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1º Edição
Outubro de 2021
Este livro pode causar desconforto ou gatilhos em pessoas sensíveis
aos temas: violência, tráfico de mulheres, suicídio, assassinato, drogas,
tortura, violência contra a mulher, entre outros assuntos complexos que
envolvem o submundo da máfia.
Se você tiver sensibilidade a algum desses temas, não inicie a leitura.
O universo da máfia relatado neste livro foi uma criação inteiramente
minha, misturando várias informações que retirei das pesquisas que realizei.
Criei para o clã do Paolo toda uma estrutura única.
Cada um dos temas abordados foi tratado com muita
responsabilidade, não existe romantização da violência em que os
personagens estão envolvidos, muito menos maus-tratos em relação a
personagem principal.
Não é um livro dark, A Perdição do Mafioso é um romance intenso,
com cenas fortes e um amor arrebatador entre os protagonistas.
Espero que apreciem a leitura.
Abraços.
Atenção!
Algumas pontas soltas na história de Paolo serão resolvidas no livro 3
da série, pois certo evento será essencial para a história do Domênico.
Paolo Torcasio é conhecido no submundo do crime como um homem
sanguinário e truculento, ele não teme o perigo e sente prazer em levar terror
aos seus inimigos. O poderoso Capo, no entanto, encontra um pouco da sua
humanidade quando o líder da máfia russa lhe oferece uma jovem como
oferta de paz entre as organizações.
Masha é uma delicada garota de cabelos ruivos e olhos corajosos, que
mesmo entre homens perigosos, esconde bravamente o temor pelo que o
futuro lhe reserva.
Atos de bondade não fazem parte da vida de um Capo, mas existe
algo especial na valente ruiva que o impede de deixá-la ser entregue aos
leões.
Em um rompante de insanidade Paolo decide comprar Masha, ao seu
lado ela estará segura, até que complete a maioridade e possa seguir sua vida.
O problema é que a ruiva se transforma em uma bela mulher e passa a
dominar o pensamento dele de uma maneira que nenhuma outra conseguiu.
Será que Paolo conseguirá deixá-la ir, ou vai reivindicá-la como sua?
Aviso Importante
Sinopse:
Prólogo
Capítulo 1 – Não posso voltar para casa
Capítulo 2 – Muito obrigada
Capítulo 3 – Temos piedade?
Capítulo 4 – Inferno vermelho
Capítulo 5 – Fúria
Capítulo 6 – Não te pedi para partir
Capítulo 7 – Ele não te odeia
Capítulo 8 – Ela é minha responsabilidade
Capítulo 9 - Nunca mais me toque assim
Capítulo 10 – Desculpa
Capítulo 11 - Não estou com raiva de você
Capítulo 12 - Odeio a Máfia
Capítulo 13 - Frustração
Capítulo 14 - Você é um perigo
Capítulo 15 - Eu quero você
Capítulo 16 - Preciso te provar
Capítulo 17 - Nunca fez isso?
Capítulo 18 - Tentação vermelha
Capítulo 19 - Ela é perfeita
Capítulo 20 - Sensação estranha
Capítulo 21 - Eu me sinto sua
Capítulo 22 - Eu não sou bom
Capítulo 23 - Quem te autorizou?
Capítulo 24 - O que aconteceu aqui?
Capítulo 25 - Você é minha para cuidar
Capítulo 26 - Prioridade
Capítulo 27 - Irmão
Capítulo 28 - Estamos juntos
Capítulo 29 - Eu te amo Dom
Capítulo 30 - Covarde
Capítulo 31 - Você é a minha paz
Capítulo 32 - Ele a machucou
Capítulo 33 - Capo Sanguinário
Capítulo 34 - É o meu dever
Capítulo 35 - Foi divertido
Capítulo 36 - Entendo
Capítulo 37 - Não posso trair meu Capo
Capítulo 38 - Fim da linha
Capítulo 39 - Vá embora!
Capítulo 40 – Ela é a minha luz
Capítulo 41 – Boo!
Capítulo 42 – Case-se comigo
Capítulo 43 – Vou atirar
Capítulo 44 – A culpa é minha
Capítulo 45 - Surpresa
Capítulo 46 – Família
Capítulo 47 – Fiz por amor
Capítulo 48 - La mia passione
Capítulo 49 – O vestido
Epílogo 1
Epílogo 2
O que vem no próximo livro?
Agradecimentos
Contatos da autora
Não me deixo vencer, debato o meu corpo com força enquanto o
imenso brutamontes me puxa sem nenhum cuidado pelo corredor. Posso até
estar indo para a morte, mas eu lutarei intensamente, assim como lutei nos
últimos anos da minha vida.
— Pare! — grita, interrompendo seus passos e sacudindo o meu corpo
com fúria. — Será que nunca pode fazer o que pedem? — Encaro seus olhos,
escondendo bem fundo o medo que me domina.
— Basta me largar que fico quieta. — O desgraçado abre um sorriso
maquiavélico.
— Desde quando a vadiazinha exige alguma coisa?
Quero chutá-lo, arrancar sua garganta com os dentes, mas ele é grande
demais para mim.
— Vamos, maldita puta! — Ele volta a me arrastar, enquanto eu tento
me agarrar a algo que me ajude a escapar.
Sendo um pouco realista não tenho para onde fugir, desde que
cheguei nesta maldita casa, sou jogada para todo lado por esses marginais.
Eles não me ouvem, mal me alimentam, sou como um bicho para eles, não
passo de uma mercadoria que não vale a pena dar muita atenção.
O infeliz abre uma porta e me empurra para frente. Seguro a barra do
vestido, extremamente curto, que me obrigaram a vestir e ajeito meu cabelo
completamente desgrenhado.
Olho ao redor da sala sob a luz parca e vejo uma mesa central, com
alguns homens sentados. Meu corpo começa a tremer, sei muito bem o que
está prestes a acontecer.
Busco controlar o tremor dos meus lábios e tento estabilizar a minha
respiração, assim como a vontade de vomitar. Independentemente do que eles
façam comigo, eu não vou esboçar nenhuma reação. Posso morrer nas mãos
desses bárbaros, mas morrerei como uma guerreira. Não darei o gosto a
nenhum deles em perceberem o quanto estão me apavorando.
— Aí está a diversão — Yuri comenta com alegria.
Tenho nojo dele, esse bandido me arrancou covardemente da minha
casa e família disfuncional, ele representa tudo de ruim que possa existir no
mundo.
— Venha aqui, pequena, tenho alguém que quer se divertir com você.
Não me movo, meus pés parecem presos ao chão. Por mais que eu
não queira permitir que o pavor me domine, neste momento eu me sinto
completamente amedrontada.
Há uma semana estou presa neste lugar, vendo todos esses homens ao
meu redor, sem conseguir uma oportunidade de fugir. Por várias vezes alguns
deles me fizeram entrar em desespero, insinuando que iriam me estuprar, mas
no final eles apenas riam e iam embora.
Só que agora, vendo o maldito chefe deles com um grupo de bandidos
estranhos, eu sinto que o inevitável está prestes a acontecer.
— Venha aqui, garota! Não vou pedir novamente. — Yuri endurece a
voz.
— Vá sua puta! — Sou empurrada com força pelo homem que me
arrastou até aqui.
Caio de joelhos, sem conseguir me equilibrar nos saltos que me
forçaram a colocar. Nunca usei nada nesse estilo, eu mal tinha roupas quentes
para vestir na minha casa, sapatos altos não faziam parte da minha vida, até
porque eu não gosto de usar algo assim.
— Ela já está de joelhos. — Vladislav, o cruel homem de confiança
de Yuri diz sorrindo e outros vários bastardos do seu bando o acompanham.
— Isso facilita muito, não é mesmo? — Yuri comenta ao me fitar. —
O que acha do presente que tenho para nossa noite, Paolo? — Ele gira o rosto
e encara o homem que está sentado perto dele.
Só agora analiso a sua figura, notando que seu semblante é ainda mais
perigoso do que o bandido que me faz refém.
O estranho tem o corpo forte, cabelos castanho-acobreados, uma
barba espessa e olhar intimidador. Ele veste jaqueta e blusa preta, seus dedos
são enfeitados por anéis de prata e na sua orelha uma argola se destaca
acompanhada de um piercing.
Poderia até se parecer com um astro de rock, se eu não soubesse que é
tão criminoso, quanto Yuri. Só que diferentemente do meu algoz, ele parece
ser muito mais letal.
Nossos olhares se cruzam e o homem me analisa com olhos cerrados,
ele não demonstra nenhuma emoção. Vejo seus dentes trincarem e na
sequência amassa em um cinzeiro o cigarro que pendia entre seus dedos.
— O que significa isso? — pergunta a Yuri com uma voz grossa e
gélida.
— Depois dos negócios, o prazer — sorrindo, o crápula o responde.
— Ela é mercadoria fresca, está aqui para nos divertir, obtive em troca de
uma dívida — diz com prazer. — O pai dela é um maldito viciado em jogos,
ficou me devendo um serviço e eu peguei a bonequinha como pagamento.
Meus olhos marejam quando lembro da minha desgraça. Eu me sinto
tão humilhada em ter sido moeda de troca pelo meu próprio pai. Ele me
vendeu a esse maldito homem sem pensar duas vezes.
— Quantos anos a ragazza[1] têm? — o homem pergunta sem
esconder a irritação.
— E o que isso importa? — Yuri retruca. — Ela sabe ajoelhar, não
vê? — Estende o braço na minha direção. — Quando elas aprendem a
ajoelhar, já estão prontas.
Várias gargalhadas soam pela sala vindas dos homens de Yuri, porém
os outros bandidos, que parecem pertencer ao italiano, permanecem
carrancudos.
— Tragam essa vadia até aqui! — o infeliz do russo ordena e mãos
fortes me erguem, arrastando o meu corpo trêmulo para perto da mesa. — Ela
é virgem, o pai me garantiu, reservei para nos divertimos hoje, desejo
demostrar que quero uma trégua entre nossos grupos — diz quando paro na
sua frente. — Quando foi à última vez que fodeu uma virgem, Paolo? Elas
estão em extinção, em especial na idade dessa vadia. — Yuri ergue a mão
nojenta pela minha coxa e em seguida olha para o homem que não para de me
encarar. — Se me oferecer um bom dinheiro, deixo ser o primeiro.
Vejo as mãos do tal Paolo se fecharem em punho sobre a mesa e seus
olhos prendem os meus. Ele parece estar se contendo, assim como eu estou
fazendo um esforço descomunal para não vomitar com o carinho que recebo
na minha coxa.
— Quanto quer por ela? — o homem pergunta e me faz estremecer.
Porco! Ele é tão podre quanto esse maldito lunático que me
aprisionou neste lugar nefasto. Busco dentro de mim forças para não desabar
no chão com o horror que sinto ao saber o que está prestes a acontecer
comigo.
Olho em volta tentando achar alguma arma livre, eu prefiro me matar
a ter qualquer um deles subjugando meu corpo.
— Eu sabia que não perderia a oportunidade de ser o primeiro, você
nunca decepciona. — Yuri solta uma gargalhada diabólica.
— Você não me entendeu. — A voz de barítono do enigmático
italiano soa mais alta. — Quero saber por quanto vende a ragazza apenas
para mim.
Arregalo os olhos, sem acreditar no que ouvi.
— Quer ela só para você? Não acredito nisso. — A diversão na voz
do Yuri me causa nojo. — Vamos dividi-la, Paolo, eu estou de pau duro por
essa vadia desde que a peguei. Apenas a guardei até agora porque eu quero
mostrar que estou disposto a manter a paz com seu clã. — Ele aperta a minha
coxa com tanta força que solto um gemido de dor.
Por mais que eu não queira, meus olhos lacrimejam, não só pela dor,
como também pelo nojo que sinto de todos esses homens me olhando como
se eu fosse um pedaço de carne.
— Vamos, dê o seu preço, preciso ir embora e não tenho tempo para
brincadeiras. — O homem levanta, demonstrando impaciência. — Qual o
valor por ela? Não me faça perguntar novamente — sibila em tom
ameaçador.
Pela primeira vez, desde que cheguei aqui, vejo Yuri desconfortável,
pelo jeito seu parceiro de negócios tem mais poder que ele.
— Quero cem mil euros. — Olho para o bandido em choque.
O que ele pensa que está fazendo? Esse desgraçado só pode ser louco,
será que realmente acha que vai receber essa fortuna?
— Que porra é essa, Yuri? — Vladislav bate sobre a mesa irritado. —
Estamos aterrorizando essa vadia por uma semana esperando o momento de
experimentar a mercadoria e vai vendê-la para o italiano?
— Eu sei o que faço.
— Se soubesse não estava se humilhando para o inimigo. — Yuri
levanta inesperadamente e agarra Vladislav pela blusa.
— Cale a sua boca ou eu acabo com você agora mesmo. — Os dois se
encaram furiosamente.
— Ela é nossa, não vai vendê-la.
— Quem manda aqui sou eu — diz ao empurrar o comparsa com
força. — Se quiser ela é sua, Paolo.
— Pague-o Domênico. — Fito o italiano pasma. — Agora tire as
mãos da minha ragazza, ela me pertence.
Com toda segurança ele se aproxima de mim e me puxa para perto do
seu corpo grande.
— Não volte a se meter no meu caminho. Desta vez eu aceitei a sua
proposta e negociei, mas da próxima eu acabo com todos os seus negócios
sem piedade. Roma é minha, a Bratva[2] não vai se meter no que eu controlo
— Yuri não diz nada, apenas o observa com o rosto tenso. — Adiamos[3]
ragazza — ordena ao me puxar pelo braço sem nenhum cuidado.
Tropeço atrás dele e sinto alguns dos seus homens nos seguindo. Meu
corpo começa a tremer, pois, de alguma maneira sei que caí nas mãos de
alguém pior que Yuri.
Quando saímos da casa, onde passei uma semana como prisioneira,
um carro preto para à nossa frente e eu sou arrastada para dentro do veículo.
Paolo senta ao meu lado e solta uma respiração ruidosa.
— Vá embora o mais rápido que puder — diz ao motorista e corre a
mão cheia de anéis pelo cabelo ao fechar os olhos. — Pare de tremer,
ragazza, agora você está segura — ordena sem me olhar e tira do bolso
interno da jaqueta um pequeno cantil de prata, para logo em seguido sorver
longamente o líquido que está dentro.
Olho para o seu perfil e, por mais que tenha dito que estou segura,
sinto dentro do meu coração que nunca estive tão em risco como agora.
Senhor! O que vai ser de mim ao lado desse homem?
Entro em casa sentindo a fúria me consumir. A minha vontade era
exterminar Yuri e todos os seus homens, mas não posso no momento entrar
em atrito com a Bratva. Já estou com muita merda para resolver depois dos
confrontos acirrados que tivemos nos últimos meses, uma guerra violenta
com os russos só foderia a minha vida.
Os passos suaves às minhas costas me lembram da confusão que me
meti. Eu não sei onde eu estava com a cabeça quando decidi comprar a
pequena ragazza, mas vê-la tão jovem e vulnerável no meio daqueles abutres,
provocou uma ira insana que foi impossível controlar.
Tenho três irmãs e não gosto de imaginar que alguma delas pudesse
estar nas mãos de russos, prestes a ser violentada. Eu não sou um homem
com bons antecedentes, mas tenho certos limites e, violar mulheres, é um
deles.
Paro no meio da sala e inspiro fundo, estou muito fodido com essa
menina na minha casa, mas hoje não irei pensar no assunto. Estou exausto
demais, amanhã converso com a bambina[4] e vejo a maneira mais rápida de
devolvê-la à sua família.
— Domênico, chame Mirta e peça para ela acomodar a ragazza.
— O.k. — Ele rapidamente segue pelo corredor.
— Pode sentar e pare de me olhar assim, eu não vou te devorar. —
Sigo para o bar e pego um pouco de uísque. — Como se chama? —
Experimento a bebida enquanto encaro o seu rosto.
Ela tem uma beleza excêntrica, com seus cabelos ruivos compridos,
sardas ao longo do nariz pequeno e os olhos em um tom de azul-claro.
A bambina apesar de franzina exibe um olhar corajoso, desde que
coloquei meus olhos nela, só a vi se desestabilizar quando Yuri a tocou na
coxa de uma maneira suja.
— Sou Masha — diz com um fio de voz, tentando esticar o indecente
vestido que uma menina jovem como ela não deveria usar.
— Quantos anos tem bambina? — pergunto querendo ter certeza das
minhas suspeitas.
— Fiz dezessete há três dias. — Os olhos dela marejam, pois, seu
aniversário foi feito enquanto era prisioneira daquele stronzo[5].
Inspiro fundo, tentando conter a vontade de voltar ao covil de Yuri e
cortá-lo ao meio. Ela é uma menina ainda e aquele infeliz ia oferecê-la a todo
o seu bando.
Eu não sou um homem bom, na verdade, existe apenas um lugar
neutro dentro de mim, que reservo exclusivamente para minha mãe, irmãs e
qualquer criança. Nesta bolha longe da minha maldade, eu consigo ter
serenidade e empatia.
Desde que eu passei a foder mulheres, eu nunca estuprei uma, todas
estiveram comigo porque queriam e eu fui homem suficiente para dar prazer
a cada uma delas.
Ver essa menina franzina prestes a enfrentar quinze homens sobre o
seu corpo frágil, quase me fez declarar guerra aos cachorros russos sem medir
as consequências.
Eu sou a porra de um mafioso, não estuprador de menores, não sinto
prazer nesse tipo de atrocidade, gosto de ouvir minhas mulheres gemendo de
prazer sob mim.
— Maldito Yuri! — blasfemo e bebo de uma só vez o resto do meu
uísque. — Fique calma, aqui ninguém vai te ferir, Mirta irá te levar para o
quarto de hóspedes e amanhã comprarei roupas para você e veremos como
encontrar sua família.
— Não quero voltar para a minha família — ela diz rapidamente.
— Como é? — pergunto confuso.
— Meu pai vai me vender novamente, ele é viciado em jogos, álcool e
drogas, aquele maledetto[6] não tem nenhum escrúpulo, prefiro morar nas
ruas a ter que vivenciar todo o inferno que eu passava em casa.
Pego outra dose dupla de uísque e sorvo a bebida enquanto avalio sua
expressão.
— E sua mãe? Você tem algum irmão? Como seu pai se envolveu
com Yuri? Por acaso é russa? O seu nome não é italiano, mas você fala o
idioma com perfeição.
— Não sou russa, nasci na região da Calábria, na capital Catanzaro.
Meu nome é Masha porque foi uma homenagem à médica que realizou meu
parto, a minha mãe quase morreu, mas a obstetra fez o impossível e salvou
nossas vidas.
Ela olha para o chão, claramente emocionada com a história do seu
nascimento.
— Meu pai é um bandido que vive prestando serviços ilícitos para
sobreviver. Ele é bom com assassinatos e investigação. Vários grupos
criminosos o contratam, não sei muito sobre o passado dos meus pais, eles
nunca contavam nada para os filhos, mas pelo que entendi meu pai cresceu
no mundo do crime.
— Então, seu pai não faz parte de nenhuma máfia ou grupo de
traficantes?
— Não. — Ela balança a cabeça e seu cabelo ruivo se movimenta. —
Ele sempre trabalhou sozinho, mas com o tempo ficou viciado em jogos e
depois drogas. Aí ele perdeu o controle e passou a ser mau para toda a nossa
família. A minha irmã também foi vendida para pagar uma dívida, nunca
mais ouvimos falar dela, meu irmão fugiu de casa há dois anos e minha mãe
se entregou às drogas quando a depressão ficou insuportável, após perder os
dois filhos sem poder evitar e ver meu pai se transformar em um monstro. —
Rapidamente ela seca as lágrimas que despontam dos seus olhos.
Dio Santo[7]! Que vida de merda dessa ragazza.
— Por favor, me deixa ir embora, não posso voltar para casa. — O
seu desespero faz algo estranho estalar dentro de mim.
— Já ouvi. — Ouço a voz irritada de Mirta falando com Domênico.
— Estou aqui — diz me olhando irritada vestindo um roupão por cima da
camisola.
O complicado de você manter uma governanta que te criou, é que ela
se acha dona de tudo. Mirta precisa ser tratada a braço curto, porque se eu der
espaço, ela joga seu humor maldito nas minhas costas.
— Muito bom — digo friamente. — Leve a ragazza para um dos
quartos de hóspedes, tente arrumar algo seu para que ela vista antes de
dormir, amanhã providencie roupas novas para ela.
Mirta joga os olhos em Masha e enruga o nariz com desgosto ao ver o
tamanho do seu vestido.
— Agora eu serei babá das suas... — Para a sorte dela segura o resto
da frase — Vai passar a desrespeitar seu lar? — Com altivez ela me fita. —
Essa bambina ao menos é maior de idade? Até onde sei o senhor não se
envolve com meninas.
O meu sangue ferve e sinto vontade de voar no pescoço dessa
atrevida, confio em Mirta de olhos fechados, por isso ainda trabalha para
mim e mora na minha casa desde que ficou viúva, mas ela tem a língua
grande.
— Mirta... — Domênico a repreende, como sempre ele tenta controlar
os nossos atritos.
— Cale essa sua boca grande e leve a ragazza para o quarto, não te
pago para me contestar, porra!
Os olhos dela ficam injetados e, apesar de querer debater, chama
Masha e começa a subir as escadas.
— Um dia perco a cabeça com ela. — Assumo a Domênico.
— Mirta foi acordada, está de mau humor, releve.
— Relevo caralho nenhum. — Coloco uma dose para ele e reforço a
minha. — A ragazza tem uma vida fodida, não sei o que vou fazer com ela.
— Como assim? — Domênico pergunta intrigado.
Conto tudo o que ela me confessou e, assim como eu, Dom fica
chocado com a história.
— Puta que pariu! — exclama furioso. — Que homem maldito.
— Conhecemos muitos como ele, nossos pais não eram diferentes —
digo com amargor.
— Para mim, vender uma filha por causa de dívidas é demais. —
Dom é meu Consigliere[8] e, assim como eu, tem seu lado neutro, onde
abusar de mulheres não é tolerável.
Eu gosto da maldade, não sou piedoso com os meus inimigos. Quando
entro numa luta espero ver muito sangue, no entanto, gosto de um embate
com quem pode me enfrentar no mesmo nível, abusar de mulheres não está
na minha lista de confrontos prazerosos.
— Eu tô fodido com a ragazza, amanhã vou ter que encontrar um
destino para ela. — Que merda eu me meti.
Sempre me orgulhei por não permitir que as emoções me dominem,
só que hoje eu não sei que caralho me deu para virar um maldito anjo
salvador.
— Vá tentar dormir, hoje o dia foi foda, ambos estamos com a cabeça
quente.
— Você tem razão. — Pouso meu copo sobre a mesa de centro. —
Resolverei a vida dela logo cedo, não posso mantê-la aqui.
— Então nos vemos amanhã. — Dom acena e vai embora.
Começo a subir as escadas e vejo Mirta com o rosto contrito pisar no
primeiro degrau para descer.
— Não me olhe assim — falo continuando a subir. — Do jeito que te
conheço sei que não deixaria a ragazza ser estuprada por quinze homens. —
Mirta arregala os olhos horrorizada. — Pois então, milagrosamente hoje me
tornei uma boa pessoa e a livrei disso, então seja empática com a menina, ela
tem uma vida fodida.
— Eu não sabia. — Seus olhos suavizam.
— Agora sabe e cuide da ragazza, amanhã verei que destino ela terá.
— E a família dela? — Trinco os dentes ao lembrar tudo o que Masha
me contou.
— O pai a vendeu para Yuri.
— Oh! — Mirta exclama chocada ao colocar a mão sobre o peito.
— Preciso descansar, estou o dia todo na rua, veja se ela tem fome,
pelos ossos pontudos da sua clavícula aqueles abutres não a alimentavam
direito.
— Não se preocupe, eu cuidarei dela com todo carinho.
Continuo subindo, não rebato seu comentário, Mirta tem amor no seu
coração, vai saber ser atenciosa com Masha, o que não é o meu caso. O
máximo que eu posso fazer é mantê-la segura, de resto, não me importo.
Esfrego o rosto em algo macio, eu me sinto tão quente, a sensação é
boa demais. Minhas pálpebras se abrem e pisco confusa. Olho ao redor
tentando assimilar a realidade e sinto meu corpo estremecer ao lembrar de
Yuri e seus homens nojentos.
Ergo rapidamente o tronco sentindo o medo me consumir, mas então
noto que estou em um quarto extremamente elegante.
A minha cabeça volta a funcionar e me recordo que fui comprada por
um provável mafioso italiano que, surpreendentemente, foi um homem
decente comigo.
— Ah! Vejo que acordou. — Mirta entra no quarto. — Bom dia,
bambina.
Olho para ela desconfiada, no primeiro momento Mirta foi muito
grossa comigo, do nada voltou com comida e sendo extremamente doce.
Essa mulher é estranha.
— Bom dia — sussurro ainda incerta com sua simpatia.
— Consegui uma roupa para você, Adria, uma das empregadas, me
emprestou, ela é quase do seu corpo, acho que vai servir até irmos comprar
roupas novas.
— Obrigada. — Seguro a bolsa que ela me entrega.
— Se arrume rápido, o café já está servido, assim que comer vamos às
compras, chefe Paolo já deixou um carro a nossa disposição.
Arregalo os olhos, porque não imaginava que aquele homem de olhar
cruel, pudesse ter esse tipo de gentileza.
— Serei rápida — afirmo ao me levantar da cama.
— Quando terminar siga à direita depois de descer as escadas, é onde
fica a mesa do café.
Aceno para ela e vou ao banheiro. Nunca tive um banheiro privado,
estou me sentindo neste momento alguém muito chique.
Faço toda a minha higiene matinal, depois penteio o cabelo e visto as
roupas que Mirta me trouxe. Elas ficam largas, mas é melhor do que aquele
vestido indecente que fui obrigada a vestir. Como não tenho outro sapato,
calço a merda dos saltos que me fazem andar como uma estátua.
Desço lentamente as escadas, me escorando no corrimão com medo
de sair rolando. Quando chego embaixo, sigo na direção que Mirta indicou.
Encontro uma mesa farta e meu estômago se agita, nunca vi tanta
comida assim em minha vida. Olho ao redor e não vejo ninguém, fico em
dúvida se devo ou não me sentar e começar a comer.
Como Mirta disse que o café estava servido, eu me aventuro a
começar me servir.
Dez minutos depois eu estou farta e ainda assim pego mais um pedaço
de queijo. Isso é o paraíso na terra, acho que eu morri nas mãos do Yuri e,
Deus decidiu me recompensar com um banquete.
— Já acabou? — Levo um susto com a chegada repentina de Mirta.
Ela deve ter uns sessenta anos, tem os cabelos grisalhos, nariz fino,
corpo esguio e uma postura elegante.
— Sim — digo ao mesmo tempo em que tento engolir o queijo. —
Tudo estava delicioso.
— Que bom, agora podemos nos aventurar nas compras, Paolo quer
conversar o quanto antes com você, então é bom sairmos logo, porque o
chefe não sabe esperar. — Ela revira os olhos.
Não faço nenhum comentário, apenas me levanto e a sigo em direção
à porta da frente.
O mesmo carro preto que nos trouxe ontem nos aguarda e quando
entramos no veículo o motorista me cumprimenta com um leve aceno. Ele é
bem grande, parece até um lutador de boxe. Do seu lado outro homem tão
grande quanto ele está acomodado e não se dá ao trabalho de falar comigo.
Paramos em uma elegante loja e Mirta sai na frente toda saltitante. Eu
fico em choque quando uma infinidade de roupas é disposta à minha frente.
— Pra que tudo isso? — pergunto enquanto a vendedora vai pegar
mais roupas.
— Paolo não deu valor para gastarmos, disse apenas que
comprássemos o que você precisasse.
— Eu não preciso de tudo isso.
— Toda mulher precisa de muitas roupas, agora vá experimentar esse
vestido aqui, é lindo.
Uma hora depois, tenho dez bolsas com roupas e sapatos. O homem
que estava ao lado do motorista e que descobri através de Mirta se tratar de
um segurança, pega as bolsas e segue para o carro.
A minha aventura ainda não está encerrada, agora seguimos para
outra loja em busca de lingerie.
Eu fico de boca aberta com as diversas peças que a vendedora mostra
e escolho algumas que gosto. Mirta escolhe outras e saímos da loja com mais
bolsas. Como eu disse que queria um tênis, nos encaminhamos para mais um
estabelecimento e acabo comprando três modelos lindos.
Saio da loja sorrindo, nunca em toda a minha vida eu fiz compras
como hoje. Em geral, minhas roupas eram surradas, meu pai só se dignificava
a comprar novas quando as minhas já estavam rasgadas.
Voltamos à casa de Paolo lotadas de bolsas e acabamos precisando da
ajuda do motorista e do segurança para levarmos tudo para o meu quarto.
Assim que ficamos sozinhas, Mirta começa a tirar as roupas e falar sem parar.
Ela mudou completamente, não lembra em nada a mulher sisuda que
me recepcionou ontem à noite.
— Vista a calça com essa blusa, vai ficar linda.
Olho para a calça jeans clara e o cropped preto, ele é lindo, tem uma
cordinha entre os seios, que dá para puxar e fazer um charmoso franzido.
Gosto da dica dela e sigo para o banheiro.
Quando volto me sinto outra pessoa, sequer consegui me reconhecer
ao olhar meu visual no espelho.
— Você está divina, bambina. — Mirta segura minha mão e me faz
rodar. — Chefe Paolo vai ficar satisfeito com seu novo visual.
— Ele é um mafioso? — pergunto com um fio de voz, temendo estar
me metendo em mais uma confusão ficando na casa deste homem.
— Aprenda a fazer menos perguntas, isso será bom para você. — Ela
pisca. — Vamos descer.
Pela sua resposta enigmática tenho a certeza de que ele é mafioso sim,
até porque se ele não fosse um jamais teria coragem de tratar Yuri com tanto
desrespeito.
Sigo Mirta para o andar de baixo, ela me pede para esperar na sala e
some por um corredor. Olho atentamente o ambiente, ontem não tive tempo
de avaliar absolutamente nada com todo o meu nervosismo.
A sala é toda em mogno escuro, pesadas cortinas pendem das janelas
e muitos quadros, que devem custar uma fortuna, enfeitam as paredes.
Um carpete branco cobre boa parte do chão da sala e belos enfeites
estão dispostos pelos móveis. É uma casa elegante e bem masculina, não tem
nada na decoração que insinue algum toque feminino. Pelo jeito ele não é
casado.
— Venha, bambina, Paolo vai recebê-la.
Rapidamente vou atrás dela e Mirta abre uma pesada porta de
madeira. Meus olhos aflitos encaram os dela e recebo um sorriso simpático, a
sua mão cai nas minhas costas me empurrando delicadamente para frente.
Forço os meus pés a moverem, com passos incertos entro no
escritório. No primeiro momento meus olhos caem para o homem chamado
Domênico, pelo que entendi ele é o braço direito de Paolo.
O homem me encara serenamente, seus olhos são misteriosos, mas de
alguma maneira eu sinto confiança nele. Domênico não parece ser o tipo de
bastardo que me machucaria como Yuri.
Lanço a ele um sorriso tímido e corro meus olhos mais a frente, para o
carrancudo homem que me fita com sobrancelhas enrugadas. Paolo desliza os
olhos por meu corpo, ele parece me avaliar atentamente. Depois faz o
movimento contrário até que seu olhar escrutinador está nos meus.
Fico parada sem saber exatamente o que fazer. A maneira que ele me
encara é intimidadora, a grande verdade é que tudo nesse homem parece
ameaçador.
— Sente-se, ragazza, precisamos conversar — por fim diz com sua
voz grossa.
Ele aponta uma cadeira e eu sigo para o local que indicou. Desabo no
estofado sentindo meu corpo todo trêmulo, estou nas mãos desse homem e
pelo seu olhar frio, acho que não vou gostar do que vai me falar.
Domênico senta ao meu lado, ele está tranquilo e sua expressão é
neutra. Acabo me sentindo ainda mais insegura, com esses homens grandes
ao meu lado.
Os dois são bonitos e representam bem a imagem de perigo.
Domênico é muito alto, tem o cabelo dourado comprido, aprisionado em um
coque fashion e seu nariz é fino e longo. Seus lábios são extremamente
rosados e os olhos de um azul profundo. Ele tem características meio
aristocráticas, é elegante por natureza, mas curiosamente tem um lado
rebelde, com piercing na sobrancelha e os brincos nas orelhas mostram essa
faceta da sua personalidade.
Já Paolo tem uma beleza rude, com uma barba densa, também tem
piercing na sobrancelha e na orelha, e uma argola de prata com um crucifixo
pendurado em uma delas chama atenção. Seus olhos são verde-escuros e seu
cabelo castanho-acobreado está impecavelmente arrumado, com algum tipo
de pomada fixante.
Ele está com uma camisa cinza, de mangas arregaçadas, mostrando
suas tatuagens nos braços e um colete de seda preto abraça seu tronco. É o
exemplo da elegância, nada nele está fora do lugar.
Ambos são a representação perfeita da imagem dos mafiosos que
tanto se ouve falar. São lindos, finos, misteriosos e com uma aura forte de
perigo. Posso até estar enganada, mas os dois aparentam estar na casa dos
trinta anos.
— Dormiu bem? — Domênico quebra o silêncio.
— Como não dormia há anos. — Assumo.
— Muito bom. — Ele acena satisfeito, parece mais acessível que o
chefe. — Vejo que foi às compras. — Seus olhos correm por minha roupa,
mas não é um olhar de cobiça igual aos que eu recebia enquanto era
prisioneira dos russos.
— Mirta que escolheu essa roupa — digo sem graça, com medo de ter
exagerado no visual.
— Não sabia que ela tinha bom gosto para roupas, você está linda. —
Ergo os olhos na direção de Paolo, querendo ter certeza se ele soltou um
rosnado com o elogio do seu parceiro. — Gastou bem o dinheiro do Paolo?
Eu espero que você tenha voltado com muitas roupas — Domênico comenta
provocativamente.
— Acabou seu show de comédia? — Paolo pergunta com a voz
rascante.
— Ainda tenho alguns atos a encenar, mas posso esperar para
terminar depois. — Pelo jeito Domênico não se intimida com o olhar feroz do
homem a nossa frente.
— Cale-se! — Paolo põe as mãos no braço da cadeira. — Você tem
algum familiar que podemos entrar em contato fora os seus pais?
— Não. — Ele ergue uma sobrancelha, esperando eu falar mais
alguma coisa, no entanto me mantenho calada.
— E seu irmão? Não tem ideia de onde está? — Balanço a cabeça
negativamente.
— Os seus pais são italianos? — Domênico pergunta.
— Sim, meus pais nasceram em Milão.
— E realmente não existe nenhum parente deles por lá que possa te
abrigar?
— Na verdade, não. Nunca tive contato com nenhum familiar dos
meus pais. Apenas sei que minha mãe brigou com a família para ficar com
meu pai, desde então ela não tem contato com qualquer parente. Já, meu pai,
nunca nos contou nada sobre sua vida, praticamente não sei nada sobre o
passado deles, não gostavam de falar.
— Entendo. — Domênico olha para o chefe. — Isso vai ser mais
difícil do que pensamos. — Os dois trocam um longo olhar.
— Eu posso trabalhar aqui, faço qualquer coisa, só não posso voltar
para minha casa. — Praticamente imploro que me abriguem, não quero mais
voltar para aquele inferno de vida.
Paolo corre a mão pelo cabelo, claramente está descontente com a
minha presença. Sinto meu coração disparar, com medo dele me colocar para
fora ou decidir me devolver.
— Você está na idade de estudar, não trabalhar, ragazza — diz
irritado.
— Masha, pode nos dar um tempo? Preciso conversar em particular
com Paolo, assim que eu terminar Nicolo vai te chamar.
Levanto e saio em silêncio do escritório aflita.
Fico na sala por uns dez minutos, até que sou novamente guiada ao
escritório e encontro Domênico sentado no mesmo lugar, enquanto Paolo está
na janela, com um cigarro na boca.
Com um gesto, Domênico me chama para sentar, obedeço e me
acomodo ao seu lado. Um discreto sorriso brinca nos seus lábios e isso me
deixa mais calma.
Paolo se aproxima da mesa e apaga o cigarro, ele me fita de um jeito
estranho, antes de sentar e apoiar os cotovelos sobre a mesa de madeira,
posicionando as mãos em formato de triângulo.
— Você vai ficar comigo por enquanto, não vou te deixar na rua
podendo ser alvo dos russos novamente. — O meu corpo é inundado pelo
alívio.
— Eu vou poder trabalhar aqui?
— Você vai estudar, nas horas vagas Dom encontrará algo para você
fazer. Quando for maior de idade e terminar a escola, escolhe qual destino
seguir.
— Muito obrigada mesmo, eu não sei nem o que falar. — Olho feliz
para Domênico, que aperta os lábios para não sorrir da minha extrema
alegria.
— Aqui na minha casa existem regras, Masha, e você vai ter que
seguir todas. — A voz de Paolo é dura. — Não gosto de desobediência,
minha palavra é lei e tem que ser cumprida por todos. Tudo o que ver aqui
não deve ser dito a ninguém, eu posso ser pior que Yuri. — Engulo em seco.
— Por mim tudo bem, eu sou naturalmente obediente e de confiança.
— É mentira só a parte da obediência, mas ele não precisa saber disso, vou
me esforçar para não o aborrecer.
— Você estudava antes de ser vendida? — A maneira que ele fala me
deixa completamente diminuída.
— Eu estudava sim, ano que vem encerro o ensino médio.
— Ótimo. Vou providenciar uma nova escola e ver como faço o
quanto antes para você ter novos documentos.
— Tudo bem. — Estou tão feliz, que minha vontade é beijar Paolo,
mas não posso ir tão longe.
— Acabamos por aqui, pode ir para o seu quarto. Se eu precisar de
você, mando chamá-la.
— Posso ir atrás da Mirta? Não quero ficar sozinha.
— Faça como quiser — responde com desinteresse.
Sorrio para Domênico antes de sair, não sei o motivo, mas gosto dele.
Algo me diz que seremos grandes amigos, já não digo o mesmo de Paolo,
esse parece que me odeia.
Bato com força o copo de uísque puto demais, acabo de entrar em
uma enrascada e, boa parte da culpa é da pessoa que deveria me ajudar a
tomar decisões no mínimo razoáveis.
— Paolo, você está agitado demais, não precisa... — Ergo um dedo o
paralisando.
— Calado! — ordeno irritado. — Por sua causa eu estou com um pau
imenso atolado no meu rabo — esbravejo.
— Ma che palle,[9] Paolo! Não podíamos abandonar a bambina a
própria sorte.
— Quem disse que não?
Sei que Domênico está certo, ela é frágil demais para enfrentar o
mundo lá fora, mas eu sou o caralho de um Capo[10], não faço caridade
porra!
— Nós tomamos a decisão certa.
— Desde quando temos piedade, Dom? Essa menina pode ser um
símbolo de fraqueza para nossos adversários. — Ele prende os lábios,
sabendo exatamente o que estou falando.
— Não será — afirma convicto.
— Uma hora alguém saberá que ela está aqui e eu terei que dizer o
que está acontecendo.
— Relaxa. — Domênico cruza as pernas sorrindo. — Você apenas vai
dizer que a comprou e que lhe pertence. — Ergo as duas sobrancelhas. —
Ninguém vai questionar uma propriedade sua.
— Está querendo insinuar que devo dizer aos conselheiros [11]que eu
estou fodendo uma menor de idade? — A minha voz sai mais áspera do que o
necessário.
— Todos eles já foderam mulheres na idade dela, não vamos fingir
que alguns daqueles merdas prestam.
— Mas eu não sou eles, porra! — Onde esse infeliz está com a
cabeça?
— Não é, mas para não ter dor de cabeça você pode fingir ser.
— Jamais farei isso. — Pego um cigarro. — Eu tenho meu próprio
código e nele eu não fodo meninas menores de idade.
— Caralho! Como você é difícil. — Ele solta uma ruidosa respiração.
— Basta dizer que a comprou e ainda não usou sua mercadoria. — Faço uma
careta com o linguajar dele.
Porra! Eu tenho três irmãs e não gostaria de ouvir alguém se referir a
alguma delas assim.
— Se você mantiver a Masha longe do conhecimento dos
conselheiros[12], não terá problemas.
— Que péssima ideia a deixar aqui — sinto que entrei em um grande
problema. — Giorgio a verá e ele pode contar a alguém.
— Ele é de confiança, basta silenciá-lo — diz com segurança. — O
que uma menina tão frágil quanto ela pode causar de mal? Você está
preocupado sem motivos. — Como eu gostaria de pensar como ele. — Posso
ficar com Masha se assim preferir, eu gostei da menina, ela tem algo especial
que não sei explicar.
Lanço um olhar mortal em sua direção, jamais permitirei que ela fique
sozinha com esse cretino. Apesar de confiar minha vida a Domênico, nós
dois crescemos juntos, por isso eu sei que ele tem alguns graves defeitos,
entre eles é não resistir a uma boceta nova. Nunca o vi com uma menor de
idade, porém apesar de jovem demais Masha já é um pacote de tesão que
perturbou até mesmo a mim.
— Eu comprei, eu fico com ela. — Vou usar a lógica dele. — Agora
vamos embora, precisamos ver com Giorgio os contratos com os restaurantes,
temos muito que fazer.
Encerro a conversa e saio do escritório. Nicolo me acompanha de
perto. Depois terei uma conversa com ele e meus outros soldados[13] que
fazem minha segurança, por enquanto não quero que ninguém saiba sobre a
presença da Masha aqui.
Quando chego à sala, me deparo com ela descendo as escadas. Não
me controlo e admiro seu cabelo ruivo caindo sedoso por seus ombros.
Seus olhos encontram os meus e ela paralisa, mesmo eu garantindo
que está segura aqui, o medo de que eu faça algo ainda está presente. Masha
tem razão em me temer, se eu quisesse poderia ser o seu pior pesadelo.
Mirta escolheu uma péssima roupa, não gostei nada de vê-la com a
pele da sua barriga exposta. Esta casa está sempre repleta de homens e eu não
quero nenhum deles esticando os olhos para o seu corpo juvenil.
— Algum problema, Nicolo? — pergunto ao meu soldado que
rapidamente se recompõe e fecha a boca após babar por ela.
— Não, senhor. — Ele abaixa a cabeça.
— Masha, avise Mirta que não venho para o jantar, hoje é só você.
— Tu... tudo bem. — Ela gagueja.
— Vamos. — Sigo com passos pesados para a porta.
— Nos vemos amanhã, Masha, peça para Mirta te mostrar a sala de
cinema, você pode se divertir lá.
— Obrigada. — A voz dela é animada ao falar com Domênico.
— Quero você longe dela. — Aviso quando saímos. — Eu te conheço
bem.
— O que exatamente está querendo dizer? — Sua voz tem uma
reprovação velada. — Eu também não fodo crianças.
— Ela não é exatamente uma criança, em um ano será maior de idade.
— Até lá será uma criança para mim, depois... — Ele deixa em aberto
e eu sinto vontade de jogar a cara dele no chão e arruinar seu rosto
perfeitinho.
Decido não o responder e entro no meu carro o deixando ir em seu
próprio veículo. Tenho certeza de que essa menina é problema e, algo me diz
que não vou demorar a descobrir as dores de cabeça que irá me causar.
— Por que anda tão triste, bambina? — Mirta senta ao meu lado na
cozinha.
Ao longo desses dois anos ela virou uma valiosa amiga, durante esse
tempo Mirta foi uma verdadeira mãe para mim.
— Estou cansada de tudo. — Levo o copo de água aos lábios. — Não
aguento mais as grosserias do Paolo.
Ela me olha de maneira solidária, sabe exatamente do que estou
falando, aquele imbecil também não alivia para Mirta, sempre que pode é
indelicado.
— Paolo vive entre homens duros, ele não tem espaço em sua vida
para ser simpático, até porque, não se espera de um Capo que seja gentil.
— Dom é gentil.
— Ele não é Capo e não pense que de fato é gentil, muito pelo
contrário, o lado feroz dele pode ser tão assustador quanto o de Paolo — diz
com segurança. — Domênico tem um instinto de proteção contigo, por isso
ele se importa, mas não ache que ele seja um homem bondoso de verdade, a
sua melhor face é revelada unicamente para você.
— Esse mundo que eles vivem é tão estranho.
— É o que eles conhecem e nenhum deles irá mudar. Você não sabe o
que esses homens passaram para estarem nas posições que ocupam hoje.
Cada cicatriz que vê pelo corpo deles, tem uma história de dor e tortura.
— Eles sofrem muito para serem mafiosos? — pergunto com um fio
de voz, ouço muitas histórias, pesquisei algumas coisas na internet, mas não
sei ao certo o que realmente acontece.
— Ah, bambina, você não faz ideia sobre o que acontece nesse
mundo.
— Conta só um pouquinho — peço com expectativa.
Mirta me olha, parecendo indecisa se deve ou não revelar os segredos
da máfia. Raramente conversamos sobre esse assunto, ela é sempre evasiva
quando faço perguntas sobre o universo da máfia.
— O pai de Paolo era um dos piores homens que já conheci, o do
Domênico não fica atrás. — Prendo a respiração, lembro que o pai do Paolo
morreu há um ano de câncer e ele pareceu não se importar, pelo contrário,
percebi certo alívio de sua parte. — Conrado começou a iniciar o filho com
sete anos e desde então as agressões e castigos começaram. — Fico em
choque. — Uma vez ele quebrou o braço do patrão porque o viu brincando de
tomar chá com a irmã Fiorella.
— Que monstro — digo horrorizada.
— Monstro não exemplifica de verdade o que aquele homem era.
Todos os filhos sofreram nas mãos dele, as meninas um pouco menos. A sua
morte foi um alívio, inclusive para a esposa, agora eles estão longe da sua
crueldade.
— Paolo não é cruel.
— Graças a San Genaro não é como pai, ele conseguiu manter um
pouco de humanidade, ao menos quando se trata da mãe e irmãs, sempre as
protegeu como podia, apesar de não ter conseguido impedir o casamento
arranjado das duas irmãs. Chiara acabou se apaixonando por seu esposo, mas
Fiorella não teve o mesmo destino, ela não conseguiu ter sentimentos pelo
companheiro.
Sinto meu coração comprimir, é bem nítido o quanto Fiorella
despreza o marido, eu não sei como ela consegue viver ao lado de alguém
que não gosta.
Paolo tem três irmãs, Giovanna é a mais nova, tem dezessete anos.
Somos amigas, a empatia entre nós duas aconteceu desde a primeira vez que
nos vimos. Sempre que a mãe permite ela vem passar alguns dias comigo e
nos divertimos horrores.
Ele é o único homem da família e, por isso, foi o sucessor do pai na
função de Capo. Com a morte dele, Paolo assumiu todas as responsabilidades
da mãe e Gio.
Pensar que minha amiga também vai casar por obrigação acaba
comigo. Gio sonha em cursar a faculdade, mas se ela tiver que se casar assim
que completar dezoito anos nunca realizará seu sonho.
— Quando penso em toda essa realidade deles fico enjoada.
— É a vida que eles foram destinados, bambina. — Mirta acaricia a
minha mão. — Você tem sorte de ser livre, pode escolher seu futuro.
Olho para as minhas mãos sobre a mesa, não me sinto livre, não
enquanto eu viver nesta casa, sob a proteção do poderoso Capo ranzinza.
— Não sou livre ainda, mas serei em breve. — Encaro Mirta. — Vou
embora desta casa. — Ela arregala os olhos.
— Como assim vai embora?
— Estou atrás de um emprego e, Dom prometeu arrumar um bom
lugar que eu possa morar.
Já tem uma semana que tive meu conflito com Paolo e desde então
não mudei de ideia. Vou construir uma nova vida longe dele e desta casa.
Será melhor para nós dois.
— Não pode ir, você pertence a este lugar.
— Eu não pertenço a lugar nenhum, sou sozinha no mundo. — Sinto
meu coração comprimir, eu sou uma pessoa solitária desde que fui vendida.
Não tenho ninguém de verdade, talvez tenha o Leo, mas ainda assim ele não
é obrigado a me ter por perto se não quiser, ninguém é, na verdade.
— Claro que não é sozinha, você me tem sempre. — Ela passa o
braço por meus ombros. — Não pense que vá se livrar de mim, bambina,
você é como filha. — Os meus olhos ficam marejados.
— Obrigada, por sempre cuidar de mim.
— Faço isso com todo o meu amor.
— Que cena tocante. — Levo um susto quando a voz de Dom invade
a cozinha.
Ergo os olhos e o encontro com uma das mãos no bolso da calça de
linho cinza. A outra segura seu paletó sobre o ombro e seu cabelo como
sempre está preso por um elástico. Ele tem as pernas cruzadas nos
calcanhares e seu colete de seda abraça seu corpo musculoso com perfeição.
Uma camisa branca ganha destaque por conta da gravata vermelha e o
inseparável coldre contorna suas costas, deixando um lembrete da sua
verdadeira face por trás do seu olhar divertido.
Como sempre é a imagem da elegância. Domênico é um apetitoso
pedaço de homem, meu coração poderia acelerar por ele, certamente Dom
seria muito mais receptivo comigo do que Paolo.
— Não comece com implicância — digo enquanto ele se aproxima da
mesa.
— Por acaso tem café nesta cozinha?
— Claro que sim, eu mesma vou te servir. — Mirta levanta.
Ele senta ao meu lado e beija meu cabelo. Como um homem tão
gentil pode ser um assassino? Não consigo pensar nele fazendo mal a alguém,
mesmo já tendo presenciado ele com respingos de sangue na roupa.
— Como você está, grande atiradora? — pergunta ao pegar a xícara
que Mirta o oferece.
— Pare de implicar comigo, em breve estarei atirando bem. — Dom
esconde o sorriso ao beber o café. — Ainda estou determinada a ir embora.
— Ele assente e experimenta a sua bebida.
— Achei que tivesse abandonado essa ideia absurda de morar
sozinha.
— Não é absurda, é o que eu deveria ter feito quando fiz dezoito anos.
Ele abaixa a xícara e corre a ponta do indicador sobre a borda,
pensativo.
— Por que não fica até completar a faculdade? Trabalhando terá
menos tempo de estudar.
— Não vou ficar aqui. — Ele prende os lábios em uma linha fina.
— Por que tanta teimosia?
— Dom, eu quero distância de Paolo. Ficar perto dele não está me
fazendo bem. — Nunca discuti com ele a paixão que sinto por seu chefe, mas
Domênico é um homem esperto, sabe exatamente sobre os meus sentimentos.
Ele suspira fundo parecendo derrotado, por mais que não queira
aborrecê-lo, não vou mudar meus planos.
— Você entende que quem deveria estar aqui tendo essa conversa
comigo era Paolo? — pergunto sentindo a mágoa me consumir. — Ele não
liga que eu vá, deve até estar ansioso por isso.
— Não diga isso, Paolo está pensando que você teve apenas um
rompante de raiva, quando descobrir que ainda pensa neste absurdo, não vai
reagir bem.
— Ele não vai poder me impedir. — Domênico sorri.
— Ao longo desse tempo ainda não o conhece, não é mesmo? — Seus
olhos azuis metálicos caem sobre mim. — Masha, ele não abrirá mão de
você, não vai conseguir sair daqui.
— Eu vou pagar a ele o valor que me comprou, o avisei que faria isso,
só não posso quitar a dívida de uma vez, mas com os anos eu pago tudo. —
Ele estica a mão e acaricia minha bochecha.
— Você é tão inocente, bambina.
— Perdi minha inocência quando fui vendida aos traficantes. — Seus
olhos suavizam.
— Você ainda é a imagem da inocência. — Ele pega a minha mão e
beija. — Não gosto de pensar em vê-la sozinha neste mundo fodido, ainda
que hoje já saiba o mínimo para se defender.
— Eu vou me virar, não se preocupe.
— Não me lembro de dar alguma folga a você no meio do expediente,
Domênico. — Paolo aparece na cozinha com seu rosto frio e interrompe
nossa conversa.
Seus olhos vão para a minha mão que está unida a de Dom e seu rosto
fica ainda mais endurecido. Domênico não se afasta, pelo contrário, ele gira a
minha mão e a coloca com a palma para cima. Olhando para Paolo, começa a
fazer um delicado carinho com o polegar no meio dela.
— Vim pegar um pouco de café, encontrei Masha e aproveitei para
conversar sobre um assunto nosso. — Paolo trinca os dentes.
— Mirta e suas assistentes existem para servir o café, não precisa vir
à cozinha.
— Só que eu quis vir — comenta com tranquilidade.
A maneira serena que ele lida com o chefe é admirável. No geral eu
sempre me irrito com o jeito mandão de Paolo e acabamos nossa conversa
com alguma discussão. Já Dom não, ele não eleva a voz nem muda sua
expressão.
Claro que ele tem normas a seguir quando se trata do Capo, eu mesma
tenho. Por mais que Paolo me enlouqueça, nunca o afronto na frente de seus
homens, sou obrigada a engolir todos os seus desaforos, mas quando estamos
sozinhos não me contenho tanto, mostro o quanto ele me irrita.
— Quando acabar de acariciar Masha vá para o escritório, você tem
muito que fazer sobre os contratos da nova boate. — A frieza da sua voz
arrepia meu corpo. — Tenho uma reunião com alguns empresários do setor
hoteleiro, se algo acontecer me ligue.
Ele vira-se e vai embora de cara fechada, seguido de perto por Nicolo.
Nunca vi ninguém que passa o dia constantemente mal-humorado.
— Viu como ele nem falou comigo? Paolo me odeia. — Domênico
eleva os lábios contra a borda da sua xícara em um contido sorriso.
— Pode apostar que ele não te odeia. Se odiasse, na melhor das
hipóteses, você estaria fora dessa casa há muito tempo.
— E qual seria a pior das hipóteses? — Nossos olhos se encontram e
um tremor se espalha por meu corpo. — Ele me mataria?
— Paolo não mata mulheres sem ser por um bom motivo, mas ele te
deixaria à própria sorte sem nenhum tipo de ajuda.
Olho para longe, pensando no terror que seria se ele me jogasse na rua
sem nenhuma condição de me sustentar.
— Vou começar a buscar um trabalho para você e providenciar um
lugar para morar, se mudar de ideia me avisa, certo?
— Não vou mudar, eu quero ir embora. — Ele suspira derrotado.
— Ah, bambina, essa sua teimosia é irritante. — Sua mão grande
puxa minha cabeça contra seu peito e seus lábios vão até o meu cabelo. —
Você pode até ir embora, só não pense que se livrará de mim, estarei sempre
de olho nos seus passos.
— E quem disse que te quero longe? — Olho para ele sorrindo.
Domênico me encara sério e balança a cabeça ao levantar e esconder
um sorriso. Acho engraçado a sua mania de tentar se fazer de durão. Seus
olhos brilhantes deixam claro o quanto ele quer sorrir para mim.
Esses homens... são tão bobos.
Antes de ir embora ele pega outra xícara de café e desaparece pela
porta com seu andar firme e toda a sua elegância.
— Certo, eu vou pedir para ela passar aí hoje à tarde, fico te devendo
essa, Cassandro. — Domênico encerra a ligação quando para ao meu lado no
bar do La Fontaine[19], nossa mais famosa boate em Roma.
— O que você vai ficar devendo a Cassandro? — Estreito os olhos na
sua direção.
— Nada demais — sua resposta é feita enquanto digita uma
mensagem.
— Não minta para mim, quero saber agora mesmo o que vai dever a
ele. — Descanso um braço no balcão e me viro para olhá-lo melhor.
Domênico enruga a testa ao terminar a mensagem e ergue seus olhos
frios.
— Pedi uma oportunidade a Cassandro para Masha, ele vai arrumar
um emprego pra ela. — Por essa eu não esperava.
Encaro Dom sem palavras, não acredito que ele está a ajudando nessa
loucura de morar sozinha.
— Quem te autorizou a fazer isso? — pergunto sem esconder minha
irritação. — Ligue para ele agora mesmo e desfaça seu pedido impróprio.
O rosto dele endurece ainda mais e entendo que uma briga acaba de se
instalar entre nós.
— Isso não tem nada a ver com nossa relação de trabalho, então eu
não preciso me reportar a você sobre meus atos.
— Sou o seu Capo, tudo está relacionado a nossa hierarquia.
— Você sabe que não está. — Domênico mantém sua voz serena, mas
sua expressão deixa claro que ele quer quebrar a minha cara. — Masha está
convicta de que deve ir embora e eu acho que vai ser bom. Você em breve vai
procurar sua esposa e certamente ter outra mulher em casa não será do agrado
da sua companheira. É bom a bambina já ter um lugar para chamar de seu.
Odeio a sua sensatez, Dom nunca erra nos seus julgamentos e neste
momento quero esganá-lo por me mostrar o óbvio.
— Não vou me casar agora, ainda vou pensar com calma sobre o
assunto.
— Você precisa se casar com urgência, os conselheiros já estão
ficando impacientes por não ter um herdeiro. Se prolongar demais nessa
escolha, acabaremos tendo um conflito que poderá colocar em risco a sua
posição no clã.
E mais uma vez esse merda tem razão, os meus principais tenentes já
estão me pressionando sobre o assunto, alguns até andam me convidando
para festas no intuito de me aproximar das suas filhas. Todos querem o Capo
como genro, é uma honra entregar uma filha ao grande líder da Famiglia.
Inferno! Eu não quero casar, pensar em ter uma mulher para o resto
da vida é assustador.
— Não se preocupe com Masha, eu já estou pensando onde alocá-la.
Tenho vários imóveis na cidade, vou disponibilizar um para ela sem informar
que sou o proprietário, o dinheiro que ela pagar de aluguel eu guardarei para
que possa usá-lo futuramente.
— Ela é minha responsabilidade. — Sinto meu controle começar a
ruir.
— Só que ela não quer ser mais.
— Ela não tem querer. — Dom trinca os dentes.
— Vai começar com a história de ter a comprado?
— Mas eu a comprei, caralho! Não estou inventando nada.
— Você disse que quando ela fosse maior de idade poderia encontrar
o seu caminho, se não recorda Masha já tem dezenove anos, então está livre
para seguir o seu destino. — Eu vou perder o meu melhor amigo hoje, porque
se ele não calar a boca, quebro o seu pescoço.
— Ela não está livre até que eu diga que possa ir. — Travamos uma
guerra de olhares.
— Vocês querem uma bebida? — o barman pergunta, certamente
querendo impedir a nossa briga.
— Cai fora daqui, estamos resolvendo um assunto — ordeno sem tirar
os meus olhos de Dom.
— Por que está fazendo isso com ela? Você não a quer, Masha é
apaixonada por você e sofre em cada vez que a despreza. — Odeio ver a
proteção dele sobre meu inferno vermelho, eu sou o seu protetor, apenas eu
posso cuidar dela.
— Sou um filho da puta, Domênico, deveria saber disso.
— Pensei que com ela você seria diferente, ao menos eu sou quando
se trata da bambina.
— Você quer foder Masha, por isso fica se fazendo de bom moço. —
Domênico levanta e eu faço o mesmo.
Ficamos nariz contra nariz e ouço os meus seguranças sacarem as
armas. Dom pode ser um homem respeitado por todos eles, mas sabem que
devem obediência a mim, se meu Consigliere decidir me agredir, é função
deles o impedir até mesmo com a morte.
— Masha é como uma irmã, eu não tenho interesse sexual por ela,
deveria ser mais respeitoso, por conta das suas palavras desproporcionais ela
quer ir embora.
— Só que ela não vai, eu não quero que vá, ela é minha até segunda
ordem. — Vejo as narinas dele se expandirem como se fosse um touro bravo.
— Espero que você consiga um pouco de juízo e pare de ajudá-la, somos
amigos, você é um bom Consigliere, mas não pense que está livre de
qualquer punição.
Dou as costas para ele e saco o celular do bolso do terno. Busco o
nome de Cassandro e ele me atende no segundo toque.
— Senhor Torcasio, a que devo a honra?
— Esqueça o pedido de Domênico, não quero que arrume emprego
para Masha, isso é uma ordem, não pense em me contestar. — Encerro a
ligação e entro no meu escritório, puto.
Nem por cima do meu cadáver minha diaba vermelha vai embora,
ainda não sei o que fazer com ela, mas não a ter sob as minhas vistas está fora
de cogitação.
O resto do meu dia foi uma merda, pelo que Domênico conseguiu
levantar Yuri não tem sido visto nos últimos tempos. As suspeitas dele
parecem ser verdadeiras. Temos um novo líder em jogo e iremos precisar
mostrar a ele que não deve avançar nos nossos negócios.
Abro o botão do terno e afrouxo a gravata quando entro em casa.
Tudo está silencioso, isso é bom, hoje preciso do meu inferno vermelho para
poder tentar trazer algo bom para meu dia fodido.
Sigo direto para meu quarto em busca de um banho. Preciso tentar
tirar um pouco da tensão que me consome.
Quando saio do banho coloco uma calça de moletom e uma blusa de
malha preta.
Bato na porta do quarto da Masha, mas ela não me atende. Entro no
seu espaço e encontro o local vazio. Desço as escadas em busca dela, nessa
hora sei que está em casa, sua faculdade é pela manhã, normalmente ela
chega em casa na hora do almoço.
Não a encontro na sala, o que me faz seguir para a cozinha,
certamente está de conversa com Mirta, as duas vivem grudadas.
É com surpresa que encontro Mirta conversando com a sua ajudante e
nada da presença do meu inferno vermelho.
— Onde está Masha? — pergunto sem me importar em cumprimentar
as duas.
— Boa noite, senhor. — Mirta faz questão de repreender
discretamente a minha falta de educação. — A senhorita Masha está com o
Leonardo; eles foram ao shopping.
Definitivamente hoje não é meu melhor dia, tudo parece estar
seguindo para me irritar.
Puta que pariu!
Não digo nada a Mirta, apenas me viro e saio da cozinha contendo a
irritação. Vou até meu quarto e pego o celular. Ligo prontamente para Masha,
ela não deveria estar a essa hora com seu amigo, não quando eu tenho planos
para nossa noite.
— Oi. — A voz suave dela causa um arrepio no meu corpo.
— Onde está? — pergunto imediatamente.
— Vim passear no shopping com Leo. — Ouço um burburinho no
plano de fundo.
— Venha para casa agora e livre-se do Leonardo, quero você aqui em
no máximo vinte minutos.
Encerro a ligação puto, eu a queria em casa, para que eu pudesse
colocar em prática tudo o que estou pensando desde que tive a péssima ideia
de colocar minhas mãos nela.
Ouço a porta abrir enquanto degusto meu uísque, não demora muito
Masha desponta na sala, com seus lindos cabelos vermelhos emoldurando seu
rosto delicado.
Ela para ao me encontrar sentado na sala, seus olhos são um misto de
apreensão e desejo.
Linda como sempre.
— Não sabe ser civilizado ao ligar para alguém? — questiona irritada.
— Até consigo ser, mas não quando quero foder a pessoa para quem
estou ligando. — Escorrego meus olhos por seu corpo. — O jantar será
servido em breve, se quiser tomar um banho fique à vontade. — Ela agarra a
alça da bolsa com força.
— Você é insuportável — diz ao girar e seguir na direção das
escadas.
Sorrio. Apesar da sua insolência eu não ligo; tudo o que desejo é tê-la
comigo, ainda que esteja chateada.
Em menos de vinte minutos Masha está de volta, com os cabelos
soltos e com um vestido justo de malha preto. Ela me fita ainda irritada, mas
eu dou de ombros, foda-se tudo, o que eu quero é apenas ela.
— Vamos jantar — digo ao me levantar.
A ruiva aperta os olhos e me avalia, acho que notou a minha agitação.
Realmente não estou conseguindo esconder o quanto estou louco para levá-la
para cama. Penso nisso desde que levantei hoje cedo e mandei Gio para casa.
— O que você tem? — pergunta quando paro ao seu lado. — Está
estranho.
— Eu sou estranho — afirmo ao tocar seu rosto. — Você está linda.
— Aproveito que estamos sozinhos e provo seus lábios.
Ela rodeia os braços por minha cintura enquanto devoro sua boca
tentadora.
— Vamos comer logo ou eu esqueço que preciso te alimentar antes de
te foder. — Aperto sua bunda com força e depois puxo sua mão.
Chamo por Mirta quando sentamos à mesa, ela não demora a aparecer
com o nosso jantar. Enquanto termina de servir a mesa, faço algumas
perguntas banais à Masha, que me responde de maneira mecânica.
Posso estar enganado, mas ela parece nervosa. No geral Masha fala
demais, principalmente quanto estou aberto como hoje, dando a ela espaço
para tagarelar.
— Por que está tensa? — pergunto ao colocar um pedaço de tomate
cereja na boca.
— Não estou tensa — rapidamente responde.
— Está e sabe disso. — Pego a taça de vinho e bebo um pouco
enquanto a observo remexer os legumes no prato. — Não precisamos fazer
nada que não queira, eu não vou te forçar a dar um passo que não esteja
preparada.
Seus olhos vão até os meus, ela parece surpresa com a minha fala, eu
também estou, o certo era eu convencê-la a ir para cama comigo, não ser o
caralho de um lorde.
Pela maneira que cora eu sei que acertei em cheio no meu comentário,
de fato está nervosa com o que irá acontecer assim que terminarmos o jantar.
— Apenas relaxe, eu não vou te pressionar.
— Sei que não vai, mas eu... — Ela bebe um longo gole de vinho. —
Só estou apreensiva com a dor, sei que será desconfortável. — Seus olhos
estão na taça a sua frente.
Estico a mão e toco a sua, querendo de alguma maneira lhe dar
conforto.
— Apenas confie em mim. — Beijo sua mão.
— Eu confio. — Sinto o meu coração esmurrar contra o meu peito ao
ver a verdade na sua afirmação.
Para não a deixar ainda mais nervosa eu entro em um assunto leve,
perguntando sobre suas impressões do casamento de Mitchell. Consigo o meu
objetivo de relaxá-la e Masha começa a falar do quanto ficou encantada com
a festa.
Eu não reparei em porra nenhuma da decoração, as únicas coisas que
me interessavam lá era a bebida de qualidade e manter o meu inferno
vermelho longe de qualquer homem. Mas se ela quer falar dos detalhes da
decoração que assim seja. O que me importa neste momento é que ela se solte
e que fique calma para o que está prestes a acontecer.
Hoje ela será minha no sentindo pleno da palavra e eu estou louco
para esse momento chegar.
Quando o jantar acaba Masha volta a ficar tensa, dessa vez não posso
fazer muito por ela, esse é um momento que terá que passar. Estou feliz
demais por ser eu o responsável a mostrá-la esse novo mundo e não um filho
da puta qualquer, que poderia machucá-la de alguma maneira.
Entrelaço meus dedos aos seus e subo as escadas, sinto sua mão
suada, ela está nervosa. Quando entramos no corredor e eu a puxo para perto
e beijo o topo da sua cabeça.
— Se quiser ir até o fim hoje, prometo que farei o máximo para que
seja confortável para você. — Acaricio sua bochecha.
— Nós vamos até o fim — afirma. — Eu quero, Paolo, ainda que eu
esteja apreensiva, eu quero você mais que tudo.
Caralho! Assim ela me faz perder a compostura.
Paro na frente da porta do meu quarto e seguro seu rosto, avançando
desesperadamente contra seus lábios. Masha aperta os braços ao redor do
meu pescoço, enquanto move a boca contra a minha.
— Tudo bem ficarmos no meu quarto? — Não quero deixá-la
desconfortável.
— Fico onde você estiver. — É... de fato ela quer foder a minha vida.
Abro a porta e a puxo para dentro. Exceto pela primeira vez que
estive com uma mulher quando meu pai me levou a um puteiro, eu nunca fico
nervoso para trepar com alguém. Só que hoje eu estou nervoso pra caralho,
saber que eu serei o primeiro a ter Masha, causa uma agitação extrema em
mim.
Puxo seu corpo contra o meu e reivindico seus lábios em um beijo
lento, para deixá-la relaxada. Levo um longo tempo a beijando, correndo
minha mão por seu corpo, instigando-a e mostrando o quanto ela me excita.
Tiro seu vestido a deixando apenas com a pequena calcinha que
esconde o triângulo ruivo que eu tanto sou fissurado. Ergo a mão e envolvo
seu seio, friccionando o polegar no bico.
— Eu vou devagar, mas avise se eu ultrapassar alguns dos seus
limites, tudo bem? — digo querendo tranquilizá-la.
— Certo. — Adoro a sua confiança em mim.
Imediatamente a livro da calcinha e a deito na cama. Masha se abre
para mim, revelando o quanto está molhada. Eu não me seguro e avanço
sobre sua boca em um beijo intenso que aquece todo o meu corpo.
Deslizo os lábios por seu pescoço, sigo pela clavícula e avanço nos
seus seios. Perco um tempo neles, me fartando em cada um, os deixando
eriçados e vermelhos. Minha mão vai para o meio das suas pernas, quero
estimulá-la um pouco para que fique bem excitada.
Enquanto sugo seu seio, eu deslizo os dedos por suas dobras e
fricciono o dedo médio no seu clitóris. Ela se remexe e geme, sua mão vai
para a minha cabeça me instigando a chupar com mais força seu peito. Eu
dou o que me pede e me farto na suavidade da sua pele.
Sigo para o outro seio e como sinto que ela está extremamente
molhada, eu infiltro um dedo no seu canal. Masha remexe o quadril gemendo
alto.
— Você está tão molhada — digo ao pairar sobre ela e roçar meus
lábios nos seus. — Está difícil manter o controle. — A diaba vermelha sorri e
toca carinhosamente o meu rosto.
Linda e completamente minha.
Coloco outro dedo no seu canal e começo a fodê-la com mais vigor.
Encaro seu rosto, acompanhando de perto cada uma de suas expressões.
Masha me fita de volta e seus olhos estão nublados de desejo, ela está bem
perto de gozar.
Intensifico meus movimentos, querendo que ela venha na minha mão.
Prendo seus lábios nos meus e meto os meus dedos bem profundo e cada vez
mais rápido.
Sinto suas unhas cravarem nos meus ombros quando ela se contorce
sob meu corpo e goza. A minha mão fica ainda mais molhada com o seu
gozo, eu não paro de penetrá-la, continuo fodendo sua boceta apertada com
meus dedos, estendendo o seu orgasmo.
— Você fica ainda mais linda quando está gozando, é uma visão
grandiosa acompanhar seu momento de prazer. — Beijo seu queixo e depois
subo até sua boca, envolvendo lentamente a minha língua a dela.
Masha se enrosca em mim, deslizando a boca contra a minha
enquanto solta suaves gemidos. Tiro meus dedos do seu interior e levo até a
minha boca, os lambo lentamente, sem tirar meus olhos dos seus.
— Deliciosa como sempre. — Ela morde o lábio inferior, parecendo
constrangida. — Adoro quando fica toda vermelha.
— Para, Paolo, você está me deixando sem graça.
— Não foi a minha intenção. — Beijo seu pescoço escondendo um
sorriso. — Quero você na minha boca.
— Acabei de gozar, me dê um tempo.
— Não vou dar tempo nenhum, eu quero que goze novamente, assim
você vai ficar bem relaxada para poder me receber.
O meu pau fica ainda mais duro quando penso que em pouco tempo
eu estarei deslizando por entre suas dobras macias.
— Eu estou relaxada. — Ela segura a minha cabeça e me beija.
Sua mão pequena vai para o meu pau, Masha desliza a palma por toda
a minha ereção, me deixando extremamente duro.
Espalho beijos por seu pescoço indo para a sua barriga, sigo
lentamente para o monte ruivo que me deixa completamente sem equilíbrio.
Abro suas pernas e avanço na sua umidade, Masha geme alto e rebola
contra a minha boca. Eu a chupo com intensidade saboreando o seu gosto
excitante. Nada se compara a ela, o seu sabor é único.
Prendo seu clitóris nos lábios e o sugo com força, ela agarra o meu
cabelo e requebra o quadril contra a minha boca.
— Gostosa pra caralho! — digo ao lamber toda a sua entrada. — Não
vejo a hora de entrar em você. — Sugo a sua boceta faminto; desesperado
para poder me afundar dentro dela e fazer Masha completamente minha.
— Paolo! — ela grita o meu nome quando se desmancha em minha
boca.
Tão bom ouvi-la me chamar enquanto goza, eu quero ser o único
dono do seu prazer. Masha é minha e de mais ninguém, não vou permitir que
cheguem perto dela, meu inferno vermelho é uma preciosidade, eu vou
protegê-la de qualquer mal.
— Você está tomando anticoncepcional? — pergunto ao encarar seus
olhos meio sem foco por conta do seu orgasmo.
— Estou — responde com as bochechas ruborizadas. — A minha
menstruação estava irregular e eu passei a tomar para ter mais controle.
— Podemos dispensar a camisinha? Quero sentir você sem nada. —
Ela morde os lábios, parecendo indecisa. — Se não quiser tudo bem, não
estou te obrigando a nada.
— Por mim tudo tranquilo, eu confio em você. — Masha ainda me
mata do coração, puta merda!
— Você está no comando sempre. — Preciso que ela se sinta segura.
— O.k. — diz ao afundar a cabeça contra o travesseiro.
Rapidamente eu me livro das minhas roupas e apoio o joelho no
colchão. Masha me encara intensamente, ela está com medo, mas tenta
controlar o seu temor.
Seguro sua perna e vou espalhando beijos lentos, até que eu chego à
sua virilha, corro a língua pelo local, a estimulando sem pressa. Preciso que
fique calma, sem medo.
Ergo-me sobre o seu corpo e a beijo, ela envolve os braços por meu
pescoço e se deixa levar pela intensidade do meu beijo. Libero a minha
ereção para cutucar a sua entrada, porém não me movo, apenas mantenho
meus lábios contra os seus, degustando lentamente a sua boca.
Quando me afasto eu fito seus olhos e vejo que ela me observa com
ansiedade. Seguro sua coxa, a colando contra meu quadril, Masha segura
meus braços, suas unhas se afundam na minha carne quando centralizo na sua
entrada.
Capturo seus lábios e a beijo lentamente, enquanto me esfrego na sua
umidade. Quando sinto que ela está completamente relaxada, eu me precipito
para o seu interior, tentando invadi-la lentamente.
Masha fica rígida, porém não me para, ela apoia as mãos na minha
cintura e mantém a boca contra a minha. Eu vou entrando lentamente,
sentindo seus músculos tensos me receberem. O calor dela me envolve,
fazendo meu corpo pegar fogo.
— Apenas relaxe, quanto mais calma ficar menos doloroso será —
digo ao me movimentar bem devagar, apenas abrindo espaço para que ela vá
se acostumando com o meu tamanho.
O suor escorre por minha testa, estou me controlando ao máximo,
contendo a vontade insana de mergulhar de uma vez nesse seu calor
delicioso.
— Eu estou tentando. — Sua voz é tensa.
Volto a beijá-la e faço um movimento lento entrando e saindo,
alargando seu canal, mas sem avançar muito. Seus músculos vão me
aceitando e eu sinto que ela está mais calma. Decido avançar mais um pouco
e chego à sua barreira, ultrapassando com um movimento continuo. Masha
resmunga e crava as unhas na minha pele.
— Quer que pare? Mas aviso que o pior já passou.
— Vou ficar bem, não pare. — Sua voz sai trêmula.
— Masha...
— Não vamos parar, apenas siga em frente. — A determinação na sua
voz me faz mover o corpo, indo ainda mais fundo.
Começo a me mover bem devagar, tentando ajustar seu corpo ao meu.
Ela quase me faz perder o equilíbrio ao sentir o quanto é apertada.
Isso é muito bom, ela é gostosa demais.
Tudo o que eu queria era invadi-la com força, meter nela até o talo,
mas ainda não posso, em breve terei meu desejo realizado e vou fazê-la urrar
de prazer enquanto a fodo com vontade.
Para aplacar um pouco seu desconforto, eu desço uma mão entre o
nosso encaixe e fricciono seu clitóris. Ela geme, demonstrando satisfação
com meu toque.
— Você é malditamente gostosa Masha, essa sua boceta quente e
apertada está me deixando louco — sussurro contra seu ouvido. — Quando
você estiver acostumada comigo, quero que me monte e leve meu pau até o
fundo, bem gostoso — ela geme e afunda as unhas na minha pele.
Vou me movendo lentamente, tentando fazê-la se acostumar com
minha invasão. Encaro seus olhos e vejo o quanto está tensa.
Intensifico a fricção contra seu clitóris, sei que nessa primeira vez seu
prazer não acontecerá com meu pau, mas eu quero que ao menos goze com a
minha mão.
Ela não dura muito e goza outra vez, seu corpo se agita sob o meu. A
sua boceta pulsa dolorosamente ao redor do meu pau, me fazendo perder o
controle e acelerar a minha invasão quando começo a sentir meu orgasmo
chegar.
O meu pau incha contra suas paredes apertadas, ela parece me sugar,
tudo o que queria era fodê-la com intensidade, mas isso vai ter que esperar
um pouco.
— Masha... — digo seu nome quando me libero no seu canal,
deixando meu prazer invadi-la. — Você é perfeita — assumo ao beijar sua
garganta.
Eu estou muito fodido, não posso mais ficar sem meu inferno
vermelho.
Sempre que eu pensava sobre a minha primeira vez, era justamente
com Paolo que eu gostaria de dividir esse momento. Claro que na maior parte
do tempo eu não achei que esse sonho seria real, mas agora, o tendo dentro de
mim, me tomando com tanto cuidado, não consigo conter a felicidade.
Quando entrei neste quarto, quase desisti de ir em frente, o medo do
que estava para acontecer me engoliu furiosamente. Tive que conter as
minhas emoções e esconder meu temor de Paolo. Sei que se identificasse
qualquer tipo de dúvida ou medo, ele não seguiria em frente. E se existe uma
pessoa com quem eu queria dividir minha primeira experiência sexual, em
toda sua plenitude, esse alguém era ele.
Paolo pressiona o dedo contra meu clitóris, fazendo todo meu corpo
pegar fogo. O meu orgasmo explode parecendo arrancar todo o meu ar e eu
gozo mais uma vez. Meu corpo treme sem controle contra o dele e eu o
abraço forte, sentindo seu pau entrar mais fundo e mais rápido.
A ardência que antes estava me deixando incomodada desaparece,
sinto apenas o prazer me dominar, enquanto os últimos resquícios do
orgasmo, que ele me proporcionou com sua mão me consomem.
Não demora muito e Paolo também goza, inundando meu interior com
seu prazer.
Ele desaba sobre meu corpo, suado e ofegante. Passo a mão por seu
cabelo e beijo sua têmpora.
Meu.
Neste momento ele é só meu e eu ainda me sinto um pouco perplexa
por tê-lo comigo, dentro de mim. Envolvo meus braços por seu corpo grande,
sorrindo feliz por me entregar a ele. Estou tão exultante que sinto que posso
sair flutuando.
— Você está bem? — pergunta ao erguer o corpo.
— Estou ótima. — Pressiono meus lábios nos seus. — Nunca estive
tão bem em toda a minha vida.
Os olhos dele brilham de alegria e sua boca vem contra a minha com
furor. Acaricio suas costas enquanto me entrego ao beijo, sentindo nas pontas
dos dedos as pequenas cicatrizes que se espalham por suas costas.
Não gosto de pensar como ele as conseguiu, o seu mundo de dor e
violência é algo que nunca vou entender.
Lentamente ele escorrega para fora do meu corpo, me fazendo soltar
um lamento quando sinto uma ardência forte se espalhar por minha vagina.
— Vai melhorar da próxima — diz ao notar minha careta de
desconforto.
— Eu espero que sim. — Ele ergue-se e vejo que tem sangue no seu
membro que, diga-se de passagem, ainda está semiereto.
— Não fique impressionada com isso — diz ao acompanhar meu
olhar. — É normal ter um pouco de sangue.
— Isso é tão constrangedor. — Sinto meu rosto esquentar.
— Você fica um tesão toda envergonhada. — Paolo se inclina e me
beija. — Vou pegar uma toalha para te limpar, fique quieta.
Até parece que quero sair desta cama, sequer tenho condições de me
mexer, parece que meu corpo foi atropelado.
Ele some no banheiro e eu fico pensativa, ainda tentando assimilar
tudo o que acabou de acontecer.
Será que é verdade? Eu realmente acabo de perder a virgindade com
Paolo, o homem por quem sempre fui apaixonada?
Fecho os olhos e deixo um sorriso bobo escapar dos meus lábios, ele é
meu, depois de dois anos vivendo uma paixão platônica, eu o tenho do meu
lado.
Paolo retorna ao quarto com uma toalha na mão. Ele senta na cama e
toca a minha coxa. Seus olhos buscam os meus preocupados e eu ruborizo.
— Posso fazer isso. — Tento pegar a toalha, mas ele me paralisa.
— Eu vou fazer, apenas fique quieta. — Permito que abra minhas
pernas e deslize a toalha lentamente entre elas.
Fico completamente constrangida, não estou acostumada com esse
tipo de intimidade. Olho o teto ansiosa para ele terminar seu serviço, sei que
esteve diversas vezes com a boca na minha boceta, mas agora é tudo
diferente.
Ele acaricia a minha coxa quando termina de me limpar e retorna ao
banheiro. Quando volta para a cama deita ao meu lado e me puxa para ficar
em cima do seu peito.
— Em breve não vai sentir mais nada. — Seus lábios depositam um
beijo na minha testa. — Aí você vai implorar pelo meu pau o tempo todo.
— Depravado. — Soco seu peito e ele sorri.
— Só estou sendo sincero, não vai demorar pra você se acostumar a
me ter dentro de você e algo me diz que terei um trabalho do caralho contigo.
Não digo nada, até porque eu concordo com ele, sei que quando meu
corpo se adaptar ao sexo, eu vou querer Paolo a qualquer momento.
— Não pode ser. — Leo me olha chocado. — Você deu essa boceta
ruiva para o poderoso chefão? — Olho para os lados horrorizada que alguém
no restaurante o tenha escutado.
— Vai anunciar aos quatro cantos que transei com Paolo? — pergunto
em um sussurro.
— Desculpa, mio amore, eu fiquei um pouco emocionado —
responde sorrindo. — Que inveja de você, aquele homem é um gostoso, pena
que é hétero.
— Graças a Deus, ele é, ou eu não ia ter aproveitado cada pedaço
dele. — Leo aperta os olhos.
— Mal deu essa boceta e já tá safada, eu esperava mais compostura
da senhorita. — Nós dois sorrimos. — E aí? Como se sente agora que é uma
mulher em sua plena essência?
— Sei lá, é um pouco estranho saber que finalmente ele me enxerga.
— Amore mio, ele sempre te enxergou, só não queria se aproximar.
— Você pode ter razão, mas a verdade é que eu estou bem excitada
por saber que ele me quer.
— E quem não ficaria? Aquele homem é uma loucura: lindo,
poderoso e misterioso. — Leo pisca. — Você tirou a sorte grande.
— Não sei se tenho tanta sorte assim — digo pensativa. — Não posso
ter nada além de sexo com ele, Paolo é de outro mundo, tem compromissos a
cumprir com o seu clã.
— Ele é o chefe, pode fazer o que quiser.
— Infelizmente não é assim. — Olho para as minhas mãos, sentindo a
tristeza me engolir. — Eu vou aproveitar cada segundo antes desse sonho
acabar. Sempre o desejei e agora que o tenho não desperdiçarei nenhum
momento. Quando eu partir, levarei boas memórias dos momentos que
passamos juntos.
— Você ainda quer arrumar um emprego e morar comigo?
— Claro que sim, nada mudou, Leo. — Eu até queria que tivesse
mudado alguma coisa, mas eu tenho os pés no chão, sei que não pertenço a
vida de Paolo. — Só me dê algumas semanas para poder aproveitar ao
máximo a companhia dele, depois vou atrás de um emprego e nos mudamos.
Dessa vez eu vou tentar fazer tudo por mim mesma, não quero envolver Dom
em outra confusão.
— Leve o tempo que precisar, curta seu mafioso gostosão. — Ele
aperta a minha mão.
Terminamos o nosso almoço com tranquilidade, quando nos
encaminhamos para a saída do restaurante, sinto uma sensação estranha de
estar sendo observada.
Olho ao redor, mas não vejo ninguém conhecido. Meus olhos caem
para um homem que está digitando algo no celular. Ele é grande, veste um
terno caro, tem os cabelos castanho-claros e me causa uma sensação estranha
de familiaridade.
Balanço a cabeça voltando a andar, eu devo estar imaginando coisas,
quem iria estar me vigiando além do meu segurança Leonel?
— Ninguém consegue localizar Yuri, ele sumiu — Giorgio fala com
preocupação. — Alguma coisa está acontecendo.
Franco me olha inquieto, assim como eu ele sabe que uma mudança
na liderança dos russos pode nos trazer problemas.
— Peça a algum dos nossos rastreadores para descobrir o que
aconteceu. Se Yuri tiver sido eliminado eu preciso saber com quem terei que
lidar.
— Tudo bem. — Giorgio se afasta.
— Sinto que esses russos vão dar muita dor de cabeça, em especial se
o comando mudar — Franco comenta.
— Se eles ousarem mostrar as garras, teremos um derramamento de
sangue em nossas ruas, eu não vou permitir que atrapalhem os negócios.
Ele faz um gesto de concordância, silenciosamente me apoiando em
qualquer decisão que tomar.
— Eu estive em uma ligação com Santino neste final de semana. —
Eu o encaro tentando entender porque estava de conversa com o Capo da
Camorra em Nápoles.
— Por que está conversando com ele? — pergunto irritado.
— Investimos em alguns negócios comuns, às vezes nos esbarramos
em mesas de reuniões. — Não gosto da sua justificativa. — Eles também
estão tendo problemas com os russos e eu pensei que poderíamos unir forças.
— Aperto os olhos, sinto que não vou gostar do rumo dessa conversa.
— Nós não trabalhamos com eles, você deveria saber disso já que é o
membro mais antigo do nosso clã. — Rosno. — Não quero mais que entre
em contato com Santino sem a minha autorização, sou eu que mando nessa
porra.
— Precisamos nos moldar de acordo com nossos interesses, Paolo. —
Ele não retrocede.
— Não tenho interesse em trabalhar com Santino, somos de universos
diferentes, as nossas organizações não se misturam.
— Somos italianos antes de tudo e não é um sacrilégio nos unirmos
para colocar os russos em seus devidos lugares.
— Aonde exatamente quer chegar? — Essa conversa não vai terminar
bem para o lado dele.
— Só estou tentando abrir nossos horizontes, caso os russos fiquem
sem controle.
— Não se preocupe com eles, eu sei o que faço.
— Certo. — Ergue as duas mãos em sinal de rendição. — Não vou
falar mais nada.
— Acho bom.
Domênico entra na sala interrompendo nossa conversa. Ele corre os
olhos entre nós sentindo o clima tenso.
— O que foi? — pergunto tentando mudar o foco da conversa.
— Pedi a Sergio para buscar informações sobre Yuri, não vou esperar
por Giorgio.
— Fez bem, precisamos de rapidez nessa procura. — Sergio é um
excelente rastreador, certamente não demorará a encontrar as respostas que
precisamos. — Quero ficar informado imediatamente sobre o que ele
descobrir — ordeno a Domênico. — Já você, Franco, esqueça essa merda,
não quero ligação com a Camorra além do necessário.
— Já entendi, Paolo — diz claramente irritado.
— Dom, cuide de qualquer novo acontecimento, eu vou para casa. —
Levanto ansioso para colocar meus olhos em Masha.
Ignoro o rosto contrariado de Franco, ele é um homem que tenho
muita consideração, mas não permitirei que me diga o que fazer.
Eu sou o líder dele e tomo as decisões que achar justa.
— Eu não estou conseguindo entender por que Franco teve essa ideia
tão absurda. — Assim como eu, Dom também não gostou da aproximação
dele com Santino. — Também não é certo ele ter esse tipo de conversa sem
sua autorização.
— Falei com ele justamente sobre isso. — Encaro o céu através da
janela do meu escritório no La Fontaine. — Dessa vez só o repreendi
verbalmente, mas se eu souber de outra conversa terei que ser mais enérgico.
— Deixe isso claro a ele. — Domênico levanta e vai guardar uma
pasta. O seu celular toca e ele atende prontamente. — Como é? — Meus
olhos vão para sua expressão tensa. — Mas que caralho! — Ele aperta o
indicador e o polegar nos olhos. — Não faça nada, eu vou resolver isso com
Paolo, venha embora com os homens que sobraram, não queremos chamar
atenção.
Quando encerra a ligação ele me fita com irritação.
— O que foi? — Pelo pouco que ouvi temos um problema dos
grandes.
— Um de nossos carregamentos foi atacado. Perdemos três homens.
Não falo nada de imediato, tento no primeiro momento controlar a
minha ira.
— Tem noção do quanto perdemos? — Domênico não diz nada, mas
pelo seu olhar o prejuízo financeiro foi grande. — Quero todos os homens na
rua, virem Roma ao avesso, mas achem o caralho das minhas drogas.
Tenho certeza de que os russos estão por trás desse ataque, eles estão
buscando uma guerra e vão encontrar o que desejam. Eu vou iniciar um
banho de sangue e ninguém irá me parar até que eu destrua cada um desses
malditos bastardos.
Ando pela sala ansiosa, Andrei avisou que chegaria no final da tarde.
Como Domênico me afirmou que Paolo não chegará tão cedo, eu estou
tranquila que terei um tempo para conversar com meu irmão.
— Senhorita Masha, sua visita chegou. — Levo um susto quando
Leonel quebra meus pensamentos.
Olho através das costas dele e vejo meu irmão para me encarando
com intensidade.
— Obrigada, Leonel, pode sair. — Ele prontamente me obedece e
fico sozinha com Andrei.
— Não sei como aguenta ficar vigiada dentro desta prisão. — Ele se
aproxima e beija meu rosto. — Como está?
— Muito bem. — Olho atentamente seu rosto.
Como ele está bonito, a mamãe ficaria tão feliz em vê-lo um homem
feito. Sinto meu coração esmagar quando penso que ela já não está aqui, toda
a minha família foi destruída.
— Vamos nos sentar. — Puxo sua mão. — Quero que me conte um
pouco sobre você. — Peço quando nos acomodamos juntos no sofá.
— Não tem muito que falar. — Ele fica pensativo. — Quando saí de
casa não tinha para onde ir, vivi um bom tempo vagando pelas ruas, consegui
alguns empregos esporádicos, passei a ficar em algumas pensões, quando não
dava para pagar voltava às ruas. Até que um dia fui parar em Trullo [26] e
conheci um senhor que era mecânico. Passei a trabalhar com ele e formamos
uma boa amizade. Angelo era um homem incrível e me ensinou tudo sobre
mecânica. Ele já não tinha família, era um lobo solitário como costumava
dizer.
— Parecia ser uma pessoa especial.
— Era sim — Andrei suspira triste. — Angelo faleceu tem oito
meses, ele me deixou tudo o que tinha. — Fico com a respiração em
suspenso.
— Eu lamento, Andrei. — Seguro sua mão.
— Também lamento, ele me faz falta, era meu único amigo de
verdade. — Sua mão afaga a minha. — Depois que ele se foi eu me empenhei
ainda mais em te achar, até que uma vez te vi ao redor da faculdade com uma
amiga. Naquela hora eu sabia que era você e passei a sempre ir te observar.
Um dia eu fui atrás de você em um restaurante e te vi conversando com um
rapaz, tive medo de me aproximar, mas não desisti de um contato.
A minha mente volta ao dia que senti alguém me observando quando
almoçava com Leo. Naquele dia jamais imaginei que meu irmão estava por
perto.
— Era você que parou de moto em um restaurante quando eu estava
sentada no lado externo? — Ele enruga testa.
— Nessa vez não fui eu. — Agora eu fico preocupada.
— Não? — pergunto um pouco surpresa.
— Sempre tentei ser discreto quando te observava. — O meu coração
acelera, porque se não foi ele certamente os russos estão por trás disso.
— Esquece isso, o importante é que está aqui. — Toco seu rosto. —
Estou feliz em tê-lo de volta à minha vida.
— Também estou, porém me sinto preocupado por viver aqui.
— Não tem com que se preocupar, Andrei.
— Tenho quando você está na casa de Paolo Torcasio, o líder da Cosa
Nostra em Roma. — Empertigo o corpo. — Angelo sempre pagou proteção
para ele, sei o que faz e ainda pago o que pede.
— Paolo nunca foi mau para mim, ele me salvou do pior.
— Eu não sabia dessa informação antes de me contar, sou grato a ele,
mas isso não impede de te tirar dele. — Andrei toca meu rosto. — Somos
uma família, eu enfrentei todos os desafios pensando em você, na mamãe e
na nossa irmã. Queria vocês comigo, mas não consegui salvar todas. — Seus
olhos ficam nublados pela tristeza. — Não vou falhar contigo, ao menos uma
de vocês eu vou cuidar. — Fecho os olhos quando beija minha testa. —
Vamos embora, Masha, essa vida não te pertence, o papai vivia entre
criminosos e veja o que ele nos causou?
Meu coração fica em conflito, sei que ele está certo, eu não pertenço
ao mundo de Paolo, mas ao mesmo tempo pensar em nunca mais vê-lo me
causa uma tristeza profunda.
Como será quando eu acordar e saber que não vou encontrá-lo na
mesa do café da manhã? Que não vou ouvi-lo reclamando, resmungando
pelos cantos e me deixando louca?
— Não posso ir agora, Paolo está com problemas e me pediu para
esperar até que resolva tudo.
— Você não consegue enxergar que ele está te manipulando?
— Andrei, pode apostar que ele não está. Eu quero ficar mais um
pouco. — Sou sincera. — Amo o Paolo, ele representa muito para mim, vou
aproveitar cada segundo ao seu lado e, quando chegar o momento de partir,
eu vou contigo. — Meu irmão não esconde o descontentamento com a minha
posição.
— Estou te esperando, agora posso cuidar de você. — Ele me abraça
e eu começo a sentir minha vida entrando nos eixos.
Encontrá-lo não estava nos meus planos, mas agora que ele está aqui e
que eu sei tudo o que passou, eu entendo que nós dois somos sobreviventes
de todas as transgressões do meu pai.
— Ainda viveremos muitas coisas juntos, eu prometo. — Encosto
minha testa a dele, feliz por ter alguém da minha família com quem contar.
— Paolo, eu faço o que você quiser, mas não o mate. — Giuseppe
está parecendo um tomate de tão vermelho. — Posso dar um corretivo nele
diante de todo o nosso Conselho, acho que cortar sua mão será uma maneira
justa de lembrá-lo para sempre que não deve roubar a Famiglia.
É tão prazeroso vê-lo implorar pela vida do seu único filho homem.
Sei que para ele está sendo uma vergonha imensa o que Ciro fez e isso me
deixa tão feliz.
— Apenas uma mão por seis meses dele me roubando? — Ergo o
cigarro até meus lábios e puxo um trago profundo, expiro lentamente a
fumaça, exibindo um discreto sorriso. — É muito pouco, eu quero cortar o
pescoço dele. — Ele seca o suor que se formou na sua cabeça calva.
— Eu pago tudo o que ele te roubou, só preserve a vida do meu filho.
— Na minha administração quem é ladrão morre. — Dou um soco na
mesa. — Se quiser pode ir dar adeus ao seu filho, vou fazer isso em
consideração a sua longa amizade com meu pai. — Sou irônico, porque estou
pouco me fodendo para ele.
— Por favor, não faça isso.
— Tire-o daqui Nicolo, basta desse merda se humilhando por um
ladrão filho da puta.
— Paolo eu imploro, Ciro é meu único filho homem, preciso dele.
— Educou mal seu filho, ele é pior que você. — Cuspo essas palavras
deixando claro o quanto o odeio. — Você tem sorte de não o matar também,
só não faço isso porque não descobrirmos nenhuma ligação sua com estes
roubos, mas saiba que eu vou fazer uma investigação minuciosa e se eu
descobrir, você será o próximo a ir para o inferno. — Faço sinal para Nicolo
tirá-lo da minha frente e o desgraçado sai gritando, achando que vai me
convencer a ser piedoso.
Como se eu soubesse o que é piedade. Deprimente o comportamento
dele.
— Nunca imaginei presenciar essa cena — Domênico diz perplexo.
— Giuseppe sempre foi tão acima de todos, vir implorar pelo filho ladrão me
surpreendeu.
— Foda-se ele! Se fosse eu ou você o ladrão, ele estava comendo
nosso cu agora mesmo. — Amasso o cigarro. — Avise a Giorgio para lidar
com qualquer um dos tenentes que possa querer falar comigo sobre essa
situação, irei apenas me manifestar quando eu entregar o corpo de Ciro.
— Que horas irá ao galpão? — Assim como eu, Domênico está
ansioso para começar a brincadeira.
— Apenas no final do dia, Nicolo vai até lá mais tarde preparar o
nosso caminho.
— O dia será longo. — Dom bufa. — Preciso resolver alguns
problemas na rua, ligarei para Giorgio no meio do caminho.
— Vai direto para o galpão?
— Volto a tempo para irmos juntos.
— Certo.
Quando Domênico vai embora eu ligo o computador, preciso de uma
distração ou quem vai morrer sou eu, mas no meu caso será de ansiedade,
porque eu estou louco para começar o meu embate com Ciro.
Depois de um dia de trabalho intenso eu estou no galpão, pronto para
começar a diversão. Arregaço as mangas da minha camisa, ansioso para
proporcionar a Ciro grandes emoções antes do seu último suspiro.
Entro no espaço vazio e vejo Ciro e seus três homens de confiança
enfileirados sentados em cadeiras paralelas. Fecho e abro as mãos, louco para
surrar o desgraçado.
Uma pena ser ele, eu queria o seu pai na minha frente, mas será um
bom recado para Giuseppe, ele saberá que deve se curvar a mim.
— Como vai Ciro? — pergunto ao me aproximar. — Você teve as
boas-vindas dos meus homens? — Sorrio sarcasticamente.
— Paolo, tudo não passa de um mal-entendido. — Ele me olha
apavorado.
— Não diga? — Eu paro bem na sua frente. — Então todos os
comerciantes que Domênico interrogou estão mentindo?
— Estão. — Ele se atreve a tentar me ludibriar. — Eu não cobrei nada
além do combinado.
— Mentiroso. — Soco o seu rosto. — Meus homens foram em cada
estabelecimento do bairro que era responsável e todos afirmaram que você os
cobrou a mais.
— Posso explicar. — Ele praticamente implora e recebe outro soco
que cai direto no seu olho.
— Não seu filho da puta, você não pode explicar. — Acerto mais um
soco no seu rosto, começando a deformar sua face. — O que você pode fazer
agora é assumir sua punição como homem, coisa que eu não acredito que
faça.
Percebo Domênico parar ao meu lado, ele também tem as mangas da
camisa arregaçadas e sua adaga na mão.
Nós somos homens letais em momentos como esse, aprendemos
desde cedo que devemos dar o exemplo quando somos traídos. Hoje Ciro e
seus homens irão enviar um recado certeiro a todo nosso clã.
— Você. — Dom aponta para um dos prisioneiros. — O seu chefe
traiu nosso Capo? — pergunta ao cretino com a voz fria.
— Não, senhor! Nunca cobramos a mais, não sei de onde veio essa
história. — Sem dizer nada Dom corta sua garganta e o faz cair sangrando no
chão até que ele fica parado e com olhos arregalados.
— Quem será o próximo? — pergunto ao sacar minha faca das costas.
— Eu já tenho todas as provas das traições de vocês, quero apenas que
assumam o que fizerem.
— Paolo, por favor, nós podemos conversar, juro que devolverei tudo
o que recebi a mais. — Ciro, como sempre, é um covarde.
— O problema é saber se eu quero receber. — Deslizo a lâmina da
minha faca no seu rosto, mas sem cortá-lo. — Ciro, eu não gosto de quem me
traí, muito menos de quem me rouba. — Ele estremece. — E você me traiu
da pior maneira.
— Juro que foi um ato inconsequente, por favor, tenha clemência. —
Ele me encara com pavor. — Meu pai foi o Consigliere do seu, temos uma
história juntos.
— Foda-se seu pai e o meu. — Aperto a lâmina da faca na sua
garganta. — Eu odeio os dois e será um prazer te fazer sangrar. — Para
evidenciar o que falo eu corto sua bochecha e o sangue escorre me deixando
feliz. — Isso serve de exemplo a qualquer um — digo alto para meus homens
que estão dispersos ao meu redor. — Quem me trair, vai ser punido com a
própria vida.
— Punido com muita veemência. — Domênico se aproxima de mais
um dos homens de Ciro. — O que fazemos com quem gosta de roubar? —
pergunta ao filho da puta, que apenas fica calado. — Em alguns lugares,
cortamos a mão — diz com um sorriso. — Mas no nosso caso, começamos
com os dedos. — Sem dar tempo do infeliz pensar, ele corta um dos seus
dedos o fazendo berrar e sangue jorrar fazendo Dom exibir uma expressão de
satisfação.
Nós gostamos de infligir medo, somos especialistas em aterrorizar
nossos adversários.
— Por Deus, Paolo, tenha clemência, eu juro que pago com juros.
— Se existe uma coisa que eu não tenho é clemência. — Estendo o
braço na direção de Nicolo, que coloca na minha mão um pesado cutelo
afiado. — Sabe, Ciro, hoje seu pai veio implorar por sua vida e ele me deu
uma ideia excelente. — Rodeio seu corpo e paro bem atrás dele, me inclino
lentamente até que estou próximo do seu ouvido. — Ele pediu que eu
cortasse sua mão, para que lembrasse que me roubou. — O desgraçado
começa a tremer sem controle. — Ele quer que eu poupe a sua vida e o deixe
sem mão.
— Não faça isso. — Implora, segundos antes de começar a chorar.
Os meus soldados começam a rir com a sua demonstração de
fraqueza. Um homem de verdade deveria morrer com honra, não chorando.
— Podíamos gravar o choro dele para o pai ouvir. — Nicolo
sugestiona com ironia. — Seria bom Giuseppe ver o merda de filho covarde
que possui.
— É uma ideia boa. — Descanso o cutelo no ombro do Ciro. — Seria
bem interessante mostrar àquele velho desgraçado que o filho dele é um
ladrão covarde.
— Faço o que pedir, só não me mate.
— Vai fazer o que eu pedir mesmo? — pergunto fingindo considerar
sua proposta.
— Claro que faço, apenas peça. — Olho entre Dom e Nicolo
escondendo a vontade de sorrir.
— Então estenda o braço. — Nesse momento Nino, meu outro
soldado, coloca uma mesa na frente dele.
— Não Paolo, eu imploro, não faça isso — pede aos prantos, me
deixando irritado.
— Estenda a mão sobre a mesa — ordeno com a voz baixa. O infeliz
não me ouve e eu perco a paciência de vez. — Nicolo. — Apenas olho para o
meu homem e ele segura os dois braços do Ciro.
— Não! Me solte. — Ele se debate na cadeira mesmo estando
amarrado.
— Segure-o, Amaro — Domênico pede ao seu soldado.
Amaro é grande e consegue conter Ciro sem muito esforço.
— Dom, escolha qual a mão — Ciro grita enquanto Amaro o mantém
no lugar.
— Ele é destro, então pegue a mão que ele costuma contar o dinheiro.
— Você é o melhor — digo feliz e desço o cutelo no pulso de Ciro
quando Nicolo firma seu braço sobre a mesa.
O peso do cutelo e da lâmina extremamente afiada faz o seu osso
partir na hora. Todo o galpão é inundado pelo grito de dor do ladrão
desgraçado. Bato mais uma vez com extrema força e consigo arrancar sua
maldita mão.
— Acho que ele não vai mais poder contar dinheiro. — Os meninos
riem. — Que pena.
— Porra, ele se mijou. — Amaro olha para a poça de urina no chão.
— É um fraco mesmo. — Limpo minha mão com uma toalha e
acendo um cigarro. — Nicolo, aquele é seu, faça bom uso dele — aponto
para o comparsa de Ciro que está mais afastado do chefe.
O traidor apenas me olha e não diz nada, gosto assim, um homem de
verdade tem que saber morrer com dignidade.
Enquanto Nicolo se prepara para matá-lo, olho para Ciro que chora
compulsivamente enquanto geme.
— Lento ou rápido? — Nicolo pergunta a mim.
Dou de ombros, o que ele decidir está bom, a minha diversão
verdadeira está sem uma mão.
Sacando a arma do coldre ele atira na perna dele, o homem grunhe,
mas não implora por misericórdia. Se não fosse um ladrão safado, poderia se
tornar um dos meus soldados especiais.
Nicolo dispara na sua barriga e seu rosto fica contrito e mais uma vez
ele não diz nada.
— Mate-o de uma vez, sua coragem o credenciou a ter uma morte
rápida. — Domênico instrui Nicolo que me lança um olhar pedindo minha
autorização e a recebe de bom grado.
Com um tiro certeiro no meio da testa o corpo do bravo soldado de
Ciro cai no chão.
— Temos mais um — digo ao encarar Domênico. — Sua vez.
— Amaro, meu presente para você, eu já tive o prazer de matar um
deles. — Com um aceno ele oferece a vez ao seu fiel escudeiro.
Sem pressa Amaro anda até a mesa onde disponibilizamos os
materiais de tortura e passa a mão por diversas peças, até que ele escolhe o
saco plástico.
Amaro combina bem com seu chefe, é frio e muito equilibrado
emocionalmente. Ele e Dom são entediantes, toda essa calma deles me
estressa.
Trago o cigarro enquanto o observo se aproximar da sua vítima.
Parecendo alheio ao momento, Domênico digita algo no celular. Amaro
envolve o saco na cabeça do infeliz e começa a apertar.
Ele vai se debatendo enquanto fica sem ar, começa a se debater
intensamente, tentando de alguma maneira se libertar. Quando sangue
começa a escorrer do seu nariz, sei que a pressão dentro do saco está
extinguindo completamente sua respiração.
Não demora muito seu corpo amolece e Amaro o empurra para o
chão.
— Bem... todos os subordinados já foram, agora falta o mestre.
Ciro já não fala nada, ele respira entrecortado e geme baixinho, como
o rato imundo que sempre foi. Já sem paciência com os lamentos dele não
digo nada, apenas encosto o cano da minha pistola HK na sua nuca e disparo.
Sangue respinga no meu rosto, no entanto eu não ligo, já vi sangue
demais na minha vida, o de Ciro não é diferente dos outros.
Passo a mão na calça para limpá-la um pouco e encaro Nino, o meu
soldado que costuma cuidar de toda a sujeira.
— Limpe tudo por aqui e envie Ciro ao pai, ele vai querer fazer um
bom enterro. — Ele acena. — Nicolo vá relaxar, você merece.
— Já relaxei bem, chefe. — Trocamos um rápido sorriso.
— E você Domênico, quer jantar lá em casa?
— Vou ter um tempo de prazer com Anna, preciso exercitar os
músculos.
— Cuidado, meu amigo, anda fodendo por tempo demais a mesma
puta. — Ele endurece as feições, Dom protege Anna, não sei que doce ela
tem, mas conseguiu cair nas graças dele.
— Anna sabe do que gosto, isso é algo bom.
— Sei. — Abro os botões da minha blusa. — Vou tomar um banho,
tenho que ir para casa ver como meu inferno vermelho está. — É bom poder
falar da Masha sem ter que esconder o que acontece entre nós. — Nicolo
ligue para Leonel e pergunte se o irmão da Masha apareceu lá em casa e, caso
tenha ido, quero saber se ainda está por lá, não quero olhar na cara do
desgraçado quando chegar.
— E falando no rapaz, deixei lá em cima no seu escritório tudo o que
já levantei dele.
— Devo me preocupar?
— Até o momento não, ele é mecânico, trabalha no subúrbio, leva
uma vida pacata.
— Menos mal, ainda assim investigue mais.
— Certo. — Ele se afasta.
— Vou tomar o meu banho antes de você — digo a Dom que apenas
acena com uma expressão estranha. — O que foi?
— Vai deixar a Masha ir embora? — Coço a barba antes de respondê-
lo.
— Não sei o que fazer, tudo é muito complicado.
— Se quiser ficar com ela faça acontecer, eu estarei do seu lado.
— Não quero feri-la, Dom. — Assumo. — Se eu a tornar minha,
trarei a destruição para sua vida.
Ele fica reflexivo, sabe exatamente do que eu estou falando, viver
dentro da máfia é um risco diário e eu não quero isso para ela.
— Masha é forte, ela já viveu dentro do inferno, ficar com você não
será pior do que já passou. — O meu coração acelera com suas palavras. —
A pequena te ama e é uma mulher que qualquer homem deve lutar.
— Eu não mereço o amor de ninguém, muito menos o dela.
— Se ela quer te amar pegue tudo o que te oferece e esqueça a parte
de merecer. Você sempre foi egoísta, porra! Continue assim. — Ele bate nas
minhas costas e segue para as escadas que dão ao escritório.
Dom está certo, eu sou egoísta, mas não quando se trata do meu
inferno vermelho. Com ela eu sou outra pessoa e ainda que eu a queira mais
do que tudo, preciso pensar no que é melhor para o seu futuro.
Passo o algodão sobre a pálpebra ainda pensando na minha conversa
com o meu irmão. É estranho ter um momento íntimo com ele depois de tanto
tempo.
Não posso negar que estou feliz com o seu regresso, pensei que
estivesse sem família no mundo, mas agora que ele está por perto, eu me
sinto mais segura. Posso contar com ele quando eu for embora daqui, terei
alguém além de Leo e Dom do meu lado.
Penso em Paolo e me sinto angustiada, já é tarde ele não voltou. Não
gosto de pensar no que está fazendo, imaginar que ele possa estar neste
momento matando uma pessoa me deixa completamente perturbada.
Pulo para trás quando ouço um longo suspiro, olho na direção da
porta do banheiro e vejo Paolo com o ombro encostado no batente e a blusa
de malha preta moldando-se aos seus músculos. Meus olhos vão para a calça
jeans e isso me faz perceber que trocou de roupa.
Ele matou alguém, por isso a mudança no seu visual. Sempre faz isso
para que eu não veja o sangue, porém não consegue esconder os ferimentos
nas mãos e, às vezes, sangue que passa despercebido por alguma parte do
corpo.
Sinto uma angústia me consumir, o seu mundo realmente não me
pertence, preciso encontrar forças para ir embora o quanto antes.
Não diz nada quando entra no banheiro e se aproxima de mim. Seu
braço se enrosca na minha cintura e me puxa contra seu corpo. Apoio às
mãos nos seus ombros segundos antes da sua boca aprisionar a minha.
Paolo me beija com fúria, ele segura a minha cabeça e devora a minha
boca. Infiltro a mão nos fios do seu cabelo, duelando contra a sua língua e
sentindo meu corpo aquecer.
— Quero você — diz ao me erguer contra a bancada da pia.
Novamente sua boca vem contra a minha, enquanto sua mão avança
sob o roupão e infiltra entre as minhas pernas. Gemo quando afasta a calcinha
e me toca. O seu polegar roça o meu clitóris prazerosamente.
Mordo o seu lábio inferior quando enfia dois dedos dentro de mim.
Não sei como sobreviverei sem o seu toque, meu corpo é todo rendido a esse
homem.
Ele interrompe o beijo e escorrega a boca pelo meu pescoço, quando
chega à minha clavícula suga a pele com força, arrancando-me um resmungo.
— Prometo que mais tarde serei atencioso, mas agora preciso estar
dentro de você. — Puxa a minha calcinha e a descarta no chão.
Toco o seu rosto e faço um leve carinho na sua barba, ele me encara
com intensidade, seus olhos estão nebulosos e seu rosto parece feito de pedra.
Sei que está em conflito, o que aconteceu no seu trabalho o afetou de
uma maneira profunda. Enrosto as minhas pernas na sua cintura quando ele
abre a calça e libera a sua ereção. Em um movimento contínuo ele me invade
e afunda os dedos no meu quadril.
Sem tirar os olhos dos meus, começa a se movimentar e vejo o quanto
está descontrolado, o seu toque não tem delicadeza, assim como a maneira
que me penetra.
Eu poderia ter medo do seu descontrole, no entanto, eu sei que Paolo
jamais seria capaz de me machucar.
Rodeio meus braços por seu pescoço e mordo o lóbulo da sua orelha.
Gemo profundamente deixando claro o quanto estou gostando da sua pegada
dura.
Quando estamos juntos tudo é tão perfeito, ele me faz sentir uma
infinidade de emoções. Com Paolo eu me sinto viva, segura, em casa. Aperto
os lábios para conter a emoção, eu não queria deixá-lo.
Bloqueio meus pensamentos e me deixo levar pelo nosso sexo
intenso. A maneira forte com que ele me penetra é tão alucinante que eu não
duro muito. Jogo a cabeça para trás quando o orgasmo explode por todo o
meu corpo e gemo o nome dele.
Paolo não para, ele vai mais rápido e fundo, até que ele grunhe e
segura a minha cabeça quando estreme e me preenche com seu prazer. Seus
olhos ficam mais serenos, parece ter encontrado seu equilíbrio.
— O que eu fiz para te merecer? — pergunta ao apoiar uma mão no
meu rosto. — Eu sou um homem tão cruel e ainda assim tenho um verdadeiro
anjo em minhas mãos. — Não consigo dizer nada. — Eu sou tão impuro para
tocar em você, Masha. — Ele contrai o rosto parecendo sentir dor. — Você é
minha paz.
Sua boca vem descontrolada contra a minha e eu retribuo seu beijo
com a mesma intensidade. É bom saber que eu tenho um significado
importante na sua vida, de alguma maneira isso me consola, me faz ter
certeza de que deixei uma marca nele. Quando eu me for, o que não vai
demorar muito, eu serei uma boa lembrança.
— Você quer falar sobre o que aconteceu hoje? Sei que está tenso. —
Paolo corre as pontas dos dedos pelo meu braço.
Depois do nosso momento no banheiro eu o acompanhei até a cozinha
para que ele comesse algo. Acabamos bebendo um pouco enquanto jantava,
na sequência tivemos um sexo mais calmo, onde ele me deu um orgasmo
com sua boca e depois me penetrou sem pressa, levando meu corpo mais uma
vez ao limite do prazer.
Agora nós estamos saciados e relaxados, eu sinto o sono jogar suas
garras sobre mim, já Paolo não parece que vá dormir tão cedo.
— Não aconteceu nada demais, la mia passione, apenas tive mais um
dia de merda no trabalho. — Ele me puxa mais para si. — Como foi a visita
do seu irmão? — Sinto seu corpo ficar tenso.
— Hoje soube um pouco da história dele, Andrei virou mecânico
depois de viver nas ruas. — Paolo não diz nada, apenas mantém o carinho no
meu braço. — Foi difícil ouvir tudo o que passou, meu pai soube como
ninguém arruinar a vida de todos os seus filhos. — Corro a ponta do nariz no
seu queixo. — Paolo, eu posso te pedir uma coisa?
— O que quiser. — Ele não titubeia ao falar.
— Pode tentar descobrir o que aconteceu com a minha irmã? — Ele
solta um longo suspiro.
— Posso, mas não tenha muitas esperanças, faz tempo que ela se foi.
— Tudo bem. — Afundo meu rosto contra seu peito e toco a sua
cicatriz na cintura.
Corro o dedo pela linha fina seguidas vezes, pensando em tudo o que
minha irmã ainda possa estar passando. Eu tive a sorte de encontrar Paolo, já
ela eu não faço ideia que tipo de horrores vivenciou.
— Masha, você quer ir embora com seu irmão? — a pergunta dele me
pega de surpresa.
Não respondo de imediato, primeiro controlo as minhas emoções para
que ele não perceba o quanto me dói a ideia de nunca mais vê-lo.
— Preciso seguir adiante, talvez ficar com Andrei seja bom, mas
ainda penso em morar com Leo e encontrar um emprego.
Paolo não fala nada, ele passa um longo tempo calado, sinto a tensão
por todo o seu corpo, parece estar se contendo.
— Eu não quero que vá. — Sinto meu coração acelerar. — Mas
entendo que queira ter uma vida longe de toda a merda que a máfia
representa.
— Somos de mundos diferentes. — Ele inspira fundo.
— Infelizmente. — Paolo me aperta forte entre seus braços. — Você
não merece uma vida cheia de maldades. — Uma tristeza intensa cai sobre
mim. — Eu vou sempre garantir que fique protegida, mesmo que esteja
longe, eu ficarei de olho em você.
Não digo nada ou eu vou chorar e entregar o quanto me machuca ver
que nunca poderemos ficar juntos.
— O que você tem hoje que está tão agitado? — Masha pergunta
notando a minha inquietação
— Não tenho nada. — Tombo seu corpo sobre o colchão sem querer
dividir os dilemas que ando vivendo.
— Paolo... — Quebro sua fala em um beijo rápido.
— Esqueça os problemas, la mia passione. — Beijo-a mais uma vez.
— Na nossa cama eu quero apenas nós dois. Não divido sua atenção com
nenhum outro assunto. — Quando ela sorri percebo que consegui distraí-la.
— Por que não vamos para um novo round? — Desço a mão por sua coxa. —
Hoje estou um pouco empolgado.
— E quando não está? — Ela arranha lentamente meus braços.
— Só fico assim com você.
— É muito bom, não esqueça que eu sei atirar, cada dia minha mira
ficar melhor. — Sorrio contra seu pescoço.
— Dom me disse que você é um perigo com uma arma. — Espalho
beijos pelo vale dos seus seios.
— Sou uma aluna aplicada e pronta para usar uma arma caso você
ouse se jogar para outra.
— Vai matar sua concorrente? — Masha puxa meu cabelo com força
e me faz olhá-la.
— Não, poderoso Capo, você será a vítima, porque você é que estará
me traindo. — Ela ergue uma sobrancelha e seus olhos brilham com malícia.
— Essa não é a lei na máfia? Se alguém trair tem que morrer? — Essa mulher
é perigosa.
— Você aprende rápido diaba vermelha. — Encerro nossa conversa,
não é hora para assuntos paralelos, quando eu apenas quero fodê-la até que
grite de prazer.
Pisco os olhos ao ouvir o meu celular tocar, o meu corpo ainda está
amolecido depois do sexo intenso que tive com Masha. Estico a mão e pego o
aparelho, a luz suave me dá a visão do meu inferno vermelho jogada sobre o
meu peito.
— Oi — digo meio grogue pelo sono.
— Paolo... — A voz quebrada do outro lado me desperta.
— Quem está falando? — pergunto, pois não olhei quem ligou.
— Fiorella. — Sento na cama, ignorando o fato de assustar Masha. —
O que aconteceu? — pergunto já sentindo a tensão correr pelo meu corpo,
Fiorella não me ligaria na madrugada por nada.
— Preciso de você.
— Por que precisa de mim, porra?! — Salto da cama nervoso.
— Estou ferida. — Sua voz treme.
— Puta que pariu! — Berro ao ligar a luz do quarto. — Onde você
está?
— Em casa. — Paro ao olhar Masha sentar na cama.
— E onde diabos está Carmelo? — questiono irritado com aquele
merda.
Ela não diz nada, apenas começa a chorar descontroladamente.
— Ella, o que está acontecendo? — O meu coração está sem controle.
— Por favor, venha até aqui, eu só preciso de você.
— Merda! — praguejo enquanto sigo para o closet. — Estou
chegando, tente manter-se segura.
— Estou tentando. — Ela desliga e eu sinto que posso enfartar a
qualquer momento.
— O que houve? — Masha pergunta.
— Não sei — respondo nervoso. — Ligue para Nicolo, Nino e
Domênico, peça a ele que me encontrem na casa de Carmelo, se Dom não
atender ligue para Leonel.
Pego a primeira blusa que encontro e procuro por uma calça e boxer.
Saio do closet vestindo as roupas, olho em volta buscando os sapatos que
descartei pelo quarto mais cedo.
Enquanto termino de vestir ouço Masha ordenar os meninos a me
encontrarem. Quando me apronto, ela me encara com olhos ansiosos.
— Quero ir com você.
— Nem pensar. — Coloco meu coldre e pego a jaqueta. — Fique aqui
no quarto, eu vou avisar aos seguranças para ficarem atentos, assim que
puder te ligo. — Seguro seu rosto e deposito um beijo. — Por favor, ouça o
que digo, não sei o que aconteceu com Fiorella e não quero que nada
aconteça com você.
— Tenha cuidado.
— Não se preocupe, eu sei me cuidar. — Esmago meus lábios nos
seus.
Saio do quarto com passos apressados, desço as escadas em tempo
recorde. Quando saio da mansão encontro logo o chefe da minha segurança
noturna, passo todas as instruções do que deve fazer e sigo para o meu carro.
Ganho as ruas em uma velocidade longe da apropriada, apenas penso
no que pode estar acontecendo com a minha irmã. Quando estou perto da sua
casa meu celular vibra e vejo o nome do Dom aparecer.
— Que porra está acontecendo?
— Não sei. — Faço uma curva em alta velocidade. — Fiorella me
ligou pedindo ajuda, ela não estava bem.
— Eu estou a três minutos da casa dela.
— Invada aquela merda, se ela me pediu ajuda é porque está em risco,
eu chego em no máximo cinco minutos.
— Certo. — Ele interrompe a ligação e eu acelero ainda mais.
Se algo acontecer à minha irmã e aquele filho de uma puta do
Carmelo não tiver tido o cuidado de disponibilizar uma segurança de
confiança para ela, eu o matarei na frente de todo o Conselho.
Quando alcanço a casa de Fiorella vejo os carros de Dom e Nino.
Desço do meu veículo apressado, já engato uma das armas na mão. Um
segurança aparece nervoso na frente do portão, no entanto, não ousa impedir
minha entrada, ele sabe que não pode se erguer contra mim.
Entro na ampla sala e encontro Nino na base da escada discutindo
com Marco, chefe da segurança de Carmelo. O homem está alterado, mas se
cala quando vê a minha presença.
Não estou conseguindo entender que problema ocorre aqui, pelo que
notei até agora a segurança da casa não foi comprometida.
— O que está acontecendo? — pergunto nervoso.
— Nada que precise de vocês, seus homens invadiram a propriedade
sem autorização e isso não é certo, senhor — o homem me responde bem
aborrecido.
— Dom está com ela, vá até lá. — Nino ignora Marco e sua expressão
dura não me agrada.
— Meus homens têm autorização para entrarem aonde eu ordenar —
digo de maneira fria a Marco.
Ouço passos atrás de mim e Nicolo também chega. Ele me encara
tenso e digo que me espere com Nino. Subo as escadas com rapidez e
caminho apressado para o quarto de Fiorella, a porta está aberta e todo o meu
corpo paralisa quando a imagem a minha frente se revela.
Inspiro fundo, contendo as emoções que me dominam. Eu sou o
caralho de um Capo, não posso me abater ainda que a minha família esteja
em perigo. Sou o equilíbrio de todo o meu clã e, mesmo que o mundo desabe
a minha volta, eu preciso manter o controle.
— Ele a machucou — Dom diz com a voz contida. — Aquele
bastardo a espancou.
Não digo nada, apenas me aproximo da cama e sento ao lado da
minha irmã. Ela fecha os olhos, quando Dom abaixa o lençol e mostra seu
corpo coberto de hematomas e sangue.
Meus olhos se cruzam com os dele e vejo que sente tanta vontade
quanto eu de matar Carmelo.
— Fiorella provavelmente está com algumas costelas fraturadas,
precisamos chamar o médico e, talvez, levar ao hospital para ver se quebrou o
punho.
— Eu vou matá-lo, Dom.
— Não agora. Precisamos cuidar dela, eu só vi as feridas expostas,
não sei o que tem mais. — Fecho os olhos ao assimilar suas palavras.
Por Deus que eu vou causar uma guerra entre a Famiglia se ele
violentou a minha irmã.
Não quero saber se isso não está na minha área de ação, foda-se as
regras, Fiorella está acima de tudo na minha vida.
— Eu vou te levar para a minha casa, tudo bem? — informo, mas ela
não responde, apenas deixa as lágrimas caírem por seu rosto terrivelmente
ferido.
— Vou pegar uma roupa para ela, não podemos levá-la nua.
Dom se move pelo quarto e some no closet, me deixando a sós com
minha irmã. Seguro seu corpo e a coloco no meu colo, Fiorella resmunga
baixinho. Ela tem um olho fechado por um soco, sua boca está sangrando e
diversos hematomas espalhados por seu tronco.
— Aqui. — Dom estende um vestido e uma calcinha. — Vista nela,
vou separar os sapatos.
Tento manter o controle quando seguro suas roupas, nunca pensei
passar por uma situação assim com alguma das minhas irmãs. Chiara
encontrou paz no seu casamento, já Fiorella nunca escondeu o quanto
Carmelo era intragável. Porém, jamais supus que ele pudesse machucá-la
nesse nível, sei das muitas agressões que mulheres da máfia sofrem, dentro
dos casamentos, só não acreditei que poderia acontecer algo tão extremo com
uma das minhas irmãs quando eu sou o Capo do clã.
No fundo sempre acreditei que se Carmelo um dia decidisse feri-la,
ele faria isso de uma forma que eu jamais descobrisse sua agressão.
— Ele não vai ficar impune — afirmo ao colocar sua calcinha. —
Ella, o maldito te violentou? — pergunto não conseguindo me segurar.
Ela vira o rosto e todo o meu corpo vira lava incandescente. Eu odeio
tanto o meu pai por ter escolhido o Carmelo, espero que ele esteja agora
mesmo ardendo no inferno para toda a eternidade.
Após vesti-la pego seu corpo nos meus braços com cuidado, tentando
não potencializar ainda mais sua dor. Quando chego ao térreo, encontro
Domênico pedindo para o médico que presta serviço a nossa Famiglia ir para
a minha casa.
De verdade espero que ela não precise ir ao hospital, porque se for
necessário, Giorgio que me perdoe, mas seu filho dará adeus ao mundo em
poucas horas.
— Senhor Paolo, não pode levar a senhora Fiorella sem autorização
do marido. — O segurança tenta me impedir.
— Rapaz, cale essa sua boca ou vai sobrar pra você. — Esse merda só
pode ser louco por tentar me impedir de algo. — Avise ao seu chefe que ele é
um homem morto se algo acontecer a minha irmã.
Dou as costas para ele e saio da casa, consumido pela vontade de
extrair cada gota de sangue do corpo do merda do Carmelo.
Ando de um lado para o outro pela sala esperando alguma notícia de
Fiorella.
Masha está ao lado dela, acompanhando o atendimento do médico e
sua enfermeira. Só que até o momento ninguém apareceu para me falar que
merda está acontecendo.
— Apenas respire — Dom pede.
— Dependendo do diagnóstico do médico, eu vou comer o fígado do
Carmelo lentamente.
— Tenha apenas calma, você é um líder e não pode desestruturar o
clã assim.
— Foda-se o clã! É a minha irmã que está lá em cima espancada —
esbravejo.
— Paolo, o que está acontecendo? — Levo um susto ao ouvir Giorgio
entrar na minha sala.
Inspiro fundo, não posso avançar sobre Giorgio, não foi ele o
responsável pelas agressões a minha irmã, apesar dele ser o pai do seu
agressor.
— Fui avisado que você pegou Fiorella sem autorização do marido,
por que fez isso?
— Onde está Carmelo? — pergunto sem lhe oferecer uma resposta.
— Não faço ideia, estava dormindo quando recebi a ligação de Marco
avisando que você pegou sua irmã sem falar com meu filho.
— Dê um jeito de achar aquele stronzo, quero saber exatamente
aonde devo ir para cortar o pescoço dele. — Giorgio arregala os olhos.
— O que meu filho fez?
— Ele espancou a minha irmã. O merda do seu filho teve a coragem
de ferir Fiorella, porra! — Explodo.
Estou completamente sedento pelo sangue de Carmelo, sei que não é
certo me envolver nos conflitos de um casal, mas quando tenho uma das
minhas irmãs no meio, fica impossível aceitar as leis da máfia sobre a posse
do homem em relação a sua esposa.
Se eu não tenho controle com outros tipos de assunto, não será
quando tenho minha irmã ferida que irei pensar nas consequências dos meus
atos.
Vozes alteradas chamam a minha atenção e vejo Carmelo com seus
seguranças entrando na minha casa.
— Onde está a minha mulher? Vim buscá-la. — O desgraçado me
encara com arrogância. — Você não tinha o direito de entrar na minha casa
sem minha autorização, o que acontece entre marido e mulher não é da conta
do Capo, não tem autoridade dentro da porra do meu lar. — Carmelo ergue a
voz na última parte da sua fala, isso faz meu sangue ferver ainda mais.
Sei que ele está coberto de razão, eu estou excedendo o meu poder,
mas que se foda, não gosto de Carmelo e não vou admitir que espanque
minha irmã, muito menos que fale alto comigo na frente dos meus
subordinados.
— Carmelo — digo seu nome em tom baixo. — Eu sou um dos
líderes da Cosa Nostra mais temido dentro dos vários clãs do nosso meio,
acho que sabe disso, não é mesmo? — Ele não me responde. — E sou temido
nas outras organizações também. — Continuo com a voz mansa. — E você
sabe por que sou tão temido? — Não permito que tenha tempo de responder.
— Porque eu fodo meus desafetos sem piedade, não sou como você que
quando precisa enfrentar alguém, manda seus homens fazerem o serviço sujo
para não ter sangue nas mãos. Quando tenho um problema, eu mesmo entro
em ação, mas faço isso com quem pode me enfrentar, não com mulheres
frágeis.
— Paolo, você não vai me intimidar só porque é o grande Capo
sanguinário, está errado e sabe disso, meus problemas com minha esposa
resolvo do meu jeito. Agora traga Fiorella até mim, eu dei ordem para ela
ficar em casa e não ligar para o irmão choramingando. Quando mais tempo
ela ficar aqui será pior.
Filho de uma puta suja, ele quer morrer, só pode.
Como ousa ameaçar a minha irmã bem na minha frente?
Carmelo quer me desafiar para mostrar aos seus homens que tem
autoridade, mas comigo ele não vai crescer, foda-se se estou errado, hoje ele
vai saber como é ser surrado, vou devolver cada golpe que deu na minha
irmã.
Usarei sua falta de respeito comigo para puni-lo agora mesmo, jogarei
sobre ele o inferno que está me consumindo.
Não dou tempo para reagir, avanço na sua direção e jogo seu corpo
contra a parede. Minha mão esmaga sua garganta, corto toda a sua fonte de
ar. O desgraçado se debate, segura meu braço com força, tentando se
desprender, mas a minha fúria é intensa de mais para que ele consiga me
conter.
— Paolo, solte meu filho, podemos resolver isso sem agressão.
— Podemos? — questiono Giorgio. — Talvez até podemos, só que eu
não quero. — Carmelo começa a ficar vermelho. — Eu sou seu líder filho da
puta, nunca mais erga a voz para mim, muito menos ouse me dar ordens.
Jogo-o no chão e seguro seu braço, em segundos tenho Carmelo
berrando quando viro sua mão e a quebro.
— Solte-o, Paolo. — Giorgio tenta me afastar, mas puxo a minha
arma.
— Fique onde está ou mato você e seu filho agora mesmo. — Ele
recua, entende que não pode me conter quando perdi completamente a
racionalidade. — Ninguém se mete no que vou fazer agora, hoje Carmelo
aprende a me respeitar e a nunca mais encostar suas mãos sujas na minha
irmã.
O meu punho afunda no seu rosto, eu vou espancando o desgraçado
sem piedade, sentindo um prazer intenso enquanto ouço os ossos do seu rosto
quebrando sob minhas mãos e sangue jorrando do seu nariz.
A imagem do corpo ferido da minha irmã tremula na minha frente, ela
é tão frágil, doce, delicada como uma rosa e esse canalha a surrou. Fiorella
nunca teria condições de se defender desse bastardo, é covarde ele usar da
sua força para machucá-la daquele jeito.
Quando ele desmaia banhado em sangue eu paro, insatisfeito por vê-
lo ainda respirando, porém dei o meu recado, a partir de hoje ele saberá que
não vou ser misericordioso outra vez.
— Tire esse desgraçado da minha sala — ordeno a Giorgio. — Saiba
que não o matei por sua causa, mas não será da mesma maneira na próxima
vez que me enfrentar. — Aviso. — Posso não ter o direito de me meter se ele
espanca a esposa, mas eu posso acabar com ele quando me desrespeita na
porra da minha casa. — O rosto de Giorgio está contrito. — Agora vá cuidar
desse merda e tente mantê-lo com as mãos longe da minha irmã, será bom
para todos nós. — Ele entende o meu ponto.
Dou as costas para todos e sigo até o meu escritório, vou encontrar
uma maneira de matar Carmelo. Não quero Fiorella com ele, minha irmã
merece algo melhor. Não permitirei que viva infeliz para o resto da vida,
quando eu posso fazer algo para acabar com seu fardo.
— Você não está mais sozinha, tem a mim ao seu lado. — Andrei
segura a minha mão. — Estou esperando apenas o momento que queira ir
embora.
Seco uma lágrima que corre pelo meu rosto, ainda estou revivendo a
minha discussão com Paolo na noite passada.
Hoje pela manhã não desci para o café, infelizmente não tive forças
para encará-lo sabendo que estou bem perto de perdê-lo. Sei que estou sendo
fraca, mas não consigo controlar a tristeza que me consome em saber que
nunca ficaremos juntos.
— Eu vou sair daqui, não posso mais esperar. — Esfrego a mão no
nariz. — Começarei arrumar as minhas coisas discretamente e vou esperar
Fiorella ir embora, ela está frágil demais para ficar nesta casa sozinha.
— Tudo bem. — Os olhos dele são compreensivos. — Apenas quero
que saiba que estou pronto para te buscar.
— Vai ser um momento difícil, Paolo não vai me liberar para ir
embora tão cedo.
— Ele não é seu dono.
— Na verdade, é — digo com amargura. — Esqueceu que ele me
comprou? — Andrei endurece as feições.
— Se esse bastardo tiver algum tipo de consideração por você, te
deixará livre.
— Ele é egoísta demais, não tenho muita esperança de que vá facilitar
a minha partida.
— Daremos um jeito. — Eu me sinto mais confiante em ter meu
irmão do meu lado, é bom saber que posso contar com ele para o que eu
precisar.
— Atrapalho? — Olho para o alto e vejo Fiorella se aproximar da
mesa que estamos sentados ao lado da piscina.
— Claro que não, venha até aqui. — Andrei a observa com atenção.
— Deixa eu te apresentar meu irmão. — Levanto. — Andrei essa é Fiorella,
irmã do Paolo.
— Que prazer em te conhecer. — Ele também levanta e segura a mão
dela. — Espero que esteja melhor.
— Muito prazer. — Fiorella sorri com simpatia para ele. — Eu estou
bem agora.
— Senta aqui. — Puxo uma cadeira para ela. — Estamos bebendo um
drinque, mas é alcoólico, vou pedir um suco para você.
— Não precisa, só quero conversar um pouco, estou cansada de ficar
no quarto.
— Tem certeza?
— Claro, Masha. — Ela se concentra no meu irmão. — Apesar de
você ter o cabelo castanho se parece bastante com a sua irmã.
— Temos alguns detalhes em comum — Andrei diz sem graça. — Os
nossos pais tinham traços bem diferentes.
— Quem era o ruivo entre eles?
— Meu pai — respondo antes de Andrei. — Puxei o cabelo dele, o
resto sou toda minha mãe.
— Por sorte não puxamos ele na essência, não é mesmo? — Andrei
me encara com olhos nebulosos. — Temos caráter, coisa que ele nunca teve.
— Inspiro fundo, lembrando de toda a dor que ele nos causou.
— Conseguimos nos preservar de toda a sua falta de caráter. — Meu
irmão assente, concordando com a minha fala.
— É... pelo jeito todos nós temos problemas em família. — A voz de
Fiorella é triste.
— Atualmente seus problemas são bem piores que o nosso. — Sou
solidária com sua situação. — Ao menos nós dois somos livres, já você... —
Fiorella inspira fundo.
— Sempre podemos ser livres. — Ela me olha de um jeito estranho.
— Eu serei de uma maneira ou de outra, só não posso mais viver nesse
inferno.
O meu corpo fica tenso, entendi perfeitamente bem suas palavras e
não gosto de pensar que ela possa tomar alguma medida extrema contra sua
própria vida.
— As pessoas ao nosso redor também podem ser libertas, é uma
opção melhor. — Andrei pisca para ela, parecendo também entender o que
quis dizer. — Na vida tudo tem um jeito, a gente só precisa de uma boa
programação.
Olho para o meu irmão surpresa com sua fala, ele acaba de me pegar
de surpresa, não esperava ouvir da sua parte que eliminar o marido de
Fiorella seria uma boa solução.
Que tipo de situações Andrei teve que enfrentar na rua para poder
sugerir algo assim com tanta tranquilidade?
O meu pensamento evapora quando a assistente de Mirta chega com
um apetitoso lanche. Andrei faz algumas perguntas à Fiorella e, um tempo
depois, os dois conversam como se já se conhecessem há muito tempo.
— Se não quiser voltar fique aqui, esse Paolo não vai te tirar da minha
casa sem que eu chame a polícia.
— Ele paga a polícia, meu anjo, o poderoso chefão tem contatos
grandes, você não tem chances com ele — meu amigo diz o óbvio.
— Esse filho da puta não pode manter minha irmã prisioneira.
— Não sou uma prisioneira de fato.
— Como não é, se precisa de autorização para vir me visitar? — Olho
para a minhas mãos e fico sem argumentos. — Não posso negar que sou
grato a ele por ter te salvado, mas agora esse homem está passando dos
limites.
— O problema é que Paolo gosta da sua irmã, mas não assume,
porque esses homens da máfia têm a masculinidade frágil, assumir
sentimentos é um sacrilégio. — Leonardo faz uma careta. — Acho tão fora
de moda essa mania deles de serem sempre duros, os fodões.
— São uns bandidos nojentos, todos deveriam estar atrás das grades.
O meu telefone toca e vejo que é Leonel.
— O que foi?
— O chefe pediu que volte para casa imediatamente.
— Vou voltar quando eu quiser e se eu sentir vontade. — Ouço
Leonel resmungar.
— Senhorita, se não descer eu vou subir e caso alguém tente me
impedir de levá-la, eu terei que agir.
— Como é? Está me ameaçando? — Meu irmão levanta e só agora eu
percebo que falei demais.
— Tenho ordens para levá-la agora mesmo, não posso desobedecer ao
chefe.
— Inferno! — Desligo irritada.
— Paolo já está descontrolado? — Leo pergunta.
— Ele é descontrolado. — Sigo até onde Andrei está e o abraço. —
Sábado ele arruma uma noiva e vai ser obrigado a me deixar ir, com sorte na
próxima semana estou aqui e vai ter que me aturar na sua casa.
— Tudo o que mais quero é tê-la aqui. — Ele beija o topo da minha
cabeça. — Masha, eu não tenho medo dele, se tiver que te tirar a força da
casa daquele bandido eu faço isso, só não quero mais te ver tão triste.
— Já passei por coisas piores. — Acaricio seu rosto. — Na verdade,
nós já passamos. — Ele aperta os braços ao meu redor.
— Ligue se precisar de mim, não importa a hora.
— Claro que ligo. — Com pesar me despeço de Andrei e vou embora.
Quando chego na oficina, Leonel já está entrando, pronto para causar
uma confusão.
— Volte para o carro — ordeno antes que ele fale alguma besteira
para o funcionário do meu irmão, que tenta impedir a sua entrada. — E não
fale comigo.
Sentirei uma falta terrível do Paolo quando eu for embora, mas dos
seus cães de guarda vou dar graças a Deus em me livrar deles.
Entro em casa mais irritada do que o momento que saí, Fiorella tem
completa razão, o mundo da máfia não é para mim, preciso ir embora logo.
Ouço vozes e me deparo com Dom, Amaro, Nicolo e Paolo na sala.
Eles param de falar quando eu entro, ignoro todos os quatro e sigo para a
escada. Estou tão cansada da minha vida, que discutir com Paolo não está nos
meus planos.
— Masha, o que está acontecendo? — Paolo pergunta, mas eu não
paro de subir, estou quase explodindo de tanta raiva.
Entro no meu quarto e tiro os sapatos, jogo minha bolsa no chão e
subo na cama. Penso na minha mãe e no tempo que ela ainda tinha gosto pela
vida e me cobria de carinho. Queria ela aqui agora, poder deitar mais uma vez
no seu colo.
Abraço um travesseiro e deixo mais uma vez as lágrimas caírem, nos
últimos dias só sei chorar.
— Preciso saber o que aconteceu. — Ouço a voz de Paolo bem perto,
mas não o respondo. — Por que está chorando? Alguém te feriu? Leonel
passou dos limites com você? Pedi apenas que se assegurasse que viesse para
casa, mas se ele perdeu a mão só me avisar.
— A única pessoa que me fere aqui é você e seu egoísmo. — Ele fica
calado.
— Masha, eu...
— Chega, Paolo! — esbravejo e o encaro. — Você está acabando
comigo me mantendo na sua casa, quando vai escolher uma noiva amanhã.
— Não consigo parar de chorar. — Eu tenho a porra de um coração e ele só
bate por você, é um idiota, te ama incondicionalmente, quando você vai ser
de outra. — A minha voz treme. — Eu só queria te odiar, mas eu não
consigo, apenas te amo.
Tudo acontece muito rápido e, quando dou por mim, Paolo está
rasgando a minha blusa fazendo os botões voarem para o chão, enquanto a
sua boca me devora. A minha mente para de raciocinar e eu apenas me agarro
ao seu corpo, esquecendo completamente que deveria repeli-lo e mantê-lo
distante de mim.
Eu o amo e essa certamente será a última vez que eu vou poder sentir
como é o paraíso estar dentro dos seus braços.
Abro a sua calça desajeitadamente, preciso dele livre, meu corpo
anseia em senti-lo me possuindo. Gemo quando ele tira meu sutiã e suga meu
seio, o calor do interior da sua boca causa um tremor pelo meu corpo.
Rodeio a minha mão no seu eixo, sentindo-o ficar duro sob a palma
da minha mão. Com muita habilidade ele me deixa nua e se posiciona entre
as minhas pernas.
Nossos olhos se cruzam quando ele começa a me penetrar. Corro a
mão pela parte de trás da sua cabeça, desalinhando os fios do seu cabelo.
Ele se inclina e me beija, começando a me foder com força. A cada
estocada o meu corpo vai subindo a temperatura e um filme passa na minha
cabeça. Tudo o que vivemos até aqui corre na minha frente em alta
velocidade e só consigo chegar à conclusão do quanto ele me fez feliz, ainda
que na maior parte do tempo tenhamos brigado por causa do seu
temperamento hostil.
Paolo foi meu céu e meu inferno, mesmo assim ninguém se
preocupou tanto comigo quanto ele.
O tecido da sua camisa de seda roça nos meus mamilos, causando
uma fricção prazerosa. Afundo as unhas nas suas costas quando todo o meu
corpo se sacode com o orgasmo intenso que me domina. Abafo um grito para
não chocar os homens que devem estar lá embaixo o esperando. Eu morreria
se Dom nos ouvisse transando.
Com um profundo gemido Paolo goza e, quase me sufoca quando
esmaga meu corpo contra o seu.
Ambos respiramos com dificuldade enquanto nossos corpos começam
a retornar a terra. Aperto meus olhos com força, odiando-me por não ter tido
forças de afastá-lo. Sou uma fraca, nunca serei capaz de resistir ao sentimento
que ele me desperta.
— Eu não posso te prender à máfia, você não merece isso. — Abro os
olhos e o vejo me encarando sem realmente parecer me enxergar. — Você é
tão pura. — Seus dedos traçam a minha mandíbula, Paolo parece estar longe,
é como se ele falasse consigo mesmo. — Não quero toda a merda da minha
vida nos seus ombros. — Afunda o rosto contra meu pescoço e inspira fundo.
— Mas te deixar ir é... — Para de falar abruptamente. — Inferno! — Ele se
afasta fazendo-me estremecer com o frio que de repente sacode o meu corpo.
— Não posso, simplesmente não posso.
Fico parada ao vê-lo vestir a calça com urgência. Seus olhos
encontram os meus quando fecha o cinto, ele parece estar prestes a explodir.
No momento em que se vira e vai embora, um soluço alto escapa dos
meus lábios e eu me sinto morrer por dentro ao mais uma vez ousar ter
esperanças de que podemos ficar juntos.
Chegamos ao fim da linha e agora eu vou ter que enfrentar a fera para
ganhar a minha liberdade.
Fecho a mala e a puxo para o closet, não quero que ninguém saiba que
já estou arrumando as minhas coisas, em especial o grande ranzinza. Porém,
quero estar pronta para o momento que eu puder deixar esta casa.
Volto para o meu quarto e sento na cama, eu me sinto tão esgotada,
nunca chorei tanto em toda minha vida, nem mesmo quando meu pai me
entregou a Yuri eu derramei tantas lágrimas.
Ouço a porta do quarto do Paolo bater e sinto meu coração acelerar.
Passos pesados se aproximam, fazendo a minha respiração travar. Não posso
vê-lo, já entendi que não consigo resistir a sua presença. O seu cheiro intenso
invade o meu quarto, ele está do outro lado da porta.
Vá embora, por favor!
Peço em silêncio, implorando secretamente que ele não me faça
perder mais uma vez o controle. Fico estática olhando para a porta, temendo
vê-lo antes de ir conhecer sua futura esposa.
Hoje não saí do meu quarto, comi o pouco que Mirta trouxe para não
correr o risco de esbarrar com ele. Ontem foi nossa despedida e doeu vê-lo ir
embora depois que tivemos um sexo tão especial.
Escuto seus passos se afastando e o alívio me domina. Graças a Deus
ele se foi, eu não conseguiria encará-lo sabendo que no momento em que
voltar para casa estará dentro de um compromisso.
Olho para o teto e respiro fundo, sentindo a tristeza se espalhar por
mim, com uma força avassaladora.
Infelizmente o meu lado masoquista ganha força e eu vou até à janela,
na intenção de acompanhar a sua partida. Não demora muito e ele aparece no
pátio, o seu Jaguar preto já está estacionado, apenas o esperando.
Ele veste um terno escuro e caminha até o carro com sua costumeira
segurança. Quando abre a porta do veículo paralisa e, parecendo saber que o
observo, ergue o rosto até a minha janela. Consigo ser ágil e dou um passo
atrás, evitando que ele me enxergue.
Pouco tempo depois ouço o carro arranhar os pneus no chão quando
acelera. Volto para a cama e abraço um travesseiro, amaldiçoando a minha
sorte.
Passo a próxima hora paralisada, apenas pensando no que deve estar
acontecendo na festa. Leo me liga e conversamos um pouco, mas minha
cabeça não está boa e eu o dispenso para que possa ir a uma festa com seu
novo affair.
Diferentemente de mim ele sabe aproveitar a vida, não se apega a
ninguém, vive um dia de cada vez sem compromisso. Futuramente ele terá
que me dar algumas dicas de como não me entregar a qualquer um.
Pego outra mala e começo a guardar o que é mais essencial, quando
termino a escondo no closet e retorno para o meu quarto. Sento no meio da
cama e deixo minha mente vagar. Acabo pegando o celular e busco por uma
foto que tirei com Paolo. Nela eu estou sentada no seu colo, em uma das raras
tardes que estávamos sozinhos em casa, quando Mirta havia ido visitar sua
família e os seguranças estavam longe da piscina.
Sorrio ao vê-lo com um cigarro entre os dedos, olhando carrancudo
para a câmera e segurando a minha cintura, enquanto eu sorria como uma
tola. Meus olhos ficam marejados, fui tão feliz quando ele pôde ser só meu.
Eu o amo tanto, tudo o que eu mais queria era que estivesse aqui do meu
lado.
A angústia me sufoca e eu não resisto e ligo para o meu irmão. Espero
que ele me atenda, preciso ao menos ouvir sua voz.
— Ei, como você está?
— Sofrendo. — Solto um respiro trêmulo. — Não estou conseguindo
suportar ficar nesta casa, preciso sair daqui.
— Calma. — Ele parece mexer em algo. — Eu vou aí te pegar.
— Eles não vão me deixar sair com você sozinha — digo triste.
— Masha, o quanto está disposta a driblar sua segurança? — A sua
voz ganha um tom denso.
— Eu fujo se houver oportunidade. — Escuto algo pesado bater em
alguma superfície dura.
— Eu vou te enviar o endereço do restaurante de um amigo, vá me
encontrar lá.
— O que está aprontando? — pergunto curiosa.
— Nada demais. — Ele faz uma pausa antes de voltar a falar. —
Você confia em mim?
— Claro que eu confio, Andrei, você é meu irmão.
— E como seu irmão eu sempre irei protegê-la com a minha vida se
for necessário. — Agora sua voz é tão macia quanto uma seda. — Vou passar
o endereço do restaurante do meu amigo, encontre-me lá em uma hora e não
leve o celular, ele pode ser rastreado. — Fico apreensiva com seu pedido,
mas ele tem razão.
— Não vou levar, estarei lá na hora combinada.
Encerro a ligação e sigo para o banheiro, preciso me arrumar logo
para poder me encontrar com ele.
Tento manter a calma, mas não é fácil quando tenho o olhar furioso
de Paolo sobre mim. Ele sabe perfeitamente como intimidar uma pessoa, eu o
odeio profundamente neste momento.
— Como entrou na minha casa? — Andrei quebra o silêncio tenso.
— Qual o tipo de segurança a sua casa possui? — Paolo pergunta com
tranquilidade. — Eu não tive problema em entrar e beber algumas das suas
cervejas. — Ele segura a arma e me encara. — Se divertiu muito, inferno
vermelho?
O meu corpo estremece, sei bem que controle não é algo que ele tenha
domínio e estou com medo do que possa fazer com meu irmão.
— Apenas pare! — peço nervosa. — Fui eu que propus a Andrei que
saíssemos juntos.
— Masha, não faça isso. — Meu irmão se manifesta e eu o olho feio.
Sei que Paolo nunca será capaz de me ferir, mas não posso garantir o
mesmo com relação ao meu irmão.
— Estou pouco me fodendo quem criou essa confusão, só posso dizer
que estou muito aborrecido. — Ele levanta. — Você não devia estar aqui, seu
lugar é na nossa casa, protegida.
— A minha casa agora é aqui, eu vou vir morar com meu irmão. —
Paolo aperta os olhos, ele está prestes a explodir.
— Você não irá a lugar nenhum — diz com a voz baixa.
— Larga essa arma, Paolo. — Praticamente imploro. — Andrei
apenas fez o que pedi.
— Não ligo se foi você que pediu, ele precisa ser punido por pensar
em te tirar de mim. — Ele avança na nossa direção.
— Ninguém vai ser punido aqui. — Eu o confronto.
— Sério? — questiona ao parar na minha frente. — Quero sangue,
Masha, passei mais de uma hora de merda tentando saber onde você estava.
— Pela primeira vez na vida vejo vulnerabilidade no seu olhar. — Eu não
vou poupar ninguém além de você.
— Por favor, se acalme — suplico em desespero, sei o que pode fazer
com meu irmão.
— Não sinto calma quando te tiram de mim — Paolo esbraveja e eu
grito quando ele se move com agilidade e segura Andrei. — O quanto você é
tolerável a dor? — pergunta ao aprisionar a garganta do meu irmão.
— Pare! — grito ao segurar seu braço. — Ele não tem culpa, eu que
pedi que fugisse comigo.
— Você não faria isso. — Paolo aperta ainda mais a garganta do meu
irmão. — Esse merda que te convenceu a se rebelar.
— Por favor, Paolo, largue-o. — Tento puxar seu braço.
— Acha mesmo que pode me enfrentar, garoto? — pergunta furioso.
— Você devia ter mais amor à vida. — Andrei se debate em busca de ar.
— Solta ele. — Praticamente me penduro no seu braço, mas ele não
se move um centímetro. — Está sufocando Andrei, largue-o.
— Vou fazer muito mais que sufocar esse filho da puta.
— Paolo! — A voz profunda do Dom enche a sala e eu sinto alívio
quando o vejo parado na porta. — Solte o ragazzo — exige com sua voz
calma.
— Não me dê ordens. — Paolo aperta ainda mais a garganta do meu
irmão.
— Se você realmente se importa com Masha, não pode machucar o
irmão dela. — Domênico se aproxima. — Podemos mostrar a ele de outras
maneiras que não deve nos confrontar, agora se afaste.
Paolo respira com dificuldade, ele tem o rosto contrito e os dentes
trincados. Está completamente fora de controle e se dermos um movimento
em falso o pior pode acontecer.
— Precisa soltá-lo — digo baixo ao apoiar minha mão contra seu
peito. — Ele não teve culpa, eu o chamei porque estava triste. — Toco seu
rosto e delicadamente acaricio sua barba.
Firmo as duas mãos na sua face e o faço me encarar, prendo a
respiração quando vejo seus olhos completamente tomados pela obscuridão.
— Eu te amo, Paolo, mas não te perdoarei se ferir Andrei, precisa
soltá-lo. — Ele me encara de uma forma que me causa medo, nunca o vi com
esse olhar e estou verdadeiramente assustada com essa sua face sombria. —
Estou bem, não precisa mais se preocupar, juro que volto para casa com você
se soltá-lo.
Percebo que ele suaviza o aperto na garganta de Andrei, graças a
Deus ele está começando a voltar para a realidade.
— Você tem ideia do inferno que passei pensando que poderia ter
parado nas mãos dos meus inimigos?
— Lamento te fazer passar por esse estresse, mas eu não aguentei
ficar sozinha quando você estava saindo em definitivo da minha vida. —
Assumo. — Eu vou precisar me virar a partir de agora, você não vai mais
poder tomar conta de mim.
— Sempre vou tomar. — Agora ele solta Andrei e me segura. —
Ninguém vai te tirar de mim porque é minha; sempre foi. — Paolo me abraça
e eu fico tensa porque ainda segura a arma. — Eu morro por você e vou
enfrentar quem entrar no meu caminho, porque não aceito outra mulher na
minha vida além de você.
— Como é? — Olho para seu rosto confusa. — O que está dizendo?
— Estou dizendo que não vou escolher porra nenhuma de mulher que
o meu clã ache certo para mim, é você que eu quero e vamos nos casar. —
Ele apoia uma mão no meu rosto. — Não posso ficar sem meu lindo e
tempestuoso inferno vermelho. — Não me movo quando me beija. — Case-
se comigo, Masha, juro que me esforçarei para ser um bom marido para você.
Pisco várias vezes sem acreditar no que estou ouvindo, devo ter
bebido demais, não é possível.
— Pode guardar essa arma? — peço, pois não consigo pensar em
nada quando ele tem essa maldita pistola na mão.
— Não se preocupe com ela, jamais te machucaria. — Paolo a guarda
no coldre e olha para o sofá onde Andrei sentou tentando recuperar a
respiração. — Já não digo o mesmo de certas pessoas.
— Pare com isso. — Sou dura ao recriminá-lo. — Como assim casar?
Que loucura é essa?
— Não é loucura, eu só não posso deixar que ditem sobre a minha
vida — diz ao acariciar meu rosto com o polegar. — Se sou a porra de um
Capo, líder do meu clã, no mínimo posso escolher a minha esposa. — Paolo
me lança um sorriso sacana. — Eu quero você. — Completa com a voz baixa.
Lágrimas se acumulam nos meus olhos, porque nunca imaginei ouvir
algo assim dele.
— Não chore. — Ele me puxa para um abraço.
— Um dia vocês ainda me matam. — Ouço ao fundo a voz cansada
de Dom. — Você está bem, garoto? Quer alguma ajuda? — pergunta ao meu
irmão.
— Só quero matar seu amigo, será que me empresta sua arma? —
Paolo rosna e se afasta de mim.
— A única pessoa que merece morrer aqui é você.
— Pode parar. — Puxo seu braço. — Não ouse mais encostar no meu
irmão.
— Ele te colocou em risco — diz ao me olhar com raiva. — Tem
noção do que poderia ter acontecido? — Não digo nada. — Sequer gosto de
pensar nos perigos que correu.
— Agora está tudo bem, apenas relaxe. — Domênico tenta apaziguar
a situação.
— Está realmente bem? — Ergo o rosto quando uma voz estranha soa
no ambiente. — Acho que não tem nada bem aqui.
Paraliso ao ver o homem grande parado na porta, acompanhado de
mais cinco soldados.
Meu Deus! Vladislav em pessoa está na casa do meu irmão e isso não
é nada bom.
Todo o meu corpo se agita quando vejo Vladislav a minha frente, eu
esperava muita coisa nesta noite, menos um embate direto com ele,
justamente aqui.
Agora eu preciso ter calma, ainda que eu não saiba o que é isso, mas
terei que me segurar porque Masha está aqui.
Ele tem cinco homens ao seu lado, pode ter mais outros lá fora. Posso
lidar com todos esses cinco tendo Domênico comigo, o que não posso é
colocar minha ruiva em risco.
— Hoje foi dia de dedetização nos bueiros? — pergunto fingindo
tranquilidade e me posicionando na frente da minha ruiva. — Os ratos saíram
do esgoto, Domênico — digo ao encarar meu amigo intensamente.
Como o esperado Dom mantém sua face fria, em momentos de perigo
ninguém consegue ser tão calmo quanto ele.
— Acho que é uma boa noite para eliminar a sujeita que está em
Roma — comenta com a voz profunda.
Vladislav joga a cabeça para trás e sorri, seus homens o acompanham,
parecendo se divertirem com nossas palavras.
— Não sei se perceberam, mas somos seis e vocês apenas dois. — Ele
se movimenta e entra ainda mais na sala. — Sei que não tem mais dos seus
homens por perto, Paolo, essa briga já está ganha.
— Por acaso acha que por serem em maior número vocês irão muito
longe? — pergunto tranquilamente. — Por favor, Vladislav, você não é
ingênuo. — Eu o encaro já sentindo minha fera interna emergir. — Eu e Dom
somos melhores que vocês, se decidir seguir adiante com isso, todos sairão
mortos daqui.
— Será mesmo? — Ele inclina a cabeça. — Ela está ainda mais
gostosa, fiquei sabendo que é sua puta pessoal. — Dou um passo à frente,
agora ele conseguiu me desestabilizar.
— Controle sua boca, stronzo.
— Opa! — Ergue as duas mãos sorrindo. — Não quis ofender sua
prostituta de luxo.
E com essas palavras ele consegue me descontrolar, perco a cabeça e
vejo tudo vermelho na minha frente.
Com a agilidade de um felino pulo pelo sofá e seguro Vladislav, ele é
pego de surpresa com a minha ação e demora alguns segundos até reagir ao
meu aperto na sua garganta.
Seguro-o com força, cortando toda a sua entrada de ar. Aprendi com
meu pai a matar assim, vários homens já morreram na minha mão apenas por
não conseguirem respirar. Com a raiva que estou sentindo agora, posso matá-
lo em segundos.
— Se veio aqui para morrer vou realizar seu desejo. — Ele acerta um
soco forte no meu queixo, meu aperto diminui, pois a dor se espalha pelo
meu rosto.
Ouço um tiro ecoar e o grito da Masha se espalha pela sala. Quero
saber se ela está bem, mas não posso recuar agora, preciso matar Vladislav o
quanto antes.
Ele me dá outro soco e entramos em uma luta corporal intensa,
empurro seu corpo fazendo-o bater contra a parede, enquanto mais tiros são
disparados. O caos se espalha quando Dom começa a agir e,
surpreendentemente, o irmão da Masha também luta com os russos.
Vladislav se recupera rápido e saca a arma, achando que vai me
intimidar. Bastardo! Eu o destruirei esta noite.
— Eu vou te matar e vou levar sua garota — diz sorrindo. — Ela era
para ter sido minha se o fracote do Yuri não a tivesse vendido, tenho o direito
de usá-la como eu quiser, já que a vi antes de você.
— Para fazer isso tem que me matar primeiro — falo com calma ao
também pegar minha arma. — Mas não será hoje que vou morrer.
— Será? — Ouço mais um tiro e pela visão periférica vejo um russo
cair.
— Vá embora com seus homens que sobraram Vladislav —
Domênico ordena com sua voz fria. — Se continuar aqui, nenhum de vocês
saíra com vida.
— Então, ninguém saíra vivo, porque nenhum deles está autorizado a
recuar.
Ele se joga contra meu corpo e rolamos no chão. A minha arma
escapa da minha mão e vai para longe. Agora preciso contê-lo com minhas
próprias mãos ou tentar pegar a faca que possuo na parte de trás das minhas
costas para cravá-la no seu pescoço.
— Não, Andrei! — Masha grita quando um tiro é disparado, seguido
de um corpo caindo. — Não! — Mais uma vez ela berra em desespero.
— Para trás, Masha — Domênico ordena ao atirar.
— Andrei! — ela diz o nome do irmão aos prantos.
Tento conter Vladislav o máximo que posso, mas tudo se complica
por não poder saber o que está acontecendo com meu inferno vermelho.
Neste momento preciso confiar em Dom, agora necessito matar este maldito
russo, se ele me eliminar posso colocar minha ruiva em risco.
Consigo chutá-lo para longe e busco por minha arma. Vladislav acaba
sendo mais ágil do que eu e levanta apontando a sua pistola para mim.
— E agora, Paolo Torcasio? Quem será que vai morrer? — Ouço ao
fundo meu amigo lutando com o russo que sobrou e Masha chorando,
provavelmente porque atiraram no seu irmão.
Mais tiros são disparados e ouço corpos caindo no chão. Não consigo
identificar se Dom foi atingido, preciso me concentrar no russo.
O caos é completo e, neste momento, eu estou encurralado sem saber
o que fazer. Encontro-me no chão, desarmado e com o maldito russo
apontando uma arma para mim.
Caralho! Não posso morrer agora, não sei se Domênico está vivo
para conseguir salvar a minha ruiva.
— Se acha que vou implorar pela minha vida lamento, vou te
decepcionar. — Não tem jeito, preciso confiar que Dom esteja bem, que
consiga lidar com Vladislav para salvar minha ragazza, o meu fim chegou e
vou morrer sabendo que fiz de tudo para protegê-la.
— Não espero que implore por sua vida, apesar de desejar isso. — Ele
destrava a arma. — Ainda assim será um prazer eliminar o grande Capo de
Roma. — Encaro seus olhos, esperando pelo disparo.
Não tenho medo de morrer, uma hora iria acontecer, meu único temor
é Masha, não quero que pare nas mãos desse desgraçado.
Acabo tomando a decisão de avançar sobre ele, morrerei tentando
eliminá-lo, só assim Masha ficará segura.
— Ou larga essa arma ou vou atirar. — A voz raivosa do meu inferno
vermelho se espalha pela sala e impede minha ação.
— Temos uma corajosa aqui? — Vladislav pergunta. — Pare de
brincar com o que não pode lidar sua vadia, você... — Ele não tem tempo de
terminar sua fala, pois Masha dispara três tiros certeiros que atingem seu
peito.
Ele arregala os olhos e dá um passo para trás, em seguida seu corpo
desaba no chão respirando com dificuldade ao colocar a mão em um dos
pontos onde foi atingido.
Levanto rapidamente e pego sua arma, disparo três vezes na sua
cabeça, certificando-me de que ele não sobreviva.
Encaro os olhos vazios sentindo uma onda de prazer me dominar.
Adeus filho da puta!
— Inferno! — Ouço a voz do Domênico. — Que porra de bagunça
esses merdas fizeram. — Olho na sua direção e o vejo apertar a parte lateral
do corpo próximo da sua barriga.
— O que aconteceu aqui? — Meus olhos correm para a porta e vejo
Nicolo chegar. — Não acredito que perdi a ação da noite.
— Podia ter chegado antes, nos pouparia de tanta sujeira — digo ao
caminhar até Masha. — Solte essa arma. — Seguro a minha pistola que está
na sua mão. — Venha aqui. — A trago para dentro dos meus braços, ela está
gelada e com os músculos tensos.
— Eu matei um homem. — Sua voz sai estridente. — Matei uma
pessoa. — Seguro seu rosto.
— Não matou ninguém, eu o matei. Você apenas atirou nele, mas o
infeliz ficou vivo. — As lágrimas começam a correr com força pelo seu rosto.
— Você fez o certo, Vladislav iria nos matar.
— Meu irmão — diz baixinho. — Ele foi atingido, Dom também.
— Vou cuidar deles. — Acaricio sua bochecha. — Tudo vai ficar
bem, eu prometo. — Ver seu rosto banhado de lágrimas e seu medo acaba
comigo, eu enfrento qualquer risco, mas não consigo suportar ver meu
inferno vermelho sofrendo. — Nicolo, chame Nino agora mesmo para limpar
toda essa bagunça, precisamos socorrer o irmão da Masha, ligue para nosso
médico, vamos ver se podemos cuidar dele sem precisar levar ao hospital. —
Relutantemente me afasto dela.
— Não é nada demais. — O traste do irmão dela fala ao fazer uma
careta. — Foi apenas um tiro no braço.
— Pelo menos você é um bastardo corajoso — digo ao me agachar na
frente dele e olhar o ferimento. — Parece que a bala não ficou alojada, se ela
ultrapassou sua carne apenas uns pontos e antibiótico resolverá seus
problemas.
Dom levanta ainda apertando a lateral do corpo, olho para ele
analisando sua expressão, mas como sempre ele não demonstra nada, está
com seu rosto inexpressivo.
— Deixe-me ver como você está — peço ao me aproximar dele.
— Não vou morrer, fique tranquilo. — Ele inspira fundo.
— Lamento te informar, mas tem muito sangue na sua blusa.
— Nada que eu não posso lidar. — Trocamos um olhar tenso, não
estou gostando da falta de cor no seu rosto.
— Nino está vindo, ele vai se livrar dos russos, precisamos sair daqui,
o médico está indo para a sua casa, chefe. — Aceno para Nicolo.
— Leve Dom, eu vou com Masha e o irmão dela no meu carro.
— Certo.
Ajudo Andrei a se levantar, ele geme quando começa a andar. Olho
por sobre o ombro e vejo Masha nos acompanhar, ela ainda chora, mas
parece ter conseguido se controlar um pouco.
Quando descemos peço para eles me esperarem, estacionei meu carro
longe da casa dele para não chamar atenção. Manobro o veículo e paro na
frente deles. Ela ajuda o irmão a sentar no banco traseiro, enquanto isso
Nicolo passa por mim levando Domênico.
Pego o celular e ligo para Nino, ele terá que estar preparado para os
problemas que certamente acontecerão.
— Nino, alguém acionará a polícia, você sabe o que fazer, se as
coisas complicarem chame Giorgio, ele tem os contatos certos para abafar
tudo.
— Já estou chegando aí, chefe, pedi reforço, não vou demorar a
limpar tudo.
— Ótimo, ligue se algo incontrolável acontecer.
— Não se preocupe, eu cuidarei de tudo. — Encerro a ligação e
coloco o carro em movimento.
Olho para Masha e a vejo acariciar a cabeça do irmão. Ao mesmo
tempo que sinto alívio por ela estar bem, não posso negar a raiva que me
consome por se colocar em risco. Se não tivesse fugido nada disso teria
acontecido.
Decido ligar para Giorgio, é melhor deixá-lo alerta caso as coisas se
compliquem com a polícia.
— Paolo, o que está acontecendo? — pergunta assim que atende a
ligação.
— É uma longa história, preciso neste momento que fique atento,
Vladislav está morto, Nino vai se encarregar de limpar tudo, mas
provavelmente teremos problemas com a polícia, preciso que abafe as coisas.
— Como assim Vladislav morreu?
— Te conto depois, só preciso que cuide de qualquer problema com a
justiça.
— Não se preocupe com isso, ninguém saberá o que aconteceu.
— Ótimo. — Respiro aliviado. — Conversamos mais tarde.
— Certo. Já vou verificar se temos algum problema.
— Faça isso. — Encerro a ligação e volto a olhar pelo espelho, dessa
vez meus olhos encontram com os da Masha.
— Vai ficar tudo bem, eu garanto.
— Não quero perder meu irmão, Paolo, muito menos Dom. — Sua
voz sai trêmula.
— Os dois irão ficar bem, confie em mim, em breve você vai lembrar
desta noite como uma aventura e, para o seu próprio bem, nunca mais vai
burlar sua segurança. — Ela me olha culpada. — Infelizmente você faz parte
da minha vida e sempre será alvo dos meus inimigos. — Não posso negar a
verdade. — Mas eu morro para te ver segura, ninguém nunca encostará um
dedo em você, para isso precisa entender que seus seguranças são
fundamentais.
— Já entendi e me arrependo amargamente pelo que fiz.
— Isso é bom, no futuro não teremos mais problemas. — Ela não diz
nada. — Como minha futura esposa, você vai precisar entender que sua
segurança vem em primeiro lugar.
— Paolo, vamos falar sobre isso depois, eu estou confusa demais. —
Faço um rápido aceno.
— Tudo bem, mas preciso deixar claro que quero de verdade me casar
com você.
Ela não me diz nada, apenas volta a confortar o irmão, enquanto eu
acelero mantendo o silêncio.
Pego mais um lenço de papel para assoar o nariz, não tenho sequer
palavras para explicar o que estou sentindo.
É tudo culpa minha, Domênico e meu irmão estarem agora baleados,
se eu tivesse ficado em casa, nada disso teria acontecido. Caso algo aconteça
a eles, vou passar o resto da minha vida com esse peso na consciência.
— Não fique assim, bambina, tudo vai ficar bem — Mirta diz ao
passar o braço por meus ombros. — O doutor e o filho dele são médicos
competentes e acostumados a lidar com os problemas da máfia, eles cuidarão
bem dos meninos.
— Dom levou um tiro na barriga, pode ter afetado algum órgão.
— Não pense assim, vamos rogar a Deus que não tenha sido grave,
Domênico está acostumado a se ferir, ele vai sair dessa.
— É culpa minha, se eu tivesse ficado em casa todos estariam bem.
— Estou enjoada, a vontade de vomitar é quase incontrolável.
Pensar em tudo o que aconteceu, nas últimas horas, me deixa
completamente desnorteada.
— A culpa é dos russos, esses malditos que causaram toda essa
confusão. — A sua voz sai raivosa. — Ainda bem que todos morreram.
Falar dos russos me faz lembrar que atirei no líder deles, nunca pensei
que realmente precisaria usar uma arma, por sorte Domênico foi um bom
professor e eu pude evitar uma tragédia bem pior do que a que já estamos
enfrentando.
Meus olhos vão para o topo da escada onde Paolo aparece com a
expressão cansada. Desde que chegamos ele subiu para acompanhar o
atendimento do amigo. Por mais que tenha afirmado a mim que tudo iria ficar
bem enquanto vínhamos para casa, eu vi na sua expressão o quanto estava
preocupado com Dom.
— Como eles estão? — pergunto ao levantar e esperar por ele na base
da escada.
— Seu irmão está bem, como previ a bala não ficou alojada, levou
uns pontos e agora está dormindo por conta dos remédios. — Ele para na
minha frente com o rosto tenso.
— E Domênico? — A minha voz treme.
— O caso dele é mais complexo, vai precisar de uma transfusão, o
doutor já providenciou tudo, daqui a pouco o sangue que precisa estará
chegando.
Coloco a mão contra meu coração, assustada com a situação do meu
amigo.
— Ele vai ficar bem?
— Dom é duro na queda. — Paolo passa a mão pelo meu cabelo. —
Depois que fizer a transfusão irá se recuperar.
— Você está falando a verdade ou me poupando do pior?
— Não tenho motivos para mentir. — Neste momento Nicolo aparece
com um homem do lado.
— O sangue chegou, chefe.
— Leve-o até o doutor — ordena.
Acompanho apreensiva Nicolo e o outro homem subirem as escadas
apressados.
— Mirta, pode tentar descansar, não tem mais nada que fazer, agora é
esperar Domênico passar pela transfusão.
— Não sei se conseguirei dormir, pode me chamar se precisar de
mim.
Assim que ela se afasta Paolo me puxa para dentro dos seus braços.
Eu vou satisfeita, nunca precisei tanto dele como agora.
— Desculpa, eu causei toda essa confusão.
— Você não tem culpa de nada. — Ele apoia o indicador no meu
queixo e me faz encará-lo. Seu rosto carrega marcas da briga violenta que
teve com o russo, porém nenhum dos seus ferimentos se compara ao dos
meninos. — Esse confronto com os russos era inevitável, só não esperava que
o próprio líder deles decidisse fazer esse embate pessoalmente.
— Eu queria atirar naquele maldito novamente. — Agora que vi o
verdadeiro estrago que Vladislav deixou para trás, não me arrependo de ter
atirado três vezes nele.
— Você é boa de mira, acho que preciso me preocupar com você
futuramente. — Seus olhos têm um brilho de diversão.
— Tive um bom professor.
— Ainda bem que Dom decidiu te treinar.
— E você nunca gostou das minhas aulas. — Ele faz uma careta.
— Desta vez não tenho como me defender. — Paolo segura meu
rosto. — Você salvou a minha vida. — Abraço a sua cintura.
— Eu também sou capaz de morrer por você, te amo Paolo, jamais
permitiria que te fizessem mal quando poderia te ajudar. — Os olhos dele
brilham.
— Não sei o que fiz para merecer seu amor, mas dou a minha palavra
que o honrarei até meu último suspiro. — Ele segura a minha mão e coloca
no meio do seu peito. — Você é a maior preciosidade que já tive nesta vida,
nunca mais me dê um susto como hoje, os russos poderiam ter achado vocês
antes de estar comigo, tudo poderia ser ainda pior. — Lágrimas se acumulam
nos meus olhos.
— Eu sei disso, se eu pudesse voltar no tempo teria ficado aqui
segurando sozinha toda a minha dor. — Paolo acaricia minha bochecha.
— Nada é em vão — diz sério. — Tudo o que aconteceu serviu para
que eu visse que não posso abrir mão de você. — Encaro-o atenta. — Tentei
não te trazer para a merda da máfia, mas você já está nela desde que pisou
nesta casa.
— Tem certeza sobre o casamento? Isso não pode te causar
problemas?
— Eu vivo em meio a problemas. — Ele beija lentamente minha
boca. — Posso arrumar um novo problema para ter você comigo, só preciso
saber se realmente vai querer esse casamento.
— Essa é uma pergunta tola. — Cruzo os braços ao redor do seu
pescoço. — Eu te amo, como não vou querer me casar com você? — Ele
sorri, exibindo sem medo a felicidade com minhas palavras.
— Então se prepare, porque o mais rápido que eu conseguir vou te
transformar na senhora Torcasio, não vejo a hora de colocar uma aliança no
seu dedo.
O meu coração se agita, ainda me sinto incrédula com toda a
reviravolta que aconteceu entre nós. Iniciei a noite achando que o perderia
para sempre e agora a encerro com ele me pedindo em casamento.
Uma pena ter duas pessoas que eu amo feridas no fim dessa história,
se não fosse isso esse seria o dia mais feliz da minha vida.
Abro bem devagar a porta do quarto onde Domênico está e vejo seu
corpo grande recostado sobre alguns travesseiros. Ele mexe no celular e
parece não perceber minha presença.
— Posso entrar? — pergunto ainda na porta.
— É claro — responde ao erguer rapidamente a cabeça e me encarar.
— Paolo avisou que havia acordado, eu estava ansiosa para te ver.
— Estou bem, bambina, não precisa se preocupar. — O seu rosto
pálido me diz o contrário, mas eu não vou discutir com ele.
— Desculpa por ter te colocado em risco Dom, tudo isso foi culpa
minha.
— Pare de bobagem. — Ele descarta o celular. — Venha aqui. —
Estica o braço e eu seguro sua mão imediatamente. — A única coisa que você
pode se culpar foi em ter se colocado em risco, do mesmo jeito que Vladislav
descobriu que estávamos na casa do seu irmão sem seguranças, ele poderia
ter interceptado vocês antes. O confronto que aconteceu foi inevitável, já
estamos a bastante tempo trocando provocações com os russos, uma hora a
coisa iria esquentar de verdade.
— Você está tentando amenizar a minha culpa igual a Paolo. —
Descanso delicadamente minha cabeça em seu ombro.
— Não estamos. — A sua voz sai cansada. — Somos mafiosos,
estamos acostumados a violentos embates, o que tivemos ontem não foi o
pior, eu e Paolo já presenciamos enrascadas bem maiores.
— Domênico, você teve que tomar uma bolsa de sangue, como pode
me dizer que não foi algo tão ruim?
— Acredite em mim que não foi, agora passou, eu estou bem e só
preciso de alguns dias para essa merda de ferimento curar.
— Alguns dias não, no mínimo um mês. — Ele solta uma risada e
imediatamente geme ao tocar seu ferimento.
— Jamais ficarei um mês na cama, Masha, assim que não sangrar
mais o ferimento eu volto a trabalhar normalmente.
— Não pode fazer isso, jamais permitirei algo assim.
— Eu sempre faço. — Ele beija o topo da minha cabeça. — Agora
quero saber como você está. — Seus olhos demonstram preocupação. —
Você precisou atirar em uma pessoa. — Respiro fundo.
— A vida do Paolo dependia de mim, não podia deixá-lo morrer
quando eu podia impedir. — Dom parece querer ler meus pensamentos. —
Eu fiquei assustada no princípio, me senti muito mal quando tudo acabou,
mas aí... — Olho na direção onde ele está ferido.
— Aí o quê?
— Vi o estrago que aquele maldito russo fez e eu só queria atirar nele
novamente. — Dom tenta sorrir e mais uma vez uma careta retorce seu rosto.
— Bambina, você é perigosa, Paolo vai ter bons momentos de briga
com você.
— Mas que porra é essa? — A voz de Paolo quebra nosso clima de
cumplicidade. — O que está fazendo na cama com a minha mulher,
Domênico? Será que não bastou quase morrer ontem? Quer testar a sorte hoje
também?
— Aí chegou o ranzinza. — Dom me olha divertido. — Tem certeza
de que vai aceitar o pedido de casamento dele? Podia me escolher, eu sou
bem mais equilibrado.
— Para Dom. — Sorrio da sua brincadeira, mas, como sempre, Paolo
não tem humor.
— Você não brinca comigo. — Ele recrimina o amigo ao parar perto
da cama com o rosto fechado. — Está tudo bem mesmo? O nosso médico
disse que virá te ver no final do dia, mas se algo acontecer ele pode aparecer
antes.
— Vou sobreviver, não se preocupe. — Por mais que tente esconder,
Paolo está tenso com o ferimento de Dom.
— Não se atreva a morrer. — Agora ele me encara. — Vamos deixar
Dom descansar, ele não pode falar muito, ordens do médico. — Mesmo não
querendo eu me afasto dele.
— O doutor não sabe o que preciso, eu estou bem.
— Já viu seu rosto de fantasma? — Paolo apoia a mão na minha
cintura. — Vá descansar, uomo, mais tarde Mirta virá com o seu lanche da
manhã.
Dom solta um som parecendo um rosnado, fazendo Paolo sorrir ao me
arrastar para fora do quarto.
— Não estou vendo graça na situação — digo quando caminhamos
pelo corredor.
— Só estou rindo por entender Domênico, se eu tivesse que ficar na
cama recebendo comida de Mirta estaria espumando de raiva.
— Vocês são estranhos demais. — Ele beija o meu cabelo ainda
sorrindo.
Quando descemos as escadas Giorgio está entrando ao lado de um
casal. Tento me lembrar de onde conheço o homem, mas minha mente
traiçoeira não consegue descobrir de quem se trata.
— Bom dia, Masha, Paolo. — Giorgio nos cumprimenta.
— Bom dia. — Não gosto nada da maneira que o homem ao lado de
Giorgio me encara.
— Francesco e a esposa querem visitar o filho.
Ah! Agora me lembro do homem, já o vi há bastante tempo em uma
reunião com Paolo aqui em casa.
— Ele não pode falar demais. — Imediatamente Paolo rosna com os
olhos fixos no pai de Domênico. — Então sejam rápidos na visita.
— Paolo, eu quero levar meu filho para a minha casa, como mãe acho
que tenho o direito de cuidar dele. — Vejo nos olhos aflitos da mulher o
quanto está nervosa.
— Direito você tem Concetta, mas Dom quer ficar aqui e não vai sair
até que deseje. Pode passar o dia com seu filho, você é bem-vinda à minha
casa, mas ele não saíra daqui até que peça.
— Não pode nos impedir de levá-lo — Francesco contesta.
— E quem vai tirá-lo daqui sem a minha autorização? — Paolo cruza
os braços e o homem dá um passo à frente.
Fico aflita, não confio nesse Francesco depois de ouvir tantas histórias
ruins dele.
— Talvez seja melhor Dom resolver aonde deseja ficar. — Olho para
a mãe dele. — Eu estou cuidando bem do seu filho, quanto a isso não precisa
se preocupar. — A mulher sorri exibindo um olhar grato.
— Eu não sabia que a puta do Paolo também era enfermeira. Que tipo
de cuidados está oferecendo ao meu filho? — Fico em choque com a sua
ofensa.
— Procurando morrer já cedo, Francesco? — Paolo se move e para
bem rente a ele. — Aqui é a minha casa, você não é bem-vindo e se abrir sua
boca para falar mais alguma coisa desagradável à Masha, eu me acertarei
com você pessoalmente e farei o favor a sua esposa de deixá-la viúva. —
Espero a briga iniciar, mas Francesco se cala. — Você tem dez minutos com
Domênico, já Concetta pode ficar o tempo que quiser.
— Não pode me impedir de ficar com meu filho — Francesco
protesta ficando vermelho.
— Posso e vou, agora cale a porra da sua boca e vá vê-lo logo, seus
minutos já estão contando. — Os dois trocam um olhar tenso. — Vamos,
Masha. — Ele segura o meu braço e me leva para seu escritório.
— Que homem horrível — digo quando estamos a sós.
— Você não sabe o quanto. — Paolo me puxa até que estou sentada
no seu colo. — O pai do Domênico é um dos meus desafetos no Conselho,
quando eu anunciar o casamento, será um que não aceitará.
— Estou com medo desse momento.
— Não fique, eu vou controlar tudo. — Ele passa a mão pelo meu
rosto. — Por você, eu extermino cada membro do Conselho.
— Pare com isso, chega de mortes.
— Vivo em meio à morte, acostume-se. — Sua boca vem contra a
minha e eu o beijo intensamente sentindo uma emoção inédita me dominar.
Vamos nos casar, nenhuma outra mulher o terá, Paolo será meu
marido, difícil acreditar nessa verdade.
— Assim que Dom se recuperar vou marcar a reunião com todos eles
para anunciar o casamento, enquanto isso já vá pensando em tudo o que vai
querer, porque não quero demorar a casar.
— Não preciso de um casamento grande.
— Eu tenho que ter um padrão nesse casamento, necessito convidar
algumas pessoas, mas podemos tentar diminuir ao máximo os convidados.
— Os convidados ficam por sua conta, só preciso do Leo, meu irmão
e Donatella presentes.
— Faça como quiser, você tem carta branca. — Sua mão segura a
minha cabeça segundos antes dos seus lábios esmagarem os meus.
Eu espero não estar sonhando, porque apesar dos problemas que
tivemos nas últimas vinte e quatro horas, o seu pedido para nos casarmos
parece um lindo sonho bom.
Dez dias depois
Abro a porta da sala onde o Conselho foi reunido. É hoje que vou
enfrentá-los. Depois da confusão com os russos, ninguém se importou em
comentar sobre a minha saída intempestiva da festa de Mattia, todos estavam
felizes demais com a morte de Vladislav.
Não conversei com nenhum deles, apenas Giorgio sabe exatamente o
que aconteceu naquela noite, porém ele não tem conhecimento que escolhi
Masha como esposa, eu preferi deixar essa informação em segredo.
— Bom vê-lo recuperado Domênico. — Mattia me surpreende ao
demonstrar consideração por Dom.
— Não foi nada demais. — É mentira, foi grave e ele sobreviveu
porque é teimoso demais para morrer e o nosso médico é muito bom, mesmo
não tendo muitos recursos disponíveis. — Já passei por confrontos piores.
— Domênico é bem modesto — digo ao acender um cigarro. — Mais
uma vez ele demonstrou ser um dos nossos melhores homens. Ainda não está
completamente recuperado, mas em breve o teremos pronto para outro
conflito.
— Meu filho foi bem treinado. — Francesco não esconde o orgulho.
— Nós Pizzorni não temos medo do perigo.
— Os Torcasio também são. — Trocamos um olhar tenso. —
Senhores esta reunião foi marcada para que eu pudesse fazer um comunicado.
— Paolo, você ainda não falou nada sobre os russos, queremos saber
os detalhes da morte do Vladislav. — Cassio, um dos mais novos
conselheiros pergunta. — O que levou vocês a terem a briga na casa do irmão
da sua amante? — Trinco os dentes, odeio essa mania que eles têm de
chamarem Masha de amante.
— Cassio nós matamos todos os russos que nos confrontaram, dentre
eles seu líder, aonde foi não é do interesse de ninguém — digo sem esconder
minha fúria. — A única preocupação que todos nós teremos que possuir é
atenção no que eles irão fazer agora. Certamente a morte de Vladislav será
rechaçada, precisamos estar atentos.
— Iremos combatê-los na mesma intensidade — Giuseppe fala. —
No momento em que você matou Vladislav, deixou um claro recado que nós
não os toleraremos nos intimidando.
— Eu espero que eles tenham tido esse seu pensamento, Giuseppe. —
Trago longamente o cigarro. — Mas a minha reunião com vocês não é sobre
isso, quero anunciar que escolhi minha futura esposa e casarei o quanto antes.
— Mattia abre um largo sorriso, certamente está achando que escolhia sua
filha.
— E quem foi a escolhida? — pergunta ansioso.
Faço alguns segundos de suspense, gostando de observar os rostos
curiosos a minha frente.
— Vou me casar com Masha. — Um silêncio pesado se estende por
todos os conselheiros, eles me encaram como se eu estivesse contando uma
piada de péssima qualidade.
— Que brincadeira é essa? — Mattia se manifesta.
— Não é uma brincadeira — digo rispidamente.
— Paolo, a tradição diz que o Capo precisa se casar com uma das
mulheres do clã. — Giorgio é cauteloso ao me lembrar dessa maldita
tradição.
— Precisamos nos modernizar.
— O caralho que vai haver modernização. — Mattia ergue-se furioso.
— Você vai renegar a minha filha para se casar com uma puta?
Em poucos passos estou na frente dele, o empurrando violentamente
contra a parede. Mattia segura o meu braço e tenta me afastar, mas eu não
cedo um centímetro e aproximo meu rosto do seu.
— Se chamar minha futura esposa de puta outra vez perde a língua.
— Respiro com dificuldade. — Eu mando nesse clã, eu sou o chefe e eu
escolho minha esposa.
— Não pode fazer isso, é contra nossa tradição. — Giuseppe se
manifesta.
— Também é contra nossas tradições roubar o clã e seu filho fez isso
— ele se cala, mas seu rosto deixa evidente o quanto odiou a minha fala.
— Senhores! — Dom chama atenção de todos, inclusive a minha que
largo Mattia, mesmo querendo socá-lo.
— O que vocês não sabem é que Masha atirou três vezes em
Vladislav e evitou o pior — diz com sua voz firme. — Paolo perdeu a arma
quando lutou com ele e estava sob a mira do russo quando ela o atingiu sem
pensar duas vezes, depois Paolo encerrou o serviço o matando. — Todos o
encaram sem esconder a surpresa. — Masha é legitimamente italiana, pode
não ser do nosso clã, mas na noite em que confrontou os russos e ajudou a
matar Vladislav mostrou o quanto é leal a nós.
— Na verdade, ela é do nosso clã. — Franco ganha a nossa atenção.
— Do que exatamente está falando? — pergunto cauteloso.
— Masha é minha neta. — O silêncio cai pesado ao longo da sala,
Franco acaba de jogar uma bomba sobre nós.
— Espera um pouco. — Ergo a mão tentando colocar meus
pensamentos em ordem. — Como assim ela é sua neta? — Ele inspira fundo.
— Carlota não morreu como eu havia pensado. — A atenção de todos
está em Franco. — Descobri que meu rastreador mentiu, ele sempre foi
apegado à minha filha e trouxe um corpo qualquer carbonizado para que não
tivesse que matá-la. — Fico em choque. — Quando vi Masha no meu
escritório bem de perto, percebi as semelhanças dela, não só com a minha
filha, mas também com o pai, o cabelo dela é igual ao de Demetrio.
Não consigo me mover, apenas encaro Franco em choque.
— Entrei em contato com a viúva do meu rastreador e depois de uma
conversa aberta ela revelou a verdade. Aí fui atrás da minha filha e descobri
muitas informações. — Franco olha atentamente para todos os conselheiros.
— Um dia encontrei Paolo com ela em um restaurante, quando foram embora
eu recolhi os talheres e copo que ela usou. — Agora ele me olha. — Pedi
para um amigo da polícia forense italiana periciar tudo e os dados genéticos
dela coincidem com os meus, descobri isso dois dias após a confusão com os
russos, por isso não quis contar a você o que estava acontecendo.
Ainda me sinto sem palavras, eu esperava muita coisa dessa reunião,
menos descobrir que Franco é avô da Masha.
— Então se ela é neta legítima do Franco, Paolo pode se casar sem
problemas — Giorgio diz o óbvio.
— Você quer dizer então, que essa vadia que Paolo deseja se casar é
filha de uma traidora do clã? — pela primeira vez Francesco se manifesta
perguntando. — A filha do Franco fugiu com um soldado.
Agora é a vez do Franco perder o controle e acertar um soco no rosto
do Francesco. Os dois entram em uma briga corporal intensa, eu não me
meto, continuo fumando meu cigarro tranquilo, torcendo para que Franco
quebre a cara do maledetto, porque se ele não fizer isso, eu mesmo farei.
Giorgio e um dos seus soldados os separam, os dois encaram-se
raivosos.
— A minha filha nunca nos traiu, ela fugiu com um homem da nossa
máfia — ele rosna para Francesco. — O erro dela foi não aceitar o casamento
que eu havia programado.
— O que não deixa de ser uma traidora.
— Já chega! — Dom impõe a voz. — Masha é neta legítima de
Franco, com duas pessoas do nosso clã. Isso significa que ela é uma de nós, o
que a deixa totalmente apta a ser companheira do nosso Capo.
— Isso é loucura. — Mattia não esconde sua irritação.
— Domênico está certo. — Giuseppe me encara. — Não existe nada
que possa impedir o casamento dos dois.
— A ragazza atirou em um russo, só esse fato já habilita sua entrada
no nosso clã. — Cassio me apoia — Eu concordo com o casamento.
— Também concordo. — Giuseppe me surpreende ao ficar do meu
lado depois que matei seu filho.
— Sou a favor, também. — Giorgio me olha sem esconder que não
gostou de ficar sabendo da minha escolha na frente de todos.
— Eu sou contra. — Não esperava nada diferente de Mattia.
— Também não aceito essa loucura. — O pai do Dom é contrário.
Os outros conselheiros começam a votar e todos são a favor do meu
casamento.
— Bem... — digo quando acaba a votação. — Só tivemos dois votos
contra, isso significa que vou me casar com ela. Os que foram contrários ao
casamento estão liberados de comparecer ao evento, não faço a mínima
questão de tê-los presentes de qualquer maneira. — Ambos me olham com
raiva.
— Paolo, se quiser te envio o exame de DNA para não ter dúvidas do
nosso parentesco.
— Certamente quero ver e mostrar à Masha — digo a Franco.
— Irei enviar ainda hoje para você. — Ele não esconde a ansiedade
em provar que são parentes.
— Excelente. — Aceno para ele. — Então senhores, a nossa
reunião... — Não termino de falar, pois meu celular começa a tocar. — Só
um minuto que vou colocar no silencioso. — Pego o aparelho para desabilitar
o som, mas quando vejo o nome do Leonel piscando atendo de imediato. —
Que porra aconteceu?
— A senhorita Masha desmaiou ao descer as escadas, estou seguindo
com ela para o hospital.
— Puta que pariu! — Dou as costas para o Conselho e sigo para a
porta. — Passe o endereço do hospital por mensagem, encontro vocês lá. —
Encerro a ligação. — Vamos Domênico, temos uma emergência.
Ignoro todas as perguntas dos conselheiros e corro para o meu carro.
Era só o que me faltava alguma coisa acontecer com meu inferno vermelho.
— O que aconteceu? — Dom pergunta um tempo depois quando vem
andando o mais rápido que pode para a área externa do La Fontaine.
Com a porra dessa notícia até esqueci que meu amigo não pode se
movimentar com agilidade.
— Masha desmaiou e Leonel a está levando para o hospital, vamos
embora.
Dom não diz nada, apenas se acomoda no banco do carona, enquanto
eu ganho as ruas de Roma dirigindo o mais rápido que consigo.
Quando nós entramos na casa dos meus avós eu me sinto tensa. Não
sei exatamente o que esperar desse encontro.
— Sejam bem-vindos. — Antonia nos recepciona e seus olhos vão
direto para Andrei, que caminha logo atrás de mim e Paolo.
— Oi, vó. — É tão bom dizer isso.
Eu a conheci pela manhã, mas já sinto uma conexão intensa por ela.
— Como você está, minha bambina? — Os olhos dela ganham o
brilho das lágrimas de emoção por chamá-la de avó.
— Muito bem. — Nos abraçamos emocionadas, é muito bom saber
que a tenho na minha vida. — Contei tudo a Andrei, ele ainda está confuso e
tentando superar a morte da nossa irmã.
— Normal, vamos precisar de um tempo para assimilar tudo o que
aconteceu com Laura e sua mãe. — Ela beija minha testa e se vira para meu
futuro marido. — Boa noite, Paolo.
— Boa noite. — Ele apoia a mão nas minhas costas. — Vou deixar
vocês conversarem. — Seus olhos me observam com atenção, parecendo
querer saber se eu estou bem. — Domênico já chegou, Antonia?
— Está no escritório com Franco.
— Ótimo, estou indo conversar com eles.
Paolo nos deixa a sós e eu me sinto tensa com a reação de Andrei a
nossa avó.
— Posso te abraçar? — Antonia pergunta ao meu irmão.
Ele não responde, apenas fica a olhando, parecendo querer fugir a
qualquer momento.
— É a nossa avó, Andrei, temos mais que um ao outro agora. — Ele
me encara e vejo um conflito intenso acontecer em seu olhar.
Seguro a sua mão e o puxo para perto da nossa avó. Lágrimas
despontam dos olhos dele, fazendo com que Antonia se movimente e o
abrace.
Os dois choram dividindo um abraço caloroso, enquanto dizem
palavras ternas um ao outro, apenas observo a cena sentindo meu coração ser
tomado pela emoção. Tanta coisa aconteceu até chegarmos aqui, passamos
por muitas dores, adversidades e incertezas, perdemos pessoas que amamos,
mas acabamos vencendo todos os desafios.
— Meu pequeno menino, é tão bom poder te abraçar, vocês dois são
pedaços da minha filha, eu amo vocês e nunca mais quero os dois longe de
mim. — Ela me puxa para perto deles. — A partir de hoje sempre estaremos
juntos e, Franco prometeu que não deixará o pai de vocês impune.
— Ele é bom em se esconder, não será fácil achá-lo.
— Meu marido tem meios especiais para fazer isso, ele o achará se
ainda estiver vivo, tenha certeza disso.
— Espero que esteja bem vivo e que tenha uma morte à altura das
maldades que fez — Andrei diz com a voz raivosa.
— E ele será punido por tudo o que fez, tem a minha palavra. — A
voz de Franco ressoa potente. — Não vai demorar para que eu coloque
minhas mãos nele e o faça pagar por toda sua maldade. — Com passos firmes
se aproxima de nós. — Seja muito bem-vindo a nossa casa, meu neto. —
Apoia a mão no ombro de Andrei. — Dom me contou como foi corajoso com
os russos, estou orgulhoso de como enfrentou o inimigo e protegeu a sua
irmã.
— Eu não podia ficar parado, Masha estava em risco, aprendi um
pouco de luta enquanto morei nas ruas. — Franco sorri.
— Irá aprender a se defender ainda mais, Domênico te ensinará
algumas coisas como fez com sua irmã. — Os olhos dele me buscam. —
Estou feliz em ter vocês na nossa casa. — Agora ele encara a esposa. —
Vamos nos acomodar, temos algumas surpresas para a noite.
Ele passa os braços por nossos ombros e nos leva até o centro da
elegante sala de estar.
Olho para Paolo e o vejo relaxado, com um discreto sorriso nos
lábios.
Acho que agora tudo está se ajeitando, espero que encontremos algum
tempo de paz.
Eu nunca imaginei que me sentiria tão tenso no dia que iria pedir a
minha futura esposa em casamento, mas agora que estou prestes a colocar
uma aliança no seu dedo na frente das nossas famílias, eu me sinto
completamente agitado por saber que ela estará entrando na minha vida em
definitivo.
— É uma alegria ver nossas famílias unidas — Franco diz a minha
mãe. — Sempre tive estima por Paolo, o que não posso dizer o mesmo por
seu falecido marido. — Ele é sincero.
Não é por menos que se tornou meu contador, Franco além de ter uma
aptidão incrível para bons negócios, odiava o meu pai.
— Meu filho é um líder equilibrado, bem diferente de Conrado. —
Domênico se engasga com seu vinho ao ouvir minha mãe falar e me olha
com um meio sorriso.
Filho da puta! Está debochando de mim.
— Na verdade, Paolo não é conhecido por ser equilibrado. — Giane,
o marido de Chiara que está presente ao jantar junto da esposa, assim como
Fiorella, porém sem Carmelo, comenta sorrindo.
— Acho que ele nem sabe o que é isso. — Gio me olha descontraída.
Ela está sentada ao lado de Dom e os dois trocam um sorriso cúmplice
irritante.
— Não estou gostando das brincadeiras — digo aos dois.
— Paolo sabe o que faz — Valentino, tio mais velho de Masha
comenta recriminando ambos sabendo bem que não é boa ideia me provocar.
Por sorte os dois filhos de Franco não reagiram mal a revelação sobre
os novos membros da família. Ambos receberam os sobrinhos com muita
reciprocidade quando chegaram ao jantar, em alguns momentos até senti os
meninos revoltados ao ouvir um pouco sobre o passado dos sobrinhos.
Já minha mãe ainda não aceitou Masha completamente, mas ao menos
parou de falar suas bobagens, conseguiu cumprimentá-la com extrema
educação quando chegou. Também não poderia ser diferente, na casa Franco
ela não ousaria mostrar suas garras.
— Muito obrigado, Valentino. — Aceno para ele. — Já que
encerramos o jantar, eu gostaria da atenção de vocês. — Estou louco para
terminar essa confraternização para ir embora. — O nosso jantar além de ter
o intuito de apresentar Masha e Andrei à família deles, também foi feito com
a intenção de oficializar o nosso noivado. — Levanto e puxo a mão da minha
ruiva que encara surpresa. — Depois de uma briga intensa com Franco, eu o
convenci que precisava comprar o anel de noivado, mas nós nos entendemos
com relação a aliança de casamento, essa ele irá nos presentear com uma peça
exclusiva de um dos designers da sua joalheria.
— Ainda não estou feliz, mas não posso ir contra você — ele diz
emburrado.
— Sua inteligência é muito bem-vinda. — Aceno para ele. — Masha,
como bem sabe eu estou longe de ser um homem romântico, então não vou
me alongar neste momento. — Pego a pequena embalagem que guardei no
bolso da calça. — Eu espero que goste do anel de noivado, tive a ajuda da sua
avó na escolha. — Abro a caixinha e exibo o anel com um esplendoroso
solitário.
— Que lindo, Paolo. — Ela coloca as suas mãos sobre a boca e encara
o anel com os olhos brilhando pelas lágrimas. — Não acredito que ficaremos
noivos hoje.
— É o momento ideal, temos a família reunida. — A minha voz sai
mais grossa que o normal, queria poder ao menos por hoje ser um homem
que conseguisse extravasar seus sentimentos, só que não dá.
Saber que a amo já é algo que me assusta demais, então eu não tenho
como me ajoelhar na sua frente como nos filmes e dizer palavras fofas.
Deslizo o anel por seu dedo e faço uma leve carícia onde a joia está.
Eu espero que ela consiga ver nos meus olhos o quanto é importante para
mim.
Masha fez meu coração bater de uma forma que nunca achei que seria
possível.
— Agora vamos providenciar o casamento o quanto antes. — Beijo o
local onde está o anel. — Antonia está escalada para realizar esse casamento
em no máximo dois meses.
— Dois meses? — ela diz assustada.
— Se puder ser antes ficarei feliz.
— Vamos fazer um brinde aos noivos. — Franco levanta e ergue sua
taça de vinho.
— E também ao futuro bebê Torcasio. — Domênico completa o
brinde.
— Que vocês tenham um casamento feliz. — Fiorella diz ao nos olhar
com um sorriso que não chega aos seus olhos.
Preciso resolver logo a vida dela e, com sorte, faço isso antes do meu
casamento.
Meus olhos encontram com os da minha futura esposa e ela me encara
com um olhar que transborda amor. Um dia vou tentar entender que merda eu
fiz de bom nesta vida para receber o seu amor.
— Vamos com calma — digo quando ela monta sobre mim toda cheia
de fogo. — Você está grávida e teve um desmaio.
— Eu estou bem. — Sua mão acaricia o meu pau, que já está muito
animado querendo escapar da boxer. — Perguntei a obstetra se podíamos
transar normalmente e ela disse que estava liberado desde que não usássemos
chicotes e amarras. — Arregalo os olhos.
— Ela disse isso?
— Disse. — Masha libera o meu pau. — Agora quero meu noivo,
preciso de você, Paolo.
Caralho! Assim eu não consigo manter minha racionalidade. Não que
eu a tenha de fato, mas quando se trata da minha ruiva eu tento ser um
homem racional.
— Você é minha perdição. — Jogo o seu corpo para o lado e fico
sobre ela. — Eu sou louco por você, inferno vermelho. — Assumo. — Juro
que vou fazer de tudo para que seja feliz comigo.
— Já sou feliz. — Ela segura meu rosto e pressiona os lábios nos
meus. — Vamos nos casar, ter um filho e eu sei que tenho o seu coração. —
Ela coloca a mão no meio do meu peito. — Ainda que não consiga se
expressar com palavras, eu sei que me ama.
Esmago meus lábios nos seus, porque realmente a amo como nunca
imaginei que um dia seria capaz. Sei que ela merece ouvir com todas as
palavras o quanto a amo, mas hoje não consigo ser tão aberto. Em algum
momento eu tentarei ser, por enquanto apenas vou tentar mostrar com gestos
o quanto ela me domina.
Eu me perco no seu corpo e provo cada parte de pele exposta. Masha
se mostra completamente receptiva ao meu toque, hoje ela está ainda mais
excitada do que o normal.
Quando o nosso nível de excitação ultrapassa todos os limites eu me
lanço dentro do seu canal e começo a penetrá-la com profundidade. Ela geme
ao envolver o meu corpo e buscar pela minha boca.
— Ahh, Paolo — grita meu nome quando todo o seu corpo se
contorce embaixo do meu.
Meu inferno vermelho fica ainda mais linda quando goza.
Não paro de me movimentar, continuo investindo contra ela enquanto
acompanho extasiado o seu gozo.
Estremeço quando também gozo, afundo o rosto contra seu pescoço e
rosno ainda sentindo meu corpo ser incendiado. É muito bom estar com ela,
Masha é a única que me satisfaz plenamente.
— Eu te amo ainda mais quando me faz gozar — ela fala ao me
abraçar. — Se não nos controlarmos acho que faremos muitos filhos.
— Pode apostar que eu vou me esforçar para ter muitos bambinos
soltos pela casa.
Penso na emoção sufocante que senti quando ouvi o som do coração
do meu filho. Tive que sair da sala de exame para que Masha ou a doutora
não percebessem tudo o que estava sentindo naquele momento.
— Não vai se esforçar coisa nenhuma. — Ela segura o meu rosto e
me faz encará-la. — Preciso terminar minha faculdade.
— No dia que você terminar eu te engravido, não tem problema.
— Paolo! — Recebo um soco no ombro que me faz sorrir.
— Fica calma, diaba vermelha. — Mesmo sem querer me afasto dela.
— Vamos sem pressa, temos muito tempo para encher esta casa de crianças.
— Apoio o cotovelo no colchão e descanso a mão sobre a sua barriga. — Por
hora vamos aproveitar nosso primeiro filho.
— Pode ser filha, prefiro chamar de bebê porque é mais amplo.
— Não me importa o sexo, só quero que tenha muita saúde — ela
suspira fundo e cobre a minha mão com a sua.
— Ainda estou com medo. — Beijo sua testa.
— E eu estou realizado. — Assumo. — Sempre te quis e agora que
vamos ser uma verdadeira família eu só estou tentando merecer esse presente
inusitado que ganhei. — Mergulho no seu olhar azul e aquecido de amor.
— Você merece tudo, mesmo que não acredite nisso — a voz dela sai
cheia de emoção.
— Não mereço, la mia passione. — Roço meus lábios nos seus. —
Mas vou fazer por merecer.
— Eu te amo muito. — Pego sua mão e deposito no meio do meu
peito, enquanto não tiro meus olhos dos seus.
— Você é tudo pra mim, tudo. — Meus lábios caem contra o seu,
ansioso, nervoso, repleto de desejo.
Ela é meu porto seguro, minha âncora, meu ponto de equilíbrio. Eu
sabia que ela mudaria a minha vida, só não tinha ideia de que ficaria nela para
sempre.
Domênico
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Avaliação:
[13] São os homens de classe inferior da máfia, que fazem a segurança dos que
possuem maior poder aquisitivo e tradição familiar no clã.
[14] Homem
[15] Santo Deus.
[16] Família, representa todos os membros da máfia.
[17] Família. Nesse caso o sentido é sobre todas as famílias que fazem parte da máfia.
[18] Maldição
[19] O La Fontaine além de ser uma boate famosa, serve também de escritório da
máfia.
[20] Homem.
[21] Princesa em italiano.
[22] Mãe.
[23] Minha paixão.
[24] Príncipe em italiano.
[25] Princesa.
[26] Bairro no subúrbio de Roma.
[27] Essa é a frase que Paolo cita a Kimberly, no primeiro livro da série Homens
Dominantes, O Amor do Príncipe.