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MODULO DE

OBSERVACAO E
DOCUMENTACAO DO
DESENVOLVIMENTO
DA CRIANCA
Tutorias de Especialidade
Dr. Euclides Cossa
cossa.ensino@gmail.com
+258 823872482
Introdução
• Uma das práticas essenciais à atividade de qualquer profissional, em
qualquer área, consiste em fazer o reconhecimento do decurso das
suas atividades, avaliando-as, testando novos procedimentos,
perspectivando-a, ainda que seja na linha do mercado de competição.

• Os educadores, no âmbito do seu trabalho com crianças devem saber


acompanhá-las. Este hábito, ao ser criado, potencia ainda mais as suas
qualidades enquanto provedores de condições úteis para o
desenvolvimento integral da personalidade.

• Na disciplina de Observação e Documentação do Desenvolvimento da


Criança queremos apenas aprofundar o que aprendeu na disciplina de
MIC, concretamente quanto à observação, sob o ponto de vista
prático, tendo como objectivo principal a documentação do
desenvolvimento da criança.
Breve conceitualização
OBSERVACAO E DOCUMENTACAO DO DESENVOLVIMENTO DA
CRIANCA

• Disciplina que se dedica ao acompanhamento sistemático do


desenvolvimento da criança e do contexto em que ela ocorre, com
recurso aos dados recolhidos a partir dos órgãos dos sentidos e
sem a manipulação do ambiente.

• A satisfação última desta disciplina consiste no levantamento de


potencialidades e riscos de desenvolvimento, podendo, a partir
deles, traçar planos de intervenção com vista ao melhoramento de
condutas desviantes e/ou disfuncionais ou ainda potenciar
características superiores.
Objectivos
• Observar constantemente o desenvolvimento das crianças;

• Avaliar o desenvolvimento da criança sob o ponto de vista da


anamnese (dados da história familiar relativamente ao
desenvolvimento da criança);

• Detectar precocemente as potencialidades e riscos do


desenvolvimento das crianças;

• Processar os dados da observação;

• Elaborar de planos de desenvolvimento de potencialidades para


cada criança e a capacidade de trabalhar na base destes planos.
Tarefa
• Contribuir para o adequado atendimento das crianças do Ensino
Básico oferecendo aos profissionais uma visão mais ampla quanto
aos fenómenos do desenvolvimento humano em geral, com enfâse
para as potencialidades, necessidades e dificuldades que se iniciam
na infância.

• Elaboração de planos de desenvolvimento de competências para


uma criança ou grupo de crianças ao seu cuidado, trabalhando
sobre eles para a melhoria das suas aptidões e capacidades.
OBSERVAÇÃO COMO PARTE DO PROFISSIONALISMO DO
TRABALHO DO EDUCADOR
OS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
• Esta lição aborda os métodos de investigação do desenvolvimento
infantil, com principal ênfase para a observação, apresentando,
para além das técnicas e instrumentos de recolha de dados, os
aspectos ou atitudes a ter em conta no processo quer da
observação, quer da documentação, e a construção e análise do
portefólio.

• Métodos: constituem o caminho para concretização dos objectivos


da investigação e/ou estudo. Eles são a razão para fundamentação
dos dados que colhemos, e porque colhemos estes e não outros
dados, decorrentes da investigação.
OS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
INFANTIL
• Técnicas são os procedimentos operacionais, as operações, os
instrumentos utilizados, com finalidade mais restrita em termos
explicativos e geralmente limitados ao domínio particular. Assim,
contrariamente, o método seria a abordagem genérica, mais ampla,
dos passos a seguir para concretizar os objectivos.

• A Psicologia desde sempre se dedicou ao estudo do


desenvolvimento humano, com principal ênfase para o estudo do
desenvolvimento da criança, e mais recentemente, o estudo do
adolescente e do adulto (incluindo a velhice). Neste sentido,
desenvolveu métodos pelos quais pudesse se aproximar cada vez
mais do desenvolvimento.
OS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Podemos referenciar quatro dimensões destes métodos, como se
fossem uma linha contínua que liga dois pontos opostos:

• Dimensão normativa versus explicativa- relativa aos estudos que


descrevem caracteres típicos dos indivíduos procurando
estabelecer-lhes normas e padrões característicos. Por exemplo
uma determinada faixa etária, tais estudos tentam encontrar o
porquê do seu comportamento, procurando salientar os processos
inerentes.

• Dimensão natural versus manipulativa- situa o homem como


elemento de um sistema ecológico e empreende o estudo do seu
comportamento no meio laboratorial, com manutenção de
variáveis sob os quais é exercido o máximo controle.
OS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
• Dimensão ateórica versus teórica- permite identificar as diferentes
abordagens na base da enfâse relativa atribuída a teoria
subjacente.

• Dimensão histórica versus ahistórica- possibilita considerar as


diversas pesquisas de acordo com as diferenças efectuadas pela
mudança.
OBSERVAÇÃO COMO PARTE DO PROFISSIONALISMO
DO TRABALHO DO EDUCADOR
No geral os métodos científicos compreendem:

• Verificação emprírica: consiste em testes e observação de


constructos observáveis.

• Definição operacional : consiste na definição de termos de forma


clara e precisa.

• Observação controlada: consiste na colecta/mensuração de dados


garantida na forma e no instrumento.
• Generalização estatística: refere-se a condição de estender o
resultado da pesquisa ou conclusão para outras partes da
população.

• Confirmação empírica: refere-se a possibilidade de realizar


novamente a pesquisa e chegar a resultados estatisticamente
semelhantes.
OBSERVAÇÃO COMO PARTE DO PROFISSIONALISMO
DO TRABALHO DO EDUCADOR
TIPOS DE PESQUISA
• Pesquisa Descritiva
• Este tipo de pesquisa pretende conhecer e interpretar o fenómeno
em causa sem interferir. Ele questiona “O quê esta acontecendo?”

• Como pode ver, refere-se ao Método da observação onde o estudo


dos fenómenos é realizado nas condições em que se processam
espontaneamente, portanto, sem intervenção do observador. Os
procedimentos cingem-se na observação, associação, registo e
análise das coisas e acontecimentos que se sucedem naturalmente.
Pesquisa Experimental
• Experimentar algo é testar o seu funcionamento, com base em
processos controlados, onde pretendemos verificar o que acontece
se alterarmos uma variável A sobre uma outra variável B. Ela
questiona “Porquê acontece assim o fenómeno?” e tenta
responder, através da manipulação de algum aspecto da realidade
e estabelecer relações de causa e efeito.

• Ora, a experiência não é mais do que a observação provocada, sob


condições controladas. Na observação propriamente dita os factos
ocorrem por si mesmos, sem intervenção do pesquisador que, ao
contrário, interfere na experiência, modificando as condições do
fenómeno, que é objecto do estudo.
RELAÇÃO DA PESQUISA COM O TEMPO
• Pesquisas Longitudinais
Num estudo longitudinal avalia-se a mesma variável ao longo do
tempo. Estas pesquisas permitem registar a evolução do
comportamento da criança por observação em diferentes idades,
utilizando para tal quer a amostra representativa quer a amostra
populacional.

• Pesquisas Transversais
Num estudo transversal estuda-se a mesma variável em momentos
diferentes. Este tipo de pesquisa não permite observar a evolução do
comportamento ao longo do tempo, permite contudo manipular a
idade como variável independente e selecionar diferentes grupos ou
indivíduos representando cada uma das idades.
ESTRATÉGIAS DE PESQUISA: de que forma ou como vamos colher os
dados da pesquisa, ou seja, qual será a origem dos dados?

• Documental
Quando utilizam-se documentos escritos ou não, como fonte
primária de dados. A questão fundamental da documentação está
em partir-se dos regitos e fazer o seu processamento de dados.

• Campo
Quando remete a coleta de dados onde o fenômeno acontece. Numa
pesquisa de campo o pesquisador necessariamente deve se deslocar
ao local onde o fenómeno acontece e observar a sua ocorrência com
base em técnicas próprias.
MODALIDADES DE PESQUISA
• Pesquisa Quantitativa
Quando prevê mensuração, estatística. Utiliza-se a frequência da
ocorrência do fenômeno numa dada população.

• Pesquisa Qualitativa
Quando busca compreender e interpretar a informação, não
obstante por vezes possa fazer uso de instrumentos de colecta de
dados aparentemente quantitativos. Neste tipo de pesquisa podem-
se recorrer a escalas numéricas para avaliar um determinado
fenômeno qualitativamente
A Observação enquanto Método de Investigação na
actividade do Professor
Cuidado a tomar:
• Estudar apenas um e único aspecto do comportamento de cada
vez, principalmente quando ainda não estamos devidamente
treinados. Isto porque é essencial que o processo de observação
seja preciso, sistemático e muito bem planeado para que os
resultados obtidos possam ser considerados científicos.

• O método de observação pode ser directo ou indirecto. No


primeiro caso, os sujeitos são observados quando se envolvem no
comportamento ou na atividade em questão. No segundo caso, os
sujeitos do estudo são convidados a observar o comportamento de
terceiros, e são observados em termos da sua reação ao
comportamento daqueles que estão a observar.
• Os métodos de observação também podem ser categorizados
como fechados ou abertos. São fechados quando o investigador
decide exatamente, antes de realizar a investigação, o que vai
procurar e observar e quando é que o vai fazer. Por exemplo,
observar as regras que as crianças inventam enquanto brincam um
determinado tipo especifico de brincadeira.

• Enquanto que na observação aberta o investigador apenas observa


o comportamento no qual está interessado, sem qualquer objectivo
específico. Por exemplo o pesquisador apenas está interessado em
observar as brincadeiras das crianças.

• Quanto a posição do pesquisador, a observação pode ser


participante ou não participante
• PS: A tendência humana quer que os indivíduos reajam de forma
diferente na presença de alguém e na ausência de observadores.
Tendendo a desenvolver condutas mais espontâneas quando
sentem que não estão sendo observados.

• A observação natural deve ser sempre preferida em relação a


outros métodos de observação. Neste caso, implica que o
comportamento de uma pessoa seja observado sem que essa
pessoa se aperceba que está sendo observada, de maneiras que a
sua conduta se desenvolva de forma natural e não artificial.

• Uma das formas de minimizar estes efeitos está em usar meios


auxiliares Designam-se a essas fontes de informação, fontes
secundárias, em oposição ao facto de colhermos informação pela
observação do sujeito em causa- fonte primária. Podemos fazer
uso da entrevista e da documentação, como fontes secundarias de
conhecimento do sujeito observado.
TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE OBSERVACAO: ENTREVISTA,
QUESTIONÁRIO E TESTES
• O questionário e a entrevista podem ser compreendidas como
duas faces da mesma moeda. Na medida em que elas se
complementam.

• Na entrevista o pesquisador desenvolve perguntas abertas,


permitindo o participante falar mais sobre o assunto em questão e,
necessariamente, esta modalidade ocorre em interação
pesquisador-participante (não obstante em alguns casos a
interação possa ser virtual- via telefone ou pelo uso da internet, por
exemplo o Skype). Sendo que o pesquisador fala diretamente com a
pessoa a entrevistar (entrevistando/a) solicitando os dados
necessários ao participante.
• O questionário consiste em perguntas escritas, abrangendo um número
de questões relacionadas com o tópico ou tópicos de interesse. Tal como
MWAMWENDA (2005: 21) afirma, estas questões podem ser baseadas em:

• Factos: por exemplo, “Ser professor é sua profissão?”


• Eventos: passados ou presentes: por exemplo, “Alguma vez considerou
ser professor?”
• Sentimentos: por exemplo, “Como se sente em relação ao uso do castigo
corporal?”
• Atitudes: por exemplo, “Qual é a sua atitude em relação á pobreza?”

• As questões utilizadas num questionário, contrariamente às exigências da


entrevista, podem ser abertas ou fechadas, podendo ser respondidas na
ausência do pesquisador. Nas questões abertas os participantes são livres
para responder às questões colocadas da forma que quiserem, enquanto
que nas questões fechadas as respostas são dadas, e o participante tem
de escolher uma das respostas dadas, sem acrescentar mais nada sobre
elas, nem tecendo comentários adicionais.
Os testes psicológicos:
• teste é um instrumento para apreciar, objectiva e quantitativamente,
funções psicológicas ou aspectos da conduta, ou da personalidade, em
uma situação controlada (Campos, 1971).

• Quando aplicados em situação de aprendizagem, a principal função


dos testes mentais é diagnosticar as aptidões dos alunos, sendo
também empregados na seleção profissional, no diagnóstico de
defeitos e anomalias mentais, etc.

• Os testes relativos às matérias constantes do currículo escolar,


também chamados testes objectivos, são empregados para avaliação
dos resultados da aprendizagem ou verificação do rendimento escolar.

• Portanto nos testes pricologicos cada pessoa é avaliada em relação a


como ela se compara com outros em situação semelhante
(Mwamwenda, 2005).
Discuta
• Importância da observação na atividade profissional do educador

• No ambiente de sala de aulas quanto mais desenvolvidas estiverem


as nossas habilidades de observação da conduta dos nossos alunos,
rapidamente poderemos detectar que aluno está enfrentando
dificuldades num determinado exercício ou atividade e a partir
disso desenhar que estratégias contribuiriam para o melhoramento
do desempenho deste aluno em concreto sem no entanto perder
de vista os restantes alunos.

• Mas não observamos apenas necessidades e dificuldades, como


também as potencialidades das crianças.
Discuta
• Também é possível verificarmos os efeitos das aprendizagens,
principalmente naqueles níveis de difícil planificação como o
domínio afectivo. Uma vez que os efeitos da aprendizagem neste
nível são melhor medidos quando o sujeito se encontra em
interação com os outros. Pelo que qualquer conduta fora daquela
desejada é rapidamente corrigida.

• O mais importante é termos em mente que a observação nos


permite avaliar a dinâmica da conduta, detectando factores que
estejam a contribuir para o rendimento do aluno e quais estão
inibindo este rendimento, para agir sobre ele mediante um plano
especifico.
A Documentação enquanto auxiliar para a o
Professor/Educador
• Já ouvio falar das fichas de nascimento?

• Esta ficha é útil para o acompanhamento do crescimento do bebé,


sendo através dela que verificamos se o peso aumentou ou regista-
se uma tendência à diminuição. Geralmente quando se regista
diminuição, os pediatras procuram as causas através de múltiplos
exames.

• Uma das primeiras fontes de informação a serem consideradas é a


existência de registros na própria organização (Escola), sob a forma
de documentos, fichas, relatórios ou arquivos em computador. O
uso de registros e documentos já disponíveis reduz tempo e custo
de pesquisas para avaliação. Além disto, esta informação é estável
e não depende de uma forma específica para ser coletada.
• Dependendo do desenvolvimento da cultura organizacional, da
estrutura e funcionamento dos sistemas de informação existentes
na instituição, pode haver alguma dificuldade com esta técnica,
pois:
(i) nem todos os dados estão completos (por exemplo: registros de
2 anos atrás não estão completos);
(ii) os dados disponíveis estão excessivamente agregados,
dificultando seu uso;
(iii) mudanças de padrões com o tempo inviabilizam a comparação
entre dados obtidos em épocas diferentes e
(iv) Dados só são disponíveis para uso confidencial.
• A pesquisa documental compreende o levantamento de documentos que
ainda não foram usados como base de uma pesquisa. Estes documentos,
por sua vez, podem ser encontrados em arquivos públicos, ou de
empresas particulares, em arquivos de entidades educacionais e/ou
científicas, em arquivos de instituições religiosas, ou mesmo particulares,
coleções de fotografias ou autobiografias, entre outras.

• A documentação direta compreende a observação direta intensiva, cuja


modalidade mais adoptada é a entrevista. Neste caso fazendo parte dela o
uso de formulários, testes, questionários, história de vida ou estudo de
caso.

• Na utilização de documentos científicos, o pesquisador depara com dois


tipos: documentos primários e secundários. No primeiro caso, englobam
resultados novos de pesquisa, enquanto que no segundo caso apresentam
repetição de informações. Entre este últimos destacam-se: listas
bibliográficas sobre certa especialidade, revisões com análise de trabalhos
sobre determinado assunto, papers (documento sobre resultado de uma
pesquisa que apresenta uma visão pessoal), relato de caso, etc.
O Registo e a Documentacao enquanto prática da actividade do
educador

• Nas pesquisas documentais sobre o desenvolvimento da criança o que


procuramos são os registos (por exemplo, o seu percurso no centro
infantil ou escolinha comunitária onde ela frequenta), isto é, a recolha
do histórico da criança. Este histórico é denominado anámnese da
criança. Estes dados são importantes pois contribuem para a
compreensão da aprendizagem da criança.

• O registro e a documentação constituem excelentes instrumentos de


acompanhamento e reflexão sobre a prática pedagógica (Marques,
2010). Estes registros e documentação constituem os diários da
actividade do professor e permitem maior amplitude para a
planificação, observação e reflexão, na medida em que constituem
elementos de previsão da necessidade de mudanças, a
experimentacção das mudanças e a consolidação de um novo estilo de
actuação.
• Estes diários, ou documentações, podem ser organizados em
portifólios, dossier, fichas e relatórios. Os portifólios, portanto,
fundam-se na documentação do real a partir de narrativas,
fotografias, vídeos, episódios e permitem revisitar e pesquisar a
situação. A documentação, neste sentido, permite dar visibilidade
ao trabalho da criança, conferindo a ele legitimidade; possibilita
ainda compreender as hipóteses e teorias por elas formuladas,
problematizando e articulando suas aprendizagens.
O Portefólio
• O Portefólio é um instrumento de identificação da qualidade do
ensino-aprendizagem mediante a avaliação do desempenho do
aluno e do professor. Compreende a compilação dos trabalhos
realizados durante um curso, série ou disciplina.

• O objectivo de um portefólio reside no facto de ajudar os


estudantes a desenvolver a habilidade de avaliar o seu próprio
trabalho e desempenho, articulando-se com a trajetória do seu
desenvolvimento profissional, além de permitir a documentação e
registro de forma sistemática e reflexiva. É através do portefólio
que o professor instaura o diálogo com cada aluno de forma
individualizada, uma vez que cada aluno deve se fazer na posse do
seu portefólio documentando suas aprendizagens.
Vantagens do uso do portefólio
Constam como princiapis vantagens do uso do portefólio:
• A possibilidade do aluno reflectir sobre o seu próprio aprendizado e
avalia-lo com o professor;

• Fornecimento de feedback (retro-informação) para os estudantes


pelo professor ou comité que avaliou o portefólio;

• Os professores melhoram suas habilidades de avaliação dos seus


alunos;

• Os alunos melhoram as suas habilidades de redigir textos e se


posicionarem diante dos temas abordados.
Estrutura do portefólio
• Os portefólios obedecem a muitas estruturas, dependo da natureza
e dos objectivos de quem os organiza. No entanto uma estrutura
normalmente deve incluir:
• Pasta individual (opcional) contemplando índice sequencial do
material:
• Nome do aluno/a, professor/a, curso, disciplina, ano instituição,
índice;
• Justificativa do portefólio (texto redigido pelo aluno a partir da sua
criatividade);
• Textos ou artigos lidos com intervenções pessoais (orientados pelo
professor);
• Anotações ou registro de aulas (os objectivos de cada aula e a
reflexão do que aprendeu)
• Trabalhos/provas/pesquisa/entrevistas/estudo de caso;
• Auto-avaliacao (felicitações, criticas, proposições, reflexões
pessoais sobre o que tem aprendido e sugestões sobre o que
gostaria de aprender)
• Indicações de leituras, sites e filmes;
• Fotografias, CD’s, DVD’s com documentação dos momentos/
trabalhos registrados;
• Noticias lidas, extraídas de jornais, sites, revistas ou reportagens
( com comentários próprios);
• Sugestão de termos para redação;
• Relatórios/ comentários de filmes assistidos;
• Produções artísticas;
• Diário reflexivo do processo de ensino-aprendizagem;
• Glossário e outros
Tipos de portefólio
• Existem tantos tipos de portefólios quantas finalidades para as quais são
concebidos. No entanto, podemos destacar, conforme os objectivos
deste Módulo, quatro tipos de portefólios.

• O portefólio de avaliação, cujo objectivo é avaliar os progressos


realizados pelas crianças de acordo com os objectivos inicialmente
planeados. Este portefólio pode ser construído por todos os
intervenientes, a criança, a família (pais) e o professor e, pode ser usado
como instrumento de avaliação formativa ou sumativa dependendo do
nível de ensino.

• O portefólio de trabalho, que possibilita à criança e ao educador


avaliarem conjuntamente os progressos realizados e atingidos. Quer a
aorganização quer os conteúdos são escolhidos pelo educador e pela
criança conjuntamente. Este portefólio somente se enquadra na avaliação
formativa, ou seja que acompanha par e passo os progressos da criança.
• O portefólio demonstrativo, que são constituídos somente pelos
melhores trabalhos da criança; enquadram-se aqui a avaliação
sumativa. Os trabalhos que demontram os progressos da criança ao
longo de determinado período de tempo não são contemplados,
daí este tipo de portefólio valorizar o resultado final em detrimento
dos progressos feitos para o alcançar.

• O portefólio de arquivo que é utilizado para fornecer ao educador


(a)/professor(a) do ano seguinte uma visão mais ampla do
desenvolvimento cognitivo e motor das crianças, bem como as
aprendizagens e conhecimentos que esta adquiriu. Deverá
demonstrar também quais as principais necessidades e
dificuldades. Este documento facilitará o novo profissional
conhecer a criança e ajuda-lo-á na tarefa de planificar estratégias e
actividades adequadas a cada criança e ao grupo em geral, tendo
atenção aos conhecimentos anteriormente adquiridos e
interiorizados.
PROCESSAMENTO DOS DADOS DA
OBSERVAÇÃO
• Estruturando a Observação
• Para estruturar a sua observar levaremos em conta:
• Planejamento da observação (tempo, espaço, condições físicas
e/ou ambientais);
• Antecipação dos problemas (queixas que tenho do aluno e minhas
dificuldades);
• Determinar os aspectos a observar; (quais atividades ele realiza?
quais não realiza? como realiza? como foi proposta a atividade? que
apoio ou explicação ele entende ou se sai melhor? Os demais alunos
da classe ou algum aluno o ajuda? De que maneira se eu propuser
uma atividade ele se sairia bem? Qual atividade ele se identifica?
Com que disciplina ou conteúdo? O aluno tem consciência de suas
dificuldade? Conversei com ele? Ele propõe ou pensa em alguma
saída? E os pais o que pensam sobre isso? Como poderiam ajudar?
Se não podem como resolverei o problema? Adianta enviar lições
de casa? O uso de gravador, pesquisa, desenho, ajudaria?)

• Criar um rol de dados para a observação.


• Observar a aula e o desenvolvimento do aluno (quantos dias? Em
que situação o comportamento/dificuldade aparece? O que eu fiz?
O que o aluno fez? O que os alunos fizeram? O que não foi feito? Foi
em sala de aula/ no intervalo? No corredor? Na presença de algum
adulto? como você descreveria o humor e emoções do aluno nas
situações de dificuldade e de sucesso? Ele consegue fazer isso ao
ser perguntado? Como os demais alunos se sentem e o que
comentam? Alguém propõe alguma idéia para ajudar?);
• Selecionar fatores a serem investigados e observados: individuais (o que este
comportamento/dificuldade do aluno tem haver comigo educador?), coletivos (O
que a classe tem haver com este comportamento/dificuldade), da disciplina (Língua
Portuguesa, Matemática, é especifica a dificuldade e em outras disciplinas o que
acontece? Como cada professor lida com este aluno? O que entendem sobre o que
está acontecendo – listar idéias dos demais professores e sugestões para lidarem
com a situação ); com sua família ( tem algum contato com os pais, quem cuida
deste aluno, o que esta acontecendo com os apis, com a família, como lidam com as
dificuldades? Tem irmãos maiores/menores? Quantos quais dos elementos
poderiam ser apoio para a escola?). Seguir as mesmas linhas investigatórias para a a
escola( o que ela está contribuindo? está atendendo o que ele precisa? Aceitam a
presença deste aluno? como veio para esta escola? por que? Como professora deste
aluno eu o aceito? Quais minhas limitações/ dificuldades/facilidades – listar, do que
precisaria? – listar tudo que fosse ideal depois liste tudo que é possível), no
intervalo, nas atividades extra-classe, na educação– física, com os amigos, com
irmãos ou parentes, estado físico-afetivo-emocional (alimentação, acuidade visual,
auditiva, alterações na linguagem, problemas hormonais, vermes, luto, depressão,
agressividade, hiperatividade, envolvimento com drogas, violência doméstica,
alcoolismo, desamparo familiar, falta de sono, estado de moradia, higiene pessoal,
dores de dente, patologias hereditárias, genéticas, adquiridas, traumas, outras
possibilidades...);
• Verificar o prontuário do aluno: a história pessoal , verificar se há
relatos anteriores, laudos de algum profissional, educador,... Entrar
em contato com o profissional que atendeu ou atende o aluno,
podendo ser : por telefone, carta oficial da escola, marcar um dia
para o profissional vir a escola se possível, ir até o local aonde está
o profissional e ou solicitar algum profissional de apoio.
• Levantamento da coleta de dados;
• Organização dos dados, reflexão e discussão com outros
educadores ou técnicos sobre os dados coletados;
• Focalizar comportamentos /dificuldades ocasionais e constantes;
• Pontos negativos e positivos encontrados na relação educador-
aluno;
• Dados a esclarecer que requeiram mais pesquisa com os pais,
cuidadores, vizinhos, outros professores, auxílio da direção,
assistente social, Conselho Tutelar, agentes de saúde, coordenador
ou técnico da secretaria da educação, etc...
• Tomar Conhecimento sobre: o Estatuto da Criança e do
Adolescente ECA, Conselho Tutelar (suas atribuições e funções),
Procuradoria da Infância e da Juventude (suas atribuições, funções,
dique denuncia anônimo, serviços que atendam a criança e ao
adolescente); serviços no município ou órgãos que atendam a
criança e o adolescente (como procurar ajuda, como encaminhar);
ONGs, Terceiro Setor, Universidades, Voluntariados, Instituições,
Conselhos Municipais, Conselhos de Categorias Profissionais, enfim
todos os serviços que estejam relacionados a crianças e
adolescentes , que de alguma forma direta ou indiretamente
possam vir contribuir com o professor e a escola.
• Registrar todos os dados.
• Os Registros/Documentação das observações
• Os registros das observações poderão ser realizados num diário para
este fim, anotando a data, o nome do aluno, a situação, sendo descritas
as observações o mais breve possível, para que as idéias, os
comportamentos, não sejam deturpados e truncados pelo
esquecimento.
• o tipo de narrativa também é importante, vejamos:
• Narrativa jornalística – os factos são vistos através do olhar do
narrador;
• Narrativa análítica – decompõem-se os elementos do facto;
• Narrativa etnográfica – incide sobre o contexto em que ocorreu a
experiência e a observação dos fatos;
• Narrativa terapêutica-criativa – na qual tomamos consciência do nosso
eu, dos nossos sentimentos e pensamentos em relação ao duplo vinculo
eu e o outro;
• Narrativa introspectiva – nos interrogarmos sobre o que fizemos, sobre
nossa única responsabilidade.
SEGUNDAD TUTORIA
DE ESPECIALIDADE
TOPICOS
• CAPACIDADES E CARACTERISTICAS DAS CRIANCAS COMO
OBJECTO DE OBSERVACAO
• DETECÇÃO PRECOCE DE POTENCIALIDADES E RISCO DE
DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS ATRAVÉS DA OBSERVAÇÃO
• OBSERVAÇÃO ORIENTADA POR PROCESSOS DE ACTIVIDADES
• DOCUMENTAÇÃO DAS OBSERVAÇÕES
• ELABORAÇÃO DE PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
INTRODUCAO
• Bem vindos a segunda tutoria de especialidade;
• Nesta tutoria iremos dar continuidade a nossa aprendizagem sobre
o processo de observacao da crianca, neste momento voltados
mais para a pratica;
• Nao devemos esquecer os conceitos que aprendemos quanto as
metodologias.
• Iniciaremos, porem, a nossa aula falando daquilo que as criancas
sao capazes de fazer em cada momento da sua evolucao;
• Nao se esqueca que o desenvolvimento psiquico depende da
interaccao entre os factores internos (biologicos e geneticamente
determinados) e externos (inerentes ao processo de aprendizagem
dia-a-dia)
CAPACIDADES E CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS
COMO OBJECTO DE OBSERVAÇÃO
• Nesta unidade vamos aprender a tomar as potencialidades das
crianças como objecto de observação, realçando as suas
capacidades imaginativas/inventivas, ao lado das noções sobre o
desenvolvimento da criança. Estas noções irão permitir caracterizar
a criança nos vários domínios do desenvolvimento: social/afectivo,
cognitivo e psicomotor.

• O cuidado que um observador deve tomar neste sentido consiste


em diferenciar quais comportamento, embora exagerados,
constituem a forma típica de agir, pensar, sentir para uma criança
numa determinada idade e, quais comportamentos, para a mesma
idade, não se justificam ou estão condicionando as suas
capacidades de aprendizagens.
A OBSERVACAO PSICOBIOLOGICA DA CRIANCA
• Observação pricobiológica consiste na análise interligada das
variáveis e constantes que condicionam o desenvolvimento.
Procurando estabelecer a influência de cada uma ao longo do
desenvolvimento da personalidade.

• Ao longo do ciclo do desenvolvimento estas condicionantes podem


ser:
• Constantes relativas a criança (ao individuo em desenvolvimento):
são as constantes biológicas de maturação, que podem ser medidas
através de baterias de testes. Quando o desenvolvimento e normal,
ele corresponde a um valor de desenvolvimento real no âmbito de
determinada técnica.

• Constantes relativas ao ambiente: são as constantes culturais


quanto a maneira de se comportar com a criança.
A OBSERVACAO PSICOBIOLOGICA DA CRIANCA
• Variáveis relativas a criança: são as variáveis do potencial de base
genética (primário), energética e pulsional; e as variáveis do novo
potencial de base (secundário), que se desenvolve precocemente
durante o primeiro ano e se constrói, seja sobre ou a partir do
primeiro potencial de base genética, seja a partir de mecanismos da
relação e da dinâmica das realizações funcionais, seja a partir de um
e outro.

• Variáveis relativas ao adulto: Mesmo numa sociedade


culturalmente equivalente, são consideráveis no que concerne ao
comportamento real junto a criança. Conforme tenha sido
desenvolvido o adulto e as dificuldades que ele tenha encontrado,
seu comportamento junto a criança será diferente e, por isso
mesmo, influenciara seu desenvolvimento
Cont.
OBSERVACAO PSICOBIOLOGICA DA CRIANCA
• Em suma:

• Por um lado, situam-se as variáveis do meio e, por outro as


variáveis da criança. Estas variáveis do meio podem ser as
condições ambientais em si (em termos da atmosfera vivenciada a
qual a criança é exposta - por exemplo a pobreza) e a grande
influência das figuras de autoridade sobre a criança (principalmente
os pais e professores). Quanto as variáveis da criança, encontramos
as que estão ligadas à esfera orgânica/funcional, e as que estão
ligadas às experiências pessoais da criança. E estas sao muitas vezes
constantes (no sentido de imutaveis se compararmos com os
efeitos da educacao)
Cont.
• O normal e o patológico na criança
• Ao falarmos do normal e o patológico na criança há que tomar o cuidado
de observar o que de facto está afectando o desenvolvimento da mesma
com aquilo que faz parte do curso normal do seu desenvolvimento, isto é,
a reorganização das suas estruturas.
• Muitas vezes os problemas das criancas situam-se nos conflitos de
adaptacao ao meio e os conflitos de reaccao ao mesmo.
• Muitas vezes os pais (ou as figuras parentais) surgem como
organizadores externos da vida psiquica da crianca.
• O normal e muitas vezes entendido como sadio, dentro da norma ou sem
sintomas significativos, enquanto que o anormal/patologico compreende-
se como desajustado, que nao segue a lei, sintomatico.
• Portanto, grosso modo podemos falar de uma patologia ao longo do
desenvolvimento a medida que geram-se conflitos de adaptacao ou se os
mecanismos da crianca responder ao meio sao conflituosos, carregados
de sofrimento quer para si quer para os que o rodeiam. Nao se trata
apenas de deficit cognitivo, mas tambem comportamental ou adaptativo.
ASPECTOS E FORMAS DE DESORGANIZACAO
PSICOBIOLOGICA DA CRIANCA
• As Desorganizações Ditas Lesionais só podem ser compreendidos
como uma dificiência da mecânica funcional sem disassociá-los das
fases maturativas, de organização da personalidade e dos
distúrbios dos funcionamentos conjuntos. As lesões cerebrais ou
malformações congênitas, podem acareta uma vida
vegetativa. Podemos admitir que a lesão pode, tanto destruir uma
mecânica já pronta para se exprimir, quanto impedir a organização
indispensável desta mecânica.
• Ao lado da noção de Maturidade está a noção de Imaturidade. De
forma simples maturidade significa que o organismo está pronto, ou
seja, quando as suas estruturas estão preparadas para exercer
cabalamente as suas funções. Contrariamente, a imaturidade seria o
facto de as estruturas ainda não estarem prontas, ou preparadas
para receber determinado estimulo, ou exercer qualquer atividade.

• Quanto as Desorganizações Ditas Funcionais referencia que, a


desorganização funcional não se distingue da desorganização
lesional por um distúrbio de funcionamento, mas pelo facto de que
na primeira, a mecânica de recepção e de expressão esta afectada
em sua trama, enquanto que na segunda ela está lesada nos
mecanismos construtivos orgânicos. Ou seja, estas desorganizações
funcionais podem ter um início precoce, relacionados tanto com
uma carência geral de cargas afectivas, quanto com os distúrbios
das primeiras relações.
As Capacidades e Características das Crianças

CAPACIDADES E CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES


(3-6 ANOS)

Descrição geral
• As crianças nesta faixa etária ganham peso e altura;
comparativamente, o crescimento é menor do que durante os
primeiros anos de vida.

• Desenvolvem-se os músculos nos braços e nas pernas e a mão que a


criança tenderá a utilizar se revela- lateralidade.

• Nesta faze nota-se o início da perda dos dentes.

• Brincar é a sua actividade dominante e são estas brincadeiras que


contribuem para o desenvolvimento dos músculos e ossos.
As Capacidades e Características das Crianças

Capacidades e características sociais/afectivas


• Neste período a interacção social vai além da família nuclear,
estendendo-se para outras pessoas. Em resultado disso elas são
expostas a novas situações, ideias, coisas, problemas e papéis.

• Esta é também a famosa “idade dos porquês”.

• No que tange concretamente aos aspectos afectivos, ou emocionais,


nesta fase as crianças tendem a alterar o humor, acompanhados de
ameaças e de insultos. Porém, à medida que a idade aumenta, elas
começam a usar formas alternativas de expressão das suas emoções e
afectos, mais aceitáveis, e tendem a usar o raciocínio e a evitar
situações com probabilidade de conduzirem a desconforto.

• A questão fundamental é que o desenvolvimento emocional e/ou


afectivo envolve compreensão da criança e controlo das suas emoções.
As Capacidades e Características das Crianças
• Capacidades e características cognitivas

• Recorrendo aos estudos de Piaget estas crianças encontram-se no


período pré-operatorio, marcado pelo egocentrismo e pelas
dificuldades na aquisição do raciocínio lógico. Assim sendo, as
capacidades e características cognitivas essenciais nesta fase
situam-se entre o animismo, o egocentrismo, o raciocínio
transdutivo, o sincretismo, a centracao e as dificuldades na
aquisição do raciocínio numérico.

• Quanto ao animismo, as crianças nesta fase tendem a nao


estabelecer distinção entre seres vivos e nao vivos. Para ela, os
animais podem falar com pessoas, as bonecas tem vida e as árvores
sao capazes de pensar. Este aspecto é fundamental para
incrementar as capacidades imaginativas e criadoras das crianças, e
pode ser aproveitado na escrita de livros infantis.
As Capacidades e Características das Crianças
• O egocentrismo caracteriza-se pela dificuldade da crianca analisar os factos
pelo ponto de vista do outro. Para ela, os outros veem, pensam e sentem tal
como ela. Neste sentido a interaccao social favorece a correccao desta
tendência ao possibilitar, pela influencia dos professores ou dos pais, para
ouvir as perspectivas dos seus colegas e de verem as suas perspectivas
questionadas e desafiadas.

• O raciocínio transdutivo refere-se a fazer inferências com base em atributos


simples dos objectos, ou características especificas de um objecto. Ou seja
partir do particular para o particular.

• O sincretismo refere-se a tendência de juntar objectos sem estabelecer


algum critério. Ou seja, a crianca pode classificar os objectos com base na
cor e, depois decidir classifica-los com base na forma e função.

• Nesta fase a crianca nao adquirio a capacidade de se centrar numa das


dimensões ou num aspecto do objecto, negligenciando outros aspectos, por
conseguinte, revela ausência de descentraccao.
As Capacidades e Características das Crianças
• Também observam-se dificuldades nas capacidades numéricas. Ou
seja quanto a classificação, seriação e conservação. Elas
experiementam dificuldades na classificação porque se concentram
num dos elementos da classe de cada vez, prestando pouca
atenção aos outros elementos. Na inclusão de classes, a crianca
pre-escolar nao consegue pensar numa subclasse e no todo em
simultâneo. Quanto a conservação, estas crianças concentram-se
na situação tal como existe, nao tendo em conta aquilo que ja
aconteceu ou aquilo que elas ja sabem.

• E por isso que o desenvolvimento da linguagem nesta fase assume


o carácter de ampliar a rede de comunicação da crianca com os
adultos e seus coetâneos., facilitando o processo de socialização.
Para além de colocar a crianca na posição de internalizar as suas
palavras em forma de pensamentos e sistema de signos.
As Capacidades e Características das Crianças
Capacidades e características psicomotoras

• As crianças neste periodo revelam pequenas alterações, que se


referem ao aprimoramento de habilidades adquiridas até os 3 anos.
Entre elas podemos ressaltar a possibilidade da criança subir e descer
escadas usando um pé a cada degrau, alternadamente e não mais a
necessidade de colocar um pé e depois o outro sobre o mesmo
degrau, como se houvesse uma preparação para descer o próximo.

• Outra habilidade desenvolvida refere-se à capacidade da criança pular


usando apenas um dos pés, revelando maior coordenação e equilíbrio.

• Em relação à coordenação, também observamos que a criança começa


desenvolver habilidades no cuidado com o próprio corpo como ir ao
banheiro e vestir-se sozinha.
As Capacidades e Características das Crianças
CAPACIDADES E CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS ESCOLARES (7-10
ANOS)
Descrição geral

• Nesta fase o crescimento físico geralmente é medido em termos de


ganhos no peso e na altura.

• Neste sentido o tronco cresce mais em comprimento do que em


largura e há decréscimo dos tecidos adiposos assim como o
desenvolvimento dos ossos e dos músculos.

• Também ocorrem alterações na estrutura dentária das crianças, no


peito, no nariz, e na saúde em geral.
As Capacidades e Características das Crianças
Capacidades e características sociais/afectivas

• As crianças nesta fase já vão a escola e por essa via desenvolvem as


potencialidades típicas da sua idade. Elas são capazes de se vestir
sozinhas, seguir instruções em casa e na escola, e envolverem-se
em brincadeiras egocêntricas (brincar sozinhas) e sociais (brincar
com outras crianças). Elas são capazes de estabelecer amizade com
outras crianças e tornarem-se menos dependentes dos seus pais e
dos adultos que delas toma conta (Mwamwenda, 2005).

• Normalmente, estas crianças tem dificuldades em permanecer


quietas, atentas e inativas durante muito tempo. Por isso, os seus
períodos de aulas devem ser relativamente curtos, e as instruções
das tarefas a desempenhar devem incluir alguma actividade física.
As Capacidades e Características das Crianças
• Os jogos das crianças são metódicos e elas seguem de perto as regras
dos jogos. A influência de pares no comportamento das crianças é
maior e parcialmente até mais forte do que a influência dos próprios
pais. Em resultado da interacção com as outras crianças, estas
desenvolvem maior sensibilidade e compreensão sobre os sentimentos
dos outros.

• Mais voltado para a esfera emocional/afectivo, nesta fase as crianças


desenvolvem a identificação. Elas identificam-se com os seus pais, a sua
família, o seu lar. Esta identificação é por sua vez importante pois as
crianças adoptam valores dos pais, mantém contacto próximo com eles
na forma de internalização das suas vozes de elogio, tranquilidade, ou
reprimenda, o que regula o comportamento. Por outro lado, a
identificação facilita a independência porque, uma vez que as crianças
estão familiarizadas com os desejos dos seus pais, os pais não precisam
estar presentes para lhes dizer o que devem fazer- autonomia.
As Capacidades e Características das Crianças
Capacidades e características cognitivas

• Para Piaget as crianças nesta faixa etária encontram-se no período


das operações concretas. Período este que a crianca é capaz de
usar processos lógicos com base nas evidências concretas. Para
este autor, estas capacidades lógicas adquiridas são utilizadas para
avaliar objectos e situações de uma forma realista.

• Nesta fase a criança pode integrar conceptualmente experiências


separadas e tirar uma conclusão, e fica confiante em relação a sua
conclusão. O pensamento desta criança difere-se do adulto na
medida em que, enquanto o adulto pode fazer uso de pensamento
concreto e abstracto estas crianças apenas recorrem as evidências
e factos concretos.
As Capacidades e Características das Crianças
• As crianças nesta fase são capazes de utilizar o raciocínio lógico nas
tarefas que envolvem a conservação da quantidade, comprimento,
área, numero, peso e substância pelo uso de identidade,
reversibilidade, e compensação.

• O principio da identidade afirma que, a não ser que seja adicionada


ou retirada alguma coisa, a quantidade se mantém, mesmo que se
tenham observado alterações perceptivas.

• O conceito de reversibilidade postula que, se no início a quantidade


de dois recipientes for a mesma e se introduzir uma mudança
perceptiva, quando a matéria voltar ao seu estado inicial as duas
quantidades voltarão a ser iguais outra vez.

• O conceito de compensação refere que as características e/ou


estrutura dos objectos tenderem a ser compensadas.
As Capacidades e Características das Crianças

Capacidades e características psicomotoras

• Nesta fase a lateralidade ja esta consolidada e existe maior


percepção espacio temporal. O esquema corporal tembem se
encontra consolidadeo e as habilidades de correr, saltar, descer
escadas estão mais bem elaboradas.

• Ao serem introduzidas na escola estas crianças desenvolvem a


escrita e com isso a motricidade fina. Outro fator de importante
contribuição para a escrita são os exercícios de grafismo que já
vinham sendo desenvolvidos nas fases anteriores à medida que a
criança conseguia fazer movimento de pinça.
As Capacidades e Características das Crianças
As Capacidades Criativas/imaginativas das Crianças: a brincadeira

• Muitos processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança


ocorrem e são provocados nas e pelas atividades de brincadeira.

• Para a criança o brincar abre múltiplas janelas de interpretação,


compreensão e ação sobre a realidade. Nele, as coisas podem ser outras,
o mundo vira do avesso, de ponta-cabeça, permitindo à criança se
descolar da realidade imediata e transitar por outros tempos e lugares,
inventar e realizar ações/interações com a ajuda de gestos, expressões e
palavras, ser autora de suas histórias e ser outros, muitos outros: pai,
mãe, cavaleiro, bruxo, fada, príncipe, sapo, cachorro, trem, condutor,
guerreiro, super-herói... portanto, são tantas possibilidades quanto é
permitido que as crianças imaginem e ajam guiadas pela imaginação,
pelos significados criados, combinados e partilhados com os parceiros de
brincadeira. Sendo esses outros, definindo outros tempos, lugares e
relações, as crianças aprendem a olhar e compreender o mundo e a si
mesmas de outras perspectivas.
As Capacidades e Características das Crianças

• A criança aprende a reconhecer certas características definidoras da


brincadeira:
• O aspecto fictício, pois a pessoa não desaparece de verdade, trata-se de
um faz-de-conta, de um plano diferente da realidade imediata;

• A repetição que mostra que se pode sempre voltar ao início, sem que a
realidade se modifique;

• A necessidade do acordo entre os parceiros de brincarem juntos e uma


ausência de conseqüências e de compromisso com resultados, pois é mais
importante o modo como se brinca do que aquilo que se busca.

• Mas tambem é na brincadeira e no brincar que a crianca revela os seus


conflitos psiquicos, transferindo para elas (nos seus brinquedos, nas
relacoes que estabelece com os coetaneos) a reproducao do seu
contexto, do que a preocupa, revelando as suas necessidades de holding
eg. Ajuda material-vestir) e handing (carinho, seguranca, caricias)
DETECÇÃO PRECOCE DE POTENCIALIDADES E RISCO DE
DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS ATRAVÉS DA OBSERVAÇÃO

Visao geral

• Iremos tratar do processo de detecção das potencialidades e riscos de


desenvolvimento das crianças com o auxilio das técnicas observacionais.

• Mais do que isso, e porque uma das actividades desenvolvidas nas


crianças do Ensino Basico é a leitura e escrita, vamos estudar alguns
aspectos relacionados com o desenvolvimento psicomotor.

• Incluindo a sua avaliação e importância para o desenvolvimento do


aluno.

• Diagnosticar/detectar potencialidades e riscos de desenvolvimento


utilizando a observação como instrumento de recolha de dados;
DETECÇÃO PRECOCE DE POTENCIALIDADES E RISCO DE
DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS ATRAVÉS DA OBSERVAÇÃO
Conceito

• A detecção precoce corresponde ao conjunto de técnicas e


procedimentos que levam o profissional a identificar as
potencialidades/habilidades e riscos (em termos de
necessidades/dificuldades) do desenvolvimento das crianças.

• Estas potencialidades e riscos referem-se, para o contexto


educaional, aos factores favoraveis e inibidores da aprendizagem.

• Porém, mais do que as identificar, a deteccao precoce implica a


intervenção imediata da ocorrência e/ou do dispertar das
manifestações potenciais ou de risco.
Discuta
Importância da detecção precoce no Ensino Básico
• Questao de partida: a quem prestar atenção na sala de aulas? Ao aluno
superdotato ou ao aluno com baixo coeficiente de inteligência?

• Critica: A estratégia da detecção precoce quer das habilidades, quer das


necessidades e dificuldades da aprendizagem visa essencialmente atender à
vasta gama de crianças de acordo com seu perfil cognitivo, social/afectivo e
psicomotor.

• Entretanto, de um modo geral o superdotado é visto como alguém que


revela um desempenho saliente em todas as suas actividades, sendo que,
visto deste modo não se justificaria tomar cuidado particular relativamente a
escolarização destes alunos, já que aprendem sempre e em quaisquer
circunstâncias.

• O processo de detecção precoce só e valido na medida em que culmina


necessecariamente na intervenção, independentemente do resultado.
Em sintese
Importancia:

• Ajuda a tomar cuidado ao procurarmos unicamente as necessiades e


dificuldades das crianças, sob o risco de as rotularmos e desvalorizarmos o que
elas trazem de bom, de útil.

• Minimiza os efeitos de um atendimento nao adequado as necessidades das


criancas de acordo com as suas particularidades, expectativas;

• Torna-se um elemento essencial na triagem de criancas encaminhando-as ao


ensino especializado e que responda as suas partucularidades, sendo possivel,
quando justificavel, adaptar o curriculo.

• Facilmente podemos perceber quais os limites de aprendizagem para cada


crianca em termos de ritmo/velocidade, quantidade de informacao, linguagem
acessivel, areas de estudo de interesse, nivel de precisao exigido, e quais as
esferas da personalidade (cognitiva, afectiva e psicomotora) melhor
desenvolvidas em relacao as outras.
Avancando……
• Identificação dos comportamentos do aluno que geram necessidades
educacionais especiais

?
• Os educandos que apresentam necessidades educacionais especiais são
aqueles que durante o processo educacional demonstram dificuldades
acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de
desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades
curriculares, compreendidas em dois grupos:

1. aquelas não estão vinculadas a uma causa orgânica específica.


2. aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou
deficiências.
Avancando……
Identificação dos comportamentos do aluno que geram
necessidades educacionais especiais
Um terceiro grupo.......
• Dentro desse grupo encontram-se os alunos com dificuldades de
adaptação escolar por manifestações de condutas típicas.

• São as dificuldades causadas por comportamentos que tendem a


prejudicar e por vezes inviabilizar as relações do aluno com seu
professor e/ou com seus colegas com os materiais de uso pessoal e
coletivo e ainda o processo ensino aprendizagem. (comumente
chamado o indisciplinado).

• Tais comportamentos se manifestam num contínuo, desde a


simples inquietação natural em crianças, até comportamentos
muito bizarros característicos de quadros graves.
Avancando……
Identificação dos comportamentos do aluno que geram necessidades
educacionais especiais
Um terceiro grupo.......
• Dentre os comportamentos passiveis de necessidades educacionais
especiais identificamos:

1. Comportamentos possíveis de serem observados nos primeiros anos de


vida
Atenção social pobre; Carência de sorriso social e expressões faciais
apropriadas; Atenção instável; Reações paradoxais aos sons; Excitabilidade
ou passividade; Diferenças no uso de ações meio-fim; Atenção
compartilhada; Não mostra ou aponta; Falha em responder corretamente ao
nome; Levar objetos excessivamente à boca; Freqüentemente mostra
aversão ao toque; Imitação das acções dos outros ; Atenção social: alteração
de contato de olhos ou olhar social e de responder quando é chamado pelo
nome; Responsividade afetiva alterada manifestando-se em sorriso social
atrasado ou inexistente; Vocalizações alteradas em quantidade e qualidade
Avancando……
2. Comportamentos motores

• Inquietação motora, no sentido amplo; Movimentos contínuos e


repetitivos: balanceios de corpo, bater-asas, esfregar as mãos,
mãos na boca, dar rodopios; Comportamentos bizarros (manipular,
comer, lamber, cheirar objetos inapropriadamente e fora de
propósito);

• Posturas corporais inadequadas e bizarras; Auto e heteroagressão;


Impulsividade, no sentido amplo; Tiques faciais e corporais;
Lentidão motora; Hipotonia motora; Ações motoras incomuns no
rolar, sentar, arrastar, engatinhar e andar
Avancando……
3. Alterações do comportamento adaptativo

• Apatia; Sono excessivo; Comportamento de isolamento e retraimento;


Dificuldade de interacção com outras pessoas; Dificuldade ou ausência
de contato visual com o interlocutor (não olhar);

• Choro/riso imotivados; Medos excessivos; Comportamentos


perseverativos; Comportamentos compulsivos; Masturbação em locais
inapropriados e numa freqüência aumentada; Birras constantes;
Cuspir; Morder; Gritar; Comportamento de desafio e de oposição;

• Recusa em seguir as regras e normas estabelecidas; Mentir; Furtar;


Destruição de propriedade alheia; Fugir da escola e recusa em ir à aula;
Comportamentos maliciosos, vingativos, destrutivos; Drogadição;
Porte e/ou uso de instrumentos como arma; outros comportamentos
não contemplados mas percebidos como inadaptativos e específicos.
Avancando……
4. Comportamentos de desatenção

• Devaneio e/ou “desligamento” na sala de aula e em outros contextos sociais;


Desatenção; Parece não ouvir o interlocutor.

5. Alterações da linguagem e da comunicação

• Ausência completa da fala; Ausência de fala em determinados ambientes ou com


determinadas pessoas; Atraso no desenvolvimento da linguagem receptiva
(dificuldade na compreensão do conteúdo lingüístico) e/ou expressiva
(empobrecimento e dificuldade de expressão oral);
• Fala desconexa; Fala repetitiva; Tom de fala robotizada ou extravagante; Repetição
da fala do interlocutor de comerciais de rádio/TV no seu todo em partes (ecolalia);
• Interrupção abrupta da fala durante o diálogo; Dificuldade da manutenção do
diálogo contextualizado; Troca de fonemas na fala; Dificuldadede de simbolizar;
Inexpressividade da mímica facial/gestual ou sua redução, com fins comunicativos;
• Dificuldade de brincar, participar de jogos simbólicos.
Concluindo este aspecto…..
• Ressalta-se a possibilidade de que mais de um comportamento dos acima
descritos se apresentem juntos numa mesma pessoa, numa gravidade tal que
configure uma síndrome ou disfunção ou desvio de comportamento, exigindo a
participação da interface das áreas da saúde.

• Esses comportamentos não estão estruturados como escala diagnóstica ou


pedagógica, servindo exclusivamente como um referencial complementar.

• Tais comportamentos necessitam ser observados em sua freqüência,


intensidade e duração para verificar a possibilidade de serem condutas normais,
passageiras ou permanentes.

• Mas não se pode perder de vista esses alunos os quais merecem um ensino que
atenda às suas necessidades específicas. Importante lembrar que uma criança
com menos idade possui maiores chances de sair-se bem, do que uma criança
mais velha e que já tenha acumulado em sua vida escolar uma série de fracassos.

• Para a criança é bem melhor que a ajuda venha do seu próprio ambiente escolar.
Intervalo

!
20min.
Procedimentos Observacionais para Detecção Precoce das
Capacidades e Riscos do Desenvolvimento
• O modelo da avaliação psicopedagógica clinica

• No âmbito do trabalho psicopedagógico clínico, a unidade de análise está mais


centrada no sujeito, considerado em todas as suas dimensões - biológica,
afetiva, relacional, funcional e cultural. A análise, realizada geralmente em
clínicas, utiliza-se da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem
(E.O.C.A.), observação lúdica, provas operatórias, provas projectivas, provas
pedagógicas, anamnese, entrevista com a escola, recorrendo também de
testes complementares sempre que necessário (Giacoia, 2012).

• Para uma avaliação psicopedagógica clínica, devemos ter como ponto inicial a
queixa, que pode ser feita pela escola, pela família ou até mesmo pelo próprio
sujeito. Esta investigação deve ser feita para esclarecer o porquê da não
aprendizagem. Após a análise da queixa, devemos estudar os instrumentos de
avaliação mais utilizados no contexto psicopedagógico clínico, sempre
lembrando que não existe um modelo pronto. O sujeito é acima de tudo
cognitivo, afetivo, social, pedagógico e corporal, daí que, urge tratá-lo como
um todo e não por partes. (Giacoia, 2012)
Procedimentos Observacionais para Detecção Precoce das
Capacidades e Riscos do Desenvolvimento
Instrumentos de Avaliacao Psicopedagogica Clinica

a) Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – E. O. C. A.: foi


elaborada por Jorge Visca (1987), permite ao sujeito elaborar sua
entrevista de maneira espontânea, mas dirigida de forma
experimental. A E.O.C.A. pode ser utilizada como forma de
primeiro contato com o sujeito.

A lista de materiais utilizados durante a entrevista é bem simples


(folhas brancas, papel pautado, folhas coloridas, lápis preto novo sem
ponta, apontador, borracha, régua, tesoura, cola, revista e livros).

Deve-se sempre conduzir a entrevista levando o sujeito a mostrar o


que sabe fazer.
Procedimentos Observacionais para Detecção Precoce das
Capacidades e Riscos do Desenvolvimento
Instrumentos de Avaliacao Psicopedagogica Clinica

b) Sessão Lúdica ou Observação Lúdica: envolve o brincar, o lúdico no


diagnóstico psicopedagógico. Ao brincar, o sujeito revela
pensamentos, acções, atitudes. Na medida em que brincamos, podem
surgir questões afetivas e sociais. A Sessão Lúdica também pode ser
utilizada como uma primeira forma de contato com o sujeito.

c) Provas operatórias: possibilitam investigar o nível de


desenvolvimento cognitivo já construído pelo sujeito. Nesta etapa, não
podemos deixar de nos referir aos trabalhos desenvolvidos por Piaget
e seus colaboradores, lembrando que para Piaget, o conhecimento é
construído a partir da interacção do sujeito com o seu meio físico e
social. O psicopedagogo tem que ter um conhecimento sólido do
trabalho de Piaget (principalmente os estágios de aprendizagem).
Procedimentos Observacionais para Detecção Precoce das
Capacidades e Riscos do Desenvolvimento
Instrumentos de Avaliacao Psicopedagogica Clinica

d) Provas Projectivas Psicopedagógicas: neste tipo de avaliação,


devemos evitar análises precipitadas, sendo que o olhar faz toda a
diferença; devemos sempre solicitar do sujeito o relato dos seus
desenhos, pedir explicações. Este tipo de avaliação tem como objetivo
verificar a rede de vínculos que o sujeito possui diante de três domínios
distintos: familiar, escolar e consigo mesmo.

e) Provas Pedagógicas: tem como principal objetivo a análise do


avaliando no que se refere ao seu desempenho nos conteúdos escolares.

f) Anamnese: a anamnese se refere à história de vida do sujeito, suas


recordações, lembranças, dados de identificação, nascimento, doenças,
etc. Sobre este ponto já falamos na primeira unidade.
Procedimentos Observacionais para Detecção Precoce das Capacidades
e Riscos do Desenvolvimento
Instrumentos de Avaliacao Psicopedagogica Clinica

g) Entrevista com a Escola: objetiva levantar informações acerca do


desempenho escolar do avaliando, pode ser por meio de entrevistas,
visitas à escola. É importante também analisar a participação da
família e o seu relacionamento com a escola e professores. Recorde-
se que na primeira unidade dissemos que as entrevistas, bem como o
recurso aos dados oficiais da escola constituem fontes auxiliares ao
processo de observação.

h) Provas e testes complementares: o psicopedagogo precisa fazer


uso do bom senso e ética, não ultrapassando os limites de sua
prática, devendo solicitar ajuda de outros profissionais caso seja
necessário. Na próxima unidade veremos alguns testes específicos
para detecção de algumas dificuldades da aprendizagem.
Psicomotricidade
• Conceito: consistitui a realização de um pensamento através de um acto
motor coeso, econômico e harmonioso, exigindo para isso uma
afetividade equilibrada.

• Tipos de psicomotricidade: motricidade ampla, que se refere ao


desenvolvimento dos movimentos corporais realizados pelos grandes
músculos (braços, pernas, tronco). São eles que proporcionam agilidade
motora; Coordenação dos grandes movimentos; e equilíbrio do corpo.

• E a motricidade fina, que refere-se a acções de pequenos músculos que


levam à precisão, rapidez e força muscular. São eles a coordenação viso-
motora (é a integração entre visão e os movimentos do corpo); a
coordenação viso-manual (envolve o gesto manual e a visão); a
coordenação óculo-pedal (membros inferiores e a visão); a motricidade
lingual (para a pronúncia correta); a motricidade dígito-
manual( movimentação ordenada de mãos e dedos).
Psicomotricidade: algumas consideracoes
• Dominância lateral: significa predomínio ocular, auditivo e sensório-
motor de um dos membros superiores ou inferiores. Esta
dominância se define por volta de 5 anos e será mais forte, mais ágil
do lado direito ou esquerdo e pode ser:

• Contrariada: Geralmente canhotos que foram obrigados a mudar a


preferência devido a pressões sociais ou familiares.
• Cruzada: Quando não existe homogeneidade na preferência de um
dos lados do corpo – olho direito, mão esquerda, pé direito.
• Indefinida: Crianças que não definiram sua preferência lateral após
5 anos.
• Ambidestria: Utilização de ambos os lados do corpo com a mesma
habilidade e destreza.
OBSERVAÇÃO ORIENTADA POR PROCESSOS DE ACTIVIDADES
• Sessão Lúdica ou Observação Lúdica.
• Esta sessão envolve o brincar, o lúdico. A ideia fundamental é que
ao brincar, o sujeito revela pensamentos, acções, atitudes. Na
medida em que brincamos, podem surgir questões afectivas e
sociais.
• Quanto aos materiais utilizados, prefira os mais simples e barratos
(dominó, damas, memória, quebra-cabeças, etc.), materiais de arte,
sucatas, brinquedos de “casinha”, etc. Estes materiais deverão
estar ajustados à faixa etária.
• Observe o brincar do sujeito e se for preciso brinque com ele.
OBSERVAÇÃO ORIENTADA POR PROCESSOS DE
ACTIVIDADES
Provas operatórias
• possibilitam investigar o nível de desenvolvimento cognitivo já
construído pelo sujeito.
• Piaget quando do seu estudo do desenvolvimento cognitivo das
crianças fez muito recurso as actividades.

• Segundo a sua lógica de organização, o conhecimento é construído a


partir da interação do sujeito com o seu meio físico e social, donde, o
psicopedagogo deve adaptar suas questões em função das respostas
e atitudes do sujeito, isso reforça mais ainda a necessidade de se
estudar cada prova operatória, cada noção que estará sendo avaliada.

• De início, o psicopedagogo deve fazer uso de pelo menos três provas


operatórias durante sua avaliação diagnóstica, podendo usar mais se
for preciso ou repetir as já realizadas.
OBSERVAÇÃO ORIENTADA POR PROCESSOS DE
ACTIVIDADES
• As provas mais comuns ao diagnóstico operatório são:
conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos;
conservação de líquido; conservação de quantidade de matéria;
conservação de comprimento; conservação de peso; conservação
de volume; seriação; inclusão de classes; dicotomia. Neste tipo de
provas avalia-se a qualidade das respostas, não tanto se a resposta
está ou não correcta.

• Nas provas operatórias do tipo oral procure observar a capacidade


de análise; capacidade de síntese; comunicacao oral; pensamento
crítico; resolução de problemas; tomada de decisões; capacidade
crítica e autocrítica; habilidades interpessoais; capacidade de
gestão da diversas fontes de informação; Capacidade de aplicar os
conhecimento na prática.
OBSERVAÇÃO ORIENTADA POR PROCESSOS DE
ACTIVIDADES: discuta…..
• Neste ponto há que questionarmos: qual o papel que a brincadeira
assume no Ensino Básico?
• Segundo a taxonimia de Leontiev sobre as actividades dominantes,
as crianças do Ensino Básico estão na transição da actividade lúdica
para o estudo. Sendo que o currículo também está concebido para
responder a este imperativo. Estas crianças precisam aprender a
ler, a escrever e a calcular, utilizando cada vez mais as suas
habilidades de raciocínio lógico.
• Estas brincadeiras deverão estar devidamente estruturadas e
respeitar a faixa etária a que se dirige.
• O professor não deve desenvolver uma actividade lúdica como um
passatempo, sem nenhum objectivo didático porque causa
desinteresse nos educandos tornando-os desestimulados em
praticá-la, e principalmente, não propicia à criança um
desenvolvimento integral.
OBSERVAÇÃO ORIENTADA POR PROCESSOS DE
ACTIVIDADES: discuta…..
Exemplos de brincadeiras e jogos e areas desenvolvidas
• A brincadeira de faz de conta: exercício que trabalha muito a imaginação
infantil, permitindo nessa fase de vida desenvolver vários conhecimentos.
A criança tem a oportunidade de imaginar, criar, socializar-se com outras
crianças, pois a brincadeira é a acção que a criança desempenha ao
mergulhar no mundo mágico do lúdico, contribuindo na construção do
conhecimento infantil.

• Jogos de futebol: para alem de desenvolver a psicomotricidade e


sustentar a lateralidade permite experimentar a lideranca e fortalecer a
personalidade na medida em que entra em confronto com as ideias de
ganhar ou perder, de inclusao/exclusao do grupo, do sentido de
equipa/individualismo.

• Os desenhos: desenvolvem a psicomotricidade fina, a criatividade e


imaginacao em termos de construcao de cenarios, bem como constitui
forte recurso para se chegar ao inconsciente das criancas.
Interessante!!!!!
• As brincadeiras realizam duas funções importantíssimas:
a) a lúdica que propicia diversão, prazer e;
b) a educativa que permite a construção de conhecimentos.

Mas para isso acontecer é necessário que o adulto propicie espaço e


tempo para trabalhar a construção do real pelo exercício da fantasia,
ou seja, criar novas relações entre situações no pensamento e
situações reais.
Ao observar as brincadeiras das crianças preste atenção: à forma
como ela se relaciona com os objectos ou brinquedos,
principalmente aos que tiverem formas humanas; preste atenção ao
facto de ela brincar sozinha ou com as outras crianças; perceba em
que posição ela se sente melhor (brincando sozinha ou
acompanhada); qual é a temática das suas brincadeiras; se elas são
agressivas ou não; ou se simplesmente evita se envolver na
brincadeira; como ela gerência as frustrações decorrentes do brincar.
DOCUMENTAÇÃO DAS OBSERVAÇÕES
Critérios para a escolha dos instrumentosde registro das observações é:
• Validade: a validade de um instrumento refere-se ao grau de confiança
que o instrumento oferece, ou seja, a margem de erro desse instrumento
é reduzida, podendo por isso oferecer dados reais sobre o que se
pretende avaliar. Prefira utilizar mais do que um instrumento adequado,
pois irá permitir obter dados distintos sobre o mesmo fenómeno,
permitindo ainda, cruzar e confrontar as informações.

• Precisão: este cirtério refere-se à justeza do instrumento. Ou seja, se ele


está ou não calibrado ás exigências da pesquisa. Para tal é preciso estar
ciente daquilo que desejamos avaliar e usar o instrumento que melhor se
adequa. A precisão nos permite obter dados fiáveis sem interferência de
variáveis externas à pesquisa.

• Variedade de códigos: usar diferentes códigos (orais, escritos, gráficos...)


permite-nos generalizar e discriminar os sujeitos da pesquisa em termos
de necessidades, atitudes, preferências etc.
DOCUMENTAÇÃO DAS OBSERVAÇÕES
Observacao sistematica
• Consiste no controle sobre as variáveis em estudo, ou seja, o pesquisador
vai ao campo sabendo antecipadamente o que pretende observar.

• É útil quando se deseja ter uma primeira impressão da conduta do sujeito,


na forma e momento em que esta conduta se manifesta.

• Também é útil quando se deseja compreender uma determinada realidade


mais do que apenas analisar os elementos que nela intervem.

• Esta modalidade de observação divide-se entre registos prospectivos e


registos retrospectivos. Nos primeiros os registos são efectuados
imediatamente após a sua ocorrência, ou seja, os comportamentos são
anotados ao vivo, durante a observação. Enquanto que no segundo caso,
registros retrospectivos, os registros se fazem depois de finalizada a
sessão de observação e fundamentalmente se usam os diários.
DOCUMENTAÇÃO DAS OBSERVAÇÕES
Registos retospectivos

• De caracter longitudinais de eventos e sujeitos, e contém repetidas


observações sobre um individuo ou grupo.

• As observações são subjectivas, dependem da capacidade de


memória do observador, incluem as suas opiniões, interpretações,
etc.

• São úteis quando se pretende analisar a evolução de


acontecimentos e para observar processos que se estendem no
tempo.
DOCUMENTAÇÃO DAS OBSERVAÇÕES
Registos prospectivos
a) Notas de Campo: consistem em apontar ou fazer anotações breves durante a
observação para facilitar a recordação num momento posterior. Estas anotações
são escritas em forma de pequenas mensagens, breves mas concisas, que
realçam os aspectos significativos, as ideias, as palavras, as expressões chave;
podem vir em esquemas. Depois de anotadas elas permitem desenvolver em
detalhes os acontecimentos.

b) Registros anecdoticos: são regitros de acontecimentos casuais ou descrições


breves de uma conduta de sucesso. Neste caso, registam-se acontecimentos
importantes de um determinado aluno em situações quotidianas.
Preferencialmente recolhem-se evidências sobre sua adaptação social e as
condutas típicas relacionadas com as interacções destes com o ambiente e com o
contexto social em que se desenvolvem . O registro é feito imediatamente em
forma de ficha, donde se deve datar o evento de forma breve, clara e objectiva.
Deve-se registar dois ou três comportamentos de cada vez por forma a obter
precisões mais objectivas. Escrever de forma separada: o incidente observado; a
apreciação do docente/professor; as sugestões para tomada de decisão.
DOCUMENTAÇÃO DAS OBSERVAÇÕES
Registos prospectivos

c) Registro de amostras: são procedimentos mais detalhados que os


anteriores, descrevem eventos de modo intensivo. Se fazem
registros de condutas durante um período de tempo determinado e
se escreve com tanto detalhe quanto possível.
ELABORAÇÃO DE PLANOS DE DESENVOLVIMENTO
Plano de Desenvolvimento de Competências- inclui
a) Caso clínico: descrição resumida de um caso que revele
potencialidades ou sinais de necessidades ou dificuldades de
aprendizagem de uma criança em concreto ou de um grupo de
crianças.
b) Missão, Visão e Objectivos (gerais e específicos)
c) Justificativa (contextualização e propósito)
d) Metodologia (estratégias; proposta de atividade; tempo; agente-
quem as vai ministrar; recursos- brinquedos, parcerias, parceiros e
seus respectivos custos- alvo-aluno ou grupo de alunos; quando o
fará, prazos a curto, médio e longo prazo).
e) Resultados esperados
f) Avaliação (indicadores e medidores do processo)
g) Conclusão
h) Bibliografia
i) Anexos e Apêndices

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