo.
— Deixa rolar, Aurora – beijou o topo da minha cabeça.
— Mas... – ele me calou com um beijo.
Era um beijo calmo e cheio de afeto. O meu coração estava acelerado e o meu corpo
começou a reagir. Aos poucos o nosso beijo foi se transformando em algo mais quente.
Nós estávamos quentes.
— Não deveríamos estar comendo a sobremesa? – perguntei ofegante.
— Você quer? – sussurrou.
— Não – digo suspirando.
— Mas eu quero.
Dylan me pegou no colo e me colocou sentada em cima da bancada da cozinha.
— Você será a minha sobremesa, Aurora – disse indo até a mesa de jantar.
Ele pegou a calda de chocolate e a colocou ao meu lado.
— Quero sentir o seu gosto misturado com chocolate, deve ser perfeito – mordiscou o
meu lábio inferior.
Ah caralho.
— Dylan – gemi em antecipação.
Voltamos a nos beijar e a sua mão passeava pelo meu corpo, me apalpando e sentindo
cada pedacinho da minha pele. Dylan levantou o meu vestido e o tirou passando por cima da
minha cabeça. Fiquei apenas de calcinha, já que eu estava sem sutiã.
Seus lábios passaram pelo meu pescoço depositando beijos, lambidas e chupões que com
certeza vão deixar marcas. Com muita vontade, o Dylan abocanhou um dos meus seios, a sua
mão passou pela minha coxa e alisou a minha intimidade por cima da calcinha de renda.
Dylan começou a tirar a minha calcinha e eu levantei a minha bunda para ajudá-lo. Com
delicadeza ele me deitou em cima da bancada e como eu queria ver cada passo que ele daria,
ergui o meu tronco, deixando os meus cotovelos apoiados em cima da bancada para manter meu
equilíbrio.
Meu marrentinho beijava todo o meu corpo com devoção e quando o seu rosto encontrou
a minha boceta, ele a cheirou soltando um gemido rouco e sensual.
— O seu cheiro me deixa louco, Aurora.
Seu dedo passeou pela minha entrada e ele sentiu a minha excitação escorrer.
— Você está encharcada, não vejo a hora de lamber a sua boceta gostosa.
— Por favor, Dylan – pedi me contorcendo.
— Calma – deu um beijo no meu sexo que estava escancarada pra ele.
Com muita tranquilidade, Dylan pegou a calda de chocolate e derramou na minha boceta.
Não sei explicar a sensação que eu senti, só sei dizer que foi maravilhosa.
Os seus dedos espalharam a calda por toda a minha intimidade. O meu corpo estava
quente e eu estava prestes a explodir, como uma dinamite – já que é assim que ele me chama.
Com a boca aberta, ele lambeu o meu sexo de baixo para cima e um gemido alto saiu dos
meus lábios – desculpa vizinhos, espero que não ouçam. – Sua língua me devorava e lambia todo
o chocolate que ele havia espalhado.
— O seu gosto com chocolate é perfeito – mordiscou o meu clítoris. – Eu nunca vou
cansar de dizer o quanto você é gostosa, minha doce Aurora.
Adoro quando ele fala que eu sou dele.
Não deveria, mas eu adoro.
Depois de tirar todo o chocolate da minha boceta com a língua, Dylan introduziu dois
dedos dentro de mim e ao retirar, ele derramou chocolate neles.
A cozinha deve estar uma bagunça, mas o que importa nesse momento é o nosso prazer.
— Chupa – colocou os seus dedos dentro da minha boca. – Quero que você sinta o gosto
do seu prazer misturado com chocolate. É uma combinação perfeita.
— Hummm – gemi quando senti o sabor da mistura.
— Gemendo desse jeito você acaba comigo Aurora.
Dylan segurou as minhas pernas e a sua boca voltou para a minha intimidade, ele a
assoprou e senti um arrepio gostoso por todo o meu corpo.
Foi a vez do meu clitóris receber atenção. A sua língua o lambia com precisão e os seus
dentes davam leves mordiscadas no meu ponto sensível.
— Ah – arfei quando a sua língua deslizou pela minha entrada.
Meu corpo se contorcia em cima da bancada.
— Goza na minha boca, Aurora – seu polegar massageou o meu clítoris. – Quero lamber
o seu gozo e não deixar nenhuma gota.
— Continua – choraminguei. – Preciso gozar na sua boca, Sr. Foster – comecei a rebolar
na cara dele.
Dylan sorriu e enfiou dois dedos dentro de mim, eles entravam e saíam com rapidez. A
sua boca me devorava com desejo e ele gemia enquanto me chupava.
Passei os meus dedos pelo seu cabelo e o puxei.
— Isso, Aurora. Rebola – minha cabeça caiu para trás e o meu corpo ficou trêmulo.
As suas investidas ficaram mais intensas e senti que o meu orgasmo estava se
aproximando.
— Goza para mim.
— Ah, Dylan...
Gozei intensamente e como prometido, Dylan lambeu cada gota do meu prazer.
— Adoro quando você goza gemendo o meu nome – subiu e deu um beijo nos meus
lábios.
— E eu adoro gemer o seu nome enquanto você me mata de prazer – digo me sentando e
ignorando o meu corpo mole depois de um orgasmo potente.
Com agilidade, levantei a sua camisa e o ajudei a tirá-la passando por cima da cabeça.
Abri a sua calça e enfiei a minha mão dentro da sua cueca box, a minha mão acariciava a sua
grossura que estava quase explodindo de tanto tesão.
Esse pau enorme me dá água na boca.
Usando todas as forças que me restavam, eu saí de cima da bancada e comecei a descer a
calça do Dylan levando a cueca junto. Ele me ajudou a terminar de tirá-las.
O seu pau saltou para fora e a cabeça brilhava devido à excitação.
Que visão deliciosa.
Me ajoelhei e seus olhos não saíam dos meus. Eu fazia questão de encará-lo, usando a
cara mais safada que eu possuo.
— Você me deixa louco quando me olha assim, sua safada – passou a mão no meu cabelo
solto.
Peguei a calda de chocolate e derramei por toda a sua extensão, lhe lancei um sorriso
travesso e passei a língua no seu pau de baixo para cima. Ao chegar na cabeça, eu a lambi e em
seguida dei um beijo delicado.
Ouvi um gemido rouco saindo dos seus lábios e sorri satisfeita.
— Porra, Aurora – rosnou.
Lambi todo o chocolate que derramei e depois de terminar, o masturbei desejando tê-lo
dentro de mim.
Minha língua passeou pela cabeça e sem aviso, eu enfiei toda a sua grandeza dentro da
minha boca, o chupando suavemente. Massageei as suas bolas com precisão e coloquei uma de
cada vez dentro da minha boca, as sugando com cuidado.
— Quero que você foda a minha boca, Sr. Foster – um sorriso cafajeste escapou pelos
seus lábios.
Dylan agarrou o meu cabelo, fazendo um rabo de cavalo e fodeu a minha boca com
rapidez.
— Caralho, Aurora – grunhiu. – Estou sentindo a sua garganta.
Não respondi por que a minha boca estava sendo fodida pelo seu pau grande e grosso.
Dylan empurrava a minha cabeça cada vez mais rápido e comecei a engasgar. Ele parou
para que eu pudesse respirar e me fitava com os olhos brilhando.
— Você se engasgando com o meu pau na boca é música para os meus ouvidos – pegou o
meu cabelo e voltou a colocar a sua grandeza dentro da minha boca.
Ele fodia a minha boca com força, foi bruto e duro, do jeito que nós dois gostamos. Senti
o seu corpo tremer e isso anunciava a chegada do seu orgasmo, depois de mais algumas
estocadas, Dylan jorrou tudo dentro da minha garganta.
Seu gozo foi intenso e sem nenhuma dificuldade, consegui engolir tudo.
— Essa sua boquinha atrevida é uma delícia – passou o polegar pelos meus lábios.
Com pressa, Dylan me ajudou a levantar e me deitou em cima da bancada novamente.
Ele se encaixou entre as minhas pernas e enfiou o seu pau duro dentro de mim, o meu corpo
saltou pelo impulso que ele deu ao me penetrar.
— Porra, Aurora – rosnou enquanto metia com força. – Não vou durar muito tempo –
suas mãos apertavam a minha cintura com firmeza.
Podíamos ouvir o barulho das suas bolas batendo contra a minha bunda e sem conseguir
ficar parada, comecei a rebolar.
Dylan abocanhou um dos meus seios e sem nenhum cuidado, ele os mordiscou. Eu
deveria ter sentido dor, mas foi o contrário, só consegui sentir prazer.
— Ahh – meu corpo se contorcia.
Nossos corpos estavam suados e eu podia ouvir as batidas dos nossos corações
acelerados. Levantei as minhas pernas e o Dylan as colocou em cima dos seus ombros, essa
posição aumentou a profundidade.
— Ah caralho – deu um gemido rouco e sexy. – Vou gozar, Aurora.
Gemi alto, sentindo o meu orgasmo se formando.
Depois de mais algumas estocadas o meu orgasmo explodiu. O Dylan tirou o seu pau de
dentro de mim e me acompanhou gozando também.
O seu corpo desabou sobre o meu e as nossas respirações estavam totalmente
descontroladas. Fiz carinho na sua cabeça e ficamos calados até a nossa respiração voltar ao
normal.
— Nunca vou cansar de comer você, Aurora – ele quebrou o silêncio.
Gargalhei com esse comentário.
— Obrigada... Eu acho – ele riu e me deu um beijo.
Com muita calma nós nos levantamos e ele me ajudou a descer de cima da bancada.
Minhas pernas estavam bambas e andei com uma certa dificuldade.
Estou vendo que essa foda vai me deixar dolorida.
28 DYLAN FOSTER
Definitivamente.
Eu não sei o que está acontecendo.
Minha noite com a Aurora está sendo maravilhosa. Nosso jantar, nossa dança.
NOSSA MÚSICA.
Nada de “nossa música” Dylan.
A foda que tivemos na cozinha foi incrível – todas são.
— Está tudo bem? Eu te machuquei? – perguntei preocupado. – Me desculpa, acho que
exagerei.
— Estou bem. Acho que vou ficar um pouco dolorida, mas valeu a pena – deu uma
piscadela.
Desde a nossa primeira noite juntos, eu sabia que ela seria um vício pra mim e é
exatamente isso: a Aurora é o meu vício.
Ainda estávamos nus quando ajudei ela a chegar no banheiro. Resolvi deixá-la relaxando
dentro da banheira enquanto eu organizo a cozinha.
— Você fica aqui relaxando e eu vou limpar a cozinha.
— Posso te ajudar – disse se levantando.
— De jeito nenhum – segurei a sua mão e a ajudei a se sentar novamente. – Serei rápido,
logo eu estou de volta.
Dei um beijo na cabeça dela e me retirei.
Cheguei na cozinha e vesti a minha cueca que estava jogada no chão, em seguida
comecei a lavar as poucas louças que estavam sujas e por fim, limpei a bancada e o chão.
Quando tudo ficou limpo, retornei para o banheiro e a Aurora estava dentro da banheira
com os olhos fechados. Tirei a cueca e me juntei a ela.
A água estava uma delícia.
— Relaxada?
— Com certeza – ergueu os lábios em um sorriso.
— Vem aqui.
Ela se encaixou entre as minhas pernas e encostou as suas costas no meu peito. Nossas
peles roçavam uma na outra e o meu pau começava a dar sinal de vida – isso não pode ser
normal.
— Estou gostando da nossa noite – ela falou brincando com a água.
— Eu também – fiz carinho na sua barriga.
Reparei que deixei algumas marcas pelo seu corpo e não vou negar, eu me senti
satisfeito.
— Desculpa por ter te deixado marcas – soei arrependido.
A verdade é que eu estou “zero arrependido”.
— Tudo bem. Faz parte – sorrimos.
— O que acha de sairmos amanhã? Podemos almoçar em um restaurante brasileiro que
tem aqui perto – minhas mãos passeavam pelo seu abdômen.
— Eu adoraria – sorri satisfeito.
— Se você quiser pode chamar a Dora – uma das minhas mãos massageou o seu seio.
— Sim, vou chamar – disse ofegante.
Em questão de segundos o meu pau endureceu.
— Posso te buscar às 12 horas? – mordisquei o lóbulo da sua orelha.
— Pode – seu corpo começou a se movimentar.
Minha mão foi para a sua intimidade e a toquei até ela ter outro orgasmo.
Saímos da banheira antes de eu perder todo o meu alto controle e foder ela ali mesmo.
Não queria machucá-la.
— Agora preciso ir embora – fiquei triste.
— Dorme aqui – usei o meu olhar de cachorrinho.
— Dylan – me olhou séria.
— Tudo bem, mas posso pelo menos te levar? – ofereci uma carona.
— Claro – riu.
Depois de nos arrumar, deixei a Aurora no seu apartamento e voltei para o meu.


Ontem eu dormi que nem vi. Me levantei e fiz a minha rotina matinal. Tomei um banho e
fui me preparar para buscar a Aurora. Nos falamos mais cedo e ela chamou a Dora para ir
conosco, então resolvi chamar o Theo para nos acompanhar.
Coloquei uma bermuda jeans, uma camisa simples preta e um sapato fechado. Como
sempre, os meus óculos escuros estavam presentes.
— Tudo pronto, Sr. Foster? – o cínico do Theo já chegou entrando.
— Sim – falei revirando os olhos.
— Vamos no seu carro ou no meu?
— Pode ser no meu.
Saímos e fomos buscar as mulheres e porra, a Aurora estava linda.
Ela estava usando um short jeans escuro e uma blusa rosa bebê que mostrava um pedaço
da barriga – acho que o nome é cropped. – O cabelo estava preso em um rabo de cavalo e nos
pés, ela colocou um tênis branco.
Chegamos no restaurante e a Aurora comeu com muita disposição. Fomos obrigados a
experimentar quase todas as comidas disponíveis no estabelecimento.
Confesso que eu adorei o churrasco brasileiro com arroz branco, feijão tropeiro e
vinagrete.
De sobremesa, a Aurora e a Dora pediram uma torta, brigadeiro – me lembrei da nossa
noite anterior com a calda de chocolate. – E ainda pediram um pudim de leite condensado. Eu e
o Theo gostamos de todas.
Saímos do restaurante satisfeitos e as meninas resolveram que queriam passear mais um
pouco, então fomos parar na calçada da fama[10].
A Aurora ficou fascinada com o lugar.
— Vem, vamos tirar uma foto – a Dora nos chamou.
Um rapaz passou por nós e ela pediu pra ele tirar uma foto nossa. Depois as duas
continuaram tirando várias fotos juntas.
— Vocês não cansam de tirar fotos não? – Theo brincou.
— Não – responderam um uníssono e nós rimos.
O final da tarde se aproximava e decidimos ir embora. Eu juro que quis convidar a
Aurora para ficar comigo em meu apartamento, mas eu já sabia a resposta.
Fomos pro carro e já liguei o som. Começou a tocar uma música que eu já havia
escutado, só não sabia o nome. Segundo a Aurora, a música se chama “Angels like you” da
Miley Cyrus.
It's not your fault I ruin everything
(Não é sua culpa eu estragar tudo)
And it's not your fault I can't be what you need
(Não é sua culpa que eu não sou o que você precisa)
Baby, angels like you can’t fly down hell with me
(Amor, anjos como você não podem voar para o inferno comigo)

Porque não troquei a música? Esse trecho específico me fez pensar no medo que eu tenho
de estragar tudo com a Aurora e eu sei que uma hora, as minhas inseguranças vão foder com
tudo. Não quero arruiná-la, não posso deixá-la como eu.
Consegui sair desse pensamento intrusivo e comecei a prestar atenção nas mulheres que
cantavam alto dentro do carro, elas se divertiam como crianças e essa alegria era contagiante. Eu
e o Theo não parávamos de rir da péssima afinação das duas.
Elas definitivamente não nasceram para serem cantoras, mas o que importa é a diversão.
— Vocês são péssimas cantoras – Theo parece que leu os meus pensamentos.
— Tenho que concordar – falei e elas riram.
— Nós sabemos disso – Aurora concordou sorrindo.
— É porque vocês nunca viram quando estamos sozinhas no nosso apartamento, acho
que os vizinhos nos detestam – Dora relatou.
Não conseguimos conter a gargalhada.
Em poucos minutos nós chegamos no apartamento delas.


Os dias se passaram e a festa da Focus já era no final de semana.
— Bom dia, Sr. Foster – minha pequena dinamite me cumprimentou assim que cheguei à
empresa.
Ela usava um vestido justo, na cor bege que ia até os joelhos. O cabelo longo estava solto
e nos pés, ela calçou uma sandália de salto fino.
— Bom dia, Srta. Duarte – respondi. – Venha até a minha sala, por favor – Aurora
assentiu e me seguiu.
Quando entramos na minha sala, eu fechei a porta e a prensei contra a parede.
— Dylan – deu um tapinha no meu ombro. – Para de ser pornográfico – dei um selinho
em seus lábios.
— Eu sei que você adora – mordisquei o seu lábio inferior. – E todos já sabem que
estamos transando, Aurora – lhe dei um beijo no pescoço.
— Eu sei, mas vamos ser profissionais – ela sentiu a dureza do meu pau e arfou. –
Precisamos trabalhar.
Aurora tem razão, se continuarmos eu não vou conseguir me segurar. Reuni todas as
minhas forças e me afastei.
— Você está uma delícia nesse vestido, Srta. Duarte.
— Obrigada, Sr. Foster, você também está uma delícia nesse terno – piscou. – Bom,
posso passar a sua agenda?
— Claro.
— Você terá uma reunião às 9 horas, com o pessoal do RH e terá um almoço com o Sr.
Marco Bellini às 12 horas – passou o dedo pelo iPad. – São esses os seus compromissos do dia –
deu um sorriso. – Chegaram alguns arquivos para você analisar, eles estão em cima da sua mesa.
— Tudo bem – verifiquei o horário no meu relógio de pulso. – Separou a pauta da
reunião?
— Sim, está na minha mesa. Vou ir buscar e já trago.
Ela saiu correndo para pegar a pauta e logo retornou.
— Aqui – me entregou.
— Obrigado – analisei a pauta. – Você não precisa ir para a reunião de hoje, ela será
sobre a efetivação de alguns estagiários.
— Vocês vão escolher alguns estagiários? – soou contente.
— Exato, nós vamos efetivar os melhores – olhei para ela com carinho. – Estou indo pra
reunião, até daqui a pouco.
Aurora assentiu e se retirou.
Me direcionei até o andar do RH e ao entrar na sala de reuniões encontrei a Emma e mais
alguns funcionários. Como ela é a chefe do departamento, foi ela que conduziu a reunião do
início ao fim, eu apenas escutei tudo atentamente.
No fim da reunião, decidimos que dos 10 estagiários, 8 serão efetivados e os outros
dispensados.
Me dirigi até o elevador e a Emma veio atrás de mim.
— Com licença, Sr. Foster – me cumprimentou e acenei com a cabeça.
Vi que ela não apertou nenhum botão, então deduzi que iria para o mesmo andar que eu.
— Vai para o meu andar? Por acaso você gostaria de falar algo comigo?
— Gostaria, mas tem que ser na sua sala, precisamos de privacidade – me olhou com uma
cara safada e eu já entendi tudo.
— Tudo bem – concordei erguendo os cantos dos lábios.
29 AURORA DUARTE
A minha relação com Dylan está fluindo bem, nós entendemos o nosso lugar e nos
respeitamos. A festa na boate Focus será no sábado e eu estou super animada, a minha amiga
Dora vai com o Theo e não vemos a hora de aproveitar.
Falando nisso... Hoje é quinta-feira e ainda não fomos atrás do nosso vestido.
Ouço o barulho do elevador e olho em pra ver quem está chegando... Bom, eu deveria ter
ficado de olhos bem fechados, porque a cena que eu vi, não foi nada agradável.
No elevador estava a Emma-do-RH e o meu chefe.
Seus corpos estavam colados. Uma mão da Emma estava parada no abdômen dele e a
outra pousou no seu ombro.
Meus olhos quase saltaram pra fora.
A Kim me lançou um olhar acolhedor... Eu estou com cara de quem está precisando de
acolhimento?
Calma, Aurora. Sem expectativas.
Dylan reparou que a porta do elevador abriu e rapidamente se afastou da cretina. Ela
percebeu o afastamento repentino e foi a primeira a se retirar da caixa de metal.
Emma veio caminhando na frente e quando a quenga viu que eu estava observando, ela
simplesmente limpou o canto dos lábios e ainda teve o atrevimento de me lançar um sorrisinho
descarado.
Vendo os dois nessa proximidade toda, não fica difícil de imaginar o que estava
acontecendo dentro desse elevador.
Que vontade de voar no pescoço dos dois.
Meu chefe gostoso e pegador me lançou um olhar que eu não soube e não queria decifrar.
Notei que eu ainda estava estática com toda essa situação e tentei me recompor. Desviei o meu
olhar e comecei folhear alguns papéis aleatórios que estavam em cima da minha mesa.
Os dois entraram na sala e eu fiquei parada igual uma idiota.
— Aurora – Kim se aproximou cautelosa.
— Sim?
— Não pensa muito, a Emma gosta de provocar, tenho certeza de que não aconteceu nada
entre os dois.
Por que ela está me falando isso? Isso não é da minha conta.
Ah, foda-se.
Eu estou indignada. O safado estava de sacanagem pro meu lado mais cedo e do nada fica
de graça com a naja dentro do elevador?
Mas e se eu estiver equivocada?
— Está tudo bem.
— Te conheço há pouco tempo, mas sei reconhecer a sua cara de descontentamento.
Você é muito expressiva, Aurora.
Merda! Isso é verdade.
— Pode ficar tranquila, estou bem – dei um sorriso fraco.
Kim se afastou e voltou a trabalhar, então eu resolvi fazer o mesmo. No fundo eu queria
ser uma mosquinha para saber o que está acontecendo dentro da sala do meu chefe.
Pode parar, Aurora.
Voltei a trabalhar torcendo para chegar o horário de meu almoço. Preciso sair um pouco
daqui e colocar a minha maldita cabeça no lugar, não posso sentir ciúmes do meu chefe, isso não
está no script.
Isso seria um motivo para acabar com essa merda de “amizade com benefícios”?
Ainda não estou preparada para isso.
30 DYLAN FOSTER
Desde o momento que saí do elevador, eu estou preocupado com o que a Aurora deve ter
pensado quando me viu daquela forma com a Emma, não quero que a minha pequena imagine
besteiras. A vontade que eu tenho é de largar tudo e ir me explicar pra ela.
Mas porque eu deveria?
Será que é porque nós temos um acordo? – é óbvio que é por isso, seu idiota.
No elevador, a Emma queria praticar atos libidinosos, mas eu não quis.
Entramos na minha sala e eu logo me sentei, a Emma por outro lado, ao invés de se sentar
na cadeira que estava vazia, ela veio se sentar no meu colo – estranhamente, o meu pau não deu
nenhum sinal de vida, isso não é normal.
— Algum problema? – perguntei.
— Sim – passou a mão pelo meu lindo rosto. – Estou com saudades, faz um tempo que
você não me procura – fez um biquinho.
Antigamente eu adoraria essa atenção e colocaria ela pra me chupar agora mesmo, mas
antes eu não tinha a minha pequena dinamite gostosa.
— Ando muito ocupado – justifiquei.
Ela continuava sentada no meu colo e começou a se esfregar nele – reage pau.
Nada!
Será que eu fiquei impotente? – só se for para as outras, porque para a Aurora o meu
pau fica duro só de olhá-la.
— Podemos aproveitar agora – tentou me beijar e eu virei o meu rosto para o lado
contrário.
Acho que o meu desejo pela Emma está morto e enterrado.
— Preciso me preparar para um almoço que acontecerá daqui a alguns minutos – isso é
verdade.
— Pra você isso nunca foi um problema – falou com uma voz melosa. – Vamos, Sr.
Foster, estou com vontade de sentir o seu pau dentro da minha boca.
Essa é a Emma que eu conheço.
— Não posso me atrasar.
— Qual é o problema? O que está acontecendo com você? Não vai me dizer que resolveu
ficar comendo apenas a putinha da Aurora? – disse se levantando do meu colo.
Como ela ousa falar isso?
— Pode parar por aqui.
— Só quero saber por que você está me recusando desse jeito, a nossa química sempre
foi extraordinária – por um momento eu também pensava assim, mas a Aurora me mostrou o que
é uma química de verdade.
Eu não sabia o que dizer.
— Nós sempre nos encaixamos muito bem – seus olhos brilhavam. – No que eu posso
melhorar? É só falar que eu faço – falou em tom de súplica.
Caramba, como eu saio dessa?
— Emma, eu não estou no clima – não desejo magoá-la.
Ela é uma mulher linda e muito competente, não quero que ela se sinta indesejada.
— Ok – cedeu.
— Então, o que você gostaria de falar comigo?
— Eu gostaria que você fosse ao baile da Focus comigo – deu um sorriso fraco.
Já levei a Emma na Focus. Ela é uma ótima companhia, sabe aproveitar a boate e os
jogos.
— Desculpa, mas eu já tenho uma acompanhante – falei sem graça.
— Claro que tem – sorriu insatisfeita. – Tudo bem.
— Não fica assim Emma.
— Tudo bem, eu vou voltar a trabalhar – virou as costas e saiu da minha sala.
Fiquei um pouco chateado por ela, mas sempre fui sincero, nunca a enganei ou lhe dei
falsas esperanças.


Cheguei no restaurante e me direcionei para a sala privada que o Marco reservou. Eu sou
um homem pontual, mas o meu amigo consegue me superar. Quando cheguei, ele já me esperava
cercado de seguranças.
Ao me ver, ele se levantou.
— Boa tarde, Marco – estendi a mão com um belo sorriso no rosto.
— Boa tarde – apertou a minha mão inexpressivo.
Nos sentamos e começamos a conversar.
— Te convidei para esse almoço porque eu quero te fazer uma proposta – o encarei
interessado.
O garçom nos entregou o cardápio e fizemos os nossos pedidos.
— Qual? – questionei.
— Eu sei que você é um dos donos da Focus – como ele sabe? – Eu descobri por que
tenho os meus recursos.
— É verdade, eu sou um dos donos – não neguei.
— Eu gostaria de abrir uma filial na Itália.
Isso já era algo que eu pretendia fazer futuramente, mas porque ele quer ter ligação com
uma boate?
— Você deve estar se perguntando por que – esse cara ler mentes? – É simples... Eu
gosto de expandir os meus negócios e a Focus é conhecida, além disso, ela tem uma boa fama,
então acredito que abrir uma no meu país será um ótimo investimento.
— Eu não sou o único dono.
— Você convence os outros e eu acredito que eles não vão querer perder a oportunidade
de levar a Focus para fora dos Estados Unidos – tomou um gole do seu vinho.
— Você não está aprontando, certo? – questionei aflito. – Eu sei que você não é um
simples empresário – ele deu um sorriso perverso e eu tive a confirmação de que tem algo por
trás da “casca de empresário”.
— Você é esperto mio amico – tomou mais um pouco do vinho. – Não se preocupe, não
irei fazer nada para te prejudicar, só quero expandir os meus negócios e a boate me dará um bom
retorno.
Senti que as suas palavras eram sinceras.
— Tudo bem. Eu vou conversar com os meus amigos, mas não me meta em problemas,
Marco – falei sério.
— Relaxa – deu um sorriso discreto. – Fico te devendo uma. Eu não ando com esse
pessoal à toa Dylan – apontou para os seguranças assustadores. – Quando precisar de ajuda é só
me procurar.
O nosso almoço fluiu bem e quando terminei, eu liguei para a Hanna e para o Theo,
precisávamos conversar sobre esse assunto da boate.


Ao chegar à empresa, notei que a Aurora não ocupava sua mesa. Ao entrar na minha sala,
alguns minutos depois, Theo adentra acompanhado da Hanna.
Conversei com eles sobre a proposta do Marco e, como previ, ambos apreciaram a ideia,
concordando prontamente. Optei por comunicar ao Marco sobre a nossa decisão no dia da festa
na boate.
Após a partida dos meus amigos, liguei para a Aurora e solicitei que viesse até a minha
sala. Rapidamente, escuto uma suave batida na porta, e lá está ela, entrando.
— No que posso ajudar, Sr. Foster? – falou sem nenhuma empolgação.
— Quero conversar com você.
— Pode falar – caminhou até a cadeira e se sentou.
— Não aconteceu nada naquele elevador entre mim e a Emma – fui direto.
— Prometemos que seríamos sinceros um com o outro, e independentemente do que
tenha ocorrido entre vocês, o fato de você ter vindo falar comigo me deixou satisfeita. Portanto,
está tudo bem.
— Eu sempre serei sincero com você.
— É, mas não foi o que ela fez parecer – murmurou baixinho.
— Aurora – falei sério. – Eu não fiquei com ela, não sei o que ela fez ou o que ela falou,
mas eu não fiquei.
— Tudo bem, eu acredito na sua palavra, e se vocês tivessem ficado não teria problema,
nós não estabelecemos nenhum tipo de exclusividade, apenas sinceridade.
— Eu não penso em ficar com outra mulher... Você pensa em ficar com outro homem? –
perguntei angustiado.
— No momento não penso nisso, mas se isso acontecer eu irei te falar – espero que não
aconteça.
— Obrigada – tentei disfarçar o meu desespero só de pensar na possibilidade de ela ficar
com outro. – Preparada para a festa sábado?
— Estou, espero que seja divertido.
— Vai ser. A Hanna arrasa nas festas.
— Ela é dona da Focus? – perguntou perplexa.
— Sim – afirmei.
— Uau, incrível – seus olhos brilharam. – É... Eu queria te fazer um pedido – brincou
com os dedos. – Você pode me liberar mais cedo amanhã? Preciso ir comprar um vestido com a
Dora. Eu sei que é muito abuso, mas eu não tive tempo de ir.
— Quer que eu cuide disso pra você?
— Nem pensar, Dylan... Deixa isso comigo, tudo bem?
— Tudo bem. Quero que todos vejam que eu estou com a mulher mais gostosa da festa –
pisquei.
— Pode deixar, Sr. Foster, vou dar o meu melhor na escolha do vestido... Agora preciso
voltar a trabalhar – jogou um beijo no ar e foi embora.
Fiquei com uma cara de imbecil observando-a sair com aquela bunda grande. Um dia eu
vou enterrar o meu pau dentro dela.
Voltei a trabalhar contando as horas para chegar o sábado, estou doido para apresentar
um dos meus hobbies pra Aurora.
31 AURORA DUARTE
A conversa com o Dylan sobre a situação entre ele e a Emma foi esclarecedora e
consegui enxergar sinceridade vindo das suas palavras – espero não estar sendo uma burra.
Calma Aurora. Está tudo bem, é só uma amizade com benefícios.


Na sexta-feira, deixei o trabalho mais cedo para encontrar com a Dora em uma loja de
vestidos. Provamos diversos modelos, cada um mais encantador que o anterior, e a indecisão
pairava entre nós.
Qual iríamos levar?
— É esse, Aurora – Dora comunicou empolgada.
— Você disse a mesma coisa dos oito vestidos que eu experimentei, Dora – revirei os
olhos.
— Sim, mas é porque todos ficaram bonitos em você – deu de ombros. – Eu vou ficar
com esse, o que você acha?
— Está perfeito, é a sua cara – ela usava um elegante vestido longo e justo, rosa de cetim,
com decote pronunciado. As alças eram finas, e o vestido apresentava uma fenda que se estendia
até a parte superior da perna.
— E esse – apontou para o vestido que eu estava usando. – É a sua cara, vai ser ele –
olhei para ela com dúvida. – É sério, Aurora.
— Tudo bem, eu confio em você – a Dora tem bom gosto.
— É isso aí garota – falou alegre.
O vestido é longo, na cor vermelho sangue com alguns brilhos discretos. Similar ao da
Dora, ele possui alças finas, mas diferencia-se pela amarração cruzada nas costas, que deixa a
região exposta até a cintura. A fenda é generosamente aberta, estendendo-se até o início da
perna, e o vestido apresenta um belo decote. É um verdadeiro espetáculo.
Ao verificar o preço, meu queixo quase caiu. O vestido estava um pouco caro, e eu não
podia me dar ao luxo de gastar muito, já que estou economizando dinheiro para conquistar minha
liberdade.
Dora percebeu exatamente o que eu estava pensando quando me viu examinando a
etiqueta com o valor do vestido. Ela até se ofereceu para pagar tudo, mas recusei. Decidi comprar
e depois arranjaria uma maneira de cobrir os gastos – eu não deveria gastar assim.
Depois não reclama dona Aurora.
Compramos os vestidos e fomos atrás das máscaras. Optamos por cores que combinavam
com os vestidos, evitando excesso de brilho para manter o equilíbrio. Decidimos não comprar
sandálias, pois já tínhamos. Com todas as compras feitas, retornamos ao nosso apartamento.


Na manhã seguinte, acordamos empolgadas. Decidimos de última hora ir ao salão, e foi
desafiador encontrar um horário disponível. Contudo, com nossa habilidade de convencimento,
conseguimos um encaixe para o final da tarde.
Os rapazes se comprometeram a nos buscar às 8 da noite, então teremos tempo suficiente.
Chegamos no salão para nos arrumar e eu escutei uma voz conhecida – infelizmente.
— Olha, que coincidência.
— Oi Emma, é uma grande – e péssima. – Coincidência.
— Vejo que está se arrumando. Irá para algum lugar especial?
— Vou sim – fui seca.
— Essa que é a vaca? – Dora falou baixinho e eu assenti.
— Creio que você vá para a festa na boate que o Dylan é sócio, não é mesmo?
Que rapariga.
— Sim.
— Ele já me levou lá várias vezes. Espero que você saiba aproveitar tudo, principalmente
os jogos – jogos? – O Dylan adora os jogos.
Franzi as sobrancelhas.
— Pela sua cara, acho que ele não te falou sobre isso – ergueu os lábios em um sorriso
ridículo.
— Realmente não falou, mas lá eu descubro – dei um sorriso mais falso do que nota de
três reais.
— A conversa está boa, mas você pode se retirar? Está atrapalhando o nosso momento de
amigas – boa Dora.
— Verdade, tchau querida – falei.
— Nos vemos na festa – espero que não.
A ridícula se retirou e eu fiquei segurando o riso com a minha amiga.
Essa conversa estranha me deixou intrigada. Sobre quais jogos ela estava falando? Fiquei
curiosa e, se for algo interessante, eu gostaria de participar.
— E esses jogos, como você acha que são? – perguntei para a Dora.
— Não sei, só sei que quero participar – nós rimos.
— Eu também, mas nem sabemos como é – falei pensativa. – E como vamos jogar com
aqueles vestidos? – Dora gargalhou.
— Não sei, mas ficaremos sabendo quando chegarmos lá. Estou ansiosa para descobrir
do que se trata.
Rimos e continuamos conversando.
Depois de passar algumas horas de molho no salão, saímos de lá prontas. A profissional
fez um penteado meio preso no meu cabelo. Deixou a parte de trás solta, com ondas mais
definidas, enquanto a parte da frente foi presa para trás. Quanto à maquiagem, optei por algo
simples, considerando que usaríamos máscaras.
Ok. O cabelo solto pode atrapalhar a visão das minhas costas, já que o vestido é de costas
nuas, mas eu gostei do penteado e fiz.
A Dora deixou o dela solto e fez ondas. Ela também optou por uma maquiagem simples.
Ao chegarmos em casa, tomamos um banho e fizemos alguns ajustes na maquiagem antes
de colocarmos as máscaras. Conforme o combinado, os rapazes chegaram pontualmente no
horário marcado.
Ao descermos, nos deparamos com um veículo... Mas não era um simples carro, era uma
limusine luxuosa, daquelas que eu só havia visto na televisão. Um rapaz nos aguardava do lado
de fora, acho que é o motorista.
— Boa noite, senhoritas – nos cumprimentou.
— Boa noite – respondemos simultaneamente com sorrisos nos lábios.
Entramos no carro e os gostosões estavam usando máscaras, assim como nós. O aroma
agradável que os dois exalavam era envolvente, e devido à escuridão, não conseguíamos
enxergá-los com muita clareza.
Nos sentamos lado a lado e eles estavam sentados à nossa frente.
— Boa noite – Theo falou para nós duas.
— Boa noite – foi a vez de Dylan nos cumprimentar.
— Boa noite – nós respondemos juntas.
— Não conseguimos ver direito, mas eu acredito que vocês estão lindas – Theo falou, e
senti os olhos do Dylan queimando a minha pele.
— Verdade – Dylan falou ainda me encarando.
— Obrigada, também acho que vocês estão maravilhosos – falei sorrindo.
Nos deram uma taça de champanhe.
— Concordo... E vocês tem razão, nós estamos gostosas pra caralho – tão humilde.
Todos nós rimos.
— Não tenho dúvidas – Dylan falou me olhando e tomando um gole da sua bebida.
Esse homem é gostoso e sexy até bebendo. Como pode?
O tempo passou e logo chegamos em um lugar isolado. A entrada era rigorosamente
controlada, e eu simplesmente não entendi por que entramos por outro caminho, evitando a
pequena fila que se formava na entrada.
Ah! Eles são amigos da dona – Hanna – faz sentido eles serem beneficiados.
Descemos do carrão e vimos os rapazes.
Puta que pariu.
Eles estavam perfeitos. Os dois usavam smoking de três peças. O do Dylan era preto – eu
já esperava – e o do Theo era um azul escuro.
— Pelo visto nós estamos com as mulheres mais lindas da festa – Theo falou, olhando
para nós e segurando a mão da Dora.
— Vocês estão lindas – Dylan falou se aproximando. – O seu cheiro é delicioso, Aurora –
cheirou o meu pescoço. – E você está uma gostosa, eu queria tanto poder arrancar esse vestido
do seu corpo e te foder aqui e agora – sussurrou no meu ouvido, e eu me arrepiei.
— Dylan – suspirei sentindo a excitação tomar conta do meu corpo.
— Vocês estão lindos também – Dora falou e eu voltei para a realidade.
— Verdade, estão perfeitos – falei gaguejando.
Entrelacei os meus braços nos do Dylan, e Theo fez o mesmo com a Dora. Em seguida,
nos encaminhamos até a boate.
Os rapazes nos explicaram que a entrada de celulares, câmeras ou qualquer outro tipo de
eletrônico é proibida. Além disso, todos os presentes assinaram um termo de confidencialidade e
sigilo – fiquei chocada com o valor da multa – mas entendo, a Hanna preza pela privacidade dos
frequentadores. A boate é para ser um lugar de diversão e sem tabus.
Quando entramos eu não estava preparada. O lugar era imenso, repleto de pessoas
elegantemente vestidas a caráter. A boate contava com uma iluminação de LED, mas não era
excessivamente escura. Havia palcos pequenos com barras de pole dance, nos quais mulheres
mascaradas dançavam. Os funcionários estavam sem camisa, usando gravatas borboletas no
pescoço e também usavam máscaras.
Avistei o palco principal e acredito que deve acontecer algumas apresentações especiais
nele, mas algo me chamou a atenção. Próximo a esse palco, havia um espaço que se assemelhava
a um quarto, três paredes eram de vidro e a outra parte era aberta. Todos podiam ver o que
acontecia lá dentro – lembra a casa de vidro reality BBB[11].
Continuamos caminhando e avistamos Hanna à distância. Ela prontamente veio nos
cumprimentar.
— Vocês chegaram – abraçou os meninos e depois veio nos abraçar.
— Chegamos – Theo falou.
— Sim, não perderíamos a sua festa por nada – Dylan falou.
— Vocês estão perfeitas meninas – ela elogiou eu e a Dora. – Mandei fazerem uma
playlist daquela batida que dançamos e descemos até o chão.
— MENTIRA – eu e a Dora falamos empolgadas.
— É isso aí Hanna, vamos aproveitar a noite pra descer até o chão – Dora disse animada
e eu concordei com ela.
Ouvi alguém pigarreando atrás de mim e vi que era o Dylan. Franzi o cenho sem entender
qual era o problema.
— Algum problema Dylan? – indaguei.
— Nenhum – falou. – E os jogos Hanna? – mudou de assunto.
Isso, pergunta sobre os jogos, eu estou curiosa.
— Nossa quero saber dos jogos, ficamos sabendo disso hoje, não foi, Aurora? – caramba,
essa Dora é bocuda.
— Como vocês ficaram sabendo? – Theo perguntou.
— Ah, estávamos no salão e tinha uma vaca lá, ela nos falou – Dora falou e eu não
contive o riso.
— Vaca? – Dylan perguntou confuso.
— A Emma – finalmente abri a minha boca. – Ela comentou que já veio aqui e que tem
jogos.
— Emma – Hanna revirou os olhos. – Mulher intrometida.
— Eu falaria quando chegássemos – Dylan falou olhando para baixo.
— Tudo bem. Vamos aproveitar – resolvi ignorar isso, eu quero me divertir. – E já vou
avisando que eu quero jogar.
— Aurora – Dylan chamou a minha atenção.
— O quê? Não sei como é, mas deve ser legal – dei de ombros.
— Eu também quero – Dora exclamou empolgada.
— É isso aí – Hanna deu pulos de alegria. – É por isso que eu gosto de vocês.
— Vamos falar sobre isso depois – Theo desconversou. – O que vocês querem beber?
— TEQUILA – foi automático, Dora, eu e a Hanna gritamos ao mesmo tempo.
— Estamos ferrados, Dylan – Theo falou, mas nos deu a bebida.
A festa estava maravilhosa, e Dylan me guiou para explorar o local. No segundo andar da
boate, havia salas abertas, acessíveis a qualquer um que desejasse observar o que acontecia lá
dentro. No entanto, também haviam salas privadas.
Entramos em uma sala que tinham dois homens e uma mulher. A cena era diferente, mas
era excitante. A mulher estava sendo penetrada por um, enquanto engolia o pau do outro.
Observei tudo com bastante atenção.
— Eu não sabia que você é voyeur – Dylan sussurrou e me apertou contra o seu corpo.
— O que é isso? – perguntei.
— É quem gosta de observar as relações sexuais de outras pessoas – segurou na minha
cintura com firmeza.
Dessa eu não sabia.
— Parece que eu gosto disso – falei ofegando enquanto sentia o seu toque.
— É muito bom saber – falou dando aquele sorriso cretino que eu adoro.
Continuamos andando e entramos em outra sala aberta. Lá estava rolando um tipo de
orgia, nunca vi tanta gente trepando de uma vez só, não sei onde começa e onde termina. Mas é
como dizem: se organizar direitinho todo mundo transa.
Passamos por outra sala e vi algo curioso, parecia prática de BDSM. Desde o dia que o
Dylan me amarrou, eu comecei a pesquisar mais sobre isso.
Pelo que eu entendi, BDSM significa: bondage, disciplina, dominação, submissão,
sadismo e masoquismo.
De todas essas práticas eu confesso que achei algumas atraentes. A bondage foi o que o
Dylan fez comigo. Ele restringiu os meus movimentos e eu gostei.
As outras parecem interessantes, mas como eu nunca experimentei, não posso dizer se eu
gosto ou não.
A única que eu tenho certeza absoluta de que eu não gostaria, é o sadismo. Não sinto
prazer em provocar dor em outra pessoa.
Na sala, a mulher estava pelada de joelhos, vendada e algemada. Ela usava uma coleira
no pescoço, a coitada parecia uma cadelinha na guia. Na outra mão, o rapaz segurava uma
espécie de chicote e a batia com força – não sei se gostei disso não.
— Meu Deus – falei perplexa. – Isso deve doer pra caralho.
— Pra ela não dói, os dois sentem prazer – Dylan falou no meu ouvido.
— Que horror – comentei e Dylan riu.
Passamos por outra sala e tinha uma mulher em pé, ela estava amarrada em alguma coisa
que eu não sei o nome.
— O que é isso? – perguntei curiosa.
— É conhecida como Cruz de Santo André.
A mulher estava com os pulsos, tornozelos e a cintura amarrados. Os seus mamilos
estavam presos com presilhas que acredito que foram feitas justamente para isso. A sua boca
estava amordaçada e os seus olhos vendados. O homem usava um vibrador para masturbá-la
enquanto a beijava fervorosamente – esse não parece tão ruim assim.
— Gostou? – Dylan me perguntou.
— Sim – caramba, eu realmente estava interessada.
Andamos mais e entramos em uma sala que a mulher estava amarrada, pelada e deitada
na cama toda arreganhada, parecia um X gigante.
Eu fiquei paralisada observando e o Dylan pressionou a sua virilha contra o meu corpo,
fazendo com que eu conseguisse sentir a sua ereção deliciosa.
Tinha alguma coisa dentro da parte íntima da mulher. Um vibrador talvez? Ou seria
bolinhas tailandesas? Não sei.
O homem alisava o seu corpo com uma chibata. Ela gemia de prazer e ansiedade. De
repente, ele deu uma chibatada na barriga dela, mas ao contrário do outro, esse não bateu tão
forte. A mulher gritava pedindo mais.
— Parece que alguém está gostando do que está vendo – Dylan falou baixinho.
— Sim, eu gostei – o meu marrentinho sorriu.
O homem apertava os mamilos dela com um pouco de força e o meu corpo estava
reagindo. Senti o meu sexo se contraindo e eu precisei esfregar uma perna na outra.
— Posso fazer o mesmo com você, minha dinamite – falou alisando as minhas costas e
mordeu o meu ombro.
— Eu adoraria – suspirei.
Eu falei isso mesmo ou foi imaginação da minha cabeça?
— Vamos descer, daqui a pouco começa os jogos.
— O que tem lá em cima? – tinha mais um andar.
— São os privados e no último andar tem o escritório da Hanna.
Ainda tinha mais um andar? Que legal.
— Que bom encontrar vocês por aqui – quando nos viramos para sair de onde estávamos,
a mocreia da Emma veio falar conosco.
Merda.
— Digo o mesmo querida – que falsidade dona Aurora.
— Oi, Emma – Dylan a cumprimentou dando um abraço e a cretina me olhou dando um
sorrisinho idiota. – Está se divertindo?
— Sim, está tudo perfeito – sorriu. – Vai participar dos jogos?
— Não sei ainda – ele falou.
— Se precisar de uma dupla, é só me chamar, somos bons nisso – piscou para ele e saiu.
Posso voar no pescoço dela agora ou depois?
— Não liga pra ela – Dylan falou. – Se for pra eu participar de alguma coisa, será com
você – assenti e sorri para ele.
Retornamos para encontrar os nossos amigos, e todos estavam no bar. Com Hanna, havia
um rapaz bonito. Nos apresentamos, e ele pareceu ser uma pessoa gente boa.
— Onde estavam? – Dora perguntou.
— Fomos conhecer os ambientes – respondi. – Você foi?
— Sim e fiquei passada – todos rimos.
Do nada – ok, sei que não foi do nada, tem o dedo da Hanna nisso. – O som que nós
estávamos esperando preencheu o ambiente.
COMEÇOU O BATIDÃO.
Eu e a meninas tiramos as máscaras e corremos para a pista. Deixei o Dylan lá com a cara
mais fechada do que uma porta e meti o pé. Até parece que eu não iria balançar o esqueleto em
uma festa como essa.
Infelizmente o vestido longo estava atrapalhando todo o meu show, mas como a fenda
dele é bem aberta, coloquei-a de lado e a segurei. Isso acabou proporcionando uma bela visão da
minha coxa.
Meu marrentinho gostoso me fuzilava com o olhar e como eu não poderia deixar de
provocá-lo, o encarei e comecei a rebolar a bunda pra ele.
Olhei na direção das minhas amigas, e elas também seguravam os vestidos para dançar.
Senti uma mão apertando minha cintura, e minha pele se arrepiou. Só existe uma pessoa
que tem esse poder sobre o meu corpo. Olhei para trás, e era ele, o Dylan.
Os outros rapazes estavam com ele, e cada um foi até suas acompanhantes. Os três
fizeram um tremendo drama, então decidimos voltar para o bar para tomar alguma coisa.
— Vocês três não tem jeito mesmo – Theo falou.
— Por quê? – Dora questionou erguendo as sobrancelhas.
— Nada – Theo recuou e eu ri.
— Como vocês conseguem dançar com esses vestidos? Não cansam não? – Dylan falou.
— Demos o nosso jeitinho – falei. – E não... Nós não cansamos de dançar – sorri e bebi
um gole do meu drink.
— Estava quase mostrando a sua calcinha Aurora – Dylan falou impaciente e eu
gargalhei.
Pobre Dylan, se você soubesse – vai saber agora.
— Está rindo por quê? – me perguntou franzindo o cenho.
— De que calcinha você está falando? – ergui as sobrancelhas. – Eu estou sem – falei
despreocupada.
Theo se engasgou com a bebida.
— Porra, Aurora – meu marrentinho se levantou incrédulo e todos romperam em uma
gargalhada.
— Aurora! – Hanna exclamou rindo histericamente.
— Aurora você é terrível – Dora falou chorando de rir.
O meu chefe parecia em pânico, mas ele não tem que falar nada.
— Você estava andando esse tempo todo por aí, sem calcinha, Aurora?
Confirmei com a cabeça.
— Não estou acreditando nisso – ele passou a mão pelo cabelo.
— Estava marcando no vestido – encolhi os ombros.
— Não vou falar mais nada – é bom mesmo.
Todos ainda estavam rindo e eu entrei na onda. Dylan se sentou ao meu lado e ficou em
silêncio. De repente senti uma mão passando pela fenda do vestido e deslizando pela minha
coxa.
Olhei pro Dylan e ele me deu um sorriso erótico. Seus dedos invadiram a minha boceta e
começaram a me masturbar. Meu corpo remexia disfarçadamente. Estávamos do lado dos nossos
amigos e eu lutava para não gemer alto.
— Você veio sem calcinha, Aurora – sussurrou no meu ouvido. – Que menina malvada –
suspirei.
Seus dedos trabalhavam com precisão e no momento que o meu orgasmo estava se
aproximando, o safado parou e me impediu de gozar. Lancei um olhar mortal para ele e o
cafajeste sorriu.
— É a sua punição, doce Aurora – falou e chupou os dedos que estavam dentro de mim.
— Merda! – resmunguei para ele ouvir.
Olhei em volta e tudo fluía normal, mas a Hanna não estava presente, ouvi alguém
falando no microfone e era ela. Parece que os jogos vão começar.
O primeiro jogo foi tipo um sorteio, esse eu não participei. Os participantes recebem um
número aleatório na entrada. Todos os números são solitários, mas apenas três desses números
são duplicados. Sendo assim, duas pessoas recebem o mesmo número e essa repetição formam
três casais aleatórios na festa. Quando os três casais são anunciados, eles precisam jogar um dado
para descobrir o que terão que fazer – entrou no jogo, tem que jogar.
O segundo jogo também foi aleatório, assemelhando-se a uma brincadeira de cabra-cega.
As luzes se apagavam completamente e, de repente, uma luz branca se acendia sobre duas
pessoas escolhidas aleatoriamente. Elas tinham a liberdade de escolher o que desejavam fazer –
esse é leve.
Agora, o último jogo não é sorte. São três casais voluntários que participam e quem
atingir o objetivo do jogo, ganha um prêmio em dinheiro.
O jogo dá 20 minutos para o casal ter um orgasmo, no caso, seria 10 minutos para um
parceiro e 10 minutos para o outro. Ambos devem gozar.
A regra é: sem penetração e o parceiro que estiver recebendo o “agrado” – e o possível
orgasmo – não pode tocar em quem estar lhe proporcionando o prazer. Se os três casais
atingirem o objetivo do jogo, o vencedor será quem gozou em menos tempo e se mesmo assim,
ainda houver empate os casais ganham mais 10 minutos.
— Quero participar desse jogo Dylan.
— Aurora, é melhor... – tentou argumentar.
— Se você não for comigo, eu vou me voluntariar sozinha – avisei.
— Tem certeza disso? – falou pensativo.
— Sim. Ou você acha que eu não sou boa o suficiente pra jogar com você? – ok, peguei
pesado.
— Não é isso – falou frustrado. – Não quero os outros vendo como você fica deliciosa
quando está louca de tesão – respirou fundo. – Mas tudo bem, se é isso que você quer, nós
vamos.
— Aurora, você vai mesmo? – Dora falou preocupada e se aproximou. – Você vai
participar porque quer ou por causa do dinheiro? – falou no meu ouvido.
Eu particularmente quero ter essa experiência, mas o dinheiro também é um bom
incentivo.
— Os dois. Eu quero essa experiência e também quero o dinheiro – fui sincera. – Vai ser
legal Dora – a acalmei.
— Tudo bem, não é como se eu nunca tivesse visto você transando – falou alto e todos
riram.
Bom... Todos menos o Dylan.
Nós chegamos perto do quarto que tem as paredes de vidro e eu vi mais dois casais se
aproximando, entre eles estava a vaca da Emma com um rapaz.
— Você ainda pode mudar de ideia e entrar no quarto comigo Dylan – caralho, ela não
tem o senso mesmo.
Dylan apenas negou com a cabeça.
Resolvi ignorar essa abusada e me concentrei. Nós seríamos os últimos e eu estava
ansiosa.
— Você tem certeza disso? – Dylan perguntou pela milésima vez.
— Claro.
— Espera aí então – ele saiu e voltou com uma bolsa.
— O que é isso? – questionei.
— São os meus equipamentos – piscou. – Confia em mim?
— Sim, vamos arrasar, meu marrentinho – dei um selinho em seus lábios.
— Vamos, minha pequena dinamite – me puxou para um beijo forte e se eu estivesse de
calcinha, ela estaria molhada.
O jogo começou e o primeiro casal entrou no quarto. Um telão mostrava o que acontecia
lá dentro, assim, as pessoas que estavam longe conseguiam ver com mais clareza – como que eu
não vi essa câmera?
O jogo foi rolando e os casais estavam mandando bem – até a cadela da Emma – ela é
bem experiente. O primeiro casal não conseguiu alcançar o objetivo do jogo, o alarme tocou e o
rapaz ainda não tinha gozado. A Emma e o seu parceiro conseguiram, os dois gozaram antes do
alarme tocar anunciando o fim do tempo.
O resultado final só é anunciado depois.
Finalmente chegou a nossa vez.
Quando a equipe terminou de higienizar o quarto nós fomos liberados pra entrar. No
caminho consegui ver o sorrisinho sarcástico da Emma.
Que mulherzinha podre.
— Não vou tirar o seu vestido porque não quero ver ninguém olhando pro seu corpo –
Dylan falou e eu sorri do seu jeitinho possessivo.
Dylan fez eu me sentar em cima da cama e encostar as costas na cabeceira. Ele ergueu o
meu vestido e tirou uma venda de dentro da mochila. Eu optei por não usá-la, pois queria ver
tudo. Então, ele começou a se defazer do seu smoking, ficando apenas com a camisa aberta,
consegui ver o seu abdômen gostoso e isso já me faria gozar.
Ele foi até a mochila novamente e tirou um distanciador – meus olhos se arregalaram e
ele deu um sorriso discreto. – Comigo sentada na cama, o Dylan pegou as minhas pernas e as
levantou colocando os meus pés apoiados no colchão.
Depois de estar devidamente posicionada, Dylan amarrou o distanciador nos meus
tornozelos e os abriu. Eu fiquei presa e toda aberta pra ele, já que os meus pés e joelhos ficaram
afastados.
Após terminar de preparar tudo, o meu marrentinho safado pediu para darem início à
contagem do tempo.
Nossas bocas se chocaram e iniciamos um beijo forte. Eu queria tocá-lo, mas não podia.
Suas mãos passeavam pelo meu corpo e a minha pele se arrepiava.
— Só pensa em nós, Aurora – beijou o meu pescoço. – Só há nós dois aqui – gemi
sentindo o seu toque.
O vi tirando uma chibata de dentro da mochila. Por um momento, senti uma certa
apreensão, mas eu confiava nele, então deixei as coisas fluírem. A chibata passeava pelo meu
corpo e ele bateu na lateral das minhas duas coxas, uma de cada vez. Eu esperava sentir dor, mas
só senti prazer.
A sua boca beijou onde ele tinha batido, mas invés de descer e ir beijar o meu sexo, ele
subiu. Foi a vez dos meus seios receberem atenção. Ele os chupou, lambeu, mordiscou e eu
estava quase explodindo de tesão.
— Dylan, por favor – pedi.
— Eu sei pequena – beijou os meus lábios e senti os seus dedos começarem a brincar
com o meu clítoris.
Arfei sentindo o seu toque, mas ele não podia me penetrar, só massagear.
Cerrei os punhos na tentativa de controlar a minha vontade de tocá-lo.
Sua boca desceu e parou na minha intimidade. Ele deu uma lambida longa e eu gemi ao
sentir a sensação de ter a sua língua quente me explorando. Não sei quanto tempo passou, mas eu
estava curtindo o momento. Uma das suas mãos apertava o meu peito já coberto pelo tecido do
vestido e a outra usava os dedos para esfregar o meu clítoris. Enquanto isso, a sua língua
chupava e lambia a minha boceta.
— Hum – gemi. – Isso Dylan – falei ofegante.
A equipe que acompanhava o andamento do jogo analisava tudo com atenção, eles
precisavam marcar o tempo corretamente. Eu conseguia ouvir gemidos vindo da plateia e isso
aumentou o meu tesão.
Dylan esfregou o meu clítoris com mais velocidade e delirei de prazer.
— Vem, Srta. Duarte, derrama esse seu gozo gostoso na minha boca – puta que pariu.
— Sim, Sr. Foster – gemi alto.
Sua língua voltou a me invadir com movimentos frenéticos. Não demorou muito e o meu
orgasmo veio com tudo, derramei tudo na sua boca, como ele mesmo pediu.
Meu gostoso se levantou e beijou a minha boca. Olhei para baixo e vi que ela estava com
uma ereção enorme – não vejo a hora de cair de boca.
— Você é incrível, Srta. Duarte – sussurrou e beijou o meu pescoço.
— Obrigada, Sr. Foster. Você também é incrível.
Rimos e ele me soltou.
Quando eu gozei, o cronômetro parou e nós ficamos felizes. Por mais que eu tenha ficado
um pouco aflita no início por ter plateia, eu sabia que com o Dylan o meu orgasmo estava
garantido. Esse homem sabe como me deixar louca e conhece cada parte do meu corpo.
A parte mais difícil vem agora. Não sei se vou conseguir fazê-lo gozar antes de 10
minutos, mas vou dar o meu melhor.
32 DYLAN FOSTER
A Aurora sempre me surpreende. Ver que ela gostou de ver algumas práticas de BDSM
me deixou animado porque é algo que eu gosto de fazer, mas não queria forçar a barra.
Falando em dançar... Aquela danada ainda vai me infartar. Ela estava dançando com o
vestido levantado e sem calcinha, é demais pra mim.
Como sempre, eu precisei me aproximar dela enquanto ela se divertia na pista de dança.
Os homens pervertidos estavam a comendo com os olhos e eu reparei que uns três – ou mais –
estavam se masturbando.
Não vou ser hipócrita, eu também fico duro só de olhar pra ela dançando daquele jeito,
mas é diferente – pelo menos para mim é diferente – nós temos algo... Uma amizade com
benefícios.
Porra, nunca pensei que essa brasileira baixinha poderia me dar tanto trabalho.
No momento em que a Aurora decidiu que queria participar dos jogos eu fiquei
preocupado e não entendi os seus motivos. Vi que ela conversou com a Dora antes, e sinto que
ela não entrou só pela diversão. Tem muita coisa sobre a Aurora que eu não sei e é bom eu
descobrir.
A princípio, eu não queria jogar para não deixá-la exposta, mas depois da ameaça que a
abusada fez, eu resolvi entrar no jogo – vê-la jogando com outro estava fora de cogitação. –
Mesmo aceitando jogar, eu não podia deixá-la totalmente nua na frente de todos – fiquei com
ciúmes mesmo.
Na primeira rodada do jogo, eu consegui fazê-la gozar dentro do tempo. Confesso que
fiquei apreensivo e pensei que não conseguiria, mas a entrega da Aurora é fascinante, nossa
química é inegável.
Agora vamos para a segunda rodada e eu já estou quase gozando só de imaginar aquela
boquinha atrevida engolindo o meu pau.
Na verdade, eu já estava prestes a gozar quando a minha cara estava enfiada entre as suas
pernas – que gosto viciante. – Não tenho dúvidas de que eu irei gozar em tempo recorde.
Aurora tirou a minha camisa e depois mandou eu me sentar na beira da cama, deixando
os meus pés apoiados no chão. Em seguida, ela pediu para começarem a cronometrar.
Minha pequena alisou o meu abdômen e esse toque fez o meu pau pulsar fortemente
dentro da cueca. Ela subiu uma perna e a colocou ao meu lado, apoiando o pé em cima da cama.
A sua mão abriu a fenda do vestido e eu consegui ter uma visão completa da sua boceta nua.
Dois dos seus dedos a penetraram.
— Olha o que você faz comigo, Sr. Foster – retirou os dedos de dentro dela e os enfiou
dentro da minha boca. – Estou encharcada por sua causa – sussurrou no meu ouvido e o meu pau
doeu de tão duro que estava.
— Porra, Aurora – tentei controlar a minha respiração, eu queria agarrá-la.
Depois de descer a perna, os seus lábios se encostaram nos meus. Nossas línguas se
entrelaçavam em um beijo implacável e cheio de desejo. Com as mãos, Aurora se livrou do meu
cinto e desabotoou a minha calça.
Nosso beijo foi interrompido e a sua boca foi depositando beijos pelo meu corpo. Passou
pelo meu pescoço, peitos, abdômen e ela se ajoelhou levando o seu rosto até a minha cueca.
A malandra deu um beijo no meu pau por cima da cueca e a sua boca voltou a subir pelo
meu corpo. Chegando no meu pescoço, ela deu uma lambida longa que foi do meu pescoço até a
minha boca.
— Aurora, não brinca comigo – falei louco de tesão e a safada me deu um sorriso
travesso.
— Você adora essa brincadeira, Sr. Foster – caralho, eu estou quase gozando e ela nem
me chupou ainda.
A Aurora voltou a ficar ajoelhada e libertou a minha extensão que estava sendo esmagada
pela cueca. Ela enfiou as minhas bolas dentro da boca, uma de cada e a sua mão me masturbava
delicadamente. Sua língua passou pelo meu comprimento de baixo para cima e quando chegou
na cabeça ela fez movimentos circulares.
Sem aviso, Aurora engoliu o meu pau, e o chupou com habilidade e velocidade. Nesse
momento eu quis segurá-la pelo cabelo e foder a sua boca do jeito que nós gostamos.
Ela enfiou tão fundo que eu suspirei ao sentir a sua garganta.
— Caralho – rosnei. – Eu vou gozar.
Uma mão massageava as minhas bolas e a outra me masturbava. Enquanto isso, a sua
boca me sugava com maestria. Senti o meu orgasmo se aproximando.
Ouvi a Aurora se engasgando e depois de respirar, ela voltou a engolir o meu pau
novamente. Isso foi o suficiente pro meu gozo explodir. Jorrei toda a minha porra dentro da sua
garganta e como sempre, ela engoliu tudo com gosto.
Depois de me proporcionar um orgasmo maravilhoso, a Aurora se levantou depositando
beijos pelo meu corpo até chegar em minha boca.
— Espero que tenha gostado, Sr. Foster – sussurrou.
— Foi perfeito – elogiei e ela sorriu.
O cronometro parou e isso significava o fim dos jogos. Mas não seria o nosso fim, eu
precisava enterrar o meu pau dentro da Aurora.
— Estamos liberados? – perguntei para um funcionário.
— Sim. Daqui a pouco o resultado será anunciado – o rapaz respondeu.
Ótimo.
Puxei a Aurora que estava distraída arrumando o vestido e a deitei na cama de bruços.
— Pra gente ainda não acabou, minha dinamite gostosa – ela gemeu. – Eu vou te foder
gostoso em cima dessa cama.
— Por favor – falou ofegante.
Levantei o seu vestido e enfiei toda a minha extensão dentro dela sem delicadeza.
— Ah, Dylan – choramingou com a respiração falhando. – Me fode.
Dei tapas na sua bunda empinada, ela gritava e convulsionava de prazer.
— Você é a mulher mais gostosa que eu já conheci, Aurora – me inclinei sobre o seu
corpo e mordi o seu ombro exposto. – Eu adoro te foder – ela suspirou.
Nossas lubrificações escorriam e o meu pau entrava e saía com facilidade. O som dos
nossos corpos batendo um no outro estava me deixando louco e a plateia estava adorando o
show.
Segurei a sua cintura com firmeza e aumentei a velocidade das estocadas. Senti o seu
sexo se contrair em torno do meu comprimento e ela liberou o seu prazer em um orgasmo
intenso.
Senti um tremor percorrer pelo meu corpo e lancei jatos quentes sobre a sua bunda nua.
Abri a minha mochila e retirei lenços, eu mesmo limpei a minha pequena e depois peguei
mais lenços para me limpar.
Terminamos de nos arrumar e saímos do quarto de jogos. Todos nos olhavam, alguns
com um certo olhar de inveja. No caminho, encontrei meu amigo Marco.
— Boa noite – me cumprimentou.
— Boa noite – o cumprimentei com um sorriso.
— Boa noite, bella donna[12] – cumprimentou a Aurora dando um beijo no dorso da sua
mão.
— Boa noite – ela sorriu graciosamente.
— Aurora, esse é o meu amigo Marco, ele é italiano.
— É muito bom te conhecer Marco, gosto do sotaque italiano – sorriu.
Gosta é?
Nota mental: aprender italiano.
— Obrigada, eu também gosto do seu sotaque – vou ignorar. – Você não é americana,
certo?
Estou invisível aqui?
— Não, eu sou brasileira.
— Adoro o Brasil, é um país lindo e um dia pretendo abrir alguns negócios por lá.
— Sim, é muito lindo – Aurora alargou o sorriso. – Espero que dê certo os seus negócios.
— Também espero – ele sorriu pra ela. Esse homem quase não ri. – Então, eu tive que vir
elogiar a performance dos dois. Nunca vi você tão inspirado mio amico – deu um sorriso
discreto.
— Essa mulher me trouxe muita inspiração – falei olhando pra minha pequena.
— Imagino – olhou pra ela de cima para baixo.
Safado.
— Podemos conversar no escritório da Hanna? – perguntei.
— Claro – respondeu.
Resolvi falar com ele sobre a decisão que tomamos a respeito da filial da Focus na Itália.
— Vou procurar as meninas – Aurora falou com um lindo sorriso.
— Tudo bem, depois eu me encontro com vocês – ela assentiu e se despediu do meu
amigo. – Vamos lá.
Subimos até o escritório da Hanna e nos sentamos para conversar.
— Te chamei aqui porque eu conversei com os meus amigos e resolvemos aceitar a
proposta.
— Molto bene[13]... Eu sabia que você conseguiria.
— Sendo assim, você pode começar todo o processo.
— Vou começar o mais breve possível.
— Quando estiver tudo pronto, eu quero ir para a inauguração – dei um sorriso
brincalhão.
— Claro, meu amigo, você também é dono da Focus. Faço questão de ter você e os
outros lá.
Nesse momento ouço a porta ranger.
— Quem está aí? – perguntei receoso.
Espero que não tenham ouvido essa parte da conversa.
— Desculpa, eu estava atrás de você – Emma abriu a porta envergonhada.
— Quer alguma coisa? – indaguei.
— Nada, depois nos falamos – deu um sorriso nervoso e se retirou.
— Ela ouviu – Marco afirmou.
— Será? – fiquei pensativo. – Se tiver ouvido ela não contará nada a ninguém.
Marco ficou desconfiado, mas concluímos o assunto.
Voltei pra festa e fui procurar a minha pequena. A encontrei na pista de dança com as
meninas e Theo estava sentado no bar observando as moças dançarem.
— Parece que elas não cansam – falei enquanto me sentava no banco do bar.
— Não. Elas não cansam – bateu a mão na testa e balançou a cabeça em negação. – E
estou achando que estão bebendo muito.
— Não vamos frear elas, todas devem saber quando parar – tentei não demonstrar a
minha preocupação, não quero que a Aurora pense que eu estou querendo mandar nela.
— Você tem razão.
Alguns minutos depois elas voltaram e pediram mais alguns drinks.
— Está se divertindo? – perguntei pra Aurora.
— Muito – respondeu sorridente. – Já vi cada coisa aqui. As pessoas são livres e não
sentem vergonha de nada, estou achando o máximo – seus olhos brilhavam de encantamento.
— Fico feliz que esteja gostando – dei um selinho em sua boca.
Escuto uma voz alta vindo do palco e era o momento de sabermos o resultado do jogo.
Senti que a Aurora ficou tensa.
— Senhoras e senhores, os vencedores são – o rapaz que estava anunciando fez uma
pausa dramática. – O nosso campeão, Dylan e a sua parceira, Aurora.
Todos explodiram em aplausos calorosos.
— E tem mais... É a primeira vez que temos um casal tão sincronizado – a Aurora
encarava o palco perplexa. – Dylan que já é conhecido nos jogos fez a Aurora gozar em 5
minutos e ela o fez gozar em 6 minutos.
— Caramba – ouço alguém dizer. – Mas o gostoso do Dylan sempre faz qualquer uma
gozar – olhei pra mulher que falou isso e ela deu uma piscada pra mim.
Aurora olhou pra ela, mas decidiu ignorar.
— Já a Emma fez o seu parceiro gozar em 8 minutos e ele a fez gozar em 5 minutos.
Olhei para a Emma e ela me olhava com os braços cruzados, parecia enfurecida.
— Nós ganhamos, Aurora – dei um beijo em seu pescoço.
— Sim, que legal – falou contente.
— Sendo os vencedores, os dois levarão um prêmio em dinheiro no valor de cinquenta
mil dólares, podem retirá-lo na saída – anunciou e escutei a minha pequena se engasgar com a
própria saliva.
— Isso tudo, Dylan? – me questionou impactada com o valor.
— Sim... Todos os sócios são ricos, Aurora, por isso o valor é alto – esclareci. – Os
outros jogos não têm prêmios, mas esse sim.
— Nossa... Eu realmente fiquei surpresa.
— Esse prêmio é seu.
— Não, Dylan, ele é nosso. Nós trabalhamos juntos, esqueceu? – me olhou séria.
— Mas eu quero dar ele pra você. Foi o seu primeiro jogo, você merece – seus olhos
brilharam.
— Ai, Dylan – fechou os olhos e colocou a mão na testa.
— Aceita, por favor – fiz biquinho.
— Ok. Muito obrigada – sorriu sem graça. – Isso vai me ajudar – se arrependeu de ter
feito esse comentário. – Não... É... Obrigada.
Ela ficou perdida e não sabia o que falar.
— Por quê? Você está precisando de alguma coisa? É dinheiro? – sondei preocupado.
— É... Está tudo bem – disse gaguejando. – Estou bem... Quero dizer, não preciso de
nada – ela suava frio.
— Aurora...
— Não quero falar sobre isso, tudo bem? Não se preocupe – deu um sorriso carinhoso. –
Vou dançar.
Ela voltou para a pista de dança levando as outras junto.
Parece que há algo que ela não quer me contar. Eu sei que também tenho meus segredos e
que não é da minha conta, mas a maneira como ela ficou me faz acreditar que pode ser algo
sério.
Será que ela saiu do Brasil fugindo de alguma coisa ou de alguém? Será que foi da
polícia?
Não Dylan, claro que não.
Depois de um tempo, eu vi que a Aurora se afastou e estava indo em direção aos
banheiros. Esperei um pouco, mas percebi que ela estava demorando a voltar. Comecei a
considerar a possibilidade de algo ter acontecido, então decidi ir atrás dela.
— Parabéns Dylan – no meio do caminho encontrei a Emma. – Você bateu o seu recorde.
— É, acho que sim.
— Acredito que eu posso fazer melhor do que ela – deu um sorriso safado.
Eu discordo querida Emma.
— Gosto da sua autoconfiança – fui sincero. – Eu vou indo, depois nos falamos – saí sem
esperar a sua resposta.
Fui atrás da minha Pinscher raivosa e a encontrei no corredor sendo encurralada por um
rapaz que não era sócio da boate, nunca o vi por aqui. Ela estava chorando e percebi que o seu
corpo tremia. Acho que nunca a vi assim, tão... Vulnerável.
Ela é brigona e respondona. O que esse cara fez para deixá-la assim?
Automaticamente fiquei em estado de alerta, eu não podia deixar que intimidassem a
minha pequena dinamite e... A MÃO DELE ESTAVA INDO PARA A FENDA DO VESTIDO
DELA. Fiquei cego de raiva.
33 AURORA DUARTE
Depois que o Dylan saiu, fui atrás das meninas e começamos a beber.
— Ainda não acredito no que você e o Dylan fizeram, Aurora – Dora falou em êxtase.
— Nem eu, mas foi ótimo – rimos.
— O Dylan gosta de participar desses jogos, mas com você foi diferente, ele nunca tinha
gozado tão rápido – Hanna falou. – Tenho certeza de que vocês ganharam... Eu posso até ser a
dona da boate, mas não vejo os resultados antes e não interfiro em nada.
— Vamos esperar – falei. – Que tal nós irmos dançar?
— VAMOS – responderam juntas.
A festa estava ótima e vários casais transavam ali mesmo, sem nenhuma vergonha. Eu e
as meninas decidimos ir tomar um drink e os rapazes estavam no bar, inclusive o meu
marrentinho-gostoso-dos-olhos-de-esmeralda.
Foi anunciado os nomes dos vencedores do jogo e realmente, eu e o Dylan tínhamos
ganhado – nossa química é muito boa mesmo. – Ele resolveu que o prêmio seria todo meu e eu
acabei me enrolando todinha na hora de agradecer. Não quero falar sobre os motivos de eu estar
precisando tanto de dinheiro. Isso é um problema meu e eu tenho que resolver.
Ter cinquenta mil dólares na conta vai me ajudar muito. Juntando com o que eu já tenho,
falta pouco para atingir a quantidade que preciso, e não pretendo converter em real. Se ficar uma
quantia a mais, não tem problema, só quero ser livre.
Depois da minha situação vergonhosa, resolvi desconversar e chamei as meninas para
dançar. No meio da diversão fiquei com vontade de ir ao banheiro. Encontrei o banheiro, fiz o
que precisava fazer e, ao sair, pelo corredor, dei de cara com um jovem rapaz.
— Vi você no palco. Foi uma apresentação impecável – o jeito que ele me olhava era
assustador.
— Obrigada – agradeci e tentei sair, mas ele segurou o meu pulso. – Vou falar só uma
vez: tira as suas mãos de mim.
Puxei o meu braço e ele começou a rir.
Imbecil.
— Olha só... Além de bonita é brava. Isso é atraente – seus olhos brilhavam de excitação.
– Quero você agora, do jeito que eu vi naquele palco – havia um sorriso demoníaco em seu rosto.
— Não quero, com licença – tentei sair novamente, mas ele me encurralou.
Qual é o problema desse cara?
— Você não vai me rejeitar desse jeito – o cheiro de álcool estava insuportável.
— Ah, eu vou sim. Adeus – tentei me soltar do seu aperto.
— Engraçado, lá no palco você estava soltinha, gemendo igual uma puta.
— Verdade, mas lá eu estava bem acompanhada, se é que você me entende – olhei pra
ele com desprezo.
— Sua vagabunda – rosnou enfurecido.
— Sai da minha frente – eu estava começando a ficar com medo.
— A putinha ficou com medo? – me lançou um olhar horrendo e o meu corpo
estremeceu.
— Não tenho medo de você – falei de cabeça erguida.
É claro que eu estava com medo. Um homem agressivo, em cima de mim, é o suficiente
para me deixar apavorada, mas preciso parecer forte, não posso abaixar a cabeça.
— Inútil, insolente – deu um tapa na minha cara, do nada. – Ninguém me rejeita.
Minha mente me levou diretamente para a casa do meu pai. Lembrei das surras que levei,
meu coração acelerou, meu corpo ficou em choque, e senti que eu ia desabar a qualquer
momento.
— Você é doente – meus olhos embaçaram e as lágrimas começaram a cair.
Odeio chorar, odeio ficar vulnerável.
Porque eu ainda tento parecer forte, se no final eu acabo assim, chorando igual uma
idiota?
— Cala a boca. Você vai abrir essas pernas pra mim agora – sua mão desceu para tentar
afastar a fenda do meu vestido.
Fechei os meus olhos enquanto chorava e ouvi passos rápidos vindo em nossa direção. Só
senti o impacto. Alguém arrancou esse homem nojento de cima de mim, mas não consegui abrir
os olhos. Eu estava paralisada.
— Quem você pensa que é para colocar as mãos nela? – era o Dylan e ele exalava raiva.
Abri os meus olhos e nossos olhares se encontraram.
— Só você pode comer essa putinha? Pensei que essa boate era pra esse tipo de coisa.
Foder mulheres como essa daí.
Dylan partiu pra cima dele e eu só fiquei olhando.
Reage, Aurora!
Reage.
— DYLAN, PARA, POR FAVOR – gritei, mas ele não me ouvia. – DYLAN – minhas
lágrimas rolavam descontroladamente.
— Dylan – um homem chamou e eu percebi que era o Marco.
Marco segurou o braço do Dylan, mas ele não queria parar de bater no rapaz. Nunca fui
defendida assim.
— Já está bom Dylan, por favor – falei soluçando e ele me olhou.
O italiano ajudou o Dylan a se levantar. Ele estava ofegante e o seu rosto estava
contorcido de ódio. A primeira coisa que ele fez ao se levantar foi vir até mim.
— Desculpa por isso – me abraçou e quando me soltou, percebi que tinha sangue em suas
mãos.
— Tu... Tudo bem – eu não conseguia parar de chorar e tremer. – Deixa eu te ajudar – saí
dos seus braços.
— O que aconteceu? – Marco perguntou e a sua expressão era impassível.
— Esse desgraçado estava tentando abusar dela – Dylan falou nervoso. – E... Aurora, por
que o seu rosto está vermelho? – segurou o meu queixo para olhar o meu rosto de perto.
Dois homens enormes de preto seguraram o meu agressor e ficaram olhando para o
Marco.
— Essa puta deveria ter me dado o que eu queria – o infeliz estava todo quebrado, mas
teve o atrevimento de falar uma merda dessas e ainda estava rindo da situação.
— CALA A BOCA – Dylan rosnou. – Ele te bateu? – sua respiração ficou rápida e senti
que ele avançaria no homem novamente.
— Si... Sim – respondi.
— Porra – Dylan me soltou e quando estava indo até o homem, mas seu amigo o parou.
— Não – o italiano o segurou. – Deixa isso comigo.
— Como assim? – Dylan perguntou confuso.
Marco olhou pro meu assediador e deu um sorriso que fez com que o sorriso debochado
que estava estampado em seus lábios sumisse, dando espaço para uma expressão de desespero. O
italiano olhou para os dois armários que estavam segurando o rapaz e acenou com a cabeça, eles
saíram o arrastando para fora da boate.
— Nada mio amico, vai cuidar dela que eu vou me divertir – ele parecia feliz e senti um
arrepio.
Dylan apenas assentiu e me levou para o seu apartamento. Como as minhas coisas
haviam ficado no bar, pedi pra ele avisar a Dora que estávamos saindo.


Ao chegarmos em seu apartamento, Dylan foi até a cozinha para buscar um copo de água
pra mim, enquanto eu me sentava no sofá.
— Me desculpa novamente – Dylan falou se sentando ao meu lado.
— Você não tem por que se desculpar – peguei a sua mão machucada. – Obrigado por ter
me defendido... Eu queria tanto que alguém tivesse me defendido todas as vezes em que eu...
Fiquei tão atordoada que acabei falando demais.
— Todas as vezes que você o quê, Aurora? – segurou a minha mão.
Caramba.
— Responde, por favor – pediu e eu comecei a chorar novamente.
Eu odeio ficar tão vulnerável.
— É... – as palavras não saíam.
— Conversa comigo, Aurora – falou acariciando a minha mão.
Não compreendo totalmente a razão, mas quero compartilhar essa parte da minha vida
com ele. Existe a possibilidade de arrependimento, mas sinto que preciso disso.
34 DYLAN FOSTER
Não sei descrever a raiva que eu senti quando vi a minha pequena tão abalada. A única
coisa que consegui fazer foi avançar naquele desgraçado. Enquanto eu o batia, consegui ouvir
algumas vozes me chamando, mas senti tanto ódio que não consegui parar.
Senti alguém segurando meu braço, e isso me trouxe de volta à realidade. Ouvir a voz e
os soluços da Aurora fez o meu mundo parar, e eu só queria estar perto dela. Corri para os seus
braços e a abracei, pedindo desculpas pela minha atitude.
Marco cuidou do sujeito pra mim e preciso agradecê-lo por isso.
A Aurora está em choque pelo que aconteceu e não é por menos, mas depois do que ela
falou, senti que tinha algo maior por trás da sua reação.
— Lembra o que eu te falei sobre a minha família? – perguntou.
— Lembro... Você disse que eles te odeiam e que o seu pai te culpa pela morte da sua
mãe. Certo?
— Sim. Mas não é só isso – respirou fundo e secou as lágrimas. – Se eles apenas me
odiassem eu ainda estaria no lucro... O meu pai sempre me tratou com indiferença, e quando eu
completei 1 ano, ele se casou com a Ester. Alguns meses depois, meu irmão Elias nasceu, e eu
adorei a ideia de ter um irmão mais novo – soltou um riso anasalado. – Quando eu fiz 6 anos, a
única pessoa que realmente me amava se foi. Minha avó Amélia era uma mulher extraordinária,
e eu a amava muito.
— Sinto muito pela sua avó – falei limpando as lágrimas que voltavam a cair.
— Obrigada – respondeu com um meio sorriso
— Pode continuar – segurei a sua mão com mais firmeza.
— Após o falecimento da minha avó, a Ester deixou a sua máscara de boa mulher cair.
Ela só me tratava bem porque queria agradar a sogra e eu era a chave para agradá-la – pensou. –
A minha vida se transformou em um verdadeiro inferno. Minha madrasta me batia e me
castigava de maneiras absurdas – senti o meu coração apertar. – Eu só tinha 6 anos, Dylan –
desatou a chorar e senti um nó em minha garganta.
— Não precisa continuar... Não consigo te ver assim, Aurora – percebi que esse assunto a
machuca.
— Vou terminar – puxou o ar e soltou. – Meu irmão, que é alguns meses mais novo,
começou a me bater, assim como a mãe dele fazia. Quando éramos pequenos, eu costumava
revidar, mas parei de me defender porque acabava apanhando da minha madrasta também – que
absurdo. – Com o tempo eu fui crescendo e a Ester parou de me bater, pensei que as agressões
acabariam, mas o meu irmão assumiu o cargo – deu um sorriso frustrado. – Por ele ser alto e
forte as surras eram mais dolorosas, o Elias é o dobro do meu tamanho.
— Aurora... – eu não sabia o que falar.
— Eles queriam acabar comigo, mas não dei o braço a torcer, mesmo sofrendo as
consequências. Eu sentia medo Dylan, muito medo, só que eu percebi que não podia ficar refém
desse medo, então eu os enfrentava.
Minha dinamite corajosa.
— E o seu pai te batia? – sondei.
— David nunca me bateu, mas quem cala consente – sorriu fraco. – Meu pai preferia me
machucar com palavras duras. As coisas que ele falava doíam mais que os tapas do meu irmão.
Como um pai tem coragem de machucar a própria filha?
— O que aconteceu hoje fez você se lembrar do seu irmão? – deduzi e ela concordou
com a cabeça.
— Ver homens nervosos e agressivos me deixa em pânico. Lembro de como o David e o
Elias me tratavam. Eu consegui ver o olhar do meu irmão nos olhos daquele homem, senti a
minha alma saindo do corpo.
— Desculpa por isso – a abracei. – Eu não devia ter te deixado sozinha.
— Não fala isso – segurou o meu rosto com as duas mãos. – Você me salvou, se não
fosse você eu não sei o que poderia ter acontecido. Obrigada por ter me ajudado – encostou os
seus lábios nos meus e senti o gosto das suas lágrimas.
— Obrigado por ter se aberto comigo – a beijei. – Vamos tomar um banho pra relaxar um
pouco?
— Vamos – deu um sorriso.
Tomamos um banho relaxante na banheira e depois nos deitamos na cama. Ficamos
abraçados até cairmos no sono.


Na manhã seguinte, preparei um café bem reforçado pra Aurora. Comemos juntos e não
tocamos mais no assunto da noite anterior. Só quero que ela fique bem.
O nosso domingo foi calmo – na medida do possível. – Assistimos filmes aleatórios,
comemos e transamos.
A deixei em seu apartamento no final do dia e consegui convencê-la a ir comigo para o
trabalho amanhã. Claro que não foi de graça, a Aurora me fez prometer que iríamos tomar café
na cafeteria onde ela trabalhava com a Dora.


A segunda-feira chegou e segui a minha rotina matinal. Fui até a academia do prédio e
quando retornei corri para tomar um banho.
Ao sair, fui até o meu guarda-roupas para pegar um terno. Jenna é uma ótima funcionária,
sempre deixa tudo organizado. Vesti um terno preto e calcei os meus sapatos sociais da mesma
cor. Em seguida, penteei o meu cabelo liso para trás e coloquei os meus óculos escuros.
Terminei de me arrumar e fui buscar a minha dinamite.
— Bom dia, minha pequena dinamite – falei quando ela entrou no carro.
— Bom dia, meu marrentinho dos olhos de esmeralda – me deu um lindo sorriso.
— A Dora irá conosco?
— Não, ela já foi.
— Tudo bem... Pronta?
— Sempre.
Chegamos na cafeteria e ela estava bem movimentada, Aurora entrou com um largo
sorriso no rosto e cumprimentou os seus antigos colegas de trabalho.
— Aurora, quanto tempo minha princesa – um rapaz com o uniforme da cafeteria falou.
— Justin, como é bom te ver – deu um abraço apertado nele, mas o abusado lhe deu um
beijo no rosto, bem próximo da boca.
— Justin esse é o meu chefe, Sr. Foster... Sr. Foster, esse é Justin, o meu amigo.
— Bom dia, senhor – me cumprimentou.
— Bom dia – usei o meu tom firme.
— O que o senhor gostaria de pedir, Sr. Foster?
— Quero um café preto e um waffle com banana e mel, por favor.
— Anotado – ele falou e virou as costas para sair.
— Espera... Não vai anotar o pedido dela?
— Não precisa, eu sei exatamente o que ela quer – deu um sorriso contente e se retirou.
O que será que ela quer?
— O que você vai querer? – perguntei curioso.
— Um latte, rosquinhas e um sanduiche natural – falou. – Era o que eu mais comia
quando trabalhava aqui.
— Ele te conhece bastante – soei mais irônico do que eu gostaria.
— Sim – deu de ombros. – Nos conhecemos desde que cheguei aqui.
— Entendi.
Nosso café ficou pronto, e começamos a comer. Dora veio nos cumprimentar, mas teve
que voltar para o seu posto. A Aurora não parava de contar as histórias de quando ela trabalhava
nesse lugar. Parece que ela foi muito feliz aqui.


Na empresa, a Aurora passou a minha agenda.
Temos uma reunião ainda pela manhã, onde realizaremos as atualizações sobre a reforma
do resort.
— Bom dia – entrei na sala de reuniões cumprimentando os convidados.
Me sentei e a Aurora se sentou ao meu lado.
— Como todos sabem, a reforma está caminhando bem e acredito que tudo terminará
antes do previsto.
— Isso é ótimo – um dos senhores comentou. – Pensei na possibilidade de fazermos um
jantar para os funcionários que trabalharam na reforma. Eles foram eficientes e merecem.
— Gostei da ideia. O que vocês acham? – questionei e todos concordaram.
Senti uma mão passando pela minha coxa – ela não vai fazer isso aqui. – Me virei para
olhar a Aurora e ela fingia estar prestando atenção na reunião. Vi um sorriso travesso se formar
em seus lábios.
A mão que estava na minha coxa subiu e parou no meu pau, comecei a suar frio porque
eu já estava duro. Tentei tirar a sua mão, mas ela estava determinada.
— Tudo bem, Sr. Foster? – um rapaz perguntou. – O senhor está suando.
— Estou bem – falei em um fio de voz.
Aurora alisava o meu pau por cima da calça e o apertou. A repreendi com o olhar, mas a
pervertida fez uma cara de safada e continuou.
Sua mão tentou abrir o zíper da calça e pensei que seria uma tarefa difícil já que estou
usando cinto. Eu só esqueci de um detalhe: a Aurora é astuta e habilidosa.
A sem-vergonha conseguiu abrir o zíper e sua pequena mão entrou dentro da minha
calça, dando acesso a cueca. Nesse momento, o calor ficou insuportável e eu não aguentava
mais.
— Senhores, a reunião está encerrada – não me levantei. – Vou planejar o jantar e marco
uma nova reunião. Tenham um bom dia.
Todos estranharam a minha reação, mas saíram, deixando somente eu e a minha
secretária dentro da sala.
— Você gosta de brincar comigo não é mesmo, minha pequena dinamite? – levantei e a
puxei. – Então vamos brincar – ela sorriu de um jeito safado.
Em um movimento rápido, a deitei em cima da mesa da sala de reuniões e levantei a sua
saia. Para a minha surpresa, a danada estava sem calcinha e facilitou o meu acesso a sua
intimidade.
Tirei o cinto e desci a minha calça levando a cueca junto. Abri as suas pernas e sem
nenhum aviso, enfiei toda a minha grossura dentro da sua boceta quente.
— Ah – soltou um gritinho.
— Isso é pra você aprender a nunca mais me provocar no meio de uma reunião, Srta.
Duarte.
— Eu só queria me vingar – choramingou ofegante.
— Agora será punida por isso – enterrei fundo e dei um tapa na lateral da sua coxa.
— Puta merda – dei outro tapa. – Mais rápido, Sr. Foster.
— Quem manda aqui sou eu, Srta. Duarte – falei em seu ouvido e não aumentei a
velocidade. – Se toca, agora.
Aurora colocou o dedo na sua intimidade e começou a estimular o seu clítoris.
— Boa garota.
— Dylan... Por favor – gemeu. – Vai mais rápido, preciso gozar.
— Ainda não – dei um sorriso sacana.
Levantei uma das suas pernas e a apoiei no meu ombro, aumentando a profundidade.
Tirei o meu pau de dentro da sua boceta e o enfiei de uma vez, fazendo a minha pequena soltar
um grito de prazer.
Senti que precisava aumentar a velocidade e foi o que eu fiz. Meu orgasmo estava se
formando e percebi que o da Aurora também.
— Isso, Sr. Foster – gemeu. – Adoro quando você me fode assim.
Ah Aurora...
— Você é uma delícia... Adoro foder você.
— Acho que eu vou... – seu sexo contraiu e liberou todo o seu prazer.
Sem conseguir esperar, o meu orgasmo explodiu dentro dela e senti um alívio percorrer
por todo o meu corpo. Hoje foi sem preliminares, dei a ela uma foda dura e crua.
— Vou pegar algo para nós limparmos – dei um beijo em sua boca e fui até o banheiro
que tem na sala de reuniões.
Trouxe alguns papéis pra ela e quando terminamos de nos limpar saímos.
— Sr. Foster, vou voltar a trabalhar, qualquer coisa me chama – Aurora usou o seu tom
profissional.
— Tudo bem, Srta. Duarte – pisquei. – Janta comigo hoje?
— Pode ser. Não recuso comida – sorrimos.
— Daqui nós vamos jantar então – falei e entrei na minha sala.
Essa mulher tira todo o meu juízo.


Sentado em minha mesa, escuto o meu celular tocar e vi o nome da minha mãe na tela.
— Olá, mãe.
— Oi meu filho, estou com saudades.
— Também estou. Depois vou te visitar.
— É bom mesmo – ficou em silêncio. – Onde está a minha Aurora? – sondou.
“Minha Aurora”?
— Está trabalhando mãe.
— Vocês estão bem próximos.
— Sim, trabalhamos juntos, é normal.
— Claro – soou sarcástica. – Não nasci ontem Dylan, vocês estão tendo alguma coisa –
afirmou animada.
— Era só isso? – tentei encerrar a conversa.
— Eu só queria falar com o meu filho querido.
— Mãe... – a chamei.
— Sim meu filho.
— Vocês desistiram da ideia de me casar? Nunca mais falaram nada – resolvi perguntar
por que faz tempo que eles não tocam nesse assunto.
Antes os meus pais não podiam me ver que o assunto principal era: o casamento do
Dylan Foster.
— Não desistimos, mas acho que não precisamos mais interferir, as coisas estão
acontecendo naturalmente.
O que ela quis dizer com isso?
— Não entendi o que você quis dizer, mas é melhor eu não perguntar – ouvi a sua
risadinha brincalhona.
— Melhor não perguntar mesmo – fez uma pausa. – Vou deixar você trabalhar. Não se
esquece de vir me visitar.
— Tudo bem. Até mais.
Desligamos e comecei a trabalhar.
Será que a minha mãe está se iludindo?
Se ela acha que eu e a Aurora temos ou teremos algo sério, ela está terrivelmente
enganada. Não existe a possibilidade de começarmos um relacionamento. Nós vamos apenas
seguir o acordo, e está tudo certo. Estamos bem assim.


O resto do dia passou e quando saí do trabalho, levei a Aurora para jantar em um belo
restaurante.
Nos sentamos em uma mesa mais afastada e o garçom nos entregou o cardápio. Aurora
pediu um risoto de frango e eu pedi um Filé-mignon com batata duchesse.
— Quer um pouco de vinho, Srta. Duarte?
— Quero sim, Sr. Foster.
— Minha mãe me ligou hoje e perguntou por você.
— Depois vou ligar pra ela. Gosto muito da sua mãe – deu um sorriso doce.
— E ela gosta muito de você – beijei a sua mão.
Nossos pratos chegaram, mas eu percebi que a Aurora só deu duas garfadas na comida.
— Tudo bem?
— Sim – deu um sorriso.
Comi um pedaço da minha carne e ela estava no ponto, do jeito que eu gosto.
— Dylan... – Aurora me chamou e tomou um pouco de água. – O que eu pedi para o
garçom?
— Risoto de frango, por quê? – sua pele estava ficando vermelha. – Aurora, o que está
acontecendo?
— Estou com falta de ar – puxou o ar e comecei a me desesperar.
Olhei o prato dela e experimentei. Não era frango, era algum fruto do mar que não
consegui identificar devido ao nervosismo.
— Isso não é frango Aurora.
— Hospital Dylan... – sua voz estava fraca.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?
Peguei ela no colo e corri pra fora do restaurante.
Ao chegarmos ao hospital, a Aurora iniciou episódios de vômito, parecia que estava com
dificuldade para respirar e a sua pele estava avermelhada.
Liguei para a Dora e em questão de minutos, ela chegou ao hospital.
— Como ela está? – perguntou desesperada.
— Não sei. Ainda não vieram trazer informações – falei aflito. – O que ela tem, Dora?
— A Aurora tem alergia a frutos do mar... Você não sabia?
Como eu não sabia disso?
— Eu não sabia – digo chateado. – Ela deu duas garfadas e começou a passar mal.
Olhando para o prato não dava pra perceber que não era frango.
— Ela vai ficar bem. Vamos nos sentar e aguardar.
Alguns minutos depois, um médico veio em nossa direção e nos levantamos.
— Vocês estão com a paciente Aurora Duarte? – o médico perguntou.
— Sim, eu a trouxe – falei ansioso.
— Ela está no oxigênio e tivemos que aplicar alguns medicamentos na veia, mas a
paciente está bem – respirei aliviado.
— Quando podemos vê-la? – Dora perguntou.
— Agora ela está dormindo, deve demorar um pouco para acordar devido aos remédios.
— Quando ela terá alta? – Dora questionou.
— Se tudo estiver bem, amanhã ela já pode ir pra casa.
— Podemos ficar no quarto com ela? – perguntei.
— Só um pode ficar – o médico respondeu.
— Posso ficar, Dora? – pedi aflito.
— Tem certeza? – assenti. – Ok. Qualquer coisa me liga.
Fui para o quarto onde estava a minha pequena. Ela usava uma máscara de oxigênio, e as
manchas vermelhas em sua pele haviam diminuído. Ver a minha dinamite atrevida tão frágil
partiu o meu coração.
Puxei uma cadeira e me sentei ao seu lado. Segurei a sua mão e prometi que ficaria ali até
ela acordar.


Permaneci ao seu lado e quando o sol já havia nascido, a Aurora acordou.
— Acho que eu morri e fui para o céu. Você é um anjo? – falou ao abrindo os olhos e eu
sorri.
— Sou quase isso – beijei a sua mão. – Como você se sente?
— Estou bem. Você ficou aqui a noite toda?
— Fiquei. Não quis te deixar sozinha.
— Você não precisava ter ficado, Dylan.
— Mas eu quis ficar.
— Tudo bem – deu um sorriso sem graça. – Que horas são? Só preciso passar em casa
pra me arrumar e nos encontramos na empresa.
— De jeito nenhum, hoje você não vai trabalhar.
— Mas, Dylan...
— Eu sou o chefe e você não vai hoje – dei um sorriso presunçoso.
— Golpe baixo, Sr. Foster.
— Faço o meu melhor, Srta. Duarte – encolhi os ombros. – Por que não me falou sobre
essa alergia?
— Não achei necessário.
— Eu fiquei sem saber o que fazer.
— Desculpa por isso – falou sentida.
O médico veio examinar a minha pequena e lhe deu alta.
— Vamos? – perguntei.
— Espera... Vou só pagar a conta do hospital e podemos ir.
— Já paguei, Aurora – ela me fuzilou com o olhar.
— Isso já é demais, Dylan. Faço questão de te devolver cada centavo.
— Para com isso. Já está pago, agora vamos – Aurora bufou.
— Isso ainda não terminou, Sr. Foster.
Dei um sorriso discreto e fomos embora.
35 AURORA DUARTE
Depois da minha quase morte – não exagera Aurora – eu fiquei mais atenta antes de
comer em restaurantes.
A Dora e o Dylan ficaram preocupados e os seus pais fizeram questão de me ligar para
saberem como eu estava. Pude ver o quanto todos se importam comigo. Além disso, o Dylan fez
questão de ir reclamar com o dono do restaurante.
No final das contas, o Dylan me convenceu a não devolver o dinheiro das despesas do
hospital. Embora eu tenha sentido uma grande vergonha, acabei concordando, principalmente
porque a minha situação financeira não está das melhores.
Os dias se passaram, e percebi que já estou em Los Angeles há seis meses, mas minha
família ainda não conseguiu me encontrar – ou encontraram, mas deixaram aquela ideia
absurda de lado.
E o César? O que esse homem está aprontando? Será que ele também desistiu? – eu
espero que sim.
Minha relação com o Dylan permanece inalterada. Nossa amizade com benefícios está
indo bem, sem dramas ou cobranças. Não senti a necessidade de me envolver com outra pessoa,
e parece que ele também não.
O trabalho também está indo muito bem. A reforma do Resort Foster está quase
concluída, e pessoalmente, eu nunca testemunhei uma obra tão rápida. Pensando bem, era de se
esperar, considerando que o meu chefe investiu significativamente e contratou uma grande
equipe para garantir a entrega rápida do resort.
Hoje é sexta-feira, 20 de outubro e é o meu aniversário, farei 25 anos. Por mais que eu
esteja feliz, sinto o meu coração apertar de saudades dos meus amigos do Brasil, principalmente
da Tina. Ela ligou cedo para me desejar feliz aniversário e não consegui conter as lágrimas ao
ouvir a sua voz.
Acordei a Dora para o trabalho, e nos arrumamos juntas. Ela fez com que eu prometesse
que iríamos sair para comemorar na boate da Hanna ainda hoje à noite.
O dia na empresa transcorreu sem grandes agitações, e ninguém sabia sobre o meu
aniversário. O Dylan teve alguns compromissos, e em alguns deles, minha presença não foi
necessária.
No final do dia me despedi do meu chefe e fui para casa. Queria me arrumar e arrasar na
boate. Afinal, só se faz 25 anos uma vez na vida, não é mesmo?
— Dora? – abri a porta do apartamento e já chamei a minha amiga.
— Oi, estou no quarto escolhendo uma roupa.
— Com que roupa você vai? – perguntei quando cheguei em seu quarto.
— Vou com esse vestido e você vai com esse – ela me entregou uma caixa e eu a olhei
franzindo as sobrancelhas. – Pega. É o seu presente de aniversário.
Peguei a caixa e a abri. Dentro dela, encontrei um vestido de veludo vermelho. Ele é
curto e justo no corpo – do jeito que eu gosto. – As alças são finas, e o vestido possui um decote
discreto. Dora pensou até na sandália, que é preta com detalhes prateados e tem uma tira para
amarrar no tornozelo. O salto é fino e de altura média.
— Meu Deus, Dora! – exclamei com a mão na boca. – Que lindo. Muito obrigada – a
abracei.
— Por nada. Agora vai se arrumar, temos que arrasar hoje.
Corri para tomar um banho e, ao sair, comecei a me preparar. Hidratei a minha pele, me
maquiei, sequei o meu cabelo longo e defini as suas ondas. Preferi deixá-lo solto. Vesti o meu
vestido novo e a sandália, passei um perfume e estava pronta pra diversão.
— Uau! Você está perfeita, Aurora – Dora veio me abraçando.
— Obrigada. Você também está perfeita.
Tiramos algumas fotos e chamamos um motorista por aplicativo.


Chegamos à boate, e lá estava animado, como de costume.
— Vamos, a Hanna separou uma sala privada para nós.
— Sério? Estou me sentindo importante.
Subimos as escadas e fomos até uma porta. Quando ela se abriu só ouvi o grito:
SURPRESA.
Meus olhos se encheram de lágrimas. Lá estavam o Dylan, seus pais e seu irmão, Hanna,
Theo, Kim, algumas pessoas da empresa e até o Jake. Corri para o meio da galera, e todos
começaram a cantar "parabéns".
Me senti tão amada por todos eles.
Aos poucos fui cumprimentando, abraçando e recebendo presentes de todos.
Observei o Dylan vindo tímido em minha direção.
— Achou que eu me esqueceria de você? – perguntou e me entregou uma caixinha.
— Como você sabia? – indaguei curiosa. Eu não contei pra ele sobre o meu aniversário.
— A Dora me falou – encolheu os ombros.
Sorri e abri a caixa. Meus olhos se arregalaram, eu nunca vi uma pulseira tão linda como
essa. Ela é toda banhada a ouro branco e possui pedras verdes que parecem... Esmeraldas.
— Dylan... – coloquei a mão na boca. – Que linda.
— Lembrei de você assim que olhei pra ela – deu um sorriso tímido. – Advinha que
pedras são essas.
— Esmeraldas – afirmei com um fio de voz.
— Sim. Quero que você se lembre de mim quando olhar pra ela – minha visão estava
embaçada por conta das lágrimas que se formavam.
— Obrigada – falei baixinho. – Mas...
— Você vai aceitar, Aurora. É o seu presente.
— Ela deve ter custado uma fortuna, Dylan... – argumentei. – Você não pode gastar isso
tudo comigo, você já fez muito por mim.
Dylan me deu o dinheiro do prêmio por termos vencido o jogo na boate, cobriu minhas
despesas hospitalares e insiste em pagar por jantares, almoços e passeios. Não quero que ele
pense que estou tirando vantagem da situação.
— Eu faço isso porque gosto de você, somos amigos – dei um sorriso fraco. – Com
benefícios, mas não deixamos de ser amigos. Aceita o presente.
Respirei fundo, eu estava no meio de um conflito interno, mas como sempre, eu cedi.
Pelo menos eu teria uma lembrança dele.
— Tudo bem – seu sorriso ficou enorme e ele me abraçou.
— VAMOS COMEÇAR A FESTA? – Diana agitou a galera.
— VAMOS – eu, Dora, Hanna e Kim respondemos.
As bebidas começaram a rodar e o Jake veio conversar comigo.
— Você está linda, Aurora – me deu um sorriso lindo.
— Você também está lindo – nos abraçamos. – Obrigada por estar aqui também.
— A Kim me chamou e eu não poderia deixar de vir. É o aniversário da minha novata
favorita – ri da nossa piada interna.
Senti um olhar queimando sobre mim e vi que o Dylan estava nos observando.
— E você e o Sr. Foster. O que está rolando? – Jake me perguntou.
— Somos bons amigos.
— Também quero ser seu “bom amigo” – não contive a gargalhada. – Só toma cuidado,
você é uma mulher maravilhosa, não merece ser magoada – falou sério e eu assenti.
— Sabe dançar? – resolvi mudar de assunto.
— Eu me arrisco na pista – falou com um sorriso discreto.
— Então vamos descer. Hoje vou te ensinar a dançar o temido funk – rimos.
— Vamos lá – disse ansioso.
— VAMOS DESCER MENINAS. É HOJE QUE A GENTE PERDE O RESTO DE
DIGNIDADE QUE NOS RESTA – chamei a minha tropa feminina.
— HORA DA DIVERSÃO – Diana gritou.
— ISSO AÍ – Dora falou e as meninas vieram animadas.
— Se algum rapaz quiser vir, tem que se comportar – eles estavam imóveis. – Não
queremos ninguém atrapalhando a nossa performance – falei olhando diretamente para o Dylan e
ele bufou.


O meu aniversário foi uma loucura, eu não sei como consegui chegar em casa – acho que
bebi demais.
Acordei no sábado com uma ressaca infernal, a Dora não estava muito diferente de mim,
a minha amiga soube aproveitar e nós ficamos o final de semana inteiro em casa, sem ver a luz
do dia.
O Dylan queria que passássemos o final de semana juntos, mas eu queria ficar com a
Dora, faz um tempo que não ficamos o dia todo assim, assistindo filme, fofocando e comendo
como duas selvagens.
A semana começou agitada, com muito trabalho. Comecei a organizar os preparativos
para o jantar que a empresa vai oferecer aos funcionários envolvidos na reforma do Resort
Foster.
Já era quinta-feira, e como de costume, acordei a Dora para irmos trabalhar. Hoje ela me
deixou na empresa e cheguei bem antes do meu chefe, então fui arrumar a minha mesa e me
preparar para recebê-lo.
Alguns minutos depois, meu chefe chegou, e começamos a trabalhar. Após o almoço, ele
precisava participar de uma reunião na qual não necessitava da minha presença. Aproveitei o
tempo para resolver outros assuntos.
— Grupo Foster – o telefone tocou e eu atendi.
— Gostaria de falar com o Dylan – uma voz feminina falou do outro lado da linha.
Dylan? Devem ser colegas.
— O Sr. Foster não se encontra no momento. Quer deixar algum recado?
— Não. Apenas avise que a Nicole ligou. Ele sabe quem sou eu.
Nicole? O meu corpo congelou ao ouvir esse nome.
Ela é a mulher que tem o coração do Dylan.
— Tudo bem. Tenha um ótimo dia.
Tentei manter o meu tom profissional e ela desligou sem responder.
Alguns minutos depois o Dylan voltou da reunião e fui até a sua sala para passar o recado
da tal Nicole.
— Sr. Foster – bati na porta e ele autorizou a minha entrada. – Tenho um recado.
— Sim, pode falar – falou com um sorriso lindo nos lábios.
— Você recebeu uma ligação enquanto estava na reunião – falei tensa. – Ela disse que se
chamava Nicole – sua expressão ficou sombria. – E não quis deixar recado.
Dylan ficou calado e não respondeu.
— Dyl... Sr. Foster, tudo bem? – ele confirmou com a cabeça. – Quem é Nicole? – não
consegui controlar a minha curiosidade. – Já me falaram sobre ela, mas nunca quis te perguntar.
— Quem te falou sobre ela? E o que te falaram?
— A Emma que me falou – ele fechou a cara. – Ela só informou que a Nicole é a mulher
que tem o coração.
Dylan ficou em silêncio.
Bom, é como dizem: quem cala consente.
— Tudo bem? – perguntei novamente por que ele não falava nada. – Você ainda gosta
dela?
— Não fala besteira, Aurora – foi grosso.
— Então me diz quem é ela e porque você está assim. O que aconteceu?
— Não quero falar sobre isso.
— Por quê? Tem algo que você não quer que eu saiba? – por que estou insistindo nisso?
É mais forte que eu. Estou curiosa.
— Não. Só não quero falar sobre ela. Você pode entender isso? – falou já sem paciência e
eu assenti.
De repente o telefone começa a tocar, e o Dylan atendeu. Seu rosto ficou pálido.
— PARA DE ME LIGAR – gritou ao telefone e o desligou logo em seguida.
— Dylan – falei preocupada, ele não parecia bem.
Me aproximei do seu corpo trêmulo e ele se afastou.
— O que você está sentindo? – tentei tocar o seu rosto, mas ele segurou a minha mão e
soltou. Ele não queria o meu toque e eu senti um nó se formar em minha garganta.
Meu Deus.
Ele suava, parecia perdido em seu próprio mundo e eu não sabia como ajudá-lo. Saiam
palavras desconexas da sua boca e ele não deixava eu me aproximar.
— Dylan – tentei me aproximar novamente.
— SAI. NÃO ME TOQUE – gritou e andou de um lado para o outro.
Dylan se encostou na parede e se sentou em posição fetal. Corri até ele e o toquei, mas
ele se esquivou do meu toque. Eu não sabia o que fazer, ele suava, ofegava e falava coisas que eu
não entendia, parecia estar em uma realidade paralela. Fiquei desesperada.
— Cheguei amigo – a porta se abre e vejo Theo e Hanna entrarem.
A Hanna veio correndo até nós.
— O que aconteceu Aurora? – ela parecia muito preocupada.
Ela correu e se agachou pra ficar na altura do meu chefe. Sua mão tocou o rosto do Dylan
e ele não recusou o seu toque. Senti o meu coração doer ao ver isso e as lágrimas começaram a
cair.
— O que aconteceu Aurora? – Theo perguntou e eu percebi que não respondi à pergunta
da Hanna.
— Nicole – solucei. – Ligou e ele ficou assim.
— Desgraçada – Theo falou.
— Dylan, o que você tem? – tentei tocá-lo novamente e ele se esquivou. – Por favor –
minha voz saiu em um sussurro.
Por que ele está fazendo isso comigo?
Olhei pra Hanna e sua mão estava segurando a mão dele. Ela pedia pra ele voltar, repetia
que ele era amado e que não precisava se sentir sozinho.
Theo começou a chamá-lo também e eu fiquei parada, sem reação, igual uma idiota que
só sabia chorar por ter sido rejeitada por ele.
— Vou me retirar, qualquer coisa me chamem, por favor – falei e saí.
Eu precisava respirar e tentar entender o que estava acontecendo.
36 DYLAN FOSTER
Minha mente virou do avesso quando a Nicole mencionou que tinha voltado e desejava
falar comigo. Foi como se o meu mundo desabasse.
Essa mulher tirou a minha paz.
Nos conhecemos no colegial, mas como eu era desprovido de beleza, ela nunca prestou
atenção mim. Um tempo depois, nós nos encontramos na universidade, e eu já estava com uma
boa aparência.
Nos aproximamos, e alguns meses depois nós começamos a namorar. Ela foi a minha
primeira namorada, e eu estava completamente apaixonado por essa mulher, mas ela conseguiu
tirar a minha capacidade de me relacionar romanticamente com alguém.
Na época, eu fazia faculdade para agradar os meus pais. Embora fosse esperado que eu
trabalhasse na empresa da família, eu não considerava assumir o cargo de CEO. Provavelmente,
meu primo James seria o escolhido para substituir meu pai. No entanto, ao longo do curso,
comecei a me preparar e finalmente decidi que assumiria o cargo que sempre foi meu.
Minha relação com a Nicole era boa e ela ficou radiante quando contei sobre a minha
decisão, inclusive, começou a insinuar que devíamos nos casar. A princípio, eu não havia
pensado nessa possibilidade, mas como ela era o amor da minha vida – na minha cabeça – eu
resolvi que poderíamos dar esse passo.
Certo dia, parti para a minha primeira viagem como CEO do Grupo Foster e consegui
retornar mais cedo. Eu queria fazer uma surpresa pra minha amada namorada e planejava pedi-la
em casamento, mas quem acabou surpreendido fui eu.
Morávamos em lugares diferentes, mas tínhamos as chaves um do outro. Ao retornar de
viagem, me encaminhei diretamente para o seu apartamento e peguei ela no flagra transando com
outro. Ali, o meu mundo caiu.
Quando a vi gemendo de prazer com outro homem, eu me senti insuficiente, impotente e
acreditei que ninguém me amaria de verdade. Senti todos os meus traumas da adolescência
derramar sobre mim de uma só vez.
Todas essas lembranças fizeram com que as minhas crises de pânico voltassem.
“Ah Dylan, isso tudo por causa de uma mulher?”
Não é apenas por causa de uma mulher, é pela minha história, pelos meus traumas e
experiências ruins que vivi na adolescência. Claro que a traição doeu – me quebrou para ser
mais exato. – Eu a amava, ou acreditava que amava, mas pra um garoto que foi julgado por sua
aparência durante muito tempo, ser traído foi como um soco no meu estômago, como se tudo o
que diziam sobre mim fizesse total sentido: “você é horroroso Dylan, nenhuma mulher vai te
querer desse jeito e se quiser é por dinheiro”.
Isso martelou na minha cabeça durante muito tempo. Cheguei a fazer terapia e eu sei que
sou um homem bonito – e gostoso – mas o que a Nicole fez comigo, fez com que eu tivesse
dúvidas. Duvidei da minha capacidade de ser amado.
Será que isso é exagero da minha parte? Será que a minha dor é insignificante?
Acho que muitos devem achar que sou apenas um “playboyzinho rico e mimado que ficou
zangado porque foi corno”, mas eu não acho que devo diminuir a minha dor por existir
problemas maiores do que os meus.
Como diz o pensador contemporâneo Klaus Mikaelson[14], da série que a Hanna me
obrigou a assistir “The Originals”[15]:
“Dizem que a passagem do tempo cura todas as feridas, mas quanto maior é a perda,
mais fundo é o corte e mais difícil é o processo pra ficar bem de novo... A dor pode passar, mas
as cicatrizes servem como lembrete do nosso sofrimento e deixa a pessoa decidida a nunca
mais ser ferida”.
E ele tem razão, no fundo ainda tenho as minhas inseguranças.
Nesse dia eu decidi evitar relacionamentos sérios a todo custo. Não quero me machucar e
não quero machucar a outra pessoa por conta das minhas inseguranças e ciúmes. Não me sinto
preparado pra isso.
É aí que entra a Aurora. Minha pequena dinamite.
Ela entrou na minha vida e fez com que eu quebrasse as minhas regras. O meu coração
está despedaçado, mas, mesmo assim, a minha pequena está com uma parte dele nas mãos,
enquanto eu seguro a outra com todas as minhas forças para não lhe entregar.
Você está fodido Dylan.
— Dylan, volta – ouvi a voz do Theo me chamando.
Abri os meus olhos e percebo que voltei para a realidade.
— Estamos com você e nós te amamos muito – Hanna falou.
Olhei para os dois e não contive o choro.
— Quanto tempo? – perguntei.
— Mais de 20 minutos – Theo respondeu aflito.
— Está tudo bem agora – Hanna falou e me deu um copo de água.
Me levantei do chão e me sentei no sofá.
— Ela estava aqui – Theo falou. – A Aurora viu tudo.
Porra.
A Aurora estava aqui, me lembro de ter ouvido a sua voz e depois não sei exatamente o
que aconteceu.
— Cadê ela?
— Saiu, deve estar lá fora.
— Vou falar com ela – me levantei, mas a Hanna segurou o meu braço.
— Deixa ela pensar um pouco – estranhei.
— Por quê? O que aconteceu? – Hanna estava hesitando. – Fala Hanna.
— Ela ficou confusa e quando tentava se aproximar, você a rejeitava – Theo falou.
Caralho.
— Conta pra ela sobre a Nicole e... – Hanna começou a falar.
— Não – a interrompi. – Não quero falar com ela sobre a Nicole.
Hanna suspirou e negou com a cabeça.
— Explica pelo menos o que aconteceu aqui, ela merece uma explicação, saiu daqui
arrasada – pediu.
— Tudo bem – concordei. – Vou chamá-la, vocês poderiam nos deixar a sós? – pedi
educadamente.
— Ok, qualquer coisa estremos lá fora – Theo falou.
— Obrigada por tudo. Eu amo vocês – agradeci aos meus amigos.
— Te amamos também – Hanna falou e eles saíram.

Um tempo depois a Aurora entrou em minha sala e ela estava com os olhos vermelhos.
Odeio ter feito ela chorar.
— Me desculpa, eu...
— Tudo bem – me interrompeu.
— Tenho que explicar o que aconteceu, Aurora.
— Ok – falou.
— Tenho algumas crises de pânico – sua expressão era de surpresa. – Tive uma
adolescência conturbada, sofri bullying por causa da minha aparência e...
— O quê? Como você sofreu bullying pela sua aparência? Você é um dos homens mais
bonitos que eu conheço – me interrompeu e dei um sorriso exibido.
— Um dos? Não sou o mais bonito que você conhece? – brinquei e ela revirou os olhos.
– Tudo bem, sem gracinha. Continuando... Eu era um adolescente feio, aos olhos da maioria dos
alunos da minha classe e acabei sofrendo por isso. Cheguei a apanhar de um garoto da escola – a
Aurora tampou a boca com as duas mãos. – Isso fez com que eu tivesse crises de pânico. Fiz
terapia e elas se tornaram menos frequentes, mas alguns anos depois, eu passei por uma situação
que fez com que elas voltassem com tudo.
— Essa situação tem a ver com a Nicole? Ela era sua namorada?
— Essa situação tem a ver com ela e sim, ela era a minha namorada, mas não quero falar
sobre ela. Só quero te explicar que o que você viu fui eu tendo uma crise de pânico fodida.
— Sinto muito por isso – falou e seus olhos se encheram de lágrimas.
— Eu não queria ter te rejeitado, não sei o que aconteceu.
E eu realmente não sei.
Será que a confundi com a Nicole?
Espero que não.
— Você não teve culpa – deu um sorriso fraco.
Me levantei e me aproximei da cadeira onde ela estava sentada. Peguei a sua mão e a
ajudei a se levantar. Em seguida, envolvi seu corpo em um abraço e dei um beijo suave em seus
lábios.
— Desculpa novamente – beijei sua bochecha. – Não queria que você tivesse visto isso.
— Tudo bem, Dylan, eu só queria ter feito alguma coisa para te ajudar – sussurrou triste.
— Não fala assim – lhe dei um beijo. – Obrigado por se importar comigo.
Nos abraçamos e ficamos um tempo juntos.


No sábado, convidei a Aurora para irmos até a Focus. Estávamos bem, e pensei que seria
bom levá-la lá para nos divertirmos um pouco.
— Você está gostosa pra caralho minha pequena dinamite – lhe lancei um sorriso safado.
Ela estava com um vestido curto que abraçava todas as suas curvas e deixava a sua bunda
maior do que já era. O vestido era prateado e tinha alguns brilhos. Nos pés, ela usava uma
sandália preta de salto fino e médio. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto e passou
uma maquiagem leve. Adoro o fato da minha pequena ser mais natural, ela fica tão linda assim.
— Você também está gostoso pra caralho – usou o mesmo tom que eu usei e nós rimos.
— Vamos! Hoje eu vou te virar do avesso naquela boate, Srta. Duarte.
— Estou contando com isso, Sr. Foster – deu uma piscadela e se encaminhou até a
entrada da boate.
— Quer uma bebida? – perguntei e ela aceitou.
Entreguei um drink para a Aurora e peguei o meu whisky. Fred veio dirigindo, então
posso beber tranquilamente.
— Vamos subir, Sr. Foster? – me lançou um sorriso cretino. – Quero explorar o lugar.
— Com todo prazer, Srta. Duarte.
Deixamos os nossos copos vazios no balcão do bar e a levei para o quarto vermelho. Lá
era o meu preferido, onde tinha todos os equipamentos de BDSM.
Tudo é devidamente higienizado, o lugar parece que nunca foi usado de tão impecável
que é a organização e a limpeza. Como sou um dos donos, tenho um armário especial dentro
desse quarto, ele é protegido por senha e guardo os meus acessórios.
Hoje pretendo usar um brinquedo que comprei especialmente para a minha pequena.
— Bem-vinda ao meu quarto preferido da boate.
— Uau! Aqui é... – seu olhar pousou na Cruz de Santo André... Hoje não pequena. –
Interessante – engoliu seco e eu sorri.
— Você quer isso?
Há um tempo, a Aurora pediu que eu lhe mostrasse algumas coisas do mundo BDSM e
como sou o cachorrinho dela, eu aceitei – que fase Dylan... Que fase.
— Quero – falou confiante.
— Tudo bem. O BDSM tem que ser: são, seguro e consensual. Por esse motivo nós
precisamos estabelecer limites.
— Não quero ser espancada e nem humilhada – falou rapidamente e não consegui conter
o riso.
— Também não curto isso – respirou aliviada. – Aqui eu sou o dominador, ou seja, eu
mando – dei um sorriso exibido. – E você é minha submissa, ou seja, você obedece.
Me aguarde, Srta. Duarte.
— Preciso que você escolha uma palavra de segurança. Você usará essa palavra para me
frear, caso eu esteja fazendo algo que você não goste.
— Pinscher – ela falou.
— O quê? – perguntei franzindo a sobrancelha.
— Pinscher é a minha palavra de segurança – deu de ombros.
— Não tinha nada melhor não? – negou com a cabeça. – Tudo bem então – não contive o
riso. – Agora tira toda a sua roupa e suba na cama – fez o que eu pedi.
— Fica de frente para mim e se senta com os joelhos dobrados para trás – permaneci em
pé, enquanto ela estava na cama.
Me posicionei em sua frente.
— Lembre-se de usar a palavra de segurança quando não se sentir confortável – sussurrei
em seu ouvido. – A partir de agora eu sou o seu senhor, entendeu?
— Sim, Dylan – segurei o seu cabelo forçando a sua cabeça para trás. – Sim, senhor.
— Boa garota – passei a língua pelos seus lábios.
Fui até o meu armário e retirei algumas coisas de dentro. Comecei utilizando as amarras.
Peguei uma que amarrasse o tornozelo e o pulso, ao mesmo tempo. Coloquei os braços da
Aurora um de cada lado do corpo e iniciei a amarração.
O pulso do braço direito, eu amarrei com o tornozelo direito e o pulso do braço esquerdo
eu amarrei com o tornozelo esquerdo. Deixei a minha pequena com os movimentos restritos.
Ela observava tudo com atenção. Pensei em usar o chicote, mas resolvi pegar a chibata.
Tirei a minha roupa e fiquei apenas com uma cueca que estava quase rasgando devido ao
tamanho da minha ereção.
Os olhos dela brilhavam de ansiedade e desejo. Os meus não estavam diferentes.
Passei a minha mão por todo seu corpo e desci até a sua intimidade que estava molhada
de tesão. Com muita calma, enfiei um dedo dentro dela e o chupei para sentir o gosto que sou
viciado.
— Gostosa pra caralho – falei e ela gemeu em resposta. – Agora você vai chupar o meu
pau olhando para mim. Sem desviar o olhar.
O tirei pra fora e a Aurora já estava com a boca aberta, pronta para me receber. Ela o
engoliu com vontade e como eu ordenei, seus olhos me encaravam profundamente.
— Que chupada gostosa, Aurora – estoquei com força e ela se engasgou.
Quando recuperou o fôlego, voltou a engolir o meu pau. Segurei os seus longos cabelos e
impulsionei o meu quadril pra frente. Fodi a sua boca com vigor até ela se engasgar novamente.
Seus olhos lacrimejavam e o meu tesão só aumentava.
A Aurora voltou a engolir o meu pau e aumentou a velocidade. Senti o meu orgasmo se
aproximando e como eu ainda não queria gozar, impedi que ela continuasse.
A deitei e ela ficou toda aberta para mim. Minhas mãos tocaram os seus peitos naturais e
comecei a apertá-los com mais força. Abocanhei um dos seus mamilos, lambi, chupei e o
mordisquei, fazendo o mesmo com o outro.
Minha boca subiu para o seu pescoço e o cheiro do perfume que me deixa louco me
impregnava. Chupei o seu pescoço para deixar marcas, quero que ela acorde amanhã e veja o
resultado da nossa foda.
Desci a minha boca e encontrei a sua intimidade encharcada. Passei a língua de baixo
para cima e a Aurora gemeu alto. Me levantei e peguei a chibata, alisei cada ponto do seu corpo
com ela e quando cheguei na sua boceta, dei uma leve chibatada.
— Por favor, Dylan... – Aurora arfou.
— Senhor – a lembrei e dei outra chibatada na sua boceta, com um pouco mais de força.
— Por favor, senhor – se corrigiu.
Passei a chibata de baixo para cima em toda a sua intimidade e a Aurora gritava de
prazer. Ao meu lado, tinha uma caixinha com um vibrador que comprei especialmente para ela.
Deixei a chibata em cima da cama e peguei o vibrador.
Antes, chupei toda a sua boceta melada. Peguei o vibrador e o esfreguei no seu sexo com
precisão, ele deslizava para cima e para baixo.
Encostei o vibrador no seu ponto de prazer e ela deu um grito. Suas pernas tremiam e
tentavam se fechar, mas os seus movimentos estavam contidos.
— Ah – gemeu e eu dei um sorriso malicioso.
A minha boca voltou para o seu sexo e enfiei a minha língua na sua entrada enquanto o
vibrador estimulava o seu clítoris.
— PUTA MERDA – gritou.
Aumentei a velocidade das lambidas e da potência do vibrador, fazendo ela se contorcer.
Em questão de segundos, a Aurora se desmanchou na minha língua.
Mas eu ainda não havia terminado, quero ela exausta.
Sem esperar ela se recuperar, enfiei o vibrador dentro da sua intimidade e o som do seu
gemido voltou a tomar conta do quarto. Enquanto o vibrador entrava e saía, minha boca chupava
os seus seios, fazendo o seu corpo convulsionar de tesão.
Depositei mordidas leves pelo seu corpo e a chupei, deixando marcas por todos os cantos
que a minha boca passava.
Essa mulher desperta todo o meu lado possessivo.
— Quero que você goze novamente, Aurora – minha voz saiu rouca.
Tirei o vibrador de dentro da sua boceta e enfiei os meus dedos, a penetrei com rapidez
Senti o seu ventre contrair e mais um orgasmo veio forte. Seu gozo escorria e me senti
orgulhoso.
— Boa garota – beijei os seus lábios. – Agora você vai gozar no meu pau – seus olhos se
arregalaram.
Liberei os seus braços e as suas pernas. A coloquei de quatro e peguei a camisinha que
estava ao meu lado. Com a camisinha devidamente posta e sem aviso, eu enfiei toda a minha
extensão dela e um gemido alto ecoou pelo quarto.
— Porra – grunhi de satisfação. – É tão bom foder você.
— Mais rápido, por favor, senhor – implorou com a respiração falhando.
Aos poucos fui amentando a velocidade, eu estava com muito tesão e precisava liberá-lo.
Peguei a chibata e bati duas vezes na sua bunda.
— Mais, por favor, senhor – a safada gostou.
Dei mais duas chibatadas. Ela empinava a bunda em minha direção. Dei mais uma
chibatada e a sua respiração estava cada vez mais ofegante, seus gemidos se tornaram gritos.
Estávamos loucos e selvagens, meus grunhidos ficavam cada vez mais animalescos e o
meu orgasmo se aproximava.
— Mais rápido, senhor – falou pausadamente.
Aumentei a velocidade e não demorou muito para nós dois liberarmos o nosso gozo.
— AH, PORRA – gritei ao gozar.
Foi uma gozada forte e longa, senti um alívio tão grande que parecia que eu não gozava
há meses.
Aurora caiu deitada de barriga para baixo e eu caí ao seu lado.
— Isso foi ótimo, senhor – Aurora falou ainda com a respiração acelerada.
— Foi maravilhoso – a coloquei deitada em meu peito.
— Só não sei como vou ter forças pra sair daqui. Você acabou comigo, senhor – rompi
em uma gargalhada.
— Dorme comigo hoje?
— Sim – deu um sorriso.


Chegamos ao meu apartamento e tomamos um banho juntos. Dei uma das minhas
camisas pretas para Aurora vestir, e nos deitamos. Não demorou muito, e pegamos no sono,
abraçados.


O dia amanheceu e o sol brilhava lá fora, a Aurora permanecia dormindo, então resolvi
preparar um café da manhã para nós dois.
Desci as escadas e vi que eram quase 10 horas. Sem perder tempo, comecei a preparar
alguns sanduiches naturais. Eu sei que ela gosta.
Escuto o toque de um celular, mas o som não me é familiar. Sigo em direção ao som e
percebo que é o celular da Aurora. Ao visualizar o nome na tela, uma onda de raiva percorre pelo
meu corpo.
O que James queria com ela uma hora dessas?
A minha cabeça falava: não atende, não seja invasivo.
Mas o meu ciúmes falou mais alto e resolvi atender.
— Oi gata, sei que está cedo, mas o que você acha de sair comigo hoje?
— Ela está dormindo. Tchau – desliguei sentindo um ódio supremo.
Guardei o celular e fiquei andando de um lado para o outro. Me sentei no sofá com os
cotovelos apoiados nas pernas e as minhas mãos seguravam a minha cabeça. Poucos minutos
depois, a Aurora desceu com um sorriso no rosto.
— Bom dia, marrentinho – veio me abraçar, mas eu a afastei. – Algum problema? –
perguntou confusa.
— O James te ligou, queria que você saísse com ele hoje. Vocês têm alguma coisa? – me
levantei e ela me olhou indignada.
— Você atendeu o meu celular? – disse tentando ficar calma.
E lá vamos nós.
37 AURORA DUARTE
— Atendi – confirmou cinicamente.
O que deu nesse homem para invadir a minha privacidade desse jeito?
Nossa noite ontem foi perfeita, amei tudo o que fizemos e amei a experiência, mas ele
tinha que estragar tudo mexendo no que não é da sua conta.
— E quem te deu permissão? Você não pode invadir a minha privacidade desse jeito,
Dylan.
— Concordo, mas você não respondeu a minha pergunta – cruzou os braços.
— Você só pode estar brincando com a minha cara – passei a mão pelo meu cabelo.
— Fala, Aurora.
— Não tenho nada com ele e não sei por que ele me ligou hoje.
— PORRA! – gritou.
— Dylan – minha voz embargou, ele estava ficando nervoso.
— FALA A VERDADE.
O que aconteceu com o “sem cobranças”?
— EU ESTOU FALANDO A VERDADE. ESSA É A PRIMEIRA VEZ QUE ELE ME
LIGA – aumentei o meu tom de voz.
— NÓS PROMETEMOS QUE SERÍAMOS SINCEROS UM COM O OUTRO.
— E EU ESTOU SENDO SINCERA. MAS SE VOCÊ NÃO ACREDITA, O
PROBLEMA É TODO SEU.
— EU JÁ TE FALEI QUE ELE NÃO É UMA BOA PESSOA.
Olhei pra ele e respirei fundo.
— E eu já te falei que ele nunca me tratou mal, não tenho motivos pra desconfiar dele.
— MAS EU TENHO.
— PROBLEMA SEU – voltei a gritar.
— ENTÃO É ISSO? VOCÊ NÃO VAI FALAR A VERDADE?
— Eu já falei – respirei fundo. – Se você não quer acreditar, eu não posso fazer nada.
— CARALHO – Dylan jogou um vaso de flores no chão e eu dei um passo para trás.
As lágrimas que eu estava lutando para segurar caíram.
— Aurora, não chora, por favor – disse caminhando em minha direção. – Desculpa, eu
nunca te machucaria.
— Preciso ir embora – me afastei e subi as escadas correndo.
Entrei no quarto e me vesti depressa.
— Vamos conversar direito – esbarrei com Dylan quando saía do quarto.
— Agora você quer conversar? – falei sarcástica. – Quero ir embora, com licença, por
favor.
— Aurora – lhe lancei um olhar mortal.
Ele suspirou frustrado, mas cedeu.
Com a roupa de ontem, eu saí e chamei um motorista por aplicativo.
Eu precisava pensar, esse surto do Dylan me deixou receosa.

Ao colocar os pés dentro do meu apartamento, comecei a chorar igual a uma condenada.
Dora ficou preocupada e contei o que aconteceu.
— Por que será que ele reagiu assim Dora? Eu juro que falei a verdade. O James nunca
me ligou antes, essa foi a primeira vez.
— Isso se chama ciúmes, Aurora, mas a reação dele foi exagerada.
— Eu fiquei com medo, ele ficou tão estressado que quebrou um vaso.
Dora me abraçou, ela sabia que essas situações me deixavam apavorada.
— Fica tranquila, segunda-feira vocês conversam.
Droga!
Sou a secretária dele. Não queria vê-lo tão cedo.
— É – digo desanimada.
Ao longo do dia, recebi várias mensagens e ligações do Dylan, mas não retornei. Com a
cabeça encostada no travesseiro, pensei na nossa “relação”.
Acho que a coisa está ficando séria.
Merda.


Com a chegada da segunda-feira, me dirigi à empresa determinada a conversar com o
Dylan. Preciso de uma explicação, a sua reação não me agradou e, se continuar dessa maneira,
talvez seja melhor encerrarmos tudo por aqui – digo isso com uma imensa dor no coração.
Na recepção, fiquei sabendo que o meu chefe já havia chegado, então me preparei
psicologicamente e sem bater, entrei de uma vez dentro da sua sala.
— Dy... – minha voz sumiu quando o vi beijando uma loira.
Rapidamente ele se afastou.
— É... Desculpa.
— Não se entra na sala do CEO da empresa sem bater – a loira falou visivelmente
estressada. – Volte depois, nós estamos ocupados.
— Nicole – Dylan a repreendeu.
Então essa é a tal Nicole?
Meu coração parece que está sendo esmagado.
— Desculpa, só vim avisar que eu cheguei, Sr. Foster – engoli seco. – Qualquer coisa
estarei em minha mesa.
Saí sem esperar uma resposta.
Sou uma idiota. É simples: ele arrumou uma desculpa pra brigar e ir correndo para
os braços da ex.
Estúpida. Estúpida. Estúpida.
Vê se aprende agora, Aurora.
38 DYLAN FOSTER
Liguei diversas vezes para a minha pequena, mas ela não atendeu. Fiquei me sentindo um
lixo quando a vi chorando.
Como eu pude me esquecer da história que ela me contou?
Como eu fui desconfiar da sua palavra, e pior, como eu fui cobrar algo dela? Nós
combinamos que isso seria sem cobranças e na primeira oportunidade, eu e o meu ciúmes
estragamos tudo.
É por esse motivo que eu não posso entrar em um relacionamento sério, não estou pronto.
Vacilou, Dylan.
Na segunda-feira, eu cheguei cedo na empresa e preparei um lindo discurso como pedido
de desculpas para a Aurora, não quero ficar brigado com a minha dinamite. Entretanto, os meus
planos foram por água abaixo quando a Nicole entra em minha sala – quem deixou ela subir?
— Dylan, nós precisamos conversar – disse com seus lábios pintados de vermelho.
Não posso negar, ela é uma mulher lindíssima – não é à toa que é modelo. – Seus cabelos
são loiros e lisos, estendendo-se até os ombros. Possui olhos azuis e uma boca finamente
desenhada. Nicole sempre foi vaidosa, mantém o corpo em forma e faz alguns procedimentos
estéticos.
— Não temos nada pra conversar Nicole – digo firme parado em sua frente.
— Temos sim – seus olhos lacrimejaram. – Eu não estava bem, Dylan, naquela noite eu
senti um vazio. Você sabe que perder o meu irmão foi um golpe muito forte. Sei que nós dois
não éramos tão próximos, mas ele não deixava de ser o meu irmão.
Sinto um aperto no coração. Noah era um bom rapaz, estudávamos na mesma escola e ele
sempre me tratou bem. Infelizmente ele sofreu um acidente de carro e não resistiu aos
ferimentos. Nicole ficou arrasada e embora não fossem muito próximos, a situação a fez sentir
um peso por não ter compartilhado mais momentos com ele.
— Eu não estava recuperada, o meu irmão havia falecido há apenas um mês e você
precisou viajar, me deixando sozinha – suas lágrimas começaram a cair. – Eu queria alguém pra
conversar, estava vulnerável e se aproveitaram disso. Não me orgulho do que fiz, mas eu queria
mais uma chance, Dylan, tudo aconteceu rápido, eu estava confusa, sozinha, triste – fungou. –
Fiquei fora por quase dois anos, peguei inúmeros trabalhos pra me distrair, tentei me manter
distante de você, mas eu não aguento mais, eu sinto a sua falta – segurou a minha mão e eu não
reagi.
Merda. O que eu estou fazendo?
Ela não pode mexer comigo ainda, não depois do que aconteceu.
— Nicole – suspirei. – O que nós tínhamos acabou. Eu não quero mais.
— Podemos recomeçar, Dylan, eu amo você e juntos nós podemos seguir em frente – se
aproximou e colou os nossos lábios.
Para a porra do meu azar, a Aurora entrou na sala e viu tudo. A Nicole foi mal-educada
com a minha dinamite e tive vontade de expulsá-la da minha sala, mas me contive, no momento,
é crucial que ela compreenda que não haverá mais nenhum tipo de relação entre nós.
— Não podemos recomeçar porque eu não estou disposto a fazer isso.
— Quem é ela, Dylan? – me olhou séria.
— Não entendi.
Ouço uma batida na porta e agradeço por isso. Autorizo a entrada e apenas a cabeça da
Aurora aparece, ela não entra.
— Desculpa incomodar, Sr. Foster...
— Entre, Srta. Duarte – interrompo e peço que ela entre.
Ouço a Nicole bufar enquanto observa a Aurora entrar.
— Daqui 30 minutos o senhor tem uma reunião. Quer que eu cancele ou avise que
teremos um atraso?
— Nenhum dos dois. Eu vou para a reunião.
— Não terminamos, Dylan – Nicole protestou.
— Terminamos sim – falei sério. – Prepare a papelada e me aguarde, Srta. Duarte.
Preciso de você nessa reunião.
Aurora assente e vira as costas para se retirar. Não consigo resistir e dei uma conferida na
sua bunda grande que se movimenta enquanto ela caminhava – perfeita.
— Não acredito... É ela?
— É ela o quê?
— Não se faça de desentendido. Você gosta dela.
— Ela é a minha secretária – engoli seco. – Como você ouviu, eu tenho uma reunião,
então nossa conversa acabou e não volte mais aqui.
— Isso não acabou, Dylan, não vou desistir de você.
— Sai, por favor.
Nicole saiu pisando duro e eu soltei todo o ar que eu não sabia que estava segurando.
Consegui me manter forte e não tive uma crise de pânico como eu imaginei que teria quando a
encontrasse pessoalmente.


Fui para a reunião com a Aurora e ela mal falou comigo. Ao retornar, a chamei para
conversar em minha sala, preciso me explicar.
— Primeiro quero te pedir desculpas pelo que aconteceu no meu apartamento. Eu não
deveria ter invadido a sua privacidade, não deveria ter questionado e desconfiado da sua palavra,
isso não fazia parte do acordo – ela me olhava atentamente. – Sobre a Nicole, eu não a beijei –
Aurora deu um riso anasalado.
— Foi tudo alucinação da minha cabeça então – afirmou.
— Aurora, ela que me beijou e eu me afastei. Estou sendo sincero, foi o que
combinamos.
— Acredito em você.
Franzi o cenho.
— Ao contrário de você, eu acredito na sua palavra. Sinceridade, não foi o que
combinamos? Se você diz que não a beijou, eu acredito.
— Obrigada por isso – respirei aliviado.
— Mas – sinto que não vem coisa boa por aí. – Preciso de um tempo, não sei se essa
nossa “amizade com benefícios” pode continuar – fez aspas com os dedos.
— Aurora, não precisa disso.
— Eu preciso, Dylan. Depois do que aconteceu no seu apartamento, eu fiquei com o pé
atrás. E se isso for um indicativo de que já está na hora da gente parar com essa brincadeira?
Meu corpo gelou.
— Isso foi um erro meu, Aurora. Eu fiquei incomodado só de pensar na possibilidade de
você está se aproximando do meu primo.
Fiquei com ciúmes também, mas ela não precisa saber.
Não seja idiota Dylan... É claro que ela já sabe.
— É por isso que precisamos pensar. Se eu tivesse alguma coisa com ele, eu te falaria,
mas pela sua reação eu percebi que você não vai levar na boa caso eu queira ficar com outra
pessoa.
Porra.
— Não é verdade. Não sendo o meu primo está tudo certo – minto descaradamente.
— O intuito do nosso acordo é evitar que nos machuquemos, então é melhor refletirmos
sobre isso.
— Eu não tenho nada para refletir, mas se você precisa desse tempo, vou respeitar – falei
triste.
— Obrigada – deu um sorriso tímido. – Vou voltar ao trabalho, qualquer coisa é só me
chamar.
Ela se levantou e se retirou da minha sala. Me senti estranho, não estou pronto para
deixá-la.


Algumas horas se passam e ouço uma batida em minha porta, autorizo a entrada e a
Emma vem em minha direção com um enorme sorriso no rosto.
— O que deseja? – perguntei.
— Você – respondeu com um sorriso malicioso.
— Emma, eu estou trabalhando.
— E eu estou com saudades.
Hoje duas mulheres vieram atrás de mim, mas a única que eu quero me pediu um tempo.
Seria cômico, se não fosse trágico.
— Emma, por favor, não força as coisas.
— Forçar? Você adorava quando eu chegava de surpresa para te satisfazer. Faz meses
que você não me procura, Dylan.
Desde que fiquei com a Aurora pela primeira vez, eu não procurei outra mulher.
— As coisas mudam.
— Você não pode estar falando sério.
— Estou e esse assunto acabou, a partir de hoje seremos apenas chefe e funcionária – ela
é uma boa pessoa, acho que peguei pesado. – Ou melhor, seremos colegas de trabalho, nada
mais, certo? – Emma bufou e saiu da minha sala sem responder.
Esse dia não poderia estar sendo mais caótico.
39 AURORA DUARTE
Pensei por longos minutos e me dei conta de que o meu chefe teria uma reunião. Juntei
todo o meu profissionalismo e fui avisá-lo. O clima não parecia dos melhores, mas apenas dei o
recado e me retirei. Não queria atrapalhar.
Alguns minutos depois a Nicole saiu da sala do meu chefe, indignada.
— Como você se chama fofinha? – me perguntou e eu a olhei em busca de um traço de
simpatia, mas só encontrei desdém.
— Meu nome é Aurora – tentei parecer simpática.
A Kim nos observava do outro lado, visivelmente curiosa com nossa interação.
— Eu me chamo Nicole e você deve saber quem eu sou na vida do Dylan.
— Fiquei sabendo que você é a ex, estou certa? – digo indiferente.
— Por enquanto – deu um sorriso perverso. – Vim para recuperá-lo, nós nos amamos e
vamos voltar, é só questão de tempo – apenas confirmei com a cabeça. – Não quero ninguém no
meu caminho, senão eu passo por cima.
Elevei as sobrancelhas, tentando compreender aonde essa mulher queria chegar.
Será que o Dylan falou algo sobre nós?
— Entendo.
— Espero que entenda mesmo – cruzei os braços e lhe lancei um olhar desafiador.
— Não sei qual é o seu problema e não sei o que está passando pela sua cabecinha, mas
comigo você não precisa se preocupar – digo despreocupada.
— Ótimo – falou e foi embora.
Olhei para a Kim e ela deu de ombros.
Minha cabeça está uma bagunça.


Saio da sala do meu chefe e repasso toda a nossa conversa na minha cabeça. Acho que
tomei a decisão certa, ele também precisa de um tempo, só não sabe disso ainda.
O que falei para o Dylan foi sério. Pela sua reação, eu não acho que ele lidaria bem se eu
sentisse vontade de ficar com outra pessoa e confesso que eu também ficaria incomodada se o
visse com outra – como aconteceu hoje.
Mas que porra de acordo foi esse? Por que entramos nessa?
Será que a Dora estava certa quando sugeriu que nós inventamos essa desculpa para
ficarmos juntos sem precisar assumir o que sentimos?
Mas o que nós sentimos? O que eu sinto?
Eu me meto em cada uma.


Me mantive distante do Dylan ao longo da semana e durante todos esses dias, a música
“Drivers License” da Olivia Rodrigo esteve presente.
Pode soar dramático, mas a verdade é que eu sinto falta daquele marrento cretino. Parece
que estou em abstinência, o meu corpo anseia pelo seu toque, e devido as suas tentativas de
aproximação, eu sei que ele sente o mesmo.
Hoje é sexta-feira e combinei de sair pra tomar alguma coisa com a Dora e com a Kim.
Inicialmente, a Kim sugeriu ir à boate da Hanna, mas fiquei com receio de encontrar o Dylan lá,
então resolvemos ir para um bar bem animado, com música, bebida e comida.
Vesti um conjunto lilás. O cropped possui um leve decote, e a saia é curta e justa. Nos
pés, coloquei uma sandália branca de salto fino. Deixei meu cabelo longo solto, exibindo suas
ondas naturais.
Ao chegarmos ao bar, percebi que o local estava lotado, mas conseguimos encontrar uma
mesa. As pessoas estavam animadas, todos comendo, bebendo, conversando e até dançando. O
clima estava ótimo, e eu gostei disso.
— O Dylan está aqui – a Kim diz cautelosa.
Porque meu Deus?
— Ai ai, o destino é uma coisa linda – Dora disse suspirando e eu quase fiquei cega pela
força que revirei os meus olhos.
— Bom pra ele – tentei parecer indiferente e não ousei procurá-lo com o olhar.
— Isso é porque você não está vendo o que eu estou vendo – Dora olhava despreocupada
para as suas unhas.
Com quem será que ele está?
— Verdade – a Kim falou. – Ele está com alguns rapazes e acabou de chegar algumas
moças. Uma está se jogando em cima dele.
Meu corpo ganhou vida própria e virou-se para verificar se o que as duas estavam falando
era verdade. No fundo, eu desejava que elas estivessem tirando onda com a minha cara, mas a
realidade era outra. A morena era bonita e estava jogando charme pra cima do meu marrentinho.
Além do Dylan e da morena, o Theo e o Ethan também estavam presentes, mas estavam
ocupados conversando com dois rapazes. Havia mais duas moças que interagiam com outros dois
rapazes que faziam parte do grupo.
O meu olhar se encontrou com o do Dylan, desviei imediatamente, e virei para minhas
amigas, que me encaravam com expectativa.
— O quê? – indaguei.
— Você está bem com isso? – Dora perguntou.
Na verdade, nem eu sei se estou bem, mas acho que eu estaria mentindo se dissesse que
sim. Sinto falta do Dylan, e vê-lo tão envolvido em uma conversa com outra mulher me deixa
com o coração apertado.
— Estou tranquila... Vamos parar de falar sobre isso? Precisamos nos divertir – preciso
deixar o baixo astral de lado.
Elas concordaram, e a festa começou. Pedimos algumas coisas para comer e para beber.
Theo e Ethan vieram nos cumprimentar, mas logo se retiraram. A noite estava animada e, de
repente, o garçom chega com um drink e me entrega.
— Aquele rapaz mandou pra você – avisou e apontou para o rapaz.
Era um homem bonito, ele estava com mais três caras e todos olhavam para nós. Mais
dois garçons se aproximaram e entregaram um drink para a Dora e outro para a Kim.
Vieram da mesma mesa do rapaz bonito.
Nós três erguemos as taças no ar e acenamos com a cabeça como forma de
agradecimento. Eles sorriram e nós sorrimos de volta.
Caramba. Parece que eu nunca assisti jornal, e se tiver alguma substância nessas bebidas?
Ah, mas foram os garçons do estabelecimento que trouxeram, se tivesse sido os próprios
rapazes, até que poderia ser suspeito.
Que desculpa ridícula Aurora.
— Parece que a noite pode ficar interessante – Kim falou encarando a mesa dos homens
que nos enviaram os drinks.
— Concordo – Dora deu um sorriso cretino.
— Vocês não valem nada – falei com um olhar cheio de malícia.
O álcool estava fazendo efeito e resolvemos nos levantar para dançar um pouco. Pulamos
e cantamos animadamente. Quando começou a tocar a música “No more sad songs” do grupo
Little Mix, deixei a melodia da música tomar conta do meu corpo, sem pensar nos problemas,
sem pensar na minha fodida relação com o Dylan, só levantei os braços para o alto e dancei.
Senti uma mão tocando o meu braço e me virei para ver quem era. Dei de cara com o
rapaz bonito que me mandou o drink, ele estava acompanhado por dois amigos e começamos a
dançar todos juntos. Ao me movimentar, acabei esbarrando em alguém e percebi que era uma
das amigas da mulher que conversava com o Dylan.
— Você vai ficar com o Dylan? – ouvi uma das mulheres perguntando em voz alta pra
morena enquanto dançavam.
— Claro, ele é um gostoso – senti uma raiva tão grande.
— Tenho que concordar... Aproveita – as duas deram uma risadinha e eu não resisti.
— Oi, desculpa incomodar, mas acabei ouvindo a conversa sem querer – que falsa
Aurora. – Você está falando do Dylan Foster?
— Sim, por quê? – a morena perguntou incomodada.
— Olha, não é por nada não, mas ele tem um probleminha lá sabe – digo confiante.
— Como assim? – a morena me olhou em choque e as suas duas amigas pararam para
ouvir a conversa.
— O pau dele não funciona direito. Para subir é um sacrifício, e quando sobe, não dura
um minuto – fiz uma expressão triste. – Eu sei, é um desperdício.
— Meu Deus, que horror – uma das mulheres exclamou e eu quis rir.
— Sim, é um horror – lamentei. – Um cara tão novo como ele não merecia isso – falei. –
Bom, vou deixar vocês em paz, eu só quis dar um aviso, pra você não ficar sem reação quando
acontecer – falei e virei as costas pra voltar para a minha mesa.
— Espera – a morena me chamou. – Como você sabe disso?
— Você deve imaginar como eu sei – lhe lancei um olhar de desapontamento e me retirei
com um largo sorriso no rosto.
Deixei as três paradas boquiabertas e voltei para a minha mesa como se nada tivesse
acontecido.
— Cadê os rapazes? – perguntei para as minhas amigas que já estavam sentadas.
— Foram pra mesa deles. Eles até queriam ficar aqui, mas falei que era a noite das
garotas – a Kim falou e eu assenti.
— Que sorrisinho é esse no seu rosto, Aurora? – Dora me perguntou desconfiada.
— Que sorriso? – me fiz de desentendida enquanto segurava o riso.
— Conheço essa cara. O que você aprontou? – não aguentei e rompi em uma gargalhada.
— Eu vou falar, mas antes de qualquer coisa, o que eu fiz pode ter sido muito infantil,
mas não resisti.
Contei pra elas e as duas riram tão intensamente que lágrimas escaparam de seus olhos.
— PUTA QUE PARIU AURORA. VOCÊ FEZ ISSO MESMO? – Dora gritou.
— Fala baixo – a repreendi.
— Relaxa, o som está alto – assegurou tentando parar de rir.
— Você é muito louca – a Kim comentou chorando de rir.
— Eu apenas me vinguei. Ele já estragou a minha foda uma vez – encolhi os ombros.
— Porra, falar que o pau dele não sobe foi pesado – Dora falou rindo. – Você não vai
para o céu Aurora.
Nós três permanecemos rindo da situação por um bom tempo, e eu evitei direcionar meu
olhar para o meu chefe, não quero que ele perceba que estamos falando sobre ele.
Alguns minutos se passaram e precisei ir ao banheiro. Avisei as meninas e fui. Ao chegar
fiz as minhas necessidades, me limpei e quando abri a porta para sair, encontrei o Dylan parado
encostado na parede.
— Que coisa feia Aurora – falou.
— O que foi? – falei toda sonsa.
— Quer dizer então que o meu pau não sobe?
— Não sei do que você está falando – digo e tento passar, mas ele segura o meu pulso
com delicadeza e sinto o meu corpo inteiro reagir ao seu toque.
Merda!
40 DYLAN FOSTER
Os últimos dias têm sido estranhos. A Aurora não se aproximou e me tratou apenas como
seu chefe. Eu sei que não deveria estar incomodado, mas estou. Sinto tanta falta dela.
Enquanto isso, a Nicole não me dá sossego. Liga, manda mensagem, aparece na empresa
sem ser convidada, mas eu proibi a sua entrada.
Meus pais, meu irmão e meus amigos estão preocupados comigo desde que souberam que
ela voltou. Às vezes me sinto perdido, ter a Nicole por perto me faz relembrar dos momentos de
pânico que passei.
Depois de tudo o que ela me falou na nossa última conversa, fiquei pensativo. Não em
relação a lhe dar uma nova oportunidade, até porque isso não aconteceria, o que ela fez trouxe
todos os meus traumas e inseguranças de volta.
No entanto, pensei na possibilidade de ela estar falando a verdade.
E se eu fui injusto? E se ela realmente foi usada? – não mudaria nada. O estrago mental
já foi feito.
E se tentássemos ser amigos? – não, ela não quer só amizade.
O Theo percebeu que eu estava na pior e me chamou para sair com a galera. Meu irmão
também foi e trouxe alguns amigos, incluindo algumas mulheres. Uma delas se sentou ao meu
lado, e começamos a conversar.
A Ava é gostosa, do jeito que eu costumo gostar, mas nada acontecerá entre nós. Além
disso, desde o momento em que a Aurora chegou, eu não consigo tirar os meus olhos dela.
Porque ela veio justamente nesse bar? Parece que o destino está pregando uma peça em
nós dois.
Percebi que a Aurora não se importou muito com a minha presença, mal me olhou e não
veio me cumprimentar. Ela parecia estar se divertindo, foi para a pista de dança e começou a
conversar com um rapaz que não tirava as patas do corpo que só eu deveria tocar.
Para evitar problemas, decidi parar de encarar a Aurora dançando com outro e comecei a
conversar com os rapazes enquanto as meninas saíram para dançar.
Alguns minutos depois elas voltam e vejo que a Ava está estranha.
— Aconteceu alguma coisa? – questiono.
— Não – respondeu nervosa.
— Tem certeza? – insisto.
— Você tem algum problema sexual?
Franzo a sobrancelha confuso com essa pergunta.
— Não, por quê?
— Me falaram isso – cerrei os punhos.
— Falaram o quê?
— A mulher me informou que o seu pau não sobe direito – disse envergonhada. – Ainda
falou que quando ele sobe, não dura muito tempo – travei o meu maxilar irritado.
Mulher?
— Quem falou esse absurdo pra você?
Quem ousou inventar isso?
— Uma moça vestida com um conjunto lilás, ela está por aí.
Conjunto lilás? A Aurora está com um conjunto lilás.
Ela não faria isso, faria?
É claro que faria. É a Aurora.
Sorri com a possibilidade de ser ela, significa que ela não está confortável em me ver
com outra mulher.
-— Ali ela – apontou pra minha dinamite que estava indo em direção aos banheiros.
— Não acredita nessas besteiras. – dei um sorriso encantador. – Preciso ir ao banheiro, já
volto.
Ela assentiu e fui atrás da encrenqueira.
Esperei ela sair do banheiro e a confrontei, mas a danada estava negando.
— É claro que você sabe do que eu estou falando. A Ava me contou o que você disse pra
ela.
— Ava? Quem é Ava?
— A moça que eu quero levar pra cama hoje – menti e vi que ela ia explodir.
Vem minha dinamite.
— Pois eu não sei de nada, pode voltar pra ela. Com licença.
Tentou passar, mas eu a puxei para dentro do banheiro e tranquei a porta.
— O que você está fazendo? – perguntou brava.
— Nada, apenas sinta – peguei sua mão e a passei no meu pau, por cima da calça. – Ele
está bem duro, isso significa que funciona direitinho – sussurrei com a voz rouca.
Ela suspirou.
Ficar perto dessa mulher é pedir pra ter uma ereção a cada minuto.
— Dylan – ofegou.
— Você ficou com ciúmes, minha pequena?
— Eu não – tentou sair dos meus braços.
— Quero que saiba de uma coisa, você é a única que eu sinto vontade de enterrar bem
fundo – falei baixinho.
Ela não respondeu.
– Você pareceu bem feliz dançando com aquele rapaz – digo olhando em seus olhos.
— Estava mesmo, ele é bonito.
Segurei a sua nuca.
— Aposto ele não te deixa molhada como eu sei que você está agora – ouço Aurora
gemer em resposta.
— Merda, Dylan – fechou os olhos e dei um sorriso satisfeito.
Ela sabe que eu tenho razão.
Passei o meu nariz pelo seu pescoço e exalei o seu delicioso cheiro cítrico adocicado,
esse cheiro aguça o meu instinto mais selvagem. Mordisquei o lóbulo da sua orelha e a minha
barba por fazer roçava em sua pele.
— Sinto saudades – beijei o seu pescoço e a pressionei contra o meu corpo.
— É melhor nós sairmos daqui – tentou resistir.
— Você quer sair? – passei o polegar pelos seus lábios. – Se você quiser, eu abro a porta
agora mesmo – minha voz estava carregada de desejo.
Aurora olhou no fundo dos meus olhos verdes e me puxou para um beijo sedento. Nossas
línguas se entrelaçavam e nossas respirações estavam descontroladas.
Minhas mãos, em desespero, percorriam todas as partes do seu corpo. O meu pau estava
prestes a explodir de tanto tesão. Com facilidade, ergui a Aurora e a sentei em cima da pia do
banheiro do bar.
Nossos gemidos ecoavam sem nenhum pudor. Minha mão deslizou pela sua coxa e
entrou em baixo da sua saia curta. Ao encontrar o tecido da sua calcinha, eu a puxei para o lado e
os meus dedos invadiram a sua intimidade molhada.
— Preciso sentir o seu pau dentro de mim Dylan... Vamos deixar as preliminares pra lá –
protestou parando o nosso beijo.
Suspirei e sem responder, coloquei o meu pau pra fora e a penetrei sem aviso. Dei fortes
estocadas e a Aurora se abria e rebolava buscando alcançar o ápice o mais rápido possível.
— Ai Dylan... Que delícia – gemeu jogando a cabeça para trás.
— Sim, minha gostosa – grunhi. – Adoro foder essa sua boceta quente e apertada.
Aumentei a velocidade e nossos orgasmos explodiram juntos. Era muito tesão
acumulado.


Novembro chegou e a reforma do resort está quase finalizada. Foi um processo difícil,
mas contratei uma equipe de primeira linha e investi dinheiro muito nessa obra.
Em dezembro abriremos as portas do Resort Foster e a minha equipe de marketing deu o
seu melhor para produzir uma divulgação de qualidade. Devo admitir que o trabalho foi bem
feito, em menos de uma semana, todos os quartos já haviam sido reservados.
O meu resort já está lotado, antes mesmo de abrir... É um sucesso.
Conforme o combinado, o jantar para os trabalhadores foi marcado para esse final de
semana. Além disso, todos os funcionários que se empenharam nesse projeto ganharão um bônus
no salário e uma semana de hospedagem no resort com todas as despesas pagas, podendo levar 3
acompanhantes.
Amanhã é sábado e viajarei para Nova Iorque, onde ocorrerá o jantar, infelizmente a
minha dinamite não irá comigo, terá um leilão beneficente e ela irá com a minha mãe, a Hanna, a
Dora e a Kim – essas cinco não se desgrudam.
Falando na minha pequena, estamos mantendo o nosso acordo e as coisas vão bem assim.
Parece que nenhum de nós dois sentiu a vontade de se envolver com outras pessoas.
Fomos à Focus mais algumas vezes e a Aurora se mostrou ser uma ótima submissa, a
minha dinamite é uma verdadeira safada.
Agora o que dizer sobre a Nicole... Bem, ela não desistiu. Cruzei com ela algumas vezes,
mas sempre que posso, a evito, não quero problemas com a minha pequena.
Emma é outra que está me dando trabalho. Acabei sendo um pouco ríspido com ela e isso
a fez chorar, mas eu não sabia mais o que fazer com essa situação. A peguei intimidando a
Aurora e fiquei indignado. Claro que não precisei interferir porque a dinamite dá conta do
recado, mas é inadmissível vê-la se intrometendo em seja lá o que eu tenho com a Aurora.
Amizade com benefícios, Dylan.
É ridículo, mas é isso.


Cheguei em Nova Iorque, e enquanto caminhava pela rua vi um vestido na vitrine de uma
loja. Automaticamente lembrei da minha pequena. Ele é justo, do jeito que ela gosta, e tenho
certeza de que ficará lindo no corpo gostoso e cheio de curvas que ela possui. Sem pensar duas
vezes, entrei na loja e comprei o vestido. Estou certo de que ela irá gostar.
A hora do jantar chegou e tudo está lindo. A Aurora caprichou e pensou em cada detalhe.
Resolvi ligar para saber como ela está.
— Boa noite, dinamite.
— Boa noite, marrentinho.
— Como estão as coisas por aí, já está no leilão?
— Sim, só faltou você – falou ressentida.
— Queria está aí – falei com um sorriso bobo. – Liguei para saber como você está e para
elogiar a organização do jantar. Ficou perfeito, parabéns.
— Muito obrigada chefe, fiz com muito carinho.
Sorrimos.
— Você volta quando? – perguntou.
— Meu voo sairá amanhã, às 19 horas.
— Tudo bem.
— Está com saudades?
— Eu não – brincou. – Talvez um pouco – sorri ouvindo a sua confissão.
— Eu estou com saudades de você – para de ser bobão Dylan. – E saudades desse seu
corpo. Se prepare minha doce Aurora, porque quando eu voltar, vou te foder tanto.
— Dylan, pelo amor de Deus – falei baixinho. – Não fala essas coisas em público, seu
doido.
Gargalhei.
— Só estou falando a verdade.
— Ok, vou desligar. Nos vemos na segunda, tudo bem?
Bem não está, eu queria que ela dormisse comigo quando eu voltar, mas não vou forçar a
barra.
— Tudo bem. Até mais.
Desligamos e fui aproveitar o jantar.


Acordei no domingo descansado. Não fiquei muito tempo no jantar, voltei para o hotel
cedo, pois precisava dormir.
Meu voo só sairá às 19 horas, então resolvi passar o dia em um clube com alguns
investidores. É um clube cheio de atividades. Comemos, bebemos, jogamos cartas e
conversamos.
Durante esse tempo, tentei ligar para a Aurora, mas parece que o celular dela está a
desligado.


Ao chegar ao meu apartamento, recebi uma mensagem dela dizendo que não estava bem
e precisava descansar. Avisou também que iria dormir cedo e já se despediu. Achei estranho,
mas entendi. A noite das cinco deve ter sido uma loucura.


Segunda-feira chegou e fui todo empolgado para o Grupo Foster, deixando o presente da
Aurora dentro do carro para entregá-lo mais tarde.
Ao sair do elevador, percebi que a Aurora ainda não havia chegado. Olhei no relógio e
ainda faltavam 10 minutos para o horário dela. Fui para a minha sala e estranhei ao encontrar um
envelope em cima da minha mesa.
Abri com cautela e senti o meu mundo desabar no momento em que vi o que tinha dentro
dessa porra de envelope.
PORRA.
MIL VEZES, PORRA.
41 AURORA DUARTE
Novamente me resolvi com o Dylan. Depois da nossa transa no banheiro acabei indo
embora com ele... O resto não é difícil de imaginar.
Nossos dias estão sendo tranquilos, na medida do possível. A chata da Emma não para de
me infernizar e a insuportável da Nicole não deixa o Dylan em paz. Fora isso, está tudo indo
bem.
Estamos no mês de novembro, e hoje vou ir para um leilão beneficente com a Dora,
Hanna, Diana e a Kim – as quíntuplas. – Nós cinco formamos uma equipe imparável quando
estamos juntas. O Dylan teve que participar do jantar dos trabalhadores envolvidos na reforma
do Resort Foster, por esse motivo, ele não pode estar presente, mas estamos nos falando pelas
redes sociais.


Chegamos ao leilão que está sendo realizado em um hotel de luxo e irá reunir diversos
membros da alta sociedade. Estou me sentindo uma intrusa nesse ambiente, se a Diana não
tivesse insistido, eu não teria vindo.
No entanto, não posso negar que tudo está impecável e espero que o evento seja um
sucesso, porque o valor arrecadado será destinado a uma instituição que abriga crianças carentes.
Muitas crianças enfrentam situações difíceis, são abandonadas ou retiradas dos seus pais
por falta de cuidados adequados. Sendo assim, cada doação é valiosa.
Ao chegar, vi que o James também estava presente no leilão e ele veio nos cumprimentar.
Acabamos conversando por alguns minutos, mas logo ele se retirou.
Durante a conversa, notei que a Diana nos observava e embora ela não tenha tratado o
James de maneira desagradável, percebi que ela não parecia muito confortável com sua presença.
Meu lado fofoqueira coça pra perguntar o que aconteceu entre todos eles, mas sei que não
devo ser intrometida.
Para o meu azar, me deparo com a Nicole, e cada vez que os nossos olhares se cruzam,
ela me encara como se fosse me estrangular a qualquer momento. Um arrepio percorre meu
corpo, e um mau pressentimento tomou conta de mim.
— Fica tranquila, ela não vai fazer nada – Diana veio me confortar.
— Verdade.
Um garçom passa por nós e entrega uma taça para cada uma, o encaro e agradeço.
O evento está animado, e a cada peça que é leiloada, eu fico perplexa com o valor que as
pessoas estão dispostas a pagar.
Começo a me sentir um pouco tonta e acho estranho, considerando o fato de que eu só
bebi duas taças de champanhe.
Será que o champanhe dos ricos tem um teor alcoólico mais elevado?
Bom, é melhor eu parar por aqui, não quero sair carregada desse evento, seria
vergonhoso.
— Vou ir ao banheiro – avisei as minhas amigas e peguei as minhas coisas.
— Quer que eu vá com você? – Dora pergunta.
— Não é necessário, em breve eu estarei de volta – dei um sorriso de agradecimento e me
retirei.
Ao entrar no banheiro, uma onda de calor tomou conta do meu corpo, mas não era um
simples calor, era uma sensação insuportável. Eu me sentia estranha.
Que merda é essa?
Saí do banheiro me sentindo tonta e com o corpo em chamas. Senti uma mão me
segurando e me guiando para algum lugar.
— Quem é você? – pergunto confusa.
— Uma amiga. Vou te ajudar – uma voz feminina responde.
Ouço o barulho do elevador.
— Pra onde você está me levando? – o calor estava acabando comigo.
— Irei te levar para um lugar seguro, você não parece bem.
Não respondi e continuei andando a passos lentos.
— Fica aqui – a voz feminina falou e me deixou em pé, encostada em algum lugar que eu
não soube identificar.
O calor ficou pior e senti um desconforto entre as minhas pernas.
Não posso estar excitada. Estou?
Tento dar alguns passos, mas a falta de forças me faz cair no chão. Começo a me abanar
com as mãos, buscando algum alívio para a intensa sensação de calor que parecia queimar a
minha pele de dentro para fora.
— Aurora! – uma voz masculina me chama. – O que aconteceu?
Quem é esse?
— Onde estou? – questiono perdida.
Que calor!
— No chão. Na frente de um quarto, que está com a porta escancarada.
Chão? Quarto?
— Quem é você?
— Você não está me reconhecendo? Sou eu, o James.
James?
Olhei pra ele confusa, mas o reconheci.
— Aurora você está suando, deixa eu te ajudar a levantar – sinto o seu toque e algo
explode dentro de mim. – Meu Deus, você está quente. Esse quarto é seu?
— Quarto? Meu? – o que eu estou falando?
— Vem – me levantou e senti o seu corpo másculo. – O quarto deve ser seu, vamos
entrar.
Ele me senta em algum lugar macio e começa a passar a mão pelo meu rosto.
— Calor, está calor, James.
Começo a tirar a minha roupa e ele pede pra eu parar.
— Não, Aurora. Para – andei cambaleando em sua direção.
O que está acontecendo comigo?
— Faz parar, James. Está queimando – eu disse, avançando em sua direção e tentando
retirar as suas roupas. – Faz parar.
— Estou chamando um médico.
Ouço ele falando ao telefone e aproveito a oportunidade para tentar remover o meu
vestido.
Os meus seios sensíveis saltam para fora.
— Porra, Aurora, não faz isso – me cobriu com alguma coisa. – Você precisa entrar em
baixo do chuveiro gelado.
— Por favor, James, faz parar – porque eu estou tentando abrir as calças dele?
Minhas mãos lutam com o botão da sua calça.
— Não, Aurora, calma, você não está bem. O médico já está chegando.
Retiro o restante do vestido, mas o James ainda mantém algum tecido me cobrindo. A
água gelada cai sobre o meu corpo e a onda calor parece diminuir. Meus olhos pesam e começo a
falar coisas desconexas.
— Graças a Deus! O médico chegou.
Depois disso não escuto mais nada, sou tomada por uma escuridão.


Os raios do sol entram pela janela e abro os meus olhos com dificuldade.
— Você acordou – ouço uma voz. – Se sente melhor?
Arregalo os olhos ao avistar o James, e começam a surgir flashes de alguns momentos
que ocorreram na noite anterior.
Percebo que estou enrolada em um lençol.
— Não aconteceu nada entre nós, pode ficar tranquila.
— Me desculpa. Não sei o que aconteceu comigo ontem, eu... Eu estou perdida – minha
cabeça doía. – Que horas são?
Olhei em volta para ver se achava a minha bolsa com o meu celular e a encontrei do outro
lado do quarto.
— São quase 17 horas.
— Meu Deus. Preciso ir embora – tento me levantar de uma vez, mas uma tontura me
atinge, e acabo me sentando na cama, ainda enrolada no lençol.
— Calma, o médico disse que você precisa de repouso.
— Médico?
— Sim, chamei um médico porque percebi que tinha alguma coisa errada com você.
Parece que você foi drogada.
Nesse momento começo a entrar em desespero.
— Co... Como assim? – gaguejei.
— Você precisa fazer um exame pra ter certeza, mas de acordo com o médico, você foi
drogada. Ele te deu um calmante e você conseguiu dormir.
— James, me desculpa por toda essa confusão e obrigada por cuidar de mim.
— Você não teve culpa e eu gosto de você, Aurora, não te deixaria aqui sozinha.
— James... – tentei cortar o assunto.
— Eu sei. Não é recíproco – deu um sorriso sem graça.
— Como você chegou até mim?
— Eu estava no bar e a Nicole veio até mim com uma amiga – começou a falar. – Ela
disse que entrou no elevador e você estava lá dentro com uma mulher, mas segundo ela, você
não parecia bem.
Realmente tinha uma mulher comigo e a voz dela é bem parecida com a da Nicole. Será
que... – não, não pense nisso, Aurora.
— Porque a Nicole não chamou uma das minhas amigas? – questionei intrigada.
— Ela declarou que a mãe do Dylan a detesta e que não acreditaria no que ela dissesse.
Faz sentido.
— Entendi – falei pensativa. – Obrigada por tudo, James, fico te devendo uma.
— Vou cobrar viu – deu uma risada. – Ver os seus seios foi um desafio, passei por uma
prova de resistência.
— Puta merda – meus olhos quase caíram no chão. – Me perdoe por isso.
Rimos e ele se retirou.


Após sair do hotel, eu fui atrás de um laboratório para fazer o exame. O resultado só
ficaria pronto na terça-feira, mas consigo esperar.
Abri a porta do apartamento e a Dora estava na sala sentada no sofá, com o celular na
mão.
— Porra, Aurora, onde você se meteu?
— Você não sabe o que aconteceu, Dora.
— Não sei mesmo – bufou. – Ontem, uma mulher estranha chegou à nossa mesa e disse
que você pediu pra avisar que iria embora porque não estava se sentindo bem – coloquei a mão
na boca chocada. – Não acreditei e tentei te ligar, mas o seu celular está dando “desligado”.
Olhei para o meu celular e vi que a bateria estava completa, mas ele realmente estava
desligado. Ao ligá-lo, vi várias ligações e haviam várias mensagens do Dylan. O respondi
rapidamente e comecei a contar tudo o que aconteceu para a Dora.
— Caralho – ela falou. – Isso é sério. Você fez o exame?
— Sim, o resultado sai na terça.
— O James foi um cavalheiro.
— Foi mesmo. Eu tentei ficar pelada, Dora, mostrei os meus peitos e ele não fez
nenhuma maldade comigo.
— CARALHO, VOCÊ MOSTROU OS PEITOS?
— Sim e eu não sei por que – fechei os olhos e respirei fundo. – Será que foi alguma
droga sexual?
— Provavelmente – pensou por alguns segundos. – E o Dylan? Vai contar pra ele?
— Claro – falei rapidamente. – Prometemos sinceridade. Amanhã eu contarei tudo pra
ele.
— Será que ele vai surtar?
— Não sei – falei pensativa. – Mas desde a nossa última discussão, ele passou a me ouvir
mais.
— Isso é bom.
Terminamos a nossa conversa e fui descansar. Amanhã terei uma longa conversa com o
meu chefe.


Dora me levou até o Grupo Foster, e quando cheguei, o Dylan já estava em sua sala.
— Bom dia, Sr. Foster – falei com um sorriso simpático.
— Bom dia, Srta. Duarte – falou friamente.
— Tudo bem? – me aproximei.
Ele me puxou para um beijo forte. Sua mão apalpava o meu corpo e abriu a minha camisa
desesperadamente.
— Precisamos conversar – tentei falar, mas ele não queria conversa.
Isso tudo é saudade?
Retribuí na mesma intensidade. Dylan me jogou em cima do sofá e arrancou a minha
saia, levando a calcinha junto. Ele estava mais selvagem do que o normal.
Com pressa, ele retirou a sua gravata e amarrou os meus pulsos.
Espera... Aqui?
— Dylan... A porta – digo entre gemidos.
Ele se levantou e trancou a porta, mas não proferiu uma palavra, e em nenhum momento
dirigiu o olhar para mim – que estranho.
Dylan me sentou e enfiou o pau dentro da minha boca. Ele a fodeu com força e eu me
engasguei diversas vezes. Em seguida, ele me colocou de quatro no sofá e me penetrou sem
pausa, enquanto soltava sons altos e roucos.
— Dylan – deu dois tapas fortes na minha bunda e gemi de prazer.
— Cala a boca, Aurora – rosnou.
Me fodeu com mais velocidade e me deu mais dois tapas na bunda.
— Ah... Dylan... – falei gemendo loucamente, enquanto ele me fodia bruto e forte. Do
jeito que nós dois gostamos.
— Não fala, Aurora.
Ele segurou o meu cabelo com uma mão e a outra apertava a minha cintura.
— Dylan... – me deu um tapa forte e gemi novamente.
Puta merda, esse homem está inspirado.
Vou ficar MUITO dolorida. Certeza.
— NÃO FALA – gritou enquanto empurrava fundo.
O QUÊ?
— Você não está bem – falei ofegante, percebendo que tinha alguma coisa errada.
E foi aí que a minha excitação evaporou.
— Pinscher.
Sei que se eu tivesse dito apenas: PARE, ele também teria parado, mas falei a nossa
palavra de segurança e no mesmo momento, os seus movimentos cessaram.
Meu cabelo estava grudado no meu rosto, molhado pelo suor e quando o encarei, não vi o
meu Dylan, o meu marrentinho não estava bem.
— O que aconteceu com você? – perguntei preoupada.
— Nada – não olhou em minha direção. – Agora sai da minha sala e vai trabalhar.
— Oi? – falei sentindo a raiva subir.
— O que você ouviu: vai trabalhar – o olhei chocada. – Você é a minha secretária e eu te
pago pra isso.
— PORQUE VOCÊ ESTÁ SENDO TÃO RUDE? – explodi.
— Não estou sendo rude, estou falando a verdade, você é só a minha secretária – falou
frio e os meus olhos encheram de lágrimas.
— O que aconteceu com você? Conversamos ontem, e você não estava assim – abaixei o
meu tom.
— Quer saber o que aconteceu? – se levantou e foi até a sua mesa. Ele abriu a gaveta e
tirou um envelope. – Isso aconteceu – jogou o envelope na minha direção e ele caiu no chão.
Me abaixei para pegá-lo e quando abri o maldito envelope, eu quase tive um ataque do
coração.
Havia fotos minhas. Na primeira foto, eu estava entrando no quarto com o James. Na
segunda, eu estava tirando a roupa. Na terceira, eu estava em cima do James, e na última foto, o
meu vestido estava aberto. Dava pra ver um dos meus seios expostos.
Quem fez isso? Me recuso a acreditar que o James tenha algo a ver com essa sujeira.
As fotos pareciam que tinham sido tiradas da porta do quarto. A pessoa que as tirou
provavelmente estava escondida, e a porta não parecia estar totalmente aberta.
Merda, eu sei o que deve estar passando pela cabeça do Dylan nesse momento, mas eu
prometi ser sincera e irei contar o que realmente aconteceu.
— Tem algo a dizer, Srta. Duarte? – soou irônico.
— Tenho – puxei o ar. – Pode parecer clichê, mas não é nada disso que você está
pensando – falei e ele riu debochando.
— Não sou imbecil, Aurora – pode não ser, mas agora está parecendo um verdadeiro
imbecil. – Está na cara que você transou com o meu primo.
— Não é verdade – digo calma.
— EU TENHO CARA DE IDIOTA? – gritou.
— Não e eu não estou te fazendo de idiota. Quer que eu explique o que aconteceu ou vai
ficar com raiva?
— NÃO ADIANTA EXPLICAR, AS FOTOS JÁ DIZEM TUDO.
— NESSE CASO NÃO. VAI ME DEIXAR EXPLICAR? – gritei também.
— QUERO FICAR SOZINHO. SAIA DA MINHA SALA.
— Como quiser, Sr. Foster – saí da sua sala com o coração despedaçado.
Mal saio da sala do meu chefe e o meu celular começa a tocar. É a Tina.
— Aurora. Finalmente você atendeu – falou afobada.
— Aconteceu alguma coisa?
— Sim... O seu pai sabe onde você está. A notícia está correndo por aqui.
— Onde eles acham que eu estou? – perguntei.
— Los Angeles.
Meu corpo paralisou. Nem a Tina sabia sobre o meu paradeiro.
— Merda – falei – Ok, preciso ficar calma. Agora eu tenho o dinheiro e posso me livrar
do César. Se eles aparecerem, eu estarei preparada.
Pelo menos tive tempo e conseguir o dinheiro. Entendo a demora da minha família para
me encontrar, pois eles não têm muitos recursos, mas o César... Ele não ter me achado antes, é
estranho.
— Sim. Vai dar certo.
— Tina, você sabe me dizer como eles encontraram recursos para me localizar?
— Não sei, mas arrisco dizer que o César está por trás disso.
Imaginei.
— Tudo bem. De qualquer forma, eu estou pronta pra enfrentar todos eles.
Olhei as horas e vi que eu precisava trabalhar.
— Tina vou precisar trabalhar agora. Obrigada por ter me atualizado.
Nos despedimos e desligo o celular.
42
NICOLE
Conheci o Dylan no colegial, mas naquela época ele era um rapaz esquisito. Na
universidade a sua aparência mudou e como tínhamos amigos em comum, começamos a nos
encontrar com mais frequência.
No início eu não tinha a intenção de ter algo com ele, principalmente por ele não
demonstrar interesse em assumir o cargo de CEO do Grupo Foster. Dylan queria ser apenas mais
um funcionário dentro da empresa, e isso me parecia ridículo.
Mesmo assim, larguei tudo e comecei a namorar com ele. Não foi difícil conquistá-lo,
joguei o meu charme e ele se rendeu. Quando o Dylan me contou que assumiria o cargo, senti
que todos os meus sacrifícios valeram a pena. A sua indecisão quase me matou, mas no fim, fiz a
escolha certa.
Porém, eu estraguei tudo quando fui pega na cama com o homem que amo e larguei para
ficar com o Dylan. Maldita foi a hora em que dei a chave do meu apartamento pra ele. Tentei me
explicar, mas eu sabia que não adiantaria. Por isso fui embora e pensei que não precisaria mais
voltar.
Quando fui embora, eu consegui alguns trabalhos como modelo. Participei de campanhas
e eventos, mas infelizmente, as coisas começaram a ficar difíceis. Os trabalhos apareciam com
menos frequência e o meu dinheiro estava acabando. Não me restou outra alternativa, precisei
voltar para Los Angeles.
Ver que em quase dois anos, o meu ex-namorado se tornou um dos maiores empresários
do mundo, fez com que os meus olhos brilhassem de esperança. No final eu tinha razão, o Dylan
foi a escolha certa, só me perdi no meio do caminho e agora tenho a chance de consertar as
coisas.
Vamos continuar de onde paramos.
Assim que retornei para Los Angeles, fui em busca do meu “grande amor”. Dylan sempre
foi carinhoso e sensível, falei do meu falecido irmão, mas parece que não adiantou e eu entendi o
motivo assim que aquela secretária entrou em sua sala. Ele olha pra ela de um jeito que nunca
olhou pra mim e isso me deixou indignada.
Não posso dizer que amo o Dylan, até porque, o meu coração já tem dono, mas ele não é
de se jogar fora. É bonito, gostoso, rico e carinhoso, eu terei um pacote completo.
Após essa visita, decidi que o quero de volta. Ligo, mando mensagens e sempre procuro
estar nos mesmos ambientes que ele frequenta, mas na maioria das vezes ele está acompanhado
pela secretária.
Resolvi saber mais sobre ela. Pelo o que eu descobri, ela se chama Aurora, é brasileira e
mora aqui em Los Angeles com uma amiga. Parece que o Dylan parou de se envolver com as
outras funcionárias por causa dessa secretária e soube que ela tem uma ótima relação com a
família do Dylan, principalmente com a mãe dele.
Como essa mulher consegue suportar a Diana Foster? Aquela velha é insuportável.
Fiquei sabendo que a relação da Aurora com os amigos do Dylan também é boa e até a
Hanna ela conseguiu conquistar – a Hanna parece o cão de guarda do Dylan.
Essa mulher precisa sair do meu caminho.
Fui para o leilão beneficente ciente de que o Dylan não estaria presente, mas a sua mãe
sim. Como eu imaginei, a Aurora a acompanhou. É um nojo vê-las juntas.
Me mantive distante, apenas observei de longe.
O meu plano era ótimo, mas quando vi o James e a Aurora conversando, eu tive uma
ideia excelente. Sei que o Dylan não suporta o seu primo, então resolvi usar isso ao meu favor.
No plano inicial, eu drogaria a Aurora e tiraria fotos dela com um homem desconhecido,
mas se esse homem fosse o James, o resultado ficaria mais satisfatório.
Contratei um garçom pra levar a bebida até a Aurora e para tirar as fotos.
Ao vê-la se levantando e indo em direção ao banheiro, eu a segui. Percebi que a droga
estava fazendo efeito e a levei para o elevador. Fomos em direção ao quarto que eu reservei no
nome da minha amiga.
Abri a porta do quarto, deixando Aurora encostada no batente e desliguei o seu celular
para garantir que ela não fosse incomodada.
Ainda no corredor do quarto, conversei com o garçom e o deixei posicionado, pronto para
tirar as fotos assim que o show começasse. Fui atrás do James puxando uma amiga pra ir comigo
e o encontrei no bar.
— James – dei um sorriso.
— O que você quer? – soou grosseiro e senti um aperto no coração.
— Desculpa incomodar – tentei parecer envergonhada. – Vi que você conhece a
secretária do Dylan, só vim avisar que a vi no elevador com uma mulher e ela não parecia bem.
James franziu as sobrancelhas.
— Ela veio com as amigas, é melhor você ir atrás delas.
— Eu sei, mas a mãe do Dylan me odeia, por isso vim até você, se não quiser ir atrás
dela, avisa as amigas dela por mim – tentei parecer preocupada.
— Tudo bem. Você sabe para qual andar elas foram? – perguntou.
— Não sei exatamente, mas acho que a mulher apertou o botão do 5° andar, não tenho
certeza.
— Obrigada, vou ver como ela está – pareceu preocupado.
— Você gosta dela? – perguntei receosa.
Diz que não.
— Sim. Aurora é uma boa mulher.
Desgraçada.
James se retirou e depois de alguns minutos, as fotos chegaram.
O garçom explicou por mensagem que o James havia deixado a porta aberta e ele
conseguiu tirar as fotos sem ser visto, já que o James estava ocupado tentando controlar a
ridícula.
O garçom disse também que ele não se aproveitou dela e que chamou um médico. Essa
parte eu não gostei muito, se ela realizar um exame de sangue saberá que foi drogada, mas até lá,
o estrago terá sido feito e o Dylan já vai ter surtado.
Eles irão brigar e vou usar o desequilíbrio emocional do Dylan pra me reaproximar dele –
genial, Nicole.
As fotos não ficaram como eu queria, mas dava pra enganar.
Saí do evento com um sentimento de contentamento, pronta pra ver o circo pegar fogo.
Amanhã, eu tenho certeza de que o Dylan voltará a ser todo meu.
43 AURORA DUARTE
Depois da minha conversa com a Tina eu comecei a trabalhar. Meu corpo está dolorido
devido aos acontecimentos na sala do Dylan, e estou sentindo um incômodo na minha região
íntima.
O meu chefe saiu e ainda não voltou para a empresa. Resolvi não pensar muito sobre isso,
tudo se resolveria. O resultado do exame sairá e poderei explicar o que aconteceu.
Andando com dificuldade, fui para o meu intervalo. Encontrei o Jake no caminho e ele
me chamou pra almoçar em um restaurante.
— Você não parece bem – falou.
— Está tudo bem, só estou cansada – dei um sorriso fraco.
Eu realmente estou cansada. Meu emocional está exausto, tem a situação com a minha
família, com o César e agora com o Dylan, está demais pra mim. Sinto que vou desmoronar a
qualquer momento.
— Entendo.
Almoçamos e eu quase não conversei, Jake foi compreensivo e não me fez mais
perguntas.


Enquanto eu estava em pé organizando alguns papéis, o som do elevador chamou a
minha atenção. Ao olhar, me deparei com o Dylan e a Nicole. Ela sorria alegremente e
entrelaçou o seu braço no braço do meu chefe, que permanecia sério. Por incrível que pareça, ele
não recuou diante do toque dela.
Os dois entraram e eu fiquei parada, observando a porta se fechar.
— Tudo bem Aurora? – Kim perguntou e eu voltei do meu estado de choque.
— Sim – tentei parecer forte.
— Você não contou pra ele ainda? – ela já sabia o que tinha acontecido comigo.
— Tentei, mas ele não quis ouvir, apenas me expulsou da sala como se eu fosse uma
vadia qualquer – falei frustrada.
— As coisas vão se resolver.
Apenas assenti.
Alguns minutos passam e o telefone que fica em cima da minha mesa toca. Era o Dylan
me pedindo para ir até a sua sala.
Merda.
O que ele quer de mim? Aquela mulher ainda está lá dentro.
— Sim, Sr. Foster? – falei sem entrar.
— Entre – diz sério e eu entro andando com dificuldade.
Puta merda, isso dói.
— Quero que você ligue para esses clientes e marque uma reunião pra semana que vem –
meu chefe diz.
— Ok – viro as costas.
— Não terminei – usou o seu tom autoritário. – Nessas pastas tem alguns documentos,
preciso que tire 20 cópias de cada folha.
O quê? Devem ter umas 50 folhas dentro dessa pasta.
Respirei fundo.
— Algum problema, Srta. Duarte? – o cretino perguntou.
— Não, é porque isso vai demorar um bom tempo e tenho algumas coisas pra fazer ainda.
— Então sugiro que você comece logo – deu um sorrisinho zombeteiro.
— Dylan...
— Pra você é: Sr. Foster – me interrompeu.
— Ok – calma Aurora, ele só está bravo por causa da confusão, logo tudo se resolverá. –
Posso me retirar?
Ele assente, mas quando estou saindo, a cobra infeliz fala comigo.
— Te vi no leilão com a mãe do Dylan. Eu não sabia que vocês se conheciam.
— Sim, nós nos conhecemos e somos amigas – respondi com cautela.
— Parece que você é amiga da família toda – me lançou um sorriso perverso. – Vi você e
o James conversando, ele também é seu amigo?
Cachorra safada.
— É sim, também somos amigos – não menti.
— Mais que amigos – Dylan fala com o seu tom carregado de ironia.
— Só amigos – pontuei. – Preciso voltar ao trabalho.
— Não pareciam só amigos quando você estava se jogando quase nua em cima dele.
Sério que ele vai falar essas coisas na frente dela?
— Dylan, não vou falar sobre isso na frente de uma desconhecida.
— Só estou falando a verdade. Parece que o meu primo sempre consegue o que quer.
Conseguiu foder a minha secretária e fez questão de me mandar as provas disso.
— Houve algum engano e acredito que o James não tenha nada a ver com isso – o
defendi.
Dylan ergueu as sobrancelhas.
Merda.
— A noite foi tão boa que já está defendendo ele?
— Não vou admitir que você fale assim comigo – digo firmemente. – Compreendo que
esteja bravo, mas isso não te dá o direito de me tratar como se eu fosse uma qualquer.
— E você não foi uma qualquer, Aurora?
CHEGA.
Eu entendo que deve ter sido difícil pra ele ver aquelas fotos e confesso que no seu lugar,
eu também ficaria uma fera, mas nós temos a porra de um acordo e eu prometi que seria sincera.
Ele deveria ter me escutado, independente se acreditaria na minha palavra ou não.
— Se é isso que você pensa sobre mim, acho que é melhor TUDO acabar por aqui, Sr.
Foster – seus olhos de esmeralda queimavam a minha pele. – Eu me demito – senti a minha
garganta queimar. O choro queria sair, mas eu não permitiria. Não ali, na frente dos dois.
Ouvir palavras tão ásperas vindas do Dylan doeu mais do que eu poderia ter imaginado.
— Aurora – ouço a sua voz me chamar, mas não respondo. Apenas viro as costas e vou
embora.
Saí da sala dele com as vistas embaçadas e ao ver a Kim, tudo o que eu estava segurando
explodiu. Senti os seus braços me acolhendo e chorei.
Chorei pela desconfiança, pela acidez das palavras do meu chefe e chorei ao perceber que
o que eu sinto pelo Dylan já ultrapassou a linha da amizade que estabelecemos. Eu gosto dele.
Com isso, decidi que não preciso provar nada pra ninguém, se ele quer continuar agindo
feito um idiota, o problema é todo dele. Vou descobrir o que aconteceu na noite passada por
mim, preciso saber quem fez aquilo comigo e por quê.
E já sei quem vai me ajudar.
James.
Sobre o Dylan... A minha parte eu já fiz: tentei conversar.
44 DYLAN FOSTER
Nem a traição da Nicole me deixou tão atordoado. Ver as fotos da Aurora com o James
me derrubou. Mais uma vez, esse homem está cruzando o meu caminho. Será que transar com a
Nicole não foi o suficiente?
Nós tínhamos uma relação tranquila, mesmo sabendo que o pai dele cobiçava o meu
cargo de CEO. Na verdade, o meu tio Luke queria que o filho dele assumisse.
Quando os meus pais me trocaram de escola, acabei indo parar na mesma escola que o
James também estudava. Ele sabia que eu sofria bullying, mas nunca participou das brincadeiras
maldosas.
Nessa escola ele e a Nicole já se conheciam, inclusive, fiquei sabendo que eles já ficaram
algumas vezes – não sei se chegaram a ter um relacionamento mais sério. – Quando fui pra
faculdade nós nos reencontramos e depois de um tempo começamos a namorar.
No dia em que peguei ela transando com outro, “esse outro” era o meu primo. Na hora
senti uma raiva inexplicável, eles tentaram conversar comigo, mas nunca dei espaço para
nenhum dos dois, apenas segui em frente e tentei reparar os danos que essa situação me causou.
Fiquei com medo da verdade me jogar no buraco que entrei pela primeira vez quando eu
era apenas um adolescente e isso está acontecendo novamente.
Só tem um detalhe: eu não tenho um relacionamento sério com a Aurora.
Ela não me deve fidelidade, só sinceridade, então por que eu estou tão incomodado? – a
resposta dessa pergunta eu já sei, mas me recuso a dizer em voz alta.
Ver que a minha dinamite também caiu no papo daquele imbecil, fez eu me sentir um
verdadeiro idiota. Avisei pra ela que só não poderia ser o meu primo, mas olha que azar: ela se
envolveu justamente com ele.
As fotos não negam e em uma delas, eu consegui ver o seu peito.
Porra, o peito que eu amo lamber e chupar.
Ele viu o peito dela caralho.
Eu queria ter escutado a sua explicação, isso era o mínimo, mas não consegui. Meus
receios falaram mais alto. Tive medo de ouvir a Aurora dizendo que eu não sou o suficiente pra
ela – isso doeria pra caralho.
Senti o mesmo medo quando a Nicole me traiu. No momento em que tudo aconteceu, eu
preferi fugir da verdade.
Acontece, que com a Aurora está sendo mil vezes pior, sinto que estou sendo sufocado
pelos meus próprios sentimentos. As minhas inseguranças estão gritando dentro da minha
cabeça.
Definitivamente, a Aurora merece alguém muito melhor do que eu.


Quando a Aurora chegou à minha sala pela manhã, eu a tratei mal e a fodi como um
animal selvagem.
No horário de almoço eu saí, e por coincidência, encontrei a Nicole em um restaurante.
Ela me chamou para lhe fazer companhia e não sei o porquê, mas acabei aceitando. Não tenho a
intenção de reatar o nosso antigo relacionamento, até porque o sentimento que eu tinha não
existe mais.
Almoçamos juntos e ela foi até o Grupo Foster comigo – até agora eu não sei por que
permiti que ela fosse. – Conversamos sobre coisas aleatórias, ela falava alguma coisa sobre a
suas viagens a trabalho, mas a minha cabeça só queria saber como a minha pequena estava.
Como isso é possível? Eu quero detestá-la, quero arrancá-la da minha mente, mas ao
mesmo tempo, eu não consigo fazer isso. Será que isso se deve ao fato de eu não ter escutado o
que ela tinha a me dizer? Essa incerteza vai acabar me matando.
E se ela tiver uma boa explicação?
Não, eu não posso me iludir desse jeito.
São mil perguntas e nenhuma resposta.
Chegamos à empresa, e ao sair do elevador, a Aurora já havia retornado. Fui pra minha
sala e um algum tempo depois, precisei chamar a minha secretária. Quando ela entrou percebi
que estava andando com dificuldade.
Ela se machucou? Eu a machuquei?
No momento em que ela estava se retirando da minha sala, a porra da Nicole toca no
nome do James e toda a raiva que eu estava segurando, explodiu dentro de mim. Acabei
despejando tudo em cima da Aurora, a tratei mal na frente de outra pessoa – mais uma merda
para a minha coleção.
Isso resultou na sua demissão.
Ela se demitiu e o meu coração se partiu em vários pedaços.
Covarde, é isso que eu sou.


Um tempo se passou desde que a Nicole foi embora. Saí da minha sala em busca da
Aurora, mas não a encontrei.
A secretária do Theo nem olha na minha cara. Perguntei para onde a Aurora tinha ido,
mas ela me deixou falando sozinho – estou ficando mole com os meus funcionários mesmo.
— Que história é essa Dylan? Fiquei sabendo que a cadela da Nicole esteve aqui na
empresa – minha mãe entra na minha sala bufando e eu me assusto com a sua entrada repentina.
Parece que pararam de me avisar quando alguém está subindo.
E quem falou que a Nicole veio aqui?
Vou demitir todos.
— Boa tarde, filho – meu pai me cumprimenta.
— Boa tarde, mãe e pai – dei um sorriso torto. – Ela veio aqui, mas não se preocupe, não
quero mais nada com ela – digo confiante.
— É bom mesmo – seu semblante melhorou. – Você parece meio abatido – Sra. Foster
sempre observadora.
— Nada.
— Te conhecemos, Dylan – o meu pai disse desconfiado.
Revirei os olhos.
— Cadê a Aurora? Não a vi em sua mesa – minha mão perguntou e sinto uma dor enorme
no meu coração.
— Se demitiu.
— O QUÊ? – gritou.
— O que você ouviu mãe. Ela se demitiu.
— Por quê? – meu pai questionou.
— Por isso – peguei as fotos e entreguei.
Tirei a foto que mostra o peito dela, isso o meu pai não precisa ver.
— Mais o que é isso aqui? Isso foi no dia do leilão?
— Sim – meu tom soou grosseiro.
— Tem alguma coisa errada nisso. A Aurora não faria isso com você.
Que confiança cega é essa que a minha mãe tem na Aurora?
— Mãe, você está com algum problema de visão? – fui grosseiro. – Olha bem as fotos,
está tudo muito claro.
— Não fala assim com a sua mãe moleque – meu pai esbravejou.
— Sim, mas esse olhar... A Aurora não estava assim, alguma coisa aconteceu. Você falou
com ela?
— Não. Agora posso voltar a trabalhar?
— Tudo bem – minha mãe concordou, mas o seu semblante era de desconfiança e
preocupação. Na cabeça dela, algo estava errado nessa história.
Os dois foram embora e eu fiquei sentado em minha mesa, perdido em pensamentos.
Saí da minha sala e fui até o RH, queria checar se a Aurora realmente havia se demitido.
A porta do elevador se abriu, desci e me dirigi à sala da Emma. De repente, vejo a Aurora sair da
sala dela.
Nossos olhares se encontram e senti um arrepio percorrer pelo meu corpo. Ela passou por
mim, ainda caminhando com dificuldade, e parou na frente dos elevadores.
O elevador chegou e ela entrou visivelmente aflita, como costuma ficar. Quando a porta
estava prestes a se fechar, coloquei o meu braço para impedir.
Apesar da raiva que eu sinto, preciso saber se eu a machuquei. Não me perdoaria por
isso.
Entrei no elevador e não olhei em sua direção.
— Te machuquei? – tentei parecer frio.
— Sim.
— Me deixa ver.
— Não precisa – teimou.
— Anda, Aurora, eu quero ver – o meu coração estava destroçado por ter a machucado
em um momento de descontrole.
Parei o elevador e fiquei esperando.
— Tudo bem, se você quer ver o tamanho da sua estupidez vou te mostrar – sua voz
soava brava e ressentida.
Aurora levantou o vestido e abriu as pernas. Me abaixei e vi a merda que eu havia feito.
Tinham algumas fissuras na sua região íntima e ela estava um pouco inchada.
PORRA.
EU SOU UM ESTÚPIDO MESMO.
— Aurora... Desculpa – minha voz saiu baixa.
— Não faz diferença – apertou o botão que libera o elevador.
— Eu não queria ter te machucado, sinto muito.
— Mas machucou... Só me deixa em paz, Dylan.
Me dei conta que descemos até o térreo. A Aurora desceu e foi embora sem olhar pra
trás.
Parece que esse é o fim. O fim de algo que não chegamos a começar.
O nosso fim.
45 AURORA DUARTE
Faz uma semana que pedi demissão do Grupo Foster e ainda não comecei a procurar
outro emprego.
A minha passagem pelo RH foi um verdadeiro inferno. A Emma fez questão de se
vangloriar e jogou na minha cara que tinha me avisado sobre o Dylan. Essa mulher riu tanto, mas
me mantive firme e determinada. Não abaixei a minha cabeça pra essa cretina.
Os últimos dias estão sendo horríveis, mas pude contar com o apoio das minhas amigas.
A Tina mesmo de longe me conforta e a Dora e a Kim fazem questão de me lembrar que estão ao
meu lado.
A Diana e a Hanna me ligaram, mas eu não quis entrar em detalhes sobre o que
aconteceu, sei que não seria por mal, mas se eu contasse qualquer coisa a elas, consequentemente
o Dylan saberia e o que eu quero no momento é ficar longe dele.
Ele não me ligou e não me mandou mensagem. No fundo, eu esperava que ele me
procurasse, mas isso não aconteceu, então resolvi preservar a última gota de bom senso que eu
ainda tenho e estou seguindo em frente.
A minha cabeça vai entender que o Dylan Foster desapareceu da minha vida.
O nosso jogo era perigoso e eu entrei ciente disso. Pensei que poderíamos sair dessa bem,
mas eu estava fodidamente enganada.
Dylan me fodeu, e não foi do jeito que eu gosto. Ele me machucou ao proferir aquelas
acusações ridículas e me tratar de uma maneira tão estúpida.
O pior é que eu sinto falta dele, o meu corpo sente falta dele. Mas não vou me jogar aos
seus pés e me humilhar. Tentei agir da maneira correta, busquei resolver as coisas por meio de
uma conversa franca, mas parece que não era isso que ele desejava.
Na real? Ele deve estar bem felizinho com a “Nicobra”. A Kim está o auxiliando, já que
ele ainda permanece sem secretária e ela me disse que a cobra cascavel vive ligando na empresa
atrás dele.
Sobre o meu incômodo após a relação sexual selvagem... Fui ao médico e ele me receitou
uma pomada e um remédio para dor. Felizmente estou bem e não sinto mais nada.
Saio dos meus pensamentos intrusivos quando ouço uma voz conhecida me chamar.
— Aurora? – James me chama. – Tudo bem? Está tão quieta.
Estamos no hotel onde tudo aconteceu. Na terça-feira, os exames saíram e foi constatado
que eu realmente fui drogada. Não entendo muito bem, mas parece que encontraram três tipos de
substâncias diferentes no meu organismo.
Chamei o James para vir comigo até o hotel e ele aceitou me ajudar sem hesitar. Ele está
me saindo um ótimo amigo e eu não sei o que seria de mim sem o apoio dele nesse momento.
— Estou bem, só um pouco nervosa.
James conhecia o dono do hotel e ele conseguiu a autorização para verificar as câmeras
de segurança.
— Vamos descobrir quem fez isso com você e denunciar essa pessoa mal caráter –
colocou a mão no meu ombro carinhosamente.
Imagens e mais imagens passavam na pequena tela da televisão. De repente me vejo em
uma delas e pra minha surpresa, a Nicole aparece me acompanhando até o quarto. Em seguida,
ela está conversando com um dos garçons e imediatamente me lembro dele.
— Esse garçom que me entregou uma taça de champanhe – falei pro James.
Nas imagens a seguir, ele aparece na porta do quarto tirando as fotos. Senti o chão se
abrindo aos meus pés. Como essa mulher teve coragem de fazer isso comigo?
Mulherzinha baixa.
— Vamos encontrar esse garçom e arrancar a verdade dele. Isso não pode ficar assim,
Aurora – lhe lancei um olhar de agradecimento e o abracei com carinho.
Era bom me sentir acolhida.
Para garantir, pegamos duas cópias do vídeo e fomos para a segunda etapa do plano que
eu acabei de elaborar na minha mente.
James foi atrás do dono do hotel novamente e conseguimos encontrar o garçom. Foi fácil
porque ele era funcionário do próprio hotel, não era de nenhuma empresa de buffet. Descobrimos
o seu horário e para a nossa sorte, hoje, sexta-feira à noite ele iria trabalhar no restaurante do
hotel.
— Vou jantar aqui hoje – digo decidida. – É hoje que eu pego esse cretino, ele vai
conhecer a Aurora Duarte.
Ouço James sorrindo.
— É isso aí, mostra o seu sangue brasileiro – rompi em uma gargalhada. – Posso te
acompanhar?
— Com toda certeza – dei um sorriso de cumplicidade.


A noite chegou e fui com o James até o restaurante do hotel. Pedimos o nosso jantar, mas
eu estava ansiosa e mal consegui comer. Estávamos em uma missão super-hiper-mega secreta e
importante – missão pegue o rato.
Me senti uma agente da CIA.
Nossos olhos estavam atentos e finalmente encontrei o garçom. Ele não me viu e isso foi
bom, porque quero pegá-lo desprevenido.
Para a merda do meu azar quem apareceu? Sim senhoras e senhores, Dylan Foster
apareceu e a sua cara não era uma das melhores.
— Vai continuar negando que tem algo com esse aí, Aurora? – falou utilizando um tom
ácido.
Dylan estava com o Theo e o seu amigo nem piscava.
— Boa noite, primo – James falou educadamente.
— Só se for pra você – respondeu com a voz carregada de raiva. – Vai negar Aurora? –
seu olhar era frio.
— Sim, eu vou negar. Nós somos amigos, e por favor, não estrague o nosso jantar.
— Vamos Dylan – Theo tentou intervir.
— Vocês são dois sem-vergonha.
— E você é estúpido, arrogante, idiota, desagradável, deselegante, intrometido,
implicante, playboyzinho metido, está bom ou quer mais? – dei um sorrisinho e desviei o meu
olhar.
Eu não podia continuar o encarando. Esse homem é bonito até quando me estressa. O seu
par de olhos de esmeralda me fitavam com fúria, mas eu fiz a egípcia e voltei a minha atenção
para o James que lutava para segurar o riso.
— Dylan, por favor, não vai fazer uma cena, vamos embora – Theo insistiu.
— Tudo bem. Eu só queria ter certeza do que os meus olhos estão vendo. No final eu
tinha razão, você foi uma qualquer, Aurora e descumpriu todas as partes do nosso acordo,
inclusive a parte sobre não me machucar – engoli seco.
Meu coração parecia que estava sendo perfurado por mil facas perfeitamente afiadas.
Será que eu deveria falar pra ele sobre as minhas descobertas?
Isso não mudaria nada, Aurora.
Ele que descumpriu o acordo quando me acusou e não me deu uma chance de defesa. Pra
piorar, o cretino ainda me feriu com palavras duras. Então não. Eu não tenho que me explicar
agora.
Só preciso seguir em frente.
— Chega, Dylan. Se retira, por favor – James falou e eu agradeci com um aceno de
cabeça.
Dylan me lançou um último olhar e foi embora.
— Obrigada – agradeci ao James pelo apoio. – Agora vamos voltar para a nossa “missão
pegue o rato”.
— Pegue o rato? – franziu o cenho.
— Sim. Toda missão importante tem que ter um nome – dei de ombros e James riu alto.
Terminamos o nosso jantar e voltamos para a nossa missão.
Vimos que o garçom entrou em uma ala para funcionários e fomos atrás. Quando o vi,
caminhei a passos rápidos em sua direção.
— Ei você – o chamei e quando ele me viu os seus olhos se arregalaram.
Te peguei ratinho.
— Vou te dar duas opções – fiz o número dois com os dedos – A primeira: você fala a
verdade agora – meu olhar estava focado e determinado. – A segunda: você tenta me enganar e
eu coloco você na cadeia... Entendeu? – o medroso assentiu. – Você me drogou e tirou fotos
minhas a mando de quem?
É claro que ele vai pagar, porque o que ele fez foi grave, mas eu precisei tocar um terror
por tudo que eu passei durante esses dias.
Pensando bem, teoricamente quem o colocará na cadeia não serei eu e sim a polícia.
Então, acho que está tudo certo. Eu só irei relatar fatos e a polícia prende – isso faz total sentido.
— Foi a... A loira – gaguejou. – Nicole... Ela me pagou.
O vi engolindo seco.
— Tudo bem. Você vai até a delegacia conosco e irá falar tudo o que sabe – ele me olhou
visivelmente assustado.
— Você disse que seria sem polícia – o rapaz suava frio.
— Eu disse que não te colocaria na cadeia – dei um sorriso cínico.
— Tudo bem, mas estou trabalhando agora – seus olhos arregalados não saíam de mim.
— Não seja por isso, já falei com o dono do hotel e você pode nos acompanhar sem o
risco de perder o seu emprego – o James interferiu.
O meliante aceitou e fomos até a delegacia. Lá entregamos as gravações e ele contou
tudo. Como o rapaz confessou, as coisas seriam mais tranquilas pra ele. Já a cobra seria pega a
qualquer momento e pra mim, essa história acaba aqui.
— Você é terrível Aurora, até eu fiquei com medo – James comentou.
— É bom mesmo, sou perigosa – explodimos em uma gargalhada. – Obrigada por me
ajudar, não tenho palavras para te agradecer, se não fosse o seu apoio eu acho que não
conseguiria.
James me abraçou forte e eu me permiti sentir esse abraço.
— Foi um prazer te ajudar, detesto mal-entendidos, já me ferrei muito por causa disso –
falou e deu um sorriso frustrado.
Aí tem.
— Parece que formamos uma bela dupla de detetives – soei brincalhona. – Missão
“pegue o rato” concluída com sucesso.
— Isso aí parceira – demos um aperto de mão e rimos. – Aurora... Eu falei sério quando
disse que gostava de você – engoli com dificuldade. – Mas eu sei que o seu coração é do idiota
do meu primo, nós podemos ser amigos?
Meus olhos se encheram de lágrimas, mas me contive.
— Podemos – nos abraçamos.


Um tempo passou e eu cheguei ao meu apartamento.
Eu precisava descansar e tentar tirar o Dylan da minha cabeça.
Bom... Acho que eu preciso de uma noite maluca, conhecer um cara, transar e voltar pra
casa tranquila depois de uma boa foda... Que saudade de quando as coisas eram simples assim.
Droga.
O jeito é dormir e tentar acalmar a minha cabeça e o meu coração.
46 DYLAN FOSTER
Uma semana sem a Aurora quase acabou comigo.
Na empresa, já demiti alguns funcionários e os outros evitam passar por mim. Estou uma
pilha de nervos. Tudo me irrita.
A Hanna não sabe o que fazer e não fala o que pensa. Mostrei as fotos e expliquei
detalhes do que aconteceu, mas pra ela, a Aurora não fez o que eu relatei. Fiquei indignado,
afinal, ela costumava ser minha defensora. O que aconteceu?
A Aurora aconteceu – é o efeito Aurora. – Ela conquista todo mundo, inclusive o idiota
aqui que se deu conta que está de quatro pela brasileira.
O Theo é outro que não fala nada, apenas observa. O meu pai e o meu irmão também
ficam calados, mas a minha mãe, essa está me enlouquecendo. Ela acredita piamente que a
Aurora não fez nada e que eu estou sendo injusto.
Eu até pensei na possibilidade de ela ter razão, mas descartei essa ideia assim que vi o
James e a Aurora jantando juntos no restaurante do hotel.
Fui a um jantar de negócios e quando eu estava indo embora, me deparei com aquela
cena deplorável.
Finalmente eu concluí que eu estava certo o tempo todo.
O Theo não ousou falar um “A”.
Fui embora daquele hotel transtornado e precisava extravasar, beber e foder alguma
mulher por aí. Pensando nisso, decidi ir pra Focus, lá eu encontraria bebidas e com sorte, eu
encontraria alguma sócia ou convidadas de sócios disponíveis pra diversão.
Cheguei e bebi desesperadamente, virando uma bebida atrás da outra. As dançarinas
estavam dando o seu show no palco e reparei a beleza de algumas delas. Uma das regras da casa
é respeitar as dançarinas e os outros funcionários. Nossa boate não é um prostíbulo.
Uma moça bonita se aproximou de mim.
— Você não parece bem – falou.
— E não estou.
— Posso te ajudar com isso – piscou e passou a mão na minha coxa.
Theo observava a cena, mas não falava nada.
— Como você poderia me ajudar? – questionei e um sorriso perverso surgiu em seus
lábios cheios de preenchimento labial.
— Podíamos ir pra algum quarto, quero tentar coisas novas.
O Dylan de sempre não negaria, mas os quartos fazem eu me lembrar da Aurora. Me
lembro do quanto ela ficou curiosa com o que acontecia dentro de cada um deles e lembro das
nossas aventuras.
Porra. Que tipo de feitiço essa mulher fez?
— Não estou interessado. Obrigado – neguei e a mulher se retirou.
Tudo dentro dessa boate tem que ser consciente. Não é sempre não.
Ouço Theo se engasgar no momento que eu nego uma foda, mas decido ignorar o meu
amigo e ele volta a ficar pensativo.
— Você não vai mesmo falar com ela, Dylan? – devia ter ficado de boca fechada.
— Ela quem? – perguntei sabendo exatamente de quem ele estava falando.
— Você sabe muito bem – diz com uma carranca.
— Não tenho nada pra falar. Você viu o mesmo que eu, agora todos nós sabemos que ela
realmente tem algo com o James e fim de papo.
Encerrei o assunto e por incrível que pareça, o Theo se calou. Não me provocou, apenas
continuou bebendo o seu drink.


Acordei no sábado com uma ressaca horrível.
Me levantei e fiz a minha higiene matinal. Depois de tomar um banho, desci para tomar
um café bem forte.
Ouço o barulho da campainha e fui atender.
Que porra é essa? Estresse logo pela manhã?
— Quem deixou você subir? – falei na porta sem permitir a entrada do invasor.
— Falei que sou o seu primo e me deixaram subir. Você precisa rever a segurança do seu
prédio – James deu de ombros.
Descarado.
— O que você quer? – perguntei focado em manter a tranquilidade.
— Posso entrar?
— Não. Fala daí.
— Dylan, é algo sério – pelo seu semblante, a coisa parecia séria mesmo.
— Te dou apenas dois minutos para falar, então seja rápido – abri caminho pra ele entrar.
— Vou ser.
James entrou, e sem a minha permissão, se acomodou no meu sofá.
Resolvi ignorar, só queria que essa conversa terminasse logo.
— Eu não transei com a Aurora, nós somos apenas amigos.
Não contive uma risada amarga.
— E as fotos que eu vi eram montagens? – soei irônico.
— Não, mas você entendeu errado.
— Olha James, deve está escrito na minha testa a palavra: idiota – falei indignado, isso é
um insulto a minha visão.
— Eu sei o que pareceu, mas não é nada do que você está pensando – falou calmamente.
– Eu vim aqui escondido da Aurora, ela nem sonha que vim falar contigo.
— Eu não quero saber de vocês dois, por favor, vai embora – digo irritado.
— Eu não transei com a Aurora – percebi que ele estava ficando impaciente.
— Vocês não vão brincar comigo desse jeito. Eu não acre...
— ELA FOI DROGADA – gritou. – PORRA, APRENDE A OUVIR.
Meu corpo paralisou e não senti mais nada.
— Dro... Drogada? Como assim?
— Posso falar agora ou você vai continuar surtando à toa?
— Pode falar – criei forças e me arrastei até o sofá, eu precisava me sentar pra não cair
duro no chão.
— Estávamos no evento, e em um determinado momento, a Nicole me chamou e disse
que viu a Aurora sendo carregada por uma mulher. Segundo ela, a Aurora não parecia bem –
começou. – No momento eu achei estranho, ela deveria ter ido até a sua mãe ou até as amigas da
Aurora, então a questionei sobre isso e ela respondeu que a sua mãe não gosta dela e que não
acreditaria na sua palavra. Eu achei que fazia sentido.
Meus olhos estavam atentos.
— Fui até o local que ela mencionou, e ao chegar, vi que a Aurora estava no chão – meu
coração apertou. – Ela estava completamente desorientada e uma das drogas era pra libido. A
Aurora suava frio e implorava por ajuda, ela falava: James, faz parar por favor – ele parecia
estar se lembrando da cena.
Eu o escutava com atenção.
— Ela estava em agonia e eu não sabia como ajudá-la... Na verdade – pensou por um
segundo. – Eu até sabia como ajudar, mas seria de um jeito que você não gostaria – disse com
um sorriso depravado e travei o maxilar. – Desculpa... Teve um momento que o calor ficou
insuportável e ela tirou a roupa, mas eu peguei um lençol e a cobri. Depois liguei pra um médico
e coloquei a Aurora embaixo do chuveiro.
Fiquei calado.
— Quando o médico chegou, ele a medicou com um calmante e ela dormiu até à tarde do
dia seguinte, além disso, ele pediu pra ela fazer um exame de sangue e nele constatou que ela foi
drogada. A Aurora nunca se jogaria em cima de mim consciente porque ela respeita você e o tal
acordo – senti verdade nas coisas que ele estava me dizendo. – E em nenhum momento eu pensei
em violá-la, não sou esse monstro que você pensa.
— O que mais? – eu sentia que tinha mais coisa.
— Nós nos juntamos pra descobrir o que aconteceu... Ontem à tarde, nós estivemos no
hotel pra analisar as câmeras de segurança e, no jantar de ontem, nós estávamos na “missão
pegue o rato”, foi como a Aurora nomeou – deu um sorriso bobo. Ele gosta dela. – Descobrimos
que a Nicole que está por trás de toda essa sujeira.
— O QUÊ? – gritei incrédulo.
— A Nicole pagou um garçom pra drogar a Aurora e tirar as fotos. Ontem à noite, nós
enquadramos... Não... A Aurora enquadrou o garçom e ele confessou. Aquela danada seria uma
ótima policial, deixou o sujeito desesperado – sorriu e eu sorri junto sem perceber.
Minha dinamite durona.
— A Aurora não faria aquilo com você Dylan e ela desistiu de tentar te explicar as coisas
no momento em que você a acusou.
Senti meu corpo tencionar.
— Porra – apoiei a cabeça nas mãos.
— Não é tarde. Conversa com ela e resolvam isso. Ela gosta de você – respirou fundo. –
Eu até pensei que ela poderia gostar um pouco de mim, mas não é recíproco, é desse idiota aí –
apontou pra mim. – Que ela gosta – respirou fundo. – Ontem, nós fomos até a delegacia e
provavelmente a Nicole se lascou.
— Eu sou um idiota mesmo – confessei.
— Eu sei – deu de ombros. – Você a machucou, e não quero que mais um mal-entendido
faça você me odiar mais do que já odeia.
— O que você quis dizer com isso?
— Nada. É passado – deu um sorriso frustrado.
— Fala, por favor – insisti.
— Eu não usei a Nicole como ela dramatizou para todos – começou sério. – Essa mulher
é uma víbora interesseira, para ela, eu seria o CEO do Grupo Foster, mas quando viu que não era
isso que eu queria, ela logo deu um jeito de se desfazer de mim.
Isso faz sentido. A Nicole ficava indignada quando eu dizia que não assumiria a empresa.
Não consegui falar nada.
— Naquela fatídica noite, ela me disse que sentia a minha falta. Disse que ainda me
amava e que havia terminado com você... Eu gostava dela na época, nós dois estávamos quase
namorando e do nada ela me largou pra ficar com você. Aquilo me destruiu, mas segui em frente.
— Vocês estavam quase namorando? Ela me contou que vocês apenas ficaram algumas
vezes.
— Algumas vezes? – indagou perplexo. – Estávamos firmes, faltava apenas formalizar e
quando isso iria acontecer, ela disse que pensava no futuro e que era melhor cada um seguir o
seu caminho. Aquela mulher é uma sem-vergonha.
— Puta que pariu.
— Ela me garantiu que vocês não estavam mais juntos e que nós poderíamos recomeçar.
Quando você nos pegou daquele jeito, eu me arrependi amargamente. Morri de vergonha e
percebi que ela nos usou.
— Por que você não me contou nada? – percebi a merda que eu falei.
— Você quis ouvir? – lançou um olhar sarcástico.
— Sinto muito – fui sincero. – Eu sou um idiota que não escuta ninguém.
Os meus medos me destroem e me fazem destruir outras pessoas.
Preciso enfrentar isso. Preciso destruir o que me destrói.
— Isso é verdade – pausou. – Olha, eu também quero que você saiba que eu nunca
cobicei o seu cargo na empresa. Isso é coisa do meu pai.
— Me desculpa por tudo – me desculpei novamente.
— Já passou... Agora resolve as coisas com a Aurora.
— Obrigada por isso – nos abraçamos.
Estou me sentindo um otário. Caí na armação da Nicole praticamente duas vezes. Fiquei
com raiva de duas pessoas que foram vítimas das sujeiras dela. Como eu pude ser tão idiota?
— Não fiz por você, eu fiz pela Aurora. Ela não mereceu ouvir as coisas que você falou –
deu um sorriso de lado.
Assenti e o meu primo foi embora.
Me arrumei apressado e me preparei psicologicamente para a minha “sessão de
humilhação”. Hoje pretendo me rastejar pra minha dinamite, até ela me perdoar.
Dirigi pela cidade pensando no que falar pra Aurora, liguei a minha playlist e a primeira
música que tocou foi a “Say You Won’t Let Go” do James Arthur.
I met you in the dark, you lit me up
(Eu te conheci no escuro, você me iluminou)
You made me feel as though I was enough
(Você me fez sentir como se eu fosse o suficiente)

Esse trecho fez tanto sentido na minha cabeça. Desde o dia em que vi a Aurora pela
primeira vez, dentro daquela cafeteria, usando aquele uniforme ridículo, eu senti algo diferente.
O seu sorriso iluminou todo o lugar, e os meus olhos se recusavam a parar de admirá-la.
De fato, eu me sinto o suficiente para a Aurora, mesmo reconhecendo que o meu surto
recente expressou o contrário. As minhas inseguranças falaram mais alto e os meus traumas me
fizeram ignorar o fato de que estou de quatro por essa mulher, eu gosto dela – romanticamente. –
Não quero que ela vá embora da minha vida.
Cheguei no seu apartamento e era quase a hora do almoço. Como eu já conheço o
porteiro, consegui subir sem precisar interfonar.
Bati na porta e a minha dinamite abriu, linda como sempre. Ela vestia um short curto e
um top que deixava a sua barriga à mostra. Seu cabelo estava preso em um coque despojado.
— Vai embora – tentou fechar a porta na minha cara.
Tudo bem, eu mereci isso.
Será que eu deveria ter trago comida?
Merda, eu deveria ter trago sorvete, ela gosta.
— Vamos conversar dinamite – falei segurando a porta.
Tentei usar o apelido nada fofo que dei a ela e por um breve segundo a sua carranca quis
ceder, mas a danada é resistente.
— Agora você quer conversar, seu idiota insensível?
Touché, minha pequena.
Eu também mereci isso.
— Desculpa, Aurora – falei ainda segurando a porta.
— Não quero mais conversar.
— Não precisa falar nada, só me escuta – tentei fazer os olhos do gato de botas e a sua
expressão relaxou.
Isso.
— Ok, mas seja rápido. Não tenho tempo pra perder com você – sempre sutil.
— Tudo bem, serei rápido – que mentira, Dylan.
É agora... Sessão humilhação iniciada com sucesso.
47 AURORA DUARTE
— Cadê a Dora?
— Foi ao mercado. Fala logo – fui curta e grossa.
Ontem, ele não poupou esforços para me ferir com palavras, e hoje ele vem querer
conversar?
Cretino.
— Tudo bem... É... Desculpa novamente – parecia nervoso. – Eu já sei de tudo.
Como? Quem falou?
James? Dora? Kim? Tina?
James... Bandido.
— Hum – resmunguei.
— Sério, Aurora, por que você não me falou?
JURA?
— Merda! – disse frustrado. – Porque eu não deixei – não precisei dizer nada, ele mesmo
reconheceu o babaca que foi.
— Exatamente.
— Me perdoa. Eu fui um canalha, estúpido, idiota, arrogante e tudo o que você já me
chamou – não falei nada. – Me deixei levar pelo ciúmes. Eu deveria ter te escutado, tínhamos um
acordo. Porra, como eu fui idiota.
— Foi mesmo – cruzei os braços.
— Me perdoa, por favor. Eu caí na armação daquela perua loira.
— Não fala assim da “única-mulher-que-tem-o-seu-coração” – ironizei.
— Ela não tem o meu coração e nunca terá. O meu coração só pertence a uma pessoa e
essa pessoa está bem na minha frente.
GOLPE. BAIXO.
— Sei... – tentei não demonstrar o quanto isso me afetou.
— Me perdoa. Eu sei que não mereço o seu perdão...
— Então por que veio me pedir? – ergui a sobrancelha.
— Porque eu fiquei sabendo que brasileiro não desiste nunca, então eu precisava tentar.
Merda. Merda. Merda.
— Dylan...
— Sei que fui um enorme idiota. Eu sei que te feri com palavras duras. Eu sei que fui
infantil pra caralho, mas eu coloquei os meus medos em primeiro lugar – falou praticamente sem
respirar. – Quando vi as fotos eu fiquei possesso. Ver você e o James juntos me quebrou.
Não falei nada.
— Sou inseguro, Aurora. Apesar de acreditar que eu havia superado toda aquela merda
que sofri na adolescência, a traição da Nicole com o James me fez perceber que esses
sentimentos que me machucam ainda estão presentes, não estou livre deles – meus olhos se
arregalaram.
Essa é a razão pela qual ele sente tanta antipatia pelo James.
— Hoje descobri que tudo se tratava de um terrível mal-entendido... Quero dizer, a
traição aconteceu, mas o James pensou que estávamos separados. A Nicole nos usou e agora ela
armou todo esse circo para nos afastar, e conseguiu, porque eu caí feito um imbecil – se
repreendeu.
— Caramba – digo boquiaberta.
— Tenho que aprender a escutar – falou se aproximando. – Eu queria ouvir a sua
explicação, mas fiquei com medo de ouvi-la dizer que eu sou insuficiente pra você. Isso me
destruiria – encarei os seus lindos olhos de esmeralda. – Eu sou um homem quebrado, Aurora e
talvez você nem mereça um homem aos pedaços, mas estou aqui de coração aberto. Sei que sou
inseguro, ciumento e tenho algumas crises de pânico quando as coisas saem do controle ou me
afetam demais, mas ainda estou aqui me expondo pra você.
Minha garganta queimava e lágrimas embaçavam a minha visão.
— Não chora, não gosto de te ver assim – não percebi, mas uma lágrima caiu. – Me
perdoa – encostou a sua testa na minha e secou as lágrimas que começaram a cair.
— Dylan... Eu te perdoo – um sorriso surgiu em seus lábios. – Mas você precisa entender
que eu não sou a Nicole.
— Eu sei, agora eu sei.
— Sim. Agora você sabe. Mas e antes? – questionei. – Você preferiu me ofender,
deduziu que eu fiz o mesmo que ela e não deixou eu me explicar. Isso doeu muito e vou precisar
de um tempo pra digerir tudo.
— Eu te entendo – abaixou o olhar. – Mas não vou desistir, quero o que tínhamos de
volta. Sinto a sua falta e as pessoas na empresa me odeiam por sua causa.
Franzi a testa.
— Acabei brigando mais do que o normal, a sua ausência me deixou um pouco
perturbado – coçou a nuca e deu um sorriso de lado. – Vou reconquistar a sua confiança e
prometo que a partir de agora eu vou ouvir e não vou mais deduzir as coisas. Palavra de
escoteiro.
O seu comentário fez um sorriso tímido sair pelos meus lábios. Me lembrei da noite que
selamos o nosso acordo de “amizade com benefícios”.
— É um começo – afirmei. – Agora você pode se retirar.
— O quê? Por quê? – indagou chateado.
— A Dora está chegando e ela te odeia agora, então, para a sua segurança, é melhor você
ir embora – falei tranquilamente.
— Tudo bem – tocou a minha mão. – Vou te reconquistar.
Não precisa me reconquistar, mas eu vou deixá-lo sofrer um pouco.
— Continue tentando. Te desejo boa sorte – dei um sorriso desafiador.
— Aceito o desafio – seus olhos de esmeralda me encaravam profundamente. – Sua mesa
no Grupo Foster está te esperando, não consegui colocar ninguém no seu lugar – apenas assenti.
O meu coração ficou aquecido com a sua confissão.
Nos despedimos com um abraço, mas eu queria mais. Muito mais.
Dylan foi embora e eu fiquei com os meus pensamentos a mil. Preciso contar tudo para as
minhas amigas. Fiz elas o odiarem e agora estou enrolada.
Não sei o que será de nós dois daqui pra frente, mas estou disposta a deixar ele tentar.


Após a saída do Dylan, recebi uma ligação e era sobre a Nicole. Fui convocada a
comparecer no tribunal para resolver a nossa questão judicialmente.
Ao chegar lá, a encarei com desdém, procurando compreender suas ações. A mulher
estava visivelmente abalada e admitiu que agiu impulsivamente devido ao medo de perder o
Dylan e, principalmente, perder a vida que ele poderia proporcionar a ela.
Ela confessou que não o ama e fez tudo por dinheiro. Além disso, ela alegou que sempre
amou o James, mas o abandonou porque ele não seria o CEO do Grupo Foster. Senti tristeza ao
ouvir as suas palavras. Como alguém é capaz de brincar com os sentimentos dos outros dessa
maneira?
É cruel.
Agora entendo o porquê do Dylan ser tão receoso.
Nicole implorou para não ser exposta, pois é conhecida e eu sei que não deveria tem
pena, mas só quero que essa história acabe logo.
Considerando a sua situação financeira, ela também não conseguiria arcar com as
despesas de um processo judicial, principalmente se houver algum tipo de indenização – para ser
honesta, eu não quero um centavo daquela mulher.
Então, chegamos a um acordo. Optei por uma medida protetiva, e ela concordou em
manter distância. Solicitei que seu nome fosse registrado na polícia para documentar qualquer
reincidência.
Espero que ela tenha aprendido a lição.


Retornei ao meu apartamento no período da tarde e contei para a Dora o que havia
acontecido, em relação a Nicole – resolvi deixar o assunto “Dylan”, para outra ocasião.
A minha amiga achou que eu deveria ter acabado com a raça da Nicobra, mas no fim,
compreendeu que só quero me ver livre dessa confusão.
Preciso de paz.
No início da noite, Dora decidiu sair, enquanto eu preferi ficar em casa. Um tempo
depois, ouço batidas na porta e estranhei porque não interfonaram.
Será que é o Dylan novamente?
Ao me direcionar até a porta e abri-la, levei um susto dos grandes.
Cadê o porteiro do prédio?
— Você... – engoli seco.
Merda. É o meu fim.

CONTINUA...
AGRADECIMENTOS
Primeiro eu gostaria de te agradecer por ter chegado até aqui e espero de coração que
você tenha gostado desse livro que foi um enorme desafio para mim.
Agora, eu preciso agradecer e parabenizar a mim.
Sim, a mim mesma. Só Deus sabe o quanto foi difícil concluir essa primeira parte da
obra, foi um processo doloroso e o meu “corpo idoso” não aguentou as longas horas que passei
escrevendo.
Ele cedeu e senti muita dor – tenho 25 anos, mas o meu corpo é de uma senhorinha de 99
anos.
Entretanto, desistir nunca foi uma opção.
Foram várias noites em claro e por eu ter uma filha de 4 anos, ficar sem dormir à noite
me deixava exausta. No dia seguinte, eu me arrependia amargamente e jurava pra mim mesma
que: essa noite será diferente, vou dormir cedo.
Vocês acham que eu consegui?
Não, eu não consegui. A minha mente trabalha melhor à noite, era só eu deitar a minha
cabeça no travesseiro e fechar os olhos que as ideias brotavam do nada e eu tinha que correr pra
anotar tudo.
Como uma pessoa consegue dormir assim? – é praticamente impossível.
Em diversos momentos, eu me peguei pensando: onde é que eu estava com a cabeça
quando pensei que escrever seria super fácil?
Foi mais difícil do que eu imaginei.
Mas mesmo diante de todas as dificuldades, escrever a história do Dylan e da Aurora foi
imensamente gratificante. Juntos, eles me fizeram sorrir, me emocionaram, me irritaram. Ou
seja, foi uma montanha russa de emoções.
Dylan. Meu amado, Dylan... Esse homem foi o motivo do meu colapso.
Ver o seu sofrimento durante as crises de pânico, me quebrou. Ver o dilema que ele
estava enfrentando e a sua confusão mental sobre como se sentia, me machucou de uma forma
inexplicável.
Por mais que eu conheça os meus personagens, cada um é único e falar sobre os
sentimentos do Dylan foi perturbador porque eu não sabia como colocá-los para fora.
E por isso, nós acabamos brigando diversas vezes.
Ele dizia:
“Não é assim que eu me sinto”
“Apaga e faz de novo”
“Ainda não é isso”
“Você consegue fazer melhor querida autora”
CARAMBA!
Ter o Dylan na minha cabeça me deu pequenas amostras dos seus sentimentos, mas a
Beatriz nunca sentiu nada igual, então como eu escreveria sobre algo que nunca senti de
verdade?
E foi aí que eu me desesperei.
O QUE ELE SENTE? COMO ELE SE SENTE?
O QUE EU VOU ESCREVER? COMO EU VOU ESCREVER?
Fiquei perdida e tive um bloqueio criativo dos grandes.
Mas fui persistente, não desisti e não quis decepcioná-lo. O meu marrentinho dos olhos
de esmeralda me lançou esse desafio e eu dei o meu melhor pra tentar expressar tudo o que ele
sentia.
Aurora... Minha dinamite do cheiro cítrico e adocicado.
Escrever sobre ela também não foi um mar de rosas. Eu queria uma personagem forte,
mas ninguém consegue ser forte o tempo todo e ela é um belo exemplo disso.
A minha pequena Pinscher raivosa passou por momentos delicados quando era apenas
uma criança e foi difícil mostrar que mesmo diante de todo o seu sofrimento, ela se manteve
durona.
Como eu estou apaixonada por esses dois.


Voltando aos agradecimentos... Não posso deixar de agradecer a todos que me ajudaram
ao longo desse processo.
Preciso agradecer ao Elton Anderson que nos momentos em que eu estava no meu “modo
focada”, ele pegou a nossa filha furacão e a manteve ocupada pra não interromper o meu
raciocínio. Além disso, o seu incentivo e elogios me animaram.
Gostaria de expressar a minha gratidão à minha irmã fanfiqueira e dorameira, Carla
Kristina, que, mesmo enfrentando as responsabilidades de ser mãe de duas filhas, ser esposa,
dona de casa, manter o emprego e cursar a faculdade, prontamente se dispôs a me ajudar, sem
hesitar.
Minha mãe Cleonice, também desempenhou um papel fundamental. A princípio eu disse
que esse livro era proibido pra ela. Para ser sincera, eu estava morrendo de vergonha. Imaginei a
cara dela ao ler a cenas quentes entre o Dylan e a Aurora, sei que é besteira, mas fiquei tímida.
Mas depois que vi a sua animação, eu tive que ceder.
Outro detalhe curioso sobre a minha amada mãezinha é que ela fez o favor de contar para
os seus conhecidos que eu estava escrevendo um livro pornô. Eu juro que eu não sabia se ria ou
se chorava.
Minha mãe, sendo a minha mãe.
Enfim...
Obrigado. Muito obrigada de coração e espero que vocês permaneçam comigo.
E NÃO ME ODEIEM. A SEGUNDA PARTE NÃO IRÁ DEMORAR A SER
LANÇADA.
Prometo que darei o meu melhor na próxima parte dessa história cheia de sentimentos,
humor, tesão nível hard e drama.

Com carinho e muito prazer,


Beatriz Silveira.

[1] Shrek: é um ogro. Ele é o personagem principal do filme ”Shrek”. São 5 filmes e o primeiro
foi lançado em 2001.
[2] MIB: homens de preto: é um filme que fala sobre uma aventura alienígena. São 4 filmes e o
primeiro foi lançado em 1997.
[3] Times Square: é o encontro de duas avenidas e pode ser chamada de praça. Ela está localizada
em New York, nos Estados Unidos. A Times Square é um dos pontos turísticos mais
frequentados de New York.
[4] Latrell: Latrell Spencer é o personagem fictício do filme “As branquelas”. O personagem é
interpretado pelo ator Terry Crews.
[5] As branquelas: é um filme clássico de comédia (2004). Foi feito pelos irmãos Wayans.
[6] Divertidamente: é um filme de animação que fala sobre as emoções e suas particularidades.
Os personagens ficam na sala de controle que existe no cérebro da garotinha. Ele foi lançado em
2015.
[7] Mio amico: palavras italianas que significam “meu amigo” em português.
[8] Bella ragazza: palavras italianas que significam “bela garota” em português.
[9] Gato de botas: personagem fictício que ficou conhecido por participar de seis dos sete filmes
do “Shrek”. Ele entrou a partir do segundo filme que foi lançado em 2004. Em 2011 o
personagem ganhou o seu primeiro filme, onde conta a sua história e em 2022 saiu o seu segundo
filme. O gato de botas usa o seu “olhar fofo” para conseguir o que quer.
[10] Calçada da fama: é uma calçada com quase 3 km de cumprimento. O diferencial dessa
calçada é que ela homenageia grandes celebridades da indústria do entretenimento. Ela está cheia
de estrelas rosas e em cada estrela consta o nome do artista homenageado e consta a categoria em
que ele está sendo homenageado.
[11] BBB: é um reality show brasileiro chamado “Big Brother Brasil”. Nele, os participantes
ficam confinados em uma casa, sem informações do que se passa fora da casa. Eles são vigiados
por câmeras durante 24 horas por dia.
[12] Bella donna: palavras italianas que significam “bela mulher” em português.
[13] Molto bene: palavras italianas que significam “muito bom”.
[14] Klaus Mikaelson: é um personagem fictício interpretado pelo ator Joseph Morgan. Klaus,
além de ser um vampiro original, ele também é lobisomem e isso o transforma em um híbrido.
Inicialmente, o personagem apareceu como antagonista/anti-herói da série “The Vampire
Diaries”. Depois, a família original ganhou a sua própria série, conhecida como “The Originals”.
[15] The Originals: é um spin-off produzido pela The CW e baseado na série norte-americana The
Vampire Diaries. A série fala sobre a vida da família dos vampiros originais.

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