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Copyright © 2023, Silva Joane

Silva, Joane

A filha do meu melhor amigo

1ª Ed.

Brasília - DF, 2023

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua

Portuguesa. Todos os direitos reservados.

É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer


forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de

processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem permissão de


seu editor.
A violação de direitos autorais é crime previsto na lei nº.

9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor, qualquer

semelhança com acontecimentos reais é mera coincidência. Todos os

direitos desta edição reservados pela autora.


SUMÁRIO

PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
EPÍLOGO
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SINOPSE

Ela é a filha do seu melhor amigo

Ela tem dezoito anos. Ele tem quarenta.

Ela quer o seduzir. Ele precisa fugir.

Ela quer o convencer. Ele precisa a dissuadir.

Louco por controle, João Lucas Fagundes tem a sua vida bem
planejada. O homem decide que está na hora de se casar com Jasmine, a
modelo com quem namora há anos, apenas porque a sociedade espera que

ele dê esse passo.

Mas os seus planos são postos à prova quando conhece a filha


do seu melhor amigo. A jovem doce e inocente desperta sensações

inesperadas e desejos inéditos, sobretudo, quando deixa evidente que o


deseja na forma como reage à sua presença e em todas as vezes em que seu

olhar o percorre.

Todavia, o empresário sabe que a melhor decisão é ficar o


mais longe possível da garota, pois, além de ser muito mais jovem, e

inocente de uma forma que ele não saberia como lidar, o envolvimento
entre eles destruiria uma amizade de anos e colocaria em risco tudo o que

construiu.

João Lucas fará o impossível para resistir ao fruto proibido,


ainda que cada fibra do seu corpo saiba que é uma batalha perdida.

Depois que sua mãe se casa novamente, Geórgia retorna ao

Brasil para morar com o pai. No aeroporto, ela se surpreende com um belo

desconhecido à sua espera, um homem atraente e mais velho, que faz o seu
corpo reagir com paixão pela primeira vez.

A jovem o deseja e toma uma decisão de conquistá-lo. Ela fará

o que for preciso para o convencer de que devem se entregar à atração.

Mas Geórgia descobrirá muito rápido que não será tão fácil,
porque o melhor amigo do seu pai tomou uma decisão no sentido contrário

e pretende a convencer de que não pode acontecer nada entre eles.

Quando a batalha entre a resistência e a entrega ao proibido

começar, apenas um lado sairá vencedor.


PRÓLOGO

— O que houve, cansou de distribuir o seu charme?

— Eu estava apenas trabalhando — aviso para o Lucas.

Se ele está sabendo o que aconteceu, é porque estava me observando de


algum lugar esse tempo todo.

— O que fez com os números? — Pergunta, ao se postar à minha frente.

— Saiu do seu escritório para me espionar? Não leve tão a sério o seu
papel de guardião.
Sim, eu estou muito azeda e a culpa é dele.

— O que fez com os números? — Insiste.

— Joguei fora.

— Todos?

— Não é da sua conta! Deixe-me em paz hoje, por favor. Estou cansada de
a gente rodar em círculo. Fico com quem quiser, pois sou adulta e livre. Se tivesse
guardado todos os papéis, seria um problema meu!

— Eles só querem te comer e depois puxar a próxima da fila.

— Você também — rebato. — Deixe-me agora.

— Eu não posso. Preciso te provar — declara, mas não me animo.

Precisar é diferente de realmente fazer. Ainda assim, eu tento.

— Então prove. — As minhas palavras o fazem reagir de maneira que eu


não esperava.

Lucas me puxa pela cintura, segura com firmeza um punhado de cabelo da


parte de trás da minha cabeça e simplesmente me beija.

Merda! Ele não está apenas me beijando, está me comendo com a boca.
Devora-me com voracidade, chupando a minha língua sem qualquer pudor, enrolando-a
na sua e me fazendo entrar no seu ritmo.
O clima pega fogo em uma velocidade vertiginosa, que me faz ir de zero a
mil em um segundo. Quero sentir essa boca na minha para sempre. Quero transar com
ele aqui e agora, sem pensar em nada além do nosso prazer.

— Meus Deus… — Murmuro quando Lucas me deixa respirar e passa a


chupar o meu pescoço.

Insano, ele segura as minhas coxas e enrola as minhas pernas na sua

cintura, prensando-me contra a parede. O homem todo tenso e certinho aperta os lados
da minha bunda com firmeza e me faz sentir a sua dureza com a minha boceta, que está
ficando molhada de tesão.

— Eu sabia que seria assim, que sua boca seria gostosa e macia — fala,
então começa a beijar todo o meu rosto, como se estivesse desesperado para tocar em
mim toda.

— Lucas, deixe-me ir — contrariando o que quero, peço.

— Não… — ele nega, tira a mão da minha bunda e toca em um dos meus
seios. — Quero te foder, porra!

— Eu quero que me foda, mas você vai se arrepender assim que terminar
— as minhas palavras fazem com que ele pare o que estava fazendo e me olhe com a
expressão confusa, mostrando que eu estava certa.

Foi bom, tão melhor do que a minha imaginação que eu poderia passar a
noite toda a base de sexo, mas o que estava sentindo antes de o Lucas chegar é a prova
de que estamos indo para um lado perigoso dessa atração.

O desejo é irrefreável, mas o que está à nossa volta e nos separa da


consumação parece ser maior e sei que sofreria cada vez que se afastasse depois de ter

começado ou que se arrependesse em seguida.

Desta vez, sou eu quem o beija com paixão, apertando-me contra o homem
que mais quis na vida, tirando tudo o que posso do momento, para que as lembranças
fiquem guardadas, caso seja a primeira e última vez.

Quando o beijo termina, nós dois estamos com os lábios úmidos e um


pouco ofegantes. O meu corpo está latejando de tesão em lugares bem específicos.

— É melhor você ir agora.

— Por que está me mandando embora? Não era isso que queria? —
Pergunta, ao deixar o meu corpo e se afastar.

— O que estamos fazendo um com o outro é tortura e eu não sei se consigo


lidar com isso. Quero ficar com você e ver no que vai dar, Lucas, mas não preciso que
me toque para se arrepender em seguida. Não fale sobre nós e não me toque até ter
certeza de que não se arrependerá. Não faça nada enquanto acreditar que não valemos
nem mesmo a tentativa de fazer o meu pai entender que nos desejamos como amantes.

João Lucas me olha sem entender nada, porque não esperava que eu
chegasse a esse ponto, então faço o que é preciso e o deixo.
Sem condições de continuar aqui, falo com o meu pai e peço as chaves do
seu carro. Digo apenas que estou exausta e ele não faz mais perguntas. Enquanto dirijo
para casa, choro até soluçar, porque não consigo aceitar que talvez tenha me apaixonado
pelo homem errado.
CAPÍTULO 1

É normal os meus sócios e eu nos reunirmos na minha sala para fazermos

reuniões de negócios, afinal, é do interesse de nós quatro que tudo vá bem na área

profissional de nossas vidas.

Dependemos uns dos outros e isso nunca foi um problema, já que somos

uma família e funcionamos bem como equipe.

Eu, os meus dois irmãos mais novos e o nosso melhor amigo somos

proprietários de uma casa noturna conhecida e bem frequentada. Na cidade, não tem
quem não conheça o nosso estabelecimento e não queira um convite para estar aqui.
O faturamento é alto, mas os nossos esforços também são e tem dado certo

há dez anos. Todos nós temos condições para viver confortavelmente e tudo é fruto de
um trabalho bem-feito e planejado há muitos anos quando deixamos a faculdade.

Arthur e eu nos formamos em administração. Meus dois irmãos, João

Miguel e João Emanuel se formaram mais tarde em direito e em marketing


respectivamente. Todos nós trabalhamos um tempo em nossas áreas e para outras

pessoas, mas foi inevitável abrirmos a nossa própria empresa.

Somos uma irmandade e nos entendemos perfeitamente, tanto nos


negócios quanto no pessoal. Apesar de ser o meu melhor amigo, Arthur de Castro
também é muito próximo do Miguel e do Emanuel, isso faz com que a harmonia reine,

embora, às vezes, as nossas personalidades nos façam entrar em conflito.

Sinto que nada pode abalar a relação entre nós quatro, e mesmo se alguém

tentasse, iria falhar miseravelmente.

O tema da reunião hoje é um pouco peculiar e eu não sei muito bem o que

dizer, já que o assunto não é o meu forte. Na verdade, não é o forte de nenhum de nós,
embora Arthur devesse entender um pouco mais.

— Cara, o que estamos fazendo aqui? Você falou e falou, mas ainda não
entendi o que eu e os meus irmãos temos a ver com esse assunto — Miguel comenta.

Caminho até o frigobar que temos no escritório comum para os quatro e pego uma
cerveja.

São seis e meia de uma noite de sexta. Nada como refrescar as ideias.
Todos estamos sentados em volta da mesa de reuniões, ouvindo o drama
familiar do Arthur. Em momentos como esse, me arrependo de ter amigos. Poderia estar
fazendo qualquer coisa nesse momento, mas estou me segurando para não usar a famosa
frase “eu avisei que era cilada”.

— Vocês não seriam capazes de me abandonar agora, não é? — Arthur


indaga.

— Eu seria — Emanuel brinca. De todos nós, eles é o mais relaxado.

— Lucas? — Eu olho para o homem e sinto um pouco de pena.

Mas não posso julgá-lo por ter se emocionado aos vinte anos e se deixado
guiar pelo pau.

— O que quer que eu fale? — Questiono o meu amigo. — Ela é sua filha,
irmão. Deve saber como lidar com uma criança.

Arthur tem quarenta e dois anos, dois a mais do que eu. Ele arrumou uma
namorada na faculdade e sempre esteve claro para mim que ela não gostava tanto dele
quanto ele gostava dela. Ainda assim, eu não disse nada que fosse atrapalhar o seu

namoro com a Josy.

— Uma coisa era quando a Geórgia vinha de vez em quando passar férias

comigo. Outra bem diferente é recebê-la em definitivo. Vocês sabem que crianças não
são o meu forte.

— A partir de agora será — Miguel avisa.


— Eu não quero nenhuma pirralha com o nariz escorrendo atrás de mim, já
estou avisando. — Quando se trata de responsabilidades, Emanuel tira o corpo fora

rapidamente.

— Ainda bem que posso contar com o meu melhor amigo — Arthur fala,
com o olhar fixo em mim.

Sim, eles me enxergam como o mais sério, pragmático e responsável do


grupo, mas isso não quer dizer que terei algum envolvimento a mais com a filha do
Arthur.

Ele não é o pai? Pois que lide com isso como nunca fez.

O namoro na faculdade resultou em uma gravidez indesejada tanto para ele


quanto para a mãe da criança quando ambos tinham acabado de entrar na casa dos vinte
anos. Ainda assim, decidiram que iriam ter o bebê.

Para complicar ainda mais a situação, mas acreditando que seria uma boa
ideia, eles decidiram se casar pelo bem do filho que teriam. O casamento difícil durou
três anos, e depois que acabou Josy foi para os Estados Unidos com a filha do meu
amigo.

Arthur gostava da bebê, mas não parecia ter muito jeito com ela e nem
instinto paternal na época, por isso que não sofreu tanto quando a ex-esposa decidiu que
ficaria morando de vez fora do país. Ela se estabeleceu, arrumou um emprego e um

novo marido bem longe do Arthur. Consequentemente, meu amigo ficou mais distante
da filha tanto física quanto emocionalmente.
— Você sempre pode contar comigo, Arthur. Mas que fique claro que eu
não serei o pai dela no seu lugar. Está na hora de ter responsabilidade com a sua filha.

— Não pedirei que faça isso — diz, mas não precisa. Ele sabe que é capaz
de algo parecido.

Peguei o bebê nos meus braços e me lembro de ter pensado que era muito
fofa. Convivi com ela durante os três anos que o casamento durou, antes de a mulher
pegar a criança e ir embora.

Depois disso, nós quatro a vimos bem pouco. Ela veio passar as férias
algumas vezes, mas o Arthur não fez muita questão de conviver com a menina. Ele a
deixava com a babá.

Agora que está mais maduro, ele se arrepende de não ter se esforçado mais
com a filha, é por isso que está desesperado com a sua chegada. Desta vez, Geórgia
ligou avisando que ficará em definitivo.

Ela deseja fazer faculdade de gastronomia aqui no Brasil e o Arthur não

pôde negar o seu pedido. Na verdade, apesar do desespero, ele não quis negar.

— Vocês vão ficar bem, meu amigo — digo, ao ir até o frigobar e, dessa
vez, pegar uma lata de cerveja para ele.

— Eu não sei do que uma menina como ela gosta. O meu apartamento não
está nada preparado para receber uma moradora nova, porra! Eu preciso das sugestões
de vocês. Como devo abastecer a geladeira? E os panos de cama para o quarto dela?
— Que tal você esperar a garota chegar e fazer essas perguntas diretamente
para ela? — Meu irmão mais novo pergunta quando deixa de mexer no celular para
prestar atenção na conversa.

— Talvez você tenha razão. — O sorriso do Arthur para a sugestão óbvia é


de alívio.

A garota ligou informando que estava vindo morar no Brasil com ele há
três dias e, desde então, Arthur tem estado uma pilha de nervos e puxou todos nós para o

mesmo buraco.

— Quando ela chega? — Pergunto, sabendo de antemão que a vinda dela


mudará muito a nossa dinâmica.

Não tem como ser diferente quando se trata de uma adolescente, e eu sei
que adolescentes são chatos, problemáticos e precisam de atenção.

Sinto a minha cabeça latejar só de pensar no quanto serei afetado por ser o
melhor amigo do pai da garota.

— Eu preciso que todos vocês venham comigo a buscar no aeroporto

amanhã à noite — Arthur fala, meus irmãos avisam que não poderão, afinal, estaremos
com a casa cheia.

— Tenho muito trabalho para fazer aqui amanhã — digo, mas não gostaria

de ir nem se tivesse todo tempo do mundo livre.


Como faço em todas as áreas da minha vida, o meu dia foi muito bem
planejado. Não só amanhã, como na semana que vem e nos próximos anos. Nada pode

me atrapalhar, nem mesmo uma ida ao aeroporto para buscar uma pirralha.

Pergunto-me como ela deve ser agora. Da última vez que a vi, Geórgia
tinha treze anos de idade. Veio ver o pai pela última vez há dois anos, mas eu estava

viajando na época e não pude encontrá-la.

A única coisa que me recordo dela é que era muito fofa com seus fios de
cabelos escuros e olhos azuis, mas também era mimada e cheia de vontades. Quando
estava perto, irritava-me, mas não era nada pessoal, crianças são irritantes de modo

geral.

— Não vou atrapalhar os planos de vocês — afirma. — E você, João


Lucas? Não acha que está na hora de acabar o seu namoro? Todos sabemos que não ama

a modelo insuportável. — Meu amigo e os meus irmãos não suportam a Jasmine.

Ela também não os suporta. Segundo a mulher, eles são mulherengos e


podem me levar para o mau caminho. Como se eu precisasse deles para isso.

— O que você sabe sobre o amor, Arthur? — Questiono. De todos, ele é


aquele que enfia o pau em tudo que usa saia.

— Posso até não entender muito, mas aposto que não é o que existe entre
você e a Jasmine. Está com ela há três anos e eu fico com sono sempre que os vejo
juntos. Me pergunto quando você vai parar com essa merda e voltar a ser o que era
antes.
Antes de conhecer e começar a me relacionar com a Jasmine, eu era adepto
ao sexo sem compromisso, mas nem de longe tão mulherengo e sem critérios quanto
esses três.

— Não espere por isso — aviso. Na verdade, sinto que chegou o momento
de me casar, mas não vou falar sobre isso com eles. Não estou a fim de enfrentar uma
crise agora.

De nós quatro, parece que sou o único que percebe que passou da hora de
me aquietar e pensar no futuro. A minha mãe viúva, que mora em outro Estado, é uma
das principais razões para que eu deseje me casar. Penso nela e digo a mim mesmo que
o casamento não é o inferno que ela viveu ao lado do marido.

Casamento e filhos sempre estiveram na minha lista de prioridades, algo


que iria fazer quando chegasse a hora de provar algo para mim mesmo. Sinto que a hora
chegou, embora não me sinta tão animado como pensei que fosse ficar.

São anos de relacionamento com a mesma mulher. Jasmine se parece


comigo no jeito de ser e modo de agir, e não sei como seria me relacionar com alguém
que fosse o oposto, mas tenho certeza de que não gostaria da imprevisibilidade.

Apesar de sentir um pouco de insegurança, é com ela que pretendo me


casar. Planejei fazer o pedido hoje no jantar e espero que aceite.

Mas como não iria aceitar, se está há meses jogando indiretas sobre o
quanto deseja se casar?
— Era apenas sobre a sua filha que queria falar? — Miguel questiona.

— Acha pouco? — Arthur não é um homem inseguro, longe disso, mas


Geórgia é o seu calcanhar de Aquiles.

— Vai dar tudo certo, meu amigo — afirmo. — Pode contar comigo. —
Dou uma batidinha no seu ombro e ando na direção da porta, eu mesmo dando a reunião

por encerrada. — A gente se fala.

— O que foi, amor? Está me olhando de um jeito diferente hoje —


Jasmine fala.

Nós estamos jantando na mesa da minha cozinha. Eu disse que a ocasião


era especial e ela está mais linda do que nunca. Jasmine é uma mulher muito bonita.
Trabalha como modelo fotográfica e eu a conheci por acaso quando foi à casa noturna
com uma amiga.

Começou com um caso sem compromisso que a gente estendeu e estamos


juntos há três anos. A paixão não é mais a mesma. Eu sinto que nos acomodamos um
pouco, mas, ainda assim, gosto da sua companhia e acredito que temos o suficiente para
o casamento.
— Tenho algo importante para falar com você, mas vamos jantar primeiro,
está bem?

— Será como você quiser, querido. — A minha namorada tem um jeito de


agir que deveria me deixar mais feliz, mas é algo que vejo como um defeito nela e no
nosso relacionamento.

A mulher costuma concordar com tudo que eu falo, não importa qual seja o
assunto. Ela não me desafia, e isso deveria ser bom, não é?

Tendo um relacionamento fácil, tenho mais tempo para pensar nos outros
âmbitos da minha vida. Não me sentir satisfeito é como procurar pelo em ovo.

No quesito sexo, já fomos melhores, mas a rotina e a falta de tempo para


nós dois acabou tornando tudo um pouco mais frio. Não é que não seja bom, mas falta o
fogo da paixão do início.

O que me prende a ela, além de ser a minha escolhida, é o fato de sermos


bons o suficiente para que eu não pense em procurar prazer fora de casa. Acima de
qualquer coisa, Jasmine tornou-se minha amiga e parceira. Respeito-a como mulher, e
prefiro perder um braço a magoá-la.

Agora, darei um grande passo e estou quase certo de que será uma boa
escolha. Em breve, eliminarei esse item das coisas que preciso fazer e seguirei em frente
com a minha vida.
Gosto de pensar que sou feliz com as escolhas que fiz desde muito jovem,
exceto por uma, e depois que passei a ter controle total sobre cada gesto que faço e cada
emoção que sinto, nunca mais fui surpreendido com algo inesperado. Espero continuar
assim, pois apenas pessoas fracas se deixam ser levadas pelo acaso.

— A comida estava uma delícia, querido. A sua falta de habilidade na


cozinha é compensada na hora de fazer pedidos em restaurantes — fala. A loira e eu
voltamos de mãos dadas para a sala e nos sentamos muito próximos no sofá de dois
lugares.

Ela fica me olhando cheia de expectativa, esperando que eu abra a boca e


diga alguma coisa. De repente, a certeza de antes dá uma titubeada, o meu coração fica
acelerado e as mãos suadas. A caixinha com o solitário parece estar pegando fogo
dentro do meu bolso.

— O que queria dizer? — Indaga com os olhos cheios de esperança.

Bom, é agora ou nunca.

— Nós estamos juntos há três anos e você sabe que eu gosto muito de
você, não sabe?

— Claro que sei. A gente se ama — afirma.

Nunca disse que a amo com todas as letras. Na verdade, só agora estou me
dando conta de que nunca penso em amor quando se trata da minha namorada. Jasmine
diz que me ama quando está contente, mas não lembro de ter retribuído a declaração, e
muito menos de ela se incomodar com a falta de reciprocidade.

Sei que o amor existe e que deve ser bem parecido com o nosso
companheirismo, mas, agora que estou prestes a dar um passo grande e definitivo,
questiono-me o que de fato é o amor.

Ele não deve ser mais importante do que todo o resto, não é?

Se estou cheio de questionamentos que nunca fizeram parte de mim, é


única e exclusivamente pelo nervosismo.

— Eu quero construir algo com você, querida, então…

O celular começa a tocar no meu bolso no meio do pedido. Fico indeciso,


mas é impossível ignorar o aparelho vibrando e tocando no bolso da minha calça.

Fazendo um pedido de desculpas silencioso, pego o aparelho do bolso e


identifico o número do Arthur. Não atender a sua ligação não é uma opção, pois sei que
não estaria me atrapalhando se não tivesse um assunto urgente para tratar comigo.

— Você está sendo inconveniente, cara — falo de uma vez ao atender a


ligação.

— Lucas, eu preciso da sua ajuda, porra! — Ele fala, o seu tom de voz me
faz levantar do sofá imediatamente.

— O que aconteceu?
— A menina está chegando. Ela adiantou o voo e não posso lidar com isso
sozinho. Venha para o aeroporto, por favor!

— Tudo bem, não fique maluco. Estou indo aí te ajudar a lidar com a sua
própria filha — falo, e desligo. Sei que ele dará mais coordenadas de onde iremos nos
encontrar enquanto dirijo.

— É uma emergência — falo para a Jasmine.

— Está tudo bem. Nós temos todo o tempo do mundo. Vou te esperar aqui.

— Você é maravilhosa — digo, curvo-me e beijo de leve os seus lábios.

— Eu sei — ela brinca, eu jogo uma piscadela, pego as chaves do carro e


saio de casa.

Tenho em mente que não demorarei para voltar, então terminarei de fazer o
pedido de casamento. Mas o destino tem suas formas de agir e o encontro mudará não
só a minha, mas a vida de todos que eu amo para sempre.

Como um furacão, ela chegará para tirar tudo do lugar e virar a minha vida
de cabeça para baixo, para mostrar que o amor, a paixão e o desejo não fazem partes de
planos traçados única e exclusivamente pela razão.
CAPÍTULO 2

Um dia antes

Ela fica me olhando como se não me conhecesse mais, mesmo que a gente

tenha tido essa conversa muitas vezes nos últimos meses.

A minha mãe é maravilhosa e eu a amo por ter cuidado de mim e me


amado sozinha, enquanto o meu pai ficou aproveitando a vida de solteiro no Brasil. Ela
fez tudo por mim, até tentou me dar um novo pai. Amo o meu padrasto Jorge, mas ele

não é o meu pai e eu sei diferenciar. Sinto-me assim por nunca ter deixado de sentir falta
do homem que ajudou na minha concepção.
— Esse dia chegou tão rápido, não acredito que está me deixando, filha. —

Josy se senta na minha cama enquanto faço as malas.

— Mamãe, eu tenho que fazer isso — digo da melhor forma que posso,
tentando não perder a paciência. Está sendo um exercício difícil, depois de eu ter

tentado com muito afinco fazê-la entender o meu lado nas últimas semanas.

— Não tem que fazer nada. Você quer ir, é diferente. E não finja para mim
ou para si mesma que é apenas para estudar, porque nós duas sabemos o que vai fazer

no Brasil.

Desde que decidi que queria estudar para me tornar chef de cozinha, depois
de ter passado a minha infância e adolescência me metendo na cozinha da mãe do meu

padrasto, soube que iria fazer minha graduação no Brasil.

Não poderia ser diferente, sendo o país onde nasci e o lugar cuja culinária
contém as comidas mais deliciosas do mundo. Foi justamente por saber que iria fazer
essa escolha que esperei um ano depois de formada no colegial para começar a colocar

os meus planos em prática.

O momento de falar com a minha mãe foi o mais difícil, principalmente


porque ela pensa que existe um motivo maior para a minha partida.

— Não tem nada a ver com o Arthur — afirmo.

Josy acredita que eu, aos dezoito anos, estou indo atrás do amor de um pai
que nunca fez questão de cumprir com o seu papel. Mas ela está muito errada, pois tudo
o que quero daquele homem é um teto para morar.

Eu posso ficar em qualquer outro lugar enquanto busco um trabalho de


meio período que pague o suficiente para me sustentar, mas prefiro ir pelo caminho mais

fácil e dar ao Arthur pelo menos o gostinho do que é ter uma filha.

— Do jeito dele, Arthur sempre te amou. Não precisa morar com ele, filha.
Esqueça essa ideia de ir embora para o Brasil — pede, e já está chorosa novamente.

A minha mãe não faz ideia de como torna tudo mais difícil para mim se
comportando dessa forma. Sei que terei que fazer a despedida de um jeito que ela não
vai gostar, mas será o melhor para nós duas.

— Não estou indo atrás dele, não desse jeito que a senhora está pensando
— afirmo, enquanto fecho o zíper da última mala de roupas.

— Você não vai saber se cuidar sozinha — afirma, eu puxo a respiração

profundamente para me controlar.

Apesar de amar a minha mãe, eu sei que a nossa relação não é perfeita.
Além de nós duas termos gênios fortes, ela tem a mania de tentar controlar a mim e

todas as minhas decisões. Sempre foi assim, mas passei a ficar muito incomodada
depois que me tornei adulta.

— Eu quero um abraço — digo, e abro os braços, apenas para não


continuar a conversa que já me cansou.
Ela vem para os meus braços e eu fico com o coração apertado, pois sei
que será o nosso último abraço por um tempo. Ainda bem que Josy tem um marido que

a venera, se não fosse assim, eu estaria surtando por a deixar sozinha.

Depois do abraço, ela fica mais calma e conversa comigo sem dramas.
Quando me deixa, termino de arrumar as minhas coisas e programo o alarme para tocar
bem cedo.

Ainda está cedo para deitar e não tenho sono. A ansiedade e até um
pouquinho de medo não me deixam dormir. Não é como se eu estivesse indo ali na
esquina comprar pão. A minha vida vai mudar completamente e a única pessoa
minimamente conhecida que encontrarei no Brasil será o meu pai.

Por outro lado, não tenho dúvida quanto à decisão que tomei. Estou
esperando há um tempo a oportunidade de fazer isso e não voltarei atrás agora.

Depois de vários minutos jogada na cama e olhando para o teto, o meu


celular vibra com uma mensagem. Olho o visor e me seguro para não revirar os olhos
quando vejo de quem é a mensagem.

Venha até aqui. Estou te esperando.

Leio a mensagem do Felipe, o garoto que era meu namorado até dois dias
atrás. Nós estávamos juntos há um ano e foi com ele que perdi a minha virgindade. A
relação que tínhamos era fácil e descomplicada. O sexo era bom, até porque, foi o único

garoto com quem transei até aqui, mas não era nada como as paixões avassaladoras das
novelas ou filmes de romances.
Apesar de ter ficado mexida, não foi a pior coisa do mundo ter que colocar
um ponto final no nosso namoro. Talvez tenha sido assim por nunca ter pensado no
nosso namoro como algo para ser levado a sério.

Sei que as pessoas namoram, ficam noivas e depois de um tempo se casam,


é um processo natural da vida, mas a ideia nunca me ocorreu com o Felipe. Para ele era
diferente, porque sempre deixou claro que era apaixonado por mim.

Mesmo sem querer ter mais uma conversa difícil, levanto-me da cama e
me aproximo da janela. Olho para baixo e o vejo com o quadril apoiado em sua moto,
olhando para a minha janela.

Ele me vê e me chama. Passo os dedos entre os fios dos meus cabelos, dou
uma olhada na minha roupa e desço para me despedir mais uma vez. Ainda bem que não
foi tão difícil com as minhas amigas, todas elas estão bem e entendem o meu desejo de

ir embora.

— Fiquei com medo de você não descer — ele fala quando paro na sua
frente.

Felipe é um homem muito bonito e carismático. O seu bom humor


contagia a todos, é uma pena que eu tenha que o deixar agora. Se tudo fosse diferente,
acredito que iríamos nos divertir juntos por um tempo.

O problema é que pensamos diferente quanto ao relacionamento a


distância.
— Eu não faria isso com você – afirmo, chego mais perto e beijo de leve
os seus lábios. — Veio se despedir de novo?

— Não, vim te pedir mais uma vez que não faça isso com a gente.
Podemos dar um jeito. Você sabe que eu tenho condições de ir te ver — insiste, eu nego
com a cabeça.

— A gente já conversou e se resolveu quanto a esse assunto, Felipe. Eu


não quero que você fique preso a mim. Não sei nem mesmo se voltarei — falo com

sinceridade.

A verdade é que estou dando um salto no escuro, porque não faço ideia de
como será a minha vida a partir de agora. Tudo o que eu tenho é o desejo de ter a minha

independência e estudar gastronomia no país onde nasci.

Talvez nada saia bem, mas vou ficar bem se precisar voltar, pois sei que
minha mãe estará aqui, me esperando de braços abertos.

— Você não gosta mais de mim?

— Não é isso, Felipe. Eu só penso diferente de você e não acredito em

relacionamentos a distância. Não estou indo para outra cidade. Estamos falando de outro
país e de uma viagem que não sei se terá volta.

Ainda me lembro das vezes em que passei as férias com o meu pai e de

como gostei de tudo a respeito do meu país. O sol e a praia fizeram a alegria da criança
que fui. A última vez que visitei o Brasil foi há dois anos, mas sinto tanta falta quando
lembro dos dias felizes de férias que parece que morei no meu país durante a vida
inteira.

— Não tenho outra opção além de respeitar a sua decisão, não é?

— Não tem — afirmo, mas o abraço para tornar o clima mais leve. — Por
que não para de falar e me dá um beijo de despedida?

Tudo bem que terminei com ele há uns dias, mas não custa nada dar a nós
dois esses pequenos momentos de prazer. Não pode envolver sexo, porque Felipe ficaria
mais resistente ao fato de ter acabado.

Ainda fico na calçada do prédio conversando com ele e trocando alguns


beijos durante uma hora inteira. Despedimo-nos com um abraço apertado e a promessa
de que iremos manter contato através do aplicativo de mensagens.

Quando entro no apartamento novamente, me tranco no quarto e checo


todos os meus documentos e as minhas passagens. Depois, deito-me para dormir, mas o
sono não chega tão rápido quanto eu gostaria.

A ansiedade está corroendo as minhas entranhas, mas também estou feliz


por estar prestes a viajar.

Às sete da manhã, desperto com o som do alarme. Saio do meu quarto para
ter certeza de que o meu padrasto e a minha mãe saíram para a caminhada matinal de
todos os dias. Sozinha, entro no seu quarto e deixo a carta que escrevi para ela.
Sim, estou fugindo e deixei isso claro na carta que escrevi. Eu
simplesmente não teria a capacidade de passar pelo momento da despedida. Não saberia
como lidar com as lágrimas da minha mãe e do meu padrasto. Ela ficará triste, mas logo
entenderá que tomei a decisão mais acertada.

Às oito, chamo o carro de aplicativo e vou com as minhas malas para o


aeroporto. O meu voo está marcado para às dez da manhã e eu fico matando o tempo
ouvindo música e falando com minhas amigas no WhatsApp.

Penso se devo ou não avisar o meu pai de que estou indo mais cedo, mas
decido que ele merece ser pego de surpresa. Quando desembarcar no Brasil, ligarei e
pedirei que me busque.

A viagem dura mais de doze horas. Quando desço do avião, estou tão
exausta que tudo o que consigo desejar é uma cama quente e confortável. Sento-me em
um banco e finalmente ligo para o meu pai.

Arthur atende no segundo toque e o seu tom de desespero quando digo que
estou no aeroporto chega ser cômico. Seguro a risada enquanto ouço as suas instruções
para que eu fique em um lugar de fácil localização. O homem fala que chegará em trinta
minutos e eu sinto vontade de gemer de frustração e tédio, depois de tantas horas no
avião.

Como não tenho outra saída além de esperar, cruzo os braços e fico
observando o movimento das pessoas indo e vindo. Quarenta minutos depois, recebo
uma mensagem.
Olhe para trás. Leio a mensagem do meu pai.

Eu fico em pé, contorno o banco onde estava sentada e o busco com o


olhar. Assim que o vejo, primeiro me surpreendo com o quanto me pareço com ele. Para
não dizer que sou uma cópia fiel do meu pai, apenas a minha boca lembra um pouco a
da minha mãe. De resto, os meus olhos azuis, os cabelos escuros e a pele clara são do
Arthur.

Se o odiasse muito, seria difícil me olhar no espelho sem lembrar-me dele.


No fim das contas, não sei ao certo o que sinto por Arthur. De todos os sentimentos
conflitantes, a única certeza que tenho é da decepção. Ele foi uma decepção como pai e
nenhum de nós dois pode negar esse fato.

Eu não sei se ele sente alguma culpa por isso, e não importa, desde que me
receba em sua casa.

O fato de ainda ser tão jovem fisicamente também chama a minha atenção,
mas não me prendo a isso, pois ele não está sozinho e sou atraída pelo olhar do homem
que está ao seu lado.

Ele deve ter mais de trinta anos, talvez muito próximo à idade do meu pai,
mas com certeza é um dos homens mais belos que já tive o prazer de ver com os meus
próprios olhos tão de perto. Não tão perto quanto eu gostaria, mas está valendo por
enquanto.

Ele é alto, muitos centímetros mais alto do que eu. Parece ser forte daqui
de onde estou, mas não tão forte a ponto de ser musculoso. Apenas o suficiente para ser
considerado um colírio para os olhos.

O seu cabelo é castanho claro, quase loiro. Os olhos são azuis como águas
cristalinas, o maxilar é forte e a boca é tão linda e rosada que é impossível não pensar
em como o seu beijo deve ser gostoso.

A barba por fazer causa um calor entre as minhas pernas, penso em como
deve ser ter os fios macios em contato com a parte interna da minha coxa.

Puta merda! Eu bebi de cada detalhe do homem em questão de segundos, e


enquanto ele me olha com curiosidade, torço para que seja apenas um desconhecido,
que está parado ao lado do Arthur por mera coincidência.

Prefiro que seja uma paixonite que começa e termina no aeroporto a pensar
que esse cara lindo tem alguma relação com o Arthur. Se for amigo dele ou coisa
parecida, boa pessoa não deve ser.

Da última vez em que estive aqui, o Arthur era um mulherengo de sorriso


fácil e pensava que era um presente dos deuses para a humanidade. Acenou para mim
com algumas migalhas de atenção e eu cheguei à conclusão de que ele acreditava que
ter uma filha não era bom para a sua reputação.

Bom, ter um pai assim também não é a melhor coisa do mundo. Nós três
estamos nos encarando de longe, mas eu sou a primeira a dar um sorriso para quebrar o
clima.
Depois que mostro os dentes, eles vêm até mim, matando a minha
esperança de que não estivessem juntos.

— Filha, você me pegou de surpresa. Pensei que fosse chegar amanhã —


Arthur fala, antes de me abraçar. Fico sem jeito, mas retribuo.

Aproveito para olhar melhor o seu acompanhante e ele, definitivamente, é


mais bonito de perto. Mas também é sério. O homem tem a expressão de paisagem,
como se estivesse assistindo a um filme tedioso.

Só que ele é uma mentira, pois quando desfaço o abraço com o meu pai,
ele olha rapidamente para o decote acentuado da minha blusa, depois sobe novamente
para o meu rosto.

— Resolvi vir mais cedo. Algum problema?

— É claro que não. Você sempre será bem-vinda. Espero que saiba disso.
— Arthur está nervoso, mas parece mais entusiasmado do que eu esperava.

— Eu sei — falo por falar, pois a verdade é que ele nunca fez com que eu
me sentisse bem-vinda. Jamais mostrou qualquer indício de que gostaria que eu ficasse
mais um pouco quando tinha que partir no final das férias.

O único crédito que posso dar a ele é pelo fato de ter cumprido com as suas
obrigações referentes ao dinheiro. Arthur sempre deu dinheiro para a minha mãe, eu tive
a oportunidade de estudar nos melhores colégios e ter tudo o que desejava.
— E você, quem é? — Pergunto, ao voltar a minha atenção para o
desconhecido gato.

— Prazer, João Lucas Fagundes — ele se apresenta e segura a minha mão.


O seu toque é firme e sua mão é quente. Fico com pena de a soltar.

Além de gato e mais velho, João Lucas tem nome de mocinho de novela
mexicana.

— Geórgia, você não deve se lembrar, mas o conheceu quando era criança.

— Não sei se me esqueceria se já tivesse o visto — flerto, e tenho a


sensação de que o homem está ficando com as bochechas vermelhas. Olho rapidamente
para o lado, mas parece que Arthur não percebeu as intenções das minhas palavras.

— Ele é um dos sócios da Adega e meu melhor amigo, filha. Confio nesse
homem de olhos fechados e você também pode confiar. Ele pode se tornar uma espécie
de tio para você, não é, Lucas?

Fico com vontade de sair correndo depois das palavras do meu pai, porque
não vi um pai ou um tio desde que olhei para esse homem. Na verdade, quero que ele
tire a minha roupa aqui mesmo no aeroporto.

— Com certeza. — Não sinto vontade e nem verdade nas palavras do


Lucas. — Vamos?

Parece que ele não queria estar aqui. Me pergunto por que veio como
guarda-costas se não era o seu desejo.
— É claro. Me ajude com as malas — Arthur fala e sorri abertamente.
Lucas continua sério. Parece até que está com raiva.

Eles pegam as minhas malas e saem puxando pelo aeroporto, indo na


direção do estacionamento. Ando atrás deles com a intenção de olhar para o Lucas de
costas. Ele tem uma bela bunda, mas parece ser mais azedo do que um limão, ou talvez
não tenha gostado de mim.

Mas que bobagem! Por que não gostaria de mim se nem me conhece?

Depois que eles colocam as malas no bagageiro do carro, Arthur abre a


porta e se senta no banco de trás. Estranho a sua atitude, mais ainda quando Lucas toma
o lugar do motorista.

— Não vai entrar? — Ele abaixa a cabeça e me fita através da janela do


veículo.

Entro e me sento sem falar nada. Os primeiros cinco minutos de viagem


são feitos no total silêncio. Tem algo errado, mas não me dou ao trabalho de perguntar.
Estou cansada demais para iniciar uma conversa, mesmo sendo com o Lucas lindo e
gostoso.

Um minuto depois, ouço um som estranho atrapalhando o silêncio do


carro. Olho para trás e meu pai está ressonando. Sim, o homem que veio me buscar me
deixou nas mãos do seu amigo e está dormindo.
— Arthur bebeu. Foi por isso que me ligou pedindo que viesse te buscar
com ele — João Lucas explica, sem desviar o olhar um segundo sequer da direção.

O timbre da sua voz é um pouco rouco e me faz imaginar coisas.

— Típico.

— Você o pegou de surpresa. Dá um desconto.

— Você não bebeu? — Tento sondar.

— Não. Quando o Arthur me ligou, eu tinha acabado de jantar com a


minha namorada.

Saber que ele é comprometido faz o meu ânimo que já estava prejudicado
cair em noventa por cento. Sinto uma decepção tão grande com a informação que é
como se esse homem tivesse confessado que me traiu.

Não o conheço, mas me sinto traída.

Posso parecer doida por isso? Com certeza, mas os sentimentos não podem
ser controlados, não é?

— Ah — é tudo o que consigo dizer.

— Sei que está cansada. Se quiser dormir um pouco, sinta-se à vontade —


fala, eu viro o rosto e fico olhando para a noite enquanto o carro trafega.
Eu realmente estava precisando descansar, porque acabo fechando os olhos
e perdendo o resto da viagem.

O último pensamento que passa pela minha mente é que finalmente


consegui a mudança que queria, mas estou com medo. Fico com a forte sensação de que
nada será como deveria. A minha vida sofrerá mudanças para as quais não estou
preparada, a começar pelo fato de ter me deixado afetar por um homem muito mais
velho do que eu. Além de ser comprometido, é o melhor amigo do meu pai.

Se eu estava em busca de emoção, sinto que encontrei muito mais do que


estava preparada para lidar.
CAPÍTULO 3

Eu não sei o que deu em mim e nos meus irmãos para não termos nos

ligado que o tempo passou e que a filha do nosso amigo não seria uma criança para

sempre.

Na minha cabeça, ela ainda era aquela criança que vi algumas vezes e que

eu achava fofinha. Mas foi só chegar ao aeroporto e colocar os olhos sobre ela para
perceber o quanto fui tolo.

Não tem nada de criança na Geórgia. Ela não é mais fofa e tem peitos.
Aliás, peitos enormes que mostram que o tempo passou para ela como passa para

qualquer pessoa.
A garota, sim, apesar de adulta, é uma garota de dezoito anos pelas minhas

contas, lembra um pouco o Arthur na aparência, a diferença é que ele é feio e ela é linda
pra caralho!

Eu, que estive prestes a pedir a minha namorada em casamento, tive uma

dificuldade enorme para disfarçar o meu olhar para a menina no segundo em que ela
virou de frente para o seu pai e eu.

Foi um olhar de cobiça e de culpa, pois não deveria ter sentido o meu

coração acelerar pela sua beleza.

Merda! Já admirei e desejei muitas mulheres bonitas depois que me


comprometi e isso nunca foi considerado um crime, mas estou falando da filha do

Arthur! Uma menina que, segundo ele, pode confiar em mim como se fosse um tio.

Tio? Só pode ser uma piada. Jamais teria apenas sentimentos fraternos por
uma mulher como essa. Enquanto dirijo até o apartamento do Arthur, recordo-me do
impacto do primeiro olhar.

Ela se voltou para nós dois na área de desembarque e eu, que sempre fui
um homem contido e que não me deixava impressionar por atributos físicos, senti o
impacto, como se um tijolo tivesse caído em cima da minha cabeça.

Agora, tento me convencer que não foi tão grave, porque homem nenhum
ficaria imune a tanta beleza e um olhar tão profundo. Olhos azuis como os meus, mas
muito mais profundos.
Mas não foram os seus olhos que primeiro chamaram a minha atenção.
Foram os peitos, afinal, sou homem e penso com a cabeça do meu pau em alguns
momentos.

Ela é alta, mas consegue ser mais baixa do que eu vários centímetros.
Geórgia tem a cintura fina e os quadris um pouco mais largos. As pernas são longas e
gostaria que não estivesse usando calças para que eu pudesse ter uma visão mais
privilegiada.

Ao subir um pouco o olhar, vi um pedaço da sua barriga através da blusa


curta. Subindo um pouco mais, enquanto fazia cara de paisagem, vi os seus peitos, pois
a sua blusa era decotada. Seios lindos que fizeram-me fraquejar por um segundo quando
senti vontade de tocar.

Além de tudo, a moça tem estilo. A sua calça jeans preta é cheia de rasgos
e o seu nariz pequeno e fino é enfeitado com um piercing de argola entre as narinas.
Parece ter atitude e personalidade forte, algo que poderia ser perigoso se eu não

soubesse quem sou e de quem ela é filha.

Ficar tão bobo com a sua beleza é aceitável de certa forma, afinal, não sou
cego e tenho bom gosto. Passar disso seria dar um tiro no meu próprio pé.

Mas o momento de surpresa passou, ela está dormindo ao meu lado no


banco do carona e continuo pensativo por sua causa. O cheiro do seu perfume está vindo
em minha direção. É tão gostoso que surge um desejo urgente de a abraçar para que

passe o seu cheiro bom para mim.


— Foco, porra! É só uma menina e você nem mesmo trocou mais do que
duas palavras com ela.

— O que você disse? — Arthur fala arrastado no banco de trás do carro, eu

olho alarmado pelo retrovisor, mas ele tomba a cabeça para o lado e volta a dormir.

Ao meu lado, Geórgia está tão quietinha que nem parece estar respirando.
Nos últimos quilômetros até o condomínio do Arthur, procuro respirar fundo e esquecer-
me que a moça mexeu com algo no meu corpo e dentro da minha cabeça.

Já passou! Repito sem parar quando entro na garagem do condomínio com


o carro do meu amigo.

Com pai e filha apagados, fico incerto sobre o que fazer durante um
momento, mas decido que é melhor tentar acordar o Arthur primeiro.

Saio do carro, abro a porta e começo a sacudir o seu ombro de maneira


pouco delicada.

— Acorde, porra! Já estamos em casa. — O homem abre os olhos, mas


demora alguns segundos para se conectar com a realidade.

Ele ajeita a postura sentado no banco, mas ainda parece perdido e


atordoado tanto pelo sono quanto pela bebida.

Fiquei puto quando me ligou e interrompeu os meus planos para hoje, mas
estou dando um desconto para esse idiota, pois sei que estava bem nervoso por causa da
chegada da filha.
Eu sou o mais próximo de um irmão que Arthur poderia ter e sei o quanto
se arrepende de não ter sido um pai melhor. Esse remorso vem de alguns anos, mas ele
foi covarde o suficiente para ter permanecido inerte e com medo de chegar na filha para
tentar ser mais do que um mero progenitor.

Quando Geórgia ligou pela primeira vez para contar que estava pensando
seriamente em vir morar com ele por um tempo, Arthur ficou desesperado e se
preocupou com detalhes bobos. Tudo para a agradar.

Mas eu, que o conheço bem, sei que ficou feliz pela oportunidade que
surgiu. Arthur está disposto a tentar, assim como eu estou disposto a cumprir com a

minha promessa de ajudá-lo nessa missão.

Por ele e pelos meus irmãos, faço coisas que não faria por muitas outras
pessoas.

— A minha filha. — O seu olhar dispara pelo carro e o homem respira


aliviado quando a vê dormindo no banco do carona. — Ela está muito cansada — fala,
ao sair do carro e abrir a porta do carona.

Premeditando o que ele está pensando em fazer, entro na sua frente para
impedir.

— Você não está bem para aguentar o peso do próprio corpo, imagina se
não derrubaria a menina no chão — digo. É mais pelo sono do que pela bebida. Ele
tomou apenas o suficiente para não passar no teste do bafômetro, mas está sonolento e
tenso.
— Estou tenso, cara — avisa, como se soubesse o que acabou de passar
pela minha mente.

— Eu sei, mas o importante é que ela está aqui e você pode consertar as
coisas com a sua filha.

— Você vai me ajudar? — Pergunta quando estou prestes a pegar a moça


nos meus braços para a levar até uma cama.

— Como?

— Sei que você é uma pessoa melhor do que eu, Lucas. Poderia muito bem
ser pai e seria muito bom, porque tem equilíbrio e sensatez. Se ela fosse sua, a amaria
como não fui capaz enquanto crescia.

— Não coloque esse peso em cima de mim, Arthur. Eu estou do seu lado,
mas ela não é minha filha, nem minha sobrinha. Nunca será.

— Sei disso, cara. Não estou querendo jogar a minha responsabilidade em


cima de você, apenas te peço que fique por perto, porque você é o cara! Vai saber como
me aconselhar.

Tudo que Arthur acabou de falar me incomodou, mas não levarei em conta,
pois ele não está cem por cento sóbrio. Em breve, farei com que entenda que não
assumirei o seu papel, não quando a enxerguei como mulher. Seria doentio,

considerando que Geórgia despertou desejo sexual em mim quando a vi.


Manterei uma distância respeitosa entre nós para que não confunda as
coisas, pois mesmo que tenha sido rápido, o seu flerte não passou despercebido para

mim. Não serei uma muleta para o Arthur, mesmo que o ame muito,

É preocupante que o primeiro contato com a garota tenha causado tantas


emoções e sentimentos conflitantes. Para alguém como eu, isso é um desastre, sobretudo

quando não pensei um segundo sequer na namorada que deixei em casa cheia de
expectativa.

— Pegue as chaves e siga em frente. Eu vou levar a Geórgia. Não quero


que ela acorde agora. Está exausta.

— Fala sério, você gostou da minha menina, não gostou? Eu sei que ela
deve ter mudado, mas foi uma criança muito fofa. Você lembra?

— Um pouco — digo, quando nós dois entramos no elevador.

Eu tive pouco contato com a filha do meu melhor amigo e, sendo bem
sincero, mal lembrava da sua existência. Não poderia ser diferente, já que o Arthur

nunca se sentiu confortável para falar sobre ela.

— Espero que ela goste do apartamento e do quarto que pedi para a Lica
preparar. Bom, a Lica tem filhos e imagino que tenha acertado.

Apesar de ser uma espécie de governanta que faz tudo pelo Arthur, Lica
está com a família desde que ele era criança e o homem a trata como se fosse da família.
Ao entrarmos no apartamento, Arthur me leva até o quarto de hóspedes
que preparou para a filha, mas avisa que precisa ir ao banheiro antes mesmo que eu
termine de deitar a garota na cama.

Com cuidado, tiro as suas botas e as deixo perto da mesa de cabeceira. Ela
resmunga um pouco durante o sono e faz um biquinho engraçado com a boca que parece
naturalmente rosada.

O cheiro do seu perfume está no ar, então eu saio apressado do seu quarto,
quase como se o diabo estivesse no meu encalço.

Procuro Arthur pela porra do apartamento, mas não o encontro em lugar


algum. Vou ao último lugar onde possa estar e me deparo com o cara jogado e dormindo
na cama.

Não sei o que ele consumiu, mas deve ter sido algo pesado.

— Foi dessa forma que você planejou receber a sua filha, desgraçado?! —
Praguejo, mas decido não o acordar e tomo para mim a missão de ir até o carro e subir
com as malas da Geórgia.

Depois de duas viagens de ida e volta, finalmente tenho todos os pertences


da garota no lugar onde devem estar. Quando penso em sair do quarto, ela simplesmente
começa a se sentar na cama coçando os olhos.

Geórgia me olha um pouco confusa e aproximo-me da cama. Ela bate a


mão pequena no colchão para que eu me sente perto dela. Sem ter certeza se está
totalmente acordada, a obedeço e fico perigosamente perto. Não seria perigoso se não
tivesse pensado nela da maneira errada desde o primeiro instante.

— O que aconteceu? — Pergunta, o seu tom de voz está um pouco rouco.

— Você acabou dormindo durante a viagem até aqui e eu te trouxe para o


quarto nos meus braços. Depois, desci até a garagem e subi com as suas malas.

— Obrigada por isso. Onde está o Arthur?

— O seu pai também estava cansado e acabou dormindo. Ele trabalhou


muito hoje — minto, para não dizer que ele bebeu.

Arthur não costuma agir assim, e só estou dando um desconto porque a


situação é atípica.

— É claro — fala com deboche.

Por esse comentário, fica óbvio para mim que ela não está tão aberta a
construir algo com o pai, embora tenha vindo morar com ele por decisão própria.

— Não nos conhecemos, mas eu conheço o seu pai desde os meus


dezesseis anos e sei que ele tem boas intenções. Só tente dar uma chance, está bem?

— Você é o advogado dele?

Que garota direta!


— Por um acaso, eu não sou, mas somos melhores amigos e costumamos
ajudar um ao outro.

— Entendo — fala, olhando-me profundamente com ar de interesse. A


forma como me encara faz as minhas entranhas retorcerem.

Sério, é perturbador estar perto de uma garota tão linda como essa. Quando
foi que aquela criança se transformou em uma beldade e eu não vi?

É claro que não vi, se tivesse sido diferente, os meus pensamentos sobre
ela não seriam tão equivocados.

— Bem-vinda — falo, ao colocar rapidamente os meus pensamentos em


ordem.

— Obrigada — agradece, arrasta-se pelo colchão e chega ainda mais perto


de mim.

O meu coração começa a bater mais forte e o sangue a correr quente nas
minhas veias. O homem controlado não existe neste momento e eu só posso justificar
tudo o que está acontecendo com o meu corpo e a minha mente como um caso de
atração instantânea que terei que combater como se fosse uma doença.

— Não precisa agradecer. Foi um prazer — falo com certa formalidade.

— Você é lindo, e espero que em breve consiga te ver sorrindo. Tem estado
tenso e sério desde o aeroporto. Aposto que não é assim o tempo todo.
— As pessoas dizem que sou — afirmo, ficando mais tenso quando a
garota ergue a mão e apoia no meu peito. Por impulso, coloca a minha sobre a sua
palma. — O que está fazendo?

— Eu só quero te dar um abraço como forma de agradecimento pelo que


fez por mim. Você é muito gentil — elogia.

Não seria educado negar um abraço, seria?

Eu desço a mão que estava sobre a sua para a cintura fina e a puxo para os
meus braços, dizendo a mim mesmo que será algo rápido, fácil e indolor.

Bom, eu estava errado, pois, quando os nossos corpos se tocam, sinto as


faíscas tomando o ambiente e o abraço não é platônico ou fraternal de forma alguma.

Tenho a impressão de ouvi-la gemendo bem baixinho no meu ouvido,


como se apenas um abraço desse o prazer de um orgasmo. Para piorar e tornar a
situação mais ridícula ainda, Geórgia se afasta minimamente e olha bem dentro dos
meus olhos. O seu rosto está tão perto que sinto o calor da sua respiração e o seu cheiro
impregnado no meu nariz.

Enquanto luta internamente por controle, a minha mente grita.

Você acabou de a conhecer.

Ela é apenas uma jovem que não deve saber da gravidade desse flerte.

Trata-se da filha do seu melhor amigo.


— O que você está fazendo? — Pergunto, quase sussurrando. A garota
sorri e beija o meu rosto demoradamente.

— Apenas te agradecendo por ter sido tão gentil.

— Faria por qualquer pessoa — minto, apenas para esfriar as coisas. A sua
expressão muda por um segundo, mas a mulher toma o controle novamente e coloca um
sorriso no rosto. — Tenho que me despedir agora — aviso. — Descanse bem, Geórgia.

— Quando nos veremos novamente?

— Não faltarão oportunidades — afirmo, sendo um pouco frio. Ela precisa


entender que não a encontrei por escolha própria, que só nos veremos quando for
inevitável.

— Gostei de você — ela fala quando estou prestes a deixar o cômodo.

— Isso é bom, considerando a minha proximidade com o seu pai.

— Não tem nada a ver com ele.

Geórgia está me deixando frustrado e a gente acabou de se conhecer. A


minha vontade é virar para ela e pedir que esqueça qualquer ideia maluca que esteja
criando a meu respeito, mas dou um desconto por imaginar que o cansaço não a deixa
pensar e agir com racionalidade.

É uma menina, afinal de contas. Amanhã, ela nem se lembrará mais da


forma como me olhou e, com sorte, não terá notado que a atração foi mútua.
— Descanse — falo, deixo o seu quarto e o apartamento do Arthur.

Enquanto dirijo para casa, penso em como será daqui por diante. Sinto que
um desafio foi colocado diante dos meus olhos e terei que pôr à prova o meu
autocontrole para não titubear, caso ela queira dificultar a minha vida.

Terei que ter em mente tudo o que está em jogo, mas não será fácil,
considerando que nem mesmo pensei na mulher com quem penso em me casar quando
elenquei os motivos para não fraquejar no seu quarto.

Mesmo não tendo feito nada, sinto-me um grande filho da puta.

Quando chego em casa, tomo um banho e vou para o quarto. Fico surpreso
quando vejo a minha quase noiva dormindo na minha cama. Apesar dos anos de
relacionamento, a gente não tem o costume de dormir juntos. Dificilmente acontece. Se
ficou, foi porque estava esperando para ouvir o que eu tinha a dizer.

Vou até o banheiro, retiro a caixinha com o anel do bolso do meu terno e
volto para perto da cama. Pondero sobre o que devo fazer. A minha cabeça diz que
preciso acordar a minha namorada e fazer o pedido de uma vez.

O meu coração pede que eu respire fundo e descanse, antes de dar um


passo tão definitivo, pois embora tivesse certeza horas atrás, a forma como fiquei
mexido por causa da garota mostrou que tem algo fora do lugar nessa relação.

Mesmo sabendo que jamais faria algo a respeito da atração inconveniente,


talvez valha a pena pensar um pouco mais antes do pedido, pois não quero que Jasmine
se case comigo e não me tenha cem por cento entregue a ela.

Sem me precipitar, caminho até a mesa de cabeceira, abro a última gaveta


e escondo a caixinha com o anel dentro. Depois, deito-me atrás do corpo da Jasmine e a
abraço.

Sinto-me bem só de ficar assim com ela. Os meus pensamentos param de


dar voltas e até a minha respiração fica mais calma. Sei que é assim porque ela tem sido
o meu ponto de equilíbrio, o meu ideal e escolha segura.

Ao lado da minha namorada, sei quem sou e o que quero para o futuro.
Tem que ser assim e não vou permitir que uma garota mude isso.
CAPÍTULO 4

Acordo um pouco perdida e sem saber onde estou. Sento-me alarmada,

olho em volta do quarto desconhecido, mas imagino que esse seja o apartamento do meu

querido pai.

Depois de me espreguiçar e sentir que estou totalmente desperta, começo a


lembrar-me de tudo que aconteceu ontem e como vim parar aqui.

Primeiramente, conheci o homem dos meus sonhos. Não que eu tenha

sonhado tão alto, mas soube que seria ele quando o vi me encarando com aquele belo
par de olhos azuis.
Cada segundo da pouca interação que tivemos ontem foi revelador para

mim. Mesmo tendo namorado durante tanto tempo com o Felipe, perto do Lucas senti
emoções inéditas, como se eu nunca tivesse sentido o poder de uma atração antes.

Talvez tenha sentido, mas não com tanta intensidade.

Seria muito superficial da minha parte pensar que o homem me

impressionou apenas pela beleza, mas seria aceitável, já que ele é realmente muito lindo.

Há algo a mais, um mistério em sua postura tensa, que faz parecer que tem
uma fera rugindo dentro dele, louca para se soltar. Há também um perigo muito sútil,

um fogo dentro dos seus olhos que faz promessas de um incêndio de grandes
proporções.

Se eu fosse sensata como minha mãe me ensinou que deveria ser, colocaria

a minha mente no lugar e esqueceria do calor que o João Lucas me fez sentir. Se eu
valorizasse a minha paz de espírito, iria ponderar o desastre de tentar seduzir o homem.

Mas eu não me sinto sensata na maior parte do tempo, não começarei logo

agora que encontrei a pessoa que vai tornar a minha vida aqui no Brasil muito mais
interessante.

Eu não sou uma vadia e não estou desconsiderando o fato de o homem ter

uma namorada, que deve ser deusa como ele, mas não será culpa minha se Lucas não
conseguir resistir aos meus encantos.
Não farei nada diretamente, até porque, não será preciso, considerando a
sua reação a mim ontem à noite aqui no quarto.

Lucas tentou fingir e até se manteve frio em seus modos e palavras, mas eu

senti que mexi com ele de alguma forma. Ele pode fugir, mas a atração existiu e nós
dois sentimos.

— Hora de levantar — sussurro, ao prender os meus cabelos no alto da

cabeça.

Ao levantar da cama, dou uma olhada no quarto. É bem grande e todo em


tom de lilás. A pessoa que o decorou estava esperando uma criança, não uma mulher.

Mas admiro o esforço do meu pai.

Entro no banheiro para tomar banho e encontro tudo que preciso, de


toalhas a escovas novas. Depois de vários minutos debaixo da ducha, sinto-me

renovada, como se o cansaço tivesse descido pelo ralo junto com a água.

Quando saio do banheiro e pego o meu celular, percebo que não foi bem o
banho que levou o cansaço, afinal, já passa de uma da tarde. Dormi metade do dia, mas
não me culpo, pois estava precisando, depois de tantas horas no avião.

Depois que me visto, me sento no sofá que foi posto na frente da cama e
ligo para a minha mãe. Nós conversamos por um tempo e fico feliz por ela não ter
ficado chateada com a minha fuga. Josy e o meu padrasto entenderam que era melhor

assim, sem choros e dramas.


Ao encerrar a ligação, saio do quarto e caminho pelo apartamento, que
chega perto de ser grande como uma casa. É tudo muito masculino, mas de bom gosto.

Fico um pouco ansiosa, porque se o Arthur estiver em casa, será a primeira vez que
ficaremos a sós depois de três anos.

Da última vez que nos vimos, eu era uma adolescente. Das vezes em que
ligou para a minha mãe, não falei com ele. Quando Josy insistia para que eu pegasse o
telefone, era no máximo para o cumprimentar.

Arthur está na cozinha e eu preciso de um pigarro para chamar a sua


atenção para a minha presença. Ele se vira para mim e sorri.

— Boa tarde, querida. Você descansou bem? — Questiona. Eu me


aproximo da bancada americana para espiar o que ele está fazendo.

— Muito bem. A cama é maravilhosa.

— Fico feliz que tenha gostado — apesar de estarmos falando como


pessoas civilizadas, há certa estranheza e desconforto. — Estou preparando o almoço.
Você quer almoçar ou tomar café?

— Prefiro almoçar, se não for dar muito trabalho para o senhor — digo.

— Imagina, fiz o suficiente para nós dois. Mas dê um desconto para o seu
pai se não estiver tão bom. É o único prato que sei preparar na cozinha — afirma. —
Geralmente, sou alimentado pela Lica, mas ela não fica aqui o tempo todo. Lembra-se
dela?
— Como poderia esquecer? — Lica era a mulher amorosa que dava a
atenção que eu não recebia do meu pai.

— Ela está louca para te ver.

— Também gostaria de revê-la — falo com gentileza. — Quanto às


refeições, eu posso fazer. Adoro cozinhar.

— Estou ansioso para experimentar a sua comida. A sua mãe me contou


que você tem um talento nato com as panelas. Será uma excelente chef — elogia.

Devo admitir que o homem está sendo extremamente gentil e atencioso.


Está na cara que ele quer que eu me sinta bem.

— Obrigada pela confiança.

— Não precisa agradecer, é esteja certa de que nós vamos ficar bem.

— Eu sei que vamos — digo, e espero que entenda que estou falando em
mais de um sentido.

A minha mãe estava certa e parte dos motivos que me fizeram vir foi a
busca por uma relação com o meu pai. Talvez, ainda seja a criança que sentia falta da
presença do pai biológico, mesmo tendo um padrasto maravilhoso.

Eu fico observando o Arthur em silêncio, até que ele termina e a gente se


senta à mesa para comer. Conversamos sobre amenidades e ele parece muito interessado
nos meus planos para o futuro. Como não sou boba nem nada, aproveito para pedir um
emprego.

— Você quer fazer o quê?

— Não tenho certeza, mas tem que ser um horário flexível por causa do
curso. Talvez eu possa estudar pela manhã e trabalhar à noite.

— Se quiser, posso ver se consigo algo para você na Adega.

Adega é o nome do clube noturno que o meu pai possui. Até onde sei, ele é
proprietário do lugar juntamente com três amigos. A minha mãe me contou
recentemente que todos vivem bem, pois o faturamento do estabelecimento é alto,
sobretudo, pelas atrações internacionais que rendem pelas vendas de ingressos.

Agora que sou adulta e estou aqui, sinto-me ansiosa para conhecer o lugar
pessoalmente e comprovar se é tão bom quanto parece.

— Seria muito bom. Posso fazer qualquer coisa — aviso.

— A minha filha não vai fazer qualquer coisa — Arthur afirma. — Além
do mais, você não precisa…

— Sei o que vai dizer e agradeço, mas não quero depender inteiramente do
senhor. Me sentiria inútil.

— Tudo bem. Não vamos falar sobre isso agora. O que você está achando
da comida?
— O feijão está uma delícia, Arthur. Você leva jeito.

— Vindo de você, é um grande elogio — fala, e nós dois sorrimos.

— Quem era o homem que estava com a gente ontem? Ele me colocou na
cama depois que você apagou.

— Eu sinto muito.

— Não estou te criticando, pai. Apenas fiquei curiosa, porque ele pareceu
ser alguém muito gentil.

Eu realmente não fiquei chateada com o Arthur. Também estava nervosa e


teria bebido se tivesse tido a chance. Só toquei no assunto para sondar sobre o João
Lucas.

— Lucas é o meu amigo mais próximo desde os meus dezenove anos. Nos
conhecemos na nossa cidade natal e fizemos faculdade juntos depois que veio morar
aqui. Me formei um ano antes e nunca nos afastamos. Também sou muito próximo dos
irmãos dele, Emanuel e Miguel. Nós quatro somos sócios e amigos.

— O quarteto fantástico? — Brinco.

— Nem tão fantástico assim — devolve. — De todos nós, Lucas é o mais


sério e focado. Ele meio que é o ponto de equilíbrio. Se ele desmoronar, eu e os outros
caímos juntos. Lucas nos mantém unidos e focados. Às vezes o invejo, pois parece que
nada pode o abalar.
— Não acredito que seja assim. Ele deve ter um ponto fraco.

— Se tem, ainda não sei o que é — comenta, mas fica pensativo por um
instante. — O que achou dele?

O meu coração dispara por causa da pergunta do meu pai, mas olho para
ele com atenção e percebo que não está desconfiando de nada.

Se ele soubesse que senti vontade de sentar no seu melhor amigo… O tão
correto João Lucas.

— Ele parece ser uma ótima pessoa.

— Só não tem bom gosto com as mulheres. A namorada dele é bem bonita,
mas é insuportável. Tem cara de tédio o tempo todo e diz amém para tudo que o Lucas
fala.

Percebi que o meu pai é fofoqueiro e isso é um ótimo ponto a seu favor.

— Eles vão se casar? — Questiono.

— Lucas não falou abertamente, mas o conheço bem e sei que está
ensaiando para fazer o pedido muito em breve.

Merda!

Arthur se empolga, me convida para o sofá e começa a falar sobre os


outros sócios. Eu escuto, mas não com tanto interesse como quando o assunto era o
Lucas.

— Estou te chateando? — Ele pergunta depois de um tempo.

— Imagina. É bom te ouvir, assim conheço um pouco mais as pessoas que


estarão próximas a mim de agora em diante.

— Você tem um bom ponto — ele fala, depois olha para o relógio no
pulso. — Irei trabalhar mais tarde. Se você quiser vir comigo, sinta-a à vontade.

— Eu vou. Estou ansiosa para conhecer a Adega.

— Foi muito bom passar esse tempo com você, filha. Mais tarde a gente se
vê — Arthur fala, ao se levantar, beijar a minha testa e depois sair da sala.

Minutos depois, o homem sai de casa sem dizer para onde está indo. Não
que eu quisesse saber, pois só consigo pensar que verei o Lucas novamente e será muito
mais rápido do que pensei.

Mas como a vida não é feita de fogo no rabo, vou para o quarto, ligo o
notebook e começo a fazer pesquisas acerca das faculdades que oferecem cursos de
culinária aqui na cidade, afinal, eu disse para a minha mãe que viria para o Brasil
estudar.

Mato o meu tempo com as pesquisas. Quando decido que já fiz o suficiente
e desligo o computador portátil, já passa das seis da tarde. Ainda me sinto um pouco
sonolenta e penso em tirar um cochilo antes de sair com o meu pai, mas ele bate na
porta e destrói os meus planos.
— Filha?

— Pode entrar, Arthur. — O homem não entra, mas espia o ambiente


rapidamente e avisa:

— Ainda quer ir até a Adega?

— Com certeza.

— Então, comece a se arrumar. Sairemos dentro de uma hora, está bem?

— Pode deixar.

Quando Arthur bate a porta, eu pulo da cama e começo a colocar a mão na


massa. Tomo outro banho e aproveito para passar hidratante em todo o meu corpo. Seco
os meus cabelos naturalmente ondulados com o secador e faço uma maquiagem mais
leve.

Antes de escolher o que vou vestir hoje, passo o meu perfume favorito em
lugares estratégicos do meu corpo.

A parte de me vestir é a mais difícil, pois estou querendo impressionar um


homem que não tem a menor chance de ser meu, não nesta vida. Ainda assim, quero que
ele veja o quanto posso ser atraente quando me proponho a isso.

Termino optando por um vestido floral soltinho, curto e de alças finas. Para
os pés, escolho botas pretas de cano baixo e uma bolsinha para pendurar no ombro.
Deixo os meus cabelos presos em um rabo de cavalo e coloco brincos de argolas nas
orelhas. O piercing no nariz também não pode faltar.

Ao terminar de me arrumar e me olhar no espelho, fico satisfeita com o


resultado, pois não estou parecendo uma menininha inocente, mas também não estou
vestida para a sedução. Há um meio termo aqui e tudo dependerá dos olhos e das
intenções de quem estiver olhando.

— Está bonita, Geórgia — Arthur fala quando chego pronta na sala e o


vejo sentado no sofá.

— Obrigada. O senhor também está ótimo.

— Vamos? — Eu aceno com a cabeça e nós dois saímos de casa.

A viagem de ida até o clube noturno não dura mais do que quinze minutos.
Quando eu entro no lugar, fico com o queixo caído com o tamanho e com o quanto
parece luxuoso. Penso que o acesso a um estabelecimento tão alto nível não deve ser
barato.

O bar toma toda a parede e parece ter todos os tipos de bebidas que
existem no mercado. Há mesas e cadeiras, um globo de luz e até um poste de pole
dance. Pelo visto, eles trabalham com estilos variados de atrações. Os meus olhos são
atraídos para o palco onde devem acontecer os shows e, de repente, sinto um imenso
desejo de estar aqui quando esse lugar estiver cheio, pulsando de energia como se
tivesse vida própria.
— Gostou? Os seus olhos estão brilhando, filha.

— Gostei muito. Estou imaginando como deve ficar quando está cheio.

— É uma loucura — ele avisa. Eu quero ver e sentir essa loucura.

Eles devem amar fazer parte de tudo isso.

— Quer conhecer o segundo piso? É onde ficam os nossos escritórios.


Além de cada um ter o seu, há o que é comum para todos, onde fazemos as nossas
reuniões — ele explica, enquanto andamos na direção do elevador.

Arthur mostra o seu escritório e o comum. Depois, passa pelo dos outros,
mas apenas uma das salas está com a porta entreaberta. Meu pai espia dentro da sala e
depois entra sem pedir licença. Eu o sigo e sou surpreendida com Lucas sentado e
trabalhando no seu computador.

Ele estava digitando alguma coisa, mas para e ergue o olhar quando nota a
nossa invasão.

— O que fazem aqui? — Pergunta, ao arregaçar as mangas da sua camisa


preta. Aparentemente, ele não ficou feliz com a nossa entrada sem pedir licença.

Ainda assim, ele mostra um sorriso de canto. Deu para perceber que esse
homem é todo controlado. Por mais que ele deixe as emoções transparecerem em um
momento, no segundo seguinte ele volta a si e mostra apenas o que deseja que as

pessoas vejam.
Apenas uma pessoa atenta a tudo como eu perceberia essas nuances na
personalidade de alguém.

— Estou mostrando o lugar para ela. Como você é o único que chegou,
decidi entrar. Atrapalho?

— Não, eu estava trab… — Ele interrompe a explicação quando algo na


lateral da sala chama a sua atenção.

— É claro, você estava trabalhando — meu pai o provoca com


divertimento, mas tudo que consigo sentir é decepção quando vejo a sua namorada se
aproximando. Aqui deve ter um banheiro e ela estava lá.

Além de aparentar ter a idade próxima a dele, a mulher é linda pra


caramba. Linda e alta. Aposto que trabalha como modelo. Eu não preciso conviver com
esses dois para saber que combinam. Basta que os veja na mesma sala para chegar a
essa conclusão.

Só mesmo uma paixonite boba e instantânea para me fazer acreditar que


teria alguma chance contra essa mulher. Certamente, o Lucas e eu não temos nada a ver.

Por falar nisso, ele nem mesmo olhou para mim desde que entrei. Agora
que a namorada está na sua frente, é como se só ela existisse no mundo. Talvez eu só
esteja mordida de ciúme. Um ciúme sem sentido e desproporcional.

— Arthur, querido, essa moça linda é sua filha, não é? Não tem como
negar, ela se parece um pouco com você
Um pouco?

— Jasmine, essa é a Geórgia. Minha filha, como você mesma percebeu.

Ela estende a mão e nós nos apresentamos formalmente.

— Vamos sair? Não queremos mais atrapalhar o casal — falo, doida para
fugir daqui.

O meu pai não entende a minha pressa repentina, parece confuso, mas
balança a cabeça e faz o que eu propus.

Sem dar um único olhar na direção do Lucas, deixo a sua sala. Sinto tanto
alívio que até pareço mais leve.

Namorei um ano e não me recordo de ter me sentido assim alguma vez.


Sempre pensei que não fosse ciumenta, mas acabei de descobrir que posso ser. O ciúme
é algo que queima e não quero mais me sentir assim.

Nunca mais.

Quando a gente desce para o primeiro piso, meu pai me apresenta mais
algumas coisas e, minutos depois, dois homens se aproximam de nós dois com sorrisos
enormes em seus rostos.

Eles são muito bonitos, e está literalmente na cara que são os dois outros
sócios e irmãos do Lucas.
O meu pai nos apresenta e os rapazes brincam de flertar comigo, de uma
forma que o Lucas não fez. Rapidamente, me sinto entrosada com os dois e o Arthur
parece não se importar com as brincadeiras, pois sabe que estão apenas me provocando.

Pela primeira vez desde ontem, estou me sentindo verdadeiramente à


vontade, e isso só mostra que realmente preciso esquecer a bobagem de me sentir
atraída pelo Lucas, que além de ser amigo do meu pai, é comprometido.

Com isso em mente, e deixando o homem no fundo da minha mente,


começo a discutir com os caras e o Arthur sobre onde me encaixarei aqui. Eu poderia
trabalhar em qualquer outro lugar, mas simplesmente me encantei pela Adega e quero
ficar.

Encontrarei o meu lugar e será fácil, porque coloquei a minha cabeça no


lugar e decidi focar apenas no que me faz bem e me deixa leve. É dessa forma que quero
viver a minha vida.
CAPÍTULO 5

— Tem alguma coisa errada com você? — Jasmine para ao meu lado e

passa a olhar para a área ampla do estabelecimento com curiosidade.

Estou me sentindo exasperado desde que a garota saiu com o pai desta sala
e não sei explicar o porquê disso. É como se o nó da gravata estivesse apertando o meu

pescoço e eu nem estou usando gravata.

Daqui de onde estou, consigo ver toda a parte destinada para os

frequentadores do clube noturno. Todos os escritórios têm essa visão privilegiada por
causa da parede espelhada. Foi uma decisão nossa que fosse dessa forma, assim,

poderíamos ter maior controle do que acontece no nosso estabelecimento.


Mas o lugar ainda está vazio, pois não deu o horário em que abrimos para

o público, e estou de olho por outro motivo. Odeio-me por isso, mas não posso
controlar.

A minha namorada veio me fazer uma visita, mas tenho que admitir que

me senti um pouco incomodado por ela ter vindo sem avisar. O problema é que Geórgia
também veio com o pai e o que senti foi totalmente diferente de incômodo.

Foi uma pontada de excitação e medo pelo que estou sentindo. Depois que

a Jasmine saiu do banheiro e Geórgia a viu, algo em sua postura e expressão mudou. A
garota, que está mais linda ainda com as pernas de fora por causa do vestido curto,
praticamente fugiu daqui sem lançar um único olhar na minha direção.

Eu poderia estar comemorando o fato de ela ter visto a Jasmine, e talvez


isso tenha acontecido em um primeiro instante, pois fiquei com a esperança de que

pudesse eliminar qualquer ameaça de que não tivesse esquecido o clima estranho entre a
gente ontem à noite.

Mas agora que estou observando aqui de cima, tudo o que sinto é um vazio
no peito. Algo estranho que nunca me ocorreu. Sinto-me excluído, porque ela está lá,
junto com o pai e com os meus irmãos. Eles sorriem e parecem entrosados com a garota,
embora tenham a conhecido há pouquíssimos minutos.

Eles estão felizes e eu estou aqui, sendo o responsável, me comportando e


vivendo da forma que escolhi, assistindo de longe ao lado da mulher que escolhi para
passar o resto da minha vida.
— Eles estão loucos por ela — Jasmine comenta, eu viro o rosto em sua
direção, completamente aturdido com o seu comentário cheio de veneno.

Eu não entendo o motivo, mas Jasmine nunca fez questão de se dar bem

com os meus irmãos e o Arthur. Ela não tentou ser amável em todos esses anos e os
caras acabaram pegando birra dela.

Eles fingem que a minha namorada não existe na maior parte do tempo e

só convivem com ela quando não tem outra saída. Acontece uma vez por ano na data do
meu aniversário.

— Você está falando besteiras.

— Estou? — Mexido com o seu comentário, afasto-me da parede


espelhada e ela vem atrás de mim.

— Ela é só uma menina — afirmo para Jasmine, mas poderia repetir isso

para mim mesmo com mais frequência.

— Ela é uma mulher. Aliás, uma mulher lindíssima e tenho certeza de que
você não é cego e deve ter notado isso. Os seus irmãos também notaram.

— Jasmine, você está sendo desrespeitosa ao tentar insinuar alguma coisa.


Você está falando da filha do Arthur.

— Amor, não precisa ficar tão irritado, só estou te provocando. — Ela para
atrás de mim e beija as minhas costas. — Eu sei que nenhum de vocês três seria capaz
de tocar na filha do Arthur.
Não sei se a minha namorada está totalmente certa. Posso até não ser
capaz, mas a vontade existe. Quando a vi no aeroporto, a atração instantânea me fez

esquecer de quem era o seu pai.

— É melhor você ir agora, querida. Daqui a pouco a casa vai encher e eu


não terei tempo para te dar toda atenção que merece — falo, ao puxá-la para minha
frente.

— Você tem razão, mas promete que vai me ligar mais tarde?

— Você sabe que eu sempre ligo — digo, a mulher sorri e me beija.

O beijo não mudou só porque olhei com desejo para outra mulher. Ainda é
o mesmo: bom, seguro e conhecido.

Essa percepção faz com que eu me sinta um pouco mais seguro.

— Até breve — Jasmine sussurra contra a minha boca e depois caminha na


direção da porta. Antes de sair, ela se volta para mim e pergunta:

— O que tinha para me dizer ontem?

Eu sei que ela veio aqui com o intuito de sondar a respeito desse assunto e
eu deveria acabar com isso de uma vez por todas, mas algo me segura e estou ouvindo
esse lado que me pede para esperar um pouco mais.

— Não era nada urgente. Eu só queria falar sobre a nossa viagem —


minto, e vejo a decepção no seu rosto.
Nós saímos juntos de férias todos os anos e é sempre muito bom para o
nosso relacionamento, mas o assunto nem mesmo passou pela minha cabeça.

— Se era isso mesmo, a gente pode falar com mais calma depois —
Jasmine afirma, manda beijo e depois sai.

— Qual é a porra do meu problema? — Pergunto alto para mim mesmo,


como se as paredes tivessem a resposta.

Em vez de sentar-me para trabalhar nas contas da empresa, vou novamente


até a parede espelhada. Eles ainda estão conversando e me irrito quando Miguel apoia a
mão nas costas da garota.

Sabendo que não conseguirei me concentrar, vou até eles. O grupo para de
conversar quando me vê e abre espaço na rodinha para que eu me encaixe.

— Estão dando uma festinha e não me chamaram? — Falo com ironia e


encaro o Miguel, talvez ele encontre um pouco de sensatez. Está muito próximo da
menina.

Será que se interessou por ela?

Não. Eu duvido muito. O único doente aqui sou eu.

— Estamos fazendo o comitê de boas-vindas para essa gracinha —


Emanuel está sendo um babão. Só falta apertar as bochechas da Geórgia como se ela
fosse um bebê.
Arthur fica olhando para tudo com um sorriso besta estampado no rosto.
Ele confia em nós três, mas não deveria. Ainda somos homens e sentimos desejos,
mesmo que seja pela sua filha, que se tornou uma mulher deslumbrante.

— Falando assim, você me faz sentir como se fosse uma criança —


Geórgia fala, mostrando o seu sorriso bonito.

Agora, estou me perguntando se ela é viciada em flertar ou se age assim


naturalmente.

— Nós estamos discutindo o que a Geórgia fará aqui na Adega — Arthur


fala.

— Perdão?

— É isso mesmo que você ouviu, meu amigo. A minha filha gostou daqui
e quer ter uma ocupação. Nada mais justo do que a gente dar um emprego para ela.

— Ela não pode trabalhar aqui — digo por impulso e todos, inclusive, a
menina, direcionam os olhares para mim.

— Posso saber por que? — Arthur questiona.

— Não é seguro. Os caras irão cair matando em cima dela. Será que vocês
não pensaram nisso?

— Eles podem até ter pensado, mas não iriam me impedir com esse
argumento, porque sou adulta e sei me defender sozinha — fala sem paciência e sai
pisando duro na direção do bar.

— Foi você quem pediu, meu amigo — Arthur diz, aos risos.

Ninguém percebeu que falei por ciúme. O maldito ciúme de uma garota
que conheci ontem. Não tinha como ser mais problemático.

— Por que ela foi para o bar?

— Antes de você chegar, nós decidimos com a Geórgia que ela trabalhará
atrás do balcão. Ela está ansiosa para aprender a preparar drinks com um dos barmans.

— Isso é uma loucura!

— Lucas, eu sei que você é pirado e só está preocupado com a minha filha,
mas vamos dar um voto de confiança para ela.

— Ele está certo, irmão — Emanuel se mete. — Não comece a tentar


exercer o seu controle sobre a vida da menina. Ela é filha do Arthur, não sua.

Será que estou passando a impressão de que quero roubar o lugar do


Arthur? Ou todo mundo enlouqueceu?

— Tudo bem, porra! Já que sou voto vencido, ela fica, mas estarei de olho
nela.

— Não temos dúvidas disso — Miguel dá um tapinha no meu ombro.


— Vamos nos preparar, porque as portas estarão abertas dentro de uma
hora — digo, e os deixo.

Antes de entrar no elevador, estico o olhar até o bar. Geórgia está


concentrada, observando as bebidas com curiosidade. Percebi que não olhou para mim
nem mesmo quando me confrontou na frente dos outros caras.

— Que se foda! — Sussurro baixinho.

Esse negócio funciona tão bem porque cada um de nós quatro tem uma
função. Enquanto os meus irmãos e o Arthur cuidam da parte prática, que vai da
segurança a compra de bebidas, eu cuido da administração, basicamente, da parte mais
tediosa para eles, mas é algo que sinto prazer em fazer.

Gosto de controlar as nossas saídas, do faturamento, da contratação do


pessoal que trabalha para nós e de algumas atrações nos dias que têm shows. É onde eu
me encontro e me sinto confortável, mas, desde ontem, não há nada que me faça ter foco
total no trabalho.

Eu não sei dizer o que aconteceu comigo, pois não sou assim. De repente,
uma garota boba começou a me tornar algo que não sou e isso está me deixando
desesperado.

Até sentir essa vontade por algo que não consigo dimensionar e muito
menos controlar, eu tinha as minhas emoções na rédea curta, de repente, é como se tudo
estivesse caindo como um castelo de areia muito rapidamente.
A minha vontade é de levantar e ir para casa, mas não faço isso durante as
horas seguintes, simplesmente por saber que ficaria com a cabeça aqui.

Apesar de saber que senti um pouco de ciúme por pensar em todos os


filhos da puta que irão cobiçar a garota, há também um pouco de preocupação e eu não
sei como o Arthur não levou isso em consideração quando incentivou essa maluquice de
ela ficar atrás do balcão do bar. De tudo o que Geórgia poderia fazer aqui, tinha que ser

logo no bar? Onde se concentra a maior quantidade de babacas por metro quadrado?

Entre tentar revisar algumas contas no computador e pensar no que não


devo, em vez de ligar para a minha namorada e pedir para que me encontre em casa,
porque talvez eu esteja precisando de sexo, perco a noção da hora. Quando dou por
mim, a música parou e o silêncio reina.

Erguendo os braços para me espreguiçar, vou até a parede espelhada e olho


para baixo. Realmente, quase todo mundo foi embora e o único movimento que vejo é
dos funcionários que cuidam da limpeza.

Depois de um longo bocejo, pego as minhas chaves, a carteira e decido que


também chegou a minha hora. Desço até o salão, olho na direção do bar e quase tenho
uma síncope quando vejo Geórgia passando uma flanela bem lentamente no balcão.

O que essa menina está fazendo aqui? Tiro o meu celular do bolso, apenas
para ter certeza de que já passa das três da manhã, mas o aparelho está sem bateria.

Era só o que me faltava!


Guardo novamente o aparelho e me aproximo dela, que não parece
surpresa em me ver.

— Nós já vamos?

— Nós? — Questiono. O meu olhar desce para os seus peitos, mas voltam
para o rosto rapidamente em seguida.

— Você não viu a mensagem? Eu queria terminar o meu trabalho e ele


queria ir para casa, então o Arthur me deixou ficar com a condição de que você me
levasse.

Porra, sempre o Arthur fazendo merda!

— Não vi a mensagem, o meu celular está sem bateria — explico, ao me


sentar na cadeira que fica na frente do balcão que a moça está limpando.

— Eu não queria te incomodar — ela fala.

— Não está incomodando, Geórgia. E pode ficar tranquila, posso esperar


até que você termine.

— Não vou demorar — fala, mas não cumpre com a sua palavra.

Vinte minutos depois, ela ainda está limpando, todos foram embora e
ficamos sozinhos. Começa a trovejar do nada e só por isso a garota se dá por satisfeita.
Admiro o seu esforço por ter começado a trabalhar hoje. Mostrou
competência e não se valeu do fato de ser filha de um dos donos, como outras no seu
lugar fariam.

— Melhor a gente ir, antes que comece uma tempestade. Vou pegar a
minha bolsa. — Eu deveria ser cavalheiro e virar o rosto, mas fico observando quando
ela se abaixa para pegar a bolsa que estava sobre uma caixa de bebidas e quase mostra a
bunda bonita.

— Pronta?

— Prontíssima!

Ela está cheia de energia, mesmo às três horas da madrugada. Da minha


parte, percebi que só o fato de estar perto dela acalmou a aflição dos meus pensamentos.
Também pudera, como poderia ser diferente se a minha mente se tornou uma página em
branco?

Agora, é como se eu fosse outra pessoa. Poderia ser qualquer um, menos
eu mesmo. Quando deitar a cabeça no travesseiro mais tarde, irei me arrepender por me
permitir esquecer-me do que não pode ser esquecido jamais.

Geórgia sai de trás do balcão e, lado a lado, caminhamos para o


estacionamento. Antes mesmo de alcançarmos o carro, a tempestade começa tão forte
que chega a ser assustadora.

De onde saiu essa chuva?


— É melhor a gente não sair daqui agora. Pode ser perigoso com esse
aguaceiro — falo, mas Geórgia fica incerta. Ouvimos um trovão muito barulhento, ela
pula de susto e se joga nos meus braços.

Sinto que o seu coração está muito acelerado por causa do susto. O meu
também está, mas por motivos completamente diferentes.

— Tem medo de trovões?

— Apenas os barulhentos como esse e quando não estou debaixo das


minhas cobertas.

— Vem, vamos nos abrigar. Será impossível sairmos daqui agora. — Sem
argumentar mais, Geórgia se deixa ser guiada para dentro da loja.

Com a minha mão apoiada nas suas costas, ela apenas me segue quando
entramos no elevador. Levo-a para a minha sala, mesmo sabendo que estou cometendo
um erro, pois tenho a sensação de que não posso ficar sozinho com essa menina sem

correr o enorme risco de deixar que a atração assuma o controle.


CAPÍTULO 6

Quando a filha do meu melhor amigo entra no lugar onde costumo passar

parte dos meus dias, fico com a impressão de que o seu cheiro bom irá se espalhar pelo

escritório e que nunca mais irei entrar aqui sem a sentir de alguma forma.

— Sinta-se à vontade. — Aponto para o sofá de couro no canto esquerdo e

a menina deixa a bolsa de lado e se senta com as pernas cruzadas uma sobre a outra. —
Vou procurar o meu carregador reserva, pois precisamos avisar o Arthur que a chuva

nos deixou presos.

— Sim, ele deve estar preocupado. Mas pode deixar que enviarei uma

mensagem — afirma, e ainda assim pego o carregador na gaveta e ligo o aparelho na


tomada.

A gente fica em silêncio por um tempo, e apenas o som da chuva caindo


nos livra do silêncio total e constrangedor. Para quebrar o clima estranho, puxo assunto.

— Como foi o seu primeiro dia na Adega? Não imaginei que fosse querer
começar hoje mesmo.

— Eu não poderia ficar em casa sem fazer nada e sozinha. Quanto a tudo

que fiz hoje, devo confessar que foi uma loucura. Eu pisquei e a casa já estava cheia.
Mas gostei do agito, apesar das cantadas baratas e de alguns caras terem pensado que a

bebida vinha junto com uma noite de sexo.

— Você precisa tomar cuidado. Alguns homens não sabem o significado


da palavra limite, ainda mais quando se trata de uma jovem tão…

— Tão o quê?

— Linda como você — termino a frase. Sei que não estava em busca de
elogio. Queria me desafiar a falar e eu caí como um patinho.

— Como disse antes, sei me cuidar. Eles podem querer tudo, mas a escolha

está nas minhas mãos — fala com firmeza e eu gosto disso.

O que não gosto é do fato de estarmos tão distantes, ela no sofá e eu com o
quadril apoiado contra a minha mesa. Não é assim que costumo ter as minhas conversas.

— Tenho certeza de que irá se sair muito bem — elogio, ela sorri.
Os seus dentes são perfeitos e a boca parece ser tão macia que a minha fica
seca de vontade de provar os seus lábios.

A proximidade forçada pelo acaso está mostrando que estava certo de

pensar que não posso ficar sozinho com ela, porque não há volta para a atração que
sinto. Me torno vulnerável como nunca fui e propício a cometer erros.

Pensando bem, talvez eu esteja me contorcendo á toa e sozinho nisso,

afinal, Geórgia estava me ignorando agora há pouco. Ela não parece estar atraída por
mim.

Isso é bom, não é?

Será muito mais fácil para todos nós se estiver claro para a garota que sou
apenas o amigo e sócio do seu pai. Talvez, também me torne seu amigo no futuro.

Simples e fácil, como tem que ser.

— Obrigada — agradece. — A sua namorada é muito bonita. Você


pretende se casar com ela no futuro próximo?

A sua pergunta me pega de surpresa, pois não imaginei que fosse tocar no
assunto. Não sei qual a sua intenção, se é apenas mera curiosidade ou uma tentativa de
me sondar pelos motivos errados. Os mesmos motivos errados que me fazem querer

saber se tem alguém na sua vida.

Deve haver. Duvido que uma moça como ela esteja dando sopa por aí.
Provavelmente tem uma fila de pretendentes, todos jovenzinhos da sua idade.
— Sim. Em breve teremos um casamento por aqui — falo, mas não sinto o
entusiasmo que quero demonstrar.

— Parabéns. Desejo felicidades, porque vocês formam um casal bonito —

Geórgia fala, mas não está sendo sincera. — Sente-se perto de mim, Lucas. Não vou te
morder, nem mesmo se você pedir — brinca.

— Parece que tem alguém que mudando o sentido da frase — provoco, ao


me aproximar, depois de chegar à rápida conclusão de que não há mal algum em ficar
mais perto.

— Tudo bem, eu poderia morder se você pedisse com jeitinho — conserta


quando me sento ao seu lado no sofá.

O estofado tem três assentos, mas me acomodo perto dela. Quero mostrar
para nós dois que não me sinto atingido com sua proximidade. Está tudo bem.

— Que tipo de mordida seria? Uma mordida mortal ou de amor?

Ok. Estou indo longe demais ao sorrir na cara do perigo dessa forma.
Estou flertando descaradamente, o que me torna um tolo, pois sei que não pretendo
fazer nada.

— Deixaria a escolha nas suas mãos — Geórgia provoca, mas o estrondo


de um novo trovão a faz pular de susto. Dessa vez, ela cai quase em cima de mim.

As suas mãos estão no meu peito, certamente sentindo o meu coração


acelerado. Mais uma vez, ele não está assim por eu estar assustado.
O rosto da menina está tão próximo do meu que eu poderia perfeitamente
chegar a minha cabeça para frente dois centímetros e a beijar.

Os seus olhos estão arregalados e a boca levemente entreaberta. O fato de


estar sentindo o calor da sua respiração me deixa quente e cheio de vontades obscenas.

— Está tudo bem, linda — falo com carinho para acalmá-la e acaricio o
seu rosto.

Como um animalzinho carente, Geórgia deita a cabeça na palma da minha


mão. Depois de alguns segundos, ela levanta a cabeça e a beija. É a palma da minha
mão, um beijo que pode ser inocente para ela, mas que faz o meu corpo todo tensionar.

O meu pau ameaça acordar, eu respiro fundo para me acalmar. Seria


constrangedor demais para um homem da minha idade.

Há uma explicação para o que está acontecendo e acredito que sei do que
se trata, embora isso não torne as coisas mais certas ou para mim.

Quando tinha a idade dela, eu era basicamente a pessoa que sou hoje. Era
contido, frio e não me permitia cometer os erros que todo jovem imaturo comete.
Reprimi cada pequeno desejo de cometer um deslize. Contive cada paixão que poderia
começar no início da noite e terminar pela manhã.

Diferente dos meus irmãos e do Arthur, não errei e cobrei de mim mesmo
que fosse a cabeça pensante entre eles. Quando a gente saía, eu era aquele que não
bebia, o responsável por levar todos bem para casa.
Agora, no auge dos meus quarenta e com a pessoa errada, tudo o que
estava reprimido está tentando vir à tona. Ela é a garota por quem eu poderia me
apaixonar quinze anos atrás.

É como se os anos não aproveitados estivessem querendo voltar para


cobrar a conta e não posso fugir, muito menos resistir.

Ela está aqui comigo, tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante que
parece zombar da minha cara.

O destino prega uma peça dizendo que era com alguém como ela que eu
realmente gostaria de estar. Alguém que fizesse o sangue ferver e o coração disparar. A
mulher que me deixaria com tesão pelo simples fato de respirar ao meu lado.

A mulher que teria escolhido, caso não tivesse a extrema necessidade de


proteger as emoções, causaria sentimentos contrários à segurança e ao conforto que
encontro com a Jasmine.

Ela seria imprevisível e me olharia da forma como Geórgia faz agora,


como se estivesse com fome de algo que só eu posso dar.

— O que está passando pela sua cabeça? — Questiona, eu respiro fundo e


penso que o melhor a fazer é esclarecer algumas coisas entre a gente.

É melhor saber de uma vez se essa loucura é algo que só eu estou vivendo.

— Você tem quantos anos?


— Dezoito — responde. Parece confusa por causa da pergunta.

— Eu tenho quarenta. Tenho idade para ser o seu pai.

— Ainda bem que você não é o meu pai. Seria um pecado

— Não sou, mas sou o melhor amigo dele. O Arthur confia em mim perto
de você.

— Por que está me dizendo tudo isso agora?

— Tem certeza de que não sabe? — Questiono.

Será que me confundi quando pensei que estava atraída por mim?

— Se está falando isso por causa da forma como dei em cima de você…

— Você deu em cima de mim? — Bom, acho que já tenho a resposta que
precisava.

— Se não ficou claro, é porque estou perdendo o jeito. Eu flertei com você,
Lucas. Te achei lindo e muito gostoso no primeiro instante em que te vi, tanto que
desejei que não estivesse com o meu pai no aeroporto.

— Você é sempre tão direta assim? — Eu esperava tirar alguma coisa dela,
mas não que falasse tudo abertamente.

A menina está me deixando desconcertado.


— Na verdade, eu sou. — Ela sorri. Me dou conta de que estamos
conversando muito próximos, mas não faço nada para me afastar.

— Infelizmente, eu estava com o seu pai. A gente tem uma amizade de


anos, que não será abalada por sua causa — decido ser direto.

— Está dizendo que não sentiu atração por mim?

— Deveria? Você é tão irresistível assim?

Tudo bem, estou sendo babaca sem necessidade com a menina. Como se
eu mesmo não estivesse caído por ela.

— Essa resposta, é você quem dará. Tive a impressão de que olhou mais
para os meus seios do que para o meu rosto.

— Eu tenho namorada.

Quanta hipocrisia!

— Eu a vi. Vocês farão belos filhos — fala. Geórgia já mudou de atitude, e


ela é expressiva demais para que eu não perceba.

— Não posso dar o que você pensa que quer de mim.

— Mas quem disse que eu quero algo de você? Não se dê tanto valor, João
Lucas. Eu disse que dei em cima de você e que te achei gato, mas não faltam homens
como você por aí. A diferença é que eles não têm namoradas e não são amigos do meu
pai. Fique na paz, porque, da minha parte, você não terá com o que se preocupar. Não
serei uma pedra no caminho da sua felicidade com a sua bela namorada. Espero o
convite para o casamento.

Cada palavra que saiu da sua boca foi um tapa na cara que eu estava
merecendo. Elas deveriam me deixar aliviado, mas uma parte de mim está
decepcionada.

— Você tem alguém? — Pergunto, a menina se afasta de mim.

— Isso não é da sua conta, João Lucas. Acabamos de esclarecer as coisas

entre a gente.

Eu poderia ser sensato e manter a compostura, porque ela está certa, nós
dois esclarecemos a situação e está tudo bem, mas não ajo com sensatez e a puxo para

perto de mim novamente pela cintura.

Porra!

Porra!

Porra!

Mais uma vez, nós estamos com os rostos muito próximos, trocando
respirações.

— Responda a minha pergunta, menina — exijo, mesmo a minha

consciência gritando que não tenho esse direito.


— Não vou falar! — Afirma, e me irrita. Não sei como fomos de oito a
oitenta tendo nos conhecido ontem, mas aconteceu e eu me sinto incapaz de voltar atrás
agora.

Se a ideia de que existe um namorado não tivesse passado pela minha


cabeça, isso não estaria acontecendo.

Geórgia continua se recusando a responder, eu deslizo a mão esquerda pelo


seu pescoço e seguro os fios dos cabelos próximos a sua nuca, a obrigando a me encarar,
embora não estivesse querendo fugir de qualquer forma.

— Eu sabia que esse seu jeito todo certinho e frio era só uma fachada para
enganar as outras pessoas. Esse aqui na minha frente, me pegando dessa forma e
descontrolado de ciúme, apesar de ter tentado passar a impressão de que não sentiu
atração por mim, é você de verdade.

— Não quero ouvir isso — digo.

— Também não terá a resposta que quer! — Fala, e me pega de surpresa


ao dar um beijo na minha bochecha. — Você é muito lindo e cheiroso.

— Não tente me distrair. Apenas responda se tem ou não alguém na sua


vida.

— Eu não entendo o que você tem a ver com isso, considerando que tem
uma namorada e se casará com ela. Todos nós seremos felizes.

— Nós estamos falando de você agora, não de mim.


— Tudo bem, tio. Se é tão importante para você, terá a sua resposta: Eu
tenho alguém. Na verdade, deixei mais de um nos Estados Unidos. Sabe como é? Tenho
dois buracos, é sempre uma delícia ter um na frente e outro atrás. Mas agora que estou
longe deles, terei que escolher outros dois aqui no Brasil para não ficar sozinha.
Homens que não estão prestes a se casar e que não são apaixonados pelo meu pai.

O seu monólogo me deixa tonto e sem rumo, por um fio de cometer uma
loucura sem volta. Acabo de perceber que não posso com essa garota. Todas as vezes
que tento a provocar, ela me coloca no chinelo. É um nocaute atrás do outro.

— Vadia — falo, mas não em tom de ofensa. Na verdade, toda história de


um na frente e outro atrás me deixou duro, embora tenha certeza de que jamais deixaria
outro a tocar se fosse minha.

— Pode ser que eu seja mesmo. Mas não sou a sua vadia. Nunca serei,
João Lucas.

— Eu não quero que seja.

— Sim, você quer, quis desde o primeiro olhar ontem no aeroporto. Mas
vai querer muito mais. Irá implorar e negarei todas as vezes, porque sou uma mulher
que sabe o que quer. O que não quero é ser alguém que implora por um homem
comprometido.

— Você disse que me achou bonito e nada mais além disso.


— Eu menti. Na verdade, quis sentar em você e teria sido uma bela
cavalgada que jamais esqueceria, tio.

— Não me chame assim, porra! Não sou o seu tio! Se fosse, não estaria…

— Você me deseja e não sabe como lidar com isso, pois nunca esteve nesta
situação. Admita se tiver coragem — me desafia e não consigo resistir.

— Queria poder mandar o mundo e tudo em que acredito para puta que
pariu, apenas para te comer todinha — confesso. — Não posso fazer nada do que
desejo, mas também não paro de pensar em você e isso me torna um babaca.

— Sinto-me da mesma forma, a diferença é que não sou tão resistente


quanto você.

A essa altura, depois de termos falado abertamente, já estamos um


respirando o ar do outro, enquanto acaricio a pontinha do seu nariz com o meu.

— Você veio para o Brasil bagunçar a minha vida, não foi?

— É claro que foi, tudo faz parte de um plano macabro — provoca.

Ela me desafia com palavras a cada embate nosso e eu gosto disso, muito
mais do que deveria.

— O que sentimos um pelo outro é tesão. Algo que aconteceu quando nos
olhamos pela primeira vez ontem. Mas eu tenho idade suficiente para saber que colocar
o desejo na frente de coisas mais importantes não vale a pena — digo, mas continuo
abraçando-a pela cintura, agora passando o nariz no seu pescoço cheiroso.

— Eu entendo. É por isso que tentarei me segurar. Serei como você, Lucas.
Cada um ficará na sua, você com a sua futura esposa e eu com…

— Com ninguém — termino a frase para ela.

Sei que estou sendo um idiota por dizer isso, afinal, se eu tenho namorada,
por que ela não pode ter alguém?

— Com quem eu quiser. Não vou ficar sozinha, pensando no que não pode
ser. Sei que vai passar e te enxergarei com o mesmo olhar que vejo os seus irmãos.

— Sinto muito que não possa ser diferente — digo, sentindo que a vida me
deu com uma mão e tirou com a outra.

Não é só o momento errado, é a mulher errada também.

— Eu também sinto muito — fala, então me abraça apertado.

De repente, enquanto ainda estamos abraçados, a luz acaba. Estamos na


mais completa escuridão e o som da chuva parece mais alto a cada segundo que passa.

— Está tudo bem, Geórgia — falo no seu ouvido quando sinto o tremor do
seu corpo.
Com delicadeza, desfaço o abraço e fico em pé. Em seguida, ajudo-a a se
levantar.

— A chuva não vai passar tão cedo. Quero que você tente dormir, está
bem? — Peço, aproximo-me do sofá retrátil e o inclino para que se torne praticamente
uma cama.

Pela pouca luz que tem no cômodo, vejo-a tirando as botas que a deixam
sexy. Em seguida, Geórgia se deita de costas, sustentando a cabeça com o braço, como
se fosse um travesseiro.

— Deite-se comigo. Tente dormir também — pede.

— É melhor eu não ficar tão próximo de você, menina.

— Para com isso, Lucas. Não vai acontecer nada!

Aproximo-me, tiro os meus sapatos e me deito atrás dela, apenas por não
querer que pense em mim como um moleque com medo.

Além do mais, não posso dar tanto poder nas mãos da Geórgia, não mais
do que ela já tem. Agora mesmo, estou sendo seriamente afetado pela porra do seu
calor.

Sem conseguir me segurar, envolvo a sua cintura com um braço. Estamos


encaixados em uma perfeita conchinha.
É tão gostoso estar assim que eu queria poder esquecer-me de tudo e
aproveitar o momento, a proximidade, o seu cheiro e o calor do corpo suave.

— Está bem assim? — Indago, a menina mexe o quadril, esfregando a


bunda no meu pau. — Não faça isso, Geórgia.

— Perdão, não foi de propósito — fala, eu acredito em suas palavras. —


Você precisa relaxar e dormir, tio.

— Não me chame de tio novamente!

— Vai fazer o quê?

— Você chegou ontem e já está comendo o meu juízo. Tente ser adulta,
pelo amor de Deus.

— Está bem, não vou mais brincar com você. Agora, fique em silêncio e
me abrace até que eu durma — pede, ao entrelaçar os dedos nos meus e se aconchegar
ainda mais contra o meu corpo.

Pensei que fosse passar o resto da madrugada acordado e perdido em


pensamentos, mas o conforto dos braços da Geórgia me fez apagar. Antes de dormir,
tomo uma decisão da qual possa me arrepender pela manhã, mas, por enquanto, parece
ser o certo a fazer.

Eu precisei de um dia para perceber que, embora não pretenda fazer nada a
respeito do desejo que a garota despertou em mim, não devo condenar alguém a viver
ao meu lado sem amor e sem a paixão que faz o sangue arder.
Estive perto de cometer o erro de esquecer-me de tudo e provar o beijo
dessa menina. Seria uma traição que pesaria na minha consciência para sempre, e como
não sei o que esperar de nenhuma interação entre a Geórgia e eu, sinto que só há um
caminho a seguir a partir daqui.

— Lucas. — Ouço a voz do Arthur bem distante. — Estou entrando.

Estou fodido!
CAPÍTULO 7

Seis dias depois

Passei a última semana sendo um covarde em todas as situações possíveis.

Fugi de tudo e de todos que quiseram me tirar da minha zona de conforto, mas chegou
aquele momento que não dá mais para fugir.

A situação mais crítica com certeza diz respeito ao meu relacionamento.


Eu a vi três vezes nos últimos dias e não consegui fechar os meus olhos e fingir que algo

não havia mudado. Se o tipo de relação que tínhamos antes me trazia conforto e
segurança, depois que senti o oposto por outra mulher passei a questionar por que ainda
estamos juntos. Pior ainda, surgiram os questionamentos do porquê eu estava pensando

em me casar com uma mulher que claramente não amo.

Se tenho dúvidas do que é o amor, então significa que não o sinto.

Jasmine é uma mulher maravilhosa e sei que tenho sorte por ter passado
esses anos ao seu lado, mas a partir do momento que desejei outra e estive perto de a

trair sem pensar nos seus sentimentos, percebi que não posso seguir em frente.

Não podemos continuar, porque ela não merece ser traída nem mesmo em
pensamento e sinto que, enquanto a Geórgia estiver por perto, a atração que sinto por ela

não vai passar.

Eu não tomei uma decisão pela Geórgia, pois não iremos nos envolver,
mas não é por isso que enganarei a mulher que me fez tão bem durante três anos.

A ideia sobre o que fazer e como fazer ficou girando na minha mente
durante seis dias sem parar. E de tudo que está errado, decidi que me resolver com a
Jasmine seria o primeiro passo. O primeiro e mais difícil, porque não é fácil colocar um

ponto final numa relação de anos, que parecia tão sólida que eu tinha até comprado o
anel para a pedir em casamento.

Convidei a Jasmine para vir almoçar comigo e estou nervoso agora,

andando em círculo na sala da minha casa.

Quando ela chega, a comida que pedi já está na mesa, apenas nos
esperando. Ela me cumprimenta com um beijo leve e eu a convido para sentar-se.
Almoçamos em silêncio, minha namorada fica me olhando com atenção.
Ela sabe que estou agindo de uma forma estranha nos últimos dias, mas não tem
coragem de perguntar por causa da resposta.

Até o nosso sexo foi um pouco diferente nas duas vezes que fizemos desde
o dia da tempestade. Eu senti. Se ela também sentiu, não falou comigo a respeito.
Jasmine parece disposta a fingir que não há nada de errado acontecendo, então serei eu a
colocar um ponto final e a deixar livre.

Independentemente de eu não ficar com a Geórgia, ela me fez perceber que


apenas tentei fingir que Jasmine era a mulher ideal para mim. O que preciso é de alguém
que me desafie, não que diga amém para tudo.

Não sei como pude viver na inércia durante tanto tempo.

Depois que terminamos a refeição, a levo para o sofá e sentamos lado a

lado. Acredito que tenha chegado o momento de ter essa conversa difícil.

— Tem alguma coisa para me dizer, amor? Você está me olhando diferente
hoje.

Jasmine não parece alarmada. Talvez esteja entendendo tudo errado.

Não vai ser fácil.

— A gente precisa conversar — digo, sem saber ao certo por onde


começar sem causar tanta dor.
— Agora, você está me deixando preocupada, querido. Aconteceu alguma
coisa com você?

— É sobre a gente.

— Nós estamos bem — Jasmine afirma.

— Estivemos bem até demais nos últimos anos.

— E isso não é bom? — Indaga.

Até eu ser atingido por um furacão, pensei que fosse. Agora, estou me

dando conta de que estava completamente equivocado.

— Não é, porque nós dois precisamos de mais do que uma relação


acomodada em que não há uma discussão sequer, e tanto faz ficarmos um dia ou uma

semana sem sexo.

— Não pensei que o sexo fosse tão importante assim para nós dois.

— Não é só sobre sexo, Jas. É sobre tudo.

— Você nunca deu qualquer sinal de que estava insatisfeito, Lucas.

— Eu não estava, mas…

— Você conheceu alguém, não foi? É por isso que está questionando tudo
que a gente construiu ao longo de três anos.
— Conheci, mas não dessa forma que está pensando. Eu não te traí,
Jasmine. Jamais tocaria em outra mulher estando com você.

— Mas a desejou. Desejou tanto que ficou com a cabeça confusa, mas
acredito na sua palavra quando diz que não me traiu. Eu acredito em você, meu bem —
ela fala, chega mais perto e acaricia o meu rosto. Eu seguro a sua palma e a beijo. — A
gente vai superar isso. Vamos conversar e alinhar as nossas expectativas. Essa atração
por outra mulher, seja ela quem for, foi apenas um acontecimento fora da curva.

— Não foi apenas isso, Jas.

— Perdão?

— Além das razões que falei há pouco, eu sinto que não é algo que vai
passar logo. Essa mulher está na minha pele e você não merece que eu esteja com você
incompleto. Não vou ficar com ela, mas também não posso ficar com você.

— Você não está dizendo que vai jogar anos de relacionamento no lixo por
causa de uma vagabunda que deve ter aberto as pernas, está?

— Não fale assim dela! — Defendo a Geórgia, até porque, ela não tem
culpa de nada.

— Não defenda a mulher que está destruindo a nossa relação, porra!

— Você não entendeu nada do que eu falei antes, não é? Não estou tendo
essa conversa com você por ter a pretensão de ficar com ela. Estou te pedindo um tempo

porque não merecemos um relacionamento incompleto.


— Fale por você, porque estava perfeito para mim.

— Tudo bem, se prefere que eu seja mais claro, vou ser: Eu percebi que
não estou apaixonado por você, que apesar de gostar muito de você e de me sentir bem
ao seu lado, não é amor, não o tipo de amor que você merece.

— Não faça isso, Lucas. Você vai se arrepender e eu não te perdoarei.


Quando vier arrependido atrás de mim, te mandarei embora.

— Se acontecer, mande mesmo, porque mereço. Mas é o que sinto no


momento e você logo entenderá que foi o melhor para nós dois, principalmente para
você.

— Não seja hipócrita! Está tentando se livrar de mim para ficar com outra
e finge que está fazendo uma boa ação. Mas saiba de uma coisa, Lucas, eu não deixarei
que isso aconteça.

— O que você está querendo dizer com isso?

— Que você não me fará de idiota. Não pense que vai se livrar tão
facilmente de mim, depois de ter me iludido durante três anos.

Sei que é difícil, porque também não é uma conversa fácil para mim, mas
ela está se transformando bem diante dos meus olhos. Está até me ameaçando.

— Está me ameaçando?
— Entenda como quiser — fala, pega a bolsa e se levanta. — A nossa
história ainda não acabou, Lucas, pode ter certeza disso.

Ela sai batendo a porta e eu fico sem reação. Na verdade, foi a sua reação
que me surpreendeu, mas espero que tenha falado tudo o que falou da boca para fora.
Não posso pensar na possibilidade de a Jasmine descobrir sobre a garota e decidir

atormentá-la por minha causa.

Exausto psicológica e emocionalmente depois da conversa e da última


semana, entro no banheiro e tomo um banho demorado. Ao abrir a gaveta para pegar a
minha carteira, me deparo com a caixinha com o anel que pretendia dar para a Jas.

Sem pensar duas vezes, a pego e jogo no lixo do banheiro. Tudo que não
quero é ter uma lembrança do que acabei de abrir mão.

Desconfortável e sem vontade de fazer nada, pego a chave do meu carro e


saio de casa. Talvez esteja na hora de ser apenas um frequentador da Adega, não um dos
donos.

Como ainda é meio de tarde, não tem muita gente além dos organizadores.
Eles limpam, repõem as bebidas quando acabam e fazem tudo funcionar perfeitamente
bem para o público.

Hoje, quero ser o público e beber como se não tivesse mais nada com o
que me preocupar, apenas porque quero e estou me sentindo um merda.

Ainda não acredito que tive coragem de deixar a Jasmine.

Sento-me em uma mesa que fica no canto mais discreto do salão, mas logo
um dos rapazes do bar me vê e oferece uma bebida. Eu aceito e começo a tomar uma
cerveja atrás da outra, enquanto olho para o nada, completamente perdido.

Então ela chega para trabalhar e tudo piora, ou talvez melhora. Não tenho
certeza.

Geórgia começa a se mover, completamente concentrada no trabalho que


ama fazer, isso ficou óbvio para todos, e nem nota a minha presença aqui.

Na verdade, ela começou a agir como se eu não existisse há alguns dias.


Depois que dormimos de conchinha no dia da tempestade e falamos abertamente sobre o
que estávamos sentindo, parece que colocamos um ponto final no que estava nascendo
entre nós.

Bom, ela pode até ter superado, mas eu apenas fugi e fingi muito bem que
não a quero com loucura. A gente manteve a compostura e o meu amigo ainda confia
em mim.

Ele confia, pois saí tão rápido do sofá que o homem não nos flagrou
dormindo de conchinha. Arthur não faz a menor ideia do que passa pela minha cabeça.
Ele não imagina que tenho sonhado com o meu pau rasgando a boceta da sua filha sem
parar.

Ele não imagina que o que me mantém longe da garota é o sentimento de


lealdade que nos une. Arthur confia em mim, mas não deveria. Eu ainda a quero, e sinto
que vou querer mais e mais até ficar louco sem poder tocá-la.

De tudo que falamos naquela madrugada, não consigo esquecer da Geórgia


afirmando que têm homens na sua vida. Que deixa que dois a tomem. O que me
atormenta é o ciúme, não saber se falou sério ou se queria apenas me provocar.

Não sou de beber. Raramente o álcool pode ser associado a mim, mas estou
fazendo isso hoje, porque o dia foi foda e tenho certeza de que o porre me fará esquecer
dela e do término do meu namoro. A relação era quase como um escudo de proteção.
Agora que não o tenho mais, me sinto perdido e indefeso.
Finjo que não sei que ele está aqui, mas a verdade é que estou consciente
dele e da sua presença desde que cheguei mais cedo. Na verdade, sou muito sensível à
sua presença a um raio de dez metros de distância, porque os meus pensamentos e
desejos estão com ele o tempo todo.

Eu realmente tentei assimilar tudo que conversamos, entendi e concordo


com os seus argumentos do porquê não podemos ficar juntos como amantes. Realmente
não vale a pena colocar tanto em jogo por causa de uma atração.

O meu lado racional sabe e concorda com tudo isso, mas o meu coração e
o meu corpo discordam. Os dois gostam de tudo a respeito do melhor amigo do meu pai.
Gosto do seu corpo e do seu sorriso, do seu jeito de pensar e até mesmo acho fofa a
forma como tenta fazer tudo certinho para que nada aqui desande.

Estou caidinha pelo homem e senti falta do seu olhar em mim nos últimos
dias. Sobretudo, senti ciúme todas as vezes que pensei nele com a namorada. Não
superei esse fato e nem que dá para ela o prazer que eu queria.

Se pudesse fazer apenas um pedido hoje, gostaria de provar do seu beijo,


saber se a boca bonita e de sorriso perfeito beija tão bem como parece.

Dormir nos seus braços foi uma das melhores sensações que experimentei

e desejei ficar daquela forma durante muito tempo, mas a madrugada deu lugar ao dia, a
tempestade foi embora, o meu pai chegou e tudo terminou.

Vi a gratidão e a confiança no olhar do meu pai. Foi naquele momento que

percebi que estava querendo algo impossível e passei a compreender mais ainda a
conversa que o Lucas e eu tivemos.

Depois disso, embora a gente se veja todos os dias, não voltamos a chegar
perto um do outro e isso está acabando com a minha paz. Tudo parece certo vendo pelo
lado racional, mas o meu coração grita que está tudo errado.

A química bateu sem considerar mais nada e, em muitos momentos, acho


injusto que a gente não possa ficar juntos. Transar, nem que seja uma vez para tirarmos
o desejo do nosso sangue.

— Gê. Não é melhor você ir até lá? — Fábio, o chefe dos barmans, que
tem sido muito legal comigo, se aproxima e aponta discretamente para onde o Lucas
está sentado. — Ele é muito discreto e não gostaria de ficar embriagado na frente dos
clientes.

Fábio está certo. Além do mais, o clube está começando a ficar cheio.

— Ajude-o. Vou segurar as pontas com os outros rapazes.

Um pouco nervosa, paro na frente da mesa. Lucas levanta a cabeça e os


seus olhos azuis em mim fazem as minhas pernas fraquejarem.

— Você está bebendo muito e eu vim para te levar até a sua sala, antes que
comece a passar vexame.

— Eu não estou bêbado, menina.


— Não está tão bêbado, mas vai ficar em breve se não parar. Por favor,
venha comigo.

— Está bem, Geórgia, se você quer que eu vá, eu vou — diz com um
sorriso de canto e se levanta.

Eu o abraço pela cintura e o homem envolve o meu ombro com o braço


pesado. Ainda bem que os outros três não chegaram. Não verão essa cena tosca.

Entro com o Lucas no seu escritório e tranco a porta com chave. Nunca
mais quero passar pelo susto de quase ser flagrada pelo meu pai.

Seria como voltar à estaca zero, agora que estamos de fato nos conhecendo
e começando uma relação de pai e filha. Há um longo caminho pela frente, mas o futuro
parece promissor.

Com a colaboração do próprio Lucas, o faço sentar no sofá.

Eu poderia simplesmente abrir a porta e sair, depois de ter feito a boa ação
do dia, mas não sou louca de não aproveitar a oportunidade de ficar a sós com ele
depois de dias.

— Você não parece ser o tipo de homem que bebe até se embriagar —
sondo. Está na cara que o homem se chateou com algo.

— Meu dia foi uma merda.

— O que aconteceu?
— O meu relacionamento acabou.
CAPÍTULO 8

Eu não sei exatamente o que deveria sentir para que fosse politicamente

correto e até empático com a situação, mas além de não acreditar que ouvi bem, porque

parece bom demais para ser verdade, sinto um desejo quase incontrolável de sair

pulando de alegria.

Neste momento, sinto que falhei como cidadã de bem e que a minha
passagem de ida para o inferno já está comprada.

— Pode repetir por favor?

— Não estou mais com a Jas — ele fala pausadamente. Eu não estou
ficando louca!
— Eu sinto muito, Lucas — falo da boca para fora. — Ela te deixou?

— Não. Eu terminei tudo, porque não era justo continuar com ela, depois
do que a gente conversou na madrugada da tempestade. Mas saiba que não fiquei
solteiro para te comer sem me tornar infiel. Não foi!

O lado bom do Lucas ter bebido um pouco é que ele está sendo

brutalmente sincero. Não esconde nada dos seus sentimentos e pensamentos.

— Eu sei que não. A gente já falou sobre isso.

— Não era justo com ela e nem comigo mesmo. Joguei o anel fora.

— Que anel?

— Eu iria pedi-la em casamento. Estava começando a fazer o pedido


quando o seu pai ligou me chamando para ir até o aeroporto te pegar.

Toda a culpa que não senti antes chega agora. Pelo visto, estou sendo a
responsável direta pela infelicidade de uma mulher. Se não fosse pela ligação do meu
pai, eles estariam noivos.

Como se soubesse o que passa pela minha cabeça, João Lucas segura a

minha mão e fala: — A culpa não é sua, linda. Se eu estivesse seguro dos meus
sentimentos, da decisão que iria tomar e realmente apaixonado como a Jas merecia,
nada teria abalado as minhas certezas.

— Como ela ficou? — Pergunto.


— Reagiu de uma forma que eu não esperava e não sei se vai aceitar tão
facilmente o término. Espero estar errado.

— Talvez seja bom que você pense melhor e… — Lucas coloca o dedo

indicador nos meus lábios e me impede de continuar.

— Está tudo bem. Sei o que fiz. Estou solteiro como você. Você está
sozinha, não está? — Merda? Por que tem que ser tão difícil?

Por que Lucas não é um homem qualquer?

Se a vida fosse justa, eu poderia tirar as nossas roupas e sentar nele até

cansar agora mesmo. Pelo fogo que sinto sempre que vejo o seu belo rosto e forma
física perfeita, não iria me cansar tão facilmente.

— Não vem ao caso.

— Não me atormente mais, por favor, menina — implora com o olhar.

— Isso não vai mudar nada entre a gente.

— Eu sei, mas pelo menos poderia me sentir ciumento e possessivo sem


sentir-me um hipócrita por isso.

Quando eu falei a bobagem de um na frente e outro atrás, foi apenas para o


provocar e, pelo visto, consegui o meu intento.
— Não tenho um e nem dois homens na minha vida. Assim como você,
tive um namoro longo, mas o Felipe e eu terminamos quando decidi vir morar no Brasil.

— Quem terminou com quem? — Ele quer saber.

— Eu terminei com ele, porque não acredito muito em relações a distância.

— Você estava apaixonada? — Indaga.

Está na cara que o homem sente ciúme. Não posso julgar, pois me senti da
mesma forma.

— Não, mas era divertido o ter ao meu lado. A gente era…

— Eu não quero saber, Geórgia.

— Tudo bem. Mas me diga por que estava bebendo? Você está sofrendo,
não é?

Sinto-me uma vadia por me incomodar, afinal, ele esteve com a mulher
durante anos, não foram meses. Era tão sério que iriam se casar.

— É sempre difícil quando um círculo se fecha.

— Então volte para ela — falo como uma criança mimada.

— Não faria isso, porque não me arrependo da decisão que tomei.


— Te ajudei para que não fizesse nada que pudesse se arrepender, mas
acho melhor eu ir agora — falo com a intenção de levantar-me e sair, mas Lucas segura
a minha mão e me impede de ir.

— Fica mais um pouco. Eu preciso olhar para você. Apenas olhar, já que
ficou decidido que não tem a menor chance de a gente atravessar essa linha que separa
os nossos desejos da consideração e amor que temos pelo seu pai.

— Eu senti a sua falta nos últimos dias que mal nos olhamos. Pior do que
isso, sofri de ciúme por pensar em você com a sua namorada. Por vários momentos, me
peguei tentando barganhar comigo mesma e me dizendo que não seria tão ruim assim

fazer o que desejo com você. É por sentir que estou na corda bamba que acho melhor
que as coisas entre a gente continuem como estão.

“Você pode até ser forte por nós dois, mas não me conhece tão bem e não

sabe do que sou capaz quando quero algo. Se me permitir atravessar a linha tênue que
me faz recuar diante dos obstáculos, você não terá nenhuma chance, Lucas. Eu te faria
sucumbir, mas o arrependimento que veria nos seus olhos é um dos motivos que me
fazem manter a linha.”

— Em vez de me afastar, você está me desafiando, menina. Você não faz


ideia do autocontrole que possuo — Lucas fala e, de maneira ousada, talvez justificada
pela bebida, começa a subir a mão pela minha coxa.

As suas mãos são grandes e fortes, me fazem fantasiar com elas em todas
as partes tocáveis do meu corpo. Tremo de antecipação só de imaginar.
— Você não imagina como eu seria capaz de te tentar, de te encher de
tesão até que não suportasse mais negar o que tanto quer de mim.

— O que eu quero de você, Geórgia? Será que a sua imaginação foi tão
longe assim?

— Sei que quer me comer, tanto que não consegue pensar em mais nada.
Deve até sonhar com isso. Terminou o seu namoro porque era o certo, por saber que
traição não é só tocar em outra pessoa, é desejar como você me deseja.

— Que boca sacana você tem. — Se João Lucas não estivesse alegrinho
por causa da bebida, não estaria falando isso com um sorriso safado no rosto. — Eu
gosto disso.

— Lucas…

— Perdão, eu não tenho que gostar de nada. Quanto menos motivos tiver

para gostar de você, mais fácil será para nós dois. Se pelo menos pudéssemos ter uma
prova. Nem que fosse apenas uma.

— O que está querendo propor? — Agora, o meu coração está na garganta

e uma esperança tola começa a nascer.

— Nada. Esquece.

Em vez de desanimar, fico empolgada pelo fato de ele ter aberto a


possibilidade há pouco, pois não nego que sou a mais fraca aqui, que poderia facilmente
ser aquela que primeiro jogaria tudo para o alto em nome de uma foda quente e suada.
— Não peça isso — digo, ajoelho-me no sofá e chego mais perto do Lucas.
Apoio a palma da minha mão no seu peito e sinto o seu coração quase saindo pela boca.

— Vamos conversar.

— Esse é o nosso problema, conversamos demais a respeito disso e


acabamos alimentando ainda mais o desejo. Tem noção de que estamos agindo assim e

nos conhecemos há apenas uma semana?

— Foi intenso e instantâneo.

— Por quê? — Ele questiona.

O Lucas não facilita fazendo esse tipo de pergunta que me leva a ser
extremamente sincera. Mas eu também não faço nada para melhorar a situação enquanto
desço lentamente a mão pelo seu abdômen.

— Fale você.

— Você é gostosa demais. Tão linda que eu poderia passar horas e horas te
admirando. Além do mais, você é cheia de energia e brilha como um diamante diante
dos meus olhos. Eu só não te desejaria se fosse cego ou muito burro. Você é só uma
menina de dezoito anos. Tem uma vida inteira para viver, mas parece ter tudo o que eu
não quero, mas que preciso.

— Por que não quer? — Agora, a minha mão está perigosamente perto do
zíper da sua calça.
Seguro-me para não olhar para baixo, pois seria capaz de não resistir se o
visse excitado por minha causa.

— Além dos motivos óbvios? Eu sempre gostei de ter total controle sobre
mim e do que está à minha volta. Você é um furacão, é imprevisível e sei que um dia
com você não seria igual ao outro. Iria me enlouquecer, o tipo de loucura que nunca
experimentei.

— Mesmo que a gente não fique juntos, talvez seja preciso que se envolva
com alguém menos parecido com você, João Lucas. Alguém que te desafie e coloque
fogo nas suas veias. Você precisa se libertar e relaxar, porque a responsabilidade do
mundo não está nas suas mãos. Sorria mais e seja o que você se permite ser quando está
comigo.

— Não poderia ser com outra. Em quarenta anos, você foi a única que me
fez desejar ser diferente. Apenas você, menina — declara, eu perco a razão e sento-me
no seu colo.

Ele arregala os olhos, mas não diz nada em um primeiro momento. A


minha bunda está pressionada contra o seu membro e não fico surpresa quando sinto a
sua excitação.

— O que você está fazendo? — Indaga quando a ficha cai, mas leva as
mãos para a minha cintura, não para me afastar.

— Só preciso sentir você mais de perto um pouquinho.


— Eu também — declara, entregando-se.

— Não vamos fazer nada. Não fique nervoso. O meu…

— Não fale do seu pai agora.

— Tudo bem, vamos apenas ficar assim e depois esquecer — sugiro.

— Depois esquecer — ele repete sem muita convicção, mas não me apego
ao fato, pois preciso aproveitar esse momento.

Lucas não fica passivo e afasta as costas do encosto do sofá. Ele sobe as
mãos para as minhas costas e eu me tremo toda, arqueando o corpo contra o seu. O
homem tem pegada e me faz pensar como seria durante o sexo.

— Gosto dessa proximidade, mas queria poder fazer muito mais —


confesso, dou uma rebolada de leve e o ouço suspirar. — Muito mais.

— Eu também, menina. Se a gente fosse para a cama, eu passaria a noite


inteira em cima de você, dentro de você te comendo sem parar. O meu pau ficaria na
carne viva e a sua bocetinha inchada, mas iríamos aproveitar para extravasar toda essa
tensão.

A quem tentamos enganar?

Estamos fazendo de tudo, menos resistindo ao desejo. Só não digo para ele
agora para não perder esse momento.
O que dissemos um para o outro e o que pensamos em fazer juntos chega a
ser quase tão ruim quanto transar no quesito sacanear o meu pai. A rápida constatação
deveria me deixar mal a ponto de parar agora de esfregar-me no homem, mas acabo de
perceber que o meu tesão por ele é mais forte do que o medo de magoar o Arthur.

A verdade é que não estamos cometendo um crime por querermos um ao


outro dessa forma. Finalmente estou admitindo o que realmente penso para mim
mesma, mas Lucas não está preparado para essa conversa. Não o julgo, pois amor não
se dimensiona e ele ama o meu pai. A amizade deles vem antes de mim.

— O que foi? Se estiver desconfortável, vou entender.

— Não! Só quero sentir você mais um pouco, antes que termine e a gente
comece a fugir um do outro como na última semana.

— Geórgia…

— Não diga nada, só me abraça — peço. Não sei o motivo disso, mas sinto
um aperto no peito quando nos abraçamos.

Ficamos assim por um tempo. Quando terminamos o abraço, os nossos


rostos estão muito próximos. Estamos loucos para nos beijarmos, mas sabemos que
seria um passo sem volta.

Trocamos olhares e respirações. Os nossos narizes se tocam e eu chego a


fechar os olhos quando Lucas sussurra: — Eu quero tanto te beijar, menina. Preciso te
tocar, ou enlouquecerei.
— Beije-me. Toque-me, Lucas. Esqueça de tudo que não seja nós dois
trancados aqui, como se o mundo não existisse fora da sala.

Para o meu azar, ele não tem tempo de responder, embora eu tivesse
certeza de que iria sucumbir, porque o seu celular começa a tocar muito alto.

Eu saio rapidamente de cima do homem e me sento no sofá ajeitando a


minha roupa. Gostaria de poder tirar, pois estou morrendo de calor.

— Oi, Arthur. Sim, eu estou no escritório. — De todas as pessoas que


poderiam ter empatado, tinha que ser justamente o Arthur? — Não! Não suba, estou
descendo — ele fala e encerra a ligação.

Agora que a culpa veio com tudo, Lucas está sem graça de olhar para mim.
Eu resolvo facilitar a sua vida e decido ir embora.

— Geórgia — Lucas me chama quando abro a porta para sair, mas não
estou a fim de ouvi-lo, porque sei o que tem para dizer.

— O dever me chama. E não se preocupe, porque sei que foi um erro e não
vai mais voltar a acontecer — afirmo. Antes de sair, volto a minha atenção para ele e
digo novamente: — Sinto muito pelo fim do seu relacionamento.

Não é sincero, mas talvez devesse ser.

Durante cinco horas, trabalho com os pensamentos em qualquer lugar,


menos no que estou fazendo, tanto que erro os pedidos e preparo bebidas trocadas
algumas vezes. Levo bronca, porque não aliviam para mim pelo simples fato de eu ser
filha do Arthur.

Felizmente, não volto a ver o João Lucas. É até melhor que seja assim,
pois não sou masoquista. Para que ficar vendo e desejando o tempo todo se não posso
tocar?

— Jardel, segura as pontas para mim? Eu preciso ir ao banheiro rapidinho.


— Falo para um dos meus colegas de trabalho.

— Não demore, hoje esse lugar está uma loucura! — Diz, eu sorrio para
ele, tiro o meu avental e saio do balcão.

Realmente, hoje é um dos dias que a Adega está mais cheia desde que
cheguei. Tudo por causa de um MC que o Emanuel trouxe como atração principal da
noite. Todo mundo começou a dançar funk há algumas horas e a pista está cheia até
agora.

Tem gente que está praticamente transando sem se importar de estar em


público, o que é um gatilho para mim, pois queria não precisar me importar com algo ou
alguém e simplesmente fazer o que quero.

Ter a casa cheia é bom para os bolsos dos proprietários e ruim para mim,
pois perdi a conta de quantos papéis com números de celulares tive que jogar na lixeira.
Outros foram mais ousados e deram em cima de mim, inclusive, tentando segurar a
minha mão em cima do balcão.
Em vez de sentir-me lisonjeada de certa forma por despertar interesse,
sinto-me irritada, pois trocaria todos eles pelo interesse de apenas um.

Tem uma pequena fila para entrar no banheiro, então eu tenho que esperar
com a paciência que não estou tendo. Tudo isso é frustração por não conseguir o que
tanto quero.

Depois que saio do banheiro, decido que preciso respirar por pelo menos
cinco minutos sem sentir que tem alguém no meu cangote, então saio pelos fundos da
Adega, um acesso restrito aos donos e alguns funcionários.

Na parte de trás da construção tem uma espécie de pátio, onde poderiam


fazer alguma obra. Possibilidades não faltam. Mas não vou pensar nesse assunto agora.
Na verdade, não quero pensar em nada, apenas respirar fundo e descansar um
pouquinho na santa paz de Cristo.

Como não estou com sorte, ouço os passos de alguém se aproximando,

então falo sem olhar para trás e saber de quem se trata: — Só preciso ficar um pouco
sozinha.

— O que houve, cansou de distribuir o seu charme?

— Eu estava apenas trabalhando — aviso para o Lucas.

Se ele está sabendo o que aconteceu, é porque estava me observando de


algum lugar esse tempo todo.

— O que fez com os números? — Pergunta, ao se postar à minha frente.


— Saiu do seu escritório para me espionar? Não leve tão a sério o seu
papel de guardião.

Sim, eu estou muito azeda e a culpa é dele.

— O que fez com os números? — Insiste.

— Joguei fora.

— Todos?

— Não é da sua conta! Deixe-me em paz hoje, por favor. Estou cansada de
a gente rodar em círculo. Fico com quem quiser, pois sou adulta e livre. Se tivesse
guardado todos os papéis, seria um problema meu!

— Eles só querem te comer e depois puxar a próxima da fila.

— Você também — rebato. — Deixe-me agora.

— Eu não posso. Preciso te provar — declara, mas não me animo.

Precisar é diferente de realmente fazer. Ainda assim, eu tento.

— Então prove. — As minhas palavras o fazem reagir de maneira que eu


não esperava.

Lucas me puxa pela cintura, segura com firmeza um punhado de cabelo da


parte de trás da minha cabeça e simplesmente me beija.
Merda! Ele não está apenas me beijando, está me comendo com a boca.
Devora-me com voracidade, chupando a minha língua sem qualquer pudor, enrolando-a
na sua e me fazendo entrar no seu ritmo.

O clima pega fogo em uma velocidade vertiginosa, que me faz ir de zero a


mil em um segundo. Quero sentir essa boca na minha para sempre. Quero transar com
ele aqui e agora, sem pensar em nada além do nosso prazer.

— Meus Deus… — Murmuro quando Lucas me deixa respirar e passa a


chupar o meu pescoço.

Insano, ele segura as minhas coxas e enrola as minhas pernas na sua


cintura, prensando-me contra a parede. O homem todo tenso e certinho aperta os lados
da minha bunda com firmeza e me faz sentir a sua dureza com a minha boceta, que está
ficando molhada de tesão.

— Eu sabia que seria assim, que sua boca seria gostosa e macia — fala,
então começa a beijar todo o meu rosto, como se estivesse desesperado para tocar em
mim toda.

— Lucas, deixe-me ir — contrariando o que quero, peço.

— Não… — ele nega, tira a mão da minha bunda e toca em um dos meus
seios. — Quero te foder, porra!

— Eu quero que me foda, mas você vai se arrepender assim que terminar
— as minhas palavras fazem com que ele pare o que estava fazendo e me olhe com a
expressão confusa, mostrando que eu estava certa.

Foi bom, tão melhor do que a minha imaginação que eu poderia passar a
noite toda a base de sexo, mas o que estava sentindo antes de o Lucas chegar é a prova
de que estamos indo para um lado perigoso dessa atração.

O desejo é irrefreável, mas o que está à nossa volta e nos separa da


consumação parece ser maior e sei que sofreria cada vez que se afastasse depois de ter
começado ou se arrependesse em seguida.

Desta vez, sou eu quem o beija com paixão, apertando-me contra o homem
que mais quis na vida, tirando tudo o que posso do momento, para que as lembranças
fiquem guardadas, caso seja a primeira e última vez.

Quando o beijo termina, nós dois estamos com os lábios úmidos e um


pouco ofegantes. O meu corpo está latejando de tesão em lugares bem específicos.

— É melhor você ir agora.

— Por que está me mandando embora? Não era isso que queria? —
Pergunta ao deixar o meu corpo e se afastar.

— O que estamos fazendo um com o outro é tortura e eu não sei se consigo


lidar com isso. Quero ficar com você e ver no que vai dar, Lucas, mas não preciso que
me toque para se arrepender em seguida. Não fale sobre nós e não me toque até ter
certeza de que não se arrependerá. Não faça nada enquanto acreditar que não valemos
nem mesmo a tentativa de fazer o meu pai entender que nos desejamos como homem e
mulher.

João Lucas me olha sem entender nada, porque não esperava que eu
chegasse a esse ponto, então faço o que é preciso e o deixo.

Sem condições de continuar aqui, falo com o meu pai e peço as chaves do
seu carro. Digo apenas que estou exausta e ele não faz mais perguntas. Enquanto dirijo
para casa, choro de soluçar, porque não consigo aceitar que talvez tenha me apaixonado
pelo homem errado.

Não quero acreditar que me fodi tão completamente em uma semana.


Apenas uma semana.
CAPÍTULO 9

Três semanas depois

— Cara, você precisa ficar calmo! São apenas bebidas quentes. Ainda

faltam duas horas para a gente abrir e com certeza dará tempo de gelar tudo. Não pira,

pois não será dessa vez que serviremos bebidas quentes para os nossos clientes —

Miguel tenta conter o meu mau humor.

— Já faz três semanas que você terminou com a chata, não é possível que
ainda esteja na fossa. Nunca esteve tão insuportável como agora — Arthur fala.

Estou assim porque não posso comer a sua filha, porra! Tenho vontade de
gritar.
Eles estão na minha sala não tem cinco minutos ainda, mas estou com

vontade de mandar os três para o inferno. Não acordei com o pé direito hoje e não estou
a fim de fingir o contrário.

— É falta de boceta, Miguel. O nosso irmão não aprendeu que não precisa

estar namorando para comer alguém. Ele tem alergia ao sexo sem compromisso. Até a
Gegê que chegou há um mês tem um namoradinho.

— Não fale merda!

— Ela não tem porra de namorado nenhum!

Arthur e eu falamos juntos, os meus irmãos caem na risada. Que coisa

mais patética!

— Pronto, os dois pais da garota não aceitam que ela é adulta e, com todo
respeito, gostosa pra caralho. Vocês sabiam que as vendas de bebidas aumentaram
depois que ela começou a trabalhar aqui? — Emanuel pergunta, eu o encaro com a
sobrancelha arqueada. — Como você não iria saber se foi a pessoa que me contou?

— Isso é verdade, Lucas? — Arthur questiona.

— É. Mas eu estou de olho nela e não vi nada que possa a colocar em uma
situação ruim. Os caras olham, mas não são burro de tocarem na sua filha.

— Até porque, você já teria perdido o seu réu primário, não é, Lucas? —
Miguel alfineta. — Tem sido mais protetor, possessivo e ciumento do que o próprio pai

da menina.
Miguel é observador e, às vezes, tenho a sensação de que ele sabe que tem
algo de errado entre mim e a Geórgia, mas ainda não falou diretamente comigo sobre o
assunto.

— Não fale bobagens — praguejo, porque jamais admitiria que o idiota


está certo. — Se já falaram tudo, saiam da minha sala e me deixem trabalhar.

— Você deveria descer, mano. Se surtou por causa de bebidas quentes, é

porque está precisando sair um pouco e socializar. Tente beber e encontrar uma mulher
para esquentar a sua cama, vai te fazer bem.

Apesar de tudo, eles estão preocupados comigo. O meu humor azedou

depois que a Geórgia se afastou de mim e nunca mais deu abertura para falarmos da
gente. Estou sem ânimo para nada, porque mal consigo fazer algo que não seja pensar
na mulher nas últimas três semanas.

O pior de tudo isso é saber que ela fez o que era certo. Falou o que eu
deveria ter falado. Para que ficarmos falando sobre a gente e nos tocando se não
podemos ter o banquete completo? Só causaria sofrimento e sentimento de frustração
em nós dois.

— Daqui a pouco eu desço — afirmo. — Deixem-me sozinho.

Quando os três me deixam, saio de trás da minha cadeira e vou para o


lugar onde tenho passado algum tempo nas últimas semanas. Estou viciado em vê-la de

longe, e essa tem sido a única forma que encontrei de me sentir próximo da Geórgia.
Ela me desafiou a fazer uma escolha e eu fiz, mas não estou conseguindo
lidar com as consequências. Era mais fácil quando a via rechaçando os babacas no bar,

mas eu também notei quando começou a se aproximar de um dos barmans e já tem uns
dias que estou enlouquecendo de ciúme.

Fico mal só de pensar no idiota com as mãos no corpo dela. Tenho noção
do quão ridículo estou sendo, porque não posso impedir que fique com outro se não
pode ficar comigo.

Os caras dizem que a garota está flertando, mas o Arthur deixou escapar
que ela afirmou que é apenas amizade. Não sei se acredito, pois sinto que é impossível
para um homem hétero e solteiro não desejar mais do que a amizade da Geórgia.

Estou na corda bamba entre perder a mulher que poderia me fazer feliz
como um louco e jogar tudo para o alto e a fazer minha para que todos possam ver.

Tenho pensado sobre isso, principalmente nos últimos três dias, depois que
me dei conta de que talvez eu esteja me apaixonando pela primeira vez. Bom, eu
imagino que seja paixão essa necessidade de ter uma pessoa, algo que nunca senti,
mesmo tendo ficado com a mesma mulher durante três anos.

Sempre senti muito carinho pela Jasmine, mas nada parecido com que
sinto pela garota que tem tirado a minha paz. Tentei ignorar o sentimento durante esse
tempo e fui ficando cada dia mais irritadiço e mais obcecado pela ideia.

Chegou em um ponto que não posso mais ficar na inércia, esqueço-a de


uma vez ou tomo uma atitude. Como sei que não vou conseguir esquecer sem ao menos
ter tentado ou sem ter a provado, só tenho uma saída.

— Preciso de uma bebida forte! — Falo em voz alta, olho uma última vez
na direção do bar e deixo o escritório.

Eu poderia ficar em qualquer lugar e até ocupar uma mesa, mas quero
marcar território, então sento-me no bar, bem próximo de onde a Geórgia fica
preparando os drinks.

Ela trabalha distraída e sorri o tempo todo para os colegas, sobretudo, para
o que está tendo mais atenção nas últimas semanas. Fecho os punhos, mas logo os
relaxo, porque esse idiota não seria páreo para mim. É apenas um moleque, e não
duvido que seja mais novo do que ela.

— Quer que eu prepare uma bebida? — Geórgia pergunta para mim. Tão
gentil, mas tão distante.

Será que ela superou a atração que sentia por mim? Ou está apenas
tentando seguir em frente?

— Uma batida de limão com vodca — peço, mas a única coisa que queria
sentir na língua era o gosto da sua boceta.

Enquanto prepara a bebida, eu fico olhando-a fixamente, seguindo a


movimentação e atento a cada gesto seu. De vez em quando, meus olhos caem no seu
belo par de seios ou na bundinha bonita. Ela é mais do que gostosa, é um tesão em
forma de mulher. Eu ficaria com os cabelos da cabeça brancos muito rapidamente se
fosse minha, pois o ciúme seria um veneno que precisaria controlar.

— Aqui está. — Geórgia deposita o copo no balcão e sorri para mim.

— Chegue mais perto — peço. — Tenho que te falar uma coisa.

Ela se aproxima do balcão, eu me levanto da banqueta e me estico até que


a minha boca fique perto do seu ouvido.

— Estou com saudade de você, de quando os seus sorrisos eram apenas


para mim.

— Não faça isso — ela fala baixinho, mas eu consigo ouvir.

— Vamos conversar — convido.

— Não sei se devemos continuar com aquilo. Não estava nos levando a
lugar algum.

Porra! Eu estava sentindo falta até do cheiro do seu perfume.

— Não quer mais?

— E você, já voltou para a sua namorada?

— Estou louco por você, menina. Venha para casa comigo mais tarde.
Invente uma desculpa para o seu pai e venha comigo. Preciso conversar com você —
peço, sem a menor incerteza.
Não sei ao certo o que estou fazendo e nem para onde foram os meus
medos e culpa, só sigo o meu instinto.

— Você está mexendo com quem está quieta, Lucas. Não me provoque.

— O que você fará? — Pergunto, olho em volta para ter certeza de que não
tem nenhum conhecido de olho em nós e começo a passar lentamente o dedo no espaço

entre os seus dois seios.

— Te provocar de volta, mas de uma forma que você não resistiria. Passei
as últimas semanas te dando espaço e tentando ser uma boa moça, mas você não está
colaborando agora.

— Talvez eu queira ser provocado por você, linda — declaro. — E então,


qual é a sua resposta?

— Querido! — A voz conhecida quase me faz cair da banqueta pelo susto


que tomei.

No pior momento de todos, Jasmine decide ressurgir como um fantasma.


Ela estava muito quieta e eu cheguei a acreditar que não a veria tão cedo.

Ela nem mesmo voltou para buscar alguns pertences seus que ficaram
dentro de uma caixa na minha casa.

— Que surpresa, Jas! Não sabia que viria.


— Foi de última hora. As meninas da agência decidiram vir e eu não pude
negar o convite. Além do mais, estava com saudade de você.

Enquanto a mulher fala, eu olho discretamente para frente, mas Geórgia já


se afastou. O pior é que nem deu a resposta que eu gostaria de ter ouvido. Gosto da
minha ex-namorada e, se fosse a sua vontade, poderíamos até manter uma amizade por
consideração a tudo que vivemos juntos, mas, neste momento, estou irritado com a sua
presença.

Ela acaba de atrapalhar os meus planos. E enquanto conversamos e


bebemos, bebidas que a própria Geórgia serve, Jas faz questão de me tocar a todo
instante, como se ainda tivéssemos um relacionamento.

Eu tento me afastar da maneira mais gentil possível, mas ela não se toca.
Imaginar o que a garota deve estar presumindo dessa interação me deixa irritado.

Ela não só não vai querer ir para casa comigo como se manterá ainda mais
afastada do que antes.

Maldita Jasmine.

Para livrar-me da mulher, invento que tenho que subir para trabalhar em
algo urgente. Caminho até o elevador, mas não entro. Estico o pescoço para conseguir
enxergar o bar e Geórgia não está mais lá.

— Resolveu sair do escritório e se misturar com os reles mortais? —


Arthur se aproxima para me questionar.
— Estava precisando de uma bebida.

— Eu preciso de mais do que isso. Ainda bem que a minha filha tem
outros planos para hoje, porque vou levar uma garota comigo para casa.

— Outros planos?

— Ela disse que vai sair com uma amiga e só voltará para casa amanhã.

— Vai permitir que ela durma fora?

— A Geórgia tem dezoito anos, João Lucas. Ela sabe se cuidar.

— Ela não tem amigas. Deve estar mentindo.

— Não fale assim, a minha filha não mente — defende-a.

— Tudo bem. Onde ela está agora? — Questiono. Tem um alarme


piscando na minha cabeça.

— Pediu para sair mais cedo, passará em casa para se arrumar.

Não faz muito tempo que ela saiu, penso comigo mesmo. Se eu for rápido,
ainda consigo a encontrar em casa.

Não permitirei que roubem o que é meu de forma alguma. Se o idiota quer
levá-la para sair a essa hora, deve ter segundas intenções por trás. Mas a garota é minha
e ele não tem nenhuma chance contra mim, principalmente quando estou decidido.
— Tenho que ir — falo, tento passar pelo Arthur, mas ele entra na minha
frente.

— Onde você vai? — Questiona.

— Tentar me divertir, não é isso que você e os meus irmãos querem?

Eu não estou mentindo, realmente pretendo fazer algo divertido. Ele só não
imagina que será com a sua filha. Sei que depois virá a culpa, mas não o
arrependimento, pois estou tão exausto de tentar fugir que já não consigo ouvir a voz da
minha razão.

Depois de uma corrida que durou bem menos tempo do que o normal, toco
a campainha do apartamento e a menina me atende rapidamente. Será que estava
esperando outra pessoa ou imaginou que fosse eu?

Não. Pela forma como mostrou ser ciumenta, deveria estar com a cabeça
cheia de imagens minhas com a Jasmine na cama.

— O que faz aqui?


— Não vai me convidar para entrar? — Pergunto, com vontade de sorrir da
sua cara emburrada. Mesmo contrariada, deixa-me entrar.

— O seu pai me disse que pediu para ser dispensada mais cedo. Vai sair
com uma amiga?

— O Arthur é fofoqueiro!

— Não tem amiga nenhuma, não é? Mentiu para sair com aquele moleque
idiota. Fale a verdade.

— Você não é ninguém para exigir isso. Não é o meu pai, e muito menos o
meu namorado. Sou maior de idade e saio com quem eu quiser.

— Só uma garota muito imatura agiria de uma forma tão ridícula por
ciúme.

— Ciúme de quem? De você? Quem tem que sentir ciúme é a sua


namorada, porque você estava me convidando para ir até a sua casa segundos antes de
ela chegar. Por mim, você poderia trepar com ela em cima do balcão que eu não iria me
importar.

— Você fica tão linda com ciúme de mim — digo com um sorriso rasgado
no rosto ao puxá-la pela cintura para mim.

— Não seja ridículo, tio.

— Só para que fique claro, eu não convidei a Jas.


— Jasmine!

— Jasmine — corrijo, contendo o riso.

— Ela apareceu de surpresa e eu fui educado.

— Educado? Ela estava quase subindo em cima de você, porra!

— O que queria que eu fizesse?

— Se você não sabe, não serei eu quem vai dizer — Geórgia fala, apoia as
mãos no meu peito e me empurra para longe dela.

— Estou dando satisfação, mas acabou de falar que não me deve


satisfação. Eu devo a você? — Ela me olha cheia de fúria, me fazendo perceber que usei
as palavras erradas.

— Vai se foder e me deixa em paz! Eu estava indo bem nas últimas


semanas, mal vendo a sua cara. Não se aproxime agora se for só para me atormentar.

— Não é isso que eu quero.

— O que você quer, João Lucas?

— No momento, quero te levar até a minha casa. Sozinhos e com


privacidade, te direi tudo que estou sentindo. Venha comigo, linda.

— Eu marquei de sair com o Léo.


— Desmarca. A não ser que queira estar com ele.

— Quero estar com você! — Fala, mas não parece satisfeita com esse fato.

— Então não resista e venha comigo.

— Está bem, mas essa será a nossa última chance, Lucas. Eu não posso
mais… — interrompo a sua fala ao abraçá-la e beijar de leve os seus lábios.

— Não fale assim, por favor — peço.

— Preciso avisar para ele que não irei mais ao karaokê.

Geórgia foge dos meus braços e tira o celular do bolso. Enquanto digita,
faço a pergunta que estava martelando na minha mente há mais tempo do que eu
gostaria e me roubou anos de vida.

— Os caras pensam que você está namorando esse rapaz. Eles estão
certos?

— Não. O Léo, embora tenha deixado claro que estava interessado em ser
mais do que meu amigo, sabe que não desejo o mesmo e que gosto de outro.

— Ele tentou alguma coisa? — O ciúme está corroendo minhas entranhas.

— Não tanto quanto a sua ex-namorada mais cedo — provoca.

— Não seja irônica, menina! — Exijo, mas gosto que seja tão reativa e que
me desafie quando sente necessidade.
— Espere-me aqui. Vou tomar um banho rápido — avisa, eu jogo uma
piscadela e sento-me no sofá.

— Está sozinha? — Questiono, ela entende a minha preocupação.

— Não se preocupe, a Lica já foi para casa — fala, depois me deixa.

Não consigo acreditar que vim até a casa do meu amigo para levar a sua
filha comigo. Sou um sacana por estar fazendo isso por trás, mas procuro não pensar
agora. Sei que as consequências virão, independentemente do que a gente fizer, mas
hoje é apenas sobre nós dois e não há espaço para mais nada.

Eu tinha tomado uma decisão quando a convidei no bar, mas, a cada


segundo que passa, e quanto mais ansioso e nervoso fico, mais tenho certeza de que
estou fazendo a melhor escolha. Estou disposto a errar, a abrir mão do controle e dos
planos que havia feito se for para viver nem que seja um momento com ela.

Geórgia é a filha do Arthur e tem vinte e dois anos a menos do que eu, mas
ela é mais do que isso. É a mulher que me faz querer mais do que sempre tive, mais
paixão e mais calor. Mais vivacidade e menos medo de me jogar no desconhecido.

Ela retorna vinte minutos depois, tão linda e cheirosa que sinto vontade de
morder, mas me contenho. Sei que terei a chance de fazer isso e muito mais ainda hoje,
caso a gente se entenda como imagino.

— Vamos? — Geórgia pisca para mim e me entrega a bolsa, onde deve ter
colocado uma peça de roupa e alguns objetos pessoais.
Eu meço o seu corpo de cima a baixo e, só então, abraço a sua cintura para
que possamos deixar o apartamento. A viagem curta até o condomínio onde fica a
minha casa é feita em silêncio.

Estou cheio de expectativa e imagino que a Geórgia também esteja. Porra!


Foi um mês de pura vontade, negação e frustração. Eu não sou ingênuo a ponto de
esperar que a nossa conversa não termine em sexo. Só não vai acontecer se ela não
quiser.

Depois de semanas fingindo que não estava me importando mais com o


Lucas, ou que havia superado essa paixão e desejo que me consomem, finalmente
consegui que o homem tomasse uma atitude.
Ao mesmo tempo em que falei sério sobre não poder mais fazer aquele
jogo de ficar perto, mas não ter, ou falar sobre o desejo de ficarmos juntos sem qualquer
chance de se tornar realidade, também fiz com a intenção de o fazer reagir.

Depois de semanas de afastamento, eu estava certa de que não iria


acontecer mais nada entre a gente e que seria melhor superar, tanto que me aproximei do
Léo, mas Lucas estava sentindo a minha falta e deu um passo muito maior do que eu
poderia esperar. Agora, estou gritando por dentro de felicidade.

Ainda bem que deixei claro para o Léo que somos apenas amigos e que o
meu coração está ocupado. Mas mesmo se tivesse sido diferente e eu tivesse tentado
usar o garoto para esquecer o Lucas, tudo seria desfeito por causa desse homem e da sua
capacidade de me surpreender.

João Lucas está me levando para a sua casa, e enquanto for apenas nós
dois, nada mais existirá, pois essa paixão tem sido o meu ponto fraco há um mês e tudo
que desejo agora é viver.

Imagino que ele tenha algumas intenções que vão além da conversa.
Mesmo se não tiver, iremos transar hoje, pois cansei de ser uma boa menina e pretendo
partir para o ataque.

Caso Lucas ainda esteja reticente por causa do velho, mostrarei para ele
que a amizade vale a pena, mas que eu também valho.

A noite será nossa e mal posso esperar pelo momento em que iremos nos
pertencer completamente.
CAPÍTULO 10

Quando entro na sua casa, que fica dentro de um condomínio de luxo, eu

simplesmente não consigo segurar o meu queixo. Ele cai no chão da sala e não sou

capaz de esconder a minha admiração.

Eu não sei o que esperava da casa do João Lucas, mas, certamente, não era

um lugar cheio de personalidade e cores vivas. A sua casa grande, arejada e colorida vai
de encontro a personalidade que mostra para o resto do mundo, mas eu já tive o

privilégio de ver e sentir que o empresário é muito mais do que mostra.

Não que eu não goste da sua versão séria, fria e toda certinha, mas saber

que há algo a mais por trás da fachada me excita. Sei que quase ninguém o conhece
dessa forma e me sinto privilegiada por ter um pouco mais do João Lucas do que outros

têm.

— É linda. Se eu morasse em uma casa como essa, não iria querer sair
daqui nunca — afirmo, ao colocar a minha bolsa em cima do sofá.

— Vem comigo. Quero te mostrar os outros cômodos, e fico feliz que

tenha curtido a minha casa. Quando a comprei, cuidei pessoalmente de cada detalhe da
decoração.

— Você tem muito bom gosto — elogio.

Como não poderia deixar de ser, os outros cômodos são muito bonitos e as

cores de nenhum cômodo são as mesmas do anterior. Ainda assim, tudo conversa entre
si em um conjunto alegre e harmonioso.

— Sua cama é exageradamente grande. Costuma fazer orgias em cima


dela? — Indago, o homem nem fica com vergonha.

É safado. Um lobo em pele de cordeiro.

Será que atirei no escuro e acertei?

Mas não sei se o Lucas tem cara de quem faz suruba. Duvido que goste de
compartilhar, mesmo que seja apenas sexo. Lucas sente ciúme de mim por
pouca coisa, assim como eu sinto dele. Se fôssemos um casal, não entraria uma terceira
pessoa na relação.
— Aposto que sua mente está viajando agora, imaginando paus e bocetas
em guerra.

— Já participou de orgias?

— Você tem cada ideia, menina — fala sorrindo, abaixa a cabeça e beija o
meu pescoço.

— Não fuja da minha pergunta, Lucas.

— Eu não gosto de dividir, Geórgia. Se rolar sexo entre a gente e você


sentir falta de ser preenchida em todos os buracos, terá que se contentar com o meu pau

e outro de borracha em um dos buracos.

Considerando a sua postura, terei que me acostumar a não ficar surpresa


quando o ouvir falando palavras chulas.

— Não seria ruim. Aprovo a ideia.

— Você é safada — sussurra no meu ouvido e os pelinhos finos dos meus

braços se arrepiam. — Eu gosto disso — declara.

A minha vontade é aproveitar que a gente está aqui no quarto e tirar a


minha roupa de uma vez, mas temos que conversar. Ou não.

— Quer conversar agora ou pular para a parte que a gente transa nesta
cama? — Pergunto de maneira bem direta e o Lucas gargalha. Ele me pega no colo
como se eu não pesasse nada e me leva até a sala.
Lucas se senta no sofá e me ajeita em cima das suas pernas. Estou de frente
para ele e poucas vezes me senti tão confortável.

— Antes de qualquer coisa, quero te beijar, linda. Aquela vez foi só uma

prova que me deixou sedento durante semanas. Eu dormi e acordei todos esses dias
pensando em você, no que faria se te tivesse assim: tão próxima a mim para ser tocada
da forma que eu quisesse.

— Estou aqui e pode me tocar como e onde quiser. O que fará, Lucas? —
Provoco, as pupilas dos seus olhos dilatam.

Não sei como pude duvidar em alguns momentos. Esse homem me quer e
não pode mais resistir. Finalmente o terei como tanto desejo.

De um jeito ou de outro, essa garota vai me matar, mas será uma morte

feliz. Estou certo disso.


— Gostosa.

— Lindo.

Eu seguro os dois lados do seu rosto e a beijo. Desta vez, começo com
carinho, pois embora o desejo tenha vindo como uma avalanche e tirado tudo do lugar,
gosto de tudo sobre essa menina. A conheço pouco, mas quero conhecer mais a cada
novo dia.

Respeito-a e a quero bem, não por ser quem é, mas por fazer com que eu
me sinta livre para viver fora da minha bolha, para sair e experimentar algo novo.

O calor do seu corpo na palma das minhas mãos, que descem para as suas
costas, e o gosto dos seus beijos tem cheiro de pertencimento. Geórgia será minha tanto
quanto quiser ser, porque estou me despindo agora por ela, por algo que é maior do que
a paixão.

O seu gosto é tão bom que poderia perfeitamente se tornar um vício para
mim. Na verdade, essa menina já é o meu maior vício, maior fraqueza e força.

— Como é bom poder te tocar, Lucas. Não sabe como desejei que
acontecesse desde o dia que pisei os meus pés nesse país.

— Eu também. Eu também, meu amor…. — Declaramo-nos entre um


beijo e outro, enquanto as nossas línguas se encontram e o calor se torna insuportável.

Geórgia não consegue ficar parada, então ela rebola e faz o meu pau ficar

dolorido de tão duro. Desejo mais do que tudo afastar as barreiras das roupas e socar na
sua bocetinha. Ouvir o som dos seus gemidos e sentir o suor em sua pele.

Quero esse olhar, que sempre me encarou como se estivesse implorando


por mim. Esse olhar que não sabe mentir tem sido o meu maior tormento, porque ela
pede e não sei como dizer não.

— Nós não podemos fazer isso, querida — com muito esforço, termino o
nosso beijo para jogar um balde de água fria no incêndio.

De repente, sou acometido por um instante de lucidez, embora estivesse


certo de que iríamos transar hoje.

— Eu não acredito que você está me dizendo essas palavras, Lucas. Me


trouxe aqui para quê? Merda! — Irritada, Geórgia tenta se levantar das minhas pernas,
mas não permito que saia.

— Não é o que está pensando — digo, a garota rola os olhos para cima

como uma criança.

Bom, não está muito longe do tempo em que era uma. Eu que sou louco
por estar me envolvendo com uma jovem, que poderia ser a minha filha. Na verdade, a

diferença de idade não é nem de longe o nosso maior problema.

Tem algo que Geórgia não está considerando a respeito do que estamos
começando, e está na hora de alertá-la para que fique preparada.

— Você não sabe o que estou pensando. Se começar com a história de


sempre e insistir que não podemos ficar juntos por causa do meu pai, sairei da sua casa
agora mesmo e nunca mais… — impeço que continue falando ao beijar de leve os seus
lábios rosados.

— Se te trouxe até aqui, é porque superei a resistência e acredito que


podemos ficar juntos.

— Então, por que não podemos fazer sexo?

— Você me faz pensar que a única coisa em mim que te interessa é o meu
pau. Se for, a gente pode fazer agora mesmo e tornar as nossas vidas mais fáceis.

— É claro que quero muito transar com você, tanto que tem sido difícil
pensar em outra coisa, mas não é só isso e você sabe. Quero te conhecer melhor e passar
um tempo ao seu lado. Quero que tenha encontros comigo.

Geórgia é ambiciosa e fala abertamente sobre seus desejos. Não tem como
ela ser mais perfeita do que isso.

— Eu também quero o mesmo que você. Mas não estamos juntos desde o
início por um motivo e não é porque chegamos a esse ponto que iremos esquecer.

— O meu pai?

— Sim, o seu pai.

— Você tem tanto medo. O que ele pode fazer? Eu sei que o Arthur vai
ficar surpreso e chateado, mas estamos falando das nossas escolhas.
— Não será tão simples, querida. Não basta chegar nele, contar e esperar
que depois supere. O seu pai confia muito em mim e colocou na cabeça que sou quase
um tio para você. Ele criou uma expectativa que será quebrada.

— Você falou certo: ele criou a expectativa. A culpa não é sua.

— Mas eu sinto que é. Ainda estou aprendendo a lidar com o fato de não
ter conseguido resistir ao que nós dois temos. Você sabe que eu tentei bastante, mas
todos os pensamentos me levam a você e a certeza de que não poderia ser de outra
forma.

— Eu me sinto um pouco dividida. Ao mesmo tempo que entendo os seus


motivos e o direito do meu pai de ficar mal, não acredito que a melhor opção seja fugir e
fingir que não está acontecendo nada entre a gente.

— Você não poderia ser filha de outra pessoa? E não vou nem mencionar a
questão da diferença de idade.

— Não curte novinhas? — Provoca.

— Só se a novinha for você — brinco, Geórgia abre o sorriso. — Eu vou


falar com o Arthur sobre a gente — afirmo.

— Tem certeza?

— Tenho. E você? Tem certeza de que realmente quer ficar comigo? Não
vai mudar de ideia?
— Eu não vou mudar de ideia, Lucas. Gosto de você, muito mais do que
imagina.

— Então, está decidido. Fique preparada, caso ele fique chateado com
você, embora acredite que não ficará.

— Nós vamos ficar bem, não é? — Pergunta. — Seja qual for a reação do

Arthur, me promete que não vai desistir de mim.

— Não tem a menor chance de isso acontecer, minha linda. Não fiz uma
escolha para desistir no primeiro obstáculo. Você é minha, mesmo que não tenha…

— Me comido?

— Eu não usaria essas palavras — brinco.

— Aposto que usaria, senhor certinho — provoca, então desce a cabeça e


morde o meu pescoço. — Por falar em me comer…

— Prefiro falar com o Arthur, antes de começarmos a foder como dois


coelhos. É tudo o que eu que mais quero, mas fazer sexo com você sem conversar com
ele fará com que eu me sinta desrespeitoso com você e com ele.

— Eu não me sinto desrespeitada.

— Geórgia…

Merda! Por que tudo tem que ser tão difícil?


Não poderia apenas esquecer todo o resto, a levar para cama e finalmente
foder a sua boceta?

Não é o que queremos agora?

— Ei, não faça essa cara — Geórgia fala, ao beijar o meu rosto. — Se vai
fazer bem para a sua consciência, fale com o Arthur. Te esperarei.

— Te adoro, menina.

— Eu sei, Lucas. Também gosto muito de você, e quero que me diga se


podemos fazer outras safadezas que não envolvem o seu pau na minha boceta.

— Depende do que você está falando — respondo, duvidando que esteja


disfarçando a vontade que estou de vê-la sem roupa.

Um lado meu sabe que o sexo é o de menos, considerando o que já fizemos


e falamos, mas, ainda assim, sinto que devo isso ao Arthur.

Nada do que disser me fará voltar atrás, mas ele precisa saber que tentei
manter pelo menos um pouco de respeito, antes de assumir o que está rolando entre a
gente. Naturalmente, estarei assumindo para todos, considerando que a primeira coisa
que o homem fará é ligar para os meus irmãos, que são fofoqueiros.

— Podemos dormir juntos sem roupas? Prometo que não irei te atacar —
diz, mas eu duvido um pouco.

— E se eu te atacar?
— Você não me faria tão feliz assim, Lucas — brinca, eu me levanto do
sofá com ela nos meus braços.

— O que está fazendo?

— Te levando para o quarto. A menos que queira comer alguma coisa.

— Está bem. Jantei mais cedo na Adega.

— Que ótimo, porque está na hora de a senhorita ir para a cama.

— Pena que é para dormir — fala, faz um biquinho e depois coloca o rosto
no espaço entre o meu pescoço e ombro.

Acredito que seja uma área sensível para mim, pois toda vez que sua boca

chega perto do pescoço, o meu pau sobe.

— Aqui está você, no lugar ao qual pertence — digo, ao deitá-la de costas


na minha cama.

Geórgia, mesmo tendo dito que iria facilitar, não parece disposta a cumprir
e está me chamando com o dedo para cima dela. O pior de tudo é que estou sedento para
sentir o seu corpo debaixo do meu.

— Garota…

— Vem aqui e tira a minha roupa, João Lucas. Não vou te comer no

processo, prometo.
— Eu não sei se acredito nas suas promessas. Você é um pequeno
demônio, nascido na medida para me desviar do bom caminho — brinco.

— Tudo que você estava precisando, não é? — Rebate, então afasta um


pouco as pernas, permitindo-me ver a sua calcinha cor de rosa.

Ela está jogando pesado, mas eu também sei jogar e tenho o autocontrole a
meu favor. Certamente, posso me segurar e conter o fogo da minha menina.

Eu subo ao seu lado na cama e, sem desviar o olhar, começo a abrir os


botões do seu vestido. A garota não esconde a satisfação por ter conseguido me fazer
ceder.

A situação faz parecer que preciso de incentivo para tomar a iniciativa e


pegar o que quero, mas Geórgia ainda vai me conhecer e saberá do que sou capaz
quando sinto tesão.

— Sabe o que eu estava pensando?

— Tenho medo de imaginar — respondo, ela deixa escapar uma risada.


Quanto ao vestido, parece que tem mil malditos botões.

— O que nós somos?

— Perdão?

— Sei que você já é um tio, mas nós jovens temos um linguajar diferente.
Por exemplo, quando é apenas sexo e alguns beijos sem compromisso, chamamos de
ficada. Você seria o meu ficante. Se for algo exclusivo e sem prazo para acabar, então
seria um namoro. Seremos ficantes? Ou namorados?

— O que você quer? — Pergunto, ao chegar nos últimos malditos botões.

Sei qual será a sua resposta, mas quero a ouvir falando com todas as letras.

— Eu aceito ser a sua namorada. Mas tem que saber que o namoro vem
com algumas regras e responsabilidades.

Já percebi que Geórgia e eu somos o casal perfeito em um ponto em


específico. Se eu falo pouco na maior parte do tempo, parece que ela sente prazer em
estar sempre tagarelando. Um verdadeiro equilíbrio.

— Eu namorei durante um bom tempo, querida. Sei como me relacionar.

— Sempre esqueço disso — fala, enciumada.

Eu finalmente me desfaço do vestido e tenho a sensação de estar perdendo


o fôlego, enquanto encaro a perfeição que é o seu corpo, coberto somente pela lingerie
rosa.

O meu pau fica tão duro que seria capaz de furar uma parede. Ela é linda
demais. Toda mulher e, definitivamente, minha.

— E então?
— Considerando que jamais permitiria que outro filho da puta te tocasse, e
que te quero só para mim, nós somos namorados, Geórgia. Era isso que queria ouvir?

— Era — fala, e me convida novamente para mais perto da tentação.

Sem forças para resistir ao desejo de ter um pouco mais de intimidade com
a minha namorada, não acredito que chegamos a esse ponto, saio da cama e começo a
me livrar das minhas roupas.

Tiro tudo, deixando apenas a cueca boxer. Quando o seu olhar cai no meu
pau, ela não disfarça a surpresa.

— Gosta do que está vendo, querida?

— Muito, embora prefira sem nada.

— Em breve, amor. Prometo — Jogo uma piscadela e finalmente me deito


ao seu lado na cama.

Geórgia não espera nem meio segundo para subir em cima de mim. Eu fico
excitado e desesperado na mesma medida.

— Sabia que você não era de confiança, garota safada — brinco, mas
abraço a sua cintura e a beijo com vontade, esquecendo-me da minha proposta de
esperarmos até que eu fale com o Arthur.

Os minutos seguintes são de pura pegação com beijos famintos e


calorosos. Mordidas e chupadas em lugares cujas marcas ficarão escondidas debaixo das
roupas.

Mas ela me surpreende, mostrando que consegue se controlar ao não tocar

na parte do meu corpo que mais precisa da sua atenção, assim como também estou
segurando a vontade latente de tocar na sua boceta, que deve estar melada de tesão.

Beijamo-nos durante muito tempo, e apesar do desejo que fica cada


segundo mais intenso, nós dois nos seguramos e não transamos. Quando a minha
namorada começa a bocejar com muita frequência, ela simplesmente deita de lado e
puxa o meu braço para sua cintura.

Com o corpo tocando o seu por trás, abraço-a de conchinha e me sinto


confortável como da primeira vez no meu escritório. Por momentos como esse, eu
enfrentaria muitas batalhas.

— Estou feliz, Lucas.

— Eu também estou, linda. Você não faz ideia do quanto. É tudo por sua
causa.

— Hoje é um dos melhores dias que já vivi e não quero que acabe —
declara, e são as suas últimas palavras antes de cair no sono.

Eu sei que não será tão fácil e que posso acabar perdendo uma pessoa
muito importante se o Arthur reagir tão mal quanto imagino, mas valerá a pena por ela.

O sentimento que está nascendo e se fortalecendo vale a pena. Pela


primeira vez em muito tempo, não sinto como se o peso do mundo estivesse em cima
dos meus ombros. Apesar de tudo, eu realmente estou feliz.
CAPÍTULO 11

Três dias depois

Já perdi as contas de quantas vezes desci até o bar ou que me levantei para

observar o salão através da janela espelhada.

Depois que a Geórgia e eu conseguimos nos acertar, eu fiquei um pouco


mais leve, mas ainda desconfortável por manter o segredo não só do pai da garota, como
também dos meus irmãos.

Foi tão maravilhoso acordar com a minha menina nos meus braços pela

manhã que fiquei ainda mais convicto que queria momentos como aquele se repetindo
muitas e muitas vezes. Para que aconteça de forma correta, eu só precisava fazer o que

havia dito para a Geórgia.

Eu não quis voltar atrás em nenhum momento, mas adiei a conversa o


quanto pude, simplesmente porque não é fácil saber que decepcionarei o meu melhor

amigo e, na pior das hipóteses, posso perder a amizade por ter me apaixonado pela sua
filha.

Ele vai se sentir traído e será com razão, mas sinto que não há nada que

possa ser feito. A única saída era a deixar, já tentei uma vez e simplesmente não deu
certo.

Hoje é sexta, faltam apenas duas horas para o clube ser aberto, mas acordei

decidido que hoje seria o dia de dizer a verdade para o Arthur e meus irmãos. Eu pensei
em ter a conversa apenas com o meu amigo, mas sei que a presença dos meus irmãos

servirá para acalmar os ânimos.

Há alguns minutos, enviei uma mensagem para os três, mas, para variar,

todos estão atrasados.

Agoniado, olho para baixo e o meu olhar encontra o da minha menina, que
chegou para o seu turno há alguns minutos. Ela descobriu que tenho o hábito de ficar a
observando daqui e passou a trocar olhares comigo. De alguma forma, sempre sabe o

momento em que começo a cobiçá-la daqui de cima.

Às vezes, a garota ousada faz algumas coisas de caso pensado, apenas para
me deixar excitado. Agora, por exemplo, está apoiando a parte superior do corpo no
balcão, permitindo que eu veja o seu decote e deseje enfiar os seus seios na minha boca
e chupar um de cada vez, até que os mamilos fiquem duros e sensíveis.

Não está sendo nada fácil para nós dois, pois os beijos não têm sido

suficientes e, apesar da emoção pelo perigo, ficou cansativo nos escondermos pelos
cantos da Adega.

Porra! Eu quero poder beijar a minha namorada quando e onde eu quiser.

Poder dormir com ela e transar quando tivermos vontade.

— Eu nunca vi alguém gostar tanto de reuniões como você, João Lucas —


Arthur já entra falando. Eu tomo um susto e sinto o meu rosto ficando um pouco quente,

pois estava agora mesmo comendo a sua filha com os olhos. — Qual é o problema dessa
vez? Só me diga que está tudo certo para hoje. Tenho a sensação de que sempre
acontece uma pequena merda todos os dias, antes de abrirmos a casa para o público.

Arthur está no centro do escritório e eu me aproximo dele. Estou nervoso,


mas também aliviado por me livrar desse peso. Não tenho dúvida de que dará merda,
mas não poderia viver mentindo e ficando com a Geórgia escondido.

— Está tudo bem — afirmo.

— Se não é nada com a Adega, qual o motivo da reunião? Você está bem?
— Preocupa-se.

— Estou. O que tenho para falar é algo pessoal, mas temos que esperar os
meus irmãos chegarem.
— Espero que não seja nada com a sua ex. Passou um mês, meu amigo,
tempo mais do que suficiente para você superar a fossa.

— Fossa? Quem está na fossa? — Emanuel e Miguel invadem a sala. O

último faz a pergunta.

— Não tem ninguém na fossa, porra!

— Rapazes, vocês não acham que o irmão de vocês tem andado estranho
nas últimas semanas? Parece mais fechado do que sempre foi, ou será que é só comigo?
— Arthur está sorrindo, mas eu não sei se ele realmente me sentiu diferente.

— Gente, vamos deixar o Lucas falar. Não percebem pela expressão dele
que é algo sério? — Miguel fala, os outros dois se calam.

— Eu não sei como falar isso de uma forma que soe melhor, sobretudo,
para você Arthur — começo.

— Eu? Você está começando a me deixar preocupado, cara. Faça o


seguinte, diga de uma vez o motivo de ter nos chamado até aqui.

— Tudo bem. Eu estou saindo com a Geórgia — jogo à queima-roupa,


Arthur paralisa e depois cai na risada.

O homem ri tanto que chega a lacrimejar. Os meus irmãos não parecem


surpresos pelo que eu disse, e sim com a reação do nosso amigo.
— Tudo bem, para de fazer piada com uma coisa dessas, Lucas. Estou
sorrindo pelo susto, mas não tem a menor graça.

— Eu não estou brincando, Arthur, sinto muito. Aconteceu, eu tentei muito


matar a atração que senti por ela no momento em que a vi no aeroporto.

— Então, você me chamou até aqui para dizer que seduziu a minha filha,
seu filho da puta?!

— Eu não a seduzi — nego.

— Ela só tem dezoito anos e você quarenta, porra! O que pensa que
conseguirá com uma garota que tem idade para ser a sua filha? — Como imaginava, ele
está furioso.

— Arthur, por que não tenta ficar mais calmo e ouve o meu irmão? Tenho
certeza de que ele explicará isso melhor, não é, Lucas? — Emanuel intervém.

— Explicar melhor? Existe alguma explicação para essa merda? Desde


quando isso está acontecendo?

— Não faça essa pergunta — peço, ele tenta partir para cima de mim, mas
meus irmãos o seguram.

— Fale, porra!

— Eu tomei a decisão de ficar com ela há três dias, mas temos falado sobre
a gente desde o início.
— Um mês, você teve um mês inteiro para falar que está transando com a
minha filha e não falou. Sabe o que você é, Lucas? Um traidor que sempre se fez de
bom moço.

— Não coloque nesses termos. E só para que saiba, eu não estou comendo
a sua filha. O que temos é muito maior do que você tenta insinuar.

— Vocês não têm nada, João Lucas. Você é um homem de quarenta anos
que estava de saco cheio da própria vida certinha e da namorada chata, então resolveu

colocar as suas mãos de merda em cima de um modelo mais novo, sem considerar que a
menina é a minha filha!

— Eu não estou a obrigando a me corresponder, Arthur.

— E quem me garante isso? Eu não sei que tipo de coisa você tem
colocado na cabeça dela.

— Está indo longe demais, cara — Miguel fala, Arthur sequer olha em sua
direção. Prefere encarar-me com ódio.

— Sabe o que mais me deixa puto? Confiei em todos vocês,

principalmente em você. — Aponta o dedo para mim. — O idiota aqui pensou que
cuidaria e a protegeria como eu mesmo faria, mas esse tempo todo… Eu não posso
acreditar! Com tantas mulheres no mundo, você foi olhar logo para ela?

— Você não faz ideia do quanto tentei negar os meus sentimentos e do


quanto isso me custou. Até três dias atrás, eu estava me mantendo longe da garota por
sua causa, por não querer ver esse olhar.

— Parece que fez uma escolha, não é mesmo? — Questiona com ironia.

— Ela vale a pena — declaro, Arthur solta uma risada maldosa.

— Imagina que ironia, de melhor amigo, você se tornou o meu genro. Isso
só pode ser uma piada de péssimo gosto. Mas não importa o nome que queira dar ao que
pensa em ter com a minha filha, isso acaba aqui.

— Perdão?

— Isso mesmo que você entendeu. Você não vai mais chegar perto da
Geórgia. Eu não aceito essa relação, e se você tem alguma consideração por mim,
acabará com essa sandice.

— Não farei o que está me pedindo. Gosto dela e não teria vindo te falar
sobre isso se houvesse a possibilidade de a deixar por sua causa. Você pode aceitar ou
não, mas vou ficar com a Geórgia pelo tempo que ela quiser ficar comigo. Não vim
pedir o seu aval, apenas informar em consideração a nossa amizade.

— Se você fosse meu amigo de verdade não teria sequer considerado


encarar a minha filha com outros olhos. Mas não tem problema, se não acabar com essa
loucura, eu mesmo farei isso.

— Está me ameaçando?
— Estou! Pense bem no que você está fazendo, porque posso acabar com
você com um simples estalar de dedos e tenho certeza de que não se esqueceu disso.

Foi por medo dessa ameaça que tive tanto receio de entregar-me para a
Geórgia. No fundo, eu ainda nutria a esperança de que não fosse usar o meu passado
contra mim.

Posso entender a sua chateação, mas nunca uma atitude como essa.

— Faça como quiser, Arthur, mas volto a repetir: Eu gosto da Geórgia,


quer você queira quer não. Vou ficar com ela, mesmo que tente me dissuadir com
ameaças.

— Você está acabado! — Ameaça mais uma vez e sai da sala batendo a
porta.

Apesar de ter falado de maneira direta e o mais firme possível, o meu


coração está apertado no peito. Arthur é uma das pessoas mais importantes que tenho e
eu não lembro direito como era a minha vida antes da sua amizade. O pouco que
lembro, gostaria de esquecer.

— Irmão, eu sei que não tem como controlar essas coisas do coração, mas
puta que pariu! Tinha que ser logo a Gegê? — Emanuel pergunta. — Tudo bem que ela
é gostosa pra caralho…

— Não termine essa frase! — Falo entredentes.


— Tudo bem, não está mais aqui quem falou. — Ele levanta as mãos em
sinal de rendição.

— Lucas, você sabe como o Arthur é teimoso, não sabe? — Miguel


questiona, e eu balanço a cabeça. Ele é teimoso e mimado, defeitos que nos fizeram
bater de frente no início da amizade, mas logo foram superados pelas suas inúmeras
qualidades. — Ele não vai digerir tão facilmente a relação entre você e a garota.

— Arthur não vai ficar parado e pode tentar separar vocês de maneira
efetiva — alerta Emanuel.

Ele não está exagerando de forma alguma. A impetuosidade do nosso


amigo é maravilhosa quando estamos do mesmo lado que ele, caso contrário…

Nunca estive do outro lado, e temo que tenha chegado a hora de descobrir.

No fundo, eu ainda tenho esperanças de que ele se acalme depois de alguns


dias e venha até mim para conversarmos novamente. Gostaria que entendesse que
desejo ter algo real com a sua filha, que a respeito, e que prefiro perder um braço a
magoá-la de propósito.

— Não permitirei que isso aconteça, irmãos. Não tive essa conversa para
desistir tão facilmente. A decisão de assumir que quero tentar construir algo com a
Geórgia não foi tomada de maneira leviana.

— Nós somos seus irmãos e sabemos disso, Lucas. Em algum momento, o


Arthur também vai cair em si. Tudo bem que você não é o genro que ele gostaria de ter,
mas, nesse caso, a escolha estava nas mãos da Gegê, não nas dele — Miguel fala.

Os meus irmãos agem como idiotas muitas vezes, mas eles sabem ser
sensatos e falam sério quando é preciso. Em momentos como esse, sinto muito orgulho
deles e vejo como valeu a pena ter lutado pelos dois.

— Não fique preocupado com a ameaça dele, o Arthur te ama, apesar de


estar com ódio agora. Ele jamais tentaria te prejudicar — Emanuel assevera, mas não
tenho certeza.

Somos amigos, mas eu mexi com a filha do cara. Também não sou pai,
mas imagino que um filho é a maior realização de uma pessoa.

— Vocês são a melhor parte de mim. Obrigado pela força — falo, eles me
cercam e me agarram, tudo para me irritar, porque sabem que não gosto que fiquem me
tocando sem autorização. Bom, a garota é uma exceção.

Por mim, ela não tiraria as mãos do meu corpo nunca.

— Já podem me soltar, seus babacas — falo, e os empurro. Passo por eles


na direção da porta.

— Onde você vai?

— Preciso respirar um pouco.

— Vai levar a Gegê com você? — Miguel pergunta.


— Mandarei uma mensagem no caminho — digo, antes de sair.

A minha mente está cheia, e realmente preciso de um tempo para assimilar


a conversa e o fato de o meu melhor amigo estar me odiando. Eu poderia levar a minha
garota comigo, mas não seria uma boa ideia, considerando que o seu pai é o motivo da
minha exasperação e sentimento de perda.

Eu
também poderia caminhar um pouco, mas opto por ir direto para casa, onde tenho uma
garrafa de vodca à minha espera

Mesmo que eu faça um esforço para me concentrar apenas no meu


trabalho, estou falhando miseravelmente. Sinto-me tensa desde a hora que acordei pela
manhã, quando o João Lucas mandou uma mensagem avisando que falaria com o meu
pai hoje.

O que sinto é um misto de medo e expectativa, porque senti que o Lucas


estava muito mais tenso do que queria deixar transparecer.
Eu não tenho o direito de julgar a amizade dos dois, muito menos
dimensionar o tamanho do carinho que sentem, mas senti que o medo do meu namorado
de decepcionar o Arthur é maior do que posso compreender. Tem algo por trás de tudo
isso e eu não consigo imaginar o que seja.

O fato de o Lucas ter decidido enfrentar a situação me deixou feliz por


motivos óbvios, mas também por ter mostrado o quanto realmente gosta de mim. Saber
que está sendo tão difícil enfrentar essa situação tornou a sua coragem uma prova de
amor.

Tudo o que não quero é que o Lucas perca a amizade do meu pai para ficar
comigo. No que depender de mim, ele não terá que fazer uma escolha. Terá o amigo e a
namorada, ou não me chamo Geórgia de Castro.

— Gegê! — Emanuel para na minha frente do outro lado do balcão. —


Essa sua carinha de diaba nunca me enganou.

— Então, você já sabe?

— Sei o quê? Que você fez o meu irmão todo certinho não só deixar a sem
graça da Jasmine como enfrentar o Arthur para te assumir?

— Está chateado comigo? — Indago.

Eu adoro o Miguel e o Emanuel. Seria muito difícil para mim se os dois


também ficassem contra o meu namoro com o Lucas.
— Não estou chateado. Na verdade, o Miguel e eu te adoramos, e estamos
felizes por ele estar pensando em si mesmo e fazendo escolhas com o coração — as suas
palavras me fazem ficar calma.

— Como foi a conversa? Você estava presente?

— Como era de se esperar, o Arthur não reagiu nada bem. Ele saiu da sala
furioso, fez ameaças vazias, mas o meu irmão não voltou atrás. O Lucas realmente gosta
de você, menina. Você não faz ideia do que essa briga com o seu pai deve ter custado
para ele.

— O que está querendo dizer? — Questiono. Está claro que ele quis
insinuar algo.

— Não é nada. Eu só vim te avisar que o meu irmão saiu agora há pouco e
estava perturbado. Disse que precisava respirar, mas não gosto de pensar que está
sozinho agora.

— Tem ideia de onde o Lucas possa estar?

— Não sei ao certo, mas, se pudesse apostar, diria que foi para casa.

— Eu preciso ir até ele.

— É claro que precisa — fala. Eu tiro o avental que estava amarrado na


minha cintura e o deixo em suas mãos. Depois, pego a minha bolsa e me preparo para
partir.
— Você é um dos chefes, não é? — Ele acena positivamente com a cabeça.
— Tente não descontar o fato de eu estar saindo mais cedo do meu salário.

Enquanto dirijo um dos carros do meu pai até a casa do Lucas, ligo três
vezes para o Arthur, mas ele não me atende.

Por um momento, fico em dúvida a respeito de quem devo ver primeiro,


mas só tenho pista do paradeiro de um deles, o que torna a decisão mais fácil.

Bato na porta do Lucas muitas vezes e não obtenho nenhuma resposta.


Quando estou quase desistindo, a porta é aberta de maneira abrupta.

João Lucas tem uma garrafa de vodca pela metade em uma mão e os seus
olhos estão vermelhos de tanto chorar. O meu coração fica partido por causa do seu
estado, então eu fecho a porta atrás de mim e o abraço.
CAPÍTULO 12

Não sei se a bebida tem poder para tanto, muito menos se estou tão bêbado

a esse ponto, mas ela está parecendo mais linda agora do que sempre foi. Era algo que

parecia impossível, porque essa garota é perfeita.

O fato de ela estar aqui me faz sentir vontade de chorar ainda mais e depois

terminar essa garrafa de vodca.

Faço o que o meu corpo e coração pedem e me perco no seu abraço depois

que a porta é fechada. Parece que passa uma eternidade até que a Geórgia me afaste para
me fitar com seus profundos olhos azuis.
Ela me leva pela mão até o centro da sala e continua a me encarar,

esperando que eu diga alguma coisa. Mas o que eu poderia falar? A minha cabeça está
uma bagunça, mas apenas o fato de poder olhar e sentir a minha namorada tão perto de

mim é o suficiente para provar que fiz a coisa certa. Sinto-me bem sendo eu mesmo
quando a tenho por perto. É como se estivesse onde e com quem precisava estar.

Nunca houve outra escolha, não é?

Mesmo que eu enfrente uma tempestade daqui para frente, valerá a pena se

for para viver essa paixão.

— Quer conversar agora, ou prefere esperar?

— Tudo o que quero agora é esquecer — digo.

— Tenho certeza que recorrer a bebida não é a melhor saída para aliviar o
que está sentindo — fala ao pegar a garrafa da minha mão e o levar para o painel da TV.
— Me fala o que posso fazer para que se sinta melhor.

Quando volta para mim, fica tão perto que o calor do seu corpo e cheiro do
perfume me fazem esquecer de todas as merdas.

— Não faça essa pergunta. Não agora.

— Por que diz isso? — A garota fica na ponta dos pés e deixa a boca a
centímetros de distância da minha. Estamos quase nos beijando, mas ela parece ter
outros planos.
— Geórgia, o meu dia foi uma merda. Eu não vou te usar para…

— Quem falou em usar? — Questiona, ao descer a mão lentamente pelo


meu abdômen, que fica tenso de expectativa.

É isso que acontece quando ela chega perto de mim assim, esqueço-me de
tudo.

— Quero fazer com que se sinta bem, meu amor. Às vezes, o namoro serve
para isso — ela fala, então deixo-me ser empurrado para o sofá.

Quando caio sentado, Geórgia se senta em cima de mim. Sinto o impacto

do seu olhar, que parece capaz de ler a minha alma.

Ela desce a cabeça e começa a beijar e chupar o meu pescoço. Um lado e


depois o outro. Também rebola gostoso no meu pau, seguro os lados da sua bunda para a
sentir melhor.

— Você quer me matar de tesão, não é? — Minha namorada para de se


esfregar no meu pau duro e olha para mim, então ela sorri e me beija com sofreguidão.

É a porra do melhor beijo do mundo, que faz o meu corpo todo sentir a
tensão e a expectativa do que seria o banquete completo. Sempre que chupa a minha
língua dessa forma, imagino-me fazendo o mesmo na sua boceta.

Quero abrir as suas pernas e chupar a sua vagina até que goze na minha
língua e me deixe sentir o seu gosto. Depois, quero a beijar para que sinta o quanto é
deliciosa.
É apenas um beijo muito bom, que me faz perder um pouco do meu
controle quando seguro com firmeza os cabelos próximos da sua nuca e começo a ditar

o ritmo do beijo.

Lentamente, começo a colocar e tirar a língua da sua boca, depois aumento


o ritmo, fazendo com que sinta como será quando for o meu pau rasgando a sua
bocetinha. Por mim, passaria horas e horas assim, mas a minha namorada tem outros
planos.

Geórgia termina o beijo e começa a tirar a minha camisa.

— Você tem certeza? Eu bebi um pouco e não quero que se sinta usada.

— Finja que eu estou te usando — pede, eu me entrego e deixo-a despir a


minha camisa. — Gostoso — elogia, ao se curvar e beijar o meu abdômen. A minha
pele fica toda arrepiada, mas é preciso certo esforço para não forçar a sua cabeça mais
para baixo.

Sinto vontade de gozar só de pensar na sua boca chupando o meu pau.

— O que está fazendo? — Indago quando a garota afasta as minhas pernas


e se ajoelha entre elas. Geórgia não fala nada, mas mostra com ações ao abrir o zíper e o
botão da minha calça.

— Um agrado para o meu namorado. — Juro que não acredito quando ela
tira o meu pau de dentro da boxer e beija a cabeça robusta. — Porra! É maior do que eu
imaginava.
Definitivamente, ela não tem papas na língua.

— Quer dizer que você imaginava o meu pau?

— Eu pensava todos os dias no tamanho, na cor e na espessura. Também


pensava em como ele se encaixaria na minha boceta.

— Você é uma vadiazinha, e me fará gozar com essa boca que só sabe falar
sacanagens.

— Você gosta, não é? — Pergunta, então envolve a mão no meu membro


duro e começa a subir e descer lentamente, me masturbando com perícia.

Não quero pensar em como e com quem ela aprendeu a ser tão boa assim,
mas essa mãozinha vai me deixar louco.

— De você me masturbando, ou de você por ser uma pequena vadia? —


Devolvo a pergunta, doido para descer a sua cabeça e fazer com que engula o meu
cacete até a garganta.

Estou um pouco descontrolado. Sexo sempre foi algo um pouco mecânico


para mim, um mecanismo para atender aos desejos físicos, mas isso aqui, que é apenas
uma prova, é a porra da melhor coisa que eu poderia sentir.

É puro instinto e tesão pela mulher que veio para me fazer completo em
mais de um sentido.
— Gosto do fato de você estar prestes a me fazer feliz, mas também que
seja assim, tão safada e aberta para experimentar. Você é uma garota malvada, Geórgia,
é capaz de levar um homem a cometer loucuras, mas só eu terei esse privilégio a partir
de agora.

Essa boca e esse fogo serão apenas meus, porque ela é a minha mulher.

— Vai me chupar, amor? Ou você é daquelas que falam e pouco fazem? —


Provoco-a. Geórgia encontrou em mim um oponente a altura.

— Você não deveria me desafiar, tio.

— Quando eu te pegar, vou te mostrar quem é o tio, menina! — Ameaço,


ela abaixa a cabeça, mas é para lamber a cabeça da minha rola como se fosse um
pirulito.

A safada faz isso com os olhos erguidos, prendendo o meu olhar no seu, o

que torna o momento ainda mais excitante. Aos poucos, ela vai levando-me mais fundo,
até que o meu cacete esteja quase todo dentro da sua boca.

A visão da minha mulher de joelhos, tendo os seus lábios esticados por

causa do meu pau, me deixa tonto de desejo. O fato de ela ter paciência para construir o
meu desejo até me levar à beira do orgasmo mostra que sabe bem o que está fazendo.

Primeiro me chupa com paciência, depois fica gananciosa e tenta me

engolir todinho. Ela se baba toda, e nunca esteve tão sexy como agora.
— Não se toque. Eu farei isso — peço, quando percebo a sua intenção de
levar a mão até a boceta.

Quando o esforço para não gozar se torna grande demais, tento acalmar as
coisas para não encher a sua boca de porra sem aviso, mas Geórgia não cede e deixa
claro que ela está no comando e fará o que quiser com o meu pau.

Minha namorada desacelera as chupadas, dá uma última lambida na cabeça


que já está babando e se levanta.

— Tem camisinha?

— Deve ter uma perdida dentro da minha carteira — digo, ela a pega no
bolso da minha calça, ainda enrolada nas minhas pernas, e tira o preservativo de dentro.

— Deixe-me te dar prazer, amor — peço com o tom de voz fraco. Tenho a
sensação de que estou delirando de tesão.

— Nós teremos tempo para isso. No momento, quero fazer o que venho
desejando há um mês. Preciso sentar no seu pau — declara, rasga o lacre do
preservativo e depois o desenrola no meu membro.

Geórgia não se dá ao trabalho de tirar mais nenhuma peça de roupa sequer


dos nossos corpos, ela apenas senta no meu colo e afasta a calcinha para o lado.

— Era isso que você queria, não era?


— Tanto que só pensava neste momento… — declaro. O meu coração fica
acelerado quando a gostosa pega o meu cacete entre os nossos corpos e começa a passar
a cabeça entre as dobras da sua boceta. Está tão molhada que a fricção faz um
barulhinho. — Coloque-me para dentro e me cavalgue, minha amazona. Senta-se na
minha rola com essa boceta gostosa e gananciosa — peço.

Geórgia deixa o meu pau na sua entrada e depois busca apoio para as duas
mãos nos meus ombros. Ela começa a sentar, levando-me para o seu calor.

— Porra! — Praguejo entredentes quando a mulher desce até o fim, tão


justa que é como se o meu pau estivesse rasgando a sua carne. — Gostosa, filha da puta!

— Quem é boca suja agora?

— Você merece — brinco, ameaço abraçá-la para que eu mesmo meta na


sua boceta, mas a minha menina começa a sentar.

Ela se senta com a bunda empinada para trás, e tudo o que eu precisava era
de um espelho para ter a visão do meu pau sendo engolido, da sua bela bunda rebolando
e me levando para o inferno, onde o fogo queima nas minhas veias.

Quando penso que ela está no limite, a mulher me surpreende e se senta


com mais força e rapidez. Puta que pariu!

— Era assim que você imaginava, João Lucas? Essa foda está sendo boa o
suficiente para você? — Ela provoca e se senta sem parar no meu pau, suando e
gemendo.
O som das nossas peles se batendo me deixa com mais tesão.

— Diga-me você, minha menina safada — rebato, então abraço-a com


firmeza, impossibilitando que se mova. Eu ergo o quadril do sofá e passo a socar na sua
boceta sem parar.

— João… Eu quero gozar, amor — começa a implorar, eu sorrio de pura

satisfação.

Não vou dificultar para ela, pois estou pronto para gozar desde a primeira
lambida da sua língua na cabeça da minha rola.

Agora que estamos na beira do precipício, basta nos jogarmos de uma vez.
É por isso que continuo metendo, esfolando o meu pau no seu calor apertado, até que
nós dois gozamos, gemendo e chamando um pelo nome do outro.

Quando as ondas de desejo se acalmam, minha namorada desaba em cima


de mim, e ainda demora alguns minutos para que eu crie coragem para sair de dentro
dela.

— Foi melhor do que as minhas fantasias, João Lucas — fala, um pouco


ofegante pela intensa atividade sexual.

— Para mim também. Pensei que você fosse me dar muito prazer, mas
tudo que imaginei não chegou aos pés do quanto me fez feliz agora. O mundo fora
dessas paredes não existe quando estou com você.
— Era isso que eu queria — afirma, eu levo a mão até a sua cabeça e
começo a fazer carinho, passando os dedos nos fios macios.

Depois de alguns minutos nos acalmando, retiro-me do seu corpo e a levo


para a minha cama. Deito-a com cuidado e vou até o banheiro me livrar da camisinha.

Tendo-a como plateia, paro na frente da cama e tiro toda a minha roupa.
Faço tudo bem devagar, apenas para a provocar, pois tenho total interesse que se
recupere logo. Para mim, a primeira vez foi apenas o aperitivo.

Antes que o dia amanheça, ainda quero foder muito a sua bocetinha. Mas
agora, estando um pouco mais controlado, desejo mostrar que os meus sentimentos por

ela vão muito além do


sexo.

Ele é o homem mais bonito que já vi na vida. Se pensava assim antes,


agora que está totalmente sem roupas bem diante dos meus olhos, tenho certeza.
Além de lindo, tem o pau grande e cheiroso. Sim, o meu namorado é tão
bem cuidado que até o seu pênis merece o prêmio de mais limpinho do mundo.

Felizmente para mim, não é só bonito e cheiroso, Lucas sabe como usar o
seu instrumento. Sempre pensei que ele seria bom, apesar da fachada que algumas vezes
chega a ser tediosa, mas nem nos meus melhores delírios sexuais pensei que fosse ser
tão quente.

Meu namorado me tocou da forma correta em todos os momentos. Tudo


sobre os nossos corpos em sincronia na hora da transa me levou ao orgasmo mais
intenso que experimentei.

As minhas pernas estão bambas até agora, o gostoso entrou tão apertado e
fundo que sinto como se ainda estivesse dentro de mim. O seu pau fantasma está
entrando e saindo. Saindo e entrando.

A sensação faz com que eu esfregue uma perna na outra para aliviar o
desejo que ameaça voltar com tudo novamente, enquanto babo a perfeição do seu corpo.

— Lindo — elogio. — A sua namorada tem muita sorte.

— Sou eu quem tenho sorte de ter a mulher mais gostosa, safada e linda na
minha cama — devolve, então sobe de joelhos na cama e começa a tirar a minha roupa.

Lânguida por causa do sexo recente, deixo que faça o que quiser e apenas
suspiro com cada beijo na minha pele. Quando me tem completamente despida, meu
namorado fica um tempo me olhando com total adoração.
Quando decide fazer mais do que apenas olhar, o senhor olhos azuis abre
as minhas pernas amplamente e encara a minha boceta de uma forma que me faz arder.
Só quero transar mais uma vez.

Depois de semanas de espera, precisarei de muitos dias vivendo de sexo


para me sentir minimamente saciada.

— Está ficando molhada novamente — constata, ao passar o dedo


indicador entre os meus lábios vaginais e depois chupar a umidade.

— Você faz isso comigo — falo, aproveito para levantar o pé e tocar no


seu pau, que começa a endurecer com o simples toque dos meus dedos.

— Farei muito mais, amor. Antes que o sol nasça, não haverá uma parte
sequer do seu corpo que não tenha sido tocada pelas minhas mãos, pau ou boca.

— Promessas — provoco, Lucas me puxa e coloca as minhas pernas em


cima dos seus ombros.

Estou toda exposta diante dos seus olhos e só consigo sentir tesão e
vaidade pela forma como está me encarando. Tem fogo no seu olhar e é por mim.

Ele abaixa a cabeça e lambe a minha boceta. Não faz com ganância como
fiz ao chupar o seu pau. Faz de maneira lenta e gostosa, enfiando e tirando a língua,
construindo aos poucos o meu desejo, até o ponto em que começo a me contorcer e
implorar para gozar.
Quando chego no meu limite, meu namorado desliza o corpo pelo meu e se
coloca entre as minhas pernas.

— O seu gosto é uma delícia, meu amor. Sinta — pede, coloca a língua
para fora e eu a chupo algumas vezes. Não aguentamos a safadeza e acabamos nos
beijando com sofreguidão.

Tento pegar o seu pau para o fazer me penetrar novamente, porque estou
sedenta para ser fodida mais uma vez, mas Lucas me impede. Aparentemente, ele tem
outra coisa em mente.

— Amei te foder, Geórgia, mas quero te amar agora. Preciso te amar —


declara.

Eu não esperava por isso. Nem sei se entendo o que está querendo dizer.

— Amar?

— Fazer amor, te sentir e te adorar como você merece — fala, pega o seu
membro e me penetra bem lentamente. Ele vai e vem sem tirar os olhos de mim.

Mantém o ritmo calmo e não acelera em nenhum momento. — É disso que estou
falando. De aproveitar essa conexão física e focar em mais do que satisfação física.

João Lucas me ama com atenção e me toca de uma forma que não fez na
primeira vez. Ele chupa os meus seios como se tivesse todo o tempo do mundo, mas
também beija a minha boca. Meu namorado aperta os lados da minha bunda e segura as
minhas coxas.
Ele faz tudo, me faz sentir todas as sensações sem nunca perder o ritmo do
seu quadril investindo contra a minha pélvis. Com ações, está me ensinando como fazer
amor, e fazer amor é tão bom quanto foder sem sentido.

Em algum momento, meu namorado para de se mover e, profundamente


dentro de mim, me encara de um jeito diferente.

— Te desejei desde a primeira troca de olhares, mas só estamos na cama


agora porque sempre foi mais do que sexo para mim. Nunca quis apenas te comer e
depois seguir em frente. Adoro você, menina. Quero te conhecer, pois você vale a pena.

— Também te adoro, João Lucas. Você está fazendo amor comigo agora,
mas tudo o que eu mais quero é continuar sendo amada por você. Me ame, meu amor —
sussurro, o homem mostra o seu sorriso mais bonito e volta a se mover.

Desta vez, não entramos em uma corrida desenfreada até o orgasmo. Ele
consegue nos levar ao prazer máximo com beijos, toques de carinho, chupadas e com o
pau que sempre sabe como usar.

Ao terminar, meu namorado sai de cima de mim e se joga ao meu lado na


cama. Quando sinto o esperma vazando entre as minhas coxas, percebo o erro que
cometemos.

— Não usamos camisinha.

— Merda! Eu sinto muito — fala.

— A culpa não é só sua, Lucas. Eu também poderia ter me lembrado.


— Quais as chances de termos um bebê? — Questiona.

— Nulas, considerando que tomo anticoncepcional há anos. Também não

há riscos de doenças. Os meus exames estão atualizados.

— Os meus também. Além do mais, não transava sem camisinha com a…


— Imediatamente, agindo como uma criança, cubro a sua boca com a mão.

— Não cite o nome da sua ex. Não quero saber.

— Você é tão ciumenta que chega a ser ridículo — fala aos risos, mas está
me deixando irritada.

— Se for um problema para você, pode ir embora. A gente já transou


mesmo.

— Pensei que não fosse apenas pelo sexo — Lucas rebate. — Além do
mais, há o pequeno detalhe de que estamos na minha casa e você não pode me mandar
embora.

— Vai se foder! — Praguejo, ele me abraça e sorri contra o meu pescoço.


Pelo visto, não está me levando a sério.

— Vou te foder, meu amor. Pare de agir como uma menina birrenta e me
dê um beijo — pede, ainda rindo de mim.

A sua cama é tão grande que consigo fugir dos seus braços e ficar a uma
distância segura.
— Fique parado aí!

— Eu não acredito que você realmente está brava, Geórgia.

Nem eu. Será que é obra da TPM?

— Por que estava bebendo quando cheguei? Já sei que o meu pai é o seu
melhor amigo, mas, a menos que seja apaixonado por ele, ou tenha um motivo concreto,
o seu medo de decepcioná-lo soa exagerado para mim — afirmo.

Mudei completamente de assunto, mas talvez tenha chegado a hora de


entender a relação do Lucas com o meu pai.

— Tenho motivos para me sentir dessa forma.

— Sou sua namorada e você pode confiar em mim para me contar a sua
história — falo, ao deitar de lado com as costas contra a parede. Ele está na mesma
posição, só que na outra extremidade da cama.

— O seu pai salvou a minha vida. $$$


CAPÍTULO 13

— Salvou em que sentido?

— Em vários. É por isso que sou grato e sempre tentei retribuir da melhor

forma possível a amizade que construímos.

— Conte-me. Quero te conhecer, João Lucas. Se eu te entender, talvez


também entenda o Arthur.

É uma história difícil que não gosto de lembrar, muito menos


mencionar. Não falo sobre isso nem mesmo com os meus irmãos que são parte dela, mas

Geórgia está na minha vida agora, e não é justo que fique no escuro.
O nosso relacionamento não começará com omissões e mentiras.

— Até os meus dezesseis anos, eu morava em uma cidade no interior que


fica a duzentos quilômetros daqui e acreditava que a minha família era perfeita.
Vivíamos confortavelmente com a herança que o meu avô por parte de mãe deixou, mas

também com o suor do trabalho dos meus pais.

“Mas tudo não passava de uma ilusão, porque eu só via o que queria ver.
Na verdade, o casamento dos meus pais era péssimo. O meu pai traía a minha mãe e eu

soube disso quando ouvi uma discussão feia entre os dois. Ela fazia de tudo para poupar
nós três da verdade.”

— Mãe é mãe. Só muda o endereço. Ela sofria em silêncio para proteger

vocês.

— Ela é maravilhosa, sempre foi amorosa e cuidadosa com a família, por


isso não consegui esquecer a discussão que ouvi. Fiquei mais atento aos dois e a
situação parecia ficar cada dia pior. Eles estavam sempre discutindo. Eu pensava em

intervir, mas tinha medo de os meus irmãos perceberem. Não queria que eles soubessem
que a nossa família perfeita era uma mentira e tive que fazer uma escolha.

— Você fez a escolha certa, meu amor — afirma, estendo o braço e seguro
a sua mão.

— Um dia, eu cheguei mais cedo da escola e encontrei a minha mãe


machucada na sala. Ela tentou mentir falando que havia sido uma queda, mas não
acreditei. O meu pai estava saindo de casa com o carro e eu o segui com a moto. Ele
parou perto de uma ribanceira, desci da moto e começamos a discutir. Ele tinha bebido,
mas eu estava fora de mim, tendo as imagens da minha mãe ferida passando pela minha
cabeça. Nós dois passamos a trocar socos depois que ele me ofendeu, então o homem se
desequilibrou e acabou caindo da ribanceira. Eu fiquei em choque por um tempo, pois

sabia que havia causado a morte do meu pai. Ele morreu por culpa minha, mas não o
empurrei.

— Foi um acidente, Lucas — Geórgia finalmente elimina a distância entre

os nossos corpos e me abraça. Era tudo o que eu queria agora. — O que aconteceu com
você depois disso?

— Eu só percebi que não estava sozinho naquele lugar no momento do


acidente quando a mão do seu pai tocou o meu ombro.

— O que o Arthur estava fazendo lá? — Questiona.

— Foi passar as férias na casa dos seus avós, pois já estava morando aqui
na cidade na época. Naquele dia, o Arthur saiu para dar uma volta com o carro, o pneu
furou perto da ribanceira e ele estava esperando o guincho chegar quando tudo
aconteceu. Ele viu a cena, se aproximou de mim e deu o conforto que eu estava
precisando naquele momento. O Arthur ouviu toda a minha história e me convenceu de

que não tive culpa da morte do meu pai.

“Até hoje, as pessoas e as autoridades policiais acreditam que ele caiu


sozinho, afinal, estava bêbado. O Arthur não contou para ninguém e não me deixou
sozinho desde então. Na verdade, ele foi mais do que um amigo, pois foi graças a ele
que cheguei onde cheguei.

— Eu não fui alvo desse lado amoroso e cuidadoso do meu pai — ela

comenta. Não posso negar que está certa. Arthur foi um pai ruim, mas eu também errei,
pois não o incentivei a ser mais presente na vida da Geórgia.

— Ele está tentando consertar agora, e não é tarde demais, meu amor.

— Eu sei — fala. Minha namorada parece ter o coração de manteiga, não é


o tipo de pessoa que fica remoendo coisas ruins.

Ela é leve, por isso gosto tanto de estar ao seu lado.

— O Arthur ficou mais um tempo na casa dos pais e pôde ver de perto que
eu não estava sabendo como lidar com a culpa pela morte do meu pai. Se não fosse por
ele, alguém com quem podia dividir as minhas angústias, talvez eu tivesse entrado em
uma depressão fodida.

— Eu não posso dimensionar o quanto você sofreu.

— É difícil, mesmo depois de vinte anos. Quando chegou o momento de


voltar para a cidade, ele propôs que eu viesse junto, que seria bom mudar de ares e
haveria mais oportunidades aqui. Apesar da família de vocês ter dinheiro, o meu amigo
sempre foi um homem ambicioso e eu gostava disso.

— Os iguais se reconhecem — Geórgia brinca. Mesmo tendo que falar do


passado, ela tem o dom de deixar o clima mais leve, e me leva a contar os momentos
duros que vivi de maneira mais fácil.

— Eu quis aceitar a proposta, principalmente por saber que iria contar com
o apoio dele, mas havia os meus irmãos e eu não queria me afastar deles. O Arthur me
convenceu de que daria certo para nós três e eu convenci a minha mãe de que poderia
cuidar deles aqui na cidade, que eles teriam melhores oportunidades.

— Então, você veio com o Arthur?

— Eu vim, trouxe os meus irmãos e nunca mais quis voltar. Quando sinto
saudade da minha mãe, ela vem me visitar.

— Quero muito conhecer a minha sogra — comenta e, por algum motivo,


suas palavras me fazem feliz.

— Ela irá te amar, apesar das circunstâncias.

— Ou pode me odiar por ter abalado a sua amizade com o Arthur.

— Mamãe considera o Arthur como um filho e sente gratidão por ter me


ajudado a me estabelecer, mas eu sou o filho e a minha felicidade conta mais.

— O que mais o meu pai fez, além de guardar o segredo e te incentivar a


vir morar na cidade?

— Arthur era um pouco mais velho do que eu e estava na faculdade de


administração. Ele gostava do que fazia e me motivou a entrar no mesmo curso. É claro
que eu entrei, e só foi possível para mim e para os meus irmãos porque trabalhávamos
para nos sustentar e tínhamos parte da herança do nosso avô.

“Arthur teve a ideia de abrir a Adega e investiu o dinheiro da família no


início. Ele nos incluiu e juntos fizemos da nossa casa noturna um império. Não estou
dizendo que os meus irmãos e eu não nos esforçamos para termos o que temos, mas o
seu pai abriu as portas. Ele cuidou de mim sem pedir nada em troca, fez apenas por
amizade. Eu cuidei dos meus irmãos até que se tornassem maiores e tem sido assim até

hoje.

— Pensei em algo, mas não fique chateado comigo.

— Se está pedindo isso, significa que vem bomba.

— Será que o meu pai é apaixonado por você? — A pergunta me faz


engasgar com a minha própria saliva. Começo a tossir desenfreadamente, até que a
minha namorada sobe em cima de mim e bate nas minhas costas.

Quando dou por mim, estou sentado com as costas contra a cabeceira da
cama, encarando e sendo encarado pela maluca.

— Isso nunca passou pela sua cabeça? O homem guardou um segredo, fez
de tudo para que viesse para perto dele e ainda deu os meios para tornar a sua vida
melhor. Só pode ser amor, um amor que vai além da amizade.

— Você está viajando, meu amor. O seu pai come mais mulheres por
semana do que os meus dedos dos pés e das mãos podem contar. Se ele teve outro
sentimento além da amizade em algum momento, acredito que superou.

— Se está dizendo, vou acreditar.

— A questão do seu pai é o sentimento de traição, afinal, você é a filha que


está tentando conquistar. Para piorar, Arthur estava esperando que eu te tratasse como
ele te trata, não que te comesse.

— Será que entenderá em algum momento que sentimento não é algo que
se possa controlar?

— Os sentimentos não, mas as escolhas sim.

— Se arrepende de ter me escolhido? Seja sincero, em algum momento


passou pela sua cabeça que poderia fazer diferente? — Ela parece insegura e com medo
da resposta, mas eu a puxo para cima das minhas pernas e faço com que olhe para mim.

— Nunca. Eu jamais me arrependerei da gente. O Arthur pode tentar


entender, ou não, mas não deixarei que tente nos separar — afirmo, ela arqueia a
sobrancelha e me dou conta de que falei o que não devia.

— Ele te ameaçou, não foi?

— Geórgia…

— Fale a verdade, namorado. O que foi que o meu pai fez?


— Basicamente, insinuou que tem meios para me destruir. Eu imaginei que
estivesse falando do que sabe a respeito da morte do meu pai, mas não acredito que o
Arthur seja capaz de fazer algo assim contra mim. Ele falou na hora da raiva.

— Tem certeza? Como deu para perceber, você o conhece melhor do que
eu.

— Ele está chateado e entendo as razões até certo ponto, mas continuo
acreditando que não me prejudicaria. Fique tranquila, linda, eu só me separo de você no
dia que não me quiser mais, caso contrário, treparemos felizes para sempre — brinco.

— Esse dia não vai chegar. Gosto de você e te desejo por ser assim:
gostoso, inteligente e mais velho que eu.

— Dizer que sou mais velho é gentileza sua, sou muito mais velho.

— O que torna tudo mais sexy. Imagine você com uma mulher de dezoito
anos ao seu lado.

— Realmente, isso aumentará a minha moral — brinco. Ela tem sempre


uma forma de ver o lado bom das coisas, mesmo que seja usando as justificativas mais
bobas e fúteis possíveis.

— O meu pai está tentando me conquistar, talvez seja mais fácil fazer com
que me ouça e tente nos aceitar como um casal em algum momento entre o agora e
nossa morte.
— Não o pressione. O Arthur tende a ser teimoso quando se sente acuado.
Ele não vai ceder tão facilmente.

— Tentarei mesmo assim. E saiba que estou muito feliz por você ter falado
do seu passado para mim. Fez com que eu te admirasse ainda mais. Você é um homem
forte, inteligente e chegou até aqui por mérito próprio. Agora entendo a forma como
age.

— Como eu ajo?

— Como se precisasse cuidar de tudo e todos. Deve ter começado a agir

assim cuidando dos seus irmãos. Você também é um pouco fechado e frio. Não sorri
muito, apesar de ter o sorriso perfeito.

— É assim que me enxerga?

— De forma alguma. Foi dessa forma que te vi com as outras pessoas.


Comigo, você sempre foi você.

— O que quer dizer com isso?

— Você é como a sua casa quando está com alguém que inspira confiança
suficiente para se mostrar. É cheio de cores e camadas. Quente como o sol e muito

apaixonado. O seu sorriso aparece com frequência e cada vez que me olha parece ser a
primeira vez.

— Essa foi a declaração mais linda que já ouvi, meu amor. Você me leu
corretamente — declaro, um pouco impressionado. — A forma como vivia e sentia tudo
à minha volta havia se tornado tão natural que eu estava começando a esquecer-me de
como ser eu mesmo. Estava pouco a pouco me tornando uma pessoa tensa, que
precisava saber que cada pequeno aspecto da vida havia sido bem planejado e que tudo
estava em seu devido lugar.

“A sua chegada despertou o que estava adormecido, então o meu


verdadeiro eu, a pessoa que havia sido antes de tudo, começou a lutar para sair. Foi algo
tão intenso que não pude ignorar. Agora, quero sorrir sempre, ser feliz ao seu lado e
deixar a vida seguir o seu curso sem que tenha cada hora do meu dia planejada. Sou
muitos anos mais velho do que você, mas sinto como se voltasse a ter vinte anos
novamente, pois você me faz sentir assim.

— Fale as palavras corretas, João Lucas — pede.

O meu coração dispara e a minha mão sua, mas sei o que ela quer ouvir e o
que o meu coração está pedindo para falar.

— Não sei. É muito poder nas mãos de uma garota — provoco-a. Gosto de
fazer isso, por saber que a sua reação será imediata.

— Um cuzinho seria o suficiente para te convencer?

— Está barganhando o seu cu, amor? — Como eu disse, ela sempre reage.

— Estou. Acha pouco? Também poderia incluir um boquete, mas o final


seria diferente, pois te deixaria gozar na minha boca.
— Talvez eu prefira gozar nesses peitos enormes — digo, abaixo a cabeça
e mordo o mamilo intumescido.

— Você quem manda — fala. Está bem séria agora, não sei se está zoando
ou não.

Se a minha namorada não sabe que não precisa barganhar para ouvir-me
dizer o que sinto, então estou fazendo algo muito errado.

— Amor, não está falando sério, está?

— Não sei. E você, está?

— Eu não preciso de incentivo para falar dos meus sentimentos, porque


eles estão muito claros.

— Mas eu quero ouvir. Sou romântica, Lucas.

— Eu, João Lucas Fagundes, amo você, Geórgia de Castro. Te amo como

nunca amei ninguém. Te amo — declaro, e parece tão fácil que não quero mais parar de
falar. — Te amo. Te amo, menina.

— Eu também te amo, tio. Acho que aconteceu quando te vi no aeroporto.


Sabia que seria alguém importante para mim. Os seus olhos disseram.

— Mas ainda quero comer o seu cuzinho — brinco, sentindo-me muito


feliz.
Esse momento está me fazendo perceber que nada é capaz de tornar um
homem mais completo do que amar e ser amado.

— Você pode tentar — fala, e dá de ombro.

— Um desafio?

— Sim, Lucas, um desafio. — Quando ela fala, eu me movo com rapidez,


mudo de posição e a deito de bruços na cama. A sua reação é cair na risada, que se torna
mais ruidosa quando dou um tapa leve em um dos lados da sua bunda.

— Você começou, Geórgia. Agora, terá que aguentar — aviso, então


começo a dar o troco.

Provoco-a com beijos e lambidas por todo o corpo, inclusive, no seu cu,
para que entenda que amará fazer sexo anal quando o momento chegar. Não permito que
goze tão facilmente, mesmo que eu esteja no meu limite também.

— Tudo bem, eu me rendo. Pode comer o meu cu e até as minhas orelhas,


mas me faça gozar, amor — implora.

Ela fica de quatro no centro da cama e me dá a visão privilegiada da bunda


perfeita e do meu pau sendo consumido enquanto a fodo sem parar. O dia já está
amanhecendo quando nós dois caímos exaustos na cama. Eu puxo o lençol sobre os
nossos corpos, que estão tão juntos que não sei onde eu termino e a minha namorada
começa.
O calor que encontro nos seus braços faz o meu espírito descansar. O dia
havia sido uma merda, mas se tornou um dos melhores quando a vi parada na minha
porta.

Eu sei que os problemas estão do lado de fora esperando por mim, mas
sinto que sou capaz de enfrentar tudo de cabeça erguida, pois tenho a outra parte do meu
coração para me manter de pé. Dessa vez, não luto por sobrevivência, mas por nossa
felicidade.
CAPÍTULO 14

Eu acordo suando de calor. Uma agonia tão grande, como nunca senti. Mas

eu espero até conseguir despertar cem por cento e me dou conta de que não é uma

agonia ruim. É bom, muito bom sentir o meu sangue quente e a sensação de dor entre as

pernas.

A dor de desejo e o fogo do tesão, é disso que se trata, pois enquanto o sol
está alto lá fora, eu tenho as pernas arreganhadas e uma cabeça entre elas.

O meu amor, o homem que é gostoso demais para a minha saúde, me


chupa com calma e cuidado, como se tivesse todo o tempo do mundo. O fato de estar

fazendo sexo oral em mim me faz perceber algo que passou batido ontem, porque tudo
que pensava era em sexo. Sexo e mais sexo, por prazer e para tentar recuperar o tempo

perdido. A minha boceta está um pouco sensível e levemente ardida. Os músculos das
minhas pernas estão tensos, depois de eu ter passado mais tempo que o normal com elas

abertas.

É estranho que tenha passado apenas um mês, mas parece que foram anos
tendo o que eu queria constantemente negado. Mas ele está aqui agora, me comendo

com a boca e me amando. Lucas disse que me ama, e nem nos meus melhores sonhos
esperei que fosse admitir tão facilmente.

Eu também o amo. Estou loucamente apaixonada pelo seu corpo e por todo
o prazer que me faz sentir, mas também estou apaixonada pelo homem que João Lucas

é. Ele é um sobrevivente das circunstâncias da vida e eu não poderia sentir mais


admiração do que já sinto.

Esse homem merece tudo, inclusive, ter-me assim, com as pernas abertas,
deixando que faça o que quiser.

— Acordou, meu amor? — Ele ergue a cabeça e me encara. Parece lindo


com os cabelos bagunçados, os fios indo em todas as direções.

— Como não acordar com essa boca quente me dando prazer? Pode
continuar se quiser.

— Quero mais do que dar uma chupada, querida.


— Usa-me, sou sua — declaro, ele passa os dedos nos meus lábios
vaginais para sentir se estou pronta. Obviamente, estou mais molhada do que o piso da
rua quando chove.

Meu namorado não fala nada, apenas mantém o olhar cheio de fome no
meu corpo, arreganha ainda mais as minhas pernas e sobe em cima de mim. Mete o
membro na minha boceta sem cuidado e, como das outras vezes, tenho a sensação de
que estou sendo invadida e alargada para o aceitar.

É uma sensação que passa longe de ser ruim, muito pelo contrário, o
desconforto do começo rapidamente se torna prazer quando penso que ele é meu, que no
final encherá a minha boceta com o seu esperma e me fará gozar gostoso.

Tanto prazer e tanta entrega, porque João Lucas é meu e eu sou a sua
mulher. E enquanto for assim, nada ficará no nosso caminho. Não pretendo deixar.

— Gosta assim? — Lucas entra profundamente e sai devagar, até deixar


apenas a cabeça robusta do seu membro na minha entrada — Ou assim? — Desta vez,
ele mete com força e faz a minha boceta arder um pouco.

Para o bem do meu caminhar quando sair daqui mais tarde, deveria

escolher a primeira opção, mas…

— Gosto de fazer amorzinho também, mas acordei com você me chupando


e fiquei com o tesão nas alturas. Quero que me foda com força — mal termino de falar

quando o meu homem segura um dos meus peitos e passa a meter sem pena. Entra e sai
sem parar e me faz delirar de tesão.
— Assim que quer ser tratada na cama, minha vadia? Eu tenho coisas
muito piores para você, basta que diga sim.

— Sim! Quero que me dê tudo, que seja doce, mas que seja bruto. Que seja

sujo quando nós dois quisermos e que nos faça gozar no final.

— Gostosa! — Ele leva o dedo indicador ao meu clitóris e o aperta. O meu


orgasmo começa a se aproximar, mas não quero gozar ainda e não quero que acabe tão
cedo.

— Safado. Mete, amor. Enfia esse pau na minha boceta — o meu pedido o
deixa fora de si e mais duro.

Vai tão fundo nas penetrações que sinto seu membro no meu útero. Ele me
come durante muitos minutos e me faz gritar, gemer e suar muito. Lucas também está
ofegante e todo molhado de suor. O seu olhar é puro instinto sexual selvagem.

Se não fosse pelo seu pau me rasgando, eu poderia gozar só de ver a


expressão de luxúria, que não disfarça a entrega e o prazer.

— Goze em mim, Lucas — peço, pois quero ver cada detalhe dessa vez.

— Você primeiro — fala e, sabendo exatamente o que fazer, aperta o meu


clitóris, soca na minha boceta mais duas vezes e faz a minha mente girar quando
começo a gozar. Todo meu corpo treme e enrijece. Um formigamento começa nos dedos
dos meus pés e vai subindo lentamente pela minha pele.
Enquanto gozo, meu namorado continua me comendo, correndo atrás do
seu próprio orgasmo. Eu facilito a sua vida ao erguer o quadril da cama e rebolar no seu
cacete, fazendo movimentos circulares para o provocar.

— Caralho de boceta gostosa… — ele fala, o tom de voz está tão gutural
que me faz sentir arrepios de prazer nas últimas ondas da satisfação física máxima.

Quando o pau do Lucas fica mais apertado no meu centro, ele o tira para
fora e começa a se masturbar. A sua mão grande faz movimento de ir e vir duas vezes,
até que o esperma se derrama na minha barriga e um pouco nos meus seios.

— Linda — consegue dizer, mesmo estando muito ofegante.

Com os cabelos molhados de suor, Lucas está cansado. Deve estar doido
para deixar o peso do corpo desabar em cima do meu, mas se segura para observar a
obra de arte que fez na minha barriga.

Estou toda suja de esperma, mas sei que para alguns homens essa imagem
vale a pena. Para mim, é uma prova de sua possessividade, que não me incomoda de

forma alguma.

— Está linda, meu amor.

— Estou suja. Mas que bom que te agrado — brinco.

— É mais do que agradar. Guardarei na lembrança a imagem da minha


mulher toda melada com o meu esperma, depois de ter sido comida duramente.
— Romântico.

— Você está zombando de mim, garotinha petulante?

— Eu jamais faria isso, tio.

— Não me chame de tio, senão usarei a minha autoridade de tio e darei uns
tapas nessa sua bunda bonita, a deixarei vermelhinha e depois comerei o seu cuzinho.

— Eu deveria ficar com medo? Porque estou ficando cheia de expectativa,


ansiosa para que cumpra a ameaça.

— Você tomará um banho comigo, apenas isso — fala, se levanta da cama


e me pega em seus braços.

No banheiro, escovamos os nossos dentes lado a lado. Estamos cheios de


intimidades, até parece que estamos juntos há mais tempo do que uma semana.

Depois de nos escovarmos, Lucas me leva para a ducha de água morna e


começa a me lavar. Ele é tão cuidadoso e carinhoso que torna o ato de tomar banho algo
muito mais íntimo e grandioso.

Fizemos tanto sexo durante a madrugada que os nossos toques e beijos no


chuveiro são sobre carinho e cuidado.

Estamos vivendo os nossos primeiros momentos sem amarras como um


casal de namorados e está sendo gostoso. É a primeira vez que me sinto dessa forma,
como uma adolescente fazendo descobertas e amando tudo o que vivencia.
Não paramos de olhar um para o outro enquanto trocamos de roupa no seu
quarto. De vez em quando, paramos e nos beijamos. Simplesmente não conseguimos

nos afastar um do outro.

Ao entrarmos na cozinha, nos dedicamos a preparar o nosso próprio café


da manhã. Ele me surpreende por ser tão bom com as panelas, e fico feliz quando diz

que vai querer aprender várias receitas comigo.

Passa um filme na minha cabeça. Nele, nós dois estamos cozinhando


juntos e namorando ao mesmo tempo.

Realmente, eu pareço uma adolescente.

— Quando começará o seu curso? — Ele pergunta quando nos sentamos à


mesa para tomarmos o café da manhã que preparamos.

— Dediquei o último mês à minha adaptação e você tornou tudo mais


fácil.

— Por quê? Nós estamos juntos há uma semana. Pensei que estivesse
brava comigo por causa da minha indecisão.

— Estava pensando em uma forma de te seduzir. Pensei tanto em você que


até esqueci que um dia morei nos Estados Unidos.

— Então, não pensa em voltar depois que se formar? — Pergunta.

Há medo e insegurança no seu olhar.


— Passarei alguns dias com a minha mãe e o meu padrasto, mas realmente
gosto do país, gosto mais ainda do meu namorado e pretendo viver aqui.

— Seu namorado ficaria feliz de ouvir isso — fala, ao segurar a minha


mão em cima da mesa.

Como eu disse, temos a necessidade de toques o tempo inteiro.

— Mas o meu tempo de adaptação acabou e eu estou pronta para começar


a estudar. Estive fazendo algumas pesquisas, escolhi a universidade e nos próximos dias
farei o vestibular e a matrícula.

— Que bom que está animada, menina. Não tem nada mais gratificante do
que trabalhar no que gostamos — afirmo. — Escolheu o horário das aulas?

— Prefiro que seja na parte da manhã. Dessa forma, terei a tarde livre e
poderei continuar trabalhando na Adega.

— Se ficar muito difícil, você pode deixar de trabalhar — sugere.

— Vai dar tudo certo. Terei tempo para os estudos, para o trabalho e para
você, amor — digo, ao esticar o meu corpo e beijar os seus lábios. — Além do mais,
não sei se quero ficar dependendo do dinheiro do Arthur, sobretudo, agora que está
chateado comigo.

— Ele não está chateado com você. Na cabeça do Arthur, eu te seduzi. —


Se me conhecesse bem, saberia que não foi bem assim. — É até melhor que pense dessa
forma. Não quero que tenha problemas por minha causa.
— Não terei — falo. — Se ele soubesse quem seduziu quem… — João
Lucas gargalha, levanta-se e me pega nos braços.

Ele se senta comigo no sofá e me abraça bem apertado. A gente começa a


se beijar e eu não sei como ainda tenho energia para ficar excitada e disposta a trepar
novamente.

Quando Lucas começa a tirar a minha roupa, fujo para o outro lado da sala.
A minha boca está inchada de tanto ser beijada. A minha boceta não está diferente,
depois de tanto ser esfolada no seu pau.

— Negando fogo? — Meu namorado provoca. A sua ereção está em


evidência, mas não parece frustrado ou chateado.

— Jamais! Mas tenho que ir para casa. Não posso fingir que o meu pai não

existe.

— Você está certa — fala, e fica me olhando enquanto pego a minha bolsa
e as chaves do carro.

— Posso te levar — sugere, ao me acompanhar até a porta.

— Fique aqui — peço, ele me abraça e me beija. Um beijo profundo e

longo. Quente e apaixonado.

— Não esqueça que eu te amo. Muito.


— Eu também te amo muito, Lucas — declaro, depois dou o último e
demorado selinho.

Queria poder ficar com ele por mais tempo, fazendo qualquer coisa ou
nada, mas não dá para fingir que o mundo não existe além de nós dois e do nosso amor.

O fato de estarmos juntos magoou uma pessoa que é importante para nós
dois e está na hora de tentar conter os danos.

Antes de ligar o carro, dou uma olhada no meu celular, mas não tem
nenhuma ligação do meu pai. Ele também não respondeu às minhas mensagens. Não
faço ideia do que me aguarda quando chegar em casa, mas sinto um aperto no peito. É
medo, porque não quero perder nenhum dos dois homens que mais amo.

No fundo, mesmo que não queira, sinto que vai acontecer, e não sei qual
perda doerá mais.

Quando entro em casa, Arthur está sentado no sofá olhando para o nada.
Ele parece sóbrio, então fecho a porta atrás de mim, deixo a bolsa na mesa e me sento
no sofá vazio.

Arthur aperta os olhos, e então ergue o olhar para mim. Ele parece estar
vendo uma desconhecida na sua frente.

— Onde você esteve?

— O senhor sabe a resposta. Não me faça falar o que não gostaria de ouvir
neste momento.
— Sabe o que pensei quando você me ligou avisando que viria morar
comigo? Primeiro me desesperei, pois não sabia nada sobre como lidar com uma garota
da sua idade. Mas depois fiquei muito feliz, porque o Lucas me fez enxergar que era a
oportunidade que eu estava precisando para me aproximar de você, para ter o seu amor e
tentar compensar todos os anos em que fui um pai ausente e relapso.

— Eu… — Tento falar algo, mas os muitos pensamentos estão dançando


na minha mente.

— Está surpresa, não é? Até nisso tem o dedo dele. Entre ficar com medo
de não saber lidar com você e feliz com a sua vinda, a única certeza que eu tinha era que
não estaria sozinho. Teria os três irmãos que a vida me deu ao meu lado. Sobretudo, o
João Lucas, que sempre foi tão correto. Ele era uma rocha, a pessoa que sempre
manteve nós quatro unidos.

“Sempre que a insegurança vinha, eu colocava a minha cabeça no


travesseiro e dizia a mim mesmo que não havia motivos para temer, porque eu tinha ao
meu lado alguém muito mais apto para ser pai do que eu. Se eu não soubesse o que
fazer, o Lucas saberia, afinal, não há nada que aquele homem não possa resolver com
praticidade e sem pânico.

— O fato de você ter colocado tanta expectativa em cima do Lucas é mais


culpa sua do que dele — falo.

Sei que estou fazendo tudo errado e me arriscando a deixá-lo ainda mais
irritado, mas essa parte do seu desabafo está me incomodando muito. Quem ele pensa
que o João Lucas é? Sua consciência?

Infelizmente, não conheço o meu pai como deveria, mas ele fala de uma
forma que parece estar cobrando tudo que fez pelo meu namorado e seus irmãos no
passado.

Não gosto disso, pois aprendi com a minha mãe que algo não deve ser
cobrado quando é feito de coração.

— Eu estou falando, Geórgia, apenas me ouça — pede, em tom de


exigência. Todo progresso e aproximação das últimas semanas estão indo por água
abaixo. — Enquanto eu estava tentando ser seu pai, o meu melhor amigo, o homem em
quem depositei toda a minha confiança, estava te seduzindo. Ele estava transando com
você pelas minhas costas, tem noção do quanto isso é nojento, Geórgia? É errado em

tantos níveis que não sei como aquele imbecil chegou a sequer cogitar que eu poderia
entender essa merda.

— João Lucas não me seduziu, pai. Pelo contrário, ele fugiu o quanto pôde
e até o momento em que acreditou que poderia resistir. Fez tudo isso por você, porque te
ama e respeita. Ele mal me tocou até conversar com o senhor.

— João Lucas não deveria ter te visto como mulher. Você tem dezoito anos
e não deve saber muito sobre a vida, mas ele viveu muito e posso te garantir que isso
que vocês tem não vai durar quando a realidade bater à porta.

— Eu gosto dele agora e ele gosta de mim — insisto.


— Isso tem que acabar. Para o bem de vocês dois, acabe com essa sandice,
filha.

— Fale apenas um motivo. Eu preciso de um motivo que me faça


considerar esse pedido, porque tudo que ouvi até agora foi sobre o senhor pensando em
si mesmo, contrariado por não estar conseguindo controlar o homem que chama de
melhor amigo.

— Do que você está falando?

— O Lucas me contou sobre o passado, sobre o quanto o senhor foi


importante para ele e os irmãos. Sente gratidão, mas parece que está usando esse
sentimento contra ele.

— Você não tem ideia do que está falando, menina. Não o conhece. Não
sabe as cicatrizes que ele esconde.

— Talvez o conheça mais do que conheço o senhor. O Lucas te ama, mas


não tem que renunciar ao que quer por você. Não é assim que funciona e eu não deveria
estar te falando isso, Arthur.

— Estou me sentindo traído e não consigo sequer imaginar o meu melhor


amigo com a minha filha. Uma menina.

— Sou uma mulher, e não irei disputar namorado com o meu próprio pai
— falo, então me levanto para ir até o quarto.

— Disputar?
— Ele não é seu bichinho só porque o ajudou no passado. Se tentar fazer
alguma coisa contra qualquer um deles, pode esquecer que eu existo.

— Está me ameaçando, Geórgia? Eu sou o seu pai, porra! O Lucas é só um


idiota que vai te usar e jogar fora.

Meu Deus! O Arthur é mimado e não pode ser contrariado. Até certo
ponto, dava para entender a sua chateação com nós dois, mas ele está passando dos
limites para impor a sua vontade a qualquer custo.

— Eu tenho que descansar para trabalhar mais tarde.

— Você não precisa ir.

— O quê?

— É isso mesmo que está ouvindo. Eu te demiti. E pode cortar o papo de


que não posso fazer isso sozinho, porque conversei com o Miguel e o Emanuel. Eles
aceitaram.

— Pode me demitir e fazer o que quiser, mas não vai me separar do João
Lucas.

— Veremos! — Arthur rebate.

Eu entro no quarto e me jogo de bruços na cama. Choro copiosamente por


nenhum outro sentimento além da raiva, depois da tortura que foi a conversa com o meu
próprio pai.
Estou entre dois homens, o meu pai e o meu amor. No momento, não
parece haver uma solução para o impasse, mas não desistirei tão facilmente do Arthur.
Para o bem de todos nós, é bom que ele entenda.
CAPÍTULO 15

Dois dias depois

Eu vim trabalhar sem a menor vontade hoje, simplesmente por não poder

fingir que esse lugar não precisa de mim. Eu deixei que as coisas chegassem em um

ponto onde todas as decisões passam pelas minhas mãos.

Tenho a sensação de que tudo aqui desmoronaria se eu errasse. Antes, o

desafio me estimulava, mas a minha vida não estava uma bagunça e eu não tinha algo
mais importante onde colocar a minha energia, ou que fosse digno da minha atenção.

Tenho a minha mulher agora. Ao mesmo tempo em que temos problemas,


tudo se torna leve quando estamos juntos.
Ela dormiu comigo nos dois últimos dias. A relação com o pai não existe

mais e isso tem a deixado chateada. Eu não voltei a ver o Arthur depois da conversa que
tivemos, pois ele simplesmente deixou de vir trabalhar. Estou com vontade de discutir

com ele por ter demitido a Geórgia e usado os meus irmãos em seu favor.

Eles não falam nada quando pergunto, mas está na cara deles que o Arthur
usou algo contra mim para os convencer a demitir a minha namorada. O homem não

teve a sensatez de ao menos tentar se acalmar e repensar.

Parece estar disposto a partir para cima e dificultar a minha vida e da


própria filha, mas ele tem um adversário à altura. Apesar de estar chateado, dói muito
que tenha que ser assim, que chegamos ao ponto de pensar em nós dois como

adversários.

Sinto que estou ganhando por um lado e perdendo pelo outro, mas jamais

poderia me olhar no espelho novamente se deixasse de ficar com a mulher que amo por
causa do Arthur.

E mesmo com tudo isso, nada além de nós dois importa quando estamos
nos braços um do outro, reafirmando o amor, a paixão e o tesão que nos unem.

Depois da primeira, Geórgia e eu temos transado todas as vezes que


estamos próximos o suficiente. Não esperamos a oportunidade surgir, nós a criamos. De

manhã, de tarde e quando anoitece, a gente dá um jeito de estar junto um do outro. Pelo
menos, foi assim que fizemos nos últimos dois dias.
Agora, por exemplo, estou parado há dez minutos dentro do meu carro,
ocupando a minha vaga na garagem do prédio da Adega, mas ela poderia perfeitamente
estar aqui comigo, me beijando como se fosse a última vez e se sentando no meu pau.

Não seria a primeira vez, considerando que ontem fomos ao shopping e


acabamos fodendo na volta para casa. A culpa foi dela, que tirou a calcinha no carro e
entregou na minha mão. Eu não pude ignorar a gostosa que estava sem calcinha ao meu
lado.

Depois de meter na sua doce boceta até levar nós dois ao orgasmo, recebi
um boquete que me fez uivar para a lua.

Aos quarenta, arrumei uma namorada que me leva a fazer coisas que não
fiz quando tinha a sua idade. E quer saber? Eu estou adorando. Sinto-me livre e tão
jovem quanto ela.

Quando me preparo para tirar o cinto de segurança, olho para a frente da


minha calça e me deparo com o meu pau semiereto. Deixo escapar uma risadinha e
espero alguns minutos até me acalmar. Pensar na minha mulher faz isso comigo.

Por alguma razão, olho para o retrovisor e vejo que tem alguém

caminhando em minha direção.

Jasmine? O que a minha ex-namorada está fazendo aqui? Certamente, não


veio falar comigo, pois sabe a hora em que costumo chegar. Estranhando a situação,

deixo o carro e aceno para ela.


Ao me ver, a mulher sorri e vem até mim. Jasmine é muito bonita e eu
sempre gostei dela, mas é gritante a diferença entre o que senti durante o nosso

relacionamento e tudo que Geórgia faz com o meu corpo, mente e coração.

— Boa tarde, Jasmine — cumprimento-a com um beijo no rosto. — O que


faz aqui? — Vou direto ao assunto.

— Não sei se devo satisfação da minha vida para você — ataca. — Como
não tenho nada a esconder, posso te falar que vim pelo Arthur.

— Pelo Arthur?

Eu estou surpreso, pois eles nunca se deram bem. Ao mesmo tempo, sinto
que não deveria me surpreender com mais nada, nem mesmo com o fato de ter mudado
de ideia e vindo trabalhar.

— Ele me surpreendeu com a notícia de que não são mais amigos, mas não
tanto quanto o motivo do término do nosso namoro. Como você teve coragem de fazer
isso comigo?

— Eu não sei o que ele te contou, mas eu não te traí. Coloquei um ponto
final por não querer te enganar ou magoar. Os meus sentimentos ficaram confusos e
você não merecia um homem incompleto. Nós já tivemos essa conversa.

— Você me trocou pela filha do seu melhor amigo! Nós estávamos juntos
há três anos e a garota acabou de chegar, João Lucas. Pelo amor de Deus, ela só tem
dezoito anos! Está pensando o quê? Que essa garota te levará a sério?
— Você não sabe nada do que passa no nosso relacionamento — digo, ela
deixa escapar uma risada de deboche.

— Nós dois tínhamos um relacionamento. A paixão entre você e ela vai


queimar até se tornar cinzas. Quando isso acontecer, você verá que não valeu a pena
perder o que estávamos construindo e o seu melhor amigo por causa de um caso sem
importância.

— Por favor, pare de falar. Eu sei o que estou fazendo — rebato, sem
paciência.

— Eu só quero que você me responda uma pergunta. Você iria me pedir


em casamento na noite em que ela chegou?

— Não faça isso com você mesma.

— Responda, por favor.

— Sim, eu estive a ponto de te pedir em casamento.

— Então, você conheceu a menina e esqueceu de tudo que vivemos ao


longo de três anos?

— Eu não esqueci de nada e respeito muito a nossa história, mas a chegada


dela na minha vida me fez perceber que não estávamos juntos pelos motivos certos. Eu
não te amava, Jas.

— Isso não era um problema antes de me trocar por ela.


— Mesmo se não tivesse dado certo com a Geórgia, eu não iria voltar com
você. Nós merecemos muito mais do que tínhamos — falo, mas parece que estou me
comunicando em árabe, porque ela simplesmente não quer entender.

— Não acredito nisso. Você está cego por essa menina. Mas entendo que
um homem da sua idade precisa disso para se sentir viril, é por isso que esperarei até
que volte para mim — fala, chega mais perto e me abraça pelo pescoço.

— Eu não quero ser rude com você — afirmo, tentando afastá-la de mim

sem sucesso.

Sou mais forte, mas não usarei dessa força com uma mulher.

— Admita que sente a minha falta.

Merda!

— Estou atrapalhando alguma coisa? — Ouço a voz da minha namorada e,


num primeiro momento, chego a acreditar que estou delirando.

Jasmine se afasta e então a mede com o olhar da cabeça aos pés.

— Você nunca atrapalha, amor — digo, a minha namorada vem para os


meus braços e me beija na frente da minha ex.

Não é um beijinho casto. É um beijão de língua.


A sua atitude é um pouco infantil, e está claramente com ciúmes da outra,
mas não consigo não achar engraçado. Geórgia é maluca.

Quando o beijo acaba, Jasmine já está indo para o seu carro bufando de
raiva.

— Por que estava sozinho no estacionamento com a sua ex-namorada?

Sentiu saudade dela? — Indaga.

O fato de estar irritada comigo é a prova de que o beijo foi para afrontar a
Jasmine. O seu ciúme sem propósito me deixa duro.

— Eu não sabia que ela estava aqui. A vi, e precisei perguntar o porquê de
ter vindo.

— Não é óbvio?

— Não, considerando que ela sabia que eu não estaria aqui — afirmo. —
Jasmine veio a pedido do seu pai, mas eles nunca se deram bem.

— Por que ele a convidaria?

— Tente adivinhar.

— Merda! — Geórgia pragueja.

— Pois é. O seu pai contou sobre a gente, talvez com a intenção de


despertar a raiva da Jasmine, manipulá-la para que cogite me atormentar.
— Não há nada mais perigoso do que uma mulher com o coração partido.
Tome cuidado com ela, Lucas.

— A Jasmine não é esse tipo de pessoa.

— Não a defenda!

— Você é ciumenta pra caralho — falo, a puxo para mim e devolvo o beijo
que me deu. — O que faz aqui, amor?

— Queria aproveitar a ausência do Arthur para ficar um pouco com você,


mas já percebi que deu tudo errado. — Ela faz um biquinho emburrado com a boca.
Sinto vontade de desfazer com uma mordida. — Também estou com saudade dos meus
colegas de trabalho.

— Eu ainda não falei com o Arthur porque ele estava me evitando, mas
não vou aceitar que tenha te demitido por capricho. É o nosso trabalho e você era ótima.

— Não, por favor. — Geórgia segura os dois lados do meu rosto e me faz
olhar em seus olhos. — Não faça nada para aumentar essa briga.

— Eu não posso, querida.

— Sim, você pode. Eu vou arrumar outro trabalho, ou talvez consiga fazer
com que ele volte atrás, mas não quero que brigue com o meu pai. Quanto mais vocês
discutem, mais difícil a situação se torna.

— Não deveria ser assim — digo.


Ela tem razão. Provocar o Arthur neste momento não vai ajudar em nada.
Por enquanto, não há mais nada que ele possa fazer e nós dois estamos bem. Viveremos
um dia após o outro e esperaremos a poeira baixar.

— Não faça essa cara de cachorro sem dono, João Lucas. Você sabe que
seus olhos são o meu ponto fraco, não sabe?

— Não. Sempre pensei que fosse o meu pau — provoco, ela leva a mão até
a frente da minha calça. Obviamente, o meu pau se anima, pois ele está obcecado por
essa mulher.

— Ele também é. Por falar em ponto fraco, não quero dar viagem perdida.
Por que a gente não entra no carro e conversa um pouquinho com mais privacidade?

Conversar? A única conversa que temos quando estamos juntos em um

carro envolve o meu pau na sua boceta rosada e apertada.

Como não posso resistir, olho para os lados, somente para ter certeza de
que não tem ninguém no estacionamento, e depois a levo para o banco de trás do meu
veículo.

Embora todos saibam o número da placa e o modelo do meu carro, tenho


esperança de que o vidro escuro me ajude a preservá-la, caso o veículo comece a fazer
movimentos estranhos. Contanto que o Arthur não venha até aqui agora, estou disposto
a me aventurar.

Cada pequeno momento com a minha garota vale a pena.


— E então, menina, sobre o que você quer conversar? — Provoco-a,
Geórgia não se faz de desentendida e começa a abrir o botão da minha calça.

— Vai ser assim? Sem nem pagar uma bebida antes?

— Pensei que você quisesse um boquete, mas já que quer beber, posso
deixar para a próxima. — Ela afasta a mão, eu a pego de volta e coloco em cima do meu
cacete, que está a meio mastro só por sentir o seu toque superficial.

— Nada é melhor do que a sua boquinha em volta do meu cacete, minha


menina safada — falo, ela sorri para mim. É tão linda que, às vezes, sinto vontade de me
jogar aos seus pés.

— Você está sempre fazendo a escolha certa, não é, namorado?

Geórgia tira o meu membro para fora e o masturba até me deixar duro. Ela
não perde tempo, curva o corpo do jeito que dá no banco de trás e me engole por
completo.

— Que boquinha gostosa, porra! Mama o pau do seu macho, minha


putinha.

Eu agarro com firmeza um punhado de cabelo, a fim de ter um pouco de


controle. Começo a erguer o quadril para ditar o ritmo do boquete, mas Geórgia aperta o
meu saco com força suficiente para dar prazer e eu perco a batalha quando minha
namorada volta a me controlar.
— Se não parar agora, vou gozar na sua boca — falo entredentes, a minha
testa está começando a suar. Em vez de se afastar, Geórgia se torna mais voraz e me leva
até o fundo da garganta.

O meu pau engrossa entre os seus lábios e o meu corpo todo se enche de
espasmos quando gozo, enchendo a sua boca de porra. Como se não fosse nada de mais,
a garota engole tudo. Mesmo quando acaba, ainda continua me chupando, até o deixar
bem limpinho e descansando em cima da minha barriga.

Quando ajeita a postura no banco ao meu lado, levamos um tempo


acalmando as nossas respirações, mas eu não aguento mais do que alguns minutos de
distanciamento e a puxo para os meus braços.

Uma das melhores coisas de estar apaixonado é poder beijar a pessoa. É


um toque íntimo, que se torna mais íntimo ainda pelo fato de eu estar sentindo o meu
gosto na sua língua.

Os nossos beijos são capazes de deixá-la molhada muito facilmente, é por


isso que estou sempre a beijando. Ter a minha namorada pronta para trepar o tempo todo
é a oitava maravilha do mundo.

Eu a beijo lentamente, mas de uma forma bem sacana, imitando os


movimentos que faço com a pélvis quando estou a penetrando.

A sua cabeça está jogada contra o encosto do banco e eu estou quase em


cima dela, mas ainda acho espaço entre os nossos corpos para enfiar a mão através do
elástico da sua saia.
— Amor, queria te comer com a boca, mas será impossível aqui dentro —
falo no seu ouvido, depois de dar uma mordidinha na sua orelha. — De qualquer forma,
te farei gozar gostoso — afirmo, e volto a beijar a boca macia.

Chupando a sua língua sem parar, e fazendo-a gemer na minha boca, enfio
a mão dentro da sua calcinha. Passo a mão superficialmente pela boceta molhada e
depois enfio dois dedos entre os lábios vaginais.

Quanto mais a minha namorada geme e se contorce em agonia de tesão no


espaço apertado do veículo, mais eu aumento o ritmo das penetrações. Meto rápido e

profundamente.

— Goze, amor — peço dentro da sua boca, aperto o clítoris inchado e a


minha mulher se entrega por completo, gozando nos meus dedos e se contorcendo de

prazer.

Eu continuo o beijo, porque simplesmente não sei como parar. Eu não

quero mais parar. Nunca mais.

— Lucas, eu preciso respirar, amor — Geórgia fala, sorrindo contra a


minha boca. Eu tiro lentamente os dedos da sua boceta e os lambo bem diante dos seus
olhos, que escurecem.

— Sei que disse isso antes, mas preciso repetir: Estou loucamente
apaixonado por você, Geórgia. Estou viciado em você, tanto que poderia te comer para
sempre e nunca mais sentir fome — o final da frase a faz sorrir.
— Dizem que o amor deixa as pessoas bobas, é por isso que estamos assim
— comenta, ao aconchegar o rosto no meu peito. — Te amo tanto que estou com medo
de que algo nos separe. Você sabe que tenho motivos.

— Ei. — Levanto a sua cabeça para que me olhe. Os seus olhos estão
alagados, mas ela não se permite chorar. — Eu estou aqui e não irei a lugar algum até
que mande — declaro.

— Eu sei. Só estou um pouco cansada psicologicamente. É muito difícil


quando o meu próprio pai não fala comigo direito.

Geórgia me disse que o Arthur tem a cumprimentado, mas que é quase


como se fossem desconhecidos. As atitudes dos últimos dias a deixam desanimada, pois
mostra que ele não está disposto a ceder em nada.

— Ele está magoado com você, mas vai te perdoar. Acredite em mim que o
conheço há anos.

— Sente muita falta da amizade dele, não é? — O seu semblante fica ainda
mais triste quando faz a pergunta e eu não entendo bem o porquê.

— Muita, mas eu sofreria mais se te perdesse agora que te encontrei —


declaro.

É difícil ter que fazer uma escolha, pois não deveria ser assim.

— Use as chaves que te dei e me espere em casa, amor — peço. — Tudo


que quero hoje é chegar em casa e te encontrar na minha cama.
— Não tem outro lugar para onde eu queira ir — declara, e me beija com
carinho.

Depois que a deixo ir embora, subo para a minha sala com a convicção de
que terei mais um embate com o homem que foi o meu melhor amigo um dia. Fiz uma
promessa para a Geórgia, mas talvez tenha que a decepcionar.

Não abaixarei a cabeça para o Arthur, o enfrentarei até que entenda que
não está perdendo somente a nossa amizade com a sua intransigência. Sem perceber,
está afastando a filha e a relação que tanto quis construir com ela.
CAPÍTULO 16

Ao entrar na minha sala, dou de cara com o Arthur sentado na minha

cadeira. Ele fica girando de um lado para o outro, enquanto olha fixamente para a caneta

que está na sua mão. Parece até o vilão de um filme de máfia, mas é apenas ele sendo

idiota.

Quando me vê, o homem para de girar e deixa a caneta. Fica me olhando


de um jeito estranho. Há raiva, mas também parece que sou um desconhecido. Ele

nunca me viu antes.

— Para o seu azar, eu voltei — fala, como se tivesse se afastado por um

ano.
Foram apenas dois dias, porra!

Mas o Arthur sempre teve tendências dramáticas e eu sempre me diverti


com isso. Agora, não está sendo nada engraçado.

— O que faz aqui? Decidiu conversar como adulto? — Pergunto, ao


sentar-me na cadeira à sua frente.

Ainda bem que tive um bom momento com a minha garota. Estou mais

relaxado e mais paciente para lidar com o meu melhor amigo e sua teimosia.

— Não, porque não temos como chegar a um entendimento quanto a esse


assunto — ele fala.

— Isso, eu já percebi. Você chamou a Jasmine até aqui — acuso. — Tem

ideia de quão ridículo foi? Você sempre odiou a mulher.

— Não posso negar esse fato, mas ela tinha que saber quem era o bom

moço com quem se relacionava.

— Talvez, o gosto pela fofoca possa justificar o que tentou fazer, pois não
conseguirá nada usando-a. Jasmine não tem poder de me atingir, porque eu terminei

com ela da maneira mais madura e sincera possível.

— Quem é você para falar de maturidade e sinceridade, João Lucas?


Estava dando em cima da minha filha pelas minhas costas.

— Não terei essa conversa com você outra vez — assevero.


— Sim, você terá! — Arthur aumenta o tom de voz e bate com o punho
contra o tampo da mesa. — Por sua culpa, voltei à estaca zero com a minha filha. Ela
me falou coisas horríveis para te defender, porra!

— Está enganado, Arthur. A culpa é sua. Eu não estou entre você e a sua
filha, mas você está entre mim e ela. Será que não percebe que irá perder nós dois se
continuar agindo assim?

— Um amigo como você não fará falta — fala, mas sei que é da boca para
fora. Eu faria falta para ele, assim como faria falta para mim. — A raiva e o sentimento
de traição que estou sentindo não me deixa dormir. Eu não consigo pensar em você
sendo mais do que um amigo para a minha filha. A minha filha! Contei que fosse ficar
do meu lado, mas se voltou contra mim.

— Seja sincero e me fale qual é o seu problema? Entendi que ficou


surpreso e até decepcionado, mas as proporções que isso está tomando me causa medo.

— Ela é a minha filha de dezoito anos. Você é o meu melhor amigo, cujos
defeitos e qualidades conheço a fundo, quer que eu fale mais? Você tem que sentir muito
medo e vergonha do que está fazendo.

— Você nunca foi puritano para colocar a idade na balança.

— A idade é o de menos.

— Está com ciúme, não é? Tem medo de me perder — falo, finalmente


colocando para fora as suspeitas que vinha guardando apenas para mim, pois não
conseguia aceitar a verdade. — Cheguei a pensar que fosse ciúme dela, medo que eu a
afastasse de você, mas vi que estava enganado. Você tem ciúme de mim, não por estar

apaixonado ou por me considerar um irmão. Tem medo de me perder, pois sempre me


enxergou como um brinquedo, alguém que poderia controlar, porque sabia da gratidão
que sentia por tudo que fez por mim.

“Eu sempre estive aqui para você e limpei as suas merdas. Estamos juntos
nessa empresa, mas eu sou a cabeça da Adega, você quis que fosse assim para fugir de
maiores responsabilidades. Fui o seu amigo, não porque deveria ser, mas porque gostava
de você. Além de me usar para ser o que nunca conseguiu, o que você fez? “

— Cala a porra da boca! — Ele sai furioso de trás da mesa e avança em


mim. Sou rápido e me levanto antes de ser atingido.

Nunca fui a favor da violência, mas se o Arthur quer briga, ele vai
encontrar.

— A verdade está doendo, não é? Como fui burro! Precisou que algo assim
acontecesse para que eu visse a verdade. Não consegue aceitar que eu fique com a sua
filha, não porque não sou bom para ela, mas porque não é bom para você.

— Mandei calar a sua maldita boca! — Esbraveja.

— Saia da minha sala e do meu caminho. A partir de agora, não me


importo se vai aceitar ou rejeitar a minha relação com a sua filha. Vou ficar com ela e

você não vai mais tentar interferir nisso. Pode fazer o que quiser para me prejudicar,
pode até mesmo ir à polícia e contar o que viu naquela ribanceira. Não foi isso que
ameaçou fazer na primeira oportunidade que teve?

— Você é um traidor, não a vítima — afirma e, com os punhos fechados,


parte para cima de mim e soca o meu rosto.

Sinto o impacto e a dor lacônica, mas reajo no mesmo instante socando-o


de volta. Tudo fica fora de controle e, rapidamente, começamos a destruir a sala
brigando feio, um fazendo estrago no rosto do outro.

Sinto tanta raiva e decepção que estou agindo como outra pessoa.
Enquanto o meu sangue corre queimando nas veias, não sei mais quem sou. Só vejo o
Arthur e penso no quanto quero acabar com ele.

Enquanto estamos atracados, a sala é invadida. Eu sou imobilizado com


um braço em volta do meu pescoço pelo Miguel, enquanto o Emanuel tenta conter o
Arthur. A gente tenta escapar, mas meus irmãos são fortes e estão determinados.

— Chega, porra! Vocês querem nos destruir! — Manu esbraveja. — Vocês

podem matar um ao outro à vontade, mas façam isso fora daqui. Dá pra ouvir a
confusão no salão.

Eu sinto o gosto de sangue no canto da minha boca, mas a situação não é

das melhores para ele. O seu supercílio está sangrando também. Arthur me encara com
ódio, também me sinto da mesma forma.
Eu nunca o vi assim. A reação é apenas a prova de que, infelizmente, eu
não estava errado nas minhas conclusões. Sei que essa ferida irá sangrar quando eu ficar
mais calmo.

— Leve-o daqui, Manu — Miguel pede, nosso irmão acena e sai


arrastando o Arthur, que tenta resistir.

Quando ficamos sozinhos, Miguel me solta para fechar a porta. Ele passa a
chave. Deve estar com medo de o Arthur voltar e começarmos outra briga.

Todo moído, me arrasto até o sofá e me jogo.

— Você precisa ir para casa e colocar gelo nesse rosto. Os hematomas


ficarão mais feios amanhã se não forem cuidados.

— Não irei para lugar algum, preciso trabalhar. Esse lugar não vai se
cuidar sozinho — falo de maneira compassada. Está doendo até para falar.

— Olhe para mim, Lucas — ele pede, eu jogo a cabeça para trás no
encosto do sofá e fecho os olhos.

— Olhe para mim, caralho! — Ele cutuca a minha costela agredida e eu


gemo de dor. Sei que não desistirá de falar, então o encaro.

João Miguel é o mais jovem de nós três, mas sempre foi o mais sensato. É

aquela pessoa que sempre dá bons conselhos.

— Você sabe que pode ir para casa quando quiser, não sabe? — Indaga.
— Eu preciso trabalhar.

— Você fez a escolha errada de palavras, irmão. Você não tem que estar
aqui o tempo todo segurando as pontas. Não precisa fazer o trabalho pesado sozinho.
Nós somos quatro.

— Do que está falando? Sempre foi assim e funciona bem para todos nós.

— E como não iria funcionar? Eu deixei o barco correr, mas nunca fingi
que as minhas responsabilidades eram do tamanho das suas, porque nunca foram, e
tenho certeza de que as do Arthur e do Manu também não são. Você tem o peso maior
em cima dos ombros e ninguém nunca disse nada. Você nunca reclamou.

— Porque nunca achei ruim. Eu gosto de controlar tudo o que acontece


aqui. Gosto de saber que está tudo sob controle, porque eu mesmo estou garantindo isso.

— Você gosta, ou sente a necessidade de se comportar dessa maneira? —


A pergunta é bem espinhosa.

Nunca levei os meus pensamentos e questionamentos por esse lado por


medo da resposta. No fundo, embora não me incomodasse, sempre soube qual era a
minha realidade.

— Jamais me permito perder o meu tempo com esses questionamentos.

— Porque tem medo de ver a verdade. Eu amo o Arthur, mas você não
deve nada a ele. Você não deve nada a nenhum de nós três. Pare de ser tão passivo e se
imponha, irmão. Você merece mais do que isso — sua declaração deixa o meu coração
apertado.

Estava tão acostumado com o peso em cima dos meus ombros que não o
sentia mais. Tornou-se parte de mim, e tudo o que eu poderia ser, ficou guardado para
mim mesmo.

— Permita-se errar, viver a sua vida e delegar mais para mim e os outros.
Não estou dizendo que quero mais trabalho, mas você tem esse direito. Todos nós
faturamos igual, mas só você realmente faz o trabalho pesado para manter esse império.

— Por que está dizendo tudo isso agora? — Pergunto. — Do jeito que as
coisas estão, o Arthur e eu iremos destruir a Adega com as nossas próprias mãos.
Depois do que falei e de tudo o que percebi a respeito da nossa amizade, não há mais
nada para recuperar.

— É claro que há. Tudo vai voltar ao seu devido lugar quando você
perceber que amizade não é só dar, mas também receber. Arthur cairá em si e se dará
conta de que ele também tem que ceder, que não pode não dar nada em troca e esperar
tudo.

— Eu sou sortudo por ter você e o Manu. Vocês me dão força — declaro.
A conversa é tão importante e esclarecedora que me fez esquecer um pouco a dor.

— Use essa força e vá ser feliz, porque não consigo pensar em alguém que
mereça mais — declara, e se levanta. — Tenho que ir agora. Tenho que ter certeza de
que essa briga não virou assunto entre os funcionários.
— Obrigado pelas palavras, irmão. Você é o melhor.

— Aposto que diz a mesma coisa para o Manu — o seu comentário me faz
gargalhar. Sinto uma pontada de dor onde está machucado. — É sério, mano. Vá para
casa e se cuide. Ficaremos bem sem você por um dia.

Meu irmão está certo, não é? Eu posso e quero ir para casa agora. A minha

namorada disse que iria me esperar e estou precisando dela como nunca.

Quanto ao Arthur, não quero pensar nele agora. Não quero aumentar a
mágoa por uma pessoa que, independentemente das intenções e da forma como me

usou, fez algo por mim, que foi meu amigo durante mais de vinte anos.

Quando abro a porta, a minha linda está tão concentrada deitada no sofá e
mexendo no celular que nem percebe a minha presença de imediato.

Um sorriso involuntário surge no meu rosto e todos os problemas deixam


de existir. Eu chego mais perto e puxo o dedão do seu pé. Geórgia pula sentada no sofá.

Ela sorri quando percebe que sou eu, mas fica séria quando nota que o meu
rosto está cheio de hematomas.
— Meu amor, o que fizeram com você? — Minha namorada se levanta,
segura a minha mão e me faz sentar no sofá. Ela se ajoelha no estofado e fica analisando
de perto o estrago.

— Estou bem — falo, mas faço uma careta quando apoia a mão no meu
peito, em cima do lugar onde está dolorido.

— Uma porra que está bem! Brigou com o Arthur, não foi?

— Foi.

— Não sei se te ajudo, ou se fico puta. Você me prometeu que não iria
brigar e fez isso na primeira oportunidade.

— Quero beijos, em vez de sermão — falo, tento dar uma risadinha, mas o
coração de pedra não amolece.

— Não terá beijos — afirma, então se levanta e sai pisando duro na direção
da cozinha.

Menos de cinco minutos depois, ela volta com todo o aparato para cuidar
de mim. Tem água para tomar com o analgésico que me faz engolir, além de um saco de
ervilha congelada.

Minha menina cuida do meu rosto de maneira delicada, mas não diz uma
palavra. Eu entendo que esteja chateada comigo. Além de não ter feito nada que
melhorasse a nossa situação, consegui piorar.
O problema da Gegê, como os meus irmãos a chamam, é que ela me ama e
não consegue ficar brava. Enquanto cuida do meu rosto, começa a dar um beijo em
todos os lugares onde dói.

— Tenho certeza de que vai sarar mais rápido com esses beijinhos.

— Se eu fosse você, ficaria calado. Não estou de bom humor.

— Isso é desumano. Acabei de levar uma surra.

— O meu pai deve estar tão péssimo quanto você, talvez até pior.

Pode apostar que está, penso, mas não digo em voz alta.

— A briga foi por minha causa?

— Também, mas há outros motivos. Coisas de amigos.

— Imagina como seria se fossem inimigos. Iriam se matar.

Ela abre os botões da minha camisa, a descarta no tapete e fica assustada,


pois as costelas estão com manchas roxas bem feias. É ruim, mas o fato de a minha pele
ser clara torna a aparência dez vezes pior do que realmente é.

Voltando a fazer voto de silêncio, Gegê também cuida dos outros


hematomas. O problema são os beijos na barriga, muito próximos da minha área
sensível. Fico tenso, mas respiro fundo, pois não é o momento para pensar em sexo,

muito menos de tentar fazer.


— Vá tomar banho.

— Estou fedendo?

— Não, mas a água vai esfriar a sua cabeça e o corpo.

— Estou bem — retruco, minha namorada me fuzila com o olhar.

— Não é uma sugestão.

— Você é muito mandona para uma garotinha — provoco, a minha mulher


não sorri. Parece que alguém está muito brava. — Quer vir comigo? Talvez eu sinta
dificuldade para me lavar. — Ninguém pode dizer que não estou tentando.

— Você vai ficar bem — fala, ao dar de ombro.

Ela parece estar de saco cheio e, pela primeira vez, um pisca alerta acende
na minha cabeça. Sinto medo de que não aguente a pressão dessas brigas entre mim e o
seu pai e me deixe.

— Vai me esperar?

— Sim — responde, respiro aliviado, pois o fato de querer ficar é um


ótimo sinal.

Em estado de alerta, não demoro muito no banho. Por mais que seja um
pouco incômodo, dá tudo certo no final quando termino de me vestir e volto para a sala.
Sou recebido pelo cheiro delicioso de comida no fogo.
Geórgia está na minha cozinha mexendo nas panelas e cantarolando. Tão
linda e natural que parece fazer parte da casa.

Com medo de a tirar do seu momento de paz, fico sentado no sofá, a


observando de longe. Um tempo depois, a minha namorada vem até mim e se senta em
cima das minhas pernas.

Os sofás da minha casa são espaçosos, mas amo que sempre queira estar
nos meus braços.

— Perdoe-me se fui grossa com você agora há pouco.

— Eu não tiro a sua razão, meu amor. Não faço ideia do que é estar na sua
pele, mas imagino que deve ser difícil ficar entre o namorado e o pai — digo. Só queria
que tudo fosse diferente. — Prometo que farei as coisas darem certo. Não quero que o
fato de estar comigo seja um estresse para você.

— Não é. Eu amo ser sua mulher e quero estar aqui com você.

— Que bom, porque você é a única certeza que tenho no momento.

— Vai me contar o motivo da briga?

— Só se você me convidar para jantar. Sua comida está cheirando muito

bem.

Enquanto jantamos, mais cedo que de costume, eu conto sobre o que disse
para o seu pai e as conclusões que tirei. Ela ouve sem interromper e eu gosto disso, pois
não seria certo tomar partido contra o próprio pai.

Também falamos sobre as nossas vidas e de nós dois como um casal, não
permitindo que o nosso amor se torne algo pesado com foco nos problemas. Embora
pareça cedo, fazemos alguns planos para o futuro. O primeiro passo é apresentá-la para
a minha mãe e depois ser apresentado a Josy como namorado, já que a mulher me
conheceu como melhor amigo do seu ex-marido.

Quando deixamos a cozinha, a convido para um passeio. Minha namorada


reluta, pois acredita que não estou bem para sair, mas eu a convenço de que não é ruim
como parece. Realmente não é, não depois de ter sido cuidado pelas suas mãos.

Deixo que minha mulher escolha o nosso destino e me surpreendo quando


sugere um parque de diversões. Por incrível que pareça, nunca estive em um parque.
Amadureci cedo demais e as minhas prioridades sempre foram outras.

Geórgia fica tão animada que parece uma criança. Todos os brinquedos que
escolhe me fazem sentir vontade de vomitar de tanto nervoso, mas deixo que me
convença a subir na roda gigante. Segundo ela, é o mais tranquilo.

Fico com vontade de chorar quando começa a girar. Estou suando frio, mas
a minha namorada encontra uma ótima forma de me distrair ao se ajoelhar na minha
frente, abrir a calça e chupar o meu pau.

Jamais esquecerei que fui chupado no alto de uma roda gigante. A


experiência mais louca que tive na vida, mas também uma das mais gostosas.
Quando deixamos o parque, já não estou mais com raiva e a briga parece
ter acontecido em um dia muito distante de hoje. Ao abraçar a minha namorada na cama
depois de uma rodada de sexo, porque nem o corpo dolorido pôde me conter, penso que
quero viver essa realidade para sempre.

O passado e o presente fora da nossa bolha podem até ser duros, mas o
amor é suave, como eu precisava que fosse.
CAPÍTULO 17

Um mês depois

Comecei o curso de culinária há três semanas, e embora esteja na parte

teórica, sinto que fiz a escolha certa. Gosto das aulas, dos professores e dos colegas que
estou conquistando.

É bom ter mais proximidade com garotas da minha idade, mas também é
difícil em alguns momentos, pois elas sabem quem é o meu pai e os três sócios,

considerando a fama da Adega. Além de saber quem são, elas não param de fazer
perguntas.
Não me importa que estejam interessadas no Miguel e no Manu, afinal,

eles estão solteiros. Mas fico tensa quando citam o meu pai por motivos óbvios e mais
tensa ainda quando falam do João Lucas.

Uma delas disse no refeitório que ele era o mais lindo e misterioso dos

quatro. Outra foi mais longe e revelou que queria transar com o meu amor. Como não
sou boba, abri a minha boca e disse que o Lucas é o meu namorado e pedi que tirassem

os olhos dele. Ficaram sem graça por um minuto, em seguida começaram a fazer
perguntas íntimas e sem noção.

Óbvio que não fiz propaganda do meu namorado, minhas colegas


perceberam que não iriam conseguir nada e desistiram. Algumas delas ainda me

incomodam por causa dos meus cunhados, eu sempre digo que podem tentar a sorte
quando forem a Adega. Não sei se um dos dois se deixaria seduzir, considerando que

conseguem ser quase tão sérios quanto o Lucas quando estão trabalhando.

Quanto aos rapazes da minha sala, não são tantos, porque os homens ainda
pensam que cozinhar é coisa de mulher, alguns são bonitos, mas nem de longe tão
interessantes quanto João Lucas Fagundes. Depois dele, os homens da minha idade

começaram a parecer garotos.

Ele sai da Adega para vir me buscar todos os dias, e apesar de eu ter
negado no começo, pois não queria dar trabalho, acabei aceitando quando me disse que

era a chance de almoçarmos juntos. Devido à situação entre o Lucas e o meu pai, não
durmo na sua casa todos os dias, mas sempre encontramos tempo para a gente.
— Geórgia — ouço alguém me chamar quando estou caminhando para a
saída. Levo um susto, pois estava trocando mensagens com o meu namorado.

— Oi, Juan — cumprimento.

Juan e eu estudamos na mesma turma e acabamos nos aproximando, mas


estou começando a ser mais cuidadosa com ele, pois sinto que pode confundir as coisas.

É possível que ainda não tenha chegado aos seus ouvidos que tenho
namorado?

— Tudo bem? — Balanço a cabeça afirmativamente. — O pessoal

organizou um luau na praia. Se quiser dar uma passada por lá, será mais do que bem-
vinda.

— As garotas da sala me chamaram, mas não poderei ir. Tenho um


compromisso com o meu namorado hoje — menciono o Lucas, a sua feição muda no

mesmo instante.

Se eu tinha alguma dúvida do seu interesse, ele acabou de se entregar.

— De qualquer forma, o convite está de pé.

— Obrigada por me convidar — falo, ao sorrir com simpatia.

Juan não seria um cara que eu descartaria de primeira se a situação fosse


outra, afinal, é bonito e gentil, mas o meu coração está ocupado e não há espaço para
mais ninguém.
Quando fico sozinha novamente, olho o celular e leio a mensagem do
Lucas.

Eu sinto muito, mas não poderei ir te buscar para almoçar hoje.

Aconteceu um imprevisto. Pode conseguir uma carona?

É estranho, porque ele estava animado uma hora atrás e tinha até feito as
nossas reservas no restaurante. Lucas nunca deixou de aproveitar a chance de estar
comigo.

Está tudo certo. Vou para casa com uma das minhas colegas.

Estou mentindo, pois todas devem ter ido embora.

Não tenho nenhum problema de chamar um carro de aplicativo ou de subir


em um ônibus. O que me preocupa é a mensagem que o João Lucas me enviou.

Talvez eu esteja exagerando e realmente tenha tido um imprevisto, mas a


minha intuição diz o contrário.

As últimas semanas foram estranhas de uma forma que não sei como
explicar. Reinou a falsa sensação de paz, como se nunca tivesse existido um conflito
entre o meu pai e o meu namorado.

Não que eu tenha visto os dois fazendo as pazes e se falando em algum


momento, longe disso. Mas antes eu sentia a raiva e a tensão tanto em um quanto no
outro e agora tudo isso sumiu.
Quando estou com o Lucas, ele não toca no nome do meu pai e não me
deixa saber como se sente em relação ao rompimento da amizade. Eu acredito que
tenham rompido em definitivo, que não sobrou amizade e nem mesmo a mágoa que
pode possibilitar uma possível reconciliação.

O grande problema dos conflitos é quando os participantes se tornam


indiferentes. Será que isso já aconteceu? Ou não estou sabendo interpretar os sinais?

Em casa, a minha relação com o meu pai está bem, mas ainda não é a
mesma que estávamos construindo antes de tudo acontecer. Ele tenta me agradar e eu
tento ser suave. Nós fazemos as refeições juntos quando estamos em casa, mas não

citamos o Lucas.

É como se ele não existisse para nenhum de nós dois nos cômodos da
nossa casa. Mas aprendi a conhecer o Arthur e sei que finge estar bem.

Ele não está bem e o seu sorriso não é sincero. Não fala do meu
relacionamento com o seu melhor amigo, mas sei que ainda não consegue aceitar. Não
fala o nome do Lucas, mas parece estar andando por aí com uma parte lhe faltando.

O Lucas me contou sobre tudo que percebeu a respeito do meu pai e da


amizade dos dois no dia em que brigaram, mas eu sinto que, independentemente da
forma como não soube ser um bom amigo, ele amava o João Lucas de verdade. Talvez,
essa amizade fosse a sua maior fonte de afeto, considerando o distanciamento da nossa
família, que mora em outro Estado.
Enquanto Arthur parece mais abalado, Lucas se faz de forte e cria a falsa
sensação de paz.

Fico querendo fazer alguma coisa, mas sinto tanto medo de recomeçar a
briga que não me mexo. Eu tenho o meu pai e o meu namorado, mas os dois se
perderam por minha culpa e, às vezes, me sinto muito mal por isso.

João Lucas e eu estamos na fase da lua de mel do relacionamento.


Vivemos ávidos um pelo outro, como se o desejo ficasse cada dia mais latente. Quanto

mais a gente transa, mais queremos transar.

Mas o que temos passa longe de ser apenas sexo. Há identificação, apesar
da nossa diferença de idade de mais de vinte anos. Há o carinho e o desejo de termos um

futuro junto.

Confio no nosso amor, que cresce no meio da adversidade e é resistente,


mas estou começando a policiar os meus pensamentos. Antes, eu tinha convicção de que

eles iriam se acertar e tudo voltaria a ser como antes, mas o tempo está passando e essa
hipótese fica mais distante. A minha paz de espírito começa a sofrer abalos. Começo a
dizer a mim mesma que não tenho culpa, mas é difícil sentir que não tenho.

Ele desmarcou o nosso almoço sem grandes explicações e foi o suficiente


para me deixar paranoica.

Quando começo a mexer no aplicativo para chamar o carro, recebo uma


ligação do meu cunhado. Miguel me convida para ir a um restaurante com ele e o Manu,
eu me pergunto como ele adivinhou que o irmão me deu um bolo.
Procuro não pensar muito no assunto, pois tenho medo de começar a caçar
pelo em ovo.

Fico esperando e, quinze minutos depois, meus cunhados chegam com a


carona. Nós três conversamos alegremente durante a viagem curta, mas tenho a
impressão que eles têm algo a dizer.

— Você provará uma das melhores comidas do mundo. Aposto que não
tem nada parecido no lugar de onde você veio, forasteira — Manu brinca quando
pegamos o cardápio.

— Vamos ver. Mas devo te lembrar que não me impressiono tão


facilmente, cunhado. — Jogo uma piscadinha e os dois sorriem.

Adoro esses dois. Eles são bonitos e lembram um pouco o irmão mais
velho fisicamente, mas há neles a leveza e a liberdade que o Lucas nunca se permitiu,
embora eu entenda perfeitamente o porquê de ele não ter se permitido.

Se esses dois são tão leves é por saberem que tem alguém com quem

contar, que o peso em cima dos seus ombros nunca será maior do que podem carregar,
pois o Lucas não deixa. Ele sempre fez tudo sem ninguém pedir, o que o torna mais
especial, mais amado por mim.

O prato especial é feijoada e o meu cunhado estava certo. Eu não como


uma, mas duas vezes a feijoada com torresmo. Além da comida nada leve, bebo três
copos de Coca-Cola bem geladinha.
Tenho certo cuidado com a minha alimentação, porque tenho fortes
tendências para ficar acima do peso se não prestar atenção, mas nunca resisto a uma boa
comida. Quando vejo algo que enche a minha boca d’água, chego a esquecer-me do meu
nome.

— Tenho que dar o braço a torcer. Das poucas vezes que experimentei
feijoada, essa foi a mais gostosa. Estou até pensando em levar uma marmita para o
irmão de vocês. Posso o convidar para jantar e fingir que cozinhei.

— Olha só que trambiqueira! — Manu provoca e joga uma bola de


guardanapo amassada em mim. — Aposto que consegue fazer melhor.

— É, talvez eu consiga — brinco.

Nós três conversamos um pouco mais sobre amenidades e eles tiram boas
risadas de mim. Até esqueço dos problemas por um tempo, mas eles existem.

Os dois trocam olhares algumas vezes, deixando claro que não era
paranoia pensar que realmente tinham algo para dizer, então puxo o assunto.

— Eu sei que os dois me adoram e que sou a melhor cunhada que


poderiam ter em uma vida inteira, mas vocês não me convidaram para almoçar só
porque gostam da minha companhia, certo?

— Acertou em cheio quanto a ser a melhor cunhada. Estávamos


começando a acreditar que o Lucas nos condenaria a Jasmine para sempre. Os almoços
em família não seriam fáceis.
— Ela não deve ser tão ruim — falo, curiosa para ouvir mais e entender o
porquê de nenhum dos três tolerar a ex do Lucas.

— Era pior do que ruim. A Jasmine era o tipo de mulher que gritava
falsidade. Ela era boazinha demais e não parecia real, dizia amém para tudo que o nosso
irmão dizia, tudo para o agradar. Era gentil com todos na frente dele, mas era ácida pelas
costas. Uma mulher como ela jamais faria o nosso irmão feliz, apesar de ele ter insistido

durante anos.

— Já que estamos falando sobre a felicidade do João Lucas, vocês


acreditam que posso o fazer feliz?

— Não só pode, você já o faz feliz. Nós o conhecemos a vida inteira e


percebemos que ele está mudado. Mas você sabe que toda essa felicidade tem um preço,
não sabe? — Aceno positivamente. Para mim, o preço está sendo alto demais. — Foi
por isso que te convidamos para almoçar. Nós te adoramos, Gegê, mas também
precisamos conversar com você — Manu fala. Ele é tão carinhoso que sinto vontade de
pedir um abraço.

— Passei as últimas semanas com a sensação de que estava tudo bem, mas
sempre com a desconfiança de que era uma paz falsa. Sinto que a poeira baixou, mas
não estou mais na Adega e posso estar muito equivocada.

Estou me relacionando bem com o Arthur, mas ainda tenho que o perdoar
por ter me demitido com o aval desses dois.

— Primeiro respira e não se apavora, Gegê — Miguel pede.


— Está tudo bem — afirmo. Por enquanto, está mesmo. Tudo o que sinto é
ansiedade e paranoias da minha cabeça.

— Como eles tem agido com você? — Manu me sonda.

— Lucas e eu estamos na fase mais gostosa do nosso namoro. Ele não fala
o nome do meu pai e o Arthur não fala o nome do Lucas. O meu namorado parece
melhor que o meu pai, sendo bem sincera. O Arthur anda um pouco triste. Não acham?

— Ele não está sabendo lidar com a perda da amizade de vinte anos que
tinha com o meu irmão. Por estar chateado pelas verdades que admitiu para si mesmo, o
Lucas parece mais durão — comenta. Ele para por um instante, como se estivesse
ponderando o que falará a seguir. — Sendo bem sincero, e me perdoe por falar assim do
seu pai, não acredito que ele tenha sido babaca de propósito. Ele é babaca, mas a
amizade com o nosso irmão era verdadeira até você chegar — Manu fala.

Não sinto que está querendo me culpar, só está falando a realidade dos
fatos. Os dois se magoaram profundamente por minha causa, porque me apaixonei pelo
último homem por quem deveria me apaixonar. Jamais me arrependerei disso, mas não
dá para negar que o peso dessa briga está na minha conta.

— Penso como você, Manu. Se Arthur não tivesse sido amigo de verdade,

ele ainda estaria irado. Mas ele ficou muito mal depois que o João Lucas jogou um
monte de merda na cara dele.

— O que a gente pode fazer para acabar com essa briga besta? — Miguel

questiona. — Essa situação tem que se resolver para que você seja feliz sem culpa e eles
voltem a ser amigos. Tudo isso também tem afetado os negócios — Manu fala.

— O que está querendo dizer? Depois que o meu pai me mandou embora,
não sei mais nada do que acontece naquele lugar.

— O Arthur confiava no meu irmão de olhos fechados e não discordava de


nada que o João Lucas sugeria. Agora, embora eu acredite que nem perceba que está
fazendo isso, ele questiona até as coisas mais bobas.

— Eu acho que ele faz para provocar o seu namorado, na tentativa de


conseguir alguma reação dele. O problema é que o Lucas age como se o seu pai não
existisse mais. Fala com ele como se o homem fosse um estranho durante as reuniões —
Miguel fala, dando o seu ponto de vista. — Você disse que ele parece bem, mas nós o
conhecemos e sabemos que o Lucas está remoendo a situação por dentro. Já o seu pai…
— ele hesita na hora de continuar.

— O que tem o Arthur? Fala, Miguel

— Ele não está deixando que você perceba quando chega em casa, mas
tem bebido além do normal. Não creio que seja apenas por não aceitar a relação de
vocês, pois essa questão deve ter sido apenas a ponta do iceberg. O Arthur está mal
pelas acusações que ouviu do meu irmão. Talvez nem tenha percebido que agia de uma
forma que magoava o Lucas, ou que ele pudesse entender suas ações de outra maneira.

— É tudo culpa minha — falo, sem olhar nos olhos de nenhum dos dois.
— Não é culpa sua, querida — Manu segura a minha mão sobre a mesa
para me confortar. — A relação entre vocês desencadeou algo que estava guardado, mas
foi só isso. Não viemos até aqui para fazer com que se sinta culpada, mas para te deixar
a par do que está acontecendo na Adega e tentar ver se podemos fazer algo juntos. Nós
três.

— Eu tenho que pensar e colocar a minha cabeça no lugar — declaro. —


Sendo bem sincera, acredito que vocês não devem interferir, a menos que eles se
atraquem novamente. Não creio que possamos fazer alguma coisa, e se houvesse uma

saída, teria que vir de mim, pois, direta ou indiretamente, eu causei tudo isso.

— Não fale assim, Gegê — Miguel pede, ao segurar a minha outra mão.

Os dois tentam me confortar e tirar sorrisos iguais aos do início do almoço,

mas simplesmente não consigo esconder a minha tristeza. Eles me deram a confirmação
do que já estava suspeitando, e o gosto que sinto na boca é amargo.

Quando nos despedimos e eu volto para casa, faço sabendo de antemão que
não conseguirei esquecer a conversa que tivemos. Não poderei mascarar a sensação de
que o preço por amar está sendo mais alto do que deveria.

Amor não se dimensiona, mas há amores e amores. Há o amor entre


amigos e o amor entre um homem e uma mulher. Todos têm o mesmo valor, mas
quando um deles fica entre os demais, é porque não era para ser.
Enquanto os dias passam, eu continuo vivendo normalmente. Faço o meu
curso, fortaleço a relação com o Arthur e sou feliz ao lado do amor da minha vida. Só
amei uma vez e é muito recente, mas sinto que nunca mais amarei outro com a mesma

intensidade.

Sinto-me um pouco culpada pela minha felicidade, pois sei que é às custas
da infelicidade de outros. Parecia mais fácil quando eu pensava que eles iriam se acertar
e que ficaria tudo bem. Mas o meu pai não está nem mesmo tentando fingir que não
anda bebendo além da conta.

Já chegou bêbado em casa três vezes na última semana e coube a mim e a


pobre Lica cuidarmos dele. Na manhã seguinte, ele sempre inventa uma desculpa para
se justificar.

Lucas finge bem, mas está fechado como uma ostra e não consegue nem
mesmo falar a respeito do melhor amigo quando tento tocar no nome do Arthur.

Eu quis manter a esperança de que eles iriam conversar, mas ela foi
morrendo pouco a pouco, até que deixou de existir. A gota d'água foi ontem, quando o
meu pai pegou o carro e dirigiu bêbado de madrugada pelo condomínio.
Arthur acabou atropelando o gato de uma vizinha e causando uma
confusão com os moradores e com a polícia. Não pudemos fazer muito para livrar a sua
barra, já que ele estava realmente alcoolizado e foi muito fácil comprovar na delegacia.

Liguei para o meu namorado chorando e ele foi nos ajudar. Trocou
algumas palavras com o meu pai e o levou comigo para a nossa casa. Eu vi de perto a
interação dos dois e percebi que a parceria de antes havia sumido. Na minha frente, eu
vi dois amigos que se perderam um do outro em um caminho sem volta.

Seria menos difícil se a ligação dos dois não fosse tão forte, ou se o
rompimento não estivesse afetando tantas pessoas. Enquanto pude, mantive a esperança
de que os vinte anos de amizade e parceria profissional superariam os desentendimentos
por causa de um amor que nasceu sem aviso prévio, mas não posso mais me enganar.

Os quatro eram uma torre de quatro pilares, tudo ruiu e nem mesmo os
negócios foram poupados. Se eu comecei com tudo que culminou nesse desastre, talvez
seja a hora de tentar consertar a bagunça da única forma possível.

Não sou covarde. Na verdade, é preciso muita coragem para tomar uma
decisão, sabendo que vários corações serão partidos. As escolhas precisam ser feitas, e
acredito que todos ficaremos bem com o tempo.

Quando tudo isso passar, o que aconteceu nas últimas semanas entre o
Lucas e eu será lembrado somente como um passo fora da curva.
CAPÍTULO 18

Hoje, estou mais feliz do que se tivesse ganhado sozinho na loteria. Apesar

de tudo, sinto que as coisas estão bem para mim.

Sinto-me relaxado até mesmo quando estou aqui. É claro que não é um
mar de rosas, pois o Arthur tem dificultado a minha vida ao se meter em assuntos que

nunca importaram para ele, mas decidi que o melhor a fazer é deixar o barco correr e
não bater mais cabeça.

A nossa relação não existe mais. Apesar do vazio que sinto, prefiro não ter
nenhuma relação com ele a continuar discutindo e brigando por um assunto sobre o qual
nunca chegaremos um entendimento. Sem falar em todas as mágoas que despejei em

cima dele.

A amizade acabou, mal falamos sobre negócios e até nas reuniões a nossa
comunicação é rasa. Se alguém chegasse em mim e contasse que chegaríamos a esse

ponto, eu não teria acreditado, mas aconteceu e eu não gasto mais energia com isso.

Hoje, Arthur é somente o pai da minha namorada, tanto que eu não titubeei
quando me ligou para contar que ele estava na delegacia. Ajudei como faria com

qualquer outra pessoa.

Não deveria ter sido assim, mas eu me vi na posição de ter que escolher
desde o início. O amor pela garota que chegou e sacudiu o meu mundo me fez olhar

para dentro de mim mesmo e gostar do que estava vendo.

Não sou leviano e não teria me colocado nesta situação se tivesse sentido
que poderia virar as costas e fugir dos sentimentos que Geórgia despertou. Se fosse
somente pelo sexo, eu teria resistido.

Sempre foi amor, e sou tão feliz ao lado dela que sinto que estou criando
uma realidade paralela. Sou feliz porque Geórgia de Castro me completa de todas as
formas.

Mais cedo, ela me surpreendeu e me chamou para um encontro.

Pela primeira vez em mais de um mês de namoro, está tentando fazer algo
diferente. E enquanto o momento de ir até ela não chega, eu trabalho cheio de
ansiedade.

Minha namorada é uma caixinha de surpresas, não faço ideia do que está
aprontando, mas sei que será perfeito, porque Gegê só me faz feliz.

Depois que a garota ligou mais cedo me convidando para sair, não tive
mais um segundo de paz, porque só consigo pensar nela. As horas nunca passaram tão
vagarosamente, mas me consolo ao dizer para mim mesmo que o tempo não para. Que

uma hora ou outra o momento chegará.

Quando chega às onze da noite, horário que ela combinou de me encontrar


na entrada da Adega, saio do meu escritório sem a menor culpa por estar deixando o

clube enquanto a noite está bombando. Se antes eu sequer cogitava essa possibilidade,
hoje não penso duas vezes antes de correr até a garota quando ela estala os dedos.

Essa é a realidade, não posso negar, e não me sinto menos homem por isso.

Ao chegar pontualmente à entrada da casa noturna, ela já está à minha espera dentro do
seu veículo.

Quando entro e me sento no banco do carona, primeiro sou recebido pelo


cheiro bom do seu perfume, depois sou impactado pela sua beleza.

Geórgia é uma mulher naturalmente linda e qualquer um que não seja cego
pode atestar isso, mas quando se empenha um pouco mais, como fez para essa noite, ela
simplesmente me deixa nocauteado, sem fôlego.
Seu corpo gostoso está coberto com um vestido preto de alças finas e,
considerando que as suas coxas estão à mostra, imagino que seja curto e justo nas suas

curvas acentuadas. Os peitos estão em evidência por causa do decote e minha boca
saliva só de pensar no momento que os terei na minha boca.

Os seus cabelos escuros estão presos em um rabo de cavalo e as orelhas


pequenas são enfeitadas com brincos de argola. Não posso esquecer-me do charme que
é o piercing no nariz. Simplesmente perfeita.

Meus olhos são atraídos para o pescoço alvo e delgado, e minha vontade
agora é enfiar o nariz na pele macia e sentir mais de perto o seu cheiro bom.

O amor que comecei a sentir por essa garota é tão urgente que desejo fazer
tudo com ela. A vejo sendo a minha esposa e mãe dos meus filhos um dia. Mas meus
desejos sempre são freados quando me lembro que ela não é a Jasmine, que ainda é
jovem demais para dar passos tão grandes. Talvez nem queira nada disso agora.

Mas desejos são desejos e estou bem com o que tenho, desde que fique ao
seu lado. Basta que não me deixe, pois seria um homem pela metade.

Pode parecer estranhamente precipitado pensar dessa forma, pois não nos

conhecíamos até pouco tempo atrás, mas o que mudou em mim depois que a amei faz
parecer que tivemos um longo caminho até aqui.

Tem sido atribulado e intenso, mas também tem sido certo.


— Você ainda não abriu a boca. Algo errado? — Minha namorada
pergunta.

— Fiquei impactado com a sua presença. Está mais linda do que nunca,
meu amor — elogio.

— Fiz toda essa produção para ficar bonita para você — fala, e sorri. Posso
estar sendo paranoico, mas um rastro de tristeza passa pelo seu olhar quando o sorriso
morre.

— Mal posso esperar para desembrulhar o meu presente — declaro, ao


levar a mão para a sua coxa.

Não falamos mais até chegarmos ao destino secreto, que na verdade se


trata de um hotel, mas não deixei de acariciar a sua coxa macia um segundo sequer.

Geórgia parece relaxada, mas acho estranho que não esteja falando muito,
considerando que é uma matraca o tempo todo.

No comando desse encontro, ela pega as chaves na recepção do hotel


luxuoso, segura a minha mão e me leva para o elevador. Dentro da caixa metálica,
Geórgia para na minha frente há alguns passos de distância e me encara através do
espelho.

O seu olhar deixa claro que está me provocando, não dando muito para
deixar-me sedento e estar totalmente voraz quando a pegar de jeito.
Não fujo, e a encaro de volta. O meu olhar desce lentamente para os seus
peitos grandes e firmes. Depois babam a cintura e as coxas grossas. Quando faço o
caminho de volta, as suas bochechas estão vermelhas. Minha namorada não é tímida,
mas entendeu e sentiu que eu estava a despindo com o olhar.

Ela tenta, mas sempre perde quando entro na brincadeira. É um jogo justo,
pois também me faz implorar por clemência quando decide ser má comigo.

Ao entrarmos no quarto, fico surpreso por não ser apenas um quarto. Na

verdade, se trata de um pequeno apartamento, equipado para suprir todas as


necessidades da pessoa que vem até aqui.

— Uau. Pensei que uma cama seria o suficiente, mas você resolveu

impressionar, meu amor — digo, ao fechar a porta.

Ela passa na minha frente e deixa a sua bolsa em cima do sofá pequeno. Eu
paro bem perto, quase encostando o meu peito nas suas costas. Abaixo a cabeça e beijo

o pescoço lindo e cheiroso.

Quando envolvo a sua cintura com o braço, Geórgia não se controla e


rebola a bunda contra o meu pau discretamente.

— Eu não te trouxe para transar.

— Estou surpreso — digo, ela vira de frente para mim e me abraça pelo

pescoço.
— Na verdade, foi para transar, porque não resisto a você, mas não foi
apenas pela safadeza.

— O que está aprontando, linda?

— Quero cozinhar para você. Cozinhar para alguém é um gesto de amor e


eu quero demonstrar que te amo dessa forma. Sei que já cozinhei alguma coisa para

você, mas hoje será diferente — declara, deixando-me emocionado e amando-a mais
ainda.

— Será o presente mais especial que alguém terá me dado. Você é perfeita,
menina — falo, então beijo de leve os seus lábios.

Geórgia fica com os olhos cheios de lágrimas, está mais sensível do que o
normal.

— Não chore — peço. Posso aguentar muitas coisas, mas ter o seu rosto
banhado por lágrimas não é algo com a qual eu saiba lidar.

— Eu não vou chorar. Hoje é o nosso encontro especial e quero que tudo
seja perfeito, que o tornemos inesquecível.

— Esse e todos os outros momentos ao seu lado serão inesquecíveis,


querida — afirmo, a minha namorada abaixa o olhar. Eu seguro o seu queixo com
delicadeza e a faço olhar dentro dos meus olhos, algo que não havia feito ainda desde
que me pegou na Adega.
Procuro ler o que passa na sua cabeça, pois tenho a sensação de que tem
algo fora do lugar, mas Geórgia parece ser boa em mascarar os sentimentos.

Também é provável que eu esteja criando coisas que não existem,


sabotando a nossa felicidade.

— Eu quero te beijar agora — declaro. — Posso?

— Você não precisa de autorização para me beijar ou tocar em qualquer


parte de mim. Sou sua, João Lucas. Sempre serei, ainda que a gente se perca um do
outro.

— Não iremos nos perder, Geórgia. Se isso acontecer em algum momento,


irei em qualquer lugar te encontrar. Não se esqueça disso. Enquanto acreditar no nosso
amor, não desistirei.

— Eu te amo, João Lucas. Você é a melhor coisa que poderia ter


acontecido na minha vida — declara, ainda chorosa.

— Você também aconteceu para mim e estamos apenas começando, minha


menina — afirmo, abaixo a cabeça e a beijo.

O toque das nossas bocas é calmo no início, um experimentando os lábios


do outro. Aos poucos, ficamos mais sedentos e envolvemos as nossas línguas. Um beijo
longo, cheio de desejo e sentimentos mais profundos.

Quando parece impossível respirar, afastamos as nossas bocas. Geórgia


deixou que duas lágrimas grossas rolassem pelo seu rosto, mas eu seco cada uma com
beijos de carinho. Quando termino, a minha mulher já está com um belo sorriso no
rosto.

— Vamos para a cozinha?

— Hoje, eu irei para onde você quiser — declaro, abraço-a por trás e
caminhamos até o outro cômodo.

Durante a próxima hora, a minha namorada e eu nos dedicamos a fazermos


algo juntos. Ela faz mais do que eu, obviamente, mas me sinto muito útil quando
entrego tudo que me pede em suas mãos.

Não fala muito, porque Geórgia fica cem por cento focada, mas nos
tocamos o tempo todo no espaço apertado da cozinha. Algumas vezes, os toques são
propositais, como quando a minha boca encontra o seu pescoço e deixa uma mordida,

ou quando pego na sua bunda e acaricio os seios perfeitos.

Ela perde o foco por minha causa, mas não reclama. Na verdade, chega um
momento em que não aguenta tantos toques provocativos e começa a me provocar de
volta. Como sou louco por essa garota, ela me deixa de pau duro em dois minutos. Basta
que esfregue a bunda no meu pau por mais tempo do que deveria, se não tivesse a
intenção de me deixar subindo pelas paredes.

— Nunca pensei que o ato de ajudar uma futura chef de cozinha fosse ser
tão excitante — comento, depois que finalmente terminamos a preparação do nosso
jantar. Está cheirando tão bem que esqueço do tesão pela fome.
Enquanto a sobremesa termina de assar no forno, nós dois preparamos a
mesa para dois, arrumamos pratos, copos e talheres. É óbvio que aproveito para a tocar
um pouco mais. Tenho a sensação de que é impossível estar nos mesmos metros
quadrados que a minha menina e não ter as mãos nela o tempo todo.

Com ela não é diferente. É por isso que o meu pau está tão gasto. Tanto
quanto os dramas, o sexo entre nós dois tem sido constante e explosivo.

— Você sabe que me dará duas sobremesas hoje, não sabe? Primeiro, vou
me esbaldar na sua massa que cheira divinamente e na torta de chocolate. Depois, vou
me alimentar da sua boceta. Certamente, será a melhor coisa que terei comido hoje, com
todo respeito aos seus dotes culinários, amor.

Ela deposita o último talher sobre a mesa, eu estou atrás, mordendo o


lóbulo da sua orelha. Geórgia se volta para mim e me encara com intensidade. Assim
como eu, está toda excitada.

— Então, nós dois teremos duas sobremesas. Quanto mais rápido a gente
jantar… — fala, deixando a insinuação no ar ao beijar o meu queixo.

— O que estamos esperando?

Por tudo que a Geórgia falou antes, era para ser um jantar romântico, mas
as coisas saem do controle. Na verdade, mal consigo falar normalmente enquanto estou
sendo estimulado debaixo da mesa.
— Está tudo maravilhoso… meu amor. O seu futuro será brilhante, e eu
estarei ao seu lado a cada conquista, morrendo de orgulho — declaro.

Eu devo ter aproveitado no máximo dez minutos para realmente


experimentar o sabor da delícia que preparamos para nós dois. Depois, mudando os
planos do seu próprio momento romântico, a minha namorada colocou o pé entre as
minhas pernas debaixo da mesa e começou a me tocar. Não sinto mais o gosto do que
estou mastigando e estou a ponto de explodir de tanto tesão.

— Não vai mais comer? — Questiono, ela balança a cabeça


negativamente. Está satisfeita de todas as formas, inclusive, por estar me matando com
esse pezinho safado.

— Sabe que é difícil dar credibilidade ao seu trabalho quando você está
sendo safada, não sabe?

Não é uma reclamação. Com certeza, não é!

— Só estou mostrando que posso te prender das duas formas, já que sou
boa com as mãos e com os pés.

— Queria me pegar pelo estômago e pelo pau? Parabéns, você conseguiu!


— Digo.

Não mantenho a bunda na cadeira e começo a empurrar a minha pélvis de


encontro ao pé sacana. Estou duro, desisti de comer e quero mais toques. Fica
impossível para mim quando começa a usar os dois pés. Eu não sei como consegue
fazer isso, ou mesmo se já havia tentado, mas minha namorada os une em volta do meu
pau e tenta me masturbar.

Na terceira tentativa dá certo. Começam os movimentos de subir e descer


no meu mastro. Eu fecho os punhos sobre a mesa e aperto o maxilar, me perguntando
quão estranho seria se eu gozasse agora mesmo na minha calça.

Quando começo a suar e fico a ponto de implorar para que me deixe gozar,
Geórgia afasta os pés do meu pau.

— Está na hora da sobremesa, Lucas. E estou falando da torta de


chocolate. Espero que esteja do seu agrado — brinca, ao se levantar. Eu a acompanho
com o olhar. Na verdade, estou secando a sua bunda bonita.

A garota volta com as taças e as coloca sobre a mesa. Antes que volte para
a sua cadeira, afasto a minha e a puxo para cima das minhas pernas. Pelo seu sorriso,
parece gostar do novo assento.

— Bem melhor assim, não acha?

— Não tenho certeza, tem algo cutucando a minha bunda. É uma cobra?

— É uma cobra enorme e faminta. Como você foi a responsável por


acordá-la, terá que dar alimento e colocar para dormir novamente.

— Não sabia que sou especialista em cobras? Essa cobra em especial —

fala, entra na brincadeira e se mexe no meu colo de uma forma que deixa a cobra ainda
mais encantada.
Minha namorada pega uma porção da torta de chocolate com a colher e
enfia na minha boca. A sobremesa dela é simplesmente um manjar dos deuses, mas
também não passa despercebida a intimidade no seu gesto de me alimentar com a
própria mão.

Enquanto mastigo, me deliciando com a doçura na minha boca, ela abaixa


a cabeça e passa a língua no cantinho, provavelmente para limpar a migalha que ficou.
Quem precisa de guardanapos?

Eu também pego um pouco da torta e dou na sua boca.

— Como tudo o que você faz, a torta está uma delícia, querida. Terei que
pegar mais pesado na academia para não ficar acima do peso por sua culpa. Já sou mais
velho, ficar acima do peso seria demais — brinco.

— Não existe a menor chance de você não ser extremamente gostoso


algum dia. A gostosura está no seu sangue. É por isso que gosto de te comer o tempo

todo — declara. Eu entendo que estamos entrando na parte mais prazerosa da noite, que
não envolve nenhum tipo de comida.

— Ainda estou com fome, amor — digo, ao enfiar o nariz no seu pescoço.
— É uma fome que só você pode saciar.

Deixo que a minha mão se torne ousada e desço o vestido tomara que caia,
despindo os seus seios diante dos meus olhos e de uma torta de chocolate.
— Pode pegar o quanto quiser, Lucas. Estou pronta para te deixar saciado
de todas as formas que desejar — afirma, e demonstra ao rebolar contra o meu pau
novamente. Sempre que o provoca dessa forma, sinto que pode furar o tecido da calça e
encontrar abrigo na sua boceta apertada e molhada.

— De todas as formas? — Questiono com uma sobrancelha arqueada. Ela


sabe que sou louco pela sua bunda e que sinto vontade de gozar no seu cuzinho desde a
primeira transa.

É tanto tesão por essa parte do seu corpo que, ao mesmo tempo em que me
sinto feliz por nunca ter feito sexo anal com outro, já desejei que tivesse feito antes para
tornar a ideia mais aceitável comigo.

Mas não preciso de muito para a convencer, porque a minha namorada


sempre deixa que eu toque o seu orifício quando estamos fazendo sexo. No auge do
tesão, permite que eu enfie um ou dois dedos. Apesar de dedo não se comparar a um pau
e de não ter falado que queria fazer sexo anal abertamente, não dá para dizer que não foi
preparada, ou pelo menos estimulada.

— Você terá tudo que quiser de mim hoje.

— Você sabe o que quero, não sabe?

— Não tem como não saber, já que sempre toca lá.

— Não faça nada que não queira — digo.


— Eu quero e confio em você, amor. Nunca experimentei algo que não me
desse prazer com você — declara, eu sinto que não posso mais esperar.

Geórgia acompanha o meu olhar quando levo a mão até a taça e pego um
pouco da calda grossa de chocolate. Passo o dedo indicador no seu mamilo e na pele
próxima a ele.

— Está fazendo lambança — fala.

— E pretendo limpar — afirmo, abaixo a cabeça, coloco a língua para fora


e passo lentamente nas partes com chocolate em volta do mamilo intumescido.

Sensível, minha namorada envolve um braço no meu pescoço para se


segurar e joga a cabeça levemente para trás. Quando deixo em volta limpo, abro a boca
e abocanho o bico rosado, sentindo o seu gosto misturado com chocolate na minha
língua.

Chupo-a com avidez, alternando a mamada com mordidas duras no


mamilo. Minha mulher se contorce de tesão nas minhas pernas e geme sem pudor
pedindo que eu faça mais, que intensifique o prazer.

Disposto a dar tanto prazer quanto recebo, apenas começando a agradecer


por hoje, afasto as suas pernas e puxo a calcinha para o lado. Chupo dois dedos para
limpar o chocolate e os deixar molhados, depois os enfio profundamente no seu centro
pulsante, que está molhado de tesão.
Geórgia está tão escorregadia que os meus dedos fazendo movimentos de
ir e vir produzem som de molhado. Ela geme e puxa os fios dos meus cabelos com
força. Poderia incomodar, mas saber que está assim por minha causa me deixa com
tesão.

— Mais forte, Lucas. Mais rápido — pede, eu faço como quer e volto a
chupar os seus peitos também.

Quando sinto que vai gozar, tiro os dedos da sua boceta e me levanto com
ela nos meus braços. Afasto a louça apenas o suficiente para o meu intento e a sento em
cima da mesa.

Com os seios de fora e me encarando com olhos famintos, Geórgia não


fala nada. Ela realmente se colocou nas minhas mãos e espera que eu faça o que quiser

em nome da satisfação sexual que teremos no final.

Eu chego bem pertinho, aliso as coxas macias e depois afasto as pernas o


suficiente para me colocar entre elas. Sem deixar de a encarar, seguro um punhado de
cabelo com firmeza e pendo a sua cabeça para trás.

A garota está à minha mercê. Se eu fosse um criminoso, esse seria o


momento certo, mas tudo o que pretendo é amá-la tão intensamente que irá sentir as
marcas e as sensações do meu toque durante dias no seu corpo.

— Minha. Inteiramente minha — falo, o sentimento de possessividade se


torna tão cru e latente que não considero mais nada antes de chupar no lado esquerdo do
seu pescoço.
O tesão me consome enquanto faço o sangue acumular na pequena porção
de pele que estou judiando. Passo vários segundos sugando-a como se eu fosse um
vampiro, mas o máximo que terá é a marca da minha boca no pescoço.

— Todos verão — sussurro, quando sinto que foi o suficiente.

— Não me importa — afirma, meu pau sente o impacto. Não há a menor


chance de eu não deixar mais marcas em outras partes do seu corpo.

Sentindo que nenhum de nós dois aguenta mais esperar, tiro a sua calcinha
e a descarto no chão. Em seguida, afasto-me o suficiente para abrir a calça e tirar o meu
pau para fora da boxer.

— É o meu pau que você quer agora, menina safada? — Provoco, ela
acena positivamente.

Melo a cabeça do meu cacete entre os seus lábios vaginais e meto


profundamente, fazendo o seu corpo sofrer o impacto, mas a minha namorada não sai do
lugar, pois estou segurando-a pela cintura.

— Eu preciso de você, Lucas.

— Estou aqui, minha linda. Sente isso. O meu pau está rasgando sua
boceta apertada, mas você gosta, não é? Gosta porque é uma putinha viciada em foder
comigo — falo, penetrando-a sem dar descanso, louco de desejo e segurando-me para
não gozar ainda.
Eu amo a foder com força, bater as nossas pélvis sem parar e fazer até os
quadros na parede tremerem com os sons que fazemos. O problema do sexo selvagem é

a vontade de gozar antes mesmo de começar. Porra! É uma loucura me segurar para não
a encher de porra, mas sempre resisto. Melhor do que gozar é senti-la vindo antes,
gritando pelo meu nome.

Por mais intenso que esteja, não quero que acabe tão rápido. Tenho outros
planos.

— Mete, porra! — Ela implora, enquanto afunda as unhas afiadas nos


meus ombros.

Eu a levo para o sofá, sento-me e peço: — Você quer? Então tome tudo de
mim. Cavalgue-me, amazona.

Geórgia começa a rebolar e a sentar, agora me dominando por inteiro. Já


sem fôlego depois de vários minutos, começa a se mover bem lentamente, saindo e
voltando. Desce a cabeça para o meu pescoço com a intenção de fazer o mesmo que fiz
no seu.

Porra! Agora eu sei como se sentiu quando foi a sua vez. Ter o pescoço
chupado dessa forma é bom pra caralho e me faz sofrer um pouco mais para não gozar.

Quando minha namorada termina, levanto-me com ela atracada no meu


corpo. Beijando-a de língua, a carrego para a parede mais próxima e a fodo em pé.
As minhas pernas ficam bambas quando gozamos juntos, mas não a solto.
Não deixo de beijar a sua boca, sentindo-a de todas as formas que nos dá prazer.

Quando os nossos corpos se acalmam, Geórgia sorri para mim como


sempre faz e dá um gritinho ao ser carregada nos meus braços para o banheiro da suíte.

Continuamos nos tocando e nos beijando enquanto tomamos banho. O meu


coração arde de paixão. Estou tão completo que sinto que não preciso de muito mais do
que esse amor para continuar sendo um homem feliz. A felicidade que encontrei depois
que a amei.

Se me perguntassem como cheguei até esse momento, eu não saberia dizer.


Estou tão louca de tesão que poderia trepar para sempre sem me cansar.

Apesar de ser loucamente apaixonada por esse homem, eu sei a razão para
essa falta de controle, por ter me permitido experimentar algo que era tabu para mim,
mas não quero pensar no assunto. Eu só preciso viver e aproveitar cada momento e cada
experiência ao lado do meu amor.

Tenho amigas que fizeram sexo anal. Algumas gostam, outras nem tanto.
Da minha parte, tenho dúvida se esse pau grande não irá me arrombar, se não existe o
risco de eu tentar sorrir e acabar fazendo o número dois de maneira involuntária.

Mas a palavra que me define é fogo. Estou queimando por esse homem. O
banho que tomamos juntos, e talvez fosse o momento de descansarmos um pouco da
última rodada, começou com um beijo e terminou com nós dois caindo molhados e nos
beijando na cama.

Rapidamente, recomeçamos a excitar um ao outro. Agora estou assim:


deitada de bruços e com a boceta toda melada, enquanto o meu homem besunta o meu
anus e o seu pau com lubrificante. Estou tremendo, mas não é medo, é tesão.

Tentei buscar mais temor pelo meu próprio cu no fundo da minha alma,
mas me convenci de que serei a primeira virgem de cu que sente mais ansiedade do que
medo.

— Acho que está bom — digo, olhando por cima dos ombros. O belo
homem está de joelhos atrás de mim e completamente excitado.

— Você sabe que será desconfortável e que doerá bastante no início, não
sabe? — Nem ele está acreditando na minha falta de temor.

— Eu sei, mas estou com tesão. Será que tem algum problema comigo?
— O seu único problema é ser uma putinha que não resiste ao meu pau.

— Ufa! — Brinco, meu namorado dá um tapinha no lado da minha bunda.

Ele posiciona a cabeça grossa do seu membro na minha entrada e começa a


pressionar, e então pressiona um pouco mais, até que finalmente enfia no meu cu.
Apenas a cabeça entrou, mas já entendi porque deveria ter temido a dor.

Dói para caramba, e nem toda a preparação e lubrificante são suficientes


para tornar mais fácil. Fico tensa e tento fazer movimento de empurrar para trás. Ele não
reclama e continua indo em frente.

— Isso, amor. Continue assim — fala, totalmente concentrado em não me


machucar muito.

— Preciso que pare. Isso não é para mim. Você está me arrombando, filho
da puta!

— Preciso que aguente só mais um pouquinho, querida. A dor vai passar e


você entenderá porque algumas mulheres gostam do sexo anal.

Meu namorado fala com a confiança de alguém que sabe o que está
fazendo. Tenho certeza de que realmente sabe.

O tempo passa e, vagarosamente, centímetro após centímetro do seu


membro invade o meu cu. Quando entra inteiro, sinto que o meu coração vai parar de
bater, mas Lucas me pede para relaxar e começa a me distrair ao enfiar a mão entre os
nossos corpos para acariciar a minha boceta.
— Assim, meu amor. Concentre-se no prazer e esqueça a dor — enquanto
faz o pedido, Lucas começa a entrar e sair com cuidado.

Eu realmente começo a me concentrar nos seus dedos na minha boceta e


esqueço por um momento que tem um pau alargando o meu ânus. Alguns minutos
depois, passo a gostar de sentir um pau alargando o meu cu. Meio minuto depois, já
estou implorando para que nunca mais deixe de meter no meu cu.

Depois que fica bom, a sensação passa a ser quase indescritível, é uma
mistura de dor com prazer e intimidade. Ele está dominando não só o meu corpo, mas
também o meu coração, e eu gostaria de o abraçar e nunca mais soltar. Preciso que me
dê mais de todo esse prazer, mais do seu olhar e da forma como me ama e deseja.

Os pensamentos e os sentimentos surgem enquanto ele me leva ao orgasmo


e eu me desmancho de prazer. É tão bom que quase não consigo conter as minhas
lágrimas quando nós dois caímos exaustos, um ao lado do outro na cama.

Quando percebe que estou engolindo o choro, meu amor fica um pouco
desesperado por pensar que me machucou de alguma forma, eu apenas o abraço e choro
um pouco mais.

— Por favor, menina. Por que não fala nada? Se te machuquei…

— Você só me deu prazer, Lucas — declaro, beijando o seu peito


levemente suado.

— Então, qual o motivo das lágrimas? — Indaga.


— São de felicidade. Você me faz feliz, e sinto que foi o melhor presente
que ganhei ao voltar para o Brasil.

— Se está feliz, sorria. Não gosto de ver lágrimas no seu rosto — declara,
levanta a minha cabeça e mais uma vez seca o meu rosto com beijos.

Lucas beija a minha boca e a gente fica agarradinho namorando por um


tempo. Quando começo a bocejar, meu namorado me abraça por trás e se aconchega,
mas acaba dormindo antes de mim.

Os meus pensamentos me fazem voltar a chorar novamente. Dessa vez, o


choro traz o aperto no peito junto, porque premeditei esse encontro, imaginando que
talvez fosse o último.

O amor que nasceu tão rapidamente entre nós é enorme e bonito, mas
cresceu com o fim de outras relações e não é justo que seja assim.

Não sei se farei o que é certo, ou se cometerei um erro irreparável, mas


talvez seja o momento de tirar o meu time de campo para que tudo volte a ser como
antes da minha chegada.
CAPÍTULO 19

Uma semana depois

— Bom dia, filha — Arthur me cumprimenta quando entro na cozinha às

oito da manhã. — A Lica não vem, mas eu preparei o café da manhã para me desculpar
por ontem. Eu não queria ter chegado em casa bêbado. — Sento-me à mesa, pensando

que já o vi bêbado outras vezes, mas não falo nada.

— O senhor deveria parar de beber, pai. O que está pensando? Vai se

tornar alcoólatra a essa altura?

— Está me chamando de velho? O homem que você chama de namorado é


apenas dois anos mais jovem do que eu. — O fato de ele estar citando o Lucas me
surpreende. — Mas você está certa, estou abusando.

— Promete que vai parar?

— Parar?

— Pelo menos maneirar — sugiro.

— Prometo, querida. O que eu não faço por você? — Fala, sorri com
carinho e segura a minha mão em cima da mesa.

— A minha mãe pensa que decidi voltar ao Brasil para tentar ter uma
relação de pai e filha com o senhor. Ela nunca acreditou que eu queria muito estudar

aqui.

— Ela estava certa?

— Estava. Sempre esteve. Por um tempo, senti um pouco de raiva por você

ter sido um pai ausente. Depois, os sentimentos mudaram para ressentimento. Quando
fiquei mais velha, comecei a pensar em como seria ter um pai.

— Filha, você não imagina o quanto me arrependo. A sua mãe te levou


embora, mas eu poderia ter me esforçado e dado o meu melhor por você. Se pudesse

voltar atrás, juro que teria feito tudo diferente — declara.

Fico emocionada, pois foi uma das coisas mais bonitas que me disse.

Sempre quis ouvir essas palavras vindas dele. O mais importante é o arrependimento,
porque temos tempo para consertar o que está fora do lugar.
— O senhor precisava de uma chance, e estou te dizendo agora que teve a
sua chance e a honrou. Tem sido atencioso e amoroso comigo desde que cheguei. Tem
sido tudo e muito mais do que imaginei que seria como pai.

— Você quer me fazer chorar, é isso? — Questiona.

— Eu amo o senhor, e realmente sinto que é o meu pai de verdade. Sei que
não temos como voltar no tempo, mas podemos focar no futuro e no que construiremos

juntos.

— Eu também te amo, Geórgia — declara, levanta-se e beija a minha testa


com carinho. — É uma boa garota e não sei se mereço uma filha como você,

considerando tudo que fiz para tentar atrapalhar a sua felicidade desde que… desde
que…

— Me apaixonei pelo seu melhor amigo?

— Filha. Se coloque no meu lugar.

— Eu me coloquei, e tenho certeza de que o Lucas também. Mas nós não


pensamos que a sua resistência em aceitar fosse tão longe.

— Não sei mais o que pensar acerca desse namoro. Não que minha opinião
sirva de alguma coisa, considerando que estão juntos.

— O meu namoro com o Lucas se tornou o menor dos seus problemas.


Consegue perceber isso? O senhor perdeu o seu melhor amigo. Uma amizade de vinte
anos.
— João Lucas falou um monte de merda para mim. Despejou acusações e
expôs feridas que eu não sabia que existiam, muito menos que estavam abertas. Ele me

fez acreditar que nunca fui um bom amigo.

Arthur está aberto para conversar, isso significa que realmente sente muito
por ter se afastado do amigo.

— O que o senhor pensa sobre isso?

— Talvez esteja certo e eu fui um idiota em todos esses anos. O fato de ele
ter colocado as mãos e os olhos em cima de você fica parecendo coisa pequena perto do
que fiz com a nossa amizade durante vinte anos

— Fez de propósito?

— Não, filha. Eu sou apenas o ser humano mais babaca do mundo por não
ter pensado que estava afetando o Lucas todas as vezes que abusei da sua boa vontade.
Eu tentei o fazer de capacho, porque sabia que sentia gratidão por mim. Que tipo de
pessoa horrível eu sou?

— As pessoas cometem erros, pai.

— Há erros que são imperdoáveis e injustificáveis. Você sabe como o pai


dele morreu, não sabe? — Digo que sim. — Eu usei esse fato para o ameaçar. Passei dos
limites e só comecei a perceber quando ele despejou um monte de merda em cima de
mim. Eu bebo porque não gosto do que sou na maior parte do tempo. Eram coisas que
estavam escondidas, mas que vieram à tona naquela conversa.
— Por que não o procura para esclarecer? Pai, não é feio pedir desculpas
quando estamos errados.

— Eu sei, mas o Lucas errou ao namorar você. O sentimento de traição


ainda está vivo.

— Por causa das expectativas que criou? Não perca uma amizade preciosa,
porque eu não acredito que o senhor algum dia encontrará alguém como ele para estar
perto.

— Fala isso como mulher apaixonada? — Brinca.

— Talvez, mas também porque nós dois o conhecemos, o senhor mais do


que eu, e sabemos que ele é um homem bom. Promete que vai pensar bem e tentar falar
com o Lucas sem brigar?

— Prometo pensar.

— Para de beber — peço mais uma vez.

Depois de uma semana preparando todos os detalhes, tudo fica pronto para
a minha viagem. Está na hora de colocar em prática a parte mais difícil do meu plano.

A conversa com o meu pai foi importante, mas ele deixou claro que o meu
relacionamento com o Lucas ainda é um problema que precisa ser resolvido para que a
vida de todos siga o seu curso natural.

Sinto que o nosso amor foi um desvio no caminho.


— Pai, vou viajar para os Estados Unidos — falo de uma vez.

— O quê?

— Já decidi e até comprei a minha passagem. Irei amanhã cedo, mas não
se preocupe, pois não abandonarei o senhor e nem o meu curso. — Ele tenta falar, mas
parece surpreso demais para conseguir formular uma frase. — Farei uma visita rápida
para a mamãe, porque não tem se sentido bem nos últimos dias e preciso estar com ela.

Não menti quanto a última parte, mas estou usando o fato para justificar a
ida repentina. Eu tenho que ir. Seria o meu fim ficar perto do Lucas agora. Não
suportaria a dor dele e nem a minha.

— Bom, você me pegou de surpresa. Também não posso negar que estou
com medo de te perder.

— Não vai me perder. Prometo que voltarei rápido.

— Acredito em você — fala, eu me levanto e beijo o seu rosto. — Quero


pedir só mais uma coisa: Até a minha ida, não conte a ninguém sobre a viagem.

— Tudo bem — diz, eu pisco para o meu pai e deixo a nossa casa.

A ida até a casa do João Lucas é a viagem mais difícil que já fiz na minha
vida. Eu tenho que parar algumas vezes, pois estou chorando tanto que é perigoso

continuar dirigindo nesse estado. O meu coração está sangrando dentro do peito, e não
sei qual versão de mim sairá da sua casa depois das mentiras que contarei.
Farei o que não quero, pois o sentimento de culpa não me deixa ser feliz.
Como poderia? Sinto que o nosso amor machuca o meu pai e o próprio Lucas.

Ele tenta fingir que superou, mas sei que é mentira.

Não sei o que acontecerá quando eu tirar o meu time de campo. Talvez
conversem e retomem a amizade, talvez nada disso aconteça, mas estarei com a minha

consciência tranquila, sabendo que não sou mais um dos obstáculos.


CAPÍTULO 20

Estou há uma hora tentando fechar as contas do mês no meu notebook

enquanto tomo o café no sofá, mas não consigo parar de pensar em outras coisas. Na

verdade, em outra pessoa. A minha namorada.

Eu queria poder acreditar que estamos bem, mas não estamos. Quer dizer,

sinto que não estamos.

Há uma semana, ela preparou o encontro perfeito e senti que aquela noite

nos deixaria mais próximos do que já estávamos. Mas não foi o que aconteceu. Os dias
foram passando e comecei a sentir a minha namorada um pouco distante, não

sexualmente, mas emocionalmente.


Vimo-nos com menos frequência, pois ela começou a dar desculpas para

não estar comigo, embora eu não possa afirmar que as vezes que desmarcou comigo
foram realmente desculpas.

Mesmo no pouco tempo em que estamos juntos, aprendi a conhecer e ler

os seus lindos olhos azuis, e eles não negam que tem algo que guarda apenas para si,
uma pontinha de tristeza que tenta mascarar para que eu não perceba. Vejo tudo, porque

a amo e estou sempre atento aos seus sinais.

Com medo de parecer paranoico, deixei que esses dias passassem e esperei
um pouco para ter certeza de que realmente não estava criando problemas onde não
existiam. Agora que cheguei à uma conclusão, estou sendo covarde por não ter coragem

de conversar com ela.

A verdade é que, embora não faça ideia do que possa estar passando pela

sua cabeça, ou dos sentimentos que guarda apenas para si, sinto medo. Pode ser que
esteja estranha por algo relacionado ao nosso relacionamento e corra o risco de perdê-la.

Amo essa garota com tudo que há em mim, muito mais do que pensei ser
possível uma pessoa amar outra. Esse amor me transformou de alguma forma e não sei
como seria se precisasse viver sem ele. Não calculei um jeito de viver sem o meu
coração e sem todos os planos que fiz para o futuro.

— Está na hora de deixar de ser um covarde! — Desligo o notebook e


levanto-me, decidido a ir até sua casa para esclarecer as minhas dúvidas.
Ela deve estar em casa a essa hora, mas pretendo mandar uma mensagem
para confirmar no caminho.

Assim que abro a porta para sair, dou de cara com a Geórgia parada.

Estava prestes a bater. Minha namorada nunca usa a campainha.

— Bom dia, querida — cumprimento, e puxo-a para um abraço. Sinto o


seu corpo um pouco tenso, como se não quisesse o meu toque. — Entre. — Dou

espaço, ao fechar a porta.

Como se não tivesse a intenção de ficar durante muito tempo, Geórgia fica
parada e não joga a bolsa sobre o sofá como sempre faz. Os seus olhos estão um pouco

avermelhados, deixando claro que esteve chorando.

— Você está bem? — Pergunto, dou um passo à frente para chegar mais
perto, mas Geórgia levanta a mão, fazendo sinal para que eu não me aproxime.

— Estou bem, mas preciso conversar com você.

— Tudo bem. Estou te ouvindo.

A sua atitude, não só de agora como também dos últimos dias, me faz
perceber que não vou gostar do que ouvirei, mas sou um homem de quarenta anos e não
fugirei da conversa.

— Eu quero terminar o namoro — fala de maneira direta e sem muita


emoção.
A frase fica repetindo na minha mente, mas a ficha não cai no primeiro
momento.

— Você está falando sério?

— Sim. Eu pensei bem e vi que o nosso relacionamento é muito


problemático e não é isso que quero para mim. Sou jovem e acredito que mereço mais.

— Mais? — Essa que está falando comigo nem parece ser a garota que
amo.

— Perdoe-me se usei as palavras erradas, mas realmente acredito que o

que sentia por você não era tão forte ou sério quanto pensei que fosse. Estávamos indo
rápido demais, e eu acabei me dando conta na última semana.

— Tem certeza do que está falando? — Indago.

O meu coração está partido e não sei como me sentirei quando estiver
sozinho para lamber as minhas próprias feridas, mas tenho um modo de agir, sou
maduro e não farei uma cena na frente dessa menina.

Mesmo se estivesse com vontade de me ajoelhar aos seus pés e implorar, a


minha natureza não permitiria que eu me humilhasse dessa forma.

— Tenho. Sinto muito se te fiz acreditar em algo que não era exatamente o
que…
Antes que termine de falar, aproximo-me o suficiente e pressiono o dedo
indicador contra os seus lábios.

— Não fale mais, menina. Preciso que me ouça agora — falo, ela balança a
cabeça e eu me afasto um pouco para fugir do seu cheiro. Os seus olhos estão cheios,
mas não quero as suas lágrimas.

— Lucas...

— Eu amei você de verdade. Ainda amo, mas não vou te culpar por ter se
enganado, afinal, é uma menina. Garotas da sua idade tendem a ser volúveis, embora eu
não acreditasse que fosse o caso pela forma como parecia disposta a enfrentar tudo pelo
nosso amor. Você está fazendo a escolha de não ficar mais comigo, assim como nós dois
decidimos ficar juntos em outro momento, e eu vou aceitar.

“Você pode viver a sua vida sem estar presa a algo que não é sério ou
importante o suficiente. Mas eu quero que ouça bem o que vou te falar agora. Nem
pense em voltar atrás nessa decisão. Não tente me procurar, porque não te quero mais na
minha vida. Que bom que você fez uma escolha e está consciente dela, porque estou

fazendo a minha agora. Você sairá da minha vida e não tente voltar, pois será perda de
tempo. A porta estará fechada. — Mal conseguindo me conter, caminho até a e
escancaro. — Vá embora.

— João Lucas, não fale assim — pede, eu seguro o seu braço e, sem muita
delicadeza, a levo para fora da minha casa.

— Não tem mais nada para falar, menina.


— Você está me odiando? — Tem coragem de fazer essa pergunta, quando
éramos namorados até alguns minutos atrás. Ela fez questão de jogar tudo fora.

— Quem dera eu pudesse te odiar. Mas posso escolher não te ouvir, eu não
quero continuar te ouvindo. Adeus, Geórgia. Obrigado pelos bons momentos.

— Me perdoe, acho que cometi um erro — fala, agora chorando


copiosamente, mas não tenho forças nem mesmo para olhar nos seus olhos.

— Fui eu que cometi um erro, mas vou ficar bem. Nós dois ficaremos bem
— falo, então fecho a porta, deixando a mulher que pensei que fosse amar a vida toda
do lado de fora.

Ela enlouquece e começa a esmurrar a porta, gritando e chorando


copiosamente. Eu vou para o meu quarto e me jogo na cama, permitindo-me chorar pela
primeira vez desde que me tornei adulto.

Já tive muitos motivos para chorar, mas nunca me permiti esse momento
de fragilidade. Agora, estou desabando por causa de uma garota que me fez desejar tudo
e, no fim, me deixou sem nada.

Está doendo muito. É uma ferida aberta que sangrará por um tempo, mas
superarei, assim como fiz com outras provações pelas quais passei ao longo da minha
vida.

Geórgia de Castro é uma página virada, e espero não ter mais que lidar
com a dor que ela causou. Que o amor morra tão rápido quanto nasceu.
CAPÍTULO 21

Duas semanas depois

Eu passei a minha infância em uma linda casinha com cerca branca.

Apesar de sentir um pouco a falta do meu pai, tive muito amor por parte da minha mãe e
do meu padrasto.

O meu quarto fica no segundo andar e a cama encostada na janela que dá


para a rua. Eu sempre tive a mania de afastar a cortina para o lado e ficar pensando em

tudo e em nada ao mesmo tempo enquanto olhava a rua.

Às vezes, ficava horas e horas olhando as crianças das vizinhas brincando


do lado de fora. Quando a minha mente estava cheia, ainda assim, eram pensamentos
leves.

Agora, voltei para o mesmo lugar, mas todos os pensamentos, as ideias e


os sentimentos são difíceis, sofridos e confusos.

Estou nos Estados Unidos há duas semanas, mas sinto como se nunca
tivesse deixado o Brasil, pois os meus pensamentos estão todos lá.

Correndo o risco de estar sendo injusta com as pessoas que me amam, os

dias têm sido longos e monótonos, algo que não sentia antes de ter conhecido o agito do
Brasil.

Fiquei feliz de poder matar a saudade da minha mãe e do meu padrasto no

começo, mas desanimei novamente depois de dois dias. A minha mãe notou que havia
algo errado comigo e sugeriu que eu saísse com os meus antigos amigos. Ouvi a Josy,

fui me divertir com as minhas amigas e até com o meu ex-namorado, mas a falsa
animação só durou até o final da primeira semana.

Entreguei-me depois de uma semana e parei de fingir para os outros e para

mim mesma. Eu não estou bem. Vim para fugir dos meus sentimentos e do peso das
minhas decisões, mas trouxe a bagagem junto comigo.

Passei parte da última semana dormindo e sonhando com o dia em que fui

feliz. A outra parte fiquei na cama com os joelhos dobrados e olhando o movimento da
rua através da janela.
O dia hoje está fresco, a brisa serve para aliviar o aperto no que restou do
meu coração.

— Filha, vamos descer para jantar? — A minha mãe fala da porta e eu

seco rapidamente as minhas lágrimas. Não quero que perceba que eu estava chorando.

Mas Josy é mãe, e nada escapa aos olhos e aos ouvidos de uma mãe. Ela
entra, fecha a porta do quarto e se senta na cama comigo.

— Filha, você está chorando novamente? Estou começando a ficar


seriamente preocupada com você.

— A senhora não tem que se preocupar — digo, mas essa foi uma escolha
errada de palavras.

Sinto vontade de me chutar, pois parece que sempre estou falando e


fazendo a coisa errada.

— Como não me preocupar? Você está deprimida desde que chegou, e


tenho a impressão de que perdeu um pouco de peso.

— Eu tenho os meus motivos para estar triste e a senhora sabe disso, mãe.

— É claro que sei. A minha princesa cometeu o erro de se apaixonar por


um homem mais velho. O melhor amigo do próprio pai. Tomou uma decisão pensando

em todos, menos em si mesma, e agora se questiona se fez a coisa certa.

— A senhora fez um bom resumo — tento brincar.


— Não estou te reconhecendo, Geórgia de Castro. Você não é de ficar se
lamentando e chorando pelos cantos. Tome uma atitude, filha! Se sente arrependimento,

vá atrás desse homem e peça uma segunda chance. Se não se arrependeu, e tenho que
deixar claro que não concordo com o que você fez, tente levantar a poeira e seguir em
frente, arcando com as consequências das suas próprias escolhas. O que não pode é se
deixar abater dessa forma, trancada no quarto e sofrendo. Não aguento mais te ver
assim.

— Preciso de um abraço – digo, ao abrir os braços.

Ela me abraça, depois eu deito a cabeça no seu colo.

— Quando você era criança e via todos aqueles filmes das princesas da
Disney, ficava fascinada pelas histórias de amor. Sempre dizia que o seu príncipe iria
aparecer em um cavalo branco e te levaria para um castelo com ele. Falava que iria ser
feliz de verdade com o homem que amava.

Ela conta, mas eu lembro como se fosse hoje.

— Eu encontrei esse amor que tanto idealizei na infância e adolescência,


mas o joguei fora — digo, engolindo o choro, pois não quero parecer fraca. Não mais do

que já estou sendo.

— Não é tarde, filha. Volte para o Brasil e enfrente todas essas questões.
Você é uma menina tão forte.

— Pensei que a idade dele tivesse assustado a senhora — comento.


Tive que me abrir com a minha mãe, senão iria sufocar. Contei tudo o que
havia acontecido, até mesmo que a minha vinda foi uma fuga.

— Assustou, mas entendi que você ama o melhor amigo do seu pai e
confio nas suas escolhas, menos aquelas que parecem questionáveis.

Julgando como uma pessoa de fora, Josy não passou a mão na minha
cabeça e me disse que eu agi de maneira equivocada ao misturar os assuntos e terminar
o namoro de forma tão cruel.

Sim, a minha própria mãe acredita que errei.

— Obrigada por me entender, mãe. A senhora sempre foi a melhor —


declaro.

— Ei, não pense que irá me enrolar, eu quero você na sala de jantar em dez
minutos — fala, deita a minha cabeça com cuidado na cama e sai do quarto.

Mais uma vez, os meus pensamentos voltam para o dia em que fui até a
casa do Lucas para enterrar o nosso amor. Sim, o nosso amor, pois embora tenha
mentido para ele, ainda o amo como antes.

Eu não sei o que passou pela minha cabeça por esperar algo diferente, mas
a reação do Lucas a todas as merdas que falei me deixou muito mais triste do que pensei
que fosse ficar

Ele falou como se estivesse aceitando tudo numa boa, nem mesmo tentou

questionar ou me fazer mudar de ideia. Foi até um pouco frio. Depois da forma como o
magoei, Lucas deixou claro que não quer mais saber de mim e ter essa ideia ecoando o
tempo todo na minha cabeça tem me deixado muito mal.

Eu acabei com uma história que poderia ter um final feliz. Destruí o amor
que parecia indestrutível com as minhas próprias mãos e agora só restou o vazio dentro
do meu peito.

Eu não sei o que aconteceu com os rapazes depois que viajei, pois o meu
pai, quando nos falamos, quase não toca no nome dos amigos. Já cheguei a perguntar

diretamente, mas ele foi vago ao dizer que tem coisas para as quais existem conserto,
mas que talvez nunca volte a ser como antes. É assim que se refere a amizade rompida.

Pensei muito antes de sacrificar o meu amor pelo bem de todos e para

aliviar o peso da culpa que estava me atormentando, mas sinto que cometi o maior erro
da minha vida, que meti os pés pelas mãos por não ter confiado no Lucas. Errei por ter
agido por conta própria e matado o nosso amor.

Tantos sentimentos e pensamentos tiram o meu sono e a minha fome, mas


o meu maior medo é voltar, olhar nos olhos do João Lucas e sentir que não me ama
mais. Seria a pior coisa que poderia acontecer, pois o amo como nunca.

É até ridículo da minha parte esperar por algo diferente depois do que fiz,
mas não consigo mandar nos meus sentimentos, que são uma bagunça. Não sei mais
como agir e isso está me matando.

Ao descer, sento-me à mesa e tenho um jantar agradável ao lado da minha


mãe e do meu padrasto amoroso.
Informo para eles que voltarei para o Brasil dentro de uma semana, pois
não posso deixar o meu pai, depois de ter prometido que voltaria, muito menos o meu

curso. Consegui ajeitar tudo na universidade para que a viagem não me prejudicasse nas
matérias, mas o meu tempo já passou.

Eu preciso voltar agora, porque até essa fuga covarde foi um fiasco e fui

atormentada pelas minhas escolhas em todas as horas que fiquei aqui. Se eu tivesse
ficado no Brasil, não teria deixado tanto tempo passar. Não teria aguentado sem o
procurar para implorar que me desse uma chance.

A dor que estou sentindo só foi boa para uma coisa. Ela me fez entender

que está tudo bem em ser egoísta em algumas situações, que não sou um monstro por
pensar na minha própria felicidade. Virei as costas para isso e posso ter perdido o
homem da minha vida para sempre.
Uma semana depois

Os meus olhos estão pesados, o meu corpo pede por descanso, mas a
minha mente não para. Prefiro ficar aqui trabalhando sem parar, em vez de voltar para
casa, tentar dormir e sentir que nunca mais terei sono suficiente para me fazer relaxar.

Eu estou bem, digo a mim mesmo. O que tenho sentido nas últimas
semanas é a forma que o meu corpo e mente encontram para se adaptarem à nova carga
horária de trabalho.

Fiquei fora de forma durante um período, enquanto brincava de casinha


com uma garota volúvel, mas estou de volta. Voltei a ser o João Lucas de antes, que
trabalhava e estava cem por cento no controle das suas emoções e ações.

— Entre — falo quando alguém bate na porta. Acho estranho, pois apenas
três pessoas costumam entrar no meu escritório e elas fazem isso sem bater.

Quando Arthur entra, entendo o porquê da batida. Ele não faz mais isso.
Não temos mais intimidade para tanto. Esse homem se tornou apenas o meu parceiro de
trabalho, nada mais.

Por causa de escolhas equivocadas, perdi a sua amizade, mas não sei se
perdi muita coisa, pois o fato de não ter dado certo com a sua filha não me fez voltar
atrás em nada do que falei na sua cara sobre a forma como me sentia.

Faz três semanas que a Geórgia foi até a minha casa e terminou comigo.
No dia seguinte, ela viajou de volta para os Estados Unidos. Senti o meu coração
dolorido no primeiro dia, mas depois pensei bem e me convenci de que foi a melhor
coisa que poderia ter acontecido. Dessa forma, não terei que vê-la na minha frente nunca
mais.

É muito mais fácil esquecer de um amor quando ele não está sendo
esfregado na minha cara o tempo todo.

— É falta de educação continuar batendo nas teclas do teclado quando tem


alguém na sua frente querendo falar com você — Arthur afirma, ao puxar a cadeira e se
sentar na minha frente.

— Pronto, parei. Já pode dizer o que quer e depois sair — falo com frieza.
É como se eu não conhecesse mais o homem que está na minha frente, como se vinte
anos tivessem sido vinte minutos.

— Costumávamos ser amigos.

— Talvez a amizade nunca tenha existido. Melhor, ela foi unilateral —


assevero. — Pode me dizer por que estamos falando disso agora?

— Lucas, eu sei que desculpas não mudam nada, mas eu vim te pedir
perdão. Eu soube que você estava certo quando me falou tudo aquilo. A minha ficha
caiu e me dei conta de que realmente fui um amigo de merda para você, que te usei e até
mesmo tentei te controlar.

— Isso já foi, não adianta mais ficar remoendo o que passou.

— É importante para mim que eu fale. Apenas me ouça.


— Estou ouvindo.

Tudo que eu não queria era voltar para esse assunto, mas seria bom
resolver essa história de uma vez e acabar com o clima de merda que existe entre nós e
que atinge os outros dois.

— Olhei para dentro de mim mesmo e percebi que não fui o amigo que
você foi para mim. Sim, fui um babaca, e até cruel durante vinte anos, mas não pense
que fiz de caso pensado. Eu não acordava todos os dias me questionando o que poderia
fazer para te ferir. Não foi dessa forma, João. Sou um completo idiota e irresponsável,
mas poderia ter me tornado um homem muito pior se não fosse por você.

“Você foi meu amigo e eu te decepcionei com as minhas atitudes. Mas


quero que saiba que sempre te amei como um irmão. Por pior que tenha sido com você,
sempre te admirei. A ideia de perder a sua amizade nunca passou pela minha cabeça e
agora que se tornou realidade, me dei conta do quanto a nossa amizade era valiosa. Eu
estou me sentindo perdido, Lucas.

Arthur falou tanto que me deixou um pouco tonto, mas foram palavras que
eu não esperava ouvir dele. Não do teimoso Arthur.

— Eu não sei o que dizer, Arthur. Por que está vindo falar comigo hoje?

Mudou de ideia depois que a sua filha me deixou? Você está sendo muito previsível,
meu caro.

— Essa conversa não tem nada a ver com a Geórgia. Não é sobre o

relacionamento de vocês.
— Tudo bem.

— Deveríamos ter tido essa conversa há muito tempo, mas você me


conhece e sabe o quanto posso ser teimoso e orgulhoso. Não quero que finja que nada
aconteceu, só quero propor que a gente se trate melhor, sem clima pesado e sem brigas.
Se possível, gostaria de consertar algumas coisas para mostrar para mim e para você que
posso, sim, ser seu amigo de verdade. Farei diferente, João Lucas, por mim e por você.

— O fato de saber reconhecer os seus erros mostra que você é uma pessoa
boa e que está disposto a evoluir. É o primeiro passo, Arthur. Todos nós estamos
evoluindo constantemente, inclusive eu.

— Eu sei que têm coisas que não dá para consertar, mas há conserto para a
nossa amizade — afirma.

— Dê tempo ao tempo — peço, embora estivesse fingindo até para mim


mesmo que não sentia a sua falta.

— Você sabe que eu jamais cumpriria aquela ameaça, não sabe?

— Sempre soube, tanto que não me preocupei muito com esse assunto.
Você só foi idiota ao extremo, Arthur, mas não é cruel.

— Quanto a Geórgia…

— Se quer que a nossa relação melhore, não fale da sua filha. A gente
terminou.
— Ela gosta de você, embora eu não entenda o porquê. Você é somente um
velho chato — fala, eu arqueio a sobrancelha.

— Decidiu ser cupido, depois de ter fodido com tudo?

— Ela terminou com você por minha causa?

— Não. Terminou porque não era nada sério. Mas eu não quero falar sobre
isso. A sua filha está fora da minha vida. E se não quer continuar fora também, não
volte a mencioná-la. Não preciso saber de nada a respeito da garota.

— É por causa dela que está se matando de trabalhar?

— Eu sempre trabalhei muito — defendo-me.

— Está trabalhando quase o dobro. Praticamente não sai mais desse


escritório.

— Deveria ir trabalhar também, ou cuidar da sua vida. Arrumar uma


mulher, talvez?

— Eu tenho as minhas mulheres — fala sorrindo, ao se levantar e ir na


direção da porta. — Estou feliz porque estamos nos acertando, irmão.

— Não exagere. Para mim, você ainda é um babaca.

— E você é um comedor de filhas alheias, estamos empatados.


Ele deixa a minha sala e eu solto uma gargalhada. A primeira depois de
muito tempo.

Os meus olhos estão tão pesados que começo a dar piscadas mais longas,
então decido que não posso mais ficar aqui. Mesmo que não consiga descansar como
preciso, em casa terei mais conforto para relaxar o suficiente para não entrar em
colapso.

Antes que eu saia da sala, Manu entra.

— Estava me preparando para ir embora — digo.

— Você anda trabalhando demais. Sou o seu irmão e vejo que não está
bem.

— Eu estou ótimo.

— Sei que não quer falar, mas está assim por causa da garota. Você a
amava muito. Ainda ama e não sabe como reagir ao fim do namoro.

— Só acertou em um ponto: Eu não quero falar a respeito desse assunto,


ou sequer ouvir qualquer coisa sobre a Geórgia.

— Então, é melhor que se prepare, porque ela está voltando para o Brasil

amanhã.

Sua revelação me pega totalmente de surpresa e o meu coração fica


disparado no peito.
— Pensei que tivesse ido embora.

— Foi um erro de comunicação. Ela foi visitar a mãe, mas sempre teve a
intenção de voltar — explica.

— E por que eu deveria saber dessa informação?

— Ela pediu para ser readmitida. O Arthur, o Miguel e eu estamos de


acordo. Você tem alguma objeção?

— Nenhuma. Mesmo se tivesse, eu seria voto vencido — digo. Ainda não


sei como me sentir com a notícia de que a verei muito em breve.

— Irmão, sente-se para conversarmos — pede, eu o atendo, pois sei que


não me deixará em paz enquanto não ouvir o que tem para dizer.

— Estou ouvindo.

Tem sido dessa forma nas últimas semanas, vivo no modo automático. Não
discuto mais, apenas aceno positivamente, aceitando o que dizem.

— Você sempre foi fechado e muito duro consigo mesmo. O Miguel e eu


somos os seus irmãos e, ainda assim, não conseguimos chegar perto de você o
suficiente. Entendemos que é a sua forma de se proteger, mas tem deixado quem está à
sua volta preocupado.

— Eu não quero que se preocupem comigo — digo.


— Então não dê motivos. Você estava feliz demais com a garota, tanto que
até parecia outra pessoa.

— Eu não contei os detalhes, mas ela foi até a minha casa e terminou
comigo, alegando que não me amava, e que a nossa relação não era séria. Geórgia jogou
no lixo o amor que eu pensei que existia entre a gente.

— Imagino o quanto deve ter sido ruim para você.

— Desde então, me sinto sem rumo e sem motivação, porque o Lucas que
eu era antes parece não servir mais. Tento não me matar de trabalhar, mas o trabalho me
faz esquecer de como apostei tudo em uma relação e tive o meu coração arrancado do
peito.

“Você pode até não acreditar no que vou dizer, mas não a odeio pelo que
fez, afinal, a culpa foi minha por ter ficado tão cego que não pensei que era apenas uma
jovem experimentando algo novo, que corria o risco de se cansar rapidamente. A única
coisa que eu tinha era o fato de não precisar mais vê-la, mas até isso está sendo tirado de
mim.

— Essa é a chance de vocês conversarem, talvez até possam se acertar.

— Você não ouviu nada do que falei, não é? A Geórgia não me ama!
Mesmo que se arrependesse, eu não a perdoaria e deixei isso bem claro para ela. Não há
volta, irmão.

— É uma pena, porque o Manu e eu acreditamos que ela mentiu.


— Mentiu mesmo — afirmo.

— Mentiu sobre não te amar.

— Como?

— Isso mesmo. Quando você e Arthur estavam no auge da briga, Miguel e


eu a convidamos para jantar e falamos sobre o assunto. Claro que a nossa intenção não
era fazer com que se sentisse culpada, mas talvez tenhamos aumentado uma culpa que
ela já estava sentindo pelo fim da amizade de vocês.

“Nós temos quase certeza de que teve a ideia idiota de sair do caminho
para que você e o pai dela parassem de brigar. Ela também ficou preocupada quando o
Arthur começou a beber além da conta.”

— Ou talvez nunca tenha me amado de verdade.

— Não seja cínico, meu irmão, não combina com você.

— Por mais que doa, prefiro acreditar que não me amava a cogitar que
mentiu. Seria muito pior, porque seria a prova de que não confiou em mim, que o amor
era tão frágil que foi usado como moeda de troca. Eu sei que você e o Miguel me amam
e só querem ajudar, mas acabou, irmão.

“Eu só estou passando por um momento difícil, mas vocês me conhecem e


sabem que vai passar. Saberei agir com profissionalismo e tratarei a garota como trato
todos os outros funcionários, mas a nossa história acabou e vocês estão proibidos de
tocar nesse assunto.”
— João Lucas…

— Estou de saída. Vamos? — Falo, ao levantar-me da cadeira e começar a


juntar os meus pertences, desesperado para mudar de assunto. — Por que não me conta
o que vocês dois têm feito enquanto fico trancado aqui?

Meu irmão me acompanha até o carro e ficamos conversando alguns


minutos.

Quando chego em casa, vou direto para o chuveiro e tomo um banho


gelado para esfriar a minha cabeça. O amor que tentei matar está mais vivo do que
nunca e me machucando todos os dias.

Se estava sendo difícil antes, agora que voltará, será muito pior, mas não
tenho escolha além de enfrentar a situação, pois não importam as suas motivações, não
há mais volta para nós dois.

Falei com todas as letras no dia que veio partir o meu coração e não sou
um homem que volta atrás, mesmo que para isso morra um pouco todos os dias.
CAPÍTULO 22

Três dias depois

Depois de trocar de roupa cinco vezes, finalmente decido sobre o que usar

hoje. Os meus cabelos estão soltos e brilhantes. Passei um batom vermelho na boca,
pois quero arrasar. Optei por uma minissaia preta e uma camisa vermelha, cujo decote

em V valoriza os meus seios.

É muito importante dar valor a eles e os deixar em evidência, porque ele

adora essa parte do meu corpo. Admirava abertamente e não perdia a chance de tocar
com a mão e a boca.
Passo o perfume que o Lucas gostava sem fazer economia. Estou linda,

mas a minha confiança está apenas no visual.

Cheguei ontem e tive algumas boas notícias. O meu pai disse que ouviu o
meu pedido, começou a pegar leve com a bebida e está há três semanas sem ter um

porre. Ele ficou tão feliz com a minha volta que até ajudou Lica a preparar o jantar.

Também me contou que teve uma conversa com o Lucas e pediu desculpas
pela forma como agiu esse tempo todo. Segundo o meu pai, Lucas não o rechaçou, mas

também não o perdoou de cara. Ele conhece bem o amigo e acredita que o tempo se
encarregará de colocar tudo no lugar novamente.

As suas palavras deixaram evidente que o fato de eu ter me afastado não

foi a razão para as coisas terem começado a melhorar entre eles. O meu pai estava
bebendo por culpa e criando coragem para deixar o orgulho de lado e procurar o melhor

amigo para conversar.

Essa percepção me deixou um pouco mais triste do que antes, mas tentei

não me deixar abater.

Depois do jantar dormi durante horas, mas acordei descansada e animada


para sair e me divertir.

Quem estou querendo enganar? A minha única expectativa é voltar a ver o


meu amor. Estou com tanta saudade e medo que chega a ser sufocante. Não sei
exatamente o que esperar, mas só a ideia de ver o João Lucas deixa as minhas pernas
bambas e o meu coração disparado.
A verdade é que não dá para fingir que não o machuquei. Não posso voltar
agora como se nada tivesse acontecido, esperando que me receba de braços abertos. É
justamente por ter essa percepção que me sinto tão insegura. Ele tem motivos para não
querer olhar na minha cara, inclusive, me avisou o que aconteceria se eu tentasse voltar

para a sua vida.

Saber que errei não me impede de tentar, não é mesmo? Não serei mais
covarde do que já fui.

— Está linda, filha — Arthur me elogia quando chega à sala.

— O senhor acha? Peguei a primeira roupa que vi no guarda-roupas —

minto, o homem sorri.

— Tenho certeza de que experimentou todo o guarda-roupas. Está


querendo impressionar alguém?

— Talvez.

— Geórgia, você me contou o que tentou fazer e eu entendi a sua intenção,


mas você sabe que agiu mal, não sabe? Não é assim que se resolve as coisas e você não

descarta pessoas como se elas fossem nada.

— O senhor deveria estar feliz, não é? Sempre foi contra o meu namoro

com o Lucas. A dificuldade que tivemos desde o início foi por sua culpa.

— Fui intransigente e cabeça dura, mas isso não te impediu de ficar com o
meu melhor amigo. Os seus erros são seus.
— Perdão, pai. O senhor está certo. Tentei solucionar problemas sozinha e
meti os pés pelas mãos. Eu amo o Lucas.

— Tente deixar de amar. Eu o conheço há vinte anos e sei que não é o tipo

de pessoa que dá segundas chances.

— Ele deu para o senhor.

— É diferente. Além do mais, o Lucas não me deu uma segunda chance,


terei que fazer muito mais do que pedir perdão para que me veja como amigo outra vez.

— Até parece que as nossas vidas giram em volta do João Lucas. Tudo é

sobre ele — falo em tom de brincadeira, mas é a verdade.

— É porque ele é um homem bom e marcou as nossas vidas, mas está no


nosso sangue a incrível capacidade de fazer merda.

— Também somos capazes de consertar.

— Assim que se fala, garota!

— Pai, dificilmente ele vai me perdoar, mas se eu tiver sorte e o Lucas um


dia quiser voltar comigo, não espero que o senhor continue se opondo. Supere o fato de
termos nos apaixonado.

— Está superado, Geórgia. Vou tentar não pensar que o meu melhor amigo
está fod… esqueça isso!
— É melhor.

— Já está pronta para sair?

Quando chegamos, a noite de diversão está no auge para as pessoas que


frequentam o lugar.

Eu poderia ter chamado meus colegas da faculdade para se divertirem, mas


preferi ficar livre na noite de hoje, sem me sentir presa a um grupo. Tenho um foco e
não quero me desviar dele.

Pego uma mesa onde é possível ver parte do salão, pois ela fica em um
patamar acima do piso. Os meus olhos sabem o que estão procurando, ainda que as
chances de ele sair da sua sala sejam bem pequenas.

Enquanto os outros três cuidam da parte prática que é garantir que tudo
saia bem para os convidados, João Lucas fica trancado no escritório e não reclama
disso. Ele odeia se misturar com as pessoas e sempre me aproveitei desse fato, pois
tínhamos muitos momentos a sós, seja na sua sala, no depósito de bebidas ou pelos

corredores vazios desse lugar.


Sempre o convencia a me comer em momentos ou lugares aleatórios e
sinto muita falta disso.

Enquanto observo pessoas desconhecidas dançando e bebendo, lembro-me


de como foi fácil para o Lucas terminar a relação com a ex. Ele sempre falou com
carinho e sei que gosta e respeita a mulher, mas nunca pareceu abalado por ter colocado
fim em uma relação de três anos.

Agora, estou me perguntando se não fez a mesma coisa comigo, com a

agravante de que não ficamos juntos nem dois meses. Ao mesmo tempo em que quero o
ver, sinto medo de sentir a indiferença e a frieza no seu olhar. E se tiver outra namorada?

Pode ter acontecido, e o meu pai não me falou nada para não me chatear.

Passei semanas sem saber nada sobre ele, agora estou no escuro.

O mais irônico de tudo o que estou sentindo é que mereço toda e qualquer
reação indesejada que o Lucas possa ter.

— Parece que tem alguém precisando de uma bebida — Miguel me assusta

ao colocar a taça com caipirinha na minha mesa.

— Ei, eu estava com saudade de você, João Miguel. — Levanto-me e o


abraço.

— Posso? — Indaga, apontando para a cadeira vazia.


— Deve — digo.

— Como foi a viagem?

— Pior do que imaginei que seria — digo, depois tomo um grande gole da
bebida.

— Está falando isso pelo fim do namoro com o meu irmão? — Ele vai
direto na ferida.

— Exatamente. Tentei fugir dos problemas, mas eles foram na minha mala.

— Eu não quero te julgar, porque sabe que te adoro, mas que merda você
tentou fazer, menina?

— Não me pergunte.

— Não sei o que passa pela sua cabeça ou quais são os seus sentimentos,
mas ficou parecendo que quis brincar com o meu irmão. Ele te amava, como nunca
demonstrou ter amado a Jasmine, que esteve ao lado dele durante três anos.

— Eu amo o João Lucas e não deixei de amar um segundo sequer —


declaro. No segundo gole, termino de esvaziar a taça.

— Mas disse o contrário.

— Tentei fazer o que era certo e fiz tudo errado.


— Imaginei que você tivesse metido os pés pelas mãos e falei sobre isso
com o Lucas. Tentei fazê-lo enxergar que você o amava.

— Como ele reagiu? — Pergunto, o meu coração acelera e se enche de


esperança.

— Não quer saber de você. Disse que não importa o que tentou fazer, que
prefere acreditar que nunca o amou a pensar na possibilidade de você não ter confiado
nele. Eu sinto muito, Gegê.

— O que eu vou fazer? — O garçom passa por nós oferecendo bebidas, eu


pego a mais forte.

— Não exagere, querida. Não estou a fim de cuidar de uma bêbada hoje.

— Não se preocupe, não sou como o meu pai e sei beber sem passar
vergonha. Só estou tensa demais e o álcool no meu sangue me fará relaxar.

— Se você diz, acredito.

— Você que é irmão dele e o conhece profundamente, me diga como posso


amolecer aquele coração de pedra. Eu poderia começar pedindo desculpas
humildemente e me declarando, mas duvido que me deixe chegar perto o suficiente para
trocarmos sequer uma palavra.

— Quando quer, o Lucas consegue ser mais teimoso e orgulhoso do que o


seu pai, mas, nesse caso, nós sabemos que é mais do que orgulho. Você deixou o meu
irmão nocauteado.
— Ele falou algo sobre mim?

— Não nos deixa falar sobre você por mais do que dois segundos. Na
verdade, o Lucas não tem feito nada além de trabalhar incansavelmente. Estamos
ficando preocupados, mas sempre diz que está tudo bem.

— Merda! Eu vou dar um jeito nisso, ou não me chamo Geórgia! —

Assevero, ele me olha com ceticismo. — Sei que vai me dizer que será impossível,
porque o Lucas não me perdoará, mas não precisa gastar saliva, pois ouvi tudo da boca
dele.

— Se tem alguém que pode conseguir algo do meu irmão, esse alguém é
você. Além do mais, eu trocaria a palavra impossível por difícil. Pode ser muito difícil,
mas jamais impossível quando existe amor. O meu irmão te ama e eu não tenho a menor
dúvida disso.

— Obrigada, você me deu um pouco de ânimo.

— O que vai fazer?

— Você não sabe do que sou capaz, Miguel. Não existe uma pessoa mais
determinada do que eu quando quero algo. Farei o seu irmão me ouvir. Pode até não
perdoar, mas me ouvirá. E depois que me ouvir, farei com que se torne impossível não
me perdoar.

— Impossível? Estou ficando com medo de você. Coitado do João Lucas.


— Não sinta pena. Quando acabarmos a nossa conversa, ele começará a
planejar um mês inteiro de férias comigo.

— Gosto da sua confiança e estou apostando em você, pois é a única capaz


de o fazer parar de trabalhar como um louco e voltar a agir como um ser humano, não
um robô sem sentimentos.

— O robô mais lindo que existe — falo, toda melosa, e meu cunhado rola
os olhos para cima.

— Vou te deixar sozinha para que faça o seu plano de conquista, Gegê —
fala, e se levanta. — Já estou contando com os sobrinhos.

— Terá que esperar um pouco. Se o Lucas e eu voltarmos, o terei só para


mim durante um tempo.

Fico mais confiante apenas por fazer planos.

— Sabe o que você é? Uma desmancha prazeres — fala sorrindo, então me


deixa sozinha.

Conforme a noite avança, eu pego bebida todas as vezes que o garçom


passa na minha mesa. Ele sabe que sou filha de um dos donos, então nem se preocupe
em fazer uma conta para mim.

Digo a mim mesma que estou bebendo para tomar coragem, antes de subir
até o escritório do meu amor. Parece bobo, mas gostaria que fosse em outro lugar.
O fato de o escritório ter se tornado o seu refúgio o torna um terreno hostil
para mim.

Como a vida é cheia de surpresas, olho na direção do bar no momento em


que o Lucas se aproxima e pede duas bebidas.

Duas bebidas? Questiono-me.

A minha pergunta é respondida quando a sua ex-namorada chega e um


cumprimenta com um abraço e… um beijo na boca. Um beijo leve, mas foi na boca.
Fico surpresa e fervilhando por dentro, dividida entre a irritação e a tristeza.

Os meus olhos começam a arder, porque a minha vontade de chorar é


quase incontrolável, mas engulo as lágrimas com a bebida. Estou decidida a não me
deixar levar pelo ciúme. Eu procurei isso, não foi?

Mesmo que a culpa seja minha, não ficarei de braços cruzados, esperando
que outra mulher roube o meu amor. O Lucas é meu, foi ele mesmo quem disse!

Antes de agir, decido tomar, literalmente, mais algumas doses de coragem.


O álcool entra no meu sangue e já estou sorrindo quando me levanto da cadeira. Sim, a
vida pode ser engraçada.

Enquanto afasto as pessoas, sinto que o caminho está sendo um pouco


tortuoso e que todas as pessoas são gêmeas. Há dois de cada um.

Será que hoje é o dia dos gêmeos?


Onde está a minha irmã gêmea? Olho para o lado, a fim de dar um
soquinho de mãos, mas ela não está aqui, então concluo que é invisível e faço o gesto no
ar. A minha mão bate em alguém, eu peço desculpas e sigo o meu caminho.

Sinto-me feliz por estar indo salvar o pai das minhas filhas das mãos da
oferecida.

Ela me paga!

Tudo que eu não queria era vir até o bar e ficar perto de tantas pessoas.
Mais do que nunca, preciso ficar sozinho, porque dessa forma o meu mau humor não
contamina ninguém.

Mas a Jas me ligou há pouco e insistiu para me ver. Certamente, descobriu


que levei um pé na bunda e agora quer tripudiar em cima de mim. Não acredito que
queira tentar retomar a nossa antiga relação. Isso já passou.

Eu aceitei e desci para que não ficasse parecendo que não tenho
consideração, mas já me arrependi. Para a minha sorte, a mulher chega assim que peço
as bebidas. Sei o que gosta de beber quando sai à noite.

— Estava com saudade de você — Jas fala, se aproxima e me beija na


boca. É um beijo breve, mas incômodo, considerando que não somos mais um casal há
um tempo.

Ainda assim, não reajo e espero que ela se recomponha e caia em si.

— Perdoe-me. Só quis relembrar os bons tempos.

— Tempos que passaram — rebato.

— Porque você quis — fala. — Mas não vamos falar do passado. Eu quero
saber como você está se sentindo, fiquei sabendo o que a ninfeta terminou com você —
Jasmine não esconde a alegria enquanto fala. — Não sei como não passou pela sua
cabeça que isso pudesse acontecer. Ela é jovem, e os jovens mudam de opinião muito

facilmente.

— Eu não quero que fale nada sobre a Geórgia. Realmente acabou, ela está
vivendo a vida dela e eu a minha

— Não a ama mais? — Jas pergunta, mas não tenho tempo de responder,
pois uma bêbada se coloca entre nós dois.
Não uma bêbada qualquer, é a Geórgia, o maldito tema da nossa conversa.
Eu queria poder dizer que estou indiferente, mas a indiferença morre quando sinto o
cheiro do seu perfume.

Jasmine fica olhando a Geórgia entre nós dois como se ela fosse um ser
extraterrestre. A garota tem um sorriso no rosto e uma taça quase vazia na mão.

— Perdoem-me, eu não gostaria de estar interrompendo a conversa — ela


faz aspas com os dedos na palavra “conversa” — Que grande bobagem! É claro que eu
queria atrapalhar.

— Geórgia, o que está fazendo? — Questiono, a garota vira para mim e me


abraça pela cintura. Deita a cabeça no meu peito durante um segundo e depois volta a
falar.

— Olha, Jasmine, você já passou, está entendendo? Ele não te quer! Aceite
de uma vez e não volte a beijar o meu amor.

— Seu amor? Vocês não estão mais juntos, garota! — Jas se irrita.

— Amor, fale para essa mulher que ela está louca. — Ela sobe as mãos
para o meu pescoço e puxa a minha cabeça para baixo. As nossas bocas ficam a ponto
de se tocarem. — Conte para ela que nos amamos.

Com delicadeza, tiro as suas mãos do meu pescoço.

— É melhor você ir, Jasmine — digo. Preciso acabar com isso e cuidar
dessa menina maluca.
— Está me mandando embora por causa da bêbada? — As palavras da Jas
deixam a Geórgia irritada e ela tenta atacar a outra, mas eu a seguro com os dois braços
em volta da sua cintura.

— Ele é meu namorado. Vá embora de uma vez! — A garota esbraveja e a


outra sai furiosa.

Ela é sensata para saber que não vale a pena discutir com uma pessoa que
está alcoolizada.

— João Lucas.

— Cale a porra dessa boca, menina! — Esbravejo, tiro o copo da sua mão
e deixo em cima do balcão.

Abraçando-a firmemente, levo Geórgia para o elevador. Ao chegar à minha


sala, sento-a no sofá, pego um copo de água e entrego nas suas mãos. Ela começa a
brincar com a água, eu perco a paciência e a faço beber. A garota toma metade e deixa
metade escorrer pelos cantos da boca.

— Você está louca? Por que bebeu tanto? — Questiono, ao sentar-me ao


seu lado.

Em uma piscada que dou, Geórgia sobe em cima das minhas pernas e
começa a se esfregar de um jeito bem desengonçado. Faz isso enquanto sorri contra o
meu pescoço.
Fico fraco e o meu corpo ameaça ficar animado pela proximidade depois
de semanas, mas lembro que está bêbada. Além do mais, existe uma razão para não
estarmos juntos.

— Pare com isso! — Exijo, ao segurar as suas mãos para que não me
toque.

Mas Geórgia não para e deixa a boca a centímetros de distância da minha.


O seu hálito é uma mistura de álcool com algo doce. Somado ao seu perfume, fica
difícil para mim.

— Não faço nada da qual irá se arrepender amanhã. Você bebeu além da
conta.

— Só quero te beijar, te tocar e transar com você. Estou com saudade, meu
amor — declara.

— Você não está. Terminou comigo e foi para os Estados Unidos, lembra?

— Eu fiz tudo errado, mas te amo. Por favor, acredite em mim! Eu amo
muito você, João Lucas — declara, deita no meu peito e acaba dormindo.

O meu coração está disparado e parece que tem espinhos na minha carne,
mas digo a mim mesmo que não importa. Ela bebeu. Ainda que fosse verdade, nada
mudaria. Geórgia me deixou facilmente e sem olhar para trás.

Farei o mesmo todas as vezes que tentar se aproximar.


Fazendo o que é certo para a minha sanidade mental, pego o celular e ligo
para o Arthur.

Ele vem até a minha sala, agradece o cuidado e a leva de mim. Eu fico um
tempo sentado no sofá sem qualquer reação, sentindo-me vazio por dentro. Uma parte
de mim quer que tudo seja diferente.
CAPÍTULO 23

Alguns dias depois

Depois do mico que paguei, e que estava bem fresco na minha memória no

dia seguinte, voltei para a faculdade e comecei a trabalhar novamente no bar da Adega.

Voltar para a faculdade foi fácil, mas não posso dizer o mesmo do trabalho.

Tem sido tão frustrante ir trabalhar todas as noites que estou a ponto de
explodir. Faço o meu trabalho da melhor maneira, mas nem sempre o meu melhor tem
sido o suficiente. Tudo porque estou doente de amor.
Depois que bebi e me declarei para o Lucas, ele passou a fingir que somos

meros conhecidos. Quem vê de perto a forma como me trata nem imagina que já comeu
o meu cu. Porra! Eu merecia um pouco mais de consideração do homem que fodeu o

meu cu virgem.

Para começar, ele faz de tudo para que a gente não se encontre. Quando
não consegue evitar, me cumprimenta, mas não chega nem perto de tocar em qualquer

parte do meu corpo. Parece que tenho uma doença contagiosa.

Eu não queria que me recebesse com uma festa, mas que pelo menos não
partisse o meu coração quando age com tanta frieza e distanciamento, passando na
minha cara que me superou. Foi bem fácil para quem dizia me amar.

— Bom dia, pai — cumprimento-o ao sentar-me à mesa.

Ele criou o hábito de fazer o café da manhã todos os dias e eu cuido da


janta.

— Bom dia, filha. Não parece que você dormiu bem.

Por outro lado, ele está ótimo. Perceber que o meu pai e o Lucas estão se
dando bem novamente tem sido a minha única alegria nos últimos dias. Não é como se
tudo tivesse voltado a ser como antes, mas estou de olho e percebo que os dois

interagem mais a cada dia que passa.

Pelo menos alguma coisa deu certo em toda essa história.

Tudo deu errado para mim, mas não pretendo desistir ainda.
— Estou sem sono ultimamente.

— Essa falta de sono tem nome e sobrenome, estou certo?

— João Lucas.

— Com tantos rapazes no mundo…

— Pai! Eu quero o Lucas.

— Então, vai atrás dele — sugere. Eu só precisava que alguém me dissesse


isso.

— E se eu for rejeitada?

— Saberá que tentou e depois seguirá em frente. O maior prejudicado será

ele, que perderá alguém como você.

— Quando foi que o senhor passou a dar bons conselhos?

— Desde que me tornei pai — brinca.

— O que acha de eu ir até ele agora? Lucas sempre fica em casa na parte
da manhã.

— Eu acho que você já perdeu tempo até demais. Se é isso que quer, vou te
apoiar.

— Te amo.
— Eu também te amo — grita, porque eu já estou correndo para o quarto.

Ainda bem que tenho a desculpa de que preciso me retratar por ter bebido
e dado um pouco de trabalho algumas noites atrás.

Esmurro a sua porta com o punho fechado, e ele só não abrirá se não quiser
mesmo me ver, pois Lucas disse que sou a única pessoa que insiste em bater, em vez de
tocar a campainha.

Mas a porta é aberta por ninguém menos que a sua ex-namorada. Do lado
de fora, olho para ela e depois para ele. Jasmine está vestida, Lucas está sem camisa.

Parece que interrompi algo e, nesse momento, gostaria que o chão abrisse
debaixo dos meus pés e me engolisse.

— Perdão, não queria atrapalhar vocês. Podem ter certeza que isso não irá
se repetir — digo, olhando diretamente para o Lucas. Depois, com os olhos cheios de
lágrimas e um coração partido, saio correndo.

Não vou muito longe, pois Lucas vem atrás de mim e me joga em cima do
seu ombro.
— Solte-me, seu filho da puta! Você me traiu. — Dou murros nas suas
costas, mas ele continua andando em silêncio.

Ao entrar na sala, Lucas me deixa como se eu fosse um saco de batatas.

— Fale para ela o que você veio fazer aqui — Lucas pede para a Jasmine.

— Só vim buscar essa caixa com alguns pertences. Depois de meses, tive
tempo para fazer isso — explica-se, mas não sei se acredito. — Tenho que ir agora, mas
desejo que não seja feliz, Geórgia. Assim como deixei de ser feliz quando chegou e
roubou o meu futuro marido — fala, e sai sem esperar pela minha resposta.

Ela é tão desalmada que fica difícil exercer a empatia feminina.

— O que faz aqui? Você não tinha o direito de dar um show por ter me
visto com a Jas na minha própria casa.

— Jasmine.

Fico com vontade de arrancar os meus próprios cabelos quando a chama


pelo apelido. Fico insegura, com a sensação de que vai voltar para ela a qualquer
momento.

— Que seja. Responda a minha pergunta — ele está um pouco irritado, não
está?

Ele vem para perto de mim, eu dou passos para trás, até que as minhas
costas encontrem uma parede. Não sei se estou com medo ou excitada. Prefiro a sua
irritação a ter a sua frieza direcionada a mim.

— Você é meu — afirmo. — Estou repetindo as palavras que falei na


Adega e nem estou bêbada. — Sempre que puder, vou evitar que outra mulher chegue
perto de você — afirmo.

— Você é louca. Mas sei por que veio aqui — fala, então abaixa a cabeça e
enfia o nariz no meu pescoço. Primeiro cheira, depois beija a minha pele.

— Não sabe.

— Você pode até não me amar, mas nunca experimentou um sexo tão
gostoso quanto o nosso e veio atrás de mais. Diga a verdade.

— Eu amo você — declaro.

— Não é verdade. Você ama o meu pau, porque posso te dar alguns
orgasmos. Você quer? — Porra! Ele está me enlouquecendo. — Se não veio pelo sexo,
pode ir embora, pois não há mais nada que eu possa te dar.

— Lucas, me ouça… — as minhas palavras morrem quando ele abaixa a


cabeça e abocanha o meu seio por cima da camiseta.

Eu queria conversar, mas estou ficando excitada. É difícil me concentrar


desse jeito.

— Estou com tanta saudade de te foder, menina — fala, agora passando a


mão pela minha coxa. Os seus dedos estão subindo e sei exatamente qual será o destino
final. — E então, o que você me diz?

Lucas está me usando. Eu deveria pegar a dignidade que me resta e sair


daqui, mas ainda tenho esperança e muito tesão.

Seguro os dois lados da sua cabeça e o beijo, um beijo forte e de língua,


que rouba as nossas mentes e deixa a minha resposta clara, sem que eu tenha que falar

com todas as letras.

Sedento, Lucas coloca a mão entre as minhas pernas e começa a tocar na


minha boceta, estimulando-a por cima da calcinha, até deixar-me pingando de desejo.

Eu também não fico para trás e o masturbo por cima da calça moletom. Ele
está tão duro que a minha boca saliva e a boceta tensiona com a vontade de o chupar até
que goze para mim.

— Eu quero meter na sua boceta agora, gostosa… — fala, sem conseguir


parar de me beijar.

— Me come. Estou aqui, toda melada de desejo por você. Sempre por
você.

Descontrolados pela paixão que foi contida durante semanas, Lucas e eu


continuamos nos beijando. Em meio a tanto fogo e toques urgentes, consigo abrir a
calça e puxar o seu pau para fora. Ele também faz a proeza de rasgar a minha calcinha e
descartá-la no chão.
Lucas tira a boca da minha e me olha cheio de paixão quando enrola as
minhas pernas na sua cintura. Ele me penetra com uma única e longa estocada. Sinto
certo incômodo depois de semanas sem fazer sexo, meu amor percebe e fica um
pouquinho sem se mover.

— Desculpa.

— Eu estou bem. Quero que você me penetre. Me coma com força até nós
dois gozarmos. Preciso de você agora — declaro.

Ele não fala nada, mas faz o que eu pedi e começa a me penetrar. Indo e
vindo. Saindo e entrando sem parar na minha boceta. Ele tira gritos e gemidos de mim.
Estou sentindo tanto desejo que tudo além desse momento deixa de existir.

— Mais forte, amor. Isso…

— Porra! — Ele grita, enquanto mete sem sentido, segurando os dois lados
da minha bunda com firmeza. Com certeza ficarão as marcas dos seus dedos, mas não
me importo.

Quando estou perto de gozar, Lucas desacelera, apenas para prolongar o


sexo. Ele começa a perder o controle quando morde o meu ombro e chupa com avidez o
meu pescoço.

Como tudo que é bom dura pouco, nós dois não aguentamos tanto prazer e
gozamos juntos. Estamos suados, mas abraçados firmemente.
Depois de vários minutos, eu não sei como Lucas aguenta o peso das
próprias pernas, o suor seca e as nossas respirações acalmam.

Quando realmente olha nos meus olhos, vejo tudo no seu olhar. Mágoa e
tristeza, mas também a paixão e um amor do qual não pode fugir.

— A gente pode conversar? — Lucas demora um pouco, mas balança a

cabeça de um lado para o outro, dizendo que não quer me ouvir. Ele sai de dentro de
mim e me leva para o sofá.

Com cuidado, me deixa sentada no estofado e se afasta.

— Preciso tomar um banho — fala. Só faltou completar e dizer que não


quer me ver aqui quando terminar.

Fico em choque durante alguns minutos, mas reajo quando olho entre as
minhas pernas e me lembro que estou toda suja. Vou atrás dele no banheiro, pois não
sou a sua puta e até elas têm direito a pelo menos um banho, antes de serem
dispensadas.

Lucas não parece se incomodar quando entro no chuveiro, mas finge que
não estou aqui.

É até bom que esteja agindo assim, dessa forma, terei coragem para falar o
que quero sem ser interrompida ou julgada com o olhar.

— Eu sei que está muito magoado comigo, embora use uma armadura
impenetrável. Você deve imaginar o que me fez tomar aquela decisão, e estou ciente de
que nada justifica o erro de julgamento que cometi. Joguei fora o que a gente tinha para
tentar solucionar problemas que poderiam ser solucionados de outra forma e tenho me
martirizado por causa disso todos os dias.

“Fora a besteira que fiz, a única verdade que prevalece é o meu amor por
você. Tudo aquilo que eu disse foi uma mentira que me rasgou por dentro enquanto a
contava. Você não é o tipo de pessoa que deseja mal para os outros, mas saiba que tenho
pagado por esse erro todos os dias, pois o meu maior castigo é não ter você. Ter te
perdido foi a pior coisa que poderia ter acontecido, mas volto a repetir que te amo mais
do que tudo. Sempre foi importante para mim e imagino um futuro com você desde
antes de te beijar pela primeira vez.”

Apesar de estar com o coração doendo, sinto-me melhor por ter


conseguido falar pelo menos um pouco do que estou sentindo.

João Lucas não reage, ele apenas termina o seu banho, pega a toalha e sai
do banheiro sem olhar em meus olhos.

Eu fico mais um pouco para terminar o meu banho e então entro no seu
quarto enrolada em uma toalha branca. Ele está sentado na ponta da cama gigante, ainda
com a toalha em volta da cintura, e olhando para um ponto fixo na parede à sua frente.

Lucas parece tão cansado física e emocionalmente que fico com pena. Há
raiva também, e sinto que a culpa de tudo é minha.

Sem conseguir desistir, porque quero que volte a confiar em mim algum

dia e seja feliz como era quando estávamos construindo algo importante juntos, sento-
me ao seu lado.

— Eu amo você — declaro mais uma vez, e falarei quantas vezes forem
necessárias.

— Você não me ama — rebate, ainda sem mexer nada além da boca.

— Deixe-me provar? — Peço, ele nega novamente.

João Lucas não oferece resistência quando seguro a sua mão e o ajudo a se
deitar no centro da cama. Ele olha para mim o tempo todo, mas não como interpretar o

seu olhar.

Tento sondar o terreno ao nos livrar das toalhas e beijar o seu abdômen.
Além de não me afastar, João Lucas parece estar gostando.

Agora, tenho todo o controle em minhas mãos. Amo-o sem pressa, com
paixão, mas também com carinho. A gente faz amor pela segunda vez, e eu continuo
pedindo perdão e repetindo sem cessar que o amo.

Lucas não retribui as minhas declarações de amor nenhuma vez, mas o


meu coração se enche de alegria e esperança quando ele vira de lado para dormir e puxa
o meu corpo contra o seu, abraçando-me por trás pela cintura.

Velo o seu sono, mas quase não me mexo para não o incomodar. Fico
muito satisfeita quando percebo que finalmente conseguiu dormir, pois ele estava
precisando disso. Antes de dormir, rezo para que amanhã seja um bom dia para nós dois.
De alguma forma, espero ter feito algumas rachaduras no seu novo coração
de gelo.

Acordo do que parece ter sido dois dias de sono. Tenho a sensação de
realmente ter conseguido descansar, mas estranho o calor na parte da frente do meu

corpo num primeiro momento.

Dou umas piscadas mais longas para despertar, levanto um pouco a cabeça
e vejo que não foi um sonho. A minha menina mentirosa está nos meus braços e nós

dois transamos duas vezes ontem de madrugada.

Fodemos e fizemos amor. Eu ouvi seu pedido de desculpas e cada palavra


que saiu da sua boca enquanto pedia desculpas no banho, depois deixei que cada eu te
amo penetrasse em um lugar frio diferente na minha alma e no meu coração.
Eu poderia me preservar por medo de ser machucado outra vez, mas tudo
em mim grita que um amor como o que sinto por ela vale todos os riscos. Geórgia disse
que não me amava e eu me tornei alguém que não gostava. Ela disse muitas e muitas
vezes que me ama ontem, e senti tudo em mim ganhar vida novamente. O meu coração
disparou, o sangue ficou quente nas veias e o amor encheu a minha alma.

Como tudo que é quebrado, levará um tempo para juntarmos os pedaços


dos nossos corações. Talvez restem algumas rachaduras, mas estou escolhendo perdoar
a mulher da minha vida por um erro. Hoje, estou dando uma chance para nós dois, pois
não sei mais como respirar sem amar.

— Eu também te amo, minha menina. Muito — sussurro no seu ouvido.

— Amo você, Lucas — ouço-a sussurrar de volta, levanto a cabeça para


ver o seu rosto, mas ela está dormindo.

Com um sorriso no rosto, aconchego-me mais ainda contra o seu corpo

quente e durmo novamente, pois o futuro que me espera voltou a parecer lindo.
CAPÍTULO 24

Um mês depois

No dia da nossa reconciliação, eu acordei feliz nos braços do meu amor,

mas com um pouco de medo de ser novamente rejeitada.

Mas Lucas me surpreendeu com um bom dia animado e cheio de carinho.


Primeiro fez amor comigo e depois tivemos uma conversa séria e definitiva, que deixou
ainda mais claro o quanto estava magoado com a minha crueldade.

Eu pedi desculpas mais uma vez e tive a certeza de que estava disposto a

realmente tentar seguir em frente ao meu lado, dando mais uma chance ao amor. Fiz a
promessa de nunca mais fazer algo pelas costas ou mentir para ele e pretendo cumprir,
pois não quero perder o meu amor. Lucas riu do meu ciúme, mas prometeu ficar longe

da Jasmine.

Nós estamos juntos novamente, reconstruindo degrau por degrau da nossa


relação. É claro que eu consegui mostrar para o Lucas que realmente havia mentido

quando disse que não o amava.

Tudo bem! Talvez a gente não esteja construindo degrau por degrau, não
exatamente. Pulamos alguns desses degraus para chegarmos mais rápido ao nosso

destino.

Depois de um mês inteiro agindo como se estivéssemos com pressa para


tudo, sempre trocando juras de amor e transando o tempo todo para matarmos a

saudade, decidimos dar um passo importante para o futuro do nosso relacionamento.

Nem todos estão felizes, mas ninguém teve coragem de se opor ou dar um
conselho contrário à nossa decisão.

— Pronto, filha. Essa é a última mala — meu pai fala, ao parar no meio da

sala. Ele não está chateado por eu ter me convidado para morar com o meu namorado,
ou por ele ter aceitado. O que sente é ciúme.

Vive provocando o amigo, dizendo que o Lucas tanto fez que conseguiu

me roubar dele. Eu gostava de morar com o meu pai e a gente se entendia bem, mas
senti vontade e necessidade de ficar mais perto do meu amor.
O fato de eu querer dividir a vida com ele é a prova definitiva de que não
acordarei em um dia qualquer para vir até aqui e dizer que não o amo. Ele questionou os
meus motivos, disse para não me sentir pressionada, mas o fiz entender que queria
muito fazer isso.

Quase todas as pessoas que amo estão presentes na sala da minha nova
casa, só está faltando a minha mãe e o meu padrasto.

Estou sentada nas pernas do meu amor, os meus cunhados estão no sofá de
dois lugares e o meu pai acaba de sentar-se na cadeira acolchoada, depois de descarregar
o carro com as minhas malas.

— Quando percebi que os dois tinham terminado, sabia que algo mais
estranho aconteceria, caso voltassem — Manu comenta de um jeito divertido. —
Voltaram, e em um mês se casaram.

— Para mim, morar junto é casamento — Miguel fala.

— Eu não acredito que você está fazendo isso comigo, João Lucas. Ela só
tem dezoito anos.

— Ele vai começar, gente — Miguel provoca.

— Arthur, pensei que você tivesse superado o fato de o seu melhor amigo

e sua filha terem se apaixonado — Manu fala.

Ele superou. Tenho certeza. Está tudo indo bem entre nós dois e
chegaremos lá sem parecer um pouco estranho.
— Superei para não perder nenhum dos dois. Eu não tive escolha.

— Então? O fato de estarem morando juntos é só um pequeno detalhe.


Daqui a pouco virá o casamento e os netinhos.

— Por favor, alguém me serve uma bebida bem forte? — O pedido


desesperado do Arthur faz todo mundo sorrir.

O jantar é servido uma hora depois e, assim como aconteceu na sala, as


conversas são cheias de provocações. Eu fico mais quieta, observando os quatro, que
funcionam como se fossem uma unidade. Fico feliz que eles estejam assim novamente.

Por falar em provocações… ando sentindo falta de deixar certo alguém


maluco. Depois que sirvo a sobremesa, eles continuam o papo e eu aproveito para
brincar.

Ao lado do meu amor na mesa, passo o meu calcanhar no seu, acariciando-


o da forma que consigo. Lucas me olha rapidinho e disfarça, como se nada diferente
estivesse acontecendo na mesma mesa onde estão os seus irmãos e o meu pai.

Sem fugir, ele nunca fez isso, Lucas esconde uma das mãos debaixo da
mesa e começa a acariciar a minha coxa. Logo, a minha pele fica toda arrepiada. É
sempre assim: eu começo algo e ele apela, voltando todos os meus jogos contra mim.

Ele sobe a mão lentamente, me matando aos poucos, mas deixa de me


tocar quando estou prestes a pedir licença para ir ao banheiro para cuidar de mim
mesma.
Por mais que seja uma noite de comemoração, uma das raras em que a
Adega está fechada, fico doida para os três irem embora, mas João Lucas simplesmente
não faz nada para apressar as coisas.

Já comemorei com os meus cunhados e o meu pai o fato de ter


praticamente me casado, é assim que quero enxergar as coisas, porque é um teste para o
futuro, mas agora é a vez da comemoração a dois.

O Lucas é malvado e judia de mim até não poder mais. Mas vai ter troco.
Mais tarde, esse homem saberá do que uma mulher sexualmente frustrada é capaz.

Quando eles finalmente vão embora, meu namorado vem cheio de gracinha
me agarrar, mas eu fujo. Quer dizer, tento fugir, pois ele me pega rapidamente e se senta
no sofá comigo no seu colo.

— Parece mentira que esteja aqui, e não é só uma visita. Até o último
momento, tive medo de que você voltasse atrás.

— Esqueça o medo e confie em mim, pois não pretendo mais ir embora,

amor.

— Eu confio em você, Geórgia. Mesmo que não seja preciso, pois eu te


perdoei de verdade naquela noite, tem mostrado todos os dias que nós dois somos reais.

Você está em todos os meus planos para o futuro, que começa hoje. Eu te amo com a
minha vida — ele sussurra no meu ouvido, o meu coração aquece de amor e o meu
corpo se arrepia de prazer.
— Eu também te amo, meu amor — sussurro de volta e deixo um beijo
sugestivo no seu pescoço.

— Agora, você pode me contar por que estava com tanta pressa para
mandar os meus irmãos e o Arthur irem embora.

— Não sei! Talvez por que alguém tenha acariciado a minha perna debaixo
da mesa?

— Você começou, querida. Eu só entrei na brincadeira — fala, com ar de


inocência, mas não tem nada inocente nesse homem lindo.

— Estou molhada.

— Como sempre — provoca. — Porque você me ama, mas também é


apaixonada pelo meu pau.

— E você?

— Queria poder morar dentro de você — declara, antes de me beijar


intensamente.

Nós começamos tirando as nossas roupas na sala. Fazemos tudo sem


pressa, pois estou aqui e temos todo tempo do mundo.

— Vamos para a cama, ou prefere que seja aqui? — Questiono, tentando


ser sensual ao passar o pé pelo seu abdômen trincado.
— Tem algo que quero te dar, mas você me consome com seu fogo e me
faz esquecer — ele fala.

— Um presente? — Indago. De repente, começo a me sentir ansiosa.

João Lucas já me deu alguns presentes. Como me conhece muito bem e


sabe que tenho gostos diferentes, me agrada com jogos de cozinha caros, em vez de

joias. Com idas a restaurantes, cujas comidas típicas me fazem querer aprender a fazê-
las.

Mas quando o vejo abrir a gaveta da mesa de centro e pegar uma caixinha
azul, me questiono por um instante se realmente me conhece, a menos que seja…

Não pode ser! Pode?

— Da última vez que tentei fazer algo parecido, fui interrompido no meio
da frase por uma ligação. Minutos depois, eu estava conhecendo você, a mulher da
minha vida. Hoje, entendo que o que aconteceu foi um sinal do destino, pois você
entrou na minha vida no momento certo. Nem antes, nem depois.

“Eu ainda não estou fazendo o pedido de casamento, mas quero que use
esse anel como símbolo do nosso compromisso. Todas as vezes que o sentir no seu
dedo, lembrará que eu estou aqui, te amando e pensando em você.

Os meus olhos já estão alagados quando o meu namorado abre a caixa e


pega o anel de brilhante. Ele é lindo e todo cravejado de diamantes. Deve ter custado
uma fortuna, mas o valor sentimental será muito maior do que o preço pago por ele.
Eu estendo a mão, João Lucas coloca o anel no meu dedo e depois o beija.
Com a mão diante do meu rosto, fico admirando o meu anel de compromisso,
segurando-me para não chorar como uma boba.

— Esse é o melhor presente que já ganhei, amor. Você é maravilhoso —


digo, ao me jogar nos seus braços e o beijar. — Eu penso em você o tempo todo, mesmo
sem o anel.

— Percebeu que não fui interrompido por uma ligação dessa vez? —
Brinca.

— Também não será da próxima, porque tínhamos que ficar juntos —


declaro, volto a beijar a sua boca bonita e, rapidamente, esquecemos as declarações para
focarmos nas sensações.

Quando começo a gemer e a me segurar para não gozar rápido demais,


pois suas mãos habilidosas me enlouquecem, Lucas me pega em seus braços e me leva
para o nosso quarto.

Deita-me no centro da cama, me puxa um pouco para a beirada e se ajoelha


diante mim para posicionar as minhas pernas em cima dos seus ombros, uma de cada
lado.

Antes de colocar a boca na minha boceta, ele fala: — Bem-vinda à nossa


casa, Geórgia de Castro.
Estou tão focado que mal tenho tempo de olhar para o relógio. Mais uma
vez, o meu trabalho deixou de ser uma válvula de escape e se tornou apenas algo que
preciso e gosto de fazer.

Ainda esqueço de viver em alguns momentos, mas tenho alguém que gosta
de me lembrar que a vida lá fora é linda.

Minha mulher não precisa fazer nada, basta que me olhe e eu esqueço de
tudo que não seja ela.

— Vim roubar o meu namorado. Estou precisando de alguém para beber e


dançar comigo — ela entra falando, e eu desligo o meu computador.

— Eu estava me perguntando quando o meu resgate chegaria.


Geórgia ainda trabalha fazendo as bebidas, e embora eu fique um pouco
enciumado, porque ela é linda e ganha mais números de celulares do que posso contar
nos dedos todas as noites, fico feliz de vê-la trabalhando no que gosta.

Minha mulher quer ter o seu próprio restaurante, mas continuará


preparando bebidas enquanto o seu sonho não se concretizar. Eu apoio o seu sonho e a
vontade de continuar aqui, assim como ela entende e aceita que sou um pouco mais
fechado do que os outros e preciso dela para me lembrar a hora de parar de trabalhar em
alguns dias.

No fim, a gente se completa nas coisas que são mais importantes e somos
felizes dessa forma.

— O seu resgate chegou, senhor olhos azuis. — Enquanto se livra do


avental, para ficar somente com o seu vestidinho curto e as botas costumeiras, eu me
aproximo e a abraço por trás.

— Estou pronto para o que você quiser, minha gostosa — sussurro no seu
ouvido e mordo a orelha delicada.
Descemos para o salão e, por ser sábado, está mais cheio que nos outros
dias. Apesar disso, Geórgia respeita o fato de eu não gostar de ter muitas pessoas perto
de mim e me puxa para uma área que está mais calma.

Quando o garçom passa, ela pega bebidas para nós dois. Entrega uma taça
na minha mão e começa a dançar. Ainda aprendendo a como esquecer de tudo e relaxar,
fico tímido e desconfortável no começo da noite. Mas o tempo passa e começo a focar
tão somente na bunda gostosa se esfregando no meu pau.

Ela rebola, me abraça o tempo todo e me beija. É impossível não ser


contagiado pela sua alegria e falta de inibição. Todos os dias aprendo um pouco mais
com uma mulher que tem dezoito anos. O homem que me sinto quando estou ao seu
lado volta a ter a sua idade.

Quero ter mais do que ela é, de como vive e de como se sente todos os
dias.

— Está se sentindo bem? — Pergunta, um pouco alegre por causa do vinho


e ofegante pela dança sensual que estava fazendo para mim e para alguns que não param
de olhar.

Em momentos como esse, o ciúme não dá as caras, pois ela está comigo.
Sou a pessoa que a ama e que irá terminar a noite enterrado na sua boceta e, se eu
estiver com sorte, no seu cuzinho.

— Eu me sentia bem antes de você chegar na minha vida e me ensinar


outra maneira de viver. Estou feliz, meu amor. Muito feliz todos os dias, pois o seu
sorriso brilha dentro de mim. Me chame para dançar sempre que quiser, pois nunca direi
não para você.

— Essa foi a declaração de amor mais linda que você já fez.

— Eu amo você — falo contra a sua boca. — Essa é a mais verdadeira.

Desta vez, danço junto com ela, a beijo o tempo todo e sorrio. Estou leve e
amando, esse é o homem que quero ser.
EPÍLOGO

Três anos depois

— Você é lindo, mas eu prefiro muito mais o que virá depois de você. Será

de ouro, a cor combina muito mais comigo.

Sim, estou falando com o meu anel, enquanto a minha mão está estendida
contra a luz.

Depois de três anos de namoro, três deles com a gente morando juntos,
meu namorado finalmente me pediu em casamento.
Finalmente é a palavra certa, pois, se dependesse apenas de mim, teríamos

ficado noivos e nos casado no primeiro ano de relacionamento.

Ao mesmo tempo, eu sempre entendi a sua falta de pressa. Lucas não fez
isso por ele, foi por mim. Ele queria que eu vivesse cada fase, uma de cada vez, que

tivesse as minhas realizações e as experiências que ele não teve.

Eu realmente tive as minhas experiências, as minhas dúvidas, os meus


erros e os meus acertos, mas ele esteve ao meu lado a cada passo. No fundo, aceitei que

tudo aconteceu quando tinha que acontecer.

Os três anos morando juntos foram bons para testarmos o nosso amor e a
nossa compatibilidade. Nem tudo foram flores. Nós tivemos as nossas brigas bobas e as

sérias. Pensamos se realmente deveríamos ficar juntos em alguns momentos, porque


relacionamentos também causam dúvidas, mas o amor que sentimos sempre foi e

sempre será mais forte do que qualquer dúvida ou desentendimento.

Vi os quatro homens que mais amo crescerem ainda mais nos negócios,

pois eles são muito bons no que fazem, sobretudo, quando estão alinhados uns com os
outros. O tempo se encarregou de curar todas as mágoas que vieram à tona entre o meu
pai e o João Lucas. Arthur passou não só a aceitar como ser o maior defensor do nosso
relacionamento. Ele também aprendeu a ser um amigo melhor e um homem mais
maduro. Lucas aprendeu a usar a própria voz para falar quando algo o incomoda. Se

tivesse sido assim sempre, muita coisa poderia ter sido evitada.
Miguel e Manu ainda estão por aí, ficando com todas e não se apegando a
nenhuma, mas eu sei que o momento deles chegará. Os dois são ótimas pessoas e eu os
amo como se fossem meus irmãos.

Me formarei esse ano, mas aprendi tanto ao longo dos anos que me sinto
pronta para abrir o meu próprio restaurante de comidas típicas brasileiras. Os planos
para a realização desse desejo já estão sendo colocados em prática com a ajuda do meu
noivo. Eu não poderia ter encontrado alguém melhor para me ajudar, pois o homem é

uma máquina para os negócios.

A minha mãe esteve aqui no Brasil algumas vezes com o marido e em


todas senti que a minha felicidade estava completa. Ela aproveitou para explorar o seu
país, mas também para conhecer melhor o meu amor. Hoje, eles se adoram e a mulher já

está pedindo um neto. Josy conta com a ajuda da minha sogra, que é tão maravilhosa
quanto ouvi dos seus filhos. Se elas soubessem…

Por falar em netos, realmente tive sorte de o meu anticoncepcional não ter

falhado antes, porque a nossa vida sexual sempre foi uma loucura. Talvez possamos
atribuir a química explosiva e a atração imediata que sentimos, mas não conseguimos
ficar com as mãos e todo o resto do corpo longe um do outro.

Pensei que o tempo fosse acalmar os nossos ânimos, mas não foi o que
aconteceu. Na verdade, parece que é uma coceira que quanto mais a gente coça, mais a
vontade de coçar um pouco mais aumenta. Sexo ao dormir, sexo ao acordar e sexo no
trabalho. Em quase todos ele goza dentro.
Meu anticoncepcional foi um guerreiro até o dia que percebi que a minha
menstruação estava muito atrasada. Não senti nada de errado com o meu corpo, nenhum

enjoo, tontura ou desmaio, mas fui fazer o teste para ter certeza de que não estava
grávida.

Resultado: Eu estou grávida. É recente, mas estou grávida.

Talvez eu devesse ter ficado assustada por ter sido pega de surpresa, mas o
que fiz foi chorar de emoção. O meu peito se encheu de alegria quando comecei a
imaginar um bebê parecido comigo e com o João Lucas. A nossa misturinha, o fruto do
nosso amor.

Depois de ter feito o exame de sangue, passei direto em uma loja de


departamento infantil e fiz a primeira compra para o meu filho, mas guardei bem
guardado para o seu pai não encontrar e estragar a surpresa.

Fiz tudo isso anteontem. Iria contar ontem, mas o Lucas fez uma surpresa e
me pediu em casamento em um jantar com o meu pai e os seus irmãos. Mudei de ideia
sobre contar, pois quero que seja um momento só nosso.

Estou sozinha, sentada no sofá da casa que tem cara de lar, cheia de fotos e

lembranças de momentos a dois que tivemos ao longo do tempo. Não sei se olho com
admiração para o meu anel, ou para os sapatinhos brancos que estão em cima da minha
barriga plana. Enquanto olho, imagino-a bem grande, fazendo parecer que engoli um
melão inteiro e andando como uma pata.
Quando
ouço o som de chaves, apresso-me e escondo a caixa dentro da gaveta da mesinha. O

meu coração começa a bater como a bateria de uma escola de samba.

Não há nada como chegar em casa, sabendo que tem alguém me esperando

e que essa pessoa é uma das que mais amo no mundo.

A palavra que me define ao lado dessa mulher nos últimos anos é


felicidade. Não tem um “mas” na frase, eu sou feliz. É um estado de graça, um prêmio
por ter feito as escolhas certas no momento certo.

Mais cedo, saí do meu escritório e a trouxe para casa, pois Geórgia estava
com dor de cabeça. Quis ficar com ela, mas a minha noiva disse que não precisava e que
iria tentar descansar. Eu voltei para a Adega, mas ela não saiu dos meus pensamentos
em nenhum momento.

Minha noiva.

Depois de três anos, a pedi em casamento e não pretendo esperar tanto


tempo para colocar a aliança de casamento no seu dedo. Nós estamos mais do que
prontos para nos tornarmos marido e mulher oficialmente.

Fecho a porta com a chave e acho estranho que esteja sentada no sofá da
sala. Havia me dito que iria dormir.

— Amor, está tudo bem com você? A dor de cabeça passou?

— Sim, mas acabei perdendo o sono — ela não olha para mim enquanto
fala e me leva a questionar se a dor de cabeça foi apenas uma desculpa para voltar mais
cedo para casa, embora essa atitude não combine com a minha noiva.

Ela sabe que pode fazer o que quiser, pois tem a mim e aos outros três
idiotas em suas mãos e não se aproveita disso.

— Que bom. Fiquei preocupado com você — declaro, aproximo-me e


beijo demoradamente o canto da sua boca. — Está distraída. O que passa por essa
cabecinha linda?

— Apenas pensamentos bons, amor — declara. Agora, é a sua vez de


chegar mais perto e beijar os meus lábios.

Adoro os momentos em que ficamos afoitos e cheios de fogo, mas também


gosto de momentos como esse, onde não falamos assuntos sérios e ficamos de bobeira,
apenas nos curtindo preguiçosamente no sofá ou na cama. Deve ser por isso que os
domingos são os meus dias preferidos.

— O que está pensando agora? — Questiono.


— Que tem algo para você na gaveta da mesinha — fala.

— Tenho certeza de que havia algo mais interessante para você pensar,
linda. Deve ser alguma correspondência do banco. Depois eu vejo.

— É uma caixa, e acredito que seja importante. Por que não abre de uma
vez? Estou um pouco curiosa.

— Fale a verdade.

— Tudo bem, muito curiosa.

— Agora, sim — brinco, a mulher se aproxima e morde a minha bochecha


com força.

— Você merece — diz.

— Quero essa selvageria na cama mais tarde — provoco, estendo a mão e


pego a caixa que estava dentro da gaveta.

É uma caixa pequena, toda branca e com algumas nuvens fofas


desenhadas. Parece algo dedicado a uma criança, mas tem o meu nome escrito à mão em
um pequeno pedaço de papel.

— Pode ser bomba.

— Abra de uma vez, amor — pede.


Quando abro a caixa, me surpreendo com um par de sapatinhos minúsculos
e brancos. Eu pego um com a ponta do dedo e, por um momento, a minha mente fica em
branco.

Eu olho para o lado e percebo que está emocionada. Olho novamente para
o sapatinho que está dentro da caixa e percebo que tem um bilhete escrito à mão.

Pego o pedaço de papel e leio.

Estou chegando, papai. Não vejo a hora de te conhecer.

De repente, o meu coração dispara e finalmente a minha ficha cai.

— Você não… quer dizer… tem um…

— Estou grávida, amor.

Primeiro fico em choque, depois deixo a verdade invadir a minha alma,


então um sorriso brota nos meus lábios e o meu coração fica para explodir de alegria.

Quando penso que essa garota perfeita já me deu tudo, ela mostra que tem
mais, que conhece muitas formas de me fazer o homem mais feliz que existe.

— Fale alguma coisa. Não está feliz?

— Dizer que você acabou de me fazer o homem mais feliz do mundo é


pouco para o que estou sentindo agora, minha menina. Você é tudo para mim.

— A partir de hoje, ele também será.


— Sim, ele será — falo, levanto a sua camisa e beijo a barriga plana. —
Bebê, o papai ficou sabendo só agora, mas eu te amo, assim como amo a sua mamãe.

Eu beijo a sua barriga sem cansar durante vários minutos, enquanto ela
chora e sorri ao mesmo tempo.

Quando levanto a cabeça e olho em seus olhos novamente, não resisto a

necessidade e a puxo para cima das minhas pernas. De frente para mim, Geórgia me
abraça bem apertado e eu faço o mesmo. Nós dois seremos pais e estamos felizes
demais.

O nosso futuro começou.

— Geórgia, eu sempre quis me casar e ter filhos com você. Era um anseio
que vinha da alma, não uma obrigação que acreditava que precisava cumprir. Quis,

porque era com você, a minha mulher, o amor da minha vida. É toda a luz que brilha
aqui dentro — declaro, ao colocar a sua mão onde o meu coração bate acelerado.

— Te amo — fala emocionada. — Sempre estive pronta para você.

— Eu te amo. Estava te esperando, minha linda menina.

Os meus lábios encontram os seus, as batidas do meu coração sincronizam

com as batidas do seu, porque nós somos um só quando nos amamos tão profundamente
como agora.
Geórgia e eu nos casamos quatro meses depois de ela ter dado a melhor
notícia da minha vida. O casamento aconteceu em uma igreja pequena, e a cerimônia

contou com um pouco mais de cinquenta convidados. A minha noiva estava tão linda
com o seu vestido branco que nenhum de nós dois conseguiu conter a emoção.

Nos tornamos marido e mulher em uma manhã de sábado e, no mesmo dia,

viajamos em lua de mel. Vivemos dias de pura paixão, curtindo um ao outro e o fato de
termos o bebê esperado com ansiedade à caminho.

As nossas famílias ficaram muito felizes com a notícia, até mesmo o


Arthur, que se acha jovem demais para ser avô. O nosso bebê ganhou tantos presentes
que tivemos que doar alguns que ele não chegaria a usar.

Eu vi a sua barriga crescer, assim como o amor pelo meu filho todos os
dias enquanto era gerado. Quando o dia do parto chegou, a minha menina me deu o
maior amor que eu poderia ter.

João Rafael Fagundes de Castro nasceu forte, saudável e lindo, com


cabelos tão escuros quanto os da mãe. Quando voltamos para casa com ele nos braços,
tive a sensação de plenitude.

O amor é capaz de transformar uma pessoa a cada novo dia. Eu permiti que
fizesse isso comigo e foi a minha melhor escolha.
Fim
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SINOPSE
Ela tem dezessete anos e ele tem trinta e quatro. Ele é um
CEO milionário e ela é uma garota desesperada.

Cedo demais, Clara vê seu mundo destruído. Após a morte

trágica dos seus pais, a garota descobre que a família estava completamente
falida e que tinha somente alguns dias para deixar a casa em que vivia e foi
vendida sem que ela soubesse.

Desesperada e sem rumo, a jovem mergulha no desconhecido

mundo de acompanhantes de luxo, mesmo ainda sendo virgem. Sem


imaginar que mais surpresas a esperam pelo caminho, a garota conhece

Henry, o mais bem pago garoto de programa da cidade, ou é nisso que ela
acredita.

No auge de seus trinta e quatro anos, Henry tem a vida que

sempre quis. Não lhe falta poder, dinheiro e garotas dispostas na sua cama.
Ele se diverte com sexo sem compromisso e não tem relacionamentos, mas

seu mundo sai fora dos eixos quando conhece a jovem e inocente Clara.
O CEO, apesar de saber que está sendo confundido com outra

pessoa, não corrige o equívoco da garota, pois ela consegue mexer com seu
corpo, mente e coração como nenhuma mulher conseguiu.

Ela quer aprender. Ele está disposto a ensinar, mesmo que não

seja a pessoa que a jovem espera.

Em meio à paixão que surge sem que ninguém tenha planejado,

ele está prestes a descobrir que a menina mulher veio para incendiar tanto o
seu corpo quanto o seu coração.
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DO JOÃO LUCAS, DEIXE O SEU CARINHO EM FORMA DE
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