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Copyright © 2023 Elly Magalhães

Diagramação: Ana Magalhães


Revisão: Não profissional
Capa: Elly Magalhães

Esta é uma obra de ficção.


Seu intuito é entreter as pessoas.
Nomes, personagens, lugares e acontecimentos
descritos são produtos da
imaginação da autora.
Qualquer semelhança com a realidade é pura
coincidência.

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


Meus amores, quem me acompanha desde o
início sabe como esse livro é muito importante
para mim, e para quem não me conhece e não
sabe do rolê kkkk. Esse livro foi lançado antes
como Matteo : "A redenção do mafioso ", mas
decidi reescrevê-lo e fazer algumas mudanças
nele.
Espero que gostem dele nessa nova versão,
tenham uma boa leitura!

Com carinho Elly Magalhães


Está obra é um romance/dark romance leve,
se passando dentro do universo da máfia italiana,
alguns assuntos delicados como automutilação,
pensamentos, suicidas, violência física, violência
verbal, sequestro, abandono parental serão
citados, além de mencionar necrofilia e abuso
sexual.
Eu não compactuo e nem aprovo tais situações.
Leia apenas se estiver confortável com os possíveis gatilhos.
Friends Love
Paixão avassaladora
Capo protetor

Matteo é o rei do submundo e capo da máfia


Mattarazzo. Conhecido por ser um homem
impaciente e sem escrúpulos, Matteo carrega um
trauma cruel do seu passado, sua vida vira de ponta a
cabeça quando ele resgata uma jovem escrava da
máfia russa completamente desnutrida e maltratada.

Ravena foi entregue pelo próprio pai a máfia


russa como uma mera mercadoria qualquer, desde os
onze anos a jovem sente na pele os maus tratos, a
tristeza e a dor, mas no fundo do seu coração existe
uma mínima esperança de que um dia será salva.

Até que a luz no fim do túnel brilha para ela


novamente, ela só não imaginava que tinha sido
resgatada pelo homem mais poderoso da Itália e que
agora ele a faria sua e que mataria os responsáveis
por toda sua dor.

Um amor incondicional surge em meio ao


caos, Ravena é um anjo que foi corrompido pelo
Ceifador.

Afinal, até mesmo anjos podem ser


corrompidos, não é?
Ou busque por " Protegida pelo capo"
Dedico a você que acredita
em finais felizes,
para você que acredita no
amor verdadeiro,
acredita na paz e na redenção.
É para você que já foi quebrado tantas
vezes e mesmo assim se mantém firme
todos os dias. Lembre-se que você é forte
muito mais forte do
que realmente
acha que é.
A sua felicidade e o seu felizes
para sempre chegam quando
menos se espera.
PRÓLOGO

Ravena

Onze anos atrás…

É incrível como nossa vida muda de uma hora para outra, é injusto
como a dor e tristeza parecem tão presentes na vida de quem não merece,
nesse exato momento eu me despeço da melhor parte da minha vida, me
despeço da única pessoa que luta por mim, mamãe partiu de uma forma
muito rápida e me deixou aqui sozinha e desprotegida.
Tento imaginar um mundo diferente onde meu pai e agora a minha
única família se importe o bastante comigo, já que para ele eu sou apenas
um fardo, algo estúpido e sem valor, papai nunca gostou de mim e sempre
fez questão de deixar isso muito claro.
Essas palavras cruéis não deveriam ser ditas por ele, meu pai deveria
me amar e proteger mas não, ele deixa claro com suas ações o quão
desprezível é a minha presença em sua vida.
Agora sinto que tudo piorou de vez com a morte repentina de mamãe
me vejo sozinha com meu pai e Deus sabe o que ele poderá fazer comigo,
me sinto completamente perdida, mamãe me disse antes de partir que eu
devo me manter forte sempre e nunca deixar que os outros tirem os meus
valores, e eu sei que será difícil seguir em frente sem ela, mas pelo menos
irei tentar.

Uma semana passou desde a morte de mamãe e penso diariamente


como a morte deve ser mais interessante do que viver nessa casa, papai
simplesmente deixa todo trabalho pesado da casa para mim, eu sou apenas
uma menina de dez anos que deveria estar na escola, fazendo amigos e
brincando, não deveria estar aqui, mas papai diz que é o meu destino que eu
devo aprender a não desobedecê-lo, e para que isso fique claro ele sempre
me surra como se quisesse fixar sua autoridade sobre mim.
Todas as noites eu vou para meu quarto e espero ansiosamente pelo
dia em que mamãe irá voltar para me buscar, eu não quero ficar aqui com
meu pai, o senhor Giocondo é um homem agressivo e egoísta, além de
beber todos os dias e trazer mulheres estranhas para dentro de casa o pior é
que essas mulheres ficam no quarto dele na cama que minha mãe dormia.

Um mês desde que minha mãe foi morar no céu e eu não aguento
mais apanhar todos os dias, ficar sem comida ou ter que comer lixo que são
as sobras da cozinha, porquê papai diz que esse é o meu castigo, apesar de
não entender ao certo o porque estou sendo castigada eu apenas aceito.

A madrugada era silenciosa e do meu quarto eu podia ver todo o


jardim da casa, por incrível que pareça meu pai estava em casa e parecia
sóbrio o que era no mínimo estranho, mais estranho ainda eram os carros
pretos enormes que frearam bruscamente no jardim, homens enormes
desceram do carro, poderiam ser os amigos esquisitos do papai, era uma
boa hora para trancar a porta afinal esses homens poderiam me machucar e
eu tinha medo, muito medo. Me aproximei da porta e ouvi gritos que
pareciam vir do quarto do papai, me encolhi ao máximo no canto do quarto
até que de repente ela foi derrubada de uma maneira assustadora.
— Olha só o que achamos aqui senhor. — Um homem alto e muito
assustador me olhava de cima a baixo como se fosse me devorar, senti
medo, quis gritar e correr mas ele estava armado. Outro homem ainda mais
assustador quanto ele entrou no quarto, era um pouco mais baixo, ruivo e
tinha um sorriso esquisito, além de ter uma cicatriz no lado esquerdo do
rosto.
— Que olhos lindos! — O homem disse algo em um idioma que eu
não conhecia, mas deduzi ser russo, eu tive vontade de correr para bem
longe, mas o medo daqueles homens me fizeram congelar ali mesmo.
— Façamos um trato Giocondo, esqueço a sua dívida e em troca,
levo ela comigo.
O homem queria me levar com ele, para onde? Meu pai não me deixaria ir,
afinal mesmo não gostando de mim eu era sua filha, ele não poderia fazer
isso comigo, ou será que seu ódio por mim era tão forte a esse ponto?
— Papai? — Chamei por ele que me encarava com nojo, aquela era
a cara que ele fazia sempre eu que o desagradava, eu queria chorar, mas não
choraria na frente deles.
— Então Giocondo? Sua filha tem uma beleza encantadora, nunca vi
olhos dessa cor. Nunca em toda minha vida encontrei uma beleza tão única.
Mamãe sempre dizia que meus olhos eram únicos, e que lembravam
uma ametista, um cristal da cor violeta, no início as pessoas achavam meus
olhos estranhos mas depois eu passei a não me importar. Enquanto isso meu
pai continuava a me olhar, pensativo e os esquisitões permaneciam
esperando respostas, ainda havia um fio de esperança em mim, eu realmente
queria acreditar que papai apesar de tudo não me faria mal.
— Podem levá-la, e não voltem mais aqui.
As lágrimas que eu tanto queria esconder desceram de forma
descontrolada, papai me trocou por uma dívida, ele me tratou como uma
mercadoria qualquer e aqueles dois me levariam para Deus sabe onde.
— Papai! Por favor, não quero ir com eles. — Chorei, me joguei no
chão na esperança de convencer meu pai a não me deixar com aqueles
homens, mas não adiantava.
— Cale a boca sua estúpida, estou cansado de você, irá com eles e eu
nunca mais precisarei olhar na sua cara, nunca mais irei ter uma cópia
barata da Bianca, aquela vagabunda traidora. — Referiu-se a minha falecida
mãezinha.
As palavras dele doíam como as surras de cinto que eu recebia, eu
tinha uma única esperança, mas foi arrancada de mim naquele instante.
— Por favor, eu irei me comportar papai, só não me deixe ir. — Senti
a mão pesada dele no meu rosto, enquanto os homens riam de mim, meu
rosto ardia, minha cabeça doía, eu só queria que isso acabasse, só queria
que esse pesadelo tivesse fim.
— Chega sua idiota, é uma tremenda inútil Ravena, nunca quis ter
uma filha, você é um erro que não deveria ter nascido! A partir de hoje você
irá sumir da minha vida e nunca ouse me procurar.
Senti o esquisitão puxar meu braço até a porta em direção a saída.
— Vamos, meu anjo. — O mais alto dos dois homens me puxou pelo
braço.
— Não, eu não vou com vocês. Por favor, não me levem.
— Oh meu anjo, seu pai fez uma escolha, eu ganhei, e você será
minha, meu anjo de olhos ametista. — Disse o esquisitão da cicatriz.
Sem poder me defender fui puxada pelos cabelos até chegar do lado
de fora da mansão, nesse momento um dos homens me jogou no carro
enquanto o outro me golpeou minha cabeça com a arma.
E assim fui engolida pela escuridão, a partir daquele dia eu começaria
a viver meu inferno em vida.
EPÍGRAFE

Não importa se somos fortes, os traumas


sempre deixam uma cicatriz, seguem-nos até nossas
casas, mudam nossas vidas. Traumas derrubam a
todos, mas talvez essa seja a razão, toda a dor, o
medo, as idiotices. Talvez viver isso, é o que nos faz
seguir adiante, é o que nos impulsiona, talvez
precisamos cair um pouco para nos levantar
novamente.

Grey's Anatomy
CAPÍTULO 01

Matteo

Dias atuais!
Itália

Mais uma noite em claro, me afogando no meu vício, desde a morte


dos meus pais a única coisa que eu sei fazer para me acalmar é fumar até
meu corpo relaxar, era estúpido e ridículo pra caralho, um homem como eu
viver assim, mas que se foda eu realmente não me importo, talvez eu
deveria me importar mas não consigo.
Com apenas vinte anos me tornei capo da máfia Mattarazzo, junto a
isso veio a responsabilidade de criar uma adolescente de quinze anos
sozinho, Antonella era minha irmã caçula uma alegre, determinada e cheia
de opinião, porém eu mais muito mandona e um pouco rebelde às vezes.
Apesar disso, Antonella é uma moça boa e inteligente e havia se tornado a
razão pela qual eu ainda não desisti de toda essa merda.
Na verdade eu tinha sim uma outra razão para não desistir precisava
eliminar Boris Ravielle o líder da máfia russa o desgraçado causador de
toda a dor que eu sentia. Quando eu tinha aproximadamente quinze anos os
capangas de Bóris sequestraram a mim e a minha mãe Estela, e sem um
pingo de remorso Bóris a matou na minha frente, desde aquele dia uma
ferida imensurável abriu-se em meu peito. Desde então comecei a treinar
dia e noite para quando chegasse a hora certa pegaria Bóris e o faria pagar
lenta e dolorosamente pela dor que causou em minha vida.
Para minha sorte, meu falecido pai Vincent sempre foi um homem
íntegro e amoroso com os filhos ajudando no que podia, nos amando e nos
ensinando valores, até seu último dia de vida.
Agora, anos depois, eu me fortaleço ainda mais, conhecido no
submundo como Ceifador ou Coração de gelo, o que não tem pena nem
misericórdia dos seus inimigos, o que mata rindo e gosta de ver o sangue
derramado.

Nem percebi que o nascer do dia chegou e lá estava eu mais uma vez
acordado, sem dormir apenas planejando minha vingança, era isso que
movia meus dias há quase dezenove anos e sei que ela está mais perto do
que nunca, com a ajuda do meu subchefe e do meu consigliere, acabamos
descobrindo por acaso uma espécie de casa de prostituição ilegal de
menores comandada diretamente por Ravielle e sua gangue, agora era
esperar o momento certo para atacar.
Olhei para o relógio em meu pulso e constatei que era hora de
levantar e começar o dia, tomei um banho para me livrar do cheiro de
cigarro já que Antonella era estudante de medicina e vivia me alertando
sobre os perigos causados pela nicotina, coloquei meu melhor terno,
aprendi cedo que se você vai para uma guerra deve usar seu melhor terno,
desci para encontrar com Gabriel e Natanael logo após o café da manhã.
Como Antonella estudava de forma integral ela saia extremamente
cedo e sempre rodeada de seguranças, afinal os perigos eram constantes,
Antonella era vista por todos como a princesa da máfia e um alvo fácil para
muitos inimigos, mal sabem eles que minha irmã é uma excelente lutadora,
habilidosa com facas e adagas de diferentes estilos, mas ainda sim é minha
irmã caçula e meu dever é mantê-la segura.
Mal cheguei no escritório dei de cara com Gabriel, ele já me
esperava, encarando-me com seu sorriso largo e ao mesmo tempo
amedrontador. Gabriel era como um irmão para mim, meu pai o resgatou
em um orfanato na periferia da Itália, lá ele era constantemente maltratado e
abusado, foi muito difícil fazer com que Gabriel se adapta-se a sua nova
vida, porém fomos muito pacientes com ele e aos poucos ele se tornou da
família, meu subchefe nasceu na Bulgária e veio parar na Itália por uma
triste obra do destino.
— Bom dia meu querido amigo!
— Caralho dá pra ser menos feliz a essa hora da manhã?
— Quanto estresse a essa hora da manhã! Seu ranzinza.
Meu subchefe era conhecido por seu sarcasmo e senso de humor,
especificamente na hora de matar um inimigo. Já presenciei Gabriel em
uma crise de risos no meio de uma execução, nós capturamos dois irmãos
conhecidos por suas traições a máfia e a suas famílias, Gabriel foi o
encarregado para matá-los e quando ele viu o corpo do irmão mais velho
completamente desfigurado pelos ferimentos causados pelas balas, ele
simplesmente começou a rir e muito, deixando o outro irmão apavorado e
confuso.
— Pelo visto você tirou essa manhã para infernizar a minha vida.
— Calma cara, se estou aqui tão cedo e festejando o quão bela é a
vida é porque tenho uma explicação.
— Espero que sim, agora diz. — Me aconcheguei na poltrona e nos
servi de uma boa dose de uísque.
— Natanael conseguiu a localização exata da casa de prostituição dos
Ravielle, temos que que invadir o local o quanto antes.
— Iremos no próximo mês Gabriel, já foi decidido
— Matteo, você não está entendendo a gravidade da situação, mas eu
vou te explicar calmamente.
Quando Gabriel assumia essa expressão assustadora era porque boa
coisa não viria, já sabia que os Ravielle eram perigosos, mas o que eu ouvi
mudou toda minha concepção, para pior.
— Natanael prendeu um dos frequentadores desse lugar, ele era um
subordinado da máfia, após umas horas de tortura e algumas mutilações, o
desgraçado revelou tudo que acontece por lá.
— Fale logo Gabriel, odeio rodeios.
— As garotas que trabalham lá, a maior parte delas são menores de
idade, algumas foram sequestradas, outras foram capturadas pelo fato da
família possuir alguma dívida com eles, as garotas mais velhas possuem em
torno de vinte e dois anos.
Os Ravielle eram sujos, eram ratos da pior categoria, e sabiam muito
bem quais as regras, crianças, idosos e mulheres são completamente
intocáveis em qualquer lugar, e mesmo assim continuavam infligindo todas
elas, porém ainda eram aclamados, por seus atos por seres nojentos iguais a
eles.
— A pior parte vem agora, quando as garotas completam vinte e dois
anos elas são entregues aos mafiosos mais importantes, em uma espécie de
ritual, são estupradas de forma coletiva, e aquelas que conseguem viver
ganharam sua liberdade, que consiste em viver na Rússia mas não
precisarão trabalhar no prostíbulo, e as que morrem continuam tendo seu
corpo violado até os vermes cansarem.
Porra, isso é o cúmulo da maldade humana, os desgraçados eram
adeptos a necrofilia, estupro e tudo de pior que existiam, no mundo, o pior
disso é que os homens envolvidos eram casados, alguns possuíam filhas de
idades semelhantes, mesmo com tudo isso eram respeitados por seus
seguidores.
— Caralho ! Vamos intervir o quanto antes. Diga a Natanael que
chegaremos lá o mais rápido possível.
— Sim Capo! Como quiser.
— Nós iremos salvar todas, agora ligue para Natanael, a fera deve ter
acordado depois de anos, sabemos como ele fica, em casos como esses.
Nem precisei alongar o assunto, pois Gabriel entendia perfeitamente,
Natanael era conhecido no submundo como Fera, um ex lutador de MMA,
que tornou-se assassino de aluguel, mas acabou perdendo a esposa e filha
de forma cruel.
Finalizei minha reunião com Gabriel, e fui para uma das nossas
empresas, precisava resolver alguns assuntos pendentes antes de partir para
a Rússia.
Papai deixou para mim e para Antonella uma empresa do ramo
imobiliário, era como segunda opção por via das dúvidas, nos últimos anos
tivemos uma melhora significativa no ramo, algo que era de se esperar, já
que eu fazia de tudo para manter a empresa de pé, além disso eu tinha a
ajuda de Natan e Gabriel.
— Bom dia senhor Mattarazzo. — Cumprimentou-me Jaqueline,
minha secretária.
— Bom dia Jaqueline, achei que não a veria por aqui hoje. — Falei
apontando para sua barriga de quase nove meses de gestação.
Jaqueline era minha secretária de anos, tivemos um caso a um tempo,
porém me neguei a continuar já que ela é uma mulher boa e que merece
muito mais do que uma foda de uma noite, tempos depois Jaqueline
conheceu meu segurança Henrique e acabaram se casando e agora ela
estava grávida, em pouco tempo seriam pais de Henry.
— Henry ainda me deixa trabalhar, pelo menos por enquanto.
— Sei! Já liberei sua licença maternidade, pode sair quando quiser,
posso me virar aqui.
— Eu sei senhor, porém por enquanto irei ajudá-lo. Você tem uma
reunião daqui a pouco com um dos compradores do imóvel de Veneza, o
senhor Gonzalez virá dentro de uma hora.
— Algo mais?
— Por hoje não, porém amanhã tem aquela palestra com os
arquitetos da Turquia.
— Cancele por favor, amanhã precisarei viajar e não tenho previsão
de retorno.
— Sim senhor.
Depois da reunião passei o dia inteiro enfurnado na empresa,
resolvendo problemas que no fundo realmente não me interessavam, ao
olhar no relógio notei que já passavam das seis da tarde, desliguei o
notebook e me preparei para ir embora. Meu telefone tocou o nome de
Natanael ou Natan como ele preferia ser chamado brilhou na tela.
— Natan?
— Matteo, só liguei para lhe passar os últimos detalhes de amanhã.
— Ok, pode falar.
E assim passei os próximos trinta minutos ouvindo as inúmeras
recomendações de como chegar no local combinado, a boate ficava afastada
da cidade, quase próximo a Vladivostok uma cidade no interior, deveríamos
ter cautela e cuidado para chegarmos ao local sem sermos percebidos.
Natan encerrou a ligação e eu nem notei que já passava da hora de ir
para casa, gostava de chegar e conversar um pouco com minha irmã, ela era
a leveza dos meus dias.
Cheguei na mansão e como já esperava Antonella já estava no quarto,
porém eu sabia que ela só dormia lá pela madrugada, já que seus estudos
sempre eram mais importantes. Fui em direção ao seu quarto e como se
adivinhasse que eu iria vê-la, deixou a porta do quarto entreaberta.
— Você demorou, como você está? — Antonella era a cópia perfeita
de nosso pai na aparência, e de nossa mãe na personalidade, minha menina
estava crescendo, e meu peito doía só de imaginar algo ruim acontecendo
com ela.
— Desculpe, me enrolei na empresa, mas estou bem e você como
está? E a faculdade?
— Estou bem, me sinto cansada, porém realizada.
Abracei a forte, como sempre fazia todas as noites, minha irmã era
tudo que eu tinha e a única que não conhecia o temido coração gelado.
— Preciso que se cuide e tenha cuidado, ok? Amanhã irei para uma
missão na Rússia e não sei quando voltarei e caso algo aconteça comigo,
você já sabe o que fazer.
Minha irmã e eu tínhamos um acordo maluco que ela se negou a
topar de início, caso algo me acontecesse Antonella fugiria para o Brasil
usando identidades falsas, iria largar tudo aqui e partiria, já tínhamos tudo
certo inclusive uma nova faculdade para que ela não se prejudicasse.
— Não diz isso, você sempre volta irmão. E o que vai fazer?
— Desmanchar uma casa de prostituição com garotas sequestradas e
menores de idade.
— Meu Deus! — Antonella levou as mãos à boca com uma
expressão de puro choque.
— Preciso que se cuide, sabe o risco que eu irei correr.
Nos abraçamos mais uma vez, e ali eu fiquei por um tempo, Nella era
minha única família, a única pessoa que eu tinha, seríamos eu e ela para
sempre.
— Sinto falta deles. — Apontou para a foto dos nossos pais que
ficava na sua mesa de estudos. Antonella era praticamente uma bebê
quando mamãe foi morta, porém lembrava das canções de ninar que nossa
mãe cantava todas as noites.
— Eu também, sei que eles vão se orgulhar de você
— De você também, não pense que é menos merecedor da felicidade
só porque faz o que faz, irmão, você salva pessoas, e sabe disso.
Não me considerava um salvador para ninguém, eu causava o caos e
trazia trevas para todos, eu não era um salvador, não fui capaz de salvar
minha própria mãe, então como eu poderia ser o herói de alguém. Deixava a
luz e a felicidade para Antonella, ela sim era um anjo que nunca iria ser
afetada por toda essa sujeira do submundo.
— Não tenho tanta certeza, mas deixaremos esse assunto para outro
dia.
— Boa noite Matt, te amo e se cuida.
— Eu também amo você irmã, tentarei me cuidar, e você juízo.
Sai do seu quarto sem olhar pra trás, eu sabia que Antonella iria
chorar, eu a entendia, o medo era algo constante na vida de quem fazia parte
da máfia, mesmo que indiretamente.
Já no meu quarto observei o jardim, lembrando dos tempos felizes da
minha vida, a época que eu não tinha que me preocupar com nada,
visualizava mamãe sentada na grama, com os cabelos soltos enquanto
alisava sua barriga imensa por conta da gravidez, papai brincava comigo,
naquela época eu não fazia a menor ideia do que era máfia e do inferno que
minha vida se transformaria.
Imagens da minha mãe sendo morta na minha frente começaram a
surgir na minha mente, mamãe implorava pela vida, eu não a salvei. Eu não
pude salvá-la!
— Mãe me perdoa, eu não salvei você.
Me joguei no chão enquanto aquelas imagens entravam cada vez
mais na minha mente, não pude salvá-la, "você não é o herói, você é o
vilão, você é o monstro" essas palavras ressoavam em minha mente como
um lembrete.
Fui até o banheiro do meu quarto, procurei canivete que ficava
escondido no armário e fiz algo que ajudava a amenizar a dor que eu sentia,
desde a morte da minha mãe eu me mutilava, minhas pernas e meus braços
possuíam cicatrizes que ninguém jamais desconfiaria.
Quanto mais eu cortava mas eu sentia vontade de acabar com essa
dor dentro do meu peito.
— Me perdoa mãe, por favor me perdoe.
Quando finalmente recuperei o domínio sobre meus atos, voltei para
o banheiro, me joguei embaixo do chuveiro deixando a dor e o sangue
escorrer.
Era isso que eu era, um fraco, um covarde!
CAPÍTULO 02

Matteo

Não me admirou passar mais um noite em claro, não consegui


dormir, o medo, a adrenalina e a dor não me permitiam desligar minha
mente nem por um só instante, antes das quatro da manhã eu já estava de
pé e pronto para partir, meus ferimentos recém adquiridos ainda doíam e o
contando com água causava certa ardência, além de estarem sensíveis ao
toque, nada que álcool não resolvesse.

Aquelas cicatrizes eram um lembrete diário de toda minha fraqueza e


do quanto eu era fraco e do quanto eu falhei como filho. Peguei meu
telefone e vi a mensagem de Gabriel dizendo que já estava na hora de ir,
reuni tudo que precisava em uma mala de mão, passei no quarto de
Antonella que dormia tranquila e deixei um beijo em sua testa, fazia isso
todas as vezes que saia para uma missão difícil, meu maior medo era partir
e deixá-la sozinha no mundo. Dirigi até o local onde seria o embarque e lá
estava Gabriel pontual como sempre.
— Pronto para mais uma aventura meu Capo?
Abriu seu melhor ou o pior, enquanto arrumava seu arsenal de armas
para levarmos conosco.
— Sempre estou pronto!
Respondi enquanto arrumava minhas melhores armas, deixando de
prontidão as silenciosas e as menores. Nosso voo até a Rússia foi um pouco
mais demorado do que estipulamos, mas nada que fosse nos prejudicar.
Eu odiava a Rússia, eu particularmente considerava um país imundo,
repleto de atrocidades e corrupção, mas não tinha como evitarmos, salvar
essa pessoas inocentes era mais importante.

Seguimos de carro até o local indicado por Natanael, o lugar nada


mais era do que um galpão abandonado próximo a casa de prostituição,
iríamos repassar nosso plano mais uma vez antes de invadirmos o território
inimigo.
— Finalmente chegaram. — Fomos recebidos pela delicadeza
habitual de Natan.
— Problemas de cálculo no percurso. — Gabriel limitou-se a
responder.
— Que seja! O local ainda não está funcionando, mas as garotas já
estão lá, elas ficam sob o cuidado de uma tal madame Cherry que usa a
violência física e verbal com as meninas, temos nossos melhores homens
cercando o local.
— Certo! Já sabem o que fazer não é? — Acenaram em
concordância.
— Gabriel e Natan vão pelos fundos, e matem quem ousar impedir
vocês.
— Eu e os outros entraremos pela frente, para tirarmos as garotas.
— Ok.
— Vamos!
Nesses momentos não éramos Matteo, Gabriel e Natanael, aqui
éramos Ceifador, Fera e Demon os demônios sem coração e sem medo de
nada.
Havia chegado a hora, Fera e Demon foram pelos fundos eu fui pela
porta da frente junto com os outros rapazes, ao entrarmos no lugar me
deparei com uma cena que fez todo meu corpo tremer de raiva, a tal
madame Cherry batia em uma das garotas, que mal conseguia manter-se
consciente.
— Solta ela sua vagabunda desgraçada! — Vociferei para a mulher
diante de mim, uma verdadeira desgraçada que não teria uma segunda
chance.
— Ora, quem pensa que é para invadir um local privado e ainda por
cima tentar me dar ordens?
— Faça o que eu mando ou morrerá agora mesmo.
Minha arma já estava em prontidão, mas antes que eu pudesse reagir
fui jogado no chão provavelmente por um dos capangas de Bóris.
— Porra! — Praguejei enquanto sentia o gosto do sangue em minha
boca.
— Quem é você e o que faz aqui? Responda seu merda!
O grandão me esmurrava exigindo informação, mal sabia ele que era
extremamente isso que eu queria, toda sua atenção para mim.

Como o local ainda não estava aberto ao público havia somente três
capangas, Fera e Demon provavelmente já tinham se livrado deles, porém
esse eu queria vivo ,afinal precisávamos de uma pessoa com informações
do Ravielle, num ato de distração do meu adversário eu consegui me erguer,
começando uma sequência de socos, a adrenalina corria em minhas veias,
ali eu já era o ceifador movido pelo ódio e pelo Sangue.
— Chega Ceifador! Vai matá-lo!
Não conseguia ouvir o que diziam ao meu redor, eu só queria
arrebentar aquele desgraçado até que ele virasse um saco de merda.
— Chega Matteo! — Dessa vez a voz autoritária de Natan conseguiu
me parar, quando o soltei, ele já estava inconsciente, quase morto.
— Cara precisa se controlar! — Gabriel tentou me agarrar pelo
colarinho do terno.
— Vai se foder Demon!
O som de tiro ecoou por todo ambiente, Fera havia matado madame
Cherry para que nossa atenção fosse voltada para ele.
— As garotinhas estéticas podem parar com isso?
— Porra, que velha sinistra. Gabriel riu enquanto olhava o corpo da
mulher no chão.
— Onde estão as garotas?
— No porão, Henrique e Raí já estão tirando elas de lá.
Nesse momento nem percebi que havia um par de olhos
amedrontados me olhando, uma garota pequena estava com o rosto
completamente machucado e as roupas rasgadas, era a mesma garota que a
velha estava espancando quando chegamos aqui.
— Merda! Eu me esqueci que ela ainda estava aqui!
— Porra! — Praguejou Gabriel.
Acabei me esquecendo completamente da moça que estava sendo
agredida pela tal madame, a menina era magra e parecia encolher à medida
que observava tudo ao seu redor, o medo em seus olhos eram nítidos.
— Vou falar com ela.
Natan se pôs a frente, mas eu o impedi, eu era o capo, era meu dever
fazer isso.
— Cuidado para não assustá-la ainda mais. — Advertiu Natan.
Ao me aproximar notava o quão assustada a garota ficava, e no
quanto se retraía para o canto, ela era uma menina praticamente, aparentava
ter bem menos idade do que realmente teria, estava magra e machucada.
— Por favor não me machuque, eu não direi nada do que vi aqui, por
favor. — Sua voz era melodiosa e estava rouca por conta do choro, sua
cabeça se mantinha baixa, ela resistia em fazer qualquer tipo de contato
visual.
Tentei me aproximar mas ela se encolhia ainda mais, sua mão estava
próxima a minha, e parecia estar quase na carne viva, no mesmo instante
veio a imagem de Antonella em minha mente, eu mataria toda a Rússia se
algo assim acontecesse com ela.
— Não irei machucá-la! — Busquei acalmá-la de alguma forma.
— Você vai, todos dizem a mesma coisa e no fim me machucam. —
A garota estava traumatizada, com certeza outros russos prometeram sua
liberdade e a agrediram depois, eu tentava não lembrar da minha mãe em
momentos como esse ou de Antonella, tentei afastar esses pensamentos,
nesse momento o foco era a garota diante de mim. — Eu prometo que não
irei lhe fazer mal pequena, estamos aqui para resgatar você e as outras
meninas.
— Você me causa medo, eu vi o que fez com ele. Disse enquanto
apontava para o sujeito caído no salão. Sua afirmação me causou um
desconforto estranho, não queria que ela sentisse medo de mim, queria que
ela se sentisse segura.
— Não tenha medo, olhe para mim e me diga qual seu nome.
A garota pareceu hesitar em olhar para mim, mas por fim levantou
sua cabeça lentamente.
— Me chamo Ravena, senhor. — Nada me preparou para o que eu vi
a seguir, a garota encarou-me revelando os olhos mais diferentes que eu já
vi, os seus olhos tinham um tom violeta vivo, e eram os mais belos que eu
já vi em toda minha vida.
— Irei tirá-la daqui, tudo bem, consegue se levantar?
Fez que sim com a cabeça, um movimento totalmente fraco isso era a
resposta do seu corpo cansado, ajudei-a ficar de pé com muita dificuldade.
— Aí! Não me sinto bem.
— Ravena? A garota estava tão frágil que desmaiou em meus braços.
— Merda, precisamos levá-la para Itália, não podemos ficar aqui com
ela. — Disse Gabriel enquanto Natan concordava.
— Tirem todas as garotas daqui e as levem para o esconderijo, depois
peça para que Raí e Carlos encontrem suas famílias.
— Sim, capo. — Natan seguiu rumo ao porão, enquanto Carlos ia no
seu encalço.
— Gabriel e Henrique levem esse troço para o jatinho, ele será muito
útil para nós. — Apontei para o homem caído no chão.
Segurei Ravena nos meus braços, enquanto sai porta afora. Algo me
dizia que a garota de olhos únicos era um grande mistério a ser desvendado.
— O que fizeram com você menina? — Gabriel olhava para Ravena
e seus machucados, como se aquela fosse sua irmã desaparecida, Katerina
sumiu no mundo logo depois que os dois fugiram e foram mandados para
um orfanato assim que chegaram no país.
— Quem fez isso com ela irá pagar, iremos descobrir quem é o
responsável por isso. Em seguida ela será entregue a sua família.
— Fico imaginando onde minha irmã pode estar uma hora dessas,
poderia ser ela no lugar dessa moça.
— Você ainda irá encontrá-la, tudo no seu tempo, tenho certeza de
que ela está bem.
Fizemos nossa viagem de volta o mais rápido possível, a pulsação e
respiração de Ravena pareciam mais fraco a cada instante, mal tive tempo
para pensar e simplesmente levei a garota para a mansão, foda-se a vida
dela era mais importante.

O voo de volta a Itália pareceu uma eternidade, Ravena continuava


desmaiada em meus braços, a sensação era absurdamente desesperadora.
Depois de horas de agonia chegamos na Itália, coloquei ela no meu carro e
pedi para Gabriel que dirigisse até a mansão, o carro ia numa velocidade
que até eu me assustava, ele estacionou o carro de qualquer jeito e me
ajudou a entrar com Ravena nos braços.
— Oh meu Deus! — A voz desesperada de Antonella foi a primeira
coisa que eu ouvi.
— Nella, nós precisamos salvar essa moça.
— Eu posso ajudar, vou pegar meus materiais no quarto, volto já.
Minha irmã subiu as escadas em disparada, enquanto eu tentava
mantê-la aquecida.
— Chame o médico da família Gabriel, Antonella não tem tudo que
precisa aqui.
— Certo! — Gabriel virou-se para a sala para poder conversar
melhor com o doutor Mancini.
— Aqui, voltei. — Antonella já estava toda paramentada, me afastei
delas enquanto minha irmã conferia a respiração e a pressão de Ravena.
— A pressão está muito baixa e a temperatura também, os
batimentos estão fracos.
— O que vamos fazer?
— Encha a banheira com água quente, precisamos regular a
temperatura dela urgente!
Subi o mais rápido que pude, enchi a banheira o máximo que
consegui, Gabriel já havia subido trazendo Ravena consigo.
— Entre com ela, o calor humano ajudará a aquecê-la mais rápido.
Não pensei duas vezes e entrei na água de roupa e tudo.
— O doutor Mancini já está a caminho.
— Oh meu Deus, olhem esses machucados. Antonella pareceu não
acreditar no que estava vendo, aquela garota carregava consigo uma enorme
cota de machucados. Todo corpo de Ravena estava coberto por marcas,
algumas mais antigas e outras mais recentes.
— A temperatura está se estabelecendo, enrole ela no roupão e a leve
para o quarto de hóspedes, vou separar algumas roupas para ela.
Fiz o que Antonella pediu, seu corpo pequeno e frágil parecia que iria
se quebrar a qualquer momento. Deixe ela no quarto sob os cuidados de
Antonella, enquanto esperava pelo doutor Mancini.
— Será que ela vai sair dessa? — Gabriel indagou preocupado.
— Creio que sim, ela parece ser uma menina forte, se aguentou até
hoje, poderá sair dessa.
Era isto que eu tentava me apegar, mas no fundo o medo de falhar
com Ravena era enorme, eu queria ter certeza de que ela iria ficar bem.
Meia hora depois o nosso médico chegou, deixamos ele no quarto
com Ravena e Antonella, estávamos apreensivos com o que ele tinha a
dizer, após alguns minutos o Doutor Mancini veio em nossa direção e pela
sua cara as notícias não eram boas.
— Bem, a garota está fraca e debilitada, aparentemente está
desnutrida e anêmica, há hematomas por todo seu corpo. Por sorte não há
indício de violência sexual.
Ouvir isso me causou um certo alívio, nenhuma mulher merece ter
sua inocência roubada assim.
— Ela está febril então pode delirar durante o sono, o que é normal,
deixarei as recomendações e cuidados com a senhorita Antonella.
— Certo doutor.

Deixei Antonella e o senhor Mancini conversando sobre Ravena, eu


precisava organizar a merda que estava na minha cabeça. Gabriel havia
saído para providenciar o que fosse necessário, enquanto Natan resolvia
pendências deixadas na Rússia. Por falar nele, seu nome brilhou na tela do
meu celular.
— Novidades?
— Sim e não.
— Fiquei confuso, seja mais específico.
— Conversei com as garotas e todas elas são russas, menos Ravena,
elas disseram que a garota é de alguma parte da Itália, além de ser a
primeira a ser sequestrada pelo Bóris, ele tem alguma fixação com a
garota
— Interessante, tente descobrir mais detalhes, e venha
imediatamente para Itália. Preciso de você ao lado do Gabriel enquanto eu
resolvo o que fazer com a garota.
— Sim, Capo, preciso ir agora.
Ravena agora se tornou um mistério, que eu necessitava desvendar.
CAPÍTULO 03

Ravena

Faziam exatos onze anos que eu tinha sido trazida para esse lugar,
prestes a completar doze para ser um pouco mais específica. Desde então
minha vida, que já era um completo pesadelo, se transformou em um
inferno diário, quando cheguei aqui eu não fazia ideia de que parte do
mundo era essa, até que ouvi uma das empregadas dizer que estávamos na
Rússia.
Foi quando eu percebi que estava completamente perdida e sozinha,
eu estava em um lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas e que
com certeza me fariam mal. Assim que cheguei aqui fui mandada para um
tal de madame Cherry, uma velha esquisita que usava uma quantidade
absurda de maquiagem, Bóris lhe recomendou que ela me ensinasse tudo
sobre sexo e sedução, pois segundo ele no momento certo eu seria sua
escrava particular.

Sempre soube que a tal madame Cherry não era uma boa pessoa, eu
via todos os dias o jeito que ela tratava as outras meninas que viviam ali,
todas elas eram mais velhas que eu, éramos obrigadas a ficar nua na frente
dela e de uns homens esquisitos que se tocavam enquanto olhavam para
nós, aquilo me fazia vomitar sempre e por conta disso eu era a que mais
apanhava ali.
Um certo tempo depois percebi que as garotas mais velhas sumiram
repentinamente e nunca mais voltavam, naquele momento algo cresceu
dentro de mim, seria esperança? Talvez! Até eu descobrir o porque elas
sumiram, aparentemente madame Cherry mandava as meninas mais velhas
como presentes para os mafiosos russos, elas eram abusadas até a morte e
se tivessem a sorte de saírem vivas ganhavam a liberdade.
Para ser mais específica, quando uma de nós completava vinte e dois
anos, éramos jogadas na cela do leão para sermos usadas como sacrifício.
Alguns anos depois que fui deixada aqui, Bóris apareceu e disse que quando
chegasse a hora eu seria interinamente dele, cada parte do meu corpo iria
pertencer a ele, eu odiava aquele homem, odiava o jeito que ele me olhava e
o jeito que me tocava, eu sentia nojo do seu toque e não fazia questão de
esconder, em uma dessas vezes eu acabei vomitando no seu rosto e como
brinde ganhei um soco no rosto que fez apagar por dois dias, quando
acordei ele estava ao meu lado dizendo que eu era sua ametista e que eu não
deveria temê-lo e que em breve eu sentiria prazer com seu toque.
Daquele dia em diante Bóris ordenou que Madame Cherry pegasse
ainda mais pesado comigo, me agredindo de forma mais bruta e fazendo o
que fosse necessário para me dominar de certa forma. Naquela altura eu já
não tinha esperanças de liberdade, a única coisa que eu sabia era que, nunca
deixaria Bóris me tocar, preferia a morte do que ser violada por ele. Desde o
dia que cheguei a única coisa que me mantém de pé são os pensamentos em
mamãe, ela sempre dizia que eu deveria me manter forte a todo custo e era
isso que eu vinha fazendo diariamente, nunca mais ouvi falar de Giocondo
Roma o homem que por ser meu pai deveria me proteger, mas que nunca
me amou e na primeira oportunidade me trocou como uma mercadoria
velha.

Faltava apenas um dia para que eu completasse vinte e dois anos, e


eu considerava hoje como meu último dia de vida. Era deprimente pensar
isso? Sim eu sei, mas eu nunca tive a escolha de ter uma vida normal, irei
morrer sem ao menos ter realizado os meus sonhos de criança, isso sim era
deprimente.
A fome e a dor já eram minhas companheiras mais que fiéis, isso
fazia parte do "ritual" como era chamado, as garotas ficavam sem receber
comida por três dias, assim não teriam força alguma para resistir.
— Ravena, madame Cherry quer falar com você e pela cara dela não
é coisa boa. — Amber era uma das meninas que viviam aqui, faltam dois
anos para ela chegar a idade desejada, era minha única amiga aqui dentro.
— Obrigada Amber.
Vesti minha máscara da indiferença e fui até o salão, o bar que
funcionava aqui, ainda estava fechado e com isso as garotas só saíam do
porão quando lhes eram ordenadas. Madame Cherry me encarava com a
mesma cara de nojo que sempre fazia ao me ver.
— Chamou Madame?
— Sim! Sua inútil, como sabe amanhã é seu aniversário e o chefe me
deu ordens de como ele quer que você esteja na hora de ser entregue para
ele.
Senti meu estômago embrulhar só em imaginar que aquele verme
poderia conseguir me tocar, eu nunca iria permitir isso.
— Eu prefiro a morte do que me entregar a ele.
E de fato preferiria ser servida de comida para um leão faminto do
que entregar meu corpo para um homem nojento e asqueroso.
— Olha aqui sua insolente, você irá fazer o que ele pediu para fazer,
e nem ouse desobedecê-lo.
— Porque você não abre as pernas para ele então? Ah já sei sua
boceta já está tão esfolada que ninguém mais a quer.
O tapa atingiu meu rosto com força, foi uma idiotice provocar a
megera mas eu não posso e nem vou me submeter a isso.
— Escuta aqui sua puta, você acha que é mais do que eu só porque é
jovem e tem um rosto bonito? Em?
Mais tapas e socos me atingiram, aliados a fraqueza causada pela
fome, meu fim seria mais próximo do que eu imaginava.
— Solta ela sua vagabunda desgraçada! — Um estrondo alto
acompanhado de uma voz grave, fez com que Madame Cherry se assustasse
na hora, eu mal conseguia me mexer e olhar para o que estava acontecendo.
— Ora, quem pensa que é para invadir um local privado e ainda por
cima tentar me dar ordens? Ela me jogou no chão, porém continuava
puxando meus cabelos com força.
— Faça o que eu mando ou morrerá agora mesmo.
Pude ver o exato momento em que Cletus, um dos brutamontes do
bar foi para cima do homem que mais parecia ter saído de um filme, nesse
momento foi como se algo o transformasse, pois a medida que ele
esmurrava Cletus mais sangue jorrava, a essa altura o segurança de Boris já
estava morto, Madame Cherry soltou meus cabelos na esperança de fugir,
mas foi, quando ela fez menção em sair pela porta dos fundos dois homens
ainda maiores do que o homem que esmurrava Cletus, veio em sua direção,
um deles agarrou a Madame pelo braço e o outro foi na direção do homem
que praticamente matava Cletus.
— Chega Ceifador, vai matá-lo!
Ceifador isso era um nome ou apelido? Não sabia dizer, só sabia que
nesse momento o medo me dominava ainda mais. O homem largou Cletus
mais ainda sim parecia anestesiado, as mãos cobertas de sangue, os cabelos
molhados de suor lhe deixavam com um ar de assassino em série.
Me arrastei até o canto do salão, rezando para não ser vista por eles,
até que o barulho de tiro ecoou, a cena que eu vi me fez tremer dos pés a
cabeça, Madame Cherry caiu no chão feito um pedaço de carne de açougue,
meu coração acelerava e as lágrimas que guardei por tantos anos caíram
sem piedade.
— As garotinhas estéticas podem parar com isso?
O mais sombrio deles falou enquanto os outros dois finalmente
pareciam voltar à realidade.
— Porra, que velha sinistra. Um deles riu enquanto olhava o corpo da
Madame no chão.
— Onde estão as garotas?
Fiquei ali encolhida no meu canto enquanto ouvia tudo que eles
falavam, eles vieram pegar as garotas, obviamente eram piores que os
russos.
— No porão, Henrique e Raí já estão tirando elas de lá.
Nesse momento o mais humorado dos três notou minha presença ali,
mas foi o tal ceifador que veio em minha direção.
— Por favor não me machuque, eu não direi nada do que vi aqui.
Por favor! — Minha voz já estava completamente rouca e falha por conta
das lágrimas.
— Não irei machucá-la. — Boris também dizia isso quando cheguei
aqui, Madame Cherry também disse isso e ambos me machucaram.
— Você vai! Todos dizem a mesma coisa e no fim me machucam. —
Ele pareceu pensativo, e aproximou-se ainda mais de mim.
— Eu prometo que não irei lhe fazer mal pequena, estamos aqui para
resgatar você e as outras meninas.
Aquilo era verdade? Não sabia, eu poderia arriscar acreditar no que
ele dissera, poderia seguir meu coração mais uma vez, mas o medo era mais
forte do que tudo.
— Você me causa medo, eu vi o que fez com ele. Apontei em direção
a Cletus caído no salão, o homem pareceu incomodado com o que eu disse,
porém não desistiu de mim.
— Não tenha medo, olhe para mim e me diga qual seu nome.
Não tinha nada a perder naquele momento, levantei a cabeça
lentamente, me forçando a encará-lo, os olhos azuis me encararam
profundamente, o homem tinha um rosto muito belo, cocei a garganta
forçando a saída das palavras.
— Me chamo Ravena, senhor.
— Irei tirá-la daqui, tudo bem, consegue se levantar? - Acenei de
forma positiva, e com muito custo consegui ficar de pé, logo uma tontura e
uma dor de cabeça me tomou por inteira.
— Aí! Não me sinto bem.
Foi tudo que eu consegui dizer antes de ser puxada novamente para
escuridão, a última coisa que vi antes de apagar foram aqueles olhos azuis
feito o mar.
CAPÍTULO 04

Ravena

Todo meu corpo doía, minha cabeça latejava e eu me forçava a abrir


meu olhos, precisava entender o que estava acontecendo, nesse momento eu
temia estar vivendo uma segunda parte do meu pesadelo.
Me forcei a acordar e para minha surpresa o que eu vi, foi algo
totalmente diferente do que eu imaginei, eu estava em um quarto que eu não
reconhecia, as paredes brancas e bem pintadas eram estranhas para mim, as
janelas enormes uma ao lado da outra, estavam fechadas e cobertas por uma
enorme cortina de seda.
Tentei me levantar, mais era como se meu corpo fosse desmoronar a
qualquer momento, nem notei que estava tomada banho, com os cabelos e
roupas limpas, tentei me lembrar de algo mais, porém meu estômago
roncou alto aliás faziam dias que eu não comia, havia uma mesa de
cabeceira com uma bandeja de café da manhã em cima, nem pensei nas
consequências eu estava faminta, ataquei a comida como um animal
selvagem, afinal era isso que eu parecia naquele momento, a comida estava
divina, faziam anos que eu não me alimentava de algo tão bom.
Terminei de comer e fiquei ali sentada tentando raciocinar tudo que
aconteceu, e as lembranças vieram a mente, Madame Cherry me
espancando, os homens que invadiram o bar, Madame Cherry morta, Cletus
morto, o homem de olhos cor do mar, de repente tudo veio com força, o
choro me atingiu e eu nem me dei conta de que alguém entrou no quarto.
— Você acordou. — Ouvi uma voz calma e feminina vindo em
minha direção, forcei-me a olhar para a dona da voz e vi uma moça muito
bonita, parada em frente a porta. Me desesperei imediatamente, já não sabia
distinguir quem era bom ou mau.
— Ei, calma, não lhe farei mal Ravena, acalme-se.
— Onde... Eu estou? Tentei falar meio ao choro.
— Você está na Itália, na mansão Matarazzo, sou Antonella
Mattarazzo, irmã do Matteo, ele resgatou você, não tenha medo. —
Antonella pôs a mão em meu ombro, me levando de volta para cama, até
que eu me acalmasse. — Isso fique calma, você foi resgatada junto com
outras meninas, meu irmão a trouxe para cá, precisávamos cuidar de você.
Pela primeira vez desde que mamãe morreu, eu ouvi alguém dizendo que
cuidaria de mim, meu coração sentiu um pouco de paz com isso.
— Obrigada. — Me limitei a dizer.
— Não me agradeça querida, cuidar do próximo faz parte de mim,
sou quase médica e serei responsável por cuidar de você no que eu puder.
Seu sorriso doce fez meu coração esquentar e me fez sentir um
sentimento bom.
— O que aconteceu comigo?
— Você chegou aqui desacordada, ficou apagada por quatro dias,
estava com a pressão e a temperatura muito baixas, nós fizemos o que foi
preciso para lhe manter em segurança e bem.
As lágrimas se acumularam no meu rosto e eu permiti que elas
saíssem, me senti acolhida depois de tantos anos, tantos anos sendo
agredida, sendo privada de tudo, parecia finalmente que a vida estava sendo
bondosa comigo.
— Muito obrigada, eu não sei como poderei agradecer.
— Me agradeça ficando forte e saudável, agora tome um banho e
descanse, tem roupas limpas naquele armário, não se preocupe, estão
novinhas, há também escovas de dentes e produtos de higiene pessoal no
banheiro, leve o tempo que quiser no banho. Meu irmão virá conversar com
você quando ele chegar, se precisar de algo pode chamar uma das
empregadas tudo bem?
— Sim! E mais uma vez muito obrigada.
— Agora preciso ir para o trabalho, fique bem.
Antonella me abraçou e beijou o topo da minha cabeça em seguida
saiu do quarto me deixando sozinha com meus pensamentos.
Fiz o que ela me recomendou, tomei um banho demorado, usando
produtos cheirosos, coisa que eu não fazia desde os meus dez anos, lavei
meus cabelos que estavam completamente embolados e sujos, ao sair parei
em frente ao o espelho e o reflexo me assustava, eu estava machucada, tinha
um corte acima da sobrancelha e outro nos lábios, além de marcas nos meus
braços e pernas.
— Você vai sair dessa, você é forte lembre-se disso. Repeti para
mim mesma enquanto escovava os cabelos lentamente. Fui até o armário e
escolhi uma calça e um moletom, Antonella tinha razão, as roupas eram
novas e ainda estavam na etiqueta, se bem que eu não ligava para isso, eu
não tinha roupas novas desde criança, as últimas que tive foram compradas
por mamãe.
Puxei as cortinas para iluminar o quarto e para minha total surpresa o
sol brilhava lindamente do lado de fora, da janela tinha uma vista linda para
o mar e para o jardim da casa, nunca nesses onze anos imaginei viver coisa
parecida Eu não sabia que dia era, nem que horas eram só sabia que
estávamos em dois mil e vinte e três por conta do meu aniversário, que por
sinal já havia passado, puxei a cadeira que ficava frente a janela e me sentei
ali observando aquela paisagem tão linda, fiquei completamente imersa em
meus pensamentos que nem notei as batidas na porta.
— Olá, senhorita Ravena, sou Liza a governanta, trouxe seu almoço.
Liza era uma senhora baixa com cabelos grisalhos e olhos verdes, seu
sorriso transmitia cuidado e confiança, algo totalmente diferente de
Madame Cherry.
— Muito obrigada, o cheiro está divino.
— Coma minha criança, aqui estão suas vitaminas recomendadas
pelo médico, vai ajudar a recuperar-se mais rapidamente.
A bandeja foi deixada sob a mesa, o cheiro invadia meus sentidos, e a
aparência também era convidativa, um prato de espaguete a bolonhesa, com
um copo de suco de laranja e de brinde uma fatia de torta de chocolate que
tinha a aparência deliciosa, quis chorar mais uma vez.
Almocei na minha própria companhia, Antonella não voltou durante
a tarde, Liza me disse que ela estava trabalhando e estagiando em um
hospital, e que só chegaria a noite, perguntei sobre o irmão dela e Liza disse
que ele costumava chegar no final do dia.
Ainda me sentia muito cansada, então decidi deitar e dormir um
pouco, porém sempre que eu deitava as lembranças vinham com força total
e o medo de que aquilo fosse só um sonho bom me faziam entrar em
pânico, no final o cansaço me venceu e eu adormeci, sonhando com o irmão
misterioso de Antonella, meu salvador, meu herói.
Nem sei por quanto tempo eu dormi, só sei que quando despertei
todo o quarto estava escuro, provavelmente já era noite, abri meus olhos
lentamente e fiquei encarando a escuridão daquele quarto dizendo a mim
mesma que aquilo não era um sonho.
Levantei devagar, indo em direção às janelas, não fazia ideia de qual
foi a última vez que eu vi a luz da lua e o céu estrelado, aquilo sim era um
presente e tanto, fui até o banheiro e tomei um banho rápido, provavelmente
Matteo iria conversar comigo a qualquer momento, terminei meu banho e
optei por usar o mesmo estilo de roupas que usei mais cedo, moletom e
calça.
Comecei a pensar em como aquelas garotas estavam felizes agora,
muitas delas já estavam com suas famílias, Amber morria de saudades de
sua mãe e irmã, elas tinham para quem voltar, eu não tinha ninguém, não
sabia como seria minha vida dali por diante, meu pai me rejeitou, minha
única família me destruiu.
Tive meus pensamentos interrompidos ao ouvir batidas na porta.
— Ravena? Posso entrar? — A voz grave, me causou um arrepio na
espinha, era ele o tal ceifador.
— Claro, fique à vontade.
Tentei manter a voz neutra, não queria demonstrar nenhum tipo de
sentimento que pudesse me causar problemas. Matteo entrou no quarto,
trazendo consigo uma bandeja com o jantar. - Olá Ravena, que bom que
acordou, trouxe seu jantar. Matteo pôs a bandeja diante de mim, enquanto
me encarava com um sorriso sutil, não pude deixar de notar no curativo em
suas mãos, um possível resultado daquele dia. O jantar cheirava de modo
que meu estômago gritava, o prato da noite era uma lasanha de queijo que
dava água na boca.
— Obrigada, por tudo.
— Não precisa agradecer, agora coma, quero conversar com você.
Lancei um aceno positivo e comecei a atacar aquela maravilha, foi
impossível conter um gemido de aprovação a cada garfada e eu
praticamente me esqueci da presença de Matteo no quarto. Terminei o
jantar, Matteo esperou pacientemente e logo que eu terminei Liza veio
retirar os pratos e me trouxe um doce de sobremesa.
— Bem, agora acho que podemos conversar.
Um bolo formou-se em minha garganta, nesse momento eu ainda me
perguntava se deveria confiar nele, se eu deveria contar tudo que me
aconteceu desde o dia em que cheguei na Rússia, essa incerteza era o
demônio que assombra meus pensamentos. Mas de alguma forma eu sabia
que poderia confiar nele.
— Conte-me, como foi parar na Rússia? Você tem família?
— Tenho um único parente vivo, quer dizer tinha, não sei por onde
ele anda, nem se ainda está vivo.
— Isso é bom não é, podemos tentar contatá-lo.
Ah se ele soubesse o que meu pai havia feito, com certeza não
pensaria assim.
— Não, não vai adiantar.
— Sinto que não quer me falar toda verdade Ravena, pode confiar
em mim.
Encarei seus olhos azuis diante de mim, e decidi contar tudo, todo
inferno que se tornou minha vida.
— Bem, eu tinha dez anos quando perdi a minha mãe, até hoje não
sei a razão de sua morte, vivíamos sob as regras rígidas do meu pai, que
sempre deixou claro o quanto me odiava.
— Prossiga querida.
— Meu pai me batia todos os dias, ele dizia que eu era um má pessoa
e que eu deveria ser castigada, ele não permitia que os empregados me
trouxessem comida, então eu tinha que revirar o lixo da cozinha, só assim
eu conseguia comer algo antes de dormir.
Lembrava daquela garotinha revirando o lixo da casa em busca de
algo para comer, e era doloroso demais, às vezes ou quase sempre a comida
estava estragada e eu acabava passando mal depois.
— Filho da puta!
Matteo trincou o maxilar com força, seu corpo parecia tenso,
enquanto minhas lágrimas se acumulavam, reviver minha infância era um
total pesadelo.
— Ele me tirou da escola, dizia que eu era uma inútil e que minha
única serventia era ser submissa ao meu futuro marido. Então numa noite eu
estranhei o fato de que ele estava em casa e sóbrio, já que ele sempre estava
drogado ou bêbado ou com alguma prostituta. Da janela do meu quarto eu
vi uns carros se aproximaram da casa e uns homens esquisitos desceram, eu
corri em direção a porta, meu primeiro pensamento foi trancá-la, precisava
me manter em segurança, os amigos do meu pai, me causavam arrepios. Até
que de repente eu ouvi uns gritos vindo do quarto dele e quando eu
finalmente tranquei a porta, eles arrombaram ela.
— Se não quiser conversar tudo hoje, falaremos outro dia Ravena.
— Não, eu preciso falar de uma vez, depois não quero mais ter que
reviver esse assunto.
— Tudo bem, prossiga.
— Dois homens invadiram meu quarto, um deles era o Boris
Ravielle, que no instante em que me viu, me apelidou de minha pedra
ametista, por causa dos meus olhos. E aí o pior aconteceu, ele disse a meu
pai que perdoaria sua dívida, e em troca me levaria com ele. Eu acreditei
que meu pai não faria isso comigo, que mesmo me castigando ele lutaria
por mim, porém na primeira oportunidade ele disse que Bóris poderia me
levar, e que era pra nunca mais eu procurar por ele.
— Desgraçado! Como ele pôde fazer isso com a própria filha?
— Ele nunca me amou Matteo, ele disse que eu era um erro, que eu
tinha olhos bizarros e que nunca me quis. Depois ele simples saiu do quarto
e me deixou ali com eles.
— Ele nunca procurou por você, não se arrependeu?
— Não, era a vida dele ou a minha, e ele preferiu ele, como sempre,
quando cheguei na Rússia fui levada imediatamente para a madame Cherry,
a missão dela era me treinar e me moldar para ser uma prostituta, já que
Bóris lhe deu a missão de me tornar sedutora para ele, seu objetivo era me
tomar para si quando eu tivesse a idade certa e depois me jogaria no ritual
com os outros homens dele. A Madame me batia todos os dias
principalmente quando os homens poderosos iam até lá, e...
Tentei falar aquilo sem chorar, as lembranças imundas daqueles
homens se tocando enquanto viam crianças nuas, era demais para mim.
— Ravena? O que eles faziam?
— Iam até lá, e exigiam que todas nós ficássemos nuas, enquanto
eles, se tocavam na nossa frente. Era horrível, eu vomitava sempre que isso
acontecia e a Madame me batia ainda mais e me jogava sob a poça do meu
próprio vômito.
Me desesperei com as lembranças, todo choro que eu guardava saiu
de forma descontrolada, senti apenas os braços fortes de Matteo me
amparando.
— Ei, você está segura agora pequena. Eu prometo que enquanto eu
viver, cada verme que lhe fez mal irá pagar por tudo. Não precisará sentir
medo nunca mais. Ouviu?
Naquele momento eu entendi que em algum lugar no mundo haveria
alguém para lutar por uma donzela em perigo e para minha sorte eu
encontrei Matteo.
— Obrigada por tudo, obrigada por me salvar, eu nunca poderei
agradecer.
— Não precisa me agradecer pequena. Sempre estarei com você. Sua
dor agora é a minha pequena.
Apenas suspirei enquanto era acarinhada nos braços de Matteo,
ficamos assim por um longo tempo, até que ele finalmente quebrou o
silêncio.
— A propósito, já conheceu Antonella?
— Sim, sua irmã é muito gentil.
— Quando eu estiver fora, ela será sua companhia, minha irmã adora
conversar, então pode ser que se sinta cansada de acompanhar o ritmo dela.
— Foi impossível não rir do modo que Matteo falou da irmã.
— Depois de tudo que eu passei, a companhia dela será muito bem
vinda.
— Ótimo, amanhã ela estará de folga, irei pedir que lhe compre tudo
o que precisa.
— Não será necessário, ela já me cedeu algumas roupas e todas
novas, além do mais já estão me ajudando muito.
— Não foi um pedido Ravena, foi um aviso. Assim que estiver
melhor pedirei a ela que lhe acompanhe ao médico para realizar outros
exames.
— Tudo bem!
— Agora durma pequena, amanhã será um novo dia. Meu corpo
estava cansado, mesmo dormindo a tarde inteira ainda me sentia
extremamente cansada.
— Boa noite Matteo.
— Boa noite Ravena, durma bem.
Matteo me deixou deitada de forma confortável e foi em direção a
saída, antes de fechar a porta do quarto pude jurar ter ouvido ele dizer algo.
Fiquei olhando para o teto, cantarolando uma canção de ninar que
mamãe sempre cantava para mim, até finalmente adormecer.
CAPÍTULO 05

Matteo

Não pude negar o ódio corrosivo que senti ao saber toda a história de
Ravena, eu dificilmente me importava de fato com alguém totalmente
desconhecido, porém com aquela garota de olhos tão doces e diferentes eu
me vi completamente fascinado e me senti na obrigação de fazer algo.
Naquele momento ela não estava mais sozinha, tinha a mim, e a
minha proteção, o primeiro passo a ser feito seria ir atrás do verme do pai
dela, o homem que é o verdadeiro culpado de toda a merda que houve na
vida de Ravena, eu estava disposto a mover o mundo para encontrá-lo.
Peguei meu telefone para fazer uma ligação a Gabriel, ele possuía alguns
bons contatos que seriam úteis para nós.
— Alô, Matteo, o que deseja?
— Preciso que você encontre uma pessoa para mim.
— Certo, algum parente da moça?
— Sim, o pai dela. Preciso que encontre Giocondo Roma, temos
assuntos a acertar.
— Conheço esse tom de voz amigo, o que houve?
— O próprio pai a entregou ao Bóris quando ela tinha apenas dez
anos, tudo isso para quitar uma dívida.
— Filho da puta! Quem tem coragem de entregar a cabeça da
própria filha.
— Só um homem de merda, preciso que o encontre de preferência
vivo, eu mesmo faço questão de matá-lo.
— Como quiser!
Encerrei a ligação e permaneci estático na cama, tinham muitas
coisas a serem assimiladas naquele momento, a principal delas era esquecer
ao máximo a dona dos olhos mais belos que eu já vi.
Pela primeira vez em anos eu finalmente me permiti ter uma boa
noite de sono, acordei completamente atordoado, peguei meu celular e
chequei as mensagens de Natan e Gabriel, em seguida fui para o banheiro
fazer minha higiene matinal, hoje Antonella estava de folga então lhe daria
a missão de ir ao shopping.
Desci para tomar o café e logo notei algo diferente, o som de risadas
vindo da sala, algo que não se ouvia nessa casa desde a morte dos meus
pais.
Para minha total surpresa Ravena havia descido e se juntado a
Antonella, as duas riam enquanto conversavam, pareciam amigas de longos
anos.
— Bom dia! — Anunciei ao entrar no cômodo.
— Bom dia irmão!
— Bom dia senhor Matteo. — Ravena cumprimentou-me com um
sorriso tímido.
— Me chame apenas de Matteo, por favor, e a propósito como se
sente?
— Me sinto melhor, sua irmã disse que as vitaminas estão me
ajudando no processo de recuperação.
— Em breve estará completamente saudável, poderemos fazer
compras juntas. - Acrescentou minha irmã com uma euforia que eu jamais
presenciei.
— Iria adorar, poder sair e ver o mundo ao meu redor.
— Bem, primeiro vamos garantir que esteja cem por cento bem e
saudável, agora diga-me se você possui algum desejo pessoal, algo que
queria muito realizar. Ravena pareceu hesitante e pensativa, mas logo
sentiu-se confiante.
— Bom, quero muito retomar meus estudos, cheguei a concluir a
oitava série enquanto estava sob o domínio russo, quero dar continuidade de
onde parei, quem sabe no futuro eu possa ir a alguma faculdade.
Nenhuma criança merecia passar pelo que Ravena passou, ser
privada de coisas básicas e essenciais para sua formação, agora era meu
dever dar-lhe uma nova oportunidade.
— O que tem vontade de fazer em Ravena?
— Sempre gostei muito de livros e de literatura no geral. Presumo
que a literatura seja minha escolha.
— Ótimo, providenciarei tudo para que tenha aulas particulares, em
casa até que esteja cem por cento, também providenciarei documentos
novos para você.
Desde ontem a noite, minha cabeça começou a pensar o que eu
poderia fazer na tentativa de escondê-la de Bóris e de qualquer outro que
viesse atrás dela, cheguei a conclusão mais maluca de todas, daria a ela meu
sobrenome. Ravena tornara-se uma Mattarazzo, de início pensei em um
casamento arranjado depois vi que seria algo muito radical e perigoso.
— Documentos novos, como assim? — Ela pareceu não entender o
que eu havia dito.
— Darei meu sobrenome a você, assim será mais fácil ter minha
proteção aonde quer que vá, será como se você fosse nossa irmã caçula.
Céus eu havia perdido totalmente a noção, Antonella me encarava
com um olhar desconfiado, enquanto Ravena parecia assustada.
— Isso não seria um pouco demais ?
— Claro que não, será o necessário, mas não esquente sua cabeça
com isso.
— Tudo bem.
Terminamos o café de forma totalmente silenciosa, Antonella ficou
responsável por ir até o shopping comprar algumas coisas para Ravena.
Precisava ir para o escritório resolver algumas pendências e deixei
Ravena sob os cuidados de Liza, era incrível como aquela garota conseguia
sorrir e ver a vida com tanta leveza apesar de tanta turbulência em sua vida.
Fui recebido por Natanael e Gabriel, meus fiéis escudeiros, pela cara
de Gabriel ele trazia novidades consigo.
— Bom dia, novidades? — Tratei logo de perguntar.
— Não consegui descobrir nada com as meninas, apenas as deixei em
suas casas, porém Bóris já descobriu o que houve e está furioso,
principalmente por não saber onde Ravena está.
Natanael começou a falar enquanto servia-se de uma boa dose de
whisky.
— O maluco criou uma obsessão pela garota. — Gabriel acrescentou
parecendo incrédulo.
— Podemos nos preparar para uma guerra, Bóris não deixará isso
passar, as notícias correm e logo, logo ele saberá onde nos achar.
— Que a guerra comece, estou disposto a enfrentá-lo, esperei isso
por anos e agora tenho a oportunidade perfeita.
Meus amigos acenaram em concordância, afinal sabiam bem o meu
problema com Bóris.
— Ainda temos que resolver o que será feito com nosso inquilino do
porão. — Meu subchefe referiu-se ao tal Cletus, um dos capangas de Bóris.
— Iremos vê-lo, tentaremos uma comunicação amigável, se não
tivermos sucesso partiremos para a comunicação mais radical. Se é que me
entendem.
— Entendemos perfeitamente meu capo. — Natan e Gabriel
acrescentaram de forma sincronizada.
— Gabriel já conseguiu as informações sobre o pai de Ravena?
— Ela vai voltar para o pai? — Esqueci que Natan não sabia do
monstro que era o pai da pequena.
— Precisamos achá-lo para matá-lo, ele foi o responsável pelo que
aconteceu com a própria filha. Giocondo Roma entregou a filha como um
pagamento de uma dívida, Ravena tinha apenas dez anos e havia acabado
de perder a mãe.
— Desgraçado!
— Tem uma outra coisa que me intriga, Ravena disse que a mãe
morreu repentinamente, algo me diz que o canalha do pai dela está metido
nisso até o pescoço.
— Acha que ele matou a própria esposa? — Gabriel perguntou
curioso
— Tenho quase certeza.
— Bom iremos descobrir mais cedo ou mais tarde. Agora vamos
conversar com nosso hóspede. Faz tempos que não recebemos visitas tão
interessantes.
— Natan está fazendo aquela cara de quem vai colocar fogo no
mundo. — Gabriel caiu na gargalhada, pois era uma grande verdade, Natan
era um homem sanguinário.
— Pois bem, não vamos deixá-lo esperando.
Descemos em direção ao porão, o homem parecia mais morto do que
vivo, o rosto inteiramente deformado, a respiração quase fraca, para minha
total surpresa ele ainda estava consciente e percebeu nossa chegada.
— Bom dia, raio de sol! — Gabriel disse com um sorriso de orelha a
orelha.
— O que vocês querem comigo? Acham que eu vou falar alguma
coisa, estão fodidamente enganados.— O moribundo mal conseguia falar
sem tossir.
— Veremos meu querido, vamos começar temos um dia longo pela
frente.
Peguei um dos baldes com gelo, e sem pensar duas vezes despejei
sob o imundo diante de mim.
— Desgraçados! Podem me torturar o quanto quiserem.
— Tortura quem falou em tortura aqui amigo, estamos apenas
conversando. Gabriel inclinou-se diante dele, que agora tremia de frio.
— Podemos fazer isso de uma forma civilizada, basta colaborar. O
que sabe sobre as garotas que o Boris Ravielle sequestrava? E qual a
ligação dele com Ravena Roma?
— Então é isso. — Falou com dificuldade.
— Você quer saber sobre a putinha do Boris, quer as sobras.
Foi como se uma chave tivesse sido girada dentro de mim, não
consegui enxergar mais nada, apenas o sangue do desgraçado que
manchava minhas mãos à medida que eu o espancava. Não deveria me
descontrolar dessa forma, mas vê-lo falar de Ravena desse jeito, foi algo
que não pude controlar.
— Capo! — Ouvi Natan me chamar, enquanto Gabriel tentava me
tirar de cima de Cletus.
— Matteo, controle-se ou vai matá-lo.
Depois de algum tempo recobrei a consciência dos meus atos,
enquanto minhas mãos estavam completamente sujas e doloridas.
— O que deu em você porra? Quase matou a única fonte de
informação que tínhamos.
Natan pareceu enfurecido com minha reação, enquanto Gabriel
continuava me encarando sem entender meu temperamento.
— Vá a merda Natan, cuidem dele e me deixem em paz. — Gritei,
enquanto saia do porão.
— Aonde você vai porra?
Não respondi, apenas sai sem rumo, eu me sentia eletrizado e algo
em mim parecia fora de órbita. Quando percebi já tinha estacionado o carro
em frente a mansão, entrei enfurecido, atordoado, mas fui parado por uma
voz doce
— Matteo, o que houve? — Ravena estava parada diante de mim,
com uma expressão assustada no rosto, enquanto encarava minhas mãos e
minhas roupas completamente sujas de sangue.
— Nada! — Fui ríspido ao responder.
— Você está machucado e está sangrando, me deixa te ajudar.
— Ravena, eu não quero sua ajuda, agora me deixe em paz, suma da
minha frente.
O arrependimento daquelas palavras eram como se eu tivesse levado
um tiro no peito, ver a expressão de medo e tristeza da pequena mulher, fez
com que eu me odiasse ainda mais.
— Tudo bem, desculpe.
Vi o quanto ela segurava as lágrimas, o modo que eu falei com ela,
meu tom de voz tudo causou nela um medo que me cortou o coração, merda
eu era um completo idiota.
— Ravena me desculpe, eu não quis falar desse jeito com você.
— Não me deve nada Matteo, eu que invadi o seu espaço. Peço
perdão.
Sem me permitir dizer mais nada, Ravena virou-se em direção ao
quarto e me deixou ali me sentindo o pior monstro do mundo.
— Porra!
Praguejei alto, me arrependendo amargamente da minha atitude
grosseira, não que eu fosse um cavalheiro ou fosse conhecido por minha
gentileza, mas Ravena não tinha culpa de nada, ela é só uma vítima que foi
jogada nesse monte de merda.
Fui para meu quarto indo direto para o banheiro, precisava tirar essa
sujeira de mim, avistei em cima do armário o canivete que usava com
frequência para amenizar minha dor, passei um longo tempo encarando o
objeto, cheguei cogitar não usá-lo, mas no mesmo instante as imagens de
Ravena contendo o choro vieram com força, acho que não haveria dor
maior do que machuca-la.
Agora meu maior inimigo era eu mesmo, o monstro sem coração, sai
do banho vesti apenas uma calça moletom, não tinha intenção de sair do
quarto tão cedo, desliguei meu celular e me joguei no chão observando o
pôr do sol pela enorme janela do meu quarto.
Ali eu não era o Ceifador, nem o capo da máfia, ali eu era apenas
Matteo o garotinho que perdeu a mãe e que nunca soube lidar com o trauma
que isso lhe causou. Ali eu era apenas um homem quebrado que não sabia
lidar com seu luto eterno, alguém que jamais conheceria o amor verdadeiro
e a felicidade.
CAPÍTULO 06

Ravena

Após o café da manhã, Antonella e Matteo saíram e eu fiquei


passando o tempo ao lado de Liza a governanta da casa. Passaram-se
algumas horas e eu comecei a sentir um certo cansaço, avisei a Liza que
subiria para descansar e caso ela precisasse de mim era só chamar.
Enquanto caminhava em direção ao quarto ouvi um barulho vindo do
andar de baixo, provavelmente era Antonella já que Matteo só chegaria no
final do dia.
Mas nada me preparou para a cena que eu vi, Matteo subia as escadas
transtornado, as mãos e as roupas estavam completamente sujas de sangue,
senti que alguma coisa estava muito errada com ele.
— Matteo? O que aconteceu? — O chamei, tentando manter minha
voz o mais calma e delicada possível.
— Nada. — Seu tom de voz foi ríspido, como se não quisesse me
responder.
— Você está machucado e está sangrando, me deixa te ajudar. —
Tentei ignorar sua expressão de fúria, me concentrando apenas em ajudar o
homem que estava diante de mim.
— Ravena eu não quero sua ajuda, agora me deixe em paz, suma da
minha frente.
As lágrimas se formaram em meus olhos, não que fosse da obrigação
dele me tratar bem nem nada do tipo, afinal eu era a estranha aqui, mas
confesso que ouvi-lo falar assim doeu meu coração.
— Tudo bem, desculpe. — Forcei-me a falar, minha voz embargada
prestes a denunciar o choro que eu tanto segurava.
— Ravena me desculpe, eu não quis falar desse jeito com você.
Matteo estava com uma cara confusa, como se estivesse perdido em
seus próprios sentimentos e demônios.
— Não me deve nada Matteo, eu que invadi o seu espaço, peço
perdão.
Virei-me em direção ao quarto de hóspedes que eu estava nos últimos
dias, praticamente sai correndo de lá.
Entrei no quarto e recostei me na porta do quarto, permitindo que as
lágrimas descessem, chorei não só pela forma como fui tratada, chorei
também por me lembrar do quão injusto o mundo era comigo, chorei por
ficar sozinha no mundo, chorei por um pai que me rejeitou, chorei pelos
abusos e surras que sofri, simplesmente chorei por existir.
Lembro-me de uma das meninas citando a frase de um dos livros que
ela gostava "A dor precisa ser sentida", mas até quando seríamos capazes
de suportar tanta dor? Até quando seríamos capazes de lidar com o peso do
mundo? Eram perguntas que eu buscava por respostas desde os meus dez
anos de idade.
Passei o que pareceu ser um longo tempo sentada no mesmo lugar,
apenas deixando as lágrimas caírem, nem percebi quando ouvi uma batida
na porta, parte de mim, uma grande parte na verdade pedia aos céus que não
fosse Matteo, para minha sorte era Antonella com várias sacolas de lojas
que eu nunca ouvi falar.
— Ravena, querida.
— Oi, nossa quantas sacolas! — Tentei focar nas coisas que
Antonella trouxe para mim, esquecendo de tudo que se passava na minha
mente.
— Tudo é essencial, exceto alguns vestidos que eu escolhi, nunca
sabemos quando irá precisar se vestir de femme fatale. Ela riu enquanto
deixava as sacolas sob a mesa de cabeceira.
— Me vestir de que?
— Mulher fatal, uma mulher forte e sedutora.
Nunca me imaginei sendo assim, na verdade nunca quis ser assim,
tudo que eu queria era ser invisível a maior parte do tempo.
— Meu Deus, acho que não será necessário.
— Claro que é! Mas enfim algo me diz que você não ficou tão
contente com os presentes.
Antonella me encarava de cima a baixo como se buscasse alguma
resposta em meu rosto.
— Eu amei, só estou um pouco cansada e tentando assimilar as
coisas.
— Entendo, olha Ravena queria falar com você a sós sem a presença
do meu irmão.
— Pode dizer!
— Bem, não sei se já percebeu, mas nós somos uma família de
mafiosos. Meu irmão é o capo da máfia, é o chefe para ser mais exata.
Matteo teve que assumir o cargo na máfia assim que nosso pai morreu, ele
tinha apenas vinte anos. O que eu estou tentando dizer é que nós vivemos
cercados pelo medo, pelo luto e pela tristeza. Eu e meu irmão entendemos o
que você está passando, quero que saiba que poderá contar comigo para o
que precisar ouviu? Pode me contar tudo que sentir, estarei aqui com você.
Recebi um abraço afetuoso, um abraço de irmã algo que eu nunca
tive na vida, Antonella era uma moça de aura iluminada e tranquila apesar
de suas dores. Aquilo era tudo que eu precisava no momento.
— Muito obrigada Antonella, por tudo, nunca saberei como te
agradecer por isso. — Falei apontando para as sacolas a nossa volta.
— Já disse que não precisa me agradecer, agora deixarei você
descansar um pouco, qualquer coisa, meu quarto é no final do corredor.
— Obrigada Antonella.
— Me chame apenas de Nella.
Deu uma piscada, enquanto ia até a saída do quarto. Decidi arrumar
aquelas roupas, me ajudaria a passar o tempo. Guardei todas as peças no
closet, entre roupas mais luxuosas, outras mais simples, algumas roupas de
inverno, pijamas e lingeries.
Haviam algumas caixas de sapato que foram trazidas pelo mordomo,
me deparei com as sandálias mais lindas do mundo, um par de Louboutin,
via madame Cherry usando os frequentemente, a única coisa que sabia era
que eles eram de grife e muito caros. Guardei também alguns itens de
higiene pessoal, maquiagens restando apenas os vestidos de luxo que Nella
escolheu.
Tirei cada um das sacolas, até que me deparei com um vestido
belíssimo, o vestido era num tom branco gelo, a parte do busto era toda
estruturada dando a impressão de ser um espartilho, o resto do vestido era
inteiramente brilhante seguindo o mesmo tom de branco, a fenda na lateral
lhe dava um ar elegante e sexy ao mesmo tempo, lutava comigo mesma
contra a vontade de vê-lo em meu corpo, uma grande parte de mim ainda
lidava com a insegurança e com as marcas que cobriam grande parte dele.
Porém a vontade de vesti-lo foi mais forte.
Aproveitei para experimentá-lo junto com os saltos, escolhi um par
na cor preta, os saltos finos lhe passavam uma elegância surreal.
O vestido casou com o meu corpo de uma forma que me deixou
boquiaberta, as alças do vestido desciam pelos ombros, o tecido brilhante e
macio agarrava as poucas curvas que eu tinha, a fenda lateral era um tanto
quanto ousada, mas ainda sim era lindíssima, os saltos altos me fizeram
perder o equilíbrio no início, mas logo me acostumei com eles, a visão que
eu tinha me olhando no espelho era sem dúvidas de uma Ravena do transe
no qual eu estava. Provavelmente seria Antonella ou Liza.
—Um momento! — Respondi enquanto caminhava devagar até a
porta, tomando todo cuidado para não cair com aqueles saltos.
— Desculpe, não queria incomodá-la
Para minha total surpresa não era nenhuma das duas pessoas que eu
imaginava e sim Matteo e a visão que tive quase me fez cair para trás,
Matteo estava usando uma calça moletom preta e uma regata branca que
ressalta ainda mais seus músculos e suas tatuagens. Ele mantinha a cabeça
baixa, enquanto segurava em suas mãos um embrulho.
— Você não incomoda, afinal é a sua casa, entre! Ao dar um passo à
frente Matteo finalmente fez contato visual comigo, seu olhar encontrou se
com um meu, um olhar diferente, aquele tipo de olhar que eu bem conhecia,
já que lidei a vida toda com eles. Porém com Matteo era diferente, seu olhar
não me causava nojo, eu me sentia atraente aos olhos dele.
— Você está deslumbrante Ravena.
Senti meu rosto queimar de vergonha, ao ouvir aquilo, era a primeira
vez que eu era elogiada de uma forma tão respeitosa.
— Ah! Muito obrigada, não tive tempo de tirá-lo, estava apenas
experimentando, e muito obrigada pelos presentes, um dia espero poder
agradecê-lo.
— Não precisa agradecer Ravena. Aliás, vim conversar com você
mais cedo. — Seu olhar parecia perdido e triste ao mesmo tempo.
— Deixa isso pra lá, já passou. Eu não deveria importuná-lo.
Tratei de cortar o assunto, afinal não queria motivos para que ele
prolongasse sobre aquele pequeno mal entendido.
— Ravena, olhe para mim por favor.
Fiz o que me pediu, e encarei aquele par de olhos cor de mar. Os
mais lindos que eu já vi em toda minha vida.
— Eu fui um babaca, um completo idiota. Me perdoe, isso nunca irá
se repetir, prefiro a morte do que magoá-la novamente.
Seu pedido de perdão era sincero, e percebi que ele estava tenso
enquanto esperava por minha resposta.
— Tudo bem, deixemos isso para lá, águas passadas.
Sorri tentando amenizar o clima, e senti um pequeno sorriso formar-
se nos lábios.
— Trouxe um presente para você, espero que goste e não aceito
devoluções.
Peguei o pequeno embrulho das mãos de Matteo, notei que elas
estavam um pouco arroxeadas e que ele possuía algumas cicatrizes pelos
braços e pulsos, algumas pareciam recentes, outras já estavam
completamente cicatrizadas.
Abri o presente e dentro havia uma caixinha, ao abri-la não acreditei
no que eu vi, um colar muito lindo e delicado, a peça brilhava muito, nunca
vi algo tão lindo em minha vida.
— São diamantes, eu pensei em você quando vi, brilham como seu
sorriso.
Meu coração parecia explodir naquele momento, ouvi-lo dizer que se
lembrou de mim ao ver algo tão expendido, me fazia ficar sem palavras.
— É lindo, mas é algo muito caro. Acho que terei que recusar. —Vi
suas sobrancelhas arquearam quando fiz menção em entregar-lhe o pacote
novamente.
— Não aceito devoluções, se lembra?
Sua voz soou firme enquanto ele mantinha contato visual comigo,
aquilo fazia com que meus pensamentos ficassem embaraçados.
— Tudo bem, obrigada novamente.
Passei a mão naquela peça delicada, nunca que meu pai daria algo
assim para minha mãe.
— Quer colocar, acho que irá combinar com o vestido.
— Claro!
Matteo retirou a peça das minhas mãos com toda delicadeza do
mundo, nossas mãos tiveram um breve contato, meu corpo inteiro se
arrepiou com aquele mero toque.
— Vire de costas por favor, e segure seus cabelos!
Sua voz era quase um sussurro, fiz exatamente o que pediu, virando
de costas para ele, evitando o contato de nossos corpos.
Suas mãos passaram o colar em volta do meu pescoço e tive que me
conter para não deixar um gemido escapar, aquele toque mesmo simples era
capaz de despertar em mim uma enorme combustão, senti seus lábios
depositando um beijo suave em meus ombros, meu corpo reagiu
instantaneamente com aquilo.
O toque suave pareceu incendiar todo meu corpo, senti Matteo
aproximar-se de mim, como se nossos corpos tivessem algum tipo de imã
que insistia em nos unir.
— Ravena! Olhe para mim meu anjo.
Sua voz era quase um sussurro em meus ouvidos, um som que eu
ouviria todos os dias se fosse possível, virei para ele fitando seus olhos
azuis, suas pupilas dilatadas demonstravam a luxúria escondida.
Suas mãos passearam pelo meu rosto, acariciando minha bochecha
um toque suave mas que era capaz de me incendiar, sentia-me inquieta, um
calor desconhecido se formava no meio das minhas pernas, era bom e
intenso.
— Matteo…
Chamei sua atenção para mim, sua boca agora estava ainda mais
próxima da minha.
— Tão perfeita meu anjo.
Sua boca tomou a minha com uma urgência inexplicável, sua língua
quente e molhada invadia a minha deixando-me louca aos poucos, sua mão
puxou meu corpo para si, ficamos colados um no outro, conforme o beijo se
tornava cada vez mais intenso pude sentir sua ereção contra minha barriga,
a inquietação em minhas pernas se intensificaram, sentia minha calcinha
molhada, Matteo me beijava com afinco.
— Você está invadindo minha mente Ravena, como uma bruxa
maligna. Quero tomá-la para mim Ravena, quero que seja minha,
totalmente minha.
— Matteo... Isso é bom ah!
Tentava pensar com clareza diante do que estava acontecendo mas
era em vão, nesse momento tudo que eu mais ansiava era pelo toque de
Matteo.
— Porra! Deixe-me tocá-la anjo.
Apenas acenei em confirmação e fique totalmente à mercê do homem
diante de mim, as mãos de Matteo passeavam por todo meu corpo, focando
nos meus seios, deixando-os completamente nus, sua boca desceu formando
um caminho de beijos molhados do meu pescoço até a clavícula, dando uma
leve mordida até ir no foco principal que eram meus seios, enquanto uma
mão brincava com meu mamilo sua boca chupava o outro de forma voraz e
lenta, deixando me a beira de um colapso.
Num movimento rápido fui erguida e levada em direção a cama,
Matteo arrancou meu vestido de forma bruta, tentei protestar já que
obviamente o vestido estava rasgado.
— Hoje farei você sentir um terço de tudo que posso proporcionar a
você, todo prazer que poderá sentir em meus braços.
— Oh sim!
Foi tudo que consegui dizer, diante das sensações ele me fazia sentir,
com delicadeza Matteo começou a descer a mão por todo meu ventre até
chegar na região inquieta, minhas pernas se fechavam involuntariamente
conforme ele me tocava.
— Abra bem as pernas amore, deixe-me ver a minha boceta.
Nem pude abrir a boca para formular uma resposta pois Matteo
começou a beijar-me com mais fome do que antes, automaticamente minhas
pernas se abriram e sua mão começou a percorrer todo o tecido molhado da
minha calcinha.
— Está molhada Ravena, pronta para ser tocada por mim. Eu serei o
único a tocá-la e quando eu foder você, nenhum homem no mundo irá olhar
para você, nem desejá-la pois será total e inteiramente minha. Irei marcar
cada centímetro da sua pele enquanto fodo essa boceta, e quando acabar
deixarei a minha porra escorrendo sob ela, assim se lembrará quem é o
dono dela.
Ouvi-lo dizer essas palavras sujas fazia com que todo meu corpo
tremesse, era completamente diferente do que eu sentia quando estava na
Rússia o nojo e a ânsia de vômito que eu tinha a cada palavra imunda que
era dita a mim.
As mãos de Matteo passearam por toda minha vagina, que ainda
estava coberta pelo tecido da calcinha, logo senti que ela foi retirada em um
movimento brusco feito por ele. Agora eu estava completamente exposta a
Matteo como jamais imaginei que ficaria diante de qualquer homem no
mundo, seus dedos habilidosos agora estavam afastando os grandes lábios,
em seguida passavam por toda extensão molhada.
— Quero prová-la sentir todo gosto da sua boceta, quero que goze na
minha boca e grite meu nome.
— Ahh... Por favor, faça essa inquietação parar.
Tentei apertar as pernas, mas os braços fortes de Matteo me
impediram, quando menos esperei sua língua quente e molhada começou a
chupar toda minha vagina, sentia-me indo ao paraíso com àquilo, a
sensação era de que a qualquer momento eu fosse explodir em uma onda
surreal de prazer.
As chupadas eram intercaladas em lambidas lentas e deliciosas, senti
seus dedos massageando o ponto específico da minha vagina.
— Que boceta deliciosa Ravena, quente, suculenta e minha. — As
palavras dele causavam em mim uma combustão.
— Isso é gostoso, por favor, não pare.
— Nunca! Só ficarei satisfeito quando chupar até a última gota do
mel que sua boceta irá me presentear.
Seus dedos começaram a massagear meu clitóris com mais rapidez e
pressão, as chupadas ficaram mais lentas e eu sentia que estava cada vez
mais perto de explodir de prazer. Tentava não gritar chamando por Matteo,
mas se tornava impossível cada vez que ele me tomava com força.
Minhas paredes internas se contraíram, meu coração acelerou ainda
mais, eu senti todo meu corpo tremer convulsivamente
— Olhe para mim Ravena, olha enquanto você goza na minha boca,
veja enquanto eu bebo todo seu mel.
E assim encarando aquele homem com a cabeça entre minha pernas
chupando-me da forma que nunca pensei que aconteceria eu explodi num
primeiro orgasmo intenso, sentia-me ofegante, olhei para baixo e vi a
imagem mais sensual do mundo Matteo chupava todo meu gozo,
deliciando-se, como se provasse o mais caro dos doces.
— Sinta seu gosto amor, sinta o quão saborosa você é.
Fui beijada por ele, enquanto sentia o gosto do meu orgasmo junto ao
gosto do seu beijo, aquilo era bom, senti uma tremenda devassa com isso,
mas agora isso realmente não importava.
— Deliciosa Ravena!
Pude ver que sua ereção continuava enorme, e de alguma forma me
senti mal por ele, por não satisfazê-lo.
— Você, é bem... — Tentei procurar uma palavra ou algo para dizer
que não fosse me constranger, porém era em vão.
— O que? Ah isso! — Quando ele notou do que se tratava, chegou
ainda mais perto de mim.
— É, bem se quiser podemos tentar algo.
Sua mão pousou em minha bochecha acarinhando-a com uma ternura
impressionante.
— No momento certo, irei fazê-la minha. O que aconteceu hoje foi
apenas uma amostra do que posso lhe dar. Quero que esteja recuperada de
vez. Pois eu te garanto que não serei nem um pouco cavalheiro.
Dizendo isso, deixou um selinho em meus lábios e acomodou-se ao
meu lado na cama, eu ainda usava o colar que ganhei dele e o vestido como
eu presumi tinha sido rasgado, peguei ele em minhas mãos imaginando o
quão caro ele havia sido e no fim que o pobre coitado teve.
— Não se preocupe com isso amor, darei todos os vestidos que
desejar, quero que se vista como uma rainha, darei a você todo luxo que
merece.
— Isso não é necessário, não sou dada a luxos e riquezas e sabe bem
disso.
Argumentei com Matteo, afinal eu vivi uma vida miserável, quero
poder ser capaz de conquistar minhas coisas sozinha.
— Agora é diferente, será uma Mattarazzo. Terá tudo do bom e do
melhor. Irei preparar um banho de banheira para você, não demoro.
Matteo levantou-se indo em direção ao banheiro, agora eu precisava
dizer a minha mente e ao meu coração que nós nunca seríamos um casal,
aquilo era apenas algo casual. Eu poderia ser uma virgem ou uma tapada
como muitos gostavam de dizer, mas cresci vendo homens poderosos ,
relacionando-se com mulheres como eu, mulheres que não eram ninguém, o
que era apenas passageiro e de uma noite.
Eu não ligo de entregar minha virgindade a Matteo, desde que seja
consensual e prazeroso para ambos.
E era isso que eu e Matteo teríamos, algo casual, e por mais que no
fundo isso me doesse, nunca passaria disso.
CAPÍTULO 07

Matteo

Após o banho Ravena dormiu em meus braços, ela dormia


tranquilamente aconchegada a mim, seu semblante era calmo e sereno, sua
beleza angelical fazia meu coração bater de uma maneira estranha.
Lutando contra minha vontade, acomodei Ravena na cama e me
levantei, precisava ficar longe dela, meus pensamentos estavam
desordenados, eu precisava pensar.
— Durma bem anjo.
Deixei um beijo suave em seus lábios e saí porta afora, o dia estava
querendo amanhecer, olhei o relógio e já eram quatro e tantas da manhã,
dormir seria algo inalcançável para mim. Peguei meu celular que havia sido
abandonado por mim dentro do closet e o liguei, como eu já sabia havia
inúmeras ligações de Gabriel e Nathan, além de mensagens de texto. Porém
uma mensagem em específico me chamou atenção, era um número
desconhecido, meus olhos não acreditaram no que viram.

" Roubou algo muito valioso de mim, não acha Mattarazzo.


Assinando B."

— Merda! Que grande merda.


A mensagem sem identificação era de ninguém mais ninguém menos
que Bóris, o homem que acabou com tudo que me fazia feliz e agora
tentava me intimidar.
Não podia perder tempo, precisava agir contra Bóris antes que ele
pudesse chegar até Ravena, ignorando todo meu orgulho liguei para
Gabriel, somente ele poderia me ajudar nesse momento.
— Que porra você tem na cabeça? Sai feito um louco, some por
horas e vem ligar a essa hora.
A raiva era nítida em seu tom de voz, mas eu realmente não me
importava, precisava da ajuda do meu amigo e subchefe.
— Tá porra, sem sermão, caralho, preciso de você e Natan agora. Me
encontrem no escritório. —Fui rápido ao falar, pois não tinha tempo a
perder.
— Caralho que merda você se meteu? Avisarei a Natan.
Desliguei o telefone, me vesti, descendo as escadas as pressas acabei
encontrando Liza, nossa governanta sempre acordava muito cedo.
— Bom dia senhor. Já irá sair tão cedo? Não quer um café.
Liza foi contratada por meu pai anos antes de sua morte, ela era uma
mulher de boa índole, não possuía família, seu único parente vivo era seu
filho Luigi que foi morto pela máfia russa, Luigi era um soldado e foi
enviado para o território russo sem saber que estava em um terreno de
mafiosos e acabou sendo morto. Desde então Liza passou a ser
praticamente da família.
— Bom dia Liza, preciso ir urgente. Minha irmã só voltará a noite
então leve as refeições da senhorita Ravena no quarto tudo bem? Diga a ela
que tive de sair muito cedo.
— Tudo bem senhor. Se cuide!
Lançou um sorriso maternal para mim e foi para a cozinha. Peguei
um dos meus carros na garagem e dirigi feito um louco para o escritório, a
máfia Matarazzo tinha um escritório próprio afastado da cidade, odiávamos
ter que discutir assuntos desagradáveis na nossa casa, no mesmo ambiente
em que nossa família estava.
Para nós a família era sagrada, depois de alguns minutos cheguei ao
prédio, Natan e Gabriel já estavam à minha espera, ambos com cara de
poucos amigos.
— Olha Matteo, sei que é meu capo, e que lhe devo obediência, mas
da próxima vez que fizer o que fez ontem eu mesmo mato você.
O jeito rude e frio de Natan não me abalava nem um pouco, já lhe dei
com homens piores. Gabriel apenas observa meus movimentos com um
olhar de julgamento pelos meus atos.
— Bem sei que lhes devo desculpas por ontem. Mas no momento
temos outra preocupação.
— Qual? — Indagou Gabriel com um vinco entre as sobrancelhas.
— Bóris descobriu que Ravena está comigo e me enviou uma
mensagem anônima.
Peguei o celular e coloquei sobre a mesa para que ambos lessem a
mensagem.
— Porra! — Rugiu Gabriel e sua expressão dele não me confortou
nem um pouco.
— Precisamos descobrir o paradeiro dele, Bóris poderá fazer
qualquer coisa contra vocês e principalmente contra ela.
— Terão que me matar primeiro, ninguém tocará em um fio de
cabelo dela.
A raiva invadiu minhas entranhas só de imaginar por um mísero
segundo Ravena voltando para as garras de Bóris.
— Então o famoso Coração de Gelo está derretendo, é o fim dos
tempos.
Meu adorável subchefe zombou de mim arrancando um olhar
suspeito de Natan.
— Então? Você está nutrindo algum sentimento por ela?
Com as sobrancelhas arqueadas e os braços cruzados, Natan me
encarou de cima a baixo esperando uma resposta.
— Estou protegendo ela. Apenas.
Seria apenas isso? Eu iria negar até meu último dia de vida o quanto
Ravena mexia comigo de certa forma.
— Já que diz isso. Talvez a convidarei para sair. O sorriso cínico de
Gabriel se alargou quando percebeu minha mudança de postura.
— Não ouse! — Rosnei para ele, fazendo com que o cretino caísse
em uma gargalhada insuportável.
— Relaxe meu amigo, voltando ao foco principal devemos tomar
uma atitude o quanto antes. Ponderou ele.
— Precisamos achar o pai dela o quanto antes, ele precisa esclarecer
algumas coisas sobre a filha, por mais que a odeie.
Natan acrescentou enquanto puxava o celular para fazer uma ligação.
— Sei de alguém que poderia nos ajudar a encontrá-lo. — Disse
Natan sacando o celular do bolso para fazer alguma ligação. — Good
morning. Sorry about the schedule, I need a big favor. I want you to find the
whereabouts of Giocondo Roma, I need all your data, especially something
related to your marriage or your daughter, a girl who disappeared eleven
years ago. You have 24 hours to find him, dead or alive. I'll be waiting.
Have a great day. ( Bom dia. Desculpe pelo horário, preciso de um grande
favor. Quero que descubra o paradeiro de Giocondo Roma, preciso de todos
os seus dados, principalmente algo relacionado ao seu casamento ou à sua
filha, uma menina que desapareceu há onze anos. Você tem 24 horas para
encontrá-lo, vivo ou morto. Eu estarei esperando. Tenha um ótimo dia.)

Natan era conhecido por seus inúmeros contatos, não me admira nada
ele fazer a ligação toda em outro idioma.
— Tenho um contato de um casal de hackers em Nova York, em
breve teremos as informações que precisamos. — Explicou ele.
— Agora nosso problema é o amiguinho do porão, ele não quer falar
e precisamos que ele fale tudo que sabe.
— Tem razão Gabriel, vamos até o porão, juro que dessa vez não o
matarei com minhas mãos. — Pontuei. — Iremos tentar uma conversa
civilizada mais uma vez, do contrário já sabem.
Seguimos rumo ao porão, o lugar agora parecia pior que antes, o
cheiro de vômito, fezes e urina estava impregnado no local, Cletus estava
encolhido num canto, enquanto parecia balbuciar algumas palavras em seu
idioma original.
— Malditos italianos. Você não fugiu dele, Boris virá atrás de você.
— O homem tossia mais do que conseguia falar.
— Diga-me onde ele está. — Perguntei usando o seu idioma.
— Ninguém o encontra, ele ressurge das cinzas.
Senti sua respiração mais ruidosa do que o normal, o homem puxava
o ar com uma força descomunal, só então percebi que o desgraçado havia
feito um corte profundo em seu abdômen usando um canivete
provavelmente escondido em seus sapatos.
— Miserável! — Praguejei.
— O infeliz não tem muito tempo de vida. O corte é profundo e está
infeccionado, além de muita perda de sangue. - Gabriel avisou.
— Prefere morrer feito um covarde do que revelar a verdade.
Cheguei perto dele para encarar seu rosto inchado e deformado.
— Vá para o inferno Ceifador, pois eu estou indo com muito gosto.
Assim ele deu seu último suspiro antes da falta de ar lhe atingir com
força, causando sua morte rápida.
— Porra, ele era a única droga de pista que tínhamos.
A raiva estava me cegando, perdi a nossa última pista por culpa
minha.
— Não poderíamos imaginar que ele faria isso. Mas devemos ficar
atentos, ele disse que Bóris surge das cinzas. Então é lá que estaremos
quando ele resolver chegar.
A voz fria de Natan me fez perceber que estávamos no meio de uma
guerra e que nosso oponente era traiçoeiro como uma serpente.
— Vamos voltar para o escritório, não aguento mais esse cheiro.
Reclamou Gabriel, assim que voltamos o celular de Natan apitou
indicando que tínhamos novidades.
— Então?
Perguntei afoito, não queria admitir, mas nesse momento o
nervosismo era meu pior inimigo.
— O pai dela estava vivíssimo, mora na Espanha há onze anos, aqui
diz que não está casado e... Natan parou de ler como se algo não fizesse
sentido para ele.
— O que? — Perguntei aflito.
— Aqui diz que ele nunca se casou na vida e nem que teve filhos, diz
apenas que ele era um ex militar que foi para Espanha curtir sua
aposentadoria.
— Façam as malas, viajaremos para Espanha.
— Amo essas aventuras, você não adora Natan? — Ironizou Gabriel.
Seja lá qual o mistério que envolve Ravena, não irei sossegar
enquanto não descobrir detalhe por detalhe.
Custe o que custar.
CAPÍTULO 08

Matteo

Deixei Ravena sob os cuidados de Liza e Antonella, além de deixar


Henrique e outros homens fazendo a proteção das duas, nesse momento
tudo que me interessava era descobrir o motivo que levou Giocondo Roma
a trocar sua filha como uma simples mercadoria.
Quase vinte horas de voo, finalmente chegamos a Espanha, confesso
que o país não me agradava assim como a Rússia, a máfia espanhola
concentrava-se em toda Sevilha, eram hipócritas demais, pregavam uma
política que nem eles seguiam, tínhamos uma espécie de aliança porém não
era ingênuo o suficiente e deixava pessoas de minha total confiança de olho
neles, qualquer passo em falso e tudo acabava, uma das nossas pessoas de
confiança era Mariah uma italiana filha de grandes amigos dos meus pais,
ela era uma ótima lutadora e muito sutil em tudo, para o mundo ela era
apenas uma professora de educação infantil, para nós ela era Lilith um anjo
caído.
— Pensei que não os veria aqui por um bom tempo.
Veio até nós com seu sorriso largo de sempre, Mariah era alta, tinha
um corpo esbelto e os olhos verdes, sua pele era num tom dourado e os
cabelos loiros lhe davam um ar totalmente angelical.
— Temos um bom motivo, é bom ver você.
Sempre a vi como uma irmã, nunca tive nenhum desejo sexual por
Mariah, quando seus pais morreram ela tinha apenas dezoito anos, estava na
faculdade e eu me ofereci para ajudá-la, em troca ela decidiu fazer parte da
máfia, porém eu nunca a colocaria em um perigo exposto, sendo assim
ofereci a ela um cargo como espiã.
— Olá rapazes, é bom vê-los também.
Acenou em direção a Natanael e Gabriel, que retribuíram com um
sorriso.
— Precisamos da sua ajuda, mas antes vamos para a mansão tudo
bem?
— Claro, vamos.
Senti seus músculos tensionando como se ela tivesse algo para me
dizer, quando liguei solicitando sua presença no aeroporto senti um certo
receio em seu tom de voz, ou algo estava acontecendo ou era apenas
loucura da minha cabeça.
A mansão onde Mariah ficava era completamente afastada da cidade,
em um lugar quase inacessível, rodeado de câmeras e seguranças altamente
treinados, apenas pessoas autorizadas entravam.
Estacionamos o carro no imenso jardim, que parecia estar ainda mais
belo do que a última vez que o vi, minha amiga amava flores desde pequena
e fazia questão dela mesmo cuidar do jardim. Entramos na propriedade e
senti algo diferente no ar, vi algumas peças minúsculas espalhadas pelo
chão, como se fossem quebra cabeças ou algo do tipo, até uma voz infantil
reverberar pelo ambiente.
— Mamãe, você chegou! Quem são vocês?
Uma linda garotinha idêntica a Mariah apareceu na sala, deveria ter
cinco anos de idade, olhei para Mariah que parecia perdida, assim como
meus amigos.
— Querida, venha cá por favor. — Ela chamou a menina e a pegou
no colo com todo cuidado do mundo. — Meninos, essa é Alice minha filha,
Alice esses são os amigos da mamãe, cumprimente-os.
A boca da menina se abriu em um "O" surpreso, ainda sim ela fez
exatamente o que a mãe pediu.
— Olá, sou Alice. — A voz tímida e doce fez meu coração se
aquecer, o desejo de formar uma família se acendeu ainda mais naquele
momento.
— Oi princesa, sou Natanael.
Mas todos me chamam de Natan, geralmente meu amigo e
conselheiro odiava pessoas, mais não quando eram crianças, a história de
vida de Natanael era triste e complicada cerca de dez anos atrás sua vida
virou totalmente ao avesso sua filha, Lauren tinha cinco anos quando foi
sequestrada, quando Luiza sua falecida esposa descobriu ela ficou
completamente desolada, pegou o carro e saiu a procura da filha, era uma
noite chuvosa e o carro acabou capotando, Luiza morreu na hora, logo
depois Lauren foi encontrada morta em uma vala, completamente nua e
machucada, desde então Natan busca incansavelmente achar o culpado pela
maior desgraça em sua vida.
— E eu sou o Gabriel, é um prazer, senhorita.
Alice parecia não se intimidar com nossa presença, abraçou Natan e
Gabriel distribuindo o sorriso mais sincero do mundo.
— Olá pequena Alice, sou Matteo, é um prazer conhecer você.
— Vocês são muito grandes, parecem os príncipes dos meus contos
de fadas.
A pequena falou enquanto estava no meu colo, a coloquei no chão e
ela voltou para o lado de sua mãe.
— Meu amor, vá fazer biscoitos com Jane tudo bem?
— Oba, biscoitos, posso comer tudo mamãe?
— Não meu amor, o que falamos sobre isso? Nós fazemos para
dividi-los com as crianças do orfanato.
— Tudo bem mamãe, amo você.
— Também amo você, princesa.
Mariah entregou a garotinha para a empregada que esperava
pacientemente, as duas saíram da sala, nos deixando a sós. Não estava
bravo de forma alguma com Mariah, mas o fato é que ela deveria me contar
sobre a filha, e o pior é que nenhum segurança me reportou sobre elas.
— Bom, acho que preciso de uma explicação. Olhei em sua direção.
— Primeiro me desculpe por não ter contado sobre Alice, peço
perdão. Alice veio em um momento muito difícil em minha vida, eu havia
começado um novo emprego e me envolvi com Jorge um professor da
escola onde dou aulas, ele nunca soube sobre mim, de onde eu vim e nem
sobre Lilith já que meu espanhol é perfeito. Nós iríamos nos casar quando
descobri a gravidez, porém com o trabalho e as obrigações com a máfia eu
deixei para depois do nascimento dela, até que tudo aconteceu. Ela manteve
a cabeça baixa, como se tentasse segurar as lágrimas.
— Mariah? — Natan a incentivou a continuar.
— Na noite do nascimento de Alice, após o parto Jorge precisou
voltar em casa para pegar umas roupas, foi quando ele sofreu o acidente que
o tirou de nós, ele só pôde segurar sua filha nos braços uma única vez, o
carro foi atingindo por um caminhão que estava desgovernado, ele morreu
na hora, eu estava meio grogue ainda e notei que ele demorava mais que o
normal para voltar, foi quando eu ouvi uma das enfermeiras falarem com a
minha médica, a doutora não soube o que fazer na hora ela ficou tão
chocada que ficou sem reação, porém eu sabia que algo estava errado e não
ia ficar parada, tirei os aparelhos e fui andando até a recepção e foi aí que
eu vi algo que nunca vou esquecer, o amor da minha vida completamente
desfigurado, não havia sobrado muito dele, só o reconheci pelas roupas e
pela tatuagem com o nome de Alice que ele fez antes dela nascer. Meu
mundo desabou na hora, fui para UTI fiquei dois meses apagada por
complicações pós parto, não pude me despedir dele uma última vez, não
pude dizer o quanto eu o amava, Jorge não pôde trocar a primeira fraldinha
da Alice, nem viu seus primeiros passos. Meu amor se foi e eu não pude
beijá-lo. Fiquei dois anos em um limbo depressivo, não conseguia ficar com
Alice, Jane que cuidou de tudo, até eu me sentir pronta. E eu nunca mais
havia tocado nesse assunto até agora. Me perdoe.
De forma alguma eu julgaria Mariah, a dor da perda era algo que
cada um de nós conhecíamos bem, meu coração se apertou com cada frase
dita por ela.
Fui até Mariah e a abracei forte, ela chorava convulsivamente, era
doloroso demais a última vez que a vi desse jeito foi quando Paulo e Maria
os seus pais faleceram. Avistei dois porta retratos em uma das estantes da
sala, em uma delas Mariah estava com uma barriga imensa ao lado de um
homem que era idêntico a Alice, os olhos verdes, cabelos castanhos, na
outra vi o homem segurando uma bebê nos braços provavelmente a foto foi
tirada antes da tragédia.
— Foram os momentos mais lindos da minha vida, sempre mostrei
essas fotos para Alice. Mariah fungou entre as palavras.
— Sentimos muito. — Fui até ela, oferecendo-lhe um abraço.
— Obrigada! Bem vocês vieram por alguma razão, qual foi?
— Conhece um homem chamado Giocondo Roma?
— Esse nome não me é estranho, já ouvi algumas mulheres na escola
onde eu trabalho falando sobre esse nome. Porque ? Quem é ele?
Narrei tudo o que sabia sobre Giocondo e o que ele havia feito, falei
sobre Ravena e a máfia russa, Mariah parecia em choque.
— Que monstro meu Deus! Irei tentar descobrir algo sobre seu
endereço ainda hoje, agora descansem um pouco, vinte horas de voo é
muito cansativo. Venham, vou mostrar seus quartos.
Fomos designados para nossos quartos, mas eu sabia que não
conseguiria dormir, pois a minha mente só pensava em uma coisa: Acabar
com Giocondo.
CAPÍTULO 09

Ravena

Acordei na manhã seguinte sentindo falta do calor dos braços de


Matteo, recordações da noite anterior ainda eram frescas em minha mente,
seu toque fascinante e quente, suas mãos que casavam perfeitamente com o
meu corpo causando em mim sensações que eu nunca havia sentido em toda
minha vida.
Entretanto eu tinha que manter minha mente no lugar certo, não
poderia me dar ao luxo de ser uma tola e acabar me apaixonando pelo
homem que me salvou, Matteo é um homem poderoso, capo da maior máfia
do país não se daria ao luxo de se envolver com alguém como eu.
Afastei esses pensamentos ruins da minha mente e criei coragem para
levantar da cama, abri as cortinas do quarto e me deparei com um dia
belíssimo lá fora, o sol estava forte entrando em um contraste lindo com
mar infinito no horizonte, abri as janelas para respirar aquele ar puro da
manhã, era o ar da liberdade ar esse que eu não sentia há tanto anos.
Segui até o closet para escolher algo confortável para usar, hoje,
estava disposta, me sentia incrivelmente bem, agora era o momento de
começar a viver e aproveitar minha vida, não estava livre de fato, já que
Bóris poderia aparecer a qualquer momento, mas aqui na Itália pelo menos
enquanto estivesse com a família Matarazzo eu estaria segura.
Optei por usar uma saia longa com um tecido leve e gostoso e uma
blusa mais curtinha com alças grossas, e as deixei separadas sobre a cama e
fui para o banho, agora os hematomas em meu corpo eram menos visíveis
exceto algumas cicatrizes nada que fosse realmente incômodo pra mim, na
verdade as vezes eu me esquecia completamente delas.
Lavei bem os meus cabelos, eu os amava muito, lembro de quando
era criança e minha mãe os penteava com muito carinho, cada dia era um
penteado diferente para que eu me sentisse bonita e especial, lembranças da
minha mãe fazia meu coração apertar, mamãe era uma mulher incrível, que
sofreu por tanto anos enquanto era casada com Giocondo.
Terminei meu banho, passei um hidratante de morango que Antonella
comprou para mim, o cheiro era delicioso, vesti a roupa escolhida que ficou
melhor do que eu imaginava, felizmente eu estava ganhando peso, com a
boa alimentação mais as vitaminas prescritas por Antonella eu me sentia
cada vez mais forte.
Sai do quarto para tomar café da manhã, e para minha surpresa
Matteo não estava lá, geralmente ele sempre tomava café com Antonella,
será que ele não queria me ver e optou por sair cedo ou tomar café no
quarto?
— Bom dia dorminhoca, vem tomar café comigo por favor.
Antonella me chamou com um gritinho animado, fazendo com que
eu afastasse todo sentimento ruim da minha mente.
— Bom dia Nella, fazia tempos que eu não dormia tão bem.
Confessei enquanto me sentava ao seu lado, minha língua coçava
para perguntar a ela sobre Matteo, mas achei melhor não, tinha medo de não
me agradar com a resposta.
— Fico feliz que esteja bem e forte, bem daqui a alguns dias a minha
ginecologista voltará de férias, se você quiser é claro posso pedir para que
ela venha até a mansão, afinal você já é uma mulher feita e precisa saber
como estão os hormônios do seu corpo, entre outras coisas.
A menção no nome ginecologista me apavorava um pouco, mas
confiava em Antonella e principalmente pelo fato de ser uma mulher que
iria me atender, de fato eu precisava me cuidar, passei por muitas surras e
fui negligenciada de muitas vitaminas por onze anos.
— Irei adorar, Nella. Obrigada.
— Não precisa me agradecer, Dr. Mônica é ótima e cuida da minha
saúde desde sempre. A propósito hoje teremos um dia de princesa, uma
espécie de SPA em casa, chamei meu cabeleireiro, minha manicure, e uma
massagista, você merece isso tanto quanto eu.
Foi impossível não ficar emocionada, a sensação de cuidado que eu
sentia naquela casa era algo que eu jamais imaginava sentir.
Nella, Matteo e Liza eram incríveis, queria ter a oportunidade de
agradecer aos amigos de Matteo que também os ajudaram a salvar a mim e
as outras garotas, porém ainda não fomos apresentados de maneira formal.
— Nunca saberei como agradecer a vocês por tudo que estão fazendo
por mim, serei eternamente grata.
— Agradeça ficando saudável e se mantendo forte ok? A propósito,
recebeu o colar ?
Ah o colar, foi quase instantâneo minha mente viajar para as
lembranças daquela noite, Matteo tocando a região do meu pescoço
delicadamente enquanto os pelinhos do meu corpo se arrepiaram por
inteiro.
— Sim! É muito lindo porém caríssimo, disse a Matteo que não era
necessário me dar algo tão caro.
— Esse é o jeito do meu irmão, não mede preço pra nada, aprendeu a
ser assim com nosso falecido pai. Papai adorava presentear a mamãe e a
mim sempre com as coisas mais caras.
Vi seus olhos encherem de lágrimas, sua voz estava num tom de
orgulho e admiração, o falecido senhor Mattarazzo era de fato um pai para
seus filhos.
— Seu pai parecia um homem incrível.
— Sim ele era, papai era gentil, carinhoso e caridoso com os que
mereciam. Ele resgatou o Gabriel de um orfanato decadente em que ele
vivia no interior da Itália.
Gabriel era o subchefe da máfia e melhor amigo de Matteo, havia
visto ele de longe algumas vezes, mas sempre notei o modo apaixonado que
ele olhava para Antonella, mesmo tentando disfarçar a todo custo.
— Gabriel sofria abusos físicos e psicólogos no orfanato, papai o
achou todo machucado, ele era agressivo e só aceitou ficar aqui por mim,
quando ele chegou tinha medo de que papai e os homens dele fossem
machucá-lo, mas assim que eu o vi, senti algo diferente, então o convenci
de que ele estaria seguro e bom hoje não somos tão próximos mas essa é a
vida não é mesmo?
Nella sentia algo por Gabriel, e me doía muito saber que ela se sentia
rejeitada por ele, Antonella era incrível, uma mulher boa, alegre e gentil era
quase importante não se encantar por ela.
— Sinto muito Nella.
— Tudo bem, a vida é uma maré incansável que sobe e desce o
tempo inteiro. Mas enfim voltando a falar do meu pai, ele fez o que pôde
para nos criar da melhor forma possível, nunca se casou novamente ao
contrário de alguns líderes que casam novamente para firmar alianças, papai
jamais aceitaria uma mulher no lugar da mamãe, e ele conseguiu lidar com
nossa criação claro que com a ajuda de Liza foi bem mais fácil. Mas tinha
certas coisas que o papai sentia-se perdido, por exemplo quando eu
menstruei pela primeira vez, ou quando eu precisei de apoio por estar com
muitas cólicas. Até que bem, o destino decidiu que era hora dele voltar pro
grande amor da sua vida, do dia em que eles iriam completar mais um ano
de casamento, caso mamãe estivesse viva ele infartou e não resistiu, e foi ali
que eu entendi que alguns amores ultrapassam a vida.
O relato de Nella era incrível e emocionante, os pais deles eram um
casal realmente apaixonado, o que me surpreendeu muito por ser um
mafioso.
— Queria poder lhe contar uma linda história de amor assim, mas
meu pai se é que devo chamá-lo assim nunca escondeu o quanto me odiava,
e além de descontar em mim, ele descontava na minha mãe.
— Ele nunca disse ou sei lá nunca comentou algo que pudesse
explicar tanto ódio?
— Ele só dizia que me odiava pela cor dos meus olhos e pelo fato de
ter uma filha mulher, que eu era inútil e enfim. Ele só me odiava por existir.
— Sei que não nos conhecemos há tempo suficiente, mas eu vejo em
você uma pessoa incrível Ravena, além de ser muito forte, algumas pessoas
não aguentariam um terço do que você aguentou.
— Obrigada Nella, estou feliz que tenho você em minha vida agora.
— Nós ficamos felizes, apesar do Matteo parecer um brutamontes,
ele é um homem incrível, herdou o caráter do nosso pai.
— Ele está bem, não veio para o café. — Finalmente criei coragem
para matar minha curiosidade.
— Matt viajou hoje cedo, surgiram alguns problemas na Sevilha, e
ele precisou ir.
Fiquei completamente aliviada, pelo menos eu não era o motivo da
viagem, o que me tranquilizou.
— Agora vamos terminar nosso café pois teremos um longo dia pela
frente.
E ali ao lado da minha nova e única amiga, eu desfrutei de um café
da manhã delicioso, conversando sobre bobagens da vida, e sobre as
experiências de Antonella na Medicina.
Eu nunca me senti tão viva e tão amada quanto agora.

Meu dia ao lado de Antonella foi o melhor do mundo, a companhia


dela era divertida e leve, tirando Antonella a única "amizade" que eu tive
nesses anos era Amber porém não tínhamos muitas oportunidades para
conversar já que na maior parte do tempo estávamos sendo vigiadas por
Madame Cherry ou Cletus ou algum outro segurança do local.
Gostaria de poder viajar o mundo quando tudo se acalmasse
aproveitaria a oportunidade para visitá-la, fico muito feliz em saber que no
fim ela voltou para sua família, gostaria de ter tido a mesma sorte que ela.
— Então Ravena que tal mudar o visual? Vida nova, visual novo.
A ideia era absolutamente tentadora, apesar de amar meus cabelos, eu
gostaria de muda-los um pouco, nada muito ousado é claro.
— Interessante, mas não tenho a menor ideia do que fazer.
Ao contrário de mim, Antonella sabia muito bem o que queria, ela
era determinada e ousada, sem medo das críticas isso era admirável.
— Bobagem querida, seus cabelos são lindíssimos e podemos fazer
um corte apenas para realçar o seu rosto, que tal?
Monique a cabeleira de Antonella me fez uma boa sugestão, pensei
por alguns segundos e finalmente decidi ceder.
— Tudo bem, estou em suas mãos agora.
— Não se preocupe querida.
Monique começou lavando meus cabelos com produtos específicos
para ele, o cheirinho de frutas vermelhas deixava todo salão principal
perfumado, decidi cortar meus cabelos até abaixo dos ombros, faria uma
boa escova para alinhá-los.
Enquanto Monique cuidava dos meus cabelos, a manicure fazia
minhas unhas, que estavam bem danificadas pela falta de cuidados.
Após um longo processo de puxa, seca e corta eu estava pronta, e o
resultado me surpreendeu, meus cabelos estavam com um volume
lindíssimo.
— Você está maravilhosa Ravena.
— Obrigada Nella.
Desci a mão pelos fios sedosos admirada, o reflexo da moça no
espelho era completamente diferente de um mês atrás, as bochechas cheias
e coradas, um sorriso leve no rosto, eu estava feliz, absurdamente feliz.
Nosso dia de spa em casa foi tranquilo e agradável, passamos por
sessões de massagens e até nos aventuramos a um mini curso de
automaquiagem, mas volta e meia pensamentos que eu não queria ter
voltavam com força a minha mente, uma ponta de curiosidade em saber por
onde andaria Giocondo Roma, seria cruel da minha parte desejar que ele
estivesse morto?
No fundo eu sabia que não e sinceramente não me sentia nem um
pouco culpada por desejar isso, afinal ele me vendeu como um pedaço de
carne, mas de fato eu possuía uma certa curiosidade em saber porque ele
sempre me rejeitou, sempre soube que não era apenas o fato de ser uma
menina que não o agradava, havia algo mais, entretanto eu nunca saberia a
verdade, coloquei essa sujeira embaixo do tapete, decidi alguns filmes com
Antonella, que como eu já imaginava não era nem um pouco fã de
romances açucarados e sim de ação e ficção científica.
— A partir de agora você será apresentada a melhor franquia de
filmes do mundo.
Nella cantava enquanto dava pequenos pulinhos de alegria, Liza nos
preparou algumas guloseimas para acompanhar a longa maratona.
— Vou te apresentar os filmes da Marvel ou MCU. É um universo de
filmes que mistura super heróis com ficção científica e ação, simplesmente
maravilhoso. Vamos começar pelo primeiro filme da franquia, Homem de
Ferro e no decorrer vou te apresentar os demais personagens.
E assim passamos as próximas duas horas assistindo um filme que
contava a vida de um homem riquíssimo chamado Tony Stark, ele era
simplesmente brilhante, tinha uma inteligência de invejar qualquer um, é
fruto dessa inteligência ele criou uma espécie de armadura incrivelmente
poderosa. Fiquei abobalhada com o filme e quis assistir o próximo, Nella
me disse que todos os filmes por mais diferentes que fossem acabavam
ligados entre si, chegamos no filme que contava a história de um homem
chamado Steve Rogers um cara magrelo e absurdamente fraco mas que
ainda sim era corajoso e determinado, o final do filme não me agradou em
nada já que o coitado perdeu o melhor e único amigo e foi congelado por
anos acordando em uma era totalmente diferente da sua, sentindo-se
perdido em sua nova realidade. Talvez a minha história e a do capitão
América não fossem tão diferentes, eu perdi a minha mãe, única pessoa que
realmente me amava, fui mandada pra Rússia e aprisionada perdi minha
infância, minha adolescência, não namorei, não me formei, literalmente
parei no tempo.
Cessamos a sessão de cinema praticamente às quatro da manhã, já
que Nella e eu estávamos praticamente caindo de sono.
— Então o que achou?
— Filmes bem intensos, mas eu adorei. Principalmente o filme do
Capitão América, muito triste o que aconteceu com ele e com o pobre
James.
James Barnes era como irmão do Steve, o coitado caiu de cima de um
vagão de carga.
— Assistiremos a continuação desse, você vai se surpreender. Merda!
— Praguejou enquanto pegava o celular.
— O que houve?
— Matt me ligou cem vezes e eu não vi. Me distraí com os filmes,
provavelmente os seguranças avisaram que nos trancamos em casa e ele
está preocupado. Vou retornar a ligação.
Olhei para o relógio e já se passavam das quatro e meia, Matteo não
estaria acordado até tarde, ou será que estaria? Ele atendeu no primeiro
toque, Antonella pôs o telefone no viva voz.
— GRAÇAS A DEUS VOCÊ ATENDEU, ONDE ESTAVA MARIE
ANTONELLA?
— Desculpe irmão, eu e Ravena estávamos assistindo alguns filmes e
eu acabei não tirando o celular do modo silencioso.
— Princesa fico preocupado , estou longe de casa e vocês são
minhas responsabilidades.
— Sinto muito, a propósito, quando você volta? Estou sentindo sua
falta.
— Volto em breve querida, não se preocupe. E Ravena como está?
Ouvir ele pronunciar meu nome mexeu comigo de uma forma que eu
sequer imaginava.
— Ela está bem, tivemos um dia de garotas hoje e nos divertimos
muito. Quer que eu passe o telefone para ela?
Parte de mim queria falar com ele, não sabia o que exatamente, mas a
outra parte não queria ter que conversar com ele por telefone.
— Por agora não, preciso ir. Tenho que descansar um pouco,
sairemos para resolver algumas pendências ainda cedo. Amo você irmã, e
se cuidem.
Matteo desligou o telefone enquanto Antonella e eu fomos para os
quartos, e minha amiga seguiu para o seu e eu fui para o meu. Ali deitada
naquele quarto tudo que eu mais ansiava era pelo toque lascivo de Matteo.
CAPÍTULO 10

Matteo

Suportei mais uma noite em claro, Antonella quase me mata de tanta


preocupação, os guardas me avisaram que a casa estava trancada e muito
silenciosa, que a própria Antonella solicitou que todos os guardas ficassem
apenas aos arredores da casa e não dentro, felizmente consegui falar com a
cabeça de vento da minha irmã e tudo estava bem.
Fui um covarde em não conseguir falar pelo telefone com Ravena
mais que se sabe, em breve estaremos cara a cara, o que me interessa é
saber que ela está bem e feliz ao nosso lado.
Hoje será um dia glorioso, isso porque conseguimos a localização
exata de Giocondo e digamos que iremos fazer uma breve vista a o bom
samaritano, olhei pela janela do quarto de hóspedes analisando aquele
horizonte, a Espanha era um local muito bonito, pena que era mal
comandado, Mariah conseguiu se instalar e viver muito bem aqui, mas
agora com Alice todo cuidado é pouco.
Como teríamos um compromisso especial escolhi meu melhor terno,
a melhor gravata e o melhor relógio afinal não era todo dia que se pega um
rato filho da puta. Peguei minhas armas e tudo que fosse necessário, e desci
para o café da manhã. O grande momento estava chegando.
— Bom dia a todos. — Cumprimente-os meus amigos, e a pequena
Alice que comia apressada, era muito fofo o jeito como suas mãozinhas tão
pequenas lutavam para segurar a xícara de leite. Me fazia lembrar de
Antonella naquela idade, ela era uma criança muito elétrica e extrovertida,
sempre se preocupava com o próximo, papai dizia que ela já havia herdado
o dom da medicina de mamãe.
— Bom dia senhor Matteo, deseja algo em específico?
— Não Jane, obrigado.
— Vejo que alguém está de bom humor hoje.
Mariah comentou enquanto cortava as panquecas de Alice.
— É um bom dia, não poderia ser melhor. — De fato meu humor
estava a mil, só em imaginar acabar com Giocondo.
— Estamos prontos capo, é a hora de agir. — Bradou Natan.

Segundo informações que recebemos Giocondo Roma agora era


Giocondo Gonzalez, o desgraçado teve a audácia de mudar até de
sobrenome, vivia em um apartamento altamente luxuoso e era conhecido
pelas boas ações na comunidade. Lilith ficou encarregada de atraí-lo,
usando a desculpa de que a escola da comunidade precisava de apoio
financeiro.
— O plano é excelente, as mulheres conservadoras da região
idolatram o Giocondo, bastará apenas um comentário de que as
coisas na escolinha vão mal que teremos ele aos nossos pés. — Lilith
era ardilosa e racional, seus planos eram voltados na maioria das
vezes para o emocional do inimigo ou algo que interferisse no seu
ego.
— Excelente! Henrique e os demais já estão de vigia no prédio em
que ele mora, anotando todos os passos dados por ele.
— Matteo, o que faremos com ele, digo quando o capturamos, iremos
matá-lo sem ao menos cogitar a mínima ideia de que talvez a Ravena
queira vê-lo.
O questionamento de Natan já era algo que eu havia pensado diversas
vezes, Ravena era boa e pura demais para simplesmente aceitar a morte do
pai, mas eu não era bom e não deixaria que isso simplesmente passasse.
— Sinceramente eu ainda não sei o que fazer com ele. Venho
pensando nisso a tempos acredite, mas é difícil decidir.
— Acha que ela pode pensar em perdoá-lo por tê-la entregado aos
russos e simplesmente voltar a viver com ele?
A simples ideia de Ravena ir embora e morar com o monstro do pai,
me causava arrepios, nunca permitiria isso. Nem que fosse necessário
aprisiona-la a mim pela eternidade. Nunca deixarei ela ir. Ravena agora é
uma Matarazzo e jamais deixará de ser enquanto eu viver. Os olhares
críticos dos meus amigos não passaram despercebidos, Natan por hora
apenas abaixou a cabeça acenando em negação, enquanto Gabriel estava
prestes a falar e eu já sabia exatamente o que.
— Está se interessando pela garota, não é? E não tente esconder
Matteo, somos praticamente irmãos.
— Não seja ridículo Gabriel, eu apenas estou fazendo minha parte
como Capo e líder de uma organização que preza tanto pela segurança dos
inocentes.
Era isso, não poderia me interessar por ela, Ravena era a luz que eu
jamais seria merecedor, na vida. Apesar de estar a apenas um mês conosco
Ravena exalava sua leveza pelos arredores da mansão, Nella adorava sua
companhia e bem eu também, mas seria hipócrita em dizer que não me
recordava perfeitamente da noite em que a tive nos meus braços, dos beijos
que trocamos, seus gemidos e suspiros, sua entrega perfeita para mim, mas
Ravena merecia mais, ela merece um homem completo que possa dar a ela
tudo que ela merece o amor de verdade.
— Desde que a Ravena chegou, tudo que você mais quer é encontrar
o pai dela, quase matou o Cletus quando ele disse aquilo. Não vamos mentir
para nós mesmos, amigo.
— Vocês estão malucos, é isso.
— Se é assim então vamos aproveitar que estamos longe de casa e
iremos para uma boa boate da região. Tenho certeza de que foder uma boa
boceta seja a solução dos seus problemas.
Diferente do que muitos pensam sobre mim, eu odeio sair ou me
envolver com uma qualquer só por prazer, as mulheres que já estiveram na
mesma cama comigo eram altamente selecionadas por mim, e muito bem
pagas para jamais em nenhuma hipótese comentar nada a respeito das
minhas cicatrizes. Graças a Deus não precisei responder nada pois Mariah
chegou no momento certo.
— Boas notícias rapazes, Giocondo já sabe sobre as doações que
precisamos, e faz questão de ir pessoalmente até lá, isso significa que o
momento ideal para pegá-lo é agora.
— Ótimo. Deixem Henrique e os demais homens a posto , preparem-
se hoje pegamos Giocondo Roma. Comuniquei a Gabriel e Natan.
— Como quiser Capo!
—Lilith foi brilhante, como sempre é em tudo que faz.
— É o meu trabalho capo. Agora preciso voltar para escola, podem
notar a minha falta.
A fofoca já havia atingido o resultado esperado assim como Lilith
previu.
Agora nos resta apenas esperar para que o rato caia na ratoeira.

Uma hora depois lá estávamos nós prontos para capturar Giocondo,


não demorou muito para que ele aparecesse exatamente onde queríamos,
sabíamos que ele só andava rodeado de seguranças e sinceramente não foi
difícil nos livrar deles.
Gabriel atirou nos seguranças que caíram diante de Giocondo,
Henrique e Natan já tinham cuidado dos outros que estavam espalhados
pelo quarteirão, era a hora de agirmos.
— Finalmente nos conhecemos, senhor Giocondo Gonzalez ou
melhor Giocondo Roma.
O homem estava incrédulo, agora sua casa havia caído, não adiantava
mentir.
— Deve estar me confundindo, rapaz.
Giocondo era um senhor de mais ou menos sessenta anos, cabelos
grisalhos, estatura mediana e os olhos mais frios que eu já vi em toda minha
vida.
— Com certeza não meu caro. A propósito acho melhor cooperar
conosco, entre no carro.
Ele hesitou e por um segundo pensei que ele fosse correr, mas não,
fez exatamente o que eu ordenei.
Gabriel e eu entramos no carro, enquanto os outros homens iam se
espalhando pela região para não levantar nenhuma suspeita.
— Quem são vocês? O que querem comigo? Pegaram o homem
errado.
— Você é o homem certo meu amigo, acredite.
— Juro que não devo mais nada ao Bóris Ravielle, se é por isso que
vieram até aqui.
Bingo, ele estava começando a sair do personagem, exatamente como
eu queria.
Não respondi absolutamente nada, fizemos o trajeto até um de nossos
esconderijos na Sevilha em total silêncio, Giocondo estava apreensivo
como se suspeitasse de algo.
Chegamos no galpão e a cara de medo que Giocondo estava era
completamente impagável.
— Desça do carro! — Ordenei
— O que vão fazer comigo?
Como um cãozinho assustado era assim que ele estava agora, isso era
algo que me enchia de prazer, um prazer mortal.
— Desça porra!
— Raí, tire as roupas desse rato e o acorrente ali por favor.
O verme começou a espernear quando Raí o arrastou para o fundo do
galpão, Raí era impaciente e explosivo no momento certo, e como era de se
esperar o som de ossos se quebrando ecoou pelo galpão.
Aproximei-me dele que agora estava nu, preso como um bicho e com
o rosto coberto por sangue.
— Giocondo Roma, não sabe como desejava encontrá-lo.
— Quem é você e o que você quer comigo?
— Sou seu pior pesadelo Giocondo, mas para sua sorte, não sou eu
quem irei matá-lo, pelo menos não agora. O nome Ravena soa familiar a
você?
Como se uma chave fosse girada o homem ficou completamente
estático, naquele momento ele finalmente percebeu o real motivo de estar
ali.
— Não, eu não conheço ninguém com esse nome.
Vamos ver por quanto tempo Giocondo iria manter firme, peguei meu
canivete que estava no meu bolso e fui pressionando na pele da sua coxa.
— Claro que você a conhece, cabelos longos e pretos, olhos cor
violeta, a garota que você vendeu ao Bóris Ravielle. A sua filha que você
vendeu.
Quando dei por mim o canivete já estava fincado na pele do
desgraçado que urrava de dor.
— Então ela ainda está viva?
— Surpreso? Mas não graças a você é claro.
— Eu nunca suportei aquela garota, eu fiz o que foi preciso pra
sobreviver e faria um milhão de vezes.
O ódio em suas palavras era algo que eu nunca vi igual, ele odiava a
filha como se ela fosse uma inimiga.
— Diga Giocondo o que te faz odiar tanto a sua própria filha? — Ele
não respondeu, abaixou a cabeça e se recusou a falar qualquer coisa que nos
fosse útil. — Você decide se falará por bem ou por mal.
Nada! Nenhuma resposta.
— Preparem tudo, iremos voltar para a Itália, acredito que o
Giocondo está louco para ver a filha, deixem ele sem água e sem comida até
partirmos para Itália, aproveitem para deixá-lo esfriando a cabeça por
algumas horas.
Sai do galpão junto com Gabriel para nos encontrarmos com Natan e
Mariah na mansão.
Algo me dizia que Giocondo escondia um grande segredo
envolvendo Ravena e isso explicaria o seu ódio por Ravena.
— E então o encontraram? — Perguntou Mariah ao entrarmos na
casa.
— Sim, voltaremos para Itália ainda hoje, ele não quer cooperar
conosco e acho que levá-lo a terras italianas irá ajudá-lo.
— Entendo. Mas ele falou algo sobre a filha?
— Só o que Ravena já havia dito, que ele a odeia.
— O que pretende fazer?
— Sinceramente Mariah eu não faço ideia. Não posso simplesmente
deixar isso passar, por mais que Ravena não queira se vingar do pai, eu não
posso deixar isso em branco.
—Você quer protegê-la, é perfeitamente normal. Mas se posso dar
uma sugestão, porque não tentar convencer a própria Ravena a falar com
ele?
Não tinha a menor condição de fazer isso, nunca colocaria ela em
risco dessa forma, não iria expor Ravena a rever o homem que a fez tão
mal.
— De forma alguma. Ravena não irá chegar perto daquele homem de
novo.
— Não pode protegê-la disso Matteo, vai além de você. Ele é o pai
dela querendo ou não deve aceitar a mínima possibilidade de que talvez, ela
queira falar com o pai e obter respostas.
— Eu não posso fazer isso.
— Não é você quem decide isso, Matteo, é ela.
Sem dizer mais nada subi para o quarto, arrumei as malas e avisei a
Antonella que estaria de volta no dia seguinte.
Eu estava sendo egoísta ou estava apenas protegendo Ravena? Não
poderia suportar que ela sofresse novamente, encontrar com o pai dela só
causaria mais dor, só a faria lembrar de um passado que ela deve esquecer,
eu tinha que protegê-la mesmo que isso significasse magoá-la de alguma
forma.
Horas depois e tudo já estava pronto para nossa volta, nos
despedimos de Mariah e Alice e embarcamos com nosso convidado ilustre,
solicitei a Raí que o vestisse novamente porém o mantivemos preso a
correntes, me admira que ele ainda estivesse vivo após passar mais de cinco
horas dentro de um freezer.
— Mariah tem razão e sabe disso. Natan colocou uma dose de uísque
próximo a mim, voltando a tocar novamente no assunto.
— O que vocês querem que eu faça? Que eu simplesmente ponha a
Ravena cara a cara com o homem que a fez sofrer por anos?
Ninguém parecia entender o que eu tentava fazer, Ravena só teria
mais dor ao encontrar o pai, depois de tantos anos.
— O que Natan e Mariah querem dizer é que você deve falar com a
Ravena que o pai dela está na Itália e que você foi atrás dele. E deixe ela
decidir o que quer fazer. Se ela quiser conversar com ele e perdoá-lo nós
não poderemos intervir, do contrário é só matá-lo como um porco que ele é.
— Pensando desse modo Gabriel carregava certa razão.
— Quando chegarmos à Itália, irei conversar com ela, preciso de um
tempo e ela também. Levem-no para o mesmo galpão em que deixamos o
Cletus. Quero me livrar logo desse assunto, meu grande alvo é o Boris
Ravielle e sempre será, o pai da Ravena é apenas válvula de escape para
nós.
O resto do voo foi no mais completo silêncio, minha mente
fervilhava em mil pensamentos, tudo que eu queria era voltar para casa,
passar um tempo com Ravena, antes de levá-la para toda essa loucura.
Quase um dia de viagem depois embarcamos na Itália, e como já
havia sido combinado Giocondo seria levado para um galpão afastado da
cidade até decidirmos o melhor a fazer.
Raí o retirou de dentro do avião e o jogou no chão como um saco de
batatas, o homem já estava com um cheiro desagradável e tremia feito um
animal com medo.
— Um bom filho à casa torna, não é Giocondo?
— Me…me tiraram da Espanha para me matar na I.. Itália?
— Eu não disse que iria matá-lo. Você veio rever a sua filha, tenho
certeza de que sente falta dela, e seja bonzinho porque ela decidirá o seu
futuro.
— Raí pode levá-lo, e qualquer coisa me mantenha informado, ok?
— Sim, senhor.
Raí colocou-o no carro e saiu da pista de pouso tão rapidamente que
a poeira cobriu todo lugar.
— Os vejo mais tarde, irei para casa preciso ver Antonella e a
Ravena. E Gabriel deveria aparecer lá na mansão Liza e Antonella sentem
sua falta.
O rosto de Gabriel corou como de uma criança, eu sempre soube ou
pelo menos presumia que ele sentia algo a mais por Antonella e que jamais
iria assumir.
— Assim que possível eu irei, sabe que continuo nas buscas por
Katerina.
— Você irá encontrá-la quando menos esperar.
Disse Natan e eu acenei em confirmação. Os dois entraram em seus
respectivos carros e eu segui para o meu. Era estranho, mas meu coração
batia descompassado, eu estava ansioso, fiquei longe de casa por quase
cinco dias e não conseguia controlar a euforia dentro de mim.
Nunca desejei tanto uma coisa, como desejava ter Ravena para mim,
e ela seria minha somente minha.
CAPÍTULO 11

Ravena

Depois de quase um mês fora de casa Matteo finalmente irá retornar,


Antonella disse que ele chegaria tarde e que provavelmente ela já estaria
teria ido para faculdade, e de fato ela estava certa já que já se passavam das
oito da manhã e ele ainda não havia chegado, Nella tinha saído às sete e
meia restando apenas eu, Liza e os seguranças da casa.
Decidi que era hora de recompensá-lo por tudo que fez por mim,
queria fazer um bom café da manhã para ele, eu era boa na cozinha desde
pequena tive certo dom para coisa e após anos servindo como escrava
Madame Cherry aproveitou-se dos meus dotes culinários, convenci Liza a
deixar-me preparar o café de Matteo, ela não questionou o meu gesto
apenas tinha ordens para que não me deixasse fazer nenhum tipo de esforço.
Para minha felicidade Matteo comia de tudo e amava frutas, seu suco
favorito era de manga, preparei alguns bolinhos com recheio de gotas de
chocolate, uma salada de frutas e meia jarra de suco, Liza me mostrou onde
ficava todos os artigos da cozinha e me deixou sozinha por um tempo,
enquanto ia verificar outros assuntos.
Quase uma hora depois tudo estava pronto, arrumei de forma
impecável na bandeja e esperei Matteo chegar para poder levar seu café até
o quarto dele.
— Ele chegou, minha querida. — Liza anunciou enquanto entrava
na cozinha.
— Levo agora ou espero mais um tempo?
— Pode levar meu anjo, ele subiu para o quarto e eu disse que já iria
subir com o café. Bem, acho que ele ficará bem animado em vê-la depois de
tantos dias.
Eu sentia exatamente a mesma coisa, minhas pernas bambas e meu
coração palpitava de ansiedade. Peguei a bandeja, equilibrando-a muito
bem e fui até Matteo.
Parei em frente a porta e tive de ser muito boa com equilíbrio para
poder bater na porta sem esparramar tudo no chão.
— Entre, Liza.
Abri a porta e lá estava ele, seu olhar estava voltado para janela, o sol
batia em seu rosto e seus músculos agora estavam descobertos, santa mãe
do céu Matteo era muito lindo.
— Bem vindo de volta Matteo.
Seus olhos azuis se voltaram em minha direção, abrindo um sorriso
genuíno e lindo, o mundo pareceu em câmera lenta quando Matteo deu
alguns passos em minha direção.
— Ravena meu anjo.
Retirou a bandeja das minhas mãos com delicadeza colocando-a sob
a cama e me envolveu em um abraço forte e apertado fazendo me inspirar
todo seu perfume amadeirado, que sensação deliciosa.
Naquele momento foi como se a terra simples deixasse de girar,
restava apenas eu e ele, num abraço perfeito.
Matteo desfez nosso abraço mas ainda sim nos mantemos próximos
um do outro.
— Como está, meu anjo?
— Muito bem, e você. Como foi a viagem?
— Um pouco cansativa. — E de fato Matteo parecia não dormir a
dias.
— Parece cansado, porque toma café e dorme um pouco, vai te
fazer bem.
— Obrigado anjo, e não precisava se incomodar trazendo o café,
não quero que se esforce ainda.
— Não foi problema nenhum, eu mesma o preparei.
Seus olhos azuis ganharam ainda mais brilho, meu Deus como
resistir a beleza desse homem.
— Ravena meu anjo, você me surpreende de tantas formas.
Sua mão tocou meu rosto e eu fechei os olhos instintivamente,
querendo apreciar aquela sensação deliciosa.
— Senti sua falta.
Confessei em um tom de voz tão baixo que eu cheguei a achar que
ele não tinha ouvido.
— Também minha princesa. Agora vem sente-se aqui comigo.
Matteo me conduziu até sua cama, onde nos acomodamos, o cheiro
dele estava impregnado em tudo ali.
— Já tomou seu café meu anjo?
— Sim, consumo tomar café com Antonella, aliás ela está morrendo
de saudades quase não quis ir para faculdade hoje apenas para espera-lo.
— Ligarei para ela daqui a pouco, também senti falta da tagarelice de
Antonella, você está radiante, seus cabelos estão magníficos.
— Obrigada, ideia da Nella, achei que não ficaria bom desse jeito.
— Você é perfeita meu anjo, qualquer coisa lhe cairia bem.
Matteo começou a comer, enquanto eu narrava as coisas aleatórias
que eu e Nella fizemos enquanto ele estava fora, porém senti que ele
precisava dormir, mas ao mesmo tempo sua mente parecia a mil por hora.
— Precisa descansar Matteo.
— Estou bem anjo.
Sua expressão dizia totalmente ao contrário, sem contar as inúmeras
vezes em que ele bocejou desde que chegou.
— Tem algum compromisso para hoje?
— Por agora nenhum, os assuntos que tenho podem esperar, só estou
preocupado demais meu anjo, não é novidade para mim não dormir.
— Matteo você não é imbatível, e nem é de ferro. Precisa dormir
pelo menos um pouco.
Me ajeitei na cama e tirei as sandálias, prendi os cabelos em um
coque alto e chamei Matteo para perto.
— Vem, deite aqui, e descanse, pelo menos por duas horas, por favor.
Apontei para o meu próprio colo, isso poderia ser íntimo demais?
Sim! Mas nunca falhava, mamãe sempre fazia isso quando eu estava
elétrica demais e não conseguia dormir.
— Ravena, não é necessário.
Ele parecia hesitar, como se tivesse medo de me tocar, como se eu
fosse quebrar ao seu toque.
— Matteo, não aceito não como resposta, vem deite-se só precisa
desligar sua mente um pouco.
Após muita relutância, Matteo finalmente cedeu, deitando sua cabeça
em meu colo, mantendo os olhos fixos aos meus, a cena era até engraçada
um homem de dois metros de altura no colo de uma mulher de um metro e
cinquenta.
— Seus olhos me lembram o mar, são azuis como a pureza do
oceano.
Levei minha mão até seu rosto, acariciando cada detalhe, cada
marquinha, todo o conjunto que o deixava lindo.
— E você é a definição da perfeição Ravena.
Matteo lutava para manter-se acordado, comecei a acariciar seus
cabelos, ninguém resistia a um cafuné para dormir.
Não demorou muito para Matteo adormecer, seu rosto agora estava
relaxado e sereno, como ele estava usando somente uma regata era quase
impossível não notar as cicatrizes espalhadas pelos pulsos tanto direito
quanto esquerdo, delicadamente trouxe seu braço até mim, toquei cada
cicatriz que marcava sua pele, pelas texturas elas eram recentes o que me
fazia crer que o próprio Matteo as fazia por algum motivo, e que nem
mesmo Antonella sabia, beijei cada centímetro das suas cicatrizes, cada
uma delas, eu não sabia a história por trás daquelas marcas mas algo me
dizia que tinha algo sobre Matteo que o perturbava diariamente.
— Você é muito mais do que pensa meu bem, você é o próprio anjo
em terra, é maravilhoso.
Depositei um beijo em sua bochecha e fiquei ali ao seu lado, velando
seu sono. Matteo dormiu de um jeito tão calmo e tão sereno que eu evitei
fazer qualquer movimento que pudesse acordá-lo, o cansaço que ele sentia
era nítido, e felizmente após muita relutância ele entendeu que precisava
dormir um pouco.
Nem sei que horas eram, nem quanto tempo havia passado quando
percebi que acabei cochilando junto com Matteo, também não havia
explicação para o fato de que estávamos abraçados, aninhados um ao outro
o encaixe perfeito, os braços fortes de Matteo envolviam meu corpo de uma
maneira única.
Porém eu precisava me levantar Nella poderia chegar a qualquer
momento, não queria que ela tivesse uma má impressão ao me ver deitada
com o seu irmão. Tentei me mover e percebi que Matteo estava
resmungando algo que nem eu entendia, me remexi mais um pouco e o par
de olhos azuis se abriram ficando fixos em mim.
Matteo levantou-se assustado, parecia atordoado e incrédulo
— Ravena o que faz aqui? — Sua voz estava rouca e meio falha
devido ao fato de que acabara de acordar.
— Eu... é... Fiquei aqui enquanto você dormia. Me desculpe. — Meu
rosto estava corado e senti minhas bochechas pegarem fogo.
— Você ficou aqui? Todo esse tempo?
— Sim, você estava dormindo de uma maneira tão calma, que eu não
quis me mover. Mas agora eu já estou indo.
Sai apressada rumo à porta do quarto, mas os braços fortes de Matteo
foram mais rápidos para me impedir.
— Ravena...
Sua voz era um sussurro, quase uma súplica, encarei no fundo dos
seus olhos que agora estavam escuros por conta da pouca luz no quarto,
num ato de coragem fiquei sob a ponta dos pés e avancei em sua direção
desesperada por um beijo.
Minha língua foi recebida com fervor pela boca de Matteo, que
retribuía aos beijos com o mesmo fogo e afinco que eu, precisava do toque
de Matteo, eu precisava senti-lo novamente.
Suas mãos agora estavam percorrendo todo meu corpo, me
possuindo, me tomando para si, o coque que eu havia feito nos cabelos foi
desfeito para que as mãos grandes e fortes de Matteo pudessem adentrá-los
sem nenhum impedimento.
— Matteo... Eu quero sentir aquilo... Por favor.
— Meu anjo. Estou tentando manter o controle com você.
A voz ofegante de Matteo misturava-se com os meus gemidos, eu
sentia desejo por Matteo, e não repulsa ou medo. Eu o queria por inteiro.
— Perca o controle, por favor!
— Meu anjo, precisamos conversar.
De repente os beijos foram cessados e ele ficou sério, um frio atingiu
minha espinha, medo e desespero me atingiram.
— Matteo? O que houve? Foram os beijos, você não gostou, me
perdoe, eu não...
— Shiu acalme-se pequena. Não tem nada haver com isso, muito
pelo contrário queria beijá-la até ficar sem ar. Mas tem algo que precisa
saber.
Pela cara dele o assunto era sério, comecei a imaginar um milhão de
coisas.
— Ravena, eu encontrei o Giocondo.
O ar faltou nos meus pulmões, meu corpo travou e meu pai ainda
estava vivo, o que será que ele faz agora? Havia se casado? Será que
realizou o sonho de ter um filho homem.
— Ravena? — Matteo chamou-me com cautela vendo que eu estava
em um estado de transe.
— Meu pai está vivo? — Minhas palavras saíram sem um pingo de
emoção, afinal como poderia haver emoção ao falar do homem que me
deixou à própria sorte, mas ainda sim eu tinha um medo inexplicável
daquele homem.
— Está, nós o encontramos na Espanha.
Agora tudo fazia sentido, Matteo foi a Espanha atrás do meu pai, mas
a troco de quê exatamente.
— Foi por isso não foi? Por isso você foi para Espanha? — Ele
apenas acenou em confirmação.
— Anjo? Você quer conversar com ele?
De repente todas as memórias de infância vieram à tona, as surras, as
humilhações, o lixo que eu comia, a noite que ele me entregou ao Bóris,
tudo que eu tentava esquecer.
— MATTEO! POR FAVOR, NÃO DEIXE ELE ME LEVAR POR
FAVOR, EU NÃO QUERO VOLTAR PARA ELE, POR FAVOR NÃO.
Me desesperei enquanto puxava meus cabelos de forma insana, eu
prefiro a morte do que voltar para a guarda do meu pai. Matteo me segurou
me prendendo em seus braços, acariciando delicadamente meus cabelos.
— Princesa eu jamais deixaria você com ele, nunca. Enquanto meu
coração bater, eu irei proteger você de tudo e todos. O que eu quis dizer é
que seu pai está sob o comando dos meus homens e eu não o matei por
você.
— Vai...vai mata-lo?
— Ele infligiu muitas regras, inclusive dar você como uma moeda de
troca.
Eu odiava meu pai, mas não desejava a sua morte, isso não fazia
parte de quem eu era.
— Você tem o poder de decidir se irei mata-lo ou se deixo ele sob o
domínio dos espanhóis, a essa altura todos da Espanha já conhecem o
verdadeiro Giocondo Roma.
— Não posso decidir uma coisa dessas, não assim Matteo.
No fundo eu queria vê-lo, queria entender todo seu ódio corrosivo e
doentio por mim, mas não sabia se estava preparada para isso.
— Não precisa decidir amore, só quero que saiba que ele está
condenado de qualquer forma. Se quiser conversar com ele é só me pedir
que irei levá-la.
Eu preciso vê-lo, preciso dar um ponto final pelo menos nesse
assunto, meu pai nunca me disse onde minha mãe foi enterrada, nem os
empregados eram autorizados a falar, ele simplesmente desapareceu com
todas as joias que mamãe havia herdado da minha falecida avó. Por mais
dor que isso fosse me trazer eu iria até o fim.
— Eu quero, me leve até ele Matteo por favor.
— Irei preparar tudo meu bem, iremos amanhã cedo.
— Vocês o torturam?
Não era nenhuma inocente, sabia exatamente o que acontecia com os
prisioneiros da máfia, afinal vivi na pele por anos.
— Não tanto quanto ele merece, mas por favor não pense muito
nisso.
Matteo e eu continuávamos abraçados, era como se eu tivesse
encontrado um lar em seus braços.
— Tenho uma ideia, que tal irmos jantar?
— Sim, Liza deve ter feito algo delicioso.
— Não Ravena, vamos sair para jantar fora, somente eu e você.
O convite repentino me deixou surpresa e até sem reação. Jantar a sós
com ele sem dúvida era algo que eu queria há tempos, só não sabia se era o
certo a se fazer.
— Tem certeza? Não quero abusar de sua gentileza, nem quero que
Nella fique chateada com isso.
— Bobagem meu bem, quero que arrume-se e use o colar que lhe dei,
hoje terá a melhor noite de sua vida.
Pensei por um tempo e no fim aceitei o convite, era hora de ver a
Itália e suas belezas.
— Irei me arrumar, não demoro.
Segui rumo à porta do quarto, precisava escolher algo confortável e
elegante.
— Tem todo tempo do mundo angelo mio.
Fechei a porta e já no corredor meu coração parecia querer explodir
de tanta euforia.
Esse jantar ficará marcado para sempre em minha memória.
CAPÍTULO 12

Matteo

Não consigo disfarçar esse sentimento de conforto que senti ao


acordar ao lado de Ravena, saber que ela velou meu sono e me aninhou em
seus braços como se eu fosse o homem de sua vida fez meu coração
bombear forte.
Tentar negar que sinto algo a mais por Ravena é quase impossível,
ela é tudo que eu um dia idealizei como a mulher ideal, é meiga, carinhosa,
gentil, leal.
Ela seria a esposa perfeita para mim, pena que eu não seria capaz de
lhe dar a família que ela merece, para uma pessoa que já passou por tanta
coisa Ravena merece o mundo aos seus pés e não um homem incompleto
como eu.
A ideia de jantar fora foi algo que realmente surgiu a minha mente
como um lampejo, acho que fará bem a nós dois termos um momento longe
de toda loucura, eu queria surpreendê-la e nada melhor do que levá-la para
um dos lugares mais belos que eu já vi, o restaurante favorito dos meus pais
que ficava em Veneza, o Bella'S Vita era conhecido pela sua boa comida e
música ao vivo que criava todo o charme do local.
Enquanto Ravena se arrumava, ordenei aos meus homens que
preparasse tudo para minha viagem, aproveitei e conversei com a
desnaturada da minha irmã, que infelizmente teve mais uma noite de
plantão e não pôde vir para casa.
A todo custo tentava deixar o nervosismo de lado, mas era
impossível, Ravena mexia comigo de uma forma inexplicável, além do fato
de ser o primeiro encontro que eu tinha com uma mulher que não era uma
garota de programa.
Deixei todos meus pensamentos de lado e fui para o banho, aparei
alguns pelos rebeldes da barba e voltei para o quarto era hora de escolher o
que usar, optei por uma camisa social azul escura, calça em alfaiataria,
sapatos sociais e a cereja do bolo o relógio que foi dado a mim pelo meu
pai, uma herança de família.
Me olhando ali em frente ao espelho eu tentava esquecer
constantemente todo meu passado, tudo que eu havia sofrido e que ninguém
além do meu falecido pai sabia, eu queria ter feito tudo diferente mas eu
não pude, e eu vou me odiar por isso até o último dia da minha vida.
Todos esses pensamentos foram cessados quando Ravena bateu na
porta chamando meu nome, e quando eu a vi o mundo parou de girar, a
beleza dela ainda mais realçada tirou todo o meu fôlego.
Ravena usava um vestido vermelho brilhante e justo ao corpo, o
decote revelava uma pequena amostra dos seus seios me deixando
completamente maluco, os cabelos agora mais curtos caiam em ondas
perfeitas pelos ombros.
— Você está deslumbrante meu anjo, definitivamente a mais bela.
Não conseguia disfarçar minha surpresa com toda beleza diante de
mim.
— Obrigada Matteo, você está lindo também, digno de arrancar
suspiros por aí.
Se ela ao menos soubesse que o único suspiro que pretendo arrancar
é o dela, enquanto ela sucumbe ao prazer.
— Obrigado, vamos? Saiba que fico feliz que esteja usando o
presente que lhe dei.
Apontei para o colar que se destacava em seu pescoço.
— Não é educado recusar um presente. — Ofereceu um sorriso e
uma piscadinha em minha direção.
— Aonde vamos afinal? Não sei se estou devidamente arrumada.
— É surpresa e pode apostar que você está mais do que perfeita meu
anjo.
Ravena me acompanhou para fora do quarto e descemos as escadas
em direção a pequena pista de decolagem que havia na propriedade. Meu
doce anjo parecia chocada ao ver o meu jatinho esperando por nós
— Espera, vamos sair da Itália?
— Vamos fazer um pequeno passeio, precisamos espairecer não
acha?
Falei estendendo a mão em sua direção, nossas mãos se encontraram
assim como nossos olhos estavam fixos um ao outro, uma conexão de outro
mundo.
Ajudei-a a subir no jatinho e ajustei seu cinto para que nossa viagem
fosse perfeita.
— Não fique nervosa meu anjo. — Falei acariciando suas mãos que
estavam suadas e frias pelo nervosismo.
— Confio em você, sei que estou segura.
Aquilo me afetou mais do que eu gostaria de admitir, Ravena
confiava em mim e se sentia segura ao meu lado. Mais como poderia?
O percurso foi feito de maneira rápida e tranquila, Ravena acabou
relaxando enquanto conversávamos sobre assuntos leves, com ela eu não
era Matteo Mattarazzo o chefe da máfia ou o ceifador, eu era apenas um
homem comum tendo um encontro com a mulher que deseja.
Chegamos finalmente ao restaurante e estava exatamente do modo
que eu me recordava, iluminado e lindo.
— Uau, esse lugar é lindo!
Ravena parecia não acreditar no que estava vendo, seus olhos
brilhavam como os olhos de uma criança que acabara de ganhar seu
primeiro brinquedo.
— Combina com a minha companhia, que é tão bela quanto este
lugar.
— Você é um homem bem galanteador, me admira muito que ainda
não tenha se casado. Pelo que sei os líderes da máfia precisam se casar e
enfim toda aquela burocracia.
De fato eu deveria estar casado, mas nunca passou pela minha cabeça
até agora, como papai já havia falecido eu não precisaria de toda essa
pressão para me casar.
— Talvez eu não tenha encontrado a mulher ideal para se tornar a
senhora Mattarazzo.
Praguejei mentalmente a minha resposta inútil, não queria que
Ravena pensasse que eu estava a usando até encontrar a mulher para me
casar. Eu não quero me casar, não queria na verdade até Ravena aparecer.
— E como seria a mulher ideal para tornar-se uma Mattarazzo?
Seu rosto agora expressava uma curiosidade que eu jamais havia
visto. Então respondi a primeira coisa que veio à minha mente.
— Você seria a mulher ideal!
O rosto dela paralisou como se ouvisse algo completamente errôneo.
Quando estava prestes a responder algo, fomos interrompidos pelo garçom.
— Boa noite, já decidiram o que irão pedir?
— Sim, um ravioli de quatro queijos para mim e você anjo o que irá
pedir?
— Aceitarei a sua sugestão. — Ravena respondeu-me lançando um
sorriso de canto.
— Então dois raviólis de queijo por gentileza. Não se arrependerá
meu anjo. Pois bem dois ravioli de quatro queijos e uma garrafa de Brunello
Di Montalcino Soldera por gentileza.
Ravena não voltou a tocar no assunto e eu achei melhor deixar para
lá.
— Não me conformo em como esse lugar é lindo, Veneza é um dos
lugares mais belos do país, não que eu conheça muito mas, espero poder
explorar os quatro cantos do mundo.
— Quando tudo isso acabar, irei levá-la aonde desejar meu anjo.
Ela não respondeu, apenas retribuiu a carícia que fiz em sua mão
delicada. Nosso jantar não demorou muito para chegar e logo já estávamos
devorando tudo, Ravena emitia gemidos baixos por conta da comida e do
vinho, e eu me via dividido entre comer ou apenas a observava.
Terminamos de comer e ficamos ali curtindo a companhia um do
outro, observando a lua que brilhava sob a água. Então me lembrei de um
lugar que eu adorava ir quando pequeno e que coincidentemente ficava em
Veneza.
— Você está muito quieta anjo, aconteceu algo?
— Só estou pensando nesse momento, em como tudo está perfeito, e
em como eu jamais pensei que viveria algo assim.
— Meu anjo você poderá fazer o que bem deseja, agora vem quero te
levar em um outro lugar.
Por sorte o local era próximo então eu e Ravena fizemos uma
pequena caminhada, mas sempre com meus homens de prontidão para
alguma emergência.
Chegamos ao grande Canal de Veneza, o lugar que eu mais gostava
de vir com meu pai, principalmente para refletir sobre a vida.
Guiei Ravena até um dos bancos da pequena pracinha que era
próxima dali, para que pudéssemos nos sentar e admirar melhor a vista.
— Ainda não tenho palavras para descrever a beleza desse lugar.
Obrigada por isso Matteo.
— Não me agradeça anjo, faço tudo que for necessário para vê-la
feliz.
Acariciei seu rosto observando o exato momento em que ele adquire
um tom avermelhado, meu Deus ela era linda.
— Então, voltando ao assunto do restaurante. Porque disse aquilo
sobre eu ser a mulher ideal para ser uma Mattarazzo?
Fiquei surpreso pelo fato de Ravena voltar ao assunto, e me
amaldiçoando mentalmente por ter falado aquilo.
— Não tenho muito o que explicar, você é gentil, é uma mulher forte
e generosa.
Nada do que eu havia dito era mentira, Ravena possuía inúmeras
qualidades e eu passaria horas listando uma a uma.
— Obrigada, saiba que ficaria honrada em ser uma Mattarazzo, vocês
são tudo que eu desejei como família.
Meu coração se aqueceu, um frio subiu pela minha espinha e porra eu
a queria mais do que tudo, queria toma-la para mim, quero faze-la minha
para sempre.
— Anjo…
Aproximei-me dela colando nossos corpos, sua mão agora repousava
em meu colo, eu era capaz de sentir sua respiração pesada e ofegante
próxima ao meu rosto.
— Matteo... Você me deixa confusa, não sei o que pensar quando
estou ao seu lado.
— O que sente meu anjo? — Encarei fixamente em seus olhos que
agora estavam num tom escuro e brilhante.
— Você me faz sentir mil borboletas no estômago , eu quero você
Matteo e não me importo em lidar com as consequências.
— Ravena... Não posso ser o homem que você merece meu anjo.
— Eu não me importo Matteo, basta ser você e tudo valerá a pena.
Sem pensar em mais nada colei nossos lábios em um beijo quente e
intenso, minha língua passeava facilmente pela boca macia de Ravena,
éramos um encaixe perfeito, ela seria minha e ninguém mais a tomaria de
mim, Bóris teria que me matar primeiro antes de encostar em um único fio
de cabelo dela.
Envolvi meus braços em volta de sua cintura puxando-a para mais
perto, meu pau já havia reagindo àquele contato e eu me sentia duro e
desesperado por ela.
Os beijos se tornavam mais quentes e carregados de desejo, caralho
precisávamos sair dali urgente.
— Ravena meu amor, vamos sair daqui. Preciso sentir você, preciso
sentir o sabor da sua boceta, quero você por inteira meu anjo.
Por sorte eu ainda mantinha o apartamento da família em Veneza, que
continuava impecável.
Meus seguranças deixaram um carro ao meu dispor, mandei-os para
um hotel que ficava na mesma rua do apartamento e segui com a minha
deusa para casa.
Ravena agora parecia um anjo caído, seus cabelos estavam
bagunçados, o rosto avermelhado pela excitação, ela estava ofegante e
acima de tudo seria somente minha.
Chegamos ao apartamento e fomos diretamente para o quarto, eu
estava louco para tê-la e não perderia tempo. Estávamos loucos um pelo
outro, jamais imaginei em toda minha vida que sentiria tanto desejo por
alguém.
— Meu anjo a partir do momento que eu tocar, você se tornará minha
para sempre, tem certeza de que é isso que quer?
— Tudo que eu mais quero é ser sua, faça-me sua por favor.
Bastou Ravena proferir aquelas palavras para que eu a tomasse em
um beijo mais intenso, bruto e cheio de desejo, com uma mão apertei
delicadamente seu pescoço enquanto a outra segurava sua cintura mantendo
a colada a mim, meu pau pulsava dentro da calça, o prazer exalava por cada
partícula do meu corpo.
Ravena desgrudou nossos lábios para tomar fôlego, enquanto eu
tratei de tirar a camisa e os sapatos.
— Me ajude a tirar o vestido por favor
Ela parecia meio receosa, diria até que com um pouco de medo, mas
eu jamais a forçaria a nada, respeitaria o seu tempo, quero que ela tenha
uma recordação prazerosa e não dolorosa ou marcada por medos.
— Está tudo bem meu amor? Sabe que não precisa fazer nada que
não queira, nunca a obrigaria a nada.
— Eu quero isso, meu bem, só estou nervosa.
— Não fique amor, apenas relaxe e deixe eu lhe dar prazer.
Ravena assentiu em confirmação e virou-se de costas para que eu
descesse o zíper de seu vestido, que revelou suas costas nuas marcadas por
pequenas cicatrizes, analisei cada uma delas beijando-as com delicadeza e
devoção.
— Perfeita! Inteiramente perfeita.
Virei-a para mim, admirando seu corpo os seios cheios e perfeitos
para mim ah porra como eu sonhava com eles desde aquela noite.
Fomos para a cama para que assim ela se sentisse mais confortável,
tirei a calça e pela cara de Ravena deduzi que ela se assustou com meu pau
marcado na cueca, mas ainda assim não parava de olhar expressando
curiosidade e expectativa.
Nossos beijos agora estavam mais intensos do que nunca, desci
minha mão para sua boceta pressionando sei clitóris e massageando
delicadamente, sentia sua boceta encharcar cada vez que eu a tocava, os
gemidos que ela emitia eram como um combustível para mim.
Parei de beijá-la pois necessitava urgentemente sentir o gosto da sua
boceta, trilhei um caminho entre beijos e mordidas por todo seu pescoço e
colo, fazendo com que ela fechasse os olhos com a sensação causada, os
mamilos rosados e durinhos enchiam perfeitamente a minha boca. Chupei,
belisquei, enquanto massageava sua boceta, sentindo Ravena se contorcer
de prazer.
— Abra bem as pernas meu amor, vou chupar você até gozar na
minha boca, até você implorar para ser fodida.
Desci minha boca para sua virilha, dando beijos lentos naquela
região, apertei bem suas coxas fazendo ela arfar com a pressão, passei a
língua lentamente por toda extensão inchada e molhada, e sem mais
cerimônias comecei a chupa-la, e puta que pariu essa mulher tinha o melhor
dos sabores.
Aumentei o ritmo e a pressão, usando sua própria lubrificação para
lambuzar sua boceta.
— Meu Deus, isso é bom! Como pode ser tão bom?
Ravena arfava entre as palavras, a respiração ofegante dava indícios
de que ela estava prestes a gozar.
— Isso é só o começo meu amor, agora goza na boca do seu homem,
enquanto eu fodo sua boceta com a minha boca.
Levei meus dedos a sua entrada fazendo movimentos de vai e vem
enquanto chupava seu clitóris, senti suas paredes internas se contraírem e
logo depois ela gozou deliciosamente em minha boca.
— Gostosa do caralho!
Tirei a última peça de roupa que usava, posicionei meu pau próximo
da sua boceta, fazendo movimentos de sobe e desce lambuzando ele com o
gozo dela. Sentia-me um louco, um animal faminto por ela.
— Matteo... Estou nervosa.
— Irá doer um pouco meu amor, mas apenas relaxe tudo bem? Estou
aqui com você.
Delicadamente fui introduzindo meu pau dentro da sua boceta
apertada e quente, merda aquilo era a porra do paraíso para mim, o corpo de
Ravena tencionou conforme eu me movia e vi algumas lágrimas
acumularem em seu rosto.
— Meu amor, estou aqui. Posso parar se quiser.
— Não por favor, só não me machuque.
— Nunca, meu amor.
Depositei um beijo em sua testa e comecei a me mover lentamente
dentro dela.
— O desconforto passou. — Disse ela ainda com certa dificuldade.
— Pode se mexer, pode me fazer sua por inteira.
As últimas palavras foram ditas de um modo tão sensual que eu não
pude me controlar, comecei com estocadas lentas, apreciando aquela boceta
quente e apertada, fui aumentando o ritmo à medida que sentia Ravena ficar
mais confortável.
Seus gemidos ficaram mais intensos e mais altos, fazendo com que
eu me sentisse um louco.
— A partir de hoje você será somente minha, somente eu tocarei
você Ravena, só eu irei fazer você gemer e se contorcer enquanto meu pau
te fode gostoso. Entendeu Ravena?
Precisava ouvir da boca dela o quanto ela me pertencia a partir de
hoje.
— Responda Ravena, você me entendeu?
— Oh...sim Matteo.
Avancei em sua boca sedento por seus beijos, pressionei seu pescoço
de forma leve enquanto tomava sua boca com afinco. Não demorou muito
para sua boceta se contrair em volta do meu pau indicando que ela estava
prestes a gozar.
— Ah...Isso é demais Matteo! Oh... Meu Deus!
— Deus não está aqui meu amor, somente eu estou aqui te fodendo
gostoso, goza no meu pau, goza no pau do seu homem.
Ravena tremeu-se por inteira enquanto sucumbia ao segundo
orgasmo da noite e eu era um filho da puta sortudo por essa visão, o rosto
corado e suado, os cabelos bagunçados espalhados pela cama era a visão
dos céus.
— Matteo...
Continuei arrematando lentamente até o orgasmo me atingir, fazendo
uma corrente elétrica percorrer todo meu corpo, uma sensação que eu
jamais havia sentido.
Gozei fundo naquela boceta despejando até a última gota dentro dela,
eu sabia que Ravena havia procurado a médica de Antonella e estava
tomando os contraceptivos adequados por uma falha hormonal, então filhos
não seriam problemas por agora.
— Você foi magnífica meu amor, perfeita, é provável que eu fique
viciado em você.
Percebi seu desconforto ao mexer-se na cama, provavelmente
resultado da sua primeira vez.
— Está tudo bem?
— Sim, apenas uma ardência, nada demais.
— Irei cuidar de você meu amor, vou preparar um banho de banheira
para nós, não demoro.
Levantei-me da cama indo em direção ao banheiro, com um sorriso
de orelha a orelha e um sentimento novo brotava no meu peito, e foi ali
naquele momento que eu percebi que Ravena despertava em mim algo
muito mais forte do que uma simples atração carnal.
E eu seria capaz de qualquer coisa para mantê-la segura ao meu lado
e nada nem ninguém iria me deter.
CAPÍTULO 13

Ravena

Eu não sabia explicar o que sentia naquele momento, prazer,


felicidade, realização nenhuma palavra seria o bastante para explicar todo
esse turbilhão de sentimentos.
Apesar do desconforto causado pelo sexo eu me sentia nas nuvens,
Matteo foi cuidadoso e carinhoso comigo me fazendo sentir-me única e
especial.
Ali enrolada aos lençóis esperando por Matteo eu não conseguia
pensar em nada além do que aconteceria entre nós dois dali por diante,
apesar de saber que as consequência poderiam vir eu não iria negar o
sentimento que nutria por ele desde o momento em que ele me ouviu contar
minha trágica história, desde o momento em que ele cuidou de mim com
tanto carinho, o que era um simples sentimento de gratidão agora cresce
dentro do meu peito e eu sinto tanto medo desse sentimento.
— O banho está pronto meu anjo.
Fui tirada dos meus devaneios quando ele entrou pelo quarto, nu com
os cabelos bagunçados, um verdadeiro modelo de revista.
— Obrigada meu bem. — Fiz menção de me levantar mas fui
impedida pelos braços fortes de Matteo.
— Eu disse que cuidaria de você meu bem, e estou cumprindo minha
palavra.
Ele me pegou no colo me aninhando ao seu peito nu, meu coração
batia forte a cada gesto feito por ele.
Fui levada até o banheiro e ele me colocou delicadamente na
banheira, cheia de sais de banho com um cheiro delicioso de morango e
algumas pétalas de rosa.
— Nossa, que lindo, você é muito atencioso. Obrigada.
— Não precisa agradecer meu anjo.
Passamos um longo período de tempo dentro da banheira, sem dizer
uma palavra um ao outro, como se nós não precisássemos dizer nada, era
como se Matteo e eu estivéssemos conectados como um só.
Após o banho voltamos para o quarto e para minha sorte Matteo
encontrou algumas peças de roupas antigas da época em que ele
frequentava Veneza e que serviram perfeitamente como um bom pijama.
Deitei-me me sentindo exausta fisicamente, eu tinha muitas
perguntas a fazer mas não queria estragar o momento com assuntos
indelicados.
— Parece preocupada Ravena, o que houve?
Matteo deitou-se ao meu lado, puxando meu corpo para o seu.
— Nada demais, estou apenas cansada, todos os acontecimentos da
noite me deixaram exausta.
— Espero que não tenha se arrependido. — Sua expressão mudou na
hora, como se estivesse esperando uma resposta ruim.
— Nunca me arrependeria de nada disso, essa noite foi a melhor de
toda a minha vida.
— Você é um anjo, um anjo puro e único.
Não respondi, apenas sorri me aninhando ainda mais a ele.
— Ravena?
— Sim?
— Se lembra de quando sugeri que você se tornasse uma
Mattarazzo?
— Por que isso agora?
— Porque quero que você seja a senhora Mattarazzo. — Matteo
simplesmente enlouqueceu eu não poderia me casar com ele, não era certo.
— O que?
— Isso mesmo que ouviu Ravena, quero que case comigo, aceite o
meu sobrenome, minha proteção, seja minha Ravena.
— Matteo, isso é uma loucura. Não posso me casar com você assim
do nada, nós nos conhecemos a pouco mais de três meses, você é chefe da
máfia do país e eu sou uma ninguém rejeitada pelo próprio pai, como
poderia ser a sua escolha?
— Em primeiro lugar o tempo que nos conhecemos não interessa
para mim, desde o momento em que eu te resgatei eu sabia que você
mudaria a minha vida Ravena, nunca em nenhuma hipótese eu pensei em
casamento mas você com a sua beleza, sua bondade o seu cuidado comigo
me fez perceber que no fundo eu posso ser feliz, que no fundo eu posso ter
alguém que me ame no futuro, e em segundo lugar você não é uma ninguém
você é a mulher mais forte, linda, inteligente e determinada do mundo,
minha escolha para futura esposa jamais estaria errada.
As palavras dele me desnorteiam, ali Matteo parecia tão vulnerável
se expondo para mim daquele jeito, abrindo seus sentimentos.
— Apenas me aceite Ravena, não sou um homem bom isso é fato,
mas por você eu quero e estou tentando ser.
— Não quero um casamento sem amor Matteo, sei que seus pais se
amavam, você teve um bom exemplo em casa, mas eu não, eu nem sei o
porque minha mãe morreu, não sei nem ao menos onde ela foi sepultada, eu
gosto de você e sinto algo que às vezes tenho até medo de admitir, mas não
quero que pense em casar comigo apenas por pena ou porque preciso ser
protegida.
Meu coração apertava à medida que as palavras saiam, eram tantas
coisas para processar, eu precisava pensar e ainda havia o meu pai no meio
de tudo isso.
— E quem disse que você não mexeu comigo Ravena, vamos
descobrir juntos o que sentimos, mas eu te prometo que amar você
futuramente não será dificuldade alguma para mim.
Matteo virou-se ficando com o rosto colado ao meu, depositando um
beijo carinhoso e delicado.
— Preciso pensar, ainda tenho tantas coisas para assimilar, ainda
tenho uma longa conversa com o meu pai, e eu não quero te decepcionar.
— Tem o tempo que precisar, meu amor, e você jamais me
decepcionaria. Agora vamos dormir, teremos um dia cheio amanhã.
— Tudo bem, boa noite Matteo.
— Boa noite meu anjo, durma bem.
E assim eu adormeci aninhada nos braços do homem que havia
acabado de me pedir em casamento, tirado minha virgindade e de bônus me
salvou da morte.
Matteo significava tanto para mim e ele nem fazia ideia disso.
Dormi a noite maravilhosamente bem, acordei com Matteo abraçado
a mim enquanto me observava, os olhos agora estavam num tom de azul
límpido, vidrados em mim.
— Bom dia dorminhoca. — Disse ele exibindo um sorriso que eu via
raramente em seu rosto.
— Bom dia, me observando?
— Admirando, não sabia que viveria para ver um anjo dormir
— Provavelmente eu estou toda babada ou ronquei a noite.
— Mesmo assim, continua perfeita.
Matteo fez menção em levantar se da cama mais eu o impedi, apesar
do que ele havia me proposto na noite anterior eu queria senti-lo mais uma
vez dentro de mim, mesmo que significasse ser a última vez.
— Eu quero você Matteo!
Os olhos dele se incendiaram de prazer, desejo e luxúria. Sem muitos
rodeios jogou sua cueca para longe e avançou para cima de mim, me
beijando de forma bruta arrancou a camisa que eu ainda estava usando, os
beijos era intercalados entre minha boca e meu pescoço fazendo meu corpo
arrepiar, inteiro já sentia a inquietação crescendo no meio das minhas
pernas, como era possível um toque despertar tantas reações.
As mãos fortes passeavam pelo meu corpo, apertando minha cintura
como um sinal de posse, sua boca quente e molhada chupava os meus seios
de um modo enlouquecedor, as mordiscadas nos meus mamilos causavam
um choque prazeroso em mim. A excitação aumentava, sentia minha
lubrificação escorrer pelas minhas pernas.
— Pronta para mim meu amor, amo como você se entrega aos meus
toques.
Sua boca desceu pela minha barriga dando leves chupadas e
mordidas até chegar na minha boceta que já estava latejando implorando
por atenção.
— Caralho mulher, como eu posso resistir a essa boceta? Já está tão
molhada que meu pau deslizará sem dificuldade.
Voltou para mim, beijando minha boca enquanto me tocava, o toque
áspero de sua mão causava uma combustão em mim.
— Gosta disso meu anjo, quando eu toco a sua boceta, quando eu
fodo você com meus dedos.
Matteo introduziu um dedo depois o outro começando com
movimentos lentos que logo deram lugar ao ritmo mais acelerado, me
fazendo gemer feito louca.
Eu não sabia como reagir a isso, a combinação dos dedos dele em
minha boceta e de seus beijos me deixava numa espécie de efeito letárgico.
— Fica de quatro meu anjo, agora vou meter o meu pau bem fundo
em você e quero que você grite o meu nome Ravena.
— S...sim!
Fiz exatamente o que ele me pediu, ficando totalmente vulnerável a
ele, seu pau brincava com a entrada da minha boceta, a sensação era única.
Matteo preencheu-me por inteira, a posição ajudava a aumentar a
sensação.
— Diga Ravena, quem está fodendo você do modo que você merece?
Senti um tapa forte em minha nádega, e foi como se o prazer se
expandisse.
— Responda Ravena!
Outro tapa e meu Deus em nenhum momento eu achei que fosse me
sentir tão bem por levar um tapa naquela região.
— Gosta disso Ravena?
Outro tapa ainda mais forte, minhas pernas bambearam e eu tive que
me segurar para não desabar. A combinação de tapas e as estocadas de
Matteo estavam me levando à ruína.
— Sim Matteo... Isso é... ah!
Não tinha forças para responder, e eu não queria falar nada apenas
sentir.
— Então vou fode-la como a putinha que você é, porque entre quatro
paredes Ravena você é minha puta, e somente minha e será fodida da
forma que merece.
Falando isso Matteo agarrou meus cabelos com força, apertou ainda
mais minha cintura e meteu fundo, rápido e com força, sentia-me a beira do
precipício e eu estava pronta para me jogar inteiramente nele.
— Não pare, isso é tão gostoso, não pare por favor.
Ele continuou socando forte as mãos que antes agarravam meus
cabelos agora pressionava meu pescoço de uma forma leve e não demorou
muito até o orgasmo vir, como se todo meu corpo explodisse em milhões de
pedaços eu gozei enquanto Matteo diminua o ritmo das estocadas indicando
que também havia chegado no seu ápice.
Me sentia fraca e ao mesmo tempo inteiramente realizada.
— Gostosa demais meu amor, uma ótima forma de começar o dia.
Depositou um beijo nas minhas costas e levantou-se para o banheiro,
voltando logo em seguida, e assim como na noite anterior fui pega no colo e
colocada na banheira tratada como uma princesa pelo meu belo príncipe de
olhos azuis.
Após o banho tive que vestir o mesmo vestido da noite anterior,
Matteo decidiu passar em uma cafeteria antes de voltarmos para Itália e eu
quase não consegui comer minha cabeça estava a milhão, o pedido de
casamento, a visita a meu pai depois de tantos anos, qual seria a reação dele
ao me ver? Qual seria a minha reação ao vê-lo?
— Ravena? Você mal tocou no café?
— Eu estou nervosa Matteo, irei encontrar o homem que me rejeitou
depois de tantos anos, eu estou com medo.
— Não precisa ter medo meu amor, estarei sempre com você, além
disso Gabriel e Natanael estarão conosco.
Foi aí que me recordei que não os conhecia direito, senti um certo
receio de estar perto de dois estranhos.
— Eles são confiáveis?
— São meus irmãos de vida, irei apresentá-los a você, não se assuste
com eles, ambos têm histórias bem complexas.
— Antonella comentou comigo sobre o Gabriel, sinto muito.
— Gabriel é como um irmão para mim, e Natanael eu o encontrei por
pura ironia do destino, ele perdeu a mulher e a filha com menos de vinte e
quatro horas de diferença.
— Coitado!
— Desde então ele tornou-se mais reservado, frio. Mas é leal com os
seus e faz o que for preciso para salvar inocentes. Agora coma princesa
sairemos em breve.
Tomei apenas um café, não tinha estômago para nada, minha mente
só pensava em uma única coisa.
Embarcamos de volta à Itália, passamos na mansão e eu apenas
troquei de roupa, pus um moletom e uma calça além de um par de tênis.
Estava chegando a hora da verdade. Matteo disse que meu pai foi
levado para um galpão afastado da cidade, era para lá que iam todos os
prisioneiros da máfia.
Não demorou muito para chegarmos lá e dois homens já estavam nos
esperando, acabei reconhecendo-os do dia em que fui salva.
O mais alto e mais fechado era Natanael ou Natan foi ele quem atirou
na Madame Cherry, o mais relaxado era Gabriel que tentou impedir Matteo
de matar Cletus na minha frente.
— Como vão amigos, é bom vê-los. — Matteo os cumprimentou em
seguida virou-se para mim. — Gabriel, Natan quero lhes apresentar
formalmente a Ravena, anjo esses são Gabriel e Natanael.
Gabriel como deduzi o mais simpático estendeu a mão para mim de
imediato.
— Muito prazer Ravena, ouvi muito sobre você. Fico feliz que está
bem.
— Obrigada, e obrigada pelo que fizeram pelas garotas.
— É o nosso trabalho, muito prazer. — Natan também veio na minha
direção estendendo a mão para mim.
— Então Ravena, saiba que seu pai é um péssimo homem, com todo
respeito. Precisamos que tenha a mente aberta ao entrar lá dentro. Natan e
eu estaremos próximo ao portão. Matteo ficará nas sombras então ele
pensará que você está sozinha, tudo bem?
— Ok!
— Está pronta, anjo?
— Sim.
Era agora ou nunca.
CAPÍTULO 14

Ravena

Reunindo toda a coragem que eu tinha, segui Matteo até a entrada do


galpão, de longe já era possível sentir o mal cheiro do lugar e tentei me
preparar mentalmente para o que viria a seguir.
— Raí, fique de prontidão.
Matteo deu ordens a um segurança tão sinistro quanto os demais.
Adentramos o galpão escuro e fétido, no fundo do galpão ouvi
apenas o arrastar de correntes, meu Deus ele estava acorrentado feito um
bicho feroz.
Matteo acenou para mim, ficando no canto escuro do galpão,
enquanto eu caminhava em direção ao homem que me causou tanta dor.
— Quem está aí?
Sua voz era rouca mas ainda sim eu conseguia recordar-me
perfeitamente de cada xingamento e cada palavra dita por ele contra mim.
— Pai?
Minha voz saiu como um fiasco, ele arrastou-se em minha direção, e
eu pude ver seu rosto quase deformado, repleto de hematomas, ele estava
nu e completamente magro bem diferente da última vez que o vi.
— Você? O que faz aqui? — Sua voz era fria e sem nenhuma
emoção, ele realmente não queria minha presença ali.
— Quanto tempo, acho que precisamos conversar.
Tentei não chorar, eu não podia chorar não ali na frente dele.
— Achei que depois de todos esses anos Bóris tivesse matado você
sua estúpida.
A mesma voz fria cheia de ódio estava presente ali. Nada havia
mudado afinal.
— Pai, porque você me entregou ao Bóris? Porque você me odeia
tanto? O que eu fiz a você?
— Sempre estúpida, não é querida filha?
Meu rosto queimava enquanto eu lutava arduamente contra a vontade
de chorar, Matteo me olhava como quem dissesse "eu posso ajudar" mais
essa era minha batalha e eu precisava enfrentá-la.
— Eu só queria entender o que de tão ruim eu fiz a você, o que eu e
mamãe fizemos a você que o fazia nos odiar tanto.
— Quer mesmo saber? Então lá vai querida filhinha, você não é
minha filha.
Eu estava preparada para qualquer coisa menos para aquilo.
— O que?
— Isso mesmo, a vadia da sua mãe era prometida a mim, mas se
envolveu com o meu melhor amigo, quando ela soube que estava grávida
decidiu que me deixaria para viver feliz para sempre com ele, mas é óbvio
que isso não iria acontecer, eu precisava da sua mãe afinal ela era de uma
família de políticos muito influentes no país, eu não iria sair com fama de
traído, então eu matei o seu verdadeiro pai, a propósito Máximos era o
nome dele.
Tudo aquilo só deveria ser uma brincadeira de muito mal gosto, não
era possível alguém ser tão desprezível ao ponto de matar alguém que
considerava como melhor amigo.
— Você está mentindo não é? Pai só quero que possamos dar um
basta nisso para o nosso próprio bem.
— Não me chame assim, não sabe como foi horrível suportar você
me chamando de pai por longos onze anos. Voltando a história querida,
depois de matar o Máximos eu obriguei a sua mãe a casar-se comigo,
ameacei a dizendo que contaria a todos que ela perdeu a honra com um
desconhecidos e ainda engravidou dele às vésperas do casamento, isso seria
uma vergonha porque seu falecido avô daria você a primeira moradora de
rua que ele encontrasse. E então sem pensar duas vezes ela aceitou, e eu a
obriguei contar a todos que eu era o pai do bebê. Eu já tinha inúmeros
planos para o bebê já que o médico havia dito a sua mãezinha que você era
menino, mas você como sempre foi uma estúpida e inútil nasceu menina e
eu só descobri quando você nasceu e a partir daí eu odiei você Ravena,
principalmente por você ter nascido com a mesma condição genética do
Máximos, você acha que esses olhos horríveis vieram de quem?
— Não! Por favor, para de falar. — As lágrimas que tanto lutei para
segurar, caiam de forma descontrolada pelo meu rosto.
— Você queria a verdade filhinha, então terá. Com o passar dos anos
a inútil da sua mãe se negou a deitar comigo e me dar um legítimo
herdeiro, até que eu ameacei machucar a filhinha dela, você se lembra
querida do quanto ficava linda com aqueles vestidos que sua avó trazia de
Paris.
Lembranças da minha infância vinha a minha mente, não era possível
que ele pensou em me estuprar quando eu era apenas uma criança sem
culpa alguma do que passava ao meu redor, eu tinha por volta de oito a
nove anos e notei que ele sempre estava por perto quando eu ficava
brincando no jardim, me observando de um jeito estranho.
— Você é um monstro, como você teria coragem de algo tão baixo.
— Nunca significou nada para mim Ravena, então fazer isso seria
nada para mim, depois eu mataria você e mandava sua mãe buscar o seu
corpo na vala mais próxima, e foi com essa ameaça que eu consegui ter a
sua mãe me satisfazendo, não uma, não duas vezes mais milhares e eu fazia
questão de humilhá-la cada vez. Mas como Bianca era inútil como você,
nunca engravidou e ela simplesmente queria parar de se deitar comigo. Mas
você se lembra não é de quando aquele amigo do papai buscou você na
escola e te levou para um chalé no meio do nada.

"
— Minha mãe vai ficar preocupada. Eu estava com medo não
conhecia aquele homem
— Não se preocupe princesa, seu pai me pediu para trazê-la aqui
enquanto conversa com sua mãe. Papai iria machucá-la, ele machucava
a mamãe eu via ela escondendo os hematomas
— Eu quero ir para casa. Comecei a chorar, até que o homem
esquisito puxou meus cabelos.
— Cala a boca pirralha, tem sorte do Giocondo não me autorizar a
machucar você.
O homem se afastou e o telefone tocou, pouco tempo depois ele me
agarrou pelos braços e me jogou no carro, me levando de volta para casa.
Fui correndo até minha mãe, ela estava triste, estava machucada e
chorando.
— Me desculpe minha pequena"

—Você... Não, você queria descontar tudo em mim? Porque foi


traído? Porque não aceitava o fato de que minha mãe não amava você?
Você estuprava a minha mãe e a ameaçava, você é um doente Giocondo e
eu odeio você!
— Que bom que temos algo em comum aberração. Mas não
chegamos na melhor parte, sua mãe se entregou a mim, e tempos depois ela
engravidou...

Minha mãe engravidou!


Minha mãe engravidou !
Minha mãe foi estuprada e engravidou!

Essas palavras rodavam na minha cabeça como um ciclo, o olhar de


Matteo era preocupado mas eu não podia deixá-lo intervir. Eu comecei isso
e irei até o final.
— Minha mãe engravidou, meu Deus! — Levei as mãos a boca
sentindo uma ânsia enorme
— Bianca como sempre me causando problemas não é? Quando eu
finalmente achei que não precisaria me preocupar com você, descubro
dentro do consultório médico que Bianca tinha uma condição genética que
só a possibilitaria ter filhas, sua mãe nunca me daria um herdeiro e eu
estava de saco cheio dela, de você e fiz o que eu deveria ter feito no instante
em que descobri a traição dela.
"
— Ângela, onde estão meus pais?.
Já era tarde e eu não tinha visto a mamãe, ela costumava pentear
meu cabelo depois da aula.
— Querida, eles não devem demorar.
Mas demoraram horas e horas, quando chegaram já era tarde e eu
já estava indo dormir.
Mamãe entrou no meu quarto assustada.
— Oi meu pequeno raio de sol
— Mamãe, senti saudades.
Ela me abraçou tão forte, foi tão bom.
— Querida, em breve você e eu iremos viajar
— Sério mamãe?
— Sim, somente eu e você, viagem das garotas.
Mamãe estava triste mais uma vez, e talvez a viagem fosse deixá-la
feliz.
— Mas não pode contar a seu pai, certo? Lembre-se meu amor seja
forte e corajosa , e nunca deixe de ser quem você é, você incrível meu
amor e eu amo você com toda a minha vida.
— Eu amo muito você mamãe.
— Agora vem vou te pôr pra dormir.
Mamãe me abraçou e ficou comigo até que eu adormecesse. De
repente um estrondo me acordou.
— Mãe? Mamãe?
Calcei minhas pantufas e saí do quarto, mas não achei nada, tudo
estava escuro.
— Volte para o quarto sua estúpida.
Papai apareceu no corredor ele estava furioso e me arrastou para o
quarto me trancou lá dentro e não voltou.
Depois desse dia eu nunca mais vi a minha mãe."

— VOCÊ MATOU A MINHA MÃE! MEU DEUS NÃO, VOCÊ


MATOU A MINHA MÃE, ELA ESTAVA GRÁVIDA, NÃO! NÃO!
— Surpresa filha? Porque acha que você nunca soube onde ela está
enterrada? Porque ninguém nunca falou sobre a morte dela? Eu lembro
como se fosse hoje, dela se debatendo enquanto eu afogava a cabeça dela
num tanque cheio de ácido, até que o rosto dela simplesmente derreteu e ela
calou a maldita boca para sempre. A próxima seria você, no fundo eu sabia
que você seria útil pra mim, então na primeira oportunidade de pagar minha
dívida com o Bóris eu não pensei duas vezes antes de entregar você, e é
uma pena você não ter morrido como a vadia da sua mãe, você e a Bianca
são iguais acha que eu não se que está abrindo as pernas para o mafioso,
vocês são duas vadias e a sua mãezinha e sua irmã mereceram o final que
tiveram.
— SEU MONSTRO! EU ODEIO VOCÊ, ODEIO VOCÊ.
Comecei a gritar alto e desesperadamente até que num impulso
alcancei uma barra de ferro em cima de uma bancada improvisada.
— EU TE ODEIO, ODEIO VOCÊ, EU TE ODEIO.
As palavras simplesmente saiam da minha garganta como um grito
agudo e doloroso enquanto eu golpeava Giocondo com a barra de ferro
— VOCÊ É UM MONSTRO EU ODEIO VOCÊ ODEIO.
Não senti mais nada além da raiva corrosiva e os braços de Matteo
me puxando para si.
— RAVENA? MEU AMOR.
Meu corpo estava coberto de sangue, era o sangue dele, eu o matei,
Giocondo estava caído completamente desfigurado e ensanguentado, eu o
matei.
—Ravena?
— Eu matei ele, meu Deus eu o matei, eu o matei, ele matou a minha
mãe, minha irmã e o meu pai eu sou um monstro como ele, eu o matei não.
Choque era a única palavra para descrever aquele momento.
— Tire ela daqui agora.
Natan apareceu seguido por Gabriel, como se eu fosse papel Matteo
me pôs em seu colo e me tirou dali, meu rosto agora era inexpressivo, não
tinha reação nenhuma, eu havia matado o homem que chamei de pai por
anos, e não me arrependia, mas o choque veio por toda cena que eu vi e por
tudo que eu ouvi.
— Ravena meu amor, olhe para mim.
— Eu estou suja com o sangue dele, não me toque por favor
—Vamos para o meu apartamento, vou cuidar de você.
Não respondi mais nada, apenas olhava para frente cravando as unhas
no banco do carro, me sentindo imunda com o sangue de Giocondo em meu
corpo.
Eu não sabia descrever o que sentia no momento, se era raiva, medo,
nojo ou vingança eu apenas não sentia nada. Era como se meu corpo e
minha mente entrassem em um absoluto estado de choque.
Eram muitas coisas para uma pessoa processar em um curto espaço
de tempo, eu tinha um pai que estava morto há anos, iria ter uma irmã mas
tudo foi arrancado de mim de uma maneira tão violenta.
Sei que minha mãe teve sua parcela de culpa ao trair Giocondo mais
no fundo eu sabia que de uma forma ou outra as coisas não seriam muito
diferentes caso eu fosse filha legítima dele.
Matteo me levou para o apartamento dele, era o lugar que ele
costumava ir para pensar de vez em quando, o lugar era impecável, tinha
uma decoração luxuosa e combinava com ele.
Não podia negar que todo aquele cuidado de Matteo comigo só me
fazia fortalecer a ideia de me casar com ele, o único homem que cuidou de
mim e se importou comigo, sem me ver como um mísero pedaço de carne e
eu me entreguei a ele por livre e espontânea vontade.
Ele me levou para a suíte dele e pôs na banheira como um bebê, me
lavando com todo cuidado possível, eu continuava estática enquanto
observava a água escura e vermelha descer pelo ralo.
— Vai ficar tudo bem meu amor.
Iria ficar tudo bem? Já passei por coisas horríveis mas isso era
demais, eu matei uma pessoa.
— Estarei aqui sempre com você e por você meu anjo.
O banho terminou e Matteo vestiu-me delicadamente, me colocou na
cama e apenas ficou ao meu lado sem dizer uma palavra, mas não era
necessário palavras naquele momento, pois com ele eu me sentia segura e
em casa.
Matteo era minha casa, era meu lar, meu porto seguro.
— Durma um pouco meu amor, estou aqui.
Meus olhos se fecharam lentamente e eu adormeci, cansada, em
choque mais ainda sim com ele ao meu lado.
Acordei atordoada, meu corpo parecia ter sido quebrado em inúmeros
pedaços, Matteo não estava comigo o que me causou certa tristeza,
recordações do que aconteceram naquele galpão vinham de forma
descomunal a minha mente, a forma como Giocondo detalhou cada um dos
seus atos me causava dor e nojo até mesmo uma parcela de culpa.
Olhei pela janela e pensei que já estávamos em um outro dia e como
Matteo não estava no quarto decidi explorar o lugar, fiz minha higiene
matinal, tomei um banho e peguei um conjunto moletom deixado por
Matteo provavelmente.
Sai do quarto descendo as escadas lentamente e para minha surpresa
Antonella estava lá, deitada no sofá com o notebook no colo.
— Nella?
— Ravena.
Ela largou o notebook no sofá e veio em minha direção oferecendo
um abraço tão caloroso que eu não pude deixar de chorar.
— Ei não chora, vai ficar tudo bem, você não está sozinha Ravena,
você tem a mim e ao Matteo e até mesmo a Liza, somos uma família agora.
Mais lágrimas desciam do meu rosto, o fato de Nella me considerar
da família enchia meu coração de amor, mas ao mesmo tempo sentia-me
confusa em relação a Matteo.
— Obrigada por tudo Nella.
— Não precisa me agradecer, Matteo disse que eu poderia te levar
para um passeio hoje, o que acha? Podemos ir ao shopping?
Era tudo que eu precisava, sair com uma amiga, Nella era bem mais
do que isso para mim, ela era minha irmã, a irmã que eu queria ter tido
durante todos esses anos.
— Acho que vai ser bom, preciso me distrair um pouco.
—Isso, vamos? — Nella deu pequenos pulinhos de felicidade.
— Tomaremos café na minha cafeteria favorita.
Apenas calcei um tênis e arrumei meus cabelos e segui Antonella
rumo ao shopping.
Chegamos na cafeteria do shopping, um lugar luxuoso e cheio de
guloseimas que fazia minha barriga roncar alto.
Pedi um pedaço de bolo com geleia de morango e Nella fez o mesmo,
aproveitei que estávamos longe da mansão e a sós para falar de Matteo e eu.
— Nella, posso te perguntar uma coisa?
— Claro, o que quer saber?
— Matteo alguma vez já comentou sobre se casar ou algo parecido?
Nella pareceu pensativa, como se buscasse resposta para minha
pergunta.
— Sinceramente não, Matteo sempre achou que casamento não daria
certo com ele, não por ele ser um mulherengo mas por não se achar digno
do amor e da felicidade entende.
— Porque ele acharia isso?
—Tem algo sobre o meu irmão que o traumatiza desde a morte da
nossa mãe, eu nunca descobri o que é, ele nunca me contou, só papai sabia.
Mas por que esse assunto?
— Nella... E se eu dissesse que estou interessada no seu irmão? Sua
visão sobre mim mudaria?
Ela me encarou séria por alguns segundos, em seguida relaxou sua
expressão e virou-se para mim olhando fixamente em meus olhos.
— Claro que sim! Mudaria porque eu iria ser a pessoa mais realizada
do mundo.
— Sério?
— Ravena, você é a melhor pessoa que eu conheço, e ver você e o
meu irmão juntos seria perfeito, só em saber que meu irmão teria enfim
alguém que o amasse e que gostasse de verdade dele me faria muito feliz.
As palavras dela era tudo que buscava no momento, saber que nossa
amizade não mudaria em nada.
— Ele me pediu em casamento. — Falei tão baixo que duvidei se
Antonella tinha ouvido.
— QUE? CO…COMO ASSIM?
Então eu contei a ela sobre irmos a Veneza, sobre o pedido, tudo
exceto contar sobre minha primeira vez com Matteo.
— Meu Deus, é muita informação, mas saibam que tem toda a minha
bênção e se você não aceitar o pedido ou aceitar nada mudará na nossa
amizade.
— Obrigada Nella, você é a única amiga que eu já tive em toda
minha vida.
— Você também, agora vamos temos muitas lojas a explorar.
Segui Antonella que passava alegremente por diferentes lojas no
shopping, a ideia de sermos uma família não saia da minha cabeça, mas
antes eu precisava tirar alguns assuntos a limpo, a morte do pai biológico,
da minha mãe e acima de tudo o que aconteceu com Matteo.
CAPÍTULO 15

Matteo

As últimas vinte e quatro horas foram as mais difíceis e deliciosas de


toda minha vida, o fato de ter Ravena em meus braços me tornou o homem
mais sortudo do mundo, mas o que aconteceu na manhã seguinte pôs tudo a
perder, ouvir todas as confissões feitas pelo verme do Giocondo e todas as
atrocidades e crimes que ele comentou fez com que Ravena se
transformasse em alguém que ela temia, o ódio corrosivo que ela sentia foi
capaz de fazê-la matar o Giocondo.
Esperaria a poeira passar e tocaria novamente no assunto casamento,
e me retrataria com ela, diria que foi apenas loucura momentânea, mesmo
que causasse uma dor na minha alma, eu a queria como esposa mas não
poderia forçá-la num momento tão delicado.
Precisei sair cedo pela manhã, liguei para minha irmã e expliquei
toda situação que aconteceu com Ravena, Nella não pensou duas vezes e
largou tudo na mansão para cuidar da amiga, Natan e eu tínhamos que
descobrir algo a respeito do tal Máximos pai biológico de Ravena e
precisávamos encontrar onde Bianca estaria enterrada.
— Como ela está? O que aconteceu naquele galpão foi demais para
ela.
Natan parecia preocupado e amedrontado, algo muito raro de se
acontecer.
— Deixei-a com Antonella, ela está bem na medida, creio que o que
a afetou de fato foi saber todas as bizarrices cometidas por Giocondo.
— Ela precisa pôr um fim nessa parte da vida dela, preciso dar isso a
ela, antes de nos preocuparmos cem por cento com o Bóris.
— Considere feito, amigo.
Natan jogou uma pasta cheia de arquivos velhos em cima da mesa, e
eu me choquei com a agilidade de Natan.
As Páginas continham informações extras sobre ele, coisas do tipo
lugares que frequentava, patrimônio, e até mesmo uma foto dele com
Giocondo, os olhos de Máximos eram idênticos aos de Ravena.
— O que faço agora? Não tenho ideia se eu conto a Ravena ou não.
— Espere a poeira baixar, ela está fragilizada pelo que descobriu.
— Tem razão.
Precisava contar a alguém sobre a ideia maluca que tive de me casar
com Ravena, e Natan era a única pessoa que não me julgaria por isso.
— Que cara é essa Matteo? Tem algo que você ainda não me contou.
— Pedi Ravena em casamento.
A expressão de Natan mudou em questão de segundos, era óbvio que
ele sabia que de nós três eu era o menos impulsivo.
— O que? Espera, você tá falando sério?
— Sim, é uma longa história.
— E ela aceitou?
— Me disse que iria pensar, mas com esses acontecimentos duvido
muito que ela aceite.
Natan coçou a barba como se buscasse resposta ou solução para o
meu problema, em seguida virou-se para mim.
— Ela fará o que for certo, mas um casamento assim do nada, não
acha demais? Até para você?
— Pensei muito sobre isso amigo, e não vejo outra pessoa como
minha futura esposa.
— Já que é assim, torço para que seja muito feliz independente do
acontecer.
Meu amigo não era dado a sorrisos nem demonstrações de afeto,
então um aperto no ombro era o mais próximo disso.
— Onde está Gabriel?
— Viajou para França, descobriu um suposto paradeiro da Katerina.
Gabriel tinha fortes esperanças em encontrar a irmã caçula, então
investigava toda e qualquer pista que recebia.
— Será que um dia ele irá encontrá-la?
— Espero que sim, mas às vezes penso no pior, ela tinha apenas nove
anos quando foi separada dele, e sumiu no mundo desde então, é algo que
nos faz duvidar sobre ela ainda estar viva.
Apenas acenei para ele, não havia o que dizer em relação a isso,
todos nós conhecíamos a dor da perda, e eu assim como Natan torcíamos
para Katerina ser encontrada.
— Preciso ir, Nella e Ravena já estão no meu apartamento e minha
irmã precisa voltar para o hospital, não quero deixar Ravena sozinha por
nenhum segundo.
— Tudo bem, mas pense no que conversamos Matteo, dê tempo ao
tempo.
— Obrigado irmão, até breve.
Me despedi dele enquanto sua fala martelava em minha mente, tempo
era tudo que eu temia não ter com Ravena, nesse momento meu único
inimigo era Bóris, nós nem fazíamos a menor ideia de onde ele estava, e se
algo me acontecesse eu queria que ela tivesse uma vida boa e confortável,
ou seja ser viúva do capo lhe daria uma estabilidade e respeito por toda
eternidade.
Cheguei no meu apartamento e encontrei minha irmã deitada no sofá,
com seu notebook no colo.
— Nella?
— Irmãozinho, quantas saudades eu senti.
Minha irmã veio correndo em minha direção dando-me um abraço
apertado e demorado.
— Senti sua falta também, como vão as coisas?
— Na mesma, muitas provas, plantões, enfim, e você? Como está
reagindo a tudo que Ravena passou?
— É difícil lidar, para nós que somos da máfia é algo comum na
nossa vida, mas ela passou por tantas coisas e agora precisa lidar com isso.
— Ela vai ficar bem, tenho certeza, ela é forte e corajosa, não será
isso que irá destruí-la. E ela me contou sobre o pedido de casamento, devo
dar meus parabéns agora ou depois?
— Nella! — Pela sua cara ao falar do assunto eu deduzi a surpresa
que ela teve ao saber disso.
— Ei, não me oponho a sua escolha de noiva, jamais na verdade, mas
irmão casamento é um elo eterno, sem mentiras onde um deve conhecer o
outro cem por cento, você a conhece de trás pra frente presenciou algo
horrível na vida dela, mas ela não o conhece direito, nem eu que sou sua
irmã sei o que você tanto esconde.
Ninguém sabia, somente eu e meu falecido pai sabíamos o que
aconteceu na noite em que Bóris me sequestrou. E eu não sabia se estava
cem por cento pronto para reviver todo esse pesadelo.
— É difícil para mim lidar com isso Antonella, eu sinto muito não
conseguir me abrir com você principalmente com você que é meu tudo, mas
eu te prometo que no momento certo você irá saber tudo que se passa aqui.
— Falei apontando para minha cabeça que era uma bagunça infinita.
— Tudo bem, nunca forçaria você a falar, eu preciso ir, Ravena
dormiu depois do jantar, tivemos um dia longo. Agora eu preciso ir, até
mais maninho, eu amo você.
— Também amo você irmã, cuide-se.
Acompanhei minha irmã até a porta e os seguranças encarregaram se
de levá-la para casa, voltei para dentro e subi as escadas rumo ao quarto e lá
estava meu doce anjo, ali dormindo ela parecia ainda mais serena e
angelical, eu poderia passar dias observando ela dormir. Levei minha mão
ao seu rosto tirando uma mecha rebelde do seu rosto.
— Ah Ravena, se soubesse o quanto eu quero você em minha vida
para sempre, mas eu tenho medo meu amor, medo de perder você e você é
um anjo puro que não merece a maldade do mundo.
Sussurrei essas palavras como um confissão, depositei um beijo em
sua bochecha e fui para o banho, comecei a observar os cortes em meus
pulsos e coxas, algumas cicatrizes eram mais profundas e antigas do que
outras, quando eu comecei a me mutilar tinha apenas quinze anos, e todas
as noites eu tinha pesadelos horríveis com a minha mãe, em como ela partiu
e eu não pude fazer nada, papai dizia que eu iria protegê-la quando ele se
fosse, mas eu não consegui, eu falhei como filho e como protetor.
Por fora eu era imbatível, indestrutível, mas por dentro eu era apenas
Matteo Vincent um garoto fraco, que sentia medo de falhar o tempo todo.
Terminei meu banho, peguei uma bermuda moletom e vesti, olhei
para Ravena pelo reflexo do espelho e ela continuava dormindo como um
anjo.
Desci para cozinha pegando uma das minhas melhores garrafas de
uísque, os últimos dias mereciam uma boa bebida. Passei um bom tempo
sentado em uma baqueta apenas encarando o nada e segurando o copo em
minhas mãos.
— Matteo, você está aí?
Ravena descia as escadas coçando os olhos por conta do sono, era
fofo vê-la toda descabelada e com a cara amassada.
— Oi meu anjo, estou aqui.
— O que faz acordado? E que horas são?
— Já passam das três da manhã, estou sem sono meu amor, porque
não volta a dormir?
— Perdi o sono e senti sua falta.
Levantei-me da banqueta e fui até ela, seus olhos brilhavam como o
céu estrelado, puxei-a para mim a abraçando o mais forte que pude, claro
que sem machucá-la.
— Gosto disso, do seu abraço, gosto das raras vezes que você sorri
mais eu sei que são verdadeiros, gosto do seu jeito protetor e cuidadoso,
gosto de você por inteiro Matteo.
— Meu anjo, você é o meu anjo.
E bastou apenas um beijo para que todo o fogo se reacendesse entre
nós dois, não precisou ser um beijo rápido e bruto e sim intenso, lento e
apaixonado.
Caminhei com Ravena em meu colo até o sofá e a deitei de modo
delicado, sem desgrudar nossas bocas um segundo.
— Quero ser sua Matteo, faça amor comigo.
— Seu pedido é uma ordem meu amor.
Sem mais palavras arranquei a bermuda que usava ficando nu diante
dela, o olhar lascivo dela para mim era capaz de me fazer gozar sem ao
menos penetra-la.
— Matteo. — Disse ela ofegante em meio aos beijos.
— Sim amor.
— Eu quero tocar você.
— Sou todo seu amor.
E assim de forma tímida suas mãos pequenas desceram pelo meu
abdômen chegando na virilha quase em contato com meu pau que a essa
altura já estava pra lá de animado.
Com uma certa timidez Ravena começou a tocar nele com uma
delicadeza que me enlouquecia, seus movimentos eram lentos num sobe e
desce delicioso.
— Caralho!
Eu poderia gozar somente com aquele toque, mas porra eu deseja a
entrar fundo em Ravena mais do que qualquer coisa.
— Preciso entrar em você Ravena, vou te foder e vai ser sem carinho
meu amor, porque nesse momento tudo que eu mais quero é comer você de
forma bruta até vê-la gozando e gritando o meu nome.
Ravena entendeu o recado e levantou os braços como um sinal de
rendição e submissão e porra como eu adorava essa cena.
— Sou toda sua, me fode do jeito que eu mereço, por favor.
Isso foi o estopim para que meu controle fosse embora, puxei Ravena
pelos cabelos grudando nossas bocas em um beijo quente e intenso, nossas
línguas se encontravam de forma gloriosa, desci minha boca por seu
pescoço mordendo sem me importar com as marcas que ficariam.
— Lembra Ravena o que eu disse a você, que eu a marcariam como
minha, e que só eu vou comer a sua boceta, e sabe porque meu amor?
Virei-a no sofá deixando ela de quatro para mim, e porra aquela
bunda redonda e empinada era uma visão dos Deuses, alisei sua carne como
um carinho e em seguida dei o primeiro tapa que fez Ravena gemer alto.
— Responda Ravena, você se lembra?
Agarrei seus cabelos enquanto passeava com a mão livre pela sua
boceta molhada deslizando os dedos pela sua extensão inchada.
— Não... Oh céus.
— Eu disse que a partir do momento que eu comesse sua boceta,
você seria minha e nenhum homem no mundo Ravena iria tocar em você,
essa bocetinha é minha meu amor, somente minha. —Mais um tapa e
Ravena contorceu se abaixo de mim.
Posicionei meu pau em sua entrada e soquei fundo. — Hoje não terei
piedade de você Ravena.
Comecei metendo forte nela e podia sentir que ela buscava fôlego
para se manter firme, puxei seus braços para traz a deixando totalmente a
meu mercê, porra ela adorava isso e gemia ainda mais alto.
— Gosta de ser dominada por mim Ravena? Gosto de ser a minha
putinha?
— Go… Gosto Matteo!
— Boa menina.
Continuei no ritmo acelerado vendo a minha deusa contorcer se de
prazer, ela estava tão molhada que meu pau não tinha nenhuma dificuldade
em entrar e sair dela, sua lubrificante escorria pelas coxas me deixando
louco.
Senti seu corpo tremer e sua boceta apertar ainda mais o meu pau, era
o sinal de que ela já estava chegando no seu ápice, assim como eu.
E não demorou muito para que nós dois explodíssemos ao mesmo
tempo em um orgasmo delicioso, sai de dentro dela e desabamos no carpete
nus, satisfeitos, suados e mais conectados do que nunca.
Seu rosto estava vermelho e ela ainda buscava fôlego para falar. Até
que finalmente o ar voltou aos seus pulmões ela me encarou como nunca
havia feito antes, passando a mão pelo meu rosto num carinho tão bom que
eu precisei fechar os olhos e apenas senti-lo.
— Eu aceito Matteo! — Ela estava falando sério? Não podia ser.
— Meu anjo?
—Aceito me casar com você, aceito me tornar a senhora Mattarazzo.
Foi naquele momento que eu me dei conta de como eu estava feliz,
realizado meu coração parecia sair do peito de tão acelerado.
— Fala sério?
— Claro. Eu pensei bem e eu gosto muito de você Matteo, não posso
dizer que é amor ainda, mas você me faz feliz, me deu um novo significado
à vida, quando eu estou ao seu lado me sinto em paz finalmente, você é o
meu lar, meu porto seguro, e eu espero que você me aceite também. Eu
prometo fazer o meu melhor para que você seja feliz Matteo.
— Eu já sou feliz, desde o dia que você entrou em minha vida
Ravena Mattarazzo.
E assim passamos a noite ali mesmo no carpete, nos amando, nos
tomando um para o outro. Mal sabia Ravena mas meu coração já era
completamente dela e assim seria para o resto da vida.
— Meu anjo, você não faz ideia de como você me tornou o homem
mais feliz do mundo agora.
— Mas antes de nos casarmos eu preciso dar um basta no meu
passado, preciso saber onde minha mãe foi enterrada e preciso saber sobre o
meu pai biológico.
— Isso não será problema nenhum, Natan descobriu algumas coisas
sobre seu pai, estávamos esperando o momento ideal para contarmos a
você.
— E o que descobriu? Onde ele está enterrado? Eu quero ir até lá,
será que tenho família, são tantas perguntas.
— Primeiro se acalme, segundo você não tem nenhum parente vivo,
o que descobrimos é que o Máximos sabia sobre você e se encarregou de
preparar um testamento muito antes de tudo acontecer, deixando todos os
seus bens para você.
— O que você quer dizer?
— Você é uma herdeira de uma das maiores vinícolas que já teve na
Itália, seu pai passou absolutamente tudo para você. Inclusive já cuidamos
de todos os trâmites relacionados a sua herança, já está sob meu poder
pronta para ser usada por você.
— Então quer dizer que? Giocondo matou o meu pai não só pela
traição mas também por que ele havia descoberto que teria uma filha.
— Sinto muito meu amor.
— Onde ele foi enterrado ?
— Aqui na Itália, na cripta da família.
— Eu preciso ir até lá Matteo, e preciso achar o corpo da minha mãe,
quero enterrá-la de modo decente.
Um pensamento passou pela minha mente, talvez a mãe de Ravena
nunca tivesse tido um enterro, talvez ela estivesse enterrada na antiga casa
dos Roma durante todos esses anos.
— Ravena, você se lembra de onde era a sua antiga casa?
— Claro! Ficava afastada da cidade, porque?
— Acho que sei onde sua mãe pode estar enterrada.
— Deus! Será que todo esse tempo ela estava enterrada ali, bem
debaixo do meu nariz.
Apenas acenei em confirmação, Giocondo era cruel e isso não seria
nada perto de todas as atrocidades feitas por ele.
— Vamos dormir futura esposa, não quero que estoure seus miolos
pensando demais no assunto, tudo bem?
— Tá bom, mas amanhã iremos até a tumba do meu pai, e eu quero ir
até a minha antiga casa.
— Ravena...
— Eu preciso disso, Matteo é parte da minha vida, preciso pôr um
fim nisso para começar a pensar no meu futuro, e isso inclui nosso
casamento, e ainda tem o Boris eu temo que ele possa aparecer a qualquer
momento.
O medo dela era o meu, não sabíamos onde e nem quando Bóris
viria, e nem se viria, mas tínhamos que estar preparados para tudo.
— Tudo bem meu amor, vamos subir tomar um banho e dormir,
amanhã será um novo e longo dia.
Eu sabia que não conseguiria dormir tão cedo, tinha muito a pensar,
muito a fazer.
Esperei Ravena adormecer e liguei para Gabriel.
— Alô Matteo, aconteceu algo?
— Na verdade sim, você já está na Itália?
— Acabei de chegar, precisa de ajuda, Ravena está bem?
Então contei a ele sobre o pedido de casamento, e sobre as
descobertas que fizemos.
— Meus parabéns pelo casamento, espero ser o padrinho. Mais do
precisa irmão?
— Ravena quer ir até a antiga casa, eu acho que o corpo da mãe
dela está enterrado lá em algum lugar, preciso de reforços.
— Certo, pode contar comigo, irei conversar com Natan, será melhor
irmos apenas nós dois, Henrique e Raí, já que Ravena não conhece os
demais.
— Tem toda razão, agora preciso desligar. Até amanhã irmão
— Até e meus parabéns mais uma vez.
Encerrei a ligação e me aconcheguei a Ravena, inalando seu cheiro
doce de morango, aquela mulher me proporcionou um recomeço, uma
chance de ser feliz e eu a faria a mulher mais feliz do mundo.
CAPÍTULO 16

Ravena

Apesar dos últimos acontecimentos, tive uma noite de sono


maravilhosa, acordei nos braços do meu futuro marido e fiquei abobalhada
o observando dormir, Matteo tinha um rosto delicado para um mafioso, que
ele nunca me ouça falando isso.
Seus traços remetem a um artista de cinema, é muito difícil assimilá-
lo a um mafioso sanguinário, comecei a pensar sobre os fatos da noite
anterior eu e ele iríamos nos casar e eu não poderia estar mais feliz, claro
que pediria a Matteo uma cerimônia simples e somente com pessoas
próximas Nella, Gabriel, Natan, Raí, Henrique com sua esposa e filho.
Afinal eu não tinha ninguém além dele e ele não tinha ninguém além
de Nella e dos amigos.
Discretamente me levantei e fui fazer minha higiene matinal, troquei
de roupa e desci para preparar o café da manhã, Matteo não tinha
empregada nesse apartamento, Liza vinha uma vez ao mês para limpar o
apartamento que passava a maior parte do tempo fechado, confesso que
esses dias aqui estão sendo ótimos, mais de certo modo sinto falta da
mansão de conversar com Liza e Antonella e até de me esparramar no chão
do jardim.
Preparei o café da manhã e para minha sorte a dispensa e geladeira de
Matteo estavam recheados, fiz ovos com bacon, panquecas com geleia e
chocolate, suco de laranja e um bom café forte.
Terminei de montar a mesa e quando estava prestes a subir para
acordar Matteo a campainha tocou, quem poderia ser a essa hora Nella
provavelmente estava de plantão.
— Matteo, somos nós. — Reconheci as vozes de dias atrás eram
Natan e Gabriel.
— Um minuto! — Respondi enquanto tirava o avental e limpava as
mãos.
— Bom dia Ravena.
Os dois falaram de forma combinada o que foi bem engraçado.
— Bom dia, entrem. Matteo ainda está dormindo, já estava indo
acordá-lo.
Os dois se entreolharam como se duvidassem ou desconfiassem de
algo.
— Matteo dormindo? Meu Deus o inferno deve estar com zero graus
abaixo de zero agora.
Foi impossível não rir da forma engraçada que Gabriel falou, até
mesmo Natan deu um meio sorriso.
— Você está fazendo muito bem a ele, Ravena. Desde que conheço
Matteo ele dificilmente dorme assim por horas seguidas.
— Entendo Natan, sempre percebi as olheiras profundas dele e o
cansaço estampado no rosto. Matteo pensa que é imbatível mas não é.
Os dois não falaram nada apenas acenaram em concordância, eu
sabia que Matteo não dormia por causa de algo no seu passado e eu queria
muito que ele se sentisse seguro para compartilhar comigo.
— Bom, já tomaram café? Tem uma mesa pronta para ser atacada.
Os dois nem fizeram cerimônia e já foram se acomodando, Gabriel
parecia uma criança comendo tinha um paladar muito infantil.
— Ravena? — Matteo descia as escadas olhando com uma
curiosidade para a cena diante dele.
— Bom dia meu amor, dormiu bem? — Fui até ele, que me deu um
selinho e um beijo na testa. Eram esses gestos que me faziam gostar de
Matteo cada vez mais.
— Sim meu amor. E vocês o que fazem aqui tão cedo? — Apontou
para os amigos que estavam sentados à mesa.
— Bem, viemos buscar vocês, mas a oportunidade de uma boca livre
surgiu então nada melhor do que aproveitar.
— Vamos tomar café, temos um dia cheio pela frente.
Entrelacei nossas mãos e o guiei até a mesa, e pela cara de Natan e
Gabriel supus que eles já soubessem do pedido do amigo.
— Então é oficial? Ravena será a futura senhora Mattarazzo?
Senti meu rosto queimar de vergonha, era a primeira vez que eu
ouvia outra pessoa além de Matteo dizer isso.
— Sim, Ravena agora é minha noiva e futura esposa.
— Meus parabéns a vocês, Ravena seja muito bem vinda a família e
a máfia é claro.
— Como esposa do capo será extremamente respeitada e terá um
papel de destaque na Itália. Meus parabéns.
— Obrigada, e a propósito vocês serão nossos padrinhos, afinal se
vocês não ajudassem Matteo nós nunca teríamos nos conhecido.
— Será uma honra! — Gabriel completou.
Nosso café da manhã foi tranquilo e em paz, terminamos e eu subi
para me vestir enquanto os rapazes ficaram na sala, escolhi o básico
camiseta, moletom, calça jeans e tênis, prendi os cabelos em um rabo de
cavalo e desci novamente.
— Está pronta meu amor?
— Sim, preciso tirar essa dúvida cruel.
Respirei fundo e saímos do apartamento, nossa primeira parada era o
cemitério de Santa Luzia, era lá que Máximos Grizzi estava sepultado.
Eu havia visto uma única fotografia dele, e confesso que me
surpreendi em como éramos parecidos, os olhos a cor do cabelo entre outros
traços, me pergunto como Giocondo sustentou essa mentira por tanto anos
sem que as pessoas desconfiarem, afinal ele e eu não tínhamos nenhuma
semelhança, mamãe era loira e tinha olhos cor de mel, herdei dela apenas os
traços do nariz e boca, isso explica completamente o porque ele sempre me
odiou, eu lembrava tudo aquilo que ele tentava esquecer e que inclusive o
levou a matar.
Chegamos no cemitério e fomos logo procurar pela cripta da família
Grizzi.
E não demorou muito para acharmos, lá estavam enterrados meus
avós biológicos, alguns tipos, bisavó entre outros parentes, um pouco mais
a frente estava o túmulo do meu pai, era até estranho pensar assim

Máximos Grizzi
19/10/1959 - 24/02/1998
Amado filho, amigo e irmão

A foto da lápide era de um homem muito bonito e com olhos


exatamente iguais aos meus.
— Olá pai, acho que a vida não foi justa conosco não é mesmo.
No mesmo instante uma brisa leve e calma bateu sob meu rosto como
uma espécie de sinal, apenas respirei fundo aquela brisa leve e fresca,
recebendo aquilo como um sinal dele.
— Quer ficar mais um pouco?
— Não, podemos ir Matteo. — Sai de lá com uma sensação de paz,
algo diferente.
Agora vinha a pior parte, voltar ao meu antigo lar. Nossa antiga casa
era grande na medida do possível, e ficava mais afastada da cidade, foi
como se um turbilhão de lembranças invadissem minha memória.
A casa parecia ter sido abandonada às pressas, mas ainda continuava
da mesma maneira desde a última vez que eu a vi. O jardim que antes era
bem cuidado pela minha mãe agora estava morto e cheio de lixo, a fonte
que minha mãe mantinha com afinco estava completamente deteriorada.
— Como se sente?
— É estranho estar aqui, num lugar onde eu nunca fui feliz.
— Vou pedir aos rapazes que comecem com os fundos da casa, para
ver se achamos algo, tudo bem?
— Sim, quero entrar dentro da casa, preciso entrar.
— Certeza?
— Preciso fazer isso Matteo.
— Tudo bem!
Matteo direcionou os rapazes para o fundo da casa, meu coração
batia acelerado, minhas mãos suavam, o medo, nostalgia e as más
recordações guerrilhavam dentro de mim.
Assim que entramos na casa, demos logo de cara com escombros e
muita sujeira, tudo que tinha ali antes havia sido destruído.
Com muita coragem e subi as escadas indo para o antigo quarto dos
meus pais, era estranho e doloroso pensar no quanto mamãe sofreu nesse
quarto, por incrível que pareça o cômodo estava trancado, o que era muito
estranho já que aparentemente Giocondo saiu fugindo dali.
— Que estranho, porque ele se lembraria de trancar a porta somente
desse cômodo?
— Iremos descobrir. — Matteo pegou impulso e com facilidade
arrombou as trancas da porta que já eram antigas e enferrujadas.
— Meu Deus! — A cena que eu vi ali me paralisou inteira, Giocondo
trancou a porta do quarto por uma única razão.
— Não pode ser! — Matteo parecia incrédulo assim como eu.
O corpo da minha mãe estava aqui esse tempo inteiro. Não pode ser!
O corpo completamente decomposto estava dentro de uma espécie de
caixão, aparentemente Giocondo a enterrou próximo a ele, e a desenterrou
quando foi embora por algum motivo mórbido.
— O Giocondo era um monstro! — Foi o máximo que consegui
dizer.
— Eu sinto muito meu amor. Provavelmente sua mãe foi enterrada
aqui, e durante anos ninguém descobriu , e por alguma razão o Giocondo
tirou ela de onde estava, iremos fazer um enterro digno para ela meu amor
não se preocupe, ela finalmente terá paz.
Não disse mais nada, apenas sai dali e fui para o meu antigo quarto,
que parecia não ter sido mexido desde o dia que fui embora, revirei tudo
cada cantinho mas nada que era de valor foi encontrado, quando criança
minha mãe me presenteou com um par de brincos de esmeraldas que eu
aprendi a guardá-los muito bem, mas Giocondo como o monstro ganancioso
que era os encontrou.
Não aguentei ficar mais um segundo na casa, saí correndo de lá e fui
para o carro até Matteo voltar de lá.
Depois de achar os restos mortais da minha mãe na minha antiga
casa, eu pedi a Matteo que cuidasse de tudo, incluindo um velório decente
para ela.
Assim foi feito uma semana depois fizemos uma breve cerimônia em
sua memória e em memória da minha irmã a qual eu batizei como Maria,
queria que ela tivesse uma lápide, queria que ela fosse lembrada.

Bianca DeLucca Roma


Maria DeLucca
Que suas almas descansem em paz, sejam acolhidas pelos braços do
senhor Jesus.

Por incrível que pareça ir aquela casa e dar um fim nesse mistério
deixou parte do meu coração em paz, saber que agora mamãe e minha irmã
descansam em paz me confortava.
Com o passar das semanas Matteo e eu marcamos a data do nosso
casamento, que seria apenas uma cerimônia simples entre amigos.
Nella e eu marcamos as provas de vestido e cuidamos de todos os
assuntos relacionados a cerimônia, enquanto Matteo, Gabriel e Natanael
iam atrás de pistas de onde Boris poderia estar, o homem havia
desaparecido e não deixou nenhum rastro.
Matteo queria encontrá-lo antes do casamento para que pudéssemos
ter uma lua de mel tranquila e em paz.
Um mês depois…

Um mês se passou desde toda aquela turbulência em nossas vidas,


Matteo e eu estávamos numa fase incrível ele era romântico algo que jamais
imaginava, o sexo tinha se tornado casa vez mais gostoso, tudo estava
perfeito exceto duas coisas a primeira é que não tivemos mais nenhuma
pista de Bóris e segundo Matteo ainda sofria com o passado cheio de
marcas mas não se sentia a vontade para falar comigo sobre, eu queria
ajudá-lo, queria saber toda a verdade, mas esperaria tudo no tempo dele.
Optamos por passar um tempo no apartamento, para termos mais
intimidade um com o outro, era ótimo dividir os dias e noites com Matteo.
Faltavam apenas uma semana para o casamento e hoje era o dia da
última prova de vestido de noiva, mas para o meu puro azar acordei me
sentindo muito mal, Matteo já estava de pé e prestes a sair, mas percebeu o
meu desconforto.
— O que foi anjo? Você está pálida
— Estou bem, só um desconforto, acredito que seja nervosismo pelo
casamento.
— Tudo bem amor, preciso ir agora, surgiram alguns problemas,
qualquer coisa não hesite em me ligar.
Matteo me beijou e despediu-se de mim, fiquei deitada com o mal
estar persistente, liguei para Nella e pedi que ela viesse mais cedo, como ela
já estava no fim da residência iria me ajudar com esse mal estar.
Levantei sentido o mundo girar ao meu redor, um enjoo fortíssimo
me atingiu corri para o banheiro e me tranquei lá dentro e me abaixei em
frente ao vaso sanitário colocando tudo pra fora, com muito esforço levantei
do chão apertei a descarga e tomei um banho gelado o que aliviou me dando
força para me arrumar.
Minutos depois Henrique interfonou avisando que Antonella estava
subindo, não demorou muito para a campainha tocar.
— Oi, Ravena, o que houve? Você está muito pálida
— Não sei Nella, acordei com um mal estar terrível, provavelmente
algo que jantei ontem a noite.
— Certo, o que você sentiu?
— Tontura, e um enjoo muito forte.
Nella parou de anotar o que eu falava e me encarou com um olhar
curioso
— Quando foi sua última menstruação?
Ela realmente pensava nessa probabilidade, eu tinha um ciclo meio
confuso devido aos anos em que fui privada de cuidados e vitaminas
corretas, mas eu tomava anticoncepcional desde antes de me relacionar com
Matteo.
Com tudo que aconteceu eu acabei não me atentando ao meu ciclo
menstrual. Mas eu não podia estar grávida, pelo menos não agora.
— Eu não me lembro, esse último mês foi tão confuso que eu não me
atentei a nada, mas eu não posso estar grávida, eu tomo as pílulas de modo
certo.
— Eu sei amiga, mas como você passou por um período de grande
estresse a pílula pode ter falhado ou você pode ter se esquecido de tomá-la
um dia. Para todos os efeitos você precisa fazer um teste.
Comecei a me desesperar, a possibilidade de uma gravidez nessa
altura do campeonato me deixava tensa, não que eu fosse odiar o meu
possível bebê, mas Matteo tinha questões inacabadas com o passado, ainda
tinha Bóris um filho tornaria essa situação mais complicada.
Antonella abriu a maleta e tirou uma caixinha com um teste de
gravidez
— O que eu faço se esse teste der positivo? Eu não quero que Matteo
pense que eu engravidei de propósito ou que ele aceite mal a notícia.
Comecei a chorar, me sentindo desesperada, pensar em perder Matteo
ou ter nosso possível bebê rejeitado pelo pai, me fazia querer chorar ainda
mais.
— Ei, acalme-se, antes de fazer o teste me responda, você percebeu
algo diferente em você.
Parando para pensar eu vinha me sentindo exausta, e com um apetite
ainda mais apurado.
— Deus! Como eu pude ser tão burra, eu...eu…
— Você precisa se acalmar agora, tudo vai dar certo, agora faz esse
teste e depois a gente se desespera ou não. Independente do resultado ou do
que o Matteo achar eu sempre vou estar aqui com você ou vocês.
Peguei o teste com as mãos trêmulas e o rosto banhado em lágrimas,
fui até o banheiro do andar de baixo e com o medo e nervosinho a mil fiz o
teste exatamente como Antonella me orientou.
Realizei o teste e fiquei sentada ali mesmo esperando o bendito
resultado, Antonella estava parada na porta do banheiro apreensiva,
conforme a embalagem cinco minutos depois o resultado apareceu naquele
minúsculo palito.

POSITIVO!
Eu estava grávida de Matteo, eu seria mãe, e Matteo seria pai,
teríamos um bebê.

— Positivo, eu estou grávida Nella, meu Deus. — Antonella veio me


consolar com um abraço forte, como quem dizia, tudo vai ficar bem.
— Eu estou aqui com vocês, meu sobrinho ou sobrinha já tem uma
tia que o ama muito.
— O que eu faço agora Nella, o Matteo, ele aí meu Deus.
— Calma, primeiro vou te levar para conversar com a doutora
Mônica, vamos aproveitar e fazer alguns exames e ultrassom transvaginal,
vou cancelar nossa prova de vestidos, fica tranquila, tudo vai ficar bem.
Me acalmei um pouco e me recompus, agora eu precisava ser firme
pelo meu bebê, independente de tudo seríamos ele eu e ele sempre.
Como Antonella sugeriu fomos até a clínica da doutora Mônica, para
não levantarmos nenhuma suspeita Nella disse aos seguranças que
precisava de uns materiais médicos e que passaria na clínica, mas que não
era necessário que eles subissem conosco.
Após muita relutância acabaram cedendo, subimos e Nella fez o meu
cadastro tudo com muita discrição, não demorou muito para entrarmos.
— Antonella, Ravena que prazer vê-las aqui, a que devo a visita ou
consulta a depender da situação.
— Bem, na verdade é uma consulta, como deve saber Ravena é
minha cunhada e acabamos de descobrir sua gravidez através de um teste de
farmácia.
A Doutora Mônica me olhou com um olhar cheio de amor e
compreensão, o que me deixava muito mais tranquila.
— Meus parabéns Ravena, bom vou solicitar que faça um exame de
sangue para termos cem por cento de certeza, em seguida faremos uma
ultrassonografia transvaginal para podermos ver como está o
desenvolvimento do feto, tudo bem?
— Sim, doutora.
A enfermeira veio até nós e colheu uma amostra de sangue para
realizar o exame, aguardamos pacientemente, até que o telefone de
Antonella começou a tocar.
— É o Matteo, os seguranças devem ter ligado para ele, bando de
fofoqueiros.
— Melhor atender, mas por favor não comenta nada com ele.
— Fica tranquila, vou pôr no viva voz.

— Alô irmão?
— Irmã, onde vocês estão?
— Tive que passar no consultório da doutora Mônica, não se
preocupe só vim buscar uns materiais para um seminário.
— Tudo bem, mas não saia daí sem avisar aos seguranças, e Ravena
onde está?
— Ela está ao meu lado, quer falar com ela?
— Sim, por favor.
— Matteo? — Tentei soar calma e controlada. — Está tudo bem meu
amor
— Só fiquei preocupado com as duas, vocês são tudo que eu tenho,
prezo pela segurança de vocês
— Eu sei.
Conversei com Matteo por mais alguns minutos, evitando o
nervosismo transparecer em minha voz, passei o telefone de volta para
Antonella, os dois se falaram mais um pouco, até que ela decidiu desligar a
chamada.
— Irmão preciso desligar agora, vejo você mais tarde.
A Doutora Mônica entrou novamente na sala com meus exames em
mãos.
— Meus parabéns Ravena, você está cem por cento grávida.
Meu bebê agora eu tinha a mais pura certeza de que ele era real, meu
filho, meu e de Matteo.
— Já amo tanto você meu amor. — Nella pôs a mão em minha
barriga acariciando, se algo acontecesse comigo ele teria a tia e isso me
tranquilizava.
— Bem Ravena agora vamos realizar a transvaginal, certo? Vista isso
aqui e deite-se na maca.
Entregou-me uma camisola hospitalar.
Fui atrás do biombo e retirei as roupas vestindo apenas a camisola
fina do hospital, deitei-me na maca e a doutora começou o procedimento.
Logo uma pequena bolinha preta surgiu no monitor.
— Aqui está o seu bebê Ravena, como sua gestação é apenas de
quatro semanas ainda não é possível ouvir o coração dele.
Aquilo era uma sensação única e surreal, ver algo tão pequeno e que
cresceria dentro de mim, que se formaria e logo estaria comigo, meus olhos
estavam encharcados em lágrimas jamais pensei que viveria esse momento.
Olhei para o lado enquanto Antonella estava aos prantos, assim como
eu.
— Como você é pequenino meu bem, mas quando você crescer, sua
tia aqui irá te mimar tanto, tenho certeza de que você vai ser uma linda
menininha.
Sempre que me imaginava sendo mãe eu visualizava uma garotinha
com cabelos ondulados em que eu a enchia de beijos e fazia vários
penteados.
— Doutora quando posso saber o sexo do bebê e ouvir o
coraçãozinho dele.
— A partir da sétima semana já é possível ouvir os batimentos
cardíacos , quanto ao sexo do bebê dependendo da posição a partir da oitava
semana.
A doutora finalizou o exame e me passou inúmeras vitaminas e
recomendações.
Nella acompanhou-me de volta ao apartamento, estava chegando a
hora de contar a Matteo.
— Fica calma, qualquer coisa liga pra mim
— Tudo bem, obrigada Nella por tudo, sei que meu filho não poderia
ter uma tia e madrinha melhor que você.
Os olhos da minha cunhada iluminaram e ela me puxou para um
abraço antes de ir. Entrei no elevador segurando o exame de sangue nas
mãos, o coração palpitando, acariciei minha barriga dizendo a nós mesmos
que tudo ficaria bem. Assim que abri a porta Matteo já estava à minha
espera.
— Oi meu anjo, demorou.
— Matteo... — Comecei a criar coragem para falar.
— O que houve? Você está bem?
— Eu estou grávida Matteo!
CAPÍTULO 17

Matteo

As palavras EU ESTOU GRÁVIDA, ecoaram na minha cabeça


repetidas vezes.
Grávida, Ravena estava esperando um filho meu, não tive reação
alguma, apenas pisquei os olhos continuamente como se não acreditasse no
que acabara de ouvir.
— Matteo? Por favor fala alguma coisa.
Ela estava aflita, os olhos estavam vermelhos e inchados como se
tivesse passado longas horas chorando.
— Eu... Eu, não sei o que dizer, fui pego de surpresa.
Porra comecei a gaguejar como a merda de um pirralho que não sabia
lidar com as situações da vida.
— Matteo quero que saiba, que independente de qualquer coisa eu
vou ter esse bebê e nem que seja necessário eu sumir da Itália para o resto
da vida, ou que eu vá pedir esmolas nas ruas, mas o meu bebê continuará
comigo.
As palavras dela me atingiram com força, eu nunca permitiria algo
assim, claro que eu não queria ter um filho mas não por odiar a ideia de ser
pai, mas sim por medo de ser falho com ele.
— Meu amor eu nunca abandonaria vocês, nunca eu prefiro a morte
do quer ver meu futuro herdeiro tendo uma vida miserável. — Falar as
palavras futuro herdeiro em voz alta me causava uma sensação estranha. —
Mas entenda amor, eu não sei se consigo ser pai, eu...eu, meu Deus, eu não
pude proteger a minha mãe, como posso proteger o meu filho?
Pela primeira vez em anos eu quis chorar como um garotinho
assustado, um dos meus sonhos de vida era ser pai, mas depois de perder a
mãe de forma tão brutal eu me sentia incapaz de tal coisa.
— Ei? Vai ficar tudo bem, nem eu nem você estávamos preparados
para isso, mas fomos agraciados mesmo que no momento errado, nosso
bebê está aqui dentro.
Ela levou a mão à barriga ainda plana, me fazendo refletir que em
breve cresceria conforme o nosso filho crescesse.
— Só preciso que você seja o mesmo homem pelo qual me
apaixonei, só quero que continue sendo o homem que eu descobri e decidi
amar.
Meus olhos brilhavam com aquela constatação Ravena me ama e
nada mais nesse mundo importa, mal sabia ela que eu já a amava muito
antes dela entregar-se a mim, Ravena nasceu para ser minha e eu nasci para
ser interinamente dela.
— O que você disse? — Precisava ouvi-la admitir que me amava,
porra eu precisava disso.
— Eu disse que eu amo você Matteo, te amo tanto que não suportaria
a ideia de ser rejeitada por você.
Cheguei mais perto dela olhando fixamente em seus olhos brilhantes,
os olhos que me deixavam louco no instante em que eu os vi, os olhos
brilhantes que me davam acesso a sua alma.
— Você é tudo que eu quero Ravena, você será a minha rainha e
todos irão lamber o chão que você pisar, eu serei capaz de matar qualquer
um que ousar maltrata-la, eu sou capaz até de me matar só de pensar na
possibilidade de magoar você, e sabe porque Ravena? Porque você é a
mulher que eu amo, você é o anjo da minha vida, minha noiva, futura
esposa e mãe do meu filho e de muitos que eu quero ter ao seu lado.
— Eu amo você Matteo, nós amamos você.
Minha mulher e meu filho, por eles eu seria capaz de cometer os
piores crimes do mundo, só para protegê-los. Fiquei abraçado a ela e por
impulso acariciei sua barriga, era louco imaginar que em breve ela estaria
enorme e que nosso filho se mexeria ali dentro, agachei em frente a ela e
beijei cada centímetro da superfície plana.
— Oi filho aqui é o seu pai, me perdoe pela reação mas saiba de uma
coisa você já é muito amado por mim e pela sua mãe, meu herdeiro, meu
bebê, farei de tudo para ser o melhor pai do mundo.
— Devemos acrescentar mais uma pessoa na lista de amores do
nosso filho. — Ravena olhou para mim com as sobrancelhas arqueadas.
— Quem?
— Antonella é claro, inclusive ela será a madrinha do bebê.
Claro como eu não suspeitei minha irmã sempre soube, elas não
estavam no consultório atoa.
— Então ela sabia?
— Precisava de uma pessoa de confiança antes de contar a você, e
Nella já estava a caminho então, foi mais fácil irmos no consultório e fazer
o primeiro exame.
— Você já viu o nosso bebê? Ravena eu queria estar com você nesse
momento, porra que tipo de pai eu sou?
— Calma amor, foi apenas um exame para confirmar a gravidez e ver
como o feto estava, como estou no início da gestação não é possível ouvir
os batimentos dele ainda, voltaremos lá em breve e você acompanhará tudo
bem de pertinho.
Respirei mais aliviado com isso, afinal quero estar presente em tudo,
quero acompanhar cada detalhe da gravidez dela.
— Obrigado meu amor, por chegar na minha vida, e me presentear
dessa forma, eu quero ser um terço do pai que senhor Vincent foi para mim.
— Matteo, precisamos conversar e você sabe disso não é? Você
precisa se libertar.
Sabia exatamente o que era, e esse era o momento, não podia adiar o
assunto, Ravena saberia de uma vez por todas o que aconteceu comigo e
com minha mãe que me fez temer tanto construir uma família.
Me preparei para reviver a pior lembrança de toda a minha vida.
— Tudo começou quando eu tinha acabado de completar quinze
anos, Nella era só um bebê praticamente, eu já era bem forte e atlético pra
minha idade papai fez questão de iniciar na máfia e de me ensinar tudo, pela
manhã eu era um garoto normal, eu ia pro colégio, jogava bola tinha amigos
e todos sabiam sobre a minha origem, afinal os Mattarazzo sempre viveram
aqui na Itália, pela tarde eu já era o futuro capo da máfia que estava
aprendendo tudo que o pai tinha para ensinar e eu gostava disso sabe, eu era
muito feliz naquela época.
— Respirei fundo, era doloroso ter todas essas lembranças de volta,
Ravena sentou-se ao meu lado pegando em minha mão como um sinal de
"estou aqui", continuei narrando a história desde o princípio até o fatídico
dia. — Tudo ia bem, até um homem aparecer aqui na Itália exigindo que
meu pai se unisse a ele, o homem em questão era Bóris Ravielle que nessa
altura já era o capo da máfia russa e era metido até o pescoço com tráfico de
mulheres e prostituição infantil, meu pai claro que negou a proposta na
hora, afinal ele tinha uma filha de cinco anos em casa e uma esposa, sem
contar que nós sempre fomos contra isso. Boris se enfureceu com meu pai e
prometeu se vingar do meu pai que consequentemente acabou desmontando
uma rede de tráfico humano aqui no país, então Boris jogou sujo e baixo,
ele disse que atacaria meu pai com o seu ponto mais fraco, a família. Me
lembro disso como se fosse hoje, mamãe e eu tínhamos deixado Antonella
na escola e íamos para o shopping eu ia escolher um terno para uma
cerimônia do colégio, até que os homens de Bóris nos cercaram eu tentei
impedir mais levei uma coronhada na cabeça e desmaiei na hora.
— Meu Deus... Matteo eu sinto muito meu amor, não precisa
continuar contando se não quiser.
— Eu preciso disso amor, preciso tirar metade dessa angústia que
vive em mim, continuando quando eu acordei eu estava com uma baita dor
de cabeça e com as mãos amarradas e tudo estava escuro, eu me desesperei
e comecei a gritar pela minha mãe mais nada, ninguém respondia. Um
tempo se e eles me levaram pra outro lugar e o que vi naquele maldito lugar
nunca vai sair da minha memória, minha estava amarrada como um bicho,
toda machucada os olhos inchados, as roupas rasgadas. — Me permiti
chorar com aquelas lembranças dolorosas, e dai que era fraqueza? Ravena
tinha razão, eu não sou imbatível. — Eu tentei me soltar, tentei, tentei mais
eu não consegui, foi quando Boris apareceu e disse que nós estragamos os
planos dele e que nós iríamos pagar, mais tinha uma saída, minha mãe
deveria se ajoelhar diante dele e implorar pela minha vida, e foi o que ela
fez.
— Se quiserem sair vivos então ajoelhem e implorem.
Sem pensar duas vezes minha mãe fez o que o homem pediu eu o
reconheci era Bóris papai discutiu com ele algumas vezes mais eu sabia
que algo estava errado Bóris não parecia disposto a solta-la, eu tinha um
mal pressentimento, não gostava disso, não gostava de sentir medo.
— É uma pena que você tenha se casado com aquele traste do
Vincent, caso contrário você seria uma puta muito cara, com esses olhos
azuis.
Boris pressionou a arma sob o rosto da minha mãe e era como se
naquele momento o mundo inteiro tivesse se tornado uma bomba relógio
prestes a explodir. Eu a observei bem, enquanto pude ler seus lábios
dizendo lentamente:
— Me perdoe meu amor, cuide da sua irmã.
Sem pensar duas vezes o homem atirou na cabeça da minha mãe que
caiu como um animal sem vida diante de mim e eu não pude fazer nada.

— Eu não pude salvar a minha mãe, eles me soltaram depois que


Bóris matou ela e eu fiquei horas abraçado ao corpo dela até nos acharem,
minha mãe morreu por mim Ravena, e eu nunca vou me perdoar por isso. É
por isso que eu tinha e tenho ainda tanto medo de amar, eu não posso perder
mais ninguém, nem você, nem o meu filho e nem a Antonella. Desde esse
dia eu comecei a me cortar, provavelmente você já viu as cicatrizes.
— Já as vi! E as beijo todas as noite enquanto você dorme. Não faça
isso consigo mesmo Matteo. —
Suas palavras pegaram-me desprevenido, jamais pensei que ela
fizesse isso. — Você não teve culpa meu amor, você só tinha quinze anos e
não poderia se defender.
— Ravena eu fui treinado para proteger as pessoas que eu amo, e
justo a minha mãe não pôde ser protegida, a automutilação é uma forma de
amenizar a minha dor sabe, é como se de um certo modo eu fizesse isso
pela minha mãe, pra que ela soubesse de onde ela estiver que eu sofro com
isso e que eu sou o culpado.
— Matteo você não é o culpado, e a sua mãe amou e ama você de
onde ela estiver, se existe alguma forma dela estar entre nós, eu sei que ela
não está feliz vendo você se culpando por isso.
— Eu só quero poder ser o melhor para vocês, e eu tenho medo de
falhar.
— Todos nós temos medos Matteo, e nosso filho ou filha vai ser
amado por nós dois e somente isso importa.
— Imagino um menino correndo pela casa, uma mistura minha e sua.
Desde o momento que soube da gravidez de Ravena, nada tira da
minha mente que será um menino, que será justo, leal e honroso com a
família, além de muito amado.
— Mesmo? Antonella acha que será menina, e que será a cara dela.
A ideia também me agradava uma princesinha pela casa, cercada de
mimos, em compensação quando crescesse eu teria muito trabalho em
manter os marmanjos longe dela.
— Imagine eu pai de uma menina? Já estou pensando nos cabelos
brancos.
Falei e nós dois rimos, agora o clima era tranquilo entre nós, sem
mentiras apenas imaginando o nosso futuro.
— Acho que devemos esperar para pensarmos em nomes?
Eu gostava de planejamento, então para mim não era nem um pouco
cedo, já pretendia ensaiar o nome dele ou dela saindo da minha boca
quando fosse dar alguma bronca.
— Podemos pensar em alguns nomes amor, nada definitivo.
Ravena se acomodou no sofá ainda aninhada a mim.
— Bem se for uma menina eu pensei em Bella gosto desse nome sem
contar que é simples e lindo se for um menino pensei em Vincent,
homenagem ao seu pai, claro se você não se importar.
— Meu amor, ter um filho com o mesmo nome que o meu pai será
uma hora para mim.
Ela apenas sorriu me abraçando ainda mais forte, consequentemente
começamos a trocar algumas carícias e meu pau foi reagindo àquele toque
maravilhoso e delicado.
Ravena se sentou em meu colo deixando as pernas uma de cada lado,
enquanto seu corpo friccionava o meu em movimentos lentos de vai e vem.
Tomei sua boca a minha puxando seus cabelos com delicadeza
enquanto Ravena emitia gemidos baixos de aprovação aumentando a
fricção do seu corpo ao meu.
Ela rebolava de uma forma deliciosa em cima de mim, me levando a
loucura, como ela conseguia me enlouquecer desse jeito, aquele toque de
inocência ainda era uma grande característica dela que agora era associado
a mulher fatal e sedutora.
Todo meu autocontrole começou a ir pros ares quando Ravena desceu
os beijos pelo meu pescoço dando leve mordidas, lambendo levemente
subindo para o lóbulo da minha orelha.
— Caralho mulher!
Sua mão desceu até o meu pau apertando-o com força por cima da
calça me fazendo arfar de prazer, com a outra mão guiou a minha até sua
boceta por dentro da calça moletom.
— Pronta para mim, rebola gostoso nos meus dedos, imagine que é o
meu pau, entrando e saindo de você.
Ravena começou a rebolar com mais rapidez enquanto apertava meu
pau por cima da roupa, sua boceta já estava ensopada e meus dedos
molhados conforme eu entrava e saia de dentro dela.
Com certa dificuldade Ravena abriu minha calça puxando meu pau
completamente para fora, a glande já estava coberta pelo líquido pré -
ejaculatório e eu sentia que poderia gozar a qualquer momento se
continuássemos daquele jeito.
Continuei masturbando Ravena enquanto ela fazia o mesmo com
meu pau, aumentei o ritmo até sentir o primeiro sinal do seu orgasmo, tirei a
do meu colo e puxei sua calça
— Senta na minha cara, quero chupar essa boceta gostosa até você
gozar!
Meio relutante, Ravena subiu no sofá e eu a posicionei de maneira
perfeita, daquela maneira eu tinha a ampla visão da sua boceta maravilhosa
e que agora estava brilhando de excitação.
Comecei chupando lentamente toda extensão molhada, introduzindo
minha língua em sua entrada como se eu estivesse fodendo com a língua,
chupei seu clitóris enquanto Ravena se segurava nas cortinas, seus gemidos
altos eram deliciosos.
— Eu vou gozar não para!
Chupando com mais intensidade, e com alguns movimentos de
sucção Ravena gozou deliciosamente, ter seu mel escorrendo pelo meu
rosto me excitava pra caralho.
Ainda recuperando-se do orgasmo, ela desceu do sofá e ficou de
joelhos na minha frente.
— Quero chupar você, mas antes quero te beijar e sentir o gosto da
minha boceta em você.
— PORRA RAVENA!
Aquilo era um tesão do caralho, puxei ela pelos cabelos sem
delicadeza beijando ela de forma brutal, o gosto da sua boceta misturando-
se com o gosto de sua boca era um sabor que nem em outras vidas eu
saberia descrever.
Ela desfez nosso beijo e foi descendo até chegar na minha virilha
ficando totalmente nua agora, os seios rosados e durinhos estavam sob
minhas coxas agora, de forma lenta suas mãos foram iniciando um processo
de masturbação delirante, até que sua boca molhada começou a lamber toda
a extensão do meu pau, dando atenção principal a glande sensível.
E quando eu menos esperei sua boca o tomou por inteiro, ela tinha o
total controle da situação e sabia disso, sabia o quanto estava me
enlouquecendo.
— ISSO, CHUPA O PAU DO SEU HOMEM, CHUPA COMO A
PUTINHA QUE VOCÊ É.
As palavras baixas repletas de desejo e tesão foram o ponto chave
para que ela intensificasse aquele boquete e caralho sentia todo meu corpo
em pequenas ondas elétricas de tão gostoso que era tal sensação, agarrei
seus cabelos com força enquanto estocava meu pau em sua boca de forma
que não a machucasse e puta que pariu Ravena me olhou com um olhar
safado que me fez perder todo meu controle, tirei ela do meu pau e a
coloquei de quatro no sofá.
— Fica com as pernas bem abertas minha putinha.
— Me come com força amor!
Fez um voz manhosa e safada ao mesmo tempo.
Não sei onde esse lado de Ravena esteve escondido mais caralho era
alucinante vê-la totalmente entreguei ao prazer
Beijei toda a região de suas costas e pescoço com minha mão
embrenhada em seus cabelos cheios.
— Quer ser comida com força meu amor?
Abri a mão e desferi um tapa naquela pele macia e alva a marca dos
meus dedos surgiram imediatamente.
— Quero, por favor!
— Como quiser, meu amor.
Comecei a pincelar meu pau em toda sua entrada e sem mais estoquei
com força e até o fundo fazendo Ravena gritar de tesão, com a mão livre
comecei a massagear seu clitóris enquanto metia fundo na sua boceta.
— Eu te disse Ravena que quando você fosse minha, não seria de
nenhum outro porque eu sou o dono dessa boceta.
Aumentei o ritmo das estocadas enquanto ela gritava alto sem se
importar se os seguranças poderiam ouvir, e foda-se, se ouvissem, todos
iriam saber que a minha mulher estava sendo comida e muito bem comida.
— MATTEO NÃO PARA, POR FAVOR.
Aquilo era nossa conexão
Nossos corpos nus
Nós dois suados
Nosso amor
Apenas nós dois.
Sentindo-me a beira do precipício pressionei seu clitóris com mais
intensidade , foi o suficiente para ela chegar ao orgasmo assim como eu,
nossos gemidos se misturavam, nosso suor se misturava, enquanto nós dois
estávamos totalmente a mercê do prazer.
— Goza comigo meu amor.
Fui metendo devagar conforme o orgasmo me atingia, o corpo de
Ravena tremia e sua boceta apertava e pressionava meu pau. Gozamos
juntos e não havia mais nada no mundo que pudesse descrever o momento.
Deitamos no chão um ao lado do outro ofegantes, a respiração entrecortada.
— Amo você, minha deusa
— Eu amo você meu herói.
Ainda havia um grande problema, algo que impedia nosso felizes
para sempre Bóris, nenhuma lista nos leva de fato a ele, eu não sabia
quando nem onde ele iria aparecer e isso me frustrava.
— Vamos tomar um banho de banheira? Estou suada e faminta.
— Claro meu amor.
Eu queria afastar o mal pressentimento que senti ao recordar de
Bóris, mas me fez ficar em alerta para o que viria futuramente.
CAPÍTULO 18

Ravena

O grande dia chegou, hoje eu oficialmente me tornaria uma


Mattarazzo, o nervosismo junto com os primeiros sintomas da gravidez me
fizeram passar mal a noite anterior, mas graças a minha salvadora e cunhada
consegui me levantar.
Como eu havia desmarcado a prova de vestido de noiva a estilista
precisou reajustá-lo no dia do casamento e no meu corpo, fiz o cabelo e
maquiagem e não me reconhecia no espelho, fiz tudo muito simples mas
que destaca-se meus traços naturais, meus cabelos ficaram com grande solta
e a outra metade estava presa com uma linda presilha em brilhantes.
— Você está linda cunhada, nem acredito que seremos uma família
agora.
Nella estava radiante, os cabelos estavam presos em um coque frouxo
com cachos espalhados no rosto, o vestido era longo e com um belo decote
num tom rose na mesma paleta de cores do casamento.
— Agora ficaremos juntas sempre, seremos uma família, e quando
Bella nascer será muito mimada por mim.
— Você está convicta de que vai ter uma sobrinha, não é?
— Tenho certeza que sim, Matt acha que será um menino, mas
vamos ver, independente do sexo, você já é muito amado meu amor. — Ela
falou com a mão em meu ventre. — Agora vamos temos um vestido de
noiva para provar e ajustar.
Meu vestido era particularmente perfeito, remetia a um vestido de
princesa, as mangas curtas eram todas trabalhadas em renda, seu
comprimento era coberto por cristais e uma renda muito bonita, era algo
que eu sempre sonhei.
— Pronto, está uma linda noiva, senhora.
— Obrigada.
Meus olhos estavam cheios de lágrimas assim como os de Nella, a
única pessoa que eu tinha para dividir esse momento, nosso casamento seria
uma cerimônia íntima, exceto Mariah amiga de infância de Nella e Matteo
não poderia comparecer por motivos pessoais.
— Não vou me cansar de dizer o quanto você está maravilhosa
Ravena.
— Me sinto uma verdadeira princesa, queria tanto que minha mãe e
seus pais pudessem estar aqui.
— Mamãe adoraria você, vocês têm muito em comum, e ela amaria
ver o Matt se casar com a mulher que ama.
Nos abraçamos por um longo tempo, evitando ao máximo derramar
uma lágrima ou toda maquiagem estaria arruinada.
— Olá senhoritas, chegou a hora! — A voz grave de Natan
reverberou no salão. Natan seria o encarregado de me levar ao altar,
enquanto Gabriel era o padrinho, Matteo escolheu Henrique e sua esposa
Jaqueline como padrinhos.
— Esta deslumbrante Ravena.
— Você também, só assim para abandonar os ternos pretos.
Ele estava usando um terno rose seguindo as cores que escolhemos
para o casamento, seus olhos eram azuis assim como os de Matteo, só que
em tons diferentes.
— O que eu não faço por vocês!
— Vou indo para o altar. — Nella ajeitou-se e saiu do salão.
— Pronta?
— Acho que sim, estou nervosa mas acredito que tenha haver com a
gravidez.
— Fico feliz que você e meu amigo tenham se entendido, e que terão
uma família, pode contar comigo para o que precisar Ravena, você e meu
sobrinho ou sobrinha.
Era possível sentir a dor de Natan no modo em que ele falava, tudo
isso que eu e Matteo estamos construindo ele já teve e perdeu num passe de
mágica.
— Obrigada Natan por tudo, um dia eu sei que você encontrará o que
tanto procura.
— Assim espero, vamos lá.
Natan pegou em minha mão e me guiou para fora do salão até o
jardim, tudo estava lindo e do jeito que planejamos, na cerimônia estavam
apenas os seguranças de Matteo, algumas pessoas importantes de máfias
aliadas, Liza que segurava o pequeno Henry, no altar Jaqueline, Henrique,
Antonella e Gabriel e ao meio deles o amor da minha vida, Matteo estava
lindo o terno branco feito sob medida deixavam seus músculos mais
visíveis, os cabelos muito bem penteados e a barba feita, vê-lo daquela
forma me deixava ainda mais apaixonada.
— Está entregue, sejam felizes. — Natan passou minha mão para a
de Matteo e logo afastou se sentando ao lado de Liza.
— Você está linda meu amor, uma verdadeira rainha. — Matteo
beijou minha mão com delicadeza.
— Obrigada, você está maravilhoso.
— Falta pouco para sermos oficialmente senhor e senhora
Mattarazzo.
O padre iniciou a cerimônia, todos os convidados ficaram de pé
enquanto ele lia um versículo bíblico muito bonito e perfeito para o
momento.
— O amor é paciente, o amor é bondoso.
Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira
facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a
verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Finalizamos os votos, agora só restava o padre dar seu veredito final.
— Pelo poder concedido a mim, eu vos declaro marido e mulher,
pode beijar a noiva.
— Me concede a honra de um beijo senhora Mattarazzo?
— Com prazer marido.

Nossa festa de casamento foi incrível, simples e elegante só jeito que


nós planejamos, optamos por não sair em lua de mel esperaríamos o bebê
nascer para termos uma viagem mais tranquila, não queria ter muitas
emoções nesse início de gestação.
Então optamos por comemorar no mesmo lugar da nossa primeira
vez em Veneza, pegamos o jatinho e sobrevoamos a cidade rumo ao nosso
ponto romântico.
— Chegamos, esposa.
O lugar estava ainda mais arrumado e agora todo decorado com luz
de velas e pétalas de rosas.
— Tudo está tão lindo, obrigada meu amor.
— Nada no mundo será suficiente para você Ravena.
Como se tivéssemos um imã que nos grudasse um ao outro Matteo
tomou posse da minha boca, me erguendo em seu colo rumo ao quarto de
casal
— Me ajuda a tirar o vestido.
E com toda paciência do mundo ele me ajudou a tirar as camadas do
vestido e todo o resto, até que eu ficasse apenas de lingerie, escolhi algo
ousado, um conjunto branco rendado absurdamente transparente, com uma
cinta liga. O olhar selvagem de Matteo representava sua aprovação assim
com a ereção que se formava.
— Gostosa demais, branco é a sua cor meu amor, remete a sua
delicadeza. — Senti seu corpo ainda mais colado ao meu. — Agora eu vou
foder você esposa, do jeito que você merece e do jeitinho que você gosta.
A última frase foi um sussurro, sensual em meus ouvidos me
deixando ainda mais arrepiada e excitada, aproveitei para provocá-lo da
mesma forma, virei de costas para ele roçando minha bunda em sua ereção
de forma lenta e provocante, virei olhando no fundo dos seus olhos e
aproximei-me de seu pescoço.
— Me come gostoso marido, sou toda sua.
Sussurrei com uma voz manhosa e mordisquei sua orelha, fazendo
Matteo perder todo seu autocontrole me jogando na cama de forma brutal,
sua boca faminta devorava cada centímetro do meu corpo, explorando meus
seios com lambidas e chupadas deliciosas, sua mão apertava meu pescoço
levemente me causando uma combustão, sem delicadeza alguma Matteo
puxou a calcinha e a cinta liga que eu usava me deixando nua da cintura
para baixo, sua boca chocou se a minha novamente, e sua mão passeava
pela área sensível no meio das minhas pernas, a essa altura eu já estava
encharcada e só queria tê-lo metendo fundo em mim.
A pressão que sua mão fazia em meu clitóris era como a prévia de ser
jogada a um precipício, ele se levantou e se despiu ficando completamente
nu, aquela visão era o sonho de qualquer mulher, os músculos definidos o
abdômen sarado, e o pau… Ah eu não tinha nem palavras para descrever
grosso e enorme, as veias saltadas como se fossem explodir de desejo, e
pensar que esse homem é meu.
Me deixando completamente de frente para ele, Matteo passou seu
pau já úmido pelo líquido pré ejaculatório por toda aquela região sensível
da minha boceta, e sem piedade alguma meteu fundo me fazendo gritar de
tesão.
De forma lenta Matteo fazia movimentos de vai e vem, como
estivesse me torturando, não satisfeito acariciava minha boceta aumentando
ainda mais a minha excitação.
— Como pode ter uma boceta tão gostosa? — Meteu mais uma vez
ainda mais devagar meus olhos reviraram-se de tanto prazer.
— Ah... Isso amor!
— Agora me responda amor, você quer que eu meta em você com
delicadeza ou não?
Dane-se o fato de que eu poderia ficar uma semana sem conseguir
andar direito, eu o queria metendo tão fundo em mim que me fizesse chorar
de prazer.
— Quero forte e bruto Matteo, estou completamente ao seu dispor.
— Seu pedido é uma ordem minha putinha.
E de uma só vez ele arrematou fundo em mim, agora sem delicadeza
o som das nossas pélvis chocando conforme o ritmo acelerado e bruto das
suas estocadas eram tudo que importava no momento.
Não satisfeito ele pôs meus braços acima da minha cabeça me
deixando imobilizada, quando me dei conta minhas mãos estavam
amarradas a cabeceira da cama com sua gravata, eu amava essa sensação de
submissão na cama, gostava de tê-la no controle me deixava ainda mais
excitada.
As estocadas continuavam e ele beijava e mordia meu pescoço sem
se importar caso no dia seguinte eu estivesse marcada, pois era isso que ele
queria me marcar como dele e era isso que eu era inteiramente dele.
Senti minhas paredes internas se contraírem, o anúncio do meu
orgasmo estava próximo.
— Matteo eu... Oh vou... Gozar!
— Isso goza meu amor, goza no pau do seu marido.
Ele diminuiu a velocidade voltando a meter de forma lenta, gozei
sentindo meu corpo tremer inteiro, e ele gozou em seguida espalhando sua
porra pela minha boceta admirando aquela posse que ele tinha sob mim.
— Amo você.
— Eu também amo você.
Tomamos um banho e descansamos por uns cinco minutos, aquela
foda foi a primeira de muitas na noite.
CAPÍTULO 19

Ravena

Três meses de casados e eu não poderia estar mais feliz, tudo em


minha vida pareceu ganhar um novo rumo, um novo sentido, agora eu
oficialmente tinha o sobrenome do meu pai biológico passando a usar
DeLucca Grizzi Mattarazzo o que me deixava imensamente feliz, não
queria ter nada que recordasse Giocondo e todo mal que ele me causou.
Agora eu já havia concluído meu ensino médio, e estava esperando o
bebê nascer para ingressar na faculdade e por falar no bebê, eu já estava
chegando a casa dos quatro meses e faltava pouco para descobrimos o sexo,
na primeira ultrassom onde ouvimos o coração do nosso filho meu marido
chorou feito uma criança de tamanha emoção e confesso que tentei me fazer
de durona mais acabei chorando junto.
Matteo e Natan creem fielmente que será um menino para fazer
companhia a eles, como diz Natan ir para a noitada com o tio, enquanto eu,
Gabriel, Antonella e Liza acreditamos que seja menina.
Gabriel diz que precisa ver o amigo sendo pai de uma menina,
enquanto Nella diz que já pensa em todos os penteados possíveis para a
sobrinha e eu particularmente tenho intuição forte de que seja uma menina.
Com o passar dos dias o assunto Boris Ravielle tem surgido cada vez
mais nas conversas entre Matteo e os amigos, sei que ele está prestes a
descobrir algo e não me fala por medo da minha reação.
O tão aguardado dia da ultrassonografia chegou, e hoje em específico
nosso bebê resolveu dar seu primeiro chute indicando que estava animado
assim como nós, e não iríamos sozinhos além de mim e Matteo, Gabriel
Natan e Antonella iriam prestigiar o momento e saber em primeira mão.
Seguimos para clínica como sempre cheio de seguranças e ao descer
do carro tive uma estranha sensação, como se alguém nos observasse, olhei
em volta porém não havia nada de anormal, ignorei meus pensamentos
julgando ser nervosismo e adentramos a clínica.
A doutora Mônica era minha ginecologista e obstetra desde o minuto
em que nos conhecemos senti confiança em seu trabalho, enquanto
aguardávamos na sala de espera Matteo não escondia o nervosismo e
ansiedade.
— Nervoso amor? — Perguntei pegando sua mão e colocando junto
a minha e pelo modo que estavam geladas eu tive a mais pura confirmação
de que ele estava mais nervoso do que eu .
— Pra caralho! Saber que em breve ou ele ou ela estará aqui em
nossos braços me deixa nervoso e com medo.
— Tudo vai ficar bem, vamos nos sair bem na missão papai e
mamãe.
— Chegou a titia mais linda do mundo.
Antonella chegou acompanhada de Natan e Gabriel, ela trazia em
suas mãos um lindo unicórnio rosa de pelúcia e Natan uma pequena adaga
cravejada em ouro branco.
— Vejo que estão empenhados nessa competição. — Meu marido
comentou. — Nella essa pelúcia não é rosa demais?
— É perfeita, será o amuleto da sorte da Bella.
Antes que ele pudesse responder fomos chamados para a sala de
exames.
— Está na hora, vamos?
Matteo apenas acenou em confirmação, o nervosismo estampado em
seu rosto era algo engraçado de ver.
— Bom dia papais, então ansiosos?
A Doutora Mônica nos recebeu com um sorriso alegre e acalentador.
— Sim doutora, inclusive o bebê se mexeu essa manhã pela primeira
vez.
Relatei o que aconteceu nos últimos dias, e se tive algum enjoo ou
sintoma indesejado. Como já havia feito anteriormente vesti a camisola do
hospital e voltei para realizar o exame.
— Perfeito, agora deite-se e relaxe.
O gel gelado começou a percorrer minha barriga, o tum tum do
coração do meu filho ecoava pela sala, meu lindo bebê agora já estava
quase formado o sentimento de amor incondicional era algo que eu nunca
saberia descrever.
A doutora parou o aparelho em um ponto específico provavelmente
ela já havia visto o sexo do bebê.
— Ora, ora, já consigo ver o sexo do bebê, preferem que eu fale
agora ou...
— Agora por favor! — Matteo nem ao menos deixou a Doutora
completar a frase.
— Tudo bem, papais meus parabéns em breve terão uma linda
garotinha.
— Bella, minha princesa. — Eu não tinha reação, a emoção era tanta
que eu apenas acariciava minha barriga junto com Matteo, que também
chorava.
— Nossa menina Bella Marie Grizzi Mattarazzo, será uma princesa
diante de toda Itália, a doutora terminou o exame e me passou mais
recomendações e vitaminas, me vesti e saímos para sala de espera, agora
era o momento de revelarmos a grande notícia.
— E ENTÃO? — Antonella praticamente gritou na sala de espera, e
foi repreendida pela enfermeira. — Desculpe, mas falem logo.
— Bella! Será uma menina.
Minha cunhada praticamente pulou em cima de mim, indo em
direção a minha barriga com o unicórnio em mãos
— Oi amorzinho aqui é a titia, você sabe que a gente vai ser muito
amigas, e eu já amo tanto você, inclusive você já tem um amuleto da sorte
meu amor.
Como se minha filha soubesse exatamente o que estava acontecendo
aqui fora deu um leve chute como se concordasse com a tia.
— Meu Deus ela chutou, aí meu Deus eu amo tanto você.
A coitada acabou se em lágrimas me fazendo chorar junto, Gabriel e
Natan vieram nos parabenizar.
— Bem, acho que terei que guardar a adaga para a próxima.
Natan forçou um meio sorriso enquanto balançava a linda adaga
cravejada em ouro branco em suas mãos.
— Ah claro que não, se você quiser é claro, será uma honra para nós
que ensine Bella tudo que sabe sobre facas e adagas, e essa será a primeira
dela, daremos quando ela completar quinze anos.
— Será um prazer.
Minha cunhada decidiu que seria ótimo termos uma foto de
recordação daquele dia e que no futuro Bella amaria ver que todos os que a
amam fizeram questão de festejar a sua descoberta, e assim fizemos,
olhando a foto na tela do seu celular eu pude ter a certeza de aquela era a
minha família e que eu nunca tive tanto amor quanto agora.
Eu nasci para ser uma Mattarazzo, nasci para ser de Matteo.

As poucas vezes que saí de casa após a manhã do exame estava com
uma estranha sensação de estar sendo observada, e Matteo parecia ter algo
em sua mente que não o deixava em paz e eu temia ser o que eu pensava.
Nossa segurança foi reforçada o que me deixava mais confiante,
embora uma parte de mim ainda temesse, era como se algo ruim estivesse
para acontecer.
Antonella e eu marcamos de ir ao shopping começar o enxoval e os
móveis do quarto de Bella, como Matteo e eu estávamos entre morar no
apartamento e na mansão, decidimos que Bella teria dois quartos, um em
cada casa, principalmente pelo fato de que Nella ficaria com a bebê
algumas vezes então com um quarto pronto para ela na mansão tudo seria
mais fácil.
Ambas decorações seriam iguais, em tons pastéis apenas com as
cortinas mas rosadas, e não foi difícil encontrar tudo que precisávamos.
— Ai que gracinha. — Nella apontou para um vestido rose gold que
me ganhou na hora, não pensei duas vezes antes de pegá-lo.
Fomos em mais algumas lojas e decidimos parar na praça de
alimentação, eu estava faminta e Bella parecia reclamar dentro de mim.
— O que vai pedir?
— Hambúrguer com fritas e um copo de refrigerante. —Falei
salivando enquanto minha cunhada me olhava com sua expressão de
desaprovação. — Não me olha assim, é a Bella que está pedindo essa
comida, só quero agradá-la.
— Aham, sei!
Fizemos nossos pedidos e ficamos ali mesmo na praça comendo e
conversando quando disparos vindos do corredor do shopping nos fizeram
entrar em alerta.
— Meu Deus, Ravena, a gente precisa sair daqui.
Nem ligamos para as sacolas de compras apenas queríamos sair dali a
salvas, nossos seguranças estavam se espalhando para descobrir de onde
vinham o tiroteio, ao nosso lado estava apenas Raí e Carlos, corremos até o
estacionamento onde fomos surpreendidas por homens encapuzados, que
atiraram em Raí e Carlos que caíram desacordados, tentamos correr mais
meu braço foi agarrado com força no caminho.
— ANTONELLA? — Gritei minha cunhada que tentava lutar corpo
a corpo com o outro homem
— RAVENA? — E nesse momento de distração ela foi atingida com
uma coronhada na cabeça desmaiando na hora.
— Me soltem, por favor, me soltem. — Comecei a me debater mais
não adiantava, o mais forte entre os dois parecia impaciente. — Se não me
soltarem, eu vou gritar.
— Vá em frente!
— SOCORRO, SOCORRO ME AJUDEM POR FAVOR.
Após terminar a frase tudo que vi foi e senti foi um tapa atingindo-
me em cheio e me fazendo cair no chão na mesma hora. O que eu mais
temia aconteceu.
A escuridão me engoliu pela segunda vez!
Acordei completamente atordoado, meu corpo doía e meu rosto
estava machucado com um leve inchaço, tudo estava escuro mas eu
estranhamente conhecia aquele lugar, não podia ser, eu estava na minha
antiga casa e no meu antigo quarto, e só havia uma única pessoa que sabia
disso.
— Finalmente nos encontramos, meu doce anjo, achou que fugiria de
mim para sempre?
Não, poderia ser um pesadelo virei me para encarar o dono da voz
asqueroso, voz que eu conhecia bem, não poderia ser real meu Deus
— Bóris. — O pânico me atingiu, dor, medo desespero tudo em um
combo completo.
— Surpresa em me ver anjo? Procurei por você por muito tempo, e
me surpreendi ao saber que um Mattarazzo estava envolvido em meus
planos mais uma vez, poderia ter trazido a irmã, mas o que me interessa
realmente é você, minha pedra preciosa.
Ele caminhou em minha direção, me fazendo tremer de medo, sua
mão asquerosa tocou a minha pele me causando repulsa imediata.
— Diga-me como foi montar todo esse circo Ravena? Um
casamento, uma vida e até uma filha, sei que é uma menina Bella não é? Eu
poderia fazer com você o que já fiz diversas vezes, matá-la, e jogar seu
corpo como um presente de paz para meus inimigos.
Minha respiração estava acelerada, minhas pernas buscavam força
para continuar de pé.
— Bóris por favor esqueça essa loucura, Matteo é um homem justo
eu posso convencê-lo a deixar você ileso, mas não machuque a mim nem a
minha filha.
O homem se afastou e soltou uma risada diabólica, balançando a
cabeça em negativa diversas vezes.
— Eu nunca deixaria um Mattarazzo ser vitorioso, mais posso ser
justo com você, mantenho você sobre meu domínio até sua filha nascer ou a
arranco de você agora e a levo comigo para Rússia
— Nunca ouse sonhar com a minha filha, nunca está me ouvindo.
Com uma faca nas mãos ele aproximou-se da minha barriga fazendo
meu coração disparar, em um movimento rápido a faca foi cravada em meu
antebraço me fazendo gritar de dor.
— Isso é só o começo Ravena, você só sairá morta daqui, ou basta se
desfazer dessa aberração que carrega no ventre e ser minha, bem vinda ao
seu inferno meu anjo.
Sentia uma dor terrível em meu braço, por sorte o corte foi
superficial, porém sangrou bastante.
— Aproveite a hospedagem meu amor.
Virou-se saindo do quarto e me trancando ali, me permitir chorar, por
medo não da minha vida, mais por Bella.
— Seu pai vai nos achar meu amor.
Levei a mão na barriga e Bella chutou na hora como se entendesse
toda situação, o outro braço doía pelo corte feito pelo monstro do Boris,
enquanto eu rezava baixinho para que esse pesadelo tivesse um fim.
CAPÍTULO 20

Matteo

O dia de hoje parecia estranho, um pressentimento ruim causava uma


aflição no meu coração um mal presságio de que algo fosse acontecer, sai
de casa para ir até a imobiliária e deixei Ravena adormecida, a barriga
virada para cima já com um certo volume a deixava ainda mais linda, e meu
coração palpitava ao saber que em breve minha filha estaria conosco.
Para segurança de Ravena e Bella dobrei o número de homens que
cercavam a mansão e o meu apartamento, além delas ainda preciso me
certificar de que minha irmã estará segura. Naquela manhã Nella e Ravena
iriam até o shopping para escolher o enxoval da nossa filha, pedi a ela que
não comprasse tudo de uma só vez pois eu queria participar desse momento
em outra oportunidade.
Pouco antes do meio dia comecei a sentir uma angústia no peito, uma
sensação ruim que só piorava com o passar dos minutos, Ravena, Bella e
Antonella estavam em perigo e eu sentia isso.
Sozinho no escritório comecei a telefonar para minha irmã mas nada
o celular estava fora de área, Ravena também não atendia, quando estava
prestes a discar o número de Carlos, o nome de Raí brilhou na tela.
— Chefe, chefe? — Pelo seu tom de voz, eu sabia que algo ruim
havia acontecido. — Levaram a senhora Mattarazzo, nós tentamos detê-los
mas fomos feridos.
O mundo parou, ar me faltou, não meu Deus de novo não, não
suportaria passar por isso mais uma vez.
— E a minha irmã? Onde ela está?
Minha voz saiu como um fio, o medo do que poderia ter acontecido
com Nella me fez tremer, um frio subiu a minha espinha.
— Foi ferida, senhor, está desacordada, já estamos cuidando dela.
— Levem a minha irmã para mansão agora, e convoquem os
melhores homens e iremos descobrir quem levou a minha mulher.
Ódio corrosivo, dor, tristeza e angústia, todos os piores sentimentos
reunidos em um só, era assim que eu me sentia no momento, precisava agir
urgente não era só a vida de Ravena que estava em risco, mas sim a da
minha filha também.
Como se meus amigos pressentisse que algo estava errado, Natan e
Gabriel apareceram na minha frente com os olhares assustados.
— O que aconteceu? — Gabriel perguntou aflito, Natan estava com
aquela nuvem de ódio em seus olhos, ele sabia o que eu estava sentindo.
— Levaram ela porra e machucaram a minha irmã, porra.
— Só tem uma pessoa que faria algo assim.
Finalmente Natan quebrou o silêncio, e só aí nós três paramos para
pensar, claro só tinha uma única pessoa que faria mal a Ravena e a minha
família.
— Bóris Ravielle, não pode ser como esse verme está vivo?
Uns dias atrás recebi fotos e informações de que Bóris estava morto,
mas no fundo eu sabia que tinha algo errado, Bóris não se deixaria ser pego
assim tão facilmente.
— Ele quis que nós acreditássemos na sua morte, era uma armadilha.
— Natan acrescentou o que eu já sabia.
Meu telefone tocou e o nome da minha irmã brilhou no visor.
— Nella? Meu Deus você está bem.
— Matt eu não pude fazer nada, eles levaram elas, me desculpe.
Minha irmã que estava sempre cheia de luz, chorava
convulsivamente, eu sei que ela salvaria Ravena se conseguisse.
— Ei Nella, não se martirize irmã, você está bem?
— Sim, com um pouco de dor de cabeça mais estou bem
— Descanse irmã, iremos encontrar Ravena, não se preocupe.
Encerrei a ligação me sentindo anestesiado pois não sabia o que fazer
nem como fazer, eu queria gritar, quebrar tudo e chorar por me sentir um
fracote.
— Vamos para um lugar mais reservado, seus funcionários não
podem desconfiar do que está acontecendo.
Como Gabriel sugeriu, fomos para o nosso escritório real, onde
tratamos exclusivamente dos assuntos relacionados à máfia.
— O que vamos fazer? Não sabemos onde Boris está, nem o que está
tramando.
— Eu sei porra mais é a minha mulher e a minha filha que estão nas
mãos dele, eu não posso simplesmente esperar e não fazer nada Gabriel.
— Ei, ei, se acalme! — Natan interviu. — Você não vai conseguir
pensar nervoso desse jeito, vamos convocar nossos aliados, até a Mariah se
possível.
Natan fez todos os contatos que precisávamos, incluindo Mariah que
nos deu certeza de que viria até a manhã seguinte.
Anoiteceu e nada, nenhuma notícia, meu peito doía sem saber do
paradeiro delas e eu só conseguia pensar no pior naquele momento.
Meu celular começou a tocar e nesse momento senti meu coração
parar por um milésimo de tempo, era um número desconhecido e eu já sabia
exatamente quem era.
— Bóris? — Aquela voz asquerosa que nunca tinha se apagado das
minhas memórias
— Matteo meu querido, sabe queria te parabenizar, duas vezes no
meu caminho é um recorde que nem todos conseguem.
— Seu filho da puta, deixe a minha mulher em paz.
— Você acha mesmo que vai me impedir, não passa de um moleque
que não fez nada pela própria, ficou abraçado ao corpo dela como um
fracote.
Aquelas palavras trouxeram recordações que me deram pesadelos por
quase vinte anos, e ele sabia exatamente disso, sabia que para me vencer
tinha que jogar o mais baixo possível.
— Eu vou encontrar você e vou matá-lo com as minhas próprias
mãos.
— Não vejo a hora de nos reencontrarmos, a propósito Ravena está
ainda mais estonteante, a filha de vocês deverá vir ao mundo com uma
beleza genuína, posso ser bondoso e entregar Ravena a você e em troca
quero a sua filha para mim.
Fiquei estático e incrédulo com tamanha audácia, Bóris era um
maníaco, um sádico e eu deveria matá-lo o mais breve possível.
— Nem em seus maiores sonhos você chegará perto da minha filha.
— De repente ouvi um som que parecia ser um gemido de dor.
— Matteo…?
Era Ravena sua voz estava fraca e a possibilidade dela ter sido
machucada acabou comigo.
— O que você fez com a minha mulher?
Perguntei com o ódio dilacerante em meu peito misturado ao medo
de perdê-la.
— Apenas um presente de boas vindas, não é meu anjo?.
E mais uma vez o som de dor ecoou em meus ouvidos, minha mulher
estava ferida.
Sabia que precisava ser rápido, eu não iria contar com a sorte e deixar
minha filha e mulher à mercê daquele louco.
E foi aí que eu tomei a decisão que arrasaria a vida de Ravena e da
minha família, mas eu não tinha outra opção.
— Boris vamos negociar, minha vida em troca da minha mulher.
— Matteo não!
Gabriel e Natan vieram até mim, incrédulos.
— Você ouviu querida, seu marido vai morrer para salvar vocês.
— NÃO MATTEO! MEU AMOR, NÃO FAÇA ISSO.
— Cala a boca sua vagabunda.
O som de um tapa sendo deferido ecoou do outro lado da linha
— Não ouse tocar nela, seu desgraçado.
— Oh perdão, então voltando as nossas negociações quero a sua
cabeça em troca da vida da Ravena, e é melhor não planejar nenhuma
gracinha, você sabe o que aconteceu com sua mãe por sua culpa. — Boris
encerrou a ligação, me deixando completamente atordoado e de mãos
atadas.
— Matteo? — Natan me puxou pelo braço, mas eu consegui me
esquivar.
— Ei aonde você vai?
— Matteo? PORRA! Você tá transtornado caralho.
A voz de Gabriel era como algo distante nos meus ouvidos, naquele
momento eu não estava mais ali naquela sala, tudo que passava pela minha
cabeça era que eu não veria minha filha crescer e nem seria feliz ao lado da
minha família.
Sai sem rumo e fui direto para mansão, minha irmã ainda não havia
chegado, a casa estava vazia já que Liza foi como acompanhante dela, subi
para o meu antigo quarto onde Liza deixava tudo perfeitamente organizado
e me deparei com a foto que tiramos no dia em que descobrimos que
seríamos presenteados com Bella, agarrei aquela foto sentindo uma dor
imensurável dentro do meu peito, porra eu estava feliz e num piscar de
olhos toda minha vida voltou a desmoronar.
Sentindo a dor e o ódio duelando em meu coração peguei meu
canivete no banheiro e cedi ao que eu acreditava ser a solução dos meus
problemas, passando a navalha afiada em cima da carne já cicatrizada uma,
duas, três vezes vendo o sangue escorrer por meus braços, eu não era forte,
eu era um homem de merda, eu deixei a minha mãe morrer, eu não protegi
minha mulher e nem a minha filha, deixei as lágrimas correrem pelo meu
rosto e que se foda tudo eu precisava colocar isso pra fora.
— Matteo? Meu Deus! — Minha irmã estava com um curativo na
testa e alguns arranhões, ela estava chocada e incrédula com a cena, um
homem do meu tamanho cheio de sangue e chorando como um covarde. —
Matteo olha pra mim, não faz isso com você, por favor.
Seu corpo abraçou o meu sem se importar em se sujar com o meu
sangue
— Eu sou um fraco Nella, eu deixei a nossa mãe morrer, eu não
protegi vocês e agora eu não vou ver minha filha nascer.
Desabei chorando em seus braços como um menininho indefeso.
— Você não tem culpa de nada irmão, você é o homem mais honrado
do mundo, eu amo você e tudo que fez por nós e por mim.
— Eu não consigo, eu...
— Shiu, estou aqui irmão para todo sempre.
Ela me abraçou ainda mais apertado, enquanto eu continuava a
chorar.
— Nella, preciso que me prometa uma coisa?
— Matt, agora não é hora para isso, precisamos achar Ravena e você
precisa se recompor.
— Apenas me escute, se algo acontecer comigo, você vai para um
lugar seguro junto com a Ravena e a Bella, não quero vocês aqui na Itália
quando eu partir.
— Partir ? Matteo do que você está falando?
— Fiz um trato com o Boris.
Não precisei dizer muita coisa, minha irmã havia entendido
perfeitamente o que eu quis dizer.
— Não você não vai fazer isso Matteo, nem ouse nos deixar.
— Não tenho escolha, eu vou salvar a mulher que eu amo e a minha
filha, é uma forma de honrar a morte da mamãe.
— Matteo você está se ouvindo? Isso... Isso é uma loucura e você
não pode fazer isso, você vai estar aqui quando a Bella nascer, quando ela te
chamar de pai pela primeira vez e você vai ser a porcaria de um pai babão e
protetor, porque você Matteo não vai se matar, tem que haver outro jeito.
— NÃO TEM OUTRO JEITO ANTONELLA. — Esbravejei. — Ele
machucou a Ravena antes e está machucando a agora não posso suportar
isso, não posso perder as pessoas que eu amo de novo.
— Pensa irmão, você sempre foi inteligente e ardiloso.
Nella estava devastada, tudo que aconteceu hoje não fazia parte dos
nossos planos, era apenas para ser um dia feliz, minha irmã e minha mulher
chegariam em casa cheias de sacolas e caixas e me mostraria cada detalhe
do enxoval.
— Sinto muito irmã, vocês ficarão bem
— Não, não vou ficar bem sem o meu irmão.
Nella saiu do quarto ainda inconformada, mas eu já tinha tomado
minha decisão, elas teriam uma vida boa e longe da Itália, Natan e Gabriel
matariam Bóris assim que ele me matasse.
Levantei-me do chão do quarto ainda sujo de sangue e agarrado a
fotografia, joguei uma água no corpo e fui escolher o melhor terno para
morrer.
Afinal precisava chegar no inferno apresentável pelo menos.
Algumas horas depois da conversa que tive com minha irmã, tive que
mandar tranca-la dentro da mansão, e meu coração doía muito ao pensar
que a última lembrança que teríamos seria uma discussão comigo coberto
de sangue.
Meu telefone começou a tocar e o mesmo número desconhecido
iluminou o visor.
— Boa noite Mattarazzo, e então já decidiu? Ou é realmente um
fracote?
— Diga a hora e local da troca, estarei lá como e sem falta.
— Bom garoto, sua preciosa Ravena e sua filha ficarão contentes em
saber que morrerá de forma justa.
— Espero que não tenha tocado em um fio de cabelo dela ou eu mato
você antes que possa me matar.
— Não vamos nos estressar não é mesmo, amanhã cedo na antiga
propriedade da família Roma.
O que? Esse tempo inteiro Bóris esteve diante de nós, era ele que se
escondia na mansão da família, foi ele quem encontrou o corpo de Bianca.
— Mas como?
— Eu sempre estive aqui Mattarazzo, quem você acha que
desenterrou o corpo da falecida mãe de Ravena? É como eu sempre digo,
eu estou sempre a um passo à frente de todos.
Encerrou a ligação me deixando sem saber como agir nas próximas
horas, precisava armar uma emboscada e tirar Ravena daquela casa o mais
rápido possível.
Peguei meu celular e chequei algumas mensagens, Mariah havia
chegado e estava a minha espera no galpão junto com os outros, peguei
minhas chaves e dei as últimas instruções aos seguranças, para que em
hipótese alguma deixassem Antonella sair da mansão. Dirigi pelo que me
pareceu uma eternidade até chegar novamente ao galpão, sendo recebido
por Mariah e pela sua cara era de imaginar que meus amigos já haviam lhe
contado tudo.
— Lilith!
— Não tem Lilith aqui, no momento sou apenas eu Mariah sua irmã
postiça Matteo, sua melhor amiga de infância, que quer impedir que você
cometa uma loucura.
— Mariah, já falei uma vez e irei repetir várias se for possível, não
tenho outro jeito, Bóris é obcecado em Ravena e ameaçou tirar a nossa filha
de nós apenas para usá-la, um bebê que nem veio ao mundo ainda então o
que puder fazer eu farei e nem que signifique a minha própria morte.
Dei as costas para ela e segui até meu conselheiro e subchefe
— Fera e Demon, precisamos invadir a propriedade dos Roma ainda
essa noite.
— A antiga casa da Ravena, mas por quê? — Perguntou Gabriel
incrédulo.
— É lá que Ravena está, Demon, todo esse tempo Bóris a manteve
lá, foi Bóris quem desenterrou o corpo de Bianca.
— Debaixo do nosso nariz. — Fera complementou.
— Ceifador pense bem, se invadirmos a casa essa noite Bóris estará
despreparado, ele considera Matteo um fraco, mas o Ceifador não é.
— Se o pegarmos desprevenido, há uma grande chance de você
sobreviver.
Lilith acrescentou juntando-se a nós. Não havia pensado dessa forma,
com Bóris desprevenido tinha um mísero por cento de chance de tudo dar
certo.
— E então amigos, qual o plano?
Lilith como sempre muito inteligente em seus planos, montou todo
um esquema para que pegássemos Bóris, com nossos atiradores de elite,
usaríamos as armas com silenciadores para abatermos os soldados de Bóris
que com certeza estariam ao redor da propriedade, e aí com o caminho livre
Lilith atrairia Bóris até ela, usando seu charme e beleza inventaria a
desculpa que seu carro havia quebrado e que precisava de ajuda mais que
antes poderia pagar pela ajuda sabíamos como Bóris é então isso não seria
problema, e nessa deixa entraríamos em ação, e se necessário fosse meu
plano inicial ainda estaria de pé morreria sem pensar.

Já era tarde da noite e todos nós estávamos preparados e a postos


para por nosso plano em execução, os atiradores esperariam o nosso sinal
para começarem a atacar, pelo que conseguimos ver através de um pequeno
drone usado para espionagem deveriam ter mais ou menos dez homens ao
total, sendo que nenhum estava dentro da casa, o que era perfeito.
— Atiradores? — Falei através do ponto de comunicação.
— Ao meu sinal, em três, dois, um, e podem começar.
Fera, Demon, Henrique, Raí e eu estávamos em um local que nos
possibilitaria uma boa visualização da propriedade, Mariah estava mais à
frente apenas aguardando o sinal certo.
Um por um os homens foram caindo como sacos de merda que eram,
esperamos um pouco e dei o sinal a Lilith. Através do comunicador
poderíamos ouvir tudo que se passava.
— Socorro, socorro, alguém poderia me ajudar?
Como os seguranças de Bóris ficavam em um determinado ponto do
jardim, Bóris não notaria a falta deles quando saísse para ajudar a pobre
garota indefesa. E não demorou muito para que ele saísse de casa.
— Quem diabos é você? E o que quer ?
— Desculpe senhor, meu nome é Elen, sou uma universitária e meu
carro quebrou, poderia passar a noite aqui? Moro em outra cidade e sabe
como é perigoso pegar estrada a essa hora.
Lilith fez a voz mais doce e inocente do mundo para não dar
nenhuma brecha de desconfiança. Houve silêncio por um tempo.
— Claro minha querida, entre será um prazer
— O prazer será meu.
Bastou um sorriso e pronto Lilith conseguiu, na mosca, Boris caiu
como um idiota.
— Lilith agora. — Avisei através do comunicador.
— Sinto muito, mas nossa diversão terá de esperar.
— O que?
Com uma agilidade impressionante Lilith conseguiu imobilizar Bóris
usando um pequeno dispositivo com ondas elétricas, dando tempo
suficiente para que nós pudéssemos nos aproximar.
— Sua vagabunda! — Vociferou ele enquanto se debatia como o
verme que era.
— Bom trabalho Lilith, agora vá atrás da Ravena.
Ordenei enquanto puxava Bóris pelo colarinho do terno, adentrando a
mansão.
— Você? Cometeu um erro grave Matteo, e não sairá vencedor meu
caro.
— Isso é o que nós vamos ver.
Coloquei-o sentado numa cadeira velha no meio da sala e encarei
bem aquele homem que destruiu a minha vida e a vida da minha mulher.
— Bóris Ravielle, finalmente ficamos cara a cara, depois de tantos
anos, você achou mesmo que se livraria de mim?
— Um idiota igual o pai, um tolo que acha que poderá me vencer,
mais saiba Mattarazzo eu sempre venço.
Desferi um soco em seu rosto fazendo o sangue escorrer por toda a
pele coberta de sardas, e isso seria apenas o começo.
Eu iria destruí-lo mesmo que isso significasse o meu fim.
CAPÍTULO 21

Ravena

Num piscar de olhos minha vida desmoronou mais uma vez, Bóris
me tinha como isca e usaria isso até o último minuto, meu coração se
apertava cada vez que eu lembrava da conversa entre Bóris e Matteo por
telefone, tinha de haver outro jeito Matteo não podia se sacrificar dessa
forma.
Bella precisará dele e eu preciso dele ao meu lado, ao lado da nossa
família.
Já estava a domínio de Bóris a quase um dia, e não havia comido
nada desde o shopping, o plano dele era me enfraquecer até que eu cedesse
a ele, mas eu seria forte por mim e por Bella, meu braço ferido por ele
agora dois menos graças aos lembretes de Nella sobre o que fazer em
primeiros socorros, além do braço meu rosto doía por conta do tapa que
aquele miserável me deu, tudo iria ficar bem eu sentia isso, a vida não seria
tão injusta comigo de novo não.
Espero que minha cunhada e os rapazes estejam bem, foi horrível ser
arrastada dali sem ao menos saber se eles estavam bem, no fundo estou em
paz pelo fato da minha cunhada não ter sido trazida junto para servir de
moeda de troca junto comigo.
Estava anoitecendo quando Bóris adentrou o quarto com seu sorriso
diabólico que me causavam náuseas.
— Meu anjo, olhe para mim, gosto de imaginar o seu olhar quando
estiver chupando meu pau depois que eu matar o seu maridinho.
Não olhei em sua direção, pois não queria nem pensar na hipótese de
ver Matteo morto.
— Olhe para mim sua vagabunda.
Meus cabelos foram puxados com um força que fizeram meus olhos
se encherem de lágrimas, o nojo em meu olhar era nítido, eu odiava Bóris
com todas as minhas forças.
— Eu nunca vou ser sua Bóris.
Rebati com uma convicção na minha voz apesar do medo que corria
em minhas veias.
Ele apenas balançou a cabeça de um lado para o outro rindo como
um louco.
— Você vai sim, e quem vai me garantir nisso é a sua filha.
Falou tentando tocar minha barriga mas logo me esquivei de seu
toque fazendo com que ele me jogasse na cama de maneira violenta. Ele
jamais faria comigo o que Giocondo fez com mamãe, usando a seu bel
prazer, a humilhando apenas para que eu ficasse segura.
Eu iria sair daqui e sumiria no mundo se fosse necessário, mas Boris
jamais tocaria em mim ou em Bella.
— Volto amanhã cedo, meu anjo, afinal é o grande dia.
E com isso saiu do quarto trancando-me no quarto, fiquei encolhida
na cama abraçando meu próprio corpo enquanto as lágrimas desciam sem
dó, eu queria acreditar que tudo ficaria bem, mas era impossível aquele
monstro parecia ter tudo ao seu controle.
Passei horas deitada em posição fetal, imersa nos meus próprios
pensamentos e pensando no que poderia fazer para me livrar desse pesadelo
até que um estrondo no andar de baixo fez meu corpo tensionar.
O barulho cessou e de repente tudo ficou num silêncio absurdo, olhei
pela fresta da janela mas não consegui ver absolutamente nada de anormal,
quando menos esperava um chute forte fez a porta abrir-se de uma única
vez.
Uma mulher loira e alta adentrou o cômodo, era Mariah a melhor
amiga de Matteo, meu coração se encheu de alívio.
— Ravena você está bem?
— Estou só um pouco tonta, como chegaram aqui e o Matteo?
— Calma, ele está lá embaixo com Natan e Gabriel, preciso tirá-la
daqui agora.
— Mariah, ele não pode se sacrificar assim.
— Ele não vai, agora vamos.
Juntei toda a força que me restava sendo amparada por Mariah e a
segui escada abaixo, a propriedade deteriorada aliada a má iluminação e
minha fraqueza dificultava ainda mais minha locomoção.
Chegamos no hall de entrada e pude ouvir a voz de Matteo e Bóris
discutindo, um calafrio percorreu minha espinha como se fosse um
presságio ruim.
— Não podemos sair Mariah, Bóris vai matá-lo.
— Está tudo sob controle Ravena, Matteo sabe o que está fazendo.
Ignorei todas as recomendações feitas por Mariah e adentrei o
cômodo de uma só vez, eu queria vê-lo precisava ver com meus próprios
olhos que Matteo estava bem.
— Matteo?
Meu marido parecia outra pessoa completamente diferente os olhos
azuis estavam cobertos por uma névoa de raiva e vingança, o terno antes
impecável agora estava completamente sujo de sangue, atrás dele pude ver
Bóris com o rosto inchado e ensanguentado, seus dedos pareciam cortados,
nunca vi uma cena tão macabra em toda minha vida.
— Ravena... Meu amor?.
Seus olhos azuis varreram o meu corpo parando exatamente nos
hematomas causados por Bóris, como se uma trava tivesse sido girada na
mente de Matteo, ele simplesmente pegou Bóris pelo terno e o arremessou
contra a parede.
Virou-se pra mim logo em seguida e como um louco veio em minha
direção.
— Meu amor, você está bem? E a Bella?
— Calma meu amor, eu estou bem, estamos bem.
— Achou mesmo que ia se livrar de mim Mattarazzo?
Como diz o ditado "vaso ruim não quebra" o imundo do Boris
conseguiu se levantar e mesmo mancando e completamente machucado
começou a vir em nossa direção.
— Peguei você Mattarazzo, enquanto a você meu anjo será minha
assim como sua linda Bella.
Tudo aconteceu muito rápido, Bóris sacou uma arma que estava presa
em seu terno e conseguiu atirar em Natan e Gabriel.
— NÃO!
Eu e Mariah gritamos no mesmo instante, Matteo aproximou-se dos
rapazes, mas foi interceptado por Bóris.
— Caiu exatamente como um idiota Mattarazzo.
— Era exatamente isso que eu queria, Bóris, que você acreditasse
fielmente que eu havia caído na sua, você me destruiu uma vez e não vai
fazer de novo, eu sou um Mattarazzo e um Mattarazzo não desiste.
— Seu desgraçado!
O cenário ao meu redor parecia uma cena de filme de terror, Matteo
apontava sua arma para Bóris que seguia com a sua erguida na direção dele.
— Te vejo no inferno querido amigo.
Como se houvesse tido uma sincronia, Boris puxou o gatilho no
mesmo momento em que Matteo. Os dois caíram no chão na mesma hora,
foi como se tudo estivesse em câmera lenta, corri desesperada me
esquivando dos seguranças e de Mariah que tentavam me segurar e me
impedir de chegar até o meu marido.
— Meu amor, não, não por favor fica comigo.
— Ravena... Boris conseguiu me acertar, meu... Amor você está
bem?
— Shiu não fala muito, vamos salvar você.
Esse pesadelo parecia não ter fim, Mariah chamou por reforços e não
demorou muito a chegar, os rapazes haviam sido pegos de raspão pelo tiro e
estavam apenas desmaiados.
— O... Boris?
Sua voz já estava falha e ele fazia um esforço imenso para continuar
conversando. O causador de toda a nossa desgraça havia morrido, tive a
confirmação através de Raí.
— Ele morreu, você conseguiu meu amor, eu te amo Matteo, nós
amamos você.
— Eu amo vocês... Eu... Quero que... — Matteo continuava a tossir
enquanto eu lutava para estancar o sangramento do seu abdômen.
— Shiu não se esforça tanto meu amor.
Meu rosto estava coberto de lágrimas e não sabia se era capaz de
suportar tanta dor mais uma vez.
— Eu estou morrendo meu anjo, quero que saiba que eu amo e
sempre vou amar vocês, diga a Bella que o pai dela a amava muito e que
morreu feliz por saber que seria pai dela.
Continuava chorando convulsivamente, Mariah estava estática com
os olhos azuis completamente tomados pelo choro.
— Diga a Antonella que ela seja feliz e que se cuide, e quando a
Bella nascer fala pra ela que o pai dela a amava muito e que fez isso para
salva...
A tosse se intensificou, sentia o corpo dele cada vez mais molengo,
até que ele fechou os olhos lentamente.
— MATTEO? NÃO! NÃOOOOOO, NÃO.
Comecei a gritar chacoalhando seu corpo.
Isso não, Matteo não pode morrer.
Ele não pode me deixar.
Ele não pode nos deixar.
— Vem Ravena, já chamaram a ambulância.
Relutei para sair do lado dele, Mariah me confortava do jeito que ela
podia. O mundo escureceu de repente, senti tudo girar.
— RAVENA? — Foi tudo que ouvi antes de desmaiar.
Acordei com barulhos de bips e alguns sons bem irritantes, forcei-me
a abrir os olhos e para minha surpresa eu estava num quarto de hospital,
tudo veio com força na minha memória, o shopping, Bóris, Matteo meu
Deus não Matteo estava morto.
Me debati na cama sentindo do meu corpo doer e um enjoo forte diria
até insuportável.
— Ravena, se acalma amiga.
Antonella entrou no quarto, me acalmando, senti um alívio muito
grande ao vê-la bem.
— Nella, aí meu Deus você está bem.
— Ei, eu estou aqui, agora se acalma.
— Matteo, os rapazes como eles estão?
— Natan e Gabriel estão bem, foi só um tiro de raspão, o Matteo…
— Percebi certa relutância de sua parte
— Antonella? Onde está o Matteo?
— O caso do meu irmão não é nada bom Ravena, ele teve uma
perfuração no baço e perdeu muito sangue, passou por cinco cirurgias,
agora depende do corpo dele reagir.
Quando eu finalmente comecei acreditar que todo pesadelo tinha tido
um fim, percebo que estou cada vez mais enterrada nele.
— Eu preciso vê-lo Antonella, por favor. — Supliquei.
— Você vai, mas precisa se recuperar Ravena, você está fraca e ficou
dias sem se alimentar, além disso precisamos monitorar você e a Bella.
Instintivamente levei as mãos à barriga sentindo a protuberância na
região, minha menina precisava estar segura.
— Tudo bem, mas me mantenha informada sobre ele.
— Ok, preciso ir até lá onde ele está, a doutora Mônica virá aqui em
breve, agora descanse.
Nella saiu da sala me deixando ali com a cabeça cheia de dúvidas e
medo, será que tu agora finalmente ficaria bem?
Um tempo depois a Doutora Mônica veio me examinar, fizemos
alguns exames de sangue e ultrassom graças a Deus Bella está bem, eu
precisaria de alguns cuidados extras mais nada demais.
Já estava anoitecendo quando Natan e Gabriel apareceram no quarto
graças a Deus eles estavam bem, os ferimentos foram apenas de raspão,
porém nossa maior preocupação era o estado de saúde de Matteo, ele não
apresentava nenhum sinal de melhora e os médicos já não podiam fazer
nada.
Nella me explicou que Matteo estava em um tipo de coma como se o
próprio organismo dele tivesse feito isso como um modo defensivo.
Mas eu seguia confiante, meu marido ficaria bem e no futuro isso
seria apenas uma triste recordação.
O resto da noite seguiu como um verdadeiro inferno para mim,
Matteo havia voltado para ala de terapia intensiva, Antonella tentava
demonstrar força mais nesse momento era impossível, eu me sentia um
completo caco, cansada física e emocionalmente o que se tornava um
problema para mim por conta da gravidez.
Bella parecia sentir todas as minhas angústias e chutou a noite inteira,
eu estava chegando no sexto mês de gestação e tudo estava um completo
caos, Bella não tinha enxoval, Matteo estava entre a vida e a morte, toda
minha família estava desestabilizada naquele momento e mesmo lutando
contra os pensamentos negativos vez ou outra aquela pequena ponta de
interrogação "E se o Matteo não resistir?" Vinha para me assombrar.
— Ravena?
Minha cunhada adentrou o quarto, seu semblante estava cansado e
abatido, os olhos fundos e vermelhos denunciavam as noites em claro e as
horas contínuas de choro.
— Oi Nella, como você está? Parece tão cansada.
Ela deu um longo suspiro como se quisesse tirar um peso dos ombros
e me encarou.
— Eu estou exausta, estou com medo Ravena, os médicos não me
dão nenhuma notícia animadora Matteo continua na mesma.
Minha cunhada caiu num choro alto, soluçando como se houvesse
perdido as esperanças, meu coração estava partido em mil pedaços, mas eu
precisava me manter forte por ela, nesse momento tudo que tínhamos era
uma a outra.
— Vai ficar tudo bem, o Matteo vai ficar bem. Bella deu mais um
chute como se estivesse concordando com o que eu dizia.
— Ela chutou?
—A noite toda.
Nella levou as mãos a minha barriga buscando algum conforto na
sobrinha que nem havia nascido, mas já era uma pequena guerreira.
— Bella, sua tia está tão preocupada meu amor, o seu papai não ajuda
e nós precisamos que ele fique bem não é?
Um chute dessa vez um pouco mais forte, era incrível essa conexão
dos bebês com os sentimentos à nossa volta.
— Sabe de uma coisa? Vou te levar até o Matteo.
— Não será problema para você?
— Os plantonistas são legais comigo, só não podemos demorar
muito.
Levantei apressada com a ajuda dela e fomos rumo a terapia
intensiva, Nella me deixou devidamente paramentada para entrar no quarto.
— Seja forte Ravena, você tem meia hora com ele é o máximo que
consegui.
— Tudo bem.
Entrei no quarto ainda querendo acreditar que aquele homem era o
meu marido, Matteo parecia mais magro e mais pálido, na sua barriga havia
um curativo gigante cobrindo grande parte do abdômen, além de vários fios
conectados ao seu corpo, mas sua expressão era tranquila como se ele
estivesse apenas dormindo brevemente.
Com as mãos trêmulas e os olhos cheios de lágrimas me aproximei
dele, segurei sua mão fria, era tão estranho vê-lo desse jeito.
— Oi meu amor, sinto sua falta, nós sentimos sua falta. — Continuei
apertando sua mão enquanto com a outra acariciava seus cabelos.
— Bella está inquieta sabe, como se sentisse que você não está bem,
eu estava pensando na nossa viagem de lua de mel depois de tudo isso, para
onde iremos? Deixarei você escolher, prometo.
Conversar com ele acalmou meu coração de um certo modo, eu sabia
lá no fundo que ele estava me ouvindo.
— Quer sentir a Bella chutar?
Coloquei sua mão sobre a minha barriga esperando Bella chutar mais
uma vez, enquanto cantarolava uma música que minha mãe sempre cantava
para mim. Terminei a canção ainda com sua mão sobre minha barriga, até
sentir algo mexendo, a mão dele se mexia levemente de forma quase
imperceptível.
— Antonella, Antonella?
— Ravena, o que houve? — Ela entrou desesperada no quarto.
— Olha!
Nella parecia incrédula, com os movimentos tão suaves do irmão
mais que indicavam que seu corpo estava reagindo.
Até que seus grandes olhos azuis abriram-se fitando os meus
fixamente.
O meu amor tinha voltado para mim e agora eu tinha a mais plena
certeza.
CAPÍTULO 22

Matteo

Já se sentiu completamente engolido pela escuridão? Como se


estivesse preso em um limbo de trevas sendo puxado cada vez mais para
baixo? Pois é assim que tem sido esses dias ou horas, enfim não faço a
mínima ideia de por quanto tempo eu vou continuar assim e nem de quanto
tempo eu já estou assim, a única certeza que eu sei é que eu preciso voltar,
preciso sair da escuridão e voltar para luz que no meu caso é Ravena.
Por incrível que pareça nesse momento eu não estou na escuridão,
estou em um lugar muito diferente cercado de flores e árvores, era um lugar
de paz, tranquilo o ar puro energiza meus pulmões inspirei profundamente e
só então me dei conta de que não estava ferido, o que me levou a crer que
tudo não tinha passado de um pesadelo.
Caminhei pelo que pareceu um longo caminho, era bem esquisito por
que quanto mais eu andava mais eu sentia que não conhecia esse lugar.
— Ravena? — Chamei mais sem resposta.
— Antonella? Gabriel? Natan?.
Nada, nenhuma resposta, caminhei mais um pouco até encontrar um
topo de uma montanha ou precipício, mas não foi isso que me chamou
atenção e sim o casal que estava próximo dali. Não, não podia ser.
— Mãe, pai?
Meus pais estavam vivos? Ou eu estava morto? Aquilo era sonho ou
pesadelo? Eu me sentia confuso porque já não sabia distinguir o falso do
real.
— Filho. — Era ele Vincent Mattarazzo o meu pai e ao seu lado a
minha mãe, Estela, que me olhava com o sorriso afetuoso e maternal que
ela sempre teve.
— Pai? O que? Como?
— Sentimos sua falta, meu amor.
Minha mãe tocou meu rosto e eu não tinha me dado conta da falta
que sentia deles, do carinho deles.
— Como vocês estão aqui? Isso é um sonho? — Quis saber ainda
meio atordoado.
— Queríamos te ver meu amor, estamos felizes por você e por
Antonella, você será muito feliz com a sua família, sua filha será uma
benção para a família. Minha mãe falava ainda com os olhos fixos aos
meus, seus olhos eram de um azul profundo e puro.
— Mas esse não é o seu lugar Matteo, não é a hora.
Meu pai me puxou pelo braço levando me a beira do precipício.
— Amamos vocês filho, mais aqui não é o seu lugar.
— O que?
Ainda sem entender o que estava acontecendo, fui jogado do
precipício pelo meu pai, mais o que?
Comecei a ouvir sons de aparelhos, e uma voz era ela, era o meu
amor, precisava abrir os olhos eu tinha que vê-la, continuei tentando abri-
los até sentir um chute, minha filha, eu tinha que voltar por elas e de uma só
vez abri os olhos fitando a claridade daquele quarto e em seguida fitando os
olhos mais belos de todos.
— Ravena?
Minha garganta estava seca e doía ao tentar falar, mas nada disso
importava. Ravena estava aqui, bem e comigo como tinha que ser.
— Meu amor.
Seus olhos inchados e vermelhos deixava claro o quanto havia
chorado, ela apertou minha mão com força como se quisesse ter a certeza
de que eu estava bem e ao seu lado.
— Matteo, graças a Deus. — Minha irmã ainda parecia não acreditar
no que via.
— Como se sente?
— Cansado, tonto, e com muita sede. — Forcei-me a dizer.
— Tudo bem, irei aplicar uma medicação em você para dor, que irá
aliviar a tontura também, aqui tome. Minha irmã me ajudou a beber um
pouco d'água o que foi suficiente para amenizar a sensação ruim na minha
garganta.
— Tive tanto medo, não faça isso de novo Matteo.
— Não sou de quebrar tão fácil irmã, obrigado, por tudo eu amo
você.
— Também amo você, agora preciso ir cuidar de alguns exames que
você precisa fazer, volto em dez minutos, é o tempo que vocês dois têm a
sós.
Ravena continuava na mesma posição desde o momento em que
acordei, sua mão segurava a minha junto a sua barriga enquanto nossa filha
chutava loucamente.
— Alguém aqui está bem agitada.
— Ela não para de mexer desde o dia em que Bóris me sequestrou,
como se sentisse tudo ao redor.
— Agora tudo vai ficar bem, vamos ficar bem.
— Finalmente tudo acabou.
Ravena inclinou-se para deixar um beijo suave em meus lábios.
— Eu amo você, eu amo você por ter aparecido na minha vida, por
me fazer ser um homem de verdade, eu amo você Ravena e vou amar por
toda a nossa vida.
— Até que a morte nos separe, isso quando estivermos bem
velhinhos.
— Como vocês estão?
Coloquei a mão em sua barriga que parecia ainda maior, ou era
apenas loucura da minha cabeça.
— Bem, estou apenas em observação creio que amanhã terei alta mas
não se preocupe ficarei ao seu lado até que se recupere.
— Obrigado meu amor, por tudo.
Ficamos abraçados até minha irmã retornar, e para minha felicidade
meu corpo estava reagindo bem e eu já poderia ir para o quarto com direito
a visitas, mas precisaria ficar alguns dias em observação.
Fiquei ainda mais feliz ao saber que todos estavam bem, Natan e
Gabriel foram atingidos apenas de raspão, Carlos já estava se recuperando,
tudo agora parecia nos eixos.
O doutor Mancini me deixou internado por mais uma semana por
precaução, depois de todo esse inferno em vida as coisas estavam mudando
para melhor, antes de sair do hospital acompanhei Ravena ao consultório da
doutora Mônica para realizar mais uma ultrassom, chorei como se estivesse
vendo aquilo pela primeira vez.
O som agitado do coraçãozinho de nossa menina enchia meu peito de
gratidão, amor e emoção.
Agora eu estava livre dos fantasmas do meu passado, eu iria seguir
em frente, seria um bom pai, um bom marido , um irmão melhor seria tudo
que elas precisassem que eu fosse.
Porque agora eu era um novo homem, eu salvei Ravena de Bóris mas
no final das contas ela foi quem me salvou.
Logo após minha alta do hospital, decidi que eu e os meninos
precisávamos de férias e assim os garotos se espalharam pelo mundo a fim
de curtir suas aventuras, mas garantiram a mim e a Ravena que estariam de
volta quando Bella estivesse prestes a nascer.
Eu e Ravena adiantamos nossa lua de mel que havia sido adiada para
depois que nossa filha nascesse, e o destino escolhido foi a Grécia,
queríamos aproveitar todo tempo perdido.
Embarcamos rumo à Grécia, Ravena dormiu durante o voo e eu
fiquei feito um adolescente abobalhado a observando dormir, o rosto agora
mais cheio por causa da gestação e sua barriga que já estava mostrando os
sinais do início do sétimo mês lhe deixava ainda mais linda.
Uma hora e meia depois já estávamos sobrevoando a Grécia, havia
me esquecido completamente da beleza desse lugar.
— Amor , acorde meu anjo.
Com o rosto amassado de sono e os cabelos desgrenhados, ela abriu o
sorriso mais lindo do mundo e eu era um filho da puta sortudo por isso.
— Chegamos?
Ela quis saber com a voz ainda meio rouca e um olhar confuso.
— Sim meu anjo, bem vinda à Grécia.
Ela olhou embasbacada pela janela do avião, os olhos tinham aquele
brilho inexplicável que me deixava encantado.
— Meu Deus, nem acredito que estamos na Grécia. — Seu tom de
voz era um misto de emoção e euforia.
— Agora meu amor iremos aonde você quiser.
Depositei um beijo em seus lábios e a puxei para um abraço apertado.
Aluguei para nós uma casa à beira do mar na ilha de Mykonos, um
lugar que eu tinha a absoluta certeza de que minha mulher adoraria.
Desembarcamos no aeroporto de Mykonos o famoso JMK, de lá
seguimos de carro para a casa que ficava há uns dez minutos do aeroporto.
— Preparada para sua lua de mel esposa?
— Ao seu lado estou preparada para qualquer coisa, marido.
Chegamos a casa luxuosa que eu fiz questão de alugar pensando em
Ravena, a casa arejada remetia a paz que a ilha proporciona.
—;Uau, que casa linda.
— Pensei em você quando escolhi.
— É mesmo marido?.
Ela veio até mim como se estivesse em câmera lenta, colou nossos
corpos e passou os braços em volta do meu pescoço, aproximando-se da
minha orelha dando leves mordidas na região.
— Então me fode gostoso nessa sala.
Aquilo foi a deixa que queria, não pensei duas vezes e adentrei
minhas mãos por seus cabelos tomando sua boca a minha saudade, desejo,
prazer e amor tantos sentimentos misturados e escondidos em um beijo.
Ergui ela no ar indo para o sofá, coloquei minha mão por dentro do
seu vestido dedilhando sua boceta molhada, Ravena puxava meus cabelos
entre os dedos implorando por mais.
— Amor... Por favor.
— Apressada esposa? — Perguntei em um tom provocativo
— Só me fode logo, senti tantas saudades de você dentro de mim.
Ela não precisou dizer mais nada, ajudei ela a tirar o vestido
deixando-a apenas de calcinha, tirei o terno ficando nu e como uma gata
selvagem Ravena montou em cima de mim roçando sua entrada no meu pau
que a essa altura já estava mais duro que uma rocha.
Sem muita paciência, puxei o tecido fino da sua calcinha e ela
continuou rebolando no meu colo agora completamente nua, podia sentir
sua lubrificação escorrer pelas suas pernas entrando em contato com a
minha virilha.
— Senti saudades meu amor, mas não serei cuidadoso, tenho tempo
de sobra para te foder com carinho, mas agora preciso enterrar meu pau
bem fundo nessa boceta gostosa.
Posicionei meu pau na sua entrada e com cuidado ela começou a
rebolar e quicar lentamente até pegar o ritmo, a visão dos seios rosados e os
mamilos rígidos subindo e descendo conforme ela movimentava-se em
cima de mim era uma cena dos deuses, os cabelos esvoaçantes cobriam seu
rosto suado, Ravena era meu paraíso e meu inferno particular.
— Rebola gostoso no pau do seu homem.
Ela intercalava os movimentos indo mais rápido depois mais devagar
rebolando e me beijando me deixando completamente maluco. Com a mão
livre aproveitei para apertar aquela bunda redonda e empinada deixando a
marca dos meus dedos por toda carne sensível.
— Não sabe a saudade...que senti.
A confissão feita enquanto nos perdemos de prazer me causava um
êxtase que nem em outras vidas eu saberia explicar.
— Pretendo fode-la por longos anos Ravena, apenas para compensar
o tempo perdido.
Trocamos a posição deixando Ravena de quatro totalmente empinada
e com as pernas levemente abertas, massageie sua bunda e fui fazendo uma
trilha de beijos e chupões que marcaram sua pele em seguida desferi um
tapa em cada nádega o que fez Ravena gemer ainda mais alto.
— Matteo, por favor...
— O que você quer Ravena?
— Você, quero que me coma gostoso e com força.
— Não serei gentil meu amor. Deixei mais um tapa em sua bunda,
lacei seus cabelos agora ainda mais longos em minhas mãos apertei bem
sua cintura queria deixá-la marcada como minha o sentimento de posse era
gritante dentro de mim, sem delicadeza enfiei meu pau bem fundo
torturando ela com movimento lentos mexendo meu pau de forma calma
apenas sentindo sua boceta quente apertando e engolindo meu pau.
— Amor... Não me torture desse jeito. — Choramingou com uma voz
manhosa.
— Shiu, você vai ficar caladinha e eu só quero ouvir seus gritos de
prazer enquanto eu fodo você do meu jeito.
Sem lhe dar tempo para responder comecei a estocar com força e
rapidez apertando sua cintura com mais força e brutalidade. Nossas pélvis
se chocavam com o movimento rápido que fazíamos.
— Isso.. não para... Ah! — Ravena gemia alto e quando percebi que
ela estava se tocando fiquei louco e ainda mais faminto.
— Toca nessa boceta gostosa enquanto eu vou fodendo você, quero
te ver gozando gostoso, quero ver você lambuzando seus dedos com a
minha porra junto com o seu gozo.
Desacelerei nosso ritmo ao sentir os primeiros índices do nosso
orgasmo, adorava o simples fato de que na maioria das vezes sempre
gozamos juntos.
E não demorou para isso acontecer, urrei alto como um homem das
cavernas ao sentir todo prazer que proporcionávamos um ao outro, Ravena
gozou no mesmo momento que eu, tirei meu pau de dentro dela observando
minha porra escorrendo sob sua boceta e a marca da minha mão em sua
cintura, como se quisesse me enlouquecer mais uma vez ela levou os dedos
a boceta melada e em seguida os levou a boca.
— Caralho mulher.
— O que foi? Acho que isso me deu mais desejo ainda.
Deitou-se de barriga para cima deixando as pernas bem abertas e
levou os dedos melados até a entrada da sua boceta, os socando fundo
enquanto chamava por mim.
Era impossível resistir e meu pau pareceu entender a situação e se
animou na hora, pronto para outra. Parti para cima dela como uma animal
sedento por sua presa.
Nossa viagem estava apenas começando!
CAPÍTULO 23

Ravena

O último mês foi uma loucura, chegando a quarenta semanas de


gestação sentia-me prestes a explodir de tão inchada, mas a sensação de
gerar uma vida era algo inexplicável. Eu já estava familiarizada com tudo
relacionado a imobiliária e até eu me surpreendi com a minha agilidade em
organizar documentos e criar planilhas.
Gabriel e Natan voltaram de suas viagens para estarem presentes no
nascimento da Bella que agora poderia ser a qualquer momento, porém
sentia Gabriel tenso e aflito como se algo o incomodasse.
Aproveitei que ele estava na mansão e fui até ele para conversarmos,
Gabriel era o mais próximo a mim, tínhamos histórias parecidas e ele era
mais receptivo a amizades além de ser o padrinho da minha filha.
— Gabriel? Tudo bem com você?
Ele virou-se para mim e pude ver seus olhos vermelhos como se
estivesse chorando o que para mim já era muito estranho.
— Oi Ravena, não está nada bem. — Sua voz embargada partiu meu
coração.
— O que houve? — Sentei ao seu lado e o encarei para o encorajar.
— Acho que minha irmã está morta.
Senti meu coração despedaçar na hora, Gabriel não merecia isso, ao
longo desse um ano, vi o quanto ele se esforçou para encontrar a irmã.
— Mas por que? Você tinha pistas sobre ela.
— Encontrei uma pessoa que conheceu a Katerina no orfanato, ela
disse que minha irmã fugiu e foi achada morta semanas depois foi enterrada
como indigente só Deus sabe onde.
O choro dele fez meu peito apertar, eu sabia exatamente o que ele
estava passando.
— Eu sinto muito Gabriel, sinto muito mesmo.
— Não pude enterrá-la, não pude vê-la uma última vez, é como se
tirassem meu coração do peito, e o esmagasse sem piedade alguma.
— Ela amava você, e você fez o que pôde para encontrá-la, vamos
organizar um funeral para ela, algo que mantenha sua alma em paz.
Ainda debulhado em lágrimas ele apenas acenou em confirmação,
iríamos dar a Katerina um descanso para sua alma, algo que lhe desse paz
onde quer que ela estivesse.
Fiquei confortando Gabriel por um tempo até Matteo chegar para
conversar com ele, subi para o quarto sentindo-me cansada e com uma dor
terrível nas costas.
Me surpreendi com Antonella chorando próximo ao meu quarto, ela
tinha uma ligação com Gabriel que ia muito além de uma simples amizade e
tentava negar a todo custo.
— Nella, você está bem?.
Fungou e enxugou as lágrimas com as costas das mãos e me
respondeu.
— Tá tudo bem, só fiquei triste pelo que aconteceu com o Gabriel,
ele não merecia isso, tínhamos esperanças de que um dia ele encontraria a
irmã.
— Sinto muito por ele, principalmente porque a última vez que eles
se viram foi de uma forma tão trágica.
Nesse meio tempo consegui descobrir algumas coisas sobre Gabriel,
a casa da sua família pegou fogo enquanto ele e a irmã estavam na escola, o
pai e a mãe deles morreram na hora e o tio deles tomou toda a fortuna que a
família tinha, então eles fugiram para sobreviver.
— A vida não é nem um pouco justa.
Seus olhos carregavam uma dor imensurável, ela sabia bem do que
estava falando, ela conhecia bem a dor da perda, cada um de nós ali tivemos
uma parte nossa arrancada de nós.
Quando estava prestes a respondê-la a dor que senti na coluna veio
com força e de um modo que me fez soltar um grito estrangulado.
— Ravena, você está bem?
Fui amparada por Antonella, a dor se irradiava por toda a região,
quando me dei conta do que realmente era aquilo comecei a me desesperar
e só piorou quando tive a plena confirmação.
— Minha bolsa estourou.
Olhei para baixo sentindo o líquido escorrer pelas minhas pernas, não
sabia se corria para o quarto e pegava a bolsa maternidade de Bella ou se
ficava estática ali mesmo.
— BELLA VAI NASCER AI MEU DEUS, calma Antonella calma,
onde está o Matteo?
— Foi levar o Gabriel para casa, acho que temos tempo, AIII.
Uma segunda pontada forte de dor me fez gritar na hora.
— Vou chamar o Henrique, vamos para o hospital e de lá a gente liga
para os rapazes.
Apenas concordei com ela, com muito custo fui até o quarto e peguei
a bolsa de Bella, desci as escadas indo para a garagem com o auxílio de
Henrique que com muita delicadeza me pôs dentro do carro.
— Vou ligar para o meu irmão. — Nella pegou o telefone e discou o
número de Matteo que atendeu no primeiro toque.
— Nella? O que houve?
— Vai pro hospital agora.
— O que houve? Ravena o que aconteceu com ela?
— A Bella vai nascer!
Acabei gritando de dor mais uma vez, o que fez Matteo ficar nervoso
do outro lado da linha.
— Caralho já estou indo, caralho minha filha vai nascer.
Cerca de vinte minutos depois chegamos ao hospital, Nella foi fazer a
minha ficha e contatar a doutora Mônica, fui colocada em uma cadeira de
rodas até que tudo estivesse pronto para o parto.
— Amor, vim o mais rápido que pude.
Meu marido veio acompanhado apenas de Gabriel, que ainda parecia
abatido mas quis presenciar o momento.
— Eu estou bem, AI! — Gritei mais uma vez agarrando a mão de
Matteo.
— Tudo vai ficar bem, nossa menina virá ao mundo saudável e
linda.
Ele me confortou apertando minha mão e beijando o topo da minha
cabeça.
— Senhora Mattarazzo? — Uma enfermeira veio até nós, trazendo
algumas pulseiras de identificação para por no meu braço.
— Tudo pronto, vamos?
— Sim, estou pronta. — As pulseiras foram colocadas no meu braço
e eu não conseguia conter a ansiedade e o nervosismo.
— Eu posso ir com ela? — Matteo perguntou nervoso.
— Claro, é muito importante que esteja ao lado dela nesse momento,
vá até aquela sala. — Apontou para o final do corredor. — E coloque a
roupa adequada para o centro cirúrgico, enquanto isso estaremos
preparando sua esposa para o parto.
Ela entregou a ele um pacote com roupas esterilizadas e me guiou até
a sala de parto.
A Doutora Mônica fez o exame de toque e como ela previu minha
dilatação estava corretíssima, pronta para trazer minha filha ao mundo de
forma natural, Matteo e Antonella entraram na sala, e uma contração ainda
mais forte me atingiu, chegou a hora.
— Pronta Ravena? — Assenti em confirmação.
— Quero que faça bastante força ok?
— Sim.
— Estou aqui com você amor.
Matteo pegou a minha mão, concentrei-me em fazer o máximo de
força possível, a dor do parto era algo que eu não tinha palavras para
definir, mas era dor da vida, e não havia nada no mundo que me fizesse me
sentir arrependida disso.
— Força Ravena.
Continuei dando tudo de mim, apertando a mão de Matteo como se
quisesse arrancá-la, à exaustão já dava seus primeiros sinais.
Até que o chorinho de neném reverberou na sala, e logo a enfermeira
veio com meu pequeno pacote de amor nos braços, ainda com a respiração
ofegante, e completamente suada peguei aquela criatura tão pequena e suja
de sangue em meus braços.
Meu Deus ela era linda e tão perfeita.
— Oi meu amor.
Seu chorinho agora ficava mais baixo como se estivesse
reconhecendo minha voz.
— Sou eu a mamãe, você foi tão esperada meu amor.
Beijei o topo de sua cabeça aninhando ela a mim com todo cuidado,
Matteo e Antonella apenas admiravam a cena, meu marido não sabia o que
fazer talvez até estivesse com medo de machucar nossa bebê.
— Ela é linda, como pode ser tão pequena e tão linda.
— Pegue-a.
Ainda com um certo receio ele se aproximou e eu a ajeitei em seus
braços, a cena era até engraçada vê-lo todo sem jeito segurando a filha.
— Minha princesa, você terá a Itália aos seus pés, minha primeira
herdeira, meu amorzinho.
O rosto dele estava cheio de lágrimas e era impossível não chorar
junto.
— Nem acredito que isso é verdade, você casou e agora me deu uma
sobrinha tão linda, será que ela vai puxar os seus olhos ou os da Ravena,
tenho certeza de que puxará os meus.
Rimos de Antonella e eu não me surpreenderia se isso acontecesse,
Nella aproveitou para pegar a sobrinha e dar o primeiro banho e a vestiu
com lindo macacão vermelho com detalhes em rose e a trouxe para mim
amamenta-la.
— Isso, deixe a cabeça dela dessa forma e a segure firme.
De início achei a sensação de amamentar estranha, mas logo Bella
pegou o jeito certo de mamar e foi como se ela tivesse se conectado a mim,
algo apenas nosso. Minha vida ganhou um novo sentido, uma nova cor,
ganhou luz e eu ganhei uma nova vida.
CAPÍTULO 24

Matteo

Esse último ano foi o mais surreal e incrível da minha vida, tudo
começou quando eu resgatei Ravena ou melhor ela me resgatou, e desde
aquele momento eu me vi completamente perdido e louco pela garota de
olhos violeta, quando me dei conta estava apaixonado por ela e a pedindo
em casamento.
Tivemos altos e baixos causados por Boris e eu quase a perdi por
isso, mas no final as coisas se ajeitaram do jeito que tinha que ser. Ravena
trouxe para minha vida luz, amor e um novo significado e com isso me deu
um dos melhores presentes do mundo, minha princesa Bella.
Minha menina era um anjinho de tão linda, os olhos como Antonella
previu eram idênticos aos dela um tom chocolate e os cabelos mesmo
ralinhos davam indícios de que seriam como os meus, negros como a noite.
Todos na casa estávamos abobalhados com Bella, nossa bebê de braços
gordinhos e riso fácil encantava a todos na casa.
Bella já havia completado um mês de vida e foi bem difícil eu e
Ravena nos adaptarmos ao ritmo dela, na primeira semana foi um caos,
Bella chorou a noite inteira e tivemos que levá-la ao hospital para que
Antonella a examinasse, e como já era de esperar Bella estava com cólicas
fortes, minha mulher chorou com ela no hospital por achar que ela não
estava sendo uma boa mãe, tive que convencê-la do contrário afinal tudo
era novo para nós dois.
Eu faço questão de cuidar da nossa filha durante as madrugadas só
acordo Ravena quando necessário e assim tem sido nossos últimos dias.
— Oi amor, ela dormiu? — Fui até minha mulher que estava sentada
na poltrona de amamentação com Bella aninhada em seu colo.
— Oi, graças a Deus sim, o remédio prescrito pela pediatra é tiro e
queda para essas cólicas, não consigo suportar minha menina chorando e
com dor.
Peguei Bella em seus braços com cuidado para não acordá-la e a
coloquei no berço.
— Boa noite minha pequena, papai ama você.
— Você está se saindo um pai excelente, seus pais se orgulhariam de
você.
— Espero que sim, esses dias eu estava até pensando em ter mais
filhos no futuro.
— Sério? Bem, quem sabe daqui há alguns anos podemos tentar ter
um garotinho ou outra garotinha. — Falou enquanto caminhávamos para o
nosso quarto.
— Que tal um bom banho relaxante de banheira?
— Tenho uma ideia ainda melhor. — Ravena falou em um tom de
voz manhoso e eu sabia exatamente o que ela queria.
— Tipo o que minha querida esposa?
Aproveitei a oportunidade para provocá-la, ela caminhou em minha
direção passando as alças do vestido pelos ombros e os deixando cair no
chão ficando apenas de calcinha, suas mãos delicadas começaram a
percorrer todo meu peito descendo para meu abdômen e parando no meu
pau que já estava reagindo ao seu toque.
— Você vai adorar, tenho certeza.
Sussurrou em meu ouvido, fui empurrado para cama enquanto ela
ficava de joelhos na minha frente, desabotoando minha calça e tirando meu
pau para fora sem perder o contato visual comigo, seus olhos brilhavam de
desejo e luxúria.
Sem nenhum pudor levou ele até sua boca sugando chupando e
lambendo fazendo o que bem entendia me levando ao delírio.
— Chupa gostoso meu amor.
Prendi seus cabelos em minhas mãos guiando seus movimentos,
fodendo sua boca fazendo-a engolir o máximo que conseguia.
Soltei seus cabelos e a deixei livre, hoje ela queria estar no comando
e puta que pariu isso era sexy demais, vê-la se soltando no sexo era algo
maravilhoso. Ela retirou meu pau de sua boca e continuou me masturbando
lentamente.
— Quero que você goze na minha boca, quero engolir toda sua porra.
Levou meu pau novamente a sua boca percebendo que suas palavras
surtiram o efeito desejado em mim, chupando com mais rapidez e sugando
toda a glande, não demorou muito para que eu enchesse sua garganta com
meu gozo, a cena dela ajoelhada e chupando toda porra que escorria do meu
pau era delirante e excitante pra caralho.
— Engoliu tudo como a putinha que você é, agora é minha vez de
chupar você até gozar gostoso na minha boca.
Inverti nossos papéis e a joguei na cama com as pernas abertas, levei
meus dedos por toda boceta já molhada e penetrei sua entrada tirando os
dedos melados e levando a boca.
— Deliciosa, boceta gostosa do caralho.
Abocanhei sua boceta de uma só vez usando os dedos para afastar os
grandes lábios. Usei a língua para foder sua entrada, fazendo movimentos
similares aos das estocadas.
— Que gostoso amor, não para.
Choramingou enquanto se agarrava aos lençóis. Continuei com os
movimentos agora mais rápidos usando os dedos para masturbar seu
clitóris, até sentir seu corpo tremer nesse meio tempo Ravena agarrava-se
ainda mais às cobertas.
— Matteo... Oh céus eu vou...
— Isso meu amor, você vai gozar bem gostoso.
Não demorou muito para que ela explodisse em prazer, me
presenteando com todo gozo dela, chupei sua boceta como um cãozinho
lambendo sua refeição.
Avancei sobre ela tomando sua boca à minha, completamente
faminto, misturando o gosto de sua boceta ao gosto de nossas bocas
tornando tudo um sabor inesquecível.
— Agora vou te comer bem gostoso, até você ficar de pernas bambas
meu amor.
Coloquei ela de quatro e estoquei meu pau de uma só vez, nossos
corpos se chocavam à medida que eu socava com força e rapidez em uma
sintonia única éramos apenas nós dois e nada no mundo importava.
Gozamos juntos mais uma vez, ali suados e exaustos nós dois nos
encaramos , e o que eu sempre constatei sobre Ravena tornou-se ainda mais
real.
Ela era meu lar, minha parceira, a mulher da minha vida, a mãe da
minha filha, Ravena era minha vida e eu morreria por ela.
— Eu amo você com todo meu coração, você será sempre a minha
vida Ravena.
Seus olhos se encheram de lágrimas com a declaração, ela sabia que
minhas ações valiam mais do que simples palavras, mas eu nunca deixaria
de repeti-las.
— Eu amo você Matteo, com toda minha alma e sempre vou amar
você.
— Obrigado por me resgatar de volta à luz e me presentear com
seu amor.
Tudo que eu precisava para o resto da minha vida estava ali naquela
casa, toda minha felicidade estava ali e eu não precisava de mais nada.
EPÍLOGO

Ravena

Dois anos depois…

A vida é algo que nos surpreende de conversas formas, às vezes


positivamente e às vezes negativamente, eu por exemplo pude ver os dois
lados da moeda e consegui sobreviver ao caos apesar de tudo. Minha vida
mudou da água para o vinho em dois anos e eu não poderia estar mais grata
e feliz por tudo isso.
Matteo me salvou da morte duas vezes, se tornou meu herói, meu
amigo e meu marido Matteo tornou-se meu lar o porto seguro a pessoa que
sempre estará de braços abertos para mim com ele ganhei uma família,
amigos tudo que sempre sonhei.
Logo quando cheguei aqui me aproximei instantaneamente de
Antonella e hoje somos inseparáveis, além dela tem Gabriel e Natan que se
tornaram grandes amigos meus.
Além de tudo isso a vida me presenteou com uma linda garotinha,
Bella, minha filha que hoje tem dois anos é a princesa da casa mimada por
todos, é quase impossível resistir aquelas duas esferas castanhas e
brilhantes.
Também assumi o cargo de Matteo na imobiliária para que ele
pudesse dedicar-se apenas aos negócios relacionados a máfia. Nós dois
estávamos com planos de aumentar a família em breve e acho que esse
breve já estava próximo.
Busquei Bella no balé e depois passaria no hospital em que minha
cunhada trabalhava para matar uma dúvida cruel, apesar de todos os
sintomas indicarem que eu estaria grávida novamente queria ter certeza
antes de qualquer coisa.
— Oi meu amor.
Peguei minha menina no colo enquanto caminhávamos até o carro,
Bella tinha os cabelos ondulados como os meus e negros como os do pai, os
olhos eram idênticos aos de Antonella, os demais traços do rosto eram
meus.
— Mamãe, hoje o dia foi legal, brinquei muito mamãe.
Falou com sua voz infantil que deixava meu coração todo derretido.
— Foi mesmo meu amor?
Ela apenas sorriu e acenou voltando a se concentrar na boneca em
suas mãos, coloquei ela sentada na cadeirinha deixando-a devidamente
segura.
— Agora nós vamos passar no trabalho da tia Nella.
— Eeeeba tia Ella.
Soltou um gritinho e levantou os bracinhos demonstrando sua
animação, as duas possuíam uma conexão linda.
Liguei o carro e dirigi até o hospital tentando conter toda ansiedade
que brotava no meu peito. Chegando lá fui direto para sala de Antonella que
já estava me esperando.
— Tia Ella, titia. — Bella foi logo correndo para chegar nos braços
da tia.
— Olá, minha princesa, veio ver a titia?
— Sim, estava morrendo de saudade titia.
— Eu também meu amor, agora senta aqui enquanto a titia conversa
com a mamãe.
Antonella a colocou sentada na maca do consultório brincando com
seus brinquedos enquanto íamos conversando sobre minhas dúvidas em
relação a uma possível gravidez e os sintomas casavam perfeitamente com
os da primeira gestação.
Por via das dúvidas, realizei um exame de sangue para ter cem por
cento de certeza.
— Está pronta para ser mãe de novo amiga?
— Acho que sim Nella, na verdade sempre vai ser uma novidade por
mais que eu já tenha sei lá, vinte filhos.
— Tem razão, tenho certeza de que Matteo ficará muito feliz com a
possível notícia.
Meu marido mostrou-se um pai extraordinário, sempre carinhoso e
calmo com as inúmeras perguntas que Bella fazia desde que começou a
falar, além de ter me ajudado muito durante os primeiros meses de vida da
nossa filha fazendo o máximo de tudo para que eu pudesse estar sempre
descansada.
Também já havíamos conversado inúmeras vezes sobre as
possibilidades de nos tornarmos pais novamente e sempre chegamos a um
acordo.
A enfermeira entregou o resultado do exame a Antonella e pela cara
da minha cunhada eu já pude deduzir que minhas suspeitas eram reais.
— E então? — Perguntei ansiosa querendo ouvir o resultado
diretamente dela.
— Meus parabéns Ravena, mamãe de novo.
A mesma emoção que senti a dois anos atrás foi acesa dentro de mim,
levei as mãos ao ventre sentindo o amor florescer ali dentro. Bella percebeu
a agitação e quis descer da maca, peguei-a no colo beijando todo seu
rostinho.
— Que foi mamãe, não pode chorar. — Ela passou as mãozinhas no
meu rosto enxugando minhas lágrimas, da mesma forma que fazia quando
Henry caia.
— Não é choro ruim meu amor, mamãe tá feliz.
— Pode chorar quando tá feliz mamãe?
— Pode sim meu amor, sabe porque mamãe está tão feliz? — Ela
acenou a cabeça em negativa.
— Porque você vai ganhar um irmãozinho ou irmãzinha querida.
Seus olhinhos brilharam, Bella apesar de ser muito próxima a Henry
era muito sozinha na maior parte do tempo e ter um irmãozinho ou
irmãzinha para brincar e fazer companhia era tudo que ela queria.
— Ebaaaa, é Irmãzinha mamãe.
— Agora a gente vai para casa e vamos fazer uma surpresa pro papai,
o que você acha meu amor?
— Vamos mamãe, vamos titia Ella, fazer uma surpresa pro papai.
— Não posso meu amor, e além do mais a surpresa só vale se foi
feita por você e pela mamãe.
— Tudo bem titia. — A coloquei de volta na maca para que ela
arrumasse os brinquedos.
— Ravena já sabe, volte o quanto antes para iniciarmos o pré natal,
ok?
— Tudo bem, obrigada por tudo Nella.
— Eu que te agradeço por ter nos dado uma família tão linda.
Deixei o consultório explodindo em felicidade com a notícia, liguei
para Matteo no caminho e ele disse que já estava em casa, mal podia
esperar para contar a novidade.
Chegamos na mansão e Bella estava muito ansiosa para ver o pai e
para contar a boa nova, destravei o cinto da sua cadeirinha e adentramos a
mansão.
Meu marido já nos esperava na sala de estar e quando nos viu lançou
o sorriso mais lindo do mundo.
— Os amores da minha vida. — Veio até nós, me abraçou e em
seguida pegou Bella no colo.
— Como foi o dia meu amor?
— Muito legal papai, mamãe tem novidades!
Ele arqueou as sobrancelhas para mim e eu apenas entreguei o exame
em suas mãos.
— Porra , isso é verdade? — Balancei a cabeça confirmando.
— Sim, seremos papais de novo.
— Vou ter uma Irmãzinha papai.
Matteo nos envolveu em um abraço apertado e caloroso.
— Obrigado meu amor, por me dar uma família e uma razão para
continuar, eu amo vocês.
— Também amo você e amo nossa família.

Nove meses depois nosso anjinho loiro chegou em nossas vidas,


Bianca nome em homenagem a minha mãe, chegou para deixar nossa casa
ainda mais feliz.
Pois era assim que eu estava agora, feliz, completamente realizada.

Eu fui ao inferno, eu vi a morte e a escuridão, no final de tudo eu


sobrevivi ao caos.

Fim!
AGRADECIMENTOS!

Quero agradecer a cada leitor, a cada seguidor e a


cada pessoa que me incentivou e me motivou a
continuar com a escrita.
Meu muito obrigada!!
Vejo vocês muito em breve ❤️
Com amor e carinho…

ELLY:)
SOBRE A AUTORA

Nascida no interior da Bahia, Elly é uma amante da


escrita e da leitura desde muito pequena e foi aos
quinze anos que escreveu sua primeira história no
wattpad mas não chegou a finalizar.
Em 2022 começou a escrever Dançando com o CEO,
mas só decidiu publicá-lo em 2023 juntamente com a
trilogia Sobrevivendo ao caos ( no momento
encontra-se indisponível na Amazon por questões de
revisão.)
Elly sonha em crescer no mundo da escrita e ter seu
trabalho reconhecido, ela tem vinte e dois anos,
estuda pedagogia e pretende ingressar na faculdade
de Letras.

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