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— Isso, sua vadia. Chupa esse pau direito, vai. Engole tudo. — Digo
a Leila enquanto agarro seus cabelos e oriento sua boca no meu pau — isso
vai, chupa, suga com força, engole tudo — ela chupa e devora o meu pau. O
sexo com Leila é livre de amarras, ela é liberal em todo sentido da palavra
— isso agora fica de quatro para mim, quero foder seu rabo — digo e ela
obedece ficando de quatro em cima da cama e me oferecendo seu rabo
apertado.
Passo lubrificante em sua entrada apertada e coloco uma camisinha,
e assim quando estou devidamente protegido invisto em seu rabo que já está
tão acostumado à minha invasão sem nenhuma delicadeza. Enquanto a fodo
meus pensamentos voam para outro lugar, ou melhor outra pessoa, assim
consigo ter prazer com Leila, somente pensando em Morgana. Há tempos é
assim, mas isso se intensificou mais e eu não sei o porquê penso nela.
— Ai Andrei, com calma — Leila reclama da brutalidade e com a
força que coloco ao foder o seu rabo, agarro seus cabelos em punho e puxo
seu corpo para trás até que eu tenha suas costas colada em meu peito e
sussurro no seu ouvido:
— Você não disse que gosta forte, rápido e duro; estou lhe dando
tudo isso — e a penetro uma, duas, três vezes e explodo dentro da
camisinha — ainda não acabou — digo lhe dando um tapa estalado em sua
bunda — a noite é uma criança baby — digo me retirando de dentro dela e
seguindo para o banheiro.
Ligando o chuveiro no frio entro debaixo dele esperando esfriar a
cabeça, já faz 5 anos que deixei a Rússia e vim para os Estados Unidos,
mais precisamente New York.
Quando cheguei aqui estava meio desorientado precisando me
afastar, me doeu como o inferno deixar Morgana aquele dia mais era
preciso, eu não era homem para ela. Hoje, aos meus 34 anos, não posso
considerar que criei um pouco de juízo. Ainda continuo com as minhas
noitadas, não tenho um relacionamento fiel com Leila, eu sei que ela deseja,
que quer, mas não estou preparado para isso, meus pensamentos passeiam
por outra pessoa e enquanto eu não me livrar disso não posso ter ninguém.
Das vezes que perguntei sobre ela a meu irmão ele somente disse
não saber dela, que depois que vim embora ela sumiu e nem mesmo
Donatella soube mais nada.
Quando me lembro daquele fatídico dia do casamento do meu
irmão, quando me lembro como ela estava linda ao meu lado, eu sei que fui
um idiota completo, mas eu não queria que ela sofresse, não sou homem
para ela e nem para nenhuma mulher.
Meu coração se aperta quando lembro da nossa última conversa.
Eu não deveria ter um coração, mas porra! Eu tenho, para ela eu
tenho. Sei que não posso mudar o passado, sei que a machuquei e a quebrei
naquele dia, mas merda. Vivo atormentado, se me arrependi? Isso é nítido.
Eu vivo em confusão e por isso ninguém entra em meu coração. A
lembrança retorna tão vivida que quase posso sentir o cheiro doce do
perfume dela.
“— Você está linda Morgana — digo a ela que me fita com os olhos
castanhos avermelhados, lindos, intensos.
Sorrio diante de como ela fica vermelha quando me aproximo dela.
— Obrigada, você também — ela me diz dando um sorriso fraco e
eu sinto que tem algo errado, mas não sei o que pode ser.
— O que tem dentro dessa caixinha? — pergunto a ela vendo a
caixinha ao seu lado em um cantinho no chão.
— Ah! a caixinha? — ela pergunta — é da Donatella. Eu também
não sei o que tem — responde.
— O que minha cunhada aprontará? — divago em meus
pensamentos.
— Eu não sei — ela diz e quando vou respondê-la a marcha nupcial
começa e Donatella surge.
Realmente, meu irmão, é um cara de sorte.
Me lembro dessa parte e busco entender como podíamos ser tão
opostos e tão atraídos.
Me lembro muito bem do momento, em que não sei realmente o que
estava pensando. Fui me despedir dela, o seu olhar perdido, marejados,
mas eu não podia, eu não podia mais fazê-la sofrer. Meu mundo não
pertence a ela, ela não suportaria viver todos os dias sem saber se eu
voltaria no final do dia, ela até poderia ser a mulher para mim, mas eu com
certeza não era homem para ela, aquele que a faria feliz todos os dias.
— Morgana!? — a chamo e quando ela se vira para me encontrar
meu coração passa uma batida, eu não sei distinguir o que sinto, a
necessidade de dizer a ela que estou partindo me rasga por dentro.
— Sim? — ela franze o cenho buscando entender o porquê da minha
presença ali.
— Eu... vim me despedir de você — digo e sua boca se abre em um
"Ó" e se fecha novamente.
Ela passa a mão nervosa pelo vestido e me olha, e nesse olhar eu
quase tenho a certeza de que essa mulher pode tirar tudo de mim, pode
levar me levar ao inferno quantas vezes forem necessárias.
— Você vai…. Você vai embora? Como assim embora? Você...— ela
gaguejou nervosa.
— Eu preciso ir, você nunca vai entender, mas eu não sou homem
para você Morgana — digo a ela que me olha com o olhar desesperado e
logo percebo a primeira lágrima rolar em seu rosto.
Quando tento me aproximar para enxugá-la, ela se afasta antes
mesmo que eu possa tocá-la.
— Não me toque! — ela diz entre dentes e eu afasto a minha mão —
eu… eu… — ela não disse mais nada, simplesmente saiu correndo.
Eu suspiro pesadamente e olho para o céu e é quando percebo o
olhar da minha agora então cunhada, e com o olhar de súplica peço a ela
que vá atrás de Morgana.”
Naquele dia eu sei que a perdi, eu perdi a mulher da minha vida.
Perdido tanto nas lembranças, eu nem percebi quando Leila entrou
no banheiro. Estou tão frustrado que nem a água fria foi capaz de gelar o
incêndio que existe dentro de mim.
Decidido puxo Leila para dentro do box e agarro os seus cabelos e a
viro contra a parede encostando seu rosto no azulejo.
— Você quer brincar? — pergunto a ela que apoia as duas mãos na
parede e empina a bunda para mim.
— Sim! Eu quero, eu quero mais! — ela diz rebolando, passando a
bunda no meu pau que já está duro.
— Então abra as pernas e empina essa bunda — digo a ela que
obedece, passo a ponta dos meus dedos pela sua fenda inchada — está
pronta? — pergunto a ela que assentiu positivamente.
Pego a base do meu pau e provoco-a em sua entrada, passando a
ponta em sua fenda para cima e para baixo, e em uma única estocada enfio
meu pau em sua boceta apertada, sem preliminares, sem jogos. Penetro-a
sem parar, mas meu pensamento está em Morgana enquanto Leila geme em
meu pau, e eu sigo fodendo-a e pensando na mulher que vive em meus
pensamentos.
Minutos mais tarde, quando sinto meu gozo se aproximar, me retiro
de dentro dela, a viro de costas contra a parede. Forço seus ombros para que
se ajoelhe, enfio meu pau em sua boca e despejo todo o meu gozo quente e
ela chupa meu pau me olhando e engole tudo.
Quando ela termina deixando o meu pau limpo, ela se levanta
passando a língua pelos lábios e me olhando com o olhar safado.
— Nossa! Você foi demais — ela diz passando a mãos sobre o meu
peito molhado pela água do chuveiro.
— Eu sei disso, mas vamos acabar com isso logo. Tome seu banho,
se troque para ir embora — digo a ela que pisca duas vezes de boca aberta,
parecendo aturdida com as minhas palavras. Saio do box pegando uma
toalha para me enxugar — você tem vinte minutos.
Saio do banheiro e vou ao meu closet, pego um conjunto de pijamas
e me visto. Quando estou pronto, me olho no espelho, a imagem que sou
hoje, olho em direção ao banheiro e tomo uma decisão.
— É hora de voltar, fazer as pazes com o meu passado. É hora de
lutar por ela.
(...)
Após 15 minutos, Leila sai de dentro do Banheiro com cara de
poucos amigos. Não entendo a razão para isso porque sempre desde o
começo, eu sempre disse que o que teríamos seria apenas casual, nada sério.
Ela não me deve fidelidade e nem eu a ela, mas mulheres não pensam como
homens, para elas se estão fodendo deve respeito e toda aquela ladainha de
fidelidade.
— Terminou tudo? — pergunto a ela que me olha como se fosse me
matar.
— Por que não posso passar a noite aqui? Por que não posso ficar?
Por que sempre me manda embora depois?
— Chega de perguntas, se vista já está na sua hora!
— Qual é a sua Andrei? — ela me pergunta furiosa.
— Preste bem atenção, Leila. Desde o começo eu te disse que o que
eu queria era apenas um sexo casual, sem compromisso sério, eu avisei
você aceitou, então não me cobre nada. — Digo a ela que me olha e em
seguida junta as suas coisas e começa a se vestir.
— É por causa dela, não é? Da mulher que você abandonou lá na
Rússia. Supere Andrei, ela não te quer, ela nem procurou por você.
— Cale a boca, Leila! Você não sabe de nada! Você não me
conhece, você pensa que sabe tudo sobre mim, mas não sabe nada, então
cale-se.
— O quê? Você acha que eu não sei que você e seu irmão fazem
coisas ilícitas? — ela diz estampando um sorriso no rosto — pois eu sei
meu amor, e sei muito mais do que você imagina. Então acho que mereço
que você me assuma como sua mulher, perante todos ou se não, o mundo
vai saber quem é Andrei Nickolaievy e Boris Nickolaievy e aquela
mulherzinha dele. Uma organização criminosa. — diz terminando de se
arrumar e ao terminar de colocar as sandálias se aproxima de mim e me dá
um beijo no canto dos meus lábios — espero sua resposta pela manhã. —
Ela diz pegando sua bolsa.
— Não espere por isso, Leila — digo quando ela chega próximo à
porta — você não irá me segurar e nem irá me chantagear. Você não
conhece meu irmão, não queira brincar com ele e muito menos comigo.
Pode pensar que sou um cara sossegado, mas não queira ver realmente o
que sou — quando termino de dizer, ela abre a porta saindo do meu
apartamento.
Pego um copo e encho de Uísque e me sentando na poltrona levo o
líquido a minha boca, pensativo. Leila pode achar que me conhece, que nos
conhece. Mas ela não sabe nem do começo da nossa vida e nem em que
base fomos criados, o quão fodida nossa vida é e quão fodidos nos
tornamos.
Seguindo o meu pensamento, ligo para o meu irmão.
— Alô irmão.
— Andrei, sabe que horas são? — ele bufa irritado.
— Atrapalhei sua festinha particular com sua esposa? — digo rindo
e escuto um barulho do outro lado da linha.
— Não, eu não estava em nenhuma brincadeira, mas diga o que
quer?
— Estou ligando para avisar que estou voltando — digo e bebo o
restante do líquido do meu copo — chega de fugir, é hora de eu correr atrás
do que eu quero.
— Voltar? Você diz que vai voltar e correr atrás do que você quer, e
o que você quer? — ele pergunta e eu paro pensando o que eu realmente
quero — bom, aguardo você aqui — meu irmão diz depois de não obter
uma reposta.
— Chego em breve irmão, avise a minha cunhada que a razão da
sua libido vai estar de volta.
— Você está realmente me dizendo isso, Andrei?
— Boris, meu irmão, você sabe que tenho Donatella como uma
irmã.
— Eu sei, mas minha arma não se preocupará de lhe dar um
lembrete de sua cara de pau, fica velho mais não muda.
— Deixe disso irmão, quero ver meus sobrinhos, estou cansado de
só os conhecer por foto.
— Okay, então te aguardo que dia vem?
— Amanhã, vou só deixar alguém encarregado da empresa aqui e
logo após já embarcarei em um avião.
— Tudo bem, agora eu irei voltar a dormir.
— Até logo, irmão! — encerando desligo o telefone.
Amanhã resolverei tudo que tenho pendente e voltarei para casa e
sem mais nada a fazer sigo para a minha cama onde desmaio literalmente.
O tempo passou rápido demais, mas nem ele foi capaz de me fazer
esquecer. Eu só ainda não sei o que é... mas daria tudo para ter uma única
chance de descobrir o que é isso que sinto.
Chego no aeroporto, o check-in é feito rapidamente e logo o meu
voo é chamado.
Deixando a vida de New York para trás, embarco no avião com
destino a Rússia.
CAPÍTULO 2.
5 anos antes ….
O PASSADO...
5 Meses….
Se passaram desde que fui embora. Estou em Florença, na Itália.
Como prometido, Dante me ajudou em tudo. Dono de uma grande
quantidade de locais como restaurantes, padarias e hotéis, ele me arrumou
algo para fazer. Hoje estou no meu sétimo mês de gestação, espero por
Dimitry, sim! É um menino.
Nunca mais soube de Andrei, não sei por onde anda, assim como
também nunca mais falei com Donatella nesses últimos cinco meses.
Há essa altura, ela já deve ter tido os Gêmeos Natasha e Ivan. Minha
Irmã está no oitavo mês, estamos a um mês de diferença uma da outra, ela
ainda não sabe que estou aqui.
Saio pela manhã fria de Florença, o lugar onde trabalho é perto de
onde estou, então vou a pé. Andando pela calçada tão distraidamente não
percebo quando esbarro sem querer em alguém e acabo me desequilibrando
e caindo no chão, a dor é tão intensa em minhas costas, que sinto como se
ela fosse se abrir.
O estranho me estende a mão, e quando olho para cima vejo lindos
pares de olhos azuis me fitando com compaixão, nada mais, além de ser um
homem com idade para ser meu pai.
— Você está bem? — Ele pergunta parecendo aflito — por Deus!
Eu derrubei uma mulher grávida — ele diz afoito.
— Estou bem, não se preocupe, eu estava distraída e não vi o
senhor.
— Me chamo Giancarlo Fabri — ele diz se apresentando — tem
certeza de que está bem?
— Morgana Layeshi — digo lhe dando um sorriso carinhoso —
estou bem, mais uma vez não se preocupe.
— Espero que não me ache um assanhado, mas podemos tomar um
café?
— Sim, claro. Por sinal, trabalho na padaria logo ali à frente —
aponto com o dedo em direção a padaria.
— Ótimo! Então vamos lá, eu te ajudo. Pelo amor de Deus, não
acredito que a derrubei — ele resmunga e me acompanha até a padaria onde
trabalho. Entramos e eu sigo para o meu lugar no balcão e ali passamos
horas conversando. Ele me contou sobre sua vida, disse que não tinha
esposa e nem herdeiros e me perguntou sobre o pai do meu filho. Como ele
se abriu muito comigo, eu disse a ele como era complicada essa parte da
minha vida, disse tudo e ele se sensibilizou com a minha história.
Três horas depois ele foi embora, mas deixou comigo seu cartão
elegante de um verdadeiro Ceo de negócios, mas eu não estava preparada
para o que o dono daquele cartão ia significar em minha vida.
O restante do dia passou tranquilamente e eu fui embora para casa,
Dante me ligou para saber se eu estava bem, ele sempre liga todos os dias.
Após nos falarmos nos despedimos e eu agradeço Dante por guardar
segredo sobre eu estar aqui. O lugar onde eu vivo foi cedido por ele e junto
com o emprego, posso guardar um dinheiro e comprar as coisas para
Dimitry.
5 ANOS DEPOIS…
Após o carro sair levando o menino que me intriga tanto, olho para
Donatella que me observa atentamente como se estivesse procurando por
algo.
— O que foi, Donatella? — pergunto.
— Hãn? Não foi nada. Você parece estar... diferente — ela diz.
— Achei que estava pensando melhor na sua escolha. Não sei como
suporta Boris — digo a ela que ri.
— Deixe de ser palhaço Andrei. Eu e Boris nos damos muito bem, e
você e eu não daríamos muito certo, ambos sabemos dos seus gostos
variados — ela diz revirando os olhos.
— Pode ser cunhada, mas pessoas mudam, não é?
— Sim Andrei, as que desejam e anseiam por isso. Bom, deixa eu ir
dar banho nas crianças, elas estão imundas.
— Antes de você ir me diga uma coisa — ela para em seu caminho
e se vira para me olhar — aquele garoto é familiar, por acaso é algum filho
de Sergei perdido? — Donatella arregala os olhos.
— Sergei Andrei!? Não claro que não. Ele é filho de uma amiga que
chegou hoje da Itália e veio me visitar — ela diz, mas isso não mata
completamente a minha curiosidade. O jeito desbocado de ser, o ar superior,
forte e determinado de quem honra o presente de entre as pernas. É
totalmente um homenzinho.
— Não me lembro de você ter amigas?
— Ela… ela… Ela é aquela que estava grávida de Giacomo se
lembra? Que tomou o abortivo em meu lugar — ela diz e eu assinto não
totalmente convencido. Algo me diz que Donatella está mentindo para mim
porque não me recordo que ela tenha feito amizade com a tal mulher, eu só
não sei o porquê.
— Vou falar com Boris, mal cheguei e ele já quer me explorar com
trabalho — mudo o assunto.
— Não fale isso, ele estava com saudades de você — Ela diz me
dando um beijo na bochecha, saindo em seguida, gritando pelas crianças
que passam por mim como um furacão.
Deixo a sala e vou novamente ao escritório, encontrando Boris ao
telefone e com cara de poucos amigos, massageando as têmporas.
— Como assim, por que só fui informado agora? — ele pergunta a
pessoa do outro lado da linha — não quero saber, eu preciso de uma
posição. Quero que marque uma reunião com esse novo dono, quero ter
uma conversa com ele, não pode suspender assim de uma para outra
quebrando o contrato. — Ele diz — tudo bem aguardo o retorno — ele
desliga o telefone e bufa frustrado.
— O que houve?
— Umas das empresas que fornecem bebidas ao seu clube pediu
quebra de contrato e só hoje fui notificado disso. Pedi a reunião e você vai.
Temos contrato por 6 anos, ainda falta um ano para acabar.
— Eu? Por que eu? — Pergunto.
— O clube sempre foi mais seu do que meu. Então já que voltou, te
passo a responsabilidade de volta. Trate de ir à reunião e convencer o novo
dono a não fazer a rescisão do contrato agora até podermos achar outro
fornecedor.
— Novo dono? Como assim?
— O antigo dono morreu, então agora o novo dono assumiu e pediu
a rescisão do contrato. Não tenho disposição para correr atrás de outro
fornecedor, então isso fica em sua responsabilidade. Já que voltou já tem
com o que se divertir. Se precisar, ameace, mas esse contrato não acabará
por enquanto — ele fala e eu ergo uma sobrancelha coçando a minha barba
por fazer o observando.
— Tudo bem. O que mais vamos fazer, mestre senhor? — digo me
lembrando do quanto meu irmão não gosta que eu o chame assim.
— Você parece que não tem amor à vida, Andrei. — Ele diz irritado.
— Calma irmão, estou brincando. Mas mudando de assunto, Ivan e
Natasha estão enormes irmão e são lindos.
— Sim, são meus tesouros. Eu os protejo de tudo e de todos. Apesar
que do mundo que vivemos eles não precisam saber de nada disso agora.
— Você está certo, irmão — digo e coloco a mão no meu bolso do
terno para pegar meu cigarro, estou nervoso preciso fumar.
— Não, não é possível! Você não vai acender isso aqui. Você não
havia parado com isso Andrei?
— Estou nervoso e você sabe, preciso disso para me distrair — digo
acendendo o cigarro e Boris bufa.
— Com o que está nervoso?
— Estou intrigado. Esse menino que estava aqui com as crianças,
ele tem um rosto familiar. Até perguntei a Donatella se não era algum filho
realmente intrigado.
— Eu não cheguei a ver o menino, o que Donatella disse?
— Que era filho de uma amiga que acabou de chegar da Itália. Disse
ser a moça que estava grávida de Giacomo na época do casamento e que
bebeu o abortivo no lugar dela.
— Há, pode ser — ele divaga pensando.
— Bom, vou me instalar por enquanto, amanhã vou procurar um
lugar para mim, não quero atrapalhar sua vida com a sua família.
— Você é minha família também, Andrei. Então você fica, essa casa
é sua também — ela assume um tom de voz autoritário.
— Com todo esse amor e carinho, devo dizer a todos que eu fico por
amor a ti, meu irmão — digo a ele que me olha feio.
— Palhaço. Seu quarto ainda é o mesmo — ele diz e sorri.
— Tudo bem — digo me levantando e indo em direção a porta —
nos falamos depois — abro a porta do escritório e saio indo em direção ao
meu quarto quando trombo em Ivan que vinha correndo pelo corredor.
— Cuidado, vai se arrebentar — digo a ele que para e me dirige seu
olhar.
— Tio Andrei, hoje eu fiz um novo amigo, ele se chama Dimitry —
ele diz sorrindo e eu decido perguntar mais a ele.
—Hum e sobre o que conversaram? — pergunto me agachando em
sua frente.
— Ele me disse que não tem papai — ele diz e abaixa os seus olhos
para os seus pés — eu me senti triste por ele, por ter um papai e ele não.
— Mas e a mãe dele? — pergunto.
— A mãe dele e muito bonita, tio. Você tem que conhecer ela. Ele
disse que ela se chama…
— Ivan! — Donatella aparece chamando por ele — você não vai
escapar, banho agora! — ela diz em tom de autoridade e Ivan bufa frustrado
e resmunga: — Não vejo a hora de crescer — e sai caminhando de volta de
onde veio.
— Eu ouvi — Donatella chama a sua atenção.
Ele entra em seu quarto e quando Donatella vai sair para ir atrás dele
eu pergunto.
— Como é o nome da moça mesmo Donatella, a mãe do menino
que estava aqui? Ivan disse que ela é muito bonita e que eu deveria
conhecer a mãe do amigo dele — Donatella fica branca como papel e pisca
repetidamente.
— É... ela...
— Mãeeeeee... — Ivan chama por ela.
— Depois eu te falo Andrei. Se eu não pegar Ivan agora para o
banho, não pego mais.
— Tudo bem — concordo e sigo para o meu quarto.
Minhas malas já estão ao lado da cama, me sento na beirada e paro
pensativo.
Por que tanto mistério?
DIA SEGUINTE…
Acordo com a correria no corredor. Desacostumado a barulhos,
escuto quando minha porta se abre devagar e passos leves caminhando pelo
meu quarto. Continuo fingindo que estou dormindo, quando sinto peso de
mãos e pés subindo em cima da cama e logo tenho dois pestinhas pulando
sem parar e gritando.
Entro no embalo e os agarro pelas pernas, o levando ao encontro do
colchão e faço sessão de cócegas em ambos que riem e se divertem.
Quando um Boris muito bravo entra no quarto.
— Eu não acredito que vocês acordaram e vieram acordar o tio de
vocês! Já para o quarto de vocês! Se arrumarem para a escolinha — eles
descem da cama emburrados.
— Tchau tio — Ivan diz e sai pela porta, já Natasha vai nas pernas
de Boris e puxa sua calça do pijama olhando para cima. Boris olha e ela
pede colo. Ele imediatamente a pega e ela lhe dá um beijo no rosto e diz: —
Te amo papai — eu só fico a observar quando Boris a coloca no chão dando
um tapa em sua bunda.
— Vá com seu irmão agora — ela sai correndo pela porta.
— Essa menina tem você preso pelo dedinho mindinho — digo a
Boris e gargalho da cara de desgosto que ele faz.
— Não seja inconveniente. Recebi uma ligação agora pouco, a
nossa reunião com o novo dono foi marcada para às onze da manhã, esteja
pronto — ele diz e sai pela porta e eu caio de costas no colchão.
— Eu preciso de férias — passo a mão pelo rosto e me levanto da
cama me espreguiçando e quando olho para baixo o meu amigo está tão
acordado, que isso me frustra — preciso dar uma volta hoje, acho que vou
ao clube. Quem sabe não acho alguém para me tirar dessa vida frustrada.
Entro no banheiro, faço a minha higiene pessoal e tomo banho.
Coloco um terno todo combinado e saio do meu quarto para descer
para o café.
Durante o café noto Donatella estranha mais não falo nada, após
terminarmos Boris me avisa que irá comigo, então saímos para ir à reunião
com o novo dono da empresa fornecedora.
— Será que iremos conseguir estender o prazo, Boris? — pergunto
olhando para o meu celular.
— Espero, porque não tenho tempo para procurar por um novo
fornecedor nesse momento. Eu deixaria você ir sozinho, mas acho que em
dois podemos reverter e se for possível, ameaçarei. Não estou para
brincadeiras hoje definitivamente.
— Espero que tenhamos sorte — digo a ele que assente.
Chegamos à empresa após meia hora.
A fachada toda em vidro fumê negros e o nome em destaque
ASKOV.
Entramos na recepção e somos recepcionados por um homem que
nos dá um crachá de visitante e nos dirigimos até o elevador. Subindo para
o último andar, tudo é bem modernizado e luxuoso.
Chegando ao nosso destino entramos na antessala e falamos com a
secretária, para avisar que temos uma reunião com o novo dono do lugar.
Ela nos orienta até a sala de reuniões.
Após meia hora de espera somos finalmente comunicados que o
dono chegou para a reunião.
No momento em que a secretária abre a porta para sair, vejo uma
mulher de cabelos castanhos longos, corpo bem torneado, o vestido
apertado evidenciando suas curvas pequenas e uma bunda que fez meu pau
que estava dormindo acordar.
Se de costas ela é assim, imagina de frente.
Porém, quando ela se vira e tira os óculos escuros que cobriam o seu
rosto, eu não posso acreditar no que os meus olhos estão vendo.
— Morgana?
Me levanto rapidamente derrubando a cadeira na qual estava
sentado. Ela me encara sem desviar os olhos e meu coração acelera com a
visão de quem não vejo a cinco malditos anos.
— Bom dia. Acho que podemos começar nossa reunião! — ela me
ignora completamente e eu me sinto desafiado por essa mulher. Como ela se
tornou dona desse lugar? O que aconteceu com a minha Morgana? — como
vai Boris? — ela cumprimenta meu irmão e olhando em meus olhos —
Andrei — se senta na cadeira principal da mesa de reuniões — vamos aos
negócios, o que querem propor?
Eu só tenho uma ideia.
Eu Só saio daqui após saber tudo.
Quem é essa mulher que está em minha frente?
E eu só tenho a certeza, de que a quero de volta.
CAPÍTULO 6
Dia seguinte...
desceu para a minha boca e no instante seguinte ele cola sua boca na minha,
aquilo. Sua língua pede passagem e eu cedo. Uma de suas mãos encontra o
encontro do seu corpo, sinto quando a sua mão em meus cabelos intensifica
entra em meio as minhas pernas separadas pelo seu corpo. Seus beijos
descem pelo meu pescoço enquanto sua mão passa por dentro do tecido da
minha saia apertando minhas coxas, sinto me arder quando ele mordisca a
dizer nada — você me fascina desde a primeira vez que eu te vi, eu queria
Dizer tudo sobre a minha vida, sobre o segredo que há muito tempo
vem sendo guardado pela minha família, não é fácil e nunca foi, me abrir
sobre isso foi inovador, contar isso a alguém foi diferente.
Morgana me faz sentir coisas que nenhuma outra mulher me fez
sentir. É uma coisa diferente de tudo o que posso dizer que já senti na vida e
ainda mais, saber que ela me deu um filho. Que eu o tinha durante esse
tempo, foi assustador, mas ao mesmo tempo, gratificante e excitante.
— Andrei? — escuto Morgana me chamar ao longe e sou tirado dos
meus pensamentos.
— Sim — viro meu rosto para olhá-la.
— Eu preciso ir agora, Damien está me aguardando, vou embora
para casa, verificar Dimitry. — Ela diz se dirigindo até a porta, antes de
abri-la, com a mão repousada sobre a maçaneta, ela se vira para me olhar —
Você pode ir ver Dimitry quando quiser, afinal você tem seus direitos, só
não diga a ele a verdade eu mesmo quero dizer.
— Você não disse a ele quem era o pai dele? — pergunto a ela que
me olha aturdida — Não disse ao menino que ele tinha um pai?
— Ele sabe que tem um pai, eu somente não disse quem era. — Ela
solta um suspiro e volta de encontro a mim, parando bem próximo. O seu
perfume invade os meus poros e eu me recordo que ela ainda continua
usando o mesmo de sempre — então talvez seja melhor você ir vê-lo
quando eu disser tudo a ele.
— Você ainda usa o mesmo perfume. — Ela me encara, seus olhos
castanhos avermelhados me analisam.
— Não venha com essa conversa, você nunca sequer percebeu nem
a roupa que eu usava — ela diz amargurada.
— Isso não é verdade. — Digo contrariado.
— E também não é como se fosse ao contrário. — diz impaciente —
Bom, preciso ir, Damien está me esperando — ela se volta para ir até a
porta e eu vou atrás dela.
— O que vocês têm um com o outro? — pergunto enfurecido a
encurralando na porta atrás de si — Por que se importa tanto que ele esteja
ou não te esperando? Você nem sabe quem ele é. — digo olhando dentro
dos seus olhos que me encaram brilhantes — Você não o conhece tanto o
quanto me conhece, você sabe disso — digo inspirando o cheiro do perfume
impregnado em seu pescoço. Ela tenta se afastar, mas seguro seus punhos
acima de sua cabeça quando tenta me empurrar pelo peito. Seu toque de
encontro a minha pele queima, eu a tenho cativa e quando me aproximo de
sua boca uma batida na porta me atrapalha a consumar o que eu queria.
As batidas são insistentes e fazem eu me afastar dela e de seu corpo.
Ela se desencosta da porta ofegante a abrindo logo em seguida, dando de
cara com o homem que agora está em meu caminho.
— Você estava demorando, pensei que houvesse acontecido algo. —
Ele diz olhando em minha direção.
— Por um acaso imaginou que eu iria matar Morgana? Nota-se que
você não me conhece. — Falo a puxando para atrás do meu corpo — Ela
me conhece o suficiente, você não acha?
— O que eu acho ou não, não vem ao caso. Agora, se me der
licença, vim buscá-la para irmos embora. Lyssa me ligou e disse que
Dimitry está acordado perguntando por nós. — Ele diz me fuzilando com o
olhar.
— Podemos ir Damien eu já terminei meu assunto com Andrei. —
Morgana diz passando por mim indo de encontro a ele.
— Não acabamos ainda. Quero saber quando posso ver meu filho —
digo e uma risada ecoa pelo escritório — Está rindo do que, posso saber? —
perguntei ao filho da puta rindo ao lado da minha mulher.
— Você agora quer saber do filho da Morgana? Durante todos esses
anos ela viveu bem sem você e Dimitry também. — Ele acusa puxando
Morgana para um abraço — não irei permitir que agora você venha com
essa “de meu filho” — ele diz se virando levando consigo Morgana que
parece estar perdida até que arregala os olhos como se lembrasse de algo.
— Damien como você sabe de tantas coisas? — ela pergunta.
— Você me contou Morgana, logo quando chegou não se lembra?
— ela franze o cenho confusa e me olha.
Faço uma negativa com a cabeça.
— Não me lembro, se bem que estava muito cansada quando
cheguei, às vezes posso ter falado algo. — Ela diz coçando a testa em um
gesto que eu conheço muito bem quando ela está confusa.
— Seja como for — digo chamando a atenção de ambos — amanhã
irei ver meu filho queira você — aponto o dedo para Damien — ou não.
— Veremos então — ele diz — não abandonarei Morgana com você
e muito menos o menino, que me vê como pai. — Ao dizer isso avanço em
sua direção o encurralando na porta com o meu antebraço preso ao seu
pescoço forçando sua garganta.
— Nunca repita que ele te vê como pai, porque você não é — digo o
imprensando mais — o pai dele sou eu, e ele vai saber disso e então, não
será preciso você e sua presença insignificante.
— Vocês sempre se trataram assim né — ele diz me empurrando —
os irmãos Nickolaievy sempre um melhor que o outro.
— Não fale da minha família. Você não sabe de nada — vocifero.
— Parem por favor! Vamos embora Damien — Morgana intervém o
chamando para fora — Andrei nos falamos amanhã, venha Damien! — ela
o puxa pela mão para sair, mas ele se desvencilha dela partindo para cima
de mim me desferindo um soco na boca — Damien por favor, pare! —
Morgana diz vindo em minha direção me empurrando de encontro a mesa
— Não revide — ela sussurra e coloca a ponta o dedo no machucado que se
formou — Nos falamos amanhã — ela diz e se afasta saindo puxando o
filho da puta pela mão.
— Era só o que me faltava — falei para mim mesmo, enquanto
procurava por álcool e algodão para cuidar do ferimento em minha boca —
Isso não vai ficar assim. Esse desgraçado não vai me afastar do meu filho,
não mesmo. Preciso saber quem ele é e de onde conhece a minha família.
Retorno para casa mais cedo do que eu imaginava. Esse encontro
com Morgana reacendeu tudo em mim e com mais intensidade. Lutarei por
ela para ter seu amor de volta, para ter o meu filho. Vejo meu irmão com a
sua família e sinto uma coisa diferente do que eu sentia antes.
Ao entrar na sala vejo meu irmão sentado no sofá com um copo de
Uísque na mão.
— O que aconteceu com você? — ele me pergunta enquanto eu me
sento no sofá.
— Morgana aconteceu — digo me encostando no sofá — a
encontrei no clube.
— Ela te bateu? — ele pergunta com um riso contido.
— Antes fosse, ela estava acompanhada. — Pondero amargo.
— E o acompanhante certamente não gostou de sua presença
suponho. — Ele diz bebericando o líquido de dentro do seu copo.
— Ele não quer que eu me aproxime do meu filho, como se ele
fosse o dono da vida do meu filho e da mãe dele — falo soltando uma
risada incrédula. — Acredita nisso?
— Quem é ele? — meu irmão pergunta.
— O segurança dela, acho que ele pensa que eles têm algo. — Digo
pousando a minha cabeça entre as mãos e esfregando o rosto.
— E eles não têm? — ele me pergunta — Para ele defendê-la tanto?
— questiona vagamente.
— Ele falou sobre nossa família — digo o olhando — ele nos
conhece, eu preciso saber quem ele é.
— Todas as pessoas nos conhecem Andrei — ele diz virando o
último gole da sua bebida.
— Pode ser Boris, mas algo me diz que esse homem esconde algo e
eu vou descobrir.
— Como quiser Andrei, faremos isso, mas em relação ao menino, o
que você e Morgana decidiram?
— Nos falaremos amanhã, quero os meus direitos de pai, já que o
menino é meu. Não vou permitir que outro ocupe na vida dele o meu lugar.
— Desde quando você ficou assim tão família? — Boris pergunta.
— Desde que me descobri pai, desde que soube que aquele menino
travesso era meu filho e a convivência aqui com os seus filhos me fizeram
mudar — digo a ele que se ajeita na cadeira me olhando.
— E Morgana? — pergunta me analisando.
— Eu a amo irmão, não tem como negar e me arrependo
amargamente de ter ido embora — digo e no mesmo instante me lembro do
problema que está prestes a desembarcar na minha vida, poderia acontecer
tudo menos isso agora.
— Entendo, então amanhã vamos investigar a vida toda desse
homem que está ao lado de Morgana e tirar essa cisma que você está, se ele
for alguém do qual devemos nos livrar você tem permissão para dar cabo da
vida dele — ele diz.
— Não é cisma, eu tenho certeza — digo me levantando — agora eu
vou tentar dormir porque amanhã tenho um problema enorme
desembarcando por aqui e eu preciso despachá-la.
— Que problema? — meu irmão pergunta se levantando também e
juntos caminhamos em direção aos nossos quartos.
— Leila — bufo contrariado — Leila Smith chega amanhã de
manhã e me colocou na obrigação de recebê-la no aeroporto.
— E você vai? — ele pergunta.
— Tenho escolha? — pergunto e olho para ele.
— Sabe que Donatella não gosta dessa mulher, não sabe?
— Eu sei irmão, mas não a trarei aqui, se for possível amanhã
mesmo a mando de volta para os Estados Unidos.
— O que ela quer?
— Não sei, ela só me disse que precisa vir para resolvermos algo
pendente, não sei do que ela quer falar.
— Tudo bem, então até mais tarde irmão — ele diz me dando
tapinhas leves nas costas.
— Até irmão — digo e sigo para o meu quarto, hoje será um longo
dia.
Devido ter ido dormir muito tarde ontem falando com Donatella
acabei perdendo a hora, acordando uma hora mais tarde do que o previsto.
Me levanto e vou para o banheiro onde faço a minha higiene pessoal
e tomo um banho. Escolho um conjunto de saia e blusa pretos com um salto
também na mesma cor, uma maquiagem leve e opto por deixar os cabelos
soltos em ondas definidas por todo o comprimento das minhas costas.
Arrumando as minhas coisas para descer, meu celular vibra com
uma notificação de mensagem; quando olho para o visor, noto ser de um
número desconhecido e eu só não estava preparada para ver o conteúdo que
havia nela...
CAPÍTULO 12
hoje. Vamos conversar, mas se quiser pular a conversa e estrear essa mesa
pode também. — Passa o nariz por meu pescoço inalando meu perfume.
Unindo uma força o empurro saindo de perto dele que sorri
passando a língua pelos lábios e a mão na barba de dias por fazer com um
sorriso sacana nos lábios.
— Eu ainda não falei com Dimitry, você não pode me pressionar
assim, isso é...
— Chega de enrolação então, vamos falar com o garoto.
— Andrei não é assim, eu preciso preparar ele! Meu Deus do céu!
Ele é uma criança!
— Eu sei disso, Morgana — ele diz frustrado e se senta novamente
— mas vim até aqui para conhecê-lo e não pretendo ir embora sem fazer
isso e outras coisas que tenho em mente — bufo contrariada.
— Andrei pelo amor de Deus, sinceramente essa conversa já deu —
digo indo em direção a porta a abrindo — por favor, vá embora agora — ele
se levanta e caminha até mim, tirando a minha mão da maçaneta da porta a
fechando novamente.
— Morgana, sei que você não acredita, mas eu te amo, entende isso
— ele diz me olhando fixamente e eu rio amargamente me lembrando do
que recebi essa manhã.
— Me poupe disso Andrei, não acredito em você. Olha só a única
coisa que nos une nesse momento e que irá nos unir é Dimitry, ninguém
mais e nada mais.
— Por quê? Você já esqueceu tudo?
— Andrei você vai se casar com outra, vai ser pai, vai ter outra
família! Por favor deixe eu e Dimitry em paz, vá viver sua vida — explodo
e ele ri como se tudo que eu estou dizendo fosse uma brincadeira.
— Você está brincando só pode ser? Eu não vou me casar com
ninguém de onde tirou isso e... — Ele para e semicerra os olhos — Como
sabe de filho? Quem te falou isso?
— Ah, por favor. Não venha me dizer que é mentira, eu vi Andrei.
— Eu. Não. Vou. Me. Casar. Entendeu agora? — ele fala
pausadamente.
— Bom, não que isso me importe, por mim que se dane.
— Parece que eu sinto um certo ciúme? — ele diz debochado.
— Não seja idiota, não combina com você — falo com raiva.
— Quem te falou sobre casamento e filho? — ele me pergunta —
Olha só, eu não sei quem te falou alguma coisa, ou o que disseram, mas eu
posso explicar e...
— Você não me deve explicações e isso não me interessa, a sua vida
não me interessa — retruco.
— Leila chegou hoje pela manhã, se isso lhe convém. Eu tive um
lance rápido com ela no período que estive nos Estados Unidos e agora ela
me aparece aqui dizendo que está grávida.
— Olha só Andrei, eu não...
— Olha aqui você, Morgana. Eu não vou me casar, quem te disse
isso está muito errado, eu... por favor, por Deus. Isso está insano demais,
olha só eu nem sei... caralho, porra que merda — ele diz me cortando e soca
a porta me assustando.
— Andrei eu...
— Olha Morgana eu posso ter errado muito no passado, eu errei eu
confesso. Mas que droga mulher! Eu te amo! Demorei a entender, mas eu
não quero que fiquemos assim nessa guerra sem sentido — ele diz se
aproximando de mim me agarrando pela cintura e me encostando em seu
corpo — Por favor vamos falar com Dimitry vamos viver em paz — ele
sugere e eu estou confusa enquanto ele passa a mão pelo meu rosto me
fazendo um carinho.
— Meu deus Andrei como eu...
— Por favor — ele pede encostando sua testa na minha. O hálito
quente de hortelã bate em meu rosto — Me leve até o garoto, vamos dizer a
verdade a ele — ele diz e eu o olho sentindo o meu corpo queimar, eu amo
esse homem, mas não posso deixar que ele me controle.
— Hoje não Andrei, eu preciso falar com ele primeiro, prepará-lo,
quando ele estiver pronto para te conhecer será o seu momento, só por favor
não me pressione — ele bufa contrariado, mas assente concordando.
— Okay, eu irei respeitar a sua vontade por agora, mas não demore
muito e tome cuidado com essa babá que cuida dele, eu vou estar de olho
nela e nesse babaca chamado Damien. — Ele se afasta fechando o terno —
Eu tinha pensado em outras coisas. Eu, você, a minha gravata envolta em
seus punhos, eu no meio de suas pernas e essa mesa atrás de nós, mas sinto
que enquanto eu não tirar a pedra do sapato não chegaremos a um acordo, o
que é uma pena.
— Você só pensa em sexo, Andrei? — pergunto.
— Com você? — ele pergunta erguendo uma sobrancelha — Sim,
sempre. Você é uma tentação e sabe disso, eu odeio isso literalmente, como
eu posso dizer? — ele divaga um pouco — chama muito a atenção e isso
não me agrada nenhum um pouco — ele conclui.
— Ah, por favor! Eu não te pertenço — falo irritada.
— Eu sei que eu sou um cafajeste e que eu não mereço você, mas eu
protejo quem amo e eu definitivamente amo você e não estou deixando
você ir. Vou lutar por você, vou passar por cima de quem for, para te ter —
ela fala como se isso fosse uma certeza.
— Para de falar isso.
— Dizem que o amor é uma fraqueza, e que droga você é a minha,
então tenho que te proteger o que lhe atingir me atinge diretamente. Eu vou
embora agora como quer, mas isso não acabou, fale com o garoto — ele diz
se aproximando da porta para abrir — até breve Morgana — abrindo a porta
sai me deixando sem palavras, parada ao lado da porta.
Alguns minutos ali parada solto um suspiro e quando vou fechar a
porta, Damien entra como um raio no escritório me olhando furioso.
— O que te deu heim? — ele me pergunta furioso.
— O que é agora Damien? Eu já te disse que a minha vida não diz
respeito a ninguém e...
— O fato desse palhaço sair daqui passando por mim rindo
debochado diz o quê?
— Eu mereço. Só posso ter sido muito ruim na outra vida para ter
que aturar dois homens mandões na minha vida, é demais para mim —
Resmungo tentando passar por ele que me agarra pelo braço.
— Espero que você não tenha caído no papo furado desse cara, ele
não presta e você já devia saber disso — ele diz e me sinto cada vez mais
inclinada a mandar Damien fazer uma visita a Lúcifer no inferno.
— Damien, você é meu segurança pessoal, sua função é fazer a
minha segurança, mas a minha vida íntima não está incluída nela,
entendido? Fui clara? — ele me olha furioso, mas não fala nada e sai me
deixando sozinha na sala.
— O que há com esses homens? — me pergunto sozinha e saio do
escritório subindo para o meu quarto novamente e ao chegar à porta escuto
Dimitry me chamar.
— Mamãe!
— Oi! meu amor. Você já tomou banho e...
— O tio do Ivan é o meu pai? — meu filho me pergunta e eu
congelo no lugar.
— Como? Quem falou isso? Não, Dimitry olhe a mam...
— Mamãe, eu ouvi quando o tio do Ivan disse a você lá naquela sala
grande que vocês entraram.
— Meu Deus! Precisamos conversar, meu filho. Eu vou lhe contar
sobre o seu pai você tem que saber.
— Sim mamãe — ele diz todo contente e entra no meu quarto
pulando em minha cama não queria essa conversa agora, mas não tenho
saída a não ser contar de uma vez ao menino sobre o seu pai afinal ele tem o
direito de saber.
— Olha Dimitry, a mamãe conheceu seu pai há alguns anos, nós nos
envolvemos — falo a ele que assente todo interessado em saber — e então
você nasceu, eu esperei muito por você, mas seu pai não estava presente
quando isso aconteceu porque ele foi embora sem saber de você.
— Então ele não sabia que eu existia? Como mamãe?
— Ele foi embora e a mamãe não contou então...
— Mas agora ele sabe — ele fala todo sorridente — Gostei de saber
que tenho um papai, eu gosto muito do papai — ele fala com veemência, o
que me tira um sorriso.
— Que bom meu amor — falo a ele que se deita em meu colo e faço
carinho em seus cabelos.
— O papai virá morar com a gente? — Dimitry pergunta.
— Filho seu pai e eu seguimos caminhos separados, mas você o
verá sempre que desejar — falo a ele que faz um bico.
— Queria estar com ele todos os dias — ele responde amuado.
— Você não gosta do Damien? — sondo.
— Ele é legal mamãe, mas ele não é o papai — ele fala e eu fecho
os olhos para a angústia que toma conta do coração.
— Ele não é o papai, mas você não... — Não termino a minha frase
pois Dimitry adormeceu em meu colo. Beijo sua testa lhe acarinhando — eu
não posso amar Damien como amo seu pai.
Levanto-me devagar com Dimitry em meus braços e o levo para o
seu quarto o colocando em sua cama.
Retorno para o meu quarto, desabo em minha cama e me sinto como
se todo o peso do mundo de repente resolvesse cair em minhas costas.
O passado não está fácil, mas eu preciso me libertar dele para
começar a viver novamente.
CAPÍTULO 14
Após sair da casa de Morgana vou direto para casa. Quando chego,
sou recepcionado por meu irmão que estava sentado na sala, uma coisa
estranha porque Boris não é de estar em casa a essas horas.
— O que faz em casa a essas horas irmão? — pergunto assim que o
vejo com o celular na mão ele me olha e semicerra os olhos.
— Me diga para que você usa um celular? — ele pergunta.
— Bom, eu uso para falar e você para o que usa? — pergunto e ele
bufa irritado.
— Tem noção de quantas vezes eu te liguei?
— Eu estava ocupado irmão, eu te disse o que iria fazer — respondo
a ele que me olha enviesado.
— Tá, esqueça. Pois bem, o que vem ao caso agora é que o Dossiê
que pediu sobre o segurança de Morgana ficou pronto — ele diz e eu o olho
rapidamente.
— E então? — pergunto levemente curioso para saber qual é a desse
cara.
— Então não descobrimos muitas coisas, acho que precisaremos
investigar mais a fundo se quisermos descobrir algo mais concreto — ele
diz me entregando um envelope.
— Isso não é uma notícia muito boa, não estava esperando por
incompetência, o que fizeram tanto que não descobriram nada que preste?
— pergunto olhando para Boris que dá de ombros se sentando na poltrona
pegando um copo de uísque o levando a boca e tomando um gole.
— Não sei irmão, eu não li só estou te dizendo o que o chefe da
segurança disse ter descoberto, mas temos o T.I nisso também, então é algo
que vamos descobrir logo.
— Eu fui à casa de Morgana hoje — digo me sentando colocando o
envelope em cima da mesinha de centro — ela não estava na empresa então
eu meio que entrei no condomínio onde ela mora.
— Entrou sem ser convidado essa é a verdade — ele diz rindo —
muito de você. O que houve com Andrei Nickolaievy? O homem de todas?
O nunca vou me apaixonar? O nunca vou me casar ou...
— Chega! — vocifero a ele que ri ainda mais — não me fale em
casamento, fui pedido em casamento hoje e isso é uma merda.
— Que avanço, uau! Quem foi a louca? Morgana? — ele pergunta
se levantando e servindo uma dose para nós dois se sentando novamente —
vamos me diga?
— Não, antes fosse Morgana, mas quem falou sobre essa loucura
foi Leila — falo ao agradecer a dose e o vejo se engasgar com o conteúdo
que acabou de colocar na boca.
— Leila? qual o fundamento disso? Não me diga que você? Ah
merda Andrei — ele diz balançando a cabeça negativamente.
— Olha só ela diz que está grávida, porém, eu não acredito nisso
irmão, eu não sei o que ela quer com isso.
— A mulher está grávida e você não sabe como isso aconteceu?
Tanto envolvimento com elas e não aprendeu que mulher tem suas táticas?
— Grande ajuda está me dando, muito obrigado — agradeço
sorrindo sem humor. Ele está sendo de grande ajuda nesse momento e a
minha cabeça que está fervilhando diante de tantas coisas acontecendo ao
mesmo tempo.
— O que? Não é como se você não soubesse — ele diz tomando o
conteúdo do seu copo.
— Tá eu sei. Mas o fato é que ela queria ficar aqui, mas como
sabemos, sua senhora não vai com a cara dela, o que para mim é um grande
alívio, não queria trazê-la, ela não é uma mulher que eu consideraria
chamar de minha.
— Realmente Donatella não a aceitaria aqui, você sabe desde a
primeira vez elas não se deram muito bem e além do mais Donatella é
amiga da sua bela e doce Morgana.
— O que é muito bom — digo bebendo um gole do Uísque.
— Não vejo como? — ele me pergunta.
— Pelo menos não precisarei trazer a Leila pra cá, eu preciso é me
livrar dela.
— A mulher está grávida irmão, não é como se você fosse conseguir
fazer isso assim como num passe de mágica — ele diz se levantando.
— Não posso me casar com ela Boris, não a amo para tal ato. Ela
me disse que está na miséria e que o comprador da minha parte ficou com
tudo. Essa parte eu não entendi muito bem — franzo o cenho.
— Bom, eu só sei que isso está muito estranho — ele fala pensativo.
— Está sim irmão muito estranho, eu preciso saber o que Leila quer
realmente aqui — digo me levantando e pegando o envelope em cima da
mesinha de centro.
— Além de querer se casar com você e ter uma boa vida? Você
realmente não sabe — Boris me diz caminhando para o escritório — Estou
indo resolver umas coisas no escritório você vem?
— Não. Eu vou ler isso aqui — balanço o envelope — nos vemos
depois — ele se dirige para o escritório e eu subo para o quarto para ler o
conteúdo do envelope.
Enquanto subia as escadas meu celular toca e quando olho no visor
tem uma mensagem.
8 anos atrás...
Acordo bem cedo no dia seguinte, hoje tenho planos para ir ver o
meu filho.
Meu filho! Quem diria que eu teria um filho?
Divagando em meus pensamentos sigo para o banheiro faço a minha
higiene matinal. Após o banho, coloco terno e sapatos italianos negros
também posso ser russo, mas aprecio um bom sapato italiano, após me
trocar desço para o café da manhã.
Encontro todos sentados à mesa para o café.
— Bom dia, família! — cumprimento todos entusiasmado me
sentando em meu lugar colocando o celular sobre a mesa.
— Bom dia! — Donatella diz franzindo o cenho — Qual o motivo
de tanta alegria? — ela me pergunta e eu rio ainda mais.
— Vou ir ver meu filho hoje! — digo e Boris cospe o suco me
olhando de olhos arregalados.
— Como é? — ele pergunta não entendendo nada — Mas você não
havia dito que...
— Ela me mandou mensagem ontem, o menino já sabe sobre mim
— digo colocando um pedaço de pão na boca.
— Como assim, Morgana te ligou? Como vocês se encontraram? ela
não me disse nada — Donatella pergunta.
— Estive na casa dela ontem, não foi uma visita do jeito que eu
queria, mas pelo menos deu resultado — digo a ela que coloca os dois
cotovelos em cima da mesa e me olha furtivamente.
— Quem teve que matar para entrar no condomínio? — ela me
pergunta.
— Não matei ninguém. Entrei escondido — digo dando de ombros e
ela gargalha.
— Eu não acredito que Andrei Nickolaievy entrou escondido em um
lugar essa é nova — ela gargalha ainda mais.
— O que? se eu pedisse para ser anunciado aquele cão de guarda
que ela chama de segurança não teria deixado eu entrar — digo irritado,
certamente aquele merda não me deixaria entrar já que para alguns ali ele é
o esposo de Morgana, chega a ser engraçado.
— Isso é verdade irmão — Boris diz e Donatella o olha enviesado.
— Você sabe o porquê ela te afastaria né Andrei? Não preciso nem
dizer — Donatella diz e eu a olho semicerrando os olhos e me debruço
sobre a mesa para olhá-la mais de perto.
— Olhe aqui um segundo só. Eu sei que eu errei com ela, admito,
em todas as vezes que tivemos juntos, entre nós aconteceram coisas que
somente eu e ela sabemos. Sei que não a mereço, mas essa parte nós, eu e
ela, que devemos resolver, e agora mais do que nunca eu a quero de volta e
não é por Dimitry, claro que ele faz parte é meu sangue, mas eu a Amo,
sempre a Amei eu só era cego e não via. Eu a deixei escapar por entre os
meus dedos, mas estou mais do que disposto a lutar por ela se for preciso eu
morrer, que assim seja mas pelo menos lutei por ela.
— Hum, entendo essa sua parte é seu direito ver o menino, mas não
é seu direito interferir na vida dela, enquanto você estava fodendo por aí ela
estava embalando o filho de vocês nos braços sozinha — Donatella diz me
encarando — Então o que a minha amiga decidir está ótimo para mim irei
apoiá-la mesmo que isso seja ficar com um cafajeste como você.
— Donatella! — Boris chama a atenção da esposa que nem lhe dá
atenção e continua.
— Então se a tiver de volta, cuide dela, não deixe que ninguém a
machuque mais do que você já a machucou — ela diz e sorri logo em
seguida — Agora vamos tomar café! — ela diz na maior cara de cínica. Eu
não sei como meu irmão controla essa mulher, mas a danada é boa.
— Vamos sim, afinal, eu tenho que sair daqui a pouco — digo
despejando o líquido fumegante preto na xícara, ouço meu celular tocar e
nesse momento todo o meu bom humor se esvai quando olho no visor.
— Não vai atender? — Donatella pergunta.
— Não é nada importante, posso ver isso depois — Boris me olha
de lado certamente ele sabe possivelmente quem é, mas a pessoa é tão
insistente que liga novamente, quando vou desligar Donatella pega o meu
celular e logo franze o cenho. A raiva toma conta do seu olhar assim que ela
olha o nome na tela do aparelho e um sorriso diabólico se estampa em seus
lábios, pela sua postura sei que ela vai aprontar. Atende o celular
desdenhosa a pessoa logo fala. Donatella faz caras e bocas o que arranca
um sorriso de Boris e eu massageio minhas têmporas.
— Andrei? Seu homem? — ela diz e passa a mão pelos cabelos —
Não querida ele não está em casa, estamos em um motel... — Boris se mexe
em seu lugar e o sorriso de Donatella se alarga mais — O quê? Te deixou
onde? No hotel na Rússia? Grávida? — ela olha para mim e arregala os
olhos — Oh meu Deus! — ela semicerra os olhos — eu não sabia, mas ele
me disse que não tinha compromisso então ele é livre — ela diz e passa o
dedo em seu pescoço me mostrando que irá me degolar — Não me xingue,
não tenho nada a ver com isso e se me desculpar temos algo a terminar —
ela bufa impaciente e dá para ouvir os gritos histéricos de Leila através do
celular — Eu já acabei, passar bem — ela diz e desliga nem dando tempo
de Leila falar mais nada. Boris me olha e dá de ombros esse homem virou
um frouxo mesmo só pode.
— Agora iremos conversar senhor Andrei Ambroviscky
Nickolaievy, o que essa mulher está fazendo aqui na Rússia e o que ela está
dizendo? Essa mulher está grávida? O que tem a me dizer?
— Olhe aqui Donatella, satisfações a você quem deve é Boris, mas
já que está tão curiosa vou lhe dizer: ela apareceu aqui ontem de manhã
dizendo estar grávida e que é meu — me recosto na cadeira e cruzo os
braços — mas eu não creio que seja realmente porque sempre me cuidei.
Ela acha que pode me enganar, mas não vai ser assim tão fácil.
— Sabe que não a quero aqui, eu não gosto dela. Se quiser ficar com
ela que seja em outro lugar— ela diz e se levanta — espero que dê jeito
nessa situação minha amiga não merece sofrer mais, se a sua intenção é ter
Morgana de volta primeiro resolva seu problema seja um homem livre —
ela acaba de dizer e sai da sala de jantar me deixando a sós com meu irmão.
— Como você aguenta? — pergunto a ele que me olha coçando a
barba.
— Ela está certa irmão. Resolva isso senão você e a sua Doce
Morgana nunca terão paz — ele diz se levantando — Já leu o Dossiê sobre
Damien?
— Não, ainda não, eu vou ir ver meu filho primeiro depois eu leio
quando voltar — digo me levantando.
Quando estou saindo de casa após me despedir de Boris meu celular
toca novamente e quando olho no visor bufo impaciente, já prevejo que não
terei paz, Leila está me ligando novamente entrando no carro decido
atender para poder me livrar de sua ligação inconveniente.
— Fala logo por que eu estou sem tempo, o que você quer? —
pergunto a ela que demora um pouco para responder — Leila? — chamo
pelo seu nome e um soluço transpassa pelo alto falante do telefone — Não
me diga que está chorando? Pare de teatro e me diga logo o que quer.
— Quando você vem nos ver? — ela pergunta.
— Nos ver? Quem? — pergunto confuso não entendendo sobre o
que ela diz.
— Estou em um hospital Andrei, passei mal e um dos empregados
do hotel me trouxe já que o pai do meu filho se recusa a cuidar da gente —
ela diz fazendo todo o drama possível e eu me controlo para não a mandar ir
à merda, estou ficando nervoso. Procuro por um cigarro no porta luvas do
carro e um isqueiro acendo um para relaxar porque a conversa está um tanto
quanto pesada.
— Olhe nem todas as vezes eu terei tempo de verificar você, eu
tenho coisas importantes a fazer — digo a ela que fica calada do outro lado
da linha, escuto somente o suspiro impaciente — Mais tarde passo aí para te
ver.
— Mais tarde? A sua obrigação era vir agora! Quase perdi nosso
filho e você diz mais tarde?
— Leila olhe só, eu tenho um compromisso agora, não tenho tempo.
Assim que eu terminar irei te ver não se preocupe quanto a isto.
— Eu já liguei para você hoje, uma mulher atendeu você está me
traindo Andrei? — ela pergunta e a minha vontade é de gargalhar.
Como posso estar traindo uma pessoa que não tenho nada?
— Leila, depois nos falamos eu estou atrasado — digo no desejo
ímpio de desligar, até que escuto um barulho de porta batendo forte e gritos
do outro lado da linha — Leila? — a chamo mais sem resposta — Leila? —
ainda sem resposta ligo o carro e faço um sinal para o outro carro que me
segue. Os meus planos seriam ver Dimitry em primeiro lugar e falar com
Morgana, mas preciso saber o que houve.
Ligo para o nosso chefe de T.I e peço que rastreie a ligação para
saber em que hospital ela está. Em menos de minutos ele me envia a
localização e vou para lá para saber o que houve. Algo não está me
cheirando bem nessa história e eu preciso saber o que de fato está
acontecendo.
— Está me dizendo que meu irmão pode nunca mais acordar? É isso
que está dizendo?
— Sim, tem pessoas que acordam em dias, outras em semanas,
meses ou anos ou nunca mais — o médico diz e o meu desespero é maior o
que eu fazer com Dimitry?
— Como vou dizer ao Dimitry que durante um tempo ele não vai
ver o pai? — sussurro para que só Donatella possa ouvir.
— Calma Morgana, tudo vai dar certo! Andrei é um Nickolaievy ele
não vai perder você vai ver, ele é forte já lhe disse isso. Logo ele vai estar
com a gente. — Ela diz e eu busco querer acreditar, mas isso não é fácil.
— Eu posso vê-lo? Podemos vê-lo? — pergunto ao médico que
confirma com a cabeça.
— Um de cada vez, cinco minutos cada um, ele está no quarto andar
na sala de UTI — o médico informa e eu me pergunto quem poderia ter
feito isso a troco de quê?
Isso dentre tantas coisas eu pretendo descobrir...
CAPÍTULO 18
BÔNUS
— Os planos que arquitetei estão saindo como eu imaginei — digo
me recostando na cadeira à grande mesa de mogno a minha frente.
— Isso está demorando demais quando irei ter a minha vingança
completa? Você sabe muito bem que a minha vida foi tirada de mim, era
para eu estar no lugar daquele Palermo.
— Mas você agora com ele fora do caminho poderá se aproximar
mais da família perfeita. Você sabe, nosso objetivo é machucar onde mais
dói, tirar o que eles mais amam.
— Por mim eu mato todos eles.
— Sabe que isso agora não pode acontecer primeiro eles precisam
sentir.
— Eles precisam sentir o que eu devo fazer?
— Você sabe que excedeu os limites plantando aquela bomba no
carro do Andrei.
— Não, eu tinha a oportunidade e a aproveitei.
— Sabe que seu irmão vai desconfiar que foi você, você o conhece
o suficiente para saber que ele é bom em ligar os fatos.
— E quanto as outras pessoas que estão nos ajudando? Até agora
não fizeram nada de concreto, não vi nada acontecer.
— Calma sabemos tudo o que devemos saber sobre eles, graças a
Deus eu encontrei vocês quando aquele merda russo os entregou para
aquela família russa. Eu sempre soube que Natasha estava grávida, nossa
intenção era fugir. Ela iria deixar aquele merda do Ivan, mas a boca grande
da Stella acabou com os nossos planos.
— A mãe de Morgana e Isaellyn — falou amargo.
— Sim ela!
— Papa? Por que deu metade de sua fortuna a Morgana? Até agora
não entendo essa lógica?
— Tudo faz parte do plano, confesso que me enganei na parte sobre
ela estar realmente odiando Andrei — digo acendendo um charuto — a
vadia o ama.
— Sei disso, eu vi pelo vídeo que ela fez de tudo para salvar o
canalha. Eu queria a morte dele.
— Não assim tão rápido meu filho. Primeiro precisamos nos vingar,
tirar deles o que eles mais amam. O chefe ama sua esposa e seus filhos que
no caso são seus sobrinhos diga-se de passagem.
— Odeio crianças.
— E depois vem Andrei ele ama a Morgana e o filho... tudo será
muito simples, na hora certa iremos matar Morgana e Dimitry e o chefe de
merda russo com a sua família e então iremos assumir o poder russo. Tudo
que deveria ser de vocês irá ser como tem que ser.
— Assim espero. Leila está falhando constantemente e eu não estou
gostando disso.
— Já temos tudo arquitetado ela sabe o que está fazendo, a intenção
desde o início era a aproximação, ela roubou o suficiente dele, não, nós
roubamos, então tudo recairá sobre a mais inocente das mulheres a
idolatrada Morgana.
— Então quando eles descobrirem os desfalques a culpa será toda
dela? Todos pensarão que ela estava ajudando a gente na vingança porque
queria vingança também.
— Perspicaz você meu filho, quando eles descobrirem, ela não terá
como negar, afinal ela é a herdeira de Giancarlo Fabri, e até a morte dele
recairá sobre ela.
— Leila precisa se casar com Andrei — meu outro filho diz
irrompendo a porta de minha sala. O que houve com esses garotos?
— Não foi exatamente essa a educação que eu dei a você — digo
contrariado.
— Isso não vem ao caso — ele diz se sentando na cadeira do lado de
seu irmão — e você — ele olha para o lado — pare de estragar os meus
planos. Aprenda a ter paciência ela é a alma do negócio.
— Não me venha com essa agora você está muito lerdo, já era para
essa história ter sido resolvida, por favor.
— Você pensa que eu não sei que foi você que colocou a bomba no
carro do idiota? — ele fala para o irmão com um sorriso macabro em seu
rosto — confesso que foi uma ideia um tanto genial, mas você se esqueceu
que não era a hora.
— Você sempre se acha, não é? Não esqueça, somos irmãos você só
é cinco minutos mais velho não é como se fosse o rei.
— Calem-se não foi desse jeito que eu criei vocês, união, é isso que
vocês precisam não querer se matar a cada dois minutos isso é o cúmulo!
— Por favor seu filho é um ingrato, não reconhece nada quantas
vezes eu o salvei da morte?
— Okay, okay. Chega! Você sabe o que tem que fazer, faça como o
combinado e o mundo será seu.
— Eu não vou ficar sentado esperando o salvador da pátria. O
infeliz está vivo, por mim eu acabaria com ele hoje mesmo, não é como se
ele fosse fazer falta.
— Sabe que não é assim, tem todo um plano arquitetado você não
pode simplesmente mudar tudo, você é um asno. Apesar de sermos irmãos
não temos nada em comum e eu dou graças a deus a isso.
— O que temos para hoje? — pergunto querendo encerrar a
discussão dos dois. Filhos por mais que crescem são difíceis.
— Graças a ideia ótima do seu filho, ao invés de separar Morgana e
Andrei eles se juntaram ainda mais, obrigado maninho — ele diz e olha
para o irmão.
— De nada, não foi essa a intenção, mas já pensou que temos os
dois onde queremos?
— O que está dizendo?
— E se Andrei morrer no hospital daqui por exemplo uma semana?
Nós podemos matá-lo, fazer vir à tona o roubo e tudo mais, e de quebra ela
pode ser morta pelo irmão sob traição, tudo certinho esse plano é
maravilhoso, você não concorda irmão?
— Tem certeza de que somos irmãos? Às vezes acho que não
compartilhamos a mesma placenta.
— Vocês são diferentes em tudo nunca se viram no espelho? — falo
vendo o quanto é difícil a convivência desses dois — Não estraguem os
planos são anos arquitetando tudo.
— A mãe de Morgana sabia sobre o caso de vocês dois?
— Ela sabia. Foi ela quem disse tudo ao Ivan, ela foi a língua solta
por isso a matei, tinha uma língua afiada eu poderia ter cortado, mas matar
me pareceu mais eficiente no momento, sem pontas soltas afinal, ela
também não era nenhuma santa como sabem Isaellyn é filha do velho
Mancinni, o qual eu tinha grande apresso. Éramos amigos de longa data, já
contei milhares de vezes essa história, assim como eu era o encarregado de
fazer as negociações da Máfia italiana e foi em umas dessas negociações
que encontrei Natasha. Aos olhos do mundo, eles se amavam, mas só Deus
e ela sabia o que acontecia. Ela ficou doente, estava grávida, da nossa
vingança em questão, por que Ivan logo após vocês nascerem tratou de
engravidar Natasha então Andrei teve aquilo que vocês foram impedidos de
ter.
— Nossa mãe morreu por culpa dele, ela não poderia estar gerando-
o estando doente como estava, por isso eu o odeio, por isso eu quero a sua
morte e de toda a sua linhagem.
— Eu também e mal posso esperar por isso.
— Calma irmão tudo vai acontecer como planejado.
— Temos que avisar Leila sobre Andrei estar no hospital, adoraria
ver o espetáculo entre Morgana e ela, queria ser uma mosca para ver a
reação de Morgana ao ver Leila lá isso vai ser divertido.
— Você é muito cabeça ao vento, não tem nada de divertido nisso,
preste a atenção no que tem que fazer.
— Você tem mais coisas a fazer, sabe que temos que recuperar a
herança de papa não sabe?
— Eu sei é não se preocupe, logo Morgana terá o amor de sua vida
em seu caminho é só uma questão de tempo.
— Concordo com seu irmão devemos afastar o tanto quanto
pudermos Morgana de Andrei e nada melhor para fazer isso do que um
documento assinado onde ele e Leila estão oficialmente casados, não é?
— O que está dizendo papa?
— Quando Andrei vendeu a sua parte do negócio ele assinou um
documento em branco e não viu — digo dando de ombros e um sorriso
surge em meus lábios — o velho aqui sabe o que faz para todos os efeitos,
Leila é sua esposa e isso afastará definitivamente Morgana. Ele precisa estar
só e ela também, para que assim todos os nossos planos saiam conforme o
planejado.
— Papa eu o admiro, sua mente é brilhante!
— Assim como matei Ivan matarei os seus filhos também com a
ajuda de vocês é claro. E teremos todo o poder russo em nossas mãos. Eu
sou um cara perigoso, mas o bom velho que deixou uma fortuna grandiosa
para a pequena mulher indefesa e um sobrenome para o seu filho também
sabe ser um homem bom — acendo um charuto.
— Antes de tudo eu quero me divertir naquele corpo que Morgana
tem, tenho que me aproximar dela, ela é arisca acredita que ela ameaçou
Lyssa?
— Não, sua irmã não disse nada — Lyssa e a sua mania de nunca
dizer nada.
— Ela o fez, confesso que fiquei curioso sobre a história, mas terei a
oportunidade de perguntar em breve.
— Como anda a gravidez de Leila?
— De vento em polpa não me agradou em nada ter que engravidá-
la, mas foi um mal necessário.
— Acredite, isso foi necessário — digo me levantando — bom,
temos que acabar de colocar o resto do plano em ação, e você — aponto
para o meu filho mais novo — não estrague tudo segure seu gênio
explosivo — digo a ele que gargalha se levantando também seguido de seu
irmão.
— Como se ele fosse capaz de se lembrar disso a cada cagada que
faz — meu filho mais velho diz.
— Tudo será nosso. Eu até posso em minha misericórdia deixar
Morgana viver para ser sua meu filho, mas o pirralho morre. Não permitirei
o filho bastardo, para você só filhos seus quando você assumir o poder. A
fortuna e a mulher daquele que tirou a sua mãe de você.
— Irei pensar sobre papa, mas realmente não me interesso em ter
Morgana eu só quero me divertir antes de matá-la, não me vejo com ela ao
meu lado.
— Ele ama a Leila Papa.
— Eu não amo ninguém só a mim e basta.
— Bom vamos embora temos assuntos a tratar. A família
Nickolaievy nos deve e é chegada a hora de cobrar... e eu mal posso esperar
por isso.
— Nós teremos isso papa, e eu sou o mais interessado nisso.
Os planos contra a família Nickolaievy estão apenas começando.
CAPÍTULO 19
Após o médico virar as costas para sair, Boris se vira para mim com
uma cara não muito boa e eu sei pelo que conheço dele, que nada de bom
está se passando em sua cabeça. Ele me avalia por um momento e solta o ar
frustrado.
— Me diga que você viu alguma coisa? Meu irmão saiu de casa de
manhã para ver o filho o que mais poderia acontecer? — ele passa as mãos
pelo seu rosto e me olha com o olhar cansado — o que conversaram?
— Quando ele chegou em minha casa conversamos por um breve
momento ele disse que sofreu uma tentativa de assassinato quando estava
indo para ver Dimitry.
— O que mais ele disse?
— Ele não entrou em detalhes só disse sobre a tentativa que a
pessoa queria matá-lo junto com toda a sua linhagem, o que ele deduziu se
tratar também de Dimitry — nessa hora arregalo meus olhos e olho para
Donatella que tem um olhar confuso em minha direção — Dimitry! —
exclamo e Boris me olha sem entender.
— O que tem ele? — ele pergunta tirando o seu celular do bolso.
— Ele está sozinho! — sacudo a cabeça para desanuviar os
pensamentos — Não, sozinho não, ele está com a Lyssa, mas ela é uma
mulher e se forem atrás do meu filho? Boris eu... — aponto para trás eu me
sinto perdida — eu tenho que ir vê-lo e...
— Deixe, eu vou pedir para um dos meus homens ir vê-lo — Boris
fala já colocando o seu celular no ouvido e entrando em uma conversa com
alguém do outro lado da linha.
— Você acha que a mesma pessoa que atentou contra ele mais cedo
foi o culpado por essa explosão? — Donatella me pergunta e eu olho para
ela.
— Eu não sei. É difícil saber quando ele não me deu tantas
informações, ele só disse o que eu disse para Boris nada mais do que isso,
mas eu vou descobrir.
— Você ainda o ama não é minha amiga?
— Sim, é uma droga, mas sim. Que inferno! Eu poderia
simplesmente não ligar deixar que ele morresse queimado naquele carro,
mas não, eu não suportaria. Ele é um cafajeste, mas eu o amo.
— Sei disso minha amiga, há muito tempo. — Donatella me dá um
sorriso confortável — Ele é um asno na maioria das vezes, mas eu também
amo o Andrei, ele fez muito por mim quando foi me resgatar com Boris na
Itália, se não fosse por ele talvez, sei lá, o que teria sido aquele dia. Ele
matou Giacomo antes que ele matasse Boris ou a mim, então lhe devo uma
— ela sorri e eu sorrio também me lembrando de como Andrei é cheio de
vida.
— Você quer entrar primeiro para ver o Andrei Morgana? — Boris
me pergunta e eu olho para cima para encontrar seu olhar questionador, sei
o quanto está sendo difícil para ele. Primeiro já perdeu um irmão e agora
prestes a perder outro. Que deus não permita tal coisa, mas não tenho o
direito de entrar primeiro, ele é o irmão eu nem deveria estar aqui.
— Entre você primeiro Boris, eu nem deveria estar aqui, eu sou
apenas a mãe do filho dele, você é o irmão tem todo o direito de entrar e...
— Talvez ele quisesse que você fosse primeiro — ele me interrompe
— vai, eu tenho que fazer umas ligações para descobrir quem foi o maldito
que fez isso com o meu irmão. Já mandei um dos meus homens verificarem
Dimitry, então entre e vá vê-lo — ele diz e se vira indo pelo corredor.
— Vá amiga, isso é uma ordem do chefe não queira contrariá-lo. —
Donatella fala e se levanta me puxando pela mão — e diga aquele idiota
para acordar logo, preciso de alguém para brigar — ela sorri e eu balanço a
cabeça em concordância.
— Tudo bem irei lá então — digo me virando para o corredor do
posto de enfermagem.
— Eu espero por você aqui — ela diz e se senta novamente.
Ao chegar ao posto de enfermagem peço a uma enfermeira que me
prepare para vê-lo. Após tudo certo ela me acompanha até o quarto de UTI.
— Você tem dez minutos — ela me avisa e fecha a porta.
Me aproximo da cama onde ele está, o corpo tão grande tem
curativos nos braços, no rosto. Sua cabeça está enfaixada e há um fio saindo
dela ele está todo entubado cheio de aparelhos por todos os lados. Meus
olhos se enchem de lágrimas, nunca imaginei ver Andrei assim um dia,
nunca se quer desejei isso, mas agora olhando para ele um aperto tão grande
acumula em meu peito, uma sensação de impotência de não poder fazer
nada.
— Oi! — digo timidamente pegando em sua mão — Sou eu, a
Morgana. Não sei se você pode me ouvir apesar de dizerem que pessoas em
seu estado podem ouvir, mas eu não sei...— encaro o teto para piscar as
lágrimas que teimam em cair e olho para ele novamente, arrasto uma
cadeira que está próximo a mim e me sento — você está horrível, devo
acrescentar — digo para aliviar o momento — você tem alguns recados, o
primeiro é que Donatella disse que para você se recuperar por que ela
precisa de você para brigar, seu irmão está lá fora e está fazendo de tudo
para descobrir quem fez isso com você e eu também vou. — Quando digo
essas coisas sinto um aperto em meus dedos não chega a ser forte, mas eu
sinto e olho para ele, quem sabe talvez na esperança de que ele abra os
olhos, mas não acontece — ele pediu para um dos homens ir ver Dimitry,
porque eu o deixei aos cuidados de Lyssa, mas como você disse que querem
matar a todos eu disse a ele que já enviou alguém — outro aperto em meus
dedos e um dos seus aparelhos parece constar uma alteração. Levanto
nervosa e olho para os aparelhos sem saber o que fazer e no mesmo
instante, uma enfermeira entra no quarto acompanhada de um médico que
eu não conheço não se trata ser o mesmo que o atendeu quando chegou.
— Eu preciso que você saia — ele me diz autoritário — sua
presença alterou a pressão do paciente e os seus sinais vitais e... — O
interrompo.
— Eu não vou sair, eu vou ficar com ele.
— A senhora é a esposa? — ele pergunta.
— Não, mas ele é... — Sou interrompida.
— Então não pode ficar. A esposa ligou para a direção do hospital e
disse já estar a caminho então saia agora — olho para ele espantada.
Desde quando Andrei tem esposa? Me pergunto mentalmente.
— Mas ele não tem esposa! — digo olhando para o médico e em
seguida olho para Andrei — Esse homem é pai do meu filho e ele é muito
solteiro. Capaz que ele seria casado ele tem aversão a casamento e...
— Eu entendo. Você é a amante estava na hora que tudo aconteceu e
veio acompanhá-lo, mas se não quiser problemas deve ir embora a esposa
não vai gostar nada de saber que a amante estava aqui e...
— Ah! Cale a boca. Se eu estou dizendo é porque é. Faça seu
trabalho e pare de dizer que sou amante, pois não sou e nem a louca que
ligou é esposa. Ele não tem esse tipo de compromisso — digo já enfezada.
— Mesmo assim você precisa sair — ele diz e se opõem acima de
mim e eu em meus 1,65 não me deixo intimidar, o encaro para deixá-lo
saber que tamanho não é documento diga-se de passagem.
— Eu vou sair, mas não é porque eu quero — digo e olho para as
minhas unhas das mãos que estão sujas de sangue ainda — e só para você
saber, eu não tenho medo de homem cresci como um. Eu vou indo, mas
volto não porque você está mandando, mas pelo bem-estar de Andrei —
digo e me viro em direção porta para sair, mas não sem antes ouvir seu
murmúrio — insolente.
— Muito, e Andrei sabe o quanto, com licença — abro a porta e
saio da UTI. Retiro as roupas especiais e voltando para o corredor junto a
Donatella.
Enquanto vou me aproximando escuto vozes um pouco alteradas e
logo percebo se tratar de Donatella. Ela fala alto com alguém que creio eu
não seja Boris.
— Você não vai entrar aqui sua vadia, vai embora. Você sabe que
meu amor por você não é dos maiores — ela diz e eu sinto o tom de raiva
em sua voz, vou me aproximando mais e vejo uma loira alta vestida com
um vestido super justo e curto o que para um hospital é um tanto quanto
indecente.
— Vá embora Leila, sabe que minha esposa não gosta de você. —
Agora é Boris quem fala em um tom neutro, mas sua raiva é palpável.
— Eu não vou, tenho tanto direito de estar aqui quanto aquela vadia
da sua amiguinha, Donatella — o nome de Donatella sai em um tom
amargo da sua garganta.
Donatella se aproxima dela com um olhar capaz de perfurar até a
alma.
— Não me teste sua vagabunda de quinta, eu posso ter a cara
boazinha, mas não sou nada comparado a isso.
— Não me ofenda. Estou aqui em meus direitos como esposa de
Andrei — assim que escuto meu mundo cai, então é essa a que se diz
esposa de Andrei? Com passos calmos me aproximo dos três, Donatella me
olha e um sorriso se estampa em seu rosto enquanto Boris se mantém
indiferente.
— Você não serve para ser uma esposa da máfia querida Leila, essa
sim é uma mulher digna — Donatella diz e me aponta e ela se vira no
mesmo instante me olhando de cima a baixo e retornando o olhar ao meu
rosto e sorri um sorriso que me causa calafrios.
— Essa aí? Uma idiota? Ah, me poupe disso. Eu vou entrar para ver
meu marido e...
— Já chega! — Boris grita assustando a todos — Você não vai
entrar. Você pode até ser a rainha da Inglaterra ou o que for, mas aqui, quem
manda sou eu! — ele se aproxima dela e pega em seu braço a puxando em
sentido contrário do corredor rumo a saída, mas ela estaca no lugar e se
liberta da sua mão vindo de volta em minha direção parando na minha
frente. Uns bons centímetros mais alta do que eu, tenta me intimidar.
— Fica longe do meu marido sua vadia. Nós teremos um filho
agora, tudo está bem e não preciso que uma vagabunda, atrapalhe a minha
vida e que um pirralho nojento fique entre nós — ela diz e me encara, como
não dou bola para sua loucura desenfreada ela ergue a mão para me desferir
um tapa só que sou mais ágil a impedindo e torço o seu braço atrás de seu
corpo.
— Cuidado com o que desejas, desejos tendem a se realizar. Não
queira que o feitiço vire contra o feiticeiro, e se acha que essas suas
palavras me intimidam saiba que nenhum pouco. Acho melhor ir embora,
Boris já avisou que ninguém te quer aqui — digo a ela que suspira ofegante
e em seguida a empurro aonde ela vai de encontro a parede.
— Eu vou te matar sua ordinária, sua vadia. Você me machucou —
ela grita chamando a atenção de todos para ver o espetáculo que ela está
dando. Donatella apenas observa com o sorriso no rosto — eu vou te matar
escute o que eu digo.
— Familiares de Andrei Nickolaievy? — o médico que encarei na
UTI pergunta.
— Sou eu — Boris diz rapidamente não dando chance a louca falar,
mesmo assim ela se aproxima e diz.
— Eu sou a esposa — e ergue a cabeça.
— O paciente acordou, e está chamando por uma mulher repetida
vezes.
— Ah, sou eu. Qual o quarto dele? — ela diz se aproximando do
médico passando a mão pelos cabelos.
— Seu nome é Morgana? — o médico pergunta a encarando e
Donatella solta uma gargalhada.
— Esse é meu cunhado. Ele merece um presente só por esse
chamado. — Donatella se aproxima dizendo — Essa daí é uma vadia que se
diz esposa dele, mas creio eu que isso tudo é uma loucura. Essa é a
Morgana — ela me aponta e o médico assente me chamando.
— Venha ele quer te ver — o médico se vira e Donatella me
empurra para acompanhá-lo.
— Vai, ande logo — ela diz — vá logo — e quando olho para Leila
ela está com a fisionomia brava me aproximo dela e cochicho em seu
ouvido.
— A vadia aqui é quem ele ama, se não teria chamado você se fosse
ao contrário. Vá embora faça o melhor para si e para todos, ninguém te quer
aqui.
— Você vai me pagar, você e todos aqui, todos sofrerão as
consequências e eu vou ter o enorme prazer de cortar a sua garganta — ela
diz entre dentes e o olhar cheio de raiva.
— Não se eu puder fazer isso antes — digo e saio a deixando para
trás, mas o sentimento de que algo não está indo nada bem me deixa
nervosa e incerta.
CAPÍTULO 20
Dossiê
Damien Slovack Fabri
Não sei por quanto tempo dormi, ou o que aconteceu. Só sei que
acordei rodeado por um monte de máquinas gritantes um lugar fechado,
sozinho, onde só escuto o barulho dessas máquinas irritantes. Chamo por
Morgana enquanto uma mulher toda de branco entra vindo em minha
direção falando a todo momento para que eu me acalmasse, mas que porra é
essa?
Eu me perguntava e ficava cada vez mais agitado, com aquela coisa
em minha boca. Eu chamava por Morgana e a enfermeira só pedia para que
eu ficasse quieto. Uma outra pessoa entra no quarto, parece ser um médico,
ele se aproxima da enfermeira e a pede para dar licença para me examinar,
ele faz todo o procedimento e anota em uma prancheta e eu continuo a
chamar por Morgana.
— O que disse senhor Andrei? — ele me pergunta e eu reviro os
olhos. Como ele acha que vai entender algo se eu estou com essa coisa
dentro da minha boca?
— Mor-ga-na — repito devagar e ele parece entender dessa vez. Ele
pede a enfermeira que busque um copo com água pois ele vai retirar o tubo
que está em minha boca e eu necessitarei hidratá-la, enquanto ele faz o
procedimento de retirada ele fala comigo.
— Eu estou cuidando de você agora, fui designado para substituir o
outro médico que estava encarregado de seus cuidados, sou um aliado da
Bratva fique tranquilo — ele diz enquanto retira os tubos eu o encaro
analisando-o — fique tranquilo.
— Chame Morgana para mim — digo devagar a ele que assente.
— Em breve a chamarei para que você...
— Agora! — digo o interrompendo — Eu quero agora, nada para
depois — digo e sinto minha voz falhar um pouco, me sinto incomodado
como se tivesse arames em minha garganta. A enfermeira que havia ido
buscar água retorna com um copo cheio e o entrega para o médico.
— Tome água enquanto eu vou chamar a moça, que por sinal é
muito brava só faltou me bater aqui dentro — ele diz e eu sorrio um sorriso
de canto revelando o quanto essa informação me agrada.
Ele sai do quarto acompanhado da enfermeira que está usando um
uniforme muito apertado por sinal, que deixa a mostra todas as suas curvas
e o decote muito provocantes. Não posso dizer que não reparei porque é
impossível não ver quando tudo está bem ali na sua frente. Fico ali sozinho
por uns minutos quando a porta do quarto se abre e por ela entra uma
Morgana cabisbaixa, mesmo estando no estado que está ela continua linda e
ao olhar o seu rosto vejo o alívio visível estampado.
Nos falamos brevemente. Falo a ela que a amo e por incrível que
pareça ela também confessa que me ama, mas a sua expressão se fecha
quando ela diz que Leila está lá fora, e ainda por cima dizendo que somos
casados. Isso me enfurece de uma maneira da qual não sou capaz de medir
preciso dar um jeito em Leila.
Enquanto nos falamos, digo a ela que sei quem foi o responsável
pelo meu acidente, ela estava relutante em acreditar, mas se convence
finamente. Peço que ela retire Dimitry da casa dela e ela me promete fazer,
após algum tempo comigo Morgana vai embora.
Após Morgana sair do meu quarto sinto o meu coração mais leve em
saber que a diaba, a anã de jardim, que confesso que ganhou meu coração,
me ama é uma sensação única e em pensar que eu jurei nunca me apaixonar
por ninguém. Mas vejo que nunca devemos jurar ou fazer promessas das
quais não podemos cumprir, eu me afastei dela no intuito de não a fazer
sofrer, mas acabei fazendo-a sofrer de outro modo. Eu jamais poderia se
quer imaginar que quando eu a deixei, que quando fui embora para não a
trazer para esse meu mundo ela estaria carregando o meu filho.
Em pensar que eu estava me contentando com o pestinha do Boris.
Mas o meu filho é igual a mim apenas nas características físicas, mas em
seu humor é todo de sua mãe Morgana. A menina que um dia eu descuidei
em uma festa, a que não deveria ter a deixado sozinha no meio daquele
monte de pessoas.
Por minha culpa ela sofreu tudo aquilo que sofreu e se tornou
amarga. Quando pude me lembrar a realidade caiu como um balde de água
fria, e o que eu poderia fazer?
Não pude deixar que aquilo ficasse impune, procurei e encontrei os
responsáveis por aquilo e os matei, sim, eu os matei. Naquela época eu não
entendia o que estava acontecendo eu encarava aquilo como se fosse uma
necessidade de fazê-los pagar por tudo que aconteceu a ela e no fundo eu
sentia a culpa, mas eu já era apaixonado por ela só não sabia disso.
Cada homem que se aproximava daquele bar no clube que a cantava
fazia meu sangue ferver eu apenas acreditava que era porque eu tinha o
costume de achar que protegê-la pelo que havia acontecido era da minha
responsabilidade. Mas eu sabia como o seu corpo respondia aos meus
estímulos, cada toque, cada troca de olhares, de todas as vezes que ela
ficava vermelha de raiva quando eu praticamente espantava os possíveis
pretendentes que apareciam naquele bar e de todas as vezes que eu a fiz
chorar.
Quantas vezes eu permiti que ela chorasse e isso acontecia todas as
vezes que ela me via sair do clube com uma mulher, mas que cabeça a
minha, nunca se quer pensei que ela poderia me amar.
Morgana era filha do melhor amigo do meu pai, que ironia. Ele a
criou envolta de proteção, a ensinou algumas coisas, mas que não foram
muitos úteis para livrá-la de tudo que aconteceu aquela noite, eu nunca
realmente a havia notado, realmente só fui vê-la quando eu entrei naquele
clube em um dia qualquer, os nossos olhares se cruzaram pela primeira vez
enquanto o Dj anunciava que eu estava ali, o solteiro mais cobiçado. Aquela
moça me lembrava alguém lá no fundo do meu inconsciente, eu a provoquei
aquele dia, a excitei, e daquele dia em diante eu estava ali naquele clube
não procurando por outras, mas sim por ela.
Perdido nos meus pensamentos escuto quando a porta do quarto é
aberta e por ela entra Boris com sua cara de poucos amigos ele a fecha e
vem até mim.
— Você está bem? — a pergunta vem e eu me pergunto realmente se
estou bem. Ele ainda me observa aguardando por uma resposta.
— Estou bem sim Boris — respondo o encarando — Eu só quero e
preciso sair daqui. Aquele verme do Damien vai pagar muito caro — digo
revoltado.
— Diga-me, por que acha que foi Damien? — Boris me pergunta
cruzando os braços me encarando.
— Ah, qual é Boris? O cara me odeia. Claro que foi ele ainda mais
quando eu estava saindo para ir embora ele me desejou uma boa viagem —
digo e Boris parece refletir sobre o que eu digo.
— Mas a troco de que realmente, Andrei? Somente por que ele quer
Morgana?
— Ela nunca será dele. Ela me ama Boris. Ela me disse isso hoje —
digo a ele que mostra um sorriso.
— Eu sabia disso não é de hoje. Todo o esforço que ela fez para te
tirar do carro realmente mostra que ela te ama — ele diz e eu concordo —
Agradecerei mais a ela por isso, se não fosse por ela você teria realmente
morrido — ele diz e eu vejo o pesar em seus olhos — Você e o seu velho
costume de sair sem os seguranças ou de dispensá-los sem motivos, sabe
que não pode andar por aí sem eles.
— Sério que irá me repreender agora Boris? Eu estou em um
hospital, não preciso disso agora nesse momento — digo a ele que
semicerra os olhos.
— Não existe hora para lhe repreender, você não tem juízo é um
cabeça de vento — ele diz e eu reviro os olhos.
— Não revire os olhos sabe que eu estou certo.
— Está okay Boris. Você está certo — concordo para não ouvir mais
nada — Pedi para Morgana deixar Dimitry em sua casa — digo a ele
enquanto ele arrasta uma cadeira que estava no canto para se sentar.
— Tudo bem, eu reforçarei a segurança, Morgana me disse sobre o
que aconteceu, que você foi ameaçado antes de chegar à casa dela onde
aconteceu isso? — Boris pergunta.
— Eu recebi um telefonema de Leila onde ela disse que estava em
um hospital então eu fui vê-la depois de tantas lamurias em meu ouvido.
Assim que cheguei lá não demorou muito para que um homem aparecesse e
colocasse uma arma em minha nuca dizendo que iria me matar a mando do
chefe — digo a ele que se levanta andando de um lado para o outro dentro
do quarto.
— E mesmo assim você decidiu sair de lá sem os seguranças, você é
muito burro Andrei! Você quer morrer? — ele outra vez me repreende e eu
fecho os olhos encostando a cabeça na cabeceira da cama.
— De novo não. Eu juro que vou ter uma coisa se você fizer o
discurso tudo novamente — digo revirando os olhos.
— Você já é uma coisa Andrei. Seu nome deveria ser sem juízo —
ele diz emburrado — então você acha que Damien é culpado pelo seu
atentado quando estava saindo da casa de Morgana?
— Sim, a mais absoluta certeza. Pelas palavras dele quando eu
estava saindo não tem como não ter sido ele — digo e ele anui em
entendimento.
— O que ele disse? — pergunta.
— Ele me desejou boa viagem.
— Reforçarei a segurança em casa e assim que Morgana levar
Dimitry ele estará seguro lá não se preocupe.
— Obrigado irmão — o agradeço.
— Não seja por isso. Acho que se fosse um dos meus filhos você
faria o mesmo, somos uma família Andrei.
— Claro eu amo aqueles pestinhas — digo e ele me olha
contrariado.
— Eles não são pestinhas, você já viu o seu filho? Não fale dos
meus por que o seu não fica muito atrás — ele diz e eu gargalho da cara
azeda que ele faz.
— Eu vou me casar — digo a ele que ergue uma sobrancelha.
— Casar-se? Que novidade é essa agora? Não era você que dizia
que nunca ia se amarrar? O que está havendo? — ele pergunta em um ar
risonho.
— Eu amo aquela mulher Boris, não adianta negar. A pedi em
casamento não estou em uma posição muito boa, mesmo assim a pedi.
— E ela aceitou? — ele pergunta interessado.
— Ela ainda não respondeu — digo e ele gargalha.
— Ela não respondeu. Morgana lhe tem prendido pelas bolas Andrei
definitivamente, eu sempre soube.
— Pare de ser chato, estou louco de vontade de sumir daqui.
— Sabe que não pode — ele diz e fecha a cara — Só vai sair daqui
quando estiver bom — ele diz impondo o seu controle.
— Como Donatella lhe suporta? — pergunto a ele que semicerra os
olhos e ajeita o terno.
— Ela gosta! — ele simplesmente diz e eu bufo com a reposta feita
— Você também já se fez essa pergunta, como Morgana lhe suporta? — eu
o olho trincando os dentes.
— Não seja inconveniente Boris — digo a ele.
— Bom, eu vou indo vou buscar Dimitry com Morgana e você —
ele diz apontando o dedo para mim — vê se fica quieto aí e não me faça
nenhuma besteira.
— Sim senhor! — digo e ele revira os olhos.
— Irei deixar uma coisa aqui com você, só a use se for de extrema
necessidade— ele diz e me entrega uma arma — a guarde debaixo do
travesseiro até logo irmão e descanse — dizendo isso ele sai pela porta a
fechando em seguida.
Isto está um tédio. Agora tudo está quieto e eu estou começando a
ficar agitado isso é uma droga.
Quando estou com os olhos fechados escuto a porta se abrir e abro
um olho para ver quem é que está dentro do quarto e quem eu vejo não me
agrada nenhum pouco ela se aproxima da cama e eu continuo fingindo estar
dormindo.
— Ah Andrei, eu poderia realmente te amar, mas você é muito
cafajeste não merece o amor de ninguém. — Ela diz e suspira — Sempre
teve tudo, mas não deveria. Foram tantos anos de espera para finalmente o
meu amor ter a sua vingança, tudo veio a calhar e só contribuíram para que
os nossos planos fossem concluídos. — No mesmo instante agarro seu
pulso e retiro a arma debaixo da coberta apontando para ela que arregala os
olhos.
— E que planos são esses heim? Me diga. Estou ansioso para
realmente saber de tudo. — Ela me olha apavorada e tenta se soltar do meu
aperto — Não adianta tentar se soltar sabe que sou mais forte que você —
digo a ela que me olha e um riso debochado sai dos seus lábios.
— Qual é a sensação de quase morte? Você tem sorte Andrei muita
sorte de estar vivo — ela diz enquanto ainda luta para se soltar.
— Leila o que você quer?
— Eu nada, nada mesmo. Me solte Andrei estou grávida e isso é
uma violência — ela diz e eu a solto, mas a minha arma ainda continua
apontada para ela.
— Como conseguiu entrar aqui? — pergunto a ela que olha para si
mesmo e depois olha para mim.
— Não reparou? estou vestida de enfermeira. Foi fácil enganar os
gorilas que estão ali fora. O que uma piscadinha de olho e uma rebolada não
faz com um homem? — ela diz e aí entendo como ela entrou.
— Que história é essa de que estamos casados? — pergunto me
lembrando do que Morgana falou a mim quando esteve aqui.
— Sim estamos. Quando você assinou os papéis da venda de sua
parte nos negócios havia uma folha em branco no meio e você assinou.
Aquela folha serviu para que estivéssemos casados — ela diz e sorri um
sorriso diabólico e acabo por confirmar que essa mulher é louca.
— Eu jamais me casaria com você, nem nessa e nem em outra vida,
que absurdo! Eu irei anular se esse casamento realmente existir.
— Você não terá tempo disso querido, mais cedo ou mais tarde o
império mafioso dos Nickolaievy será dado a quem realmente pertence e
lógico que não é a você e nem aquele seu irmão patético e a atrevida
daquela Donatella e os pestinhas. Com esse casamento sua parte em tudo
será do meu filho que claro será reconhecido por você, afinal você é o pai
— ela diz e me olha.
— Acha realmente que eu acredito nisso? Não seja tola. Eu não vou
assumir, agora eu tenho mais certeza de que esse filho não é meu — digo a
ela que ajeita seus cabelos com as mãos.
— Que seja, tudo que for seu meu querido irá para as mãos do
verdadeiro dono.
— O que você sabe? — pergunto a ela lhe apontando a arma — O
que é isso que está acontecendo?
— O irmão de vocês, muito simples. Eu o conheço e o ajudei. Me
aproximei de você unicamente para ajudá-lo e confesso que foi bom,
gostoso. Você fode bem, é maravilhoso, pena que logo você será apenas
uma lembrança assim como os demais.
— Fora daqui antes que eu te mate — digo a ela faiscando de raiva
— Saia! Eu quero você fora daqui — digo a ela me levantando pela
primeira vez após o acidente, meu corpo está dormente e dolorido mas
ainda assim consigo caminhar até ela e colocar o cano da arma em sua testa
e olhar bem profundamente em seus olhos — Fora daqui agora! — repito
novamente — Saiba que todas as vezes que lhe fodi foi pensando em
Morgana, não teve uma vez se quer, você nem se compara a ela — digo a
analisando — Você é baixa, vulgar, o tipo de mulher que não serve para ser
a esposa de um homem da máfia. Você não tem postura. Agora suma daqui
e vá ficar com o pai do seu filho e nunca mais me procure, eu vou dar um
jeito desse casamento se realmente existir ser anulado. Eu não quero ter
nenhuma ligação com você — digo e abro a porta a empurrando para fora
quando um dos seguranças vem até minha direção se colocando a postos.
— Eu não quero essa mulher aqui. Gravem bem o rosto dela. Ela
não é uma enfermeira, médica ou algo assim, agora tragam uma enfermeira
de verdade estou com dor preciso de um remédio — digo isso e entro no
quarto novamente, percebo que estou com a roupa do hospital e que estou
nu, que maravilha. Retorno a porta e outro segurança aparece — Vá
comprar roupas decentes para mim, estou como vim ao mundo e por mais
que eu goste de ficar pelado, desse jeito que está aqui não dá certo — digo a
ele que assente e sai para ir buscar as roupas. Retorno para dentro e me
deito na cama, alguns minutos depois o segurança aprece com a mesma
enfermeira que estava com o médico quando eu acordei é hora de colocar os
meus dotes conquistadores em jogo.
— Você é muito bonita, sabia? — digo a ela que me olha dando um
sorriso sem graça.
— Já me disseram isso — ela diz ruborizada.
— O que eu tenho que fazer para você me arranjar um telefone?
— Quer o meu número de telefone? — ela pergunta de olhos
arregalados.
— Compre um telefone para mim e marque o seu número nele —
falo a ela que ergue uma sobrancelha.
— O que eu ganho em troca? — ela pergunta.
— Quem sabe uma noite toda de sexo selvagem. Sou bom, pode
apostar — digo a ela que lambe os lábios sugestivamente e olha para mim.
Depois de muita conversa e finalmente convencer a enfermeira,
meia hora depois ela me entrega um celular e tenho novas roupas que foram
trazidas pelo segurança. Sei que se Morgana souber disso ela vai me matar,
mas tive que beijar a enfermeira pelo seu feito de ter se arriscado e
comprado o celular para mim e em posse dele ligo para Boris. Já estou
cansado de ficar aqui, me sinto bem o suficiente. Ao atender, ele pergunta
como consegui um celular, conto meio por cima e a voz de Morgana se faz
ouvir e eu sinto que estou ferrado, mas mudo de assunto rapidamente e peço
para falar com Dimitry. Morgana diz que ele está dormindo, mas eu sinto a
mentira em sua voz.
— Por que eu sinto que há uma mentira? — eu pergunto e nesse
momento o meu celular vibra em uma mensagem, que vem de um número
desconhecido. Resolvo abrir o anexo que está nela e eu vejo Dimitry, o meu
filho, amarrado com uma corda envolta ao seu pescoço e a sua boca
amordaçada.
— Que porra é essa? — grito ao telefone— cadê o Dimitry
Morgana? Me responda, cadê o Dimitry?
— Eu já te disse ele...
— O levaram Morgana. Acabo de receber uma foto do Dimitry em
meu celular amarrado e amordaçado, eu estou saindo daqui não irei deixar
eles fazerem mal ao meu filho — digo trocando de roupa, como esse filho
da puta conseguiu esse novo número penso comigo.
— Andrei? Espere ... — Morgana ainda fala ao telefone, mas eu a
interrompo.
— Não tem mais Morgana. odeio que mintam para mim, iremos
falar sobre isso, mas agora eu irei resolver outras coisas — digo isso e
desligo o telefone, saio do quarto trocado, olho para os seguranças que me
olham surpresos.
— O que foi? Nunca me viram antes? Já que estão aí façam uma
coisa de útil eu quero um carro — digo e eles se entreolham — Vamos, eu
disse que quero um carro, eu estou indo embora — dizendo isso saio
andando pelo corredor rumo a saída, quando finalmente estou do lado fora,
como se eu não fosse um paciente, um carro negro como a noite já me
esperava, entro nele e me acomodando digo ao motorista:
— Siga para casa agora, preciso falar com o Boris — dito isso o
motorista me olha pelo retrovisor.
— O senhor Boris não está em casa, ele está na casa da senhorita
Morgana — ele diz contido e eu o observo.
— Você tem óculos escuros aí com você? — pergunto a ele que
assente — então me dê, depois você compra outro para você — digo a ele
que me entrega os óculos.
— Sim senhor!
— Vamos então para a casa da senhorita Morgana — digo a ele que
liga o carro e nós saímos em direção a casa...
Eu estou preparado para o confronto. Eu vou recuperar o meu filho e
acabar com essa bagunça toda ou não me chamo Andrei Nickolaievy.
É hora de brincar e eu estou ansioso pelos meus novos brinquedos...
CAPÍTULO 23
Muito puto!
Eu estou muito puto da vida.
Que porra é essa
Como Morgana se atreveu a mentir desse jeito? Meu Deus do céu!
A angústia que eu sinto nesse momento é surreal. Ver meu filho amarrado
daquele modo faz crescer dentro de mim um ódio intenso uma fúria que sou
capaz de explodir o mundo.
Ao chegar na porta do condomínio onde ela mora aquela mesma
ladainha dos seguranças e sem paciência para tanto eu desço do carro indo
em direção ao senhor que chega a ser como um grão de feijão diante da
minha altura.
Me aproximo dele já sem muita paciência.
— Senhor como vai? Estou aqui para ver Morgana Layeshi acredito
que o senhor não será um empecilho — digo o olhando atentamente —
Creio eu que irei entrar e que o senhor, não irá me impedir, estamos de
acordo? — ele me olha com os seus olhos faiscando medo.
— Não senhor, eu não serei um empecilho. Eu vou avisá-la — ele
diz pegando o interfone e eu o impeço segurando seu pulso.
— Não é necessário avisar, digamos que ela espera por mim — digo
a ele que assente e recoloca o interfone no lugar — Fique de olho nele, eu
seguirei a pé daqui — digo ao segurança que está comigo, que me olha com
a cara de poucos amigos e eu já sei que isso é coisa de Boris — olha só,
pode ficar em paz não é como se eu fosse morrer agora e tem seguranças
aqui em todo lugar — digo contrariado e saio andando pelo condomínio
rumo a casa de Morgana.
Quanto mais o tempo passa mais eu sei que meu filho corre perigo.
Puta que pariu que merda. Eu preciso descobrir onde ele está.
Morgana, essa mulher me tira do sério.
Primeiro me escondeu a existência do garoto e agora me esconde
que o garoto foi levado, vou ter que trabalhar com ela sobre essas coisas,
ela não pode se achar autossuficiente.
Chego à porta da casa e há um dos homens que assim que me vê
arregala os olhos e vem em minha direção.
— Não me diga que viu um fantasma? — pergunto a ele que me
olha confuso diante da pergunta e eu bufo teatralmente e gesticulo com as
mãos para ele me dar licença — Saia, eu preciso entrar — digo e ergo uma
sobrancelha e ele dá um aceno se afastando me dando passagem. Abro a
porta e há muitos homens dentro da sala o que me deixa um pouco confuso
— Que baderna é essa? — pergunto e os homens me olham espantados.
Mas que porra? Por que todo mundo me olha como se eu fosse um
fantasma?
— Chefe? — um deles pergunta e eu reviro os olhos.
— Não, eu provavelmente sou a alma penada dele — digo
sarcástico e alguns dos homens riem diante do que eu disse e eu lhes dou
um olhar de advertência daqueles que fazem você temer até o último fio de
cabelo. Não estou para brincadeiras — cadê o Boris?
— Ele está na cozinha chefe, com a senhorita Morgana — um dos
homens diz e eu aceno em agradecimento, mas eu me pergunto, por que
raios estão na cozinha? Acho que um dos homens percebem minha dúvida e
me aponta um lado.
— É por ali senhor — agradeço e saio rumo ao corredor.
Morgana deverá se livrar dessa casa assim que nos casarmos, ou
melhor antes disso assim que recuperarmos nosso filho, vou arrumar uma
casa para nós dois. Sigo discorrendo até que escuto vozes e quando apareço
Todo o trajeto até onde meu filho está foi feito em silêncio. Andrei
não disse uma maldita só palavra. Sei que ele está bravo, possesso, mas eu
não podia ficar em casa sabendo que tanto ele quanto Dimitry corriam
perigo. Isso não é uma coisa que seja originada de mim, o instinto de
sobrevivência fala mais alto nessas ocasiões e eu não posso deixar que ele
tome uma decisão estúpida de vir a um lugar sozinho e correr o risco de
tomar uma bala sem esperar.
Ele pode não entender minha posição sobre esse assunto, mas nunca
em hipótese nenhuma ele viria aqui sozinho eu amo esse idiota a ponto de
me colocar no fogo cruzado por ele e pelo meu filho, principalmente por
ele, estou indo por ele, estou indo para ele quero que que passemos por tudo
isso e nos tornemos uma família apesar de que já somos.
Eu nunca em todos esses anos esqueci Andrei, os anos se passaram e
ele ficou cada vez mais vivo em minha memória, ao olhar para Dimitry, ele
é uma cópia perfeita de Andrei, sua fisionomia lembra o pai em tudo.
Perdida em meus pensamentos percebo que chegamos a um lugar,
estranho, no meio do nada um bom lugar definitivamente para se esconder,
olho para Andrei que observa o lugar e quando vou abrir a porta do carro
percebo que a mesma ainda está trancada, disparo meus olhos para Andrei
novamente e o mesmo já me olha, estou faiscando de raiva, ele não pensa
que vai me deixar aqui como se minha vontade fosse respeitada por ele,
após me dizer que eu não irei sair daqui ele simplesmente sai do carro me
deixando trancada argumento com ele, mas definitivamente Andrei está
irredutível.
Ainda falando comigo meus olhos se perdem na imagem atrás dele,
meu coração dispara ao ver o meu filho nas mãos de Dylan com uma faca
empenhada em seu pescoço o desespero é total eu quero sair daqui, Andrei
tem que me soltar, percebendo o meu olhar perdido Andrei se vira para ver
a mesma imagem que eu, seu corpo muda de postura, ele levanta os ombros
e passa a falar com Dylan, não entendo muita coisa pois o tom de voz que
Andrei usa é baixo, isso denota o quanto ele está furioso, alguns nesse
estágio gritam mas Andrei é diferente ele não grita, não fala mais alto usa o
tom frio e neutro .
A conversa ainda segue sem que eu possa saber de nada, e isso é um
inferno. Ainda tentando abrir a porra da porta percebo quando ela é
destravada leva tudo em mim para eu correr e pegar o meu filho das mãos
daquele monstro como eu pude me enganar tanto?
Em pensar que eu o deixei me tocar, o gosto amargo sobe para a
minha garganta e eu a forço novamente para baixo, sinto nojo de mim
mesma nesse momento.
Com loucura tento correr até o meu filho sendo impedida por
Andrei, que em um sussurro me diz não, eu não entendo por que não, é meu
filho, nosso filho, como ficar aqui parada? Quando olho para o meu filho
novamente vejo sangue escorrendo do seu pequeno pescoço, mas uma coisa
que não vejo em meu filho é desespero, ele parece um homem, não vejo
nem um tremor em seus lábios, nem uma ação que indique que está com
medo a genética realmente é gritante ele com certeza está se mantendo
calmo.
A voz de Dylan se faz ouvir agora.
— Vamos o chefe está esperando — engulo em seco e caminho ao
lado de Andrei, sua expressão não transparece nada, ele é muito bom em
esconder seus sentimentos junto aos outros, não a mim, caminhando escuto
a pergunta que Andrei faz.
— Vocês bateram no meu filho? — a raiva sobe em mim numa
velocidade gigantesca eu não posso acreditar nisso.
— Como você pôde? — pergunto a Dylan que simplesmente dá de
ombros e responde que não foi ele quem fez isso, então para não o
questionarmos.
Seguimos andando e a todo momento ele ameaça Andrei dizendo
que se não colaborar ele vai estourar a minha cabeça e enterrar a faça no
pescoço do meu filho, Andrei continua a caminhar sem dizer uma palavra,
enquanto eu observo o lugar muito abandonado, antigo por assim dizer,
ainda caminhando chegamos a uma sala cheia de maquinários, Dylan pega
meu filho e o amarra em uma cadeira como se ele fosse a algum lugar.
Escuto passos ecoarem atrás de nós, os fios de cabelos do meu corpo
se arrepiam e meus olhos se arregalam ao ver o homem que um dia me
procurou em meu trabalho para me dizer que eu era a herdeira de Giancarlo
Fabri, o advogado filho da puta que fingiu não saber quem eu era, ele sabe
que eu sei, ele sabe que eu o reconheci, mas o que ele faz aqui?
— Você — a frase me escapole antes que eu possa elaborá-la.
— Sim eu, surpresa querida Morgana? — ele fala e eu me chuto
internamente como pude me envolver nisso?
— Que merda é essa? — a pergunta de Andrei me faz sair do meu
estupor e o olhar rapidamente.
— Andrei esse é... — O homem a minha frente me interrompe.
— Cale-se querida, ele não precisa saber.
— O caralho que eu não preciso saber, quem é ele Morgana? —
Andrei pergunta entre dentes, sei que está puto da vida as variações de
humor de Andrei são facilmente registradas por mim.
— Que maravilha, reunião em família adoro essas coisas — outro
homem com as mesmas características do homem a minha frente aparece e
o que eu pensava estar mal se torna pior.
— Meu Deus! — gemo frustrada.
— Então vamos ao que interessa. Há muito tempo venho sonhando
com esse dia, o dia que eu poderia matar você — ele diz e aponta uma arma
para Andrei — e isso é uma sensação maravilhosa.
Olho para Andrei que mantém o seu rosto intransponível, e uma
ideia louca aparece em minha mente eu só espero que ela funcione, Andrei
balança a cabeça em negativa, não sei o que pensa, mas posso ver a agonia
passar em um lampejo em seus olhos também como vejo raiva, ódio eu sei
o que ele está pensando, mas, eu não o deixarei fazer.
Após alguns minutos ensurdecedor de silêncio me atrevo a falar,
preciso colocar meu plano em prática, mas antes de tudo preciso que ele dê
certo, sei que Andrei pode não me perdoar por isso, mas eu preciso fazer
talvez seja a única chance de sairmos vivos daqui.
— Bom agora que vocês já têm quem querem eu posso pegar meu
filho e ir embora? — pergunto e Andrei como todos olham para mim no
mesmo instante, dou de ombros indiferente.
— Morgana, o que você...
— Ah cale a boca Andrei — digo a ele que me olha semicerrando os
olhos e cerrando o maxilar — Sua voz me irrita — os dois homens iguais
assim como Dylan se entreolham sem entender o que está acontecendo —
Vamos posso ir agora? Eu não tenho nada a ver com isso, é e ele que vocês
queriam, ele está aqui — digo aponto para Andrei que me olha com raiva
em seu olhar pisco um olho imperceptível para ele é espero que ele busque
entender o que eu estou fazendo.
— Você é uma vadia sabia disso? — as palavras de Andrei me doem
muito, mas preciso disso preciso que ele sinta raiva para tudo aqui
acontecer.
— Nunca me disseram ao contrário — digo e caminho para perto do
filho da puta que disse que era advogado, eu estou mais perdida nessa
história do que nunca — Acho que prefiro o poder e você vai morrer
Andrei, então preciso de alguém melhor e devo admitir — olho para
Damien ou Daniel nem sei qual deles é analisando e sentindo nojo de mim
mesmo pelo o que estou fazendo e lhe dou um pequeno beijo no canto de
sua boca, o enjoo e palpável mas disfarço e faço de conta que gostei, Andrei
olha tudo com a cara fechada sei que irá me matar depois disso mas preciso
fazer ou não sairemos daqui, de repente sinto um puxão forte em meu
cabelo.
— Amarre-o — o homem diz a Dylan que rapidamente obedece
seguindo para Andrei, quando Dylan se aproxima com uma cadeira pronto
para amarrar Andrei eu me desvencilho do aperto em meu cabelo e apanho
a arma que possuo em minha cintura e aponto para a cabeça do homem ao
meu lado.
— Vadia inconsequente, acha o que? Que vai me matar? — ele diz
me olhando e zombando de mim ele realmente acha que eu não tenho
coragem?
— O que? Antes de vir para cá matei a bela irmã de vocês. Não
seria nada de mais matar vocês também — digo a ele que me olha com
desdém.
— Você matou minha irmã? — o outro que tinha uma arma em
punho apontada para mim pergunta e eu estendo um sorriso em meu rosto.
— Sim, matei aquela vadia não era de serventia.
— Eu vou te matar — ele diz engatilhando a arma e o ódio
estampado em seu rosto e raiva refletida em seus olhos — Eu amava a
minha irmã sua vagabunda.
— Não posso dizer o mesmo — eu digo e olho para Dimitry que
está vendado alheio a tudo a sua volta, a calma dele me deixa
impressionada.
— Sabe que somos três contra dois? — o homem em minha mira diz
e eu observo ao redor somos realmente três contra dois.
— Estou em plenas faculdades mentais para discernir que somos
três contra dois — digo e sorrio — você é muito inteligente devo salientar,
agora solte o meu filho.
— Você achou que podia me seduzir? A troca de que? — ele me
questiona, mas eu o ignoro completamente e aperto o cano da arma em sua
cabeça.
— Solte o meu filho — repito.
— Dylan, solte o pirralho — ele diz a Dylan que bufa e faz o que ele
ordena, ele solta o meu filho.
Quando Dimitry olha ao redor ele vê Andrei e me vê, ele corre para
os braços de Andrei que o abraça, meus olhos se enchem d’água e Andrei
me olha e fecha os olhos rapidamente e sussurra algo no ouvido de Dimitry
que balança a cabeça em negativa, Andrei continua a sussurrar e finalmente
Dimitry parece concordar ele desce-o no chão.
— Corra — Andrei diz a Dimitry que dá um último olhar para mim
e sai correndo — agora somos nós o que você quer? — Andrei pergunta ao
homem ao meu lado seu corpo se retesa e ele semicerra os olhos ao olhar
para Andrei.
— Eu quero tudo que vocês roubaram, minha vida, minha história,
vocês tiraram tudo de mim principalmente você — ele diz e aponta para
Andrei — minha mãe morreu por sua culpa, ela estava doente e o maluco
do seu pai a matou quando fez ela gerar você.
— Pensa que eu não penso nisso todo maldito dia? Pensa que eu não
sinto isso todo dia merda? Eu sei, ou você acha o que? Que eu sou feliz por
isso? Vocês e suas malditas ideias erradas eu não tive a minha mãe assim
como vocês não tiveram e eu me culpo todo santo dia! — Andrei grita
visivelmente alterado.
— Ah não me venha com essa, você cresceu tendo tudo, você teve
amor carinho coisa que nós não tivemos — o outro fala e seus olhos
estralados revelam o quanto ele está paranóico.
— Acha o que? Meu pai nunca nos deu carinho, atenção, nunca
tivemos se isso lhe interessar — Andrei diz e ele volta sua arma que estava
em mim para Andrei que se mantém impassível.
— Eu quero matar vocês, você e aquele seu irmão chefe de merda
queremos o que é nosso por direito — ele fala mirando em Andrei que não
se abala nenhum minuto.
De repente escuto gritos e reconheço a voz é Dimitry, me distraio
por um segundo o suficiente para ter uma arma apontada em minha cabeça
agora — Merda! — praguejo baixo, meu coração está acelerado meu filho
está em perigo sinto isso.
— Andrei ajoelhe-se — o homem que me mantém sob sua mira
ordena e Andrei gargalha debochado — ele atira e o tiro passa de raspão em
meu braço a dor é dilacerante e eu vejo a agonia nos olhos de Andrei ao me
ver sangrando, sem opção ele se ajoelha com seus olhos mantidos em mim.
— Ainda não me apresentei, eu sou Damien e esse ao seu lado é
Daniel — o homem diz e se aproxima de mim me agarrando pelos cabelos,
ele coloca a arma sob a pequena mesa que tem ao seu lado e agarra com a
outra mão o meu pescoço o apertando, a busca pelo ar começa se fazer
necessária e meus olhos começam a ter leves apagões — eu vou foder essa
vadia, antes de morrer você verá eu me apoderar do corpo da mulher que
você ama, irei fazer com você o mesmo que o seu pai fez com a minha mãe.
— Não! — Andrei diz e o homem gargalha ao meu lado.
— Sim, ela é o que você ama e o pirralho também, vai ser incrível
isso — ele diz e sua mão sai do meu pescoço e desce para o meu seio onde
ele aperta enquanto mordisca a minha orelha. Tento me soltar do seu aperto,
mas é uma luta em vão ele é muito forte. Olho para Andrei e em seus olhos
eu vejo o pedido silencioso de desculpas e o desespero, ele sabe que eu sei
o que ele sente.
— Deixe-a em paz, vocês me queriam não queriam? Pois eu estou
aqui deixe-a — Andrei fala e Daniel ao seu lado sorri, um sorriso que não
chega aos seus olhos.
— Qual seria a sensação princesa ser fodida por gêmeos? Um na
frente e outro atrás? Hum? O que você acha maninho? — ele diz e cutuca a
cabeça de Andrei com a arma que se vira para ele com o ódio visível em
seus olhos.
— Vocês não irão tocá-la — Andrei diz entre dentes visivelmente
irritado.
ele soca o seu rosto o derrubando no chão, Damien não sabe o que fazer e
Dylan foge quando tudo começa a ruir os barulhos de tiros estão cada vez
mais forte, Daniel e Andrei estão em uma luta corporal intensa. Corri até a
mesa para pegar a arma que Damien havia deixado ali. Ele se aproximou de
mim e, sem pensar muito, puxei o gatilho três vezes. Os tiros atingiram
Damien em cheio. Ele agonizava no chão. Olho para Andrei que me olha de
olhos arregalados surpreso, mas essa sua distração pode custar, pois Daniel
pega uma arma e mira em Andrei e sem pensar muito atiro o derrubando
aproximo dele, não entendendo o porquê percebo seu olhar fixo atrás de
mim e quando me viro encontro Giancarlo Fabri com o meu filho em seu
poder, ele olha para o chão e vê os seus dois filhos mortos a raiva que eu
Quando o filho da puta solta o meu filho e ele corre para os meus
braços o meu instinto é mandá-lo correr era a única coisa que poderia fazer
por ele. Apesar de pequeno ele estava relutante em ir às vezes por não
imaginar o perigo que está ao seu redor e após muito sussurrar que ele
corresse para se esconder e que logo iriamos ao seu encontro ele finalmente
cedeu e saiu correndo. Sei que não poderia ter ficado tão aliviado pois uma
criança contra um adulto tem muita desvantagem.
No fundo eu sabia que Morgana estava pensando em aprontar, a
forma abusada se fazia presente em suas feições, mas ver ela dar um selinho
no canto da boca daquele filho da puta foi o meu limite por um momento
pensei que tudo não passava de um plano onde ela estava envolvida e que
veio junto apenas para se livrar de uma possível culpa, mas os seus olhos
me diziam o contrário, eles pediam que eu confiasse nela e assim eu o fiz.
Mas a ousadia custa caro sei disso ela também poderia ao menos
perceber, o que eu sempre digo sobre distrações ela se distraiu um momento
e se tornou a mira, meu coração errou a batida quando vi a arma apontada
para ela, e droga! Ela é a porra da minha distração e por ela faço o que é me
dito me ajoelho diante dos que querem me matar.
A menção de que ela poderia ser tocada por aqueles vermes inunda
o meu ser, eu não seria capaz de me perdoar se visse com os meus próprios
olhos eles a mutilarem, e que merda eu estou fazendo que não pensei em
dizer a Boris sobre um possível informante, os olhos furiosos dela me
davam a certeza de que ela não deixaria que eles a tocassem.
Distração!
O momento perfeito veio quando escutamos os barulhos dos tiros
que ecoaram do lado de fora, eu pensei em Dimitry em meio ao fogo
cruzado mas tenho certeza de que ele se protegeria, eu só não esperava pela
frieza de Morgana, em como ela matou os dois sem o mínimo esforço
realmente a distração veio a ser a minha melhor arma eu só não contava que
tudo ali teria um preço que agora fora substituído pela vida do meu filho,
Giancarlo o tem em seu poder, sob o seu julgo a vida de um inocente, seus
olhos brilham e piscam, assustados, medrosos mas em nenhum momento
ele derrama uma lágrima se quer.
— Meus filhos — ele diz entre dentes — vocês mataram os meus
filhos? — ele pergunta empunhando uma arma na testa do meu filho —
nada mais justo que eu matar o de vocês agora — uma risada cruel sai de
sua boca.
Ele lamenta e sempre forçando a arma na cabeça de Dimitry, que
mantém calma e isso me enche de orgulho meu garoto a minha cópia fiel.
De repente ele retira outra arma de suas costas e aponta para mim eu
sigo o encarando pois o que houver que acontecer irá acontecer
independente de eu sair daqui vivo ou morto, ele deve saber que sua cabeça
estará a prêmio por tudo que aqui ele fizer, seus olhos tremem sua boca
treme um sinal típico de nervoso, Morgana está ao meu lado e pela minha
visão periférica vejo que seu corpo endurece e seus olhos param atrás de
mim, posso adivinhar o porquê de estar com uma arma apontada para mim
nesse momento, eu sabia que ele não ia deixar isso passar, eu sei que meu
irmão está aqui e sei que essa guerra está longe de terminar.
— Que maravilha a família toda, toda não, ainda falta a desertora
que arruinou a máfia italiana e os pirralhos.
— Cale a boca, seu merda! — meu irmão fala e eu fecho os olhos
buscando por controle, Morgana se encosta mais a mim e pega em minhas
mãos para passar uma arma olho em seus olhos e vejo ali toda a angústia
por não poder fazer nada quando sabe que qualquer passo pode matar nosso
filho, Giancarlo percebe a movimentação.
— Afaste-se dele vadia — Morgana o olha com raiva estampada em
seu rosto e um misto de incredulidade atravessa seu olhar.
— Em pensar que eu acreditei em você, que eu acreditei que você
era uma boa pessoa, solitária, que eu tive pena por você ser sozinho. Você
me enganou me fez entrar sem querer nesse seu plano maldito contra os
Nickolaievy, pra quê? Percebe que você perdeu? Perdeu seus filhos hoje e
perdeu para a idiota que você julgava que eu era, a renegada por um homem
que não podia me amar, não porque não queria, mas porque queria me
proteger. Eu matei seus filhos, todos eles, então estamos em desvantagem
aqui, somos três contra um, solte o meu filho, ele é uma criança vamos
acertar tudo entre nós, mas deixe-o livre. — Ela fala, mas suas palavras
parece não acertar o alvo por que Giancarlo destrava a arma que está na
testa de Dimitry e o que eu imaginei nunca sentir eu senti naquele
momento, MEDO.
— Solte-o — a voz de Dante se fez presente no lugar ele passa por
mim ficando ao lado de Morgana — Que chefe de merda é você afinal?
Usando uma criança nessa situação você sabe que não sairá daqui vivo
então é melhor fazer o que é certo.
— Ah cale-se, você usurpou o lugar que não lhe pertencia e agora
vem me falar sobre o que é fazer certo? — Giancarlo diz a Dante que o olha
enfurecido.
— Você sim assumiu um lugar que não era seu, eu sei toda a
verdade Giancarlo eu sei de tudo — fico sem entender a que verdade Dante
se refere.
— Cale-se! Você não sabe de nada, não se intrometa — ele diz
enfurecido com Dante e retira a arma da cabeça de Dimitry, respiro aliviado
por ele ter desviado a sua atenção de Dimitry, meu filho começa a se afastar
lentamente e eu dou um pequeno aceno de cabeça para ele.
Quando Dimitry desaparece do meu campo de visão minha atenção
volta para o que acontece a minha volta, Giancarlo de repente se lembra e
quando olha para o lado percebe que Dimitry saiu de seu julgo.
— Parece que o jogo virou não foi? — Boris o questiona — Agora
somos quatro contra uma desvantagem enorme não acha, vamos lá isso é
um absurdo deixe meu irmão em paz eu posso ter misericórdia por você e
poupar a sua vida — meu irmão diz e Giancarlo gargalha achando graça.
— Acha que eu vou cair nessa conversa? — ele inquere — Não!
Saibam que tenho olhos por todos os lados e saibam que esse lugar está
cheio dos meus homens achavam o que? Que viria sozinho? Não! Sou
muito mais esperto do que vocês — ele diz sorrindo e meu irmão expande
um sorriso ainda maior e caminha ao redor da sala.
— Sabe, isso não me surpreende, porque acho que realmente está
sozinho — Boris diz.
— Talvez não Boris, ele tem infiltrado em nossos homens — digo e
Boris me fita e um vinco de desentendimento se faz em sua testa.
— Como? — ele pergunta.
— Ele tem, assim estava naquele bilhete tudo leva a crer que sim.
— Merda! — Boris diz e logo pega o seu telefone dentro do terno.
— De que verdade você estava falando Dante? — Morgana
pergunta receosa.
— A verdade sobre a vida toda de vocês — ele diz me deixando
intrigado.
— O que você está falando? A verdade é uma só. O canalha pai
desses dois matou a minha Natasha, ela me amava e amava os nossos filhos
— Giancarlo diz e olha para o chão onde os corpos de Damien e Daniel
estão mortos — E vocês os mataram eu vou matar um por um — ele diz
apontando a arma em minha direção novamente.
— Giancarlo, Damien e Daniel nunca foram seus filhos — Dante
fala e eu o olho espantado com o que acabei de ouvir surpreso seria o
mínimo.
— Não, não! Isso não é verdade, eu os criei, eles são meus —
Giancarlo diz em descontrole andando de um lado para o outro - e quando
para ele fita Morgana — Sua mãe — ele diz e aponta para Morgana — sua
mãe disse que Natasha me amava — Morgana o olha incrédula com o que
escuta.
— O que? — ela sussurra.
— A vadia da sua mãe, ela amava o idiota pai desses dois — olho
para Morgana e o pensamento que passa na minha cabeça me atormenta não
seria possível me afasto lentamente dela que me olha sem entender — Eu
não sei como a história não se repetiu — ele conclui e eu não chego a uma
lógica de seu raciocínio.
Morgana se desespera, ela fica aturdida ela provavelmente sabia que
a mãe não valia nada, mas certamente não esperava por isso, ela solta o ar
que estava segurando, e a súplica em seu olhar diz que ela não sabia de
nada.
— Então se sabe disso, sabe perfeitamente que não há como esses
dois serem seus filhos, você foi enganado, todos foram enganados — Dante
diz e Morgana até então calada engole em seco.
— Como? Eu... eu não estou entendendo Dante — ela diz em um fio
de voz.
— Simplesmente porque sua mãe Morgana amava Ivan Nickolaievy.
Ela esperava ser a rainha da Bratva, mas como Ivan se encantou por
Natasha a melhor amiga, ela se sentiu rejeitada e decidiu se vingar — Dante
diz e eu não entendo como isso tudo pode acontecer.
— Minha mãe armou tudo isso? — ela pergunta — Como você
sabe? — ela pergunta com os lábios tremendo leva tudo de mim para não
correr e abraçá-la.
Ela envolve o seu próprio corpo com os braços e segura as lágrimas
que encheram os seus olhos, um gemido de dor escapa dos seus lábios
devido ao machucado em seu braço e ela se afasta lentamente, seu olhar cai
em mim, tristes sem brilho, sem vida, minha mente se recusa a processar a
verdade quando ela cai finalmente em mim, sim! Não há como, o que eu
estou pensando não tem como, meu pai amava minha mãe e ela o amava,
meu pai não trairia minha mãe assim como ela também não o traiu.
— Uma investigação a fundo foi iniciada quando eu provavelmente
desconfiei da generosidade de um certo senhor, e além do mais uma das
empregadas mais antigas da casa Valéria, estava em posse de um diário,
segundo ela Natasha entregou a ela antes de morrer e pediu que ela
guardasse e que só o revelasse se um dia fosse necessário fazê-lo, quando
ficou sabendo através de Donatella o que estava acontecendo ela o entregou
a minha irmã, que foi ao encontro de Boris na casa de Morgana, abrimos o
diário me desculpe Morgana, mas nele todas as coisas que sua mãe fez,
todas as artimanhas usadas estavam lá descritas como se fossem um prêmio
por seus feitos — Dante diz e quando olho para Giancarlo ele tem os olhos
estalados como se ele não estivesse mais aqui.
— Eu a amava — Giancarlo diz em um fio de voz — eu amava
Natasha, e a sua mãe se aproveitou disso — ele diz e olha para Morgana
com raiva em seus olhos, ele aponta a arma para ela que permanece olhando
para mim, Morgana está em um estágio perdido, ela não parece se importar
com as coisas ao seu redor, provavelmente o choque da verdade a abalou,
mas do que a mim ou a todos aqui.
— Morgana? — eu a chamo uma vez — Morgana? — na segunda
vez ela pisca os olhos e não tenho tempo de impedir o que acontece em
seguida.
Sem esperar mais Giancarlo atira em Morgana o baque da bala em
seu peito faz seu corpo sacudir e seus lábios se abrirem, corro e consigo
segurá-la em meus braços antes que seu corpo encontre o ladrilho sujo e
frio do chão. Tiros ecoam ao nosso redor, mas tudo que escuto é a
respiração lenta de Morgana que desfalece em meus braços, meus olhos
inundam de lágrimas e eu a protejo com o meu corpo, tudo ao nosso redor
está em caos e quando finalmente os tiros cessam e olho para o seu rosto
está sem cor, seus olhos estão pesados e piscam demoradamente, ela tenta
falar algo mas é como se sua voz tivesse sido tirada, nada sai de sua boca
além do sangue que ela derrama pelo canto.
Abraço seu corpo de encontro ao meu, o desespero toma conta de
mim e um grito estrangulado sai da minha garganta quando Morgana
desmaia em meus braços.
— NÃOOOOOOOOOO!!!!!
CAPÍTULO 28
Após ter passado pelo menos uma hora desde que o médico esteve
na sala de espera e cansado de tanto esperar me levanto do meu lugar
pronto para entrar de qualquer maneira, assim que saio de do meu lugar e
começo a caminhar Boris me intercepta no caminho.
— Onde vai Andrei? — ele pergunta me olhando com o cenho
franzido.
— Vou entrar nessa merda e ver Morgana, já faz mais de uma hora
que estou aqui esperando e nada! — digo já cansado de tanto esperar.
— Tenha calma, essas coisas demoram. Ela fez uma cirurgia Andrei,
talvez o médico esteja esperando que ela se recupere um pouco mais para
liberar sua visita — ele diz, mas eu não acredito em nada, que merda, odeio
esperar e essa espera está me sufocando sem saber como ela está.
— Eu estou sufocando sem notícias Boris, será que você não
entende? — pergunto já nervoso demora do caralho.
Ando de um lado para o outro, passo a mão pelos cabelos e um
pensamento insano vem a minha mente — e se Morgana não resistiu? E
esse médico está me enrolando? Não, não. Ele não seria capaz, seria? —
esses pensamentos povoam a minha mente e eu sou incapaz de não pensar,
perdido na minha trama de pensamento sou despertado por Dante que bate
em meu ombro chamando a minha atenção.
— Até agora não encontraram a Leila, já procuraram nos
aeroportos, no hotel onde você a instalou e nada foi encontrado além de
alguns pertences que claramente foi deixado para trás, vasculharam os
demais hotéis, mas ninguém foi achado, não é possível uma pessoa ter
evaporado assim do nada — ele diz pensativo e eu nem sei o que pensar,
tudo que meus pensamentos são capazes de pensar agora é em Morgana.
— Mande continuarem a procurar, ela tem que estar em algum
lugar, essa vadia não pode ter realmente evaporado assim do nada, ela
tentou me manipular de todas as formas não posso deixá-la por aí eu devo
isso a Morgana — digo decidido.
— Darei um enterro aos gêmeos — Boris diz de repente — eles
eram nossos irmãos, nosso pai foi um pouco equivocado quanto a nossa
mãe — ele diz e eu concordo com um meneio de cabeça, suspiro frustrado,
a espera está me deixando maluco — e quanto ao seu casamento com Leila,
nunca houve um o documento era falso — ele esclarece e um alívio desce
aos meus ombros.
— Eu não poderia estar mais feliz com essa notícia, eu iria surtar se
realmente estivesse casado com aquela mulher — respirando aliviado por
isso.
— Andrei Nickolaievy? — alguém chama o meu nome e
imediatamente os meus olhos correm ao chamado, uma enfermeira me
aguarda — o médico autorizou a sua entrada na UTI para ver a paciente
Morgana, o senhor deve me acompanhar por favor — sua voz é suave e
calma, ela é jovem demais para ser uma enfermeira, em outros momentos
eu estaria jogando os meus dotes conquistadores para atraí-la para a minha
cama, mas eu estou com as minhas bolas fodidamente amarradas por
Morgana.
Aceno para Boris e Dante antes de sair para acompanhar a
enfermeira, que anda na minha frente rebolando e os quadris acompanham
o movimento, mas definitivamente as curvas de Morgana são as que eu
quero estar quando ela sair daqui.
— A moça tem sorte — de repente ela diz e eu franzo o cenho em
confusão não entendendo a que ela se refere — escapar da morte e ter um
homem como você esperando por ela no corredor não é para qualquer uma
— ela conclui e eu respiro fundo coçando a ponta do meu nariz me
segurando para não abusar do mínimo de controle que ainda me resta.
— Sim, realmente ela tem. — Falo e olho para ela que parou de
caminhar para me observar — minha esposa tem muita sorte e nosso filho
tem mais ainda por ter uma mãe como ela — termino de falar e passo por
ela não lhe dando chance de responder mesmo que Morgana e eu ainda não
estamos legalmente casados, mas estaremos em breve.
Chegando à porta da UTI outra enfermeira mais velha me aguarda,
seu sorriso maternal aquece o meu coração e então eu sorrio de volta
enquanto ela me prepara para entrar no quarto de UTI.
— Meu filho você tem 10 minutos, aproveite-o sim! — ela diz e eu
aceno positivo, em seguida ela abre a porta do quarto, eu somente não
estava preparado para a visão que eu teria.
Morgana, minha doce Afrodite de jardim como eu a carinhosamente
apelidei está tão serena, assim do jeito que está ninguém imagina o furacão
que ela é quando acordada, e por Deus como eu quero e espero que ela
acorde logo, me aproximo da cama lentamente meus olhos nunca a
deixando, arrasto a cadeira próximo, há uma outra porta perto de sua cama,
respiro e me sento olhando para ela imaginando tudo que ela deve ter
passado nessa luta que travou para viver, vejo seu rosto sereno, calmo e
pálido.
Não deixaria de notar o quanto seu rosto está sem cor, mesmo assim
ela continua linda, seus cabelos, sua boca, seus olhos, mesmo que eu não os
possa ver agora, eles são os mais lindo que já vi, tudo nela é lindo e eu
definitivamente a Amo, amo mais do que a mim mesmo, amo o que ela é, o
que ela representa e amo ainda mais o maior presente que ela me deu que
foi nosso filho.
— Hey! Está tudo bem agora, eu estou aqui com você e nada mais
vai te prejudicar — digo enquanto passo a mão pelos seus cabelos — você
tem que acordar meu amor, eu sei que estou apressado — digo e rio — mas
merda, eu preciso de você entende? Dimitry precisa de você também, nós
os seus homens precisamos de você, é uma droga ser dependente, mas não
ligo se assim for — digo e olho para ela que dorme aparentemente sem
nenhuma dor.
— Precisarei ir para casa depois, você sabe tenho que falar com
Dimitry, não se preocupe ele está bem aos cuidados da Donatella, mas
preciso me fazer presente para que ele não se sinta sozinho — digo como se
ela fosse capaz de me ouvir ou ao menos responder — tudo está bem agora
e eu não vejo a hora de você sair dessa cama, você me deve um casamento,
não pense que irá escapar dos meus dedos, você é minha e agora nunca
mais irá fugir — digo ainda fazendo carinho em seus cabelos, não é fácil
segurar as lágrimas que enchem os meus olhos.
Eu ainda me culpo por tudo que aconteceu com ela isso vai estar
para sempre em mim, saber que quase a perdi, essa culpa nunca irá me
abandonar.
A porta se abre e a enfermeira coloca sua cabeça na porta.
— Não quero ser a portadora de más notícias, mas os 10 minutos
acabaram você deve sair meu filho — ela diz serena e eu entendo que ela só
está fazendo o seu trabalho.
— Eu irei, só mais um minuto por favor — peço a ela que acena
positivamente.
— Só mais um minuto — ela diz e fecha a porta em seguida me
dando mais um minuto com Morgana.
— Eu tenho que ir agora, mas eu volto, tudo bem? Vou em casa falar
com Dimitry e ver como ele está, nessa loucura toda ainda não o vi — digo
me levantando da cadeira e a colocando em seu lugar novamente, me
aproximando dela e despeço-me novamente me abaixo e depositando um
beijo em seus lábios roxos, os sinto frios, acaricio seu rosto e me viro
saindo do quarto retirando as roupas que usei.
— Ela irá ficar bem, não se preocupe ela é uma mulher forte — a
enfermeira me diz e eu aceno positivamente.
— Tenho certeza de que vai — digo.
— Mais tarde você pode entrar novamente e ficar mais 10 minutos,
hoje é o meu plantão — ela diz e eu agradeço a ela antes de sair pelo
corredor e retornar à sala de espera com Boris e Dante.
Quando chego ao corredor da sala de espera, Boris que estava
sentado em uma das cadeiras se levanta rapidamente vindo ao meu
encontro.
— Como ela está? — ele pergunta me olhando esperando por uma
resposta.
— Ela está aparentemente bem, parece que está dormindo
profundamente nem parece que passou por tudo que aconteceu — digo a ele
que assente.
— Ela vai ficar bem Andrei, pelo que conheço de Morgana ela vai
se recuperar — Dante diz e eu concordo.
— Preciso ir para casa agora, preciso falar com Dimitry, ver como
ele está e cuidar um pouco dele também — digo os dois concordam.
— Vamos pra casa Andrei, você precisa descansar também já que,
desde que fugiu desse hospital, não deve ter dormido direito, o dia está
quase amanhecendo — Boris diz — Apesar que eu poderia lhe deixar aqui
já que você deveria estar se recuperando — o olho de soslaio.
— Eu preciso ir para casa, meu filho precisa de mim agora.
Dizendo isso saímos da sala de espera seguindo para o carro para
irmos para embora, provavelmente não encontrarei Dimitry acordado o dia
já está amanhecendo, mas assim que ele acordar irei ficar com ele o
máximo que eu puder antes de voltar para o hospital para ver Morgana.
Eu só sairei de lá assim que eu puder trazê-la para casa.
24 ANOS DEPOIS....
FIM...
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SINOPSE
infeliz do meu tio metido em seus negócios junto ao pai de sua esposa.
como ele nunca se casou ou não teve tempo para isso, meu tio acabou por
ocupar seu lugar, o meu lugar na linha de sucessão. Eu queria muito mais
do que apenas o meu lugar por direito, eu queria poder; mas ele, na primeira
derrubar muitas pessoas para exigir meu lugar, para ter meu direito e eu o
fiz.
também. Tenho sangue em minhas mãos e não é somente das pessoas que
deveriam pagar com suas próprias vidas por algo. Há um sangue inocente
escorrendo por entre os meus dedos todos os dias, mesmo que ninguém o
veja.
quem é. Essa viagem a Miami não estava em meus fodidos planos, mas é
inevitável.
Deixarei Moscou nas mãos do meu irmão por alguns dias, não que
— O que há?
Não disse a ninguém qual seria meu destino. Muitas coisas que
acontecem prefiro resolver sozinho e a minha maneira, nem que para isso
divertir com o sofrimento das pessoas e... sinto desapontar, mas não estão
errados.
CAPÍTULO 1.
Quando liguei e a garota atendeu, não perguntei por nada, apenas fiz um
comentário sutil sobre sua escolha para se apresentar - “profissional do
sexo” - nada era mais decadente do que isso. Mas, enfim, pouco me
importava.
sentado em umas das cadeiras em frente à minha mesa com sua habitual
carranca e postura.
— Eu já lhe disse que essa coisa de alugar mulheres ainda vai lhe
Eu não iria ficar sem foder porque ele estava em seu momento
“chilique” por conta do que queria fazer. Mas, não mesmo. Eu sei me cuidar
e jamais uma mulher terá poder sobre mim! Já era para ele saber disso; pelo
que você diz, eu preciso foder, se não irei enlouquecer — respondi neutro,
porém a vontade de quebrar sua cara com olhar estoico estava ali, contida.
infeliz?
— ele responde.
trabalho para o retirar de lá; já que, ao que me parece, Matteo não vai muito
com as suas fuças — ele continuou dando de ombros.
— Mas retiraram, isso é o que importa. Ele não vai muito com a
Matteo ficou fodido por esses anos todos com a minha presença nos
negócios.
do seu irmão. E quem diria, que seria tecnicamente seu sogro também,
— Não se preocupe com isso, Ivan. Ele nunca o fará; então, vamos
logo resolver esse impasse com esse infeliz, pois preciso exorcizar meus
demônios.
isso.
cuido eu.
a escuta.
— Você não pode fazer isso, sou um mal necessário — ele diz
que eu tinha em mente. O filho da puta ia conhecer o dono dos negócios nos
quais ele imaginou que poderia passar a perna.
Pobre infeliz.
infeliz. Meu peito queima de vontade de socar seu corpo até a morte, mas
isso seria muito fácil.
irá morrer...
— Eu... eu...
— Cale a boca, eu não disse que você podia falar alguma coisa — o
interrompi em sua tentativa de abrir a boca para provavelmente se
desculpar.
grossa o suficiente para que o contato com seus pulsos possa dilacerar sua
pele. Será que se elas estivessem ao redor do seu pescoço queimariam sua
garganta em um aperto sufocante? Rodeei seu corpo observando a forma
como ele foi amarrado. Foi um bom trabalho, devo admitir, mas ele ficaria
melhor de outra maneira...
— Sim, chefe!
— Mas, eu...
estava ficando entediado. Havia algum tempo que não tomava para mim a
responsabilidade de tratar com traidores. Mas que caralho, preciso mostrar
que ninguém brinca com meus negócios bem debaixo do meu nariz.
queimar tudo isso hoje. Eu não vou mandar recados, nunca fui de os mandar
na verdade. Eu não vou gastar meu tempo ensinando a esse maldito infeliz
qual é seu compromisso com a organização. Da maneira como eu queria
que estivesse, os homens o deixaram e foram para o lugar onde estavam
anteriormente.
camisa social branca que vestia e fiz tudo isso sob o olhar atento do homem
em mim. Eu podia sentir seu medo de longe, conseguia ouvir sua respiração
a cada segundo mais irregular; ele ofegava mais que um cavalo que correu
Uma vez eu fui, perdi muito mais do que deveria; não haveria uma segunda
corda no pescoço e ainda queria brincar; bem, não tenho problemas com
isso.
no inferno você fez o que lhe disseram? O que sua organização lhe disse
para fazer? — gritei em seu rosto — Quem? — perguntei.
Eu sabia que ele não ia dizer naquele momento. Tinha comigo ali
não só uma arma de fogo, adorava facas, como gostava daquele objeto
afiado... Abaixando-me um pouco, peguei-a por baixo da barra da minha
reflexo dela reluzia, passei a ponta em seu rosto, fazendo com que um filete
desculpas não é um termo muito bem-vindo por mim. Ele vai morrer e não
seu rosto. Seus lábios franzem em um grito contido, ele está segurando a
dor; eu tenho em minha frente um saco de merda orgulhoso e isso me faz rir
por dentro, porque uma vez merda, para sempre merda — os segundos da
Ele nada diz. E não estou com paciência para mais perguntas.
novo. Sempre uso coisas novas com meus convidados, gosto de dar
Ele continua calado. Então, com minha faca faço um rasgo em sua
camisa. Não me importa se ele tem família, ele não pensou neles em
vou até elas, e sabe por quê? — agarrei seu pescoço, pressionando a corda
em volta dele e apoiei um dos meus pés no banco em que ele sustentava
seus pés — Você me deve e sua família vai pagar sua dívida, deveria ter
foco, um nome é dito e a raiva se espalha por mim. O infeliz que mexeu
segundo, pisca em seus olhos; mas, então meu pé empurra o banco e seu
corpo cede. A corda range, apertando seu pescoço, ao mesmo tempo que
ele, com os punhos amarrados, tenta em vão livrar-se do nó. Seus olhos se
pescoço — você vai amar senhor...— meus olhos correm para ele e aperto
meus dedos em punho — e sua maior dor vai ser não poder fazer nada para
— estou morrendo pela minha família — ele diz suas últimas palavras
enquanto seu corpo treme; logo suas mãos caem e seu corpo deixa de lutar
contra o inevitável.
É uma pena porque jamais vou amar de novo, nunca mais terei
daquele chão e, passando pelos homens no canto da sala, aceno. Eles sabem
o que fazer. Vesti o terno e saí, encontrando Ivan do lado de fora, fumando
até quando?
— Deixe-o achar que tudo está fácil para ele, Ivan — resmunguei a
resposta.
Eu não quero que seja tão rápido, é um dom a pessoa saber esperar
— Então?
breve.
— Vamos lá...
com o vento. Eu nunca tive uma família e nunca vou saber o que é ter
uma...
CAPÍTULO 2.
fazer?
Minha vida está uma loucura e sei muito bem o que estou fazendo;
mas, preciso disso. Não deveria, tenho consciência de que não é o certo,
contudo espero que eles possam me perdoar por me perder nesse caminho.
Não é algo que minha mãe sonhou para mim e nem também aquilo que meu
encontro; todavia, será por pouco tempo, preciso acreditar nisso. Viver essa
vida é o que tenho que fazer agora, de momento é a minha única saída.
Enquanto olhava para o prédio imponente, estava ali realmente
prestes a deixar que alguém estranho tocasse meu corpo e que fizesse
comigo coisas que eu sequer posso imaginar; mas, esta é única saída para o
momento. Não sou uma puritana virgem e sei muito bem o que acontecerá
frustrada..., porém, são fatos que não posso esquecer, é a minha vida nesse
jogo todo.
de ouro; é realmente algo que nunca conseguiria pagar para usufruir, não
nessa vida que eu tenho agora e mesmo exercendo essa profissão por anos
afins... Isso é coisa de gente rica, com gosto muito refinado e isso
sensação.
assim que digo que estou aqui para ir à cobertura, eles me acompanham até
correta.
E, merda!
um celular de última geração sobre a mesa de centro, o que indica que quem
está aqui é muito rico e que alguns dólares nem fariam falta em sua conta
bancária.
adequadamente.
Tudo é bem moderno. Mas, será que eu deveria chamar? Mas,
como? Não tenho nenhum nome em mente, até porque não foi me dito um.
inglês com russo, pude perceber. Andei pesquisando algumas coisas por aí e
o idioma russo sempre me chamou a atenção. Não que eu quisesse aprender,
com isso desligou a ligação; sem nome, sem nada, apenas o endereço.
E, por Deus! Esse lugar é enorme, além de caro. Quanto deve valer
Seja quem for, é louco por gastar dinheiro com uma cobertura como
essa por uma noite. Obviamente constato que meu primeiro cliente é louco
varrido por gastar dinheiro com esse lugar ou, talvez, ele queira somente me
impressionar...
Me impressionar?
Eu sou, o que diríamos, uma meretriz. Alguém que vende seu corpo
e que não é digna de respeito. É isso que eu sou nesse momento. Além
disso, não sei nada sobre o homem que me chamou até aqui, além do forte
sotaque.
que tem experiência de anos nisso. Estava realmente tentada a fugir como
se eu nunca sequer estivesse estado aqui. Minha amiga é acompanhante de
alta classe, só serve ao alto escalão; então, por isso foi fácil ela me arrumar
esse tipo de trabalho. O mundo dessas coisas é regido por trás de disfarces e
segredos e, para todos os efeitos, eu poderia ser a moça da limpeza, aquela
que limpa toda a bagunça... o que é uma merda, de verdade. Eu sou o que
diríamos...classe baixa.
tempo comigo, porque, veja bem, eu não sou como a Jess; não tenho uma
beleza estonteante, mas ainda assim devo ter algo, não?
Pegando o celular, ligo para Jess e aguardo até que ela atenda.
rapidamente, andando pelo lugar com os meus saltos fazendo barulho pelo
piso escuro.
— Pare com isso, você pode e você vai! Sabe o quanto eu daria para
estar em seu lugar? Imagine, cobertura no hotel mais caro de Miami. Esse
homem é podre de rico, não desperdice essa chance. Faça tudo para você se
tornar uma “fixa” sempre que ele vier à cidade, homens assim temos que
nos desdobrar para agradar — ela fala, sem rodeios.
— Jess, eu...
— Não é nada, faça seu trabalho e se torne uma “fixa”, pelo menos
isso, o resto se ajeita depois e... me diga: por que está me ligando quando
deveria estar transando?
— Ele ainda...
ela.
andando pelas ruas como se fosse uma foragida, não que isso estivesse
longe de ser verdade... porque sim, eu sou uma. Mas, não do modo que
pessoas erradas fazem; entretanto, de todo modo, tenho muito a perder. Jess
desconhecida que poderia ser alguém ruim; porém, ela não se importou.
contei-lhe tudo sobre o motivo de eu estar aqui, em uma cidade que não era
meu lar. Se o que eu vi for verdade, não poderei mais ficar por aqui, terei
que desparecer; mas, para isso, preciso de dinheiro. A última vez que vi
aquele rosto, estava todo sujo de sangue e eu fui a causadora disso.
nada — isso que está fazendo não é tão horrível... quantas de nós não
encontramos um amigo ou até mesmo um parceiro? — questionou — Você
tem culhões, é linda e está tudo certo. Não se preocupe com nada, o passado
não vai mais te aborrecer. E veja bem onde você está, Katy, não há maneiras
entendia, é que para ele isso pouco importava, era o de menos. Eu tinha um
passado e ele estava tão perto que eu podia senti-lo. Eu era feliz, porém, da
noite para o dia, tudo mudou. Para quem está de fora, tudo é muito fácil;
provocar os garotos. Até certo ponto, foi bom para mim. Eu tenho o corpo
exatamente com tudo no lugar, nunca tive problemas com homens; mas,
da minha desgraça, eu pensava ter encontrado alguém para ser meu parceiro
de vida, mas nunca estive tão enganada e jamais achei que iria vivenciar
aquele tormento.
— Você se sairá bem, Katy! — ela disse segundos depois — Agora,
desliga esse telefone e entre em seu personagem, você sabe muito bem
como incitar um homem. Lembre-se das três coisas: seu corpo, suas regras
e seus desejos. Não o deixe ultrapassar a linha do aceitável. Podemos fazer
Era o que eu tinha que fazer, não podia viver com medo
eternamente. Eu estava sozinha em uma cidade enorme, quais as minhas
reais possibilidades?
homem, eu era esperta e insolente. Não foi essa a forma como minha mãe
fazendo aquilo e precisava fazer isso para ter condições de fugir de novo.
nenhum outro homem. E isso me fez pensar que há mais de quatro anos eu
não tenho um; porém, se eu refletir por outro lado, sexo é como andar de
bicicleta, certo?
Eu não entendo por que fui me perder com quem não deveria. Como
“Pense no dinheiro!”
também. Estava bem colado ao meu corpo, revelando uma cintura fina e um
quadril avantajado, deixando pouco para a imaginação de um homem que
comigo mesma. Eu tinha qualidades, mas nem sempre esses atributos nos
Esse pensamento me fez rir, eu faria meu tipo sem pestanejar. Olhei
a hora em meu celular e vi que estava adiantada dada a hora que cheguei
um compromisso.
esse homem de graça! Ele parecia tão másculo e viril, um espécime que,
Em outras palavras.
perturbador. Ele era um perigo ambulante e não só seu corpo dizia isso, mas
também a forma como ele olhava.
Seus cabelos eram negros e fartos, seus olhos azuis tão escuros
escondiam perigo por trás deles... Poderia afirmar que ele tinha uns trinta
anos ou mais e um corpo que, mesmo pela roupa, digo sem dúvidas que é
esculpido como se fosse um deus grego... alto o suficiente para me fazer
sumir diante de si, devia estar na faixa de uns 1,80m. Seu olhar penetrante e
Sua roupa era um terno de três peças, o que me levava a crer que ele
poderia ter saído de alguma reunião de negócios direto para cá. As calças
cada segundo.
com esse homem sem pensar duas vezes. Meu primeiro cliente para uma
noite paga estava sendo surpreendente. Eu estava literalmente de queixo
Óh, meu Deus! Será que foi outro que falou comigo?
remoto. O lugar era bem decorado, moderno, com janelas que iam do chão
passava por elas. Podia se ouvir bem baixo o som dos carros na avenida
abaixo.
Mas, puta que pariu, sua voz era forte e tinha um sotaque que
bambeava minhas pernas. O que era uma droga, porque eu tinha um fraco
por homens assim... o acentuamento das palavras, se fossem ditas baixinho
uma arma apontada para o meu rosto e um olhar destorcido, louco, que
dizia que iria me matar simplesmente por eu dizer que não aceitaria aquilo.
Sim, minha mente vagueou até o passado e isso não deveria acontecer...
seco.
assim, nem que ele estivesse me checando para discutir comigo. Mas, se
tinha uma coisa que ele não sabia, é que eu nunca mais deixaria homem
nenhum pisar em mim, não mais! Eu não saí de um inferno para entrar em
outro.
— Algum problema além de eu não ser o seu tipo usual? —
alfinetei, não ia perder essa, mas não mesmo... — Alguma sugestão? O que
Então vi sua expressão ficar mais obscura, seu olhar ficou mais
gélido que um cubo de gelo dentro de um copo, parecia que ele queria me
chutar para fora de sua ilustre cobertura ou talvez coisa pior. Eu não estou
indo nada bem nessa coisa, devo admitir. Eu já deveria ter saído, não há