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Copyright© 2021 Sara Ester
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Anjo Encontrado
Sara Ester
1ª Edição
Agosto — 2021
negócios. Como chefe do maior cartel do México, não havia limites para
suas ações nem para sua ambição. O que ele queria, ele tomava.
e esta levava até sua pequena... a garota que roubou seu coração no instante
Sua Criptonita.
Lis Pérez era uma garota doce, porém, carregava consigo uma aura
sombria, cuja razão, ela não entendia, já que fora criada sob um teto que,
apesar de humilde, continha muito amor.
embora o relacionamento deles seja tão intenso quanto o forte sentimento que
nutrem um pelo outro, os diversos segredos que cercam a vida dos dois
Prólogo
Angel
Capítulo 1
Lis
Capítulo 2
Angel
Capítulo 3
Lis
Capítulo 4
Angel
Capítulo 5
Lis
Capítulo 6
Angel
Capítulo 7
Lis
Capítulo 8
Angel
Capítulo 9
Lis
Capítulo 10
Angel
Capítulo 11
Lis
Capítulo 12
Angel
Capítulo 13
Lis
Capítulo 14
Angel
Capítulo 15
Lis
Capítulo 16
Angel
Capítulo 17
Lis
Capítulo 18
Lis
Capítulo 19
Lis
Capítulo 20
Angel
Capítulo 21
Angel
Capítulo 22
Lis
Capítulo 23
Angel
Capítulo 24
Lis
Capítulo 25
Angel
Capítulo 26
Lis
Capítulo 27
Angel
Capítulo 28
Lis
Capítulo 29
Angel
Capítulo 30
Lis
Capítulo 31
Angel
Epílogo
Lis
FIM
Prólogo
Adela
Prólogo
Angel
Sem pai.
Rosa foi sequestrada depois que fizeram uma emboscada para nosso pai. No
fim das contas, ele acabou sendo assassinado enquanto tentava resgatá-la.
Talvez isso tenha facilitado para que meu lado, ainda sensível,
houvesse sido apagado e, com isso, meu lado sombrio se aflorou. A frieza se
dispersassem.
Mais forte do que a dor estava minha raiva pelo filho da puta do
Javier que ousou meter bala em mim. Horas antes, eu e os irmãos Fratelli —
intactos.
— Seu veterinário não vem! — sibilou uma voz, que até quando
odiava quando ele agia pelas minhas costas, sobretudo, em relação à sua
irmã.
Miguel estava comigo há quase quatro anos; na verdade, desde que ele
tentou roubar meu carro. Na ocasião, decidi não o matar pela audácia,
porque ele alegou que precisava de dinheiro para ajudar o seu pai doente.
Então, como eu tinha acabado de perder o meu, e não fazia ideia de onde
estava minha irmã, optei por não acabar com a vida do infeliz e o contratei
— Pare de xingar, porque isso não vai mudar nada — resmungou ela,
zangada como eu nunca tinha visto. Chegou até onde eu estava, sentado sobre
uma maca. Estávamos numa das minhas instalações, visto que meu ferimento
exigia cuidados imediatos e eu não poderia seguir direto para minha mansão;
muito menos ir para um hospital. — E não ouse brigar com Miguel, porque a
culpa foi toda minha — defendeu o irmão, com ferocidade. — Desde que
voltei para o México, pedi para que ele me informasse sobre quaisquer
contratempos.
mais irritado. — Antes que comece a rosnar feito um animal feroz, saiba que
não vim sozinha. — Rolou os olhos, malcriada. — Vim com meus dois
Ela não gostava disso, mas insisti para que andasse com dois homens
Durante meu retorno para casa, depois que saí do Porto de Ensenada,
algumas horas atrás, dei ordem para que meus homens incendiassem uma das
suspiro.
— Uma dose não, seu idiota! — retrucou Lis, irritada. — Você vai
precisar de pelo menos uma meia garrafa, ou por acaso acha que tenho
— Por que está chateada? — perguntei para ela, que continuava séria.
ignorar o que esse aroma causava em todo meu ser. Desde a primeira vez
que a vi, me apaixonei. Não uma paixão qualquer..., mas um sentimento tão
que sua família, de fato, era humilde e que seu pai vinha sofrendo de uma
também fiquei sabendo a respeito de sua irmã Lis, que não era legítima da
família, embora ela não soubesse disso. Descobri que garota foi criada pelos
Pérez desde que era recém-nascida. Lis chegou na época em que a senhora
Margarita havia perdido seu bebê, que nasceu com uma deficiência no
coração.
Quando a conheci, ela tinha acabado de fazer dezessete anos. Seu pai
era um homem bom, aliás, toda sua família era, além de não terem nenhuma
desespero tentou me roubar e entrou para meu Cartel. Como eles possuíam
poucos recursos financeiros, decidi, por conta própria, arcar com os estudos
da Lis, que sempre sonhou em se tornar médica.
— Você sabe a resposta para essa pergunta — sibilou ela, em resposta
à minha pergunta. Rugi quando ela rasgou o tecido da minha calça. — ¡Dios
homem não estava na cidade, então não me restaram muitas opções, além do
veterinário da minha confiança.
acontecer cada vez que eu desse entrada num hospital com esse tipo de
ferimento? A polícia não me deixaria em paz, pequenã.
lembrou, ainda usando aquele tom de voz magoado. — Por que não mandou
me chamar? Não me diga que pensou que eu não fosse dar conta de ver um
perdia o ar. Lis era de uma beleza extraordinária; cabelos escuros, não tão
compridos, e pele tão alva que parecia porcelana. Os olhos se destacavam
deixando nervosa e, não sei se perceberam, mas estou segurando uma faca.
Seu tom mandão me fez querer rir outra vez, mas me controlei, pois
não queria lhe deixar ainda mais nervosa.
pistola e se preparando para sair da sala. — Não se preocupe que vou dar
um jeito nisso.
seriedade que cheguei a ficar sem ar. — Você não está em condições para
sair daqui agora, não com essa bala alojada em sua coxa. Eu só cortei, ainda
não a retirei.
Lis voltou a forçar meu corpo para trás e, dessa vez, eu permiti.
contra meus braços e encher sua boca gostosa de beijos. Desejei confessar o
quanto a amava.
susto.
Eu não podia perdê-la. Não podia deixar que a levassem. Não podia
deixá-la vulnerável.
meus olhos viram foi o momento em que minha garota pegou minha pistola e
atirou contra o maldito intruso.
Lis
que nosso pai — nossa família — não aceitaria tão facilmente seus negócios
ilegais, então foi algo bem assustador. Angel era conhecido por ser um
sequestro de sua irmã na época em que Miguel começou a trabalhar para ele.
Entretanto, meus olhos nunca o enxergaram como uma pessoa ruim, nunca
consegui vê-lo como um mero criminoso; e isso, de certa forma, dizia muito
a ausência de algo; sentia que faltava alguma coisa mesmo sem saber o quê.
pequeña.
o motivo de ter olhos azuis, considerando que eu era a única da família a tê-
sangue.
Angel e eu.
Jamais permitiria que alguém ferisse o homem que cuidava de mim
que vinha habitando meus pensamentos desde que nos conhecemos, há quase
quatro anos. Ele não sabia, aliás, apenas Miguel sabia, mas eu era
chamei.
Tentei passar por ele, mas sua mão segurou meu braço forçando-me a
permanecer ali.
desejar chorar.
entrei no banheiro.
bastante para nos tirar daquele lugar e nos trazer para a mansão do Angel.
desacordado. Pedi para que Miguel fizesse uma transfusão de sangue, pois
foi necessário.
pergunta.
Levei meus olhos para onde ele estava, ainda parado na porta do
banheiro.
O homem estava apenas de cueca, pois optei por tirar sua calça a fim
— Lis...
O interrompi, irritada:
— Por favor, Angel, faça o que estou pedindo. — Desabafei,
esfregando a têmpora.
Claro que o idiota tinha que dificultar as coisas e não seguiu minhas
recomendações...
encarando com uma emoção que deduzi como sendo irritação. Tentei tirar a
garrafa da sua mão, mas ele não permitiu. — Fingindo que está bem, quando
— Eu sabia que não deveria ter permitido que você ficasse lá... —
mandado Miguel tirar você daquele lugar, nem que fosse à força.
— Ainda não entendeu que isso não tem nada a ver comigo? —
revidou, tão irritado quanto. — Não era para você ter se envolvido nessa
porra! Não era para você ter sido jogada na porcaria de um tiroteio, muito
O fato de eu ter me tornado uma assassina? Por acaso isso está fazendo você
Como eu estava próxima, ele levou o dedo até uma mecha do meu
voz. — Toda essa porra é fodida demais, e eu nunca almejei isso para você.
Você é luz.
— Tarde demais. — Declarei, segurando sua mão e a pressionando
mas confesso que faria isso quantas vezes fosse necessário, apenas para
proteger você.
— A única certeza que eu tenho é de que nasci para ser sua, Angel —
confessei, nervosa por ter tido coragem de dizer tais palavras. — O peso da
morte daquele homem não será maior do que a dor que eu teria aqui no peito
se perdesse você. Não entende? — Cheguei mais perto, espalmando seu
Suspirou, beijando minha testa antes de ser afastar. — Agora tenho certeza
de que você não está bem.
controle. — Por que não tenta dizer que também sente o mesmo por mim,
hun? Não é possível que não sinta nada diante de tudo o que me proporciona
— eu estava desesperada.
assim como pela sua família, mas não passa disso — explicou, sem desviar
os olhos dos meus. — Você não serve para mim.
No caminho, esbarrei em Miguel, mas não dei tempo para que ele
percebesse meu descontrole e acelerei os passos. Eu precisava fugir dali.
Precisava resguardar meu coração, embora desconfiasse que meu amor pelo
Angel me perseguiria para onde quer que eu fosse.
Capítulo 2
Angel
— Podemos tentar trabalhar com ele, pois o homem tem uma ótima
frota de caminhões — comentou Ramiro, meu consultor. — Fora que o
homem preza demais pela discrição, então não teremos problemas com os
federais.
mão.
nossa conversa.
sem pai e mãe, e sem minha única irmã. No último ano, as coisas foram bem
tensas com todos os malditos ratos que eu tive que eliminar dentro da minha
pretende vir me visitar? Faz muito tempo que não nos vemos, irmão.
— Desse jeito, você vai me fazer acreditar que o idiota do seu marido
não está sendo suficientemente presente na sua vida, querida — murmurei.
episódio do tiro, já que eu a conhecia bem o suficiente para saber que não
tanta merda acontecendo não havia segurança, não com tantos inimigos do
infelizmente, vêm tomando a porra do meu tempo. — De certa forma não era
mentira. — Fora que deve saber que também estou ajudando os Fratelli na
— Ei? Por que não me fala do curso que está fazendo? Estou ansioso
marido, me sentia feliz e satisfeito com seu casamento. Luca Ricci era um
que coloquei no visor do meu celular, era uma foto da Lis, de quando tirei
sem que ela estivesse olhando. Meu coração se apertou quando me lembrei
Eu não poderia trazê-la para meu mundo. Não queria que ela se
misturasse a minha escuridão, mais do que já havia se misturado.
que nela.
Depois disso, descobri que ela retornou à Londres, algo que não fazia
parte de seus planos, pois eu sabia que ela estava com ideia de permanecer
no México. Saber que, tão cedo, eu não voltaria a vê-la me causava tanta dor
que chegava a perder o ar, mas, ao mesmo tempo, entendia que seria melhor
assim. O lugar da Lis não era ao meu lado, pelo contrário, era o mais longe
possível de mim.
— Onde, especificamente?
Cancún.
***
entregado a polícia. No fim das contas, o idiota queria escapar da fúria dos
gesticulando para a arma de choque em suas mãos. Ele fazia parte da equipe
do Daniel, líder do moto clube Lobos. — Por que não podemos usar armas
de verdade?
Revirei os olhos.
eles.
Eu não era idiota, pressentia que algo de muito grave tinha acontecido
todos.
dos homens usaram arminhas de choque. O plano era que ninguém se ferisse.
Assim que a porra toda acabou, ordenei aos meus homens para que se
dispersassem.
raptaríamos o Frankenstein?
saindo toda noite para beber — declarou. — E ambos sabemos que ela não
é assim. Minha irmã não está bem.
Merda!
Travei o maxilar. Eu não tinha contado para ele sobre minha última
conversa com Lis, quando ela admitiu estar apaixonada por mim; era algo
íntimo.
Respirei fundo.
garanti. — Nem que eu tenha que viajar até Londres se for preciso.
Dizendo isso, desliguei.
Foi justamente isso que tentei evitar... o sofrimento dela era o meu.
Porra!
Lis
Burra!
Angel era um homem poderoso; e na maioria das vezes, letal e duro com
rendido quase nada, já que passei boa parte das minhas noites em baladas,
como era o caso dessa. Meus amigos e eu estávamos em uma das boates
mais badaladas de Londres.
desentendimento. Como minha amiga, ela sabia que fui rejeitada pelo homem
que eu amava, embora eu não houvesse contado detalhes, visto que não
Brittany era uma garota de cabelos loiros e pele bem branca; os olhos
segurança deveria vir em primeiro lugar. Foi difícil explicar aos meus
de atrevimento.
Eu e ela viemos com mais dois amigos, John e Charles, que já estavam
afastar dele. Entretanto, o idiota não se deu por satisfeito e segurou-me pelo
braço.
britânico era bem diferente, bem mais arrastado. — Nem me deu tempo de
embriagado.
rosto no dele.
dentro e fora de mim tentava entender o que ele estava fazendo ali.
raiva.
O choque que minha reação o causou não foi maior do que a dor que
sua presença causou em meu peito. Como eu iria superá-lo se ele não ficava
longe?
bagunçados; buscava uma explicação para Angel ter vindo atrás de mim, mas
Sem ter como sair pela porta da frente, rumei para a saída dos fundos.
uma mensagem para a Brittany, avisando que iria embora. Eu só queria fugir.
Travei no lugar, com as mãos para cima sem nem saber o que estava
acontecendo.
meus ouvidos.
mim. Gritei, abafando o som com minha mão. Meus olhos avistaram, a alguns
olhando. Não sabia quem era, o que apenas piorou meu estado de terror.
— Lis!
antes de me puxar contra seus braços. Pude sentir que ele tremia tanto quanto
eu.
— E-ele... acabou de-e levar um ti-tiro — apontei para o cadáver,
Angel amparou meu rosto com suas duas mãos, que estavam frias.
— Vai ficar tudo bem — afirmou com a voz tensa. — Venha, temos
corpo.
***
vagava para o momento em que alguém foi morto bem atrás de mim.
sobre a cama. Nem tinha percebido que já estávamos no quarto. — Você está
bem?
acabei de presenciar um assassinato, então, por favor, não minta para mim.
— Então veio apenas para me vigiar — não foi uma pergunta. Minha
— Ah, claro que não — ironizei. — Você só quis deixar claro que eu
não estou aos pés da mulher perfeita que precisa estar ao seu lado. — Odiei-
me pela explosão, mas não pude evitar. — E sabe de uma coisa? Acho que
para que a violência surgisse ao meu redor. Eu estava bem aqui! — declarei
num fôlego só. Travei o maxilar, esfregando meu rosto com as duas mãos. —
que quer?
cintura.
escuridão me tomar.
Capítulo 4
Angel
Pouco mais de um mês sem vê-la. E bastou colocar meus olhos sobre
ela para que tudo, dentro e fora de mim, se reacendesse como uma árvore de
Natal.
estava acontecendo, visto que Miguel tinha deixado claro que sua irmã não
estava bem. E isso ficou evidenciado no instante em que a segui até aquela
casa noturna e presenciei seu descontrole emocional. Lis sempre foi uma
odiei a mim mesmo por saber que fui o único causador disso.
vezes antes de usar. Não podia permitir que ela, simplesmente, saísse do
hotel, considerando que eu ainda precisava descobrir o que estava
coincidência, e eu sabia disso. — Não posso permitir que saia daqui e corra
perigo.
— Não saiam desta porta por nada! — exclamei aos dois seguranças
no lado de fora. — E não permitam que a senhorita Lis deixe o quarto — fui
taxativo.
térreo do prédio.
única porta que me levaria para o térreo do prédio. Peguei minha arma e, em
recompensas. Foi com a ajuda dele que, longos meses atrás, os irmãos
poderia manchar minha reputação para roubar o trono; com isso, raptaram
inferno.
melhor, ele me deixou vê-lo. Na mesma hora entendi que algo estava muito
mera coincidência. Então fiz sinal para que ele me esperasse no térreo do
prédio.
— Vejo que anda convivendo bastante com os Fratelli — murmurou
Arqueei as sobrancelhas.
— Foi você quem assassinou aquele homem — não foi uma pergunta.
— Por quê?
O homem, que não aparentava ter mais do que quarenta anos, cruzou
Franzi o cenho, sentindo meu corpo todo se eriçar com a ideia de a Lis
estar em perigo.
passos para trás. Levei as mãos aos meus cabelos, deslizando-as para minha
deixei claro que estaria a disposição para o que precisassem, pois sabia que
Rossi não estava na ativa, visto que precisava cuidar da sua esposa, que
com calma. — Não aja como se não soubesse que a garota não é filha
legítima deles.
Aquilo era tudo o que eu menos precisava naquele momento. Lis não
suportaria descobrir a verdade sobre suas origens. Não quando seu coração
foi deixada no corpo de bombeiros. Junto com ele, estavam trabalhando mais
cinco homens. Três já estão mortos, então restaram apenas dois, o senhor
mãos na cintura.
dentro do bolso.
— Por algum motivo, essa mulher está tentando fazer mal a garota —
contou. — E isso aconteceu algumas vezes, desde que ela ainda estava no
Deu de ombros.
torturei até que contasse até mesmo o número da calcinha da própria mãe. —
primeiro momento, não entendi a motivação para tal perseguição, mas bastou
eu ver a maneira como se comporta com ela para que o entendimento se
Respirei fundo, voltando a esfregar meu rosto. Olhei para o céu escuro
pensei que fosse ver novamente — desabafei. — Agora a maldita está atrás
da Lis, da minha Lis... — fechei a mão em punho, pressionando-o em meus
tudo. — Pedi, fazendo-o semicerrar os olhos. — Não faça essa cara, porque
você nem tem certeza se ela é a garota certa, mas eu posso descobrir isso —
ditei. — Posso conseguir um fio de cabelo para que seja feito o exame de
DNA. — Ele ficou pensativo. — Lis não faz ideia de que não é filha legítima
das pessoas que conhece como seus pais, então toda essa merda vai devastá-
la. Fora que agora preciso me preocupar com uma louca que está caçando-a
como se fosse um animal, e minha garota sequer sabe disso. Tudo isso vai
destrui-la. — Ryan continuou em silêncio. — Eu só preciso de tempo para
prepará-la. Preciso de tempo para limpar toda minha merda antes de jogar
essa bomba sobre ela, entende? Se você entrar naquele maldito quarto agora
e expor tudo o que descobriu sobre seu passado, Lis vai surtar. Além disso,
a certeza só virá com um exame de DNA.
Ryan respirou fundo, tiquetaqueando o maxilar enquanto olhava para o
chão, em seguida, para um ponto fixo em nossa frente; parecia estar
segurança. Mas entendi que a vida dela estava correndo perigo, e por minha
culpa. Tudo o que mais temi estava acontecendo, mesmo com todo o esforço
Aquilo não era nada perto do problema que tinha caído sob meus
ombros.
de fora fez com que o espanto tomasse conta do seu rosto e ela se voltasse
para mim.
Está se ouvindo? Onde está meu irmão? Sou incapaz de acreditar que ele
esteja a par de toda essa loucura.
— Você não teve escolha? — reagiu como uma gata raivosa. — Ah,
claro que você teve... — riu com amargura — Escolheu se enfiar na minha
vida. Escolheu ser gentil comigo ao ponto de eu me apaixonar por você
parte da minha vida, porque você já deixou claro que não quer fazer parte
dela.
Meu peito subia e descia conforme escutava suas palavras. Não pude
mais continuar sentado, então me ergui num pulo.
travado.
— Mudaram? — Piscou, me vendo chegar mais perto de seu corpo
trêmulo. — Por quê? Por acaso se apaixonou por mim durante as últimas
fui honesto nessa parte da história. Vi o medo tomar conta de seu lindo rosto.
comigo, mas saiba que sou capaz de tudo para mantê-la em segurança, Lis.
lágrimas.
Sorri abertamente.
ao desejo de tocá-la com meus lábios. Nesse caso, beijei sua testa.
abraçá-la.
— Você sabe que não vou ficar no escuro, né? — quebrou o silêncio.
— Vou querer saber de todos os detalhes dessa história.
Faria de tudo para amenizar o impacto de todo peso que estava prestes
Lis
receber.
tanto medo.
Tentei não chorar, mas foi uma missão impossível. Quando percebi, já
estava chorando.
— Angel ainda não me contou o que está acontecendo, mas disse que
o rosto bronzeado. — Não entendo o que eu possa ter feito para irritar
segura apenas por tê-lo em minha vida. — É tudo um engano, e prometo que
para o Brasil, em um dos meus resorts com praia privada. Lá, terão
Concordei.
Disse ele, espalmando a mão no meio das minhas costas. — E ligue para o
ignorar, o calor do corpo do Angel perto do meu era aterrador. Ele parecia
exercer uma força sobrenatural sob mim, um poder capaz de me dominar por
inteira.
tomar um banho.
de saber que eu não teria mais controle da minha própria vida me assustava,
Enlouquecidamente apaixonada.
Escolhi uma blusa de alça para a parte de cima, já que estava uma noite
abafada.
últimos acontecimentos.
todos os lados. Minhas mãos estavam frias e suadas conforme esfregava uma
cômodo.
Resfoleguei, enquanto olhava para a bagunça do escritório; havia
Devagar, dei um passo para dentro, sem querer assustá-lo com meu
movimento abrupto.
— Angel...?
— Não entendo...
seus braços.
— Está sangrando, como pode dizer que não foi nada? — Parecia
zangado, não comigo, mas consigo mesmo.
quase destruído meu escritório — rebateu. — Além disso, acordei você com
meu surto.
— Não acredito! — exclamei. — Sei que todos nós temos dois lados,
ninguém é bom o tempo todo. — Ele desviou o olhar para meu ferimento,
onde pressionou uma gases. — Você é o líder da maior organização
criminosa do México, Angel, então imagino que precise exercer medo e
poder para ganhar o respeito dos demais. Mas sei que não é mau o tempo
todo.
Aproveitei para pular da bancada quando ele terminou o curativo e
soltou meu pé. Me aproximei dele, segurando seu queixo e forçando-o para
cima de modo a ter seu olhar no meu. Seus olhos estavam tão perdidos que
— Não pode afirmar isso — murmurou. — Não sabe das coisas cruéis
que já tive coragem de fazer...
— Mas sei das boas, e para mim é isso que importa. — Deslizei a
mão em seu queixo, com carinho, adorando sentir o pinicar da sua barba em
usando a outra mão para segurar seu rosto completamente. — Eu não estaria
prestes a me formar em medicina se não fosse por você.
também me ama.
deixar de encarar seus olhos. — Diga que nada disso é verdade. — Meus
olhos iam dos seus para sua boca entreaberta. — Afaste-me se eu estiver
Nada.
Seu silêncio foi minha deixa para colar nossos lábios, a princípio,
aprofundando, Angel arrastou suas mãos pelo meu corpo até me forçar a
sentar em seu colo, com as pernas abertas, uma de cada lado. Gemi no
instante em que ele abandonou minha boca apenas para trilhar meu pescoço
com beijos quentes e molhados; nossos gemidos se misturaram.
De repente, abri os olhos, que estavam fechados, e forcei a cabeça
dele para trás, querendo que ele parasse um pouco para poder me encarar.
que me ama.
Suspirei, decepcionada.
Angel
Horas antes
visor. Ignorei a chamada. Não estava pronto para enfrentar os Fratelli ainda.
conhecia bem.
Gesticulei para ele se sentar, o que fez com que semicerrasse os olhos
em minha direção.
desconfiado.
pensou mesmo que eu não investigaria sua família antes de contratá-lo? Está
comigo a tempo suficiente para saber que não sou homem de depositar a
contradizer. Como não disse nada, eu continuei: — Sua mãe tinha acabado
de perder uma filha, depois de um parto crítico, quando seu pai chegou em
nervosismo.
bem que jamais faria nada que causasse dor a sua irmã, ao menos não de
propósito — defendi-me.
complementei, nervoso. — E, ao que tudo indica, ela faz parte de uma máfia
italiana.
disso, Angel. — Apontou para mim. — Minha irmã não pode saber que
mentimos para ela esse tempo todo. Ela não vai aguentar.
Suspirei, esfregando meus cabelos. Sacudi a cabeça.
pegando pelo colarinho da camisa; fúria vibrava em seus poros. Seus olhos
estavam injetados de pura ira. Podia enfrentá-lo, mas permiti ser o alvo da
sua frustração.
olhos em surpresa. — Vejo sua luta interna para se manter afastado dela. E
— Mas por ela e meus pais mando tudo pra casa do caralho! —
rebateu, com ainda mais raiva. — Eu escolhi estar aqui com você. —
toda — ameaçou, sem um pingo de remorso. — Sou leal a você, mas minha
chão.
***
— Eu não vejo alternativa a não ser destruir o Javier, antes que ele
ataques dele ainda não são consideráveis, mas é melhor não esperar que
piore, hun?
certeza de que ela não sossegaria enquanto não acabasse comigo, e isso
dos Fratelli.
estava latejando.
esse tipo de encontro. Assim como minha mansão, ela também tinha a
segurança reforçada.
pegando meu paletó que estava no encosto da poltrona. Podia sentir os olhos
de todos eles sobre mim. — Mas concordo que ele já está sendo
Comecei a sair.
aqueles que estão em nossa folha de pagamento, irão comprar uma briga por
— Fico imaginando o que você deve ter feito para irritar essa mulher
desse jeito — comentou.
***
Ouvi Miguel se despedindo, mas não dei atenção, porque meu foco
estava no líder do moto clube Lobos.
quando atendi.
atrás da minha mesa. — A única coisa que eu sei é que estou ferrado, Daniel.
— Certo... vamos por partes — disse. — Por que não me explica o
que está acontecendo?
***
Foi minha conversa com Daniel que piorou meu estado emocional e
culminou em meu descontrole, porque, finalmente, entendi a gravidade da
minha situação. Como líder de um Moto clube tão imenso quanto o Lobos,
imaginei que Daniel pudesse me ajudar a encontrar o paradeiro de Juana
Lopez. Porém, bastou que eu falasse o nome dela para que ele tremesse. O
idiota já tinha ouvido falar da desgraçada, mas nunca chegou a vê-la. A
Eu não suportaria que Lis pagasse por um erro meu. Morreria mil
homem que me encarava de volta era um homem sem alma, vazio e escuro.
Rosa e Lis eram as únicas partes boas que habitavam dentro de mim. Antes
delas, a única mulher que amei foi minha mãe, porém, o sentimento se foi
junto com ela, quando faleceu. Eu não fui ensinado a amar, mas a ser forte.
Sequer tive tempo para chorar quando me vi sozinho no mundo, então o
E eu precisava mantê-la longe..., mas como faria isso agora que senti o
Meu corpo todo ainda estava fervendo por causa da sensação da sua
boca na minha e suas mãos percorrendo meu corpo. Ela era tão macia... tão
quente e delicada. Eu podia ficar horas beijando aquela boca doce que
jamais me cansaria. Podia ficar horas fungando o nariz em seus cabelos que
Jamais quis.
Droga!
Precisava de um banho.
Um banho frio.
Capítulo 7
Lis
ignorar o acontecido, então não tive alternativa a não ser fazer o mesmo.
Era doloroso, mas eu não queria forçá-lo a nada. Entendia seu medo
em não querer me colocar dentro do perigo que era sua vida, mas ele não
presença, tão perto. Eu não fazia ideia de como Angel havia conseguido
não era Miguel quem me esperava, mas sim o Angel. Engoli em seco,
los pelo seu corpo, coberto por um terno feito sob medida, que deixava seus
músculos em evidência. Seu perfume invadiu minhas narinas, piorando o
estado de excitação que sua presença me causou. Por que ele tinha que ter
nervosismo me abater. — Quase não nos vemos mais, por isso estranhei.
pelo retrovisor, dois carros nos seguindo. Entendi que eram os seguranças
com força, embora seu tom estivesse ameno e seu olhar tranquilo. — Eu fui
Abri a boca para falar, mas meu raciocínio ficou lento. Sendo assim,
e questioná-lo:
— Ah. — Foi a única coisa que falei, considerando que não estava
assustadora.
estivesse destruindo meu emocional, visto meus fortes sentimentos por ele,
mesma hora, porque seu cheiro estava impregnado por todo o interior
daquele carro. Uni minhas mãos em meu colo e decidi mirar a paisagem fora
nenhum dos dois ousou falar qualquer coisa que fosse para quebrar aquele
maldito silêncio.
— Olhei para ele, que tinha o olhar fixo na paisagem à nossa frente.
— Foi aqui que eu perdi o meu pai — declarou, fazendo meu coração
se apertar. — Este foi o lugar que o roubou de mim.
— Veja bem, Lis, eu não sou um homem que foi ensinado a ser bom —
murmurou, com os olhos nos meus. — Quando vivo, meu pai dizia que a
busca pelo poder exigia sacrifícios, e isso significava fazer coisas ruins,
compreendendo. Embora não ousasse abrir a boca para falar nada. — Então,
quando minha única irmã foi raptada, há pouco mais de quatro anos, eu vi a
face obscura de tudo o que podíamos fazer por estarmos neste patamar,
olhos dos meus por alguns instantes. Observei quando apoiou os braços
três anos na época, então acompanhei de perto a caçada que tirou, não
somente minha irmã de mim, mas também o meu pai. Fizeram uma
lembranças dolorosas.
Voltou a encarar meu rosto. — E eu cacei cada infeliz que esteve por trás da
emboscada contra meu velho. — Ouvi seus dentes rangerem. — Degolei,
respiração foi se tornando ruidosa conforme o ouvia narrar tudo aquilo, sem
desviar dos meus olhos assustados —... não havia piedade em meu peito, Lis
Busquei pela sua mão, mas ele a recolheu sem que eu tivesse tempo de
tocá-lo.
narrando. — Não fazia ideia se ela ainda estava viva, mas eu precisava, ao
coração se apertou com a dor presente em seu tom. — Levei dois anos para
família.
Eu sabia da garota, embora não houvesse tido a oportunidade de
culpado meu irmão ficou quando soube de tudo o que aconteceu com Angel,
entende? Eu sou destruição. Causo o caos a minha volta, Lis, e você não
precisa se envolver nessa merda. — Ele tentou esconder, mas eu vi a
umidade em seus lindos olhos. — Já me basta saber que você está correndo
perigo por minha causa... — sacudiu a cabeça, revoltado — não vou
— Por quê?
Deixe-me iluminar seu interior com o meu amor. — Ele estudava meus
traços, enquanto arrastava as mãos por meus cabelos. — Deixe-me amá-lo.
Fiquei tão ruborizada que sequer tive forças para falar qualquer coisa
que fosse. Meu único pensamento estava na promessa por trás de suas
palavras, e eu mal podia esperar para voltar a sentir seus toques e carícias.
Capítulo 8
Angel
lábios dela nos meus. Apenas o som de seus gemidos já bastou para fazer a
porra do meu controle ir para o espaço.
Lis era como uma droga viciante, e eu sabia que assim que a tomasse
a porta para que ela pudesse descer também. Seu nervosismo era aparente.
desci os lábios até sua testa. — Mal posso esperar para provar cada
Ela não disse nada, mas gemeu tão gostoso que todo meu corpo
vibrou.
Entrelacei nossos dedos, ansioso demais para ignorar o desejo de
lindos olhos azuis. Suas mãos estavam em frente ao corpo, e ela torcia os
dedos freneticamente como se estivesse buscando as palavras certas para
dizer.
mãos em seu rosto, adorando a maneira como ela curvava a cabeça para
minha carícia.
esteve com outras. — Fez uma careta fofa, que em nada diminuiu sua beleza.
— É estranho.
aqui... — peguei sua mão e a depositei em meu peito, sobre o coração, que
batia descompassado.
deliciado.
atenção.
Arrastei uma mão até sua cintura, enquanto a outra se manteve em sua
caminhar, com ela de costas, até a cama no meio do cômodo. Assim que
chegamos à beirada do móvel, parei de beijá-la. Olhando em meus olhos, Lis
cima a baixo. Lis auxiliou a retirar a peça por seus braços. Nossos olhos não
prestes a fazer.
adorando ouvir seus gemidinhos sexy. Lis era tão delicada que até mesmo a
maneira como suas mãos bagunçavam meus cabelos me fazia duvidar se ela
amassava o outro, tive que segurá-la pela cintura para mantê-la de pé.
agudo.
A senti estremecer em meus braços, mas ela fez o que pedi, embora
baixo. — E vou fazê-la sentir a força desse poder agora, quando eu a fizer
virarem gelatinas.
Ela arquejou.
por algum contato, alguma fricção que pudesse amenizar seu desconforto. —
suas pernas bem abertas e ainda conseguir encher minhas mãos com seus
seios empinados.
resvalando minha língua sobre ele. — Vou fazê-la ficar rouca de tanto gritar
tão molhada que me fez gemer em puro êxtase. A mão direita ficou
si, ora tentava me empurrar para longe, sensível demais para me deixar tocá-
la.
febril, lambendo sua pele suada. Aproveitei para brincar mais um pouco com
seus mamilos quando fiquei cara a cara com eles outra vez. Assim que pairei
ruborizadas.
— Inclinei a cabeça, tomando seus lábios nos meus, sedentos. — Com você
nunca será suficiente, pequeña. — Aleguei, sugando seu lábio inferior. — Eu
Desci a boca até seu queixo, onde chupei com vontade, soltando
mordidinhas em sua pele branca.
Sorri, arrogante.
Franzi a testa, preocupado com a tensão que tomou conta do seu corpo
frágil.
Cheguei mais perto dela e firmei um dedo em seu queixo, forçando seu
rosto para cima.
— Qual é o problema?
Ela tentou fixar os olhos nos meus, mas não resistiu à tentação de
descê-los por meu corpo, mirando, especificamente, o meu pau, que pulsou
descontroladamente por causa de seu olhar curioso.
Engoliu em seco.
trás. Foi impossível não sentir aquela sensação de posse me tomando com
uma força sobrenatural, apenas por imaginar que eu seria o primeiro. Mas,
— Angel...
Me afastei da cama, ficando de costas.
que eu amo.
Mordeu os lábios.
Puta merda!
animalesco.
Sorri junto.
A cobri com meu corpo, embora sem colocar meu peso sob ela.
Afastei suas pernas com as minhas, ansioso para me ajeitar em sua entrada
escorregadia.
ansiedade.
— Está pronta?
si, buscando minha boca na sua. Senti quando suas pernas circularam minha
cintura, preparando-se para me receber.
E eu beijei, beijei com tudo de mim. Minhas mãos circulavam pelo seu
morreria feliz.
pra caralho segurar o ímpeto de meter meu pau em sua bocetinha com a
ferocidade que eu estava acostumado; o selvagem em mim estava berrando
em meus ouvidos.
— Pronto! — exclamei, sem fôlego. — Agora somos um só. Você é
minha, Lis. Minha para sempre.
a me movimentar devagar.
— Eu a amo, Lis — declarei com fervor. Ela sorriu tão lindo que meu
ela também.
força que não pude mais continuar lutando contra o orgasmo que chegou me
arrebatando. Não me lembrava de já ter sentido tanto prazer no sexo como
tive ali, com minha garota.
Minha...
Acarinhei seu rosto. — Você é a luz na minha escuridão, Lis. Sem você, eu
sou apenas trevas.
Minutos depois, quando pensei que ela já estivesse dormindo, sua voz
soou:
— É porque foi minha primeira vez, então não tenho certeza se fiz tudo
certo... — pigarreou, nervosa. — E você é um homem experiente e...
estar dolorido por causa da sua primeira vez. — Sorri, cheio de malícia.
Lis
— Está doendo?
deparei com Angel de pé, perto da cama, rindo para mim. Ou de mim, não
Meu rosto se tornou rubro, aliás, não só o rosto, mas todo meu corpo
queimou de vergonha.
o travesseiro.
— Vai dizer que está envergonhada depois de ter gemido tão gostoso
— Isso vai ficar meio complicado, porque você fica linda com as
num beijo quente e devasso. O lençol que cobria meus seios, caiu, então
queixo. — Por que está todo arrumado desse jeito? — Resfoleguei por causa
acontecendo ao nosso redor, eu não posso me dar ao luxo de ficar aqui com
carícias.
afastou a cabeça para poder me encarar. Sua expressão era neutra, não
consegui decifrar.
Desde que Angel entrou em minha vida a única coisa a qual sempre se
— Você não acha que de repente pode ter sido uma mera
Suspirando, ele decidiu se colocar de pé. Senti frio com sua ausência.
Arregalei os olhos.
motivo para eu ter presenciado todo aquele terror — não foi uma pergunta.
— Aquele disparo era para mim, né? Era para eu ter morrido naquela noite,
por isso você me trouxe para sua mansão, porque este lugar é quase uma
fortaleza.
— Não foi isso que eu disse, Lis. — Veio até mim e amparou meu
rosto com suas mãos. Meu coração batia tão depressa que desconfiei que ele
estou lidando com eles. Fica tranquila. — Sorriu, mas foi um sorriso que não
— Não quero que encha sua cabecinha com este assunto. — Disse, se
rosto também.
atenciosa. Não fazia ideia de quanto tempo ela trabalhava naquela casa, mas
seus traumas e medos. Antes, ele não entendia que de nada adiantava me
afastar, pois o amor que ardia em meu peito sempre serviria como uma ponte
entre nós.
Uma rápida verificada no meu celular me fez ver que faltavam poucos
perfume dele; Angel era tão cheiroso que eu me sentia como uma viciada,
***
Quando deixei o quarto do Angel, fui direto para o meu, onde coloquei
um vestido leve, além de uma sapatilha. Peguei minha bolsa, colocando meu
celular e carteira dentro, em seguida, abandonei o cômodo e me encaminhei
O cortei:
— Pelo amor de Deus, Miguel. — Cobri sua boca com minha mão,
olhando ao redor com medo que alguém estivesse ouvindo. — Não quero
falar sobre isso com você. — Meu rosto esquentou de vergonha.
apavorada.
Meu irmão estava tão irado que era possível sentir a fúria exalando de
seus poros.
— Céus, Miguel! Pare com isso, agora. — Fui até ele, nervosa com
toda aquela tensão. — Eu não preciso que brigue pela minha honra, pelo
amor de Deus! Em que século estamos?
escorria.
irmão. Depois me voltei para Angel, que continuou no mesmo lugar: — Mais
tarde conversamos.
cruzados, enquanto ele ligava o carro e nos tirava dali. — Você me fez
passar a maior vergonha da minha vida, sabia?
Ela não disse nada, apenas ficou exalando aquele sorrisinho irritante
***
alface.
fora do estabelecimento. — Não pense que te perdoei pelo que fez com o
Angel. Ele poderia te despedir pela sua falta de respeito, sabia?
Meu irmão era um homem lindo, de olhos tão escuros quanto a noite.
Ele me ofereceu um sorriso, ignorando minha expressão zangada.
Sorri junto com ele, odiando o fato de saber que ele estava certo.
Observei quando pegou sua arma, depois que me colocou atrás de suas
costas.
queimar.
uma saraivada de balas. O alvoroço foi grande ao nosso redor, piorando meu
estado de pânico.
meu irmão por cima dos meus ombros. — Que bagunça. — Estalou os
lábios.
Eu só sabia chorar.
corpo do Miguel em meus braços. — Eu não faço ideia de quem você seja,
mas quero confiar que esteja do nosso lado.
Ele permaneceu me encarando de um jeito esquisito, como se
estivesse em transe.
nos braços.
Meu corpo todo tremia, e tudo o que minha mente pensava era em
Miguel.
O desconhecido deu um sorrisinho, como se houvesse apreciado
minha atitude.
Angel
Horas antes
Meu corpo parecia estar flutuando quando deixei Lis no meu quarto;
cada centímetro de pele meu ardia com o desejo inflamado.
Passar a noite com minha garota nos braços foi o melhor presente que um
Além do mais, Lis não fazia ideia de tudo o que eu estava escondendo
dela, e isso me enchia de tormento vivo. Odiava o fato de mentir para a
parecia me sufocar.
chão batido. Não fazia ideia de onde aquele caminho me levaria, mas estava
carro.
Dei uma olhada ao meu redor, mas sem descer do veículo; não havia
foi ainda mais difícil, porque desejei prolongar o momento com minha garota
o quarto dela, e peguei sua escova de cabelos. — Quanto tempo para ter
certeza?
Sacudiu a cabeça.
mistério.
— Ou ao dinheiro?
problema é que não sei como fazer para encontrar a Juana — acrescentei
num suspiro. — Conversei até com Daniel, do MC Lobos, mas ele afirmou
muito a minha procura. Como encontrar alguém que não quer ser encontrado?
— Sabe onde precisa ir. Aquela mulher não vai parar, e você sabe disso.
passado muito bem guardado, mas entendi que seria perda de tempo. Ryan
Bufei.
Pisquei, nervoso.
deu um estalo e meu rosto se anuviou: — Por acaso você contou para eles?
— acusei num rugido. — Você me deu a sua palavra de que esperaria, porra!
isso serviu para inflamar a ânsia deles, porque a algum tempo, antes mesmo
Moran.
Meu coração acelerou gradativamente à medida que minha mente foi
questão, pois foi no dia em que Lis chegou de Londres e decidiu me visitar.
voltando a ter minha atenção. — Tenha em mente que aqueles irmãos são
***
haviam saído, então meus nervos ainda estavam inflamados por causa de
toda discussão que tive com ele. Eu não tive como revidar, considerando que
— Por que está com a cara toda amassada? — Observou Luca, meu
cunhado. — Alguém andou te socando? Puta Merda, quem foi? Quero
Porra, Ryan!
mundo obscuro.
— Acontece que temos quase certeza de que ela é nossa irmã
— Lis tem uma família — revidei, nervoso. — As coisas não são tão
simples. O que acham que vai acontecer? Por acaso pensam que ela vai,
simplesmente, abrir os braços e cumprimentar os novos irmãos se realmente
mim com postura ameaçadora. — Quando foi sua vez, nós estendemos a mão
— alfinetou, referindo-se ao fato de terem me ajudado a encontrar o
paradeiro da Rosa.
Maldição!
— Ela saiu com o irmão, rapaz que trabalha para mim — contei,
temeroso com tudo o que aquela merda implicaria em meu relacionamento
com a Lis. — Isso já faz uns trinta ou quarenta minutos. — Tiquetaqueei meu
maxilar. — Conhecendo-o como conheço, Miguel a levou para tomar café na
confeitaria que ele ama. Vou mandar o endereço para você. — Gesticulei
para o Rossi. — Se quiser vê-la, vá sozinho, para não assustar.
aguardar o endereço.
Fiz sinal para que alguns dos meus homens acompanhassem o carro
Preciso beber.
***
Não deu nem trinta minutos que Rossi saiu e o telefone do Mariano
começou a tocar. Fiquei tenso na mesma hora quando entendi, mesmo eles
conversando em italiano, que algo tinha acontecido com a Lis.
que estávamos.
homens falou sobre suas enfermarias clandestinas, então meu irmão está
levando os dois pra lá — declarou. — Ficou de mandar a localização em
alguns minutos.
***
Assim que meus olhos se chocaram com a Lis, bem e intacta, foi como
se um peso enorme houvesse saído dos meus ombros. Ela estava sentada,
curvada sobre o próprio corpo, chorando descontroladamente. Rossi estava
ao seu lado, recostado contra a parede, enquanto a confortava com uma das
mãos em seu ombro, embora não dissesse nada. Apenas observava a
possível irmã.
que usavam a fim de isolarem o local para evitar o contato com bactérias. Os
médicos estavam com Miguel na mesa de cirurgia improvisada.
colocou de pé num pulo e correu em minha direção. Minha única reação foi
abrir os braços para ampará-la.
Segurei sua cabeça e a forcei para trás, pois queria falar com ela
olhando em seus olhos.
dela se contorceu com novas lágrimas. — Oh, pequeña, vai ficar tudo bem.
— Eu estou aqui agora. — Enchi seu rosto de beijos, assim como seus
lábios.
atacar sua presa. Não precisei olhar para saber que aquele som foi uma
reação dos Fratelli à minha aproximação com a suposta irmã. Lis não
percebeu, aliás, eu desconfiava que ela sequer houvesse notado a presença
de todos eles ali; sua preocupação estava em Miguel, a única família que
conhecia.
Lis
Meu peito estava sufocado, e eu me sentia uma tremenda inútil por não
poder ajudar meu irmão.
Grande parte dos vasos sanguíneos correm por dentro da coluna vertebral,
ou seja, não tem como ver pulsações ou esguichos que normalmente
que estava com a cabeça apoiada em meu colo. — Não ouse me deixar,
irmão. — Solucei.
me voltei para meu irmão, beijando seu rosto. — O alvo era eu, não ele.
conta de seus olhos azuis. — Por acaso isso tem a ver com Angel?
Funguei.
— Por que teria a ver com ele? — rebati, nervosa. — Angel não faz
declarei, nervosa com sua suposição sobre Angel não conseguir cuidar de
mim. — Nem todas as coisas ruins que acontecem têm apenas um culpado.
que todos são bonzinhos? — Riu de modo amargo. — As pessoas são tiradas
tentarmos.
Algo em seus olhos fez meu coração acelerar, embora eu não houvesse
voz soar firme. — Mas tenho certeza de que o tiro era para mim, Angel. Era
também.
Ergui a mão para poder acariciar seu rosto. De repente, dei um pulinho de
certas.
— Amigos — um deles concluiu a frase pelo Angel, se aproximando
de nós dois. — Não sei se você se lembra, mas nós já nos vimos antes, lá na
quando levou aos seus lábios, beijando os nós dos meus dedos.
gentil. Depois, se virou para o restante deles: — E estes são Luca e Fillipo
havia me ajudado com Miguel, longos minutos antes. — Fazem parte de uma
organização italiana.
estão aqui para ajudar com tudo o que está acontecendo? — Olhei para todos
eles.
dos gêmeos, com um olhar leve. Depois sua expressão endureceu quando
encarou o Angel, que estava ao meu lado: — Ao que parece, o mexicano
Pisquei.
perto. Seu olhar para o Angel era tão sombrio que cheguei a ficar com medo.
Senti Angel tenso ao meu lado, embora ele houvesse optado pelo
silêncio.
outros. — Você está com um alvo nas costas, e isso, provavelmente, vem dos
inimigos do Angel. Ou por acaso não sabe que seu namorado é chefe do
o indicador contra o rosto bonito dele. — Quem você pensa que é, hein?
Você não me conhece, então não vou admitir que me trate como uma idiota.
Ouvi uma risadinha ao meu redor, mas não percebi quem estava rindo.
Ao contrário do que imaginei, Luca não pareceu chateado com minhas
Rolei os olhos.
deles. — Mas nossas lutas são travadas contra pessoas ruins, aquelas que
estão do lado negro da força.
direção ao Rossi.
— afirmou.
Angel, depois de ter ficado calado por um bom tempo. — Prometo que vou
descobrir quem está por trás de toda essa merda.
Meus olhos voltaram a ficar úmidos.
esquisito, mas eu tinha gostado desse mafioso. Aliás, não somente dele, mas
de seus irmãos também. — Queremos trabalhar junto com Angel para
tornar tão pequenino que até mesmo respirar se tornava uma tarefa difícil.
pelos se arrepiaram. — Non solo hai messo in pericolo nostra sorella, hai
permesso che accadesse tutta questa merda. Cosa ci nascondi, messicano?
Hai molto da dirci. (Você não só colocou nossa irmã em perigo, como
também permitiu que toda essa merda acontecesse. O que está nos
meglio a abbassare i toni, capo. Non sono il nemico. (Não fale como se já
tivessem certeza. Eu ainda sou o chefe aqui; ainda sou a porra do dono de
toda essa merda, então é melhor diminuir o tom, capo. Não sou o inimigo.)
— rebateu Angel, em italiano também.
aproximei do meu irmão, que estava ligado a aparelhos. Porém, não estava
entubado, fato este que me deixou bem mais tranquila.
Digo isso, porque você me prometeu. Você prometeu que cuidaria de mim até
que eu ficasse velhinha. — Soltei um sorriso em meio às lágrimas, enquanto
me ajoelhava perto da maca em que ele estava. — Então pode desviar de
qualquer luz suspeita que você ver, e correr de volta para mim, irmão.
Continue sendo forte. Não desista agora.
Angel
hora, toda aquela merda recairia sobre mim e Lis, mas não havia me
preparado.
Presenciar sua dor por causa do que houve com seu irmão me deixou
imaginar que Lis pudesse ter sido a vítima se Miguel não houvesse se
colocado na frente dela como um escudo protetor, me deixava ainda mais
culpado.
meu passado.
na cadeira, e segurei suas duas mãos. Virei as palmas para cima e beijei-as
com devoção.
proteger possa ser o motivo para essa maldita caçada contra mim —
afirmou, com os olhos baixos. — Então aceito as consequências. —
— Lis, olhe para mim... — puxei seu rosto para encarar meus olhos.
Todo meu corpo estava tenso com suas palavras. Eu estava me sentindo um
maldito cretino por tê-la feito acreditar que toda aquela caçada desenfreada
contra ela tinha a ver com o tiroteio a mando do Javier, sendo que, na
sempre. — Você não tem culpa de nada — afirmei, torcendo para que ela
Sorri fraco, sendo acompanhado por ela. Aproximei nossos rostos e toquei
meus lábios nos seus. — Pare de encher sua consciência com algo que não te
pertence, pequeña. — Pedi, desenhando seu lábio inferior com meus dedos.
— Apenas se preocupe em ficar bem, pra emanar energias positivas para a
jeito.
Ela assentiu com a cabeça, tentando sorrir, mas não conseguiu, porque
— Porque preciso trabalhar num jeito de parar esses ataques antes que
Não poderia dizer que caçaria cada um que ousou feri-la e que os mandaria
em que observei o peso da fúria por trás daqueles pares de olhos azuis.
***
gole. Sabia que precisaria de todo álcool possível para a conversa que
— Por que não nos contou que estava... — Rossi se calou por um
nossa irmã? Por acaso não pensou que essa informação pudesse ser
momento, nós estamos agindo pacificamente, mas não me custa nada partir
sanguínea.
conhece está lá, numa mesa cirúrgica, num maldito hospital clandestino, e
tudo porque a defendeu — declarei, duro. — Não estou dizendo que não
existe a possibilidade de ela ser a irmã de vocês, mas as coisas precisam ser
feitas com cuidado, porque por trás desse segredo tem uma garota meiga e
conhece.
Você afirmou que ela e a família são civis, salvo seu irmão, então por que
Odiei a acusação por trás de suas palavras, mas ele tinha razão. Eu
tinha colocado um alvo nas costas da garota que eu amava no momento que a
trouxe para minha vida.
— Pelo mesmo motivo que cada um de vocês optou por manter suas
para sua casa, o que me faz deduzir duas coisas... — se calou, me encarando.
— Que você tem consciência do quê, ou quem a está perseguindo, por isso a
porrada.
pergunta, indignado com tal suposição. — Acha que Lis é qualquer uma para
que eu, simplesmente, a trouxesse para minha casa como uma espécie de
— Não foi isso que ele disse, Angel — Rossi defendeu o irmão. — Só
estamos tentando entender a situação.
O encarei com os olhos injetados de frieza e fúria.
mesinha de centro. — Eu conheci a Lis há quase cinco anos, desde que seu
irmão Miguel começou a trabalhar para mim — comecei a narrar. — Me
apaixonei, perdidamente, por ela, porém sabia que jamais poderia tê-la,
porque sou o maldito chefe de um cartel. — Dei uma risada amarga. —
médica, e isso surgiu por causa de uma doença que seu pai teve, cujo
tratamento era muito caro. — Respirei fundo. — Estava tudo certo, ela
Então levei aquele tiro na perna durante nosso ataque no Porto de Ensenada,
quando ajudei vocês a capturarem o melhor soldado do Louis, e ela ficou
para longe.
— A única coisa que entendi dessa merda toda foi que você colocou
nossa irmã, que nem sabíamos que existia, em risco. E isso só está piorando
meu estado de irritação com você, mexicano. — Soou Rossi, oferecendo-me
— Ainda não decidi se gosto da ideia de saber que você e ela estão...
— Mariano não concluiu o pensamento, nitidamente incomodado.
Semicerrei os olhos.
deles acontecesse pela felicidade da minha irmã. E digo mais, meu amor
pela Lis é puro e sincero, e nossa união fará com que nossas famílias fiquem
ainda mais fortes. Porque depois que Luca se casou com a Rosa, nos
— Saiba que depois que tudo isso acabar, você terá que passar pelo
nosso desafio antes de adquirir o direito de ficar com nossa irmã —
comentou Luca.
— Não sei, mas quando foi minha vez, esse idiota tentou me ferrar
com aquele maldito teste — resmungou, ranzinza. — Então ele não vai
escapar de um desafio.
— A sua sorte é que a Rosa é louca por você, e eu não quero magoá-
la, porque se...
— Acho que já ultrapassamos a cota de ameaças por hoje — interveio
Rossi, cortando minhas palavras. — Está claro que o objetivo de ambos aqui
é manter a Lis em segurança — acrescentou, fazendo cada um de nós engolir
os xingamentos.
— Então a pergunta que não quer calar é: Como você fará isso,
mexicano? — indagou Manuele, num rosnado. — Como fará para tirar nossa
irmã da enrascada em que a colocou?
Arqueei as sobrancelhas.
— Essa será a última coisa que irei falar sobre este assunto —
começou ele, respirando fundo — Não gosto de saber que está com minha
irmã, mas pelo mesmo motivo que você não gosta de saber que a sua está
Respirei fundo.
Lis
meu irmão.
queria preocupá-los.
Sacudiu a cabeça.
sua cirurgia foi um sucesso; o médico disse que o disparo não afetou nenhum
órgão. Graças a Deus você não foi atingido enquanto estava de costas,
aos que tentaram nos ferir. Ameaçou se sentar, porém, gemeu de dor.
era para Lis, eu tenho certeza disso — declarou com olhos injetados. —
Você precisa resolver essa merda, Angel. Precisa encontrar essa maldita
Pisquei, abismada. Olhei tão rápido para o Angel, que meu pescoço
chegou a doer.
— Ah, então você quer que sua irmã viva com medo? — revidou
Angel, quase em um rugido. — Acha certo que ela passe a noite toda
dormir e chorando como uma condenada? Quer que ela tenha a mente
disso tudo. Quero manter sua irmã na porra de uma redoma de vidro.
Franzi o cenho.
Você não pode me esconder do mundo. Não é porque você me ama que tem o
importar com o que falei. — Sua irmã não aceitou sair daqui enquanto você
não acordasse. — Depois amenizou o olhar quando fixou os olhos nos meus.
tensão. — Não quero que fique doente por minha causa. Estou bem. —
Sorriu, mas foi um sorriso que não iluminou seu rosto. — Não foi desta vez
descanse. Não ouse voltar aqui hoje. Vou ficar esperando sua visita amanhã.
cansaço das últimas horas. — Já me sinto melhor apenas em saber que você
está bem. — Me coloquei de pé, depois que aceitei a mão do Angel, que me
segurou e me manteve por perto. — Promete que vai mandar me chamar se
Rolou os olhos.
— E pare de ser malcriado! — Ralhei, arrancando-lhe um sorriso. —
Eu te amo, irmão. — Toquei seu rosto, sentindo a barba pinicar minha mão.
— Obrigada por ter salvado minha vida. Obrigada por sempre cuidar de
mim.
fora.
Uma parte minha não queria sair dali, mas, ao mesmo tempo, eu me
sentia mais leve em saber que meu irmão estava se recuperando bem, e longe
do perigo de morte.
***
que eu estava usando. — Posso mandar preparar alguma coisa para você
comer.
Retirei minhas roupas, ficando nua em sua frente. Fui até o box e liguei
o chuveiro.
— Não estou com fome. — Expliquei, regulando a temperatura da
Então é compreensível.
pele.
banheiro.
Angel se afastou da porta para que eu pudesse passar. Assim que senti
seu perfume, me aproximei dele, que enrolou um dos braços em minha
cintura.
eu o queria.
fazendo com que minha toalha caísse aos nossos pés. — Preciso do seu
amor. — Colei nossos lábios outra vez, com sofreguidão. — Preciso sentir
Arrepios inundaram minha pele com o rosnado que ele soltou. Sua
roupas.
Sequer vi o instante em que ele se despiu e colocou a camisinha.
incômodo, considerando que aquela era a segunda vez que eu fazia sexo.
Então meu corpo ainda não estava acostumado com a invasão.
Completos.
Um só.
Suas investidas eram, ora lentas, ora duras. Não havia um ritmo certo,
Eu me sentia tão devassa quando ele me falava essas coisas, que tudo,
dentro e fora de mim, queimava como brasas.
forma, me fez questionar se talvez ele já houvesse feito isso com outras.
encarar os seus.
— Isso o quê?
Suspirei, nervosa.
— Ficar abraçado com a garota depois do... — não consegui concluir
o raciocínio.
Ele deu uma risadinha, que fez seu corpo vibrar. Remexendo-se, ele
ergueu meu queixo, pois ansiava me olhar nos olhos, embora eu quisesse me
esconder.
melhor parte.
Sorri, emocionada.
O senti ficar tenso, entretanto foi tão breve que não entendi se
aconteceu mesmo ou se foi imaginação minha.
instantes.
Angel
retrovisor me fez observar a chegada dos meus homens, que vieram para me
dar suporte se acaso eu precisasse.
abrindo a porta —, e vou precisar desse estrago para o que vamos fazer
agora.
Joshua fazia parte do moto clube Lobos, liderado pelo Daniel Duran.
— Vou levar isso como um elogio. — Revidou ele, depois que saiu do
passado pouco mais de uma semana desde o ataque que Lis e Miguel
Contei, fazendo sinal para que alguns dos meus homens cercassem o lugar
encarando de soslaio. — Não sabia que você precisaria de ajuda para uma
malas depois de ter distribuído armas para o restante dos meus homens —,
de pura euforia. — Solte esse monstro que habita dentro de você e destrua
cada um desses filhos da puta. — Ele me encarou, assentindo, mas com certa
brincar.
Madero.
trabalho. Logo, o som dos disparos se iniciou, como música para meus
ouvidos.
celular.
— Oi, pequeña. — Atendi. — Está tudo bem?
comigo...
estou com saudades, mas... — olhei para a entrada do lugar a minha frente.
— Tomarei.
— Eu amo mais.
Dizendo isso, encerrei a ligação.
Peguei minha pistola e segui pelo caminho que Joshua e meus homens
coração fraco.
— O que foi? — intimei, com o cenho franzido. — Por que está com
essa cara? — indaguei, sem entender. Depois, notei que havia um homem
vivo. — Que porra é essa? Por que o deixou vivo? — Apontei, observando
o moribundo.
olhos arregalados de pavor. — Não vou matá-lo. Esse tipo de coisa dá azar.
massacre ao nosso redor —, mas está se borrando nas calças por causa
desse lixo? — Apontei para o homem no chão, que estava mais apavorado
Voltei a rir.
— Acredita mesmo nisso? Sabe que teu encontro com o diabo vai
Deu de ombros.
infeliz, no chão.
— Se o demônio vir me buscar por culpa disso, juro que vou mandá-
cuspindo sangue, respingando em meus sapatos. Não sabia quem tinha sido,
mas fizeram um pequeno estrago na cara do desgraçado. — Veio se vingar da
vendo aquele rapaz ali? — Apontei para o Joshua, que sorriu como uma
besta assassina. — Ele vai adorar estripar você todinho, ainda mais depois
que eu contar as coisas doentias que você é acostumado a fazer com pobres
garotinhas inocentes...
— Eu não sei onde encontrá-la, aliás, nem sei quem ela é. — Afirmou,
causou.
passos.
acelerado.
— Algum problema?
emoções.
Dei mais algumas ordens, aos meus homens que ficariam ali com ele e,
em seguida, rumei para fora do lugar. Minha mente estava a mil, enquanto
tentava raciocinar sobre uma maneira de me livrar daquela mulher e do
perigo que ela representava para Lis, mas como? Como faria isso?
Entrei no carro, batendo a porta com força. Todo meu corpo tremia de
raiva e frustração.
Um barulho de mensagem chamou minha atenção. Enfiei a mão dentro
Pensei que fosse alguma mensagem da Lis, mas logo descobri que era
“CONFIRMADO”.
Não levou nem meio segundo para que eu entendesse. Era uma
Mal tive tempo de digerir aquela nova bomba, e meu telefone começou
a tocar sob minha mão. Era o Rossi.
Preferia morrer.
***
— Angel?
que Lis ameaçou sair da cama. — Eu estou sujo. Não quero tocá-la assim.
Estava em seu quarto observando-a dormir, desde que cheguei em
casa, há poucos minutos. Tudo, dentro e fora de mim, gritava para que eu
fosse vê-la. Eu precisava colocar meus olhos sobre ela antes de qualquer
coisa.
— Ei, espera...
— Angel...?
de perder a única coisa boa que me aconteceu gritando aos meus ouvidos.
— Lis...
— Declarou, me forçando a virar o corpo para ela, que também estava nua.
Sua mão direita se ergueu, amparando meu rosto. — Eu o amo do jeitinho
Assentiu.
— Você foi atrás das pessoas que tentaram me ferir, as mesmas que
acabaram ferindo meu irmão — respondeu, sem pestanejar. Ergueu o olhar,
costas no piso gelado, enquanto sentia suas pernas abraçando minha cintura.
O meu lar.
Então, eu sabia que quando tudo viesse à tona, eu ficaria sem nada.
Vazio.
Oco.
perseguir.
Capítulo 15
Lis
salvar vidas.
um baque.
desesperada.
Pisquei, incrédula.
Engoli em seco.
poderia conhecê-la. Ela era uma mulher bonita, pele bronzeada e olhos
— Juro que não consigo entender o que ele viu em você, sabia? —
O que você tem de especial? Por acaso é algo que você faz na cama?
Franzi o cenho.
corpo estava gelado de puro pavor. Ainda mais porque ela mantinha a mira
da pistola em minha direção.
porque, finalmente, entendi que não havia sido um erro eu estar ali, pois ela
me conhecia realmente. — Uma garota sonsa, daquelas que ainda acreditam
Sorriu. — Por acaso, realmente acredita que Angel está sendo honesto com
Meu peito subia e descia, enquanto minha mente lutava para raciocinar
— Vai acabar caindo desse jeito. — Não tive alternativa a não ser obedecer.
Queria não estar surpresa com o fato de ele ter mantido minha história com
Travei o maxilar.
— Não adianta tentar me colocar contra ele, porque não vai funcionar
Pensava que era única, que era especial para ele — murmurou, meio
cabeça, ainda assimilando suas palavras. — Angel jamais faria isso, não é
da índole dele.
sobrancelhas. — Por que eu estaria aqui se tudo isso fosse uma mentira? Por
que eu estaria perseguindo você se não tivesse um motivo muito forte por
trás?
Perdi o ar.
Sim, claro que sabe. Estamos brincando de cão e gato agora. — Sorriu. —
Admito que está sendo bem divertido até.
— Mas ele não me contou — falei para mim mesma. — Eu pensei que
todos os ataques estivessem acontecendo por culpa minha, por algo que eu
fiz.
— Mas é desse jeito que ele faz, querida... — comentou ela, roubando
que, no fim das contas, acabamos confiando em tudo o que ele diz. Porque
meu desejo de não querer ouvir. — Fui apenas mais uma garota na vida dele,
mais uma que ele usou e acabou abandonando depois que se cansou. Não
percebe? Não entende que Angel é igual a todos os homens? Eles só querem
uma coisa de nós, bonitinha, e é o que temos entre as pernas.
que a culpa de todas as merdas que vêm acontecendo era sua, ao invés de ter
sido honesto e contado o que fez comigo, e que por causa disso, eu estava
— Você é tão inocente que não faz ideia de tudo o que acontece, e bem
diante do seu narizinho — declarou, tendo minha atenção outra vez. — Está
aí, toda valente defendendo um homem que afirma amá-la, mas que na
verdade, esconde coisas de você. E, inclusive, uma delas pode mudar a sua
vida por completo.
— Não acha divertido o fato de eu saber algo tão sério sobre a sua
Deu risada.
coração parou uma batida. — Você é a única que possui olhos azuis, além da
pele tão branca quanto a neve.
criada como se fosse deles, mas, na verdade, sua origem é italiana. Seu pai
se chamava Federico Ricci, mas ele já está morto, então... — deu de ombros
— isso já não importa. O x da questão aqui é que você possui cinco irmãos
vivos, que formam uma máfia muito poderosa. E o mais engraçado é que...
sem parar. — Porque ele é mentiroso. É isso o que Angel faz, ele mente. Ele
destrói tudo o que toca. Ele usa e abusa, e depois descarta, sem se importar
Eu estava destruída.
inclinando e segurando meu rosto com uma das mãos. — Está sentindo a dor
que eu senti no passado?
— Eu poderia meter uma bala na tua cabeça agora mesmo, mas dessa
vez vou deixá-la ir. Porque tenho certeza de que fará a coisa certa, hun?
sentidos.
Engoli em seco.
Cada detalhe.
***
hospital.
estivessem flutuando.
que chamou minha atenção por completo foi a figura do homem que passou a
me fazer refém desde a primeira vez que o vi; Angel roubou meu coração
estava sozinho na sala. — Onde você estava? — Rumou até mim com
desespero. — Fiquei enlouquecido de preocupação quando fui te buscar e
não...
— Não ouse chegar perto de mim — rosnei num sibilar. — Não ouse
me tocar.
— Lis...
— Irmã...
— Apenas responda minha pergunta, Miguel — fui dura, apesar da
calmaria em meu tom de voz.
— Não falamos nada, porque isso não era relevante, Lis. Nós...
— Você nos prometeu que não permitiria que aquela mulher chegasse
perto da nossa irmã, mexicano...
Neguei com a cabeça, sentindo meus malditos olhos úmidos outra vez.
suficiente para eu entender que, assim como você fez com ela, eu seria a
próxima a ser abandonada. Me pergunto se você só estava esperando eu
engravidar.
— Mas eu não...
Não conseguia aceitar que tinha sido traída pelas pessoas que mais
amava na vida.
E o pior, que tinha sido usada pelo único homem que permiti entrar em
meu coração.
Capítulo 16
Angel
possível.
Por fora, eu parecia controlado, mas por dentro, me sentia como uma
fera enjaulada.
— Lis acabou de dizer que foi sequestrada pela sua ex-louca, e bem
debaixo do seu nariz. — Rugiu Mariano, se colocando na frente do Rossi. —
controle.
mais irritado.
aqui presenciou o desabafo dela. Não tente defender o seu patrão, quando, na
anos, e sei da lealdade dele com todos ao seu redor. Nas últimas semanas,
tivemos nossas diferenças, mas nunca duvidei da sua devoção pela Lis.
Olhei para ele, assentindo com a cabeça, agradecido por suas
palavras.
— Sou culpado sim, por toda dor que ela está sentindo — murmurei,
olhando para eles —, mas essa nunca foi minha intenção, pelo contrário, eu
esquivei de todas as maneiras, apenas para não ter que enxergar a dor que
enxerguei nos olhos dela minutos atrás. Eu sabia que ela não encararia bem o
meu passado com Juana; sabia que ela se sentiria traída quando descobrisse
que eu sempre soube que ela não era legítima da família Pérez, mas que
mais do que claro que todos nós, aqui nesta sala, queremos uma coisa só,
Não tive tempo de agradecer a você por tê-la protegido durante aquele
ataque.
dois estejam chateados agora, mas o fato de a Lis decidir ir conosco não é o
fim do mundo.
uma garota de opinião, porém o tempo que passei com ela naquele hospital
clandestino me fez enxergar o lado em que ela se doa pelas pessoas que ama.
Nossa irmã me enfrentou como uma leoa no momento que encontrei vocês
olhos. — Ela o protegeu de mim, pois pensou que eu fosse uma ameaça.
o barulho dos saltos da Lis. Ela estava descendo os degraus com uma mala
de rodinhas.
Assenti, embora estivesse levando tudo de mim para não correr atrás
***
Poucos dias haviam se passado desde que Lis foi para a Itália, mas eu
relacionadas aos negócios, porque dessa forma, não sucumbiria a dor que a
ausência dela estava me causando, e nem pegaria a porra de um jatinho para
Não podia agir feito um troglodita, embora essa fosse minha vontade
permanecer de pé depois que o servi com uma dose. — Precisa estar cem
levou meu coração com ela — declarei, sem olhar para ele. — Então estou
pela metade.
fazendo-me sorrir.
O encarei.
Arqueei as sobrancelhas.
— Touché.
ocasiões especiais.
— Ainda não contou a eles — não foi uma pergunta. — Eles precisam
A família era dele, então ele, melhor do que ninguém, sabia como
lidar com os seus.
Rumei para fora da sala, logo me reunindo com os líderes dos grupos
do cartel.
convidado entrar.
Fez o que pedi, embora estivesse desconfiado. Ele não tinha vindo
sozinho, eu, inclusive, permiti a entrada de alguns dos seus homens. Sabia
que ele não seria idiota ao ponto de tentar qualquer merda ali.
foder os meus negócios e começa a trabalhar para mim, ou vou foder você,
literalmente falando. — Semicerrei os olhos, querendo deixar nítido meu
tom de ameaça.
começar, cabrón!
mudaram. Você me deixou irritado, Javier, e quando fico irritado o meu lado
mau fica mais aflorado, entende? — Sorri como um demônio. Me inclinei,
eu conheço todos os seus contatos; sei de onde você pega as drogas e armas,
o que acha que vai acontecer se eu fizer minhas ligações, hun? Vou dizimar
seus armazéns, suas cargas — ameacei. — Vou roubar seu dinheiro. Vou
plantar provas contra você e sua família, e mandar os federais na sua porta.
acabar com você. E se isso não for suficiente, juro que começarei a tocar em
seu pessoal.
desparecido.
— Aproxime-se — pedi.
são meus líderes, e a sua fama com eles não é nada boa — expliquei,
enquanto ele olhava para trás. — É necessário que você prove que realmente
está disposto a ser um de nós. É necessário que você mostre sua lealdade.
do meu pessoal — afirmei. — Mostre a eles que me aceita como único líder.
Mostre que acredita que sou o único dono da porra do México.
Sem falar nada, pegou minha mão e beijou o anel, com pedra preta.
engasgado.
Eu era um monstro.
Lis
Dias antes
amenizar a dor das feridas abertas, mesmo tendo certeza de que não seria
possível.
Era real.
Pisquei.
companhia, porque não quero falar com ninguém no momento — fui honesta.
— Tudo bem — disse em meu idioma, visto que eu havia deixado
— Só quero que saiba que ter você aqui é uma alegria sem tamanho —
declarou, roubando minha atenção para si. Seus olhos brilhavam nos meus.
— Não existem palavras para expressar sua importância para mim — depois
minhas bochechas.
***
desceu primeiro e deu a volta no veículo para abrir a porta para mim como
um perfeito cavalheiro.
Seu sorriso era tão lindo quanto o brilho que tomava conta de seus
Mariano.
— Não — respondeu Manuele com uma sombra nos olhos. — Você foi
verdade, ela tem opinião própria, ora — argumentou. — Lis pode decidir
que tem um irmão preferido, e eu não terei culpa alguma quando ela perceber
que esse irmão será eu. — Apontou para si mesmo, arrogante.
Aumentei a risada.
de chorar.
uma emoção diferente tomar conta de seu rosto. — Quer dizer... — pigarreei
Sorriu.
mansão do Angel era imensa, mas não chegava ao nível daquela ali.
Eu me sentia estranha, quase como uma intrusa entre aquelas pessoas,
me deparei com o mais lindo par de olhos azuis que já vi. Era um lindo
garotinho.
braços.
braços. Ao lado dela estava uma com o corpo mais avantajado, mas não
grávida. Deu para notar que ela estava prestes a ganhar o bebê.
Angel. — Percebi que você ficou perdida com o idioma. — Sorriu com
ela, estar perto dela... falar com ela me fez perder a base sob meus pés.
mãe.
espanhol dessa vez. — Me perdoe, não sabia que você não entendia italiano.
meigo, também em espanhol. Seu sorriso era tão lindo quanto ela toda. —
para aquelas pessoas, me perguntando o que estava fazendo ali. O que era
ridículo, visto que a ideia tinha sido minha. Ao olhar para trás, para encarar
os rostos dos lindos homens que descobri serem meus irmãos, me senti ainda
Eu não os conhecia.
entender.
— Portala in una delle camere da letto amore (Leve ela para um dos
quartos, amor) — ouvi a voz da garota de olhos azuis, conforme Rossi me
Não consegui olhar para nenhum deles enquanto seguia com Rossi
para o andar de cima.
***
percebi quando deixou minha bagagem atrás da porta. — Talvez você prefira
um que tenha sacada. Também temos um com o teto de vidro e...
Deu de ombros.
Por quê?
estendendo a mão num convite mudo para que eu segurasse. — E você não
precisa fazer isso, querida. — Me encarou com um olhar compreensivo. —
Lis, você acabou de descobrir que viveu uma mentira, além de ter sido
magoada pelo homem que ama. Então, por favor, permita-se sofrer. Permita-
se chorar. Porque isso não vai diminuir em nada a sua força, sabe por quê?
— Neguei com a cabeça. — Porque você é uma Ricci. — Sorriu. — Além
olhos brilhantes.
demais.
— Promete que nunca vai mentir para mim? — pedi num engasgo de
choro. — Promete que jamais irá me esconder as coisas?
Apertando minha mão na sua, ele a levou aos seus lábios, beijando os
nós de meus dedos frios.
— Eu prometo que jamais vou mentir para você. Nossa relação será
Senti que seu corpo tencionou quando apertei suas costas, mas não dei
atenção a isso.
***
Eu não fazia ideia do horário, mas notei que ainda era madrugada.
Minha cabeça estava dolorida devido ao fato de eu ter pegado no sono
depois de tanto choro. Quando Rossi me deixou no quarto, horas atrás, fui
incapaz de sair, e chorei até adormecer.
Nervosa com as dores em meu corpo, devido a toda tensão das últimas
horário, visto que era de madrugada, mas acabei saindo do quarto, ansiosa
para ouvir o som mais de perto.
claridade.
Sorri junto.
do pai, claro.
— Sim — respondeu. — Vai se chamar Nina.
— Bianca?
Perdi o ar.
Lis
o qual deduzi que fosse uma mensagem bonita, mas como estava em italiano,
eu não pude decifrar.
eles de alguma forma. Nos foi roubado o direito de convivermos, como uma
família. E essa certeza me entristecia demais.
momento que Beatrice me contou, horas atrás, sobre a irmã gêmea que eu
nem sabia que tive, mas que perdi sem nem mesmo ter a chance de conhecer.
Doía-me pensar nela. Doía-me saber que havíamos sido separadas uma da
com o que Beatrice disse, decidi sair da casa e comecei a perambular pela
de mim; nem precisei olhar para saber que eram meus irmãos. Todos os
jogando ao meu lado, no chão. Eu gostava do sotaque deles. — Por que não
relembrar da nossa criaturinha de luz, porque sua ausência ainda dói muito.
por onde passava, e a todos ao seu redor. Não havia quem não a amasse. Ela
A forma como ele falava dela era tão linda que meu peito sufocou.
quando se tornasse adulta. Ela amava tocar aquele piano, que hoje é tocado
apenas pela Beatrice.
Eu não queria perguntar, pois temia a resposta, mas eu tinha que saber;
Minha mente ainda estava lutando para absorver toda história por trás da
— Como a nossa mãe deve ter sofrido... — soprei, sentindo meu peito
sufocado de dor. — Pensou que eu estivesse morta quando, na verdade, eu
estava sendo criada por outra família. Sendo amada e amamentada por outra
mãe.
Como Luca estava mais perto de mim, ele me puxou para seus braços,
acariciando meus cabelos. — Aliás, você é culpada sim, mas de ter nos
trazido esperança. Amor.
— Mas ela... ela... — gaguejei, entre soluços — ela só tinha oito anos.
ouvi a voz do Rossi. — Me culpei pelo que fizeram, e odiei a mim mesmo
por ter sido omisso com a única criaturinha que me trazia luz. Bianca era a
melhor parte do meu dia, e isso não era novidade para ninguém. — De
repente, ele se calou, parecendo engasgado. Me afastei dos braços do Luca,
da lista.
Me coloquei de pé, indo até ele, que estava de costas para mim.
Toquei em seus ombros, enrolando o braço no seu. Senti sua tensão ao toque,
Maya e minha garota me fazer entender que eu estava errado de agir assim.
— Se virou completamente, me encontrando bem em sua frente. Pude ver a
parte do tempo. — Admitiu, pegando minhas mãos nas suas. — Ainda sinto
aproximaram.
tragédia, Lis — declarou Fillipo. —, mas o seu retorno para as nossas vidas
Olhei para o Rossi, que amparou meu rosto com uma das suas mãos.
arrancando risadinhas.
— Estamos felizes em ter você aqui, baixinha. — Comentou Luca,
Todos riram.
fazendo-os sorrirem.
arregalados.
***
Simona estava mais afastada da cama, com o pequeno Benjamim nos braços.
Pisquei quando visualizei um lindo menino de, aproximadamente, uns dez
Me aproximei da cama.
nascendo, então não vai dar tempo. O parto terá que ser feito aqui.
Manuele arregalou os olhos. Aliás, não somente ele, mas todos que
estavam no quarto.
enquanto mandava todos os outros para fora. Manuele foi o mais difícil de
aceitar sair.
Voltei para a cama, ajeitando os travesseiros atrás da Beatrice, que
— Maya, você pode se ajeitar atrás, nas costas dela como um apoio?
a cabeça toda de fora. — Sua filha já está com a cabecinha toda de fora. Só
mais um pouquinho.
Meu coração batia tão descompassado que temi sofrer uma síncope ali
mesmo. Quando a criança finalmente foi expelida, o som de seu choro entoou
que era importante secar o bebê — que estava molhado em razão da bolsa
gestacional e do líquido amniótico — e aquecê-lo para que não perdesse
calor.
tinha feito nenhum parto, mas já tinha presenciado muitos durante meu
estágio no hospital do México. Então sabia que para realizar o corte, era
importante esperar cerca de 2 a 3 minutos após o nascimento.
serem feitas.
gavetas.
— Parabéns!
Paola não dizia nada, mas eu podia ver o brilho emocionado em seus
olhos.
— Posso chamar o Manuele? — perguntei. Umedeci mais um pano e
limpei o sangue das minhas mãos. — Ele deve estar desesperado lá
embaixo.
admirar a filha.
Quando Manuele entrou no quarto, não olhou para nada nem ninguém,
controlar.
Lis
Dias depois
A água escorria pelo meu corpo, que parecia tão febril quanto meu
interior. Eu me sentia queimar de dentro para fora.
Por que ele tinha tanto poder sob mim? Eu odiava o fato de amá-lo
tanto, quando ele merecia somente meu desprezo depois de tudo o que fez.
Com um arquejar baixo, deslizei uma das mãos para baixo, sentindo...
Experimentando.
Descobrindo.
Minha mente foi sendo preenchida pelas lembranças das mãos do
onde permiti que meus dedos acariciassem aquele amontoado de nervos, que
pulsava dolorosamente. Iniciei movimentos calmos, mas, aos poucos, fui
Angel.
em um maldito orgasmo.
Um choro de raiva.
Um choro de culpa.
***
“Já está pronta para conversar? Estou com saudades, irmã. Como
você está?”
funguei baixinho. Eu não queria estar me sentindo tão magoada com ele e
nossos pais, mas estava. Não conseguia ignorar o fato de que todos os três
Desde que descobri que tinha sido da minha irmã gêmea, o lugar acabou se
tornando meu refúgio. — Procurei você pela casa inteira até concluir que só
em uma poltrona, perto das vidraças da janela, pois queria pegar a luz do
porque tudo o que passei serviu de experiência para me deixar mais forte —
Ganhei mais cinco irmãos, mas me sinto machucada, entende? — fui honesta.
viveu foi uma mentira. Só que se você parar para pensar, não foi uma mentira
tinha a dizer. — Você foi amada, Lis, e esse amor é real. Seus pais e seu
irmão são reais. E o fato de terem escondido a verdade sobre a sua origem
acumulou ali.
tive coragem de negar. — E ele também a ama. Sei disso, porque meu irmão
— A única coisa que sei é que meu irmão está sem o maldito freio, Lis
— Eu não posso falar nada sobre essa tal mulher, porque se ela
realmente existiu na vida do Angel, foi na época em que ele saiu de casa. —
verdade. Ele amará você eternamente, mesmo que você não o aceite mais.
Meu rosto se contorceu com novas lágrimas, mas me esforcei para não
acabar com você. Por isso, pense muito bem antes de procurá-lo. Tenha
certeza dos seus sentimentos. Tenha certeza de que conseguirá perdoá-lo.
Angel
Dias depois
hábito voltou.
imbecis que estava usando meu Pub como ponto de venda de drogas, e isso,
certamente, eu não ia permitir.
Miguel, me forçando a olhar para ele, que estava nitidamente frustrado com
— Por quê? — Traguei outra vez, logo soltando a fumaça pela boca e
nariz.
— Eu sei disso. Sei que ela vai voltar — murmurei, depois de alguns
instantes. — Mas não para mim. Eu a perdi, Miguel. Estraguei tudo. É isso o
que eu faço, eu estrago as coisas.
apagando.
— Acho que desde que você começou a querer decidir o que eu devo
única coisa que me faz esquecê-la. — Expus, voltando a olhar para o lado,
mesa, abruptamente.
duas mãos. Isso fez os copos e garrafas caírem. — Por acaso você está com
Com o canto dos olhos, notei Miguel conversando com a garota que
querendo dar a boceta para mim. — Alegou, piscando um olho. Pegou uma
minha cabeça.
garrafa quebrada, aproveitei para lhe dar uma rasteira. Logo montei em seu
— Que tal se eu pegar esse caco de vidro e cortar o seu pau fora, hun?
— rugi contra o rosto do infeliz, que estava vermelho de sangue, e por causa
do esforço que fazia para tentar me dominar. — Desse jeito, nunca mais
Tomado de pura fúria, levei o caco de vidro até seu rosto e fiz um
corte logo abaixo dos olhos, descendo até o lábio. Seus gritos soaram como
rosto de quando ele me acertou com a garrafa. Fiz sinal para meus homens,
com um safanão.
— Pare de encher a porra do meu saco, Miguel! — sibilei, revoltado
— Mas do jeito que você está agindo, daqui a pouco não vai mandar
ouvidos.
Eu queria o caos.
Queria a destruição.
Passei pelo balcão do bar e peguei uma garrafa de tequila, em seguida,
marchei até o grupo de quatro rapazes. Eu não era estúpido em não saber
no meu Pub, para venderem suas malditas drogas? — perguntei, com uma
isso.
em minhas veias.
defender, mas fui mais rápido. Logo, seus parceiros partiram pra cima de
mim, ansiosos para me agredirem.
Acabei com dois deles facilmente, deixando-os numa pilha, um em
cima do outro, desmaiados.
Sobraram dois.
— Isso eu já não sei responder, mas posso afirmar que você me causa
parar.
Eu não podia.
— VOCÊ VAI MATÁ-LO, ANGEL! — era a voz do Miguel, mas
ignorei totalmente.
meu ouvido.
— Angel?
pernas. — É você?
— E-eu ainda não te perdoei, mas você precisa estar inteiro quando
— Lis, eu...
Abri a boca para falar, mas ela desligou antes que eu conseguisse.
Deu de ombros.
Angel
pensando direito.
fazer.
no escuro. Sua irmã não poderá voltar ao México enquanto Juana continuar à
solta.
há uma semana, não voltamos mais a nos falar. E estava tudo bem, porque eu
***
Eu podia estar tranquilo por fora, mas por dentro, eu estava nervoso
como há muito tempo não ficava.
rever aquelas pessoas do meu passado, passado este que tinha retornado
para me assombrar. Mas sabia que aquele era o único jeito.
— Não avisou sobre isso aos Fratelli — comentou Ryan. Não foi uma
pergunta.
— Desde quando tenho que contar a eles sobre cada passo meu? —
que essa é uma missão suicida — falei —, talvez seja. — Dei de ombros. —
dominar.
— A partir do momento que passar por aquele portão, você estará
com você. Minha parte no acordo era essa, trazê-lo até aqui. Agora você está
paletó.
ligou.
para longe.
Ryan estava certo em sua preocupação com meu bem-estar, visto que
eu estava prestes a abrir a porta do meu passado, e de um passado que não
gangsters que não se fixavam num território por muito tempo, o que tornava
de paz.
todas.
Eu estava no chão quando ouvi o som de galope de cavalos.
entender o motivo da sua presença aqui, mas meu raciocínio fica muito lento
quando sou dominado pela raiva. E voltar a vê-lo me deixou com muita
raiva, cabrón.
meu pai.
sua liberdade em viver tudo o que sentia vontade, algo que eu não tinha com
meu pai. Então, eu e ela começamos um romance puramente proibido e
selvagem; não havia limites para nós dois nem para nossas aventuras. Logo,
fui aceito pela sua família, seus irmãos. Eu me tornei um deles.
Eu era um deles.
— E por que acha que teríamos alguma coisa para conversar com um
quanto.
— Entendo que estão com raiva de mim por eu ter ido embora daquele
— Como ousa vir até nós e ainda mencionar o nome dela? — Sibilou
uma pergunta.
irmã de vocês está descontrolada. Sei que errei, mas preciso consertar meu
erro antes que Juana machuque pessoas inocentes.
lábios. — Por acaso está se referindo a sua família? As pessoas pelas quais
você nos trocou?
— Talvez você não saiba, Angel, mas nossa irmã estava grávida
semanas atrás, eu não tinha acreditado, porque Juana poderia ter dito
somente para inflamar a raiva da Lis contra mim. — Mas ela perdeu a
criança quando foi atrás de você, pois foi capturada por um grupo rival e a
espancaram. A deixaram para morrer, mas nós a encontramos a tempo. Nossa
Meu coração doeu com aquilo. Nunca quis feri-la. E jamais teria ido
— Na verdade, ela nunca mais foi a mesma depois que conheceu você
— complementou Dario, com ódio escorrendo de seu tom. — Você a
destruiu.
— Então se sua intenção, ao vir até nós, fosse para encontrar perdão e
Abri a boca para falar, mas não tive tempo, considerando que fui
diante de mim.
Eu sabia que tinha irritado aquela família quando fui embora sem
olhar para trás, mas não imaginei que houvesse sido naquele nível.
da Lis.
Da minha Lis.
Eu tinha feito tudo aquilo pensando nela, para tentar garantir que ela
Lis
não tinha contado a eles que eu havia descoberto o segredo sobre minhas
origens, então estavam agindo naturalmente.
Decidi me omitir, porque aquele não era um assunto para se tratar pelo
Angel.
Desde que conversei com ele, dias atrás, depois que Miguel me ligou,
insistindo para falar comigo a respeito do Angel, nós não conversamos mais.
Não por falta de insistência dele, claro. Mas eu ainda não me sentia pronta.
porque percebi que Angel não estava nada bem. E saber disso me deixava
ainda mais culpada, porque compreendia que boa parte desse descontrole
era culpa minha.
Estar ali, na Itália, e na casa que foi dos meus pais, convivendo com
encerrada por culpa de pessoas ruins. Porém, ela me contou que ambos
da gravidez inesperada.
ficarem juntos, o que me deixou com o coração quentinho, pois pude sentir a
reservada, tal qual, Fillipo. Talvez fosse por isso que os dois eram tão
apenas com o do marido. Esse mero detalhe me deixou ainda mais encantada
com a história do amor dos dois, pois entendi que meu irmão lutou muito
pelo amor e pela confiança da sua amada.
celular, sobre a foto do homem que me tinha por completo. Eu o amava tanto
água. Depositei meu celular e óculos sobre a mesinha que tinha ali.
correndo em minha direção, com o cachorro Thor atrás dele. Também pude
ver o Rush, o pequeno cão que foi presente do Rossi ao seu filho Benjamin.
graça da sua sapequice. Thor estava latindo alto, enquanto rodeava o corpo
Nadei até a borda e, com cuidado, consegui puxar Luigi para mim e
estivesse rindo. Rosa me contou que, no passado, foi babá dele, e que
longe do Thor. Eu não me lembrava da última vez que tinha rido tanto. Era
incrível como, aos olhos de uma criança, a vida se tornava leve e fácil.
Luigi era apenas um garoto de pouco mais de dez anos, mas conseguiu
— Ah, mas a festa está muito boa por aqui... — parei ao ouvir a voz
do Luca. Ele estava parado na beirada da piscina, com as mãos nos bolsos.
Seu sorriso resplandecia seu belo rosto. — Banho de piscina com roupa e
tudo? Eu não sabia que esse era um hábito dos mexicanos. — Brincou,
arqueando as sobrancelhas.
Dei uma risadinha.
animado quanto.
verdade, vim atrás de você, Lis. — Apontou. Quando olhou novamente para
piscina. Luca já estava com uma toalha felpuda para me cobrir. — Estou
outro, considerando que ele gostava de me irritar com suas piadinhas toscas.
Talvez por ser o mais novo da turma, ele fosse o mais brincalhão.
Silêncio.
dizer.
Pisquei, assentindo.
encontrar você, era tentar obter a ajuda daquelas pessoas para frear as ações
da Juana, visto que a mulher ainda não foi encontrada. Angel estava muito
preocupado com o que ela pudesse fazer com você e, com as pessoas de sua
organização.
Eu sentia como se a cor houvesse fugido do meu rosto.
— Ryan disse que Angel não voltou para casa. — Respondeu, fazendo
meu coração se apertar de dor e medo. — Ele teme que algo de ruim possa
ter acontecido, visto que aquelas pessoas estavam com raiva do mexicano.
esse caminho.
se colocando de pé.
você tinha que estar a par do que está acontecendo — declarou Fillipo.
— Eu ainda estou magoada com ele sim, mas nunca deixei de amá-lo
— afirmei, com a voz embargada. — Angel se descontrola quando se sente
sozinho, e foi justamente isso que aconteceu quando vim para cá. Ele perdeu
o freio. — Funguei, enxugando o rosto. — Preciso estar lá quando vocês o
encontrarem. Preciso que ele me veja. Preciso que ele sinta que eu o amo e
que é só uma questão de tempo para ficarmos bem de novo.
Foi Mariano quem abriu a boca para falar, mas primeiro pigarreou:
maxilar travado.
Meus irmãos.
Angel
— Por que você foi embora? — perguntou Alonzo, pela milésima vez
Então o choque veio, ainda mais forte indo até o meu dedo do pé. A
algum propósito, Angel — ouvi alguém dizer, mas meu cérebro estava muito
bagunçado para conseguir distinguir qualquer coisa que fosse. — Por que um
— Você usou a nossa irmã, e quando ela não tinha mais serventia, a
abandonou como se a coitadinha não fosse nada. Você nos abandonou como
Mais golpes.
Eu não falava mais, porque percebi que minhas palavras não tinham
nenhum valor para eles, que já estavam com suas mentes blindadas. Nenhum
deles me ouviria de fato. Suas opiniões sobre mim e meus atos no passado já
naquele lugar, que era uma espécie de porão. Havia somente uma janela no
continuar resistindo, pois ansiava voltar a ver a Lis, nem que fosse uma
última vez.
***
bebericava uma bebida. Ele estava sentado num canto. — Posso ver isso.
— E-eu não sa-sabia que ela estava grávida — soprei, sem voz. —
zombou com uma risada amarga. — Você jogou fora a nossa confiança.
Jogou fora a consideração que tínhamos. Nós tínhamos planos, Angel. Planos
maiores.
seus vestígios. Lembrava-me de ter feito muito isso, mesmo não gostando,
visto que tinha saído de casa justamente para me afastar de toda essa merda.
— E-eu não sabia... que ela estava grávida — repeti, sem fôlego.
Podia ver e sentir meu próprio sangue escorrendo em minha pele, além
acredito em você. — Marchou até mim, segurando meu rosto com uma das
revolta.
***
Podia sentir.
Quando uma nova tortura começou, eu já não sentia mais nada. Eles
me batiam e eu não reagia, eles davam choques e meu corpo se dobrava todo
reanimar.
arrebentado? Que história é essa? — ouvi um deles dizer, mas meu cérebro
minha boca.
a pessoa que estava ali e, que, ao que tudo indicava tinha vindo para me
salvar, mas não obtive êxito algum. Eu apenas via borrões.
sob os calcanhares.
ensanguentado.
Sentiu saudades?
Minha respiração engatou quando minha mente entendeu que eu sairia
Ouvi quando estalou os lábios, como se não tivesse feito nada demais.
Lis
existir lugar para rancor onde o amor é a base. E a família era a base de
tudo.
soube, horas atrás, que o homem da minha vida estava correndo perigo.
— Por acaso está dizendo que eu não sou a família dela? — revoltou-
se com Luca.
irmãos, além de você. O que foi? Está com medinho de perder o posto de
daqueles dois.
— Eu não preciso desse tipo de coisa, porque a Lis sabe do meu valor
e...
— ¡Ya llega! (Já chega!) — gritei, e depois em italiano: —
entrei na parte de trás, batendo a porta com força. Me sentia chateada. Não
queria que meus irmãos criassem nenhum tipo de competitividade pelo meu
meu lado. Ele estava usando seu rotineiro terno branco. — Luca é desse jeito
mesmo, mas não faz por mal. Ele só é intenso demais, às vezes. — Sorriu,
culpado.
nossa ajuda.
meus irmãos. Todos. E não quero que disputem pelo meu amor nem pela
minha atenção.
Rossi deslizou os dedos em minha bochecha, me oferecendo aquele
— Eu sei.
mais alguns detalhes. Pude ver que os outros se encaminharam para outro
janela.
era difícil assimilar o fato de que tive uma gêmea, e que a perdi ainda na
infância.
Incapaz de comentar qualquer coisa que fosse, optei por buscar a mão
esse gesto como uma forma de apoio. Eu entendia sua dor. Entendia.
Um sorriso cúmplice.
Instantes depois, Miguel entrou no carro, no banco da frente; ele ia
dirigir. Além do carro que estaria levando meus outros irmãos, também notei
movimento.
espelho do retrovisor. — Mas prometo que contarei tudo a você, irmã. Não
***
estava diferente. Entendi que era meu irmão quem estava no comando ali.
banho antes de qualquer coisa. Deixei-os e fui direto para o quarto que
ocupei na época em que morei ali. Entretanto, pensei melhor e fui para o
quarto do Angel.
Seu perfume atingiu minhas narinas no instante que abri a porta; meus
olhos nublaram automaticamente, porque a última vez que nos vimos foi
quando brigamos.
Angel não tinha o hábito de dormir muito, então seu quarto estava
estiquei o braço e peguei seu travesseiro, ansiando voltar a sentir seu cheiro.
Foi impossível não chorar nesse momento, pois a saudade apertou forte meu
peito.
Eu o amava demais.
porta.
que essa não é a hora nem o momento, mas... — coçou a garganta, como se
viagem?
Eu fui muito dura com ele, e me arrependo disso. — Minha voz embargou.
— E se eu não voltar a vê-lo? E se eu acabei o perdendo para sempre?
Nunca vou me perdoar pelas palavras cruéis que o desferi naquele dia.
— Você estava com raiva, além de magoada. Não se culpe por ter
agido movida pelas emoções.
origem.
***
No dia seguinte, acordei cedo e tomei um banho longo. Precisava
restabelecer minhas energias, pois sentia que os próximos dias seriam tensos
e agonizantes.
Na noite anterior, ele tinha me dito que todos eles iriam ao tal lugar
que Angel foi, para investigar e tentarem entender o motivo para o sumiço do
meu mexicano.
encarando nos olhos. — Ele não estava lá. — Mordi os lábios, enquanto
sacudia a cabeça.
outro lugar.
Miguel, sério. — Desconfiamos que foi aquela mulher fez isso. Havia
correntes sujas de sangue fresco, como se alguém houvesse as usado
recentemente.
me abateu.
— Mas então onde ele está se todos os outros estão mortos? —
Entregou a mim:
— Lis?
Não vai feri-lo, pelo contrário, vai protegê-lo, assim como fez matando os
próprios irmãos. Eles estavam tentando matá-lo, porém, ela o salvou. Juana
ainda é apaixonada pelo Angel. Isso ficou claro como água para mim.
Finalmente entendi que, quando ela me sequestrou, sua intenção era me
colocar contra ele, nos afastar um do outro. E a maldita conseguiu. Odiei-me
por isso.
Fúria.
Angel
Quando conheci Juana, ela estava num clube de tiro; eu tinha saído de
casa recentemente, logo que completei dezoito anos. Ansiava aproveitar
Eu não podia ser hipócrita em dizer que não foi, porque nossa história
foi importante em minha trajetória de vida. Mas não ao ponto de eu
mapa, contudo, eu conhecia Juana o suficiente para saber que ela não me
deixaria partir.
remorso por toda dor que a tinha causado. Jamais tive a intenção de entrar
em sua vida para lhe causar mágoas. Eu só queria me afastar do meu pai e da
porra do cartel.
cuidados.
era horrível, mas eu fingia gostar. Precisava agir com cautela, até descobrir
seus planos.
boca quando ela me ofereceu outra colherada. — E não tinham esse direito.
Busquei respirar fundo, embora esse simples ato me fez gemer de dor.
depósito.
alertas.
emocionalmente depois que você foi embora e me deixou com uma criança
na barriga.
— Mas eu não...
pela gangue rival que tínhamos na época e quase morri. Eles me fizeram
perder nosso filho; roubaram de mim a única lembrança que eu tinha de
você.
agora?
— Já deixei mais do que claro que o amo, embora você não esteja
por isso que o perdoo por ter ficado com tantas enquanto esteve longe de
mim. Contudo, sinto que com aquela tal de Lis... — entortou a boca ao
pronunciar o nome dela — é diferente. E sei que enquanto essa garota existir,
você nunca mais vai conseguir olhar para mim como antigamente. Eu não o
— Juana...
A Lis não...
E impotência.
***
— Me ajude a sair daqui — pedi ao médico que estava cuidando de
mim. Não fazia ideia de quem era. — Quanto você quer? Posso te pagar o
Minhas dores eram constantes, mas não mais forte do que a que eu
estava sentindo com o medo de perder a Lis. Eu precisava protegê-la.
Travei o maxilar.
correndo.
meu colo, com as pernas abertas. Pegou meus braços algemados e passou
momento, mas controlei o ímpeto de lhe fazer mal. — Ou será que está
vivemos no passado. Juana sempre foi muito intensa em tudo o que fazia.
delicado.
— E por que não estaria? Você salvou a minha vida. — Sorri. — Você
guardei para você em todos esses anos. Tentei odiá-lo por ter me
abandonado, mas não consegui. Não tem como...
aprofundar o beijo.
algoz imobilizada.
deslizei a mão para fora da algema. Existiam outras maneiras mais fáceis e,
menos dolorosas de se livrar de algemas, mas aquela foi a única que serviu
no momento.
do meu colo, mas não permiti; minha mão foi parar em seu pescoço.
soltar.
Nos rolamos no chão, ambos nos agredindo; Juana era uma excelente
indiferença.
Com cuidado, fui me rastejando para não ser visto pelos capangas; vi,
ao menos, uns três. No instante que visualizei a porta, me ergui, espiando
— Alô. — Atendeu.
Lis.
Lis
fui mais rápida e peguei seu carro. Na verdade, o único carro disponível no
buzinar para que abrissem o portão, porque eu não ia parar. Nada seria
precisava de mim.
Minhas mãos apertavam o volante com tanta força que meus dedos se
Precisava salvá-lo.
Mal dormi nos últimos dias, preocupada demais com o que pudesse
estar acontecendo com ele; fazendo de tudo para continuar mantendo a fé.
Não podia.
***
Levei pelo menos uns trinta minutos para chegar à Praça; com o corpo
tremendo, desci do carro, já sabendo que estava no local certo, devido aos
detalhes que ouvi de Miguel, comentando ao telefone.
— Lis?
Quando me virei para trás, me deparei com Angel perto do carro. Sua
Corri até ele, com medo de abraçá-lo, pois temia piorar seu estado
ainda mais.
Fiquei com as mãos espalmadas em seu peito, sem saber para onde
— O-o que está... fazendo aqui? — indagou, meio débil. Parecia não
— Vim por você. — Amparei seu rosto inchado, sentindo meu peito se
comovida, pois foi difícil ver um homem como ele, sempre tão forte e
para baixo. Foi quando notei o sangue jorrando na lateral do seu corpo, onde
— Por quê?
— Porque quando ouvi vocês dois conversando ao telefone, eu me
senti entrando no modo “piloto automático”; então peguei o carro dele e saí
Mesmo séria, por causa de toda preocupação, foi impossível não abrir
um sorriso.
comentei, me referindo aos meus irmãos italianos. Olhei para ele, de relance
e o peguei me roubando um olhar também. — Acho que sou tão ruim quanto
eles.
— Eu sei — soprei, nervosa, cada vez que olhava para ele e via seu
estado sofrido.
do banco.
Nervosa, parei num posto de gasolina, onde tinha avistado uma loja de
hospitais.
Me inclinei para ele, que estava cada vez mais pálido e fraco.
enxergar vermelho.
comecei a bater sua mão contra a porta do carro, até fazer a pistola voar
longe.
mas, no fundo, eu estava cega. Não via nada em minha frente, além daquela
mulher.
— Por acaso pensa que pode lutar comigo, vadia? — Sibilou ela,
sorrindo.
botina.
Semicerrei os olhos.
— A raiva — respondi.
homicida e veio pra cima de mim com tudo. Meu rosto foi seu alvo, fazendo-
me quase cair, mas me mantive firme no lugar. Segurei sua mão no exato
— Acho que está na hora de fazermos uma pequena arte neste rostinho
bonito, hun? — Murmurou, com uma risada ensandecida.
faca no chão. Em seguida, agarrei seus cabelos e bati seu rosto contra a
lataria do carro.
outras partes do rosto. Tranquila, dei passos até ela, que engatinhava em
direção a pistola.
Trinquei os dentes.
Eu queria sangue.
Mais e mais.
E mais.
Minhas mãos doíam de tanto socar seu rosto, entretanto, eu não me
sentia vingada.
Aquela mulher foi a responsável por toda dor que senti nas últimas
— Lis, querida, não faça isso — agora era o Rossi. — Não suje suas
mãos assim, irmã.
dentro e fora de mim, gritava para eu seguir em frente com minha decisão. O
que eu mais desejava era enfiar uma bala bem no meio da testa daquela filha
da puta.
preocupação. — Vo-você não precisa fazer isso. Nã-não precisa provar nada
a ninguém.
— Você não tem garra, não tem força — sussurrou Juana, tomando
minha atenção para si. Sua voz estava anasalada. Vi quando cuspiu sangue.
— E saiba que nada vai me deter, vadia!
— Angel não merece você. Ele não merece uma garota fraca, sem
Para sempre.
Agora, não vai matar mais ninguém, sua desgraçada. — Rosnei, cuspindo
sobre seu corpo imóvel.
Quando olhei para meus irmãos, eles estavam chocados.
Assustados.
— Você está bem? — Luca quis saber, analisando meu rosto e corpo.
Quando me virei para trás, o vi com Angel, que tinha desmaiado. — Ele não
está nada bem.
completamente.
Angel
Abri meus olhos, sentindo cada músculo do meu corpo doer. Minha
mente ainda estava confusa, então demorei um pouco a assimilar o lugar ao
meu redor. Quando virei a cabeça para o lado, me deparei com a Lis,
dormindo, mas, debruçada sobre a maca em que eu estava. Ela, certamente,
Meu coração ainda custava a acreditar que ela realmente estava ali.
Em meu íntimo, eu temia acordá-la e descobrir que tudo aquilo não passava
de um sonho.
Seus lábios se distenderam num sorriso tão lindo que eu desejei tê-la
acordado antes se soubesse que isso a faria tão feliz.
— Oi — soprou, emocionada. Buscou minha mão, entrelaçando
euforia em me ver acordado. Notei que seus olhos estavam fundos, o que me
fez deduzir que ela ficou ao meu lado esse tempo todo. — Está sentindo
— Meus irmãos não estão aqui, mas avisaram que mais tarde
voltariam. A segurança lá fora foi bem reforçada, então pode ficar tranquilo.
— Declarou, sorrindo. — Estamos bem — afirmou. — E respondendo à sua
daquele jeito, toda profissional. — Pode inspirar fundo para mim? — pediu,
Fiz como pediu, não resistindo ao sorriso que pairou em meus lábios
carinha?
Ampliei o sorriso.
Porém, antes, arrastou a cadeira para poder ficar mais perto de mim.
Busquei sua mão novamente, trazendo-a aos meus lábios, onde beijei
pelo local, finalmente notando que estávamos numa das minhas instalações
rostos bem próximos. — Mas não precisamos falar sobre isso agora —
afirmou. — Primeiro, eu quero ter certeza de que você está bem. Você
chegou aqui bem debilitado, com diversos hematomas internos, além do tiro
que foi de raspão, mas fez um pequeno estrago na pele da sua cintura.
você, como jamais amei outra mulher — reiterei. — Me perdoe por ter
deixado você descobrir toda essa história daquela maneira, através da boca
meus lábios com carinho. — E não irei a lugar algum. Nunca mais.
— Promete?
— Sim, eu prometo.
***
Nas próximas horas, Lis me fez passar por uma série de exames; então
longe de casa, e preciso saber como estão os negócios. Não tenho certeza se
bunda aqui, ou vou ser obrigada a algemá-lo. — Na mesma hora que disse
— Medo?
olhos. — Na última vez que nos vimos, eu disse coisas horríveis, Angel, e
me arrependo muito. Eu estava com raiva e magoada, então não medi o peso
sei nem como agir direito, porque estou apaixonado por você. E esse amor,
de certa forma me deixa impotente, pois tudo, dentro e fora de mim, gritam
para mantê-la segura, amada e feliz. Entretanto, nem tudo está nas minhas
relacionamento nunca teve o mesmo peso para mim como teve para ela,
entretanto, eu não tinha o direito de, simplesmente, abandoná-la. Ela merecia
com o auxílio do amor. — Sorriu. — E eu o amo, Angel. Amo tanto que não
consigo colocar em palavras. Apenas a mera ideia de perdê-lo me fez
ignorar qualquer desentendimento que tivemos, porque são banais perto da
Você está aqui agora, comigo, mas a que custo? — Minha voz embargou,
porque apenas a lembrança do que aconteceu me causava dor. — Sinto tanto,
Lis... sinto tanto por você agora ter que carregar mais uma morte nas costas,
e por minha culpa. — Ela fechou os olhos e colou nossas testas. — Eu sinto
muito mesmo. Não foi justo que você teve que matar a Juana. Não você,
era você que estava com o dedo no gatilho. A escolha foi minha, Angel —
declarou, séria. — Eu também não imaginei que fosse capaz de matá-la. —
Suspirou. — Acho que no fim das contas, foi o sangue dos Fratelli, que corre
Sorri, fungando.
Amor.
Saudade.
Devoção.
— Será que dá para tirar essas mãos da minha irmã? — Rugiu Miguel,
com uma careta.
— Ela também é nossa irmã, idiota. — Rebateu Luca, fazendo-me
mesma. E saibam que Angel não precisa fazer nada, porque já conquistou
meu coração. Somos um do outro agora. — Me encarou, sorrindo brilhante.
Mariano apoiou a mão em seu ombro, roubando a atenção dela para si.
— Querida, isso não tem nada a ver com o fato de vocês se amarem ou
não, entende?
— Angel provou que a ama, mas também precisa provar para nós, sua
família italiana, que é capaz de fazer qualquer coisa por você — murmurou
Fillipo. — Temos que ter certeza de que nossa irmãzinha estará em boas
mãos.
ele. — Só está insistindo nisso, porque está louco para pagar na mesma
moeda o que Angel fez com você quando foi sua vez de se casar com a Rosa.
Idiota!
— Tudo bem, Lis... — falei, chamando a atenção de todos para mim.
— Depois de tudo o que passei para estar ao seu lado, não vai ser qualquer
com firmeza.
Assenti.
Não havia nada nem ninguém que pudesse ser capaz de me manter
Lis
tentando tranquilizá-la.
— Você está muito séria, Lis. — Observou meu pai, tomando seu
assento no sofá.
Optei por ficar de pé, de frente para eles. Miguel também se manteve
de pé, mas ao lado do sofá, com as mãos nos bolsos. Parecia mais nervoso
do que eu.
de começar a falar:
Minha mãe piscou, confusa. Ela era linda, apesar da idade. Seus
cabelos iam até o meio das costas, embora naquele momento estivesse
— Tudo? — indagou.
— Do que está falando, filha? — Quis saber meu pai, coçando sua
arregalar de seus olhos. — Sei de onde eu vim. Sei que fui adotada por
vocês quando ainda era uma recém-nascida. Sei que o senhor me encontrou
si.
sangue ou não, você é a nossa filha, Lis. Eu a amei desde a primeira vez que
origem, mas também descobri que fui agraciada com os melhores pais que o
***
mansão; assim que seus olhos pousaram em mim, ele desligou a chamada.
estivesse em sua frente. Seus braços enlaçaram minha cintura, e ele colou
Angel tinha dito que só voltaria a fazer amor comigo depois que
realizasse o tal desafio que meus irmãos estavam tramando. O que,
obviamente, achei ridículo, mas nenhum dos meus argumentos fora suficiente
— Puta que pariu, Lis! — Mordeu meu pescoço, sugando minha pele
alva.
sem fôlego. Apoiei o peso do meu corpo sob ambas as mãos, abrindo bem
pele, do rosto e do restante do corpo, mas sua recuperação estava indo bem.
que pulsava. — Eu prometi aos seus irmãos que não a tocaria antes de
estremecendo-me.
toque ardente.
que não vou falar nada. — Zombei, fazendo-o dar uma risadinha.
tesão.
corpo.
— Isso não vai acontecer, porque todos eles sabem o quanto essa
Sua mão enrolou meu cabelo, e ele forçou minha cabeça para trás.
olhos escaldantes. Toquei sua língua quando deslizou a sua em meus lábios
que gostava daquela cor em mim. Ele afastou para o lado e, em seguida,
abocanhou meu clitóris sem qualquer cerimônia; sua boca simplesmente me
Suas mãos subiram para apertar meus seios quando ele me viu fazendo
isso; era como se ele se sentisse o único responsável a me dar prazer.
Gritando, arqueei as costas, enlouquecida com a maneira como sua
língua estava me acariciando.
língua habilidosa, Angel cobriu minha boca com sua outra mão.
— Eu amo seus gritos, baby, mas se o Miguel ouvir, ele será capaz de
Eu queria mais.
Muito mais.
Somente ele.
Meu homem.
Meu amor.
Eu ainda estava aérea, esforçando-me para recuperar meus sentidos
quando senti que Angel colocou alguma coisa em meu dedo.
de diamante.
— Isso é...
Sua expressão de espanto foi tão fofa que desejei encher seu rosto de
beijos.
— É claro que eu quero, seu bobo. — Puxei seu rosto para mim,
beijando sua boca, que ainda estava com meu gosto. — Eu apenas estava
brincando com você. Só estava querendo ver sua cara.
— Ai — reclamei.
Sorri também.
Angel
precisaria fazer. Optei por fazer aquela viagem sozinho, justamente pelo
constrangimento, embora soubesse que seria alvo de risadas de qualquer
maneira.
Eu não fazia ideia de que nas montanhas do norte da Itália, existia algo
caído do céu.
Colletto Fava, e tem como objetivo, fazer o público se sentir tão pequeno
como Gulliver fez em suas viagens. Feito de tecido e palha, após 5 anos de
Agradeci que não tinha nenhum turista ali, ou, com a raiva que eu estava
Perto do bicho, procurei pela parte em que seria mais fácil de subir e,
da boca do coelho, esticando o braço o máximo que pude para poder pegar
um melhor ângulo para a foto. Eu estava de terno, o que deixava tudo ainda
Rossi.
Malditos italianos!
Mas com a certeza de que quando voltasse, não haveria mais empecilhos
E por completo.
***
Horas depois, tive minha entrada liberada na mansão dos Fratelli.
a entrada, fui presenteado com a visão da Lis, que corria até mim.
seus braços gulosos. — Você me deixou orgulhosa. E devo admitir que a foto
Franzi o cenho.
Travei o maxilar.
Assim que passei pela porta, meus olhos não perderam o enorme
banner que mandaram fazer da foto que tirei com o maldito urso.
ombros.
— Esse não era o combinado, capo — rosnei para ele, que veio me
receber. Aliás, estavam todos eles ali. — O que essa porra de foto está
fazendo ali?
ótimo ângulo, hun? Fica bem no rosa. — Zombou, fazendo todos rirem,
menos eu.
perto. Odiei a expressão de zombaria em seu rosto. — Olha só, será que não
acha, Lis?
filho da puta! — Rugi, ameaçando avançar contra ele, mas tive minha
intenção freada pela Lis, que se colocou em minha frente.
Estiquei a perna, tentando acertar um chute nele, mas não consegui por
Nós dois já tínhamos nos encontrado depois de tudo o que aconteceu comigo.
Minha irmã ficou desesperada em saber que quase me perdeu. — Qual o
problema de o Angel ter tirado essa foto? Estou começando a achar que
estão com inveja, porque o tom rosa super combinou com meu irmão.
em meus braços.
pairasse em seus lábios grossos. Sorri também, beijando sua testa. — Mas
estou orgulhosa de você — repetiu o mesmo que foi dito pela Lis.
— Fizemos essa brincadeira, mas quero que saiba que todos nós
Mariano —, e quando a encontramos, você deixou claro que ela era sua
prioridade de vida.
nosso controle, então sabemos que tudo o que houve não foi culpa sua, ao
menos, não conscientemente.
Lis é minha irmã, uma ao qual descobri há pouco tempo. Assim como meus
outros irmãos, ela é preciosa, Angel. Porém, hoje, eu a estou entregando a
você, porque tenho confiança de que irá cuidar muito bem dela. Tão bem
quanto nós cuidaríamos. — Sorriu para a irmã. — Além disso, Lis também
— Obrigado, cunhado.
Dei alguns passos com ela, sem deixar de abraçá-la; quando cheguei
Mas não havia perigo algum, já que o banner estava preso por dois
pequenos ganchos.
Minha garota não parava de rir, o que deixava meu peito aquecido,
considerando que amava o som da sua risada.
Eu passaria por mil mortes apenas para vê-la sorrir para mim.
Lis
meses, eu entendia que a felicidade era algo difícil de se esperar entre nós
dois. Nosso amor era algo quase impossível. Quase proibido.
com esse dia. — Abraçou-me por trás, apoiando o queixo em meu ombro. —
O dia em que presenciaria sua felicidade ao se casar com o homem que ama.
dois, pai e mãe, com meus irmãos italianos. Meus pais não eram ingênuos ao
ponto de não saberem que os Fratelli eram homens mafiosos, embora pedi
aos meus irmãos para que não transparecessem nada. Eu não queria trazer
esse lado sombrio para os dois. Ansiava mantê-los numa bolha de luz. Se
ela encheu meu pescoço de beijos. Comecei a rir, porque senti cócegas.
estávamos.
era uma garota maravilhosa, tanto por fora quanto por dentro.
uma risadinha.
Eu estava nervosa.
Como que sentindo meu nervosismo, minha mãe apertou minha mão.
acolhedor que me segurei para não chorar. Não poderia, pois borraria toda
minha maquiagem.
Com os três ao meu lado, segui até a porta, onde me deparei com meu
pai no corredor. A maneira como ele me olhou foi tão linda que me obriguei
a respirar profundamente.
de mim, sorrindo.
— Se quiser chorar, chore, querida. — Beijou minha testa. — Hoje é
Optei por me casar no México mesmo, pois, no fim das contas, ali era
a minha casa.
acontecesse ao ar livre.
euforia.
Angel.
lindo, dentro de um terno sob medida. Não havia dúvida de que aquele
Quando chegamos ao altar, meu pai beijou minha testa. Depois, olhou
Angel me olhou.
é o meu ar.
Paola estava, nitidamente, incomodada por ter que usar um vestido social.
olhar era tão brilhante quanto o amor que pairava entre nós como ondas.
— Amor meu... — soprou, acarinhando minha bochecha, enquanto
Ele estava usando um terno em tom azul claro, que o deixou com uma
vamos continuar tirando fotos juntos, como sempre fizemos, mesmo quando
para beijá-lo, ignorando os resmungos do padre que dizia que ainda não era
a hora do beijo.
mãos, olhando em seus olhos emocionados —, hoje, lhe aceito como meu
esposo, e prometo amá-lo para sempre, com toda ternura que existe em meu
coração. Estarei ao seu lado nos momentos alegres e difíceis, estarei ao seu
lado na cama, mesmo quando não restar um centímetro de cobertor em cima
Pegou minhas mãos e as ergueu até seus lábios, beijando os nós dos
meus dedos.
pegou a minha.
Meu coração batia tão descompassado que temi passar mal a qualquer
momento.
mágica do momento. Eu sabia que não poderia ter escolhido hora melhor
para contar que ele seria pai.
deveria ter contado antes, com mais calma? — Olhei para todos.
— Você nem ouse fazer graça, porque posso contar as trapalhadas que
você faz no dia a dia com nossa filha. — Murmurou Beatrice, fazendo meu
irmão fechar a cara, sem jeito.
Instantes depois, seus olhos se abriram; fui a primeira pessoa que ele
— O que houve?
Mordi os lábios.
barriga.
admirar que um homem como ele, chefe de cartel, não quisesse ter filhos.
Ainda mais com toda aquela história com a Juana.
O beijei, com ele me abraçando pela cintura com tanto amor e avidez
Éramos um só agora.
Um só coração.
Uma só alma.
Capítulo 31
Angel
Lis deslizou o pé por meu peitoral, subindo até meu rosto, onde
segurei e dei uma leve mordida, fazendo-a gemer baixinho. Estávamos na
banheira do hotel que escolhi para passarmos nossa lua de mel. Optamos por
fazer um pequeno tour pelas ilhas gregas. No momento, estávamos em
Santorini.
você me faz sentir, Lis... — ela também se sentou, abraçando meu pescoço
— Vivo. Feliz.
Depois de alguns instantes, pausamos o beijo, mas sem afastar nossas bocas;
Era nosso.
Eu ainda não tinha parado para administrar a ideia de que seria pai,
— Seus irmãos vão me sacanear pelo resto das nossas vidas por causa
do meu desmaio no casamento, né?! — quebrei o silêncio, assim que me
Ela riu.
independente do que houve, eu sei que você é meu super-herói, Angel, e que
meu colo, com ambas as pernas ao meu redor. — Depois que eu e você nos
uma intensidade que me fez ter a sensação de estar no céu, pronto para um
Me beijou, apaixonada.
— Sei disso — soprou, me apertando um pouco mais. — Inclusive,
venha com esse papo de pegar leve, porque o quero com força, Angel. —
Arrastou a língua por meu rosto, seguindo para o pescoço, onde deu leves
Nos levei para o quarto, sem parar de gemer, porque Lis não parava
Ainda com os corpos molhados, nos ajeitei sobre a cama; minha boca
desceu por cada centímetro da sua pele febril, adorando a maneira como ela
seus gemidos —, porque ele ou ela tem que aprender a se defender desde o
Voltei a subir pelo seu corpo, lambendo toda sua pele úmida.
— Palhaço. — Mordeu meu lábio quando meu rosto pairou sob o seu.
ciúme, pois logo teria que dividir aquela delícia com nosso bebê.
Acelerei os movimentos dos meus quadris, quando senti suas paredes
***
Eu tinha acabado de desligar o telefone — depois que conversei com
parada nas portas duplas que dava acesso à sacada do quarto em que
estávamos hospedados.
até a balaustrada. A vista do nosso quarto era linda. — Queria saber como
estavam as coisas na minha ausência.
— O que foi? — indaguei, nervoso pela tensão que tomou conta de seu
séria. — Miguel ainda é novo e temo perdê-lo por causa de todos os perigos
parte, porém, essa é uma decisão que não cabe a mim nem a você... — falei
—, mas, exclusivamente, ao Miguel.
— Você acha que eu gosto do que faço? — rebati sua pergunta com
todos nós — argumentei, ansioso para tirar aquela sombra do seu rosto. — E
entendo isso. É comovente. — Voltei a acariciar sua bochecha. — Mas assim
como eu, sei que Miguel pensa da mesma forma. Ele sabe da importância do
que fazemos.
Lis me abraçou apertado, suspirando.
morte para toda família — falei a verdade. Eu queria que ela compreendesse
todos os riscos.
— Eu sei — soprou.
admirando.
gerada dentro de mim. — Levou minhas mãos até sua barriga plana.
Lis
Meu coração estava batendo tão depressa que parecia que meus
músculos estavam tremulando junto. Sonhei tanto com aquele momento que
contato por telefone, ou via Skype. Minha conexão com eles só aumentava.
Eu já os amava demais.
podia ver toda minha família: Miguel e meus pais, meus irmãos italianos
com suas esposas, e Angel, com nosso filho nos braços. Quando engravidei,
optei por trancar a faculdade, visto que não conseguiria me doar cem por
cento, nem aos estudos nem a maternidade. Então, retornei assim que meu
orgulho das minhas raízes sim, mas também tinha do seio familiar em que fui
criada, amada e feliz.
***
— Eu já falei isso, mas quero que saiba que sou muito orgulhoso de
você, filha. — Disse meu pai, tão emocionado quanto eu, enquanto me
Minha mãe estava ao nosso lado, nos encarando com aquele brilho
estremecer, zombando.
Arqueei as sobrancelhas.
nosso filho nos braços. Logo atrás dele, veio Fillipo, Luca e os gêmeos.
coração se enchia de alegria sempre que via sua barriga saliente, porque
Nos abraçamos.
rosto de beijos. Ela era muito carinhosa. Me inclinei, para ficar da altura da
pequena Nina, que estava cada dia mais parecida com a mãe. Apenas os
Ela resmungou algo parecido com “está tudo chato”, que fez tanto eu
quanto Beatrice rirmos.
aproximação da Simona. Ela tinha um modo de agir mais sutil, porém, não
piscadinha. — Será mais fácil você saber o que fazer quando eu quebrar a
como Simona, Paola não era de muito contato físico. — É uma conquista e
tanto...
— É tão bom saber que tenho uma irmã que puxou meus genes... —
— Ei?!
sério.
— Obrigada.
bracinhos para mim, ansiando por meu colo. Meu coração transbordou de
amor.
Santino tinha um pouco dos meus traços, como meus olhos azuis,
entretanto, era mais parecido com Angel. Optamos por esse nome, por ele
pequeña — soprou Angel, depois que me entregou nosso filho. Nós nos
olhamos de maneira apaixonada. — Fazê-la feliz sempre será minha
Puxei seu rosto para mim, ansiando por sua boca. Eu não cansava de
admirá-lo.
— Amo você.
Assim que me afastei, olhei ao redor, procurando pelo meu irmão mais
velho.
Pisquei, aturdida.
uma dessas garotas era amiga da Adela, esposa do Daniel, presidente dos
motoqueiros.
dispuseram a ajudar; entretanto, eu sabia que esse tipo de coisa mexia com
eles por causa do que aconteceu com a Bianca.
E eu os entendia.
Eu não era ingênua ao ponto de não saber que as coisas nem sempre
seriam flores, mas tinha certeza de que enquanto estivéssemos juntos, tudo
ficaria bem.
muitos detalhes.
Angel pegou Santino dos meus braços para que eu pudesse abrir o presente.
— Houve um tempo em que deixei de acreditar em Deus, porém, desde a sua
chegada em nossas vidas, Lis, não há um dia que eu não o agradeça pela
dádiva de saber que temos você aqui conosco — declarou, com a voz
carregada de emoção.
— Desde que passei a conviver com você, entendi que não é uma
garota que pode ser comprada. — Argumentou, enquanto eu abria o
— Isso é...
— Um Instituto, aqui no México — foi Angel quem respondeu,
lágrimas.
soprei, emocionada.
Afastei a cabeça.
lágrimas.
— Meu irmão.
FIM
ESCOLHIDA, livro 1 — MC LOBOS
Prólogo
Adela
esquivei de toda bagunça que estava meu apartamento. Minha folga seria
Morava em El Paso, Texas, há cinco anos, desde que saí da casa dos
meus pais, em Austin, para viver com meu namorado na época. Nosso
relacionamento terminou, há dois anos, então tive que me virar sozinha.
saí de casa almejava viver uma aventura de amor e constituir uma família;
contudo, me sentia uma vitoriosa por manter minhas convicções acima de
verdadeira face, percebi que meu amor por ele não era maior do que meu
Sem medo.
Sem culpa.
trabalhar.
***
lanchonete em que trabalhava como garçonete. O lugar não era tão grande em
lugar.
— Posso ajudá-los com mais alguma coisa, senhores? — perguntei a
loiros e barba bem-feita. Os olhos azuis estavam nos meus o tempo todo,
Tanto ele quanto seu amigo usavam uma jaqueta com uma logo de moto
Seu amigo deu uma risadinha, mas não disse nada, apenas baixou a
***
estabelecimento, mas naquele dia fui premiada com a honra. Chegava a ter
vontade de rir.
próxima. Sequer tive tempo de gritar, pois minha boca foi pressionada por
estava pressionando o meu contra a parede, então não havia qualquer chance
de eu escapar de seu jugo.
Seus olhos desceram para meus lábios, e uma de suas mãos arrastou-
se por meu corpo, causando-me asco. Sequer conseguia acreditar que um dia
terei que te dizer isso, hun? — Sua boca desceu para a minha, mas virei o
rosto fazendo com que seus lábios resvalassem em minha bochecha. — Volta
longe.
seco.
a parede fria. Meu rosto machucou um pouco quando ele pressionou com
força. — Isso não mudou... — ergueu minha saia, mesmo sob meus protestos
recompor.
continuava ali, sem saber o que fazer e incapaz de reagir. Meus olhos iam de
conquista; é por isso que precisa pegar a garota a força? Pois vou te mostrar
Cobri o rosto com as duas mãos, assustada com tudo o que estava
presenciando.
— Pois é isso o que eu faço com intrometidos feito você. —
Engatilhou a arma.
a entender tudo o que aconteceu diante dos meus olhos. Em um minuto, Bruce
— Fica em pé, seu filho da puta! — Rugiu para Bruce, que se levantou
— Tsc, tsc, tsc... pelo contrário, é você que não sabe com quem está
mexendo. — Atirou, fazendo-me gritar de susto. Quando olhei, a bala tinha
Ergueu as mãos.
cabeça.
Fui direto para a cozinha, onde liguei a torneira da pia e lavei meu
dele, nervosa com nossa proximidade. Seus olhos não se deixavam dos meus
em nenhum momento, enquanto eu limpava os machucados de seu rosto. Seu
perfume preencheu minhas narinas. — Por que voltou aqui?
— Mas nós dois não somos íntimos — rebati, tentando entender sua
lógica.
Engoli uma respiração profunda quando ele ergueu a mão para tocar
meu rosto.
— Sei disso, mas desde que a vi mais cedo, seu rosto não saiu da
minha cabeça um só segundo — confessou, fazendo meu coração bater mais
depressa.
Sem jeito, me afastei e fiquei de costas para ele por alguns instantes.
— Você não deveria ter feito o que fez — avisei, angustiada pelo
perigo que se colocou por mim. — Aquele homem que você quase matou é
silêncio desconcertante.
— Daniel.
Era tão excitante a forma como ele olhava para mim, como se eu fosse
mais depois de tudo o que houve com Bruce. Mas ignorei todos os malditos
alertas e apenas me deixei levar pelo desejo que vibrava em meu âmago.
Desejada.
Cuidada de verdade.
contra a cama e levou o rosto entre minhas pernas para me chupar. — Oh,
puta que pariu! — Comecei a gritar, incapaz de controlar o prazer abundante.
— Ai que delícia...
observar suas reações quando meu pau estiver todo enterrado em você,
ruivinha.
Desesperada por mais, segurei seu rosto e avancei os lábios nos seus
Não falei nada, ao invés disso, abracei sua cintura com minhas pernas
para meus seios, apertando-os com pressão calculada. Podia sentir seus
quadris se movimentando junto ao meu, encontrando meus movimentos.
dedos.
Gritei quando um orgasmo arrebatador me derrubou arrancando meu
fôlego e levando consigo todas as minhas forças. Daniel voltou a me colocar
Com mais algumas investidas, seu gemido rouco me fez entender que
também havia gozado arrepiando-me da cabeça aos pés. Foi tão sexy.
***
Mordi os lábios quando senti sua mão descendo pelo meu corpo nu,
deslizando-a para baixo, entre minhas pernas.
— Hmmm... que delícia — gemi.
surpresa.
Comecei a chorar.
Entretanto, Bruce logo me alcançou. Gritei quando senti suas mãos em minha
cintura, porém, uma delas se fechou em minha boca, calando meu pedido de
socorro.
Sem me dar por vencida, forcei o cotovelo para trás, pressionando sua
costela. Isso o fez afrouxar o aperto e me possibilitou de fugir de seus
braços. Entretanto, voltei a sentir o seu toque em meu braço, porém, consegui
Morto.
viva daquela cidade. Não depois de ter matado um dos líderes da maior
gangue da região. Eles me caçariam até a morte.
Essa constatação exauriu todas as minhas forças e coragem. Me vi de
mãos atadas.
Como poderia ter saído de uma noite maravilhosa para uma manhã tão
aterrorizante?
“Me perdoe por sair desse jeito, mas não quis acordá-la. Esse é
— Alô, Daniel?
cobrindo meu corpo com ele. Queria ter o poder de apagar toda aquela
merda. Queria poder esquecer tudo o que aconteceu.
Queria esquecer que, naquele momento, minha vida estava nas mãos
do homem que eu conhecia a menos de vinte e quatro horas.
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[1] Jack, o Estripador é o pseudônimo mais conhecido para designar um famoso assassino em
série não identificado que atuou na periferia de Whitechapel, distrito de Londres, e arredores em 1888.