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~ O AMOR DO MAFIOSO ~

Copyright © 2023 — E.L DONOVAN


Capa: EDITAEND
Revisão: CARLA HUDSON
Diagramação Digital: EDITAEND

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.


Esta é uma obra de ficção, com o intuito de entreter as pessoas. Qualquer
semelhança com terceiros é mera coincidência.
Todos os direitos reservados.
São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa
obra, através de quaisquer meios — Tangível ou intangível —.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº 9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Edição Digital ǀ criado no Brasil.
1ª Edição
NOTA DA AUTORA:
Em alguns momentos do livro a autora usa de licença poética para narrar algumas falas dos
personagens, tudo para deixar a leitura mais fluída.
Palavras tais como: para (pra), está (tá). Se acaso se deparar com algumas dessas palavras
não se preocupe, é apenas um meio de deixar a escrita um pouco mais confortável para o leitor.
O livro tem como plano de fundo a máfia, mas isso não quer dizer que ele seja sanguinário;
há passagens de pequenas torturas, discussões e gatilhos de assuntos e acontecimentos do passado
dos personagens e tudo que envolve ação em um livro.
Não há nada de pesado nele. Espero que se sintam confortáveis e que a leitura lhe cative ao
máximo.
Para um bom entendimento dessa história é indicado que leia o livro 1
A PRINCESA DO MAFIOSO.
Andrei e Morgana lhe desejam uma boa leitura.
Com amor; E.L DONOVAN.
NOTA DA AUTORA:
SINOPSE
CAPÍTULO 1.
CAPÍTULO 2.
CAPÍTULO 3.
CAPÍTULO 4.
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10.
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
EPÍLOGO....
AGRADECIMENTOS
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QUER MANDAR UMA MENSAGEM PARA A AUTORA?
PRÓXIMO LANÇAMENTO
DOMINIUM
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1.
CAPÍTULO 2.
SINOPSE

Lindo, jovem, rico, sexy e arrogante, Andrei Nickolaievy tem aos


seus pés todas as mulheres que quer, mas existe uma que lhe tira o sossego,
a paz e a sanidade.
Após o casamento de seu irmão, não se preocupando com mais
nada, partiu para New York e começou a administrar umas das empresas
que pertence à sua família há tempos.
Com o passar dos anos se envolve com a filha de um dos sócios da
empresa, não assumindo um relacionamento sério, mas sim um estável.
Já cansado de tudo e de todos, ele toma uma decisão. A decisão
mais certa até o momento.
Andrei no quesito amor crê que ele é para os fracos, e jamais pensou
que amaria alguém, mas seus planos mudaram drasticamente quando ele
descobre que seu amor floresceu.
A intenção era se afastar para não a fazer sofrer, mas ao fazer isso
ele acabou abrindo uma ferida enorme no coração de Morgana. A tornando
amarga e fria, fazendo-a evitá-lo a todo custo quando ele busca uma
reaproximação.
Frustrada interiormente ela decide dar um tempo de tudo e embarca
de volta para onde ela tem apoio. Os anos se passaram, e ela retorna
trazendo consigo o fruto do amor que um dia sentiu. Ele a evitava enquanto
ela o amava em silêncio. Quando ele se foi não deixou apenas ela para trás,
mas toda a felicidade que eles poderiam ter um dia, assim como talvez uma
família.
O tempo passou, só que nada mudou, é o mesmo vazio de antes.
Eles voltaram, se fosse combinado não daria tão certo. Mas o que
Andrei não esperava era encontrar uma mudança. Agora disposto a lutar
pela mulher que ama, ele decide entrar no jogo.
Não só para amá-la
Mas para fazê-la irrevogavelmente SUA.
“— Eu não consigo lidar com tudo que vem de você. A distância me
ensinou que as feridas se fecham, mas a dor nunca cicatriza.”
“Você é minha e não há nada nesse mundo que me fará desistir de
você, eu luto pelas coisas que amo, então lutarei por você.”
CAPÍTULO 1.

— Isso, sua vadia. Chupa esse pau direito, vai. Engole tudo. — Digo
a Leila enquanto agarro seus cabelos e oriento sua boca no meu pau — isso
vai, chupa, suga com força, engole tudo — ela chupa e devora o meu pau. O
sexo com Leila é livre de amarras, ela é liberal em todo sentido da palavra
— isso agora fica de quatro para mim, quero foder seu rabo — digo e ela
obedece ficando de quatro em cima da cama e me oferecendo seu rabo
apertado.
Passo lubrificante em sua entrada apertada e coloco uma camisinha,
e assim quando estou devidamente protegido invisto em seu rabo que já está
tão acostumado à minha invasão sem nenhuma delicadeza. Enquanto a fodo
meus pensamentos voam para outro lugar, ou melhor outra pessoa, assim
consigo ter prazer com Leila, somente pensando em Morgana. Há tempos é
assim, mas isso se intensificou mais e eu não sei o porquê penso nela.
— Ai Andrei, com calma — Leila reclama da brutalidade e com a
força que coloco ao foder o seu rabo, agarro seus cabelos em punho e puxo
seu corpo para trás até que eu tenha suas costas colada em meu peito e
sussurro no seu ouvido:
— Você não disse que gosta forte, rápido e duro; estou lhe dando
tudo isso — e a penetro uma, duas, três vezes e explodo dentro da
camisinha — ainda não acabou — digo lhe dando um tapa estalado em sua
bunda — a noite é uma criança baby — digo me retirando de dentro dela e
seguindo para o banheiro.
Ligando o chuveiro no frio entro debaixo dele esperando esfriar a
cabeça, já faz 5 anos que deixei a Rússia e vim para os Estados Unidos,
mais precisamente New York.
Quando cheguei aqui estava meio desorientado precisando me
afastar, me doeu como o inferno deixar Morgana aquele dia mais era
preciso, eu não era homem para ela. Hoje, aos meus 34 anos, não posso
considerar que criei um pouco de juízo. Ainda continuo com as minhas
noitadas, não tenho um relacionamento fiel com Leila, eu sei que ela deseja,
que quer, mas não estou preparado para isso, meus pensamentos passeiam
por outra pessoa e enquanto eu não me livrar disso não posso ter ninguém.
Das vezes que perguntei sobre ela a meu irmão ele somente disse
não saber dela, que depois que vim embora ela sumiu e nem mesmo
Donatella soube mais nada.
Quando me lembro daquele fatídico dia do casamento do meu
irmão, quando me lembro como ela estava linda ao meu lado, eu sei que fui
um idiota completo, mas eu não queria que ela sofresse, não sou homem
para ela e nem para nenhuma mulher.
Meu coração se aperta quando lembro da nossa última conversa.
Eu não deveria ter um coração, mas porra! Eu tenho, para ela eu
tenho. Sei que não posso mudar o passado, sei que a machuquei e a quebrei
naquele dia, mas merda. Vivo atormentado, se me arrependi? Isso é nítido.
Eu vivo em confusão e por isso ninguém entra em meu coração. A
lembrança retorna tão vivida que quase posso sentir o cheiro doce do
perfume dela.
“— Você está linda Morgana — digo a ela que me fita com os olhos
castanhos avermelhados, lindos, intensos.
Sorrio diante de como ela fica vermelha quando me aproximo dela.
— Obrigada, você também — ela me diz dando um sorriso fraco e
eu sinto que tem algo errado, mas não sei o que pode ser.
— O que tem dentro dessa caixinha? — pergunto a ela vendo a
caixinha ao seu lado em um cantinho no chão.
— Ah! a caixinha? — ela pergunta — é da Donatella. Eu também
não sei o que tem — responde.
— O que minha cunhada aprontará? — divago em meus
pensamentos.
— Eu não sei — ela diz e quando vou respondê-la a marcha nupcial
começa e Donatella surge.
Realmente, meu irmão, é um cara de sorte.
Me lembro dessa parte e busco entender como podíamos ser tão
opostos e tão atraídos.
Me lembro muito bem do momento, em que não sei realmente o que
estava pensando. Fui me despedir dela, o seu olhar perdido, marejados,
mas eu não podia, eu não podia mais fazê-la sofrer. Meu mundo não
pertence a ela, ela não suportaria viver todos os dias sem saber se eu
voltaria no final do dia, ela até poderia ser a mulher para mim, mas eu com
certeza não era homem para ela, aquele que a faria feliz todos os dias.
— Morgana!? — a chamo e quando ela se vira para me encontrar
meu coração passa uma batida, eu não sei distinguir o que sinto, a
necessidade de dizer a ela que estou partindo me rasga por dentro.
— Sim? — ela franze o cenho buscando entender o porquê da minha
presença ali.
— Eu... vim me despedir de você — digo e sua boca se abre em um
"Ó" e se fecha novamente.
Ela passa a mão nervosa pelo vestido e me olha, e nesse olhar eu
quase tenho a certeza de que essa mulher pode tirar tudo de mim, pode
levar me levar ao inferno quantas vezes forem necessárias.
— Você vai…. Você vai embora? Como assim embora? Você...— ela
gaguejou nervosa.
— Eu preciso ir, você nunca vai entender, mas eu não sou homem
para você Morgana — digo a ela que me olha com o olhar desesperado e
logo percebo a primeira lágrima rolar em seu rosto.
Quando tento me aproximar para enxugá-la, ela se afasta antes
mesmo que eu possa tocá-la.
— Não me toque! — ela diz entre dentes e eu afasto a minha mão —
eu… eu… — ela não disse mais nada, simplesmente saiu correndo.
Eu suspiro pesadamente e olho para o céu e é quando percebo o
olhar da minha agora então cunhada, e com o olhar de súplica peço a ela
que vá atrás de Morgana.”
Naquele dia eu sei que a perdi, eu perdi a mulher da minha vida.
Perdido tanto nas lembranças, eu nem percebi quando Leila entrou
no banheiro. Estou tão frustrado que nem a água fria foi capaz de gelar o
incêndio que existe dentro de mim.
Decidido puxo Leila para dentro do box e agarro os seus cabelos e a
viro contra a parede encostando seu rosto no azulejo.
— Você quer brincar? — pergunto a ela que apoia as duas mãos na
parede e empina a bunda para mim.
— Sim! Eu quero, eu quero mais! — ela diz rebolando, passando a
bunda no meu pau que já está duro.
— Então abra as pernas e empina essa bunda — digo a ela que
obedece, passo a ponta dos meus dedos pela sua fenda inchada — está
pronta? — pergunto a ela que assentiu positivamente.
Pego a base do meu pau e provoco-a em sua entrada, passando a
ponta em sua fenda para cima e para baixo, e em uma única estocada enfio
meu pau em sua boceta apertada, sem preliminares, sem jogos. Penetro-a
sem parar, mas meu pensamento está em Morgana enquanto Leila geme em
meu pau, e eu sigo fodendo-a e pensando na mulher que vive em meus
pensamentos.
Minutos mais tarde, quando sinto meu gozo se aproximar, me retiro
de dentro dela, a viro de costas contra a parede. Forço seus ombros para que
se ajoelhe, enfio meu pau em sua boca e despejo todo o meu gozo quente e
ela chupa meu pau me olhando e engole tudo.
Quando ela termina deixando o meu pau limpo, ela se levanta
passando a língua pelos lábios e me olhando com o olhar safado.
— Nossa! Você foi demais — ela diz passando a mãos sobre o meu
peito molhado pela água do chuveiro.
— Eu sei disso, mas vamos acabar com isso logo. Tome seu banho,
se troque para ir embora — digo a ela que pisca duas vezes de boca aberta,
parecendo aturdida com as minhas palavras. Saio do box pegando uma
toalha para me enxugar — você tem vinte minutos.
Saio do banheiro e vou ao meu closet, pego um conjunto de pijamas
e me visto. Quando estou pronto, me olho no espelho, a imagem que sou
hoje, olho em direção ao banheiro e tomo uma decisão.
— É hora de voltar, fazer as pazes com o meu passado. É hora de
lutar por ela.
(...)
Após 15 minutos, Leila sai de dentro do Banheiro com cara de
poucos amigos. Não entendo a razão para isso porque sempre desde o
começo, eu sempre disse que o que teríamos seria apenas casual, nada sério.
Ela não me deve fidelidade e nem eu a ela, mas mulheres não pensam como
homens, para elas se estão fodendo deve respeito e toda aquela ladainha de
fidelidade.
— Terminou tudo? — pergunto a ela que me olha como se fosse me
matar.
— Por que não posso passar a noite aqui? Por que não posso ficar?
Por que sempre me manda embora depois?
— Chega de perguntas, se vista já está na sua hora!
— Qual é a sua Andrei? — ela me pergunta furiosa.
— Preste bem atenção, Leila. Desde o começo eu te disse que o que
eu queria era apenas um sexo casual, sem compromisso sério, eu avisei
você aceitou, então não me cobre nada. — Digo a ela que me olha e em
seguida junta as suas coisas e começa a se vestir.
— É por causa dela, não é? Da mulher que você abandonou lá na
Rússia. Supere Andrei, ela não te quer, ela nem procurou por você.
— Cale a boca, Leila! Você não sabe de nada! Você não me
conhece, você pensa que sabe tudo sobre mim, mas não sabe nada, então
cale-se.
— O quê? Você acha que eu não sei que você e seu irmão fazem
coisas ilícitas? — ela diz estampando um sorriso no rosto — pois eu sei
meu amor, e sei muito mais do que você imagina. Então acho que mereço
que você me assuma como sua mulher, perante todos ou se não, o mundo
vai saber quem é Andrei Nickolaievy e Boris Nickolaievy e aquela
mulherzinha dele. Uma organização criminosa. — diz terminando de se
arrumar e ao terminar de colocar as sandálias se aproxima de mim e me dá
um beijo no canto dos meus lábios — espero sua resposta pela manhã. —
Ela diz pegando sua bolsa.
— Não espere por isso, Leila — digo quando ela chega próximo à
porta — você não irá me segurar e nem irá me chantagear. Você não
conhece meu irmão, não queira brincar com ele e muito menos comigo.
Pode pensar que sou um cara sossegado, mas não queira ver realmente o
que sou — quando termino de dizer, ela abre a porta saindo do meu
apartamento.
Pego um copo e encho de Uísque e me sentando na poltrona levo o
líquido a minha boca, pensativo. Leila pode achar que me conhece, que nos
conhece. Mas ela não sabe nem do começo da nossa vida e nem em que
base fomos criados, o quão fodida nossa vida é e quão fodidos nos
tornamos.
Seguindo o meu pensamento, ligo para o meu irmão.
— Alô irmão.
— Andrei, sabe que horas são? — ele bufa irritado.
— Atrapalhei sua festinha particular com sua esposa? — digo rindo
e escuto um barulho do outro lado da linha.
— Não, eu não estava em nenhuma brincadeira, mas diga o que
quer?
— Estou ligando para avisar que estou voltando — digo e bebo o
restante do líquido do meu copo — chega de fugir, é hora de eu correr atrás
do que eu quero.
— Voltar? Você diz que vai voltar e correr atrás do que você quer, e
o que você quer? — ele pergunta e eu paro pensando o que eu realmente
quero — bom, aguardo você aqui — meu irmão diz depois de não obter
uma reposta.
— Chego em breve irmão, avise a minha cunhada que a razão da
sua libido vai estar de volta.
— Você está realmente me dizendo isso, Andrei?
— Boris, meu irmão, você sabe que tenho Donatella como uma
irmã.
— Eu sei, mas minha arma não se preocupará de lhe dar um
lembrete de sua cara de pau, fica velho mais não muda.
— Deixe disso irmão, quero ver meus sobrinhos, estou cansado de
só os conhecer por foto.
— Okay, então te aguardo que dia vem?
— Amanhã, vou só deixar alguém encarregado da empresa aqui e
logo após já embarcarei em um avião.
— Tudo bem, agora eu irei voltar a dormir.
— Até logo, irmão! — encerando desligo o telefone.
Amanhã resolverei tudo que tenho pendente e voltarei para casa e
sem mais nada a fazer sigo para a minha cama onde desmaio literalmente.

Acordo com o interfone tocando, pego o meu celular para olhar as


horas e vejo que são sete da manhã.
— Quem será a uma hora dessa?
Me levanto e caminho até o interfone.
— Sim?
— Senhor, a senhorita Leila está aqui embaixo e deseja subir —
aperto minha fonte com os dedos fazendo uma massagem.
— Deixe-a subir — bufo contrariado desligando o interfone.
Sigo de volta ao meu quarto, entro no banheiro e faço a minha
higiene matinal. Me olho no espelho e vejo que estou apenas de cueca e
meu pau está duro pra cacete, acordar assim é uma merda.
O aperto sentindo um tremor pelo corpo, já que ela está aí
aproveitarei, afinal irei embora e ela ficará, será como uma despedida mal
não fará.
A campainha toca e eu vou até a porta, quando a abro Leila está com
a cara de poucos amigos.
— Bom dia — digo a ela que nem responde — o que quer? —
perguntei.
— Eu quero saber se já se decidiu? — ela diz entrando em meu
apartamento e jogando a sua bolsa no sofá.
— Hum… — digo e coço o meu pescoço erguendo minha
sobrancelha — eu tenho que falar com você, sente-se — falo a ela que me
olha sem entender nada enquanto se senta.
Me dirijo até perto dela, que me olha de baixo a acima, parando seus
olhos mais em meu membro que está bem-marcado pela cueca branca.
Ereção matinal é uma merda definitivamente.
— Bom, você meio que me pediu em namoro ontem, Leila — digo a
ela que me olha horrorizada.
— Eu não pedi você em namoro, eu disse querer que você me
assumisse publicamente, afinal já faz quatro anos que temos um
relacionamento.
— Nós não temos um relacionamento sério, Leila. Você sabe disso
— digo sério a ela, para poder entender de uma vez que nunca vai me
prender — olhe, eu vou embora, eu vou voltar para a Rússia — digo a ela
que se levanta como um raio.
— Como assim vai voltar para a Rússia? E a empresa? Somos
sócios, Andrei. Você não pode deixar tudo assim! — brada furiosa.
— Eu já tenho um comprador para a minha parte — digo a ela que
me fita semicerrando os olhos — inclusive tenho uma reunião agora para
assinar a venda — falo calmamente.
— Não, você não pode fazer isso — ela diz andando de um lado
para o outro — você vai me deixar é isso? Está fazendo comigo o mesmo
que fez com a outra — ela altera o tom de voz.
— Não diga o que não sabe — digo a ela já injuriado — eu vou
embora e você não vai me prender aqui.
— Eu vou te denunciar por lavagem de dinheiro — ela diz e eu
gargalho.
— Leila, por favor. Olhe, eu tenho que me arrumar, então nossa
conversa já acabou, a não ser que queira que eu lhe foda agora — ela me
olha com raiva.
— Você é um cafajeste, cretino — ela diz irritada.
— Já me disseram isso muitas vezes, não é nada que eu já não saiba
— falo e vejo seus olhos viajarem no meu corpo, ela está irritada. Leila é
uma mulher bonita, não posso negar, mas não serve para ser uma esposa da
máfia, é muito fútil — se quiser uma foda de despedida aproveite, tenho
pouco tempo.
— Eu quero — ela diz por fim.
— Então, tire essa roupa toda e aproveite a sua despedida — falo a
ela que pondera sobre a proposta.
— Será um prazer!
Ela vem até mim, mas sem beijos ou qualquer carícia mais íntima.
Pela próxima meia hora, fodo Leila em todos os lugares possíveis.
Após a transa dispenso Leila e sigo para o banheiro, pois tenho um
encontro com o comprador da minha parte. Irei vender já fiquei muito
tempo aqui.
Banho finalizado, me troco em um terno de 3 peças e olhando em
meu relógio de pulso vejo que já é a hora de sair.

Chegando ao lugar marcado depois de um trânsito infernal em um


táxi, conversamos sobre tudo, os prós e os contras da venda e estando
ambos de acordo, assinamos o contrato de compra e venda.
O resultado foi excelente e enfim livre dessa sociedade, entro
novamente em um táxi me enfiando novamente no caos da cidade de New
York.
Passo em meu apartamento para os últimos detalhes, manterei o
lugar por enquanto. Entregando as chaves para o porteiro, saio do prédio e
subo no táxi para ir ao aeroporto. De malas prontas estou deixando New
York.
Logo estarei de novo em casa.
Ao lado do meu irmão, e ao lado da minha família.

O tempo passou rápido demais, mas nem ele foi capaz de me fazer
esquecer. Eu só ainda não sei o que é... mas daria tudo para ter uma única
chance de descobrir o que é isso que sinto.
Chego no aeroporto, o check-in é feito rapidamente e logo o meu
voo é chamado.
Deixando a vida de New York para trás, embarco no avião com
destino a Rússia.
CAPÍTULO 2.

5 anos antes ….

O PASSADO...

Após o casamento da minha amiga Donatella, estou decidida a


contar a Andrei sobre a gravidez. Foi uma noite estúpida no clube, ele
bebeu demais e eu também, ambos estávamos alterados, mas nada justifica
não termos nos protegidos. Eu estava crente que estava em dia com os meus
remédios anticoncepcionais, e que tudo ficaria bem depois.
Mas não! A burra aqui simplesmente esqueceu de pedir o uso da
camisinha e Andrei, nem ao menos se lembrou também, ambos temos nossa
parcela de culpa, mas estávamos tão envolvidos que nem pensamos nas
consequências que isso poderia acarretar depois.
Andando pelo jardim cumprimentando alguns dos convidados do
casamento, observo se tudo está indo bem. Escuto o meu nome ser chamado
e ao me virar vejo Andrei, que caminha na minha direção. Ele está lindo
vestido em um smoking preto e gravata borboleta, meu coração acelera com
a sua aproximação, minhas mãos soam como se eu fosse uma adolescente
que vê o seu crush de escola e a sua proximidade me faz engolir em seco.
— Morgana! — ele diz assim que chega mais perto.
O cheiro do seu perfume chega até mim, é uma mistura amadeirada,
essência forte e masculina, posso notar o sorriso ameno que não alcança os
seus olhos, sorrio de volta por mais que ele seja um cafajeste, eu o amo e
porra! O amor dói.
Meu coração acelera como se pudesse sair de dentro do corpo.
— Sim? — Respondo sorrindo. Ele me olha como se observasse
demais, como se estivesse gravando o meu rosto em sua memória.
— Eu…. Eu vim me despedir de você — meu sorriso se desfaz aos
poucos minha boca se abre em um "O " e se fecha novamente. Sinto meus
olhos começarem a arder, mas seguro. Quase sem forças, faço a pergunta
que arranca o meu coração.
— Você vai…. Você vai embora? Como assim embora? Você… —
gaguejo nervosa, como posso contar isso a ele? Não quero que ele fique
comigo pela criança, queria que ele me amasse de verdade, que ficasse
comigo por amor, não posso contar a ele, seja o que for que ele vá fazer, eu
não posso impedi-lo. Sei que pode ser burrice da minha parte, mas não
quero ninguém ao meu lado sob o peso de estar por conta de um elo, um
filho é um elo que liga duas pessoas para sempre.
— Eu preciso ir. Você nunca vai entender, mas não sou homem para
você, Morgana — Enquanto ele me dizia, eu sentia um desespero, logo
percebo a primeira lágrima rolar em meu rosto que tentei tanto segurar. Ele
tenta se aproximar para enxugá-la, mas o afasto antes mesmo que ele possa
me tocar, não sou capaz de receber seu toque, não agora, não nesse
momento em que o meu coração cai em cacos.
— Não me toque! — digo entre dentes e ele afasta a sua mão —
eu… eu… — sem ter o que dizer e sem forças para encarar, simplesmente
saio correndo, sem ao menos me despedir da minha amiga.
Correndo por aquele jardim a dor vem se instalando no meu peito
cada vez mais, as suas palavras ecoando dentro da minha cabeça, meu
coração sendo despedaçado, machucado, pisoteado, e a dor é a pior que já
pude sentir. Todos os sonhos de amor que um dia eu nutri tudo morreu
naquele momento diante das palavras que Andrei pronunciou. Ele não se
atreveu vir atrás de mim, é o melhor, porque não quero desmoronar em sua
frente e ele ver o quanto sou fraca.
Escuto passos vindo onde estou e um momento depois, Donatella
surge em meu campo de visão.
— Amiga? — e sem querer escutar muito mais do que já escutei,
falo o necessário.
Ela me pergunta sobre a verdade.
Como eu poderia contar?
Não queria correr o risco de ele achar que fiz de propósito?
Que engravidei para segurá-lo?
Homens como Andrei não são manipuláveis, mas ele poderia pensar
que eu quisesse fazer isso, ele é irmão do chefe da Bratva, muitas mulheres
o querem. Andrei tem seus momentos bons, mas já o vi em seus dias
tempestuosos, o que restará agora é só a lembrança do que aconteceu, do
que vivi, porque não sei se ele viveu algo.
Fiz Donatella jurar que nunca contaria sobre a criança, que em
hipótese nenhuma ela existe.
Confiando em sua palavra e sem muito mais a dizer, saio dali e vou
para a minha casa. Chegando, tiro a minha roupa e vou direto para um
banho, debaixo da água lembro do dia que fiz o teste de gravidez e o sinal
positivo — Meu deus! O que vai ser dessa criança? — foi a pergunta que eu
me fiz várias e várias vezes naquele momento e ali debaixo daquele
chuveiro, me permiti chorar e deixei que a água levasse embora toda a
tristeza e que pudesse apagar toda a dor.
Após o banho decidi que criaria meu filho sozinha, eu poderia optar
pelo modo mais fácil, mas independentemente do que somos, Andrei e eu, a
criança não tem culpa, não pediu para vir, a minha obrigação como mãe
será cuidá-lo e amá-lo.
Decidida após algumas horas faço as minhas malas, somente o
necessário. Eu preciso dar um tempo de tudo aqui e somente uma pessoa
pode me ajudar a me esconder.
Pego meu celular e ligo para o meu cunhado que a essas horas deve
estar ainda na festa ao lado de minha irmã, ela pelo menos está feliz, Dante
a ama verdadeiramente.
Faço a chamada e depois de três toques ou quatro ele atende.
— Alô, Morgana? O que houve? Por que está me ligando? Isaellyn
está doida atrás de você! — ele diz e eu soluço um choro contido — O que
está acontecendo?
— Eu… preciso de sua ajuda! Onde você está? —pergunto a ele que
suspira do outro lado da linha.
— Estou no quarto, Isaellyn está a sua procura, mas sobre o que
posso te ajudar? — pergunta.
— Estou grávida Dante — falo rapidamente.
— Como assim Morgana? — escuto barulho de passos, ele deve
estar saindo do quarto ou algo assim.
— Grávida Dante, do Andrei — opto pela verdade.
— Você está grávida do maluco cunhado da minha irmã? — ele dá
um bufo frustrado — que enrascada, minha cunhada. Essa família está
muito louca, por Deus! Nem pergunto como aconteceu porque isso é óbvio
— ele suspira um suspiro audível.
— Você vai me ajudar? Eu preciso sumir por uns tempos, mas não
quero que ninguém saiba — digo a ele que demora um pouco para
responder, olho o visor do celular para ver se ele não desligou, mas ele
ainda permanece na linha. Depois de alguns segundos que parecem uma
eternidade, ele responde:
— Okay, Morgana, olhe... — ele faz uma pausa e eu temo que ele
não queira me ajudar — você já contou a ele?
— Não, ele não sabe, ele está indo embora Dante, e eu não quero
alguém ao meu lado por causa de um filho. ele simplesmente disse estar
indo e eu simplesmente perdi a coragem de dizer, você sabe que somos
opostos um ao outro, talvez seja melhor. Se você me ajudar, vou sumir e ele
nunca saberá.
— O que sei é que vocês só faltam se matar, mas você tem certeza
de que não vai contar? — ele me questiona — ele é o pai, mesmo sendo um
maluco sem juízo — ele conclui.
— Não, ele não precisa saber, não agora — respondo.
— Tudo bem! Que sua irmã não me castre depois que ela descobrir,
mas …. Se tiver condições vá para a Itália, chegando lá procure a empresa
Magnement, mais precisamente meu assessor Guilhermo, ligarei para ele
hoje e pedirei que ajeite tudo para você.
— Obrigada Dante, depois que eu me estabelecer eu procuro pela
minha irmã e lhe livro da sina de nunca mais ter herdeiros — digo a ele que
ri do outro lado da linha.
— É o mínimo que deve fazer, porque quando ela descobrir que eu a
ajudei a sumir, ela será capaz de me matar.
— Dante Salvatore o capo, com medo de uma mulher? Eu não
acredito nisso! — rio diante da situação.
— Sua irmã é pequena, mas é muito brava — ele diz e eu rio ainda
mais.
— Tudo bem Dante. Amanhã de manhã pegarei o voo para Itália —
aviso.
— Então até lá — ele diz, sinto que ele quer dizer algo mais espero,
mas não o faz.
— Até lá. Obrigada, Dante — agradeço, pois, ele poderia
simplesmente se recusar porque isso pode lhe causar problemas com a
minha irmã.
— Depois você vai me explicar Tim-Tim por Tim-Tim tudo isso,
volto amanhã à tarde para Itália e te ligo.
— Okay. — Dizendo isso desligo o telefone e arrumo tudo
terminando as minhas malas.

5 Meses….
Se passaram desde que fui embora. Estou em Florença, na Itália.
Como prometido, Dante me ajudou em tudo. Dono de uma grande
quantidade de locais como restaurantes, padarias e hotéis, ele me arrumou
algo para fazer. Hoje estou no meu sétimo mês de gestação, espero por
Dimitry, sim! É um menino.
Nunca mais soube de Andrei, não sei por onde anda, assim como
também nunca mais falei com Donatella nesses últimos cinco meses.
Há essa altura, ela já deve ter tido os Gêmeos Natasha e Ivan. Minha
Irmã está no oitavo mês, estamos a um mês de diferença uma da outra, ela
ainda não sabe que estou aqui.
Saio pela manhã fria de Florença, o lugar onde trabalho é perto de
onde estou, então vou a pé. Andando pela calçada tão distraidamente não
percebo quando esbarro sem querer em alguém e acabo me desequilibrando
e caindo no chão, a dor é tão intensa em minhas costas, que sinto como se
ela fosse se abrir.
O estranho me estende a mão, e quando olho para cima vejo lindos
pares de olhos azuis me fitando com compaixão, nada mais, além de ser um
homem com idade para ser meu pai.
— Você está bem? — Ele pergunta parecendo aflito — por Deus!
Eu derrubei uma mulher grávida — ele diz afoito.
— Estou bem, não se preocupe, eu estava distraída e não vi o
senhor.
— Me chamo Giancarlo Fabri — ele diz se apresentando — tem
certeza de que está bem?
— Morgana Layeshi — digo lhe dando um sorriso carinhoso —
estou bem, mais uma vez não se preocupe.
— Espero que não me ache um assanhado, mas podemos tomar um
café?
— Sim, claro. Por sinal, trabalho na padaria logo ali à frente —
aponto com o dedo em direção a padaria.
— Ótimo! Então vamos lá, eu te ajudo. Pelo amor de Deus, não
acredito que a derrubei — ele resmunga e me acompanha até a padaria onde
trabalho. Entramos e eu sigo para o meu lugar no balcão e ali passamos
horas conversando. Ele me contou sobre sua vida, disse que não tinha
esposa e nem herdeiros e me perguntou sobre o pai do meu filho. Como ele
se abriu muito comigo, eu disse a ele como era complicada essa parte da
minha vida, disse tudo e ele se sensibilizou com a minha história.
Três horas depois ele foi embora, mas deixou comigo seu cartão
elegante de um verdadeiro Ceo de negócios, mas eu não estava preparada
para o que o dono daquele cartão ia significar em minha vida.
O restante do dia passou tranquilamente e eu fui embora para casa,
Dante me ligou para saber se eu estava bem, ele sempre liga todos os dias.
Após nos falarmos nos despedimos e eu agradeço Dante por guardar
segredo sobre eu estar aqui. O lugar onde eu vivo foi cedido por ele e junto
com o emprego, posso guardar um dinheiro e comprar as coisas para
Dimitry.

QUINZE DIAS DEPOIS...

E… o tempo passa num piscar de olhos após quinze dias estava eu


na padaria quando dois homens bem-vestidos entraram no estabelecimento
olhando tudo ao redor. Apesar de aqui ser um lugar protegido pela máfia
italiana, não está livre de ser frequentado por pessoas opostas ao crime.
Após olharem muito, um deles me encara e caminha até a mim no
balcão.
— Morgana Layeshi trabalha aqui? — ele pergunta e eu fico sem
entender.
— Por quê? — pergunto angustiada e com medo.
— Precisamos falar com ela, é muito importante — o que poderia
ser tão importante? — pergunto-me mentalmente e então decido falar a
verdade.
— Eu sou Morgana Layeshi, do que se trata?
— Por acaso conhece Giancarlo Fabri? — ele fala o nome do senhor
que conheci a quinze dias atrás.
— Não, quer dizer sim, por quê? Ele veio Tomar café aqui.
— Precisamos que venha conosco.
— Para onde? Como assim ir com vocês? O que está acontecendo?
— O senhor Giancarlo Fabri faleceu há 4 dias, e nos deixou a
missão de encontrar uma moça pelo nome de Morgana Layeshi, se for você,
precisará ir para a leitura do testamento.
— Como assim morreu? Testamento? Não, eu não estou entendendo
nada — falo exasperada.
Como assim o homem morreu?
— Ele morreu e deixou você como única beneficiária — o homem
me informa e eu quase tenho um treco.
— O quê? Eu? — não acredito que o senhor se foi e que me deixou
alguma coisa.
— Podemos ir? — o homem mais alto fala, e eu desperto dos meus
pensamentos e assinto, retirando o avental.
Aviso ao meu chefe que preciso sair para resolver uns problemas,
ele me libera.
Pego a bolsa e saio acompanhada pelos dois.

Chegando a um local que eu nunca tinha visto, uma mansão que


quando olhei fiquei admirada de como era bonita, e assim que entrei
enorme por dentro. Permaneço na sala em companhia de um dos homens
que foram me buscar.
Após alguns minutos esperando, um homem engravatado chega e
me cumprimenta.
— Morgana Layeshi, eu sou Stefano e sou advogado do Giancarlo
Fabri responsável pelo testamento dele, e que bom que a encontramos —
ele diz em um sorriso contido. Ele é um homem jovem, deve aparentar ter
uns 35 ou 40 anos e muito bonito.
— Até agora, não entendo nada do que está acontecendo — digo
buscando uma resposta.
— O senhor Giancarlo Fabri lhe deixou como única beneficiária, ele
não tinha herdeiros, então ele lhe deixou uma conta bancária, além de
vários imóveis e ações em empresas tanto na Itália quanto na Rússia, entre
outras coisas — sem acreditar minha boca se abre em "O". — Preciso que
esteja presente para receber a herança deixada a você por ele.
Sem muito o que dizer e pensar, assinto e nos sentamos no sofá e
pelas próximas horas ele me coloca a par de tudo. Estou rica, sem contar
que em meio a tudo, entre as ações, há um contrato com duas empresas a
qual eu não quero contato nenhum.
Quando disse que dessas empresas eu não queria contrato, ele disse
que eu poderia ter um representante. Então pensei em Dante, mas ele já tem
muitas responsabilidades, então eu mesma, assumirei o que tiver de ser.

DOIS MESES DEPOIS…

Faz dois meses que o senhor Giancarlo morreu me deixando tudo.


Hoje tem uma semana desde que Dimitry nasceu. Sem ter como
esconder mais, Dante disse a Isaellyn a verdade.
Nunca imaginei que minha Irmã fosse me dar um sermão. Ela só
faltou me bater e Dante, coitado do meu cunhado, quase foi castrado.
Mas é um sobrevivente de um furacão chamado Isaellyn.
O tempo continua a passar, contei a Dante tudo que aconteceu sobre
o senhor que me deixou tudo. Ele ficou abismado, meio desconfiado, disse
que o nome não era estranho e que iria buscar saber mais sobre o homem e
me orientou sobre algumas coisas.
Dimitry continua crescendo a cada dia que passa e a cada dia mais
parecido com o pai, e isso me desestabiliza completamente. Em poucos
meses, ele tem tudo de Andrei nem tem como não dizer que o menino não é
seu filho.

5 ANOS DEPOIS…

Após anos escondida na Itália com somente meu cunhado e irmã


sabendo de minha localização e sobre meu filho, é chegada a hora de voltar
para a Rússia.
Segundo Dante, Andrei continua pelos Estados Unidos e não volta
mais, assim foi o que Donatella disse.
Minha amiga; que saudade dela. Os gêmeos já devem estar grandes,
essa semana estou voltando.
Dimitry está com 4 anos, é um menino muito alegre, espontâneo e
fala de tudo, sempre pergunta pelo pai e eu não sei mais o que inventar para
mascarar essa ausência.
Ao voltar para Rússia, sei que não poderei escondê-lo. Quem o olhar
vai logo saber quem é o pai, eu só espero que não me crucifiquem por ter
saído do jeito que sai.
Foi necessário, não queria alguém preso a mim por um filho.
Eu só espero demorar muito para que o confronto entre mim e
Andrei demore porque apesar do tempo, eu ainda guardo sentimentos por
ele.
Como eu queria deixar de senti-los.
Mas ainda não me libertei.
CAPÍTULO 3.

Lar doce lar.


De volta a Rússia, minha casa.
Após horas extensas de voo, finalmente em terras russas, e já tão
cheio de afazeres. Mal me instalei e Boris já me dá trabalho.
Não sei ainda do que se trata, mas ele disse ser muito importante,
então se eu queria férias era uma vez férias. Assim que desembarco já vejo
os homens do meu irmão na pista com o carro me esperando assim que me
aproximo, os homens me cumprimentam.
O chefe da segurança se aproxima de mim — Senhor, o local está
seguro, nossa equipe já avaliou o perímetro e podemos seguir em segurança
para casa — ele conclui e assinto em concordância colocando os óculos
escuros e avaliando o local com os olhos para verificar.
Pego as chaves do carro com um dos seguranças, e sigo para a
Mercedes negra como a noite parada na pista, adentrando ao veículo o ligo
saindo do aeroporto seguido pelos seguranças em duas SUV’s. Seguindo
pelas ruas de Moscou, notei como senti saudades do ar fresco desse lugar.
Assim como ótimas lembranças me vem à memória.
O caminho foi feito rapidamente e logo estou na casa do meu irmão,
minha casa também, mas eu vou ajeitar um canto só para mim, ele agora é
um homem enforcado, quer dizer, casado. Deus que me livre ter que escutar
coisas impróprias.
Assim que chego ao portão aperto os dígitos do código de acesso
liberando a minha entrada, tudo está como antes, nada mudou.
Ao estacionar o carro desço seguindo para a porta e logo escuto uma
gritaria de crianças e já sei que são meus sobrinhos que eu vou amar
estragar, doido para ver e abraçar os pestinhas.
Chegando à porta da frente entro sem bater quando um menino
esbarra em minhas pernas caindo de bunda no chão. Quando penso que o
menino vai chorar ele olha para mim e semicerra os olhos com a cara brava,
ergo uma sobrancelha diante da coragem do pestinha que nem sei de quem
é, deve ser de algum dos homens que fazem a segurança da casa.
— Você estava na minha frente parecendo uma estátua — ele se
levanta limpando as mãos nas roupas.
— Você está bem? — pergunto e olhando bem, ele lembra alguém,
mas eu não sei quem.
— Estou — ele diz mostrando a língua e sai correndo rumo ao
jardim. Rio achando graça da petulância do garoto e no instante seguinte
dois furacões correndo surgem na sala, mas quando me veem topam um
com o outro.
— Tio Andrei! — Ivan fala e corre até mim e me agacho para
abraçá-lo.
— Tiooooo! — Natasha também corre e eu tenho dois ursinhos
pendurados em mim.
— Você chegou tio — Ivan diz — vou avisar o papai.
— E onde está o seu pai, aquele explorador?
— Ele está no escritório — Natasha diz.
— Então vão brincar, eu vou lá encontrar com ele, o amigo de vocês
saiu por aqui — eles se entreolham e saem correndo gritando.
— Dimitry, Dimitry...
Eu saio da porta e caminho em direção ao escritório para falar com
Boris, estou com saudades do meu irmão.
Andando pelo corredor de acesso ao escritório topo com Donatella,
que quando me vê, parece que viu um fantasma de tão branca que ficou.
— Olá, razão da minha libido, eu cheguei — abro os meus braços
para lhe dar um abraço, mas ela parece congelada no lugar, ergo umas das
sobrancelhas sem entender o que está acontecendo — o que foi Donatella?
— pergunto.
— Você voltou? — ela pergunta e olha para trás e de novo para
mim.
— Sim, o que está acontecendo? — não entendo o porquê do
espanto, sendo que avisei que viria.
— Não, nada é que eu…. Boris está no escritório eu… voltarei para
o quarto, vou descansar.
— E deixar seus pestinhas fazendo bagunça, um furacão pequeno
quase arrancou minhas pernas quando cheguei.
— Oh meu Deus do céu, Ivan — ela diz colocando uma das mãos na
testa.
— Não foi o Ivan, foi outro que estava brincando com eles — digo e
ela arregala os olhos.
— Outro?
— Sim, parece que é Dimitry, algo assim — penso buscando na
memória o nome — é Dimitry.
— Meu Deus! — ela parece nervosa.
— O que está havendo nessa casa? por que parece que está tão
nervosa? — pergunto desconfiado.
— Nada Andrei. Vou atrás das crianças, Boris está no escritório —
ela diz me dando um sorriso que não é espontâneo.
— Tudo bem — murmuro desconfiado — mas antes, me receba
decentemente — abro os braços novamente e ela se aconchega em meu
abraço.
— Saudades de você, rainha da máfia — falo a ela lhe depositando
um beijo em sua cabeça.
— Também seu cafajeste, espero que tenha criado juízo — ela me
diz enquanto me abraça de volta.
— Não sei o que ele come — digo e recebo um tapa no braço — ai,
isso dói Donatella?
— Quem manda ser palhaço — ela diz risonha.
— Você continua a mesma — digo a ela que semicerra os olhos.
— Graças a Deus, tenho que cuidar do seu irmão, mesmo aos 41
anos, ele ainda dá muito trabalho com as mulheres, tem muitas abusadas
por aí que acham de ficar se esfregando e se insinuando para o lado dele,
não tenho sangue de barata.
— Somos família Donatella, nossos genes mexem com a libido de
vocês, é hereditário — digo lhe piscando um olho e ela fecha a cara.
— Vejo que continua o mesmo também.
— Sim, sigo…. — Sou interrompido por outra voz bem conhecida.
— O que está havendo aqui? — Boris diz saindo do escritório
olhando uns papéis, quando olha para cima e me vê abre um sorriso
espontâneo.
— Você chegou meu irmão — ele diz caminhando até mim me
dando um abraço.
— Sim, estou de volta dessa vez para ficar — o respondo e ele
assente em entendimento.
— Bom, eu vou buscar as crianças — Donatella diz — bem-vindo
de volta Andrei — dizendo isso ela sai e Boris me carrega para o escritório.
— Que bom que voltou, tenho que dividir o trabalho — ele diz
dando a volta em sua mesa se sentando na cadeira atrás dela.
— Você só me quer para trabalhar? Tadinho do meu sobrinho —
digo balançando a cabeça em negação — ainda bem que voltei para ensiná-
lo as coisas boas da vida.
— Que seria? — Boris pergunta.
— Como que seria? Mulheres Boris — falo e sorrio me sentando na
cadeira em frente a sua mesa.
— Andrei, meu filho tem 5 anos! — ele diz fechando a cara — o
dever dele agora é estudar, não pensar em mulheres.
— Acho que papai está cansadinho — digo brincando e ele me dá
um olhar felino.
— Vejo que minha paz acabou — diz massageando as têmporas.
— Sim, acabou. Porque chegou quem presta nessa Rússia — digo e
gargalho, meu irmão não aguenta e ri junto.
— Tudo bem, estou feliz que voltou, e como foi tudo por lá?
Conseguiu se desfazer da sociedade com a Leila?
— Sim, foi tudo bem, desfiz e agora ela tem um novo sócio, eu vou
ficar por aqui agora, tenho planos e espero poder executá-los.
— Que planos? — Boris me pergunta.
— Eu tenho contas a acertar com o passado Boris, e preciso disso
para ficar em paz.
— Contas — ele reflete por alguns segundos — que contas?
— Eu preciso saber onde está Morgana — digo a ele que se encosta
na cadeira e bufa frustrado.
— Você foi embora, Andrei. Essa menina ficou realmente
deslocada, ela sumiu, até pouco tempo ninguém sabia onde ela estava.
— Onde ela está? — pergunto.
— Eu não sei, Donatella soube, mas também não me disse.
— Eu preciso saber onde ela está, preciso encontrá-la — digo.
— Isso só Donatella poderá te dizer — Boris diz.
— De quem é o menino que estava aqui com as crianças? —
pergunto a Boris que franze o cenho sem saber.
— Que menino? — pergunta.
— Um menino. Ele caiu quando topou com as minhas pernas, deve
ter uns 4 anos mais ou menos e o menino é desbocado. Disse que eu estava
plantando em sua frente feito uma estátua. Ele lembra alguém, mas eu não
sei quem.
— Não sei se Donatella está com visitas, eu estou aqui desde de
manhã.
— Ele lembra alguém no jeito de ser e os olhos parecem familiares,
tudo nele parece ser — divago em meus pensamentos pensando alto.
— Logo iremos saber — ele diz se levantando — vamos para a sala
— ele diz já caminhando pelo escritório rumo a porta.
— Sim, vamos — digo me levantando
E saímos para ir à sala e encontramos Donatella de pé na porta.
Caminhei até ela lhe dando um susto e a tempo de ver o menino que
esbarrou em mim quando cheguei entrando em um carro.
— Quem é ele Donatella? — pergunto a ela que me olha e em
seguida olha para Boris e de novo para mim.
— Ele é filho de uma amiga.
— Que amiga Donatella? — Boris pergunta cruzando os braços com
ar desconfiado.
— Uma amiga, Boris. Uma amiga. — Ela diz e sai da sala deixando
um Boris desconfiado e eu intrigado.
— Quem será essa amiga? — Boris pergunta.
— Eu também gostaria de saber irmão, eu também gostaria de saber.
Donatella está escondendo alguma coisa, e eu descobrirei o que é.
Porque aquele menino mexeu comigo, o jeito desbocadinho de ser e os
olhos me soam tão familiar.
Preciso saber o porquê, porque ele me interessa tanto.
CAPÍTULO 4.

Passado uma semana e eu já estou com tudo preparado para a minha


viagem de volta. Me despeço de minha Irmã e do pequeno Lucca que a cada
dia está mais lindo.
Dante se oferece para me levar ao aeroporto junto a Isaellyn então
após olhar pela última vez para onde vivi 5 anos da minha vida, acho que
estou pronta para a nova realidade que me espera.
O soldado de Dante pega as minhas malas e as leva para o carro.
— Mamãe para onde estamos indo? — Dimitry me pergunta meio
enrolado e olhando para o meu filho respondo.
— Nós vamos para casa Dimitry, é hora de você conhecer sua
madrinha.
— O que é isso?
— Uma pessoa que será como uma segunda mãe para você, se acaso
a mamãe faltar um dia.
— Hum, — ele diz e entra no carro ganhando um abraço de Dante.
Dante sempre foi muito carinhoso com Dimitry, o meu filho gosta
muito dele, vê nele a figura paterna que tem em ausência em sua vida e eu
me sinto muito agradecida por pelo menos Dimitry, ter tido essa presença
em seus primeiros anos.
Com um suspiro pesado me viro e entro no carro encontrando
Isaellyn junto a Dimitry.
— Irmã, espero que tudo corra bem por lá — Isaellyn diz e me dá
um sorriso sincero.
— Eu também espero Isaellyn. Não vai ser fácil após esses cinco
anos, mas sou forte o suficiente para aguentar — digo lhe oferecendo um
olhar terno. Minha irmã amadureceu muito ao lado de Dante, hoje é uma
mulher resolvida e eu agradeço por isso.
— Preparada para encontrar o passado, Morgana? — Dante me
pergunta.
— Nunca estive tanto — digo e olho para ele — quero lhe agradecer
por ter me ajudado quando eu mais precisei, mesmo correndo o risco de
minha Irmã lhe deixar impossibilitado de gerar mais herdeiros — digo a ele
que gargalha.
— Ela sabe que eu não poderia contar um segredo que não era meu,
não é Isaellyn? — Dante pergunta a ela.
— Bom, ainda posso fazer algo — ela diz olhando maliciosa para o
marido — greve de sexo funciona muito bem nesses casos de má conduta
— ela diz a ele que fica boca aberta e semicerra os olhos.
— Bom, acho que não terei problemas quanto a sexo, tem várias
mulheres por aí querendo uma noite com o chefe — ele diz ajeitando o seu
terno e Isaellyn o fuzila com o olhar.
— Ah, é? Depois iremos conversar sobre isso — ela diz emburrada.
— Vou adorar ter uma conversa sobre sexo com minha esposa — ele
diz
— Gente, estou aqui — faço sinal com as mãos — podemos ir,
estou atrasada para o voo.
— Claro, vamos embora. — Dante diz e pede ao motorista para nos
levar até o aeroporto.
O trajeto todo foi feito mediante a risadas, histórias, Isaellyn
contando a primeira vez que Dante foi trocar Lucca que lhe deu um grande
presente fazendo xixi em toda a sua camisa na hora da troca de fraldas.
Uma parte que eu desconhecia foi que Isaellyn foi ameaçada de morte por
uma ex rolo de Dante. Ele ordenou que a matassem, realmente aquele
estranhamento todo dos dois desde o primeiro encontro já dizia que eles
iam se amar, e eu fico realmente contente pela minha irmã, ela pelo menos
está feliz, seu marido a ama, seu filho é lindo, sua vida é feliz.
Num piscar de olhos chegamos ao aeroporto.
Olho para a fachada e me lembro do dia que desembarquei aqui
sozinha e grávida.
A recordação é nítida, vívida na memória, mas eu não quero me
lembrar, quero que isso seja uma lembrança que caia no esquecimento.
Ao saímos do carro e entrarmos no saguão, faço check-in e aguardo
pelo chamado de embarque.
— Bom, você sabe que tudo que está deixando aqui vai ficar
perfeitamente bem. Posso lhe auxiliar em tudo que precisar, mas me diga o
que você fará em relação àquela sociedade que você agora tem em seu
poder? — Dante me pergunta. Contei a ele tudo que aconteceu sobre um
senhor ter me deixado sua herança por não ter herdeiros.
— Eu ainda não sei — falo a verdade por que não tenho a mínima
ideia do que fazer — quando eu chegar lá, terei que ver isso, jamais iria
imaginar que o destino fosse me jogar desse jeito.
— Isso é um grande negócio Morgana, você sabe disso. Apesar de
que as coisas em si não vão acontecer, mas isso é uma coincidência enorme.
— Sim, eu sei — dou um suspiro.
— Mas tudo vai dar certo — Dante me garante.
Escuto o chamado para o embarque. Dimitry está nos braços de
Isaellyn e não quer mais sair. Ele se apegou a ela como ela também a ele.
— Dimitry, vamos. — O chamo e ele pula para os braços de Dante
que o pega com carinho.
— Tio, eu vou embora, você sabia?
— Sim, eu sei campeão. — Dante diz bagunçando os cabelos
castanhos claros de Dimitry.
— Será que vou conhecer meu papai? O Lucca tem papai não é
verdade? — Dimitry fala e isso me parte o coração. Eu não imaginaria que
ele estava sentindo essa falta.
— Lucca tem papai, você também Dimitry, você só não o conhece
e… em todos os casos, eu posso ser seu pai postiço — Dante diz a ele e
meu filho abre um sorriso enorme.
— Eu quero! — Dimitry diz todo contente.
— Então está bem — Dante o coloca no chão — temos um acordo
então — eles apertam as mãos e eu fico boba com a facilidade que Dante
tem de convencer.
Um segundo chamado para o embarque.
— Bom, acho que devo ir agora — digo e minha irmã vem e me
abraça sussurrando em meu ouvido — Dante ainda não sabe, mas estou
grávida de novo. — Lhe afasto e olho em seus olhos que estão marejados.
— Conte a ele — sussurro a ela que assentiu. Pego na mão de
Dimitry, dou um abraço em Dante e me viro caminhando até o portão de
embarque.
Pela última vez olho para o saguão onde está minha irmã e meu
cunhado e me afasto puxando Dimitry pela mão.
A viagem será extensa, daqui a algumas horas estarei de volta à
Rússia.

ALGUMAS HORAS DEPOIS...

O ar fresco e úmido de moscou me dá as boas-vindas, tudo


permanece igual, menos eu.
Sei que chegando aqui eu vou ter que me fechar em copas, apesar de
saber que não o encontrarei aqui, a necessidade de ser forte impera em mim.
— Já chegamos mamãe? — Dimitry me pergunta.
— Sim, já chegamos, é aqui que iremos ficar agora — falo a ele que
olha tudo ao redor com os seus olhinhos pequeninos e observadores
enquanto descemos as escadas do avião.
— Para sempre? — ele pergunta.
— Provavelmente sim. — Digo por que isso não é uma certeza que
habita em mim, algo me diz que minha chegada trará junto com ela
problemas.
Ao acabarmos de descer, pego Dimitry e vou até onde está nossas
malas e as pego.
Andando distraidamente pelo aeroporto esbarro em alguém e me
desequilibro, só não caio porque mãos fortes me seguraram pela cintura
evitando que eu torcesse meu pé.
— Você está bem? — quando olho para o meu salvador, meu
coração passa uma batida. É um homem muito bonito, olhos profundos
azuis, o ar másculo, barba cerrada e usando um terno, deve ser algum
empresário.
— Ah, eu …. Estou sim, obrigada — digo agradecendo a sua
gentileza de evitar que eu caia. Suas mãos, porém, permanecem em minha
cintura, seu toque é quente, forte. Pigarreio e ele então me solta.
— Sou Damien Slovack — ele se apresenta.
— Oi, eu sou Morgana, Morgana Layeshi — digo e lhe estendo a
mão. O seu aperto é firme e eu sinto meu núcleo se apertar, há muitos anos
não tenho ninguém.
— Então, é você? — ele diz e eu fico sem entender.
— Sou eu o quê?
— Eu vim buscar alguém por esse nome, então, certamente é você
— ele diz e abre um sorriso lindo e meu Deus! Estou ficando maluca.
— Oh, então sim. Se for esse o nome, sou eu mesma e o meu filho,
Dimitry — meu filho se põe em minha frente como se fosse um escudo
protetor — mas quem mandou me pegar aqui?
— Eu trabalho na empresa da qual a senhora agora é sócia, então o
senhor Dante Salvatore ligou e pediu que viessem buscá-la quando
chegassem — franzo o cenho porque não me recordo de Dante me avisar
sobre isso, mas dou de ombros não me ligando nisso.
— Ah, sim, Dante, meu cunhado. Então tudo bem, podemos ir —
aviso.
— Claro, me deixe pegar as malas — ele pega as minhas malas e
saímos para o estacionamento do aeroporto. Damien é um homem bonito,
atraente, chama a atenção de algumas mulheres enquanto caminhamos pelo
aeroporto, mas às vezes ele até já pode ter alguém.
Ao chegarmos no carro ele guarda as malas no porta-malas, em
seguida abre a porta traseira do passageiro para que eu possa entrar com
Dimitry, fechando-a entrando no banco do motorista em seguida após nos
acomodarmos.
— Para onde vamos? — ele pergunta me olhando pelo espelho
retrovisor e colocando óculos escuros.
— Eu te digo o endereço — falo a ele que liga o carro e saímos
pelas ruas de Moscou. Dimitry segue olhando tudo pela janela, para ele
tudo é novidade, às vezes ele pergunta coisas a Damien que sempre
responde carinhosamente.
Por uns instantes me perco em meus pensamentos, mas sou trazida
de volta a realidade quando escuto as palavras que Dimitry diz.
— Mamãe, meu pai poderia ser como Damien — ele me diz e
rapidamente olho para Damien pelo retrovisor. Não sei o que ele está
pensando por que sua feição continua impassível.
— Dimitry por favor, pare com essas coisas — peço a ele que dá de
ombros e volta a olhar para fora pelo vidro do carro.
— Eu adoraria Dimitry — de repente Damien diz e abaixa os óculos
e me olha pelo retrovisor — adoraria ter um filho como você — me sinto
quente e envergonhada pela atitude de Dimitry.
Durante o restante do caminho ninguém diz mais nada até
chegarmos à casa de Donatella.
— Obrigada! — digo assim que estacionamos em frente ao portão.
— Por nada — ele diz e me olha profundamente — é….eu queria
convidá-la para sair um dia desses se você puder e quiser claro — fico sem
reação, abro e fecho a minha boca algumas vezes.
— Eu… bom, eu... Tudo bem, eu... Aceito sim, vai ser bom
espairecer um pouco — digo e lhe dou um meio sorriso do qual sou
retribuída com um maior ainda.
— Então tudo bem —, ele diz e coloca a mão dentro do terno e tira
de lá um cartão e me entrega — esse é meu telefone, quando estiver
instalada devidamente e tudo estiver bem você me liga e marcamos algo.
— Sim okay, eu…. — Sou interrompida quando um homem bate
contra o vidro do carro ao lado do motorista, Damien abaixa o vidro e o
homem olha o interior do carro e retorna seu olhar para Damien.
— O que querem? — ele pergunta e antes que Damien diga alguma
coisa eu falo.
— Você pode dizer a Donatella Nickolaievy que Morgana Layeshi
está aqui por favor? — pergunto ao homem que aperta o microtelefone
celular em sua orelha e reporta o pedido ao outro que está do outro lado da
linha.
Depois de alguns minutos esperando, finalmente o portão se abre.
— Vocês podem entrar — o homem diz então Damien liga o carro e
nós entramos a grande mansão Nickolaievy, e as recordações vividas a
cinco anos atrás me enchem a memória. É impossível não lembrar da noite
que eu estive aqui, nos braços de alguém que eu não quero lembrar.
Chegamos à entrada e ao pé da escada que dá acesso à porta da
frente vejo minha amiga. Seus cabelos estão longos agora e ao seu lado
estão duas crianças devem ser Ivan e Natasha.
Ao estacionar nem espero por Damien para abrir a porta, desço e
pego Dimitry.
Donatella fica surpresa por me ver e desce as escadas vindo de
encontro comigo.
Ela me dá um abraço muito forte e em seguida abraça Dimitry,
quando olha para trás ela olha de volta para mim.
— Quem é ele? — ela diz se referindo a Damien.
— Isso é uma grande história, minha amiga — chamo Damien ao
meu lado — esse é Damien Slovack, ele foi me buscar no aeroporto a
mando de Dante.
— Como assim Dante? — ela pergunta.
— Eu… estou rica Donatella, recebi uma herança de um senhor que
não tinha herdeiros, é uma história muito louca, eu vou te contar aos poucos
— Donatella assente.
— Vamos entrar, Boris está no escritório trabalhando, ele nem sabe
que você está aqui — olho para Damien.
— Eu vou ficar aqui no carro — ele diz e se afasta entrando no
carro.
— Amiga, que homem bonito, atraente — Donatella me empurra
pelos ombros e me dá uma piscadela, eu fico sem jeito. Olhando ao redor,
procuro por Dimitry e vejo que ele já se enturmou com Ivan e Natasha.
— Vamos até meu quarto, temos muito o que conversar, você vai me
dizer o que fez esses anos todos — ela diz enlaçando o meu braço e nós
seguimos até seu quarto.
Pelas próximas três horas conversamos sobre tudo. Contei a ela
sobre Giancarlo Fabri. Ela ficou surpresa ao saber das coisas e mais ainda
com as revelações que fiz a ela sobre algumas coisas das empresas das
quais agora sou sócia.
Donatella sai por um momento para buscar um café para
continuarmos nossa conversa, mas assim que ela sai escuto vozes no
corredor, é impossível não reconhecer a voz.
— Andrei — sussurro e no mesmo instante lembro de Dimitry.
Apavorada, me levanto da poltrona e sigo até a porta, onde escuto quando
Andrei diz que um menino trombou em suas pernas. O nervosismo toma
conta de mim, ele está aqui, por que ninguém me disse?
Escuto quando Donatella deixa o corredor e retorna ao quarto
novamente.
— Ele está aqui Donatella? Porque você não me disse, meu Deus!
— Ando nervosa de um lado para o outro.
— Eu também não sabia, ele chegou agora — ela diz.
— Eu preciso ir embora — digo pegando minha bolsa de cima da
poltrona e Donatella pega em meu braço me fazendo parar.
— Calma Morgana, se acalme. Ele não sabe de nada.
— Ele viu, ele viu Donatella. Meu Deus do céu. Você vê que
Dimitry é a cópia fiel do Andrei quando ele pensar, ele vai descobrir —
digo nervosa demais.
— Eu não disse que você está aqui, não se preocupe. Ele entrou no
escritório com Boris.
— Eu vou embora, vou procurar pelo Dimitry para irmos — digo e
minha amiga assente me acompanhando até a porta.
Encontro Dimitry conversando com Damien na porta do carro. Olho
para Donatella que observa a cena.
— Eles mal se conhecem e estão se dando tão bem. O moço parece
ser bem amoroso com crianças — ela diz.
— Esse é o meu medo — digo e me viro para ela — que ele se
apegue demais.
— Entendo perfeitamente, Morgana.
— Bom, eu vou indo — digo me despedindo dela.
— Vai dar tudo certo, seja forte. Não deixe nada te derrubar — ela
diz me dando um abraço. A deixo na porta e desço as escadas chegando até
Damien que abre a porta para que eu entre em seguida. Ele entra do lado do
motorista, Dimitry se despede dos novos amigos, mas mal sabe ele que eles
são seus primos.
Após Dimitry entrar, olho para fora e o vejo ao lado de Donatella
olhando para a direção do carro e o seu olhar continua o mesmo.
Como se pudesse descobrir a minha alma.
CAPÍTULO 5

Após o carro sair levando o menino que me intriga tanto, olho para
Donatella que me observa atentamente como se estivesse procurando por
algo.
— O que foi, Donatella? — pergunto.
— Hãn? Não foi nada. Você parece estar... diferente — ela diz.
— Achei que estava pensando melhor na sua escolha. Não sei como
suporta Boris — digo a ela que ri.
— Deixe de ser palhaço Andrei. Eu e Boris nos damos muito bem, e
você e eu não daríamos muito certo, ambos sabemos dos seus gostos
variados — ela diz revirando os olhos.
— Pode ser cunhada, mas pessoas mudam, não é?
— Sim Andrei, as que desejam e anseiam por isso. Bom, deixa eu ir
dar banho nas crianças, elas estão imundas.
— Antes de você ir me diga uma coisa — ela para em seu caminho
e se vira para me olhar — aquele garoto é familiar, por acaso é algum filho
de Sergei perdido? — Donatella arregala os olhos.
— Sergei Andrei!? Não claro que não. Ele é filho de uma amiga que
chegou hoje da Itália e veio me visitar — ela diz, mas isso não mata
completamente a minha curiosidade. O jeito desbocado de ser, o ar superior,
forte e determinado de quem honra o presente de entre as pernas. É
totalmente um homenzinho.
— Não me lembro de você ter amigas?
— Ela… ela… Ela é aquela que estava grávida de Giacomo se
lembra? Que tomou o abortivo em meu lugar — ela diz e eu assinto não
totalmente convencido. Algo me diz que Donatella está mentindo para mim
porque não me recordo que ela tenha feito amizade com a tal mulher, eu só
não sei o porquê.
— Vou falar com Boris, mal cheguei e ele já quer me explorar com
trabalho — mudo o assunto.
— Não fale isso, ele estava com saudades de você — Ela diz me
dando um beijo na bochecha, saindo em seguida, gritando pelas crianças
que passam por mim como um furacão.
Deixo a sala e vou novamente ao escritório, encontrando Boris ao
telefone e com cara de poucos amigos, massageando as têmporas.
— Como assim, por que só fui informado agora? — ele pergunta a
pessoa do outro lado da linha — não quero saber, eu preciso de uma
posição. Quero que marque uma reunião com esse novo dono, quero ter
uma conversa com ele, não pode suspender assim de uma para outra
quebrando o contrato. — Ele diz — tudo bem aguardo o retorno — ele
desliga o telefone e bufa frustrado.
— O que houve?
— Umas das empresas que fornecem bebidas ao seu clube pediu
quebra de contrato e só hoje fui notificado disso. Pedi a reunião e você vai.
Temos contrato por 6 anos, ainda falta um ano para acabar.
— Eu? Por que eu? — Pergunto.
— O clube sempre foi mais seu do que meu. Então já que voltou, te
passo a responsabilidade de volta. Trate de ir à reunião e convencer o novo
dono a não fazer a rescisão do contrato agora até podermos achar outro
fornecedor.
— Novo dono? Como assim?
— O antigo dono morreu, então agora o novo dono assumiu e pediu
a rescisão do contrato. Não tenho disposição para correr atrás de outro
fornecedor, então isso fica em sua responsabilidade. Já que voltou já tem
com o que se divertir. Se precisar, ameace, mas esse contrato não acabará
por enquanto — ele fala e eu ergo uma sobrancelha coçando a minha barba
por fazer o observando.
— Tudo bem. O que mais vamos fazer, mestre senhor? — digo me
lembrando do quanto meu irmão não gosta que eu o chame assim.
— Você parece que não tem amor à vida, Andrei. — Ele diz irritado.
— Calma irmão, estou brincando. Mas mudando de assunto, Ivan e
Natasha estão enormes irmão e são lindos.
— Sim, são meus tesouros. Eu os protejo de tudo e de todos. Apesar
que do mundo que vivemos eles não precisam saber de nada disso agora.
— Você está certo, irmão — digo e coloco a mão no meu bolso do
terno para pegar meu cigarro, estou nervoso preciso fumar.
— Não, não é possível! Você não vai acender isso aqui. Você não
havia parado com isso Andrei?
— Estou nervoso e você sabe, preciso disso para me distrair — digo
acendendo o cigarro e Boris bufa.
— Com o que está nervoso?
— Estou intrigado. Esse menino que estava aqui com as crianças,

ele tem um rosto familiar. Até perguntei a Donatella se não era algum filho

de Sergei perdido. Ela me olhou como se eu tivesse duas cabeças — estou

realmente intrigado.
— Eu não cheguei a ver o menino, o que Donatella disse?
— Que era filho de uma amiga que acabou de chegar da Itália. Disse
ser a moça que estava grávida de Giacomo na época do casamento e que
bebeu o abortivo no lugar dela.
— Há, pode ser — ele divaga pensando.
— Bom, vou me instalar por enquanto, amanhã vou procurar um
lugar para mim, não quero atrapalhar sua vida com a sua família.
— Você é minha família também, Andrei. Então você fica, essa casa
é sua também — ela assume um tom de voz autoritário.
— Com todo esse amor e carinho, devo dizer a todos que eu fico por
amor a ti, meu irmão — digo a ele que me olha feio.
— Palhaço. Seu quarto ainda é o mesmo — ele diz e sorri.
— Tudo bem — digo me levantando e indo em direção a porta —
nos falamos depois — abro a porta do escritório e saio indo em direção ao
meu quarto quando trombo em Ivan que vinha correndo pelo corredor.
— Cuidado, vai se arrebentar — digo a ele que para e me dirige seu
olhar.
— Tio Andrei, hoje eu fiz um novo amigo, ele se chama Dimitry —
ele diz sorrindo e eu decido perguntar mais a ele.
—Hum e sobre o que conversaram? — pergunto me agachando em
sua frente.
— Ele me disse que não tem papai — ele diz e abaixa os seus olhos
para os seus pés — eu me senti triste por ele, por ter um papai e ele não.
— Mas e a mãe dele? — pergunto.
— A mãe dele e muito bonita, tio. Você tem que conhecer ela. Ele
disse que ela se chama…
— Ivan! — Donatella aparece chamando por ele — você não vai
escapar, banho agora! — ela diz em tom de autoridade e Ivan bufa frustrado
e resmunga: — Não vejo a hora de crescer — e sai caminhando de volta de
onde veio.
— Eu ouvi — Donatella chama a sua atenção.
Ele entra em seu quarto e quando Donatella vai sair para ir atrás dele
eu pergunto.
— Como é o nome da moça mesmo Donatella, a mãe do menino
que estava aqui? Ivan disse que ela é muito bonita e que eu deveria
conhecer a mãe do amigo dele — Donatella fica branca como papel e pisca
repetidamente.
— É... ela...
— Mãeeeeee... — Ivan chama por ela.
— Depois eu te falo Andrei. Se eu não pegar Ivan agora para o
banho, não pego mais.
— Tudo bem — concordo e sigo para o meu quarto.
Minhas malas já estão ao lado da cama, me sento na beirada e paro
pensativo.
Por que tanto mistério?

DIA SEGUINTE…
Acordo com a correria no corredor. Desacostumado a barulhos,
escuto quando minha porta se abre devagar e passos leves caminhando pelo
meu quarto. Continuo fingindo que estou dormindo, quando sinto peso de
mãos e pés subindo em cima da cama e logo tenho dois pestinhas pulando
sem parar e gritando.
Entro no embalo e os agarro pelas pernas, o levando ao encontro do
colchão e faço sessão de cócegas em ambos que riem e se divertem.
Quando um Boris muito bravo entra no quarto.
— Eu não acredito que vocês acordaram e vieram acordar o tio de
vocês! Já para o quarto de vocês! Se arrumarem para a escolinha — eles
descem da cama emburrados.
— Tchau tio — Ivan diz e sai pela porta, já Natasha vai nas pernas
de Boris e puxa sua calça do pijama olhando para cima. Boris olha e ela
pede colo. Ele imediatamente a pega e ela lhe dá um beijo no rosto e diz: —
Te amo papai — eu só fico a observar quando Boris a coloca no chão dando
um tapa em sua bunda.
— Vá com seu irmão agora — ela sai correndo pela porta.
— Essa menina tem você preso pelo dedinho mindinho — digo a
Boris e gargalho da cara de desgosto que ele faz.
— Não seja inconveniente. Recebi uma ligação agora pouco, a
nossa reunião com o novo dono foi marcada para às onze da manhã, esteja
pronto — ele diz e sai pela porta e eu caio de costas no colchão.
— Eu preciso de férias — passo a mão pelo rosto e me levanto da
cama me espreguiçando e quando olho para baixo o meu amigo está tão
acordado, que isso me frustra — preciso dar uma volta hoje, acho que vou
ao clube. Quem sabe não acho alguém para me tirar dessa vida frustrada.
Entro no banheiro, faço a minha higiene pessoal e tomo banho.
Coloco um terno todo combinado e saio do meu quarto para descer
para o café.
Durante o café noto Donatella estranha mais não falo nada, após
terminarmos Boris me avisa que irá comigo, então saímos para ir à reunião
com o novo dono da empresa fornecedora.
— Será que iremos conseguir estender o prazo, Boris? — pergunto
olhando para o meu celular.
— Espero, porque não tenho tempo para procurar por um novo
fornecedor nesse momento. Eu deixaria você ir sozinho, mas acho que em
dois podemos reverter e se for possível, ameaçarei. Não estou para
brincadeiras hoje definitivamente.
— Espero que tenhamos sorte — digo a ele que assente.
Chegamos à empresa após meia hora.
A fachada toda em vidro fumê negros e o nome em destaque
ASKOV.
Entramos na recepção e somos recepcionados por um homem que
nos dá um crachá de visitante e nos dirigimos até o elevador. Subindo para
o último andar, tudo é bem modernizado e luxuoso.
Chegando ao nosso destino entramos na antessala e falamos com a
secretária, para avisar que temos uma reunião com o novo dono do lugar.
Ela nos orienta até a sala de reuniões.
Após meia hora de espera somos finalmente comunicados que o
dono chegou para a reunião.
No momento em que a secretária abre a porta para sair, vejo uma
mulher de cabelos castanhos longos, corpo bem torneado, o vestido
apertado evidenciando suas curvas pequenas e uma bunda que fez meu pau
que estava dormindo acordar.
Se de costas ela é assim, imagina de frente.
Porém, quando ela se vira e tira os óculos escuros que cobriam o seu
rosto, eu não posso acreditar no que os meus olhos estão vendo.
— Morgana?
Me levanto rapidamente derrubando a cadeira na qual estava
sentado. Ela me encara sem desviar os olhos e meu coração acelera com a
visão de quem não vejo a cinco malditos anos.
— Bom dia. Acho que podemos começar nossa reunião! — ela me
ignora completamente e eu me sinto desafiado por essa mulher. Como ela se
tornou dona desse lugar? O que aconteceu com a minha Morgana? — como
vai Boris? — ela cumprimenta meu irmão e olhando em meus olhos —
Andrei — se senta na cadeira principal da mesa de reuniões — vamos aos
negócios, o que querem propor?
Eu só tenho uma ideia.
Eu Só saio daqui após saber tudo.
Quem é essa mulher que está em minha frente?
E eu só tenho a certeza, de que a quero de volta.
CAPÍTULO 6

Ver aquela mulher novamente a minha frente. Totalmente diferente


do que eu estava habituado a ver. Mexeu loucamente com a minha cabeça.
Ela parecia mais forte, mais segura si mesma, mais mulher. Os olhos
castanhos avermelhados tão profundos, a boca coberta por um batom cor
vinho escuro, e uma maquiagem forte, não mostrava ser a mesma mulher de
anos atrás. Se eu não a conhecesse; até poderia não a reconhecer, ela está
linda.
— Vamos aos negócios — ela diz e meus olhos captam cada palavra
que sai da sua boca, a qual estou louco para beijar — o que há com você
Andrei? Você fez sua escolha anos atrás, há cinco, para ser mais exato —
envolvido pelo pensamento, nem ouvi quando Boris me chamou. Quando
olhei nos olhos de Morgana, vi que me olhava também, talvez esperando
alguma posição da minha parte. Mas naquele momento, tudo que eu queria
era me aprofundar em sua boceta apertada, a qual eu conhecia muito bem e
me perder em cada curva do seu corpo pequeno — qual sua proposta,
senhor Andrei Nickolaievy? — ela me pergunta e uma raiva súbita me
consome.
— É sério? Senhor Andrei? — pergunto a ela que ergue uma das
sobrancelhas em resposta a minha pergunta — desde quando Morgana?
Para que formalidades? Já nos conhecemos o suficiente, não é? — a inquiro
e ela semicerra os olhos e suspira.
— Olhe... — ela começa a falar — tudo entre nós acabou. Hoje aqui
neste momento somos empresários tentando chegar a um acordo. Se não
pode levar isso a sério, peço então que me deixe falar com o senhor Boris
Nickolaievy em particular — ela diz e começa a batucar a ponta da caneta
esferográfica na mesa. Eu me levanto colocando as minhas mãos sobre a
mesa, me inclinando próximo a ela e encaro seus olhos.
— Não quer a minha presença aqui por quê? Por qual motivo?
— Eu não disse isso — ela diz entre dentes e se levanta me
encarando.
— Ao que me parece, sim — digo irritado — por quê? Tem medo
de mim?
— Não. Há muito tempo você deixou de significar algo para mim,
então se não se importar, eu quero começar a reunião porque tenho que
almoçar com um amigo — a menção sobre ela ir almoçar com um homem
me deixa puto. Passo a mão no rosto e me sento novamente.
— Podemos então conversar Morgana. Quero estender o prazo para
procurar um novo fornecedor antes de fazer a rescisão do contrato — Boris
diz a ela que se senta novamente em sua cadeira e fornece um sorriso
instantâneo ao meu irmão.
O sorriso mais lindo que eu já vi na vida.
— Bom, podemos ver o que vamos fazer a respeito. Quero negociar
com você Boris, então posso dar um mês ou até quem sabe dois, para vocês
encontrarem um novo fornecedor — ela diz.
— Por que está fazendo isso? — a pergunta me escapa.
— Não está claro para você? — ela responde com outra pergunta.
— Não, me diga por que eu realmente não sei — digo a encarando.
— Não quero nada me ligando a você, é isso. Então começar por
esse ponto me parece viável — ela diz em tom arrogante e tudo que eu
penso em fazer é calar aquela maldita boca atrevida com um beijo. Acho
que ela não está sendo bem fodida.
— Continua atrevida como sempre — digo a ela em tom de
escárnio.
— E você, continua o mesmo safado, arrogante e presunçoso de
sempre! — ela diz me fuzilando com o olhar, essa mulher é linda.
— É assim que vocês gostam — digo e me ajeito na cadeira
desconfortável.
Maldita ereção de merda!
— As suas putas gostam, eu não. — Diz debochada com um sorriso
se formando em seu rosto — graças a Deus, tenho alguém que me deixa
totalmente satisfeita — ela continua e eu faço uma nota mental para
descobrir quem é o filho da puta que está passeando por esse corpo.
— Você nunca foi minha puta, e você sabe disso — falo entre
dentes.
Mas em que merda ela está pensando?
— Vocês poderiam discutir isso depois? — Boris questiona
impaciente — ficamos acertados Morgana, quando arrumarmos outro
fornecedor lhe comunicamos — meu irmão diz se levantando — vamos
Andrei — ele me chama, mas estou tão vidrado em Morgana que o
respondo sem o olhar.
— Pode ir Boris, eu e essa senhorita temos que conversar — falo e
vejo Morgana erguer uma sobrancelha, o desafio estampado em seu rosto.
— Eu não tenho nada para falar com você, eu tenho um almoço
agora, não posso mais estender essa reunião — ela diz se levantando.
— Sente-se! Eu ainda não acabei — digo a ela em tom frio, se ela
quer da forma difícil, então que seja! — Boris eu já vou, vai ser rápido —
ela suspira e fecha o seu semblante.
— Okay te espero lá fora — Boris diz caminhando até a porta e
saindo por ela.
Morgana ainda continua em pé.
— Sente-se, não vou pedir de novo — ela bufa frustrada e se senta
novamente.
— O que quer? — pergunta sem muita paciência, conheço o gênio
dela como ninguém.
— Quem é o filho da puta que você está? — estou fervendo de
raiva, e nem deveria estar, afinal, eu fui embora. Escolhi deixá-la achando
que seria melhor para ela e consequentemente para mim também.
— Não lhe devo satisfações da minha vida. Você nunca teve esse
direito e não será agora que terá. Se era isso que queria saber, pode ir agora,
a nossa conversa acabou — ela diz se levantando novamente pegando sua
bolsa e os óculos escuros e dando a volta na mesa para sair, mas antes que
ela ultrapasse a mesa, me levanto me colocando em seu caminho.
— Eu ainda não terminei — seus olhos castanhos avermelhados me
fitam e eu vejo um brilho neles, algo que eu não sei se é ódio, raiva, rancor,
desprezo e me sinto um merda por isso. Por minha culpa ela pode ter se
tornado uma mulher fria.
— Saia da minha frente, eu preciso ir — ela diz e tenta passar por
mim, mas bloqueio seus passos e começo a caminhar lentamente, a levando
a caminhar de costas e encostar na parede atrás de si.
— Se lembra de como gostava quando eu lhe fodia contra a parede
da boate, no escritório quando Sergei não estava? — seu olhar vacila para
minha boca. A prendo entre os meus braços a encurralando na parede — sei
que se lembra — digo e me aproximo dela passando a ponta do meu nariz
em seu pescoço, ela suspira e eu vejo a sua pele exposta toda arrepiada.
— Não me lembro de nada — ela diz ofegante — me deixe sair,
tenho um compromisso agora, então me libera — ela diz tentando me
empurrar com as mãos pequenas, seu toque contra o meu peito queima
minha pele.
— Eu sei que sim — mordisco seu pescoço enquanto uma das
minhas mãos vai para sua cintura a apertando contra mim e deixando que
ela sinta o quanto estou duro por ela. Sigo mordiscando sua pele até que
minha boca encontra o canto dos seus lábios onde deposito um beijo casto.
Seus olhos se fecham, mas logo eles se abrem assustados e num impulso,
me pegando desprevenido, ela me empurra conseguindo desvencilhar de
mim e saindo da minha dominação. Ela se dirige até a porta, mas antes de
sair ela se vira para me olhar.
— Você nunca vai me tocar de novo, você teve a sua chance, hoje
para mim você não passa de mais um dos muitos que tive em minha cama
— dizendo isso abre a porta e sai. O barulho dos seus saltos ao encontro do
chão ecoa na minha cabeça e eu penso.
— Puta que pariu! O que foi isso!?
Não deixarei isso barato, vou descobrir quem é o cara e vou fazê-lo
desistir dela.
Ela é minha, desde que coloquei meus olhos nela e, merda!
Eu sou dela também...
CAPÍTULO 7

Assim que fui embora da casa de Donatella ontem pedi a Damien


que me levasse ao endereço que Dante me enviou que foi lhe repassado
pelo advogado que toma conta dos meus bens. Damien como sempre, se
dispôs a me levar, pelo trajeto Dimitry segue falante, conversando com
Damien, eles estão se entendendo muito bem.
Ao chegar ao destino, observo a casa que passa ser minha agora. É
uma mansão enorme, a fachada pintada de Branco.
Damien estaciona e Dimitry abre a porta do carro correndo e
entrando pelo jardim.
— Está entregue — Damien me diz.
— Sim, obrigada! — agradeço e olho novamente para a casa.
Suspiro profundamente — essa é minha casa agora — ando pelo caminho
feito de pedras de granito. Escuto quando Damien bate o porta-malas do
carro pegando as minhas malas.
— Vamos entrar Dimitry — chamo meu filho que está encantado
com o lugar.
— Vamos mamãe — ele vem correndo — Dami, você viu que legal
é aqui?
— Vi sim campeão, vamos entrar você e sua mãe precisam
descansar.
Entramos na casa que é enorme por dentro, bem decorada, bem
iluminada. Damien me acompanha e uma ideia me vem à mente.
— Damien, o que acha de ser meu segurança particular? — ele me
olha franzindo o cenho — meu e de Dimitry — ele olha para Dimitry e
depois para mim e abre um sorriso destruidor de calcinhas, ele é um homem
muito bonito.
— Claro, se a senhora precisa de mim aqui, tudo bem.
— Sem senhora, pelo amor de Deus, pode me chamar de você.
inicialmente somos, acho que, amigos. Você me chamou para sair se
lembra?
— Claro, me lembro — ele diz.
— Então é isso — escuto meu celular tocar na bolsa e peço licença
para atender — alô? — a pessoa do outro lado da linha diz se tratar da
secretária da ASKOV e me informa sobre uma reunião com os irmãos
Nickolaievy amanhã pela manhã. Prevejo que será um começo de dia
conturbado. Não queria ter que enfrentar isso agora, mas é necessário que
eu resolva isso logo de uma vez.
Cansada demais devido à viagem, me sento no sofá e logo uma
senhora de meia-idade aparece me assustando.
— Senhora, sou a responsável pela limpeza e organização da casa
— ela diz — deixe-me lhe mostrar o seu quarto e o quarto do menino —
assinto em concordância. Chamo por Dimitry e subimos acompanhando a
mulher, ela mostra o meu quarto e o de Dimitry e se despede. Eu nem me
lembro de perguntar seu nome.
Após um banho quente me aconchego com Dimitry na cama assim
que ele dorme o levo para o seu quarto o colocando em sua cama onde ele
segue dormindo tranquilamente. Volto para o meu quarto e me deitando,
adormeço rapidamente.

Dia seguinte...

Acordo bem cedo como de costume.


Faço minha higiene pessoal e tomo um banho. Me arrumo na
melhor roupa que tenho e revestindo a postura de mulher forte que tenho
que assumir a partir de agora desço as escadas encontrando Dimitry na sala
e ao seu lado uma mulher toda uniformizada de branco.
— Bom dia — digo e a moça se levanta rapidamente me olhando.
— Bom dia, senhora. Eu sou Elisa Ferrel — ela estende a mão para
mim em cumprimento e eu retribuo o gesto.
— Morgana, é... me diga, o que faz aqui?
— Eu... — Ela é interrompida por Damien.
— Essa é uma conhecida do clube sexy kisses. Ela saiu faz alguns
dias e estava sem emprego. Imaginei que você precisaria de alguém para
cuidar de Dimitry para poder cuidar das coisas por aqui tranquilamente —
ele me explica e eu olho para a moça que tem o olhar fixo em Damien acho
estranho a troca de olhares.
Será que eles têm algo?
— Ah sim. Podemos fazer um teste — digo e olho para ela lhe
dando um sorriso — Dimitry não é uma criança difícil, vai ser fácil ele se
adaptar a você — digo a ela me dirigindo pela sala para ir à sala de jantar
para o café da manhã, eles me seguem — sentem-se — ofereço.
— Eu já tomei café senhora! — ela diz.
— Eu também Morgana, algum compromisso hoje? — Damien me
pergunta e eu assinto.
— Sim tenho. Uma reunião às 11 horas, na ASKOV.
— A senhora é dona da ASKOV? — Elisa pergunta.
— Aparentemente, sou eu Elisa— digo a ela bebericando meu café
e ela assente.
— A senhora pode me chamar de Lyssa, é mais fácil.
— Tudo bem — respondo sem muita atenção, estou focada no
encontro que terei com os irmãos Nickolaievy. Mas mais apreensiva, por
encontrar Andrei, depois de tantos anos.
— Podemos ir quando você quiser, Morgana — Damien me avisa.
— Acho que já podemos ir. Quero fazer um tour pela empresa antes
da reunião — digo me levantando e me despedindo do meu filho, deixando-
o aos cuidados de Lyssa.
Pego minha bolsa e os óculos escuros e saio pela porta em direção
ao carro que está parado, Damien se aproxima e abre a porta de trás para
mim.
— Obrigada! — lhe agradeço dando um sorriso contido. ele fecha a
porta dando a volta no carro e entrando na porta do motorista.
— Vamos indo agora — ele diz colocando seus óculos escuros e
ligando o carro. Ansiedade e desespero se misturam dentro de mim e eu só
espero que dê tudo certo.
— Damien, você e Lyssa têm algo? — pergunto.
— Não — ele diz negando com a cabeça — tínhamos no passado
hoje não mais. Ela trabalhava na boate e eu era o segurança do lugar,
tivemos um lance que não durou muito, não somos compatíveis.
— Entendi — digo colocando meus óculos.
— Ela entende que não teremos mais nada. Eu a trouxe porque ela
me disse que quer mudar de vida, ela saiu da boate e estava à procura de
algo.
— Tudo bem — digo sem mais.
Fomos nos falando, nos conhecendo um pouco mais, até chegarmos
ao prédio imponente. A fachada toda espelhada em vidro fumê negros e o
nome em destaque ASKOV.
Quando chego assim que entro no saguão, vários olhos me olham.
Alguns em confusão, outros em cobiça, as mulheres em inveja. É uma
mistura de emoções.
Pegando o elevador subo até o último andar, sem credencial, sem
nada, eles devem saber que sou a nova dona do lugar.
Chegando ao último andar, avisto a mocinha sentada em sua mesa.
— Bom Dia — cumprimento-a que me olha de baixo acima — você
poderia me dizer onde é a sala de reuniões?
— Você é quem? — ela me pergunta e antes que eu responda,
Damien responde por mim.
— Ela é a dona do lugar — ela se levanta rapidamente.
— Ah, sim, desculpe eu não... Não sabia mil perdões. Os irmãos
Nickolaievy estão esperando pela senhora na antessala.
— Os leve para a sala de reuniões — digo olhando o lugar em volta
— e diga que logo os atenderei — ela assentiu saindo para cumprir a ordem
dada — vamos fazer um tour Damien?
— Podemos ir — ele me cede passagem e eu ando pelos corredores
cheio de salas, pessoas trabalhando e que assim que me avistam param por
um segundo, escuto cochichos.
— Quem é ela? Que mulher bonita! Essa é a nova chefe?
Após andar pelos corredores conhecendo um pouco do lugar

chegamos a minha sala. Entro nela e constato o quanto ela é espaçosa e

arejada, Damien me acompanha, mas em determinado momento, me

desequilibro um pouco sendo apoiada por suas mãos, olho diretamente em

seus olhos de um nível de azul impressionante. Vejo quando seu olhar

desceu para a minha boca e no instante seguinte ele cola sua boca na minha,

me pegando totalmente de surpresa pelo fato de não estar esperando por

aquilo. Sua língua pede passagem e eu cedo. Uma de suas mãos encontra o

meu cabelo enquanto a outra aperta a minha cintura me apertando ao

encontro do seu corpo, sinto quando a sua mão em meus cabelos intensifica

o aperto ele começa a caminhar devagar até me encostar na mesa. Ele me

agarra pela cintura me colocando sentada no móvel e automaticamente ele

entra em meio as minhas pernas separadas pelo seu corpo. Seus beijos

descem pelo meu pescoço enquanto sua mão passa por dentro do tecido da

minha saia apertando minhas coxas, sinto me arder quando ele mordisca a

minha orelha e sussurra. — Eu estou maluco por você — eu não consigo

dizer nada — você me fascina desde a primeira vez que eu te vi, eu queria

fazer isso desde ontem.


— Estou ofegante. Minhas mãos estão em seus ombros e minhas
pernas bambas. — Você não tem ideia do que quero fazer com você agora
— diz voltando a me beijar intensamente e sinto meu núcleo se apertar.
Nunca mais fui tocada assim desde… meus pensamentos são interrompidos
pela batida na porta, Damien cola sua testa na minha ofegante — isso não
acabou — ele diz e se afasta. Desço da mesa ajeitando a minha roupa. Ele
se dirige até a porta e se põe ao lado dela, me dando um sorriso safado e
limpando os lábios dos resíduos do meu batom em sua boca.
Após eu me ajeitar peço que a pessoa entre. A secretária abre meia
porta e me avisa que os irmãos Nickolaievy estão à minha espera, aceno e
digo que já estou indo. Pegando a minha bolsa e os óculos escuros me
encaminho até a porta para acompanhar a secretária, quando me aproximo
da porta ao lado de Damien olho para cima e me ergo nas pontas dos pés,
depositando um selinho em seus lábios.
— Tenha um bom dia, Damien — digo saindo pela porta a tempo de
ouvi-lo responder: — Terei um ótimo dia.
Saio caminhando ao encontro do meu passado, e não vou deixar que
ele me torne refém. Andando pelo corredor, chego à porta da sala de
reuniões, respiro fundo e abro a porta.
É hora de encarar o passado.

Ao passar pela porta quando me viro dou de cara com um Andrei de


fisionomia pasma e incrédula ao me ver.
Tiro meus óculos e caminho até a mesa me sentando diante dela e
encarando Andrei de frente. Não vou dizer que não me abalei, porque ele
mexe muito comigo ainda. Seguimos a reunião entre farpas, ele é um
bastardo cínico que acha que eu ainda estaria babando aos seus pés. Os anos
me ensinaram a ser imune a ele.
Ao fim da reunião, Andrei me imprensou contra a parede e tentou
me ganhar, mas fui forte o suficiente para dizer:
— Nunca mais você vai me tocar de novo.
CAPÍTULO 8

A palavra correta para esse momento é que estou muito puto da


vida.
— Como ela pôde fazer isso? — digo dando um murro na mesa de
carvalho da sala. Passo as mãos pelos meus cabelos tomando uma
respiração profunda e decidido saio da sala. Boris está esperando por mim,
olhando no celular próximo ao elevador.
— Podemos ir agora — digo sem rodeios.
— Pela sua cara não foi uma conversa acolhedora — olho de soslaio
para o meu irmão e bufo frustrado apertando o botão do elevador.
— Ela é uma insolente e abusada. Aquela anã de jardim, encarnação
de Afrodite.
— Sei — meu irmão diz segurando o riso.
— Não sei o porquê você está rindo, Donatella também não tem
freios — digo a ele que me dá um olhar enviesado.
— Mas sei dominar uma mulher, e quanto a você? Seu bastardo
arrogante. Não reclame, você foi embora, se lembra? Você tem uma
maneira de desfazer isso? Você quebrou o coração dela, ela sumiu por anos
ou você achou que encontraria a mesma mulher? — ele pergunta.
— Eu sei, eu deveria saber, mas não tinha como adivinhar — digo
entrando no elevador que chega vazio para a minha sorte e alívio.
— Bom, então se conforme — ele diz parando ao meu lado e
apertando o botão do térreo.
— Eu não sei, mas algo me diz que ela esconde algo — essa
sensação não me abandona nem por um momento — quando foi que ela
chegou?
— Eu não sei — Boris diz e então tudo se clareia na minha mente.
— A amiga de Donatella? Ela te falou algo sobre? — sondo ele que
me olha intrigado.
— O que está insinuando, Andrei? — ele pergunta guardando o seu
celular no bolso.
— A casa ainda possui o sistema de vigilância em vídeo?
— Sim, por quê?
— Eu quero ver — digo a ele que sobe uma sobrancelha enquanto o
elevador se fecha e descemos.
— O que está pensando? — ele me pergunta quando chegamos ao
térreo no saguão do prédio.
— Ainda estou pensando, mas se meu pensamento estiver correto,
eu e sua esposa teremos uma conversa — digo a ele caminhando em direção
ao carro parado no meio fio e entrando. Em seguida, meu irmão entra pela
outra porta e se senta ao meu lado.
— O que Donatella tem a ver?
— Primeiro quero ver a filmagem, depois falamos sobre isso —
digo a ele que dá de ombros sem entender.
— Tudo bem — ele diz simplesmente dando o assunto por
encerrado naquele momento e pegando o seu celular discando para alguém.
— Quero as filmagens das câmeras de segurança da casa para ontem
— ele diz logo que a pessoa do outro lado da linha atende — quando
chegarmos eu e meu irmão queremos ver — ele fala e desliga sem esperar
uma resposta.
Ele pede ao motorista para nos levar para casa, e eu sigo pensando.
Que merda está acontecendo?

Após meia hora chegamos à casa e seguimos direto para a sala de


câmeras de segurança que fica em uma casa ao fundo da propriedade. Ao
chegarmos, está tudo pronto aguardando por nós.
Me sento na cadeira colocando minhas pernas em cima da mesa e
peço para voltar ao dia de ontem exatamente umas horas antes de eu chegar.
Vejo perfeitamente a hora que um carro preto para no portão por uns
instantes depois entra. Mudando para a câmera da porta de entrada, vejo o
momento exato em que o menino que trombou em mim na entrada sai do
carro e logo após uma mulher.
Meus olhos paralisam na tela ao constatar que meus pensamentos
estavam certos e que a Donatella mentiu sobre a sua amiga.
Que mentiu para mim quando não disse ser Morgana a amiga que a
visitava.
Inconformado me levanto da cadeira ajeitando o terno.
— Já é o suficiente — digo ao homem que assente.
— Andrei —, Boris fala — Morgana esteve aqui e Donatella não me
disse — ele diz com a cara de desgosto — o que essa mulher está
pensando?
— Eu não sei Boris, mas ela vai me dizer que merda é essa. Você
entende a proporção disso?
— Acho que… — diz olhando para tela. — Retorne a chegada desse
carro na porta de entrada — pede ao homem que assente — ele fixa o olhar
na tela — congela a imagem bem aí — ordena e olha fixamente para a
imagem do menino parado ao lado de Morgana.
Ele olha para mim e um sorriso cínico brota em sua face.
— Andrei, sabe por que o menino lhe parece familiar? — ele me
pergunta e eu não sei aonde ele quer chegar.
— O que está falando?
— Esse menino é a sua cara Andrei, ele deve ter o quê? Uns 4 anos
mais ou menos — olho para o monitor e de volta para Boris com os olhos
arregalados.
— Você acha...? Acha que ele pode ser meu filho? Não pode ser —
começo a andar de um lado para o outro — não tem como — coço meu
pescoço — tem? — sento-me de volta na cadeira — ela... — me recosto na
cadeira e esfrego as mãos no rosto — ela não me disse nada Boris, não
disse a porra de uma palavra.
— Ela poderia não saber de nada quando você foi embora — ele diz
calmamente e isso me dá raiva, tanto, que um sorriso nervoso me escapa
pelos lábios.
— Não sei Boris, fui irresponsável merda! E agora? Como saberei
de algo se ela não quer nem me ver pintado de ouro?
— Não sei meu irmão, mas que esse menino pode ser seu, pode ser
realmente, vocês precisam conversar — ele diz o óbvio.
— Impossível! Morgana está irredutível — a resposta sai amarga.
— Tente, se não tentar nunca vai saber. Vocês precisam conversar,
ter uma conversa honesta e franca, entre vocês pode ser que exista outra
vida que precisa dos pais por perto. Se o menino for seu, ambos precisam
ser presentes na vida do garoto que de fato é a sua cara — Boris conclui.
— Eu não sei — bufo frustrado.
— Chegou a hora de crescer, Andrei. Filho é responsabilidade —
meu irmão me diz dando uma tapinha nas minhas costas — bem-vindo ao
mundo dos pais, qualquer coisa estou no escritório — ele diz saindo me
deixando sozinho com o homem responsável pela segurança.
— Eu preciso de uma coisa — digo a ele que me olha atentamente
— preciso de um Hacker, conhece algum?
— Sim senhor, temos uma equipe de T.I — o homem responde.
— Muito bem, eu quero a ficha completa dessa mulher do vídeo,
tudo que ela fez durante cinco malditos anos, me entendeu?
— Perfeitamente, senhor — ele responde.
— Okay. Agora faça seu trabalho e me consiga isso — digo e saio
da sala indo embora para casa. Toda essa história é demais, se realmente for
meu filho porque ela nunca disse? Por que nunca me procurou? Se afastou
de tudo por quê?
Perguntas e mais perguntas que só ela poderá me responder e
amanhã ela não vai escapar, ela vai me dizer toda a verdade.

Após chegar em casa topo com as crianças correndo pela casa.


Observo bem Ivan. Com apenas cinco anos e é enorme para uma criança da
sua idade, imagino como seria tendo alguém me chamando de pai?
Nunca me imaginei nessa posição, sempre passei longe dessa
possibilidade, pois sempre me preveni contra essas surpresas. Eu poderia
ficar furioso por ela ter engravidado, sabendo que eu não queria nada disto
para a minha vida não naquela época, mas agora? Saber que tenho um
pedaço de mim, andando por aí, uma cópia perfeita, me causa uma sensação
diferente, não me importo com o fato de tê-lo.
Sigo para o meu quarto pensando sobre o que fazer amanhã, claro
que irei procurá-la, ela precisa me dizer o porquê? Porque escondeu durante
cinco malditos anos a verdade, eu poderia ir agora mesmo, mas prefiro
saber tudo o que ela fez durante esse tempo e descobrir quem é ele.
Quem é o homem que ela disse que a está fazendo bem agora. Não
posso imaginar ou se quer sonhar com outro a tocando.
Sei que não tenho esse direito, mas …. Eu não sei, tem algo que me
puxa, que me mantém ligado a ela, que não suporta que ela seja de outro,
que esteja em outros braços que não sejam os meus.
Escuto um toque na porta e quando digo que a pessoa entre, Boris
entra por ela me olhando com um ar risonho, ele provavelmente deve achar
que estou puto por ter um filho, mas é ao contrário a sensação sobre isso é...
Diferente. Eu estou realmente puto, por ela ter me deixado ir embora sem
me contar.
— Está tudo bem? — Boris me pergunta.
— Sim, está. — Falo — poderia não estar, mas realmente está tudo
bem.
— O que planeja fazer?
— Eu... Eu ainda não sei, pedi um Hacker para descobrir o que ela
fez durante esse tempo, por onde esteve.
— Por que se importa tanto? — ele me questiona — Você a ama,
não é? Só é muito tolo para não perceber isso.
— Eu não a amo, talvez eu sinta só tesão, o que não é amor — digo
pensando se é isso mesmo. Estou em uma confusão da qual nem eu mesmo
sei como sair.
— Bom, eu posso afirmar que sim. — Ele se senta na poltrona à
minha frente — eu também imaginava não amar Donatella, você se lembra
naquela época os sentimentos eram confusos. Eu me fechei dentro de mim e
por muitas vezes, eu neguei — ele me encara — aquilo que era tão óbvio
desde o começo.
— Boris nós, eu e ela, não nos entendemos fora da cama — falo
frustrado — ela é difícil.
— Como se você diferisse — ele diz sorrindo — eu te conheço
como a palma da minha mão, e eu sei que aí tem coisa maninho — a fala
debochada sai de sua boca.
— Não tem, pode apostar seus milhões como não tem. Meu Deus
em pensar que trombei o meu filho logo quando cheguei — olho para ele —
e que o achei familiar e que loucura achar que ele era algum filho perdido
de Sergei — paro e penso — bom eu não sei, ela trabalhava no clube e…
— Não vá por esse caminho — Boris diz me interrompendo — não
diga o que não sabe, você sabe muito bem da verdade, não é como se ela
fosse ficar com alguém aquela época ela te amava e você sabe disso.
— Amava — digo sentindo o gosto da palavra na ponta da língua —
é, ela amava tanto, que não me disse a verdade quando eu a procurei para
me despedir, ela poderia ter dito.
— E mudaria a sua decisão? — ele questiona — Você ficaria por ela
ou ficaria pelo menino?
— Isso é um tanto impossível de saber agora — passo a mão pelo
cabelo e me viro de costas olhando o jardim — eu não sei, eu poderia ficar
— passo as duas mãos no rosto em um gesto frustrado — eu não sei.
— O que pensa em fazer?
— Confrontá-la — digo e o olho novamente — exigir que ela me
diga o porquê escondeu a verdade.
— Você tem que ir com calma — ele aconselha.
— Eu vou, não se preocupe.
— Bom — ele diz se levantando — talvez agora seja a hora de você
pensar na sua vida e sobre o que quer para ela. Pense bem, você sabe que
você tem os direitos de pai, mas ela tem direitos também. Antes de mais
nada se lembre do menino, ele não sabe que você é pai dele.
— Tudo bem, me lembrarei disso. Mas eu quero que ele saiba, não
sei o que ela possa ter dito sobre o pai dele, mas... eu sei que já sinto algo
por aquele moleque desde que ele trombou em mim aqui nessa casa, e eu
quero o melhor para ele.
— Que assim seja — ele diz me dando tapinhas nas costas — quero
conviver com o meu sobrinho, e que Deus nos ajude.
— Mas sua esposa não vai me escapar, ela vai me explicar certinho
porque me escondeu que Morgana estava aqui.
— Bom, tenho certeza de que ela vai te dizer em algum momento,
mas espere a resposta do que você pediu ao nosso grupo de T.I. vou indo,
estarei no escritório.
Ele diz saindo pela porta e me deixando a sós com os meus
pensamentos. Escuto meu telefone vibrar no bolso do terno e quando olho
para o visor, minha cabeça dói e solto um bufo de frustração e resmungo.
— Eu mereço isso justo agora.
Sem muita escolha resolvo atender a ligação.
— Pensei haver ter deixado tudo bem claro com você quando sai
dos Estados Unidos, Leila — digo impaciente.
— Olha, eu preciso ir para a Rússia, tenho negócios a tratar por aí e
pensei que enquanto eu estiver aí você poderia me apresentar mais do lugar.
— Você sabe que eu sou um homem ocupado e que não tenho tempo
para me sentar e bater um bate-papo com um chá — era só que me faltava
agora na minha existência.
— Não seja grosso, Andrei. Estou chegando amanhã, espero que
você me busque no aeroporto, pois tenho algo para lhe contar também do
seu interesse — ela diz e não me dando tempo para negar desliga o telefone
me deixando aborrecido. Não existe pior hora para Leila aparecer e o que
será que ela tem a dizer?
Frustrado, retiro meu terno, os sapatos, toda a roupa e sigo para o
banheiro para tomar um banho. Em frente ao espelho olho para o homem
que me encara de volta.
— O que você está pensando — balanço a cabeça em negativa.
Abandono o espelho e entro no chuveiro frio.
Encosto minha testa no azulejo e repenso tudo que aconteceu até
agora. Me sinto perdido, para ser bem sincero é como se eu estivesse vivo e
não estivesse, e agora para completar Leila, eu sempre faço burradas,
quando irei aprender?
Acabo de tomar banho e me troco colocando uma roupa confortável,
pois não pretendo sair para canto nenhum.
Saio do quarto trombando com Donatella no corredor, ela me olha e
provavelmente já deve saber que eu sei de tudo.
— Andrei eu...
— Não diga nada —, falo a interrompendo — ou melhor, diga por
quê?
— Por que o quê? — ela pergunta confusa.
— Por que não disse que era Morgana que estava aqui o dia em que
eu cheguei?
— Andrei, ela nem sabia que você estaria aqui, e confesso que nem
eu também esperava — ela diz e apoia as mãos na cintura e me encara —
não é como se você quisesse ver ela, não é?
— Você é muito engraçadinha, Donatella — digo a ela enviesado —
você sabia que Dimitry era meu filho e mesmo assim ficou quieta, o que é?
— pergunto irritado.
— Andrei, você não pode... — a interrompo.
— Vocês, as duas — faço o número 2 com os dedos — mentiram
para mim. Você também poderia no dia do seu casamento ter me contado —
a acuso.
— Você teria ficado? Teria ficado e assumido algo? — ela me
encara — Venha, vamos conversar — ela diz e passa por mim indo em
direção a sala.
Ao chegarmos lá um dos homens da segurança está na sala falando
com Boris, assim que ele me vê dispensa o homem e olha meio confuso em
suas mãos pilhas de papéis.
— Creio que isso seja seu Andrei, a segurança acabou de trazer —
ele diz me entregando os papéis, olho tudo rapidamente, mas algo chama a
minha atenção o nome Giancarlo Fabri, o homem mais temido de toda a
Itália após Dante, o capo da cosa Nostra. O que Morgana fazia com esse
homem? Franzindo a testa eu tento juntar as coisas, ela se escondeu na
Itália durante esses anos todos, meu filho tem nacionalidade italiana, lendo
mais um pouco vou descobrindo aos poucos tudo.
— Está tudo bem, Andrei. Algum problema? — Boris pergunta.
— Giancarlo Fabri — digo e olho para ele — você sabe — Boris
muda sua postura de relaxada para rígida — como eu não liguei os pontos
antes?
— Andrei, calma — ele me diz se aproximando e pegando os papéis
da minha mão, a frustração é tão grande que eu nem sei o que pensar.
— O que tem esse homem? — Donatella pergunta.
— É uma história da qual não queríamos lembrar tão cedo — Boris
responde.
— Meu Deus! — digo e caio sentado no sofá colocando a cabeça
entre as mãos.
— Aqui diz que ele assumiu legalmente a paternidade de Dimitry —
me levanto rapidamente ao ouvir a menção disso — ele morreu antes de
Morgana dar à luz, mas deixou tudo pronto, o menino carrega o sobrenome
Fabri — Andando de um lado para o outro me sinto como um Leão
enjaulado.
— Eu…. vou sair — digo.
— Aonde você vai? — Donatella pergunta. Me viro para ela e a
encaro.
— Eu vou me divertir já que... — pauso por um momento — já que,
aparentemente, eu não sou ninguém para ninguém.
— Andrei não é bem assim. Eu não podia contar, eu até tentei
convencê-la, mas ela não quis, você — ela aponta o dedo para mim — fez a
sua escolha, você foi embora. Ela iria contar, mas você disparou primeiro
que iria embora e ela preferiu se calar, ela não queria que você ficasse pelo
filho, ela te amava demais para prender você por uma criança.
— Me amava demais? — solto um riso amargo — nada dava o
direito a ela de esconder, eu deveria saber. Não importa se fôssemos ficar
juntos ou não eu tinha o direito de saber, agora o menino não sabe que sou
pai dele, outro nome consta em sua certidão, como vou me apresentar ao
garoto e dizer: — Olá, eu sou seu pai, cheguei um pouco atrasado por que
eu não sabia da sua existência — porra, é uma criança! — falo frustrado e
me viro para sair, mas retorno meu olhar para Donatella — eu sou o pai
dele, não foi o que ela disse? Então eu quero os meus direitos, o direito de
conhecer o meu filho talvez seja o único que irei ter, eu irei lutar pelo
direito de tê-lo ao meu lado.
— O que vai fazer? — Boris pergunta.
— Por agora vou sair, vou ao clube. Amanhã decido o que fazer —
saio da sala deixando Boris e Donatella e sigo para o meu quarto. Coloco
uma roupa casual e pego o meu carro guardado a tantos anos na garagem,
eu tenho que me divertir essa noite.
Andando pelas ruas de Moscou meus pensamentos estão confusos,
essa ligação com Giancarlo Fabri não me caiu bem, esse homem era
perigoso demais, ele tinha muitos inimigos, grande parte de suas coisas
foram adquiridas através de roubos, além de ele ser um assassino.
Alguns falavam que ele tinha uma família nos Estados Unidos e
para outros ele não tinha ninguém. Morgana deve estar agora com a sua
cabeça a prêmio porque muitos queriam o dinheiro que ele possuía. Eu não
deveria me preocupar com ela, afinal ela mentiu e me enganou. Sei que não
sou um cara bom, mas que droga! — dou um soco no volante frustrado —
não há como negar, eu amo essa mulher, mas sei que não sou capaz de fazê-
la feliz, não depois disso tudo. Eu nunca consegui sentir amor por ninguém,
e nunca imaginei que alguém poderia ser capaz de me amar, e a única
mulher que sempre esteve ali para mim abandonei e Deus sinceramente, eu
me arrependo por isso, como me arrependo.
Chego ao clube que está bem movimentado, olho tudo ao redor, há
muitas coisas mudadas, vou até o bar e peço um uísque puro.
Engulo tudo em um gole só colocando o copo em cima do balcão.
Olho novamente o clube e vejo algumas mulheres, bonitas até, mas não
tanto igual à que chega nesse momento acompanhada por um homem, seus
olhos vasculham o local e quando se encontra com o meu ela engole em
seco.
O destino não poderia estar jogando tão duro desse jeito.

Ela desvia o olhar e entra no local, acompanhada pelo homem alto


que está ao seu lado. Peço ao garçom mais uma dose de uísque e observo o
seu movimento.
Ela se senta e o homem se senta ao seu lado muito próximo ao seu
corpo. Bebendo o líquido do meu copo, continuo a observar.
Me viro para o bar chamando o garçom.
— Me dê uma garrafa de Jack Daniels — peço a ele que me olha
intrigado — me dê a porra da garrafa agora! Eu sou o dono desse lugar,
então, me dê essa merda agora! — digo lhe olhando furioso. Ele pega a
garrafa e me entrega.
Viro o conteúdo dela no copo o enchendo e continuo a beber e
quanto mais bebo, mais a vontade de acabar com toda essa merda cresce, e
que porra, isso é insuportável.
Acabo a garrafa chamando o garçom novamente e pedindo outra, ele
não discute e eu sigo bebendo sem me importar com nada.
Uma loira chega ao meu lado e coloca uma de suas mãos em meus
ombros, seu toque é suave e calmo.
— A fim de se distrair hoje? — ela pergunta. Dou-lhe uma olhada.
Corpo magro, curvas bem acentuadas, peitos médios que saem do decote
provocante, cabelos prateados, olhos verdes, boca vermelha, convidativa
até. Mas quando olho para além dela, vejo os olhos de Morgana que me
encaram como se não existisse mais ninguém ali naquele lugar.
O homem ao seu lado chega próximo ao seu ouvido falando algo e
mordisca a sua orelha. Seus olhos se fecham e a raiva me consome vendo-a
daquele jeito com aquele homem e num impulso impensado agarro a loira
lhe dando um beijo que a deixa sem ar, minhas mãos apertam a sua cintura
enquanto a outra aperta a sua bunda.
Ela geme em minha boca, desço para o seu pescoço dando leve
chupões em sua pele branca.
Vejo quando Morgana se levanta da mesa e eu a sigo com os olhos e
vejo que ela foi em direção ao banheiro.
Dou um jeito de me esquivar da loira e saio atrás dela, paro em
frente a porta do banheiro. Me encosto na parede cruzando meus braços e
observando a porta. Após alguns minutos escuto o trinco da porta e ela se
abrir e quando Morgana levanta a cabeça arregala os olhos me vendo ali
parado.
— O que está fazendo aqui? — ela me pergunta e eu me desencosto
da parede chegando próximo a ela.
— O clube é público, não? Ou melhor, meu — digo a ela que me
fuzila com o olhar. Ela é tão pequena perto de mim que sinto uma vontade
enorme de protegê-la.
— Aqui não me parece ser um lugar onde você estaria
perambulando — ela diz.
— Precisamos conversar — digo a ela que dá um leve sorriso.
— Conversar o quê? Você sabe, eu estou acompanhada. Damien está
me esperando, volte para a loira de farmácia que você estava, ela deve estar
sentindo a sua falta — retruca tentando saindo, mas quando vai passar por
mim seguro seu braço a empurrando contra a parede a mantendo.
— Você tem algo a me contar — digo próximo ao seu ouvido —
você me deve a verdade Morgana. — Passo meu dedo indicador pelo seu
pescoço — e quanto ao Damien ele que espere, o meu assunto com você
não pode esperar — escuto-a arfar.
Sua respiração está irregular, enquanto me aproximo de sua boca e
olho em seus olhos castanhos avermelhados. Enfiando meus dedos pela sua
nuca, agarro seus cabelos virando seu rosto, segurando seu pescoço, beijo
sua boca, no começo ela protela, mas logo cede me correspondendo.
O gosto do seu beijo continua o mesmo, aperto ainda mais meu
corpo contra o seu na parede intensificando o beijo, mas de repente ela me
empurra mordendo meu lábio inferior onde um pequeno filete de sangue se
inicia, passo a língua sentindo o gosto metálico.
— Nunca mais se aproxime de mim assim, o que está pensando? O
que há com você? Eu não te pertenço Andrei.
— Por que não me disse a verdade? — seus olhos se arregalam e ela
engole em seco.
— Que verdade? Do que está falando?
— Dimitry! — falo e ela abraça o seu próprio corpo e me encara
com os olhos marejados.
— O que tem? Como sabe que…. — Ela diz balançando a cabeça
em negativa e me encara — o que você quer?
— A verdade! — digo a ela que limpa uma lágrima que escapole em
seu rosto.
— A verdade é que ele é meu filho, meu! — ela diz tentando passar
por mim, mas bloqueio sua passagem.
— Você me deve uma explicação! Por que não me contou que
estava grávida?
— Eu não tinha a obrigação de falar nada! Você ia embora. Eu não
queria que você pensasse que eu queria segurá-lo com uma gravidez, isso
nunca passou em minha cabeça.
— Não teria como você saber que eu iria pensar isso — sibilo entre
dentes.
— Está bem — ela coloca a mão na cintura — Ia mudar alguma
coisa? Não. Você não me amava Andrei, eu era apenas um tipo de estepe
que te servia quando você não tinha ninguém.
— Não se diminua tanto assim — bufo impaciente — não era bem
assim, vamos ao escritório conversar direito.
— Não temos nada para conversar Andrei. Nosso tempo passou,
acabou o que nunca sequer existiu, então agora me deixe passar, eu preciso
voltar, Damien está me esperando e quanto a Dimitry ele está bem até agora
sem você.
— Você quer que eu desista do meu filho, sendo que você o
escondeu de mim durante todo esse tempo?
— É diferente, você me abandonou praticamente — ela diz
amargurada.
— Eu não te abandonei, nós não tínhamos nada. Você me conhece a
anos, deveria saber...
— Eu sabia tanto que fui burra em acreditar que dentro de você
existia alguma coisa boa, mas vejo que me enganei — ela diz me
interrompendo.
— Pois saiba que eu não vou desistir nunca. Tenho meus direitos e
lutarei por eles, ele é meu filho, não é? Então ele virá comigo para me
conhecer — falo por fim.
— Você não vai afastar meu filho de mim — ela vocifera.
— Eu não vou afastá-lo, eu só quero que ele me conheça e eu quero
reconhecê-lo. Não quero que ele carregue um sobrenome que não seja o
dele por direito.
— Ele já é reconhecido, não precisa de nada que venha de você,
sempre me virei sozinha — ela diz se desviando de mim para sair.
— Claro, Giancarlo Fabri — quando digo o nome do homem que
desgraçou a vida do meu pai, ela se vira para me encarar.
— Como você sabe que...
— Como eu sei? —deixo escapar um sorriso nervoso — tenho as
minhas fontes.
— Ele só me ajudou, nada além disso ele nunca... — A interrompo.
— Giancarlo Fabri não presta ou não prestava, a parte boa é que ele
não existe mais me poupou o trabalho de ter que matá-lo.
— Matá-lo por quê? Ele não me fez nada de mal, ele somente me
ajudou e...
— Esse Homem matou meu pai...
Morgana paralisa no lugar, seus olhos arregalados.
— Como assim matou seu pai? Eu... eu não estou entendendo-o...
— Ele matou quando meu pai descobriu que ele — pauso e suspiro,
isso é uma coisa tão pessoal que eu não gosto nem de lembrar...
— Quando? — Morgana me pergunta.
— Ele era um homem perigoso, violento, ele desgraçou a vida da
minha família em uma época há muito tempo, ele matou meu pai quando
ele descobriu que ele era... — sou interrompido por uma voz forte e grossa
que vem atrás de mim.
— O que está acontecendo aqui, Morgana? — ele pergunta e eu me
viro e ele me encara — e ele quem é?
— Ele é... — A interrompo quando dou dois passos próximo ao
homem.
— Sou Andrei Nickolaievy — digo e lhe encaro — sou o pai
biológico de Dimitry — sua postura fica rígida e seu semblante se fecha.
Eu posso ter deixado Morgana fugir de minhas mãos.
Mas não vou permitir que outro ocupe o meu lugar na vida do meu
filho e agora mais do que nunca, nem em sua cama.
Eu irei lutar por ela.
Porque amo essa mulher...
CAPÍTULO 9

Após um dia intenso de trabalho, chego em casa em companhia de


Damien morrendo de saudade do meu filho. Subo para vê-lo, mas quando
chego em seu quarto ele já estava dormindo cansado, certamente, do dia de
brincadeiras. Me aproximo de sua cama, lhe dou um beijo de boa noite na
testa, saio do seu quarto sem fazer barulho e desço novamente.
— Ele está dormindo! — digo a Damien que tem um olhar perdido
em algum ponto fixo da parede e parece não ter me ouvido, toco seu ombro
e ele desperta do transe — Ele está dormindo! — digo novamente a ele que
assente — Está tudo bem? — pergunto.
— Está. Vamos sair? — ele me pergunta.
— Para onde? Está tarde e...
— Vamos à boate — ele diz me interrompendo.
— A boate Damien? Está tarde, Dimitry está dormindo. Não quero
deixá-lo sozinho e...
— Morgana, vamos. A Lyssa cuida dele, não se preocupe — ele diz
me cortando e eu penso na possibilidade.
— Tudo bem, podemos ir. Tomarei um banho rápido e trocar de
roupa.
— Tudo bem, eu espero. — Ele diz se sentando no sofá, e eu subo
para o quarto para me arrumar.

Meia hora mais tarde estou pronta. Me olho no espelho e gosto do


que vejo. O vestido tubinho vermelho bem-marcado ao corpo favorece as
novas curvas que adquiri após a gravidez de Dimitry. Coloco as sandálias
de salto alto, passo meu perfume favorito, ajeitando o cabelo com as mãos e
desço encontrando Damien em pé olhando pela janela.
— Estou pronta! — digo a ele que se vira e me olha de baixo para
cima me avaliando.
— Você está linda — ele diz se aproximando e me pegando pela
cintura — desse jeito vou ficar com ciúmes de todos os homens que te
olharem — ele diz me olhando intensamente nos olhos e quando seu olhar
cai para a minha boca ele me beija possessivamente me pegando de
surpresa. Correspondo o seu beijo, mas a imagem que vejo em minha mente
não é Damien. Decidida, agarro os fios de seus cabelos por entre os meus
dedos forçando a minha cabeça a pensar no homem que me beija ali
naquele momento, o instigo a me beijar mais. Sua língua percorre todos os
cantos da minha boca com uma urgência, nos separamos de um beijo que
nos deixou sem fôlego.
— Nossa! — digo puxando o ar logo após nos separarmos.
— Podemos ir agora? — ele pergunta e um sorriso de lado surge em
seu rosto.
— Sim, claro podemos, somente avisarei a Lyssa — saio a
procurando pela casa a encontrando na cozinha — Lyssa? — ela se vira me
fitando — Estou saindo com Damien não se descuide de Dimitry, por favor.
— Profiro a ela que assente.
— Sim, pode deixar — ela responde.
Dito isso retorno a sala encontrando Damien e juntos saímos em
direção ao clube.

Algum tempo depois chegamos ao clube e ao adentrar ao interior


vejo que tudo mudou, está tudo diferente de como era no passado.
Analisando o lugar ao lado de Damien andamos em meio aquele
mar de pessoas, quando arranjamos um lugar assim que me sento meu
coração dispara e erra uma batida ao vê-lo.
O homem que até hoje povoa os meus pensamentos.
Quando nossos olhares se encontram, um flash de tudo que vivemos
juntos, mesmo em pequenos fragmentos de tempo, bate com tudo em meu
inconsciente. Eles me fazem lembrar mais uma vez que por mais que possa
estar em outros braços, beijar outra boca e entregar meu corpo a outro
alguém, sempre meu coração será dele.
Perdida em meio a bagunça dos meus pensamentos noto quando seu
rosto escurece ao notar Damien ao meu lado, que tem a sua mão
possessivamente em minha cintura, em nenhum momento Andrei tira seus
olhos de mim.
Damien se aproxima do meu ouvido e sussurra: — Como você está
linda! Todos nesse maldito lugar estão com os olhos em você. — Mas
minha atenção está em outro lugar.
Percebo quando uma mulher se aproxima dele, trocam algumas
palavras e logo ele a beija com os seus olhos fixos em mim. Me sinto
desconfortável, meu coração aperta no peito, as lágrimas ameaçam surgir
em meus olhos, me sinto fraca ao que acontece diante dos meus olhos, peço
licença a Damien para ir ao banheiro.
Ao caminhar pelo lugar sinto seus olhos em mim, me queimando e
essa linha de raciocínio que se passa por minha cabeça não é certa, eu tenho
que esquecê-lo. Adentro ao banheiro e vou direto para o espelho encarar a
mulher que está em frente a ele. Avaliando um pouco mais, percebo que
amadureci, respiro fundo, viro-me para sair e quando abro a porta dou de
cara com Andrei encostado na parede do corredor.
Os braços fortes evidenciados pela camiseta social apertada, a
tatuagem em seu peito que começa perto de sua clavícula, conheço o corpo
desse homem como ninguém, assim como ele conhece o meu e isso é uma
Droga. Ele levanta seu olhar me encarando, os olhos penetrantes que têm o
poder até de perfurar a minha alma, minhas pernas bambeiam diante da
figura que a apenas dois passos se aproxima de mim me olhando
profundamente nos olhos.
— O que está fazendo aqui? — a pergunta me escapole antes
mesmo que eu possa pensar em elaborá-la.
— Precisamos conversar. — Ele diz se aproximando mais, visto-me
da armadura que jurei a mim mesma usar e dali por diante começamos uma
pequena discussão com efeitos e resultados que tanto não me agradaram
como me deixaram perplexa as suas palavras em relação ao meu, ao nosso,
filho. Nunca foi a minha intenção não deixar que ele não conhecesse o pai,
que não tivesse uma convivência, mas o que me deixou mais abalada foi a
revelação sobre Giancarlo Fabri.
Um frio na espinha me percorreu com tudo que Andrei disse a
respeito do homem que apareceu do nada na minha vida me deixando com
tudo que um dia lhe pertenceu.
A menção sobre ele ter tirado a vida do pai de Andrei me fez mal,
mas eu não podia sequer imaginar isso tudo, eu não podia saber de tais
coisas já que Andrei nunca dividiu coisas da sua vida comigo quando a
gente fodia. Nunca fizemos amor, se alguém ali naquele meio fez isso, esse
alguém fui eu, mas nunca ele.
Entre discussões e conversas, Damien aparece e eu me vejo entre o
anjo e o demônio.
Resta-me saber qual deles é o anjo e o Demônio.
Com uma cara não muito boa Damien me questiona e antes que eu
possa responder Andrei fala por mim.
— Sou Andrei Nickolaievy. — Ele diz se aproximando de Damien
ficando cara a cara — Sou o pai biológico de Dimitry.
Damien me olha semicerrando os olhos e volta seu olhar a Andrei, o
encarando e cerrando o maxilar.
— O que quer com ela? — ele questiona Andrei, que de repente
exibe um sorriso cínico no rosto, coçando a sua barba por fazer.
— Ela é a mãe do meu filho, suponho eu. Tenho uma conversa que
não posso adiar com ela sobre o futuro do nosso filho, afinal, ela foi embora
sem me dizer, eu tenho os meus direitos e pretendo executá-los — Andrei
diz firme cruzando seus braços diante do peito, o que evidência mais os
braços fortes.
— Você foi embora, perdeu o direito assim que a deixou. — Damien
diz evasivo — Morgana vamos! — Ele me chama e quando vou passar para
sair Andrei segura meu braço.
— Ela vai me acompanhar ao escritório primeiro. Você pode esperar
por ela se quiser, só não te garanto que ela vá sair de dentro do escritório
hoje, nossa conversa será demorada. — Ele diz e me encara — Vamos?
Sem saber o que fazer, olho para Damien e assinto. Ele bufa
impaciente, mas provavelmente entende que preciso dessa conversa e sai
pelo corredor de volta onde estávamos e eu fico na companhia de Andrei,
que me observa atentamente, parecendo estar me medindo, me avaliando
demais.
— Podemos ir. — Articulo a ele que assente e me pede para ir à
frente. Sei das intenções de Andrei, ele sempre dizia ter a falar comigo no
escritório quando me procurava, o conheço como a palma da minha mão,
mas isso não estará mais acontecendo.
Ao chegarmos ao escritório ele abre a porta de um ambiente
totalmente mudado, isso deve ser coisa de Donatella, já que ela administra o
lugar com Boris.
Em um momento de distração, Andrei me empurra contra a porta
empresando meu corpo a ela com o seu, uma das suas mãos está em minha
cintura enquanto a outra está em volta ao meu pescoço em um aperto suave
e, ao mesmo tempo, excitante.
— Você me deve uma explicação mais detalhada de tudo que fez
durante esses malditos cinco anos — ele fala empurrando o seu corpo
contra o meu na porta.
— Não lhe devo nada — digo e ele roça o seu sexo duro em minha
virilha, me imprensando mais na porta. Aproxima sua boca do meu ouvido
e coloca a ponta da língua em minha orelha sugando e depois mordiscando
leve e eu ouço a sua respiração em meu ouvido.
— Sabe — ele diz passando a ponta do dedo em meu pescoço —
Andei em New York esse tempo todo, conheci muitas mulheres, tive até um
relacionamento aberto com uma. — Fecho os meus olhos com a
constatação do que ele estava falando — Mas sempre que fodia com ela
pensava em você, somente assim eu conseguia sentir algo. Imaginar você
ali me incitava, eu a fodia pensando em você, mas sem sentimentos.
— Igual você fazia comigo, você me fodia como uma das muitas
que passavam pela sua cama, eu era a iludida que te amava, Andrei — digo
olhando em seus olhos. O que eu vejo me deixa desconcertada, ele tem os
olhos marejados, olhando-me fixamente.
— Eu as fodia Morgana, porque fazer amor eu fazia com você, e
droga! — Ele diz e dá um soco na porta me assustando — Eu te amava, eu
somente não sabia disso! — Meus olhos se enchem d’água, ele disse
amava. Tento empurrá-lo, mas ele é muito mais forte — E eu ainda te amo.
Eu te amo me entende? Eu te amo e não quero te perder para outro homem,
eu quero você, quero nosso filho.
— Você foi embora — digo com a voz embargada — não mente
para mim, Andrei.
— Eu sei. — Ele encosta a sua testa na minha — Me perdoa — ele
diz e se afasta passando as mãos pelos cabelos os bagunçando — Pensei
estar fazendo o certo. — Ele apoia as mãos na mesa ainda de costas para
mim — Mas vejo estar errado.
— Eu... Eu... — não tenho nem o que dizer diante a isso que ele
disse. não sei se posso acreditar que ele esteja dizendo a verdade, ele
sempre foi tão fechado, era raro às vezes em que ele passava a noite
comigo. Eu me apaixonei primeiro, fui a idiota em pensar que ele talvez,
quem sabe assumisse algo, esperei por algo que nunca veio — Você está
dizendo isso pelo Dimitry, não acredito em uma só palavra sua, não houve e
não há esse sentimento em você, não consigo acreditar nisso e... — Nem
acabo de falar por que ele me empurra com tudo contra a parede assaltando
a minha boca em um beijo quente e enlouquecedor.
Suas mãos vagueiam pelo meu corpo apertando meus seios e minha
bunda, enquanto sua língua vasculha minha boca e se enrola na minha.
Agarro seus cabelos com as duas mãos correspondendo ao seu beijo ainda
encostada na parede. Sua mão passa possessivamente em minha coxa,
abandonando meus seios ele me ergue fazendo minhas pernas o rodearem e
o agarrarem pela cintura, meu sexo fica colado ao seu por cima da calça
jeans que ele veste e mesmo assim sinto o quanto ele está duro.
Sua boca desce para o meu pescoço, onde ele dá leve chupões e
depois deposita beijos castos no lugar, ele agarra os meus cabelos com uma
mão e com a outra segura meu maxilar me fazendo encará-lo.
— Eu te amo. Nunca mais repita que não acredita, eu posso ter sido
um tolo, um idiota, o que quer que seja, todos os adjetivos possíveis, mas
uma coisa tenho certeza: eu amo você. Demorei a Admitir a mim mesmo
isso, mas agora tenho a absoluta certeza de que você é perfeita para mim.
Eu não estou deixando você ir da minha vida, eu a quero nela. Você é minha
Morgana — e me beija novamente com fúria, desespero. Reluto em seu
abraço até que separamos nossas bocas.
— Eu... Eu não quero. Preciso ir — digo tentando me soltar dele,
mas é inútil, ele é forte demais — Damien está me esperando e... — Ele me
pega novamente me beijando. Suas mãos grandes apertam minha bunda por
cima do tecido do vestido, uma delas deixa a minha bunda vindo parar na
minha coxa onde ele entra por dentro passando os seus dedos próximos ao
meu sexo, arfo em sua boca quando ele abandona a minha para falar.
— Nunca mais diga o nome dele, quando estiver comigo. —Fala
encostando seu rosto em meu ombro — É demais para mim, preciso
proteger você – diz e me olha — eu realmente preciso — passa a mão em
meu rosto em um carinho — Giancarlo Fabri matou meu pai, ele era um
homem perigoso. Eu tinha 18 anos quando aconteceu, na época não
entendia direito o motivo, mas tempos depois Boris me disse, sendo o mais
velho ele sempre soube que a vida dos nossos pais não era o que parecia ser
— ele diz me soltando e se afasta novamente.
— O que houve Andrei? Por que você precisa me proteger? —
pergunto.
— Não só você, mas como Dimitry também — ele se senta na
cadeira e coloca a cabeça entre as mãos e em seguida passa as mãos no
rosto — Ele tem filhos. — Ele diz franzindo o cenho.
— Como? O Advogado que me procurou em nome dele disse que
ele não... que ele não tinha herdeiros e que...
— Um dos motivos de ele ter matado o meu pai foi um dos seus
filhos — ele diz e eu fico perplexa diante da revelação.
— Seu pai matou o filho de Giancarlo? — pergunto confusa e ele
me olha.
— Pior que isso. Meu pai fez a pior coisa que um ser humano podia
fazer.
— O que ele fez? — pergunto assustada.
— Temos um irmão, Morgana. — Ele me olha sério — Entre mim e
Sergei, existe um filho fruto da traição da minha mãe com Giancarlo. — Ele
se levanta e caminha pela sala — Um dos motivos de eu ter me afastado de
você foi para te proteger, mas pelo visto falhei, ele te achou.
— Eu não estou entendendo Andrei, como?
— Simples Morgana. Minha mãe teve um caso rápido com
Giancarlo e desse caso nasceu um filho fruto da traição. Antes que eu fosse
embora recebi um telefonema de um homem que me dizia que iria matar
você. Ele já sabia antes de mim que eu nutria algo por você, ele estava de
olho o tempo todo. Eu não podia deixar que você morresse por algo sobre a
minha família, não tínhamos nada, então você não deveria pagar por algo
assim — ele fala e eu aperto os meus olhos.
— Vocês não sabem quem é? Digo, o seu irmão, quem ele é? —
pergunto receosa pela resposta.
— Não, não sabemos quem é — ele ri sem vontade — que porra,
nem sabemos quem esse merda é.
— E ele te odeia por quê? Que culpa tem você? — pergunto.
— Segundo ele, ou lá quem seja, eu estou em um lugar que pertence
a ele. Mas certamente ele não deve saber que não recebi o mesmo carinho
que meus irmãos, não sabe o que sofri pelo fato de minha mãe ter morrido
depois que nasci, eu carrego a culpa, a maldita culpa por ela morrer, tem
noção do que é isso? Eu não aguentaria carregar outra morte de alguém nas
minhas costas.
— Eu... Não sei o que dizer, eu não estou entendendo nada. —
Estou confusa, isso é o mínimo agora.
— Meu pai deu a criança a uma família russa, segundo Boris me
disse. Com certeza a família deve ter contado a verdade a ele, Giancarlo
Fabri matou o meu pai quando descobriu, não sei tem muita coisa
envolvida, uma parte envolve a sua mãe, eu não sei ao certo essa parte, ela
foi uma traidora. — A menção que a minha foi uma traidora me faz
arregalar os olhos — Não sei quem ele é, a única coisa que sei é que muitas
pessoas queriam o dinheiro dele, o poder sobre tudo, e essas coisas estão em
suas mãos. Não são pessoas que se deva brincar, são gente da pesada, por
isso preciso que você tome cuidado e que me deixe proteger você e Dimitry.
Quero assumi-lo, retirar o sobrenome Fabri dele, se permanecer ele corre
perigo tanto quanto você — diz me olhando e se levanta se aproximando de
mim — ninguém sabe disso, só você, não diga a ninguém mais. Essa é uma
parte de mim que nunca dividi com ninguém, até alguém ser atingido por
essa merda — ele pede enquanto assinto meio atordoada por tudo.
Deus! que história é essa?
Minha mãe, uma possível traidora, um filho perdido de Giancarlo
com a mãe de Andrei, que possivelmente conhece a mim e ao meu filho,
nossa vida em perigo.
Jamais imaginaria isso tudo, que giro a minha vida deu.
E o que fazer com Andrei agora depois disso tudo?
Não sei o que pensar, essa história me deixou perplexa, Andrei com
isso quer estar próximo a mim, mas não posso permitir, sei me cuidar, tenho
Damien, ele saberá me proteger e, além disso, não quero ser próxima a
Andrei nunca mais.
CAPÍTULO 10.

Dizer tudo sobre a minha vida, sobre o segredo que há muito tempo
vem sendo guardado pela minha família, não é fácil e nunca foi, me abrir
sobre isso foi inovador, contar isso a alguém foi diferente.
Morgana me faz sentir coisas que nenhuma outra mulher me fez
sentir. É uma coisa diferente de tudo o que posso dizer que já senti na vida e
ainda mais, saber que ela me deu um filho. Que eu o tinha durante esse
tempo, foi assustador, mas ao mesmo tempo, gratificante e excitante.
— Andrei? — escuto Morgana me chamar ao longe e sou tirado dos
meus pensamentos.
— Sim — viro meu rosto para olhá-la.
— Eu preciso ir agora, Damien está me aguardando, vou embora
para casa, verificar Dimitry. — Ela diz se dirigindo até a porta, antes de
abri-la, com a mão repousada sobre a maçaneta, ela se vira para me olhar —
Você pode ir ver Dimitry quando quiser, afinal você tem seus direitos, só
não diga a ele a verdade eu mesmo quero dizer.
— Você não disse a ele quem era o pai dele? — pergunto a ela que
me olha aturdida — Não disse ao menino que ele tinha um pai?
— Ele sabe que tem um pai, eu somente não disse quem era. — Ela
solta um suspiro e volta de encontro a mim, parando bem próximo. O seu
perfume invade os meus poros e eu me recordo que ela ainda continua
usando o mesmo de sempre — então talvez seja melhor você ir vê-lo
quando eu disser tudo a ele.
— Você ainda usa o mesmo perfume. — Ela me encara, seus olhos
castanhos avermelhados me analisam.
— Não venha com essa conversa, você nunca sequer percebeu nem
a roupa que eu usava — ela diz amargurada.
— Isso não é verdade. — Digo contrariado.
— E também não é como se fosse ao contrário. — diz impaciente —
Bom, preciso ir, Damien está me esperando — ela se volta para ir até a
porta e eu vou atrás dela.
— O que vocês têm um com o outro? — pergunto enfurecido a
encurralando na porta atrás de si — Por que se importa tanto que ele esteja
ou não te esperando? Você nem sabe quem ele é. — digo olhando dentro
dos seus olhos que me encaram brilhantes — Você não o conhece tanto o
quanto me conhece, você sabe disso — digo inspirando o cheiro do perfume
impregnado em seu pescoço. Ela tenta se afastar, mas seguro seus punhos
acima de sua cabeça quando tenta me empurrar pelo peito. Seu toque de
encontro a minha pele queima, eu a tenho cativa e quando me aproximo de
sua boca uma batida na porta me atrapalha a consumar o que eu queria.
As batidas são insistentes e fazem eu me afastar dela e de seu corpo.
Ela se desencosta da porta ofegante a abrindo logo em seguida, dando de
cara com o homem que agora está em meu caminho.
— Você estava demorando, pensei que houvesse acontecido algo. —
Ele diz olhando em minha direção.
— Por um acaso imaginou que eu iria matar Morgana? Nota-se que
você não me conhece. — Falo a puxando para atrás do meu corpo — Ela
me conhece o suficiente, você não acha?
— O que eu acho ou não, não vem ao caso. Agora, se me der
licença, vim buscá-la para irmos embora. Lyssa me ligou e disse que
Dimitry está acordado perguntando por nós. — Ele diz me fuzilando com o
olhar.
— Podemos ir Damien eu já terminei meu assunto com Andrei. —
Morgana diz passando por mim indo de encontro a ele.
— Não acabamos ainda. Quero saber quando posso ver meu filho —
digo e uma risada ecoa pelo escritório — Está rindo do que, posso saber? —
perguntei ao filho da puta rindo ao lado da minha mulher.
— Você agora quer saber do filho da Morgana? Durante todos esses
anos ela viveu bem sem você e Dimitry também. — Ele acusa puxando
Morgana para um abraço — não irei permitir que agora você venha com
essa “de meu filho” — ele diz se virando levando consigo Morgana que
parece estar perdida até que arregala os olhos como se lembrasse de algo.
— Damien como você sabe de tantas coisas? — ela pergunta.
— Você me contou Morgana, logo quando chegou não se lembra?
— ela franze o cenho confusa e me olha.
Faço uma negativa com a cabeça.
— Não me lembro, se bem que estava muito cansada quando
cheguei, às vezes posso ter falado algo. — Ela diz coçando a testa em um
gesto que eu conheço muito bem quando ela está confusa.
— Seja como for — digo chamando a atenção de ambos — amanhã
irei ver meu filho queira você — aponto o dedo para Damien — ou não.
— Veremos então — ele diz — não abandonarei Morgana com você
e muito menos o menino, que me vê como pai. — Ao dizer isso avanço em
sua direção o encurralando na porta com o meu antebraço preso ao seu
pescoço forçando sua garganta.
— Nunca repita que ele te vê como pai, porque você não é — digo o
imprensando mais — o pai dele sou eu, e ele vai saber disso e então, não
será preciso você e sua presença insignificante.
— Vocês sempre se trataram assim né — ele diz me empurrando —
os irmãos Nickolaievy sempre um melhor que o outro.
— Não fale da minha família. Você não sabe de nada — vocifero.
— Parem por favor! Vamos embora Damien — Morgana intervém o
chamando para fora — Andrei nos falamos amanhã, venha Damien! — ela
o puxa pela mão para sair, mas ele se desvencilha dela partindo para cima
de mim me desferindo um soco na boca — Damien por favor, pare! —
Morgana diz vindo em minha direção me empurrando de encontro a mesa
— Não revide — ela sussurra e coloca a ponta o dedo no machucado que se
formou — Nos falamos amanhã — ela diz e se afasta saindo puxando o
filho da puta pela mão.
— Era só o que me faltava — falei para mim mesmo, enquanto
procurava por álcool e algodão para cuidar do ferimento em minha boca —
Isso não vai ficar assim. Esse desgraçado não vai me afastar do meu filho,
não mesmo. Preciso saber quem ele é e de onde conhece a minha família.
Retorno para casa mais cedo do que eu imaginava. Esse encontro
com Morgana reacendeu tudo em mim e com mais intensidade. Lutarei por
ela para ter seu amor de volta, para ter o meu filho. Vejo meu irmão com a
sua família e sinto uma coisa diferente do que eu sentia antes.
Ao entrar na sala vejo meu irmão sentado no sofá com um copo de
Uísque na mão.
— O que aconteceu com você? — ele me pergunta enquanto eu me
sento no sofá.
— Morgana aconteceu — digo me encostando no sofá — a
encontrei no clube.
— Ela te bateu? — ele pergunta com um riso contido.
— Antes fosse, ela estava acompanhada. — Pondero amargo.
— E o acompanhante certamente não gostou de sua presença
suponho. — Ele diz bebericando o líquido de dentro do seu copo.
— Ele não quer que eu me aproxime do meu filho, como se ele
fosse o dono da vida do meu filho e da mãe dele — falo soltando uma
risada incrédula. — Acredita nisso?
— Quem é ele? — meu irmão pergunta.
— O segurança dela, acho que ele pensa que eles têm algo. — Digo
pousando a minha cabeça entre as mãos e esfregando o rosto.
— E eles não têm? — ele me pergunta — Para ele defendê-la tanto?
— questiona vagamente.
— Ele falou sobre nossa família — digo o olhando — ele nos
conhece, eu preciso saber quem ele é.
— Todas as pessoas nos conhecem Andrei — ele diz virando o
último gole da sua bebida.
— Pode ser Boris, mas algo me diz que esse homem esconde algo e
eu vou descobrir.
— Como quiser Andrei, faremos isso, mas em relação ao menino, o
que você e Morgana decidiram?
— Nos falaremos amanhã, quero os meus direitos de pai, já que o
menino é meu. Não vou permitir que outro ocupe na vida dele o meu lugar.
— Desde quando você ficou assim tão família? — Boris pergunta.
— Desde que me descobri pai, desde que soube que aquele menino
travesso era meu filho e a convivência aqui com os seus filhos me fizeram
mudar — digo a ele que se ajeita na cadeira me olhando.
— E Morgana? — pergunta me analisando.
— Eu a amo irmão, não tem como negar e me arrependo
amargamente de ter ido embora — digo e no mesmo instante me lembro do
problema que está prestes a desembarcar na minha vida, poderia acontecer
tudo menos isso agora.
— Entendo, então amanhã vamos investigar a vida toda desse
homem que está ao lado de Morgana e tirar essa cisma que você está, se ele
for alguém do qual devemos nos livrar você tem permissão para dar cabo da
vida dele — ele diz.
— Não é cisma, eu tenho certeza — digo me levantando — agora eu
vou tentar dormir porque amanhã tenho um problema enorme
desembarcando por aqui e eu preciso despachá-la.
— Que problema? — meu irmão pergunta se levantando também e
juntos caminhamos em direção aos nossos quartos.
— Leila — bufo contrariado — Leila Smith chega amanhã de
manhã e me colocou na obrigação de recebê-la no aeroporto.
— E você vai? — ele pergunta.
— Tenho escolha? — pergunto e olho para ele.
— Sabe que Donatella não gosta dessa mulher, não sabe?
— Eu sei irmão, mas não a trarei aqui, se for possível amanhã
mesmo a mando de volta para os Estados Unidos.
— O que ela quer?
— Não sei, ela só me disse que precisa vir para resolvermos algo
pendente, não sei do que ela quer falar.
— Tudo bem, então até mais tarde irmão — ele diz me dando
tapinhas leves nas costas.
— Até irmão — digo e sigo para o meu quarto, hoje será um longo
dia.

Rolei a noite toda sem conseguir pregar os olhos. Levantando tomo


um banho, faço a minha higiene pessoal, visto um conjunto de terno três
peças e desço para encontrar todos a mesa.
— Bom dia!
— Bom dia — Boris me responde seguido das crianças — Bom dia,
tio!
— Bom dia, cunhada — falo a Donatella que me dá um aceno de
cabeça — O que há com você? O gato comeu a sua língua? — pergunto e
ela me dá um sorriso irônico.
— Não querido cunhado, não comeu não, eu apenas estou evitando
falar.
— Interessante, Donna. Pode me contar mais sobre o assunto? —
pergunto a ela que me fuzila com os olhos.
— Morgana me ligou, você definitivamente decidiu atormentá-la.
Deixe-a em paz, é o melhor que você faz.
— Não é bem assim, Donatella. Nós conversaremos, tenho os meus
direitos e ela sabe disso e concorda.
— O direito você perdeu quando a abandonou grávida!
— Eu não sabia, ela não me disse. Quantas vezes terei que falar
isso? — falo entre dentes.
— Porque não deu a chance de conversa a ela, mas seja como for,
não irei me intrometer. Vocês dois são adultos, mas pensem no menino
antes de qualquer decisão. — Ela diz e se levanta — Com licença! — sai
nos deixando a mesa.
— Releve Andrei — Boris me diz — são amigas, naturalmente ela
iria defendê-la.
— Tudo bem, não me importo com isso — digo e olho para o meu
relógio — bom tenho que ir, preciso resolver esse problema primeiro antes
de falar com Morgana.
— Mas você nem tomou café. — Ele me lembra apontando a mesa,
mas eu não sinto fome.
— Não se preocupe, eu vejo alguma coisa no caminho. Apenas peça
em meu nome ao pessoal do T.I. que investigue a vida de Damien Slovack
quero saber tudo. — Digo me levantando.
Me despeço do meu irmão e saio rumo ao aeroporto, preciso me
livrar de Leila quanto antes.

Trinta minutos de trânsito infernal cheguei ao aeroporto. Após os


homens fazerem uma varredura no local discretamente entro no aeroporto.
Não queria estar aqui, mas antes que esse problema me procure em casa e
me arranje mais problemas com a minha adorável cunhada decidi vir e ver o
que essa mulher quer. Deixei as coisas bem claras com ela quando disse que
viria embora, o que ela quer comigo novamente?
Ando pelo saguão até que a vejo rodeada por malas que parece que
veio para ficar e isso não me agrada nenhum pouco, me aproximo, mas ela
não me percebe, pois está de costas. Ouço-a falar ao telefone parte da
conversa.
— Já cheguei na Rússia — pausa — não se preocupe, está tudo
bem! — pausa — eu sei, irei dizer — pausa — okay entendi — ela se vira e
me encara seus olhos se arregalam — preciso ir agora — pausa — sim até!
— desliga o telefone o guardando na bolsa.
— Como vai Leila? — pergunto a ela que respira fundo e me
encara.
— Estou bem, Andrei. Senti saudades. — diz se aproximando no
intuito de me abraçar, mas eu a afasto — Não posso te abraçar?
— Não estou aqui para sentimentalismos, o que veio fazer aqui? —
pergunto sendo direto.
— Eu... preciso falar com você. — Ela fala e eu reviro os olhos.
— Você já disse isso, mas qual a necessidade de você vir até aqui?
— Eu não tenho para onde ir! — ela fala e eu ergo uma sobrancelha.
— Como é? — pergunto sem entender.
— A pessoa que comprou a sua parte do negócio não só ficou com a
sua parte, como todo o resto. Estou na miséria, compreende?
— Mas como? Seu pai não havia deixado tudo para você? —
pergunto achando estranho.
— Eu imaginava que sim, mas não. Ele fez um mau negócio e todos
os negócios dele estavam hipotecados não sei como, mas o novo dono da
sua parte ficou com tudo, pois comprou as dívidas.
— E o que eu tenho a ver?
— Preciso que você me ajude!
— Eu te ajudar? Não vejo como. Eu não posso fazer nada, não
temos mais nada a ver um com o outro e isso... — ela me interrompe.
— Você não pode abandonar a mãe do seu filho na rua!
— O quê? Que filho? Do que está falando? Eu não...
— Estou grávida, Andrei. Você será pai!
— Eu... não como? — solto uma risada nervosa.
Isso não é possível.
— Isso mesmo. Estou esperando um filho seu, então precisamos nos
casar, essa criança não pode vir ao mundo sem seus pais juntos.
— Calma aí, você está me dizendo que esse filho é meu? —
perguntei incrédulo, pois sempre usei camisinha. Sempre me preveni, isso
não pode estar acontecendo.
— Muito seu e você sabe disso, não posso criar essa criança
sozinha, você tem obrigações comigo agora, não pode me abandonar como
já fez uma vez com uma mulher, a diferença entre mim e ela é que eu tenho
um filho e ele precisará de você.
— Não pode ser! — a notícia é como um balde de água fria em
todos os meus planos.
— Podemos ir para a sua casa? Estou cansada da viagem — ela
pergunta.
— Minha casa? Não! Sabe que minha cunhada não gosta de você.
— Falo a ela que faz uma careta.
— Mas ela terá de aceitar, afinal seremos cunhadas, não é?
— Não disse nada em relação a isso, iremos ver essa questão, para
eu ser presente na vida dessa criança que você diz ser minha, não
precisamos estar casados.
— Não irei discutir isso agora — ela diz contrariada — iremos nos
casar, não quero que meu filho seja taxado na escola de filho sem pai — ela
diz e passa por mim indo em direção a saída, me deixando parado no
saguão.
Eu sabia que Leila era problema, só não sabia o quanto!
CAPÍTULO 11

Saio do escritório do clube acompanhada por Damien que mantém


uma postura séria e rígida enquanto andamos pelo corredor que dá acesso
ao interior do clube, em nenhum momento ele me dirige a palavra enquanto
estou em chamas, louca para despejar umas boas. Coisa que eu odeio é que
tomem decisões e que falem por mim quando eu mesma posso fazer isso.
Passando pelo salão olho para o bar por onde anos trabalhei, onde vi
de tudo. A recordação de um passado volta com força, momentos únicos
que vivi aqui, mas sou tirada dos meus devaneios pelo chamado de Damien
e vejo que estou parada em frente ao bar com o pensamento longe em um
momento que não voltará mais.
— Morgana! Vamos embora? — Damien me pergunta.
— Vamos sim, precisamos conversar para estabelecer algumas
regras — digo a ele que me encara confuso.
— Regras? De que regras está falando? — ele pergunta e dessa vez
sou eu quem o encaro.
— A parte em que eu não permito que decidam por mim coisas das
quais eu, quem devo decidir.
— Me diga que você está brincando? Quando eu tomei alguma
decisão por você? — ele pergunta.
— Quando? Nem deveria fazer essa pergunta. — Respondo
querendo encerrar o assunto — Agora vamos embora, preciso ver Dimitry
— digo passando por ele indo em direção a porta de saída onde vejo ao
longe Andrei entrar em seu carro para certamente ir embora ou ir para
algum outro lugar.
— Está com raiva por causa dele? — Damien pergunta parado ao
meu lado observando Andrei ao longe — Uma coisa que deve entender, ele
te abandonou quando você mais precisava dele em sua vida. Lembre-se
disso quando for tomar uma decisão, já que não gosta que os outros as
tomem por você! — diz e sai pela porta nem me dando a chance de
resposta.
Eu não entendo o que houve hoje dentro daquela sala, o porquê
parece que Damien nutre algum ódio por Andrei, isso é uma coisa muito
estranha. Se de fato eu pensar pelo lado de Damien ele em certo ponto está
certo, mas, por outro lado, Andrei, tem seus direitos e agora que ele sabe da
existência de Dimitry, eu não posso sequer pensar em restringir esses
direitos, apesar de que ele não me faria nenhum mal.
Ao entrar no carro encontro um Damien calado e pensativo. Ele não
me olha e não fala nada, apenas liga o carro e assim partimos de volta para
casa.
Ao chegarmos em casa tudo está quieto e calmo, então
provavelmente Dimitry dormiu novamente. Quando estou me dirigindo em
direção às escadas, a voz forte e grave de Damien me detém.
— Então será assim? — sem entender a que ele se refere, me viro
para o olhar.
Ele se encontra encostado no batente da porta com os braços
cruzados, a camisa evidenciando os braços fortes. Damien é uma tentação
para qualquer mulher.
— Do que está falando? — pergunto retornando e colocando a
minha bolsa em cima do sofá. Ele acompanha todos os meus movimentos
com os olhos coçando a barba por fazer.
— Você... — ele diz se desencostando da porta e caminhando
lentamente em minha direção. Ele se aproxima e coloca as mãos no bolso e
olhando para baixo, pelo fato de ser uns bons centímetros mais alto que eu
— Você ainda ama aquele homem — em seu tom sinto que não é uma
pergunta e sim uma afirmação.
— Por que está me perguntando isso? — não gosto de falar de
sentimentos, ainda mais com alguém que não conheço direito — Do que
isso lhe interessa realmente?
— De muitas maneiras, suponho. — diz se afastando de mim,
retirando as mãos do bolso, passando-a pelo rosto. — Eu poderia fazer você
esquecê-lo se isso fosse o seu desejo — fala se virando para mim —
poderia ser um pai para Dimitry, um homem para você, seu protetor, seu
amigo, seu companheiro, tudo o que você quisesse.
— Do que você está falando? Damien eu... olhe só, nós nem nos
conhecemos direito isso... — suspiro — quanto a questão sobre gostar de
Andrei, você...
— Não estou dizendo sobre gostar — ele diz me interrompendo —
estou dizendo de algo muito maior, eu não posso acreditar que mesmo
depois de tudo que ele te fez você ainda está abrindo as portas de sua vida
para ele novamente — ele diz balançando a cabeça em negação — É isso?
É disso que você gosta?
— O que você... — ele me agarra pela cintura e fecha umas das suas
mãos em meu pescoço, dando um leve aperto me fazendo encará-lo —
Damien por favor, o que você...
— Shiuuu! Calada! Deixe que eu leve você — ele diz beijando o
meu pescoço enquanto sua outra mão aperta a minha cintura. Ele se aperta
em mim e eu sinto o seu membro rígido sob a sua calça. Solto um suspiro e
agarro os seus cabelos correspondendo aos seus estímulos — É disso que
gosta? Que te levem a borda? — pergunta enquanto sua mão esquerda desce
pela minha coxa me erguendo me fazendo agarrá-lo com as pernas. Ele me
leva até o sofá me jogando em cima dele, em seguida retirando sua camisa
mostrando os peitos lisos com uma enorme tatuagem que cobre grande
parte do seu peito esquerdo. — Gosta do que vê? — pergunta pousando seu
corpo grande refletido a meia luz da sala em cima de mim — Te agrada?
— Eu... Damien nós... isso... — Não sei o que dizer, eu não sei o
que ele pretende.
— O que foi? Do que tem medo?

— Eu não tenho medo de nada, eu só acho que…


— Deixe-me te levar, você não vai se arrepender — diz abaixando a
sua boca na minha. Passa a língua em meus lábios puxando o inferior com
os dentes.
Inicia o beijo, com sua língua pedindo passagem para possuir a
minha boca, o puxo para mais perto e permito que ele me beije como quiser,
seu beijo é quente, molhado, dominador. Suas mãos vagueiam pelo meu
corpo e seus dedos encontram minha fenda encharcada por cima da
calcinha, não sei o que há comigo, mas eu o desejo, eu o quero. O abraço
com as pernas o trazendo mais para perto, fazendo-o roçar em mim, seus
dedos dedilham minha boceta e em um movimento rápido ele rasga minha
calcinha me deixando nua.
— Damien o que você está fazendo? Dimitry pode acordar e nos
pegar aqui e... — Ele me silencia com um beijo cheio de desejo e
possessão, seus dedos me invadem com uma destreza e logo encontram o
meu ponto me levando a borda inúmeras vezes.
— Gosta disso? Está gostando que eu te leve? Você me quer,
Morgana?
— Eu...
— Me quer? Diga sim, que eu te darei tudo o que você quiser essa
noite. — Enquanto diz isso, seus dedos continuam a me dedilhar, enquanto
a sua outra mão massageia um dos meus seios, dando um leve puxão no
bico que está duro devido à excitação. Sua boca desce pelo meu pescoço
dando leves chupões. Encontrando um dos meus seios, o toma em sua boca.
O chupando fode minha boceta com os seus dedos — Diga sim, Morgana.
— Continua descendo pelo meu corpo até que sua boca encontra meu
clítoris onde ele passa a ponta da língua em minhas dobras com seus dedos
se movem dentro de mim me levando ao primeiro orgasmo. Quando ele
retira seus dedos de dentro de mim, os leva em sua boca, degustando-os —
Seu gosto é doce. — em seguida começa chupar meu clítoris, enfiando sua
língua em minha entrada. — Diga sim, Morgana, me permita fazer mais do
que isso. — Estou em uma névoa de desejo que nem presto a atenção no
que respondo. Só sei que de repente Damien se afasta de mim, limpando
sua boca procurando sua camisa que logo ele encontra a vestindo
novamente.
— Damien? — pergunto a ele sem entender — O que você...
— Andrei Morgana? É sério? Não, eu não posso — ele diz me
olhando enfurecido — você ainda o ama e ainda é capaz de me chamar pelo
nome daquele canalha! — cansada dessa conversa, me levanto, arrumo meu
vestido e o encaro.
Ele me olha sem piscar, sua feição demonstrando raiva.
— Olha só, sobre a questão sobre amar Andrei que você por um
acaso mencionou, pode ser que eu ainda o ame, afinal temos uma história
juntos e...
— Ah, claro. Muito convincente e racional da sua parte — ele diz
rindo sem humor — será que você pensa que por ter tido uma aventura com
ele no passado acha que o conhece?
— E você o conhece Damien? — ele me olha aturdido — O
conhece para afirmar tudo que diz? Ele pode ter me abandonado, feito o que
fez, ter quebrado o meu coração, mas teve certos momentos que ele esteve
lá para mim. Quando algum bêbado do clube achava que tinha o direito de
me perturbar, ele estava lá. Então o momento que eu mais precisei ele pode
não ter estado e eu me sinto uma idiota por ainda pensar nele por ainda
amar, mas isso não acaba assim de uma hora para outra. Quando você amar
um dia vai realmente saber disso — dizendo isso pego a minha bolsa em
cima do sofá e quando vou passar ele agarra o meu braço me fazendo o
olhar.
— Aquela família não presta Morgana e um dia, você vai me dar
razão.
— Por que está me dizendo isso tudo? Por que se importa tanto? —
meus pensamentos me levam para a conversa que tive com Andrei em seu
escritório e eu começo a acreditar que Andrei tem razão em algo.
— Eu gosto de você Morgana — ele diz e acaricia meu rosto — eu
queria ter você para mim sem empecilhos, mas vejo que enquanto ele existir
você nunca me verá como homem.
— Damien...
— Não diga nada. — Ele diz me interrompendo — Boa noite,
Morgana. — Dizendo isso ele sai pela porta me deixando estacada no meio
da sala e com mil pensamentos rondando a minha cabeça, dando um suspiro
decido subir para o meu quarto para um banho e descansar, a noite de hoje
foi demais para mim.
Subindo as escadas ao chegar no corredor paro na porta do quarto de
Dimitry. Abro a porta e encontro Lyssa sentada em uma cadeira ao seu lado
com a cabeça deitada ao lado da sua no travesseiro e segurando a sua mão.
— Lyssa? — a chamo que desperta assustada olhando para todos os
lados — pode ir dormir na sua cama, eu cuido dele por agora, vá descansar
— ela se levanta e agradece saindo do quarto fechando a porta logo em
seguida.
Olho para Dimitry e me sento na cadeira ao seu lado e o observo,
tão Andrei até no jeito de dormir. Amanhã terei que lhe dizer a verdade lhe
contar sobre o seu pai e sei que isso é o que ele mais quer, saber sobre seu
pai, conhecê-lo, saber quem ele é. Só espero não decepcionar o meu filho,
quando lhe apresentar o seu pai.
Dando um beijo em sua testa me despeço dele e saio de seu quarto
sem fazer barulho e vou para o meu, tomo um banho quente e quando saio
do banheiro meu celular vibra em cima do móvel da cabeceira da cama e
vejo a notificação uma mensagem de Donatella.
— Você está bem? — adoro a preocupação da minha amiga, então
decido ligar para ela que apesar da hora está acordada, o telefone chama e
no terceiro toque ela atende.
— Oi! Como você está? — a pergunta me faz sorrir de sua
preocupação e então conversamos sobre tudo que aconteceu hoje no clube e
até sobre Damien...
Após o término da ligação me deito em minha cama e adormeço.

Devido ter ido dormir muito tarde ontem falando com Donatella
acabei perdendo a hora, acordando uma hora mais tarde do que o previsto.
Me levanto e vou para o banheiro onde faço a minha higiene pessoal
e tomo um banho. Escolho um conjunto de saia e blusa pretos com um salto
também na mesma cor, uma maquiagem leve e opto por deixar os cabelos
soltos em ondas definidas por todo o comprimento das minhas costas.
Arrumando as minhas coisas para descer, meu celular vibra com
uma notificação de mensagem; quando olho para o visor, noto ser de um
número desconhecido e eu só não estava preparada para ver o conteúdo que
havia nela...
CAPÍTULO 12

Contrariado... essa é a palavra...


Faço um sinal discreto para um dos homens que me acompanharam
até o aeroporto, ele rapidamente se aproxima.
— Pegue essas malas e leve para o meu carro — ordeno.
— Como o senhor quiser — ele responde pegando as malas
imediatamente e as levando pelo saguão para guardá-las no carro.
Coloco os meus óculos pretos e ajeito o terno e saio pelo aeroporto
procurando a senhora problema. Preciso me livrar dela quanto antes. Se ela
pensa que estou caindo nesse papinho que ela está grávida e que o filho é
meu, ela está muito enganada. Se tem uma coisa que aprendi nessa vida foi
que mulher se acha esperta demais, mas elas sempre deixam fios soltos e eu
saberei qual é o seu ponto, afinal não sou tão idiota como ela pode pensar.
Nunca ninguém mentirá para mim, nem mesmo ela. E algo me diz que ela
está mentindo.
Chegando do lado de fora vejo Leila falando com um homem
estranho que assim que me vê se afasta dela, ela corre para mim e pula em
cima do meu corpo me abraçando a ponto de quase cair então a seguro para
evitar a queda em pleno aeroporto.
— O que é tudo isso? — pergunto irritado. Não gosto de exibições
públicas.
— O que foi amor? Podemos ir? Quero matar a saudade. — Ela diz
fazendo bico, o que a deixa ridícula.
— Se recomponha, essa sua atuação está ridícula e desnecessária —
digo arrumando novamente o meu terno e a afastando de mim.
— Você não pode tratar a mãe do seu herdeiro assim, Andrei. — Ela
diz contrariada — iremos nos casar e você não pode tratar a sua futura
esposa desse jeito.
— Quem disse que iremos nos casar? — questiono olhando para ela
que me olha com os olhos semicerrados — se realmente você estiver
grávida e for meu assumirei, mas não me casarei com você e só para constar
eu já tenho o meu Herdeiro não que isso venha lhe interessar.
— Como? — ela pergunta parecendo confusa — Como assim já tem
seu Herdeiro? Eu não sabia disso, como eu não soube — ela divaga.
— E por que deveria saber? — pergunto.
— Por nada, podemos ir — ela responde e segue pensativa. Abro a
porta do carro por questão de educação, não que eu queira realmente fazer
as honras de sua visita. Bato a porta com uma certa raiva, dando a volta
adentro ao interior do mesmo.
— Irei te instalar em uns dos hotéis que possuo — digo sem olhar
para ela. Ligando o carro logo em seguida o coloco em movimento
— Eu quero ficar em sua casa, não posso ficar sozinha — ela diz me
fazendo olhar para ela assim que paro no sinal vermelho na saída do
aeroporto.
— Você sabe muito bem que na minha casa não pode ficar,
Donatella não gosta de você.
— Ela não me interessa — ela diz colocando os seus óculos de sol
— vou morar com você na casa onde vive, ou, você vem morar comigo
onde quer me enfiar...
— Ou você pode voltar para os Estados Unidos — digo a cortando e
no mesmo instante. Ela retira os óculos e me encara — não pense que pode
me pressionar, eu não sou levado desse jeito.
— Não se esqueça de que eu sei o que vocês fazem e o que são —
ela diz em um tom de deboche.
— Por isso mesmo deveria medir suas palavras. — Aponto o óbvio
parando o carro no meio fio. — Não pense que pode me ameaçar Leila,
quando começamos aquilo que tivemos era consensual da sua parte e sem
compromisso. Em nenhum momento eu disse que te amava ou te dei
esperança de algo mais, então não aja como se não soubesse disso — ela me
olha com a raiva faiscando em seus olhos.
— É por causa dela, não é? A vagabunda que você deixou aqui
quando foi embora e se consolou comigo nos Estados Unidos e agora ela
diz que tem um filho seu e você acredita? Faça-me rir Andrei. — Ela diz
desdenhosa e quando olho para ela uma raiva sobe a minha cabeça, retiro os
meus óculos e sem pensar muito agarro seu pescoço a fazendo olhar para
mim.
— Primeiro; não a insulte, ela é mais digna que você, pois ela não
me procurou ou sequer cogitou me prender em uma relação por conta de um
filho. Ela cuidou dele sozinha durante todos esses anos. Segundo; o menino
é a minha cara, mesmo que ela dissesse que não era meu, não teria como
negar, e mais uma coisa; realmente eu faço. Eu não posso me casar com
quem não amo me entende? Eu sempre a amei Leila, mesmo quando eu
estava me enterrando em você era nela que eu pensava — dizendo isso
largo o seu pescoço e seus olhos estão cheios de água.
— Você é um cafajeste, um cretino, um ordinário, um... — Ela não
termina sua sessão de xingamentos, pois desaba em choro e eu reviro os
meus olhos.
— Foi o que eu pensei, mulheres! — balanço a cabeça em negativa
e recoloco os meus óculos, ligando o carro e entrando no tráfego
novamente.
Não a levarei para a minha casa no convívio dos meus sobrinhos, eu
ainda me livrarei dela, só preciso saber como.

Após trinta incansáveis minutos chegamos ao Akvarel, um dos


hotéis pertencentes à minha família. Ela olha para a fachada e me olha de
volta.
— Você vai me deixar aqui realmente?
— Acho que não foi por falta de aviso, você já sabia que iria ficar
aqui, então, não é novidade. — Digo sem me importar porque realmente
não importa. Saio do carro e logo o manobrista se aproxima.
— Senhor! — ele me cumprimenta.
— Abra a porta do carro para a senhorita que está ali dentro — ele
me olha sem entender, mas obedece e logo em seguida Leila desce do carro
com a cara de poucos amigos.
— Nem para ser cavalheiro e abrir a porta? — ela pergunta e me
olha.
— Vou instalar você no apartamento, já estou sendo cavalheiro
demais. — Discorro sem me importar — Eu tenho coisas a fazer, então
serei breve.
— Quando irá me levar até a sua casa para contar a novidade ao seu
irmão e sua adorável cunhada? — me viro para ela.
— Amo a minha cunhada e ela é mesmo adorável — digo chegando
ao guichê. A recepcionista que já passou algumas vezes pela minha cama
me atende toda sorridente.
— Senhor! Posso ajudá-lo? — ela pergunta se debruçando em cima
do balcão mostrando as curvas dos seus seios por entre a fenda do uniforme
da recepção. Me aproximo dela me debruçando também a chamando para
mais perto.
— Em outros momentos você me seria de grande ajuda, mas agora
não; então se certifique que essa senhorita esteja bem instalada no meu
apartamento e você me ajudará muito. — Ela sorri enrolando as pontas dos
cabelos amarrados em um rabo de cavalo nas pontas do dedo — E mais
uma coisa, não se ofereça tanto assim, os homens que devem procurá-la não
ao contrário. — Seu sorriso morre no mesmo momento e ela se afasta
tomando a pose profissional que seu cargo lhe exige.
— Como quiser, senhor Nickolaievy — ela responde de forma
profissional e eu sei que feri o seu ego feminino.
— Até que horas irá ficar de paquera com a recepcionista? — a voz
atrás de mim se manifesta e toda a magia do momento se acaba.
— Kortana vai lhe instalar no quarto. Eu vou indo tenho um
compromisso agora inadiável se é que você me entende — digo a ela que
abre a boca em um “Ó”.
— Você vai me largar aqui? É sério isso? Nem vai subir para me
instalar? — ela pergunta.
— Não sinto muito, mas eu não posso, vou encontrar meu filho
agora.
— O quê? Vai me largar aqui por causa desse pirralho que...
— Cale a boca! — digo e ela arregala os olhos — Estou indo, como
eu disse. Não me faça repetir as mesmas palavras que lhe disse no carro e
sinceramente posso repetir se você não entendeu. — Ela não diz nada
virando as costas para mim — Faça seu trabalho — digo a Kortana que
assente.
Chamo um dos seguranças que se aproxima.
— Fique de olho nela. Quero todos os seus passos monitorados e
envie relatórios ao chefe da segurança, procurarei por eles depois, então
faça seu trabalho.
— Sim senhor!
Alinho o terno e coloco os meus óculos antes de dar uma piscadela a
Kortana que sorri sem graça. Passo por Leila, mas não antes de me
aproximar perto de seu ouvido e sussurrar: — espero que tenha uma boa
estadia, até logo. — Me afasto dela, mas ainda posso ouvir ela responder —
Pode apostar que terei, querido. — E no mesmo instante um frio percorre
toda a minha espinha, preciso me livrar de Leila quanto antes.

Ao sair do Hotel e me livrar da presença forçada de Leila, decido ir


à procura de Morgana na ASKOV.
Nossa conversa ficou marcada para hoje e eu não vejo a hora de ver
o meu pirralho, de conhecê-lo, de fazer parte da vida dele.
Vou seguindo pelas ruas de Moscou, cantarolo uma canção russa
Lullaby até percorrer todo o percurso para chegar na empresa dela.
Quem diria que um dia, Morgana seria uma mulher de negócios?
Estaciono meu carro em uma vaga quando chego e sigo para a
portaria. Pego o crachá de visitante, entro no elevador e subo os inúmeros
andares até chegar à presidência. Ao abrir entro na ampla recepção e a
secretária que atendeu a mim e a Boris da primeira vez se levanta de seu
assento e vem ao meu encontro.
— Posso ajudá-lo? — a voz doce e mansa poderia até fazer meu pau
subir e eu a convidaria para um jantar e quem sabe depois eu, ela e uma
cama e muitos orgasmos, mas realmente sei o que quero e prefiro não me
arriscar, pois Morgana é o diabo em saia.
— Estou à procura de Morgana Layeshi — falo a ela.
— Ela não virá hoje — ela me diz e eu franzo o cenho desconfiado.
Será que ela está se escondendo de mim?
— Ah! Okay, muito obrigado — agradeço e me viro em direção ao
elevador, entro nele e desço até a portaria devolvendo o crachá e decidido
entro no meu carro indo direto a sua casa, ela não vai escapar de mim não
dessa vez.

A casa de Morgana não é muito longe, dirijo devagar pelas ruas do


lugar até que encontro. Trata-se de um condomínio fechado.
Estaciono na rua que sai em frente ao grande portão e como se a
sorte estivesse do meu lado, o portão se abre para a saída de alguém. Sem
pensar muito, assim que o carro sai, acelero e passo por entre o portão com
tudo não dando a chance aos seguranças de nem ao menos avisá-la que eu
estou aqui.
Paro o carro no meio fio de uma rua qualquer e desço com a minha
melhor cara de paisagem, começo a caminhar pela calçada e encontro um
senhor e decido perguntar a ele já que não sei qual casa é a dela.
— Bom dia, sou novo aqui no condomínio, estou procurando a casa
de uma amiga Morgana Layeshi, o senhor conhece, sabe onde é? — ele me
avalia por um tempo, mas decide responder.
— Ela mora ali naquela casa, ela é a esposa do Damien. Menino
bom eles têm até um filho, o é menino muito educado por sinal — ele
informa e eu trinco os dentes. O cara de pau mente para os vizinhos dizendo
que a Morgana é sua esposa.
— Muito obrigado. — O agradeço e atravesso a rua parando de
frente a casa, toco a campainha e a após alguns segundos a porta se abre e
uma senhora aparece.
— Pois não, meu filho?
— Eu queria falar com a Morgana — digo sem muito rodeio.
— Quem gostaria?
— Diga que o pai de Dimitry está aqui e deseja falar com ela e ver o
garoto — no mesmo instante ela arregala os olhos e abre mais a porta, me
dando passagem para entrar a sala que está muito bem decorada. — O
esposo dela está? — pergunto testando para saber se o infeliz também
mentiu para os empregados da casa.
— Ela não é casada senhor, não pelo que eu saiba.
— Ah sim. É que mencionaram que ela havia se casado, mas tudo
bem, pode chamá-la por favor?
— Sim, senhor. Com licença. — Ela sai e sobe as escadas.
Olho ao redor. A sala é bem decorada, quando escuto passos
apressados vejo o meu filho entrar correndo pela sala derrubando um vaso
que estava em cima da mesinha próximo à escada. Uma moça corre atrás
dele, porém sem sucesso de o parar, ele só para quando tromba comigo, na
realidade com as minhas pernas novamente, como no primeiro encontro.
— Hey! — digo a ele que me olha e semicerra os olhos.
— Você aqui? O tio do Ivan? — ele pergunta.
— Sim, o tio do Ivan — respondo a ele que me analisa e o olhando
assim de perto, ele realmente se parece comigo — Você fez uma arte muito
grande — digo a ele que olha para trás para a sua bagunça.
— Sim, eu sei. Mamãe vai me dar bronca — ele diz abaixando a
cabeça.
— Lhe dar bronca Dimitry? Ela vai me despedir. Você não sabe
quanto custa um vaso desse e você o quebrou! — a moça que certamente
deve ser a babá diz a ele que mostra a língua a ela de resposta. Sorrio diante
da malcriação, muito eu nessa idade — Você é um insolente, um malcriado
— a moça diz e os olhos do menino se enchem d’água.
— Hey! Não fale assim com o garoto, ele é só uma criança e não se
preocupe, eu assumo o prejuízo do vaso — digo a ela que me olha de
abaixo acima com os olhos carregados de um sentimento que conheço bem,
mas não vai rolar.
— Quem você pensa que é? — a pergunta petulante na voz irritante
preenche os meus ouvidos e sinceramente ninguém merece. Não acredito
que dois raios irritantes caiam no mesmo lugar no mesmo dia.
Isso seria coincidência ou castigo?
— Eu sou o …. — Paro o que iria falar porque certamente Morgana
ainda não deve ter falado com o menino sobre eu ser o pai — isso não vem
ao caso, mas você não vai tratar o menino assim na minha frente.
— O que está acontecendo aqui? — me viro para dar de cara com o
homem que se diz ser o marido da minha mulher — O que esse homem faz
aqui? — o olho fixamente enquanto ele caminha pela sala se aproximando
de mim e me encarando — Lyssa leve Dimitry para cima.
— Mas eu quero falar com o meu novo amigo... — Dimitry diz, mas
logo é interrompido por Damien.
— Suba com a Lyssa, eu falo com o seu novo amigo aqui — ele diz
sem tirar os olhos de mim que também o encaro.
— Volte logo, quero mostrar minha coleção de carros — ele diz e
sai correndo subindo as escadas.
— Vá Lyssa cuide dele, não o deixe descer até que seja autorizado
— ele diz e a que pode ser considerada cão obediente rapidamente obedece
subindo as escadas.
— O que quer aqui? — ele me pergunta.
— Vim falar com Morgana, você sabe nosso assunto não terminou e
eu só quero te dar um aviso: não pense que você pode mandar no meu filho,
porque eu não irei permitir.
— Filho? — ele pergunta rindo — Você, pai? Você foi embora
quando a Morgana mais precisava e...
— Olha só, eu já sei essa história. Então me poupe disso, onde está
Morgana?
— Como você entrou aqui?
— Não importa, eu vim para falar com Morgana e só saio daqui
quando eu falar — passo por ele e me sento na poltrona espaçosa que há em
um canto da sala e não cogito sair daqui tão cedo — afinal, eu tenho tempo,
posso esperar.
— Você não vai ficar aqui ela...
— O que está acontecendo aqui? — De repente a voz doce de
Morgana se faz presente — O que faz aqui Andrei? — olhando para ela
percebo o ar triste.
— Vim terminar o nosso assunto, quero resolver o quanto antes.
— Andrei, por favor outro dia hoje não. Você deveria estar em outro
lugar agora, não aqui — ela diz se aproximando de Damien que a abraça
pela cintura e me encara.
— Onde devo estar? Sobre o que está falando? Vamos conversar em
particular por favor.
— Não a ouviu? Ela disse hoje não cara — o petulante se envolve.
— Cale a porra da boca! — digo e lhe aponto o dedo — não se
intrometa esse assunto não é da sua conta — digo e olho para ela —
Morgana?
— Tudo bem. — Finalmente ela cede e Damien bufa contrariado.
— Se precisar de alguma coisa é só gritar — ele diz dando um beijo
em seu rosto próximo ao canto de sua boca e sai me encarando.
— Sabia que para os vizinhos ele é seu marido? — digo a ela que
me olha em choque.
— Como? — ela pergunta incrédula.
— É. Foi o que me disseram quando perguntei por você para um
senhor simpático do outro lado da rua.
— Não acredito nisso — ela diz balançando a cabeça em negativa
— Vamos para o escritório para conversar, me acompanhe é por aqui — ela
anda na frente e eu a sigo observando o corpo dela todo modelado na blusa
e saia apertada.
O balanço dos cabelos castanhos no comprimento das costas e junto
com a observação mil e umas ideias sacanas passam na minha mente e
todas elas acontecem em cima de uma mesa envolvendo nós dois e a minha
gravata...
Pensamentos impuros povoam a minha mente e eu estou mais do
que pronto para executá-los...
CAPÍTULO 13

Caio sentada na cama quando vejo o conteúdo da mensagem que


chegou no meu celular vindo de um número desconhecido — O que Andrei
pensa que está fazendo? — pergunto a mim mesma.
Não seria possível que ele mentiu quando disse que me amava?
Apesar de que mentir não seria novidade para ele, afinal, ele é um cafajeste
e eu uma idiota que certamente caiu novamente na sua conversa. Ele é um
manipulador, afinal foi criado para isso, criado para manipular as pessoas e
eu me sinto uma idiota por isso, não tenho nem cabeça para ir ao trabalho
hoje, pegando o telefone aviso no escritório que não iria e resolvo ver
alguns papéis do trabalho.
Após algum tempo ouvi uma batida na porta.
— Entre!
— Bom dia, senhora! — a governanta me cumprimenta.
— Bom dia!
— Tem um senhor na sala esperando para falar com a senhora.
— Quem é? — pergunto.
— Ele disse ser o pai do Dimitry — ela diz e eu me levanto num
pulo.
— O que Andrei está fazendo aqui? — me pergunto — Como ele?
— divago.
— Ele está lá embaixo na sala aguardando.
— Não é possível, eu nem falei com Dimitry e...
— O que eu falo a ele senhora?
— Eu vou descer, não se preocupe. Deixe que eu resolvo, pode ir,
vai ficar tudo bem.
— Okay, senhora! — ela diz saindo e fechando a porta.
Era tudo que eu precisava...
Quando saio pelo corredor ao me aproximar das escadas escuto
vozes alteradas e logo percebo se tratar de uma discussão entre Damien e
Andrei, não podia estar pior. Desço as escadas e a discussão está tão intensa
que eles nem percebem a minha presença, decidida a acabar com essa
palhaçada resolvo intervir na discussão desnecessária.
— O que está acontecendo aqui? — os dois me olham e uma nova
discussão começa entre os eles. Andrei insiste em falar comigo e cansada de
toda essa conversa resolvo falar com ele logo de uma vez e acabar com isso
logo. O chamo para o escritório.
— Vamos acabar logo com isso, diga logo o que você quer? — digo
a ele quando passa pela porta a fechando se encostando nela me observando
— vamos lá fale logo — digo impaciente.
— Eu estou bem, muito obrigado — ele diz sarcasticamente.
— Deixe de ser sarcástico e diga logo o que quer e vá embora —
resmungo.
— O que está acontecendo por que está me tratando desse jeito? O
que eu fiz para você? — ele me pergunta.
— É muito cínico mesmo — sussurro.
— Perdão o que disse? — ele pergunta se desencostando da porta e
caminhando até a mim me encarando — Por que diz que eu sou cínico? O
que está havendo?
— Olhe Andrei, diga logo o que quer, eu tenho coisas a resolver e...
— Eu vim ver meu filho, foi isso que eu vim fazer aqui e não gostei
nada do que eu presenciei — ele diz abrindo o terno e se sentando na
cadeira que está em frente à mesa, cruzando umas das pernas sob o joelho e
batendo os dedos um no outro.
— O que não gostou? — pergunto não entendendo sobre o que ele
está dizendo.
— Por exemplo: O jeito que a babá trata o meu filho e como o seu
cão de guarda acha que pode mandar e desmandar na vida do garoto, e
adianto que mesmo que eu não estivesse presente na vida dele antes, agora
eu estou, e não vou deixar isso acontecer.
— Olhe aqui Andrei, você não pode... — Olha só… — me

interrompe — já que o menino é meu filho, acredito que tenho o direito de

querer o melhor para ele. — Levanta da cadeira dando a volta na mesa se

aproximando — não posso deixar que alguém o maltrate como presenciei

hoje. Vamos conversar, mas se quiser pular a conversa e estrear essa mesa

pode também. — Passa o nariz por meu pescoço inalando meu perfume.
Unindo uma força o empurro saindo de perto dele que sorri
passando a língua pelos lábios e a mão na barba de dias por fazer com um
sorriso sacana nos lábios.
— Eu ainda não falei com Dimitry, você não pode me pressionar
assim, isso é...
— Chega de enrolação então, vamos falar com o garoto.
— Andrei não é assim, eu preciso preparar ele! Meu Deus do céu!
Ele é uma criança!
— Eu sei disso, Morgana — ele diz frustrado e se senta novamente
— mas vim até aqui para conhecê-lo e não pretendo ir embora sem fazer
isso e outras coisas que tenho em mente — bufo contrariada.
— Andrei pelo amor de Deus, sinceramente essa conversa já deu —
digo indo em direção a porta a abrindo — por favor, vá embora agora — ele
se levanta e caminha até mim, tirando a minha mão da maçaneta da porta a
fechando novamente.
— Morgana, sei que você não acredita, mas eu te amo, entende isso
— ele diz me olhando fixamente e eu rio amargamente me lembrando do
que recebi essa manhã.
— Me poupe disso Andrei, não acredito em você. Olha só a única
coisa que nos une nesse momento e que irá nos unir é Dimitry, ninguém
mais e nada mais.
— Por quê? Você já esqueceu tudo?
— Andrei você vai se casar com outra, vai ser pai, vai ter outra
família! Por favor deixe eu e Dimitry em paz, vá viver sua vida — explodo
e ele ri como se tudo que eu estou dizendo fosse uma brincadeira.
— Você está brincando só pode ser? Eu não vou me casar com
ninguém de onde tirou isso e... — Ele para e semicerra os olhos — Como
sabe de filho? Quem te falou isso?
— Ah, por favor. Não venha me dizer que é mentira, eu vi Andrei.
— Eu. Não. Vou. Me. Casar. Entendeu agora? — ele fala
pausadamente.
— Bom, não que isso me importe, por mim que se dane.
— Parece que eu sinto um certo ciúme? — ele diz debochado.
— Não seja idiota, não combina com você — falo com raiva.
— Quem te falou sobre casamento e filho? — ele me pergunta —
Olha só, eu não sei quem te falou alguma coisa, ou o que disseram, mas eu
posso explicar e...
— Você não me deve explicações e isso não me interessa, a sua vida
não me interessa — retruco.
— Leila chegou hoje pela manhã, se isso lhe convém. Eu tive um
lance rápido com ela no período que estive nos Estados Unidos e agora ela
me aparece aqui dizendo que está grávida.
— Olha só Andrei, eu não...
— Olha aqui você, Morgana. Eu não vou me casar, quem te disse
isso está muito errado, eu... por favor, por Deus. Isso está insano demais,
olha só eu nem sei... caralho, porra que merda — ele diz me cortando e soca
a porta me assustando.
— Andrei eu...
— Olha Morgana eu posso ter errado muito no passado, eu errei eu
confesso. Mas que droga mulher! Eu te amo! Demorei a entender, mas eu
não quero que fiquemos assim nessa guerra sem sentido — ele diz se
aproximando de mim me agarrando pela cintura e me encostando em seu
corpo — Por favor vamos falar com Dimitry vamos viver em paz — ele
sugere e eu estou confusa enquanto ele passa a mão pelo meu rosto me
fazendo um carinho.
— Meu deus Andrei como eu...
— Por favor — ele pede encostando sua testa na minha. O hálito
quente de hortelã bate em meu rosto — Me leve até o garoto, vamos dizer a
verdade a ele — ele diz e eu o olho sentindo o meu corpo queimar, eu amo
esse homem, mas não posso deixar que ele me controle.
— Hoje não Andrei, eu preciso falar com ele primeiro, prepará-lo,
quando ele estiver pronto para te conhecer será o seu momento, só por favor
não me pressione — ele bufa contrariado, mas assente concordando.
— Okay, eu irei respeitar a sua vontade por agora, mas não demore
muito e tome cuidado com essa babá que cuida dele, eu vou estar de olho
nela e nesse babaca chamado Damien. — Ele se afasta fechando o terno —
Eu tinha pensado em outras coisas. Eu, você, a minha gravata envolta em
seus punhos, eu no meio de suas pernas e essa mesa atrás de nós, mas sinto
que enquanto eu não tirar a pedra do sapato não chegaremos a um acordo, o
que é uma pena.
— Você só pensa em sexo, Andrei? — pergunto.
— Com você? — ele pergunta erguendo uma sobrancelha — Sim,
sempre. Você é uma tentação e sabe disso, eu odeio isso literalmente, como
eu posso dizer? — ele divaga um pouco — chama muito a atenção e isso
não me agrada nenhum um pouco — ele conclui.
— Ah, por favor! Eu não te pertenço — falo irritada.
— Eu sei que eu sou um cafajeste e que eu não mereço você, mas eu
protejo quem amo e eu definitivamente amo você e não estou deixando
você ir. Vou lutar por você, vou passar por cima de quem for, para te ter —
ela fala como se isso fosse uma certeza.
— Para de falar isso.
— Dizem que o amor é uma fraqueza, e que droga você é a minha,
então tenho que te proteger o que lhe atingir me atinge diretamente. Eu vou
embora agora como quer, mas isso não acabou, fale com o garoto — ele diz
se aproximando da porta para abrir — até breve Morgana — abrindo a porta
sai me deixando sem palavras, parada ao lado da porta.
Alguns minutos ali parada solto um suspiro e quando vou fechar a
porta, Damien entra como um raio no escritório me olhando furioso.
— O que te deu heim? — ele me pergunta furioso.
— O que é agora Damien? Eu já te disse que a minha vida não diz
respeito a ninguém e...
— O fato desse palhaço sair daqui passando por mim rindo
debochado diz o quê?
— Eu mereço. Só posso ter sido muito ruim na outra vida para ter
que aturar dois homens mandões na minha vida, é demais para mim —
Resmungo tentando passar por ele que me agarra pelo braço.
— Espero que você não tenha caído no papo furado desse cara, ele
não presta e você já devia saber disso — ele diz e me sinto cada vez mais
inclinada a mandar Damien fazer uma visita a Lúcifer no inferno.
— Damien, você é meu segurança pessoal, sua função é fazer a
minha segurança, mas a minha vida íntima não está incluída nela,
entendido? Fui clara? — ele me olha furioso, mas não fala nada e sai me
deixando sozinha na sala.
— O que há com esses homens? — me pergunto sozinha e saio do
escritório subindo para o meu quarto novamente e ao chegar à porta escuto
Dimitry me chamar.
— Mamãe!
— Oi! meu amor. Você já tomou banho e...
— O tio do Ivan é o meu pai? — meu filho me pergunta e eu
congelo no lugar.
— Como? Quem falou isso? Não, Dimitry olhe a mam...
— Mamãe, eu ouvi quando o tio do Ivan disse a você lá naquela sala
grande que vocês entraram.
— Meu Deus! Precisamos conversar, meu filho. Eu vou lhe contar
sobre o seu pai você tem que saber.
— Sim mamãe — ele diz todo contente e entra no meu quarto
pulando em minha cama não queria essa conversa agora, mas não tenho
saída a não ser contar de uma vez ao menino sobre o seu pai afinal ele tem o
direito de saber.
— Olha Dimitry, a mamãe conheceu seu pai há alguns anos, nós nos
envolvemos — falo a ele que assente todo interessado em saber — e então
você nasceu, eu esperei muito por você, mas seu pai não estava presente
quando isso aconteceu porque ele foi embora sem saber de você.
— Então ele não sabia que eu existia? Como mamãe?
— Ele foi embora e a mamãe não contou então...
— Mas agora ele sabe — ele fala todo sorridente — Gostei de saber
que tenho um papai, eu gosto muito do papai — ele fala com veemência, o
que me tira um sorriso.
— Que bom meu amor — falo a ele que se deita em meu colo e faço
carinho em seus cabelos.
— O papai virá morar com a gente? — Dimitry pergunta.
— Filho seu pai e eu seguimos caminhos separados, mas você o
verá sempre que desejar — falo a ele que faz um bico.
— Queria estar com ele todos os dias — ele responde amuado.
— Você não gosta do Damien? — sondo.
— Ele é legal mamãe, mas ele não é o papai — ele fala e eu fecho
os olhos para a angústia que toma conta do coração.
— Ele não é o papai, mas você não... — Não termino a minha frase
pois Dimitry adormeceu em meu colo. Beijo sua testa lhe acarinhando — eu
não posso amar Damien como amo seu pai.
Levanto-me devagar com Dimitry em meus braços e o levo para o
seu quarto o colocando em sua cama.
Retorno para o meu quarto, desabo em minha cama e me sinto como
se todo o peso do mundo de repente resolvesse cair em minhas costas.
O passado não está fácil, mas eu preciso me libertar dele para
começar a viver novamente.
CAPÍTULO 14

Percebo quanto Morgana está nervosa com a minha presença


quando entramos em seu escritório. Eu a afeto ainda como antes, por mais
que ela tente fingir que eu não represento mais nada em sua vida eu sei que
no fundo ela ainda sente algo.
Após a conversa saio de seu escritório dando de cara com um
Damien muito puto parado como se fosse um cão de guarda no corredor que
vem do escritório, passo por ele dando um sorriso cínico, se ele pensa que
será assim tão fácil como ele presume que será, ele está muito enganado.
Não estou deixando Morgana, agora mais do que nunca eu a quero.
— Vejo que está à espera como o cão de guarda que é — digo a ele
com um sorriso debochado. Ele somente me olha semicerrando os olhos —
Quer detalhes? — pergunto a ele.
— Você é muito otário, não é? — ele me fuzila com os olhos.
— Assim você me ofende, sabe? — digo fingindo indignação — O
otário é você, será que você não vê?
— Quem pensa que é? — ele pergunta me encarando estamos frente
a frente.
— Bom, eu sou quem ela ama — digo apontando para o escritório
— E você? O cãozinho que corre atrás dela.
— Você se acha, não é?
— Não me acho, eu sou. Elas adoram ou adoravam — divago.
— Por que você não vai embora?
— Creio que isso não vai ser possível, Morgana é minha, sempre foi
e não vai ser um monte de merda como você que vai me afastar dela, mas
agora se me der licença tenho coisas a resolver — nem o deixo responder
saio abandonando o babaca com uma enorme satisfação de deixá-lo saber,
que eu estou no jogo.

Após sair da casa de Morgana vou direto para casa. Quando chego,
sou recepcionado por meu irmão que estava sentado na sala, uma coisa
estranha porque Boris não é de estar em casa a essas horas.
— O que faz em casa a essas horas irmão? — pergunto assim que o
vejo com o celular na mão ele me olha e semicerra os olhos.
— Me diga para que você usa um celular? — ele pergunta.
— Bom, eu uso para falar e você para o que usa? — pergunto e ele
bufa irritado.
— Tem noção de quantas vezes eu te liguei?
— Eu estava ocupado irmão, eu te disse o que iria fazer — respondo
a ele que me olha enviesado.
— Tá, esqueça. Pois bem, o que vem ao caso agora é que o Dossiê
que pediu sobre o segurança de Morgana ficou pronto — ele diz e eu o olho
rapidamente.
— E então? — pergunto levemente curioso para saber qual é a desse
cara.
— Então não descobrimos muitas coisas, acho que precisaremos
investigar mais a fundo se quisermos descobrir algo mais concreto — ele
diz me entregando um envelope.
— Isso não é uma notícia muito boa, não estava esperando por
incompetência, o que fizeram tanto que não descobriram nada que preste?
— pergunto olhando para Boris que dá de ombros se sentando na poltrona
pegando um copo de uísque o levando a boca e tomando um gole.
— Não sei irmão, eu não li só estou te dizendo o que o chefe da
segurança disse ter descoberto, mas temos o T.I nisso também, então é algo
que vamos descobrir logo.
— Eu fui à casa de Morgana hoje — digo me sentando colocando o
envelope em cima da mesinha de centro — ela não estava na empresa então
eu meio que entrei no condomínio onde ela mora.
— Entrou sem ser convidado essa é a verdade — ele diz rindo —
muito de você. O que houve com Andrei Nickolaievy? O homem de todas?
O nunca vou me apaixonar? O nunca vou me casar ou...
— Chega! — vocifero a ele que ri ainda mais — não me fale em
casamento, fui pedido em casamento hoje e isso é uma merda.
— Que avanço, uau! Quem foi a louca? Morgana? — ele pergunta
se levantando e servindo uma dose para nós dois se sentando novamente —
vamos me diga?
— Não, antes fosse Morgana, mas quem falou sobre essa loucura
foi Leila — falo ao agradecer a dose e o vejo se engasgar com o conteúdo
que acabou de colocar na boca.
— Leila? qual o fundamento disso? Não me diga que você? Ah
merda Andrei — ele diz balançando a cabeça negativamente.
— Olha só ela diz que está grávida, porém, eu não acredito nisso
irmão, eu não sei o que ela quer com isso.
— A mulher está grávida e você não sabe como isso aconteceu?
Tanto envolvimento com elas e não aprendeu que mulher tem suas táticas?
— Grande ajuda está me dando, muito obrigado — agradeço
sorrindo sem humor. Ele está sendo de grande ajuda nesse momento e a
minha cabeça que está fervilhando diante de tantas coisas acontecendo ao
mesmo tempo.
— O que? Não é como se você não soubesse — ele diz tomando o
conteúdo do seu copo.
— Tá eu sei. Mas o fato é que ela queria ficar aqui, mas como
sabemos, sua senhora não vai com a cara dela, o que para mim é um grande
alívio, não queria trazê-la, ela não é uma mulher que eu consideraria
chamar de minha.
— Realmente Donatella não a aceitaria aqui, você sabe desde a
primeira vez elas não se deram muito bem e além do mais Donatella é
amiga da sua bela e doce Morgana.
— O que é muito bom — digo bebendo um gole do Uísque.
— Não vejo como? — ele me pergunta.
— Pelo menos não precisarei trazer a Leila pra cá, eu preciso é me
livrar dela.
— A mulher está grávida irmão, não é como se você fosse conseguir
fazer isso assim como num passe de mágica — ele diz se levantando.
— Não posso me casar com ela Boris, não a amo para tal ato. Ela
me disse que está na miséria e que o comprador da minha parte ficou com
tudo. Essa parte eu não entendi muito bem — franzo o cenho.
— Bom, eu só sei que isso está muito estranho — ele fala pensativo.
— Está sim irmão muito estranho, eu preciso saber o que Leila quer
realmente aqui — digo me levantando e pegando o envelope em cima da
mesinha de centro.
— Além de querer se casar com você e ter uma boa vida? Você
realmente não sabe — Boris me diz caminhando para o escritório — Estou
indo resolver umas coisas no escritório você vem?
— Não. Eu vou ler isso aqui — balanço o envelope — nos vemos
depois — ele se dirige para o escritório e eu subo para o quarto para ler o
conteúdo do envelope.
Enquanto subia as escadas meu celular toca e quando olho no visor
tem uma mensagem.

... “Você pode vir ver Dimitry, ele já sabe da verdade.”

Não preciso ser adivinho para saber de quem se trata a mensagem e


então feliz subo para o quarto pronto para saber quem é Damien Slovack.
Chego em meu quarto arrancando o terno, guardo o envelope na
mesinha ao lado da minha cama e sigo para o banheiro para um banho
quente onde posso esquecer um pouco de tudo, pensar sobre o que posso
fazer para afastar Leila do meu caminho e reconquistar a mulher da minha
vida.
CAPÍTULO 15

Enviando uma mensagem a Andrei o aviso sobre Dimitry. Não foi


tão difícil como eu pensei que seria falar ao meu filho sobre o seu pai, foi
normal, ele entendeu perfeitamente tudo e sempre muito atento em cada
detalhe que eu contava sobre o pai.
Aguardei uma resposta da qual nunca veio da parte de Andrei, mas
porque esperar isso dele?
Ele nunca se importou nem quando tínhamos nossas fodas de vez
em quando, era isso que tínhamos. Sem sentimentos profundos, somente
desejo carnal e nada mais além disso, não era como se nos amássemos e eu
ainda não sei em que momento daquela loucura eu me apaixonei por
Andrei.
Quando o vi pela primeira vez ele era o cara mais lindo que eu já
havia visto, o olhar penetrante e profundo que podia me queimar. Eu era
apenas uma menina e ele já um homem feito que pensei que nunca iria
olhar para mim, mas não foi o que aconteceu.
O tempo passou. Depois dessa primeira vez em que o vi quando
seus olhos encontraram os meus atrás do balcão do bar foi como se ele
pudesse me ver verdadeiramente, a menina frágil que se escondia atrás de
uma máscara e postura forte, que sabia lutar, mas que não soube lutar contra
o que estava chegando quando nossos olhares se encontraram.
Seus olhos me analisavam milimetricamente e algo dentro de mim
me impulsa até ele.

8 anos atrás...

— Morgana! — Derek, o assistente do bar me chama — uma batida


de morango com gim.
— Claro é para já! — respondo pegando todos os ingredientes
necessários para a bebida, enquanto estou fazendo-a noto que a música
ambiente para e o Dj fala ao microfone.
— É um prazer termos o dono do clube conosco hoje à noite.
Meninas... ele está solteiro — um grande alvoroço se faz na pista de dança
e é o momento que eu o vejo.
Seus olhos olhavam o lugar como se estivesse à procura de algo ou
alguém, foi aí nesse momento que ao longe nossos olhares se cruzaram e
como se fosse um imã seus olhos me prendiam e ia muito mais além dos
olhos, a boca, o cabelo, a barba rala por fazer, os cabelos castanhos
médios e claro o seu corpo todo dentro da camisa social, a calça apertada
que marcava as coxas grossas e cada contorno do seu corpo. Não poderia
negar que não o cobicei naquele momento, ele era um sonho, mas que eu
não ousaria sonhar afinal quem não sabia que ele era um dos Herdeiros
mais ricos do país?
Por mais que os nossos pais fossem amigos há anos atrás nada
disso importava agora, os seus filhos não seriam amigos da menina que era
apenas a filha do empregado de seu pai e que por mais que fizesse parte do
universo ao qual eles também faziam parte jamais dariam bola ou se quer
atenção, se eles soubessem o segredo escondido por trás da imagem que eu
aparento me taxariam como apenas mais uma qualquer, aquelas das quais
você poderia fazer o que quisesse e foi por isso que eu mudei, mudei
radicalmente, mas as vezes o coração é traiçoeiro e nos dribla na primeira
oportunidade. Eu sabia do risco e sabia também que quando ele
descobrisse o que eu realmente era, poderia me banir de sua vida para
sempre.
Perdida demais em meus pensamentos não percebi quando ele se
aproximou do bar e se sentou na primeira banqueta a minha frente — um
Uísque puro — ele pede e como se eu fosse despertada de uma hipnose eu
pisco várias vezes antes de ele perguntar — Você está bem? Você ouviu o
que eu disse? — ele bufa impaciente e quando vai se levantar eu o
interrompo.
— Já irei servir o senhor — digo e quando vou me virar de costa
sua voz grave me para.
— Não me chame de senhor me sinto um velho — ele diz e um
sorriso torto surge em seus lábios — Gosto que usem a palavra senhor
quando estou em uma situação digamos, que íntima, entre quatro paredes
me entende, não entende? — murmura e pisca o olho direito passando o
polegar no lábio superior e passando a língua em seguida. O gesto um
tanto quanto obsceno faz meu interior contrair, uma coisa que há muito
tempo não sentia por mais ninguém. Engulo em seco mas não tenho
coragem e nem palavras para responder a pergunta, o que lhe tira uma
gargalhada e ai nesse momento eu vejo o quanto eu pareço uma idiota,
vestindo a minha armadura, a qual eu aprendi usar, me viro de costas para
ele e nas pontas dos pés tento alcançar a garrafa de Uísque, nesse
momento Derek aparece segurando em minha cintura e pegando a garrafa
e a entregando para mim, eu o agradeço com um abraço e um beijo no
rosto que por acidente pega no canto dos seus lábios, quando retorno para
o balcão vejo algo nos olhos dele refletido como se fosse raiva, ira, não sei
o que era mas parece não estar muito amigável.
— Vocês dois têm algo? — a pergunta me pega desprevenida e eu
me engasgo com a minha própria saliva.
— Dois quem? — me faço de idiota, mas ele percebe a real intenção
e me dá um sorriso cínico cruzando os braços evidenciando como são
fortes na camisa apertada, que é uma distração.
— Não me teste, acho que sabe quem eu sou e... parece que eu te
conheço de algum lugar, mas agora está difícil lembrar — ele diz e franze o
cenho, lhe deixando com um ar preocupado, como se isso realmente o
afetasse. Ele me analisa semicerra os olhos como se uma luz se acendesse
em sua mente ele sorri, um sorriso genuíno que ilumina o seu rosto —
Claro é isso! Nós já nos conhecemos de alguma festa ou alguma orgia? —
a esperança morre naquele momento e lágrimas se formam em meus olhos
— O que foi? — percebendo ele pergunta e em um impulso empurro seu
copo em cima do balcão retiro o avental o colocando embaixo do balcão e
eu o olho desejando ser a última vez e saio pelo clube em direção as portas
dos fundos.
— Hey, hey... — escuto ele me chamar, mas quanto mais ele chama
mais eu quero me afastar. Um cafajeste jamais irá amar alguém, eu estou
louca pensando nisso, mas por quê? Por que simplesmente não posso me
afastar? a filha do empregado nunca será boa o suficiente.
— Hey! Espera! Não foge! — ele anda atrás de mim e eu começo a
correr até que topo com um homem que me agarra tampando a minha boca
e colocando uma faca em minha garganta.
— Você vai ficar quietinha, senão eu te mato! — ele tira a mão da
minha boca e o hálito cheirando a álcool invade as minhas narinas, o nojo
é inevitável me faz relembrar do dia que eu queria para sempre esquecer —
Dinheiro, eu quero dinheiro! — ele diz apertando ainda mais a faca em
meu pescoço a ponto de machucar.
— Eu não tenho aqui comigo agora, eu não tenho por favor — ele
sorri e o cheiro insuportável me enoja. Ele me gira e me empurra contra a
parede forçando a faca em meu pescoço e me olha de cima a baixo.
— Se não tem dinheiro uma boa foda servirá — ele diz tentando
beijar a minha boca, eu luto contra ele, pelo fato de ser muito maior do que
eu, a força acumulada em mim não é o suficiente para pará-lo, ele empurra
o seu membro contra a minha bunda quando me joga na parede de volta,
bato o meu rosto contra ela causando um machucado, ele se esfrega em
mim e a vontade de vomitar assola minha garganta.
— Larga ela! — escuto a voz do homem que diz se lembrar de mim
de uma orgia — Agora! — o homem ri ao lado do meu ouvido uma risada
enlouquecedora de um maníaco.
— Parece que temos companhia — ele diz se empurrando mais em
mim — Garoto olha só, eu estou em um momento pré foda não queria ser
atrapalhado... — ele não termina a sua frase pois escuto o barulho do tiro e
o grito em meu ouvido, fecho meus olhos apavorada. Não que eu não
estivesse acostumada, mas quando você está ali no centro onde tudo
acontece o impacto é maior, quando abro os olhos novamente ele se
aproxima do homem agonizante no chão, e sem nenhum remorso atira bem
no meio da testa dele, que morre ali com os olhos estalados e a faca na
mão. Quando olho para ele novamente, ele não me olha nos olhos como eu
pensei que faria.
— Você está bem? — a pergunta me deixa um tanto quanto
pensativa, o que teria acontecido se ele não tivesse aparecido? — reunindo
forças olho para ele e digo:
— Estou bem, eu já estava dando um jeito nele não precisava isso
tudo aqui — digo indicando o homem morto no chão e no mesmo instante
ele me olha e em seu olhar vejo um misto de pena e diversão.
— Já estava dando jeito? O cara estava pronto para te estuprar
garota! — ele diz chutando o corpo do homem sem vida no chão — Esse
monte de merda não irá fazer falta a ninguém, agora se for possível
podemos ir? — ele me pergunta e eu pisco várias vezes a raiva tomando
conta de mim.
— Eu não preciso de você, vá embora, suma da minha frente acha o
quê? Que agora é a hora que eu corro para os seus braços e lhe agradeço
lhe dando beijos e abraços como se fosse uma menina louca por um pau?
— ele me olha debochado — Não querido isso não vai acontecer, nunca irá
na verdade. Agora se me der licença pode ir andando eu sei ir sozinha —
ele ouve tudo calado guardando a sua arma atrás das costas por baixo da
camisa e caminha até mim calmo como se não tivesse acabado de matar
alguém que poderia ser inocente? Ou ter uma família?
— Acabou? — ele pergunta — Bem acho que na parte que você diz
que não precisa de mim estamos em um pequeno impasse — ele diz se
aproximando mais e mais, quando está bem próximo ao meu corpo seus
olhos me olham profundamente — eu ainda vou descobrir de onde te
conheço. — ele diz e passa o polegar em meus lábios — E quando isso
acontecer prepare-se, por que eu vou querer conhecer mais sobre você —
ele diz e se afasta — mas por hora saber que você é uma anã de jardim
muito da abusada já está bom para mim — ele diz e sorri e eu cruzo os
braços bufando inconformada com a cara de pau — Agora se podemos ir
eu agradeceria afinal tenho um copo de Uísque para beber que a essa
altura deve estar quente, meus homens darão um jeito nesse esterco.
— Não tenho nada a ver com isso, você deixou sua bebida porque
quis! — digo dando de ombros e quando vou passar ele pega em meu braço
me puxando de encontro ao seu corpo, no impacto sinto o quanto ele é
forte, sem querer seguro em seus braços para não me desequilibrar e cair,
já que ele é alto — Pode me soltar?
— Você é muito abusada sabia? Mas eu gosto — ele diz olhando
para mim e eu engulo em seco mais uma vez.
— Por favor então vamos — digo tentando me soltar do seu aperto
afetada demais para permanecer ali envolvida em seus braços — eu tenho
um horário a cumprir e não posso abandonar meu lugar no bar, Derek não
daria conta — a menção do nome do meu colega de trabalho faz ele se
resetar, ele me solta e logo sinto imediatamente o frio do abandono do
calor do seu corpo, ele passa a mão pelos cabelos em um gesto impaciente
e se vira me dando as costas e começa a caminhar.
Caminho logo atrás dele mais devagar do que eu gostaria, mas de
repente ele para se vira para mim abre a boca como se fosse perguntar
algo, franzo o cenho sem entender e ele balança a cabeça em negativa
como se estivesse se recusando a acreditar em algo do qual esteja
pensando, mas de repente a pergunta escapa.
— Por que se importa tanto com o Derek? — o nome do meu colega
sai em um som amargo dos seus lábios como se ele não suportasse ouvir
falar.
— Somos amigos, parceiros de trabalho, claro que me importo,
cada um tem a sua função e... — Não termino a frase pois ele me empurra
contra a parede e assalta a minha boca em um beijo intenso, cheio de
desejo e malícia. Enquanto sua boca me consome suas mãos viajam pelo
meu corpo e eu perco toda racionalidade que precisava correspondendo ao
beijo, que seria a minha perdição. Uma de suas mãos entra pela minha
nuca onde ele puxa os fios e uma dor fraca se faz sentir presente, mas ao
mesmo tempo o ato de dominação me deixa quente, e percebo que ali,
naquele momento, eu posso ter perdido a guerra entre o coração e a razão.
Após quase perder o fôlego depois do beijo, reúno forças e o afasto
tentando recuperar o ar — Você…. você não deveria ter feito isso, você é
louco?
— Não sei o que me deu — ele diz incomodado — Vamos embora,
como você disse, tem um horário a cumprir e eu preciso arrumar alguém
para foder — ele diz e sai andando calmamente e algo no meu coração
parece se destruir em mil pedaços.
Não era para ser assim, por que tem que ser assim?
— Você não vem? Vai ficar parada aí? — ele pergunta e eu forço as
minhas pernas a caminharem de encontro a ele, que anda lado a lado
comigo até chegarmos à entrada do clube e entrarmos novamente.
Uma vez estando lá dentro ele se perde em meio ao mar de pessoas,
e eu volto ao meu lugar atrás do balcão. Eu só não estava preparada para
o que aquele encontro significaria na minha vida dali para frente.
Observando-o em contato com outras mulheres, como elas o adoravam e
mesmo estando ali entre aquele monte de mulheres seus olhos não me
deixavam, era fácil perceber o que ele queria, queria que eu fosse apenas
mais uma de suas fodas e eu tinha que blindar o meu coração contra isso,
tentei por muito tempo em todas as suas investidas, mas até que chegou o
dia em que eu simplesmente não pude mais e acabei perdendo a guerra e o
meu coração.
Desperto da lembrança do nosso primeiro encontro, isso traz
sentimentos que eu imaginava estarem mortos, mas só confirma ainda mais
que eu ainda sinto amor por ele, que ele ainda possui o meu coração e eu
me sinto uma idiota por isso. Decido tomar um banho para aliviar a tensão
que toma conta de mim nesse momento.
Agora ele sabe que é pai de Dimitry e Dimitry sabe quem é o seu
Pai, meu filho está ansioso por ter um momento para conhecê-lo, e espero
que tudo ocorra bem.

O dia amanhece e parece que eu não dormi, na realidade não dormi


nada ansiosa pelo dia de hoje. Olho o celular para ver se tem alguma
mensagem de Andrei, mas se bem o conheço ele não vai avisar esse é o
estilo dele — chegar sem ser convidado — assim como chegou pela
primeira vez e depois quando nos vimos no clube. Foi até engraçado porque
ele não se lembrava de mim, mas eu me lembrava dele, e daquele fatídico
dia.
O dia em que eu tive a minha inocência roubada, o dia em que eu o
vi sair antes que tudo acontecesse, que o mundo desmoronasse em mim. Eu
tinha apenas 17 anos, eu era uma menina que sonhava com o conto de fadas
perfeito, mas precisei sentir, sofrer para aprender que “não existem
príncipes encantados e eu descobri da pior forma possível.”
CAPÍTULO 16

Acordo bem cedo no dia seguinte, hoje tenho planos para ir ver o
meu filho.
Meu filho! Quem diria que eu teria um filho?
Divagando em meus pensamentos sigo para o banheiro faço a minha
higiene matinal. Após o banho, coloco terno e sapatos italianos negros
também posso ser russo, mas aprecio um bom sapato italiano, após me
trocar desço para o café da manhã.
Encontro todos sentados à mesa para o café.
— Bom dia, família! — cumprimento todos entusiasmado me
sentando em meu lugar colocando o celular sobre a mesa.
— Bom dia! — Donatella diz franzindo o cenho — Qual o motivo
de tanta alegria? — ela me pergunta e eu rio ainda mais.
— Vou ir ver meu filho hoje! — digo e Boris cospe o suco me
olhando de olhos arregalados.
— Como é? — ele pergunta não entendendo nada — Mas você não
havia dito que...
— Ela me mandou mensagem ontem, o menino já sabe sobre mim
— digo colocando um pedaço de pão na boca.
— Como assim, Morgana te ligou? Como vocês se encontraram? ela
não me disse nada — Donatella pergunta.
— Estive na casa dela ontem, não foi uma visita do jeito que eu
queria, mas pelo menos deu resultado — digo a ela que coloca os dois
cotovelos em cima da mesa e me olha furtivamente.
— Quem teve que matar para entrar no condomínio? — ela me
pergunta.
— Não matei ninguém. Entrei escondido — digo dando de ombros e
ela gargalha.
— Eu não acredito que Andrei Nickolaievy entrou escondido em um
lugar essa é nova — ela gargalha ainda mais.
— O que? se eu pedisse para ser anunciado aquele cão de guarda
que ela chama de segurança não teria deixado eu entrar — digo irritado,
certamente aquele merda não me deixaria entrar já que para alguns ali ele é
o esposo de Morgana, chega a ser engraçado.
— Isso é verdade irmão — Boris diz e Donatella o olha enviesado.
— Você sabe o porquê ela te afastaria né Andrei? Não preciso nem
dizer — Donatella diz e eu a olho semicerrando os olhos e me debruço
sobre a mesa para olhá-la mais de perto.
— Olhe aqui um segundo só. Eu sei que eu errei com ela, admito,
em todas as vezes que tivemos juntos, entre nós aconteceram coisas que
somente eu e ela sabemos. Sei que não a mereço, mas essa parte nós, eu e
ela, que devemos resolver, e agora mais do que nunca eu a quero de volta e
não é por Dimitry, claro que ele faz parte é meu sangue, mas eu a Amo,
sempre a Amei eu só era cego e não via. Eu a deixei escapar por entre os
meus dedos, mas estou mais do que disposto a lutar por ela se for preciso eu
morrer, que assim seja mas pelo menos lutei por ela.
— Hum, entendo essa sua parte é seu direito ver o menino, mas não
é seu direito interferir na vida dela, enquanto você estava fodendo por aí ela
estava embalando o filho de vocês nos braços sozinha — Donatella diz me
encarando — Então o que a minha amiga decidir está ótimo para mim irei
apoiá-la mesmo que isso seja ficar com um cafajeste como você.
— Donatella! — Boris chama a atenção da esposa que nem lhe dá
atenção e continua.
— Então se a tiver de volta, cuide dela, não deixe que ninguém a
machuque mais do que você já a machucou — ela diz e sorri logo em
seguida — Agora vamos tomar café! — ela diz na maior cara de cínica. Eu
não sei como meu irmão controla essa mulher, mas a danada é boa.
— Vamos sim, afinal, eu tenho que sair daqui a pouco — digo
despejando o líquido fumegante preto na xícara, ouço meu celular tocar e
nesse momento todo o meu bom humor se esvai quando olho no visor.
— Não vai atender? — Donatella pergunta.
— Não é nada importante, posso ver isso depois — Boris me olha
de lado certamente ele sabe possivelmente quem é, mas a pessoa é tão
insistente que liga novamente, quando vou desligar Donatella pega o meu
celular e logo franze o cenho. A raiva toma conta do seu olhar assim que ela
olha o nome na tela do aparelho e um sorriso diabólico se estampa em seus
lábios, pela sua postura sei que ela vai aprontar. Atende o celular
desdenhosa a pessoa logo fala. Donatella faz caras e bocas o que arranca
um sorriso de Boris e eu massageio minhas têmporas.
— Andrei? Seu homem? — ela diz e passa a mão pelos cabelos —
Não querida ele não está em casa, estamos em um motel... — Boris se mexe
em seu lugar e o sorriso de Donatella se alarga mais — O quê? Te deixou
onde? No hotel na Rússia? Grávida? — ela olha para mim e arregala os
olhos — Oh meu Deus! — ela semicerra os olhos — eu não sabia, mas ele
me disse que não tinha compromisso então ele é livre — ela diz e passa o
dedo em seu pescoço me mostrando que irá me degolar — Não me xingue,
não tenho nada a ver com isso e se me desculpar temos algo a terminar —
ela bufa impaciente e dá para ouvir os gritos histéricos de Leila através do
celular — Eu já acabei, passar bem — ela diz e desliga nem dando tempo
de Leila falar mais nada. Boris me olha e dá de ombros esse homem virou
um frouxo mesmo só pode.
— Agora iremos conversar senhor Andrei Ambroviscky
Nickolaievy, o que essa mulher está fazendo aqui na Rússia e o que ela está
dizendo? Essa mulher está grávida? O que tem a me dizer?
— Olhe aqui Donatella, satisfações a você quem deve é Boris, mas
já que está tão curiosa vou lhe dizer: ela apareceu aqui ontem de manhã
dizendo estar grávida e que é meu — me recosto na cadeira e cruzo os
braços — mas eu não creio que seja realmente porque sempre me cuidei.
Ela acha que pode me enganar, mas não vai ser assim tão fácil.
— Sabe que não a quero aqui, eu não gosto dela. Se quiser ficar com
ela que seja em outro lugar— ela diz e se levanta — espero que dê jeito
nessa situação minha amiga não merece sofrer mais, se a sua intenção é ter
Morgana de volta primeiro resolva seu problema seja um homem livre —
ela acaba de dizer e sai da sala de jantar me deixando a sós com meu irmão.
— Como você aguenta? — pergunto a ele que me olha coçando a
barba.
— Ela está certa irmão. Resolva isso senão você e a sua Doce
Morgana nunca terão paz — ele diz se levantando — Já leu o Dossiê sobre
Damien?
— Não, ainda não, eu vou ir ver meu filho primeiro depois eu leio
quando voltar — digo me levantando.
Quando estou saindo de casa após me despedir de Boris meu celular
toca novamente e quando olho no visor bufo impaciente, já prevejo que não
terei paz, Leila está me ligando novamente entrando no carro decido
atender para poder me livrar de sua ligação inconveniente.
— Fala logo por que eu estou sem tempo, o que você quer? —
pergunto a ela que demora um pouco para responder — Leila? — chamo
pelo seu nome e um soluço transpassa pelo alto falante do telefone — Não
me diga que está chorando? Pare de teatro e me diga logo o que quer.
— Quando você vem nos ver? — ela pergunta.
— Nos ver? Quem? — pergunto confuso não entendendo sobre o
que ela diz.
— Estou em um hospital Andrei, passei mal e um dos empregados
do hotel me trouxe já que o pai do meu filho se recusa a cuidar da gente —
ela diz fazendo todo o drama possível e eu me controlo para não a mandar ir
à merda, estou ficando nervoso. Procuro por um cigarro no porta luvas do
carro e um isqueiro acendo um para relaxar porque a conversa está um tanto
quanto pesada.
— Olhe nem todas as vezes eu terei tempo de verificar você, eu
tenho coisas importantes a fazer — digo a ela que fica calada do outro lado
da linha, escuto somente o suspiro impaciente — Mais tarde passo aí para te
ver.
— Mais tarde? A sua obrigação era vir agora! Quase perdi nosso
filho e você diz mais tarde?
— Leila olhe só, eu tenho um compromisso agora, não tenho tempo.
Assim que eu terminar irei te ver não se preocupe quanto a isto.
— Eu já liguei para você hoje, uma mulher atendeu você está me
traindo Andrei? — ela pergunta e a minha vontade é de gargalhar.
Como posso estar traindo uma pessoa que não tenho nada?
— Leila, depois nos falamos eu estou atrasado — digo no desejo
ímpio de desligar, até que escuto um barulho de porta batendo forte e gritos
do outro lado da linha — Leila? — a chamo mais sem resposta — Leila? —
ainda sem resposta ligo o carro e faço um sinal para o outro carro que me
segue. Os meus planos seriam ver Dimitry em primeiro lugar e falar com
Morgana, mas preciso saber o que houve.
Ligo para o nosso chefe de T.I e peço que rastreie a ligação para
saber em que hospital ela está. Em menos de minutos ele me envia a
localização e vou para lá para saber o que houve. Algo não está me
cheirando bem nessa história e eu preciso saber o que de fato está
acontecendo.

Depois de malditos trinta minutos chego ao hospital.


Vou para a recepção e pergunto por ela. A atendente, que não tira
seus olhos de mim, me diz que ela está no quarto 506, digo apenas um
obrigado e me dirijo ao elevador. Em outros tempos eu flertaria com ela a
chamaria para um drink e depois quem sabe fodê-la até ela perder a sua
mente, mas no momento não sinto mais essas loucuras eu quero Morgana
de volta e para isso eu não posso mais querer me aprofundar em qualquer
boceta que eu encontrar, Donatella está certa em seus argumentos.
Parando no 6º andar saio do elevador e como se o diabo quisesse
me atentar uma enfermeira loira em um uniforme muito apertado esbarra
em mim. O contato com a sua pele faz meu pau reagir mais não o suficiente
para uma foda, eu acho que estou estragado!
Ela me olha sugestivamente e eu devolvo o seu olhar na mesma
medida. Ela se aproxima e sussurra em meu ouvido: — se estiver a fim de
uma foda forte me liga — ela passa a mão em meu pau por cima da calça e
coloca um papel com seu número escrito no bolso do meu terno e sai
andando entrando no elevador e quando as portas se fecham pego o papel
com o seu número amasso e jogo no lixo. Em outras situações eu guardaria
e ligaria mais tarde, mas não agora, o que está havendo com as mulheres?
Andando pelo corredor chego à porta do 506 a abro e encontro Leila
dormindo.
Fico confuso porque tenho certeza de que ouvi algo, ouvi gritos. Ao
me aproximar da cama escuto o estalar de uma arma próxima ao meu
ouvido e o cano encosta em minha nuca.
— Antes tarde do que nunca senhor Andrei Nickolaievy, enfim
teremos o nosso acerto de contas! — ele diz e no mesmo instante Leila
acorda e se assusta com o homem dentro do quarto. Ela dá um grito e no
momento de distração dele giro o meu corpo retirando a mira de sua arma
sobre mim, o agarrando pelo pescoço. O jogo contra a parede batendo
várias vezes sua mão contra ela até que ele perde as forças e a derruba.
— Quem é você? — pergunto a ele que me olha, mas nada fala —
Eu vou repetir mais uma vez. Quem é você!? — aperto mais o seu pescoço
e mesmo quase perdendo o ar de suas narinas ele não fala quem é.
Dou uma joelhada em meio as suas pernas e um soco em sua
barriga, ele se curva para frente e somente sussurra: — O seu fim está
próximo, principezinho da máfia. O seu e de toda a sua linhagem você não
merece o que tem, ele está chegando para ter de volta tudo aquilo que lhe
pertence.
— De quem está falando? — pergunto impaciente.
Eu vou meter uma bala na cabeça desse filho da puta.
— Viva até lá e logo você saberá — ele diz e gargalha.
— Quanta bobagem — digo desdenhoso — Quem te mandou aqui
para me matar? Ele não foi homem o suficiente para tal ato?
— Talvez ele esteja fazendo coisas melhores nesse momento e não
pode parar para cuidar de um rato metido a mafioso — ele diz e mesmo
perdendo o ar debocha — A linhagem Nickolaievy nunca deveria ter
existido um já foi, então é um a menos para darmos um fim. Acabaremos
com essa linhagem e o meu patrão será o único a comandar tudo e eu estarei
ao lado dele — ele diz e sorri e em um minuto eu pego a minha arma no
coldre abaixo do terno me afasto e digo: — mande lembranças a Lúcifer por
mim — atiro bem no meio de sua testa e seu corpo cai como um monte de
merda no chão. Pegando meu celular ligo para os meus homens que estão lá
fora no estacionamento já que não os permiti subir para não chamar a
atenção e peço um apagador de rastros para levar esse saco de lixo daqui.
Olho para Leila que tem os olhos arregalados e nem pisca seus olhos
estão vidrados no corpo no chão.
— Tem certeza de que quer um mafioso como marido? Talvez essa
vida não seja para você — digo a ela que desperta do transe. — O que
houve aqui mais cedo enquanto estávamos ao telefone? — Pergunto a ela
que desvia os olhos do chão e olha para mim.
— Ele estava aqui — ela diz apontando para o homem — Ele me
pediu para ligar e quando você disse que não viria ele me ameaçou ele
colocou a arma em minha cabeça disse que iria me matar — ela diz e olha
para o corpo e de volta para mim — Preciso que você me proteja, ele disse
que vai matar sua linhagem, nosso filho está em perigo Andrei, você precisa
estar comigo. — Ela diz e no mesmo momento lembro de Dimitry e
Morgana.
— Alguém vai estar aqui em alguns minutos para limpar essa
merda. Deixarei um dos meus homens aqui na porta não se preocupe nada
vai acontecer, agora eu preciso ir tenho um compromisso — digo a ela me
virando em direção a porta quando giro a maçaneta sua voz me para.
— Você está indo ver ela e o filho bastardo que ela diz que é seu,
não é? Vai me abandonar aqui por ela? Por uma mulher que não te quer? —
ela diz com voz de raiva — Eu te quero! Será que você não vê? — deixo a
maçaneta e me viro novamente para ela.
— Olhe aqui Leila, uma única vez. Eu e Morgana temos uma
história que vem bem antes de Dimitry. Eu venho errando com ela desde
muito tempo, desde bem antes de realmente termos algo. — me debruço
nos pés de sua cama e a encaro — Eu conheço a Morgana há mais de 14
anos por minha culpa, somente minha, ela passou por algo que não deveria
passar eu estava muito bêbado e não me lembro de muita coisa, então o que
eu puder fazer para que ela me perdoe eu irei fazer e se quer saber, eu amei
saber que a mulher que eu amo tem um filho meu e por mais que você
possa estar grávida, jamais me casarei com você, jamais te amarei, não há
espaço no meu coração para outra mulher, nem para você nem para
ninguém, entenda isso de uma vez.
— Você vai se arrepender disso Andrei, eu farei você pagar por cada
uma dessas suas palavras — ela diz cheia de ódio e atira o copo com água
que está ao seu lado no criado mudo na minha direção — Você vai se
arrepender, eu juro! — decidido a não lhe dar mais atenção me viro e abro a
porta do quarto.
— Deixe-me saber quando você for para casa. Um dos meus
homens ficará com você. — E fechando a porta saio deixando instruções a
um dos meus homens que fique de vigia do lado de fora da porta.
Descendo pelo elevador saio do prédio e vou direto para o meu
carro. Entrando no mesmo, saio em direção a casa de Morgana pronto para
ver o meu filho e a avisar do perigo que eles correm. Enquanto eu não
souber quem está por trás disso que aconteceu no hospital não terei paz,
mas uma dúvida povoa a minha mente.
Como sabiam que Leila estava no hospital, e que tínhamos uma
possível ligação?
Com esses pensamentos em mente sigo para casa de Morgana,
depois de trinta minutos estou em frente à entrada, dessa vez não entro
como entrei da última, meus homens param na portaria e eu os instruo a
ficar por lá para não chamar a atenção dos moradores do lugar, ninguém
precisa saber o que eu sou. Ando como uma pessoa comum sem chamar a
atenção e parado em frente a porta aperto a campainha e a emoção me
acomete assim que a porta se abre.
— Papai — Dimitry corre pra mim e eu o pego em meus Braços, o
garoto é pesado.
— Sim sou eu, o seu Pai — olho para o interior e vejo Morgana
encostada na escada olhando a cena a sua frente.
— Podemos jogar bola papai? Ou jogar videogame? Quero que o
senhor conheça tudo! — para uma criança de quase cinco anos ele é muito
esperto — Quando vem morar com a gente papai? — a pergunta faz meu
coração pular e quando olho para Morgana ela está com os olhos
arregalados.
— Em breve meu filho, em breve — digo a ele que sorri e pede para
descer e me puxa pela mão até a sua mãe. Ela me olha, mas logo desvia o
olhar quando escuta os passos pesados vindo do interior da casa.
— O que ele está fazendo aqui? Morgana o que é isso?
— Ele é meu papai tio Damien, você já o conhece de ontem —
Dimitry na sua inocência diz a Damien que o olha enfezado.
— Vá com Lyssa agora Dimitry, os adultos precisam conversar —
ele diz ao menino que me olha.
— Não vai não. Os adultos não precisam conversar agora eu vim
para te ver Dimitry e irei fazer isso agora — digo a Dimitry que abraça as
minhas pernas como se fosse seu porto seguro e essa sua atitude me faz
questionar se tudo está bem.
— Damien por favor outra hora, nada lhe dá o direito de falar assim
com o meu filho. — Morgana diz a ele que relutante concorda.
— Isso não acabou. — Ele diz apontando o dedo para mim.
— Nunca, em hipótese alguma, aponte o dedo pra mim se não
quiser ficar sem ele — digo a ele que me encara.
— Eu ainda irei me livrar de você — ele sussurra assim que passa
por mim e sai da sala nos deixando a sós.
— Morgana precisamos nos falar depois. — Digo a ela que assente
— Eu quase fui morto hoje quando vinha para cá. — Ela se desencosta da
escada e caminha até mim me analisando. Passa a mão pelo meu rosto e
meu corpo queima com o seu toque, mas logo ela encolhe a mão e se afasta.
— Você precisa tomar mais cuidado — ela diz e lá no fundo eu fico
feliz em ver que ela se preocupa comigo.
— Não me importo comigo e sim com vocês, a pessoa que quer me
matar quer matar a minha linhagem e isso inclui Dimitry e você também. —
Exponho a ela que pisca várias vezes diante do que eu digo.
— Quem quer te matar Andrei? Se bem que você tem muito
inimigos, mas o que eu tenho a ver?
— Eu ainda não sei — a pego e a levo para o canto aproveito que
Dimitry está distraído — Mas durante esse tempo que eu não descubro
quero que você tome cuidado. Vocês dois são meu ponto fraco, se a pessoa
que quer me matar descobrir isso ele vai vir para vocês.
— Tudo bem, Damien cuidará da segurança. — Não gosto muito de
ter esse homem envolvido na segurança — Pedirei a ele que contrate mais
pessoas — ela diz e olha para Dimitry — ele está feliz em ver você!
— Eu também estou, se cuide e cuide dele. Eu errei muito Morgana,
quero que as coisas sejam diferentes de agora em diante eu não vou te
deixar, eu já fiz isso nas duas vezes que você precisou de mim, não quero
cometer o mesmo erro de novo — digo a ela que assente e se afasta.
— Brinque com ele eu vou ver o almoço na cozinha — ela diz
apontando atrás de si e saindo me deixando com Dimitry.
Acompanho o seu andar até ela sumir por entre a porta e percebo
como ela mudou. O seu corpo não é mais o mesmo, ganhou curvas que
antes não existiam e por Deus, essa mulher vai me deixar louco.
Volto a minha atenção a Dimitry
— E aí garoto o que vamos fazer?
— Vamos ao meu quarto, lá tem um monte de brinquedos legais! —
ele me chama e eu vou com ele até o seu quarto, que é muito espaçoso.
Ali passamos algumas horas, eu enfiado em um mar de brinquedos,
infinitos que nem sei qual escolher para brincar, brincamos de polícia e
bandido, de corrida de carros, depois que almoçou brincamos tanto que ele
adormeceu em meio a bagunça.
Acomodo Dimitry na cama e recolho os brinquedos espalhados pelo
chão. Escutando a porta se abrir olho e vejo a babá que não gosto nenhum
pouco entrar no quarto, ela me olha me avaliando conheço o olhar de uma
mulher que deseja um homem.
— O que você quer? — pergunto a ela que entra no quarto.
— Vim ver Dimitry está na hora do banho dele — ela diz e quando
olho no relógio já passam das duas da tarde.
— Como pode ver ele está dormindo. — Respondo indicando a
cama.
— Estou vendo, mas ele precisa acordar é hora do banho. — Ela diz
se aproximando da cama a ponto de acordar o garoto quando eu a impeço.
— Deixe o garoto dormir ele está cansado. — Esclareço a ela que
cruza os braços sobre os seios os evidenciando na blusa social branca
apertada.
— Você por acaso quer que eu perca o meu emprego? — ela me
pergunta com a cara mais cínica do mundo.
— Você não, o senhor. Porque não somos íntimos para a senhorita
me chamar de você. — Corrijo-a enquanto ela caminha na minha direção
rodeando o meu corpo.
— Entendo o fascínio das mulheres, você é muito bruto eu gosto. —
diz passando a língua pelos lábios em um gesto de provocação, que em
outras épocas me atiçaria como um louco, Lyssa não é feia apenas só não se
dá o valor, e isso é realmente triste — Por isso Morgana é doida por você.
— Já ficando irritado com a linha de raciocínio que essa conversa está
tomando me afasto dela.
— Veja bem Lyssa? É esse o seu nome? — pergunto a ela que
assente — Em outros momentos eu apreciaria essa sua linha de raciocínio
sobre mim, mas hoje não, me sinto diferente, estou diferente do que eu já
fui, então não venha com esses jogos sedutores baratos, você não vai me
levar para sua cama, e acredite, eu sei que você quer isso, mas arranje outro
eu não tenho ânimo e nem disposição para isso.
— O que? Quer ficar à espera de uma mulher que transa com o
próprio segurança, que quando todos não estão vendo maltrata o filho.
Porque pense bem, ela o tem não por que ela quis, mas sim para te ter aqui
— ela vira a palma da mão para cima — Na palma da mão e te fazer de
estepe, quando o fixo não puder mantê-la.
— Cale a porra da boca! Você não sabe o que está falando, Morgana
não é assim. — digo irritado me aproximando dela — Você não sabe de
nada — ela se aproxima de mim fechando ainda mais o espaço entre nós.
— Você que pensa. Eu vivo aqui sei de tudo, eu vejo tudo, e sei
como você pode fazê-la sofrer, como podemos fazer eles sofrerem — ela
diz se encostando em mim e passando a mão pelo peito por cima do terno.
— Eles quem? Do que está falando? — pergunto não entendendo
nada do que ela está dizendo.
— Damien e a sua Morgana. Vamos lá, vamos fazê-los sofrer,
Damien está de quatro por ela enfeitiçado e você também, o que é uma
merda — ela diz e bufa frustrada aproximando a sua boca da minha —
Vamos? O que me diz?
— Você está maluca se pensa que eu... — sou interrompido pela fala
de Morgana que se perde quando vê a cena.
— Lyssa você já deu... — Ela não continua a frase assim que me
viro em seus olhos eu vejo lágrimas se formando e quando olha para Lyssa
ela abaixa a cabeça e se faz de inocente.
— Senhora eu iria dar banho no Dimitry, mas ele está dormindo e o
senhor Andrei disse para deixá-lo dormir pois está cansado das brincadeiras
— a falsa diz me olhando de lado e a minha vontade é de pegar ela pelo
pescoço e apertá-lo até ver o seu último suspiro, ver a vida se esvair de seu
corpo, essa mulher não pode continuar aqui, ela tem que sair de perto tanto
do meu filho como de Morgana.
— Morgana olha eu...
— Vai embora Andrei. — Ela diz e fecha os olhos os apertando e
quando os abre novamente vejo tristeza neles — Eu irei procurar o
advogado amanhã, vamos resolver as suas visitas a Dimitry dentro da lei,
por agora se me der licença. — diz saindo de frente da porta me dando
passagem para passar.
— Precisamos conversar Morgana. — Insisto em uma conversa.
— Não temos nada para falar, tudo já foi o suficiente. — Ela me
olha e faz um gesto com as mãos para a porta sem saída, sem argumentos
por ter sido pego em uma situação constrangedora com a babá do meu filho
me viro em direção a sua cama e me despeço dele com um beijo em sua
testa e uma sensação estranha preenche o meu peito como se fosse um
pressentimento ruim.
— Que dia posso vir vê-lo novamente? — pergunto.
— Eu o levarei até você, ou aguarde o contato do advogado — ela
diz e eu dou um aceno de cabeça.
— Tudo bem, me ligue se precisar de algo.
— Okay — ela se limita a dizer.
Passo por ela que está na porta, mas antes e sair lhe roubo um
selinho e ela se assusta me olhando de olhos arregalados.
— Como nos velhos tempos — lhe pisco um olho e viro as costas
saindo nem lhe dando tempo para argumentar.
Descendo as escadas ao final dela encontro com o homem que está
sendo um peso sobre os meus planos, ao passar por ele o encaro
demonstrando que não tenho medo nenhum dele, não tenho medo da morte
eu convivo com ela todos os dias.
— Boa viagem! — ele diz assim que eu passo por ele em um ar
debochado.
— Pode ter certeza de que eu terei e você terá também uma boa
viagem para seu encontro com Lúcifer assim que eu o mandar para o
inferno, com licença — lhe viro as costas abrindo a porta da frente e
respirando ar puro.
Chegando ao meu carro libero as portas e entro nele dando partida e
assim que isso acontece uma explosão acontece levando tudo que há em
volta para os ares.
CAPÍTULO 17

A presença de Andrei está se fazendo cada vez mais presente em


minha vida, e agora que sabe que Dimitry é seu filho a sua presença será
constante, mas vê-los juntos aqueceu meu coração. Ver como eles se deram
tão bem foi gratificante e ver a felicidade no rosto do meu filho não tem
preço, eu amo demais o meu filho para permitir que ele sofra por nossos
erros. Uma criança jamais será culpada pelos erros de seus pais, jamais uma
criança causará discórdia entre um casale, será a união, o que no meu caso
não funciona muito bem porque eu e Andrei somos opostos um do outro.
Não estamos destinados a ficar juntos e muito menos a termos uma
boa relação. Desde sempre fomos desligados ele principalmente.
Ele pode dizer que me ama, mas será?
Será que vale a pena me iludir com isso?
A insegurança que nunca existiu em mim agora está aqui me
rondando eu queria poder acreditar, mas a que custo?
Um dia eu lhe dei o meu coração eu era muito jovem desde muito
tempo eu o via, mas ele nunca me notava, afinal como a filha do
empregado, do faz tudo iria ser notada?
As meninas o rodeavam, e algumas mal sabia o mundo em que ele
vivia. Eu tinha 17 anos quando fui em uma festa organizada pelas meninas
do Colégio e Andrei tinha 20 para 21 anos sem responsabilidade, poderia
dizer até sem futuro. O meu coração batia forte sempre que o via, demorei a
entender que aquilo que eu sentia por ele era amor.
E então fui a tal festa, me sentia deslocada naquele lugar, eu não
tinha muitos amigos dos quais podia contar e quem eu pensava que poderia
me proteger me abandonou lá sem se importar ao mínimo o que poderia
acontecer, simplesmente se foi e eu fiquei ali jogada aos lobos. Foi ali
naquele dia, que eu tive que aprender a ser forte, que eu tive que mudar, que
eu tive que esquecer que um dia eu amei e que poderia ser amada, o dia em
que a minha inocência se foi, a doce e pobre Morgana deixou de existir para
dar lugar a fria e autoritária Morgana que não aceita ninguém em sua vida.
Naquele dia quando cheguei logo vi Andrei rodeado de meninas.
Deslocada e sem muita informação, andava pelo meio das pessoas sentindo
que ali não era o meu lugar, até que trombei com um cara, era bonito, alto,
cabelos loiros, olhos verdes. Ele derrubou o seu copo de cerveja em mim e
acabando assim com toda a produção que eu havia feito, a minha melhor
roupa foi para o lixo.
Não sei em que momento, mas logo Andrei apareceu e com uma
mão em minhas costas e um copo de cerveja em outro, que entregou para o
rapaz e o mandou sair.
— Pode ir agora sua cerveja está aí deixe que eu cuido da moça
aqui. — Ele articulou ao rapaz que sem opção deu de ombros e saiu
deixando-me sozinha com Andrei.
— E aí como se chama? — ele me perguntou. Estava tão
hipnotizada por ele que a sua pergunta estava na minha mente e ao mesmo
tempo não estava — Oi? — ele passa a mão diante dos meus olhos e eu
acordo.
— Morgana, meu nome é Morgana — digo a ele que sorri o sorriso
mais cafajeste que eu já vi.
— Venha, está sozinha? — ele pergunta e eu assinto.
—Venha com a gente vamos nos divertir. — Me puxando pelo
braço, me arrasta em meio àquela multidão até chegar na rodinha de amigos
que ele estava.
E ali naquele meio eu ficava o observando. Às vezes ele me olhava,
mas era coisa rápida, em determinado momento senti vontade de ir ao
banheiro e me levantei ele me acompanhou quando me levantei e meu
coração saltou de felicidade quando pensei que ele iria me acompanhar ao
banheiro, mas quando olho para trás vejo uma mulher e todo aquele
entusiasmo se vai e mais do que rapidamente saio dali.
Quando olho para trás vejo que ele nem se importou que eu saí da
mesa, nem sentiu a minha falta e criando a coragem decido que após sair do
banheiro irei embora para casa, minha roupa está fedendo a cerveja. Entro
no banheiro e em um dos cubículos, enquanto estava ali dentro escuto a
porta se abrir e barulho de salto e conversa.
— Você viu a mocinha que estava com Andrei? — uma voz fala.
— Vi sim. Onde será que ele arrumou aquele tipo? Não combina
com Andrei esse tipo de gente. — A outra fala.
— Você notou? Ela está caidinha por ele, mas coitada. Ele jamais
vai querer algo com alguém que parece uma criança, ele gosta de mulher —
a outra fala.
— Gosta mesmo, e hoje eu vou foder com ele. — Uma delas fala e a
outra gargalha.
— Como você vai fazer isso se ele não repete mulher? Deixa de ser
maluca.
— Eu tenho os meus planos, a bebida que ele está bebendo está
batizada ele nem vai se importar se é repetida ou não. Ele fode bem para
caralho e eu quero de novo e só assim para eu conseguir — ela fala e eu
coloco uma mão na boca e assim que me levanto da patente a mesma faz
barulho e eu me chuto internamente deveria ter ficado quieta.
— Quem está aí? — uma delas pergunta e eu escuto o barulho de
saltos se aproximando da porta que eu estou e ela se abre revelando ser eu
ali dentro ouvindo tudo que elas estavam dizendo.
— Olha o que temos? Uma espiã?
— Me deixem sair — falo e quando vou passar ela me prensa na
parede em um empurrão.
— Ligue para Fergus, ele vai adorar o que eu tenho para ele. — Ela
fala a outra que logo tira o celular da bolsa ligando para alguém, o que não
demora muito a atender. Depois de alguns minutos conversando, desliga o
celular e se aproxima de mim também.
— Fergus está vindo te buscar espero que aprecie o passeio. — Uma
olha para outra e gargalham se afastando saindo do banheiro.
Meu coração está acelerado e o medo me consome saio o mais
rápido que posso do banheiro e avisto Andrei ao lado da mulher que estava
no banheiro, ele como se sentisse a minha presença olha na minha direção e
quando vou para caminhar até ele para avisar sobre a bebida, ele já aparenta
estar muito bêbado agarrando a cintura da mulher ao seu lado. No mesmo
instante em que eu sou agarrada por dois braços com uma enorme tatuagem
de cobra neles, olho para Andrei que tenta vir até mim, mas a mulher que o
rodeia tira sua atenção o levando para longe enquanto eu sou arrastada para
um lugar desconhecido.
Andrei naquela noite não me ajudou, não se impôs como um homem
da máfia. Ele deixou simplesmente que me levassem e naquela noite eu tive
a minha inocência tirada da pior forma possível, um momento que eu queria
para sempre esquecer.
Andrei pode ter se esquecido de que me conheceu naquele dia, mas
quando a realidade se abateu sobre nós, quando ele se lembrou daquela
noite e eu contei a verdade, ele simplesmente procurou todos aqueles que
me fizeram mal aquela noite e os matou...
Naquela noite eu fui violentamente abusada e espancada...
E depois de muito tempo eu tive a minha justiça quando Andrei
matou um por um, mas a confiança em homens nunca mais foi a mesma e
quando eu finalmente resolvi dar uma chance o mundo despencou quando
Andrei disse que ia embora...
Relembrar essa parte da minha vida não é fácil nunca será por mais
que estejam mortas as marcas ficarão para sempre...
Ainda perdida em meus pensamentos me lembro que Dimitry ainda
não tomou banho e peço a Lyssa que dê banho nele para mim, tenho
algumas coisas do trabalho para resolver papéis para assinar.
Enquanto estava no escritório revisando alguns papéis decidi subir
para verificar se Dimitry já havia tomado banho e quando chego a porta do
quarto encontro Andrei e Lyssa em uma situação um tanto quanto
comprometedora.
Quando Andrei irá parar de querer foder tudo que se move? Ele
tenta se explicar, mas sem motivos para querer ouvi-lo o mando embora
sem pestanejar na minha decisão.
Acatando o meu pedido ele se despede de Dimitry que está
dormindo confortavelmente, certamente cansado de tanto brincar com o
pai! — para e penso por um segundo a respeito da palavra Pai, o que Andrei
pode trazer de bom para a vida do filho?
Sem mais ao passar por mim ele deposita um selinho em meus
lábios e pisca um olhar travesso me deixando furiosa. Ele sabe o quanto
odeio que faça isso, não somos namorados ou algo do tipo ele não possui
uma liberdade para isso.
— Como nos velhos tempos — ele diz e sai, eu observo a sua
estatura de costas. Desde sempre Andrei foi muito forte, ombros largos
porte físico bem definido uma bunda e coxas de dar inveja em qualquer
mulher tirando a minha atenção dele, quando vira o corredor para descer as
escadas me viro para Lyssa que me olha de um jeito estranho não sei definir
o olhar, mas é como se fosse satisfação ou não sei outra coisa, me aproximo
mais dela buscando entender.
— Sabe antigamente houve uma situação em que eu tive que
torturar uma mulher — não entendo o porquê estou falando isso a ela mas
prossigo — eu a mutilei de todas as formas que eu podia a reduzi a nada e
se me perguntar se eu senti remorso ou algo parecido a minha resposta será
não — digo a ela que se mantém imparcial em suas feições — eu não tinha
nada a ver com a situação mas tudo foi pelo simples prazer e mostra-la que
não se brinca comigo. Posso parecer cega, mas não sou idiota, ela brincou e
recebeu o que merecia. Então nem só por um segundo pense que pode
brincar comigo, que pense que pode se esfregar dentro da minha casa com
alguém, mesmo sendo ele o pai do meu filho, exijo respeito aqui dentro.
— Sim senhora, mas eu não estava fazendo nada ele que estava
próximo a mim dizendo o quanto eu era linda e o quanto queria se
aprofundar em mim — ela diz e olha para o chão em seguida quando me
olha novamente vejo lágrimas se formando em seus olhos — eu não quero
perder meu emprego, adoro Dimitry e não quero ficar longe dele — ela diz
e eu assinto.
— Então se mantenha afastada de Andrei. Ele não sabe segurar o
pau entre as suas pernas e qualquer oportunidade com qualquer uma ele se
aproveita. Andrei não é um homem bom, não foi feito para compromissos
ou algo mais do que isso — digo a ela que assente quando ia falar sobre as
regras escuto um barulho bem alto e as paredes parece estremecer olho para
Lyssa e corro na janela e quando olho do lado de fora vejo um carro
capotado no meio da rua, todo amassado e com um começo de chamas.
— O que está havendo? — Lyssa me pergunta se aproximando da
janela o barulho foi alto o suficiente e acorda Dimitry que estava dormindo.
— Cuide de Dimitry dê banho nele eu vou descer para ver o que é.
— Sim senhora.
Saio deixando Lyssa cuidando de Dimitry e desço as escadas e
encontrando Damien sentado numa poltrona na sala com o celular em mãos
e quando me vê se levanta vindo em minha direção.
— Você não ouviu? — pergunto a ele que me olha estranho, não
parecendo confuso, mas com uma fisionomia que eu não sei decifrar.
— Ouviu o quê? — ele pergunta.
— O barulho lá fora. Tem um carro retorcido no meio da rua
capotado eu vou ver o que é — digo a ele já me preparando para sair
quando sua voz fria e forte me para no lugar.
— É melhor não se intrometer — ele me alerta — coisas que
acontecerem fora da porta de sua casa não te diz respeito Morgana.
— Mas foi em frente à minha casa e... — Paro quando penso que
Andrei havia acabado de sair quando aconteceu o barulho sem dar mais
atenção a Damien abro a porta e saio com ele gritando atrás de mim para
que não me intrometesse em problemas de terceiros.
Quando estou na rua já há alguns vizinhos em volta do carro e eu
olhando bem reconheço o automóvel, se trata do carro de Andrei, quando
olho para dentro ele se encontra preso às ferragens e está desacordado. Um
desespero me acomete na hora e eu peço para as pessoas se afastarem e me
aproximo.
— Fiquem longe por favor — peço a eles que se afastam e Damien
vem ao meu lado olhando para o carro.
— Esse é o pai do seu filho? O idiota? — ele pergunta e eu o fuzilo
com o olhar.
— Alguém chama uma ambulância — grito e uma moça diz que já
chamou.
— Deixe que a família dele veja isso Morgana, você não tem
obrigação — ele me fala com um misto de raiva — deixe isso.
— Antes de mais nada Damien, ele é pai do meu filho e nós temos
uma história independentemente de como tenha acabado.
— Do mesmo modo em que ele não se preocupou com você quando
te abandonou grávida e sozinha.
— Cale a boca! — grito com ele quando uma pequena faísca
começa a sair do carro e alguém grita — O carro vai explodir! — então
corro e me abaixo sem me importar em estar de saia. Me enfio pelo
pequeno espaço que há entre os vidros quebrados da porta do motorista,
Andrei está muito machucado e faço o que eu posso para soltar seu cinto
em nenhum momento Damien me ajuda e me questiono se o ódio ou seja lá
o que há entre os dois é tanto assim para que ele negue ajuda.
Me esforçando o máximo que posso consigo soltar o cinto e seu
corpo cai para o meu lado e por mais que eu esteja machucando os meus
joelhos no asfalto o puxo me sujando com o seu sangue que escorre sem
parar da sua cabeça. Ele é pesado e ninguém, absolutamente ninguém, me
ajuda a retirá-lo do carro...
Ele permanece desacordado e após muito esforço consigo arrastá-lo
para fora, meus cabelos estão grudados em meu rosto devido o suor
misturado com sangue, e como se fosse por Deus assim que arrasto ele para
fora o carro explode espalhando estilhaços para todo lado, eu protejo
Andrei com o meu corpo o calor é insuportável e no mesmo instante uma
ambulância chega, os paramédicos se aproximam e um deles me retira de
cima do corpo dele me afastando para longe.
— Agora que já bancou a heroína podemos voltar para dentro? —
Damien me assusta com o seu tom de voz.
— Eu quero que você se afaste de mim — o olho com raiva, por que
ele não foi capaz de me ajudar em nenhum momento, ninguém foi na
realidade — Se for para me criticar, eu quero você longe, agora! — grito
com ele que agarra o meu braço me levando para longe das pessoas e de
Andrei enquanto os paramédicos cuidam dele.
— Escute aqui, você me contratou como seu segurança particular.
Eu poderia ter te impedido de bancar a matriarca da máfia ao salvar o seu
protegido. — Ele diz amargamente — Então não é como se eu fosse te
impedir, pois a conheço o suficiente para saber que não iria aceitar — ele
termina por fim seu discurso e eu o olho concordando.
— Exatamente e por que não me ajudou?
— Por quê simplesmente não senti vontade por mim que ele morra!
— olho incrédula, jamais pensei ouvir isso da boca de Damien.
O que eu pensava a seu respeito está declinado ao fracasso e começo
a suspeitar que ele não é tão bom quanto eu o imaginava — Quem é
Damien Slovack?
Sou tirada dos meus pensamentos quando um dos paramédicos me
chama para conversar. Ele me avalia me pergunta o que aconteceu, pergunta
se estou machucada e digo que o sangue é todo de Andrei. Ele me diz que
eu não poderia ter retirado ele do carro que isso pode prejudicar a sua
recuperação futuramente, mas se eu não tivesse feito isso ele teria morrido,
ele ainda respira, mas está entubado.
— A senhora deseja acompanhá-lo ao hospital? É parente dele? — o
paramédico me pergunta no momento que Damien chega e ele responde em
meu lugar o que me deixa cheia de raiva. O que Damien procura me
irritando desse jeito?
— Não ela não é parente — ele diz me deixando com sérios
problemas de raiva.
— Eu vou, ele é pai do meu filho. Nos conhecemos há muitos anos,
mais do que deveria. Só vou pegar minha bolsa e o meu celular vou avisar o
irmão dele já que o seu celular deve ter se perdido — digo o agradecendo e
me virando para entrar em casa, nem penso em me trocar ou algo do tipo,
entro no escritório pegando minha bolsa e celular e saio para ir com Andrei
para o hospital.
— Eu vou com você — Damien diz quando eu estou fechando a
porta do escritório.
— Não! Definitivamente você não está indo comigo — digo a ele
que me olha feio — Eu vou sozinha — digo passando por ele e saindo para
rua chegando próximo a ambulância e me pergunto onde estavam os
seguranças de Andrei que não viram nada? Porque o seu carro não
explodiria do nada.
Ao entrar na ambulância disco o número de Donatella o telefone
chama e ela atende no quarto toque.
— Morgana! Como vai? — ela me cumprimenta e eu olho para
Andrei.
— Estou em uma ambulância indo para o hospital — digo a ela que
fica muda — Donatella? — chamo.
— O que houve Morgana?
— Andrei sofreu um acidente em frente à minha casa, seu carro... —
Engulo em seco — seu carro explodiu e ele está muito machucado —
Donatella grita por Boris e no mesmo instante ele fala ao telefone.
— O que houve Morgana? — ele me pergunta e eu repito as
mesmas coisas que eu disse a Donatella e informo a qual hospital estamos
indo — Estou indo ao seu encontro quero saber disso direitinho e quem fez
isso ao meu irmão vai pagar, não importa quem seja, eu irei até o inferno se
preciso for. Eu já perdi um irmão não posso e não vou perder outro — ele
diz e desliga sem nem ao menos se despedir, mau dos irmãos Nickolaievy já
era de se esperar.

Tempos depois chegamos ao hospital, porém antes que as portas


fossem abertas os aparelhos que estão ligados a Andrei disparam
enlouquecidos e de repente a porta de trás se abre revelando um médico que
rapidamente entra dentro da ambulância e começa a examinar Andrei. Ele
pede que todos saiam e se afastem. Ele pega um desfibrilador, quando um
dos aparelhos indica uma parada cardíaca me desespero, tento entrar dentro
da ambulância novamente, mas sou impedida por um dos seguranças do
local que me segura firmemente e uma enfermeira rasga a camisa de Andrei
enquanto o médico carrega o aparelho para em seguida descarregar sobre o
seu peito. Seu corpo se ergue sobre a maca sem nenhum sinal de resposta.
— Me deixe entrar — peço chorosa ao médico que me olha e com
muito sacrifício permite que eu entre novamente pego a mão de Andrei
entre as minhas e me aproximo de seu ouvido e sussurro:
— Seu ordinário se você morrer com quem irei brigar? — meus
olhos se enchem de lágrimas e eu continuo — Se você morrer não vai ver
seu filho crescer e se tornar um homem, não como você, por que sabemos
muito bem que você não presta, mas se tornar um homem, e ele está tão
feliz por ter um pai não tire isso dele por favor, ele precisa de você — peço,
mas nada acontece.
— Eu sinto muito — o médico diz e eu o olho com raiva.
— Sente muito pelo quê? — pergunto com raiva — Por não fazer o
seu trabalho direito? Por perder uma vida por incompetência? eu quero que
você o traga de volta agora, isso não pode acontecer, não agora — o olho
com ódio — Faça seu trabalho agora, porra!
Ele pega o desfibrilador e novamente carrega e descarrega sobre o
peito de Andrei e de repente os aparelhos começam a apitar novamente.
Olho para Andrei que tem a sua respiração garantida pelos aparelhos e o
médico suspira aliviado.
— Temos que levá-lo para dentro — o médico avisa e eu saio de
dentro da ambulância dando espaço para que os enfermeiros façam o seu
trabalho.

Após levarem Andrei, eles não me deixaram acompanhar mais,


então sem ter saída fico na sala de espera. As pessoas me olham como se eu
tivesse duas cabeças afinal eu estou suja, como jamais estive na vida, suja
de sangue.
A demora por notícias é horrível e Boris surge como se fosse um
vulcão prestes a explodir acompanhado de Donatella, que logo se aproxima
de mim e me abraça enquanto eu choro. Por mais que eu me faça de forte,
que eu diga não haver sentimento eu o amo.
— Tudo vai ficar bem — Donatella diz passando a mão em minhas
costas me confortando — ele é forte.
— Ele teve uma parada cardíaca na ambulância — digo a ela e Boris
se manifesta.
— Como é? — ele pergunta e se aproxima de mim — O que está
falando?
— Ele morreu Boris — digo a ele que arregala os olhos e Donatella
coloca uma das mãos na boca — Deu muito trabalho para trazê-lo de volta
— ele suspira aliviado.
— Familiares de Andrei Nickolaievy? — o médico que o atendeu na
ambulância chama.
— Eu sou irmão dele. — Boris diz e o médico assente — Como está
meu irmão? — a pergunta é direta, sem rodeios.
— O caso dele é delicado — ele começa e eu olho para Donatella
que corre me amparar — devido ao impacto da explosão ele bateu muito
forte a cabeça e isso causou um coágulo do lado esquerdo do seu cérebro,
ele está inchado e está sendo drenado.
— O que isso quer dizer? — pergunto com medo da resposta.
— Ele está em coma — o médico diz e eu caio sentada na cadeira
sendo segurada por Donatella.
— Induzido? — Boris pergunta — O induziram ao coma para que
ele se recupere não foi?
— Não! O corpo dele voluntariamente entrou nesse estado e só o
tempo poderá dizer quando ele sairá — o médico diz e Boris o olha com um
olhar estranho.

— Está me dizendo que meu irmão pode nunca mais acordar? É isso
que está dizendo?
— Sim, tem pessoas que acordam em dias, outras em semanas,
meses ou anos ou nunca mais — o médico diz e o meu desespero é maior o
que eu fazer com Dimitry?
— Como vou dizer ao Dimitry que durante um tempo ele não vai
ver o pai? — sussurro para que só Donatella possa ouvir.
— Calma Morgana, tudo vai dar certo! Andrei é um Nickolaievy ele
não vai perder você vai ver, ele é forte já lhe disse isso. Logo ele vai estar
com a gente. — Ela diz e eu busco querer acreditar, mas isso não é fácil.
— Eu posso vê-lo? Podemos vê-lo? — pergunto ao médico que
confirma com a cabeça.
— Um de cada vez, cinco minutos cada um, ele está no quarto andar
na sala de UTI — o médico informa e eu me pergunto quem poderia ter
feito isso a troco de quê?
Isso dentre tantas coisas eu pretendo descobrir...
CAPÍTULO 18

BÔNUS
— Os planos que arquitetei estão saindo como eu imaginei — digo
me recostando na cadeira à grande mesa de mogno a minha frente.
— Isso está demorando demais quando irei ter a minha vingança
completa? Você sabe muito bem que a minha vida foi tirada de mim, era
para eu estar no lugar daquele Palermo.
— Mas você agora com ele fora do caminho poderá se aproximar
mais da família perfeita. Você sabe, nosso objetivo é machucar onde mais
dói, tirar o que eles mais amam.
— Por mim eu mato todos eles.
— Sabe que isso agora não pode acontecer primeiro eles precisam
sentir.
— Eles precisam sentir o que eu devo fazer?
— Você sabe que excedeu os limites plantando aquela bomba no
carro do Andrei.
— Não, eu tinha a oportunidade e a aproveitei.
— Sabe que seu irmão vai desconfiar que foi você, você o conhece
o suficiente para saber que ele é bom em ligar os fatos.
— E quanto as outras pessoas que estão nos ajudando? Até agora
não fizeram nada de concreto, não vi nada acontecer.
— Calma sabemos tudo o que devemos saber sobre eles, graças a
Deus eu encontrei vocês quando aquele merda russo os entregou para
aquela família russa. Eu sempre soube que Natasha estava grávida, nossa
intenção era fugir. Ela iria deixar aquele merda do Ivan, mas a boca grande
da Stella acabou com os nossos planos.
— A mãe de Morgana e Isaellyn — falou amargo.
— Sim ela!
— Papa? Por que deu metade de sua fortuna a Morgana? Até agora
não entendo essa lógica?
— Tudo faz parte do plano, confesso que me enganei na parte sobre
ela estar realmente odiando Andrei — digo acendendo um charuto — a
vadia o ama.
— Sei disso, eu vi pelo vídeo que ela fez de tudo para salvar o
canalha. Eu queria a morte dele.
— Não assim tão rápido meu filho. Primeiro precisamos nos vingar,
tirar deles o que eles mais amam. O chefe ama sua esposa e seus filhos que
no caso são seus sobrinhos diga-se de passagem.
— Odeio crianças.
— E depois vem Andrei ele ama a Morgana e o filho... tudo será
muito simples, na hora certa iremos matar Morgana e Dimitry e o chefe de
merda russo com a sua família e então iremos assumir o poder russo. Tudo
que deveria ser de vocês irá ser como tem que ser.
— Assim espero. Leila está falhando constantemente e eu não estou
gostando disso.
— Já temos tudo arquitetado ela sabe o que está fazendo, a intenção
desde o início era a aproximação, ela roubou o suficiente dele, não, nós
roubamos, então tudo recairá sobre a mais inocente das mulheres a
idolatrada Morgana.
— Então quando eles descobrirem os desfalques a culpa será toda
dela? Todos pensarão que ela estava ajudando a gente na vingança porque
queria vingança também.
— Perspicaz você meu filho, quando eles descobrirem, ela não terá
como negar, afinal ela é a herdeira de Giancarlo Fabri, e até a morte dele
recairá sobre ela.
— Leila precisa se casar com Andrei — meu outro filho diz
irrompendo a porta de minha sala. O que houve com esses garotos?
— Não foi exatamente essa a educação que eu dei a você — digo
contrariado.
— Isso não vem ao caso — ele diz se sentando na cadeira do lado de
seu irmão — e você — ele olha para o lado — pare de estragar os meus
planos. Aprenda a ter paciência ela é a alma do negócio.
— Não me venha com essa agora você está muito lerdo, já era para
essa história ter sido resolvida, por favor.
— Você pensa que eu não sei que foi você que colocou a bomba no
carro do idiota? — ele fala para o irmão com um sorriso macabro em seu
rosto — confesso que foi uma ideia um tanto genial, mas você se esqueceu
que não era a hora.
— Você sempre se acha, não é? Não esqueça, somos irmãos você só
é cinco minutos mais velho não é como se fosse o rei.
— Calem-se não foi desse jeito que eu criei vocês, união, é isso que
vocês precisam não querer se matar a cada dois minutos isso é o cúmulo!
— Por favor seu filho é um ingrato, não reconhece nada quantas
vezes eu o salvei da morte?
— Okay, okay. Chega! Você sabe o que tem que fazer, faça como o
combinado e o mundo será seu.
— Eu não vou ficar sentado esperando o salvador da pátria. O
infeliz está vivo, por mim eu acabaria com ele hoje mesmo, não é como se
ele fosse fazer falta.
— Sabe que não é assim, tem todo um plano arquitetado você não
pode simplesmente mudar tudo, você é um asno. Apesar de sermos irmãos
não temos nada em comum e eu dou graças a deus a isso.
— O que temos para hoje? — pergunto querendo encerrar a
discussão dos dois. Filhos por mais que crescem são difíceis.
— Graças a ideia ótima do seu filho, ao invés de separar Morgana e
Andrei eles se juntaram ainda mais, obrigado maninho — ele diz e olha
para o irmão.
— De nada, não foi essa a intenção, mas já pensou que temos os
dois onde queremos?
— O que está dizendo?
— E se Andrei morrer no hospital daqui por exemplo uma semana?
Nós podemos matá-lo, fazer vir à tona o roubo e tudo mais, e de quebra ela
pode ser morta pelo irmão sob traição, tudo certinho esse plano é
maravilhoso, você não concorda irmão?
— Tem certeza de que somos irmãos? Às vezes acho que não
compartilhamos a mesma placenta.
— Vocês são diferentes em tudo nunca se viram no espelho? — falo
vendo o quanto é difícil a convivência desses dois — Não estraguem os
planos são anos arquitetando tudo.
— A mãe de Morgana sabia sobre o caso de vocês dois?
— Ela sabia. Foi ela quem disse tudo ao Ivan, ela foi a língua solta
por isso a matei, tinha uma língua afiada eu poderia ter cortado, mas matar
me pareceu mais eficiente no momento, sem pontas soltas afinal, ela
também não era nenhuma santa como sabem Isaellyn é filha do velho
Mancinni, o qual eu tinha grande apresso. Éramos amigos de longa data, já
contei milhares de vezes essa história, assim como eu era o encarregado de
fazer as negociações da Máfia italiana e foi em umas dessas negociações
que encontrei Natasha. Aos olhos do mundo, eles se amavam, mas só Deus
e ela sabia o que acontecia. Ela ficou doente, estava grávida, da nossa
vingança em questão, por que Ivan logo após vocês nascerem tratou de
engravidar Natasha então Andrei teve aquilo que vocês foram impedidos de
ter.
— Nossa mãe morreu por culpa dele, ela não poderia estar gerando-
o estando doente como estava, por isso eu o odeio, por isso eu quero a sua
morte e de toda a sua linhagem.
— Eu também e mal posso esperar por isso.
— Calma irmão tudo vai acontecer como planejado.
— Temos que avisar Leila sobre Andrei estar no hospital, adoraria
ver o espetáculo entre Morgana e ela, queria ser uma mosca para ver a
reação de Morgana ao ver Leila lá isso vai ser divertido.
— Você é muito cabeça ao vento, não tem nada de divertido nisso,
preste a atenção no que tem que fazer.
— Você tem mais coisas a fazer, sabe que temos que recuperar a
herança de papa não sabe?
— Eu sei é não se preocupe, logo Morgana terá o amor de sua vida
em seu caminho é só uma questão de tempo.
— Concordo com seu irmão devemos afastar o tanto quanto
pudermos Morgana de Andrei e nada melhor para fazer isso do que um
documento assinado onde ele e Leila estão oficialmente casados, não é?
— O que está dizendo papa?
— Quando Andrei vendeu a sua parte do negócio ele assinou um
documento em branco e não viu — digo dando de ombros e um sorriso
surge em meus lábios — o velho aqui sabe o que faz para todos os efeitos,
Leila é sua esposa e isso afastará definitivamente Morgana. Ele precisa estar
só e ela também, para que assim todos os nossos planos saiam conforme o
planejado.
— Papa eu o admiro, sua mente é brilhante!
— Assim como matei Ivan matarei os seus filhos também com a
ajuda de vocês é claro. E teremos todo o poder russo em nossas mãos. Eu
sou um cara perigoso, mas o bom velho que deixou uma fortuna grandiosa
para a pequena mulher indefesa e um sobrenome para o seu filho também
sabe ser um homem bom — acendo um charuto.
— Antes de tudo eu quero me divertir naquele corpo que Morgana
tem, tenho que me aproximar dela, ela é arisca acredita que ela ameaçou
Lyssa?
— Não, sua irmã não disse nada — Lyssa e a sua mania de nunca
dizer nada.
— Ela o fez, confesso que fiquei curioso sobre a história, mas terei a
oportunidade de perguntar em breve.
— Como anda a gravidez de Leila?
— De vento em polpa não me agradou em nada ter que engravidá-
la, mas foi um mal necessário.
— Acredite, isso foi necessário — digo me levantando — bom,
temos que acabar de colocar o resto do plano em ação, e você — aponto
para o meu filho mais novo — não estrague tudo segure seu gênio
explosivo — digo a ele que gargalha se levantando também seguido de seu
irmão.
— Como se ele fosse capaz de se lembrar disso a cada cagada que
faz — meu filho mais velho diz.
— Tudo será nosso. Eu até posso em minha misericórdia deixar
Morgana viver para ser sua meu filho, mas o pirralho morre. Não permitirei
o filho bastardo, para você só filhos seus quando você assumir o poder. A
fortuna e a mulher daquele que tirou a sua mãe de você.
— Irei pensar sobre papa, mas realmente não me interesso em ter
Morgana eu só quero me divertir antes de matá-la, não me vejo com ela ao
meu lado.
— Ele ama a Leila Papa.
— Eu não amo ninguém só a mim e basta.
— Bom vamos embora temos assuntos a tratar. A família
Nickolaievy nos deve e é chegada a hora de cobrar... e eu mal posso esperar
por isso.
— Nós teremos isso papa, e eu sou o mais interessado nisso.
Os planos contra a família Nickolaievy estão apenas começando.
CAPÍTULO 19

Após o médico virar as costas para sair, Boris se vira para mim com
uma cara não muito boa e eu sei pelo que conheço dele, que nada de bom
está se passando em sua cabeça. Ele me avalia por um momento e solta o ar
frustrado.
— Me diga que você viu alguma coisa? Meu irmão saiu de casa de
manhã para ver o filho o que mais poderia acontecer? — ele passa as mãos
pelo seu rosto e me olha com o olhar cansado — o que conversaram?
— Quando ele chegou em minha casa conversamos por um breve
momento ele disse que sofreu uma tentativa de assassinato quando estava
indo para ver Dimitry.
— O que mais ele disse?
— Ele não entrou em detalhes só disse sobre a tentativa que a
pessoa queria matá-lo junto com toda a sua linhagem, o que ele deduziu se
tratar também de Dimitry — nessa hora arregalo meus olhos e olho para
Donatella que tem um olhar confuso em minha direção — Dimitry! —
exclamo e Boris me olha sem entender.
— O que tem ele? — ele pergunta tirando o seu celular do bolso.
— Ele está sozinho! — sacudo a cabeça para desanuviar os
pensamentos — Não, sozinho não, ele está com a Lyssa, mas ela é uma
mulher e se forem atrás do meu filho? Boris eu... — aponto para trás eu me
sinto perdida — eu tenho que ir vê-lo e...
— Deixe, eu vou pedir para um dos meus homens ir vê-lo — Boris
fala já colocando o seu celular no ouvido e entrando em uma conversa com
alguém do outro lado da linha.
— Você acha que a mesma pessoa que atentou contra ele mais cedo
foi o culpado por essa explosão? — Donatella me pergunta e eu olho para
ela.
— Eu não sei. É difícil saber quando ele não me deu tantas
informações, ele só disse o que eu disse para Boris nada mais do que isso,
mas eu vou descobrir.
— Você ainda o ama não é minha amiga?
— Sim, é uma droga, mas sim. Que inferno! Eu poderia
simplesmente não ligar deixar que ele morresse queimado naquele carro,
mas não, eu não suportaria. Ele é um cafajeste, mas eu o amo.
— Sei disso minha amiga, há muito tempo. — Donatella me dá um
sorriso confortável — Ele é um asno na maioria das vezes, mas eu também
amo o Andrei, ele fez muito por mim quando foi me resgatar com Boris na
Itália, se não fosse por ele talvez, sei lá, o que teria sido aquele dia. Ele
matou Giacomo antes que ele matasse Boris ou a mim, então lhe devo uma
— ela sorri e eu sorrio também me lembrando de como Andrei é cheio de
vida.
— Você quer entrar primeiro para ver o Andrei Morgana? — Boris
me pergunta e eu olho para cima para encontrar seu olhar questionador, sei
o quanto está sendo difícil para ele. Primeiro já perdeu um irmão e agora
prestes a perder outro. Que deus não permita tal coisa, mas não tenho o
direito de entrar primeiro, ele é o irmão eu nem deveria estar aqui.
— Entre você primeiro Boris, eu nem deveria estar aqui, eu sou
apenas a mãe do filho dele, você é o irmão tem todo o direito de entrar e...
— Talvez ele quisesse que você fosse primeiro — ele me interrompe
— vai, eu tenho que fazer umas ligações para descobrir quem foi o maldito
que fez isso com o meu irmão. Já mandei um dos meus homens verificarem
Dimitry, então entre e vá vê-lo — ele diz e se vira indo pelo corredor.
— Vá amiga, isso é uma ordem do chefe não queira contrariá-lo. —
Donatella fala e se levanta me puxando pela mão — e diga aquele idiota
para acordar logo, preciso de alguém para brigar — ela sorri e eu balanço a
cabeça em concordância.
— Tudo bem irei lá então — digo me virando para o corredor do
posto de enfermagem.
— Eu espero por você aqui — ela diz e se senta novamente.
Ao chegar ao posto de enfermagem peço a uma enfermeira que me
prepare para vê-lo. Após tudo certo ela me acompanha até o quarto de UTI.
— Você tem dez minutos — ela me avisa e fecha a porta.
Me aproximo da cama onde ele está, o corpo tão grande tem
curativos nos braços, no rosto. Sua cabeça está enfaixada e há um fio saindo
dela ele está todo entubado cheio de aparelhos por todos os lados. Meus
olhos se enchem de lágrimas, nunca imaginei ver Andrei assim um dia,
nunca se quer desejei isso, mas agora olhando para ele um aperto tão grande
acumula em meu peito, uma sensação de impotência de não poder fazer
nada.
— Oi! — digo timidamente pegando em sua mão — Sou eu, a
Morgana. Não sei se você pode me ouvir apesar de dizerem que pessoas em
seu estado podem ouvir, mas eu não sei...— encaro o teto para piscar as
lágrimas que teimam em cair e olho para ele novamente, arrasto uma
cadeira que está próximo a mim e me sento — você está horrível, devo
acrescentar — digo para aliviar o momento — você tem alguns recados, o
primeiro é que Donatella disse que para você se recuperar por que ela
precisa de você para brigar, seu irmão está lá fora e está fazendo de tudo
para descobrir quem fez isso com você e eu também vou. — Quando digo
essas coisas sinto um aperto em meus dedos não chega a ser forte, mas eu
sinto e olho para ele, quem sabe talvez na esperança de que ele abra os
olhos, mas não acontece — ele pediu para um dos homens ir ver Dimitry,
porque eu o deixei aos cuidados de Lyssa, mas como você disse que querem
matar a todos eu disse a ele que já enviou alguém — outro aperto em meus
dedos e um dos seus aparelhos parece constar uma alteração. Levanto
nervosa e olho para os aparelhos sem saber o que fazer e no mesmo
instante, uma enfermeira entra no quarto acompanhada de um médico que
eu não conheço não se trata ser o mesmo que o atendeu quando chegou.
— Eu preciso que você saia — ele me diz autoritário — sua
presença alterou a pressão do paciente e os seus sinais vitais e... — O
interrompo.
— Eu não vou sair, eu vou ficar com ele.
— A senhora é a esposa? — ele pergunta.
— Não, mas ele é... — Sou interrompida.
— Então não pode ficar. A esposa ligou para a direção do hospital e
disse já estar a caminho então saia agora — olho para ele espantada.
Desde quando Andrei tem esposa? Me pergunto mentalmente.
— Mas ele não tem esposa! — digo olhando para o médico e em
seguida olho para Andrei — Esse homem é pai do meu filho e ele é muito
solteiro. Capaz que ele seria casado ele tem aversão a casamento e...
— Eu entendo. Você é a amante estava na hora que tudo aconteceu e
veio acompanhá-lo, mas se não quiser problemas deve ir embora a esposa
não vai gostar nada de saber que a amante estava aqui e...
— Ah! Cale a boca. Se eu estou dizendo é porque é. Faça seu
trabalho e pare de dizer que sou amante, pois não sou e nem a louca que
ligou é esposa. Ele não tem esse tipo de compromisso — digo já enfezada.
— Mesmo assim você precisa sair — ele diz e se opõem acima de
mim e eu em meus 1,65 não me deixo intimidar, o encaro para deixá-lo
saber que tamanho não é documento diga-se de passagem.
— Eu vou sair, mas não é porque eu quero — digo e olho para as
minhas unhas das mãos que estão sujas de sangue ainda — e só para você
saber, eu não tenho medo de homem cresci como um. Eu vou indo, mas
volto não porque você está mandando, mas pelo bem-estar de Andrei —
digo e me viro em direção porta para sair, mas não sem antes ouvir seu
murmúrio — insolente.
— Muito, e Andrei sabe o quanto, com licença — abro a porta e
saio da UTI. Retiro as roupas especiais e voltando para o corredor junto a
Donatella.
Enquanto vou me aproximando escuto vozes um pouco alteradas e
logo percebo se tratar de Donatella. Ela fala alto com alguém que creio eu
não seja Boris.
— Você não vai entrar aqui sua vadia, vai embora. Você sabe que
meu amor por você não é dos maiores — ela diz e eu sinto o tom de raiva
em sua voz, vou me aproximando mais e vejo uma loira alta vestida com
um vestido super justo e curto o que para um hospital é um tanto quanto
indecente.
— Vá embora Leila, sabe que minha esposa não gosta de você. —
Agora é Boris quem fala em um tom neutro, mas sua raiva é palpável.
— Eu não vou, tenho tanto direito de estar aqui quanto aquela vadia
da sua amiguinha, Donatella — o nome de Donatella sai em um tom
amargo da sua garganta.
Donatella se aproxima dela com um olhar capaz de perfurar até a
alma.
— Não me teste sua vagabunda de quinta, eu posso ter a cara
boazinha, mas não sou nada comparado a isso.
— Não me ofenda. Estou aqui em meus direitos como esposa de
Andrei — assim que escuto meu mundo cai, então é essa a que se diz
esposa de Andrei? Com passos calmos me aproximo dos três, Donatella me
olha e um sorriso se estampa em seu rosto enquanto Boris se mantém
indiferente.
— Você não serve para ser uma esposa da máfia querida Leila, essa
sim é uma mulher digna — Donatella diz e me aponta e ela se vira no
mesmo instante me olhando de cima a baixo e retornando o olhar ao meu
rosto e sorri um sorriso que me causa calafrios.
— Essa aí? Uma idiota? Ah, me poupe disso. Eu vou entrar para ver
meu marido e...
— Já chega! — Boris grita assustando a todos — Você não vai
entrar. Você pode até ser a rainha da Inglaterra ou o que for, mas aqui, quem
manda sou eu! — ele se aproxima dela e pega em seu braço a puxando em
sentido contrário do corredor rumo a saída, mas ela estaca no lugar e se
liberta da sua mão vindo de volta em minha direção parando na minha
frente. Uns bons centímetros mais alta do que eu, tenta me intimidar.
— Fica longe do meu marido sua vadia. Nós teremos um filho
agora, tudo está bem e não preciso que uma vagabunda, atrapalhe a minha
vida e que um pirralho nojento fique entre nós — ela diz e me encara, como
não dou bola para sua loucura desenfreada ela ergue a mão para me desferir
um tapa só que sou mais ágil a impedindo e torço o seu braço atrás de seu
corpo.
— Cuidado com o que desejas, desejos tendem a se realizar. Não
queira que o feitiço vire contra o feiticeiro, e se acha que essas suas
palavras me intimidam saiba que nenhum pouco. Acho melhor ir embora,
Boris já avisou que ninguém te quer aqui — digo a ela que suspira ofegante
e em seguida a empurro aonde ela vai de encontro a parede.
— Eu vou te matar sua ordinária, sua vadia. Você me machucou —
ela grita chamando a atenção de todos para ver o espetáculo que ela está
dando. Donatella apenas observa com o sorriso no rosto — eu vou te matar
escute o que eu digo.
— Familiares de Andrei Nickolaievy? — o médico que encarei na
UTI pergunta.
— Sou eu — Boris diz rapidamente não dando chance a louca falar,
mesmo assim ela se aproxima e diz.
— Eu sou a esposa — e ergue a cabeça.
— O paciente acordou, e está chamando por uma mulher repetida
vezes.
— Ah, sou eu. Qual o quarto dele? — ela diz se aproximando do
médico passando a mão pelos cabelos.
— Seu nome é Morgana? — o médico pergunta a encarando e
Donatella solta uma gargalhada.
— Esse é meu cunhado. Ele merece um presente só por esse
chamado. — Donatella se aproxima dizendo — Essa daí é uma vadia que se
diz esposa dele, mas creio eu que isso tudo é uma loucura. Essa é a
Morgana — ela me aponta e o médico assente me chamando.
— Venha ele quer te ver — o médico se vira e Donatella me
empurra para acompanhá-lo.
— Vai, ande logo — ela diz — vá logo — e quando olho para Leila
ela está com a fisionomia brava me aproximo dela e cochicho em seu
ouvido.
— A vadia aqui é quem ele ama, se não teria chamado você se fosse
ao contrário. Vá embora faça o melhor para si e para todos, ninguém te quer
aqui.
— Você vai me pagar, você e todos aqui, todos sofrerão as
consequências e eu vou ter o enorme prazer de cortar a sua garganta — ela
diz entre dentes e o olhar cheio de raiva.
— Não se eu puder fazer isso antes — digo e saio a deixando para
trás, mas o sentimento de que algo não está indo nada bem me deixa
nervosa e incerta.
CAPÍTULO 20

Saio acompanhando o médico para ir ver Andrei. Sigo pensando


como ele pode estar acordado se o outro médico disse que ele estava em
coma?
Esse médico é diferente do que atendeu ele no caminho vindo para
cá então decido perguntar:
— Eu queria saber uma coisa? — quando digo isso ele se vira e me
encara — como Andrei pode estar acordado se segundo o outro médico ele
estava em coma?
— Ele não estava em coma, ele estava inconsciente em um estado
muito demorado. Ele não poderia estar em coma se ele está acordado agora,
essas coisas podem acontecer — ele diz, mas isso não me esclarece em
nada.
— O que houve com o outro médico que estava cuidando dele?
— Ele foi afastado — diz simplesmente.
— Tudo bem, como ele está então?
— Ele está bem. Tirando o inchaço dos machucados ele está se
recuperando, estamos dando medicamentos para que ele possa suportar a
dor eu estou o monitorando.
— Você havia me falado que a esposa havia ligado e praticamente
me expulsou do quarto ainda acredita que ele é casado? — pergunto a ele
que esboça um sorriso pequeno.
— Não, ele acordou chamando por Morgana então creio eu que se
fosse ao contrário chamaria pela esposa — eu assinto com a cabeça.
Chegamos à porta do quarto de UTI pelo vidro posso vê-lo olhando
para o nada. Mesmo machucado Andrei tem presença e personalidade e
algo me diz que quem fez isso com ele vai pagar caro, e estou mais do que
disposta a ajudar, só preciso saber quem foi no responsável.
— Você já sabe os procedimentos, troque a roupa esterilizada, não
force muito o paciente, ele precisa se recuperar, mas ele quer falar com você
então. — Ele se despede e sai indo ao posto de enfermagem.
Coloco a roupa esterilizada, limpo as mãos e abro a porta. Assim
que nossos olhos se encontram nada precisa ser dito, eu vejo ira, ódio, raiva
em seu olhar, conheço Andrei o suficiente para saber que mesmo estando
aqui sua mente está bolando alguma coisa.
— Oi! — digo fechando a porta e me aproximando da cama —
como se sente? — ele me observa e nada responde — não pode falar?
— Eu sei quem colocou aquilo no meu carro — ele diz de repente e
eu franzo o cenho — não sou idiota Morgana.
— O que está dizendo?
— Dimitry? Onde ele está?
— Em casa com a Lyssa e o Damien e...
— Tire ele de lá — ele diz me interrompendo.
— O quê? Por quê?
— Seu segurança — ele diz e me encara — Foi ele que colocou
aquilo no meu carro eu não sou idiota e nem tão pouco cego.
— Andrei, você tem certeza disso? Não sei nem o que pensar ou
acreditar eu...
— Pegue Dimitry leve-o para a minha casa. No meu quarto na
gaveta há um envelope, dentro dele tem informações sobre seu segurança
eu não sei seu conteúdo porque ainda não pude ler, mas pegue-o e veja. Se
depois disso você acreditar que eu sou maluco eu não falo mais nada, mas
algo me diz que eu vou enfiar uma bala no meio da testa dele — ele diz
cheio de raiva me interrompendo.
— Andrei se acalme, você não pode se alterar — digo a ele que
exala forte.
—Eu estou calmo, muito calmo por sinal, acho que estou ansioso
por uma diversão.
— Do que você está falando Andrei? Você está em cima de uma
cama, que diversão você pode ter? — ele me olha e dá um sorriso travesso.
— Estou enferrujado Morgana. Há tempos não torturo alguém e
você também. Está na hora de voltar, tenho contas a acertar e seu segurança
vai ser a minha diversão preferida. Não vou ficar aqui para sempre e
quando eu sair daqui ele vai se arrepender, porque eu sei que foi ele — ele
fala e eu engulo em seco.
— Okay Andrei. Eu vou fazer o que me pede, irei levar Dimitry
para sua casa, não se preocupe com isso — digo a ele que assente — eu
achei que você iria morrer — o observo.
— Não tão fácil assim Morgana — ele diz e dou um sorriso — tem
sangue no seu rosto — ele aponta para mim.
— Tem... afinal, eu tirei você do carro quando escutei a explosão
logo após você sair — digo a ele que me olha surpreso com um misto de
admiração.
— Por falar nisso, eu não estava fazendo nada com aquela babá —
ele diz e me encara sério — Eu te amo Morgana, não vou me afundar em
qualquer boceta quando eu quero você.
— Andrei, por favor — digo já cansada.
— Eu que digo, tire aquele homem da sua casa — irredutível. Esse
deveria ser o sobrenome de Andrei.
— Mas ele foi mandado pelo Dante, eu não entendo como...
— Morgana você sabe que as máfias possuem inimigos, e que
qualquer um pode se infiltrar em qualquer uma. Eu te disse a verdade sobre
os meus pais e te falo mais, quem tentou me matar primeiro disse com todas
as letras que o mandante estava chegando para acabar comigo e com toda a
minha linhagem, não se deve confiar nas pessoas, você foi mais esperta
antes Morgana — ele diz e dou um suspiro sabendo que ele tem razão.
— O que vamos fazer para descobrir quem fez isso com você? —
pergunto.
— Primeiro quero meu filho fora do alcance do Damien e daquela
babá. Algo nela me intriga, ela parece amar o seu segurança porque me
disse com todas as letras que se eu quisesse poderíamos lhe dar o troco, já
que você estava na cama do Damien, nada mais justo do que eu estar na
cama dela — o olho de canto de olho, não é possível — Ela só esqueceu de
perguntar se eu gosto de mulheres oferecidas.
— A Lyssa te disse isso?
— Sim. No momento antes de você entrar no quarto. Por isso
estávamos tão próximos, eu não sei o que ela te disse depois, mas nada é
verdade — ele diz convicto em suas palavras.
— Sempre achei Lyssa fechada, foi Damien que a contratou. Ele
disse que ela trabalhava no clube e que queria mudar de vida então deu a
oportunidade a ela — Andrei de repente ri e sente dor logo em seguida e
resmunga um palavrão — Caralho! — seguro o riso porque mesmo estando
assim ele ainda xinga.
— Morgana, eu sempre tive a relação dos empregados do clube,
afinal de contas ele é meu e nunca houve nenhuma Lyssa trabalhando nele,
se houvesse eu saberia. Boris sempre me mandava tudo — ele diz — Algo
me diz que essa história não está certa e eu não vejo a hora de sair desse
maldito hospital para resolver isso.
— Hey, não se preocupe assim, você precisa estar bem. Eu vou
pegar o envelope e vou ver o que tem nele e juntos, eu e você, vamos
descobrir a verdade.
— Eu já sei a verdade Morgana e eu te digo, ele vai me pagar. Eu
tenho como descobrir e possuo os meios para isso.
— Eu estou com você — digo e pego em sua mão.
Penso em tudo que aconteceu enquanto eu retirava Andrei do carro,
o momento que pedi por ajuda e Damien não se dispôs e disse com todas as
letras que preferiria Andrei morto. Pode ser que Andrei tenha razão e eu fui
cega o suficiente para não notar, me deixei levar pelo rancor do passado e
fechei os meus olhos para tudo a minha volta sem pensar nas consequências
disso. Meu pai não me criou assim ele me ensinou tudo, depois do que
houve comigo ele sempre me disse para não acreditar em todos, só naqueles
que inspiram confiança e naqueles que estão dispostos a fazer tudo por
mim, e Andrei fez por mim, quando matou quem me fez mal no passado
quando eu não pude me defender. Aprendi que nem todos querem o seu
bem, poucos são aqueles que lutam com você.
— Você sabe que temos algo que nos liga, confesso que eu não
esperava, mas eu já o amo muito. É meu sangue, meu para amar e proteger,
assim como você — o olho e não tenho como negar mais.
— Que droga eu também te amo e isso é uma merda — um sorriso
presunçoso se estampa em seu rosto mais logo se desfaz e ele se queixa de
dor — não seja convencido — o advirto.
— Não é uma merda me amar e você sabe disso, sempre te amei
Morgana eu só não via — ele suspira — quantas vezes Boris me disse e até
aquela atrevida da Donatella disse também, eu só era cego.
— Por falar em Donatella ela disse que você precisa ficar bem logo
porque ela precisa de você para brigar — falo e rio.
— Há tempos Boris perdeu o controle sobre Donatella. Você não
acredita no que ela fez antes de eu sair de casa. Leila havia me ligado e
Donatella atendeu e... — Ele para de falar e me olha vendo que a minha
cara não é das melhores — O que foi? — pergunta confuso.
— Leila está lá fora — digo a ele que fecha o semblante — Ela
disse que vocês estão casados — Andrei arregala os olhos.
— O quê? Como assim que maluquice é essa? Eu nunca me casaria
com ela — ele balança a cabeça em negação — Senhor!
— Ela disse e afirmou que vai cortar a minha garganta — digo e ele
me olha surpreso.
— E o que você pretende fazer em relação a isso?
— Dei o meu recado Andrei, não gosto dela ainda mais porque me
ameaçou. Só não agredi porque ela está grávida e...
— Morgana eu tenho certeza de que não sou o pai. Não tem como
isso ser possível e quanto a história de casamento eu pretendo me casar um
dia, mas ela é a última que eu escolheria, ela não é forte o suficiente para
suportar o meu estilo de vida e viver sob o que eu sou.
— Entendi— digo e ele me olha profundamente.
— Casa comigo Morgana? — arregalo os olhos — Estou falando
sério, poderia ser um pedido formal e eu estar mais apresentável, mas...
— O quê? É... Andrei eu...
— Não diga nada agora, até porque teremos tempo para
conversarmos sobre isso. Eu respeito a sua decisão de não querer me dar
uma resposta agora — ele diz amuado.
— Eu nunca imaginei você fazendo isso — murmúrio para mim
mesmo.
— Nem eu Morgana. Mas acho que já enrolamos demais, já
perdemos tempo demais — ele diz e eu nem sei o que dizer.
— Eu... vou ... Eu vou pensar — digo a ele que assente.
— Então vamos combinar o que será feito. Quero descobrir tudo
que envolve os meus dois atentados.
— Por falar nisso senhor Nickolaievy, onde estavam seus
seguranças que não viram nada? — pergunto, há horas estou pensando
nisso.
— Eu os dispensei — ele diz e eu o olho feio — Não me olhe assim
não gosto de andar com sombras atrás de mim sei me cuidar.
— Sabe sim — reclamo — E não faça essa cara.
— Que cara?
— Não se faça de besta Andrei — digo a ele que faz cara de
paisagem.
— Eu só quero sair daqui, não vejo a hora de estrear uma
bonequinha linda que eu comprei e nada Melhor do que metendo a sua
primeira bala na cabeça do cretino que tentou me matar.
Enquanto continuamos conversando o médico entra e começa a
avaliar Andrei. Ele diz que é surpreendente e que ele está muito bem para
quem quase morreu, diz que Andrei vai ficar uns vinte dias ou mais e
Andrei ameaça o médico dizendo que mais de uma semana ele não fica. O
médico nem se abala diante da ameaça e diz que amanhã o passará para o
quarto e me disse que eu precisava sair para Andrei descansar.
— Leve Dimitry para a minha casa okay, e pegue na gaveta o
envelope abra-o e veja o que ele contém e o traga para mim.
— Tudo bem, agora eu tenho que ir — digo a ele que assente
encostando a cabeça no travesseiro acho que os remédios estão fazendo
efeito — tchau! — digo e lhe dou um beijo no rosto e ele segura o meu
braço me fazendo olhar dentro de seus olhos.
— Eu te amo Morgana, não esqueça disso. — Ele me lembra.
— Não vou esquecer — ele me dá um selinho e fecha os olhos — eu
prometo — sussurro mais para mim mesma.
Saio do quarto retiro as roupas e jogo no cesto. Irei fazer o que
Andrei diz, só espero que ele não esteja errado.
Ao sair encontro Donatella e Boris. Digo a ele tudo que conversei
com Andrei, ele ouve tudo atentamente e se dispõe a me levar em casa para
buscar Dimitry, ele me informa também sobre o tal envelope e pelas
palavras que ele diz não resta dúvida que não é só Andrei que desconfia de
Damien, Boris também.
Ele entra para ver o irmão e eu Donatella o aguardamos no corredor,
ele não demora muito e quando retorna a fisionomia está mais dura do que
antes, ele com certeza desconfia de algo, eu e Donatella nos entreolhamos e
ela também sabe que o chefe está puto da vida e que um banho de sangue
vai acontecer mais cedo ou mais tarde.
CAPÍTULO 21

Assim que Boris saiu do quarto de Andrei com cara de poucos


amigos a única coisa que saiu de sua boca foi: — Vamos embora, tenho
assuntos a tratar — enfático nas palavras não haveria discussão.
Dito isso saímos todos do hospital e confesso que senti uma pontada
de tristeza por deixar Andrei ali e ainda mais por saber que ele estará
sozinho. Mas como ele me pediu, vou buscar Dimitry e deixá-lo com
Donatella.
— Boris? — chamo por ele que me olha no mesmo instante tirando
os seus olhos do celular — posso deixar Dimitry na casa de vocês? Andrei
me pediu que retirasse ele de casa e deixasse com vocês.
— Não só pode Morgana como deve. Porque pela conversa que tive
com meu irmão nos poucos minutos que estive com ele é necessário. Irei
reforçar a segurança em casa como aqui no hospital, Dimitry estará seguro,
de qualquer forma Donatella cuidará dele — ele diz retornando a sua
atenção para a tela do celular.
— Cuido sim amiga, podemos buscá-lo agora e você precisa tomar
um banho e se trocar — Donatella me diz e tem toda a razão.
— Irei fazer isso com certeza — digo a ela que me dá um sorriso
carinhoso.
— Iremos primeiro em casa Donatella — Boris diz sem tirar seus
olhos do celular.
— Como Boris? A Morgana precisa buscar o Dimitry e...
— Tudo bem Donatella, não se preocupe eu entendo — digo a
interrompendo e ela olha para mim e de volta para Boris.
— Como pode ser tão mandão? — ela diz e bufa impaciente.
— Você gosta — ele diz e olha para ela que se remexe ao meu lado
e raspa a sua garganta fingindo uma tosse. Eu engulo o riso olhando para
fora pela janela.
Durante todo o percurso Boris segue olhando seu celular e Donatella
parece pensativa, eu também e me lembro que aproveitando que iremos
para lá pegarei os papéis que Andrei me disse para pegar.
Chegando à casa deles, Boris sai do carro como um raio e entra
rapidamente em sua casa e ao meu lado Donatella dá um bufo frustrado.
— Ele está agitado porque com certeza ainda não descobriu nada
sobre o atentado contra Andrei — Donatella diz justificando o jeito de
Boris.
— Eu entendo Donatella — digo a ela que caminha até o sofá
jogando a sua bolsa em cima dele.
— Quem será que pode ter feito isso com Andrei? Em troca de que,
realmente? — ela se pergunta.
— Andrei tem suspeitas — digo e ela se acomoda mais no sofá,
olhando diretamente para mim semicerrando os olhos.
— Quem ele suspeita que seja o causador disso? Boris e Andrei
possuem muitos inimigos, acho improvável saber de onde veio isso contra
ele. — Ela diz se levantando — Mas por outro lado, essas coisas
começaram a acontecer muito recentemente. Não me lembro em todos esses
cinco anos tanto Andrei quanto Boris sofrerem algum atentado ou coisa
similar. — Ela divaga.
— Andrei suspeita de Damien. — Afirmo e Donatella arregala os
olhos em surpresa — Ele fala com toda certeza de que foi ele, mas eu não
sei. Apesar de que ele não moveu nenhum dedo para me ajudar a tirar
Andrei do carro.
— Quer motivo maior para não desconfiar? — Donatella me
pergunta — confesso que eu esperava que você e Damien se dessem bem e
que quem sabe talvez, tivessem um futuro, mas depois disso que aconteceu
e você estar me dizendo que ele não moveu nenhum dedo para ajudar a tirar
o meu cunhado do carro, correndo o risco de ele morrer, realmente eu não
duvido que Andrei esteja não errado Morgana, ele tem boa percepção.
— Ele me disse que tem um dossiê sobre a vida de Damien, mas ele
não chegou a ver.
— Dossiê? Aonde? — Donatella me pergunta.
— Ele disse que está no quarto dele na gaveta ao lado da cama.
— Vá pegá-lo, mas antes, tome um banho e coloque uma roupa
limpa — Donatella me diz puxando-me pela mão em direção as escadas —
Você está horrível Morgana! — ela fala enquanto me analisa — Acho que
minhas roupas caberão em você perfeitamente, venha vou te levar ao quarto
do Andrei e lhe dar roupas limpas. — Concordo e seguimos para o quarto
aonde ela me deixa e segue para o seu.
Entro no quarto que só estive apenas uma vez na vida, nada
aparentemente mudou o mesmo jeito escuro, as cortinas em um tom cinza
escuro, as paredes em uma cor negra, dita como deve ser a vida de uma
pessoa na condição como de Andrei. A cama em uma colcha creme é a
única presença mais clara ali dentro.
Perdida ali naquele espaço não percebo quando Donatella entra no
quarto.
— Aqui, essas roupas vão servir perfeitamente em você. — diz me
estendendo as roupas — Tome um banho eu aguardo por você, Boris vai te
levar até a sua casa para buscar Dimitry — ela avisa.
— Sim, eu agradeço. Irei tomar um banho e já volto — pegando as
roupas vou até o banheiro.
Quando entro no espaço que é tão íntimo, me viro para o grande
espelho, nem me lembrava de sua existência ali, a avalanche de lembranças
de apenas uma única noite que passei aqui toma conta da minha mente, me
lembro de cada detalhe de quando Andrei me colocou em cima da pia de
mármore enquanto mordiscava o meu pescoço e me fodia com os dedos de
uma mão enquanto a outra agarrava os cabelos da minha nuca e ele tomava
a minha boca para silenciar os meus gemidos enquanto minhas mãos
arranhavam suas costas. Foi essa noite que engravidei de Dimitry pois não
nos prevenimos como deveria.
Enquanto tiro a roupa suja que cobre o meu corpo imagino Andrei
comigo, e nua em frente ao grande espelho do banheiro vejo como meu
corpo mudou, adquiri mais curvas, será que ele vai me querer mesmo
assim?
Coloco uma das minhas mãos em meus seios e os massageio
prendendo levemente o bico de um deles por entre os meus dedos, fecho os
meus olhos e viajo a minha outra mão para o meio de minhas pernas, toco o
meu clítoris e a minha carne inchada pulsam de desejo só de imaginar
Andrei me tocando. Enfio dois dedos e enquanto massageio meu seio com
uma mão e com a outra me masturbo pensando em todos os momentos,
imaginando ser a mão dele ali me tocando.
A vontade é tão insana que logo gozo e quando me olho no espelho
novamente sei que preciso mais do que disso.
Entro no chuveiro e lavo o meu corpo com o sabonete que é usado
por Andrei, lavo os cabelos e após finalizar o banho pego uma toalha enrolo
nos cabelos e com outra me enxugo. Troco as roupas que Donatella trouxe e
que serviram perfeitamente, saio do banheiro encontrando Donatella
sentada na beira da cama pensativa.
— Até que enfim saiu do banho — ela diz se levantando, e eu
ruborizo me lembrando do porquê demorei — lhe serviram perfeitamente
— ela diz com voz de aprovação após analisar as suas roupas em mim —
Boris está impaciente ele já veio perguntar por você.
— Já vamos eu só preciso escovar os cabelos e pegar o envelope —
digo e olho para o criado mudo e sigo até ele abrindo a gaveta e retirando o
pacote com as informações sobre Damien — É esse o envelope? — digo e
Donatella dá de ombros — vou abrir.
— Sim faça isso, você precisa saber quem é Damien Slovack —
Donatella diz em suspiro.
— Sim eu preciso saber — digo abrindo o envelope e retirando de
dentro um ficheiro com algumas páginas grampeadas dentro de uma pasta
abro a pasta e me deparo com a primeira informação que faz meu corpo
estremecer.

Dossiê
Damien Slovack Fabri

Nascido em 14 de fevereiro de 1991.


Filho de Natasha Ambroviscky e Giancarlo Fabri
Possui um irmão gêmeo Daniel Slovack Fabri.

Damien e Daniel Slovack Fabri foram dados em adoção aos


senhores Yuri Slovack e Tatiana Slovack.
Com 4 anos foram achados pelo pai biológico Giancarlo Fabri, os
meninos foram criados na Rússia pelo próprio senhor Giancarlo, segundo
informações os meninos Slovack possuem uma irmã por parte de pai a
senhorita Elisa Ferrel Fabri.
Atualmente segundo fontes todos eles se encontram na Rússia.

Os papéis escorregam das minhas mãos e as lágrimas brotam em


meus olhos e quando olho para Donatella percebo que ela está aflita me
observando.
— O que foi Morgana? — ela pergunta.
— Chame o Boris por favor, chame-o agora — digo enquanto retiro
a toalha dos meus cabelos e Donatella sai indo chamar por Boris.
Meu Deus!
O tempo todo dentro da minha casa.
Meu filho Dimitry! Preciso ir buscá-lo.
Nervosa e aflita demais para raciocinar, reviro as gavetas de Andrei
e encontro uma Glock no fundo abro e vejo que está carregada, agradeço a
Donatella que me arranjou uma calça jeans e camiseta e escondo a arma
atrás nas costas, penteio os cabelos com os dedos mesmo e no mesmo
instante Donatella entra no quarto acompanhada por Boris.
— Precisamos ir logo pegar meu filho — digo aflita a Boris que
mantém uma expressão no rosto imparcial — Você me entende, me leve por
favor.
— O que houve aqui? — ele pergunta.
— O Dossiê — aponto para os papéis no chão, Donatella se abaixa e
os pega e passa os olhos rapidamente e me olha e sua expressão se fecha.
— Morgana, Giancarlo Fabri não foi quem deixou tudo para você?
— Donatella pergunta.
— Sim é ele, eu não entendo como isso...
— Eu entendo — Boris diz me interrompendo.
— O quê? — pergunto sem entender.
— Giancarlo Fabri arrumou um jeito de se aproximar para se vingar
— Boris diz e Donatella o questiona.
— Como assim se vingar? Do que está falando Boris? Morgana, o
que está acontecendo?
— Nós temos um irmão, Donatella — ele diz olhando para ela que
franze o cenho.
— Mas aqui consta três nomes. Damien, Daniel e Elisa. Todos
Slovack Fabri — ela diz e estende os papéis para Boris que os pega e
analisa as coisas mais importantes ali contidas — então quer dizer que
Damien é irmão de vocês Boris?
— Temos dois irmãos. Minha mãe deu à luz a gêmeos. Agora
entendo a fúria que Giancarlo Fabri estava no dia em que matou o meu pai
— Boris diz e arruma seu terno — vamos buscar Dimitry, ele não pode ficar
mais em sua casa com Damien por lá. Se eles estão à procura de vingança
eles irão atacar a nossa fraqueza — ele diz e olha para Donatella — Você
ficará em casa, cuide de Ivan e Natasha, a segurança está redobrada eu vou
com Morgana buscar Dimitry e trazê-lo para cá antes que eles desconfiem
que nós sabemos de algo. Eu vou matar Giancarlo Fabri por isso.
— Mas Giancarlo está morto — digo a Boris que me olha me dando
um sorriso de boca fechada.
— Tem absoluta certeza disso? — ele me inquere e é claro, a luz se
acende em minha cabeça.
— Ele sabia que eu voltaria para cá, então nada mais certo que me
deixar a sua herança e fazer os filhos buscarem por vingança — digo e
Boris assente — Então vamos logo para casa — quando passo por
Donatella ela me chama.
— Hey, Morgana o que é isso em suas costas? — ela pergunta e
Boris olha para trás para observar.
— Uma mulher precavida vale por duas. Essa é uma belezinha que
encontrei na gaveta de Andrei, peguei emprestada talvez seja necessário eu
usá-la hoje — digo a ela que concorda.
— Mas você irá sem sapatos Morgana? Espere, irei pegar um tênis
para que você possa ir — ela diz e sai do quarto apressada indo buscar o par
de tênis, eu nem me lembrei estar sem sapatos.
— Morgana? — Boris me chama — Sabe que encontraremos gente
pesada, tem certeza de que quer participar disso? — ele pergunta e eu olho
para ele.
— Eu quero, mas primeiro, preciso buscar Dimitry e trazê-lo para cá
em segurança — ele acena concordando e Donatella volta com os tênis.
— Espero que sirvam. — Ela diz e me dá os sapatos que eu calço
rapidamente.
— Podemos ir — digo e todos nós saímos do quarto, quando
chegamos a porta Donatella nos deseja boa sorte!
Saímos sendo seguidos por carros que são altamente blindados até o
condomínio onde moro. Após trinta intermináveis minutos chegamos e
depois de me identificar na portaria sob o olhar assustado do porteiro
entramos e ao parar em frente à minha casa, saio do carro rapidamente
entrando correndo em casa.
Assim que entro vejo um homem morto no meio da minha sala com
uma bala na testa, Boris entra logo em seguida e ao ver o homem no chão
puxa seu celular do bolso do terno e começa falar com alguém muito
irritado e nervoso em suas palavras — Suas cabeças irão rolar, o que
pensam que estão fazendo? Como não deram conta do sumiço de horas de
Efraín? Vocês são uns incompetentes! Quero que limpem essa bagunça e
isso é uma ordem, para agora! — ele diz irritado e desliga o celular saio
chamando por Dimitry pela casa.
— Dimitry? Dimitry? — andando mais um pouco escuto uns
resmungos são palavras desconexas que parecem estar abafadas por alguma
coisa me aproximo mais e encontro Lyssa sentada a uma cadeira da cozinha
amarrada e com a boca amordaçada por uma fita larga. Quando ela me vê
ela finge sentir alívio, mas eu sei que agora não posso confiar nela de
nenhuma forma.
— Onde está meu filho? — pergunto retirando a mordaça de sua
boca e repito a pergunta — Onde está meu filho? Cadê o Damien?
— Eu não sei senhora — ela diz fingindo uma inocência que se
fosse em outro momento em que eu não soubesse de nada eu seria capaz de
acreditar.
— Responda à pergunta, onde está Dimitry? — Boris fala enquanto
se aproxima. Seus olhos se abrem mais, porém depois parece passar
divertimento neles e o canto esquerdo de sua boca sobe em um sorriso
mínimo.
— Eu já disse que não sei. Eu estava aqui na cozinha quando um
homem entrou aqui perguntando pelo menino eu não pude fazer nada ele...
— lhe dou um tapa no rosto e a agarro pelos cabelos erguendo seu rosto de
encontro ao meu para que ela me encare, olhos nos olhos, enquanto aperto
firme sua garganta com a outra mão.
— Acha que eu sou idiota? Eu sei quem é você Elisa Ferrel Fabri —
sua expressão passa de divertida a espantada e eu adoro ver o temor em
seus olhos — O que achou? Que eu nunca ia descobrir? — pergunto
divertida — Você e Damien acharam que eu nunca saberia que vocês
estavam aqui em busca de uma vingança estúpida? Agora me diga onde está
o meu filho e onde está o Damien? — aperto mais a sua garganta e ela luta
em busca do oxigênio.
— Morgana pare! — Boris me adverte — Assim você vai matá-la
— ele diz e se aproxima de mim me puxando, eu largo o pescoço de Lyssa,
ou Elisa, sei lá que raios venha ser o nome dessa mulher — Se você a matar
não vamos descobrir nada — ele diz e eu concordo.
— Eu vou procurar ele pela casa — digo.
Quando estou para sair da cozinha a voz de Lyssa se faz ouvir.
— Pode procurar, ele não está aqui. Ele foi levado, eu deixei que
levassem aquele pirralho insuportável — ela diz e eu retorno de volta a ela
lhe desferindo um tapa do qual a derrubo com cadeira e tudo ao chão de
mármore da cozinha.
—Estamos em uma cozinha não é Boris? — Boris cruza os braços e
concorda — Acho que vou procurar por algumas coisas para me divertir. —
Ele acena concordando. Me viro para ela e me abaixo onde ela está caída no
chão — Lembra do que eu te disse ontem Lyssa? — ela nada diz somente
me olha e o sangue continua vertendo de seu nariz — Para refrescar a sua
memória, eu te disse que eu já torturei uma mulher antes por uma coisa que
talvez nem fosse da minha conta mas acontece que agora aqui é diferente,
esse assunto me interessa, eu quero o meu filho de volta e eu vou ter —
digo e a levanto do chão com a cadeira a encarando.
— Você pode fazer o que quiser! Eu não vou dizer nada e quando
você o achar — ela solta um riso debochado — Isso se o achar, vai ser só os
pedaços — ela diz e gargalha e já cansada de ouvir suas baboseiras a
amordaço novamente.
— Não se preocupe Morgana, nós iremos encontrá-lo. Meus homens
estão revirando o quarto da senhorita aí para ver se acham algo — Boris
diz.
— Obrigada Boris, com Andrei no hospital você está me ajudando
muito — o agradeço por ele estar aqui agora. Meu coração está disparado
estou com medo pelo meu filho uma criança que não tem nada a ver com
essa maldita vingança estúpida.
— Não me agradeça. O moleque é o meu sobrinho e tenho certeza
de que se fosse um dos meus filhos nessa situação, Andrei faria o mesmo.
— Boris me diz, mas quando ia dizer mais alguma coisa seu celular toca
quando ele olha o visor franze o cenho e resolve atender.
— Alô! — ele diz e faz uma pausa tirando o celular da orelha por
uns instantes devido a pessoa estar gritando — Como você conseguiu um
celular? — ele pergunta e o coloca no viva-voz para que eu ouça também.
— Eu subornei uma linda enfermeira com os meus dotes
conquistadores e pedi que ela chamasse um dos homens que estão de
campana por aqui. Para que tantos gorilas aqui Boris? — a voz de Andrei
sai pelo alto falante do celular e um tom de reprovação — Me sinto um leão
enjaulado, não gosto disso.
— Ainda com a ideia de que sabe se cuidar? — pergunto a ele que
fica mudo por um momento — É, eu ouvi a parte que você subornou uma
enfermeira com seus dotes conquistadores — digo e Boris segura o riso.
— Foi por uma boa causa, você sabe que eu te amo, eu já te disse,
mas mudando de assunto...
— Nós ainda não terminamos essa nossa conversa sobre seus dotes
— digo o interrompendo — Mas o que você quer saber? — pergunto.
— Já tirou Dimitry da sua casa? — ele pergunta e eu olho para Boris
que faz não com a cabeça, um sinal para eu não dizer o que está
acontecendo.
— Já sim, ele já está comigo não se preocupe. Estamos com Boris
— digo.
— Deixe-me falar com Dimitry — ele pede e eu fecho os olhos e
invento uma desculpa.
— Ah, ele está dormindo Andrei, quando ele acordar se você ligar
novamente você poderá falar com ele.
— Por que sinto que há uma mentira? — ele pergunta e eu não sei
mais o que dizer.
— Andrei, o menino está dormindo, ele pelo menos faz isso, você
também deveria estar fazendo isso — Boris o repreende.
— Se eu fizer mais isso eu vou me sentir igual aquelas múmias que
dormem por anos em suas sepulturas ou seja lá o que for aquele negócio
que eles ficam dentro — Andrei diz e continua — Eu só digo uma coisa, se
acontecer algo com o meu filho eu vou matar até o último ser envolvido
nisso. Eu vou sair desse hospital vocês vão ver.
— Se recupere Andrei depois falamos disso — digo a ele que fica
calado — Andrei? Andrei? — olho pra Boris que não entende por que que
está mudo.
— Que porra é essa? — Andrei grita do outro lado da linha — cadê
o Dimitry Morgana? Me responda, cadê o Dimitry?
— Eu já te disse ele...
— O levaram Morgana. Acabo de receber uma foto do Dimitry em
meu celular amarrado e amordaçado — ele diz e meu coração dispara — Eu
estou saindo daqui, não irei deixar eles fazerem mal ao meu filho — escuto
barulhos do outro lado da linha.
— Andrei? Espere... — sou interrompida pela voz grossa do outro
lado da linha.
— Não tem mais Morgana. Odeio que mintam para mim, iremos
falar sobre isso, mas agora eu irei resolver outras coisas — e nisso a linha
fica muda e Boris guarda o seu celular.
— Ele desligou? — Boris confirma — preciso achar o Dimitry —
digo e me viro para Lyssa — acho que é hora de eu me divertir um pouco
— retiro a Glock das minhas costas a coloco sobre a mesa. Abro a gaveta
do armário pegando uma faca bem afiada — Vamos brincar Lyssa? Para
cada resposta errada um dedo seu vai sair e para cada certa um dedo
permanece, você pode escolher se ficará com todos os dedos ou não. Então
me diga: onde está o meu filho? — Retiro a mordaça de sua boca.
— Nem que você me mate, eu não direi — ela responde.
— Será um prazer... — dizendo isso começo o meu jogo de erros e
acertos.
Lyssa por enquanto só erra, mas eu sei que em alguma hora ela vai
acertar.
CAPÍTULO 22

Em um caminho sem consciência me sinto preso. Eu tento abrir os


meus olhos, mas tudo está tão pesado, escuto gritos, sinto mãos em meu
corpo as mesmas mãos me puxando. Uma voz ofegante fazendo esforço
para me puxar para si, sinto o seu alívio quando ela finalmente me tira de
onde estou e o barulho estrondoso de uma explosão, além da que eu já havia
presenciado. Eu queria acordar, mas simplesmente não consigo, ouço toda a
movimentação em volta, o balançar do que eu acho ser um carro vozes de
muitas pessoas e uma voz que eu reconheceria em mil anos, Morgana. Ouço
o seu desespero e caio em uma inconsciência onde não escuto mais nada.

Não sei por quanto tempo dormi, ou o que aconteceu. Só sei que
acordei rodeado por um monte de máquinas gritantes um lugar fechado,
sozinho, onde só escuto o barulho dessas máquinas irritantes. Chamo por
Morgana enquanto uma mulher toda de branco entra vindo em minha
direção falando a todo momento para que eu me acalmasse, mas que porra é
essa?
Eu me perguntava e ficava cada vez mais agitado, com aquela coisa
em minha boca. Eu chamava por Morgana e a enfermeira só pedia para que
eu ficasse quieto. Uma outra pessoa entra no quarto, parece ser um médico,
ele se aproxima da enfermeira e a pede para dar licença para me examinar,
ele faz todo o procedimento e anota em uma prancheta e eu continuo a
chamar por Morgana.
— O que disse senhor Andrei? — ele me pergunta e eu reviro os
olhos. Como ele acha que vai entender algo se eu estou com essa coisa
dentro da minha boca?
— Mor-ga-na — repito devagar e ele parece entender dessa vez. Ele
pede a enfermeira que busque um copo com água pois ele vai retirar o tubo
que está em minha boca e eu necessitarei hidratá-la, enquanto ele faz o
procedimento de retirada ele fala comigo.
— Eu estou cuidando de você agora, fui designado para substituir o
outro médico que estava encarregado de seus cuidados, sou um aliado da
Bratva fique tranquilo — ele diz enquanto retira os tubos eu o encaro
analisando-o — fique tranquilo.
— Chame Morgana para mim — digo devagar a ele que assente.
— Em breve a chamarei para que você...
— Agora! — digo o interrompendo — Eu quero agora, nada para
depois — digo e sinto minha voz falhar um pouco, me sinto incomodado
como se tivesse arames em minha garganta. A enfermeira que havia ido
buscar água retorna com um copo cheio e o entrega para o médico.
— Tome água enquanto eu vou chamar a moça, que por sinal é
muito brava só faltou me bater aqui dentro — ele diz e eu sorrio um sorriso
de canto revelando o quanto essa informação me agrada.
Ele sai do quarto acompanhado da enfermeira que está usando um
uniforme muito apertado por sinal, que deixa a mostra todas as suas curvas
e o decote muito provocantes. Não posso dizer que não reparei porque é
impossível não ver quando tudo está bem ali na sua frente. Fico ali sozinho
por uns minutos quando a porta do quarto se abre e por ela entra uma
Morgana cabisbaixa, mesmo estando no estado que está ela continua linda e
ao olhar o seu rosto vejo o alívio visível estampado.
Nos falamos brevemente. Falo a ela que a amo e por incrível que
pareça ela também confessa que me ama, mas a sua expressão se fecha
quando ela diz que Leila está lá fora, e ainda por cima dizendo que somos
casados. Isso me enfurece de uma maneira da qual não sou capaz de medir
preciso dar um jeito em Leila.
Enquanto nos falamos, digo a ela que sei quem foi o responsável
pelo meu acidente, ela estava relutante em acreditar, mas se convence
finamente. Peço que ela retire Dimitry da casa dela e ela me promete fazer,
após algum tempo comigo Morgana vai embora.
Após Morgana sair do meu quarto sinto o meu coração mais leve em
saber que a diaba, a anã de jardim, que confesso que ganhou meu coração,
me ama é uma sensação única e em pensar que eu jurei nunca me apaixonar
por ninguém. Mas vejo que nunca devemos jurar ou fazer promessas das
quais não podemos cumprir, eu me afastei dela no intuito de não a fazer
sofrer, mas acabei fazendo-a sofrer de outro modo. Eu jamais poderia se
quer imaginar que quando eu a deixei, que quando fui embora para não a
trazer para esse meu mundo ela estaria carregando o meu filho.
Em pensar que eu estava me contentando com o pestinha do Boris.
Mas o meu filho é igual a mim apenas nas características físicas, mas em
seu humor é todo de sua mãe Morgana. A menina que um dia eu descuidei
em uma festa, a que não deveria ter a deixado sozinha no meio daquele
monte de pessoas.
Por minha culpa ela sofreu tudo aquilo que sofreu e se tornou
amarga. Quando pude me lembrar a realidade caiu como um balde de água
fria, e o que eu poderia fazer?
Não pude deixar que aquilo ficasse impune, procurei e encontrei os
responsáveis por aquilo e os matei, sim, eu os matei. Naquela época eu não
entendia o que estava acontecendo eu encarava aquilo como se fosse uma
necessidade de fazê-los pagar por tudo que aconteceu a ela e no fundo eu
sentia a culpa, mas eu já era apaixonado por ela só não sabia disso.
Cada homem que se aproximava daquele bar no clube que a cantava
fazia meu sangue ferver eu apenas acreditava que era porque eu tinha o
costume de achar que protegê-la pelo que havia acontecido era da minha
responsabilidade. Mas eu sabia como o seu corpo respondia aos meus
estímulos, cada toque, cada troca de olhares, de todas as vezes que ela
ficava vermelha de raiva quando eu praticamente espantava os possíveis
pretendentes que apareciam naquele bar e de todas as vezes que eu a fiz
chorar.
Quantas vezes eu permiti que ela chorasse e isso acontecia todas as
vezes que ela me via sair do clube com uma mulher, mas que cabeça a
minha, nunca se quer pensei que ela poderia me amar.
Morgana era filha do melhor amigo do meu pai, que ironia. Ele a
criou envolta de proteção, a ensinou algumas coisas, mas que não foram
muitos úteis para livrá-la de tudo que aconteceu aquela noite, eu nunca
realmente a havia notado, realmente só fui vê-la quando eu entrei naquele
clube em um dia qualquer, os nossos olhares se cruzaram pela primeira vez
enquanto o Dj anunciava que eu estava ali, o solteiro mais cobiçado. Aquela
moça me lembrava alguém lá no fundo do meu inconsciente, eu a provoquei
aquele dia, a excitei, e daquele dia em diante eu estava ali naquele clube
não procurando por outras, mas sim por ela.
Perdido nos meus pensamentos escuto quando a porta do quarto é
aberta e por ela entra Boris com sua cara de poucos amigos ele a fecha e
vem até mim.
— Você está bem? — a pergunta vem e eu me pergunto realmente se
estou bem. Ele ainda me observa aguardando por uma resposta.
— Estou bem sim Boris — respondo o encarando — Eu só quero e
preciso sair daqui. Aquele verme do Damien vai pagar muito caro — digo
revoltado.
— Diga-me, por que acha que foi Damien? — Boris me pergunta
cruzando os braços me encarando.
— Ah, qual é Boris? O cara me odeia. Claro que foi ele ainda mais
quando eu estava saindo para ir embora ele me desejou uma boa viagem —
digo e Boris parece refletir sobre o que eu digo.
— Mas a troco de que realmente, Andrei? Somente por que ele quer
Morgana?
— Ela nunca será dele. Ela me ama Boris. Ela me disse isso hoje —
digo a ele que mostra um sorriso.
— Eu sabia disso não é de hoje. Todo o esforço que ela fez para te
tirar do carro realmente mostra que ela te ama — ele diz e eu concordo —
Agradecerei mais a ela por isso, se não fosse por ela você teria realmente
morrido — ele diz e eu vejo o pesar em seus olhos — Você e o seu velho
costume de sair sem os seguranças ou de dispensá-los sem motivos, sabe
que não pode andar por aí sem eles.
— Sério que irá me repreender agora Boris? Eu estou em um
hospital, não preciso disso agora nesse momento — digo a ele que
semicerra os olhos.
— Não existe hora para lhe repreender, você não tem juízo é um
cabeça de vento — ele diz e eu reviro os olhos.
— Não revire os olhos sabe que eu estou certo.
— Está okay Boris. Você está certo — concordo para não ouvir mais
nada — Pedi para Morgana deixar Dimitry em sua casa — digo a ele
enquanto ele arrasta uma cadeira que estava no canto para se sentar.
— Tudo bem, eu reforçarei a segurança, Morgana me disse sobre o
que aconteceu, que você foi ameaçado antes de chegar à casa dela onde
aconteceu isso? — Boris pergunta.
— Eu recebi um telefonema de Leila onde ela disse que estava em
um hospital então eu fui vê-la depois de tantas lamurias em meu ouvido.
Assim que cheguei lá não demorou muito para que um homem aparecesse e
colocasse uma arma em minha nuca dizendo que iria me matar a mando do
chefe — digo a ele que se levanta andando de um lado para o outro dentro
do quarto.
— E mesmo assim você decidiu sair de lá sem os seguranças, você é
muito burro Andrei! Você quer morrer? — ele outra vez me repreende e eu
fecho os olhos encostando a cabeça na cabeceira da cama.
— De novo não. Eu juro que vou ter uma coisa se você fizer o
discurso tudo novamente — digo revirando os olhos.
— Você já é uma coisa Andrei. Seu nome deveria ser sem juízo —
ele diz emburrado — então você acha que Damien é culpado pelo seu
atentado quando estava saindo da casa de Morgana?
— Sim, a mais absoluta certeza. Pelas palavras dele quando eu
estava saindo não tem como não ter sido ele — digo e ele anui em
entendimento.
— O que ele disse? — pergunta.
— Ele me desejou boa viagem.
— Reforçarei a segurança em casa e assim que Morgana levar
Dimitry ele estará seguro lá não se preocupe.
— Obrigado irmão — o agradeço.
— Não seja por isso. Acho que se fosse um dos meus filhos você
faria o mesmo, somos uma família Andrei.
— Claro eu amo aqueles pestinhas — digo e ele me olha
contrariado.
— Eles não são pestinhas, você já viu o seu filho? Não fale dos
meus por que o seu não fica muito atrás — ele diz e eu gargalho da cara
azeda que ele faz.
— Eu vou me casar — digo a ele que ergue uma sobrancelha.
— Casar-se? Que novidade é essa agora? Não era você que dizia
que nunca ia se amarrar? O que está havendo? — ele pergunta em um ar
risonho.
— Eu amo aquela mulher Boris, não adianta negar. A pedi em
casamento não estou em uma posição muito boa, mesmo assim a pedi.
— E ela aceitou? — ele pergunta interessado.
— Ela ainda não respondeu — digo e ele gargalha.
— Ela não respondeu. Morgana lhe tem prendido pelas bolas Andrei
definitivamente, eu sempre soube.
— Pare de ser chato, estou louco de vontade de sumir daqui.
— Sabe que não pode — ele diz e fecha a cara — Só vai sair daqui
quando estiver bom — ele diz impondo o seu controle.
— Como Donatella lhe suporta? — pergunto a ele que semicerra os
olhos e ajeita o terno.
— Ela gosta! — ele simplesmente diz e eu bufo com a reposta feita
— Você também já se fez essa pergunta, como Morgana lhe suporta? — eu
o olho trincando os dentes.
— Não seja inconveniente Boris — digo a ele.
— Bom, eu vou indo vou buscar Dimitry com Morgana e você —
ele diz apontando o dedo para mim — vê se fica quieto aí e não me faça
nenhuma besteira.
— Sim senhor! — digo e ele revira os olhos.
— Irei deixar uma coisa aqui com você, só a use se for de extrema
necessidade— ele diz e me entrega uma arma — a guarde debaixo do
travesseiro até logo irmão e descanse — dizendo isso ele sai pela porta a
fechando em seguida.
Isto está um tédio. Agora tudo está quieto e eu estou começando a
ficar agitado isso é uma droga.
Quando estou com os olhos fechados escuto a porta se abrir e abro
um olho para ver quem é que está dentro do quarto e quem eu vejo não me
agrada nenhum pouco ela se aproxima da cama e eu continuo fingindo estar
dormindo.
— Ah Andrei, eu poderia realmente te amar, mas você é muito
cafajeste não merece o amor de ninguém. — Ela diz e suspira — Sempre
teve tudo, mas não deveria. Foram tantos anos de espera para finalmente o
meu amor ter a sua vingança, tudo veio a calhar e só contribuíram para que
os nossos planos fossem concluídos. — No mesmo instante agarro seu
pulso e retiro a arma debaixo da coberta apontando para ela que arregala os
olhos.
— E que planos são esses heim? Me diga. Estou ansioso para
realmente saber de tudo. — Ela me olha apavorada e tenta se soltar do meu
aperto — Não adianta tentar se soltar sabe que sou mais forte que você —
digo a ela que me olha e um riso debochado sai dos seus lábios.
— Qual é a sensação de quase morte? Você tem sorte Andrei muita
sorte de estar vivo — ela diz enquanto ainda luta para se soltar.
— Leila o que você quer?
— Eu nada, nada mesmo. Me solte Andrei estou grávida e isso é
uma violência — ela diz e eu a solto, mas a minha arma ainda continua
apontada para ela.
— Como conseguiu entrar aqui? — pergunto a ela que olha para si
mesmo e depois olha para mim.
— Não reparou? estou vestida de enfermeira. Foi fácil enganar os
gorilas que estão ali fora. O que uma piscadinha de olho e uma rebolada não
faz com um homem? — ela diz e aí entendo como ela entrou.
— Que história é essa de que estamos casados? — pergunto me
lembrando do que Morgana falou a mim quando esteve aqui.
— Sim estamos. Quando você assinou os papéis da venda de sua
parte nos negócios havia uma folha em branco no meio e você assinou.
Aquela folha serviu para que estivéssemos casados — ela diz e sorri um
sorriso diabólico e acabo por confirmar que essa mulher é louca.
— Eu jamais me casaria com você, nem nessa e nem em outra vida,
que absurdo! Eu irei anular se esse casamento realmente existir.
— Você não terá tempo disso querido, mais cedo ou mais tarde o
império mafioso dos Nickolaievy será dado a quem realmente pertence e
lógico que não é a você e nem aquele seu irmão patético e a atrevida
daquela Donatella e os pestinhas. Com esse casamento sua parte em tudo
será do meu filho que claro será reconhecido por você, afinal você é o pai
— ela diz e me olha.
— Acha realmente que eu acredito nisso? Não seja tola. Eu não vou
assumir, agora eu tenho mais certeza de que esse filho não é meu — digo a
ela que ajeita seus cabelos com as mãos.
— Que seja, tudo que for seu meu querido irá para as mãos do
verdadeiro dono.
— O que você sabe? — pergunto a ela lhe apontando a arma — O
que é isso que está acontecendo?
— O irmão de vocês, muito simples. Eu o conheço e o ajudei. Me
aproximei de você unicamente para ajudá-lo e confesso que foi bom,
gostoso. Você fode bem, é maravilhoso, pena que logo você será apenas
uma lembrança assim como os demais.
— Fora daqui antes que eu te mate — digo a ela faiscando de raiva
— Saia! Eu quero você fora daqui — digo a ela me levantando pela
primeira vez após o acidente, meu corpo está dormente e dolorido mas
ainda assim consigo caminhar até ela e colocar o cano da arma em sua testa
e olhar bem profundamente em seus olhos — Fora daqui agora! — repito
novamente — Saiba que todas as vezes que lhe fodi foi pensando em
Morgana, não teve uma vez se quer, você nem se compara a ela — digo a
analisando — Você é baixa, vulgar, o tipo de mulher que não serve para ser
a esposa de um homem da máfia. Você não tem postura. Agora suma daqui
e vá ficar com o pai do seu filho e nunca mais me procure, eu vou dar um
jeito desse casamento se realmente existir ser anulado. Eu não quero ter
nenhuma ligação com você — digo e abro a porta a empurrando para fora
quando um dos seguranças vem até minha direção se colocando a postos.
— Eu não quero essa mulher aqui. Gravem bem o rosto dela. Ela
não é uma enfermeira, médica ou algo assim, agora tragam uma enfermeira
de verdade estou com dor preciso de um remédio — digo isso e entro no
quarto novamente, percebo que estou com a roupa do hospital e que estou
nu, que maravilha. Retorno a porta e outro segurança aparece — Vá
comprar roupas decentes para mim, estou como vim ao mundo e por mais
que eu goste de ficar pelado, desse jeito que está aqui não dá certo — digo a
ele que assente e sai para ir buscar as roupas. Retorno para dentro e me
deito na cama, alguns minutos depois o segurança aprece com a mesma
enfermeira que estava com o médico quando eu acordei é hora de colocar os
meus dotes conquistadores em jogo.
— Você é muito bonita, sabia? — digo a ela que me olha dando um
sorriso sem graça.
— Já me disseram isso — ela diz ruborizada.
— O que eu tenho que fazer para você me arranjar um telefone?
— Quer o meu número de telefone? — ela pergunta de olhos
arregalados.
— Compre um telefone para mim e marque o seu número nele —
falo a ela que ergue uma sobrancelha.
— O que eu ganho em troca? — ela pergunta.
— Quem sabe uma noite toda de sexo selvagem. Sou bom, pode
apostar — digo a ela que lambe os lábios sugestivamente e olha para mim.
Depois de muita conversa e finalmente convencer a enfermeira,
meia hora depois ela me entrega um celular e tenho novas roupas que foram
trazidas pelo segurança. Sei que se Morgana souber disso ela vai me matar,
mas tive que beijar a enfermeira pelo seu feito de ter se arriscado e
comprado o celular para mim e em posse dele ligo para Boris. Já estou
cansado de ficar aqui, me sinto bem o suficiente. Ao atender, ele pergunta
como consegui um celular, conto meio por cima e a voz de Morgana se faz
ouvir e eu sinto que estou ferrado, mas mudo de assunto rapidamente e peço
para falar com Dimitry. Morgana diz que ele está dormindo, mas eu sinto a
mentira em sua voz.
— Por que eu sinto que há uma mentira? — eu pergunto e nesse
momento o meu celular vibra em uma mensagem, que vem de um número
desconhecido. Resolvo abrir o anexo que está nela e eu vejo Dimitry, o meu
filho, amarrado com uma corda envolta ao seu pescoço e a sua boca
amordaçada.
— Que porra é essa? — grito ao telefone— cadê o Dimitry
Morgana? Me responda, cadê o Dimitry?
— Eu já te disse ele...
— O levaram Morgana. Acabo de receber uma foto do Dimitry em
meu celular amarrado e amordaçado, eu estou saindo daqui não irei deixar
eles fazerem mal ao meu filho — digo trocando de roupa, como esse filho
da puta conseguiu esse novo número penso comigo.
— Andrei? Espere ... — Morgana ainda fala ao telefone, mas eu a
interrompo.
— Não tem mais Morgana. odeio que mintam para mim, iremos
falar sobre isso, mas agora eu irei resolver outras coisas — digo isso e
desligo o telefone, saio do quarto trocado, olho para os seguranças que me
olham surpresos.
— O que foi? Nunca me viram antes? Já que estão aí façam uma
coisa de útil eu quero um carro — digo e eles se entreolham — Vamos, eu
disse que quero um carro, eu estou indo embora — dizendo isso saio
andando pelo corredor rumo a saída, quando finalmente estou do lado fora,
como se eu não fosse um paciente, um carro negro como a noite já me
esperava, entro nele e me acomodando digo ao motorista:
— Siga para casa agora, preciso falar com o Boris — dito isso o
motorista me olha pelo retrovisor.
— O senhor Boris não está em casa, ele está na casa da senhorita
Morgana — ele diz contido e eu o observo.
— Você tem óculos escuros aí com você? — pergunto a ele que
assente — então me dê, depois você compra outro para você — digo a ele
que me entrega os óculos.
— Sim senhor!
— Vamos então para a casa da senhorita Morgana — digo a ele que
liga o carro e nós saímos em direção a casa...
Eu estou preparado para o confronto. Eu vou recuperar o meu filho e
acabar com essa bagunça toda ou não me chamo Andrei Nickolaievy.
É hora de brincar e eu estou ansioso pelos meus novos brinquedos...
CAPÍTULO 23

Muito puto!
Eu estou muito puto da vida.
Que porra é essa
Como Morgana se atreveu a mentir desse jeito? Meu Deus do céu!
A angústia que eu sinto nesse momento é surreal. Ver meu filho amarrado
daquele modo faz crescer dentro de mim um ódio intenso uma fúria que sou
capaz de explodir o mundo.
Ao chegar na porta do condomínio onde ela mora aquela mesma
ladainha dos seguranças e sem paciência para tanto eu desço do carro indo
em direção ao senhor que chega a ser como um grão de feijão diante da
minha altura.
Me aproximo dele já sem muita paciência.
— Senhor como vai? Estou aqui para ver Morgana Layeshi acredito
que o senhor não será um empecilho — digo o olhando atentamente —
Creio eu que irei entrar e que o senhor, não irá me impedir, estamos de
acordo? — ele me olha com os seus olhos faiscando medo.
— Não senhor, eu não serei um empecilho. Eu vou avisá-la — ele
diz pegando o interfone e eu o impeço segurando seu pulso.
— Não é necessário avisar, digamos que ela espera por mim — digo
a ele que assente e recoloca o interfone no lugar — Fique de olho nele, eu
seguirei a pé daqui — digo ao segurança que está comigo, que me olha com
a cara de poucos amigos e eu já sei que isso é coisa de Boris — olha só,
pode ficar em paz não é como se eu fosse morrer agora e tem seguranças
aqui em todo lugar — digo contrariado e saio andando pelo condomínio
rumo a casa de Morgana.
Quanto mais o tempo passa mais eu sei que meu filho corre perigo.
Puta que pariu que merda. Eu preciso descobrir onde ele está.
Morgana, essa mulher me tira do sério.
Primeiro me escondeu a existência do garoto e agora me esconde
que o garoto foi levado, vou ter que trabalhar com ela sobre essas coisas,
ela não pode se achar autossuficiente.
Chego à porta da casa e há um dos homens que assim que me vê
arregala os olhos e vem em minha direção.
— Não me diga que viu um fantasma? — pergunto a ele que me
olha confuso diante da pergunta e eu bufo teatralmente e gesticulo com as
mãos para ele me dar licença — Saia, eu preciso entrar — digo e ergo uma
sobrancelha e ele dá um aceno se afastando me dando passagem. Abro a
porta e há muitos homens dentro da sala o que me deixa um pouco confuso
— Que baderna é essa? — pergunto e os homens me olham espantados.
Mas que porra? Por que todo mundo me olha como se eu fosse um
fantasma?
— Chefe? — um deles pergunta e eu reviro os olhos.
— Não, eu provavelmente sou a alma penada dele — digo
sarcástico e alguns dos homens riem diante do que eu disse e eu lhes dou
um olhar de advertência daqueles que fazem você temer até o último fio de
cabelo. Não estou para brincadeiras — cadê o Boris?
— Ele está na cozinha chefe, com a senhorita Morgana — um dos
homens diz e eu aceno em agradecimento, mas eu me pergunto, por que
raios estão na cozinha? Acho que um dos homens percebem minha dúvida e
me aponta um lado.
— É por ali senhor — agradeço e saio rumo ao corredor.
Morgana deverá se livrar dessa casa assim que nos casarmos, ou

melhor antes disso assim que recuperarmos nosso filho, vou arrumar uma

casa para nós dois. Sigo discorrendo até que escuto vozes e quando apareço

na porta vejo Morgana e Boris em um canto falando baixo e observo Lyssa

sentada amarrada em uma cadeira e a constatação me atinge em cheio.


— Filha da puta! — falo alto e os olhos de Boris e Morgana se
viram para a porta.
— O que faz aqui? Como você... — Morgana pergunta e franze o
cenho enquanto Boris balança a cabeça em negação. Sei que ele vai falar
até a próxima geração, mas que se foda merda. Eu não ia ficar de braços
cruzados esperando.
— Eu meio que recebi uma alta — digo e ergo a sobrancelha e
Morgana que por sinal está linda cruza os braços sobre o peito evidenciando
o contorno de seus seios e merda, eu não preciso de uma distração.
— Como assim? Desde quando se recebem meia alta? — ela
pergunta e semicerra os olhos a constatação cai e ela sorri — seu merda
você fugiu?
— Isso é óbvio — Boris diz e caminha até mim e quando está
próximo me puxa para um abraço, demonstração de afeto nunca foi a área
de Boris, mas eu estou mais do que contente de recebê-la — Filho de uma
mãe, você deveria ter esperado a alta, você não está nos seus melhores
momentos sabe disso, você quase morreu ontem e...
— Deixe Boris, por favor o quase não é. Estou vivo muito vivo e me
diga, por que aquela coisa ali está amarrada e pelo que me parece
machucada? — pergunto.
— Você se importa? — Morgana pergunta e eu sorrio passando uma
mão no meu queixo sobre a barba por fazer — Deixe de ser idiota — ela diz
frustrada e eu continuo a observar. O gênio explosivo, essa é a minha
garota, minha! Que sensação boa definitivamente isso não me incomoda.
— O que foi? — cruzo os braços sobre o peito — Por acaso está
com ciúmes da minha possível preocupação — digo e seus olhos disparam
em mim no mesmo instante e eles brilham em significado.
— Ciúmes eu? Sinceramente — ela diz e balança a cabeça em
negação.
— É claro como o dia — digo com um sorriso presunçoso no rosto
definitivamente eu amo essa mulher.
— Não se ache tanto — ela dispara de volta o que expande mais
ainda o meu sorriso e ela fica puta da vida — Você disse que lhe mandaram
uma foto eu... quero ver, eu preciso ver — ela diz e se aproxima de mim.
Seu cheiro invade os meus sentidos e o meu pau reage é o meu sabonete, e
porra agora não é hora de ter uma merda de uma ereção, teremos tempo
para isso, eu me sinto desconfortável ser homem não é uma tarefa fácil.
— Sim, recebi, só não entendo como eles tiveram o número do
telefone tão rápido — nem tinha pensado nisso — Boris pode por favor
entrar em contato com a nossa equipe de T.I e me colocar na linha com o
responsável?
— O que está pensando Andrei? — ele me questiona enquanto disca
para o responsável.
— Eu estou imaginando que... logo após que você saiu Leila
apareceu no meu quarto — digo e os olhos de Morgana semicerram — ela
me disse muitas coisas dentre elas que estava esse tempo todo ajudando o
filho da puta bastardo do nosso irmão em sua vingança estúpida. Então tudo
foi parte de um jogo de um plano bem arquitetado para nos enfraquecer, ou
seja, o que for que eles querem — digo e Boris assente me passando o
aparelho celular.
— Andrei Nickolaievy — escuto as felicitações por estar bem e
reviro os olhos — Okay, tudo bem já chega. Quero que vasculhem as
câmeras do hospital e vejam se uma loira, em um uniforme recatado falou
com alguém antes de entrar em meu quarto no hospital — digo e escuto que
ele já está fazendo isso e ele me passa as informações que ele vê eu fico
puto da vida com a resposta que recebo — filha da puta! — Exclamo
assustando Morgana que arregala os olhos e franze a testa ao mesmo tempo
— Obrigado — digo e desligo o celular entregando-o de volta a Boris que
me olha sem entender o porquê, da explosão.
— Adivinhem só — digo e Boris me olha — a filha da puta da Leila
foi quem deu o celular a enfermeira aquela vagabunda sabia que eu ia
receber a imagem, a enfermeira ajudou Leila.
— A qual você teve que seduzir casualmente — Morgana dispara
me interrompendo e eu me aproximo dela e sua respiração vacila.
— Eu acho que você está muito nervosa, vamos por partes tudo
bem. Quando tudo isso acabar eu vou lhe foder até a eternidade e toda essa
sua amargura vai passar rapidinho e você sabe como isso pode ser não
sabe? — pergunto a ela que engole em seco e desvia o olhar e eu sorrio
satisfeito — Eu só não mato aquela mulher por que ela está supostamente
grávida.
— Se você não pode fazer nada eu posso — Morgana diz — ela não
me desce e eu teria o enorme prazer de acabar com ela.
— Não esqueça de que ela está grávida — Boris a lembra e ela lhe
dá um sorriso diabólico.
— Uma mulher sabe muito bem enrolar um homem Boris, é muito
fácil saber se ela está ou não. Eu gostaria que alguém a capturasse para mim
— ela diz e eleva seu pensamento longe pois seu olhar se perde.
— O que você está pensando em fazer Morgana? — pergunto
intrigado.
— Me deixe ver a foto — ela não me responde e muda de assunto.
Ah, mas não terminamos isso. Retiro a merda do celular do bolso e
mostro a ela a mensagem com o anexo, seus olhos brilham em lágrimas que
consequentemente não caem, Morgana é uma mulher forte.
— Uma hora ou outra vamos falar sobre você não ter me contado
sobre o que estava acontecendo — digo a ela que me olha apertando os
olhos.
— Fui eu que pedi a ela que não contasse nada a você, não a culpe
por isso — Boris diz e eu o olho rapidamente e volto o meu olhar a
Morgana novamente.
— Por que Lyssa está amarrada afinal de contas? — pergunto
olhando o estado da babá de Dimitry na cadeira.
— Eventualmente ela deixou que levassem o Dimitry — Boris
responde e eu olho para Morgana que acena concordando e eu aperto os
meus olhos buscando por controle.
— Jesus Cristo! — exaspero — Essa vadia deixou que levassem o
meu filho?
— Ela está com eles, então claro que ele levaria Dimitry sem
problemas e que merda eu não estava aqui — Morgana lamenta.
— Pare de se lamentar não tinha como você saber — digo e meu
coração se aperta é uma merda se sentir impotente — Nós vamos achá-lo —
digo me aproximando dela e a puxo para um abraço e ela me abraça de
volta como é bom sentir ela em meus braços novamente.
— Eu quero vingança Andrei. — Morgana me diz de repente e eu a
encaro — Eu vou matar essa cachorra da Lyssa por deixar levarem o meu
filho. — Ela diz e se vira andando em direção a Lyssa. Eu olho para Boris e
ele dá de ombros alheio a situação acho que tantos anos de casamento com
Donatella o deixaram meio frouxo?
— O que ela vai fazer? — pergunto a ele que faz uma careta e dá de
ombros indiferente.
— Não sei. Acho que você poderia se sentar e ver o que a sua
mulher vai fazer — eu arregalo os olhos com a palavra minha mulher e
passo as mãos pelos cabelos os bagunçando mais do que já estão puta
merda, caralho. Realmente agora acho que tenho uma mulher, puta isso é...
esfrego o rosto com as mãos coço a nuca e vejo Boris me olhar com um ar
de riso.
— O que foi? Ainda preciso me acostumar que serei um homem
amarrado — digo a ele que cruza os braços sobre o peito dando um sorriso
satisfeito e merda ele está zoando com a minha cara.
— Nada não irmão, apenas assista. Sua mulher sabe o que fazer —
ele diz e ri balançando a cabeça — Acostume-se ela ainda nem começou
está vendo as coisas em cima da mesa? — ele pergunta enquanto meus
olhos correm para a mesa — Ela vai usar tudo aquilo — ergo uma
sobrancelha e aceno positivamente.
— Onde está o meu filho? — a pergunta de Morgana me traz de
volta a observá-la e porra! Que mulher! — enfio as minhas mãos dentro do
bolso da calça e caminho em direção onde ela está com Lyssa, quando me
aproximo os olhos de Lyssa ficam maiores, não sei se é medo ou surpresa, o
que me lembra que preciso saber qual o grau de envolvimento dela em tudo.
— Acho que eu também gostaria de saber — digo me aproximando
dela enquanto Morgana pega uma faca em cima da mesa — Se eu fosse
você eu ficaria com medo sabe? — digo enquanto rodeio a cadeira e me
posiciono atrás dela. Em um segundo, tenho uma de minhas mãos enrolada
em seu pescoço aonde eu o pressiono com uma pressão que pode levá-la a
inconsciência em segundos, mas não é o que eu pretendo fazer — Minha
mulher é muito boa com facas — digo a ela e sinto como seu corpo treme,
olho para Morgana que tem os olhos arregalados e a testa franzida em
surpresa pelas minhas palavras — Eu te amo — gesticulo para ela com os
lábios apenas para que ela saiba e ela dá um leve sorriso enquanto se
aproxima de Lyssa e pressiona a lâmina da faca entre a junta dos seus
dedos, eu a observo quando ela pergunta.
— Onde está o meu filho sua ordinária? Eu te disse que podemos
brincar de perguntas e respostas e a cada pergunta a sua resposta for errada
um dedo se vai. — Ela força mais a lâmina nos dedos de Lyssa que não dá
uma palavra se quer e eu aperto mais o seu pescoço a sufocando
gradualmente.
— Vamos. É melhor você colaborar. De um jeito ou de outro nós
iremos saber de qualquer forma. Seria mais agradável que você nos
contasse, eu apreciaria muito isso e poderia poupar você de alguma coisa
exceto da morte, porque isso você sabe que vai ocorrer de qualquer maneira
— me aproximo de seu ouvido e sussurro bem lentamente — se eu pudesse
eu mesmo te mataria, mas isso eu deixarei para Morgana as mulheres da
família são eficientes acho bom colaborar. — Me afasto a tempo de
observar seus olhos correrem entre a faca pressionada a seus dedos e
Morgana que sustenta um sorriso que Deus que me livre me causou até
arrepios.
— Acredito que você já pode começar a falar — em menos de um
segundo Morgana corta o dedo indicador de Lyssa e a mesma urra
amordaçada e as lágrimas descem por sua face sem cessar — Eu não sou do
tipo paciente sabe? — Morgana diz enquanto limpa o sangue da faca — Eu
posso cortar todos os seus dedos e não digo só os das mãos, os dos pés
também, tem as orelhas e o mais principal de todos a sua língua. Mas essa
parte eu vou deixar para o final de qualquer forma. — Ela olha para Lyssa e
solta uma respiração frustrada — Colabore, é o mínimo que você pode
fazer. — Quando Morgana se aproxima da faca novamente a voz de Boris a
faz parar.
— Temos quem você quer Morgana — ele diz a ela que abre um
sorriso satisfeito.
— Isso não poderia ficar melhor — ela fala e sua expressão muda e
porra isso me deixou duro. Tara por mulher violenta essa é nova
definitivamente — É hora do acerto de contas, eu estou mais do que
disposta a tudo para ter meu filho de volta, se for preciso eu caçarei o
bonzinho Giancarlo Fabri e o matarei eu mesma pela mentira e por ter me
usado em um plano de vingança idiota — noto que Lyssa se remexe
inquieta na cadeira.
— O que foi? — pergunto a Lyssa que mantém seus olhos fixos no
chão. Caminho até ficar frente a ela e me abaixo apoiando as minhas mãos
no encosto de sua cadeira e a olhando fundo nos olhos — suponho que
Giancarlo seja alguém para você? — pergunto e ela me encara — Claro que
sim, que pergunta mais idiota a minha não? — balanço a cabeça em
negativa — Morgana?
— Sim? — Morgana se aproxima me observando.
— Que tal você me dar aquela sua faca ali? — falo a ela que a pega
no mesmo instante me entregando. Nossos dedos se tocam e ela me olha
com um o olhar cheio de significado e engolindo em seco, volto minha
atenção para Lyssa — Creio que agora é a hora que eu retiro sua mordaça e
você me dá a informação que preciso — digo e enfio a faca em sua coxa
seus olhos se apertam e as lágrimas caem, ela balança a cabeça
freneticamente em um aceno positivo — Creio eu que forcei muito pouco.
— Enfio a faca mais e ela continua a balançar a cabeça mais rápido e os
olhos suplicante para que eu pare — Ótimo — digo retirando a faca que
pinga sangue no mármore da cozinha enquanto Morgana e Boris se
aproximam. Retiro a mordaça da boca dela que está inchada e machucada
devido provavelmente a força que Morgana impôs.
Quando ela abre a boca para falar escuto gritos vindos da sala e uma
voz forte masculina também, franzo o cenho e quando olho para a porta da
cozinha vejo Dante entrar ajeitando seu terno e quando olha para cima
caminha em direção a Morgana e a puxa para um abraço. Sei que isso não
deveria me incomodar, mas porra! Me incomoda que outro homem a abrace
por mais que ele seja seu cunhado.
— Sinto muito por isso — ele diz a Morgana enquanto permanece
abraçado a ela — estou aqui para ajudar.
— Como sabe do que está acontecendo? — pergunto irritado por
que ele não solta Morgana de seu abraço.
— Calma, vim uma viagem de negócios e decidi passar para ver a
minha irmã. Ela me contou o que estava havendo e merda eu nem sei o que
dizer por que como o filho da puta teve acesso a tudo? — a pergunta de um
milhão de Dólares.
— Não sei Dante, levaram o meu filho — Morgana diz — Giancarlo
tem de certa forma alguma ligação com os meninos aqui — ela aponta para
mim e Boris — e eu fui usada em parte em seu plano de vingança.
— Ah claro. Eu andei pesquisando sobre Giancarlo Fabri e ele é o
chefe da N’drangheta — quando Dante diz eu fico cada vez mais confuso,
como ele pode ser o chefe?
— Mas como? Ele apenas era tipo um intermediário de negócios na
Itália.
— Ele tomou o poder simples assim e eu como o capo na Itália,
devo salientar que esse assunto entra também em poder da Cosa Nostra,
Morgana além de uma amiga é a minha cunhada e eu tenho Dimitry como
um filho então estou dizendo que estou ficando por aqui até essa bagunça
acabar.
— Obrigada Dante — Morgana o agradece.
— Por onde eu começo? — ele pergunta e me olha e eu ergo uma
sobrancelha.
— Nós estávamos no caminho com a nossa amiga aqui — digo e
aponto para Lyssa que nos observa — Ela ia nos dizer para onde levaram
Dimitry, não é Lyssa? — pergunto a ela que permanece calada.
— Lyssa? — Dante pergunta e puxa de dentro do seu terno um
envelope e o abre observando o conteúdo e volta o seu olhar para Lyssa —
Lyssa Ferrel Fabri — ele diz balançando a cabeça em constatação — filha
de Giancarlo — olho para Morgana que dá de ombros e agora entendo a
resistência em abrir a boca, está protegendo o pai.
— Agora estou mais do que empenhado em saber, sem enrolação
Lyssa, onde está meu filho? A minha paciência está curta — digo a ela
empunhando a faca em sua jugular e a sua respiração se torna errática —
Sem jogos e sem manipulações fale agora eu quero saber, onde está o meu
filho e o merda do Damien? — ela me olha fixamente e se engasga quando
começa a falar — Isso assim que eu gosto cooperação é tudo. Eu tenho todo
o tempo do mundo para você me contar, mas não digo o mesmo para você.
— Acha mesmo que o nome de Damien é esse? Ele é Dylan, ele é
filho do casal que os seus irmãos foram dados pelo seu pai em adoção, —
ela diz e eu olho para Boris que mantém uma postura ilegível. Morgana está
de boca aberta e Dante coça a barba por fazer pensativo — ele era apenas
um meio para o fim, eu me aproximei dele, o conquistei e o fiz entrar nisso.
Ele assumiu o papel de Damien apenas para parecer ser ele, mas não, ele
não é o irmão de vocês. Morgana esteve junto a ele muito perto posso dizer,
mas o que eu não esperava era que Dylan fosse se apaixonar por essa daí —
ela diz a aponta o queixo em direção a Morgana.
— O quê? — pergunto irritado — Ah, eu já imaginava — digo
desdenhoso — Só que isso será somente nos sonhos dele, agora nos diga
onde está o meu filho.
— Dylan o levou — ela diz e eu fico mais puto de raiva com tantos
rodeios.
— Disso já sabia, eu quero saber para onde?
— Não sei dizer — ela fala e eu rosno de raiva dando um murro
sobre a mesa. Morgana sem aviso se aproxima dela e corta dois dedos de
sua mão fazendo Lyssa soltar um grito ensurdecedor.
— Isso não me esclarece muito as coisas Lyssa, eu quero saber onde
está meu filho e você vai me dizer agora! — Morgana grita enquanto a
agarra pelo pescoço — Vamos lá, diga-me — ela olha Lyssa furiosa quando
ela começa perder a consciência, seguro em seu braço a fazendo me olhar,
mas no mesmo segundo ela volta o seu olhar par Lyssa de novo soltando o
seu pescoço e em seguida ela desfere um tapa no rosto da mulher a fazendo
cair da cadeira. Ela se aproxima e com o pé esquerdo força o rosto de Lyssa
contra o chão o apertando o suficiente contra o mármore — eu estou
perdendo a paciência você vai me contar agora — ela tira uma arma não sei
de onde e aponta para cabeça de Lyssa — E mesmo que você não me diga
eu não vou pensar duas vezes antes de te matar — Lyssa choraminga de dor,
mas começa a falar.
— No galpão. Eles estão no galpão, perto da saída indo para o sul, o
que passa na estrada para a entrada da floresta — ela diz e Morgana sorri
satisfeita — Mas eles provavelmente não ficarão lá — ela diz e sorri em
meio a boca banhada em sangue — Há essas horas eles devem ter ido para
outro lugar que eu não sei — sem pensar duas vezes e a sangue frio
Morgana atira na cabeça de Lyssa dando fim a sua vida, e sem um pingo de
remorso aparentemente estampado em seu rosto ela se vira para mim e me
olha.
— Um lixo a menos. Agora por que vocês três não fazem algo de
útil e me tragam aquela vadia da Leila? — ela pergunta e eu, Dante e Boris
nos entreolhamos — Homens! — ela diz balançando a cabeça
negativamente.
— Já temos ela Morgana — Boris diz.
— Mande trazê-la para mim e peça a alguém que compre algumas
coisas de mulher, como teste de gravidez, e peça para aqueles armários que
estão espalhados por aí fazerem a limpeza e jogar esse entulho fora da
minha cozinha. Eu vou me trocar com licença — ela passa por nós e sai
indo provavelmente para o seu quarto.
Belisco a ponta do meu nariz e olho para o chão vendo a grande
possa de sangue que se forma envolto a cabeça de Lyssa e porra! Morgana a
matou, estou perplexo com a frieza.
— É irmão acho que você não vai mandar mais em nada — Boris
diz e segura o riso que eu sei que ele está louco para dar.
— Eu também acho — é a vez de Dante dizer — Sabe, eu a ajudei
quando foi embora daqui você pode dizer que eu a escondi. Quando ela me
ligou desesperada eu já pensei que algo havia acontecido Morgana é uma
mulher forte guerreira vê se dessa vez você não faz burrada — ele diz e bate
em meus ombros levemente.
— Senhor achamos escutas no quarto da senhorita Lyssa — um dos
homens diz a Boris.
— Destrua-as imediatamente — Boris ordena.
— Elas já foram, senhor. Mas antes colocamos tudo que poderia ser
importante em um pen-drive — o homem diz e entrega à Boris — com
licença — o homem fala saindo logo em seguida.
— Agora vá lá falar com a sua mulher — Boris diz e sorri — acho
que você tem explicações a dar eu vou mandar trazerem a Leila, eu aviso a
vocês — ele diz e pega o seu celular apertando a discagem e segue par um
canto qualquer da cozinha para dar a ordem.
Olho para Dante que concorda com a cabeça e então sem mais saio e
caminho para o lugar onde ela está.
Subo as escadas e é impossível não me lembrar do quarto de
Dimitry, parado em frente a ele me recordo de ontem quando o vi dormir
pela primeira vez, quando pela primeira vez tivemos uma interação de pai e
filho e como eu quase o deixei.
Eu sou um filho da puta de sorte.
Observo seus brinquedos e os desenhos espalhados pelo chão
parecia que ele estava brincando quando foi levado, entro no quarto e sobre
a cama há um envelope branco o que me chama a atenção o pego e o abro
dentro dele há um bilhete.
“Querido irmãozinho, é um prazer ter em meu poder uma joia tão
rara não é mesmo? Seu filho, o seu amor, posso assim dizer. Apesar de você
ter abandonado a mãe dele quando ela estava grávida, e devo dizer que
coisa feia isso irmão, vimos nisso uma oportunidade. Já vínhamos
observando vocês há um bom tempo sabíamos antes de você o quanto você
a amava, você é um filho da puta de sorte, Morgana é linda, uma tentação,
o Diabo em saias e eu queria tanto provar, mas ela te ama demais a vadia é
fiel. Mas convenhamos que talvez eu possa ter uma oportunidade afinal
você não estará vivo para ficar com ela, mas eu sim, ela não me conhece e
eu posso perfeitamente me aproximar e ficar com ela também o que você
acha? Boa ideia não?
Mas vamos ao que eu quero além disso. Eu quero que você me
encontre no endereço que eu vou te passar venha sozinho. Não quero festa,
todos terão a sua hora, porque já sei que os planos que eu tinha em mente
primeiramente não darão mais certo. Então não tenho outra opção a não
ser fazer isso assim como quero fazer, vá sozinho ou se não o seu filho
morrerá. Eu não gosto de crianças elas me aborrecem e quando eu ficar
com a sua adorável Morgana darei um jeito de mandá-lo para longe não
vou criar um pirralho que é a sua cópia.
Bem isso é tudo te espero no endereço abaixo.
GALPÃO SERPUKHOV, OBLAST; MOSCOU.
Lhe aguardo querido irmãozinho... Ah! você deve estar se
perguntando: Como eu saberia que você estaria aí? Há um traidor entre
seus homens, não é muito difícil corromper alguns deles.”

— Filho da puta! — exclamo assim que termino de ler, a raiva me


consome de muitas maneiras ele sabe de tudo.
Observo os cantos do quarto e noto um pequeno ponto negro entre a
cortina. Pego a cadeira e subo e quando me aproximo percebo ser uma
minicâmera puxo-a com tudo e a jogo contra a parede. Malditos homens!
Não fizeram seu trabalho direito, como deixaram isso passar.
Passo a mão pelo rosto frustrado e saio do quarto com o papel nas
mãos, sigo pelo corredor abrindo as portas à procura do quarto de Morgana
quando chego ao final do corredor vejo a grande porta entreaberta. A abro
entrando pela primeira vez no quarto dela, tudo é feminino e combina com
ela estou tão entretido que só escuto quando sua voz me chama.
— Andrei? O que faz aqui? — ela pergunta.
Olho para ela. Queria poder sorrir e me mostrar o mais sedutor
possível, mas estou fadado. Olho-a e a chamo com a mão para que ela se
aproxime, ela faz o seu caminhar vindo até mim enrolada em uma toalha,
em outros momentos eu estaria doido para arrancar tudo dela, mas nesse
momento nosso filho é prioridade.
— Precisamos conversar — digo a ela que me olha e tomba a
cabeça para um lado buscando entender algo.
— O que foi? — ela me pergunta e eu engulo em seco, se vamos
começar algo devemos começar com a verdade.
— Eu sei onde Dimitry está. — Digo e ela arregala os olhos.
CAPÍTULO 24

Após perder a paciência com Lyssa e explodir a cabeça dela subo


para o meu quarto, a raiva ainda fervilha em mim, aquela vadia não me deu
a informação necessária eu estou aflita eu quero o meu filho, tomo um outro
banho porque todo o esforço lá embaixo me deixou suada e estava fedendo
a sangue.
Após o banho me sinto de alma lavada, revigorada, Lyssa não me
deu outra escolha eu tinha que fazer o que era preciso. Ela não estava
colaborando como deveria e eu simplesmente me cansei disso, a parte que
eu fiquei mais surpresa foi saber que Damien não é Damien e sim Dylan,
por essa eu não esperava definitivamente, e saber que ele está com o meu
filho me deixa em um grau de fúria sem igual.
Quando Andrei chegou em minha casa era uma coisa que eu não
esperava ele é maluco de verdade, ele fugiu do hospital jamais imaginaria
que um dia veria isso dele, que ele aceitaria ser pai realmente e que me
pediria em casamento um dia, umas das coisas que eu não esperava dele
realmente, não dei resposta a ele, mas a resposta é tão clara como o dia e ele
sabe disso.
Vê-lo me ajudar a arrancar informações de Lyssa me excitou tanto e
eu simplesmente me molhei com seu tom de voz, com seu ar sério com o
seu jeito de olhar para mim, ele não imagina como me deixou, surpresa
também fiquei com Dante o meu cunhado além de meu amigo também que
me ajudou quando eu precisei fugir para apagar de vez Andrei da minha
memória, e percebi como Andrei ficou tenso com o abraço que Dante me
deu, sei que seu ciúme aflorou ali o que me deixou feliz pelo menos pude
ver em seus olhos e em suas feições que ele realmente sente o que diz
sentir.
Quando saio do banheiro me deparo com Andrei no meu quarto
alheio a minha presença ele nem percebe que eu o estou observando
enquanto enxugo os meus cabelos, ter aquele homem ali no meu quarto
envia sensações absurdas e eu sinto o meu núcleo se apertar, ele com todo
os seus mais de 1,80 e com todos aqueles músculos no lugar por baixo da
camisa social que está apertada em contato com o seu corpo, eu não poderia
me esquecer de como ele é ou de quantas vezes eu o vi assim como veio ao
mundo, quando ele finalmente percebe a minha presença o seu olhar
rastreia o meu corpo todo, o olhar de luxúria que ele transmite através dos
seus olhos me deixa quente, Andrei é quente sem sombra de dúvidas.
— Andrei? Oque faz aqui? — pergunto e ele que me olha tenta
sorrir, mas falha miseravelmente, ele me chama com a mão para que eu me
aproxime, e assim que o faço até ele enrolada em uma toalha, o tesão
explode por completo em mim, mas Andrei está muito sério.
— Precisamos conversar — ele me diz e eu tombo a cabeça para um
lado buscando entender algo.
— O que foi? — pergunto e o observo engolir em seco.
— Eu sei onde Dimitry está. — Ele me diz e eu arregalo os olhos,
como assim sabe?
— Espera, como assim? Como isso é... calma me deixa entender —
passo a mão em meu rosto tentando afastar o nervoso que começa a tomar
conta de mim — Como sabe? Eu tenho certeza de que matei a vadia da
Lyssa, não é possível que...
— Calma você a matou e realmente mortos não falam — ele diz e
eu o encaro.
— Não é hora para brincadeiras Andrei, me diz como sabe? Eles te
ligaram é isso? Me conta por favor — digo ficando muito próximo a ele,
estou agoniada meu peito se aperta de repente uma sensação estranha, seus
olhos caem sobre mim um olhar profundo que diz que ele sente o mesmo
que eu.
— Ele me quer — ele diz assim simplesmente e eu não entendo
nada — Ele me quer em troca da vida de Dimitry.
— Quem te quer? Andrei estou ficando nervosa por favor, o que
você está dizendo?
— Meu querido irmão, ele me quer — ele diz e se virando de costas
para mim passando a mão nos cabelos bagunçando-os ainda mais, ele se
volta para mim e se aproxima — Vista uma roupa por favor — ele pede e
eu o olho sem pensar mais.
— Já volto — digo saindo indo até o closet pego uma legging e uma
camiseta e coloco um conjunto branco de lingerie, me olho no espelho
ajeito o cabelo e um rabo de cavalo, a coisa mais simples que posso pensar
agora.
Retorno ao quarto e observo Andrei sentado na beirada da minha
cama com a cabeça entre as mãos e um olhar perdido, nunca o vi desse
jeito, desde quando eu lhe contei o que havia acontecido comigo naquela
maldita festa a anos atrás.
Engulo em seco e me aproximo dele me sentando. E ao seu lado na
cama o abraço da maneira que posso.
— É tudo minha culpa — ele murmura o que parece ser para si
mesmo, mas eu o ouço perfeitamente.
— Não é sua culpa — digo e seus olhos correm para mim no mesmo
instante — Como seria sua culpa de alguma forma? Não se culpe por isso
por favor.
— Sim, é minha culpa você sabe que você poderia estar vivendo
outra vida diferente dessa, eu estraguei a sua vida Morgana tem noção disso
eu só venho atrapalhando você — ele diz e eu o abraço mais forte por que
ele está se martirizando desse jeito?
— Talvez eu queira que você continue estragando — digo e ele
balança a cabeça negativamente — Sim, não diga não, esse jogo dois
podem jogar Andrei se eu não tivesse me encantado por você
provavelmente eu estaria vivendo uma vida de tédio e...
— Agora você está vivendo um pesadelo — ele se levanta saindo do
meu abraço e ainda de costas para mim ele diz — Sei que é errado, mas eu
odeio meu irmão — ele passa a mãos nos cabelos em um gesto frustrado
uma característica de Andrei que mostra o quanto ele está nervoso — em
certa parte ele não tem culpa do que meu pai fez.
— Ele não pensa dessa forma Andrei, por que se pensasse não
estaria fazendo isso, ele pegou nosso filho entende isso — eu digo e ele se
vira para mim e me surpreendo com o que vejo em seus olhos “Dor,
lamento, culpa” me aproximo mais dele — Eu quero matá-lo se isso lhe
conforta — digo e ele sorri, mas um sorriso que não chega aos seus olhos.
— Você é incrível — ele diz e acaricia o meu rosto — eu
definitivamente não mereço você.
— Não vai se livrar de mim agora — digo a ele que me olha
atordoado — Sim! — digo e ele parece confuso.
— O que? — ele franze o cenho me observando.
— Eu disse sim! — repito e como se sua mente se clareasse ele cola
nossos corpos mais perto e me agarra pela cintura, o contato com o seu
corpo envia sensações únicas para dentro de mim, Andrei me excita
somente em me tocar, ele passa o polegar em meus lábios me olhando sem
nunca quebrar o contato.
— Você aceita ser minha? — ele pergunta e seus olhos caem para os
meus lábios que estão entreabertos pela excitação, olho para os seus lábios
enquanto ele passa a língua pelo mesmo, um sinal claro de que ele está
louco para me beijar assim como eu estou para beijá-lo.
— Sim eu aceito, mas com uma condição — digo e ele arqueia uma
sobrancelha — que vai me deixar acabar com a vadia da Leila — falo e ele
suspira abaixando a cabeça fitando o chão.
— E se ela estiver grávida? Não podemos matá-la é o mesmo que
estar matando uma criança Morgana — ele diz e eu aceno positivamente, eu
entendo essa lógica de raciocínio dele.
— Mas então depois? Se ela estiver e quando tiver a criança eu a
matarei Andrei, ela tem participação no sequestro do nosso filho ela
merece, e tem mais, ela não é capaz de criar uma criança que pode vir a
crescer com exemplos morais péssimos.
— O que está dizendo Morgana? — ele me pergunta sem entender.
— Estou dizendo que, assim que ela tiver a criança ela deixará de
existir — digo com uma frieza em minha voz que eu nem sei de onde tirei.
— Não irei cometer o erro do meu Pai Morgana, isso é... — Ele diz
respirando fundo.
— Vamos criá-lo Andrei — eu digo e ele me olha de olhos
arregalados.
— Como assim criá-lo? Está ficando doida Morgana? Eu não posso
fazer isso, o que me pede... — ele diz e dá uma risada sem humor.
— Isso é ser humano Andrei — digo a ele que me olha assustado.
— Você está me dizendo que não sou humano? — ele pergunta
semicerrando os olhos em minha direção
— Não é isso — digo frustrada.
— Definitivamente espero que ela não esteja grávida por que essa
criança não merece a mãe que terá — ele diz e eu concordo — mas você
disse sim?
— Mudando de assunto senhor Nickolaievy? — eu digo e ele sorri
cínico.
— Sim vamos deixar para resolver isso depois agora eu quero saber
— ele diz e me abraça mais forte — vai se casar comigo?
— Sim me caso com você eu te amo Andrei, você sabe disso —
digo e ele meneia a cabeça em entendimento — mas se você pisar em ovos
comigo eu te castro — digo semicerrando os meus olhos em sua direção e
ele me devolve o olhar.
— Não farei isso, já errei com você uma vez já é o suficiente — ele
diz enquanto aproxima os seus lábios dos meus, ele roça os seus levemente
sobre os meus e os lambe pedindo permissão para tomar a minha boca em
um beijo quente.
Andrei sempre teve um jeito de beijar único, daqueles que te fazem
sentir a mulher mais desejada do mundo e só de imaginar que ele já beijou
muitas mulheres assim confesso que me causa ciúmes, saber que outra
mulher também sabe como é isso é horrível, sua língua invade minha boca
enquanto suas mãos apertam a minha cintura, agarro em seus braços fortes e
correspondo ao beijo, nesse momento é como se tudo deixasse de existir ele
quebra o beijo e como se lesse meus pensamentos, como se soubesse o que
eu estava pensando ele sussurra — eu nunca beijei uma mulher assim — ele
diz olhando no fundo dos meus olhos eu busco neles alguma coisa que
indique que ele está mentindo mas não encontro nada — eu nunca poderia
beijar alguma outra mulher desse jeito, sabe o que isso significa? — ele diz
e acaricia o meu rosto — eu sou seu Morgana, sempre fui e merda agora eu
serei para sempre sinta como me deixa — ele pega a minha mão e leva até a
frente de suas calças — isso daqui não esteve dentro de ninguém mais
desde que eu voltei e não vai estar, assim como eu ele só pertence a você —
sinto na palma da minha mão a rigidez do seu membro e involuntariamente
eu dou um leve aperto o que o faz fechar os olhos por um segundo e
quando os abre está cheio de luxúria e desejo — eu te quero Morgana, mas
agora não é hora para isso eu tenho que ir — e como um balde de água fria
me afasto dele.
— O que está dizendo? Você não vai... — digo e paro raciocinando
o que ele disse — Não espera aí Andrei, o que pensa que vai fazer?
— Eu vou aonde está Dimitry Morgana, eu vou buscar nosso filho
— Pelo amor de Deus Andrei ele vai te matar. Eu vou com você. —
Aviso já procurando os meus sapatos para calçar nunca que ele vai sozinho.
— Eu não quero companhia — ele diz e eu estaco no lugar e o olho
de boca aberta e fecho os meus olhos buscando por controle, mordo os
meus lábios fortemente e passo as duas mãos no rosto.
— Sério isso? — digo e o encaro com as mãos na cintura e ele acena
positivamente — Que pena, porque eu não pedi permissão para você, eu
estou indo de qualquer forma — digo quando finalmente acho o par de tênis
os calçando, escuto ele murmurar um merda e bufar contrariado e eu o olho
atravessado — Podemos ir agora — digo e ele me olha em um olhar de
advertência.
— Definitivamente você não está indo Morgana — ele diz — nem
que eu precise trancar você aqui nesse quarto, você não vai comigo e ponto
final.
— É a sua palavra final? — pergunto erguendo uma sobrancelha.
— Sim é — ele diz irritado e eu sorrio o que o faz me olhar e
balançar a cabeça em negação — Meu Deus! Que mulher teimosa — ele diz
frustrado — entenda é...
— Entenda você! — aponto o dedo indicador para ele — É meu
filho também e convenhamos mais meu do que seu. Eu o gerei, então se
estou dizendo que vou é porque eu vou e essa é a minha última palavra
também — digo sustentando o seu olhar furioso sobre mim, então ele se
aproxima e agarra a minha nuca me puxando bem próximo a ele.
— Você será uma distração Morgana, e eu não preciso disso fique
aqui — ele diz e eu o abraço sentindo o seu cheiro e em um gesto rápido
tiro a arma que está em suas costas.
— Realmente sou uma distração — digo e me afasto dele com a sua
arma em mãos apontada para ele, não que eu vá atirar, eu amo esse idiota
mas um medinho é bom as vezes — Se não me deixar ir com você eu vou
sozinha porque eu posso atirar em você pegar o endereço e ir — ele cerra a
mandíbula e respira fundo sei que está se controlando para não avançar
sobre mim, porque de qualquer maneira ele sabe que é mais ágil que eu e
consequentemente mais forte, ele começa a caminhar em minha direção e
chega bem próximo encostando o cano da arma em seu peito e eu olho em
seus olhos.
— Atira — ele diz — atira que talvez seja mais fácil eu estando
morto meu querido irmãozinho devolve nosso filho e fica com você como
ele disse que faria — ele diz com raiva em sua voz.
— O que está dizendo? — pergunto.
— Vamos lá, atire Morgana, acabe com isso logo — ele fala e força
seu peito no cano da arma meus olhos lacrimejam ele pensa que eu posso
matá-lo?
— Não — minha resposta sai em um sussurro — Pare por favor —
digo e abaixo a arma, ele se afasta virando de costa para mim, ele ergue a
cabeça para o teto e posso ver como suas costas se mechem devido a
respiração pesada.
— Deixe-me ir Morgana, ele me quer é a vida do nosso filho que
está em jogo eu não posso ter mais alguém em perigo.
— Mas eu.... — Ele não me deixa terminar.
— Sem mais Morgana, você fica aqui eu vou buscá-lo — ele diz e
começa a caminhar em direção a porta e antes de abri-la para sair ele me
olha mais uma vez, abre a porta saindo por ela e a fechando em seguida,
vejo Andrei sair e a realidade me bate pode ser a última vez que eu o veja e
sem pensar muito corro até a porta decidida a ir atrás dele, não vou deixar
isso assim....
CAPÍTULO 25

Porra, mil vezes porra!


Eu querendo fazer as coisas direito e Morgana querendo estar
comigo nisso, o bilhete foi bem claro, não posso arriscar a vida dela, se
posso fazer alguma coisa de certo por ela agora é isso, me entregar em troca
da vida do nosso filho é o mais certo a fazer, ele é só uma criança tem uma
vida toda pela frente e por mais que talvez eu não esteja presente na vida
dele em um futuro eu quero fazer isso.
Assim que saio do quarto respiro fundo, estou fazendo o correto,
Morgana me frustra de mil maneiras possíveis, mas eu a amo e por isso não
permiti que ela fosse comigo, assim que chego as escadas escuto Boris
gritar um foda-se bem alto e me apresso em descer as escadas, ao final dela
vejo que ele está na sala com Dante e meu irmão parece muito nervoso me
aproximo deles e quando abro a boca para perguntar o que está havendo
Morgana chama pelo meu nome
— Andrei — eu me viro e a vejo com os olhos lacrimejados, merda!
Isso não era para acontecer não queria que ela chorasse fui duro nas
palavras talvez, mas não foi para machucá-la — Eu não posso deixar você
fazer isso — dizendo ela se aproxima — somos uma família agora entende
isso? Família, isso é o que nós somos — ela diz alterada e eu aperto os
meus olhos em irritação
— Morgana acabamos de falar sobre isso, eu já disse não! — falo
mais alto do que deveria o que chama a atenção de Boris e Dante
— O que está acontecendo? — Boris é o primeiro a perguntar
— Nada — eu digo entre dentes e olho irado para Morgana que
levanta uma sobrancelha
— Ele sabe onde Dimitry está — ela diz e eu cerro a minha
mandíbula ela está querendo me levar ao meu limite
— Como assim sabe? — Dante pergunta — Andrei o que está
havendo afinal?
— Nada eu já disse, Morgana está alterada por falta de notícias eu
vou sair, vou procurar eu...
— Ele não quer me levar aonde ele precisa ir — ela continua “Deus
cale a boca dessa mulher” peço em pensamento, mas pelo visto ele não vai
me escutar — O irmão de vocês quer Andrei em troca do Dimitry, ele quer
matá-lo quem garante que ele não está armando, ele não quer que eu vá,
faça alguma coisa Boris — ela fala e olha para o meu irmão que cruza os
braços sobre o peito e me olha com cara de poucos amigos.
— Quer morrer Andrei? — ele me pergunta — Porque posso
resolver isso se essa for a sua vontade — ele diz com a voz grave e alterada
— Para que lugar precisa ir?
— Eu vou sozinho já disse, as instruções eram claras no bilhete. —
Conto amuado, que merda! Morgana me paga, olho para ela que sustenta o
meu olhar com um sorriso irônico nos lábios.
— Eu estou indo também. — Ela repete.
— Que merda eu disse não! Morgana pelo amor de Deus me escute,
do mesmo modo que ele pode me matar pode matar você também, não
entende isso?
— Sim, mas ...
— Não tem mais, assunto encerrado e mais estavam trazendo Leila
então você tem trabalho a fazer — digo querendo colocar um fim a essa
discussão.
— Quanto a isso temos um problema — Dante diz e eu e Morgana o
olhamos — a vadia fugiu, ela conseguiu escapar, não sei como matou os
homens que foram buscá-la, a vadia é treinada
— Precisamos achá-la e se ela pegar meu filho? Eu a mato eu juro
que mato — Morgana diz nervosa.
— Vamos achar ela — digo e de repente o maldito celular toca em
meu bolso, puxo o celular e vejo uma mensagem com anexo de um número
desconhecido, abro a mensagem com uma foto de Dimitry com uma faca
empunhada em seu pescoço meu corpo se enche de fúria e eu aperto o
celular quase a ponto de quebrá-lo — Merda! Filho da puta! — exclamo
nervoso e arremesso o celular contra a parede que se desfaz em pedaços.
— O que foi — Dante pergunta.
— Aquele filho da puta, colocou uma faca no pescoço do meu filho,
tem noção disso — digo colocando as mãos na cabeça e puxando os cabelos
para cima — Eu preciso ir, antes que ele mate o Dimitry — digo andando
de um lado para o outro nervoso marcho em direção a porta Morgana pega
em meu braço me fazendo parar.
— Pare, vamos, eu vou com você e não me diga ao contrário.
— Calma aí, vocês não vão sozinhos estarei mandando uma escolta
com vocês — Boris diz enquanto pega o celular.
— Não! — eu grito o fazendo parar no mesmo instante e me
encarar.
— Como assim não? — ele pergunta.
— Ele quer que eu vá sozinho.
— Por isso estamos nesse impasse Boris, eu não quero deixá-lo
sozinho não sabemos quem Damien é, e se ele chegar lá e for uma
armadilha? Quase morrer e morrer não é uma opção. — Morgana diz e eu
bufo impaciente.
— Agora temos que ver onde Leila está enfiada. — Dante diz e eu
concordo, Morgana passa por mim e segundos depois retorna com uma
arma que só agora percebi ser minha arma de cabeceira.
— O que faz com minha arma? — pergunto a ela.
— Estava em seu quarto, já que sabe que é sua é de lá de onde tirei
— ela diz me dando a arma — a que você estava está comigo não se
preocupe.
— Morgana está indo com você — Boris diz e eu o olho
rapidamente, mas que droga.
— Não, ela não está — digo com veemência.
— Sim ela está, eu sou o chefe aqui e se eu estou dizendo que ela
vai ela irá, ela é a mãe, você é o pai e eu sou o tio, ele também é meu
sangue vocês irão e eu irei ficar aqui com Dante para procurar por
Giancarlo e Leila. — Meu irmão diz e eu bufo contrariado.
— Vamos logo Morgana, mas você ficará no carro — digo
apontando o indicador para ela que revira os olhos, sei que terei que ter
cuidado com Morgana ela é ardilosa e sabe como me passar a perna, mas
não dessa vez.
— Obrigado pela ajuda Boris — ela agradece meu irmão e passa por
mim me puxando pela mão para sairmos, a acompanho indo para fora aonde
tem alguns homens vigiando o local, chamo um deles.
— Me veja um carro agora — digo a ele que assente apertando o
micro celular em sua orelha, ele conversa e minutos depois um carro negro
para no meio fio dou a volta no carro indo até o motorista.
— Saia! — ordeno a ele que franze o cenho sem entender, abro a
porta e o pego pelo colarinho da camisa e o puxo para fora — eu disse saia
— o empurro e entro no carro batendo a porta com força destravo a porta do
carro e a abro para Morgana entrar.
Quando está dentro ela se vira para mim com a cara fechada e eu
nem sei o porquê. Dou de ombros indiferente ela pega em minha mão antes
que eu coloque o carro em movimento.
— Aconteça o que acontecer eu amo você — ela fala com os seus
olhos em mim.
— Eu também te amo, você sabe disso — falo a ela que assente.
Ela se aproxima dos meus lábios onde deposita um beijo casto e
logo se afasta, ligo o carro saindo para ir até o local combinado, Morgana
ainda não sabe, mas ela não deixará esse carro.
Após quase uma hora chegamos ao local, todo o trajeto foi feito em
silêncio Morgana não disse nada e eu também não, seguimos cada um com
os seus pensamentos o caminho foi extenso o local é muito afastado
praticamente no meio do mato, eu sei que atrás de nós os homens que meu
irmão mandou estão fazendo a segurança, eles param há muitos metros
atrás e se embrenham pelo local se camuflando, paro o carro e olho para
Morgana que analisa o lugar atentamente ela vira seus olhos para mim e
pergunta
— É aqui? — eu confirmo — então vamos — ela tenta abrir a porta
do carro, mas sem sucesso — Andrei abre a porta eu preciso sair — ela diz
chacoalhando a maçaneta da porta e me olha atravessado — você não vai
fazer isso comigo Andrei — ela faísca ódio em seus olhos quando percebe o
que eu pretendo fazer.
— Eu não vou deixar você ir comigo Morgana, definitivamente
você fica aqui — digo a ela que aperta os olhos e me encara.
— Não, eu estou indo com você — ela diz e em um lance rápido
abro a porta do meu lado do carro saindo para fora e a tranco dentro do
carro.
— É para o seu bem, me escute — digo a ela que bate diversas
vezes contra o vidro do carro.
— Me deixe sair Andrei, abra a porta do carro — ela grita e eu
consigo ouvir.
— Não, eu vou sozinho. Eu te disse que você não viria comigo —
digo e quando a olho ela tem os olhos parados em algum ponto atrás de
mim quando me viro vejo Damien ou Dylan nem sei mais com uma arma
apontada na minha direção e segurando Dimitry vendado e uma faca fixa
em sua garganta. Engulo em seco pelo fato do meu filho não saber de nada
do que está acontecendo, Morgana bate insistentemente no vidro do carro,
agora mais do que nunca não posso deixá-la sair colocaria tudo a perder.
— Suponho que tenha vindo pelo seu filho? — Dylan pergunta e
aperta mais a faca no pescoço do meu filho.
— Solte ele, eu já estou aqui não é o que queriam? Agora o deixe ir
— falo a ele que semicerra os olhos, ele está a uma distância considerável.
— Acha mesmo que iremos soltar? Sabemos que você não veio
sozinho — ele diz e aponta com o queixo para o carro — a deixe sair — ele
fala e eu o observo.
— A troca de que? — pergunto.
— A troca de eu não afundar a faca na garganta do seu pirralho —
Dimitry se agita no braço de Dylan e o movimento faz um pequeno corte
sangrar em seu pescoço — Ops! Acho que ele se machucou — ele diz e
olha para baixo a onde o pequeno corte sangra.
Aperto as travas na chave do carro e Morgana abre a porta e desce
desesperada para ir até Dimitry, eu a seguro quando ela tenta passar por
mim e sussurro — Não! — ela franze o cenho sem entender e olha para
Dimitry e depois para Dylan, ela engole em seco e acena positivamente para
mim compreendendo que agora não é hora para pedir respostas
— Vamos venham, o chefe está esperando por vocês, ele sabia que a
Doce Morgana não deixaria o seu amor vir sozinho, isso vai ser divertido
mataremos a família toda de uma vez, a mãe, o pai e o filho, isso é curioso e
instigante ao mesmo tempo, andem logo não tenho tempo — Ele diz e
segura Dimitry contra ele mais forte, meu filho resmunga e eu noto um
machucado em sua bochecha e no canto da sua boca.
— Vocês bateram no meu filho? — pergunto com a raiva exalando
de mim, Morgana olha rapidamente para Dimitry.
— Como você pôde? — ela pergunta para Dylan que dá de ombros.
— Não fui eu que bati, então não me questionem — ele diz e com o
cano da arma em minhas costas ele me empurra para dentro do galpão junto
a Morgana que anda ao meu lado — Sem nenhuma gracinha ou se não essa
belezinha aqui explodirá a linda cabecinha da Morgana e essa outra beleza
aqui estará enterrada na garganta do garoto a um piscar de olhos — ele diz
me fazendo caminhar e entrar dentro do galpão abandonado.
Caminhamos por dentro dele até chegar em uma sala grande onde há
maquinários antigos observo Morgana de canto de olho e seu semblante
preocupado diz que não está gostando nada da situação. Dylan passa por
nós e senta Dimitry em uma cadeira e amarra os pés do meu filho nela,
passa uma corda no meio de seu corpo garantindo em seguida que ele não
irá se soltar.
Como um menino daquela idade iria se soltar?
Escuto passos ecoarem pelo lugar e um homem aparece em nossa
frente, o terno todo preto e o olhar sombrio, os olhos de Morgana se
arregalam quando ela olha para o homem a sua frente.
— Você? — ela pergunta em um sussurro.
— Sim eu, surpresa querida Morgana? — o homem fala e eu fico
sem entender nada.
— Que merda é essa? — Eu pergunto e Morgana me olha rápido.
— Andrei esse é...
— Cale-se querida, ele não precisa saber — o homem diz a
interrompendo.
— O caralho que eu não preciso saber, Morgana quem é ele?
— Que maravilha reunião em família adoro essas coisas — outro
homem tão quanto parecido com o homem a nossa frente aparece a
semelhança entre os dois é gritante.
— Meu deus! — Morgana geme frustrada diante a tudo.
— Então vamos ao que interessa, há muito tempo venho sonhando
com esse dia, o dia que eu poderia matar você — ele diz e aponta para mim
— e isso é uma sensação maravilhosa.
Morgana olha para mim rapidamente e eu vejo um lapso de
travessura em seu olhar não sei o que essa mulher pretende, mas não vai
prestar.
Balanço a cabeça negativamente sem saber onde isso vai dar, eu só
espero que eu possa tirar meu filho daqui e tirar a mulher que eu amo
também nem que para isso seja preciso morrer.
CAPÍTULO 26

Todo o trajeto até onde meu filho está foi feito em silêncio. Andrei
não disse uma maldita só palavra. Sei que ele está bravo, possesso, mas eu
não podia ficar em casa sabendo que tanto ele quanto Dimitry corriam
perigo. Isso não é uma coisa que seja originada de mim, o instinto de
sobrevivência fala mais alto nessas ocasiões e eu não posso deixar que ele
tome uma decisão estúpida de vir a um lugar sozinho e correr o risco de
tomar uma bala sem esperar.
Ele pode não entender minha posição sobre esse assunto, mas nunca
em hipótese nenhuma ele viria aqui sozinho eu amo esse idiota a ponto de
me colocar no fogo cruzado por ele e pelo meu filho, principalmente por
ele, estou indo por ele, estou indo para ele quero que que passemos por tudo
isso e nos tornemos uma família apesar de que já somos.
Eu nunca em todos esses anos esqueci Andrei, os anos se passaram e
ele ficou cada vez mais vivo em minha memória, ao olhar para Dimitry, ele
é uma cópia perfeita de Andrei, sua fisionomia lembra o pai em tudo.
Perdida em meus pensamentos percebo que chegamos a um lugar,
estranho, no meio do nada um bom lugar definitivamente para se esconder,
olho para Andrei que observa o lugar e quando vou abrir a porta do carro
percebo que a mesma ainda está trancada, disparo meus olhos para Andrei
novamente e o mesmo já me olha, estou faiscando de raiva, ele não pensa
que vai me deixar aqui como se minha vontade fosse respeitada por ele,
após me dizer que eu não irei sair daqui ele simplesmente sai do carro me
deixando trancada argumento com ele, mas definitivamente Andrei está
irredutível.
Ainda falando comigo meus olhos se perdem na imagem atrás dele,
meu coração dispara ao ver o meu filho nas mãos de Dylan com uma faca
empenhada em seu pescoço o desespero é total eu quero sair daqui, Andrei
tem que me soltar, percebendo o meu olhar perdido Andrei se vira para ver
a mesma imagem que eu, seu corpo muda de postura, ele levanta os ombros
e passa a falar com Dylan, não entendo muita coisa pois o tom de voz que
Andrei usa é baixo, isso denota o quanto ele está furioso, alguns nesse
estágio gritam mas Andrei é diferente ele não grita, não fala mais alto usa o
tom frio e neutro .
A conversa ainda segue sem que eu possa saber de nada, e isso é um
inferno. Ainda tentando abrir a porra da porta percebo quando ela é
destravada leva tudo em mim para eu correr e pegar o meu filho das mãos
daquele monstro como eu pude me enganar tanto?
Em pensar que eu o deixei me tocar, o gosto amargo sobe para a
minha garganta e eu a forço novamente para baixo, sinto nojo de mim
mesma nesse momento.
Com loucura tento correr até o meu filho sendo impedida por
Andrei, que em um sussurro me diz não, eu não entendo por que não, é meu
filho, nosso filho, como ficar aqui parada? Quando olho para o meu filho
novamente vejo sangue escorrendo do seu pequeno pescoço, mas uma coisa
que não vejo em meu filho é desespero, ele parece um homem, não vejo
nem um tremor em seus lábios, nem uma ação que indique que está com
medo a genética realmente é gritante ele com certeza está se mantendo
calmo.
A voz de Dylan se faz ouvir agora.
— Vamos o chefe está esperando — engulo em seco e caminho ao
lado de Andrei, sua expressão não transparece nada, ele é muito bom em
esconder seus sentimentos junto aos outros, não a mim, caminhando escuto
a pergunta que Andrei faz.
— Vocês bateram no meu filho? — a raiva sobe em mim numa
velocidade gigantesca eu não posso acreditar nisso.
— Como você pôde? — pergunto a Dylan que simplesmente dá de
ombros e responde que não foi ele quem fez isso, então para não o
questionarmos.
Seguimos andando e a todo momento ele ameaça Andrei dizendo
que se não colaborar ele vai estourar a minha cabeça e enterrar a faça no
pescoço do meu filho, Andrei continua a caminhar sem dizer uma palavra,
enquanto eu observo o lugar muito abandonado, antigo por assim dizer,
ainda caminhando chegamos a uma sala cheia de maquinários, Dylan pega
meu filho e o amarra em uma cadeira como se ele fosse a algum lugar.
Escuto passos ecoarem atrás de nós, os fios de cabelos do meu corpo
se arrepiam e meus olhos se arregalam ao ver o homem que um dia me
procurou em meu trabalho para me dizer que eu era a herdeira de Giancarlo
Fabri, o advogado filho da puta que fingiu não saber quem eu era, ele sabe
que eu sei, ele sabe que eu o reconheci, mas o que ele faz aqui?
— Você — a frase me escapole antes que eu possa elaborá-la.
— Sim eu, surpresa querida Morgana? — ele fala e eu me chuto
internamente como pude me envolver nisso?
— Que merda é essa? — a pergunta de Andrei me faz sair do meu
estupor e o olhar rapidamente.
— Andrei esse é... — O homem a minha frente me interrompe.
— Cale-se querida, ele não precisa saber.
— O caralho que eu não preciso saber, quem é ele Morgana? —
Andrei pergunta entre dentes, sei que está puto da vida as variações de
humor de Andrei são facilmente registradas por mim.
— Que maravilha, reunião em família adoro essas coisas — outro
homem com as mesmas características do homem a minha frente aparece e
o que eu pensava estar mal se torna pior.
— Meu Deus! — gemo frustrada.
— Então vamos ao que interessa. Há muito tempo venho sonhando
com esse dia, o dia que eu poderia matar você — ele diz e aponta uma arma
para Andrei — e isso é uma sensação maravilhosa.
Olho para Andrei que mantém o seu rosto intransponível, e uma
ideia louca aparece em minha mente eu só espero que ela funcione, Andrei
balança a cabeça em negativa, não sei o que pensa, mas posso ver a agonia
passar em um lampejo em seus olhos também como vejo raiva, ódio eu sei
o que ele está pensando, mas, eu não o deixarei fazer.
Após alguns minutos ensurdecedor de silêncio me atrevo a falar,
preciso colocar meu plano em prática, mas antes de tudo preciso que ele dê
certo, sei que Andrei pode não me perdoar por isso, mas eu preciso fazer
talvez seja a única chance de sairmos vivos daqui.
— Bom agora que vocês já têm quem querem eu posso pegar meu
filho e ir embora? — pergunto e Andrei como todos olham para mim no
mesmo instante, dou de ombros indiferente.
— Morgana, o que você...
— Ah cale a boca Andrei — digo a ele que me olha semicerrando os
olhos e cerrando o maxilar — Sua voz me irrita — os dois homens iguais
assim como Dylan se entreolham sem entender o que está acontecendo —
Vamos posso ir agora? Eu não tenho nada a ver com isso, é e ele que vocês
queriam, ele está aqui — digo aponto para Andrei que me olha com raiva
em seu olhar pisco um olho imperceptível para ele é espero que ele busque
entender o que eu estou fazendo.
— Você é uma vadia sabia disso? — as palavras de Andrei me doem
muito, mas preciso disso preciso que ele sinta raiva para tudo aqui
acontecer.
— Nunca me disseram ao contrário — digo e caminho para perto do
filho da puta que disse que era advogado, eu estou mais perdida nessa
história do que nunca — Acho que prefiro o poder e você vai morrer
Andrei, então preciso de alguém melhor e devo admitir — olho para
Damien ou Daniel nem sei qual deles é analisando e sentindo nojo de mim
mesmo pelo o que estou fazendo e lhe dou um pequeno beijo no canto de
sua boca, o enjoo e palpável mas disfarço e faço de conta que gostei, Andrei
olha tudo com a cara fechada sei que irá me matar depois disso mas preciso
fazer ou não sairemos daqui, de repente sinto um puxão forte em meu
cabelo.
— Amarre-o — o homem diz a Dylan que rapidamente obedece
seguindo para Andrei, quando Dylan se aproxima com uma cadeira pronto
para amarrar Andrei eu me desvencilho do aperto em meu cabelo e apanho
a arma que possuo em minha cintura e aponto para a cabeça do homem ao
meu lado.
— Vadia inconsequente, acha o que? Que vai me matar? — ele diz
me olhando e zombando de mim ele realmente acha que eu não tenho
coragem?
— O que? Antes de vir para cá matei a bela irmã de vocês. Não
seria nada de mais matar vocês também — digo a ele que me olha com
desdém.
— Você matou minha irmã? — o outro que tinha uma arma em
punho apontada para mim pergunta e eu estendo um sorriso em meu rosto.
— Sim, matei aquela vadia não era de serventia.
— Eu vou te matar — ele diz engatilhando a arma e o ódio
estampado em seu rosto e raiva refletida em seus olhos — Eu amava a
minha irmã sua vagabunda.
— Não posso dizer o mesmo — eu digo e olho para Dimitry que
está vendado alheio a tudo a sua volta, a calma dele me deixa
impressionada.
— Sabe que somos três contra dois? — o homem em minha mira diz
e eu observo ao redor somos realmente três contra dois.
— Estou em plenas faculdades mentais para discernir que somos
três contra dois — digo e sorrio — você é muito inteligente devo salientar,
agora solte o meu filho.
— Você achou que podia me seduzir? A troca de que? — ele me
questiona, mas eu o ignoro completamente e aperto o cano da arma em sua
cabeça.
— Solte o meu filho — repito.
— Dylan, solte o pirralho — ele diz a Dylan que bufa e faz o que ele
ordena, ele solta o meu filho.
Quando Dimitry olha ao redor ele vê Andrei e me vê, ele corre para
os braços de Andrei que o abraça, meus olhos se enchem d’água e Andrei
me olha e fecha os olhos rapidamente e sussurra algo no ouvido de Dimitry
que balança a cabeça em negativa, Andrei continua a sussurrar e finalmente
Dimitry parece concordar ele desce-o no chão.
— Corra — Andrei diz a Dimitry que dá um último olhar para mim
e sai correndo — agora somos nós o que você quer? — Andrei pergunta ao
homem ao meu lado seu corpo se retesa e ele semicerra os olhos ao olhar
para Andrei.
— Eu quero tudo que vocês roubaram, minha vida, minha história,
vocês tiraram tudo de mim principalmente você — ele diz e aponta para
Andrei — minha mãe morreu por sua culpa, ela estava doente e o maluco
do seu pai a matou quando fez ela gerar você.
— Pensa que eu não penso nisso todo maldito dia? Pensa que eu não
sinto isso todo dia merda? Eu sei, ou você acha o que? Que eu sou feliz por
isso? Vocês e suas malditas ideias erradas eu não tive a minha mãe assim
como vocês não tiveram e eu me culpo todo santo dia! — Andrei grita
visivelmente alterado.
— Ah não me venha com essa, você cresceu tendo tudo, você teve
amor carinho coisa que nós não tivemos — o outro fala e seus olhos
estralados revelam o quanto ele está paranóico.
— Acha o que? Meu pai nunca nos deu carinho, atenção, nunca
tivemos se isso lhe interessar — Andrei diz e ele volta sua arma que estava
em mim para Andrei que se mantém impassível.
— Eu quero matar vocês, você e aquele seu irmão chefe de merda
queremos o que é nosso por direito — ele fala mirando em Andrei que não
se abala nenhum minuto.
De repente escuto gritos e reconheço a voz é Dimitry, me distraio
por um segundo o suficiente para ter uma arma apontada em minha cabeça
agora — Merda! — praguejo baixo, meu coração está acelerado meu filho
está em perigo sinto isso.
— Andrei ajoelhe-se — o homem que me mantém sob sua mira
ordena e Andrei gargalha debochado — ele atira e o tiro passa de raspão em
meu braço a dor é dilacerante e eu vejo a agonia nos olhos de Andrei ao me
ver sangrando, sem opção ele se ajoelha com seus olhos mantidos em mim.
— Ainda não me apresentei, eu sou Damien e esse ao seu lado é
Daniel — o homem diz e se aproxima de mim me agarrando pelos cabelos,
ele coloca a arma sob a pequena mesa que tem ao seu lado e agarra com a
outra mão o meu pescoço o apertando, a busca pelo ar começa se fazer
necessária e meus olhos começam a ter leves apagões — eu vou foder essa
vadia, antes de morrer você verá eu me apoderar do corpo da mulher que
você ama, irei fazer com você o mesmo que o seu pai fez com a minha mãe.
— Não! — Andrei diz e o homem gargalha ao meu lado.
— Sim, ela é o que você ama e o pirralho também, vai ser incrível
isso — ele diz e sua mão sai do meu pescoço e desce para o meu seio onde
ele aperta enquanto mordisca a minha orelha. Tento me soltar do seu aperto,
mas é uma luta em vão ele é muito forte. Olho para Andrei e em seus olhos
eu vejo o pedido silencioso de desculpas e o desespero, ele sabe que eu sei
o que ele sente.
— Deixe-a em paz, vocês me queriam não queriam? Pois eu estou
aqui deixe-a — Andrei fala e Daniel ao seu lado sorri, um sorriso que não
chega aos seus olhos.
— Qual seria a sensação princesa ser fodida por gêmeos? Um na
frente e outro atrás? Hum? O que você acha maninho? — ele diz e cutuca a
cabeça de Andrei com a arma que se vira para ele com o ódio visível em
seus olhos.
— Vocês não irão tocá-la — Andrei diz entre dentes visivelmente
irritado.

De repente escuto barulho de tiros, muitos tiros do lado de fora,

Andrei se levanta e em um único golpe consegue se livrar da mira de Daniel

ele soca o seu rosto o derrubando no chão, Damien não sabe o que fazer e

em sua distração eu lhe dou uma cotovelada no estomago e uma cabeçada

em seu nariz que no mesmo instante sangra devido a intensidade do golpe,

Dylan foge quando tudo começa a ruir os barulhos de tiros estão cada vez

mais forte, Daniel e Andrei estão em uma luta corporal intensa. Corri até a

mesa para pegar a arma que Damien havia deixado ali. Ele se aproximou de

mim e, sem pensar muito, puxei o gatilho três vezes. Os tiros atingiram

Damien em cheio. Ele agonizava no chão. Olho para Andrei que me olha de
olhos arregalados surpreso, mas essa sua distração pode custar, pois Daniel

pega uma arma e mira em Andrei e sem pensar muito atiro o derrubando

com um tiro na cabeça. Andrei dá dois passos para trás quando eu me

aproximo dele, não entendendo o porquê percebo seu olhar fixo atrás de

mim e quando me viro encontro Giancarlo Fabri com o meu filho em seu

poder, ele olha para o chão e vê os seus dois filhos mortos a raiva que eu

vejo em seus olhos se transforma em ódio.

— Meus filhos — ele diz entre dentes — Vocês mataram os meus


filhos? — ele pergunta e agarra meu filho pelo pescoço e coloca a arma em
sua testa — nada mais justo que eu matar o de vocês agora — ele diz e um
riso amargo escapa por seus lábios.
— Deixe-o — Andrei diz — vamos lá acabou, tudo acabou. Você
queria essa vingança idiota e estúpida para quê? Você já matou o meu pai
quer mais oque?
— Você é o culpado pela morte de sua mãe, você e mais ninguém,
se não fosse por você ela estaria viva, poderíamos estar juntos com os
nossos filhos e você nunca iria existir — Giancarlo fala com o veneno
escorrendo em suas palavras.
— Pelo amor de Deus, vamos falar como dois homens que somos,
largue o meu filho e vamos ter essa conversa de homem para homem —
Giancarlo gargalha, uma risada cruel que me causa calafrios.
— O tempo de conversar acabou, não há mais nada, vocês mataram
os meus filhos ­— ele diz forçando mais a arma sobre a cabeça de Dimitry.
Escuto passos apressados como se estivessem correndo e em um
segundo vejo Boris e Dante atrás de Andrei e sei que Giancarlo também viu
por que ele retira outra arma de suas costas e aponta para Andrei, eu não sei
o que pode acontecer, mas estamos em um impasse aqui, eu só espero que
tudo isso acabe logo.
CAPÍTULO 27

Quando o filho da puta solta o meu filho e ele corre para os meus
braços o meu instinto é mandá-lo correr era a única coisa que poderia fazer
por ele. Apesar de pequeno ele estava relutante em ir às vezes por não
imaginar o perigo que está ao seu redor e após muito sussurrar que ele
corresse para se esconder e que logo iriamos ao seu encontro ele finalmente
cedeu e saiu correndo. Sei que não poderia ter ficado tão aliviado pois uma
criança contra um adulto tem muita desvantagem.
No fundo eu sabia que Morgana estava pensando em aprontar, a
forma abusada se fazia presente em suas feições, mas ver ela dar um selinho
no canto da boca daquele filho da puta foi o meu limite por um momento
pensei que tudo não passava de um plano onde ela estava envolvida e que
veio junto apenas para se livrar de uma possível culpa, mas os seus olhos
me diziam o contrário, eles pediam que eu confiasse nela e assim eu o fiz.
Mas a ousadia custa caro sei disso ela também poderia ao menos
perceber, o que eu sempre digo sobre distrações ela se distraiu um momento
e se tornou a mira, meu coração errou a batida quando vi a arma apontada
para ela, e droga! Ela é a porra da minha distração e por ela faço o que é me
dito me ajoelho diante dos que querem me matar.
A menção de que ela poderia ser tocada por aqueles vermes inunda
o meu ser, eu não seria capaz de me perdoar se visse com os meus próprios
olhos eles a mutilarem, e que merda eu estou fazendo que não pensei em
dizer a Boris sobre um possível informante, os olhos furiosos dela me
davam a certeza de que ela não deixaria que eles a tocassem.
Distração!
O momento perfeito veio quando escutamos os barulhos dos tiros
que ecoaram do lado de fora, eu pensei em Dimitry em meio ao fogo
cruzado mas tenho certeza de que ele se protegeria, eu só não esperava pela
frieza de Morgana, em como ela matou os dois sem o mínimo esforço
realmente a distração veio a ser a minha melhor arma eu só não contava que
tudo ali teria um preço que agora fora substituído pela vida do meu filho,
Giancarlo o tem em seu poder, sob o seu julgo a vida de um inocente, seus
olhos brilham e piscam, assustados, medrosos mas em nenhum momento
ele derrama uma lágrima se quer.
— Meus filhos — ele diz entre dentes — vocês mataram os meus
filhos? — ele pergunta empunhando uma arma na testa do meu filho —
nada mais justo que eu matar o de vocês agora — uma risada cruel sai de
sua boca.
Ele lamenta e sempre forçando a arma na cabeça de Dimitry, que
mantém calma e isso me enche de orgulho meu garoto a minha cópia fiel.
De repente ele retira outra arma de suas costas e aponta para mim eu
sigo o encarando pois o que houver que acontecer irá acontecer
independente de eu sair daqui vivo ou morto, ele deve saber que sua cabeça
estará a prêmio por tudo que aqui ele fizer, seus olhos tremem sua boca
treme um sinal típico de nervoso, Morgana está ao meu lado e pela minha
visão periférica vejo que seu corpo endurece e seus olhos param atrás de
mim, posso adivinhar o porquê de estar com uma arma apontada para mim
nesse momento, eu sabia que ele não ia deixar isso passar, eu sei que meu
irmão está aqui e sei que essa guerra está longe de terminar.
— Que maravilha a família toda, toda não, ainda falta a desertora
que arruinou a máfia italiana e os pirralhos.
— Cale a boca, seu merda! — meu irmão fala e eu fecho os olhos
buscando por controle, Morgana se encosta mais a mim e pega em minhas
mãos para passar uma arma olho em seus olhos e vejo ali toda a angústia
por não poder fazer nada quando sabe que qualquer passo pode matar nosso
filho, Giancarlo percebe a movimentação.
— Afaste-se dele vadia — Morgana o olha com raiva estampada em
seu rosto e um misto de incredulidade atravessa seu olhar.
— Em pensar que eu acreditei em você, que eu acreditei que você
era uma boa pessoa, solitária, que eu tive pena por você ser sozinho. Você
me enganou me fez entrar sem querer nesse seu plano maldito contra os
Nickolaievy, pra quê? Percebe que você perdeu? Perdeu seus filhos hoje e
perdeu para a idiota que você julgava que eu era, a renegada por um homem
que não podia me amar, não porque não queria, mas porque queria me
proteger. Eu matei seus filhos, todos eles, então estamos em desvantagem
aqui, somos três contra um, solte o meu filho, ele é uma criança vamos
acertar tudo entre nós, mas deixe-o livre. — Ela fala, mas suas palavras
parece não acertar o alvo por que Giancarlo destrava a arma que está na
testa de Dimitry e o que eu imaginei nunca sentir eu senti naquele
momento, MEDO.
— Solte-o — a voz de Dante se fez presente no lugar ele passa por
mim ficando ao lado de Morgana — Que chefe de merda é você afinal?
Usando uma criança nessa situação você sabe que não sairá daqui vivo
então é melhor fazer o que é certo.
— Ah cale-se, você usurpou o lugar que não lhe pertencia e agora
vem me falar sobre o que é fazer certo? — Giancarlo diz a Dante que o olha
enfurecido.
— Você sim assumiu um lugar que não era seu, eu sei toda a
verdade Giancarlo eu sei de tudo — fico sem entender a que verdade Dante
se refere.
— Cale-se! Você não sabe de nada, não se intrometa — ele diz
enfurecido com Dante e retira a arma da cabeça de Dimitry, respiro aliviado
por ele ter desviado a sua atenção de Dimitry, meu filho começa a se afastar
lentamente e eu dou um pequeno aceno de cabeça para ele.
Quando Dimitry desaparece do meu campo de visão minha atenção
volta para o que acontece a minha volta, Giancarlo de repente se lembra e
quando olha para o lado percebe que Dimitry saiu de seu julgo.
— Parece que o jogo virou não foi? — Boris o questiona — Agora
somos quatro contra uma desvantagem enorme não acha, vamos lá isso é
um absurdo deixe meu irmão em paz eu posso ter misericórdia por você e
poupar a sua vida — meu irmão diz e Giancarlo gargalha achando graça.
— Acha que eu vou cair nessa conversa? — ele inquere — Não!
Saibam que tenho olhos por todos os lados e saibam que esse lugar está
cheio dos meus homens achavam o que? Que viria sozinho? Não! Sou
muito mais esperto do que vocês — ele diz sorrindo e meu irmão expande
um sorriso ainda maior e caminha ao redor da sala.
— Sabe, isso não me surpreende, porque acho que realmente está
sozinho — Boris diz.
— Talvez não Boris, ele tem infiltrado em nossos homens — digo e
Boris me fita e um vinco de desentendimento se faz em sua testa.
— Como? — ele pergunta.
— Ele tem, assim estava naquele bilhete tudo leva a crer que sim.
— Merda! — Boris diz e logo pega o seu telefone dentro do terno.
— De que verdade você estava falando Dante? — Morgana
pergunta receosa.
— A verdade sobre a vida toda de vocês — ele diz me deixando
intrigado.
— O que você está falando? A verdade é uma só. O canalha pai
desses dois matou a minha Natasha, ela me amava e amava os nossos filhos
— Giancarlo diz e olha para o chão onde os corpos de Damien e Daniel
estão mortos — E vocês os mataram eu vou matar um por um — ele diz
apontando a arma em minha direção novamente.
— Giancarlo, Damien e Daniel nunca foram seus filhos — Dante
fala e eu o olho espantado com o que acabei de ouvir surpreso seria o
mínimo.
— Não, não! Isso não é verdade, eu os criei, eles são meus —
Giancarlo diz em descontrole andando de um lado para o outro - e quando
para ele fita Morgana — Sua mãe — ele diz e aponta para Morgana — sua
mãe disse que Natasha me amava — Morgana o olha incrédula com o que
escuta.
— O que? — ela sussurra.
— A vadia da sua mãe, ela amava o idiota pai desses dois — olho
para Morgana e o pensamento que passa na minha cabeça me atormenta não
seria possível me afasto lentamente dela que me olha sem entender — Eu
não sei como a história não se repetiu — ele conclui e eu não chego a uma
lógica de seu raciocínio.
Morgana se desespera, ela fica aturdida ela provavelmente sabia que
a mãe não valia nada, mas certamente não esperava por isso, ela solta o ar
que estava segurando, e a súplica em seu olhar diz que ela não sabia de
nada.
— Então se sabe disso, sabe perfeitamente que não há como esses
dois serem seus filhos, você foi enganado, todos foram enganados — Dante
diz e Morgana até então calada engole em seco.
— Como? Eu... eu não estou entendendo Dante — ela diz em um fio
de voz.
— Simplesmente porque sua mãe Morgana amava Ivan Nickolaievy.
Ela esperava ser a rainha da Bratva, mas como Ivan se encantou por
Natasha a melhor amiga, ela se sentiu rejeitada e decidiu se vingar — Dante
diz e eu não entendo como isso tudo pode acontecer.
— Minha mãe armou tudo isso? — ela pergunta — Como você
sabe? — ela pergunta com os lábios tremendo leva tudo de mim para não
correr e abraçá-la.
Ela envolve o seu próprio corpo com os braços e segura as lágrimas
que encheram os seus olhos, um gemido de dor escapa dos seus lábios
devido ao machucado em seu braço e ela se afasta lentamente, seu olhar cai
em mim, tristes sem brilho, sem vida, minha mente se recusa a processar a
verdade quando ela cai finalmente em mim, sim! Não há como, o que eu
estou pensando não tem como, meu pai amava minha mãe e ela o amava,
meu pai não trairia minha mãe assim como ela também não o traiu.
— Uma investigação a fundo foi iniciada quando eu provavelmente
desconfiei da generosidade de um certo senhor, e além do mais uma das
empregadas mais antigas da casa Valéria, estava em posse de um diário,
segundo ela Natasha entregou a ela antes de morrer e pediu que ela
guardasse e que só o revelasse se um dia fosse necessário fazê-lo, quando
ficou sabendo através de Donatella o que estava acontecendo ela o entregou
a minha irmã, que foi ao encontro de Boris na casa de Morgana, abrimos o
diário me desculpe Morgana, mas nele todas as coisas que sua mãe fez,
todas as artimanhas usadas estavam lá descritas como se fossem um prêmio
por seus feitos — Dante diz e quando olho para Giancarlo ele tem os olhos
estalados como se ele não estivesse mais aqui.
— Eu a amava — Giancarlo diz em um fio de voz — eu amava
Natasha, e a sua mãe se aproveitou disso — ele diz e olha para Morgana
com raiva em seus olhos, ele aponta a arma para ela que permanece olhando
para mim, Morgana está em um estágio perdido, ela não parece se importar
com as coisas ao seu redor, provavelmente o choque da verdade a abalou,
mas do que a mim ou a todos aqui.
— Morgana? — eu a chamo uma vez — Morgana? — na segunda
vez ela pisca os olhos e não tenho tempo de impedir o que acontece em
seguida.
Sem esperar mais Giancarlo atira em Morgana o baque da bala em
seu peito faz seu corpo sacudir e seus lábios se abrirem, corro e consigo
segurá-la em meus braços antes que seu corpo encontre o ladrilho sujo e
frio do chão. Tiros ecoam ao nosso redor, mas tudo que escuto é a
respiração lenta de Morgana que desfalece em meus braços, meus olhos
inundam de lágrimas e eu a protejo com o meu corpo, tudo ao nosso redor
está em caos e quando finalmente os tiros cessam e olho para o seu rosto
está sem cor, seus olhos estão pesados e piscam demoradamente, ela tenta
falar algo mas é como se sua voz tivesse sido tirada, nada sai de sua boca
além do sangue que ela derrama pelo canto.
Abraço seu corpo de encontro ao meu, o desespero toma conta de
mim e um grito estrangulado sai da minha garganta quando Morgana
desmaia em meus braços.
— NÃOOOOOOOOOO!!!!!
CAPÍTULO 28

Quando tudo se acaba e só resta o pó daquilo que fomos tudo nos


assola na velocidade da luz, Morgana em meus braços assim era tudo que
eu não desejava, por isso fui embora quando tive a primeira oportunidade,
por isso me afastei dela.
O medo por ela era minha companhia diária, eu a amava, no fundo
eu sabia, mas tinha medo de admitir a minha vida traz consequências
erradas para quem está nela, ela era pura demais para viver nisso, eu não
sou nenhum santo para não admitir as minhas falhas, para não admitir que
sentia medo por ela.
Quando olho tudo ao redor vejo Boris vindo em minha direção o
olhar cansado diz que a luta travada não foi pequena, quando ele se
aproxima ele se abaixa ao meu lado e me dá um abraço eu não posso
acreditar que posso ter perdido Morgana assim, Boris se aproxima dela e
coloca o ouvido em seu peito.
— Ela ainda respira Andrei, vamos levante! vamos levá-la para um
hospital — ele diz e eu me apresso e me levanto com ela em meus braços a
todo momento olho para ela e me renego eternamente por ter estragado a
sua vida, eu não deveria para começo de conversa ter voltado, eu não
deveria ter entrado na vida dela a primeira vez.
Andando em meio ao caos que aquilo virou vejo Dante com a arma
apontada para algo a sua frente, e olhando bem posso notar que se trata de
Giancarlo ele está sob o julgo de Dante e sem nenhuma misericórdia ele
atira bem no meio da testa, sem pedidos de clemência, sem lamentações.
Rápido, direto e certeiro.
Seu corpo tomba no ladrilho sujo e húmido, podre assim como a sua
alma, o olhar de Dante corre em minha direção e ele franze o cenho ao
notar Morgana em meus braços ele vem em minha direção.
— O que houve? — ele pergunta o tom de voz urgente — O que
houve com a Morgana? O que? — Ele para abruptamente.
— Giancarlo atirou nela quando iniciou o tiroteio, ele a acertou —
digo com a voz em um sussurro e o seu semblante se mostra preocupado.
— Meu Deus, Isaellyn não pode nem sonhar com isso, ela está
grávida e uma notícia dessa pode fazer mal a ela — ele diz preocupado —
vamos levar Morgana para o hospital, rápido.
Saio andando por entre aquele lugar que foi palco dos piores
momentos que vivi ali, com Morgana em meus braços saio para fora para
encontrar um monte de carros pretos e encontro Dimitry nos braços de
Donatella, e milagre que ela ficou quieta dessa vez, assim que ela nos avista
ela vira as costas de Dimitry para mim para que ele não veja a mãe no
estado que está, do outro lado escuto berros e palavrões e se tratam de
Dylan, a raiva que sobe em mim é enorme se comparada a vontade de eu
mesmo o matar, mas tendo Morgana em meus braços a minha única
preocupação é que ela fique bem, e sem mais rodeios a minha ordem é curta
porém clara o suficiente sem dúvidas sem clemência.
— Mate-o — ordeno e continuo a andar em direção a um carro,
Dylan xinga, fala palavrões enquanto os meus homens o levam para longe e
alguns segundos depois o barulho do tiro ecoa por dentro da mata ao redor e
me dá a certeza de que a vida de Dylan está encerrada.

Boris entra no carro rapidamente, Dante abre a porta de trás e me


ajuda a entrar com Morgana desacordada em meus braços.
— Vamos logo, não podemos perder tempo cada segundo é precioso
e vital — Dante diz enquanto Boris liga o carro.
Dante fecha a porta do carro e entra no banco do carona na frente, o
seu olhar cai sobre Morgana depois que ele fecha a porta do seu lado, ele
olha para mim e fecha os olhos demoradamente e depois me encara
novamente.
— Sabe que não tem culpa de nada disso não sabe? — ele pergunta
e eu o encaro incrédulo, como não tenho culpa?
— Claro que tenho Dante, se eu não tivesse insistido em permanecer
na vida dela nada, absolutamente nada disso teria acontecido — digo.
— Não, não se culpe Andrei, ela te ama e qualquer pessoa que ama
outra pessoa faz de tudo por ela, assim como ela fez por você ela está
tentando perceba, ela está lutando por vocês, ela é forte tudo vai dar certo
— ele diz, mas sua palavra não me tranquiliza em nada.
Olho para o rosto de Morgana pálido, sem cor seus lábios estão
roxos o sangue espalhado em sua roupa e o desespero enorme dentro do
meu coração está mais vivido do que nunca e se ela me deixar? Não, não
ela não faria isso com o olhar fixo em seu rosto aproximo meus lábios de
seu ouvido.
— Você não pode me deixar — sussurro na esperança de que talvez
ela possa me ouvir — Não pode. Sabe o que isso significa? Que você me
prometeu que iríamos nos casar, por favor volte para mim — não sei se
pode ouvir, mas espero desesperadamente que sim.
— Falta muito Boris? — pergunto ao meu irmão que segue o
percurso calado.
— Estou indo o mais rápido que posso Andrei, em breve estaremos
no hospital os homens estão nesse momento fazendo a varredura no local e
estarão assegurando que ninguém além de nós se aproxime de Morgana, já
deixei o médico avisado assim que chegarmos ela já será atendida, não se
preocupe tudo vai ocorrer bem ela vai sobreviver, ela precisa disso e você
também, eu sei que vocês se amam e Deus não seria tão ruim assim em
separar vocês — ele diz e eu espero que ele esteja certo.
Dante a todo momento fala ao celular certamente deve ser Isaellyn,
ele suspira enquanto fala certamente deve estar enrolando-a o máximo que
pode já que impulsividade é a marca registrada das irmãs Layeshi, após
alguns longos minutos ele encerra a ligação e passa as mãos pelo rosto em
sentido aos cabelos.
— Não é fácil enrolar Isaellyn, ela é esperta espero que eu consiga
ao máximo até que tudo esteja bem — ele diz.
Após quase meia hora finalmente chegamos ao hospital,
rapidamente Boris estaciona na entrada e sai do carro entrando na portaria,
há homens pelo perímetro de olho em todas as pessoas que estão ali, logo
em seguida Boris retorna com uma equipe e o médico que cuidou de mim
em seu encalço, eles se aproximam do carro com uma maca Boris abre a
porta e eu saio com Morgana em meus braços, um dos enfermeiros tenta me
ajudar, mas eu nego sua ajuda.
— Deixe, eu posso fazer isso — a coloco sobre a maca e o médico
se aproxima tomando os seus sinais vitais.
— Preciso que se afaste senhor Andrei Nickolaievy, daqui para
frente é conosco, aliás o senhor foi muito esperto em sair do hospital tenho
que verificá-lo também — o médico diz e eu reviro os olhos.
— O mais importante aqui nesse momento não sou eu e sim ela —
assim que termino de falar os equipamentos que foram colocados em
Morgana apitam sem parar, e uma das enfermeiras grita que ela precisa ser
atendida urgentemente.
Meu coração erra as batidas minha respiração se torna errática, meus
olhos nublam diante da cena que vejo, um balão de oxigênio é colocado em
seu rosto, um enfermeiro chega em posse de uma tesoura e começa a cortar
a sua camiseta.
— Desfibrilador agora! Ela está parando! — o médico grita
constantemente, tento me aproximar, mas sou impedido por Boris.
— Não Andrei, deixe com eles, eles sabem o que estão fazendo —
ele fala comigo, mas meu corpo não reage ao que meu irmão diz.
— Ela está morrendo Boris, você não vê? — digo a ele.
— Acalme-se, isso não acontecerá — Dante diz ao meu lado
tentando me confortar, eu o olho de soslaio e bufo contrariado.
— Isso porque não é você nessa angústia — digo seco.
— Andrei — Boris me repreende e eu me viro passando as mãos
pelos meus cabelos, em um gesto frustrado.
— Merdaaaaaaa! — grito e não podendo mais suportar me ajoelho
no chão com a cabeça entre as mãos e deixo que as lágrimas finalmente
saiam. Eu não posso suportar essa dor, eu não consigo lidar com essa dor,
ver Morgana morrer na minha frente não é algo que eu esteja preparado.
— Estabilizamos o quadro, ela voltou, sinais vitais estáveis —
escuto o médico falar e rio em meio ao choro.
— Eu sabia que ela não ia me deixar — digo rindo e me levanto me
aproximando da maca, seu peito sobe e desce devagar quase imperceptível.
— Senhor Andrei? — me viro para o lado e observo o médico com
ar cansado — foi difícil trazer a moça de volta, mas ela lutou bravamente,
porém ela terá que fazer uma cirurgia para a retirada da bala, não sabemos
que caminho ela projetou dentro o corpo dela, mas preciso que o senhor ou
alguém assine o termo de responsabilidade para que eu possa iniciar a
cirurgia o quanto antes.
— Onde eu assino? — digo a ele que assente em resposta.
— Me acompanhe por gentileza — ele pede e eu olho mais uma vez
para Morgana em cima da maca rodeada de aparelhos e um balão de
oxigênio acoplado em seu rosto — preparem a paciente para a cirurgia —
ele ordena aos enfermeiros que começam o trabalho de levá-la para a sala
de cirurgia.
— Vamos com vocês — meu irmão diz, ele e Dante seguem comigo
até a sala do médico.
Assim que entramos em sua sala o médico pega um papel e me
entrega.
— Esse é o termo de responsabilidade que eu preciso para a
operação assine isso e eu irei para a cirurgia da moça.
Pego o papel de suas mãos e o leio rapidamente pegando uma caneta
assino e o entrego logo em seguida — a moça é minha noiva — digo e os
olhos do médico se arregalam.
— Mas a sua esposa não era a senhora Leila?
— Não, eu não tenho nada a ver com Leila, e falando nisso depois
teremos que discutir a maldita segurança desse hospital, Leila está solta
ainda, creio que meu irmão aqui já tenha lhe colocado a par dos
acontecimentos — pergunto o encarando.
— Sim, claro ele disse sobre o que houve — Boris dá um aceno de
cabeça imperceptível enquanto o médico responde.
— Então se é só isso que seja preciso o que ainda faz aqui? —
pergunto seco — Vá, Morgana espera por você, faça o seu maldito trabalho
e salve-a.
— Sim, com licença — ele diz arrastando a sua cadeira para trás se
levantando e saindo para fora de sua sala permanecendo eu Boris e Dante.
— Eu preciso de um advogado — digo e Boris me encara.
— Advogado para? — Dante pergunta.
— Porque a louca da Leila disse que estamos casados, e se isso for
realmente verdade preciso da anulação.
— Iremos providenciar — Boris diz — e no mais precisamos saber
onde ela está ela sumiu logo após matar um dos meus homens que foram
capturá-la enquanto ela estiver solta ela é uma ameaça.
— Precisamos encontrá-la o mais rápido possível. — Dante diz
concordando enquanto eu me levanto da cadeira e me aproximo da porta
para sair, eles se levantam também e me acompanham para fora da sala.

O tempo que passamos no corredor se tornou eterno, nenhuma


notícia, nada de concreto que me indicasse sobre como Morgana estava, ali
naquele corredor, naquele momento eu era uma pessoa comum que
esperava arduamente por notícias que nunca vinham.
Andando de um lado para o outro, o nervosismo toma conta de mim
— Preciso de um cigarro — digo e Boris me olha com a cara amarrada.
— Não você não precisa de um cigarro, você precisa se acalmar, não
fumar — ele diz.
— O cigarro me acalma — digo contrariado.
— Não, o cigarro apenas o levará mais rápido para a cova —ele diz
bravo e em outro momento eu até acharia graça da sua preocupação, sem
opção me sento a cadeira e começo a roer as unhas das mãos, buscando
assim conter o nervosismo.
— Parentes de Morgana Layeshi? — levanto a cabeça para olhar
para uma enfermeira buscando pelos familiares, Boris me olha e eu me
levanto.
— Eu — digo e ela me olha se aproximando.
— O médico em breve virá falar com vocês sobre a paciente peço
que aguardem ele sairá da sala de cirurgia em breve, com licença — ela diz
e se retira e isso me deixa mais nervoso, e começo a andar de um lado para
o outro novamente até que avisto o médico vindo em nossa direção, em seu
semblante não dá para perceber nada do que se passa e do que realmente ele
vai falar.
— Bom — ele começa — a paciente teve uma bala que passou pela
clavícula e se reteve bem próxima à veia artéria, tivemos um princípio de
hemorragia e ela esteve novamente fora por algum tempo fizemos o
possível e conseguimos que ela reagisse ao procedimento, contivemos a
hemorragia, porém seu quadro está estável, agora é esperar que seu cérebro
assimile os eventos e a faça reagir positivamente.
— Mas ela está bem, sem riscos? — Dante indaga e o médico o
olha.
— Sim, sem riscos aparente a bala foi retirada, a hemorragia contida
ela está entubada pois ainda respira com dificuldade no mais está tudo bem,
ela é uma moça muito forte — ele relata e eu sinto um peso enorme sair dos
meus ombros.
Viva! Ela está viva.
— Quando posso vê-la?
— Assim que possível irei fazer as últimas observações e assim que
possível poderá entrar para vê-la — aceno com a cabeça em concordância
— Irei cuidar dela agora para a transferência para a UTI e logo depois
venho permitir a visita, com licença.
Ele sai e eu suspiro aliviado.
— Eu te disse Andrei, ela é forte, ela não iria te deixar — Boris diz
e eu aceno em concordância.
— Sim, irmão você disse — respondo e um sorriso largo se espalha
em seu rosto.
— Se estava pensando em escapar do casamento, saiba que isso não
será possível — Dante fala brincando e eu me permito sorrir um pouco.
— Eu me casaria com essa mulher quantas vezes fossem
necessárias, eu a amo.
— E ela a você espero que sejam felizes dessa vez — Dante diz e
sei que está sendo sincero, agradeço a ele e me sento.
Daqui a pouco irei entrar para vê-la e só estarei em paz quando ver
que ela está realmente bem.
CAPÍTULO 29

Após ter passado pelo menos uma hora desde que o médico esteve
na sala de espera e cansado de tanto esperar me levanto do meu lugar
pronto para entrar de qualquer maneira, assim que saio de do meu lugar e
começo a caminhar Boris me intercepta no caminho.
— Onde vai Andrei? — ele pergunta me olhando com o cenho
franzido.
— Vou entrar nessa merda e ver Morgana, já faz mais de uma hora
que estou aqui esperando e nada! — digo já cansado de tanto esperar.
— Tenha calma, essas coisas demoram. Ela fez uma cirurgia Andrei,
talvez o médico esteja esperando que ela se recupere um pouco mais para
liberar sua visita — ele diz, mas eu não acredito em nada, que merda, odeio
esperar e essa espera está me sufocando sem saber como ela está.
— Eu estou sufocando sem notícias Boris, será que você não
entende? — pergunto já nervoso demora do caralho.
Ando de um lado para o outro, passo a mão pelos cabelos e um
pensamento insano vem a minha mente — e se Morgana não resistiu? E
esse médico está me enrolando? Não, não. Ele não seria capaz, seria? —
esses pensamentos povoam a minha mente e eu sou incapaz de não pensar,
perdido na minha trama de pensamento sou despertado por Dante que bate
em meu ombro chamando a minha atenção.
— Até agora não encontraram a Leila, já procuraram nos
aeroportos, no hotel onde você a instalou e nada foi encontrado além de
alguns pertences que claramente foi deixado para trás, vasculharam os
demais hotéis, mas ninguém foi achado, não é possível uma pessoa ter
evaporado assim do nada — ele diz pensativo e eu nem sei o que pensar,
tudo que meus pensamentos são capazes de pensar agora é em Morgana.
— Mande continuarem a procurar, ela tem que estar em algum
lugar, essa vadia não pode ter realmente evaporado assim do nada, ela
tentou me manipular de todas as formas não posso deixá-la por aí eu devo
isso a Morgana — digo decidido.
— Darei um enterro aos gêmeos — Boris diz de repente — eles
eram nossos irmãos, nosso pai foi um pouco equivocado quanto a nossa
mãe — ele diz e eu concordo com um meneio de cabeça, suspiro frustrado,
a espera está me deixando maluco — e quanto ao seu casamento com Leila,
nunca houve um o documento era falso — ele esclarece e um alívio desce
aos meus ombros.
— Eu não poderia estar mais feliz com essa notícia, eu iria surtar se
realmente estivesse casado com aquela mulher — respirando aliviado por
isso.
— Andrei Nickolaievy? — alguém chama o meu nome e
imediatamente os meus olhos correm ao chamado, uma enfermeira me
aguarda — o médico autorizou a sua entrada na UTI para ver a paciente
Morgana, o senhor deve me acompanhar por favor — sua voz é suave e
calma, ela é jovem demais para ser uma enfermeira, em outros momentos
eu estaria jogando os meus dotes conquistadores para atraí-la para a minha
cama, mas eu estou com as minhas bolas fodidamente amarradas por
Morgana.
Aceno para Boris e Dante antes de sair para acompanhar a
enfermeira, que anda na minha frente rebolando e os quadris acompanham
o movimento, mas definitivamente as curvas de Morgana são as que eu
quero estar quando ela sair daqui.
— A moça tem sorte — de repente ela diz e eu franzo o cenho em
confusão não entendendo a que ela se refere — escapar da morte e ter um
homem como você esperando por ela no corredor não é para qualquer uma
— ela conclui e eu respiro fundo coçando a ponta do meu nariz me
segurando para não abusar do mínimo de controle que ainda me resta.
— Sim, realmente ela tem. — Falo e olho para ela que parou de
caminhar para me observar — minha esposa tem muita sorte e nosso filho
tem mais ainda por ter uma mãe como ela — termino de falar e passo por
ela não lhe dando chance de responder mesmo que Morgana e eu ainda não
estamos legalmente casados, mas estaremos em breve.
Chegando à porta da UTI outra enfermeira mais velha me aguarda,
seu sorriso maternal aquece o meu coração e então eu sorrio de volta
enquanto ela me prepara para entrar no quarto de UTI.
— Meu filho você tem 10 minutos, aproveite-o sim! — ela diz e eu
aceno positivo, em seguida ela abre a porta do quarto, eu somente não
estava preparado para a visão que eu teria.
Morgana, minha doce Afrodite de jardim como eu a carinhosamente
apelidei está tão serena, assim do jeito que está ninguém imagina o furacão
que ela é quando acordada, e por Deus como eu quero e espero que ela
acorde logo, me aproximo da cama lentamente meus olhos nunca a
deixando, arrasto a cadeira próximo, há uma outra porta perto de sua cama,
respiro e me sento olhando para ela imaginando tudo que ela deve ter
passado nessa luta que travou para viver, vejo seu rosto sereno, calmo e
pálido.
Não deixaria de notar o quanto seu rosto está sem cor, mesmo assim
ela continua linda, seus cabelos, sua boca, seus olhos, mesmo que eu não os
possa ver agora, eles são os mais lindo que já vi, tudo nela é lindo e eu
definitivamente a Amo, amo mais do que a mim mesmo, amo o que ela é, o
que ela representa e amo ainda mais o maior presente que ela me deu que
foi nosso filho.
— Hey! Está tudo bem agora, eu estou aqui com você e nada mais
vai te prejudicar — digo enquanto passo a mão pelos seus cabelos — você
tem que acordar meu amor, eu sei que estou apressado — digo e rio — mas
merda, eu preciso de você entende? Dimitry precisa de você também, nós
os seus homens precisamos de você, é uma droga ser dependente, mas não
ligo se assim for — digo e olho para ela que dorme aparentemente sem
nenhuma dor.
— Precisarei ir para casa depois, você sabe tenho que falar com
Dimitry, não se preocupe ele está bem aos cuidados da Donatella, mas
preciso me fazer presente para que ele não se sinta sozinho — digo como se
ela fosse capaz de me ouvir ou ao menos responder — tudo está bem agora
e eu não vejo a hora de você sair dessa cama, você me deve um casamento,
não pense que irá escapar dos meus dedos, você é minha e agora nunca
mais irá fugir — digo ainda fazendo carinho em seus cabelos, não é fácil
segurar as lágrimas que enchem os meus olhos.
Eu ainda me culpo por tudo que aconteceu com ela isso vai estar
para sempre em mim, saber que quase a perdi, essa culpa nunca irá me
abandonar.
A porta se abre e a enfermeira coloca sua cabeça na porta.
— Não quero ser a portadora de más notícias, mas os 10 minutos
acabaram você deve sair meu filho — ela diz serena e eu entendo que ela só
está fazendo o seu trabalho.
— Eu irei, só mais um minuto por favor — peço a ela que acena
positivamente.
— Só mais um minuto — ela diz e fecha a porta em seguida me
dando mais um minuto com Morgana.
— Eu tenho que ir agora, mas eu volto, tudo bem? Vou em casa falar
com Dimitry e ver como ele está, nessa loucura toda ainda não o vi — digo
me levantando da cadeira e a colocando em seu lugar novamente, me
aproximando dela e despeço-me novamente me abaixo e depositando um
beijo em seus lábios roxos, os sinto frios, acaricio seu rosto e me viro
saindo do quarto retirando as roupas que usei.
— Ela irá ficar bem, não se preocupe ela é uma mulher forte — a
enfermeira me diz e eu aceno positivamente.
— Tenho certeza de que vai — digo.
— Mais tarde você pode entrar novamente e ficar mais 10 minutos,
hoje é o meu plantão — ela diz e eu agradeço a ela antes de sair pelo
corredor e retornar à sala de espera com Boris e Dante.
Quando chego ao corredor da sala de espera, Boris que estava
sentado em uma das cadeiras se levanta rapidamente vindo ao meu
encontro.
— Como ela está? — ele pergunta me olhando esperando por uma
resposta.
— Ela está aparentemente bem, parece que está dormindo
profundamente nem parece que passou por tudo que aconteceu — digo a ele
que assente.
— Ela vai ficar bem Andrei, pelo que conheço de Morgana ela vai
se recuperar — Dante diz e eu concordo.
— Preciso ir para casa agora, preciso falar com Dimitry, ver como
ele está e cuidar um pouco dele também — digo os dois concordam.
— Vamos pra casa Andrei, você precisa descansar também já que,
desde que fugiu desse hospital, não deve ter dormido direito, o dia está
quase amanhecendo — Boris diz — Apesar que eu poderia lhe deixar aqui
já que você deveria estar se recuperando — o olho de soslaio.
— Eu preciso ir para casa, meu filho precisa de mim agora.
Dizendo isso saímos da sala de espera seguindo para o carro para
irmos para embora, provavelmente não encontrarei Dimitry acordado o dia
já está amanhecendo, mas assim que ele acordar irei ficar com ele o
máximo que eu puder antes de voltar para o hospital para ver Morgana.
Eu só sairei de lá assim que eu puder trazê-la para casa.

Quase uma hora depois estamos chegando em casa.


Assim que entramos tomamos um susto ao encontrar Donatella
sentada em umas das poltronas da sala e assim que nos vê, se levanta vindo
ao nosso encontro.
— Como ela está? — ela pergunta mexendo seus olhos de Boris
para mim e para Dante esperando uma resposta de um de nós.
— Ela está bem agora! — eu digo e ela suspira aliviada — mas teve
uma parada respiratória — seus olhos se arregalam.
— Como? — ela abre e fecha a boca algumas vezes não
entendendo.
— Ela quase morreu, mas sobreviveu fez uma cirurgia e agora está
na UTI se recuperando — digo e ela sorri aliviada — Dimitry? Como ele
está? — pergunto pelo meu filho.
— Ele está bem, está dormindo em seu quarto, ele não quis dormir
com o Ivan quis o quarto do pai — ela diz e eu sinto uma emoção, ele me
aceita isso me deixa muito feliz.
— Vou vê-lo — digo me encaminhando para as escadas.
— Durma Andrei, você precisa descansar — Donatella me diz e eu
aceno.
— Eu irei.
Subo as escadas e vou até o meu quarto, quando abro a porta vejo o
montinho enrolado no meio da minha cama em meio ao edredom, me
aproximo tirando os sapatos e me sento na beirada da cama me deitando ao
seu lado e me cobrindo, também o abraço e ele se aconchega em mim.
— Mamãe — ele chama por Morgana.
— Mamãe logo estará aqui com você, o papai está aqui, agora
durma, cuidarei de você — dizendo isso a ele fecho os meus olhos e me
permito dormir um pouco ao lado do meu filho.
Não importa o que aconteça ele é parte de mim para amar e
proteger.

Acordo assustado, olho para o lado oposto da cama e não encontro


Dimitry.
Me levanto meio sonolento e o procuro no banheiro, ele não está,
apoio a mão na cintura e coço a nuca — aonde esse menino se meteu? —
pergunto para mim mesmo.
Aproveito que já estou no banheiro faço a minha higiene matinal e
saio do quarto procurando por Dimitry, passo no quarto de Ivan e noto que
ele também não está então desço as escadas e escuto conversa vindo da sala
de jantar, chegando lá me deparo com um Dimitry todo sujo de calda de
bolo de chocolate juntamente com Ivan, assim que ele percebe minha
presença desce da cadeira e corre ao meu encontro.
— Papai, papai Ivan me sujou todo de bolo, mamãe vai ficar brava
— ele diz e de uma coisa ele tem razão, Morgana com certeza me matará se
souber que Dimitry se sujou assim, mas o que eu posso fazer?
— Eu... eu.... — Nem sei o que fazer, ser pai realmente não é fácil.
— Tudo bem senhor Andrei, pode deixar que eu cuido dessa
bagunça toda, senhora Donatella me pediu que cuidasse de Dimitry até o
senhor acordar para tomar café, o garoto é esperto acordou bem cedinho e
veio comigo para a cozinha — Valéria diz e eu agradeço — agora o senhor
tome café, visto que não jantou ontem precisa se cuidar, o garoto precisa do
senhor — ela diz e eu me sento na cadeira em frente à mesa.
— Meu irmão? — pergunto por Boris.
— Ele já tomou café e saiu com o senhor Dante, parece que eles
foram para a ASKOV — claro a empresa de Morgana, umas das coisas que
teremos que ver depois o que fazer.
— Obrigado Valéria — agradeço a senhora que há tantos anos cuida
de nós — quero agradecer por entregar o diário a Donatella.
— Não se preocupe, tudo vai ficar bem, sinto muito por tudo o que
houve. — Ao dizer isso ela olha para Dimitry que parece alheio ao redor —
Ele acordou e perguntou pela mãe, eu tomei a liberdade de dizer que ela
teve eu fazer uma pequena viagem, mas que logo estaria de volta — ela diz
e eu nem tenho como agradecer, porque sem dúvida não saberia que dizer.
— Obrigado Valéria, eu não saberia mesmo o que dizer, sou novo
nessa área — digo a ela que mostra compreender.
— Sim, mas logo estará craque — ela diz e eu aceno colocando café
na xícara e a levando até a boca, tomando o líquido meus pensamentos
voam para Morgana, penso em como será que ela está.
— Eu vou voltar ao hospital novamente. — Digo ganhando a
atenção de Valéria — Deixarei um cartão com você, quero que junto com
Donatella, na hora que ela puder, comprem roupas para Dimitry — ela ouve
meu pedido e acena em compreensão — Hey campeão! — chamo por
Dimitry, que ao me ouvir vem em minha direção.
— Sabe que a mamãe foi viajar não sabe? — pergunto a ele o que
Valéria disse que havia dito, ele acena um sim com a cabeça — O papai
precisa ir a um lugar, então você ficará com a tia Donatella e a Valéria, elas
cuidarão de você até o papai, voltar tudo bem?
— Sim, tudo bem, mas você volta né? — ele pergunta e isso me
corta o coração, por céus eu já tive essa idade, é a idade em que não
entendemos quase nada, mas sentimos falta de quem temos sempre ao
nosso redor.
— Sim, eu volto em breve meu filho — digo e ele me abraça pelo
pescoço.
— Te amo papai! — ele diz me dando um beijo no rosto,
escorregando dos meus braços e correndo para brincar com Ivan.
Me levanto da mesa e olho para Valéria, meus olhos correm em
Dimitry novamente, como é ruim se sentir dividido.
Retornando ao quarto, escolho uma camiseta preta e uma calça
jeans, nada de terno hoje.
Escovo os dentes pego a chaves do meu carro e desço as escadas
correndo e saindo pela porta, entro no carro com duas SUV’s a tira colo.
Boris e sua mania de controle, dando de ombros ligo o carro e saio
da propriedade rumo ao hospital novamente, sigo na esperança de quem
sabe, Morgana possa estar melhor.
CAPÍTULO 30

Quinze dias se passaram e Morgana ainda está na UTI, agora ela


respira sem ajuda dos aparelhos.
Segundo o médico a hemorragia interna que houve na hora da
cirurgia e a perca de muito sangue ocasionou um cansaço físico ao corpo
dela, que agora precisa de tempo para se recuperar.
Está cada vez mais difícil enrolar Dimitry, ele está sentindo falta de
Morgana, agora mais do que nunca, e essa falta as vezes é substituída por
Donatella, as vezes minha falta é substituída por Boris e eu já não sei o que
fazer.
Agora ele me espera todas as noites para dormir, então assim que
termina o horário de visitas eu volto para casa para ficar com ele, dormimos
juntos isso quando eu consigo dormir.
Ao meu lado o celular ficar ligado e eu espero ansioso uma ligação
que me diga que ela acordou e que está tudo bem.
Leila sumiu de vista, não soube mais dela foi procurada por todos os
possíveis lugares, mas não foi localizada não sei se saiu do País, mas se saiu
espero que nunca mais retorne.
Todos os dias estou no hospital para ficar com Morgana, a visito,
falo com ela, uma coisa que o médico diz ser muito bom para recuperação.
Como Dante cuida das coisas de Morgana como representante legal,
ele teve que voltar para Itália, pois já não estava mais conseguindo enrolar
Isaellyn com a sua ausência e também não queria contar a ela sobre a irmã
pelo seu estado.
Agora já é noite e aqui estamos nós, eu e Dimitry, todos os dias é
assim até que ele adormeça deitado sob o meu peito comigo fazendo cafuné
em seus cabelos.
Rio sozinho às vezes comigo mesmo.
Em que ponto chegamos?
Eu, Andrei Nickolaievy, que tinha aversão a casamento e coisas do
tipo, estou aqui com um filho nos braços esperando desesperadamente que
uma mulher acorde para a fazer minha como deve ser.
Confesso que é uma sensação diferente.
E não sinto nem falta da vida que tinha antes.
Olho para o meu filho que dorme tranquilamente, minha cópia
perfeita, e me lembro o que ele todos os dias repete:
— Papai, quero ser grande igual a você! — ele diz e eu acho
engraçado como ele se espelha em mim, ele não tem noção de como é a
minha vida, se eu pudesse escolher, não traria ele para o nosso mundo, mas
é a sua sina não é algo que ele possa declinar.
Me mecho com o cuidado de não o acordar, e o coloco do meu lado
na cama, beijo sua cabeça e forço os meus olhos a fecharem me obrigando a
dormir.

Sou despertado às 3 horas da manhã com o meu celular tocando ao


lado da cama.
Levo um tempo para me situar de onde estou, coçando os olhos
estico a minha mão até ao aparelho e quando vejo quem é meus olhos
saltam, pulo da cama atendendo rapidamente a ligação.
— Alô! — exclamo em uma possível animação pelo fato de ser do
hospital.
— Bom dia, sou a enfermeira do turno da madrugada, a paciente
Morgana Layeshi acordou e está chamando por uns nomes insistentemente,
creio eu que seja por Andrei Nickolaievy e Dimitry — ela diz em um tom
amistoso e meu coração dá um pulo, mordo os nós dos meus dedos com
força e soluço um choro contido.
— Sou eu, Dimitry é nosso filho — digo com a voz embargada.
— Sim você! — ela diz em brincadeira — ela o chama, se puder vir
pela manhã, tentarei acalmá-la, já que ela insiste que precisa ir embora. —
Ela diz e eu sorrio diante da teimosia.
— Eu irei, acalme-a por favor, eu gostaria de ir agora, porém nosso
filho está dormindo ao meu lado, não tenho coragem de deixá-lo sozinho —
digo e olho para a cama onde Dimitry dorme tranquilamente.
— Tudo bem, só liguei para avisá-lo, irei falar com a paciente e
acalmá-la, ela o aguarda pela manhã — ela diz e eu me despeço com um
“muito obrigado!” e volto para cama após desligar me deitando ao lado de
Dimitry.
Sei que não irei dormir até o dia clarear, estava esperando por isso
há duas malditas semanas, e finalmente aconteceu.
Não vejo a hora de encontrá-la, falar com ela e tirá-la daquele
hospital.

O dia amanheceu rapidamente. Assim que me levanto faço a minha


higiene matinal enquanto Dimitry ainda dorme, retiro a barba de dias que se
apossa do meu rosto, pareço um homem das cavernas como Donatella disse,
nunca fiquei com a barba assim.
Me olho diante do espelho, a feição desconhecida que me encara de
volta não se parece em nada do que eu estou acostumado ser, sou uma
pessoa completamente diferente e isso deveria me assustar, mas não gosto
do meu novo eu, mas gosto do que eu posso ser para Morgana futuramente
e para o nosso filho.
Assim que acabo, saindo do banheiro olho para a cama e não vejo
Dimitry nela, haja pique para acompanhar essa criança.
Vou para o closet, coloco uma camiseta, uma calça jeans e sapatos
italianos, como já disse, apesar de ser russo adoro uma boa marca italiana.
Verifico o meu aspecto no espelho enquanto passo o meu perfume,
estou apresentável e pronto para ir ao hospital.
Desço as escadas e já consigo ouvir os risos das crianças na mesa do
café e uma Donatella muito brava com elas por conta da bagunça que estão
fazendo, me aproximo e coço o meu queixo com o indicador e Donatella
me olha e apoia as mãos na cintura, eu não consigo segurar e explodo em
uma gargalhada, o que a faz ficar mais brava.
— Não ria — ela me fuzila com os olhos — seu filho — ela aponta
para Dimitry que ri baixinho junto a Natasha e Ivan — meus filhos — ela
coloca as mãos na cabeça — esse café da manhã virou um caos — ela por
fim diz derrotada — queria ir agora cedo ver minha amiga novamente, mas
como? Estão todos sujos de calda de bolo — ela diz frustrada e se senta na
mesa emburrada e eu continuo sorrindo.
— Morgana acordou! — digo e ela me olha assustada se levantando
depressa vindo até a mim e me puxando para o canto.
— Como? — ela pergunta — Acordou? Quando? Quero vê-la!
Como sabe? — ela dispara as perguntas sem parar um minuto, e confesso
que só escuto as primeiras, só Deus sabe o quanto estou ansioso.
— Recebi a ligação da enfermeira que cuida dela de madrugada
dizendo que ela acordou chamando por mim e por Dimitry — digo a ela
que enche os olhos de lágrimas e me abraça, nunca vi Donatella tão emotiva
por conta de alguém, ela se afasta limpando as lágrimas do rosto com o
dorso da mão.
— Vá logo, tome café e vá vê-la, eu cuido do seu pestinha junto
com os meus pestinhas, me ligue depois para me dizer quando posso ir vê-
la também — ela diz me puxando para a mesa, Natasha olha para Donatella
e franze o cenho uma característica muito presente de Boris nela.
— O que houve mamãe? — Natasha pergunta e Donatella a olha de
boca aberta.
— Nada Natasha tome seu café sim, um cisco caiu dentro do meu
olho — ela diz a menina que a olha desconfiada realmente tem a quem
puxar.
— Onde está Boris? — pergunto pelo meu irmão já que não o vi
ainda.
Donatella me olha após se sentar e eu acompanhá-la e se serve de
uma xícara de café.
— Boris foi atrás de uma possível localização de Leila. — Ela
responde — Eu sempre disse que nunca gostei dessa mulher, desde a
primeira vez que ela pisou nessa casa com a minha presença, eu sabia que
ela não valia nada — ela conclui e eu concordo, ela está certa.
Se pudéssemos conhecer uma pessoa somente ao olhar para ela,
tantas coisas seriam mais fáceis, mas como todos não tem uma identificação
na testa que diga — hey! Eu sou decente — fica difícil sabermos de fato
quem são.
Confesso que errei muito, ao partir e deixar Morgana, isso é uma
coisa que eu levarei para sempre comigo, nunca irei me esquecer dos seus
olhos quando disse que iria embora, da sua reação e de como ela foi forte ao
me ocultar a verdade que demorei tanto a saber.
Não posso culpá-la, ela não me queria junto dela apenas pelo fato de
que teríamos um filho.
Me queria por amor, e eu era tão idiota que a deixei quando no
fundo eu sabia que a amava, só não tinha coragem de admitir.
Perdido em meus pensamentos vejo Donatella estalar os dedos
diante dos meus olhos, me tirando do transe que estava me fazendo piscar
repetidas vezes e volto novamente
— Parecia que você estava longe cunhado — ela diz e um sorriso
debochado surge em seus lábios — tome logo seu café, Morgana lhe espera
— ela sussurra a última parte para que Dimitry não ouça.
Maneio a cabeça e me sirvo de uma xícara de café preto e sem
açúcar.
Após terminar me despeço de Dimitry dizendo que estou indo
trabalhar e saio escoltado por dois carros.
Por todo o percurso sigo imaginando como ela está, se está bem, se
sente alguma dor.
Por mais que digam que eu não tenho culpa pelo que aconteceu, essa
culpa não me abandonará nunca, eu sei que a minha vida traz consequências
para quem está nela, mas eu estou inclinado em não a deixar ir novamente.
Eu mato e morro por Morgana e por nosso filho.
É isso que um homem deve fazer por sua família.
E eles são meus para amar e proteger.
Após meia hora em um trânsito infernal ainda pela primeira hora da
manhã chego ao hospital, a sensação de estar aqui hoje é diferente de todas
as outras, hoje estou aqui sabendo que ela me espera acordada e eu estou
ansioso para enchê-la de beijos.
CAPÍTULO 31

O impacto da bala contra o meu corpo próximo ao meu peito me tira


o ar.
Lutando uma luta interna dentro de mim para não me deixar sinto
quando tudo dentro do meu peito parece desfalecer como uma cascata.
O sangue que molha a minha roupa me lembra claramente de que eu
estou morrendo.
Estou deixando tudo.
Meu filho, minha vida, meu amor...
Andrei olha para mim assustado, seus olhos são incapazes de me
deixar, vejo quando ele corre para mim e me protege com o seu corpo,
porém tenho a sensação de que tudo é tarde demais, já não sou capaz mais
de sentir e nem de absorver nada, escuto o seu desespero enquanto a vida se
esvai de mim em um milésimo de segundos.
O momento chega em mim quando eu não ouço mais nada, não sei o
que aconteceu, mas quando volto a si estou em um quarto encarando um
teto totalmente branco e um silêncio do qual sou capaz de escutar as batidas
do meu coração em meu ouvido, arregalo os olhos sem saber onde estou.
O desespero de estar sozinha me imunda e aí percebo que estou
rodeada de aparelhos e vários fios ligados ao meu corpo, tento me levantar,
mas a tontura cai com força em mim e no mesmo instante vejo a porta se
abrir e por ela entra uma senhora toda de branco.
Será que morri? Estou no céu?
— Não se altere por favor — ela diz assim que se aproxima da cama
e verifica os aparelhos que apitam sem parar.
— Andrei — falo com a voz arrastada —Andrei Nickolaievy,
Dimitry — falo no máximo de esforço que consigo.
— Acalme-se, está tudo bem, preciso que você fique calma — ela
repete e isso me deixa mais apavorada.
— Onde estou? — a pergunta me escapole doída, já que em minha
garganta parece que existe um emaranhado de agulhas que a perfuram.
— Você está em um hospital — assim que ela responde meus olhos
varrem o local, era lógica essa ideia de que eu estaria em um hospital.
As lembranças retornam e eu me agito novamente. Eu preciso sair
daqui saber como está o meu filho, como está Andrei, o que aconteceu
depois.
Ela sai do quarto demorando apenas alguns minutos depois retorna.
Me levanto com dificuldade me sentando na cama, minha cabeça
está zonza e eu me sinto aérea.
— Você precisa se deitar — a enfermeira me repreende.
— Há quanto tempo estou aqui? Eu preciso ir para casa, não posso
ficar aqui — falo apavorada.
— Desde que seu marido lhe trouxe. Está completo dezesseis dias
hoje — ela responde e eu fico tão espantada que meus olhos se arregalam
— e não pode ir para casa ainda — ela conclui.
— Meu marido? — pergunto a ela que assente em positivo.
— Todos os dias ele está aqui, às vezes preciso mandá-lo embora —
ela diz sorrindo — O rapaz te ama muito — pisco tentando fixar os meus
olhos nela já que estou me sentindo leve enquanto ela aplica algo no soro
que corre em minhas veias.
— O que me deu?
— Um calmante, você precisa se acalmar para terminar de se
recuperar — ela diz — Eu vou chamar quem você pede, mas para isso você
precisa estar calma, tudo bem? — assinto em entendimento — Descanse!
— dizendo isso ela me ajuda a me deitar novamente e sai do quarto me
deixando sozinha, e eu penso nas fracas memórias que eu tenho do que
aconteceu e aos poucos acabo caindo em um sono profundo novamente.

Acordo com o barulho de porta se abrindo, assim que eu abro os


meus olhos vejo o médico parado com uma prancheta na mão, assim que
ele percebe os meus olhos nele coloca a prancheta sobe a mesa e vem em
minha direção.
— Vejo que já acordou, como se sente?
—Eu... não sei... — digo, por que realmente não sei — acho que
estou bem — ele assente.
— Vamos fazer uns exames para ver como está tudo, mas uma em
uma primeira avaliação você parece bem, e acho que logo poderá ir para
casa — ele diz e eu me lembro da enfermeira que disse que ia chamar
Andrei.
— A enfermeira que ficou comigo de madrugada ela... ela já foi
embora?
— Ainda não, o turno dela acaba às 8 horas — o médico responde
— Por que, algum problema?
— Não, nenhum é que... — sou interrompida quando a porta se
abre.
— Doutor bom dia, a paciente tem visita — a enfermeira diz e me
dá uma piscadinha de olho discreta, entendo perfeitamente sobre o que ela
se refere.
— Bom, okay, eu vou indo ver os demais pacientes, mas mais tarde
vamos fazer os exames necessários para ver como está tudo, se estiver tudo,
bem mais tardar depois de amanhã você poderá ir para casa — dizendo isso
ele pega a prancheta, assina e sai pela porta deixando a enfermeira comigo
no quarto.
— O doutor é muito bom, fez das tripas coração para salvar a sua
vida, o seu marido estava muito nervoso, só faltava matar um, não que ele
fosse fazer isso — ela diz e eu imagino muito isso.
— Você pode me ajudar ir ao banheiro?
— Sim claro — ela me ajuda a se levantar, me sinto um pouco
zonza por conta do medicamento, e estando no banheiro faço a minha
higiene matinal.
— Quem veio me ver? — pergunto parecendo distraída.
— Aquele que está aqui todos os dias, que se eu permitisse dormiria
com você aqui — ela diz se dirigindo para a porta — eu vou deixá-lo entrar,
ele vai ficar muito feliz em vê-la bem, ele estava ansioso por isso — ela sai
fechando a porta em seguida, me deixando sozinha, saio do banheiro e
devagar volto para a cama.
Após alguns minutos o barulho da porta se faz ouvir e se abre
devagar.
Vejo os pés em um sapato caro e percorrendo os meus olhos vejo a
calça jeans apertada subindo um pouco mais reparo na camiseta que se
agarra perfeitamente ao contorno do corpo e os braços, quando chego ao
rosto vejo o maior sorriso que um dia já recebi desse homem.
Andrei Nickolaievy.
O homem por quem muito tempo estive apaixonada, que amei em
silêncio e que eu pensava não me amar de volta.
— Você está bem? — ele pergunta fechando a porta atrás de si e
vindo para perto da cama, meus olhos percorrem todo o seu corpo
novamente e caramba esse homem é meu.
— Estou sim, eu só preciso me levantar daqui e ir para casa.
— Faremos isso — ele responde me olhando profundamente, um
olhar que pode despir a minha alma — tive medo de te perder pra sempre
— ele diz e seus olhos piscam marejados — ver você nos meus braços
daquele jeito sem poder fazer nada estava me matando por dentro.
Ele pega uma cadeira que está próxima a outra porta e coloca ao
meu lado da cama e se senta, pegando a minha mão na sua, seu toque é
quente e único.
— Eu estou bem não se preocupe mais — digo o tranquilizando —
Dimitry como está?
— Bem, ele está bem! Dorme comigo todos os dias, já se tornou
rotina — ele diz e o sorriso não deixa seus lábios nenhum momento.
— O que faremos depois que eu sair daqui, quando eu for para casa
ele vai sentir sua fal...
— Você irá comigo, para a minha casa. — Ele me interrompe —
não há nenhuma possibilidade de você voltar para a sua antiga casa — ele
decreta e eu o olho de boca aberta — e mais você irá se livrar daquela casa
assim que nos casarmos — ele dita por fim e eu semicerro os olhos.
— Não acha que eu deveria ficar na minha casa?
— Não, não acho — ele diz e o sorriso desaparece do seu rosto —
aquele lugar não traz boas lembranças, não gostaria de viver lá, podemos
comprar outro local para começar nossa vida do zero.
— Andrei eu não acho que...
— Realmente você não acha — ele ignora completamente o que eu
digo — saindo daqui você vem comigo, nosso filho já está comigo então
você também vem — seu olhar duro como aço cruza o meu aborrecido —
não vamos discutir, eu estava ansioso para você acordar, apesar que estava
com saudades dos nossos pequenos desentendimentos — ele diz e o seu
olhar muda para algo diferente, ele aproxima seu rosto do meu revelando a
intensidade do seu olhar — e eu vou adorar resolvê-los depois que você sair
daqui, vou adorar realmente te tirar de uma cama para jogar em outra de
preferência a minha cama — ele diz e eu ofego, como ele consegue mudar o
rumo da conversa assim sem que eu perceba?
— Como você ...
— Está decidido Morgana — ele me corta, não sei se fico feliz por
ele me querer ou se o enforco por ser tão autoritário, bufo contrariada —
adoro você brava, uma gata selvagem, isso me soa bom — ele diz e o
sorriso cafajeste retorna ao seu rosto.
— Você está voltando ao passado quando me dava suas cantadas no
clube? — digo a ele que me olha com o sorriso safado — Andrei, estamos
em um hospital e eu acabei de acordar — o lembro e ele ergue uma
sobrancelha.
— O que eu estou fazendo? — é tão cínico que ainda pergunta.
— Não acredito nisso — digo e ele continua me olhando como um
predador perto de pegar a sua presa e estraçalhar.
— Nada mais vai ser como antes Morgana, eu nunca mais deixarei
você ir — ele diz — eu fui muito idiota admito, mas agora você não me
escapa mais.
— E quem disse que eu quero escapar? Lembre-se, foi você quem
não me quis porque achava que não era bom para mim — o lembro e
percebo o lapso de dor e arrependimento que passa em seus olhos.
— Eu sei Morgana, e eu entendo perfeitamente a burrada, mas agora
somos nós, tudo acabou, vamos ser felizes — ele diz e eu concordo.
— O que aconteceu com todos? — pergunto querendo saber e
mudando o assunto.
— Bom, — ele começa e morde o lábio inferior pensando no que
dizer — bem, Giancarlo Fabri está morto, Dylan também está, eu mandei o
matarem somente Leila está por aí — ele conclui e eu fecho os olhos.
— Leila está livre, ou melhor viva? — a pergunta escorre ácida.
— Sim está, ela evaporou, sumiu. Tenho homens a procura dela e
Dante também a procura — ele diz e logo eu penso na minha irmã.
— Isaellyn?
— Não sabe de nada por enquanto. Dante teve que voltar para ela
não desconfiar de nada, já que está perto de ela ter o bebê — suspiro
aliviada — Donatella também vem lhe ver depois — ele informa — ela e
Valéria estão me ajudando muito com Dimitry, já que sou novo nessa parte
de ser um pai — ele diz sem jeito e eu gargalho e o levo comigo junto.
— Meu Deus! — falo entre as gargalhadas.
— Isso é sério Morgana — ele diz rindo — não sei o que fazer com
uma criança que se banha em calda de chocolate — ele fala e eu o encaro.
— O que?
— Pelos céus! — ele diz passando as mãos pelos cabelos, e ri
nervoso — Foi só uma vez, eu juro! — Ele oscila e eu semicerro os olhos
— Talvez duas! — ele arrisca — Donatella pode dizer melhor. — Ele fala e
eu lhe dou um tapa no ombro rindo da sua cara.
— Tudo bem Andrei, você ganhará um desconto.
— Não quero descontos, quero tudo que você puder me dar e te
darei tudo o que tenho — ele diz e então a conversa passa a ser outra.
— Andrei — falo baixo.
— Quando você disse sim estávamos em um momento não muito
bom — ele me lembra — Então aqui e agora quero reforçar o pedido — ele
diz e pega em minhas mãos e os meus olhos começam a arder — você
aceita se casar comigo, ser minha para sempre?
— Andrei eu já...
— Eu sempre te amei, eu apenas não percebia e achava que não era
bom o suficiente para você — ele diz me interrompendo — mas nunca,
nesses cinco malditos anos eu esqueci você. Você era como uma praga que
estava não só na minha cabeça, mas como no meu coração por isso nunca
me envolvi com ninguém eu não estava pronto para ninguém somente para
você — quando ele termina já estou chorando.
Que merda o cara é bom.
— Eu já disse uma vez Andrei a resposta é a mesma, sim! Eu aceito
me casar com você — digo e seus olhos refletem o amor que nos une.
— Eu te amo — ele diz e se aproxima de mim quando está perto de
tocar os meus lábios com um beijo a porta se abre em um rompante e
Andrei se afasta de mim sibilando um merda.
O médico entra na sala seguido de outro enfermeiro em uma
conversa e assim que seus olhos olham dentro do quarto percebe a presença
de Andrei com cara de poucos amigos.
— Viemos buscá-la para os exames que eu havia dito que iriamos
fazer — ele diz e olha para mim — a ajudo se levantar e se sentar na
cadeira de rodas.
— Não é necessário encostar nela, eu faço isso — Andrei fala e eu
reviro os olhos.
— Andrei pare é só uns exames — digo e ele me encara deixando
claro que essa é a sua última palavra.
— Tudo bem senhorita — o médico diz.
O enfermeiro se aproxima com a cadeira de rodas perto da cama e
puxa o lençol para que eu possa me levantar, Andrei se aproxima pegando
em minhas mãos me ajudando a descer da cama e me sentar na cadeira de
rodas, a sensação é horrível, estou dormente e nem sabia que estava antes
de me levantar, o médico se aproxima e com cuidado puxa o pano da
camisola da qual estou vestida para baixo para olhar o curativo, Andrei
cruza os braços e sei que está se segurando para não arrancar as mãos do
homem.
— Muito bem acho que já podemos deixar seu machucado sem o
curativo ele está bem cicatrizado — ele diz por fim e Andrei revira os
olhos.
Seguimos pelo corredor para fazer os exames necessários e após
quase uma hora estamos de volta ao quarto com um Andrei muito
contrariado e indignado já que o médico o fez esperar fora da sala de
exames.
— Andrei desfaça essa cara, não há necessidade — falo.
— Tudo bem — ele está monossílabo e isso me irrita.
— Olha só, se vai ficar assim eu prefiro ficar sozinha — ele me olha
— o que quase parece que estou, porque você está monossílabo.
— O que você acha? Ele não me deixou entrar, e ficou sozinho com
você lá dentro — ele diz contrariado apontando para fora do quarto em
direção ao corredor.
— Andrei pelo amor de Deus, foram só exames, tudo está bem e
poderei ir logo para casa, e irei com você, o que mais você pode querer? —
pergunto a ele que mantém a expressão desconfiada.
— Você tem razão, me desculpe — ele diz por fim e eu ergo uma
sobrancelha — não quer se deitar? — ele pergunta já que permaneço
sentada na cama com as pernas para o lado, desço da cama e vou até onde
ele está próximo a porta.
— Não, preciso acostumar meu corpo, já que passou muito tempo
deitado.
Ele vem de encontro e fica próximo ao meu corpo, olho para cima o
vendo tão próximo, o cheiro inconfundível do seu perfume tão perto quanto
ele.
— Eu te amo, eu já te disse isso — ele diz passando a mão em meus
cabelos, vindo em seguida para os meus lábios, onde ele o contorna com o
polegar, coloco minhas mãos sobre o seu peito e sinto as batidas do seu
coração na palma da minha mão.
— Eu também te amo Andrei, você sabe — digo a ele que me olha
tão intensamente que até me deixa sem graça, mordo o meu lábio inferior e
Andrei ofega assim que os seus olhos pousam sobre os meus lábios.
— Caralho Morgana, não faça isso ou não aguentarei e precisarei te
foder aqui mesmo agora — ele fala aproximando os seus lábios dos meus.
A eletricidade passa pelo meu corpo assim que nossos lábios se
tocam, Andrei tem o beijo intenso, uma de suas mãos vem para as minhas
costas enquanto a outra se enfia em meus cabelos, por baixo, pela nuca
intensificando ainda mais o beijo que me deixa sem ar.
Assim que nos afastamos para recuperar o fôlego o sorriso se
espalha pelos seus lábios.
— Caralho, estou louco para te foder — ele fala e eu gargalho.
Andrei sendo Andrei sem dúvidas...
— Tenha calma sim — digo a ele que me olha com o olhar
carregado de tesão.
— Como se fosse possível ter calma, sabe desde que você voltou,
que nós voltamos, eu não te toquei, estou em um atraso surreal — ele diz —
e porra quando isso acontecer você não vai andar por uma semana — meu
ventre se contrai com a menção disso.
Meu corpo me entrega tão facilmente que Andrei pode me ler
perfeitamente, um sorriso safado se espalha em seus lábios e o seu olhar me
devora, como se eu fosse a refeição de um leão faminto pronta para ser
devorada a qualquer momento.
— Andrei, preciso me recuperar, não me fale essas coisas — falo a
ele que sorri debochado achando graça — não ria — não aguento e sorrio
também — te prometo que teremos o melhor momento possível.
— Uma merda ter que esperar, mas faço isso por você — ele diz se
aproximando de mim novamente, pegando-me pela cintura e me enlaçando
— como eu pude ser tão idiota? Me diga? — ele me pergunta e balança a
cabeça em negação — Quanto tempo perdemos? — ele me encara o olhar
profundo e analítico.
— Acho que perdemos mais de 8 anos — falo — mas temos todo o
resto da vida para recuperar, você tem todo o resto da vida para me fazer
feliz, saiba utilizar o tempo — falo a ele e pisco o olho mordendo o lábio
inferior, que é um convite claro para que ele se apossasse de mim em um
outro beijo, mas dessa vez quente, avassalador, que fez meu coração errar as
batidas.
Minhas mãos vagueiam por todos os lugares do seu corpo, sinto
sobre elas o calor que exala dele enquanto uma de suas mãos agarra-me
pelos cabelos intensificando ainda mais o beijo, ele começa a roçar a sua
pélvis em mim e eu sinto o seu membro duro por dentro da calça jeans,
enquanto me beija começando a caminhar lentamente, me empurrando de
costas até que eu sinto algo sólido atrás de mim, uma de suas mãos passa
pela minha coxa a erguendo e eu abraço seu quadril com as pernas,
sentindo ainda mais o toque do seu membro em mim por baixo da roupa,
ele finaliza o beijo dando uma leve mordida no meu lábio inferior, nada
que possa machucar.
— Caralho, estou duro por você — e investe mais a pélvis contra
mim — merda não posso querer te foder contra uma parede isso é insano.
Suas mãos descem dos meus cabelos para a minha cintura e seus
lábios se encostam no meu pescoço, deixando um intenso arrepio pelo
contato leve dos seus lábios, suas mãos apertam a minha cintura causando
uma sensação gostosa de um choque intenso que faz o meu ventre pulsar, só
sinto isso com ele, sempre foi com ele, o dono não só do meu corpo, mas do
meu coração e todos os meus desejos.
— Por favor — falo arrastado, ofegante pelo desejo que cresce em
mim.
— Por favor o que Morgana? — ele pergunta e uma das suas mãos
abandonam a minha cintura e aperta um dos meus seios e eu solto um
gemido fraco em seu ouvido — oh porra — ele fala e fecha os seus lábios
em meu pescoço sei que ficará marca, mas quem liga?
Me balanço em seu colo, ainda abraçada com as minhas pernas em
torno dos seus quadris esfregando-me em sua rigidez, ele desce mais um
pouco abaixando a minha camisola do seio onde tem a sua mão, ele para
como se tivesse admirando — ainda está igual, não mudou nada — ele diz e
o abocanha girando a ponta da sua língua no meu bico enrijecido por conta
do tesão e apertando a minha cintura esfrega a sua ereção contra mim em
um movimento descarado e safado, começo a passear as minhas mãos pelo
seu corpo até chegar na barra de sua camiseta, onde enfio as minhas mãos
por baixo do tecido em suas costas o arranhando enquanto ele chupa ainda
mais forte o meu seio, sinto o meu núcleo se apertar, ele retira sua boca dos
meus seios e me olha profundamente, os olhos nublados com o tesão e o
desejo estampado em seu olhar.
— Estou doido para te tocar, mais do que isso. Mas não vou te foder
aqui assim — ele diz e me dá um selinho descendo as minhas pernas de sua
cintura — você merece ser amada não fodida, essa é a verdade — ele
conclui ajeitando as minhas roupas e o meu cabelo, o que não vai adiantar
muito, porque com certeza o meu rosto deve estar vermelho, eu me sinto
quente — farei isso como deve ser, assim que você sair desse hospital —
ele acaricia o meu rosto se aproximando e me dando mais um selinho e se
afasta, me deixando encostada na parede suspirando fundo tentando
controlar o tesão do meu corpo — merda, Andrei me deixou falando —
concluo em meus pensamentos enquanto seu olhar safado me analisa com
um sorriso debochado.
— Sei que você me quer, mas não hoje — pisca o olho mordendo o
lábio.
Estou ferrada literalmente!
CAPÍTULO 32

Após os resultados dos exames saírem e eu estar bem recuperada o


médico diz que eu finalmente poderei ir para casa, o que me alivia muito,
pois além de estar entediada aqui estou morrendo de saudades do meu filho.
Andrei me disse que Dante cuidou de todos os assuntos relacionados
a ASKOV e que a empresa foi posta à venda como eu pedi, nesse tempo
Donatella e Boris vieram me ver também, então finalmente após três dias
desde que despertei estou indo para casa.
Casa!
Andrei continua irredutível sobre esse fato, ele insistiu tanto que
também coloquei a minha antiga casa a venda, uma equipe foi designada a
retirar as minhas coisas e de Dimitry da casa para que não precisássemos ir
até lá, o homem disse que nunca mais eu colocaria os meus pés lá e assim
foi.
Agora aqui estou eu pronta, somente esperando Andrei vir me
buscar, independência ZERO nesse momento.
A porta se abre em um rompante, e primeiro um pequeno lindo
buquê de rosas vermelhas aparece na porta, sorrio porque sei de quem se
trata, logo em seguida Andrei aparece vestido em um terno todo preto ônix.
— Vim buscar a mulher mais linda desse mundo para levá-la para
casa — ele diz enquanto eu pego o buquê de rosas de suas mãos e lhe dou
um selinho.
— Se acaso for eu, estou pronta! — digo ao mesmo tempo que
sorrio cheirando as rosas.
— Sim é você, podemos ir? — olho para Andrei e ele me parece
ansioso e eu nem sei o porquê.
— Você me parece nervoso, está acontecendo alguma coisa? —
sondo para saber de algo.
— Não, está tudo bem, talvez possa ser felicidade por levar você
embora. — Ele responde mais essa sua reposta não me convence.
— O que está acontecendo Andrei? — resolvo perguntar novamente
e ele me olha de soslaio enquanto retira o seu celular do bolso e verifica o
mesmo.
— Nada meu amor. Devemos ir para casa, Dimitry lhe espera já que
talvez eu tenha dito que estava vindo buscar a mamãe — Andrei fala e eu
suspiro.
— Sim vamos embora, não aguento mais ficar aqui. — Digo
pegando a minha bolsa com algumas coisas que estavam aqui — Vamos
então — chamo por Andrei e estendo a minha mão em sua direção ele a
pega e saímos de mãos dadas pelo corredor do hospital.
Somos alvo de muitos olhares, mas Andrei é mais pelos olhares
femininos, o que poderia me deixar irritada, porque Andrei sempre foi um
cafajeste nato e pode ser que ali na esquina eu cruze com alguma mulher
que pode ter já estado em sua cama.
— Estão de olho em você — digo a ele — você percebeu? — ele me
olha de soslaio.
— Não Morgana, não percebi nada e também não importa, é você
quem eu quero — ele diz e eu ergo as sobrancelhas.
— Mesmo? — pergunto.
Andrei para em meio ao corredor próximo ao guichê de entrada, tem
várias pessoas ali, ele se ajoelha no chão e retira uma caixinha do bolso do
terno, me olhando e investigando as minhas feições — Você está maluco?
— Pergunto em um sussurro a ele enquanto os meus olhos enchem de
lágrimas, ele não parece se importar com as pessoas ao redor que param
para olhar.
— Há muitos anos eu conheci uma menina em uma festa — ele diz
e me olha — daí simplesmente eu não pude evitar que algo de ruim
acontecesse a ela naquela época, ela sofreu muito, sofreu calada, guardando
somente para si tudo o que passou por apenas estar no lugar errado e na
hora errada, o tempo passou e eu nunca mais vi aquela menina, até o dia
que entrei em um clube e encontrei o seu olhar assim que cheguei — ele
continua dizendo me observando — os seus olhos me chamavam a atenção,
era como se eu a conhecesse, e de fato sim, eu a conhecia, assim pelo
menos eu pensava — ele dá uma risada — quem eu encontrei ali não era
mais uma menina, mas sim uma mulher que desde a primeira vez me teve
amarrado literalmente pelas bolas, eu fui apenas um idiota em não admitir
que a amava, eu poderia fazer isso quando estivéssemos a sós, depois de
uma foda espetacular, modéstia parte, mas prefiro que seja agora e por isso
aqui diante de todas essas pessoas e ajoelhado aos seus pés — ele abre a
caixinha revelando um anel com uma pedra solitária em diamante —
Morgana Layeshi aceita casar comigo? Dividir não só uma cama, mas
também uma vida? Rir e chorar comigo quantas vezes forem necessárias
assim como eu irei com você? — ele pergunta e eu escuto vários suspiros
ao meu redor, pisco e uma lágrima cai, limpo com o torço da mão, abro a
boca para responder, mas as palavras não saem de tanta emoção —
Morgana? — pisco e olho para Andrei ali aos meus pés e a única coisa que
consigo fazer é acenar sim com a cabeça e lhe estender a mão para que ele
coloque o anel, assim que ele o faz se levanta e me puxa para si me dando
um beijo de tirar o fôlego, escutamos aplausos das pessoas ao nosso redor e
assim nos afastamos enquanto ele me olha nos olhos.
— Muitos podem dizer que o amor é uma fraqueza, mas não
poderiam estar mais errados o amor é uma força e eu estou muito feliz por
você ser a minha força.
— Andrei eu...
— Agora sim um pedido decente — ele diz me interrompendo e eu
sorrio.
— Agora sim um pedido decente! — repito as suas palavras e ele
sorri — Agora entendo por que parecia nervoso — digo e ele me pisca um
olho, depois disso saímos sob os olhares de todas aquelas pessoas para ir
para casa.
Após sairmos pela porta da frente há quatro carros, e pelo menos
uns 10 homens ao redor fazendo segurança, franzo o cenho me perguntando
para que tantos homens.
— Andrei por que todos esses homens? — decido perguntar.
— Leila ainda está por aí, não sabemos onde ela está e ela pode
querer fazer algo contra você, ela com certeza já sabe que Daniel e Damien
estão mortos, ela pode querer se vingar — ele conclui e eu entendo a sua
preocupação.
— Acha que ela realmente está ainda por aqui?
— Sim, acredito que sim então não quero facilitar, não quero ter que
ter você nos meus braços como tive dessa última vez — ele me diz olhando
em meus olhos — eu não suportaria — ergo em meus pés e deposito um
selinho em seus lábios o qual é correspondido.
— Vamos embora, não se preocupe, se ela aparecer não me tocará,
pois a promessa de a matar ainda está de pé — digo a ele que me olha
incrédulo — e não faça essa cara estou melhor do que nunca — olho ao
redor e quando retorno ao seu rosto ele está me olhando — o que foi?
— Nada, só estou olhando para a futura senhora Nickolaievy — o
segurança abre a porta do carro e eu entro seguida por Andrei que se
acomoda ao meu lado pegando em minha mão e depositando um beijo nela
— vamos para casa Borges.
— Sim, senhor! — o motorista liga o carro e saímos do hospital
indo para casa.
Observo o caminho pela janela uma sensação de paz se instala em
meu coração estou morrendo de saudades de Dimitry, sei que para todos os
efeitos estava viajando, ele não sabe pelo que passei, sei que ele deve se
lembrar de tudo que passou, mas não quero lembrar mais disso, não quero
que ele tenha lembranças ruins, planejo novas memórias para que ele
apague essas de sua vida que está apenas começando e que possamos ter
uma vida feliz, mesmo que em nosso meio a felicidade seja algo difícil mas
não é impossível.
Andrei segue o caminho calado, fazendo círculos com a ponta do
dedo sob a minha mão e a outra mão apoiada sob a sua coxa,
Agora o olhando de perfil, ele está gostoso dentro desse terno e eu
só devo estar muito tarada, o analiso por completo, uma barba rala de uns
dois dias, o terno, que abraça as curvas dos seus braços fortes, o seu cabelo
que precisa de um corte, as pernas na calça social preta conjunto do terno,
senhor que perdição. Ofego sem perceber e ele me olha, engolindo em seco
dou-lhe um sorriso para disfarçar, o que não sai muito bem, porque ele sabe
o que estou desejando. Mordo meu lábio inferior para segurar a vontade de
sentar em seu colo e o beijar até amanhã, mas sei que não posso porque
estamos com dois homens dentro do carro no banco da frente e isso me
frustra definitivamente.
— Se controle até chegarmos em casa — ele sussurra próximo ao
meu ouvido o que envia um arrepio intenso pela minha pele — nosso quarto
vai ser onde iremos fazer amor, não foder, primeiro eu quero te amar e te
foder depois até que você perca a sua mente — dizendo isso ele beija a
minha orelha e desce para a curva do meu pescoço se afastando
gradualmente deixando um rastro quente em minha pele.
— Eu não...
— Sim! Você sim e eu também — ele diz me interrompendo e eu o
olho engolindo em seco — estamos quase chegando em casa — beija minha
mão e olha pela janela, para fora enquanto eu não sei o que fazer com o
meu corpo.

Após mais de meia hora finalmente estamos chegando na casa de


Boris e Donatella.
É uma sensação diferente porque é a primeira vez realmente que
entro aqui sendo algo mais de Andrei.
Assim que o carro para na entrada Andrei abre a porta descendo e
estendendo a sua mão logo em seguida para me ajudar a sair, não perco
quando seus olhos passam por minhas coxas nuas quando o vestido preto
que uso se ergue deixando-as à mostra, sorrio porque pelo menos não é só
eu que estou sobrecarregada.
Paro ao seu lado e ajeito o meu vestido e o cabelo enquanto Andrei
fecha a porta do carro me observando, me viro e olho para a fachada da
casa aonde vim logo quando cheguei com Dimitry ao meu lado e nem sabia
que Andrei estaria aqui também aquele dia.
Andrei encosta seu peito em minhas costas e puxando o meu cabelo
para o lado passa seus braços ao redor de mim apoiando seu queixo na
curva entre meu ombro e pescoço, suas mãos se entrelaçam a minha e ele
deposita um beijo em meu ombro.
— O que está pensando? — ele pergunta próximo ao meu ouvido.
— Pensei em tudo agora — respondo a ele — em tudo, mas
principalmente no dia em que eu voltei e vim aqui ver Donatella.
— Sei, eu cheguei nesse dia também e quase fui assassinado por um
menino muito levado — ele diz e ri atrás de mim, sua risada sacode todo o
seu peito e eu posso sentir como a sensação é gostosa — o garoto tem o seu
gênio — ele passa a ponta do nariz em meu pescoço — mas é a minha cara
— me virando bruscamente de frente para ele entre os seus braços passa a
mão em meus cabelos — e eu nem me toquei na hora, vi que ele tinha uma
aparência familiar mas precisou Boris me dizer para que eu pudesse
descobrir — ele diz — e de fato é nosso destino realmente estarmos juntos
— conclui.
— Eu me apavorei tanto aquele dia, porque não queria que você
soubesse de nada — digo o analisando suas feições mudarem e o brilho de
um descontentamento passam pelos seus olhos em um flash de segundos.
— Nosso destino Morgana, era estar aqui agora. Se não fosse, você
não teria voltado e nem eu. Por quanto tempo ficamos separados? Cinco
malditos anos, anos em que não teve um dia sequer que eu te esqueci, você
era pensamento constante na minha cabeça, mas eu sempre evitava
perguntar por você a Donatella, porque mesmo que ela soubesse ela não iria
falar.
— Donatella é uma ótima amiga — digo e ele assente.
— Vamos entrar? Dimitry lhe espera, não sei como ele já não desceu
essas escadas correndo. — Ele me solta e pega em minha mão entrelaçando
nossos dedos — Bem-vinda senhora Nickolaievy — ele diz todo
galanteador e eu sorrio diante do que escuto.
— Ainda não sou a senhora Nickolaievy, ainda posso desistir —
digo quando ele começa andar me levando pela mão — ouviu? Ainda
posso... — Ele se vira de repente me puxando contra o seu corpo e toma
minha boca em um beijo, calando todos os possíveis protestos que eu
poderia dizer.
Sua língua percorre todos os cantos da minha boca como se tivesse
em busca de algo, como se eu fosse a sua única fonte de vida, enlaço meus
braços em seus ombros e enfio meus dedos por entre seus cabelos e
correspondo ao seu beijo, sem medo e sem culpa de que tudo seja um sonho
e que irei acordar a qualquer momento, suas mãos apertam-me contra o seu
corpo me deixando senti-lo, mas enquanto estamos ali envolvidos demais
em nossa bolha somos despertados por um grito vindo da porta.
— Mamãe!...
Dimitry desce as escadas correndo, em uma velocidade que eu tenho
medo de que ele caia e acabe se machucando.
— Dimitry, devagar garoto — Andrei o repreende assim que ele
chega próximo a nós.
— Desculpe papai — Dimitry responde e eu fico perplexa como ele
obedece a Andrei, e como a palavra papai sai tão fácil pelos seus lábios.
Parece que eles estão juntos desde o nascimento, o entendimento entre
ambos é impressionante.
— O que houve em minha ausência? Você roubou meu filho? —
pergunto enquanto olho Andrei fingindo um ar de seriedade. Coloco as
minhas mãos na cintura e semicerro os olhos.
— Morgana eu... — Ergo a minha mão para pará-lo.
— Não fale nada! — retruco. Andrei fica com a cara de quem não
está entendendo nada — Você fez um ótimo trabalho papai — digo a ele
que relaxa visivelmente, exalando um suspiro de alívio, certamente
imaginou que eu estava brava com ele ou com ciúmes de sua relação com
Dimitry, mas jamais ficaria. Eu sempre imaginei Dimitry em uma relação
assim com o pai.
Andrei se aproxima de mim e uma de suas mãos tocam as minhas
costas ele se inclina em minha direção próximo ao meu ouvido.
— Quero que me chame de papai quando estivermos naquela parte
onde eu irei lhe educar corretamente — ele sussurra bem próximo ao meu
ouvido e um tremor passa pelo meu corpo, droga!
Andrei está me provocando de todas as formas possíveis.
— Meu amor meu filho — me abaixo ignorando as palavras de
Andrei que sorri debochado ao meu lado. Ele sabe que me afetou mais não
lhe demonstrarei o quanto — como está? — pergunto a Dimitry e quando o
pego em meu colo Andrei o retira — O que? Mais...
— Você não pode pegar tanto peso assim — ele diz me
interrompendo — vem com o papai amigão mamãe está um pouco cansada
não é mesmo?
— Sim papai, mamãe parece sim — Dimitry concorda. Aperto meus
olhos para não explodir.
— Nos falaremos depois — falo a ele que segura o riso — Vá rindo,
que vai ficar sem até o casamento — ele fecha a cara e o sorriso desaparece
de seu rosto dando lugar a uma carranca.
Sorrio vitoriosa, o que o deixa ainda mais carrancudo.
— Não seria capaz — ele fala colocando Dimitry no chão — Eu vou
explodir! — ele diz frustrado.
— Então se comporte, sim. — Digo a ele que fecha os olhos e
belisca a ponta do nariz — Vamos meu filho mamãe está morta de saudades
de você — falo para Dimitry e começo a subir as escadas e escuto Andrei
dizer — Porra! — bem baixinho, sorrio e continuo andando até a porta e
assim que entro na sala encontro Donatella e Boris dando uns beijinhos.
Raspo a garganta e eles se afastam assustados. Donatella está corada
e Boris tem uma cara de cafajeste.
O que há de errado com os homens dessa família?
Andrei para ao meu lado ostentando um sorriso travesso.
— Acho que atrapalhamos algo Morgana — ele sussurra em meu
ouvido e eu concordo, Donatella se levanta vindo ao meu encontro com os
braços abertos pronta para um abraço.
— Minha amiga que bom, estou feliz por você e por esse paspalho
aí do seu lado. — Ela fala me abraçando e eu rio enquanto Andrei faz careta
indo se sentar na poltrona perto de Boris — Esse cara não dormiu direito
uma só noite, estava parecendo o homem das cavernas literalmente. — Ela
conclui e eu gargalho com a imagem que surge em minha mente, tapo
minha boca porque ninguém merece essa imaginação.
— Entendo, mas agora está tudo bem, estou bem — falo para ela
que assente feliz e me arrasta com ela pela mão rumo as escadas que vão
para cima.
— Vamos conversar no quarto e vocês meninos fiquem aí — ela diz
apontando para eles sentados na sala.
— Você já vai roubar a minha mulher? — Andrei fala indignado.
— Ela não é sua mulher Andrei — Donatella retruca e ele se levanta
do sofá ajeitando o terno, e merda por que ele tem sempre que fazer isso, o
sorriso travesso e o olhar de quem vai falar algo atravessa seus olhos
— Sim ela é, sempre foi na realidade, — ele fala e caminha até
próximo a mim, pega em minha mão direita e a ergue em direção aos olhos
de Donatella — Está vendo aqui? — ele pergunta e aponta para o anel que
me deu na saída do hospital — Ela é minha mulher, vamos nos casar, não é
Morgana? — ele vira o seu olhar para mim e ergue uma sobrancelha me
enfrentando se eu disser ao contrário.
— Sim, vamos nos casar — falo por fim e o sorriso atravessa sua
feição, se tornando um sorriso vitorioso, ele me arrasta para perto de si me
abraçando
— Então portanto agora ela é minha, deixem para conversar depois,
terão tempo para tricotar para o casamento daqui um tempo, o mais rápido
possível — ele fala e eu me assusto engolindo em seco e o olho para
perguntar.
— O rápido seria quan...
— Seis meses no máximo — ele diz me interrompendo e Donatella
ergue a sobrancelha em questionamento — já esperamos tempo demais.
— Um viva ao juízo! Finalmente! — Boris se pronuncia pela
primeira vez — Eu sabia desde sempre que esse cara iria criar juízo,
demorou, mas porra, até que enfim — Boris abraça o irmão em
cumprimento e quando olha para mim a gratidão está estampada em seu
olhar — Sempre foi você, sabia que iriam se entender, bem vinda a família
Morgana — ele diz e abre os braços para me receber em um abraço
caloroso, e vindo do chefe da máfia é até um privilégio, e merda eu tinha
até me esquecido disso.
Assim que rompemos o abraço ele olha para Andrei com um olhar
de advertência.
— Se você fizer essa mulher chorar eu arranco as suas bolas Andrei,
já chega de sofrimento e precisamos falar sobre algumas coisas, mas nos
falamos depois leve Morgana para descansar cuidamos de Dimitry — ele
olha ao redor, mas Dimitry não está na sala, mas logo escutamos a gritaria e
a risada das crianças pela casa.
— Nunca mais meu irmão. — Ele diz e me olha — Nunca mais,
farei de tudo para que essa mulher seja feliz para sempre de agora em diante
— pisca um olho para mim e eu sorrio de volta.
Em meu coração uma paz se instala a cada momento, Andrei me
puxa pelas mãos em direção as escadas para subirmos e podermos
conversar, e a cada passo que eu dou, cada vez que olho para Andrei tenho
cada vez mais a certeza de que essa conversa vai terminar entre os lençóis...
CAPÍTULO 33

Caralho.... essa mulher aceitou ser minha...


Aceitou ser minha esposa, aceitou a vida que proponho a ela, a cada
dia que passa a amo mais.
O seu olhar, o seu sorriso, o seu corpo quando o tenho em minhas
mãos, e merda ela é minha, finalmente ela é minha.
E por quanta coisa passamos juntos para que estejamos aqui agora?
Confesso que imaginei que ela não aceitaria o meu pedido de
casamento ali naquele hospital, afinal mulheres imaginam um pedido de
casamento com uma festa, mas não Morgana, ela é diferente e acho que isso
fez o meu coração se apaixonar.
O jeito rebelde de ser, a boca esperta, o jeito afrontoso e a força.
Mesmo que estivemos separados esses cinco malditos anos, tudo em
mim permaneceu igual, o amor que eu nem sabia que sentia, que não soube
reconhecer no momento que era preciso nunca deixou de existir, e aqui
agora a levando pela mão para o meu quarto, não, o nosso quarto, eu tenho
ainda mais certeza de que é ela, sempre foi ela desde a primeira vez, desde
aquela fatídica festa, desde o beco que eu matei um homem por estar com
as suas mãos malditas sobre ela, era ela.
Por que somos tão burros e idiotas?
Porque deixamos o amor escapar por nossos dedos assim como a
água que escorre em um rio.
Temos a segunda chance, e eu me esforçarei para tudo dar certo.
Assim que chegamos à porta do meu quarto abro dando passagem a
ela primeiro. que entra e para em meio ao cômodo olhando tudo ao redor
apesar de já ter estado aqui, há algo diferente e eu sei que ela percebe.
— Está diferente — ela diz depois de um tempo — não sei... está...
— Aqui vive uma criança agora — digo em seguida e ela assente
seus olhos correm para os meus e a cada vez que a olho eu me lembro de
que quase a perdi para sempre.
Fecho a porta com os pés enquanto retiro o terno, Morgana olha
tudo atentamente, seus olhos percorrendo tudo em mim.
Jogo o terno em cima da poltrona e retiro a gravata a olhando, ela
morde o lábio e torce suas mãos diante do corpo, mudando seu peso de uma
perna para outra e apertando as coxas uma à outra, um sinal claro de
excitação.
— Gosta do que vê? — pergunto a ela que de repente me olha de
um jeito diferente.
Seus olhos saem dos meus e descem pelo meu corpo e param em
minhas mãos enquanto eu abro o primeiro botão da minha camisa, noto
quando ela engole em seco, mas não tira os seus olhos das minhas mãos que
continuam a desabotoar.
Assim que termino, jogo a camisa junto com o terno e retiro os
sapatos com os pés mesmo, ficando de meias, seus olhos registram tudo e
vejo que ela está ofegante e corada ao mesmo tempo, caminho em sua
direção e quando chego próximo, frente a frente ela ergue seus olhos de
encontro aos meus abrindo os lábios involuntariamente.
A puxo para mim e colo nossos corpos, a eletricidade que passa em
mim é tão intensa que eu não resisto, a beijo e sinto no mesmo instante suas
mãos virem para os meus cabelos, enfiando os seus dedos sobre ele e os
puxando causando uma pequena dor que esquenta o meu sangue e me
endurece ainda mais, ela sabe que eu gosto disso, ela conhece meu corpo
como ninguém, há coisas que fiz com Morgana que não fiz em nenhuma
outra.
Começo a empurrar meu corpo contra o seu, a levando devagar de
costas contra a cama, a deito devagar sobre ela, nunca quebrando o beijo
que a cada vez mais eu aprofundava, meu corpo cobre o seu corpo enquanto
ela se inclina para mim, a sua boca procurando a minha, o que eu cedo de
boa vontade, mordendo o seu lábio inferior antes de chupá-lo, motivado
pelos gemidos vindos de sua garganta.
Desço meus lábios lentamente por seu pescoço, mordiscando sua
pele fazendo que outro gemido escapasse de sua garganta, ela geme em meu
ouvido me deixando cada vez mais duro.
— Eu te amo Morgana — falo sussurrado.
— Eu te amo Andrei — ela responde ofegante.
Minhas mãos passeiam pelo seu corpo enquanto eu me perco no
intenso prazer de tocá-la. Ergo a barra de seu vestido lentamente e o retiro
jogando em um canto qualquer do quarto, ela está sem sutiã e começa a se
mover debaixo de mim abrindo suas pernas em um convite para que eu me
enterre profundamente em seu interior, em um único puxão rasgo sua
calcinha a deixando nua.
Posso sentir em meu corpo que o dela está pedindo que eu a
complete, poderia me negar a fazê-la minha até que eu ficasse seguro de
que ela estivesse completamente bem, porém sei que não duraria muito
mais com os seus toques em mim, mas eu com certeza me lamentaria
depois se terminasse muito rápido. Mas preciso que ela sinta o mesmo
prazer e a mesma satisfação que eu sinto.
Minhas mãos deslizam sobre seus seios, com os polegares puxando
e apertando os seus mamilos, ela arqueia suas costas contra a cama, seu
corpo treme sob o meu toque. Morgana envolve suas mãos ao redor de meu
pescoço, me puxando para ela, seus olhos nublados do desejo que a
consumia. Pego um punhado de seu cabelo e esmago meus lábios nos dela,
afundando minha língua profundamente dentro de sua boca, enquanto
invisto minha pélvis contra ela e meu pau preso dentro da calça.
Não me canso dela, nunca me cansarei dela, de seu sabor, de sua
essência, dos ruídos que faz enquanto lhe toco, tudo nela me excita como
nada que tinha feito antes, quanto mais minha língua acaricia o contorno de
sua boca, mais ela se contorce de desejo, posso sentir isso a cada momento.
Termino o beijo para explorar o resto de seu corpo, escuto o seu
lamento de frustração. Seu corpo está pedindo que eu coloque fim à tortura
que estamos sendo submetidos eu irei me afundar profundamente dentro
dela e fazê-la minha como deveria ter sido desde sempre.
Saboreio a pele suave e sedosa de seu estômago, sinto como ela
treme sob minha boca. Enquanto desço meus lábios, passo minha língua
pelo interior de sua coxa, e seu corpo corresponde, ela é uma mulher tão
sensível ao meu toque que é impossível eu manter um controle.
Minha boca segue de sua coxa até seu clítoris, onde passo a língua
demoradamente saboreando-a, fazendo com que seus quadris se arqueiem
enquanto geme de prazer. Seus gemidos me atiçam a tirar tudo dela
provando de sua doçura, sentindo-a tremer debaixo de mim.
Enfio dois de meus dedos em seu canal, sua boceta aperta meus
dedos em uma contração que faz meu pau latejar.
Meu pau já não aguenta mais de vontade de me aprofundar em sua
boceta doce. Morgana de repente fica tensa, e logo todo seu corpo se
sacode, ela geme quando uma potente liberação se apodera dela. Ela treme
sob minha boca hábil que sabe onde tocá-la, enquanto eu movo minha
língua contra seu calor úmido uma última vez antes de subir lentamente
pelo seu corpo.
Ela relaxa um pouco em meus braços e eu começo a plantar um
caminho de beijos até seu estômago, poderia adorar seu corpo durante o dia
todo. Arrasto minha língua até seus seios inchados de excitação, tomo um
de seus seios em minha boca, Morgana começa a tremer outra vez enquanto
seu corpo se agita em um segundo orgasmo. passo para o outro seio até que
ela gemesse novamente. O seu gemido de prazer rompe a última fresta de
controle que me resta, me levanto sob o seu olhar curioso mesmo nublado
de desejo, retiro a minha calça e cueca, as únicas coisas que me impedem
de me aprofundar dentro dela naquele momento.
Volto para ela colocando meu corpo sobre o seu, pressionando a
ponta da minha ereção contra sua entrada, minha boca toma a sua
novamente em outro beijo, enquanto minha mão desliza para baixo para
sentir o quanto ela estava molhada, deslizo meus dedos em sua fenda, os
coloco dentro de seu canal e seu corpo se arqueia fora da cama, se
pressionando contra mim enquanto gemia de prazer.
— Por favor! — sussurrou em meu ouvido — por favor...
— Abra os olhos. Quero ver seus olhos enquanto te faço minha —
sussurrei de volta olhando para ela, retirando os meus dedos de dentro dela.
Como se tivesse um peso nas pálpebras, abre os olhos lentamente
me encarando e em um único impulso me enterro profundamente em sua
boceta, sentindo-a me apertar em seu calor, me agarrando. Seus quadris se
moveram para cima, agarrando-me ainda mais forte, me movo em um ritmo
constante, para dentro e para fora, sua respiração se fez mais pesada e sinto
seu corpo tremer em torno de mim, não podendo mais aguentar começo a
entrar e sair mais rápido. Morgana empurra seus quadris de encontro ao
meu acompanhando o meu ritmo e me enchendo de prazer. Quando ela
gemeu mais alto sinto seu corpo convulsionar, perco o meu controle
totalmente, derramando-me dentro dela, tremendo com a força da minha
liberação.
Caio em cima dela, sem me mover durante alguns segundos
enquanto voltava a minha respiração ao normal.
— Nossa! — falo ofegante.
Morgana suspira em meu ouvido e eu ergo os meus olhos. Ao olhar
em seu rosto vejo o sorriso mais lindo que já vi na vida, acaricio o seu rosto
e lhe dou um outro beijo, sentindo sua língua acariciar a minha, suas mãos
em minhas costas enquanto suas pernas agarram os meus quadris, comigo
ainda dentro dela. Uma das minhas mãos desce pelo seu corpo passando
pelo contorno dos seus seios onde eu os aperto e sinto quando ela ofega e
geme em meus lábios.
Quebrando o beijo desço pelo seu pescoço, mordiscando seu ponto
doce próximo a orelha.
— Agora eu irei te foder Morgana — sussurro em seu ouvido e sinto
sua boceta apertar meu pau.
— Me faça sua Andrei — ela responde.
E com a sua liberação eu começo novamente. Um entra e sai
torturante, mas que logo se transforma em incoerente quando viro o meu
corpo a trazendo para cima de mim. Ela cavalga sobre mim enquanto
minhas mãos seguram a sua cintura a ajudando manter o ritmo — Merda!
— Sibilo entre os dentes. Ela olha para mim e sorri com o suor escorrendo
em seu rosto e as suas mãos apoiadas em meu peito, subo uma mão em seu
pescoço e trago sua boca para a minha à fazendo parar para me beijar.
Começo a me movimentar debaixo dela e engulo todos os seus gemidos em
minha boca, puxo seus cabelos quebrando o beijo e a escuto arfar, enquanto
mantenho o ritmo das estocadas em sua boceta.
— Você é minha Morgana — falo entre as estocadas ritmadas —
minha, somente minha!
— Eu sou sua, somente sua Andrei — ela fala claramente louca pela
força em que bato contra o seu corpo.
Levanto a cabeça do travesseiro e giro novamente nossos corpos
ficando por cima dela e estocando contra ela, bato várias vezes seguidas a
fazendo gemer alto, minha mão alcança um tapa estalado em sua coxa e a
sinto apertar meu pau, ela vai gozar.
Retiro meu pau de dentro dela que geme em frustração.
— Fica de quatro — falo a ela que me olha suspirando pesadamente
e se vira deixando a mostra para mim a sua bunda perfeita. Passo o meu
indicador pelo seu canal apertado e a vejo retesar, enquanto eu bombeio
meu pau com a outra mão — aqui — aperto o meu dedo contra o seu ânus
— ainda vai ser meu — desço meu dedo e o passo pela fenda molhada de
sua excitação. Enfio dois dedos dentro dela e arqueio meu corpo sobre o
dela, fodendo sua boceta com os dedos de uma mão enquanto a outra
abandona meu pau e segue para o seu clítoris o rodeando com o polegar —
Gosta disso? — pergunto a ela que assente com a cabeça — Gosta quando
eu lhe toco assim? — ela arqueia seu corpo de encontro ao me peito e geme
— Gosta quando eu lhe fodo? — pergunto e ela responde em um fio de voz.
— Eu gosto como me toca Andrei.
— A primeira vez eu fiz amor com você — digo investindo meus
dedos dentro da sua boceta e rodeando o seu clítoris com o polegar
enquanto aproximo meus lábios de sua orelha a mordiscando de leve
sussurrando em seguida — agora eu vou lhe foder até que você perca a sua
mente — ela ofega.
Retiro os meus dedos de dentro dela, trazendo o melado de sua
boceta até o seu canal apertado, pressiono sentindo a ponta do meu dedo
entrarem facilmente devido estar molhado de sua excitação, bombeio
algumas vezes o dedo e escuto ela gemer, não de dor mas de prazer,
enquanto eu belisco o seu clítoris com o polegar e o indicador, dando um
tapa em sua boceta logo em seguida, ela ergue seu corpo, eu agarro seus
cabelos em uma mão elevando seu rosto fazendo suas costas colar em meu
peito, minha mão sai de seu clítoris e sobe por sua barriga, passando em
seus seios onde eu aperto um e subo até o seu pescoço.
Começo a roçar meu pau em sua bunda apertando suavemente seu
pescoço e trazendo sua boca até a minha, a invado com a minha língua,
chupando seus lábios, enquanto aperto seus cabelos em meu punho. Seu
corpo balança contra o meu me instigando, retiro a minha mão de seu
pescoço agarrando meu pau o segurando contra sua entrada e me enterro em
uma única estocada, gemendo em seus lábios. Estoco sem parar enquanto a
beijo sem pudor, mordo seus lábios, chupo seu pescoço deixando uma
marca. A empurro para cama deixando sua bunda empinada no ar enquanto
meto sem parar, segurando seu corpo com os seus cabelos em meu punho,
desfiro tapas em sua bunda fazendo-a gemer ainda mais alto e em algumas
estocadas a mais gozo dentro dela, deixando que a minha porra quente a
marque como minha.
Ofegante me retiro de dentro dela e seu corpo cai mole sobre a cama
sei que ela está cansada, assim como eu estou, mas valeu cada minuto
dentro desse quarto, valeu a pena esperar cinco malditos anos para me
entregar de verdade, e agora que eu a tenho ela não sairá nunca mais.
Me deito ao seu lado e quando olho para seu rosto ela está corada
está linda com a cara de quem foi perfeitamente fodida.
— Cansada? — pergunto a ela com um meio sorriso, ela sorri de
volta e se vira de barriga para cima deixando os seus seios à mostra.
— Sim, estou — ela responde arrastado — mas valeu a pena senhor
Nickolaievy — ela diz e me encara — já podemos nos casar, Test Drive
aprovado com sucesso — ela diz em um suspiro e eu levanto uma
sobrancelha.
— Então, você precisava de um teste drive? Me sinto usado — falo
a ela que sorri achando graça.
— Hoje em dia precisamos saber se o pacote tem conteúdo — ela se
defende e gargalha.
— Pelo menos eu sei que o pacote que escolhi tem muito conteúdo
— respondo e ela fica em silêncio, seus olhos me analisam por um
momento.
— Eu te amo Andrei, nada nesse momento é capaz de mudar esse
sentimento — a arrasto para mim deitando a sua cabeça sobre o meu peito,
abraço o seu corpo e beijo sua cabeça.
— Eu também te amo Morgana, seja minha para sempre? —
pergunto a ela que levanta a sua cabeça do meu peito e me olha trazendo a
ponta do seu indicador para os meus lábios os contornando enquanto eu a
encaro.
— Sim Andrei serei sua — ela diz e se aproxima dos meus lábios
dando um selinho.
— E eu serei seu para sempre — trago a sua mão em meus lábios e
a beijo ela sorri e se deita novamente em meu peito com os nossos dedos
entrelaçados.
Sinto uma paz que nunca senti antes, o amor que sinto por essa
mulher é único e estou inclinado a fazê-la feliz pelo resto da minha vida.
CAPÍTULO 34

Acordo sentindo uma leve dormência em meu corpo, adormeci logo


depois do sexo, foi como se eu estivesse no paraíso. Sentindo o corpo sólido
e escutando as batidas do coração de Andrei em meu ouvido subo a minha
mão pela sua barriga, desenhando os gominhos que há nela, continuo
subindo até o seu rosto onde o acaricio, subo até cabelos que estão um
pouco maiores do que eu possa me lembrar.
— Posso ficar mal-acostumado com tanto carinho — escuto sua voz
meio rouca, provavelmente pelo sono e sorrio timidamente — nunca
ficamos assim depois do.... — Coloco o indicador em seus lábios
impedindo-o de falar mais.
— Não remoa mais nada por favor, vamos viver o agora, estamos
aqui, somos eu e você então deixe o passado esquecido — falo enquanto ele
analisa o meu rosto.
— Tudo bem. — ele diz por fim, se levanta me empurrando de
costas contra o colchão, pressionando o seu corpo contra o meu empurrando
com os seus joelhos as minhas pernas e entrando no meio delas, deixando
que eu sinta toda a sua rigidez nua contra o meu sexo exposto — Vamos
tomar um banho? — ele pergunta enquanto beija o meu pescoço levemente
mordiscando logo em seguida e deixando uma leve dor que é logo
substituído por um arrepio que desce pelo meu corpo todo, fazendo com
que a minha boceta se contraia e o deseje dentro de mim novamente.
Suas mãos são ágeis, e ele logo encontra o meu sexo pulsante em
meio as minhas pernas passando o dedo entre a minha fenda e enfiando dois
dedos que entram com facilidade, um grunhido de satisfação sai de sua
garganta quando ele constata que eu já estou molhada, desce seu beijos pelo
meu pescoço deixando um rastro de fogo por onde seus lábios passam e
chegando aos meus seios, ele toma um em sua boca, sugando, devorando
fazendo movimentos circulares com a língua e assoprando-o logo em
seguida, muda a sua atenção para o meu outro seio onde ele faz a mesma
coisa enviando o desejo para que ele se aposse de mim novamente, que me
destrua de novo em cima dessa cama, e sentindo que eu estou próxima a um
orgasmo seus dedos me abandonam, assim como a sua boca deixa os meus
seios, e um sorriso safado se espalha pelo seu rosto quando se afasta de
mim me deixando inerte e frustrada em cima da cama.
— Vamos tomar banho Morgana, temos que estar apresentáveis,
teremos tempo para mais — diz estendendo a mão pra mim com um sorriso
debochado, aceito sua mão e ele me puxa de encontro ao seu corpo — eu te
amo e não vejo a hora de colocar uma aliança em seu dedo anelar esquerdo.
— Tira os fios de cabelos grudados em meu rosto me dando um selinho, me
leva para o banheiro onde eu o ensaboo lavando cada parte de seu corpo, ele
fecha os olhos sentindo o contato de minhas mãos. Entrego a esponja de
banho para que ele faça o mesmo processo comigo, quando suas mãos
passam próximo à minha clavícula, escuto o seu suspiro irritado e um
sibilar que sai dos seus lábios — Droga! — Seguro seu rosto com as
minhas duas mãos o fazendo olhar para mim.
— Não se culpe por isso okay, eu estou bem, isso daqui só deve te
lembrar do quanto eu te amo não outra coisa — seus olhos estão tão fixos
sobre mim, mas sem uma denotação sexual neles, a expressão é de amor,
admiração e respeito.
— Sabe que eu não vou esquecer disso nunca, sempre vou me
lembrar. — Ele passa o dedo circulando a pequena cicatriz que ficou do tiro
— Mas vou me esforçar mais para não lembrar — ele diz dando um
pequeno sorriso de lado.
— Muito bem, faça isso! — lhe devolvo o sorriso e juntos
finalizamos o banho.

No quarto Andrei sai do closet vestido em uma camiseta branca,


calça jeans preta e descalço, os cabelos bagunçados e molhados, enquanto
eu ainda estou nua, enrolada em uma toalha, sentada em sua cama, ele para
cruzando os braços me olhando e com um olhar pervertido me deixando
quente no mesmo segundo.
— Estamos em desvantagem aqui — falo a ele que me lança um
sorriso safado.
— Sim estamos, entendo perfeitamente isso. — Ele responde logo
após descruzar os braços e caminhar em minha direção na cama — Pena
que vai ter que ficar enrolada nessa toalha até mais tarde, ainda não
trouxeram as suas coisas — ele diz e noto que está sorrindo, paro estática e
arregalo os olhos.
— Como assim, eu não posso ficar assim, Andrei eu preciso de
roupas — falo nervosa — vou pedir a Donatella — digo me levantando da
cama ou pelo menos tento, quando sinto Andrei me segurar pelo punho me
puxando de encontro a ele.
— Não quero que passeie de toalha pela casa — ele diz sério —
existem câmeras de segurança por toda parte, e não seria uma visão que eu
gostaria de compartilhar com o meu chefe de segurança, definitivamente
não.
— Como eu... — ele me cala com um beijo me fazendo engolir os
meus protestos, assim que finaliza o beijo ele me puxa pela mão até o
closet, abre as portas e vejo todas as minhas roupas e sapatos, perfeitamente
alinhadas em cabides junto as suas, tudo arrumado. Meus olhos marejam,
porque isso é uma coisa que eu nunca pensei que poderia acontecer um dia.
— Mandei arrumarem suas coisas aqui, Valéria ajeitou tudo, assim
como as coisas de Dimitry em um dos quartos, depois eu vou te levar
comigo para escolhermos um local para morarmos assim que nos casarmos.
— Ele conclui me abraçando por trás, encostando seu peito em minhas
costas e apoiando seu queixo na curva do meu pescoço — estamos indo
para viver uma nova vida Morgana, eu quero que tudo seja como você
quiser — ele conclui e eu assinto sem palavras para responder.
Desfaço-me de seu abraço e sigo para o closet olhando tudo, pego
um vestido branco e um conjunto de lingerie da mesma cor, quando me viro
Andrei está encostado na porta do closet alheio em seus pensamentos, me
aproximo dele e ele rapidamente nota a minha presença e sorri para mim.
— O que estava pensando? — pergunto.
— Essa sensação é boa, ter você aqui, nós estarmos começando uma
família, agora entendo Boris perfeitamente, e porra o homem tem razão —
ele diz e eu assinto — e eu queria que depois que você se arrumasse nós
fossemos falar com advogado para o reconhecimento do Dimitry como meu
filho.
— Claro, faremos isso, vocês estão se dando muito bem eu notei
isso — digo retirando a minha toalha para colocar a lingerie.
Andrei segue tudo com os olhos enquanto me visto, sinto um pouco
de vergonha, mas devo me acostumar já que ele será meu marido em breve.
Acabo de me trocar colocando o vestido, opto por uma sapatilha da mesma
cor, ajeito os cabelos e sem maquiagem alguma me aproximo de Andrei
pegando-o pela mão saímos do closet e em seguida do quarto, descendo as
escadas encontramos Donatella na sala falando com Boris.
— Olha, quem é vivo sempre aparece — Boris diz.
— Amor eles precisavam, olhe Morgana como está mais corada —
Donatella fala e Boris concorda com a cabeça.
— Vocês dois não tem o que fazer? — Andrei pergunta injuriado.
— Agora não tenho, estou adorando ver isso, para alguém que disse
que nunca ia se amarrar está ótimo meu irmão — Boris fala e Andrei
grunhe ao meu lado.
— Agora ele vai me atormentar até a eternidade — ele fala e eu
gargalho recebendo o seu olhar de lado — por Deus, até você? — Ele
pergunta balançando a cabeça em negação.
— Calma Andrei, eles estão brincando — falo a ele sentindo seu
corpo relaxar.
— Tudo bem, Boris preciso falar com você. Queria que chamasse o
advogado da família para darmos entrada nos papéis do casamento e
também nos de reconhecimento de Dimitry — Andrei fala a Boris,
enquanto Donatella se levanta vindo até mim.
— Vamos deixar os homens conversarem amiga, vamos conversar,
quero saber tudo — ela diz empolgada e eu concordo.
Saímos da sala e eles nem percebem, seguimos para a cozinha onde
as crianças estão brincando, fazendo a maior bagunça com Valéria, assim
que Dimitry me vê sai correndo ao meu encontro, nem pude ficar muito
com o meu filho desde que cheguei.
Passamos um bom tempo ali falando sobre banalidades, Donatella
me contando como Andrei cuidou de Dimitry, como ele ia todos os dias no
hospital e de como ele ficou parecendo o homem das cavernas de tão
abatido de tantas horas a fio no hospital, Valéria ajudou diretamente Andrei
a cuidar de Dimitry e eu a agradeci por isso, resumindo tudo seguiu em
ordem.
— Morgana teremos uma despedida de solteira? — Donatella
pergunta.
— Amiga não sei disso não, eu não sei se Andrei vai gostar e...
— Andrei também terá uma — ela fala e eu arregalo os olhos.
— Como assim terá uma? — pergunto engolindo em seco.
— Tendo, Boris vai organizar! — ela fala despreocupadamente e
uma ideia passa em minha mente e um sorriso travesso surge em meus
lábios.
— Terei a minha despedida de solteira também — digo e quando ela
me olha nota o sorriso travesso e gargalha chamando atenção de Valéria que
olha sem entender nada.
— Morgana, por que algo me diz que você vai aprontar? — ela
pergunta e meu sorriso se alarga ainda mais.
— Porque eu irei aprontar e você Donatella, vai me ajudar e Valéria
também — os olhos da senhora se alargam assustados.
— Melhor não contrariar Valéria — Donatella diz e a senhora
assente ainda assustada.
Também terei a minha despedida de solteira e mal posso esperar por
esse dia.
CAPÍTULO 35

Nunca imaginei que poderia ser tão feliz assim.


Ter a mulher da minha vida em meus braços a poucos passos de
distância, ter uma família, agora entendo Boris perfeitamente, porque sinto
tudo que ele pode sentir por ter Donatella ao seu lado.
— Pensamentos longe Andrei? — Boris me pergunta com um
sorriso de lado — Está feliz não está?
— Estou irmão, estou feliz, isso é surreal, agora te entendo — digo
a ele que amplia o sorriso.
— Sempre esperei por esse dia, acho que nossa mãe agora sentiria
orgulho de você.
— Sim, acho que sim — digo melancólico.
— Você disse que queria ver para resolver os assuntos relacionados
ao reconhecimento de paternidade de Dimitry, vou ligar agora para o
advogado para que vocês possam conversar e acertar isso o mais rápido
possível para o menino carregar o nosso sobrenome — Boris conclui
pegando o telefone e discando para o advogado.
Meu pensamento voa para momentos quando era mais jovem, a
imprudência clara era vivida por mim, por quantas mulheres eu passei, em
quantas camas me deitei e nenhuma delas foram capazes de suprir a
necessidade que eu tinha, somente uma mulher era digna para tanto, quanto
tempo eu perdi, o quanto eu deixei escapar por entre os meus dedos o
quanto deixei de viver em busca de diversão, em busca de nunca me
entregar o que isso me deu?
Fiz a mulher da minha vida sofrer quando fui embora, ela sofreu
calada, nunca me procurou, e eu também achei que me afastando
conseguiria esquecer, mas foi pior, ao deixá-la tudo aquilo se tornou o meu
tormento, e como se fosse um castigo quando retorno a encontro mais linda
do que nunca, uma mulher revestida de aço que não me deixava mais entrar
em seu coração, que me afastava a todo momento e que não acreditava em
mim.
Precisei quase perdê-la para reconhecer que todo o sentimento que
eu me recusava era amor, ela também precisou quase me perder para
amolecer seu coração. Não tiro a sua razão, eu merecia cada palavra de
afastamento que ela me dizia, cada vez que me evitava, mas agora aqui
estamos, nós passamos por todo esse inferno e porra ela está instalada em
meu sistema.
Dizem que o amor é uma fraqueza.
Que mafiosos não podem amar.
Talvez eu seja uma exceção, pode ser que eu seja fraco demais, mas
quem não se torna fraco por amor? Quem disse que um mafioso não pode
amar e querer não sair matando todo mundo para ser uma pessoa melhor, e
merda ela transformou o cafajeste que eu era em um homem de verdade,
porra! Eu a amo, amo nosso filho e estou louco para ter mais um filho,
quero poder acompanhar de perto cada momento de sua gestação e quem
sabe esse feito não tenha sido gerado hoje?
Um sorriso se espalha em meu rosto com o pensamento e quando
recobro onde estou olho para Boris que está de braços cruzados me
observando.
— O que foi? — pergunto fechando a cara.
— Nada, estava aqui pensando quando você pretende se casar?
— Eu queria me casar logo, mas Morgana quer organizar as coisas,
então eu não sei. Pensei em me casar daqui uns seis meses já que os dois
meses que pensei em propor a Morgana claramente não acontecerá.
— Sei, mulheres. Entendo perfeitamente. — Ele diz se inclinando
sobre a sua cadeira e apoiando os cotovelos sobre a mesa — O advogado
virá daqui a pouco, você não deve ter ouvido pois estava com os seus
pensamentos muito longe — ele conclui.
— Como é esperar um filho? — pergunto e Boris arregala os olhos e
depois explode em uma gargalhada.
— Andrei o que você quer saber? Não sou mulher para saber. — Ele
diz ainda rindo não podendo se conter.
— Irmão, o que pergunto é como é esperar junto com a sua mulher a
chegada de um filho, como é a sensação? — falo e ele se recosta na sua
cadeira e assente.
— Bom irmão, a gente fica maluco às vezes porque é cada desejo
louco que essas mulheres têm, além de serem esquisitos — ele divaga um
pouco — me lembro de uma vez que Donatella acordou no meio da noite e
me deu um susto, achei que a casa tinha sido invadida. Mas ela me acordou
por que queria comer pudim no meio da madrugada e não tinha em casa e
porra, onde eu iria achar aquilo no meio da madrugada? — ele fala e eu
penso como seria ser acordado no meio da noite por Morgana com esses
desejos loucos? Não sei como ela passou a gravidez de Dimitry, não
acompanhei, mas irei perguntar como foi — faço uma nota mental sobre
isso — concluo em pensamento — Mas por que a pergunta? — ele sonda.
— Por nada. Só pensei em saber por que não sei disso, não
acompanhei Morgana na gravidez de Dimitry — respondo e ele ergue uma
sobrancelha.
— Está pensando em ter mais filhos Andrei? — ele me pergunta e
eu coço o queixo pensativo.
— Sim, por que não? amo Morgana se ela quiser mais um filho eu
quero — respondo e ele sorri.
— É assim que se fala seu cabeça dura, finalmente — ele diz se
levantando.
— O que acha de fazermos uma despedida de solteiro irmão? Já que
vai se enforcar, nada mais justo que deixar todas saberem que não está mais
disponível — ele diz e eu suspiro.
— Não acho, Morgana não vai gostar disso — falo e ele sorri.
— Ela nem saberá, será somente homens vamos beber todas e
depois voltar para a casa, conheço as mulheres que temos — ele diz e eu
pondero, não seria uma má ideia afinal, dou de ombros certo de que tudo
ficará bem.
Saímos de seu escritório e assim que chegamos na sala, um dos
seguranças entra acompanhado do advogado da família e durante alguns
minutos falamos sobre as coisas que quero fazer, amanhã mesmo já entrarei
com o reconhecimento de paternidade para assumir Dimitry legalmente e os
papéis para o casamento. Não posso esperar muito mais, não vejo a hora de
ter Morgana para sempre enlaçada em mim...

SEIS MESES DEPOIS....


Porra...
Seis meses se passaram, o tempo passou tão depressa que merda sou
outra pessoa.
Os assuntos relacionados a máfia estão calmos sem intercorrências
apenas algumas dívidas a serem cobradas e algumas pessoas eliminadas, o
que mais me preocupa é que Leila nunca mais apareceu,
Um dos seguranças da casa um dia me relatou ter visto ao longe
uma pessoa que aparentava ser uma mulher, ela estava sondando de longe a
casa e tudo indicava que estava disfarçada, claramente não pretendendo ser
reconhecida, deixei-o de sobre aviso que se caso se aproximasse a ordem é
para matar.
Durante esse tempo eu e Morgana visitamos várias casas e
finalmente ela se decidiu por uma, pensei que a foda louca que tivemos
quando ela saiu do hospital resultaria em uma gravidez, mas não aconteceu
e no fundo talvez não tenha sido a hora certa, ainda possuo gente
procurando por Leila e por Deus, eu mesmo a mataria, mas a cadela é
ardilosa e sumiu do mapa, só tenho essa informação do segurança, mas nem
sei de quem se trata realmente.
Hoje Dimitry já assina o meu sobrenome, nós nos damos tão bem
que as vezes Morgana diz que ela tem dois filhos e não um futuro marido e
um filho, curto Dimitry bastante, dou o carinho que eu não recebi do meu
pai, por que ele sempre me viu como o causador da morte da minha mãe,
assim como os outros viam, então faço tudo diferente, meu filho tem tudo
de mim, mas também sei ser rígido quando necessário, há dias noto
Morgana e Donatella pelos cantos de cochichos, não sei o que essas duas
estão tramando, mas eu irei descobrir.
Daqui a uma semana nos casaremos, caralho eu estou ansioso, e
Morgana está numa calma, muito mais gentil do que realmente é.
Não posso dizer a vocês que durante esses seis meses nossa vida foi
flores, por que não foi, nos primeiros dois meses juntos diariamente
discutimos por conta de Dimitry, ele queria dormir conosco e ela não queria
deixar dizendo que ele já estava muito grandinho para dormir com a gente,
eu aceitei o menino dormir conosco, então ela me colocou para fora do
quarto mandando em ir dormir com Dimitry no quarto dele, essa foi uma
das várias vezes que isso aconteceu, eu nem me preocupei mais, outras veze
ela discutiu comigo sobre a toalha molhada sobre a cama ou sobre não estar
na hora do almoço ou jantar na hora certa.
Realmente a vida de casado não é um mar de rosas, mas aceito o
desafio, porque depois aplaco sua raiva na cama a possuindo e realizando
seus desejos.
Agora de uns dias para cá ela está muito gentil, vive com minha
cunhada pelos cantos até Valéria não escapa, já notei e perguntei a Boris,
mas ele disse nem ter reparado nisso, estou realmente intrigado.
Hoje é a bendita despedida de solteiro, Boris me inventou essa, disse
que chamou somente algumas pessoas e que limitou a entrada de pessoas no
clube, eu estou tão inquieto com essa situação, Morgana nem sonha com
isso, porque se sonhar ela me mata e me deixa sem as minhas preciosas
bolas, e não posso ficar sem elas porque ainda pretendo ter mais filhos.
— Pronto para a sua despedida de solteiro meu irmão — Boris
pergunta chegando na sala onde eu espero tomando um copo de uísque.
— Não sou solteiro faz tempo Boris, ainda só não assinei os papéis
— digo a ele que concorda com um aceno de cabeça.
— Então vamos?
— Onde está sua esposa que não está vendo o marido dela me
arrastando para uma noitada? — pergunto a ele enquanto ele ajeita o seu
terno.
— Bom, ela me disse que hoje estaria até mais tarde em um dia de
meninas, então devem estar em algum lugar — ele diz despreocupado e eu
cuspo a bebida em minha boca o fazendo se afastar.
— Como assim dia de meninas? — pergunto recuperando-me do
susto — Boris, Morgana não pode andar por aí desprotegida, Leila não foi
capturada e ela pode estar em qualquer lugar, eu não me perdoaria se algo
acontecesse com Morgana novamente e...
— Calma, elas estão cercadas de seguranças, Donatella não sai de
casa sem eles. Esqueceu-se? Tenho inimigos e minha esposa assim como
meus filhos são as minhas fraquezas, não se preocupe tanto, está tudo bem,
podemos ir agora? — ele pergunta e eu bufo contrariado algo não está certo
nessa história, dia de meninas — balanço a cabeça em negação.
— E se a sua esposa estiver em um clube para mulheres com a
minha mulher, vendo aquele bando de homens pelados em cima de um
palco e...
— Pare... Donatella não faria isso, ela me conhece muito bem — ele
diz me interrompendo se encaminhando para a porta.
— Mas e as crianças? — pergunto já que não há ninguém em casa.
— Valéria cuidará delas, agora vamos para a sua despedida não
podemos demorar se não corremos o risco de ficar sem as nossas bolas
enquanto estivermos dormindo — ele fala e eu o sigo até a porta.
Saímos de casa acompanhado de três carros com seguranças e
seguimos para o clube, é a primeira vez em seis meses que pisarei meus pés
lá e já sei que terei boas lembranças assim como também não terei.
E porra as lembranças são avassaladoras, uma descarga de memórias
inundam a minha mente, acompanhado de Boris sigo para a área vip, lugar
onde eu sempre observava Morgana no bar atendendo os clientes, as vezes
com um sorriso no rosto, outras vezes carrancuda, as vezes eu precisava
descer para ajudá-la em alguma situação com um bêbado qualquer, ou
descia apenas para espantar algum pretendente para a sua noite, o que a
irritava e nos rendia grandes discussões, mas que eu sempre contornava
quando a abraçava e a fazia esquecer de tudo.
Vários minutos ali e uma vontade enorme de ir embora e porra estou
pensando o que Morgana está fazendo a essa hora. Pego uma garrafa de
uísque e um copo e me sirvo dele puro, o líquido desce queimando a minha
garganta e me sirvo de mais.
— Hey! — Boris me chama — Eu disse que iriámos beber, mas não
abuse tanto — ele me adverte.
— Você me trouxe para cá, então não reclame Boris — digo irritado
batendo o copo forte contra a mesa, Boris ergue uma sobrancelha.
— Okay trouxe, mas para você se divertir não ficar carrancudo —
ele fala bebendo de sua bebida olhando o movimento da boate.
De repente a porta da sala vip se abre e por ela passa uma mulher
em um sobretudo negro como a noite, cabelos loiros na altura abaixo dos
ombros, uma máscara negra em seu rosto e um batom vermelho sangue em
sua boca, as pernas bem torneadas e grossas e merda o que eu estou fazendo
reparando em outra mulher?
Ela caminha em minha direção se sentando em meu colo de frente
para mim, roçando a sua boceta em meu pau, e caralho isso é uma merda,
porque meu corpo reagiu imediatamente ao toque.
— Parece que está havendo um D’javú aqui irmão — Boris diz
tranquilamente ao meu lado se levantando em seguida — bom divertimento
irmão — ele começa a caminhar empurro a mulher do meu colo e me
levanto rapidamente.
— O que está fazendo Boris? Eu não posso ficar aqui com essa
mulher — digo falando baixo próximo a ele — Isso é loucura, se Morgana
descobre eu estou morto, você a conhece — falo a ele que dá de ombros.
— É a sua despedida de solteiro, aproveite, pois tudo o que acontece
em uma despedida de solteiro pretende-se ser a última vez que acontecerá
na vida, então boa sorte com a moça ali e devo dizer você está bem servido
— dizendo isso ele sai fechando a porta atrás de si.
Olho para a mulher que eu nem tinha percebido tinha tirado o
sobretudo e estava somente em um vestido branco curto agarrado ao seu
corpo e saltos enormes finos, não sei como as mulheres andam nessas
coisas.
Ela começa a caminhar em minha direção e eu me afasto de costas
até bater na porta, eu pretendia fugir mas quando passo a mão na fechadura
da porta não encontro a chave e bufo xingando Boris mentalmente — Filho
da puta — a mulher para em minha frente e passa a mão em meu peito por
cima da roupa, seus dedos começam a desabotoar meu terno devagar, as
unhas perfeitamente pintadas de vermelho profundo, observo-a como ela
faz isso com agilidade, porém sem mais, seguro seus pulsos impedindo-a de
continuar o que quer que ela esteja pretendendo fazer, ela nunca me olha
nos olhos e quando me esforço para ver seus olhos ela se afasta de mim se
virando de costas e começa a descer o zíper do vestido, em um instante o
vestido cai em uma poça aos seus pés, ela sai de dentro dele e se vira para
mim novamente, aperto os meus olhos com força — Porra! Por que Boris
fez isso comigo? Contratar uma stripper, meu deus estou ferrado — concluo
em pensamento.
Sem saída esfrego o rosto com as mãos e sigo até a poltrona onde eu
estava sentado e me afundo nela frustrado olho para a mulher que tem um
sorriso nos lábios pintados de vermelho, enquanto suas mãos sobem por seu
corpo fazendo o caminho, uma mão segue para sua boceta por cima da
calcinha a outra segue para o seu seio onde ela o aperta e geme
descaradamente, nervoso decido nem olhar mais e abaixo a minha cabeça
me negando mentalmente.
Escuto o barulho de seus saltos ecoando pelo chão e ela chega
próximo a mim se ajoelhando em minha frente, sempre de cabeça abaixada,
é como se fosse uma submissa e traz as suas duas mãos para o botão da
minha calça para abri-la, mas paro seu caminho
— Não! — digo em alto e bom som — Olha só eu vou me casar
daqui uns dias, eu não sei o que meu irmão pretendia com essa palhaçada
mas não é necessário, se você está ganhando o seu dinheiro fazemos a hora
e depois você sai mas eu não tocarei em você — concluo e vejo quando ela
sobe seu rosto e me encara olhos nos olhos, a intensidade do seu olhar me
desconcerta e eu imagino estar vendo coisas mas aquele olhar se parece
com o de Morgana.
Uma risada nervosa me escapa, não acredito nisso. Abaixo a minha
cabeça e trago meu corpo para frente apoiando os meus cotovelos em meus
joelhos e colocando a cabeça entre as mãos.
— Que merda está acontecendo? — pergunto segurando a vontade
de pegar essa mulher e a foder contra a porra da porta — Que brincadeira é
essa? Por que isso? — ela não fala nada e quando eu ergo a minha cabeça e
observo que se tratava mesmo dela, estava sem a máscara e sem a peruca
ridícula loira que colocou, mas o batom em seus lábios permanecia e a
lingerie branca em cinta liga também contornando o seu corpo.
— Por que fez isso? Não confia em mim Morgana? — pergunto a
ela que me observa, estou muito puto por isso — Quantas vezes preciso
dizer que eu te amo? — ela abre a boca para falar, mas eu a interrompo —
Por isso estava muito dócil, estava pelos cantos de cochichos com a
Donatella, porra. E eu aqui achando que algo estava acontecendo de ruim
— me levanto rápido demais deixando a poltrona e ela ajoelhada no chão,
passo a mão pelo cabelo nervoso.
— Andrei eu...
— Não! Não fale nada — a interrompo — Já que está aqui — a
observo enquanto se levanta vindo até mim — Vamos fazer o que você veio
destinada a fazer, depois falaremos sobre isso, Boris tem explicações a me
dar, Donatella e você também — digo a ela que está nitidamente segurando
o riso, enquanto eu estou claramente aborrecido com essa palhaçada toda.
— Eu só queria brincar Andrei, só isso, despedida de solteiro — ela
diz revirando os olhos — faz tempo que eu sabia que você teria uma, então
decidi fazer a minha também, eu poderia estar em um clube de mulheres
rodeada de homens lindos, sarados e gostosos, com eles tirando a sua roupa
e mostrando os seus... — Não a deixo terminar por que avanço sobre ela
assaltando sua boca e agarro os seus cabelos desfazendo o coque mal feito
em seus cabelos, enfio minha língua com fúria em sua boca como se eu a
estivesse punindo por me enganar desse jeito.
Suas mãos sobem para o meu terno, onde ela trata de acabar de abrir
os botões e eu me livro dele rapidamente o jogando no chão, nunca
deixando sua boca, a empurro de costas até que suas coxas batem na mesa
redonda em um canto da sala a ergo sentando-a em cima da mesa e abro as
suas pernas me enfiando no meio delas a beijando enquanto ela passa a ficar
ofegante, minhas mãos seguem para o fecho do seu sutiã os desprendendo e
deixando os seus seios à mostra, passo a alça do seu sutiã pelos seus braços
o retirando do caminho e espalmo as minhas mãos em seu seios os
apertando, ela ofega e geme em meus lábios, desço meus lábios por seu
pescoço sugando sua pele, a marcando, continuo a descer chegando em seus
seios, abocanho um em minha boca enquanto belisco o outro entre o
indicador e o polegar, suas costas se arqueiam fazendo com que o seu seio
entre mais em minha boca, ela trabalha rapidamente os seus dedos nos
botões da minha camisa e a ajudo a retirar, jogando a roupa no chão, assim
que me livro da camisa, minhas mãos voltam a se enroscar em seus cabelos
e eu os puxo deixando seu pescoço a mostra, desço uma das minhas mãos
para o seu pescoço onde dou um leve apertão a fazendo respirar mais forte,
subo meus lábios pela lateral do seu pescoço chegando a sua orelha onde
mordisco a ponta e ofego em seu ouvido, sinto seu corpo se arquear quando
toco o lóbulo da sua orelha com a língua, suas mãos rapidamente partem
para o botão da minha calça, não a impeço de abri-lo e porra estou duro só
com suas mãos próximo ao meu pau.
— Você quer brincar Morgana? — sussurro em seu ouvido, a
fazendo acenar com a cabeça sem fala — Quer que eu lhe foda em cima
dessa mesa? — Pergunto descendo a mão que estava em seus cabelos para
a sua boceta ainda tapada pelo pano da calcinha.
Passo a mão por ela e a vejo abrir mais as pernas me dando total
acesso a ela, empurro o pano da calcinha para o lado e passo o indicador em
sua fenda sentindo o quanto ela está molhada, introduzo um dedo sentindo
seu corpo se arquear mais contra mim, seus seios tocam o meu peito
enquanto minha mão ainda permanece em seu pescoço e a outra em sua
boceta, quando insiro mais um dedo em seu canal apertado, onde sinto seu
interior se contrair ao redor dos meus dedos.
— Eu quero fazer uma coisa — ela diz ofegante, a fala em um
sussurro em meu ouvido.
— O que quer fazer? — pergunto explodindo de tesão, isso é hora
para querer fazer algo? Gemo frustrado e me afasto um pouco dela, ela
espalma suas mãos em meu peito e desce da mesa a diferença de altura
entre nós é imensa ela precisa olhar muito para cima para me enxergar, e
quando nossos olhos se conectam todo um futuro ao lado dessa mulher bate
em mim e porra que sensação boa.
Ela me puxa pela mão até a poltrona ao lado da mesa e me empurra
sobre ela me fazendo sentar, e depois disso, se ajoelha entre as minhas
pernas e puxa a minha calça acompanhada da cueca deixando meu pau
saltar livre e ereto, suas mãos o tocam um toque suave que envia uma
eletricidade por todo por todo o meu corpo e eu tremo diante do seu toque.
— Hoje eu quero abusar de você — ela fala e arrasta as unhas na
minha extensão, e porra eu seria capaz de gozar somente nessas palavras
acompanhadas desse toque.
— O que você...
Não termino minha fala por que ela de repente abocanha meu pau
em sua boca não me dando nem a oportunidade de me preparar, e dentro de
sua boca sinto quando sua língua circunda a cabeça inchada, ela o toma e o
leva até o fundo de sua garganta, nunca imaginei que Morgana pudesse
fazer isso, afinal ela nunca me teve em sua boca, uma coisa que eu nunca
notei antes, sempre fui eu, sempre fui eu que a tive em minha boca, nunca
ao contrário e merda eu estou a ponto de gozar como se fosse um
adolescente no colegial diante da sua primeira transa.
Ela sobe e desce a sua cabeça por toda a extensão do meu pau e suas
mãos acompanham o movimento bombeando assim que seus lábios deixam
o local, ensandecido pelo momento agarro seus cabelos com as duas mãos e
a empurro novamente observando como sua boca sobe e desce pelo meu
pau — porra — sibilo entre dentes sentindo a força do orgasmo que logo
estará tomando conta de mim, ela não para e não se engasga em nenhum
minuto se quer nem quando invisto em sua boca loucamente em um ritmo
demasiadamente rápido.
Sua mão se concentra em minhas bolas, as apertando enquanto sua
boca faz o trabalho de chupar o meu pau, se eu já amava essa mulher agora
eu a amo mais, merda estou ficando maluco com essa boca esperta que não
serve só para me afrontar, mas para me dar o melhor boquete da minha
vida, ela sabe o que fazer, passando as unhas em minhas bolas, fazendo meu
corpo todo tremer quando o orgasmo chega com força e eu me derramo
dentro de sua boca e ela engole todo o meu esperma — e merda nossos
filhos foram para a sua garganta — penso comigo e rio cansado, não fiz
nada mas porra estou cansado ela sugou as minhas energias mas nem por
isso a deixarei de foder afinal ela merece.
Ela termina de me chupar deixando meu pau totalmente limpo, seus
olhos me encaram enquanto eu a olho, ela limpa o canto de sua boca com o
dedo e passa a língua pelo mesmo para limpar o resíduo que sobrou, e
caralho ela me deixou louco, me livro dos sapatos, das meias e depois a
calça com a cueca enquanto ela observa tudo.
— Estou perdoada? — ela pergunta assim que eu me levanto
ostentando uma ereção que ainda não se acalmou.
— Sim, depois dessa não vale nem a pena mais brigar. — estendo
minha mão para ela para que se levante — Agora é a sua vez! — falo e a
coloco em cima da mesa novamente a empurrando bem para o centro —
Coloque esses pés na ponta da mesa e abra bem essas pernas que eu irei lhe
foder com a língua e outra coisa também, você terá uma despedida de
solteira digna de filme — falo e ajudo com os pés e após ela estar como eu
queria, apenas apoiada em seus cotovelos sobre a mesa, em um único puxão
rasgo a sua calcinha a retirando do seu corpo.
— Andrei, eu não...
Ela não conclui a frase por que abocanho sua boceta a fazendo
engasgar com as palavras, circulo seu clítoris com aponta da língua a
fazendo se remexer em minha boca, buscando por mais contato, chupo e
mordo seu clítoris enquanto ela geme e enfia uma mão em meus cabelos,
enfio dois dedos dentro dela e a escuto arfar diante do toque, sigo
penetrando-a com os dedos e lambendo a sua boceta até que vejo seu corpo
se contorcer, suas costas se arquear na mesa e seu interior apertar os meus
dedos, retiro os dedos e fodo com a minha língua, enfiando a ponta em sua
entrada e ela geme derramando seus sucos sobre a minha boca, lambo tudo
e ela cai derrotada sobre a mesa respirando pesadamente.
Subo pelo caminho de sua barriga, passando por seu estômago, entre
o vale dos seus seios, pescoço e por fim a sua boca, onde a beijo, fazendo-a
sentir o seu gosto em minha boca. Ela corresponde o beijo na mesma
luxúria, se entregando, se deixando ser conduzida por mim, e em meio as
suas pernas a invado começando com movimentos cadenciados a puxando
para mim, colando nossos corpos ainda mais. Ela quebra o beijo se deitando
sob a mesa e eu invisto mais duro contra ela me perdendo nos movimentos,
nossos corpos se encaixam perfeitamente.
— Assim serão todas as suas noites, senhora Nickolaievy — falo
investindo, sentindo o meu orgasmo se aproximando — isso é uma
promessa — digo chocando nossos corpos, nos fundindo em um só.
— Estou mais do que inclinada a aceitar senhor Nickolaievy — ela
fala ofegante — e isso é uma constatação — ela termina quando arqueia
suas costas da mesa me entregando seu corpo, seu orgasmo, sua vida e o
mais importante seu amor.
Invisto mais algumas vezes e me derramo dentro dela.
Terminamos a noite ali naquele clube onde nos reencontramos por
ordem clara do destino e onde selamos de uma vez por todas o nosso amor,
depois de muita luta, de encontro e desencontros finalmente somos um só.
CAPÍTULO 36

Andrei ficou uns dias carrancudo sempre que Boris gargalhava da


situação da sua despedida de solteiro. Naquele dia ele ficou realmente bravo
eu não esperava aquela reação, mas saber que ele não pretendia tocar outra
mulher foi surpreendente, ele mudou de verdade e naquele momento me fez
a mulher mais feliz do mundo quando recusou a tocar aquela que
aparentava ser uma desconhecida para ele.
Hoje iremos nos casar, já se passou uma semana desde a despedida e
agora pela manhã um juiz de paz veio e assinamos o casamento no civil, sei
que vocês não viram mais o melhor vai ser o casamento na igreja. Andrei
estava lindo, foi uma cerimônia muito simples Boris e Donatella foram
nossos padrinhos no civil e serão na igreja também.
Minha irmã chega hoje, ela já tem em seus braços a pequena
Giulliana e o meu sobrinho Lucca, Dimitry está eufórico com a presença
deles aqui, disse que está com saudades de Lucca e eu também estou com
saudades de todos.
Isaellyn me xingou todos os palavrões existentes em italiano e russo
que existem, ela ficou muito puta quando soube de tudo que aconteceu e
falou que ia me dar uns tapas pessoalmente, eu somente gargalhei da
situação o que a levou rir junto me chamando de louca desvairada.
Agora Boris levou Andrei para a casa que compramos para se
arrumar para o casamento, ele estava relutante em ir, não queria porque
teria que esperar horas a fio, e disse que pelo menos aqui poderia agilizar as
coisas para ir mais rápido, mas Boris o arrastou sob ameaça de fugir com a
noiva, que sou eu, caso ele não fosse então contrariado ele foi.
Estou no quarto observando o vestido de noiva espalhado sobre a
cama, na cor bege com pedras que reluzem a luz que entra da janela o
deixando brilhante.
Um rompante na porta me tira dos meus devaneios quando pela
porta entra Donatella e a minha irmã seguida de dois homens com maletas
em suas mãos.
— O que é isso? Sequestraram a máfia inimiga quem são eles? —
pergunto enquanto os homens deixam as maletas em cima da mesinha ao
lado da porta.
— Esses são os meninos que cuidarão de você hoje. Não se lembra?
São os mesmos que cuidaram de mim quando me casei com Boris. —
Donatella responde e eu me recordo vagamente.
— Mona, iremos cuidar da sua pele, do seu cabelo e iremos deixar
você uma diva para quando o seu boy magia te ver ele desmaiar — o
homem diz me fazendo rir — e que desperdício para o mundo, que pecado
— ele fala se abanando e o seu companheiro lhe dá um tapa no braço.
— Se oriente, o boy magia é da gata ali. Se contente com o que tem
— o outro fala vindo em minha direção pegando em meus cabelos —
podemos fazer um coque com pontas soltas — ele bate o indicador em seus
lábios pensando — vai valorizar o seu pescoço para a joia que irá usar. —
Ele diz — Iremos fazer isso! — o outro se aproxima também me avaliando.
— Podemos fazer uma maquiagem leve, como o casamento é no pôr
do sol, podemos fazer assim, tão natural quanto a luz do dia, você irá ficar
linda — ele fala e parte para a sua maleta abrindo cheia de coisas, tudo que
se possa imaginar — você se depilou Darling? — ele pergunta e eu me
engasgo — calma foi só uma pergunta — ele diz e gargalha levando todos a
rir também.
— Gente! — exclamo assustada sendo empurrada para a cadeira em
frente a penteadeira.
— Vamos Darling, temos três horas para te deixar linda para aquele
bofe escândalo que você tem. — O que mexeu em meus cabelos diz já se
preparando para ajeitar suas coisas sob a penteadeira — Vamos deixá-la
uma noiva de parar completamente a Rússia — ele conclui iniciando o seu
trabalho, o outro começa pelas minhas mãos, fazendo as unhas e depois
segue para o pé finalizando o trabalho.
Nesse meio tempo Donatella e Isaellyn deixaram o quarto me
deixando com esses dois malucos que cumpriram o que vieram fazer.
Após maquiada como se deve e arrumada é hora de vestir o vestido
eles me ajudam, e que Andrei não saiba que teve homens tocando em mim
por que ele é capaz de matar seja lá quem for.
Após vestida, eles dão os últimos retoques no cabelo e maquiagem.
— Querida você está linda — um deles fala.
— Que inveja — o outro retruca.
— Obrigada — agradeço aos dois enquanto eles guardam as suas
coisas.
— De nada querida, vá lá e arrase, é o seu casamento o bofe é seu,
mas a festa é nossa, se case seja feliz! — ele diz se despedindo de mim com
dois beijos, um em cada lado do meu rosto e o outro faz assim também.
— Olhe escute, não é à toa que ele me segurou — ele diz e ri me
felicitando pelo casamento, ambos saem pela porta me deixando sozinha no
quarto.
Olho tudo ao redor ali, a cama, o closet que já está praticamente
vazio com apenas algumas peças que foram deixadas por alguma
eventualidade, nada mais poderá dar errado, estamos felizes e isso é o que
importa, me assusto quando a porta do quarto se abre e Dante passa por ela,
elegante e com um sorriso no rosto.
— Correu tanto e aqui está você, indo para se casar com o idiota do
irmão do meu cunhado — ele diz se aproximando de mim pegando em
minhas mãos para me olhar melhor — que o filha da puta cuide bem de
você, porque senão eu o arranco o seu bem mais precioso, promessa do
capo. Avise-me de lembrá-lo disso depois — sorrio com a sua preocupação,
ou seja lá o que tudo venha ser.
— Ele sabe Dante, e não fará essa loucura — digo a ele que assente.
— Bom vim buscá-la para levá-la a igreja, já tem toda uma
segurança armada para nos acompanhar, mas antes quero falar com você —
ele diz e eu aceno a cabeça em concordância — sabe que não conseguimos
achar a Leila certo, andei investigando e ela está sendo procurada pela outra
máfia N’drangheta, não nos envolvemos nos negócios deles, assim como
eles não se envolvem nos nossos. Não podemos causar uma guerra por
alguém desnecessário, preferi falar com você por que Andrei lhe escuta,
então quero que não o deixe se envolver mais, já chega dessa merda toda.
Se ela estiver realmente grávida a essa altura já teve a criança não sabemos
onde está e nem em que condições, mas não vamos nos envolver. Já falei
com Donatella que também sabe então vocês duas segurem seus maridos
para que eles não entrem em uma guerra — ele conclui.
— Okay Dante, não deixarei Andrei se envolver, que ela permaneça
distante de nós — digo e ele assente logo estendendo um sorriso
— Então vamos porque temos um noivo muito louco no altar
esperando talvez uma possível noiva fujona — ele diz e eu gargalho.
— Vamos sim, eu não vou fugir. — Saímos do quarto de braços
dados e quando chegamos a escada Dante me ajuda com o vestido,
Donatella e Isaellyn estão na sala e logo se aproximam para me ajudar.
— Onde estão as crianças? — pergunto.
— Valéria está com elas. — Donatella diz.
— Então vamos? — Isaellyn pergunta — Minha irmã está muito
linda, espero que seja muito feliz, se não serei capaz de arrancar as bolas do
seu marido irmã, com o perdão da palavra meu esposo — ela fala e olha
para Dante que tem um olhar felino sobre ela — Mais tarde poderemos
acertar nossas diferenças amore mio, agora vamos casar minha irmã — ela
diz toda feliz e Dante sorri não levando a sério nada do que ela diz.
Saímos da casa e do lado de fora há cinco carros nem sei em qual
vou, estou até confusa pois são todos iguais, como se estivesse vendo a
confusão em meu rosto Dante explica:
— Você irá no carro entre os quatro que estão juntos parados, os
dois da frente são de Andrei e os de trás são meus então estará protegida por
ambos os lados — ele diz e eu marejo os olhos nunca recebi tanto cuidado
assim — Não chore, não queremos deixar uma noiva cadáver na igreja,
Andrei sairia correndo. — Ele fala e eu sorrio espantando as lágrimas.
— Okay, não me arrumei toda assim para não ter um casamento,
então vamos.
E com isso Dante me ajuda descer enquanto Donatella e Isaellyn se
preocupam com a calda do vestido, entro no carro meio desajeitada, mas
entro, e assim partimos para a igreja, a cada momento que passa meu
coração falta sair de dentro da caixa torácica, nem acredito que irei me
casar, Dante percebe meu nervosismo e tenta me acalmar pegando em
minha mão fazendo círculos calmantes, o que não faz muito efeito estou
nervosa demais.
Depois de meia hora chegamos à igreja, há vários carros parados e
muitas pessoas do lado de fora, mas que passam a entrar assim que eu desço
do carro.
Dante para ao meu lado, as meninas arrumam a calda do meu
vestido e entram na igreja, mas antes me desejam sorte e eu só tenho de
agradecer por tudo.
— Pronta? — Dante pergunta ao meu lado e eu aceno em positivo,
mas não sem antes o agradecer.
— Obrigada por entrar comigo e me levar até o altar — digo a ele
que sorri.
— É um prazer fazer isso, tenho que treinar, afinal tenho uma filha,
que Deus me dê forças, um dia irá se casar. Que Deus tenha piedade e que
eu não mate o seu noivo antes. — Ele diz e eu gargalho — Isso sorria, entre
nessa igreja radiante — aceno e então nos dirigimos para a porta.
E do lado de fora o nervosismo toma conta, quando a marcha
nupcial toca, as portas se abrem todos os olhos se voltam para mim, mas os
olhos que mais me interessam estão no altar esperando por mim em uma
impaciência que está refletida em seus olhos, mas assim que me vê esboça
um sorriso contagiante que me faz sorrir também, adentramos a igreja aos
sons de suspiros das mulheres que lamentam por Andrei estar se casando,
percorrendo o pequeno caminho chego ao altar seus olhos estão marejados e
isso é tão nítido.
— Cuide dela rapaz, senão eu te decapito — Dante diz a ele antes de
me entregar e Andrei apertar sua mão.
— Cuidarei, pode deixar! — e com isso Dante beija a minha testa e
se afasta, Andrei beija a minha mão e nós nos viramos para o padre que
inicia a cerimônia ditando os direitos e deveres do marido e da esposa.
A todo momento Andrei me olha e sorri ele está nervoso assim
como eu estou, mas logo passará, após todo o sermão é hora de trocar os
votos Andrei retira de dentro do bolso uma caixinha de veludo preta, ele fez
questão de trazer as alianças, então não tive daminha de honra, ele retira as
alianças da caixinha depositando a dele sobre a palma da minha mão e a
minha sobre a sua o padre recita a benção e logo em seguida nos avisa sobre
a troca de votos e fala para que Andrei inicie.
Andrei olha para mim e sorri pegando a minha mão esquerda e me
olhando nos olhos recita os seus votos.
— Eu Andrei Nickolaievy aceito Morgana Layeshi como minha
legítima esposa. Prometo-lhe ser fiel na alegria ou na tristeza, na saúde ou
na doença, na riqueza ou na pobreza, até que a morte nos separe. Quero
dizer que a minha vida é essa mulher, que o meu amor por ela já vem de
anos, mas só agora podemos realmente ficar juntos. Por isso, não poderia
perder a oportunidade de enlaçá-la para sempre antes que ela fugisse
novamente. Agora você é minha até o último dia de nossas vidas — ele
termina colocando aliança em meu dedo anelar esquerdo, estou tremendo de
felicidade. Ele beija a aliança em seguida e pisca um olho o que me faz
sorrir — agora é a sua vez, quero ver o que tens a me dizer — ele sussurra e
eu engulo em seco.
Segurando sua mão olho para ele o analisando, ele espera os meus
votos pacientemente e franze o cenho quando eu não digo nada, estreita os
olhos em minha direção e eu suspiro tomando coragem.
— Eu Morgana Layeshi aceito Andrei Nickolaievy como meu
legítimo esposo. Prometo-lhe ser fiel, na alegria ou na tristeza, na saúde ou
na doença, na riqueza ou na pobreza, até que a morte nos separe. Quero
acrescentar que sempre amei esse cabeça dura desde novinha, quando era
apenas uma menina. Cresci, nos envolvemos, ele me fez sofrer um pouco,
mas aqui estou eu entregando a minha vida e o meu coração a ele. Por isso
eu também não poderia deixar você fugir, e já aviso as mulheres de plantão
que Andrei Nickolaievy está fora do mercado por tempo indeterminado, ele
é meu agora e eu cuido do que é meu, tanto que devo acrescentar de que
além de ser um homem casado é pai de dois filhos, então melhor não se
aproximarem — concluo e se escuta um “Óh” na igreja Andrei me olha
estático, abre e fecha a boca algumas vezes. Coloco a aliança em seu dedo
anelar esquerdo e o beijo em seguida, mas ele continua estático.
— O que disse? — ele pergunta — Eu? Pai de dois filhos? Como
assim?
— Como se fazem os bebês Andrei, você sabe muito bem. — Falo e
ele que pisca várias vezes.
— Você está grávida Morgana? Sério?
— Sim estou, três meses mais precisamente, foi um sufoco esconder
isso de você — ele lacrimeja os olhos e olha para a minha barriga.
— Mas....
— Ainda é cedo para a barriga aparecer e antes que queira saber,
não sei o sexo — falo a ele que sorri como se eu tivesse adivinhado a
pergunta em sua cabeça.
— Bom — o padre quebra a bolha e Andrei bufa impaciente — pelo
poder em mim investido pela igreja eu vos declaro marido e mulher, pode
beijar a noi... — o padre nem termina de falar pois Andrei já atacava minha
boca em um beijo quente e envolvente.
Assim que nos separamos pela falta de ar, Boris e Donatella vem
nos cumprimentar e parabenizar pela gravidez.
— Agora saberá como é uma gravidez Andrei — Boris diz a Andrei
que gargalha.
— Sim, agora saberei — ele fala e olha para mim — e farei de tudo
para realizar os desejos malucos dela — franzo o cenho sem entender logo
Dimitry chega e eu o pego no colo, mas o menino é tirado dos meus braços
por Boris.
— Não pode pegar peso senhora Nickolaievy, essa criança tem que
vir saudável — ele diz e sai pelo corredor da igreja com Dimitry no colo
para todos terem a oportunidade de nos cumprimentar.
Estava em uma aura de felicidade quando Valéria me chama em um
canto.
— Senhora Morgana tem...
— Por favor só Morgana, sem a palavra senhora sim — digo a ela
que assente.
— Tem uma mulher na sacristia chamando pela senhora e pelo
senhor Andrei ela disse que precisa falar com vocês dois.
— Ela disse o nome? — pergunto achando estranho.
— Não, ela disse que é coisa rápida que precisa ir embora rápido —
Valéria diz e eu aceno.
— Irei chamar Andrei, obrigada Valéria — agradeço a ela que sai
logo em seguida.
Volto para Andrei o chamando em um canto longe de todos e falo o
que Valéria disse seu corpo se enrijece e sua postura se torna maior, ele
acena para as pessoas e assim caminhamos juntos para a sacristia para saber
o que a mulher quer conosco.
EPÍLOGO....

24 ANOS DEPOIS....

Curiosos para saber sobre o que aconteceu aquele dia na sacristia da


igreja no dia do meu casamento? Como nossa vida mudou daquele dia em
diante, como eu me sinto agora após 24 anos? Te contarei o que houve
aquele dia.
A cada passo que dávamos para dentro do corredor que levava a
sacristia eu ficava nervosa, Andrei segurava a minha mão com firmeza
enquanto caminhávamos e ao chegarmos a porta a abrimos entrando na
sala, quando olhei em cima da mesa redonda havia um cesto com um
cobertor rosa, franzi o cenho sem entender o que estava acontecendo
naquele momento, Andrei olhou para mim e buscou uma reposta, ele se
aproximou da mesa e mexeu o cobertor foi quando eu vi uma mãozinha
pequenina cheia de dedinhos saltar para fora da coberta, arregalei os meus
olhos naquele momento de susto, era uma criança. Andrei a pegou de
dentro do cesto em seu colo e me olhou novamente sem entender e sem
saber o que fazer diante daquilo seja lá quem fosse não poderíamos
imaginar o que seria daquela criança ali.
Me aproximei dele e da criança e a olhei, ela tinha os olhos claros,
azuis mais, precisamente e de fato era uma menina que logo agarrou meu
dedo com força me fazendo sorrir apaixonei-me por ela no mesmo instante.
— Eu precisava que vocês se apaixonassem por ela — a voz de uma
mulher saiu detrás da cortina e quando Andrei se virou para olhar ele
sussurrou um — Merda!
Me lembro claramente de tudo que aconteceu aquele dia.
— Leila o que faz aqui, o que você quer aqui no dia do meu
casamento? — Andrei questionou a ela colocando a menina no cesto
novamente Leila, se aproximou e tocou em sua mão para impedi-lo de
colocá-la.
— Não a despreze, ela não tem culpa da mãe que tem — ela disse a
ele e olhou para mim — segure-a por favor — ela falou a mim, então eu
peguei a menina antes que Andrei a colocasse no cesto novamente e a
aninhei em meu colo.
— Sério, realmente o que quer? — Andrei perguntou fardado.
— Eu... quero que cuidem dela para mim, que a amem como eu não
serei capaz que a eduquem para ser uma boa mulher — ela disse.
— O que você... — Andrei me cortou erguendo a mão.
— O que está dizendo? — Andrei perguntou a ela.
— Estou entregando minha filha nas mãos de vocês para que
cuidem dela, ninguém sabe que eu a tive. Por favor nunca digam de quem
ela é filha. Ela é sua sobrinha Andrei, ela é filha de Damien, eu... eu vou me
entregar a N’danghreta, eles estão a minha procura consegui me esconder
até agora para proteger essa criança que não tem culpa de nada, eles não
sabem da existência dela e eu quero que assim permaneça, porque se eles
souberem podem vendê-la para o tráfico humano ou fazerem pior, como
matá-la. Ela tem o direito de viver, por favor — ela suplicou a Andrei
naquele momento e quando olhei para Andrei ele não tinha emoção
nenhuma em seu rosto, nem parecia o homem que estava da porta para fora
daquela sacristia, ou seja, o homem que eu havia me casado a pouco menos
de uma hora.
— Andrei? — o chamei e quando ele me olhou seus olhos pousaram
na criança em meu colo ele engoliu em seco, naquela hora eu entendi que
para ele poderia ser difícil ter que criar o filho do seu irmão, aquele que
atentou contra a vida do seu filho e contra a minha, mas por outro lado a
criança não tinha culpa.
Leila se mexeu de seu lugar e os olhos de Andrei correram nela
como flecha no alvo.
— Pare onde está, não se aproxime — ele ditou em voz firme —
Como acha que iremos esconder essa criança se acabamos de nos casar, está
maluca Leila? — ele perguntou a Leila que engoliu em seco também.
— Eu só quero que cuidem dela, não sabendo de quem ela é filha,
só espero que ela seja bem cuidada e cresça uma mulher diferente do que eu
sou, ou ao menos fui, não sei — ela se atrapalhou nas palavras — eu irei me
entregar amanhã — ela disse e olhou para a criança, ela mexeu em sua
bolsa e retirou um papel de dentro dela — Esse é um documento onde eu
passo a guarda definitiva da menina a você Morgana e para você Andrei,
abro mão dos meus direitos de mãe os cedendo a quem irá cuidar dela, está
registrado legalmente, é só vocês assinarem e depois registra-la como de
vocês, a única coisa que eu peço é que vocês deixem somente o nome que
eu escolhi para ela e nunca, nunca mesmo digam que eu sou sua mãe — ela
disse estendendo o papel a Andrei que passou o olho rapidamente e
coçando a sua nuca andava pela sala olhando o papel.
— Como acha que eu... — Andrei parou de falar e olhou para a
criança em meu colo novamente, estreitou os olhos naquele momento e
quando olhou para mim eu tive a certeza de que ele estava me questionando
sobre a decisão a ser tomada — Morgana?
Ele perguntou e quando eu olhei para a menina em meus braços com
os seus olhos pequenos azuis como o céu eu acenei positivo com a cabeça e
ele fechou os olhos e beliscou a ponta do seu nariz um ato nervoso.
— O que pretende Leila? — ele perguntou a ela — Eu poderia
matá-la aqui mesmo, pouparia o trabalho da N’drangheta — o nome sai
escorrendo de sua boca como se fosse veneno.
— Eles saberiam sobre ela — ela falou — Eu me entregarei
amanhã, morrerei tenho certeza, mas eles nunca saberão que existe uma
herdeira de toda aquela merda, não quero minha filha sendo caçada por
isso, sei que vocês podem amá-la, você será um bom pai para ela Andrei —
ela diz a ele que suspira.
— Como saberei que não está mentindo? — ele perguntou a ela.
— Não estou mentindo, irei fazer isso, você receberá a notícia da
minha morte — ela afirmou e Andrei assentindo se aproximou de mim.
— É isso que você quer? Quer criar essa menina como sendo nossa?
— ele me perguntou e olhei para Leila que estava com o olhar de súplica,
ergui a cabeça olhei para Andrei e respondi:
— Sim! Vamos criá-la, apesar de todo mal que Leila nos fez, apesar
de ter ajudado Giancarlo, a menina não tem culpa, uma mãe sabe o que é
melhor para o seu filho, não gostaria de saber que por negligência nossa
essa criança tivesse um destino cruel — ele assentiu e procurou por uma
caneta pela mesa, encontrando uma assinou o papel e me entregou para que
eu assinasse também, em seguida Leila assinou.
— O nome dela é Katherine — Leila disse depois que entregou o
papel de volta a Andrei — obrigada!
Ela disse e olhou uma última vez para a filha em meus braços e saiu
porta afora deixando a menina conosco, olhei para a porta que ela saiu e
fiquei atônita na hora, ela realmente fez aquilo, eu jamais poderia imaginar.
— Sabia que a vontade que eu estava era de matar aquela mulher. —
Andrei me disse segundos depois.
— Vamos cuidar de Katherine Andrei — disse a ele que assentiu e
olhou para a menina — Até que ela se parece com aquele merda que era
meu irmão — ele concluiu — preciso chamar Boris para resolver essa
bagunça toda.
Quando Andrei pegou o celular para ligar para Boris ouvimos
freadas de pneus no asfalto e o barulho de tiros em sequência, o olhei de
olhos arregalados, Andrei me deu um beijo rápido e saiu depressa pela
porta. Peguei o cobertor da menina a enrolei e saindo pela porta vi Valéria,
a chamei entreguei Katherine e pedi que cuidasse dela, ela olhou sem
entender nada, mas fez sem questionar.
Sai porta afora da igreja e vi um aglomerado de pessoas em uma
roda quando me aproximei vi o corpo de Leila estirado no chão com várias
perfurações. Seu corpo ali inerte sem vida e o responsável estava no carro
mascava um chiclete e olhava para o seu feito.
— Fiz o que tinha que fazer, essa puta não engana ninguém nunca
mais. Desculpe por fazer isso em seu território, mas era o certo a se fazer,
agora a linhagem dessa escória acabou de vez — ele disse erguendo o vidro
e saindo cantado pneu.
Pensei imediatamente em Katherine o que teria sido dela se ela
estivesse no colo de Leila?
Mas ela estava conosco, a criaria como minha, agora ela não tinha
mais ninguém por ela.
E assim fiz...
A criei, junto a Dimitry e Tatiana, meus três filhos.
A primeira palavra que saiu da boca de Katherine foi papai, Andrei
não esperava se surpreendeu, hoje ele a ama como sua, assim como a
Dimitry e Tatiana e querem saber do que mais?
Acordei Andrei várias vezes com desejos loucos...
E ele decidiu por si próprio nunca mais me ver grávida, fez uma
vasectomia e então nunca mais tive filhos.
Essa história, Dimitry sabe por que já era maior quando Katherine
chegou em nossas vidas, assim como Ivan e Natasha, todos tratam
Katherine como se realmente ela fosse de fato nossa filha, ela é uma
Nickolaievy, mas de um jeito torto.
Então nós, que somos seus tios, as criamos como nossa.
Isso é um segredo de família, espero que guardem com vocês, em
meio a tudo isso há uma máfia que se tornou rival para nós e para a Cosa
Nostra, eles esperam aliança, mas jamais deixarei que minha filha se case
para garantir a paz.
Mesmo se vivermos em guerra nenhuma delas será entregue como
moeda de troca e o mesmo se segue com Natasha.
Boris morre por sua filha e jamais deixará que essa aliança ocorra
entre nenhum de nossos filhos.

FIM...
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a todos vocês que embarcaram comigo nessa


história, que xingaram nosso cafajeste de tudo e qualquer coisa, mas no fim
vemos como o amor pode mudar as pessoas.
Foi uma aventura surreal essa história, nossa foi demais viver tudo
dentro de um livro, mas valeu a pena cada detalhe mesmo que não agrade a
todos valeu.... A você que abaixou o e-book espero que a leitura tenha o
agradado, faço com muito carinho...
Obrigada de coração...

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PRÓXIMO LANÇAMENTO

SINOPSE

Katy Ferraro esconde um passado.


Morando a algum tempo na cidade de Miami, para a sua sobrevivência
ela não encontrando uma alternativa torna-se uma garota de programa. Seu
primeiro cliente é um homem misterioso e sensual e que poderá ser a sua
salvação ou a sua total ruína.
Aleksios Dobrev um homem perigoso e imponente, letal. Chefe da
Máfia Russa, matou seu tio de forma cruel. Temido por um lado e odiado
pelo outro, ele tem o que quer, ou ao menos, era o que parecia.
Após um roubo em seus negócios, ele precisou ir a Miami resolver
pessoalmente. O que ele não contava era que ali começaria uma nova
página na sua história, onde seu mundo que ele controlava como ninguém
passou a ser desconhecido. Alguns dizem que ele é manipulador, que gosta
de brincar com a vida das pessoas, mas o quanto isso é possível? Uma
mulher pode virar o seu mundo e tudo o que acredita de cabeça para baixo?
Ela poderá derrubar as barreiras impostas por ele há muitos anos e se
instalar no mais profundo?
Sejam bem-vindos à Dominium.
Moscou, uma semana antes.

Desde o dia em que cortei a cabeça do meu querido tio na Itália, eu


detenho o poder da Russkaya Mafiya. Isso se deve ao italiano que tinha o

infeliz do meu tio metido em seus negócios junto ao pai de sua esposa.

Ellijah Guarnieri é o chefe da Cosa Nostra na Sicília e nós


mantemos um pacto. Não somos inimigos; ele me ajudou, eu o ajudei, nós
nos ajudamos. Sua esposa é uma mulher muito bonita e, se eu estivesse
naquela época à procura de problemas, poderia muito bem cortejá-la, afinal

ela queria ir embora, de certa forma, era o que parecia.

E hoje, cinco anos depois de toda aquela merda, me encontro mais


fodido do que estava antes. Matar o meu tio não foi o suficiente, eu
precisava de mais, muito mais.

Nascer da forma como nasci e vindo de onde eu vim, jamais seria


aceito como um nobre sucessor do Pakhan. Na realidade, meu pai era. Mas

como ele nunca se casou ou não teve tempo para isso, meu tio acabou por

ocupar seu lugar, o meu lugar na linha de sucessão. Eu queria muito mais
do que apenas o meu lugar por direito, eu queria poder; mas ele, na primeira

oportunidade, tirou de mim o que eu mais amava de forma imunda e cruel.


E, desde que o matei, fiz o meu ponto pelo caminho. Foi preciso

derrubar muitas pessoas para exigir meu lugar, para ter meu direito e eu o
fiz.

Todo mundo me teme e temem o que represento. Eu represento o


caos, o descontrole dentro dos limites da minha organização e fora dela

também. Tenho sangue em minhas mãos e não é somente das pessoas que

deveriam pagar com suas próprias vidas por algo. Há um sangue inocente
escorrendo por entre os meus dedos todos os dias, mesmo que ninguém o

veja.

Eu sou um homem rico, poderoso, dono de bilhões em Moscou.

Todavia, nesse momento, há uma merda muito grande acontecendo com os


meus negócios em Miami e eu não posso ficar de braços cruzados.

Há um infeliz mexendo com os meus negócios e eu preciso saber

quem é. Essa viagem a Miami não estava em meus fodidos planos, mas é

inevitável.

— Chefe? — Ouço o chamado de um dos meus homens.

Deixarei Moscou nas mãos do meu irmão por alguns dias, não que

eu confie nele, apenas não tenho outra opção.

— O que há?

— Está tudo pronto para decolar para o seu destino.


— Onde está Ivan?

— À sua espera, chefe.

— Muito bem! Eu já estou saindo.

Não disse a ninguém qual seria meu destino. Muitas coisas que

acontecem prefiro resolver sozinho e a minha maneira, nem que para isso

eu precise arrancar algumas cabeças por aí.

Dizem que sou manipulador, um diabo insensível, que gosto de me

divertir com o sofrimento das pessoas e... sinto desapontar, mas não estão

errados.
CAPÍTULO 1.

Eu já estava há muito tempo nessa cidade, uma semana havia se

passado e estava em uma abstinência dos infernos. Decidido, resolvi ligar


para uma acompanhante qualquer que me deram o número na agência.

Quando liguei e a garota atendeu, não perguntei por nada, apenas fiz um
comentário sutil sobre sua escolha para se apresentar - “profissional do
sexo” - nada era mais decadente do que isso. Mas, enfim, pouco me
importava.

Marquei o encontro e fui para o escritório onde encontrei Ivan

sentado em umas das cadeiras em frente à minha mesa com sua habitual
carranca e postura.

— Eu já lhe disse que essa coisa de alugar mulheres ainda vai lhe

colocar em maus lençóis, Aleksios... — ele resmungou descontente, mas


não dava a merda da minha atenção às suas palavras.

Eu não iria ficar sem foder porque ele estava em seu momento

“chilique” por conta do que queria fazer. Mas, não mesmo. Eu sei me cuidar
e jamais uma mulher terá poder sobre mim! Já era para ele saber disso; pelo

menos, nunca mais nenhuma teria.


— Eu já lhe disse milhares de vezes que não dou a mínima para o

que você diz, eu preciso foder, se não irei enlouquecer — respondi neutro,
porém a vontade de quebrar sua cara com olhar estoico estava ali, contida.

— Eu cuido da sua segurança Aleksios e...

— Sim, da minha segurança e não do meu pau, dele as mulheres


cuidam! — respondi, cortando-o — O que tem para mim? Encontrou o

infeliz?

— Sim, já o encontrei. Estamos com ele no armazém do lago, ao sul

— ele responde.

Eu demorei uma semana para encontrar o maldito infeliz, eu teria o

meu tempo com ele.

— Ele estava no domínio do irmão de Ellijah, tivemos um pouco de

trabalho para o retirar de lá; já que, ao que me parece, Matteo não vai muito
com as suas fuças — ele continuou dando de ombros.

— Mas retiraram, isso é o que importa. Ele não vai muito com a

minha cara por causa de sua esposa — respondi, lembrando-me do quanto

Matteo ficou fodido por esses anos todos com a minha presença nos
negócios.

— Ele ameaçou colocar uma bala em você, Aleksios.


Eu ri. Matteo não perdia o costume. Uma vez eu o tive sob a mira da
minha arma, enquanto discutíamos o que fazer com o meu tio e com o sogro

do seu irmão. E quem diria, que seria tecnicamente seu sogro também,

aquela família italiana é uma bagunça dos infernos.

— Não se preocupe com isso, Ivan. Ele nunca o fará; então, vamos

logo resolver esse impasse com esse infeliz, pois preciso exorcizar meus

demônios.

Ivan levantou-se, ajeitou seu terno negro, colocando a escuta em seu

ouvido e logo me esticou uma também.

— Para que uma escuta, Ivan?

— Não me pergunte isso, Aleksios. Eu ficarei do lado de fora do

galpão e, qualquer coisa fora do comum, comunico a você através disso,


então já sabe para quê. Vamos lá, facilite o meu trabalho, chefe! Coloque

isso.

— Sabe que eu mando nessa porra toda, não sabe?

— Eu sei, mas da segurança quando o senhor sai da porta para fora,

cuido eu.

— Eu deveria meter uma bala em sua cabeça — resmungo puxando

a escuta.
— Você não pode fazer isso, sou um mal necessário — ele diz

encarando-me com um erguer de sobrancelha.

— Eu sou o mal aqui, Ivan — retruquei e arrumei a arma na cintura.

— Eu não disse o contrário.

Pouco tempo depois estávamos estacionando ao lado de fora do


galpão. O lugar era bem afastado e isolado, o que era bom para os planos

que eu tinha em mente. O filho da puta ia conhecer o dono dos negócios nos
quais ele imaginou que poderia passar a perna.

Pobre infeliz.

Deixei Ivan do lado de fora e entrei. Havia alguns homens

guardando o elemento que estava suspenso, amarrado pelos pulsos por


cordas. Só de olhar para ele minhas mãos tremem com fúria, maldito

infeliz. Meu peito queima de vontade de socar seu corpo até a morte, mas
isso seria muito fácil.

Assim que me aproximo mais, os homens acenam com a cabeça e


saem me deixando sozinho com o indivíduo. Eu o olho de cima a baixo e
quando sua cabeça se ergue e seus olhos me encaram, eu vejo o medo
refletido neles... Ele sabe que não vai ter escapatória, fodidamente sabe que

irá morrer...

— Eu... eu...

— Cale a boca, eu não disse que você podia falar alguma coisa — o
interrompi em sua tentativa de abrir a boca para provavelmente se

desculpar.

O homem diante de mim é um traidor. Olho para a corda, ela é

grossa o suficiente para que o contato com seus pulsos possa dilacerar sua
pele. Será que se elas estivessem ao redor do seu pescoço queimariam sua
garganta em um aperto sufocante? Rodeei seu corpo observando a forma

como ele foi amarrado. Foi um bom trabalho, devo admitir, mas ele ficaria
melhor de outra maneira...

— Vlad! — gritei um dos homens que estavam no canto, alheios a


minha inspeção.

— Sim, chefe!

— Providencie uma cadeira, um banco, qualquer coisa que possa


manter esse infeliz com seus malditos pés em cima, — ele formou um vinco

confuso entre as suas sobrancelhas — e chame o outro para desamarrar o


infeliz e passar a corda pelo pescoço dele. Sabe fazer o nó, não sabe?

— Perfeitamente, senhor. — Ele respondeu prontamente.


— Então, vá! — dispensei-o e caminhei ao redor do homem que me
olhava cada vez mais apavorado.

— Não tenha medo, — sussurrei em seu ouvido — de um modo ou


de outro você sabe como isso acabará, não sabe?

— Eu... não fiz nada, pegaram o homem errado — ele se lamuriou.

Pena que eu não acredito em mentirosos.

— Sempre dizem isso... Eu acredito que está na hora de vocês

mudarem o repertório, está muito repetitivo e isso me irrita.

— Mas, eu...

— Cale-se! Você terá sua hora de falar e responder tudo que eu


quero saber, porque isso vai acontecer; então, tenha calma, temos tempo.

Logo os homens voltaram com o que pedi e começaram a mover o

homem da forma que eu queria. Ele protestava muito, infindáveis nãos


saiam de sua boca, ele lutava para se livrar, certamente querendo fugir e eu

estava ficando entediado. Havia algum tempo que não tomava para mim a
responsabilidade de tratar com traidores. Mas que caralho, preciso mostrar

que ninguém brinca com meus negócios bem debaixo do meu nariz.

Estou numa frustração dos infernos e encontro-me com razão para

queimar tudo isso hoje. Eu não vou mandar recados, nunca fui de os mandar
na verdade. Eu não vou gastar meu tempo ensinando a esse maldito infeliz
qual é seu compromisso com a organização. Da maneira como eu queria
que estivesse, os homens o deixaram e foram para o lugar onde estavam
anteriormente.

Retirei a parte de cima do meu terno, calmamente jogando-o em um


canto próximo a uma pilastra. Abri pacientemente os botões dos punhos da

camisa social branca que vestia e fiz tudo isso sob o olhar atento do homem
em mim. Eu podia sentir seu medo de longe, conseguia ouvir sua respiração
a cada segundo mais irregular; ele ofegava mais que um cavalo que correu

uma enorme extensão em quilômetros.

— Você estava planejando foder meus negócios e pensou que eu


nunca saberia? — fervi a pergunta. Eu não era bonzinho, nunca iria ser...

Uma vez eu fui, perdi muito mais do que deveria; não haveria uma segunda

vez na minha vida para nada.

Ele me olhou e vi o relapso de uma personalidade que sabia que


estava lá... Eu vi o desafio passar pelos seus olhos, o infeliz estava com a

corda no pescoço e ainda queria brincar; bem, não tenho problemas com

isso.

— Eu só fiz o que me disseram — ele respondeu.

Muito fácil, não é?

Uma resposta muito fácil que não me agradou em nada.


— Fez o que lhe disseram? — perguntei e gargalhei — Que caralho

no inferno você fez o que lhe disseram? O que sua organização lhe disse
para fazer? — gritei em seu rosto — Quem? — perguntei.

Eu sabia que ele não ia dizer naquele momento. Tinha comigo ali

não só uma arma de fogo, adorava facas, como gostava daquele objeto
afiado... Abaixando-me um pouco, peguei-a por baixo da barra da minha

calça e quando me ergui, mostrei-a bem em frente aos olhos do homem. O

reflexo dela reluzia, passei a ponta em seu rosto, fazendo com que um filete

de sangue se formasse pelo caminho.

— Eu não sabia o que eles iriam fazer — ele continuou.

Uma pena, porque eu não estava acreditando naquilo. E também não

espero por um pedido de perdão. Eu o encarei severamente, seria mais


aconselhável que dissesse a verdade de todo modo. Negociar perdão ou

desculpas não é um termo muito bem-vindo por mim. Ele vai morrer e não

me importa o quão covarde esse infeliz possa ser. E, esconder o culpado,

não fará a mínima diferença para o seu destino agora.

— Diga-me, em que momento achou que poderia passar por cima de

mim? — pressiono a ferida recém-formada pela ponta da minha faca em

seu rosto. Seus lábios franzem em um grito contido, ele está segurando a
dor; eu tenho em minha frente um saco de merda orgulhoso e isso me faz rir
por dentro, porque uma vez merda, para sempre merda — os segundos da

sua vida dependem de sua resposta.

Ele nada diz. E não estou com paciência para mais perguntas.

Caminhei lentamente até próximo a uma mesinha e me preparei para


avançar em minha maneira de questionar. Peguei um alicate, ele estava

novo. Sempre uso coisas novas com meus convidados, gosto de dar

exclusividade a cada um deles; pois, cada um é único. Retornando


calmamente eu não lhe faço nenhuma pergunta.

O primeiro golpe é recebido em sua mandíbula, o som dos ossos se

trincando é música para os meus ouvidos; no segundo, o urro de dor é


ouvido mais alto. Após uma sequência de murros e chutes, eu tenho o

merdinha condicionado a um monte de ossos trincados; mas, eu ainda não

acabei, ele não vai partir agora.

— Você tem algo a dizer? — questionei.

Ele continua calado. Então, com minha faca faço um rasgo em sua

camisa. Não me importa se ele tem família, ele não pensou neles em

nenhum momento quando se uniu a quem quer me destruir.

— Você ama sua família? — perguntei com um sorriso sombrio


dançando em meus lábios.
Ele ergueu sua cabeça e me olhou diretamente nos olhos. Ali,

naquele momento, eu vi sua fragilidade e iria brincar com aquilo.

— Você as ama...— respondi por ele — imagine só uma coisa:

quando eu terminar com você aqui, me dando o nome do infeliz ou não, eu

vou até elas, e sabe por quê? — agarrei seu pescoço, pressionando a corda

em volta dele e apoiei um dos meus pés no banco em que ele sustentava
seus pés — Você me deve e sua família vai pagar sua dívida, deveria ter

pensado muito nisso.

— Não, por favor. Elas, não!

— Elas não? — perguntei gargalhando — Óh sim, elas sim.

— Não, por favor! — ele repetiu.

— Me dê um nome e posso poupá-las — apertei-o.

A família sempre fará com que um homem conte todos os seus


segredos. Pena que comigo isso não funcione, eu não tenho família.

Um suspiro longo é ouvido e seus olhos piscam devagar perdendo o

foco, um nome é dito e a raiva se espalha por mim. O infeliz que mexeu

com meus negócios não viverá muito tempo.

Meus dedos deixam o pescoço do homem e a esperança, por um

segundo, pisca em seus olhos; mas, então meu pé empurra o banco e seu

corpo cede. A corda range, apertando seu pescoço, ao mesmo tempo que
ele, com os punhos amarrados, tenta em vão livrar-se do nó. Seus olhos se

perdendo ainda me miram, sua respiração ia sumindo gradativamente.

— Um dia, — ele diz baixo entre os gaguejos da dor em volta do

pescoço — você vai amar senhor...— meus olhos correm para ele e aperto
meus dedos em punho — e sua maior dor vai ser não poder fazer nada para

protegê-la — ele se sacode, na ânsia da morte que lhe convida a embarcar

— estou morrendo pela minha família — ele diz suas últimas palavras
enquanto seu corpo treme; logo suas mãos caem e seu corpo deixa de lutar

contra o inevitável.

É uma pena porque jamais vou amar de novo, nunca mais terei

sangue inocente em minhas mãos. Nas sombras da minha consciência, eu


sei o meu destino.

Abandonando o corpo flagelado ali, pego meu terno no canto

daquele chão e, passando pelos homens no canto da sala, aceno. Eles sabem
o que fazer. Vesti o terno e saí, encontrando Ivan do lado de fora, fumando

um cigarro com sua fisionomia carrancuda.

— O infeliz está brincando com você, Aleksios — ele murmura —

até quando?

— Deixe-o achar que tudo está fácil para ele, Ivan — resmunguei a

resposta.
Eu não quero que seja tão rápido, é um dom a pessoa saber esperar

pelo momento certo. Quanto tempo não esperei pela oportunidade de


colocar meu tio onde eu queria?

— Então?

— Então... deixe-o, algo me diz que teremos nosso encontro em

breve.

— Se você diz, não vou contrariar — responde jogando o resto do

cigarro no chão e entrando no carro — vamos lá, chefe! A sua boceta

chegará em breve. — Fecha a porta e eu entro do outro lado.

— Vamos lá...

Ivan dirige de volta pela rodovia enquanto meus pensamentos voam

com o vento. Eu nunca tive uma família e nunca vou saber o que é ter

uma...
CAPÍTULO 2.

Essa é uma vida de merda!

Diga-me uma grande novidade em volta disso?

Meus pais devem estar se revirando em seus túmulos e seus ossos


devem estar dando estalos constantes de vergonha. Mas, o que eu posso

fazer?

Minha vida está uma loucura e sei muito bem o que estou fazendo;

mas, preciso disso. Não deveria, tenho consciência de que não é o certo,
contudo espero que eles possam me perdoar por me perder nesse caminho.
Não é algo que minha mãe sonhou para mim e nem também aquilo que meu

pai queria para sua única filha.

Estando de frente a um hotel grande e luxuoso, não tenho mais


como voltar atrás; me dispus a enfrentar essa nova realidade em que me

encontro; todavia, será por pouco tempo, preciso acreditar nisso. Viver essa

vida é o que tenho que fazer agora, de momento é a minha única saída.
Enquanto olhava para o prédio imponente, estava ali realmente

prestes a deixar que alguém estranho tocasse meu corpo e que fizesse
comigo coisas que eu sequer posso imaginar; mas, esta é única saída para o

momento. Não sou uma puritana virgem e sei muito bem o que acontecerá

aqui, apenas não tenho muita sorte.

É como o ditado diz: “sorte no jogo, azar no amor”.

Mas, que raios estou pensando em amor?

O que ele me deu além de dor e sofrimento?

Sacudo a cabeça rapidamente enviando esses pensamentos para


longe.

Eu nem deveria estar pensando em nada, deixar minha mente vazia


é isso que eu deveria fazer. Ficar me lembrando irá me deixar mais

frustrada..., porém, são fatos que não posso esquecer, é a minha vida nesse
jogo todo.

Entro no hotel e o saguão é de tirar o fôlego. Tudo parece ser feito

de ouro; é realmente algo que nunca conseguiria pagar para usufruir, não

nessa vida que eu tenho agora e mesmo exercendo essa profissão por anos
afins... Isso é coisa de gente rica, com gosto muito refinado e isso

definitivamente não posso ter o luxo de desfrutar. Nesse momento, minha

vida se limita a trocados.


Assim que me aproximo do balcão da recepção, sinto que sou
observada e é comum eu sentir isso. Há algum tempo venho tendo essa

sensação.

Logo sou atendida por dois funcionários aparentemente gentis;

assim que digo que estou aqui para ir à cobertura, eles me acompanham até

o elevador. Confesso que estou nervosa, apavorada seria a palavra mais

correta.

E, merda!

É real, estou prestes a perder a decência e deixar meu corpo ser


usado por dinheiro. As unhas dos meus dedos quase não existem mais, pelo

tanto que eu estou as roendo por conta do nervosismo. O elevador sobe

muito rápido e logo estou na acomodação. Quando ele se abre, sou

apresentada a um mundo cheio de luxo. A recepção da cobertura é

acolhedora em alguns pontos, tem uma elegante sala de espera e também há

um celular de última geração sobre a mesa de centro, o que indica que quem

está aqui é muito rico e que alguns dólares nem fariam falta em sua conta
bancária.

O aparelho se acende, mas não emite nenhum som. Certamente deve


ser de algum executivo que tem muitos negócios e que não descansa

adequadamente.
Tudo é bem moderno. Mas, será que eu deveria chamar? Mas,

como? Não tenho nenhum nome em mente, até porque não foi me dito um.

Apenas a ordem no telefone, em um sotaque forte arrastado de

inglês com russo, pude perceber. Andei pesquisando algumas coisas por aí e
o idioma russo sempre me chamou a atenção. Não que eu quisesse aprender,

porém a forma como falam me parece interessante.

— Profissional do sexo, escolha interessante... — a voz ecoou


grossa ao telefone, o que fez os pelos da minha nuca se arrepiarem — Hotel

Four Seasons, às vinte e uma horas, na cobertura, — disse sem titubear —


e mais uma coisa, — prestei atenção — não se atrase, odeio atrasos! — e

com isso desligou a ligação; sem nome, sem nada, apenas o endereço.

E, por Deus! Esse lugar é enorme, além de caro. Quanto deve valer

uma noite nessa cobertura?

Seja quem for, é louco por gastar dinheiro com uma cobertura como

essa por uma noite. Obviamente constato que meu primeiro cliente é louco
varrido por gastar dinheiro com esse lugar ou, talvez, ele queira somente me
impressionar...

A quem quero enganar?

Me impressionar?
Eu sou, o que diríamos, uma meretriz. Alguém que vende seu corpo

e que não é digna de respeito. É isso que eu sou nesse momento. Além
disso, não sei nada sobre o homem que me chamou até aqui, além do forte

sotaque.

O que eu poderia saber sobre ele?

Russo, homem de negócios e que, provavelmente, é acostumado a


usar profissionais do sexo. Eu nem poderia me considerar uma, no fim das
contas...

Apavorada e sem nenhum sinal de alguém no apartamento, além do


celular caríssimo em cima da mesa de centro, decidi ligar para minha amiga

que tem experiência de anos nisso. Estava realmente tentada a fugir como
se eu nunca sequer estivesse estado aqui. Minha amiga é acompanhante de

alta classe, só serve ao alto escalão; então, por isso foi fácil ela me arrumar
esse tipo de trabalho. O mundo dessas coisas é regido por trás de disfarces e
segredos e, para todos os efeitos, eu poderia ser a moça da limpeza, aquela

que limpa toda a bagunça... o que é uma merda, de verdade. Eu sou o que
diríamos...classe baixa.

Contudo, meu novo cliente certamente não se importou com isso


quando ligou. Eu ainda penso que isso possa ser um desperdício do seu

tempo comigo, porque, veja bem, eu não sou como a Jess; não tenho uma
beleza estonteante, mas ainda assim devo ter algo, não?
Pegando o celular, ligo para Jess e aguardo até que ela atenda.

— Diga, Katy! O que quer que seja, não dê atenção. Os clientes

querem, você faz. O importante é o dinheiro ao final! — ela resmunga sem


nem ao menos ouvir uma palavra.

— Eu acho que não posso fazer isso, eu vou embora! — disse

rapidamente, andando pelo lugar com os meus saltos fazendo barulho pelo
piso escuro.

— Pare com isso, você pode e você vai! Sabe o quanto eu daria para
estar em seu lugar? Imagine, cobertura no hotel mais caro de Miami. Esse
homem é podre de rico, não desperdice essa chance. Faça tudo para você se

tornar uma “fixa” sempre que ele vier à cidade, homens assim temos que
nos desdobrar para agradar — ela fala, sem rodeios.

Nem sei por que liguei para ela afinal de contas.

— Jess, eu...

— Olhe, pense comigo: se você tiver um “fixo”, não precisa se


preocupar com outros homens possuindo o seu adorável corpo,

compreende? — pergunta sucinta.

— Eu sei, mas o fato é que...

— Não é nada, faça seu trabalho e se torne uma “fixa”, pelo menos
isso, o resto se ajeita depois e... me diga: por que está me ligando quando
deveria estar transando?

— Ele ainda...

— O quê? Não me diga que ele brochou?

Jess sempre precipitada.

— Não! — exclamei assustada — Ainda não o vi e você sabe... eu...


eu te contei ontem o que vi, não posso ter tido alucinações — confesso a

ela.

— Não se prenda a isso, ele nunca mais vai te encontrar. Eu já te


disse, Katy, o que aconteceu é passado — ela diz em tom firme.

Assim que cheguei nessa cidade, não conhecia ninguém. Eu estava

andando pelas ruas como se fosse uma foragida, não que isso estivesse
longe de ser verdade... porque sim, eu sou uma. Mas, não do modo que

pessoas erradas fazem; entretanto, de todo modo, tenho muito a perder. Jess

me encontrou por um acaso, totalmente perdida. Ela notou como eu olhava


tudo ao meu redor, sem reconhecer nada. Ela me ajudou, uma total

desconhecida que poderia ser alguém ruim; porém, ela não se importou.

Quando a questionei, ela me disse que existem pessoas piores no mundo e

que eu, com certeza, não era uma delas.

Algum tempo depois, como forma de agradecimento pela sua ajuda,

contei-lhe tudo sobre o motivo de eu estar aqui, em uma cidade que não era
meu lar. Se o que eu vi for verdade, não poderei mais ficar por aqui, terei

que desparecer; mas, para isso, preciso de dinheiro. A última vez que vi
aquele rosto, estava todo sujo de sangue e eu fui a causadora disso.

— E digo mais, — ela continuou quando percebeu que eu não disse

nada — isso que está fazendo não é tão horrível... quantas de nós não
encontramos um amigo ou até mesmo um parceiro? — questionou — Você

tem culhões, é linda e está tudo certo. Não se preocupe com nada, o passado

não vai mais te aborrecer. E veja bem onde você está, Katy, não há maneiras

dele te encontrar, essa cidade é enorme!

Eu ponderei sobre isso por um momento; mas, o que Jess não

entendia, é que para ele isso pouco importava, era o de menos. Eu tinha um

passado e ele estava tão perto que eu podia senti-lo. Eu era feliz, porém, da
noite para o dia, tudo mudou. Para quem está de fora, tudo é muito fácil;

mas, viver com o peso sobre os ombros é algo relativo.

Eu comecei minha vida sexual ainda no ensino médio, gostava de

provocar os garotos. Até certo ponto, foi bom para mim. Eu tenho o corpo
exatamente com tudo no lugar, nunca tive problemas com homens; mas,

agora, depois de tudo o que aconteceu, quando fui apresentada ao causador

da minha desgraça, eu pensava ter encontrado alguém para ser meu parceiro
de vida, mas nunca estive tão enganada e jamais achei que iria vivenciar

aquele tormento.
— Você se sairá bem, Katy! — ela disse segundos depois — Agora,

desliga esse telefone e entre em seu personagem, você sabe muito bem

como incitar um homem. Lembre-se das três coisas: seu corpo, suas regras
e seus desejos. Não o deixe ultrapassar a linha do aceitável. Podemos fazer

sexo por dinheiro, mas não somos escravas, okay?

— Tudo bem — respondi respirando fundo.

Era o que eu tinha que fazer, não podia viver com medo
eternamente. Eu estava sozinha em uma cidade enorme, quais as minhas

reais possibilidades?

— Então, vá! — e com isso ela desligou, sem ao menos se despedir.

Uma característica de Jess.

Então, guardando o meu telefone, olhei ao redor do lugar,

procurando por algo. Lembrei-me do que ela disse — eu sabia incitar um

homem, eu era esperta e insolente. Não foi essa a forma como minha mãe

me ensinou, ela deve estar me amaldiçoando agora. Dificilmente


encontrariam alguém doce refletida em mim, eu sabia por que estava

fazendo aquilo e precisava fazer isso para ter condições de fugir de novo.

Os anos se passaram, mas agora o passado retornou para me assombrar, não


pode ter sido alucinação...
Mas, uma coisa eu tenho sempre em mim: nunca mais confie em

nenhum outro homem. E isso me fez pensar que há mais de quatro anos eu
não tenho um; porém, se eu refletir por outro lado, sexo é como andar de

bicicleta, certo?

Eu não entendo por que fui me perder com quem não deveria. Como

eu não desconfiei de nada?

— Merda! Não sei se consigo... — murmuro para mim mesmo.

“Pense no dinheiro!”

O pensamento interior sussurrava dentro de mim.

Encontrei um espelho e olhei meu reflexo nele. Eu posso fazer isso!


Olhei como estava vestida; um vestido vermelho, curto e sexy que deixava

a curvatura dos meus seios à mostra e as minhas coxas ficaram nuas

também. Estava bem colado ao meu corpo, revelando uma cintura fina e um
quadril avantajado, deixando pouco para a imaginação de um homem que

tivesse um apetite sexual aguçado.

E, no espelho, encarei a mulher que estava ali refletida. Maquiagem


na quantidade certa, brilho labial e rímel, nada muito pesado. Um estilo

ingênuo, talvez? Os cabelos negros e compridos caiam como em cascatas

escuras em minhas costas, nivelando entre minha cintura e bunda.


Então, me autoanalisei e, se eu fosse um homem, com certeza ficaria

comigo mesma. Eu tinha qualidades, mas nem sempre esses atributos nos

qualificam para alguma coisa.

Esse pensamento me fez rir, eu faria meu tipo sem pestanejar. Olhei
a hora em meu celular e vi que estava adiantada dada a hora que cheguei

aqui, deve ter uns quinze minutos.

Que homem deixa uma mulher esperando? Ou realmente me


adiantei demais? Antes uns minutos adiantada do que chegar atrasada em

um compromisso.

Por via das dúvidas, quando olhei novamente para o espelho,

parecia que eu iria morrer com a visão que tive.

Meu primeiro cliente estava ali, observando-me com os olhos

semicerrados, analisando-me dos pés à cabeça. E, por Deus, eu daria para

esse homem de graça! Ele parecia tão másculo e viril, um espécime que,

com certeza, faz o meu tipo.

Engoli em seco com sua checagem.

Puta que pariu!

Em outras palavras.

Ele era LINDO DE MORRER.


E, com certeza, me matou com aquele olhar lascivo, quente e

perturbador. Ele era um perigo ambulante e não só seu corpo dizia isso, mas
também a forma como ele olhava.

Seus cabelos eram negros e fartos, seus olhos azuis tão escuros

escondiam perigo por trás deles... Poderia afirmar que ele tinha uns trinta

anos ou mais e um corpo que, mesmo pela roupa, digo sem dúvidas que é
esculpido como se fosse um deus grego... alto o suficiente para me fazer

sumir diante de si, devia estar na faixa de uns 1,80m. Seu olhar penetrante e

desconcertante vagou sobre mim através do espelho.

Sua roupa era um terno de três peças, o que me levava a crer que ele

poderia ter saído de alguma reunião de negócios direto para cá. As calças

escondiam pernas fortes, a cintura era estreita, o olhar que me destinava


através do reflexo era ainda mais perturbador e me deixava mais quente a

cada segundo.

E, se eu fosse virgem, sem sombras de dúvidas, perderia meu lacre

com esse homem sem pensar duas vezes. Meu primeiro cliente para uma
noite paga estava sendo surpreendente. Eu estava literalmente de queixo

caído, nunca tinha visto um homem tão lindo como ele.

Ele olhou ao redor por um momento, desviando os olhos de mim.

Engoli em seco e virei-me do espelho para olhá-lo. Ele caminhou


calmamente pelo recinto e retornou seu olhar a mim.
— Olá! — eu disse, meu coração batendo como um cavalo
galopando contra o vento.

Ele não respondeu meu cumprimento. Mudo certamente não era,

pois falou comigo ao telefone ou poderia ser? ...

Óh, meu Deus! Será que foi outro que falou comigo?

Ele diminuiu a iluminação do aposento através de um controle

remoto. O lugar era bem decorado, moderno, com janelas que iam do chão

até o teto e mostravam um horizonte promissor e estrelado — a melhor


vista da cidade — as portas da varanda estavam abertas e um vento gelado

passava por elas. Podia se ouvir bem baixo o som dos carros na avenida

abaixo.

Ele me encarou por alguns momentos antes de dizer algo.

— Foi com você que eu confirmei um encontro? — a pergunta feita


com um arquear de sobrancelha revelava uma característica.

Eu ainda me pergunto, como existem pessoas que conseguem

levantar apenas uma sobrancelha?

— Não sei se você condiz com minhas preferências. — Ele


continuou e eu o encarei.

O que ele estava dizendo?

— O que você está querendo dizer?


Ele só podia estar de brincadeira.

Eu não estava entendendo nada.

Mas, puta que pariu, sua voz era forte e tinha um sotaque que
bambeava minhas pernas. O que era uma droga, porque eu tinha um fraco
por homens assim... o acentuamento das palavras, se fossem ditas baixinho

ao ouvido, poderiam fazer coisas que...

— O que eu quero dizer é que... — ele começou calmamente —

meus gostos são peculiares, por exemplo, imaginei uma mulher


completamente diferente, talvez um pouco mais velha e mais alta, — ele
disse isso na cara de pau — quantos anos você tem?

Apertei meus olhos e segurei um palavrão. Começamos bem, muito


bem.

— O que tem contra minha idade? Do que ela importa? Só porque

sou baixa não agrado você? — sucessivas perguntas — Eu também poderia


dizer que... — olhei-o de cima a baixo — seu tipo não faz o meu também
— dei-lhe um sorriso provocativo — se estamos aqui, vamos para o round

e, além do mais, diversidade é um tempero; faz parte da vida! Não enjoa


sempre a mesma coisa?

Ele me olhou com um olhar escuro que parecia que poderia me


esganar a qualquer momento.
— Não era o que eu esperava, francamente. — Ele respondeu não
me levando a sério.

Eu sabia que provavelmente deveria pegar o caminho por onde


entrei e ir embora. Se não o agradei, não deveria forçar nada. Porém, um
lapso passou pela minha cabeça, uma memória que não deveria estar ali...

uma arma apontada para o meu rosto e um olhar destorcido, louco, que
dizia que iria me matar simplesmente por eu dizer que não aceitaria aquilo.
Sim, minha mente vagueou até o passado e isso não deveria acontecer...

— Eu perguntei quantos anos você tem — ele rosnou a pergunta


dando-me um leve susto — Não me faça repetir novamente! — engoli em

seco.

— Vinte e um. — Respondi baixo.

Ele nada respondeu, o que me deixou intrigada.

Qual era a dele? Ele me analisava, me olhava de um jeito que estava


me deixando desconfortável. Eu nunca tive a atenção de um homem tanto

assim, nem que ele estivesse me checando para discutir comigo. Mas, se
tinha uma coisa que ele não sabia, é que eu nunca mais deixaria homem
nenhum pisar em mim, não mais! Eu não saí de um inferno para entrar em

outro.
— Algum problema além de eu não ser o seu tipo usual? —
alfinetei, não ia perder essa, mas não mesmo... — Alguma sugestão? O que

podemos fazer? Podemos negociar?

Então vi sua expressão ficar mais obscura, seu olhar ficou mais

gélido que um cubo de gelo dentro de um copo, parecia que ele queria me
chutar para fora de sua ilustre cobertura ou talvez coisa pior. Eu não estou
indo nada bem nessa coisa, devo admitir. Eu já deveria ter saído, não há

possibilidade nenhuma disso dar certo.

— Não é possível retornar em uma decisão, afinal de contas, você

poderia estar em outro encontro mais promissor do que esse e eu poderia


estar com o que de fato me agrada. — disse em um tom severo enquanto me
encarava.

O que tinha de lindo, tinha de arrogante.

Dei de ombros, o que mais poderia acontecer?

— Tudo bem, então eu vou para o meu encontro promissor. Tenho


certeza de que eu posso encontrá-lo no saguão. — Murmurei e, segurando
minha bolsa, caminhei de volta para a porta por onde entrei.

Certamente haveria coisas melhores lá fora.

Talvez eu nunca seja suficiente em tudo.

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