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Construção Clínica do Caso de

uma Criança ou Adolescente


ICCA – 21/22
Modelo de
Avaliação
Compreensivo
A
Objectivo
“fazer um filme”
Compreensivo do funcionamento individual dentro e através
dos domínios relacionados com o nível de desenvolvimento
em que o sujeito se enquadra.
Modelo de Avaliaçao Compreensiva

Trata-sa de um Sistema derivado de


Hipóteses:
+Sistema de Avaliação derivado de hipóteses
SISTEMA DE AVALIAÇÃO DERIVADO
DE HIPÓTESES
M O D E L O D E A V A L I A Ç Ã O C O M P R E E N S I V O
SISTEMA DE AVALIAÇÃO DERIVADO DE
HIPÓTESES
+Este modelo de avaliação desenvolvimental compreensiva
propõe que se tenha em consideração 7 aspetos:
1. os objetivos da avaliação
2. os domínios relevantes da avaliação
3. os instrumentos apropriados
4. as relações entre os instrumentos selecionados
5. fatores contextuais que influenciam a resposta / a realização
nestes instrumentos
6. uma síntese e interpretação da informação obtida, a qual
providencia uma interpretação parcimoniosa do funcionamento
atual do indivíduo
7. comunicar a compreensão do funcionamento individual a níveis
relevantes do sistema desenvolvimental, com recomendações
para qualquer intervenção
Na implementação do modelo de avaliação
estas componentes não são
necessariamente discretas ou sequenciais
mas, antes, o psicólogo envolve se num
processo de sucessão de feedbacks
interativos em cada uma destas
componentes, em cada fase da avaliação.
A avaliação derivada de
hipóteses
• consiste num processo em que cada passo da
avaliação é guiado pelas hipóteses geradas a
partir da informação disponível no momento
(requer uma dialética permanente entre o
planeamento e os resultados obtidos a cada
momento)
a avaliação derivada de hipóteses consiste
num processo dinâmico que evolui através de
mudanças ao longo da avaliação
PROCEDIMENTO
1 ° PASSO: Seleccionar os objectivos iniciais da
avaliação e escolher os domínios que devem ser
enfatizados, bem como os respectivos instrumentos.
O primeiro "bocado" de informação disponível é
tipicamente, o pedido, a partir do qual a hipótese
inicial é gerada. Assim, idealmente, cada domínio
de informação considerado relevante nesse
momento, deverá ser abordado, de modo
preliminar, numa primeira sessão com o indivíduo.
PROCEDIMENTO
2° PASSO: Designar o próximo passo na avaliação,
a partir dos dados preliminares.

Os dados obtidos na primeira sessão podem


infirmar ou dar suporte a hipótese inicial e
podem sugerir hipóteses adicionais que
requerem mais exploração, em função da qual se
irá então orientar as escolhas seguintes.
(Esta abordagem contrasta obviamente com a administração
estandardizada de uma bateria de medidas a todos os indivíduos)
PROCEDIMENTO
+ Uma implicação direta deste sistema de avaliação é a
existência de sessões de avaliação múltiplas ao
longo do tempo (em vez de uma ou das sessões
alargadas), na medida em que proporciona
oportunidade para cotar e avaliar a informação,
ajustar hipóteses e selecionar os instrumentos mais
adequados para nos elucidar sobre os pontos fortes
e fracos do funcionamento do indivíduo que está a
ser avaliado.
PROCEDIMENTO
+Uso de múltiplas sessões
+ Permite também ter em consideração a
variabilidade da realização intersessões, que é
muito informativa para a análise do
funcionamento do indivíduo, em particular no
caso de crianças, cujo comportamento parece
mudar e ser mais variável ao longo do tempo.
Este processo fornece uma estimativa fiável e
rigorosa do comportamento individual.
PROCEDIMENTO
+As características multifatoriais de qualquer
medida singular, tornam crítico o uso de
múltiplas medidas e obter uma boa
compreensão de competências únicas e
partilhadas (construtos latentes) que irão
contribuir para a cotação obtida num
instrumento específico.
PROCEDIMENTO
+A utilização de varias medidas permite uma
análise dos padrões de convergência e
divergência através dos instrumentos,
minimizando os erros de medição e tornando
possível determinar padrões de relativa força
e fragilidade através de múltiplos domínios
do desenvolvimento.
PROCEDIMENTO
+Defendemos começar a análise dos testes
individuais pelo nível mais global e
psicometricamente mais robusto.
+Depois identificar / reconhecer a variabilidade
nos sub-testes evidenciados pelo scor global.
+Subsequentemente, proceder do mais molar
para o nível de análise mais robusto a seguir,
procedendo sistematicamente para o nível de
análise mais molecular.
PROCEDIMENTO

Usar uma abordagem de avaliação


desenvolvimental compreensiva,
incrementa o nível de complexidade
interpretativa.
Modelo de Avaliaçao Compreensiva
Componentes de organização da trama de recolha
de dados para a construção de hipóteses

+Alvos de Avaliação
+Focos de Avaliação
+Fontes de Avaliação
+Estratégias de Avaliação
+ Observação
+ Análise de produtos
+ Métodos projectivos
+ Testes e Questionários
+ Entrevista
ALVOS
Modelo de Avaliação Compreensivo
ALVOS DE INFORMAÇÃO
• a criança ou adolescente;

• outros significativos, geralmente


mãe,

pai

substitutos paternos

educador(a) ou professor(a)

• o ambiente
FOCOS
M O D E LO D E AVA L I AÇ ÃO
C O M P R E E N S I V O
FOCOS DE INFORMAÇÃO
• Dimensões do funcionamento dos sistemas

• As relações entre contextos

• Os recursos atuais aos níveis cognitivo, de linguagem,


sensoriomotor e socio-emocional

• O ajustamento funcional
a realização académica ou ocupacional
o comportamento adaptativo.
FONTES DE AVALIAÇÃO
M O D E L O D E A V A L I A Ç Ã O C O M P R E E N S I V O
FONTES DE AVALIAÇÃO
+a criança ou adolescente
+outros significativos
+ambientes
+"produtos" (realizações, resultados mais
frequentemente das crianças)

+ As fontes de avaliação coincidem globalmente com os


alvos, embora cada uma delas possa ser usada para os
vários alvos
FONTES DE AVALIAÇÃO

Para o recurso a cada uma destas fontes deve


ter-se em consideração a estratégia a utilizar
e o momento adequado.
FONTES DE AVALIAÇÃO
+Note-se que ao existirem múltiplos
informadores, com frequência, obtém-se
informação conflituosa, o que dificulta a sua
integração.
+Contudo essas divergências são em si
mesmas, frequentemente, elementos muitos
informativos na avaliação, especificamente
na compreensão dos sistemas em que o
indivíduo funciona.
FONTES DE AVALIAÇÃO
+ Se tivermos em consideração que os diversos
informadores tem acesso a amostras diferentes do
comportamento do sujeito, a informação conflituosa
pode corresponder

Reflexo de perspectivas
A variabilidade no
comportamento diferentes por parte
da criança dos informadores
FONTES DE AVALIAÇÃO
+Em algumas situações, o usa de outros
informadores constitui o único meio de
obter informação sobre o domínio relevante
+ porque o comportamento tem uma ocorrência
muito rara (e não acontece no período da
avaliação)
+ porque o individuo e incapaz de fornecer
informação.
FONTES DE AVALIAÇÃO
+Em algumas situações, o usa de outros
informadores constitui o único meio de
obter informação sobre o domínio relevante
+ porque o comportamento tem uma ocorrência
muito rara (e não acontece no período da
avaliação)
+ porque o individuo e incapaz de fornecer
informação.
ESTRATÉGIAS GERAIS, MÉTODOS E
TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO
Modelo de Avaliação Compreensivo
ESTRATÉGIAS GERAIS, MÉTODOS E
TÉCNICAS
+ No processo de avaliação podemos recorrer a um leque amplo de
estratégias, com métodos mais ou menos estruturados e técnicas
estandardizadas ou não.

+ Para a seleção dessas estratégias devemos começar por determinar os


constructos mais relevantes para a questão colocada e em função deles
definir / identificar / escolher os métodos que vamos usar.
ESTRATEGIAS GERAIS, MÉTODOS E
TÉCNICAS
+Métodos geralmente usados
+ Observação
+ Análise de "produtos”
+ Testes e questionários
+ Métodos projectivos
+ Entrevista
OBSERVAÇÃO
+ Os métodos de observação variam ao longo de um
continuum de estrutura e de nível de inferência
requerido para avaliar os construtos de interesse.
+ Envolve uma decisão acerca da dimensão do tempo
podendo ser uma observação contínua ou de
amostras no tempo ou de acontecimentos.
+ Também temos que tomar uma decisão acerca da
unidade de análise, em termos de um foco micro ou
macro analítico.
OBSERVAÇÃO

+Do ponto de vista das técnicas podemos


recorrer à observação
+ naturalista
+ ocasional
+ sistemática
OBSERVAÇÃO

+Quando conduzimos as avaliações estamos


continuamente a fazer observações que vão
guiando o nosso comportamento
subsequente e os processos de tomada de
decisão. Note-se que este método da
observação assume um lugar de particular
relevo na (s) primeira (s) consulta.
OBSERVAÇÃO
+Contudo, muito poucos métodos de
observação estruturada foram
desenvolvidos e suficientemente
estandardizados para permitir o seu uso em
situações clínicas.
+O mais regular é utilizar a observação
sistematizada para a observação do
comportamento for a do contexto "clínico",
nomeadamente a sala de aula,e o recreio.
ANÁLISE DE PRODUTOS

+ A análise de elementos, geralmente escritos, sobre


a situação em estudo e mais uma das estratégias
usadas na avaliação clínica, muito particularmente
com crianças, em que os pais com frequência
tomam a iniciativa de nos trazer desenhos /
trabalhos manuais do filho (a), provas de avaliação
realizadas na escola, caderno de deveres, fichas
informativas da escola e, eventualmente, relatórios
médicos ou psicológicos anteriores.
ANÁLISE DE PRODUTOS

+Para a análise dos diversos produtos não


dispomos propriamente de grelhas
previamente definidas.
+Geralmente, distinguimos dois níveis do
produto
+ o formal
+ o conteúdo
ANÁLISE DE PRODUTOS

+ É mais a nível formal que incide num primeiro


momento a nossa avaliação, nomeadamente na
"qualidade gráfica", na organização, etc.

+ Do ponto de vista do conteúdo defendemos que


se evite uma abordagem interpretacionista dos
sinais, utilizando mais para explorar junto do autor
e dos pais e/ou professor (a) o (s) significado (s)
que atribuem aquele "produto".
Testes e Questionários

+O desenvolvimento de muitos tipos de


instrumentos de avaliação clínica, gerais e
específicos sofreu um grande incremento nos
últimos dez, quinze anos.
+ Exs: Checklists de comportamentos para pais e
professores;
+ Formulários de avaliação clínica;
+ Questionários de auto-resposta para crianças e
adolescentes
Testes e Questionários

+O desenvolvimento de muitos tipos de


instrumentos de avaliação clínica, gerais e
específicos sofreu um grande incremento nos
últimos dez, quinze anos.
+ Exs: Checklists de comportamentos para pais e
professores;
+ Formulários de avaliação clínica;
+ Questionários de auto-resposta para crianças e
adolescentes
Testes e Questionários

+ Inicialmente privilegiou-se o desenvolvimento de


Checklists para pais, dado considerar-se que a
avaliação dos pais era a mais válida.

+ Actualmente as Checklists para professores


adquiriu um estatuto equivalente, tendo-se em
consideração que os professores observam
continuamente crianças de idades similares, numa
base diária e em circunstancias relativamente
consistentes.
Testes e Questionários
+ Um aspecto pertinente associado à divulgação
destes instrumentos é o facto de, devido ao seu
formato, os parâmetros científicos são mais
rapidamente obtidos e a estandardização dos
resultados e superior à conseguida para outro tipo
de instrumentos de recolha de informação.

+ A maior parte da atenção dada a estes


instrumentos incide nas suas qualidades
empíricas, particularmente no que diz respeito a
sua utilização no estabelecimento de taxonomias a
nível da psicopatologia.
Testes e Questionários
+Outras vantagens
+ ajudar o clínico a compreender e a rever quais os
sintomas que foram observados pelos pais e pelos
professores;
+ os resultados podem realçar um foco de
investigação clínica;
+ fornece, de modo económico e eficaz, uma linha
de base do comportamento do sujeito.
Testes e Questionários
+Estes instrumentos têm sido adaptados para o
usar com uma grande variedade de
desordens específicas (como perturbações do
comportamento, depressão, ansiedade, etc.)
e especificamente para áreas
sintomatologicas especificas dentre de um
mesmo grupo de perturbações.
Testes e Questionários
+Estes instrumentos têm sido adaptados para o
usar com uma grande variedade de
desordens específicas (como perturbações do
comportamento, depressão, ansiedade, etc.)
e especificamente para áreas
sintomatologicas especificas dentre de um
mesmo grupo de perturbações.
Testes e Questionários
Note-se entretanto que estes instrumentos são
propensos a distorções e vieses inadvertidos
que devem ser tidos em consideração,
aquando da sua utilização.
Métodos Projetivos

A projecção (segundo Freud) enquanto registo


de atribuições. Desde a introdução das
técnicas projectivas nos anos 30 a utilização
de técnicas projectivas tem sido altamente
polémica.
Métodos Projetivos

+A característica principal de todas as técnicas


projectivas e de que envolvem uma tarefa, um
pedido não estruturado.
+ Isto assenta no pressuposto de base de que as
respostas do sujeito a um estímulo ambíguo ou a
um conjunto de estímulos revelam algo acerca da
forma como o indivíduo percepciona, interpreta e
organiza a informação apresentada.
Métodos Projetivos

+Um outro pressuposto é de que estas


estratégias perceptivas, interpretativas e
organizacionais informam o profissional
acerca da personalidade, dos processos
inconscientes e da psicopatologia do sujeito.
Geralmente, o sujeito não está avisado da
forma como vai ser interpretado.
Métodos Projetivos

+ A controvérsia acerca destas técnicas tem-se


centrado exactamente na fiabilidade e validade
das interpretações desenvolvidas, o que levou a
um esforço crescente de estandardização da
administração, da cotação e a propostas de
interpretação com base em métodos de escalas de
quantificação das respostas.
Métodos Projetivos

+Actualmente existem já disponíveis alguns


instrumentos projectivos com normas
quantificadas.

+Apesar da controvérsia, as técnicas projectivas


continuam a ser usadas como um dos meios
principais de avaliação e compreensão da
personalidade e do desenvolvimento
emocional em crianças e adultos.
Entrevista

+Entrevistas mais usadas


+ Entrevista com Pais

+ Entrevista com a criança

+ Entrevista com outros significativos (ex.


Professores)
Entrevista

+Os formatos da entrevista podem ser


situados num continuum: entrevista não-
estruturada, semi-estruturada e
estruturada.

+O estilo de condução da entrevista e a


interpretação do seu conteúdo variam em
função das perspectivas teóricas.
Entrevista

+A entrevista não-estrutrada tem como


vantagens
+ a sua flexibilidade na análise do âmbito e dos
componentes de um problema,
+ facilitar a relação pessoal com a criança e com
os pais
Entrevista

+Historicamente as entrevistas de
diagnóstico constituíam o método central
de avaliação psiquiátrica.
+Contudo, dada a falta de objectividade e
estandardização das entrevistas não-
estruturadas, a atenção clínica começou a
atribuir uma importância crescente às
entrevistas semi-estruturadas e estruturadas
com crianças e com pais.
Que a todo o momento a leitura
do caso vos faça sentido, sem
perderem de vista os elementos
e as conexões que entre eles
estabeleceram, para que possam
questioná-las e reconectar
encontrando novos sentidos.
E que as harmonias finais conseguidas pelo
Sistema terapêutico, sugiram um padrão mais
leve e fluído!

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