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Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos, são produtos de
imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer
meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora. A violação dos direitos
autorais é crime estabelecido pela lei nº. 9.610./98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Beijos, Vic.
Preparei uma Playlist com muito amor desse livro, pensando em cada ceninha dos nossos queridos
personagens, espero que gostem.
Para ouvir a playlist de “Escolhida para o Milionário” no Spotify, abra o app no seu celular,
selecione buscar, clique na câmera e posicione sobre o code abaixo.
Assim que desliguei o telefone, senti algo que fazia tempo que não
sentia. Medo. Medo do que iria acontecer nos próximos dias, de como seria
minha vida agora, medo de absolutamente todo esse cenário novo e
desconhecido em minha vida. Minha mãe havia acordado, fiquei pasma ao
vê-la caminhando na sala, estava alegre e cheia de energia hoje. Estava
bonita e cheia de vida. Era completamente chocante e milagroso ver sua
recuperação de um dia para o outro. O câncer ainda estava ali, mas ver a
imagem dela daquela forma, era como se nunca tivesse existido. Ela correu
para me abraçar.
— Ah, Daya! Estou me sentindo CURADA — disse, me apertando
em seu abraço. — Me sinto tão bem, tão feliz, forte como um touro. Ligue
para seu chefe e agradeça por ter mandado esse médico. Aquele médico não
parecia ser daqui tudo era tão fino e avançado. Todo aquele equipamento, os
medicamentos fizeram um efeito em mim que não imaginei que seria
possível.
Senti um aperto no coração. Eu tive que mentir para minha mãe,
disse que havia pedido ajuda para o meu ex-chefe, e como ele havia me
mandado embora e sabia da situação crítica de minha mãe, enviou um
médico para ajudá-la para não me deixar completamente na mão, já que fui
uma ótima funcionária. Eu tive que mentir. Ela jamais poderia saber a
verdade.
— Não importa de onde o médico é, mãe, o senhor Fênix disse que
faria o melhor para me ajudar, e ele fez. Olha como você está,
completamente radiante e maravilhosa. — Segurei o rosto dela e dei um
beijo em sua testa. — Mas, mãe, precisamos conversar...
— O que houve, Daya? — perguntou preocupada.
— Crianças, por favor venham... — chamei Mylo e Olivia. —
Preciso falar com vocês três juntos não tenho muito tempo.
— O que aconteceu, minha filha? São más notícias?
Talvez.
— Eu consegui um emprego, o senhor Fênix tem um ótimo contato
e me arranjou um emprego em outra fábrica, porém fica bem longe daqui,
sabe? Vou ter que fazer uma viagem um pouco longa. Mas não vou
desamparar vocês. Você vai continuar recebendo o atendimento médico, e
eles vão me dar um dinheiro adiantado para ajudar vocês, crianças esse ano
terão presentes de Natal e uma deliciosa ceia.
Mylo e Olivia comemoraram, e vieram correndo me abraçar, aquela
felicidade em seus olhos valia ouro para mim. Minha mãe que não parecia
muito feliz, as crianças eram inocentes e para elas estava tudo bem. Mas
minha mãe parecia sentir que se tratava de uma viagem sem volta.
— Filha... mas você vai voltar para ficar com sua família, certo? É
só por um tempo isso? Para onde vão te levar? Não entendo...
— Não precisa entender, mãe — disse um pouco alterada, largando
as crianças. — Eu disse que iria dar um jeito, não ia? Não faça muitas
perguntas, por favor. O importante é que a senhora tenha saúde para cuidar
das crianças, e o resto eu resolvo.
— Tudo bem... — falou cabisbaixa. — Ao menos vamos
comemorar hoje, vou preparar um almoço delicioso, faz tanto tempo que
não cozinho, que saudade da minha cozinha.
— Viva! Mamãe vai cozinhar — comemorou Mylo.
— Hmmmm, estou morrendo de fome. — Olivia colocou a mão na
barriga.
— Já para o banho, crianças, se lavem bem que hoje o almoço será
especial — disse minha mãe, com um sorriso de orelha a orelha.
Fiquei paralisada vendo aquela cena, e como seria maravilhoso fazer
parte de tudo isso. Por um segundo senti uma felicidade imensa dentro de
mim, minha família feliz estava de volta. Ver minha mãe tão bem era
maravilhoso e recompensador, mas em seguida ouvi o barulho da buzina
anunciando que o carro havia chegado. O carro que Ana avisou que
mandaria e o fim de um ciclo, e a sentença do meu novo destino.
— Não vou poder ficar para o almoço — avisei com os olhos
marejados. — Preciso ir agora, estão me esperando.
— Como assim precisa ir? Agora? Mas, filha... eu mal me recuperei
e você já vai? Avise para eles que hoje não pode, é só um dia eles vão
liberar.
Se ela soubesse do que se tratava, eu não tinha mais um dia. Não
tinha mais nada para falar a verdade. Da noite para o dia eu havia me
tornado uma mercadoria, e uma mercadoria só obedece.
— Não posso, mãe. Eu preciso ir agora! — declarei, colocando a
mão em seu ombro. — Cuide das crianças, dê um beijo nelas, eu não gosto
de despedidas, sabe? Prometo que assim que der, eu venho visitar vocês.
— Daya... Está tudo certo mesmo? É seguro? Você não vai levar
suas roupas? Filha, desculpe minhas palavras duras ontem, você se sentiu
pressionada, né? Estou com uma sensação estranha no peito agora,
geralmente quando me sinto assim é porque algo vai acontecer.
Você tem razão, mãe. Algo realmente vai acontecer, mas disso você
não precisa saber.
— Para onde eu vou, não irei precisar das minhas roupas velhas.
Sempre fiz as coisas certas, mãe, e sempre por vocês, lembre-se disso. Não
precisa se preocupar. Prometo que assim que puder, venho visitar vocês.
Agora tenho que ir.
— Daya...
Corri depressa até a porta, ao ouvir a voz melancólica da minha mãe
nos últimos segundos. Eu não queria mais ficar ali, não queria mais ter que
olhar nos olhos dela carregando esse peso da minha decisão. Minha mãe
jamais se orgulharia se soubesse a verdade, muito pelo contrário, o desgosto
poderia até matá-la. Desci as escadas com lágrimas nos olhos, e sentindo
uma enorme angústia dentro de mim. Abri a porta do prédio, e lá estava o
carro me aguardando. Era tão belo, porém discreto. Tinha um formato
redondo e era preto com os vidros filmados, eu não conseguia ver quem
estava lá dentro. Fiquei um pouco insegura e receosa, notei alguns olhares
curiosos, os vizinhos me observavam da janela sem entender bem o que
estava acontecendo. Notei alguns cochichos, mas nada disso importava.
Ninguém precisava saber da minha vida de agora em diante.
A porta se abriu sozinha, como um convite dizendo: “Entre logo”,
notei que o banco de trás estava vazio, havia apenas um homem que parecia
ser o motorista no banco da frente. Não tenho escolha, agora minha vida
pertence ao outro lado. E então entrei, sentei-me no banco e a porta se
fechou, o carro deu partida e acelerou. Respirei fundo e comecei a observar
pela janela o lado feio de Greville se distanciar, toda aquela miséria, o clima
pacato e deprimente agora seria somente uma lembrança na minha cabeça.
— Está me levando até a Ana? — perguntei aflita para o motorista.
— Estou te levando para o paraíso, não sei como aguentou viver
tantos anos nesse lugar. Vai gostar do outro lado de Greville... — disse o
motorista.
— Eu não tive escolha — falei quase em um sussurro.
O motorista careca e de óculos escuros, apenas me encarou pelo
retrovisor e não disse mais nada. Porque no fundo ele sabia que era a
verdade, as pessoas do lado pobre da cidade não tiveram escolhas. Depois
que a elite decidiu dividir a cidade e privatizar, perdemos recursos e capital,
e então nos restaram apenas os restos. Contudo, agora, eu tinha a chance de
ter um futuro melhor, de ajudar minha família, só de saber que minha mãe
seria cuidada por um excelente médico, e as crianças teriam até uma babá
particular, isso acalmava profundamente meu coração.
Paige Conner.
O DIA ESTAVA SE ARRASTANDO de uma forma diferente,
estava tentando me concentrar e focar no trabalho, havia tantas burocracias
para ser resolvidas, mas eu não estava conseguindo fazer nada. Confesso
que a visita de Paige e sua proposta me deixou muito intrigado, eu não
parava de pensar nisso. Parei de fazer o relatório que estava fazendo, e
olhei o retrato que estava em cima de minha mesa, o rosto de Elisa estava
tão vivo naquela fotografia, ela estava sorrindo e feliz. Lembrava-me bem,
foi naquela noite que a pedi em casamento. Senti um nó no peito, uma
angústia que não havia fim, a ausência dela estava presente em todo lugar.
Eu juro que já tentei esquecer, me distrair com outras coisas, mas nada
conseguia preencher esse vazio que havia se formado em mim.
Passei os dedos em seu rosto na fotografia, fechei os olhos e por um
segundo me senti revivendo os momentos ao seu lado de novo. Isso não era
justo. Por que duas pessoas que se amam não podem ficar juntas? Por que
a vida a tirou de mim dessa forma? Não havia um dia sequer que eu não me
perguntava sobre isso, confesso que depois de tamanha tragédia me tornei
um homem cético. Que Deus é esse que parece se divertir com nosso
sofrimento? Depois da angústia, vinha a raiva, eu começava a ficar com
aquela sensação de que fui injustiçado, e isso só me deixava cada vez mais
amargurado. Coloquei o retrato na mesa novamente, e decidi que iria
retomar minhas atividades, ficar nesse lamento não iria trazê-la de volta, e
eu tinha um império para comandar.
Quando ia voltar ao relatório, meu calcanhar esbarrou na pasta que
Paige havia deixado comigo, era o contrato, algumas folhas haviam saído
para fora, e despertou ainda mais minha curiosidade. Meu lado racional me
dizia para esquecer, até mesmo jogar no lixo aquele monte de merda, mas
meu lado emocional e carnal queria ver mais sobre. Então, imediatamente
abri a pasta e comecei a analisar o contrato.
Não era um contrato detalhado, ele era simples e objetivo, havia
algumas cláusulas importantes que ressaltei com meu marcador.
É obrigatório que o Sugar CEO arque com todos os gastos de sua
‘”Garota de luxo’’. Isso inclui moradia, alimentação, viagens, passeios,
roupas, maquiagem, cabelo, higiene pessoal, e saúde física.
Garota de luxo: Palavra usada para se referir a garota que foi
escolhida para o Sugar CEO.
O Sugar CEO não terá o direito de escolher a garota que deseja,
para evitar duplicidade ou interesse de mais de um Sugar CEO na mesma
garota. Além de um contrato, se trata de uma experiência. Mas algumas
exigências podem ser feitas, por exemplo: Possuo interesse por garotas
morenas. Possuo interesse por garotas magras.
Soltei um riso nessa parte do contrato, e Paige ainda teve a cara de
pau de me dizer que não se tratava de um prostíbulo. Mas, ok, seguimos...
É proibido que a selecionada engravide durante o período de
contrato, somente após o final dele e mediante a fidelização é permitido.
Caso essa parte do contrato seja infringida, o contrato é desfeito e ela
sofrerá punição.
Santo Deus... essa parte me deixou um pouco chocado, confesso.
Parei para pensar e analisar, essas garotas não podiam engravidar durante o
contrato, porque depois teriam que ser usadas de novo.
O Sugar CEO pode romper o contrato caso não se adapte à
selecionada no tempo estipulado, mediante a uma multa milionária. Por
isso, é importante que esteja ciente de suas responsabilidades.
Era um tópico mais absurdo que o outro, ao final dele havia um
espaço que deveria conter minha assinatura. Confesso que estava um pouco
pasmo ao final da leitura, mas então as palavras de Paige vieram à minha
cabeça, sobre eu nunca ter feito algum tipo de caridade. E era verdade, me
tornei um homem amargo e egoísta, na verdade, minha vida depois da
morte de Elisa girava em torno exclusivamente de mim. Iria encarar essa
situação como uma experiência, onde eu poderia ajudar alguém que
realmente precisava. Eu queria ser útil de alguma forma, e além do mais,
era só durante 1 mês, depois disso, meu ato de abnegação estaria pago.
Estava decidido. Senti meu coração acelerado e assinei o contrato.
Em seguida, peguei meu telefone e liguei para Paige para dar a grande
notícia.
— Ora, ora! Se não é meu milionário favorito. Me ligou cedo, hein?
Aposto que ficou interessado — disse Paige, com o tom de voz eufórico.
— É, você conseguiu me convencer. Já estou enviando o dinheiro
para sua conta, e o contrato já está assinado. Quando a garota chega?
— Você se empolgou mesmo, hein? — Paige riu. — Posso mandá-la
hoje mesmo para você. Vamos agilizar o processo, me envie o contrato por
e-mail, está bem? E fique atento, hoje você irá conhecê-la.
— Ok... sem gracinhas, Paige. Eu a aguardarei ansiosamente.
L. Lancaster
Soltei uma risada ao ler o bilhete. Achei gentil da parte dele, fiquei
me perguntando até que ponto iria essa gentileza, Luca era legal, mas sei
que tinha um lado sombrio, e eu sinceramente espero não o conhecer.
Guardei o bilhete e coloquei a lingerie, depois o vestido e me olhei no
espelho, eu não sabia bem o que fazer com o meu cabelo estava bem
armado e um pouco úmido, então decidi deixá-lo assim mesmo até que
secasse.
Saí do quarto e comecei o meu tour pela mansão do viúvo
possivelmente mais cobiçado da cidade, andei pelos corredores e me
deparei com algumas portas trancadas. Eu era curiosa, mas iria ser discreta
dessa vez. Desci as escadas para ir até a cozinha e a área de lazer, e passei
pela sala, onde pude notar que havia um piano ali. Luca tocava? Ou seria
de sua falecida esposa? Aproximei-me do piano, e comecei a observar, Lisa
apareceu novamente e me viu ali, levei um susto e me afastei do piano.
Bom, de qualquer forma ele não havia falado nada sobre o piano, então eu
não estava fazendo nada de errado.
— Se assustou? — Lisa riu. — Calma, você sabe tocar piano?
— Não, mas adoraria. Ele toca? — indaguei.
— Como um verdadeiro lorde, é magnífico de ver, mas depois da
morte de Elisa, raramente ele toca. Normalmente ele tocava para ela, me
lembro de vê-la sentada no sofá, os dois se amavam tanto, aquela mulher
trouxe luz ao Luca, mas, infelizmente, alguns romances não são feitos para
ser.
— Me desculpa perguntar, não sei nem se tenho o direito de saber,
mas do que ela morreu? Era tão jovem...
— Foi um acidente... — Lisa disse breve. — Mas não diga ao Luca
que te falei sobre isso, ele não gosta de mencionar sobre a morte da esposa
e os detalhes. Ele nunca mais foi o mesmo, só trabalha agora, no fim das
contas vai ser bom tê-la aqui, espero que consiga entretê-lo...
Vai ser difícil.
— Eu também espero... farei o possível para que isso aconteça, ele
já está me ajudando tanto, só irei retribuir.
— Muito nobre da sua parte pensar assim. — Lisa sorriu. — Mas
bom, não quer conhecer as outras partes da casa?
— Claro! Vou continuar o meu tour pela mansão Lancaster.
Senti um balde de água fria, e olhei para trás, ele realmente estava
olhando para nós com uma cara de desapontado. Luca só estava marcando
território. Que babaca!
— Está satisfeito então? Como você foi infantil agora, nem parece
um homem de trinta e um anos. — perguntei zangada e me afastei. — A
comida já esfriou, e eu não gostaria mais de ficar aqui, você poderia me
levar para casa? Não quero fazer parte de uma guerrinha masculina para
marcar território, não me trate como uma mercadoria, você disse que não
iria fazer isso. Se quer me ajudar, comece me tratando como uma mulher e
me respeite.
— Daya, eu... — Luca engoliu em seco. — Estou perplexo! O que
deu em você?
— Nada que você precisa saber, podemos ir embora?
— Claro, vou pagar a conta e podemos ir.
— Ótimo — concordei por último e cruzei os braços.
Por um segundo achei que Luca e eu estávamos tendo um momento
tranquilo, e que ele estava se abrindo comigo e mostrando um pouco de
confiança. Se iríamos ser bons amigos durante os próximos 30 dias, isso
seria bem importante. Afinal, só teríamos um ao outro.
Mas Luca estava vazio demais para isso. E se ele fosse um caso sem
solução?
JÁ ERA NOITE, e eu estava sozinho em meu escritório sentado na
cadeira, girando de um lado para o outro, enquanto pensava em muitas
coisas. Daya ainda estava muito brava, ela não quis conversar comigo o
resto da tarde depois que chegamos, eu não insisti, decidi dar a ela o tempo
que precisava. Essa tarde foi diferente e estranha, em minha cabeça passava
muitas informações, Daya era mais nova que eu, mas parecia ter uma
sabedoria que nos meus trinta e um anos eu não havia conquistado. Por
incrível que pareça conversar com ela me fez bem, comecei a refletir em
alguns pontos. Eu havia me tornado um homem triste e solitário. Sim, era
difícil admitir.
Depois da morte de Elisa, eu acabei desistindo um pouco da vida, só
ficava trabalhando e não fazia mais nada para mim, para me sentir vivo, era
uma monotonia cansativa que eu acabei nem percebendo que havia se
tornado um hábito. Comecei a lembrar dos tempos que saía com Max,
apesar da loucura, nós nos divertíamos demais, e às vezes era bom chegar
trocando as pernas em casa. Lembrei-me do piano, de como era bom tocar e
eu fazia isso antes mesmo de conhecer Elisa, meu pai me ensinou desde
pequeno. Lembrei também, como eu era mais leve antes, mais feliz e me
entreguei de corpo e alma ao luto e não conseguia mais sair disso.
Fiquei me sentindo mal ao ter que assumir isso, eu era orgulhoso e
para um homem assim era quase uma tortura. Fiquei pensando também, eu
não transo há meses. A última mulher que estive foi Paige, e depois acabei
me fechando de novo. Realmente, a situação estava crítica para mim, todo
meu dinheiro e conforto não comprava as coisas básicas. A profunda
alegria de viver. Pensei mais um pouco e cheguei à conclusão de que eu
devia um pedido de desculpas sincero para Daya, eu não queria tê-la feito
se sentir uma mercadoria ou parte de um jogo de ego. Ela me ajudou muito
essa tarde, e eu queria retribuir de alguma forma.
Deixei os devaneios de lado, e saí do escritório em direção ao quarto
dela, eram 21h possivelmente ainda estava acordada. Eu espero que sim.
Fiquei na torcida, e ao chegar em frente, respirei fundo e guardei meu
orgulho no bolso e bati a primeira vez. Ninguém me atendeu, depois bati a
segunda. E então, ela apareceu. Estava usando um roupão branco e os
cabelos estavam presos em um coque. Ela parecia zangada.
— Você? Ah, não... eu não quero conversar.
Daya estava prestes a bater a porta na minha cara, mas eu segurei e
impedi.
— ESPERA! Não faça isso, vim em missão de paz, me escuta,
Daya...
Senti-me ridículo fazendo isso, eu estava na minha casa, e me
sujeitando a uma situação daquela.
— O que você quer? — perguntou com os braços cruzados e
semblante sério.
— Eu vim pedir desculpas para você, acho que fui um pouco
babaca.
— Um pouco? — Daya riu ironicamente. — Você foi MUITO
babaca.
— Sim, eu sei. Não queria ter feito você se sentir daquela forma, eu
não quis te tratar como um objeto, sei que está magoada, mas também quero
te agradecer pelas palavras, você me ajudou a refletir sobre muitas coisas,
sobre a minha vida, e eu vi o quanto eu preciso mudar, estou me
afundando...
Foi bem difícil dizer aquelas palavras, e eu estava dando quase
meia-volta. Mas, quando vi que Daya abriu um pequeno sorriso e parecia
menos armada para ter uma conversa, fiquei esperançoso.
— Eu realmente não esperava por isso, principalmente vindo de
você. Mas não sou rancorosa, Luca. Você está desculpado, acho que seu ego
pode dormir feliz agora.
Ela ainda não acreditava completamente nas minhas palavras.
— E gostaria de te fazer um convite... você me inspirou a tocar de
novo, e quero que assista.
— Isso é sério? — questionou com os olhos arregalados.
— Seríssimo! Vem comigo?
— Claro!
Daya e eu fomos até a sala, e aquele momento seria inédito para
mim, desde o dia em que soube da morte de Elisa, eu nem sequer toquei no
piano. Em certos dias eu vinha aqui e observava, contudo, não tinha
coragem e nem prazer de tocar. Mas hoje me senti inspirado e com um
desejo forte de tocar. Ao chegarmos à sala, Daya ainda me olhava um pouco
desconfiada, mas estava mais tranquila agora, cheguei perto do piano e me
sentei no banco, milhares de lembranças vieram à minha mente, era
inevitável não lembrar.
— Como se sente? — Daya perguntou.
— Nostálgico — respondi tocando em algumas teclas, ecoando um
som. — Você quer se sentar ao meu lado?
— Eu posso? — Ela riu. Ela tinha um sorriso tão bonito, deveria
sorrir sempre.
— Deve. Ou se quiser ficar em pé assistindo, fique à vontade
também. Gosta de música clássica?
— Luca... — Daya respirou fundo. — Esqueceu que sou uma garota
do subúrbio? Não temos acesso a muitas coisas. Eu mal conseguia comer,
quem dirá ouvir músicas clássicas e refinadas.
Que bola fora a minha, como sempre.
— Desculpe...
— Relaxa... O que você vai tocar?
— A minha música favorita, eu que fiz. Foi a primeira música, eu
ainda era um garoto, mas nunca esqueci dela.
— Estou prontinha para ouvir. — Ela sorriu animada.
Depois disso, ajeitei minha postura no banco e meus dedos tocavam
as teclas do piano com maestria, achei que estava enferrujado, mas eu ainda
conseguia tocar modestamente muito bem. Concentrei-me e a música que
eu havia feito quando era criança estava fluindo em minha mente, e sendo
reproduzida em cada nota, eu não conseguia ver muito bem o rosto de
Daya, mas sabia que ela estava sorrindo e gostando do som. Ficamos ali
naquele momento, e eu me sentia à vontade com ela. Eu deixava poucas
pessoas se aproximarem de mim, da minha vida e intimidade, mas Daya era
diferente, ela conseguia fazer eu me sentir à vontade.
Era o começo de uma grande amizade...
MAIS UM DIA NA MANSÃO Lancaster, e eu estava começando a
me acostumar com o ambiente e com aquela experiência. Era manhã, e eu
estava na mesa tomando um delicioso café que tinham preparado. Muita
fartura, pãezinhos, frutas, geleias e sucos deliciosos estavam ao meu dispor.
Eu iria acabar engordando durante esse tempo, porque estava comendo tudo
que nunca tive chance de comer no subúrbio. Meus pensamentos estavam
bem distantes hoje, comecei a lembrar de ontem, da ida inesperada de Luca
ao meu quarto. Quando o vi parado na minha porta, não acreditei, e ainda
mais me pedindo desculpa. Eu não queria admitir, mas fiquei feliz por ter
conseguido ajudá-lo de alguma forma, eu senti, ele só precisava se sentir
confortável e se abrir um pouco, ele guardava muitas coisas e sofria
sozinho. Fiquei pasma, nos conhecíamos há alguns dias e já consegui fazer
uma leitura completa dele.
Lembrei-me da música que ele tocou no piano, como era linda e
sublime, parecia um som dos anjos, tão sensível e intenso. Fiquei com
aquela música em minha cabeça, e me lembrei de sua postura e
concentração, fiquei hipnotizada ao vê-lo ali, tocando lindamente. Eu não
deveria pensar nele assim, com tanto apreço e até um certo desejo. Mas eu
estava pensando. Merda.
— Eu o escutei tocar ontem... — Lisa disse, entrando na cozinha e
se aproximando da mesa do café. — Bom dia, Daya.
Quase engasguei com o suco, Lisa apareceu de surpresa e parecia
que ela estava espiando meus pensamentos, como se soubesse exatamente o
que estava passando pela minha cabeça.
— Ele estava inspirado. — Sorri. — Ainda bem, né? Realmente
você tinha razão, ele toca como um lorde.
— E aposto que você tem influência nisso, estou muito feliz. Eu vi
hoje no semblante dele que está mais alegre com sua chegada, está mudado.
E ele gosta de você, eu só o vi assim com uma mulher... Elisa.
Não brinca.
— Estamos buscando ser amigos, Lisa. E nada mais. Eu e Luca
somos muito diferentes, e eu nem sou o tipo de mulher que ele gosta, e ele
disse que não tinha interesse em mim, desde o primeiro dia. Olhe para
Elisa, e olhe para mim, acha que estou à altura?
Lisa se aproximou de mim, e em seu olhar vi um traço de
maternidade e sabedoria, ela me encarou e com o tom de voz bem calmo
disse:
— Nunca mais diga isso, Daya. Você é linda e preciosa, o amor de
verdade não escolhe cor nem traços, ele é um sentimento puro e verdadeiro
que é ligado pelas energias. Você e Luca se conectam de uma forma tão
bonita, que nem percebem. — Lisa riu.
— Ah, Lisa, você é um amor. Obrigada pelas palavras, mas somos
apenas bons amigos. Eu nem o vejo com outros olhos. Mas agora mudando
de assunto, você tem um telefone para me emprestar? Gostaria de fazer uma
ligação...
— Isso é o que vamos ver. — Lisa soltou uma risadinha. — Claro,
pode pegar o meu, vou sair para te dar privacidade, até mais, Daya!
— Até — disse sorrindo.
Lisa se retirou, e eu estava sozinha novamente. Ainda bem. O
celular dela era bem simples, e pelo que percebi era feito somente para
ligações. Eu tinha o telefone de casa memorizado, e eu iria ligar para lá.
Queria notícia da minha mãe e dos meus irmãos, estava com saudades
deles. Disquei o número e aguardei.
— Alô!
Era a voz da minha mãe. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu
senti um aperto no coração.
— Mãe?
— DAYA? — respondeu minha mãe emocionada. — Daya, minha
filha, é você mesmo? Você não mandou mais notícias, penso em vocês
todos os dias como você está? Como é o seu novo trabalho?
— Como eu estou não importa. Quero saber de você, como vai?
Vocês estão sendo bem cuidados?
— Mas é claro que sim. Estou cada dia mais saudável, seus irmãos
ganharam presentes e estamos vivendo uma vida no subúrbio como nunca
antes. Obrigada, minha filha, sem os seus esforços isso não seria possível.
Esse telefone é seu? Posso te ligar todos os dias?
Quando eu ia responder, ocorreu uma interferência na ligação como
se alguém estivesse falando algo com minha mãe de fundo, eu não consegui
entender muito bem o que estava acontecendo. Contudo, logo em seguida,
outra pessoa entrou na ligação, não reconheci a voz, mas não era minha
mãe.
— Daya?
Era uma voz feminina. Mas eu não conhecia.
— Sim? Cadê minha mãe?
— Eu sou a babá das crianças, Daya, me chamo Melissa, como vai?
Percebi que sua mãe estava falando com você, e preciso pedir com gentileza
que não faça isso de novo. Sua mãe não pode passar fortes emoções e ficar
conversando com você a deixa ansiosa, sabe? E sem contar, que prejudica
também as crianças, eles perguntam sempre de você, sofrem e sentem
saudades, são tão pequenos, não quer que seus irmãos desenvolvam uma
depressão logo cedo, né?
— É claro que não... eu só estava com saudades, e queria saber
como eles estavam.
— Eu sei, eu entendo. Esse processo de ficar longe de quem
amamos é difícil mesmo, mas peço sua compreensão, vou ter que reportar a
Ana e ela dará as instruções para você, por favor, não ligue de novo.
Eu gelei na hora, quando ela tocou o nome de Ana, pensei que isso
poderia ser algo bem negativo para mim, Ana estava com a faca e o queijo
na mão se ela quisesse me cortar da comunidade, minha família toda
perderia os benefícios que estavam recebendo. E eu voltaria à ruína.
— Melissa, por favor, não conte nada a Ana. Eu não vou ligar
novamente, você tem minha palavra, só não conte para ela.
— Tudo bem, Daya. Temos um acordo então? Se acontecer de novo,
vou ser obrigada a contar.
— Temos um acordo. — Eu engoli em seco.
— Então está certo. Fique bem, Daya! E boa sorte.
E a ligação foi encerrada.
Lágrimas escorreram do meu rosto, e eu me senti profundamente
triste após aquela ligação. Era para eu me sentir melhor e aliviada, mas só
me trouxe dor. Agora as coisas iriam ficar ainda mais complicadas, eu não
podia mais ter nenhum contato com minha família, e, possivelmente, nunca
mais iria saber deles. Pensei em Luca, e se deveria contar algo para ele,
pedir ajuda, mas talvez fosse melhor não, ainda não confiava
completamente nele, na verdade, não conseguia confiar em ninguém do
lado da Elite de Greville.
Por ora, a melhor opção era sofrer em silêncio...
APÓS ALGUNS DIAS, Daya estava muito quieta e introspectiva, e
trocou poucas palavras comigo. Resolvi dar esse espaço para ela, afinal, não
gostava que invadissem meu espaço, e também não queria invadir o dela.
Em compensação, eu estava muito bem ultimamente, me sentindo muito
renovado e cheio de vida, estava de bom humor, o que era difícil acontecer,
todos na empresa perceberam, principalmente, minha secretária. Sentia-me
tão bem que decidi fazer algo que não fazia há tempos, chamei o meu velho
melhor amigo para almoçar. Max Thepell, Max e eu sempre trocávamos
algumas mensagens ao decorrer dos dias, mas fazia tempo que não nos
encontrávamos pessoalmente. Max era um cara de bom porte, tínhamos a
mesma altura, porém ele era mais magro. Tinha cabelos loiros espetados,
um estilo meio deslocado não tão formal e nem tão simples. Sua barba era
da mesma cor que o cabelo, e os olhos eram verdes claros. As mulheres o
achavam bonito. Fomos até um restaurante tranquilo, que ficava próximo
ao prédio da minha empresa. E estava sentado à mesa, em uma tarde
ensolarada tomando um delicioso vinho branco, e comendo alguns canapés
para começar.
— Ah, Luca. Confesso que ainda estou surpreso com seu convite, o
que aconteceu, hein? Você está bem diferente.
— Não posso chamar o meu velho amigo para almoçar? Qual é,
Max. Lembra dos nossos velhos tempos? A época da bebedeira, das
mulheres...
— É claro que lembro. — Max gargalhou. — Éramos dois soldados
fortes em combate, mas aí você foi arrebatado pela deusa ruiva da Elisa.
ELE TINHA QUE FALAR DELA. O sorriso e animação no meu rosto
se foi, era um péssimo momento para tocar no nome dela.
— Deixa a Elisa fora disso, acredite, eu não me arrependo de ter
saído dessa vida vazia que você leva para viver com a única mulher que eu
amei, foi a melhor decisão que fiz.
— Ok, ok, Romeu — Max disse ironicamente, mas logo se
arrependeu. — Desculpe tocar no nome dela, você sabe eu sou meio idiota.
Mas agora falando sério, por que me chamou? A gente não se vê há anos, a
última vez que te vi foi na capa de uma revista sobre o império Lancaster.
Era difícil ter que confessar para Max o real motivo de ter lhe
chamado, sentia falta da sua amizade. No fim das contas, Max era o único
amigo que eu tinha. E eu estava cansado da minha rotina monótona.
— Digamos que eu cansei um pouco de estar do jeito que estou, e
estava querendo me divertir.
Max olhou para minha cara e começou a gargalhar.
— Cara, você está transando? Porque parece que você envelheceu
uns dez anos, até o jeito que você está falando meio engessado, cadê o
garanhão de Greville? A propósito, fiquei sabendo que esse ano você está
participando da comunidade que a maluca da Paige representa. — Max
parou e bateu a língua no céu da boca para falar. — Vai me dizer agora que
você é um Sugar CEO?
— Sim... estou participando esse ano para ajudar.
— AJUDAR? — Max riu novamente. — Cara, você tem uma
prostitua particular, mas pelo jeito ela não está dando conta de você.
Senti uma pontada de irritação dentro de mim quando Max disse
prostituta particular, aquilo não me agradou, fiquei imaginando Daya neste
exato momento ouvindo essa colocação, e se sentindo um lixo. E no fim das
contas, ela não era uma prostituta.
— Max... Você não consegue ser menos idiota? Eu não sei como as
mulheres conseguem gostar de você. Não é nada disso que está pensando,
decidi que esse ano faria um gesto de caridade, essa moça que está comigo
eu e ela não temos nada. Absolutamente nada.
Max arregalou os olhos, e eu nunca o vi tão surpreso em minha vida.
Tudo na vida dele girava em torno da sexualidade, então, era de se entender
o espanto.
— Quer dizer que você está com uma novinha gostosa dentro de
casa e não pode fazer nada com ela? Tipo nada? Nem um beijo? E que
história é essa de caridade, Luca? Você nunca foi caridoso...
— É exatamente isso. Eu e ela somos apenas amigos, não acontece
nada. Estou ajudando essa moça, tem noção de como as pessoas no
subúrbio vivem, ela é uma garota sofrida que merece pelo menos uma vez
na vida ser cuidada.
— E você é o Sugar Daddy dela, né? Ou melhor, o Sugar CEO? —
Max debochou. — Olha, eu estou pasmo, Luca! Essa é a história mais louca
que eu estou ouvindo. Realmente você está mudado. Mudado até demais...
você ainda gosta de mulheres?
Agora ele estava me ofendendo.
— Me dê um motivo para não socar sua cara agora, desgraçado... —
eu disse fechando o punho.
— CALMA, CALMA... — Max levantou as mãos. — Eu estou
brincando, Luca. Não quero apanhar de um cara do seu tamanho.
Brincadeiras à parte, acho que já entendi onde você quer chegar, está
desesperado por sexo porque sua garota de luxo é na verdade intocável. E
por isso você me chamou, você quer uma noitada de diversão, igual nos
velhos tempos... já te saquei.
Não era bem isso. Mas era. Eu não teria colocado com essas
palavras, mas Max estava certo, eu realmente queria tudo isso.
— É exatamente isso — concordei.
— Era isso que eu queria ouvir, tem noção de quanto tempo esperei
por isso? Luquinha, Luquinha, prepare-se, essa noite vamos curtir muito.
Comecei a pensar se seria realmente uma boa ideia sair com Max,
mas foda-se eu queria um pouco de liberdade, e ele era a pessoa certa.
Que a diversão comece...
Que comece a noite dos garotos, hoje eu desejo não lembrar nem do
meu nome...
LUCA SE FOI, RUMO ao seu destino da noite com Max, que eu
não sabia bem onde seria e também não era da minha conta. Comecei a
pensar, será mesmo que eu era uma boa conselheira? Fiquei imaginando
Luca bêbado pelas ruas de Greville, ou talvez dando algum vexame, para
um homem como ele isso não era nada bom. Mas ele estava absurdamente
lindo essa noite, sem dúvidas hoje eu vi uma outra face dele, quando entrou
aqui quase fiquei sem ar. Ele estava tão jovem e parecia feliz, diferente da
primeira vez que o vi. Com certeza arrumaria alguma mulher hoje, e
quando eu digo que ele estava lindo hoje, era algo além do externo, era de
dentro para fora.
Dei um sorrisinho ao lembrar, e me senti uma boba, eu estava
conseguindo ajudá-lo de alguma forma e isso me deixava feliz. Pelo menos
minha estadia aqui deixaria alguma marca nele, e eu estava torcendo para
que ele permanecesse assim, mesmo depois que eu partisse. Os dias
estavam passando tão depressa, que sabia que em breve daria o fim dos 30
dias do nosso contrato. Com certeza não seria fidelizado, afinal, Luca e eu
não tínhamos nem contato físico quem dirá um casamento sair disso. E
então após isso, eu seria mandada para outro Sugar CEO. Meu Deus. Essa
era a parte que eu não queria lembrar, com certeza não seria tão “bonzinho”
quanto Luca e aí sim eu teria que virar uma prostituta.
Pensar nisso me deixava mal, eu já não estava muito bem hoje
depois do ocorrido dessa tarde. Estava disposta a contar para o Luca, mas
ele chegou tão animado que eu não queria estragar sua felicidade com os
meus problemas. E ele não tinha nada a ver com isso também. Apanhei o
celular da sacola, era muito bonito, tinha um design fino e prateado, era
bem moderno e parecia ter muitas funcionalidades. Pensei em ser rebelde e
ligar para minha mãe novamente, tentar contato mesmo sabendo que eu
estava proibida, mas eu não ia fazer isso. Não ia brincar com a sorte, porque
isso não se tratava só de mim, era a vida da minha mãe e meus irmãos que
estavam em jogo, se as coisas começassem a se complicar para mim, eles
também sairiam perdendo, e era isso que queria evitar.
Guardei o celular e resolvi deixar para lá. Não me restavam muitas
opções, eu poderia ir dormir, ou ficar aqui na mansão andando de um lado
para o outro. No entanto, eu não estava cansada, e nem com sono, então
decidi que iria sair mesmo. Eu estava completamente livre essa noite.
Lembrei que Luca também estava se divertindo, e ele não seria o único a se
divertir, ficar aqui só encheria minha cabeça de paranoias. Então corri para
o quarto e tomei um banho rapidamente, revirei o guarda-roupa e eram
tantas roupas lindas que eu tinha a meu dispor, que mal sabia o que colocar.
Optei para essa noite, por um vestido vermelho maravilhoso bem colado no
corpo e com um decote sensual. Calcei as sandálias pretas, e deixei o cabelo
solto. Eu não era uma mega profissional em maquiagem, mas sabia fazer
algumas coisas básicas. Passei uma maquiagem leve com um batom da
mesma cor do vestido, olhei-me no espelho e me senti maravilhosa. Eu
estava pronta!
Fiquei deslumbrante com aquele visual e estava pronta para ter uma
noite como uma jovem normal, na cidade de Greville aproveitando um
pouco de tudo que a Elite havia tirado do povo do subúrbio. Solicitei que
Joseph me levasse até o centro da cidade, em instantes eu já estava fora da
mansão.
Eu: Bom dia, Luca! Espero que esteja bem, e já sei que está
atarefado. Estou indo para a sede. Te vejo mais tarde?
Sorri ao mandar aquela mensagem, eu não esperava que ele
respondesse, afinal nunca trocamos mensagens, mas de qualquer forma não
importava. Se algo acontecesse, ele sabia onde me procurar. Surpreendi-me
ao ouvir a notificação na tela, era uma mensagem de Luca. Que rápido.
Luca: Bom dia, Daya! Quero dizer que estou comendo agora
um pedaço do seu bolo, você me deixou viciado não só nele
como no seu beijo. Ana entrou em contato comigo solicitando
o seu número, espero que eu não tenha feito mal em mandar.
Obrigado por me avisar sobre sua localização, gosto disso...
RS
Eu: Fico feliz que tenha gostado do meu bolo, posso fazer
mais se quiser. Gosto do seu beijo também, e posso te dar
muitos outros hoje à noite. Estou quase chegando à sede e
me perguntando o que Ana quer falar comigo, fiquei meio
preocupada.
DEI AS COSTAS e saí da sala sem olhar para trás, eu sabia que
Paige estava muito irritada depois disso. Mas eu era uma garota do
subúrbio, e se ela achava que ia pisar em mim e não receber nada em troca,
estava muito enganada. Eu não ia deixar ninguém da Elite me humilhar,
eles tiraram tudo do meu povo, mas não iam tirar minha dignidade.
Eu não sabia até que ponto era verdade o que Paige havia falado,
mas na dúvida eu iria perguntar direto para fonte, eu queria saber da boca
de Luca sobre isso, entre confiar nela e nele, com certeza eu iria confiar
nele. Que era meu amigo, e estava me ajudando até agora. Senti uma
sensação estranha, eu estava com um pouco de ciúmes, confesso, só de
imaginar os dois juntos, mas tinha consciência de que Luca não me devia
fidelidade. Porém, eu precisava saber quem era Luca Lancaster de verdade,
era o homem maravilhoso que eu estava conhecendo e me apaixonado? Ou
era de fato um cafajeste que só queria brincar com meus sentimentos? Não
sei, mas iria descobrir.
Eu que sempre tive muitas opções a meu dispor, dessa vez estava me
vendo sem escolha.
DEPOIS QUE LUCA foi para o trabalho, fique sozinha na
maravilhosa casa na praia, eu estava me sentindo tão bem e tão feliz,
acordei diferente me sentia mais madura e mais mulher, até mais feminina.
Olhei os lençóis bagunçados, e soltei uma risadinha ao lembrar da noite de
ontem. Foi melhor do que eu imaginava. Sempre que pensei na minha
primeira vez, imaginei algo traumático e que eu só iria querer esquecer, mas
foi incrível.
Luca se controlou bastante, e eu sabia que ele queria ter feito muito
mais coisas, mas foi calmo e devagar e até bem romântico. Ele não queria
me assustar, respeitou meu tempo. E essa atitude fez eu me apaixonar mais
ainda por ele. Meu sentimento estava cada vez mais forte, logo eu que
nunca acreditei em relações amorosas, que nunca coloquei fé em romances,
estava completamente entregue a Luca, e se ele quisesse, ia ter o que
quisesse de mim. Senti um leve medo e frio na barriga, essa situação toda
estava me deixando um pouco fora da realidade, nem tudo era flores, muito
pelo contrário, havia espinhos ao nosso redor, e a qualquer momento eu
poderia sair machucada.
Comecei a pensar sobre o contrato, os 30 dias estavam expirando e
tudo passou tão rápido e estava sendo tão intenso. O que iria acontecer
conosco agora? Estávamos envolvidos, mas eu pertencia a uma comunidade
que no final disso, iria me entregar a outro homem. Queria saber o que Luca
estava pensando sobre isso, estava com medo de me perder? Ou isso para
ele também era incerto? Eu sentia que ele era meu, mas não por completo.
Ainda estava muito preso à memória de Elisa, e isso era um problema. Será
que ele realmente estava nisso tanto quanto eu?
Eram muitas perguntas sem respostas, e todo esse enredo ao nosso
redor fazia eu ficar bem insegura. Tomei um banho, e eu estava sem roupa
aqui, não iria colocar o vestido luxuoso para dar uma volta na praia, então
remexi em uma gaveta de Luca, e achei algumas camisas guardadas, estava
com o seu cheiro e ao sentir era como se ele estivesse perto de mim.
Coloquei sua camisa, e era quase um vestido para mim. E decidi que ia
caminhar um pouco na praia antes de voltar para mansão, queria ter uma
lembrança dela agora na luz do dia.
Sorri ao ver o sol e o céu azul, estava um dia magnífico hoje, todo o
ambiente parecia uma pintura. A praia não estava muito cheia, vi apenas
algumas pessoas andando à beira-mar, outras deitadas em suas cangas
tomando sol, era tudo bem tranquilo. E lá fui eu caminhando com os pés na
areia em direção ao mar, fechei os olhos e comecei a andar para aliviar os
pensamentos conturbados. Sentindo a brisa e a maresia, e torcendo para que
tudo ficasse bem, para que não acabasse de uma forma traumática.
Toda vez que tentava me imaginar longe de Luca, me dava uma dor
no coração, sentia um aperto muito forte e era como se não houvesse um
depois sem ele. Eu não queria outro homem, queria Luca. Continuei a
caminhar, e parei para observar o mar, as ondas estavam agitadas, assim
como esse fardo que carregava em meu coração. Respirei fundo, e fechei os
olhos. Quando abri, percebi que não estava mais sozinha. Levei um susto ao
ver quem estava ao meu lado. Não é possível, o que ele está fazendo aqui?
Era Jeremiah Costello, ao vivo e a cores.
— Eu te reconheci de longe — disse com a voz calma. — Olá!
É muita falta de vergonha na cara. Era nessas horas que via que a
paz, era só um momento, e um momento tão passageiro que sempre vinha
alguém para atrapalhar. Dei alguns passos para trás, e olhei em volta, eu não
estava sozinha ali, se ele tentasse alguma coisa eu iria para cima dele, ou
começaria a gritar desesperadamente. Ser mulher em um mundo tão
machista e cruel é isso, você tem que pensar sempre em como se defender.
— O que você está fazendo aqui? Está me seguindo? — indaguei
irritada.
— Calma, Daya. Não precisa agir dessa forma, estou calminho hoje.
Ele sabe o meu nome. Recordei-me de ontem, e Luca não havia
falado meu nome para ele, e muito menos eu. Então como ele sabia?
— E como você sabe meu nome?
— Eu sei algumas coisas sobre você. — Ele sorriu. — Eu te disse
que fiquei fascinando, quase um amor à primeira vista. Mas não, eu não
estava te seguindo, estava passeando e vi você por aqui, não pude deixar de
te cumprimentar. Está sozinha? Não é possível que Luca tenha deixado
você sozinha aqui, que absurdo.
— O que andou pesquisando sobre mim? — inquiri irritada. — Isso
é assédio e perseguição, saiba que se me tocar de novo eu vou te bater. E se
Luca souber que está procurando coisas sobre mim, ele vai ficar muito
irritado. Vai acabar com você — ameacei.
— E você acha que eu tenho medo dele? — Jeremiah riu
ironicamente. — Luca é um covarde, Daya. Você merece um homem
melhor, alguém que te proteja...
— Eu não preciso da sua proteção, e nem da proteção de ninguém.
Fique longe de mim, Jeremiah.
Jeremiah ficou parado, e eu virei de costas me afastando dele,
caminhando de volta para casa de Luca, ele não me seguiu, apenas ficou
olhando eu me afastar como um lobo prestes a devorar sua presa. Senti um
frio na espinha, Jeremiah tinha uma energia horrível, e só de tê-lo por perto
eu me sentia mal. Algo me dizia para eu tomar cuidado, ele não era
confiável e possivelmente tentaria outros contatos.
Agora eu tinha mais uma coisa para pensar, o que deveria fazer?
Contar para Luca? Ele iria surtar, iria querer ir atrás de Jeremiah e os dois
poderiam brigar de novo, ou com certeza aconteceria coisa pior. Então
talvez, era melhor eu guardar essa informação comigo, há certos segredos
que não precisam ser revelados.
O plano estava em ação. Peguei meu carro e ele era todo filmado,
não dava para ver quem estava no banco de trás. Pedi para Daya se
esconder até atravessarmos o muro. E assim ela fez, saímos depressa e ao
chegar à revista para adentrar no subúrbio, o rapaz que eu subornei estava
lá, ele me viu, e apenas deu uma conferida rápida no carro para ver se eu
estava sozinho mesmo. E me deixou passar, mais fácil do que eu imaginei.
Atravessamos a passagem, e agora estávamos no subúrbio. Eu me
lembro de ter vindo aqui quando era pequeno junto com meu pai, me senti
nostálgico e tive um flashback.
22 anos atrás...
Ele estava por trás disso também, agora era questão de honra fazê-
lo pagar com sua vida...
LEVARAM-ME PARA OUTRO LUGAR, depois de ver o rosto de
Jeremiah, me vendaram novamente, eu não vi e nem ouvi mais nada. Fui
levada novamente às cegas a um lugar desconhecido, agora me encontrava
em um quarto luxuoso do que parecia ser uma casa. Lembrava-me muito o
meu quarto na mansão, fui jogada aqui e trancaram a porta. Era incerto o
meu destino, tudo podia acontecer, e no fim das contas meu sacrifício não
serviu de nada.
Não aguentei mais segurar o choro, e desabei, sentada no chão do
quarto comecei a chorar sem parar, todo o choro que guardei estava
escorrendo pelos meus olhos. Senti medo, angústia e raiva. Eu não consegui
descobrir o paradeiro da minha família, senti que estavam todos mortos
agora. Eu só queria protegê-los e no fim, foi tudo por eles.
A minha última gota de esperança era Luca, ele tinha minha
localização e iria me encontrar, mas eu precisava reagir. Eu que sempre me
senti forte, agora me sentia fraca, impotente e nas mãos de Jeremiah
Costello. Comecei a lembrar do que Luca havia me falado, Jeremiah era um
homem competitivo e queria tudo que era de Luca, não era sobre mim, era
sobre sua obsessão pela vida de Luca e por tirar tudo que ele amava. Foi
assim com a Elisa, e estava sendo assim comigo.
No meio da minha choradeira, ouvi um barulho na porta, tremi e
quase me faltou o ar por um minuto. Era ele? E quando a porta abriu, uma
garota ruiva que eu conhecia bem apareceu. Era Tess. Eu não sei se deveria
ficar feliz ou triste, porque aquele dia ela foi agressiva comigo, me culpou
pelo que estava acontecendo com ela, e ela também poderia querer se
vingar de alguma forma. Tess fechou a porta do quarto, e parecia apreensiva
e nervosa. Ela me viu no chão com o rosto repleto de lágrimas e se abaixou
para falar comigo.
— Não tenho muito tempo, mas, a notícia que você estava aqui
chegou aos meus ouvidos, precisamos fugir daqui, Daya, você está na casa
do homem mau.
— De quem? — indaguei confusa. — Aqui não é a casa de
Jeremiah?
— Sim. — Tess apertou os olhos. — E do pai dele também, Adolf
Costello.
— Espera aí... — falei pensativa. — Então Adolf que comanda a
cidade? Ele que é o misterioso governante?
— Sim — Tess respondeu magoada. — É ele. E eu o odeio com
toda as minhas forças, ele é um monstro, me comprou, e agora sou sua
refém, Daya. Fiquei com raiva de você, porque imaginei que se eu estivesse
com Luca não teria um destino tão cruel quanto esse, mas vejo que somos
iguais, você não é minha inimiga, eles são.
Aquilo acalmou meu coração, Tess não estava mais com raiva de
mim e reconheceu que éramos vítimas de toda essa história. Agora eu tinha
uma aliada a meu favor.
— Tess... Eu fui vendida também para Jeremiah e estou grávida.
Tess arregalou os olhos e parecia querer chorar também, mas
aguentou firme.
— Calma, Daya! Vamos ficar bem, vamos bolar um plano para fugir
daqui.
Eu pensei em contar para ela que Luca tinha minha localização, e
que ele iria nos ajudar. Contudo, não confiava plenamente nela, e não podia
arriscar.
— Vamos... eu preciso de uma ajuda sua, Tess. Se você conseguir,
preciso saber onde está minha família. Paige sabe o paradeiro deles, mas
suspeito que Jeremiah ou o pai dele podem saber também. É só o que
importa agora.
— Farei de tudo para conseguir essa informação para você. — Tess
segurou minha mão.
Sorri ao ouvi-la dizer isso, e quando eu ia responder outra pessoa
entrou no quarto. Um rosto nada amigável e que eu não gostaria de ver
agora. Era Jeremiah. Ele segurava uma sacola na mão, e olhou para Tess
com desaprovação.
— O que você está fazendo aqui? Eu não quero ninguém
conversando com a Daya sem a minha permissão. Você deveria estar com
meu pai.
Tess se levantou imediatamente, ficou bem nervosa, mas manteve a
postura e estava tentando agir como se nada tivesse acontecido.
— Ela estava gritando, fiquei assustada... E vim ver como ela
estava, só isso, senhor Jeremiah. Somente isso. — Tess abaixou a cabeça.
— Hum... — Jeremiah a encarou desconfiado. — Espero que seja só
isso mesmo. AGORA SAIA DAQUI!
— Com licença...
Tess correu até a porta e saiu do quarto, quando ela se foi meu
coração apertou, era tudo que eu menos queria agora ficar sozinha com
Jeremiah, mas que opção eu tinha? Olhei ao redor, e tentei localizar algum
objeto para eu me defender, avistei a janela do quarto, mas era muito alta, se
eu me jogasse iria morrer. Eu estava sem saída. Jeremiah me olhou
encolhida no chão, e começou a falar.
— Ah, Daya... quanta tristeza. Não quero que fique assim, vai se
acostumar com a vida aqui. Eu sou melhor que Luca, mais rico, e modéstia
à parte mais bonito também... vai me dizer que é tão ruim assim isso?
Qualquer garota no seu lugar ficaria honrada.
Com certeza sim. Honrada de ter sido vendida para um sádico. Eu
não poderia estar mais feliz. Eu queria mandá-lo à merda nesse momento,
mas permaneci em silêncio apenas escutando suas palavras imundas.
— Não vai falar comigo? — Jeremiah perguntou, aproximando-se.
— Não torne as coisas mais difíceis do que elas são, se você for boazinha
comigo, eu serei com você também, e posso te levar para ver sua família...
Minha família. Meus olhos se arregalaram, e senti uma adrenalina
em meu corpo.
— Você sabe onde eles estão?
— Mas é claro que sei. A Paige os deixou comigo. E já te disse,
Daya. Se você cooperar, te levo para vê-los, hoje mesmo. Sua mamãezinha
e os irmãozinhos estão morrendo de saudade, sabia?
— Por favor, me leve até eles... — implorei. — Eu faço tudo que
você quiser, só me deixe vê-los.
— Ah, Daya... — Jeremiah sorriu maliciosamente. — Não é assim
que vai funcionar. Primeiro, você vai jantar comigo essa noite, e eu quero
que vista isso. — Jeremiah colocou a sacola na cama. — Aí dentro tem um
lindo vestido, quero te ver vestida nele essa noite, depois te levo para vê-los
e se quiser que isso aconteça de novo, vai ter que dormir comigo essa noite.
Não. Não. Não. Não.
— Jeremiah, por favor...
— Você não disse que ia fazer o que eu quisesse? Então... é pegar ou
largar, menina.
Eu não conseguia imaginar esse homem me tocando, e ele não ia me
tocar. De jeito nenhum eu ia permitir que isso acontecesse. Mas lembre-se
Daya, seja racional. Eu precisava entrar nesse jogo sujo dele.
— Está bem. — Engoli em seco. — Eu aceito!
— Sabia que você era uma garota esperta. Lembre-se, Daya, eu
tenho tudo e quem eu quero. Eu quis você desde o primeiro dia que te vi, e
eu sabia que ia ser minha.
Um flashback cruzou minha memória, a noite que encontrei
Jeremiah na festa, e depois encontrei-o na praia. Ele sempre trazia esse ar
ameaçador consigo, e então me lembrei do quase sequestro na mansão. Era
ele, tenho certeza. Jeremiah estava por trás disso.
— Foi você, né? — eu o acusei. — Foi você que tentou me
sequestrar, não adianta mentir...
— Eu? Eu não, eu nunca sujo minhas mãos. Mas digamos que
mandei alguém fazer o servicinho, você é muito selvagem, hein? Mordeu
um dos meus homens com força, que maldade, Daya!
Eu sabia. Sabia que era ele por trás disso. A obsessão de Jeremiah
não tinha fim.
— Por que odeia tanto o Luca? O que ele te fez? Você mesmo falou
que tem mais dinheiro que ele, então o que você quer? É por Elisa? Ela já
morreu, será que nem assim fica feliz?
A expressão de Jeremiah mudou, havia muita frustração e tristeza
em seu rosto. Ter falado isso despertou algo muito ruim nele. Algo que ele
não queria lembrar.
— Elisa foi o grande amor da minha vida, Daya. Ela era tudo para
mim, até ele aparecer. Ela me deixou para ficar com ele, e eu jurei que
depois desse dia eu iria destruir a vida dele enquanto eu respirasse. Luca
nunca vai ser feliz. NUNCA! — Jeremiah gritou.
— Você não enxerga que está se matando com isso? Você está cego
por seu desejo de vingança, que esqueceu de olhar para si mesmo, Jeremiah,
você nunca vai ser feliz desse jeito.
— EU VOU SIM... — Jeremiah sorriu. — Eu tenho você agora, e
ele não vai te tirar de mim. Isso ele não vai conseguir.
— Eu não sou um troféu para vocês dois, não sou um prêmio da
briga de vocês. Me deixa fora disso.
Jeremiah me olhou furioso e puxou meu braço com força, eu estava
sentada e rapidamente fiquei de pé. Ele me puxou contra seu corpo e rangeu
os dentes.
— Você é minha agora, Daya. Melhor se acostumar com isso.
Eu nunca vou ser sua. A cada minuto que passava eu sentia mais
nojo e indignação desse homem, que deixou ser consumido pela inveja e
vingança. O amor pode ser um obsessor que te cega.
— Agora... — disse, virando-se de costas. — Se me der licença,
tenho coisas para fazer, te espero à noite, minha amada.
Não consegui responder mais nada, Jeremiah virou de costas e saiu
do quarto. Era um homem asqueroso e cruel, se eu tivesse uma arma juro
que atiraria nele agora sem qualquer rastro de remorso. Eu estava trancada
nesse quarto, sem direito à fuga, onde estaria Luca? Ele iria me encontrar?
Algo teria acontecido? Decidi que não poderia contar com isso. Afinal, eu
não era uma donzela em perigo, e garotas fortes contam consigo mesmas.
Era hora de me recompor e unir forças para o que viria.
FIM...
ALGUMAS SEMANAS se passaram, depois da minha noite com
Max, eu não acredito que me rendi aos encantos dele, ainda estava puta
comigo por ter sido tão ingênua, como eu pude acreditar que ele iria querer
algo a mais comigo? Que iria querer algo sério? Max era o cafajeste oficial
de Greville, diziam que ele tinha uma lista de todas as mulheres que já
pegou, e agora eu fazia parte disso. Eu ainda estava magoada com tudo que
havia acontecido, com a sua frieza quando expus os meus sentimentos, mas
estava determinada a tirá-lo definitivamente dos meus pensamentos. Eu já
era uma mulher machucada demais, e não precisava de mais uma ferida.
No entanto, algo estranho estava acontecendo, minha menstruação
estava atrasada e eu tinha enjoos e desejos estranhos diariamente. Não pode
ser. Eu não queria acreditar que era verdade, mas na noite que eu e Max
transamos estávamos tão loucos e bêbados que não nos protegemos, é claro
que isso ia acabar mal. Como eu pude vacilar assim? Não perdi tempo, fiz
um teste de gravidez, seguido de um de sangue para ter certeza, e como eu
imaginei.
Positivo, positivo e mil vezes positivo.
Eu queria tirar Max Thempell da minha cabeça, mas como iria fazer
isso? Em meu ventre eu carregava uma parte sua, uma parte nossa. Porém,
eu não ia deixar isso acontecer, eu iria ter esse bebê e seria sozinha, seria
mãe solo, porque MEU filho não merecia um pai galinha e irresponsável.
Minha vida virou de ponta cabeça...
De mulher independente e solteira, a mãe do filho do cafajeste...
Querido leitor, se você chegou até aqui só tenho a agradecer pela
confiança de conhecer o meu trabalho, espero que tenha se apaixonado pela
história de amor de Daya e Luca, fique à vontade para me dar o seu
feedback sobre a história, positivo ou negativo, sou bem aberta a críticas
construtivas, e espero ter você comigo no próximo lançamento, iremos
embarcar na história de amor de Tess e Max, dois opostos também, mas que
não tem jeito, né? Se atraíram pelas forças do destino, que quando quer
juntar duas pessoas não tem jeito. Peço também que deixe sua avaliação ao
finalizar essa obra, ajuda muito a autora, e também o livro a ganhar
relevância e alcançar mais pessoas. Chegamos ao final dessa jornada, mas
em breve teremos muito mais.
Instagram: @autoraconstance
Tik Tok: autoraconstance
E-mail: autoraconstance@outlook.com
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futuros leitores. Obrigada!
[1]
Cidade fictícia criada para essa obra.
[2]
Comunidade fictícia criada para a história, se trata de um esquema de prostituição e venda de
garotas do subúrbio para milionários da Elite de Greville.
[3]
Sugar CEO é nome dado para os milionários empresários da elite da cidade, que estão dispostos a
pagar para bancar garotas jovens e bonitas em troca de sexo e companhia durante um contrato de 30
dias.
[4]
Lancaster Enterprise é uma empresa fictícia criada para essa obra, atua no ramo do mercado
financeiro
[5]
Nome de loja fictícia criado para a obra.
[6]
Nome do bar fictício, criado para a obra.
[7]
A guerra em Greville foi criada por uma organização de muito poder que reuniu as pessoas mais
ricas e poderosas para a privatização da cidade. Fazendo as divisões das classes, com o intuito de
separar o joio do trigo. O subúrbio só servia para mão de obra, e a Elite controlava tudo.