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Silva, Joane
1ª Ed.
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
EPÍLOGO
LEIA TAMBÉM
SINOPSE
Louco por controle, João Lucas Fagundes tem a sua vida bem
planejada. O homem decide que está na hora de se casar com Jasmine, a
modelo com quem namora há anos, apenas porque a sociedade espera que
olhar o percorre.
inocente de uma forma que ele não saberia como lidar, o envolvimento
entre eles destruiria uma amizade de anos e colocaria em risco tudo o que
construiu.
Brasil para morar com o pai. No aeroporto, ela se surpreende com um belo
desconhecido à sua espera, um homem atraente e mais velho, que faz o seu
corpo reagir com paixão pela primeira vez.
Mas Geórgia descobrirá muito rápido que não será tão fácil,
porque o melhor amigo do seu pai tomou uma decisão no sentido contrário
— Saiu do seu escritório para me espionar? Não leve tão a sério o seu
papel de guardião.
Sim, eu estou muito azeda e a culpa é dele.
— Joguei fora.
— Todos?
— Não é da sua conta! Deixe-me em paz hoje, por favor. Estou cansada de
a gente rodar em círculo. Fico com quem quiser, pois sou adulta e livre. Se tivesse
guardado todos os papéis, seria um problema meu!
Merda! Ele não está apenas me beijando, está me comendo com a boca.
Devora-me com voracidade, chupando a minha língua sem qualquer pudor, enrolando-a
na sua e me fazendo entrar no seu ritmo.
O clima pega fogo em uma velocidade vertiginosa, que me faz ir de zero a
mil em um segundo. Quero sentir essa boca na minha para sempre. Quero transar com
ele aqui e agora, sem pensar em nada além do nosso prazer.
cintura, prensando-me contra a parede. O homem todo tenso e certinho aperta os lados
da minha bunda com firmeza e me faz sentir a sua dureza com a minha boceta, que está
ficando molhada de tesão.
— Eu sabia que seria assim, que sua boca seria gostosa e macia — fala,
então começa a beijar todo o meu rosto, como se estivesse desesperado para tocar em
mim toda.
— Não… — ele nega, tira a mão da minha bunda e toca em um dos meus
seios. — Quero te foder, porra!
— Eu quero que me foda, mas você vai se arrepender assim que terminar
— as minhas palavras fazem com que ele pare o que estava fazendo e me olhe com a
expressão confusa, mostrando que eu estava certa.
Foi bom, tão melhor do que a minha imaginação que eu poderia passar a
noite toda a base de sexo, mas o que estava sentindo antes de o Lucas chegar é a prova
de que estamos indo para um lado perigoso dessa atração.
Desta vez, sou eu quem o beija com paixão, apertando-me contra o homem
que mais quis na vida, tirando tudo o que posso do momento, para que as lembranças
fiquem guardadas, caso seja a primeira e última vez.
— Por que está me mandando embora? Não era isso que queria? —
Pergunta, ao deixar o meu corpo e se afastar.
João Lucas me olha sem entender nada, porque não esperava que eu
chegasse a esse ponto, então faço o que é preciso e o deixo.
Sem condições de continuar aqui, falo com o meu pai e peço as chaves do
seu carro. Digo apenas que estou exausta e ele não faz mais perguntas. Enquanto dirijo
para casa, choro até soluçar, porque não consigo aceitar que talvez tenha me apaixonado
pelo homem errado.
CAPÍTULO 1
reuniões de negócios, afinal, é do interesse de nós quatro que tudo vá bem na área
Dependemos uns dos outros e isso nunca foi um problema, já que somos
Eu, os meus dois irmãos mais novos e o nosso melhor amigo somos
proprietários de uma casa noturna conhecida e bem frequentada. Na cidade, não tem
quem não conheça o nosso estabelecimento e não queira um convite para estar aqui.
O faturamento é alto, mas os nossos esforços também são e tem dado certo
há dez anos. Todos nós temos condições para viver confortavelmente e tudo é fruto de
um trabalho bem-feito e planejado há muitos anos quando deixamos a faculdade.
Sinto que nada pode abalar a relação entre nós quatro, e mesmo se alguém
O tema da reunião hoje é um pouco peculiar e eu não sei muito bem o que
dizer, já que o assunto não é o meu forte. Na verdade, não é o forte de nenhum de nós,
embora Arthur devesse entender um pouco mais.
— Cara, o que estamos fazendo aqui? Você falou e falou, mas ainda não
entendi o que eu e os meus irmãos temos a ver com esse assunto — Miguel comenta.
Caminho até o frigobar que temos no escritório comum para os quatro e pego uma
cerveja.
São seis e meia de uma noite de sexta. Nada como refrescar as ideias.
Todos estamos sentados em volta da mesa de reuniões, ouvindo o drama
familiar do Arthur. Em momentos como esse, me arrependo de ter amigos. Poderia estar
fazendo qualquer coisa nesse momento, mas estou me segurando para não usar a famosa
frase “eu avisei que era cilada”.
Mas não posso julgá-lo por ter se emocionado aos vinte anos e se deixado
guiar pelo pau.
— O que quer que eu fale? — Questiono o meu amigo. — Ela é sua filha,
irmão. Deve saber como lidar com uma criança.
Arthur tem quarenta e dois anos, dois a mais do que eu. Ele arrumou uma
namorada na faculdade e sempre esteve claro para mim que ela não gostava tanto dele
quanto ele gostava dela. Ainda assim, eu não disse nada que fosse atrapalhar o seu
— Uma coisa era quando a Geórgia vinha de vez em quando passar férias
comigo. Outra bem diferente é recebê-la em definitivo. Vocês sabem que crianças não
são o meu forte.
rapidamente.
— Ainda bem que posso contar com o meu melhor amigo — Arthur fala,
com o olhar fixo em mim.
Ele não é o pai? Pois que lide com isso como nunca fez.
Para complicar ainda mais a situação, mas acreditando que seria uma boa
ideia, eles decidiram se casar pelo bem do filho que teriam. O casamento difícil durou
três anos, e depois que acabou Josy foi para os Estados Unidos com a filha do meu
amigo.
Arthur gostava da bebê, mas não parecia ter muito jeito com ela e nem
instinto paternal na época, por isso que não sofreu tanto quando a ex-esposa decidiu que
ficaria morando de vez fora do país. Ela se estabeleceu, arrumou um emprego e um
novo marido bem longe do Arthur. Consequentemente, meu amigo ficou mais distante
da filha tanto física quanto emocionalmente.
— Você sempre pode contar comigo, Arthur. Mas que fique claro que eu
não serei o pai dela no seu lugar. Está na hora de ter responsabilidade com a sua filha.
— Não pedirei que faça isso — diz, mas não precisa. Ele sabe que é capaz
de algo parecido.
Peguei o bebê nos meus braços e me lembro de ter pensado que era muito
fofa. Convivi com ela durante os três anos que o casamento durou, antes de a mulher
pegar a criança e ir embora.
Depois disso, nós quatro a vimos bem pouco. Ela veio passar as férias
algumas vezes, mas o Arthur não fez muita questão de conviver com a menina. Ele a
deixava com a babá.
Agora que está mais maduro, ele se arrepende de não ter se esforçado mais
com a filha, é por isso que está desesperado com a sua chegada. Desta vez, Geórgia
ligou avisando que ficará em definitivo.
pôde negar o seu pedido. Na verdade, apesar do desespero, ele não quis negar.
— Vocês vão ficar bem, meu amigo — digo, ao ir até o frigobar e, dessa
vez, pegar uma lata de cerveja para ele.
— Eu não sei do que uma menina como ela gosta. O meu apartamento não
está nada preparado para receber uma moradora nova, porra! Eu preciso das sugestões
de vocês. Como devo abastecer a geladeira? E os panos de cama para o quarto dela?
— Que tal você esperar a garota chegar e fazer essas perguntas diretamente
para ela? — Meu irmão mais novo pergunta quando deixa de mexer no celular para
prestar atenção na conversa.
A garota ligou informando que estava vindo morar no Brasil com ele há
três dias e, desde então, Arthur tem estado uma pilha de nervos e puxou todos nós para o
mesmo buraco.
Não tem como ser diferente quando se trata de uma adolescente, e eu sei
que adolescentes são chatos, problemáticos e precisam de atenção.
Sinto a minha cabeça latejar só de pensar no quanto serei afetado por ser o
melhor amigo do pai da garota.
amanhã à noite — Arthur fala, meus irmãos avisam que não poderão, afinal, estaremos
com a casa cheia.
— Tenho muito trabalho para fazer aqui amanhã — digo, mas não gostaria
me atrapalhar, nem mesmo uma ida ao aeroporto para buscar uma pirralha.
Pergunto-me como ela deve ser agora. Da última vez que a vi, Geórgia
tinha treze anos de idade. Veio ver o pai pela última vez há dois anos, mas eu estava
A única coisa que me recordo dela é que era muito fofa com seus fios de
cabelos escuros e olhos azuis, mas também era mimada e cheia de vontades. Quando
estava perto, irritava-me, mas não era nada pessoal, crianças são irritantes de modo
geral.
— Posso até não entender muito, mas aposto que não é o que existe entre
você e a Jasmine. Está com ela há três anos e eu fico com sono sempre que os vejo
juntos. Me pergunto quando você vai parar com essa merda e voltar a ser o que era
antes.
Antes de conhecer e começar a me relacionar com a Jasmine, eu era adepto
ao sexo sem compromisso, mas nem de longe tão mulherengo e sem critérios quanto
esses três.
— Não espere por isso — aviso. Na verdade, sinto que chegou o momento
de me casar, mas não vou falar sobre isso com eles. Não estou a fim de enfrentar uma
crise agora.
De nós quatro, parece que sou o único que percebe que passou da hora de
me aquietar e pensar no futuro. A minha mãe viúva, que mora em outro Estado, é uma
das principais razões para que eu deseje me casar. Penso nela e digo a mim mesmo que
o casamento não é o inferno que ela viveu ao lado do marido.
Mas como não iria aceitar, se está há meses jogando indiretas sobre o
quanto deseja se casar?
— Era apenas sobre a sua filha que queria falar? — Miguel questiona.
— Vai dar tudo certo, meu amigo — afirmo. — Pode contar comigo. —
Dou uma batidinha no seu ombro e ando na direção da porta, eu mesmo dando a reunião
A mulher costuma concordar com tudo que eu falo, não importa qual seja o
assunto. Ela não me desafia, e isso deveria ser bom, não é?
Tendo um relacionamento fácil, tenho mais tempo para pensar nos outros
âmbitos da minha vida. Não me sentir satisfeito é como procurar pelo em ovo.
Agora, darei um grande passo e estou quase certo de que será uma boa
escolha. Em breve, eliminarei esse item das coisas que preciso fazer e seguirei em frente
com a minha vida.
Gosto de pensar que sou feliz com as escolhas que fiz desde muito jovem,
exceto por uma, e depois que passei a ter controle total sobre cada gesto que faço e cada
emoção que sinto, nunca mais fui surpreendido com algo inesperado. Espero continuar
assim, pois apenas pessoas fracas se deixam ser levadas pelo acaso.
— Nós estamos juntos há três anos e você sabe que eu gosto muito de
você, não sabe?
Nunca disse que a amo com todas as letras. Na verdade, só agora estou me
dando conta de que nunca penso em amor quando se trata da minha namorada. Jasmine
diz que me ama quando está contente, mas não lembro de ter retribuído a declaração, e
muito menos de ela se incomodar com a falta de reciprocidade.
Sei que o amor existe e que deve ser bem parecido com o nosso
companheirismo, mas, agora que estou prestes a dar um passo grande e definitivo,
questiono-me o que de fato é o amor.
Ele não deve ser mais importante do que todo o resto, não é?
— Lucas, eu preciso da sua ajuda, porra! — Ele fala, o seu tom de voz me
faz levantar do sofá imediatamente.
— O que aconteceu?
— A menina está chegando. Ela adiantou o voo e não posso lidar com isso
sozinho. Venha para o aeroporto, por favor!
— Tudo bem, não fique maluco. Estou indo aí te ajudar a lidar com a sua
própria filha — falo, e desligo. Sei que ele dará mais coordenadas de onde iremos nos
encontrar enquanto dirijo.
— Está tudo bem. Nós temos todo o tempo do mundo. Vou te esperar aqui.
Tenho em mente que não demorarei para voltar, então terminarei de fazer o
pedido de casamento. Mas o destino tem suas formas de agir e o encontro mudará não
só a minha, mas a vida de todos que eu amo para sempre.
Como um furacão, ela chegará para tirar tudo do lugar e virar a minha vida
de cabeça para baixo, para mostrar que o amor, a paixão e o desejo não fazem partes de
planos traçados única e exclusivamente pela razão.
CAPÍTULO 2
Um dia antes
Ela fica me olhando como se não me conhecesse mais, mesmo que a gente
não é o meu pai e eu sei diferenciar. Sinto-me assim por nunca ter deixado de sentir falta
do homem que ajudou na minha concepção.
— Esse dia chegou tão rápido, não acredito que está me deixando, filha. —
— Mamãe, eu tenho que fazer isso — digo da melhor forma que posso,
tentando não perder a paciência. Está sendo um exercício difícil, depois de eu ter
tentado com muito afinco fazê-la entender o meu lado nas últimas semanas.
— Não tem que fazer nada. Você quer ir, é diferente. E não finja para mim
ou para si mesma que é apenas para estudar, porque nós duas sabemos o que vai fazer
no Brasil.
Desde que decidi que queria estudar para me tornar chef de cozinha, depois
de ter passado a minha infância e adolescência me metendo na cozinha da mãe do meu
Não poderia ser diferente, sendo o país onde nasci e o lugar cuja culinária
contém as comidas mais deliciosas do mundo. Foi justamente por saber que iria fazer
essa escolha que esperei um ano depois de formada no colegial para começar a colocar
Josy acredita que eu, aos dezoito anos, estou indo atrás do amor de um pai
que nunca fez questão de cumprir com o seu papel. Mas ela está muito errada, pois tudo
o que quero daquele homem é um teto para morar.
fácil e dar ao Arthur pelo menos o gostinho do que é ter uma filha.
— Do jeito dele, Arthur sempre te amou. Não precisa morar com ele, filha.
Esqueça essa ideia de ir embora para o Brasil — pede, e já está chorosa novamente.
A minha mãe não faz ideia de como torna tudo mais difícil para mim se
comportando dessa forma. Sei que terei que fazer a despedida de um jeito que ela não
vai gostar, mas será o melhor para nós duas.
— Não estou indo atrás dele, não desse jeito que a senhora está pensando
— afirmo, enquanto fecho o zíper da última mala de roupas.
Apesar de amar a minha mãe, eu sei que a nossa relação não é perfeita.
Além de nós duas termos gênios fortes, ela tem a mania de tentar controlar a mim e
todas as minhas decisões. Sempre foi assim, mas passei a ficar muito incomodada
depois que me tornei adulta.
Depois do abraço, ela fica mais calma e conversa comigo sem dramas.
Quando me deixa, termino de arrumar as minhas coisas e programo o alarme para tocar
bem cedo.
Ainda está cedo para deitar e não tenho sono. A ansiedade e até um
pouquinho de medo não me deixam dormir. Não é como se eu estivesse indo ali na
esquina comprar pão. A minha vida vai mudar completamente e a única pessoa
minimamente conhecida que encontrarei no Brasil será o meu pai.
Por outro lado, não tenho dúvida quanto à decisão que tomei. Estou
esperando há um tempo a oportunidade de fazer isso e não voltarei atrás agora.
Leio a mensagem do Felipe, o garoto que era meu namorado até dois dias
atrás. Nós estávamos juntos há um ano e foi com ele que perdi a minha virgindade. A
relação que tínhamos era fácil e descomplicada. O sexo era bom, até porque, foi o único
garoto com quem transei até aqui, mas não era nada como as paixões avassaladoras das
novelas ou filmes de romances.
Apesar de ter ficado mexida, não foi a pior coisa do mundo ter que colocar
um ponto final no nosso namoro. Talvez tenha sido assim por nunca ter pensado no
nosso namoro como algo para ser levado a sério.
Mesmo sem querer ter mais uma conversa difícil, levanto-me da cama e
me aproximo da janela. Olho para baixo e o vejo com o quadril apoiado em sua moto,
olhando para a minha janela.
Ele me vê e me chama. Passo os dedos entre os fios dos meus cabelos, dou
uma olhada na minha roupa e desço para me despedir mais uma vez. Ainda bem que não
foi tão difícil com as minhas amigas, todas elas estão bem e entendem o meu desejo de
ir embora.
— Fiquei com medo de você não descer — ele fala quando paro na sua
frente.
— Não, vim te pedir mais uma vez que não faça isso com a gente.
Podemos dar um jeito. Você sabe que eu tenho condições de ir te ver — insiste, eu nego
com a cabeça.
sinceridade.
A verdade é que estou dando um salto no escuro, porque não faço ideia de
como será a minha vida a partir de agora. Tudo o que eu tenho é o desejo de ter a minha
Talvez nada saia bem, mas vou ficar bem se precisar voltar, pois sei que
minha mãe estará aqui, me esperando de braços abertos.
relacionamentos a distância. Não estou indo para outra cidade. Estamos falando de outro
país e de uma viagem que não sei se terá volta.
Ainda me lembro das vezes em que passei as férias com o meu pai e de
como gostei de tudo a respeito do meu país. O sol e a praia fizeram a alegria da criança
que fui. A última vez que visitei o Brasil foi há dois anos, mas sinto tanta falta quando
lembro dos dias felizes de férias que parece que morei no meu país durante a vida
inteira.
— Não tem — afirmo, mas o abraço para tornar o clima mais leve. — Por
que não para de falar e me dá um beijo de despedida?
Tudo bem que terminei com ele há uns dias, mas não custa nada dar a nós
dois esses pequenos momentos de prazer. Não pode envolver sexo, porque Felipe ficaria
mais resistente ao fato de ter acabado.
Às sete da manhã, desperto com o som do alarme. Saio do meu quarto para
ter certeza de que o meu padrasto e a minha mãe saíram para a caminhada matinal de
todos os dias. Sozinha, entro no seu quarto e deixo a carta que escrevi para ela.
Sim, estou fugindo e deixei isso claro na carta que escrevi. Eu
simplesmente não teria a capacidade de passar pelo momento da despedida. Não saberia
como lidar com as lágrimas da minha mãe e do meu padrasto. Ela ficará triste, mas logo
entenderá que tomei a decisão mais acertada.
Penso se devo ou não avisar o meu pai de que estou indo mais cedo, mas
decido que ele merece ser pego de surpresa. Quando desembarcar no Brasil, ligarei e
pedirei que me busque.
A viagem dura mais de doze horas. Quando desço do avião, estou tão
exausta que tudo o que consigo desejar é uma cama quente e confortável. Sento-me em
um banco e finalmente ligo para o meu pai.
Arthur atende no segundo toque e o seu tom de desespero quando digo que
estou no aeroporto chega ser cômico. Seguro a risada enquanto ouço as suas instruções
para que eu fique em um lugar de fácil localização. O homem fala que chegará em trinta
minutos e eu sinto vontade de gemer de frustração e tédio, depois de tantas horas no
avião.
Como não tenho outra saída além de esperar, cruzo os braços e fico
observando o movimento das pessoas indo e vindo. Quarenta minutos depois, recebo
uma mensagem.
Olhe para trás. Leio a mensagem do meu pai.
Eu não sei se ele sente alguma culpa por isso, e não importa, desde que me
receba em sua casa.
O fato de ainda ser tão jovem fisicamente também chama a minha atenção,
mas não me prendo a isso, pois ele não está sozinho e sou atraída pelo olhar do homem
que está ao seu lado.
Ele deve ter mais de trinta anos, talvez muito próximo à idade do meu pai,
mas com certeza é um dos homens mais belos que já tive o prazer de ver com os meus
próprios olhos tão de perto. Não tão perto quanto eu gostaria, mas está valendo por
enquanto.
Ele é alto, muitos centímetros mais alto do que eu. Parece ser forte daqui
de onde estou, mas não tão forte a ponto de ser musculoso. Apenas o suficiente para ser
considerado um colírio para os olhos.
O seu cabelo é castanho claro, quase loiro. Os olhos são azuis como águas
cristalinas, o maxilar é forte e a boca é tão linda e rosada que é impossível não pensar
em como o seu beijo deve ser gostoso.
A barba por fazer causa um calor entre as minhas pernas, penso em como
deve ser ter os fios macios em contato com a parte interna da minha coxa.
Prefiro que seja uma paixonite que começa e termina no aeroporto a pensar
que esse cara lindo tem alguma relação com o Arthur. Se for amigo dele ou coisa
parecida, boa pessoa não deve ser.
Bom, ter um pai assim também não é a melhor coisa do mundo. Nós três
estamos nos encarando de longe, mas eu sou a primeira a dar um sorriso para quebrar o
clima.
Depois que mostro os dentes, eles vêm até mim, matando a minha
esperança de que não estivessem juntos.
Só que ele é uma mentira, pois quando desfaço o abraço com o meu pai,
ele olha rapidamente para o decote acentuado da minha blusa, depois sobe novamente
para o meu rosto.
— É claro que não. Você sempre será bem-vinda. Espero que saiba disso.
— Arthur está nervoso, mas parece mais entusiasmado do que eu esperava.
— Eu sei — falo por falar, pois a verdade é que ele nunca fez com que eu
me sentisse bem-vinda. Jamais mostrou qualquer indício de que gostaria que eu ficasse
mais um pouco quando tinha que partir no final das férias.
O único crédito que posso dar a ele é pelo fato de ter cumprido com as suas
obrigações referentes ao dinheiro. Arthur sempre deu dinheiro para a minha mãe, eu tive
a oportunidade de estudar nos melhores colégios e ter tudo o que desejava.
— E você, quem é? — Pergunto, ao voltar a minha atenção para o
desconhecido gato.
Além de gato e mais velho, João Lucas tem nome de mocinho de novela
mexicana.
— Geórgia, você não deve se lembrar, mas o conheceu quando era criança.
— Ele é um dos sócios da Adega e meu melhor amigo, filha. Confio nesse
homem de olhos fechados e você também pode confiar. Ele pode se tornar uma espécie
de tio para você, não é, Lucas?
Fico com vontade de sair correndo depois das palavras do meu pai, porque
não vi um pai ou um tio desde que olhei para esse homem. Na verdade, quero que ele
tire a minha roupa aqui mesmo no aeroporto.
Parece que ele não queria estar aqui. Me pergunto por que veio como
guarda-costas se não era o seu desejo.
— É claro. Me ajude com as malas — Arthur fala e sorri abertamente.
Lucas continua sério. Parece até que está com raiva.
Mas que bobagem! Por que não gostaria de mim se nem me conhece?
— Típico.
Saber que ele é comprometido faz o meu ânimo que já estava prejudicado
cair em noventa por cento. Sinto uma decepção tão grande com a informação que é
como se esse homem tivesse confessado que me traiu.
Posso parecer doida por isso? Com certeza, mas os sentimentos não podem
ser controlados, não é?
Eu não sei o que deu em mim e nos meus irmãos para não termos nos
ligado que o tempo passou e que a filha do nosso amigo não seria uma criança para
sempre.
Na minha cabeça, ela ainda era aquela criança que vi algumas vezes e que
eu achava fofinha. Mas foi só chegar ao aeroporto e colocar os olhos sobre ela para
perceber o quanto fui tolo.
Não tem nada de criança na Geórgia. Ela não é mais fofa e tem peitos.
Aliás, peitos enormes que mostram que o tempo passou para ela como passa para
qualquer pessoa.
A garota, sim, apesar de adulta, é uma garota de dezoito anos pelas minhas
contas, lembra um pouco o Arthur na aparência, a diferença é que ele é feio e ela é linda
pra caralho!
Eu, que estive prestes a pedir a minha namorada em casamento, tive uma
dificuldade enorme para disfarçar o meu olhar para a menina no segundo em que ela
virou de frente para o seu pai e eu.
Foi um olhar de cobiça e de culpa, pois não deveria ter sentido o meu
Arthur! Uma menina que, segundo ele, pode confiar em mim como se fosse um tio.
Tio? Só pode ser uma piada. Jamais teria apenas sentimentos fraternos por
uma mulher como essa. Enquanto dirijo até o apartamento do Arthur, recordo-me do
impacto do primeiro olhar.
Ela se voltou para nós dois na área de desembarque e eu, que sempre fui
um homem contido e que não me deixava impressionar por atributos físicos, senti o
impacto, como se um tijolo tivesse caído em cima da minha cabeça.
Agora, tento me convencer que não foi tão grave, porque homem nenhum
ficaria imune a tanta beleza e um olhar tão profundo. Olhos azuis como os meus, mas
muito mais profundos.
Mas não foram os seus olhos que primeiro chamaram a minha atenção.
Foram os peitos, afinal, sou homem e penso com a cabeça do meu pau em alguns
momentos.
Ela é alta, mas consegue ser mais baixa do que eu vários centímetros.
Geórgia tem a cintura fina e os quadris um pouco mais largos. As pernas são longas e
gostaria que não estivesse usando calças para que eu pudesse ter uma visão mais
privilegiada.
Além de tudo, a moça tem estilo. A sua calça jeans preta é cheia de rasgos
e o seu nariz pequeno e fino é enfeitado com um piercing de argola entre as narinas.
Parece ter atitude e personalidade forte, algo que poderia ser perigoso se eu não
Ficar tão bobo com a sua beleza é aceitável de certa forma, afinal, não sou
cego e tenho bom gosto. Passar disso seria dar um tiro no meu próprio pé.
olho alarmado pelo retrovisor, mas ele tomba a cabeça para o lado e volta a dormir.
Ao meu lado, Geórgia está tão quietinha que nem parece estar respirando.
Nos últimos quilômetros até o condomínio do Arthur, procuro respirar fundo e esquecer-
me que a moça mexeu com algo no meu corpo e dentro da minha cabeça.
Com pai e filha apagados, fico incerto sobre o que fazer durante um
momento, mas decido que é melhor tentar acordar o Arthur primeiro.
Fiquei puto quando me ligou e interrompeu os meus planos para hoje, mas
estou dando um desconto para esse idiota, pois sei que estava bem nervoso por causa da
chegada da filha.
Eu sou o mais próximo de um irmão que Arthur poderia ter e sei o quanto
se arrepende de não ter sido um pai melhor. Esse remorso vem de alguns anos, mas ele
foi covarde o suficiente para ter permanecido inerte e com medo de chegar na filha para
tentar ser mais do que um mero progenitor.
Quando Geórgia ligou pela primeira vez para contar que estava pensando
seriamente em vir morar com ele por um tempo, Arthur ficou desesperado e se
preocupou com detalhes bobos. Tudo para a agradar.
Mas eu, que o conheço bem, sei que ficou feliz pela oportunidade que
surgiu. Arthur está disposto a tentar, assim como eu estou disposto a cumprir com a
Por ele e pelos meus irmãos, faço coisas que não faria por muitas outras
pessoas.
Premeditando o que ele está pensando em fazer, entro na sua frente para
impedir.
— Você não está bem para aguentar o peso do próprio corpo, imagina se
não derrubaria a menina no chão — digo. É mais pelo sono do que pela bebida. Ele
tomou apenas o suficiente para não passar no teste do bafômetro, mas está sonolento e
tenso.
— Estou tenso, cara — avisa, como se soubesse o que acabou de passar
pela minha mente.
— Eu sei, mas o importante é que ela está aqui e você pode consertar as
coisas com a sua filha.
— Como?
— Sei que você é uma pessoa melhor do que eu, Lucas. Poderia muito bem
ser pai e seria muito bom, porque tem equilíbrio e sensatez. Se ela fosse sua, a amaria
como não fui capaz enquanto crescia.
— Não coloque esse peso em cima de mim, Arthur. Eu estou do seu lado,
mas ela não é minha filha, nem minha sobrinha. Nunca será.
Tudo que Arthur acabou de falar me incomodou, mas não levarei em conta,
pois ele não está cem por cento sóbrio. Em breve, farei com que entenda que não
assumirei o seu papel, não quando a enxerguei como mulher. Seria doentio,
mim. Não serei uma muleta para o Arthur, mesmo que o ame muito,
quando não pensei um segundo sequer na namorada que deixei em casa cheia de
expectativa.
— Fala sério, você gostou da minha menina, não gostou? Eu sei que ela
deve ter mudado, mas foi uma criança muito fofa. Você lembra?
Eu tive pouco contato com a filha do meu melhor amigo e, sendo bem
sincero, mal lembrava da sua existência. Não poderia ser diferente, já que o Arthur
— Espero que ela goste do apartamento e do quarto que pedi para a Lica
preparar. Bom, a Lica tem filhos e imagino que tenha acertado.
Apesar de ser uma espécie de governanta que faz tudo pelo Arthur, Lica
está com a família desde que ele era criança e o homem a trata como se fosse da família.
Ao entrarmos no apartamento, Arthur me leva até o quarto de hóspedes
que preparou para a filha, mas avisa que precisa ir ao banheiro antes mesmo que eu
termine de deitar a garota na cama.
Com cuidado, tiro as suas botas e as deixo perto da mesa de cabeceira. Ela
resmunga um pouco durante o sono e faz um biquinho engraçado com a boca que parece
naturalmente rosada.
O cheiro do seu perfume está no ar, então eu saio apressado do seu quarto,
quase como se o diabo estivesse no meu encalço.
Não sei o que ele consumiu, mas deve ter sido algo pesado.
— Foi dessa forma que você planejou receber a sua filha, desgraçado?! —
Praguejo, mas decido não o acordar e tomo para mim a missão de ir até o carro e subir
com as malas da Geórgia.
Por esse comentário, fica óbvio para mim que ela não está tão aberta a
construir algo com o pai, embora tenha vindo morar com ele por decisão própria.
Sério, é perturbador estar perto de uma garota tão linda como essa. Quando
foi que aquela criança se transformou em uma beldade e eu não vi?
É claro que não vi, se tivesse sido diferente, os meus pensamentos sobre
ela não seriam tão equivocados.
O meu coração começa a bater mais forte e o sangue a correr quente nas
minhas veias. O homem controlado não existe neste momento e eu só posso justificar
tudo o que está acontecendo com o meu corpo e a minha mente como um caso de
atração instantânea que terei que combater como se fosse uma doença.
— Você é lindo, e espero que em breve consiga te ver sorrindo. Tem estado
tenso e sério desde o aeroporto. Aposto que não é assim o tempo todo.
— As pessoas dizem que sou — afirmo, ficando mais tenso quando a
garota ergue a mão e apoia no meu peito. Por impulso, coloca a minha sobre a sua
palma. — O que está fazendo?
Eu desço a mão que estava sobre a sua para a cintura fina e a puxo para os
meus braços, dizendo a mim mesmo que será algo rápido, fácil e indolor.
Ela é apenas uma jovem que não deve saber da gravidade desse flerte.
— Faria por qualquer pessoa — minto, apenas para esfriar as coisas. A sua
expressão muda por um segundo, mas a mulher toma o controle novamente e coloca um
sorriso no rosto. — Tenho que me despedir agora — aviso. — Descanse bem, Geórgia.
Enquanto dirijo para casa, penso em como será daqui por diante. Sinto que
um desafio foi colocado diante dos meus olhos e terei que pôr à prova o meu
autocontrole para não titubear, caso ela queira dificultar a minha vida.
Terei que ter em mente tudo o que está em jogo, mas não será fácil,
considerando que nem mesmo pensei na mulher com quem penso em me casar quando
elenquei os motivos para não fraquejar no seu quarto.
Quando chego em casa, tomo um banho e vou para o quarto. Fico surpreso
quando vejo a minha quase noiva dormindo na minha cama. Apesar dos anos de
relacionamento, a gente não tem o costume de dormir juntos. Dificilmente acontece. Se
ficou, foi porque estava esperando para ouvir o que eu tinha a dizer.
Vou até o banheiro, retiro a caixinha com o anel do bolso do meu terno e
volto para perto da cama. Pondero sobre o que devo fazer. A minha cabeça diz que
preciso acordar a minha namorada e fazer o pedido de uma vez.
Ao lado da minha namorada, sei quem sou e o que quero para o futuro.
Tem que ser assim e não vou permitir que uma garota mude isso.
CAPÍTULO 4
olho em volta do quarto desconhecido, mas imagino que esse seja o apartamento do meu
querido pai.
sonhado tão alto, mas soube que seria ele quando o vi me encarando com aquele belo
par de olhos azuis.
Cada segundo da pouca interação que tivemos ontem foi revelador para
mim. Mesmo tendo namorado durante tanto tempo com o Felipe, perto do Lucas senti
emoções inéditas, como se eu nunca tivesse sentido o poder de uma atração antes.
impressionou apenas pela beleza, mas seria aceitável, já que ele é realmente muito lindo.
Há algo a mais, um mistério em sua postura tensa, que faz parecer que tem
uma fera rugindo dentro dele, louca para se soltar. Há também um perigo muito sútil,
um fogo dentro dos seus olhos que faz promessas de um incêndio de grandes
proporções.
Se eu fosse sensata como minha mãe me ensinou que deveria ser, colocaria
a minha mente no lugar e esqueceria do calor que o João Lucas me fez sentir. Se eu
valorizasse a minha paz de espírito, iria ponderar o desastre de tentar seduzir o homem.
Mas eu não me sinto sensata na maior parte do tempo, não começarei logo
agora que encontrei a pessoa que vai tornar a minha vida aqui no Brasil muito mais
interessante.
Eu não sou uma vadia e não estou desconsiderando o fato de o homem ter
uma namorada, que deve ser deusa como ele, mas não será culpa minha se Lucas não
conseguir resistir aos meus encantos.
Não farei nada diretamente, até porque, não será preciso, considerando a
sua reação a mim ontem à noite aqui no quarto.
Lucas tentou fingir e até se manteve frio em seus modos e palavras, mas eu
senti que mexi com ele de alguma forma. Ele pode fugir, mas a atração existiu e nós
dois sentimos.
cabeça.
renovada, como se o cansaço tivesse descido pelo ralo junto com a água.
Quando saio do banheiro e pego o meu celular, percebo que não foi bem o
banho que levou o cansaço, afinal, já passa de uma da tarde. Dormi metade do dia, mas
não me culpo, pois estava precisando, depois de tantas horas no avião.
Depois que me visto, me sento no sofá que foi posto na frente da cama e
ligo para a minha mãe. Nós conversamos por um tempo e fico feliz por ela não ter
ficado chateada com a minha fuga. Josy e o meu padrasto entenderam que era melhor
Fico um pouco ansiosa, porque se o Arthur estiver em casa, será a primeira vez que
ficaremos a sós depois de três anos.
Da última vez que nos vimos, eu era uma adolescente. Das vezes em que
ligou para a minha mãe, não falei com ele. Quando Josy insistia para que eu pegasse o
telefone, era no máximo para o cumprimentar.
— Prefiro almoçar, se não for dar muito trabalho para o senhor — digo.
— Imagina, fiz o suficiente para nós dois. Mas dê um desconto para o seu
pai se não estiver tão bom. É o único prato que sei preparar na cozinha — afirma. —
Geralmente, sou alimentado pela Lica, mas ela não fica aqui o tempo todo. Lembra-se
dela?
— Como poderia esquecer? — Lica era a mulher amorosa que dava a
atenção que eu não recebia do meu pai.
— Não precisa agradecer, é esteja certa de que nós vamos ficar bem.
— Eu sei que vamos — digo, e espero que entenda que estou falando em
mais de um sentido.
A minha mãe estava certa e parte dos motivos que me fizeram vir foi a
busca por uma relação com o meu pai. Talvez, ainda seja a criança que sentia falta da
presença do pai biológico, mesmo tendo um padrasto maravilhoso.
— Não tenho certeza, mas tem que ser um horário flexível por causa do
curso. Talvez eu possa estudar pela manhã e trabalhar à noite.
Adega é o nome do clube noturno que o meu pai possui. Até onde sei, ele é
proprietário do lugar juntamente com três amigos. A minha mãe me contou
recentemente que todos vivem bem, pois o faturamento do estabelecimento é alto,
sobretudo, pelas atrações internacionais que rendem pelas vendas de ingressos.
Agora que sou adulta e estou aqui, sinto-me ansiosa para conhecer o lugar
pessoalmente e comprovar se é tão bom quanto parece.
— A minha filha não vai fazer qualquer coisa — Arthur afirma. — Além
do mais, você não precisa…
— Sei o que vai dizer e agradeço, mas não quero depender inteiramente do
senhor. Me sentiria inútil.
— Tudo bem. Não vamos falar sobre isso agora. O que você está achando
da comida?
— O feijão está uma delícia, Arthur. Você leva jeito.
— Quem era o homem que estava com a gente ontem? Ele me colocou na
cama depois que você apagou.
— Eu sinto muito.
— Não estou te criticando, pai. Apenas fiquei curiosa, porque ele pareceu
ser alguém muito gentil.
— Lucas é o meu amigo mais próximo desde os meus dezenove anos. Nos
conhecemos na nossa cidade natal e fizemos faculdade juntos depois que veio morar
aqui. Me formei um ano antes e nunca nos afastamos. Também sou muito próximo dos
irmãos dele, Emanuel e Miguel. Nós quatro somos sócios e amigos.
— Se tem, ainda não sei o que é — comenta, mas fica pensativo por um
instante. — O que achou dele?
O meu coração dispara por causa da pergunta do meu pai, mas olho para
ele com atenção e percebo que não está desconfiando de nada.
Se ele soubesse que senti vontade de sentar no seu melhor amigo… O tão
correto João Lucas.
— Só não tem bom gosto com as mulheres. A namorada dele é bem bonita,
mas é insuportável. Tem cara de tédio o tempo todo e diz amém para tudo que o Lucas
fala.
Percebi que o meu pai é fofoqueiro e isso é um ótimo ponto a seu favor.
— Lucas não falou abertamente, mas o conheço bem e sei que está
ensaiando para fazer o pedido muito em breve.
Merda!
— Você tem um bom ponto — ele fala, depois olha para o relógio no
pulso. — Irei trabalhar mais tarde. Se você quiser vir comigo, sinta-a à vontade.
— Foi muito bom passar esse tempo com você, filha. Mais tarde a gente se
vê — Arthur fala, ao se levantar, beijar a minha testa e depois sair da sala.
Minutos depois, o homem sai de casa sem dizer para onde está indo. Não
que eu quisesse saber, pois só consigo pensar que verei o Lucas novamente e será muito
mais rápido do que pensei.
Mas como a vida não é feita de fogo no rabo, vou para o quarto, ligo o
notebook e começo a fazer pesquisas acerca das faculdades que oferecem cursos de
culinária aqui na cidade, afinal, eu disse para a minha mãe que viria para o Brasil
estudar.
Mato o meu tempo com as pesquisas. Quando decido que já fiz o suficiente
e desligo o computador portátil, já passa das seis da tarde. Ainda me sinto um pouco
sonolenta e penso em tirar um cochilo antes de sair com o meu pai, mas ele bate na
porta e destrói os meus planos.
— Filha?
— Com certeza.
— Pode deixar.
Antes de escolher o que vou vestir hoje, passo o meu perfume favorito em
lugares estratégicos do meu corpo.
Termino optando por um vestido floral soltinho, curto e de alças finas. Para
os pés, escolho botas pretas de cano baixo e uma bolsinha para pendurar no ombro.
Deixo os meus cabelos presos em um rabo de cavalo e coloco brincos de argolas nas
orelhas. O piercing no nariz também não pode faltar.
A viagem de ida até o clube noturno não dura mais do que quinze minutos.
Quando eu entro no lugar, fico com o queixo caído com o tamanho e com o quanto
parece luxuoso. Penso que o acesso a um estabelecimento tão alto nível não deve ser
barato.
O bar toma toda a parede e parece ter todos os tipos de bebidas que
existem no mercado. Há mesas e cadeiras, um globo de luz e até um poste de pole
dance. Pelo visto, eles trabalham com estilos variados de atrações. Os meus olhos são
atraídos para o palco onde devem acontecer os shows e, de repente, sinto um imenso
desejo de estar aqui quando esse lugar estiver cheio, pulsando de energia como se
tivesse vida própria.
— Gostou? Os seus olhos estão brilhando, filha.
— Gostei muito. Estou imaginando como deve ficar quando está cheio.
Arthur mostra o seu escritório e o comum. Depois, passa pelo dos outros,
mas apenas uma das salas está com a porta entreaberta. Meu pai espia dentro da sala e
depois entra sem pedir licença. Eu o sigo e sou surpreendida com Lucas sentado e
trabalhando no seu computador.
Ele estava digitando alguma coisa, mas para e ergue o olhar quando nota a
nossa invasão.
Ainda assim, ele mostra um sorriso de canto. Deu para perceber que esse
homem é todo controlado. Por mais que ele deixe as emoções transparecerem em um
momento, no segundo seguinte ele volta a si e mostra apenas o que deseja que as
pessoas vejam.
Apenas uma pessoa atenta a tudo como eu perceberia essas nuances na
personalidade de alguém.
— Estou mostrando o lugar para ela. Como você é o único que chegou,
decidi entrar. Atrapalho?
Por falar nisso, ele nem mesmo olhou para mim desde que entrei. Agora
que a namorada está na sua frente, é como se só ela existisse no mundo. Talvez eu só
esteja mordida de ciúme. Um ciúme sem sentido e desproporcional.
— Arthur, querido, essa moça linda é sua filha, não é? Não tem como
negar, ela se parece um pouco com você
Um pouco?
— Vamos sair? Não queremos mais atrapalhar o casal — falo, doida para
fugir daqui.
O meu pai não entende a minha pressa repentina, parece confuso, mas
balança a cabeça e faz o que eu propus.
Sem dar um único olhar na direção do Lucas, deixo a sua sala. Sinto tanto
alívio que até pareço mais leve.
Nunca mais.
Quando a gente desce para o primeiro piso, meu pai me apresenta mais
algumas coisas e, minutos depois, dois homens se aproximam de nós dois com sorrisos
enormes em seus rostos.
Eles são muito bonitos, e está literalmente na cara que são os dois outros
sócios e irmãos do Lucas.
O meu pai nos apresenta e os rapazes brincam de flertar comigo, de uma
forma que o Lucas não fez. Rapidamente, me sinto entrosada com os dois e o Arthur
parece não se importar com as brincadeiras, pois sabe que estão apenas me provocando.
— Tem alguma coisa errada com você? — Jasmine para ao meu lado e
Estou me sentindo exasperado desde que a garota saiu com o pai desta sala
e não sei explicar o porquê disso. É como se o nó da gravata estivesse apertando o meu
frequentadores do clube noturno. Todos os escritórios têm essa visão privilegiada por
causa da parede espelhada. Foi uma decisão nossa que fosse dessa forma, assim,
o público, e estou de olho por outro motivo. Odeio-me por isso, mas não posso
controlar.
A minha namorada veio me fazer uma visita, mas tenho que admitir que
me senti um pouco incomodado por ela ter vindo sem avisar. O problema é que Geórgia
também veio com o pai e o que senti foi totalmente diferente de incômodo.
Foi uma pontada de excitação e medo pelo que estou sentindo. Depois que
a Jasmine saiu do banheiro e Geórgia a viu, algo em sua postura e expressão mudou. A
garota, que está mais linda ainda com as pernas de fora por causa do vestido curto,
praticamente fugiu daqui sem lançar um único olhar na minha direção.
pudesse eliminar qualquer ameaça de que não tivesse esquecido o clima estranho entre a
gente ontem à noite.
Mas agora que estou observando aqui de cima, tudo o que sinto é um vazio
no peito. Algo estranho que nunca me ocorreu. Sinto-me excluído, porque ela está lá,
junto com o pai e com os meus irmãos. Eles sorriem e parecem entrosados com a garota,
embora tenham a conhecido há pouquíssimos minutos.
Eu não entendo o motivo, mas Jasmine nunca fez questão de se dar bem
com os meus irmãos e o Arthur. Ela não tentou ser amável em todos esses anos e os
caras acabaram pegando birra dela.
Eles fingem que a minha namorada não existe na maior parte do tempo e
só convivem com ela quando não tem outra saída. Acontece uma vez por ano na data do
meu aniversário.
— Ela é só uma menina — afirmo para Jasmine, mas poderia repetir isso
— Ela é uma mulher. Aliás, uma mulher lindíssima e tenho certeza de que
você não é cego e deve ter notado isso. Os seus irmãos também notaram.
— Amor, não precisa ficar tão irritado, só estou te provocando. — Ela para
atrás de mim e beija as minhas costas. — Eu sei que nenhum de vocês três seria capaz
de tocar na filha do Arthur.
Não sei se a minha namorada está totalmente certa. Posso até não ser
capaz, mas a vontade existe. Quando a vi no aeroporto, a atração instantânea me fez
— Você tem razão, mas promete que vai me ligar mais tarde?
O beijo não mudou só porque olhei com desejo para outra mulher. Ainda é
o mesmo: bom, seguro e conhecido.
Eu sei que ela veio aqui com o intuito de sondar a respeito desse assunto e
eu deveria acabar com isso de uma vez por todas, mas algo me segura e estou ouvindo
esse lado que me pede para esperar um pouco mais.
— Se era isso mesmo, a gente pode falar com mais calma depois —
Jasmine afirma, manda beijo e depois sai.
Sabendo que não conseguirei me concentrar, vou até eles. O grupo para de
conversar quando me vê e abre espaço na rodinha para que eu me encaixe.
— Perdão?
— É isso mesmo que você ouviu, meu amigo. A minha filha gostou daqui
e quer ter uma ocupação. Nada mais justo do que a gente dar um emprego para ela.
— Ela não pode trabalhar aqui — digo por impulso e todos, inclusive, a
menina, direcionam os olhares para mim.
— Não é seguro. Os caras irão cair matando em cima dela. Será que vocês
não pensaram nisso?
— Eles podem até ter pensado, mas não iriam me impedir com esse
argumento, porque sou adulta e sei me defender sozinha — fala sem paciência e sai
pisando duro na direção do bar.
— Foi você quem pediu, meu amigo — Arthur diz, aos risos.
Ninguém percebeu que falei por ciúme. O maldito ciúme de uma garota
que conheci ontem. Não tinha como ser mais problemático.
— Antes de você chegar, nós decidimos com a Geórgia que ela trabalhará
atrás do balcão. Ela está ansiosa para aprender a preparar drinks com um dos barmans.
— Lucas, eu sei que você é pirado e só está preocupado com a minha filha,
mas vamos dar um voto de confiança para ela.
— Tudo bem, porra! Já que sou voto vencido, ela fica, mas estarei de olho
nela.
Esse negócio funciona tão bem porque cada um de nós quatro tem uma
função. Enquanto os meus irmãos e o Arthur cuidam da parte prática, que vai da
segurança a compra de bebidas, eu cuido da administração, basicamente, da parte mais
tediosa para eles, mas é algo que sinto prazer em fazer.
Eu não sei dizer o que aconteceu comigo, pois não sou assim. De repente,
uma garota boba começou a me tornar algo que não sou e isso está me deixando
desesperado.
Até sentir essa vontade por algo que não consigo dimensionar e muito
menos controlar, eu tinha as minhas emoções na rédea curta, de repente, é como se tudo
estivesse caindo como um castelo de areia muito rapidamente.
A minha vontade é de levantar e ir para casa, mas não faço isso durante as
horas seguintes, simplesmente por saber que ficaria com a cabeça aqui.
logo no bar? Onde se concentra a maior quantidade de babacas por metro quadrado?
O que essa menina está fazendo aqui? Tiro o meu celular do bolso, apenas
para ter certeza de que já passa das três da manhã, mas o aparelho está sem bateria.
— Nós já vamos?
— Nós? — Questiono. O meu olhar desce para os seus peitos, mas voltam
para o rosto rapidamente em seguida.
— Não vou demorar — fala, mas não cumpre com a sua palavra.
Vinte minutos depois, ela ainda está limpando, todos foram embora e
ficamos sozinhos. Começa a trovejar do nada e só por isso a garota se dá por satisfeita.
Admiro o seu esforço por ter começado a trabalhar hoje. Mostrou
competência e não se valeu do fato de ser filha de um dos donos, como outras no seu
lugar fariam.
— Melhor a gente ir, antes que comece uma tempestade. Vou pegar a
minha bolsa. — Eu deveria ser cavalheiro e virar o rosto, mas fico observando quando
ela se abaixa para pegar a bolsa que estava sobre uma caixa de bebidas e quase mostra a
bunda bonita.
— Pronta?
— Prontíssima!
Agora, é como se eu fosse outra pessoa. Poderia ser qualquer um, menos
eu mesmo. Quando deitar a cabeça no travesseiro mais tarde, irei me arrepender por me
permitir esquecer-me do que não pode ser esquecido jamais.
Sinto que o seu coração está muito acelerado por causa do susto. O meu
também está, mas por motivos completamente diferentes.
— Vem, vamos nos abrigar. Será impossível sairmos daqui agora. — Sem
argumentar mais, Geórgia se deixa ser guiada para dentro da loja.
Com a minha mão apoiada nas suas costas, ela apenas me segue quando
entramos no elevador. Levo-a para a minha sala, mesmo sabendo que estou cometendo
um erro, pois tenho a sensação de que não posso ficar sozinho com essa menina sem
Quando a filha do meu melhor amigo entra no lugar onde costumo passar
parte dos meus dias, fico com a impressão de que o seu cheiro bom irá se espalhar pelo
escritório e que nunca mais irei entrar aqui sem a sentir de alguma forma.
a menina deixa a bolsa de lado e se senta com as pernas cruzadas uma sobre a outra. —
Vou procurar o meu carregador reserva, pois precisamos avisar o Arthur que a chuva
— Sim, ele deve estar preocupado. Mas pode deixar que enviarei uma
— Como foi o seu primeiro dia na Adega? Não imaginei que fosse querer
começar hoje mesmo.
— Eu não poderia ficar em casa sem fazer nada e sozinha. Quanto a tudo
que fiz hoje, devo confessar que foi uma loucura. Eu pisquei e a casa já estava cheia.
Mas gostei do agito, apesar das cantadas baratas e de alguns caras terem pensado que a
— Tão o quê?
— Linda como você — termino a frase. Sei que não estava em busca de
elogio. Queria me desafiar a falar e eu caí como um patinho.
— Como disse antes, sei me cuidar. Eles podem querer tudo, mas a escolha
O que não gosto é do fato de estarmos tão distantes, ela no sofá e eu com o
quadril apoiado contra a minha mesa. Não é assim que costumo ter as minhas conversas.
— Tenho certeza de que irá se sair muito bem — elogio, ela sorri.
Os seus dentes são perfeitos e a boca parece ser tão macia que a minha fica
seca de vontade de provar os seus lábios.
pensar que não posso ficar sozinho com ela, porque não há volta para a atração que
sinto. Me torno vulnerável como nunca fui e propício a cometer erros.
afinal, Geórgia estava me ignorando agora há pouco. Ela não parece estar atraída por
mim.
Será muito mais fácil para todos nós se estiver claro para a garota que sou
apenas o amigo e sócio do seu pai. Talvez, também me torne seu amigo no futuro.
A sua pergunta me pega de surpresa, pois não imaginei que fosse tocar no
assunto. Não sei qual a sua intenção, se é apenas mera curiosidade ou uma tentativa de
me sondar pelos motivos errados. Os mesmos motivos errados que me fazem querer
Deve haver. Duvido que uma moça como ela esteja dando sopa por aí.
Provavelmente tem uma fila de pretendentes, todos jovenzinhos da sua idade.
— Sim. Em breve teremos um casamento por aqui — falo, mas não sinto o
entusiasmo que quero demonstrar.
Geórgia fala, mas não está sendo sincera. — Sente-se perto de mim, Lucas. Não vou te
morder, nem mesmo se você pedir — brinca.
O estofado tem três assentos, mas me acomodo perto dela. Quero mostrar
para nós dois que não me sinto atingido com sua proximidade. Está tudo bem.
Ok. Estou indo longe demais ao sorrir na cara do perigo dessa forma.
Estou flertando descaradamente, o que me torna um tolo, pois sei que não pretendo
fazer nada.
— Está tudo bem, linda — falo com carinho para acalmá-la e acaricio o
seu rosto.
Há uma explicação para o que está acontecendo e acredito que sei do que
se trata, embora isso não torne as coisas mais certas ou para mim.
Quando tinha a idade dela, eu era basicamente a pessoa que sou hoje. Era
contido, frio e não me permitia cometer os erros que todo jovem imaturo comete.
Reprimi cada pequeno desejo de cometer um deslize. Contive cada paixão que poderia
começar no início da noite e terminar pela manhã.
Diferente dos meus irmãos e do Arthur, não errei e cobrei de mim mesmo
que fosse a cabeça pensante entre eles. Quando a gente saía, eu era aquele que não
bebia, o responsável por levar todos bem para casa.
Agora, no auge dos meus quarenta e com a pessoa errada, tudo o que
estava reprimido está tentando vir à tona. Ela é a garota por quem eu poderia me
apaixonar quinze anos atrás.
Ela está aqui comigo, tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante que
parece zombar da minha cara.
O destino prega uma peça dizendo que era com alguém como ela que eu
realmente gostaria de estar. Alguém que fizesse o sangue ferver e o coração disparar. A
mulher que me deixaria com tesão pelo simples fato de respirar ao meu lado.
É melhor saber de uma vez se essa loucura é algo que só eu estou vivendo.
— Não sou, mas sou o melhor amigo dele. O Arthur confia em mim perto
de você.
Será que me confundi quando pensei que estava atraída por mim?
— Se está falando isso por causa da forma como dei em cima de você…
— Você deu em cima de mim? — Bom, acho que já tenho a resposta que
precisava.
— Se não ficou claro, é porque estou perdendo o jeito. Eu flertei com você,
Lucas. Te achei lindo e muito gostoso no primeiro instante em que te vi, tanto que
desejei que não estivesse com o meu pai no aeroporto.
— Você é sempre tão direta assim? — Eu esperava tirar alguma coisa dela,
mas não que falasse tudo abertamente.
Tudo bem, estou sendo babaca sem necessidade com a menina. Como se
eu mesmo não estivesse caído por ela.
— Essa resposta, é você quem dará. Tive a impressão de que olhou mais
para os meus seios do que para o meu rosto.
— Eu tenho namorada.
Quanta hipocrisia!
— Mas quem disse que eu quero algo de você? Não se dê tanto valor, João
Lucas. Eu disse que dei em cima de você e que te achei gato, mas não faltam homens
como você por aí. A diferença é que eles não têm namoradas e não são amigos do meu
pai. Fique na paz, porque, da minha parte, você não terá com o que se preocupar. Não
serei uma pedra no caminho da sua felicidade com a sua bela namorada. Espero o
convite para o casamento.
Cada palavra que saiu da sua boca foi um tapa na cara que eu estava
merecendo. Elas deveriam me deixar aliviado, mas uma parte de mim está
decepcionada.
entre a gente.
Eu poderia ser sensato e manter a compostura, porque ela está certa, nós
dois esclarecemos a situação e está tudo bem, mas não ajo com sensatez e a puxo para
Porra!
Porra!
Porra!
Mais uma vez, nós estamos com os rostos muito próximos, trocando
respirações.
— Eu sabia que esse seu jeito todo certinho e frio era só uma fachada para
enganar as outras pessoas. Esse aqui na minha frente, me pegando dessa forma e
descontrolado de ciúme, apesar de ter tentado passar a impressão de que não sentiu
atração por mim, é você de verdade.
— Eu não entendo o que você tem a ver com isso, considerando que tem
uma namorada e se casará com ela. Todos nós seremos felizes.
O seu monólogo me deixa tonto e sem rumo, por um fio de cometer uma
loucura sem volta. Acabo de perceber que não posso com essa garota. Todas as vezes
que tento a provocar, ela me coloca no chinelo. É um nocaute atrás do outro.
— Pode ser que eu seja mesmo. Mas não sou a sua vadia. Nunca serei,
João Lucas.
— Sim, você quer, quis desde o primeiro olhar ontem no aeroporto. Mas
vai querer muito mais. Irá implorar e negarei todas as vezes, porque sou uma mulher
que sabe o que quer. O que não quero é ser alguém que implora por um homem
comprometido.
— Não me chame assim, porra! Não sou o seu tio! Se fosse, não estaria…
— Você me deseja e não sabe como lidar com isso, pois nunca esteve nesta
situação. Admita se tiver coragem — me desafia e não consigo resistir.
— Queria poder mandar o mundo e tudo em que acredito para puta que
pariu, apenas para te comer todinha — confesso. — Não posso fazer nada do que
desejo, mas também não paro de pensar em você e isso me torna um babaca.
Ela me desafia com palavras a cada embate nosso e eu gosto disso, muito
mais do que deveria.
— O que sentimos um pelo outro é tesão. Algo que aconteceu quando nos
olhamos pela primeira vez ontem. Mas eu tenho idade suficiente para saber que colocar
o desejo na frente de coisas mais importantes não vale a pena — digo, mas continuo
abraçando-a pela cintura, agora passando o nariz no seu pescoço cheiroso.
— Eu entendo. É por isso que tentarei me segurar. Serei como você, Lucas.
Cada um ficará na sua, você com a sua futura esposa e eu com…
Sei que estou sendo um idiota por dizer isso, afinal, se eu tenho namorada,
por que ela não pode ter alguém?
— Com quem eu quiser. Não vou ficar sozinha, pensando no que não pode
ser. Sei que vai passar e te enxergarei com o mesmo olhar que vejo os seus irmãos.
— Sinto muito que não possa ser diferente — digo, sentindo que a vida me
deu com uma mão e tirou com a outra.
— Está tudo bem, Geórgia — falo no seu ouvido quando sinto o tremor do
seu corpo.
Com delicadeza, desfaço o abraço e fico em pé. Em seguida, ajudo-a a se
levantar.
— A chuva não vai passar tão cedo. Quero que você tente dormir, está
bem? — Peço, aproximo-me do sofá retrátil e o inclino para que se torne praticamente
uma cama.
Pela pouca luz que tem no cômodo, vejo-a tirando as botas que a deixam
sexy. Em seguida, Geórgia se deita de costas, sustentando a cabeça com o braço, como
se fosse um travesseiro.
Aproximo-me, tiro os meus sapatos e me deito atrás dela, apenas por não
querer que pense em mim como um moleque com medo.
Além do mais, não posso dar tanto poder nas mãos da Geórgia, não mais
do que ela já tem. Agora mesmo, estou sendo seriamente afetado pela porra do seu
calor.
— Você chegou ontem e já está comendo o meu juízo. Tente ser adulta,
pelo amor de Deus.
— Está bem, não vou mais brincar com você. Agora, fique em silêncio e
me abrace até que eu durma — pede, ao entrelaçar os dedos nos meus e se aconchegar
ainda mais contra o meu corpo.
Eu precisei de um dia para perceber que, embora não pretenda fazer nada a
respeito do desejo que a garota despertou em mim, não devo condenar alguém a viver
ao meu lado sem amor e sem a paixão que faz o sangue arder.
Estive perto de cometer o erro de esquecer-me de tudo e provar o beijo
dessa menina. Seria uma traição que pesaria na minha consciência para sempre, e como
não sei o que esperar de nenhuma interação entre a Geórgia e eu, sinto que só há um
caminho a seguir a partir daqui.
Estou fodido!
CAPÍTULO 7
Fugi de tudo e de todos que quiseram me tirar da minha zona de conforto, mas chegou
aquele momento que não dá mais para fugir.
não havia mudado. Se o tipo de relação que tínhamos antes me trazia conforto e
segurança, depois que senti o oposto por outra mulher passei a questionar por que ainda
estamos juntos. Pior ainda, surgiram os questionamentos do porquê eu estava pensando
Jasmine é uma mulher maravilhosa e sei que tenho sorte por ter passado
esses anos ao seu lado, mas a partir do momento que desejei outra e estive perto de a
trair sem pensar nos seus sentimentos, percebi que não posso seguir em frente.
Não podemos continuar, porque ela não merece ser traída nem mesmo em
pensamento e sinto que, enquanto a Geórgia estiver por perto, a atração que sinto por ela
Eu não tomei uma decisão pela Geórgia, pois não iremos nos envolver,
mas não é por isso que enganarei a mulher que me fez tão bem durante três anos.
A ideia sobre o que fazer e como fazer ficou girando na minha mente
durante seis dias sem parar. E de tudo que está errado, decidi que me resolver com a
Jasmine seria o primeiro passo. O primeiro e mais difícil, porque não é fácil colocar um
ponto final numa relação de anos, que parecia tão sólida que eu tinha até comprado o
anel para a pedir em casamento.
Quando ela chega, a comida que pedi já está na mesa, apenas nos
esperando. Ela me cumprimenta com um beijo leve e eu a convido para sentar-se.
Almoçamos em silêncio, minha namorada fica me olhando com atenção.
Ela sabe que estou agindo de uma forma estranha nos últimos dias, mas não tem
coragem de perguntar por causa da resposta.
Até o nosso sexo foi um pouco diferente nas duas vezes que fizemos desde
o dia da tempestade. Eu senti. Se ela também sentiu, não falou comigo a respeito.
Jasmine parece disposta a fingir que não há nada de errado acontecendo, então serei eu a
colocar um ponto final e a deixar livre.
lado. Acredito que tenha chegado o momento de ter essa conversa difícil.
— Tem alguma coisa para me dizer, amor? Você está me olhando diferente
hoje.
— É sobre a gente.
Até eu ser atingido por um furacão, pensei que fosse. Agora, estou me
— Não pensei que o sexo fosse tão importante assim para nós dois.
— Você conheceu alguém, não foi? É por isso que está questionando tudo
que a gente construiu ao longo de três anos.
— Conheci, mas não dessa forma que está pensando. Eu não te traí,
Jasmine. Jamais tocaria em outra mulher estando com você.
— Mas a desejou. Desejou tanto que ficou com a cabeça confusa, mas
acredito na sua palavra quando diz que não me traiu. Eu acredito em você, meu bem —
ela fala, chega mais perto e acaricia o meu rosto. Eu seguro a sua palma e a beijo. — A
gente vai superar isso. Vamos conversar e alinhar as nossas expectativas. Essa atração
por outra mulher, seja ela quem for, foi apenas um acontecimento fora da curva.
— Perdão?
— Além das razões que falei há pouco, eu sinto que não é algo que vai
passar logo. Essa mulher está na minha pele e você não merece que eu esteja com você
incompleto. Não vou ficar com ela, mas também não posso ficar com você.
— Você não está dizendo que vai jogar anos de relacionamento no lixo por
causa de uma vagabunda que deve ter aberto as pernas, está?
— Não fale assim dela! — Defendo a Geórgia, até porque, ela não tem
culpa de nada.
— Você não entendeu nada do que eu falei antes, não é? Não estou tendo
essa conversa com você por ter a pretensão de ficar com ela. Estou te pedindo um tempo
— Tudo bem, se prefere que eu seja mais claro, vou ser: Eu percebi que
não estou apaixonado por você, que apesar de gostar muito de você e de me sentir bem
ao seu lado, não é amor, não o tipo de amor que você merece.
— Não seja hipócrita! Está tentando se livrar de mim para ficar com outra
e finge que está fazendo uma boa ação. Mas saiba de uma coisa, Lucas, eu não deixarei
que isso aconteça.
— Que você não me fará de idiota. Não pense que vai se livrar tão
facilmente de mim, depois de ter me iludido durante três anos.
Sei que é difícil, porque também não é uma conversa fácil para mim, mas
ela está se transformando bem diante dos meus olhos. Está até me ameaçando.
— Está me ameaçando?
— Entenda como quiser — fala, pega a bolsa e se levanta. — A nossa
história ainda não acabou, Lucas, pode ter certeza disso.
Ela sai batendo a porta e eu fico sem reação. Na verdade, foi a sua reação
que me surpreendeu, mas espero que tenha falado tudo o que falou da boca para fora.
Não posso pensar na possibilidade de a Jasmine descobrir sobre a garota e decidir
Sem pensar duas vezes, a pego e jogo no lixo do banheiro. Tudo que não
quero é ter uma lembrança do que acabei de abrir mão.
Como ainda é meio de tarde, não tem muita gente além dos organizadores.
Eles limpam, repõem as bebidas quando acabam e fazem tudo funcionar perfeitamente
bem para o público.
Hoje, quero ser o público e beber como se não tivesse mais nada com o
que me preocupar, apenas porque quero e estou me sentindo um merda.
Sento-me em uma mesa que fica no canto mais discreto do salão, mas logo
um dos rapazes do bar me vê e oferece uma bebida. Eu aceito e começo a tomar uma
cerveja atrás da outra, enquanto olho para o nada, completamente perdido.
Então ela chega para trabalhar e tudo piora, ou talvez melhora. Não tenho
certeza.
Bom, ela pode até ter superado, mas eu apenas fugi e fingi muito bem que
não a quero com loucura. A gente manteve a compostura e o meu amigo ainda confia
em mim.
Ele confia, pois saí tão rápido do sofá que o homem não nos flagrou
dormindo de conchinha. Arthur não faz a menor ideia do que passa pela minha cabeça.
Ele não imagina que tenho sonhado com o meu pau rasgando a boceta da sua filha sem
parar.
Não sou de beber. Raramente o álcool pode ser associado a mim, mas estou
fazendo isso hoje, porque o dia foi foda e tenho certeza de que o porre me fará esquecer
dela e do término do meu namoro. A relação era quase como um escudo de proteção.
Agora que não o tenho mais, me sinto perdido e indefeso.
Finjo que não sei que ele está aqui, mas a verdade é que estou consciente
dele e da sua presença desde que cheguei mais cedo. Na verdade, sou muito sensível à
sua presença a um raio de dez metros de distância, porque os meus pensamentos e
desejos estão com ele o tempo todo.
O meu lado racional sabe e concorda com tudo isso, mas o meu coração e
o meu corpo discordam. Os dois gostam de tudo a respeito do melhor amigo do meu pai.
Gosto do seu corpo e do seu sorriso, do seu jeito de pensar e até mesmo acho fofa a
forma como tenta fazer tudo certinho para que nada aqui desande.
Estou caidinha pelo homem e senti falta do seu olhar em mim nos últimos
dias. Sobretudo, senti ciúme todas as vezes que pensei nele com a namorada. Não
superei esse fato e nem que dá para ela o prazer que eu queria.
Dormir nos seus braços foi uma das melhores sensações que experimentei
e desejei ficar daquela forma durante muito tempo, mas a madrugada deu lugar ao dia, a
tempestade foi embora, o meu pai chegou e tudo terminou.
percebi que estava querendo algo impossível e passei a compreender mais ainda a
conversa que o Lucas e eu tivemos.
Depois disso, embora a gente se veja todos os dias, não voltamos a chegar
perto um do outro e isso está acabando com a minha paz. Tudo parece certo vendo pelo
lado racional, mas o meu coração grita que está tudo errado.
— Gê. Não é melhor você ir até lá? — Fábio, o chefe dos barmans, que
tem sido muito legal comigo, se aproxima e aponta discretamente para onde o Lucas
está sentado. — Ele é muito discreto e não gostaria de ficar embriagado na frente dos
clientes.
Fábio está certo. Além do mais, o clube está começando a ficar cheio.
— Você está bebendo muito e eu vim para te levar até a sua sala, antes que
comece a passar vexame.
— Está bem, Geórgia, se você quer que eu vá, eu vou — diz com um
sorriso de canto e se levanta.
Entro com o Lucas no seu escritório e tranco a porta com chave. Nunca
mais quero passar pelo susto de quase ser flagrada pelo meu pai.
Seria como voltar à estaca zero, agora que estamos de fato nos conhecendo
e começando uma relação de pai e filha. Há um longo caminho pela frente, mas o futuro
parece promissor.
Eu poderia simplesmente abrir a porta e sair, depois de ter feito a boa ação
do dia, mas não sou louca de não aproveitar a oportunidade de ficar a sós com ele
depois de dias.
— Você não parece ser o tipo de homem que bebe até se embriagar —
sondo. Está na cara que o homem se chateou com algo.
— O que aconteceu?
— O meu relacionamento acabou.
CAPÍTULO 8
Eu não sei exatamente o que deveria sentir para que fosse politicamente
correto e até empático com a situação, mas além de não acreditar que ouvi bem, porque
parece bom demais para ser verdade, sinto um desejo quase incontrolável de sair
pulando de alegria.
Neste momento, sinto que falhei como cidadã de bem e que a minha
passagem de ida para o inferno já está comprada.
— Não estou mais com a Jas — ele fala pausadamente. Eu não estou
ficando louca!
— Eu sinto muito, Lucas — falo da boca para fora. — Ela te deixou?
— Não. Eu terminei tudo, porque não era justo continuar com ela, depois
do que a gente conversou na madrugada da tempestade. Mas saiba que não fiquei
solteiro para te comer sem me tornar infiel. Não foi!
O lado bom do Lucas ter bebido um pouco é que ele está sendo
— Não era justo com ela e nem comigo mesmo. Joguei o anel fora.
— Que anel?
Toda a culpa que não senti antes chega agora. Pelo visto, estou sendo a
responsável direta pela infelicidade de uma mulher. Se não fosse pela ligação do meu
pai, eles estariam noivos.
Como se soubesse o que passa pela minha cabeça, João Lucas segura a
minha mão e fala: — A culpa não é sua, linda. Se eu estivesse seguro dos meus
sentimentos, da decisão que iria tomar e realmente apaixonado como a Jas merecia,
nada teria abalado as minhas certezas.
— Talvez seja bom que você pense melhor e… — Lucas coloca o dedo
— Está tudo bem. Sei o que fiz. Estou solteiro como você. Você está
sozinha, não está? — Merda? Por que tem que ser tão difícil?
Se a vida fosse justa, eu poderia tirar as nossas roupas e sentar nele até
cansar agora mesmo. Pelo fogo que sinto sempre que vejo o seu belo rosto e forma
física perfeita, não iria me cansar tão facilmente.
Está na cara que o homem sente ciúme. Não posso julgar, pois me senti da
mesma forma.
— Tudo bem. Mas me diga por que estava bebendo? Você está sofrendo,
não é?
Sinto-me uma vadia por me incomodar, afinal, ele esteve com a mulher
durante anos, não foram meses. Era tão sério que iriam se casar.
— Fica mais um pouco. Eu preciso olhar para você. Apenas olhar, já que
ficou decidido que não tem a menor chance de a gente atravessar essa linha que separa
os nossos desejos da consideração e amor que temos pelo seu pai.
— Eu senti a sua falta nos últimos dias que mal nos olhamos. Pior do que
isso, sofri de ciúme por pensar em você com a sua namorada. Por vários momentos, me
peguei tentando barganhar comigo mesma e me dizendo que não seria tão ruim assim
fazer o que desejo com você. É por sentir que estou na corda bamba que acho melhor
que as coisas entre a gente continuem como estão.
“Você pode até ser forte por nós dois, mas não me conhece tão bem e não
sabe do que sou capaz quando quero algo. Se me permitir atravessar a linha tênue que
me faz recuar diante dos obstáculos, você não terá nenhuma chance, Lucas. Eu te faria
sucumbir, mas o arrependimento que veria nos seus olhos é um dos motivos que me
fazem manter a linha.”
As suas mãos são grandes e fortes, me fazem fantasiar com elas em todas
as partes tocáveis do meu corpo. Tremo de antecipação só de imaginar.
— Você não imagina como eu seria capaz de te tentar, de te encher de
tesão até que não suportasse mais negar o que tanto quer de mim.
— O que eu quero de você, Geórgia? Será que a sua imaginação foi tão
longe assim?
— Sei que quer me comer, tanto que não consegue pensar em mais nada.
Deve até sonhar com isso. Terminou o seu namoro porque era o certo, por saber que
traição não é só tocar em outra pessoa, é desejar como você me deseja.
— Que boca sacana você tem. — Se João Lucas não estivesse alegrinho
por causa da bebida, não estaria falando isso com um sorriso safado no rosto. — Eu
gosto disso.
— Lucas…
— Perdão, eu não tenho que gostar de nada. Quanto menos motivos tiver
para gostar de você, mais fácil será para nós dois. Se pelo menos pudéssemos ter uma
prova. Nem que fosse apenas uma.
— Nada. Esquece.
— Vamos conversar.
O Lucas não facilita fazendo esse tipo de pergunta que me leva a ser
extremamente sincera. Mas eu também não faço nada para melhorar a situação enquanto
desço lentamente a mão pelo seu abdômen.
— Fale você.
— Você é gostosa demais. Tão linda que eu poderia passar horas e horas te
admirando. Além do mais, você é cheia de energia e brilha como um diamante diante
dos meus olhos. Eu só não te desejaria se fosse cego ou muito burro. Você é só uma
menina de dezoito anos. Tem uma vida inteira para viver, mas parece ter tudo o que eu
não quero, mas que preciso.
— Por que não quer? — Agora, a minha mão está perigosamente perto do
zíper da sua calça.
Seguro-me para não olhar para baixo, pois seria capaz de não resistir se o
visse excitado por minha causa.
— Além dos motivos óbvios? Eu sempre gostei de ter total controle sobre
mim e do que está à minha volta. Você é um furacão, é imprevisível e sei que um dia
com você não seria igual ao outro. Iria me enlouquecer, o tipo de loucura que nunca
experimentei.
— Mesmo que a gente não fique juntos, talvez seja preciso que se envolva
com alguém menos parecido com você, João Lucas. Alguém que te desafie e coloque
fogo nas suas veias. Você precisa se libertar e relaxar, porque a responsabilidade do
mundo não está nas suas mãos. Sorria mais e seja o que você se permite ser quando está
comigo.
— Não poderia ser com outra. Em quarenta anos, você foi a única que me
fez desejar ser diferente. Apenas você, menina — declara, eu perco a razão e sento-me
no seu colo.
— O que você está fazendo? — Indaga quando a ficha cai, mas leva as
mãos para a minha cintura, não para me afastar.
— Depois esquecer — ele repete sem muita convicção, mas não me apego
ao fato, pois preciso aproveitar esse momento.
Lucas não fica passivo e afasta as costas do encosto do sofá. Ele sobe as
mãos para as minhas costas e eu me tremo toda, arqueando o corpo contra o seu. O
homem tem pegada e me faz pensar como seria durante o sexo.
Estamos fazendo de tudo, menos resistindo ao desejo. Só não digo para ele
agora para não perder esse momento.
O que dissemos um para o outro e o que pensamos em fazer juntos chega a
ser quase tão ruim quanto transar no quesito sacanear o meu pai. A rápida constatação
deveria me deixar mal a ponto de parar agora de esfregar-me no homem, mas acabo de
perceber que o meu tesão por ele é mais forte do que o medo de magoar o Arthur.
— Não! Só quero sentir você mais um pouco, antes que termine e a gente
comece a fugir um do outro como na última semana.
— Geórgia…
— Não diga nada, só me abraça — peço. Não sei o motivo disso, mas sinto
um aperto no peito quando nos abraçamos.
Para o meu azar, ele não tem tempo de responder, embora eu tivesse
certeza de que iria sucumbir, porque o seu celular começa a tocar muito alto.
Agora que a culpa veio com tudo, Lucas está sem graça de olhar para mim.
Eu resolvo facilitar a sua vida e decido ir embora.
— Geórgia — Lucas me chama quando abro a porta para sair, mas não
estou a fim de ouvi-lo, porque sei o que tem para dizer.
— O dever me chama. E não se preocupe, porque sei que foi um erro e não
vai mais voltar a acontecer — afirmo. Antes de sair, volto a minha atenção para ele e
digo novamente: — Sinto muito pelo fim do seu relacionamento.
Felizmente, não volto a ver o João Lucas. É até melhor que seja assim,
pois não sou masoquista. Para que ficar vendo e desejando o tempo todo se não posso
tocar?
— Não demore, hoje esse lugar está uma loucura! — Diz, eu sorrio para
ele, tiro o meu avental e saio do balcão.
Realmente, hoje é um dos dias que a Adega está mais cheia desde que
cheguei. Tudo por causa de um MC que o Emanuel trouxe como atração principal da
noite. Todo mundo começou a dançar funk há algumas horas e a pista está cheia até
agora.
Ter a casa cheia é bom para os bolsos dos proprietários e ruim para mim,
pois perdi a conta de quantos papéis com números de celulares tive que jogar na lixeira.
Outros foram mais ousados e deram em cima de mim, inclusive, tentando segurar a
minha mão em cima do balcão.
Em vez de sentir-me lisonjeada de certa forma por despertar interesse,
sinto-me irritada, pois trocaria todos eles pelo interesse de apenas um.
Tem uma pequena fila para entrar no banheiro, então eu tenho que esperar
com a paciência que não estou tendo. Tudo isso é frustração por não conseguir o que
tanto quero.
Depois que saio do banheiro, decido que preciso respirar por pelo menos
cinco minutos sem sentir que tem alguém no meu cangote, então saio pelos fundos da
Adega, um acesso restrito aos donos e alguns funcionários.
então falo sem olhar para trás e saber de quem se trata: — Só preciso ficar um pouco
sozinha.
— Joguei fora.
— Todos?
— Não é da sua conta! Deixe-me em paz hoje, por favor. Estou cansada de
a gente rodar em círculo. Fico com quem quiser, pois sou adulta e livre. Se tivesse
guardado todos os papéis, seria um problema meu!
— Eu sabia que seria assim, que sua boca seria gostosa e macia — fala,
então começa a beijar todo o meu rosto, como se estivesse desesperado para tocar em
mim toda.
— Não… — ele nega, tira a mão da minha bunda e toca em um dos meus
seios. — Quero te foder, porra!
— Eu quero que me foda, mas você vai se arrepender assim que terminar
— as minhas palavras fazem com que ele pare o que estava fazendo e me olhe com a
expressão confusa, mostrando que eu estava certa.
Foi bom, tão melhor do que a minha imaginação que eu poderia passar a
noite toda a base de sexo, mas o que estava sentindo antes de o Lucas chegar é a prova
de que estamos indo para um lado perigoso dessa atração.
Desta vez, sou eu quem o beija com paixão, apertando-me contra o homem
que mais quis na vida, tirando tudo o que posso do momento, para que as lembranças
fiquem guardadas, caso seja a primeira e última vez.
— Por que está me mandando embora? Não era isso que queria? —
Pergunta ao deixar o meu corpo e se afastar.
João Lucas me olha sem entender nada, porque não esperava que eu
chegasse a esse ponto, então faço o que é preciso e o deixo.
Sem condições de continuar aqui, falo com o meu pai e peço as chaves do
seu carro. Digo apenas que estou exausta e ele não faz mais perguntas. Enquanto dirijo
para casa, choro de soluçar, porque não consigo aceitar que talvez tenha me apaixonado
pelo homem errado.
— Cara, você precisa ficar calmo! São apenas bebidas quentes. Ainda
faltam duas horas para a gente abrir e com certeza dará tempo de gelar tudo. Não pira,
pois não será dessa vez que serviremos bebidas quentes para os nossos clientes —
— Já faz três semanas que você terminou com a chata, não é possível que
ainda esteja na fossa. Nunca esteve tão insuportável como agora — Arthur fala.
Estou assim porque não posso comer a sua filha, porra! Tenho vontade de
gritar.
Eles estão na minha sala não tem cinco minutos ainda, mas estou com
vontade de mandar os três para o inferno. Não acordei com o pé direito hoje e não estou
a fim de fingir o contrário.
— É falta de boceta, Miguel. O nosso irmão não aprendeu que não precisa
estar namorando para comer alguém. Ele tem alergia ao sexo sem compromisso. Até a
Gegê que chegou há um mês tem um namoradinho.
mais patética!
— Pronto, os dois pais da garota não aceitam que ela é adulta e, com todo
respeito, gostosa pra caralho. Vocês sabiam que as vendas de bebidas aumentaram
depois que ela começou a trabalhar aqui? — Emanuel pergunta, eu o encaro com a
sobrancelha arqueada. — Como você não iria saber se foi a pessoa que me contou?
— É. Mas eu estou de olho nela e não vi nada que possa a colocar em uma
situação ruim. Os caras olham, mas não são burro de tocarem na sua filha.
— Até porque, você já teria perdido o seu réu primário, não é, Lucas? —
Miguel alfineta. — Tem sido mais protetor, possessivo e ciumento do que o próprio pai
da menina.
Miguel é observador e, às vezes, tenho a sensação de que ele sabe que tem
algo de errado entre mim e a Geórgia, mas ainda não falou diretamente comigo sobre o
assunto.
porque está precisando sair um pouco e socializar. Tente beber e encontrar uma mulher
para esquentar a sua cama, vai te fazer bem.
depois que a Geórgia se afastou de mim e nunca mais deu abertura para falarmos da
gente. Estou sem ânimo para nada, porque mal consigo fazer algo que não seja pensar
na mulher nas últimas três semanas.
O pior de tudo isso é saber que ela fez o que era certo. Falou o que eu
deveria ter falado. Para que ficarmos falando sobre a gente e nos tocando se não
podemos ter o banquete completo? Só causaria sofrimento e sentimento de frustração
em nós dois.
longe, e essa tem sido a única forma que encontrei de me sentir próximo da Geórgia.
Ela me desafiou a fazer uma escolha e eu fiz, mas não estou conseguindo
lidar com as consequências. Era mais fácil quando a via rechaçando os babacas no bar,
mas eu também notei quando começou a se aproximar de um dos barmans e já tem uns
dias que estou enlouquecendo de ciúme.
Fico mal só de pensar no idiota com as mãos no corpo dela. Tenho noção
do quão ridículo estou sendo, porque não posso impedir que fique com outro se não
pode ficar comigo.
Os caras dizem que a garota está flertando, mas o Arthur deixou escapar
que ela afirmou que é apenas amizade. Não sei se acredito, pois sinto que é impossível
para um homem hétero e solteiro não desejar mais do que a amizade da Geórgia.
Estou na corda bamba entre perder a mulher que poderia me fazer feliz
como um louco e jogar tudo para o alto e a fazer minha para que todos possam ver.
Tenho pensado sobre isso, principalmente nos últimos três dias, depois que
me dei conta de que talvez eu esteja me apaixonando pela primeira vez. Bom, eu
imagino que seja paixão essa necessidade de ter uma pessoa, algo que nunca senti,
mesmo tendo ficado com a mesma mulher durante três anos.
Sempre senti muito carinho pela Jasmine, mas nada parecido com que
sinto pela garota que tem tirado a minha paz. Tentei ignorar o sentimento durante esse
tempo e fui ficando cada dia mais irritadiço e mais obcecado pela ideia.
— Preciso de uma bebida forte! — Falo em voz alta, olho uma última vez
na direção do bar e deixo o escritório.
Eu poderia ficar em qualquer lugar e até ocupar uma mesa, mas quero
marcar território, então sento-me no bar, bem próximo de onde a Geórgia fica
preparando os drinks.
Ela trabalha distraída e sorri o tempo todo para os colegas, sobretudo, para
o que está tendo mais atenção nas últimas semanas. Fecho os punhos, mas logo os
relaxo, porque esse idiota não seria páreo para mim. É apenas um moleque, e não
duvido que seja mais novo do que ela.
— Quer que eu prepare uma bebida? — Geórgia pergunta para mim. Tão
gentil, mas tão distante.
Será que ela superou a atração que sentia por mim? Ou está apenas
tentando seguir em frente?
— Uma batida de limão com vodca — peço, mas a única coisa que queria
sentir na língua era o gosto da sua boceta.
— Não sei se devemos continuar com aquilo. Não estava nos levando a
lugar algum.
— Estou louco por você, menina. Venha para casa comigo mais tarde.
Invente uma desculpa para o seu pai e venha comigo. Preciso conversar com você —
peço, sem a menor incerteza.
Não sei ao certo o que estou fazendo e nem para onde foram os meus
medos e culpa, só sigo o meu instinto.
— Você está mexendo com quem está quieta, Lucas. Não me provoque.
— O que você fará? — Pergunto, olho em volta para ter certeza de que não
tem nenhum conhecido de olho em nós e começo a passar lentamente o dedo no espaço
— Te provocar de volta, mas de uma forma que você não resistiria. Passei
as últimas semanas te dando espaço e tentando ser uma boa moça, mas você não está
colaborando agora.
Ela nem mesmo voltou para buscar alguns pertences seus que ficaram
dentro de uma caixa na minha casa.
Eu tento me afastar da maneira mais gentil possível, mas ela não se toca.
Imaginar o que a garota deve estar presumindo dessa interação me deixa irritado.
Ela não só não vai querer ir para casa comigo como se manterá ainda mais
afastada do que antes.
Maldita Jasmine.
Para livrar-me da mulher, invento que tenho que subir para trabalhar em
algo urgente. Caminho até o elevador, mas não entro. Estico o pescoço para conseguir
enxergar o bar e Geórgia não está mais lá.
— Eu preciso de mais do que isso. Ainda bem que a minha filha tem
outros planos para hoje, porque vou levar uma garota comigo para casa.
— Outros planos?
— Ela disse que vai sair com uma amiga e só voltará para casa amanhã.
Não faz muito tempo que ela saiu, penso comigo mesmo. Se eu for rápido,
ainda consigo a encontrar em casa.
Não permitirei que roubem o que é meu de forma alguma. Se o idiota quer
levá-la para sair a essa hora, deve ter segundas intenções por trás. Mas a garota é minha
e ele não tem nenhuma chance contra mim, principalmente quando estou decidido.
— Tenho que ir — falo, tento passar pelo Arthur, mas ele entra na minha
frente.
Eu não estou mentindo, realmente pretendo fazer algo divertido. Ele só não
imagina que será com a sua filha. Sei que depois virá a culpa, mas não o
arrependimento, pois estou tão exausto de tentar fugir que já não consigo ouvir a voz da
minha razão.
Depois de uma corrida que durou bem menos tempo do que o normal, toco
a campainha do apartamento e a menina me atende rapidamente. Será que estava
esperando outra pessoa ou imaginou que fosse eu?
Não. Pela forma como mostrou ser ciumenta, deveria estar com a cabeça
cheia de imagens minhas com a Jasmine na cama.
— O seu pai me disse que pediu para ser dispensada mais cedo. Vai sair
com uma amiga?
— O Arthur é fofoqueiro!
— Não tem amiga nenhuma, não é? Mentiu para sair com aquele moleque
idiota. Fale a verdade.
— Você não é ninguém para exigir isso. Não é o meu pai, e muito menos o
meu namorado. Sou maior de idade e saio com quem eu quiser.
— Só uma garota muito imatura agiria de uma forma tão ridícula por
ciúme.
— Você fica tão linda com ciúme de mim — digo com um sorriso rasgado
no rosto ao puxá-la pela cintura para mim.
— Se você não sabe, não serei eu quem vai dizer — Geórgia fala, apoia as
mãos no meu peito e me empurra para longe dela.
— Quero estar com você! — Fala, mas não parece satisfeita com esse fato.
— Está bem, mas essa será a nossa última chance, Lucas. Eu não posso
mais… — interrompo a sua fala ao abraçá-la e beijar de leve os seus lábios.
Geórgia foge dos meus braços e tira o celular do bolso. Enquanto digita,
faço a pergunta que estava martelando na minha mente há mais tempo do que eu
gostaria e me roubou anos de vida.
— Os caras pensam que você está namorando esse rapaz. Eles estão
certos?
— Não. O Léo, embora tenha deixado claro que estava interessado em ser
mais do que meu amigo, sabe que não desejo o mesmo e que gosto de outro.
— Não seja irônica, menina! — Exijo, mas gosto que seja tão reativa e que
me desafie quando sente necessidade.
— Espere-me aqui. Vou tomar um banho rápido — avisa, eu jogo uma
piscadela e sento-me no sofá.
Não consigo acreditar que vim até a casa do meu amigo para levar a sua
filha comigo. Sou um sacana por estar fazendo isso por trás, mas procuro não pensar
agora. Sei que as consequências virão, independentemente do que a gente fizer, mas
hoje é apenas sobre nós dois e não há espaço para mais nada.
Geórgia é a filha do Arthur e tem vinte e dois anos a menos do que eu, mas
ela é mais do que isso. É a mulher que me faz querer mais do que sempre tive, mais
paixão e mais calor. Mais vivacidade e menos medo de me jogar no desconhecido.
Ela retorna vinte minutos depois, tão linda e cheirosa que sinto vontade de
morder, mas me contenho. Sei que terei a chance de fazer isso e muito mais ainda hoje,
caso a gente se entenda como imagino.
— Vamos? — Geórgia pisca para mim e me entrega a bolsa, onde deve ter
colocado uma peça de roupa e alguns objetos pessoais.
Eu meço o seu corpo de cima a baixo e, só então, abraço a sua cintura para
que possamos deixar o apartamento. A viagem curta até o condomínio onde fica a
minha casa é feita em silêncio.
Ainda bem que deixei claro para o Léo que somos apenas amigos e que o
meu coração está ocupado. Mas mesmo se tivesse sido diferente e eu tivesse tentado
usar o garoto para esquecer o Lucas, tudo seria desfeito por causa desse homem e da sua
capacidade de me surpreender.
João Lucas está me levando para a sua casa, e enquanto for apenas nós
dois, nada mais existirá, pois essa paixão tem sido o meu ponto fraco há um mês e tudo
que desejo agora é viver.
Imagino que ele tenha algumas intenções que vão além da conversa.
Mesmo se não tiver, iremos transar hoje, pois cansei de ser uma boa menina e pretendo
partir para o ataque.
Caso Lucas ainda esteja reticente por causa do velho, mostrarei para ele
que a amizade vale a pena, mas que eu também valho.
A noite será nossa e mal posso esperar pelo momento em que iremos nos
pertencer completamente.
CAPÍTULO 10
simplesmente não consigo segurar o meu queixo. Ele cai no chão da sala e não sou
Eu não sei o que esperava da casa do João Lucas, mas, certamente, não era
um lugar cheio de personalidade e cores vivas. A sua casa grande, arejada e colorida vai
de encontro a personalidade que mostra para o resto do mundo, mas eu já tive o
Não que eu não goste da sua versão séria, fria e toda certinha, mas saber
que há algo a mais por trás da fachada me excita. Sei que quase ninguém o conhece
dessa forma e me sinto privilegiada por ter um pouco mais do João Lucas do que outros
têm.
— É linda. Se eu morasse em uma casa como essa, não iria querer sair
daqui nunca — afirmo, ao colocar a minha bolsa em cima do sofá.
tenha curtido a minha casa. Quando a comprei, cuidei pessoalmente de cada detalhe da
decoração.
Como não poderia deixar de ser, os outros cômodos são muito bonitos e as
cores de nenhum cômodo são as mesmas do anterior. Ainda assim, tudo conversa entre
si em um conjunto alegre e harmonioso.
Mas não sei se o Lucas tem cara de quem faz suruba. Duvido que goste de
compartilhar, mesmo que seja apenas sexo. Lucas sente ciúme de mim por
pouca coisa, assim como eu sinto dele. Se fôssemos um casal, não entraria uma terceira
pessoa na relação.
— Aposto que sua mente está viajando agora, imaginando paus e bocetas
em guerra.
— Já participou de orgias?
— Você tem cada ideia, menina — fala sorrindo, abaixa a cabeça e beija o
meu pescoço.
— Quer conversar agora ou pular para a parte que a gente transa nesta
cama? — Pergunto de maneira bem direta e o Lucas gargalha. Ele me pega no colo
como se eu não pesasse nada e me leva até a sala.
Lucas se senta no sofá e me ajeita em cima das suas pernas. Estou de frente
para ele e poucas vezes me senti tão confortável.
— Antes de qualquer coisa, quero te beijar, linda. Aquela vez foi só uma
prova que me deixou sedento durante semanas. Eu dormi e acordei todos esses dias
pensando em você, no que faria se te tivesse assim: tão próxima a mim para ser tocada
da forma que eu quisesse.
— Estou aqui e pode me tocar como e onde quiser. O que fará, Lucas? —
Provoco, as pupilas dos seus olhos dilatam.
Não sei como pude duvidar em alguns momentos. Esse homem me quer e
não pode mais resistir. Finalmente o terei como tanto desejo.
De um jeito ou de outro, essa garota vai me matar, mas será uma morte
— Lindo.
Eu seguro os dois lados do seu rosto e a beijo. Desta vez, começo com
carinho, pois embora o desejo tenha vindo como uma avalanche e tirado tudo do lugar,
gosto de tudo sobre essa menina. A conheço pouco, mas quero conhecer mais a cada
novo dia.
Respeito-a e a quero bem, não por ser quem é, mas por fazer com que eu
me sinta livre para viver fora da minha bolha, para sair e experimentar algo novo.
O calor do seu corpo na palma das minhas mãos, que descem para as suas
costas, e o gosto dos seus beijos tem cheiro de pertencimento. Geórgia será minha tanto
quanto quiser ser, porque estou me despindo agora por ela, por algo que é maior do que
a paixão.
O seu gosto é tão bom que poderia perfeitamente se tornar um vício para
mim. Na verdade, essa menina já é o meu maior vício, maior fraqueza e força.
— Como é bom poder te tocar, Lucas. Não sabe como desejei que
acontecesse desde o dia que pisei os meus pés nesse país.
Geórgia não consegue ficar parada, então ela rebola e faz o meu pau ficar
dolorido de tão duro. Desejo mais do que tudo afastar as barreiras das roupas e socar na
sua bocetinha. Ouvir o som dos seus gemidos e sentir o suor em sua pele.
— Nós não podemos fazer isso, querida — com muito esforço, termino o
nosso beijo para jogar um balde de água fria no incêndio.
— Não é o que está pensando — digo, a garota rola os olhos para cima
Bom, não está muito longe do tempo em que era uma. Eu que sou louco
por estar me envolvendo com uma jovem, que poderia ser a minha filha. Na verdade, a
Tem algo que Geórgia não está considerando a respeito do que estamos
começando, e está na hora de alertá-la para que fique preparada.
— Você me faz pensar que a única coisa em mim que te interessa é o meu
pau. Se for, a gente pode fazer agora mesmo e tornar as nossas vidas mais fáceis.
— É claro que quero muito transar com você, tanto que tem sido difícil
pensar em outra coisa, mas não é só isso e você sabe. Quero te conhecer melhor e passar
um tempo ao seu lado. Quero que tenha encontros comigo.
Geórgia é ambiciosa e fala abertamente sobre seus desejos. Não tem como
ela ser mais perfeita do que isso.
— Eu também quero o mesmo que você. Mas não estamos juntos desde o
início por um motivo e não é porque chegamos a esse ponto que iremos esquecer.
— O meu pai?
— Você tem tanto medo. O que ele pode fazer? Eu sei que o Arthur vai
ficar surpreso e chateado, mas estamos falando das nossas escolhas.
— Não será tão simples, querida. Não basta chegar nele, contar e esperar
que depois supere. O seu pai confia muito em mim e colocou na cabeça que sou quase
um tio para você. Ele criou uma expectativa que será quebrada.
— Mas eu sinto que é. Ainda estou aprendendo a lidar com o fato de não
ter conseguido resistir ao que nós dois temos. Você sabe que eu tentei bastante, mas
todos os pensamentos me levam a você e a certeza de que não poderia ser de outra
forma.
— Você não poderia ser filha de outra pessoa? E não vou nem mencionar a
questão da diferença de idade.
— Tem certeza?
— Tenho. E você? Tem certeza de que realmente quer ficar comigo? Não
vai mudar de ideia?
— Eu não vou mudar de ideia, Lucas. Gosto de você, muito mais do que
imagina.
— Então, está decidido. Fique preparada, caso ele fique chateado com
você, embora acredite que não ficará.
— Nós vamos ficar bem, não é? — Pergunta. — Seja qual for a reação do
— Não tem a menor chance de isso acontecer, minha linda. Não fiz uma
escolha para desistir no primeiro obstáculo. Você é minha, mesmo que não tenha…
— Me comido?
— Geórgia…
— Ei, não faça essa cara — Geórgia fala, ao beijar o meu rosto. — Se vai
fazer bem para a sua consciência, fale com o Arthur. Te esperarei.
— Te adoro, menina.
Nada do que disser me fará voltar atrás, mas ele precisa saber que tentei
manter pelo menos um pouco de respeito, antes de assumir o que está rolando entre a
gente. Naturalmente, estarei assumindo para todos, considerando que a primeira coisa
que o homem fará é ligar para os meus irmãos, que são fofoqueiros.
— Podemos dormir juntos sem roupas? Prometo que não irei te atacar —
diz, mas eu duvido um pouco.
— E se eu te atacar?
— Você não me faria tão feliz assim, Lucas — brinca, eu me levanto do
sofá com ela nos meus braços.
— Pena que é para dormir — fala, faz um biquinho e depois coloca o rosto
no espaço entre o meu pescoço e ombro.
Acredito que seja uma área sensível para mim, pois toda vez que sua boca
Geórgia, mesmo tendo dito que iria facilitar, não parece disposta a cumprir
e está me chamando com o dedo para cima dela. O pior de tudo é que estou sedento para
sentir o seu corpo debaixo do meu.
— Garota…
— Vem aqui e tira a minha roupa, João Lucas. Não vou te comer no
processo, prometo.
— Eu não sei se acredito nas suas promessas. Você é um pequeno
demônio, nascido na medida para me desviar do bom caminho — brinco.
Ela está jogando pesado, mas eu também sei jogar e tenho o autocontrole a
meu favor. Certamente, posso me segurar e conter o fogo da minha menina.
— Perdão?
— Sei que você já é um tio, mas nós jovens temos um linguajar diferente.
Por exemplo, quando é apenas sexo e alguns beijos sem compromisso, chamamos de
ficada. Você seria o meu ficante. Se for algo exclusivo e sem prazo para acabar, então
seria um namoro. Seremos ficantes? Ou namorados?
Sei qual será a sua resposta, mas quero a ouvir falando com todas as letras.
— Eu aceito ser a sua namorada. Mas tem que saber que o namoro vem
com algumas regras e responsabilidades.
O meu pau fica tão duro que seria capaz de furar uma parede. Ela é linda
demais. Toda mulher e, definitivamente, minha.
— E então?
— Considerando que jamais permitiria que outro filho da puta te tocasse, e
que te quero só para mim, nós somos namorados, Geórgia. Era isso que queria ouvir?
Sem forças para resistir ao desejo de ter um pouco mais de intimidade com
a minha namorada, não acredito que chegamos a esse ponto, saio da cama e começo a
me livrar das minhas roupas.
Tiro tudo, deixando apenas a cueca boxer. Quando o seu olhar cai no meu
pau, ela não disfarça a surpresa.
Geórgia não espera nem meio segundo para subir em cima de mim. Eu fico
excitado e desesperado na mesma medida.
— Sabia que você não era de confiança, garota safada — brinco, mas
abraço a sua cintura e a beijo com vontade, esquecendo-me da minha proposta de
esperarmos até que eu fale com o Arthur.
na parte do meu corpo que mais precisa da sua atenção, assim como também estou
segurando a vontade latente de tocar na sua boceta, que deve estar melada de tesão.
— Eu também estou, linda. Você não faz ideia do quanto. É tudo por sua
causa.
— Hoje é um dos melhores dias que já vivi e não quero que acabe —
declara, e são as suas últimas palavras antes de cair no sono.
Eu sei que não será tão fácil e que posso acabar perdendo uma pessoa
muito importante se o Arthur reagir tão mal quanto imagino, mas valerá a pena por ela.
Já perdi as contas de quantas vezes desci até o bar ou que me levantei para
Foi tão maravilhoso acordar com a minha menina nos meus braços pela
manhã que fiquei ainda mais convicto que queria momentos como aquele se repetindo
muitas e muitas vezes. Para que aconteça de forma correta, eu só precisava fazer o que
amigo e, na pior das hipóteses, posso perder a amizade por ter me apaixonado pela sua
filha.
Ele vai se sentir traído e será com razão, mas sinto que não há nada que
possa ser feito. A única saída era a deixar, já tentei uma vez e simplesmente não deu
certo.
Hoje é sexta, faltam apenas duas horas para o clube ser aberto, mas acordei
decidido que hoje seria o dia de dizer a verdade para o Arthur e meus irmãos. Eu pensei
em ter a conversa apenas com o meu amigo, mas sei que a presença dos meus irmãos
Há alguns minutos, enviei uma mensagem para os três, mas, para variar,
Agoniado, olho para baixo e o meu olhar encontra o da minha menina, que
chegou para o seu turno há alguns minutos. Ela descobriu que tenho o hábito de ficar a
observando daqui e passou a trocar olhares comigo. De alguma forma, sempre sabe o
Às vezes, a garota ousada faz algumas coisas de caso pensado, apenas para
me deixar excitado. Agora, por exemplo, está apoiando a parte superior do corpo no
balcão, permitindo que eu veja o seu decote e deseje enfiar os seus seios na minha boca
e chupar um de cada vez, até que os mamilos fiquem duros e sensíveis.
Não está sendo nada fácil para nós dois, pois os beijos não têm sido
suficientes e, apesar da emoção pelo perigo, ficou cansativo nos escondermos pelos
cantos da Adega.
pois estava agora mesmo comendo a sua filha com os olhos. — Qual é o problema dessa
vez? Só me diga que está tudo certo para hoje. Tenho a sensação de que sempre
acontece uma pequena merda todos os dias, antes de abrirmos a casa para o público.
— Se não é nada com a Adega, qual o motivo da reunião? Você está bem?
— Preocupa-se.
— Estou. O que tenho para falar é algo pessoal, mas temos que esperar os
meus irmãos chegarem.
— Espero que não seja nada com a sua ex. Passou um mês, meu amigo,
tempo mais do que suficiente para você superar a fossa.
— Rapazes, vocês não acham que o irmão de vocês tem andado estranho
nas últimas semanas? Parece mais fechado do que sempre foi, ou será que é só comigo?
— Arthur está sorrindo, mas eu não sei se ele realmente me sentiu diferente.
— Gente, vamos deixar o Lucas falar. Não percebem pela expressão dele
que é algo sério? — Miguel fala, os outros dois se calam.
— Eu não sei como falar isso de uma forma que soe melhor, sobretudo,
para você Arthur — começo.
— Então, você me chamou até aqui para dizer que seduziu a minha filha,
seu filho da puta?!
— Ela só tem dezoito anos e você quarenta, porra! O que pensa que
conseguirá com uma garota que tem idade para ser a sua filha? — Como imaginava, ele
está furioso.
— Arthur, por que não tenta ficar mais calmo e ouve o meu irmão? Tenho
certeza de que ele explicará isso melhor, não é, Lucas? — Emanuel intervém.
— Não faça essa pergunta — peço, ele tenta partir para cima de mim, mas
meus irmãos o seguram.
— Fale, porra!
— Eu tomei a decisão de ficar com ela há três dias, mas temos falado sobre
a gente desde o início.
— Um mês, você teve um mês inteiro para falar que está transando com a
minha filha e não falou. Sabe o que você é, Lucas? Um traidor que sempre se fez de
bom moço.
— Não coloque nesses termos. E só para que saiba, eu não estou comendo
a sua filha. O que temos é muito maior do que você tenta insinuar.
— Vocês não têm nada, João Lucas. Você é um homem de quarenta anos
que estava de saco cheio da própria vida certinha e da namorada chata, então resolveu
colocar as suas mãos de merda em cima de um modelo mais novo, sem considerar que a
menina é a minha filha!
— E quem me garante isso? Eu não sei que tipo de coisa você tem
colocado na cabeça dela.
— Está indo longe demais, cara — Miguel fala, Arthur sequer olha em sua
direção. Prefere encarar-me com ódio.
principalmente em você. — Aponta o dedo para mim. — O idiota aqui pensou que
cuidaria e a protegeria como eu mesmo faria, mas esse tempo todo… Eu não posso
acreditar! Com tantas mulheres no mundo, você foi olhar logo para ela?
— Parece que fez uma escolha, não é mesmo? — Questiona com ironia.
— Imagina que ironia, de melhor amigo, você se tornou o meu genro. Isso
só pode ser uma piada de péssimo gosto. Mas não importa o nome que queira dar ao que
pensa em ter com a minha filha, isso acaba aqui.
— Perdão?
— Isso mesmo que você entendeu. Você não vai mais chegar perto da
Geórgia. Eu não aceito essa relação, e se você tem alguma consideração por mim,
acabará com essa sandice.
— Não farei o que está me pedindo. Gosto dela e não teria vindo te falar
sobre isso se houvesse a possibilidade de a deixar por sua causa. Você pode aceitar ou
não, mas vou ficar com a Geórgia pelo tempo que ela quiser ficar comigo. Não vim
pedir o seu aval, apenas informar em consideração a nossa amizade.
— Está me ameaçando?
— Estou! Pense bem no que você está fazendo, porque posso acabar com
você com um simples estalar de dedos e tenho certeza de que não se esqueceu disso.
Foi por medo dessa ameaça que tive tanto receio de entregar-me para a
Geórgia. No fundo, eu ainda nutria a esperança de que não fosse usar o meu passado
contra mim.
Posso entender a sua chateação, mas nunca uma atitude como essa.
— Você está acabado! — Ameaça mais uma vez e sai da sala batendo a
porta.
— Irmão, eu sei que não tem como controlar essas coisas do coração, mas
puta que pariu! Tinha que ser logo a Gegê? — Emanuel pergunta. — Tudo bem que ela
é gostosa pra caralho…
— Arthur não vai ficar parado e pode tentar separar vocês de maneira
efetiva — alerta Emanuel.
Nunca estive do outro lado, e temo que tenha chegado a hora de descobrir.
— Não permitirei que isso aconteça, irmãos. Não tive essa conversa para
desistir tão facilmente. A decisão de assumir que quero tentar construir algo com a
Geórgia não foi tomada de maneira leviana.
Os meus irmãos agem como idiotas muitas vezes, mas eles sabem ser
sensatos e falam sério quando é preciso. Em momentos como esse, sinto muito orgulho
deles e vejo como valeu a pena ter lutado pelos dois.
Somos amigos, mas eu mexi com a filha do cara. Também não sou pai,
mas imagino que um filho é a maior realização de uma pessoa.
— Vocês são a melhor parte de mim. Obrigado pela força — falo, eles me
cercam e me agarram, tudo para me irritar, porque sabem que não gosto que fiquem me
tocando sem autorização. Bom, a garota é uma exceção.
Eu
também poderia caminhar um pouco, mas opto por ir direto para casa, onde tenho uma
garrafa de vodca à minha espera
Tudo o que não quero é que o Lucas perca a amizade do meu pai para ficar
comigo. No que depender de mim, ele não terá que fazer uma escolha. Terá o amigo e a
namorada, ou não me chamo Geórgia de Castro.
— Sei o quê? Que você fez o meu irmão todo certinho não só deixar a sem
graça da Jasmine como enfrentar o Arthur para te assumir?
— Como era de se esperar, o Arthur não reagiu nada bem. Ele saiu da sala
furioso, fez ameaças vazias, mas o meu irmão não voltou atrás. O Lucas realmente gosta
de você, menina. Você não faz ideia do que essa briga com o seu pai deve ter custado
para ele.
— O que está querendo dizer? — Questiono. Está claro que ele quis
insinuar algo.
— Não é nada. Eu só vim te avisar que o meu irmão saiu agora há pouco e
estava perturbado. Disse que precisava respirar, mas não gosto de pensar que está
sozinho agora.
— Não sei ao certo, mas, se pudesse apostar, diria que foi para casa.
Enquanto dirijo um dos carros do meu pai até a casa do Lucas, ligo três
vezes para o Arthur, mas ele não me atende.
João Lucas tem uma garrafa de vodca pela metade em uma mão e os seus
olhos estão vermelhos de tanto chorar. O meu coração fica partido por causa do seu
estado, então eu fecho a porta atrás de mim e o abraço.
CAPÍTULO 12
Não sei se a bebida tem poder para tanto, muito menos se estou tão bêbado
a esse ponto, mas ela está parecendo mais linda agora do que sempre foi. Era algo que
O fato de ela estar aqui me faz sentir vontade de chorar ainda mais e depois
Faço o que o meu corpo e coração pedem e me perco no seu abraço depois
que a porta é fechada. Parece que passa uma eternidade até que a Geórgia me afaste para
me fitar com seus profundos olhos azuis.
Ela me leva pela mão até o centro da sala e continua a me encarar,
esperando que eu diga alguma coisa. Mas o que eu poderia falar? A minha cabeça está
uma bagunça, mas apenas o fato de poder olhar e sentir a minha namorada tão perto de
mim é o suficiente para provar que fiz a coisa certa. Sinto-me bem sendo eu mesmo
quando a tenho por perto. É como se estivesse onde e com quem precisava estar.
Mesmo que eu enfrente uma tempestade daqui para frente, valerá a pena se
— Tenho certeza que recorrer a bebida não é a melhor saída para aliviar o
que está sentindo — fala ao pegar a garrafa da minha mão e o levar para o painel da TV.
— Me fala o que posso fazer para que se sinta melhor.
Quando volta para mim, fica tão perto que o calor do seu corpo e cheiro do
perfume me fazem esquecer de todas as merdas.
— Por que diz isso? — A garota fica na ponta dos pés e deixa a boca a
centímetros de distância da minha. Estamos quase nos beijando, mas ela parece ter
outros planos.
— Geórgia, o meu dia foi uma merda. Eu não vou te usar para…
É isso que acontece quando ela chega perto de mim assim, esqueço-me de
tudo.
— Quero fazer com que se sinta bem, meu amor. Às vezes, o namoro serve
para isso — ela fala, então deixo-me ser empurrado para o sofá.
É a porra do melhor beijo do mundo, que faz o meu corpo todo sentir a
tensão e a expectativa do que seria o banquete completo. Sempre que chupa a minha
língua dessa forma, imagino-me fazendo o mesmo na sua boceta.
Quero abrir as suas pernas e chupar a sua vagina até que goze na minha
língua e me deixe sentir o seu gosto. Depois, quero a beijar para que sinta o quanto é
deliciosa.
É apenas um beijo muito bom, que me faz perder um pouco do meu
controle quando seguro com firmeza os cabelos próximos da sua nuca e começo a ditar
o ritmo do beijo.
— Você tem certeza? Eu bebi um pouco e não quero que se sinta usada.
— Um agrado para o meu namorado. — Juro que não acredito quando ela
tira o meu pau de dentro da boxer e beija a cabeça robusta. — Porra! É maior do que eu
imaginava.
Definitivamente, ela não tem papas na língua.
— Você é uma vadiazinha, e me fará gozar com essa boca que só sabe falar
sacanagens.
Não quero pensar em como e com quem ela aprendeu a ser tão boa assim,
mas essa mãozinha vai me deixar louco.
É puro instinto e tesão pela mulher que veio para me fazer completo em
mais de um sentido.
— Gosto do fato de você estar prestes a me fazer feliz, mas também que
seja assim, tão safada e aberta para experimentar. Você é uma garota malvada, Geórgia,
é capaz de levar um homem a cometer loucuras, mas só eu terei esse privilégio a partir
de agora.
Essa boca e esse fogo serão apenas meus, porque ela é a minha mulher.
A safada faz isso com os olhos erguidos, prendendo o meu olhar no seu, o
que torna o momento ainda mais excitante. Aos poucos, ela vai levando-me mais fundo,
até que o meu cacete esteja quase todo dentro da sua boca.
causa do meu pau, me deixa tonto de desejo. O fato de ela ter paciência para construir o
meu desejo até me levar à beira do orgasmo mostra que sabe bem o que está fazendo.
engolir todinho. Ela se baba toda, e nunca esteve tão sexy como agora.
— Não se toque. Eu farei isso — peço, quando percebo a sua intenção de
levar a mão até a boceta.
Quando o esforço para não gozar se torna grande demais, tento acalmar as
coisas para não encher a sua boca de porra sem aviso, mas Geórgia não cede e deixa
claro que ela está no comando e fará o que quiser com o meu pau.
— Tem camisinha?
— Deve ter uma perdida dentro da minha carteira — digo, ela a pega no
bolso da minha calça, ainda enrolada nas minhas pernas, e tira o preservativo de dentro.
— Deixe-me te dar prazer, amor — peço com o tom de voz fraco. Tenho a
sensação de que estou delirando de tesão.
— Nós teremos tempo para isso. No momento, quero fazer o que venho
desejando há um mês. Preciso sentar no seu pau — declara, rasga o lacre do
preservativo e depois o desenrola no meu membro.
Geórgia deixa o meu pau na sua entrada e depois busca apoio para as duas
mãos nos meus ombros. Ela começa a sentar, levando-me para o seu calor.
Ela se senta com a bunda empinada para trás, e tudo o que eu precisava era
de um espelho para ter a visão do meu pau sendo engolido, da sua bela bunda rebolando
e me levando para o inferno, onde o fogo queima nas minhas veias.
— Era assim que você imaginava, João Lucas? Essa foda está sendo boa o
suficiente para você? — Ela provoca e se senta sem parar no meu pau, suando e
gemendo.
O som das nossas peles se batendo me deixa com mais tesão.
satisfação.
Não vou dificultar para ela, pois estou pronto para gozar desde a primeira
lambida da sua língua na cabeça da minha rola.
Agora que estamos na beira do precipício, basta nos jogarmos de uma vez.
É por isso que continuo metendo, esfolando o meu pau no seu calor apertado, até que
nós dois gozamos, gemendo e chamando um pelo nome do outro.
— Para mim também. Pensei que você fosse me dar muito prazer, mas
tudo que imaginei não chegou aos pés do quanto me fez feliz agora. O mundo fora
dessas paredes não existe quando estou com você.
— Era isso que eu queria — afirma, eu levo a mão até a sua cabeça e
começo a fazer carinho, passando os dedos nos fios macios.
Tendo-a como plateia, paro na frente da cama e tiro toda a minha roupa.
Faço tudo bem devagar, apenas para a provocar, pois tenho total interesse que se
recupere logo. Para mim, a primeira vez foi apenas o aperitivo.
Antes que o dia amanheça, ainda quero foder muito a sua bocetinha. Mas
agora, estando um pouco mais controlado, desejo mostrar que os meus sentimentos por
Felizmente para mim, não é só bonito e cheiroso, Lucas sabe como usar o
seu instrumento. Sempre pensei que ele seria bom, apesar da fachada que algumas vezes
chega a ser tediosa, mas nem nos meus melhores delírios sexuais pensei que fosse ser
tão quente.
As minhas pernas estão bambas até agora, o gostoso entrou tão apertado e
fundo que sinto como se ainda estivesse dentro de mim. O seu pau fantasma está
entrando e saindo. Saindo e entrando.
A sensação faz com que eu esfregue uma perna na outra para aliviar o
desejo que ameaça voltar com tudo novamente, enquanto babo a perfeição do seu corpo.
— Sou eu quem tenho sorte de ter a mulher mais gostosa, safada e linda na
minha cama — devolve, então sobe de joelhos na cama e começa a tirar a minha roupa.
Lânguida por causa do sexo recente, deixo que faça o que quiser e apenas
suspiro com cada beijo na minha pele. Quando me tem completamente despida, meu
namorado fica um tempo me olhando com total adoração.
Quando decide fazer mais do que apenas olhar, o senhor olhos azuis abre
as minhas pernas amplamente e encara a minha boceta de uma forma que me faz arder.
Só quero transar mais uma vez.
— Farei muito mais, amor. Antes que o sol nasça, não haverá uma parte
sequer do seu corpo que não tenha sido tocada pelas minhas mãos, pau ou boca.
Estou toda exposta diante dos seus olhos e só consigo sentir tesão e
vaidade pela forma como está me encarando. Tem fogo no seu olhar e é por mim.
Ele abaixa a cabeça e lambe a minha boceta. Não faz com ganância como
fiz ao chupar o seu pau. Faz de maneira lenta e gostosa, enfiando e tirando a língua,
construindo aos poucos o meu desejo, até o ponto em que começo a me contorcer e
implorar para gozar.
Quando chego no meu limite, meu namorado desliza o corpo pelo meu e se
coloca entre as minhas pernas.
— O seu gosto é uma delícia, meu amor. Sinta — pede, coloca a língua
para fora e eu a chupo algumas vezes. Não aguentamos a safadeza e acabamos nos
beijando com sofreguidão.
Tento pegar o seu pau para o fazer me penetrar novamente, porque estou
sedenta para ser fodida mais uma vez, mas Lucas me impede. Aparentemente, ele tem
outra coisa em mente.
Eu não esperava por isso. Nem sei se entendo o que está querendo dizer.
— Amar?
— Fazer amor, te sentir e te adorar como você merece — fala, pega o seu
membro e me penetra bem lentamente. Ele vai e vem sem tirar os olhos de mim.
Mantém o ritmo calmo e não acelera em nenhum momento. — É disso que estou
falando. De aproveitar essa conexão física e focar em mais do que satisfação física.
João Lucas me ama com atenção e me toca de uma forma que não fez na
primeira vez. Ele chupa os meus seios como se tivesse todo o tempo do mundo, mas
também beija a minha boca. Meu namorado aperta os lados da minha bunda e segura as
minhas coxas.
Ele faz tudo, me faz sentir todas as sensações sem nunca perder o ritmo do
seu quadril investindo contra a minha pélvis. Com ações, está me ensinando como fazer
amor, e fazer amor é tão bom quanto foder sem sentido.
— Também te adoro, João Lucas. Você está fazendo amor comigo agora,
mas tudo o que eu mais quero é continuar sendo amada por você. Me ame, meu amor —
sussurro, o homem mostra o seu sorriso mais bonito e volta a se mover.
Desta vez, não entramos em uma corrida desenfreada até o orgasmo. Ele
consegue nos levar ao prazer máximo com beijos, toques de carinho, chupadas e com o
pau que sempre sabe como usar.
— Você é tão ciumenta que chega a ser ridículo — fala aos risos, mas está
me deixando irritada.
— Pensei que não fosse apenas pelo sexo — Lucas rebate. — Além do
mais, há o pequeno detalhe de que estamos na minha casa e você não pode me mandar
embora.
— Vou te foder, meu amor. Pare de agir como uma menina birrenta e me
dê um beijo — pede, ainda rindo de mim.
A sua cama é tão grande que consigo fugir dos seus braços e ficar a uma
distância segura.
— Fique parado aí!
— Por que estava bebendo quando cheguei? Já sei que o meu pai é o seu
melhor amigo, mas, a menos que seja apaixonado por ele, ou tenha um motivo concreto,
o seu medo de decepcioná-lo soa exagerado para mim — afirmo.
— Sou sua namorada e você pode confiar em mim para me contar a sua
história — falo, ao deitar de lado com as costas contra a parede. Ele está na mesma
posição, só que na outra extremidade da cama.
— Em vários. É por isso que sou grato e sempre tentei retribuir da melhor
Geórgia está na minha vida agora, e não é justo que fique no escuro.
O nosso relacionamento não começará com omissões e mentiras.
“Mas tudo não passava de uma ilusão, porque eu só via o que queria ver.
Na verdade, o casamento dos meus pais era péssimo. O meu pai traía a minha mãe e eu
soube disso quando ouvi uma discussão feia entre os dois. Ela fazia de tudo para poupar
nós três da verdade.”
vocês.
intervir, mas tinha medo de os meus irmãos perceberem. Não queria que eles soubessem
que a nossa família perfeita era uma mentira e tive que fazer uma escolha.
— Você fez a escolha certa, meu amor — afirma, estendo o braço e seguro
a sua mão.
sabia que havia causado a morte do meu pai. Ele morreu por culpa minha, mas não o
empurrei.
os nossos corpos e me abraça. Era tudo o que eu queria agora. — O que aconteceu com
você depois disso?
— Foi passar as férias na casa dos seus avós, pois já estava morando aqui
na cidade na época. Naquele dia, o Arthur saiu para dar uma volta com o carro, o pneu
furou perto da ribanceira e ele estava esperando o guincho chegar quando tudo
aconteceu. Ele viu a cena, se aproximou de mim e deu o conforto que eu estava
precisando naquele momento. O Arthur ouviu toda a minha história e me convenceu de
— Eu não fui alvo desse lado amoroso e cuidadoso do meu pai — ela
comenta. Não posso negar que está certa. Arthur foi um pai ruim, mas eu também errei,
pois não o incentivei a ser mais presente na vida da Geórgia.
— Ele está tentando consertar agora, e não é tarde demais, meu amor.
— O Arthur ficou mais um tempo na casa dos pais e pôde ver de perto que
eu não estava sabendo como lidar com a culpa pela morte do meu pai. Se não fosse por
ele, alguém com quem podia dividir as minhas angústias, talvez eu tivesse entrado em
uma depressão fodida.
— Eu quis aceitar a proposta, principalmente por saber que iria contar com
o apoio dele, mas havia os meus irmãos e eu não queria me afastar deles. O Arthur me
convenceu de que daria certo para nós três e eu convenci a minha mãe de que poderia
cuidar deles aqui na cidade, que eles teriam melhores oportunidades.
— Eu vim, trouxe os meus irmãos e nunca mais quis voltar. Quando sinto
saudade da minha mãe, ela vem me visitar.
hoje.
Quando dou por mim, estou sentado com as costas contra a cabeceira da
cama, encarando e sendo encarado pela maluca.
— Isso nunca passou pela sua cabeça? O homem guardou um segredo, fez
de tudo para que viesse para perto dele e ainda deu os meios para tornar a sua vida
melhor. Só pode ser amor, um amor que vai além da amizade.
— Você está viajando, meu amor. O seu pai come mais mulheres por
semana do que os meus dedos dos pés e das mãos podem contar. Se ele teve outro
sentimento além da amizade em algum momento, acredito que superou.
— Será que entenderá em algum momento que sentimento não é algo que
se possa controlar?
— Geórgia…
— Tem certeza? Como deu para perceber, você o conhece melhor do que
eu.
— Ele está chateado e entendo as razões até certo ponto, mas continuo
acreditando que não me prejudicaria. Fique tranquila, linda, eu só me separo de você no
dia que não me quiser mais, caso contrário, treparemos felizes para sempre — brinco.
— Esse dia não vai chegar. Gosto de você e te desejo por ser assim:
gostoso, inteligente e mais velho que eu.
— Dizer que sou mais velho é gentileza sua, sou muito mais velho.
— O que torna tudo mais sexy. Imagine você com uma mulher de dezoito
anos ao seu lado.
— O meu pai está tentando me conquistar, talvez seja mais fácil fazer com
que me ouça e tente nos aceitar como um casal em algum momento entre o agora e
nossa morte.
— Não o pressione. O Arthur tende a ser teimoso quando se sente acuado.
Ele não vai ceder tão facilmente.
— Tentarei mesmo assim. E saiba que estou muito feliz por você ter falado
do seu passado para mim. Fez com que eu te admirasse ainda mais. Você é um homem
forte, inteligente e chegou até aqui por mérito próprio. Agora entendo a forma como
age.
— Como eu ajo?
assim cuidando dos seus irmãos. Você também é um pouco fechado e frio. Não sorri
muito, apesar de ter o sorriso perfeito.
— Você é como a sua casa quando está com alguém que inspira confiança
suficiente para se mostrar. É cheio de cores e camadas. Quente como o sol e muito
apaixonado. O seu sorriso aparece com frequência e cada vez que me olha parece ser a
primeira vez.
— Essa foi a declaração mais linda que já ouvi, meu amor. Você me leu
corretamente — declaro, um pouco impressionado. — A forma como vivia e sentia tudo
à minha volta havia se tornado tão natural que eu estava começando a esquecer-me de
como ser eu mesmo. Estava pouco a pouco me tornando uma pessoa tensa, que
precisava saber que cada pequeno aspecto da vida havia sido bem planejado e que tudo
estava em seu devido lugar.
O meu coração dispara e a minha mão sua, mas sei o que ela quer ouvir e o
que o meu coração está pedindo para falar.
— Não sei. É muito poder nas mãos de uma garota — provoco-a. Gosto de
fazer isso, por saber que a sua reação será imediata.
— Está barganhando o seu cu, amor? — Como eu disse, ela sempre reage.
— Você quem manda — fala. Está bem séria agora, não sei se está zoando
ou não.
Se a minha namorada não sabe que não precisa barganhar para ouvir-me
dizer o que sinto, então estou fazendo algo muito errado.
— Eu, João Lucas Fagundes, amo você, Geórgia de Castro. Te amo como
nunca amei ninguém. Te amo — declaro, e parece tão fácil que não quero mais parar de
falar. — Te amo. Te amo, menina.
— Um desafio?
Provoco-a com beijos e lambidas por todo o corpo, inclusive, no seu cu,
para que entenda que amará fazer sexo anal quando o momento chegar. Não permito que
goze tão facilmente, mesmo que eu esteja no meu limite também.
Eu sei que os problemas estão do lado de fora esperando por mim, mas
sinto que sou capaz de enfrentar tudo de cabeça erguida, pois tenho a outra parte do meu
coração para me manter de pé. Dessa vez, não luto por sobrevivência, mas por nossa
felicidade.
CAPÍTULO 14
Eu acordo suando de calor. Uma agonia tão grande, como nunca senti. Mas
eu espero até conseguir despertar cem por cento e me dou conta de que não é uma
agonia ruim. É bom, muito bom sentir o meu sangue quente e a sensação de dor entre as
pernas.
A dor de desejo e o fogo do tesão, é disso que se trata, pois enquanto o sol
está alto lá fora, eu tenho as pernas arreganhadas e uma cabeça entre elas.
fazendo sexo oral em mim me faz perceber algo que passou batido ontem, porque tudo
que pensava era em sexo. Sexo e mais sexo, por prazer e para tentar recuperar o tempo
perdido. A minha boceta está um pouco sensível e levemente ardida. Os músculos das
minhas pernas estão tensos, depois de eu ter passado mais tempo que o normal com elas
abertas.
É estranho que tenha passado apenas um mês, mas parece que foram anos
tendo o que eu queria constantemente negado. Mas ele está aqui agora, me comendo
com a boca e me amando. Lucas disse que me ama, e nem nos meus melhores sonhos
esperei que fosse admitir tão facilmente.
Eu também o amo. Estou loucamente apaixonada pelo seu corpo e por todo
o prazer que me faz sentir, mas também estou apaixonada pelo homem que João Lucas
Esse homem merece tudo, inclusive, ter-me assim, com as pernas abertas,
deixando que faça o que quiser.
— Como não acordar com essa boca quente me dando prazer? Pode
continuar se quiser.
Meu namorado não fala nada, apenas mantém o olhar cheio de fome no
meu corpo, arreganha ainda mais as minhas pernas e sobe em cima de mim. Mete o
membro na minha boceta sem cuidado e, como das outras vezes, tenho a sensação de
que estou sendo invadida e alargada para o aceitar.
É uma sensação que passa longe de ser ruim, muito pelo contrário, o
desconforto do começo rapidamente se torna prazer quando penso que ele é meu, que no
final encherá a minha boceta com o seu esperma e me fará gozar gostoso.
Tanto prazer e tanta entrega, porque João Lucas é meu e eu sou a sua
mulher. E enquanto for assim, nada ficará no nosso caminho. Não pretendo deixar.
Para o bem do meu caminhar quando sair daqui mais tarde, deveria
quando o meu homem segura um dos meus peitos e passa a meter sem pena. Entra e sai
sem parar e me faz delirar de tesão.
— Assim que quer ser tratada na cama, minha vadia? Eu tenho coisas
muito piores para você, basta que diga sim.
— Sim! Quero que me dê tudo, que seja doce, mas que seja bruto. Que seja
sujo quando nós dois quisermos e que nos faça gozar no final.
— Safado. Mete, amor. Enfia esse pau na minha boceta — o meu pedido o
deixa fora de si e mais duro.
Vai tão fundo nas penetrações que sinto seu membro no meu útero. Ele me
come durante muitos minutos e me faz gritar, gemer e suar muito. Lucas também está
ofegante e todo molhado de suor. O seu olhar é puro instinto sexual selvagem.
— Goze em mim, Lucas — peço, pois quero ver cada detalhe dessa vez.
— Caralho de boceta gostosa… — ele fala, o tom de voz está tão gutural
que me faz sentir arrepios de prazer nas últimas ondas da satisfação física máxima.
Quando o pau do Lucas fica mais apertado no meu centro, ele o tira para
fora e começa a se masturbar. A sua mão grande faz movimento de ir e vir duas vezes,
até que o esperma se derrama na minha barriga e um pouco nos meus seios.
Com os cabelos molhados de suor, Lucas está cansado. Deve estar doido
para deixar o peso do corpo desabar em cima do meu, mas se segura para observar a
obra de arte que fez na minha barriga.
Estou toda suja de esperma, mas sei que para alguns homens essa imagem
vale a pena. Para mim, é uma prova de sua possessividade, que não me incomoda de
forma alguma.
— Não me chame de tio, senão usarei a minha autoridade de tio e darei uns
tapas nessa sua bunda bonita, a deixarei vermelhinha e depois comerei o seu cuzinho.
— Por quê? Nós estamos juntos há uma semana. Pensei que estivesse
brava comigo por causa da minha indecisão.
— Que bom que está animada, menina. Não tem nada mais gratificante do
que trabalhar no que gostamos — afirmo. — Escolheu o horário das aulas?
— Prefiro que seja na parte da manhã. Dessa forma, terei a tarde livre e
poderei continuar trabalhando na Adega.
— Vai dar tudo certo. Terei tempo para os estudos, para o trabalho e para
você, amor — digo, ao esticar o meu corpo e beijar os seus lábios. — Além do mais,
não sei se quero ficar dependendo do dinheiro do Arthur, sobretudo, agora que está
chateado comigo.
Quando Lucas começa a tirar a minha roupa, fujo para o outro lado da sala.
A minha boca está inchada de tanto ser beijada. A minha boceta não está diferente,
depois de tanto ser esfolada no seu pau.
— Jamais! Mas tenho que ir para casa. Não posso fingir que o meu pai não
existe.
— Você está certa — fala, e fica me olhando enquanto pego a minha bolsa
e as chaves do carro.
Queria poder ficar com ele por mais tempo, fazendo qualquer coisa ou
nada, mas não dá para fingir que o mundo não existe além de nós dois e do nosso amor.
O fato de estarmos juntos magoou uma pessoa que é importante para nós
dois e está na hora de tentar conter os danos.
Antes de ligar o carro, dou uma olhada no meu celular, mas não tem
nenhuma ligação do meu pai. Ele também não respondeu às minhas mensagens. Não
faço ideia do que me aguarda quando chegar em casa, mas sinto um aperto no peito. É
medo, porque não quero perder nenhum dos dois homens que mais amo.
No fundo, mesmo que não queira, sinto que vai acontecer, e não sei qual
perda doerá mais.
Quando entro em casa, Arthur está sentado no sofá olhando para o nada.
Ele parece sóbrio, então fecho a porta atrás de mim, deixo a bolsa na mesa e me sento
no sofá vazio.
Arthur aperta os olhos, e então ergue o olhar para mim. Ele parece estar
vendo uma desconhecida na sua frente.
— O senhor sabe a resposta. Não me faça falar o que não gostaria de ouvir
neste momento.
— Sabe o que pensei quando você me ligou avisando que viria morar
comigo? Primeiro me desesperei, pois não sabia nada sobre como lidar com uma garota
da sua idade. Mas depois fiquei muito feliz, porque o Lucas me fez enxergar que era a
oportunidade que eu estava precisando para me aproximar de você, para ter o seu amor e
tentar compensar todos os anos em que fui um pai ausente e relapso.
— Está surpresa, não é? Até nisso tem o dedo dele. Entre ficar com medo
de não saber lidar com você e feliz com a sua vinda, a única certeza que eu tinha era que
não estaria sozinho. Teria os três irmãos que a vida me deu ao meu lado. Sobretudo, o
João Lucas, que sempre foi tão correto. Ele era uma rocha, a pessoa que sempre
manteve nós quatro unidos.
Sei que estou fazendo tudo errado e me arriscando a deixá-lo ainda mais
irritado, mas essa parte do seu desabafo está me incomodando muito. Quem ele pensa
que o João Lucas é? Sua consciência?
Infelizmente, não conheço o meu pai como deveria, mas ele fala de uma
forma que parece estar cobrando tudo que fez pelo meu namorado e seus irmãos no
passado.
Não gosto disso, pois aprendi com a minha mãe que algo não deve ser
cobrado quando é feito de coração.
tantos níveis que não sei como aquele imbecil chegou a sequer cogitar que eu poderia
entender essa merda.
— João Lucas não me seduziu, pai. Pelo contrário, ele fugiu o quanto pôde
e até o momento em que acreditou que poderia resistir. Fez tudo isso por você, porque te
ama e respeita. Ele mal me tocou até conversar com o senhor.
— João Lucas não deveria ter te visto como mulher. Você tem dezoito anos
e não deve saber muito sobre a vida, mas ele viveu muito e posso te garantir que isso
que vocês tem não vai durar quando a realidade bater à porta.
— Você não tem ideia do que está falando, menina. Não o conhece. Não
sabe as cicatrizes que ele esconde.
— Sou uma mulher, e não irei disputar namorado com o meu próprio pai
— falo, então me levanto para ir até o quarto.
— Disputar?
— Ele não é seu bichinho só porque o ajudou no passado. Se tentar fazer
alguma coisa contra qualquer um deles, pode esquecer que eu existo.
Meu Deus! O Arthur é mimado e não pode ser contrariado. Até certo
ponto, dava para entender a sua chateação com nós dois, mas ele está passando dos
limites para impor a sua vontade a qualquer custo.
— O quê?
— Pode me demitir e fazer o que quiser, mas não vai me separar do João
Lucas.
Eu vim trabalhar sem a menor vontade hoje, simplesmente por não poder
fingir que esse lugar não precisa de mim. Eu deixei que as coisas chegassem em um
desafio me estimulava, mas a minha vida não estava uma bagunça e eu não tinha algo
mais importante onde colocar a minha energia, ou que fosse digno da minha atenção.
mais e isso tem a deixado chateada. Eu não voltei a ver o Arthur depois da conversa que
tivemos, pois ele simplesmente deixou de vir trabalhar. Estou com vontade de discutir
com ele por ter demitido a Geórgia e usado os meus irmãos em seu favor.
Eles não falam nada quando pergunto, mas está na cara deles que o Arthur
usou algo contra mim para os convencer a demitir a minha namorada. O homem não
adversários.
Sinto que estou ganhando por um lado e perdendo pelo outro, mas jamais
poderia me olhar no espelho novamente se deixasse de ficar com a mulher que amo por
causa do Arthur.
E mesmo com tudo isso, nada além de nós dois importa quando estamos
nos braços um do outro, reafirmando o amor, a paixão e o tesão que nos unem.
manhã, de tarde e quando anoitece, a gente dá um jeito de estar junto um do outro. Pelo
menos, foi assim que fizemos nos últimos dois dias.
Agora, por exemplo, estou parado há dez minutos dentro do meu carro,
ocupando a minha vaga na garagem do prédio da Adega, mas ela poderia perfeitamente
estar aqui comigo, me beijando como se fosse a última vez e se sentando no meu pau.
Depois de meter na sua doce boceta até levar nós dois ao orgasmo, recebi
um boquete que me fez uivar para a lua.
Aos quarenta, arrumei uma namorada que me leva a fazer coisas que não
fiz quando tinha a sua idade. E quer saber? Eu estou adorando. Sinto-me livre e tão
jovem quanto ela.
Por alguma razão, olho para o retrovisor e vejo que tem alguém
relacionamento e tudo que Geórgia faz com o meu corpo, mente e coração.
— Não sei se devo satisfação da minha vida para você — ataca. — Como
não tenho nada a esconder, posso te falar que vim pelo Arthur.
— Pelo Arthur?
Eu estou surpreso, pois eles nunca se deram bem. Ao mesmo tempo, sinto
que não deveria me surpreender com mais nada, nem mesmo com o fato de ter mudado
de ideia e vindo trabalhar.
— Ele me surpreendeu com a notícia de que não são mais amigos, mas não
tanto quanto o motivo do término do nosso namoro. Como você teve coragem de fazer
isso comigo?
— Eu não sei o que ele te contou, mas eu não te traí. Coloquei um ponto
final por não querer te enganar ou magoar. Os meus sentimentos ficaram confusos e
você não merecia um homem incompleto. Nós já tivemos essa conversa.
— Você me trocou pela filha do seu melhor amigo! Nós estávamos juntos
há três anos e a garota acabou de chegar, João Lucas. Pelo amor de Deus, ela só tem
dezoito anos! Está pensando o quê? Que essa garota te levará a sério?
— Você não sabe nada do que passa no nosso relacionamento — digo, ela
deixa escapar uma risada de deboche.
— Por favor, pare de falar. Eu sei o que estou fazendo — rebato, sem
paciência.
— Não acredito nisso. Você está cego por essa menina. Mas entendo que
um homem da sua idade precisa disso para se sentir viril, é por isso que esperarei até
que volte para mim — fala, chega mais perto e me abraça pelo pescoço.
— Eu não quero ser rude com você — afirmo, tentando afastá-la de mim
sem sucesso.
Sou mais forte, mas não usarei dessa força com uma mulher.
Merda!
Quando o beijo acaba, Jasmine já está indo para o seu carro bufando de
raiva.
O fato de estar irritada comigo é a prova de que o beijo foi para afrontar a
Jasmine. O seu ciúme sem propósito me deixa duro.
— Eu não sabia que ela estava aqui. A vi, e precisei perguntar o porquê de
ter vindo.
— Não é óbvio?
— Não, considerando que ela sabia que eu não estaria aqui — afirmo. —
Jasmine veio a pedido do seu pai, mas eles nunca se deram bem.
— Tente adivinhar.
— Não a defenda!
— Você é ciumenta pra caralho — falo, a puxo para mim e devolvo o beijo
que me deu. — O que faz aqui, amor?
— Eu ainda não falei com o Arthur porque ele estava me evitando, mas
não vou aceitar que tenha te demitido por capricho. É o nosso trabalho e você era ótima.
— Não, por favor. — Geórgia segura os dois lados do meu rosto e me faz
olhar em seus olhos. — Não faça nada para aumentar essa briga.
— Sim, você pode. Eu vou arrumar outro trabalho, ou talvez consiga fazer
com que ele volte atrás, mas não quero que brigue com o meu pai. Quanto mais vocês
discutem, mais difícil a situação se torna.
— Não faça essa cara de cachorro sem dono, João Lucas. Você sabe que
seus olhos são o meu ponto fraco, não sabe?
— Não. Sempre pensei que fosse o meu pau — provoco, ela leva a mão até
a frente da minha calça. Obviamente, o meu pau se anima, pois ele está obcecado por
essa mulher.
— Ele também é. Por falar em ponto fraco, não quero dar viagem perdida.
Por que a gente não entra no carro e conversa um pouquinho com mais privacidade?
Como não posso resistir, olho para os lados, somente para ter certeza de
que não tem ninguém no estacionamento, e depois a levo para o banco de trás do meu
veículo.
— Pensei que você quisesse um boquete, mas já que quer beber, posso
deixar para a próxima. — Ela afasta a mão, eu a pego de volta e coloco em cima do meu
cacete, que está a meio mastro só por sentir o seu toque superficial.
Geórgia tira o meu membro para fora e o masturba até me deixar duro. Ela
não perde tempo, curva o corpo do jeito que dá no banco de trás e me engole por
completo.
O meu pau engrossa entre os seus lábios e o meu corpo todo se enche de
espasmos quando gozo, enchendo a sua boca de porra. Como se não fosse nada de mais,
a garota engole tudo. Mesmo quando acaba, ainda continua me chupando, até o deixar
bem limpinho e descansando em cima da minha barriga.
Chupando a sua língua sem parar, e fazendo-a gemer na minha boca, enfio
a mão dentro da sua calcinha. Passo a mão superficialmente pela boceta molhada e
depois enfio dois dedos entre os lábios vaginais.
profundamente.
prazer.
— Sei que disse isso antes, mas preciso repetir: Estou loucamente
apaixonado por você, Geórgia. Estou viciado em você, tanto que poderia te comer para
sempre e nunca mais sentir fome — o final da frase a faz sorrir.
— Dizem que o amor deixa as pessoas bobas, é por isso que estamos assim
— comenta, ao aconchegar o rosto no meu peito. — Te amo tanto que estou com medo
de que algo nos separe. Você sabe que tenho motivos.
— Ei. — Levanto a sua cabeça para que me olhe. Os seus olhos estão
alagados, mas ela não se permite chorar. — Eu estou aqui e não irei a lugar algum até
que mande — declaro.
— Ele está magoado com você, mas vai te perdoar. Acredite em mim que o
conheço há anos.
— Sente muita falta da amizade dele, não é? — O seu semblante fica ainda
mais triste quando faz a pergunta e eu não entendo bem o porquê.
É difícil ter que fazer uma escolha, pois não deveria ser assim.
Depois que a deixo ir embora, subo para a minha sala com a convicção de
que terei mais um embate com o homem que foi o meu melhor amigo um dia. Fiz uma
promessa para a Geórgia, mas talvez tenha que a decepcionar.
Não abaixarei a cabeça para o Arthur, o enfrentarei até que entenda que
não está perdendo somente a nossa amizade com a sua intransigência. Sem perceber,
está afastando a filha e a relação que tanto quis construir com ela.
CAPÍTULO 16
cadeira. Ele fica girando de um lado para o outro, enquanto olha fixamente para a caneta
que está na sua mão. Parece até o vilão de um filme de máfia, mas é apenas ele sendo
idiota.
ano.
Foram apenas dois dias, porra!
Ainda bem que tive um bom momento com a minha garota. Estou mais
relaxado e mais paciente para lidar com o meu melhor amigo e sua teimosia.
— Não posso negar esse fato, mas ela tinha que saber quem era o bom
— Talvez, o gosto pela fofoca possa justificar o que tentou fazer, pois não
conseguirá nada usando-a. Jasmine não tem poder de me atingir, porque eu terminei
— Está enganado, Arthur. A culpa é sua. Eu não estou entre você e a sua
filha, mas você está entre mim e ela. Será que não percebe que irá perder nós dois se
continuar agindo assim?
— Um amigo como você não fará falta — fala, mas sei que é da boca para
fora. Eu faria falta para ele, assim como faria falta para mim. — A raiva e o sentimento
de traição que estou sentindo não me deixa dormir. Eu não consigo pensar em você
sendo mais do que um amigo para a minha filha. A minha filha! Contei que fosse ficar
do meu lado, mas se voltou contra mim.
— Ela é a minha filha de dezoito anos. Você é o meu melhor amigo, cujos
defeitos e qualidades conheço a fundo, quer que eu fale mais? Você tem que sentir muito
medo e vergonha do que está fazendo.
— A idade é o de menos.
“Eu sempre estive aqui para você e limpei as suas merdas. Estamos juntos
nessa empresa, mas eu sou a cabeça da Adega, você quis que fosse assim para fugir de
maiores responsabilidades. Fui o seu amigo, não porque deveria ser, mas porque gostava
de você. Além de me usar para ser o que nunca conseguiu, o que você fez? “
Nunca fui a favor da violência, mas se o Arthur quer briga, ele vai
encontrar.
— A verdade está doendo, não é? Como fui burro! Precisou que algo assim
acontecesse para que eu visse a verdade. Não consegue aceitar que eu fique com a sua
filha, não porque não sou bom para ela, mas porque não é bom para você.
você não vai mais tentar interferir nisso. Pode fazer o que quiser para me prejudicar,
pode até mesmo ir à polícia e contar o que viu naquela ribanceira. Não foi isso que
ameaçou fazer na primeira oportunidade que teve?
Sinto tanta raiva e decepção que estou agindo como outra pessoa.
Enquanto o meu sangue corre queimando nas veias, não sei mais quem sou. Só vejo o
Arthur e penso no quanto quero acabar com ele.
podem matar um ao outro à vontade, mas façam isso fora daqui. Dá pra ouvir a
confusão no salão.
das melhores para ele. O seu supercílio está sangrando também. Arthur me encara com
ódio, também me sinto da mesma forma.
Eu nunca o vi assim. A reação é apenas a prova de que, infelizmente, eu
não estava errado nas minhas conclusões. Sei que essa ferida irá sangrar quando eu ficar
mais calmo.
Quando ficamos sozinhos, Miguel me solta para fechar a porta. Ele passa a
chave. Deve estar com medo de o Arthur voltar e começarmos outra briga.
— Não irei para lugar algum, preciso trabalhar. Esse lugar não vai se
cuidar sozinho — falo de maneira compassada. Está doendo até para falar.
— Olhe para mim, Lucas — ele pede, eu jogo a cabeça para trás no
encosto do sofá e fecho os olhos.
João Miguel é o mais jovem de nós três, mas sempre foi o mais sensato. É
— Você sabe que pode ir para casa quando quiser, não sabe? — Indaga.
— Eu preciso trabalhar.
— Você fez a escolha errada de palavras, irmão. Você não tem que estar
aqui o tempo todo segurando as pontas. Não precisa fazer o trabalho pesado sozinho.
Nós somos quatro.
— Do que está falando? Sempre foi assim e funciona bem para todos nós.
— E como não iria funcionar? Eu deixei o barco correr, mas nunca fingi
que as minhas responsabilidades eram do tamanho das suas, porque nunca foram, e
tenho certeza de que as do Arthur e do Manu também não são. Você tem o peso maior
em cima dos ombros e ninguém nunca disse nada. Você nunca reclamou.
— Porque tem medo de ver a verdade. Eu amo o Arthur, mas você não
deve nada a ele. Você não deve nada a nenhum de nós três. Pare de ser tão passivo e se
imponha, irmão. Você merece mais do que isso — sua declaração deixa o meu coração
apertado.
Estava tão acostumado com o peso em cima dos meus ombros que não o
sentia mais. Tornou-se parte de mim, e tudo o que eu poderia ser, ficou guardado para
mim mesmo.
— Permita-se errar, viver a sua vida e delegar mais para mim e os outros.
Não estou dizendo que quero mais trabalho, mas você tem esse direito. Todos nós
faturamos igual, mas só você realmente faz o trabalho pesado para manter esse império.
— Por que está dizendo tudo isso agora? — Pergunto. — Do jeito que as
coisas estão, o Arthur e eu iremos destruir a Adega com as nossas próprias mãos.
Depois do que falei e de tudo o que percebi a respeito da nossa amizade, não há mais
nada para recuperar.
— É claro que há. Tudo vai voltar ao seu devido lugar quando você
perceber que amizade não é só dar, mas também receber. Arthur cairá em si e se dará
conta de que ele também tem que ceder, que não pode não dar nada em troca e esperar
tudo.
— Eu sou sortudo por ter você e o Manu. Vocês me dão força — declaro.
A conversa é tão importante e esclarecedora que me fez esquecer um pouco a dor.
— Use essa força e vá ser feliz, porque não consigo pensar em alguém que
mereça mais — declara, e se levanta. — Tenho que ir agora. Tenho que ter certeza de
que essa briga não virou assunto entre os funcionários.
— Obrigado pelas palavras, irmão. Você é o melhor.
— Aposto que diz a mesma coisa para o Manu — o seu comentário me faz
gargalhar. Sinto uma pontada de dor onde está machucado. — É sério, mano. Vá para
casa e se cuide. Ficaremos bem sem você por um dia.
Meu irmão está certo, não é? Eu posso e quero ir para casa agora. A minha
namorada disse que iria me esperar e estou precisando dela como nunca.
Quanto ao Arthur, não quero pensar nele agora. Não quero aumentar a
mágoa por uma pessoa que, independentemente das intenções e da forma como me
usou, fez algo por mim, que foi meu amigo durante mais de vinte anos.
Quando abro a porta, a minha linda está tão concentrada deitada no sofá e
mexendo no celular que nem percebe a minha presença de imediato.
Ela sorri quando percebe que sou eu, mas fica séria quando nota que o meu
rosto está cheio de hematomas.
— Meu amor, o que fizeram com você? — Minha namorada se levanta,
segura a minha mão e me faz sentar no sofá. Ela se ajoelha no estofado e fica analisando
de perto o estrago.
— Estou bem — falo, mas faço uma careta quando apoia a mão no meu
peito, em cima do lugar onde está dolorido.
— Uma porra que está bem! Brigou com o Arthur, não foi?
— Foi.
— Não sei se te ajudo, ou se fico puta. Você me prometeu que não iria
brigar e fez isso na primeira oportunidade.
— Quero beijos, em vez de sermão — falo, tento dar uma risadinha, mas o
coração de pedra não amolece.
— Não terá beijos — afirma, então se levanta e sai pisando duro na direção
da cozinha.
Menos de cinco minutos depois, ela volta com todo o aparato para cuidar
de mim. Tem água para tomar com o analgésico que me faz engolir, além de um saco de
ervilha congelada.
Minha menina cuida do meu rosto de maneira delicada, mas não diz uma
palavra. Eu entendo que esteja chateada comigo. Além de não ter feito nada que
melhorasse a nossa situação, consegui piorar.
O problema da Gegê, como os meus irmãos a chamam, é que ela me ama e
não consegue ficar brava. Enquanto cuida do meu rosto, começa a dar um beijo em
todos os lugares onde dói.
— Tenho certeza de que vai sarar mais rápido com esses beijinhos.
— O meu pai deve estar tão péssimo quanto você, talvez até pior.
Pode apostar que está, penso, mas não digo em voz alta.
— Estou fedendo?
Ela parece estar de saco cheio e, pela primeira vez, um pisca alerta acende
na minha cabeça. Sinto medo de que não aguente a pressão dessas brigas entre mim e o
seu pai e me deixe.
— Vai me esperar?
Em estado de alerta, não demoro muito no banho. Por mais que seja um
pouco incômodo, dá tudo certo no final quando termino de me vestir e volto para a sala.
Sou recebido pelo cheiro delicioso de comida no fogo.
Geórgia está na minha cozinha mexendo nas panelas e cantarolando. Tão
linda e natural que parece fazer parte da casa.
Os sofás da minha casa são espaçosos, mas amo que sempre queira estar
nos meus braços.
— Eu não tiro a sua razão, meu amor. Não faço ideia do que é estar na sua
pele, mas imagino que deve ser difícil ficar entre o namorado e o pai — digo. Só queria
que tudo fosse diferente. — Prometo que farei as coisas darem certo. Não quero que o
fato de estar comigo seja um estresse para você.
— Não é. Eu amo ser sua mulher e quero estar aqui com você.
bem.
Enquanto jantamos, mais cedo que de costume, eu conto sobre o que disse
para o seu pai e as conclusões que tirei. Ela ouve sem interromper e eu gosto disso, pois
não seria certo tomar partido contra o próprio pai.
Também falamos sobre as nossas vidas e de nós dois como um casal, não
permitindo que o nosso amor se torne algo pesado com foco nos problemas. Embora
pareça cedo, fazemos alguns planos para o futuro. O primeiro passo é apresentá-la para
a minha mãe e depois ser apresentado a Josy como namorado, já que a mulher me
conheceu como melhor amigo do seu ex-marido.
Geórgia fica tão animada que parece uma criança. Todos os brinquedos que
escolhe me fazem sentir vontade de vomitar de tanto nervoso, mas deixo que me
convença a subir na roda gigante. Segundo ela, é o mais tranquilo.
Fico com vontade de chorar quando começa a girar. Estou suando frio, mas
a minha namorada encontra uma ótima forma de me distrair ao se ajoelhar na minha
frente, abrir a calça e chupar o meu pau.
O passado e o presente fora da nossa bolha podem até ser duros, mas o
amor é suave, como eu precisava que fosse.
CAPÍTULO 17
Um mês depois
teórica, sinto que fiz a escolha certa. Gosto das aulas, dos professores e dos colegas que
estou conquistando.
É bom ter mais proximidade com garotas da minha idade, mas também é
difícil em alguns momentos, pois elas sabem quem é o meu pai e os três sócios,
considerando a fama da Adega. Além de saber quem são, elas não param de fazer
perguntas.
Não me importa que estejam interessadas no Miguel e no Manu, afinal,
eles estão solteiros. Mas fico tensa quando citam o meu pai por motivos óbvios e mais
tensa ainda quando falam do João Lucas.
Uma delas disse no refeitório que ele era o mais lindo e misterioso dos
quatro. Outra foi mais longe e revelou que queria transar com o meu amor. Como não
sou boba, abri a minha boca e disse que o Lucas é o meu namorado e pedi que tirassem
os olhos dele. Ficaram sem graça por um minuto, em seguida começaram a fazer
perguntas íntimas e sem noção.
incomodam por causa dos meus cunhados, eu sempre digo que podem tentar a sorte
quando forem a Adega. Não sei se um dos dois se deixaria seduzir, considerando que
conseguem ser quase tão sérios quanto o Lucas quando estão trabalhando.
Quanto aos rapazes da minha sala, não são tantos, porque os homens ainda
pensam que cozinhar é coisa de mulher, alguns são bonitos, mas nem de longe tão
interessantes quanto João Lucas Fagundes. Depois dele, os homens da minha idade
Ele sai da Adega para vir me buscar todos os dias, e apesar de eu ter
negado no começo, pois não queria dar trabalho, acabei aceitando quando me disse que
era a chance de almoçarmos juntos. Devido à situação entre o Lucas e o meu pai, não
durmo na sua casa todos os dias, mas sempre encontramos tempo para a gente.
— Geórgia — ouço alguém me chamar quando estou caminhando para a
saída. Levo um susto, pois estava trocando mensagens com o meu namorado.
É possível que ainda não tenha chegado aos seus ouvidos que tenho
namorado?
organizou um luau na praia. Se quiser dar uma passada por lá, será mais do que bem-
vinda.
mesmo instante.
É estranho, porque ele estava animado uma hora atrás e tinha até feito as
nossas reservas no restaurante. Lucas nunca deixou de aproveitar a chance de estar
comigo.
Está tudo certo. Vou para casa com uma das minhas colegas.
As últimas semanas foram estranhas de uma forma que não sei como
explicar. Reinou a falsa sensação de paz, como se nunca tivesse existido um conflito
entre o meu pai e o meu namorado.
Em casa, a minha relação com o meu pai está bem, mas ainda não é a
mesma que estávamos construindo antes de tudo acontecer. Ele tenta me agradar e eu
tento ser suave. Nós fazemos as refeições juntos quando estamos em casa, mas não
citamos o Lucas.
É como se ele não existisse para nenhum de nós dois nos cômodos da
nossa casa. Mas aprendi a conhecer o Arthur e sei que finge estar bem.
Ele não está bem e o seu sorriso não é sincero. Não fala do meu
relacionamento com o seu melhor amigo, mas sei que ainda não consegue aceitar. Não
fala o nome do Lucas, mas parece estar andando por aí com uma parte lhe faltando.
Fico querendo fazer alguma coisa, mas sinto tanto medo de recomeçar a
briga que não me mexo. Eu tenho o meu pai e o meu namorado, mas os dois se
perderam por minha culpa e, às vezes, me sinto muito mal por isso.
Mas o que temos passa longe de ser apenas sexo. Há identificação, apesar
da nossa diferença de idade de mais de vinte anos. Há o carinho e o desejo de termos um
futuro junto.
eles iriam se acertar e tudo voltaria a ser como antes, mas o tempo está passando e essa
hipótese fica mais distante. A minha paz de espírito começa a sofrer abalos. Começo a
dizer a mim mesma que não tenho culpa, mas é difícil sentir que não tenho.
— Você provará uma das melhores comidas do mundo. Aposto que não
tem nada parecido no lugar de onde você veio, forasteira — Manu brinca quando
pegamos o cardápio.
Adoro esses dois. Eles são bonitos e lembram um pouco o irmão mais
velho fisicamente, mas há neles a leveza e a liberdade que o Lucas nunca se permitiu,
embora eu entenda perfeitamente o porquê de ele não ter se permitido.
Se esses dois são tão leves é por saberem que tem alguém com quem
contar, que o peso em cima dos seus ombros nunca será maior do que podem carregar,
pois o Lucas não deixa. Ele sempre fez tudo sem ninguém pedir, o que o torna mais
especial, mais amado por mim.
— Tenho que dar o braço a torcer. Das poucas vezes que experimentei
feijoada, essa foi a mais gostosa. Estou até pensando em levar uma marmita para o
irmão de vocês. Posso o convidar para jantar e fingir que cozinhei.
Nós três conversamos um pouco mais sobre amenidades e eles tiram boas
risadas de mim. Até esqueço dos problemas por um tempo, mas eles existem.
Os dois trocam olhares algumas vezes, deixando claro que não era
paranoia pensar que realmente tinham algo para dizer, então puxo o assunto.
— Era pior do que ruim. A Jasmine era o tipo de mulher que gritava
falsidade. Ela era boazinha demais e não parecia real, dizia amém para tudo que o nosso
irmão dizia, tudo para o agradar. Era gentil com todos na frente dele, mas era ácida pelas
costas. Uma mulher como ela jamais faria o nosso irmão feliz, apesar de ele ter insistido
durante anos.
— Passei as últimas semanas com a sensação de que estava tudo bem, mas
sempre com a desconfiança de que era uma paz falsa. Sinto que a poeira baixou, mas
não estou mais na Adega e posso estar muito equivocada.
Estou me relacionando bem com o Arthur, mas ainda tenho que o perdoar
por ter me demitido com o aval desses dois.
— Lucas e eu estamos na fase mais gostosa do nosso namoro. Ele não fala
o nome do meu pai e o Arthur não fala o nome do Lucas. O meu namorado parece
melhor que o meu pai, sendo bem sincera. O Arthur anda um pouco triste. Não acham?
— Ele não está sabendo lidar com a perda da amizade de vinte anos que
tinha com o meu irmão. Por estar chateado pelas verdades que admitiu para si mesmo, o
Lucas parece mais durão — comenta. Ele para por um instante, como se estivesse
ponderando o que falará a seguir. — Sendo bem sincero, e me perdoe por falar assim do
seu pai, não acredito que ele tenha sido babaca de propósito. Ele é babaca, mas a
amizade com o nosso irmão era verdadeira até você chegar — Manu fala.
Não sinto que está querendo me culpar, só está falando a realidade dos
fatos. Os dois se magoaram profundamente por minha causa, porque me apaixonei pelo
último homem por quem deveria me apaixonar. Jamais me arrependerei disso, mas não
dá para negar que o peso dessa briga está na minha conta.
— Penso como você, Manu. Se Arthur não tivesse sido amigo de verdade,
ele ainda estaria irado. Mas ele ficou muito mal depois que o João Lucas jogou um
monte de merda na cara dele.
— O que a gente pode fazer para acabar com essa briga besta? — Miguel
questiona. — Essa situação tem que se resolver para que você seja feliz sem culpa e eles
voltem a ser amigos. Tudo isso também tem afetado os negócios — Manu fala.
— O que está querendo dizer? Depois que o meu pai me mandou embora,
não sei mais nada do que acontece naquele lugar.
— Ele não está deixando que você perceba quando chega em casa, mas
tem bebido além do normal. Não creio que seja apenas por não aceitar a relação de
vocês, pois essa questão deve ter sido apenas a ponta do iceberg. O Arthur está mal
pelas acusações que ouviu do meu irmão. Talvez nem tenha percebido que agia de uma
forma que magoava o Lucas, ou que ele pudesse entender suas ações de outra maneira.
— É tudo culpa minha — falo, sem olhar nos olhos de nenhum dos dois.
— Não é culpa sua, querida — Manu segura a minha mão sobre a mesa
para me confortar. — A relação entre vocês desencadeou algo que estava guardado, mas
foi só isso. Não viemos até aqui para fazer com que se sinta culpada, mas para te deixar
a par do que está acontecendo na Adega e tentar ver se podemos fazer algo juntos. Nós
três.
saída, teria que vir de mim, pois, direta ou indiretamente, eu causei tudo isso.
— Não fale assim, Gegê — Miguel pede, ao segurar a minha outra mão.
mas simplesmente não consigo esconder a minha tristeza. Eles me deram a confirmação
do que já estava suspeitando, e o gosto que sinto na boca é amargo.
Quando nos despedimos e eu volto para casa, faço sabendo de antemão que
não conseguirei esquecer a conversa que tivemos. Não poderei mascarar a sensação de
que o preço por amar está sendo mais alto do que deveria.
intensidade.
Sinto-me um pouco culpada pela minha felicidade, pois sei que é às custas
da infelicidade de outros. Parecia mais fácil quando eu pensava que eles iriam se acertar
e que ficaria tudo bem. Mas o meu pai não está nem mesmo tentando fingir que não
anda bebendo além da conta.
Lucas finge bem, mas está fechado como uma ostra e não consegue nem
mesmo falar a respeito do melhor amigo quando tento tocar no nome do Arthur.
Eu quis manter a esperança de que eles iriam conversar, mas ela foi
morrendo pouco a pouco, até que deixou de existir. A gota d'água foi ontem, quando o
meu pai pegou o carro e dirigiu bêbado de madrugada pelo condomínio.
Arthur acabou atropelando o gato de uma vizinha e causando uma
confusão com os moradores e com a polícia. Não pudemos fazer muito para livrar a sua
barra, já que ele estava realmente alcoolizado e foi muito fácil comprovar na delegacia.
Liguei para o meu namorado chorando e ele foi nos ajudar. Trocou
algumas palavras com o meu pai e o levou comigo para a nossa casa. Eu vi de perto a
interação dos dois e percebi que a parceria de antes havia sumido. Na minha frente, eu
vi dois amigos que se perderam um do outro em um caminho sem volta.
Seria menos difícil se a ligação dos dois não fosse tão forte, ou se o
rompimento não estivesse afetando tantas pessoas. Enquanto pude, mantive a esperança
de que os vinte anos de amizade e parceria profissional superariam os desentendimentos
por causa de um amor que nasceu sem aviso prévio, mas não posso mais me enganar.
Os quatro eram uma torre de quatro pilares, tudo ruiu e nem mesmo os
negócios foram poupados. Se eu comecei com tudo que culminou nesse desastre, talvez
seja a hora de tentar consertar a bagunça da única forma possível.
Não sou covarde. Na verdade, é preciso muita coragem para tomar uma
decisão, sabendo que vários corações serão partidos. As escolhas precisam ser feitas, e
acredito que todos ficaremos bem com o tempo.
Quando tudo isso passar, o que aconteceu nas últimas semanas entre o
Lucas e eu será lembrado somente como um passo fora da curva.
CAPÍTULO 18
Hoje, estou mais feliz do que se tivesse ganhado sozinho na loteria. Apesar
Sinto-me relaxado até mesmo quando estou aqui. É claro que não é um
mar de rosas, pois o Arthur tem dificultado a minha vida ao se meter em assuntos que
nunca importaram para ele, mas decidi que o melhor a fazer é deixar o barco correr e
não bater mais cabeça.
A nossa relação não existe mais. Apesar do vazio que sinto, prefiro não ter
nenhuma relação com ele a continuar discutindo e brigando por um assunto sobre o qual
nunca chegaremos um entendimento. Sem falar em todas as mágoas que despejei em
cima dele.
A amizade acabou, mal falamos sobre negócios e até nas reuniões a nossa
comunicação é rasa. Se alguém chegasse em mim e contasse que chegaríamos a esse
ponto, eu não teria acreditado, mas aconteceu e eu não gasto mais energia com isso.
Hoje, Arthur é somente o pai da minha namorada, tanto que eu não titubeei
quando me ligou para contar que ele estava na delegacia. Ajudei como faria com
Não deveria ter sido assim, mas eu me vi na posição de ter que escolher
desde o início. O amor pela garota que chegou e sacudiu o meu mundo me fez olhar
Não sou leviano e não teria me colocado nesta situação se tivesse sentido
que poderia virar as costas e fugir dos sentimentos que Geórgia despertou. Se fosse
somente pelo sexo, eu teria resistido.
Sempre foi amor, e sou tão feliz ao lado dela que sinto que estou criando
uma realidade paralela. Sou feliz porque Geórgia de Castro me completa de todas as
formas.
Pela primeira vez em mais de um mês de namoro, está tentando fazer algo
diferente. E enquanto o momento de ir até ela não chega, eu trabalho cheio de
ansiedade.
Minha namorada é uma caixinha de surpresas, não faço ideia do que está
aprontando, mas sei que será perfeito, porque Gegê só me faz feliz.
Depois que a garota ligou mais cedo me convidando para sair, não tive
mais um segundo de paz, porque só consigo pensar nela. As horas nunca passaram tão
vagarosamente, mas me consolo ao dizer para mim mesmo que o tempo não para. Que
clube enquanto a noite está bombando. Se antes eu sequer cogitava essa possibilidade,
hoje não penso duas vezes antes de correr até a garota quando ela estala os dedos.
Essa é a realidade, não posso negar, e não me sinto menos homem por isso.
Ao chegar pontualmente à entrada da casa noturna, ela já está à minha espera dentro do
seu veículo.
Geórgia é uma mulher naturalmente linda e qualquer um que não seja cego
pode atestar isso, mas quando se empenha um pouco mais, como fez para essa noite, ela
simplesmente me deixa nocauteado, sem fôlego.
Seu corpo gostoso está coberto com um vestido preto de alças finas e,
considerando que as suas coxas estão à mostra, imagino que seja curto e justo nas suas
curvas acentuadas. Os peitos estão em evidência por causa do decote e minha boca
saliva só de pensar no momento que os terei na minha boca.
Meus olhos são atraídos para o pescoço alvo e delgado, e minha vontade
agora é enfiar o nariz na pele macia e sentir mais de perto o seu cheiro bom.
O amor que comecei a sentir por essa garota é tão urgente que desejo fazer
tudo com ela. A vejo sendo a minha esposa e mãe dos meus filhos um dia. Mas meus
desejos sempre são freados quando me lembro que ela não é a Jasmine, que ainda é
jovem demais para dar passos tão grandes. Talvez nem queira nada disso agora.
Mas desejos são desejos e estou bem com o que tenho, desde que fique ao
seu lado. Basta que não me deixe, pois seria um homem pela metade.
Pode parecer estranhamente precipitado pensar dessa forma, pois não nos
conhecíamos até pouco tempo atrás, mas o que mudou em mim depois que a amei faz
parecer que tivemos um longo caminho até aqui.
— Fiquei impactado com a sua presença. Está mais linda do que nunca,
meu amor — elogio.
— Fiz toda essa produção para ficar bonita para você — fala, e sorri. Posso
estar sendo paranoico, mas um rastro de tristeza passa pelo seu olhar quando o sorriso
morre.
Geórgia parece relaxada, mas acho estranho que não esteja falando muito,
considerando que é uma matraca o tempo todo.
O seu olhar deixa claro que está me provocando, não dando muito para
deixar-me sedento e estar totalmente voraz quando a pegar de jeito.
Não fujo, e a encaro de volta. O meu olhar desce lentamente para os seus
peitos grandes e firmes. Depois babam a cintura e as coxas grossas. Quando faço o
caminho de volta, as suas bochechas estão vermelhas. Minha namorada não é tímida,
mas entendeu e sentiu que eu estava a despindo com o olhar.
Ela tenta, mas sempre perde quando entro na brincadeira. É um jogo justo,
pois também me faz implorar por clemência quando decide ser má comigo.
— Uau. Pensei que uma cama seria o suficiente, mas você resolveu
Ela passa na minha frente e deixa a sua bolsa em cima do sofá pequeno. Eu
paro bem perto, quase encostando o meu peito nas suas costas. Abaixo a cabeça e beijo
— Estou surpreso — digo, ela vira de frente para mim e me abraça pelo
pescoço.
— Na verdade, foi para transar, porque não resisto a você, mas não foi
apenas pela safadeza.
você, mas hoje será diferente — declara, deixando-me emocionado e amando-a mais
ainda.
— Será o presente mais especial que alguém terá me dado. Você é perfeita,
menina — falo, então beijo de leve os seus lábios.
Geórgia fica com os olhos cheios de lágrimas, está mais sensível do que o
normal.
— Não chore — peço. Posso aguentar muitas coisas, mas ter o seu rosto
banhado por lágrimas não é algo com a qual eu saiba lidar.
— Eu não vou chorar. Hoje é o nosso encontro especial e quero que tudo
seja perfeito, que o tornemos inesquecível.
— Hoje, eu irei para onde você quiser — declaro, abraço-a por trás e
caminhamos até o outro cômodo.
Não fala muito, porque Geórgia fica cem por cento focada, mas nos
tocamos o tempo todo no espaço apertado da cozinha. Algumas vezes, os toques são
propositais, como quando a minha boca encontra o seu pescoço e deixa uma mordida,
Ela perde o foco por minha causa, mas não reclama. Na verdade, chega um
momento em que não aguenta tantos toques provocativos e começa a me provocar de
volta. Como sou louco por essa garota, ela me deixa de pau duro em dois minutos. Basta
que esfregue a bunda no meu pau por mais tempo do que deveria, se não tivesse a
intenção de me deixar subindo pelas paredes.
— Nunca pensei que o ato de ajudar uma futura chef de cozinha fosse ser
tão excitante — comento, depois que finalmente terminamos a preparação do nosso
jantar. Está cheirando tão bem que esqueço do tesão pela fome.
Enquanto a sobremesa termina de assar no forno, nós dois preparamos a
mesa para dois, arrumamos pratos, copos e talheres. É óbvio que aproveito para a tocar
um pouco mais. Tenho a sensação de que é impossível estar nos mesmos metros
quadrados que a minha menina e não ter as mãos nela o tempo todo.
Com ela não é diferente. É por isso que o meu pau está tão gasto. Tanto
quanto os dramas, o sexo entre nós dois tem sido constante e explosivo.
— Você sabe que me dará duas sobremesas hoje, não sabe? Primeiro, vou
me esbaldar na sua massa que cheira divinamente e na torta de chocolate. Depois, vou
me alimentar da sua boceta. Certamente, será a melhor coisa que terei comido hoje, com
todo respeito aos seus dotes culinários, amor.
— Então, nós dois teremos duas sobremesas. Quanto mais rápido a gente
jantar… — fala, deixando a insinuação no ar ao beijar o meu queixo.
Por tudo que a Geórgia falou antes, era para ser um jantar romântico, mas
as coisas saem do controle. Na verdade, mal consigo falar normalmente enquanto estou
sendo estimulado debaixo da mesa.
— Está tudo maravilhoso… meu amor. O seu futuro será brilhante, e eu
estarei ao seu lado a cada conquista, morrendo de orgulho — declaro.
— Sabe que é difícil dar credibilidade ao seu trabalho quando você está
sendo safada, não sabe?
— Só estou mostrando que posso te prender das duas formas, já que sou
boa com as mãos e com os pés.
Quando começo a suar e fico a ponto de implorar para que me deixe gozar,
Geórgia afasta os pés do meu pau.
A garota volta com as taças e as coloca sobre a mesa. Antes que volte para
a sua cadeira, afasto a minha e a puxo para cima das minhas pernas. Pelo seu sorriso,
parece gostar do novo assento.
— Não tenho certeza, tem algo cutucando a minha bunda. É uma cobra?
fala, entra na brincadeira e se mexe no meu colo de uma forma que deixa a cobra ainda
mais encantada.
Minha namorada pega uma porção da torta de chocolate com a colher e
enfia na minha boca. A sobremesa dela é simplesmente um manjar dos deuses, mas
também não passa despercebida a intimidade no seu gesto de me alimentar com a
própria mão.
— Como tudo o que você faz, a torta está uma delícia, querida. Terei que
pegar mais pesado na academia para não ficar acima do peso por sua culpa. Já sou mais
velho, ficar acima do peso seria demais — brinco.
todo — declara. Eu entendo que estamos entrando na parte mais prazerosa da noite, que
não envolve nenhum tipo de comida.
— Ainda estou com fome, amor — digo, ao enfiar o nariz no seu pescoço.
— É uma fome que só você pode saciar.
Deixo que a minha mão se torne ousada e desço o vestido tomara que caia,
despindo os seus seios diante dos meus olhos e de uma torta de chocolate.
— Pode pegar o quanto quiser, Lucas. Estou pronta para te deixar saciado
de todas as formas que desejar — afirma, e demonstra ao rebolar contra o meu pau
novamente. Sempre que o provoca dessa forma, sinto que pode furar o tecido da calça e
encontrar abrigo na sua boceta apertada e molhada.
É tanto tesão por essa parte do seu corpo que, ao mesmo tempo em que me
sinto feliz por nunca ter feito sexo anal com outro, já desejei que tivesse feito antes para
tornar a ideia mais aceitável comigo.
Geórgia acompanha o meu olhar quando levo a mão até a taça e pego um
pouco da calda grossa de chocolate. Passo o dedo indicador no seu mamilo e na pele
próxima a ele.
— Mais forte, Lucas. Mais rápido — pede, eu faço como quer e volto a
chupar os seus peitos também.
Quando sinto que vai gozar, tiro os dedos da sua boceta e me levanto com
ela nos meus braços. Afasto a louça apenas o suficiente para o meu intento e a sento em
cima da mesa.
Sentindo que nenhum de nós dois aguenta mais esperar, tiro a sua calcinha
e a descarto no chão. Em seguida, afasto-me o suficiente para abrir a calça e tirar o meu
pau para fora da boxer.
— É o meu pau que você quer agora, menina safada? — Provoco, ela
acena positivamente.
— Estou aqui, minha linda. Sente isso. O meu pau está rasgando sua
boceta apertada, mas você gosta, não é? Gosta porque é uma putinha viciada em foder
comigo — falo, penetrando-a sem dar descanso, louco de desejo e segurando-me para
não gozar ainda.
Eu amo a foder com força, bater as nossas pélvis sem parar e fazer até os
quadros na parede tremerem com os sons que fazemos. O problema do sexo selvagem é
a vontade de gozar antes mesmo de começar. Porra! É uma loucura me segurar para não
a encher de porra, mas sempre resisto. Melhor do que gozar é senti-la vindo antes,
gritando pelo meu nome.
Por mais intenso que esteja, não quero que acabe tão rápido. Tenho outros
planos.
Eu a levo para o sofá, sento-me e peço: — Você quer? Então tome tudo de
mim. Cavalgue-me, amazona.
Porra! Agora eu sei como se sentiu quando foi a sua vez. Ter o pescoço
chupado dessa forma é bom pra caralho e me faz sofrer um pouco mais para não gozar.
Apesar de ser loucamente apaixonada por esse homem, eu sei a razão para
essa falta de controle, por ter me permitido experimentar algo que era tabu para mim,
mas não quero pensar no assunto. Eu só preciso viver e aproveitar cada momento e cada
experiência ao lado do meu amor.
Tenho amigas que fizeram sexo anal. Algumas gostam, outras nem tanto.
Da minha parte, tenho dúvida se esse pau grande não irá me arrombar, se não existe o
risco de eu tentar sorrir e acabar fazendo o número dois de maneira involuntária.
Mas a palavra que me define é fogo. Estou queimando por esse homem. O
banho que tomamos juntos, e talvez fosse o momento de descansarmos um pouco da
última rodada, começou com um beijo e terminou com nós dois caindo molhados e nos
beijando na cama.
Tentei buscar mais temor pelo meu próprio cu no fundo da minha alma,
mas me convenci de que serei a primeira virgem de cu que sente mais ansiedade do que
medo.
— Acho que está bom — digo, olhando por cima dos ombros. O belo
homem está de joelhos atrás de mim e completamente excitado.
— Você sabe que será desconfortável e que doerá bastante no início, não
sabe? — Nem ele está acreditando na minha falta de temor.
— Eu sei, mas estou com tesão. Será que tem algum problema comigo?
— O seu único problema é ser uma putinha que não resiste ao meu pau.
— Preciso que pare. Isso não é para mim. Você está me arrombando, filho
da puta!
Meu namorado fala com a confiança de alguém que sabe o que está
fazendo. Tenho certeza de que realmente sabe.
Depois que fica bom, a sensação passa a ser quase indescritível, é uma
mistura de dor com prazer e intimidade. Ele está dominando não só o meu corpo, mas
também o meu coração, e eu gostaria de o abraçar e nunca mais soltar. Preciso que me
dê mais de todo esse prazer, mais do seu olhar e da forma como me ama e deseja.
Quando percebe que estou engolindo o choro, meu amor fica um pouco
desesperado por pensar que me machucou de alguma forma, eu apenas o abraço e choro
um pouco mais.
— Se está feliz, sorria. Não gosto de ver lágrimas no seu rosto — declara,
levanta a minha cabeça e mais uma vez seca o meu rosto com beijos.
O amor que nasceu tão rapidamente entre nós é enorme e bonito, mas
cresceu com o fim de outras relações e não é justo que seja assim.
oito da manhã. — A Lica não vem, mas eu preparei o café da manhã para me desculpar
por ontem. Eu não queria ter chegado em casa bêbado. — Sento-me à mesa, pensando
— Parar?
— Prometo, querida. O que eu não faço por você? — Fala, sorri com
carinho e segura a minha mão em cima da mesa.
— A minha mãe pensa que decidi voltar ao Brasil para tentar ter uma
relação de pai e filha com o senhor. Ela nunca acreditou que eu queria muito estudar
aqui.
— Estava. Sempre esteve. Por um tempo, senti um pouco de raiva por você
ter sido um pai ausente. Depois, os sentimentos mudaram para ressentimento. Quando
fiquei mais velha, comecei a pensar em como seria ter um pai.
Fico emocionada, pois foi uma das coisas mais bonitas que me disse.
Sempre quis ouvir essas palavras vindas dele. O mais importante é o arrependimento,
porque temos tempo para consertar o que está fora do lugar.
— O senhor precisava de uma chance, e estou te dizendo agora que teve a
sua chance e a honrou. Tem sido atencioso e amoroso comigo desde que cheguei. Tem
sido tudo e muito mais do que imaginei que seria como pai.
— Eu amo o senhor, e realmente sinto que é o meu pai de verdade. Sei que
não temos como voltar no tempo, mas podemos focar no futuro e no que construiremos
juntos.
considerando tudo que fiz para tentar atrapalhar a sua felicidade desde que… desde
que…
— Não sei mais o que pensar acerca desse namoro. Não que minha opinião
sirva de alguma coisa, considerando que estão juntos.
Arthur está aberto para conversar, isso significa que realmente sente muito
por ter se afastado do amigo.
— Talvez esteja certo e eu fui um idiota em todos esses anos. O fato de ele
ter colocado as mãos e os olhos em cima de você fica parecendo coisa pequena perto do
que fiz com a nossa amizade durante vinte anos
— Fez de propósito?
— Não, filha. Eu sou apenas o ser humano mais babaca do mundo por não
ter pensado que estava afetando o Lucas todas as vezes que abusei da sua boa vontade.
Eu tentei o fazer de capacho, porque sabia que sentia gratidão por mim. Que tipo de
pessoa horrível eu sou?
— Por causa das expectativas que criou? Não perca uma amizade preciosa,
porque eu não acredito que o senhor algum dia encontrará alguém como ele para estar
perto.
— Prometo pensar.
Depois de uma semana preparando todos os detalhes, tudo fica pronto para
a minha viagem. Está na hora de colocar em prática a parte mais difícil do meu plano.
A conversa com o meu pai foi importante, mas ele deixou claro que o meu
relacionamento com o Lucas ainda é um problema que precisa ser resolvido para que a
vida de todos siga o seu curso natural.
— O quê?
— Já decidi e até comprei a minha passagem. Irei amanhã cedo, mas não
se preocupe, pois não abandonarei o senhor e nem o meu curso. — Ele tenta falar, mas
parece surpreso demais para conseguir formular uma frase. — Farei uma visita rápida
para a mamãe, porque não tem se sentido bem nos últimos dias e preciso estar com ela.
Não menti quanto a última parte, mas estou usando o fato para justificar a
ida repentina. Eu tenho que ir. Seria o meu fim ficar perto do Lucas agora. Não
suportaria a dor dele e nem a minha.
— Bom, você me pegou de surpresa. Também não posso negar que estou
com medo de te perder.
— Tudo bem — diz, eu pisco para o meu pai e deixo a nossa casa.
A ida até a casa do João Lucas é a viagem mais difícil que já fiz na minha
vida. Eu tenho que parar algumas vezes, pois estou chorando tanto que é perigoso
continuar dirigindo nesse estado. O meu coração está sangrando dentro do peito, e não
sei qual versão de mim sairá da sua casa depois das mentiras que contarei.
Farei o que não quero, pois o sentimento de culpa não me deixa ser feliz.
Como poderia? Sinto que o nosso amor machuca o meu pai e o próprio Lucas.
Não sei o que acontecerá quando eu tirar o meu time de campo. Talvez
conversem e retomem a amizade, talvez nada disso aconteça, mas estarei com a minha
enquanto tomo o café no sofá, mas não consigo parar de pensar em outras coisas. Na
Eu queria poder acreditar que estamos bem, mas não estamos. Quer dizer,
Há uma semana, ela preparou o encontro perfeito e senti que aquela noite
nos deixaria mais próximos do que já estávamos. Mas não foi o que aconteceu. Os dias
foram passando e comecei a sentir a minha namorada um pouco distante, não
não estar comigo, embora eu não possa afirmar que as vezes que desmarcou comigo
foram realmente desculpas.
os seus lindos olhos azuis, e eles não negam que tem algo que guarda apenas para si,
uma pontinha de tristeza que tenta mascarar para que eu não perceba. Vejo tudo, porque
Com medo de parecer paranoico, deixei que esses dias passassem e esperei
um pouco para ter certeza de que realmente não estava criando problemas onde não
existiam. Agora que cheguei à uma conclusão, estou sendo covarde por não ter coragem
A verdade é que, embora não faça ideia do que possa estar passando pela
sua cabeça, ou dos sentimentos que guarda apenas para si, sinto medo. Pode ser que
esteja estranha por algo relacionado ao nosso relacionamento e corra o risco de perdê-la.
Amo essa garota com tudo que há em mim, muito mais do que pensei ser
possível uma pessoa amar outra. Esse amor me transformou de alguma forma e não sei
como seria se precisasse viver sem ele. Não calculei um jeito de viver sem o meu
coração e sem todos os planos que fiz para o futuro.
Assim que abro a porta para sair, dou de cara com a Geórgia parada.
Como se não tivesse a intenção de ficar durante muito tempo, Geórgia fica
parada e não joga a bolsa sobre o sofá como sempre faz. Os seus olhos estão um pouco
— Você está bem? — Pergunto, dou um passo à frente para chegar mais
perto, mas Geórgia levanta a mão, fazendo sinal para que eu não me aproxime.
A sua atitude, não só de agora como também dos últimos dias, me faz
perceber que não vou gostar do que ouvirei, mas sou um homem de quarenta anos e não
fugirei da conversa.
— Mais? — Essa que está falando comigo nem parece ser a garota que
amo.
que sentia por você não era tão forte ou sério quanto pensei que fosse. Estávamos indo
rápido demais, e eu acabei me dando conta na última semana.
O meu coração está partido e não sei como me sentirei quando estiver
sozinho para lamber as minhas próprias feridas, mas tenho um modo de agir, sou
maduro e não farei uma cena na frente dessa menina.
— Tenho. Sinto muito se te fiz acreditar em algo que não era exatamente o
que…
Antes que termine de falar, aproximo-me o suficiente e pressiono o dedo
indicador contra os seus lábios.
— Não fale mais, menina. Preciso que me ouça agora — falo, ela balança a
cabeça e eu me afasto um pouco para fugir do seu cheiro. Os seus olhos estão cheios,
mas não quero as suas lágrimas.
— Lucas...
— Eu amei você de verdade. Ainda amo, mas não vou te culpar por ter se
enganado, afinal, é uma menina. Garotas da sua idade tendem a ser volúveis, embora eu
não acreditasse que fosse o caso pela forma como parecia disposta a enfrentar tudo pelo
nosso amor. Você está fazendo a escolha de não ficar mais comigo, assim como nós dois
decidimos ficar juntos em outro momento, e eu vou aceitar.
“Você pode viver a sua vida sem estar presa a algo que não é sério ou
importante o suficiente. Mas eu quero que ouça bem o que vou te falar agora. Nem
pense em voltar atrás nessa decisão. Não tente me procurar, porque não te quero mais na
minha vida. Que bom que você fez uma escolha e está consciente dela, porque estou
fazendo a minha agora. Você sairá da minha vida e não tente voltar, pois será perda de
tempo. A porta estará fechada. — Mal conseguindo me conter, caminho até a e
escancaro. — Vá embora.
— João Lucas, não fale assim — pede, eu seguro o seu braço e, sem muita
delicadeza, a levo para fora da minha casa.
— Quem dera eu pudesse te odiar. Mas posso escolher não te ouvir, eu não
quero continuar te ouvindo. Adeus, Geórgia. Obrigado pelos bons momentos.
— Fui eu que cometi um erro, mas vou ficar bem. Nós dois ficaremos bem
— falo, então fecho a porta, deixando a mulher que pensei que fosse amar a vida toda
do lado de fora.
Já tive muitos motivos para chorar, mas nunca me permiti esse momento
de fragilidade. Agora, estou desabando por causa de uma garota que me fez desejar tudo
e, no fim, me deixou sem nada.
Está doendo muito. É uma ferida aberta que sangrará por um tempo, mas
superarei, assim como fiz com outras provações pelas quais passei ao longo da minha
vida.
Geórgia de Castro é uma página virada, e espero não ter mais que lidar
com a dor que ela causou. Que o amor morra tão rápido quanto nasceu.
CAPÍTULO 21
Apesar de sentir um pouco a falta do meu pai, tive muito amor por parte da minha mãe e
do meu padrasto.
Estou nos Estados Unidos há duas semanas, mas sinto como se nunca
tivesse deixado o Brasil, pois os meus pensamentos estão todos lá.
dias têm sido longos e monótonos, algo que não sentia antes de ter conhecido o agito do
Brasil.
começo, mas desanimei novamente depois de dois dias. A minha mãe notou que havia
algo errado comigo e sugeriu que eu saísse com os meus antigos amigos. Ouvi a Josy,
fui me divertir com as minhas amigas e até com o meu ex-namorado, mas a falsa
animação só durou até o final da primeira semana.
mim mesma. Eu não estou bem. Vim para fugir dos meus sentimentos e do peso das
minhas decisões, mas trouxe a bagagem junto comigo.
Passei parte da última semana dormindo e sonhando com o dia em que fui
feliz. A outra parte fiquei na cama com os joelhos dobrados e olhando o movimento da
rua através da janela.
O dia hoje está fresco, a brisa serve para aliviar o aperto no que restou do
meu coração.
seco rapidamente as minhas lágrimas. Não quero que perceba que eu estava chorando.
Mas Josy é mãe, e nada escapa aos olhos e aos ouvidos de uma mãe. Ela
entra, fecha a porta do quarto e se senta na cama comigo.
— A senhora não tem que se preocupar — digo, mas essa foi uma escolha
errada de palavras.
— Eu tenho os meus motivos para estar triste e a senhora sabe disso, mãe.
vá atrás desse homem e peça uma segunda chance. Se não se arrependeu, e tenho que
deixar claro que não concordo com o que você fez, tente levantar a poeira e seguir em
frente, arcando com as consequências das suas próprias escolhas. O que não pode é se
deixar abater dessa forma, trancada no quarto e sofrendo. Não aguento mais te ver
assim.
— Quando você era criança e via todos aqueles filmes das princesas da
Disney, ficava fascinada pelas histórias de amor. Sempre dizia que o seu príncipe iria
aparecer em um cavalo branco e te levaria para um castelo com ele. Falava que iria ser
feliz de verdade com o homem que amava.
— Não é tarde, filha. Volte para o Brasil e enfrente todas essas questões.
Você é uma menina tão forte.
— Assustou, mas entendi que você ama o melhor amigo do seu pai e
confio nas suas escolhas, menos aquelas que parecem questionáveis.
Julgando como uma pessoa de fora, Josy não passou a mão na minha
cabeça e me disse que eu agi de maneira equivocada ao misturar os assuntos e terminar
o namoro de forma tão cruel.
— Ei, não pense que irá me enrolar, eu quero você na sala de jantar em dez
minutos — fala, deita a minha cabeça com cuidado na cama e sai do quarto.
Mais uma vez, os meus pensamentos voltam para o dia em que fui até a
casa do Lucas para enterrar o nosso amor. Sim, o nosso amor, pois embora tenha
mentido para ele, ainda o amo como antes.
Eu não sei o que passou pela minha cabeça por esperar algo diferente, mas
a reação do Lucas a todas as merdas que falei me deixou muito mais triste do que pensei
que fosse ficar
Ele falou como se estivesse aceitando tudo numa boa, nem mesmo tentou
questionar ou me fazer mudar de ideia. Foi até um pouco frio. Depois da forma como o
magoei, Lucas deixou claro que não quer mais saber de mim e ter essa ideia ecoando o
tempo todo na minha cabeça tem me deixado muito mal.
Eu acabei com uma história que poderia ter um final feliz. Destruí o amor
que parecia indestrutível com as minhas próprias mãos e agora só restou o vazio dentro
do meu peito.
Eu não sei o que aconteceu com os rapazes depois que viajei, pois o meu
pai, quando nos falamos, quase não toca no nome dos amigos. Já cheguei a perguntar
diretamente, mas ele foi vago ao dizer que tem coisas para as quais existem conserto,
mas que talvez nunca volte a ser como antes. É assim que se refere a amizade rompida.
Pensei muito antes de sacrificar o meu amor pelo bem de todos e para
aliviar o peso da culpa que estava me atormentando, mas sinto que cometi o maior erro
da minha vida, que meti os pés pelas mãos por não ter confiado no Lucas. Errei por ter
agido por conta própria e matado o nosso amor.
É até ridículo da minha parte esperar por algo diferente depois do que fiz,
mas não consigo mandar nos meus sentimentos, que são uma bagunça. Não sei mais
como agir e isso está me matando.
curso. Consegui ajeitar tudo na universidade para que a viagem não me prejudicasse nas
matérias, mas o meu tempo já passou.
Eu preciso voltar agora, porque até essa fuga covarde foi um fiasco e fui
atormentada pelas minhas escolhas em todas as horas que fiquei aqui. Se eu tivesse
ficado no Brasil, não teria deixado tanto tempo passar. Não teria aguentado sem o
procurar para implorar que me desse uma chance.
A dor que estou sentindo só foi boa para uma coisa. Ela me fez entender
que está tudo bem em ser egoísta em algumas situações, que não sou um monstro por
pensar na minha própria felicidade. Virei as costas para isso e posso ter perdido o
homem da minha vida para sempre.
Uma semana depois
Os meus olhos estão pesados, o meu corpo pede por descanso, mas a
minha mente não para. Prefiro ficar aqui trabalhando sem parar, em vez de voltar para
casa, tentar dormir e sentir que nunca mais terei sono suficiente para me fazer relaxar.
Eu estou bem, digo a mim mesmo. O que tenho sentido nas últimas
semanas é a forma que o meu corpo e mente encontram para se adaptarem à nova carga
horária de trabalho.
— Entre — falo quando alguém bate na porta. Acho estranho, pois apenas
três pessoas costumam entrar no meu escritório e elas fazem isso sem bater.
Quando Arthur entra, entendo o porquê da batida. Ele não faz mais isso.
Não temos mais intimidade para tanto. Esse homem se tornou apenas o meu parceiro de
trabalho, nada mais.
Por causa de escolhas equivocadas, perdi a sua amizade, mas não sei se
perdi muita coisa, pois o fato de não ter dado certo com a sua filha não me fez voltar
atrás em nada do que falei na sua cara sobre a forma como me sentia.
Faz três semanas que a Geórgia foi até a minha casa e terminou comigo.
No dia seguinte, ela viajou de volta para os Estados Unidos. Senti o meu coração
dolorido no primeiro dia, mas depois pensei bem e me convenci de que foi a melhor
coisa que poderia ter acontecido. Dessa forma, não terei que vê-la na minha frente nunca
mais.
É muito mais fácil esquecer de um amor quando ele não está sendo
esfregado na minha cara o tempo todo.
— Pronto, parei. Já pode dizer o que quer e depois sair — falo com frieza.
É como se eu não conhecesse mais o homem que está na minha frente, como se vinte
anos tivessem sido vinte minutos.
— Lucas, eu sei que desculpas não mudam nada, mas eu vim te pedir
perdão. Eu soube que você estava certo quando me falou tudo aquilo. A minha ficha
caiu e me dei conta de que realmente fui um amigo de merda para você, que te usei e até
mesmo tentei te controlar.
Tudo que eu não queria era voltar para esse assunto, mas seria bom
resolver essa história de uma vez e acabar com o clima de merda que existe entre nós e
que atinge os outros dois.
— Olhei para dentro de mim mesmo e percebi que não fui o amigo que
você foi para mim. Sim, fui um babaca, e até cruel durante vinte anos, mas não pense
que fiz de caso pensado. Eu não acordava todos os dias me questionando o que poderia
fazer para te ferir. Não foi dessa forma, João. Sou um completo idiota e irresponsável,
mas poderia ter me tornado um homem muito pior se não fosse por você.
Arthur falou tanto que me deixou um pouco tonto, mas foram palavras que
eu não esperava ouvir dele. Não do teimoso Arthur.
— Eu não sei o que dizer, Arthur. Por que está vindo falar comigo hoje?
Mudou de ideia depois que a sua filha me deixou? Você está sendo muito previsível,
meu caro.
— Essa conversa não tem nada a ver com a Geórgia. Não é sobre o
relacionamento de vocês.
— Tudo bem.
— O fato de saber reconhecer os seus erros mostra que você é uma pessoa
boa e que está disposto a evoluir. É o primeiro passo, Arthur. Todos nós estamos
evoluindo constantemente, inclusive eu.
— Eu sei que têm coisas que não dá para consertar, mas há conserto para a
nossa amizade — afirma.
— Sempre soube, tanto que não me preocupei muito com esse assunto.
Você só foi idiota ao extremo, Arthur, mas não é cruel.
— Quanto a Geórgia…
— Se quer que a nossa relação melhore, não fale da sua filha. A gente
terminou.
— Ela gosta de você, embora eu não entenda o porquê. Você é somente um
velho chato — fala, eu arqueio a sobrancelha.
— Não. Terminou porque não era nada sério. Mas eu não quero falar sobre
isso. A sua filha está fora da minha vida. E se não quer continuar fora também, não
volte a mencioná-la. Não preciso saber de nada a respeito da garota.
Os meus olhos estão tão pesados que começo a dar piscadas mais longas,
então decido que não posso mais ficar aqui. Mesmo que não consiga descansar como
preciso, em casa terei mais conforto para relaxar o suficiente para não entrar em
colapso.
— Você anda trabalhando demais. Sou o seu irmão e vejo que não está
bem.
— Eu estou ótimo.
— Sei que não quer falar, mas está assim por causa da garota. Você a
amava muito. Ainda ama e não sabe como reagir ao fim do namoro.
— Então, é melhor que se prepare, porque ela está voltando para o Brasil
amanhã.
— Foi um erro de comunicação. Ela foi visitar a mãe, mas sempre teve a
intenção de voltar — explica.
— Estou ouvindo.
Tem sido dessa forma nas últimas semanas, vivo no modo automático. Não
discuto mais, apenas aceno positivamente, aceitando o que dizem.
— Eu não contei os detalhes, mas ela foi até a minha casa e terminou
comigo, alegando que não me amava, e que a nossa relação não era séria. Geórgia jogou
no lixo o amor que eu pensei que existia entre a gente.
— Desde então, me sinto sem rumo e sem motivação, porque o Lucas que
eu era antes parece não servir mais. Tento não me matar de trabalhar, mas o trabalho me
faz esquecer de como apostei tudo em uma relação e tive o meu coração arrancado do
peito.
“Você pode até não acreditar no que vou dizer, mas não a odeio pelo que
fez, afinal, a culpa foi minha por ter ficado tão cego que não pensei que era apenas uma
jovem experimentando algo novo, que corria o risco de se cansar rapidamente. A única
coisa que eu tinha era o fato de não precisar mais vê-la, mas até isso está sendo tirado de
mim.
— Você não ouviu nada do que falei, não é? A Geórgia não me ama!
Mesmo que se arrependesse, eu não a perdoaria e deixei isso bem claro para ela. Não há
volta, irmão.
— Como?
“Nós temos quase certeza de que teve a ideia idiota de sair do caminho
para que você e o pai dela parassem de brigar. Ela também ficou preocupada quando o
Arthur começou a beber além da conta.”
— Por mais que doa, prefiro acreditar que não me amava a cogitar que
mentiu. Seria muito pior, porque seria a prova de que não confiou em mim, que o amor
era tão frágil que foi usado como moeda de troca. Eu sei que você e o Miguel me amam
e só querem ajudar, mas acabou, irmão.
Se estava sendo difícil antes, agora que voltará, será muito pior, mas não
tenho escolha além de enfrentar a situação, pois não importam as suas motivações, não
há mais volta para nós dois.
Falei com todas as letras no dia que veio partir o meu coração e não sou
um homem que volta atrás, mesmo que para isso morra um pouco todos os dias.
CAPÍTULO 22
Depois de trocar de roupa cinco vezes, finalmente decido sobre o que usar
hoje. Os meus cabelos estão soltos e brilhantes. Passei um batom vermelho na boca,
pois quero arrasar. Optei por uma minissaia preta e uma camisa vermelha, cujo decote
adora essa parte do meu corpo. Admirava abertamente e não perdia a chance de tocar
com a mão e a boca.
Passo o perfume que o Lucas gostava sem fazer economia. Estou linda,
Cheguei ontem e tive algumas boas notícias. O meu pai disse que ouviu o
meu pedido, começou a pegar leve com a bebida e está há três semanas sem ter um
porre. Ele ficou tão feliz com a minha volta que até ajudou Lica a preparar o jantar.
Também me contou que teve uma conversa com o Lucas e pediu desculpas
pela forma como agiu esse tempo todo. Segundo o meu pai, Lucas não o rechaçou, mas
também não o perdoou de cara. Ele conhece bem o amigo e acredita que o tempo se
encarregará de colocar tudo no lugar novamente.
foi a razão para as coisas terem começado a melhorar entre eles. O meu pai estava
bebendo por culpa e criando coragem para deixar o orgulho de lado e procurar o melhor
Essa percepção me deixou um pouco mais triste do que antes, mas tentei
Saber que errei não me impede de tentar, não é mesmo? Não serei mais
covarde do que já fui.
— Talvez.
— O senhor deveria estar feliz, não é? Sempre foi contra o meu namoro
com o Lucas. A dificuldade que tivemos desde o início foi por sua culpa.
— Fui intransigente e cabeça dura, mas isso não te impediu de ficar com o
meu melhor amigo. Os seus erros são seus.
— Perdão, pai. O senhor está certo. Tentei solucionar problemas sozinha e
meti os pés pelas mãos. Eu amo o Lucas.
— Tente deixar de amar. Eu o conheço há vinte anos e sei que não é o tipo
— Até parece que as nossas vidas giram em volta do João Lucas. Tudo é
— Está superado, Geórgia. Vou tentar não pensar que o meu melhor amigo
está fod… esqueça isso!
— É melhor.
Pego uma mesa onde é possível ver parte do salão, pois ela fica em um
patamar acima do piso. Os meus olhos sabem o que estão procurando, ainda que as
chances de ele sair da sua sala sejam bem pequenas.
Enquanto os outros três cuidam da parte prática que é garantir que tudo
saia bem para os convidados, João Lucas fica trancado no escritório e não reclama
disso. Ele odeia se misturar com as pessoas e sempre me aproveitei desse fato, pois
tínhamos muitos momentos a sós, seja na sua sala, no depósito de bebidas ou pelos
agravante de que não ficamos juntos nem dois meses. Ao mesmo tempo em que quero o
ver, sinto medo de sentir a indiferença e a frieza no seu olhar. E se tiver outra namorada?
Pode ter acontecido, e o meu pai não me falou nada para não me chatear.
Passei semanas sem saber nada sobre ele, agora estou no escuro.
O mais irônico de tudo o que estou sentindo é que mereço toda e qualquer
reação indesejada que o Lucas possa ter.
— Pior do que imaginei que seria — digo, depois tomo um grande gole da
bebida.
— Está falando isso pelo fim do namoro com o meu irmão? — Ele vai
direto na ferida.
— Exatamente. Tentei fugir dos problemas, mas eles foram na minha mala.
— Eu não quero te julgar, porque sabe que te adoro, mas que merda você
tentou fazer, menina?
— Não me pergunte.
— Não sei o que passa pela sua cabeça ou quais são os seus sentimentos,
mas ficou parecendo que quis brincar com o meu irmão. Ele te amava, como nunca
demonstrou ter amado a Jasmine, que esteve ao lado dele durante três anos.
— Não quer saber de você. Disse que não importa o que tentou fazer, que
prefere acreditar que nunca o amou a pensar na possibilidade de você não ter confiado
nele. Eu sinto muito, Gegê.
— Não exagere, querida. Não estou a fim de cuidar de uma bêbada hoje.
— Não se preocupe, não sou como o meu pai e sei beber sem passar
vergonha. Só estou tensa demais e o álcool no meu sangue me fará relaxar.
— Não nos deixa falar sobre você por mais do que dois segundos. Na
verdade, o Lucas não tem feito nada além de trabalhar incansavelmente. Estamos
ficando preocupados, mas sempre diz que está tudo bem.
Assevero, ele me olha com ceticismo. — Sei que vai me dizer que será impossível,
porque o Lucas não me perdoará, mas não precisa gastar saliva, pois ouvi tudo da boca
dele.
— Se tem alguém que pode conseguir algo do meu irmão, esse alguém é
você. Além do mais, eu trocaria a palavra impossível por difícil. Pode ser muito difícil,
mas jamais impossível quando existe amor. O meu irmão te ama e eu não tenho a menor
dúvida disso.
— Você não sabe do que sou capaz, Miguel. Não existe uma pessoa mais
determinada do que eu quando quero algo. Farei o seu irmão me ouvir. Pode até não
perdoar, mas me ouvirá. E depois que me ouvir, farei com que se torne impossível não
me perdoar.
— O robô mais lindo que existe — falo, toda melosa, e meu cunhado rola
os olhos para cima.
— Vou te deixar sozinha para que faça o seu plano de conquista, Gegê —
fala, e se levanta. — Já estou contando com os sobrinhos.
Digo a mim mesma que estou bebendo para tomar coragem, antes de subir
até o escritório do meu amor. Parece bobo, mas gostaria que fosse em outro lugar.
O fato de o escritório ter se tornado o seu refúgio o torna um terreno hostil
para mim.
Mesmo que a culpa seja minha, não ficarei de braços cruzados, esperando
que outra mulher roube o meu amor. O Lucas é meu, foi ele mesmo quem disse!
Sinto-me feliz por estar indo salvar o pai das minhas filhas das mãos da
oferecida.
Ela me paga!
Tudo que eu não queria era vir até o bar e ficar perto de tantas pessoas.
Mais do que nunca, preciso ficar sozinho, porque dessa forma o meu mau humor não
contamina ninguém.
Eu aceitei e desci para que não ficasse parecendo que não tenho
consideração, mas já me arrependi. Para a minha sorte, a mulher chega assim que peço
as bebidas. Sei o que gosta de beber quando sai à noite.
Ainda assim, não reajo e espero que ela se recomponha e caia em si.
— Porque você quis — fala. — Mas não vamos falar do passado. Eu quero
saber como você está se sentindo, fiquei sabendo o que a ninfeta terminou com você —
Jasmine não esconde a alegria enquanto fala. — Não sei como não passou pela sua
cabeça que isso pudesse acontecer. Ela é jovem, e os jovens mudam de opinião muito
facilmente.
— Eu não quero que fale nada sobre a Geórgia. Realmente acabou, ela está
vivendo a vida dela e eu a minha
— Não a ama mais? — Jas pergunta, mas não tenho tempo de responder,
pois uma bêbada se coloca entre nós dois.
Não uma bêbada qualquer, é a Geórgia, o maldito tema da nossa conversa.
Eu queria poder dizer que estou indiferente, mas a indiferença morre quando sinto o
cheiro do seu perfume.
Jasmine fica olhando a Geórgia entre nós dois como se ela fosse um ser
extraterrestre. A garota tem um sorriso no rosto e uma taça quase vazia na mão.
— Olha, Jasmine, você já passou, está entendendo? Ele não te quer! Aceite
de uma vez e não volte a beijar o meu amor.
— Seu amor? Vocês não estão mais juntos, garota! — Jas se irrita.
— Amor, fale para essa mulher que ela está louca. — Ela sobe as mãos
para o meu pescoço e puxa a minha cabeça para baixo. As nossas bocas ficam a ponto
de se tocarem. — Conte para ela que nos amamos.
— É melhor você ir, Jasmine — digo. Preciso acabar com isso e cuidar
dessa menina maluca.
— Está me mandando embora por causa da bêbada? — As palavras da Jas
deixam a Geórgia irritada e ela tenta atacar a outra, mas eu a seguro com os dois braços
em volta da sua cintura.
Ela é sensata para saber que não vale a pena discutir com uma pessoa que
está alcoolizada.
— João Lucas.
— Cale a porra dessa boca, menina! — Esbravejo, tiro o copo da sua mão
e deixo em cima do balcão.
Em uma piscada que dou, Geórgia sobe em cima das minhas pernas e
começa a se esfregar de um jeito bem desengonçado. Faz isso enquanto sorri contra o
meu pescoço.
Fico fraco e o meu corpo ameaça ficar animado pela proximidade depois
de semanas, mas lembro que está bêbada. Além do mais, existe uma razão para não
estarmos juntos.
— Pare com isso! — Exijo, ao segurar as suas mãos para que não me
toque.
— Não faço nada da qual irá se arrepender amanhã. Você bebeu além da
conta.
— Só quero te beijar, te tocar e transar com você. Estou com saudade, meu
amor — declara.
— Você não está. Terminou comigo e foi para os Estados Unidos, lembra?
— Eu fiz tudo errado, mas te amo. Por favor, acredite em mim! Eu amo
muito você, João Lucas — declara, deita no meu peito e acaba dormindo.
O meu coração está disparado e parece que tem espinhos na minha carne,
mas digo a mim mesmo que não importa. Ela bebeu. Ainda que fosse verdade, nada
mudaria. Geórgia me deixou facilmente e sem olhar para trás.
Ele vem até a minha sala, agradece o cuidado e a leva de mim. Eu fico um
tempo sentado no sofá sem qualquer reação, sentindo-me vazio por dentro. Uma parte
de mim quer que tudo seja diferente.
CAPÍTULO 23
Depois do mico que paguei, e que estava bem fresco na minha memória no
dia seguinte, voltei para a faculdade e comecei a trabalhar novamente no bar da Adega.
Voltar para a faculdade foi fácil, mas não posso dizer o mesmo do trabalho.
Tem sido tão frustrante ir trabalhar todas as noites que estou a ponto de
explodir. Faço o meu trabalho da melhor maneira, mas nem sempre o meu melhor tem
sido o suficiente. Tudo porque estou doente de amor.
Depois que bebi e me declarei para o Lucas, ele passou a fingir que somos
meros conhecidos. Quem vê de perto a forma como me trata nem imagina que já comeu
o meu cu. Porra! Eu merecia um pouco mais de consideração do homem que fodeu o
meu cu virgem.
Para começar, ele faz de tudo para que a gente não se encontre. Quando
não consegue evitar, me cumprimenta, mas não chega nem perto de tocar em qualquer
Eu não queria que me recebesse com uma festa, mas que pelo menos não
partisse o meu coração quando age com tanta frieza e distanciamento, passando na
minha cara que me superou. Foi bem fácil para quem dizia me amar.
Por outro lado, ele está ótimo. Perceber que o meu pai e o Lucas estão se
dando bem novamente tem sido a minha única alegria nos últimos dias. Não é como se
tudo tivesse voltado a ser como antes, mas estou de olho e percebo que os dois
Tudo deu errado para mim, mas não pretendo desistir ainda.
— Estou sem sono ultimamente.
— João Lucas.
— E se eu for rejeitada?
— O que acha de eu ir até ele agora? Lucas sempre fica em casa na parte
da manhã.
— Eu acho que você já perdeu tempo até demais. Se é isso que quer, vou te
apoiar.
— Te amo.
— Eu também te amo — grita, porque eu já estou correndo para o quarto.
Ainda bem que tenho a desculpa de que preciso me retratar por ter bebido
e dado um pouco de trabalho algumas noites atrás.
Esmurro a sua porta com o punho fechado, e ele só não abrirá se não quiser
mesmo me ver, pois Lucas disse que sou a única pessoa que insiste em bater, em vez de
tocar a campainha.
Mas a porta é aberta por ninguém menos que a sua ex-namorada. Do lado
de fora, olho para ela e depois para ele. Jasmine está vestida, Lucas está sem camisa.
Parece que interrompi algo e, nesse momento, gostaria que o chão abrisse
debaixo dos meus pés e me engolisse.
— Perdão, não queria atrapalhar vocês. Podem ter certeza que isso não irá
se repetir — digo, olhando diretamente para o Lucas. Depois, com os olhos cheios de
lágrimas e um coração partido, saio correndo.
Não vou muito longe, pois Lucas vem atrás de mim e me joga em cima do
seu ombro.
— Solte-me, seu filho da puta! Você me traiu. — Dou murros nas suas
costas, mas ele continua andando em silêncio.
— Fale para ela o que você veio fazer aqui — Lucas pede para a Jasmine.
— Só vim buscar essa caixa com alguns pertences. Depois de meses, tive
tempo para fazer isso — explica-se, mas não sei se acredito. — Tenho que ir agora, mas
desejo que não seja feliz, Geórgia. Assim como deixei de ser feliz quando chegou e
roubou o meu futuro marido — fala, e sai sem esperar pela minha resposta.
— O que faz aqui? Você não tinha o direito de dar um show por ter me
visto com a Jas na minha própria casa.
— Jasmine.
— Que seja. Responda a minha pergunta — ele está um pouco irritado, não
está?
Ele vem para perto de mim, eu dou passos para trás, até que as minhas
costas encontrem uma parede. Não sei se estou com medo ou excitada. Prefiro a sua
irritação a ter a sua frieza direcionada a mim.
— Você é louca. Mas sei por que veio aqui — fala, então abaixa a cabeça e
enfia o nariz no meu pescoço. Primeiro cheira, depois beija a minha pele.
— Não sabe.
— Você pode até não me amar, mas nunca experimentou um sexo tão
gostoso quanto o nosso e veio atrás de mais. Diga a verdade.
— Não é verdade. Você ama o meu pau, porque posso te dar alguns
orgasmos. Você quer? — Porra! Ele está me enlouquecendo. — Se não veio pelo sexo,
pode ir embora, pois não há mais nada que eu possa te dar.
Eu também não fico para trás e o masturbo por cima da calça moletom. Ele
está tão duro que a minha boca saliva e a boceta tensiona com a vontade de o chupar até
que goze para mim.
— Me come. Estou aqui, toda melada de desejo por você. Sempre por
você.
— Desculpa.
— Eu estou bem. Quero que você me penetre. Me coma com força até nós
dois gozarmos. Preciso de você agora — declaro.
Ele não fala nada, mas faz o que eu pedi e começa a me penetrar. Indo e
vindo. Saindo e entrando sem parar na minha boceta. Ele tira gritos e gemidos de mim.
Estou sentindo tanto desejo que tudo além desse momento deixa de existir.
— Porra! — Ele grita, enquanto mete sem sentido, segurando os dois lados
da minha bunda com firmeza. Com certeza ficarão as marcas dos seus dedos, mas não
me importo.
Como tudo que é bom dura pouco, nós dois não aguentamos tanto prazer e
gozamos juntos. Estamos suados, mas abraçados firmemente.
Depois de vários minutos, eu não sei como Lucas aguenta o peso das
próprias pernas, o suor seca e as nossas respirações acalmam.
Quando realmente olha nos meus olhos, vejo tudo no seu olhar. Mágoa e
tristeza, mas também a paixão e um amor do qual não pode fugir.
cabeça de um lado para o outro, dizendo que não quer me ouvir. Ele sai de dentro de
mim e me leva para o sofá.
Fico em choque durante alguns minutos, mas reajo quando olho entre as
minhas pernas e me lembro que estou toda suja. Vou atrás dele no banheiro, pois não
sou a sua puta e até elas têm direito a pelo menos um banho, antes de serem
dispensadas.
Lucas não parece se incomodar quando entro no chuveiro, mas finge que
não estou aqui.
É até bom que esteja agindo assim, dessa forma, terei coragem para falar o
que quero sem ser interrompida ou julgada com o olhar.
— Eu sei que está muito magoado comigo, embora use uma armadura
impenetrável. Você deve imaginar o que me fez tomar aquela decisão, e estou ciente de
que nada justifica o erro de julgamento que cometi. Joguei fora o que a gente tinha para
tentar solucionar problemas que poderiam ser solucionados de outra forma e tenho me
martirizado por causa disso todos os dias.
“Fora a besteira que fiz, a única verdade que prevalece é o meu amor por
você. Tudo aquilo que eu disse foi uma mentira que me rasgou por dentro enquanto a
contava. Você não é o tipo de pessoa que deseja mal para os outros, mas saiba que tenho
pagado por esse erro todos os dias, pois o meu maior castigo é não ter você. Ter te
perdido foi a pior coisa que poderia ter acontecido, mas volto a repetir que te amo mais
do que tudo. Sempre foi importante para mim e imagino um futuro com você desde
antes de te beijar pela primeira vez.”
João Lucas não reage, ele apenas termina o seu banho, pega a toalha e sai
do banheiro sem olhar em meus olhos.
Eu fico mais um pouco para terminar o meu banho e então entro no seu
quarto enrolada em uma toalha branca. Ele está sentado na ponta da cama gigante, ainda
com a toalha em volta da cintura, e olhando para um ponto fixo na parede à sua frente.
Lucas parece tão cansado física e emocionalmente que fico com pena. Há
raiva também, e sinto que a culpa de tudo é minha.
Sem conseguir desistir, porque quero que volte a confiar em mim algum
dia e seja feliz como era quando estávamos construindo algo importante juntos, sento-
me ao seu lado.
— Eu amo você — declaro mais uma vez, e falarei quantas vezes forem
necessárias.
— Você não me ama — rebate, ainda sem mexer nada além da boca.
João Lucas não oferece resistência quando seguro a sua mão e o ajudo a se
deitar no centro da cama. Ele olha para mim o tempo todo, mas não como interpretar o
seu olhar.
Tento sondar o terreno ao nos livrar das toalhas e beijar o seu abdômen.
Além de não me afastar, João Lucas parece estar gostando.
Agora, tenho todo o controle em minhas mãos. Amo-o sem pressa, com
paixão, mas também com carinho. A gente faz amor pela segunda vez, e eu continuo
pedindo perdão e repetindo sem cessar que o amo.
Velo o seu sono, mas quase não me mexo para não o incomodar. Fico
muito satisfeita quando percebo que finalmente conseguiu dormir, pois ele estava
precisando disso. Antes de dormir, rezo para que amanhã seja um bom dia para nós dois.
De alguma forma, espero ter feito algumas rachaduras no seu novo coração
de gelo.
Acordo do que parece ter sido dois dias de sono. Tenho a sensação de
realmente ter conseguido descansar, mas estranho o calor na parte da frente do meu
Dou umas piscadas mais longas para despertar, levanto um pouco a cabeça
e vejo que não foi um sonho. A minha menina mentirosa está nos meus braços e nós
quente e durmo novamente, pois o futuro que me espera voltou a parecer lindo.
CAPÍTULO 24
Um mês depois
Eu pedi desculpas mais uma vez e tive a certeza de que estava disposto a
realmente tentar seguir em frente ao meu lado, dando mais uma chance ao amor. Fiz a
promessa de nunca mais fazer algo pelas costas ou mentir para ele e pretendo cumprir,
pois não quero perder o meu amor. Lucas riu do meu ciúme, mas prometeu ficar longe
da Jasmine.
Tudo bem! Talvez a gente não esteja construindo degrau por degrau, não
exatamente. Pulamos alguns desses degraus para chegarmos mais rápido ao nosso
destino.
Nem todos estão felizes, mas ninguém teve coragem de se opor ou dar um
conselho contrário à nossa decisão.
— Pronto, filha. Essa é a última mala — meu pai fala, ao parar no meio da
sala. Ele não está chateado por eu ter me convidado para morar com o meu namorado,
ou por ele ter aceitado. O que sente é ciúme.
Vive provocando o amigo, dizendo que o Lucas tanto fez que conseguiu
me roubar dele. Eu gostava de morar com o meu pai e a gente se entendia bem, mas
senti vontade e necessidade de ficar mais perto do meu amor.
O fato de eu querer dividir a vida com ele é a prova definitiva de que não
acordarei em um dia qualquer para vir até aqui e dizer que não o amo. Ele questionou os
meus motivos, disse para não me sentir pressionada, mas o fiz entender que queria
muito fazer isso.
Quase todas as pessoas que amo estão presentes na sala da minha nova
casa, só está faltando a minha mãe e o meu padrasto.
Estou sentada nas pernas do meu amor, os meus cunhados estão no sofá de
dois lugares e o meu pai acaba de sentar-se na cadeira acolchoada, depois de descarregar
o carro com as minhas malas.
— Quando percebi que os dois tinham terminado, sabia que algo mais
estranho aconteceria, caso voltassem — Manu comenta de um jeito divertido. —
Voltaram, e em um mês se casaram.
— Eu não acredito que você está fazendo isso comigo, João Lucas. Ela só
tem dezoito anos.
— Arthur, pensei que você tivesse superado o fato de o seu melhor amigo
Ele superou. Tenho certeza. Está tudo indo bem entre nós dois e
chegaremos lá sem parecer um pouco estranho.
— Superei para não perder nenhum dos dois. Eu não tive escolha.
Sem fugir, ele nunca fez isso, Lucas esconde uma das mãos debaixo da
mesa e começa a acariciar a minha coxa. Logo, a minha pele fica toda arrepiada. É
sempre assim: eu começo algo e ele apela, voltando todos os meus jogos contra mim.
O Lucas é malvado e judia de mim até não poder mais. Mas vai ter troco.
Mais tarde, esse homem saberá do que uma mulher sexualmente frustrada é capaz.
Quando eles finalmente vão embora, meu namorado vem cheio de gracinha
me agarrar, mas eu fujo. Quer dizer, tento fugir, pois ele me pega rapidamente e se senta
no sofá comigo no seu colo.
— Parece mentira que esteja aqui, e não é só uma visita. Até o último
momento, tive medo de que você voltasse atrás.
amor.
Você está em todos os meus planos para o futuro, que começa hoje. Eu te amo com a
minha vida — ele sussurra no meu ouvido, o meu coração aquece de amor e o meu
corpo se arrepia de prazer.
— Eu também te amo, meu amor — sussurro de volta e deixo um beijo
sugestivo no seu pescoço.
— Agora, você pode me contar por que estava com tanta pressa para
mandar os meus irmãos e o Arthur irem embora.
— Não sei! Talvez por que alguém tenha acariciado a minha perna debaixo
da mesa?
— Estou molhada.
— E você?
joias. Com idas a restaurantes, cujas comidas típicas me fazem querer aprender a fazê-
las.
Mas quando o vejo abrir a gaveta da mesa de centro e pegar uma caixinha
azul, me questiono por um instante se realmente me conhece, a menos que seja…
— Da última vez que tentei fazer algo parecido, fui interrompido no meio
da frase por uma ligação. Minutos depois, eu estava conhecendo você, a mulher da
minha vida. Hoje, entendo que o que aconteceu foi um sinal do destino, pois você
entrou na minha vida no momento certo. Nem antes, nem depois.
“Eu ainda não estou fazendo o pedido de casamento, mas quero que use
esse anel como símbolo do nosso compromisso. Todas as vezes que o sentir no seu
dedo, lembrará que eu estou aqui, te amando e pensando em você.
— Percebeu que não fui interrompido por uma ligação dessa vez? —
Brinca.
Ainda esqueço de viver em alguns momentos, mas tenho alguém que gosta
de me lembrar que a vida lá fora é linda.
Minha mulher não precisa fazer nada, basta que me olhe e eu esqueço de
tudo que não seja ela.
No fim, a gente se completa nas coisas que são mais importantes e somos
felizes dessa forma.
— Estou pronto para o que você quiser, minha gostosa — sussurro no seu
ouvido e mordo a orelha delicada.
Descemos para o salão e, por ser sábado, está mais cheio que nos outros
dias. Apesar disso, Geórgia respeita o fato de eu não gostar de ter muitas pessoas perto
de mim e me puxa para uma área que está mais calma.
Quando o garçom passa, ela pega bebidas para nós dois. Entrega uma taça
na minha mão e começa a dançar. Ainda aprendendo a como esquecer de tudo e relaxar,
fico tímido e desconfortável no começo da noite. Mas o tempo passa e começo a focar
tão somente na bunda gostosa se esfregando no meu pau.
Quero ter mais do que ela é, de como vive e de como se sente todos os
dias.
Em momentos como esse, o ciúme não dá as caras, pois ela está comigo.
Sou a pessoa que a ama e que irá terminar a noite enterrado na sua boceta e, se eu
estiver com sorte, no seu cuzinho.
Desta vez, danço junto com ela, a beijo o tempo todo e sorrio. Estou leve e
amando, esse é o homem que quero ser.
EPÍLOGO
— Você é lindo, mas eu prefiro muito mais o que virá depois de você. Será
Sim, estou falando com o meu anel, enquanto a minha mão está estendida
contra a luz.
Depois de três anos de namoro, três deles com a gente morando juntos,
meu namorado finalmente me pediu em casamento.
Finalmente é a palavra certa, pois, se dependesse apenas de mim, teríamos
Ao mesmo tempo, eu sempre entendi a sua falta de pressa. Lucas não fez
isso por ele, foi por mim. Ele queria que eu vivesse cada fase, uma de cada vez, que
Os três anos morando juntos foram bons para testarmos o nosso amor e a
nossa compatibilidade. Nem tudo foram flores. Nós tivemos as nossas brigas bobas e as
Vi os quatro homens que mais amo crescerem ainda mais nos negócios,
pois eles são muito bons no que fazem, sobretudo, quando estão alinhados uns com os
outros. O tempo se encarregou de curar todas as mágoas que vieram à tona entre o meu
pai e o João Lucas. Arthur passou não só a aceitar como ser o maior defensor do nosso
relacionamento. Ele também aprendeu a ser um amigo melhor e um homem mais
maduro. Lucas aprendeu a usar a própria voz para falar quando algo o incomoda. Se
tivesse sido assim sempre, muita coisa poderia ter sido evitada.
Miguel e Manu ainda estão por aí, ficando com todas e não se apegando a
nenhuma, mas eu sei que o momento deles chegará. Os dois são ótimas pessoas e eu os
amo como se fossem meus irmãos.
Me formarei esse ano, mas aprendi tanto ao longo dos anos que me sinto
pronta para abrir o meu próprio restaurante de comidas típicas brasileiras. Os planos
para a realização desse desejo já estão sendo colocados em prática com a ajuda do meu
noivo. Eu não poderia ter encontrado alguém melhor para me ajudar, pois o homem é
está pedindo um neto. Josy conta com a ajuda da minha sogra, que é tão maravilhosa
quanto ouvi dos seus filhos. Se elas soubessem…
Por falar em netos, realmente tive sorte de o meu anticoncepcional não ter
falhado antes, porque a nossa vida sexual sempre foi uma loucura. Talvez possamos
atribuir a química explosiva e a atração imediata que sentimos, mas não conseguimos
ficar com as mãos e todo o resto do corpo longe um do outro.
Pensei que o tempo fosse acalmar os nossos ânimos, mas não foi o que
aconteceu. Na verdade, parece que é uma coceira que quanto mais a gente coça, mais a
vontade de coçar um pouco mais aumenta. Sexo ao dormir, sexo ao acordar e sexo no
trabalho. Em quase todos ele goza dentro.
Meu anticoncepcional foi um guerreiro até o dia que percebi que a minha
menstruação estava muito atrasada. Não senti nada de errado com o meu corpo, nenhum
enjoo, tontura ou desmaio, mas fui fazer o teste para ter certeza de que não estava
grávida.
Talvez eu devesse ter ficado assustada por ter sido pega de surpresa, mas o
que fiz foi chorar de emoção. O meu peito se encheu de alegria quando comecei a
imaginar um bebê parecido comigo e com o João Lucas. A nossa misturinha, o fruto do
nosso amor.
Fiz tudo isso anteontem. Iria contar ontem, mas o Lucas fez uma surpresa e
me pediu em casamento em um jantar com o meu pai e os seus irmãos. Mudei de ideia
sobre contar, pois quero que seja um momento só nosso.
Estou sozinha, sentada no sofá da casa que tem cara de lar, cheia de fotos e
lembranças de momentos a dois que tivemos ao longo do tempo. Não sei se olho com
admiração para o meu anel, ou para os sapatinhos brancos que estão em cima da minha
barriga plana. Enquanto olho, imagino-a bem grande, fazendo parecer que engoli um
melão inteiro e andando como uma pata.
Quando
ouço o som de chaves, apresso-me e escondo a caixa dentro da gaveta da mesinha. O
Não há nada como chegar em casa, sabendo que tem alguém me esperando
Mais cedo, saí do meu escritório e a trouxe para casa, pois Geórgia estava
com dor de cabeça. Quis ficar com ela, mas a minha noiva disse que não precisava e que
iria tentar descansar. Eu voltei para a Adega, mas ela não saiu dos meus pensamentos
em nenhum momento.
Minha noiva.
Fecho a porta com a chave e acho estranho que esteja sentada no sofá da
sala. Havia me dito que iria dormir.
— Sim, mas acabei perdendo o sono — ela não olha para mim enquanto
fala e me leva a questionar se a dor de cabeça foi apenas uma desculpa para voltar mais
cedo para casa, embora essa atitude não combine com a minha noiva.
Ela sabe que pode fazer o que quiser, pois tem a mim e aos outros três
idiotas em suas mãos e não se aproveita disso.
— Tenho certeza de que havia algo mais interessante para você pensar,
linda. Deve ser alguma correspondência do banco. Depois eu vejo.
— É uma caixa, e acredito que seja importante. Por que não abre de uma
vez? Estou um pouco curiosa.
— Fale a verdade.
Eu olho para o lado e percebo que está emocionada. Olho novamente para
o sapatinho que está dentro da caixa e percebo que tem um bilhete escrito à mão.
Quando penso que essa garota perfeita já me deu tudo, ela mostra que tem
mais, que conhece muitas formas de me fazer o homem mais feliz que existe.
Eu beijo a sua barriga sem cansar durante vários minutos, enquanto ela
chora e sorri ao mesmo tempo.
necessidade e a puxo para cima das minhas pernas. De frente para mim, Geórgia me
abraça bem apertado e eu faço o mesmo. Nós dois seremos pais e estamos felizes
demais.
— Geórgia, eu sempre quis me casar e ter filhos com você. Era um anseio
que vinha da alma, não uma obrigação que acreditava que precisava cumprir. Quis,
porque era com você, a minha mulher, o amor da minha vida. É toda a luz que brilha
aqui dentro — declaro, ao colocar a sua mão onde o meu coração bate acelerado.
com as batidas do seu, porque nós somos um só quando nos amamos tão profundamente
como agora.
Geórgia e eu nos casamos quatro meses depois de ela ter dado a melhor
notícia da minha vida. O casamento aconteceu em uma igreja pequena, e a cerimônia
contou com um pouco mais de cinquenta convidados. A minha noiva estava tão linda
com o seu vestido branco que nenhum de nós dois conseguiu conter a emoção.
viajamos em lua de mel. Vivemos dias de pura paixão, curtindo um ao outro e o fato de
termos o bebê esperado com ansiedade à caminho.
Eu vi a sua barriga crescer, assim como o amor pelo meu filho todos os
dias enquanto era gerado. Quando o dia do parto chegou, a minha menina me deu o
maior amor que eu poderia ter.
O amor é capaz de transformar uma pessoa a cada novo dia. Eu permiti que
fizesse isso comigo e foi a minha melhor escolha.
Fim
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SINOPSE
Ela tem dezessete anos e ele tem trinta e quatro. Ele é um
CEO milionário e ela é uma garota desesperada.
trágica dos seus pais, a garota descobre que a família estava completamente
falida e que tinha somente alguns dias para deixar a casa em que vivia e foi
vendida sem que ela soubesse.
Henry, o mais bem pago garoto de programa da cidade, ou é nisso que ela
acredita.
sempre quis. Não lhe falta poder, dinheiro e garotas dispostas na sua cama.
Ele se diverte com sexo sem compromisso e não tem relacionamentos, mas
seu mundo sai fora dos eixos quando conhece a jovem e inocente Clara.
O CEO, apesar de saber que está sendo confundido com outra
pessoa, não corrige o equívoco da garota, pois ela consegue mexer com seu
corpo, mente e coração como nenhuma mulher conseguiu.
Ela quer aprender. Ele está disposto a ensinar, mesmo que não
ele está prestes a descobrir que a menina mulher veio para incendiar tanto o
seu corpo quanto o seu coração.
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