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A Hacker E O Mafioso - Duologia Amores

Perigosos by raven_mo_on

Category: Romance
Genre: amigos, amor, ceo, don, drama, família, ficçãogeral,
hackers, hot, mafioso, pietroboselli, romance, romancedark,
sedution, segredos, sofiacarson, therock, tiroteio, tortura,
vingança, viper
Language: Português
Status: Completed
Published: 2020-12-30
Updated: 2022-03-02
Packaged: 2022-03-07 16:08:21
Chapters: 55
Words: 148,713
Publisher: www.wattpad.com
Summary: [+18] [Romance Dark] [Drama] Com um
passado conturbado, marcado por tragédias, Fernanda
O'Connor tenta seguir em frente, enquanto leva uma vida
dupla cheia de segredos. E com a chegada da nova
madrasta, o passado bate à sua porta e ela se vê perdida
uma vez mais. Dylan Spencer, um cara misterioso, cercado
por segredos, é a cópia fiel de Henry, o namorado que ela
amou e perdeu, e vai despertar diversos sentimentos em
Nanda. Em uma reviravolta do destino, Nanda se une a
Dylan, fugindo de um inimigo sem rosto, e aquilo que ela
jamais imaginou acaba acontecendo. Agora ela se encontra
dividida entre seu passado e presente, ansiando pelos dois.
Ela será capaz de viver esses sentimentos sem sair com o

Rankings 🥇🥉 1- Viper em 12/02/2021 🥇 🥇


coração quebrado? Capa por @anniebelmont Melhores
1- TheRock em
12/02/2021
11/09/2021 🥇 3- Hackers em 04/04/2021 1- Don em
1- Vingança em 01/03/2022 *Esta obra é de
minha autoria. *Plágio é Crime. Início: 29/12/2020 Término:
17/12/2021
Language: Português
Read Count: 122,674
Notas ✍️

Roi leitores maravilhosos né?

(+18) É sempre bom avisar.

Temos um grupo no Whatsapp, o link tá na Bio. Caso


queira entrar será muito bem vinda (o).

Espero que gostem desta história.

Comentem bastante, não seja um leitor fantasma.


Interaja com a história e comigo.

Críticas construtivas são sempre bem vindas. Então


se tiver alguma coisa que incomode vocês podem me
mandar mensagem que responderei. 😊

Pode conter erros ortográficos, estou ciente e

👊
quando terminar a história irei revisar. Porém podem
me falar no privado também

Pode conter cenas de sexo e violência, pode conter


palavrões, então se não se sentir bem com esse tipo
de escrita não leia.

terminados
😁
🤭
Os capítulos novos serão postados quando forem
, pretendo postar uma vez por semana

A história é ficção. Qualquer semelhança com a vida


real é mera coincidência.

A história abordará o assunto "máfias", contudo


como já disse acima é ficção, não vou me prender em
relatar os princípios da máfia em questão ou não
seria ficção né?! Grata❤️

Respeite a opinião das pessoas nos comentários.


Comentários maldosos serão excluídos.

💬
🌟Vote para impulsionar a história.
Comente bastante.

Boa leitura amores e amoras.


Personagens

Para começar irei apresentar os avatares da história


para vocês.

Lembrando que é só uma ideia. Nada impede de


imaginarem de outro jeito.

Bora lá?

Família O'Connor

David
Fernanda
Carla
James
Família Spencer

Ella
Dylan
Henry
Amigos da Nanda

Abner Melo
Cristina Soares
Ian Fagundes
Consigliere do Dylan e crush nas horas vagas

Henrique Lopes
Seguranças pessoais do Dylan

Zoe Benetti
Taylor Francesco
Christian Ferraz / Chris
Jason Peterson
Capa atual pela maravilhosa e super talentosa
anniebelmont
Prólogo

Considerações sobre a origem dos personagens ✍️

O bisavô do Dylan é inglês, ele se casou com uma


italiana e se instalou na Itália. Dylan nasceu na Itália,
logo é italiano. E na Itália é comum os filhos
receberem o sobrenome do pai.
A família da Fernanda veio da Irlanda e se
estabeleceram no Brasil, a Nanda nasceu no Brasil,
logo é brasileira.

Era isso.

Boa leitura 😘

*****

Oito anos atrás...

Nanda

"A morte pode acabar com você de várias formas


possíveis."

- Anda Abner a mamãe está vindo buscar a gente. - gritei


para ele do corredor, pois o bonito iria na viagem com a
gente e não queria sair do banheiro.

Abner era meu amigo desde os cinco anos.

Iriamos a Disney. Minha mãe tinha tirado férias do hospital


para ficar um tempo conosco, ela era Diretora e Cirurgiã
chefe do hospital de SAP, uma cidadezinha no interior do
Paraná. Estávamos muito animados, principalmente Carla,
minha irmã caçula.

Abner tinha entrado no banheiro a mais de uma hora. Desse


jeito iríamos perder o vôo.

- Já vou Nanda! Estou trocando de roupa.

- Acho melhor você ligar para sua mãe e dizer que eu vou
levar vocês. - Tia Marie mãe de Abner falou enquanto
passava com bolsas em suas mãos pelo corredor. - Esse daí
esquece da vida quando está no banheiro.

- Vou fazer isso tia.

Peguei meu celular e disquei o número da minha mãe, que


atendeu no segundo toque. Pelo eco dava para notar que
ela dirigia, sorte que ela instalou o dispositivo que atendia o
celular,assim podia dirigir sem tirar as mãos do volante, ou
os olhos da estrada.

- Oi gatinha. Fiquei presa no trânsito, mas já tô chegando


para te buscar.

- Oi mamãe, vai direto para o aeroporto a tia Marie vai nos


levar. A princesa do Abner ainda não se arrumou.

- Está bem então. Nós nos vemos lá. - falou rindo por eu ter
chamado meu amigo de princesa.

- Beijos mamãe. Te amo de montão.

- Também te amo minha jujubinha.

De repente ouvi barulhos de pneus cantando e um baque


forte. Meu coração contraiu no peito, o celular ficou mudo.
Lágrimas encheram meus olhos.

- Mamãe... - disse entre dentes, esperando ouvir sua voz -


Mamãe! Mãe! - - repeti, mas o celular continuava mudo.

- Nanda, você está bem? - Tia Marie perguntou ao ver meu


desepero.

- Aconteceu alguma coisa com a mamãe tia.- falei em meio


aos soluços.

- Querida se acalme. Daqui a pouco vamos para o


aeroporto. Sua mãe está bem você verá. - falou tentando
me acalmar.

- Liga para o James tia. - por mais que ela tentasse me


acalmar, eu sabia que tinha algo errado - Liga para o James
agora por favor. - e assim ela fez.

A cada minuto que passava ficava mais apreensiva, liguei


diversas vezes para minha mãe, mas só dava na caixa
postal.

James chegou para me buscar e pela sua cara eu estava


certa.
Não demorou muito e as notícias estavam estampadas em
todos os canais de televisão e jornais do país. Sarah
O'Connor havia morrido em um acidente de carro depois de
ter sido atingida por um motorista bêbado, seu carro que
agora estampava a capa dos jornais, tinha capotando várias
vezes e despencado em um precipício ao lado da estrada,
na rodovia 157. O problema é que ninguém conseguiu
encontrar o homem, todas as imagens das câmeras de
segurança que havia na rodovia foram apagadas. Alguém
queria proteger o desgraçado.
Meu irmão cuidou de tudo e não saiu do meu lado e de
Carla. Ele foi nosso porto seguro quando nosso pai não pode
ser.
Mas James não foi capaz de aguentar a nova vida de nosso
pai e a pressão em ter que assumir a empresa. Assim
depois de quatro anos, da morte de nossa mãe James foi
embora, ele decidiu seguir carreira de músico contra a
vontade de nosso pai. Então ficamos somente Carla, eu e as
namoradas do papai.

David, como eu o chamava sem que soubesse, passou a


viver em função da empresa O'Connor Engenharia e de seus
infindáveis casos.
Ele não era de todo um pai ruim, muito pelo contrário, para
ele, poderíamos contar qualquer coisa, ele era um pai
excelente, amigo e compreensivo.

Mesmo quando passei a dar trabalho para ele, fazendo


coisas das quais me arrependo, - ou nem tanto assim -,
papai esteve perto de mim.
Conheci Henry a uns anos atrás, me apaixonei rapidamente.
Mesmo após descobrir que ele era o chefe de um dos clãs
da máfia Italiana, continuei com ele. Para mim não
importava as coisas que ele fazia no seu trabalho. Henry era
carinhoso comigo, meu parceiro, meu abrigo, me defendia
de tudo e todos. Ele me amava e eu o amava, e isso era o
que importava.

Em uma noite Henry foi pego em uma emboscada, o


sequestraram, e torturaram das formas mais horríveis
possíveis. Me fizeram acreditar que ele havia sido pego por
"policiais" corruptos que queriam um acordo sobre porte de
drogas, como ele não quis aceitar, simplesmente o
apagaram. Mas para mim isso segue sendo um mistério,
meu sexto sentido diz que tem algo errado nessa história.
Henry sempre foi precavido, não dava ponto sem nó.
Fiquei arrasada, o amor da minha vida se foi, e eu nem pude
me despedir, como se eu já não estivesse destruída o
suficiente, vem o destino e me arrasta ainda mais para o
abismo. Engraçado não é?

Oito anos depois...

Mais um dia na faculdade que é um porre algumas vezes,


tivemos que entregar um trabalho sobre Vigotsky. Ou seja,
lá se vão mais horas e horas de pesquisas e teorias. Minha
cabeça já estava a mil, porque meu querido papai resolveu
que chegou a hora de nos apresentar sua nova esposa e o
filho dela, tive que me virar do avesso para entregar o tal
trabalho.

Terminada a terrível aula, dirigi até o cemitério.


Andar por entre os túmulos me causava calafrios. E olhando
o túmulo de minha mãe sinto dor, aflição, saudades,
lembranças, nostalgia de um tempo em que essa lápide não
existia, de um tempo que não precisaria ter uma conversa
em que só minha voz podia ser ouvida, e poderia sentir o
toque e o abraço de minha mãe, não só o vazio e o silêncio.

É uma rotina vir até o túmulo dela, mas desta vez foi
diferente, enquanto que nas outras vezes eu apenas,
sentava, chorava, fazia uma oração e ia embora, dessa vez
senti vontade de contar tudo o que vinha acontecendo em
minha vida. Queria poder desabafar.

- Oi mamãe, desculpa não ter vindo antes. - digo, me


sentando sob o carvalho que cobria sua lápide - Ontem
decidi que vou dar uma última chance para o papai. Tomara
que dessa vez ele tome jeito viu, porque sinceramente...
David perdeu a linha sem você. - arranco pequenos
chumaços de grama salpicadas pela relva - Eu também
estou longe de ser uma filha exemplar, me meti em várias
furadas para poder me sentir viva, e isso me destruiu ainda
mais. - Essa é a primeira vez que admiti isso a ela, às vezes,
sinto que se ela estivesse aqui, sentiria vergonha de mim,
vergonha da pessoa que me tornei, escondo meu rosto
entre minhas mãos deixando minhas lágrimas rolarem
livremente - A única coisa que consigo pensar, é que era
para eu estar com você naquele dia, se eu não tivesse ido
para a casa do Abner. - Uma brisa massageia meu rosto,
fecho os olhos imaginando ser ela ali - Sinto tanta saudade
mamãe. - fungo, tentando me recompor - James me ligou
ontem, disse que está indo muito bem na carreira de músico
e sem a ajuda do papai. Sou sua fã número um. - dou um
pequeno sorriso - Comecei a cursar Pedagogia como você
queria, até que está sendo legal, conheci pessoas
maravilhosas, a Cris, o Ian e o Henrique. E a Carla está
terminando o colegial, disse que quer cursar Ciências
Biológicas então muito em breve teremos uma bióloga na
família, eu apoio a sua decisão.

Olhei à minha direita quando senti ele chegar, era sempre


assim. A alguns metros de distância ele parava e ficava
observando alguma coisa, não conseguia ver seu rosto e
nem saber ao certo quem era. Muito menos que a coisa que
ele observava era eu.
Capítulo 1

Algumas palavras que irão aparecer no decorrer do


livro:

Don — Chefe da máfia

Capo — subchefe

Consigliere — conselheiro do Don.

Soldados — posto básico da hierarquia. Membros


efetivos da organização que fazem o trabalho de
campo.

****

Ragazza — menina

Ragazzi — rapazes

Famiglia — família

Cazzo — porra

Figlio di puttana — filho da puta

Andiamo — vamos

Dylan Spencer
Oito anos depois...

19 de março de 2019 15:40. Cartel da Viper- Brasil.

- Don. - Henrique entra na sala sem bater - Fiquei sabendo


que o Lucas vai a uma festa hoje a noite. E para nossa sorte
e azar dele,- debochou- a festa será em sua boate.

Desci minhas mãos que estavam cruzadas embaixo do


queixo e sorri satisfeito.

- Então é o hoje que aquele figlio di puttana cai.

Lucas tinha emprestado uma grande quantia em dinheiro


meu e não pagou. Todas as vezes que fomos cobrar ele
dava um jeito de fugir, foram meses de tocaia para pegar
aquele bastardo, por fim fizemos ele pensar que havíamos
desistido então pouco a pouco aquele rato saiu de sua toca.
Logo ele descobriria que ninguém me faz de bobo, agora
não era mais pelo dinheiro era para ver ele sofrer.

A tal festa era de uma prima do Lucas que mesmo sem


saber me fez um grande favor reservando a Blue Notte.
A boate era usada para lavagem de dinheiro e outros
assuntos relacionados a máfia, uma ótima forma de não
chamar a atenção para meus serviços na Viper.

Agora iria esperar o momento certo e dar ao Lucas o


tratamento que ele merece.

A festa havia começado a mais ou menos uma hora, meus


olhos percorriam atentamente as câmeras de segurança a
procura de Lucas. Massageando a têmpora olho para o
relógio, este marca vinte e uma horas, a pouca paciência
que eu tinha estava acabando. De repente alguém me fez
parar e esquecer por um segundo meu objetivo.

Com um vestido prata estremamente sexy que deixava


pouca margem para imaginação, a moça entra na Blue
Notte acompanhada de uma loira com cara de assanhada e
de dois rapazes.

Como se não bastasse estar me tirando o sono desde que


descobri ela lá no cemitério, agora tinha que vir me
atormentar aqui na boate.
Mais alguns passos e ela fixa seus olhos castanhos
esverdeados na câmera de segurança, seus lábios carnudos
formavam um lindo sorriso, como se estivesse me vendo do
outro lado.

- Dylan, Dylan, seu foco não é esse! - chamo minha atenção


em voz alta.

Ela se misturou na multidão que dançava frenética músicas


eletrônicas, sob as luzes pirotécnicas e voltei a me
concentrar, não demorou e meu alvo adentrou o
estabelecimento indo direto para o bar onde o barman
preparava coquetéis.

Levantei indicando para o Henrique e para o Taylor que eu


estava indo buscar nosso convidado, eles já sabiam o que
fazer.

Antes de chegar até ele a moça esbarra em mim. Como


estava meio escuro e por causa das luzes ela não viu meu
rosto, o que foi um alívio ou daria merda.

- Desculpa! - ela tem que gritar para ser ouvida.


- Não esquenta, está tranquilo. - respondo do mesmo jeito e
saio de lá o mais rápido possível.

Me aproximo de Lucas que está de costas, assim que


percebe minha presença o rapaz entra em pânico.

- Nem pense em correr, ou você morre aqui mesmo Lucas. -


falo de forma controlada como um alerta. - Andiamo, cazzo.

O homem caminhou a minha frente, subimos para a ala VIP,


assim que entramos apontei minha arma para a cabeça
dele.

- Senta! - indiquei a poltrona.

- Senhor Dylan, e-e-eu ia pagar...

- Cala a boca cazzo. - lancei um olhar ameaçador e ele se


encolheu - Se você tivesse sido honesto, não estaríamos
tendo esta conversa agora. Se você não tivesse tentado me
enganar, não estaríamos aqui Lucas.- as palavras saiam
pausadamente enquanto eu caminhava a sua frente.- Você
sabe o que acontece com quem pega o que não lhe
pertence não sabe Lucas?

O infeliz se jogou aos meus pés de joelhos chorando e


implorando por perdão.

- Por favor Don, por favor, eu vou pagar. Me perdoa por


favor.

- Não! Não implora Lucas, é patético até para você. - ri de


seu desespero - Me diz então, o que você prefere? Tem duas
opções: ser torturado até a morte ou ficar sem as mãos.

O grito de desespero do homem ecoou pela sala,


levantando-se tentou correr mas meus soldados o
seguraram. Não iria matá-lo, isso seria fácil demais, Lucas
ficaria sem as mãos para se lembrar que jamais deveria
tomar posse daquilo que não é seu e que em hipótese
alguma deve se meter com a máfia, no caso eu.

- Segunda opção então. - indaguei sarcástico.

Henrique e Taylor o arrastaram até a mesa segurando suas


mãos encima da mesma. Andei até a parede onde ficava
minha Katana ( esta tinha sido um presente do chefe
japonês, em visita ao cartel ), segurei posicionando-a e
desferindo um golpe que arrancou as duas mãos de Lucas, o
infeliz desmaiou com a dor. Tinha mandado esquentar em
ferro, este já estava vermelho, precionei nos machucados. O
cheiro de carne queimada chegou até meu nariz fazendo
com que meu estômago revirasse. Terminado o serviço,
mandei Taylor o deixar na porta do hospital sem levantar
suspeitas e descartar as mãos em qualquer lixão.

De uma coisa tinha certeza, aquele bastardo não esqueceria


de mim jamais.

- Henrique peça para alguém vir limpar essa bagunça.


Porque eu quero me divertir. - Henrique era meu consigliere
desde a traição do antigo.

- Deixa comigo Don.

Desci as escadas e fui para o bar pedindo uma dose dupla


de whisky e virando na garganta de uma só vez, o líquido
caiu como um néctar dos deuses esquentando minha alma
gelada. No palco uma moça dançava sensualmente, ela
usava apenas uma calcinha minúscula e tem um corpão da
porra, era ela que eu ia foder essa noite, foder pensando na
porra da garota que insistia em ficar na minha mente.
E por falar nela, estava dancando com a amiga, fiquei
hipnotizado por alguns minutos e como se percebesse que
eu a encarava me olhou e encarou por alguns segundos,
depois voltou a dançar de costas para mim.

Foda-se. Eu nunca corri atrás de mulher, e não iria ser hoje


que isto iria acontecer.
Bebi mais uma dose de whisky e fui até a morena do palco,
que me olhou de uma forma quente e passou a língua nos
lábios, a noite hoje seria ótima.

Nanda

Hoje é meu aniversário e resolvemos sair para comemorar,


o Abner, o Ian, a Cris e eu. Agora estamos aqui na Blue
Notte, dançando feito loucos, as luzes fazem sombras
interessantes no rosto das pessoas deixando o clima mais
leve de um jeito sensual.

Estava com uma sensação estranha como se alguém me


observasse, virei-me na direção em que acreditava estar
sendo observada. Sentado em um banco no bar, um rapaz,
não consegui ver seu rosto,o mesmo que eu tinha esbarrado
mais cedo, senti um frio na barriga sabendo que seus olhos
estavam em mim, contudo cada movimento que ele fazia
algo dentro de mim gritava perigo, encarei mais alguns
segundos e virei as costas.

Continuei dançando ignorando totalmente aquela sensação,


hoje eu iria me divertir, iria esquecer que minha vida está
literalmente no buraco, exclusivamente hoje, seria qualquer
pessoa que não fosse eu mesma.
Capítulo 2

SAP 16:50 PM, 27 de março de 2019

Mansão dos O'Connor

Nanda

Ouço barulhos de panelas caindo no primeiro andar, a casa


hoje estava uma correria danada porque meu querido papai
iria nos apresentar a nova madrasta. E lógico, eu não queria
ajudar em nada porque não concordava com aquilo, mesmo
tendo dito que daria uma chance a ele.

Então me tranquei no quarto e as empregadas da casa iriam


fazer o jantar acontecer.
Ele falou que ela é diferente das outras e que desta vez é
para valer, falou também que a mulher viria morar conosco
porque eles já haviam se casado.

Essa era nova. Dei um pequeno sorriso com os


pensamentos maléficos que tinha a respeito dessa merda
toda. Desde que a mamãe morreu a oito anos atrás,
passado o momento do luto, o Sr. David vivia trazendo
madrastas para mim e minha irmã e o pior não era isso, o
pior era que as tais madrastas eram todas meninas de
dezenove ou vinte anos que tentavam fazer um inferno na
nossa odiosa vida. Porém para o desgosto delas, a garota
aqui era bem mais esperta e o inferno era feito na vida
delas. Por fim ninguém aguentava e acabavam indo
embora.

As horas se passam vagarosamente até que o relógio marca


seis horas. Tomei um banho rápido e fui me arrumar. Para
esta ocasião escolhi um vestido preto com mangas
compridas e saia rodada com flores azuis na barra, ele era
justo na cintura e descia até o meio da coxa, calçei meu
tênis preto e fiz uma leve maquiagem. Olhando no espelho
sorri satisfeita, o vestido caiu perfeitamente bem em meu
corpo curvilíneo, e minha pele clara. Puxei a beleza de meus
pais.

Minha mãe era linda, de dar inveja em qualquer um, e meu


pai sempre achei maravilhoso. Ele não tinha cabelo, seus
traços eram marcantes e tinha um sorriso e um bíceps de
tirar o fôlego. Por isso tantas mulheres ficavam atrás dele.
Por isso e por causa de seu saldo bancário, Ferraris,
Porsches, SUVs, Rolls-Royce,Mansões e enfim a busca pelo
sobrenome O'Connor que não saia dos holofotes porque ele
era um empresário de sussesso multimilionário no ramo de
engenharia.

Carla puxara a ele e eu a minha mãe.

A porta do meu quarto se abriu e aquela pirralha marrenta


entrou fazendo o maior fuzuê.

- Já está pronta. Hummmmm - debochou ela - Pra quem não


queria conhecer a nova madrasta você está adiantada hein.

- Me deixa em paz Carla. - joguei o travesseiro nela. As


vezes ela me irrita com todo esse alto astral.

- Ai - reclamou pegando o travesseiro no ar e se jogou na


cama.

- Você não vai se arrumar não? - me sentei do seu lado.

- Não quero Nanda, daqui a uns dias esse relacionamento do


papai acaba e logo ele vai estar nos apresentando outra
madrasta.
- Por favor Carla não me deixa sozinha nessa. - falei fazendo
bico.

- Não mesmo. - ela deu um sorriso travesso - Fiquei sabendo


que a Ella tem um filho gatíssimo. Dylan o nome se não me
engano. Dylan Spencer — gesticou fazendo movimentos
com as mãos no ar— pelo nome deve ser gostoso pra
caramba.

- Que nojo, você não é muita nova para achar caras


gostosos não?- falei e ela gargalhou - É sério. Tá rindo de
que? Nem vou olhar para o tal Dylan, pois só tenho olhos
para o Henrique.

- E ele tem olhos para todas as garotas da faculdade. -


debochou e o pior é que era verdade.

- Como você é insuportável.

Ouvimos a campainha tocar. Eles tinham chegado. Levantei-


me e fui até a porta.

- Se arruma logo Carla.

- Tá bom mãe!- disse e saiu correndo atrás de mim.

Carla era alegre, tinha dezessete anos agora. Tinha uma


pele morena, era magrela e alta, seu cabelo estava com
tranças que tinha colocado a alguns dias atrás. O que
deixou ela mais linda ainda, bem parecida com o papai. Ela
seguiu para seu quarto e eu segui para as escadas. Meu
coração estava um pouco inquieto. Por mais que eu não
quisesse, meus pensamentos estavam voltados para a
mamãe.

Cheguei ao final da escada e fui para sala de estar luxuosa


onde encontrei duas pessoas sentadas. Caminhei até estar
próxima e resolvi brincar um pouco.

- O David onde está? - perguntei.

Vi quando os ombros da mulher ficaram tensos. Talvez eu


estivesse sendo maldosa mas não me importei. Eles se
levantaram. O rapaz era mais alto que a mãe, ambos
tinham cabelos castanhos. Ele era uma parede de músculos
marcados no terno. O pau deve ser minúsculo. Sorri
internamente com esses pensamentos maldosos.

Mente poluída.

Eles se viraram, me arrependi da brincadeira na hora. Ella


parecia triste.

Mas o que acabou comigo foi o filho. Meu mundo parou


quando Dylan olhou pra mim. Tirando a cor dos olhos que
eram verdes, a minha frente estava a cópia exata do Henry,
com seus lábios carnudos que combinava perfeitamente
com seu nariz fino e seu rosto quadrado. Uma sensação
estranha tomou conta de mim, parece que eu já conhecia
ele de algum lugar.

Abri e fechei a boca várias vezes tentando encontrar


palavras que não vinham. Voltei meu olhar para a mulher,
esta tinha cabelos compridos, mas não muito e olhos verdes
assim como o filho, ela era linda.

- Boa noite. - falei ainda processando tudo isso - E...e...eu


sou Fernanda filha do David - estendi minha mão para ela.

- Eu sou Ella. - apertou minha mão com um sorriso no rosto.

- Dylan - aquela voz me causou arrepios. A mesma voz do


rapaz da boate a alguns dias atrás. Assim que nos
cumprimentamos senti um formigamento estranho. Retirei a
mão da dele rapidamente ignorando o alerta de perigo.

Como ele era tão parecido com meu Henry? Um sósia


talvez? Coincidência? Talvez. Com toda certeza depois do
jantar iria fazer minha pesquisa.

- Prazer. - disse tentando não demonstrar nervosismo- Então


Ella como conheceu meu pai? - perguntei me jogando no
sofá sem me importar com os modos, tentando mudar o
rumo dos meus pensamentos.

- Você tem que perturbar minha mãe com esse tipo de


pergunta? - Dylan se intrometeu.

- Sim eu tenho. - falei me sentando no sofá inclinando o


corpo para a frente - Afinal eu preciso saber quem é a
pessoa que vai viver com a gente. - já tinha odiado esse
garoto.

- Dylan! Não vejo problema em responder querido, então


deixa de ser rabugento. - Ella chamou a atenção do filho -
Seu pai e eu nos conhecemos em uma reunião da empresa.
Nós temos negócios em comum.- ela sorriu - E começamos
a sair desde então, faz um ano já. E então nos casamos em
Las Vegas.

Ela estava apaixonada, dava para ver só pelo modo como


falava do papai. Gostei dela, ela não parecia uma má
pessoa, era gentil e educada. Sorri pra ela.

- Você também é engenheira? - quis saber

- Na verdade não. O Dylan é.

- Ah é? - levantei a sobrancelha.
- Sim sou. Mas isso não diz respeito a você.

- Já vi que vamos conviver em perfeita harmônia. - ironizei


revirando os olhos.

Tudo o que David pediu a Deus. Um "filho" engenheiro.


Pensei em James, o que me causou uma certa nostalgia,
estava morrendo de saudade do meu irmão.

- Quantos anos tem Fernanda? - foi a vez dela perguntar.

- Dezenove.

- E estuda o que?

- Pedagogia. Como minha mãe queria.

Dylan deu um sorriso sarcástico. Como eu queria socar a


cara dele.

Se controla Nanda.

- Me conta a piada Dylan. Quero rir também. - falei


encarando ele.

Neste momento minha irmã entrou na sala de estar se


jogando no meu colo.

- Olá pessoas. Eu sou Carla prazer.

Ella e o insuportável do filho riram do jeito espontâneo da


pirralha.

- Sai do meu colo agora. - falei brava.

- Senão o quê? - desafiou ela

Me levantei jogando ela no chão.


- Ai Nanda! - levantou esfregando a bunda - Só por causa
disso vou contar para o papai da tatuagem.

Acontece que eu tinha feito uma pequena tatuagem de


coração com asas escrito Mom no ombro, e ela sabia.

- Conta mesmo. Dai eu aproveito e conto do Rafael pra ele. -


ameacei e ela amarrou a cara me fazendo rir

- Você é a péssima irmã sabia?

- Eu também te amo bebê.

Antes de continuarmos com nossa troca de farpas, papai


entrou na sala dizendo que o jantar estava pronto. Ele não
tinha conhecido o Henry, então não tinha ideia de como eu
estava por dentro.
Ella estava a vontade conversando com Carla
animadamente. E eu, por mais que tentasse não conseguia
tirar os olhos dele. Dylan não estava a vontade com aquela
situação e vez ou outra pegava ele olhando para mim
também.

Sentamos a mesa. O cardápio era variado. Saladas, arroz,


costela ao molho madeira, frango assado que eu amava,
lasanha, feijão que não podia faltar. E claro, eu como uma
boa dama enchi meu prato e comecei a comer,
concentrando tada minha atenção na comida que estava
deliciosa. Todos na mesa me encaravam.

- Que foi? Eu tô com fome. - falei mastigando.

- Saco sem fundo - Carla debochou - Será que o Henrique


gosta de mulheres comilonas?

Engasguei, porque meu pai não sabia do Henrique e porque


o Dylan me lançou um olhar intenso.
- Parem com isso agora! - David tinha ficado puto - Não é o
momento pra isso. O que a Ella vai pensar? E depois dona
Fernanda você vai me contar desse Henrique. - revirei os
olhos.

- Não se preocupe amor. Eu não me incomodo com as


meninas. Sei bem como é a convivência de irmãos. - disse a
esposa do papai gentilmente.

Fiz sinal que ia vomitar e minha irmã riu. Comemos em


silêncio, eu com meu prato de pedreiro e os outros com sua
moderação. Comecei a pensar no Henrique. Eu tinha pedido
pra ficar com ele várias vezes, até tinha uma queda por ele,
mas meu coração já estava ocupado. Perdida dentro de mim
não percebi que estavam falando comigo.

- Está pensando no Henrique papai. Olha a cara de


apaixonada dela.

- O quê? - voltei a Terra - Eu não estava pensando em


ninguém. - rebati

- Responde o que o Dylan te perguntou então Nanda. - Carla


estava com um sorriso estampado no rosto.

- O que você perguntou? - me virei para ele e quase


engasguei de novo porque aquele filho da mãe era lindo de
morrer.

- Perguntei.... esquece. Não era nada demais.

- Sério mesmo? -levantei a sobrancelha olhando ele.

- Nanda! - papai esbravejou

De repente meu estômago revirou e senti a comida na


garganta. Levantei correndo fazendo a cadeira cair e todos
os olhares se voltaram para mim de novo, contudo não me
importei e sai correndo para meu quarto.

Abri a porta do banheiro e me joguei perto do vaso,


colocando tudo o que eu tinha comido para fora. Ter refluxo
é uma droga, quando eu estava nervosa isso piorava. E hoje
definitivamente era um desses dias.

Droga!

Escovei meus dentes para tirar o gosto ruim da boca e


voltei para o quarto. E que surpresa maravilhosa, encostado
no batente da porta que eu esqueci aberta, estava Dylan
me encarando.

- Quem deixou você entrar aqui? - quis saber sem jeito.

- Seu pai me pediu para ver se estava bem.- falou sem tirar
os olhos dos meus.

Comecei a sentir um frio na barriga e isso me incomodou.

- Claro! - falei sarcástica - O David sempre me surpreende.


Não poderia mandar a Carla. Tinha que mandar um
estranho ao me quarto. - tinha medo na verdade de
demonstrar a intensidade dos sentimentos que aquele
estranho me causou.

- Esse mal estar.... é gravidez? — perguntou sem jeito.

Eu caí na risada. Porque será que as pessoas acham que é


gravidez toda vez que alguém sente enjôo? Definitivamente
esse parado a minha frente não tinha nada a ver com o
Henry, ele jamais pensaria isto.
Mas tá certo que ninguém sabia que eu tinha refluxo,
descobri uma noite em que quase morri afogada depois que
a comida voltou e eu estava dormindo, e decidi não contar
para eles.
Mas gravidez? Não seria possível.

- Tá rindo de quê? Contei alguma piada Fernanda?

- Ah Dylan - falei secando meus olhos - eu não estou grávida


idiota. Eu tenho refluxo e comi demais, e estou nervosa.
Quando estou muito nervosa isso acontece. Não que isso
seja da sua conta mas...

- E você toma remédio para isso? - perguntou interessado


demais.

- Sim.

Não.

-Olha só Dylan - caminhei até ele - vamos descer, não me


sinto confortável com você no meu quarto.

Ele não se moveu e eu fui obrigada a esbarrar nele. O


formigamento estava lá de novo e o filho mãe me segurou
empurrando na parede ficando com o corpo colado no meu.
Senti sua respiração próxima ao meu rosto, meu coração
disparou. Seu perfume amadeirado me invadiu, era
delicioso. Seus olhos não saiam dos meus.

- Se você não me soltar agora - tentei fazer minha voz soar


firme - eu vou gritar e trazer a casa inteira aqui. E vou dizer
que você tentou me forçar a fazer sexo com você.

- Vai gritar?

- Vou. Me solta Dylan. - tentei empurrar mas era em vão.

- Então eu tenho que calar sua boca Fernanda.


Dizendo isso ele me beijou e não existia mais nada. Sua
língua invadiu minha boca e eu correspondi na mesma
intensidade, agarrei seu pescoço querendo sentir mais,
Dylan segurava minha cintura pressionando nossos corpos.
Continuamos nos beijando alguns minutos e então fui tirada
do meu momento perfeito pela voz da minha irmã.

- Não acredito! Caralho Nanda, o papai e a Ella vão adorar


saber dessa cena aqui. — apontou para nós.

Empurrei ele na mesma hora. Carla saiu correndo e eu corri


atrás. Meu cabelo estava uma bagunça e meus lábios
estavam inchados, Dylan estava como se nada tivesse
acontecido. Parei no topo da escada, me virando pra ele.

- Você vai atrás dela. E se ela falar alguma coisa eu mato


você. Entendeu Dylan?

Ele sorriu, um sorriso perfeito. Parou na minha frente e


levantou meu rosto. Aquele simples toque me deixou com
as pernas bambas.

-A Carla não vai falar nada. Ela só quer te irritar. Acho bem
difícil você me matar Fernanda, mas....- falou analisando
meu rosto - Você beija bem. - mudou de assunto fazendo
meu rosto corar.

- Cala a boca idiota!

Empurrei ele e voltei para o meu quarto pisando duro. Eu


tinha que processar aquilo que acabou de acontecer e essa
estranha atração que eu estava sentindo por ele. E o pior
era que o filho da mãe beijava bem para caralho.

- Porque tinha que ser tão gostoso? - sussurrei.


Arrumei meus cabelos dei uma última olhada no espelho e
voltei pra sala de jantar.

- E então Nanda quer me contar alguma coisa?

Será que a Carla contou o que viu? Acho que não ou essa
mesa não estaria aqui porque meu pai já teria virado ela e
matado o Dylan. Olhei para ele e falei calmamente não
demonstrando minhas emoções. Eu era boa nisso quando se
tratava do meu pai.

- Nada papai.

- O Dylan falou que você tem refluxo. Porque não contou


Nanda?- meu pai não iria parar.

- Porque sinceramente papai não é importante. Eu não


queria preocupar você, não era nescessário contar- e me
virando para o gostoso do Dylan falei - E você querido
Dylan, cuida da sua vida.

Eu não estava gostando mesmo de como estava me


sentindo perto dele. Só tinha sentido isso uma vez , e esse
sentimento tinha sido enterrado com Henry.

Levantei da droga da mesa e sai da sala de jantar com meu


pai irritado comigo. Subi as escadas de dois em dois
degraus e me tranquei no quarto. Não iria sair de lá nunca
mais. Estava muito irtitada com todo mundo então esqueci
até de fazer minha "pesquisa" sobre eles.
Capítulo 3

Acordei com meu despertador gritando. Fiquei olhando para


o teto sem nenhuma vontade de levantar. Mas como eu não
gostava de ficar dependendo do dinheiro do meu, tinha que
estudar, levantei e tomei um banho me arrumando em
seguida . Passei uma leve maquiagem, vesti uma calça
jeans azul bem colada no corpo e uma camiseta preta do
Metálica, deixei meus cabelos soltos.

- Chegou a hora de enfrentar a fera Nanda. Mas se eu fosse


você, e sou, sairia de fininho. - falei comigo mesma.

Peguei meu notebook, celular e minha bolsa e sai do quarto.


Dei de cara com o Dylan passando. Quando ele me viu
parou na hora.

- Bom dia Nanda.

- Só se for para você Dylan.

- Que mal humor hein garota. - resmungou.

- De verdade. Não tenho que ficar aqui te ouvindo, tchau.

Continuei andando até às escadas. Desci com aquele idiota


atrás de mim, não estava com saco para aturar ninguém.
Rapidamente sai da casa e segui até um ponto de ônibus,
também não estava com saco para dirigir por isso acabei
optando por um ônibus. Isso me daria tempo para pensar.

Já fazia mais de vinte minutos ali esperando e nada do


maldito ônibus chegar. Olhei o relógio do celular, se
continuasse neste ritmo me atrasaria para faculdade.

Senti uma mão no meu ombro e levei um susto.


- Que droga Dylan! Quer me matar do coração? - bufei com
a mão no peito.

- Seu pai pediu para eu te levar para a faculdade. E já que a


partir de hoje moramos sobre o mesmo teto, achei que seria
uma boa para a gente se conhecer.

- Eu não quero conhecer você. Mas estou quase atrasada e


essa droga de ônibus vai demorar pra chegar. Então aceito
sua carona.

- Você não dirige? - perguntou enquanto andávamos até o


Porsche 911 cinza estacionado do outro lado da rua.

- Sim. Só não estava com saco para este trânsito hoje.

Entrei no carro, passei o cinto e fiquei em silênco. Não iria


conversar, e não gostava dos meus pensamentos em
relação a tudo isso que estava acontecendo.
Peguei o celular, coloquei os fones e comecei a ouvir
Imagine Dragons.

O engraçado é que Dylan não perguntou onde era a


faculdade. Simplesmente me levou até lá e estacionou o
carro. Tirei os fones para agradecer e sair dali porque meus
amigos, Abner, Cristina e Ian me esperavam na portaria.

- Obrigada Dylan pela carona.

Ele não disse nada só me encarou por longos segundos. Não


esperei mais, abri a porta do Porsche e sai indo encontrar
meu amigos.

- E aí barangada - zoei chegando mais perto, beijando a


bochecha de cada um deles.
- Pode contar tudo - Abner falou passando o braço no meu -
Quem é o gato gostoso que te trouxe.

Olhei para trás e vi que o Dylan tinha saído do carro e


caminhava em direção a faculdade.

O quê? Como eu nunca percebi você aqui? pensei.

- Ei! - Cristina falou estalando os dedos perto do meu rosto.

- Cara!- ouvi a voz do Ian - É impressão minha ou a baba de


alguém está derramando? - todos riram

- Vocês são idiotas. - ri também - Eu só tenho olhos para o


Henrique vocês sabem. - zoei

- Tá bom gata. Agora responde minha pergunta. Quem é o


gato gostoso?

- O gato gostoso Abner - falei fazendo aspas com os dedos -


É o filho da minha madrasta.

- Sério que meu sugar daddy casou de novo?

- Que nojo Cristina. - dei um empurrão nela - Desde quando


o David é seu sugar daddy?

- Gente vamos pra aula. - Ian segurou no meu braço e


andamos conversando.

Apesar de sermos todos adultos, agiamos como


adolescentes. Sentamos no fundo da sala, nosso lugar
favorito. As aulas de hoje seriam de Psicologia com o
professor Lucas. Um homem de cara fechada que falava pra
caramba, mas eu gostava dele.
Ao final da aula estávamos todos craques no assunto ego,
superego e recalque.
- É isso jovens. Todo mundo entendeu? - perguntou ele e
concordamos - Anotaram tudo?porque amanhã vocês irão
fazer um trabalho em dupla. Você e seu caderno rá. - todo
mundo riu porque já conhecíamos as piadas dele -Abraços
jovens.

- Tchau professor. - falamos

E ele saiu da sala e nós fomos para a lanchonete porque eu


não havia tomado café da manhã. A fila estava enorme e a
Cris fez charme para o Ian ir comprar nossos lanches.

- Por favor!- falamos juntas fazendo bico e ele se rendeu.

- Tá bom! Mas eu vou comprar um lanche gigante e você


Nanda vai pagar.

- Porque eu? Quem pediu foi a Cris eu só ajudei. Mas eu


pago um lanche pra você chorão. E compra um pro Abner
também.

- Tá. Dá logo o dinheiro.

Peguei meu cartão de crédito e dei pra ele.

- Você sabe a senha. E eu quero um suco de maracujá


também. Te amo Ian.

Ele ficou sem graça com minha declaração de amor e


percebi que tinha um par de olhos verdes me encarando,
desviei meu olhar e encontrei meu crush me encarando
também.

- Caramba Nanda. Me passa um pouco desse mel garota. -


Abner sussura passando o braço em mim fazendo-me
gargalhar.
- Você não precisa bi, já nasceu doce.

- Passa para mim então. - Cris jogou o braço em minha


direção passando em mim.

- Credo vocês parecem que estão no cio. Que horror.

Nós rimos no momento que o Ian voltou com nossos


lanches. Decidi provocar Henrique que estava me
encarando demais e dei um selino no Ian. Nós fazíamos isso
desde sempre, nunca ultrapassamos a barreira da amizade
então não ficava estranho. Mas acabei provocando outra
pessoa, que olhou com cara de poucos amigos.

- Obrigada Ian. Você é meu herói.

- As vezes você parece criança sabia Nanda?- sussura pra


mim.

- Sim. Mas você gosta. - retruquei - Agora da meu suco e


meu lanche amore, eu tô morrendo de fome.

No momento em que peguei o lanche dei uma mordida


ficando com a boca cheia, Henrique apareceu, não podia ter
escolhido a pior hora pra falar comigo.

- Posso me sentar?- perguntou sorrindo e eu quase


engasguei.

- Claro.

- Então Nanda, já tem par para o baile de sábado?Se não


tiver eu quero te levar.

- Já!- falei rápido - Já tenho sim.

Não. Não tenho.


- Tá bom então. Nos vemos lá. - disse se levantando e
saindo dali.

Ele pareceu decepcionado. Contudo não estava disposta a


ceder. Porque de repente ele tinha começado a prestar
atenção em mim? Já tinha pedido pra ficar com ele umas
trocentas vezes e todas elas foram negadas. Então ele que
lute pra ficar comigo.

- Gostei de ver amiga. - Cris e Abner bateram palmas

- Eu tô orgulhoso gata. - Ian sorriu.

- Brigada gente. Mas com quem eu vou? Nem sei porque


falei aquilo, afinal nem quero ir nesse baile. - reclamei

Passamos o resto das aulas conversando discretamente


sobre o baile e tentando mentalmente arrumar um
companheiro para ir comigo, porque meus amigos não
podiam. Sinceramente isso nem parecia a faculdade,
parecia o colegial onde esperávamos pacientes os meninos
galãs nos chamarem para o baile. Baile este que era
beneficente feito todos os anos pela faculdade, isso de
chamar as meninas para ir ao baile tinha sido coisa dos
alunos.
Revirei o olho com tais pensamentos.
Terminado nossos horários de aula pedi carona para o Ian,
mas ele não tinha trazido capacete. Abner e Cris iriam ao
shopping e como sempre eu não estava a fim. Então me
arrastei para fora dos portões da faculdade.

O Porsche do Dylan ainda estava lá e ele estava encostado


no carro conversando com uma morena muito gata e com
um corpão de dar inveja. Senti um incomodo ao olhar
aquela cena e como eu queria atormentar sua estadia na
minha casa caminhei até eles.
- Me leva para casa? - perguntei encarando ele.

- Estava te esperando Fernanda.

- Fernanda? - levantei a sombrancelha - Até hoje de manhã


eu era Nanda.

- Quem é essa Dylan? - a moça perguntou com uma voz


melosa.

- Essa tem nome amore. Você não ouviu? - debochei.

A garota estava irritada e vendo isso me aproximei dele


passando os braços na sua cintura. E a eletricidade estava
lá de novo. Dylan não me afastou, ao invés disso ele me
abraçou trazendo meu corpo para mais perto do seu.

- Dylan você prometeu que iria ser só meu hoje. - falei com
uma voz doce passando a mão na sua barriga. A respiração
dele acelerou com meu toque.

- A fila já andou Dylan? - a voz da moça estava irritada.

- Foi você que quis terminar Luara. Porque acha que eu não
ficaria com alguém depois de largar você? Agora sai daqui,
está me atrapalhando.

Dizendo isso ele levantou meu rosto e me beijou. Eu queria


me afastar porém não poderia fazer aquilo porque eu tinha
começado com esse jogo. Ouvi passos apressados saindo de
perto de nós. Depois de uns minutos nossas bocas se
separaram, empurrei ele e abri a porta do carro

- De nada.- falei e entrei.

Segundos depois ele me encarava sentado no banco do


motorista.
- Vamos Dylan. Eu tô com fome.

- Eu também Nanda. - e pelo olhar em mim não era fome de


comida.

Resolvi ignorar colocando meus fones e erguendo o celular


no último volume. Fechei meus olhos e encostei no banco. O
carro não se moveu, aquilo estava me irritando.

- Que droga Dylan. - olhei irritada para ele que continuava


me encarando - Vou pegar um táxi. Fui.

Mas quando iria sair do carro o idiota me prendeu entre a


porta e o banco, sua boca a centímetros da minha. Meu
coração acelerou o clima ali ficou pesado. Engoli em seco, o
que quer que tivesse acontecendo entre a gente tinha que
parar agora ou um de nós sairia machucado.

- O que pensa que está fazendo? - perguntei empurrando


ele em vão - Sai de cima de mim Dylan, por favor.

- Tem medo de mim Nanda?

- Eu não tenho medo de você Dylan. Eu só quero que


mantenha suas mãos longe de mim.

O que eu sentia por ele era muito tesão, não medo e


definitivamente eu não iria ceder a ele nunca. Ou assim eu
pensava.

- Certeza que é isso que você quer?

- Certeza Dylan.

E querendo provar que era isso que eu queria ele me beijou


de novo, no começo eu deixei ele me beijar, mas recobrei
minha consciência e mordi seu lábio inferior. Soltei quando
senti o gosto de sangue.

- Porra Fernanda! Porque me mordeu? - falou bravo


colocando a mão no lábio.

- Eu falei pra ficar longe de mim.

Dylan voltou pro seu banco e dirigiu o carro. Ele tava muito
puto e isso me causava satisfação, agora ficaria bem longe
de mim. Chegamos em casa e depois de estacionar na
garagem, sai do carro primeiro e subi as escadas com ele
logo atrás de mim.

Fui pra cozinha pegar alguma coisa para comer. Peguei uma
maçã e me dirigi ao quarto. Meu pai estava na sala
conversando com o novo "filhinho".

- Que foi isso na boca Dylan? - ele quis saber porque o lábio
dele estava um pouco inchado.

Sorri.

- Uma selvagem me mordeu .- falou olhando pra mim.

Cai na gargalhada. Bem feito quem mandou me beijar.

- Bem feito. De certo foi agarrar a menina. Virei fã dela. -


falei parando perto do meu pai dando um beijo no rosto
dele. - Boa tarde papai.

Apesar de tudo eu me dava bem com meu pai.

- Desculpa por ontem Sr David eu estava nervosa.

- Tudo bem Nanda. Só tenta falar comigo quando alguma


coisa acontecer com você tá bom minha filha?
- Tá bom papai. Agora eu vou tomar banho porque daqui a
pouco a galera vai colar aí. Beijos gato. - joguei um beijo pro
meu pai - E Dylan, me apresenta a moça, acho que vamos
ser grandes amigas.

Subi as escadas encontrando Carla no topo desta. Ela me


olhava com cara de deboche.

- E aí Nanda. Vai me contar o que rolou ontem?

- Vai sonhando bebê.

Continuei caminhando.

- Tá bom. Ô papai...- começou a gritar mas tapei a boca dela


na hora.

- Anda, para o meu quarto agora.

Entrei e fechei a porta, minha irmã as vezes era irritante.

- O que você quer saber Carla?- perguntei sentando na


cama.

- Tudo. Porque a cena que eu vi aqui ontem, rapaz. Vocês


estavam quase se engolindo.- disse dando risada.

- Cala boca Carla. Não tem nada para saber. Ele me beijou e
foi isso.

- Ahhhh tá. E você não beijou de volta né?

- Beijei ué. - falei sorrindo - E ele beija bem pra caramba.

- Eu sabia - ela joga o travesseiro em mim - safada.

- Não mesmo.... Deixa eu te falar.- comecei mudando de


assunto- O Henrique me chamou para o baile.
- Ahhhhhh! - ela gritou - E você aceitou né?

- Não!

- Como não? - perguntou incrédula

- Eu tenho amor próprio sabia? Não vou ficar me rastejando


atrás dele para ele me ignorar assim que aparecer uma
garota diferente. Eu gosto dele, mas gosto mais de mim.

- Tá bom. E você vai com quem?

- Sozinha ué.

Ficamos conversando um tempão. Meus amigos não


puderam vir hoje em casa então fiquei no quarto lendo.
Na hora do jantar descobri que passado o nervosismo a Ella
era uma pessoa incrível. Conversar com ela assuntos fúteis
trouxe-me uma sensação de alívio. Depois do jantar me
retirei indo deitar, enquanto minha irmã foi jogar no vídeo
game de última geração que papai deu para ela com o
Dylan. Eles realmente pareciam irmãos, ninguém diria que
não são.
Já eu e ele...bem é mais complicado eu acho. Afinal a gente
não sente vontade de agarrar o irmão né?

Dormi depois de tomar um demorado banho tentando tirar o


Dylan da minha cabeça, o que foi em vão. Acordei era uma
da manhã com a boca seca, desci pra tomar um copo de
água, parecendo um zumbi.
Me arrastei até a geladeira e peguei a água colocando no
copo e bebendo de uma vez. Percebi movimentação atrás
de mim, senti meu coração acelerar e meu rosto esquentou
porque eu sabia exatamente quem era e a camisola que
estava no meu corpo deixava pouca margem para
imaginação.
- Meu Deus Dylan. Quer me matar do coração? - sussurrei

Ele estava usando uma calça de moletom cinza e estava


com aquele peitoral e aquela barriga e aqueles braços de
deus grego nus. Me obriguei a virar o rosto, caso contrário
não iria raciocinar direito.

- Eu não tenho culpa se você é distraída Fernanda.- ele falou


meu nome de um jeito estranho, parecia que estava
travando uma batalha interna.

Só posso estar ovulando. Que fogo é esse Nanda?, pensei.

Minha experiência com um bom sexo era praticamente zero,


o único que me fez sentir algo foi Henry, mas nunca
passamos das preliminares então....
As poucas vezes em que me submeti foi horrível, encontrar
um parceiro que esteja tão disposto a dar prazer quando
recebe é muito difícil. Todos com quem dormi até ali só
pensavam em seu próprio prazer. A não ser quando me
tocavam e quando isso acontecia nunca faziam direito, o
que levava a fingir os "maravilhosos orgasmos" que nunca
existiram.

Perdi minha virgindade com Greg, um amigo de Ian. O idiota


me levou em um motel e enquanto transava comigo, ficava
se admirando no espelho e se gabando. O lado bom é que
terminou logo. Depois disso eu fugi dele.

Quando os olhos de Dylan percorreram meu corpo um rubor


tomou conta de meu rosto.

- Eu já estava de saída. Tenha uma péssima noite, idiota.

Ele continuou parado no mesmo lugar.

- Licença Dylan. - falei próxima a ele.


Um calor gostoso emanava de seu corpo. Nossa
proximidade estava mexendo comigo. Obriguei-me a sair
dali empurrando ele e passando. Subi as escadas correndo e
entrei no quarto me jogando na cama após de fechar a
porta.

- Foco Nanda. Foco. Para de pensar nesse garoto. - falei em


voz alta, peguei meu travesseiro e coloquei na cara
tentando sufocar um grito de frustração.

Ouvi a porta abrir e a chave girar trancando-a. Tirei o


travesseiro e vi ele se aproximando de forma lenta e
sensual, meu coração falhou em uma batida.

- Dylan sai do meu quarto agora. - falei me sentando.

- Vou sair depois que eu... - exitou por uns segundos, fechou
os olhos e respirou profundamente e então me incendiou ao
dizer - foder você, Fernanda. E não fala que você não quer
porque seu corpo diz o contrário.

- Eu não quero. Sai daqui. - menti e, eu iludida pensando


que ele ia sair.

Dylan caminhou até mim, subiu na cama encaixando uma


perna entre as minhas, prendendo-me na cabeceira,
impossibilitando minha saída, seu rosto estava tão próximo
do meu que sua respiração fazia cocegas em meus lábios.

- Você não quer Nanda? - sussurrou com uma voz rouca.

- Que você me foda? - me fiz de sonsa e ele não respondeu.


- A gente não pode fazer isso Dylan. - murmurei engolindo
em seco.

Ele beijou minha orelha, descendo pelo meu pescoço e para


a curva dos meus seios tirando-me do sério. Então ele parou
e deslisou as alças finas de minha camisola fazendo com
que meus seios ficassem amostra . Lentamente colocou sua
boca ali e começou a passar a língua e mordiscar
levemente, depois foi para o outro enquanto eu segurava o
gemido temendo ser ouvida.
Dylan desceu sua boca lentamente até minha barriga
enquanto sua mão foi para baixo da camisola encontrando
minha calcinha. Seu toque era bom demais.

- Dylan... - Gemi, incapaz de resistir as investidas de sua


lingua.

Ele me olhou com cara de safado. Nesse momento alguém


bateu na porta, dei um pulo e ele subiu levando sua boca
até a minha beijando-me. A batida na porta continuava,
contudo, para nós, não importava. Dylan continuou suas
carícias separando nossos lábios, me olhou sorrindo de lado,
e pôs a mão em minha pele deslizando-a para dentro de
minha calcinha e introduzindo dois dedos em mim, entrando
e saindo enquanto esfregava meu clitóris com o polegar.
Soltei um gemido alto. A batida na porta sessou.

- Shhh... Se você fizer barulho, quem está lá fora vai ouvir. -


sussurou em minha boca - Não faça barulho Nanda. - ele
estava muito sexy com aquela cara de safado - Eu vou
provar você.

Dylan tirou seus dedos de mim e levou aos lábios chupando.

- Tira a calcinha Nanda. - seus olhos estavam em chamas.

Retirei minha calcinha sem desviar os olhos de sua luxúria .


Ficando no meio das minhas pernas começou a beijar minha
coxa e foi subindo até que senti seu hálito na minha vagina.
Soltei outro gemido alto quando senti a língua dele me
invadindo.
Levei sua mão a minha boca sugando seu dedo, e ele fez o
mesmo lá embaixo, passei a língua e ele imitou o gesto no
meu clitóris, chupei forte e assim ele fez. Aquilo estava me
deixando louca de tesão.

- Dylan... - Sussurei sentindo o orgasmo chegar.

Ele intensificou seus movimentos e eu gozei. Fiquei com os


olhos fechados tentando acalmar minha respiração e sem
aviso senti seu pau me invadindo. Doeu um pouco no início,
mas depois foi enlouquecedor. Dylan tomou posse da minha
boca enquanto me fodia com força arrancando muitos
gemidos abafados de mim.

- Porra Nanda, você é muito gostosa. - falou entre os beijos.

E continuou me invadindo com força aumentando os


movimentos até que um segundo orgasmo tomou conta de
mim, travei minhas pernas na sua cintura sentindo ele por
completo e segundos depois ele gozou.

- Gostosa pra caralho. - ele falou dando um chupão no meu


pescoço.

Continuei deitada processando o que tinha acabado de


acontecer com ele deitado do meu lado. Depois de longos
minutos ouvi sua voz próximo ao meu ouvido.

- Onde fica o banheiro, Nanda? - Ele passou a língua no meu


pescoço causando arrepios.

Apontei para porta do outro lado do quarto. Levantou-se e


caminhou pelo quarto retirando a camisinha que nem havia
visto ele colocar. Aproveitei para admirar sua bela bunda e
suas pernas musculosas e aquela costa, enfim ele todo.

- Gostoso pra caralho. - sussurrei imitando suas palavras.


Dylan voltou e se deitou ao meu lado, ficando ali
acariciando meu cabelo.

- O que fizemos Dylan? - sussurei.

- Nós transamos, Nanda.

Revirei os olhos e sorri. Ele continuou do meu lado


acariciando meu cabelo, acabei adormecendo e nem vendo
quando saiu do quarto. A única coisa que eu sabia é que
estava me sentindo leve, muito leve.
Capítulo 4

Acordei com o celular gritando. Minha mente demorou um


pouco para clarear. Olhei em volta procurando e encontrei
ele em cima da cômoda.
Tinha vinte chamadas perdidas da Cris, três do Abner e dez
do Ian, e outras vinte do James. Droga, tinha me esquecido
que meu irmão iria me ligar.
Olhei para o celular,o relógio marcava oito e meia.

- Droga. - chinguei.

Eu tinha perdido a hora, fui levantar e senti meu corpo todo


dolorido, trazendo lembranças da madrugada com Dylan.
Me arrastei para o banheiro, tomei um banho rápido. Vesti
um cropped, um short jeans e um tênis, amarrei meu cabelo
num rabo de cavalo, peguei minhas coisas e desci as
escadas correndo. Ouvi vozes na cozinha e fui até lá.

- Oi e tchau. - falei pegando um pedaço de bolo assim que


entrei na cozinha.

Ella, meu pai e Dylan tomavam café da manhã. Evitei olhar


para o Dylan, mas sabia que este me encarava.

- Está atrasada minha filha? - papai perguntou me


encarando porque eu nunca fazia isso.

- Perdi a hora papai.- respondi pegando um copo de suco.

- Quer que eu te leve para faculdade Nanda? - Dylan


perguntou.

Me forcei a agir naturalmente olhando para ele. Mas antes


de responder meu celular tocou, era o Ian.
- Oi.

- Nanda. Tô esperando você aqui fora.

- Tá bom Ian. Já estou saindo.

Desliguei o celular me virando para despedir das pessoas


ali. Dei de cara com espelho, no meu pescoço tinha um
chupão.

- Que merda!- quase soltei um palavrão, desamarrando o


cabelo em seguida.

- Que modos são esses Fernanda?

- Desculpa pai, Ella foi mal. - minha madrasta sorriu


compreensiva - Tchau gente. Vou pra faculdade com o Ian.

Eu estava parecendo um pimentão. Sai de casa correndo. Lá


fora encontrei Ian encostado na sua moto, ele sorriu quando
me viu.

- Bom dia. - dei um beijo em sua bochecha.

- Bom dia bela adormecida. Aconteceu alguma coisa?

- Não! Nada. - falei rapidamente - Vamos Ian?- ele me


entregou o capacete

- Sobe aí gata. - ele fez gracinha depois que coloquei o


capacete.

- Idiota!

Subi na moto segurando meu amigo porque a moto era


grande, abracei sua cintura e lá fomos nós para
Universidade Umbrella, a universidade mais cobiçada pelos
estudantes depois da Harvard, contudo esta era no Brasil.
Só pessoas com notas altíssimas conseguiam entrar lá, e
ainda assim tínhamos que passar por uma entrevista
minuciosa para tal ato, e depois de muito estudar consegui
ingressar na faculdade.

O trânsito da cidade estava lento. Eu odiava o trânsito de


SAP , as vezes parecia que estávamos dirigindo no
submundo. Parados no sinal vermelho, percebi que Dylan
estava atrás de nós. Mudei o rumo dos pensamentos porque
tudo o que eu menos queria era pensar nele.

Chegamos a faculdade atrasados por sinal.

- Vai entrando Nanda- meu amigo disse - Vou encontrar um


lugar para estacionar.

- Beleza, te vejo lá dentro.

Virei para entrar e senti o celular vibrar. Olhei o visor e abri


um sorriso gigante quando percebi quem era.

-Fer, tudo bem? - a voz animada do outro lado da linha me


fez rir ainda mais.

- Tudo sim. E você como está? Onde está? Já comeu hoje? Tá


fazendo turnê? Está dormindo bem? - bombardeei ele com
perguntas.

- Ei, tô aqui pra falar de mim não.- ouvi a risada dele- Olha
para trás Fer.

Obedeci e assim que o fiz quase deixei o celular cair, sai


correndo sem pensar duas vezes e me joguei nele
abraçando-o com força.

- Ai meu Deus James! - chorei abraçada a ele.


- Oi Fer.

Meu irmão estava mais bonito se é que isso era possível,


com barba e tinha os cabelos mais longos também. Bem
diferente de como foi embora. Ele era a única pessoa que
sabia das coisas que eu fazia, o único que sabia do meu
segredo. Nos separamos e ele me olhou.

- Você cresceu Fer e tá mais bonita . - eu ri.

- E você tá parecendo velho. - ele riu

- Só vim aqui te ver, agora você já pode entrar.

- Não - protestei - Quero ficar com você.

- Teremos tempo irmãzinha.

- Não teremos não, daqui a pouco você vai embora e me


deixa de novo.

- Não! Eu voltei pra ficar. - falou zombeteiro - Que horas


acabam suas aulas?

- As 12:30, esteja aqui James ou eu vou te caçar.

- Me ameaçando Fer? - falou debochado.

- Não querido irmão. Avisando, você sabe que não sou de


ameaçar. - brinquei

- Tá legal dona perigosa. Te pego aqui as 12:30.

Nos despedimos e sai caminhando, antes de afastar ainda


mais, virei e gritei.

- James, te amo. - joguei um beijo pra ele


- Também te amo Fer.

O resto da manhã passou agitado, metade da faculdade


estudava e a outra metade estava arrumando o salão do
baile. A ansiedade só aumentava para querer falar com meu
irmão. Quando a última aula acabou sai quase correndo da
sala, depois de falar para o Ian que alguém vinha me
buscar.Eles acharam estranho mas não falaram nada, não
que não quisessem falar nada porque a cara deles contava
tudo, principalmente porque ficaram encarando meu
pescoço a aula inteira. Não só eles né, a sala toda.

Sai andando apressadamente pelo corredor e dei um


esbarrão no Dylan quase caindo no chão, contudo ele me
segurou antes disso acontecer.

- Tá com pressa Nanda? - perguntou próximo do meu rosto,


meu coração falhou uma batida.

- Um pouco Dylan. Você pode me soltar agora. Acho que já


me equilibrei. Obrigada.

Seus olhos verdes caminhavam pelo meu rosto, na mesma


hora senti ele esquentar.

- Quer uma carona? Ou você vai com aquele seu amigo?

- Não vou com o Ian. Mas alguém vem me buscar.- falei


rapidamente sentindo a quentura de sua mão na minha
cintura - Mas obrigada.

- Beleza nos vemos em casa então. - falou com uma voz


estranha. - Ah, desculpa por isso, acho que fiquei
empolgado demais - disse passando a outra mão no meu
pescoço. - Você é tão linda sabia?Agora entendo porque o
Hen....
Ele iria dizer alguma coisa mas parou e ficou olhando
intensamente para mim.

Meus olhos se mantinham fixos em sua boca, lembranças da


nossa noite voltaram a minha mente, senti o coração
acelerar. O lado racional do meu cérebro pedia para eu ir
embora, contudo o outro lado pedia outra coisa. Me
aproximei dele mais ainda e o beijei. Dylan me prensou
contra a parede e nos beijamos intensamente. Quando nos
separamos ofegantes, empurrei ele gentilmente.

- Desculpas aceitas. Agora eu tenho que ir, nos vemos em


casa. - sussurei próximo a seus lábios.

Sai dos braços de Dylan e caminhei para o lado de fora com


vários olhares daqueles que presenciaram nosso beijo, e
olhares surpresos dos meus amigos. Por que até onde
sabiam o Henrique era meu crush, e realmente era até o
Dylan aparecer.
Avistei James no estacionamento e corri para perto dele,
recebendo um beijo no rosto.

- Vamos dona perigosa.- perguntou abrindo a porta do carro.

- Claro que sim irmão.

Conversamos sobre tudo durante a tarde toda. Estar com


ele me fazia bem. Almoçamos em um restaurante, depois
fomos ao parque de diversões e tomamos sorvete antes de
seguir pra casa. No caminho James tocou num assunto
delicado pra mim, tocou no assunto Henry.

- E então Fer, já conseguiu descobrir os responsáveis pela


morte dele.

- Não. A proteção do sistema deles é alta. Não consegui


passar nem pela primeira criptografia, eles vão me dar
trabalho, já está sendo bem difícil. Toda vez que eu acho
que passei eles me atacam e sou jogada pra fora do
sistema. - suspirei - Mas uma coisa eu te garanto. A polícia
não tem nada com isso.

- Sim é difícil, mas não impossível. Não pra você Electra. A


hacker mais procurada de todo o universo.

- Não tenha dúvidas James. Pode demorar um pouco, mas


vou pegar esses desgraçados. Ah se vou. - por hora decidi
não falar mais nisso - E então senhor O'Connor...o David
sabe que o senhor voltou?

- Não! Mas vai saber agora.- entramos na garagem de casa.


- Isso vai ser ótimo.

- Vai mesmo. - concordei - Preparado pra conhecer sua


madrasta e seu novo irmão? - zombei.

- Irmão? - falou sorrindo - Não acho que irmãos transam Fer.


- debochou ele porque eu bem linguaruda contei do Dylan.

- Cala a boca James! - dei um tapa em seu braço.

Ele gargalhou e nos encaminhamos para a escada. Subimos


abraçados, a esta hora nosso pai estava na sala de jogos e a
julgar pelo silêncio na casa os outros estavam com ele.
Entrei primeiro na sala, e como havia imaginado todos
estavam ali.

Caminhei até meu pai sentando ao seu lado no sofá com um


sorriso no rosto, dando um beijo na testa dele.

- Que alegria é essa Nanda? - perguntou estranhando meu


sorriso.

- Deve ter ficado com o Henrique papai. - Carla zombou


-Eu não preciso de homem pra ser feliz Carla. - cuspi as
palavras depois ri de novo - Na verdade preciso sim, de dois
homens para ser feliz. Papai quero que você veja alguém. -
falei me levantando.

Ella olhava para nós sem entender nada. E Dylan meio que
sabia, pois ele tinha visto eu sair da faculdade com o James,
e agora estava me olhando com a cara fechada.

- James. - chamei e ele entrou na sala.

- Família, voltei! - meu irmão disse com os braços abertos.

- James? - Carla gritou e assim como eu se jogou nos braços


dele.

David por mais que quisesse parecer durão estava com os


olhos cheios de lágrimas.

- Meu filho. Você voltou - falou com a voz embargada.

Deixei eles matarem a saudade, sentei no sofá e Dylan


sentou ao meu lado apoiando seu braço no meu ombro. A
atração que sentíamos era muito forte, aquele simples
toque me deixou sem chão, sentindo o rosto esquentar. Ella
olhou em nossa direção demorando alguns segundos e indo
até os três se apresentar pro meu irmão.

Passado o momento de euforia, fomos jantar. Conversamos


animadamente. James resolveu dar um tempo na sua
carreira de cantor e passaria a morar conosco novamente.

- Já tenho sua primeira missão irmão. - falei lembrando do


baile de sábado a noite.

- Qual missão dona perigosa?


- Você irá ao baile comigo.

- Tudo para te fazer feliz minha dama. - ele debochou

- Sabia que ia concordar mi lorde. - como eu gostava de ter


ele aqui novamente.

Terminamos a refeição, David e a esposa se retiraram e nós


voltamos pra sala de jogos. Carla desafiou James a jogar
God Of War com ela, a garota era boa, já tinha zerado esse
jogo uma cinco vezes se não fosse mais. Dylan e eu fomos
assistir.

Acabou que adormeci no sofá ao lado dele, depois de um


tempo ouvi vozes.

- Deixa que eu a levo James. - era a voz dele.

- Beleza. Vou ganhar da Carla aqui.

- Vai sonhando vai.

Senti os braços dele em volta da minha cintura e fui


carregada com facilidade até o meu quarto. Assim que
entramos despertei.

- Pode me soltar Dylan. -Falei sonolenta.

Ele me soltou, fui no banheiro, ouvi passos saindo do


quarto,escovei os dentes, tomei um banho colocando e meu
pijama voltei para o quarto, e encontrei uma bela visão
estirada na minha cama apenas com uma calça de moletom
preta.

- Tá fazendo o que aqui? Achei que tinha voltado para o seu


quarto.

- Quero conversar com você Fernanda.


- Pode falar. - deitei perto dele

- O que aconteceu ontem não vai mais se repetir.

- Você me viu correndo atrás de você Dylan? Implorando pra


me foder de novo? - falei parecendo indiferente

- Que bom que você entende.

- Ótimo. Agora por favor sai do meu quarto.

Ele não se levantou, ficou lá me encarando e então


lentamente me puxou pra ele. Ficamos com o rosto bem
próximo um do outro.

- O problema Fernanda é que você me atrai mais do que


imagina.

Meus olhos estavam grudados nos dele. Não falei nada por
medo de me entregar, mas minha pulsação acelerou e
minha respiração ficou pesada assim como a dele.

- Dorme aqui comigo. - pedi

- Nanda...

- Só dormir Dylan.

- Se eu ficar aqui não vamos dormir.

- Tá bom então.

Decidi ignorar o fato dele querer sair mas continuar ali


deitado. Fechei os olhos, sentindo o calor do seu corpo
próximo ao meu. Sua mão tocou meu rosto, abri os olhos e
o encarei. Então nos beijamos e assim que nossas bocas se
separam ele levantou e saiu.
Fiquei lá tentando processar tudo o que estava
acontecendo. Era loucura, mas resolvi ligar o botão do foda-
se. Não consegui mais dormir, depois de horas virando de
um lado para o outro levantei e fui a cozinha tomar água.
No corredor ouvi vozes alteradas vindas da biblioteca, era a
Ella e o Dylan, me aproximei tentando não fazer barulho e
fiquei ouvindo atrás da porta.

- ...você sabe o motivo de estarmos aqui Dylan. - dizia ela

- Não aconteceu nada mãe!

- Você acha que eu sou idiota? Eu ouvi vocês dois ontem.


Olha para o pescoço dela e para o seu peito, as marcas que
vocês deixaram um no outro. Meu Deus Dylan! - falou
exasperada - Você acha que o Henry aprovaria isso. Seu
irmão está embaixo da Terra e você apaixonado pela
namorada dele.

Meu cérebro deu um branco. Irmão do Henry? Como assim?


Me asfatei esbarrando numa bancada derrubando um vaso.
Corri de volta para o meu quarto trancando a porta antes de
alguém me ver. Deitei na cama e chorei pelo que pareceu
uma eternidade. Que idiota eu fui. Muito idiota. Era por isso
que o Dylan era a cópia do Henry.

Passado o momento de tristeza resolvi fazer meu trabalho e


descobrir quem realmente eram as pessoas morando em
nossa casa. Peguei meu computador e enviei a ordem para
o meu pessoal. Mais pessoas trabalhando significava mais
eficiência.

Eu sei que já é tarde mais preciso da ajuda de vocês


pra investigar duas pessoas.
Ella e Dylan Spencer.
Façam o que estiver ao seu alcance, preciso de
respostas pela manhã.
Apertei o enter e enviei a mensagem criptografada para os
meus hackers. Menos de um segundo eles começaram a
trabalhar, pela manhã obteria as respostas.
Capítulo 5

Mansão dos O'Connor 5:00 AM

Não preguei o olho a noite toda, fiquei remoendo aquilo que


ouvi na biblioteca. Por precaução apaguei as imagens das
câmeras de segurança depois de entrar no quarto. Se aquilo
fosse realmente verdade a Ella tinha se aproximado do
David por um motivo, e isso jamais iria tolerar.

Mas se eu falasse diretamente com o papai ele não


acreditaria. Diria que é implicância, então eu tinha que
reunir provas. Não conseguia tirar os olhos do Notebook
desde que eu tinha enviado a mensagem, então ouvi o som
de uma mensagem chegando, peguei ele e abri o e-mail,
era Space. Sorri porque já imaginava que ela iria conseguir
o que eu queria. Não que os outros não fossem
competentes, mas ela era excepcional. Confiei neles porque
não estava com disposição para invadir sistemas.

Na tela um Dossiê era exibido. Meu coração acelerou e


minha boca ficou seca lendo as palavras que saltavam da
tela:

Ella Genevieve Spencer

Data de nascimento: 06 de novembro de 1980 - 39


anos
Endereço: Diamond Street, 286, Mansão O'Connor,
SAP.

Endereço Anterior: Flowers Street, 1608, Mansão dos


Spencer, SAP.

Número do celular: ⁹9753-4856


Número da Identidade: 897-56-2032
Ocupação: CEO na Empresa Spencer Engenharia.

Cônjuge Atual: David O'Connor

Orientação Sexual: Hétero

RELACIONAMENTOS: Casou-se com Lorenzo Spencer (


empresário e chefe da Máfia Italiana Viper), quando
tinha quinze anos. Um ano depois deu a luz a gêmeos
Henry Spencer e Dylan Spencer.

Lorenzo foi morto por integrantes da máfia rival com


um tiro na cabeça depois de ser torturado por dias.
Henry Spencer assumiu o comando com dezenove
anos porque era o mais "velho" e um ano depois foi
morto pelo que dizem, por policiais.
Não se tem relatos de quem seja o chefe de Viper
atualmente.
Mudaram-se para SAP logo após a morte de Lorenzo.

****

Dylan Spencer

Data de nascimento: 08 de agosto de 1996 - 23 anos


Endereço: Diamond Street, 286, Mansão O'Connor,
SAP.

Endereço Anterior: Flowers Street, 1608, Mansão dos


Spenser, SAP.

Número do celular: ⁹9778-9008


Número da identidade: 479-08-9676

Ocupação: CEO na empresa Spencer Engenharia,


Cursa o último ano de administração na Universidade
Umbrella
Cônjuge: Não encontrado

Orientação Sexual: Hétero

Relacionamentos:
Namorou Luara Menezes por três anos. O término do
relacionamento se deu porque esta teve um caso com
o melhor amigo do rapaz.

Não há registros de outros relacionamentos a não ser


ficadas casuais.

Fiquei encarando a tela do Notebook, nas informações sobre


o Henry tinha uma parte toda coberta de preto onde dizia
relacionamentos, a parte onde com certeza me descrevia.
Isso com toda certeza se deu graças a influência do David.

- Não acredito que isso tá acontecendo comigo. - sai do


quarto para falar com James. Antes de seguir vi Dylan sair
do seu quarto sem camisa e com um short de moletom.

Tive que reunir toda a minha força de vontade e fingir muito


bem que nada tinha acontecido. Fui para as escadas com o
pensamento acelerado.
"Controle seus sentimentos Fernanda. Não demonstre eles
para ninguém quando uma situação não te favorecer" a voz
do Henry veio a minha mente. Aquilo não estava
acontecendo, segui para as escadas agindo naturalmente,
desci o mais depressa possível e fui para a piscina.

Eu estava tendo uma crise de pânico, meu coração batia no


ouvido, minhas mãos suavam e não estava conseguindo
respirar, tinha uma pressão no meu peito muito grande.
Sai correndo e pulei na piscina com roupa e tudo sem
raciocinar direito, a água gelada me engoliu. O choque me
fez engolir água, o que me deixou mais apavorada do que
eu já estava, comecei afogar. Um segundo depois senti um
braço me envolver e me tirar da piscina.

Assim que sai comecei a tossir cuspindo água, o ar voltou


aos pulmões. Encontrei um certo par de olhos verdes em
mim furiosos.

- Tá tentando se matar Fernanda? Você está louca?- Dylan


esbravejou

- Tira suas mãos de mim - falei tossindo empurando suas


mãos para longe de mim.

Levantei e sai andando de volta para a casa, com ele atrás


de mim. Antes que conseguisse abrir a porta fui agarrada e
prensada na parede por um corpo musculoso que ficou
muito colado no meu. Sem querer comecei a comparar o
Henry e o Dylan.
O Henry não tinha esses músculos, tinha uma pinta do lado
direito do rosto, seus olhos eram castanhos e ele era mais
baixo que o Dylan, um era gentil enquanto o outro era pior
que o Sherek.

Ninguém falou nada, dava para ouvir nossa respiração.


Tentei empurrar ele, mas minhas mãos foram erguidas a
cima da cabeça e segurada por uma mão forte. E a outra
mão permaneceu na minha cintura. Bem lentamente ele
aproximou seu rosto do meu e me deu um beijo selvagem.
Perdi o chão porque eu anciava pelo toque dele, mexi o
braço e ele os soltou, envolvi seu pescoço retribuindo o
beijo.

Dylan me levantou e envolvi sua cintura com as pernas


enquanto suas mãos seguravam minha bunda.

Próximo dali havia um quarto onde eram guardados as


coisas de higienização da piscina, ele me carregou até lá
abriu a porta, assim que entramos me colocou no chão e
voltou a me prender na parede. Meu pijama estava colado
no corpo encharcado, mas eu não estava sentindo frio.
Dylan tirou minhas roupas sem tirar os olhos dos meus e
depois fez isso com sua roupa também, e ele já estava bem
duro.

Dylan me ergueu na bancada que tinha no quarto, me


penetrando arrancando um gemido alto de mim.
Voltamos a nos beijar enquanto ele entrava forte em mim, a
sensação de tê-lo dentro do meu corpo era inebriante. A
essa altura meus gemidos estavam cada vez mais altos, os
gemidos dele também.

Sua mão segurava meu cabelo e a outra minha cintura,


meus braços envolviam seu pescoço. Dylan acelerou o
ritmo, senti as ondas do prazer chegando.

- Goza para mim Fernanda. - a respiração forte em meu


ouvido me arrepiou.

E eu gozei me segurando nele, e ele gozou em seguida.


Ficamos ali abraçados nossas respirações e batimentos
voltando ao normal.
Dylan me abraçava como se não quisesse mais me soltar,
ele se inclinou lentamente ainda dentro de mim e uniu
nossos lábios de novo. Ele estava exitando, parecia querer
dizer algo.

- Fernanda...

- Eu sei Dylan. Isso não pode mais acontecer. Você está


certo. - senti um aperto no peito ao dizer as palavras, não
era como se eu estivesse apaixonada por ele. Afinal teria
que vê-lo todos os dias.
- Vamos fingir que nada aconteceu? - perguntou erguendo
as sobrancelhas grossas.

- Vai ser melhor para nós dois Dylan. Isso foi um erro desde
o início. Um erro que não pode mais acontecer. - disse firme.

Ele saiu de mim e se encostou na bancada, na hora senti os


efeitos do sexo intenso a alguns minutos atrás, minhas
pernas estavam bambas e meu corpo estava mole. Desci da
bancada e vesti as roupas encharcadas que agora estavam
ainda mais geladas me causado calafrios, tentando parecer
calma. Olhei para ele enquanto se vestia, de certa forma eu
sentia que estava traindo a memória do Henry. Se fosse
com qualquer outro não me sentiria assim, mas era com a
porra do irmão dele.

Abri a porta e sai sem olhar pra trás, porém sabia que ele
estava logo atrás. Entrei em casa e encontrei James
descendo as escadas.

- E aí princesa. O que aconteceu? - perguntou olhando- me


de cima a baixo preocupado.

- Me afoguei James. - dei uma resposta curta.

- Se afogou? Sério Fer?- falou desconfiado - Você nada


melhor que eu.

Dylan entrou em casa também e meu irmão fechou a cara.

- Deixa eu adivinhar. A Fer se afogou e você salvou ela?

- Sem drama James. - falei - Eu vou subir. - cara o James


sabia como ser dramático.

O homem atrás de mim só observava sem dizer nada.


- Você não vai subir senhorita Fernanda, até me dizer a
verdade. - falou sério, meu irmão nunca falava sério.
Ciúmes talvez?

- O que você quer ouvir James? - deixei meus sentimentos


saírem - Que eu não dormi a droga da noite toda? Que eu
estava precisando tomar um ar? Ou que eu tive uma crise
de pânico e pulei na piscina para me livrar disso e acabei
afogando?

- Fernanda...

- Cala a boca Dylan! - falei brava

E para completar o drama familiar, David e Ella desceram as


escadas felizes da vida. Na hora perceberam o clima
pesado. Eu estava furiosa, James e Dylan estavam irritados.

- Posso saber que clima é esse? - Meu pai falou.

- A Fer caiu na piscina e se afogou. E nosso irmãozinho


salvou ela. - debochou James.

- Você sabe nadar Nanda, como é que conseguiu se afogar?


- David esperava uma resposta.

- Meu Deus! - exclamei - Eu estou molhada e o Dylan


também, tá um frio do caramba aqui e não estou com
paciência e nem disposição para explicar de novo. Com
licença. Pergunta para o James que já expliquei para ele.

Empurrei o James e subi as escadas, indo direto pro meu


quarto me trancando lá.

Agora de banho tomado e com roupas secas, peguei minhas


coisas e as chaves do meu carro, descendo para tomar café.
Eu estava com uma calça preta com botões na lateral e uma
camisa da mesma cor, não tinha passado maquiagem.
Quando entrei na cozinha senti o peso do olhar do David,
estavam todos ali, caminhei me sentando perto da Carla.

- Bom dia! - falei

- Bom dia Nanda! - Carla falou animada - Você está bem? Tá


com uma cara péssima.

- Muita coisa da faculdade na minha cabeça. - menti - E caso


você ainda não saiba..- fiz uma pausa dramática - quase me
afoguei agora a pouco.

- Como assim? - perguntou ela escandalosa como sempre.

- Tive uma crise mais cedo, achei que se pulasse na piscina


iria melhorar, mas quando fiz isso a sensação da água
gelada só piorou, me desesperei e me afoguei. Sorte que o
Dylan apareceu bem na hora e me tirou da piscina.- falei
mordendo um pedaco de bolo.

Por mais que a situação fosse desagradável,tinha que agir


normalmente eles desconfiariam de algo.

- Obrigada Dylan. Por ter sido meu herói. - ironizei

James me olhava com cara de poucos amigos, resolvi fazer


as pazes com meu irmão e com o David. Levantei e
caminhei até meu pai abraçando seu pescoço e dando
vários beijos na bochecha.

- Desculpa velho. Eu sei que ultimamente eu estou sendo


uma péssima filha, é por causa da faculdade. Aquilo lá tá
me matando e ainda estou fazendo meu TCC. Desculpa. - fiz
cara de gente inocente. - Vai papai, desculpa. - ele abriu
aquele sorriso lindo - Sabe Sr. O'Connor, as vezes dá
vontade de guardar esse seu sorriso num potinho para ficar
olhando para sempre.

- Tá bom puxa saco. - era a voz de James emburrado.

- Tá com ciúmes coisa feia. Nem parece que já tem cem


anos. - disse rindo.

- Cem anos sua bunda sua piralha.

Fui até ele beijando sua bochecha.

- Desculpas aceitas. - ele falou.

No outro lado da mesa Carla e Dylan conversavam


animadamente. Senti um pouco de inveja porque as coisas
entre ele e eu estavam muito mais complicadas. Ella
percebeu meu olhar e se demorou encarando-me, fiz a
mesma coisa e percebi muito do Henry nela, o que fez meu
coração se apertar e meu olho se encher de lágrimas. Sai da
mesa me despedindo e fui para a garagem, entrando no
meu Volvo XC90. O carro era muito prático, a bateria
recarava sozinha enquanto eu dirigia e era super
confortável, além de andar sozinho. Nele também tinha sido
instalado um sistema inteligente que havia pedido para o
David, então meu Volvo falava comigo.

Hoje era sexta-feira o que queria dizer que o baile era


amanhã, então teria que comprar um vestido para este
show. Cheguei na faculdade praticamente junto com o
Dylan, estacionei e sai do carro não me dei o trabalho de
olhar para ele, contudo senti seu olhar em mim.

Na entrada da faculdade Abner estava parado pensativo.


Chegando mais perto vi que ele estava com marcas roxas
pelo rosto e seu olho estava inchado.
- O que aconteceu? - perguntei sem rodeios.

- Não quero falar sobre isso. Vamos entrar? - perguntou.

- Vamos. - passei meu braço pelo dele e caminhamos


conversando. - Mas não pense que vou esquecer desses
hematomas Sr Abner.

As aula passou voando e logo estavamos no pátio. A Cris e o


Ian foram comprar comida, a gente vivia para comer.

- Abner o que aconteceu? - perguntei de novo, ele não


parava de olhar para um grupo de rapazes onde o Dylan
estava.

- Não foi nada Nanda. Só tive azar de estar no lugar errado.

- Você sabe que se não falar eu vou descobrir de qualquer


jeito né? Mas eu preferiria ouvir da sua boca. - pressionei
mais um pouco.

- Eu sai com um boy ontem, foi maravilhoso. Mas quando


estava voltando para casa passei perto de um grupo de
rapazes, - parou de falar olhando para o grupo - eles me
cercaram gritando chingamentos e me espancaram. Acho
que tenho que fingir mais da próxima vez. - falou triste.

Abner por ser gay enfrentava muitos problemas com


homofóbicos em todos os lugares em pleno século vinte e
um.

- Fingir? - perguntei indignada - Abner, você não tem que


fingir ser quem não é para se encaixar nesta sociedade de
merda, você é a melhor pessoa que eu conheço e as
pessoas que não gostam de você que se fodam. - falei cheia
de raiva, porque eu podia sentir a dor do meu amigo. - Você
foi na polícia?
- Não! Eles tem poder Fernanda. Quem você acha que sairia
ganhando?

- Quem foi Abner? - perguntei porque ele não parava de


olhar para os rapazes.

- Ninguém. - respondeu evasivo.

- Quem foi Abner?

- Foi o Taylor. - respondeu. Taylor era realmente um babaca,


mas isso tinha sido a gota que faltava para transbordar o
copo.

Levantei deixando minhas coisas no banco.

- Ótimo! - andei na direção dos rapazes.

Estavam todos rindo de uma piada que o escroto do Taylor


tinha contado. Me aproximei e fui recebida com gracinhas.

O Taylor se virou para mim e sem pensar duas vezes acertei


um soco no olho dele, que fez com que cambaleasse para
traz quase caindo.
Henrique e Dylan que estavam conversando ficaram
boquiabertos. O silêncio reinou.

- Sua puta do caralho. Você quer morrer. - cuspiu cheio de


ódio.

Eu fui pra cima dele de novo.

- Você quer Taylor? - falei olhando-o nos olhos - Porque se


você encostar num fio de cabelo do Abner de novo você
morre seu monte de lixo.

- Isso tudo é por causa daquela bicha? - riu e eu acertei


outro soco nele, dessa vez no nariz que sangrou
imediatamente. Minha mão ficaria roxa com certeza.

Marcos o melhor amigo dele encarava espantado com toda


a situação. Os garotos começaram a cochichar enquanto
Taylor estava cada vez mais enfurecido. Eu já tinha feito
meu serviço então me virei e andei. Então escutei a voz
irritante dele.

- Mantenha sua cadela longe de mim Dylan.

Tudo pareceu ficar em câmera lenta. Ian que tinha voltado e


Abner foram pra cima dele, e eu também mas Henrique me
segurou, mas quem socou a cara daquele escroto foi o
Dylan.
Taylor caiu no chão cuspindo sangue, enquanto meu
"salvador" falou ameaçador.

- Eu quero você na base hoje e nem pense em querer fugir,


ou já sabe.

Eu sabia! Sabia! Como não notei os sinais?

- Don por favor. Isso não vai se repetir. - suplicou ele - Por
favor Don.

- Não seja medíocre Taylor. Você fez um juramento e acabou


de quebrar.

Não queria ouvir mais nada. Sai dali com meus amigos.

- Caramba Nanda! Não sabia que você tinha um gancho de


direita tão forte. - Cris estava admirada.

- Nem eu.- nós rimos. - E Abner, se isso por acaso acontecer


de novo. - fiz uma pausa olhando para ele. - Não exite em
falar comigo, e se você quiser ir a delegacia, vamos agora
mesmo.
- Não. Você já ensinou uma lição aquele escroto. Obrigada
Nanda.

Na sala todos os alunos só falavam da nossa briga.


Cochichos por todos os cantos até os professores queriam
saber da fofoca. O que quer dizer que as próximas aulas não
foram aulas e sim enrolação. A essa altura minha mão
latejava e estava inchada.
Dei graças a Deus quando enfim fomos liberados e pude ir
para casa. Despedi do Ian e da Cris com a promessa de que
amanhã viriam a minha casa para nos arrumarmos para o
baile. Dei carona para o Abner porque estava louca para
contar tudo o que estava acontecendo para ele.

Éramos amigos sei lá, desde sempre e depois que o James


foi embora nos aproximamos ainda mais. Ele tinha me
ajudado a tomar conta da Carla.

Liguei o carro e obedeci seus comandos para que ele


pudesse guiar sozinho.

- Conta tudo Nanda. - falou empolgado.

- Então....- comecei - Eu transei com o Dylan.

- Não! - falou olhando para mim com um sorrisinho no rosto.

- Sim. Duas vezes e faz o que? Uma semana que eles estão
em casa? Eu tô ficando louca amigo? Pode me dizer.

- Eu acho que você estaria louca se não tivesse transado


Nanda. Meu Deus - ele riu - eu ia dar pra ele todo dia.

Rimos ainda mais.

- Não! Eu não vou fazer isso. Sabe por que?


- Por quê?

- Porque o Dylan é irmão do Henry.

- Não acredito! FERNANDA!!!

- E tem mais. - falei, eu sabia que nele eu podia confiar a


minha vida - Abner, o que eu vou te contar agora só o James
sabe e agora você também saberá. - ele fez sinal para eu
continuar - Sabe a Electra? A hacker mais procurada em
todo mundo?

- Sim, procurada até pela Interpol, - concordou - daria tudo


para conhecer essa diva maravilhosa e pedir para ela
hackear uns boys magia para mim. Mano se ela consegue
pegar até políticos e policiais corruptos, imagina o tanto de
homem gato e gostoso ela consegue hackear.

Revirei os olhos rindo.

- Você conhece Abner. - brinquei - Electra está aqui na sua


frente.

A cara dele foi a mais engraçada, foi de susto para


incredulidade enquanto me analisava de cima a baixo. Abriu
a boca e fechou várias vezes, depois fez cara de incrédulo
novamente.

- Para tudoooooo. - berrou.

- Ou - reclamei - eu não sou surda não viu.

- Gente eu tô passado. Como nunca fiquei sabendo disso?

- Mona. Se nem a Interpol consegue me achar, quem é você


na fila do pão?
- Seu melhor amigo sua vaca - se fingiu de ofendido. - Mas
deixa eu perguntar uma coisa dona Nanda.

- Fala logo. - dei um empurrão no braço dele.

- O Dylan é gostoso? Ele tem pegada ou é mais um


daqueles marombeiros que nem tem brinquedo?

- Posso te dizer uma coisa bi? - ele fez que sim -Melhor foda
da minha vida. Mas sinto que estou traindo o Henry de
alguma forma.

- Nem vem Fernanda! - chamou minha atenção - O Henry


está morto, o Dylan não e nem você. Seja feliz minha
amiga, não tenha medo de se permitir viver. Afinal o Henry
iria querer que você fosse feliz.

Conversamos o resto do trajeto. Enfim na segurança do meu


quarto pensei em tudo o que Abner havia me dito. Ele
estava certo, eu merecia ser feliz, mas não seria com o
Dylan. A partir de hoje eu fugiria dele, afinal ele era o Don, e
eu não estava disposta a perder mais ninguém.
Capitulo 6

Notas ✍️

Oie. Aqui vocês irão conhecer meu querido Dylan. E


entender o porquê dele ter entrado para a máfia.
Tive que voltar um pouco no tempo para isto.

Espero que gostem.

P.S : Contém cenas de assassinato.

💬 Comenta aí para eu saber o que está achando.

🌟 Vote para impulsionar a história.

Boa leitura 📖
****

Quatro anos atrás... Mansão dos Spencer.

Dylan Spencer

Meu irmão estava insuportável. Só sabia falar da tal


namorada que ele tinha arranjado. Já não aguentava mais.

Henry era o oposto de mim apesar de sermos idênticos, ou


quase. Os olhos e a estrutura física eram diferentes, e ele
tinha uma pinta no rosto que eu não tinha. Era mais velho
que eu três minutos, o que colocou-o no comando da Viper
e não eu. O lado bom disso tudo era que eu podia viver
minha vida, fazer minhas escolhas, mas tinha pena do meu
irmão por que ele não teve.

Henry parecia não se importar em ser o Don ou Chefe como


alguns o chamavam. E agora só ficava se gabando para
mim da tal namorada, Fer se não me engano.

Minha mãe cuidava da empresa que papai havia deixado


para ela e era boa nisso. Enquanto eu cursava engenharia
que gostava muito desde pequeno.
Na faculdade conheci Luara, ficamos algumas vezes e pedi
ela em namoro. Eu gostava dela e a foda com ela era boa,
então seguimos assim mas não tinha amor.

Minha mãe aprovava o Henry com a namorada, disse que


queria conhecê-la mas ele se recusava.

- Vai filho. Eu quero conhecer a moça.

- Non mamma. Non è ancora il momento di presentarti. (


Não mamãe. Ainda não é o momento de apresentar vocês).
- retrucou em italiano.

- Sai che questa relazione non funzionerà bene.( Você sabe


que esse relacionamento não vai dar certo né?). - falei em
italiano também - Quanti anni ha lei? Anche diciannove?
(Quantos anos ela tem? Dezenove também? ) - quis saber,
aquele assunto estava me incomodando. Estava com uma
sensação ruim.

- Fez quinze esse mês! - respondeu fechando a cara,


estávamos em março.

- Uma criança Henry! - esbravejei

- Cuida da sua vida Dylan.

A mamãe só observava sem se intrometer, mas no fundo eu


sabia que ela compartilhava da minha opinião.
Na verdade o Henry era sentimental demais para estar no
comando de uma máfia. Se tivesse que matar, ele matava
mas aquilo acabava com ele.
Um ano depois estávamos tomando café quando ele
recebeu um telefonema que o deixou nervoso. Henry
parecia um animal enjaulado, andava de um lado para o
outro passando a mão pelo cabelo. Eu estava uma sensação
péssima.

- O que foi Henry? - perguntei indo até ele.

- Eles estão indo atrás da Fer. Disseram que vão matar ela
Dylan. - falou nervoso.

Em seguida pegou o celular e ligou para a namorada,


colocando no viva voz para ela não perceber seu
nervosismo. No segundo toque ela atendeu.

- Henry! - falou animada

-Fer, meu amor. - começou demonstrando nervosismo -


Espera um minuto.

- Tá bom!

Ele silenciou a chamada e me entregou o celular. Encarei ele


esperando por uma resposta.

- Fala você Dylan. Eu tô nervoso vou acabar me entregando.

- Pode esquecer. Eu não vou fazer isso Henry. - neguei

- Por favor Dylan. Sua voz é parecida com a minha. E se ela


perguntar se eu pensei no assunto, diga sim. Mas que terá
que esperar.

Peguei o celular e tirei do viva voz.

- Pronto. Tive que resolver um negócio aqui. - tentei parecer


natural.
- Você está bem Henry? Sua voz ficou estranha.

Droga! Ela tinha notado.

- Eu te liguei Fer porque queria te falar um negócio.

- Você pensou naquilo que eu te falei? - perguntou meio


tímida.

- A resposta é sim. Mas vai ter que esperar um pouco


porque tenho uma viagem para fazer. Vou ficar fora alguns
dias. - Ah! A ironia das minhas palavras.

- Tá bom Henry. Quando chegar me avisa. - fez uma pausa e


falou - Tô nervosa, eu sei que não deveria porque foi você
que eu escolhi, mas eu tô nervosa.

Fiquei sem saber o que falar. Tinha entendido sobre o que


ela falava. Por alguma estranha razão no momento em que
ouvi aquela voz meu coração deu uma leve acelerada.

- Henry? Tá aí? - perguntou tirando-me dos devaneios.

- Desculpa. - me apressei em falar - Não precisa ficar


nervosa Fer, vou fazer com que nossa primeira vez seja
maravilhosa. - droga, o Henry deveria estar bravo.

- Eu tenho que ir. Meu pai tá me chamando. Te amo Henry. -


falou

- Só um minuto. - falei para ela, tirei o telefone do ouvido


abafando o som. - Sta dicendo che ti ama( Ela tá dizendo
que te ama) - falei para meu irmão em italiano.

- Dì che l'amo anch'io ( diga que eu a amo também) -


respondeu.

- Fer? - falei com ela novamente.


- Oi?

- Eu também te amo. - ela sorriu do outro lado da linha e eu


também - Tchau.

- Tchau Henry.

O telefone ficou mudo, devolvi para ele que me olhava com


a sobrancelha levantada.
Minha preocupação era evidente, porque conhecendo meu
irmão como eu conheço ele iria atrás das pessoas que
estavam ameaçando sua namorada.

- Se você for atrás deles eu vou também. - tratei logo de


falar.

- Eu não vou Dylan! - se esquivou - Já me afastei dela por


enquanto, o que deve fazer com que se afastem também.

- E quem você acha que está te ameaçando?

- Os russos. - disse pensativo - Tenho a impressão que sei


exatamente quem me ligou. Reconheceria aquela voz de
rato em qualquer lugar.

- Se aceita um conselho Don. Passa longe dos russos. Eles


são perigosos você sabe disso. Turgueniev, não brinca em
serviço.

- Não precisa se preocupar meu irmão. Não vou fazer


nenhuma besteira. E obrigado por falar com a Fer por mim.
Apesar de achar que não deveria ter soado tão íntimo da
minha pequena. - concluiu preocupado e meio irritado, meu
coração se apertou. Tive um pressentimento ruim.

Acabou que ele fez besteira. Na manhã seguinte Henry


tinha sumido. Reuni todo cartel para procurá-lo, contudo foi
em vão. Reviramos SAP e nada dele. Uma semana depois
entregaram os restos do Henry dentro de um caixote na
porta de casa, não deixei minha mãe ver. Ele estava com o
rosto desfigurado, seus braços e pernas estavam do lado do
tronco, tinha cortes profundos por todo seu corpo e um
buraco de bala no meio da cabeça. O único sinal de que era
o Henry era a tatuagem de um dragão entrelaçado em uma
cobra, que ele tinha no braço, está era o símbolo da nossa
máfia.

Minha mãe ficou em estado de choque com a notícia e eu


fiquei louco por ver minha outra metade naquele estado.
Quebrei todo escritório e todo meu quarto. Meus gritos
davam para serem ouvidos do outro lado da cidade,
ninguém podia imaginar a dor que estava dilacerando meu
peito. Enterramos ele com todas as honras em SAP mesmo,
não queríamos levá-lo para a Itália.

Não demorou e a notícia da morte do Henry estava em


todos os meios de comunicação. Logo apareceu uma hacker
com codinome Electra, ela expôs vários órgãos do governo
e policiais corruptos. E o que tinha causado o maior fuzuê,
três Capos da máfia foram presos por causa dela. O líder da
Respiro di morte, o líder da Sanguinare e o líder da Vitale.
Três grandes máfias desestabilizadas pela Electra, contudo
nós ficamos intactos não sabia o por quê.
E não demorou muito a caçada pela hacker começou,
Interpol, FBI e as grandes máfias. Ninguém queria correr o
risco de estar estampado em todas as mídias. Contudo a
garota era esperta e ninguém tinha idéia de onde ela estava
ou quem era ela.

Uma semana depois meu querido tio Dimitri apareceu


querendo assumir o comando junto com Mikhail Barov um
dos chefes russos. Mas é claro, não deixaria ele assumir e
muito menos o conselho faria isso. Pela lei o próximo Don
seria eu, e aquele puto do meu tio não poderia fazer nada
para impedir. Se eu quisesse descobrir quem fez aquilo com
meu irmão teria que estar no comando. Não descansaria até
os responsáveis pagarem pela morte dele, por mais que
tivesse que fazer coisas das quais fosse me arrepender
depois.

E assim foi, me tornei o Don sob os juramentos e princípios


da Viper depois de um pesado treinamento sendo levado ao
extremo e passando pela prova final de execução. Agora
Viper estava sob meu comando, assim sendo buscaria os
culpados pelo assassinato do meu irmão o mais rápido
possível, e depois sairia dessa merda.

Terminei a faculdade de engenharia assumindo o comando


da empresa com minha mãe e sempre que surgia um
problema relacionado a máfia eu resolvia, contudo as coisas
estavam calmas demais o que me deixava preocupado.

(...)

Passaram-se três anos da morte do Henry, eu visitava o


cemitério com frequência e sempre que isso acontecia via
uma garota lá por uns segundos, depois se dirigia para
outro canto do cemitério e ficava sentada horas embaixo de
uma árvore que cobria um túmulo. Apesar de não me
aproximar sabia que era a Fer do Henry. Fiquei lá
observando ela e assim que foi embora me dirigi ao túmulo
para saber quem estava enterrado lá.

"Sarah O'Connor..." Dizia a placa na lápide.


O'Connor era o sobrenome do CEO que minha mãe estava
fazendo negócios. Será que a tal Fer era parente desse
CEO? Isto me deixou curioso. Passei a visitar o Henry todos
os dias e dia sim dia não ela aparecia, e eu como um
lunático ficava observando de longe.
E para meu azar minha querida mãe começou a sair com o
O'Connor e parece que estava gostando dele, então resolvi
fazer uma pesquisa sobre Sarah O'Connor. Descobrindo que
ela era uma médica espetacular e que morreu a sete anos
deixando três filhos, James O'Connor, Fernanda e Carla
O'Connor. David se tornou um mulherengo, já não gostei
disso. Se ele fizesse minha mãe sofrer eu mesmo arrancaria
as bolas dele, mesmo o cara sendo um brutamontes.

Fernanda era a típica boa moça, boa filha, boa irmã, boa
aluna e estudava pedagogia na mesma faculdade que eu.
Engraçado que na parte onde aparecia relacionamento
estava toda coberta de preto, o que confirmou minhas
suspeitas. A Fer do Henry era a Fernanda O'Connor.

- Merda! - praguejei alto.

Acho que terei que conversar com a Ella sobre isso. Mas
como irei abordar o assunto sem magoar ela? Por enquanto
irei deixar isso assunto quieto.

As coisas com a máfia estavam péssimas, duas cargas com


armamentos e munições foram roubadas embaixo do meu
nariz, o que me deixou muito puto da vida. O lado bom é
que conseguimos capturar um verme e eu ia me divertir
muito torturando ele, além disso ia dar uma lição na Luara
porque aquela vadia me traiu com o Jones garanto que eles
irão se arrepender por ter me insultado.

No decorrer do ano nem tive tempo direito de conversar


com minha mãe. E ela também ficou envolvida com
assuntos da empresa, e viajaria para Los Angeles numa
reunião de negócios. Aproveitaria essa viagem dela para por
um ponto final na história da carga e na minha querida
namorada.
Assim que ela viajou fui para o cartel acompanhado do
Taylor e do Henrique, meu consigliere e meu braço direito.
Enquanto andávamos os dois conversavam animadamente,
um assunto em particular me chamou a atenção, eles
falavam da tal Fernanda. Pelo visto ela tinha uma queda
pelo Henrique, coitada esse daí era mais mulherengo que
eu.

- A Nanda pediu para ficar comigo de novo. - falava


Henrique

- E você vai aceitar dessa vez Henrique? - perguntou Taylor


debochado.

- Tô pensando seriamente. Você já viu como ela está


mudada? Mais madura e mais bonita.

Ainda bem que chegamos a minha sala de jogos. Adentrei


com os dois idiotas atrás calados desta vez e encontramos o
rapaz com as mãos acorrentadas nos pilares que usamos
para torturar.

Muito calmamente peguei uma marreta e bati com o cabo


na minha mão fazendo-o sobressaltar. O pânico era visível
nos olhos dele o que me fez sorrir com crueldade, sério meu
lado demoníaco aparecia as vezes. Como eu amava aquela
sensação de estar caçando uma presa, por mais que essa
presa estivesse acorrentada na minha frente, por mais que
eu não gostasse essa vida na máfia tinha me mudado, eu
tinha me tornado um monstro.

- E então - falei olhando para ele - vai me dizer quem


mandou você roubar minha carga?

- Vai pro inferno! Eu não lembro! - cuspiu o homem todo


cheio de coragem.
- Vamos! Mas você verme inútil, vai primeiro. - me aproximei
e dei uma pancada forte com a marreta no tornozelo dele, o
barulho dos ossos se quebrando foi ouvido junto com o grito
do imbecil. - E então? Lembrou agora?

- Vai pro inferno! - disse gemendo de dor.

- Como você quiser filho da puta.

Peguei meu brinquedo preferido, tinha o formato de uma


lança estremamente afiado, o garoto tremeu pois sabia qual
era o seu destino falando ou não. E depois de horas lá
dentro o infeliz morreu, contudo antes falou onde estariam
as cargas, problema resolvido hora de acertar as contas
com a Luara e o Jones.

Sai da sala deixando Taylor e Henrique limpando a bagunça.


Minhas roupas estavam respingadas de sangue, o que me
dava um ar sombrio, significando que assim que eu
entrasse na sala onde os dois traíras estavam eles iam se
borrar de medo.

Entrei e na mesma hora a falsa da Luara caiu num choro.

- Dylan...Dylan por favor não faça nada com a gente. - falou


entre soluços enquanto o Jones olhava fixamente um ponto
atrás de mim.

Além de ser meu melhor amigo e o antigo consigliere era


também um de meus melhores homens, mas as regras era
claras a respeito de traição, os culpados deveriam morrer.
Mas como ninguém sabia do ocorrido, ia apenas dar uma
lição neles. Peguei minha faca e fiz um corte no belo rosto
do Jones pegando abaixo do olho até a curva do queixo, ele
gemeu de dor. Fiz a mesma coisa com a Luara só que no
braço, não me senti bem com aquilo mas não poderia dar
ao luxo de voltar atrás com minhas decisões. Princípios
eram princípios e ao optar por não matá-los eu já havia
quebrado.

- Vocês vão ficar presos aqui. Caso sobrevivam sem pegar


uma infecção deixarei os dois irem. - sai da sala trancando-
os nela.

Nesse meio tempo tudo passou voando, os dois não


morreram mas estavam com um machucado horrível.
Recuperamos a carga mas não foi fácil, teve um tiroteio e
uma bala me atingiu de raspão no braço.

Com o passar do tempo minha mãe se envolveu mais com o


O'Connor, nos conhecemos em uma reunião da empresa e
soltaram a bomba que se casaram em Las Vegas, quase tive
um surto porque no fundo eu sabia o que isso significava.
Não tinha contado para a Ella sobre a Fernanda e para meu
azar iríamos morar na mesma casa. Claro que eu tinha a
opção de não ir porém não deixaria minha mãe sozinha,
aparentemente o David era bom para ela, mas isso eu iria
descobrir.
Eles fariam um jantar na nova casa para contar para as
filhas, o jantar seria amanhã, então hoje teria que ter uma
conversa com minha mãe.
Para piorar a faculdade foi um porre, os assuntos da máfia
estavam me consumindo, o assunto Fernanda estava
acabando comigo, resolvi ir falar com o Henry.

- Como se ele fosse me responder. - ri da ironia.

Acabou que não me demorei lá, mas antes de sair algo me


chamou a atenção, um homem parado observando alguma
coisa não consegui identificar quem era, contudo poderia
ser coisa da minha cabeça então voltei para a casa esperar
minha mãe.
Tomei um banho gelado para por minhas ideias no lugar.
Peguei o dossiê e desci assim que ouvi minha mãe lá
embaixo, encontrei ela na cozinha tomando água.

- Boa noite querido!- sorriu assim que entrei.

- Boa noite mãe. - dei um beijo nela - Eu preciso falar com a


senhora um assunto sério! - tratei logo de falar o mais
rápido possível.

- Tá bom Dylan. Vamos nos sentar. - puxou uma cadeira


sentando-se.

- É sobre seu marido mãe.

- Olha só, se for para começar a por defeito....

- Não é nada disso Ella. - interrompi - A filha do seu marido


era a namorada do Henry.- entreguei o dossiê pra ela que
encarou lendo o que estava escrito.

Ela ficou sem palavras.

- Como descobriu isso e porquê não me contou?

- Descobri porque a vi no túmulo do Henry, fiquei curioso


porque todas as vezes que eu ia no cemitério ela estava lá,
então liguei os pontos. Não te contei antes porque não tive
oportunidade e não imaginava que a senhora fosse agir
igual uma adolescente se casando assim de uma hora para
outra. - mesmo sem querer mostrei minha desaprovação.

- Eu não agi feito adolescente Dylan. Já faz um ano que o


David e eu estamos juntos. - olhou séria para mim - Mas
isso é bom. Assim vamos vamos descobrir se ela teve
alguma coisa com a morte do seu irmão. E você fica longe
dessa menina entendeu?
- Como se eu fosse me interessar por ela. Sinceramente
mãe, a senhora não tem limites.

- Acho bom Dylan. - falou se levantando - Vai ficar pro jantar


hoje?

- Sim.

- Então pede pizza, dei folga para a Cloe hoje. - falou


subindo as escadas.

Depois de comer fui dormir com esses pensamentos


rondando minha mente. Minha mãe queria sondar a
Fernanda, mas no fundo sei que ela não teve nada com o
que ocorreu com meu irmão, contudo investigaria mesmo
assim. A manhã seguinte passou voando e a tarde chegou,
arrumei minhas malas e desci para encontrar minha mãe
para irmos para casa do David.

A mansão era belíssima. Sua fachada era branca com


janelas e portas de vidro, uma enorme piscina se estendia a
sua frente.
O próprio David veio nos receber.

- Dylan. - falou pegando minha mão - Ella meu amor. - deu


um beijo na minha mãe - Sejam bem vindos ao seu novo lar.

Entramos e o mordomo levou nossas coisas para o quarto.


Nesse momento o celular de David tocou e este foi para o
escritório depois de nos deixar na sala de estar que tinha o
mesmo luxo da fachada.
Minha mãe e eu conversamos até ouvir uma voz.

-O David onde está? - perguntou.


Minha mãe ficou tensa. Levantamos e nos viramos para a
moça. Ela ficou sem jeito porque a fuzilei com o olhar. Ou
porque eu era a cara do Henry. Ela abriu e fechou a boca
várias vezes, e então voltou ao normal. Fernanda estava
com um vestido preto de manga comprida bem diferente
daquele em que usou na Blue Notte a alguns dias atrás, que
descia até os joelhos, na saia tinha flores azuis, ela estava
muito linda.

Foco Dylan!

- Boa noite. - falou- E...e...eu sou Fernanda filha do David -


estendeu a mão para minha mãe.

- Eu sou Ella. -disse apertando sua com um sorriso no rosto.

- Dylan - disse observando-a e ela a mim ainda sem


acreditar.

- Prazer. - recolheu a mão rápido indiferente- Então Ella


como conheceu meu pai? - perguntou se jogando no sofá
sem se importar com os modos. Que garota escrota.

- Você tem que perturbar minha mãe com esse tipo de


pergunta? - perguntei irritado.

- Sim eu tenho. - falou se sentando no sofá inclinando o


corpo para a frente - Afinal eu preciso saber quem é a
pessoa que vai viver com a gente. - pelo modo como falou
eu tinha irritado ela.

- Dylan! Não vejo problema em responder querido, então


deixa de ser rabugento. - interveio minha mãe - Seu pai e
eu nos conhecemos em uma reunião da empresa. Nós
temos negócios em comum.- ela sorriu - E começamos a
sair desde então, faz um ano já. E então nos casamos em
Las Vegas.
A conversa fluiu e a irmã dela chegou. Dessa eu gostei,
tinha um jeito moleca e descontraída de ser. As duas
trocaram farpas igual criança, David chegou e fomos jantar.
Eu não conseguia tirar os olhos dela, que fome aquela
garota tinha, encheu um prato gigante e começou a comer.
A Carla começou a zoar ela com um tal de Henrique, ela
nem ouviu o que tinha perguntado para ela.

Do nada Fernanda se levanta derrubando a cadeira e sai


correndo com a mão na boca. Ficamos encarando ela correr
escada acima.

- Carla - fala David - vai ver o que sua irmã tem.

- Eu não! Se ela tiver vomitando eu vou vomitar também.

- Se quiser eu posso ver David. - me ofereci nem sei porque.

- O quarto dela é a segunda porta no corredor esquerdo.


Essa menina não tá no seu normal hoje. - falou voltando a
comer.

Levantei e subi. Eu estava com uma agitação estranha, na


verdade estava me sentindo muito atraído pela Fernanda.
Tinha que tentar me controlar ou faria muita merda.
Capítulo 7

Notas ✍️

Roi. Tudo bem com vocês?


Mais um capítulo na visão do Dylan.

Espero que gostem.


***

A porta do quarto estava aberta, encostei no batente e


fiquei observando-o. Era bem bonito e mostrava muito da
Fernanda ali. O quarto era em tons escuros com móveis no
mesmo estilo, uma cama gigante atrás de um vidro onde
uma TV estava fixada . Tinha uma porta próximo ao sofá
que provavelmente era o banheiro, uma estante de livros
que ia do chão ao teto e vários pôsters de banda de rock e
um pôster com uma guitarra pegando fogo que dizia James.
Ainda observando o local vi quando ela saiu do banheiro,
comecei a olhar diretamente para Nanda.

-Quem deixou você entrar aqui? - quis saber cheia de raiva.


- Seu pai me pediu para ver se estava bem.- falei sem tirar
os olhos dos seus.

Ela me olhava nervosa.

- Claro! - falou sarcástica - O David sempre me surpreende.


Não poderia mandar a Carla. Tinha que mandar um
estranho ao me quarto. - ela estava tão nervosa quanto eu.

- Esse mal estar.... É gravidez? - falei sem pensar.

Ela caiu na risada, e percebi a burrice que fiz.

- Tá rindo de quê? Contei alguma piada Fernanda? - olhei


sério para ela.

- Ah Dylan - passou a mão no olho - eu não estou grávida


idiota. Eu tenho refluxo e comi demais, e estou nervosa.
Quando estou muito nervosa isso acontece. Não que isso
seja da sua conta mas...

- E você toma remédio para isso? - interrompi

- Sim.

Dava para ver que ela estava mentindo.

-Olha só Dylan - caminhou até mim - vamos descer, não me


sinto confortável com você no meu quarto.

Eu não me movi e Nanda esbarrou em mim. Na hora senti


uma eletrecidade tomando conta do meu corpo, segurei ela
e empurrei contra a parede pressionando meu corpo nela .
Senti sua respiração próxima ao meu rosto e meu pau ficou
duro. Seus olhos estavam presos ao meu.

- Se você não me soltar agora - tentou fazer sua voz soar


firme - eu vou gritar e trazer a casa inteira aqui. E vou dizer
que você tentou me forçar a fazer sexo com você.

- Vai gritar? - levantei a sombrancelha.

- Vou. Me solta Dylan. - tentou me empurrar em vão.

- Então eu tenho que calar sua boca Fernanda.

Dizendo isso eu a beijei e não existia mais nada. Minha


língua invadiu sua boca e ela correspondeu na mesma
intensidade, agarrou meu pescoço, enquanto eu segurava
seu pescoço com uma mão e a cintura com a outra.
Continuamos nos beijando alguns minutos e então ouvimos
a voz da Carla.

- Não acredito! Caralho Nanda, o papai e a Ella vão adorar


saber dessa cena aqui.

Fernanda me empurrou e saiu correndo atrás da irmã, ela


estava muito sexy com o cabelo bagunçado. Parou no topo
da escada virando pra mim.

- Você vai atrás dela. E se ela falar alguma coisa eu mato


você. Entendeu Dylan?

Sorri para ela e parei na sua frente levantando seu rosto.

-A Carla não vai falar nada. Ela só quer te irritar.- falei


analisando meu rosto - Você beija bem.

- Cala a boca idiota! - falou ficando vermelha.

Ela voltou pro quarto e eu desci. A Carla não parava de dar


risada enquanto o David esperava uma explicação.

- E então Dylan. - minha mãe perguntou - Como está a


Nanda?
- Ela está bem. - falei rindo da Carla que estava igual uma
hiena -O senhor sabia que a Fernanda tem refluxo?

- Não. Ela nunca falou nada.

- Ela disse que acontece quando fica nervosa ou quando


come demais. - falei e sustentei a mentira dela - Disse que
toma remédio então não precisa se preocupar David.

- Essa menina tá muito estranha esses dias. E isso me


mostra que preciso conversar mais com minhas filhas. Estou
muito ausente.

- Está mesmo papai - começou a Carla - Inclusive tenho que


te contar uma coisa.....

Nesse momento a Nanda voltou com cara de poucos amigos


e se sentou.

- E então Nanda quer me contar alguma coisa. - David quis


saber.

Ela ficou nervosa mas logo se recuperou.

- Nada papai.

- O Dylan falou que você tem refluxo. Porque não contou


Nanda?- seu pai não ia parar.

- Porque sinceramente papai não é importante. Eu não


queria preocupar você, não era nescessário contar- e
virando para mim falou - E você querido Dylan, cuida da sua
vida.

Dei um sorriso debochado para ela e minha mãe me lançou


um olhar mortal.
Fernanda levantou e saiu da mesa novamente. O resto do
jantar foi tranquilo e quando terminamos fui para meu
quarto, amanhã seria outro dia estressante na faculdade.
Entrei e observei, o David não poupava dinheiro para viver
no luxo. Ella e eu nunca ligamos para isso, mas confesso
que fiquei admirado.
Me deitei naquela cama macia e adormeci pensando na
Fernanda. Já vi que isso seria uma merda.
De manhã me levantei tomei meu banho e sai do quarto
encontrando ela no corredor. Discutimos porque essa garota
tem um mal humor lascado. Desci as escadas atrás dela e
esta saiu de casa indo para a rua. Observei ela caminhar e
parar em um ponto de ônibus, depois fui tomar meu café.
Hoje a aula seria com o professor Jepherson, o pior
professor da faculdade, suas aulas demoravam anos para
passar. Encontrei o David e a Carla tomando café,
provavelmente minha mãe já tinha ido para a empresa.

- Bom dia!- falei me sentando.

- Bom dia!- responderam juntos.

- Por acaso viu a Nanda hoje Dylan? - a garota me


perguntou com um sorriso nos lábios.

- Acabei de encontrar ela na escada - falei - E ela foi para


um ponto de ônibus..

- Vixi a Nanda deve estar puta com a gente ainda. - ela


falou.

- Pois é - retruquei

Após tomar meu café da manhã levantei para sair mas o


David me chamou.

- Senhor?

- Se a Nanda estiver lá ainda você poderia levar ela para a


faculdade?

- Claro David.

- Obrigada rapaz.
Me virei e fui para garagem. Peguei meu Porsche 911 e sai,
parando do outro lado da rua fui até ela que aparentemente
não queria estar no mesmo ambiente que eu mas acabou
aceitando.

O percurso até a faculdade foi tranquilo mas não


conversamos, ela me agradeceu e eu não respondi só
observei. Fernanda foi até seus amigos e eu segui para
minha tortura.

Sentei na última fileira para não ficar perto do professor abri


o Notebook como ele pediu porém não prestei atenção em
nada do que o professor estava falando, fiquei divagando
sobre alguns assuntos. Até agora não tinha conseguido
descobrir quem matou meu irmão, apesar de suspeitar de
um russo em questão. Este tinha uma richa com minha
família , porque meu pai acabou com o tráfico de crianças
dele a uns anos atrás e ele tentou ser o Capo da Viper,
mesmo sendo russo, quando o conselho decidiu por meu
pai, o russo ficou possesso e sumiu. Desde que o Lorenzo foi
morto, e desconfio ter o dedo dele no meio porque a
maneira como aconteceu foi semelhante a morte do Henry,
ouve uma certa aproximação por parte deles com a ajuda
de Dimitri.

As aulas terminaram nos primeiros horários, fui a


lanchonete, cara a Fernanda estava em todo lugar. Da mesa
em que eu estava dava para vê-la com os amigos e mesmo
sem querer fiquei encarando enquanto a conversa deles
fluia. O rapaz moreno levanta meio irritado e vai comprar
alguma coisa. Percebo que tem alguém encarando ela
também, olha que surpresa, o Henrique.

Volto a encará-la e vejo os dois que estão na mesa


passando o braço nela e esta sorri e fala alguma coisa. O
rapaz volta se sentando, minha atenção está totalmente
neles, ela fala um pouco alto que ele é o herói e da um
selinho no rapaz, minha expressão muda na hora. Que porra
Dylan! Me repreendo, esta garota está mexendo comigo.

Parei de prestar atenção neles, levantei e fui para meu


carro, foda-se as próximas aulas, só queria tirar essa
menina da cabeça. Fiquei lá ouvindo Alok um tempo, depois
sai do carro já eram 12:25 próximo ao horário do fim das
aulas. Então Luara se aproximou, no local do corte em seu
braço ela havia feito uma tatuagem que cobria toda a
cicatriz.

- Dylan! Eu tava mesmo querendo falar com você. - sorriu


para mim.

- Não temos nada para falar Luara.

- Por favor Dylan. Me perdoe, volta para mim tô sentindo


tanto sua falta. - falou docemente passando a mão no meu
braço.

Minha vontade era enterrá-la viva, contudo não podia fazer


isso. Quase que magicamente a Nanda apareceu, olhando
como quem vai aprontar.

-Me leva pra casa? - perguntou me encarando.

- Estava te esperando Fernanda.

- Fernanda? - levantou a sombrancelha - Até hoje de manhã


eu era Nanda.

- Quem é essa Dylan? - Luara perguntou com uma voz


melosa.

- Essa tem nome amore. Você não ouviu? - debochou.


Vendo a irritação estampada no rosto da Luara, Nanda se
aproximou passando a mão na minha barriga, aquele toque
fez com que meu coração acelerasse um pouco, então a
puxei para mim.

- Dylan você prometeu que ia ser só meu hoje. - falou com


uma voz doce passando a mão em mim. Ah se ela soubesse
as sensações que estava me causando.

- A fila já andou Dylan? - a voz de Luara estava irritada.

- Foi você que quis terminar Luara. - Só que não,mas a


Fernanda não precisava saber disso - Porque acha que eu
não ficaria com alguém depois de largar você? Agora sai
daqui, tá me atrapalhando.

Dizendo isso levantei o rosto dela e a beijei. Não houve


resistência, ouvimos a doente da Luara sair então ela me
empurrou.

- De nada.- falou e entrou.

Entrei em seguida e a encarei, meu desejo era evidente.

- Vamos Dylan. Eu tô com fome.

- Eu também Nanda. - e nem é de comida.

Ela me ignorou. Que audácia dessa menina me ignorar.


Continuei encarando-a sem ligar o carro.

- Que droga Dylan. - olhou irritada - Vou pegar um táxi. Fui.

Ela ia sair do carro mas fui rápido e a pensei no banco. Eu


sei que o que estava fazendo era errado porém não
conseguia manter minhas mãos longe dela.
- O que pensa que está fazendo? - perguntou me
empurrando - Sai de cima de mim Dylan, por favor.

- Tem medo de mim Nanda?

- Eu não tenho medo de você Dylan. Eu só quero que


mantenha suas mãos longe de mim.

Seus olhos estavam nos meus.

- Certeza que é isso que você quer?

- Certeza Dylan.

Não resisti e beijei ela de novo e fui correspondido, um


segundo depois senti a dor no lábio inferior e um leve gosto
de sangue.

- Porra Fernanda. Porque me mordeu? - eu tava muito bravo


com ela.

- Eu falei pra ficar longe de mim.

Voltei para o banco muito puto da minha vida. Ela teve


coragem de me morder? Era isso mesmo? Senti meu lábio
um pouco inchado, chegamos em casa e Nanda saiu
primeiro e foi para a cozinha. E para meu azar encontrei o
David que ia saindo, conversamos alguns minutos e a
Fernanda apareceu, nesse momento David notou minha
boca e perguntou o que aconteceu.

- Uma selvagem me mordeu. - disse olhando para ela.

E a idiota debochou de mim. Raiva era o que eu sentia


agora, vontade de levar ela para cima e ensinar uma lição.
Se ela fizesse parte do meu mundo isso não ficaria assim,
pois na máfia as mulheres tem que ser submissa ao homem
em todos os sentidos.

Nanda conversou com seu pai e subiu debochando da


minha cara. Quanto a mim, não fui para a empresa hoje,
fiquei no meu quarto trancado tentando invadir o sistema
dos russos para tentar descobrir alguma coisa mas foi em
vão. Eu precisava de uma pessoa para isso, mas a pessoa
em questão não seria encontrada tão fácil.

A noite ocorreu tudo bem no jantar, todos se retiram e fui


jogar videogame com a Carla na sala de jogos.

Príncipe da Pérsia ela escolheu e acabou comigo no jogo.


Essa garota era gamer profissional. Antes da uma da manhã
subi para meu quarto, não consegui dormir então desci para
a sala e vi um vulto muito sexy indo em direção a cozinha.

Vai pro seu quarto Dylan.

Deveria ouvir minha mente, mas como um perfeito trouxa


fui para cozinha observando ela de longe. Fernanda estava
com uma camisola vermelha que descia um pouco abaixo
da bunda, de tecido transparente. Quando ela se virou vi
que seus seios rosados estavam amostra por baixo do
tecido.

Fernanda estava com um leve rubor em seu rosto o que


deixava ela ainda mais atraente. Ela me xingou e subiu
correndo as escadas e eu fui atrás. Já sabia que Fernanda
O'Connor seria minha perdição.
Entrei em seu quarto, tranquei a porta e me aproximei, o
clima do quarto ficou pesado e só existia nós dois, como eu
queria sentir cada parte do seu corpo em mim. No começo
ela resistiu contudo logo se entregou e nos perdemos no
outro.
Fiquei no quarto até ela dormir e fui para o meu, estava me
sentindo muito leve como a muito não sentia. Dormi e tive
sonhos bem quentes com ela.

Na manhã seguinte a Nanda se atrasou o que despertou a


curiosidade do David, mas ela desconversou e foi para a
faculdade com seu amigo. Sai em seguida e para a minha
surpresa no momento em que estacionei na faculdade vi ela
correndo para os braços de um rapaz, não fiquei ali para ver
afinal não era da minha conta.

Devo dizer que depois disso o tempo passou voando e


acabou que o rapaz que vi abraçando a Nanda era seu
irmão James. Depois do jantar voltamos a sala de jogos e
ela dormiu em meus braços, a levei para o quarto e quebrei
seu coração ainda mais.

Em determinada hora minha mãe bate na porta do meu


quarto querendo conversar, fomos para a biblioteca e eu já
podia imaginar o assunto.

- E então Dylan, tem alguma coisa para me contar? - ela me


olhava séria.

- Sim! A Fernanda não tem nada com a morte do Henry


mamãe. - falei mudando de assunto.

- Sério isso Dylan? - a Ella estava brava, aposto que as


batidas na porta do quarto era ela - Meu Deus você não
pode fazer isso. Afinal eles não podem saber de nós meu
filho ou estaria tudo acabado entre mim e o David e eu o
amo.

- O David não vai terminar com a senhora por causa disto. -


retruquei.

Minha mãe as vezes sabia ser dramática.


- Garoto me escuta, você sabe o motivo de estarmos aqui
Dylan. - o motivo era investigar mais a respeito do
envolvimento da Nanda e meu irmão e o casamento dela.

- Não aconteceu nada mãe! - insisti.

- Você acha que eu sou idiota? Eu ouvi vocês dois ontem. -


merda, sabia que era ela - Olha pro pescoço dela e pro seu
peito, as marcas que vocês deixaram um no outro. Meu
Deus Dylan! - falou exasperada - Você acha que o Henry
aprovaria isso. Seu irmão está embaixo da Terra e você
apaixonado pela namorada dele.

Puta que pariu, ela tinha que trazer o Henry pra conversa
dessa maneira?Aquilo acabou comigo, porque de certa
forma senti que eu havia traído. Antes de eu abrir minha
boca ouvimos um barulho de algo se quebrando saímos
para ver porém não tinha ninguém lá. Talvez o vento tenha
derrubado o vaso.

- Entra no sistema de segurança e verifica se alguém estava


aqui. - minha mãe ficou bem paranóica depois do
assassinato do Henry.

Assim eu fiz e não encontramos nada, menos mal.

- Eu já disse tudo o que tinha para dizer meu filho. Só toma


cuidado por favor. - falou tocando meu rosto - Seus inimigos
virão sempre atrás do elo mais fraco, no caso a Fernanda e
talvez você acabe igual seu irmão. Eu não iria suportar
Dylan.

- Eu prometo que não farei mais nenhuma estupidez Ella,


pode ficar tranquila. - sorri para ela.

- Você está apaixonado pela Fernanda?


- Não sei mamãe! - falei com sinceridade - Eu estou muito
confuso com tudo isso que está acontecendo. Só posso te
dizer mamãe que me sinto atraído por ela, mas isso a
senhora já percebeu.

- Só toma cuidado tá?- reforçou antes de sair.

- Tá bom mamãe. Boa noite.

Uma vez sozinho pensei em tudo o que estava acontecendo.


Minha vida era toda fudida literalmente. Acordei no outro
dia com uma dor de cabeça terrível, resolvi caminhar vesti
um short velho de moletom e sai do quarto. Encontrei com a
Nanda, ela estava com pequenas olheiras embaixo dos
olhos como se não tivesse dormido.

Descendo as escadas foi em direção a piscina, ela estava


estranha resolvi ir atrás e quando cheguei lá nem pensei
duas vezes pulei na água e a retirei, Nanda estava se
afogando. Encarei ela muito irritado, será que essa garota
estava tentando se matar?

- Tá tentando se matar Fernanda? Você está louca?-


esbravejei

- Tira suas mãos de mim - falou tossindo empurando minhas


mãos que estavam em sua cintura.

Levantou-se e saiu andando ainda tossindo. Eu tinha


prometido pra minha mãe que não faria nenhuma besteira
mas acabei fazendo de novo. Essa garota ia me
enlouquecer.

(...)

Na faculdade houve problemas com o Taylor e agora estava


eu aqui no cartel aguardando esperando ele chegar, se ele
não aparecesse iria caça-lo.

Já estava ficando impaciente quando ele entrou, já sabia o


que o esperava. Caminhei até ele. Vinha causando alguns
problemas fazia tempo. Se tornou estremamente
homofóbico e um machista de merda, todas as garotas com
quem ele saia, eram espancadas e tinham medo de
denunciar porque ele tinha dinheiro.
Mas dessa vez ele tinha se metido com a garota errada.
No rosto dele já tinha alguns hematomas deixados pela
Fernanda e por mim.

- Devo admitir Taylor, você tem coragem. - disse parando


em sua frente.

- Não adiantaria eu fugir Don. Ou adiantaria?

- Não. Você sabe que não.

- Vai me levar para sala de tortura Don?

- Digamos que você nunca mais vai querer quebrar uma


regra. - meu olhar sombrio fez ele se encolher.

Fiz sinal para que os homens se aproximassem e o Taylor


tratou logo de me insultar.

- Você precisa da ajuda desses homens para me dar uma


lição? - riu debochado - Você está ficando velho hein Don?

Não precisou de muita coisa, eu já era estourado, parti para


cima dele que tentou se defender na mesma hora. E
conseguiu acertar um soco em mim, o único, porque ele foi
para o chão recebendo vários chutes na barriga e socos no
rosto dele. Só parei de bater nele porque o Henrique me
puxou.
- Dylan, você vai matar ele. - continuou me segurando.

- Pode soltar Henrique, já fiz o que tinha que fazer. - cheguei


perto dele me abaixando enquanto este cuspia sangue. - Eu
espero que você tenha aprendido a lição Taylor, porque se o
que aconteceu hoje voltar a se repetir, você não vai viver
para contar. Fui claro?

- Sim Don.

- Ótimo!

Sai dali e fui para uma boate distrair minha mente, não iria
para casa para encontrar a Nanda lá. Queria me manter
distante dela, quem sabe uma noite com alguém não me
ajude tirá-la da cabeça.
capítulo 8

Hoje seria o baile e passei a tarde com a Cris comprando o


vestido. Optei por um vestido preto simples e um salto da
mesma cor. Após comprarmos nossos vestidos nos dirigimos
a casa dela, fizemos um lanche e nos sentamos para
conversar, fazia tempo que não ficávamos só nós duas.

👇
Aproveitando minha amiga pediu para a governanta tirar
uma foto que postou no Instagram. ( )
- Nanda, queria te perguntar uma coisa.- começou ela.

- Claro Cris, pode perguntar. - falei olhando-a nos olhos.

- Você e o Dylan....

- Não. - interrompi - Eu sei o que ia perguntar e a resposta é


não.

- Sabe o que é Nanda? Eu tô afim dele, e queria saber o que


você acha.

Claro, qual era a novidade? Cris sempre afim de alguém.


Fiquei em silênco alguns segundos depois respondi.

- Olha só Cris sei lá, tenta se aproximar dele se é o que


quer.

- Farei isso amiga. Vou subir e pegar minhas coisas para


irmos para sua casa tá?

- Vai lá gata. Tô só o pó então vou ficar aqui mesmo. - fiz


cara de desânimo.

- Tá bom já volto.

Subiu correndo as escadas e eu fiquei ali pensando no que


ela disse. Porque o interesse repentino no Dylan agora? Nós
nunca se quer o vimos na faculdade antes dele ir morar lá
em casa, ou foi só eu que nunca o vi. Das duas uma, ou a
Cris se fazia de cega ou era para me provocar, afinal ela
havia visto o beijo no corredor, contudo tinha feito uma
promessa para mim mesma, que era manter ele bem longe
, então se fosse preciso jogar a Cris para cima dele assim
seria.
Ela desceu e fomos para meu carro, entramos e o liguei indo
para a casa.

- Damon. - falei com ele.

- Senhorita O'Connor o que deseja? - a voz robótica saiu do


painel do carro.

- Quero ouvir Thunder do Imagine Dragons.

E a música invadiu o carro, aproveitei o momento em


silêncio e comecei a pensar na minha vida. Fazia uma
semana que a Ella e o filho se mudaram lá pra casa e tudo
tinha mudado. Minhas dores foram desenterradas junto com
o medo de que alguma coisa terrível pudesse acontecer. No
passado o Henry era o homem da minha vida, porém agora
já não tinha tanta certeza. Perguntas me atormentavam.
Será que se tivéssemos nos conhecido naquela época as
coisas teriam sido diferentes entre mim e o Dylan? Será que
eu sentiria atração por ele e ele por mim?

Dylan estava me confundindo, já nem tinha mais certeza do


que eu sentia pelo Henrique e estava colocando em dúvida
o que senti pelo Henry.

O caminho foi tranquilo. Na mansão encontramos o Ian e o


Abner a nossa espera, enquanto conversavam com a Carla
e com o Dylan animadamente.

Percebi que a mão do Dylan estava um pouco machucada,


logo pensei no Taylor. Se bem que ele mereceu, mas mesmo
sem saber fiquei com pena dele.

- E aí gente. - falei me aproximando dos meninos beijando


suas faces - Estão aqui faz tempo?
- Fica tranquila boneca, acabamos de chegar. - Ian sempre
galanteador.

- E aí que horas vamos nos arrumar? Miga comprei um terno


rosa lindíssimo. - Abner estava empolgado.

- Essa eu quero ver. Tá cedo ainda apressado. - ri - Você vai


ficar top demais em um terno rosa. Arrasou bi.

- Miga o Ian e eu vamos para a piscina tá ? Quero dar um


mergulho antes de ficar um deus grego.

- Vai lá. Daqui a pouco eu vou.

- Eu vou ficar aqui mesmo. - A Cris se pronunciou.

- Beleza. Vamos Abner. - eles sairam correndo igual criança


um empurrando o outro.

Cristina se esparramou no sofá próxima ao Dylan. E eu subi


para buscar meu notebook, ia tentar invadir o sistema dos
russos de novo. Teve uma coisa que era óbvia de mais e eu
não usei. Vai que pudesse dar certo. Já tinha usado várias
programações para quebrar senhas como John The Ripper e
THC Hydra , mas nada funcionou. O óbvio que eu disse era
entrar e ficar em segundo plano como expectador. Assim
eles não saberiam de mim e eu poderia entrar e coletar os
dados que eu queria.

Desci com meu notebook em mãos e sentei longe deles,


começando a digitar programações que me colocariam
dentro, uma hora se passou e nada. A essa altura minha
irmã tinha ido para a piscina com os meninos e a Cris
estava ali dando encima do Dylan que estava super a
vontade com as investidas dela. Minha atenção estava
dívida entre os dois e minhas senhas e programações.
Aquilo que rolava ali me irritou mais do que eu queria, cada
risada da Cris, cada palavra que saia da boca do Dylan fazia
com que minha raiva só aumentasse. O idiota estava com
uma mão na coxa dela enquanto esta o olhava de forma
tímida.

Me poupe Cristina, todo mundo sabe que você não é tímida.

Voltei a atenção para o computador, passei pela primeira


proteção, em seguida passei pelas outras seguranças
estando enfim dentro da máfia russa. Parei por uns
instantes e nada aconteceu.
Eu havia conseguido entrar e eles não tinham percebido.
Nem acredito que deu certo.

Passado o momento de euforia silenciosa, busquei nas


câmeras de segurança pelo dia 24/03/2015. Três dias depois
do sumiço do Henry, a princípio nas primeiras câmeras de
segurança não encontrei nada o que me deixou frustada,
segui para as próximas.

Minha atenção voltou para os dois ali comigo que desta vez
estavam mais próximos como se fossem se beijar. Por
dentro eu fervi de raiva. É sério que aquele imbecil ia fazer
isso na minha frente, depois que transamos duas vezes?
Será que ele não se importava nem um pouco em brincar
comigo?

Cliquei na última câmera e o que eu vi faz meu coração


parar.
Um homem encapuzado batia no Henry, o coitado estava
acorrentado enquanto era surrado com uma grossa
corrente. Nos lugares onde pegava arrancava carne junto,
eu não queria ver aquilo mas não conseguia me mover. O
homem parou de bater nele com a corrente e pegou uma
motoserra se aproximando e posicionando no braço dele
que estava acorrentado, uma tatuagem que parecia pássaro
ou uma caveira não deu para distinguir, na sua mão
esquerda me chamou a atenção .

Nesse momento recobrei a consciência e arremecei o


computador na parede que caiu quebrado no chão fazendo
com que os dois que estavam quase se pegando dessem
um pulo.

Meu coração estava disparado, uma dor profunda tomou


conta de mim, entrei em desespero. Sai da sala com alguém
me chamando e fui para a piscina, andando enquanto era
sufocada pela intensidade da dor. Lágrimas desciam pelo
meu rosto, a pessoa que me chamava se aproximou, era o
Dylan.

- Fernanda fala comigo. O que está acontecendo? -


perguntou e eu só sabia chorar. - Fernanda por favor...

- Eu.quero.ficar.sozinha.Dylan - falei pausando em meio aos


soluços.

- O que aconteceu para te deixar desse jeito Fer...

Antes dele terminar, comecei a ter a pior crise de pânico da


minha vida. Parecia que meu coração ia explodir no peito,
comecei a hiperventilar, minhas mãos ficaram geladas e eu
apaguei. Minha dor foi tanta que não aguentei. Não
entendia o porquê de alguém fazer uma coisa daquela com
o Henry. Meu Deus, ele tinha sofrido muito antes de morrer.
Seu grito, mesmo que eu não tivesse ouvido ecoava na
minha cabeça.

(...)

Acordei com um bip repetindo em meu ouvido, olhando para


cima dava para ver um teto branco que não era da minha
casa. Senti meu braço queimar um pouco, olhei para o lado
e percebi que estava com um soro nele.
Fiz menção de levantar mas não consegui pois estava meio
grogue.

- Não tenta levantar Fernanda. Você está tomando calmante


neste soro. - era a voz do Dylan.

- Onde eu estou? - Voltei a deitar porque minha cabeça


estava rodando.

- No hospital São Cristóvão, você teve uma crise de pânico


séria, desmaiou e eu te trouxe para cá.

- E meu pai? Ele sabe?

- Todos eles vieram aqui, mas eu quis ficar com você, então
eles foram para casa descansar.

- Que horas são Dylan?

- Já passa das três da manhã.

Fechei os olhos de novo digerindo aquela informação. Então


lembrei do motivo de eu estar ali. O bip do aparelho
aumentou e ele veio rapidamente para meu lado,. Lágrimas
desciam dos meus olhos, então fiz a única coisa que podia
no momento, abracei o Dylan e chorei, derramando toda a
dor que senti desde a morte da minha mãe e a morte do
Henry.

Me senti segura nos braços dele, enquanto ele me abraçava


forte como se seu mundo dependesse daquilo.

- Dylan.....

- Se acalma Fer. Você precisa se acalmar. - disse me


apertando.
Chorei ainda mais com suas palavras. Depois do que
pareceu séculos minhas lágrimas pareceram secar, mas a
dor continuava lá.

- Deita aqui comigo. - pedi a ele.

Ele se deitou na minúscula cama comigo, deitei em seu


peito entrelaçando nossos dedos, enquanto ele acariciava
meus cabelos com a outra mão.

- Obrigada Dylan, por não me deixar sozinha.

Ele não respondeu só depositou um beijo no alto da minha


cabeça. Adormeci nos seus braços.

(...)

A claridade invadindo o quarto despertou-me mas mantive


os olhos fechados, ainda estava na mesma posição em que
tinha dormido.
A porta do quarto se abriu e alguém entrou, pela voz era o
Dr. Diego.

- E então Sr. Spencer como ela passou a noite?

- Teve outra crise depois que despertou. - respondeu ele


movendo a mão que ainda estava entrelaçada a minha.

- O senhor sabe o que desencadeou essa crise de pânico? -


Diego era muito formal.

- Na verdade não. - suspirou - A Fernanda estava mechendo


no notebook e do nada o aparelho foi para parede, ela saiu
em direção a piscina e fui atrás, estava chorando muito e
depois desmaiou.

Ouvi o barulho da caneta na prancheta.


- Ela vai ficar em observação mais algumas horas, depois
venho liberá-la. - a porta se abriu - Ah, ela tem visita.

Ouvi passos entrando no quarto seguido da voz da Ella e do


meu pai.

- O que significa isso Dylan? - sua mãe perguntou

- Bom dia mamãe. - respondeu sarcástico - A Fernanda teve


outra crise durante a madrugada e me pediu para ficar aqui
com ela.

Resolvi abrir os olhos, soltei minha mão e sentei na cama, o


soro não estava mais no braço, Dylan saiu da cama assim
que sai de cima dele.

- Oi gente. - falei

A preocupação era evidente no rosto do meu pai e do


James.

- Ei, posso saber o que te deixou assim? - meu irmão se


sentou próximo a mim.

- Eu tenho crises James desde que ele morreu, e ontem


comecei a mexer nas pastas do meu computador e achei a
reportagem. - menti na cara dura - E comecei a passar mal,
foi isso.

- Nanda.... - começou o David.

- Sem sermão papai, por favor. - falei exausta - Eu só quero


ir para casa.

- O Dr. Diego disse que você vai ficar em observação mais


algumas horas. - Dylan falou
- Conversa com o Diego papai. Eu quero ir para a casa. - fiz
cara de cachorro que caiu da mudança pro David.

- Tá bom! Mas em casa vamos conversar senhorita Nanda.

- Obrigada papai. Te amo.

David saiu e a Carla entrou. Não tinha aquele ar debochado


de sempre, em suas mãos estava um saquinho de padaria e
um copo branco, que deduzi ser café.

- Oxê que cara é essa Carla? Nem me zoou com o Henrique


hoje. - brinquei com ela.

- Para Nanda. - falou se sentando perto de mim e do James


me entregando o copo e o saquinho - Achei que fosse te
perder. - falou de cabeça baixa.

Bebi o líquido do copo e era mesmo café e o conteúdo do


saquinho um pão de queijo, meu preferido.

- Tá achando que vai se livrar assim de mim? Vai não gata.

- Acho bom dona Fernanda. A partir de hoje não te


atormento mais. - sorriu.

- Você sabe que eu não tô nem aí para as suas idiotices né?

- Sei. - nós rimos

A Ella só ficou lá observando tudo, enquanto o Dylan estava


sentado em uma cadeira próxima a mim.
Conversar era bom para distrair a mente e não ficar
pensando em tudo o que eu tinha visto. E o James e a Carla
eram as melhores pessoas pra se conversar num momento
desses. Mas meu corpo estava ali, meu espírito não, por
fora estava sorrindo, por dentro despedaçada.
David entrou acompanhado do Diego, este falou
diretamente comigo.

- Eu vou te liberar Nanda, mas vai ter que me prometer que


vai tomar os remédios e procurar por um psicológico desta
vez. - disse me fitando com os olhos azuis.

Diego tinha 35 anos, era alto e musculoso, tinha um sorriso


de matar. Era amigo da família a muito tempo, ele trabalhou
com minha mãe e nos tornamos amigos. Quando as crises
de ansiedade começaram procurei por ele e este me
receitou calmantes naturais que não tomei. Com o passar
do tempo as coisas pioraram e tive a primeira crise de
pânico. É horrível viver com medo, horrível ficar pensando
em quando será a próxima crise, sentir demais, ficar sem ar
ou o coração disparar tanto que você acha que vai morrer.

- Eu vou Diego, prometo.

- Posso confiar?

- Claro que sim. Nem tenho como fugir pois tem cinco
pessoas aqui que não deixariam.

- Tá legal. Sua alta já está assinada. - falou sorrindo.

- Ah, graças a Deus. Obrigada Diego.

- Por nada jujubinha.

- Jujubinha? - Dylan perguntou arqueando a sobrancelha.

- Nem queira saber. - lancei um olhar de desaprovação para


o médico que sorriu ainda mais - Vamos né? Já passei tempo
demais aqui.
Nos dirigimos até o estacionamento do hospital, como todos
vieram no carro do papai tive que voltar com o Dylan.
Conversamos algumas coisas aleatórias enquanto fazíamos
o trajeto até a mansão.

- O que aconteceu ontem Fernanda para te deixar daquele


jeito? - perguntou tirando os olhos da estrada por uns
segundos.

- Como eu disse ao James, tenho crises assim desde que


meu namorado morreu a quatro anos atrás, eu tinha
acabado de completar dezesseis anos tínhamos planos
juntos e num piscar de olhos foi tudo por água a baixo.- falei
voltando a chorar - Eu nem pude me despedir dele sabia?
Um dia antes dele sumir , ele me ligou, parecia nervoso.
Antes dele falar qualquer coisa pediu para eu esperar e
assim fiz, quando voltou a falar a voz dele estava estranha
mas conversamos um pouco e depois do Henry me disse
que iria viajar nos despedimos. - Dylan só me ouvia em
silênco- A verdade e que se eu soubesse que seria a última
vez que eu falava com ele teria conversado mais e falado
tudo o que eu sentia, teria me despedido. Descobri o túmulo
por acaso e vou lá dia sim dia não levar flores e conversar
um pouco. Fiquei daquele jeito ontem porque vi a matéria
novamente do que aconteceu com ele.

- E porque não contou sobre as crises para ninguém? - os


nós dos dedos dele estavam brancos de tanto fazer pressão
no volante.

- Eu contei para o Diego. - falei fungando.

- Você não deveria ter passado por isso sozinha.

- Pois é, mas o David estava vivendo sua vida e eu tinha que


cuidar da Carla. Então não pude me dar ao luxo de ficar de
luto, claro tinha os empregados mas ela era minha irmã,
minha responsabilidade.

- Você era só uma criança Fernanda.

Não respondi, comecei a observar a paisagem e assim foi


até chegar em casa. Subi para o quarto e tomei um banho,
fiquei lá o dia todo ignorando todo mundo, desliguei o
celular e tranquei a porta do quarto liguei o som, e já que
eu estava sofrendo resolvi que ouviria músicas triste, optei
por Breaking Benjamim. A primeira música que coloquei foi
Dear agony e Never again e coloquei para repetir, ergui o
volume e me joguei na cama.

Pensei demais na minha vida e em tudo o que havia


acontecido desde a partida de minha mãe. Presa no meu
caos não desci para almoçar e acabei adormecendo. Acordei
já eram dezoito horas, me obriguei a levantar, desliguei o
som e desci para jantar.
Não encontrei ninguém em casa, as pessoas deveriam estar
cuidando de suas vidas, isso era ótimo.

Fui até a cozinha e peguei um pedaço de bolo e um copo de


suco de maracujá retornando para meu quarto. Liguei o
celular e choveu de notificações dos meus amigos. Ignorei
todos novamente.

Abri o WhatsApp mandando uma mensagem para o David.

*Mensagem*

*Não vou descer para comer papai. Não estou me


sentindo bem então vou ficar no quarto.

# Tá bom Nanda. Não vou invadir seu espaço. Leve o


tempo que for necessário, mas você sabe que
precisamos conversar.
*Eu sei. Obrigada papai por entender. Te amo.

# Também te amo jujubinha.

Depois de conversar com ele, comi meu bolo e voltei a


deitar. Nossa a que estado deplorável eu havia chegado. Eu
não podia ficar assim, na verdade tinha que fazer alguma
coisa para descobrir os responsáveis pela morte do Henry.
Descobrir quem era o homem que torturou ele e o porquê.

As horas se arrastaram e como tinha dormido a manhã e a


tarde toda estava sem sono, peguei um livro para ler "
Porque você me amou" o nome dele, da autora Manuella
Araújo. A escrita dela era maravilhosa e no fundo eu me via
no Collin.

Li pelo que pareceu uma eternidade,mas algo me consumia


ainda mais, estava numa tremenda indecisão. Deixando o
livro de lado caminhei até a porta várias vezes desistindo
em seguida.

Contudo se eu ficasse assim acabaria tendo uma crise de


ansiedade ou outra terrível crise de pânico novamente e
isso me apavorava. Caminhando até a porta abri sem
pensar duas vezes a caminhei até a porta do quarto do
Dylan, fiquei ali alguns minutos exitando. Meu coração
estava levemente acelerado.
Calma Fernanda. Você não é uma covarde!,pensei.

No fundo eu tinha medo do que estava prestes a fazer,


medo de encará-lo, medo de não me controlar. Enfim, se
fosse fazer aquilo tinha que se agora ou acabaria voltando
pro quarto e esquecendo o assunto.

Bati na porta do quarto e sem esperar por respostas entrei


encontrando com ele no meio do caminho.
- Precisamos conversar. - falei sem rodeios, enquanto ele
apenas me encarava.

Dr. Diego

****
Notas ✍️
Eita que agora a coisa tá ficando séria. Espero que
tenham gostado das surpresas.

E aí? Sugestões de quem seria o responsável pela


morte do Henry?

***

O livro citado na história encontra-se disponível aqui

autora.🤩
no Wattpad. Uma história maravilhosa, de uma super
😍

***

E agora farei igual a político 🤣🙈


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🌟 Vote para impulsionar a história.
Beijos de luz para vocês maravilhosos.

As músicas ouvidas pela Nanda. 👇


https://www.youtube.com/watch?v=GtEvysh1654

https://www.youtube.com/watch?v=daSX_3hadlA

https://www.youtube.com/watch?v=KmnkffEM0fY
capítulo 9

Minha garganta ficou seca quase que instantâneamente. Ele


estava sentado na grande cama com o fone no ouvido, os
cabelos levementes bagunçados usando só uma calça
jeans. A imagem me desconcertou mas não era para isso
que eu estava ali, decidi naquele momento que não iria
contar tudo para Dylan, só iria colocar alguns pingos nos
"is" e pedir sua ajuda.

Dylan me lançou um olhar penetrante e fez sinal para eu


me aproximar retirando o fone.

- Precisamos conversar. - repeti

- Senta Fernanda. - disse fitando o chão.

- Prefiro ficar em pé. - comecei a mexer nos dedos - Vim te


contar o motivo de eu ter surtado ontem.

- Você já contou. - respondeu sem olhar para mim.

- Não, não contei Dylan. - meu nervosismo já estava a mil -


Só me escuta por favor antes que eu desista e finja que isso
aqui nunca aconteceu.

Dylan não se moveu e nem respondeu.

- Tá legal. Você está pouco se fodendo mas vou falar assim


mesmo. - o nervosismo deu lugar a raiva. De mim por me
por nessa situação e dele nem sei porque - Eu sei que você
é irmão do Henry, ouvi quando você e sua mãe
conversavam outro dia. - Ele abriu a boca pra falar mais
interrompi - No começo achei que fosse coicidência você ser
a cara dele, um sósia talvez porque ele nunca me disse que
tinha um irmão, gêmeo ainda. - dei um sorriso sem emoção
- Fui idiota em não ligar os pontos e não adianta negar
bonito, não estou ficando louca. Depois disso fiz minha
pesquisa e tenho um dossiê para comprovar.

Dylan deu um sorriso irônico.

- Eu deveria saber que era você naquele corredor Fernanda.


Mas a pergunta é: decidiu falar agora porque?

- Porque bonito, você é o Boss, Don, chefe da máfia ou seja


lá como prefere ser chamado, e eu preciso da sua ajuda
para descobrir quem assassinou meu namorado daquela
forma tão desumana. - meus olhos se encheram de lágrimas
- O que me leva ao motivo da crise. Eu tenho uma amiga
poderosa Dylan, - ele só me encarava - e ela conseguiu
invadir o sistema dos russos...

- O quê? - me interrompeu levantando da cama e


caminhando em minha direção.

- Vai me deixar terminar ou não? - falei dando um passo


para trás.

- Termina de uma vez Fernanda. - rebateu ríspido, parando a


centrímetros de mim.

- Continuando, ela me enviou um vídeo....o vídeo mostrava


o Henry sendo torturado por um homem encapuzado.-
respirei fundo e encarei seus olhos que assim como os meus
estavam com lágrimas. - Eu preciso da sua ajuda pra
encontrar esse homem, e fazer com que ele pague por tudo
o que fez para o Henry.

O silêncio reinou no quarto absoluto, ninguém disse mais


nada. Por dentro estava convicta da decisão de omitir
alguns fatos, pois não sabia se poderia confiar nele.E se por
acaso a verdade sobre Electra fosse revelada e ele usasse
contra mim? O tempo diria se eu poderia confiar no homem
a minha frente.

- Não vai falar nada Don? Vai ficar aí parado olhando como
se fosse me matar? - ele deu mais um passo em minha
direção e eu outro pra trás.

- Essa sua amiga...

- Electra - interrompi - Por isso quando os ataques aqueles


monstros começaram a Viper ficou intacta. Ela poupou você
por que eu pedi.

- Você sabia que o Henry era o chefe da máfia? - assenti - E


não se importou com isso? Você parece ser tão correta
Fernanda.

Ah se você soubesse.

- Eu amava ele Dylan. E pouco me importava aquilo que ele


fazia, era com ele que eu queria passar todos os dias da
minha vida.

Dylan começou a caminhar pelo quarto bem nervoso.

- O que tinha no vídeo Nanda?

- O Henry estava amarrado Dylan, enquanto o homem batia


nele com uma corrente. Depois pegou uma motoserra e....

Não consegui terminar, cai num choro compulsivo pela


milionésima vez. Só conseguia imaginar o sofrimento dele.
O homem ali no quarto caminhou até mim e me abraçou,
senti meu ombro sendo molhado pelas lágrimas dele.
Ficamos ali abraçados até que a porta do quarto abriu e
meu pai entrou seguido da esposa. Mas nem ligamos com a
presença ali, continuamos abraçados e antes de se afastar
sussurrou em meu ouvido.

- Vamos pegar o desgraçado que fez isso com meu irmão. -


assenti

Nos separamos e olhamos para as pessoas ali que


aparentemente esperavam por uma explicação.

- Oi papai. - disse limpando as lágrimas - Ella.

- Fui até seu quarto Nanda, mas não te encontrei e a Ella


disse que talvez você estaria aqui. - claro que disse.

- Algum problema minha filha? - a preocupação era nítida na


voz do David.

- Não papai. Estou conversando com o Dylan, isso tá me


ajudando...ele está me ajudando.

- Tá bom - David disse desconfiado - Eu posso falar com


você agora?

- Claro papai. - andei em sua direção enquanto minha


madrasta ficava no quarto com o filho.

Nos encaminhamos para o escritório do David, o único lugar


da casa onde ninguém nos interromperia. Lá dentro, sentei
no sofá e meu pai também, ficamos em silêncio pois David
esperava que eu tivesse a iniciativa. Respirei fundo umas
duas vezes, desta vez não iria chorar pois parecia que isto
estava virando rotina.

- O que você quer saber papai? - perguntei quase num


sussurro.
- Tudo minha filha. Tudo o que perdi da sua vida desde que
Sarah se foi. - ele estava sério.

- As crises de ansiedade começaram quando a mamãe...-


não consegui terminar - enfim, eu nunca contei pra ninguém
papai, porém não quero esconder mais nada de você. Eu
ouvi quando o carro bateu na mamãe, estava no telefone
com ela. - parei e respirei para controlar meus sentimentos -
Depois disso minha vida foi ladeira a baixo, eu tinha onze
anos, o James foi embora, você continuou com sua vida e eu
tive que cuidar da Carla. A primeira crise de ansiedade foi
na escola e depois ocorreram outras. Procurava manter
minha mente ocupada e ainda assim não adiantava.

Meu pai ouvia tudo em silêncio segurando minha mão, seu


semblante era de sofrimento. De certa forma ele se culpava
pelo que havia acontecido comigo. Contei a ele que tinha
procurado o Diego e que este havia me receitado calmantes
naturais, que obviamente não tinha tomado. Contei do dia
que havia conhecido o Henry. Estava andando no parque
diversões com a Carla, a pirralha saiu correndo, fui atrás e
me choquei nele derrubando nós dois.

Ele me ajudou a procurar pela Carla, trocamos nossos


números e a noite ele me ligou. Nos tornamos melhores
amigos e depois namorados. Então ele me contou das
coisas que fazia e ainda sim eu quis ficar com ele.

- Você tinha quinze anos Nanda. Como você sabia que o


amava? - David quis saber.

- Como você sabia que amava a mamãe? Como sabe que


ama a Ella? - olhei nos olhos dele - Simplesmente sabia
papai, o Henry era o homem da minha vida. E quando ele
morreu assim como a mamãe, uma parte de mim se foi com
ele. E para piorar você não deixou eu ir no enterro, me
proibiu de sair de casa, tirou meu telefone e meu
computador, colocou seguranças atrás de mim vinte e
quarto horas por dia.

- Fiz isso para o seu bem Nanda, mas a única coisa que vejo
é que piorei a situação ainda mais. - falou cabisbaixo.

- As crises de pânico começaram aí papai. A primeira crise


eu estava dormindo, quando despertei achei que estava
morrendo. Meu peito doía, meu coração estava disparado e
o ar me faltava, durou um vinte minutos que para mim
foram uma eternidade. Desci e pedi para a Joana fazer um
chá de cidreira pra mim, foi o que me acalmou. O Diego
também me ajudou muito, fazia tempo que eu não tinha
uma crise papai e ontem foi a pior, pior porque eu nunca
tinha desmaiado, ontem realmente pareceu que eu fosse
morrer. - falei por fim.

- Eu sinto muito minha filha por ter deixado você sozinha


por oito anos. Prometo que não vou mais fazer isso. - sua
voz estava embargada - Amanhã vamos procurar uma
psicóloga. Tudo bem?

- Tudo bem papai.

Deitei no colo dele como fazia várias vezes quando criança


e este ficou acariciando meus cabelos até que adormeci,
não sonhei com nada simplesmente fui jogada na paz da
escuridão.

(...)

- Nanda. Nanda. - alguém me chamava.

- Só mais cinco minutos. - resmunguei cobrindo a cabeça.

- Nanda? - era a Carla me chamando.


- Oi. Que horas são?

- Duas e meia da manhã. Não consigo dormir posso ficar


aqui com você?

Dei espaço pra ela deitar-se perto de mim e a cobri. Minha


irmã estava estranha desde que acordei naquele hospital.
Ficamos em silêncio, mas a pulga já estava atrás da orelha,
resolvi perguntar.

- Tá acontecendo alguma coisa Lalá? - silêncio - Anda logo,


eu te conheço. Fala de uma vez.

- Eu achei que fosse te perder também Nanda, Quando o


Dylan passou por nós com você no colo, achei que estivesse
morta. - fungou.

- Você não vai me perder Lalá, eu prometo.

- E não é só oedo de te perder Nanda. - fez uma pausa -


Terminei com o Rafael, ele estava me pressionando pra ficar
com ele.

- O quê? - eu estava indignada.

- É....Nanda. Antes disso eu mandei um Nude pra ele. As


meninas fizeram muita pressão e o filho da mãe tá me
ameaçando. Diz que vai espalhar nas redes sociais se eu
não voltar com ele.

Não julguei, sentei na cama e olhei para ela que chorava.

- Ele te mandou mensagem ameaçando?

- Mandou.

- Envia todas para o meu email. - levantei e caminhei para a


porta do quarto - Fica aqui. Já volto.
Fui até a biblioteca onde tinha um computador e invadi o
celular e computador do Rafael. Encontrei não só foto da
Carla como também de várias meninas. Destruí todas,
inclusive as cópias que ele tinha guardado secretamente.
Verifiquei se aquele maníaco não havia enviado para
ninguém e destruí a memória dos aparelhos dele. Meu
serviço estava feito. Voltei para o quarto me deitando perto
da pirralha.

- Pronto. Agora manda esse cara ir pro inferno e nunca mais


faça uma coisa dessa. Estamos entendidas dona Carla?

- Nunca mais Nanda. Obrigada por cuidar de mim. Desde


que essa tragédia aconteceu nas nossas vidas, você tem
sido uma mãezona. Vou ser pra sempre grata. Te amo de
montão.

- Ah meu amor. Gratidão não paga nada não. - ri com a


expressão dela - Não vou deixar você esquecer disso o resto
da sua vida, vou te atormentar pra sempre.

- Credo Nanda! - disse me empurrando.

- Credo nada. Agora vamos dormir Lalá, que daqui a pouco


nós temos aula. E eu vou ter que encarar uma certa turma
que ignorei nessas últimas horas. Boa noite.

- Boa noite irmã.

Acabamos de fechar os olhos e já era dia, minha irmã saiu


do quarto para se arrumar. Aproveitei e fiz o mesmo, olhei
no espelho e fiquei satisfeita com o que vi, peguei minhas
coisas e descendo para tomar meu desjejum. Apenas James
e Dylan estavam na mesa.

- Bom dia! - cumprimentei os dois - O papai já saiu?


- Oi princesa. Sim, ele e a Ella acabaram de sair. - James
respondeu - Você está bem?

- Estou sim irmão. Um O'Connor nunca se deixa abater.

- Esse é o espírito. - piscou para mim e rimos.

Dylan estava pensativo, tive que chamá-lo duas vezes antes


dele ouvir.

- Falou comigo Fernanda?

- Não! Falei com o papai Noel. - respondi seca. Santa


burrice. - Claro que foi com você né Dylan? Perguntei se
você me dá uma carona. Não quero dirigir e nem ficar
sozinha.

- Te dou sim, assim poderemos terminar nossa conversa de


ontem.

- Conversaram ontem foi? - James perguntou desconfiado.

- Foi irmão. Porque tá com ciúmes coisa chata? - respondi.

- Eu? Ciúmes de você? Me poupe Fer.

- Sim ele está com ciúmes gente. - Carla entrou e se sentou


- Da pra ver na cara dele.

- Bom dia pra você também pirralha. - James retrucou.

Deixei os dois brigando e tomei meu café conversando com


o Dylan. Ele até que era interessante e seu sorriso...meu
Deus.

No carro a caminho da faculdade, ele entrou no assunto de


descobrir quem matou o irmão. Insistia que queria conhecer
a Electra pessoalmente.
Disse a ele que a hacker não fazia aparições, sua identidade
deveria ser mantida em segredo pois esta colecionava
muitos inimigos. Ele resmungou o caminho inteiro, mas não
tocou no assunto.

Assim que estacionou fui encontrar meus amigos. Só o


Abner e o Ian estavam me esperando, pedi mil desculpas a
eles, disse a verdade, que precisava ficar sozinha por isso
desliguei o celular. Eles não ficaram bravos, apenas
disseram que entendiam. O Abner disse que a única que foi
ao baile aquele dia foi a Cris.

Ela parecia estar me evitando. Será que a Cris achava que


eu tinha feito de propósito? Vez ou outra ela me olhava com
cara de poucos amigos.

Que ótimo! Ri por dentro. Sério que ela havia ficado brava
comigo por causa do Dylan. Meu Deus, que amiga.

No intervalo da aula fomos para lanchonete, sentando-nos o


mais afastados possível das pessoas. Dylan e Henrique se
juntaram a nós. Encarei esperando uma explicação.
Enquanto Henrique conversava com os meninos.

- Eu não vou deixar você sozinha. Você me assustou de


verdade aquele dia.- abri a boca para protestar porém fui
interrompida - Eu sei que seus amigos estão aqui, mas eu
também vou ficar.

E assim ele fez não mais me deixou sozinha. E até que nos
tornamos amigos, ou nem tanto assim porque brigávamos
sempre, não tinha acordo. Com o passar dos meses, foi
ficando mais difícil porque o fim do semestre chegava e
dividimos as aulas, a confecção do TCC e os estágios
obrigatórios, o Dylan ajudou os meninos e a mim com nosso
TCC, quanto a Cris, se afastou sem nem ao menos dar uma
explicação, porém eu ainda falaria com ela.
A Carla colocou o Rafael no lugar dele, e se afastou das tais
"amigas", isso fez um bem danado a ela. Enfim, nossa vida
estava mil maravilhas tirando a correria.

(...)

- E então? - quis saber quando Abner saiu da apresentação


do seu TCC.

- Acho que fui bem. Aparentemente eles adoraram. - dei um


grito abraçando-o.

- Então vamos comemorar. Porque nós também arrasamos. -


sorrimos - Vamos naquela lanchonete nova que abriu?
Chocolate & Burguer? Tem uma vista incrível de lá.

- Vamos sim. - Ian respondeu - Convidamos a Cris?

- Não! - Abner se apressou.

- Sim. Se ela quiser.

- Tá bom! Encontro vocês dois lá.

- Beleza. Mas fala pra cobra ficar quieta ou eu mesmo


arranco o veneno dela na unha.

Não entendi a raiva do Abner, porém para ele agir assim


alguma coisa tinha acontecido.

Chegamos à lanchonete, era espaçoso o local, escolhemos


uma mesa ao ar livre, porque assim dava para observar a
paisagem, que mais parecia pintada a mão, com um imenso
campo florido e um riacho que cortava-o. Ao fundo da rua
principal onde pés de ipês amarelos e roxos deixavam um
tapete florido, estava sendo construído um prédio
gigantesco que ocupava boa parte do quarteirão.
Pedi um milk-shake de maracujá, meu amigo uma vodka.
Decidi não perguntar o que estava rolando com a Cris,
apenas conversamos sobre a explicação dos nossos TCCs o
que aliviou um pouco a tensão.

Ian chegou com a Cris, sentaram-se e fizeram seus pedidos.


Conversamos como nos velhos tempos ou nem tanto assim.

- E então Nanda, não teve mais crises de pânico? -


perguntou fazendo aspas com o dedo.

- Estou me tratando Cris, mas as vezes ainda tenho crises.


Não tão fortes como naquele dia, mas ainda assim são
horríveis.

- Sei... Conveniente né?

- Não estou entendendo sua ironia Cris. - falei sem me


deixar abalar enquanto os rapazes observavam - Primeiro
você se afasta como se eu tivesse uma doença contagiosa e
agora isso? Tá legal. Diz qual é o problema.

- O problema é você Fernanda! - sua voz saiu cheia de raiva


- Eu tava quase ficando com o Dylan e você fez aquele
showzinho patético. - Cuspiu as palavras - Você Fernanda,
merece tudo de ruim que aconteceu na sua vida, inclusive a
morte do tal namorado. - fiquei sem acreditar no que
acabara de ouvir.

- Então o problema é esse? Tá achando que eu menti? Que


eu fiz de propósito pra atrapalhar você? Você é patética
Cristina. - as palavras dela haviam machucado.

Ela levantou e caminhou na direção em que eu estava,


levantei também antes que ela acertasse um belo de um
tapa no meu rosto segurando sua mão.
- Que isso Cris? - Ian estava perplexo.

- Eu avisei Ian. - Abner foi pra cima dela.

- Para Abner. - entrei na frente dele soltando a mão da Cris -


Não será necessário perder o controle. Não vale a pena.

A garota saiu destilando seu veneno, morrendo de ódio.

Nesse momento avistei duas figuras conhecidas em uma


mesa a nossa frente.

O que será que fazem aqui?

Me despedi dos meninos, Ian pediu mil perdões, coitado. A


verdade é que a única culpada de todo esse show era a
inveja que a Cristina tinha de mim.

Caminhei até a mesa e os dois se levantaram sorrindo,


comprimentei e ouvi num sussurou.

- Haja naturalmente. - ela disse.

Nos sentamos e logo quis saber o motivo deles estarem ali.

- Faz um mês que você está sendo seguida Electra. - ele


falou.

- Naquele prédio atrás de você tem alguém observando


cada passo seu. Do outro lado da rua dois homens te
observam também, estão te seguindo desde a hora que saiu
de casa. O cara que está lá dentro entrou com o que parecia
uma arma. - Space concluiu.

O que?

- Tem câmera de segurança lá? - perguntei.


- Não. Mas as câmeras daquele prédio do lado mostram
parcialmente onde ele está, uma vez que as janelas estão
inacabadas.

- Eu quero ver Space.

Ela mexeu no tablet a sua mão e virou ele para mim. A


imagem mostrava um franco atirador, presumi pela posição
em que estava deitado com uma arma de precisão na mão,
este falava ao telefone. Será que estava apontada pra mim?

Forcei-me a parecer normal e devolvi o tablet a ela.

- Por isso estamos aqui Electra. O Pacman achou melhor te


avisar pessoalmente.

- Não queríamos fazer isso sem ter certeza entende? E


agora que temos, precisamos tomar cuidado.

Minha mente passava a imagem que acabei de ver. Não


podia ser possível.

- Space, congela a imagem e da um zoom na mão dele. -


assim ela fez me entregando em seguida - Não! Não pode
ser.

O coração acelerou de novo, minha garganta ficou seca. O


cara que me seguia era o mesmo assassino do Henry. A
tatuagem na mão provava isto.
Me controlei pra não invadir o prédio e fazer justiça com as
próprias mãos. Na verdade acho que morreria tentando.

A pergunta era: porque ele estava me seguindo? E porque


aquela arma estava com a mira em mim?
Space e Pacman

****

OMG! Cuidado hein Nanda.

E ai, o que acharam da preocupação do Dylan com a


Nanda?

Não se esqueça 😁

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capítulo 10

Dylan

Estava em uma reunião com os acionistas da Spencer


Engenharia para unificação das empresas O'Connor e
Spencer quando meu telefone tocou, ignorei e continuei a
conversa ressaltando as melhorias que seriam feitas a partir
desta unificação.

Mais uma vez senti meu celular vibrar no bolso e assim foi
até o final da reunião. Despedi dos sócios e retirei-me para
o escritório. O celular tocou pela décima vez e atendi,
contudo a ligação caiu ou desligaram. Na tela do celular
estava a notificação de um e-mail, desbloqueei verificando a
caixa de entrada. Um em especial me chamou a atenção, o
assunto era "Fernanda O'Connor",abri sem exitar.

Você não me conhece, mas eu o conheço muito bem.


😜
Antes de explicar o motivo de estar escrevendo este
e-mail, quero dizer que amei trucidar o Lorenzo (
lembra do paizinho?) e depois matá-lo. Adorei ainda
mais torturar o Henry, sabia que ele morreu após eu
cortar seus dois braços e pernas com uma
motosserra? Devo admitir que ele foi forte. Ainda
ouço seus gritos de dor. Ai, ai, bons tempos.

Não. Não fique bravo querido Dylan. Logo você se


encontrará com eles, não se preocupe.
Agora vamos ao assunto principal. Fernanda
O'Connor, conhece? Devo dizer que ela está linda
nesse vestido creme, e essa boca....nossa! Antes de
matá-la acho que vou me divertir um pouco, meu pau
cabe perfeitamente naquela boca. Hummmm, já
posso até sentir.

Nesse momento estou observando-a na Chocolate &


Burguer com uns amigos, e tenho um rifle de
precisão com a mira na cabeça dela.
Agora deve estar se perguntando o que eu quero.
Nada. Simplesmente nada. A única coisa que me faz
feliz é seu sofrimento e acredite, ainda vai descer no
inferno.
Aqui no Brasil você não tem a proteção do conselho,
logo,logo estará acabado.

Quem diria hein, que a Nanda fosse fazer o grande


Spencer, o chefe mais temido da Viper até hoje ficar
de quatro por ela. Ah, a irônia... O primeiro morreu
por ela e o segundo morrerá também.

Agora eu te deixo querido Dylan, sem saber quando


resolverei me divertir com a Nanda.
Ah,tem uma frase que eu gosto muito daquele filme
"Jogos Mortais".... Que os jogos comecem.....

Abaixo do corpo do e-mail duas fotos estavam fixadas. Fotos


em que Fernanda e eu nos beijamos no estacionamento e
no corredor da faculdade.

Sai da sala feito um doido parando na mesa da Selma


minha secretária.

- Liga para minha mãe e diz que estou indo até a empresa.
Peça para ela e o David esperarem no escritório que o
assunto é de vida ou morte.

- Ok Senhor, já estou fazendo isso. - falou segurando o


telefone.
Sai em direção ao elevador pensando em tudo o que li
naquele e-mail. Quem era esse figlio di puttana?
Não poderia deixar a Fernanda a mercê desse cara de jeito
nenhum.

Ia contar toda a verdade para o David e faria a maior


loucura de minha vida. Mas primeiro iria atrás da Nanda.

O elevador chegou ao estacionamento, entrei rapidamente


no carro e dirigi feito um louco até a lanchonete, encontrei-a
ainda conversando com a moça loira e o rapaz barbudo.

- Dylan! - a surpresa estava estampada em seu rosto. - Tá


fazendo o que aqui?

- Vim te buscar. Temos uma reunião com o David.

- Temos? - levantou suas belas sobrancelhas.

- Não tenho tempo para explicação agora Nanda, por favor. -


supliquei.

- Tá bom, só dá um segundo pra gente. - pediu.

Me afastei dando espaço para eles conversarem. Não


demorou e ela estava do meu lado. Caminhamos até o carro
e dei partida.

- Vai me explicar o que está acontecendo agora Dylan?

- Você saberá quando chegarmos na empresa Fernanda. -


minha voz saiu rude demais, contudo no momento não
havia me importado com esse detalhe.

Ela não abriu mais a boca durante o resto do trajeto.


Chegamos a empresa nos dirigindo ao elevador. Apertei o
botão da cobertura, onde se localizava o escritório do David.
Observei a garota ao meu lado, ela mexia as mãos
demonstrando nervosismo. Me aproximei dela lentamente
parando a sua frente. Ela levantou os olhos para mim e pela
primeira vez vi medo neles, segurei suas mãos que estavam
geladas e naquele momento percebi que faria tudo para
protegê-la ainda que me odiasse para sempre pelo que
estava prestes a fazer.
Saímos do elevador e pedi para que ela não entrasse na
sala ainda e por incrível que pareça ela aceitou.

- O que tenho para falar é bem sério. - disse sem rodeios


assim que entrei na sala do David - Podemos nos sentar?

David apenas me encarava sério, enquanto minha mãe


demonstrava estar desconfortável e super nervosa. Será
que ela já havia dito alguma coisa?

- Estou ouvindo, comece rapaz. - sua voz soou grave.

- Pelo clima aqui minha mãe já deve ter falado com o


senhor.

- Que ela é mãe do namorado da minha filha que foi


assassinado? Falou. Ou que você é gêmeo idêntico dele?
Falou também. - agora sua voz soava sarcástica - Ou que
você Dylan Spencer é o chefe da máfia italiana Viper? É, é!
Minha querida esposa falou. - David estava puto e com
razão. A partir daqui teria que escolher minhas palavras
para dizer o que vim dizer.

- Antes do senhor sair me dando porradas por favor me


ouça. - desbloqueei o celular entregando a ele- Leia David e
depois conversamos.

Ele leu umas cinco vezes o e-mail. Parecia não acreditar no


que estava escrito. David assumiu uma expressão vazia
entregou-me o celular, foi até a bancada e serviu uma dose
generosa de uísque.

- Estão seguindo minha filha. - não foi uma pergunta - Diz


para mim Dylan qual o seu plano.

- Não posso oferecer proteção para a Fernanda aqui no


Brasil. - comecei - Teremos que ir para a Itália, a base da
Viper se encontra lá. Contudo para levá-la comigo preciso
ter direitos legais sobre ela, as regras são bastante claras a
respeito disso.

- Direitos legais? - o David era assustadora quando queria.

- Casamento meu amor. - minha mãe falou - Os conselheiros


não permitirão que alguém que não tenha vínculo com o
Don entre no território da Viper. - continuou - Dylan é o
chefe, mas precisa de certa aprovação para isto. Claro que
ele pode simplesmente ignorar mas creio que na atual
situação isso não seja prudente.- David ficou em silêncio
alguns minutos falando em seguida.

- Agora outra coisa que eu gostaria muito de saber Dylan.


Desde quando vocês estão ficando? E bem embaixo do meu
nariz?

Droga! Tinha me esquecido completamente das imagens


abaixo do e-mail.

- Não estamos ficando David. Não agora. - minha mãe


soltou um suspiro resignado.

- Rapaz você brinca com a morte. - disse apertando o copo


dando um sorriso perverso. - Digamos que eu aceite sua
proposta...
- Sabe porque o Henry morreu David? - interrompi tentando
fazê-lo entender a gravidade da situação - Morreu para
proteger a Fernanda. Foi torturado e despedaçado para
proteger a Fernanda! Acha mesmo que eu estaria aqui se
não me preocupasse com ela? A única coisa que não quero
é que a morte do meu irmão tenha sido em vão. - falei
respirando profundamente.

David ficou em silêncio olhando para minha mãe em


seguida com semblante triste.

- Sinto muito Ella.

- Meu filho era só um menino David e teve a pior morte


possível. Não quero que a Fernanda ou o Dylan tenham o
mesmo destino. Se alguém pode protegê-la é meu filho.

- Tudo bem Dylan. - respondeu finalmente - Vamos fazer do


seu jeito . Mas eu tenho algumas coisas a dizer.

Pouco me importava as objeções do David, a única coisa


que vinha a minha mente era a segurança da Fernanda. Eu
não iria deixar nada acontecer a ela jamais.

(...)

Nanda

A tal reunião do Dylan com meu pai estava demorando


muito. Fazia quase uma hora que ele entrou no escritório e
nada. Resolvi entrar, passei pelo Maycon o secretário do
meu pai, este me olhou assustado com medo de ser
repreendido por me deixar entrar sem ser anunciada.

Abri a porta e adentrei, eles estavam imersos na conversa e


pararam assim que me viram, contudo ouvi a palavra
casamento o que me deixou em alerta.
- Vocês estavam demorando demais então resolvi entrar. -
comecei - Vai me explicar o que está acontecendo? - dirigi-
me a Dylan.

O silêncio na sala reinava absoluto até que meu pai quebrou


deixando-me boquiaberta.

- Você vai se casar com o Dylan.

O que?

- O que? - verbalizei meu pensamento - Como assim casar?


Desde quando vocês decidem minha vida pelas minhas
costas? Vocês não têm esse direito! Eu decido sobre minha
vida!

- Você perdeu todo o direito no momento em que se


envolveu com mafiosos! - meu pai falou alterado dando um
soco na mesa. - O casamento será no sábado que vem,
então você tem exatamente nove dias para se preparar
contando de amanhã. Fim de papo Nanda.

- Ótimo David! É muito bom saber que você se importa


comigo. - minha voz saiu cheia de ressentimento. - Tenham
um ótimo dia. Com licença.

Sai da sala indo pro elevador com meus sentimentos a flor


da pele. Esperei até que as portas se abrissem e entrei,
contudo assim que elas estavam se fechando uma mão
impediu e Dylan adentrou o pequeno espaço.

No instante em que as portas se fecharam o ar ficou


pesado. Meu coração martelava dentro do peito com um
misto de sentimentos, medo, raiva e alguma coisa que eu
precisava ignorar e deixar enterrada.
Dylan me encarava intensamente, virei o rosto para não
socar ele, na verdade não sabia o que pensar de toda
aquela situação.

- Fer olha pra mim. - ele me chamou de Fer e isso chamou


minha atenção contudo não demonstrei. - Você pode me
odiar agora mas tudo isso é para o seu bem. - senti ele se
aproximar - Fer...

- Por que isso agora Dylan? - fiquei sem olhar pra ele.

- Olha pra mim Fer. - como não obedeci senti seus dedos no
meu queixo levantando o rosto.

Nos encaramos, alguma coisa me puxava pra ele não sabia


explicar o que era, tudo me atraia. Minha mente dizia uma
coisa e meu corpo outra.
Ele me abraçou sem avisar e me senti protegida, aquela
angústia que antes assolava meu peito desapareceu quase
por completo.

Ah! Como eu queria odiar o Dylan. Mas essa droga de


coração estava querendo brincar comigo.

Depois do episódio na empresa evitei meu pai o máximo


que pude e quando não conseguia evitar apenas respondia
o que me era perguntado. Até o James ficou contra mim
depois de conversar com o David. A Carla estava eufórica e
meus amigos ficaram sem acreditar.

Como se não bastasse meu drama familiar ainda tinha


aquele psicopata me seguindo por isso não sai mais de
casa. Space e Pac não obtiveram nenhum sucesso em sua
busca, muito menos eu por mais que odiasse admitir isso.

Quem era esse cara? Quem os Spencers tinham irritado? Ou


melhor, quem eu tinha irritado?
Pergunta idiota a minha. Electra irritou muita gente e por
mais que mantivesse tudo no sigilo talvez alguma coisa
tivesse escapado, talvez tivesse deixado alguma pista ao
invadir algum sistema. Odiava ficar no escuro, me sentia
frustada e esgotada porém não havia muito o que pudesse
ser feito.

Quatro dias se passaram a casa estava agitada, recebemos


a visita de uma estilista que faria o vestido de noiva. Acabei
escolhendo um vestido simples era longo com a saia rodada
e detalhes em renda no busto. Quanto ao resto deixei para
meu pai.

Apareceram também dois seguranças, que me seguiam por


todos os lados dentro da casa Jason e Chris. Jason era alto
de olhos verdes e estava sempre com uma expressão séria,
só de olhar dava medo. Chris também era alto, meio
magrelo, seus olhos também verdes e seus cabelos
encaracolados na altura do ombro. E para minha total
surpresa o Henrique também trabalhava para o Dylan,
contudo este era guarda costas do meu "noivo".

E num piscar de olhos os outros cinco dias passaram voando


e lá estava eu enfiada em um vestido de noiva contra minha
vontade com maquiadores e cabeleireiros eufóricos ao
redor, enquanto eu tinha que forçar um sorriso e fingir igual
fervor, se dependesse de mim casaria de calça jeans e
tênis. Tudo ali indicava um ar alegre, porém o que sentia era
tensão.

Para a cerimônia realizada na mansão foram convidados só


meus amigos, o Diego e o tio do Dylan, Dimitri que era uma
exigência do conselho para conferir se o casamento era
verídico.
Próximo a hora marcada pelo juiz de paz, meu pai veio me
buscar. Era a última vez que o veria pois após a união Dylan
e eu nos mudaríamos para a Itália. Queria dizer tanta coisa,
mas nós dois éramos orgulhosos demais.

- Chegou a hora Nanda. - a intensidade em seu olhar fez


com que eu virasse o rosto - Vamos minha filha.

- Vamos papai. - segurei seu braço e caminhamos para a


área da piscina.

- Você pode me odiar agora Nanda, mas tudo o que estamos


fazendo é para seu bem.

- Eu sei papai.

O nervosismo estava me matando. Lá no fundo sabia o


porquê de tudo aquilo, só não queria admitir.

Caminhei em direção a Dylan que me aguardava cercado


por seguranças, o que só aumentou minhas suspeitas e fez
com que sentisse um frio na barriga. Era hora de encarar
meu destino, sendo ele ruim ou péssimo coisas boas não
sairiam dali.

***

Adoraria saber o que estão achando.

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Capítulo 11

Notas ✍️

Olá pessoas que estão acompanhando o livro, antes


de mais nada muito obrigada.

Peço desculpas por ter demorado tanto a postar, fui


pega por um bloqueio e até agora tô nele.

Espero que gostem do capítulo ❤️

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Boa leitura 😘

*****

Segurei o braço do meu pai e caminhamos pelo tapete


coberto de pétalas de rosas vermelhas. No altar ao lado da
piscina ele estava em pé, impecável no seu terno Georgio
Armani.

Como já esperava, pelo local havia vários seguranças. A


atmosfera estava tensa, nem as flores espalhadas
estratégicamente pelo ambiente aliviou a tensão. A cada
passo dado o coração se apertava mais e mais. Para alguns
aquele poderia ser o casamento dos sonhos, contudo para
mim não passava de uma farsa, um show de horrores.

Alcançamos o altar e meu pai levou minhas mãos geladas


até Dylan.

- Estou confiando a você um dos meus bens mais preciosos.


Cuide dela rapaz. - sua voz saiu embargada.
- Cuidarei David. - o outro assentiu me tomando para si.

Ficamos a frente do juiz de paz que também era o


reverendo da nossa igreja, um senhor de meia idade com
feições gentis. Este começou o sermão sobre como
devemos nos comportar estando em um relacionamento
com alguém e as dificuldades que enfrentariamos. Minha
mente recusava-se a se concentrar nas palavras dele.

A todo momento meus olhos vagavam pelos homens de


preto, espalhados pelo local em alerta. O reverendo teve
que repetir a pergunta duas vezes pra eu notar que falava
comigo.

- Fernanda O'Connor, é de livre e espontânea vontade que


você está aqui?

Pensei seriamente em falar que não e acabar com aquela


farsa logo de uma vez. Contudo alguma coisa dentro de
mim queria descobrir o porquê de tudo aquilo, não só o
casamento, como também o homem que percebendo agora,
me seguia a quatro anos. Todas as vezes que ia ao cemitério
ele estava lá.

- Sim. - respondi espantando tais pensamentos.

- Sendo assim, de acordo com a vontade que ambos


acabaram de afirmar perante mim, de receber vos por
marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados.
Desejam trocar alianças?

- Sim. - repondeu Dylan.

Uma mulher extremamente elegante trajada igual aos


demais seguranças, entregou a ele uma caixinha, dentro
dela uma aliança e um anel.
Ele segurou minha mão colocando o anel que era cravejado
de diamantes e pequenas letras V por sua extensão. Fiz a
mesma coisa com a aliança dele.

- Agora se assim desejarem, podem dar o primeiro beijo


estando casados. - o homem disse sorrindo.

Nos olhamos por alguns segundos fingindo uma paixão que


não existia e selamos nossos lábios num beijo rápido.

Após a cerimônia os convidados se acomodaram para


apreciar o buffet contratado pelo David.
Me dirigi ao quarto para retirar o vestido após tirar algumas
fotos com o Dylan. Estava terminado de arrumar as malas
quando alguém bateu a porta.

- Entra! - falei terminando de fechar o zíper.

- Veio se esconder dona perigosa?

- Não James. Só estou terminando de arrumar o resto de


minhas coisas. - as palavras saíram cheias de
ressentimento.

- Fer....

- Não me chama de Fer. - interrompi entredentes - Até você


ficou contra mim James. Até você!

Cabisbaixo caminhou até a cama sentando-se.

- Senta aqui Fer. Vamos conversar. - sentei me perto dele -


Você sabe porquê fiquei a favor do papai?

- Não sei. Mas tem algo de errado. - segurei sua mão


deixando de lado os sentimentos ruins, nunca consegui ter
raiva do meu irmão - Não precisa me explicar James. -
ficamos em silêncio alguns segundos. - Só promete que vai
cuidar da Carla por mim, ela se faz de durona só que precisa
e muito do nosso apoio. - empurrei seu ombro com o meu -
Eu perdoo você chorão. Não quero ir embora estando
brigado contigo.

- Foda-se o que o David e o Dylan falaram. - se irritou de


repente - Você nunca escondeu nada de mim. Então não
vou esconder nada de você Fer. - olhou em meus olhos -
Estão....

James foi interrompido pelo toque do meu celular. No visor


aparecia algo impossível. Devo ter ficado branca pois meu
irmão demonstrou preocupação.

- Fer, você está bem? - não houve resposta - Fer?

Abri minha boca mas nem um som saiu. O toque que havia
parado recomeçou e fiz a única coisa que veio a minha
cabeça, atendi. Silênco era o que saia do outro lado, então
resolvi falar.

- Quem está aí? E não me diga que é o Henry. - James me


olha com espanto - Por que ele morreu a quatro anos.

- Nanda! - a pessoa do outro lado usava um modulador de


voz - Estou com saudades. Você não saiu mais, já fazem
quase duas semanas.

- Pois é. Muita coisa pra fazer, mas isso não te diz respeito.

- Uma pena....Tá pensando em viajar Nanda? - senti um


calafrio.

- Eu não tenho que ficar aqui falando com você seu doente!
- cuspi as palavras e desliguei o celular com uma sensação
péssima.
O medo estava instalado. Como ele sabia da viajem? Quem
era esse cara?
Meu irmão tinha saído do quarto sem eu perceber, não
demorou e Dylan apareceu com seus seguranças.

Ainda estava trêmula pela pequena conversa a alguns


segundos antes.

- Temos que ir Nanda. - falou ele.

- Agora Dylan?

- Agora. O Helicóptero está a nossa espera. Vamos nos


despedir.

Dei uma última olhada no quarto e sai.


Jason e Chris levaram minhas malas até o carro enquanto
Zoe, Henrique e Taylor nos seguiram até o hall de entrada
para que pudessemos nos despedir. Se antes os seguranças
do meu marido estavam tensos, agora estavam pior,
sempre em alerta, o que me levou a pensar que algo de
grave estava acontecendo.

No hall estavam todos que eram importantes para mim,


inclusive a Cristina que aos prantos correu para me abraçar.

- Nanda! Me perdoe por favor. Eu fui uma idiota com você e


me arrependo muito. - disse se afastando - Eu preciso da
sua presença na minha vida Nanda. Por favor me perdoe! -
repetiu.

- Tudo bem Cris. Eu perdoo você. - deixei minhas emoções


saírem. Afinal eu amava ela e não queria afasta-la de mim.

Dei um beijo carinhoso em seu rosto e caminhei até Abner e


Ian.
- Estejam preparados por que vou ligar todos os dias. - falei
abraçando-os.

- Pode apostar que vamos esperar. Vou sentir saudades


minha amiga. - Abner disse limpando as lágrimas.

- Que você seja feliz Nanda. Vamos sentir sua falta.

- Eu também Ian.

- De mim não precisa se despedir jujubinha porque aceitei


um serviço na Itália e irei te perturbar muito.

- Acho bom mesmo Diego! E para de me chamar de


jujubinha. - sorri dando um beijo no rosto dele.

Dei um longo abraço no meu pai e as lágrimas desceram,


não queria soltar ele, não queria me mudar pra outro país.
Gentilmente ele se afastou.

- Se cuida minha filha. Se não fosse para sua proteção eu


nunca estaria fazendo isso. Você sabe né? Eu te amo Nanda.

-Também te amo papai.

James estava aos prantos, mesmo sem querer eu ri ao


abraçá-lo.

- Ei. Não fica assim não. Vamos nos falar todos os dias meu
amor. - disse afagando seu cabelo. - Eu não vou te deixar
em paz chorão.

- Chorão? Quem está chorando? - rimos - Vou arrumar uma


casa na Itália pra ficar perto de você. - Deu um beijo na
minha bochecha. A Carla estava próxima então incluímos
ela no abraço.
- Se cuidem, principalmente você Carla. E se precisar me
liga que venho correndo.

- Tá bom. Vou me cuidar. Te amo Nanda! - Carla me deu um


último abraço.

Me despedi da Ella e seguimos para o heliporto, localizado


na Spencer Engenharia. Dylan,Henrique, Chris e eu
seguimos no carro de trás e Jason, Zoe e Taylor no da frente.
Os outros seguranças já estavam o prédio para o caso de
eventuais distrações.

Logo quando saímos de casa um carro começou a nos


seguir, percebi logo de cara. Chris estava no volante e
tentou despistar quem quer que estivesse naquele carro,
tudo em vão.

- Don ci sta seguendo.( Don, estão seguindo a gente) - falou


ele em italiano. Não entendi nada.

- Segui la compagnia e sii preparato.( segue para a empresa


e estejam preparados) - ele estava muito sério e isso me
preocupou, desde que ele entrou em minha vida, nunca vi
ele sério deste jeito a não ser pelo incidente com o Taylor.

Henrique sacou a arma e verificou o pente, Dylan fez a


mesma coisa. A tensão cresceu dentro do veículo.
Comecei a suar frio, o coração disparou, o interior do
veículo pareceu querer me engolir.

Por favor! Agora não. Supliquei mentalmente.

- Fer, assim que chegarmos na empresa o Henr...o Chris vai


te levar para dentro.

- Tá bom. - falei tentando disfarçar o nervosismo.


Mais alguns segundos e estacionamos em frente ao edifício
dos Spencer's, sai do veículo segurando minha mochila
onde estavam algumas coisas essenciais e quando ia
caminhar até a empresa veio o primeiro tiro que teria me
atingido se Dylan não me empurrasse para trás do carro.

- Fica abaixada entendeu? - perguntou olhando nos meus


olhos.

Assenti.

- Eu tenho que ir Fer.- levantou-se mas segurei sua mão.

- Dylan, toma cuidado tá? Por favor.

Demorou alguns segundos e se foi. Os barulhos dos tiros


começaram, a lateral do carro sendo alvejada por tiros,
alguns atravessavam a lataria me fazendo tremer. Não
conseguia ver nada, não sabia o que estava acontecendo.

Ouvi um grito de dor. A voz era do Taylor. Mais tiros foram


ouvidos.

-Tá legal Nanda, fica calma e pensa. - verbalizei meus


pensamentos, foi então que a voz do Henry surgiu clara
como uma água.

" - Segure firme a arma Fer e se concentra. Se por acaso se


ver presa em um tiroteio e não ter para onde fugir, se
concentra.- disse pausadamente - Tira o foco do medo e se
obrigue a se mover. Se você se deixar levar pelo medo ou
entrar em pânico vai morrer em segundos.

- E se eu não conseguir? - quis saber

- Você invadiu o sistema da Viper sem nunca ter feito isso. -


deu um sorriso desconcertante - Acha mesmo que algumas
balas vão parar você? Agora se concentra e atira. - beijou
meu rosto. (...) "

Ele estava certo. Fechei o olho respirando fundo comecei a


me concentrar. Abri a mochila e peguei meu tablet, com
muito cuidado olhei em volta procurando câmeras de
segurança, assim que encontrei comecei a hackear. Não
demorou muito e estava dentro, dois homens abriam fogo
contra Dylan e seus soldados, Taylor estava caído no chão
segurando o braço.

Peguei o celular e liguei para o Dylan, no segundo toque ele


atendeu.

- Você está bem Fer?

- Estou. Presta atenção, tem dois homens atirando em


vo...na gente. O primeiro está a sua esquerda e o outro dois
carros a frente. - disparei.

- E como você sabe disso?

- Amigos importantes lembra? - desconversei - Eu estou


indo aí.

- Não! Fica aí... - começou, contudo desliguei o celular.

Retirei os saltos, esperei o momento certo e corri na direção


onde Dylan estava. No chão próximo a ele se contorcendo e
com o braço ensaguentado estava Taylor.

Os tiros recomeçaram. Quando olho para a mão do Dylan


vejo que ele segura uma Glock 17, igual a que o Taylor
segurava. Tive uma ideia maluca mas teria que contar ao
Dylan primeiro.
- Quando os tiros sessarem vamos atrás dos caras. Temos
alguns segundos até eles recarregarem.

- Não! Você não vai! - ele estava louco se achava que eu ia


ficar parada esperando pra morrer.

- Sim! Não temos tempo pra discussão Dylan. Eles


chamaram reforços. - Ele não disse nada, apenas me olhou
com reprovação.

Comecei a contar os tiros sincronizados,


um...dois...três...seis... E então pararam. Tinha que ser
agora. Peguei a arma do Taylor e segui o Dylan.

Tinham realmente dois homens que foram mortos por ele


antes mesmo de saberem o que os atingiu. Porém tinha um
terceiro que a câmera não pegou, e este veio
sorrateiramente e apontou sua arma para a cabeça do
Dylan, sem nem pensar atirei nele.

Tive que fingir que nunca segurei uma arma na vida, apesar
de nunca ter matado ninguém até agora eu atirava muito
bem.

Meu marido caminhou até mim e abraçou-me.

- Não olha Fer. Vamos sair daqui.

Não respondi, caminhamos em direção ao prédio. Os outros


apareceram . Jason tinha sangue em seu rosto, Chris estava
com cara de preocupado e Zoe estava apoiando Taylor que
tinha muito sangue na roupa. Henrique apenas encarava a
situação sem demonstrar qualquer sentimento.

Peguei minha mochila e meu Louboutin e subimos para a


cobertura. No elevador apaguei todas as imagens das
câmeras de segurança para não termos mais problemas,
sem que alguém percebesse.

Chegamos a cobertura onde tinha um grande helicóptero


estilo militar nos esperando, como Dylan fazia aquilo isso eu
não sabia. Aparentemente ele era bem influente.

Já no ar a adrenalina começou a baixar, aí veio a tremedeira


e a crise de choro. Nós quase morremos hoje, aquilo
mecheu comigo profundamente. Meu marido me abraçou,
me senti segura em seus braços e ali fiquei até adormecer.
Seriam quase dezoito horas de vôo até a Itália.

Neste momento o tempo era o maior e o pior inimigo.


Tínhamos que descobrir quem estava por trás desses
ataques antes que alguma outra tragédia acontecesse.

Restava saber se na Itália as coisas iriam melhorar ou


piorariam de vez. Tinha a impressão de que seria bem pior
que a segunda opção.
Capítulo 12

Um mês depois....
Milão, 09/01/2020

Sabe quando você tem aquela sensação de que está preso


em um sonho ( não um sonho bom), e nunca vai acordar?
É exatamente assim que me senti desse o dia em que
cheguei aqui.

Saímos de SAP no Brasil dia 08/12/2019, ontem fez um mês


que estamos aqui. Nossa chegada não foi melhor que a
saída do Brasil, fomos recebidos por muitos seguranças e
ainda sim fomos perseguidos pelas ruas de Milão. Sim!
Viemos para Milão, não para a Sicília como eu havia
imaginado. Acho que assisti filmes de mafiosos demais.

Passei o natal e o ano novo longe da minha família e


amigos, apenas conversando pela webcam presa nesta casa
que por mais linda que seja, ainda é uma prisão. Não posso
sair dela e até quando estou no jardim seguranças me
acompanham, o Chris para ser mais exata. Este se tornou
um amigo nos meus momentos de solidão.

Nesse meio tempo comecei a aprender italiano por baixo de


uns panos, pois toda vez que eles estão conversando algo
que presumo ser sério, falam no idioma deles. O que acaba
comigo, várias vezes ouvi meu nome mas não entendi o que
falavam.
Dylan se mantém distante, minha relação com ele tinha
melhorado depois do meu desmaio, contudo a partir do
momento em que pisamos aqui ele se afastou, mal fala
comigo e quando faz nós brigamos. E para piorar a situação
aquela mulher, Zoe, vivia se insinuando para ele, uma
oferecida sem vergonha.
E eu continuo empenhada em encontrar o monstro da
tatuagem, já vi aquele vídeo um milhão de vezes, seus
gestos corporais não me eram estranhos, mas por mais que
eu puxasse fundo na memória, não conseguia lembrar de
quem eram.

Space e Pac vieram a Milão também. Montamos uma base


aqui e eles me dão suporte, inclusive Pac está me
ensinando italiano. Conversamos bastante já que fico dentro
do quarto quase o dia todo, só saio para comer e volto.

Conseguimos encontrar seis possíveis rostos para o


assassino buscando no banco de dados do governo, porém
cinco estam presos e um estava morto, difícil ser um deles.

Todas as pistas levavam a um beco sem saída e isto estava


me deixando doida.

- Quer continuar Electra? - Ingrid (Space) me pergunta.

- Não! Eu preciso tomar um ar e vocês dois precisam


descansar.

- Ahh! Graças aos deuses - Nick (Pac) suspira - Achei que


iiaa me deixar morrer de fome.

- Nossa Nick! Como você é exagerado! - rio da cara dele. -


Beijos até amanhã. Por hoje vamos esquecer esse assunto,
qualquer coisa eu aviso. - me despeço e desligo o
computador.

Levantei-me sentindo os ossos estalarem e fui tomar um


banho . Quando sai do banheiro Dylan estava sentado na
cama.

- Oi.
- Oi. - respondi indo até o closet, ele veio atrás.

- Coloca uma roupa quente, vamos sair. - olhei para ele


desconfiada.

- Sair? Pra onde?

- Você vai ver quando chegarmos lá. - disse sorrindo.

Peguei as roupas e voltei para o banheiro. Optei por uma


calça jeans preta, uma blusa vermelha de manga longa,
finalizando com um sobretudo preto e uma bota da mesma
cor. Fiz uma leve maquiagem deixando o cabelo solto.

Acho que ficou boa pois o olhar de Dylan sobre mim dizia
exatamente isso.

- Vamos? - perguntei sem jeito.

- Sim!

Descemos e seguimos para o carro.

- Os soldados irão também? - quis saber.

- O Chris e a Zoe irão. Henrique e Taylor voltaram para o


Brasil e o Jason está resolvendo umas coisas para mim. Mas
não se preocupe Nanda, eles ficarão longe.

- Okay!

Dylan dirigia ao som de Hanson, Save me, e eu estava


curtindo pois amava está música. Olhando pela janela do
carro, fiquei deslumbrada com a cidade, Milão era linda com
sua arquitetura contemporânea. Acredito que meus olhos
estivessem brilhando.

- Vai me dizer para onde está me levando agora?


- Estamos indo para dois de meus lugares favoritos. O
primeiro é o Duomo, o segundo só vai saber quando
chegarmos lá. É segredo. - concluiu com um sorriso.

- Duomo de Milão? Sempre quis conhecer, deve ser incrível.


- falei com entusiasmo.

- É sim! Já estamos quase chegando.

Não demorou e chegamos. Meu queixo caiu assim que


avistamos a catedral, parecia um castelo.
Dylan começou a contar a história do lugar, que ouvi muito
entusiasmada.

- Eis aqui o cartão-postal da cidade, - começou apontando


para a catedral - o Duomo é uma das mais belas catedrais
góticas do mundo. Você sabia que levou mais de
quatrocentos anos para ser finalizado? - neguei - Ela é
inteira feita de mármore branco rosa.

- Uau! - exclamei

- Lá encima, colocada na agulha mais alta está La


Madonnina, uma obra que é bastante estimada pelos
milaneses e por causa disto foi feito uma réplica em
tamanho real que está exposta lá dentro. - ele olhava para
mim sorrindo - Agora chega de falar. Vou deixar que você
veja. Vem, - segurou minha mão - vamos comprar os tickets
para entrar.

Andamos até a "bilheteria", enfrentamos uma pequena fila


para comprar o ticket. Chegando nossa vez, a moça
perguntou em italiano se queríamos ir de escada ou
elevador para o telhado da catedral. Entendi perfeitamente,
contudo esperei que Dylan traduzisse, afinal este não sabia
das minhas atividades extras desde que cheguei aqui. Como
eu queria aproveitar ao máximo o passeio, escolhi ir de
escada, assim sendo o valor ficou mais baixo também,
quinze euros.

E para entrar no Duomo também tivemos que enfrentar


uma pequena fila e fomos revistados, mas confesso que
valeu a pena.

O interior era ainda mais lindo e gigantesco. O local


dispunha de muitas estátuas, seus corredores eram longos
e largos. E os vitrais...Uau! Incríveis. Dylan me mostrou a
réplica de La Madonnina, belíssima, de cair o queixo.

Chris e Zoe acompanhavam de longe nossos passos, mas


não estava preocupada, não neste momento. Tudo o que
queria era aproveitar minha estadia ali naquele pequeno
paraíso. Feito a visitação no interior da catedral, o que devo
dizer me deixou sem palavras, tivemos que sair para pegar
as escadas para o telhado.

Demorou um pouquinho e chegamos. A subida cansou um


pouco valeu a.pena todo o esforço.

E uma vez mais as palavras me fugiram. Nem saberia


descrever a sensação que era estar aqui encima.

- E aí Nanda, o que achou? - perguntou me abraçando por


trás.

- Incrível Dylan, amei, amei, amei. - sorri abertamente.

- Que bom que gostou ragazza. - deu um beijo no meu


pescoço - Aproveita, daqui a pouco desceremos. Ainda
temos um lugar para ir lembra?

Assenti olhando o celular e já passava das três da tarde,


exploramos o lugar alguns minutos e descemos. Chegando
ao térreo meu estômago roncou, o que era perfeitamente
normal pois não havia comido nada até agora. Olhei para
meu marido como um pedido de desculpa, ele riu.

- Achei que fosse o King Kong chegando aqui. - brincou

- Haha, muito engraçado. - disse dando um empurrão nele -


Tô com fome. Alimente seu dragão Dylan.

Ele riu de novo, uma risada gostosa e descontraída, o que o


deixava com ar de menino.

- Sente-se aqui que eu já volto. - falou indicando um local -


Só não vai devorar ninguém.

- Não prometo nada. - levantei as mãos.

Ele se afastou me deixando sozinha sob os olhares


julgadores de Zoe. Eu definitivamente não gostava dela e
acredito que era recíproco, a julgar pelo modo como olhava
para mim.

Ele voltou com dois pastéis na mão, ou assim eu pensava.

- Pastel?

- Não! Pizza frita. - sentou-se ao meu lado - É de quatro


queijos. Gosta?

- Amo. A sua é de que que?

- Calabresa. Vai querer a minha também? - fingiu espanto


levantando a sombrancelha.

- Não quero! Mas obrigada por oferecer. - zombei - Hum


deve estar uma delícia.

Mordi a pizza que realmente era muito gostosa, mas fazia


um pouco de sujeira.
- Hummmm. - resmunguei mastigando.

Continuei a olhar em volta, Milão tinha me encantado,


esperava sair mais vezes e conhecer mais lugares.

Terminamos de comer e seguimos viagem. Dylan não quis


me dizer para onde estava me levando, a única coisa que
disse era que o tal lugar era seu preferido e que ficava fora
da cidade.

Andamos por aproximadamente uma hora e meia, entramos


em uma estrada de terra e mais alguns minutos estávamos
no paraíso.

Literalmente, hoje ele tinha tirado o dia para me


surpreender. Um lago de águas cristalinas se estendia a
nossa frente rodeado por algumas árvores, uma paisagem
maravilhosa de tirar o fôlego.

- Uau!- foi a única coisa que consegui dizer.

- É lindo né? Costumava vir aqui com meu pai e o Henry.

- Sim! Não que a sua casa não seja, mas este lugar... - olhei
para ele desvencilhando do assunto Henry - é incrível!

- Vem, vamos sentar.

Me conduziu até uma pedra grande que tinha ali e


sentamos admirando o por do sol. Queria gravar essa
imagem para sempre, estava deslumbrada com tamanha
perfeição.

- Nanda, amanhã a noite faremos um jantar em casa. -


Dylan quebrou o silêncio - O conselho quer conhecer você.

- Conselho?!
- Sim. Uma unidade formada pelos principais capos da Máfia
aqui em Milão. - indagou - Tem tantas coisas que você não
sabe Nanda...

- Então me conta Dylan.

- Ah como eu queria te contar, mas não posso. - falou me


encarando - Porém te contarei o que precisa saber. Meu pai
formou isso aqui. - ele estava falando da máfia - Depois dele
vieram os outros, pessoas que se mostraram úteis e
dispostos a ajudar, - começou parando uns segundos como
se buscasse por lembranças - então com o passar do tempo
decidiram fazer um conselho para resolver assuntos que
seriam de interesse de todos. Como casamento, delatores,
traições.

- Entendi. Quer dizer que todo mundo tem que responder a


todo mundo.

- Não exatamente. Na verdade eu mando neles. Mas deixo


pensarem que mandam alguma coisa. - deu um sorriso -
Acontece que o Dimitri fez o favor de propor casamento a
filha do chefe da Vitale. Um compromisso foi firmado sem
minha permissão.

- Uou! Quer dizer que eu sou a outra? - empurrei seu ombro

- Não! Você não é! - devolveu o empurrão - Então devido a


esse fato eles querem conhecê-la. Dimitri foi mandado ao
Brasil, para checar se o casamento não era invenção minha
para quebrar o compromisso. - segurou minha mão - E sabia
que eu amei isso? Ele foi cuspindo fogo.

- Você não se dá bem com seu tio Dylan? - quis saber.

- Não! Ele é um mal caráter sem honra e traiçoeiro, que só


pensa em se favorecer.
- Okay! Prometo que não farei você passar vergonha
amanhã.

- Não tô preocupado com isso. Mas tem umas coisa que


precisa saber. - falou colocando uma mecha do meu cabelo
atrás da orelha - O puto do Dimitri convidou os russos
Nikolae e Mikhail Barov. Tivemos problema com eles no
passado e provavelmente vão causar no jantar amanhã.

E as coisas só melhoravam, agora teria que enfrentar esse


passado também. Não importa o quanto você queira fugir
dos fantasmas do passado, eles sempre voltam para te
assombrar. Tratei de afastar tais pensamentos de uma vez.

- Que foi? Ficou estranha de repente? - sua voz demonstrava


preocupação.

- Nada! Só estava pensando...E se eu cometer algum erro?


Vou ser punida por isso?

- Só por cima do meu cadáver. - sua voz saiu determinada o


que me deu certo conforto.

Comecei a tremer, pois o ar ficou mais frio de repente.


Dylan tirou seu sobretudo e colocou em meu ombro.
Ficamos lá mais uns instantes até o sol se por totalmente.
Não sei se movidos pelo clima ou por alguma outra coisa,
acabamos nos beijando. Um beijo daqueles de cinema sabe?
Perfeito e romântico.

- Temos que voltar Nanda. - disse encostando a testa na


minha - Já está ficando tarde.

- Temos mesmo. Nem percebi a hora passar.

- Nem eu. - ele ficou pensativo por uns instantes - Posso te


confessar uma coisa?
- Claro que sim.

- Eu não queria voltar. Hoje foi um dia maravilhoso. Queria


ficar mais tempo com você.

Sorri para ele sem jeito. Nós dois sabíamos que quando
voltássemos para a mansão ficaríamos longe de novo.
Fiquei em silêncio uns segundos e fiz a única coisa que
queria neste momento, voltei a unir nossos lábios.

Não sabia o que ele estava escondendo de mim, tão pouco


as coisas pelos quais ele estava passando, a única coisa que
eu sabia era o que sentia quando estava perto dele.

Mesmo sem querer acabei me apaixonando pelo Dylan. O


fato dele ser irmão do Henry ainda me consumia. Contudo
não estava fazendo nada errado, um dia eu amei o Henry e
ainda amo, mas nada comparado com o que estou sentindo
pelo Dylan.

A única coisa que faz barreira entre nós são os segredos. Ele
não confia em mim para contar sua motivação para agir
desta forma comigo. Eu não confio nele para contar que sou
Electra.

Talvez se trabalhássemos juntos descobriríamos a pessoa


por trás desses atentados mais rápido. Porém o medo do
futuro e das coisas que pudesse acontecer falava mais alto.
Afinal coloquei atrás das grades alguns membros do
conselho.

E se eles descobrissem, o que aconteceria comigo? Estava


no território deles, provavelmente seria torturada e morta
da pior forma possível e arrastaria Dylan comigo.

No caminho para a casa esses pensamentos me


atormentavam e ainda tinha o jantar amanhã, e o Mikhail.
Aquele verme asqueroso que fiz de tudo para esquecer
nesses quatro anos e que agora viria me atormentar.

A pergunta era: será que eu conseguiria agir sem estourar


os miolos dele com um bala? Será que conseguiria ficar no
mesmo ambiente que aquele escroto?

Não tinha respostas para estas perguntas, mas com toda


certeza iria descobrir.

****

Ansiosa para este jantar e vocês?

O que será que a Nanda esconde?

E o Dylan, será que está apaixonado pela Nanda


também?

Iremos descobrir nos próximos capítulos.

Ah, fiz uma playlist no Spotify. Vou deixar o link na


Bio se alguém quiser ouvir.😘

💬
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Comente o que está achando.

Beijos de luz 👄
Capítulo 13

Notas ✍️

Contém gatilhos.

Assassinato de criança
Assédio sexual.

Boa leitura 📖
****

Dylan

Meu dia começou péssimo. Mal levantei e já tive que lidar


com Dimitri. Meu tio tinha o dom de me irritar sempre que
abria a boca.

Estava a meia hora falando desse jantar, que tudo tinha que
sair perfeito que era o mínimo a se fazer pelo Geovane, já
que nossas famílias não iriam mais se unir.

- Não se preocupe Dimitri, tudo sairá na mais perfeita


ordem. Satisfeito? - irritei-me com ele. - Aliás quem deveria
estar oferecendo um jantar pra família Vitale era você, e
falando no assunto, porquê não se oferece para se casar
com a Juliana?

- Por quem me toma Dylan? Não seja imprudente menino,


isso pode custar sua posição na Viper. - indagou e eu caí na
risada.

- Dimitri, acho que todo mundo já se esqueceu quem é que


manda aqui. Talvez eu deva lembrá-los?
- Não! Não será necessário Don. Como sempre o senhor
está coberto de razão. - desculpou-se. - Agora devo me
retirar, tenho várias coisas para resolver até a noite.

E então saiu cuspindo fogo, ele não disse nada porém sua
expressão o entregou. Odiava ter que lidar com essas
pessoas, todos com sede de poder achando que tudo gira
ao redor deles.

Depois que o Henry morreu, fiz coisas que me colocaram


como o chefe mais temido de Milão até agora. Nenhum dos
outros se igualam a mim, faço o que tenho que fazer sem
demonstrar piedade. É claro que os que não gostam, não
tem coragem o suficiente para me enfrentar não é a toa que
meu tio ficou temeroso.

Batidas na porta do escritório me tiram dos pensamentos, e


mando entrar. Eram Jason e Zoe.

- Don, o Henrique entrou em contato hoje de manhã. - Zoe


começou - Disse que receberam vários ataques
cibernéticos, o sistema da Viper no Brasil está em colapso. E
como se não bastasse, atacaram o quartel.

- E parece que as coisas estão fora de controle, pegaram o


Taylor, se não fizermos alguma coisa vão matá-lo, se é que
já não mataram. - Jason concluiu.

Fechei os olhos com força massageando o tempora. O ruim


de se estar no comando é que não se tem um minuto de
paz e ainda tinha esse jantar. Eu não poderia me ausentar,
não no momento.

- Ataques cibernéticos você falou. Tem alguma coisa a ver


com Electra?
- Pouco provável, mas não duvido que talvez tenha o dedo
dela no meio. - Zoe interveio.

- Perguntei ao Henrique a mesma coisa Don, ele disse que a


assinatura eletrônica não é dela. - Jason comunicou.

Por uma estranha razão senti certo alívio com esta


informação. Falaria com a Nanda para contactar a Electra,
ela poderia descobrir quem estava atacando nossos
sistemas.

- Mobilize os homens no Brasil para irem atrás do Taylor,


Zoe. Entre em contato com nossos aliados, diga que eu
preciso da ajuda deles. - dei as instruções necessárias para
este momento. - E você Jason, vá até o complexo e mande
que fiquem em alerta para um possível ataque, leve o Chris
com você. Eu vou atrás da Electra.

- Agora mesmo Don. - responderam em uníssomo.

Levantei e segui para o quarto, já passavam das dez então


provavelmente a Nanda já estivesse em pé. Subi as escadas
de dois em dois degraus parando em frente a porta, estava
muito silêncio. Será que ela ainda dormia?

Entrei no quarto, a cama estava vazia, então ouvi o barulho


de música vindo do banheiro, ela deveria estar tomando
banho. E parando para pensar agora, devido a correria de
hoje de manhã ainda não tinha tomado banho então
caminhei até o banheiro me despindo e entrando na
banheira com ela.

- Tá fazendo o que?- ela se assustou quando entrei - Eu tô


pelada Dylan.

- Estou tomando banho com você. - respondi achando graça


quando ela corou.
- Não! Sai daqui agora. - continuou nervosa - Você não tem
um jantar para organizar não?

- Não! Teoricamente era você quem deveria organizar o


jantar Nanda. - segurei sua mão - Eu só quero tomar banho,
não vou te agarrar...

- Não é o que está parecendo!

- A não ser que queira. - sorri para ela - Você quer


Fernanda?

Ela não respondeu, apenas retirou a mão da minha e pôs


shampoo no cabelo esfregando, me aproximei tomando a
tarefa para mim massageando seus longos fios e depois
ajudando a enxaguá-los.

Essa garota era um mistério para mim, ontem era como se


fôssemos amantes, hoje como se fôssemos estranhos.

Meus pensamentos estavam uma bagunça. Eu sentia algo


por ela, não era amor afinal eu não sei amar ninguém, era
algo mais carnal, um desejo descontrolado. Tudo o que
conseguia pensar quando estava perto da Nanda era jogar
ela na cama e foder ela a noite toda.

Com esses pensamentos, meu corpo já desperto começou a


agir, senti meu pênis latejar e meu desejo ficou visível,
ainda bem que estávamos na banheira. Mas como eu havia
dito, só tocaria nela caso quisesse, então procurei me
controlar.

Terminando seu banho Nanda saiu da banheiro enrolada na


toalha. Fiquei alí alguns segundos apreciando a água quente
e sai também.
Estava sentado na cama secando o cabelo e fui pego de
surpresa quando ela saiu do closet e sentou no meu colo me
encarando intensamente.

- Você é um cachorro filho da mãe! E eu odeio você! - falou -


Porque faz isso comigo Dylan?

Coloquei a mão em sua cintura apertando de leve.

- Eu quero você Dylan Spencer! - continuou sem dar tempo


para eu responder - E quero agora.

Ela uniu nossos lábios, nos beijamos cheios de desejo.


Quanto tempo anciei por sentir o gosto dela novamente.

Nossas línguas dançavam no mesmo ritmo. Subi minhas


mão até seu seio que cabia perfeitamente nelas recebendo
um gemido entre meus lábios.

Fernanda desceu sua mão até meu membro que ainda


estava rígido e começou a subir e descer fazendo
movimentos circulares. Meu pênis latejava a cada
movimento seu, e então ela se encaixou em mim e desceu
lentamente, deslizei com facilidade para dentro de sua
vagina que estava babando. Estávamos sedentos um do
outro, logo descartamos as preliminares.

Separando nossos lábios ela segurou meu cabelo e começou


a cavalgar em mim, subindo, descendo e rebolando.

Seus gemidos começaram a aumentar.


Coloquei minha boca na curva do seu pescoço não
controlando meus gemidos que se igualavam aos dela.

- Dylan...- falava meu nome de forma sensual.


O que essa mulher estava fazendo comigo? Nem tinha
conseguido ficar com outra pessoa depois que fiquei com
ela.

Fernanda acelerou o ritmo, dei um tapa em sua bunda e ela


soltou um gemido mais alto.

Porra que garota gostosa!

Mais e mais meu tesão foi aumentando e quando senti seus


espasmos indicando o orgasmo, me derramei nela.

Ficamos abraçados, nossas respirações aceleradas voltando


ao normal.

- Quero voltar pro Brasil. Posso?

- Já está querendo fugir de mim Nanda? - perguntei com a


sombrancelha levantada e ela sorriu. Levantei segurando
seu quadril e deitei-a na cama ficando por cima. - Quem
sabe um dia Nanda, quando essa merda acabar. - depositei
um selinho em sua boca.

- Não me ilude não Sr bonito. - sorriu para mim.

- Nunca ragazza.

Fiquei observando seu rosto ainda corado, deitei ao seu lado


fazendo carinho em sua bochecha.

- Nanda, você acha que a Electra falaria comigo?

- Porquê? Já te falei que a Electra é muito reservada.

- A base da Viper no Brasil está recebendo ataques


cibernéticos. Eu preciso da ajuda dela Nanda. - fui sincero
com ela.
- Falarei com ela, mas não acho que ela vá querer aparecer.

- Obrigado! Agora eu tenho que ir, preciso resolver um


monte de merda ainda. - dei um beijo demorado nela - Ah!
Pode me agarrar assim sempre que quiser.

- Tá bom. - responde rindo - Não se acostuma não Sr bonito.

Voltei para o banheiro e quando já estava pronto sai do


quarto voltando para o escritório com um sorriso estampado
no rosto.

(°°°)

Nanda

Fiquei deitada mais um pouco depois que o Dylan saiu. Nem


acredito que fiz aquilo, mas não me arrependo nem um
pouco.

Estava ansiando pelo seu toque a nove meses. Sim, nove


meses! A Ella e ele se mudaram para nossa casa em Março,
após meu aniversário, e a partir daí as coisas foram ladeira
a baixo. Depois dele, não quis mais ninguém, nem
conseguiria. Afinal como superar o Dylan?

Saindo dos meus devaneios fui fazer aquilo que ele me


pediu, ou melhor, pediu para a Electra. Peguei meu not e
comecei a fazer meu trabalho, pegando o rato de esgoto
que invadia o sistema da Viper. Marlon, aquele porco sujo.
Bloqueei ele definitivamente, não antes de deixar um
holograma de porco pra ele saber que fui eu a bloquear
seus ataques. Eu tinha treinado ele, e aquele verme não
pensou duas vezes antes de me trair. A minha sorte é que
sou bem mais rápida que ele para fazer as coisas. Caso
contrário estaria na cadeia ou coisa pior.
- Pronto seu lixo. Bloqueado. - sussurei.

E para afrontá-lo ainda mais liguei para ele, deixei a câmera


desligada e usei um modulador de voz.

- Sua puta, vadia! Porque me bloqueou ?

- Ciborgue, não deveria estar se metendo onde não te


chamaram.

- Me pagaram muito bem para fazer isto, e você Electra me


bloqueou vadia. - sua voz saiu cheia de raiva e eu ri

- Awn, que triste pra você Cib. Trágico! - zombei - Agora se


eu fosse você eu iria fugir pra bem longe. Acredito que eu
ferrei com você querido. Ah, as informações que coletou?
Não existem mais.

- Você vai me pagar Electra. Tá trabalhando pros italianos


agora?

- Eu não trabalho pra ninguém e você sabe disso. Só estou


pagando um favor. Agora tchauzinho baby. - desliguei a
chamada.

Daria tudo pra ver a cara do ciborgue agora. Aproveitando a


deixa liguei para o Dylan, da mesma maneira que conversei
com o racker. Ele atendeu assim que chamei.

- Dylan Spencer, finalmente eu falo com você. - tentei


deixar a voz neutra não demonstrando nervosismo. - Seu
problema está resolvido Don.

- Electra. - a voz da Zoe foi ouvida, revirei os olhos para


aquilo.
- Agora tenho que desligar e tome mais cuidado Don, seus
códigos são muito fáceis de ultrapassar. Não precisa nem
ser hacker pra isso.

- Não são fáceis, a criptografia é excelente, foram feitas


pelos melhores tecnólogos do planeta.

- Não foram feitas por mim, infelizmente. - credo como


pareci presunçosa agora. - Talvez um dia nos falemos
pessoalmente Don. - me despedi - tenha cuidado Sr b....
Dylan.

Desliguei com o coração aos pulos. Que droga! Quase me


entreguei.

Problema resolvido comecei a pensar nesse jantar, por um


pequeno momento havia me esquecido. O melhor seria me
preparar de todos os jeitos.

(°°°)

A tão temida hora chegou, me arrumei colocando um


vestido azul sem mangas com um decote em v e saia
rodada, mas não muito, que descia um pouco acima do
joelho. Nos pés um salto preto. Prendi meu cabelo em um
rabo de cavalo com uma presilha de brilhantes que
combinou perfeitamente com o vestido, optei por não fazer
maquiagem. Olhando no espelho fiquei satisfeita.

O barulho no jardim começava, e a julgar pelas vozes não


eram poucas as pessoas. Respirei fundo e desci pela longa
escadaria adornada em prata, virei o corredor a esquerda
onde tinham quadros de todos tipos pintados a mão pelos
Spencer's e sai no jardim.
A casa do Dylan era a beira de uma praia com águas
cristalinas, o que dava um ar de frescor ao ambiente, várias
rosas vermelhas e brancas plantadas pelo jardim e algumas
árvores perfeitamente podadas, formavam desenhos
exóticos.

No centro, fora reservado um espaço para eventos onde


estavam todos os convidados que já haviam chegado. Nem
parecia um jantar, parecia uma festa, com músicas do Alok
tocando ao fundo.

Localizei meu marido que conversava com alguns homens e


uma moça loira muito bonita e caminhei até eles. Quando
ele me viu abriu um sorriso lindo e me estendeu a mão.

- Senhores, minha esposa Fernanda. - me apresentou em


italiano.

Um a um eles estenderam a mão e cumprimentei-os. A


moça me olhava com desdém e a pitada de raiva.

- Juliana Vitale, la sposa (a noiva). - apertei sua mão


querendo rir.

- Fernanda O'Connor, la moglie ( a esposa) - os homens ali


presente me olharam sérios.

Foda-se! Integrantes da máfia ou não, ninguém iria me


humilhar.

- Quando aceitei me casar com o Dylan, não sabia que ele


estava noivo. Aparentemente nem ele sabia. - ironizei -
Acredito que se tem alguém aqui que deva dar-lhes
explicações, este alguém é o Sr Dimitri. - falei gesticulando
para o cara de tacho do Dimitri. - Agora se me dão licença
senhores e senhora, tenho mais convidados para
cumprimentar. Mas saibam que não admitirei qualquer tipo
de ofensa a mim dentro de minha casa. - dei um beijo em
Dylan que me olhava com aprovação e sai. Eles tinham
entendido o recado.
Só queria uma bebida, bem forte de preferência. Fui até
mesa onde as bebidas estavam sendo servidas e peguei
uma dose de uísque, que desceu rasgando minha garganta.
Neste momento uma ruiva de olhos verdes e um corpo
escultural se aproximou de mim.

- Antonella D'elano Spencer, piacere.

- O prazer é todo meu.

- Você não deveria estar perto do seu marido? A Juliana


parece que vai comer ele. - disse sorrindo - Ah, não se
preocupe comigo. Eu sou prima do Dylan.

Falou pegando o copo da minha mão e virando o restante da


bebida na boca fazendo cara feia.

- Você é das minhas. - gargalhou.

Um burburinho fez com que virássemos para a entrada,


onde dois homens acabavam de entrar, um deles meu
pesadelo. Os dois usando ternos marrons e luvas pretas.

Senti um calafrio percorrer minha espinha quando seus


olhos verdes cravaram em mim. Desviei o olhar na mesma
hora.

- Nikolae e Mikhail Barov. Não sei porque o Dimitri convidou


esses dois. - a ruiva comentou com desdém.

- Sinceramente? Nem eu. - minha voz saiu quase num


sussurro.

- Eu odeio o Mikhail. Esse verme tentou me estuprar e se


não fosse o tio Lorenzo ele tinha conseguido. - dava pra
notar a melancolia e a raiva em sua voz.
Entendia perfeitamente a raiva dela em relação ao Mikhail,
mas fiquei quieta pois não queria demonstrar os
sentimentos. Ninguém tinha que saber o que houve entre
nós no passado.

- E o outro? Você conhece?

- Nikolae? Ele é gentil. Conversamos algumas vezes. -


começou e senti que vinha história por aí. - Ele tem 34 anos.
Se casou cedo, mas perdeu a esposa e não muito tempo
depois a filha. - senti um aperto no peito, coitado. -
Envenenaram a Giovanna, esposa dele, em um evento que
era organizado pelo Dimitri. Tio Lorenzo mais uma vez foi
rápido e conseguiu salvar a Jheidy. A menina tinha três anos
na época, ficou internada no San Rafaelle por meses.
Quando estava se recuperando, já em casa, foi jogada do
quarto andar da casa do Nikolae.

- Meu Deus! - senti lágrimas descendo.

- Foi um choque Nanda, para todo mundo! Nikolae foi


acusado de matar a filha. Mas tinha um alibi e ficou
arrasado com a morte das duas pessoas que mais amou na
vida e até hoje não se recuperou.

Tratei de limpar minhas lágrimas. Estava chorando por


alguém que nunca conheci.

- E descobriram quem matou elas?

- Não! Ninguém tem ideia, e olha que falta de procurar não


foi.

Quem seria tão cruel a ponto de matar uma criança de três


anos? Aquilo mecheu profundamente comigo.Contudo voltei
a realidade quando senti o perfume do Mikhail. Mas para
minha sorte, Nikolae estava com ele.
- Boa noite! Você deve ser a esposa do Don. - disse de
forma gentil - Eu sou Nikole Barov e este é meu irmão
Mikhail.

- Prazer, Fernanda. - nem por um segundo dirigi o olhar


àquele homem asqueroso.

Antonella me deixou sozinha com os dois, Mikhail me olhava


cínico, e eu só pedia para as forças da natureza não me
deixarem matá-lo alí mesmo.

Não demorou e o jantar foi servido. Vaguei meu olhar pela


mesa. A única que conversava animadamente com o primo
era Antonella. As outras mulheres pareceriam reprimidas,
com medo. A que estava ao meu lado, tinha um hematoma
no ombro,.como se tivesse apanhado de alguém.

Não fiquei focada naquilo ou eu criaria uma cena alí.


Depois que jantamos, os homens se retiraram para
resolverem negócios, fiquei ali jogando conversa fora com a
Tony. Juliana que tinha entrado para ir ao banheiro se
aproximou de mim.

- O Don está a sua procura no jardim de inverno. - sua voz


soou falsa. - Disse que é algo importante.

Um sentimento ruim tomou conta de mim, contudo fui


assim mesmo. Chegando lá entrei chamando pelo Dylan. Na
mesma hora fui arremessada na parede, ficando imobilizada
por um corpo musculoso.

- Me solta Mikhail. - falei entredentes tentando acertar uma


joelhada no meio das suas pernas, mas o infeliz travou
minhas pernas.

- Vamos continuar o que começamos a quatro anos atrás


Nanda. - sorriu passando a barba por fazer no meu pescoço.
- Nunca começamos nada seu escroto de merda.

Ouvimos passos no corredor e então ele prensou seus lábios


nos meus, no instante seguinte foi arremessado para longe
com um soco na cara. A essa altura meu rosto estava
banhado em lágrimas.

- Deixo você por quinze minutos e te encontro agarrada com


outro Nanda? - Dylan estava transtornado.

- Eu não acredito que acabei de ouvir isso! - estava


indignada.

Mikhail estava quieto no canto, mas eu via a maldade desde


o primeiro fio loiro de sua cabeça, até sua alma.

- Perdão Don! - falou na sua melhor voz sofrida - Ela me


chamou para vir pra cá e me seduziu.

- O que? Você não pode acreditar nele Dylan.

- A sua sorte Fernanda, é que só eu vi isto daqui. Ou os dois


seriam condenados a morte. - falou com amargura - Eu não
sou o Henry...

- Não! Não é! - explodi não aguentando mais - O Henry iria


me defender Dylan Spencer, assim como fez a quatro anos
atrás quando....quando... - não consegui terminar. - Mas
você....você prefere acreditar na mentira. E eu odeio você
por isso. Não consegue enchergar aquilo que está embaixo
do seu nariz.

- Você foi fácil demais quando te conheci Fernanda. Agora


me pede que acredite em você? - não conseguia acreditar
naquilo que tinha acabado de ouvir.
- Até onde me lembro, não era comprometida com ninguém
e foi você quem invadiu meu quarto. - e mais uma vez meu
coração foi quebrado em mil pedaços.

Quando eu ia sair ele segurou meu pulso, sem pensar duas


vezes acertei um tapa com toda minha força em sua face.

- Não encosta em mim. Eu odeio você Dylan.

Sai de lá sem olhar para trás e me trancando em um quarto


de hóspedes no final do corredor, me joguei na cama e
chorei amargamente.

Dylan Spencer tinha acabado de enterrar meu coração.


Mikhail Barov
Nikolae Barov

****

Gostou?
Que será que aconteceu com a Nanda hein? E o
Dylan? Confesso que fiquei triste com ele.

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comente o que está achando.

Até a próxima 😘😘
Capítulo 14

Nanda

Era quase uma da manhã. Depois que me tranquei no


quarto só conseguia chorar, mas decidi que ele não merece
minhas lágrimas.

Ninguém raciocinou direito pois começaram a me procurar


igual loucos e eu aqui bem plena no final do corredor.

Ouvi a voz de Antonella bem puta com o Dylan e com razão.


Eu nunca o perdoaria por aquilo que disse e como se não
bastasse, estava me sentindo suja.
Retirei minhas roupas e fui para o banheiro, a água quente
me relaxou por uns poucos minutos, depois fui tomada pelo
pânico e esfreguei minha pele e minha boca até ficarem
com grandes marcas vermelhas.

Mikhail Barov conseguiu arruinar minha vida, se é que isso


fosse possível. No passado ele tinha tentado, contudo o
homem que estava ao meu lado era um anjo e me protegeu
daquele desgraçado.

Saindo do banheiro me deitei nua na cama, puxando o


lençol até o pescoço e tentando dormir e esquecer que esta
noite existiu. Finalmente o sono foi chegando e adormeci
com a mente perturbada. Acabei sonhando com algo que eu
queria esquecer.

(...)

Estava no quartel com o Henry quando o celular dele tocou.


Imediatamente ele ficou tenso, seu rosto assumiu uma
expressão séria. Falou alguns segundos e voltou a mim
dizendo que eu tinha que ir embora. Imaginando ser algo
muito sério, nem questionei e fui saindo, porém seu celular
tocou novamente e a preocupação voltou a sua bela feição.

- Fer, não vai dar tempo de você sair. - disse me olhando -


Então por favor, fique aqui ao meu lado, mas não levanta o
olhar e não diz nada. Entendeu meu amor?

- Entendi. - concordei - Mas não tem outro local aqui onde


eu possa ficar? A sala de treinamento por exemplo?

Antes dele responder a porta se abriu e por ela passaram


dois homens, um mais velho com uma expressão carregada
e outro mais novo com ar de deboche, porém cada poro de
seu corpo emanava perigo. Baixei o olhar como Henry
pediu.

- Vejo que trouxe diversão Don. - a voz do homem foi ouvida


- Adoro as novinhas.

- Ela não é diversão Mikhail, é minha mulher. Então para o


seu bem é melhor não se dirigir a ela assim novamente.

- Mil perdões Don, eu não sabia. - as palavras saíram com ar


de falsidade.

- Vamos ao motivo que te trouxe aqui Mikhail, vamos nos


sentar no escritório.

Os dois acompanharam ele para o escritório, eu permaneci


onde estava. Os minutos se passaram e pude ouvir a voz do
tal Mikhail alterada lá dentro. Falava sobre tráfico de
crianças? Meu Deus que doente.
Para minha sorte, o homem com quem eu estava era
íntegro e nunca compactuaria com aquilo. Resolvi sair dali
seguindo para área onde os homens do Henry e eu éramos
treinados.
E foi aí que o pesadelo começou. Mikhail me seguiu como
um predador segue sua presa, o local era a prova de som
para meu azar.

- Vamos brincar princesinha. - aquela voz de monstro


chegou até mim.- Vamos fazer seu namoradinho se
arrepender de ter recusado minha proposta. - rosnou - Sabe
quanto dinheiro eu iria ganhar com essas crianças? Não
sabe né? Milhões, e aquele moleque estragou tudo. Então
agora você é o prêmio. - dizendo isto passou a língua nos
lábios.

Imediatamente senti meu sangue gelar, fui afastando até


encostar na parede. Os olhos felinos de Mikhail estavam
sobre mim enquanto minha mente processava um jeito de
fugir daquela sala.

Tentei correr mas ele foi mais rápido me agarrando pelo


cabelo e me jogando no chão. No segundo seguinte estava
em cima de mim rasgando minhas roupas. Tentei lutar, mas
eu era frágil, afinal só tinha quinze anos.
Arranhei , chutei, tentei mordê-lo, mas ele segurou minha
cabeça batendo no chão, a dor me deixou desnorteada
porém não iria desistir.

Por um milagre consegui empurrar Mikhail depois de


arranhar seu rosto, sai correndo para fora da sala
trombando com o Henry, lágrimas desciam sem controle.

O Henry nem quis saber o que aconteceu, simplesmente


sacou a arma e atirou na mão esquerda dele, e o teria
matado se Dimitri não tivesse intervindo.

O olhar sanguinário no rosto de Mikhail me assombrou por


anos. Não gosto de pensar que se não tivesse escapado ele
teria conseguido chegar ao objetivo final.
De repente o sonho mudou e vi o mascarado cortando o
braço do Henry.

(...)

Acordei banhada em suor, o coração quase saindo pela


boca. Limpei as lágrimas que desciam pelo rosto respirando
fundo várias vezes. Levantei e vesti minhas roupas,
destrancando a porta e saindo daquele cômodo.

Caminhei até o "meu" quarto, estava vazio com a graça de


Deus. Fui até o closet e coloquei roupas quentes, uma calça
flanelada com uma camiseta fina, nos pés calcei meu tênis.
Peguei minha carteira, o celular e uma jaqueta com capuz
que cobria boa parte do rosto e era bem quente, para sair
de lá em seguida e então parei pensando. Como sairia da
mansão se é vigiada por inúmeros homens? Olhando pela
janela pude constatar que não havia ninguém no jardim.

Ótimo! Essa era minha chance.

Foda-se, devolvi a carteira e descidi ir a praia. Saindo no


jardim segui até os muros da mansão onde tinha um
enorme portão de ferro, que para minha sorte estava
destrancado, este era bem pesado, empurrei e sai em uma
trilha que descia a praia. Chegando lá senti um imenso
alívio, finalmente fora daquela prisão sem ninguém me
vigiando. A brisa fria me fez estremecer, resolvi correr.
Retirei a blusa deixando na areia e corri. Corri até sentir o ar
saindo dos pulmões, as costelas doerem e o coração querer
saltar pela boca.

Parei de correr me sentando na areia com a garganta


ardendo por estar seca demais, só então percebi que uma
voz me chamava, continuei sentada, olhando o horizonte
acalmando meu coração. Passos se aproximaram e uma
mão segurou meu ombro. Fechei no olho respirando fundo,
afinal eu não queria matá-lo alí mesmo.

- Onde você estava?

- Casa. - uma única palavra foi o que disse.

- Não estava não. Nós procuramos você em todos os lugares


Fernanda. - seu tom era preocupado.

- Não procuraram direito. - dei um longo suspiro


demonstrando minha irritação.

- Temos que conversar Nanda. - falou finalmente.

- Não, não temos. Se vai me punir faça de uma vez, não


fique enrolando.

- Eu não vou punir você. Só quero conversar.

- O momento de conversar já passou Sr. Spencer, não tenho


nada a falar com você. - levantei e comecei a andar, sentia
minhas pernas queimarem.

Ele me puxou se posicionando a minha frente, seu olhar era


intenso, demonstrava medo e tristeza. Dylan se aproximou
tocando meu rosto, a dor em mim só aumentou lembrando
das palavras cruéis da noite passada.

- Tira suas mãos de mim Dylan. Nunca mais encoste em


mim. Você ouviu?

- Nanda...

- Não se preocupe, não vou te envergonhar, me


apresentarei para o conselho e aguardarei minha punição.
Agora só me deixa em paz por favor.
- Queria que eu fizesse o que Nanda? Eu vi você beijando
outro cara dentro da minha casa. - sua voz era calma, mas
cada palavra proferida demonstrava raiva e um sentimento
que não consegui distinguir.

- Beijando outro cara? Você nem se quer cogitou me dar a


chance de explicar. Então agora não me venha com essa de
que quer conversar. - continuei andando.

- Nanda! Volta aqui!

- Me deixa em paz Spencer. Aliás, a vida é uma puta injusta,


quem deveria ter morrido era você, não o Henry.

Me arrependi no mesmo instante. Estava sim com raiva dele


mas não deveria ter dito aquilo, ele ficou me olhando sem
emoção alguma, me virei e corri baixando para pegar minha
blusa e subindo a trilha.
Fui covarde confesso, porém meu estado de espírito era
culpa dele. Entrei em casa e fui pega pelo abraço de
Antonella.

- Graças a Deus. Onde você estava?

- Em casa, sai agora de manhã pra correr na praia.

- Você está bem? E o Dylan?

- Ficou lá na praia. Eu estou bem. - menti.

- Tá legal Nanda, temos que conversar. - disse sem jeito - O


que rolou com o Mikhail?

- Não quero conversar sobre. Só preciso de um tempo....

Não tive tempo para concluir pois Dylan e se aproximando


de mim pegando meu braço e me arrastando praticamente
para o escritório, entrou trancando a porta e soltou. Ele
estava bem puto e isso me deu um pouco de medo, afinal o
homem a minha frente era o chefe da máfia e ninguém quer
mexer com pessoas assim.

Dylan se limitou a me encarar e fiz a mesma coisa. Seus


olhos verdes estavam meio vermelhos como se tivesse
chorado, aquilo partiu meu coração fiquei com vontade de
abraçá-lo mas me contive.

Dylan contornou a mesa e se sentou.

- Mesmo que você não queira vamos conversar. Ok?

- Isso é um pedido ou uma ordem? Já disse que não tenho


nada para falar com você Don.

- Entenda como quiser. Agora sente-se.

- Vou ficar em pé obrigada.

- Eu não deveria ter falado com você daquele jeito, me


perdoe. - fui pega de surpresa pelo pedido de desculpas
dele - A Tony me disse o que aconteceu, vou averiguar e os
envolvidos irão responder por seus atos.

Claro, a mim nem quis ouvir, e ainda fui chamada de fácil.


Não respondi, continuei encarando. Ele já tinha tirado suas
conclusões antes então que continuasse assim.

- Já terminou Don?

- Nanda...

- Dylan, eu estou cansada posso me retirar?

- Pode. - se rendeu enfim.


- Obrigada!

Levantei e sai sem olhar para trás, as lágrimas ameaçando


a cair. Porém como já havia dito, não derramaria nem mais
uma lágrima sequer por causa de ninguém.

(...)

Três semanas depois minha vida continuou ladeira abaixo. O


PAC teve que voltar para Brasil porque seu pai teve um AVC,
deixando Space e eu sozinhas ali, mas ele iria trabalhar de
lá. Eu disse que não precisava contudo ele era bem teimoso,
então decidimos deixar assim por enquanto.

Estava no jardim ao lado da piscina conversando com Ingrid


pelo telefone nem percebi quando a Tony chegou.

- Vem se arrumar. Vamos a uma festa.

- Ah não!

- Anão é um homem pequeno amore mio. E você não pode


recusar um pedido do Capo, mesmo sendo a esposa dele.

- Nanda, essa é uma oportunidade para gente, talvez lá


descubra alguma coisa. Você tem que ir a esta festa. - Ingrid
interveio do outro lado.

- Você tem razão. Nos falamos depois.

Desliguei o celular e forcei um sorriso para Tony.

- Tá esperando o quê? Vamos nos arrumar Antonella.

- Issoooo! É assim que se fala gata, vamos nessa. - enlaçou


seu braço ao meu e caminhamos para a mansão - Por uma
roupa bem provocante pra deixar o Dylan com o queixo no
chão e fazer ele se arrepender de ser um idiota completo.
- Fazer ele se arrepender? Sim. Roupa provocante? Não. -
ela riu.

- É o que vamos ver amore.

(...)

Dylan

Resolvi ficar longe de casa nessas últimas semanas, dar um


espaço para Nanda. Ela nunca iria me perdoar e com toda
razão,isto estava me consumindo. Levei a mão a testa
pressionando, sentia uma leve dor de cabeça.

Quando Chris disse que ela estava na praia senti um alívio


imenso, procuramos ela em todos os lugares em casa e
nada, já estava ficando louco achando que tinha acontecido
algo. Desci até a praia disposto a pedir perdão mas ela não
facilita as coisas em nada para mim. Por fim me disse que
eu deveria ter morrido, aquilo machucou mais do que
deveria. As pessoas sempre desejaram minha morte
contudo vindo da Nanda, feriu profundamente.

- Don...Don...Dylan. - Chris me chamava - O senhor está


bem?

- Estou. Só estava pensando em umas coisas. - Chris estava


eufórico - O que foi Chris.

- Encontraram o Taylor. - quando ele disse isso me levantei -


Ele estava sendo mantido preso na favela da Serra com o
Catraca. O estado dele está péssimo, acredito que não vá
sobreviver.

Filho da puta do caralho! Como aquele repugnante do


Catraca teve coragem de me trair? Eu livrei aquele
desgraçado da prisão um milhão de vezes. Nem fudendo
deixaria isso barato.

- Diz para mim que conseguiram pegar o Catraca vivo,


Chris.- minhas palavras demonstrando meu estado de
espírito.

- Conseguimos. Ele está no cartel.

- E o Taylor?

- No hospital lá em SAP. Está na UTI Don, como eu disse não


sabemos se vai resistir. - continuou e pelo tom de voz
estava escondendo alguma coisa.

- Vai Chris, fala de uma vez o que está escondendo. - nunca


gostei de enrolação.

- O corpo do Taylor tem várias queimaduras, horríveis por


sinal. A impressão que dá segundo o Henrique é que foram
usados ferro de marcar boi e maçarico. - continuou - E agora
vem uma coisa que o senhor vai odiar Don.... - fez uma
pausa escolhendo as palavras. - No peito dele foi marcado o
nome da Fernanda.

- Peça a transferência do Taylor pro San Rafaelle e traga o


Catraca para o complexo. Vamos descobrir quem está por
trás disso. Outra coisa Chris, avisa lá na Serra que quem
manda agora sou eu. Todos os envolvidos com o Catraca
nesta história com o Taylor, quero mortos. - instrui o homem
sem parar para pensar, queria manter a calma e não surtar.
- Quero os dados da família do Taylor, vamos mantê-los até
ele sair dessa.

- E se ele não sair? Lamento ser pessimista Don, mas o


estado dele é crítico.
- Se ele não sair Chris, eu vou cuidar para que eles tenham
uma vida digna.

Assentindo ele saiu. Andei até a bancada onde ficavam as


bebidas e me servi de uma dose generosa de uísque
tomando de uma vez, o líquido desceu queimando minha
garganta contudo não me importei.

Todos os meus esforços para manter a Nanda segura até


agora não valeram de muita coisa, muito pelo contrário,
essas pessoas acham que podem brincar comigo, que não
vai haver retaliação. Ah como estão enganados. O primeiro
será o Catraca, que vai servir como exemplo e depois vou
atrás do Mikhail, aquele russo filho de uma puta. Sendo
perigoso ou não ele vai descobrir que comigo ninguém
brinca.
Ninguém a não ser a Fernanda, que tem o dom de me
deixar irritado, de querer matá-la em um segundo e de
querer protegê-la em outro. Na verdade a única coisa que
eu mais quero é vê-la bem e feliz, sinto falta de seu sorriso
e de conversar com ela.
Ela não fala mais comigo, e a culpa é minha. Não gostava
nem um pouco de como estava me sentindo em relação a
ela, isso me deixava vulnerável e meus inimigos veriam a
oportunidade com toda certeza.

Na vida que levo não tenho tempo para o amor. Meu


negócio é sexo casual, agora nem isso eu posso fazer
porque abomino traições. Na verdade, considero que o amor
seja uma arma criada para matar os fracos pouco a pouco.
Destruindo sua mente e sua alma.

Eu não amo e nunca irei amar ninguém a não ser minha


mãe e a Tony.
Amei meu irmão também, mas agora não posso me dar ao
luxo de amar ninguém, ainda mais a Nanda que é muito
frágil.

Ela quer encontrar o assassino do meu irmão, mas até


agora a única coisa que sabemos é que ele tem uma
tatuagem na mão esquerda e não conheço ninguém com
uma tatuagem igual a que ela descreveu.

Droga! Dou um murro na mesa fazendo tudo tremer. É uma


merda ficar de mãos atadas, mesmo sendo influente.

A hora vai passando e Zoe entra com algo mão.

- Os Vitale farão um coquetel para os íntimos. Parece que


vão comemorar a contratação de um Hacker novo. Dizem
que ele é excelente naquilo que faz, parece que foi pupilo
da Electra. - deu um sorriso de lado me estendendo o
convite.

O que? Electra teve um pupilo? Estava pagando para ver.

- Ok. Pode sair Zoe.

Assim que ela saiu peguei o celular e mandei mensagens


para a Tony, pedindo para ela e a Nanda se arrumarem para
o tal coquetel. Passei o endereço que era de uma
propriedade dos Vitale fora da cidade.

Minha intuição dizia que nada de bom sairia daquele


coquetel. Porém não vou ficar me remoendo,o que tiver que
ser será. Vamos tocar o barco e ver o que vai acontecer.

(...)

Me arrumei no complexo. Vesti meu terno preto com sapato


da mesma cor e uma camisa branca por baixo e segui para
a mansão dos Vitale.
E lá estava eu bebendo e com a Juliana babando encima de
mim, de tempos em tempos encostava sua mão na minha e
sorria descaradamente. Em um determinado momento ela
se levantou e seguiu escadas acima olhando para mim
sugestivamente. Ignorei, a única mulher que não saia dos
meus pensamentos era a Nanda. Que aliás estava
demorando demais, já se passava das nove da noite e nada
da Nanda e da Tony chegarem.

Jason caminhou até mim assim que algumas pessoas


começaram a cochichar.

- Senhor, elas chegaram.

Ah, graças a Deus. Estava com um pressentimento péssimo.

E então ela me deixou com o queixo caído e com certeza


desceu litros de baba, não só a mim como todos os homens
ali daquele salão. Fernanda entrou no salão acompanhada
de Antonella, minha prima sempre foi festeira e gostava de
se vestir de forma inapropriada. Estava com um vestido
preto curtíssimo e uma bota de cano alto. Já o vestido da
Nanda era dourado de seda e com um decote, era curto
demais também, nos pés um salto alto também dourado,
seu rosto estava bem maquiado e o cabelo descia solto pelo
ombro.

Tirando aquele vestido que faltava pano, beleza era o que


descrevia aquela mulher, linda em todos os sentidos. Senti
meu coração dar um salto e minhas mãos suarem um
pouco.

- Dylan. - era Juliana que tinha voltado - Você quer dançar?

- Claro. - aceitei.
Meu olhar cruzou com o da Nanda enquanto conduzia
Juliana pela pista de dança, imediatamente ela desviou e foi
para o bar sem esperar Antonella. E a droga da música tinha
acabado de começar.

Já estava me irritando com a loira a minha frente que


insistia em querer passar mão em mim e sem mais nem
menos jogou aquilo que ela queria.

- O que você acha Don, de irmos para um lugar mais


reservado? - sorriu cheia de malícia.

- Não! Eu sou casado Juliana.

- É casado mas aposto que essa garota não te satisfaz. -


protestou - Vem comigo. Eu deixo você me foder do jeito
que quiser.

Desceu sua mão até meu pau que reagiu porque não sou de
ferro e a vadia sorriu abertamente.

- Ta vendo, você também quer. Vamos vou te dar a melhor


noite da sua vida e depois podemos ser amantes Don.

- Juliana, - comecei - tá vendo aquela mulher lá? - apontei


para a Nanda que agora conversava com o Nikolae. Droga! -
Ela é a única que eu quero. E ainda que eu não a toque,
olhar para ela é o suficiente. - segurei firme suas mãos - É
da Nanda que eu preciso, não de você. Meu corpo reage
porque penso nela, não em você. E se fizer isto de novo vai
ficar sem as mãos entendeu?

- Sim Don. - concluiu tremendo.

Larguei ela lá na pista de dança e caminhei até a Nanda que


neste momento estava rindo descontraída de algo que o
Nikolae tinha dito. Minha raiva e meu ciúmes cresceram na
mesma proporção. Mas não estava disposto a mostrar.

-Atrapalho? - perguntei num tom ameaçador. E os dois


cagaram pra mim.

- Não atrapalha Don. - o russo respondeu.

- Ótimo!- é parece que eu tinha acabado de trocar a


ferradura. - Vamos dançar Nanda.

Estendi a mão e ela segurou, cominhamos até a pista de


dança. Tocava uma música lenta, tivemos que dançar bem
juntinhos e eu adorei aquilo. Era ótimo tê-la em meus
braços novamente. Desejei que aquele momento parasse e
nós ficássemos assim para sempre.

****

Esse Dylan, está precisando de umas palmadas. O


que vocês acham?

Só faz merda meu querido.

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Comete

Até a próxima 😘😘
Capítulo 15

- Anda Nanda, - Antonella gritava da porta do quarto - é


longe a propriedade dos Vitale, vamos chegar lá e todos já
terão ido embora.

- Estou indo. Meu Deus que exagero! - exclamei ao abrir a


porta.

O olhar que recebi foi de desaprovação, mas não iria ceder


tão fácil as maluquices dela. A ruiva me deu um vestido
curtíssimo pra vestir, claro que não fiz isso, coloquei um
vestido preto que descia até os joelhos e um salto dourado.

- Credo! Você parece uma velha. - resmungou.

- Melhor velha do que piriguete. - indaguei sorrindo -


Imagina o que os outros Capos diriam se me vissem com
aquele pedaço de pano que me deu? Sem contar que não
iria poder usar calcinha. - fui pontuando os contras daquilo -
Tony, eu nunca me sentiria bem.

- Está bem idosa!- gargalhou - Eu uso de boa, quer ver?

- Poupe-me desta visão do inferno. - brinquei.

Antonella praticamente me arrastou para o carro, um Caoa


Chery Arrizo 6 prata, colocando-o em movimento. No rádio
tocava Ed Sheeran, fomos cantarolando todo o tempo
enquanto observava a paisagem mudar depois que saímos
da cidade, enfim adentramos numa estrada de terra
rodeada por árvores frondosas.

- Daqui é mais ou menos uma hora hora até chegarmos na


mansão. - constatou a ruiva - Sinceramente não sei para
que fazer esse coquetel no fim do mundo.
- Espero que não dure muito Tony, quero voltar para a casa
logo. Tenho assuntos a resolver. - indaguei.

Verdade seja dita, só disse que viria para não perder a


oportunidade de observar as pessoas lá. Vai que por uma
ironia do destino o dono da tatuagem estivesse lá. Reclusa
em pensamentos, percebi quando a Tony ficou tensa, sua
expressão mudou, seus dedos ficaram brancos de tanto
apertar o volante.

- Que foi Antonella? - Também fiquei nervosa.

- Estão seguindo a gente Nanda! - vez ou outra olhava o


retrovisor. - Desde a hora que saímos de casa. Achei que era
só um carro, mas assim que entramos aqui a pessoa atrás
daquele volante fez a mesma coisa, e o carro não é de
nenhum homem do Dylan.

- Merda! - resmunguei - É pedir de mais um dia normal?

Parece que o universo não ia com a minha cara, primeiro


minha mãe, depois o Henry, meu pai e as namoradas, o
Dylan....enfim, eu estava ferrada!
O carro atrás de nós acelerou batendo na traseira do nosso.
Soltamos um grito juntas.
Antonella acelerou e nos distanciamos dele, mas as pessoas
naquele carro estavam dispostas a fazer alguma coisa
conosco. Então ouvimos o primeiro tiro que estilhaçou o
espelho retrovisor.

A ruiva estava tremendo e eu também, vendo que as coisas


sairiam do controle se o pico de nervosismo chegasse
resolvi intervir. Não que eu não estivesse com medo, estava
apavorada, porém é melhor manter a calma e não meter os
pés pelas mãos.
- Antonella, eu sei que é difícil, mas mantenha a calma. O
Henry sempre dizia que temos que manter a cabeça no
lugar em situações assim, ou morremos. - tentei parecer
séria para não demonstrar nervosismo - Eu não estou
pronta para morrer Antonella. Você está?

- Não! - respondeu com os olhos fixos na estrada.

- Ok, dirige em zig zag, vai dificultar as coisas para eles.

- Você só pode estar maluca né? E se eu perder o controle?

- Não vai. Confio em você. - respirei fundo - Tem uma arma


nesse carro?

- No porta luvas, mas só tem três balas no pente.

- Então reza para eu acertar.

Tony começou a dirigir em zig zag, e como eu havia


previsto, as balas não acertavam o carro. Nossa adrenalina
a mil. E sabe quando nos filmes as pessoas tem ideias
idiotas quando estão em perigo? Então, aconteceu a mesma
coisa.

- Quanto tempo até a residência dos Vitale? - quis saber


olhando para ela.

- Mais uns trinta minutos. - disse me analisando nervosa.

- Ok. Não surta Nanda. - com o carro se aproximando


pensava em uma maneira de sairmos desta situação.

Provavelmente iria me arrepender daquilo que faria a


seguir, porém era isso ou morrer.

- Abre Antonella. - apontei para o teto solar e assim ela fez.


Soltei o cinto e me ergui, na velocidade em que estávamos
qualquer erro resultaria no fim. Com metade do corpo para
fora do carro, o vento me afogava enquanto tentava mirar
em um ponto fixo. Errei o primeiro tiro e o segundo.

Merda!

Não podia me dar ao luxo de errar desta vez.

No momento em que o homem saiu na janela do carro e


apontou a arma, eu atirei e por um milagre acertei onde
queria, o pneu estourou fazendo o motorista perder o
controle subindo com o carro no barranco e capotando
umas dez vezes violentamente devido a alta velocidade.
Respirei aliviada, não tinha como ter sobrevivido aquilo.

Voltei a me sentar com uma Tony desacreditada me


encarando boquiaberta.

- CARALHO! COMO O DYLAN AINDA CONSEGUE RESISTIR A


VOCÊ? - tapei os ouvidos pois ela falou alto demais, deveria
ser a adrenalina.

- Eu não sou surda Tony, você pode falar baixo. Obrigada.

- Larga ele Nanda, que eu caso com você.

- Não sabia que você gostava de mulher. - falei começando


a sentir uma ardência na costela, pressionei minha mão lá.

- Não gosto. Mas para você abro uma exceção. - comentou


sorrindo.

- Eu estou sangrando Tony. - tinha levantado a mão quando


senti algo molhado nela.
A ruiva freou o carro quase me jogando contra o painel. Meu
vestido estava arruinado e a ardência forte no local
aumentava cada vez mais.
Antonella examinou o ferimento respirando aliviada logo
depois.

- Foi só de raspão. Não tem sinal de perfuração, o ferimento


é superficial. - indagou mexendo no porta-luvas e retirando
de lá, gases e esparadrapos. - Vou fazer um curativo, e você
irá trocar este vestido.

Retirei o vestido ficando apenas de calcinha e sutiã.

- Ai! Cuidado! - exclamei quando ela apertou o machucado.

- Desculpa! - ela estava com um sorrisinho cínico nos lábios.


- E para sua felicidade eu trouxe o vestido dourado.

- Ah, não!

Reclamei por não ter escolha, parece que alguém não ia


com a minha cara neste universo mesmo. Retitei o sutiã e
vesti aquele pedaço de pano rezando para o sangue não
manchá-lo, dos males o menor, pelo menos não precisei
retirar a calcinha e isso foi um alívio.

Novamente em movimento Antonella começou a fazer


perguntas.

- Como eu não sabia dessas suas habilidades?

- Não gosto de chamar a atenção para mim Tony. O único


que sabe das minha "habilidades" - fiz aspas com os dedos -
É o James, meu irmão.

- Agora entendi porque o Henry e o Dylan ficaram caidinhos


por você. Tá escrito perigo na sua testa igual a eles. - a
ruiva riu e revirei os olhos.

Não falei mais nada, então o restante do trajeto foi feito em


silêncio e assim que chegamos a residência e fomos
recebidas pelo manobrista, Jason que estava na porta da
mansão, assim que nos viu se apressou em entrar com toda
certeza avisaria o Dylan.

Quando entro no salão o encontrei dançando com aquela


vaca da Juliana que parecia bem íntima por sinal. Fiz a única
coisa sensata a se fazer, caminhei até o bar me sentando,
pedi uma dose dupla de vodka e virei de uma vez, neste
momento alguém se sentou perto de mim.

- Pelo visto você não queria estar aqui. - a voz era de


Nikolae.

- Para dizer a verdade, preferia mil vezes estar em casa. -


sorri para ele, ficamos em silêncio alguns segundos.

- Olha só Fernanda, eu sei que não é o momento - começou


- e nem estou pedindo para você perdoar meu irmão, mas
te peço desculpas. Não por ele, mas por mim.

- Não se preocupe Nikolae, você eu não vou matar. - ele


sorriu, um sorriso lindo e sincero.

- Com todo respeito, você está linda hoje.

Fui pega de surpresa, fiquei vermelha com o elogio e dei


uma risada sem graça no momento em que Dylan se
aproximou.

-Atrapalho? - perguntou com a voz carregada de irritação.

- Não atrapalha Don. -- o russo respondeu.


-Ótimo! - podia ser impressão minha, mas ele pareceu estar
doido de ciúmes - Vamos dançar Nanda.

Segurei sua mão e fomos dançar, e quando eu disse que


alguém nesse universo não ia com minha cara estava
certíssima, a música era lenta e tive que dançar abraçada a
ele. Meus braços estavam ao redor de seu pescoço
enquanto suas mãos seguravam minha cintura, todos os
olhares estavam em nós.

Naquele momento esqueci das coisas terríveis que ele falou


me perdendo na intensidade daqueles olhos verdes.
Dylan era frio, tinha uma personalidade forte, que as
vezes...mentira, quase sempre me fazia querer matá-lo, as
vezes era intenso demais, não sabia em que sentimento
confiar. O fato era que eu burra como sempre acabei me
apaixonando por ele. Na verdade não era paixão, era algo
mais forte, algo que me arrastava para ele mesmo sem
querer. Ele era como um predador e eu uma presa. Era
como um ímã e eu o metal.

E isso estava acabando literalmente comigo.


Dylan foi subindo uma das mãos até chegar a minha nuca
fazendo com que o ar me faltasse, aproximando seu rosto
do meu colou nossos lábios fazendo com que murmúrios
começassem pelo salão.
Demonstração de carinho em público não era bom sinal,
não quando se tinha vários possíveis inimigos no mesmo
local observando cada passo seu, mas minha parte sem
vergonha gostou daquilo. Alguns segundos depois nos
separamos sem ar.

- Eu sei que você nunca vai me perdoar Nanda. -


praticamente sussurou - Mas eu vou fazer tudo para
compensar o erro que cometi com você. Ainda que ele seja
irreparável.
Não respondi ou me trairia. Mudando o foco da conversa
resolvi falar o que tinha acontecido a um tempo atrás.

- Precisamos conversar Dylan. - virei segurando sua mão e


saímos do salão.

No jardim, minha voz sumiu não sabia por onde começar,


então falei de uma vez antes de me arrepender.

- Fomos seguidas a caminho daqui, atiraram na gente, levei


um tiro de raspão. Mas o lado bom é que os dois que
estavam no carro morreram.

- O quê?! - sua voz era um misto de incredulidade - Esses


filhos da puta acham que eu vou ficar quieto depois de
perseguirem minha mulher?- dava para sentir a raiva em
sua voz.

Sua expressão ficou carregada e ele começou a caminhar


novamente para o salão. Os homens que estavam com ele
percebendo a agitação sacaram suas armas e seguiram-no.
Eu tinha que impedir isso , afinal nem sabíamos quem é que
tinha feito aquilo. E eu não queria ser responsável por uma
guerra.
Corri atrás dele porém me atrapalhei com o salto e a dor em
minha costela, não consegui alcançá-los logo a gritaria no
salão veio junto com os barulhos de tiros.

****

E aí? O que acharam? A Nanda é foda. Sim ou com


certeza?

Capítulo curtinho, mas escrevi com muito carinho ❤️

Se tiver algum erro podem me dizer.


Beijos até o próximo.😘
Capítulo 16

Nanda

Desisti de ir atrás dele, depois que ouvi disparos vindos do


salão. Corri para o carro da Antonella pois nele tinha um
computador de bordo e câmeras traseiras, se tivesse sorte,
coisa que eu não tinha, em algum lugar iria estar
armazenadas as informações que eu queria. Tentei abrir
mas a porra da porta estava trancada.

- Droga! - praguejei.

Teria que entrar naquele salão mesmo contra minha


vontade, reuni toda a calma possível e fui para lá. Quando
entrei a atmosfera estava pesada, o medo estampado no
rosto das pessoas pois vários soldados do Dylan estavam
espalhados pelo local com suas armas apontadas para
aqueles que ali estavam. Não me pergunte de onde saíram
tantos homens, eu não saberia explicar. A cena era
macabra, no chão vários outros soldados, acredito serem
soldados de Geovane, estavam mortos alvejados por tiros.

Deixei meu olhar vagar pelo local a procura de Antonella e


nada.

Que merda Antonella. Onde você está?

Localizei o Chris um pouco mais afastado do Dylan,


caminhei até ele rezando para que tivesse um celular. Eu
nunca saia sem celular, contudo exatamente hoje tinha
deixado na mansão.

- Chris, você viu a Antonella? - disfarcei.

- Não. Só vi ela quando vocês chegaram. - respondeu tenso.


- Tá bom. Me empresta seu celular para ligar para ela?
Deixei o meu em casa. - deixei transparecer o nervosismo,
ele enfiou a mão no bolso do paletó e retirou de lá um
aparelho me entregando.

O alívio tomou conta de mim quando segurei o celular


saindo em seguida, com o Chris gritando alguma coisa que
não entendi. De volta ao jardim descobri que o celular tinha
senha.

Sério,que vontade de me enfiar em um buraco. Ou melhor,


voltar no tempo e nunca conhecer o Henry passando bem
longe daquele parque de diversões.

Estava sem tempo para tentar descobrir a senha logo


prestei atenção nos sinais de dedo ali na tela, na terceira
tentativa consegui entrar.

Ok! Primeira fase foi tranquilo.

Ainda bem que o carro tinha internet ou iria ser um pouco


mais complicado invadir, mas se considerar a situação em
que estou sem meu equipamento foi bem fácil, encontrei a
brecha de acesso ECU*, sorri confiante pois acreditava que
conseguiria chegar ao meu objetivo, não poderia estar mais
enganada. Assim que consegui o controle do carro alguém
começou a bloquear meu sinal.

Merda! É sério isso?

Várias tentativas e nada de conseguir acessar o computador


do carro, me xingava mentalmente por não conseguir uma
tarefa simples.

- Que droga Nanda! Desde quando você não consegue


decifrar uns simples códigos? - verbalizei os pensamentos.
- Quem diria que Fernanda O'Connor, uma riquinha mimada,
fosse Electra? - senti um calafrio quando aquela voz grave
chegou até mim.

- Marlon. — disse me virando para ele.

(...)

Dylan

- Você está louco! Manda seus homens abaixarem as armas.


- Geovane estava nervoso pois vários soldados seus tinham
morrido. - Explica o que aconteceu Don, qual é o motivo de
estar me acusando e matando meus homens assim?

- O que aconteceu Geovane? Você ainda tem a audácia de


me perguntar o que aconteceu?! - minha voz era calma e
controlada - Cinco minutos para me dizer a verdade, não
que isso vá te salvar, mas é uma chance de morrer com
honra.

- Que verdade Don?

Me aproximei a passos lentos como uma predador se


aproxima da presa, retirei minha arma e atirei na perna
dele, que caiu segurando a perna.

- Agora tem dois minutos.

Dimitri vem até mim tentando me fazer mudar de ideia.

- Don, vamos conversar em um lugar mais apropriado. -


começa fazendo meu ódio crescer mais.

Não respondo apenas encaro Geovane que tenta estancar o


sangue da perna. Juliana que chorava estérica se ajoelhou a
minha frente. Se eu não estivesse com a Nanda, arrastaria
essa vadia daqui e antes de matá-la iria fazer ela se
arrepender de suas armações, iria levá-la ao paraíso e
depois ao inferno. Antes dela dizer alguma coisa vi quando a
Nanda entrou no salão observando, sua testa estava
franzida, coisa que só acontecia quando estava
estremamente nervosa.
Caminhou em direção ao Chris e falou algo com ele, saindo
assim que Chris lhe entregou um telefone celular.

- Por favor Don, meu pai não fez nada. Pare com essa
loucura por causa de uma puta mentirosa. - passei a mão
nos cabelos nervoso enquanto ouvi cada palavra da boca
dela pronto para meter uma bala no meio de sua testa.

O som que se ouviu a seguir reverberou pelo salão, fazendo


com que os burburinhos sessasem. O tapa que ela levou no
rosto foi tão forte que Juliana caiu no chão ao lado do pai
com a boca sangrando. Olhei na direção da pessoa que fez
esse favor a mim, e não foi surpresa nenhuma quando vi
Antonella vermelha de raiva.

- Cala a boca sua vadia! - esbravejou ela - Você eu sabemos


que aqui não tem ninguém inocente. - a loira arregalou os
olhos em sinal de pânico - A Nanda é a melhor pessoa do
mundo e você não pode abrir a boca para falar dela.

Minha prima era bastante perigosa quando defendia a


famiglia. Geovane não abriu a boca enquanto Dimitri
tentava me fazer mudar de ideia cada vez mais nervoso.

Geralmente levava as pessoas até o complexo para resolver


eventuais conflitos porém aqueles dois iriam servir de
exemplo, seriam mortos aqui mesmo na frente de todos os
capos do conselho.
Já faz um tempo que desconfio que alguém me traía, não
tinha conseguido provas ainda por estar morando no Brasil,
contudo agora que estou de volta me mantinha empenhado
nisso, não passou despercebido aquele russo desgraçado no
jantar e agora a perseguição da Antonella e da Nanda. O
traidor estava aqui e tinha certeza que era o Geovane.
Apontei a arma para seu peito.

- O tempo acabou Geovane.

Neste momento meu celular vibrou, levei a mão ao bolso e


peguei-o abrindo a mensagem em seguida, na mensagem
tinha duas imagens uma dos perseguidores onde aparecia a
placa do carro e outra com os documentos indicando quem
era o dono do carro, abaixo uma frase que dizia : "Por nada
Don."

Sorri bloqueando a tela e guardei o aparelho enquanto


todos esperavam, a tensão no ar era palpável, seus rostos
apreensivos cheios de medo olhavam para mim aguardando
o próximo passo.

- Eu dei a chance para você morrer com honra Geovane. -


minha voz soou fria pelo salão - Agora terá uma morte digna
de um traidor.

Os burburinhos no salão recomeçaram junto com o choro de


Juliana. Se essa vadia achava que sairia ilesa estava muito
enganada, tinha planos para ela, antes de amanhecer eles
estariam implorando para morrer.

- Ragazzi, levem eles para o complexo. - indiquei para meus


homens e caminhei até a saída, virando para aqueles que
estavam no salão. - Os bens do traidor serão divididos entre
a famiglia, resolveremos isto assim que eu cuidar deles. Ah,
antes que eu me esqueça, que vocês nunca mais ousem
fazer alguma coisa contra minha esposa - falei para que
todos ouvissem - Caso contrário encontrarão a morte da
pior forma possível.
- É uma ameaça Don? - um dos capos perguntou.

- É um aviso Luigi, não costumo ameaçar. - sorri para ele - A


festa acabou pessoal, andiamo.

Ninguém ousou abrir a boca, todos sabiam o que acontecia


a traidores.
Continuei caminhando pensando nas coisas que
aconteceram nestes dois meses, e analisando a situação vi
que não fiz bem em tirar a Nanda do Brasil, aqui em Milão
ela corre mais perigo pois estamos vivendo em meio a
pessoas sem escrúpulos. Ainda que não tenham culhões
para me enfrentar, sempre virão atrás da Nanda.

Filhos da puta do caralho. Acham que estão lidando com


uma pessoa qualquer? Terei o prazer de matar um a um se
for preciso.

- Dylan,você viu a Nanda? Não encontro ela em lugar


nenhum. - Antonella se aproximou sem fôlego me tirando
dos pensamentos.

- Vi ela lá dentro por uns segundos, depois a Nanda saiu


novamente. Mas que inferno! - comecei andar a passos
largos em direção ao jardim.

- Dylan será que aconteceu alguma coisa?

- Não sei! Que droga Antonella, não fica andando atrás de


mim. Vai procurar a Nanda! - fui curto e grosso, minha
paciência já não existia.

Ela virou e saiu pisando duro, aquela ali tinha o gênio forte.
Aumentei os passos para chegar ao meu destino, já no
jardim encontrei-a conversando com um negro mediano,
senti o estômago revirar bufando de raiva. Essa ragazza
ainda iria me matar.
Me aproximei silencioso controlando a fúria crescente em
mim, nunca fui controlado, pelo contrário era explosivo e
estava fazendo um esforço sobrehumano para não atirar
nos dois. A voz dela chegou primeiro e parecia irritada.

- ...digamos que eu também tinha raiva do mundo Ciborgue,


afinal eu achava que eles tinham tirado ele de mim. Mas
não foram os policiais, foi alguém pior.

Ciborgue?! O hacker que invadiu o sistema da Viper? O que


diabos a Nanda fazia com ele?Eles falavam do Henry?

- Atrapalho? - quando ouviu minha voz ela se virou


assustada.

- N-não. Está aí faz tempo Dylan?

- Acabei de chegar. Vamos embora, já resolvi o problema. -


ela me olhou desconfiada estranhando o modo frio como me
dirigi a ela.

- Nos vemos por aí Fernanda! - o homem disse saindo.

- Espero que não Marlon.

Após o homem sair segurei-a pelo braço e praticamente


arrastei de lá. Mesmo sob protestos ela me acompanhou.
Iria levá-la em casa e depois teríamos uma conversa séria,
essa garota tinha que aprender a me respeitar pelo bem
dela. Nem que para isso eu tivesse que fazê-la assistir a
morte do Geovane, aliás eu faria exatamente isso.
Chegando no carro abri a porta e ela entrou, sentei ao seu
lado enquanto Jason dirigia.

- Vamos para o Complexo Jason.

- Sim senhor!
Seguimos em silêncio o caminho todo, vez ou outra meu
olhar vagava pelo rosto sério da Nanda, mas não iria voltar
atrás ou tudo o que tinha feito aqui seria em vão. Hoje a
Fernanda vai conhecer quem é realmente Dylan Spencer.

******

ECU — Central eletrônica que controla as principais


funções do carro.
Capítulo 17

🚨Atenção🚨
🔥O capítulo abaixo contém cenas de tortura.🔥
Espero que gostem. Boa leitura 📖

****

Nanda

Chegamos ao complexo, um barracão revestido de aço no


meio do nada. Os carros estacionaram e descemos, assim
que coloco os pés para fora sou arrastada e aquilo já estava
me cansando.

Quem ele pensa que é para me tratar assim? Tento puxar o


braço porém Dylan segura com mais força me lançando um
olhar duro que me fez congelar na mesma hora.

- É melhor você ficar quieta Fernanda. - Que ótimo!


Voltamos as formalidades novamente, suspiro frustada - Eu
não quero machucar você. - suas palavras fizeram cada
célula do meu corpo tremer, aquele a minha frente era o
Don não o Dylan.

Deixei que ele me arrastasse para dentro do complexo


caminhando pelo corredor até o final onde tinha um
elevador, entramos e ele apertou um botão, começamos a
descer. Ao que parece a parte de cima era para disfarçar as
atrocidades cometidas lá embaixo.
Alguns minutos e saímos do elevador, o local era iluminado
por várias lâmpadas, salas com portas fechadas espalhadas
pelo amplo espaço e uma em especial me chamou a
atenção, deixei meu olhar vagar não posso negar que o que
vi fez meus olhos brilharem, na sala tinha vários
computadores e telões preenchiam o espaço, tudo o que um
hacker poderia desejar para fazer seu trabalho.

Não pude apreciar mais aquele paraíso pois a passos


rápidos viramos a direita e adentramos no circo dos
horrores. Meu coração acelerou, a sala era pouco iluminada,
correntes grossas desciam do teto, engoli em seco com
aquela visão. Algemados nas correntes estavam Geovane e
a filha já bastante machucados, desviei o olhar
imediatamente, aquilo ali era uma sala de tortura, uma
mesa no canto da sala com vários objetos me chamou a
atenção, perto dela uma cadeira com amarras e fios.

- Ele não falou nada Don, e olha que fomos bastante


incisivos - um soldado que eu não sabia o nome se
adiantou.

- Ah mas ele vai falar. - caminhou até a mesa e pegou um


bastão com pregos na ponta. - Sente-se Fernanda.

- Eu não vou me sentar Dylan. - reuni todas as minhas


forças para encará-lo.

Lentamente ele caminhou até mim, cada movimento seu


indicava perigo, minha mente gritava me mandando fugir
contudo minhas pernas não obedeciam. Quem é esse
homem a minha frente? Onde está o Dylan que eu conheci?
Por que esse não é ele. Dei um passo para trás quando senti
sua mão se fechando em meu pescoço.

- Você escolhe Fernanda, eu prefiro que seja sua vontade


mas não tem problema nenhum se não for. - meus olhos não
desgrudavam dos seus. - Vamos bella, não seja teimosa.

Cada palavra que ele dizia chegava mais perto e eu tinha


que recuar até que minhas pernas bateram em alguma
coisa fazendo com que eu perdesse o equilíbrio e caísse
sentada em uma poltrona que não havia percebido ali.
Dylan fez sinal para um soldado e ele me segurou.

- Não desvie os olhos ragazza ou vai ser pior para você. -


deu um sorriso e piscou para mim.

Pensei em mil coisas para dizer mas as palavras não vieram.


Dylan andou até o homem que levantou a cabeça para olhá-
lo com um sorriso sarcástico no rosto.

- Pelo visto você gostou do tratamento Geovane. - Dylan


parou a sua frente. - Agora que eu cheguei, vamos nos
divertir mais um pouco.

Dizendo isso levantou aquele bastão e cravou na perna do


homem, seu grito preencheu a sala, eu podia jurar que os
pregos saíram com pedaços de pele. Um nó se formou na
garganta, mas eu não iria chorar, não agora. Cada vez que
ele batia no homem seu olhar era dirigido a mim como se
aquilo fosse para mim, foram minutos daquela cena de
horror contudo Geovane não cedeu. O homem teve as
pontas dos dedos arrancados com um alicate mesmo assim
não abriu a boca. A única coisa que estava prolongando ali
era seu sofrimento.

- A quem você jurou lealdade capo? Acredite em mim, seu


silêncio não servirá de nada. - sua voz era calma mas
carregada de raiva.

Quando ele olhou para mim seus olhos verdes estavam


escuros e seu rosto demonstrava satisfação, aquele sorriso
era de quem estava gostando de fazer aquilo. Com que tipo
de monstro eu me casei?Algo dentro de mim não me
deixava desviar os olhos, estava em estado de choque não
sentia nada. O homem ainda estava segurando meu ombro
porém não fazia diferença, afinal estava petrificada ali.
Zoe entrou na sala arrumando um soco inglês na mão,
percebendo agora ela era a única soldado mulher ali.
Pegando um balde com água, jogou em Juliana que
despertou tossindo.

- Ele já falou Don?

- Ainda não Zoe, mas vai falar. Vamos levá-lo para a cadeira
elétrica. - vendo a expressão de pavor do homem,
estremeci.

Outros dois soldados se aproximaram e soltaram as mãos


de Geovane e o arrastaram rasgando suas roupas
ensanguentadas amarrando na cadeira elétrica com as
pernas travadas para trás.

- Vai falar Geovane? Acabe com o seu sofrimento. - Dylan


falava debochado - Porque assim que eu ligar a eletricidade,
seu corpo não vai mais obedecer seus comandos, vai perder
o controle do seu intestino, vai se cagar todo. - os soldados
riram - Vai ter convulsão, afogar no próprio vômito. É assim
que quer morrer?

O homem não abriu a boca e lá no fundo estava pedindo


para ele falar e acabar de uma vez com aquele sofrimento
dele e meu. De repente o corpo dele começou a tremer,
alguns segundos se passaram e parou.

- Fala desgraçado!

- Nunca.vou.falar.nada. - Geovane em meio a tosses cuspiu


pausadamente as palavras.

- Deixa a gente brincar com a vadia loira Don, aí quero ver


ele não falar. - um dos homens que estavam perto falou
segurando o pênis por cima da calça e os outros
concordaram.
Olhei para Dylan que encarava o soldado e depois desviou
os olhos para Juliana que estava em desespero. Um sorriso
cruzou seu rosto, nesse momento meu coração parou não
acreditando que ele estava mesmo ponderando entregar
Juliana toda machucada para aqueles brutamontes. Foi
como se um estalo me tirasse do transe, na mão do soldado
que me segurava estava sua arma, empurrei o homem e
segurei a arma, pego de surpresa ele não reagiu e para
minha sorte ela estava destravada.
Antes que alguém pudesse fazer alguma coisa atirei na
cabeça de Juliana, fazendo com que seu sangue espirrasse
na parede atrás dela, seu corpo caiu sem vida com os
braços erguidos nas correntes.

Acredito ter feito a coisa certa, mas um peso se instalou em


meu coração. Era a quarta morte que estava em minhas
mãos, larguei a arma pronta para sair da sala mas o soldado
veio pra cima de mim segurando em minhas costelas e
empurando, com a força do impacto de suas mãos cai no
chão sentindo a dor no ferimento aumentar.

- Você vai servir sua puta.- se ajoelhou encima de mim.

Com toda certeza ele não sabia que eu era esposa do Don,
no momento que foi retirado de cima de mim sua expressão
de surpresa deu lugar ao pânico. Dylan matou Geovane com
um tiro na cabeça e se virou para o homem.

- Você não deveria ter feito isso Pietro, terei o prazer de te


ensinar a não encostar na minha mulher. - suas palavras
soaram duras - E nem em mulher nenhuma porque hoje
você morre! - sorriu sarcástico.

Aproveitando que já estava no chão tirei os saltos, levantei


e sai da sala quase correndo, precisava sair dali o mais
rápido possível. A dor na costela começava a me
incomodar, comecei a ouvir um zumbido agudo, minha
visão foi escurecendo tive que me apoiar na parede,
precisava chegar naquele elevador, com o coração
acelerado o barulho em meu ouvido ficou mais alto e eu fui
engolida pela escuridão.

(...)

Acordei sentindo tudo girar a minha volta, levantando a mão


pressionei a têmpora nem consegui abrir os olhos mas a
julgar pela claridade era dia.
Virei na cama e parece que fui engolida por um redemoinho.
Pelo visto iria ficar deitada até essa merda passar.

Acabou que adormeci novamente e estava de novo naquela


sala de tortura dessa vez quem estava sendo torturada era
eu.
Acordei no momento exato em que Dylan enfiou uma faca
no meu coração rindo, sua risada ainda ecoava em meu
ouvido quando me sentei com o coração aos pulos. E quase
infartei pois ele estava sentado na beira da cama me
encarando.

- Puta que pariu. - falei levando a mão ao peito.

- Precisamos conversar.

- Não, não precisamos. O que eu preciso é de paz. Sai por


favor.

- Tá bom! Não quer conversar beleza. - concluiu bravo - Hoje


a noite temos que ir a um evento, esse evento não tem
nada com a máfia então pode ficar tranquila.

- Eu não vou Dylan. Não vou a lugar nenhum com você.


- Você vai Fernanda. Nem que eu tenha que arrastar você
para esse evento feito um homem das cavernas. - ele
passou a mão pelo cabelo em sinal claro de nervosismo.

Fiz a egípcia porque não queria discutir com ele, confesso


que estava com medo, a imagem dele no complexo não saia
da minha cabeça.
Assim que Dylan saiu do quarto eu desmoronei chorei pelo
que pareceu horas até secarem todas as lágrimas do meu
corpo.

Levantei e tomei um banho demorado ficando no quarto


esperando a hora do tal evento. Tomara que seja um evento
normal.

(...)

As vinte horas seguimos para a Blue Notte, acabei de


descobrir que a boate era dele. Confesso que não fiquei
surpresa deveria ser um modo de fugir dos federais, algo
para encobrir os trabalhos na máfia. Nunca perguntei o que
ele fazia lá, mas pelo pouco que conheci do Henry deveria
ser a mesma coisa, drogas, armas, empréstimos de
dinheiro, strippers e afins.

Assim que avistamos a boate pude perceber vários


jornalistas na porta, ainda bem que passei bastante
maquiagem para disfarçar as olheiras. Nesta noite optei por
usar um macacão longo preto com um decote em v de
renda coberto por pedras também pretas, este não tinha
mangas, nos pés um salto nude. E um coque frouxo que
deixava alguns fios dos cabelos soltos dando um charme a
mais.

Descemos do carro e fomos cercados pelos vários jornalistas


que queriam fotos e faziam perguntas, umas foram
respondidas outras Dylan ignorou. Entramos no
estabelecimento, Dylan cumprimentou algumas pessoas e
ficaram conversando, parece que a a boate tinha aberto
outras filiais em outros lugares por isso essa comemoração.
As pessoas ali eram sócios pelo que pude perceber.

Conversei com várias pessoas sendo simpática, tudo ia bem


até que ouvi uma voz aveludada.

- Dylan? Aí meu Deus Dylan é você mesmo?

A morena correu para os braços dele e o agarrou enquanto


ele a abraçava com igual fervor.

- Fillipa, que saudade.

Depois que se separaram ficaram lá conversando


animadamente, sua mão não saia da cintura dela e eu fui
deixada de lado. A raiva me consumiu então fiz a única
coisa sensata a se fazer, fui para o bar encher a cara e
esquecer que esse homem existe em minha vida. Bebi umas
três doses de uísque e mais três de vodka.

- Onde está a Antonella quando se precisa dela? -


resmunguei virando a última dose de vodka.

Comecei a sentir os sinais da embriaguez, tinha uma barra


de pole dance lá em um palco no meio da boate, sorri
internamente quando olhei e vi Dylan e a morena quase se
beijando.

- Quer brincar Sr. Bonito, vamos brincar.- sussurei.

Levantei e segui para o palco, o DJ percebendo começou a


tocar uma música bem sensual, subi na barra e comecei o
show.
Não sabia quais eram os sentimentos que me consumiam
naquele momento, ciúmes, raiva, frustração, só sabia que
tinha que estravasar de alguma maneira e dançar foi esta
maneira. Fechei o olho e deixei me levar bela batida sensual
da música e pelos assobios e gracejos dos homens ali, até
que senti uma mão rodeando minha cintura e me tirando do
palco praguejando.

Comecei a rir quando os homens começaram a protestar e


Dylan xingou mais ainda. Me virando para ele colou nossos
corpos e sussurou apenas para que eu ouvisse.

- Está querendo que eu mate todo mundo aqui Nanda? - sua


voz soou fria.

- Não! - respondi.

- Ótimo, agora vem se sentar.

Segurou em minhas mãos me conduzindo até onde ele tinha


deixado Fillipa, esta me olhava com um sorriso falso no
rosto. Dylan se sentou me puxando para seu colo.

- Fillipa, esta é minha esposa Fernanda.

Suspirei frustada já imaginado a noite ao lado desses dois.

*****

Só digo uma coisa.... Não digo é nada! 🤭🤭


Medo do Dylan kkkkk

Obrigada pelos 2 k, vocês são incríveis ❤️❤️


Capítulo 18

Aviso: Contém cena de sexo.

Dito isto 🤭 Boa leitura 😘


*****

Dylan

Reencontrar Fillipa não estava nos meus planos, mas aqui


estava eu com as mão coladas nela. Poucos sabem mas
Fillipa foi meu primeiro amor na adolescência porém nos
separamos quando ela foi para Paris estudar. Depois que
nos mudamos para o Brasil tentei esquecer que ela existiu e
por um tempo deu certo mas agora estou confuso.

E caralho! Ela estava muito gostosa, seus cabelos


cacheados estavam maiores, e provavelmente tinha
colocado silicone nos seios e na bunda, e que bunda!
Combinava perfeitamente com seu corpão. Nos sentamos
em uma poltrona confortável de couro e começamos a
conversar, por um segundo me esqueci da Nanda, quando
dei por mim ela estava no bar tomando alguma coisa
escura. Voltei a conversar com Fillipa e ela foi se
aproximando até estar a centímetros dos meus lábios, tratei
de deixar as coisas claras entre a gente afastando-a
delicadamente.

- Eu sou casado Fillipa. - falei sem rodeios, a confusão


tomou conta de seu rosto redondo e seus olhos verdes
demonstraram tristeza. - A Zoe não te contou né?

- Não. Eu perguntei de você e ela me disse desse evento


hoje, então vim aqui para te ver, falar com você e matar a
saudade. - deu um sorriso safado - Eu quero trepar com
você de novo Dylan, nenhum homem é igual a você na
cama. - ela sempre foi direta com as coisas que queria.

- Fillipa....

- Sem compromisso Dylan, não vou cobrar nada de você.


Nós podemos nos encontrar as vezes... Aliás, posso passar
na sua casa depois do evento e aí conversamos mais. - sua
língua rosada passou sobre os lábios. Não era conversa que
ela queria.

Antes que eu pudesse responder começou a tocar uma


música bem provocante, as luzes diminuíram e a gritaria e
assovios começaram. Não me lembro de ter contratado
nenhuma garota nova, mas a que estava no palco deveria
ser boa a julgar pelo modo como os homens ali estavam
eufóricos.

- Tá bom Fillipa. - respondi num impulso e ela deu um sorriso


triunfante.

- Garanto que não vai se arrepender. — falou passando a


mão na minha perna.

Desviei os olhos de Fillipa e senti meu sangue esquentar,


levei a mão a têmpora e massageei tentando me acalmar,
sem pensar duas vezes fui até lá e subi tirando a Nanda do
palco, se não fosse as circunstâncias teria parado para ver
ela dançando pole dance, mas vendo esses marmanjos
desejando minha mulher fez meu sangue ferver e muito. Ela
ainda protestou mas ameacei matar todo mundo ali, senti
sua tensão na hora.

Voltei a me sentar arrastando ela comigo, Fillipa estava com


um sorriso sacana nos lábios e eu não queria pensar nisso.

- E então Dylan como se conheceram?


- Nossos pais se casaram. - fui curto não queria dar
explicações.

- E vocês se amam? - Fillipa queria jogar, ela sempre foi


assim.

Fernanda que até então estava quieta me olhou com a


sobrancelha arqueada com um ar de deboche.

- Amar não é a palavra certa Fillipa. - ela disse docemente.

- A Nanda está claramente bêbada e não sabe o que está


falando. - cortei de modo rude.

Fernanda tocou meu rosto aproximando seu rosto do meu


provocando arrepios.

- Então você me ama Dylan Spencer? - sua voz não passou


de um sussurro extremamente sexy fazendo meu pau dar
sinal de vida, era por causa bebida que ela estava assim
com certeza, mas isso não me importa.

Não pude responder pois Chris se aproximou e me disse que


os colaboradores estavam aguardando em meu escritório ali
na Blue Notte.

- Eu tenho que resolver um assunto. - meus olhos estavam


fixos em Nanda. - Já volto. - dei um selinho nela e levantei.

Fernanda tinha o poder de fazer tudo desaparecer quando


estava por perto o que me deixava muito confuso em
relação aos meus sentimentos.

Cheguei ao escritório onde os colaboradores me


aguardavam para a apresentação da nova droga que seria
liberada esta noite. Ela é basicamente igual ao ecstasy por
fora, mas seus efeitos são bem mais intensos e quase não
tem efeitos colaterais, isso nos renderia milhões, a mim
principalmente.

— Sr. Spencer tem certeza que iremos lucrar com a


Violette? — Violeta, como os fármacos chamaram por causa
da sua coloração.

— Ruggero se não tivesse certeza não teria trazido vocês


aqui. E então, vamos fechar negócio ou não? Meu tempo é
precioso.

— Podemos experimentar? — o homem estava salivando


para provar a droga.

— Esteja a vontade Ruggero.

Fiz sinal para que Chris trouxesse a droga e só Ruggero quis


experimentar, não demorou e ele estava eufórico e rindo
para caralho, bom a droga teve o efeito esperado. Todos os
homens ali assinaram o contrato e começamos a
distribuição da Violette. Reunião encerrada, desci para
encontrar a Nanda e a Fillipa.

O clima ali pareceu bem tenso, a Nanda estava claramente


desconfortável, quando me aproximei ela me olhou de uma
forma estranha.

— Está tudo bem aqui?

— Está sim Dylan. Eu estava só contando para a Nanda


sobre como não nos separavamos no passado e como nosso
amor é forte. — Fillipa se levantou e veio até mim
entrelaçando nossos braços — Ainda tem aquela árvore no
seu jardim onde gravamos nossos nomes depois de transar
loucamente?

Puta que pariu! Eu vou matar a Fillipa.


— Acho que vou vomitar! — Nanda sai correndo para o
banheiro.

Fui atrás dela arrancando suspiros das mulheres que ali


estavam, se fosse em outros tempos.... Mas agora com toda
certeza não.
Empurrei a porta do banheiro e ela estava debruçada sobre
o vaso, me aproximei abaixando do seu lado acariciando
suas costas até que ela pôs tudo para fora.

— Eu quero ir para a casa por favor Dylan. — foi até a pia e


lavou a boca.

— Tá bom Nanda. Já resolvi as coisas aqui, vamos para a


casa. — abri a porta para ela passar — Você está bem?

— Não! Eu não estou bem. — falou pausadamente como se


estivesse com muita raiva — Só quero ir para casa por
favor.

Sério a Nanda ficava muito educada quando estava com


raiva e isso era péssimo. Ela saiu na minha frente sorri e fui
atrás dela, no meio do caminho Jason apareceu me parando.

— Don, o Taylor já está no San Rafaelle e o Catraca no


complexo.

— O Catraca é de vocês até amanhã porque tenho um


assunto inacabado para resolver. Quanto ao Taylor, cuide
para que tenha melhor tratamento, nós devemos isso a ele
por manter o silêncio.

— Ok Don. — me virei para sair mas foi chamado


novamente — E Don, o Henrique veio também, está fazendo
a segurança da sua casa.

— Tá bom! — Assenti.
Nos despedimos e segui para o carro, Fillipa não estava
mais na boate, deveria ter ido para casa.

Dirigi o mais rápido possível para a mansão, a Nanda ficou


em silêncio o tempo todo olhando as ruas. Fiquei tentado a
perguntar o que aconteceu mas ela não falaria.

Assim que entramos ela seguiu para o quarto e se trancou


no banheiro, peguei uma peça de roupa e fui tomar banho
em outro quarto, estava nervoso pois se a Fillipa aparecesse
realmente aqui daria merda, ainda mais porque estava a
alguns dias, muitos dias aliás sem sexo e isto já estava
pirando minha cabeça. Eu sempre tive a mulher que quis e
agora estava preso a uma que mal olhava na minha cara.

Não posso negar que a culpa é toda minha, venho agindo


igual a um escroto desde que chegamos a Milão, não
deveria tê-la levado ao complexo. O pior foi que ela achou
que eu iria deixar meus homens abusarem sexualmente da
Juliana machucada, e acabou que tive que matar um dos
meus melhores soldados porque o imbecil colocou suas
mãos nela. E ela matou mais uma pessoa e isso estava a
corroendo pelo que pude observar e mais ainda a mim por
deixá-la naquele estado.

Inferno!

Fiquei embaixo do chuveiro por alguns minutos e sai


vestindoapenas minha calça de moletom preferida, me
dirigi até o quarto onde a Nanda estava bati na porta mas
ela não respondeu então entrei e ela ainda estava no
banheiro.

— Nanda, eu vou resolver umas coisas no escritório não


precisa ficar me esperando. — esperei e só recebi o silêncio.
Desci entrando no escritório pensando em maneiras de
afastar a Fillipa. Mas que droga eu fui fazer.

Uma da manhã ouvi barulhos pela casa de alguém


tropeçando e praguejando baixinho. Em um rompante a
porta do escritório se abriu e ela entrou segurando uma
garrafa de whisky meio grogue, a garrafa ainda estava cheia
isso era um bom sinal. Ela vestia um roupão de banho, o
que me fez pensar se estava nua por baixo dele.

— Que foi? Estava esperando outra pessoa Dylan? Uma


morena silicona por exemplo? — ela caiu na risada.

— Bebendo de novo? — andei até Nanda tentando retirar a


garrafa de suas mãos e fugindo de sua pergunta.

— Você está parecendo meu pai. — disse rindo — Eu preciso


beber para esquecer o que fiz. Quatro Dylan, — fez o
número com os dedos — quatro pessoas foram mortas por
mim. Eu sou um ser humano horrível. — agora sua voz saiu
embargada como se fosse chorar.

Aproximei segurando suas mãos, essa garota me daria dor


de cabeça se continuasse se embriagando dessa forma.

— Vem eu vou te levar para o quarto. — consegui tirar o


whisky dela.

— Não! Eu não vou para o quarto. Tá querendo se livrar de


mim? Eu quero te contar um segredo. — sussurrou — É
sobre a Electra.
Ao dizer isso ela riu muito e caminhou até o sofá se jogando
nele olhando-me com ar de deboche. Seus lábios estavam
entre abertos e seu rosto corado pelo e efeito do álcool, por
uns segundos fiquei admirando a beleza da mulher a minha
frente, perfeita e natural.

— Ela não vem Dylan, eu amecei seus soldados. Falei que


mataria todos eles se deixassem a megera siliconada entrar.
— mudou de assunto rapidamente.

— Você fez o quê? — perguntei achando graça.

— Isso mesmo que ouviu. Então pode ir guardando sua


espada que a megera.siliconada.não.vem — concluiu
pausadamente.

A Nanda estava muito esquisita desde a hora em que ficou


sozinha com a Fillipa mais cedo. Agora sabia por qual
motivo, provavelmente para tentar diminuir a Fernanda ela
disse que viria aqui trepar comigo, coisa que não iria
acontecer.

Fiquei parado analisando a situação, nem vi quando ela se


aproximou passando a mão em meu peito.

— Eu quero fazer sexo com você Dylan.

— Você está bêbada. É melhor voltar para o quarto. — fui


ríspido com ela, mas no fundo estava tentando controlar o
desejo que já crescia em mim.

— Tá bom. Se você não me quer, quem sabe um dos seus


soldados não queira. — se afastou indo para porta — Acho
que vi o Henrique aqui, sempre quis saber o tamanho do
pau dele, hoje eu vou descobrir.
Antes que ela chegasse a porta segurei sua nuca fazendo
com que virasse para mim ficando a centímetros de sua
boca. A raiva me consumia, só de pensar nela com outro
homem já tinha vontade de sair matando todo mundo.

— Não brinca comigo Fernanda, você não sabe do que eu


sou capaz. — meus olhos estava grudados nos dela e não vi
medo neles. Ela me desafiava com o olhar e isso me deixou
mais puto ainda.

Uni nossos lábios em um beijo quente, o gosto de whisky da


boca dela acendeu ainda mais meu fogo.
Fui descendo distribuindo beijos e leves mordidas por seu
pescoço até chegar em seus seios.

Desfiz o laço que prendia o roupão lentamente retirando-o


em seguida, ela estava mesmo só com ele. Sua pele estava
arrepiada com meu toque , passei a língua lentamente em
seus seios arrancando um gemido de seus lábios. Porém
antes que eu pudesse fazer mais alguma coisa Fernanda
ficou de joelhos na minha frente baixando minha calça e
liberando meu pau que pulsava ansiando por seu toque.

Um arrepio gostoso percorreu meu corpo quando ela


segurou meu pau com suas mãos delicadas e o envolveu
com a boca descendo até a base, depois subindo. Repetiu o
movimento várias vezes lentamente, descendo, subindo e
passando a língua arrancando gemidos roucos de mim.

— Caralho Fernanda — segurei em seus cabelos ajudando


ela em seus movimentos.

Mais e mais meu pau começou a pulsar, a filha da mãe era


muito boa em fazer isso. Vendo que não aguentaria mais,
levantei ela beijando seus lábios para em seguida empurra-
la no sofá e ficar entre suas pernas, soprei seu clitóris
arrancando um gemido dela quando introduzi dois dedos
nela. Porra de mulher gostosa do caralho estava super
molhada.

Então passei a língua em seu ponto de prazer no momento


em que retirei meus dedos dela e Nanda se contorceu
gemendo, continuei circulando seu clitóris com a língua vez
ou outra segurava e puxava com os lábios delicadamente
enquanto ela segurava meu cabelo.

— Dylan — disse ofegante — eu quero gozar com você


dentro de mim.

Não precisou falar duas vezes, fiquei por cima dela


penetrando de uma vez e me movimentando com força.
Cada investida minha era um gemido alto de Nanda.

Vendo sua expressão de prazer só me fez querer fode-la


mais, queria estar inteiro dentro dela, retirei meu pau
virando-a para que ficasse de quatro voltando a penetra-la
com força. Fernanda arqueou as costas gemendo para
caralho, virei seu pescoço pra mim beijando ferozmente sua
boca e ficamos nos beijando, nossas línguas dançavam de
uma forma sensual e intensa.

— Dylan... — gemia rouca.

Desci minha mão até encontrar seu ponto de prazer fazendo


movimentos circulares enquanto aumentei meu
movimentos, senti seu corpo tremer com os espasmos do
orgasmo intenso que ela teve, mas algumas bombadas e
gozei arrepiado pelo prazer gostoso que senti fazendo a
Nanda minha.

— Porra Nanda! O que está fazendo comigo garota?

Sai dela e deitei puxando-a para meu peito, ficamos


abraçados fazendo carinho um no outro. Algum tempo
depois partimos para o segundo round e depois o terceiro.

O sol estava saindo quando enfim pegamos no sono ali


mesmo no escritório. Dormi pensando nas merdas que eu
tinha feito até ali, de todas elas chamar Fillipa para vir em
casa tinha sido a pior.

Eu nunca seria capaz de trair a Nanda, era dela que eu


precisava, só dela.

*****

É eita encima de vixi.

Será que agora vai? Custa admitir que gosta da


garota e parar de fazer merda?

Vamos aguardar os próximos capítulos 🤭


Obrigada pelos 3k ❤️😍
Capítulo 19

Nanda

Acordo com uma dor de cabeça horrível, sem abrir os olhos


me viro na cama e sinto uma mão segurando minha cintura.
Não sei como vim parar ali pois até onde eu sei estava no
escritório com Dylan.

Memórias do que aconteceu lá voltam a minha mente e


sinto o rosto esquentar. Meu Deus! Aquela não era eu. Fiz
coisas que jamais imaginei que faria. Abro o olho e observo
o belo rosto de Dylan, nem parece que encarna o demônio
quando está no posto de Don. Seguro o ímpeto de tocá-lo,
sento e retiro sua mão de mim cuidadosamente, dirijo-me
ao banheiro e tomo um banho relaxante.

Decido ligar para James pois faz dias que não falo com
ninguém, só por mensagem, mas não é a mesma coisa. O
fato é que estou morrendo de saudade dos meus irmãos e
do meu pai, aqui não é meu lugar, queria estar com eles
agora. Depois de vestir uma roupa leve desço até o jardim
com o celular em mãos, talvez não seja prudente ligar agora
por causa do fuso horário, são oito horas de diferença,
James deveria estar dormindo, pondero um pouco e faço a
ligação, toca várias vezes e cai, repito o processo e no
segundo toque ele atende.

- Você sabe que horas são Fer? - resmunga.

- Sei sim. Onze horas da manhã. - brinco sorrindo - Eu


precisava falar com você irmãozão. - ouço barulho como se
ele estivesse levantando da cama.

- Seis horas da manhã pirralha! - a voz de James não


demonstrava irritação - Aconteceu alguma coisa ? Você não
chama de irmãozão desde que tinha onze anos.- levei a
unha ao lábio mordendo de leve.

- Eu transei com o Dylan.

- Conta uma novidade dona perigosa. - ele riu - O cara é seu


marido, e vamos combinar Fer, se vocês transaram antes de
se envolver, imagina agora.

- Cala a boca James! Não fala alto, estou morrendo de dor


de cabeça. - resmunguei me sentando em um banco - Posso
continuar?

- Deve meu amor. - ele bocejou e fiz o mesmo.

Nunca iria entender essa coisa com o bocejo.

- Aconteceram muitas coisas nesses dois meses que não


vou te contar agora ok? Então, ontem fomos a uma reunião
de negócios na Blue Notte, que é dele. Você sabia? Eu não
sabia. - digo sem dar chance para ele responder- Lá
encontramos uma namorada do passado dele, Fillipa, o filho
da mãe me deixou sozinha e ficou lá todo assanhado para
cima da megera siliconada. Eu bebi, subi no palco e dancei
no pole dance. - contei e ele riu - Dylan não gostou e me
tirou de lá ameaçando matar todo mundo. Não demorou e
ele nos deixou sozinhas, foi quando a megera disse que ele
iria fazer sexo com ela James! Disse que depois da reunião
iria a minha casa ficar com meu marido!- concluo indignada.

- Caralho Fer. Eu estou indo a Milão buscar você. - meu


irmão falou sério.

- Calma deixa eu terminar. Eu tentei não me importar James,


tentei de verdade, mas fiquei possessa. Senti um ciúme dos
infernos, queria matar ela ali mesmo. E quando Dylan voltou
pareceu bastante a vontade com aquela megera passando
as mãos nele. - gesticulei para o nada - Bom, eu não queria
acreditar no que ela disse, mas chegando em casa ele
estava nervoso, me deixou no quarto e desceu para seu
escritório...

- Fala logo Fer, já estou ficando puto com isso. - me


interrompe James.

- Eu já havia bebido bastante na boate, porém bebi um


pouco novamente e fui até Dylan, e então irmãozão, nós
transamos e estou morrendo de vergonha e cm muita,
muita raiva. Ainda por cima ameacei os soldados dele, disse
que mataria eles se deixassem a Fillipa entrar. - suspiro
frustada.

- Você acha que o Dylan iria te trair?

- Sinceramente? Não sei.

- E o que você quer fazer, Fer?

- Você me acharia muito masoquista se eu quiser ficar aqui?


- minha voz soou insegura.

- Fer, você ama o Dylan? - James respondeu depois de um


longo silêncio.

- Pergunta difícil irmãozão. - respirei fundo - Eu sei que não


vou mudar ele James, e que ele não irá deixar de ser quem
é por minha causa,mas - meu coração acelerou ao falar do
Dylan - tudo fica insignificante quando estou perto dele, o
jeito como forma marquinhas em seu queixo quando ri, o
olhar intenso que parece enxergar minha alma, o perfume
dele James, tudo isto me deixa desconcertada.

- Eita!
- Eu o amo James! - admitir em voz alta foi mais fácil do que
imaginei. - Aconteceram coisas horríveis, ele não é a melhor
pessoa do mundo e nem eu. Mas... é errado querer que dê
certo?

- Não Fer, não é errado. Só se cuida tá? Não deixe que


ninguém te machuque, caso as coisas saiam do controle é
só me ligar que eu te busco.

- Obrigada por não me julgar James. Eu amo você.

- Nunca julgaria você. Eu também te amo muito. Tchau dona


perigosa.

- Tchau irmãozão.

O som da ligação interrompida me trouxe a realidade.


Levantei do banco e segui para casa, antes de entrar no
ambiente ouvi a voz irritante de Fillipa, ela veio afinal. Dou
um sorriso sem humor.
Parei por uns segundos respirando fundo para controlar
minha raiva e entrei, assim que me viu um sorriso
debochado surgiu em seu rosto, Zoe que estava próxima a
ela falou algo mas a morena ignorou.

- Espero que você tenha tido uma boa noite Fernanda. -


levantou-se caminhando até mim. - Dylan não trepou
comigo afinal, mas a julgar pelos gemidos vindos do
escritório quando cheguei, a puta que ele pegou deveria ser
boa. E eu estou amando ver essa sua cara de corna. -
sussurou.

Encarei a mulher a minha frente ponderando se responderia


ou não, antes que pudesse responder a voz de Dylan
chegou até nós.

- Fillipa?! - nos viramos em sua direção.


- Desculpe o incomodo Don, achei que não teria problema
em visitá-lo.

Falsa.

Ele por sua vez não respondeu, apenas me olhou nos olhos,
sustentei o olhar enquanto andava e parava a minha frente.

- Bom dia Nanda. - passou a mão em meu rosto - Vamos


conversar ragazza mia? - fiquei alguns segundos
hipnotizada naqueles lindos olhos verdes. - Nanda?

- Claro. - disse voltando a realidade.

Seguimos para o escritório deixando a megera sem graça


na sala.

- Sente-se por favor, ragazza mia. - assim o fiz.

Um silêncio constrangedor se instalou no local, percebo que


ele está massageando a têmpora, Dylan fazia isso toda vez
que estava nervoso. Levantando o olhar me encara por mais
alguns minutos e finalmente quebra o silêncio.

- Me perdoa Nanda? - sua voz sai um sussurro. - Eu sei que


estou sendo um escroto com você nesses últimos tempos,
não era para ser assim. - diz respirando profundamente - Lá
no complexo...quero que saiba que não iria deixar eles
abusarem da Juliana. Desculpa por fazer você pensar que
faria aquilo. Quanto ao Geovane, tinha que ser feito, é assim
que tratamos traidores, e não posso me dar ao luxo de fazer
o contrário. Eu sou o Don, Nanda, o chefe dessa famiglia. -
esperou alguns segundos e continuou - Você não sabe
Nanda como é viver aqui e ter fazer essas coisas. Ao menor
sinal de fraqueza o inimigo ataca e pode te matar, então
ragazza mia, é assim que as coisas devem ser.
- Você gosta de fazer essas coisas Dylan. Eu vi, estava
estampado no seu rosto quando torturava o Geovane.

- Acredite ou não Fernanda, entrei para a Viper para


descobrir quem matou o Henry. - havia tristeza em sua voz -
E estou trabalhando para encontrar o culpado, porém todas
as pistas levam em um beco sem saída. Electra obteve
sucesso? - neguei - Esse figlio di puttana está brincando
com a gente. - gesticulou levando as mãos ao rosto.

- Encontramos algumas pessoas, um está morto e os outros


presos. Não faço ideia de quem possa ser.

- Esse rato se esconde bem, mas não vai ser assim por
muito tempo. - um sorriso discreto surge em seu lábios me
fazendo encará-lo ainda mais. - Antonella está me ajudando
em um assunto com os russos.

- Como assim? Me explica porque acho que perdi alguma


parte. - um arrepio percorreu meu corpo.

- Antonella é minha melhor espiã Nanda, faz um tempo que


está dentro da máfia russa, já obteve bastante informação a
respeito das coisas que o Mikhail faz. - só de ouvir aquele
nome meu corpo enrijeceu e ele percebeu isto. - Estou
reunindo provas ragazza para expulsar eles daqui. É muita
coisa podre envolvendo eles entende? E não posso deixar
que isso suje o nome da famiglia.

- E se eles pegarem a Antonella Dylan? O Mikhail é capaz de


qualquer coisa. - passei a mão pelo braços nus levantando
da cadeira e Dylan fez o mesmo.

- Ele fez alguma coisa com você Nanda? - seu olhar intenso
era capaz de me despir.
- Sim Dylan. - respirei profundamente reunindo coragem
para finalmente contar para alguém - Ele tentou me
estuprar depois que o Henry não aceitou fazer um negócio
sujo com ele. Foram os piores minutos da minha vida, no dia
do jantar ele fez a mesma coisa - minha voz sumiu.

Eu não esperava então fiquei surpresa quando fui envolvida


pelos braços de Dylan.

- Sinto muito que você teve que passar por isso. E sinto
mais ainda por ter acusado você de coisas horríveis aquele
dia. - enquanto ele falava sentia sua respiração quente nos
meus cabelos. - Eu prometo a você meu a.... Nanda, que
nada mais vai te acontecer.

- Não faça promessas que não vai cumprir Sr. Bonito. -


sussurei afastando-me.

Como se esperasse o momento certo meu celular tocou,


retirei do bolso do short quase deixando cair quando vi o
que estava na tela. Meu corpo ficou tenso e minha
respiração acelerou.

- Nanda?

- Eu vou atender Dylan, e por no viva-voz mas não diz nada


tá bom? - ele concordou.

- Nanda! Minha querida Nanda. - a voz robótica repercutiu


pelo ambiente e deu para perceber o sarcasmo. - Que
saudade de você. Vou interpretar seu silêncio como
saudade também. - ele riu - Não vou me demorar, só estou
passando aqui porque irei te dar uma chance para descobrir
quem eu sou. A primeira pista é : você me conhece, sabe
como é meu rosto e minha voz, meu corpo... - deixou a
frase morrer de propósito - Tem um mês começando por
hoje, se não descobrir quem eu sou irei atrás de você e
vamos nos divertir para caralho. Mal posso esperar para
foder você. - A chamada foi interrompida, meu nervosismo
era visível.

- Que porra foi essa Nanda?!

Minha voz não saiu, não consegui responder. E ele pegou o


celular da minha mão olhando a pessoa que me ligou
praguejando.

- Tá bom! Eu tenho que ir ao complexo para resolver um


assunto. Você não sai de casa. Está me ouvindo?- disse
segurando meus braços, a preocupação visível em sua face.
- E eu pegar esse desgraçado que insiste em brincar
comigo. Esse cara estava com o celular do Henry esse
tempo todo. Cazzo!

- Entendi Dylan.

- Vem. - segurou minha mão e saímos do escritório.

Chegando na escada subi um degrau, mas ele não soltou


minha mão, pelo contrário, subiu no degrau também
pressionando seu corpo no meu, senti minhas costas na
parede. Sua respiração fazia cócegas em meu nariz.
Lentamente se aproximou colando seus lábios nos meus. O
beijo foi lento e carinhoso, fazendo minha perna fraquejar e
minha calcinha ficar molhada. Quando finalmente nos
separamos ele também estava sem fôlego e abriu um lindo
sorriso.

- Tchau ragazza mia. - sussurrou em meus lábios.

- Tchau Dylan.

Segurando meu rosto ele voltou a me beijar mordendo de


leve meu lábio inferior.
Parada próxima a escada com uma cara de ódio disfarçado
em um sorriso, estava Fillipa.

- Você me dá uma carona Dylan? - sua voz saiu vacilante.

- Claro. Vamos? - apontou a porta esperando ela sair e saiu


em seguida.

Sozinha naquela mansão caminhei para meu quarto


repassando todas as pessoas que eu conhecia tentando
decifrar quem era o perseguidor misterioso. Tinha algo
passando e eu precisava descobrir o que era.

Liguei para Space, ela poderia me ajudar, ou assim eu


esperava.

- Ingrid, preciso muito da sua ajuda. Estou indo até a base


para conversarmos. - disparei assim que ela atendeu.

- Ok! Estou te enviando as coordenadas.

- Não precisa. - sorri - Eu te encontro. Esqueceu que eu sou


a fodona? - zoei dando ênfase na palavra final.

- Esquecer que você é Electra? Amada, jamais.

- Beleza, só vou trocar de roupa e chego aí em meia hora. E


se quiser dificultar as coisas, esteja a vontade.

- Pode apostar que vou.

- Meia hora Ingrid!

- Estou pagando para ver. - respondeu desligando o celular.

Andei para o closet bolando um plano de fuga afinal prometi


ficar em casa, mas se a voz estivesse falando a verdade eu
teria um mês, então não estava preocupada.
Sorri pegando meu notebook inserindo alguns códigos para
raquear o sistema do Dylan. Sim raquear, porque não tenho
acesso a eles. Passado alguns segundos o alarme disparou e
todos correram para os fundos da casa, de onde o alarme
estava vindo e eu corri para a saída com um sorriso nos
lábios, agradecendo ao Henry por ter me ensinado a invadir
sistemas.

Oiê leitores maravilhosos tudo bem com vocês? Estão


tomando água?

É impressão minha ou o Dylan quase se entregou lá


em cima?

E quem será o perseguidor misterioso? Já


descobriram?

Vou tentar postar mais capítulos por semana. Minha


vida tá uma correria mas tentarei. 😘

OBRIGADA PELOS 4K 💝
Capítulo 20 🌟 Bônus 🌟
James

Depois que a Fer me ligou não consegui ficar em paz,


estava com uma sensação péssima a respeito disso, porém
estava de mãos atadas afinal ela tinha o direito de fazer
suas escolhas.

Contra minha vontade fui me arrumar para ir a empresa,


desde que Dylan foi para Milão, tenho ajudado a Ella
resolver as coisas. Com a unificação da O'Connor e Spencer
engenharia o trabalho dobrou, e como pretendo ficar mais
por aqui faço este sacrifício.

Desço as escadas e sigo até a garagem optando por usar o


carro da Nanda, assim me sentiria mais perto dela.

O trânsito até a Spencer foi bem tranquilo mas meus


pensamentos estavam voltados para minha irmã, ela não
estava feliz por mais que tentasse a todo custo fazer
parecer o contrário. Sei que tem muitas coisas que ela não
me contou, esse negócio de beber demais não faz o estilo
da Nanda, ela sempre preferiu um suco de maracujá no
lugar de bebidas alcoólicas. Tinha mais coisas aí e hoje iria
descobrir o que estavam me escondendo.

Entro na empresa chamando o elevador e sorrindo para a


recepcionista, esta me devolve o sorriso. Assim que o
elevador chega aperto o botão da cobertura onde fica o
escritório, cantarolando uma música aleatória que combinou
perfeitamente com minha voz, apesar de não ser meu
estilo.

- "...Quero toda noite dormir junto sim.


Quero toda noite te reencontrar.
Quero toda noite o seu beijo sim.
Quero toda noite, toda noite o teu corpo pra colar no meu,
meu..."

Sai do elevador cumprimentando Selma e entro em minha


sala, encima de minha mesa um monte de papéis e
documentos que teriam que ser revisados, respirei
profundamente pois o dia hoje seria longo.

As dezesseis e quarenta vou até a sala da Ella com os


gráficos que ela havia me pedido em mãos, minha cabeça
ameaçava doer de tantos.documentos revisados e
assinados hoje. Bato e entro sem esperar resposta.

- Licença Ella, aqui estão os gráficos que me pediu. -


entreguei a prancheta a mulher a minha frente - A Janete do
RH, que é de confiança, irá me passar os livros caixa. - Ella
estava desconfiando que alguém estava roubando a
empresa, por isso me pediu para verificar para ela pois não
estava se sentindo bem hoje.

- Obrigada James. - disse levando a mão a boca, estava


bastante pálida.

- Você está bem? - me aproximei dela.

- Não! - levantou e correu para o banheiro com a mão na


boca,ficando lá alguns minutos e retornando. - Desculpa
James, desde ontem não consegui comer nada, comi um
salgado que a Selma me trouxe na hora do almoço e desde
então estou passando mal.

- Você deveria ir ao médico, pode ser intoxicação alimentar.

- Irei daqui a pouco, já reservei um horário com o médico. -


disse voltando a se sentar.
Levantei pegando um copo de água para ela que aceitou
sorrindo. Desta vez o papai arrumou uma mulher incrível
para se casar e seria louco se perdesse a Ella. Deixando
minhas opiniões resolvo entrar no assunto que estava
pensando mais cedo.

- Ella, você acha que o Dylan e a Fer estão felizes? -


comecei - Será que foi um boa ideia deixá-los ir para Milão?
- ela se remexe na cadeira um pouco desconfortável e me
encara, então decido fingir que sei de alguma coisa - Quer
dizer, a julgar tudo o que aconteceu nesses dois meses, não
sei se foi uma boa ideia.

- Pois é James, aquela emboscada que criaram para eles


aqui em frente a empresa e depois em Milão me deixou
preocupada. - minha tática tinha funcionado - Mas lá eles
tem a proteção dos capos, - respirando fundo apoia a
cabeça no encosto da cadeira - se bem que o Geovane os
traiu e por causa dele a Nanda tomou um tiro de raspão.

Puta que pariu! A Nanda levou um tiro e não me falou nada?

Me controlo para não estragar tudo pois sabia que ela iria
continuar falando, a Ella amava conversar.

- E teve o Taylor também né? Que pegaram quando


invadiram o cartel e torturaram. - assenti - Mas o que me
chocou James foi que queimaram o nome da Fernanda no
peito dele. - assenti novamente - Aliás o estado dele
continua delicado, não sabemos se ele vai sair dessa.

- Meu Deus! Como vocês conseguem viver nesse mundo? -


mudei de assunto para não me trair pois se já estava
preocupado com minha irmã, agora a preocupação
aumentou um milhão de vezes.
- Não se escolhe James, nós nascemos nesse mundo, quer
dizer, eu entrei para a máfia igual a Fernanda, me casei com
o Lorenzo. - ela se inclina em minha direção - Uma vez
dentro da máfia, o único jeito de sair é dentro de um caixão
ou como traidor. E acredite em mim James, ninguém quer
sair como traidor.

- Nossa! E se um de vocês for preso?

- Temos Omertà, ovoto do silêncio, ninguém diz nada para


os policiais ou para o juíz, nós temos honra James.
Cuidamos da famiglia. - concluiu colocando a mão na boca
novamente.

- E a família do Taylor?

- O Don está cuidando dela. - olhei fundo nos olhos dela -


Meu filho não é um monstro James.

- Não estou dizendo que é Ella. Só estou preocupado com


minha irmã. - levantei e caminhei pela sala - A Nanda é a
melhor pessoa do mundo sabe? E não quero ver minha irmã
ferida de maneira alguma. Ela já sofreu demais e não irei
permitir que machuquem o coração dela. - senti meus olhos
arderem - Eu te amo Ella, como uma mãe, mas se o Dylan
machucar ainda mais a minha irmã eu juro pela memória da
minha mãe que eu acabo com ele.

- Eu sei James. Como eu disse, o Dylan não é um mons...

Ela nem terminou a frase e já correu para o banheiro


novamente, já começava a desconfiar que não era
intoxicação alimentar, presenciei isso duas vezes. Quando
minha madrasta voltou disse que eu poderia ir para casa,
agradeci mentalmente pois estava esgotado.
Peguei o carro e rodei a cidade parando em frente a Livraria
Santa Clara quando um livro na vitrine chamou a minha
atenção. Desci do carro e entrei lá indo até o atendente.

- Boa tarde, posso ajudá-lo? - o homem sorridente pergunta.

- Sim. Eu vi um livro ali na vitrine, vou levá-lo. - respondi.

- Qual livro senhor?

- Passos para o futuro.

- Ah, claro. Um excelente livro. Está sendo o mais vendido


nesses últimos dias. - conclui sorridente.

Enquanto o homem foi buscar o livro deixei meu olhar vagar


e encontrei mais alguns livros que ela iria amar. A Nanda
amava ler tanto quanto amava hackear. Peguei os livros e
entreguei ao atendente.

- Esses daqui também. - o homem sorriu ainda mais com as


vendas que acabou de fazer.

Paguei e fui para casa, minha mente estava uma bagunça


contudo estava feliz com as compras que fiz, a Nanda iria
ficar feliz com os novos livros.

Por hoje eu iria sossegar, contudo vou a Milão assim que


terminasse as coisas na empresa, acredito que até o fim do
mês eu consiga resolver os problemas então poderia cuidar
da minha irmã.

Ela estava confusa sobre seus sentimentos, talvez fosse


porque ele é a cara do Henry ou sei lá. Espero mesmo que
ela consiga pensar com clareza. E eu arrastaria a Carla
comigo até lá, nunca mais abandonaria minhas irmãs de
novo, fiz isso uma vez e me arrependo muito por isso.
- Milão, aí vou eu. - disse preocupado entrando em casa.

Capítulo na visão do James para vocês. Espero que


tenham gostado. ❤️

O livro citado acima é da autora robertaSamir está


completo e tem outros livros da série. Todos
maravilhosos, eu amo demais e super recomendo. ❤️❤️

Próximo capítulo sai quarta-feira e espero do fundo


do meu coração que vocês não me odeiem a partir
daí.

Beijos maravilhosxs 😘 💝
Capítulo 21

Dylan

Os problemas parecem me perseguir. Como não bastasse


ter que lidar com o Catraca, tinha aquela droga de
telefonema para a Nanda. A pessoa disse que ela a
conhecia, o que me leva a pensar se conheço também.
Comecei então a repassar todas as pessoas que tinham
alguma coisa contra nós, os japoneses com toda certeza, os
russos e os gângsteres de Nova York, frustrado deixo
escapar um longo suspiro. Fillipa ao meu lado, não para de
falar um minuto sequer, ignoro tudo observando a
paisagem.

O carro para em frente a mansão dos Ferrari, desço e abro a


porta para ela.

- Obrigada pela carona Dylan. - me despeço dela com um


beijo no rosto - Você quer entrar? - diz com um sorriso
malicioso.

- Não. Tenho trabalho a fazer e sou casado Fillipa. Você sabe


muito bem o que penso sobre traição. - digo ríspido mas ela
não desiste.

- Ah, para Dylan! A casa inteira ouviu você ontem no


escritório. - com uma voz doce foi se aproximando
lentamente - Eu iria pedir para participar da festa, mas a
porta estava trancada. Então fui para o quarto e me aliviei
pensando em você. Quem era a acompanhante que você
estava? Sua mulherzinha sem sal não seria capaz de te
fazer gemer daquele jeito.

- Acompanhante Fillipa? - indaguei com a sobrancelha


arqueada - Eu tenho que ir. - segurei seus pulsos com força -
Você não tem permissão para falar da Fernanda, o que ela
faz ou não, não diz respeito a você. Estamos entendidos?

- Claro, Don. - respondeu de cabeça baixa.

- Ótimo! - Soltei seus braços - Se você continuar Fillipa, eu


esqueço tudo o que já vivemos, esqueço que é irmã da Zoe
e acabo com você.

- Eu não vou desistir de você Dylan. Essa garota vai te


machucar e quando isso acontecer estarei aqui. - virando-se
caminhou para a mansão.

Eu sei que a machuquei, mas não me importo nem um


pouco, ela não pensou duas vezes antes de me deixar e
agora acha que as coisas irão voltar a ser o que era antes.
Durante muito tempo sofri pela Fillipa porém agora essa
merda acabou e não sou homem de voltar atrás em minhas
decisões.

Entrei no carro e Chris dirigiu até o complexo, assim que


chegamos desci até minha sala de jogos. Veremos até onde
o Catraca aguentou e se falou algo.

Henrique estava na sala junto com Jason e Zoe, outros


soldados estavam na sala observando também. O homem
estava acabado, com o rosto cheio de sangue e os olhos
inchados, vários machucados profundos por toda sua pele.
Seu corpo estava estirado no chão imóvel.

- Don.- todos ali presente cumprimentaram.

- Quel bastardo figlio di puttana ha aperto la bocca? ( Esse


desgraçado filho da puta abriu a boca?)

- L'unica cosa che ha detto è stata "russo" ( a única coisa


que ele disse foi " russo" - Henrique respondeu.
- Russo? - Soltei um riso - Russo. - repeti para mim. - Cazzo!

Caminhei pela sala praguejando. Senti meu celular vibrar,


mas ignorei.

Todos olhavam para mim apreensivos esperando o próximo


passo, meus pensamentos acelerados tentando encontrar
conexão entre as brechas que ficaram desde a morte do
Henry até este momento.

O celular em meu bolso continuava a tocar então atendi, um


de meus homens estava do outro lado da linha esbaforido
dizendo que a Nanda saiu da mansão. O medo e a raiva me
invadiram, se a Nanda fugiu ela teve ajuda da Electra. Mais
cedo ou mais tarde iria ter que cuidar desta hacker ou ela
me daria mais trabalho ainda.

- Como isso aconteceu? - minha voz controlada denunciava


o quanto eu estava possesso.

- O alarme dos fundos disparou, acreditamos ser uma


invasão. Assim que fomos para lá a Senhora Spencer fugiu. -
o homem concluiu receoso.

- Se alguma coisa acontecer com ela - respirei fundo antes


de responder - eu não gostaria de estar na pele de vocês.

- Já estamos procurando Don. Mas a garota parece que


tomou chá de sumiço. - retrucou o soldado.

- É claro que sumiu, caralho! Vocês são um bando de


incompetentes! - praticamente rosnei desligando o telefone.

Henrique já estava do meu lado com um semblante


preocupado, o que me irritou ainda mais. Esse desgraçado
gostava da minha mulher.
- A Fernanda está bem, Don?

- Espero que sim. - Minha voz saiu firme ainda que o medo
tomasse conta de mim - Levem o Catraca para a tumba.
Deixe ele lá até eu resolver esse negócio com a Fernanda. -
Henrique assentiu fazendo o que mandei.

Caminhei para a saída com os outros soldados, tentando em


vão ligar para a Nanda.

Que caralho Nanda! Porque insiste em fazer isso comigo?

Procuramos em todos os lugares conhecidos e


desconhecidos de Milão e nada, nem um sinal da Fernanda.
Meu coração começava a se apertar, liguei mais uma vez e
finalmente ela atendeu, já passava das dezoito horas.

- Onde é que você está caralho?

- Estou falando com o Dylan ou o Don? - a voz calma dela


me tirou do sério.

- Não me faz perder a paciência ragazza.

- Neste momento, Don, estou em casa. Pode confirmar com


a Flor se quiser. - ouvi a voz da governanta ao fundo. O que
me tranquilizou mas não aplacou minha fúria.

- Estou voltando para casa. - desliguei o celular - Dirige para


casa Chris. - Ordenei.

Ele assentiu dirigindo.

- Está tudo bem Don?

- Não Chris! A Nanda está correndo perigo, então a partir de


hoje você é responsável por ela quando eu não estiver por
perto, pois só confio em você.
- Sim senhor.

- Eu irei trazer a Antonella de volta, ela também está


correndo perigo infiltrada na máfia russa.

- Concordo senhor. Posso cuidar disso Don.

- Obrigado Chris!- conclui.

O caminho até em casa foi feito em silêncio, mentalmente


contei até mil para me controlar pois não queria machucar a
Nanda novamente.
Quando entramos nos portões da mansão desci apressado
seguindo até a Flor.

- Onde ela está Flor?- de cabeça baixa a mulher apontou


para as escadas.

Subi encontrando Nanda sentada em nossa cama pensativa.


Eu queria gritar com ela, fazê-la entender o quão perigoso é
subestimar o inimigo. Em especial esse que nem tem rosto,
que não sabemos quem é, podendo ser qualquer pessoa,
inclusive alguém próximo a nós.

Assim que percebeu minha presença ela se levantou, fiquei


parado observando seu rosto, sem pensar demais a envolvi
em meus braços aliviado por ela estar bem.

- Quando você vai entender que faço isso para o seu bem? -
sussurrei.

- E quando você vai entender que eu não sou nenhuma


donzela em perigo amore mio?

Travei quando Nanda disse meu amor. Ela não pode me


amar,afinal eu sou um monstro. Quebrado e fodido de todas
as formas.
Chocada! A Nanda confessou que ama o Dylan.
Será que esse amor é correspondido?

Resolvi dar mais um pouco de paz para vocês.

Mandem as teorias de vocês. O que acham que vai


acontecer nos próximos capítulos?

Beijos 😘 👊
Capítulo 22

O capítulo de hoje é um pouquinho tenso.

Boa leitura 😉

******

Nanda

Minha escapada de casa resultou em dor de cabeça. Depois


que eu encontrei nossa base, Ingrid e eu começamos a
procurar o IP do celular do Henry e com os equipamentos
que tinham lá, foi fácil.

— Você tem certeza que quer ir lá, Electra? — a


preocupação em sua voz fez com que eu pensasse em
desistir.

— Tenho Space. Preciso descobrir quem é que está por trás


disso entende? — sorri de forma tranquilizadora — Você vai
saber onde estou, se acontecer algo eu ativo o sinal de
alerta e você avisa o Dylan. Tudo bem?

— Você vai acabar se matando. — solta um suspiro


resignado— Ou o Dylan vai te matar.

— Fica tranquila Space. — disse pousando a mão em seu


braço — Eu vou ficar bem.

Sem dar tempo para ela responder, sai do apartamento


caminhando até a rua. Para chegar a base chamei um taxi,
então teria que chamar outro para levar-me ao destino. Por
sorte do outro lado da rua tinha um, caminhei até ele e
disse ao motorista onde queria ir, o senhor me olhou como
se estivesse louca, contudo abriu a porta para mim e seguiu
até o local que indiquei. Vez ou outra ele ainda me olhava
pelo retrovisor, seus olhos já cansados pela idade
demonstravam preocupação.

O local de onde vinha o sinal do celular do Henry ficava


afastada do centro de Milão em um local de pouco acesso,
com várias instalações abandonadas.
Confesso estar morrendo de medo, agora já não sei mais se
foi uma boa ideia vir até aqui sozinha.

Avistei a imagem do que um dia foi uma mansão luxuosa


mas que hoje formava uma visão macabra, pedi para o
homem parar a uma distância segura, porém não desci do
carro. Longos minutos se passaram e nenhuma
movimentação vinha de lá. Já estava cansada de esperar
quando vi alguns homens saindo da casa, meu peito
afundou, senti minha garganta se fechando, não
acreditando na imagem.a minha frente.

—Ragazza, stai bene? ( moça, você está bem?) — o taxista


apressou-se em dizer.

— Sì, lo sono! Puoi lavarmi per la casa? (estou sim. Pode me


levar para a casa?) — respondi de imediato saindo do torpor
em que me encontrava.

O gentil senhor pôs o carro em movimento levando-me para


longe dali. Percebendo que não havia dito meu endereço,
falei rapidamente arrancando um sorriso simpático do
taxista.

— Olha que coincidência — indagou o homem sorrindo —


Meu filho trabalha neste endereço.

— Sério?! — realmente esta era uma enorme coincidência


— E quem é o filho do senhor?
— Ah, por favor, me chame de Giuseppe. Meu filho se
chama Christian. Conhece senhorita? — seu olhar encontrou
o meu pelo espelho —Recentemente ele foi para o Brasil, a
pedido do chefe.

— Por favor, me chame de Nanda. Sim, conheço o Chris. Ele


foi para o Brasil para minha proteção.

Conversar com Giuseppe foi como um anestésico, me fez


esquecer as coisas que vi naquela casa, o que foi ótimo pois
era exatamente isso que eu queria e ouvir outra pessoa
falando do Dylan prendeu minha atenção.

Aparentemente o Dylan tinha sido o anjo da guarda daquele


homem, pois segundo ele , meu marido havia pagado todo
seu tratamento contra um câncer e ainda tirou o Chris das
enrascadas que ele se meteu para salvar a vida do pai e
pelo que observei, Giuseppe e Chris tinham uma imensa
gratidão por ele.

Já era tarde quando chegamos à mansão, paguei Giuseppe


lhe dando uma gorjeta considerável pelo tempo que ele me
esperou, entrando em seguida. Assim que coloquei os pés
dentro de casa recebi um telefonema de Dylan e como eu
estava imaginando ele estava muito bravo, porém não
estava me importando muito com isto.
Eu não poderia ficar de braços cruzados enquanto um
estranho ditava as regras de minha vida.

Subi para o quarto e depois de um banho me sento na cama


refletindo sobre tudo. Rezando para que minha mente tenha
pregado alguma peça, rezando para estar errada.

Senti a presença de Dylan e fiquei em pé para encará-lo, ele


me envolveu em seus braços e tudo o que queria era ficar
ali para sempre. Me senti tão a vontade que chamei ele de
meu amor, senti sua tensão na hora, contudo ele não se
afastou.

— Eu sei que você não é uma donzela em perigo Nanda,


mas tem que aprender que as coisas ficam péssimas aqui
em poucos segundos.— Dylan estava mesmo preocupado.

— Eu sei! Me desculpa. — falei voltando a sentar — Mas


você espera que eu fique sentada esperando esse doente
me matar? Não posso fazer isso Dylan.

— Vamos fazer isso juntos Nanda. Você não precisa fazer


tudo sozinha, estou aqui para você ragazza.

Nos encaramos mais que o necessário. Algo dentro de


Dylan tinha mudado, nesse momento eu soube que ele
manteria sua promessa e me protegeria.

Um mês depois...

As coisas começaram a melhorar, o que me deixava


apreensiva. Dylan mudou comigo, estava mais presente,
mais carinhoso, passava todas as noites em casa e nem
preciso dizer que elas se tornaram bem quentes e intensas.
Pela manhã encontrava em cima do criado mudo, uma rosa
branca e um poema ou um recadinho fofo escrito por ele, o
que me deixava sorrindo feito idiota.

Não contei a ninguém o que eu havia descoberto naquela


casa, procurei não pensar, pois não queria enlouquecer. As
ligações não pararam, contudo não mais as atendia o que
não fazia diferença pois as pistas chegavam através de
mensagens, hoje dezenove de março faria um mês que as
ligações começaram ou seja, hoje terminaria o prazo que
esse doente psicopata havia nos dado. Hoje também é meu
aniversário de vinte anos e confesso não estar animada com
ele.

Uma risada me traz de volta a realidade fazendo meu


estômago revirar. Fillipa não deu uma trégua, todos os dias
vinha até minha casa e ficava transitando por aqui como se
a
casa fosse dela. Descobri que ela é irmã da Zoe, e as coisas
começaram a fazer sentido, é por isso que a mulher nunca
gostou de mim.

Observando o local de onde a risada tinha vindo, percebi


que ela e Dylan conversavam animadamente. Senti meu
ciúme crescer na hora, uma vontade imensa de ir lá e
acabar com aquele show, porém me controlei e permaneci
onde estava, sentada próximo a piscina. Tudo naquela
garota me irritava e seu perfume doce sempre me deixava
com náuseas.

Peguei meu celular e um lembrete na tela fez meu coração


gelar. Abri o aplicativo percebendo que estava dez dias
atrasada.

— Meu Deus! — sussurrei nervosa — Como eu não percebi


isso?

Mentalmente comecei a rezar para ser estresse pois


acontecia com frequência o atraso da minha menstruação,
porém antes eu não tinha relação sexual com ninguém e
não me lembro de usar proteção quando transava com o
Dylan.

O medo tomou conta de mim uma vez mais, não poderia


estar grávida. Trazer uma criança para este mundo era
colocar um alvo nas costas dela, a vida que Dylan e eu
levamos traria consequências permanentes na vida de uma
criança.

Não conseguia pensar com clareza então pulei na piscina


deixando a água gelada me engolir, fiquei submersa por
alguns segundos sentindo as ondas da água quando alguém
pulou dentro dela também. Coloquei a cabeça para fora da
água encontrando um par de olhos verdes a centímetros
dos meus. Um simples olhar me deixava quente.

— Um beijo por seus pensamentos. — disse com um sorriso


sacana nos lábios — Vai me dizer?

— Não estava pensando nada. — devolvi o sorriso quando


ele se aproximou mais tocando meu rosto — O que está
fazendo?

Ele não respondeu, mas seu olhar deixava claro o que faria.
Dylan encostou seus lábios nos meus iniciando um beijo
lento e sensual, nossas línguas se tocando causando
arrepios pelo meu corpo. Quando o beijo terminou ele
mordeu de leve meu lábio inferior e se afastou.

— Essa água está gelada. Vem, vamos nos trocar. — me


estendeu a mão que segurei ao sair da piscina, ignorando
completamente a existência de Fillipa.

Fomos nos trocar e aproveitamos nosso momento juntos,


poderia até ser coisa da minha cabeça mas estava com uma
vontade imensa de fazer sexo e ele me deixava louca com
um simples olhar.

Agora ofegantes e saciados continuamos deitados no tapete


do quarto.

— Você está mais bonita.


— O quê? Você está precisando de óculos. — sorri, sentindo
meus pelos se arrepiarem com seu toque.

— Tem alguma coisa de diferente em você, não sei dizer o


que é. — dizendo isso me encarou— Só sei que está
radiante e mais linda.

Não deu tempo de responder pois seu celular tocou e ele


levantou para atender.

— Estou ouvindo — disse ao atender o telefone — Certo.


Quando foi? Ok! Já estou indo. Pode deixar que eu aviso a
família dele. Já chego aí. Obrigado Henrique.

Dylan ficou tenso com a ligação, passou por mim indo até o
banheiro. Tomou um banho rápido e vestiu seu terno, eu
estava muito curiosa para saber o que havia acontecido
mas algo na sua expressão me fez recuar.

— Eu preciso ir. Não sei se vou conseguir voltar hoje, então


toma cuidado tá?

— Aconteceu alguma coisa, Dylan?

— Nada com que deva se preocupar. Tchau ragazza mia.

Saiu do quarto me deixando sozinha. Esperei até ter certeza


que ele não voltaria mais e liguei para Diego, que estava
trabalhando no San Rafaelle. Marquei uma consulta, pedi
para que um dos soldados me levasse, assim seguimos para
o hospital.

Foi bom reencontrar Diego depois de um longo tempo,


depois de matar a saudade do meu amigo contei a ele o que
estava acontecendo, ele me fez algumas perguntas e por
fim concluiu dizendo que iria fazer um exame de sangue.
— Quanto tempo demora para sair o resultado, Diego? —
perguntei apertando o local onde foi tirado o sangue.

— No final da tarde. — respondeu — Não fique nervosa está


bem? Você pode não estar grávida, por isso precisamos
confirmar.

— Tudo bem. — respondi me levantando — Eu tenho que ir.


Me avisa assim que sair o resultado.

— Aviso sim. Não precisa ficar nervosa.

— Eu não estou. — menti.

— Eu acredito. — caminhando até mim, ele abraçou-me. —


Feliz aniversário jujubinha.

— Valeu grandão. — senti um beijo no topo da minha


cabeça.

Me despedi de Diego e sai do hospital. Não sei em que


momento os flashes vieram, mas as peças do quebra
cabeça começaram a se juntar e eu soube quem era o
perseguidor sem rosto.

Como pude ser tão cega? Como não percebi todos os sinais?
Meu Deus! E agora? Se eu estiver grávida? O que será desta
criança no meio desta guerra? Não posso trazer uma
criança ao mundo sem pegar esse homem que insiste em
querer ferrar com minha vida.

Com os pensamentos acelerados, mal pude perceber


quando uma Van preta com a placa coberta, virou a esquina
cantando pneus parando próximo a mim. Dela dois homens
mascarados desceram e um pano foi posto em meu nariz, o
cheiro de clorofórmio me invadiu, fui ficando tonta, meus
sentimentos sumiram e apaguei.
Não sei dizer exatamente quando começou meu pesadelo,
um minuto de distração e aqui estou eu de olhos vendados
e com os braços presos em alguma coisa pontiaguda que
perfura minha pele toda vez que tento me mover.
Tento abrir a boca, contudo tem alguma coisa dentro dela
que passando a língua parece ser uma bola com tiras que
está amarrada fortemente em minha nuca.

O local estava silencioso, não saberia dizer se é dia ou noite


pois fiquei apagada por algumas horas. Ainda sinto um
zumbido agudo em meu ouvido, obriguei-me a pensar ainda
que estivesse com medo. Não! Estava apavorada.

Passos surgem pelo local, conversas logo chegam até mim,


alguém parece entrar onde estou parando a minha frente
mas não fala nada, apenas fica ali observando. Estremeço
quando sinto uma mão tocando meu rosto, um toque
familiar que no momento só trazia angústia. Mais alguém
entra onde estou e ouço sua voz maquiavélica.

— Saia! — ordena para a pessoa e esta se afasta. — Ora,


ora! Vejo que já acordou. — sinto minha respiração acelerar.
— Você não conseguiu descobrir quem sou eu, então foi
obrigado a ir te buscar. Sou um homem de palavra Nanda.
— o sarcasmo nítido em sua voz me causou arrepios.

E apesar de ainda estar usando um modulador de voz eu


sabia exatamente quem estava ali, Mikhail Barov.

E a pior parte é que meu sofrimento apenas começou.

*****
Espero que não me matem 😬.

💝
Beijos até a próxima 😘
Capítulo 23

Passando aqui para agradecer pelos 6k 🎉🎉🎉


e me
desculpar pela demora. Meu celular morreu 😢. Estou
usando o do meu marido, mas não é a mesma coisa.
Enfim, tentarei atualizar os capítulos mesmo assim.

Boa leitura 📖

Dylan

Assim que recebi a ligação de Henrique dizendo o que havia


acontecido, deixei a Nanda em casa e segui para o San
Rafaelle fazer os procedimentos necessários para transferir
o corpo de Taylor para o Brasil.

É muita burocracia transportar um corpo de um país para


outro, e bastante caro também, mas isso não é problema
para mim. Após resolver tudo com o hospital e com a
funerária, fui conversar com alguns familiares dele, algumas
pessoas estavam chorando e outras comemorando, pois
Taylor não era um exemplo de pessoa. Nunca me incomodei
de cuidar de assuntos como este, já fiz isto várias
vezes,porém hoje só queria estar em casa com minha
esposa comemorando seu vigésimo aniversário.

Essas últimas semanas percebi que ela está diferente, não


sei dizer de que maneira, só que está mais linda e
irresistível e radiante, se é que isto é possível. Um sorriso
surge em meus lábios automaticamente quando penso nela.

Depois de deixar os familiares de Taylor, me afastei para a


recepção do hospital, ligando para uma floricultura, pedi
que entregassem em minha mansão um buquê de rosas
vermelhas com um poema que ditei para a pessoa do outro
lado da linha desligando em seguida.

Estava com uma sensação ruim desde que sai de casa, um


aperto no peito como se algo péssimo fosse acontecer, e os
problemas estavam apenas começando. Chris trouxe
Antonella de volta, estavam me esperando no complexo,
minha prima disse que tinha muita coisa para contar, ela
estava bastante nervosa e isso me deixou extremamente
ansioso, nem sei dizer o porquê.

Na recepção do hospital encontrei com Diego, este ficou


surpreso ao me ver, olhando de mim para o papel que
estava em suas mãos várias vezes.

- Senhor Spencer. - cumprimentou o médico pouco a


vontade.- O que o traz ao hospital?

- Doutor Diego. - devolvo o cumprimento - Um dos meus


seguranças faleceu, estou aqui para cuidar disto.

- Meus pêsames. - concluiu virando-se e caminhando para a


ala de internação.

Ele não perguntou da Nanda, o que não me passou


despercebido pois vi que eles conversaram poucas vezes
pelo telefone.

Uma movimentação estranha começou em frente ao


edifício, as pessoas próximas a saída começaram a
cochichar, o médico parou na metade do caminho olhando
pelas imensas portas de vidro, alguma coisa dentro de mim
pedia para ir lá fora e mesmo sem perceber caminhei a
tempo de ver uma van preta com a placa coberta virar a
esquina, enquanto as pessoas que estavam na rua
comentavam horrorizadas o que acabara de acontecer.
Alguém tinha sido sequestrado pelo que ouvi e tamanha foi
minha surpresa quando olho no meio da rua e encontro
Alessandro, um de meus soldados, com a arma em punho. O
rapaz quando me viu ficou branco e veio até mim.

Era para esse figlio di puttana estar em casa cuidando da


Fernanda!

- O que você faz aqui , Alessandro? - perguntei com medo


de ouvir a resposta, meu coração estava disparado, nunca
me senti assim.

- A dona Fernanda, pediu para eu trazê-la ao San Rafaelle. -


Quase não acreditei quando ele falou - Ela ficou lá um
tempo e quando saiu, antes de eu chegar até ela...

Que caralho de mulher teimosa! ,meus pensamentos


estavam a mil.

A voz dele estava trêmula e parecia estar escolhendo as


palavras, aquilo me irritou ainda mais.

- ALESSANDRO, FALA DE UMA VEZ, PORRA! - minha voz saiu


alterada, chamando a atenção das pessoas ao redor.

- Levaram ela Don! Uma van preta, com homens


mascarados, a placa estava coberta também. - congelei por
uns instantes.

Essa merda não pode estar acontecendo de novo! Não pode


acontecer a Nanda o que aconteceu com o Henry.

- Se você acredita em alguma coisa nesta sua vidinha de


merda Alessandro, comece a rezar,porque se alguma coisa
acontecer com a Fernanda - respirei fundo controlando
minhas emoções - você e todo mundo que estava na
mansão, morre!

Andei até meu carro e segui para o complexo, iria reunir


todos e procurar por ela. E fazer o desgraçado filho da puta
que levou minha mulher sofrer por ter feito isso.

Até agora, por causa dela fui o mais controlado possível,


contudo já estava na hora de deixar meu verdadeiro eu sair
e colocar essa merda toda abaixo. Estava na hora do Don
Spencer voltar.

Não conseguia me acalmar por mais que tentasse, o


caminho até o complexo foi uma tortura, uma longa tortura.
O medo tomou conta de mim e lágrimas rolaram de meus
olhos, ainda bem que estava sozinho, pois isso é sinal claro
de fraqueza.

No complexo Antonella estava discutindo calorosamente


com Chris.

- Ele merece saber Chris! E mesmo que doa - exitou por uns
instantes - assim como doeu em mim, eu tenho que contar.

- Contar o que? - seus olhares assustados pousaram em


mim.

- O Mikhail está por trás de tudo! - Antonella começou - Por


trás dos ataques, das mortes dos soldados, da morte do tio
Lorenzo e do meu pai...

- A morte do Henry...- minha voz ficou presa na garganta,


quando tudo começou a fazer sentido.

- Dylan, acho melhor você se sentar. - preocupada ela


caminha até mim.
- Eu não vou me sentar Antonella. Ele levou a Nanda...

- O QUE? - ela gritou.

- Não grita comigo Antonella! Enquanto estamos aqui


perdendo tempo, minha mulher está correndo perigo nas
mãos daquele doente.

- Diz para mim que você implantou um chip rastreador nela.


- a garota estava estérica e o Chris havia saído da sala.

- Não, Antonella, eu não implantei! Não faria sem a


permissão dela. - mas agora analisando toda a situação, vi
que isso foi um erro.

- Que droga, Dylan! - a garota até se esqueceu do que ia


falar.

- Eu preciso de uma bebida bem forte! - caminhei até o bar


em meu escritório e peguei a bebida mais forte que tinha, o
líquido desceu queimando minha garganta, enquanto saia
dali.

Caminhei a passados rápidos até a sala de treinamento para


reunir os homens, contudo Chris já havia feito isso. Quando
entrei, vi um batalhão de homens pegando suas armas e se
equipando com coletes a prova de balas e comunicadores,
meus melhores soldados estavam ali o que me deu certo
alívio.

Disse a eles o que havia acontecido e quem estávamos


caçando, dava para sentir a euforia de cada um. Dava para
sentir aquela adrenalina antes de começar uma
perseguição, fomos treinados para matar e só sairíamos
desta situação depois de cumprir com nosso propósito.
- Esse desgraçado, tem nos caçado a muito tempo, e agora
está com minha mulher. Para ele não foi suficiente torturar e
matar meu pai, meu tio e meu irmão...

- O Henry não está morto Dylan. - Antonella interrompeu


deixando-me sem chão.

Olhei em seus olhos perplexo, ela não estava mentindo.


Esses anos todos em que chorei a morte do meu irmão...

- Onde ele está, Antonella? - fiz a pergunta já sabendo a


resposta.

- Com o Mikhail.

Sem demonstrar qualquer emoção dei a ordem para os


soldados e eles seguiram em grupo até os carros.

- Esse filho da puta mexeu com o diabo errado! - cada


palavra dita continha todo meu ódio.

Mikhail Barov irá se arrepender do dia em que resolveu


mexer com minha família. E Henry Spencer, estava morto e
enterrado para mim.

Nanda

Tentei falar, mas só saíram barulhos desconexos, esqueci da


coisa pontiaguda e me mexi perfurando ainda mais meus
braços. O homem a minha frente riu e se aproximou tirando
a amarra de minha boca.

- Mikhail. Pode parar com a farça, eu sei que é você! - minha


voz saiu trêmula devido a dor em minha pele.
- Bingo! - ele estava se divertindo com aquilo - Achei que
não fosse descobrir. - riu sarcástico enquanto suas mãos
asquerosas apertaram meus seios. Nojo e raiva era o que
estava sentindo no momento. E por mais que eu me
debatesse, não conseguia afastá-lo.

- Tira as mãos dela! Ou eu esqueço do nosso acordo e mato


você agora mesmo. - o silêncio se seguiu, a única coisa que
dava para ouvir era minha respiração pesada.

- Acho que você já deve ter percebido minha querida Nanda,


mas vou deixar que veja por si só. - Mikhail retirou a venda
dos meus olhos e lá, parado na porta daquela sala
asquerosa estava ele.

Mais forte, mais bonito e com tatuagens que antes não


existiam espalhadas em seu braço.

Não tinha sido uma ilusão da minha mente, seus olhos se


demoraram nos meus.

- Sai de perto dela Mikhail. O acordo não era esse! - a forma


como ele falou, fez o homem se encolher como se estivesse
com medo, porém não se afastou - Primeiro: não era para
ela estar presa. Segundo: mantenha suas mãos longe da Fer
ou eu arranco elas desta vez. - enquanto falava ele se
aproximava, Mikhail se levantou e saiu.

Um nó se formou em minha garganta, raiva, medo,


confusão, era um misto de sentimentos que vinham neste
momento. Quatro anos achando que Henry tinha morrido!
Quantas noites em claro passei chorando por ele, minhas
crises de ansiedade aumentaram e comecei a ter crises de
pânico, enquanto esse egoísta estava em algum lugar bem
vivo.
Meu Deus! Como fui idiota! A única coisa que não me
arrependo nesta merda toda, foi ter me tornado Electra,
pois achando que ele tinha sido morto por policiais, pude
colocar atrás das grades muitos lobos em pele de cordeiro.

- Não vai falar nada Fer? - disse desamarrando minhas mãos


enquanto eu o encarava. - Não me olhe assim, por favor.
Tudo o que fiz até aqui, foi para te manter segura.

- Falar o que, Henry? - minha voz saiu embargada - Que


esse tempo todo eu fui uma idiota, acreditando em sua
morte? - soltei uma risada de escárnio - Porquê fez isso
Henry? Porquê se juntou a ele?

- Mikhail ameaçou sua vida Nanda, disse que se eu não


fosse encontrar com ele, você morreria. Aquela noite em
que te liguei e meu irmão falou com você...

- Foi o Dylan que falou comigo?! - interrompi perplexa, no


fundo eu já sabia.

- Foi. - respondeu segurando meus braços - Vem, deixa eu


limpar esses ferimentos para não infeccionar. - levantei,
mas fiquei a uma distância segura dele. - Por aqui. - indicou,
andando na frente e eu o segui.

Chegamos a um quarto bem arrumado, com uma cama de


casal do lado direito, as paredes eram em tons de cinza, o
quarto era dele, tudo ali tinha seu perfume. Em cima do
criado mudo, ao lado da cama, uma foto nossa me chamou
a atenção.

- Sente-se meu amor. - disse com um sorriso torto nos lábios


que fez meu coração saltar.

- Não me chame assim Henry! - obriguei-me a ser firme - Eu


nunca fui seu amor. - ele entrou no banheiro, pelo que pude
perceber e voltou com um kit de primeiros socorros.

- Você sempre foi meu amor Fer. - me conduziu até a cama e


me sentei, então ele começou a limpar os cortes com um
líquido transparente que doeu muito - Como eu estava
dizendo - continuou sua história - Mikhail pediu para eu
encontrá-lo e ameaçou dizendo que iria atrás de você.
Esperei minha mãe e o Dylan dormir e sai de casa. Fui preso
e torturado, mas no meio do caminho ele propôs que
fizéssemos um acordo, eu sairia da Viper e deixaria o
caminho livre para ele assumir, assim ele poderia seguir
com seus negócios sem a interferência de ninguém. E eu já
queria abandonar a máfia para viver com você, quando
atingisse maior idade. - depois de limpar os cortes ele
enfaixou.

- Eu vi ele torturar você. Seus braços foram cortados. -


sussurei.

- Não era eu Fer. Mikhail encontrou alguém parecido comigo


e o resto você já sabe. - levantou o olhar cheio de
desconfiança - Você continuou a rackear não é? - não
respondi, afinal ele já sabia a resposta.

Ele estava diferente, mais maduro, mais sério. Bem


diferente daquele homem que conheci. Eu deveria estar me
sentindo feliz por ele estar vivo, mas não estava, só
conseguia pensar no Dylan, na dor que ele sentiu quando
achou que o irmão estava morto.

- Eu nunca pensei que o Dylan fosse assumir o comando da


Viper e isso colocou o Mikhail atrás dele. Por isso eu
continuei aqui com ele amore mio. Para ele não fazer mal ao
Dylan e a você. - continuou ainda segurando minhas mãos -
Ele te quer aqui para obrigar o Dylan a renunciar a Viper,
não vai te machucar, eu não vou permitir que ele te
machuque. - parou de falar olhando em meus olhos - Nunca
imaginei que você fosse se envolver com meu irmão. - sua
voz saiu baixa.

- Eu nunca imaginei que você tivesse um irmão. - disse


sarcástica pois ele nunca me falou da existência do Dylan.

- Eu sei, deveria ter te contado Fer. - deu um sorriso triste -


Talvez você nunca me perdoe, mas agora que sabe que
estou vivo, irei lutar por você.

- Não faça isso! Você não tem o direito de estragar minha


vida! - levantei saindo de perto dele.

- Sua vida com o Dylan? - Henry riu - Você só ficou com ele,
porque nós somos iguais.

- Vocês não são iguais! - usei o mesmo tom de voz que ele
usou comigo - O Dylan é muito diferente de você. - ele
caminhou até mim, afastei até sentir a parede em minhas
costas. Os Spencer's tem essa péssima mania. - Você me
deixou sozinha, Henry. Não sabe o inferno que eu passei por
sua causa.

- Eu nunca deixei você sozinha Fer, todas as vezes que você


ia ao cemitério eu estava lá. Ficava bem longe, mas estava
lá. - sua respiração próximo ao meu rosto estava pesada -
Você não sabe o inferno que foi ficar longe de você, ver
você ficando com outros caras. Ver você se tornando um
mulherão da porra e não fazer parte da sua vida.

Sem dizer nada eu o encarava, não me afastei quando sua


mão tocou meu rosto e se aproximou ainda mais, nossas
respirações se misturaram, meu coração disparou com sua
proximidade e no instante seguinte seus lábios estavam nos
meus com uma urgência assustadora. Quanto tempo eu
desejei seu toque, sentir o gosto de seus lábios e os
arrepios que ele causava em mim. Uma parte de mim
queria corresponder, contudo no momento em que Henry
me tocou, o único em que conseguia pensar era o Dylan.

Espalmei minhas mãos em seu peitoral e empurrei. Um


soldado apareceu na porta e disse que Mikhail queria falar
com Henry, ele seguiu o rapaz me trancando no quarto.

Deitei na cama e as lágrimas enfim vieram, fiquei ali


chorando até que adormeci, rezando para que Dylan me
tirasse daquele pesadelo.

****

E aí, estão gostando?


Por essa nem eu esperava 🤭
próxima 🥰
Fortes emoções virão por aí 🥺 beijos 😘 até a
Capítulo 24

Nanda

O Henry sumiu. Depois que o Mikhail quis falar com ele a


dois dias atrás, tiveram uma briga feia, eu ouvi tudo mas
como sempre me recusava a acreditar. As palavras ainda
flutuavam em minha mente.

(...)

- Eu não pedi para você trazer ela aqui para torturar. -


gritava Henry - Estou avisando, se encostar em um fio de
cabelo da Fer, você irá lamentar o dia em que fizemos este
acordo!

- E a nossa sociedade Spencer? Vai abandonar tudo por


causa de uma puta? - ouvi o barulho de um tiro , o grito de
Mikhail e os soldados correndo.

- O próximo vai ser bem no meio da sua testa Barov. E


vocês voltem para seus postos. - Fez-se um longo silêncio
até a voz do Henry ser ouvida novamente -Não se esqueça
Mikhail, que você trabalha para mim, e não o contrário.

- Claro Don! Não voltaremos a tocar nesse assunto. -O


homem falava com dificuldade, imaginei que estivesse com
dor - A única coisa que quero saber é quem é a Hacker que
fodeu com meus negócios.

Uma risada sarcástica reverberou pelo ambiente, tinha algo


de maligno nela.

- Se ninguém até agora descobriu, não será você a


descobrir.
(...)

Após esse episódio ele não voltou ao quarto, o que de certa


forma foi um alívio. A noite alguém tinha me trazido comida
e depois voltei a dormir. No outro dia, na calada da noite
percebi quando alguém entrou no quarto e se sentou perto
de mim na cama, não demorou e senti dedos gelados
passeando pela minha face.

- Eu vou ter que te deixar sozinha meu amor. - começou -


Uma carga enorme com armas foi roubada e terei que
resolver pessoalmente. - para suspirando - Não duvido que
seja o Dylan fazendo isso. Ele já interceptou muitas cargas
do Mikhail nesses dois dias.

Não me movi, fingi estar dormindo porque não queria falar


com ele.

- Meu irmão se tornou um chefe e tanto. O Dylan se tornou a


Viper e todos ao redor temem ele. Até os policiais. Acredita?
- soltou uma risada baixa quando me movi ficando de
barriga para cima. - Você nunca foi boa em fingir Fer. É só
dizer que não quer ficar perto de mim, meu amor.

- Acho que deixei isso bem claro no dia em que soube que
você estava vivo. - falei ainda com os olhos fechados. - Você
não pode chegar agindo como se nada tivesse acontecido e
achar que vou cair em seus braços Henry. - olhei para ele
que me encarava com uma expressão indecifrável - Estou
casada com seu irmão Henry e não pretendo trair ele.

- Eu pretendo mudar isso bella, depois que o Mikhail


conseguir o que ele quer, você e eu - fez sinal apontando
para nós - vamos embora daqui.

- Não! Eu não vou a lugar algum com você. Agora sai daqui,
Henry.
- Eu entendo sua raiva Fer, mas eu espero que você entenda
meus motivos.

- Que motivos? Você foi egoísta! Enquanto sua mãe, Dylan e


eu estávamos sofrendo, você estava junto com o Mikhail
ajudando ele com essa vingança.

- Não vou explicar nada agora. Mas prometo que explicarei


assim que voltar. - diz se levantando - Tenho que ir meu
amor. - contornou a cama ficando praticamente em cima de
mim - Volto bem rápido. - deu um beijo em meu rosto,
pegou sua arma e saiu.

E foi nesse momento que o real pesadelo começou. Uma


hora depois que o Henry saiu, Mikhail entrou no quarto com
outros soldados, ele mancava muito da perna direita.

- Chegou a hora de nos divertirmos minha querida Nanda. -


um sorriso diabólico surge em seu rosto quando anda até
mim - Os jogos finalmente irão começar. - virando para os
soldados da a ordem - Levem ela para a geladeira. Vamos
ver quanto tempo ela aguenta.

Os soldados me arrastaram parando em frente a uma sala


que estava com a porta aberta, a sala era minúscula cabia
uma pessoa em pé e mais nada, não tinha como se mexer
lá dentro. Enquanto um dos soldados me segurava, o outro
rasgou minhas roupas deixando-me apenas com roupas
íntimas, em seguida fez com que eu entrasse no espaço a
frente e trancaram a porta. Como eu havia imaginado, não
dava para mexer nem um músculo do corpo lá dentro.

Alguns segundos se passaram, aquele monstro estava


tentando mexer com meu psicológico, tentando fazer o
medo tomar conta de mim e de certa forma estava
conseguindo, porquê meus pensamentos estavam voltados
para aquele exame de sangue. E se eu estivesse realmente
grávida? O que seria de nós nas mãos desse doente?

Comecei a sentir muito frio, o nome "geladeira" fez muito


sentido . A sala esfriou a tal ponto que não conseguia mais
sentir meus dedos, meu queixo batia descontroladamente,
ficando assim por muito tempo. Achei que já estava tendo
hipotermia quando a maldita sala começou a esquentar e
aquilo ficou tão quente que parecia estar no inferno.

Comecei a suar e ficar muito cansada minha respiração


estava como se tivesse corrido uma maratona, queria
sentar mas nem conseguia me mover. Uma eternidade se
passou até que alguém abriu a porta.

-Don Barov te aguarda! Anda vadia! - o brutamontes a


minha frente cuspiu as palavras.

Minhas pernas não obedeciam, obriguei-me a caminhar mas


cai assim que me movimentei. O homem segurou em meu
cabelo levantando-me do chão e me forçou até onde Mikhail
estava.

Era uma sala de tortura ainda pior que a do Dylan, ganchos


daqueles que se penduram carne desciam do teto presos
em correntes grossas, vários objetos espalhados pela mesa,
olhar aquilo me causou arrepios.

- E aí princesa? Gostou da minha hospitalidade?

- Vai se foder Mikhail! - estava tonta, quase desmaiando.

- Vamos ver até onde vai essa sua arrogância quando nós
começarmos a nos divertir.

Ele me amarrou em uma cadeira, pegou um celular


entregando para seu soldado dizendo para ele filmar tudo.
- Me diz Nanda. Quem é Electra? Eu soube de fontes
confiantes que vocês são amigas. - em suas mãos tinha
uma lâmina, enquanto falava o homem caminhava a minha
frente, posicionando o objeto em minha face, mas pareceu
mudar de ideia.

- Eu não sei, pergunte para suas fontes.-pois é, eu tinha


acabado várias vezes com seus negócios sujos.

-Está vendo aqueles ganchos ali? - apontou para o teto


rindo - Eu vou pendurar você lá, assim como fiz com o
Taylor, e depois vou queimar essa sua pele sedosa, aí então
veremos se você sabe ou não.

- Suas fontes não são confiáveis? Pergunte para elas.

- Fala logo desgraçada! Não tenho todo o tempo do mundo.


QUEM É ELECTRA?- se irritou alterando a voz. Sorri
internamente.

- Você pode berrar o quanto quiser, pode fazer o que quiser.


Eu não sei, e mesmo se soubesse não diria. - minha cabeça
estava rodando tanto que estava difícil para falar.

- Você vai falar. - se aproximou segurando forte meu rosto. -


E depois que falar, eu vou foder você sua vadia e meus
homens farão a mesma coisa. Aí então eu vou te vender
como escrava sexual no mercado negro. Já tenho até um
comprador, um Sheik chamado Hadid, ele é conhecido pela
sua brutalidade com mulheres. Ninguém sobreviveu para
contar a história.

Estava apavorada, a única coisa que conseguia pensar era


se estava mesmo grávida, porque as coisas que esse
doente estava querendo fazer afetaria meu bebê
diretamente. O medo tomou conta de mim finalmente,
contudo como sempre lembrei dos ensinamentos do Henry .
" Quando uma situação não te favorecer, nunca demonstre
seus sentimentos. Ou o inimigo vai se aproveitar desse
ponto fraco e você estará ferrada." , dizia ele todas as vezes
que ia me ensinar coisas referentes a máfia.

Me mantive calada e com cara de paisagem, meu coração


estava a mil, enquanto a tontura só piorava. O local estava
frio e eu tremia de novo.

- Sabe o que vou fazer com você Fernanda? - falou próximo


ao meu ouvido - Vou transformar você em Slave Toy. -
Segurou os fios do meu cabelo puxando, me fazendo
encará-lo - Sabe o que é isso vadia? Pela sua cara não. -
disse rindo - Vou arrancar braços e pernas, seus tímpanos
serão estourados, seus olhos e língua serão arrancados
também , não haverá como fugir Nanda. E depois que eu
fizer tudo isso, serão acrescentados ganchos em seu corpo
para que Hadid possa te pendurar em qualquer lugar.
Gostou, vadia? Ou melhor, acho que vou fazer um leilão
com você, quem sabe algum dos nossos governantes
compre você. - ao que parecia, várias pessoas importantes
estavam junto com Mikhail em seu negócio sujo.

Não pensei duas vezes e cuspi na cara dele recebendo um


tapa forte que cortou minha boca, o gosto metálico fez com
que meu estômago revirasse. Não era possível que
existissem bonecas humanas. Mas nesse mundo podre onde
me meti com certeza deveria existir, em outras palavras, se
o Dylan não conseguisse me achar, eu estava ferrada.

- Tenho o cirurgião perfeito para fazer isso. - eu teria o


prazer de arrancar aquele sorrisinho do rosto desse
psicopata.

Na sala, entrou um homem, no lugar da mão direita tinha


um gancho e da mão esquerda uma lâmina que pelo brilho
estava afiada.

- Depois que o Dylan estiver aqui, ela é toda sua Lucas.

- Terei o prazer de fazer aquele desgraçado sofrer. Ela


acabou com minha vida e eu irei acabar com a dele. - pelo
olhar sanguinário que o homem me lançou, ele estava
morrendo de ódio.

- Tudo em seu tempo, Lucas. A hora dele vai chegar.

Já havia perdido as contas de quantos dias estava ali sendo


torturada, cheguei a pedir mentalmente para morrer, meu
corpo estava fraco, meu psicológico estava abalado, tinha
cortes pelo rosto braços e pernas.

Mikhail, me afogou várias vezes e depois queimou minha


pele, a parte interna da minha coxa direita exibia um "M",
feito com ferro de marcar boi, que ele fez questão de fazer,
neste dia eu apenas desmaiei.

O pior foi que comecei a ter enjôo no meio dessa merda


toda, acredito ser porque estava sem comer alguns dias.

Minha surpresa foi maior quando ouvi a voz de Fillipa e de


Dimitri ali naquele local, eles estavam nessa junto com o
Mikhail, eu ouvi coisas que me deixaram arrepiada. Os
motivos de todos ali naquela sala eram podres, parecia um
filme de terror.

Dimitri passou aquelas mãos nojentas pelo meu corpo


enquanto eu fingia estar desmaiada, Fillipa ria de toda a
situação e pedia para Mikhail me vender logo para ela
consolar o Dylan. Os dois ajudaram Mikhail a me torturar.
Depois que saíram, Nikolae apareceu, este parecia não
saber de nada.

- O que a Fernanda faz aqui nesse estado Mikhail? Você está


ficando louco? - falou de forma contida como se estivesse se
esforçando para não fazer uma loucura. - Onde está o
Henry?

- Mandei ele para fora. Não precisava dele aqui enquanto


tentava descobrir o nome daquela hacker desgraçada que
vive fodendo com meus planos.

- O que te faz pensar que ela sabe?

- Ela é amiga da hacker. O Dimitri me falou e a Fillipa


confirmou.

- Você está cavando sua própria cova meu irmão. E eu não


estarei aqui quando isso acontecer. - ele se vira e sai
deixando-me a sós com aquele monstro de novo.

Ele me levantou do chão gelado onde eu estava jogada e


me amarrou na cadeira novamente. A única coisa que
sentia era um frio intenso, mesmo com amarras na boca
meus dentes batiam descontroladamente. Acho que estava
morrendo, não havia outra explicação, deixei que a
escuridão me engolisse e tudo ficou em silêncio.

Fui despertada por barulhos de tiros, e uma correria pelo


local, senti minhas mãos e pés sendo desamarrados, era
Nikolae quem fazia isso, junto dele alguns homens com as
armas em punho.

- Seu marido está lá fora. Meu irmão está encurralado.-


disse tirando o sobretudo e entregando a mim.
- Porque está me ajudando? - quis saber me levantando e
vestindo o sobretudo. Senti minhas pernas vacilarem e ele
me segurou.

- Eu tenho uma dívida com Lorenzo. Ajudando você esta


dívida acaba. - ele me soltou - Sabe atirar?

- Sei. - Nikolae pensou por uns segundos antes de


prosseguir.

- Olha só, Nanda. Se o Dylan não matar o Mikhail hoje, ele


vira atrás de vocês novamente. O elo mais fraco é você,
então você sempre será a prejudicada.

- Eu sei Nikolae. Eu vou deixar o Dylan, quando isso acabar.


- respondi, tinha decidido isso a umas noites atrás, depois
que o miserável me eletrocutou.

- Presta bem atenção no que vou te dizer.

Ouvi atentamente as instruções de Nikolae com um aperto


no coração. Depois segurei a arma que ele me entregou e o
segui para fora da sala de tortura. Aparentemente
estávamos no subsolo, pois subimos alguns lances de
escadas, tive que parar algumas vezes para recuperar o
fôlego ou porque minha visão escureceu.

Nikolae abriu caminho apagando os homens de seu irmão.


Não percebi quando um soldado me agarrou empurrando-
me no chão, sem pensar duas vezes atirei nele, o homem
caiu engasgando com o próprio sangue. Levantei e
continuei seguindo, sentindo tremores se espalhando pelo
corpo.

Ao sair pela porta daquele local, vi que estávamos naquela


mansão onde segui o sinal do celular a um mês atrás.
Pelo local o cheiro de morte pairava, vários soldados sem
vida jogados no chão, ninguém a quem eu conhecia o que
de certa forma foi um alívio. Caminhei na rua deserta até
chegar a um local sem casas ou prédios, com carros
parados com as portas escancaradas. Ao longe, avistei
Dylan que estava em luta corporal com o homem do
gancho, sua camisa branca tinha manchas vermelhas. Morri
de medo de alguma coisa acontecer com ele, contudo ele
era bom lutador. Dylan imobilizou o homem no chão depois
de perfurar o infeliz com a própria lâmina, cheguei perto o
suficiente para ouvir o que ele dizia.

- Cometi um erro em não te matar naquele dia. Não


cometerei esse mesmo erro hoje Lucas. - dizendo isso ele
quebrou o pescoço do infeliz.

- Dylan! - chamei e ele se virou para mim, imediatamente


seus olhos se iluminaram.

Ele estava horrível, com vários cortes pelo rosto e com


olheiras profundas. Ele se moveu em minha direção e
diminuí a distância entre nós, seus braços me envolveram,
no instante seguinte nossos lábios se encontraram. Me senti
em casa naquele momento.

- O que fizeram com você? - perguntei assim que nossos


lábios se separaram, passando meus dedos pelos cortes de
seu rosto.

- O que fizeram com você?!- ele repetiu a pergunta e senti a


dor em suas palavras. A culpa estava nítida em cada
palavra, apesar de não ter culpa de nada. - Me desculpa,
por não ter sido capaz de te proteger.

- Não foi culpa sua meu amor. - voltei a abraçá-lo, sentindo


sua respiração quente em meu pescoço.
Meus olhos encontraram os olhos daquele monstro quando
ele apareceu atrás de nós com sua arma apontada para o
Dylan. Se ele atirasse com toda certeza mataria meu amor,
a alguns passos de distância de Mikhail estava Henry,
encarando a cena sem mover um músculo de seu belo
corpo. Não tinha como avisar Dylan, não pensei direito e
assim que o gatilho foi puxado, virei meu corpo ficando na
frente dele, segundos depois senti o líquido quente
escorrendo pelo sobretudo.

Tudo a nossa volta pareceu ficar em câmera lenta, Dylan


descarregou sua arma na direção de Mikhail e Henry fez a
mesma coisa. Mas o miserável foi mais rápido e fugiu, não
antes de acertar um tiro no ombro de Dylan.

Henry correu para junto de nós, Dylan sustentava meu


corpo em seus braços, ficaram se encarando sem dizer
nada.

- Traz o carro Chris, a Nanda foi baleada. - falou no


comunicador com voz embargada, quebrando o contato
visual com o irmão.

A dor em minhas costelas era enorme e o sangue não


parava de sair. Estava difícil para respirar. Na verdade tudo
o que eu queria era fechar os olhos e acabar com a dor,
minha respiração assim como o coração estavam
acelerados. Isso não era bom, tentei falar mas comecei a
cuspir sangue.

Que merda!

Dylan me pedia para ficar quieta enquanto fazia pressão no


ferimento. Chris chegou cantando pneus, fui levantada e
carregada até o carro, meu corpo foi depositado sobre o
banco, depois Dylan contornou o carro e sentou-se
colocando meu corpo sobre o seu, continuando a fazer
pressão no local do tiro. Antes de Chris arrancar com o
carro, Henry entrou no veículo, segundo se passaram e o
carro estava em movimento.

Dylan estava aflito pedindo para o motorista ir mais rápido,


nunca o vi daquele jeito. Segurei sua mão e forcei um
sorriso ainda que estivesse morrendo de dor, na verdade
aquilo queimava e muito. Vendo sua aflição resolvi falar,
minha voz saiu fraca.

- Não fique preso nessa vingança Dylan. - falei com


dificuldade - Promete para mim que vai seguir com sua vida,
que vai ser feliz. - dei um sorriso já sem forças - Promete
que nunca vai se esquecer de mim caso eu morra hoje.

- Você sabe que eu não posso prometer isso. Eu não vou


conseguir viver sem você Nanda. - grossas lágrimas rolavam
por sua face, nunca vi ele vulnerável deste jeito e me doía
saber que o motivo era eu - Eu te amo Nanda! Não me
deixa por favor. Não me deixa.

- Agora que você diz isso? - passei meus dedos em seu rosto
deixando um rasto de sangue. - Eu te amo Dylan Spencer.
Amo cada pedacinho seu. - senti o líquido se formando em
minha garganta, virei o rosto cuspindo sangue - Eu quero
que saiba, nunca fiquei com você por ser parecido com o
Henry, você foi o único que me fez sentir alguma coisa...-
antes de terminar de falar seus lábios tocaram os meus me
calando.

- Você não vai morrer, está me ouvindo? Você não pode me


deixar. - falou aos prantos. Fiquei em silêncio, não havia
mais o que falar.

No banco da frente Henry também chorava, mas não me


comovi, parte disso era culpa dele, seu braço que estava
por cima do banco, exibia uma tatuagem com a frase " O
tempo é o pior inimigo", havia dito ela a quatro anos atrás
quando ele me disse que o tempo curava tudo.

Demorou uma eternidade até chegarmos ao San Rafael,


assim que adentramos o local, enfermeiros vieram com
maçãs e me levaram ao centro cirúrgico. E para piorar ainda
mais minha situação, senti fortes dores abdominais e depois
um líquido escorreu por entre minhas perna, levei minha
mão até lá e constatei ser sangue.

Diego entrou no centro cirúrgico encarando-me com


incredulidade, em seguida começou a falar com os
enfermeiros. Não entendi o que falavam exceto que eu tinha
perdido o bebê. Nem dor eu senti, não tinha mais onde
sentir dor. Fui preparada as pressas para a cirurgia e pouco
a pouco fui engolida pela escuridão, nela vi minha mãe com
os braços abertos, assim que me tocaram me senti em
casa, me senti em paz.

Hoje não direi nada pois estou sem estruturas para


isso. 😭😭
Capítulo 25

Dylan

Minha vida se tornou um inferno, já revirei Milão e nada de


encontrar a Nanda. Invadi todos os cartéis aliados daquele
russo desgraçado só para voltar à estaca zero, todas as
vezes que estava chegando perto, ele dava um jeito de
despistar.

Seus aliados não facilitavam, não abriam a boca até serem


torturados contudo não serviam de muita coisa, ou não
sabiam onde ele estava ou as informações eram pouco
relevantes. Meu corpo já estava bem machucado, tinha
hematomas por todo ele causado pelos inimigos. Antonella
disse que estou sendo imprudente invadindo os cartéis sem
reforço, ela não estava errada contudo não podia esperar
enquanto a vida de minha esposa estivesse em risco.

Até o momento ele não havia entrado em contato, o maldito


não usaria ela como moeda de troca ou já teria feito sua
jogada. Segurei firme o copo de uísque em minhas mãos
para espatifá-lo na parede logo em seguida, foi então que
lembrei do homem preso em minha prigione particular, se
Catraca soubesse de algo falaria. Não tinha a menor
pretensão de soltá-lo, tão logo ele abrisse a maldita boca
colocaria uma bala em sua testa e o mandaria ao inferno de
uma vez.
Uma batida na porta do escritório me fez ter um
sobressalto, virei a tempo de ver quando Antonella entrou
com um semblante triste e preocupado ao mesmo tempo.

— Tenho péssimas notícias Dylan. — começou olhando os


cacos espalhados pelo chão — Chegou à mansão um rapaz
e uma moça dizendo serem irmãos da Fernanda..
— Cazzo! — esbravejei massageando a têmpora. Se as
coisas já estavam ruins, agora iriam piorar com certeza. —
Você ira até lá e manterá os dois ocupados.

— Não! Eu irei continuar procurando a Nanda com você! —


protestou — Existem pessoas que trabalham para você Don,
elas poderão servir de babá.

— Não foi um pedido Tony! Foi uma ordem! — minha voz


saiu baixa e ameaçadora fazendo com que a ruiva se
encolhesse.

Ela saiu dali batendo a porta tão forte que os quadros na


parede quase vieram abaixo. Me servi de outra dose de
uísque esvaziando o copo em seguida caminhei apressado
até o local onde Catraca estava. Uma vez lá dentro pude
observar o estado deplorável em que o garoto de cabelo
tingido estava, a sala com pouca claridade indicava um
corpo magro de qualquer jeito no chão sujo, o cheiro de
urina misturado ao cheiro de suas fezes fizeram meu
estômago revirar.

Assim que me aproximei, ele se levantou encarando meu


rosto, o sorrisinho medíocre que surgiu em seu lábio logo
deu espaço a expressão de medo.

— Preciso que você me diga onde é o cartel que Mikhail se


esconde. Pense bem no que vai falar ou sua estadia aqui
será ainda pior. — falei em português pois o miserável não
falava italiano.

— E o que eu ganho com isso truta. Tu já me manteve preso


aqui no bagulho mano. Eu não sou x9 não tio.

— Tu vai abrir essa boca moleque, caso contrário, truta, —


usei o mesmo tom que ele usou ao me aproximar segurando
seu colarinho — irei mostrar a você o quão hospitaleiro eu
sou. — o garoto tremeu me encarando, sua coragem de
minutos atrás se esvaindo — Me diga Catraca, onde aquele
maldito está se escondendo?

— O comédia nunca me falou os bagulho tio. Ele só me deu


muito dinheiro pra torturar aquele mano lá na comunidade.
Se é loco, pode confiar que se eu soubesse falaria pra tu
onde fica o bagulho.

Ele não sabia mesmo. Esse covarde não seria capaz de


mentir olhando em meus olhos. Soltei um longo suspiro,
enquanto minha mão percorreu o cós da calça jeans
segurando a arma e apontando para sua cabeça. Ele não
implorou por sua vida, simplesmente fechou os olhos no
instante exato em que a bala ultrapassou seu crânio, seu
corpo caiu sem vida no chão imundo ainda tendo espasmos.
Saindo da sala resolvi esfriar a cabeça indo até meu lugar
de paz, subindo pedi aos soldados para limpar a sujeira que
o infeliz lá embaixo havia deixado. Desativei o alarme de
meu Jaguar preto e entrei pressionando a cabeça no
volante. Me senti de mãos atadas, a essa altura
provavelmente ele já tivesse feito algo com a Nanda. E eu
não fiz nada para impedir, não pude protegê-la.

Dirigi feito um louco até meu pequeno paraíso e lá fiquei


sentindo a brisa gelada que vinha da água, de certa forma ,
a natureza à volta trouxe um pouco de paz dando espaço
para que pensasse com clareza. Mikhail estava desesperado
desde que veio à Itália e meu pai não aceitou seus negócios
sujos. Um sorriso frio surgiu em meus lábios, ele tinha
tentado muito se meter nos negócios da Viper, contudo
sempre fora barrado por suas ideias irem contra tudo o que
prezava Don Lorenzo, por fim, se juntou a Don Ivan
Turgueniev, o mais poderoso chefe russo que residia nos
domínios de meu pai, este governava Pozhar, sua
organização, com punhos de ferro, não sei como aceitou e
treinou Mikhail para ser seu substituto depois que Nikolae
decidiu se afastar por perder a esposa e a filha.

O posto que aquele bastardo ocupava era de confiança e


aparentemente Don Turgueniev não sabia das atrocidades
cometidas por seu pupilo, caso contrário Mikhail estaria
muito ferrado. O Don russo era conhecido por sua crueldade
e pela violência de seus soldados. A ele, não importava se
tivesse que assassinar crianças, Turgueniev faria e ponto.
Mas até ele era sensato, não ousaria se meter nos negócios
da Viper, não ousaria se meter com minha esposa.

A verdade é que eu não queria pensar ou ficaria louco, já


estava fora de mim. Buscava na bebida um alento, um
anestésico para não pensar. Não é possível alguém sumir
assim, tinha alguma coisa que estava deixando passar.
Caminhei bem lentamente até o carro debruçando sobre o
capô.

Eu não posso perder a Nanda. Não agora que tão


inútilmente admiti meus sentimentos por ela. Por mais que
tenha tentado fugir, a verdade é que essa pequena
misteriosa invadiu cada poro do meu corpo.

Com os pensamentos acelerados dirigi até o complexo


novamente, desta vez o trajeto foi vagaroso pois precisava
organizar meus pensamentos. Nessas últimas semanas
havia me aproximado da Nanda, conversamos, rimos,
dividimos momentos íntimos e bem quentes, ela estava
diferente, sua aura estava brilhante deixando-a ainda mais
deslumbrante.

Cazzo! Preciso encontrar minha garota. Ela não pode me


deixar assim, não pode foder com minha vida e
simplesmente me deixar assim. Preciso ir buscá-la, cuidar
dela e nunca mais fazê-la sofrer.
Assim que estacionei o carro, meu celular indicou a chegada
de uma mensagem, o visor mostrava um número
desconhecido, ao abrir constatei ser um vídeo. Minhas mãos
estavam pegajosas devido ao acúmulo de suor, o coração
martelava feito um louco dentro do peito, senti minha
garganta secar e queimar.

Segurando o aparelho, cliquei e o vídeo abriu, nele aparecia


a Nanda apenas de lingerie, sendo segurada em cima de
uma mesa enquanto o maledetto tapava seu nariz com um
pano derrubando água em seu rosto. Meu sangue ferveu,
entrei rapidamente descendo até onde Ciborgue, que depois
de um belo incentivo se tornou meu soldado.

Se ao menos eu tivesse Electra, a essa altura a Nanda


estaria em meus domínios outra vez. Mas essa hacker sabe
se manter no anonimato. Depois que essa merda acabar,
irei atrás dela.

O homem se assustou quando entrei se recuperando com


igual rapidez.

— Encontre o remetente desta mensagem. Preciso para


ontem Ciborgue.

— O senhor que manda chefia. — seus dedos voaram


rápidos pelas teclas do computador — Sinto muito Don, o IP
está mascarado. Não consigo encontrar.

Sem pensar, em um momento de fúria crescente, derrubei


os computadores no chão, ficando apenas o monitor gigante
à nossa frente. Passei a mão nos cabelos, agarrando os fios
até sentir dor. Deixando o homem amedrontado voltei ao
escritório, assim que entrei comecei a pôr tudo abaixo. Os
quadros das paredes foram arremessados sendo dilacerados
pelo impacto com a mesa, as garrafas de uísque e os corpos
viraram cacos espalhados por toda a sala. A cadeira
elegante que ficava atrás da mesa ficou em frangalhos, só
parei quando estava tudo quebrado.

Henrique, Chris, Jason e Zoe correram espantados até lá,


contudo ninguém conseguiu me conter. Sentei derrotado no
chão depois do surto, grossas lágrimas desciam pelo meu
rosto.

— Ele vai matar ela! Aquele bastardo vai matar a Nanda. —


disse entregando o celular para meu consigliere — Olha o
estado em que ela está Henrique. Não vai aguentar por
muito tempo.

Apesar das lágrimas insistirem em cair, minha voz soou


controlada, fria, como se eu não sentisse nada. Uma vez
mais o som de mensagem reverberou pelo ambiente,
Henrique me entregou o aparelho. Entrei na mensagem,
meu coração deu um salto quando olhei o conteúdo.

Vou tirar sua esposa de lá. Esteja preparado, ou as


coisas podem piorar. Me encontre neste endereço.
Seja rápido Don, a vida de Fernanda depende de sua
agilidade.
Nikolae Barov

O endereço fixado depois da mensagem me trouxe de volta


a realidade. O que significava que Nikolae não estava
envolvido nos planos do irmão. Levantei em um salto
limpando os resquícios de lágrimas que ainda restavam.
Estava agindo feito um garoto apavorado, coisa que eu não
era. A possibilidade de perder a Nanda para sempre tinha
me tirado a razão, as pessoas à minha frente estavam
incrédulas, nunca me viram vulnerável assim. E a culpa é
toda minha, não fui capaz de protegê-la, não fui capaz de
cumprir a promessa feita a David.
— Reúnam todos os soldados. Vamos buscar a Nanda! — sai
da sala seguindo para meu carro com Chris e Henrique em
meu encalço.

Assim que os dois entraram, arranquei em alta velocidade.


Hoje eu teria a cabeça de Mikhail empalada, aquele
bastardo teria a pior morte possível, isso era uma promessa.
Chegamos ao local indicado por Nikolae, fomos recebidos
com tiros, meu Jaguar foi alvejado pelos disparos das armas
que não surtiram efeito pois este era blindado. A baixa no
campo inimigo foi maior assim que meus soldados
chegaram usando fuzis e metralhadoras. Meus homens
eram os melhores naquilo que faziam, por isso trabalhavam
para mim.

Vasculhamos cada centímetro daquelas construções mal


acabadas, deixando um rastro de caos por onde
passávamos. Uma movimentação estranha próximo ao
Jaguar me chamou a atenção, a adrenalina explodindo em
minhas veias fez com que eu praticamente voasse até lá. E
para minha surpresa ali com um sorriso diabólico e próteses
de ferro no lugar das mãos estava ele, Lucas. Parece que
todos os meus inimigos resolveram se juntar, sem esperar o
infeliz partiu para cima de mim não dando tempo para
reação.

O treinamento em artes marciais veio bem a calhar pois era


fácil desviar dos seus golpes, o homem cortou próximo a
minha costela em um momento de distração, a dor me
atingiu juntamente com o fluido vermelho que escorria do
ferimento. Depois de algum tempo, usei sua arma cravando-
a na lateral de sua garganta. Ele cambaleou e caiu
engasgando no próprio sangue , não dei tempo e quebrei
seu pescoço.

Nos encontraremos no inferno Lucas.


Estava pronto para seguir em frente quando senti a
presença dela antes mesmo de sua voz trêmula chegar até
mim. Meus olhos encontraram os seus, senti o ar deixar
meus pulmões quando olhei seu rosto repleto de
hematomas e cortes, ainda assim, me senti aliviado por ela
estar viva. Assim que meus braços a tocaram não fui capaz
de me controlar, nossos lábios se encontraram e foi como se
tudo à volta deixasse de existir.

Me sentia culpado pelo que aconteceu a ela, não fui capaz


de mantê-la a salvo, essa merda martelava na minha
cabeça a cada dois segundos. Nanda me olhou preocupada
e tentou me tranquilizar, mas aquele sentimento me corroía
fazendo meu coração se apertar. Se Nikolae não tivesse
ajudado, ela estaria morta ou coisa pior. Abracei Fernanda
uma vez mais, senti seu corpo ficar tenso, um segundo
depois ouvi o barulho seco do tiro enquanto seu corpo
ficava pesado em meus braços.

Demorei um milésimo de segundo para perceber que ela se


pôs a frente da bala.

Não! Não! Não! Caralho!

Disparei sem pensar naquele verme com meu peito em


brasa, Henry que estava lá parado fez a mesma coisa, mas
ele desapareceu em meio às construções. Senti a ardência
em meu ombro não me importando, tudo o que importava
era a mulher em meus braços. O pânico tomou conta de
mim, enquanto meu gêmeo se aproximava, a raiva que eu
tinha dele teria que esperar. Queria confrontar ele, saber os
motivos que o levaram a se unir àquele desgraçado, mas a
tosse da Nanda acompanhada de sangue me fez voltar a
realidade. Aquilo não era nada bom. Chamei o Chris que
demorou uma eternidade para chegar e seguimos para o
hospital.
Não controlei as lágrimas que insistiam em cair, não posso
suportar viver em um mundo onde Nanda não esteja.
Chegamos ao San Rafaelle, assim que entrei com ela nos
braços, os enfermeiros vieram com a maca onde deitei-a
com cuidado. Uma das mulheres de azul retirou o sobretudo
que Nanda usava e meu coração parou, a culpa e a dor me
consumindo novamente, mal pude olhar para ela. Seu
pequeno corpo estava cheio de cortes, manchas pretas e
queimaduras. Segui até a entrada do Centro Cirúrgico.

— Você não pode entrar aqui! Nós cuidaremos dela. — a


moça de azul disse parando-me.

Fiquei ali estagnado, sem reação. O ar comprimido em meus


pulmões queimavam, mentalmente pedi para que ela fosse
salva. Talvez alguém cruel como eu não fosse ouvido, mas a
Nanda era um anjo e ela merecia viver. Merecia mais do que
aquilo que dei a ela nesse tempo em que vivemos sobre o
mesmo teto.

Chris entrou sendo seguido por Henry, não me permiti olhar


para ele ou cometeria um assassinato dentro do hospital.
Tudo isso de certa forma era culpa dele também, foi ele
quem colocou a Nanda na mira de Mikhail, ele que resolveu
abandoná-la e se manter do lado do inimigo. Encostado na
parede, deslizei até o chão apoiando minha cabeça sobre os
joelhos dobrados, deixando a angústia tomar conta de mim.

Ela não pode me deixar! Você não pode me deixar, Nanda!

As palavras se repetiam na minha mente como um mantra


dando a falsa esperança de que tudo iria ficar bem.

Uma hora...

Cinco horas...
Dez horas...

As horas se passavam e a angústia aumentava, a essa


altura James, Carla e Antonella estavam ali também. James
olhava feroz para Henry, como se fosse matá-lo a qualquer
momento. Antonella estava com Carla tentando acalmá-la
Levantei e comecei a nadar feito um animal enjaulado, Chris
estava na mesma situação que eu, não o culpava pois todos
ali gostavam da Nanda.

Estava quase entrando naquele centro para ver se estava


tudo bem. Sentia um aperto no peito como se algo de muito
ruim fosse acontecer, o mesmo aperto do dia em que ela foi
levada. Meu coração começou a martelar feito um louco e
minhas mãos ficaram pegajosas. Não queria conversar com
ninguém por isso me mantive afastado de todos.

Dimitri e Fillipa chegaram ao hospital, até eles se


mostraram preocupados. A morena andou até mim e me
abraçou sem aviso.

— Eu sinto muito Dy, espero que ela fique bem. — disse


com voz baixa.

— Eu também. — Minha voz soou fria, sem emoção.

Me afastei dela e saí para tomar um ar. Precisava me


manter calmo, caminhei até o carro e peguei a carteira de
cigarro que lá estava, acendi e traguei, a nicotina se
espalhando em minhas veias deu a falsa sensação de
calma, mas algumas tragadas e me livrei do cigarro. Eu não
fumava, contudo em momentos como este, era uma válvula
de escape.

Voltei para o hospital no momento exato em que Diego com


um semblante indecifrável saiu do centro cirúrgico,
chamando James e eu para sua sala. Andei sentindo meu
corpo pesado esperando ouvir o que o médico tinha a dizer.
Assim que a porta se fechou o silêncio caiu pesado como
prelúdio de morte.

— Fala logo Diego. — a voz ansiosa de James cortou o


silêncio.

O ar ali era palpável, nossas respirações pesadas faziam


contraste com o clima.

— A Nanda teve uma hemorragia interna durante a cirurgia.


O quadro, que já era grave, acabou piorando... — um gelo
indescritível percorreu minha coluna — infelizmente
perdemos ela e o bebê.

Bebê?,

— A Nanda estava grávida?! — a voz de James me trouxe de


volta a realidade.

Obriguei-me a prestar atenção nas palavras do médico, que


com a voz embargada repetia a mesma coisa. Tudo à minha
volta perdeu o sentido, ela estava grávida! Aquele
desgraçado matou minha mulher e meu filho?!

Fiquei em estado de choque, não conseguia sentir nada


além de um vazio imenso me consumindo. As lágrimas
secaram assim como meu coração.

— Não aconselho que façam velório. Por causa da


hemorragia, o corpo dela pode inchar demais. — continuou
— Se ainda optarem por fazer o caixão terá que ser lacrado.

— Meu pai já está chegando Diego, vamos esperar e ver o


que ele decide. — James estava agindo no automático, mas
eu vou conseguir fazer isso.
— Quero vê-la. — finalmente encontrei minha voz.

— Ela está no necrotério, não aconselho que vá lá agora.

— Eu preciso ver a Nanda, doutor. — disse pausadamente.

— Tudo bem. Vem comigo. — respondeu derrotado.

Seguimos para fora da sala, assim que chegamos ao


corredor e James olhou para Henry, foi para cima dele
dando um soco em seu rosto.

— É tudo culpa sua! — cuspiu o rapaz aos prantos — Você


matou a Nanda no momento em que decidiu entrar na vida
dela. Você matou a Fernanda! — Henry apenas encarava
chorando, sem reagir.

Agora todos sabiam da morte da Nanda, não consegui ficar


ali vendo todo aquele sofrimento. O ar escapava de meus
pulmões, a dor que estava sentindo ameaçava me engolir.
Segui Diego até as grandes portas duplas com a palavra
NECROTÉRIO escrito em negrito. Meu coração antes morto
começou a martelar violentamente dentro do peito.

Entrei naquele local gelado, Em cima de uma grande mesa


de mármore estava ela, me aproximei devagar, seus
cabelos emolduravam o rosto pálido e a camisola branca
que vestiram nela. No fundo tinha esperança de ser
mentira, tinha esperança que ela ainda tivesse vida.

Toquei sua mão extremamente gelada, seus lábios carnudos


antes rosados, agora estavam roxos. Foi nesse momento
que desmoronei, encostei minha testa na dela e deixei toda
minha dor ali.

— Você não pode me deixar meu amor. Como vou viver sem
você? — o silêncio foi a resposta — Você dava sentido a
minha vida Nanda, desde o momento em que falei com
você por aquela droga de telefone. — o choro me consumia
enquanto algo muito pior que a dor se apossou de mim —
Me perdoe por não ser capaz de te proteger e me desculpe
pelo que vou fazer. Eu vou descer no inferno e matar aquele
russo maldito se for preciso, ele vai sofrer o que fez você
sofrer e depois que eu matá-lo irei ao seu encontro meu
amor. — deixei meus lábios morrer nos seus dando o último
beijo — Eu te amo Nanda.

Sai de lá secando os resquícios de lágrimas do meu rosto,


passando por todos que estavam no hospital, incluindo
David e minha mãe, precisava sair dali, ficar longe de tudo
um pouco e terminar aquilo que comecei. Entrei no carro e
dirigi em alta velocidade até às construções onde Mikhail
estava escondido.

Os soldados que não foram mortos ainda tentavam se


recuperar, segurei o cano frio da Glock checando o pente e
segui para lá.Foi um massacre, não atirei para matar, os
homens com expressões de medo já sabiam o que iria
acontecer.

Coberto de sangue entrei no escritório de Mikhail pegando


tudo o que poderia ser útil, inclusive fotos da Nanda que
aquele doente tinha espalhadas por sua mesa. Depois ateei
fogo em tudo, e observei aqueles malditos queimando
vivos.

Encostado no Jaguar vendo as labaredas que consumiram a


casa, soube que meu inferno particular tinha começado.

Meu Deus... Coitado do Dylan.


Será que a Nanda morreu mesmo?

Chorei x😞 🥺
Capítulo 26

Dylan

Depois de esfriar a cabeça acabando com os desgraçados


que levaram a Nanda, voltei ao hospital para resolver as
coisas. David queria levá-la ao Brasil, entramos em um
empasse, não ficaria longe dela e do meu filho. Após muita
conversa ele decidiu deixar a Nanda aqui, o caixão teve que
ser lacrado como sugeriu Diego, pois decidiram que
queriam velório.

O David também quis matar o Henry quando o viu, não fez


por respeito a nossa mãe que estava grávida de quatro
meses. Quando a mim, a única coisa que eu queria era
parar de sentir, porque toda vez que ousava pensar nela a
dor me consumia.

Os amigos dela vieram, não conseguia olhar para nenhum


deles, não queria ver o sofrimento que a partida dela
causou. David que sempre se mostrou forte teve que ser
medicado, James amparava Carla que estava desesperada.
Não olhei para Henry nem por um segundo, caso contrário
arrancaria ele daquela sala na pancada.

Os soldados ficaram ao meu lado, era notável a tristeza em


que estavam submersos, principalmente o Chris e o
Henrique. Eles não se permitiram chorar assim como eu, as
lágrimas haviam secado, só restava o vazio. Antonella ficou
junto a James dando apoio, vez ou outra nossos olhares se
cruzavam em uma lamentação silenciosa.

O velório não demorou muito, seguimos até o Cimitero


Monumentale. Um peso enorme caiu sobre mim quando
adentramos o local, cada passo que dávamos era como se
meu espírito fosse arrastado para baixo. O céu se espelhava
a minha alma, grossas nuvens escuras pairavam sobre nós.
As esculturas cobertas de musgos em contraste com os
pinheiros deixava o local assustador.

O caminho entre os túmulos foi o mais longo de toda minha


vida. Chegamos ao jazigo da Famiglia Spencer, uma
construção antiga que exibia o brasão da Viper e uma
escultura imponente de Don Lorenzo, que enfeitava a
entrada do local, esta parecia zombar de mim.

O Jazigo foi aberto e o padre fez uma breve oração, todos


deram um último adeus e nesse momento como se o céu
sentisse minha dor começou a chover, um amontoado de
guarda-chuvas foram abertos, não me importei com a água
gelada que caia encharcando meu corpo.

O caixão foi posto dentro do jazigo e a grande porta de


metal fechada. Um a um as pessoas foram deixando o local.
Meu irmão ainda continuou ali, olhando para a estrutura a
sua frente com o olhar perdido, me aproximei ficando
próximo a ele. Nós dois ótimos conviver com a culpa, ela
estava morta por nossa culpa.

Eu prometo a você meu amor, que não vou sossegar até


encontrar o Mikhail e fazer ele pagar da pior forma possível.

A única coisa que restava era as lembranças; lembranças


que iriam me perseguir o resto da vida. As lágrimas enfim
vieram, fazendo contraste com os soluços do Henry, nos
abraçamos e nesse momento percebi que ele estava tão
devastado quanto eu.

— Eu matei ela Dylan. — seu braços se apertaram ao redor


de meu ombro — Matei ela!
— Nos dois fizemos isso Henry, nunca deveríamos ter
trazido a Nanda para esse mundo. Agora vamos ter que
conviver com essa culpa. — me afastei dele encarando seu
rosto — Preciso da sua ajuda para pegar o Mikhail, e depois
você pode fazer o que quiser. — Seus olhos castanhos
estavam incertos — Juntos uma última vez, irmão.

— Juntos uma última vez! — sua voz não passou de um


sussurro — Antes, precisamos conversar.
Nos viramos e saímos de lá lado a lado sem olhar para trás,
eu sabia que aquela não seria a última vez em que
estaríamos ali, e sabia também que o Henry tinha algo sério
para dizer, e que isso mudaria tudo.

Cinco meses depois...

“Dylan?— ela chamou entrando no escritório usando apenas


uma camisola transparente. — Você está aqui. Está fazendo
o que?

— Tentando localizar o Mikhail. — levantei e caminhei em


direção a Nanda — Ela já dormiu?

— Já sim, mas deu trabalho. Então o próximo a fazer ela


dormir é você senhor bonito. — toquei sua face, segurando
seu queixo e trazendo seus lábios até os meus.

— Deixa que eu encontro ele para você. — deu um sorriso


safado — Vou te ajudar porque tenho planos para depois.

Ela se soltou dos meus braços cedo demais e caminhou até


o notebook que estava sobre a mesa, tive uma bela visão
da sua bunda, e isso me deixou duro. Me aproximei
enquanto seus dedos ágeis inseriram códigos, e janelas e
mais janelas se abriam a minha frente. Uma dúvida surgiu,
como ela estava fazendo aquilo? Mas como não sou de
ferro, não resisti a tentação de ter a Nanda seminua a
minha frente, deixei que minha mão deslizasse para dentro
de sua camisola, segurando seu seio que ficou sensível a
meu toque.

— Você está me distraindo senhor bonito. Desse jeito eu


não vou conseguir entrar no sistema do metrô, para ver
onde ele foi. — sua respiração estava acelerada assim como
a minha.

— Deixa para depois. Agora eu quero você!

Ela se levantou ficando de frente para mim, levei as mão a


sua face corada passando o dedo em seus lábios
entreabertos.

— Eu quero foder essa sua boca. — sussurrei em seu ouvido


e sua pele se arrepiou. Ah, como eu amava essas reações
nela.

— Eu te amo Dylan. — sua voz estava rouca pela excitação.


— Me faça sua para sempre.

Trocamos olhares por alguns segundos e nossas bocas se


encontraram sedentas. Desde que ela teve nossa bebê,
momentos assim ficaram um pouco difícil de acontecer.

De repente senti um vazio enorme dentro de mim, e ela foi


se afastando até sumir."

(...)
Despertei suado e com o coração disparado. Sentei na cama
pressionando os dedos gelados em minha têmpora,
lágrimas banharam meu rosto.

— Ela não vai , Dylan. Foi só outro sonho. — levantei e vesti


minha camisa, calcei o tênis que estava no chão próximo a
grande cama do quarto de hóspedes.

Você precisa se acalmar Dylan. Precisa se acalmar!

Sai do quarto indo em direção ao escritório, procurar por


aquilo que me deixava vivo nesses últimos meses, Violette.
No meio do caminho ouvi um barulho forte vindo da
cozinha, saquei minha arma e corri para lá.

O barulho foi feito por Antonella, que estava sem ar no chão


e um monte de cacos ao seu redor, em sua mão um pão de
mel mordido.

— Ve.ne.no — sua voz saiu em um sussurro.

Sem pensar duas vezes, peguei ela e corri para o carro,


deitei-a no banco da frente inclinando ele para que ficasse
confortável entrando em seguida e pisando fundo no
acelerador. Por sorte, Milão estava calma a essa hora da
madrugada.

— Antonella, não dorme. — chamei sua atenção quando ela


fechou os olhos. — Fala comigo Antonella.

Eu não acredito que isso esteja acontecendo de novo! Não


posso perder a Tony também.

— O que a Fillipa está fazendo na sua casa? — perguntou


entre dentes gemendo de dor.

— É complicado...
— Complicado é você dormir com aquela vadia, sabendo
que ela infernizou a Nanda sempre que conseguia. —
Respondeu indignada, respirando com dificuldade.

— Aguenta mais um pouco, já estamos chegando. E eu não


estou dormindo com ela.

— Ah não? — me olhou com as sobrancelhas arqueadas. Até


com dor a Antonella era impertinente.

— Não! Se aconteceu, foi uma vez só, e eu estava bêbado


demais, não me lembro de ter tocado nela. — estacionei em
frente ao San Rafaelle — E não foi ela que eu vi...foi a
Nanda. Depois disso não lembro de nada.

— Você tem que parar com isso Dylan. Ficar bebendo e se


drogando não vai trazer a Nanda de volta.

Sai do carro ajudando ela a descer, as palavras de Antonella


me atingiram como um soco. Desde que a Fernanda se foi,
minha vida tinha sido perseguir aquele russo desgraçado e
me drogar. O pior é que o maldito tomou chá de sumiço, o
Ciborgue não estava conseguindo localizá-lo mesmo com
todos os equipamentos de última geração da Viper. Só uma
pessoa seria capaz de me ajudar e ela também havia
sumido.

Entramos no hospital e os enfermeiros trouxeram a maca,


ajudei a colocar a Tony nela e levaram ela para a
emergência.

Cazzo! Cazzo!

Entrei em contato com meus soldados, Jason atendeu.

— Eu quero que você verifique se entrou alguém diferente


na mansão. A Antonella foi envenenada. Me mantenha
informado.

Desliguei após dar as instruções, ficando uma vez mais


aflito com toda está situação. Depois de horas um
enfermeiro veio me dizer que Antonella estava no quarto,
que o quadro dela era instável e que ficaria uns dias no
hospital. O homem me indicou o quarto onde ela estava e
me encaminhei para lá. Ela dormia tranquilamente, seus
batimentos cardíacos estavam sendo monitorados, em seu
rosto uma máscara de oxigênio, estava tomando soro.

— Graças aos céus você está bem pequena. Eu não


suportaria te perder também. Garanto que vamos trazer a
justiça que tentou contra sua vida. Occhio per occhio,
piccola. ( Olho por olho, pequena). — ela continuou lá
parada.

Fiquei ali um pouco mais, porém meu nervosismo falava


mais alto, abri a porta do quarto e caminhei pelos
corredores vazios do hospital, quase alcançando a saída
alguém chamou minha atenção e a julgar por sua expressão
estava tão nervoso quanto eu.

— Don Spencer. — O homem cumprimentou surpreso.

— Senhor Barov. — devolvi o cumprimento.

Antes que ele pudesse falar algo, um médico que nunca


tinha visto ali no hospital apareceu e sem ética nenhuma foi
falando com o russo.

— Foi um parto difícil senhor Barov, mas as duas estão bem.


O senhor poderá ver a bebê daqui pouco. Apesar de
prematura, ela não irá precisar ficar na incubadora. Quanto
a mãezinha, estamos avaliando, contudo ela ficará bem.

— Tudo bem doutor Enrico. Muito obrigado.


O médico deixou Nikolae atônito e saiu. Fiquei encarando
ele, seus olhos estavam marejados, me pequei imaginando
como seria estar ali com a Nanda, como seria nosso filho ou,
como naqueles sonhos loucos, uma filha.

— O senhor pode entrar para ver a bebê senhor Barov. — a


voz anasalada da enfermeira me trouxe a realidade.

Ele caminhou atrás da contudo deteve-se e se voltou a


mim.

— Gostaria de me acompanhar senhor Spencer?

Pensei por alguns segundos e resolvi seguir em frente. No


berçário tinha algumas crianças em berços que recebiam luz
que imaginei ser para aquecer as pequenas criaturas.
Uma criança em especial me chamou a atenção, ela
chorava muito, como se quisesse que o mundo a
conhecesse, algo despertou dentro de mim e quando me dei
conta, estava chorando.

— Todos os exames que fizemos indicam que a pequena


Alessa está perfeitamente bem. Nenhuma alteração foi
detectada em seu organismo.

A criança não parou de chorar nem por um segundo e isso


me incomodou, hipnotizado andei até o berço e segurei a
pequena nos braços, ela parou de chorar e abriu seus
olhinhos que pareciam duas esmeraldas. Seus cabelinhos
negros faziam contraste com o rostinho redondo, seus
pequenos lábios eram cheios. Ela se parecia com a Nanda.

Eu estou ficando louco! Isso não é possível!

— Ela é linda, não é? — e enfermeira me perguntou, então


percebi que estávamos sozinhos.
— É sim. — concordei.

— Tão pequena e já passou por uma luta grande...

— Como assim? — quis saber fazendo carinho na pequena


em meus braços.

— A mãezinha sofreu um acidente, passou por uma cirurgia


e ficou em coma um mês. Tomou medicações muito fortes,
ela teve que ficar aqui no hospital todo esse tempo sabe? —
a mulher olhou para os lados para ver se não vinha ninguém
e continuou — O parto foi muito difícil, achamos que
perderíamos as duas, mas elas são fortes e resistiram. É
uma milagre que a pequena Alessa seja perfeita, além de
tudo nasceu de oito meses, enfim, uma pequena guerreira.

— Que história. A moça? Parece ser uma pessoa importante.


— sussurrei pois ela havia dormido.

— É sim. — respondeu sorrindo quando entreguei a criança


a ela a contragosto — Afilhada de Ivan Turgueniev, o senhor
provavelmente deve conhecê-lo.

— Sim, conheço. — apressei em dizer — De os parabéns a


mãe dela por mim.

Apressei-me a saída, dirigi feito um louco não vendo um


palmo a minha frente. As árvores passavam como um
borrão, mesmo sem perceber parei no único lugar onde me
sentia em casa nesses últimos cinco meses. Segui até ela e
fiquei lá falando tudo o que me afligia, era como se ela
pudesse realmente me ouvir e isso me trazia paz.

— Oi meu amor. Acabei de conhecer uma bebezinha linda.


— passei a mão no rosto para limpar uma lágrima solitária
— Ela se parece com você...
Coitado do Dylan. Tô sofrendo com ele 🥺
Beijos 😘😘
Capítulo 27

🥰
Presente do dia dos namorados atrasado. Espero que
gostem

Dylan

Cinco anos depois....

Terminei de me arrumar e antes de sair do quarto, Fillipa


entrou vindo de encontro a mim.

- Onde você vai? - perguntou passando a língua em meu


pescoço.

- A boate nova. - respondi me desvencilhando.

- Na Dance and Love? - quis saber voltando a me abraçar,


concordei acenando a cabeça. - Posso ir com você?

- Não! - barrei sua mão que ia de encontro ao meu membro.


- Tenho que resolver negócios, Fillipa. Não quero você me
atrapalhando.

- Negócios?!- riu debochada e cheia de raiva- Você vai se


enfiar em uma daquelas putas que trabalham para você.

- Elas não trabalham para mim, trabalham para elas


mesmas. Ninguém está ali obrigado, se você ver na ficha
delas, todas sem exceção têm empregos fixos. E O QUE EU
FAÇO OU DEIXO DE FAZER NÃO DIZ RESPEITO A VOCÊ. -
minha voz saiu alterada.
- Porque me trata assim? Eu te amo, senhor bonito.

Congelei por uns segundos antes de deixar minha fúria sair.


Segurei o pescoço da mulher à minha frente pressionando
seu corpo na parede e intensificando o aperto da mão.
Fillipa tentava desesperada retirar minha mão, seu rosto
bonito começou a ganhar uma coloração avermelhada.

- Dy..- grunhiu sem ar.

- NUNCA MAIS ME CHAME ASSIM. ENTENDEU? VOCÊ NÃO É E


NUNCA SERÁ A FERNANDA- Soltei seu pescoço e a morena
caiu no chão tossindo - Não me espere, não volto para casa
hoje.

Depois da suposta noite que passamos juntos, ela não


mediu esforços para me levar para a cama, algumas vezes
até fodi com aquela vadia, mas nunca era bom, então
simplesmente desisti de ficar com ela. Dimitri vinha me
aconselhando a dar uma chance a ela. Mas não estou
pronto para isso.

Por mais que eu quisesse estar com outra mulher, a Nanda


sempre aparecia e fodia tudo. No final das contas, acabava
sozinho embaixo do chuveiro, pensando miseravelmente
nela.

Assim que cheguei a garagem e entrei no Jaguar preto,


meus soldados me seguiram. O motivo de eu estar indo até
a boate nesta noite é Mikhail Barov, que recentemente foi
visto frequentando o local que não sabia ser meu. Henry
ficou em seu encalço nesses anos todos, interceptamos
cada carga sua, invadimos todos os cartéis aliados a este
miserável novamente, contudo ele nunca apareceu, sempre
acabamos frustrados e com mais raiva ainda seguindo
pistas que não davam em nada.
Meu irmão estava muito estranho ultimamente, meio aéreo
a tudo o que acontecia, com um brilho diferente no olhar, o
mesmo brilho de quando ele conheceu a Fernanda. O mais
estranho de tudo isso foi a conversa que ele veio ter comigo
a duas noites atrás...

- Está ocupado Dylan? - perguntou ele entrando no meu


quarto.

- Não. - me sentei na cama.

- Podemos conversar?

- Fala logo. - conhecia muito bem o Henry para saber


quando queria algo.

- Dylan, eu estou gostando de uma mulher, alguém do meu


passado. - seu incômodo era visível.

- E você está aflito assim porque? - olhei para ele quando se


sentou ao meu lado.

- Teoricamente ela é comprometida.

- E isso já te impediu alguma vez? - arqueei a sobrancelha,


ele não respondeu. - E essa moça, gosta de você?

- Ela dá sinais que sim. Mas eu já magoei muito ela, e tem


essa outra pessoa, que ela ama também, então....

- Cara. Só lute pelo amor dessa pessoa, tá bom?

- Não diz isso Dylan. - sua voz saiu em um sussurro.

- Porque não? Você é um gostoso. - ri de sua expressão. - É


claro, é gostoso porque se parece comigo. - Rimos da piada.

(...)
Esta conversa me deixou incomodado, não sabia quem era
a pessoa e não entendia o motivo de ele vir falar comigo.
Quando jovens, éramos unidos,como unha e carne, ele era
meu amigo e confidente, fizemos várias coisas juntos,
inclusive ficar com a mesma mulher. Mas esse tempo
passou, nós mudamos e o elo que tínhamos de certa forma
foi abalado.

Demorou para recuperar a confiança nele, ainda que tivesse


entendido seus motivos para fingir estar morto. Henry
quase morreu também, pois Mikhail havia armado uma
emboscada para ele, naquela semana em que perdemos a
Nanda, isso só não aconteceu porque Nikolae o alertou
antes que ele chegasse ao seu destino.

Deixando esses pensamentos de lado, entrei no


estacionamento subterrâneo da boate, estacionando
respirei fundo várias vezes tentando me acalmar, e me
encaminhei para dentro do local. O som alto me invadiu
assim que adentrei, ignorei a movimentação intensa de
corpos suados e belas mulheres que sorriam provocantes
indo direto para a sala onde ficavam as imagens da câmera
de segurança do local.

Uma vez lá dentro instrui os homens que me


acompanharam a ficarem de olho lá embaixo, sem chamar
muito a atenção.
Fiquei lá horas vendo o movimento por entre os vidros fumê
e os monitores a minha frente, horas em vão pois ele não
apareceu.

Já estava quase indo embora, quando fitei o palco que


ocupava o centro da boate, as luzes dando um ar sensual,
deixavam a atmosfera pesada. No centro do palco alvejada
por assobios e gracejos dos homens que a observavam,
uma mulher com um corpo escultural dançava fazendo um
striptease. Pela primeira vez em cinco anos meu pau pulsou
de verdade, aproximei a imagem e fiquei hipnotizado em
cada movimento que a moça fazia.
Decidi que queria aquela mulher, apertando o ponto em
meu ouvido, chamei por Riccardo, o gerente da Dance and
Love. Menos dois minutos o moreno entrou com um sorriso
amarelo.

- Quem é a moça no palco? - perguntei sem rodeios.

- Elena Acero, Don.

- Me traz a ficha dela.

O homem me olhou assustado, gaguejando disse que ainda


não tinha feito tal procedimento pois só fazia dois dias que a
moça se apresentava ali.

- Que porra, Riccardo. Você sabe que todos os funcionários


que trabalham para mim, precisam ter um dossiê detalhado.
Ou você já se esqueceu do que aconteceu a Antonella?

- Não senhor. - seus olhos negros demonstravam medo. - É


só que não deu tempo ainda de preparar o registro da
moça.

- Que isso não se repita! - cuspi pegando o celular e ligando


para meu hacker. - Ciborgue, eu quero que descubra tudo
sobre Elena Acero. Preciso disso para hoje! - instrui assim
que ele atendeu o telefone, desligando em seguida.

Observei a mulher arrancar a última peça que tapava seu


corpo, ficando apenas de lingerie .

Porra! Que mulher gostosa.

- Ela é acompanhante? - pedi mentalmente para que fosse.


- Não Don. Ela vem, dança e depois vai embora.

- Eu quero ela.

- Não acho que ela vá...

- Ela trabalha para mim, não trabalha? - cortei o que ele iria
dizer - Então tem que me satisfazer.

- Ela se arruma no quarto quinhentos e seis. Daqui a meia


hora acaba o show e ela sobe para se arrumar.

- Ótimo! Aguardo lá.

Sai da sala indo em direção ao quarto, meu cartão de


acesso me permitia abrir qualquer porta. Uma das
vantagens de ser o chefe.

O quarto estava pouco iluminado, em cima do criado mudo


ao lado da cama uma mochila preta estava depositada. Os
quartos da boate eram todos iguais, uma cama box Queen
Size no centro, todos em tons vermelhos que dava um ar
sensual ao local, um frigobar e um criado mudo, abastecido
de preservativos, caso os clientes precisassem. Meus olhos
percorreram o amplo espaço, parando nos espelhos
espalhados estrategicamente pelo local, um espelho oval
que ocupava o teto do quarto me fez sorrir, imaginando ver
a moça se contorcendo de prazer em meus braços.

Fiquei em um local onde ela não pudesse me ver e assim


aguardei sua entrada. Meia hora depois ela entrou, sua
respiração fez com que meu coração acelerasse, seu corpo
estava com um brilho diferente, o que a deixava ainda mais
provocante. Seus cabelos castanhos, desciam em ondas até
às costas, fazendo contraste com a pele branca, ela
caminhou até sua mochila no momento exato em que seu
celular tocou.
- Já acabei aqui. - sua voz era doce, me lembrava a voz de
alguém - Não, não vou vir mais a esse lugar, é nojento ver
esses homens babando em cima de mim- ela esperou até
que a pessoa do outro lado falasse algo - Ele não apareceu,
ainda não tive acesso às câmeras de segurança, mas acho
que esta informação estava errada. - mais silêncio - Ok! Já
chego ai.

Ela desligou o telefone, fiquei digerindo o que acabei de


ouvir, contudo meu corpo estava em chamas, então resolvi
aparecer.

- Bela apresentação cucciola.

-O. khochet napugat' menya do smerti?(Puta que pariu.


Quer matar de susto? ) - perguntou em um russo carregado
de sotaque.

- Não era minha intenção te assustar.

- Você deve ter errado de quar... - sua voz sumiu quando viu
meu rosto, se recuperando rapidamente. - Eu não sei como
entrou aqui, mas quero você fora agora. - sua voz saiu
trêmula e sua respiração acelerou. Ela andou decidida até a
porta e abriu. - Por favor, saia.

Sem me deixar abater, andei até ela com um sorriso nos


lábios, Elena parecia assustada e ao mesmo tempo
excitada, éramos estranhos, se fosse qualquer outra pessoa,
teria saído dali o mais rápido possível, mas ela continuava
ali o que fez meu sorriso se alargar mais. Fechei a porta e
moldei seu corpo ao meu. Nossos olhares se cruzaram e foi
como se não tivesse mais nada. Gentilmente toquei seus
lábios carnudos com os meus, suas mãos vieram para meu
peito, e pousaram ali.

- Você quer mesmo que eu saia Elena? - beijei-a novamente.


- Não! - murmurou entregue a mim.

Sorri vitorioso, gentilmente uni nossos lábios sentindo sua


maciez, minhas mãos subiram para seus cabelos macios,
apertando levemente. Ela correspondeu na mesma
intensidade, explorando, devorando cada sentimento. Elena
mordeu meu lábio inferior fazendo meu desejo aumentar
ainda mais, meu pau ereto pressionando a calça de
encontro ao seu corpo latejava quase me levando a loucura.

Precisava senti-la por inteiro, impulsionei seu pequeno


corpo para cima, suas pernas circularam minha cintura
enquanto suas mãos foram de encontro ao meu ombro e
cabelo, nossas bocas continuaram a dança sensual.
Caminhei com ela até a cama deitando-a, retirei minha
camisa sobre o olhar da moça que arfava com os lábios
entreabertos e o rosto corado.

Voltei a tomar seus lábios, beijei cada centímetro de seu


pescoço arrancando gemidos dela. Com dedos trêmulos, ela
retirou minha calça e cueca de uma vez, liberando minha
ereção.

- Você é grande. - sussurrou segurando meu pau.

Sem dar tempo para resposta, se ajoelhou a minha frente e


me envolveu com seus lábios, soltei um gemido rouco
absorvendo aquela sensação maravilhosa, meu pau pulsava
a cada vez que ela o engolia, seu olhar não deixou o meu e
isso fez com que o tesão, o desejo por me enterrar nela
aumentasse.

- Elena...- murmurei seu nome quando as ondas do prazer


começaram a me invadir. Tentei afastá-la, mas ela
intensificou seus movimentos e me derramei em sua boca
gemendo seu nome.
- Gostoso. - sua voz rouca repleta de sensualidade me
provocou.

Beijei seus lábios sentindo meu gosto neles, retirei as


poucas peças que ela usava deslizando meus dedos para
dentro dela, estes deslizaram com facilidade.

- Tão molhada cucciola- falei entre os beijos - Eu vou foder


você Elena, foder com força e você vai pedir mais- sem
pudor algum, ela se esfregava de encontro a minha mão.

Desci minha boca para seus seios, passei a língua e ela


soltou um gemido alto.

- Eu preciso de você em mim. - ela suplicou.

Eu também precisava dela, coloquei preservativo me


posicionando entre suas pernas. Foi então que percebi uma
tatuagem do lado de dentro de sua coxa direita, uma rosa
negra muito bem desenhada, parecia esconder alguma
cicatriz. Não me apeguei àquilo e penetrei ela com força.

Elena arqueou as costas e senti o tremor de seu corpo, sua


boceta se contraiu apertando meu pau, os gemidos ficando
altos a cada movimento meu.

- Gostosa do caralho. - falei em seu ouvido. - Você gosta que


eu te foda assim? - minha mão circulou seu pescoço
apertando.

- Mais forte, mais rápido - gemeu, arranhando minhas


costas.

Como se cada célula minha a obedecesse, fiz o que


mandou, virei ela de quatro penetrando-a, falei coisas sujas
em seu ouvido, segurando seu cabelo e seu pescoço
fazendo uma leve pressão, isso fez com que sua excitação
aumentasse e ela gozou falando meu nome. Tomei sua
boca, e continuei invadindo-a até que finalmente cheguei ao
ápice ofegante.
Retirei a camisinha assim que sai dela, nos deitamos
recuperando o fôlego.

- O que significa a tatuagem? - ela sorriu.

- Significa que eu tinha dinheiro e o tatuador tempo.

Quis ficar irritado, mas sorri abertamente com aquela piada


de mal gosto. Observando mais de perto, seu corpo tinha
pequenas cicatrizes, um monte delas, e abaixo da costela
cicatriz maior, como se tivesse levado uma facada ou algo
do tipo.

- E essa cicatriz? - apontei o local.


Seu sorriso morreu, ela me encarou e por uns segundos
percebi que havia dor em seu olhar. Mas disfarçando, voltou
a sorrir e respondeu sem jeito.

- Digamos que eu fui uma adolescente problemática. - sorri


puxando-a para mim.

- Você sabe quem eu sou. - constatei pois ela havia dito meu
nome.

- Dylan Spencer, um empresário de sucesso que vive


estampado nas revistas.

- Nem tanto. - meus olhos estavam pesando - O que você


faz aqui? - perguntei preguiçoso.

- Procurando uma pessoa. - senti seu corpo ficar tenso.

- Um homem? - ela concordou com um aceno de cabeça. -


Porquê?
- Digamos que ele fodeu com minha vida em todos os
sentidos.

- Vingança? - arqueei a sobrancelha, ela se virou montando


em mim.

- Sabia que o senhor fala demais, senhor Spencer? - o


espelho no teto me deu uma visão privilegiada da sua
bunda, seu contato com meu corpo, despertou meus
sentidos novamente.

Ela me beijou e começamos nossa dança, os corpos suados


se batendo, nossas línguas se tocando. As horas se
passaram e depois de saciados pegamos no sono.

Acordei com meu celular tocando, pressionei os olhos antes


de atender, ao olhar em volta percebi que ela não estava
mais ali.

- Don? - era a voz de Ciborgue do outro lado.

- Pode falar.

- Não existe Elena Acero aqui em Milão, nem em lugar


nenhum. Ela é um fantasma.Procurei em todos os bancos de
dados e nada.

Fantasma?!

- Obrigada Ciborgue - desliguei.

Tinha sido enganado embaixo do meu nariz. Quem era essa


mulher? Um fantasma, assim como Electra.
Mesmo muito puto, sorri ao lembrar das horas em que a tive
em meus braços. De uma coisa eu tinha plena certeza, eu
descobriria quem era essa mulher.

O Dylan é lerdo? Sim ou com certeza? 🤣


A todas as pessoas que estão lendo a história, vocês
são maravilhosos.
Não sabem o bem que me fazem 🥰🥰
Amanhã tem mais. Na visão do Henry. Até mais baby
😘😘
Capítulo 28

😬
E como prometido. Aqui está o capítulo na visão do Henry
. Voltamos três anos no tempo. Espero que gostem 🙃

Henry

Minha pequena foi embora, deixando um buraco em minha


alma. Mas diferente do Dylan que se embebedava e se
drogava, eu resolvi me afastar.

A culpa me consumia, ela estava morta porque não fui


capaz de cumprir minha missão a tempo.
Nesses anos todos em que forjei minha morte, doeu demais
mentir para minha mãe e ver o sofrimento dela, doeu
mentir para o Dylan e ver ele se tornando aquilo que nunca
quis, doeu abandonar minha pequena sendo que jurei
olhando em seus olhos que iria protegê-la e nunca
abandonar.

O pior é que nem deu tempo de falar a ela, que fingi estar
morto para pagar uma dívida de sangue que meu pai havia
feito com Don Turgueniev. Dias antes de Mikhail ligar
dizendo que iria atrás dela, caso eu não fizesse o que ele
queria, recebi a visita do Don,que se deslocou de Milão até
o Brasil para cobrar a dívida, e como chefe da famiglia tive
que pagar, pois apesar do que fazemos, temos honra e
cumprimos com nossas responsabilidades.

Don Turgueniev, parecia saber exatamente o que iria


acontecer, pois disse o que aquele russo maldito faria.
Mikhail me pegaria, segundo ele, e torturaria, em
determinado momento iria me oferecer um acordo e nós
seríamos sócios. E assim foi feito, abri mão da minha vida e
fiz todo mundo sofrer em nome da honra.

Passei a observar cada passo do russo, investigando e


atrapalhando sempre que podia. Sempre encobri meus
passos pois ele nunca poderia desconfiar de mim. Contudo
não atrapalhei seus planos sozinho, tive ajuda de Electra, a
hacker que surgiu logo após minha morte. A garota era tão
esperta que ninguém jamais conseguiu descobrir sua
identidade, a desconfiança caminhou comigo ao longo dos
anos e depois que minha pequena nos deixou, ela veio mais
forte pois Electra também sumiu.Talvez ela e a Fer fossem a
mesma pessoa, ou talvez eu é que estivesse ficando louco.

Cheguei em frente ao grande portão de aço da mansão de


Don Turgueniev, os soldados de prontidão permitiram minha
entrada, mas assim que estacionei e desci da minha Ferrari,
todas as armas foram apontadas para mim. Mentalmente
pedi para que atirasse e assim acabariam com meu
sofrimento.
Os homens não se moveram, continuaram estáticos até
Nikolae aparecer, um a um os soldados voltaram aos seus
postos.

- Henry Spencer - o russo sempre calmo me cumprimentou.

- Já sabe para que vim Nikolae. Leve-me ao Don, finalmente


tenho as respostas que ele tanto queria sobre a Kira. - ele
avaliou-me uns instantes e seguiu para dentro da mansão,
fazendo sinal para que o seguisse.

Entramos e me surpreendi, a não ser pelo hall de entrada


adornado por estátuas de deuses nórdicos que continuava o
mesmo, e devo admitir que dava um ar sombrio ao local, a
casa estava com uma atmosfera diferente, como se algo
estivesse mudado.

- Espere aqui senhor Spencer, o Dono está em reunião. Vou


ver se ele pode atendê-lo. - Nikolae se apressou em dizer
assim que chegamos próximo ao escritório.

Ele me deixou sozinho e novamente fui cercado pelos


soldados,sorri com a ironia pois para eles, pouco importava
o inferno a que me submeti por longos quatro anos, ali eu
era o inimigo.

Alguns segundos se passaram e a porta foi aberta, por ela


passou uma moça e meu coração morto, por uma estranha
razão disparou. Tentei ver quem era, mas o gigante a minha
frente atrapalhou a visão. A moça seguiu pela escadaria, a
única coisa que consegui ver quando abriram passagem, foi
seu cabelo negro que descia fazendo ondas até o meio de
suas costas.

Ainda meio atordoado pelas sensações, adentrei a grande


sala. As janelas de vidro davam uma bela visão do jardim
repleto de gardênias brancas e rosas de variadas cores, o
perfume delas invadiam o escritório.

Don Turgueniev estava sentado pensativo atrás da mesa


escura, o rosto uma máscara indecifrável. Parei no meio do
caminho, não por medo, mas porque em meio ao perfume
das flores, senti o perfume dela, um aroma doce meio
parecido com chocolate. Senti a agitação crescer dentro de
mim, porém a voz grave de Don Turgueniev trouxe-me a
realidade.

- Sente-se Henry - indicou uma cadeira vazia à sua frente.


Antes de me sentar, tomei sua mão e beijei o anel onde o
brasão da família estava gravado.
- Don, - comecei - antes de mais nada quero pedir perdão
pela demora em lhe entregar o que queria e dizer que
finalmente tenho respostas . O senhor estava certo,quem
sequestrou e causou a morte da Kira, foi Mikail.

Ele passou a mão pelos cabelos grisalhos, seus olhos


pequenos me sondavam . O silêncio que se seguiu fez com
que eu pensasse se tinha sido uma boa ideia ir até ali.

- Infelizmente para nós dois rapaz, eu já sei disso há algum


tempo.

Em sua testa, já marcada pela idade, surgiu uma ruga e ele


franziu as sobrancelhas. Ele me mataria e aquela frase
confirmou isso, contudo ele pareceu olhar além de mim e
sua expressão se suavizou, os olhos antes
anuviados,ganhou um tom mais claro, parecido com o azul
do céu. Não me deixei abalar, mantive meus olhos nos seus.

- Sabe Henry, se fosse a três anos atrás eu mataria você


aqui mesmo e faria toda sua família sofrer. - ele se levantou
caminhando pela sala, apesar da idade, Don Turgueniev
estava em forma - Mas, alguém pareceu ter compaixão de
mim e enviou alguém para me redimir, a três que essa
doença maldita termine de me comer vivo. - parando em
frente as janelas, ficou em silêncio com o olhar perdido.
Com toda certeza ele falava da mulher que havia saído da
sala a segundos atrás.

Durante o tempo em que fiquei no Brasil perseguindo


aquele verme do Mikhail, ouvi rumores de que Don
Turgueniev tinha uma afilhada. Houve quem se levantou
contra ele, contudo mesmo a beira da morte ele era temido,
e aqueles que ousaram desafiá-lo, simplesmente
desapareceram.
- Minha afilhada se tornará a nova chefe desta família e hoje
ela passará por uma prova. - o homem se virou e me
encarou - Recentemente,ela descobriu um container no
meio da floresta Di Angelo, dentro dele supostamente,
existem crianças e adolescentes, que segundo ela irão virar
slave toys - dando um longo suspiro voltou a se se sentar -
Ela vai até o local libertar as crianças e quem sabe, trazer
Mikhail para para mim.

Absorvi as palavras dele, aquele imundo do Mikhail, mesmo


fugindo não parava. Don Turgueniev se serviu de uma dose
de uísque e continuou.

- O que espero de vocês, Henry Spencer, é que mantenham


ela em segurança. A quero sem nenhum arranhão. Estamos
de acordo?

- Sim Senhor! - Não era como se tivéssemos escolha.

- O comboio sai daqui a pouco. Você e seu irmão têm duas


horas para se organizarem. - alguém empurrou a porta que
estava semiaberta - E só então estará liberado da dívida. -
com um rompante a porta foi aberta e uma garotinha
aparentando ter uns dois anos, entrou tropeçando.

- Vovô! Vovô! - fiquei hipnotizado, seus cabelinhos negros


tocavam o rostinho redondo.

- Alessa, minha bonequinha. - pela primeira vez, vi um


sorriso que não fosse de crueldade no rosto do Don - O que
é isso em sua mão?

- Um sei - ela abriu a mãozinha e nela tinha um pendrive

- Sua mãe sabe que a senhorita pegou isso? - ele pergunta


fazendo cócegas nela.
- Não! Paia vovô!

Confesso que fiquei bobo vendo aquela cena. Quem diria


que Don Turgueniev tinha um coração. A garotinha me olhou
e fiquei intrigado, seus olhos eram iguais ao de Dylan, as
sobrancelhas também.
Não tive tempo de questionar, pois Nikolae entrou pedindo
desculpa e Alessa correu em sua direção gritando "papai".

- Com sua licença, Don - levantei apressado, querendo sair


dali para pensar - devo ir preparar.

Com a dispensa dele, sai da mansão tentando ligar os fatos,


criando teorias doidas perambulando minha mente. Se
qualquer forma eu estava disposto a descobrir o que estava
acontecendo ali.

Não sei dizer ao certo porque Don Turgueniev pediu nossa


ajuda, pois ali havia muitos soldados. Os furgões seguiam
pela estrada de terra, Dylan ao meu lado pressionava o
volante demonstrando sua tensão, não o culpava, eu estava
do mesmo jeito.

O primeiro carro parou antes de chegar à floresta, descemos


com as armas em punho, arrumando os coletes a prova de
balas que Don Turgueniev insistiu que usássemos, seguimos
a pé.

O ar pareceu pesado, meu irmão e eu nos aproximamos do


primeiro furgão e dele vimos a moça descer acompanhada
de Nikolae. Ela trajava uma roupa preta, e estava com
capuz. O russo falou algo para ela que respondeu e em
seguida virou-se para mim e para o Dylan, tinha alguma
coisa familiar naquele rosto, talvez fossem os olhos que
eram iguais ao da minha pequena, mas não tinha certeza.

- Vocês já sabem qual é a missão rapazes. Digam aos seus


soldados, que vamos seguir a pé daqui. - a voz rouca, dava
a impressão que era encoberta por algum aparelho.

Nikolae ditava ordens, enquanto ele mexia no tablet em


suas mãos, parei de ouvir tudo ao redor pois meus sentidos
estavam todos nela, meu irmão parado ao meu lado, estava
no mesmo estado em que eu.

- Vamos em frente- Nikolae gritou assim que ela assentiu.

Dylan instruiu seus soldados e adentramos a floresta. Ali


todo cuidado seria pouco, a adrenalina começou a tomar
conta.

Ah, como senti falta disso!

Com Mikhail, eu nunca participei diretamente em campo, o


que de certa forma era frustrante. Ouvimos disparos
próximo a nós, que foram cessados um segundo depois,
acho que estávamos perto do tal container.

Usávamos as árvores de tronco grossos para nos camuflar,


o chão cheio de folhas secas não ajudava muito, mas
tentávamos ser silenciosos.
Pelo caminho um rastro de sangue fora deixado, algumas
baixas nós homens de Nikolae, porém a maioria eram
inimigos. Não demorou e chegamos a uma clareira, onde
um grande container cinza com inscrições em russo, estava
vincado. Nos aproximamos da porta, só para perceber que a
fechadura era eletrônica.

- Quero ver como vamos entrar. Não tem como passar por
isso daí sem a senha. - Dylan pareceu meio descrente.
Meus olhos foram para as mãos da mulher ao nosso lado,
que soltou uma risada abafada ao ouvir meu irmão, bastou
alguns clicks no tablet e a luz vermelha da porta ficou
verde, fazendo um barulho ao destravar.

- Você estava dizendo o que mesmo irmão? - zombei rindo,


enquanto ela passava por ele dando uma piscada.

O container estava vazio, o que nos frustrou. Nikolae


começou a praguejar em russo. Mas ela não se deu por
vencida, começou a andar batendo suas botas no chão, logo
percebemos um barulho diferente vindo do aço.

- Aqui Nik. - meu coração antes disparado pela adrenalina,


enlouqueceu. Era a voz da Nanda. Talvez o aparelho que
usava tivesse dado defeito.

Olhei para meu irmão que também havia percebido essa


mudança no som de sua voz. O russo fez sinal para nos
aproximarmos, guardamos as armas e sincronizados, nós
três levantamos o alçapão.

- Eu vou primeiro. - Dylan desceu os degraus sem esperar


por respostas.

Porque tem que tentar se matar Dio?

Um a um descemos, o local era escuro, mas dava para


perceber que era uma espécie de salão, dividido por
paredes descascadas e grandes colunas que se erguiam do
chão.

Começamos a andar lentamente atentos a qualquer


movimento, acima de nós, os barulhos de tiros
recomeçaram. Nossas respirações pesadas eram a única
coisa que dava para ouvir ali embaixo.
- Se protejam! - Meu irmão se adiantou antes de sermos
atingidos por tiros.

As balas acertaram as paredes, fazendo voar cacos de


tijolos e cimento pelo local, nos defendemos como
podíamos.

- Armaram uma emboscada para gente, patroa. - Nikolae


sussurrou com raiva, recarregando a pistola. -
Provavelmente as meninas nem estão mais aqui.

- Estão sim Nik! - ela respondeu sem se abalar - Ou não


estariam atirando em nós.

Os tiros cessaram, a garota com a arma em punho se


adiantou e a seguimos. Dylan, que passou dois anos longe
de todos treinando no Abisso, lugar onde eram treinados os
mercenários que trabalhavam para nós, parecia ouvir o que
não ouvíamos, pois segurou a moça pelo braço fazendo-a
ficar de frente para ele e empurrou minha direção. Minhas
costas colidiram com a parede, com a garota presa entre
nós dois. Ele atirou e acertou quem havia nós atacado um
segundo atrás.

Coisa da minha cabeça ou não, dava para sentir nossos


corações sincronizados, e ficou impossível não sentir a
tensão que se instalou em nós três. Ela levantou o rosto
encarando meu irmão, senti seu perfume e minha vontade
foi devorá-la ali mesmo.

- Toma cuidado boneca, - a voz rouca de Dylan quebrou o


silêncio - porque sua morte significa nossa morte.

- Ah! Que fofo. - ela soltou uma risada baixa - Obrigada


bonitão. E não se preocupe, vocês não vão morrer -
pegando nos dois de surpresa, ela colou seus lábios nos
dele - Ainda...- acrescentou se desvencilhando de nós.
- Cazzo! - ele praguejou.

- Você também sentiu, irmão?

Ele massageou a têmpora e passou a mão nos cabelos


desgrenhados, depois soltou um longo suspiro.

- Senti Henry.

Sem mais explicações saiu e fui atrás. Encontramos Nikolae


perto de um corpo.

- Peguei o último patroa.

- Eram três Nik! - ela ficou tensa - O barulho dos tiros


indicavam três pessoas.

Realmente, ela estava certa, o último homem saiu de trás


do Pilar e atirou acertando a afilhada de Don Turgueniev que
caiu com o impacto da bala. O homem se desesperou, pois
aquela era sua última bala, meu irmão foi para cima dele
enquanto Nikolae e eu corremos até a moça.

- Onde estão as meninas desgracado? - o tom ameaçador


de Dylan, fez com que o homem se encolhesse.

- Eu não posso falar, ou ele me mata- o soldado respondeu


cuspindo sangue.

- Você vai morrer de qualquer jeito. Só que comigo vai ser


bem pior.

Sabendo que não tinha opção, e já tendo apanhado


bastante, o infeliz deu a localização das meninas. Sem
pestanejar, Dylan quebrou o pescoço dele.

Nikolae e eu não forçamos a moça a se levantar, ela ficou lá


deitada uns minutos depois me deu a mão e a ajudei, assim
que se pôs de pé franziu a testa em sinal claro de dor.

- Você está bem boneca? - Dylan preocupou-se.

- Não! Esse colete deveria amortecer o impacto também.


Minha costela está doendo para cacete. - resmungou.

- Chega de conversa, né? Vamos logo, a sala fica logo ali. -


Nikolae se adiantou com cara de poucos amigos.

A porta da sala indicada era com fechadura eletrônica


também. A garota pegou o tablet tentando acesso, mas foi
em vão.

- Caralho! Bloquearam meu sinal.

- E agora? Como vamos entrar? - quis saber.

Ela não respondeu, se afastou da porta e falou com alguém


pelo ponto em seu ouvido.

- Space, me bloquearam esses filhos da puta. Preciso que


abra a porta para mim. - fez silêncio - Ótimo! Use meus
códigos. Valeu.

Com um click a porta se abriu, lá dentro, vestindo poucas


roupas, várias meninas entre sete e quinze anos,todas com
olhar assustado. A mais velha se adiantou ficando à frente
das outras.

- Calma! Não vamos machucar vocês. - minha pequena, que


agora não restava mais dúvidas para mim de que era ela,
tentou tranquilizar a menina.

- Cadê a Ava? - a menina perguntou com lágrimas nos olhos.

- Não sabemos. Mas estamos aqui para tirar você desse


lugar. O que aconteceu com a Ava? - ela me olhou
ponderando se respondia ou não.

- Ele levou ela hoje cedo. - disse por fim.

- Sabe para onde? - Dylan interveio.

- Tem...tem uma sala, onde fica o monstro que machuca a


gente, no final desse corredor. - apontou para o imenso
corredor do qual viemos. - Fui lá quando fiquei doente. - a
garotinha estremeceu - É horrível!

A Nanda e o Dylan trocaram olhares, e por fim ela olhou


para Nikolae que assentiu. Não dava para negar que eles
tinham uma conexão e senti uma pontada de ciúmes.

- Delano? Tudo limpo aí em cima? - ela perguntou - Ok!


Desce aqui para ajudar. - virou- se para nós - Vocês dois
vem comigo. Seja rápido, Nik! - acrescentou antes de sair.

- Nós vamos na frente boneca.

- Como se eu fosse alguma donzela em perigo bonitão.

- Minha mulher me disse isso uma vez, e olha onde ela está.
- a amargura estava presente em meu irmão.

- Sinto muito bonitão.

- Eu tenho nome, sabia boneca?

- Eu também tenho, bonitão.

Para um Don, meu irmão às vezes era bem tapado, ou


estava drogado para não perceber que a mulher ao nosso
lado era a Fernanda. Chegamos onde a garotinha indicou, a
porta entreaberta revelou um homem corpulento com fones
de ouvido mexendo em equipamentos cirúrgicos, não era de
se admirar que não tivesse ouvido os barulhos dos tiros.
Em cima da maca velha, já sem vida, uma menina loira sem
metade dos braços e das pernas coberta de sangue. Soube
que era Ava e doeu meu coração ver aquilo.

- É melhor você não ver isso. - me posicionei ao lado de


Dylan tapando a visão da Fer.

Mas ela não me deu ouvidos e entrou.

- Meus Deus!

O homem nem se deu conta que estávamos alí e continuou


o que estava fazendo. Os soldados do meu irmão chegaram
cheios de arranhões.
Nos distraímos com a chegada de Zoe, Chris e Jason, sem
que nos déssemos conta, minha pequena andou decidida
até o homem e socou a cara dele, o homem pego de
surpresa ainda tentou reagir porém ela o derrubou.

- Nem tenta. - ela apontou a arma para a cabeça do homem


- Você vai se arrepender amargamente do dia em que
aceitou fazer o trabalho sujo de Mikhail.

- Você vai me fazer arrepender? - a risada medonha daquele


verme encheu a sala.

- Vamos ver se você vai rir quando tiver seus braços e


pernas arrancados sem anestesia. Ou quando tiver
engolindo seu pênis, animal.

O sorrisinho medíocre dele sumiu,ele fez menção de


levantar, mas Dylan apagou ele.
A Fer pegou um lençol e cobriu o pequeno corpo de Ava.

- Levem ele daqui. - ordenou meu irmão.

- Para onde Don? - Zoe quis saber.


- Para onde boneca?

- Para o cartel da Pozhar, Don. E vocês vem junto, vou te


mostrar que não sou nenhuma boneca. - Dylan sorriu o que
a deixou mais irritada.

Quando saímos, um homem alto de olhos azuis veio de


encontro a nós. Seu rosto mostrava cansaço, seus cabelos
amarelos presos por um elástico, estavam meio
desgrenhados.

- Está todo mundo bem Delano? - ela perguntou.

- Não patroa. - ele coçou a barba - Os homens de Arnold


morreram todos.

- Cuide disso por favor e depois vá para o cartel. Temos


trabalho a fazer.

- Agora mesmo senhora. - ele se virou guardando a arma no


coldre, antes de andar voltou-se para ela - As meninas já
foram encaminhadas ao hospital.

- Ótimo! Mais tarde vamos descobrir de onde elas são. Pode


ir Delano.

Em silêncio retornamos aos carros, cada um preso em seus


próprios pensamentos. Meu irmão vez ou outra encarava a
Fer, que disfarçava muito bem, mas estava tão abalada
quanto nós. Alguns carros já tinham partido quando
chegamos a estrada.

- Pode ir Dylan. Te encontro no cartel.

- Você não perde tempo mesmo Henry.

- Nem você, ou a Fillipa não estaria em casa.


- É complicado...

- Talvez você é quem complique irmão.


Ele seguiu o comboio e eu segui minha pequena. Encontrei
ela no carro, mexendo no tablet, o capuz pendia a suas
costas. Fiquei lá encarando e pensando o que dizer.

- Quando pretendia dizer que estava viva Fer? - seus ombros


ficaram tensos, mas relaxou em seguida.

- Henry Spencer, sempre observador. - ela se virou para


mim sorrindo.

Como prometido a um mês atrás 😅 o capítulo na


visão do Henry.
Capítulo 29

Henry

Dentro do carro, a caminho do cartel, eu me perguntava o


porquê dela ter forjado a própria morte.

- Como é possível você estar viva?! Nós vimos você morta! -


estava perplexo.

- Levar um tiro não estava nos meus planos, Henry. Mas


acabou sendo um fim para o meio.

- Explica isso direito pequena, pois não estou entendendo


nada.

- Depois que você saiu aquele dia, fui torturada de todas as


maneiras possíveis. Me queimaram, afogaram, quase fui
estuprada. - as dobras de seus dedos ficaram brancas de
tanto apertar o volante - Só não aconteceu por causa de
Nikolae que apareceu a tempo e aquele maldito parou. - ela
deu ênfase na palavra maldito.

- Mikhail?

- Não! Alguém tão baixo quanto aquele verme. - fez- se um


longo silêncio até ela continuar - O fato, Henry, é que eles
estavam dispostos a me usar para matar o Dylan e assumir
a Viper. Então decidi ir embora se conseguisse sair de lá.

- E então...

- Então Nikolae me ofereceu uma solução; nós iríamos fingir


minha morte, utilizando uma droga japonesa, que diminui
os batimentos cardíacos, ficando impossível ouvir ou sentir
o coração.
-O médico fez parte disso? - ela sorriu, mas não desviou os
olhos da estrada.

- Sim. Seu irmão me levaria ao hospital, para cuidar dos


ferimentos e Diego cuidaria do resto. Nikolae, após me
deixar com o Dylan, foi para o San Rafaelle, com um áudio
que eu tinha gravado e mostrou para o Diego. Achamos que
daria certo. Mas aí aquele verme apareceu e mataria o
Dylan. Na hora nem pensei, eu tinha que salvar ele. - soltou
um longo suspiro e olhou para mim. - E você...você estava
lá e só ficou olhando.

Me sentia culpado, porém eu não tinha percebido que


Mikhail estava lá, até ouvir o som do tiro. Me mantive em
silêncio esperando ela continuar.

- Depois que entrei no centro cirúrgico e descobri que tinha


perdido meu bebê, - uma de suas mãos foi para o rosto,
limpando uma lágrima que caiu com raiva - eu apaguei.
Acordei um mês depois sem me lembrar de nada, ainda no
hospital.

- Eu sinto muito Fer.

- Não sinta Henry.

- E depois? - incentivei, por mais que aquilo lhe causasse


dor, precisava saber de toda a história.

- Depois Nikolae e Diego me colocaram a par de tudo, e aos


poucos minha memória foi voltando. Mas tive que ficar no
hospital por um longo tempo. - dava para ver que ela
escondia algo - Eu quase morri Henry, mas por alguma
razão desconhecida, alguém me quer viva.

- E Alessa? A garotinha que vi lá na mansão? - tomei


coragem para perguntar - É sua filha?
- Sim.

- E do Dylan?

- Não! Acabei de te dizer que perdi o filho do Dylan. - a


forma seca como me cortou confirmou minhas suspeitas.

- Não precisa mentir para mim pequena. Eu te conheço


muito bem.

- Ela é minha e do Nikolae.

- Para Fernanda! - me irritei - A menina é a miniatura do


meu irmão. Qualquer um pode ver isso.

Ela não respondeu. O resto do caminho foi feito em silêncio,


o cartel da Pozhar era no meio do nada, assim como o
complexo. Entramos em uma área que mais parecia um
sítio, cheio de árvores nos arredores, uma espécie de campo
de treinamento improvisado, alguns obstáculos, vários alvos
já bastante alvejados e uma casa de andar único, um pouco
afastada de tudo aquilo. Ela estacionou o carro longe dos
soldados e me encarou.

- Por favor, não diga nada para o Dylan sobre mim.


Aparentemente ele não percebeu e tenho coisas para
resolver antes de voltar.

- É sério que você não vai contar Fernanda?

- Está me julgando Henry? - riu com escárnio - Você, de


todas as pessoas do mundo, é o único que não pode me
julgar.

- Eu tive meus motivos e você sabe quais foram.


- Eu também tenho os meus. - Seus olhos deixaram os meus
- Não posso voltar agora sem estar preparada, e não posso
contar para o Dylan. Não quero nenhum "herói" - fez aspas
com os dedos - tentando me proteger.

Saímos do carro e ela fez menção de caminhar, porém


segurei seu braço impedindo-a. Imediatamente, os soldados
que estavam próximos a casa, apontaram suas armas para
mim.

- Acredite em mim quando digo, você só vai sofrer.

- Eu sei muito bem direcionar meu sofrimento, Henry. - sua


mão foi até a minha retirando-a de seu braço - Electra é a
prova disso.

Fanculo! (Caralho)

- Eu sabia! - minha desconfiança sempre esteve certa. -


Sabia que era você.

- Você me mostrou o caminho, Henry, eu só segui em frente.


- Soltando um longo suspiro, voltou a acrescentar - Te peço
mais uma vez, que não conte nada para o Dylan.
Aquele brilho no olhar sempre me desarmou. Pensei um
pouco, não podia trair a confiança do meu irmão de novo,
por outro lado não podia trair ela também.

-Henry?

- Tudo bem. Faremos do seu jeito pequena. Mas se eu sentir


as coisas se complicarem, conto tudo para meu irmão. Não
quero ficar escondendo as coisas dele novamente.
Ela assentiu e fomos para a casa. Os soldados me
encaravam, mirando suas armas em mim.
- Podem baixar as armas rapazes. Ele não me machucaria,
mesmo se quisesse. - ela sorriu passando por eles.

Adentramos o local, os móveis antigos e rústicos, dava um


ar sofisticado ao ambiente, contudo não tive tempo para
admirar, seguimos pela sala até chegarmos a uma porta,
ela digitou a senha e descemos um lance de escadas até
uma sala de tortura, quase igual a que tínhamos no
complexo.
Nikolae e o loiro com cara de psicopata estavam lá, com o
médico amarrado em uma espécie de cama, o canalha
mantinha um sorrisinho cínico no rosto.

Ninguém tinha ideia do que ela faria com aquele canalha,


afinal de contas, uma mulher não tinha sido feita para
aquele tipo de trabalho. Corrigindo, a Fer não tinha sido
feita para aquilo. Ela era doce demais e meiga demais.
Fui para perto do Dylan que estava em pé do lado esquerdo
da sala. Os " três mosqueteiros", estavam com ele. Chris
não parava de encarar minha pequena.

- Conseguiu o que queria, Henry?

- Mais do que imagina irmão. - Tratei de fechar minha boca


para não falar demais.

Voltamos nossa atenção para as pessoas perto da mesa,


que conversavam em russo, eles falavam baixo, logo não
entendemos. Depois de negar algo, finalmente a Fer foi até
o homem.

- Vamos conversar, doutor. - o deboche em sua voz fez meu


irmão sorrir. - Você trabalha para Mikhail, certo? Me diz onde
ele está.

- Me desamarra daqui princesa, e eu mostro onde o patrão


está. - o maldito continuou a sorrir.
Ela graciosamente foi até a mesa onde objetos estavam
espalhados, pegou uma seringa com um líquido dentro, um
abridor de boca com afastador de língua, daqueles
utilizados por dentistas e um alicate.

- Delano, me ajuda aqui.

O loiro prontamente fez o que lhe foi pedido, segurou a


cabeça do homem, enquanto ela enfiava o objeto em seus
lábios. Com um sorriso no rosto, ela aplicou o líquido no
braço do infeliz que tentava gritar, mas só saíam gemidos
desconexos.

- Sabe o que eu acabei de aplicar em você, doutor? - ele


grunhiu. - Adrenalina. Isso vai manter você bem acordado
enquanto brincamos. - o homem começou a se debater, ela
riu de seu desespero. - Você gostou de tirar os dentes das
garotinhas,não é? Gostou de transformá-las em bonecas
humanas, não gostou? Vamos ver se gosta agora.

Um a um os dentes do homem foram arrancados, os garotos


foram ensurdecedores, mas ela não parou, depois dos
dentes, os olhos do infeliz foram furados.Don Ivan tinha
treinado um sucessor a , disso eu não tinha mais dúvidas. O
que quer que tenha acontecido com ela, fez com que
mudasse seu jeito de pensar. À minha frente, estava uma
cópia do meu irmão, se divertindo com o sofrimento do
homem, já tinha presenciado o Dylan em ação e era
exatamente assim.

- Vai falar agora, doutor? Acabe com seu sofrimento e me


diga onde encontrar Mikhail. - indagou após retirar o abridor
de boca do homem.

- E-e-eu usava um telefone para falar com ele. - ele disse


com dificuldades. - estava nas minhas coisas.
- Não foi tão difícil, foi? - sua mão estalou no rosto do infeliz.

Ela deixou alicate de qualquer jeito e falou para o loiro algo


em russo, deixei que meus olhos pousassem no meu irmão,
ele por sua vez não tirou os olhos dela nem por um .

- Acho que eu estou apaixonado, Henry!

Que ironia. Ah se você soubesse.

- Tira o olho que ela é minha! - brinquei.

- Vamos ficar com ela, os dois. Como antes. Lembra?- ele


sussurrou para mim com um sorriso cafajeste no rosto.

Os gritos do médico implorando para morrer, nos impediu


de continuar a conversa. Dylan foi para perto da maca,
ficando próximo a Fer.

- E então, boneca? Vai matar ele?

- Vou. Mas antes, vou cumprir a promessa que fiz para este
verme lá no Container. Ele vai virar uma slave toy, e vai
sentir todo processo. - ela foi até a mesa e pegou uma serra
elétrica.

- Deixa que eu faço isso. - ele pegou a serra dela.

- Como quiser, bonitão.

- Por onde quer que eu comece?


- Pelas pernas e depois os braços. - Tinha uma certa
empolgação no seu modo de falar.

Dylan fez exatamente o que ela disse, sem piedade. A


Nanda furou os tímpanos do homem e por último,
segurando uma tesoura de podar árvores, ela cortou o pênis
dele, enfiando em sua boca.O homem quase morto, acabou
de sufocar.

Dylan e a Fer se limparam, ela seguiu para a saída e nós


também.

- Não existe mais dívida, vocês estão liberados. - de certa


forma respirei aliviado. - Obrigada pela ajuda.
Seus olhos se demoraram em Dylan e por fim ela sorriu, e
ele deu um passo em sua direção ficando muito próximo de
seu corpo.

- Por que está à procura de Mikhail?

- Esse homem maldito, acabou com minha vida e com a do


padrinho. Então senhor Spencer, cuidarei para que ele
pague.

- Esse figlio di puttana, irritou muita gente, boneca. Mas


ninguém vai tirar de mim o prazer de ter o sangue dele nas
minhas mãos.

- Podemos trabalhar juntos. - soltei de repente,


surpreendendo os dois.
- Se não tiver problemas para o Don, podemos nos unir.

- Meu maior desejo é pegar esse homem, que desgraçou


minha vida. - ele respondeu chegando mais perto e tocando
o rosto dela. Temos um acordo boneca.

- Temos, Don Spencer. - respondeu dando um passo para


trás.

Delano apareceu, e entregou um celular que ela pegou


sorrindo.
- Senhores, devo ir. Tenho alguém me esperando e preciso
me dedicar a isto aqui. - levantou o celular. - Manteremos
contato, bonitão.

Ela seguiu Nikolae que se encaminhava para um dos


furgões, alcancei minha pequena segurando seu braço.

- Posso ir te ver?

- Provavelmente eu vou me arrepender disso, mas eu


também quero te ver, Henry, temos muito o que conversar.

Estava com um sorriso no rosto quando entrei no carro, e


Dylan seguiu para a mansão, ele estava pensativo como
sempre e sério.

- O que está passando meu irmão?


- Ela se parece demais com a Nanda. - não confirmei. - Eu
quero ela irmão e foda-se a Fillipa.

- Já disse, tira o olho.

- Ah, para! Vai se fazer de difícil agora?

- Não! Vamos conquistar a moça aos poucos, Dylan e foda-


se a Fillipa. - rimos. - Quanto ao Mikhail, não pense que vai
se divertir sozinho.

- Claro que não.

Era ótimo ver meu irmão sorrindo, desses anos de


sofrimento. Às vezes o fim justifica os meios.

Dylan
Cheguei em casa agitado e nervoso, fui direto ao escritório
pois sabia que o Henry estava lá, não queria ir para o quarto
e ter que ver Fillipa, não estava com paciência para isso.

Não agora! Cazzo!

Não encontrei Mikhail na Dance in Love, mas encontrei um


fantasma. Como fui idiota esse tempo todo. Assim que
entrei, encontrei Henry mexendo em uns papéis, mapas dos
locais onde chegavam as mercadorias de Mikhail, assim que
me viu deu um sorriso.

- Que bom que finalmente resolveu dar o ar da graça irmão.


- debochou. - Tenho o ponto exato, onde devemos ficar para
que aqueles figlios dia puttanas não consigam nos detectar.

- Lê isso Henry, e me diz o que você acha. - entreguei o


celular mas ele não leu e prossegui - Ontem na Dance in ,
fiquei com uma ragazza, Elena Acero, segundo ela. Quando
acordei, não estava mais no quarto e segundo Ciborgue, ela
não existe.

- Que imaginação fértil Dylan. - gargalhou.

- Cala a boca palhaço e escuta. - me afastei, sentando na


grande poltrona ao lado da porta. - Ela procurava alguém,
um homem que nas palavras dela, fodeu com sua vida. -
irritado massageei a têmpora. - Foi estranho, Henry, me
senti conectado a ela. Que imbecil eu fui.

- O que tem na mensagem?

- Leia, Henry.

A mensagem, que eu já tinha decorado dizia: " Pare de se


matar senhor bonito, precisamos de você vivo."
- É a Fernanda, Henry! Que inferno! Era só o que me faltava!

Ele não disse nada, mas sua expressão dizia que ele sabia
de algo.

- Calma, ok? Ela deve ter um motivo para ter feito o que fez.

- Eu não quero saber quais foram os motivos dela. Qual é?


Todo mundo que eu amo vai ter Crise de Henry agora? E
forjar a própria morte?

- Crise de Henry? - ele riu, o que só aumentou minha raiva.

- Cala a boca cazzo! - esbravejei - Eu quase me matei


quando fui para o Abisso. Queria me encontrar com ela,
Henry! - a raiva tomava conta de mim- Sabe de uma coisa?
Vou dar uma chance para a Fillipa, como o Dimitri me
aconselhou nesses cinco anos. Não quero saber mais da
Nanda na minha vida.

- Não seja estúpido, Dylan! - ele se levantou. - Você não


sabe o que a levou a fazer isso, e depois vai se arrepender.

- Está defendendo ela porque, Henry? - De repente aquele


diálogo dele sobre estar gostando de alguém do passado
veio à tona. - Seu figlio di puttana! Você sabia esse tempo
todo. - dei um passo ameaçador em sua direção,ele não
recuou, e eu não podia perder o controle. - Você está com a
MINHA MULHER? - passei a mão nos cabelos nervoso.

- Eu juro que não te entendo Dylan. - ele estava tão irritado


quanto eu. - Faz o que você quiser, mas depois não vai se
arrepender. Não estamos falando só da Fer.

A porta se abriu assim que ele parou de falar e Fillipa entrou


com um convite negro nas mãos. Estava com um vestido
vermelho que marcava suas curvas, mas não senti nada
olhando para ela.

- Isto é de Don Turgueniev.- me estendeu o convite,


franzindo a testa ao perceber o clima ali dentro. - Atrapalho
alguma coisa?

- Não! - Henry voltou a se sentar. - O que é isso?

- Estamos convidados para a ascensão do novo Don.

-Temos algumas horas ainda. Pode sair, estou conversando


com meu irmão. - cortei-a seco.

- Dy...

- SAIA AGORA, PORRA!

Ela deu meia volta e fechou a porta com raiva.

- Você bateu nela,Dylan? - Henry tinha visto as marcas roxas


em seu pescoço.

- Não! Mas fiquei cego pela raiva e apertei o pescoço dela.

- E você acha que isso é dar uma chance? Quantas vezes


você ficou com ela?

- Duas ou três. Mas estava drogado ou bêbado demais para


saber o que estava fazendo. Só que agora essa merda
acabou, chega de sofrer por alguém que só fez rir pelas
minhas costas. - abri a porta - Vou dizer a Fillipa que a partir
de hoje, vamos ter nossa família. Vou tirar a Nanda da
minha cabeça, nem que seja a força.

Deixei o Henry protestando e subi para o quarto, mas


acabei entrando onde era meu quarto e de Nanda e lá fiquei
remoendo minha raiva e os pontos começaram a se ligar.
Elena sumiu sem deixar rastros, do mesmo jeito que Electra.

Claro porra! Electra, Elena e Fernanda são a mesma pessoa!

-INFERNO! -Me joguei na cama que ainda tinha o cheiro


dela. - Você me enganou direitinho ragazza! Direitinho!

Henry

Finalmente o Dylan percebeu, mas essa raiva dele ia colocar


tudo a perder.

Fanculo, Dylan! Fanculo! Testardo!( Caralho,Dylan! Caralho!


Cabeça dura!)

Ele estava indeciso quando entrou, dava para ver sua luta
entre acreditar ou não, e essa noite prometia. Durante esses
anos, ele trabalhou próximo a ela e não percebeu a verdade
que estava embaixo de seu nariz, mas hoje eles se
encontrariam, sem disfarces, sem máscaras ou nomes
falsos.
Para mim era péssimo, pois apesar de termos nos
aproximado, e ficamos algumas vezes, a Fer amava o Dylan
também e como ela colocou, estava confusa.

No horário que marcava o convite, chegamos à mansão e


seguimos para o estacionamento, que estava bem cheio de
carros. Provavelmente, alguns associados estariam ali
também, afinal o evento era para a ascensão do
novo....nova Don.
Minha pequena disse que era para eu me preparar, pois
muitas coisas estavam por vir.
Eufórico, andei ao lado de meu irmão e de Fillipa que estava
elegante em seu vestido vermelho, que descia até metade
das coxas e parecia muito feliz. Andamos pelo jardim até o
espaço onde Don Turgueniev costumava dar suas
recepções.

O local estava enfeitado com tulipas brancas, a decoração


em vermelho e gelo, fazia contraste com elas, as mesas
dispostas pelo local, estavam todas cheias, pessoas de
dentro da máfia, os conselheiros, policiais e políticos,
empresários e a frente de todos eles, próximo ao espaço
reservado para dança, Don Turgueniev com seu olhar altivo,
observava a todos.

Apesar de bastante debilitado e com uma bolsa de sangue


ligada a seu braço, sua presença imponente, , emanava
perigo. O salão estava dividido entre os que tinham medo e
os que respeitavam aquele homem.

Deixei que meu olhar vagasse e o número de soldados


armados chamou minha atenção, mas ela disse que iria
acontecer alguma coisa, os soldados deveriam ter algo a
ver com isso. Meu olhar encontrou Dimitri, que bajulava um
político, sempre sorrateiro, encontrando uma maneira de se
beneficiar.

Nos sentamos próximo a Don Turgueniev, a pedido dele, as


horas se passaram enquanto conversávamos. Fillipa sempre
achando um jeito de ter atenção do Dylan, este por sua vez,
parecia alheio a tudo. Quando ele olhou para mim, pude
perceber que ele havia ligado os pontos, sabia que era o
sucessor de Don Turgueniev. Ainda me olhando, virou todo o
líquido do copo na garganta.

- Senhores. - a voz rouca do Don reverberou pelo salão -


todos sabem que eu estava a procura de um sucessor à
altura, depois da traição de Mikhail e da morte de Kira. -
todos levantaram suas taças ao ser pronunciado o nome de
sua filha, uma maneira de honrar sua memória. - E a cinco
anos atrás, os deuses me agraciaram, e trouxeram a pessoa
que hoje assumirá meu lugar. - ele se interrompeu devido a
tosse, assim que acalmou voltou a falar. - Eu mesmo a
treinei. Ela passou pelos piores treinamentos e sobreviveu a
todos. Que fiquem cientes, todos aqueles que se levantarem
contra ela se levantarão contra mim. "Agraciado seja o Don!
Vida longa a Pozhar."- ele pronunciou em russo e todos
repetiram. - Chegou a hora de conhecerem seu novo, ou
melhor, sua nova chefe.

Descendo as escadas em um vestido preto de gala, que


combinou perfeitamente com seu tom de pele, minha
pequena apareceu. Todos no salão se levantaram, ela se
aproximou de Don Turgueniev beijando sua face, ainda em
pé, ela recitou um juramento russo ditado pelo homem, ao
fim do juramento, ele lhe entregou o anel com brasão da
Pozhar.

- YA budu chtit' tebya, krestnyy otets. YA sokhranyu vashe


naslediye i vashe imya. ( Eu honrarei o senhor, padrinho.
Manterei seu legado e seu nome.)

O velho sorriu, ele estava feliz. Palmas explodiram pelo


salão, a nova Don tinha ascendido. As pessoas voltaram a
se sentar, Fillipa estava branca feito papel, nem aqueles
quilos de maquiagem esconderam isso. E quando encarei
Dimitri, estava pior, parecia que ia ter um ataque cardíaco.

Com um pequeno aceno de cabeça dela, os soldados


fecharam o salão e tomaram seus postos com as armas em
punho.
- Senhores. - Ela cumprimentou, parando o olhar em meu
irmão e na mão de Fillipa que estava pousada no braço
dele. - Gostaria de lhes contar uma história.
Com um lindo sorriso no rosto, ela deu início ao show.

Nanda voltando: Vocês não sabem o prazer que é


estar de volta. 😂😂
Capítulo 30

Oie, demorei mas postei. Esse capítulo é um


pouquinho maior que os outros. Espero que gostem.
Boa leitura. ( Próximo capítulo teremos nossos três
pombinhos juntos😏)

Nanda

Algumas horas antes da ascensão.

Cheguei à mansão pela manhã, sem que ninguém me visse.


Entrei seguindo pelas escadas a caminho do quarto onde
dormia com Alessa. A uma hora atrás falei com Ingrid, e ela
me disse que minha pequena estava bem e dormindo.

Nunca foi minha intenção passar a noite fora de casa, o


plano sempre foi entrar na Dance and Love, conseguir
acesso ao Sistema de forma remota e sair sem levantar
suspeita, mas aquela tentação de olhos verdes em forma de
homem apareceu e foi tudo por água abaixo.
Acontece que uma semana atrás, Delano viu Mikhail
entrando na boate recém inaugurada, como eles tinham
proteção contra hackers, eu tive que ir até lá para podermos
então agir, porém o russo nunca apareceu, e eu tive uma
bela surpresa.

Não imaginava que a boate era dele, tão pouco Henry me


alertou, por sorte, como da primeira vez que nos vimos,
após minha suposta morte, ele não me e veio atrás de
mim, tive que fingir e agir como se não o conhecesse.
Durante esses anos acompanhei sua mudança, mas ver
aquelas cicatrizes espalhadas pelo seu corpo e uma
tatuagem que cobria boa parte de seu peito, pude perceber
que ele esteve mergulhado no mesmo inferno que eu.

Entrei no quarto sem fazer barulho, Alessa dormia como um


anjinho, dei um beijo em suas bochechas gordinhas, e fui
para o banheiro tirar aquela máscara e aquela peruca que
estavam me matando.

Foi assim que o Dylan não me reconheceu esses anos todos.


Os russos criaram disfarces para não serem pegos, a
máscara que eu usava, era feita de pele sintética que
moldava a pele natural, transformando quem a usasse em
outra pessoa. Doeu um pouco para retirá-la, mas já estava
acostumada com essa parte da minha vida.

Depois de tomar um longo banho, fui me deitar com minha


bonequinha e mesmo sem querer comecei a pensar sobre o
evento de hoje a noite

O nervosismo tomava conta de mim, nem podia acreditar


que depois de cinco longos anos, esses filhos da puta
finalmente iriam pagar.

Foram longos dias de treinamento pesado, elevando a


resistência do corpo e da mente e confesso que o pior foi
passar pelo treinamento psicológico. Por vezes achei que
não conseguiria, tinha dias em que só queria chorar, correr
para os braços do Dylan , e dizer que estava viva e que
tínhamos uma filha, porém aguentei cada desafío a que Don
Turgueniev me submetia, porque ser hacker nada adiantava
sendo o Don da máfia russa, e tendo que lidar com todos os
tipos de criminosos.

Nikolae, quando me trouxe para cá, contou todas as coisas


que haviam acontecido comigo para Don Turgueniev e ele
permitiu que Nick me treinasse. Aliás, recebeu a Alessa e
eu como se fossemos sua família. E depois de um tempo
em que Nikolae me treinava, ele resolveu assistir e neste
dia, o Don, decidiu que seria meu mentor, padrinho, como
eu o chamava e me pediu para que eu fosse sua sucessora,
e assim foi. Neste tempo em que estive com ele, descobri o
assassino de Kira, da esposa e filha de Nikolae e da minha
mãe.

Não tinha sido fácil passar pelas missões de campo, toda


vez que íamos cobrar alguém ou negociar alguma
mercadoria, acabava em tiroteio e muitas mortes. Os
homens de Don Turgueniev, eram mortais, cruéis, atiravam
primeiro e perguntavam depois, e não me respeitavam até
que enfrentei Delano em um de seus ataques de campo,
onde o alvo era uma mulher e suas filhas. As memórias
deste dia estavam vivas em minha mente.

(...)

Delano, arrebentou a porta e atiraria na garotinha de


cabelos vermelhos que estava aterrorizada olhando-nos.
Sua mãe chorava e implorava por misericórdia e ele como
sempre, demonstrava crueldade.

— Cala a boca vadia. — ele disse. — O prazo para o


pagamento acabou. — sorrindo ele apertaria o gatilho, mas
me coloquei à frente da garotinha. — Sai da frente menina,
meu negócio não é com você.

Mesmo correndo risco de levar um tiro no meio da testa,


ignorei seu alerta e o encarei.

— Você não vai atirar nessa menina. — falei com uma calma
que me assustou. — Até agora soldado, as coisas foram do
seu jeito e não chegamos a lugar nenhum. Agora as coisas
serão do meu jeito, Delano.
— Menina, você não sabe onde está se metendo. Saia da
minha frente, INFERNO! — cada palavra dita por ele, era de
ódio, mas não recuei.

— Acredite em mim, soldado sei exatamente onde me meti.


Agora você escolhe, ou me mata de uma vez, ou saia daqui.
Ele me encarou, seu belo rosto contorcido pela fúria, mas
acabou recuando, cuspindo fogo.

— Você tem dois dias, vadia. Dois dias para conseguir o


dinheiro do Don. — ele falou antes de sair. — Eu vou voltar e
ninguém vai salvar você.

A mulher em prantos, disse-me que o marido havia fugido


levando todo o dinheiro que ela tinha guardado para pagar
Ivan Turgueniev. Deixando ela e as filhas sem nada.

— Você tem uma conta no banco?

— S-s-sim! — a mulher não parava de tremer.

— Eu vou transferir o dinheiro para que você possa quitar a


dívida com o Don, e mais uma quantia para cuidar de suas
filhas. Tudo bem?

— Porque está fazendo isso? — quis saber a mulher


incrédula.

— Porque, apesar de não parecer, eu não sou um monstro.

—Eu não vou ter como pagar a senhora. O dinheiro que


emprestei do Don, foi usado para o tratamento da minha
filha que está com leucemia. — ela voltou a chorar.

— Não vou cobrar nada de você por isso, fique calma. — fui
até a minúscula cozinha pegar um copo de água. — Só te
peço uma coisa. — me sentei próxima a ela, entregando o
copo de água. — Só te peço uma coisa. Quando seu marido
voltar, e ele vai voltar quando ficar sem dinheiro, você vai
me avisar e darei uma lição nele.

Ela concordou. Peguei meu celular e fiz a transferência para


a mulher, que me disse se chamar Giulia, e pedi que ela me
procurasse assim que a dívida fosse paga. Assim que saí da
casa, encontrei Delano falando ao telefone e pela cara
estava muito puto.

— Ok Don! — foi o que ele disse antes de desligar. — O que


você conversou com aquela vadia?

— Giulia! O nome dela é Giulia e não vadia. — olhei para o


meu braço que ele capturou em um aperto — É melhor me
soltar, Delano, ou quem vai acabar com uma bala no meio
da testa é você. — ele riu debochado.

— Admiro sua coragem devonchka ( menina). Mas não


gosto que se metam nos meus negócios. E muito menos,
gosto de trabalhar com mulheres. — se aproximou ainda
mais e por um instante fiquei intimidada. — Você é burra, e
vai acabar morrendo. — segurei sua mão e retirei do meu
braço, sem deixar de encará-lo.

— Eu não tenho medo de você e de ninguém aqui. Tão


pouco sou uma menina. — Os soldados nos olhavam
assustados. — Afinal de contas, já estou no inferno mesmo.

Fiz menção de entrar no carro, mas parei e voltei meu olhar


a ele.

— Não pense, nem por um segundo que irei permitir que me


trate com essa arrogância e desrespeito, porque não vou.

Ele me fuzilou com o olhar, depois dispensou os soldados e


voltamos para o cartel. O loiro,não disse uma palavra, mas
depois desse dia ganhei o respeito, admiração e lealdade
dos soldados, e o mais importante, de Delano.

(...)

Observei o rostinho redondo de Alessa que tinha se movido,


passei a mão pelos cabelos negros dela que estavam
espalhados pelo travesseiro, ela resmungou alguma coisa
mas não abriu os olhos.

Uma coisa era certa, se Dylan pusesse seus olhos nela,


saberia que ela era sua filha. E se nossos inimigos
soubessem de sua existência, um alvo estaria pintado em
suas costas. Isso eu não poderia permitir.

— Então, uma coisa eu te prometo, bonequinha. Nunca vou


permitir que ninguém te machuque. Já tiraram seu irmão,ou
irmã de mim. Não vou permitir que me tirem você também,
Alessa.

Sorri e me levantei devagar para não acordá-la. Tinha que


falar com o padrinho.

— Mamãe? — ela chamou quando eu abria a porta. —


Porque demolou tanto?

— Fiquei presa em um negócio, minha anjinha. — voltei para


perto dela. — Ainda está cedo, volte a dormir meu amor.

— O papai quelia falar com você. — sua vizinha rouca


diminuindo. — Palecia bavo.

Era realmente incrível a semelhança dela com o Dylan, os


olhos, sobrancelhas e nariz, sem contar que às vezes
parecia uma ogrinha quando ficava brava.
— Tudo bem meu amor. Volte a dormir. — dei um beijo em
sua testa. — Vou falar com o vovô Ivan e depois eu falo com
o papai. E aí — fiz cócegas nela fazendo com que se
contorcesse dando risada. — vamos tomar um sorvete
gigante. O que acha?

— Eu quelo. — disse se ajeitando na cama e fechando os


olhos.

Arrumei os cobertores ao seu redor e sai buscando por Don


Turgueniev. Encontrei-o no jardim observando as flores,
parei ao seu lado mas não disse nada.

— Gardênias eram as favoritas da Kira. — ele quebrou o


silêncio.

— Sua filha tinha bom gosto padrinho.

— Onde passou a noite? — ele mudou de assunto, me


encarando.

— Com o Dylan. — respondi observando seus olhos azuis.


Ficamos em silêncio uns minutos e depois eu soltei de uma
vez o que estava me incomodando. — Estou com medo,
padrinho. E se eu não conseguir?

— Está com medo de comandar esta família, ou medo de


enfrentar seu marido?

— Os dois. — ela deu uma risada rouca.

— É engraçado você dizer que está com medo, uma vez que
não teve medo do treinamento pelo qual se submeteu, e
não teve medo de contar para seus amigos e irmãos que
estava viva. O que realmente te aflige, minha filha?
— Tudo. Meu pai, a Ella, e o Dylan. E se eu não conseguir
seguir em frente?

— Eu confio minha vida a você, Electra. — ele sempre me


chamava assim.

— Por favor, não faça isso. — disse sorrindo e ele riu.

— Posso te perguntar uma coisa? — confirmei com um


aceno de cabeça. — Você ama o Don Spencer?

— Amo muito, padrinho.

— E o Henry?

— Pode parecer loucura, e eu sei que estou sendo egoísta,


— exitei um pouco antes de continuar. — mas eu o amo
também. — me sentei no banco onde ele estava. — Mas
isso é errado, não é?

— No amor, não existem erros Fernanda. — ele segurou


minha mão. — Se esse sentimento vai fazer vocês felizes,
siga seu coração. Porque se não fizer isso, vai se
arrepender. E acredite em mim, conviver com o
arrependimento é algo terrível.

Antes de eu responder, Don Ivan tombou tossindo, de seus


lábios escorria sangue. Amparei seu corpo desesperada e
gritei por ajuda.

— NIKOLAE! DELANO! AJUDA AQUI. — Virei o rosto de Ivan


para que não afogasse — NIKOLAE!

Não demorou e eles apareceram correndo e o levaram para


dentro. O médico que praticamente morava ali, conseguiu
estabilizá-lo. Não me deixaram entrar, apenas Nikolae ficou
lá com ele, o médico saiu e depois o russo com cara de
poucos amigos. Desde a missão no contêiner, ele vinha
agindo assim.

— Como ele está Nik?

— Tomando sangue. — respondeu seco. — O médico disse


que a doença está arrebentando ele por dentro. Não há
nada o que se possa fazer, além de retardar o inevitável.

Eu sabia que esse momento chegaria,mas não estava


preparada para receber essa notícia. Saber que ele não iria
melhorar me deixou mais aflita que o normal.
Nikolae limitou-se a me olhar e ia passando por mim
carrancudo, entrei em sua frente impedindo que ele
passasse.

— Vai me dizer o que está acontecendo? Ou vai continuar a


agir feito criança?

— Quer saber o que está acontecendo Nanda? Você vai tirar


a Alessa de mim, assim que se acertar com o Spencer. —
ele falou entrementes. — Acha que eu não vejo você se
agarrando com o Henry pelos corredores? Acha que eu não
sei que você passou a noite com o Dylan?

Fiquei sem palavras, sem acreditar naquilo que estava


ouvindo.

— Quem foi que te disse, que passei a noite com o Dylan?!


— quis saber indignada.

— Delano me contou. — a essa altura, estávamos os dois


alterados.

— Ah! Eu vou matar o Delano! Que inferno! — respirei


algumas vezes para me acalmar. — Coloca uma coisa nessa
sua cabeça, russo. A Alessa é sua filha, e eu nunca tiraria
ela de você.

— Porque não me deixou registrá-la então?

— Por que não seria justo com você, Nikolae. E nem com o
Dylan. — ele não pareceu convencido. — Guarda suas
armas russo, eu não sou o inimigo aqui.

— Onde está minha filha? — perguntou cabisbaixo.

— Dormindo Nikolae. — me aproximei dele, soltando um


suspiro de frustração. — Você é minha família, minha e da
Alessa. Me machuca você pensar que eu seria capaz de
separar vocês dois. Jamais faria isso Nikolae.

Deixei ele no corredor e fui para o quarto com um nó na


garganta. Para dizer a verdade, depois dessa noite eu não
sabia o que de fato iria acontecer e que rumo iria tomar
nossas vidas. O Dylan a essa altura, já sabia que havia
passado a noite comigo e me preocupava o jeito que ele iria
reagir.

As horas se passaram e durante o dia fiquei com minha


pequena, passeamos, brincamos e tomamos sorvete.
Nikolae também apareceu, quem nos visse, acharia que
éramos uma família feliz.

— Quando vou conhecer meu outo pai? — Alessa perguntou


de repente.

— Seu pai vai à festa da mamãe hoje a noite, meu anjinho.


— olhei para Nikolae de cara feia.

— Será que ele vai quelê me ver?


— Por que não iria querer meu amor? — perguntei passando
a mão em seu rostinho e o sorriso que ele deu fez meu
coração se apertar. — Mas antes de te apresentar para seu
outro papai, eu preciso conversar com ele. Está bem?

— Sim mamãe. — mal respondeu e já estava com a boca


cheia de sorvete.

O resto da tarde passou muito rápido. Dei instruções a


Giulia, que agora trabalhava para mim. Ela não poderia
deixar a Alessa sair da mansão por nada no mundo e para
isso, alguns soldados foram designados para ficarem na
casa também.

Enquanto Don Turgueniev falava com as pessoas do salão,


cada vez mais meu nervosismo aumentava, andava de um
lado para o outro tentando acalmar meu coração.

— Hoje eu vou poder me divertir, devochka? — o loiro me


encarava com sorriso zombeteiro.

— O Dimitri é todo seu Delano. — respondi.

— Não fique nervosa Don. Está para nascer uma pessoa


igual a você, forte, obstinada, que não tem medo de lutar
por aquilo que quer.

— Não adianta puxar meu saco. Eu ainda estou brava com


você russo linguarudo.

— Eu tentei. — ele se afastou com as mãos erguidas rindo.

— Delano, obrigada! — ri também.


No salão, Don Turgueniev terminava seu discurso, reuni toda
minha coragem e desci as escadas com um sorriso no rosto,
sem deixar transparecer a batalha interna a que estava
submetida.

Senti os olhos do Henry e do Dylan em mim, me obriguei a


caminhar sem vacilar até Don Turgueniev, junto dele, fiz o
juramento da Pozhar, todos aplaudiram. Agora não tinha
mais volta, eu era a nova chefe, a nova Don.

Dimitri estava pálido porque sabia o que o aguardava, Fillipa


estava do mesmo jeito, mas por alguma estranha razão se
sentia protegida ao lado de Dylan.

Reunindo o resto de coragem que ainda restava, contei a


todos o que havia passado comigo, o silêncio era total.
Terminei fazendo igual ao juiz dentro de um tribunal, dando
o veredito a respeito daqueles vermes ali presentes.

— Dimitri e Fillipa são culpados de conspirar e trair a família.


E são culpados de matarem meu filho. — fechei o olho e
respirei fundo antes de continuar. — E todos sabemos,
senhores, que a pena para isso é a morte.

— Dylan...— a megera siliconada grudou ainda mais no


braço do dele.

— Aproveitem bem a festa vocês dois, por que será a


última. — dei meu melhor sorriso. — E por fim Mikhail Barov,
que ainda está se escondendo feito um rato de esgoto. Este
demônio, é culpado da morte de Kira, da morte de Lorenzo,
da morte de Taylor, da morte de sua cunhada e sobrinha e
da morte da minha mãe.

Murmúrios de espanto vieram do salão. Observei o rosto de


cada um ali antes de prosseguir.
— Minha mãe, foi um efeito colateral, alguém descartável
que estava no lugar errado, na hora errada. Já os outros,
foram mortos, porque estavam atrapalhando seu caminho
até o poder. Mikhail Barov, terá a pior morte e eu cuidarei
para que isso aconteça.

As pessoas no salão, levantaram suas taças e depois


continuaram a comer, conversar e brindar. Me sentei
próximo a Don Ivan, este me olhou com aprovação e sorriu.
Em determinada hora da noite, quando quase todos os
convidados já tinham se retirado, uma música lenta
começou a tocar e senti uma mão tocando meu ombro.

— Dança comigo? — Henry estendeu sua mão.

Segurei sua mão e fomos para a pista de dança. Ele colou


nossos corpos, sua boca carnuda,foi para perto de minha
orelha e senti sua respiração quente que me arrepiou.

— Você está linda e muito gostosa nesse vestido, pequena.

— Obrigada senhor Spencer. — Minha voz saiu baixa, devido


a tensão que se acumulava entre nós.

Sua mão desceu até a curva da minha coluna, ficando


perigosamente perto da minha bunda, seus olhos castanhos
me sondavam. Ele sabia que tinha esse efeito sobre mim, e
fazia tudo para me provocar. Quando seu perfume me
invadiu , foi minha perdição, eu quis sair dali e me entregar
a ele. O Henry não colaborava, a respiração dele estava tão
acelerada quanto a minha. Perdida em meus pensamentos
pecaminosos, não ouvi a música acabar,levei um susto
quando ouvi a voz de Dylan bem próximo a mim, roçando
meu ombro.

— Minha vez, irmão. — Henry sorriu, e me deixou com o


Dylan.
Mais a vez me vi presa entre os braços fortes dele, seus
músculos firmes esmagando meus seios, sua mão se
mantinha firme segurando minha cintura, os olhos verdes
mais escuros que o normal.

— Do que eu devo chamar você? Elena, Fernanda ou


Electra? — a sua voz controlada demonstrava fúria,seus
olhos não se desgrudaram do meu.

—Prefiro, amore mio. — ele sorriu com escárnio e me


apertou.

Péssima hora para brincar com o Diabo, Nanda!

Sem que eu pudesse fazer nada, ele girou meu corpo


fazendo com que minhas costas ficassem grudadas em seu
peito.

— Você me enganou direitinho Fernanda. — sua mão tocou


minha face e eu arrepiei.

— Eu não podia contar Dylan. — sussurrei sem ar.

Esse homem era uma perdição e conseguia tirar toda minha


linha de raciocínio. Para minha sorte ou azar a música
acabou. Havia chegado a hora de levar aqueles malditos
para meu complexo.
Um ano antes pedi a Don Ivan que construísse uma base ali
na propriedade, assim não ficaria longe de Alessa e nem
dele, e assim ele fez.

Senti um frio na barriga de antecipação, Dylan voltou à


mesa e se sentou, a única coisa que demonstrava seu
nervosismo, era o peito subindo e descendo sobre a camisa
social branca e seus olhos escuros. Algumas pessoas ainda
estavam ali, políticos, chefes dos clãs da Pozhar, alguns
policiais e empresários.
Respirei fundo e fiz sinal para os soldados se aproximarem.
Os homens de preto me cercaram esperando minhas
ordens, a tensão tomou conta do salão.

— Meninos, podem levar esses vermes daqui.

Delano andou até Dimitri que tirou sua arma da cintura e


apontou para o loiro, o homem estava tão nervoso que a
arma praticamente dançava a sua frente. Delano desarmou
o infeliz em menos de um segundo, ele ainda tentou se
defender, mas teve seu nariz quebrado e apagou com um
soco que recebeu.

Dimitri neutralizado, foi a vez de Fillipa. Esta, estava


grudada em Dylan que me encarava com olhar assassino.

— Você escolhe, Fillipa. Virá por mal ou por mal. Para mim
tanto faz. — disse calmamente.

— Dylan, por favor. Tudo o que ela disse é mentira.

Em uma fração de segundos estava com uma arma


apontada para minha cabeça. A decepção tomou conta de
mim, confesso que neste momento eu realmente quis
morrer. Henry tentava falar com ele mas eu não ouvia.
Peguei minha arma que estava presa em minha perna e
apontei para ele também, com um nó se formando em
minha garganta.

— Você não vai encostar na minha mulher. — eu ri como


uma doente.

— Não brinca comigo, Don Spencer. Essa coisa, vai pagar


por ter tirado meu filho de mim e nem você, nem ninguém
vai me impedir de fazer isto. — nestas palavras, demonstrei
todo o ódio que estava dentro de mim.
Nos encaramos, ambos com raiva, os soldados com ele na
mira, ninguém ousava falar nada, o ar dava para ser
cortado de tão pesado que ficou. De repente, Giulia entrou
branca no salão, andou até mim e pronunciou as palavras
que acabaram de derrubar meu chão.

— A Alessa sumiu.

— O que? — senti minhas pernas fraquejarem.

— Eu deixei ela sozinha, uns minutos para ir ao banheiro e


quando voltei não estava mais no quarto. Já estamos
procurando.

— Essa mulher não sai daqui. Entenderam? — instrui os


soldados. — E se o Don quiser intervir, pode matar. — baixei
a arma e fui até Delano. — Cuide para que as coisas não
saiam do controle. Eu não quero o Dylan morto.

— O que aconteceu?

— A Alessa sumiu. Eu não posso perder minha filha Delano.


— o desespero ja me consumia.

Sai de lá correndo, precisava achar minha pequena, ou eu


nunca me perdoaria.
Capítulo 31

🔥 😬
Esse capítulo ficou bem grande . Espero que gostem

🚨 Atenção parentes, não leiam 🤭🚨

Dylan

A sorte estava lançada, a raiva no olhar da mulher à minha


frente era nítida, mas não podia recuar. Me mantive firme
apontando a arma para ela, é claro que não tinha chance
alguma contra aqueles inúmeros soldados. Sorri
mentalmente com a loucura que eu acabara de fazer.

Fiquei sem entender nada quando entrou uma moça e


cochichou algo com a Nanda, ela baixou a arma mas
percebi o tremor em suas mãos e seu olhar apavorado, e
então ela saiu.Essa versão ameaçadora da Nanda estava
acabando comigo. Tive que me segurar, apesar da raiva,
para não agarrá-la na pista de dança, fiz um esforço sobre
humano e os efeitos ainda se mostravam no meu corpo.

Cazzo!Che diavolo! ( Porra! Que inferno!)

Precisava agir e saber o que estava acontecendo para


deixar a Nanda naquele estado, pois tive um
pressentimento ruim. Ela levou um monte de soldados
quando saiu, mas o loiro que agora estava de cabelos curtos
ficou. E para dizer a verdade, eu não gostava nada dele,
principalmente porque ficava rondando a Nanda.
O que eu estou pensando, cazzo! Essa mulher acabou com
minha vida e eu aqui com ciúmes dela?

Peguei meu celular verificando a mensagem que havia


chegado e aproveitei para clicar no APP que eu precisava,
depois arrastei Fillipa para longe de todos me certificando
que o Henry não estava seguindo a gente. Ela me olhava
assustada, afinal a Nanda deu ordem para nos matar. Ou
melhor, me matar.

- Dylan, - ela começou. - ela está mentindo.

- Eu quero te ajudar, amore mio, mas você vai ter que me


dizer a verdade tá bom? - toquei seu rosto aproximando
nossas bocas, e ela fechou os olhos.- E eu prometo que
ninguém vai fazer mal a você. - Sussurrei em sua boca.

- Esse filho que ela disse estar esperando, não era seu.
Afinal ela sumia de vez em quando né?

- Sim, meu amor. Também acho. Agora me conta pra gente


sair daqui logo. - dei um beijo nela. - Confia em mim bella. -
sussurrei sedutor, mordendo de leve seu lábio inferior.

- Foi tudo um plano, do Dimitri e do Mikhail. Eles sabiam que


eu ainda amava você e foram até Paris para me trazer.
Quando soube que você tinha casado fiquei possessa, e não
acreditei. - ela respirou e continuou. - O plano era seduzir
você e desmerecê-lo na frente do conselho, porque não
toleram traição.

FIGLI DI PUTTANA! ( FILHOS DA PUTA!)

- Assim, você iria a julgamento e seria condenado. Eu não


queria que morresse Dy, só queria aquela vadia longe do
meu caminho. Então fiz meu pai prometer que não mataria
você.
- Seu pai?! - de que pai ela estava falando?

- Dimitri. - deu um sorriso sem graça. - Dimitri é meu pai.

Cazzo! Que merda é essa?

- E então Fillipa? - continuei com um toque suave em seu


rosto.

- Comecei a observar cada passo que a Fernanda dava. E


aquele dia quando você saiu, foi o momento certo. Ela ligou
para aquele médico e eu dei a localização ao Mikhail. - levei
a mão a têmpora, pressionando com força. Que inferno! -
Ele torturou ela, bateu, queimou, marcou ela com ferro
quente. Eu também, bati nela com uma barra de ferro e
adorei fazer aquilo. E para atingir você, me mandou
envenenar Antonella.

Porra! Então eu matei o homem errado! Não foi o Miller.

Eu não podia acreditar em tudo aquilo que ela estava


dizendo, matei meu soldado novo por causa dessa porra
desse envenenamento. Um torpor tão grande tomou conta
de mim, que parei de sentir, ouvia ela como se fosse uma
máquina sem sentimentos.

- A melhor parte de torturar a Fernanda, era quando ela


desmaiava. A vadia nunca gritou, sabia? Aguentava tudo
calada. Dimitri e eu queríamos matá-la de uma vez, mas
Mikhail estava obcecado por ela, disse que iria transformar
a Fernanda naqueles brinquedos humanos e vender, porém
sabíamos que ele ficaria com ela para satisfazer seu desejo
doentio. - um sorriso torto apareceu em seus lábios. - Dimitri
quase fodeu ela, mas aquele imbecil do Nikolae chegou e
acabou com todo nosso plano. Eu fiquei feliz com a morte
dela, afinal eu não precisaria entregar você ao conselho.
Mas agora essa desgraçada ressurgiu do inferno e quer
foder com minha vida ao seu lado meu amor. - ela me tocou
com olhar intenso.

- Antes de sairmos daqui, me responde uma coisa. O que


vocês queriam com tudo isso? Por que a Nanda e não eu?

- Por que ela era fraca, sempre se escondendo, sempre se


esgueirando para algum lugar.- ela tombou a cabeça para o
lado rindo - E o que queríamos? Mikhail, vingança pelo que
Lorenzo fez com ele no passado e queria aquela vadia da
Fernanda. Dimitri queria o comando da Viper , e todo o
poder que ele teria com isso, e eu quero você meu amor. Só
fui embora para Paris porque ele me obrigou. - ela me
abraçou, mas não correspondi. -E tem outra pessoa
ajudando Mikhail, que eu não sei quem é. - concluiu dando
um suspiro.

- A Zoe teve alguma coisa com isso? - quis saber.

- Não mesmo. Eu não suporto aquela bastarda e nem ela me


suporta.

Ótimo! Pelo menos eu não teria que matar minha amiga.

Comecei a pensar no homem que um dia chamei de tio, eu


imaginava que Dimitri era baixo, mas não a esse ponto.
Como escondeu a própria filha esses anos todos? Enganado
todo mundo?

Apesar de que aquele filho de uma puta sabia muito bem


ser um lixo, pois estava roubando a empresa da minha mãe
e James descobriu tudo, segundo ele com a ajuda de
Electra, que na época eu não sabia ser a Fernanda. O ódio
tomou conta de mim.

Eu mesmo irei cuidar para que esse maldito não saia vivo
dessa.
Fillipa acreditava que eu estava do seu lado então acabou
de tirar minha razão quando abriu a boca novamente.

- Ainda bem que aquele bastardinho foi pro inferno. Ou ela


usaria para prender você.

Vi tudo vermelho à minha frente, já tinha conseguido o que


queria que era a confissão dela, então poderia matar aquela
vadia ali mesmo. Segurei em seu pescoço e apertei, ela se
debateu e tentou falar, mas não conseguiu. Um segundo
depois os soldados me seguraram, tirando minhas mãos do
pescoço daquela vadia, que caiu desmaiada e foi levada
para algum lugar.

Diante de todos, a Fillipa era boa moça e vinha de uma


família tradicional e mais antiga da máfia, se ela fosse pega
assim pela Nanda, haveria retaliação. Eu fui cego, estava
imerso demais em meu sofrimento e focado demais em
acabar com Mikhail que não percebi as cobras que me
cercavam.

- Calma irmão! - Henry estava do meu lado tentando me


acalmar. Me desvencilhei de suas mãos.

- Me deixa Henry! - retruquei puto, passando a mão no


cabelo. - O que aconteceu? Por que a Nanda saiu daquele
jeito? - respirei fundo várias vezes para tentar aplacar a
fúria dentro de mim.

- Alessa sumiu. Eu queria ir junto com ela, mas Delano pediu


para eu ficar aqui.

- Alessa? - ele concordou, e então a memória de uns anos


atrás voltou. Aquela garotinha que eu havia segurado no
hospital era filha da Nanda?
Sem pensar duas vezes, me encaminhei para fora daquele
salão, pois estava sufocando e comecei a caminhar pelo
jardim. Aquele sentimento ruim me dominando novamente.

A alguns passos dali, a mansão estava movimentada,


pessoas entrando e saindo e a maior correria.

O que mais esconderam de mim? AH! CAZZO!

Resolvi ir para a casa, mandei mensagem para o Henry,


mas ele preferiu ficar e deu ênfase na frase onde estava
escrito: " Você deveria ficar também". Frase esta que foi
ignorada com sucesso.

Sentindo meu corpo pesado, me arrastei até o


estacionamento. Já perto do carro ouvi alguém sussurrando
e a voz de uma criança parecendo amedrontada. Andei sem
fazer barulho, sacando minha arma, até ter visão de onde
eles estavam.

- Entra nessa porra dessa Van agora bastardinha. Ou eu


volto lá na casa e mato seu querido papai e aquela vadia da
sua mãe. - o homem agachado na frente da pequena
garota, estava com a arma apontada para ela. E aquela voz
não me era estranha.

- Minha mãe vai acabar com você! - o homem riu e eu me


surpreendi com a coragem dela.

- Cala a boca bastardinha!- ele deu um tapa no rosto dela.


Desgraçado!

A menina começou a chorar, ele se levantou, abriu a porta


da Van e estava pronto para jogá-la lá dentro. Saí de onde
eu estava e surpreendi o homem.
- Sai de perto da menina, ou eu estouro seus miolos aqui
mesmo. - É claro que não poderia fazer isso na frente da
criança, mas ele não precisava saber.

Ele levantou as mãos, mas em um movimento brusco se


virou e bateu a mão na arma, dei um tiro para cima e o
infeliz fugiu. Ia atrás dele, porém fui segurado por
mãozinhas que me mantiveram no lugar. Por uma razão
senti um peso deixar meu peito.

- Não me dexa sozinha. - disse soluçando.

Me abaixei e abracei seu pequeno corpinho.

- Não vou deixar, bonequinha. - não entendia o motivo pelo


qual me senti emocionado no momento. A garota me olhou
e sorriu pela primeira vez, voltando a me abraçar apertado.

Ouvi passos de pessoas correndo, então soube que a Nanda


tinha chegado. Ela se ajoelhou ao nosso lado, vi alívio em
seus olhos.

- Alessa! Você está bem, meu amor? - perguntou abraçando


e conferindo a pequena.

Nikolae também apareceu e a pequena correu para ele


depois de responder todas as perguntas da Nanda.

- Papai! - ele a abraçou e disse alguma coisa no ouvido dela


e seus olhinhos se arregalaram, um segundo depois Alessa
voltava para me abraçar. - Obigada por me salvar.

- Para mim, foi uma honra te salvar princesa. Não precisa


agradecer. - Um lindo sorriso surgiu em seus lábios e seus
olhinhos verdes brilharam.
A pequena me deu um beijo que fez meu coração parar por
um segundo e saiu com Nikolae. Fernanda fez sinal para os
soldados saírem, deixando-nos a sós.

- Obrigada Dylan....

- Eu não fiz por você. Fiz por ela. - cortei seco - Vocês
precisam reforçar a segurança. Aparentemente a pessoa
que estava levando a Alessa, não teve problemas em entrar.

- Vou verificar como isso aconteceu.

- A Van onde aquele homem queria por sua filha, é essa


daqui. - bati na lataria do automóvel.

- Me empresta seu celular?

Franzi o cenho. Para que diabos ela queria meu celular? Ah!
Claro! Electra!Como fui me esquecer? Ela deveria estar
querendo verificar quem era o dono do automóvel. Mas de
mim, não teria nada. Vendo que não obtinha resposta ela
suspirou derrotada.

- Nós precisamos conversar, Dylan.

- Olha só, Fernanda. Eu não quero conversar com você. Não


quero saber de nada que venha de você e partir deste
momento, meus negócios com a Pozhar estão acabados.

- Ok, Don. - ironizou com as mãos para cima. - Eu não vou


brigar, se é assim que você quer. - Ela se virou e saiu
rebolando, com ar de superior.

Ah! Che diavolo! Cazzo! Fanculo! ( Ah! Que inferno! Porra!


Caralho!)
Entrei no carro batendo a porta com força, quando chegasse
em casa iria encher a cara para esquecer que essa ragazza
um dia existiu em minha vida.

Assim eu fiz, chegando em casa me tranquei no escritório


com minha garrafa de uísque mais forte, não consegui
beber nada além de uma dose.
As horas se passaram vagarosamente, e aquela garota,
como uma droga, ficava voltando em meus pensamentos,
aquele sorriso, aquele perfume, o jeito que ela se entregava
a mim quando fazíamos amor. Levantei em um rompante,
decidi fazer alguma coisa antes de enlouquecer.

Nanda

A noite estava linda. Observei as estrelas sorrindo. Um lado


meu, encontrava-se feliz,porque Dimitri e Fillipa estavam
sob meus domínios, contudo, um outro lado encontrava-se
devastado pela reação do Dylan.
As coisas que ele fez e disse tinha me machucado muito.

Após aquele show, resolvi esfriar a cabeça e dar um


mergulho, apesar do ar estar gelado, dentro das paredes de
vidro que cercavam a piscina da mansão, estava quente, e a
água da enorme piscina também. Tirei o robe que havia
vestido por cima do biquíni, evitando o frio e mergulhei.

A água era como um bálsamo aliviando minha tensão.Os


pensamentos de que tudo poderia ter dado errado esta
noite, ficaram me assombrando. Se não fosse pelo Dylan, a
essa hora minha pequena não estaria aqui e eu estaria
enlouquecendo.
Depois de nadar um pouco, apoiei meus braços na beira da
piscina e deitei a cabeça, pensando em Dylan e Henry.

Mas que merda eu tô fazendo da minha vida? Porquê não


consigo tirar esses dois da minha cabeça?

- Ah! Porra! - gritei frustrada.

- Estressada, princesa? - levei o maior susto.

- Caralho, Henry! Quer me matar do coração? - ele riu.

- Não pequena. Se for te matar, será de prazer. - disse se


sentando perto de mim. - Como você está?

- Nervosa. Mas vou ficar bem. Eu sempre fico. - dei impulso


nos braços e me sentei próximo a ele.

- Meu irmão é cabeça dura , pequena, mas ele não vai te


abandonar. Ele te ama. - seus dedos quentes tocaram meu
rosto.

- E você Henry? - soltei de repente. - Você me ama? - ele


sorriu antes de responder.

- Sempre amei Fer. - seus olhos buscaram os meus e me vi


perdida na intensidade deles. - A verdade seja dita, desde o
dia em que nos esbarramos naquele parque, eu sabia que
você seria minha.

Despertei do transe e levantei, fugindo como uma covarde,


igual todas as vezes que as coisas esquentaram entre nós
dois.
Segurei a toalha que pendia em cima do banco e comecei a
secar meu cabelo. Ele veio de encontro a mim, segurando a
toalha que agora estava em suas mãos, fez movimentos
leves para secar meu cabelo.
Minha respiração acelerou, meu corpo esquentou com seu
toque. Lentamente virei-me para encará-lo, seus olhos
castanhos anuviados, refletindo os meus, dei um passo em
sua direção acabando com o espaço entre nós, enlacei seu
pescoço e o beijei.

Henry aprofundou o beijo me agarrando, empurrando meu


corpo delicadamente, até que senti a parede atrás de mim,
sem interromper o beijo.
Com relutância, ele se afastou de mim, a testa colada na
minha.

- É melhor a gente parar Fer. Ou não serei capaz de me


controlar desta vez. - ele sussurrou, a respiração acelerada
e quente tocou meus lábios.

- Eu não quero que você se controle. Eu quero você Henry -


respondi com urgência, voltando a beijá-lo.

Sua mão foi para minha nuca, se enterrando em meus


cabelos molhados e o beijo foi correspondido, quente, cheio
de desejo. Me agarrei a ele perdendo a razão, esqueci que
estávamos na piscina e que poderia aparecer alguém a
qualquer momento.

Senti o fecho da parte de cima do biquíni sendo aberto , me


afastei minimamente para que ele pudesse ser retirado, o
beijo foi interrompido e o olhar de Henry, queimou em meu
corpo.
Nesse momento, ouvi alguém praguejando, meu olhar
seguiu para a direção da voz encontrando Dylan nos
encarando.

Merda!

Me afastei na mesma hora de Henry. Se antes as coisas


estavam ruins, agora tinham se perdido de vez.
- Dylan! - andei em sua direção.

- Por favor, não precisam parar por minha causa. -havia


mágoa em sua voz.

Henry praguejou baixinho, mas não se moveu.

Dylan virou para sair, e eu como uma louca, encurtei a


distância entre nós segurando sua mão. Seu maxilar trincou,
ele não olhou para mim.

- Dylan, olha para mim. - supliquei. Ele se virou


bruscamente, me deixando com medo.

- O que você quer, Fernanda? Volta para o Henry, ou irei


acabar fazendo uma merda muito grande. - ele soou
ameaçador.- Me deixa ir Fernanda.

- Eu não quero que você vá, Dylan. - seus olhos


encontraram os meus,e pude ver o desejo e a raiva que ele
sentia.

- O que você quer, Fernanda? - repetiu a pergunta.

Não tive tempo de responder, pois ele me encurralou,


prensando meu corpo na parede, meus seios sendo
esmagados pelo peitoral definido dele. Por um instante,
perdi a coragem, fiquei quieta observando, ele baixou o
rosto e pude sentir seu hálito bem próximo a minha boca.
Engoli em seco, meu coração martelando, mordi o lábio
inferior.

- Eu quero você, Dylan. - segurei seu rosto e o beijei. - Fica


por favor. - pedi, ele franziu o cenho. - Por favor,Dylan.

Seus dedos subiram por meu braço, tocando o ombro e


parando em minha garganta,onde fechou a mão fazendo
pressão.

- É isso que você quer,cucciola? - Sussurrou. - Você quer nós


dois?

- Quero...quero vocês d...

Mal terminei de responder e seus lábios esmagavam os


meus de forma rude, feroz. A mão permanecia em minha
garganta. Entreguei-me àquele beijo, a necessidade me
consumindo, queria sentir mais, mordi seu lábio e suguei
nossas línguas se chocando em uma dança sensual. Levei a
mão a sua camisa social preta, abrindo os primeiros botões,
porém antes de terminar, ele virou meu corpo fazendo com
que eu ficasse de costas para ele, sua ereção pressionando
minha bunda.

Henry, encarava com olhar escurecido. Por um momento os


olhares dos dois se cruzaram e Henry se aproximou,
tomando minha boca para si,me devorando.

Dylan,puxou de lado meu cabelo e sua boca tocou meu


pescoço beijando, chupando e mordendo.

Gemi contra a boca de Henry, senti minha boceta latejar e


ficar molhada, fervendo. Meu corpo ardia de tesão, mas não
podia ser ali, interrompi o beijo a contra gosto.

- Aqui não. Vamos para o complexo. Tem um quarto lá.

Eles concordaram, peguei meu sutiã, vesti o robe


amarrando-o e saímos em direção ao complexo que ficava
atrás da mansão, ambos segurando minha mão calados.
Assim que entramos no quarto, o medo tomou conta de
mim, já não tinha certeza se queria mais aquilo. Henry
percebeu minha indecisão e foi o primeiro a quebrar o
silêncio.
- Você está bem pequena? - neguei - Não precisa fazer
nada, podemos só conversar. - Dylan deu uma risada, que
mais pareceu um rosnado e caminhou decidido até mim.

- Você quer desistir, cucciola( cachorra)? - deslizou a mão


pela brecha do robe me puxando para ele. - Olha como você
me deixou. - pegou minha mão colocando em sua ereção. -
Não brinca comigo assim ragazza. - lentamente desfez o nó
do robe, que escorregou para o chão, a voz rouca, cheia de
desejo.

Filho da mãe, sabia como me desarmar, reivindicou minha


boca, sua língua me invadiu feroz, ensandecido assim como
eu.

- Deixa meu irmão saber como você é gostosa, deixa a


gente cuidar de você cucciola. - disse mordendo meu lábio
inferior.

Então me largou e foi trancar a porta. Henry meio inseguro


veio para perto de mim,senti um frio na barriga e minha
respiração acelerou em antecipação. Dylan encostou na
porta sem tirar seus olhos dos meus.

Henry passou delicadamente de forma sensual, seus dedos


pela minha barriga exposta, deixando arrepios por onde o
seu toque passava. Dylan assistia a tudo ainda encostado
na porta, seu olhar faminto, me incendiando ainda mais.

Henry foi para as minhas costas, tirando o meu cabelo do


caminho aproximando seus lábios da minha nuca, soltei um
gemido rouco tombando minha cabeça lhe dando mais
espaço, sua boca foi descendo, chupando e mordendo
minha pele, cada toque seu me deixava ofegante. Minha
boceta pulsando, doendo, necessitando de alívio.
Meus olhos procuraram os de Dylan que continuava na
mesma posição, analisando cada movimento que nós
fazíamos. Sem quebrar o contato visual, retirei a parte
debaixo do biquíni, deixando-o deslizar até o chão.

- Vai ficar assistindo ou vai participar? - Pergunto para ele,


enquanto as mãos do Henry circulam minha cintura e me
puxa em direção ao seu corpo, onde consigo sentir sua
ereção roçando a minha bunda.

- Você quer brincar, Nanda? - Dylan perguntou com um


sorriso sacana no rosto, se movendo finalmente.

- Achei que já estávamos brincando - levei a mão nos


cabelos do Henry virando meu pescoço para encontrar sua
boca.
Dylan se fez presente, abocanhou meu seio sugando com
força, gemi enterrando os dedos em seu cabelo sedoso.
Sincronizados os dois começaram minha tortura, foram
descendo traçando beijos e dando pequenas mordidas.
Soltei um grito quando a língua dos dois me tocaram ao
mesmo tempo.

- Porra...Nanda. Deixa eu chupar essa boceta gostosa.-


Dylan disse e sem esperar por resposta, meteu sua língua
em mim, lambendo, chupando, sugando, deixando-me
alucinada e mais excitada.
Meu clitóris latejava, um arrepio de prazer tomava conta de
mim cada vez que ele circulava a região já dolorida com sua
língua.

- Ai...eu quero mais- gemi.

A sensação de ter a língua dos dois trabalhando em meu


corpo era inebriante, meu corpo pedia por alívio.
Choraminguei quando suas bocas me deixaram.
- Tira a roupa do meu irmão Nanda. - Dylan mandou
autoritário, passando a língua nos lábios úmidos com minha
lubrificação.

Sem pensar em nada, virei em direção ao Henry e fiz o que


ele mandou, comecei tirando a camisa, deslizando pelo seus
braços musculosos cobertos por tatuagem, minhas mãos
deslizam pelo seu peito e abdômen até chegar no cós da
calça onde abri o botão e deixei cair aos seus pés. Olhei
para trás, e encontrei Dylan fazendo o mesmo que fiz com o
Henry, sua ereção marcada em sua cueca branca, me
fazendo salivar. Ele notou meu olhar esfomeado e sorriu
alisando o volume avantajado de forma lenta por cima do
tecido.

Voltei a encarar o Henry que também sorriu para mim. Suas


mãos circularam minhas costas, colando o seu corpo ao
meu.

- Deita na cama - Sussurrou, me empurrando levemente, fiz


o que me mandaram, ficando no centro, olhando os dois
belos homens à minha disposição, admirando e me
comendo com o olhar.

Henry posicionou ao meu lado na cama, suas mãos


acariciaram meu corpo, e sua boca tomou a minha sem
cerimônia, nossas línguas se entrelaçam, e nossas
respirações se fundiram, beijei e fui beijada. Sentindo o
gosto e a pegada de cada um. Henry era terno, delicado,
enquanto Dylan era feroz, bruto. Senti o colchão se afundar,
e as mãos de Dylan abriram minhas pernas me deixando
exposta, aberta para eles.

Henry desceu deslizando sua língua pela minha boceta, me


fazendo arfar.
Dylan se afastou, sua boca quente feito o inferno tomando
meus seios, soltei um grito e me contorci quando Henry
enfiou dois dedos dentro de mim e a língua de Dylan
circulou meus seios, meu corpo se arrepiou e entrei em
êxtase, tremendo, absorvendo aquela sensação de puro
prazer.Em sintonia, os dois se afastam quando meu corpo
parou de tremer com o orgasmo.

- Empina essa bunda gostosa para mim. Preciso provar


você, princesa. - Henry pediu com voz rouca, tomado pelo
desejo,e assim o fiz.

Dylan ficou em pé na ponta da cama, sem sua cueca que


nem vi quando arrancou, alisando sua ereção, me aproximei
ainda de quatro com um objetivo em mente, segurei seu
pau e coloquei em minha boca, sentindo a textura e seu
gosto, engolindo, Dylan soltou um gemido alto.

Henry se posicionou entre minhas pernas, colocando o


preservativo, e me penetrou de uma vez, soltei um gemido
ainda com o pau do Dylan em minha boca.

- Porra, pequena. Esperei por esse momento muito tempo.


Tão gostosa... caralho.

Comecei a ser fodida, nas duas extremidades do meu corpo,


Dylan tomou controle, enfiando seu pau até minha
garganta, enquanto Henry fodia minha boceta sem piedade,
nossos corpos se chocando violentamente. Soltei um grito
quando senti um tapa na minha bunda, mas não me
incomodei, chupei Dylan com mais vontade quando fui
sugada para um segundo orgasmo, tão violento quanto o
primeiro, meus olhos se enchem de lágrimas, meus
membros pareciam gelatina, acabei explodindo em mil
pedaços, soltando o pau do Dylan e me deixando cair na
cama. Como uma boneca de pano, Henry me vira de frente
para ele.
- Ainda não acabou princesa. -. Ele diz me puxando fazendo
com que eu fique em pé. Dylan fica em minha frente.

- Segure-se em mim ragazza. - seu corpo musculoso


pressionando o meu.
Ele segura minha perna levantando levemente, e roça sua
ereção na minha entrada, lentamente ele entra em mim,
sinto cada centímetro do seu pau me alargando mais e
mais, e ele começa a se mover, não me dando trégua, me
fodendo com força assim como Henry fez, suas mãos
passeavam em meus seios e quadris, minhas unhas
arranhavam suas costas.

Henry se aproximou, masturbando-se olhando nós dois se


deliciando com a cena erótica a sua frente, os olhos cheios
de luxúria, Dylan me encarou e sorriu, os lindos olhos
verdes, escuros, dominado pelo tesão. Me vi perdida, imersa
em todas aquelas sensações, o corpo mais vivo que nunca.
Gemi, choraminguei, implorei por mais.

-Quero vocês dois dentro de mim. Por favor. - imploro.

Henry se posiciona atrás, e começa a me preparar para


recebê-lo, enfiando o seu dedo em meu ânus me deixando
sedenta para tê-lo dentro do meu mim. Dylan me ajudou a
ajustar meu corpo para receber o pau do Henry, quando viu
que estava pronta. Com cuidado ele me penetrou, senti seu
pau me rasgar, doeu, meu corpo ficou tenso sentindo Dylan
não se moveu, ficou imóvel dentro da minha boceta. Eles
esperam meu corpo relaxar, e quando enfim me senti
confiante, comecei a me mover com cuidado. Mas logo eles
tomaram o controle,e me foderam implacáveis, como uma
máquina bem treinada, entrando e saindo juntos, me
fazendo gritar, gemer, falar coisas desconexas.
Dylan me beijou abafando os gemidos e Henry cravou o
dente em meu pescoço, seu corpo ficou rígido e senti seu
pau pulsar, indicando que ele havia gozado,lentamente ele
saiu de dentro de mim e desabou no chão ofegante.

Dylan me levantou e deitou na cama, envolvi sua cintura


com minhas pernas.

- Olha para mim. Eu quero ver você gozar cucciola. - Encarei


seus olhos.

Ele molhou os dedos e tocou meu clitóris, fazendo


movimentos circulares rápidos, aumentando a velocidade
em que entrava e saia de mim, soltando gemidos e
palavrões.

Ele gozou primeiro, me fazendo olhar estranhamente


dopada por sua expressão de prazer, perdida em meio a
esse turbilhão, senti minha boceta pulsar e apertar seu
pau,e me entreguei ao meu terceiro orgasmo da noite,
ofegante, suada e dolorida.

Ele saiu bruscamente de mim e foi para o banheiro, me


deixando sozinha com o Henry. Me senti vazia com um nó
na garganta.

- Ele nunca vai me perdoar Henry. - foi a única coisa que


consegui dizer antes das lágrimas caírem.

Desculpem se na saiu bom! Mas eu tentei. Espero


que tenham gostado.
Sobre as postagens de capítulos. Serão uma vez por
semana, pois voltei a trabalhar e tenho três filhos

💜
pequenos que ocupam metade do meu tempo. (Não
desistam de mim )

Obrigada pelas palavras de carinho, sabiam que


mesmo que eu não consiga responder todo mundo,
vocês são importantes para mim.

Então todo capítulo irei deixar uma mensagem para


vocês 😘
Capítulo 32

Dylan

A água do chuveiro caía quente sobre meus músculos


tencionados, fazia uma semana desde que fiquei com a
Fernanda e não conseguia tirar aquele olhar da mente.

O Henry e eu já havíamos feito aquilo algumas vezes,


porém nunca com uma mulher que nós dois amássemos.
Não senti ciúmes e nem foi estranho, meu irmão e eu
éramos unidos, sempre fomos. As coisas haviam se abalado
com sua falsa morte, mas foi pela famiglia absolutamente
tudo o que ele fez. Ele agiu como um Don deveria agir e eu
o perdoei.

— Ei! Morreu aí dentro? — Henry grita batendo na porta do


banheiro. — Já se esqueceu que temos uma reunião?

— Já vou porra!

— Dez minutos Dylan, se você não aparecer eu vou sozinho.


— continuei em silêncio. — Dylan? Você sabe que não
adianta fugir, não é?

— Que caralho Henry! Me espera lá embaixo que eu já vou.

Ouvi o barulho da porta sendo fechada, o que me fez


lembrar daquele dia, depois que o Henry saiu.

(...)

— Ele nunca vai me perdoar Henry. — ouvi os soluços dela.

Liguei o chuveiro para abafar o som, não queria ouvir a


conversa dos dois, não queria ouvir a voz dela. Fiquei
embaixo da água pelo que pareceu uma eternidade, os
pensamentos remoendo o que tinha acabado de acontecer.

Encontrei uma toalha dobrada, sequei meu corpo encarando


o reflexo do espelho, a vermelhidão dos olhos entregavam
minha crise de choro a uns segundos atrás,me sentia inútil
por não conseguir controlar a porra dos meus sentimentos.
A verdade, é que quando vi os dois se agarrando, ao invés
de raiva, senti vontade de estar lá, tocando ela também e
quando ela disse que queria nós dois, algo pareceu explodir
dentro de mim e não pensei em mais nada.

Não fui treinado igual ao Henry, meu treinamento para


assumir a Viper, aconteceu com dezenove anos. Mas
independente da idade,um Don era treinado para não
demonstrar sentimentos, sentir era sinônimo de fraqueza, e
os fracos acabam embaixo da terra.

Foco Dylan! No momento você precisa ligar as peças do


quebra-cabeça para conseguir pegar o Mikhail.

Com a toalha enrolada na cintura, sai do banheiro e


encontrei a Fernanda, sentada em uma cadeira próxima a
janela, já vestida com o roupão. Os olhos dela, banhados
em lágrimas, tocaram os meus.

— Dylan, — ela respirou fundo. — Por favor, nós precisamos


conversar.

Fiquei em silêncio, e olhei para ela querendo matá-la ali


mesmo, fazendo com que se encolhesse.

— Você não sabe o inferno que eu passei esses anos todos,


Fernanda. Eu quase me matei, só para estar junto com
você. Coloquei uma arma na minha boca e quase puxei a
porra do gatilho!
— E como você acha que eu fiquei Dylan? Acha que foi fácil
para mim? Acha que eu fiquei feliz fingindo estar morta?!—
as lágrimas desciam livres por seu rosto, ela estava tão
alterada quanto eu.

— E não ficou, Fernanda? Não ficou zombando de mim


esses anos todos, enquanto eu trabalhava junto com você,
chorando sua morte? — despejei toda minha mágoa em
cima dela.

— Eu quis te contar Dylan. Depois que me recuperei, minha


intenção era correr para você. — ela se levantou ficando de
costas para mim. — Só que as coisas mudaram e não pude
deixar o hospital. E depois disso, a única coisa que eu
queria, era acabar com as pessoas que me fizeram mal para
poder viver em paz.

Enquanto ela falava, eu terminei de me vestir. Ver a


Fernanda vulnerável daquele jeito fez meu coração se partir
em mil, porém não estava pronto para perdoá-la, se eu
fizesse isso acabaria machucando ainda mais nós dois.

— Você poderia ter me contado Fernanda. Poderia ter


confiado em mim.

— Você acreditaria se eu dissesse que seu tio e sua preciosa


Fillipa ajudaram a me torturar? — apenas encarei
ponderando aquela pergunta. — Seu silêncio é minha
resposta.

— Cazzo! Você agiu como uma traidora traiçoeira. E ainda


por cima, se aliou aos russos. Tanto que agora é a chefe
deles.

— Foi necessário Dylan. Será que você não consegue


enxergar isso? Não pode simplesmente agradecer ao
Nikolae por tudo o que ele fez?
— Agradecer? — soltei uma risada sarcástica. — O que você
tem com aquele russo desgraçado? E com aquele loiro? Está
ficando com os dois também?

Nem percebi como ela foi rápida, senti a ardência no meu


rosto com o impacto de sua mão, mesmo olhando minha
cara de ódio ela não recuou, ficou me encarando com uma
expressão de mágoa e raiva.

— O que você acha que eu sou, Dylan Spencer? — dei uma


risada seca, ela me acertaria de novo, então,segurei seu
pulso apertando.

— Não brinca comigo Fernanda, ou…

— Ou o que? Vai me bater? Vai me levar para o complexo e


me torturar?— ela se soltou bruscamente. — Agora quem
não quer mais te ver sou eu. Teoricamente já estou morta
mesmo, então ficarei assim para você, Don Spencer.

— Inferno! — praguejei.

— Outra coisa, não tem uma maneira certa de dizer isso pra
você. — meu coração acelerou com seu tom urgente. No
fundo eu já sabia o que era, mas queria ouvir de sua boca.
— Alessa é sua filha, não afaste ela de você.

— É sério isso? — debochei. Que merda Dylan! — Você não


disse para o salão inteiro que tinha perdido nosso filho? Isso
é possível? Quem me garante que a menina é minha filha?

— O que?! — ela levou a mão à boca, dando uma risada


histérica. — Eram gêmeos, Dylan. Eu não... — ela passou
por mim abrindo a porta. — Pergunte para um médico como
isso é possível. Faça um teste de DNA, já que você não vê
um palmo à sua frente.
Ela foi embora e eu fui para o complexo. Peguei uma arma
indo para o estande de tiro e descarreguei toda minha ira
naqueles alvos, imaginando o dia em que faria aquilo com o
Mikhail.

(...)

Terminei de me vestir e desci encontrando um Henry


impaciente me esperando. Meu irmão estava escondendo
alguma coisa porque ele mal olhou para mim. O caminho
todo foi feito em silêncio o que me deu mais tempo para
pensar nos meus próximos passos. Ciborgue e eu tentamos
descobrir quem era a pessoa que ajudava Mikhail, pegando
esse cúmplice chegaríamos até aquele figlio di puttana.

Tivemos uma pequena surpresa ao descobrir que Electra


tinha invadido o meu sistema,com toda certeza ela já tinha
as informações que precisava. Ainda assim, fiz questão de
bloquear seu sinal.

Minha semana se dividiu entre ir para o complexo e


investigar tudo o que eu podia sobre as pessoas que
poderiam estar ajudando aquele russo desgraçado, e
frequentar a casa de Ivan, mas nunca via a Fernanda, o que
para mim era um alívio, pois sabia que se a visse daria
merda.

Sempre que eu chegava para ver minha filha, era o russo


quem estava lá.
Minha conexão com a bonequinha, foi imediata e ela me
surpreendeu dizendo já saber que eu era seu pai. Pelo
menos a Nanda teve a decência de não mentir para minha
filha.

Alessa era doce, meiga, gentil e educada e pelo pouco


tempo que passei com ela, pude perceber seu fascínio por
computadores, fiquei surpreso quando dei um código a ela e
não demorou para ela decodificar. Claro que não foi nada
difícil, mas para uma criança que ainda não tinha feito cinco
anos, era muita coisa. Teríamos ali, uma mini Electra.

Não sei como pude viver tanto tempo longe da minha filha,
não imagino minha vida sem a presença dela.

Quanto a Fernanda, eu disse aquelas coisas porque queria


machucá-la, sempre soube que Alessa era minha desde a
primeira vez que pus meus olhos nela, mas a Nanda era
orgulhosa e fez questão que eu fizesse o teste de DNA, que
devido a influência que tínhamos, saiu bem rápido e
comprovou minha paternidade.

— Terra chamando Dylan? — Henry estalava os dedos


próximos ao meu rosto.

— Onde você estava?

— Em lugar nenhum. Já chegamos?

— Sim.

Descemos da BMW preta e seguimos para a cópia do


complexo que Fernanda havia feito ali na mansão. Delano
veio nos receber e me olhou de uma forma nada agradável.

— Senhores. — cumprimentou. — A Chefe, está esperando


no laboratório.

Adentramos o espaço e seguimos para a esquerda, assim


que chegamos em uma porta de vidro fumê, um rapaz
baixinho, com barba por fazer, trajando uma camiseta de
estampa havaiana veio nos receber. A porta foi aberta e
revelou inúmeros computadores, e três telas gigantes onde
apareciam várias imagens de pontos diferentes.
Algumas pessoas trabalhavam nos computadores, mas
minha atenção foi toda para a Nanda, que estava muito
sexy toda de preto, sentada em uma cadeira vermelha
mexendo nos teclados dispostos à sua frente.

— Não dá para ver o rosto Space. Está coberto com o capuz,


está vendo? — ela apontou para a imagem congelada.

— E a placa do carro onde Mikhail estava?

— A placa meu anjo, — foi o homem quem falou. — era de


um carro clonado, igual a Van onde queriam levar a filha do
Shrek.

— Se chamar a Alessa de novo de filha do Shrek, Pacman,


eu arranco suas bolas e dou para o Hades comer. — Nanda
disse e se virou, seus olhos foram de mim para o Henry.

— Não! Para o Hades não! Aquele lobo negro é realmente do


submundo. Que horror. — dizendo isso Pacman se sentou e
fechou a boca.

— Henry, o que você queria falar comigo de tão importante?


— ela sorriu para ele e senti uma pontada de ciúmes. —
Dylan. — cumprimentou de forma seca, respondi com um
aceno de cabeça.

— Sabe o que eu tenho aqui princesa? — ela negou. —


Mapas subterrâneos de túneis que passam por baixo da
Floresta D’Angelo. Provavelmente por onde Mikhail escapou
aquele dia, e onde foi visto entrando nesses últimos três
dias.

— Você está brincando né? — um lindo sorriso surgiu no


rosto dela. — Isso é perfeito.
— O Dylan e eu estamos indo para lá e queremos saber se
você gostaria de se juntar a nós.

— Você quer que eu vá Dylan? — sua voz saiu incerta.

— Essa vingança é tão minha quanto sua. Você tem o direito


de estar lá.

— Que horas saímos?

— Reúna seus homens, Fernanda. Temos algumas horas


ainda. — respondi virando e saindo do local.

Henry veio logo atrás com um sorriso que não chegava aos
seus olhos.

— Precisa ser tão frio, irmão? Não acha que a Fer já sofreu
demais?

— Eu não quero falar sobre isso.

— Tudo bem. Não vamos falar sobre isso. — ele levantou as


mãos. — Mas saiba que você vai acabar perdendo a mulher
da sua vida por causa desse orgulho.

— A mulher das nossas vidas você quis dizer né?— ironizei.

— Sim. Mas não sou eu quem a está perdendo.

Olhei para ele com cara de poucos amigos. Mas o pior é que
ele estava certo, enquanto eu afastava a Nanda, eles se
aproximavam cada vez mais .

— Papai! Tio Henry. — Alessa veio correndo, assim que


chegamos no jardim.

— Oi minha princesa. — falamos juntos, e me abaixei para


ficar na altura dela.
— Você veio vê a mamãe?

— Sim meu amor. — respondi segurando suas mãozinhas.

— E você voltou com ela? A mamãe estava tiste sabia?

— Sua mãe falou alguma coisa para você?

— Não! Mazi eu vejo ela cholando.

Cazzo!

— Eu e sua mãe, estamos passando por um momento difícil


minha princesa. Talvez um dia, a gente se acerte. Você
entende isso?

— Sim, papai. Mas não quelo vê minha mamãe tiste.

Olhei para o Henry procurando por ajuda, mas ele apenas


deu de ombros. Conversei com minha pequena mais um
pouco e a deixei com a babá, prometi buscar ela no outro
dia para almoçarmos juntos e ela ficou muito feliz.

Henry e eu, falamos com os soldados pelos


comunicadores,ficamos aguardando na mansão de Don
Turgueniev mesmo. O estranho é que Henry sumiu e só
voltou quase na hora em que fomos sair. Se antes estava
desconfiado, agora tinha certeza que ele estava aprontando
alguma.

Nanda

Reuni meus soldados, os melhores e com melhor, quero


dizer Delano. Entramos nos furgões e seguimos para a
floresta.

Nikolae ficou para cuidar do padrinho que só estava


piorando nesta última semana. Mentalmente, rezei para que
esta missão acabasse logo, pois assim poderia cuidar
melhor do padrinho também.

Como da última vez, paramos longe da floresta e seguimos


a pé. Os soldados seguiam atrás, Dylan e Henry andavam
na frente. Seguindo os mapas do Henry, chegamos a um
bunker no meio das árvores, que estava todo coberto por
matos.

Os dois usaram sua força para abrir a porta de aço, neste


momento começou um tiroteio. Os soldados correram se
escondendo e revidando. Nós três ficamos no meio do fogo
cruzado, eu não conseguia ver de onde estavam vindo os
tiros, mas parecia que não estavam mirando em nós.
Dylan disse que era melhor descermos, ele foi primeiro, mas
eu não estava tão certa sobre entrar naquele lugar.

— Está esperando acertarem a gente?

— Desce você primeiro Henry, eu não quero entrar aí.

Ele riu, mas não falou mais nada,guardou a arma e desceu.


Esperei ele estar lá embaixo e desci também, por pouco
uma bala não acertou minha cabeça, ela passou a
centímetros de mim, cai direto em cima do Henry.

— Não consegue ficar longe de mim né pequena? — um


sorriso sacana surgiu em su rosto.

— Palhaço. Cala essa sua boca linda e…

Um barulho em cima de nós indicava que a porta havia sido


fechada. Sai de cima do Henry, subi as escadas e tentei
empurrar a porta e nada. Trancaram pelo lado de fora,
estranhamente os barulhos dos tiros cessaram e tudo ficou
no mais completo silêncio.

— Que merda está acontecendo aqui? Porque essa porra


não é um túnel, é um bunker.

— Estamos presos aqui. — falei sentindo o pânico crescer


dentro de mim. Sempre odiei locais fechados.

Então o barulho de mensagem do celular me chamou a


atenção, desbloqueei e o que estava escrito me deixou
furiosa.

“ Não precisa me agradecer. Aproveita e agarra o Dylan de


uma vez. Senta nesse homem até ele esquecer essa birra.
Ah! Antes que eu me esqueça, seu sinal foi bloqueado,
então não adianta tentar pedir ajuda. Essa porta só será
aberta amanhã.
E não se preocupe com a pequena Lessa. Nikolae e eu
cuidaremos dela.
Beijos, Antonella”

Ao que tudo indicava, essa merda toda tinha sido um plano


da ruiva para me fazer voltar com o Dylan. Descendo da
escada, passei pelos dois e segui pelo corredor redondo que
se formava, chegando a uma sala com uma cama no centro,
uma mesa e vários sacos de comida. Tinha outra porta
próxima a cama, deveria ser o banheiro e o pior, algumas
roupas minhas e de Dylan estavam lá.
Como me deixei influenciar desse jeito? Que idiota eu fui.

Henry e Dylan pararam ao meu lado, Dylan morrendo de


raiva e Henry bem calmo. O que me fez pensar se ele tinha
alguma coisa a ver com aquilo.
Soltei um longo suspiro, sentando na cama pelo visto esse
dia iria ser longo.

Oi minhas lindas. Como vocês estão?

Usando aquele velho clichê do "só tem uma cama". 🙃


😏

Agora vai. Hahaha.

Vocês também tiveram a impressão que foi armação


do Henry? Por que eu tive ☺️

Espero que meus pombinhos se resolvam. Não


aguento mais tanto sofrimento. Estou até discutindo
a relação com o Dylan.

Beijos no coração. Love you ❤️❤️


Capítulo 33

Nanda

As horas passavam lentas, e a tensão ali dentro só


aumentava. Dylan parecia um animal enjaulado, pensando
em como sairíamos daquele bunker, mal me olhava, era
como se minha presença fosse insignificante.

Não sei como Antonella espera que eu sente nesse ogro.


Talvez de olho fechado eu não sinta vontade de matá-lo.

Sorri com o pensamento, o que chamou a atenção dos dois,


mas não se pronunciaram. Me deitei na única cama que
havia ali, fechando os olhos comecei a pensar mil maneiras
de me vingar daquela ruiva traiçoeira. Não mostrei a
mensagem para nenhum dos brutamontes comigo, eles
seguiam achando ser um plano de Mikhail.

Mikhail...Ah, se eu soubesse que esse homem seria a ruína


da minha vida, teria pedido a cabeça dele para o Henry.

Senti a cama se afundando ao meu lado e a respiração de


alguém em meu rosto, virei e abri os olhos encarando a
pessoa.

— O Henry acha que você sabe de alguma coisa. O que


você está escondendo ragazza?

— O Henry acha errado. Por que eu saberia de alguma


coisa?

— Por que seu celular tocou e você ficou estranha.

— Estou cansada Dylan. — soltei um suspiro dolorido. — E o


Delano está lá fora. Ele vai me tirar daqui, por que se não
fizer eu mato ele. — meu coração deu um salto e me sentei.

Agora não porra!

Minhas mãos começaram a suar, disfarcei e fui para o


banheiro, lavei o rosto olhando meu reflexo no pequeno
espelho oval, estava pálida, isso não era bom.

Se acalma Nanda. Pense em outra coisa.

Respirei fundo algumas vezes e voltei para a pequena sala.


Dylan e Henry não estavam mais ali, decidi verificar as
horas e já se passavam das dezoito horas.

— Só mais algumas horas e Antonella vem abrir essa


merda. Se controla! — Sussurrei voltando a me deitar.

Abri o Spotify e fui na playlist do Starset, deixei tocando no


aleatório, aos poucos fui desligando e cai em um sono
profundo.

Acordei com alguém me balançando, demorei alguns


segundos para me situar, ainda estava no bunker.

— Levanta pequena. Já é dia, alguém abriu a porta desse


lugar.

— Cadê o Dylan?

— Já subiu. — ele sorriu para mim. — Vamos, princesa?

— Henry? Foi a Tony que abriu a porta? Eu quero estrangular


aquela vaca pelo que ela fez com a gente.
— Para dizer a verdade não sei. Não tem ninguém lá fora.

Tive um mal pressentimento quando ele disse isso, levantei


rapidamente e seguimos até a saída. Henry subiu primeiro,
e depois o segui, meus olhos demoraram a se acostumar
com a luz, assim que foi possível localizei Dylan de costas
para nós. Henry passou seu braço pelo meu ombro e
caminhamos em silêncio por entre as árvores, Dylan
entrelaçou nossos dedos e sorriu para mim.

Não sabia dizer o que era, mas algo me dizia que tinha coisa
errada ali, podia sentir a tensão no ar e em meu peito, o
coração batia descompassado. Andamos alguns minutos e
chegamos ao carro, mas antes de entrarmos a merda
aconteceu. Vários outros carros nos cercaram, deles homens
armados desceram, busquei minhas armas, porém não
encontrei.

Droga! Devo ter esquecido no bunker!

Dylan e Henry ainda tentaram nos defender, contudo foi em


vão seus esforços. Os dois foram dominados e espancados.

Passado o momento de choque, fui para cima dos homens,


e também fui rendida, o sangue gotejava da minha testa e
sentia minhas costelas doerem.
E então aquele monstro desceu do carro, com um sorriso
estampado no rosto, a passos lentos ele se aproximou
tocando meu rosto e segurando com força meu maxilar.

— Como foi fácil pegar vocês. Meu querido irmão e a


putinha ruiva, imploraram para eu não matar vocês antes
de atirar neles. Foi ótimo ver os dois engasgando com o
próprio sangue.

Não! Esse desgraçado não pode ter feito isso! E minha filha?
Ai meu Deus!
— Ah! Já ia me esquecendo. — ele intensificou o aperto. —
A sua querida filhinha, está comigo, então não faça
nenhuma besteira vadia. — Seus lábios asquerosos,
tocaram os meus e ele forçou um beijo.

— Tira as mãos dela, seu bastardo! — os gêmeos falaram


juntos tentando se levantar, mas foram impedidos.

Não pensei duas vezes sentindo aquela boca nojenta na


minha e o mordi, recebi um tapa em seguida.

— Eu vou te matar,
svoloch'( desgraçado)! — cuspi o sangue que se formou em
minha boca.

— Eu acho que não! —Mikhail riu. — Meninos, levem nossos


convidados.

Nossas cabeças foram cobertas por sacos pretos e fomos


jogados para dentro de uma Van que estava trazendo seus
homens. Minha garganta estava seca, meu coração
extremamente disparado, só conseguia pensar na minha
pequena.

— Nanda? Você está bem?

— Dylan, ele está com nossa filha. — sussurrei.

— Filho da puta. — ele praguejou. — Eu vou acabar com


esse verme. — a raiva e o medo na voz dele, eram nítidos.

— Calma vocês dois. Não vamos nos desesperar.

— Calma o caralho!— Dylan esbravejou.

A Van parou e fomos arrancados dela. Mikhail tirou o saco


da nossa cabeça, estávamos dentro de uma espécie de
galpão repleto de homens armados. Dylan e Henry eram
segurados por dois homens musculosos com cara de
psicopatas, enquanto meu corpo era agarrado por um
brutamontes. Um dos soldados de Mikhail, trouxe a Alessa
que estava com olhar amedrontado.

Aquele monstro segurou a cabeça da menina, obrigando ela


a olhar para frente, e fez sinal para que os homens
espancassem o Dylan e o Henry.
Tentei me soltar, mas foi em vão, e quando eu achava que
não poderia piorar, os homens pararam e colocaram os dois,
que estavam cobertos de sangue ajoelhados. Henry foi o
primeiro, nunca iria me esquecer daquela cena, dos seus
olhos nos meus e do barulho seco do tiro, antes de seu
corpo cair sem vida no concreto.

— Agora eu vou te dar a opção de escolher, Fernanda. —


Um sorriso de vitória estampou o rosto de Mikhail. — A vida
da sua filha, ou a vida do Spencer.

Não!

— Papai! — Alessa finalmente falou.

— Ela não vai precisar escolher Mikhail. — Olhei para ele


com o cenho franzido, suplicando para aquilo não ser
verdade.

— Não, Don. A escolha é dela, não sua.

Ele sorriu, e de seus lábios saíram um “eu te amo” sem


som, assentindo em seguida. Doeu muito fazer aquilo, meu
coração parecia estar em brasa. Olhei para o Henry sem
vida no chão, lentamente meus olhos encontraram o do
Dylan, como eu queria que tivéssemos mais tempo para
poder fazer as coisas direito.
— Eu te amo Dylan, me perdoe. — falei com a voz
embargada. — Eu escolho minha filha, Mikhail.

Ele riu e atirou na cabeça do Dylan, virei o rosto para não


ver, ouvindo os gritos da minha filha.

— Agora eu quero ver você implorar pela vida da pirralha.

Ele não iria parar, iria matar todos nós, mas ainda assim me
pus de joelhos e implorei pela vida da minha pequena. Ele a
soltou e ela veio até mim, levantei e caminhei em sua
direção, porém antes de alcançá-la ouvi o som do tiro e o
pequeno corpo de Alessa foi de encontro ao chão.

— NÃO! — Gritei desesperada, me ajoelhando ao seu lado.

— Tá doendo, ma... mãe. — de seus olhos caiam grossas


gotas de lágrimas.

— Calma meu amor!Calma! — abracei seu corpo, sentindo


meu peito arder.

Pouco a pouco ela se foi, meus ouvidos zumbiam, nesse


momento eu só queria morrer. Beijei sua testa, depositando
seu corpo no chão. Levantei e andei na direção dele, a dor
que eu estava sentindo era insuportável, me faltava o ar,
não tinha mais por que viver, nada do que eu fizesse traria
a Alessa de volta à vida. Parei a sua frente, destruída, sua
arma foi posta no meu peito, mas não dei chance para ele.
Começamos uma luta corpo a corpo, quando Mikhail
conseguiu se esquivar, não pensou duas vezes e disparou.

A ardência se espalhou pelo meu peito, minhas pernas


vacilaram, me arrastei até minha filha segurando sua
mãozinha gelada e esperei a morte me arrastar, em um
segundo tudo ficou escuro.
— Acorda! Nanda, Nanda? — a voz do Dylan me trouxe a
realidade.

Me sentei sem conseguir respirar, grossas lágrimas


desciam pelo rosto, meu peito doía e meu coração estava
muito disparado.

— Fer? Pequena? Você está bem?— Não consegui


responder, aquilo estava me matando. Eu morreria ali.

— Ela está tendo uma crise de pânico. Isso aconteceu uma


vez e eu tive que levá-la ao hospital. Pega um copo de água
para ela.

Dylan se posicionou à minha frente, segurando minha mão.


Fiquei em pé indo em direção a porta daquele bunker, eu
precisava sair dali, precisava encontrar Alessa. Comecei a
ficar tonta antes de chegar a escada, me apoiei nas paredes
de aço daquele lugar, alguém me segurou.

— Respira Nanda. — Era Dylan, ele me virou para ele. —


Olha para mim. Respira meu amor. — franzi o cenho e o
encarei. Agora eu sou seu amor?

— Respire fundo e solta. — Fiz o que ele mandou várias


vezes e nada.

Ele me guiou até a cama, se sentou atrás de mim e me


abraçou, comecei a sentir sua respiração no meu pescoço.
Henry me entregou a água e bebi de uma vez, ele deixou o
copo no chão, segurando minha mão em seguida,
encarando-me com preocupação.
— Se concentra na minha voz mio amore. Só na minha voz.
— segurei o braço de Dylan, com uma mão e fiz o que ele
pediu. — Foi só um sonho ruim ragazza, está tudo bem.

A crise durou mais ou menos uns vinte minutos, uma


eternidade que só parecia me pôr mais perto da morte. Aos
poucos a dor foi passando, as batidas do coração
normalizando, os dois falavam comigo tentando me
tranquilizar.

— Dylan? — Sussurrei, sentindo tremores pelo meu corpo. —


Eu já estou bem. — afastei sua mão, só queria ficar sozinha.
— Preciso tomar um banho.

Fui para o minúsculo banheiro, liguei o chuveiro e a água


saiu quente.

Pelo menos isso!

Tirei a roupa, sentindo meus dentes baterem um no outro,


por causa da tremedeira, e tomei um longo banho. Tive uma
surpresa quando fui ver as roupas que a Antonella tinha
deixado ali, eram todas camisolas provocantes.

Meu Deus! Essa garota é doida.

Coloquei uma rosa de rendas, com um bojo não


transparente e uma calcinha da mesma cor, em cada lado
da roupa, tinha um laço e para minha infelicidade, era
transparente. Escovei meus dentes para tirar o amargo da
boca e voltei para o quarto rezando para eles não acharem
que eu estava tentando seduzi-los. Deitei puxando o lençol
até o pescoço sob os olhos avaliadores dos gêmeos.

— E então princesa, vai contar o que te deixou daquele


jeito? Você me assustou. — Henry era um fofo, dei um
sorriso fraco.
— Você estava se debatendo muito, e falando umas coisas
que não davam para entender. — Dylan me olhava com
carinho e isso me fez estremecer.

Reuni toda a coragem e contei de uma vez aquele pesadelo.


Quando terminei, estava chorando, como eu odiava aquilo!
Senti os braços de Dylan me envolverem, sendo presa em
um abraço.

— Não se preocupe, isso nunca vai acontecer, meu amor.

— Você não sabe Dylan. E se nós nunca conseguirmos pegar


ele? E se esse sonho foi um aviso.

— Eu não vou permitir ragazza. — Encarei ele, em seus


lábios brincavam à sombra de um sorriso.

Sua mão subiu para meu rosto, ele tocou meus lábios
entreabertos com o polegar aproximou lentamente nossos
rostos em quebrar o contato visual e me beijou, primeiro
com carinho, o que assustou porque esse não era o Dylan,
depois aprofundou o beijo, que se tornou intenso, minha
mão subiu para sua nuca e me agarrei a ele.

Nos separamos por falta de ar, Dylan manteve sua testa


colada à minha, seus olhos verdes escurecidos. Por um
instante, esqueci que o Henry estava ali.

— Me perdoa meu amor? Pelo ser humano nojento que fui


com você? — eu não sabia o que responder. — Eu te amo
Fernanda, preciso de você na minha vida. Eu juro que tentei
te manter longe, mas não dá.

— Dylan...

—Por favor. — eu não estava preparada para aquilo,arfei


segurando suas mãos. — Você, mia Bella, se tornou minha
luz em meio a tanta escuridão.

— Nós podemos tentar de novo. Sem joguinhos desta vez.


Eu te amo Dylan.

— Eu sei.

— E amo o Henry.

— Eu sei.

— Então eu não...

Não terminei a frase pois seus lábios esmagaram os meus,


num beijo lento e sensual.

— O que você está fazendo?

— Deixa a gente te fazer esquecer daquele pesadelo amore


mio. Deixa a gente amar você? — Assenti como a louça que
era e voltei a beijá-lo necessitada.

Esses dois eram minha perdição.

Que susto! Ufa! Ainda bem que era só um sonho!🙃


Capítulo 34

Nanda

Mesmo que eu quisesse, não dava para resistir aqueles dois.


Quando seus olhares pousaram em mim, famintos,
despertaram um lado meu que eu nem sabia que existia.

Dylan, diferente das outras vezes, foi gentil ao me beijar,


sua língua se movendo sensual de encontro a minha, a mão
segurava minha nuca, prendendo-me no lugar. Lentamente,
seus lábios deixaram os meus para seguir a linha do maxilar
até o pescoço, onde ele deixou um rastro quente de
chupadas e beijos, suas mãos ágeis foram até a fina alça da
camisola deslizando pelo meu ombro, liberando meus seios.

A essa altura, meu corpo estava em brasas, ansiando por


seu toque. Dylan me olhou, cheio de desejo, era como se
me visse a primeira vez, corei diante de seu olhar intenso,
lembrando das cicatrizes espalhadas pelo meu corpo, o que
pela primeira vez em anos, me incomodou e muito, ele
sorriu tocando meu rosto.

- Você é linda, amore mio. Linda. Não precisa ter vergonha


de mim.

Observei calada cada passo seu, sua boca tocou meu seio,
sugando, senti minha boceta se contrair pulsando, fervendo.
Agarrei seu cabelo gemendo,minhas unhas arranham sua
nuca, ele levantou a cabeça me encarando.

- Se você fizer isso de novo eu não vou me controlar, cazzo.


- sua voz rouca me deixando mais excitada.

Aproximei nossos corpos, segurando a barra de sua camisa,


retirando-a, passei a unha pelo seu peitoral e barriga,
arrancando um gemido rouco dele, desci minha mão para o
botão da calça e ele a segurou.

- Deixa que eu faço isso mia bella.

Dylan ficou em pé retirando a calça e a cueca, liberando sua


ereção. Segurei sua mão e puxei ele para mim, colando
nossos lábios. Henry só observava nossa dança sensual,
vidrado, então, deixei Dylan e fui engatinhando até ele,
montando em seu colo, sentindo sua ereção roçar minha
boceta encharcada, suas mãos pousaram em minha cintura
e a apertaram, seus olhos escuros buscaram os meus, além
do desejo visível, havia preocupação.

- Que foi Henry? - perguntei colocando minha testa na dele.

- Você está bem, princesa? Eu não quero forçar nada, você


acabou de ter uma crise de pânico. - sorri igual boba com
sua preocupação.

- Só me faz esquecer daquele pesadelo, por favor.

Ele me beijou, mordendo meu lábio inferior, sua língua


invadindo minha boca, seu gosto se misturando com o de
Dylan. Arfei, quando sua mão tocou meu seio apertando,
desci minha boca até seu pescoço passando a língua pela
linha do maxilar, sentindo seus batimentos tão
descontrolados como os meus, arranquei sua camisa e ele
fez a mesma coisa com a calça e cueca.

Admirei os dois, eles eram tão iguais e ao mesmo tempo tão


diferentes, o jeito como me beijavam, me tocavam, era
como um veneno, uma droga a qual eu estava
completamente viciada.

Voltei a beijar o Henry, senti Dylan me tocar, suas mãos


foram para minha bunda, abriu levemente e posicionou seu
pau ali, por cima do tecido fino da calcinha. Seus lábios
tocaram minha pele, mordendo meu ombro, sua língua
percorreu meu pescoço até o lóbulo da orelha, me
arrepiando inteira, sentindo meu corpo em brasas
necessitando de alívio.

Fechei meus dedos ao redor do Henry, subindo e descendo,


arrancando gemidos roucos dele. Virei meu corpo ficando no
meio dos dois e fiz a mesma coisa com Dylan, que soltou
um palavrão e tomou meus lábios.

Porra! Eu vou enlouquecer! Preciso gozar agora!

- Dylan... - supliquei em seus lábios.

Ele sorriu, empurrou meu corpo na cama, bem lentamente


retirou minha calcinha, se ajoelhou na beira da cama e
subiu beijando minha perna. Sua língua passou pela
tatuagem em minha coxa, se detendo por uns segundos.

Henry beijava minha barriga subindo para meus seios,


então não consegui raciocinar direito, sua boca quente se
fechou em meu mamilo, lambendo, chupando, sugando.
Minha boceta se contraiu, fechei minhas pernas, o que tirou
Dylan de seus devaneios e ele me segurou, abrindo minhas
pernas e cravando seus dedos na minha carne.

Antes de sua língua me tocar, senti seu nariz passando no


meio da minha boceta, sentindo meu cheiro. Arqueei as
costas sentindo o prazer me engolir, e então ele passou a
língua quente por toda minha extensão. Um gemido alto
saiu da minha garganta enquanto era atacada pela boca
dos dois, enterrei meus dedos em seus cabelos e me
esfreguei na boca de Dylan rebolando. Ele intensificou os
movimentos, enfiando sua língua em mim, sugando firme,
voltando para meu meu clitóris, puxando, sugando,
lambendo, me levando a loucura. Sem aguentar um
segundo a mais eu gozei, me derramando em sua boca,
arqueando as costas, chamando seu nome.

Fui beijada, devorada pelo Henry, sua língua de encontro a


minha em um beijo apaixonado, quente igual ao inferno.

- Preciso foder você agora, cucciola.- a essa altura, meu


gemidos estavam mais altos contra a boca do Henry.

Sem cerimônia, Dylan me penetrou fazendo meu corpo


balançar.

- Porra! Tão molhada. Gostosa pra caralho.

- Pervertido! - falei entre os gemidos, com Henry fazendo


carinho em meu rosto.

Olhei para aquele corpo, esculpido pelos deuses, sua ereção


bem próxima a minha boca, eu quis prová-lo, segurei a base
do seu pau e coloquei na boca. Gostoso! Deslizei minha
boca até onde consegui, ele gemeu, mas permaneceu
parado, me deixando no controle, suguei com força sua
glande, passando a língua em seguida, sentindo seu gosto.

- Isso gostosa. Chupa meu irmão, enquanto eu fodo sua


bocetinha.

- Ai meu Deus... - sussurrei, suas palavras depravadas me


excitando ainda mais.

Os barulhos do meu corpo se chocando com o de Dylan,


começaram a ficar mais fortes. Ele parou e, contra sua
vontade, se retirou de mim e Henry tomou seu lugar. Seus
movimentos eram mais lentos, como se eu fosse de vidro e
pudesse quebrar. Ele colou seu corpo no meu e tomou meus
lábios, terno, carinhoso, apaixonado.
Foi como eu imaginei a minha vida toda, meu coração já
disparado, pareceu querer correr ainda mais, senti cada
parte do meu corpo ligado a ele, a eles. Eu amava aqueles
dois com todas as minhas forças e não queria, não podia
viver sem eles.

Travei minha perna em sua cintura e rolei ficando por cima


dele, sem desgrudar meus olhos dos seus. Lentamente
comecei a me mover, subindo, descendo, rebolando,
excitada pra caralho. Era como se meu corpo inteiro
formigasse, imerso naquelas sensações extremamente
prazerosas que eles me causavam.

Busquei pelo meu ogro de olhos verdes, ele nos observava


se tocando, os olhos escurecidos pelo tesão.

- Vem Dylan. - chamei, minha voz banhada de luxúria. Com


toda certeza eu desceria de tobogã até o inferno.

Ele sorriu torto e se posicionou atrás de mim, entre as


pernas do Henry. Ele segurou seu membro, mas o impedi e
guiei até a entrada da minha boceta.

- Nanda... é sério isso? - ele se segurou.

- Sim. - Sussurrei.

- Empina essa bunda gostosa pra mim. - falou me dando um


tapa. - Se doer você avisa e eu paro. Entendeu, meu amor?

Concordei, deitando no peito do Henry, fazendo o que ele


pediu, então lentamente, ele entrou em mim, senti uma
ardência dos infernos no começo, os dois me alargando,
abrindo, me tomando.

Assim que a ardência passou, me movi lentamente, isso era


muito bom, enlouquecedor, comecei a gemer mais e mais,
despudorada, alucinada.
- Ai...que...gostoso. Me fodam com força. - choraminguei,
sentindo a primeira invasão forte de seus membros.

- Assim? - Henry perguntou com a voz rouca repetindo o


movimento. - Você gosta assim, amore mio?

- Sim, Henry. Eu gosto assim. - respondi fora de mim,


miando feito uma gata no cio.

Dylan, segurou meu cabelo me puxando de encontro a ele,


tomando minha boca, possessivo. Sincronizados, eles
entravam e saiam com estocadas fortes,fazendo o que pedi.
O som dos nossos corpos e dos nossos gemidos enchiam o
lugar, sem aguentar mais, gozei novamente, minha boceta
se contraindo, melando o pau dos dois, meu corpo
tremendo, explodindo em mil pedaços, no melhor e mais
intenso orgasmo da minha vida, os dois gozaram junto
comigo, se derramando dentro de mim.

Dylan se deitou me puxando para ele, deitei em seu peito e


segurei a mão de Henry que estava do outro lado. Nossas
respirações aceleradas, cansados, suados, porém saciados.
Sentia meu corpo inteiro dolorido e pesado.

- Descansa meu amor. - a voz do Dylan estava longe. - Nós


vamos cuidar de você.

Lentamente fui cedendo e adormeci, recebendo carinho dos


dois. Meu ogro de olhos verdes e meu príncipe de olhos
castanhos, dois lados do espelho, que mexiam
profundamente com meu coração e com minha mente.

Dylan
Lentamente ela adormeceu, observei sua respiração
tranquila, com meu coração acelerado, igual um
adolescente apaixonado. Toquei seu rosto sereno, passando
a ponta dos dedos delicadamente para ela não acordar.

Tive medo, quando vi ela tendo aquela crise de pânico, a


única coisa que quis fazer foi abraçá-la e protegê-la, tirar
toda a angústia que tinha estampada em seu rosto.

Deixei meus dedos pousarem em seus lábios carnudos,


Henry, observava tudo com cenho franzido.

- Quer me dizer alguma coisa, irmão? - perguntei


levantando meus olhos e encarando-o.

- Eu vou embora, Dylan. - ele respondeu largando a mão da


Nanda.

O que?

- Embora? Por que isso agora Henry?

- Eu não vou ficar no meio de vocês dois Dylan. - sua voz


soou triste.

- Um pouco tarde para isso, não é irmão? - ri sarcástico. Ele


também riu, mas não me olhou. - Diz a verdade, Henry. O
que foi?

- Isso daqui, - gesticulou para o bunker. - foi ideia minha, da


Antonella e da princesinha da Alessa, para juntar você e a
Nanda. Não era para eu estar aqui, Dylan. - Até a Alessa?
Cazzo! Respirei fundo para controlar minha raiva.

Que porra é essa? Antonella? Essa ruiva não estava


morando em outro país?
- Respondendo sua pergunta silenciosa irmão. - ele se
levantou e foi para o banheiro. - Antonella, nunca esteve
morando em outro país. Ela descobriu que a Nanda estava
viva, um dia depois do nascimento de Alessa, e para não
contar a você e respeitar o juramento feito a Nanda, ele deu
um tempo da Viper.
Sem dar chance para eu responder, ele entrou no banheiro.

Eu vou matar aquela ruiva e meu irmão junto.

- O que você tem mio angelo , que faz com que todo mundo
queira ficar perto de você? - Sussurrei para não acordá-la,
tocando seus lábios, tentando me acalmar.

Fechei meus olhos, e a abracei. Nunca mais sairia de perto


dela, fui orgulhoso e egoísta uma vez e quase a perdi, não
cometerei o mesmo erro. E precisava tirar da cabeça do
Henry que ele tinha que ir embora, precisava do meu irmão
perto de mim. Sem contar que a Nanda iria sofrer com sua
partida, e eu não queria isso. Ouvi barulho de passos e o
colchão se afundando em seguida, decidi tomar um banho
também, me levantei, peguei minhas roupas e fui para o
banheiro.

Minutos depois, estou renovado, porém morto de sono.


Decidi conversar com o Henry,ele está deitado atrás da
Nanda,com a cabeça encaixada na curva do pescoço dela
de olhos fechados.

- Você não tem que ir embora Henry. - disse, pegando minha


camisa e colocando no corpo da Nanda com cuidado para
não acordá-la.

- Preciso sim, irmão. - ele me olhou com um sorriso triste.

- Precisa o caralho e você sabe muito bem disso. - me irritei


com sua teimosia.
- Você sabe que as coisas não funcionam assim aqui na
máfia. Você sabe que isso que estamos vivendo não é
permitido.

- Foda-se o que é permitido ou não. Eu sou o Don, porra!


Vamos conversar com o conselho e se eles ficarem contra
nós. Eu mato todos.

- Você é doente. - ele disse rindo.

- Vai ficar? - pergunto receoso.

- Vou.

Suspiro aliviado voltando a tomar meu lugar próximo a


minha mulher. Encostei minha testa na dela, meu irmão
continuava na mesma posição em que estava. Acabamos
pegando no sono.

(...)

Acordei com o grito de alguém, não demorei para perceber


que se tratava de Antonella.

- Esperem aí fora rapazes. - ela gritou, depois se virou para


nós. - Caralho! Aproveitaram bem a noite pelo visto. Este
lugar está cheirando a sexo.

- Antonella, eu vou te matar! - me sentei na cama.

- Eu também senti sua falta, meu amor. E aí me conta, como


foi fazer as pazes com a Nanda? -perguntou debochada.

- Não é da sua conta. - respondi grosso.

Henry observava tudo com um sorrisinho no rosto.


- Você mentiu para mim ruiva, me traiu. Pode se preparar
para pagar tamanha insolência. Eu vou arrancar cada sarda
desse rosto com o alicate.- usei meu melhor tom
ameaçador.

- Nikolae te mata. - ela deu um passo para o lado.

- Acha mesmo que aquele russo vai me impedir? - ela


arregalou os olhos. - Você está ferrada Tony.

Levantei da cama e fui em sua direção, ela correu para o


Henry e se pôs atrás dele.

- Você é um mal agradecido, Dylan! - esbravejou.

Ela estava apavorada e isso era bom, mas não aguentei e


acabei caindo na risada.

- Você deveria ter visto sua cara, Tony.

- Maledetto! Bastardo! AH QUE VONTADE DE ESTOURAR


SEUS MIOLOS!

Neste momento, a Nanda acordou e encarou Antonella, mas


não disse nada, pegou suas roupas e foi para o banheiro.
Não demorou e ela saiu entregando minha camisa, já
vestida com suas roupas.

- Quer me explicar de quem foi a estúpida ideia de prender


a gente nesse lugar? - ela se dirigia a Antonella.

- Minha, da sua filha e do Henry.

Ela se virou para o Henry, incrédula.

- Você estava sofrendo principessa, não me arrependo de


ter feito isso.
Me aproximei dela, segurando sua mão, que estava muito
fria, antes dela responder, Antonella abriu a boca grande.

- Já comprei sua passagem, Henry. Quando você pretende


ir?

- Ir para onde? - Ela perguntou franzindo o cenho. - Pretende


me deixar de novo?

O ar ficou tenso, a ruiva começou a olhar para nós três,


depois levou a mão à boca como se não acreditasse.

- Santa merda! Vocês três...

- Pelo visto não. - ela respondeu e se dirigiu a saída.

- Que merda, Antonella! Por que você não ficou com a boca
fechada! - Henry disse e foi atrás da Nanda.

- Eu não sabia, Dylan. Desculpa.

- Desculpas aceitas. E agora você já pode voltar às suas


obrigações. Marca uma reunião com o conselho o mais
rápido possível.

- Tudo bem Don. Agora vamos sair daqui.

- E minha filha? Como ela está?

-Passou a noite muito bem. O Nik e eu a mimamos bastante.

- Acho muito bom. Mas vocês sabem que ela é minha né? -
arqueei a sobrancelha.

- Credo que ciumento.- ela riu me empurrando.

Andamos lado a lado enquanto ela me contava tudo o que


aconteceu esses anos todos. Pelo que me disse, ela e o
russo estavam juntos, não duvidava, afinal, Antonella
sempre o admirou, e sempre teve uma queda por ele.

Quando saímos do bunker, pude ver que o local estava


cheio de soldados. Um pouco mais adiante, meu irmão e a
Nanda conversavam. Resolvi dar esse espaço a eles, porque
a partir de agora, teríamos todo o tempo do mundo.

Henry

Consegui alcançar a Fer, segurei seu braço fazendo ela


parar.

- Olha para mim, princesa. Deixa eu explicar.

- Estou ouvindo Henry.

- Eu não quero ir embora. Mas iria, ainda que isso me


destruísse por dentro. Eu não posso ser egoísta e ficar entre
você e o Dylan. - ela deu uma risada sem humor.

- Vocês dois já se perguntaram o que eu quero? - suas


sobrancelhas estavam unidas. - Eu não vou escolher entre
vocês dois. E se isso tiver que acontecer, eu me retiro.

- Deixa de ser irracional pequena. Você ama o Dylan. Porque


insiste nisso?

- Já entendi Henry. Você não quer ficar comigo. Só se


aproveitou da situação, não é? Afinal de contas, como você
mesmo disse, sempre quis transar comigo, mas me achava
nova demais para isso. - ela entendeu tudo errado. Que
merda!
- Você entendeu errado, princesa. - tentei explicar, mas ela
não deu chance.

- Não precisa explicar. Eu já entendi. - Perdi a paciência.


Caralho! Ela me conhecia bem para saber que eu não era
assim.

- Que porra Fernanda! - esbravejei. -É isso que pensa de


mim? - respirei fundo para não magoar os sentimentos dela.
- Você me conhece muito bem e sabe que eu nunca faria
isso. - falei entre dentes, intensificando o aperto em seu
braço.

Ela me olhava com cara de espanto, eu nunca tinha perdido


a paciência com ela. Sem quebrar o contato visual, me
aproximei tocando seu rosto, respirei fundo e a abracei.

Que merda Henry! Que merda!

- Me desculpa. Eu não deveria ter falado assim com você. Eu


sei que você não é assim, Henry.

- Eu não quero te deixar, mio angelo. - confessei, sentindo o


cheiro do cabelo dela.

- Então não deixa. Eu te amo Henry. - senti suas lágrimas


molhando minha camisa.

Que inferno! Eu não serei capaz de deixá-la.

- Eu também te amo pequena. Sempre amei. Mas você sabe


que isso que estamos fazendo, vai ser mal visto pela Máfia.

- Estou disposta a correr o risco. - disse fungando. - Aliás, a


única pessoa a qual eu devo satisfação, é o padrinho. E ele
já me deu sua bênção, no dia que me tornei Don.
- Você é louca. - dou risada separando nossos corpos.

Segurei sua mão e seguimos para estrada, chegando aos


carros. Meu irmão sorriu quando a viu, e estendeu sua mão,
que ela segurou sem pestanejar.

- Vocês estão bem? - ele perguntou.

- Estamos. - respondemos juntos.

- Que ótimo. Então vamos para a casa. Estou louco para ver
minha filha.

- Eu também Dylan. - ela respondeu.

No caminho para mansão Turgueniev, a Nanda pareceu bem


pensativa, então seu rosto se iluminou.

- Eu já sei como vamos fazer o Mikhail sair da toca. Aquele


pesadelo, serviu para abrir minha mente.

- Como vamos fazer isso, ragazza mia?

- Simples, Don Spencer. Vamos colocar a cabeça dele a


prêmio. - ela sorriu. - E eu vou fazer isso em rede nacional. -
a animação em sua voz era visível. - É hora de Milão
conhecer Electra.

- E como pretende fazer isso princesa?

Que pergunta idiota a minha. Aquela ali, era Electra, a


hacker mais procurada mundialmente, aquela que valia
milhões e que nunca ninguém nem chegou perto de
descobrir a identidade.
Mais do que isso, era a mulher da minha vida, que virou
meu mundo de pernas para o ar, no instante em que pus
meus olhos nela. Alguém, que eu protegeria com a minha
vida se assim fosse possível.

Nesse momento, me dei conta do quão fodido eu estava, e


isso não me incomodava nem um pouco.

Alessa 🙃
Roi. Leitoras né?

Agora as coisas vão esquentar. O que será que está


por vir?
Meu coração dói só de pensar.

Beijos até breve 💜


Capítulo 35

Nanda

A primeira coisa que fiz quando chegamos à mansão, foi


correr e abraçar minha menina. Ela olhava para nós com um
sorriso nos lábios junto com Nikolae. Sorriso de quem fez a
grande travessura. E eu? Pouco liguei para isso, pois se não
fosse o plano dos três, ainda estaríamos nessa de cão e
gato. Abracei e enchi de beijinhos seu rosto.

— Ah! Que saudade de você meu amor. — falei.

Ela se desvencilhou de mim, depois de retribuir os beijos e


abraços, correndo para o Dylan, que a abraçou apertado
dando um beijo em seu cabelo.

— Você está bem, meu anjinho? — ele quis saber, fazendo


carinho em suas costas.

— Sim papai. Muito bem. — toda serelepe, virou-se para o


Henry.

— Deu certo tio Henry? — ela sorriu olhando para ele.

— Deu sim princesinha. — ele todo bobo pegou ela no colo.


— Seu papai e sua mamãe, se acertaram. Ótimo plano, o
seu gatinha.

— Isso! — ela comemorou dando um gritinho.

— Vocês não tem jeito! — sorri segurando o braço dele. Na


mesma hora senti uma eletricidade percorrer meu corpo. —
Eu tenho contas para acertar com você depois, então nem
pense em fugir.
— Eu estaria louco se fugisse de você, pequena. — ele riu e
beijou meu rosto.

Às vezes eu achava que o Henry era só um sonho muito


bom e uma hora eu acabaria acordando, mas torcia para
nunca acordar.

Não demoramos conversando, pois Henry, Dylan e eu


precisávamos comer, então seguimos para a cozinha, onde
Ivan Turgueniev nos aguardava. Fiquei surpresa ao vê-lo ali,
pois o médico foi bem claro quando disse que deveria fazer
repouso absoluto.

— Padrinho! — dei um beijo em seu rosto cansado. — O


senhor deveria estar deitado! — briguei com ele.

— Bom, se Odin quiser me buscar, ele terá que me procurar


por essa mansão.

— Odin? — os gêmeos disseram juntos, com as


sobrancelhas arqueadas, sem entender onde o padrinho
queria chegar. Henry até tinha uma ideia, mas pareceu que
tinha esquecido.

Soltei uma risada divertida, e como estava morta de fome,


sentei e comecei a alimentar o monstro que existia em meu
estômago, e os meninos fizeram o mesmo. Contei tudo o
que aconteceu no bunker, deixando de lado alguns
detalhes, claro. Contei também, sobre o plano para
encurralar Mikhail, ele limitava-se a me encarar com a testa
franzida.

— O senhor está bem, padrinho?

— Já faz uns seis anos que não estou bem. — sorri com seu
humor ácido.— O plano de vocês é excelente, estejam
prontos para lidar com a situação quando for a hora. — sua
voz vacilou, o que me deixou preocupada, e não gostei nada
do olhar que ele lançou a nós três.

— O senhor quer dizer alguma coisa, Don Ivan? — foi Henry


quem quebrou o silêncio.

— Sim, eu quero. Talvez nenhum dos três acredite no que eu


vou dizer, mas direi mesmo assim. — senti um frio na
barriga na mesma hora. — Loki está te enviando um sinal,
minha filha. — Ele acreditava em deuses nórdicos, tanto que
o hall de entrada era cheio deles. E por isso essa história de
Odin, vir buscá-lo e não a morte. — Esse seu pesadelo, pode
ter sido uma mensagem.

— Porque o deus da trapaça estaria me enviando uma


mensagem? — questionei.

— Loki, é fiel aos seus, suas trapaças sempre acabam sendo


para o bem. E você se tornou sua protegida quando decidiu
assumir Pozhar.

Claro! Pensei segurando sua mão. Iria ser sincera com ele,
pois jamais lhe faltei com a verdade.

— Longe de mim, querer magoar o senhor, padrinho. Mas eu


não sei se acredito nisso, entende? — ele sorriu
compreensivo. — Porém, ficarei atenta a situação. — dito
isso, nos levantamos. — Devo me retirar, pois tenho umas
contas a acertar, antes de dar início ao plano. —
Começamos a andar, antes de sair, parei e voltei para Ivan
— E o senhor, vá se deitar. Nada de ficar fazendo esforço
desnecessário.

— Pense no que te falei, Fernanda. Nada acontece por


acaso. — ele insistiu e eu assenti.
A verdade é que não queria pensar naquilo, então apenas
tratei de esquecer. Firmei o passo, sentindo uma dor
irritante entre as pernas, efeito da minha safadeza com
aqueles deuses do sexo que andavam lado a lado comigo,
despreocupados, como se nada tivesse acontecido.

Assim que entramos no cartel , descemos para a sala de


tortura. Pedi a Delano e seus homens, que dessem
tratamento vip para o Dimitri, deixando Fillipa para mim.
Franzi o cenho, pensando no que faria com ela, pois até o
momento, não tinha pensado de fato nisso.

— Você está bem, boneca? — Dylan me olhava sexy e


preocupado, mordi o lábio inferior devolvendo o olhar
quente.

— Voltei a ser boneca? — ironizei.

— Sempre foi minha boneca, amore mio. — ele havia se


aproximado e prensado meu corpo na parede do elevador.

Seus dedos tocaram a base do meu pescoço e seus lábios


voaram até os meus. O beijo durou muito pouco, antes da
porta do elevador abrir, ele ainda me devorou com os olhos
antes de se afastar.

Minha sala de tortura, era composta por duas celas


revestidas por vidros a prova de balas. A pessoa que
estivesse lá dentro, poderia ver tudo o que acontecia do
lado de fora da sala, e isso era perfeito para apavorar
qualquer um. Objetos que eram usados para torturar os
inimigos, ficavam expostos sobre uma mesa de carvalho no
canto da sala.

Sorri ao encontrar o estado deplorável de Dimitri, com o


olho direito tão preto, que acreditava já estar gangrenando,
sem os dedos de uma das mãos e todo machucado. E Fillipa,
estava morta de medo, provavelmente porque Delano a
torturou psicologicamente e deixou que ela visse o que fez
com o Dimitri.

Fillipa, quando viu Dylan começou a derramar lágrimas


grossas, porém pouco me importei, nunca me importava.
Nesses anos todos em que Ivan Turgueniev me treinou,
aprendi a desligar minha humanidade, quando se tratava de
inimigos. A lei da máfia era só uma, matar ou morrer.
Apesar de termos princípios, ninguém pensava se tivesse
que apertar o gatilho contra seu próprio sangue,
simplesmente iríamos atirar e pronto.

— Don! — o loiro cumprimentou sem olhar nos meus olhos,


depois da pequena traição na Floresta D’Angelo.

— Delano. Como estão nossos convidados? — Perguntei


pegando um alicate, me preparando para abrir a cela de
Fillipa.

— O velho quis resistir, mas me diverti com ele.

— Ótimo, eu assumirei daqui. Fez um ótimo trabalho


Delano.

Não entrei na cela da megera, como havia planejado. Fui


direto para Dimitri, que se limitou a me encarar, ele sabia
que tinha chegado o seu fim e eu me deliciei com aquilo.

— Acaba logo com isso. — ele falou com raiva. — Me mata


de uma vez vadia. — eu ri estalando a língua.

— E perder o melhor da festa? Não, querido tio, vamos nos


divertir um pouco.

Fiz sinal para que os soldados tirassem ele de lá, e o


amarrassem em uma cadeira. Com o alicate ainda em
mãos, puxei uma cadeira, me sentando na frente dele.

— Vamos lá, Dimitri, colabore comigo sim? Onde está


Mikhail?

— Eu não sei! Aquele bastardo, filho de uma puta tirou nós


dois da jogada.

— Resposta errada, sendo assim, vocês estão ferrados. Eu


vou te matar pouco a pouco Dimitri. Vou arrancar cada
parte do seu corpo lentamente e depois darei para o Hades
comer. — ele fez cara de apavorado, pelo jeito, meu
cachorro lobo já tinha passado por ali. — Ou melhor, tratei o
Hades aqui, pra te devorar vivo, depois que a gente brincar
um pouco.

Segurei seu dedo e apertei o alicate, o dedo do infeliz caiu


no chão, seu sangue esguichando, repeti o processo mais
quatro vezes, os gritos dele encheram a sala.

Lembrei de tudo o que passei nas mãos daquele maldito,


dos toques nojentos dele em mim, da fala enquanto
pensava em me violentar e meu ódio por ele só aumentou.

Desamarrei o homem e joguei ele no chão, o cheiro do


sangue fez meu estômago se revirar.

Não deveria ter comido! Merda!

Andei até a mesa e peguei uma adaga, me ajoelhei


cortando suas roupas, deixando-o nu da cintura para baixo,
molhei um pano enfiando em sua boca. Os gêmeos apenas
olhavam, a preocupação era visível no rosto do Henry, já o
Dylan, vez ou outra olha para a Fillipa.

Soltei um suspiro indignada, deixando meus demônios


saírem. Neste momento, quis muito terminar com o Dimitri
para me ocupar com a Fillipa e virar de vez essa página da
minha vida.

Delano trouxe fios elétricos, o corpo do homem no chão


convulsionou, repeti o processo, sem matá-lo. Quando seu
corpo ficou mole, parei, peguei uma barra de ferro bem
grossa, o rosto do infeliz se contorceu e ele implorou.

— Sabe, querido tio, eu amo a lenda de Drácula. O modo


como ele matava seus inimigos, me fascina. — ele soltou
um grito tão alto, que dava para ouvir lá da mansão. — Está
implorando, Dimitri? — ri, um riso sem emoção nenhuma. —
Eu vou arrombar você, e quero ouvir você gritar, putinha,
enquanto meu pau estiver dentro do seu cu — repeti as
palavras dele.

— Que porra é essa, Fernanda? — Dylan bufou.

— Esse escroto do Dimitri, tentou estuprar ela. — foi Henry


quem falou.

Eu não contei nada para o Dylan, porque não tivemos


tempo, então imaginava a raiva dele.

— Me dá esse ferro aqui, que eu faço isso. — tomou sem


delicadeza a barra da minha mão. — Desgraçad! Você me
dá nojo Dimitri! — ele cuspiu.

— Eu tenho seu sangue Dylan. — o homem ainda tentou.

— Você é um traidor, e vai morrer como um.

— Vem aqui, pequena. — Henry me estendeu a mão e


recusei.

— Não, Henry! Eu quero ver.


Então ele foi para o lado do irmão. Eles foram cruéis,
enfiaram a barra de ferro inteira dentro do Dimitri, dava
para ouvir a carne se rasgando, o cheiro do sangue
impregnando o ar. O homem revirou os olhos, seu corpo
convulsionou, a vida se esvaindo. Fiz questão de segurar
seu rosto, olhando-o nos olhos para que a última coisa que
ele visse fosse meu rosto e a satisfação estampada nele,
sabendo que o infeliz morreria empalado. Não senti alívio,
só um vazio, aquela morte, estaria ligada a mim, pelo resto
da minha vida.

— Te vejo no inferno! — sussurrei, enquanto ele dava seu


último suspiro.

Levantei sem dar tempo para pensar e fui até Fillipa.


Arrastei ela da cela, seus gritos de pavor encheram o ar,
peguei meu bastão preferido e me aproximei. Já tinha
descido e faria com ela a mesma coisa que fizeram comigo.

— NÃO! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!

— Claro que eu posso. Você não achou que eu fosse te


deixar viva não é? — debochei.

— EU TO GRÁVIDA DYLAN! EU TO GRÁVIDA! — congelei na


mesma hora.

Olhei para o Dylan, fuzilando querendo matá-lo. Não estava


julgando, mas porra, custava te usado camisinha?!

— Nanda..

— Não fala comigo! — larguei o bastão.

— Vai matar meu filho? — Fillipa, perguntou tapando a


barriga.
— Eu não sou você Fillipa. — segurei seu cabelo, forçando a
me encarar. — Mas deveria, afinal de contas, meu filho não
teve escolha.

— Eu não sabia que você estava grávida. — rebateu.

— Se soubesse teria parado? — recebi o silêncio. — Foi o


que pensei.

Peguei meu celular e fui para fora da sala, ligando para


Diego, enquanto Delano a levava de volta à posição inicial.
Ele atendeu no segundo toque.

— Oi Nanda. Aconteceu alguma coisa.

— Eu preciso de um favor. — toquei a testa apertando. —


Preciso que venha até a mansão e traga uns testes de
gravidez.

— Você está grávida?! — percebi o espanto em sua voz.

— Não sou eu Diego. Só vem tá bom? Aqui eu te explico.

— Ok! Chego aí em alguns minutos.

— Te aguardo.

Desliguei, ficando ali alguns minutos. Senti um braço


envolver minha cintura.

— Ele está preocupado. Mas não quer vir aqui. — disse


apoiando a cabeça no meu ombro.

— Eu não tô brava Henry, só quero uns minutos pra digerir


isso.

— Não se isola, princesa. Conversa com ele.


— Se eu for conversar com ele, eu vou matar. Porra!
Custava ter encapado a porra do pênis?

— O Dylan passou por uma fase difícil. Conversa com ele,


por favor. — deu um beijo em meu rosto e se afastou.

Os soldados encaravam nós dois, e o Dylan se aproximando


não ajudou.

— Não me afaste, por favor. — ele tava com as mãos nos


bolsos, cabisbaixo.

— Eu não tô te cobrando nada, Dylan. Só preciso digerir


esta informação. — Um silêncio chato se instalou entre nós.
— Se ela estiver grávida, vou esperar a criança nascer, e
depois a gente vê.

— Tem certeza? Faz muito tempo que não tenho nada com a
Fillipa, Nanda. Então nem sei se esse filho é meu. — me
aproximei abraçando ele, senti seu corpo relaxar. — Eu
passei por uma fase horrível, depois que você morreu. Vivia
bêbado e drogado, me enfiava em missões querendo
morrer, tenho cicatrizes por meu corpo que nem lembro do
que são.

— Sinto muito. Eu nunca quis que você sofresse meu amor.

— Eu sei. — apoiou o queixo na minha cabeça. — Eu quis


me matar Nanda, me drogava para não sentir nada,
mergulhei na escuridão. A Fillipa se aproveitou desta
situação, e um belo dia, acordei do lado dela. Eu sabia que
tinha acontecido alguma coisa porque , de tão ruim que eu
estava, nem a camisinha tirei. — fechei os olhos respirando
com força, as lágrimas ameaçando cair. — Depois fui para o
Abisso...

— Abisso? — interrompi, confusa.


— O lugar onde treinamos os soldados, mercenários e
rastreadores. Foquei em descarregar minha raiva. — seus
braços se estreitaram ao redor da minha cintura. — Um dia,
depois de um treino pesado, sentei no alojamento, peguei
minha arma, destravei, retirei todas as balas deixando
apenas uma, coloquei na boca e apertei o gatilho quatro
vezes, brincando de roleta russa. No último minuto, só não
puxei o gatilho porque Chris apareceu e tirou ela da minha
mão.

Não consegui dizer nada, o choro veio com força , mas


disfarcei. E nesse momento, percebi o quanto fui egoísta.
Ele sofreu tanto quanto eu, ou pior.

— E ficou cada vez mais difícil ficar dentro de casa, tentei


mandar Fillipa embora, contudo ela fugia sempre da
conversa. A última vez que fiquei com ela, nem me lembro,
porque acordei sem saber onde eu estava e o que tinha
acontecido. Só tinha umas manchas pelo corpo dela, como
se eu tivesse pegado muito forte. — fiquei tensa e ele
suspirou. — Me perdoe boneca.

— Não tem o que perdoar, Dylan. Nós não estávamos


juntos. — por mais que eu estivesse tentando não sentir,
aquilo me machucou muito.

Toquei seu rosto tentando tranquilizá-lo, foi quando percebi


que ele também estava chorando. Arrastei ele para longe ,
para que os soldados não o vissem daquele jeito, tudo o que
eu mais queria naquele momento, era tirar toda aquela dor
dele, voltar no tempo e nunca ter feito o que fiz. Eu
machuquei demais uma das pessoas que mais amei na vida,
e essa cicatriz ficaria para sempre.

— Me perdoa Dylan. — falei limpando suas lágrimas,


enquanto minhas próprias caiam.
— Eu já te perdoei meu amor. Vamos seguir em frente, não
vale a pena ficar remoendo o passado.

— Não. Mas como a vida é uma calcinha enfiada no rego,


fica jogando meus erros na minha cara. — ele riu e me
abraçou no exato momento em que Diego entrou. — Vamos
acabar logo com isso. — me afastei limpando os resquícios
de lágrimas que ainda restavam.

Expliquei tudo para ele. Fillipa se recusava a fazer o teste,


então Diego aguardou pacientemente e depois foi uma
gritaria, ela não queria fazer o exame de sangue. Sem
paciência, entrei lá e apaguei ela, apertando sua garganta,
assim sendo, o sangue foi recolhido.

— Os testes rápidos deram negativo. E pelo tempo de


gravidez que ela falou, era para ter dado positivo.

— Quanto tempo para o exame de sangue ficar pronto?

— Em duas horas você saberá, Jujubinha. — como eu odiava


Diego, por usar aquele apelido.

— Eu não acredito que jurei lealdade a alguém com apelido


de Jujubinha. — Delano, que não podia ficar de boca
fechada.

Bati a arma na mesa, fazendo com que todos se


sobressaltassem, virando com cara de demônio para ele,
que se calou na hora. O loiro empalideceu e começou a se
afastar, larguei a arma para não cometer um assassinato e
respirei fundo.

— Repete o que você falou, loiro dos infernos. E eu acabo


com sua raça. — uma sombra de sorriso pairou em seus
lábios.
Foi a gota d’água, fui em direção a ele segurando seu
colarinho. Os soldados estavam calados, Diego, que não se
impressionou com Dimitri, morto no chão com um ferro no
rabo, olhava para mim assustado.

— Tá querendo apanhar de novo, Delano? Igual ao dia do


teste?

— Eu tô brincando chefe. — ele falou com as mãos erguidas.

— Eu vou te mandar pra Rússia, Delano. Com seu pai, é só


continuar agindo assim. — toquei no calo, Delano odiava o
pai.

— Você não teria coragem. — ele respondeu pálido.

— Continua me testando, russo e você vai ver se tenho ou


não.

— Perdão. Não voltará a acontecer. A última pessoa que


quero ver no mundo é aquele puto do meu pai.

— Ótimo! — respondi e ajeitei a gola da camisa dele.

Delano era meu amigo, mas aquele tipo de insubordinação


na frente de outros soldados não era bom. Todo mundo
entendeu o recado, pois não ousavam olhar para mim. Sai
de lá a passos largos, seguindo para o laboratório
tecnológico.

Talvez eu tivesse errado em tocar na ferida, pois Delano


tinha sido abusado psicologicamente pelo pai por anos, era
espancado toda vez que cometia um erro, e isso só parou
depois que Don Ivan o recrutou para trabalhar com ele,
pessoalmente. Essa foi sua libertação e eu nunca faria isso
com ele, mas ele nunca saberia disso.
Chegamos ao laboratório de computação, era hora de
colocar nosso plano em prática e silenciosamente rezei para
que desse certo.

Sentiram minha falta né? Kkkkk espero que sim. Vou


postar uns spoilers lá no Instagram. O link tá na bio.
Quem quiser seguir 🙃🙃

Sobre o sorteio do livro. Vocês preferem livro Hot ou


que não tenha hot?

Beijos até daqui uns dias se o ânimo para escrever


voltar 😅😌
Capítulo 36

Dylan

Ver a Nanda em ação só me deixou ainda mais de quatro


por ela. Não sei dizer exatamente quando me apaixonei por
aquela ragazza, talvez tenha sido depois de ouvir a voz dela
pelo telefone, ou quando a vi no cemitério, ou as diversas
vezes em que observava pelos corredores da faculdade
sempre com um sorriso no rosto e rodeada de amigos.
Nunca sequer cogitei que me casaria com ela e que
minha...nossas vidas fossem se transformar em um caos.

A garota sentada a nossa frente, mexia nos teclados do


grande computador sem desviar o olhar, dava para ver o
quanto estava concentrada, os cabelos negros caíam sobre
os ombros e na testa uma pequena ruga se formou quando
franziu o cenho.
Parei de babar nela, desviando minha atenção para a tela
do computador que estava cheio de códigos, uma janela se
abriu estampando o nome RAI - Radiotelevisione Italiana.
Meu queixo estava no chão sem acreditar, com toda certeza
os litros de baba voltaram a cair. Ainda não tinha me
acostumado com o fato de Nanda e Electra serem a mesma
pessoa.

- Como pretende invadir a RAI, pequena? Pra fazer isso, vai


ter que passar por uma porrada de criptografia.

- Quer apostar que em menos de dois minutos eu vou estar


dentro da empresa, controlando todo o sistema de
transmissão inclusive o satélite que envia o sinal para as
casas dos milaneses?
- E vai fazer isso como, boneca? Porque não estou
entendendo nada.

Ela digitou o e-mail da empresa, depois inseriu um código e


um pequeno texto escrito "Sistema de comunicação
apresentando falhas, clique no link para saber mais." Olhei
atônito para aquilo, não era possível que fosse funcionar.
Ela enviou, aguardamos e assim como ela disse, menos de
dois minutos estava dentro da maior empresa de
telecomunicações da Itália.

- Eu não disse. - sua cadeira rodou, e um par de olhos


castanhos esverdeados examinavam a nós dois. - As
pessoas não pensam, é muito fácil hackear alguém assim.
Simplesmente se esquecem de que pode ser um golpe e
que todas as informações pessoais, podem estar indo para
as mãos de pessoas mal caráter.

- Você já fez muito isso? - quis saber.

- Sim. Depois que o Henry morreu, - disse revirando os


olhos- eu precisava saber se tinha sido policiais mesmo, a
causar a tal morte. Foquei em dois que pareciam péssimas
pessoas, como em SAP só tem uma delegacia, não foi difícil
conseguir o que eu queria. Esperei os imbecis logarem em
uma rede de wi-fi não protegida e bingo! - estalou os dedos.
- Peguei bem mais gente do que eu queria. - Gesticulou com
as mãos.

- Isso foi quando você começou a ficar conhecida. - Henry


estampava um orgulho na voz, o que me fez ficar com
ciúmes. - E você colocou três capos importantes atrás das
grades também.

- Sim. - deu um suspiro. - Invadi o sistema da Viper e roubei


todas as informações, então foi só enviar para a CIA, FBI e
Interpol, eles fizeram o serviço. Aliás, temos que aumentar a
proteção do sistema Dylan.

- Ciborgue já fez isso. - me arrependi na hora em que as


palavras saíram da minha boca, pela cara que ela fez.

- Ciborgue...- Tamborilou os dedos na mesa. - Ok! - ela se


virou para os monitores voltando a mexer no mouse. - Eu
preciso me preparar, já interceptei o sinal do satélite Tivu, é
preciso preparar as câmeras e pensar no que vou dizer.

Deixamos que ela trabalhasse em paz, aproveitei para falar


com Antonella, a reunião com o conselho tinha sido
marcada para o dia seguinte, logo Henry e eu tínhamos que
nos preparar pensando qual seria o próximo passo.

- Dylan? Está me ouvindo? - Antonella praticamente gritou


em meu ouvido.

- Repete, porque acho que não ouvi o que acabou de me


dizer.

- As coisas estão ruins, irmão? - Henry tocou meu ombro se


aproximando.

- Você nem imagina o quanto, Henry. - coloquei no viva-voz


para que ele pudesse ouvir.

- Como você pediu, entrei em contato com os capos para


que se reunissem com o Don. O único que realmente quis
este encontro, foi Luigi. - atônita, ela repassava a
informação. - Contudo, querido primo, soube de fontes
seguras que o conselho, está reunindo toda a famiglia para
atacar os russos, as notícias de que Dimitri está morto e
Fillipa no corredor da morte já se espalhou e aqueles velhos
não estão felizes com isso.
- Cazzo!Santa merda!- praguejei.

- Eles sabem que sua mulher está viva, mas não sabem que
ela é o Don russo. Ou seja, se prepara que a merda vai ser
jogada no ventilador.

- Vamos ter que controlar esse motim irmão, ou toda a


famiglia começará a questionar sua liderança.

- Amanhã resolveremos isso. Precisamos pensar, Henry. -


falei dando fim aquela conversa.

- De nada seus grossos. Ah, antes que eu me esqueça, eles


estão em reunião agora. Tchau. - o som da ligação
interrompida preencheu o local.

As duas maiores famílias, que faziam parte da Viper eram a


Respiro di morte e Sanguinare, uma vez que a Vitale tinha
sido desfeita com a morte de Geovane e todos os seus
familiares. Respiro di morte estava sob o comando de Luigi,
desde que seu líder foi preso há nove anos atrás, pelas
mãos de Electra. E a Sanguinare estava sob comando de
Pacco, que após a morte do pai na prisão, tomou a frente
dos negócios, porém sempre metia os pés pelas mãos por
usar as drogas que vendia, era impulsivo demais, não sabia
manter a boca fechada, este infeliz só estava vivo, porque
livrei a barra dele um monte de vezes.

Henry voltou para o lado da Nanda, que agora conversava


com Space e Pacman. Ela tinha parado de mexer no
computador e estava sentada no meio das pernas do meu
irmão, eles pareciam se dar muito bem, a amizade entre os
dois era forte, o que me fez ficar com ciúmes de novo.
Afastei esses pensamentos, saindo da sala para pôr ordem
no turbilhão de emoções que estava sentindo. Mandei
mensagem para minha prima para saber onde era a tal
reunião, dois segundos depois a mensagem com a
localização chegou. Verifiquei o pente da minha arma,
pensando em mil e uma maneiras de matar aquele bando
de traidor, por sorte, dentro do carro tinha munição. Mas,
antes de chegar a saída, a Nanda me alcançou.

- Está indo onde, bonitão? - disse passando os braços pela


minha cintura, deitando a cabeça em meu peito.

- Esfriar a cabeça, e deixar você trabalhar em paz. - passei a


mão pelo rosto dela segurando seu queixo. - Os infelizes dos
conselheiros estão querendo me trair, estou indo até lá para
pôr um fim nisso. - respondi sendo sincero com ela.

- Toma cuidado tá bom? Eu não posso perder você de novo.


- sorri de seu jeitinho manhoso.

Beijei seus cabelos, descendo para a testa, fiz o mesmo com


seus olhos e a pontinha do nariz, até chegar àqueles lábios
carnudos, ela sorriu em minha boca subindo a mão
lentamente até minha nuca. Tive que me controlar para não
arrastá-la para alguma sala e me enterrar nela de novo.

Beijei-a sem pressa, com carinho,foi um beijo terno e


apaixonado, sentia meu coração disparado no peito, estava
literalmente entregue aquela mulher e não permitiria que
nenhum bastardo, fizesse nada contra ela. Nem que para
isso eu tivesse que matar um a um da pior maneira
possível. Afastei nossos lábios quando Nanda soltou um
pequeno gemido, ela ainda continuou com os olhos
fechados e os lábios, agora vermelhos, um pouco
entreabertos,sorri igual bobo quando ela abriu os olhos,
ficando ruborizada.

- Preciso ir Nanda.

- Você volta antes de eu entrar no ar?


- Não prometo nada boneca. - ela franziu o cenho.

- É estranho.

- Estranho o quê?

- Você me chamando de boneca, todo carinhoso.

- Quer dizer que só meu irmão pode ser carinhoso?! - estava


indignado.

- Ciúmes senhor Spencer? - ela debochou.

- Não estou com ciúmes Nanda. Só não entendo porque não


posso ser carinhoso com você.

- Não fica magoado, bonitão. É que antes você estava


sempre fugindo, vivíamos brigando, e agora você está aqui
sendo quase um príncipe.

- Quase? - arqueei a sobrancelha.

- Sim, quase. Você continua um ogro. Um ogro muito bonito


e gostoso, claro.

Sem dar tempo para eu responder ela ficou na ponta dos


pés e sugou meu lábio inferior com força, nosso momento
não durou muito porque Space a chamou e meu irmão se
aproximou.

- Electra, - a loira gritou. - Temos problemas, estão tentando


bloquear nosso sinal.

- Chto za chert!( Que inferno!)- ela praguejou em um russo


carregado de sotaque - Volta pra mim Dylan. Não faz
nenhuma besteira tá bom?
- Como assim voltar pra ela? Onde você estava indo sem
mim? Eu sou seu Subchefe porra! - Henry me encarava todo
irritado.

- Resolver as coisas de uma vez por todas com os


conselheiros. - Respondi para ele, voltando a encarar minha
ragazza. - Não se preocupe angelo mio, antes de você
entrar no ar, nós estaremos aqui.

Colei meus lábios nos dela, dando um beijo rápido e me


afastei. Ela se soltou de mim e foi para o Henry, que deu um
beijo na testa abraçando-a.

- Toma cuidado tá ? E cuida do Dylan pra mim.

- Tudo por você princesa.

- A coisa está saindo do controle aqui Electra, não estou


querendo apressar, mas anda logo. - Pacman reclamou,
mexendo freneticamente na tecla do computador.

Nanda foi até eles e tomou seu posto mantendo a calma,


enquanto Henry e eu nos dirigimos à saída.

Henry

Quando saímos da mansão de Ivan, já sabia que não seria


fácil falar com os conselheiros. Meu irmão permanecia
calado, mal tinha trocado duas palavras comigo, acredito
que o motivo seja uma certa morena, fiquei quieto também,
pensando no meu plano inicial, porque as coisas do jeito
que estavam não iriam funcionar. Por mais que eu amasse a
Fer, estava disposto a sair do caminho para que ela fosse
feliz ao lado do meu irmão, e pelo gênio do Dylan, um trisal
não daria certo.

Fomos ao complexo para reunir todos os soldados, e agora


estávamos seguindo para a casa de Luigi, onde a tal reunião
estava acontecendo. Entramos em um dos bairros nobres de
Milão, onde várias mansões luxuosas se erguiam, mansões
essas, que sabíamos ser de pessoas como nós.

Descemos dos carros a uma distância segura, instruímos os


soldados a tomarem posições sem levantar suspeitas,
ajustamos os comunicadores e passando pelos grandes
portões brancos da casa de Luigi. A mansão de dois
andares, estava com pouca iluminação, mas os vidros do
segundo andar mostravam a leve movimentação.

O soldado que estava de guarda tentou impedir nossa


passagem, terminando com um tiro no meio da testa.
Dentro da casa, subimos a escada sem que ninguém nos
atrapalhasse, paramos em frente a porta do escritório de
Luigi, onde ocorria uma discussão acalorada. Meu irmão
olhou para mim e fez um leve movimento de cabeça, juntos,
entramos no escritório. O ambiente estava repleto de
fumaça de charutos, que os conselheiros fumavam, todos
sem exceção ficaram assustados ao olhar para nós.

- Boa noite, senhores. - Meu irmão falou sério. - Soube que


estavam fazendo uma reunião. Posso saber o motivo pelo
qual não fui informado?

- Don. - Luigi se levantou. - Estávamos discutindo sobre o


ataque que direcionaremos aos russos. Seu tio está morto e
um membro da famiglia que até a pouco tempo vivia com
você, está preso, prestes a morrer. - o velho se mostrou
confiante ao pronunciar todas as palavras.
- Eu sugiro que escutem muito bem o que vou dizer, porque
será uma vez só. Dimitri foi morto pelas minhas mãos e de
meu irmão. - Dylan falava contido olhando para o rosto de
cada um presente ali. - Fillipa, igual ao homem que se dizia
nosso tio, é uma traidora e vocês sabem o que acontece aos
traidores. Não sabe Luigi?

- Sei Don, mas não vou virar as costas para os meus. O


motivo de terem matado seu tio, não vou questionar. Mas
não deixarei uma descendente direta de Don Ferrari nas
mãos dos russos.

- Don? O Ferrari nunca foi Don. - Ele olhou para mim com ar
de superior. Luigi estava passando dos limites com meu
irmão.

Dylan retirou o celular do bolso, a voz de Fillipa encheu o


ambiente, todos ouviam em silêncio. Eu já sabia o que ela
falava de trás para frente, então limitei a observar cada um
ali, as expressões foram de surpresa para incredulidade em
menos de um minuto, o único que estava com cara de
deboche era Pacco, sentado próximo a Luigi.

- Eu sabia, Capo, que iria ter resistência de sua parte. Por


isso fiz questão de reunir as provas - Dylan guardou o
celular no bolso.

- Então, todo esse show é por causa da birra do seu tio e do


Mikhail, e de uma boceta brasileira? - a voz irritante de
Pacco quebrou o silêncio.

Ignorei minha vontade de arrebentar os miolos dele e vi que


Dylan fez o mesmo, contudo ao falar sua voz saiu quase um
rosnado, os capos ali presentes tremeram de medo.

- Vocês não vão atacar os russos, nós temos um tratado de


paz e não irei começar uma guerra por causa de traidores.
- Mas Don, nem sequer sabemos quem é o novo líder deles,
o que garante que não irá nos atacar.- Luigi estava
vermelho de raiva,pois sabia que não poderia desobedecer
uma ordem direta do Don.

- Porque ela atacaria? - ele arqueou a sobrancelha.

- Ela? É uma mulher? - Pacco gargalhou. - Claro! O Don


russo é a porra da sua mulherzinha morta.

- Se falar dela assim de novo,Pacco, eu mato você. - alertei


aquele filho da puta para que calasse a boca.

- Se decidirem passar por cima da minha ordem, eu ficarei


sabendo.

- E como fará isso, Don Spencer? Por acaso tem bola de


cristal?

- Tem algo melhor que isso, Pacco. Tenho a lealdade de


Electra. - meu irmão sorriu de forma diabólica.

Os murmúrios na sala recomeçaram, os capos um a um


deram sua palavra que nada fariam. Luigi permanecia
calado, olhando para nós, Pacco continuava a tagarelar,
sobre como Dylan conseguiu a lealdade da hacker que
todos queriam por as mãos. O assunto já estava quase se
resolvendo quando o nome da minha pequena.

- Você vai perdoar a traição da sua esposa, Don? - Pacco


jogou seu veneno, as vozes se calaram na mesma hora.

- Não há o que perdoar, ela teve motivos fortes para fazer o


que fez. - ele levou a mão a arma segurando firme.

- É sério? Ela é tão gostosa assim pra deixar o grande Don


Spencer de quatro? - essa desgraça estava pedindo para
morrer.

- Cala a porra da boca seu filho da puta desgraçado! - cuspi


com fúria e o maldito riu.

- Entendi. - falou batendo palmas. - Vocês dois estão


comendo ela. - ele apontava de forma frenética para nós
dois, drogado com certeza. - Eu também quero comer
aquela vadia, já tô até imaginando aquela boca no meu pau.

Sincronizados, meu irmão e eu sacamos a arma e partimos


a cabeça de Pacco ao meio. Sorri ao ver o sangue daquele
infeliz escorrer pelo tapete branco da sala de Luigi. Uma
enorme paz tomou conta de mim.

- Mais alguém tem alguma coisa para falar da nossa


mulher? - Dylan frisou a palavra nossa, apontando a arma
para cada um ali, o silêncio pairou absoluto. - Ótimo!
Reunião encerrada senhores. Eu odiaria ter que caçar cada
um de vocês e suas famílias por traição. Não sobraria
nenhum descendente. Pensem nisso. - Luigi permanecia ,
talvez a raiva fosse tanta que ele não conseguia pronunciar
nenhuma palavra.

- O que eu faço com o corpo do Pacco, Don? - Finalmente


aquele velho encontrou sua voz.

- Jogue em alguma vala ou dê de comer aos cães, você


escolhe. A Sanguinare está sob comando do meu
Consigliere até a nomeação do novo capo. - O Don deu a
palavra final e nos retiramos.

Alguma coisa me dizia que os conselheiros ainda iriam dar


trabalho, sempre davam.

Já dentro do carro, meu irmão continuava calado. Uma


máscara impenetrável de frieza cobria seu rosto, sempre foi
assim, quando alguma coisa irritava ele, Dylan se fechava e
ficava remoendo.

- Vai conversar comigo, ou não, Dylan?

- As coisas estão saindo do controle Henry.

- O que você sugere que façamos?

- Me diz você irmão. Você sempre foi a parte centrada de


mim. Apesar de tudo o que aconteceu, foi um Don bem
melhor do que estou sendo.

- Não fui Dylan. A Viper prosperou muito mais sob seu


comando. As pessoas temem você. Você é o famoso diavolo
sem coração, que conduz tudo com punhos de ferro.

- Diabo? - ele soltou uma risada. - Acho que ogro soaria


melhor.

- Ogro? E os apelidos só melhoram.


- A Nanda disse que sou um ogro. - ele concluiu com uma
voz estranha.

- E isso te incomodou. - constatei.

- Pra dizer a verdade, não...sim...não sei. - Levou a mão a


têmpora massageando. -Eu não raciocino direito perto dela.

- Ela tem esse poder mesmo. - mesmo sem querer minha


voz saiu igual a um bobo apaixonado. - Mas não pensa
nisso. Ela te ama Dylan.

- Eu sei, irmão. Eu sei.

Depois da nossa conversa esclarecedora, o resto do


caminho foi feito em silêncio, estávamos voltando para a
mansão de Ivan apoiar a Nanda. Estava ansioso e sabia que
Dylan também, já se passavam das vinte horas, o embate
com os conselheiros demorou demais. Antes porém de
chegarmos ao nosso destino, um telão no centro da cidade,
que era usado para passar o noticiário para quem gosta de
estar por dentro das informações, no exato momento em
que passávamos, tremulou e a imagem de uma pessoa com
o rosto coberto por uma máscara de Dali e um capuz preto
tapando a cabeça, apareceu.

- Puta que pariu! - Dylan soltou, estacionando o carro. -


Dali? Nossa! Que original!

- Ela é fã de La Casa de Papel. - ri da cara que ele fez.

- Pelo visto, eu não conheço nada da minha mulher. - não


respondi.

Cacete! Deveria ter ficado de boca fechada.

Descemos do carro para ouvir a mensagem já que não iria e


tempo de chegar até a Nanda. Enquanto o barulho de
estática enchia o ar, os milaneses se agrupavam em frente
ao telão.
Atrás da minha pequena, uma luz verde piscava, e listras
pretas passavam por sua imagem. Então, uma voz grossa,
mais parecida com um robô, tomou conta da rua.

"Boa noite. Quero começar dizendo que a justiça desse país


é falha. Quem tem dinheiro, facilmente escapa dos braços
da lei. Alguns aqui me conhecem, outros não fazem ideia de
quem eu sou..."

- Atenção todas as unidades. - a voz de alguém no rádio do


carro de polícia que parou do nosso lado, tirou minha
atenção. -Os engenheiros da Rai, Sky e as outras emissoras
que ela invadiu, estão tentando rastrear e bloquear o sinal.
Fiquem em alerta para a possível captura de Electra.
Eles que tentassem, minha princesa nunca foi descuidada e
a prova de que a bicha era foda estava por toda Milão.
Voltei a prestar atenção no que minha pequena hacker dizia.

"Procuro alguém que conseguiu fugir da lei até hoje, alguém


que não pensa em pegar crianças de orfanatos, ou que
estão brincando na rua e transformar em Slave toy. Sim
Slave toys existem, não é só invenção da Deep Web. Mas
não venho falar disso. Eu ofereço Um milhão de euros para
quem me entregar Mikhail Barov. - uma foto recente do
russo estampou o telão. Em seguida, uns códigos estranhos
apareceram embaixo da foto. - Vocês já sabem como me
encontrar. Ah, antes que eu me esqueça!Um conselho para
as autoridades, vocês só irão me encontrar, se eu quiser ser
encontrada. Não adianta tentar me rastrear."

O telão se encheu de códigos verdes, que no centro


formavam um raio.

- Electra. - Dylan sussurrou ao meu lado. - Eu sei o que vi,


ainda assim não acredito.

- Pois é irmão. - contornei o carro e entrei, ele fez o mesmo.


- Ela é simplesmente perfeita.

- Eu...- seu celular tocou e ele atendeu pondo no viva-voz. -


Nanda.

- Diego me ligou, a Fillipa não está grávida. Mas decidi que


só vou brincar com ela, depois que pegar Mikhail.

- Não sabe o quanto me sinto aliviado por isso.

- E como foi com o conselho?

- Nada bom. - Dylan suspirou. - Desculpa por não


conseguirmos chegar a tempo, boneca.
- Tudo bem. Vocês ainda vão vir aqui? - sua voz soou cheia
de expectativas.

- Vamos para a casa Nanda. Nos vemos amanhã amore mio.

- Nos vemos amanhã. Amo vocês.

Sem esperar por respostas ela desligou. Dylan ainda


demorou uns segundos antes de ligar o carro e seguir
caminho contrário daquele que estávamos fazendo.
Observei as ruas escuras e o alvoroço dos habitantes, por
dentro estava igual a eles e já sabia que não seria fácil o
que estava por vir.

Olá minhas lindas. Como vocês está? Espero que


bem.

Prevejo que muitas merdas vem por aí rsrsrs.


Capítulo 37

Nanda

Milão acordou agitada. Em todas as emissoras de Tvs,


rádios e redes sociais a imagem da hacker, minha imagem,
estava estampada. Os jornalistas tentavam decifrar, como
Electra conseguiu invadir ao mesmo tempo, todas as
emissoras de tv.

Isso foi bem simples, apesar dos engenheiros tecnológicos


não terem facilitado minha vida. O motivo de eu ser
procurada mundialmente, era um dispositivo que criei a
muito tempo atrás, ele encontrava todas as falhas dos
sistemas, inclusive aqueles que diziam serem perfeitos, era
ele quem mantinha todos os inimigos longe, mudando meu
IP de cinco em cinco segundos e direcionando para outro
lugar.

As autoridades descobriram porque Ciborgue me entregou e


a partir daí comecei a ser caçada, todos queriam pôr as
mãos em mim e no dispositivo que chamei de Udyat ( o olho
que tudo vê), por sorte Fernanda O’Connor era só uma
estudante que as pessoas tinham pena por causa da morte
precoce da mãe.

Deixei de pensar nessas coisas pois estavam me levando


para um caminho que não gostaria de percorrer novamente,
levantei da cama a contragosto morrendo de sono, indo em
direção ao banheiro. Tomei um banho rápido, vesti a
primeira roupa que peguei no closet e fui atrás da minha
menina que recentemente quis dormir no próprio
quarto,que era ao lado do meu, só que antes precisava ver
como Don Ivan estava.
A casa estava mergulhada no mais completo silêncio, abri a
porta do quarto do padrinho, ele dormia, sua respiração
acelerada e entrecortada, dava a entender que seu estado
havia piorado,a bolsa de sangue ligada ao seu braço já no
final, gotejava lentamente. Sem me demorar ali, fechei
rapidamente a porta respirando fundo para conter a
vontade de chorar que me atingiu.

Refiz o caminho de volta sentindo meu corpo pesado,


abrindo a porta do quarto da minha filha, entrei. Alessa
também dormia, parei na porta observando meu anjinho,
tentei fazer silêncio para não acordá-la, puxei a coberta e
me aconcheguei junto dela.
Seu cheirinho de pêssego invadiu minhas narinas, e a
vontade de guardá- la longe de todos e só trazê-la de volta
quando essa merda toda tivesse acabado, se fez presente
mais uma vez, talvez eu a mandasse para o Brasil ficar um
tempo com seus avós. Talvez fosse o melhor a se fazer.
Fiquei ali não sei dizer por quanto tempo, apenas me deixei
ficar em paz. Porém esse momento chegou ao fim com o
vibrar do meu celular, abri o olho e sorri, vendo o nome do
meu irmão estampado no visor.

— Fala irmãozão. — atendi sussurrando.

— O David está indo para Milão. Desde que você falou com
ele, nosso pai anda estranho. Disse que precisa te ver
pessoalmente para ter certeza que não estão enganando
ele.

— Merda! Ele não pode vir para Milão agora James.

— Você está sussurrando porquê? — enquanto ele falava,


levantei devagar e sai do quarto. — Foram cinco anos Fer,
eu disse que era para você contar, mas você não ouviu.
— Queria que eu fizesse o que projeto de Fiuk? Primeiro, eu
fiquei em coma, segundo, eu não podia arriscar. Estávamos
falando da vida da minha filha,James. Sabe-se lá o que
aquele doente do Mikhail podia fazer comigo numa cama de
hospital.

— Ei! Guarda as armas dona perigosa. — ele riu — Não


estou te julgando princesa, muito pelo contrário, estarei do
seu lado sempre. Mas é o David, já estamos dentro do
avião.

— Caralho! Você por acaso viu as notícias de Milão?

— Caralho! Não. Eu tô aqui no Brasil linda.

— O mundo não fala de outra coisa, burro!— soltei o ar com


força. — James, não posso arriscar a vida do meu pai,da Ella
e do nosso irmãozinho, muito menos a sua vida. — Dei uma
risada nervosa. — Cara, eu invadi as empresas de televisão
de Milão ontem a noite, coloquei a porra da cabeça do
Mikhail a prêmio. Estou sendo procurada mais que antes.A
merda vai começar a feder James. Você entende agora? —
andei de um lado para o outro tentando me acalmar.
— Eu preciso desligar. Me liga quando vocês chegarem aqui.
Te amo irmãozão.

— PORRA NANDA! PORRA NANDA! — ele esbravejou.

— Tchau James! — cortei antes dele começar o sermão.

— Tchau! Também te amo dona perigosa. Toma cuidado. —


sua voz soou preocupada, porém ele desligou.

Tentei ligar para o Henry e não consegui, com o Dylan foi a


mesma coisa. Depois de muito tentar percebi que estava
sozinha, porque a essa hora os dois deveriam estar
dormindo.
Desci as escadas indo em direção a saída, sem olhar para
onde andava esbarrei em Nikolae.

— Onde vai com tanta pressa?

— Resolver meus problemas Nik. — só então reparei em


suas malas. — Vai me abandonar também?

— Claro que não! Você sabe o porquê de eu estar indo.


Tenho que resolver esse problema, é o futuro da nossa filha
que está em jogo.

— Ah! Merda! — espalmei a mão na coxa fazendo barulho—


Eu sei. Faça o que tem que fazer, Nik. Depois resolva as
coisas com o pai do Delano, não seja gentil. — um sorriso
surgiu em seus lábios.

— Ah, aquele traidor terá o pior de mim. Quanto a Saymon


Hoffmann, tentarei resolver as coisas da melhor maneira
possível. Mas se não der certo Fernanda…

— Pode esquecer. — cortei. — Eu não vou prender minha


filha que mal tem cinco anos em um contrato de casamento
com um velho, para não estragar negócios Nikolae.

— Não podemos começar uma guerra nesse momento,


Fernanda. — ele me olhava com expectativa, mas minha
decisão já estava tomada.

— Foda-se Nikolae! Minha resposta é não. — ele soltou o ar


de forma exagerada.

— Tudo bem. Respeito sua decisão. — ele segurou a mala


dando um fim a conversa. — Não sei por quanto tempo vou
ficar fora, já me despedi do Don Ivan, afinal não sabemos
quanto tempo ele ainda tem.
— Vamos nos falando Nik. Eu sinto muito pelo seu irmão,
mas eu vou fazer ele pagar.

— Mikhail deixou de ser meu irmão no dia em que matou


minha filha. Faça o que tem que fazer. Até logo Fernanda.

— Até Nikolae.

Ele se foi e eu desisti de seguir até o laboratório, voltei para


o quarto da Alessa. Iria ficar com a minha menina o máximo
que eu pudesse enquanto aguardava a chegada do meu pai,
me preparando psicologicamente para essa conversa que
eu sabia que não seria nada fácil.

Duas semanas depois…

A conversa com meu pai realmente não foi fácil. Ficamos


horas conversando, primeiro ele surtou, depois me acusou e
por último caiu em lágrimas, odiei ver o David assim, todas
as coisas que fiz, por mais que tivesse sido por uma causa
nobre, tinha machucado as pessoas que eu amava e talvez
isso fosse ser um fantasma entre nós o resto de nossas
vidas.

Meu pai se apaixonou pela neta e ela por ele, assim como
Pietro, meu irmãozinho se encantou pela sobrinha. Pietro
era uma miniatura do meu pai, só que com cabelo, os olhos
eram verdes iguais aos da Ella , lindo, educado e muito
meigo. David conversou com Ivan, ficaram horas presos no
quarto do padrinho, confesso que fiquei com medo, mas a
realidade era que meu pai queria entender tudo o que
aconteceu de outro ponto de vista e saiu de lá agradecido
por Ivan cuidar de nós, nesses cinco anos.

As cartas estavam sendo postas a mesa, tive que contar


para ele que Electra e eu éramos a mesma pessoa. O velho
quase infartou, contudo não era como se ele tivesse
escolha, porque essa sou eu, e não mudaria em nada.

Nessas duas semanas o clima se fez tenso, quase não vi o


Dylan e o Henry pois as coisas se complicaram com a Viper
também. Vários associados ficaram revoltados com a morte
do tal Pacco e com o fato do Don estar “dividindo” a mesma
mulher com seu irmão. Não tive esse problema com os
meus, pois Don Turgueniev quebrou essa linha machista e
hipócrita quando me colocou no poder. Quanto ao meu pai e
a Ella, não falaram nada mas perceberam o que estava
rolando entre a gente.

Minha madrasta chamou o Henry para conversar,


desconfiava que era sobre isso, contudo, ele não quis me
dizer qual foi o assunto e se manteve distante esse tempo.

Quanto a Mikhail, as informações que chegavam eram


desencontradas, muitas pessoas querendo o dinheiro e
pouca coisa relevante,o cara tinha tomado chá de sumiço,
se antes não conseguimos encontrá-lo, agora menos ainda.
Tive que aumentar a segurança da casa. Delano ficou
responsável pela contratação de novos soldados. Nikolae
não me deu notícias desde que foi para Rússia, já começava
a me preocupar.

Os hackers que trabalhavam para mim estavam


sobrecarregados de tanto coisa que chegava, até Ciborgue
foi realocado para cá apesar de eu não confiar nele, Dylan
confiava então dei esse benefício da dúvida.

Agora já se passavam das vinte e uma horas, tinha colocado


Alessa na cama, porque minha aprendiz de hacker fazia
questão de me acompanhar todos os dias e eu amava isso.
Dispensei todos e fiquei ali em frente aos monitores
pensando no que nós estávamos fazendo de errado, sentia
meu corpo inteiro tenso, soltei um suspiro alto batendo a
cabeça nas teclas do computador, fiquei com a cabeça
apoiada ali por um tempo então não vi que alguém me
observava até ouvir sua voz.

— Você está muito tensa, minha pequena. — levantei a


cabeça bruscamente e ele riu.

— Vai assustar sua mãe, Henry!

Ele se aproximou me abraçando por trás, apoiando o queixo


no meu ombro.

— Eu? Não sou louco de fazer isso com minha mãe. Por
acaso você já observou o tamanho do David? Parece
aqueles lutadores da WWE. — sorri sentindo a respiração
dele em meu pescoço. — Vem princesa, deixa eu te fazer
uma massagem relaxante. — Henry me puxou em direção
ao grande sofá retrátil de Suede preto, que tinha ali.

Sentei retirando os tênis e meias, meus pés agradeceram.


Apoiei minhas costas em uma extremidade do sofá sentindo
a maciez, e ele se sentou na outra puxando meus pés para
seu colo, suas mãos começaram a fazer movimentos
circulares dando leves apertões vez ou outra, fechei os
olhos me sentindo relaxada, porém logo o relaxamento deu
lugar a outra coisa, tentei mudar o rumo dos meus
pensamentos em vão. O toque de Henry estava refletindo
no meio das minhas pernas, minha boceta começou a
pulsar, não consegui pensar em mais nada, dos meus lábios
saiu um gemido abafado. Abri o olho percebendo que ele
me observava, fiquei vermelha na hora morrendo de
vergonha por estar excitada com uma massagem nos pés.

Não acredito que isso tá acontecendo comigo.


Encolhi minha perna desviando o olhar, Henry soltou uma
risada baixa e rouca, aproximando me prendeu no sofá.

— Eu não vim aqui pra transar Fer. — seus dedos tocaram


meus lábios, parecia estar em uma luta interna. — Mas
você...você é como uma droga, porra! Como vou conseguir
ficar longe de você?

Nos encaramos. Meu coração já batia feito louco, minha


respiração ficou acelerada demonstrando minha excitação,
toquei seu rosto gravando cada detalhe, as grossas
sobrancelhas, o nariz, aqueles lábios que mais eram uma
tentação, e aquele belo par de olhos castanhos que parecia
ver além de mim, e que neste momento me diziam que
tinha algo de errado.

Ele fechou os olhos soltando um longo suspiro, depois me


largou voltando a sentar do lado oposto do sofá com a mão
aberta sob os olhos. Engoli em seco e me arrastei até ele,
Henry virou seu corpo de encontro ao meu, nossos olhares
se encontraram e não resisti, tomei seus lábios nos meus.
Senti meu corpo se arrepiar quando sua mão segurou meu
cabelo e retribuiu o beijo sugando minha língua avidamente,
deixando meu corpo em chamas.
Ele me beijava voraz, apaixonado, sua mão desceu até
minha bunda apalpando a carne macia por cima da calça
jeans, montei em seu colo enlaçando-o, por onde sua mão
passava me deixava marcada,em brasas.

Deixando minha boca, percorreu meu pescoço sugando,


mordendo, beijando, arrancando gemidos de mim. Eu
precisava dele como precisava de ar para sobreviver. Retirei
sua camisa preta, revelando o peitoral, agora definido e
com algumas tatuagens, passei a unha em sua pele, que se
arrepiou sob meu toque. Com os lábios entreabertos ele
gemeu, o que me instigou a continuar com os toques.
Colei minha boca em sua pele gostosa sentindo seu cheiro,
desci traçando beijos até chegar no cós da sua calça jeans.
Desabotoei desajeitada e Henry me ajudou a retirá-la, seus
olhos não saíram de mim nem por um segundo. Parei
admirando seu corpo másculo, lentamente me livrei da
cueca, a única peça que ainda cobria seu corpo. Segurei seu
pau grosso entre meus dedos sentindo as veias
sobressaltadas, movimentei a mão lentamente fazendo
movimentos circulares, para em seguida me pôr de joelhos
na frente dele e envolver seu membro pulsante com minha
boca.

Desci passando a língua em toda a sua extensão, fiz o


caminho de volta vendo seus pelos se eriçarem, engoli seu
pau inteiro arrancando um gemido rouco dele, a sensação
não foi muito agradável por causa do seu tamanho, mas não
me detive e continuei lambendo, sugando, engolindo
olhando em seus olhos escurecidos pelo desejo.

Ficamos assim por uns minutos, ele totalmente entregue


aos meus toques. Sentia minha boceta pulsando dolorida,
meus fluidos encharcando a calcinha. Sem aviso, Henry me
levantou empurrando-me no sofá, lentamente retirou minha
calça junto com a calcinha, parando para admirar meu
corpo por uns segundos. Depois, subiu beijando e mordendo
minha coxa, mas não me tocou lá, o que só me deixou mais
excitada e necessitada. Com uma lentidão torturante livrou-
se da parte de cima da minha roupa, sem tirar os olhos dos
meus, abocanhou meu seio sugando com vontade,
enquanto apertava o bico do outro seio e puxava levemente
me fazendo delirar com o toque suave.

Gemi feito uma gata no cio, eu precisava dele, meu corpo


em chamas pedindo por um alívio. Henry continuou suas
carícias nos meus seios, senti o tremor familiar chegando,
os espasmos do orgasmo tomando conta do meu corpo, o
coração acelerando ainda mais, agarrei seu cabelo puxando
enquanto tentava absorver aquela sensação de êxtase que
se apossou de mim.

Caralho! Não acredito que gozei só com ele chupando meus


seios.

Henry sorriu ainda com a boca em minha pele sensível,


larguei seu cabelo e ele não me deu trégua, senti sua
respiração no meio das minhas pernas, ele se posicionou lá,
abrindo-as, fiquei exposta para ele. Antes de me tocar ele
soprou, o que de certa forma foi um alívio, gemi querendo
fechar as pernas pois estava sensível ainda,porém ele não
deixou e sem se importar com meus protestos, começou a
doce tortura, me penetrando parcialmente com a língua,
lambendo meus fluidos como se eu fosse o mel mais
gostoso da face da terra. Henry intensificou seus
movimentos, sugando com força meu clitóris, eu subi
novamente, meu corpo inteiro formigando, e então
despenquei pulsando ao redor da língua dele, esse orgasmo
mais intenso que o primeiro.

Ofegante e suada beijei sua boca gostosa, seu gosto


misturado com o meu era perfeito, nossas línguas se
tocavam em uma dança sensual e quente, fervendo.

— Deixa eu amar você, minha pequena? — sorri de sua


pergunta sem sentido, concordando com um movimento de
cabeça.

Henry voltou a me beijar calmo, cheio de sentimentos, seu


corpo pairava sobre o meu. Vibrei querendo que ele me
preenchesse, sentindo o calor de seu corpo enquanto se
posicionava entre minhas pernas, com uma mão tocou meu
rosto, olhando de um jeito intenso que me assustou. A outra
mão, segurava o membro tocando minha entrada, enlacei
sua cintura com as pernas e me esfreguei em seu pau, que
tinha me invadido parcialmente, sem esperar mais ele me
penetrou, seu pau deslizando com facilidade por causa da
minha intensa lubrificação. Henry, me invadia de uma
maneira lenta fazendo com que eu me derretesse com o
toque gentil.

— Henry. — gemia seu nome.

— Você sempre vai ser minha princesa. — ele disse


ofegante parando os movimentos.

Protestei e me mexi contra ele, mais e mais. Henry se


deitou sobre mim, me mantendo presa no sofá.

— Henry, por favor — choraminguei. — Não me tortura


assim.

— O que você quer, princesa? — sussurrou se inclinando e


mordiscando o lóbulo da minha orelha.

— Quero você,meu amor. Quero que continue fazendo amor


comigo. — Falei passando a mão em seus cabelos.

— Ah, meu anjo!Eu te amo tanto! — Disse, se


movimentando, desta vez mais forte que antes.

Gemi em seus lábios à beira do abismo novamente. Não


conseguia raciocinar direito perdida nos toques e nas
sensações que o Henry causava em mim.

Observei seu rosto corado, coberto de suor, fechando os


olhos em seguida sentindo sua mão apertar levemente meu
maxilar.

— Abra os olhos e olhe pra mim. Quero ver você meu amor.
— ordenou com a voz rouca.
Obedeci encarando-o, sem desviar os olhos dos seus. Henry
voltou a se mover forte e rápido, meu corpo inteiro tremeu,
arqueei as costas sem ter controle do meu corpo gemendo,
enquanto sentia as ondas poderosas do orgasmo me
engolir.

Sabe quando você está em uma montanha russa, onde você


sobe até o alto e o carrinho despenca para então subir
novamente? Foi assim que me senti sendo tomada pelo
Henry, cravei minhas unhas nas costas dele e mordi seu
ombro sufocando o grito de prazer que se formou na minha
garganta enquanto gozava pela quarta vez, senti um líquido
deslizar pela minha entrada, meu corpo foi ficando mole
ainda tremendo, com o pau do meu homem se enterrando
em mim sendo esmagado pelos espasmos ainda intensos.
Com um gemido rouco ele gozou beijando-me ferozmente,
desabando em cima do meu corpo em seguida.

O que Diabos acabou de acontecer comigo?!

Fechei os olhos respirando com dificuldade, Henry levantou


o tronco tocando com delicadeza meu rosto. Senti que tinha
algo errado. Tinha alguma coisa afligindo ele, eu podia
sentir.

— Você está bem, meu amor? — abri o olho sorrindo feito


uma boba apaixonada, deixando minhas suspeitas de lado.

— Eu estou bem. — segurei sua mão, passeando o olhar


pelo seu belo rosto suado pensando no meu ogro de olhos
verdes. Merda!

Tirei a imagem do Dylan dos meus pensamentos e foquei


em meu príncipe que tinha um lindo sorriso estampado no
rosto.
— Acho que não consigo levantar Henry, você acabou
comigo. — Sussurrei — Minhas pernas são gelatinas.

— Pode deixar que eu te carrego, princesa. Ou trago uma


cadeira de rodas. — o palhaço riu.

— Você é um idiota. — empurrei seu ombro, e ele voltou a


me beijar.

Ficamos conversando por horas, já era madrugada quando


adormeci. Não sei se estava sonhando, mas ouvi Henry
falando comigo com uma voz embargada.

—Não me odeie pelo que vou fazer. Eu te amo para


sempre,minha princesa.

Henry

Sai da mansão com os olhos ardendo. Escrever aquela carta


foi a pior coisa que fiz na vida. Deixar a Fernanda, foi a pior
coisa que fiz na vida.

Era como se parte minha estivesse morrendo. Mas isso era


para a felicidade do meu irmão, a felicidade dos dois. Eles
tinham uma família e eu não tinha nada, apenas
lembranças de uma época em que ela foi inteiramente
minha. Eu queria que nós três ficássemos juntos, só que
isso não seria possível, era preciso me retirar, minha mãe
estava certa. Por mais que eu já estivesse decidido,
conversar com minha mãe tornou tudo mais claro.

A Ferrari de Antonella parou ao meu lado, entrei e ela me


encarou.
— Ainda dá tempo de desistir dessa loucura Henry.

— Não, Nella. Já tomei minha decisão. Vamos logo.

— Suas malas estão todas aí. Para onde vamos?

— Para Roma. E ninguém pode saber, ouviu bem ruiva?

Ela concordou, e acelerou rumo ao meu destino.


Mentalmente pedia para todas as divindades me ajudarem a
esquecer a Nanda. Talvez o tempo ajudasse, contudo como
ela mesmo costuma me dizer, o tempo é o pior inimigo.

Não tenho maturidade para isso 😢 chorando aqui


gente.

......

Oie como vocês estão. Estamos chegando ao final da


primeira história.
Meu coração está doendo por isso meu Deus 😭😭
Capítulo 38

Nanda

Passei os olhos pelo papel pela quinta vez, tentando


acreditar naquilo que estava escrito. Não entendi como
Henry tinha sido tão covarde fugindo daquele jeito. Me senti
usada, além da tristeza algo mais sujo tomou conta de mim.
Lágrimas teimosas caíam livremente pelo meu rosto
enquanto reprimia a dor dilacerante que se formou em meu
peito. Comecei a ler novamente.

Pequena, perdão pela maneira que escolhi dizer adeus, mas


eu não conseguiria fazer isso olhando em seus olhos.

Quero que saiba, que a melhor coisa que aconteceu em


minha vida, foi ter esbarrado em você naquele parque de
diversões, a verdade é que quando olhei em seus olhos
soube na hora que seria o grande amor da minha vida. Me
torturei inúmeras vezes, princesa, porque você era
praticamente uma criança, e eu, um grande filho da puta
por não conseguir me manter longe.

Deve estar se perguntando agora, o porquê de eu estar


fazendo isso. A resposta é muito simples, meu irmão e você
merecem uma segunda chance.
Você diz que não conseguiria escolher um de nós, e mesmo
sendo babaca, eu fiz essa escolha por nós. Entenda, eu só
não iria suportar te ver sofrer ainda mais.
Perdão por ter feito você acreditar que eu ficaria, que
seríamos uma família feliz e que superaríamos todos os
problemas unidos, não vejo saída para nós três Fer,
infelizmente.
Não é falta de amor meu anjo, porque te amo infinitamente,
esse é também um dos motivos que me levaram a fazer o
que estou fazendo. Não imagina quantas vezes imaginei
nossa família, quantas vezes imaginei envelhecer ao seu
lado, sozinhos ou com filhos para mim não faria diferença
porque sua companhia seria o suficiente.

Quer saber o porquê de eu nunca ter te apresentado para


minha família? Para meu irmão? Porque ele se encantaria
por você e na época, não estava disposto a dividir você com
ninguém, ainda que esse alguém fosse minha outra metade.
Eu estava certo afinal de contas, ou não estaria aqui
escrevendo essa maldita carta.

Não fique se martirizando, tentando achar um culpado para


minha partida, o problema não é você, o problema é essa
porra desse sentimento que insiste em estar me
consumindo pouco a pouco. Não estou suportando a ideia
de ver o Dylan sofrendo. Acredite em mim, conheço meu
irmão o suficiente para saber como ele está se sentindo.

Apesar de saber que você me ama, no fundo é meu irmão


que ocupa todo o seu coração.

Você merece ser feliz, eu mereço ser feliz. Quem sabe um


dia eu encontre alguém com quem dividir o resto da minha
vida. Alguém que me ame tanto quanto eu amo você.

Porque eu te amo Fernanda, já disse isso inúmeras vezes e


estou repetindo uma última. Eu sei que no momento em
que ler esta carta, vai tentar me encontrar. Eu te peço, não
tente fazer isso, porque a partir de agora, eu passo a ser um
fantasma, assim como fui durante muito tempo.

Seja feliz, meu anjo, me arranque do seu coração, não fique


nutrindo esse sentimento que não vai levar a lugar
nenhum.Espero que me perdoe, minha pequena princesa.
Ti amo per sempre mia bella.

Perdida em minha dor nem percebi quando Dylan entrou em


meu quarto, senti os braços dele me apertando, beijos
ternos foram depositados nos meus cabelos. Deixei que os
sentimentos saíssem, derramando toda minha dor naquelas
lágrimas, mas isso não era justo com ele, que estava ali me
vendo chorar por outro homem.

— Desculpa Dylan. — Consegui falar em meio aos soluços.

— Não diz nada boneca. Pode chorar, eu estou aqui por


você.

— Eu não mereço você. Sou um ser humano horrível.

— Shiiii! Você não é um ser humano horrível, Fer. — Ao ouvir


suas palavras chorei ainda mais, agarrada a ele.

Depois que me acalmei, ele leu a carta sem demonstrar


muita emoção, mas no fundo sabia que Dylan estava
sofrendo demais, afinal, Henry era seu irmão, seu sangue.
Dylan me disse que recebeu uma mensagem de Henry
dizendo que estava partindo, e que era para ele ir até
mim.

Naquele momento, eu soube que as coisas não seriam


muito fáceis daqui para frente, mas nós dois estávamos
dispostos a tentar, vi isso no olhar de Dylan. Ele ficou
comigo por um tempo, depois se foi, para resolver assuntos
relacionados a Viper.

Quanto a mim, fiquei no quarto de Alessa brincando com


ela. Não estava afim de encarar meu pai ou a Ella. Aliás,
nada me tirava da cabeça que minha madrasta teve
participação na partida do Henry, e de alguma forma a ruiva
deve ter ajudado.
Antonella tinha sumido. Tentei ligar para ela várias vezes e
nada, eu poderia facilmente rastrear o chip que ela tinha no
braço, mas ele foi bem claro quando disse que não era para
eu procurá-lo, e assim eu faria.

Lutei para tirar de mim as últimas lembranças, Henry não


tinha o direito de me fazer sentir as coisas que senti, só
para depois destruir meu coração.

— Você está bem, mamãe? — Alessa tocou meu rosto e sorri


para ela. Só então percebi que tinha parado de secar seus
cabelos.

— Vou ficar meu amor. Não se preocupe. — voltei a ligar o


secador terminando os últimos fios. — Eu vou tomar banho
meu anjinho. Tá bom?— beijei o alto de sua cabeça.

— Vou brincar com o Pieto então. — Ela desceu da cama em


um salto e correu para fora do quarto.

Sorrindo sai do quarto dela e entrei no meu, demorei alguns


segundos enchendo a banheira , me despi lentamente,
deixando meu corpo ser engolido pela água morna, fechei
os olhos tentando relaxar. Se passaram alguns minutos no
completo silêncio, até que ouvi a porta do banheiro se abrir,
não precisei abrir o olho para saber quem era, pois seu
perfume único tomou conta do local.

Dylan entrou na banheira, dei espaço para que ele se


sentasse atrás de mim, seu braço rodeou meu corpo e ele
deixou o queixo apoiado em meu ombro,a respiração
quente fazendo minha pele se arrepiar. Subi minha mão até
sua nuca, tocando o cabelo que por estar recém cortado,
fazia cócegas nas palmas das mãos. Deixei meu corpo
relaxar de encontro ao dele, e ficamos ali, apenas sentindo
a presença um do outro, ninguém falou nada, não havia
necessidade de palavras.

Alguém bateu à porta, nos tirando da bolha em que


estávamos. A voz da governanta soou abafada ao dizer que
o jantar seria servido em meia hora. A contragosto sai da
banheira sentindo a pele dos meus dedos enrugada por
estar tempo demais em contato com a água, andei sentindo
meu corpo pesado, em cima da cama tinha um pijama de
Star Wars que eu tinha escolhido antes de entrar no
banheiro, iria descer de pijama mesmo.

Dylan estava calado me observando, percebi que ao lado da


cama tinha uma bolsa, olhei para aquilo com a sobrancelha
franzida.

Será que ele pretende ir embora também, e veio aqui para


me dizer isso?

Meu coração deu uma leve acelerada com esse


pensamento, voltei meu olhar para ele, a garganta ficando
seca. A pele bronzeada de Dylan estava com gotas de água
, a toalha enrolada na cintura deixava ele muito sexy, me
obriguei a tirar esses pensamentos pervertidos da cabeça,
tirei a toalha que envolvia meu corpo pegando o conjunto
de lingerie branca que estava sobre a cama colocando-o.

— Você também vai embora? — questionei, tentando


abotoar o fecho do sutiã.

— Eu não vou a lugar nenhum, meu amor. — Ele disse atrás


de mim, abotoando o fecho que eu não consegui. — A não
ser que você queira que eu vá.

— Eu não quero, Dylan. — Fiquei de frente para ele


enlaçando seu pescoço. — Fica comigo, por favor. Eu preciso
de você. — encostei minha testa na dele. — Pra que aquela
bolsa, então?

— Não quero deixar você sozinha boneca. — ele me pareceu


inseguro. — Posso ficar aqui com você hoje? — segurei seu
rosto, sorrindo.

— Você ainda pergunta.

Colei meus lábios aos dele, em um beijo calmo e ao mesmo


tempo eletrizante, intenso. Seu braço musculoso rodeou a
minha cintura e a outra mão subiu até a nuca, me
prendendo no lugar. Agarrei em seus braços,
acompanhando o ritmo que Dylan impôs, nos separamos
quando alguém entrou no quarto sem bater, soltando um
palavrão. Senti a pele do rosto esquentar morrendo de
vergonha, afinal eu estava seminua e o Dylan apenas com
uma toalha.

— Meu Deus! Me desculpa! — Ella parecia sem jeito,


olhando para todos os lados que não fosse nós dois. — Eu
só vim avisar que o jantar já está sendo servido. —
gaguejou as palavras.

— Já vamos descer mãe. — Dylan respondeu sem me soltar.

A porta se fechou atrás dela no mesmo instante,rimos


daquela situação inusitada. Dylan colocou uma mecha do
meu cabelo atrás da orelha e permaneceu com a mão em
meu rosto.

— Você fica linda quando está com vergonha. — disse


sorrindo. Era covardia ele sorrir daquele jeito. — É melhor a
gente descer Nanda, ou daqui a pouco a casa inteira sobe
aqui. — concordei, já colocando meu pijama.
Foi impossível desviar os olhos do corpo dele quando retirou
a toalha, poderia apostar que caíram litros de baba da
minha boca. Seu membro estava ereto e eu me senti uma
pervertida por não parar de encarar.

Dylan olhava divertido para aquela situação, após terminar


de se vestir andou até mim segurando minha mão.

— Hoje não ragazza. Quem sabe outro dia eu não foda você.
— revirei o olho abrindo a porta.

— Você se acha né? Por acaso me viu pedindo isso? — ele


soltou minha mão, agarrando meu corpo por trás.

— Não precisava me pedir. Seu olhar faminto me disse tudo.


— Com um sorriso nos lábios, ele depositou um beijo
próximo a orelha fazendo minha pele se arrepiar.

Fiquei quieta porque Dylan estava certo.

Na mesa de jantar, o clima estava estranho. Fui informada


pela governanta que Alessa e Pietro já haviam jantado e
estavam no quarto de jogos com Giulia. Eu comia em
silêncio sem prestar atenção na conversa que meu pai
mantinha com sua esposa. Quando a sobremesa foi servida,
um comentário de Ella não me passou despercebido e fez
meu sangue ferver.

— Foi melhor assim, David. — ela afirmou. — Quando


conversei com o Henry, ele não estava feliz. Por isso
aconselhei que ele fosse embora. Onde já se viu, os dois
sendo irmãos não podem ficar com a mesma mulher!

Apesar de já saber que tinha dedo dela no meio, aquilo veio


como um tapa. Larguei o garfo fazendo barulho, atraindo a
atenção para mim.
— O que você falou com o Henry, mamãe? — Dylan
encarava a mulher com o cenho franzido.

— A verdade, Dylan. Que não tinha lugar para ele aqui.

— E quem foi que te deu o direito de se intrometer em


nossas vidas, Ella? — falei de forma contida, engolindo o
sentimento de raiva que tomou conta de mim.

— O sofrimento dos meus filhos. — ela engoliu em seco me


encarando. — Você destruiu a vida dos dois. Seu egoísmo
quase matou o Dylan e agora, você estava se colocando no
meio deles.

Não posso dizer que aquilo não doeu, porque doeu muito. E
doeu ainda mais olhar para meu pai e ver que ele
concordava com tudo o que a esposa estava dizendo. Dylan
falava com ela possesso, James me olhava preocupado, seu
rosto estava vermelho demonstrando irritação. Mandei para
os ares o pouco de sanidade que ainda restava, espalmei as
mãos na mesa, fazendo os pratos ali em cima tremerem.

— Você me culpa por um erro que não fui eu quem


cometeu. Mikhail está atrás de vingança porque Lorenzo
não quis fazer negócios com ele e o expulsou da Viper. Os
traidores não são bem vindos Ella, você sabe muito bem
deste fato , já que também fez parte da organização. —
minha voz tremia denunciando o nível da raiva — O Henry
só foi ao encontro de Mikhail, por causa de uma porra de
uma dívida de sangue que o Lorenzo firmou.

— Nanda. — James se levantou temendo pelo pior.

— Não James! — levantei a mão continuando — Vocês


dizem que eu sou egoísta, mas no meu lugar teriam feito a
mesma coisa.
— No seu lugar, teríamos feito as coisas direito. Olha para
você minha filha. Que tipo de monstro você se tornou? — Se
meu pai tivesse me batido, teria doído menos que as
palavras que ele acabou de pronunciar.

— Que tipo de monstro eu me tornei?! — ri com escárnio,


limpando as lágrimas que caíram sem eu perceber. — Você
se esquece muito fácil das coisas David. Esquece que eu
nunca quis casar, que eu nunca quis vir para Itália. Vocês —
apontei para eles— não me deram escolha,fazendo
exatamente o que o Mikhail queria.

— Você não ama meus filhos Fernanda! — A voz da minha


madrasta subiu três quartos enquanto andou até mim.
Delano, que até então assistia à discussão, sacou a arma
aproximando-se de nós, fiz sinal para que ele parasse. —
Você se acostumou com a ideia de ter os dois a seus pés,
alimentando seu ego. Está tão cega nessa sua obsessão,
que não percebeu o sofrimento do Dylan e nem o do Henry.

Eu não sabia o que tinha feito de errado para o universo me


castigar tanto assim. Não sei até onde resistiria a esses
sentimentos que vinham como uma avalanche. Nesse
momento, imaginava as inúmeras formas de matar a Ella,
conseguia visualizar perfeitamente seu sangue banhando o
chão da sala de jantar. Percebendo que eu não iria
responder,ela continuou me atacando.

— Deixa o Dylan livre para arrumar alguém que ame ele de


verdade. Você não merece meu filho. Você está prestando
papel de vagabunda Fernanda. Meus filhos merecem
alguém melhor que você! — não consegui pensar naquilo
que estava fazendo, acertei um tapa no rosto dela, na
mesma hora meu rosto ardeu, pois ela fez o mesmo.
— Ella! — meu pai a segurou, e Dylan se pôs na minha
frente.

— Você fala com tanta convicção que eu não amo o Dylan


ou o Henry. Sabe porque eu sou procurada Ella? — Ninguém
respondeu, dei um passo para frente, tocando a face
dolorida. — Porque eu me meti onde não devia para achar o
assassino do Henry, e um alvo foi pintado na minha testa.
Antes disso, o máximo que eu fazia era invadir o celular do
David pra me preparar pras namoradas dele. — David me
olhava incrédulo. — Sabe porque eu quase morri? Porque
além de ser torturada inúmeras vezes, levei um tiro. Um tiro
que era para o Dylan. Em consequência disso, eu perdi meu
filho. — O silêncio reinou absoluto. — Vocês são machistas e
hipócritas. Eu quero todo mundo menos o James fora da
minha casa AGORA!!!

— Fernanda! — meu pai tentou se aproximar, porque viu


que as coisas foram longe demais. Dei um passo para trás.

— Não se aproxima David! Porque nesse exato momento eu


estou pensando nas piores maneiras de matar vocês. —
Minha voz fria, desprovida de emoção assustou os dois. —
SAIAM DAQUI AGORA! Eu passei cinco longos anos sem
nenhum de vocês. Posso passar o resto da minha vida
também.

Sai dali sem esperar por respostas, minha cabeça girava,


sentia uma vontade imensa de por tudo o que comi para
fora. Entrei no meu quarto sem enxergar nada a minha
frente e desabei na cama. Era a segunda vez no dia que eu
chorava e seria a última. Abafei meu grito de frustração
com o travesseiro, tudo o que eu mais queria no momento
era que o chão me engolisse.
A cama se afundou, braços me envolveram sussurrando um
pedido de desculpas, sendo que o culpado dessa merda
toda nunca foi ele.

— Você não vai embora com sua mãe?

— Claro que não! Acabei de ter uma discussão horrível com


ela, meu amor. Minha mãe não tinha direito de fazer o que
fez. — Dylan disse tocando meu rosto. — Eles estão indo
para minha casa. Seu pai tá arrasado, ele discutiu com
minha mãe também.

— Que fique arrasado! Não quero saber deles. — Olhei em


seus olhos e encontrei dor. — Fica aqui comigo, por favor. Eu
não suportaria se você fosse embora também.

— Eu não vou a lugar nenhum, já te disse. — seus lábios


pressionaram os meus. — Agora dorme. Quando acordar eu
vou estar aqui.

Fiquei deitada em seu peito, ouvindo as batidas ritmadas do


seu coração, antes de adormecer por completo ouvi sua voz
rouca próximo ao meu ouvido falando em italiano.

— Ti amo così tanto mia principessa. ( Eu te amo muito,


minha princesa).

Um mês e meio depois…

Entrei no quarto encontrando meu marido sem camisa


coberto de glitter. Imediatamente peguei o celular e
registrei o momento. Alessa sorria com os olhinhos
brilhando, olhando o pai, e ele olhava apaixonado para ela.
Os dois estavam brincando de bailarina, Dylan tinha uma
Barbie nas mãos imitando movimentos de salto, enquanto
Alessa tocava uma música desafinada nos teclados do mini
piano que Dylan tinha dado a ela, no seu aniversário a três
dias atrás.

Fiquei encostada no batente da porta, observando a


conversa dos dois. Dylan vinha se mostrado um ótimo pai,
dentro de casa com nós duas, ele perdia a pose de homem
mal. Dylan estava muito diferente daquele moleque fechado
e inseguro que conheci a sete anos atrás, e recentemente
vinha me pedindo em casamento, porém não estava
preparada para dar esse passo, e na teoria, nós já somos
casados.

Dylan era carinhoso, estava sempre presente nas


brincadeiras com nossa filha, sempre que podia colocava
ela para dormir e contava histórias. A história favorita da
nossa pimentinha era a da Princesa Guerreira, uma história
inventada pelo Dylan sobre o nascimento da Alessa.

Eu disse a ele que a gravidez da Alessa nem eu pude curtir,


porque além do fato de estar correndo risco de perdê-la,
tinha o medo, eu estava apavorada temia que algo de muito
ruim acontecesse, na verdade quase aconteceu. Tiveram
que induzir o parto, passei horas terríveis de dor, perdi
muito sangue, desmaiei antes dela nascer e acordei dez
horas depois com uma equipe médica preocupadíssima ao
redor do meu leito. Decidi neste dia que não queria mais ter
filhos e passar por aquilo de novo. É claro que as
circunstâncias seriam outras, contudo, agora sendo o Don
da máfia russa não poderia correr esse risco, porém o
destino é um filho da puta e deu um jeito de rir da minha
cara de novo.
Decidi participar da festa, dispensando os pensamentos
negativos que se formavam em minha cabeça.

— Mamãe, o papai é o Ken. E eu sou a filha da Barbie e


dele.

— Eu amei esse Ken cheio de purpurina. — ri sentando-me


próximo ao Dylan.

— Sabe o que eu acho pimentinha? Que a mamãe quer ficar


cheia de purpurina também.

— Não! — protestei tentando levantar, sendo impedida


pelos braços fortes dele.

Juntos eles me encheram de glitter também, gargalhando.


Claro que eu protestei, pois agora tinha glitter rosa até nos
dentes, mas tudo com eles valia a pena. Ficamos ali
brincando até Alessa se cansar e querer dormir. Ajudamos
ela a tomar banho, logo após o jantar a colocamos na cama.

Agora de banho tomado e no meu quarto, estava pensando


no meu pai. Várias vezes eles tentaram contato, mas preferi
não responder. James e Dylan me traziam notícias deles. Até
a Carla tentou me fazer voltar atrás, quando nos falamos
por chamada de vídeo, mas eu não estava pronta para
perdoar nenhum dos dois. Também tinha a questão do
Henry, estávamos morrendo de saudades dele, a cada dia
ficava pior. Dylan e eu sempre incluímos ele na conversa, e
nos planos, como se de uma hora pra outra ele fosse
aparecer.

Minha raiva já tinha passado, agora outra coisa me dava


medo, pois não sabia como o Dylan iria reagir a tudo o que
estava acontecendo.
As coisas estavam longe de entrar no eixo, muitas coisas
precisavam ser resolvidas para vivermos em paz. Antonella
sempre fugia de mim, Nikolae ficou na Rússia comandando
a família de lá. Saymon Hoffmann, o Don alemão, segundo
Nikolae estava vindo para a Itália e exigia uma reunião
comigo, pois não aceitou o que Nikolae lhe disse a respeito
de Alessa. A saúde de Ivan tinha piorado
consideravelmente. E Mikhail ainda não tinha sido
encontrado.

— Está cansada, boneca? — Dylan indagou retirando a


toalha da cintura, sentando-se na cama.

— Você não imagina o quanto. — sorri fraco.

— Senta aqui e descansa. — ele sorriu segurando seu


membro.

— Você é um pervertido ninfomaníaco! — falei andando até


ele subindo em seu colo.

— Eu não tenho culpa se você está cada dia mais gostosa.


— sem quebrar o contato visual, ele baixou a alça fina da
camisola, liberando meus seios. Gemi quando sua boca
tocou minha pele sensível.

— Dylan, precisamos conversar. — Sussurrei perdida em


suas carícias, sentido o calor familiar crescendo.

— Uhum! — foi a única coisa que respondeu antes de me


beijar.

Sua língua invadiu minha boca. O filho da mãe me deixava


louca com um simples beijo. Sua mão desceu até minha
coxa acariciando e apertando, deslizou até encontrar o
tecido fino da calcinha.
— Assim que eu gosto. Sempre pronta, meu amor. — seus
dedos tocaram em mim, ficando melados.

Dylan, puxou minha calcinha para o lado e me penetrou.


Lentamente ele entrava e saia me levando a loucura,
colamos nossas testas, as respirações aceleradas. Tomei o
controle, acelerando o movimento, sentindo a eletricidade
se espalhando pelo meu corpo. Mas ele gostava de me
enlouquecer, então se levantou me virando de costas,
apoiei meu corpo na cabeceira da cama e ele abriu minhas
pernas, vibrei querendo ser preenchida novamente, senti o
calor de seu corpo enquanto se posicionou entre minhas
pernas, com uma mão segurou meu cabelo e com a outra
manteve meus braços presos atrás das costas, empinei
minha bunda tocando sua ereção e sem esperar mais ele
me invadiu, seu pau deslizando com facilidade por causa da
minha intensa lubrificação. O som de nossos corpos se
chocando invadiu o local, cada estocada curta e forte que
ele dava arrancava um gemido alto de mim.

— Gostosa. — ele disse ofegante em meio aos gemidos


roucos ,parando os movimentos.

Protestei mexendo meu corpo contra ele. Dylan soltou meu


cabelo e minhas mãos segurando em minha cintura me
mantendo presa no lugar.

— Dylan, por favor — choraminguei. — Não me tortura


assim.

— O que você quer, principessa? — sussurrou mordiscando


meu ombro.

— Eu quero que você me foda. — Sussurrei.

— Você é uma safada. — ele voltou a se movimentar forte e


rápido. — Assim? É assim que você gosta, minha putinha
gostosa?

— É assim que eu gosto. Ai...continua assim... — respondi


gemendo descontroladamente.

Suas mãos começaram a passear pelo meu corpo, senti


uma ardência na bunda quando recebi um tapa e depois
outro, gemi ainda mais, a beira do abismo.

Seu pau entrando e saindo tocando no meu ponto mais


sensível, quando eu achava que não aguentaria mais, ele
me obrigou a deitar e veio por cima de mim, capturando
meus olhos nos seus, seu corpo másculo coberto de suor,
fechei quando sua mão se fechou ao redor do meu pescoço,
apertando levemente. Ele sabia exatamente o que eu
gostava, sabia me enlouquecer.

— Olha pra mim, amore mio. Ou eu não vou me mover. —


seu olhar faminto passeava pela minha face.

Por um momento me senti envergonhada, mas a vergonha


passou logo.

— Cachorro! Para de me torturar Dylan! — protestei e mexi


meu quadril.

Voltando a se mover, ele me beijou voraz, sua penetração


ficando mais forte. Não demorou e eu gozei sentindo o pau
delicioso dele crescer sob meu aperto, tremores tomaram
conta do meu corpo, arqueei as costas sem ter controle do
meu corpo, então desabamos cansados, porém saciados.
Ele se deitou do meu lado, observei seu rosto, um sorriso
bobo brotou ali.

— Eu te amo boneca.

— Eu também te amo, senhor bonito. Amo demais.


Nos beijamos, estávamos agindo como adolescentes
apaixonados, qualquer oportunidade de estarmos juntos
nunca deixamos passar. Algumas vezes, conversamos por
horas , só apreciando a companhia um do outro, outras
vezes acabamos na cama. A verdade é que não sabia mais
viver sem o Dylan, mas não estava completa e nem ele.
Faltava alguém, faltava o Henry.

Meu celular começou a tocar, levantei para pegá-lo, talvez


eu tenha levantado rápido demais pois tudo ficou escuro. A
alguns dias,comecei a sentir tontura porque quase nunca
me alimentava direito, e no meu estado isso não fazia bem.
Assim que me recuperei, atendi a ligação com medo de ser
o que eu estava pensando.

— Diego. Aconteceu alguma coisa? — questionei


apreensiva.

— Você vai ter que ser forte, Nanda. Desculpa por ter que
dar essa notícia a você, mas Ivan Turgueniev acabou de
falecer. Fizemos tudo o que estava a nosso alcance,
Jujubinha, porém ele teve uma falência múltipla de órgãos.
Sinto muito.

Não estava preparada para aquilo, a voz de Diego foi


ficando longe, tudo ao meu redor escureceu, antes de
desabar no chão fui envolvida pelo braço do meu príncipe
ogro, apaguei em seguida.

E aí gente. Como vocês estão?


É agora que as coisas pioram. E o Henry, como será
que ele está? Será que já encontrou alguém ou está
sofrendo ainda?

Beijos até o próximo capítulo.😘😘 Se cuidem, bebam


água e se forem sair usem máscara 😊
Capítulo 39

E já que estamos sem WhatsApp, Facebook e


Instagram, vamos de capítulo novo. Eu ia deixar pra
postar todos os capítulos finais juntos, mas sou
ansiosa pra caramba.

Boa leitura 😘😘

Dylan

Por uns segundos fiquei apenas observando a deusa


embaixo de mim, com o rosto corado, os cabelos
espalhados sob os lençóis brancos e os lábios levemente
abertos. Ela estava cada dia mais linda, os seios e aquela
bunda maravilhosa, estavam maiores de alguma forma, a
cintura mais grossa o que só me deixava com mais tesão,
louco por ela. Era praticamente impossível ficar longe.

Minha pequena safada, franziu o cenho e protestou


rebolando aquele rabo delicioso se esfregando em mim.
Voltei a tomar seus lábios com voracidade, me
movimentando mais rápido arrancando gemidos altos dela.

Ainda bem que Alessa dorme feito pedra.

Senti meu pau dolorido ser castigado quando ela atingiu o


orgasmo, seu corpo subiu de encontro ao meu tomado por
pequenos tremores, não aguentei os apertos insistentes de
sua boceta e gozei sendo tomado pela sensação de êxtase
beijando aqueles lábios macios. Quando nossas respirações
voltaram ao normal, sai de dentro dela e deitei de lado
apoiando a cabeça em uma mão, e tocando seu rosto com a
outra. Ela sorriu, e me peguei desejando que ela aceitasse
meu pedido de casamento, mas ela sempre dizia "Nós já
somos casados Dylan". Só que eu queria fazer as coisas
direito dessa vez, queria que o sim partisse dela, porque na
primeira vez, ela foi obrigada a se casar comigo.

Estávamos felizes, mas faltava alguém, a Nanda e eu nos


sentimos incompletos sem o Henry. Eu me culpei pela
partida dele, porque foi graças a minha crise de ciúmes,
ainda que escondida, que meu irmão resolveu partir.
Antonella sabia onde Henry estava, porém ela não quis
contar e sempre fugia da Nanda.

O celular dela tocou fazendo com que eu voltasse à


realidade.

- É o Diego. - indagou franzindo o cenho. - Deve ter


acontecido alguma coisa.

Ela atendeu, e depois ficou em silêncio, o celular caiu de


sua mão, percebi o que estava acontecendo e a peguei
antes de seu corpo tombar no chão.

- Nanda? - chamei ao colocá-la na cama, não obtive


resposta, estiquei a mão pegando o celular que ainda
estava em ligação jogado no chão. - Diego, me ajuda aqui, a
Nanda acabou de desmaiar. - ele praguejou e em seguida
me deu instruções de como prosseguir, disse que estava
vindo até aqui.

Fiz o que ele pediu e pouco a pouco ela despertou, pálida e


trêmula se sentou me olhando.

- O padrinho morreu, Dylan. - A voz embargada não saiu


mais que um sussurro, segurei sua mão, tentando aquecê-la
entre as minhas.
Nanda se levantou da cama meio grogue, apoiei seu corpo
no meu. Sem dizer nada foi para o banheiro, acompanhei de
perto por medo dela desmaiar de novo. A água que caiu do
chuveiro estava gelada, ela esperou uns segundos e entrou,
me juntei a ela calado dando espaço para que pensasse.

- Você tem se alimentado ragazza? - depois de um tempo


decidi quebrar o silêncio.

- Meu desmaio não tem nada a ver com falta de comida


Dylan. Quer dizer, também, mas não é só isso. - indagou
soltando o ar com força. - Nós precisamos conversar, meu
amor. - o chuveiro foi desligado e saímos do box.

Já no quarto, após nos vestirmos, ela ainda se mostrava


nervosa mordendo a unha do dedão. Andou de um lado para
outro algumas vezes , e sem dizer nada foi até o closet
voltando com uma caixinha na mão, parada a minha frente,
abriu o objeto retirando dois papéis estendendo a mim e se
afastando novamente.

Abri o primeiro papel onde BHCG Qualitativo estava escrito


em letras grandes, e embaixo em letras menores Positivo, o
outro papel era a imagem de um ultrassom, onde aparecia
um pontinho preto borrado, que mais parecia um girino,
logo abaixo vinha escrito Tempo gestacional estimado 8
semanas e 1 dia.

- Grávida! Você está grávida!- Ela concordou com um aceno


de cabeça. Não sei dizer ao certo que sentimentos tomaram
conta de mim, porque fiquei muito surpreso.

Caminhei até ela segurando seu queixo, fazendo com que


olhasse para mim.

- E não está feliz com isso. - constatei, pois vi tristeza em


seus olhos.
- Eu tô com medo, Dylan. Como fomos tão descuidados
assim? - ela tocou minha mão, e as suas estavam ainda
mais geladas que antes. - Como vamos trazer outra criança
para o meio dessa guerra?

- Estou com você, Nanda. Não vai passar por essa gravidez
sozinha, como passou a gravidez da Alessa. Somos um time
amore mio.

- Eu sei Dylan. Mas tem um alvo no meio da minha testa e


da sua. - puxei sua mão para que ela se sentasse, me
ajoelhando à sua frente.

- Te prometo que ninguém irá fazer mal a vocês. Eu mato


qualquer um que tentar. - sorri para confortá-la.

- Tem outra coisa...essa criança pode não ser sua. Pelas


minhas contas e a data no ultrassom, foi o dia em que
transei com você e com o Henry. - eu já imaginava
isso,talvez fosse por isso que ela estava nervosa.

- É isso que te preocupa? - com os olhos marejados ela


concordou. - Essa criança que está aqui, - toquei seu ventre
- é minha. Não importa se saiu de mim ou não. Fizemos ela
juntos, eu vou amar de qualquer jeito.

O Henry é um idiota por estar perdendo isso.

- Ah, Dylan! Eu não mereço você! - uma lágrima solitária


rolou pelo seu rosto, toquei o local por onde ela passou,
deixando minha mão ali, seus dedos envolveram os meus.

- Chega de drama em nossa vida, Nanda. Chega de persistir


nos mesmos erros. Eu estou aqui com você e não vou te
abandonar nunca. Você ainda não entendeu que eu amo
você?
Ela sorriu, um sorriso que me aqueceu por dentro. Abracei
sua cintura sentindo a tensão abandoná-la, porém o
momento de felicidade não duraria por causa do enterro de
Ivan.

Diego chegou alguns segundos mais tarde, examinou a


Nanda, a pressão dela estava bem baixa, oito por seis.
Como eu já imaginava, ela não estava se alimentando
direito então tivemos uma longa conversa com Diego a
respeito disso. Fiz um lanche para ela e praticamente a
obriguei a comer.

O dia amanheceu banhado em tristeza após a longa noite


que tivemos. Ivan era muito querido pelos membros da
organização por isso avisamos todos que faziam parte dela
e alguns membros da Bratva, pois o clã de Don Ivan tinha
ligação direta com a organização mais poderosa da Rússia.

O estado de Ivan entrou em estado crítico a pouco mais de


uma semana, mesmo sob protesto ele foi levado ao hospital
e lá permaneceu, todos já sabíamos qual seria o fim disso
tudo, mas na cabeça da Nanda ele iria melhorar, minha
mulher tinha um enorme carinho por ele. Eu admirava a
garra que ela tinha, porque mesmo sofrendo, tomou a frente
de tudo e não derramou nenhuma lágrima.
Esse era o comportamento exigido de um Don, e ela não
decepcionou em nada. Fernanda agia de maneira
controlada, demonstrando calma, uma calma que eu sabia
que ela não estava sentindo.

O velho não queria ser enterrado, iríamos cremá-lo,


respeitando sua vontade. Quando chegamos ao local, o
grande salão do crematório cheirava a flores e incenso, as
paredes cinzas deixava o lugar mais sombrio. Estava lotado
todos os chefões ocupavam os bancos almofadados em
formato de meia lua,que a luxuosa sala era composta.
Estávamos próximos ao caixão que foi posto no centro da
sala, duas grandes coroas de flores haviam sido postas ao
lado de uma foto grande de Don Turgueniev.

Nikolae não conseguiu vir até a Itália, pois estavam


recebendo ataques na organização da Rússia. Mais cedo, ele
fez uma vídeo chamada, a tristeza era visível em cada
palavra que ele pronunciava.

Minha mãe e o David estavam presentes também, eles


voltariam para o Brasil daqui a dois dias. No entanto, minha
menina se mantinha firme em sua decisão, a única pessoa
que se aproximava dela era o James.

Eu fiquei o tempo todo com ela e Alessa, minha gatinha


estava triste, desolada pela perda do vovô.

- Pra onde o vovô foi, mamãe? - ela perguntou chorosa.

- O vovô faleceu, virou estrela meu anjo. - Nanda se abaixou


ficando da altura dela.

- Não vou ver mais ele né? - cortou meu coração ver ela
limpando os olhinhos soluçando, esse gesto não passou
despercebido pelo David também, que fez menção de se
mover, desistindo no último segundo.

- Não vamos pimentinha. - respondi me abaixando também,


ela me abraçou apertado e eu levantei com ela nos braços. -
O vovô estava sofrendo, foi melhor assim. - Sussurrei em
seu ouvido. - Vamos passear um pouco princesinha?

- Sim, papai. - Saímos do local e demos voltas no quarteirão


até que ela se acalmasse para voltamos para o velório.

Após o breve período velando Ivan, um funcionário do local


veio levar o corpo, seguimos todos até a sala onde ocorreria
a cremação. Alessa ficou um pouco mais longe com a Giulia,
sua babá a pedido meu e da Nanda.

Antes do caixão ser posto no forno de aço, algumas


palavras foram proferidas pela Nanda e por Higor Sidorov,
um dos representantes russos, ambos emocionados.

Três horas depois uma urna prateada foi entregue a


Fernanda, quando ela se virou para sair acabou esbarrando
em alguém, de testa franzida ela observou o soldado, disse
algumas palavras que não pude ouvir já que estava próximo
a minha mãe e ao David. Quando o homem se movimentou
tive um vislumbre de seu rosto.

- Cazzo! - praguejei ganhando a atenção da minha mãe.

- Que foi Dylan? - ela tocou meu braço.

- Acho que acabei de ver uma pessoa que não deveria estar
aqui.

Se Jones estava transitando por aqui, alguma coisa de


errado estava acontecendo, apertei o comunicador , e
imediatamente os soldados espalhados pelo local ficaram
em alerta.

- Sem alarmar, eu quero que vocês façam uma varredura no


local. Qualquer coisa suspeita reportem imediatamente. Se
virem o Jones tragam ele para mim.

Eles concordaram e sutilmente se movimentaram pelo


salão, a atmosfera que já era pesada, ficou ainda mais. As
pessoas alheias a tudo, continuavam sua conversa baixa e
cheia de pesar. Ao longe avistei Alessa falando algo com a
Nanda, a babá negou com um movimento de cabeça e
seguiu segurando a mão da minha pimentinha.
Meu olhar cruzou com o da minha mulher, percebendo algo
errado ela se apressou até mim, entregando antes a urna
para um soldado ruivo.

- David, eu quero que você tire minha mãe e o Pietro daqui.


- Antes dele responder senti a mão dela circulando meu
braço.

- Dylan, tem coisa errada. - indagou olhando em volta.

- Eu sei ragazza. Responde uma coisa para mim? - ela


concordou - Quem era o soldado que você estava
conversando?

- Eu não sei. Nunca vi ele por aqui. - respondeu pensativa. -


Ele não veio com os Capos, e tem uma cicatriz horrível no
rosto que vai do olho até o queixo.

Eu sabia. Merda!

- Isso não é bom, meu amor. Vamos esvaziar o local. - ela


assentiu. - David, faz o que pedi AGORA!

Minha mãe com o Pietro no colo começou a andar seguida


por David.

- Eu vou buscar a Alessa. Seja lá o que estiver acontecendo,


quero minha filha onde eu possa protegê-la. - disse com
urgência na voz.

Largando meu braço, ela saiu falando no comunicador com


seus soldados, em instantes a sala estava lotada, os
membros importantes da organização percebendo o
movimento, sacaram as armas.

Sabe aquela expressão " Não há nada tão ruim que não
possa piorar?", ela coube perfeitamente neste momento. O
primeiro tiro atingiu Higor Sidorov no braço, o homem caiu
segurando o membro atingido, disparando na direção de
onde vieram os tiros. Seus soldados rodearam-no com
armas em punhos fazendo o mesmo, em fração de
segundos estávamos no meio do fogo cruzado. A madeira
dos bancos sendo estilhaçadas pelo impacto das balas, que
pelo barulho era de metralhadora. Nos protegemos da
melhor maneira possível tentando revidar. Meus olhos
percorreram o salão buscando pela Nanda, sem sucesso.

- Vocês estão conseguindo ver de onde vem os tiros, Chris?

- Não Don. Eles estão em algum ponto cego. - a voz do


comunicador foi abafada pelos tiros.

- Inferno! - praguejei. - Está conseguindo ver a Nanda?

- Não. - a resposta monossilábica fez com que um gelo


percorresse meu corpo.

Precisava dar um jeito de sair de onde eu estava, o medo de


que alguma coisa acontecesse com a Alessa e a Nanda
tomou conta de mim, minha filha e minha mulher estavam
em algum lugar e eu precisava buscá-las. As coisas
pioraram quando David levou um tiro na perna.

- Faz pressão no lugar até conseguirmos sair daqui.


Entendeu?

- Acha a Nanda, Dylan. Acha minha filha. - seu olhar urgente


buscando uma confirmação.

Voltei a olhar o caos à minha volta, James que estava no


meio do salão, provavelmente buscando pela irmã também,
quase levou um tiro na cabeça, por estar mal posicionado.
Nesse ritmo iria morrer em segundos. Cazzo!
Esses combates não eram bonitos, para dizer a verdade ,
eram um massacre, tanto de um lado quanto do outro. O
problema era que nós estávamos encurralados, os bancos
do crematório estavam em pedaços, vários corpos já sem
vida caídos no chão e como se não bastasse tudo ficou pior
quando um barulho de algo destravando foi ouvido.

- GRANADA! - alguém gritou.

David, mesmo machucado, se pôs sobre o corpo da minha


mãe. As pessoas se protegiam do jeito que podiam, a
granada foi lançada, iria cair em cima de James.

- Cazzo!- Praguejei contando os segundos mentalmente.

Meu coração martelava fazendo eco dentro do ouvido, senti


minhas pernas fraquejarem com a cena que se desenrolou a
minha frente, mesmo sendo treinado rigorosamente por
anos, não estava preparado para aquilo que aconteceu.

Mikhail Barov

Esperei tempo demais pela minha vingança. Por meses me


escondi feito rato, e esses dois meses foram os piores,
porque além daquela hacker maldita e aqueles gêmeos do
diabo, tive que me livrar de matadores de aluguel e vários
outros abutres que estavam atrás de mim, devo dizer que
fiz um bom trabalho, pois o fato de minha cabeça estar
valendo milhões, nada adiantou.

A verdade é que estou sempre um passo a frente, e depois


de longos dias vigiando a porra desta mansão, finalmente o
momento certo acabava de chegar. Seguimos para o
crematório, onde os restos do maldito Turgueniev virariam
cinzas. O inferno seria muito pouco para aquele verme.

Durante anos depois que Lorenzo se achou no direito de me


expulsar da Viper, Ivan me treinou para ser um bom
soldado, uma máquina de matar. Me envolvi com Kira, sua
filha para conseguir o posto de Don, mas a idiota ingênua
começou a atrapalhar meus planos, então a enganei, disse
que iria fugir com ela e foi muito fácil dopá-la e enterra-la
viva. Fiquei horas em cima do seu túmulo imaginando seu
último suspiro e me regozijando com essa ideia.

Matei minha cunhada, que teve a infelicidade de descobrir o


que fiz e levei a diabinha da filha dela junto. Escondi as
provas muito bem e segui com meus planos. Comecei a
produzir bonecas humanas fazendo muito dinheiro, mas
depois que Electra surgiu, meus planos foram por água
abaixo. Todos os meus sócios me abandonaram por medo
de serem expostos e eu fui obrigado a agir de forma contida
e controlada, coisa que não era do meu feitio. Ah como eu
quis encontrar aquela hacker vadia e estrangular com
minhas próprias mãos, porém a filha da puta sabia se
manter no anonimato.

Meu desejo pela Fernanda começou quando a vi no Brasil,


aquela mulher com rostinho de menina inocente inflamou
meu desejo. E ficava me perguntando o porquê do Spencer
ficar mantendo a garota ali. Passei a observar seus passos,
cada sorriso, suas companhias, a verdade é que eu
esperava o momento certo em que a sequestraria e faria
minha. Agora, depois que eu conseguisse o que queria, ela
não teria escolha. Seria minha de qualquer jeito.

Por isso, nesses últimos meses fiz bons aliados, os


conselheiros da Viper se juntaram a mim depois de serem
encurralados pelo Spencer. Tomei como aliados
narcotraficantes, que tiveram seus negócios acabados
graças às ações da Viper. Achei traidores dentro da Pozhar,
o pai de Delano se juntou a mim, porém de algum jeito o
Nikolae descobriu e matou o homem e todos os que o
apoiavam da pior maneira possível. Meu irmão sabia ser
muito cruel quando queria.

E por fim, tentei contato com os alemães, pois meus


informantes disseram que aquela vadia tinha recusado uma
aliança com eles, mas recebi um não do Hoffmann, que
ainda teve a audácia de me dizer que não trairia o Don
russo, pois seus negócios dependiam disso,o que só
aumentou minha ira.

Estávamos a algumas horas esperando o momento certo de


pôr os planos em prática, quando vi a pequena de cabelos
negros caminhando pelo corredor. Fiz sinal para o Jones me
acompanhar.

A garotinha seguia com a babá até algum lugar, enquanto


aqueles malditos choravam a morte do velho. Os outros
soldados continuaram a seus postos, teríamos poucos
segundos antes deles perceberem o que de fato acontecia.
Assim que a babá segurou a maçaneta, disparei contra ela,
a arma com silenciador facilitou meu trabalho, Jones
agarrou a menininha e um sorriso de vitória passou por meu
rosto.

- Agora é com você, Luigi. - Falei no comunicador.

- O complexo já está na mira. Meus homens implantaram


bombas nas portas. Vamos atacar! - ouvi a explosão do
outro lado.

- Estamos saindo. - avisei aos homens dispostos pelo local. -


Em dois minutos vocês podem atacar.
- Entendido! - vozes em uníssono invadiram meu
comunicador.

Com a criança desmaiada jogada igual a uma boneca nos


ombros de Jones, saímos do crematório.

- Ah! - bati no volante do carro quando os barulhos das


metralhadoras começaram. - Finalmente, finalmente terei a
porra da minha vingança! - segurei firme os ombros de
Jones. Nada disso teria acontecido sem a ajuda dele, que
bom que o Spencer foi um frouxo e não conseguiu matar
seu "melhor amigo".

Que termine a porra dos jogos!

Ouvi o barulho de uma explosão e gargalhei. Cada poro do


meu corpo vibrava, a sensação de felicidade tomou conta
de mim. Não tinha como aqueles filhos da puta sair de lá. E
caso conseguissem sair, iriam descobrir que com Mikhail
Barov, ninguém brinca.

Talvez eu poste outro capítulo amanhã.


é na visão do Henry.
🙂 O próximo
Não me matem pela gravidez da Nanda. É que eu
amo uma novela mexicana. Talvez as coisas não
acabe do jeito que algumas leitoras querem, mas não
tinha como a história seguir um rumo diferente.

Beijos até 🖤
Capítulo 40

Henry

Permaneci sentado à frente dos monitores, assistindo as


várias notícias sobre o ataque ao Crematório. Não estava
mais em Roma, na verdade, fiquei em um apartamento lá
por três semanas mas não consegui me manter longe,
então voltei para Milão, comprei uma apartamento em uma
área afastada e aqui estou eu querendo sair correndo e ir
até lá pois a angústia estava me consumindo.

Segui o rastro de Mikhail a mais ou menos uma semana,


não entendia como um homem totalmente fodido e sem
ninguém com quem contar, conseguia enganar a todos nós.
A não ser que ele não estivesse sozinho e existisse mais
traidores dentro da organização. A voz da repórter loira me
fez voltar a prestar atenção na tela.

"Ivan Turgueniev era um empresário de sucesso que


contribuía para a economia de Milão. Natural da Rússia, Ivan
residia em Milão a mais de quarenta anos, o empresário e
benfeitor, tem várias empresas espalhadas pela cidade e
recentemente adquiriu a principal empresa tecnológica que
segundo especulações tem ligação direta com o governo.

As autoridades locais ainda não sabem o motivo dos


ataques, que começaram por volta das quinze horas, e se
estenderam até às dezesseis. Os bandidos usaram
armamento pesado, moradores do local disseram ter ouvido
metralhadoras e a detonação de uma granada."

Ouvi barulhos de saltos batendo contra o chão, me virei


para a entrada do apartamento já sabendo quem era. Com
os cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo no alto
da cabeça, Reena entrou sorrindo ao me ver, mas não pude
fazer o mesmo.

— Você está muito tenso, docinho. — A voz rouca soou


divertida.

— Não é hora para brincadeiras, Reena. Só me diz que


conseguiu a localização daquele desgraçado.

— Tenho péssimas notícias, Henry. — indagou olhando-me


preocupada. — Perdi o rastro de Mikhail quando ele entrou
em um túnel.

— Porra, Reena! — Bati com força na mesa à minha frente.


— Você sabe muito bem que eu preciso encontrar aquele
maldito antes do meu irmão e da Nanda.

— Eu sei. — ela encurtou o espaço entre nós. — Você me


contratou para isso e irei terminar o serviço.

Percebendo o que ela iria fazer, me desvencilhei


levantando. A roupa de couro justíssima que a garota usava
não facilitava em nada as coisas para mim, Reena sorriu
travessa, os lábios carnudos pintados de roxo fazia
contraste com a pele branca, seus olhos azuis brilharam,
quando decidida enlaçou meu pescoço e colou nossos
lábios.

Retribui o beijo ardente, mas não foi nela que pensei, foi na
Nanda, nos lábios macios da minha pequena que estavam
sempre naturais. Reena me empurrou até o sofá de couro
que tinha na sala e montou em cima de mim. Não vou ser
hipócrita e dizer que não quis transar com ela, porque eu
quis.

O corpo magro, tinha curvas bem marcantes, ela era linda,


contudo quando voltou a me beijar, a imagem da última
noite em que passei com a Nanda me invadiu e eu travei
bem a tempo de impedir que a mulher sentada no meu colo
retirasse minha camisa.

— Eu não posso fazer isso, Reena. — segurei suas mãos.

— Por que não? — a mágoa era nítida em sua voz.

Antes de responder a voz da repórter nos monitores voltou


a chamar minha atenção, gentilmente retirei a moça de
cima de mim, e voltei para minha posição inicial. Ouvi
quando ela saiu da sala pisando duro.

A tela mostrava várias pessoas saindo de dentro do


Crematório, David foi tirado em uma maca, depois meu
irmão saiu com o rosto machucado, coberto por arranhões,
mas não vi a Nanda o que me deixou em alerta.

— Você está procurando por ela. Não é? — Reena perguntou


apoiada na porta.

Ela não tinha saído?

Não respondi, apenas encarava o desenrolar da reportagem


sentindo meu peito se apertar. A angústia durou pouco,
acompanhada do irmão ela saiu, seu pescoco estava
coberto por sangue, sua expressão era dura, mas o olhar
era de desespero.

Os repórteres como abutres que eram não perderam a


oportunidade e cercaram as pessoas enchendo de
perguntas. Eles não respondiam, andavam evitando
atropelar os câmeras que se colocavam à frente deles.

— Vocês tem noção de quem tenha sido o autor dos


ataques? — um dos repórteres perguntou, não obtendo
respostas.
Achei que ninguém fosse falar nada, porém antes de entrar
no carro, a Nanda se virou e resolveu falar.

— O que vocês desejam saber? — apesar de tentar parecer


forte, tudo nela indicava que tinha algo de muito errado.

— Porque tem soldados russos aqui? — uma repórter


baixinha questionou e pela primeira vez olhei com clareza
as imagens.

— Higor Sidorov, o comandante das tropas armadas russas


está aqui. Ele estava dentro do crematório quando os
ataques começaram. Por isso, o local está cercado por
soldados russos. — Um burburinho se fez presente entre as
pessoas ali.

O comandante russo era nada mais, nada menos que o


Capo dei Capi da Bratva, contudo absolutamente ninguém
fazia ideia deste fato. Higor era conhecido pela sua
agilidade e precisão em campo de batalha, o homem jamais
falhou em suas missões, o que fazia com que ele fosse
admirado e ao mesmo tempo odiado por onde passava.

— A senhora tem ideia de quem orquestrou esse ataque?

— Sim. — disse dando um longo suspiro. — Mas não posso


dizer mais nada para não atrapalhar a investigação. —
dando o assunto por encerrado, ela ia entrando no carro,
mas foi interrompida.

— Só mais uma pergunta, senhora. — sentada no banco do


carro, Nanda encarou o repórter. — A senhora foi atingida
no confronto? — só então ela pareceu dar conta do sangue
em seu pescoço. Levou a mão fazendo pressão.

— Ah! Isso? — o repórter concordou. — Na hora em que a


bomba explodiu, um pedaço de vidro se chocou contra
minha pele e cortou. Não foi nada grave. — seus lábios se
curvaram em um meio sorriso sem vida. — Com sua
licença, senhores.

Eles foram embora, ainda fiquei encarando a rua por onde o


carro seguiu. Saindo do transe liguei para Antonella,
chamou e caiu, tentei mais cinco vezes e nada, resolvi
tentar uma última vez, a ruiva me atendeu mas escutei a
voz da Fer atrás falando nervosa com alguém.

— Nella, o que houve?

— Além da morte de Ivan, o Nikolae ser atacado, o


complexo ser atacado e aquele ataque que provavelmente
você já deve ter visto na televisão? — mesmo em meio a
essa merda toda, minha prima não deixava de ser
sarcástica.

— Fala logo ruiva. — resmunguei já sem paciência.

— A Alessa foi levada por Mikhail. Estamos no hospital agora


porque o David e o Dylan levaram um tiro. Saymon
Hoffmann acabou de exigir uma reunião com a Nanda.
Estamos perdendo um tempo que não temos Henry. — ouvi
quando a Fer disse : " É ele na linha?" e um "Sim" da
Antonella,um longo silêncio se fez até que a ruiva voltou a
falar. — Eu tenho que desligar Henry, se cuida tá?

Nesse momento eu soube que precisava voltar. Deixei o


celular em cima da mesa e fui atrás de Reena que tinha
saído da sala, encontrei ela na varanda olhando a cidade
que começava a ficar escura devido a noite que chegava,
me aproximei parando ao seu lado.

— Estou indo até a mansão Turgueniev, Reena, e gostaria


que viesse comigo pois vamos precisar de você.
— Eu já disse que vou terminar o serviço, Henry. Mesmo que
você não quisesse, eu iria. — ficamos em
silêncio,apreciando a companhia um do outro.

Reena era rastreadora e assassina de aluguel, a melhor que


já conheci no decorrer de todos esses anos. Tivemos um
lance antes de eu reencontrar a Fer, transamos algumas
vezes, porém nada sério. Eu quis me envolver com ela, se a
Fer não existisse talvez teria conseguido, porque nos
dávamos muito bem em todos os sentidos. Mas não
escolhemos por quem se apaixonar, afinal de contas
ninguém manda no coração.

(...)

A atmosfera estava tensa na mansão, ao estacionar o carro


senti o nervosismo tomando conta de mim, me obriguei a
manter os sentimentos no lugar e lado a lado de Reena
entrei na grande casa. Não encontrei a Nanda ou o Dylan
ali, quem nos recebeu foi o James seguido pela minha mãe
que não escondeu a surpresa em me ver ali.

— Henry! Você não estava em Roma? — Questionou dando


um abraço em mim.

— Não poderia ficar longe sabendo que meu irmão precisa


de mim, mamãe.

— Quem é a moça? — ela sorriu e eu soube muito bem o


que se passava pela cabeça dela.

— Essa é Reena Evans, uma amiga. — apressei em


responder. — Reena, essa é minha mãe.

Elas se cumprimentaram com um rápido abraço, enquanto


olhei para James buscando por respostas.
— Não posso te dar informações Henry. — ele se desculpou.
— Quando eles chegarem, vocês terão a oportunidade de
conversar. Fiquem à vontade, vou ver como está meu pai.

Eu sabia que não seria fácil encarar a Fer depois daquela


carta, muito menos o Dylan, mas era preciso. Não me
afastaria neste momento, talvez depois que essa
tempestade passasse eu finalmente pudesse viver minha
vida sem remorso ou culpa por ter ido embora.

As horas se arrastavam vagarosamente, vez ou outra a


correria dos soldados chamavam a atenção do lado de fora.
Todos já tinham se recolhido, na sala pouco iluminada
apenas eu e meus pensamentos acelerados. Alguém chegou
sorrateiramente como um fantasma e se sentou ao meu
lado colocando as pernas semi nuas por cima das minhas.

— Vai ficar aí a noite toda docinho?

— Não estou conseguindo dormir, Reena.

— Deixa eu relaxar você, então. — Sem esperar por


respostas ela montou em mim beijando-me, pego de
surpresa fiquei sem reação.

A porta se abriu nesse exato momento, as vozes pararam


roubando a atenção da mulher à minha frente, ela ainda
manteve as mãos em meu rosto. Dylan em um gesto
protetor, abraçou a Nanda que permanecia estática
observando-nos. Reena saiu do meu colo, mesmo sem graça
não retirou a máscara fria que assumia quando estava
próxima de estranhos.

Estou muito ferrado!

Desfazendo o contato visual, a Fer puxou o Dylan até o


início da escada dizendo alguma coisa que meu irmão
concordou prontamente, assim que ela subiu, Dylan veio até
mim.

— Veio machucar a Nanda uma terceira vez, irmão? — O


cansaço era evidente em sua voz.

— Não!

— Nesse caso, seja bem vindo de volta. — ele disse me


puxando para um abraço apertado. — Sentimos sua falta.

Nanda

Algumas horas antes…

Encontrei Delano próximo a saída esperando, ele era o único


em que confiava para me acompanhar, assim que me viu
desencostou da parede se aproximando.

— A Giulia não responde, tentei contato algumas vezes mas


não obtive sucesso.

Antes de sairmos da sala, veio o primeiro tiro seguido de


gritos e mais disparos. Nos protegemos atrás das pilastras
onde o caixão tinha sido posto mais cedo.

— Só pode ser brincadeira! — Lamentei destravando a


arma.

Não dava para ver de onde vinham os tiros, mas eram


muitos e a julgar pelos intervalos curtíssimos, vinham de
metralhadoras. O caos estava espalhado, pedaços de
madeira dos bancos se espatifavam à medida em que as
balas os perfuravam. Deixei meu olho vagar pelo salão a
procura do Dylan, mas não o vi. Delano e eu disparamos as
cegas tentando não acertar os nossos que estavam aqui.

— Don, seu irmão. — Delano apontou para o meio do salão


exatamente no instante em que alguém gritou "granada".

Quando Ivan me treinou, fiz um juramento, que se as coisas


saíssem do controle minha vida era o mais importante, mas
eu não era assim e talvez fosse por tudo a perder com essa
atitude. Então não parei para pensar, me desvencilhei de
Delano que tentou me segurar, e saí correndo contando os
segundos daquela merda que mataria meu irmão, com a
garganta seca e o coração martelando loucamente no peito
consegui segurá-la e arremessar de volta antes que
explodisse.

Quando a bomba bateu em alguma coisa ela explodiu,


pedaços grossos da parede e cacos das janelas de vidro,
foram arremessados à distância me abaixei próximo ao
James protegendo ao máximo meu ventre, a poeira tapou
minha visão, um apito ensurdecedor se fez presente em
meu ouvido, senti uma ardência no pescoço e uma dor
aguda na nuca, levei a mão me deparando com algo viscoso
e quente.

— Merda! — sentei fazendo pressão no local meio tonta.

Os tiros pararam o que deu tempo de um contra ataque, os


soldados que não estavam feridos avançaram fazendo o
inimigo recuar, quando a poeira baixou o que vi fez meu
estômago revirar, pedaços de braços e pernas e algo que eu
nem quis saber o que era ,se espalhavam pelo chão. Um
cheiro podre de enxofre invadiu o crematório, minha boca
se encheu de água dando indício de que eu vomitaria.

Fechei os olhos desviando o foco daquilo que acontecia ali,


as vozes ainda estavam distantes, o lamento das pessoas
ficando mais nítido a cada minuto. O desespero já
começava a tomar conta de mim porque ainda não tinha
notícias de Giulia e da minha filha. Como se tivesse
esperado o momento certo, Giulia finalmente respondeu,
congelei no lugar, a voz dela não passava de um sussurro.

— Fer...Fernanda.— soltou um gemido abafado. — Ele,


e...ele levou a Alessa.

— Giulia, onde você está? — perguntei com um nó na


garganta.

Ela respondeu em meio a tosses e tentativas falhas de


respirar, que estava no banheiro. Mikhail baleou a Giulia e
levou minha filha, em meio ao medo e desespero, algo
mais forte tomou conta de mim.

— Giulia? Giulia? — só recebi o silêncio.

Levantei, e com dificuldade fui em direção ao banheiro, sem


realmente enxergar para onde estava indo, encontrei Giulia
caída no chão, chequei seu pulso, estava bem fraco. Alguém
segurou meu ombro , só então percebi que Delano, James e
Dylan estavam atrás de mim. Dylan tinha um sangramento
em cima do ombro, pelo rosto vários arranhões, James
também estava com cortes pelo rosto, porém em menor
quantidade.

— Leva ela para um hospital Delano. Giulia não pode morrer


assim. — supliquei para o loiro que atendeu prontamente.

Assim que ele saiu acompanhado de James, Dylan me


abraçou tremendo.

— Porra Fernanda! Nunca mais faça aquilo, me entendeu?


Você está grávida caralho! Não pensou nisso?
Para dizer a verdade não tinha pensado, só consegui ver
meu irmão correndo perigo e isso eu nunca permitiria.
Agora a culpa me consumia, se tudo tivesse dado errado,
teria levado a vida do meu bebê junto comigo. E ainda tem
a Alessa que corria perigo nas garras daquele russo
desgraçado.

Ali no aperto dos braços do meu marido eu quis desabar,


quis chorar descontroladamente até a dor que sentia sair de
mim, apertei os braços ao redor de Dylan, seu corpo retesou
com a dor dos ferimentos mas ele não reclamou e continuou
a segurar minha cabeça que estava apoiada em seu peito.

— Nós temos que sair daqui, angelo mio. — levantei a


cabeça buscando seus olhos.

— Mikhail levou a Alessa, Dylan. — Minha voz saiu firme. —


E ele vai se arrepender muito de ter feito isso, nem que eu
tenha que descer até o inferno para isso. — neste momento,
o olhar de Dylan se assemelhava ao meu, e tive certeza que
desta vez aquele russo dos infernos não sairia vivo.

Depois que Antonella chegou com alguns homens,


finalmente conseguimos abater o inimigo, ninguém saiu
vivo. As pessoas que estavam no Crematório, os que não
morreram, estavam muito feridos, Higor Sidorov trouxe seus
homens da Rússia, o que não passou despercebido pelas
autoridades locais, mas ele era conhecido por todos e deu
um jeito de burlar os policiais.

Agora estamos no hospital aguardando o médico falar algo


sobre o estado de saúde do meu pai. O tiro que o Dylan
levou foi de raspão e o corte em meu pescoço foi
superficial, logo fizeram só um curativo. Saymon Hoffmann
entrou em contato marcando uma reunião justo neste
momento. Claro que eu não recusei, afinal era uma chance
de conseguir ajuda para encontrar minha menina.

Entrei em contato com meus hackers para que eles


coletassem informações das câmeras de segurança do local,
mas a demora estava me deixando irritada e para ajudar o
celular da Antonella não parava de tocar.

— Atende logo essa merda Antonella. — murmurei irritada.

No meio da conversa ouvi o nome do Henry. Quase dois


meses sem ouvir falar nada dele e agora resolveu aparecer,
instintivamente levei a mão à barriga como se isso fosse
proteger a criança lá dentro. Antonella desligou e tentou se
explicar, mas cortei qualquer coisa que ela fosse dizer.
Todos esses dias em que ela pode dizer alguma coisa e
preferiu ficar em silêncio, agora eu não estava com cabeça
para nada que não fosse minha filha.

Dylan se sentou ao meu lado e disse que meu pai estava


bem, só ficaria em observação algumas horas, por sorte a
bala entrou e saiu não acertando na veia safena, o que foi
um alívio imenso.

— Está pronta para falar com Don Hoffmann?

— Sim. — respondi. — Vamos Dylan? — ele se levantou me


estendendo a mão que segurei com firmeza.

Juntos seguimos até o local indicado por Saymon. O Alemão


escolheu um lugar afastado, instrui alguns soldados para
que nos seguissem de perto.

O galpão era como uma fortaleza com muita segurança, a


porta se abria com uso de senha, memorizei cada possível
saída e quantos soldados tinham ali, quase não tinha
iluminação e as paredes escuras não facilitava em nada.
Tinha duas portas, uma a direita se mantinha fechada,
imaginei ser uma sala de tortura pois tinha gotas de sangue
espalhadas por ela, a porta da esquerda estava
parcialmente aberta, dentro dela deu para ver armamento
pesado espalhados pelo chão.

— Saymon está se preparando para uma guerra, Dylan. —


Sussurrei.

— Deu para perceber.

Chegamos a um local aberto, com várias caixas de madeira


empilhadas e lá estava o loiro, com os músculos quase
saltando da camisa colada em seu corpo. Abriu um sorriso
enorme ao me ver, os olhos azuis percorreram minha face e
ele coçou a barba por fazer. O homem largou um lança
míssel que ele examinava em cima de uma caixa e
caminhou até mim.

— Don, — cumprimentou com dois beijos no rosto — parece


que vocês foram atropelados por um caminhão.

— Você não viu as notícias, não é Hoffmann? — respondi no


mesmo tom de deboche que ele usou.

— Confesso que estar trancado neste galpão, não me


deixou com muito tempo livre.— ele virou o corpo com as
mãos levantadas.

— Mikhail armou uma emboscada. — retruquei já sem


paciência— Mas não viemos aqui para falar de Mikhail, e
não quero perder um tempo que nós não temos. Então diz
logo porque me queria aqui.

— Sempre direta. — Hoffmann se sentou em cima de uma


das caixas. — Primeiro eu preciso dos documentos que
incrimine Juarez González, aquele mexicano já atrapalhou
demais meus negócios e Don Turgueniev se recusou a me
ajudar, mas como agora ele está no andar de baixo, você
pode me ajudar. — Fiz silêncio esperando ele continuar —
Segundo, voltemos a falar da União dos nossos clãs.

— E quem disse a você que eu tenho esses documentos


para incriminar Juarez González? — senti o aperto em meu
braço de Dylan, que até então permaneceu calado.

— Vocês tem algo melhor, tem Electra. — ele ergueu a mão,


como se aquilo que falou fosse óbvio. —E considere um ato
de boa fé da minha parte, pois não me uni a Mikhail quando
ele me procurou. — completou, mas não fiquei surpresa.

Olhei para Dylan ponderando se responderia a Saymon ou


não. Dylan permanecia sério, a mesma expressão de
quando me levou para o complexo e me obrigou a assistir
ele torturando alguém. Antes de começar mais uma guerra
resolvi tomar uma posição.

— Preciso de um computador, Hoffmann.

— Para contactar a Electra? — o alemão arqueou as grossas


sobrancelhas.

— O computador, Hoffmann. — repeti de uma maneira mais


incisiva.

Ele fez sinal para um de seus homens e logo o eletrônico


estava em minhas mãos. Andei até uma pilha de caixas e
apoiei o aparelho lá. Invadi o banco de dados dos
mexicanos, sem muito esforço. Quanto mais rápido
resolvesse aquilo, mais rápido iria atrás da minha filha.

Juntei todas as provas de que Saymon precisava,cinco


minutos depois encerrei contato e entreguei o computador a
ele.
Saymon olhava do computador para mim com uma
expressão séria, alguns de seus homens tinham levantado
suas armas, revirei o olho cansada de tudo aquilo.

— Está aí, tudo o que você precisa. Eu sugiro que guarde


tudo em um pendrive e delete do computador. — troquei o
peso de uma perna para outra. — Bloqueei o sinal dos
mexicanos, mas nada é garantido.

O homem entregou o eletrônico de volta ao soldado e veio


até mim, Dylan se pôs na frente, desta vez segurando sua
arma. Circulei seus braços com minhas mãos fazendo uma
leve pressão para que baixasse.

— Poderia me deixar a sós com Don O'Connor? Prometo ser


rápido, Don Spencer. — a pergunta foi para o Dylan, mas ele
olhava diretamente para mim.

— Nem pensar. — Dylan se mostrou ameaçador.

Levei a mão a têmpora apertando levemente, não tínhamos


tempo para aquilo.

— Por favor Dylan, — minha voz saiu meio rouca,pois minha


garganta estava totalmente seca. — não temos tempo para
isso.

Ainda com a arma em punho, ele me encarou como se eu


tivesse duas cabeças, depois fez o que eu pedi, mas antes
de sair deixou claro que os soldados ficariam, a irritação
estava presente em cada gesto seu.

— Eu devo dar os parabéns, afinal quem imaginaria? — O


alemão se pronunciou assim que Dylan se foi. — Electra,
porra!

— Gosto de me manter anônima. — meneei a cabeça.


— Sabe, Fernanda, a primeira vez que vi você, não passava
de uma garotinha assustada, vi medo em seu olhar. — suas
mãos subiram até meu rosto — Eu ia te eliminar alí mesmo,
enquanto Delano seguia com a negociação. — ele fez uma
pausa de propósito, dei um passo para trás e ele riu.

— Não vim aqui para escutar histórias, Hoffmann. — cortei


porque me lembrava perfeitamente daquele dia.

— Então no meio daquilo tudo, — continuou sem me dar


importância. — apareceu um soldado inimigo e você salvou
minha vida, atirando bem entre os olhos dele sem nem
parar para pensar. Foi nesse momento que eu resolvi que
queria você ao meu lado…

— Enquanto você toma meu tempo, minha filha está em


algum lugar, nas mãos daquele psicopata. — Dei um passo
em sua direção. — Eu não sou vocês, não vou deixar
ninguém dos meus para morrer, principalmente minha filha.
Então se não tem mais nada a dizer, não tem porque eu
ficar aqui. — ele riu.

— O casamento era para meu filho, Fernanda. Que tipo de


monstro acha que eu sou? Me ofendeu, quando achou que
eu queria uma criança. Não sou pedófilo, meu bem. —
Voltamos à estaca zero. — Unindo nossas famílias, seremos
invencíveis, respeitados e temidos.

— Se você quer tanto uma união, podemos fazer de outro


jeito, um jeito que não envolva prender uma criança de
cinco anos em uma porra de contrato que não tem como
quebrar.

— Você não nasceu na organização, não sabe como


funciona.
— Não nasci, mas me dediquei por cinco anos. Desci no
inferno, Hoffmann, pra depois subir juntando os pedaços.
Então sim, eu sei muito bem como funciona. — ele levantou
a mão em forma de rendição.

— Tenho a impressão que você veio aqui para me pedir


ajuda. — debochou com as sobrancelhas arqueadas.

— Realmente, foi o que viemos fazer. Mas quer saber, não


vou me submeter a isso, porque você vai dar um jeito de
conseguir o que quer.

— Assim seja, Don. — quando ele respondeu estava sério.


Talvez eu tenha o irritado. — Não tem medo de eu revelar
sua identidade, Electra?

— Faça o que você quiser. Eu não me importo.

Me virei sem esperar por respostas, e segui junto com os


soldados para a saída. Ainda ouvi xingamentos do alemão
em sua língua, mas não me importei, a única coisa que
realmente me importava era encontrar minha filha e matar
Mikhail. Aliás, seguindo a crença do padrinho, sabia
exatamente qual seria minha vingança contra ele. Só
esperava não morrer ou matar ninguém com quem me
importasse no processo.

O caminho para casa foi tenso, Dylan se mantinha


pensativo, não dirigiu uma só palavra a mim. Também não
fiz questão de abrir minha boca, pois pensava em Alessa, se
ela estava bem, se aquele maldito teria feito alguma coisa a
ela, e em como encontraria e arrancaria membro por
membro do Mikhail com minhas próprias mãos se fosse
possível.

Ao entrar na mansão, avistei um carro no estacionamento,


meu coração começou a disparar, mentalmente rezei para
não ser nenhuma notícia ruim, eu não suportaria. Dylan
estacionou, travando a porta do carro.

— O que você conversou com Saymon? — virei todo meu


corpo para ele.

— Ele quer uma união e para isso, Alessa teria que se casar
com o filho dele.

— E o que você disse Nanda?

— Eu recusei. Não quero minha filha em um casamento


infeliz contra sua vontade.

— Você não sabe se será infeliz.

— Sei sim, nosso começo foi do mesmo jeito. E eu me senti


péssima por não poder escolher meu marido. — segurei
suas mãos, olhando em seus olhos. — Para nós as coisas
deram certo, Dylan, ou quase certo. Mas pode não dar para
a Alessa.

— Você está certa, amore mio. — ele tocou meu rosto com a
voz mais branda.

— Não precisamos da ajuda daquele alemão presunçoso.


Vamos dar um jeito.

Ele concordou e saímos do carro conversando, planejando


como faríamos as coisas.

Quando entrei em casa, não estava preparada para a


imagem que vi na sala. Fiquei paralisada por uns segundos
observando a cena, assim que me recuperei puxei Dylan até
a escada e disse em um tom que só ele pudesse ouvir.

— Não diz nada para o Henry da gravidez.


— Porque não?

— Por que ele está seguindo com a vida dele, não quero que
fique amarrado a mim por causa de uma possibilidade. —
tentei não parecer magoada, mas acho que foi em vão —
Promete para mim Dylan.

— Prometo meu amor.

Não queria ter sentido dor ou raiva ao ver o Henry beijando


outra pessoa, mas a verdade é que senti os dois, porém não
tinha esse direito afinal também segui com minha vida.

Dei um selinho rápido em seus lábios e subi para o


quarto.Tomaria um banho e começaria a mover céus e
terras para encontrar minha pequena. Torcia para que
Space, Pacman e Ciborgue tivessem obtido sucesso em suas
buscas.

Oie. Como vocês estão?

Só faltam 4 capítulos para terminar, então vou deixar


para postar todos de uma vez. ( Se minha ansiedade
deixar) Pode demorar um pouco porque minha rotina
tá foda.

Talvez, até semana que vem saia. 💖.


Apareceram personagens novos, eles terão destaque

🤭
maior nos próximos livros. (Meu Deus tô dabdo conta
nem deste )
Vou deixar aqui algumas indicações caso vocês
queiram ler.

Tem os livros da robertaSamir , ela tem varios livros


prontos e um em andamento. Sou suspeita pra falar,
mas são perfeitos.

* Despedida de Solteiro da livrosdalara ( tá muito


foda)

assassino Bilionário, estou amando 🤩


*Comecei ler um recentemente da Azeda2 Meu

* Tem os livros da FrancieleC27 , a escrita dela é boa


pra crlh

É isso rsrs. Beijos, não desistam de mim. 😘😘


Capítulo 41

Nanda

Abri os olhos com dificuldade, a claridade que invadia o


quarto não ajudava em nada. Devo ter adormecido na
banheira.

— Merda! — exclamei indignada.

Não era para eu ter dormido, era para ser um banho rápido
e depois iria para o laboratório, mas parece que meu corpo
não entendeu isso. Me movi sentindo dor por todos os
lugares, meus olhos doíam e a cabeça latejava muito. Em
dias normais com toda certeza ficaria na cama, mas não
hoje. Obriguei meus membros a obedecerem sentando na
beira da cama.

A porta do quarto se abriu anunciando a entrada de alguém,


para minha infelicidade não era o Dylan. Enrolei o lençol no
meu corpo desnudo não dando atenção para o homem
parado à porta, em cima da cômoda ao lado da cama
estavam as vitaminas que Diego receitou, junto deles um
bilhete.

Desculpa ter saído antes de você acordar. Estou cobrando


uns favores e falando com meus aliados.
Te encontrei adormecida na banheira e não quis te acordar.
Ah! Eu sei que nem deveria estar te pedindo isso, mas
conversa com meu irmão. Eu vi que você ficou magoada
ontem, vai fazer bem colocar para fora.
Se cuida meu amor. Volto logo. Sempre seu Dylan.

Sorri, retirando os comprimidos da cartela e tomando os


dois juntos, e um analgésico para dor de cabeça. Depois
andei até o closet pegando e vestindo uma calça preta
confortável,em um tecido parecido com couro e uma
camiseta de manga longa do mesmo modelo, nos pés
coloquei uma bota preta sem saltos, prendi o cabelo em um
rabo de cavalo no alto da cabeça. Demorei o mínimo para
fazer isso,afinal tempo era uma coisa que faltava.

— Você está doente? — foi a primeira coisa que ouvi ao sair


do closet.

— Não estou doente. — peguei o celular em cima da cama


verificando a caixa de mensagem que estava vazia.

— Precisamos conversar, princesa.

— Não tenho tempo, Henry. Talvez fosse melhor você deixar


outra carta. — me repreendi mentalmente pela
infantilidade.

— Por favor pequena. — praticamente implorou, mas não


estava olhando para ele, fazia as coisas no automático.

— Não me chame de princesa, nem de pequena e nem de


Fer. — finalmente olhei em seus olhos e vi angústia neles. —
Você fez sua escolha, Henry. Agora eu faço a minha, e eu
escolho o Dylan. — ele soltou um longo suspiro dando um
passo em minha direção.

— Eu sei que você está magoada,só não quero que fique


com raiva de mim, princesa. — a cada passo que ele dava
eu recuava mantendo a distância.

— Eu não estou com raiva. — bati as costas na parede


próxima a janela. Merda!

Ele acabou com o pouco espaço que restava entre nós


tocando meu rosto, me desvencilhei e sai do quarto a
passos largos, antes de chegar a escadaria ele me segurou
pelo braço fazendo com que nossos corpos se chocassem.
Respira Nanda! Respira.

— Não faz assim,Fer.

— O que você quer que eu faça Henry? — falei firme


olhando nos olhos dele. — Que eu me jogue aos seus pés e
fique feliz por que resolveu voltar? Não! Não depois de ser
acusada de coisas horríveis, não depois de ter ido embora
deixando apenas uma merda de uma carta. — quando
terminei de falar, minha voz tremia.

— Quem acusou você, Fer? — perguntou sério.

— Henry? Achei que estivesse com a Reena. — Ella,como se


tivesse sido invocada, saiu do quarto.

Soltei meu braço do aperto dele e passei pela minha


madrasta descendo as escadas sem nem falar bom dia. Na
sala onde fazíamos a refeição, meu pai, Pietro, James e
Reena tomavam café, assim que entrei sem fazer rodeios
olhei para David, ele devolveu o olhar preocupado.

— Vocês partem daqui a uma hora. — indaguei falando


diretamente para meu pai.

— Eu não vou a lugar nenhum, Fernanda. — David rebateu.

Ignorei completamente a bela moça de cabelos castanhos


sentada ao lado do meu irmão. Ela por outro lado não
deixou de me avaliar desde o momento que entrei ali.
Peguei um suco de laranja, repassando os argumentos
mentalmente para não ser grossa com meu pai, quando
aproximei o copo da boca senti um enjôo forte, respirei
fundo algumas vezes esperando a sensação passar, ciente
de que todos os olhares estavam em mim.
— Onde tá a Lessa? — Pietro me perguntou fungando, me
abaixei para ficar na altura dele.

— A Alessa foi levada por um homem muito mal. Mas nós


vamos trazer ela de volta. — afaguei seu rostinho.

— Pomete, irmã?

— Prometo, meu amor.

Dei um beijo na cabeça dele levantando em seguida.

— Um jato particular irá levar vocês ao Brasil. — Desta vez


me dirigi ao James.

— Eu não vou sair daqui. — fechei o olho quando a voz da


Ella invadiu o ambiente. — Não vou abandonar meus filhos
no meio de uma guerra.

— Eu não me preocupo com você Ella. Minha preocupação


são meu pai e irmãos, e eles irão retornar ao Brasil, seja por
bem ou por mal. Eu prefiro que seja por bem, mas não me
incomodo se tiver que usar a força.

— Você é tão insensível! — retrucou a mulher.

— Pense o que você quiser. Não quero arriscar mais a vida


de ninguém que eu amo, por causa das loucuras de Mikhail.

O clima ficou tenso, sustentei o olhar da minha madrasta,


não me passou despercebido a confusão que se passou pelo
rosto do Henry. Levei a mão a testa já cansada de tudo isso,
um nó se formou em minha garganta,mas não iria chorar,
não agora.

— Enquanto discutimos aqui, minha filha está nas mãos


daquele monstro, não quero pensar no que ele possa estar
fazendo. Façam o que pedi.

Virei e sai andando,antes de sair totalmente do cômodo,


voltei atrás e abracei apertado meu pai, pego de surpresa
ele quase caiu da cadeira, sustentando meu corpo assim
como fazia quando eu era criança.

— Faz o que tem que fazer,minha filha e traz minha neta


para casa. — ele disse ainda me abraçando.

— Me desculpa papai. — Sussurrei. — Se eu não voltar,cuida


da Alessa por mim. Por favor.

— Shiiii. Você é a pessoa mais forte que conheço nesse


mundo, minha filha. — Me afastei encarando-o. — Se tem
alguém que pode fazer isso, esse alguém é você. Então pare
de pensar que tudo vai dar errado. — o silêncio na sala era
pesado, parecia que só eu e meu pai estávamos ali. — Se
cuida minha menina.

— Eu tô com medo, papai. Medo de perder a Alessa e


esse…. — engoli minhas palavras a tempo. — Se perder ela,
eu morro.

— Não vai perder, agora deixa esse velho chorar em paz e


vá atrás da minha neta. — sorri beijando seu rosto.

Segui até o laboratório onde Space, Pacman e Ciborgue


trabalhavam incessantemente. Os três estavam bem
cansados pelo que se podia observar.

— Conseguiram alguma coisa? — me sentei na penumbra


da sala.

— Temos as imagens das câmeras de segurança. Ele seguiu


até esse túnel e de lá desapareceu. — Space se adiantou
apontando a tela.
— Talvez ele tenha trocado de carro, não dá para saber.

Quase deixei o pânico tomar conta de mim. Levantei


andando de um lado para o outro sentindo tudo em mim
tremer, meus pulmões doíam toda vez que eu respirava, já
não ouvia mais o que falavam.

Não é o momento pra isso, Nanda. Não é o momento.

A porta do laboratório se abriu e Henry entrou ao lado de


Reena. Eu sabia exatamente quem ela era, a assassina de
aluguel mais procurada de Milão. De repente, uma ideia
louca surgiu, não era como se eu tivesse escolha afinal de
contas.

— Eu vou até lá.

— Pode ser uma armadilha, Nanda! — Pacman exclamou


preocupado.

— Pode ser, mas estou disposta a arriscar. — Um grande


silêncio seguiu. — Vocês irão ficar monitorando. Qualquer
movimentação suspeita, me avisem.

— Toma cuidado. — Space indagou posicionando a escuta,


acenti.

— E Ciborgue. — o moreno me encarou com olhar cansado.


— Nem pense em me trair de novo, ou eu arranco seus
olhos com minhas próprias mãos.

Sem esperar por respostas passei pelas pessoas paradas


próximos a porta indo até o arsenal, abri as portas duplas,
nas paredes da sala todos os tipos de armas estavam
penduradas, duas grandes mesas de ferro no canto da sala
exibiam facas e revólveres.
Peguei duas adagas escondendo no cano da bota, junto com
elas escolhi duas Glocks, verificando o pente encaixei na
cintura.

— Nós vamos com você. — Henry se colocou na minha


frente. — Já avisei o Dylan da sua loucura.

— Só não fica no meu caminho, ok? — ele não iria desistir,


então concordei ignorando a parte dele ter entrado em
contato com o Dylan.

— Posso pegar uma arma? — Reena perguntou. — Não


fomos apresentadas. Eu sou Reena Evans.

— Eu sei quem você é. — respondi de forma seca. — Pegue


as armas que quiser, vou esperar no carro.

(...)

O túnel não era movimentado, vez ou outra passava alguém


e acelerava ao perceber o carro com as portas abertas
largado de qualquer jeito no acostamento. Estacionei longe
dele e descemos, andei decidida até o carro examinando
para ver se não havia perigo.

— Aquele filho da puta trocou mesmo de carro.

— Eu segui ele até aqui, e depois perdi o rastro.

— Ele tinha tudo planejado. AAAA INFERNO! — bati com


força no capô do carro, sentindo minha mão arder.

— Calma princesa, vamos achar ele e trazer a Alessa de


volta. — Henry segurou meu braço.

No painel do carro tinha um GPS, desvencilhei do aperto do


Henry sentando no banco de couro. Segurei o celular
conectando no aparelho, dentro de segundos as
coordenadas apareceram para mim, suspirei frustrada
voltando à estaca zero, todas as informações contidas ali
eram da mansão. Uma ideia maluca passou pela minha
cabeça, achava que talvez pudesse funcionar.

— Quando você estava com Mikhail, usava celular, Henry?

— Não que eu me lembre,mas o Mikhail, assim como alguns


soldados tem o ego muito grande, acham que são
inalcançáveis.

— Ok! — falei arrumando o cabelo que nem estava fora do


lugar.

— Tá pensando em que princesa?

— Muita coisa Henry. Em todas elas nos damos mal.

O celular dele vibrou, com o cenho franzido ele atendeu.

— Dylan. Ok, já estou indo. Sim ela está bem. — Dylan falou
alguma coisa e ele me encarou. — Você sabe que ela é
teimosa. Ok!

— Aconteceu alguma coisa?— questionei preocupada assim


que ele desligou.

— Volta com a Reena para casa, o Dylan precisa de mim. —


procurei pela moça com o olhar, mas não encontrei. — Um
soldado tá vindo me buscar.

— Tá bom! Vou achar sua namorada e voltamos. — Merda!


Que merda eu acabei de falar?

— Ela não é minha namorada princesa. — ele sorriu


aproximando-se. — Me desculpa pelo jeito que eu fui
embora. Não deveria ter sido assim. — seu olhar intenso
buscou o meu.

— Henry, não faz isso. — murmurei.

— Isso o que? — Um sorriso bobo brincava em seus lábios.

— Não brinca comigo assim. — não conseguia desviar os


olhos daquela boca. Merda!

Ele diminuiu ainda mais a distância entre nós tocando meu


rosto suavemente, fechei os olhos engolindo em seco.

O que eu tô fazendo?

Mesmo sem querer meu corpo respondia ao dele, sua


respiração fazia cócegas nos meus lábios, eu queria aquilo,
queria aquele beijo, queria sentir seu toque, cedo demais
Reena voltou.

— Eu não consegui achar nenhuma pis….

Dei um passo para trás saindo do transe com o coração aos


pulos.

— Diz pro Dylan se cuidar. Se cuida também. — Em seguida


me dirigi à Reena. — Vou esperar no carro.

Foco Nanda! Foco. Você tem que parar de se distrair e se


apressar em achar sua filha. Ai meu Deus! Não deixe
acontecer nada com ela, por favor!

Encostei a cabeça no volante tentando manter a calma,


esperei por uns segundos, até que Reena abriu a porta do
carro sentando-se ao meu lado, parecia estar brava contudo
se manteve calada. Também não conversei, minha mente
focava na ideia que tive para localizar Mikhail.
Dylan

A casa onde os traidores se escondiam estava cercada.


Árvores frondosas erguiam ao redor da casa, um gramado
verde salpicado por pequenas flores coloridas cobria todo
local, uma carroça do século 20 fazia contraste com as
paredes brancas da mansão. Confesso que foi bem fácil
encontrar este lugar. Luigi e os outros capos me traíram se
unindo a Mikhail e agora minha filha se encontrava no poder
dele. Não descansaria até ter o sangue daquele maledetto
correndo nas minhas mãos.

Henry tinha acabado de chegar, assim como eu se escondia


atrás do muro.

— Vocês sabem o que fazer.— falei no comunicador. — Não


quero ninguém vivo.

— Sim, Don! — os homens começaram a se mover.

Meu irmão e eu nos apressamos até a casa, atirei na


fechadura, abri a porta com todo cuidado do mundo e
entramos. Fomos treinados para agir no silêncio, eles só
saberiam que estávamos ali quando já estivessem em nosso
poder. Nos aproximamos do andar de cima e gemidos
superficiais invadiram nossos ouvidos, Henry olhou para
mim divertindo-se com a situação. Abrimos as portas dos
quartos uma a uma, todos vazios, sobrou uma única porta
no final do corredor, quanto mais perto chegavámos, mais
barulho nós ouvíamos. Sons de tapas, xingamentos, mais
gemidos e gritos de dor.
Chutei a porta pegando todo mundo de surpresa. Os inúteis
estavam fazendo uma orgia, Rafael, Luigi, Carlo, Camilo e
Marco estavam com seus paus enfiados em quatro moças,
uma delas chorava com Carlo e Marco dentro dela fodendo
com brutalidade. Atirei na cabeça dos dois, a mulher ficou
presa entre seus corpos, seu grito agora era de medo.
Camilo e Rafael foram mortos pelo Henry e por último
tentando desesperadamente vestir a cueca, sobrou Luigi.

— Achou mesmo que iria se safar filho da puta? Hum? —


Minha voz refletia o ódio que eu sentia.

— Sim ele achou Don. — Henry disse sarcástico.

As mulheres choravam descontroladas enquanto meu irmão


empurrava aqueles corpos patéticos de pau duro, com os
pés.

— Não mata a gente. — uma delas implorou. — Não vamos


contar pra ninguém.

— Lugar errado, hora errada, boneca.


— indaguei seco.

Levantei a arma atirando na cabeça delas, por causa da


pouca distância a bala entrou espalhando pedaços de
crânios e miolos na parede.

Se eu pudesse arrancaria o coração de Luigi com minhas


próprias mãos, aliás era exatamente isso que eu faria.
Desferi um soco no rosto do homem jogando-o no chão.

— Você vai me dizer exatamente o que quero ouvir,


entendeu? — chutei suas costelas descarregando toda
minha raiva, tanto que ouvi os estalos de algo se rompendo.
Sai arrastando o infeliz pelo chão da casa, até chegar no
quintal, toda vez que ele caia, descontava toda a minha ira
naquele corpo patético. Os soldados ainda eliminavam os
inimigos,corpos se espalhavam por todos os locais.

— Desembucha velho! — ordenei engatilhando a arma.

— Mikhail está a oeste daqui, naquela fábrica de vidro


abandonada. — ele gemeu cuspindo sangue. — Mas não
está sozinho, ele tem a ajuda dos mexicanos. E Jones está
com ele também.

Ri como um lunático, Juarez González não perdeu tempo,


mas esse figlio di puttana pagaria bem caro por isso.

— Nós tínhamos que fazer alguma coisa, você está


enfeitiçado por aquela menina e nossos negócios iriam à
ruína. Mikhail nos deu a solução, então ficamos do lado
dele. Se eu fosse você correria Don, porque dentro de
algumas horas , a bela garotinha de olhos verdes será
vendida .

— Segura ele Henry. — Perdi a pouca sanidade que me


restava.

Assim que meu irmão fez o que pedi segurei minha adaga
rasgando a roupa dele, tracei uma linha em seu peito pouco
a pouco, bem lentamente abri o tórax do infeliz, os berros
de Luigi fazia meu sangue ferver ainda mais, forcei minha
mão dentro de sua carne até segurar o órgão pulsante e
olhando dentro dos olhos daquele traidor apertei seu
coração esmagando lentamente, o olhar de pavor logo foi
ficando opaco, a vida deixando aquele corpo miserável.
Com o homem já sem vida jogado ao meus pés acabei de
tirar seu coração, cortando as terminações nervosas.
— Don — Zoe veio até mim — O que faremos com esses
corpos?

— O corpo dos soldados vamos queimar junto com a casa. O


corpo dos traidores, espalhe por Milão, do jeito que estão
aqui. — respondi — Esses vermes servirão como exemplo já
que se esqueceram do que aconteceu com Geovane.

Depois de horas conseguimos por todos os soldados mortos


na mansão. Henry jogou gasolina e eu risquei o fósforo, não
demorou para as labaredas tomarem conta do lugar, a
fumaça negra subindo em direção ao céu, o cheiro forte
poluindo o ar. Nós vimos o lugar queimar inteiro, as
madeiras estarem e o estrondo quando ruíram.

Já era tarde quando saímos daquele lugar. Minhas mãos


sujas de sangue apertavam o volante, acelerei o máximo
que pude para chegar logo em casa, queria estar com
minha mulher antes de ir para a guerra, precisava tirar da
cabeça dela a ideia de ir atrás de Mikhail, eu podia correr o
risco, mas a Nanda não.

— O que tanto pensa Dylan?

— Eu não quero a Nanda envolvida nesta guerra, Henry.

— Nem eu. — ele confessou olhando o retrovisor. — Mas ela


é teimosa, e estamos falando da vida da Alessa.

— Eu sei, cazzo! — esbravejei.

Prometi a Nanda que não falaria nada da gravidez ao meu


irmão, mas ele precisava saber, ainda mais se isso fosse me
ajudar a manter ela longe disso tudo.

— Me ajuda a tirar isso da cabeça dela Henry. A Nanda não


pode ir até lá.
— Sou a última pessoa que deve falar com a Fer sobre isso.
Ela não me perdoou Dylan. Não vai me ouvir.

— Você tem razão. — suspirei frustrado.

Resolvi não quebrar a confiança dela me mantendo calado,


Henry me analisava desconfiado sem questionar. Estava
entre a cruz e a espada, de um lado meu irmão, meu
sangue, do outro a mulher da minha vida.

— O que aconteceu entre a mamãe e a Fer ?

— Nossa mãe falou coisas horríveis pra Nanda, depois que


você foi embora Henry.

— Porque?

— Por causa de nós dois. — parei em um sinal vermelho. —


A Nanda está muito ferida com muitas coisas, a mamãe não
tinha o direito de falar aquilo que falou.

— Porra! Eu não deveria ter ido Dylan. Mas percebi que você
estava morto de ciúmes e no fundo eu acho que ela ama
mais você, por isso resolvi me retirar.

— É sério que você acha isso? — olhei de relance para ele,


voltando a acelerar o carro. — Porque para mim, ela sempre
amou mais você.

— Esse lance de trisal não daria certo Dylan. Um de nós


sempre ficaria com ciúmes.

— Eu já aceitei o amor da Nanda por nós dois Henry. Sim eu


fiquei com um puta ciúme da relação de vocês, mas fiquei
mil vezes pior quando você foi embora, então vê se faz as
coisas certas dessa vez.
— Ela não vai me perdoar Dylan. — respondeu cabisbaixo.

— A Nanda não é mais aquela menina que conhecemos, ela


mudou, nós mudamos. Conversa com ela e resolvam isso de
uma vez. A mamãe vai pirar com certeza, mas que se foda,
eu quero você comigo, sempre funcionamos melhor juntos.

— Você é louco Dylan. — ele riu. — Vamos ver como as


coisas vão estar daqui pra frente, o que tiver de ser, será.

— Já disse que quero você comigo. Volta a ser o Don da


Viper, vamos comandar a organização nós dois. — ele me
encarou sério. — Vamos trazer a Alessa pra casa, Henry, ela
já passou tempo demais nas mãos desse maledetto.

Chegamos à mansão e ele ainda não tinha respondido,o


lugar estava quieto demais, um soldado estava de guarda
no local. Não havia sinal do David ou da minha mãe, uma
sensação ruim tomou conta de mim,a passos largos fui até
o laboratório que se encontrava vazio também.

— Ela já foi Dylan. Caralho, a Nanda foi sem avisar a gente!


— Henry socou a porta com força.

— Vamos atrás dela agora Henry. — entrei no carro dando


partida.

— Aceito sua proposta, vamos mostrar pra esses bastardos,


quem são os Spencer.

— Vamos buscar nossa garota e minha filha irmão.

Os pneus do carro cantaram no asfalto, as casas passavam


como borrões. Meus aliados já estavam preparados,bastou
um sinal meu para se movimentarem, chegaríamos aquele
verme com todo poder de fogo. Hoje eu faria Mikhail pagar
por todas as suas maldades, porém tinha um pequeno
detalhe, o tempo, que neste momento era o pior inimigo.

O Dylan todo nervosinho 🤤🤤.


Até a próxima 😘😘
Capítulo 42

Nanda

Horas antes…

Desci do carro às pressas e praticamente correndo segui até


o laboratório onde todos me aguardavam cheios de
expectativas. Reena me seguia sem saber o que iria
acontecer pois não dei detalhes.

— Ingrid, Nick e Marlon, — comecei — corremos o risco de


sair presos daqui, se alguém quiser sair, a hora é agora.

— Você sabe que o Nick e eu não vamos te abandonar. —


Ingrid foi a primeira a falar.

— Não mesmo, nem adianta querer se livrar de nós.

— Se você acha que vai levar fama sozinha, está enganada.


Tô dentro. — Marlon deu um meio sorriso.

— Reena, se quiser sair…

— Eu não fujo Fernanda, seja lá o que vai fazer, vou estar


bem aqui.

— Ótimo. — espalmei a mão próximo ao teclado. —


Senhores, vamos invadir a NASA!

— Retiro o que eu disse, — Nick se adiantou com olhar


apavorado. — não quero passar o resto da minha vida na
prisão.

Eu sabia que ele não falava sério pois nem se deu o


trabalho de levantar da cadeira, eles manteriam a palavra
de não me abandonar.

Entrei no sistema da NASA acionando Udyat, códigos foram


se desenhando na tela dos computadores, letras e números
em tons de verde, talvez fosse mesmo impossível invadir a
NASA e eu estivesse perdendo mais tempo como da última
vez em que tentei e quase fui presa. Porém, minha filha já
estava a um dia nas mãos daquele lunático e sinceramente
não parei para pensar, caso contrário já teria enlouquecido.

Minutos se passaram até que os códigos ficaram em tons


vermelhos, a falha foi encontrada.

— A partir de agora teremos que ser rápidos. Ciborgue, você


irá me dizer para onde o IP do computador está sendo
direcionado, não pode haver erros. Caso o dispositivo falhe,
você terá que redirecionar o IP. — ditei instruções. — Space
e Pacman, isso aqui é muito criptografado, assim que eu
passar vocês serão responsáveis por me manter lá dentro.

— Electra!? — a voz de Reena passou quase despercebida.

— Sim, sou eu. — respondi sem olhá-la.

O silêncio que se seguiu foi pesado, parei respirando fundo


controlando o nervosismo que se instalou em mim. Nunca
tive medo de fazer as coisas que faço, nunca parei para
pensar se algum dia eu seria presa por isso, porém neste
momento tive medo, medo de não conseguir e ser presa e
nunca mais ver minha filha.

— Eu vou entrar, estejam preparados. — anunciei por fim,


começando a invasão.

"Paquistão...Rio de Janeiro...Estados Unidos...", Ciborgue


narrava os lugares para onde estávamos sendo
redirecionados. Estava demorando mais que o esperado
para quebrar a segurança deles, uma gota de suor gelado
correu por entre minhas costas quando tentaram me
bloquear.

— Estão tentando nos bloquear, Electra. — Space indagou


aflita aquilo que eu já tinha constatado.

— Aguentem mais um pouco, estou quase lá.

De repente a tela dos computadores ficaram negras, fui


jogada para fora do sistema, o nervosismo tomou conta de
mim, as quatro pessoas na sala me encaravam atônitas.
Reiniciei os monitores e Udyat, digitei os códigos
freneticamente começando a achar que tinha feito uma
merda muito grande e desta vez, não consegui quebrar nem
a primeira criptografia, foram diversas tentativas seguidas
de fracasso.

— NÃO! — soquei a mesa, levantei e sai de lá.

O choro reprimido estava me sufocando, uma dor agoniante


se apossou de mim. Dei um soco na parede sentindo os
efeitos do impacto na hora. Deixei as lágrimas rolarem
livremente apoiando a testa na parede.

Isso não pode estar acontecendo!

Respirei fundo algumas vezes, lembrando dos ensinamentos


de Don Ivan e do Henry, eles sempre frisaram que eu nunca
deveria deixar o desespero tomar conta. Limpei os
resquícios de lágrimas que ainda restavam, e voltei a sala
sentando novamente em frente ao computador começando
tudo de novo.

Vai dar certo dessa vez. Só mantenha a calma.


Mais alguns minutos e finalmente consegui passar pela
segurança, os códigos tinham um padrão que mudava a
cada cinco segundos, por isso foi muito difícil passar. Uma
vez lá dentro, tomei o controle dos satélites que
capturaram imagens dos eletrônicos da terra. Claro que eu
poderia ter invadido as empresas responsáveis pelos
satélites de imagens que orbitam o planeta, seria mais fácil
pois a resistência seria menor em alguns casos quase
inexistente, porém teria que invadir uma por uma o que
levaria muito tempo, e como não posso me dar esse luxo,
invadir os servidores da NASA foi minha única opção. Os
engenheiros eletrônicos tentavam me expulsar novamente,
mas meu ataque foi incisivo desta vez, teria poucos minutos
para realizar meu objetivo.

Fiz uma busca usando uma foto de Mikhail, imagens de


câmeras de horas atrás mostravam ele dentro de um carro,
tudo que tinha gravado no banco de dados do satélite
apareceu, imagens e mais imagens foram se desenhando.
Com alguns cliques uma imagem em tempo real surgiu,
não uma imagem, a câmera do celular de alguém estava
ligada gravando tudo o que aquele maldito falava, ampliei o
som observando o pouco do espaço que estava a vista na
esperança de encontrar Alessa mas isso não foi possível.

Interceptei o sinal do celular conseguindo assim a


localização, com a pulsação acelerada sai do sistema da
NASA apagando qualquer sinal que um dia estivemos ali.

— Caralho isso foi incrível, eu nem acredito que você


conseguiu mesmo! — Reena se manifestou espantada.

— Por minha família sou capaz de tudo Reena. — respondi


de forma controlada.
A verdade é que por alguns momentos eu também pensei
que não conseguiria e que agora estaríamos todos presos
ou coisa pior. Minha mente traiçoeira, materializou a
imagem de Alessa sofrendo nas mãos daquele desgraçado
fazendo algo em mim se revirar, levei a mão à boca
tapando tentando em vão controlar o enjôo que veio com
força.

Tive que correr para o banheiro. A pior parte da gravidez


eram esses enjôos constantes e a vontade insistente de ir
ao banheiro em um intervalo curto de tempo. Na frente do
espelho levantei a blusa observando o pequeno volume que
se formava em meu ventre, um tanto estranho devido ao
tempo gestacional.

— Aguenta firme aí bebê. — Sussurrei alisando a barriga. —


A mamãe precisa fazer umas coisas pra salvar sua irmã.
Talvez você não goste, mas prometo que deixo você
quietinho depois.

Mesmo rodeada por muitas pessoas, eu estava sozinha


afinal. Dylan estava resolvendo as coisas com os aliados,
porém eu desconfiava que fosse algo mais grave ou não
teria chamado o Henry, Nikolae estava longe, o padrinho
morto. O único que eu sabia que desceria nas profundezas
comigo era Delano.

Uma leve tontura fez com que me apoiasse na bancada à


minha frente, fechei os olhos absorvendo a sensação ruim.

— Você está bem, Fernanda? — parecia que essa garota


estava me perseguindo.

— Foi só um mal estar, Reena. — inspirei o ar


profundamente.
— Você está pálida. Acho que deve se sentar um pouco. —
concluiu sem jeito.

— Não tenho tempo para isso. — nossos olhares se


cruzaram através do espelho. — Desculpa pela grosseria,
estou nervosa com toda essa situação, mas não justifica o
modo como venho te tratando. — pela primeira vez ela
sorriu.

— Eu sei bem o motivo dessa grosseria. — ela me olhou


divertida. — Não se preocupe, desde que te reencontrou o
Henry só pensa em você.

— Eu não quero falar sobre isso. Já tenho o Dylan, não quero


nada com o Henry. — A quem estou querendo enganar?

— Não foi isso que percebi lá no túnel. — Reena me


observava intensamente. — Quer um conselho? Se você
ama o Henry do jeito que ele te ama, não deixe a chance
passar, ou acabará se arrependendo.

— Eu não amo. — Menti, afinal ainda estava magoada pelo


modo como ele partiu. — Quero que ele seja feliz, mas essa
felicidade não está do meu lado. O Henry foi alguém muito
importante para mim, só que isso ficou no passado.

— Tudo bem. Se você diz... — ela ainda pareceu querer


argumentar mas logo desistiu.

— Vamos? — cortei começando a andar.

Sai do banheiro voltando ao laboratório, uma ideia que


martelava na minha cabeça parecia ter sentido visto que
perdemos vários homens naquele embate de ontem.

— Ciborgue, verifique se tem carros elétricos nas


proximidades. — o moreno se concentrou na tarefa.
— Cento e oitenta.

— Ótimo, vamos hackear todos. Mikhail precisa achar que


tem um exército indo atrás dele. Estamos em desvantagem
já que perdemos a maioria dos homens naquele ataque.

— Você sabe que amanhã vamos estar em todos os jornais,


né? — Ciborgue falou divertido, porque afinal ele sempre
quis isso.

— Vou deixar você ter seus quinze minutos de fama. Só


espero que não seja nas páginas policiais.

— Ah, eu quero. — Pacman diz com um meio sorriso. —


Imagina, eu e esse nega...Ai Deus. — diz se abanando e
Ciborgue amarrou a cara.

Não consegui segurar o riso, só eles mesmo para me fazer


rir em uma hora dessas.

— Vocês três vão ficar na Van para ter acesso às imagens


pela câmera que usarei presa nesse pingente. Monitorando
de longe — segurei a correntinha que circulava meu
pescoço. — Se as coisas derem erradas, saiam sem olhar
para trás. Entendido?

— Vamos logo que já estou ansioso. — Pac se adiantou.

— Levaremos o Drone para mapear o local e se tudo der


certo, observar Mikhail de perto.

— Promete tomar cuidado, Electra?— Space diz preocupada.

— Prometo.

Reena e eu saímos da sala em direção ao arsenal e os três


levaram os equipamentos eletrônicos até a Van. Antes de
chegar ao arsenal, convoquei os soldados restantes, mais
ou menos trinta homens entraram e se armaram. Delano
estava próximo às armas grandes segurando uma
metralhadora, em seu peito às balas da arma penduradas,
um cinto rodeava a cintura repleto de granadas.

Prendi uma faca em minha perna, me equipei com os


revólveres, deixei as adagas que estavam em minhas botas
bem escondidas caso viesse a precisar.

— Como a Giulia está, Delano? — quis saber enquanto


checava os pentes das armas.

— Está em coma induzido, o estado dela é crítico, ainda


corre risco de morte.

— E as filhas dela? Já sabem?

— Sim! As garotas estão hospedadas no seu apartamento


próximo ao hospital.

— Bom! Vamos rezar para que a Giulia saia dessa, ou eu


nunca vou me perdoar.

— Vamos focar nossa raiva em quem realmente é culpado.

— Mikhail...

O loiro não disse nada, apenas concordou com um aceno de


cabeça em seguida saiu dando ordens para que os soldados
carregassem as armas até os veículos.

(...)

Ficamos a vários metros de onde a grande construção


branca se erguia, pelo local tinha vários tambores de óleo
espalhados, algumas carcaças de carro com as portas
abertas dando um ar de abandono, as paredes exibiam
grandes pichações, homens armados faziam a ronda do
local, pareciam não terem notado o drone sobrevoando o
local.

Observei através do tablet apoiado nos meus joelhos,


pontos estratégicos para o ataque que viria a seguir, as
possíveis entradas e possíveis rotas de fuga. Cedo demais
ouvimos um tiro levando ao chão o drone que era
controlado por Space, o soldado levantou ele encarando
diretamente a câmera. Com brutalidade o homem arrancou
o objeto me fazendo perder o sinal quando a esmagou.

Bingo! Comemorei mentalmente quando o troglodita levava


o drone para dentro, acionei no mesmo instante a câmera
escondida no eletrônico, conseguindo ver e ouvir tudo o que
se passava dentro das paredes daquele local.

— Conseguimos gente! — falei nos comunicadores, ouvindo


risadas e comemorações. Assim que o homem falou,ficamos
em silêncio.

— Chefe olha o que achei espionando a gente! — ficamos


em silêncio total.

Mikhail pegou o Drone observando as laterais para se


certificar que não tinha câmeras, e esta estava bem
escondida exatamente para um caso como esse, depois
levou até uma mesa se virando em direção ao soldado com
o corte no rosto que acabava de entrar.

— A menina não quer comer chefe. — ele falou.

— E o comprador daquela peste? Já conseguiu contato com


ele?

Comprador? Esse maldito vai vender minha filha?


— Consegui, ele chega daqui duas horas. — o homem
esfregava a mão freneticamente. — Deixa eu dar um
corretivo naquela peste, Mikhail, ela me mordeu e deu um
chute na minha perna. — indagou com voz raivosa.

— Ficou maluco Jones? — Mikhail se aproximou do homem.


— O comprador foi bem claro, a menina não pode ter um
arranhão. Você não fez nada, fez? — o soldados se afastou
assustado.

A essa altura meu coração batia descompassado, a raiva, o


medo e a vontade de entrar naquele local no momento em
que ele disse comprador, tomou conta de mim. Senti uma
mão fria tocar meu ombro, e olhei para trás Reena me
encarava apreensiva. Voltei minha concentração para
aquela tela.

— Dei um tapa na diabinha, essa garota precisa saber quem


é que man….

Um soco foi desferido no rosto do rapaz, ele cambaleou


cuspindo sangue.

— Eu fui bem claro, Jones. Nada de tocar na menina.

— Não vai se repetir.

Jones se foi e um silêncio tomou conta do


ambiente,desliguei o tablet e desci do carro.

— Ciborgue, faça de conta que está em GTA e controle os


carros agora.

— Sim chefe.

— Atenção soldados! Assim que os carros passarem por nós,


atacamos. — instrui os soldados — Não vamos perder
tempo, eles estão em maior número, por isso os carros
serão uma ótima distração. Não quero sobreviventes a não
ser Mikhail. Entendido?

— Sim,senhora. — responderam em uníssono.

— Atire primeiro que eles. Um tiro no meio da testa é mais


que suficiente. — Delano andava de um lado para o outro.
— Senhores, vamos trazer o inferno até Mikhail Barov.

Os soldados saudaram entrando nos carros. Eu não seria


louca de ficar na frente desses caras com sede de sangue.
Presenciei várias vezes o quanto eles eram bárbaros,
comigo no poder isso mudou, contudo neste momento tudo
o que eu queria era ver a crueldade deles e deixar que
meus demônios finalmente escapem.

— Se prepare Electra, os carros estão chegando! —


Ciborgue deu o sinal que estávamos esperando.

Olhei para Reena que exibia um largo sorriso, pisei no


acelerador e assim que os carros passaram nós os
seguimos. Os primeiros soldados chegaram à fábrica de
vidro começando o tiroteio.

Eu disse que minha ansiedade não deixaria, então


aqui está.
Os outros capítulos sairão sábado, ou domingo 🙃

Beijos,se cuidem 😘😘
Aviso

Oie como estão?

Acabei de criar um grupo no whatsapp. Caso queiram entrar


pra ficar por dentro das novidades e para gente se
comunicar melhor, é só clicar no link que está fixado na bio.

Era isso. Beijos 😘

👉
Edit 1 Não consegui adicionar o link, o wattpad tá bugado
de novo. Nem no quadro de avisos eu consegui. Quem
quiser entrar me manda mensagem que eu mando o link no
pv. 😘

Edit 2👉
colocar 😌
O link já escontra na bio. Demorou mas consegui
Capítulo 43

Nanda

Passada a surpresa do primeiro ataque, o inimigo conseguiu


nos encurralar. O barulho da bala chocando com o metal
dos tambores era agoniante, revidamos atirando de volta,
tinha que encontrar um jeito de entrar lá pois a essa altura
aquele verme já estava encontrando um jeito de fugir.

- Space, me dê a posição de Mikhail. - disse me encolhendo


atrás do tambor. - Me diz que aquele verme não está
fugindo. - mirei em quem atirava em mim acertando em
cheio.

- Ele não está se movendo. - ela respondeu. - Continua no


mesmo lugar com a arma na mão, parece bem nervoso.

Claro que estava nervoso, o cerco estava se fechando,


provavelmente ele sabia que se eu colocasse minhas mãos
nele o mataria sem pensar. Levantei de onde estava
aproveitando o momento em que outro soldado recarregava
a arma, corri até lá pegando-o de surpresa, sorri para o
homem no exato momento em que atirei no meio de sua
testa.

- Electra, tem carros se aproximando. São muitos. - a voz


nervosa de Space invadiu meu ouvido.

Merda!, praguejei.

Carros dos vidros negros chegaram cantando pneus e os


tiros recomeçaram. Achei que estivéssemos ferrados, me
enganei feio. Para minha total surpresa, Saymon Hoffmann,
desceu de um dos carros acompanhado de Nikolae e um
garoto que aparentava ter uns dezessete anos. Todo de
preto e com um olhar afiado capaz de matar qualquer um
que se colocasse em seu caminho, o loiro foi ganhando
espaço.

Desviei meu olhar para o carro que eu conhecia muito bem,


do Jaguar preto saiu quem eu mais queria, sai de onde
estava e corri até ele, fui envolvida por seus braços fortes.

- Você se feriu? - ele me examinou preocupado. - Meu Deus,


Nanda! O que você tem na cabe...

Precisava calar a boca dele, então enlacei seu pescoço


antes dele terminar o sermão e o beijei, era disso que eu
precisava, queria me sentir em casa para não enlouquecer
de vez. Por sorte, ninguém atirou em nós, porque isso foi
loucura.

- Senti sua falta. - murmurei.

- Nós também sentimos a sua.

"Nós", isso queria dizer que o Henry também estava ali,


então me dei conta de que ele estava parado com a arma
em riste o olhar varrendo o local, se demorando no corpos
caídos alí.
Ele deu a volta no carro e parou do meu lado examinando
meu rosto, fiquei encurralada no meio dos dois.

Mas que merda! Será que eu não posso ter um minuto de


sossego?

- Você está bem princesa?

- Cala a boca, Henry. - sai do meio deles.

Os tiros foram ficando longe pois os homens ganhavam


espaço, troquei o pente da arma e caminhei atenta a todos
os movimentos ao redor, vez ou outra éramos obrigados a
atirar ou nos proteger porque não sabíamos de onde vinham
os tiros, tudo intenso demais, o som das nossas respirações
se igualavam com as batidas acelerada do meu coração. De
certa forma sabia que essa adrenalina não faria bem ao
bebê, e na pior das hipóteses o corpo faria um aborto, isso
era péssimo, pedi para todas as divindades proteger meus
filhos afinal não poderia ficar sentada esperando que
alguém viesse salvar minha pimentinha.

Entramos na fábrica, Dylan foi na frente observando as


salas que estavam vazias,enquanto Henry e eu seguimos
atrás protegendo a retaguarda. A situação ali era pior, uma
estrada de corpos ensanguentados se estendia à nossa
frente, fechei os olhos me apoiando na parede por causa de
uma forte tontura que me atingiu, perdi os sentidos por uns
míseros segundos sendo amparada.

- Fer? Você está bem? - Henry me segurou, chamando pelo


irmão.

- Ragazza? Nanda?- passos apressados indicava que Dylan


tinha retornado.

- Eu tô bem, gente. - falei abrindo os olhos, encontrando


dois rostos preocupados. - Foi só uma tontura.

- Me diz que você não veio pra cá sem se alimentar,


Fernanda! - Dylan levou a mão à têmpora massageando em
sinal claro de irritação, a voz mais áspera que o normal.

- Se você não quer, eu não digo! - dei um meio sorriso,


vendo a veia em sua testa pulsar.

- Porra, Fernanda! Você vai voltar pro carro e esperar lá. -


ordenou de forma ríspida.
- Nem em seus sonhos, Dylan! Eu vou buscar minha filha e
você não vai me impedir. - sai do aperto de Henry, ficando
cara a cara com Dylan.

Nos encaramos, se fossemos desenhos animados daria para


ver os raios saindo dos nossos olhos. Henry dava cobertura
enquanto seu irmão discutia comigo.

- Eu adoraria ficar aqui discutindo com você, e ver quem é o


macho alfa. Mas nossa filha está lá dentro meu amor, então
por favor, - disse tocando seu rosto - vamos logo.

- Se você se sentir mal de novo, vai me dizer


imediatamente. Entendeu Fernanda?

- Entendi, ogro! - murmurei irritada.

Ouvimos passos de pessoas correndo em nossa direção,


entramos em uma sala escura bem a tempo de ver homens
com armamento pesado correndo na direção em que
estávamos indo. No rosto de um dos homens, um escorpião
na base do pescoço, a garra do animal terminava no queixo.

- Mexicanos? - indaguei aflita.

- Juarez González está com o Mikhail. - Dylan respondeu


minha pergunta.

- Filho da puta! - exclamei incrédula. - Esse desgraçado mal


assumiu o lugar do pai e já cometeu traição?

O Cartel de Jalisco tinha sido um grande aliado no comando


de Don José González, mas ao que tudo indicava o filho não
pensava assim, e esse filho de uma puta pagaria muito caro
por isso, apertei o cano frio da arma controlando minha
raiva.
- Space, consegue localizar Mikhail?

- Ele está encurralado, Electra. - disse eufórica. - Está com a


Alessa na sala onde está o drone.

- Qualquer mudança me avise imediatamente. Ele não pode


sair de lá.

- Ok!

A tensão cresceu ainda mais, minha garganta já seca


começou a arder. Eu sabia que o Dylan e o Henry estariam
comigo, mas uma sensação muito ruim tomou conta do meu
coração, uma tristeza que não tinha explicação, a dor foi
tanta que senti vontade de chorar, mas não podia recuar
agora, não sem antes tirar minha filha das mãos de Mikhail.

Tinha que fazer uma coisa antes de prosseguir, me virei


observando os dois homens parados no cômodo comigo,
não dava para saber o que se passava na cabeça deles pois
ambos mantinham uma expressão neutra no rosto. Travei a
arma colocando na cintura e dei um passo em direção ao
Dylan e ao Henry diminuindo o espaço entre nós, espalmei a
mão no peito deles segurando a camiseta de ambos
puxando para mim, sem esperar por resposta beijei primeiro
o Dylan, sua língua invadiu minha boca retribuindo com o
mesmo fervor. A mão que segurava a arma circulou em
minha cintura, a outra subiu até minha nuca, fiquei presa
onde eu mais gostava, no calor de seus braços, sem soltar a
camisa do Henry.

Dylan terminou o beijo, encostando sua testa na minha.


Fora da sala o caos havia recomeçado, deveríamos agir com
rapidez. Talvez não fosse o momento para aquilo, mas o
medo de não voltar me obrigou a fazer as coisas. Colei meu
corpo no de Henry com Dylan ainda segurando em minha
mão e o beijei também, sentindo a maciez dos seus lábios,
o calor do seu toque, sentindo seu coração bater no ritmo
do meu. Não era para isso parecer uma despedida, mas
aquela sensação não me deixava, separamos nossos lábios
abraçando os dois, e fui abraçada por eles.

- Porque parece que você está se despedindo Nanda? - a


voz grave de Dylan saiu insegura.

- Porque a partir do momento em que eu entrar naquela


sala...

- Para! Não continue! - Henry me interrompeu. - Nós dois


vamos estar com você. Ninguém vai te fazer mal, Fer.
Matamos qualquer um antes disso.

Sem querer estender mais o assunto e a pressa por tirar


minha filha de lá, segurei novamente a arma me afastando
deles, os dois passaram por mim, indo na frente. Aquele
lugar parecia um labirinto.

- Ciborgue, você está vendo o caminho. Verifica as plantas e


me diz qual caminho mais curto até Mikhail.

- Já estou verificando. - Pacman respondeu.

Os dois conversaram por uns segundos depois Ciborgue


respondeu.

- De acordo com a imagem da câmera, e seu chip de


localização, vocês estão no andar debaixo da fábrica. Vão
ter que subir três lances de escada até o lugar onde Mikhail
está.

Ok! Isso era um problema porque nas escadas não tinha


como esconder,mesmo assim nem Dylan, nem eu sairíamos
dali sem Alessa. Os gêmeos tinham uma precisão na mira
absurda, antes de chegarmos ao topo das escadas eles
mataram uns dez homens,os infelizes dos homens nem
tiveram tempo para revidar. Henry e Dylan foram muito
bem treinados, como máquinas de matar.

As luzes do corredor que se estendeu à nossa frente


piscavam freneticamente, o lugar fedia a fumaça e urina,
tapei o nariz para não correr o risco de vomitar ali.

O local estava silencioso demais, tentei ouvir o máximo


possível e sei que os dois também fizeram o mesmo. Quase
no final do corredor fomos surpreendidos tivemos que nos
abrigar atrás de uma caçamba grande que tinha ali. Tentei
levantar mas fui impedida.

- Fica abaixada porra! - Dylan me segurou apertado.

Era o que deveria fazer, contudo o nervosismo já tinha se


instalado, a raiva de toda a merda a qual vinha me
submetendo esses anos todos. Esperei Henry e Dylan se
distraírem atirando e sai de trás da caçamba, atirei no meio
da testa do homem que protegia a porta, ouvi passos
rápidos vindos da escada e me apressei em entrar na sala,
os tiros do lado de fora recomeçaram mas quase não dava
para ouvir o som. A sala era grande, as paredes cheias de
pichações, pedaços de vidro quebrados se espalhavam pelo
chão, mais adiante uma porta de onde saiam vozes
abafadas.

Andei tomando cuidado para não fazer barulho, mais


próximo pude ouvir eles falando de um valor altíssimo,
falavam da venda da minha filha. Tomada pela raiva, entrei
atirando na cabeça do velho barbudo que conversava com
Mikhail, pego de surpresa ele segurou Alessa que chorava
bastante entre as pernas e apontou a arma para a cabeça
dela.
- Larga a arma, ou eu atiro na cabeça da diabinha. - ele
rosnou ameaçador.

- Ma.. mamãe. - Alessa soluçou.

- Eu tô aqui pimentinha. Fica calma. - tentei tranquilizar ela.

- Cala a boca, vadia. E joga a porra da arma para longe. - Fiz


o que ele mandou pensando em um jeito de desarmá-lo. -
Todas as armas. - ele berrou.

Retirei os revólveres da cintura e as adagas também,


deixando as que estavam dentro da bota. Foi então que tive
uma ideia, lembrei de um episódio no aniversário da Alessa
e decidi usar isso para que ela escapasse das mãos dele.
Abaixei lentamente me apoiando em uma perna e a outra
pressionada no chão, assim eu conseguiria pegar a adaga
da bota.

- Alessa, lembra quando o Delano segurou você, aquele dia


no seu aniversário? - ela acenou com a cabeça. - Lembra o
que você fez? - ela concordou novamente.

Mikhail o tempo todo berrava para eu calar a boca, suas


mãos tremiam, os olhos estavam esbugalhados podia sentir
o medo e a ira vindos dele.

- Então bonequinha, a mamãe disse que não era para você


fazer mais aquilo, não foi? Agora tô te pedindo para
esquecer o que eu falei.

Ela entendeu e deu uma cabeçada nas partes íntimas de


Mikhail, o homem urrou de dor e ela conseguiu se soltar
dando uma mordida na mão dele. Segurei seu pequeno
corpo que se chocou com o meu, Mikhail colocou a arma na
própria boca e antes dele atirar lancei a adaga na mão dele,
a arma foi ao chão no mesmo instante, consegui recuperar
uma arma que estava próximo a mim, tinha ele na mira, era
só matar, mas aquele infeliz sofreria amargamente por tudo
o que tinha feito até ali.

Dylan e Henry entraram um momento depois, verificando se


nós estávamos bem, depois arrastaram Mikhail para fora da
fábrica. Observei minha filha que tinha um olhar assustado,
no rostinho dela uma mancha roxa fazia contraste com a
pele branca, perguntei a ela se alguém tinha feito algo além
de Jones e ela negou.

Quando saímos da fábrica pude ver Reena ao lado de


Nikolae atirando nos soldados inimigos, Saymon e o filho
faziam a mesma coisa. Os soldados de Dylan faziam a
varredura do local, Chris estava sujo de sangue mas parecia
não ser o dele, quando nossos olhares se encontraram ele
sorriu, essa imagem iria ficar pra sempre gravada na minha
mente, no momento seguinte ele caia com a cabeça
estourada. Protegi Alessa o máximo que pude, ela estava
grudada em mim não conseguia empunhar a arma.
Sussurrava palavras de conforto para ela dizendo que iria
ficar tudo bem.

Delano, que estava ao lado de Antonella, lançou uma


granada no local do tiro, a bomba explodiu mandando tudo
pelos ares. Zoe e Jason estavam feridos também, sangrando
em vários lugares.

Já tinha passado por muita coisa quando o padrinho me


treinou,mas ver todas aquelas mortes em um curto período
de tempo acabou comigo e tudo o que eu mais quis nesse
momento foi chorar, algumas lágrimas teimosas insistiram
em cair sem que eu tivesse controle.

Dylan e Henry estavam perto do Jaguar se protegendo dos


ataques, Mikhail a essa altura estava sendo mantido por
Hoffmann com a arma enfiada na boca.

Vi tudo em câmera lenta quando o homem da cicatriz no


rosto apareceu com um lança míssil mirando no Dylan.
Reena e eu tivemos a mesma ideia, levantei segurando
Alessa e descarreguei a arma nele no mesmo instante que
Reena, mesmo assim ele apertou o gatilho antes de cair, e o
míssil que seria para explodir o Dylan acertou o carro.

O automóvel explodiu, os dois se jogaram no chão, mas foi


em vão. A porta do carro acertou a cabeça do Henry, um
ferro transpassou a perna do Dylan. Senti minhas pernas
fraquejarem ao me aproximar, as labaredas do carro
deixando o local muito quente.

Saymon agiu rápido, deixando Mikhail aos cuidados do filho,


correu fazendo um torniquete na perna do Dylan, mas não
removeu o ferro, Reena que havia se adiantado estava
ajoelhada próximo ao Henry com a cabeça dele apoiada na
perna, mesmo sem me aproximar pude ver um fio de
sangue escorrendo do nariz e da orelha. Nikolae tentou me
afastar, mas eu não quis, não ouvia mais nada, parecia um
filme de terror.

Saymon chamou os homens restantes, com cuidado eles


foram colocados nos furgões. Sai do meu torpor indo em
direção ao carro mas o loiro lançou um olhar mortal para
mim não permitindo que eu entrasse. Alessa continuava
encolhida nos meus braços, seu corpo balançando com os
pequenos soluços.

- Vai logo Saymon, por favor. - consegui dizer.

Criei coragem para olhar para a perna do Dylan,saia muito


sangue. Saymon delicadamente me afastou entrando no
carro arrancando em alta velocidade. Fiquei parada olhando
para o nada até ouvir a voz repugnante de Mikhail.
- Vocês perderam, vadia. - meu ódio por ele só aumentou.

- Alessa, meu anjo, fica com o papai Nik um pouquinho. Tá


bom? - ela concordou indo de encontro a ele assim que a
coloquei no chão.

- Tira ela daqui Nikolae, por favor.

Ele fez o que pedi, se afastando. Delano segurava Mikhail, a


passos lentos e pesados me arrastei em sua direção, já não
controlava mais as lágrimas que caíam. Desferi um soco em
seu rosto e o desgraçado riu mais, quanto mais ele ria, mais
eu queria matá-lo, foram tantos golpes que ele caiu no chão
se contorcendo de dor, andei até o carro e peguei uma
barra de ferro batendo nele com ela usando toda a minha
raiva. Delano teve que me afastar, porque se não fizesse eu
mataria aquele maldito alí mesmo. Minha mão doía, mas
não importava porque a dor no coração era pior.

- Vai cuidar da sua filha e dos seus ferimentos. - Delano me


olhava preocupado. - Eu levo esse verme pro cartel até você
estar preparada para fazer ele pagar.

- Eu não quero ir pro hospital Delano. - respondi em meio


aos prantos. - E se o Henry e o Dylan estiverem mortos?

- Calma, Nanda! A Alessa precisa ser examinada também e


você precisa se acalmar. - Assenti indo até o carro onde
Nikolae estava.

Nikolae dirigiu calado enquanto Alessa dormia em meu colo.


A ansiedade me matava pouco a pouco, ao entrar minhas
mãos suavam muito, e depois que Alessa foi atendida fui
atrás de notícias dos gêmeos encontrando Hoffmann
conversando com a Ella.

Mas que merda! Eles não tinham voltado para o Brasil?


A mulher chorava abraçada ao meu pai, não vi o James nem
o Pietro. Em um canto do largo corredor, Antonella estava
sentada tamborilando os dedos na perna enquanto chorava.

- Já tiveram notícias, Saymon? - perguntei aflita.

- Não! Os dois estão na emergência. - Levei as mãos à


cabeça reprimindo o choro.

- Por que está machucada? - o loiro segurou minha mão


observando.

Não respondi, o nó na garganta se fechou ainda mais.


Aquele espaço pareceu me engolir, me soltei do alemão
andando de um lado ao outro tentando respirar, David
falava comigo porém não conseguia ouvir nada. Eu tinha
que ver eles, tinha que saber se estavam bem, decidida
comecei a me aproximar das portas duplas da sala de
emergência, estava quase alcançando quando alguém
rodeou minha cintura. Perdi totalmente a razão, nem tinha
falado para o Henry que perdoava ele, nenhum dos dois
podia morrer assim, era muita sacanagem comigo.

- ME SOLTA SAYMON! EU PRECISO VER O HENRY, PRECISO


VER O DYLAN. - gritei me debatendo.

- Calma porra! Não vai ajudar em nada você ficando assim.

- POR FAVOR! ME DEIXA VER O HENRY E O DYLAN! -


Implorei. - EU PRECISO VER ELES, SAYMON! - Os gritos
invadiram a ala do hospital onde estávamos. - DIEGO!
DIEGO! ME DEIXA ENTRAR LÁ SAYMON!

Dava para ouvir meu choro a quilômetros de distância, meu


pai, Saymon e Nikolae tentavam me segurar, uma
enfermeira veio correndo com uma seringa na mão, o
alemão me prendeu em seus braços e a mulher aplicou o
líquido em meu braço. Não demorou e senti meus membros
pesados, os olhos foram se fechando contra minha vontade,
ainda protestava chamando o Dylan e o Henry. Saymon me
mantinha presa em seu peito sussurrando que ficaria tudo
bem, antes de apagar vi quando Diego saiu da sala de
cirurgia com as mãos ensanguentadas me olhando
assustado.

- Nanda? - a voz do médico já estava longe, em segundos


não ouvi mais nada.

😢 😢 😢 Tadinhos dos meus bebês. Eu não tenho


estrutura pra isso. Eu tô sofrendo junto.

Beijos até 😘
Capítulo 44

Nanda

Acordei assustada depois do pesadelo horrível que tive,


sentei lentamente na cama apoiando as mãos na cabeça e
percebi que uma bolsa de soro estava ligada ao meu braço.
O quarto mergulhava no mais completo silêncio, frestas de
luz invadiam a cortina o que significava que já era dia.

Com cuidado arranquei a agulha do braço, pressionando


para parar o sangramento. Levantei abrindo a porta
espiando o largo corredor, o cheiro de remédio e álcool
típico de hospital fez meu estômago embrulhar. As
enfermeiras passavam me olhando desconfiadas, fui em
direção às portas dos quartos disposta a abrir uma por uma
até encontrar Dylan e Henry, aquela sensação ruim não me
deixava, precisava saber se estavam bem. Assim que
coloquei a mão na primeira maçaneta ouvi a voz grave do
Diego.

— Acabamos de fazer a cirurgia agora, David. Não vou


mentir para vocês. O estado dos dois é muito grave.

— Onde eles estão, doutor? — a voz trêmula de Ella chegou


onde eu estava.

— O Dylan está sendo transferido para o quarto neste


momento, a lesão da perna foi muito grave, tivemos que
fazer uma cirurgia de emergência, ele perdeu muito sangue,
foi uma cirurgia difícil. — Diego indagou com voz cansada.

— E o Henry?

— Henry foi transferido para a UTI. — levei a mão à boca


abafando o choro. — Vamos deixá-lo em coma induzido para
poder tratar a lesão no cérebro. Mas a situação ficou pior
porque ele teve uma parada cardíaca.

Meu Deus! Não!

— Meu filho pode morrer, doutor?

— Como eu já disse, o estado dele é muito grave, mesmo o


deixando em coma induzido, o quadro clínico pode piorar a
qualquer hora.

Não!

— Qual quarto está o Dylan? — meu pai perguntou e eu


agradeci a ele mentalmente.

— Quarto 26, última porta no corredor à esquerda.

Eles ainda conversaram mais alguma coisa que não ouvi,


esperei até que tivessem saído dali e segui até o quarto
onde Dylan estava. Respirei fundo girando a maçaneta,
entrei encostando a porta, ele dormia com a perna
imobilizada, em seu braço uma bolsa de sangue estava
ligada,Dylan estava muito pálido. Me aproximei lentamente,
sem fazer barulho, seu peito largo subia e descia
calmamente.

— Nunca mais faça isso. Entendeu? — murmurei — Você


não pode me assustar assim. Se você tivesse morrido… —
parei de falar chorando muito. Todo aquele desespero por
medo de perder os dois voltou a me assombrar. — Eu tô
com medo, Dylan, medo de perder você e o Henry. Então
nem ouse fazer isso.

— E você acha que eu vou a algum lugar sem vocês,


principessa? — Dylan respondeu com a voz fraca.
— Dylan! — abracei ele com cuidado, mesmo assim ele
soltou um gemido de dor. — Acho bom porque se você
morrer eu mato você. — falei fungando e uma risada baixa
escapou de seus lábios.

Ficamos abraçados por um tempo, eu não queria deixar ele,


mas precisava ver como o Henry estava com meus próprios
olhos.

— Preciso fazer uma coisa, meu amor. — toquei seu rosto


aproximando o meu. — Eu volto para ficar com você mais
tarde.

— Me diz como tá a Alessa. — quis saber preocupado, sua


voz quase nem saia.

— Alessa está bem. Nikolae está com ela. — ele pareceu


aliviado, porém logo uma ruga se formou em sua testa.

— E o Henry? Como ele está? — fiquei em silêncio. — Me diz


Nanda. — seu tom se tornou aflito e urgente.

Estava ponderando se contava ou não, mas a porta se abriu


e a mãe dele entrou. Quando ela olhou para mim vi uma dor
angustiante nela.

— Vou deixar você com sua mãe. — beijei sua testa. —


Fique bem meu amor, nós precisamos de você. — sussurrei
a última parte levando a mão dele até minha barriga.

Passei pela mulher sem olhar para ela, no corredor ela me


alcançou segurando meu braço, parei sem vontade alguma
de entrar em uma discussão, mas era exatamente isso que
iria acontecer.

— Por que meus filhos se machucaram e você está inteira?


O que aconteceu?
— Tinha um homem lá, Ella. Um homem com uma cicatriz
no rosto, Jones era o nome dele, eu acho. — ela levou a mão
à boca parecendo saber de quem eu falava. — Ele iria matar
o Dylan com um lança míssil, então Reena e eu atiramos
nele, o míssil que era para o Dylan , acertou o carro
causando o que você já sabe.

— Não era para o Henry estar aqui. Ele voltou por sua
causa. Você destruiu a vida dos meus filhos. Não consegue
ver isso? — sua voz controlada tinha acabado de subir três
quartos. — Eu gostava de você Fernanda, gostava de
verdade…

— Eu quero ver o Henry, Ella. — cortei com a voz


embargada. — Não vou ficar aqui ouvindo suas acusações.
— dei um passo em direção a ela buscando por respostas.
— Você viu ele? Como ele está?Ele está bem?

— É claro que ele não está bem! — respondeu agressiva. —


O quadro dele é gravíssimo Nanda, meu filho corre risco de
morrer a qualquer momento.

Eu quis responder mas fiquei tonta bem na hora, me apoiei


na parede fechando os olhos enquanto a mulher continuava
falando. Por um lado eu entendia o sentimento dela, pois
fiquei transtornada quando a vida da minha filha estava em
risco.

— Não precisa fingir estar passando mal.

— Não estou fingindo nada. — abri o olho observando-a. —


Eu estou grávida, e essa criança que está aqui pode ser
filha do Dylan ou do Henry, porque nós três fizemos ela
juntos. — a mulher estava incrédula, me encarando com a
boca aberta. — E mesmo que você queira me tirar de perto
deles, nunca vai conseguir, porque só saio daqui dentro de
um caixão. Pode falar o quanto quiser, pode jogar a culpa
em mim, eu não ligo.

— Vocês fizeram o quê? — seu rosto era um misto de


confusão e incredulidade, ela ignorou totalmente o resto da
conversa.

— Transamos, Ella. Os três. Sabe? Duas salsichas no mesmo


pão? — fiz sinal batendo as mãos. — Se você me permite,
preciso ver o Henry.

Andei a deixando parada sem argumentos, nem que ela


tentasse me tirar à força eu sairia daquele hospital. Cada
passo que eu dava em direção aos leitos de UTI sentia um
buraco me engolir, sabia que não iria conseguir entrar lá
sem autorização, teria que vê-lo pelo enorme vidro que
separava o quarto do corredor. Parei um longe tentando
recuperar o controle, cada parte de mim tremia, respirei
fundo para não surtar de novo e me aproximei do vidro.

Ele estava deitado imóvel com um tubo na boca e cabeça


enfaixada, uma bolsa de soro gotejava lentamente em seu
braço, no peito desnudo vários eletrodos, o som do aparelho
indicando a frequência cardíaca era a única coisa que
mostrava que ele estava vivo. Me senti sufocada, aquela
maldita dor voltando com força esmagando meu peito,
neste momento eu quis trocar de lugar com ele, quis estar
ali só para que ele — não — eles estivessem bem. Mandei
todo o alto controle para o espaço me apressando até as
portas duplas, porém antes de entrar ouvi a voz grave de
Diego.

— Você deveria estar descansando.

— Não preciso descansar, preciso de notícias e ninguém


aqui está disposto a me dar. — retruquei.
— Primeiro você vai vir comigo, precisamos saber como está
o bebê. — soltei um longo suspiro virando em sua direção.

Deixei que ele me conduzisse até a sala com o aparelho de


ultrassom. O médico pediu para eu tirar minhas roupas e
vestir apenas aquela camisola horrível aberta nas costas,
assim que fiquei pronta me deitei na maca apoiando as
pernas uma de cada lado da maca. Diego chamou uma
enfermeira para acompanhar o procedimento, pegou o
aparelho revestido com uma camisinha, pegou um frasco e
despejou um líquido em cima.

— Vai gelar um pouco. — ele avisou antes de introduzir o


aparelho em mim.

Senti um leve desconforto como da primeira vez, mas


procurei não pensar nisso. Diego observava a tela à sua
frente com uma expressão confusa, o que fez meu coração
acelerar.

— Tem alguma coisa errada?Meu bebê está bem?— ele não


respondeu, moveu o aparelho mais uma vez. — Responde
Diego!

— Não tem nada de errado, Nanda. — ele respondeu por


fim, clicando algumas vezes na tecla do computador e uma
imagem apareceu na tela à minha frente.

O som forte de corações batendo encheu a sala, engoli em


seco, meu olho se encheu de lágrimas observando a
imagem que se formava lá, duas imagens.

— Que isso, Diego?— apesar de eu já saber, queria que ele


dissesse.

— Gêmeos, Nanda. Você está grávida de gêmeos.


— Como você não viu a primeira vez que fizemos
ultrassom? — ele olhou para mim dando de ombros.

— Estão em bolsas diferentes, o outro deveria estar


escondido. — ele continuou examinando. — Estão bem, pelo
que observei aqui. Apesar de tudo o que você passou, a
gravidez não é de risco.

Dois bebês, mais dois seres que dependeriam de mim. Será


que eu seria capaz de protegê-los? Lágrimas teimosas
escorreram por minha face enquanto o médico finalizava o
exame.

— Pode se vestir, Nanda. Não se preocupe, os bebês estão


bem. — Assenti levantando.

De certa forma, um alívio tomou conta de mim. Após vestir


minhas roupas, voltei me sentando à frente dele.

— Diego, é possível saber quem é o pai dos bebês depois do


nascimento?— indaguei sem rodeios.

— Como assim? Os bebês não são do Dylan?

— Não! Quer dizer….sim. — soltei o ar com força. — Eu não


sei, porque eu fiquei com o Henry também.

— Fernanda?!

— Sem julgamentos. — retruquei. — É possível, ou não?

— Dificilmente você saberá. O DNA dos gêmeos univitelinos


é igual, daria cem por cento de paternidade para os dois. —
Apoiei minha mão na mesa escondendo o rosto nela.

— Eu tô ferrada! — a mão do médico afagou meu braço.

— Eles sabem?
— O Dylan sim. Mas o Henry… — levantei meu olhar para a
única pessoa que podia terminar de me destruir no
momento. — Como eles estão de verdade, Diego? Por favor,
não esconda nada de mim.

— O Dylan está no quarto, mas pelo que vi lá no corredor


você já sabe. — concordei — O ferro perfurou a veia safena,
quase perdemos ele. — só de pensar nessa possibilidade
meu coração acelerou. — Se demorasse mais um pouco e
se não fosse aquele torniquete que fizeram nele, com toda
certeza a essa hora você seria viúva. — ele não amenizou a
situação, não tentou fazer parecer menos pior.

Tenho que lembrar de agradecer ao Saymon depois.

— Ele vai ficar bem, não vai?

— Vai ficar Nanda. Mas precisa de repouso absoluto. Dylan


ficará aqui por uns dias.

— E o Henry?

— O caso dele é delicado. A pancada na cabeça foi forte, ele


teve um traumatismo craniano. Está em coma induzido e
ficará assim até o inchaço no cérebro diminuir.

— Pode ficar sequelas, Diego?

— Só saberemos quando ele acordar.

— Isso é tudo culpa minha Diego. Tudo culpa minha. —


encostei na cadeira levando a mão a têmpora.

— Não é culpa sua Nanda. Você não tem culpa de um


maluco psicopata estar perseguindo vocês. A culpa é
inteiramente dele e de ninguém mais.
— Você tem razão. — me levantei. — A culpa é dele, e hoje
aquele maldito começa a pagar.

— Você tem que descansar Fernanda! — Diego repreendeu.

— Eu vou descansar, depois que tiver uma conversa com


Mikhail.

Deixei Diego e fui para casa com certeza de que Mikhail


sofreria, porém só o mataria depois que o Henry tivesse
acordado, porque essa vingança também era dele.

Dylan

Estava odiando ficar preso naquela cama de hospital, depois


que a Nanda saiu e minha mãe foi atrás, eu quis levantar e
impedir minha mãe do que quer que ela fosse fazer. Não
demorou e a discussão começou, apesar de não conseguir
ouvir direito o que elas diziam, era nítido que a Ella acusava
a Nanda de tudo o que estava acontecendo.

Minha mãe nunca foi assim, ela sempre agia com a razão,
porém desde meu quase suicídio ela vem agindo dessa
forma. Aguardei sem paciência ela retornar para o quarto,
quando a porta se abriu encarei buscando por respostas.

— O que a senhora pensa que está fazendo? A Nanda não


tem culpa de nada que aconteceu. Aliás ela nem sabia da
existência de Mikhail antes de se envolver com Henry. —
perguntei baixo, me senti meio grogue por causa dos
medicamentos.
— Vocês dois transaram com ela? Juntos? — a incredulidade
na voz da minha me fez rir, imediatamente senti dor por
todo meu corpo.

— Porque o espanto, mamãe? — ajeitei o travesseiro nas


costas sem deixar de olhar para ela.

— Isso é errado! — seus lábios tremiam indicando seu


nervosismo.

— Errado? — arqueei a sobrancelha, não obtendo resposta


resolvi pôr um ponto final naquilo. — Eu espero mesmo que
a senhora pare de culpar a Nanda por uma coisa que não foi
ela quem provocou. Caso contrário, mamãe, vou ser
obrigado a entrar no meio e eu não quero isso.

— Eu não vou falar mais nada. Afinal o estrago já foi feito. —


ela levantou a mão em sinal de rendição e se sentou ao
meu lado. — Confesso que passei dos limites com ela, mas
afinal, o que você queria que eu fizesse. Eu não posso
perder vocês dois. — ela disse, começando a chorar.

Segurei sua mão, que estava muito gelada, e um pesado


silêncio caiu sobre o quarto, estudava cada reação da minha
mãe para ver se descobria algo e o que eu vi ali foi um
desespero e uma dor muito grande, tinha medo de
perguntar como estava meu irmão, medo de odiar a
resposta, mesmo assim, verbalizei as palavras.

— Como ele está mamãe?

Ela me contou como meu irmão estava, fiquei apavorado e


me peguei chorando nos braços de minha mãe. O Henry
não podia morrer.

— Ucciderò quel fottuto bastardo! (Eu vou matar aquele


desgraçado de merda!) —Tentei levantar mas fui impedido.
— Você, se acalme! Seu estado também é grave! — olhei
para ela transtornado. — Vai querer que eu chame o médico
para aplicar um calmante?

— Não! — tinha algo de muito errado, estava com essa


sensação estranha a horas.

— Que ótimo! Agora deita ai e fique quieto. Nada vai


adiantar querer derrubar o mundo agora. Isso não vai
mudar o estado do Henry!

Fiz o que ela mandou, tentei me acalmar. As horas foram


passando e eu ali naquele quarto sem poder me mover,
cada segundo que passava era como se durasse uma
eternidade. A noite a Nanda voltou, trazendo a Alessa, as
duas ficaram comigo. Matei a saudade da minha pimentinha
que dormiu grudada em mim. No quarto tinha uma cadeira
estofada reclinável, onde Nanda estava,levantei da cama
tomando cuidado para não acordar Alessa e fui até ela
tentando não firmar a perna operada, a bolsa de sangue já
tinha sido retirada, porém a tontura e o sono ainda estavam
acabando comigo.

— Tá fazendo o que? Volta para a cama! — repreendeu.

— Vou ficar aqui com você. E nem tente me impedir. — ela


me deu espaço e se deitou em meu braço, sabendo que não
adiantaria discutir. — Você e o bebê estão bem? —
perguntei depois de um longo silêncio.

— Bebês, Dylan. São gêmeos. — sua mão circulou em minha


cintura. — Parabéns, papai. — ela sorriu dando um selinho
em mim.

— Vamos ser pais de gêmeos? — ela concordou sorrindo


abertamente. — Nossa! Uau! Nossa! Obrigada amore mio,
por me fazer feliz nesse momento. — segurei seu queixo e
selei nossos lábios em um beijo calmo e apaixonado. — O
Henry vai ficar louco com essa notícia. — ela começou a
chorar novamente.

Amparei seu corpo e fiquei fazendo carinho em sua cabeça,


dizendo que ficaria tudo bem. Não demorou e sua
respiração ficou pesada indicando que ela tinha dormido.

Gêmeos! Que loucura!

O Henry tinha que acordar para saber disso, se meu irmão


morrer, não sei o que será de mim. Pela segunda vez no dia
me vi chorando e pedindo para que a força maior que
existia no universo não levasse meu irmão. Nunca fui
religioso, acreditava sim na existência de Deus, mas não me
achava digno da sua misericórdia. Porque sou um monstro,
uma máquina de matar, alguém frio que já fez muitas coisas
horríveis.

Meu irmão não pode morrer. O Henry é uma boa pessoa, um


irmão maravilhoso, então Senhor, se estiver me ouvindo,
salva a vida dele. Traz ele de volta, por favor, por favor
Senhor.

(...)

Um mês se passou desde que entramos neste hospital.


Diego tinha acabado de me dar alta, e disse que tiraria de
vez o medicamento que mantinha meu irmão em coma
induzido. Levantei da cama com certa dificuldade, pois
minha perna não estava cem por cento, decidi tomar um
banho para tirar aquele cheiro de hospital.

Travava uma luta naquele banheiro minúsculo tentando tirar


a cueca quando a porta se abriu.

— Deixa que eu ajudo você meu amor. — ela sorriu.


— Você não precisa fazer isso, Nanda. — tentei impedir, pois
ela já tinha feito esse processo várias vezes.

— Na saúde e na doença, lembra? — concordei com um


meio sorriso, sem graça com toda aquela situação.

Com a ajuda dela, tirei a peça que faltava e entrei embaixo


do chuveiro fechando os olhos, as lembranças vieram com
força. Nesse último mês passamos pelo inferno, o medo e a
incerteza do que aconteceria com meu irmão era como um
Dementador rondando nossas mentes, sugando nossas
energias.

Sentia um vazio enorme no peito como se faltasse uma


parte de mim, não pude sair daquela prisão que era o
quarto para ver meu irmão para não correr o risco de pegar
uma infecção hospitalar.

— Tá pensando no que meu amor? — a voz rouca me tirou


dos devaneios

— O Henry está há muito tempo em coma, Nanda. E se ele


não acordar quando o medicamento for retirado por
completo?

— Vai acordar Dylan. Além do mais, o Diego disse que pode


demorar horas para isso acontecer. Então vamos nos
manter otimistas. Ok?— respondeu incerta. — Agora, deixa
eu te ajudar com o banho, bonitão.

— É sério, ragazza, não precisa fazer isso. — ela me olhou


séria tirando a esponja da minha mão.

Terminado o banho,ela me ajudou a vestir e fomos até


Diego. Estava nervoso demais e angustiado demais com
esse processo de reversão, não deixava a Nanda perceber
por ela estar grávida, porém quando estava sozinho e o
desespero batia, me pegava chorando para não surtar. Não
suportaria perder meu irmão, ele tinha que acordar, tinha
que voltar. Morrer não era uma opção.

Minha mãe e o David já estavam no local, sentia a tensão


no ar, segurei firme a mão da Nanda, que estava
extremamente gelada, refletindo meu estado de espírito.
Meu coração estava acelerado, esperava que meu irmão
acordasse assim que o medicamento fosse retirado por
completo, mas não foi assim que aconteceu.

Ficamos lá horas esperando, porém Henry não acordou.


Diego disse que era questão de tempo, que ele já esperava
que isso fosse acontecer, que os exames estavam ótimos,
não mostrava nenhuma alteração. Então porque ele não
acordava?

Aquele hospital virou nossa casa, todo mundo ali já nos


conhecia. Revezamos para ficar com ele no decorrer dos
meses, na maior parte do tempo quem ficava era a Nanda e
eu, ou a Tony e a Reena. Às vezes a Nanda tinha que brigar
comigo para que fosse para a casa, ainda assim o tempo
que ficava lá era o mínimo e voltava correndo para aquele
hospital.

Ninguém falou nada do que aconteceu na fábrica


abandonada, as mortes foram encobertas e os policiais
fizeram vista grossa. Tinham que fazer, afinal todos
estavam na minha lista gorda de pagamento, era como se
aquele episódio nunca tivesse existido.

Mikhail estava sendo torturado todos os dias, minha esposa


fazia questão de cuidar disso pessoalmente. Ela sumia por
horas e voltava com um olhar extremamente cansado, aliás,
isso era uma preocupação a mais.
Três meses se passaram, três longos meses e ele não
acordou. Estávamos incompletos sem ele, queria que meu
irmão estivesse junto quando descobrimos o sexo dos
bebês, ele iria amar da saber que teríamos dois meninos. A
Nanda entraria no quinto mês de gestação, ela tentava
disfarçar o desapontamento todas as vezes que entramos
no quarto e ele permanecia imóvel.

Saí para comprar um café, quando retornei ao quarto ouvi


um choro, ela achava que eu não sabia que quando estava
sozinha com ele, deixava a dor sair assim como eu, fiquei
parado na porta ouvindo a conversa.

— Volta para nós Henry. Você tem que lutar. — os dedos


dela estavam entrelaçados nos dele. — Eu tô grávida,
Henry, grávida de dois meninos que podem ser seus. Por
favor, volta pra mim, volta para nós.— Ela ficou em silêncio
como se esperasse por respostas. — Seu irmão acha que
me engana com aquela pose de machão, mas a verdade é
que Dylan está sofrendo, tá tudo tão vazio sem você.
Queremos você aqui, meu amor, precisamos de você aqui.
Por favor.

Ela encostou a testa na mão dele e eu me aproximei


tocando seu ombro, minutos que mais pareceram uma
eternidade se passaram,levamos um susto quando o
aparelho que monitorava a frequência cardíaca teve
alteração, me aproximei vendo o desenrolar da cena em
câmera lenta.

Henry abriu o olho. Sem pensar, apertei aquele botão para


chamar os enfermeiros freneticamente, não demorou e o
quarto ficou pequeno com a quantidade de médicos e
enfermeiros que entraram.
Ficamos de longe vendo eles examinarem meu irmão.
Abracei a Nanda, amparando seu corpo que tremia, não
houve necessidade de palavras.

Finalmente, depois de três angustiantes meses ele tinha


acordado.

Capítulo atualizado a pedido das meninas que estão


no grupo. Todo mundo ansioso e eu também.

Espero que tenham gostado.

Se hidratem e usem máscara 😊 beijinhos ❤️


Capítulo 45

Aviso: Contém tortura. 📌


Henry

— Se abaixa! — Dylan gritou antes do barulho da explosão


ser ouvido.

Nos jogamos no chão, senti o impacto de algo se chocando


contra minha cabeça, ouvi um zumbido muito forte e depois
mergulhei no completo silêncio.

Dizem que quando morremos, nosso cérebro ainda funciona


por uns minutos, ainda podemos perceber as coisas ao
nosso redor, é como uma paralisia do sono.

Vez ou outra ouvia coisas, não saberia distinguir o que era


sonho ou realidade, estava tudo muito confuso, nada fazia
sentido e eu não tinha força o bastante para tentar me
concentrar

Vai logo Saymon.

Levem para emergência agora, não podemos perder tempo.

Estamos perdendo ele. Desfibrilador.

Do mesmo jeito que as vozes apareciam, logo


desapareciam, voltando a ficar silencioso, eram como
fantasmas à minha volta e eu estava me sentindo perdido,
tentando entender e juntar os fragmentos de palavras que
flutuam em volta de mim.

São gêmeos.
Volta irmão, precisamos de você.

Silêncio. Mas não era um silêncio qualquer, não o silêncio


daqueles que te faz sentir bem, é um silêncio sem
consciência é como se eu já não estivesse em mim, que eu
não estivesse aqui.

E se ele não voltar, mãe?

O vazio, era tudo isso que existia ao meu redor. Pensei que
iria ficar mais uma vez, eu não sabia o que era e como
existia. Nem as batidas de meu coração eu ouvia mais. Até
ouvir um sussurrar:

Volta para mim, Henry, eu tô grávida meu amor, você vai


ser pai. Não desista de mim, não desista de nós.

Algo naquela voz me fez querer abrir os olhos, tentei puxar


minha mente de onde eu a conhecia, porque nada aparecia
em minha mente, mas de alguma forma me pareceu
familiar. Eu queria ver quem era e porque ela parecia triste.
Tentei me mover, mas meus membros pareciam chumbo,
mais algumas tentativas e finalmente consegui abrir o olho,
na mesma hora voltei a fechar sentindo muita dor nas
pálpebras. Minha garganta arranhava, era como se tivesse
mil grãos de areia nela, mesmo sem querer meus olhos
lacrimejaram pareciam pegar fogo. Alguém segurava minha
mão, movi os dedos lentamente e um bipe insistente
encheu o local.

O que diabos está acontecendo? Minha cabeça parecia


girar, mesmo eu sentido que o meu corpo estava inerte ,
não conseguia pensar com clareza, nada fazia sentido.

Fui cercado, mãos ágeis verificaram meu pulso, uma luz


forte apareceu no meu campo de visão. Tentei falar, porém
minha voz não saiu, irritando ainda mais a garganta.
Estava tudo tão confuso, não conseguia distinguir quem
eram aquelas pessoas. Tudo o que eu mais queria no
momento, era voltar a dormir novamente e ficar na
segurança da escuridão e dos sonhos. Busquei na memória
os últimos acontecimentos, nada aparecia com clareza,
fragmentos aleatórios era o que conseguia lembrar,
lentamente, o cansaço me consumiu e finalmente voltei a
dormir.

Não sei quanto tempo apaguei mas quando abri os olhos


novamente me senti melhor, mais lúcido e parecia mais
dono de mim mesmo e dos meus pensamentos, a primeira
pessoa que enxerguei foi minha mãe conversando com
Dylan.

— Ma… — tentei falar, mas a voz saiu áspera demais e


acabei tossindo.

Ela veio correndo e pegou um copo com água, mas não me


entregou como imaginei que faria, ela pegou um algodão e
umedeceu com a água tocando nos meus lábios. Não era
como se fosse matar minha sede, mas amenizou a ardência
da garganta. Ela me explicou que não poderia beber água
de imediato pois tinha risco de eu me afogar.

— Vai com calma meu amor. Você acabou de despertar.

— Eu tô be… — não consegui completar a frase, minha


garganta travou e as palavras não saíram como eu queria.
Mas que porra está acontecendo comigo?

Dylan se aproximou me olhou alguns segundos como se


seus olhos não quisessem acreditar no que estavam vendo
e depois me abraçou forte, percebi que ele chorava,
quando senti meu peito molhado. Tentei retribuir o abraço
mas meus braços estavam muito pesados.
— Que bom que voltou, irmão. Não faz mais isso não, tá
bom? — a voz embargada me fez chorar também.

— Eu tô b…. — Porque ele estava chorando? Como assim,


que bom que voltei? As dúvidas vão se acumulando na
minha cabeça e eu forço um pouco para que as palavras
saiam pelos meus lábios. — O que a-a-acon-teceu?

— Depois do atentado você ficou em coma, por três meses.


— minha mãe respondeu, segurando a minha mão e
olhando para mim com pesar

— O quê? Não é…. Eu dormi algu-mas h-ho-ras.— fechei o


olho irritado por não conseguir completar uma porra de uma
frase.

— Não foram algumas horas, Henry. Foram três meses. O


carro em que estávamos perto explodiu. — Dylan
respondeu — Uma das portas acertou sua cabeça, você
teve traumatismo craniano. Achei que fosse perder você
irmão — ele limpou as lágrimas que escorriam pelo rosto.

A porta se abriu e por ela passou Antonella acompanhada


de uma outra mulher, a ruiva sorriu abertamente enquanto
a outra me olhava com algo parecido a expectativa. A moça
usava um vestido preto, evidenciando a barriga
protuberante, ela era linda. Dylan se aproximou dela
beijando sua testa e Antonella veio até mim, seus braços
me envolveram em um abraço apertado, me deixando sem
ar.

— Ne-lla. — tossi e ela se afastou.

— É bom ter você de volta. Tenho que ir, mais tarde eu volto
para te fazer companhia. — a ruiva sorriu, e rebolando saiu
do quarto.
— Henry. — a garota se aproximou me abraçando com
cuidado, seus braços macios me rodeando enquanto suas
mãos fizeram carinho em meus cabelos. Senti meu coração
dar um salto quando ouvi aquela voz, o seu perfume
preencheu minhas narinas, me parecendo familiar de
alguma forma. — Que saudade eu estava de você. — ela
fungou.

Ela encostou sua testa na minha, fechei os olhos


absorvendo a sensação de paz que tomou conta de mim.

— Quem é vo-você? — perguntei assim que ela se afastou.

— Como assim, quem sou eu? Não se lembra de mim,


Henry? — perguntou com a testa franzida, o semblante que
há poucos instantes estava feliz mudou na mesma hora
para algo como uma mistura de tristeza e preocupação —
Para de brincar Henry. — concluiu angustiada.

— Não conheço vo-cê.

A moça se levantou da cama como se tivesse levado um


choque, não demorou para suas lágrimas estarem
banhando o rosto e sem desviar os olhos dos meus ela foi
amparada pelo meu irmão, me senti incomodado por aquele
gesto sem saber o porquê. Dylan me olhava com um ponto
de interrogação no rosto, minha mãe também. Uma
sensação estranha tomou conta de mim, era evidente que
nos conhecíamos. Então porque não lembrava dela? o que
estava acontecendo com a minha cabeça?

— Eu preciso sair daqui. — a moça falou com voz sofrida e


se foi com Dylan em seu encalço.

— Você não se lembra mesmo dela, querido? — minha mãe


me encarava de um jeito estranho.
— Não. — respondi observando o local por onde ela saiu.
sentindo bem lá no fundo que algo estava errado.

— Ok! Descansa que eu vou chamar um médico. — minha


mãe deixou um beijo em minha testa e saiu também me
deixando sozinho.

Fiquei muito tempo desacordado. Três meses, caralho! Três


meses da minha vida jogados no lixo por causa de Mikhail.
Desse maledetto, me lembrava muito bem. O pior era que
parecia que tinham páginas em branco na minha cabeça,
tinha muitas coisas que não se encaixavam. Quem era
aquela mulher? E por que sinto que perdi uma grande parte
da minha vida? Deixei que as lágrimas saíssem para aplacar
aquela angústia que se instalou em mim.

O médico entrou e fui submetido a mais exames, colheu


meu sangue, me levou para fazer uma ressonância
magnética, depois fui levado novamente ao quarto. Não vi
mais a moça, nem meu irmão. Onde será que se meteram?
Quem é ela? E porque me senti em paz quando ela tocou
em mim? Porque aquela dor estampada no rosto dela
quando disse que não sabia quem ela era? Porque não
consigo me lembrar, porra?

Inferno! As perguntas se acumularam na minha cabeça e


por mais que eu tentasse não encontrava uma solução.
Parecia que alguém tinha me entregado várias peças de um
quebra cabeça que eu não tinha ideia de como montar, isso
estava me deixando cada vez mais ansioso, tento bater na
cama com os punhos cerrados para extravasar o turbilhão
que se forma em meu peito, mas nem isso eu consigo, meu
corpo ainda está letárgico e não tenho força o suficiente
nem pra levantar as mão.
— Henry? — o médico chama minha atenção. — Você vai
ficar uns dias aqui em observação. Quero me certificar de
que esteja tudo bem com você. — assenti. — A princípio seu
quadro clínico é ótimo, você ainda terá dificuldade em falar
e se mover, afinal foram três meses preso em uma cama. Vá
com calma, faça as coisas no seu tempo.

— Tu-do bem dou-tor — concordei. — E minha me- mó-ria?


— questionei o médico a respeito daquilo que estava me
incomodando.

— Tenha paciência, Henry. Já imaginávamos que por causa


do tempo que ficou em coma e pelo impacto que recebeu
na cabeça, ficaria alguma sequela. Não é uma novidade em
pacientes que sofrem um trauma como o que você sofreu. O
que você teve, foi Amnésia Dissociativa.

— Por-que só — engoli em seco tentando amenizar não só a


dor na garganta, como também o aperto em meu peito. —
ela?

— Fernanda me fez a mesma pergunta, e vou te dizer o


disse a ela. — Diego anotou alguma coisa no prontuário,
depois voltou a olhar para mim. — Às vezes, depois de um
trauma, o cérebro pode bloquear memórias dolorosas como
uma forma de autoproteção. — Ele olhou, analisando
minhas reações. — Vocês se separaram antes do acidente.
Foi uma separação traumática, pelo que ela me disse. Não
sei como vocês estavam quando isso aconteceu, talvez seja
por isso essa amnésia.

Meu cérebro não processou a resposta dele. Não era


possível aquilo que ele tinha acabado de dizer, encarei a
parede à minha frente e fiquei assim por um bom tempo,
tentando achar respostas que eu sei que não viriam.
Quando fiquei novamente sozinho, fechei os olhos
encostando no travesseiro tentando desesperadamente
lembrar da garota. Vencido pelo cansaço voltei a dormir.

***

Duas semanas se passaram desde que acordei, comecei


intensas sessões de fisioterapia, caralho como doía e era
angustiante a simples força que tive que fazer para poder
mover um dedo, mas eu não desisti e a cada sessão eu
dava um passo literalmente. Aos longos dos quinze dias
meu corpo foi voltando, hoje apesar de ainda mancar um
pouco de uma perna, consigo quase correr.

Os resultados dos exames não apresentaram alterações,


então recebi alta. Estava arrumando minhas coisas para ir
para casa, nesses últimos dias as coisas não correram bem.
Reena havia partido pois aceitou um trabalho em Nova York,
meu irmão vinha sempre ao hospital ficava um pouco e
voltava para casa, para sua família. Para completar não tive
melhoras na questão da minha memória e a existência dela
ainda era uma página em branco na minha cabeça, uma
batida na porta do quarto me tirou dos pensamentos
incômodos.

— Já está pronto? — Dylan entrou — Anda logo porque estão


todos ansiosos em casa.

— A Fernanda veio? — perguntei ansioso, era sempre assim


eu podia não me lembrar dela, mas sua presença me fazia
bem de uma maneira que não sei como explicar.

— A Nanda não estava se sentindo bem, então obriguei ela


a ficar deitada.

— O que ela tem? — me aproximei entregando a ele a bolsa


com minhas coisas, ansiando por notícias.
— A pressão dela está baixando muito. Temos consulta
médica amanhã, então saberemos o que está acontecendo
— Saímos do quarto em direção a recepção para assinar os
papéis da alta.

Diego fez um monte de recomendação e após tudo


resolvido, seguimos para a casa, finalmente, pois não
aguentava mais ficar naquele lugar. Olhei as ruas, a
movimentação das pessoas, tudo parecia tão diferente.
Apesar de encher o Dylan, minha mãe e as enfermeiras de
perguntas me sentia deslocado, como se uma parte da
minha vida tivesse sido apagada.

Dylan dirigiu quieto o caminho todo, entramos no


estacionamento da mansão onde vários carros que não
eram nossos estavam parados. Desci do carro junto com
Dylan e uma garotinha que era a cara do meu irmão veio
nos receber.

— Tio Henry! — ela me abraçou — Que saudade.

— Oi pequena. — respondi sem jeito.

— Papai. — ela se soltou de mim e correu para meu irmão.

— Alessa meu amor. — ele beijou o topo da sua cabeça.

— Vamos, tem festa pra você. — ela falou divertida e


segurou minha mão e a do Dylan nos puxando.

Dentro da casa várias pessoas vieram me cumprimentar


procurei por aquela que estava ansioso para ver e não
encontrei. Vi meu irmão subindo as escadas com Alessa no
braço, senti vontade de ir atrás, porém cada passo que eu
dava era interrompido por alguma pessoa que dizia o quão
feliz estava por eu estar de volta. Acabou que fiquei lá até
todos irem embora, depois subi para meu quarto e apaguei.
Meu sono depois do coma ficou leve, por volta das três da
manhã acordei sentindo minha boca extremamente seca,
desci as escadas até a cozinha enchendo um copo com
água, solvi até a última gota, subindo as escadas a seguir,
ao passar em frente a porta do quarto do meu irmão e sua
mulher ouvi barulhos, parecia ser som de gemidos, só então
percebi que eles estavam transando. Caralho! Isso me
incomodou bastante, mas me deixou duro também, voltei
para o meu próprio quarto e fechei a porta, meu coração
batendo ensandecido no peito. O quarto do Dylan era do
lado do meu e como a casa estava em silêncio daqui eu
conseguia ouvir os gemidos, mesmo sabendo que não
deveria me aproximei da parede, foi impossível não me
deixar envolver pelo que acontecia no quarto ao lado.

Cada gemido que ela dava era como se correntes elétricas


percorrem meu corpo. Imaginei aquela boca na minha,
imaginei ela gemendo meu nome enquanto atingia o
clímax.

— O que eu tô fazendo desejando a mulher do meu irmão,


porra? — me repreendi passando as mãos pelo meu rosto,
mas não me afastei da parede.

Dylan...Ah, Dylan!

Os gemidos dos dois e os palavrões do Dylan, continuaram


até que ela gemeu mais alto e minutos depois as coisas se
silenciaram. Tive que ir para o banheiro tomar um banho de
água gelada para acalmar meu corpo que estava pegando
fogo. Passei o resto da noite em claro, virando de um lado
para o outro na cama.

Resolvi andar na praia para não enlouquecer. Não entendia


o que estava acontecendo comigo, era nítido que ela
significava algo para mim, segundo minha mãe e o médico,
fomos namorados, mas ela estava com meu irmão, grávida
dele. Porque me sentir assim então? Como se tivesse um
vazio em mim? Como se tivesse perdido parte de minha
alma?

Sentei na areia gélida da praia ouvindo as ondas se


chocando uma na outra, o cheiro do mar me acalmou.
Observei a larga extensão daquele paraíso particular, ao
longe percebi uma elevação estranha, não consegui
distinguir por ainda estar escuro. Levantei batendo a areia
da calça e fui até lá.

Era uma espécie de palco, com dois palanques nas


extremidades, subi em cima para olhar mais de perto,
fixados na madeira, dois ganchos de ferro e correntes,
estavam planejando se divertir aqui.

— É para encerrar de vez esse ciclo das nossas vidas que só


trouxe sofrimento. — levei um susto, pois não ouvi ela
chegar.

— Não era para você estar dormindo cunhada? — Reforcei


nosso parentesco, numa tentativa de colocar minha cabeça
no lugar em relação a ela.

— Perdi o sono. E não me chame de cunhada Henry. —


bufou batendo o pé na madeira.

— Não é seguro estar aqui sozinha. — apontei, claramente


ignorando o que ela disse.

— Eu sei me defender.

— Vai se defender grávida?! — ela riu.

— Estou grávida, não morta. — Um pesado silêncio caiu


sobre nós, só se ouvia o barulho das ondas quebrando e o
zumbido do vento. — Lembra como nos conhecemos?

— Sinto muito, não lembro. — ela se sentou e fiz a mesma


coisa.

— Você me ajudou a encontrar minha irmã e depois pediu


meu número. — ela soltou um longo suspiro. — Porque você
só se esqueceu de mim? — ela faz a pergunta que me
atormenta com tristeza em sua voz.

— Eu não sei, Fernanda. — observei seu semblante triste e a


vontade de tocar nela foi imensa. — E por mais que eu
tente, não consigo me lembrar de você.

— Você queria tanto se livrar de mim, que o destino se


encarregou de cuidar disso. — ela apoiou o queixo na perna
com o olhar fixo nas ondas.

De repente se levantou em um rompante e praticamente


correndo rumou em direção a casa. Eu não gostava de vê-la
daquele jeito, saber que ela estava sofrendo e eu era o
causador desse sofrimento, acabava comigo. Deitei nas
madeiras geladas, o céu acima de mim estava lindo, cheio
de inúmeras estrelas, apoiei meu braço embaixo da cabeça.
Se houvesse um jeito de voltar no tempo, um jeito de
devolver minhas memórias, eu faria sem nem pensar.

As horas foram se arrastando, passei o dia todo resolvendo


coisas relacionadas a Viper com o Dylan. Aparentemente,
depois que entrei em coma, as coisas deram uma leve
piorada, perdemos muito dinheiro, alguns associados
quiseram se retirar, porém Dylan com seu jeitinho
diplomático, resolveu todas as pendências.

Neste momento acabávamos de sair de uma reunião, onde


novos Capos foram escolhidos, todos que assumiram estes
postos ganharam o direito de se tornar chefes graças aos
seus feitos dentro da organização.

Não toquei no assunto Fernanda, mas meu querido irmão


não tirava aquele sorrisinho bobo do rosto. E quem não
ficaria depois daquela transa com aquela mulher
maravilhosa? Pensar nisso fez com que eu ficasse irritado.

Ao chegar na mansão ela nos aguardava, séria e muito


sexy.

— Estava aguardando vocês. — para me provocar ela foi até


meu irmão e eles deram um beijo cinematográfico, me
deixando ainda mais irritado.

A mão do safado filho de uma mãe boa, espalmou na carne


macia da bunda dela, um gemido rouco escapou dos seus
lábios e ofegantes eles se separaram.

— Que bom que já acabaram. — retruquei. — Você estava


nos esperando, porque mesmo?

— Vamos até em casa. Ainda tenho pendências com o


Mikhail e a Fillipa, mas estava esperando você acordar,
então bela adormecida, vamos acabar logo com isso. —
Dylan passou o braço pelo ombro dela e seguimos para o
carro.

Ela e meu irmão conversavam animados sobre a gravidez e


o quanto a pequena Alessa estava amando ter um irmão.

— Já escolheram o nome do bebê? — perguntei curioso.

— Ainda não. — ela respondeu olhando no retrovisor. — O


Dylan gosta Matteo, mas os dois não podem se chamar
Matteo.
Gêmeos?

— São gêmeos? — verbalizei meus pensamentos.

— Sim. Dois meninos, Henry. — Dylan respondeu com um


sorriso bobo, o mesmo sorriso que ele dirigia a Alessa toda
vez que estava com ela.

Permaneci quieto, remoendo aquela sensação estranha que


se apoderou de mim novamente. Assim que encostamos
desci rapidamente porque estava sufocando. Os dois deram
as mãos seguindo na frente e eu estava morrendo de
ciúmes, queria segurar a mão dela também.

— Eu gosto de Lucca. — soltei de repente nem sei o porquê.

— O quê? — ela parou se virando para mim.

— O nome. Eu gosto de Lucca.

— Lucca. — Fernanda testou o som da palavra. — Também


gosto. — ela deu um sorriso lindo voltando a caminhar.

Quando entramos na sala onde estavam Mikhail e Fillipa, os


olhos do homem antes cheio de malícia agora
demonstravam medo. Fillipa estava jogada em um canto tão
magra que parecia que seus ossos quebrariam só de
encostar nele, a pele antes sedosa tinha um aspecto seco,
sem vida.

— Prepare a cadeira elétrica Delano. Fillipa e eu vamos nos


divertir um pouco.

— Me mata logo, por favor. — Fillipa implorou. — Eu não


aguento mais todos os seus joguinhos.
— Pra que a pressa, Fillipa? — A voz da Fernanda agora
estava ameaçadora.

— Eu nunca quis fazer isso, Fernanda. O Dimitri me obrigou


a fazer aquelas coisas. — claramente ela estava em
desespero.

— Sabe o que é mais engraçado, Fillipa? Eu não vi ninguém


te obrigando quando você me eletrocutava, quando insistia
para Dimitri me pegar à força, ou dizia para Mikhail me
vender logo. — a voz contida demonstrava toda sua
irritação. — Delano. — o loiro se materializou perto dela. —
Traga nossa convidada.

A garota se debateu em vão, ela quase não tinha forças e


eu não achava que a Fernanda a torturaria mais, porém me
enganei feio.

— O que você vai fazer?

— Primeiro vou acabar com esse seu belo rosto. E depois


você vai fritar. — Eu poderia não me lembrar dela, mas essa
não era a Fernanda.

— NÃO! POR FAVOR NÃO! DYLAN, POR FAVOR. — Meu irmão


observava de longe com uma máscara impenetrável no
rosto, nem fez questão de se mover.

Pegando uma faca, Fernanda foi até ela, passou por todo o
contorno do rosto dela,gritos agoniados encheram a sala. O
sangue escorria pela face contorcida pela dor de Fillipa,
Fernanda largou a faca e enfiou os dedos embaixo da pele
dela, puxando sem piedade,só parou quando tinha toda a
pele em suas mãos e o corpo de Fillipa tombou imóvel,
provavelmente desmaiou pela dor.
— Você não vai dormir. — ela falou com uma voz estranha.
— Delano, pode levar. — Nem eu, nem o Dylan conseguimos
parar de olhar.

Delano arrastou Fillipa até a cadeira e afivelou ela lá


enquanto Fernanda pegava um balde com água, lentamente
ela se aproximou e despejou a água no corpo magro de
Fillipa, que despertou na mesma hora, depois ajeitou o
capacete na cabeça da infeliz.

O corpo dela começou a tremer descontroladamente.


Fernanda olhava a cena compenetrada, aumentando a
voltagem da cadeira, sangue começou a jorrar pelo rosto
desfigurado de Fillipa, literalmente a garota foi torrada.

— Espero que apodreça no inferno. — Fernanda cuspiu as


palavras, entregou o controle para Delano e foi até Mikhail.

Ele estava com as mãos e os pés amarrados, cheio de


cortes pelo corpo,seu rosto estava tão roxo que parecia
querer gangrenar.

— Eu ainda tenho contas a acertar com você, Mikhail. — ela


se abaixou. — Lembra que você me marcou? — ele
arregalou os olhos. — Lembrou né? Mas não vou fazer isso
agora. Primeiro você vai para a geladeira.

Sem dizer uma palavra, meu irmão desamarrou Mikhail e


rasgou as roupas dele, arrastando-o até a sala minúscula e
fechando a porta.
Nesse meio tempo, Nikolae apareceu.

— Estou voltando para a Rússia, Nanda. — ele disse. — Eu


não vou ficar aqui para ver a morte de Mikhail, mas faça ele
pagar pela morte da minha filha e da minha esposa.
— Farei Nik. — ela respondeu abraçando-o — Obrigada por
tudo Nikolae. Obrigada por ter protegido minha filha e
cuidado como se ela fosse seu sangue. Tudo o que me
tornei foi graças a você.

— Não, eu só te mostrei o caminho. Você percorreu ele


sozinha. — o russo se afastou dela. — Obrigado você, por
ter me permitido ser o pai da Alessa, vocês significam muito
para mim. São minha família.

— Mantém contato russo. — ela sorriu.

— Todos os dias. — ele respondeu com voz embargada


dando um último abraço nela.

— E Antonella? Ela vai com você? — perguntei já sentindo


falta da ruiva.

— Por enquanto, ela vai permanecer aqui. — ele


cumprimentou meu irmão e eu.

Dylan agradeceu pelo que Nikolae fez pela Fernanda e


Alessa, depois o russo se foi. Dylan saiu com Delano me
deixando a sós com a Fernanda.

— Henry — ela apertou os olhos com força se apoiando em


mim. — Eu preciso sentar, me ajuda por favor.

Segurei seu ombro e a trouxe para mais perto, seu braço


circulou minha cintura, virei o rosto sentindo o cheiro do seu
perfume.

Se controla Henry!

Ajudei ela a se sentar, e fui buscar um copo de água porque


ela estava muito pálida. Aproveitei e peguei uma toalha
molhada para limpar suas mãos que estavam cheias de
sangue.

Entreguei o copo com água e ela bebeu de uma vez, depois


fechou os olhos. Abaixei a sua frente segurando suas mãos
com cuidado, começando a limpar. Ela permanecia quieta,
com os olhos fechados, tirei todo o sangue que consegui e
me sentei próximo a ela.

— O que você tem?

— Eu estou tão cansada de tudo isso. Sabe? Ainda bem que


amanhã a noite esse ciclo do caralho se encerra.

— Mikhail fodeu com tudo.

— Eu só quero ter meus filhos em paz. — ela alisou a


barriga e sorriu. — Eles estão agitados.

Fiquei hipnotizado vendo as ondas que se formavam quase


imperceptíveis, de maneira inconsciente levei minha mão
até lá sentindo um chute. Uma sensação estranha tomou
conta de mim, levantei depressa me afastando dela.

Inferno! Que droga!

Meu irmão e Delano voltaram arrastando o corpo inerte de


Mikhail. Fernanda se levantou, foi até a mesa, pegou um
ferro de marcar boi e um maçarico, parou em frente ao
homem jogado no chão e começou a esquentar o ferro.
Dentro de poucos minutos o objeto estava extremamente
vermelho, ela se abaixou — e sinceramente eu não sabia
como ela conseguia fazer isso com a barriga daquele
tamanho — e bateu no rosto dele.

— Acorda. — ele abriu o olho lentamente depois de vários


tapas. — Agora eu vou fazer você sentir o que eu senti, e
acho bom você não gritar. — ela falou entredentes — Porque
senão eu posso gostar e marcar essa sua carinha.

Ela levantou e pressionou o ferro no peito do infeliz, o


chiado do objeto quente contra a pele dele encheu o local, e
aquele cheiro de carne queimada invadiu nossas narinas. O
corpo de Mikhail teve pequenos espasmos e ele desmaiou
novamente.

— Patético. — ela desdenhou fazendo sinal para Delano tirar


ele dali.

Meu irmão diminuiu o espaço entre eles e a abraçou.

— Vamos para casa, Dylan.

— Como está se sentindo meu amor? — perguntou todo


carinhoso e para mim era novidade ver meu irmão assim.

— Estou exausta e ainda tem a consulta com a obstetra


daqui a pouco.

— Vamos para casa então. — ele passou o braço pelo ombro


dela.

Antes de seguir ela segurou minha mão, não impedi o gesto


tão pouco fiz menção em soltar minha mão pois ansiava por
aquele toque, ansiava por ter mais dela, nem que fosse
essas migalhas.

No carro ela se sentou do meu lado e apoiou a cabeça em


meu ombro, com nossas mãos ainda entrelaçadas. Dylan e
eu trocamos um breve olhar, ele apenas sorriu e manobrou
o carro.

Ao chegar em casa, eles foram para seu quarto e eu fui para


o meu, precisava tomar um banho, fechei a porta retirando
toda a roupa. Andei até o banheiro entrando embaixo da
água, senti meus músculos relaxando, fiquei assim até ouvir
a porra dos gemidos da Fernanda de novo.

O que eles são caralho? Coelhos? Ela não estava super


cansada agora mesmo?

O pior de tudo é que meu corpo reagiu, eu precisava de


alívio, precisava dela. Precisava mudar de quarto na
verdade, ou eu iria enlouquecer.

Fechei o olho encostando a cabeça na parede gelada do


banheiro e me deixei levar pela intensidade dos gemidos
dela. Teria que dar um jeito nessa situação, caso contrário
as coisas sairiam do controle.

Será que o Henry vai lembrar ou continuar assim pra


sempre?

Próximo capítulo a morte de Mikhail 🎉🎉


É isso. Se cuidem, bebam água e usem máscara 😊 🖤
Capítulo 46

Atenção: contém tortura.

Nanda

Ele finalmente tinha acordado e não se lembrava de mim.


Diego disse que isso era normal. Mas porque só eu? Ele se
lembrou até do James, mas não de mim. Foi angustiante
olhar em seus olhos e não ver reconhecimento, eu quis
gritar com ele, quis gritar com todos, mas me controlei e saí
de lá. Acompanhei de longe a fisioterapia, vibrando com
cada melhora dele,cada progresso era um alívio.

Ninguém estava aguentando meu humor, a não ser Dylan.


Ele vinha sendo o melhor marido e amigo do mundo,
paciente, amoroso, carinhoso, e eu cada vez mais
apaixonada por ele, se é que isso é possível. Outro dia ele
levantou no meio da noite e saiu atrás de pão, doce de leite
e mortadela que fiquei com vontade de comer a uma da
manhã, disse que os filhos não nasceriam com cara de
mortadela, foi hilário. Ele me dizia para ter paciência com o
Henry, que logo se lembraria, pois não tinha como se
esquecer de mim.

E quando Henry saiu do hospital, tentei de todas as formas


fazer ele se lembrar de nós, todos os esforços foram em
vão, ele sempre fugia e reforçava que nós éramos
cunhados. Para o inferno com essa merda de me chamar de
cunhada. Resolvi deixar de lado por enquanto e focar na
minha vingança. Senti um certo alívio com a morte de
Fillipa, mas estava longe de me sentir bem, na verdade só
me sentiria em paz depois da morte de Mikhail.
A exaustão tomava conta de mim e depois da consulta com
a obstetra finalmente pude dormir, esses últimos dias me
desgastaram muito e esses dois serelepes se mexendo o
tempo todo, me deixavam exausta. E ainda tinha esse fogo
que sinceramente não sei de onde vinha, bastava um olhar
diferente para o Dylan e acabávamos na cama.

Deitei na cama e senti um alívio imediato nas costas e pés,


fechei os olhos me deitando de lado, pois era a única
posição que ainda conseguia dormir, o quarto estava no
mais completo silêncio, deixei minha mente divagar e logo
adormeci. Talvez eu tenha sonhado, mas tive a impressão
de que Henry esteve comigo por um breve momento, pois
seu cheiro era inconfundível.

Acordei sentindo um braço ao redor da cintura, virei o corpo


ficando de frente para Dylan que dormia profundamente.
Fiquei observando o rosto sereno enquanto dormia, levantei
a mão tocando seu rosto e ele sorriu, me esqueci
completamente que ao menor sinal de movimentação ele
acordava.

Merda! Eu queria te admirar mais.

— Acordada tão cedo, mio amore?

— Estava vendo você dormir. — toquei seus lábios com a


ponta dos dedos.

— Volte a dormir bella mia, porque hoje vai ser um dia


tenso. E você e os bebês precisam de descanso. — ele
segurou minha mão deixando um beijo na palma. — E trate
de se alimentar, caso contrário terei que amarrar você. —
eu ri.

— Adoraria ser amarrada por você, bonitão. — mordi o lábio


inferior.
— Nanda, você não presta. — Dylan encostou sua testa na
minha.

— Não tenho culpa se você é um gostoso e sabe fazer


mágica com essa língua. — ele riu.

— Só com a língua? — ele perguntou de um jeito sexy e


começou a beijar meu pescoço.

— Com os dedos também. — arfei agarrando seus cabelos.

— Nanda! Nanda! — sussurrou irônico. — Acho que eu vou


ter que provar para você que não é só com os dedos e
língua que faço mágica, minha pequena safada!

Fechei os olhos quando sua boca desceu para meu seio por
cima do tecido fino da camisola, causando arrepios, mas
para nossa frustração alguém bateu à porta.

— Dylan? — a voz de Henry invadiu o quarto.

— Cazzo! — praguejou ao ouvir a voz do irmão — Isso daí é


dor de cotovelo. — Dylan suspirou. — Ele tá morrendo de
ciúmes.

Meu marido levantou, fiquei admirando enquanto ele ia até


a porta, a cueca branca delineando sua bunda perfeita. Que
homem maravilhoso! E que corpo maravilhoso! Puxei o
cobertor até o pescoço ficando em silêncio total.

— Tem que vir falar comigo com o pau duro? — Henry


pareceu irritado.

— Você é empata foda. Então cala a boca e fala logo. —


Dylan respondeu no mesmo nível.
— Não dá pra conversar com você desse jeito.— ouvi passos
no corredor.

Dylan voltou rindo.

— Eu não disse,ele tá morrendo de ciúmes. Não vai demorar


e ele vai estar lembrando de você. — deixou um beijo na
minha testa e foi para o banheiro.

Ficar sozinha me fez refletir toda aquela situação, não dava


para continuar assim. Talvez o Henry nunca mais se
lembrasse de mim, não submeteria mais nenhum de nós
aquela situação, não era saudável ficar nesse ciclo vicioso.
Eu devo ter adormecido de novo pois não vi ele sair do
quarto. Quando acordei, meu café da manhã estava no
criado mudo, olhei no relógio, já passava das onze, dormi
demais. Antes de comer tomei um banho. Depois desci e
sentei na varanda observando a vista.

— Mamãe. — Alessa apareceu segurando um livro. — Lê pra


mim?

— Claro, meu amor. — sorri estendendo a mão para ela. —


Senta aqui no meu colo. — ajudei ela a se sentar.

Abri o livro que já conhecia muito bem, ela se aconchegou


no meu colo e colocou a mãozinha em minha barriga.

— Eles também ouvem? — perguntou olhando para mim.

— Ouvem sim.

— Se eu falar, eles vão escutar minha voz? — seus olhinhos


brilharam em expectativa.

— Porque você não tenta? — Ela mexeu as mãozinhas e


começou a falar.
— Oi. Eu quero conhecer vocês logo, então não demora pra
sair. Tá bom? — os bebês chutaram e ela deu um gritinho.

— Chutou, mamãe. — ela riu e eu acompanhei. — Lê, por


favor, eles tão acordados. — falou com animação.

Comecei a ler, ela ouvia quietinha passando a mão em


minha barriga. Quando chegou ao fim, fiz a pergunta que
rondava minha mente há algum tempo.

— Porque Valente, Alessa?

— Ela é forte igual a você. — levantando as mãozinhas ela


tocou meu rosto. — Eu também quero ser forte igual a você.

Fiquei emocionada com o que ela falou, dei um abraço


apertado nela que logo protestou.

— Tá me apertando, mamãe! — deixei beijos por todo seu


rostinho.

Antes de soltá-la, dois carros entraram pelo portão, o


primeiro quem dirigia era James, o segundo não consegui
ver. Seguiram para o estacionamento e minutos depois
apareceram nas escadas. Alessa pulou do meu colo e correu
para os braços de James, meu choro aumentou ainda mais,
levantei com um pouco de dificuldade, desci praticamente
correndo as escadarias, Carla deu um grito terminando de
encurtar o espaço entre nós. Fui envolvida pelos braços da
minha irmã devolvendo o abraço apertado.

— Que saudade, Nanda! — ele chorava tanto quanto eu. —


Meu Deus! Você tá enorme.

— Enorme teu cu. — rebati em tom de brincadeira. —


Também estava morrendo de saudade. — nos afastamos
sorrindo em meio as lágrimas.
— Deixa eu conhecer minha sobrinha. — ela foi até Alessa e
James se aproximou me abraçando também.

— Você tá linda dona perigosa. — disse depois de se afastar.

— Você é um cachorro. Porque não me disse que estavam


vindo? — dei um empurrão no braço dele.

— Por que a Carla queria fazer surpresa. — deu um meio


sorriso.

— Eu tô muito feliz que vocês estejam aqui, mas talvez não


tenha sido uma boa ideia. — comentei.

— E porquê não? — James me olhou com a sobrancelha


arqueada.

— Porque daqui a pouco é a execução de Mikhail, e não


quero que vocês vejam isso.

— Eu não perco isso por nada. Esse desgraçado destruiu


nossas vidas, agora eu quero ver ele pagar. — indagou
determinado.

Não reconheci meu irmão, porém não questionei. James


sempre foi passivo, nunca optava pela violência, contudo,
no decorrer dos anos as coisas mudaram, principalmente
depois de perder a mamãe do jeito que perdemos. Voltei
meu olhar para Carla, ela andava segurando a mãozinha de
Alessa.

— Minha sobrinha é linda, e ela me amou.

— Claro que amou, você tem a mesma idade mental que


ela. — comentei divertida.
— Eu só não te jogo dessa escada, porque você está
grávida. — retrucou fazendo careta.

James e eu rimos, era muito bom ter meus irmãos perto de


mim. Tirei o resto do dia para paparicar meus irmãos,
levamos Alessa e Pietro para tomar sorvete. Parecia que um
peso tinha sido tirado de minhas costas. Sabia que Dylan
estava cuidando da convocação de cada membro e cada
associado que faziam parte da Viper e da Pozhar, então me
permiti ter um segundos de paz.

É incrível como as horas voam quando estamos com quem


amamos, Carla se tornou uma bióloga e tanto, ela me
contou de suas aventuras em alguns países e os animais
raros que teve o prazer de estudar, James pretendia
retomar sua carreira de músico, afinal a pausa que ele deu
na carreira durou muito mais do que planejava.

— Tá tudo muito lindo, mas diz aí Nanda, o que rolou entre


você e a Ella? — Carla quis saber enquanto devorava a
casquinha do sorvete.

— Ela me culpa pelas coisas ruins que aconteceram com os


filhos dela. — falei observando Alessa e Pietro que estavam
brincando em um parquinho de diversões dentro do
shopping em que estávamos.

— Então é verdade que você tá de rolo com os dois.

— Não! — coloquei um granulado na boca.

— Não me convenceu. Aquele dia você me disse por cima


que tinha brigado com ela. Mas imaginei que era só uma
discussão boba.

— Não, Carla. A Ella, ofendeu a Nanda mais de uma vez.


Talvez ela tenha se esquecido, que toda a merda que
aconteceu na vida da nossa irmã, foi porque os filhos dela
não conseguiram manter — fez uns gestos estranhos com a
mão — as coisas longe da Nanda.

— Ei! — joguei sorvete nele. — Ninguém tem culpa de nada.


Então pode parar de culpar o Dylan ou o Henry, ok? — Carla
caiu na risada, tinha me esquecido da chatice dela.

— Tá apaixonada pelos dois sim. Meu Deus! Cadê a Nanda


santinha? — debochou

— Nunca existiu. — respondi rindo, lembrando de tudo que


já fiz na vida. E "santinha" estava longe de me definir.

— Eu vou ao banheiro. — James se levantou e saiu


deixando-nos sozinhas.

— E aí? Como é?

— Como é o que Carla? — me fiz de desentendida.

— Ficar com dois ao mesmo tempo. — Se eu tivesse


bebendo água, tinha me afogado.

— Eu não vou contar nada pra você. Quer saber? Descubra


sozinha.

— Vou ficar sem saber mesmo. Não tenho coragem, irmã. —


ela me olhou com cara de safada.

— Ah tá bom então. Vou fingir que acredito.

— Pode acreditar. Aliás, gostei do loiro. — disse olhando


para Delano.

— Sério? — ela concordou. — Boa sorte.

— Me ajuda, irmã. — juntou as mãos fazendo drama.


— Ajudar no que? — James voltou sentando-se.

— A Carla está de olho no Delano.

— Não! Nem pense. Você não vai se envolver com um


mafioso. — James se irritou.

— Nossa irmã é uma mafiosa, além disso, é a hacker mais


procurada do mundo. — sussurrou. — E eu não vejo você
reclamando, muito pelo contrário, sempre apoiou ela. —
concluiu irritada.

— Chega vocês dois. — Tratei de interferir antes de James


continuar. — Não quero saber de discussões. Ok? Parecem
duas crianças.

— Ok! — os dois responderam juntos.

— Ótimo!

Após nossa conversa um tanto constrangedora, fomos para


casa. Estava se aproximando a hora de pôr fim aquela fase
de sofrimento, e eu estava super nervosa, tomei um banho
demorado tentando relaxar, porém foi em vão. Sai do
banheiro enrolada na toalha, me separando com Dylan
sentado pensativo na cama, fui até ele sentando em seu
colo.

— Que foi, meu amor? O que você tanto pensa?

— Tô pensando em tudo o que aconteceu nesses anos


todos. — ele respondeu segurando minha cintura. — Perdi
você, perdi nosso filho. Muita coisa aconteceu, mia ragazza.

— Eu tô aqui agora,Dylan. — beijei sua testa sentindo um


aperto no peito, odiava ver ele assim. — Preparado para pôr
um fim nisso?
— É tudo o que mais quero, principessa. — ele encostou a
cabeça em meu ombro.

— Convocou todos os membros? — Minhas mãos faziam


círculos em seu cabelo.

— Convoquei sim. O Henry e eu fomos bem incisivos. Eles


não tiveram escolha. — respondeu voltando a me encarar.
— E se eles não vierem, nós vamos cá caçar um por um.

— Eles virão. São medrosos demais para não vir. — ficamos


em silêncio por uns minutos.

— Chega de falar desses inúteis, interesseiros. — olhei em


seus olhos. — Vamos falar de nós mio amore. — senti meu
coração disparar com a intensidade de sua voz. — Casa
comigo, Nanda. E não diz que já somos casados, porque foi
contra sua vontade. Deixa eu fazer as coisas direito dessa
vez. — Dylan me encarou ansioso.

— Você sabe que isso são só formalidades né? Eu já sou


sua, desde o primeiro beijo. — ele sorriu como se lembrasse
de algo, então fiz aquilo que meu coração mandou. — Sim.
Eu me caso com você, meu amor. — encostei minha testa
na dele, observando seu sorriso se ampliar.

— Ti amo bella mia. — seus braços se estreitaram ao meu


redor e ele me beijou.

***
Às vinte horas em ponto, os membros da organização
começaram a chegar, deixando os carros na mansão
desceram à praia.

Delano trouxe Mikhail arrastado, ele deve ter tentado fugir


pois estava todo machucado. Na praia, duas grandes
fogueiras foram acesas, o vento soprava sereno agitando o
fogo. Meu pai e meus irmãos estavam presentes, não queria
eles ali, mas não adiantou bater de frente, junto comigo em
cima daquele palco estavam Dylan e Henry, tão sérios
quanto eu, nós três usávamos roupas brancas, fazendo
contraste com a escuridão que pairava ao redor. Os
presentes olhavam compenetrados, fiz sinal para Delano e
ele forçou Mikhail a se ajoelhar.

— Senhores, vocês foram chamados aqui esta noite por um


motivo. — Comecei. — Esse homem cometeu alta traição
contra as organizações, torturou e matou Lorenzo Spencer e
Kira Turgueniev, matou a cunhada e a sobrinha, pelo
simples fato de querer tirar o irmão do caminho até o posto
de Don. — andei olhando no rosto de cada um ali. — Matou
no Brasil Sarah O'Connor, uma pessoa inocente, que sequer
cogitou estar no meio dessa guerra. Sequestrou e matou
diversas meninas, só para satisfazer esse desejo doentio
pelo poder.

Pontuei cada atrocidade cometida por ele, as pessoas ali


não estavam surpresas pois essa era a vida delas, porém,
traição era uma coisa não tolerada na máfia, absolutamente
ninguém seria conivente com um traidor, pois se não
pudéssemos confiar nem na própria família, como o caso de
Nikolae e Mikhail, ou Dimitri e Lorenzo, em quem iríamos
confiar?

— Fui sequestrada e torturada por ele. — minha voz não


falhou nem um minuto, pelo contrário, a cada palavra
proferida sentia a satisfação e o alívio de finalmente fazer
ele pagar. — Mikhail Barov, foi julgado e condenado à morte
segundo as leis da máfia. — o silêncio reinou absoluto,
podendo ouvir somente o som das ondas quebrando na
beira da praia. — E para honrar a memória de Don Ivan
Turgueniev, ele será morto segundo àqueles a quem ele
servia. — Um burburinho surgiu em meio às pessoas.
Nunca foi segredo para ninguém que Ivan era fascinado
pelos nórdicos, tanto que acreditava em seus deuses. Os
nórdicos eram bárbaros, e tinha uma forma de vingança
contra traidores, um tanto sangrenta eu diria.

Dylan e Henry prenderam os braços de Mikhail nas


correntes que saiam do palanque, de forma que ficassem
bem abertos e forçaram ele a ficar de joelhos.

— Me solta seus filhos da puta. — ele esbravejou. — O que


você vai fazer comigo, sua vadia?

— Ah Mikhail, finalmente os jogos irão terminar. — me


aproximei ficando de frente para ele, sem nenhum humor
na voz. — Você sabe o que é uma Águia de Sangue, Mikhail?
— seus olhos se arregalaram.

— Não! — sua voz não passou de um sussurro, o pavor


tomou conta de seu rosto.

— Sim. — sorri sem emoção. — Vou arrebentar costela por


costela sua, mas você não vai morrer. Vai sentir a dor, vai
sentir o corte, vai sentir quando o machado arrebentar seus
ossos. E por último, irei me banhar no seu sangue. Ainda
assim, será pouco para tudo o que fez.

— Você não pode fazer isso, é contra a lei. — ele tentou


uma última vez.

— Agora você fala em leis. — segurei seu rosto apertando.


— Eu sou a lei aqui Barov, faço o que eu quiser e ninguém
terá coragem de se levantar contra mim. Sabe porque?
Porque agora, eu sou a porra da vilã. E nunca vou exitar em
plantar uma bala no meio da testa de qualquer um que se
atrever a me trair. — Soltei seu rosto com a mesma força
que segurei.
Levantei, Dylan e Henry seguravam as machadinhas,
Delano estava com a adaga extremamente afiada, assim
que me aproximei o soldado entregou o objeto, deixei meu
olhar vagar entre a multidão encontrando o olhar de meu
pai, ele estava sério como nunca vi antes, mas não recuei
continuei firme afinal precisava terminar com aquilo. Desviei
o olhar pousando em James, meu irmão assentiu quase
imperceptível, Carla não esboçou qualquer reação.

Todos os olhares estavam voltados para os Spencer e para


mim. Olhei os dois homens, ambos sérios, frios, não havia
resquícios de emoção ali. Sempre imaginei que se houvesse
de fato um anjo da morte, ele seria assim, de uma beleza
marcante, vestido de branco e não preto como todo mundo
diz. Henry e Dylan Spencer eram a personificação da morte
em cima daquele palco, as labaredas fazendo contraste em
seus olhos, era de dar medo em qualquer um.

— Vamos começar. — disse para os dois.

Me aproximei de Mikhail segurando a adaga contra sua pele,


lentamente forcei a lâmina abrindo uma brecha por onde
verteu sangue, sem me incomodar com aquilo, segui a base
da coluna até a altura do tórax. Minhas mãos estavam
vermelhas,o corte foi fundo o suficiente para descobrir suas
costelas, abandonando a adaga, abri a pele com minhas
próprias mãos aumentando os gritos de dor daquele infeliz e
jorrando ainda mais sangue. Neste momento, não me senti
humana, não era para eu gostar daquilo, porém eu gostei e
uma enorme satisfação tomou conta de mim, segurei os
ganchos que tinham sido colocados ali, transpassando a
pele, fiz a mesma coisa do outro lado e me afastei. Dava
para ver os pulmões subindo e descendo freneticamente.

Dylan foi o primeiro a se aproximar e desferiu o primeiro


golpe tomando cuidado para não acertar nenhum órgão
vital que pudesse matar Mikhail rapidamente, o som da
costela se quebrando foi ouvido e o burburinho recomeçou,
Henry fez a mesma coisa, cada machadada era um grito
agonizante que saia da boca de Mikhail, ele estava
sofrendo e era isso que nós queríamos. Depois que todas as
costelas foram quebradas, os gêmeos abriram uma a uma,
expondo o órgão que já não pulsava normalmente, e para
completar seus pulmões foram retirados de dentro do corpo,
e sal grosso foi jogado em cima. A águia de sangue era
chamada assim, porque além de ser um ritual sangrento,
toda vez que a pessoa respirava e os pulmões inflavam,
dava a impressão de asas batendo.

Me aproximei do rosto de Mikhail ainda com vida, olhando


dentro de seus olhos banhados pelas lágrimas de dor, os
gêmeos fizeram o mesmo.

— Espero que tenha aproveitado cada segundo, Mikhail,


porque nós aproveitamos. — falei sorrindo.

— Que a sua morte seja bem lenta, maledetto. — Dylan


pontuou com uma satisfação imensa na voz.

— Nos vemos no inferno, Mikhail Barov. — Henry concluiu


com a mesma satisfação.

Segui até a frente do palco , me dirigindo à multidão em


polvorosa.

— Ele ficará aqui até morrer. E depois será jogado em uma


vala qualquer, esse desgraçado não merece ser enterrado.
— todos se calaram. — A partir de hoje esse será o castigo
para aqueles que ousarem nos trair. — os presentes se
olharam preocupados, eu sabia que tinha afetado eles. —
Estão dispensados.
Dylan e Henry seguraram minhas mãos e juntos descemos
de lá, as pessoas ali presentes olhando com medo e
respeito. Neste momento éramos intocáveis, e com toda
certeza, histórias seriam contadas no decorrer dos anos.
Para dizer a verdade, eu nunca quis fazer parte daquele
mundo, afinal, ser hacker e viver no anonimato era fácil,
ninguém jamais saberia quem era Electra se eu não
quisesse. Mas comandar uma máfia era mais difícil, nunca
esteve nos meus planos ser Don, contudo me encontrei
dentro da organização e não me via em outro lugar que não
fosse comandando a Pozhar.

— Você está bem, pequena? — Por um momento, pensei


que ele tivesse lembrado, porém seu olhar não
demonstrava isso.

— Nunca estive tão bem Henry. Só preciso tomar um banho


para tirar todo esse sangue de mim.

Longe dos olhos de todos, soltei minha mão da deles e subi


para o banheiro, Dylan veio atrás de mim. Tomamos um
banho demorado, em seguida fomos dormir.Nesta noite,
estava me sentindo em paz como nunca me senti, fechei os
olhos caindo em um sono profundo.

Acordei antes das cinco da manhã e como não consegui


mais dormir, desci até a varanda. A casa estava em total
silêncio, apenas a movimentação dos soldados do lado de
fora dava para ser ouvida.

Abri a porta me apoiando nas grades de ferro que


adornavam a varanda, fiquei ali observando as estrelas por
um tempo.

— Não consegue dormir também? — A voz grave de Henry


me assustou pois não vi ele chegar.
— Não! — respondi voltando a olhar as estrelas. Ele se
apoiou perto de mim olhando para cima também.

— O que você tem que mexe comigo, Fernanda? — sua voz


não passava de um sussurro. — Você é minha cunhada,
porra! Eu não deveria estar sentindo isso.

— Isso o que, Henry? — endireitei o corpo ficando cara a


cara com ele.

— Eu não deveria estar gostando de você. — ele tocou meu


rosto, nos encaramos por um tempo, como ele não faria
nada, eu fiz, diminui ainda mais o espaço e o beijei.

Henry me afastou logo em seguida.

— Não podemos fazer isso. — ele se afastou nervoso.

— Você tem razão. — toquei meus lábios. — Eu amei e amo


você Henry. Foi você quem me tirou do fundo do poço e me
deu uma razão para viver. Eu morri, quando você morreu e
meu coração só juntou os pedaços, quando Dylan apareceu.
Vocês dois são importantes para mim e é por isso que a
partir de hoje nós dois seremos só cunhados, não vou tentar
mais nada. Espero que você seja feliz, meu amor, com
alguém ou sozinho. Tanto faz, porque não dependemos de
ninguém além de nós mesmos para ser feliz. — dei um
sorriso fraco, aquilo tava doendo mais do que imaginei.

— Pequena. — ele deu um passo para frente, seu rosto


demonstrava angústia, só piorando a situação.

— Eu nunca vou esquecer tudo que vivemos, Henry, porque


eu te amo, tanto quanto amo o Dylan. Talvez um dia você se
lembre de mim, mas eu desisto. — ele deu mais um passo e
eu recuei.
Saí de lá controlando as lágrimas, subi para o quarto
encontrando Dylan ainda dormindo. Deitei ao seu lado
sendo envolvida pelos braços dele. Me aconcheguei a ele
sentindo sua respiração em minha nuca, entrelacei nossos
dedos fechando os olhos e pensando no que acabou de
acontecer.

Talvez as coisas se tornassem difíceis, mas era o certo a


fazer. Eu me casaria com o Dylan e viveríamos felizes com
nossos filhos, faria tudo para me manter longe do Henry,
talvez com o tempo esse sentimento morresse e ele fosse
arrancado de vez do meu coração. Agora tudo entraria nos
eixos, com Mikhail, Fillipa e Dimitri mortos, poderíamos
respirar aliviados. E eu não estava disposta a fazer ninguém
mais sofrer.

Finalmenteeeee, Milhail teve o que merecia.

Tadinha da Nanda! Tô sofrendo com ela.

Próximo capítulo será postado sábado. Beijos, se


cuidem 😘
Capítulo 47

Henry

Já havia mais de meia hora que eu estava parado encarando


a escada que dá ao segundo andar por onde Nanda havia
acabado de subir.
Havia um nó em minha garganta, como se uma parte de
mim tivesse sido arrancada literalmente. Fiquei agitado,
nervoso, não sabia o que fazer ou como agir, não sabia o
porquê de me sentir desesperado desse jeito. Sentei na
cadeira tamborilando os dedos na perna, senti as lágrimas
banhando meu rosto, um sentimento de dor crescendo em
meu peito, chorei pelo que pareceu uma eternidade, ouvi
passos mas não disfarcei.

— Henry? — A voz da minha mãe me alcançou. — Você está


bem, meu amor? — Seus braços me envolveram me
apertando.

Neguei com a cabeça retribuindo o abraço, não me


imaginava com quase trinta anos sofrendo desse jeito por
causa de uma pessoa, pessoa essa que era proibida para
mim. Eu queria arrancar essa dor do meu peito, tirar a força
essa angústia.

— Porque, mãe? Porque fui me apaixonar pela mulher do


meu irmão?

— Calma Henry. Não vai adiantar todo esse desespero. —


Minha mãe soou preocupada.

— Eu não queria isso mãe. Não queria. — falei em meio a


soluços com a voz embargada puxando respirações rápidas
tentando me controlar. — Mas tá doendo tanto. — Ela se
afastou.
— Eu fui injusta com vocês Henry. — disse parecendo triste.
— Deveria saber que o que vocês três tem é verdadeiro.
Não deveria ter tratado a Nanda do jeito que a tratei —
Olhei em seus olhos encontrando tristeza neles — Nem o
fato de você perder a memória, fez você parar de amar ela.
Ah meu filho! Eu sinto tanto. — Ela voltou a me abraçar. —
Vem comigo, preciso te entregar uma coisa.

Doía não entender o porquê de não conseguir calar esse


sentimento. Neste momento daria tudo para tirar Nanda do
meu coração. Não entendia como era possível isso existir
antes da minha perda de memória, como eu pude dividir ela
com meu irmão,se nesse momento o que eu queria era só
ela para mim? A vontade de ir até Fernanda e tomar ela em
meus braços era enorme, nunca quis causar sofrimento a
ela, porém a machuquei mais do que imaginava, aquele
olhar que ela me lançou antes de subir as escadas disse
exatamente isso.
E ouvir de minha mãe que ela entendia esse sentimento,
que entendia o que existiu e entre nós três me deixava
ainda mais machucado e confuso.

Minha mãe foi até a escrivaninha que estava disposta no


meio do escritório, e da última gaveta retirou um notebook
que me pareceu levemente familiar. Sentei na poltrona mais
próxima e encarei o objeto sem entender o porquê de ela
estar me entregando.

— Aí dentro, você vai encontrar tudo o que precisa saber,


desculpa ter escondido isso de você filho, pensei que
algumas coisas em seu passado deveriam ter ficado lá, mas
agora é o momento de você saber um pouco como se
sentia, espero mesmo que isso possa te ajudar a recuperar
a memória. Ou eu nunca vou me perdoar. — ela deu um
beijo em meu rosto e saiu cabisbaixa, me deixando sozinho
com minhas incertezas e meus questionamentos.
Encarei o aparelho ponderando se abriria ou não, meu
coração estava disparado, neste momento tive medo do
que poderia encontrar lá. Lágrimas ainda banhavam meu
rosto, pois eu não conseguia parar de chorar. Decidi que
acabaria de uma vez com aquela angústia, abri o notebook
tentando ligá-lo, mas aquela droga estava descarregada. Sai
do escritório seguindo para o quarto para encontrar o
carregador do Notebook, já irritado. Vasculhei em todos os
cantos e não encontrei em lugar nenhum, olhei no relógio e
ainda era muito cedo para incomodar as pessoas atrás de
um carregador.
Irritado, frustrado e derrotado, deitei na minha cama
deixando a tristeza voltar a tomar conta.

Porque as coisas têm que ser tão complicadas?

***

Acordei morrendo de dor de cabeça, enrolei mais um pouco


na cama pois não queria ver ninguém. Mas o isolamento de
nada adiantaria se ela não saísse da minha mente.
Letárgico, arrastei meu corpo até a janela, dali dava para
ver a praia e o local onde Mikhail foi morto, pelo visto o
corpo daquele desgraçado já havia sido arrancado de lá,
que apodrecesse onde quer que fosse jogado.

Resolvi ir atrás da Nella para pegar seu carregador


emprestado. Bati e entrei, ela falava ao celular com Nikolae,
assim que me viu abriu um sorriso lindo, franzindo a testa
logo em seguida ao notar meus olhos vermelhos e inchados.

— Vou ter que desligar Nikolae, fique bem meu russo. —


Jogou um beijo para o celular e desligou. — Fala logo,
porque essa carinha?

— Nada não ruiva. — levei a mão a nuca tentando disfarçar.


— Me empresta seu carregador? Meu Notebook tá
descarregado e não achei o meu.

Ela ainda me encarou semicerrando os olhos, depois foi até


a gaveta pegar o carregador e me entregou.

— Se precisar conversar, eu tô aqui tá bom?

— Claro Nella. — sorri para a ruiva. — Obrigado.

Voltei para o quarto e conectei o carregador no notebook,


agora só restava esperar. Minha cabeça estava rodando a
horas, por mais que eu tentasse, não conseguia lembrar da
Fernanda, tudo em relação a ela simplesmente
desapareceu, e essa angústia não me deixava, estava
ficando difícil até para respirar. Talvez fosse pelo fato dela
ter desistido, pois desde que acordei daquele coma, ela
vivia me cercando, sempre solícita tentando me fazer
lembrar, mas agora acabou, ela não queria mais saber de
mim.

Andava pelo quarto como um animal enjaulado, em um


rompante sai quebrando tudo, talvez se direcionasse esse
sentimento a dor sumiria.

No final eu não tive coragem para abrir aquela droga


daquele computador. E então como um masoquista fiquei
me machucando, comecei a observar Fernanda e Dylan de
longe, eu amava meu irmão e queria que ele fosse feliz,
porém estava sentindo uma puta inveja.
Todas as vezes que ele vinha conversar comigo, dizendo
como a gravidez da Nanda estava evoluindo, era como se
ele quisesse que eu fizesse parte daquilo, e eu queria fazer,
mas era covarde demais para dar esse passo. A
preocupação que tinha por ela e pelos bebês, não era
preocupação de tio, era como se eles fizessem parte de
mim.
Dias se passaram, a casa estava movimentada e alegre,
depois que Mikhail foi morto, um peso foi tirado de nossas
costas. Observei o jardim e meus olhos encontraram quem
eu mais buscava, ela estava linda conversando com a Nella,
cada sorriso que dava era como se a dor dentro de mim
diminuísse, vez ou outra alisava a barriga franzindo o cenho.
Ouvi barulho de passos rápidos, me virei a tempo de ver
uma cabeleira negra toda bagunçada parar perto de mim.

— Tio Henry! — Alessa falou de um jeito engraçado, com um


catavento na mão, me tirando daquele torpor — Vem
brincar comigo? — piscou várias vezes os olhinhos, sorri
segurando sua mãozinha.

— Claro gatinha, vamos.

Saímos para o jardim, ficamos afastados da Antonella e da


Fernanda, mas não conseguia parar de olhar para a morena.

— Tio? — Alessa puxou minha calça.

— Oi. Desculpa meu amor, me distrai. — sem graça, abaixei


para ficar à sua altura.

— Tudo bem. A mamãe e o papai também estavam tão


distraídos. — ela se sentou observando uma flor.

— Ah é? — sentei também.

— É sim. Eles vão se casar, sabia? — falou com toda


naturalidade rodando o catavento.

Gelei na hora, minha garganta travou, não consegui


pronunciar uma palavra.

Eles vão se casar? Caralho!


Continuei brincando com Alessa até ela se cansar ainda que
quisesse sair correndo dali, depois de deixar ela com a mãe,
corri para meu quarto trancando a porta como se estivesse
fazendo algo ilegal, abri o Notebook respirando fundo.

Apareceram várias pastas, abri a primeira que continha


fotos, fui clicando uma por uma, a primeira mostrava
Fernanda mais nova, sua mão estava posicionada abaixo do
queixo e ela fazia biquinho. A segunda foto era nós dois
juntos, ela beijava meu rosto, pareciamos felizes. Engoli em
seco tentando me acalmar, mas minhas mãos estavam
transpirando, demonstrando o nível de nervosismo. Fechei a
pasta depois de ver a última foto, onde ela aparecia em um
cemitério.

Apoiei a cabeça entre as mãos, uma dorzinha chata


começou a me incomodar. Continuei mexendo nos arquivos,
neles encontrei uma espécie de diário, olhei as datas eram
de nove anos atrás. Semicerrei os olhos, tentando lembrar
do que se tratava, então decidi ler.

22/02/2015
Hoje tive que ir ao parque de diversões me encontrar
com um sócio, que facilitaria a entrada das minhas
cargas de arma no Brasil, minha vontade era quase
nula, porém o policial pediu para que
conversássemos em público para não levantar
suspeitas. Mas não me arrependo, pois fui atropelado
e jogado ao chão por uma garota que corria
desesperada atrás de alguém, no momento que essa
linda morena esbarrou em mim, eu soube que era
para eu estar ali naquele local, naquele momento. Ela
pareceu de certa forma tão assustada, mas ao
mesmo tempo tão forte. E como é linda, nunca uma
mulher me chamou atenção dessa forma, não foi por
ter um corpo maravilhoso com suas curvas bem
torneadas, porque isso nem era perceptível nela e
apesar de aparentar pouca idade, foi seu olhar,
alguma coisa nele me fez querer protegê-la. Me senti
estranho e ao mesmo tempo eufórico.

A dor na cabeça aumentou consideravelmente. Que inferno.

26/02/2015
Coloquei um de meus homens para seguir ela e
descobri onde morava e quem eram seus pais, não
hesitei e mandei uma mensagem a ela, usando o
número que a garota me passou depois que ajudei
ela encontrar sua irmã. Parece que ela gostou de
mim também, percebo sua voz trêmula toda vez que
atende ao telefone. Já estamos nos falando há
quatro dias, tudo parece estar indo bem entre a
gente, estou completamente atraído por ela, me
pego ansioso por falar com ela, quando ouço sua voz,
é como se todos os problemas desaparecessem.

08/03/2015
Pedi a Fer em namoro e ela aceitou, finalmente vou
ver ela de novo, sem ser pela tela do celular.
Confesso que estou nervoso, pareço um adolescente
apaixonado. Nem acredito que aquele anjo gostou de
mim.

26/03/2015
As coisas estão esquentando entre nós, nunca houve
penetração, mas fizemos sexo oral, não vou ser
hipócrita e dizer que não gostei, porque amei sentir o
gosto dela, e amei sentir sua boca massageando meu
pau, mas me repreendo por ter sido fraco, afinal ela
é menor de idade. O pior é que a diabinha fica me
provocando. Chega a ser cômico, ainda assim, eu
amo isso nela.
Na tentativa de afastá-la, acabei contando o que
faço, quem sou de verdade, mas ela não se afastou,
muito pelo contrário, parece que acabou unindo
ainda mais nós dois. Não sei por quanto tempo irei
aguentar ficar nesse jogo sem tomá-la para mim,
está cada dia mais difícil.

30/06/2015
Meu irmão tá enchendo o saco, diz que minha
pequena é uma criança, e eu tô péssimo com isso. E
para piorar, eles querem conhecer a Fer. Nem
fodendo vou colocar ela no mesmo ambiente que o
Dylan. Conheço bem meu irmão para saber suas
preferências femininas. Na verdade, tenho medo que
ele acabe gostando dela também e isso afaste nós
dois. Incontáveis vezes, tentei me afastar dela, mas
ela já está em cada parte do meu ser, não consigo
ficar longe. Essa pequena me conquistou, ela me tem
aos seus pés. Sofro só de imaginar minha vida sem
ela.

06/07/2015
Mikhail me tirou a razão quando tentou estuprar a
Nanda, dei um tiro em sua mão, mas o que queria era
estourar os miolos dele, arrancar aquelas mãos
nojentas que ousaram tocar no corpo da Fer, e se não
fosse Dimitri eu teria matado aquele desgraçado na
frente dela. Tenho que prestar mais atenção, não
deveria ter deixado ela tão exposta assim. Se tivesse
acontecido alguma coisa, eu nunca ia me perdoar. O
que me faz pensar se estou fazendo certo em mantê-
la perto de mim, afinal de contas a máfia não é
ambiente para aquele anjo.

25/07/2015
A Fernanda me surpreendeu hoje, ela aprende rápido
as lições, já sabe atirar, e tem uma pontaria bastante
precisa, mostrei a ela como invadir um sistema e ela
invadiu o sistema da Viper sem nenhum problema.
Fiquei abismado com sua agilidade, e quando um
sorriso tímido surgiu naqueles lábios carnudos eu a
beijei, por mim ficaria assim para sempre, com ela
em meus braços.

26/07/2015
Hoje foi um dia de merda. As coisas deram errado,
uma carga valiosa foi roubada. Não queria descontar
em ninguém em casa, então resolvi ficar no
complexo. Dylan me ligou umas vinte vezes, mas não
o atendi, desliguei o celular querendo relaxar. Então
ela chegou, carregando sua mochila preta nas costas,
um sorriso lindo brilhou em seus lábios, como se
estivesse extremamente feliz em me ver. A Fer tem
uma coisa que me atrai até ela, na sua presença é
como se todo o resto sumisse, ela se sentou no meu
colo e encostou a cabeça no meu ombro dizendo
"Quer conversar?", ali ela me desmontou, não
consegui dizer nada, neguei com a cabeça e abracei
seu pequeno corpo, me sentindo em casa. Não tenho
dúvidas do quanto amo essa menina.

Ler aquilo estava acabando comigo. Como pude me


esquecer dela? Como pode não haver nenhum resquício de
que ela um dia existiu em minha vida se cada palavra
escrita naquela tela demonstrava o quanto a amei?

16/12/2015
Ivan Turgueniev me procurou para cobrar a dívida de
sangue feita pelo meu pai. Eu quis muito recusar, e
aceitar as consequências daquilo, porém eu sou o
Don, o chefe dessa família, jamais posso faltar ao
compromisso de protegê-los, não haveria honra
nisso. Para pagar essa dívida, tenho que me arriscar
a estar cara a cara com Mikhail, tenho que me
submeter a qualquer coisa que ele faça. Só espero
que Ivan esteja certo e as coisas não saiam do
controle. Porque o que não quero é ver a Fer
sofrendo ainda mais. Eu nunca me perdoaria se o
motivo de seu sofrimento fosse eu. Espero que isso
acabe logo.

02/01/2016
Hoje é o dia de encontrar com Mikhail. Tomara que
saia tudo como planejado, ou eu tô ferrado. O que
mais está doendo é mentir pro Dylan e pra minha
mãe. Meu irmão sempre foi a parte mais importante
de mim, e saber que eu serei o motivo de seu
sofrimento acaba comigo. Mas não tem outro jeito,
tem que ser assim, ou ele acabará morto.
E a Fer… Que grande filho da puta eu sou, por deixar
ela. Eu prometi que faríamos amor, como ela diz e
agora vou foder com tudo.

25/03/2016
Já faz uns dias que estou longe de casa. Assim como
Ivan disse, aquele maledetto do Mikhail propôs um
acordo e seguindo essa grande farsa , mandamos um
cadáver para minha casa. Tenho observado tudo de
longe, não vi mais o Dylan depois do enterro, a Fer
não estava lá. Fui até sua casa, mas também não
consegui vê-la, estou me sentindo um lixo.

18/07/2016
Finalmente consegui ver a Fer, ela está abatida,
triste. Quase fui até ela, mas não podia, não podia
arriscar a vida dela assim. Passei a seguir de longe,
observo de longe quando ela vai ao cemitério. Meu
peito dói por ver minha pequena chorar toda vez que
visita o túmulo que, para todos, é meu.

Li cada linha até chegar ao dia da morte dela, pelo visto o


Dylan e eu morremos naquele dia também. Fechei o olho
com força, absorvendo todas as sensações que tomaram
conta de mim, imagens borradas se formavam em minha
mente. O desespero tomou conta de mim, deixei o notebook
em cima da cama e desci correndo procurar a Fer, não a
encontrei em lugar nenhum. Minha mãe estava sentada na
varanda, fui até ela a passos largos, percebendo meu
desespero se levantou olhando para mim.

— Aconteceu alguma coisa, Henry? — perguntou nervosa.

— Sabe onde a Fer está?

— Ela saiu com a Antonella e as crianças. Por que?

— E o Dylan, mamãe? Onde o Dylan está? — perguntei com


voz urgente. Se acalma, porra!

— No escritório, Henry. O que está acontecendo?

— Preciso falar com o Dylan.

Entrei novamente seguindo para o escritório, esperava


mesmo encontrar meu irmão lá. Precisava tirar algumas
dúvidas, conversar com ele a respeito disso, ouvir da boca
dele que eu fiz parte de isso, nem que fosse para não
lembrar. Frustrado voltei para meu quarto pois não
encontrei meu irmão lá. Talvez agora minha vida fosse essa.
Nanda

Duas semanas depois…


Todos saíram hoje, o Dylan parecia ansioso em resolver um
negócio, disse que se eu precisasse poderia ligar para ele. A
Ella, saiu com Pietro e Alessa, Carla foi com ela e meu irmão
voltou para o Brasil com o David, tinha me acostumado a
ter eles por perto de novo, já sentia saudades enorme dos
dois.

Acordei meio indisposta hoje, sentindo algumas contrações


de treinamento, nada com dor, e segundo a doutora Lívia,
minha obstetra, isso era normal, era o corpo treinando para
a hora do parto. Mas o que estava me incomodando mesmo,
era aquela sensação de que tinha um peso no meio de
minhas pernas. Resolvi tomar um banho, essa barriga
enorme me deixava muito indisposta, se carregar uma
criança por nove meses já era difícil, imagina carregar dois,
e ainda estava no sétimo mês. De banho tomado desci as
escadas incomodada com o silêncio da casa.

Não tinha ninguém para conversar, nem Delano, que foi até
o hospital para cuidar da saída de Giulia, ela ficaria no
apartamento em que suas filhas estavam, nós cuidaremos
de tudo, mesmo que ela não queira mais trabalhar para
mim, afinal a moça tomou um tiro porque estava com minha
filha, e depois de quase morrer, era o mínimo que merecia.

Como estava morrendo de fome, fui preparar um sanduíche


para comer, peguei todos os ingredientes colocando em
cima da bancada, quando me virei para pegar um prato,
senti uma pontada na barriga que me fez dobrar o corpo e
um líquido escorreu por entre minhas pernas, meu coração
disparou quando vi que tinha sangue misturado com o
líquido transparente.
— Não! Agora não, por favor. — gemi absorvendo a segunda
contração.

Andei até a sala, assim que a dor melhorou, antes de chegar


às escadas veio a contração novamente.

— E agora? Merda! Meu celular está no quarto. — respirei


fundo morrendo de medo. — Não é a hora ainda. Aí! — fui
surpreendida por outra contração.

Porque todos resolveram sair justo hoje? Porque eu não fui


junto?

O pavor tomou conta de mim, tinha medo de ser igual ao


parto da Alessa. Sentei no sofá fechando os olhos tentando
me acalmar, as contrações não paravam, vinham em um
curto período de tempo, o que não era normal, já que
teoricamente acabaram de começar. Então a porta se abriu
e alguém entrou, senti um alívio ao pensar que talvez o
Dylan tivesse voltado, mas não era ele, era o Henry. Ao
perceber que eu estava passando mal, se aproximou
demonstrando preocupação. Desde que eu disse a ele que
desistia de nós, não nos falamos mais, ele respeitou meu
posicionamento, estava sofrendo tanto quanto eu, mas se
mantinha distante. Vez ou outra, vinha me perguntar como
estava evoluindo a gravidez, conversava mais com o Dylan,
nunca ficava muito tempo no mesmo ambiente que eu.

— Você está bem? — seu olhar direcionou para o sangue na


minha calça branca.

— Me leva para o hospital, Henry. — pedi a ele fazendo uma


careta quando a contração intensificou. — Pega minhas
coisas que estão no quarto, dentro do closet, os
documentos do pré-natal estão todos dentro de uma pasta
preta, e pega as coisas dos bebês também.
— Tudo bem. Eu já volto. — ele subiu correndo as escadas, e
cinco minutos depois ele voltou correndo, colocando as
coisas no chão. — Vem, vamos para o carro.

Levantei segurando sua mão, toda vez que sentia dor, meu
corpo travava. Henry desceu até o estacionamento
primeiro, e voltou rapidinho, ele estava muito nervoso. Se
aproximando ele me levantou, protestei mas foi em vão.

— Eu consigo andar. — resmunguei.

— Não temos tempo. — ele falou sério descendo as


escadas.

Com cuidado, ajudou a me acomodar no banco do carro,


próximo ao motorista, e afivelou o cinto tomando seu lugar
em seguida.

— Liga para o Dylan, Henry. — pedi respirando fundo.

— Já liguei, ele está a caminho do hospital.

Ele dirigia rápido pelas ruas movimentadas de Milão, vez ou


outra voltava o olhar para mim, perguntando se estava tudo
bem. Ele envolveu minha mão apertando, como se me
dissesse que ele estava ali por nós. Eu quis dizer a ele que
os bebês poderiam ser filhos dele, mas não queria forçar
nada.

— Não está na hora dos bebês nascerem ainda. — ele


comentou parando no sinal vermelho.

— A obstetra disse que poderiam nascer antes dos nove


meses. Mas eu estou com medo Henry. E se alguma coisa
acontecer com nossos filhos?— apertei sua mão forte até
passar a contração.
— Eu também estou apavorado, Nanda. — ele seguiu com o
carro, faltava pouco para chegar ao hospital. — Você está
com dor. Isso está me matando. — seus olhos buscaram os
meus. — Vai fazer cesárea?

— Não! Eu não quero cesárea.

— Quando chegarmos ao hospital, meu irmão já vai estar lá.


Vamos conversar com ele, não gosto de ver você sofrendo.

— Eu não quero, o Dylan sabe disso. Ele respeita minha


decisão. — A última palavra saiu estrangulada.

Chegamos ao hospital, e o Dylan estava realmente lá.


Quando me viu veio depressa, me ajudando a sair do carro.

— A obstetra já está esperando. Vem, eu te levo. — Sem


esperar por resposta ele me levantou, encostei a cabeça em
sem ombro, cravando meus dedos em seu braço para tentar
amenizar a dor.

Henry seguiu logo atrás com as malas em mãos, a obstetra


fez os procedimentos necessários, segundo ela já estava
com nove centímetros de dilatação, então fui levada ao
centro cirúrgico às pressas, no caminho a médica perguntou
se o pai queria assistir ao parto, olhando do Dylan para o
Henry com cara de espanto, pois ela nunca soube que meu
marido tinha um gêmeo.

— Eu vou entrar. — Dylan se prontificou.

— Eu também. — Henry olhava para mim.

— Não podem entrar os dois. — a médica negou. — Só o pai


pode entrar.

— Ele também é o pai. — falei sem deixar ela continuar.


Os olhares da médica e do Henry pousaram em mim, ele me
olhava com espanto, como se não acreditasse no que
acabou de ouvir, a médica assentiu ainda sem acreditar,
empurrando a maca para enfim entrarmos no centro
cirúrgico, seguidos por três pediatras e meia dúzia de
enfermeiros. A obstetra, me ajudou a acomodar na maca
depositando minhas pernas nos dois apoios no final dela,
depois me instruiu a fazer força quando viesse a contração,
mas isso eu já sabia decor, Dylan e Henry ainda não tinham
entrado. Meu nervosismo só aumentava, parecia já ter
passado uma eternidade, um suor frio começava a escorrer
pela minha testa, meus cabelos já estavam bastante
molhados.

— Fernanda, olha para mim. — a médica chamou. — Você


não está deixando os bebês nascerem. O bebê parou na
metade do caminho. — olhei para ela incrédula.

Como assim eu não estou deixando meus filhos nascerem?

Os enfermeiros, aferiram a pressão arterial de cinco em


cinco minutos, aplicavam remédios no soro que estava no
meu braço, fazendo o nervosismo aumentar.

Dylan e Henry entraram, usando roupas verdes, máscaras e


toucas. Dylan segurou minha mão, olhando nervoso para
mim.

— Vamos tentar de novo. Se eles não nascerem faremos


uma cesárea de emergência. — a voz da médica estava
ficando longe. — Tudo bem, papai? — os dois responderam
que sim e eu quis enganá-los neste momento.

Eu já estava exausta de tanto fazer força, a dor me


consumia, era como se todos os ossos do meu corpo
estivesse se quebrando. Henry segurou minha mão
também, eu já estava perdendo os sentidos.
— Vamos lá princesa. — Henry encostou sua testa na
minha. — Só mais um pouquinho.

— Nanda, olha pra mim meu amor. — fiz o que Dylan pediu.
— Nós estamos aqui, não dorme por favor. Só mais um
pouquinho. — repetiu a fala do irmão.

— Eu não consigo. — Sussurrei fechando os olhos.

— Consegue. — os dois falaram juntos.

— Por favor, meu amor. — Dylan beijou minha testa


nervoso.

— Não é hora deles nascerem, Dylan. — Sussurrei engolindo


em seco.

— Por favor, Nanda. Quanto mais tempo eles ficarem aí


dentro, o risco de perdermos os dois é muito grande.—
Dylan continuava a falar comigo, fechei os olhos querendo
me entregar, mas não podia. Não antes de trazer o Matteo e
o Lucca ao mundo.

— Olha pra mim pequena, tenta mais uma vez, preciso de


você e dos meus filhos. O Dylan, eu e a Alessa precisamos.
— abri o olho encarando Henry, o modo como ele falou dava
a entender que tinha lembrado. No mesmo instante em que
veio a contração.

Usei o resto das minhas forças e empurrei, ouvi o primeiro


chorinho. Mas não tive tempo para olhar porque a dor veio
de novo, quatro minutos depois ouvi o segundo chorinho
preenchendo a sala.

— Nasceram? — perguntei sem forças, meu coração batia


disparado.
— Sim, meu amor. — a voz de Dylan foi ficando longe. —
Nossos filhos nasceram.

— Eles estão bem?

— Estão sim, ragazza mia. Você acabou de me fazer, o


homem mais feliz do mundo. — Sorri para ele sem forças,
vendo círculos pretos se formando à minha frente.

Fechei os olhos por uns segundos, eu precisava dormir, nem


que fosse por uns míseros segundos.

— Nanda? Nanda? — Não conseguia mais distinguir quem


falava comigo.
As vozes foram sumindo até restar apenas um silêncio
profundo.

Lembrou ou não lembrou?

Como vocês estão? Desculpa a demora, fiquei com


bloqueio.

Se cuidem, bebam água e durmam. Beijos 😘😘


Capítulo 48

Dylan

— Então negócio fechado, Cavallari?

— Sim, Spencer. O condomínio é seu. — respondeu o


homem do outro lado da linha.

— Zoe irá buscar o contrato assinado daqui a meia hora. O


dinheiro já está entrando em sua conta. Foi um prazer fazer
negócios com você. — sorri para ninguém em especial. —
Nos vemos em breve, Cavallari.

Me despedi do homem, deixei o celular em cima da mesa, e


me servi de uma dose de uísque, solvi sentindo o líquido
esquentar a garganta. Fui até a janela apoiando para olhar o
Jardim. Quando a Nanda soubesse, ela iria pirar com
certeza.Desde o dia em que ela disse sim, estou planejando
isso, não queria mais viver dentro de Milão, queria um lugar
onde pudéssemos criar nossos filhos, longe de tudo o que
havia nos feito mal, e principalmente longe desses
bajuladores da organização. Afinal, por mais amor que eu
tivesse pela casa onde crescemos, ela foi manchada para
sempre, e para seguir em frente era preciso quebrar este
vínculo.

A Nanda queria se casar daqui a um mês, mas eu não


esperaria tudo isso, afinal ela acabou de entrar no sétimo
mês de gestação e a obstetra disse que talvez a gravidez
não chegasse até às quarenta semanas, disse que era
normal, nada com que ficássemos preocupados, mesmo
assim me preocupei, pois estávamos falando da minha
família.
Então quando tive a oportunidade de comprar o condomínio
Cavallari, que agora passará a se chamar Alessa, em
homenagem a minha pimentinha, não pensei duas vezes,
fechei negócio, pelo menos era afastado de Milão e só
minha família moraria lá. Vou casar com a mulher da minha
vida e lá construiremos uma nova história. Esperava que o
Henry se lembrasse logo, assim nossa família estaria
completa.

Distraído, levei um susto quando a porta do escritório se


abriu e meu irmão passou por ela, branco feito um papel,
parecia estar desorientado. Deixando o copo próximo ao
celular sem deixar de olhar para ele, me aproximei.

— Está tudo bem, Henry? — segurei em seu braço, fazendo


ele desviar o olhar para minha mão.

— Não! Não está tudo bem! As pessoas tem que parar de


me perguntar isso. — respondeu com voz cansada.

— Quer me dizer o que está acontecendo? — larguei seu


braço e me acomodei no sofá.

— A Fer, — levantei a sobrancelha aguardando — eu não sei


mais o que fazer, eu não quero ficar longe, pode me bater
se quiser, mas esta é a verdade.

Fiquei de pé em um salto, ele estava aflito, tinha alguma


coisa errada, a última vez que o vi assim, foi quando
achamos que a Nanda tinha morrido. Então reparei em seus
olhos vermelhos, como se tivesse chorado, passei o braço
pelo seu ombro e o levei até o sofá.

— Minha cabeça parece que vai explodir.

— Quer que eu ligue para o Diego, Henry? — me acomodei


próximo a ele.
— Não! O que eu preciso agora é pôr os pensamentos no
lugar.

— O que aconteceu, irmão?

— Essa merda de perda de memória aconteceu, Dylan! —


respondeu exasperado. — Eu não sei o que faço. — repetiu
num fio de voz.

— Me conta o que aconteceu, Henry. Talvez assim eu possa


te ajudar. — Fui mais incisivo e ele voltou o olhar em minha
direção.

Meu irmão começou a falar, o engraçado era que a Nanda


não me disse nada, se o Henry estava assim, ela deveria
estar pior, contudo soube disfarçar muito bem. A que ponto
nós três chegamos? Levei a mão a têmpora massageando,
precisava pensar em um jeito de consertar tudo isso.

— E o que você pretende fazer, Henry? — questionei


quando ele terminou de falar.

— Eu quero a Fernanda, Dylan. — ele soltou um suspiro


enfiando as mãos no cabelo. — E você parece não se
importar com isso.

— Você acha que eu não quero a Nanda só para mim? Está


enganado, irmão. Mas a que custo? — ele não respondeu —
Eu não sou tão egoísta assim, Henry. Não às custas da sua
felicidade. — ele absorveu as palavras observando um
ponto fixo na parede. — Vem comigo. — levantei —Vamos
visitar nosso novo lar.

Ele me olhou confuso, mas concordou com um aceno de


cabeça. Antes de sair, subi até o quarto para falar com a
Nanda, ela dormia tranquilamente, então beijei sua testa,
escrevi um bilhete e deixei em cima do criado mudo.
Encontrei Henry esperando próximo às escadarias, nos
encaminhamos até o estacionamento, meu irmão
demonstrava estar muito angustiado, tamborilava os dedos
na perna a todo o momento, era melhor mesmo que ele
saísse de dentro de casa, assim pensaria com clareza.

— Pode ir na frente. — Henry disse pegando um capacete e


as chaves da Kawasaki Ninja H2R — Eu vou de moto, estou
precisando me sentir livre.

— Toma cuidado irmão. — falei enquanto ele subia na moto


preta com detalhes em vermelho, e colocava o capacete.

— Você sabe que sempre tomo. — sorrindo deu partida e


saiu antes de mim, o ronco do motor potente tomou conta
do ambiente.

Guiei o carro até a saída, seguindo rumo ao condomínio.

O caminho todo ele seguiu próximo ao carro, não demorou e


chegamos ao local, corri meus olhos pela larga extensão de
muros altos, parando no guarda dentro da guarita abrindo o
portão de ferro cromado para nos dar passagem. Três
mansões foram construídas ali, tinha uma quadra de
esportes à direita e um pomar tão grande que se perdia de
vista. Dava para ouvir os pássaros cantando, coisa que
nunca ouvi no lugar onde morávamos, o cheirinho de
natureza sem poluição se fez presente.

— Que lugar lindo! — Henry admirou.

— Lindo , e todo nosso.

— Quanto o Cavallari cobrou por esse paraíso?

— Uma pequena fortuna, Henry. Mas valeu cada centavo. —


sorri segurando seu ombro.
Seguimos a trilha de cascalho cercado por pequenas
árvores que levava até a casa, fiquei impressionado em
como foi projetado aquele lugar, as paredes com pedras
negras, as varandas sustentadas por grandes pilastras,
janelas de vidro enormes que seguiam um padrão indo do
chão ao teto. Dentro da casa, encontramos um cinema
particular, uma sala de jogos, um salão de festas e uma
biblioteca imensa que com certeza faria brilhar os olhos da
minha ragazza.

Subimos para o segundo andar pela longa escadaria de


mármore, os quartos eram arejados e com bastante espaço,
todos tinham uma tonalidade clara que fazia contraste com
os móveis escuros. Pela janela da suíte principal dava para
ver um lago de águas cristalinas, que adornava os fundos
das três casas.

— A Nanda e a Alessa vão adorar isso aqui. — comentei


admirando a vista.

— Tenho certeza que sim. — Henry parou ao meu lado — Eu


já vou, Dylan. Prometi a Nella que ajudaria a comprar um
presente para Nikolae.

— Antonella está pensando em ir para a Rússia? — cruzei os


braços saindo do lugar onde estava parado.

— Se ela pretende ir, não sei. Mas pelo pouco que me disse,
ela vai pedir o russo em casamento.

— É bem a cara da Tony fazer isso. — disse rindo. — E se o


russo não aceitar?

— Vida que segue, palavras dela. — concluiu sorrindo.

— Vou ficar mais um pouco. Preciso organizar a homenagem


que faremos ao Chris e aos outros soldados que morreram
no ataque ao Mikhail.

— E vai fazer aqui? — questionou se dirigindo até a saída.

— Não! Vamos fazer lá no Cimitero Monumentale. No jazigo


da família, foi lá que o Chris foi enterrado.

— O Chris era um ótimo amigo, mais que isso, era famiglia,


então estou com você.

Ele se despediu saindo e em poucos minutos o ronco da


moto preencheu o ar, não demorou para estar longe.
Pensativo, fui até a piscina, onde uma pequena cachoeira
artificial caia das grutas de pedras espalhadas por ali,
dando um charme ao local, o som da água fez com que eu
relaxasse. Algum tempo depois, comecei a me sentir
incomodado, um aperto no peito, como se algo de muito
grave estivesse acontecendo. Às pressas, corri para o carro,
antes porém de alcançá-lo, o celular tocou, na tela a foto do
Henry piscava.

— Vai para o hospital. A Fer está em trabalho de parto. —


disparou assim que atendi. — De quem foi a porra da ideia
de deixar uma mulher grávida, sozinha em casa?

— Não era para ela estar sozinha, Henry, era para a mamãe
estar em casa. Como ela está? — praguejei entrando no
carro.

— Sozinha, cazzo! Se eu não tivesse voltado... não quero


nem pensar.

— Para de enrolar e leva ela agora mesmo para o hospital.


— ele respondeu um sim. — Cuida deles, Henry.

A essa altura já dirigia feito louco, inconsequente,


ultrapassando os carros que pareciam andar como lesmas.
Cheguei ao hospital cantando pneus, alguns segundos antes
deles, quando olhei para a Nanda e vi sangue em sua roupa,
um medo irracional de perdê-los me atingiu.

Ela foi levada ao centro cirúrgico e nós fomos nos preparar


para acompanhá-la, assim que entramos no centro
cirúrgico, cada segundo que se passava era como uma
eternidade, se eu soubesse que minha mulher fosse sofrer
assim teria insistido mais para ela fazer cesárea. Meu irmão
tão aflito quanto eu, segurava a mão dela, alguma coisa no
Henry mudou, podia ver em cada gesto seu.

Depois de horas agonizantes, e de quase matar todo mundo


presente ali dentro, porque não faziam nada a não ser falar,
os bebês nasceram, tão pequenos, tão vulneráveis e tão
lindos. Senti meus olhos se encherem de lágrimas,
automaticamente olhei para Henry, que estava vidrado nos
dois bebezinhos que os pediatras examinavam, com os
olhos lacrimejando assim como eu. Naquele momento eu
soube que nós dois, faríamos qualquer coisa pelos nossos
filhos. Para dizer a verdade, tinha pena de quem ousasse
ficar no nosso caminho.

Percebi que tinha algo errado, quando a Nanda fechou os


olhos, chamei por ela várias vezes, em vão.

— É melhor vocês esperarem lá fora. — a médica fez sinal


para os enfermeiros tirarem nós dois de lá.

— Acho melhor, para o seu bem e de todos aqui,doutora,


que não aconteça nada com a minha mulher. — a mulher se
encolheu ficando nervosa.

No corredor algumas pessoas passavam encarando,


respirava fundo tentando não voltar lá e atirar em todo
mundo.
Se controla Dylan. Se controla porra!

Se passaram horas antes de alguém aparecer para dar


notícias. Fomos levados a um quarto enorme, com uma
maca, que mais parecia uma cama, e duas cadeiras
bastante confortáveis. Contudo, não conseguia parar quieto,
andava de um lado para o outro, a angústia me consumia, o
medo de perder a Nanda de novo estava me deixando
louco.

— Dá para se acalmar, caralho. Está me deixando pior do


que já estou. — Henry finalmente abriu a boca para falar
algo.

— Não! Não dá. — retruquei no mesmo tom. — Porque


ninguém vem dizer nada? E se ela morrer, Henry?

— Cala a boca! Nunca mais diz isso. — ele se levantou


aproximando-se.

— Eu estou com medo Henry. — confidenciei a ele.

— E você acha que eu não estou? — ficamos cara a cara —


Eu acabei de lembrar dela, Dylan. Acha mesmo que eu
quero perdê-la novamente? — abri e fechei a boca algumas
vezes, ele tinha lembrado, cazzo!

— Se lembrou quando exatamente? — me obriguei a focar


em outra coisa.

— Quando ela disse que eu era o pai também. Foi como se


alguma coisa dentro de mim tivesse arrebentado naquele
momento, e as memórias dela, de nós três, voltaram
contudo.

Não pude responder pois a porta do quarto se abriu e por


ela entrou a equipe médica empurrando uma maca com
nossa mulher ainda desacordada.

— Ela está bem, Senhor Spencer. Sua esposa desmaiou por


causa da exaustão. Não tem nada de errado com ela. — a
médica se apressou em dizer.

Assenti, observando o enfermeiro pronto para pegar a


Nanda para trocar de maca.

— Deixa que eu faço isso. — Falei de forma rude, o rapaz


me olhou assustado, saindo de perto dela.

Com cuidado, enlacei seu corpo, agora bem mais leve e


depositei sobre os lençóis, ajeitei o travesseiro para que ela
ficasse confortável. A médica saiu nos dando privacidade,
sentei próximo a ela de um lado e o Henry do outro.

— Você me assustou, ragazza. — Sussurrei beijando sua


mão.

Meu irmão estava com a cabeça apoiada próximo a mão


dela, fazendo carinho. Estávamos aliviados por tudo ter
dado certo, agora iria ao encontro dos meus filhos. Com
cuidado deixei a mão dela e sai do quarto, não demorou e
Henry estava ao meu lado.

— Eu vou com você.

Seguimos o corredor até a UTI Neonatal, para onde nossos


filhos foram levados. Pelo vidro transparente deu para ver
que estavam em incubadoras próximo uma da outra. Não
precisava ninguém falar para eu saber quem eram os
nossos meninos. Duas criaturinhas minúsculas, que junto
com Alessa, ocupavam todo o espaço do meu coração.

— Meus filhos. É difícil acreditar. — Henry comentou com a


voz embargada.
— Nossos filhos, não vem com essa de querer ser
possessivo não. — corrigi e ele riu.

— Por que não me disseram nada? — ele passou o braço


pelo meu ombro.

— Foram momentos difíceis, Henry. A Nanda não queria


você com a gente por se sentir pressionado . Entende?
— ele assentiu. — O importante é que agora você sabe e
lembra dela.

— Lembro, mas não quero que conte a ela.

— E porque não?

— Porque meu caro Dylan, nós temos um casamento para


organizar, e eu quero fazer uma surpresa. Me ajuda?

— Conta qual é seu plano.

****

— Onde eles estão? — Um sussurro fraco ecoou pela sala.

Depressa andei até ela, ainda sonolenta, Nanda me olhava


com expectativa.

— Eles precisaram ficar na incubadora,meu amor, até


ganharem peso. Não se preocupe, estão bem. —
tranquilizei.

Seu corpo se moveu, não demorou para que uma careta de


dor se formasse em seu belo rosto.

— Fica deitada mais um pouco. Vou buscar alguma coisa


para você comer.
Uma enfermeira muito simpática trouxe a sopa de aspecto
horrível, após minha solicitação, e retirou a bolsa de soro e
o acesso do braço da Nanda nos dando privacidade em
seguida. Pegando a bandeja me sentei ao seu lado,
ajudando ela a tomar a sopa.

— Chama uma enfermeira para me ajudar com o banho,


Dylan? — perguntou depois de terminar a refeição, se é que
se pode chamar aquilo assim.

— Eu te ajudo. — Coloquei a bandeja em cima da mesinha


próximo à maca.

— Não! Eu estou sangrando, não quero que me veja assim.


— Protestou.

— Vem logo, não me importo em ver um pouquinho de


sangue. Acredite em mim, já estive em situações piores. —
ela sorriu — Eu vou cuidar de você, principessa.

Relutante ela deixou que eu a ajudasse, lavei seus cabelos


com cuidado, e passei o sabonete por todo corpo, sempre a
apoiando para que não caísse, minhas roupas ficaram
encharcadas.

— Obrigada por ter ficado do meu lado. — ela se virou para


mim. — Achei que não fosse conseguir.

— Eu jamais te deixaria sozinha, meu amor. — desliguei o


chuveiro, e enrolei a toalha ao redor dela.

— Quando vou poder ver nossos filhos? — a ansiedade era


visível em sua voz.

— Pela manhã. Agora você precisa descansar. — relutante


assentiu.
— Onde está o Henry?

— Foi para a casa. Eles não quiseram deixar nós dois aqui.

Nanda vestiu uma camisola e se deitou na maca. Pediu para


que eu ficasse com ela, então, depois de trocar a roupa
molhada, me acomodei ao seu lado, deixando o cansaço me
consumiu, abracei a Nanda sentindo o calor gostoso que
emanava dela, mas não consegui dormir, mesmo assim,
fiquei em paz ao lado da mulher, que virou minha vida de
cabeça para baixo e ao mesmo tempo me fez muito feliz.

Dois meses depois

Lucca e Matteo, sairiam do hospital hoje. Estávamos todos


ansiosos para tê-los em casa. Quando trouxeram os dois
pequenos para o quarto e pude tocá-los fora daquela
incubadora, meu coração se encheu de alegria.

Admirei minha mulher com Matteo nos braços, enquanto o


pequeno guloso sugava a mamadeira, o corpo dela não
tinha produzido leite, e apesar de ter ficado chateada, não
tivemos escolha senão usar mamadeiras. Alessa sentada
próximo da mãe, encarava com olhinhos brilhantes o
irmãozinho. Matteo era menor que Lucca, os poucos cabelos
que tinha na cabecinha redonda eram castanhos, diferente
do irmão que tinha os cabelos pretos. Apesar de gêmeos, as
características dos dois eram diferentes, assim como Henry
e eu, os olhos dos dois eram diferentes. Os olhos de Lucca
eram castanhos e tinha uma pinta quase imperceptível do
lado direito do rosto, a mesma pinta que o Henry tinha.
Matteo nasceu com heterocromia, um olho era totalmente
verde, enquanto o outro era metade castanho.

O garotinho que eu segurava resmungou, acariciei o


rostinho rosado embalando seu corpo.
— Você está tão lindo com essa cara de pai babão. — Henry
comentou entrando no quarto. — Deixa eu segurar ele um
pouco.

Com cuidado encaixei o pequeno nos braços do meu irmão.


Henry manteve sua palavra e fingia com mestria não se
lembrar da Nanda, ela não falava nada, porém eu sabia que
isso ainda a machucava.

— Cuidado com ele, Henry. — indaguei preocupado e o


outro revirou o olho.

— Tá chato, hein Dylan? — retrucou virando as costas.

Sentei na maca junto a minhas meninas, Matteo dormia


tranquilamente agora.

— Vamos para casa ragazza. Chega desse hospital. — O


sorriso que recebi, aqueceu meu coração.

Meia hora depois estávamos em casa, fomos recebidos com


muito entusiasmo, todos queriam segurar os bebês. Eu
segurava minha pimentinha que tinha dormido em meu
colo, seu rostinho sereno estava apoiado próximo ao meu
pescoço. Faria tudo para que Alessa se sentisse amada,
nunca deixaria que ela pensasse que fosse menos
importante para mim. Subi para colocá-la na cama, ajeitei o
travesseiro embaixo da pequena cabeça, dei um beijo no
rostinho delicado, apaguei as luzes pois já era noite, e sai.

Precisava descansar, relaxar meu corpo da tensão dos


últimos meses, por isso, tomei um banho demorado e ainda
com a toalha enrolada ao redor da cintura deitei na cama
sentindo a tensão dos músculos se aliviarem.

Os cinco minutos de descanso viraram a noite toda, quando


abri os olhos novamente já era dia, então me preparei para
o que viria a seguir.

Como imaginava, o dia foi tenso, arrastado, como se o


universo percebesse que neste dia as coisas não iriam ser
tão simples, hoje era a homenagem aos soldados mortos no
confronto com Mikhail, em especial o Chris, que fez muito
pela Viper, que me deu conselhos e impediu um suicídio,
quando estava no fundo do poço. Um lado meu estava feliz
por finalmente ter dado um ponto final para essa história, já
o outro mergulhava uma tristeza profunda, o interior sendo
rasgado novamente pela lembrança daquele dia. Sem
querer prolongar mais o sofrimento de Giuseppe, demos
início a cerimônia, com toda família reunida ao lado do
jazigo dos Spencer.

No Cimitero Monumentale, a tristeza era visível,


principalmente a do pai de Chris. O homem que já havia
passado por tanta coisa na vida, estava ali se
desmanchando em lágrimas ao ouvir as palavras proferidas
pelo sacerdote. Disse algumas palavras sem demonstrar as
emoções, em seguida as palmas de todos ecoaram pelo
local, palmas essas que foram direcionadas ao Chris.

Ao terminar as homenagens, todos os soldados presentes


formaram um corredor, apontaram suas armas para cima e
atiraram três vezes, uma maneira de honrar os homens
caídos. O anel que Chris usava, foi entregue a seu pai. Este
anel sempre significou muito para o Chris, além de ser o
brasão da organização, representava um recomeço, onde
ele lutou para conseguir seu lugar desde o momento em
que tirei ele das ruas, representava cada batalha que ele
teve que enfrentar, até ser morto naquele confronto. Troquei
breves palavras com Giuseppe, sentindo todo o peso da
perda dele, recebi um aperto de mão cheio de significado e
depois de um tempo, todos foram embora.
Nanda, Henry e eu ainda ficamos ali um tempo, cada um
preso em sua lembrança. Talvez estivéssemos pensando a
mesma coisa, o enterro da Nanda, ou a morte do nosso pai.
Ou quão difícil foi para nosso bisavô chegar da Inglaterra
em país diferente, e formar um império poderoso em meio a
tantos outros que já existiam ali, império que iria ofuscar os
demais e causar inveja e ódio em qualquer um que
estivesse à nossa volta.

Deixamos ali, todos os sentimentos ruins que estavam nos


afligindo, enterrando de vez tudo o que nos fez mal. Juntos
voltamos para nossos filhos. Nanda e eu sentamos e
brincamos com Alessa, enquanto o Henry empurrava o
carrinho dos bebês cantarolando uma música de ninar. Meu
irmão seria um ótimo pai, com toda certeza.

Meu olhar se encontrou com o dele, seus lábios se curvaram


em um sorriso discreto que refletiu o meu. Agora
poderíamos dar continuidade a preparação do nosso
casamento.

Oi amoras tudo bem com vocês?

O Henry lembrouuu. Aleluia rsrs

Toda vez que lembro do Chris eu choro.

Obrigada por chegar até aqui, beijos se cuidem 💜💜


Capítulo 49

Nanda

Três meses depois

Tinha me esquecido como é cansativo cuidar de um bebê,


imagina dois e uma criança de cinco anos. Claro, Dylan
estava sempre comigo quando podia, com ele por perto,
conseguia uns minutos de descanso.

Como havia imaginado, não demorou para que os capos


insistissem em apresentar os meninos à organização e
firmar um acordo de casamento vantajoso com a junção das
famílias renomadas de outras máfias. Sinceramente achava
uma loucura, não faria isso, deixei claro a Hoffmann e
deixaria claro a todos que não submeteria meus filhos a
esse destino. Mataria qualquer um que tentasse impor esta
condição.

Há dias vinha percebendo uma movimentação estranha em


casa, eles estavam escondendo alguma coisa, pois o Dylan
estava estranho e Henry havia desaparecido. Acreditava
que Henry tinha ido embora novamente, por isso procurei
não pensar, para não me magoar ainda mais. Pensar que
ele foi embora sem importar com os bebês, doía demais.

Os meninos já estavam com cinco meses, conforme os dias


foram passando e eles crescendo, pude constatar uma
coisa, Lucca era filho do Henry, a mesma pinta no rosto, os
mesmos olhos. Questionei Diego a respeito disso durante o
tempo que fiquei naquele hospital, ele disse que era raro,
mas poderia acontecer, como os bebês não estavam na
mesmo saco gestacional, dois óvulos foram fecundados,e já
que transei com os dois ao mesmo tempo, a chance dos
meninos serem do Dylan e do Henry eram enormes. Talvez
fosse coisa da minha cabeça, contudo meu coração dizia
que não.

Claro que um exame de DNA não diria quem era o pai,


porém algo me dizia que Lucca veio do Henry e Matteo do
Dylan. De qualquer forma, não faria diferença quem era o
pai, porque estava nítido que os dois seriam muito amados.

Estava sozinha a um tempo já. Giulia, que se recusou a


parar de trabalhar para mim, tinha saído com a Ella e as
crianças. Não podia negar que a mãe do Dylan estava se
esforçando, ainda assim me mantinha relutante em aceitar
esta aproximação.

Sentada na varanda, mantinha o olhar nas nuvens


adivinhando a forma que elas tomavam, costumava fazer
isso com minha mãe em seus momentos de folga, e mesmo
sem perceber às vezes me pegava fazendo isso. O silêncio
da casa começou a me incomodar, então fiquei com
vontade de ligar para Delano e saber como as coisas
estavam indo na Pozhar, ele assumiu meu lugar
temporariamente, já que Nikolae estava fora. Delano era
muito competente naquilo que fazia, e por isso confiaria
minha vida a ele de olhos fechados se preciso fosse. Então
decidi não ligar, se alguma coisa desse errado, seria a
primeira a saber.

Me mantive afastada da Pozhar, mas não da Electra,


recentemente aceitei um acordo com o governo, ajudando a
fortalecer seus sistemas de segurança, estávamos
instalados na empresa tecnológica que o padrinho havia
comprado antes de morrer. Trabalhávamos em um projeto
para fortalecer o sistema da NASA, que entrou em colapso
depois do ataque de Electra, claro, ninguém sabia quem
comandava a empresa, muito menos que o hacker que eles
queriam manter longe, era eu. Interpol e FBI também
estavam tendo seus sistemas corrigidos, algumas
organizações governamentais, incluindo os arquivos do
presidente. Sorri com a ironia daquela situação, não tinha
como proteger o sistema quando o próprio hacker que o
invadiu fazia isso.

Tanta coisa mudou desde que matamos Mikhail, claro que os


confrontos ainda existiam, algumas vezes Dylan chegava
em casa com sangue nas mãos e nas roupas, eram essas
vezes que sabia que as coisas tinham saído do controle, e
ele teve que agir, ele era cuidadoso, Alessa nunca
presenciou nada desse tipo dentro de casa.

Ouvi passos no corredor, voltei o olhar para a porta, o


perfume amadeirado chegou antes dele e meu coração
disparou na mesma hora, acho que isso nunca iria mudar, a
sensação de quando o vi pela primeira vez continuava viva
dentro de mim. Dylan, trajando um terno cinza, segurava
duas caixas nas mãos e uma sacola no braço, o sorriso que
recebi me deixou de pernas bambas. Levantei de onde
estava e fui até ele, enlaçando sua cintura e enterrando o
rosto na curva do pescoço, os pelos se eriçaram sob meu
toque.

— Temos um evento para ir daqui a pouco então trouxe um


presente para você. — Dylan se esticou para deixar as
caixas e sacola sobre a cama.

— E vai demorar esse evento? — ansiosa afastei o rosto


para olhar para ele.

— Ainda não sei meu amor. — suas mãos subiram até meu
queixo prendendo meu olhar ao seu. — Mas é muito
importante para nós dois, então gostaria que fosse.
— Mais um acordo com alguma máfia influente? — afastei
indo olhar as caixas.

— O acordo mais importante das nossas vidas. — O modo


como ele disse aquilo me fez franzir o cenho.

Abri as sacolas arfando quando vi o que tinha nelas.


Levantei o vestido longo admirando, olhei para Dylan que
sorria abertamente para mim. Passei a mão pelos
diamantes cravados discretamente no busto, entre eles, fios
dourados que se entrelaçavam até a cintura, fazendo
contraste com o tom claro do vestido.

— Gostou? — cruzando os braços ele se aproximou ansioso.

— É lindo Dylan. — respondi apoiando o vestido em frente


ao meu corpo.

— Não é mais lindo que você, bella. — deu um beijo no meu


rosto. — Tenho que resolver uma coisa antes da gente sair.
Já volto para te pegar. — ele ia saindo, mas parou e voltou
pegando a sacola e retirando uma caixinha dela. — Minha
mãe pediu para entregar isso a você. Ela usou no dia do
casamento dela com meu pai, foi da mãe dela e como ela
não teve filhas, agora é seu.

Abri a caixinha, dentro dela uma correntinha com pingente


de coração azul bem pequeno e um par de brincos iguais,
chamaram minha atenção.

— Agradeço a gentileza da sua mãe, mas os brincos eu não


vou usar.

— Porque não? — quis saber confuso.

— Porque eu tenho um brinco que era da minha mãe e que


combina perfeitamente com esse vestido. — respondi indo
em direção ao banheiro. — Vejo você daqui a pouco senhor
bonito. Ah antes que eu me esqueça, essa noite você não
me escapa. — brinquei.

Ele riu, sua risada alegre encheu o quarto e quando seu


olhar encontrou o meu vi o desejo queimando neles.

— Mal posso esperar, Fernanda. — sua língua passou por


entre os lábios e me senti quente só de imaginar.

Fechei a porta do banheiro antes de perder o controle, enchi


a banheira e mergulhei nela. Tomei um banho relaxante, por
alguma estranha razão fiquei ansiosa, o que será que meu
marido estava aprontando? Não via motivos para me dar
um vestido, que mais parecia vestido de noiva, já que o
closet era repleto deles.
Sem ficar alimentando as paranóias da minha cabeça, fui
me arrumar. Fiz uma maquiagem bem discreta, no cabelo
algumas tranças finalizando com um coque e uma presilha
de brilhantes, alguns fios ficaram soltos próximo ao rosto.
Por último o vestido e a sandália branca com discretas
pedrinhas na lateral. Isso deveria ter lhe custado uma bela
fortuna.

Me olhei no espelho ficando feliz com o resultado, porém


ainda faltava os brincos e o pingente. Abri a caixinha que
peguei no closet, dela retirei um pequeno brinco em
formato de coração, no centro um cristal transparente e as
laterais cristais menores, ficaram lindos. Dylan voltou para o
quarto, parando atrás de mim no espelho, seus dedos
tocaram a pele exposta quando foi fechar o zíper, me
fazendo queimar. Nossos olhares se encontraram , seus
lábios se curvaram em um sorriso. Sem falar nada entreguei
a correntinha, Dylan segurou colocando em meu pescoço,
depois deixou um beijo ali me fazendo arrepiar, minha
pulsação acelerou ainda mais sob seu toque quente.
— Vamos minha bella? — concordei acenando a cabeça
ficando de frente para ele. — Eu não canso de admirar você
sabia? — sua mão circulou minha cintura aproximando
ainda mais nosso corpo. — Linda, inteligente, perigosa e
gostosa pra caralho.

— Se você continuar dizendo essas coisas, não vamos sair


daqui. — disse ofegante. — O quão importante é esse
evento?

— Muito importante ragazza. Então, por mais que eu queira


ficar aqui e me enterrar em você, não posso.

— Dylan?

— Que foi minha bella? — ele levou a mão até os fios soltos
do meu cabelo colocando atrás da orelha.

— Eu te amo. — Recebi um sorriso lindo como recompensa.


— Acho que não digo isso o suficiente.

— Eu também te amo, Nanda. — Dylan encostou a testa na


minha e fechei os olhos. — Seus gestos valem mais que mil
palavras, meu amor. Tudo o que você faz demonstra seu
sentimento. Às vezes me pego pensando se um monstro
como eu merece alguém como você.

— Não somos mocinhos, Dylan. Não vivemos do lado certo


da lei,ainda assim, não gostaria de estar em outro lugar que
não fosse aqui com você. — Um silêncio gostoso pairou
entre nós, abri os olhos e sorri para Dylan.

— Vamos? — pigarreou tentando disfarçar as emoções.

— Vamos.
De mãos dadas descemos as escadarias, ao chegar no
carro, Dylan abriu a porta, fazendo uma reverência que me
arrancou uma gargalhada, sendo acompanhada por ele. Era
muito bom ter esses momentos de paz, onde podíamos ser
nós mesmos, sem se importar em disfarçar os sentimentos.

Tomamos um caminho para fora de Milão, o sol se punha no


horizonte, no rádio do carro tocava Love me like you do de
Ellie Goulding, arrisquei cantar porque amava essa música e
fui acompanhada por Dylan que cantou meio desafinado
fazendo-me rir. Lá fora, a paisagem começou a mudar,
entramos em uma estrada, dos dois lados dela, árvores
pequenas muito bem podadas estavam enfeitadas com
balões prata e dourados. Senti um frio na barriga ao
imaginar que tipo de evento seria aquele. Mais adiante
muros altos se erguiam, os grandes portões estavam
abertos com mais balões enfeitando-os.

Olhei para o homem ao meu lado buscando uma explicação,


mas ele apenas deu de ombros sorrindo. Perdi o fôlego
quando vi as três grandes construções que se erguiam mais
a frente, todas com luzes na fachada formando corações.
Dylan parou o carro e desceu dando a volta para abrir a
porta para que eu descesse.

Os saltos da sandália faziam barulho sob os cascalhos


enquanto nos dirigimos até a casa.

— Uau! — exclamei admirando o local. — Aqui é o paraíso.


De quem é esse lugar, Dylan?

— É lindo, não é? — Dylan sussurrou, assenti sem palavras.


— É seu, meu amor. — olhei para ele com a boca aberta.

— Meu? Como assim?


— Cansei de morar em Milão, então decidi que nós
merecíamos um pouco de paz. Você não gostou. — afirmou
meio desapontado.

— Eu amei, Dylan. — dei um abraço nele assim que me


olhou sorrindo. — É perfeito.

— Assim como você bella. — Dylan me ofereceu o braço —


O evento será nos fundos, próximo ao lago que tem lá. Vem.

Segurei em seu braço, tentando não tropeçar, entramos na


casa seguindo por um largo corredor onde haviam vasos de
rosas brancas e vermelhas espalhados. Cada passo que
dávamos meu coração dava um salto, estava cada vez mais
nervosa, senti um certo medo de que as coisas saíssem do
controle ali, afinal todos os eventos em que participei
nesses cinco anos, acabaram em tragédias. Fechei o olho
parando, respirei fundo dando alguns passos incertos, a
mão de Dylan cobriu a minha, por uns segundos nossos
olhares se encontraram, os olhos dele estavam mais verdes
que o normal, mais intensos que o normal.

— Que isso Dylan?

— Eu posso sentir seu nervosismo ragazza. — ele sorriu. —


Aqui, meu amor, está nosso recomeço, não precisa ficar
nervosa assim.

Ainda segurando minha mão ele prosseguiu, quando saímos


nos fundos da casa, não consegui dar mais nenhum passo,
tudo estava decorado com rosas brancas e vermelhas, duas
fileiras de cadeiras estavam arrumadas em meio as flores
formando um corredor até um altar improvisado, no chão
um tapete vermelho coberto por pétalas brancas.

Abner e Ian, que eu não via a muito tempo, estavam


parados próximo a Carla, minha irmã segurava um dos
gêmeos vestido com um smoking igual ao irmão que estava
no colo de Delano, meus filhos estavam muito lindos.

James, Nikolae, Antonella, Nick e Ingrid, Marlon, Jason e


Zoe. Estavam todos ali, soltei uma risada nervosa,
entendendo finalmente o motivo de tanto mistério. Eles
preparam tudo e eu nem desconfiei, apesar de achar que
me escondiam alguma coisa, não cheguei nem perto disso
aqui. Todos me encaravam com expectativas, e eu ali
parada sem reação, tentando controlar as batidas do meu
coração.

No altar estava Henry, trajando um terno igual ao do irmão,


quando nossos olhares se encontraram ele sorriu, tive
vontade de chorar porque se ele estava ali, era porque sua
memória tinha voltado. Antes de dizer qualquer coisa, meu
pai tomou o lugar de Dylan que deixando um beijo terno na
minha mão, foi para o altar.

All of me de John Legend começou a tocar ao fundo, fui


conduzida ao altar por David, tive que me segurar para não
correr até eles, foi como se tudo à volta deixasse de existir,
todos os meus sentidos estavam voltados para Dylan e
Henry. Dois dos homens mais importantes da minha vida,
que estiveram junto a mim nos piores momentos. Eu amava
esses dois com todo o meu ser.

— Acho bom vocês dois cuidarem muito bem da minha filha.


— a voz grave de David foi ouvida — Caso contrário, eu
caço os dois.

— Cuidaremos, David. — Dylan respondeu segurando minha


mão.

Meu pai deixou um beijo em minha testa, e deu sua benção.


Ella, fez a mesma coisa com os meninos, e me abraçou
apertado, depois tomaram seus lugares ao lado da família.
— Não podemos casar com você como manda a tradição,
minha pequena.

— Mas podemos formalizar nosso compromisso com um


contrato. Como você mesmo disse, é só um pedaço de
papel, ainda assim queremos fazer as coisas direito.

Não consegui dizer nada, meus olhos já estavam marejados.


Um senhor grisalho, provavelmente algum religioso que
tinha ligação com a máfia, ficou ao lado do advogado que
mantinha a pasta aberta em cima da mesinha disposta a
nossa frente, começando a falar coisas como se fosse um
casamento de verdade.

Continua no próximo capítulo....

Beijinhos 😘
Capítulo 50

Nanda

Parada em frente aquele altar, ouvindo o que o senhor tão


gentilmente falava, ainda não acreditava que estava
realmente casando com os gêmeos, e ainda sem acreditar
que meu pai e James não se opuseram.

Nós três dissemos sim, ainda que soubéssemos que não


haveria registro formal daquele casamento, mas a partir
daquele momento éramos um só.

— Podem fazer os votos. — o senhor de cabeça branca fez


sinal para nós.

Os gêmeos se puseram à minha frente e ajoelharam


segurando minhas mãos.

— Aconteceram tantas coisas. — Henry começou.

— Coisas que mantiveram nossos caminhos afastados por


um longo tempo, Nanda. — continuou Dylan.

— Mas uma coisa não mudou, Fer.

— Nosso amor por você. — olhava para os dois com o


coração acelerado, como se quisesse saltar fora do peito.

— Fer, nós queremos você do nosso lado todos os dias da


nossa vida.

— Você, ragazza, se tornou nossa luz em meio a tanta


escuridão. Não existe Dylan sem Nanda, assim como não
existe Henry sem Nanda. — Guardei cada palavra que eles
diziam, esse momento ficará para sempre em meu coração.
— A melhor escolha que fiz, foi ter te ajudado naquele
parque de diversões. — Henry apertou minha mão.

— A melhor escolha que fiz, foi ter invadido seu quarto no


meio da noite. — Dylan sorriu de um jeito cafajeste e eu
acompanhei. — Nós cuidaremos de você meu amor.

— Para sempre. — concluíram juntos.

— Eu amo tanto vocês dois. — consegui finalmente


pronunciar alguma palavra, não esperei eles levantarem,
me joguei nos braços dos dois abraçando-os. Recebendo um
"eu te amo" de cada um.

— As alianças. — o sacerdote continuou, pigarreando.

Uma música instrumental começou a tocar e todos os


olhares se voltaram até o início do corredor, onde Alessa e
Pietro caminhavam cada um com uma caixinha prata nas
mãos. Pietro, de terninho preto todo elegante, tinha a mão
de Alessa apoiada no braço. Minha filha estava vestida
como uma princesa, com um vestidinho rosa rodado, os
cabelos pendiam com cachos grossos até o ombro, e no
rostinho um sorriso brilhante. Meu coração se encheu de
orgulho ao olhar para minha pequena, tão linda andando
até nós. Levantei enquanto os dois continuavam abaixados
para receber os dois pequenos.

Pietro entregou a caixinha para Henry e saiu indo até a


mãe. Alessa, entregou a Dylan, abraçando o pai, dando um
beijo estalado no rosto dele, saindo em seguida.

Dylan tirou da caixinha uma aliança clássica, lisa, dourada e


deslizou no meu dedo, deixando um beijo terno ali. A
aliança de Henry era da mesma cor, com um aro trabalhado
com pequenas pedras de diamante.
As duas se encaixavam perfeitamente, como se tivessem
sido feitas para se unirem.

— Eu não preparei nada, mas gostaria de dizer uma coisa


aos dois. — olhei para Henry — Você, Henry, chegou de
mansinho e em pouco tempo já era dono do meu coração,
você me curou e me destruiu ao mesmo tempo. Já você,
Dylan, chegou como um furacão, me desestabilizou, tomou
meu coração sem nem ao menos eu perceber. — Dylan me
olhava sério, segurando firme minha mão — Sabia,senhor
bonito? Eu amo os dois, amo tanto que chega a doer. Eu vou
cuidar de vocês dois para sempre. — sorri, imitando o que
os dois disseram a uns segundos atrás.

Peguei as caixinhas que traziam outra aliança similar à que


estava no meu dedo, e deslizei pelo dedo deles, após,
assinamos o contrato de casamento, e a cerimônia chegou
ao fim. Dylan e Henry conduziram as pessoas até um
grande salão no lado oeste da casa. Garçons passavam
apressados para servirem os convidados.

Recebemos felicitações das pessoas ali presentes, todos


familiares e amigos, ninguém que fizesse parte da
organização, a não ser o sacerdote. Dylan e Henry se
afastaram conversando com a mãe. Levei um susto quando
fui envolvida em um abraço apertado, reconheci o perfume
na hora.

— Abner! Que saudade de você. — me virei retribuindo o


abraço.

— Quando seu boy me ligou, peguei o primeiro voo e corri


para cá. — Nós nos afastamos e fui abraçar o Ian. — Só não
imaginava que você iria se casar com os dois, sua safada.

— Você está ótima Nanda. — Ian falou me levantando do


chão.
— Você também. — dei um beijo estalado no rosto dele.

— Miga? Quero saber detalhes. Como os dois são na cama?


Como você da conta desses dois deuses gregos? — Ian deu
um soco no braço dele todo constrangido. — Ai!

— Não vou te contar nada, atrevido. — brinquei em meio às


risadas. — Mas e vocês, como estão? E a Cris? — mudei de
assunto ruborizada.

— A Cris se casou com um velho por interesse. — Ian contou


com cara de desgosto — Agora o homem está morrendo em
cima de uma cama, e ela está tendo que cuidar dele e de
um bebê recém nascido, sem nenhuma ajuda. Bebê que ela
usou para dar o golpe da barriga.

— Coitada da Cris. — lamentei.

— Coitada nada. — Abner resmungou. — Ela só está


colhendo aquilo que plantou.

Antes de eu responder senti minha cintura sendo envolvida


por braços fortes, e meu corpo encostou em uma parede de
músculos.

— Posso roubar minha esposa um minuto? — Henry


perguntou.

— Claro. — os meninos responderam juntos, nos deixando a


sós. Abner ainda me lançou olhares maliciosos, sendo
arrastado por Ian.

— Vem dançar comigo, Fer. — Henry me conduziu até o


centro do salão. — Quem é o moreno? — perguntou de um
jeito estranho.
— Meu amigo. — respondi semicerrando os olhos, ele sorriu
sem graça. — Ciúmes, senhor Spencer?

— Quando se trata de você, Fernanda, sempre.

Enlacei seu pescoço , colando nossos corpos, enquanto as


mãos dele pousaram em minha cintura. Dançamos sem
dizer nada, apenas apreciando a companhia um do outro, o
clima ali era leve, refletindo meu estado de espírito.

— Achei que tivesse ido embora de novo. — Sussurrei com


os olhos fechados sentindo o calor que emanava dele.

— Precisei me afastar para cuidar do nosso casamento.


Saiba que eu jamais abandonaria vocês novamente. — seus
braços se estreitaram ao meu redor.

— E se eu não tivesse aceitado?

— Ai, minha princesa, Dylan e eu teríamos que te


convencer.

— E como fariam isso? — perguntei com a respiração


acelerada e ele sorriu.

— Iríamos arrastar você até o quarto, e foder você até dizer


sim. — Dylan tinha se aproximando e ouvido a conversa.

Seu corpo se moldou ao meu, suas mãos pousaram em


minha cintura, pouco abaixo da mão de Henry, fiquei presa
no meio dos dois, senti o ar ficando pesado, difícil para
respirar e por um momento esqueci completamente que
estávamos em um salão repleto de gente. Subi uma mão de
encontro a nuca dele, encostando a cabeça em seu peito,
balançando no ritmo da música.
— O que você achou da nova casa, ragazza? — Dylan
murmurou beijando meu pescoço. Desse jeito iria ser difícil
me controlar.

— É linda. — respondi quase gemendo. Meu Deus!

— Só não é mais linda que você. — o hálito quente de Henry


fez cócegas na minha bochecha.

— Henry? — murmurei abrindo o olho.

— Oi princesa.

— Sua memória voltou. Quando foi? — tinha que manter


minha mente ocupada, porque esses dois estavam
brincando comigo.

— No dia em que nossos filhos nasceram. Foi um choque,


mas tive que manter a calma para não te deixar nervosa. E
precisei organizar meus pensamentos.

— Porque não me disse nada? Porque nenhum dos dois me


disse? — quis saber em um tom acusatório.

— Por que princesa, nós queríamos te fazer surpresa, e te


tornar nossa para sempre.

— Eu já era de vocês. — Dylan riu.

— É nossa mesmo? Vamos sair daqui então, porque eu tô


doido para tirar esse vestido, senhora Spencer. — Meu
coração deu um salto, umedeci os lábios em expectativa.
Dylan jogava sujo quando queria alguma coisa.

— Você não pode dizer essas coisas para mim quando


estamos no meio de outras pessoas. — Sussurrei quando a
música acabou,mas nenhum dos dois quis se afastar.
— Vão para o quarto! — Abner gritou.

Os gêmeos riram, senti meu rosto esquentar na hora. Os


dois seguiram para a mesa onde estavam meus amigos e
família, segurando minha mão.

— Onde está a Alessa e os bebês? — perguntei depois de


olhar em volta e não vê-los.

— A mamãe e o David levaram as crianças para dormir. —


Dylan respondeu levando o copo com champanhe até a
boca.

— Não se preocupe, dona perigosa, eles estão bem. —


James tranquilizou.

Ficamos ali conversando por horas, bebendo, rindo enfim


curtindo meu casamento, mas não tirei o olho de Delano e
Carla que conversavam animadamente perto da porta, vez
ou outra ele tocava o cabelo dela em um gesto íntimo,
precisava falar com Delano, então resolvi ir até lá,
atrapalhar os pombinhos.

— Delano? Posso falar com você? — o loiro me olhou


desconfiado.

— Claro. — respondeu olhando para Carla, que nos deixou a


sós.

— Você não é mais meu soldado...

— O que? — ele me interrompeu sem parar para ouvir —


Você não pode fazer isso comigo. — continuou irritado. — É
por causa da sua irmã? Eu nem toquei nela. — deixei ele
falar — A Pozhar é minha vida...
— Já acabou? Delano calma, escuta o que eu tenho a dizer.
— ele cruzou os braços. — Você já provou ser leal inúmeras
vezes, sempre colocou a organização acima das suas
vontades, acima de tudo, se tornou um amigo que eu posso
contar sempre. Você não é mais um soldado, porque a partir
de hoje é meu subchefe. — ele me olhava sem acreditar. —
Não precisa dizer nada, a Pozhar não poderia estar em
melhores mãos. Desde meu afastamento, a organização só
cresceu sob seu comando. Não tem ninguém em quem eu
confie, além de você.

— Não vou te decepcionar, Don. — ele beijou o anel em


minha mão.

— Tenho certeza que não. — dei um abraço rápido nele


antes de me afastar.

Com um sorriso no rosto voltei a me sentar, ninguém


perguntou nada, afinal Abner e Ian não sabiam das nossas
vidas na máfia e nunca saberiam. Nikolae e Antonella se
aproximaram, o russo parecia feliz.

— Nós já vamos, Nanda. — Nikolae se apressou em dizer. —


Parabéns, que vocês sejam felizes.

— Obrigada Nik. E você? Quando é que vai pedir a Antonella


em casamento? — brinquei e o sorriso de Antonella
ampliou.

— Já cuidei disso, Nanda. — ela respondeu.

— Pediu o russo em casamento? — eles concordaram eu ri


— Parabéns! — abracei a ruiva. — Gostei da atitude. —
Sussurrei só para ela ouvir.

— Tchau Nella. — Henry se pôs em pé abraçando a prima


também.
— Faça ela feliz, Nikolae. — Dylan apertou a mão de Nikolae,
de um jeito contido.

Eles saíram abraçados, parecendo muito felizes, Nikolae


merecia um recomeço, e Antonella era a pessoa perfeita
para isso.

Bebemos, dançamos, nos divertimos muito. Coloquei o papo


em dia com Ian e Abner, contei algumas coisas omitindo
partes que eles não precisavam saber, foi maravilhoso
poder estar com eles e saber de suas conquistas foi muito
gratificante. Abner e Ian fundaram uma escola para crianças
de comunidades carentes, onde mantinham com dinheiro de
doações, eles me mostraram fotos dos projetos sociais
desenvolvidos lá. Estava com um puta orgulho dos meus
amigos, pelas pessoas que eles se tornaram. A partir desse
momento eles teriam minha ajuda também.

James parecia querer me dizer algo e quando os meninos se


despediram para irem dormir, ele aproveitou e me arrastou
do colo do Dylan, onde eu estava confortavelmente
sentada.

— Quero te dizer uma coisa dona perigosa. — começou


parando na minha frente.

— Pode falar, James. — toquei seu braço incentivando.

— Não pense que eu vou abandonar você, tá bom? —


concordei — Vou retomar minha carreira de músico.

— Isso é ótimo, meu amor. — abracei ele — Você sabe que


sempre terá meu apoio. Estou muito feliz que meu cantor
preferido esteja voltando.

— Obrigado, Nanda. Saiba que onde quer que eu esteja,


você sempre vai comigo.
— Viva seu sonho James, porque você já adiou demais. —
falei secando os olhos, pois lágrimas teimosas insistiram em
cair. — Saiba que sempre que quiser dar um tempo de tudo,
eu estarei aqui. Eu te amo irmãozão.

— Tá vendo, olha você, me fazendo chorar. — ele riu em


meio às lágrimas. — Também te amo. Agora vai lá com seus
maridos, tô indo dormir.

— Tchau chorão. — dei um beijo no rosto dele.

O salão já estava vazio, todos se retiraram, a música ainda


tocava no fundo. Tirei os saltos indo para o meio do salão,
começando a dançar no ritmo lento e sensual da música I
see red. Em menos de dois segundos Dylan e Henry me
cercaram, o calor e a eletricidade cresceram tomando conta
do meu corpo.

— Tem noção de como é gostosa? — Dylan murmurou rouco


em meu ouvido, neguei de olhos fechados.

— Muito gostosa, princesa. — Henry deixou um beijo em


meu pescoço.

Dylan me beijou apaixonado, sua língua exigente invadindo


minha boca. Não sabia em quem me concentrar, talvez
fosse pelo efeito da bebida,mas tudo estava intenso demais.

Quando separamos nossos lábios, os dois seguraram minha


mão e me arrastaram de lá, a casa estava mergulhada no
completo silêncio, fui prensada na parede por dois corpos,
meus lábios foram esmagados com violência, não tive
tempo para respirar porque assim que Dylan afastou seus
lábios dos meus, Henry me reivindicou para ele.

Subimos as escadas eufóricos, as roupas dos gêmeos foram


ficando pelo caminho.
— Essa noite, você é nossa e de mais ninguém. — Dylan
falou de forma possessiva, fazendo meu tesão aumentar
dez vezes mais.

— Não só essa noite, você é nossa para sempre e agora é


oficial, você não pode mais fugir pequena.

Ele se afastou abrindo a porta do quarto, e fui arrastada


para dentro dele. Henry desceu o zíper do meu vestido,
senti o tecido deslizando pelo corpo, a pele arrepiando sob a
brisa fria que entrava pela janela aberta, fazendo com que
meu corpo se arrepiasse. Ele me devorou com o olhar antes
de envolver meu cabelo em sua mão aproximando nossas
bocas.

— Você me fez descer no inferno nesses últimos meses. —


murmurou rouco — Não sabe como eu quero estar dentro
de você. Principalmente depois de te ouvir transando com
Dylan todos os dias. — ele mordeu meu lábio, arfei excitada.

— Vai me castigar, Henry? — devolvi a mordida.

Dylan riu em algum lugar do quarto, procurei por ele


encontrando-o sentado em uma poltrona totalmente nu, sua
mão envolta ao redor do pau grosso e cheio de veias,
subindo e descendo. Aquela cena me fez salivar, eu queria
os dois, era louca pelos dois. Já estava ardendo de
desejo,sentindo o pulsar no meio das pernas. Sem desviar
os olhos dele, desabotoei o sutiã retirando-o, depois deslizei
a pequena calcinha, deixando ela cair no chão, o safado
passou a língua nos lábios me fazendo pulsar ainda mais.

— Ela quer ser castigada, irmão. Dê o que ela quer, Henry.

A mão de Henry rodeou minha cintura, a outra espalmou


embaixo da minha bunda, descendo até minha coxa me
dando apoio e bem lentamente subiu minha perna, fazendo
seu pau roçar na minha entrada encharcada.

— Eu não vou ser bonzinho, Fernanda. — disse baixando a


cabeça e mordendo levemente o bico do meu seio.

— Não seja, Henry, por favor. — pedi manhosa beijando seu


maxilar.

Ele soltou minha perna andando comigo até a cama, subi


nela sem deixar de olhar para ele. Henry ainda ficou em pé
analisando meu corpo. Lentamente ele veio até mim, prendi
a respiração, sua mão subiu até encostar em minha entrada
dolorida, seu dedo deslizou com facilidade pela fenda
molhada, me estimulando por alguns segundos, porém,
cedo demais Henry retirou o dedo levando até os lábios
passando a língua, sem desviar o olhar ele me penetrou,
meu corpo inteiro arrepiou, minha boceta latejava
apertando seu pau. Um calor se espalhou por todo meu
corpo, cada estocada bruta que ele dava me fazia delirar.
Ele não foi gentil, foi do jeito que eu queria, forte, bruto,
tomando posse daquilo que era seu. Meus gemidos
encheram o quarto, misturados com a batida dos nossos
corpos. Dylan se aproximou quando nossos olhares se
encontraram.

— Eu quero essa sua boca gostosa no meu pau. — A cama


afundou com o peso dele.

— Dy-lan — gemi alucinada a ponto de explodir.

Ele se ajoelhou próximo ao meu rosto segurando minha


cabeça, lentamente passou o pau lambuzado pelo pré-gozo
na minha boca.

— Chupa Nanda.
Obedeci, deslizando a boca por toda sua extensão o
máximo que consegui, provoquei passando a língua na
cabeça vermelha, ouvindo-o gemer, fui subindo e descendo
bem devagar. Resolvi provocar um pouco mais, contrai
minha boceta segurando Henry lá dentro, ele ficou tenso na
hora e se retirou de mim.

— Quer me enlouquecer safada? — perguntou segurando


meu pescoço e virando para ele. — Se continuar me
apertando assim, não vou conseguir me controlar.

— Continua, Henry. — ele negou com a cabeça sorrindo


querendo me castigar.

— Dylan…

— O que você quer, meu amor?

— Quero você. Me fode, Dylan.

Ele sorriu safado, mas não se moveu, então tomei as rédeas


da situação, empurrei seu corpo musculoso na cama e
montei nele, desci lentamente rebolando, ele gemeu rouco,
espalmando a mão grande em minha bunda.

Continuei minha tortura doce vendo-o perder o controle


embaixo de mim, apertei seu pau diversas vezes, ele
praguejou segurando minha cintura, se movendo com mais
força. Arqueei as costas sentindo a eletricidade se espalhar
por meu corpo, me movi de encontro a ele gemendo mais
alto, a boca quente de Henry tomou a minha abafando os
gemidos. Eu queria os dois, precisava dos dois. Mas ia
aproveitar o máximo de cada um primeiro.

— Fica de quatro Nanda. — Dylan ordenou com a voz rouca.


Sai de cima dele obedecendo.
Ele se posicionou entre minhas pernas, voltando a me
penetrar forte. Henry ficou de joelhos diante do meu rosto,
cada estocada que Dylan dava fazia meu corpo balançar e
queimar pelo desejo intenso. Henry segurou meu cabelo
guiando minha boca até sua ereção, por uns momentos
deixou que eu tivesse controle, porém logo ditou o ritmo
entrando e saindo com força, batendo em minha garganta.

Os gemidos dos dois inflamava ainda mais meu desejo por


eles, parei de chupar o Henry quando meu corpo tremeu, e
meu ventre se contraiu. Dylan diminuiu o ritmo mas não
parou, olhei para ele, o maxilar trincado tentando se
controlar, os olhos nublados pelo desejo. Gemi seu nome,
rebolando descaradamente contra ele.

Senti a ardência na bunda quando recebi um tapa, seguido


por outro e ele parou, me puxando para ficar em pé. Minhas
pernas tremiam então me apoiei nele. Dylan voltou a me
beijar, de forma urgente, a mão livre subiu minha perna e
ele voltou a me penetrar.

Logo as mãos de Henry tocava meu corpo também,


descendo até tocar onde ele queria, virei o rosto
encontrando sua boca quente, a língua duelou contra a
minha. Dylan parou descendo a boca até meu peito
sugando, lambendo, me provocando. Senti o pau de Henry
me penetrando, separei meus lábios dos seus fechando os
olhos, tentando me acostumar com a invasão.

— Devagar, por favor. — pedi sentindo a ardência, minha


boceta voltou a pulsar desesperada.

Dylan foi o primeiro a se mover, logo a ardência foi


esquecida e eu me movia freneticamente no meio dos dois.
Nossos corpos suados se chocando, causando um misto de
emoções.
Gemi sendo arrebatada novamente, meu corpo tremeu,
fiquei mole, presa no meio dos dois que continuaram as
investidas rápidas e fortes. Tomei o controle do meu corpo,
voltando a me mover.

— Porra, Nanda! Assim não dá, ragazza. Fica quieta! —


Dylan retrucou, levantei a cabeça olhando em seus olhos.

— Que graça teria? — ele encaixou o rosto na curva do meu


pescoço, soltando o ar. — É tão gostoso ter vocês dois
dentro de mim. — elevei o braço segurando o pescoço do
Henry. — os dois aumentaram as investidas ao mesmo
tempo. — Eu amo vocês dois.

Eles gozaram ao mesmo tempo, ficamos parados um


tempo,tentando acalmar nossos corações que batiam
descompassados. Com cuidado se retiraram de mim, de
olhos fechados continuei apoiada em Dylan, enquanto
Henry me abraçava por trás, deixando beijos em meu
ombro, minha mão aí da pousava em seu pescoço.

— Por mim eu ficaria assim com você a noite inteira,


ragazza. Mas precisamos tomar banho.

— Não cabe nos três dentro do banheiro. — protestei.

— Cabe sim, preguiçosa. Vem. — Abri o olho e os segui.

O banheiro era enorme, em tons escuros, com uma


banheira de hidromassagem fixada próximo a janela
enorme. Entramos no box, Henry abriu a válvula e jorrou
água dos dois lados do banheiro.

O banho foi quente, o vidro embaçado do box foi


testemunha do nosso desejo. Nunca me cansaria de estar
com Henry e Dylan, era perfeito como nós nos encaixamos,
como se tivéssemos sido feitos sob medida para nos
completar, três almas diferentes, três mentes insanas, três
corações que sempre bateriam no mesmo ritmo.

Ali nos braços de Dylan e Henry, eu não era o Don, não era
a hacker, tão pouco eles eram mafiosos. Ali nós éramos
apenas Dylan, Fernanda e Henry, e assim seria para todo o
sempre.

😢😢
Epílogo

Dylan

Alguns anos depois…

Estava sentado no meu escritório em casa, esperando uma


ligação da minha pimentinha, era assim que eu ainda
chamava Alessa, mesmo ela já tendo crescido e se tornado
uma mulher linda, forte e determinada assim como a mãe.
Alessa se encontrava na Alemanha, casada com Aaron
Hoffmann, minha filha acabou vendo o que não devia em
suas escapadas noturnas e sua cabeça foi posta a prêmio,
foram dias terríveis, uma verdadeira caça às bruxas, um
mar de sangue, para enfim podermos respirar aliviados.

Os anos se passaram, eu já não era mais tão jovem, pelo


rosto algumas rugas, mesmo que quase imperceptíveis, se
faziam presentes. Sorri ao lembrar que minha ragazza
adorava fazer piada dos fios brancos que enfeitaram minha
cabeça, a danada vivia provocando, dizendo que Henry e eu
éramos velhos.

Muita coisa mudou em nossas vidas no decorrer desses


anos. Henry, Fernanda e eu fomos e somos muito felizes.
Três anos depois do nascimento de Lucca e Matteo,nossa
ragazza deu a luz a Rocco, nosso caçula, que foi recebido
pelos irmãos com muito entusiasmo. Apesar de sermos
pessoas ruins pelo olhar da sociedade, os quatro cresceram
cercados de amor, envoltos em uma bolha, até quando deu,
porém todos de alguma forma se envolveram com os
negócios da família na vida adulta. Rocco, assim como
Alessa também sofreu na pele por ser um Spencer, o
resultado disso é o pequeno Vincenzo, por quem meu filho
caçula vive e morre, mesmo sem a presença da mãe, meu
neto é cercado por pessoas que o amam.

As organizações cresceram atraindo ainda mais inimigos,


por esse motivo, Henry e eu começamos a treinar Lucca
para se tornar o próximo Don, caso alguma coisa desse
errado,Matteo e Rocco também passaram pelo mesmo
treinamento, afinal precisávamos deixá-los preparados para
qualquer coisa que viessem a enfrentar.

O grande problema estava em Juarez González, o chefe de


um dos cartéis mexicanos, que se estabeleceram na Itália.
O desgraçado ajudou Mikhail quando ele sequestrou Alessa,
mas precisávamos de provas para acusá-lo. Travamos uma
guerra silenciosa, onde os dois lados estavam perdendo,
toda vez que uma carga nossa era roubada, atacávamos
seu cartel e ele perdia mil vezes mais. Porém a
oportunidade chegou, quando a Nanda contratou um novo
soldado, e com ele veio todas as informações, documentos
e provas contra o infeliz do Juarez, e muitas informações
sobre A dama de Aço, a narcotraficante mais temida do
México, alguém a quem não precisávamos como inimigo,
por isso todas as informações foram postas em um pendrive
e guardado na ALMR Technology, a maior empresa
tecnológica da Itália que pertencia a Nanda, ou melhor
dizendo, a Electra.

Me servi de uma dose de Whisky, levantando da cadeira e


seguindo até a janela para olhar o Jardim, acendi um
charuto dando a primeira tragada, no mesmo instante meu
celular começou a tocar insistente. Na tela, a foto da minha
amada, abri um sorriso ao atender a chamada.

— Dylan, invadiram a empresa e roubaram o pendrive que


contém as informações sobre aquele maldito do Juarez. —
ela parecia correr enquanto falava comigo,antes dela
terminar ouvi um tiro. — Que inferno! — praguejou.

— Nanda? Você está bem? — perguntei já seguindo para a


garagem pegando a chave do meu carro.

—O desgraçado ainda está aqui. — ela atirou de volta. —


Era para o seu filho fazer a segurança hoje, Dylan. O
homem entrou porque não tinha ninguém vigiando, e
explodiu a porra do cofre. — não queria estar na pele do
Lucca neste momento.

— Onde você está? — perguntei entrando no carro e saindo.

— Nas escadas, Dylan. Ele está subindo para o heliporto. —


mais tiros foram ouvidos.

— Onde está o Henry?

— Lá embaixo, contabilizando o estrago. Percebi uma


movimentação estranha e resolvi verificar.

— Estou chegando, tome cuidado.

Uma sequência de disparos foram ouvidos antes do telefone


ficar mudo, acelerei desviando dos carros, pegando o
caminho mais curto até a empresa . Assim que cheguei na
porta da empresa pude constatar o estrago, as portas de
vidro estavam arrebentadas, alguns carros de polícia
parados em frente com a sirene ligada, pessoas saindo de lá
de dentro com um pano no nariz, provavelmente por causa
da fumaça que saia de lá de dentro.

Avistei Space e Pacman conversando com Delano, ambos


com um tablet na mão, andei até onde estavam.
— Onde está a Nanda? — fui curto e grosso, não tinha
tempo para amenidades.

Eles não tiveram tempo para responder pois ouvimos tiros


vindo da cobertura e um som de helicóptero encheu o ar.
Delano e eu trocamos olhares significativos, sacamos as
armas correndo para o interior do prédio. Lá dentro, o caos
estava instalado, monitores quebrados, fumaça, portas
arrebentadas, pulamos os objetos no chão desviando das
pessoas que buscavam a saída.

Subimos as escadas de dois em dois degraus, antes de


alcançarmos a porta de saída, ouvimos passos apressados
vindos de cima, paramos apontando a arma no mesmo
instante, era ela com cara de poucos amigos. Os cabelos
agora um pouco mais curtos do que costumava usar,
estavam bagunçados, Nanda se cuidava muito bem, assim
como Henry e eu, e não aparentava a idade que tinha.

— Fugiu, Dylan. Aquele desgraçado conseguiu fugir. — A


frustração era visível em sua voz. — Eu juro que desta vez,
o Lucca não vai sair ileso. Chega!

— Além do pendrive, ele levou alguma coisa?— Delano se


adiantou.

— Não, mas se esse infeliz, acha que pode entrar aqui, me


roubar e sair como se nada tivesse acontecido, ele está
muito enganado.

— Tem um rastreador no pendrive. Não tem? — perguntei


enquanto andávamos de volta até o térreo.

Ela parou franzindo o cenho no final da escada, depois


sorriu e literalmente se jogou em mim, apertando os lábios
nos meus.
— É por isso que eu te amo, senhor bonito. — Delano
pigarreou constrangido. — Vem, vamos ver para onde o
desgraçado tá indo.

Seguimos até a sala onde ficavam os computadores dela,


três telas enormes com um monte de eletrônicos que eu
não entendia para que servia, e uma inteligência artificial,
que precisa aos comandos dela. Nem entramos na sala, e
Nanda sentou na cadeira arrastando-a, seus dedos
digitavam rápido, até que um ponto vermelho surgiu.

— Damon, me dê a localização exata do pendrive.

— Segundo meus cálculos, Electra, o helicóptero está


seguindo para o México. — a voz robótica encheu o espaço
— A probabilidade de fazer um desvio é de zero vírgula zero
zero zero zero um por cento.

— Filho da puta! — ela se recostou na cadeira.

— Vou reunir os soldados, ragazza, vamos até lá. — fiz sinal


para o loiro que observava da porta.

— Não! — seu olhar encontrou o meu — O Lucca vai.

— Tem certeza?

— Tenho. Está na hora dele assumir suas responsabilidades


com a organização. — suspirou encostando os dedos na
testa — Pode ir Delano, você vai falar com os repórteres.
Cuide para que eles não descubram o que aconteceu aqui.
— o homem concordou com um aceno de cabeça e saiu.

Ela se levantou segurando minha mão, juntos fomos atrás


de Henry. Precisávamos primeiro abafar a situação, não
queríamos os olhares da mídia sobre nós, caso contrário a
identidade da Nanda viria à tona, e os repórteres como
abutres que eram, já se aglomeravam em frente a ALMR
Technology.

****

— Onde você estava, quando precisamos de você? — a voz


da Nanda saia contida, ela estava se controlando para não
explodir com Lucca.

— Eu tive um encontro, mamãe. — a voz grave do nosso


filho pareceu desconfortável.

Lucca se mantinha calmo, contudo todas as vezes que sua


mão corria pelos cabelos negros, e cerrava o maxilar
demonstrava seu nervosismo.

— Fomos roubados Lucca e você estava em um encontro? —


ela riu e se levantou de onde estava sentada. — Você e seus
irmãos sabem que a prioridade não são os encontros, Lucca.
As informações contidas naquela porra daquele pendrive
eram importantíssimas. Você entende isso?

— Entendo, e é por isso que eu vou recuperar ele, mamãe.


— Troquei olhares com o Henry que tinha ficado quieto até
agora analisando a situação. — Sozinho. — acrescentou.

— Não acho que seja uma ideia meu filho. — Henry se


aproximou.

— Você não vai sozinho. — Matteo se pôs ao lado do irmão,


arrumando o cabelo castanho, que estavam desgrenhados,
os lábios grossos formavam uma linha rígida. — Eu também
vou, e nem adianta tentar me impedir, ok?

Nanda analisava a situação, eu sabia que ela pensava em


água, quase dava para ver as engrenagens trabalhando.
Rocco, falava com alguém ao telefone. Sempre sério, com
tatuagens espalhadas por todo o corpo, botava medo em
qualquer um. Guardando o celular, o caçula virou, os olhos
verdes demonstravam determinação.

— Eu também vou.

— Não, não vai. — Lucca se alterou ao encarar o irmão. —


Você tem o Vince, não vou ficar de babá para você em uma
missão.

— Eu já sou bem grande para tomar minhas próprias


decisões, Lucca. — o caçula levou a mão tatuada até o
queixo. — Isso não está em discussão.

— Tudo bem, já chega! — Nanda se aproximou onde todos


estávamos parados. — Vocês três vão, alguns soldados irão
acompanhar vocês também, sem negociação, Lucca. —
levantou a mão parando o mais velho de falar alguma coisa.

— Tudo bem, prometo não decepcioná-la ainda mais


mamãe. — Lucca suspirou derrotado.

— Nenhum de vocês me decepciona, Lucca. Mas se quer ser


o Don, tem que levar isso aqui a sério. Qualquer descuido,
resulta em morte, meu amor. — ela deu um beijo no rosto
dele e fez a mesma coisa com Matteo e Rocco. — Se
cuidem, tá bom? Enviarei as coordenadas assim que vocês
embarcarem para o México.

Os três se despediram e se foram, assim que a porta se


fechou, nossa ragazza soltou um suspiro olhando para mim
e para o Henry.

— Vamos ligar para Juarez. Precisamos ter um plano B, caso


as coisas dêem errado.
— Não confia nos nossos filhos, princesa? — Henry andou
até ela abraçando-a por trás.

— Confio. Mas não sabemos com quem estamos lidando,


Henry. Nem sequer sabemos se essa pessoa foi má dada
pelo Juarez. E estamos tendo muitas baixas, os associados
estão inquietos, aquele roubo de dados na Interpol,
colocaram todos atrás de mim novamente. Precisamos
acalmar as coisas, deixar a poeira baixar, para agir de
cabeça fria.

— Se você acha que isso vai dar certo, tem meu apoio,
ragazza.

— Tem que dar. — ela fechou os olhos distraída com os


beijos que o Henry dava em seu pescoço.

Sorri, porque apesar dos problemas, ela já estava entregue,


lentamente me aproximei, olhando no relógio. Ainda
teríamos tempo até os meninos desembarcarem no México.

— Você está muito tensa, ragazza. Não pense nisso agora.


Deixe os meninos resolverem as coisas primeiro. Eles
merecem um voto de confiança — Beijei próximo a sua boca
arrancando um sorriso sacana do rosto dela — Afinal, foi
para isso que treinamos eles, certo?

— Vocês se tornaram pais maravilhosos, sabiam? Obrigada


por estar sempre ao meu lado. Eu amo vocês dois. E amarei
para todo o sempre. — Henry sorriu apertando ainda mais
os braços ao redor dela.

Antes de responder a Nanda, observei seu rosto por um


longo tempo, absorvendo cada detalhe, a pessoa que me
levou do inferno ao céu diversas vezes, por quem eu quis
viver e morrer, aquela que chegou como um furacão,
derrubando o muro que eu tinha construído ao redor de
mim. A hacker, que além de alguns dados da Viper, roubou
também meu coração. Segurei seu rosto trazendo para
perto do meu.

— Para todo o sempre meu amor.

O que o futuro nos reservava, não sabíamos. Tão pouco, o


que era reservado para nossos filhos. Talvez, Lucca não
gostasse da decisão que seria tomada, mas era para o bem
dele e da organização. Era preciso que ele trilhasse seu
próprio caminho, ele teria que ser de aço para reger Viper e
Pozhar, teria que ser o Don que todos esperavam que fosse,
ou como ele gostava de ser chamado nas missões que foi
enviado, Don Ricci.

Fim

Chegamos ao fim dessa história 😢


Gostaria de agradecer imensamente por cada leitor
que chegou até aqui. Quem sorriu, chorou, sentiu
raiva e se emocionou comigo. Quem torceu pela
Nanda, Dylan e Henry ( ou nem tanto kkkkkk) Vocês
não sabem o bem quem fizeram, jamais imaginei que
meu livro fosse alcançar tantas pessoas. Obrigada
leitoras pela paciência.

Vocês tem meu coração ❤️

O livro passará por revisão em breve.

Obrigada robertaSamir por aturar meus surtos 😁.


Don Ricci começará a ser postado em janeiro, caso
queiram continuar comigo nessa jornada.

É isso, se cuidem, bebam água, usem máscara 💜💜

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