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COPYRIGHT © 2022 DANIELLE VIEGAS MARTINS E ALBA
LUCCAS
Capa: Bernaliel
Revisão: Mariana Rocha
Diagramação: Imaginare Editorial – April Kroes
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos
descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
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O CEO QUE NÃO PODIA SER PAI
1ª Edição - 2022
Brasil
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Todos os direitos reservados.
São proibidos o armazenamento e / ou a reprodução de qualquer parte dessa
obra, através de quaisquer meios ─ tangível ou intangível ─ sem o
consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e
punido pelo artigo 184 do Código Penal.
autoradaniviegastess91@gmail.com
autoraalbaluccas@gmail.com
Sumário
Playlist
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Bônus
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“Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um
pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar.”
Rubem Alves.
CINCO ANOS ATRÁS.
Contos de fadas.
Toda menina que conheço na minha cidade deve acreditar neles. Vou
deixar uma margem de 1% nessa conta para não ser injusta com quem não
acredita e com as meninas que, assim como eu, não sabe o que achar deles.
Enquanto ouço Beyoncé cantar uma das músicas que mais amo, If I Were a
que ele existe, pois vi acontecer. Um amor unilateral ou recíproco até que a
vista por uma menina pobre. Isso não existe, nem faz parte da essência
pela primeira saída de emergência. Tiro meu casaco, guardo meu caderno
de desenhos e pego minha bolsa, uma pequena para não me preocupar com
preta, uma regata vermelha com um decote bem-feito e uma bota de cano
médio marrom.
estivesse no escuro total, faria o caminho sem errar uma única vez, isso
mostra que é mais comum eu sair de casa pela janela do que pela porta da
finalmente. Estereótipos são outra coisa que não sou fã. Tenho certa mania
isso que sou tão boa com números e tecnologia. Não gosto de estereótipos
porque sempre tentam me encaixar em um: alguns dizem que sou a gostosa
da escola que gosta de um drama, outros juram que sou apenas uma rebelde
que vai acabar em uma sarjeta da vida com drogas no braço e tem ainda
única coisa que tenho de concreto, tudo ao meu redor é apenas um mundo
que precisa sorrir para não parecer louca. Princesa, nunca serei, mas minha
para sempre. Uma menina presa eternamente, com as asas cortadas para não
voar.
Por ser realista, só acredito naquilo que vejo acontecer e, graças ao
meu pai, posso acreditar que o amor existe e é possível que eu, um dia, me
apaixone por alguém. Se tinha alguém que nasceu para inspirar todos ao
redor, foi o Sr. Charlie Harrison, vulgo meu pai. Eu cresci com as histórias
mãe ainda sorria na época. Dona Florence nunca foi uma mãe admirável e,
no fundo, ela me culpava por tê-la feito dona de casa, em vez de cantora,
carreira que abriu mão para cuidar de mim. Eu era muito nova para
inteira desmorona aos seus pés. No meu aniversário de dez anos, meu pai
conseguiu uma folga para passar o dia comigo, trazia consigo um panda de
lembrança. Se eu soubesse naquele dia o que sei hoje, preferia que ele
nunca tivesse voltado, mas isso que é engraçado na vida real, ela é uma
sinal vermelho e levou o meu pai, deixando o panda como meu único
companheiro de aventuras.
nicotina costuma me acalmar, mas já fiz uma promessa para mim mesma
que vou encontrar algo que me faça parar. Não sei por que estou tão
caminho para a casa de Chloe, só ela para inventar uma festa em plena
quarta.
Depois que meu pai morreu e deixou uma gorda pensão para minha
casa de uma amiga e saía para fazer shows, jogar com as amigas e namorar
por aí. Depois de seis meses viúva, comecei a conhecer alguns dos seus
namorados, mas eram casos rápidos, até que um deles veio para ficar e, de
longe, foi a pior escolha que ela fez na vida. Para mim, não para ela.
“Eu te dou um teto e comida, garota. Isso já é mais que o suficiente, agora
e percebi que apenas eu poderia fazer algo melhor na minha vida e eu seria
como combustível e enfiei a cara nos estudos, tirei as melhores notas todos
os anos e fiz o meu máximo para evitar problemas, até conversava com o
Existiam dias em que minha mãe saía sem avisar, e eu ficava com o Ares.
um motivo para me bater até deixar a marca. Ainda bem que vivo em um
Outra coisa que aprendi com a vida real, usar o sarcasmo ajudava um
uma bolsa de estudos para conseguir estudar lá, já que a minha querida mãe
escondidos do frio, mas o som estava nas alturas e não tinha uma pessoa
formarem uma família e nunca mais sair da bolha, eu gritava por dentro
— Lila! Você chegou! Pensei que não vinha mais. — Meu apelido
desde pequena. Chloe veio correndo e pulou nos meus braços, já estava um
pouco alta.
vai cortar minha vibe. — Sim, eu detesto bebida e tenho um motivo para
isso. Meu amado padrasto, de forma irônica, lógico.
— Certo, mas não some, hein! Precisamos tirar uma foto juntas para
guardar de lembrança. — Sorri com a Chloe, uma das primeiras pessoas em
bebida. A câmera polaroid estava na sua mão, peguei a câmera e tirei uma
foto de nós duas; atrás, coloquei nosso nome, a data e deixei um recado:
“Para depois não falar que não tem nada para lembrar de mim. Te amo.”
Me despedi de algumas pessoas, era provável que seria uma das
nossas últimas despedidas, e voltei para casa. Sempre fui pobre, e isso
nunca me incomodou, mas, olhando a casa da Chloe, que tinha a família
felizes. Chloe tinha uma família incrível e era feliz, ia se casar com um bom
rapaz e viver feliz para sempre. Se um dia isso acontecer comigo, eu não
serei a mulher que depende, meu conto de fadas será bem diferente.
Entrei em casa pelo mesmo lugar que saí, a minha janela. Troquei de
roupa e coloquei meu pijama, conversei um pouco com Char e fui dormir;
Nunca pensei que acordaria com o gosto do meu sangue na boca, nem
tive tempo de raciocinar direito. Quando minha visão finalmente se
burra, não fiz o que devia, por isso fui acertada com uma garrafa na minha
testa, cortando meu supercílio.
Ele já tinha me batido várias vezes, mas essa foi a primeira vez que eu
senti medo de morrer de verdade. A garrafa que ele jogou, depois de bater
vida boa e fazer nada? Vai logo, antes que eu te bata. — Você já me bateu,
seu idiota!
mãe, mas eu posso fazer certo estrago que te faça se lembrar disso para
nunca mais me responder. — O medo te faz reagir e fazer coisas que,
normalmente, não faria. Antes que a mão dele descesse em mim, peguei um
caco de vidro e usei para me defender. Ele desceu a mão direto no vidro e
começou a gritar de dor, foi andando para trás, até chocar com o meu
espelho e desmaiar. Eu achei que aquele seria o meu fim, quando ele
acordasse, iria me matar de tanto me bater.
estivesse atrás de mim, nunca olhei para trás. Fui direto para o meu
trabalho, tinha uma sala que eu tinha a chave e podia dormir lá até
completar meus 18 anos, faltavam apenas três dias, tão pouco. Não dormi,
imaginando que ele me encontraria aqui, ouvia a voz dele ou sentia o fedor
durante a semana e dei a desculpa de que minha casa estava em reforma por
conta de um vazamento. Meu chefe não fazia muitas perguntas, tanto que
Florence. Ela não sabia que eu tinha o cartão do papai, esse seria meu
presente de despedida para ela. Não pude falar com mais ninguém, tinha
que aproveitar o possível medo dela que, provavelmente, viu todo o sangue
na minha cama, e fugir para bem longe.
na sua vida, ela vai se apaixonar se ele for tão real quanto ela.
Sem magia, sem fantasias. Apenas a realidade, nua e crua...
5 ANOS ATRÁS
Contos de fadas.
— Joey, me ajuda a colocar o Alec naquela maca. — Me senti sendo
carregado, mas a dor era tanta que eu não tinha noção do que acontecia.
apesar de tudo, não posso culpar a Abigail, o nosso até que a morte nos
separe foi interrompido pelo destino, que tinha outros planos.
— Alec, por favor, meu amor, aguenta. Eu te amo, não desiste, estou
aqui com você. — A voz da Abigail estava diferente, parecia que ela estava
chorando. Tentei levantar a mão, mas tudo parecia tão pesado e eu só tinha
vontade de dormir.
pais, William e Stacey Donovan, criaram três filhos com tudo que poderiam
dar: dinheiro, brinquedos, melhores escolas, grandes festas e tudo o que se
pode imaginar da vida de pessoas ricas. Sempre fui bem ciente que tudo ao
meu redor é por causa do dinheiro, mas que os verdadeiros laços de
Meus pais nos deram tudo, mas nos criaram com os pés no chão e nos
mostraram que nosso futuro poderia ser incrível ou não, só dependeria de
nós. Além da lição, nos deram o maior exemplo: como um casamento deve
ser. Eles nos mostram todos os dias o quanto se amam e foi esse exemplo
primeiro.
— Ei, Alec. Está aí? Pode me ouvir? Desculpa demorar para vir aqui,
mas foi o único momento que todos saíram de perto. Volta para cá, mano.
Você nunca desiste de nada, não vai ser agora que vai começar né? — Abrir
os olhos exigia muito mais do que eu podia fazer, mas a voz parecia do
Michael. Fazia tempo que ele não aparecia, será que estou sonhando?
— Só assim para você aparecer, Michael. Faz tempo que não
responde às minhas mensagens.
rosa, cabelo loiro que batia nos ombros e um sorriso de encantar qualquer
pessoa.
Lembro que, no momento em que a vi, meu coração acelerou e só
sentia que eu precisava conhecer aquela mulher de qualquer jeito, esta foi a
primeira vez em muito tempo que me senti vulnerável e com medo de não
conseguir o que desejo. Me aproximei dela e a chamei para dançar, ela
rejeitou umas três vezes, mas não desisti e, graças a Deus, que não desisti.
Uma linda história de amor teve início e fomos felizes por cinco anos.
Abigail, com uma personalidade carismática e alegre, era uma atriz em
ascensão de 23 anos, que me fazia ser um homem sorridente e mais
relaxado. É difícil descrever como a nossa felicidade se parecia.
Nunca imaginei que desfilaria em tapetes vermelhos de Hollywood,
demais. Pensando agora em nós, acho que fomos negligentes com nossa
vida a dois, algo que meus pais sempre alertaram: o “nós” deve vir antes do
“eu”.
Eu amava a nossa sintonia e mostrava de todas as formas que podia o
quanto eu a amava. Acordar ao seu lado era um presente para mim, ela era o
meu ponto fraco e minha armadura. Ela conhecia quem era Alec Donovan
fora da posição de CEO, e eu conhecia a delicada Abbie por trás da atriz
forte e sorridente que era. Eu queria protegê-la a de todo o mal que existe
no mundo, mesmo sabendo que era impossível, mas, pelo menos, faria de
tudo para que eu nunca a magoasse. Eu preservaria o seu sorriso e sua
felicidade. Assim pensei que faria.
— Nosso primeiro aniversário de casados, a festa foi incrível e você
momento.
— O que será que a vida nos reserva daqui a cinco anos?
— Eu me imagino grávida do nosso primeiro filho, dando uma pausa
na carreira para focar em nós. Você, exatamente como está agora, a
proteção vai ser maior, com certeza. Será um ótimo pai, Alec.
— E você, a mãe mais linda e amorosa de todas. Te amo demais,
Abbie. Meu mundo ganhou um nome no momento em que aceitou dançar
comigo naquela noite. Meu raio de sol.
— Esse raio de sol aqui ama tentar fazer filhos, que tal agora? O que
ensaio fotográfico.
— Relaxa, Alec. Estou cuidando da quantidade de álcool aqui, temos
que nos divertir e aproveitar muito que hoje é o nosso dia. Cinco anos,
baby, meia década juntos e felizes, difícil de imaginar isso, mas somos
felizes, sim.
Ela saiu sorrindo e esvoaçando o vestido no ar. Sorri e virei as costas
para conversar um pouco com o Carson. Foi preciso só esse momento de
descuido e a próxima coisa que ouvi foi o grito da Abbie e um barulho de
algo caindo no mar. O ar sumiu do meu peito e corri para ver o que
aconteceu, ela caiu e estava sendo puxada pela hélice, pois seu vestido ficou
preso. Carson correu para mandar parar o iate, e eu corri para salvá-la. Não
pensei duas vezes e me joguei no mar.
Chandler pulou na água para ajudar, então, pedi uma faca ou algo cortante
para soltar o tecido. Ele subiu para buscar, e eu mergulhei novamente, tudo
aconteceu em segundos. Preocupado com a Abbie, não percebi o quão perto
eu estava da hélice, que já mostrava sinais de redução de velocidade
— Estou aqui, Alec. Fica comigo, meu amor, a ajuda está chegando.
— Coloquei a mão em seu rosto e sujei aquela pétala branca de vermelho-
sangue. Minha visão escureceu. Eu apaguei.
Abri os olhos e vi a Abbie ao meu lado. Desorientado, tentei chamá-
la, mas não encontrei minha voz. Balancei um pouco a mão e consegui a
atenção dela.
— Alec, meu amor, bem-vindo de volta. Estava preocupada, você não
prendeu o choro, como quem já tivesse chorado tudo o que podia por causa
disso. Eu estava vivendo um verdadeiro inferno. — Vou deixá-los a sós.
Percebi, pela primeira vez, que quebraria uma promessa que fiz a ela.
Abbie sonhava em engravidar e ser mãe, mas agora eu não poderia realizar
— Não, Alec, nada disso. Vamos dar um jeito, o médico disse que o
tempo pode melhorar tudo, então vamos esperar. Nós vamos passar por isso
juntos. — Ela sorriu para mim e foi verdadeiro, ela reavivou minha chama
para tentar algo, correr atrás por nós. Essa força de vontade não duraria
felizes, Abbie precisou se recolher mais cedo, mas agradeço por nós dois.
Aproveitem a festa. — Mais um discurso nosso que faço sozinho. Esses
anos foram pesados para o nosso casamento e Abbie estava tentando, eu sei
que estava, e meu amor por ela só cresceu. Fui ao nosso quarto e a encontrei
dançando, sozinha, com uma taça de champanhe na mão. Love in the Dark
de Adele tocava ao fundo e aquela música parecia uma confissão, algo que
Abbie gostaria de me dizer, e não podia.
This is never ending, we have been here before
But I can't stay this time 'cause I don't love you anymore
Please, stay where you are
Don't come any closer
Don't try to change my mind
— Ela já tinha passado dos limites com o álcool, algo que se tornou
comum. Acho que o abuso da substância a confortou durante todo esse
tempo, e isso me doía a cada dia que a olhava e não encontrava mais aquele
ajudar. Garanto que consigo proeza com os meus dedos. — Comecei a subir
o seu vestido, mas parei no momento em que senti que ela chorava. —
Abbie, o que está sentindo? Seja sincera comigo, você sabe que eu só quero
te ver feliz e nada mais. — A levei até a cama para se sentar e conversar.
I can't love you in the dark
Everything changed me
Não posso te amar no escuro
Parece que estamos tão distantes
Há tanto espaço entre nós
— Alec, eu te amo tanto e queria ser forte para renunciar ao que fosse
necessário para continuarmos juntos. Juro que pensei que seríamos felizes
para sempre, mas eu não consigo. — Ela chorava, e eu sentia a dor de cada
lágrima daquelas caindo, sabia que algo ali era definitivo. — Tudo o que
podia fazer eu fiz foi querendo apagar aquele dia da minha mente, voltar no
Não deixarei que isso fique entre nós, vamos arrumar um jeito. — Ela olhou
no fundo dos meus olhos.
You have given me something that I can't live without
You mustn't underestimate that when you are in doubt
— Não consigo mais, Alec. Para mim, chega. Você estará em meu
coração, mas eu não posso renunciar aos meus sonhos, preciso deles. Me
desculpa, por favor. — Eu precisava ser forte por nós dois e a abracei
vivermos e fingirmos que isso não existia. Quão tolo eu fui, acabei a
Você é o meu raio de sol, e preciso que esse raio brilhe todos os dias para
que eu seja feliz. Sou muito agradecido por ter passado por tanta coisa ao
meu lado, por estar firme e ser minha fortaleza nos momentos mais escuros,
mas chegou a hora desse raio de sol voar e brilhar em outros lugares. Não
se preocupe, cuidarei de tudo o que for necessário. Por hoje, vamos apenas
nos deitar um pouco e descansar aqui mesmo.
perdi a única coisa que coloria o meu mundo. Essa foi a última vez em que
chorei, a última vez que me permiti ser frágil e vulnerável. Meu mundo se
tornou preto e branco, e os negócios, minha única fortaleza.
que fiz questão de dar a ela. Abbie foi meu amor de verdade e tenho certeza
de que eu fui o dela. Às vezes, aprendemos que, por mais amor que exista,
renunciar a pessoa que ama também é uma prova de amor e foi isso que eu
fiz, sem fazer grandes alvoroços. A dei a liberdade para ser feliz com quem
ser Abigail Davis, e seguiu sua vida longe de mim. Me joguei no trabalho e
entendi quando dizem “sorte no jogo, azar no amor”. Imerso na única coisa
queria mais nada de romance na minha vida. Não tinha motivo, ninguém
iria querer um homem impotente e estéril, melhor deixar meu segredo
que não há problema que o dinheiro delas não resolva. Eu sou a prova que
isso não é verdade.
DIAS ATUAIS...
consegui trabalho na minha área. Tentei enviar o meu currículo para várias
bastante e com muita dedicação. Uma das pequenas coisas que fazem o meu
essa diferença era ainda maior. O típico caso da nerd e da garota popular,
os estudos? Este sempre será um mistério para todos. Uma festa só era
Uma coisa que apenas eu sabia: a Piper poderia ser festeira, mas era
tão empenhada na sua carreira quanto era nas festas. Enquanto eu fazia
fundo o seu violino, na verdade, ele era praticamente uma extensão do seu
corpo. Ela tocava dia e noite, e eu não me importava, pois amava ouvi-la
sono.
— Alô?
— Bom dia, Srta. Harrison. Aqui é a Sônia, da Building Corporation,
preenchida por outra pessoa, mas não se preocupe, pois o seu currículo está
em nossa base de dados e, assim que aparecer outra vaga compatível com o
da manhã ainda.
uma única chance para provar do que sou capaz — repeti essa frase na
A vida não facilitava, mas eu tentava ser otimista. Era isso que o
papai gostaria, era isso que ele me ensinava, e eu fazia questão de colocar
cafeína era o meu maior apoio. Foram oito aulas em sala de aula e três aulas
Graças e Piper me convidou para jantar com sua família, como moravam do
outro lado da cidade, precisei tirar metade do dia seguinte de folga para
chegar a tempo.
— É isso, Lila. O dia já acabou e amanhã virá mais outro, mais uma
e fazer valer a pena. — Beijei o colar do meu pai que eu carregava sempre
tarde livre para o meu skincare, manicure, pedicure e tudo que fosse preciso
para jogar fora essa cara de cansada e chegar deslumbrante na casa dos
Donovan.
se reúne a família para agradecermos por todo o ano que passou. Bem, eu
não tinha minha família original para agradecer, mas tinha a família que me
manhã, quem poderia me mandar uma mensagem a essa hora? Abri e era da
amiga, mas ela era a irmã que eu nunca tive e a família da qual fui privada
pelo destino. Adorava falar que me amava mais do que as estrelas, somente
apenas a Piper sabia que meu pai morreu no dia do meu aniversário e que
eu não tinha contato com a minha família, eu costumava dizer que minha
mãe devia ter morrido também, para que ela não a procurasse. Seria com
toda a boa intenção do mundo, mas eu preferia que ninguém tivesse acesso
cinco anos atrás, foi uma das últimas noites felizes que tivemos. Geralmente
ligava para a Dona Florence para saber se ainda vive, não sei por que fazia
O sangue subiu à cabeça, mas antes que falasse algo, Dona Florence
respondeu, para minha surpresa.
“Deixa de ser uma velha enxerida e vai arrumar o que fazer, Johanne. Fui
eu que pari, então só eu posso xingar essa garota.”
— Bom dia, Sr. Moore. Tenho, sim, preciso terminar as aulas de hoje
para poder, amanhã cedo, pegar a estrada para um jantar em família.
mais um pouco. — Ele colocou a mão na minha perna. — Gosto das nossas
conversas. — Na mesma hora, empurrei a mão dele para longe e fiquei
permissão, coisa que você nunca terá. Isso é assédio e, apesar de ter algum
benfeitor sem escrúpulos que sempre limpa sua barra, saiba que eu não
aceitarei mais isso calada. O senhor pode ser o meu chefe, mas isso não lhe
dá direito de achar que pode fazer o que quer. Olhe para a sua cara e pense
bem no papel que está se colocando nessa idade.
Ele ficou extremamente furioso quando falei da sua idade, acho que
era um tema sensível, até mais sensível do que o acusar de assédio.
— Se quer jogar dessa forma, Srta. Harrison, então vamos jogar assim
— disse ele com o rosto vermelho de raiva. — Aproveite o seu feriado
tijolo por tijolo e enterrá-lo nela. Lágrimas rolaram pelo meu rosto, este não
era o futuro que eu esperava. Não vou mentir, mesmo tentando ser otimista,
segui para a minha sala. Antes de entrar, endireitei o meu corpo, treinei um
sorriso no rosto e fiz de tudo para irradiar felicidade. Meus alunos não
fim naquilo e fazê-lo pagar, mas não sabia por onde começar. Pensei: “O
que meu pai faria?”. Gostava de me perguntar isso e, na mesma hora, me
peguei minhas coisas e fui embora, não sem antes colocar a mensagem na
porta do diretor. Chamei meu Uber e fui para casa, tinha deixado o meu
carro na revisão. Assim que entrei no carro e segui viagem, uma mensagem
sabia que isso aconteceria. Prometi a mim mesma, cinco anos atrás, que
nunca mais deixaria ninguém ditar ordens na minha vida pessoal. Eu faria o
emprego, mas foi o melhor a se fazer. Hoje eu dormiria tranquila, sem culpa
ou preocupação. Amanhã será um dia incrível com a minha amiga e a sua
poder falar com todos com calma, a família era grande. Ao chegar na
imensa mansão dos Donovan, um manobrista se ofereceu para estacionar o
meu carro e fui direto para a entrada. Conheço esse lugar como a palma da
minha mão, mas sempre me admiro com o tamanho e com a beleza da
contato, mas o outro, todas as vezes que vim, tinha problemas com os
negócios, era um homem bastante ocupado ou que foge da família. Não
consigo julgar.
Fui para a sala e encontrei todos juntos, em uma algazarra total. Piper
— Eu tinha mandado mensagem para ela, contando que fui demitida, e ela
sabia do assédio que eu passava. Quando eu ia começar a falar, dois dos
trigêmeos apareceram com o cabelo penteado e usando os mesmos suéteres,
eles estavam exatamente iguais. Lembro que esse suéter foi presente da avó
babando para o meu decote, ele era o mulherengo dos dois, e o Chandler era
mais ranzinza. — Resolvido. Olá, Joey!
— Você é muito fácil de enganar, Joey. Era só prestar atenção no
rosto dela, no papel de parede, qualquer coisa. Será possível que não resiste
a uma mulher?
— Desculpe, mano. É impossível resistir a Lila, ela é linda demais.
Dói em mim que ela seja território proibido.
— E vai ser para o resto da vida, agora sumam os dois, pois preciso
nos EUA, entrou na sala para chamar a família para o jantar, mas não sem
antes me cumprimentar.
— Boa noite, Lila. Que prazer tê-la conosco mais uma vez. Como
você está? — Piper quis falar a verdade, mas dei um olhar para ela não falar
nada.
mais valiosas. Minha família é toda australiana, como você bem sabe, mas
tento ensinar aos meus filhos as culturas e os idiomas dos lugares que
visitamos. Não existe limite para o conhecimento, não é verdade? Espero
saiu com ela, implicando um pouco e ambos sorrindo. Imagino que seria
assim com o meu pai, se ele estivesse vivo. — Agora vamos para a mesa
que estou faminto. Lila, você poderia chamar o Ross no quarto? Você o
entende melhor do que ninguém.
— Eu não estou a fim das suas brincadeiras, Joey. Já falei mil vezes
isso. — Abri a porta devagarzinho.
— E se, ao invés do Joey, quem estiver batendo na porta for a sua
— Lila! Desculpe, achei que eram os meus irmãos. Entre, venha ver a
minha mais nova aquisição literária. — Entrei no quarto e fui direto para a
sua mesa, ele se levantou para me dar um abraço carinhoso.
Entre mim e o Ross, surgiu um vínculo tão forte e praticamente
— Não se atrase. — Saí do seu quarto e fui direto para a mesa. Ross
apareceu logo depois, deixando um beijo no meu rosto. Sentamo-nos todos
e uma cadeira estava vazia ao meu lado.
— Agora que estão todos acomodados, posso dar um aviso. O tio de
vocês não poderá comparecer hoje, ele sente muito pela falta. Teve uma
urgência em um dos seus negócios, mas virá nos visitar no domingo. Pediu
que eu falasse a vocês que gostaria muito de estar presente nesse momento,
mas foi algo inadiável e urgente. — Estou com fome, vamos seguir com as
preces? — Sorri com aquele final do Sr. Carson. — Vou deixar os trigêmeos
começarem.
Os três agradeceram o ano que passou e tudo que alcançaram.
Falaram que gostariam que a mãe estivesse presente, mesmo agora ainda
sentem falta, e que sabem que ela está cuidando de todos lá de cima.
Piper agradeceu a irmã que faz parte da sua vida, amo a forma como
ela me coloca em tudo. Agradeceu pela música que completa sua alma e
pela saúde e energia que tem para aproveitar todas as festas do ano, típico
possam ser mais verdadeiras e falar a verdade, sem ilusões. Acho que isso
seria uma forma de agradecer à outra pessoa por ouvir o que tem a dizer. É
isso.
— Obrigado, Lila, pelo seu agradecimento e obrigado, meninos. Eu
agradeço por ter o privilégio de estar rodeado por mentes pensadoras,
instigantes e que possuem a sede do conhecimento. Agradeço pelo talento
de cada um, mas, principalmente, pelo grande ser humano que são. Sim, a
mãe de vocês deve estar muito feliz e chorando de emoção nesse momento,
se bem a conheço. Por fim, agradeço a união dessa linda família, por
podermos contar uns com os outros, por valorizar pequenos momentos
como esse e dar valor ao nome família. Agora, vamos comer antes que eu
desmaie de fome.
Todos sorriram com o final dos agradecimentos e começaram a se
servir. Tudo delicioso, eu comia de tudo e ainda levava para casa por
insistência da Maria.
tranquilo.
— Por favor, não se preocupe. Eu já pedi um Uber e chega em cinco
minutos. E eu prometo ligar assim que chegar em casa — Piper e os gêmeos
também insistiram, mas eu bati o pé. Estava tarde. Não queria incomodá-
los, mas admito que adorava esse zelo que eles têm comigo. Me fazia sentir
acolhida e parte da vida deles. O que me dava essa sensação de
pertencimento que eu nunca tive antes.
Me despedi de todos, e a Piper me levou até a porta, para esperar o
— Combinado. Fico o tempo que quiser e tente dormir hoje, ok? Não
existe problema na vida que não tenha solução. Você trabalha com números
e sabe disso. — Meu carro chegou, e Piper me deu um abraço de despedida.
No caminho todo de volta para casa, só conseguia pensar no que fazer
agora e se eu fiz certo. Agora não tem como voltar atrás. É só olhar para
frente, Lila. Tentei me animar um pouco, estava exausta. O carro me deixou
na porta e, assim que entrei em casa, tirei toda a roupa, ficando só de
lingerie. Liguei pra Piper pra avisar que cheguei sã e salva, conforme
prometi.
O dia estava terrivelmente quente, e eu nunca me dei bem com ondas
de calor. Morei a vida toda em Minnesota, uma cidade com um frio
congelante, é difícil se acostumar com o extremo.
Tive uma série de pesadelos com o meu passado, meu padrasto e tudo
o que passei. Acabei madrugando no sábado, não consegui dormir bem e
agora não adiantava mais rolar na cama. Fui fazer o meu café e aproveitei
para ver as correspondências. Era sábado, então deve ter chegado alguma
Sra. Laura, uma das moradoras do condomínio que sempre falava comigo
muito gentil e fiquei com peso na consciência por não falar direito com ela,
mas isso era mais importante do que tudo.
Entrei em casa, joguei o sapato e a bolsa em um canto e coloquei esse
único envelope em cima da mesa. O olhava como se fosse uma bomba
prestes a explodir, estava louca para saber o que tinha ali, ninguém manda
carta se não for algo importante, mas também estava com receio de ser mais
um não, dessa vez um não educado por carta. A solução para resolver
empresa.
Atenciosamente, Secret Digital Security.
— EU PASSEI! FINALMENTE MEU DIA CHEGOU! — gritei isso
para os quatro cantos do mundo.
qualquer outra coisa que pudesse tirar o meu sossego no fim de semana. Eu
sentia falta dos meus alunos e tentaria me despedir deles, mas hoje eu era
e isso era a melhor coisa que aconteceu comigo nos últimos tempos.
minha rotina tão pesada, fiquei com pena de deixá-lo sozinho por tanto
com presença obrigatória, hoje. Me lembrei que ainda não contei sobre a
amiga.
Tenho uma novidade para te contar, e você não vai nem acreditar.”
Esperei um pouco, e ela me respondeu uns 30 minutos depois.
“Bom dia para quem parece que foi atropelada ontem à noite. Estou
Será que ela pegou um resfriado? Estranho, estava tão bem ontem.
Espero que não seja nada. Enquanto ela descansava, aproveitei a tarde para
bem.
Voltei para casa algumas horas depois e vi que precisava dar um jeito
sempre me dizia na universidade: “Lila, você sabe que teve uma boa noite
Não sei quanto à parte do sexo, não tive experiências nessa área, mas
Me olhei no espelho e fazia tempo que não via essa Lila, toda
nasci com um corpo de dar inveja e, com tanta correria do dia a dia, eu me
esquecia disso, às vezes. Minha pele morena contrastava bem com a cor
prata. Para completar o look da noite, escolhi deixar o cabelo solto e usar
de sair, mandei uma mensagem, avisando que estava a caminho, mas ela
de atraso e resolvi ligar para ela, todos tinham começado a entrar, e eu não
— Lila, boa noite, aqui é a Maria. Receio que a Piper não conseguirá
encontrá-la hoje.
para não se preocupar comigo, sei que deve estar abalada por hoje. Avisa
que mandei focar em ficar melhor e que vou visitá-la amanhã, como já
— Pode deixar que aviso sim, Lila. Cuidado por aí e aproveite sua
— Olha quem temos aqui. Boa noite, Lila, há quanto tempo. — Olhei
época em que estudava, eu ainda era virgem. Talvez pela pouca experiência
achava.
A maioria das pessoas que me rodeavam não tinha nada que alguém
pudesse ter interesse e, por isso, nunca pensei que algo assim pudesse
acontecer. Fui ingênua demais, e a Piper tentou me alertar para não confiar
perder minha virgindade, achava que ele era a pessoa certa, ainda bem que
Fui em um dos jogos do Gary, pensei em fazer uma surpresa para ele
falar o meu nome e parei para ouvir, era o Gary falando com os amigos do
time.
enganar, ela jura que estou apaixonado por ela. Coitada, nunca eu me
apaixonaria por uma pobretona como ela, mas existem alguns sacrifícios
necessários para se atingir o que quer. Em breve, poderei ter mais acesso a
— E como você vai dar em cima da Piper se ainda está com a amiga
dela? — algum amigo dele perguntou.
— Lila, o que aconteceu? O que o Gary fez com você? — Ela estava
desconfiada dele fazia tempo, eu deveria ter acreditado. Contei tudo a ela
Soube depois que ela foi até o jogo e humilhou o Gary na frente de todos.
Falou que ele não valia o tempo dela e que nunca daria uma chance a um
babaca como ele, que pensa que o pau é mais valioso que o caráter e que o
dinheiro compra tudo, dispensando-o por tratar mal sua melhor amiga.
na minha cabeça.
— Calma, gatinha, onde pensa que vai? Começamos a conversar
histórias para te contar, mas antes, me diga, onde está sua amiga Piper?
— Ela está me esperando lá dentro, vim fazer uma ligação e vou
entrar agora. — Tentei me soltar, mas sua mão estava apertando o meu
braço com força. — Pode me soltar, por favor? Meu braço está começando
a doer.
mão nesse seu traseiro gostoso, você tem um belo corpo, gatinha.
Ninguém aparecia no estacionamento ou parecia notar que havia um
sabia mais o que fazer. Tentei bater nele, espernear e me soltar, mas ele era
muito forte. Quando estava quase desistindo, uma voz veio de trás do Gary.
um produto que mude algo, que inove e não apenas mais um lançado.
Confesso que achava que o Hackathon, uma maratona de programação onde
situações como esta. Troquei o meu terno do dia por um smoking, dei um
jeito no meu cabelo e segui para a inauguração.
Piper está com catapora, mas como pegamos quando éramos crianças, então
não corremos risco. Amanhã não teria desculpa, eu apareceria lá e levaria
família. São eles que me mantêm com o pé no chão, e isso não vai mudar
entre nós.
fazia tempo que não o tirava da garagem. Costumava deixar meus carros no
estacionamento da empresa, já que eu passava mais tempo lá do que em
casa.
Assim que cheguei, antes de sair do carro, vi um casal que parecia
brigar, mas o cara estava fora do seu juízo normal, porque parecia prender a
garota contra um carro, e ela estava com um olhar de desespero.
mas preferia dar a chance ao cara de pensar bem no que estava fazendo:
— Este é um péssimo jeito de começar a inauguração de uma boate.
Você pode largar a moça, por gentileza? — Os dois me olharam, ele, com
cara de surpresa, e ela, com cara de alívio.
o que não significa que não sabia me defender se o confronto físico fosse
inevitável. Desde muito cedo, meu pai colocou eu e meus irmãos para
praticarmos boxe. Eu comecei aos 12 anos. Segundo ele, não era para
começarmos brigas, mas, sim, para sabermos nos defender caso fosse
necessário e se esgotarem outras opções. Desviei do soco e encaixei um jab
na guarda baixa do cara. Era até difícil lutar com ele, estava claramente em
desvantagem por estar bêbado, mas não tinha pena pelo que fez à moça.
Foi quando, subitamente, dois caras, que deveriam ser amigos dele,
— Senhor?
— Aquele covarde estava tentando fazer mal a essa moça. — Apontei
ele. Onde vocês estavam que não viram isso? Coloquem mais seguranças
nessa área do estacionamento e mais iluminação também. Todo esse breu
— Boa noite, meu nome é Alec. Você é uma convidada aqui? Veio
com alguém? — Ela sussurrou alguma coisa difícil de decifrar. Insisti sem
tocá-la. Ela tremia e achei mais prudente tentar acalmá-la primeiro, antes de
ampará-la e ajudá-la a se pôr de pé: — Moça, você quer entrar para se
limpar no banheiro e tomar um pouco de água, se acalmar um pouco? —
Ela voltou o olhar para mim e, pela primeira vez, vi um olhar que parecia
enxergar dentro de mim, como se quisesse muito mais que fazer sentido das
minhas palavras, ela queria descobrir minhas intenções.
E, ao mesmo tempo em que eu vi uma resistência, uma força naquele
olhar, também vi uma dor tão poderosa naqueles olhos castanhos que
pareciam que guardavam uma criança ali, perdida e com medo de algo do
mundo. O medo não parecia ser de agora apenas, mas parecia ter sido
desperto novamente depois de um tempo adormecido. Foi confuso me sentir
tão conectado à mensagem silenciosa desses olhos. Sentir algo tão intenso,
algo diferente por essa menina que era uma completa desconhecida era
estranho pra mim. Retomo o controle, me libertando desse fluxo de
pensamentos. Enfim, preciso me concentrar e me preocupar com o estado
dela.
gostei da sensação de ter aquela mão delicada e macia quase sendo engolida
pela minha mão tão maior. A ajudei a se levantar do chão e a conduzi, sem
soltar sua mão, para a área reservada do clube, onde somente alguns poucos
funcionários e eu temos acesso.
te leve em casa? O que ficar melhor para você. — Me virei com um copo, e
ela ainda estava em pé, no meio do meu escritório, parada.
É a primeira vez que noto o quanto ela é verdadeiramente muito
bonita e com um corpo espetacular. Me recrimino novamente. Como posso
pensar algo assim nesse momento. Ainda mais de uma moça que deve ter a
— Entendi, achei que aquele era o seu namorado e que era uma briga
de casal.
— Não. Ele é só um babaca que conheci na faculdade e que, com o
podem tomar decisões ruins sob o efeito do álcool. Mas o que aconteceu
com você? Veio para cá sozinha?
— Na verdade, eu tinha acabado de chegar no estacionamento e
estava ligando para a minha amiga. Descobri que ela não viria e estava indo
— Não precisa ter pena de mim, são coisas que acontecem na vida,
infelizmente.
— Não sinto pena de você, Lila. Acredito que as pessoas mais fortes
são aquelas que conseguem se virar sozinha nesse mundo complicado. —
Ela me olhou com surpresa, como se fosse raro alguém falar isso para ela.
Olhei para o seu rosto, um ar angelical e tão calmo. Um olhar que me
prendeu, pela primeira vez depois de tanto tempo.
— Acho que deve ter enfrentado alguma situação em que sentiram
compaixão pelo senhor para entender tão bem o quão ruim esse tipo de
olhar é.
Algo em minha expressão deve ter mudado porque ela, de imediato,
ficou tensa e insegura.
forma como ela conseguiu me ler com tanta facilidade, tentei tranquilizá-la.
— Está tudo bem, Lila. Não se preocupe. Você está certa, afinal.
Digamos que tive essa experiência. — O olhar da Abbie ao descobrir que
eu realmente estava impotente e estéril veio à minha mente. Foi ali que
percebi que meu casamento perfeito começava a ruir.
— Eu agradeço muito, Sr. Alec, pela ajuda e por cuidar de mim. Você
tem muitos machucados no rosto, vou pegar um kit de primeiros socorros
que vi no banheiro.
— Lila, não precis... — Ela não me deixou terminar e foi buscar o kit.
quando passei no queixo dolorido, ela levou as próprias mãos à boca, com a
expressão extremamente culpada.
— Meu Deus, olhe sua mão! Vamos começar com ela. — Eu falava,
mas ela não parecia me ouvir. Peguei suas mãos e a fiz olhar para mim.
envolvido em um problema que não era seu. Por favor, me deixe te ajudar.
Aquele olhar, aquele pedido, aquela voz. Não sei descrever o que
senti exatamente, mas tudo aquilo me fez soltar sua mão e deixá-la fazer o
que quisesse.
Uma sensação desconhecida tomou meu corpo, algo que não vivencio há
muitos anos, algo que nunca mais pensei que vivenciaria.
Abri os olhos e vi os detalhes do seu rosto, o seu olhar preocupado,
seus lábios volumosos, sua pele de ébano, aquela mulher provocou uma
descarga elétrica nas minhas terminações nervosas e, por um curto espaço
de tempo, pensei ter sentido o meu membro reagir. Deve ter sido impressão
minha, mas aquilo me fez reagir, não pude me conter e levantei a mão para
tocar em seu rosto.
Eu toquei sua pele negra, ela reagiu como se tivesse ficado confusa,
mas permitiu o toque. Eu a olhava encantado por sua beleza, à medida que
acariciava seu rosto, senti sua respiração acelerar. Seu peito subia e descia
com o batimento cardíaco acelerado e foi uma missão manter o olhar longe
dos seus seios. Nesse momento, percebi o rumo que as coisas tomaram e
como aquilo poderia parecer para ela, que acabou de se traumatizar por
causa de um cara.
Realmente, não sei como ela conseguiu mexer tanto comigo. Há anos
eu não permito uma mulher se aproximar tanto, alguém cuidar de mim
dessa maneira. Lila não precisou se insinuar para mim, apelar para minha
libido sexual, caso eu tivesse alguma, para despertar sentimentos e
sensações em mim. Desconfortável e confuso com tudo, tento me distrair
com outros assuntos e pensar que ela deve ter a idade da Piper.
Ela parece estar mais calma agora, perto de terminar de tratar todos os
meus ferimentos. Ao final, uma reação que me surpreendeu. Lila acaricia
meu rosto, como se tivesse se despedindo ou agradecendo por algo. Aquela
carícia fez acelerar o meu coração, parecia que estava batendo pela primeira
vez de verdade, depois de muito tempo...
— Terminei — falou quase em um sussurro. Uma voz calma e
delicada, que seduz naturalmente. Demorou um tempo para desviar o olhar
questão que venha em outro momento e conheça o meu clube. Não quero
que fique com a impressão errada do lugar. Pode aparecer e mostrar o
cartão que será bem recebida ou pode me mandar uma mensagem que
libero sua entrada.
era o gerente. Sei que deve ser alguém importante, e eu agi de qualquer
jeito, mil desculpas.
— Nada disso, não se preocupe. Prefiro que as pessoas ajam
normalmente comigo, dinheiro não me faz melhor que ninguém. — Vi que
muito de conhecer você, Alec. — Ela, então, me surpreendeu, veio até mim
e deixou um beijo em meu rosto como agradecimento por tudo. — Boa
noite para você também.
Desceu do carro e seguiu para casa, sem olhar para trás. Eu fiquei ali
um tempo, a vendo entrar no prédio e me peguei tocando o rosto bem no
lugar do seu beijo. Segui para casa com um sorriso no rosto e aquele anjo
em forma de mulher na mente. Ela não sairia tão fácil da minha cabeça.
Cheguei em casa e desci do carro, antes de entrar, olhei para a lua que,
sozinha, trazia luz para todas as sombras da noite. Minha mente comparou
instantaneamente.
— Apesar das circunstâncias, eu também gostei muito de conhecer
você, Lila.
da boate.
cuidando da Piper, não queria que ela se preocupasse comigo. Ela ficaria
furiosa e isso a deixaria agitada, é melhor que tenha um bom descanso para
irresistível. Fiz o caminho mais longo para pedalar bastante e tentar limpar
a mente.
para mim, é o paraíso. Saí de casa alguns minutos atrás e o meu humor já
Avenue. Essa era a rua perfeita para o que sempre gostei de fazer quando
tenha sido na universidade. Ambos os casos foram por causa da raiva que
que eu faço a ninguém, é algo um pouco perigoso e não quero que ninguém
se acidente, além de ser algo só meu. A rua era uma descida reta e, perto do
final, tinha uma área nivelada, o que era a minha deixa para assumir o
controle. Fui até o meio da pista, posicionei a bike e fechei os olhos
velocidade e a bike seguiu o final sem controle. Tive meus cinco minutos de
desespero até que consegui parar com o pé, não sem antes machucar o
recuperar meu fôlego, tinha pedalado para bem longe e não conseguia
e verifiquei o meu pé, não foi nada profundo, apenas uma pancada forte e
alguns arranhões.
Quem não gosta de café deveria repensar seus hábitos. Café é vida.
caneca de Friends, presente dos trigêmeos, que tinha escrito “How you
dos três.
festa e passar para a que eu sairia hoje. Nessa troca, encontrei o cartão do
Jaguar), mas não posso ser hipócrita e não agradecer ao destino por ele estar
Ele tinha uma pele branca, de quem não se expõe muito ao sol,
alto. Quando cheguei perto para tratar seus ferimentos, percebi que seu
ser feito sob medida. Suas mãos eram ásperas, o que destoou bastante do
porte de homem rico e elegante, acredito ser por causa do boxe que ele luta
desde jovem.
tempo, mas sempre fui assim, e amo isso. Sempre fugi dos famosos
mulheres devem cair aos seus pés e, quando vem com dinheiro, é ainda
pior.
minha intuição não ligou o alarme de fuga em momento algum. Sua altura
não me intimidou e a vozinha dentro de mim insinuou que ele parece ter
uma boa índole, um homem de bom caráter e que somente queria saber se
carro, para facilitar a volta. Não poderia chegar muito tarde, amanhã
começava no novo trabalho e queria ter uma boa noite de sono para
— Piper estava perguntando toda hora se você chegou. Está com peso
na consciência por não ter saído com você ontem.
escadas. De cara, ouvi os gritos dos trigêmeos e fui logo falar com eles.
Estavam no quarto do Joey, jogando alguma coisa, mas a voz do Chandler
era a que mais se sobressaia.
aquela cena com um sorriso no rosto, sempre foram assim a vida toda e isso
que era o melhor. Discutiam o tempo todo, mas matavam e morriam um
lendo um livro. Só ele para ter uma concentração dessas junto dessa
gritaria.
da Piper. Bati na porta e a ouvi falando para entrar. Estava deitada na cama,
com uma cara emburrada, mas mudou totalmente quando me viu.
blusa, fazia tempo que não usava e já estou no clima de inverno, minha
estação favorita. — Tudo para esconder dela as marcas de ontem. — E eu
entendo sobre ontem, você não tinha como saber. Só quero que descanse e
não se preocupe com nada.
— Cansei de descansar, me conta como foi ontem. Voltou para casa,
não, né?
— Com certeza, voltei. Você sabe que não gosto de ir para lugares
assim sozinha, mas, antes de voltar, conheci uma pessoa muito interessante.
— Contei a ela sobre o encontro que tive com Alec e que ele tinha se
que era dono da boate. O nome dele é Alec, sem sobrenomes. Me deu um
cartão para voltar outro dia e conhecer o lugar melhor, podemos ir juntas.
Percebi que o olhar da Piper mudou um pouco. Ela foi de curiosa para
espantada, como se não imaginasse que algo pudesse acontecer. Será que
dele e que era o dono. Não vai me dizer que você e ele estão ficando? — Na
mesma hora, ela substituiu o olhar por um sorriso de disfarce.
algo?
— Ele me disse que se atrasaria. Acordou um pouco tarde depois de
ontem, mas virá sim, sabe como você é o xodó dele e ele está muito
preocupado com a sua doença. — Parece que ontem foi um dia corrido para
campainha tocou.
— Acho que o seu tio chegou. Vou atender a porta. — Sr. Carson se
levantou.
Piper me olhou na mesma hora com um sorriso no rosto. Conheço
sobremesa e sorrindo.
Uma voz ecoou pela sala, não uma voz qualquer, AQUELA voz. Na
mesma hora, olhei para a Piper e seu sorriso foi ainda maior, como se
dissesse que era isso que ela escondia.
Olhei para trás e foi justamente no mesmo momento em que ele
entrava na sala de jantar com um vinho na mão, com um sorriso lindo no
nada. Seu olhar e seu sorriso permaneciam, como se fosse uma criança
aprontando algo. Saboreando sua sobremesa, ela simplesmente soltou.
nada assim por uma mulher, muito menos por alguém que acabei de
conhecer e que aparentava ser muito nova, acredito que na faixa da minha
sobrinha, a Piper.
casa inteira era controlada por ela. Uma das comodidades da tecnologia
com a certeza de que tudo era seguro, graças à minha empresa. Eu precisava
ser o meu primeiro cliente para testar todas as novidades.
A cortina abriu e um sol forte entrou pelas frestas da janela. Estranho,
tão cedo e o sol tão forte, será que era uma onda de calor? Nos fins de
semana, sempre costumava desligar o relógio e deixar o celular na sala,
para ter uma boa noite de sono sem interrupções, mas não costumo acordar
tarde porque o meu sono é agitado ou perturbado por certos pesadelos do
meu passado.
Fui até a sala e ainda vi a tela acesa, segundos antes da ligação cair.
Não acreditei quando vi a hora, já passava do meio-dia e tinha várias
espera.
— Boa tarde, Fernando. Me desculpe por lhe fazer esperar tanto.
— Boa tarde, Sr. Donovan. Cheguei eram 9h da manhã e não lhe vi,
estranhei porque o senhor sempre é pontual, mas, como não desmarcou o
compromisso, resolvi esperar. Está tudo bem?
um pouco tarde, depois de um dia cansativo que você teve, o corpo pediu o
descanso merecido. Tente relaxar um pouco hoje, divirta-se com a família.
— Pode deixar que vou tentar, sim. Aumenta um pouco mais a rádio,
por favor, quero ouvir as notícias das oscilações do mercado. — Fernando
sorriu e subiu o volume.
paz de sempre.
Algo me dizia que a vida tinha outros planos.
Toquei a campainha, e Carson veio até atender a porta, acho que era
a folga da Maria.
— Então está perdoado. Uma boa noite de sono sempre deve ser
apreciada. Você comeu alguma coisa? Maria deixou comida pronta, basta
descongelar.
— Comi nada ainda, mas trouxe um vinho para compensar a minha
mancada.
— Então vai para a mesa que as meninas estão lá, vou levar o vinho
para a cozinha. — Meninas? Achei que seria apenas a família hoje. Deve
ser alguma amiga da Piper.
No exato momento em que eu entrei na sala de jantar, o perfume que
me perseguiu nos sonhos ganhou vida. Achei que estava imaginando coisas,
mas não era a minha imaginação. Eu ainda estava com o vinho em mãos
quando ela se virou com um olhar de espanto, surpresa e confusão, o
mesmo olhar que o meu. Eu nunca imaginei que reencontraria Lila, muito
Carson passou por mim e foi direto para perto da Lila. — Lila, esse é o tio
da Piper, Alec Donovan. É o que viria para o jantar de Ação de Graças e
teve uma emergência.
Estávamos agora em um impasse. Ou fingíamos que nunca tínhamos
puxou uma cadeira e se sentou. — Depois que terminar aí, vamos lá para o
quarto, vou deitar-me um pouco.
Eu tentava disfarçar e a olhava pelo canto do olho ou quando alguém
não estava vendo, ela parecia concentrada na função de lavar pratos e
evitava o meu olhar a qualquer custo. Se fosse qualquer outra mulher, eu
não insistiria e seguiria minha vida, como sempre, mas a Lila, eu não
deixaria escapar. Precisava entender tudo o que ela me causava, o que me
fazia sentir.
Carson teve uma chamada que precisou atender e seguiu para o
para resolver algumas coisas. Não vi mais a Lila durante a tarde, acho que
ficou cuidando da Piper, catapora é horrível em qualquer idade.
Eram 18h quando o Carson interrompeu nossa conversa para mais
um telefonema, pedindo desculpas em silêncio. Depois disso, voltou do
Precisarei encontrá-lo.
— Se precisar de alguém para ficar com Piper, posso passar a noite
aqui com ela.
— Nossa, nem tenho como te agradecer, Alec. Vou me despedir da
minha filha. — Ele subiu e, pouco tempo depois, desceu com Lila. Acho
que ela iria embora também.
— Piper estava apagada por conta dos remédios, não gostaria de
deixar minha filha assim, mas agradeço bastante aos dois por ficarem para
cuidar dela. — Meu cérebro levou uns três segundos para processar a
informação, foi o tempo que o Carson abria a porta.
— Calma, espera. Como assim os dois?
puxar o assunto.
— Então seremos apenas nós dois, durante toda a noite. — Ela saiu
do transe rapidamente.
Piper.
— Eu vou ficar por aqui, se precisar de algo, só chamar. — Ela
assentiu e subiu. Duas horas depois, Lila não saía da minha cabeça. Abri o
vinho e estava na minha segunda taça, mas o cheiro das uvas não conseguiu
Subi a escada e estava tudo no mais perfeito silêncio. Bati duas vezes
— Não, Lila. Apenas vim ver como estavam e não precisa me chamar
de senhor, lembra? — Não sei se foi impressão, mas ela pareceu enrubescer
adultos e sérios, cada um em sua área, mas parece que essa porta tem a
magia de Peter Pan. Basta que entrem nessa casa e se transformam em
crianças que implicam uma com a outra. Me lembra muito como eu era com
mesmo jeito que a nostalgia me fazia sorrir, me fazia também sentir certa
cozinha. Precisava jantar alguma coisa para não deixar o vinho subir à
cabeça. Já sentia o corpo esquentar e não sabia se era o vinho ou Lila.
— Minnesota. Eu fiquei por lá até passar na universidade e depois
segui a vida.
para a gente e para a Piper. — Ela tentou fugir do assunto e, na pressa para
seu braço, a vi fazendo uma careta de dor. Não entendi na hora até me
forma de dedos me fez trincar os dentes. Se tinha algo que eu mais odiava
— Isso foi de ontem, não foi? E, se estou certo, você está usando uma
blusa de manga comprida nesse calor para esconder da Piper. Você tem algo
universidade e que acha que pode fazer o que quiser com quem bem
entende, porque se esconde atrás do dinheiro do pai para passar por cima
das pessoas. Por favor, não conte nada a Piper, ela está doente e ficaria
furiosa se soubesse disso. Se culparia ainda mais por não ter ido.
— Então era ela que você iria encontrar. Pelo jeito, íamos nos
sorrisos mais delicados e inocentes que eu já vi. A tensão sexual entre nós
pairou no ar, do mesmo jeito que aconteceu na boate. Não vou mentir,
minha vontade era de agarrá-la ali mesmo e testar até onde meu corpo
respondia, mas não podia fazer isso. Eu queria apenas sexo, queria que o
— Não bebe porque não gosta ou por outros motivos? — Sempre fui
curioso.
— Não sei, Alec. Vamos deixar o mundo decidir. — Eu sentia que ela
dela com Piper. Quando terminou de preparar a comida, subiu para levar
uma sopa para a amiga, gostava de saber que minha sobrinha tinha alguém
estar.
empresa, mas tenho que passar em casa antes para trocar de roupa. Se puder
das coisas.
ver.
— Ótimo, me avisa quando for. Peço para deixarem tudo pronto e te
para a Flórida.
calor, fico louca. O meu maior problema são as ondas de calor, lembro que
quase desmaiei na última. Nem sei como vocês aguentam tudo isso. — A
conversa era tão leve e normal que eu ficaria ali a noite toda.
cedo amanhã.
— Também gostei bastante da nossa conversa. — Me aproximei mais
dela e peguei sua mão. — Lila, geralmente não costumo ser tão direto e
falar certas coisas, mas, com você, senti uma conexão diferente, como se
tocou. Sua pele parecia veludo ao meu toque e aquela era a resposta que eu
queria.
— Você também deve ter percebido que existe uma atração entre nós
dois, não adianta negar, somos adultos. Sinto que você tem receio por eu ser
um Donovan.
— Não é por ser um Donovan, mas amo muito essa família, carrego
todos em meu coração e não gostaria que as minhas ações magoassem a
todos.
— Então faremos assim: você aceita o convite para jantar comigo e
finge que sou apenas o Alec da boate, aquele que conheceu antes de ser um
Donovan. O que acha?
empresário assumiu.
Tomei o meu café olhando a vista da minha sala. De lá, eu conseguia
ver toda a minha operação. Algumas pessoas amam paisagens, eu amo ver o
que eu construí. A secretária interfonou e avisou que a nova equipe me
com o sexo oposto, e Alec conseguiu abalar minhas estruturas sem fazer
absolutamente nada, apenas sendo ele mesmo.
No momento em que pegou minha mão, tive que me segurar para não
deixar as emoções me denunciarem. Nos dias de hoje, é praticamente
impossível uma mulher, perto de fazer 23 anos, ser virgem, e isso é algo que
não me preocupa, prefiro esperar que alguém verdadeiro apareça para
ganhar meu coração, alguém que me desperte aquele fogo que a Piper tanto
me fala.
Nunca levei em conta que essa pessoa poderia ser um Donovan.
P.S.: Como eu te conheço, sei que deve estar se perguntando como sei
disso. Foi a Piper quem contou para a gente.”
Sorri com aquela mensagem. Ross sempre sabe como melhorar o meu
humor. Respirei fundo e foquei no hoje, o meu grande dia. Olhei para o
desenvolvimento de software.
— Bom dia, senhorita. Preciso dos seus documentos para liberar seu
acesso. Suas credenciais devem estar prontas com o seu supervisor. Possui
carro?
— Tenho, sim, estacionei aqui perto.
me esperava.
Depois de anos sem conseguir trabalho na área, me questionei se
realmente ainda sabia fazer o meu trabalho. Espantei esse medo para longe
algumas pessoas e parecia deslocada. Ele falou algo com ela e a arrastou
para onde estávamos.
com a voz e com a pessoa que eu vi à minha frente. — Esta é a primeira vez
que a Secret contrata profissionais com pouca ou nenhuma experiência, mas
vejo isso como algo positivo. Queremos ideias novas e pessoas que pensem
Fernanda.
— Fiquei preocupada com o que ele disse, alguns serão demitidos
com o tempo, com base em seu desenvolvimento no programa.
— Sim, mas sinto que seremos estrelas, algo me diz isso. Vamos
Enquanto isso, minha cabeça não parava de pensar no Alec. Meu olhar o
seguiu, saindo do palco e, por um minuto, tive a impressão de que ele olhou
para mim.
— Vocês três ficarão nas três mesas aqui à direita. Quem é Camilla
Harrison?
— Sou eu.
— O Sr. Donovan te espera na sala dele, você foi uma das escolhidas.
naquela sala e fingi que não te conhecia para que não ficasse constrangida
ou alguém entendesse errado. Não quero que julguem o seu talento pela
nossa proximidade. — Então, era a primeira opção, fui ignorada
propositalmente.
— Não se preocupe, Alec. Farei o máximo para que ninguém saiba
sobre nós, sobre minha relação com os Donovan. — Ele me olhava curioso
com algo e, depois da minha resposta, um sorriso sensual ganhou os seus
lábios.
— Ainda bem que disse isso, porque vou precisar conversar com você
depois do trabalho. Posso ir até sua casa? Saio daqui umas 21h. — Não sei
como explicar, com Alec, me sentia como se eu caísse na toca de Alice,
perdida, e ele fosse o meu coelho, em quem eu devia me agarrar e achar o
hoje. Iria esperar até o fim de semana, mas, com os acontecimentos atuais,
preciso adiantar o nosso encontro. Prometo que é algo interessante para
ambos e mantenho o que disse, não passarei dos limites.
— Se for como combinamos, aceito. — Aquele sorriso novamente,
espero que goste de trabalhar aqui. — Gostaria de falar que só por vê-lo
todo dia, já estava adorando, mas apenas agradeci e saí da sala o mais
rápido que pude.
O dia passou rapidamente. Mergulhei no trabalho e comecei a estudar
o código do software, o que foi criado até o momento. Não era algo difícil,
só complicado. Continuar o código de outro programador era desafiador,
mas nada que eu não pudesse entender. Quem me avisou que já eram 18h
foi Roddie, se deixasse, eu seguiria trabalhando.
o cabelo bagunçado. Não sei que poder era esse, mas sempre me causava
uma reação que não senti por ninguém.
— Oi, Alec. Entra, não repara na bagunça, a vida está um pouco
— Eu tomo café puro, sem nada para adoçar. — Olhei para ele e
soltei um sorriso. — O que foi?
— Se visse como preparo o meu, certeza de que teria um infarto. —
Levei nossas canecas até o sofá. Tomamos um pouco de café e resolvi puxar
cá, me casei com o meu trabalho e nunca mais tive atração por nenhuma
mulher. Abbie seguiu sua vida, tornou-se uma grande amiga minha, e eu
aceitei o meu destino alguns anos atrás.
Eu não soube o que dizer. Como imaginar que um homem tão bonito
e imponente desses sofresse com impotência. Nenhum homem fica bem
negócios com prazer, pode ficar tranquila. O que me diz? Aceita minha
proposta?
Eu estava sem palavras. Ele terminou de falar, e eu estava com a boca
aberta e a caneca de café frio na mão. Nunca imaginei que receberia tantas
informações em uma noite só, mas também era algo que cabia
perfeitamente no que eu precisava no momento. Eu era virgem e não estava
pronta para perder a virgindade ainda, mas tinha uma louca atração pelo
Alec, essa proposta parecia ter sido feita para mim, mesmo sem ele saber.
disposta a aceitar o que me propõe. Como lhe falei, não vou ser hipócrita e
falar que não me senti atraída por você. Te acho muito bonito e atraente e
acho que as condições da proposta são exatamente o que eu preciso no
momento. Saiba que não vou lhe cobrar atenção ou ciúmes, não sou assim.
Muito menos vou fazer algo que lhe comprometa, se quiser, podemos
Colocou o meu cabelo atrás da orelha e desceu o dedo pelo meu pescoço.
— Lá, conversaremos um pouco sobre nós dois, com mais calma. — Sua
boca se aproximou da minha e ele deixou selinhos nos meus lábios
enquanto me observava com os olhos bem abertos. Eu estava com um
Cheguei em casa e fui direto para uma ducha. Estava cansado do dia,
mas sentia um calor no corpo desde que toquei a Lila e que a beijei. Eram
apenas selinhos e provocações, mas isso já me fazia sentir diferente. Ela era
a primeira mulher, depois da Abbie, que mexia comigo daquele jeito, e eu
meu lado.
Tive um sono tranquilo, porém, Lila estava presente em todos os
impressão de sentir uma contração em meu membro, mas deve ter sido algo
tanto tempo.
Tinha bastante tempo para planejar as coisas, queria que fosse algo perfeito
irritação.
nada, mas seguiu dirigindo. Lembrei que todos dão números de telefone
Aproveitei o momento.
escritório.
— Bom dia, Sr. Donovan. Em que posso ajudá-lo?
— Preciso das fichas das pessoas escolhidas para falar comigo ontem,
com todas as fichas que pedi. Depois que voltou para sua mesa, ignorei
mesma hora.
Bom dia, Lila, quem fala é o Alec. Espero que não se importe, peguei
seu número com o RH, eles não perceberam. Só queria te desejar um bom
trabalho hoje.
digitando na tela.
Bom dia, Alec. Fiquei surpresa com a sua mensagem, obrigada pelos
estava mudando pequenos detalhes em mim e ainda não sabia o porquê. Por
— Sim, esse novo software está tomando todo o meu tempo, mas até
que a equipe nova tem trazido grandes ideias. — Eu não ia falar, mas
pareceria ainda mais suspeito. — Sabe quem está trabalhando conosco? Lila
— Sério? Que coincidência, por essa não esperava. Por isso a Piper
tem reclamado que a Lila está ocupada a semana toda. Aquela menina é de
— Ela tem se empenhado bastante, mas você não acha estranho não
a semana, e não encontrei muita coisa sobre a família, talvez Carson saiba
de algo.
delicado. Como Lila nunca causou nenhum problema e foi uma ótima
sei como é a minha sobrinha com festas. — Esse ano, nem sei o que vão
fazer. — Ele continuou conversando e, na minha mente, fixou a data do
aniversário da Lila.
— O aniversário dela é esse sábado e ela não disse nada? Então vai
ouviu o meu pensamento em voz alta. Tive a ideia de preparar algo especial.
emoções, logo agora que encontrei o emprego que sempre quis, precisava
— Nem me fala, Lila. Quando disseram que nem todos ficarão, morri
que vamos nos destacar. Pensem positivo para atrair energia positiva. Estou
usando o método para atrair aquele chefe gato que temos. — Fiquei
cabeça era que o encontro já era amanhã, e eu precisava agir como uma
amanheci toda dolorida por causa disso. Olhei para o celular e já eram 9h da
— Meu Deus! Não acredito que esqueci! — A semana foi tão corrida
não tocou, acordei mais tarde que o normal. Ross e Piper já tinham me
alguém que quer falar com você também. — Ross pegou o telefone.
— E aí, minha cara mana. Feliz aniversário! Hoje é o seu dia, não
invente de ouvir o que Piper quer, escolha você mesmo, entendeu? Quero te
amo.
— Obrigada, Ross. Você é o melhor irmão que a vida poderia me dar.
Agradeço muito e estou ansiosa pelo livro. — Era impossível ficar triste
com tanto carinho dessa família. Eles foram e sempre serão minha base em
desejar um feliz aniversário. Soube pelo Carson ontem, espero que não se
incomode com essa mensagem. Gostaria que fosse comemorar com a Piper
e os seus amigos na minha boate, prometo que os deixarei se divertir à
Comemorar na boate seria uma boa ideia, Piper adoraria, com certeza e eu
me divertiria um pouco. Acho que vou chamar Roddie e Fernanda também.
tempo que tentava se redimir pela falta da última vez, mesmo que não
tivesse nenhuma culpa.
Com tudo pronto, só me restava uma preocupação: que presente era
esse que o Alec me mandou? Como não tinha nenhuma pista, preferi deixar
de lado para a minha ansiedade não tomar conta do dia. À tarde, alguém
Alec para que meus colegas não fizessem nenhuma conexão, mas não
queria que ela soubesse que ando recebendo presentes do tio.
me sentia uma princesa, muito gata, pronta para o baile. Chamei o Uber e
fui para a boate, me encontraria com todos lá.
chegassem.
— Gata, você sabe como causar uma entrada. Garanto que os boys
trás de mim.
— Boa noite, pessoal. Estão se divertindo? — Meu corpo respondeu
na mesma hora.
— Não acredito! Você convidou o nosso chefe para o seu aniversário,
“Me encontre na minha sala. Fale com o segurança, ele está à sua espera.
Avise a todos que precisará sair mais cedo, mas que podem ficar à
vontade.”
Pensei, duas vezes, se realmente deveria fazer isso, enrolar a Piper
não seria tão fácil, mas eu estava muito curiosa para essa noite e era o meu
aniversário, eu merecia. Procurei a Piper, e ela já estava dançando com
algum boy, avisei a todos que precisaria sair e fui direto para o segurança,
presente?
— Sua boate é maravilhosa e o presente foi incrível. Obrigada por
tudo, não precisava.
— Imagina, uma peça dessas precisa ser vestida por alguém à altura.
— Seus olhos penetrantes tiravam o vestido apenas com o olhar, e eu sentia
um calor subindo, uma vontade de estar com ele. Não sei de onde vinha
tudo isso.
— Vamos, o jantar nos espera. — Saímos pela entrada secreta, que
A casa do Alec não era uma mansão, mas era enorme. Apesar disso,
era aconchegante. A lareira estava acesa e uma mesa para dois aguardava
no meio da sala.
— Separei um jantar para nós dois, para comemorar o seu aniversário.
Garanto que vai gostar das escolhas. — Eu não imaginava esse lado dele,
mas gostei. A comida estava incrível e conversamos sobre o trabalho e
sobre a vida. Ele sabia me deixar leve e tranquila, a ansiedade se foi e deu
lugar a uma conversa descontraída.
boca e, antes que eu limpasse, Alec veio até mim e beijou meus lábios,
levando a gota com ele.
seu dia, Lila e o meu presente será te dar prazer. Se precisar que eu pare em
qualquer momento, basta falar, mas espero que não precise. A partir de
agora, você é minha.
Aquela frase mexeu comigo em tantos níveis que nem sei descrever.
trabalhar bem com a boca, isso era certeza. Alec se afastou e me observou
sem fôlego, perdida em desejo. Ele começou a descer sua mão pelos meus
seios, à medida que me levava até a cama. Tirou minha sandália e me
deixou com a lingerie.
Alec massageou os bicos dos meus seios, cada um teve seu tempo, e
sei se é por falta de experiência, mas Alec era perfeito para a minha
primeira vez nisso. Ele tinha um toque, um cuidado com cada parte do meu
corpo, extraindo o máximo de prazer de cada lugar, cada instante.
Ele sugou os meus bicos com a boca, me enlouquecendo. Eu joguei a
entregue. Minha calcinha foi desejada e admirada, mas não por muito
tempo. Logo saiu do caminho para dar lugar ao que ele queria, à visão total
do que minhas pernas escondiam.
Ele olhava o meu corpo completamente nu com uma intensidade e
uma luxúria que me faziam me sentir desejada e com muito tesão. Amei
esse olhar e queria mais, porém, Alec tinha outros planos. Pensei que ele se
jogaria de vez, que acabaria com isso que eu sentia, que me fazia o desejar
por completo.
Ele saboreou cada pedaço da minha coxa, beijando a pele até chegar à
— Acho que isso significa que gostou. — Apenas sorri, não tinha
fôlego para falar ainda.
— Você é uma obra de arte. Uma deusa de ébano, e o seu gosto é
doce e ardente. — Balancei a cabeça positivamente. — O vestido estava
fantástico, mas tenho que dizer que essa lingerie que você usou estava
incrível e seu gosto é maravilhoso.
Tive um pouco de vergonha. Ele era bem sincero.
— Ainda estou recuperando o fôlego, mas quero lhe elogiar, você
ao meu lado. Voltei a dormir e sonhei que ele estava transando comigo.
aquele não fosse meu quarto. De uma vez, as informações chegaram ao meu
cérebro e eu me levantei rapidamente, tão rápido que senti uma leve queda
de pressão. Levei a mão à cabeça para tentar evitar uma dor de cabeça e
procura do Alec. Tive uma leve recordação de vê-lo dormindo ao meu lado,
mas a cama agora estava vazia. Tentei ouvir algum barulho da suíte do
quarto, mas apenas a luz estava acesa, funcionando como uma espécie de
O que era bastante contraditório, já que olhei meu celular e eram 10h
da manhã.
quarto. Ouvi um som de alerta do meu celular, era a minha bateria avisando
acordando depois de uma noite com um homem, não acho que seja legal
sair fugida da casa dele. Ainda mais se você tem encontros sexuais com
nem lembro quando foi que tirei e se fui eu quem tirei isso. Flashes da boca
do Alec em mim se enfiam na memória, o arrepio vem e um sorriso escapa
— Não é porque são 10h da manhã que uma mulher não pode usar
— Bom dia, Lila. Dormiu bem? — Estava tão distraída com as fotos
que nem o vi se aproximar. A vergonha veio, mas disfarcei para não parecer
uma virgem perdida. Sei que eu sou, mas ele não precisa saber disso agora.
— Bom dia, Alec. Dormi, sim, não tem como não relaxar naquele
quarto.
causando um choque pelo meu corpo, mas o meu estômago foi mais rápido.
— Venha à cozinha, o café está servido. — Ele saiu com um sorriso
safado no rosto.
Na cozinha, havia uma mesa com 12 cadeiras e parte dela estava com
— trabalhar.
vai se meter, caso escolha provar esse desafio. — Eu ainda estava tensa e
com vergonha de tudo que aconteceu ontem, mas Alec agia com tanta
agora, Piper agia da mesma forma. Acho que você fica assim depois que se
Tudo isso que pensei, uma mulher experiente não faria e, talvez, eu
esteja sendo egoísta em mentir, esconder dele o fato de que sou virgem. Um
silêncio tomou conta da mesa, Alec lia o jornal, mas parecia com os
coloquei 5 minutos. Ele me olhava curioso para saber o que eu faria com
isso.
seguintes:
Durante cinco minutos, você deverá responder às perguntas
da outra pessoa somente com a verdade;
Tudo o que for dito durante o jogo, fica entre os jogadores;
Se algum dos jogadores, por livre e espontânea vontade,
decidir contar algo secreto, poderá fazê-lo quando chegar a
sua vez, e
Se for comprovada, em algum momento, que alguma das
respostas era mentira, o jogador mentiroso precisará atender
a um pedido do jogador verdadeiro, sem questionamentos.
— E aí, o que acha?
qualquer coisa e, pela honra de quem joga, será tida como verdade.
está solteiro?
— Cinco anos, Abbie foi minha última mulher. — Eu já sabia, mas
tentei fingir que estava acostumada com aquilo, porém, falhei terrivelmente.
Alec soltou um sorriso safado e já imagino que vai propor algo em nossas
brincadeiras.
— Não, nunca usei brinquedos e nada que seja parecido. Ontem foi a
minha primeira vez em um sexo oral. — O rosto dele mudou de safado para
curioso, sabia que isso iria chamar a sua atenção. Eu não conseguiria falar
diretamente para ele que era virgem, mas, com o jogo, eu era obrigada por
Ele parou e me observou por um tempo, não sei o que buscava, acho
toque. Eu estive com várias mulheres que fizeram muito mais do que me
fez naquele dia e nada funcionou. Em apenas alguns minutos, o seu toque
formigou minha pele e me fez sentir um leve choque no meu amigo aqui de
sabe que sou sincero sempre, vamos à pergunta que não quer calar: você já
feição não demonstrava se isso era bom ou ruim, sua pupila dilatou um
pouco, mas foi apenas isso. Nos encarávamos como se nossa vida
informação.
minha boca ainda fazia morada e, de lá, eu não queria que saísse. Preparei o
café da manhã pensando, pela primeira vez, em um ser humano estranho
que dividiu a cama comigo. Não em minha família ou algum amigo, em
— Alec, você só deve ter sentido falta de uma mulher ao seu lado e
agora esse desejo voltou a acontecer.
Eu poderia falar o que quisesse para enganar a mim mesmo, mas algo
lá no fundo me dizia que não era apenas isso. A peça que faltava foi quando
ela me disse que era virgem. Com qualquer outra mulher, eu apenas a
mandaria para casa e cancelaria qualquer coisa, mas eu estou desejando
demais. As reações dela eram tão naturais que eu não tinha percebido o
quanto senti falta disso.
para que se aproximasse. Tive uma ideia magnífica para começar bem o dia.
Coloquei Lila de frente para mim e, olhando para a janela, para os
jardineiros, fiquei atrás dela. Fui descendo o zíper do seu vestido enquanto
falava.
— Quero que confie em mim, certo? — Ela travou um pouco quando
pouco.
— Então, todos lá fora veem apenas um vidro que reflete?
— Isso, eles não têm noção do que está aqui. — Deixei que o vestido
Ela se entregou e seus gemidos foram altos, segurei seu corpo que já
estava tomado pelo prazer. Desci minha mão pela sua calcinha e a afastei
um pouco, massageei seu clítoris enquanto acariciava os bicos, agora duros
— Segura, você não vai gozar agora. Vem aqui. — Soltei o seu corpo
e agarrei sua mão. Sentei-me na minha cadeira e fiz sinal que se
Sorri.
Eu gostava disso. Depois que ela se sentou, continuei com as
instruções.
— Você irá apoiar um pé em cada braço da cadeira, me dando livre
— Abra os olhos, Lila. Quero que você olhe para frente e pense no
que está acontecendo aqui. Aproveite e se liberte.
sabia que teria pouco tempo, aquela posição era muito estimulante. Me
deliciei com cada parte do seu órgão de prazer até que ele se desfez, Lila
— Não é possível — disse baixinho para que ela não ouvisse. Acho
que vou refazer alguns exames, testar se algo voltou.
— Alec, meu Deus. Assim você me mata, nossa... Nem sei o que
dizer.
— Você sem palavras já é tudo o que eu preciso. Agora preciso
Não entendi o olhar da Lila, parecia que ela via outro homem em sua
frente, ela não tinha me dado esse olhar ainda.
fiquei sem entender direito que raiva foi essa que a causei. Preciso
conversar com alguém.
Cheguei em casa ainda furiosa por tudo o que eu senti quando o Alec
me deu a roupa e agiu tão friamente. Bati a porta da entrada com uma força
que deve ter estrondado do outro lado da rua. Coloquei meu celular para
carregar, me deitei no sofá e larguei o salto alto no chão, observando o teto
— Inferno, esse homem está dentro de mim mesmo sem nem ter
triscado a entrada! — Fui até a cozinha e tomei um copo de água. — Lila,
você é adulta e sabe como as coisas são. Precisa ser mais racional do que
emocional — repeti isso várias vezes até me acalmar um pouco para pensar
termos uma relação puramente sexual. Talvez por isso ele tenha agido
daquela forma, e eu, totalmente inexperiente, esperei algo mais.
— É isso! A partir de hoje, vou agir exatamente da mesma forma que
ele agir comigo. Não tem forma melhor de aprender sobre isso observando
quem sabe e está acostumado com o que faz. — Um sorriso tomou os meus
lábios. Sempre adorei desafios e esse era um que a vida me deu. Alec vai
conhecer uma Lila que, mesmo virgem, sabe como tratar um homem. Não
era uma guerra, mas eu precisava transformar em uma para que não me
diverti no meu aniversário. Ela sempre foi tão preocupada com o meu bem-
estar, impossível ter uma amiga melhor do que ela, ou melhor, uma irmã.
Pensando na Piper, uma ideia veio à mente: quem melhor para me
ajudar a melhorar nas relações casuais do que a rainha fugitiva. Era assim
que a Piper ficou conhecida na universidade, todos os homens com quem
dormiu nunca a via no outro dia, ela sempre ia embora depois que pegavam
no sono e já estava em outra no dia seguinte.
Eu só precisaria ter cuidado para não soltar nada que a fizesse
conectar ao Alec, afinal, Piper sempre foi ligada nas coisas. Seria o meu
ficante secreto. Mandei uma mensagem para ela, pedindo para nos
encontrarmos no café aqui perto, ela aceitou rapidamente, deveria estar
entediada em casa. Domingos sempre eram os piores dias para uma festeira.
Troquei de roupa e joguei o vestido que o Alec me deu no cesto de
roupa suja, junto da lingerie. Depois de limpo, iria morar dentro da minha
gaveta por um bom tempo para não me lembrar dele.
Era impossível não lembrar.
Coloquei um short jeans e uma camiseta com uma rasteirinha e saí
— Desculpa, Piper! Juro que não fiz por mal, mas foi algo que eu não
poderia negar. Estou saindo com uma pessoa. — Na mesma hora, ela se
endireitou na cadeira, largou a cara emburrada e focou toda sua atenção em
mim.
— Mentira! Quem é? Como se conheceram? De onde veio? Quero
prometo.
— De tudo que você falou, a palavra “lance” fixou na mente e não
digamos assim. — Nossa, que vergonha falar algo assim em pleno café,
com famílias por todo lado. Me escondi, tomando meu café.
— Quer dizer que vocês estão só no sexo oral, por enquanto? — Eu
quase cuspi parte do meu café nela. Piper fala isso com tanta naturalidade
você sabe... — ela concordou com a cabeça, ansiosa pelo resto da história
— ele simplesmente me deu a roupa e falou que precisava encerrar nosso
encontro porque tinha um compromisso do trabalho. Parecia outra pessoa
falando, o que você acha?
Contei essa parte da história, porque duvido que o Alec saia contando
por aí o que aconteceu, muito menos para a família.
— Ele trabalha bem? — Fiz uma cara de que não entendi. — No
contexto geral da noite de vocês, ele soube o que fazer e você gostou?
— Com certeza, ele soube o que fazer e foi maravilhoso.
— Então se joga, amiga. Homens agem assim quando a relação é
apenas sexual, provavelmente ele tinha algo do trabalho para resolver e
Não segurei o sorriso e gargalhei com o que a Piper disse. Ela estava
certa, eu precisava aproveitar esse momento, não é todo dia que encontro
um homem disposto a ter apenas sexo oral e não ligar para a minha
virgindade ou falta de experiência. Somente ela sabia me deixar mais leve,
brindamos com o café e fofocamos um pouco mais até o fim daquela tarde.
Amanhã voltaria ao trabalho e, confesso, fazia tempo que eu não
ficava ansiosa para uma segunda-feira. Fazer o que se ama é maravilhoso.
No outro dia, cheguei na empresa às 7h da manhã. Preferia chegar
mais cedo para evitar o trânsito e poder tomar um café com mais calma. No
elevador, aproveitei para ver as atualizações da minha área. Notícias,
eventos e tudo que poderia agregar conhecimento. Saí do elevador olhando
o celular e não prestei atenção na parede de músculos à minha frente.
— Roddie, assim você vai deixar a Lila sem graça. Bom dia, Lila,
você está bem? Vi que caiu na entrada, esbarrando no nosso chefe.
— Estou bem, sim, Fernanda. E o meu fim de semana foi
maravilhoso, Roddie, mas sem comentários. Se divertiram na boate?
nervosa, morro de medo de ser demitida e ter que voltar para casa.
— Calma, a gente vai conseguir. Basta focar no trabalho e um ajudar
o outro.
O dia correu normalmente. Nós três focados no trabalho, tentando
fazer o melhor o mais rápido que podíamos. O café nunca foi tão meu
amigo como agora. Apesar da loucura e da correria, eu gostei bastante da
empresa e da forma de trabalho, mas algo me incomodava. Sentia como se
um pouco.
Quando terminei de conversar e voltei para minha mesa, a sensação
era ainda maior. Talvez tivesse tomado café demais. Bem, vamos programar
que a vida não está ganha.
Só por curiosidade olhei para a sala do Alec. Ele tinha uma vista para
toda a operação. No momento em que olhei, a cortina se fechou.
Será que ele estava me observando?
Não sei. Um sorriso ganhou meu rosto.
Horas que a Lila se foi, e eu não consigo entender o que a fez se sentir
tão zangada. Isso pode ser algo simples de se resolver, com uma conversa
amanhã ou uma ligação, mas me importa porque algo assim pode passar a
assunto.
atende desde o acidente. Mandei uma mensagem para ele, explicando o que
eu precisava e, alguns minutos depois, recebo a sua ligação. Até estranhei
conta, mas tive certas reações, pequenas e muito rápidas, mas ainda não sei
se foi algo da minha mente ou se foi verdade. Por isso solicitei os exames,
— Você fez certo em solicitar os exames, não faz mal ter certeza.
Gosto de saber que ainda continua tendo esperança na sua melhora, Alec.
— Eu nunca desisti, doutor. Só não gosto de alimentar expectativas
feira para fazer os exames. Bom domingo, meu rapaz. — Dr. Richard
desligou o telefone, e fiquei pensativo. Na época, havia a possibilidade do
mesmo tendo o Ross como um ótimo psicanalista, mas será que chegou a
hora de eu dar uma chance? Essa reação me fez pensar se o meu orgulho
Ross também. Como esperado de alguém tão reservado quanto ele, apenas
voz alta, mas eu fazia questão de acreditar que não era possível uma mulher
Sem expectativas.
chegada do elevador, não esperava levar uma trombada nas costas. Alguém
não me viu e foi direto ao chão depois que bateu em mim. Lutando boxe
durante tantos anos, é costume ter uma base sólida e mais firme. Olhei para
maldormida.
levantou a cabeça e me viu, mas parece que não era o que ela queria ter
preocupei com a queda dela, pois foi algo dolorido de se ver. Ela respondeu
seguiu para sua mesa. Agi normalmente também, afinal, era exatamente
isso que eu esperava quando propus tudo a Lila, mas preciso admitir que
senti uma pontinha de algo que não sei explicar quando ela me tratou como
qualquer pessoa. Talvez tenha sido o meu ego ferido.
As portas do elevador se fecharam e consegui vê-la falando e sorrindo
com os amigos.
Sorri.
tão fácil assim me enlouquecer. O dia foi corrido, com algumas reuniões
uma união de equipes, coordenar bem todo o projeto para que se encaixasse
uma pausa ao que parece. Saí daquela vista para não me deixar levar por
pensamentos.
Algum tempo depois, voltei para aquela vista, tomando um café, e ela
sorrindo por causa de algo. A Lila era uma nerd com um corpo fenomenal e
parecia saber disso, pois sempre valorizava seus pontos fortes com um bom
decote, além disso, sua pele de ébano era delicada e macia de se tocar. Eu
era homem e, somente ao vê-la na primeira vez, meu desejo foi despertado.
Esses homens estavam babando em cima dela e parecia que ela não se
importava.
O que é isso?
Ciúmes? Duvido, deve ser mais algo de posse, o meu ego não deve ter
trabalho para não me deixar levar pelas coisas. Eu fui claro dizendo que não
como eu propus. Lila era virgem, e eu era mais velho que ela, um
ficaria com nada na cabeça agora. Mandei uma mensagem para ela.
tempo.”
Por um lado, foi uma sensação esquisita ser rejeitado. Já fui algumas
vezes, mas fazia tempo que não sentia isso. Por outro lado, eu admirava
algo, quando traçava sua meta, ia até o fim. Isso me lembrava um pouco de
mim mesmo.
projeto importante em jogo — falei para mim mesmo e foi o que eu fiz.
minha sala.
— Bom dia, Érica. O que pode estar pegando fogo às 6h da manhã?
nossa produção?
— Ainda preciso me reunir com a equipe de planejamento, mas
acredito que vai ser necessário um bom tempo. Precisaríamos pensar em um
sai hoje. Eles irão recodificar o que já foi feito, passando para a nova
linguagem.
tempo teremos de prejuízo. Vou falar com o fabricante também sobre isso.
— Ela saiu do escritório. Nem eram 7h da manhã ainda e já apaguei um
foco de incêndio, mas ainda tinha outros para resolver. Hoje precisarei de
café.
esperava tanto tempo, mas essas coisas são demoradas pelo cuidado que
exigem com o código, não tinha muito o que fazer.
completa.
— Boa tarde, pessoal. Tenho algumas notícias que precisarão da
dirija até a sala de reuniões. Lá, passarei mais informações sobre como
iremos proceder. — Comecei a ler os nomes e as pessoas foram saindo. —
parabenizada pela amiga. O melhor desse relatório ser feito e eu nem ter
noção é que ela pode ter a certeza do seu talento, sem duvidar que eu mexi
algum pauzinho para isso. Estava orgulhoso por ela.
Por último, chamei a Fernanda, ela foi o nome quem fechou os dez
melhores. Deixei o restante com o supervisor, que iria falar como seguiria o
plano com eles, e segui para a sala de Reuniões. Todos estavam empolgados
e felizes por estarem naquela lista, mas eu não podia alimentar tanta
felicidade.
— Parabenizo todos por estarem nesta lista, mas não pensem que isso
é algo muito positivo. Em contrapartida, vou estar bem mais perto de vocês,
exigir muito mais de todos. Temos dez dias para recodificar tudo. — Eu
inclusive no fim de semana. Todos irão receber hora extra por tudo que
passar do horário comercial.
todos recuassem para a zona de conforto, por isso fui direto em um ponto de
difícil recusa. Era um valor considerável e tive a resposta que esperava.
— Boa tarde, Alec. Sim, tenho e devo lamentar que nada mudou em
você. Tudo continua exatamente como antes.
— Nem uma pequena diferença?
— Bem, uma pequena veia parece ter se restabelecido, mas nada que
faça você sentir algo como descreveu. Vamos continuar procurando. — Ele
sabia que eu tinha desanimado.
Seria necessário virar a noite para reprogramar o que foi perdido. Eles
pareciam ter percebido que o programa não era brincadeira. O que
aumentou o foco, mas também a tensão.
Eu me permiti observar a Lila esperar o elevador. Da minha sala, não
conseguia ver muito do seu semblante, mas pela sua postura parecia estar
cansada, exausta do dia. Meu primeiro instinto foi abraçá-la e cuidar da sua
saúde, a razão e a emoção gladiavam dentro de mim, mas a razão ganhava
no momento. Lila entrou no elevador, e eu segui para a minha mesa.
— Bem, vi seus exames e realmente não se tem nada de diferente ali. Seu
quadro continua de impotência, mesmo seu corpo estando em perfeito
estado.
— Eu juro que senti algo de diferente, essa sensação é nova, mas não
sei explicar. Recorri à única alternativa que nunca dei chance, você.
— Eu acredito, fortemente, que é algo psicológico. Vou fazer algumas
perguntas do seu passado, é importante para definir algumas coisas que
podem interferir com o seu presente. Como era a sua relação com Abbie
antes do acidente?
— Nossa agenda era apertada, mas sempre dávamos um jeito de estar
juntos. Eu a amava mais do que tudo, ela era o meu mundo. — Me deixei
comigo, eu fui o culpado pela sua frustração. Não mereço ser feliz depois
de tanto mal que causei. — Uma dor no peito veio junto das lembranças.
Aquela noite em que ela chorou em meus braços. Ainda doem em mim as
palavras.
sendo algo sigiloso, preferi não mencionar o nome da Lila para não termos
uma situação constrangedora aqui. — Na primeira vez que a conheci, ela
tocou o meu rosto e isso gerou algo diferente. Foi a primeira vez que senti
como se meu pênis reagisse, mas foi rápido.
— Aconteceram quantas vezes?
Ross anotou algumas coisas no caderno, quis saber o que era, mas ele
nunca revelaria.
— Vou ser bem sincero, o que você tem não se resolve com uma
consulta apenas. Precisará de um tratamento para nos aprofundarmos nessas
dores, lembranças de cinco anos atrás que ainda doem ao serem revividas.
Você está preso ao passado, no mínimo, e isso gera consequências no
presente e no futuro. Nosso corpo reage muito ao que a gente pensa. A
história da Abbie já me mostra uma possibilidade: sua mente pensa que
você não merece mais ser feliz por toda a dor que a causou, e você é o
culpado de tudo. Por pensar assim, a impotência torna-se um “castigo” da
mente a você mesmo. Entretanto, você não pode ter sido o culpado de tudo
Um tempo para que sua mente entenda isso que falei, que seja
reprogramada. Até lá, indico que não evite o que sente por essa pessoa que
está agora. Se ela foi a única que causou essa reação e se te faz bem,
mergulhe de cabeça. Quem sabe ela não é a solução?
Saí do Ross e tive que admitir que eu deveria ter vindo antes. Ter
deixado de lado a ideia de que resolveria tudo com o tempo e sozinho. Ele
levantou questões interessantes, por isso agendei minha segunda consulta
assim que saí de lá, mas ainda não estava pronto para me entregar
completamente de novo.
Quanto a Lila, não poderia fazer o que ele me pediu. Isso seria me
abrir para outra pessoa, e não estou preparado e, para ser sincero, nem sei se
quero. O que eu venho sentindo por ela nada mais é do que carência, o
corpo relembrou como era ter um toque feminino e reage dessa forma.
de hoje para ganhar vida na minha mente. Abbie dançando, seu sorriso, o
dia em que casamos... Hoje eu só permitiria as melhores.
Andei em volta da minha sala enquanto terminava meu drink para ir
embora. Parei por um breve instante para contemplar aquele ambiente e o
com a Lila, mas não vejo como eu acrescentaria coisas boas em sua vida.
Sou um homem amargurado por um acidente do passado, ela é uma virgem
que merece ter o máximo de experiências na vida, eu não poderei lhe
proporcionar isso.
coisas.
Fiz um café e trouxe comigo alguns cubos de açúcar e sachês de
creme para ela escolher. Voltei à sua mesa e toquei gentilmente em seu
ombro, Lila demorou um pouco para despertar, mas, quando acordou, quase
meu gesto, mas o sorriso doce e tímido que ela destinou a mim foi a melhor
das recompensas.
— Ah! Não precisava mesmo, Sr. Donovan. Que gentileza... — ela
disse aceitando a bebida — Um café quentinho com duas colheres de creme
irá levá-la embora. Não se preocupe, você não dormiu durante o expediente.
— Ela sorriu e agradeceu enquanto tomava o café que fiz. — Como anda o
trabalho? Está conseguindo acompanhar o ritmo da nova equipe?
— Está bem puxado, na verdade, mas amo um desafio. Acho que por
com uma boa visão de mercado. Ir aonde ninguém foi ainda, dar chance a
quem todos rejeitam por pré-julgamento.
Eles não tinham o que eu procurava, mas isso não os tornou ruins no
pequeno alívio.
Nunca duvidei do seu talento, mas tinha medo de que algo a levasse
que fosse sexta. Queria descansar, tê-la em meus braços, sentir o seu gosto
novamente.
— Lila, você me deixou viciado.
Érica bateu na porta, avisando que iria embora. Avisou que amanhã,
positivo. Restaram cinco pessoas, cinco talentos que poderiam nos render
los por terminar o projeto antes do esperado. Sei que deram o máximo que
mas analisei tudo o que precisava. A peneira foi um pouco tensa e foi
los: por terem chegado até aqui, todos vocês têm um lugar na equipe que
que todos tenham folga pelo restante da semana. Somente quero vê-los
sabe que foi erro dele não avisar sobre a atualização, e eu fiz questão que
nos veríamos somente no sábado. Estava mais perto do que nunca. À noite,
Uma mensagem tão simples, mas que fez as batidas do meu coração,
“Não precisa agradecer, você já mostrou do que é capaz e sei que não
vai se contentar, vai ficar cada vez melhor. Faça bom uso do bônus e espero
Gostaria de ter agradecido por ter entrado na minha vida, mas não sei
ainda o que sinto pela Lila. Acredito que seja apenas alguém que me fez
sentir uma reação que eu procurava há muito tempo e não queria gerar
expectativas de algo que não aconteceria, algo mais além do que temos
forma como olhava para certas lembranças. Apesar disso, não vi mudanças
mas estava me ajudando com a saúde mental, isso era inegável. Meu sono
melhorando, pouca coisa ainda, porque temos pouco tempo, mas sinto
algumas lembranças menos doloridas somente pela forma que passei a
pensar nelas.
— Muito bom, fico feliz que esteja sentindo melhoras. Vou pedir que,
— Vou tentar. Acho difícil lembrar de anotar tudo, mas vou tentar. —
Agendei a próxima consulta e fui para casa. Amanhã seria o dia em que
máximo que podia dela. Estava ansioso e isso era totalmente evidente.
— Nada disso, deusa de ébano. Dessa vez você não vai escapar. —
Mandei uma mensagem explicando que ela iria relaxar muito mais aqui,
prometi que valeria a pena e pedi que confiasse em mim. Por fim, ela
aceitou, mas falou que, se ficasse com sono, voltaria para casa. — A última
Formigamento.
Nos sentamos para jantar e um vinho da minha adega acompanhava a
refeição. Lila tomou um pouco mais da taça dessa vez e parecia gostar,
ficou mais risonha e leve. Como nunca bebeu, um vinho desses poderia
espaço, mas também vejo uma mulher que não desiste da vida e que
acredita até o fim. Uma energia positiva, algo que parece totalmente o
oposto de alguém que parece ter tido alguns reveses da vida. Como
consegue não ser destroçada pelas frustrações? — A pergunta era
pai perfeito, mas talvez sua alma fosse perfeita demais para andar entre nós,
mortais. Ou pelo menos é assim que gosto de acreditar. Meu pai morreu
quando eu completei dez anos. Ele era da Marinha, mas foi a terra quem o
matou.
— O que aconteceu?
— Foi atropelado por um motorista bêbado. — Seu olhar parecia
apesar de ter o seu chão roubado, fez de tudo para continuar em movimento.
— Seu jeito de falar me lembra um pouco meu pai. — Fiz uma careta,
não queria que ela me comparasse ao pai agora. A idade doeu um pouco.
— Calma, não é nada disso. — Ela sorriu. — Eu gosto disso em você.
tinha feito uma péssima entrevista. A mulher do RH mal olhou para mim,
apenas fez algumas perguntas e as minhas respostas, ao que parece, não lhe
agradaram e encerrou a entrevista em cinco minutos, nem me deu chance de
encerrarmos esse assunto e partirmos para o que interessa. Dei a ela a caixa,
que ficou sem entender.
hoje. Uma bolinha de gel afrodisíaco para usar por fora e animar as coisas.
— Acho que você comprou um número menor que o meu. — A parte
fora.
— Dispensei todos, queria privacidade para nós dois aqui. — Me
liberdade. Abocanhei um dos mamilos, e Lila gemeu sem medo, sua voz
gemendo dessa forma me enlouquecia.
Eu queria mais.
O formigamento voltou, mas eu não estava mais pensando nele ou em
sugava seu mamilo, desci a mão até a sua abertura mergulhada na piscina.
Brinquei com o clítoris e coloquei dois dedos dentro do seu paraíso, ela
gemeu ainda mais. Tirei os dedos e ouvi uma nota de descontentamento dos
seus lábios.
— Você não vai gozar agora. Ainda tenho um presente para você.
momento e foi o que eu fiz. Deixei que ela estivesse no ponto de desejar
qualquer coisa e a sua cara falava isso.
introduzia dois dedos na sua entrada. Ela rebolava na minha mão, louca de
prazer. Subi para beijá-la e fui surpreendido por ela. Lila mudou de posição
para fazê-la chegar no auge. Lila gozou e gemeu alto. Foi uma das melhores
sensações que eu já tive nesses últimos cinco anos.
cima de mim. Deve ter juntado o cansaço do trabalho com o vinho e toda
essa agitação de agora, suas energias esgotaram. Fiquei um pouco ali,
sentindo como seria tê-la dormindo em meus braços, não seria ruim estar
com ela todos os dias, mas não seria justo também.
Uma estrela cadente riscou o céu. Não sou supersticioso ou acredito
nessas coisas, mas com o Ross foi a mesma coisa, e percebi que estava
errado. Não custa tentar. Fiz um pedido que, se fosse possível, gostaria de
dar o máximo de prazer que a Lila poderia ter.
Levantei-me devagar da cadeira e a peguei no colo. A levei até o meu
quarto e a coloquei na cama, cobri com um dos lençóis e me deitei ao seu
Acordei com alguns raios de luz no meu rosto que estavam passando
pelas frestas da cortina. O relógio de cabeceira marcava 8h da manhã. Virei
para o lado para dar bom dia à minha deusa de ébano.
A cama estava vazia.
Um bilhete estava em cima da mesa de cabeceira do seu lado.
deseja.”
Ela foi embora antes que eu acordasse.
Naquele dia, eu a mandei embora. Foi isso que a magoou. Dessa vez,
ela se foi antes que eu falasse algo.
Um vazio me assolou.
Não se tinha sorriso e não se tinha Lila.
— Droga, Alec. Como você deixou isso acontecer?
Minha razão estava perdendo a batalha contra a emoção.
Perdendo feio.
— Talvez seja melhor assim, ela com raiva e não se apegando a mim.
Melhor para quem?
deveria ter apagado daquela forma. Não consegui segurar, o cansaço veio
com tudo.
Consegui sair antes que ele acordasse.
Prometi para mim mesma que ele nunca mais me mandaria embora,
como naquele dia. Acho que ele fez e não percebeu, mas quem sentiu a dor
fui eu. Eu sei o meu lugar e isso não iria se repetir. Por que, então, Alec
ainda dominava seus pensamentos?
Ele estava nos meus sonhos e na minha realidade. Em todo lugar que
olhava, o encontrava.
— Você não pode se apegar a ele, Lila. Pelo seu próprio bem, evite
isso.
Uma mensagem chegou e meu coração acelerou, mas era a Piper.
brigando com ele por ter atendido e a ligação caiu. Minha mão estava
tremendo e minha respiração acelerou.
Respirei fundo, tentando me acalmar. Ele não sabe quem eu sou, não
viu o número, apenas atendeu. Logo depois recebi uma mensagem. Pediu
que eu não ligasse depois das 20h ou nos fins de semana, senão criaria
problemas entre ela e o meu padrasto.
Sempre foi assim, ela o colocava acima de mim.
Não sei por que ainda me importava com ela.
Na verdade, eu sei.
Meu pai sempre conversava comigo sobre suas aventuras, mas não
me iludia. Dizia sobre os perigos do mar e como o seu trabalho o colocava
em situações arriscadas. A realidade era essa e ele não gostava de fantasias
com coisas reais. Eu tinha oito anos quando ele me pediu isso.
— Lila, você pode me prometer uma coisa, meu anjo?
— Sim! Qualquer coisa, papai!
— Preciso que prometa e nunca se esqueça: se algum dia papai for
para uma viagem longa demais que não possa voltar, você promete cuidar
da sua mãe?
— Hum, prometo, papai, mas que viagem é essa? A morte? — Ele
sorriu.
— Sempre esperta a minha garota. Vocês duas são as mulheres da
minha vida e preciso que estejam juntas, não importa o que aconteça.
— Certo, papai. Eu prometo sempre cuidar da mamãe, não importa o
que aconteça.
— Promessa de dedinho. — Tínhamos a mania de usar um gesto
mamãe.
Organizei minhas coisas e tirei um cochilo durante o dia.
Anoiteceu e aproveitei para observar o céu da minha varanda. Fazia
tempo que não parava para aproveitar o momento. Olhei para as estrelas.
maratona, onde vocês vão competir com todas as equipes, juntando pontos
com os desafios. Começará nesse fim de semana, de sexta a domingo e, na
segunda, eles divulgam o resultado. As cinco melhores equipes seguem
para a próxima etapa, que será a apresentação do protótipo. Teremos um
mês para produzi-lo e provar que funciona. Vou mandar o cronograma da
responsabilidade.
Senti a tensão e o peso da responsabilidade. Isso foi bom, tirou da
minha cabeça o meu padrasto e a minha mãe e me jogou na minha
realidade. Eu preciso ser ainda melhor para ganhar dos outros mais
experientes.
A semana passou voando.
Eu apenas tinha na mente o evento e repassei tudo o que precisava. O
despertador tocou às 6h da manhã.
Sexta-feira.
Início do Hackathon.
— Me observa, pai, que eu vou voar ainda mais alto.
Dez minutos.
minha mesa. Parecia pouco, mas, na minha mente, era uma eternidade,
porque deu tempo de eu pensar em muitas coisas.
Deve ter quebrado depois de tantos cliques que eu forcei. Que saco,
odeio quando algo deixa minha mente assim, e é a primeira vez que
respirar.
ditas em voz alta são as que conseguem liberar o que está preso na cabeça e
no coração.
nunca tive ciúmes desse nível com ela, esse tipo de irritação. Eu sei o
Com a Lila é diferente. Não sei o que ela pensa, ela vive para
vencer depois.
única opção.
ler os donos e nunca teria a certeza de que seria nossa, porque ela sempre
me surpreende.
Me senti ainda mais frágil com essa confusão na minha cabeça. Lila
decisão está com ela e, se ela falar que não quer ficar comigo, então serei
gelo que ainda tinha nele. As únicas duas mulheres que realmente
impactaram minha vida são como água e vinho, mas tenho que admitir que
própria armadilha, não se brinca com fogo, meu caro. — Saí do escritório e
Sexta-feira.
Início do Hackathon.
deles. Resolvi acompanhar o primeiro dia para dar forças, mostrar que estou
nas alturas por conta do evento. Eles estão com medo de perder e
encarei e sabia que ganharia. Não pensei que eles poderiam se sentir piores
precisam ganhar de quem é mais experiente. Pedi licença a Érica e fui até
eles.
— Todos olharam para mim como se estivesse louco. — Tensão e medo não
mais.
credenciais e saberiam onde seria a sua mesa. Fui para a área VIP
a equipe indo para uma área mais à esquerda do palco, o número deles
aqui e se sentia bem trabalhando com isso. Acho que podemos chamar de
paixão o que ela sente por programação. Quando a vejo assim, sorrindo
Estaria a condenando a viver com alguém como eu, que não poderá nunca
furacão chamado Lila entrou em minha vida, já não tenho certeza de mais
nada.
conhecida?
— Vi pelo menos dez empresas com nomes consolidados no mundo
bastante.
— Então terão alguns problemas no caminho. — Chegou a hora, Lila,
começaram a decifrar.
nossa estava presente. Eles passaram pela peneira. Comentei com Érica os
Seu foco estava totalmente voltado para a tela. Alguma coisa a irritou
bastante, pelo pouco que a conheço. Um olhar parecido com esse eu tive
quando ela saiu da minha casa no dia que a magoei, quem a irritou vai
ganhar o dobro da fúria dela.
Sorri.
O formigamento apareceu. Aquela garota tinha garra, vontade de
vencer e superar o desafio. Não parecia que iria facilitar para ninguém.
Percebi que o formigamento tinha ficado mais intenso e mais permanente,
Eu estava assustado.
Pela primeira vez na vida, eu estava indefeso, sem saber o que
escolher. Ficar com ela ou acabar tudo, ser egoísta ou ser covarde. Não
conseguiria continuar com isso por muito tempo. Levantei-me para ir
Ereção espontânea.
Eu vi isso acontecer bem na minha frente, estava assim agora. Uma
lágrima rolou do meu olho esquerdo. Dizem ser o que está conectado ao
coração. Se for, veio pelo simples e principal motivo: Lila. Eu sabia que era
ela o real motivo do meu corpo voltar a reagir dessa forma. O que ela me
fazia sentir.
Levantei-me para ver se continuava por mais tempo, mas, em poucos
minutos, se foi.
Ross e esqueci totalmente que eram 5h da manhã ainda. Ele atendeu com
uma voz de sono.
você ouça o que eu vou falar agora como paciente, e não como tio.
— Um momento. — Ouvi o som dos lençóis se movendo e de um
— Foi com ela, Ross. Foi com aquela garota. — Houve um silêncio
do outro lado da linha e o caderno se fechou.
devolvendo sua saúde sexual, portanto, pondere se vale a pena estar com ela
ou se prefere ficar como está, você que escolhe.
— E o outro conselho?
— O outro é como seu sobrinho: tio Alec, faça de tudo para não
perder essa garota, pois, claramente, está apaixonado por ela. Ela conseguiu
quebrar suas defesas e o fez recuperar aquilo que a medicina tinha dado
como perdida. Não seja burro ou orgulhoso, a vida é apenas uma para
desperdiçar com besteiras, não acha? — Eu fiquei calado. Ele estava certo,
mas eu que não queria aceitar. Apesar de saber a verdade, tinha medo de
como seria. — Vou voltar a dormir que tenho que estar cedo no consultório.
Bom dia, tio. — Ele desligou o telefone. Eu fiquei sentado na cama. A
foi a chave para isso. Com certeza foi, não tinha como negar.
Minha cabeça, a que eu me orgulhava por sempre ser lógica e nunca
errar nas escolhas, ser decidida, a mente que me levou a não desistir de
Abbie e que me levou até a lista da FORBES, agora era vencida por uma
a minha secretária.
— Sim?
alguém, Alec?
Parei de brincar com os gelos. Será que o Ross soltou algo? Acho que
não, era muito profissional para fazer algo desse tipo. Vou continuar
fingindo que sei de nada.
Nunca pensei que teria essa habilidade. — Hoje, eu vejo um homem mais
sorridente, relaxado, mais aberto a uma conversa ou a se distrair com o gelo
do copo. Ainda está um pouco tenso, mas nota-se uma luz no fim do túnel
para você. — Eu sorri com aquele final.
Mudar tanta coisa assim, na minha vida, apenas com a presença de
alguém é algo que eu nunca perceberia e isso só aumentava a certeza de que
a Lila não poderia ir a canto nenhum, tinha que ficar comigo. Os nossos
drinks chegaram, e Carson aproveitou o seu.
mais relaxado. — Ele me olhou como quem não comprou essa conversa.
— Bem, a escolha é sua em falar ou não a verdade, mas, se eu
pudesse lhe dar um conselho, seria: agarre bem isso que está lhe fazendo
mudar, não deixe que fuja ou desapareça. Essa coisa é a chave da sua
felicidade.
Continuamos a beber e a conversar sobre outras coisas, mas dali eu
saí com uma decisão tomada. Cansei de fugir e de ter medo de algo que
nem sei o resultado.
O terceiro e último dia do evento chegou.
Decisão do Hackathon.
Chegamos super tensos, não sei no que deu na cabeça do Alec para
vir no primeiro dia, mas todos ficamos ainda piores com ele aqui, parecia
que nos observava, se íamos fazer certo. Ainda bem que ele deu aquele
discurso para aliviar.
Apesar disso, fiz de tudo para ficar longe dele. Somente a sua
presença já me deixava distraída, eu precisava de foco, e minha equipe
também. Quando chegamos em nossa mesa, conversamos e a calma nos
atingiu. Respiramos fundo, a gente treinou o máximo que pode. Chegou a
hora.
nenhum. Pensei que talvez ficássemos ali mesmo, mas não desisti. Quem
nos salvou foi a Fernanda.
— Pessoal, eu acho que conheço esse código. Em Montana, passei
no que eu faço, geralmente cachorro que ladra não morde, vamos ver se
esse canil vai ladrar lá fora quando disser adeus ao evento. — Vi que ela
odiou minha resposta. Assim como eu, só poderia falar, mas o próximo
desafio seria questão de honra.
finalistas.
Descemos do palco chorando de felicidade.
A equipe depois da nossa foi a que nos menosprezou. Perderam
rapidamente e não conseguiram ajeitar a tempo. Ela me olhou com ódio, eu
apenas tirei a vista e a deixei olhando para as nossas costas. Não valia a
pena. Soltei o cabelo.
Agora restavam apenas 12 equipes competindo pelas cinco vagas
finais. A etapa mais difícil seria agora.
para que tudo saísse bem em tão pouco tempo. Precisei fazer algumas
coisas ilegais, mas me desculparia com o evento depois.
Por fim, tínhamos o protótipo e a apresentação.
— Lila, você quem vai falar e apresentar o projeto no palco — Pedro
quem falou.
— Quê? — Sempre tive vergonha de público. — Gente, tenho
vergonha. Não sei falar em público assim, vou acabar destruindo tudo.
— Nada disso, confiamos em você. Não existe pessoa que saiba mais
sobre o protótipo e sobre o assunto. A ideia foi sua e é você quem vai
apresentar.
— Pessoal...
— Estamos nessa juntos. Se você errar, o erro é da equipe, e não seu.
Estamos nos divertindo, lembra? — Essa última frase me fez lembrar do
Alec e, instintivamente, olhei para cima. Ele estava lá, sentado e olhando
para mim. Sorriu.
— Certo.
Chegou a nossa vez. Subi ao palco muito nervosa.
— Boa... Boa tarde, pessoal. — Estava tremendo. Olhei para cima, e
Alec não estava mais sentado, ele estava em pé e fazia sinal para eu
apresentar olhando para ele. Tinha tirado o paletó, parecia estar ansioso. —
Quando falamos em assédio sexual, existem diversos dados, mas alguns são
for assediada, ela pode falar “Me Proteja” que o celular, com base no
reconhecimento de voz, ativará o gravador de voz e enviará seus dados para
a viatura de polícia mais próxima junto de seu local em tempo real. Além
disso, se conectará com as câmeras mais próximas para registrar o
assediador e o flagrante. Tudo isso será enviado para a viatura para que
tenham certeza de que é um caso real. Vou mostrar para vocês.
Falei a palavra-chave e, na mesma hora, o aplicativo mandou todos os
dados que falei para o celular do Roddie, junto das imagens das câmeras do
evento.
— Peço desculpas ao evento por ter hackeado as câmeras, foi só para
demonstrar e mandei para o celular do meu time por motivos óbvios. Não
queremos a polícia invadindo aqui. — Todos aplaudiram, entusiasmados,
mas o meu olhar foi direto para um aplauso que eu queria, o dele. E ele me
deu. Sorri, feliz por tudo o que fizemos. Se não ganhássemos, chegamos até
o fim.
Descemos do palco e o cansaço bateu forte.
— Lila, fica aqui descansando que vamos comer algo antes. Vou levar
Relaxei ainda mais, até perceber que o Alec do sonho não estava fazendo
cafuné. Quem estaria? Acordei um pouco assustada, meus olhos ganharam
foco e vi uma camisa do evento, depois vi quem era.
— Alec? O que está fazendo aqui?
— Calma, garota. Coloquei uma camisa do evento para ninguém
desconfiar que sou eu aqui e seus amigos estão comendo ainda. Pode
relaxar. — Deitei-me um pouco confusa, mas estava menos tensa e com
era coisa boa. Esperei e o meu silêncio foi a deixa para que continuasse
enquanto eu colocava o braço nos olhos para diminuir a luminosidade.
— O nosso acordo chegou ao fim.
apresentação.
— Olhei em volta, tinha que ter algum jeito de entrar sem ser percebido. Vi
dezenas de pontos vermelhos. Era isso! — Érica, preciso de uma camisa do
evento. Nesse mar de pontos vermelhos, pensarão que sou mais um apenas.
de uma área mais afastada, em direção à lanchonete. Lila não estava junto,
então deveria ter ficado ali por perto. Procurei mais um pouco e a encontrei
sentado, somente esperando como seria, até que vi que Lila subiu no palco.
Isso despertou meu interesse, seria o momento de saber como ela se porta
na frente de tantas pessoas. Ainda não havia começado, mas a Lila parecia
estar com medo.
preocupado não pelo dinheiro, mas por ela. Eu sei o quanto o medo de
palco pode acabar com uma carreira, com um projeto.
Fiz sinal para que apresentasse olhando para mim, dessa forma,
esqueceria tudo à sua volta. Já a vi ajudar diversas pessoas e, com ela, não
foi diferente. Assim que encontrou uma pessoa conhecida, soltou tudo o que
tinha dentro de si. Essa deusa de ébano brilhou e dominou o palco e a
apresentação.
Eu senti orgulho.
ousadia apenas completavam o quanto ela era incrível e não sei quando
mais, até perceber que tinha alguém mexendo em seu cabelo. Acordou
adjetivos que faria uma lista, mas um resumia tudo. Garota, minha garota.
Ou pelo menos é o que eu queria que fosse.
— Lila, preciso falar uma coisa com você. — Eu não falaria nada
falei com um sorriso no rosto, pensando que seria uma ótima forma de falar
que eu quero mais. Ao que parece, calculei tudo errado. Sua feição mudou
agora?! Que injustiça, Alec. Eu sei que não era para sempre, mas não
— Mas...
— Não quero desculpas, Alec. Não acabou, não vem com essa.
Quando isso acabar, vamos conversar direito sobre o assunto, mas nada está
acabado até que os dois decidam por isso. Acha que pode simplesmente me
deixar assim...
— Lila...
— ... E eu aqui, pensando que meu único problema seria o resultado,
você me vem com essa. Olhe, não quero mais ouvir nada de você,
entendeu? — Se não vai ouvir, vai sentir. A puxei para um canto mais
surpresa, finalmente.
— Eu...
quero mais, Lila. Quero mais de você, ainda não sei direito como vai ser,
mas quero mais. — Vi, ao longe, a equipe retornando. — Mais tarde nos
Dei um selinho em seus lábios e saí antes que me vissem. Olhei para
que ela reagiu, brigando por nós, para ficarmos juntos, me dizia que ela
frustrado sem perceber, querendo, como eu, muito mais que um selinho
comigo. Com certeza não falaria nada para ninguém, somente me julgaria
observadora.
a pouco e o senhor deveria estar com a sua equipe, para que a mídia veja o
Sempre racional.
dirigiram para o palco com a lista das cinco equipes vencedoras desta fase
agora só restavam duas vagas. Eu não lembrava há quanto tempo ficava tão
emoções. A quarta equipe foi chamada, agora era só uma vaga. Tudo ou
nada.
— Lila, eu disse que o acordo acabou porque quero que esteja livre,
sem nenhuma amarra comigo, para que decida de acordo com o que sente e
deseja. Eu quero mais, quero estar com você de verdade. Não sei ainda
como seria isso, mas o acordo não basta para mim. Agora você quem diz: o
provaram que uma chance pode ser a diferença entre ganhar e perder.
Chamaram a capitã da equipe para uma entrevista, e ela falou bem,
estava nervosa, mas soube como disfarçar. Me virei para ir embora, estava
um pouco mais afastado quando ouvi chamarem meu nome. Me virei e lá
estava ela, correndo até mim.
— Você me pegou de surpresa com aquela declaração depois de me
dar um tremendo susto, por isso não respondi na hora. E nem vou comentar
apagou o seu brilho e deu lugar a um olhar não apenas assustado, realmente
com medo. Ela desligou ainda olhando para a tela.
— Quem te ligou? Você mudou, Lila. Quer voltar comigo para casa?
— Não importa quem me ligou. Olha, vou voltar para a equipe,
comemorar nossa vitória e depois vou para a minha casa. Estou exausta
depois desses dias no evento. Nos falamos em breve.
Definitivamente foi aquela ligação, mas e se ela resolver não querer mais?
Eu sabia que tinha esse risco, mas nunca cogitei. Agora, sinto que fui
rejeitado, mesmo que ainda não tenha tido minha resposta, e essa possível
rejeição dói, aperta o meu peito. Eu não quero que seja verdade.
— Vou dar espaço, garota, mas não esqueça que estou aqui — falei,
na esperança de que o vento levasse as palavras até ela.
Às vezes, sinto que, por mais que eu tente, minha sina é sofrer sem
nunca ser feliz de verdade.
que esqueci totalmente da exposição que o evento traz. Fiz uma entrevista,
falei o meu nome e apareci na mídia. Apenas bastou isso.
Meu telefone tocou e nem vi que número era, pronta para desligar o
mais rápido possível e dar a notícia ao Alec, falar que também queria mais
de nós, mesmo sem saber como seria o futuro. Tanta coisa para dizer.
Uma única voz.
— Acho que devo te parabenizar, vadia. Vejo que está muito bem de
vida, apareceu até na TV. — Estava petrificada. Ele me achou. — Vou ligar
inferno em dois segundos. Precisei engolir tudo o que eu ia falar, dei uma
desculpa qualquer. O magoei. Não tinha outro jeito, não posso envolvê-lo
— O que você fez com minha mãe? Ela não te daria o celular assim.
— Calma, vadia. Sua mãe está viva, apenas mostrei quem manda
aqui. Ela escondia esse celular o tempo todo. Quando vi sua cara sorridente
na TV, arranquei dela o celular e dei uma surra, uma pequena lição nela.
Você não vai me encontrar novamente, essa foi a primeira e a última vez.
— Duvido muito. Eu vou te achar e, quando chegar aí, não vai ter
para onde fugir. Vai engolir todo esse orgulho nojento que tem e eu vou me
Sei que ele não tinha como me rastrear, mas desliguei por medo do
que suas palavras poderiam me causar. O que já tinha causado.
Me despedi da equipe e fui direto para casa. O sono tinha passado,
agora o que restava era um puro instinto primitivo de fuga. Entrei, tranquei
a porta e comecei a empacotar tudo o que podia, fiz isso no automático por
uns 40 minutos até que as lágrimas surgiram.
Uma atrás da outra, uma cascata de lágrimas caiu, e eu desabei no
chão.
O cansaço misturado com o medo pesou de vez, e eu senti o meu chão
ser arrancado de mim novamente, como naquele dia em que meu pai se foi.
Piper, Alec, os meninos, a equipe, o meu trabalho, tudo que lutei para
Não conseguiria ver ninguém sofrer por minha causa. Minha mãe me
preocupava, mas ele era escolha dela, e não minha. Chorei no chão até cair
levei comigo, não cederia em uma briga sem antes lutar e causar um
estrago. Abri uma fresta da porta para ver quem estava ali, para o meu
alívio, era Piper. Para o meu desespero, era Piper.
Ela não podia ver como eu estava ou como a casa estava; com certeza
exigiria respostas. Ela se virou bem na hora que eu ia fechar a porta
escondida.
— Hey, ganhadora. Vamos comemorar? — Ela começou sorridente,
volte amanhã.
— Camilla Harrison, se não abrir esta porta, eu vou quebrar sua
janela e entrar por ela. Garanto que não vou sair daqui. — Eu não podia
duvidar, ela faria isso com toda a certeza. Abri a porta, a deixei entrar e
sentei-me no sofá.
Piper entrou, fechou a porta e acendeu a luz. Ela viu uma casa
causa dessa pessoa e passei esses anos sem que ninguém soubesse onde
estou, mas hoje ela descobriu e me ligou.
— É algum ex-namorado?
— Não, não é. Não vou falar quem é, não adianta, mas eu não posso
ficar aqui, perto de vocês. Se essa pessoa descobrir a sua família, ela poderá
fazer algum mal contra vocês. Eu não vou me perdoar se os colocar em
perigo.
novo.
Chorei copiosamente em seus braços e coloquei para fora toda a dor
do meu peito, tudo o que aquele imprestável me fez sentir ao me ameaçar.
Eu estava em uma crise de nervos, não conseguia me acalmar. Piper
percebeu e ligou para Ross, pedindo uma receita de calmantes para uma
amiga, não falou que era para mim para não gerar perguntas.
— Vou na farmácia comprar o seu remédio. Não sai daí.
— Piper... apaga a luz, por favor. Me sinto mais segura no escuro. —
Vi o seu olhar de preocupação e pena. Eu sabia que estava em um estado
lamentável e que ela não fez isso para me diminuir, realmente estava
preocupada comigo. Ao sair, apagou a luz e me deixou ali, na sala, com a
escuridão à minha volta.
Eu não saía da cama para nada. Apenas ligava o celular para ver
que pouco. Ela tentou me fazer tomar banho, mas não conseguiu.
Para mim, o único lugar seguro era a cama, embaixo das cobertas.
Como uma garotinha amedrontada com os monstros do armário, ali fiquei
vendo o dia virar noite e virar dia de novo.
Meus sintomas pioraram. Qualquer barulho, eu pensava que poderia
mais forte e um atestado, teve que falar que era para mim por conta do
nome que ia no documento e ele quis falar comigo na mesma hora.
— Lila, é o Ross. O que está acontecendo? Sabe me dizer o que está
sentindo?
perdida.
— Calma, você está com um ataque de pânico, ao que parece. Passa
para a Piper, por favor. — Passei o telefone. Ele falou algo para ela, que
concordou.
Agora, é apenas uma vaga lembrança, não consigo reproduzir o calor que
senti no peito, o coração acelerado. Tudo isso parece apenas algo que se
perdeu no passado. Quando a Piper chegava, eu não me levantava da cama
mais. Estava fraca por comer tão pouco, mas fingia estar bem para não a
preocupar.
Dormi e sonhei com os braços do Alec me abraçando, me envolvendo
e protegendo. Sonhei com o seu sorriso e isso me devolveu um pouco
daquela felicidade. Acordei, e nada daquilo era real. Piper não viria hoje,
Desabei nos braços do príncipe que era tão real quanto a mim.
Depois que a Lila saiu daquela forma, sem dar uma resposta a tudo o
repassei o que aconteceu. Ela veio até mim, correndo e sorrindo, estava bem
até que atendeu aquela ligação.
O problema estava na pessoa do outro lado da linha, e eu não fazia a
foi incapaz não perceber a mudança em seu rosto. Depois disso, Lila
— Por que eu não sinto que era isso que ela queria? — falei alto,
Fernando já estava acostumado. Cheguei em casa, tirei o paletó e dispensei
o motorista. Não tinha vontade de ir para canto nenhum hoje. Tomei uma
ela disse que pensaria no que eu falei, agora era dar tempo ao tempo.
Eu odeio isso.
no trabalho.
Engano meu.
que Lila não pôde vir, que colocou um atestado de uma semana.
— UMA SEMANA?!— Minha voz saiu mais alta do que eu
esperava que a capitã da equipe ficasse fora por uma semana, as próximas
— Ah, entendi. Que bom então, fico mais aliviado. — Aliviado coisa
nenhuma.
pensativo.
Será que ela estava me evitando? Acho difícil ela inventar uma
doença de tanto tempo assim só para me evitar. Isso não era coisa da Lila.
Mentira.
Eu queria uma forma de fugir de tudo isso que me faz lembrar da falta
que eu sinto de uma pessoa que nem sei o que realmente é para mim. Na
aproveitar o que me rodeia. Sem ela, voltei a ser como antes, e aquela
nada era respondido. Cogitei perguntar a Piper ou a Ross, que são os mais
próximos dela, mas daria muito na cara que tem algo entre a gente, e não
queria isso.
TRABALHO
CASA
HORAS SEM SONO
SONO INQUIETO
TRABALHO NOVAMENTE
Ainda tive esperança de que ela voltasse antes da semana acabar, mas
algumas fotos de mulheres gatas e sensuais. Tentei por algum tempo até
perceber que nada ajudaria, ou seja, sem a Lila, meu querido amigo não
subiria para ninguém. Apesar disso, o que mais me doía era a falta que
sentia dela.
tempo.
Na sexta-feira, liguei para Piper. Dessa vez, tinha razão, seria uma
— Boa noite, Piper. Está, sim, por que não estaria? — Desconfiado
demais.
— Sei lá, às vezes você me liga quando não consegue falar com meu
uma semana no trabalho, e ela não parece ser alguém que some assim, só se
profissionalismo.
— Talvez não seja uma boa hora para ela ter tanta responsabilidade.
Bem, não sei, de verdade, não sei de nada. Ela só está passando por um
momento, mas logo estará melhor, juro. Não se preocupe, estou cuidando
dela.
— Não! Digo, não precisa. Semana que vem ela volta a trabalhar,
tenho certeza. Obrigada pela preocupação, mas tenho que desligar agora.
Beijos.
Piper fugiu da ligação como o diabo foge da cruz. Lila não estava
bem.
— Por que você não me ligou, garota? O que diabos está acontecendo
com você?
Por mais que eu quisesse, não posso passar por cima das pessoas e
medicina tinha dado como perdida. Não seja burro ou orgulhoso, a vida é
apenas uma para desperdiçar com besteiras, não acha?”
espera.
— Fernando, vamos para a casa da Lila.
dela.
Quando chegamos na frente da casa, tudo estava escuro, como se não
— Nunca mais fuja desse jeito de mim, entendeu? — Não era uma
ordem, era uma súplica. — Por favor, nunca mais faça isso.
direito. Ela chorava e estava apoiada em algum lugar. Estava fraca? Sem eu
esperar, Lila veio para os meus braços, e eu a segurei. Não tinha forças.
chorando sem parar. Sentei-me ao seu lado sem saber bem o que fazer. A
abracei, e ela se deitou em mim.
culpa sua, se eu soubesse, teria vindo mais rápido te ver. Achei que estava
me evitando por causa da resposta. Eu que devo pedir desculpas. O que
você tem?
— É mais fácil perguntar o que eu não tenho, nesse momento. Tenho
medo da rua, medo de sair de casa, não tenho forças para nada, quero morar
na cama, não tenho vontade de viver. — Aquilo me pegou desprevenido.
Como alguém vai de tão sorridente para a depressão em tão pouco tempo?
A não ser...
— Lila, você estava segurando toda essa dor esse tempo todo?
Escondendo das pessoas?
— Eu não podia e nem posso colocar vocês em perigo. Não posso
trazer os meus problemas para quem sempre esteve por mim. Não posso,
Alec. — Pelo jeito, a história era mais profunda. Olhei ao redor e tudo
vez. Olhou por um tempo, como quem olha para aquilo que mais te causa
dor. Um olhar vazio.
nos holofotes quando deveria viver nos bastidores. Agora não sei como
dizer adeus à minha vida aqui.
arrumar as coisas por aqui. Vou preparar a banheira para você, me espera
aqui? — Ela se deitou no sofá e concordou.
não permitia, achava que coisas desse tipo podiam acabar com o lado sexy
da coisa.
Estando aqui, com a Lila totalmente pelada na minha frente, não acho
isso, até penso que aumenta a vontade e o desejo. São momentos distintos
com experiências distintas. Esse cuidado aumenta meus sentimentos por
essa mulher incrível que está com medo de alguém, e eu pretendo levar esse
medo para bem longe. Dela, quero sempre o sorriso no seu rosto e o amor
em seu olhar.
Terminamos o banho, e ela saiu enrolada na toalha. Pedi que
Depois do pedido, voltei para a cama, e ela estava agarrada com um urso de
pelúcia gigante, meio gasto do tempo.
— Quem é esse?
— Esse é o Char, em homenagem ao meu pai. Era o presente que ele
comprou para me dar, mas morreu antes disso. — Não era bem esse assunto
pesado que eu queria começar.
— Não sei se consigo fazer isso com vocês. — Peguei em sua mão.
— Tudo o que eu te disse no evento é verdade. Quero mais, quero
estar em sua vida e, se isso faz parte da sua história, quero saber. Não
precisa temer por mim, Lila. Eu sei me cuidar. Agora, me fala, por favor. —
lá e nunca mais voltou, que morre de medo ainda hoje e, graças à entrevista
do Hackathon, ele a achou, exigindo dinheiro e dizendo que vem atrás dela.
espero que isso demore muito. — Ela sorriu. — Não sei sua resposta quanto
ao que falei, mas posso garantir que vou te proteger, mesmo que escolha ser
apenas uma amiga. Você é importante para mim e prometo não deixar nada
disso te afetar novamente. Você confia em mim?
— Confio. — Ela sorriu de novo.
— Então pronto, não precisa fugir. — A campainha tocou, e ela ficou
Voltei com tudo para comermos na sala, mas o seu olhar assustado
não parecia querer comer por lá.
— Quer comer no quarto? — Ela assentiu.
— Desculpa, sei que deveríamos comer lá, mas me sinto mais segura
comendo aqui no quarto. Como se o escuro pudesse me proteger de algo.
— Falei com o Ross, foi ele quem deu o atestado. — Deveria ter lido
o nome do médico, pouparia tempo. — Estou passando por uma crise de
pânico, mas vou ver melhor o que tenho, só não sei se consigo ficar com
ele. Não tenho dinheiro para o tratamento.
sabe que tudo isso requer tratamento e cuidado, certo? Pois, não desaparece
da noite para o dia e precisa de atenção.
— Sei, na verdade, tentei fazer tratamento por um tempo, mas nem
sempre a vida ajuda, seja pela rotina, seja pelo financeiro. Me conta, você
— Devia estar cansada e com fome, né, garota? Durma bem, eu estou
aqui. — Esse momento foi ainda mais especial do que qualquer viagem
para o exterior ou jantar em um restaurante chique. Esse momento era algo
um idiota que não liga para coisas simples ou que volta a ser criança. Isso é
se apaixonar e, pela Lila, eu viraria esse idiota. Peguei no sono, não lembro
que horas eram, mas acordei antes da Lila.
Meu relógio biológico era pontual. Às 5h da manhã estava de pé, com
— Acho que fazia tempo que não dormia tão bem. Apaguei ontem no
filme. — Servi um prato para ela e um para mim.
— Agora que descansou, está pronta para amanhã? — Ela parou com
o garfo no caminho da boca, como se não fizesse noção de que dia era.
— Lila, você se perdeu nos dias?
— Juro que estou tentando lembrar, e não consigo. Estamos no
sábado, certo?
esperando e vai ser entre a família, não terá convidados. É bom para sair um
pouco de casa e se acostumar com a vida lá fora. E nem venha me dizer
não. — Ela sorriu.
— Certo, chefe. Pode deixar que vou sim.
uma evolução quanto à minha impotência. No começo, pensei que era coisa
da minha cabeça, mas, depois do tratamento com o Ross e da sua presença,
já tenho ereções espontâneas, aquelas que acontecem quando a gente
acorda, e isso nunca mais tinha acontecido. E isso significa que estou
queria mais do seu cheiro e do seu abraço. Meu coração ainda estava
acelerado. Eu, realmente, estava apaixonado.
— Até onde você vai me levar, garota? — Garota virou o meu apelido
para ela. Algo que me faz lembrar do dia em que nos conhecemos e isso é o
espírito natalino.
À noite, Lila chegou e ficou deslumbrada com tudo. Eu fiquei
deslumbrado com ela, linda em um vestido verde com detalhes em branco.
— Lila, ainda bem que você veio, amiga. O que seria do meu Natal
sem você?
— Piper, obrigada pela ajuda nessa semana. Tudo está magnífico.
— Até parece que é a primeira vez que você vem aqui, vem falar com
todo mundo.
Piper arrastou Lila por toda a mansão, cumprimentando toda a
família. Ross aproveitou para conversar com ela e, provavelmente,
perguntar sobre sua melhora e tratamento. Eu já havia adiantado para ele
sobre as consultas da Lila. Agora, mais do que nunca, ela precisaria de
ajuda.
Piper disse a todos que Lila teve exaustão e ficou doente por isso.
Eu mantive a mentira na empresa também, não poderia explicar que
sabia o motivo da doença dela. A ceia foi servida com um grande jantar,
dessa vez pelas mãos de mais algumas pessoas. Tudo estava uma delícia e
Lila comia normalmente, estava mais tranquilo vendo-a saudável e feliz.
Depois de abrir os presentes e da Lila ganhar alguns suéteres e
cachecóis, a chamei para subir e conhecer um lugar que poucas pessoas
viu no canto da cama, escondida por uma parede. Fechou a porta e seguiu.
Sorrimos, igual a um casal adolescente escondido dos pais. — Queria
agradecer por tudo o que você fez por mim, na minha casa. Me ajudou
quando eu mais precisei. — Tirei uma mecha de cabelo do seu rosto e
coloquei na orelha.
— Não precisa agradecer, acho que foi ainda mais satisfatório para
mim. Fico feliz em te ver feliz, garota. Vou proteger esse sorriso como
puder. — Passei o dedo por seus lábios e tive uma imensa vontade de beijá-
importei. Pela primeira vez, apenas pensei em estar com ela, nada mais me
preocupou.
Apalpei seus seios por cima do vestido, os bicos já estavam duros,
ansiosos pelo meu toque. Desci a mão para passar por baixo do vestido e
chegar na sua zona erógena. Quando passei a mão por cima da lingerie, Lila
soltou um gemido que mexeu comigo. Senti o meu pênis começar a
endurecer.
Deixei os seus seios expostos pelo decote e livres para que minha
boca alcançasse. Suguei os seus seios e mais um gemido, agora meu pênis
estava totalmente ereto, e Lila sentiu ao se aproximar de mim.
— Alec, seu... está funcionando?
— Não sei, mas ele nunca ficou assim por muito tempo.
— Faz um tempo que eu quero te dizer isso e não sei como. Alec,
— Quero perder minha virgindade com você — ela falou de uma vez,
e isso me pegou de surpresa. — Sei que você vai conseguir evoluir ainda
mais e já me decidi.
A beijei intensamente, com todo o meu desejo à flor da pele nesse
momento. Ouvir tanta cumplicidade de alguém que nem sabe o que esperar
do futuro, alguém que me aceita assim como estou agora, foi uma das
melhores sensações dos últimos tempos. Ela queria um momento tão
especial comigo.
Antes que eu pudesse falar algo, Lila tirou sua calcinha.
— Lila, você vai fazer isso agora? Não sei ainda se vai funcionar.
— Não tem problema, podemos ver o que conseguimos. Como se
fosse a primeira vez dos dois. — Eu não tinha pensado nisso. Depois desse
tempo sem nada sexual, seria como a primeira vez. Me deixei levar.
houve.
— Também não sei. — Ela saiu de cima de mim. — Me desculpe,
Lila. Eu sei que você queria, mas ainda estou no caminho. Droga, não
pessoas que não passaram pelo que você passou, então, não seja tão duro
consigo mesmo.
Meu lado adolescente pensou em diversas frases que colocasse o duro
no meio. Só Lila para fazer eu me divertir justo agora.
— Eu que insisti nisso. Quero que tire da sua cabeça que é algo ruim,
isso é um bom sinal, porque já ficou mais tempo. Na próxima, vai ser ainda
melhor. E eu vou esperar você. — Não pude me conter, sorri com esse final.
— Correndo o risco de parecer um adolescente, estou feliz por passar
tudo isso com você. — Ela sorriu e me beijou. Ao lado da Lila, eu baixava
respondeu que sim e que, dessa vez, ela daria o presente para mim.
Fiquei curioso, mas a fiz esperar da outra vez, então seria justo e
esperaria. Não disse que era uma tarefa fácil.
Toda a minha família estaria presente na festa, então estaríamos
chegou e estava conversando com todos quando ouço alguém perto falar:
família.
— Lila, que espetáculo. Você sabe fazer uma entrada! Desse jeito, vai
começar o ano com um boy novo, hein! — Nada de boy novo. Odeio esse
sigilo.
— Boa noite, pessoal. Piper, não começa com isso de boy novo, esse
— Vejo que, dessa vez, foi você quem me surpreendeu com bom
gosto em vestidos.
— Boa noite, Alec. Não pensei que te encontraria aqui, em uma festa.
Vejo que o CEO sabe se divertir também.
Respiração pesada.
e tudo deu errado. Com a ferida ainda aberta, o destino vem e joga sal nela.
Abbie era tudo o que eu menos queria agora.
Olhei para a Lila, que me olhava de uma forma estranha, como se
tentasse entender o que estava acontecendo. Claro, ela nunca tinha visto
uma foto da Abbie antes e não faz a mínima ideia de quem ela seja. Me
ainda mais sua beleza. Como sempre, ela usava uma roupa que realçava
todas as suas curvas, expondo a beleza que a vida lhe deu. Se tivesse uma
convidei e não lembro de ter alguma relação entre o seu trabalho e a minha
briga.
— Ah, relaxa, Alec. Sei que a gente nunca se deu bem no trabalho,
era a única coisa que não éramos bons juntos, mas garanto que, dessa vez,
vai funcionar — ela falou aquilo para provocar. Abbie sempre foi
observadora e não sei se notou algo entre mim e a Lila, mas ela estava
— Pode deixar, Alec. Acho que esse novo ano tem espaço para nós
lembrei da Lila. Ela estava com Piper, me observando, e parecia não estar
Não sei quem ela é, mas parecia ter alguma história com Alec.
se vestir muito bem. Estava claro que ela se jogava para Alec de todas as
formas, o que não gostei foi de ver sua reação.
novamente aquele cara fechado, sério e que parecia estar firmando algum
negócio. A perfeita visão de um CEO. Foi ela que despertou isso nele?
muita coisa. Só percebi que estava encarando quando Piper chegou perto de
mim.
— Lila, daqui a pouco vai fazer uma leitura labial de tanto que encara
quiser para conquistar o que deseja, nesse momento, ela deseja o tio Alec
novamente. — Novamente?
de casamento, ela caiu da lancha e tio Alec pulou para salvá-la, a donzela
em perigo. Graças a isso, bem, podemos dizer que ele ficou com algumas
sequelas.
Era ela. A mulher que ele falou. Aquela com quem tudo deu errado
depois do acidente.
— Houve certo problema sobre ter filhos. Como tio Alec não poderia
ter, então ela não aguentou e foi embora. Posso estar exagerando um pouco,
até porque ela ficou por um bom tempo, mas somente a família sabia quem
a Abbie era.
Estava muito curiosa com tudo, mas não tinha certeza até onde poderia
perguntar.
— Tio Alec sempre jogou para ganhar, tanto nos negócios, quanto na
vida, e foi assim que ele ganhou o coração da Abbie. Os dois eram sedentos
por vitória, ele, para expandir os seus negócios, e ela, para ser a melhor
por ele, mas o tio Alec amava Abbie muito mais, era notável. Quando tudo
— Isso é o que você acha. Por dentro, ele usa todas as suas forças
para manter a compostura. A sua mão está fechada com força de verdade.
— Eu não tinha percebido isso. Abigail chegou perto do ouvido dele para
ser a única estrela da noite. Deve estar com ciúmes do tio conversando com
ser mãe, mas até agora não aconteceu. Toda essa cena é tentando chamar a
atenção dele, acha que não tem ninguém porque ainda a ama. — Apertei a
taça na minha mão. Ele tem alguém, sim, queria muito poder jogar isso na
cara dela.
Alec volta a olhar para mim e vê a minha feição, ciúmes. Ele tenta se
aproximar para falar algo, mas Piper é mais rápida. Será que ela percebeu
— Não precisa, só fica do meu lado que já ajuda a atrair ainda mais
gatinhos dessa festa. — Relaxei um pouco, ela realmente estava
que estava indo embora por causa de uma dor de cabeça. Era mentira, eu
não conseguiria ver aquela cena durante toda a noite.
Fui até o banheiro para usar o espelho e me acalmar um pouco.
Mandei mensagem para Roddie, para Fernanda e uma para minha mãe, não
sei se ela veria. Ajeitei alguns fios do meu cabelo e saí para o
história com Alec não terminou, foi pausada. O sentimento ainda está ali,
esperando que eu o acorde e, acredite, vou acordar. Não se consegue afastar
o passado quando ele não foi esquecido. — Ela me olhou nos olhos.
“É necessária a desgraça para provocar certas minas misteriosas ocultas
respondesse.
Eu não estava muito diferente dela.
das pessoas e nada estar diferente? — Meus nervos estavam à flor da pele,
fiquei rodando na sala e pensando na nossa discussão até que meu celular
que estava com dor de cabeça, depois desliguei o celular. Ele não sairia da
sua festa com tantos clientes por lá.
Tomei uma ducha para esfriar a cabeça, mas aquela voz ainda estava
lá. O medo do meu padrasto aparecer foi ofuscado, pela primeira vez, pela
minha raiva por outra pessoa.
mensagens do Alec apareceram. Falava que sentiu minha falta, que queria
estar comigo e desejando melhoras. Quando ia colocar o celular no quarto,
ele me ligou.
— Lila?
— Oi, Alec.
— Você está melhor?
pegar.
— Não estou muito no clima, vou tirar o dia para mim, pedalar um
idiota. Qual mulher não ficaria vendo outra pulando em cima do cara com
quem ela está?!
— Lila, o que eu falei para você foi sério. Não tem mais ninguém, só
você.
— Você sabe do que estou falando, mas acho que não devemos
discutir sobre isso. É a sua vida, e não tenho o direito de cobrar nada, o
— Você lembrou.
— Sou bastante observador com tudo que é importante pra mim.
algo estava emperrando, parei algumas vezes e não consegui ver o que era.
Precisava fazer uma manutenção nela, fazia tempo que estava parada. Alec
estava incrível. Nunca pensei que faria algo assim com ele.
fundo, eu me sinto culpado por tudo. Abigail sempre foi de festejar a vida e,
às vezes, exagerava, ela sonhava em ter uma família e filhos, tudo que eu
não pude dar após o acidente. Nosso casamento foi esfriando, e ela se jogou
no álcool para aceitar viver se anulando.
com esse dia, em que finalmente poderia estar dentro de você. Esse seu
corpo, sua pele, seus beijos, tudo isso me deixa louco. Eu te quero como
nunca quis ninguém, Lila. — Fiquei sem fôlego com toda essa declaração e
molhada também.
Uma troca de olhares foi suficiente. Alec me beijou, mas, dessa vez,
não foi sedento de prazer, foi um beijo lento e saboroso. Eu senti o seu
gosto de hortelã na boca, sua língua percorria os meus lábios e desceu para
os meus seios. Eu já estava louca por esse momento, por tê-lo comigo por
inteiro.
Alec sugou um dos meus seios e acariciou o outro, mas o seu foco
não era eles, era mais embaixo. Ele foi descendo, deixando um rastro com a
língua por onde passava. Quando chegou perto do meu ventre, senti um
ainda não era a hora, apesar do meu olhar que implorava. Alec colocou dois
dedos na minha entrada e fez movimentos de vaivém. Depois tirou e
saboreou o meu gosto. Ele acariciou meu rosto com um ar de preocupação.
— Vamos devagar, certo? Isso pode doer um pouco, e não quero te
ele deslizou facilmente, eu estava muito excitada. Ele entrou até o ponto em
que senti a primeira dor. Merda, isso dói mesmo.
Ele parou quando viu um gesto de dor. Ainda dentro de mim, me
encheu de beijos e carícias, para me relaxar um pouco mais. Sentia que
aquilo era sua forma de dizer que estava comigo, e eu queria muito o sentir
ainda mais em mim. Pela primeira vez, ele me chamou de meu amor. Me
beijou, e eu relaxei, ainda doeu um pouco mais, só que agora eu estava
distraída.
Quando, finalmente, ele entrou por completo, a sensação que tive foi
de preenchimento. Então começou o movimento de vaivém, lento e, aos
poucos, mais ritmado. Seu olhar não desgrudava do meu, como se quisesse
captar qualquer dor ou sinal de prazer.
Alec saiu e foi no banheiro, eu fiquei ali, olhando para o teto do meu
quarto. Estava feliz, muito feliz com a forma que o meu ano começou.
O trabalho voltou, e eu comecei a ocupar minha mente com outras
coisas.
carreira e ainda trabalha na área até hoje. Parece que já foi casada com o
nosso chefe.
— Vamos nos concentrar no nosso trabalho, galera. — Estava irritada
demais para ouvir elogios e histórias sobre ela.
nosso código. — Alec fazia de tudo para não olhar para mim, e eu evitava a
Abigail como se fosse uma doença, mas parece que ela gosta de brincar
com o fogo.
Quando Alec já estava indo embora, ela voltou.
— Você não é aquela garota da festa de Ano-Novo? Espero que esteja
melhor. Alec me disse que teve que ir embora por conta de uma dor de
cabeça.
— Estou, sim, Srta. Davis. Obrigada pela preocupação. E espero que
tenha largado o cigarro, ele faz mal à saúde e à pele, uma pessoa tão bonita
quanto você com um vício assim. Desejo melhoras. — Abigail bufou de
raiva, e Alec estava surpreso, não sabia o que fazer. Roddie quem salvou a
cena.
— Olha, não costumo me meter na vida das pessoas, mas sou bem
observador. Cuidado com você e o Alec, ali é briga de gente grande e
somos apenas funcionários. Não quero te ver magoada.
— Mas...
— Nem tente mentir para mim, eu percebi faz tempo que vocês dois
estão de rolo. Só cuidado, você é minha amiga e dou na cara dele se te
magoar. Nem gosto mais daquela perua. — Sorrimos. Era bom ter amigos
ao nosso lado.
Não gostei dessa história da Abigail ir à empresa, mas Alec me disse
que não teria outros motivos para isso. Fiquei um pouco mais tranquila, mas
com uma pulga atrás da orelha.
O mês correu rapidamente e chegamos na nossa primeira
Toda vez que pensava em comer alguma coisa, sentia um enjoo forte.
Acho que era a onda de calor que estava passando na Flórida, nunca me dei
bem com altas temperaturas.
Para a segunda fase, precisei da assinatura do Alec em alguns
documentos. Fui até sua sala, e Érica não estava na mesa dela, achei que
estava com o Alec, na sala dele. Bati na porta e fui entrando sem perceber
quem estava lá.
— Alec, eu preciso... — Quando levantei a cabeça, os papéis caíram
no chão. Abigail estava beijando o Alec. Meu mundo escureceu e quase caí,
então, me apoiei na parede. Alec me viu e empurrou a Abigail, que limpou
o batom sorrindo.
— Vou indo, querido. Tenho muito trabalho, mais tarde nos falamos.
— Ela saiu da sala, e eu estava imóvel. Essa era a cena que eu nunca
imaginaria presenciar.
— Lila? Lila, me escuta. — Fui até a porta e fechei. Comecei a andar
de um lado para outro. — Ela fez isso de propósito, eu juro...
mim?!
— Custa muito, Alec, principalmente depois do que vi aqui. Eu tento
baixar minha guarda, mas, quando baixo, essas coisas acontecem. Como
você quer que eu acredite?
chamando e pedindo para que eu ficasse. Não dei ouvidos. Peguei minhas
coisas e fui para o elevador, ainda cheguei a vê-lo descendo as escadas
quando as portas se fecharam. Cheguei em casa e ainda era de tarde. Eu
estava um turbilhão de emoções.
Fui até uma rua que eu sabia que não era movimentada, nem a essa
hora. Desci a ladeira de olhos fechados, como sempre faço. Senti a
liberdade tocando minhas costas, mas foi apenas por um breve momento.
A bicicleta fez um som estranho. Abri os olhos assustada. Lembrei
que não tinha feito a manutenção nela. Tentei frear e não consegui.
A última coisa que vi foi a árvore à minha frente.
Apaguei.
Alec.
Respirei fundo para me acalmar. Tudo culpa da Abigail, não sei para
que me deu aquele beijo. Nós não temos nada, nunca tivemos nada em
todos esses anos.
Ela fez de propósito.
Recebi uma mensagem no celular e achei que era ela, mas era o Ross
desmarcando nossa consulta da semana por motivos pessoais. Deve ter
acontecido algo, ele nunca desmarca nada. Voltei a pensar nela.
— Lila deve estar com raiva. Vou ligar para ela mais tarde. —
Anoiteceu e voltei a ligar para o celular dela, ainda sem resposta. Fui até
sua casa e tudo estava apagado. Será que ela foi embora?
Resolvi ligar para Piper para saber de algo.
Piper atendeu no primeiro toque e o que ela me disse roubou meu
chão.
dizem que perdemos o pudor, acho que perdi um pouco antes, graças ao
Parece que foi ontem que eu estava no auge da minha carreira, aos 23
anos.
Pensando bem, foi a época em que tudo realmente deu certo na minha
sentidos e o mundo aos nossos pés. Naquela época, não tinha noção do que
Ao que parece, não sou mais apta para papéis de mulheres jovens
demais. Sou ótima para a tia solteira de alguém, para divulgar produtos de
idade e coisas afins.
Desci até a cozinha. Precisava fazer algo para comer, estava com o
Fui até a sala, perto das janelas, que tinha a vista de frente para a
piscina. A água oscilava com a brisa que tocava em sua superfície. Estava
entretida com a vista e não reparei os braços que me envolviam por trás.
— Vejo que minha tigresa está de pé.
— Vejo que você está bem empolgado e alguém também está de pé.
aproveitei para fechar minha noite. Deve ter entre 22 e 25 anos, mais um
— Estou apenas à sua espera. — Ele tentou tirar minha roupa, mas
não estava no clima. Me virei para ele, confesso que a visão era espetacular.
roupa mesmo.
Eu o observei de longe. Nesses últimos cinco anos em que estive
longe do Alec, tive inúmeros relacionamentos, mas nenhum deles foi bom o
bastante para superar ou ao menos se igualar a ele. Por isso, resolvi esperar
mexer comigo. Alec estava diferente, de alguma forma, não era mais aquele
homem durão e fechado no meio das pessoas. Ele estava mais relaxado e à
vontade, conversando com os funcionários como se fossem amigos.
de ser trocada por versões mais novas, mulheres mais novas, e ver o Alec
com a Lila me deu mais raiva do que ciúme. Eu sempre gostei de homens
outro, você vai. — Fui para o quarto, troquei de roupa e fui para a minha
Parece que ele está sozinho, preciso aproveitar o momento. Vejo meu
— Boa tarde, Alec. Vejo que não se esqueceu dessa loja. — Ele me
pouco, não custa nada. — Vi em seu olhar a indecisão, mas ele escolheu me
— Eu nunca disse que não. Eu te amei, Abbie, e sei que você também
— Era Ano-Novo, Alec. Quando foi que você ficou tão careta? Deve
— Eu falo por mim e sei que essa conversa entre nós acabou. Preciso
se levantou e foi embora, me deixando para trás. Ele não desrespeitou nossa
história, fez pior, ele superou. Superar é a pior das coisas, porque significa
— Eu vou cavar o meu lugar de volta, sei que vou. — Terminei o meu
café e segui para casa. — Espero que aquele menino já tenha ido embora,
que mexe com segurança digital. Você deve conhecer a empresa que está
relembrar o passado?
— Nunca deixo de lembrar da gente, mas vim a trabalho mesmo.
Pode me mostrar o lugar.
— Vou mostrar por ser um bom anfitrião e acredito que não cabe
trazer coisas da vida pessoal para o trabalho, mas saiba que discordo da
Eu não queria ser tão incisiva com Alec, queria que ele me visse
como a mulher de antes. Linda e maravilhosa, que visse a oportunidade de
estarmos juntos novamente. Ele fez um tour pela produção comigo,
cabeça.
— Estou, sim, Srta. Davis. Obrigada pela preocupação. E espero que
tenha largado o cigarro, ele faz mal à saúde e à pele, uma pessoa tão bonita
quanto você com um vício assim. Desejo melhoras. — Que ódio dessa
garota. Como ela fala essas coisas na frente do Alec e dos outros, isso vai
ter volta, e ela não vai gostar nem um pouco.
que você nunca mais querer me ver ou me ter por perto? — Ele parou um
pouco para pensar e se sentou para conversar comigo.
escolha. Eu não poderia mais te um filho e você foi atrás de alguém que
poderia te dar a família que sempre quis.
isso da melhor forma, você sempre quis ter tudo e que todos soubessem que
tinha. Sei que, do seu modo, você me amou, mas gostava ainda mais dos
holofotes, pouca coisa restou. Eu te amei, você foi o meu mundo, hoje não é
mais, me desculpe.
— É aquela garota, não é? Você está saindo com ela. O que fazem
juntos se o seu... Ela não vai aceitar uma relação sem ... — Vi que até hoje
ela não era capaz de enfrentar o que houve comigo, não conseguia nem
mencionar a minha impotência.
— Abigail, acredito que seja hora de ir embora.
— Me diz, o que ela tem que eu não tenho, Alec. Eu ainda sou jovem.
Sou bonita e cobiçada, tenho contatos e classe, o que ela tem?
— Você não é ela, apenas isso. Ela tem um coração enorme e muito
amor para dar, humildade, talento e uma garra de vencer maior que a de nós
dois. Acho que isso basta. — Fiquei em choque. Não esperava perder a
compostura, mas também não esperava uma resposta do Alec assim. Acho
que nem ele esperava, porque ficou surpreso com o que falou.
Ele se aproxima para me levar para a saída, mas ouço a voz dela.
Imediatamente, me jogo contra o Alec e o beijo. Ele não esperava isso, mas
correspondeu um pouco ao meu beijo, depois colocou a mão no meu braço
para me afastar, só que era tarde demais. Lila já tinha visto tudo o que eu
queria.
O caos estava instaurado, depois eu voltaria para juntar os cacos do
— Fui embora e deixei o circo pegar fogo. Tinha uma gravação marcada
pelo meu agente, hoje ainda. Seria apenas uma participação especial,
algumas tomadas e, após algumas horas, uma sirene passou perto de nós.
Um dos funcionários estava comentando com o diretor.
bicicleta como se fosse carro e se acidentam por qualquer coisa. Aqui era
cheio de perigos, devia terminar logo isso para voltar para casa.
Tenho certeza de que, no final da semana, conseguirei o Alec para
mim novamente.
Meu único inimigo agora é o destino, realmente.
Lila.
— Tio? Tio? Você está aí? — Não poderia entrar em choque agora.
Precisava reagir.
— Ela está em qual hospital? Me passa o endereço que vou até aí
agora. — Fui direto para o carro. Lila foi socorrida para o mesmo hospital
Pensei em ligar para o Carson, mas não sabia ainda o estado em que
ela estava, melhor ter certeza antes. Todo o caminho eu só pensava que a
culpa era minha, que, se ela não tivesse saído da empresa daquele jeito, isso
precipitadas. Vamos nos sentar aqui e você vai me contar o que sabe até
bicicleta. As pessoas que estavam perto falaram que parece que a bicicleta
falhou e a jogou contra uma árvore. Ela bateu a cabeça e caiu desmaiada. —
alguns exames.
ligaram. Eu nunca pensei que precisaria disso. Como uma coisa dessas foi
acontecer justo agora, ela estava tão feliz com o evento, por ter vencido e a
etapa. Aconteceu alguma coisa no trabalho, tio? — Eu não poderia falar que
foi a Abigail a culpada, porque teria que explicar o motivo da Lila ficar
chateada.
melhorar depois de algo ruim. Ela fez isso uma vez na universidade.
— Ela pega a bike, vai até uma ladeira sem muito movimento e desce
— Sempre achei isso, mas ela nunca me ouvia. Deve ter sido isso que
aconteceu. — O telefone da Piper tocou. — Meu Deus, o Ross. Contei a ele
concussão leve. Ela teve sorte, poderia ter sido bem pior, com base na
gravidade do acidente. Ainda não temos os exames gerais, mas esses são os
principais pontos.
— Podemos vê-la?
mais do que isso ficará por conta dela. Nos exames preliminares, não
— Ele falou que ela tem uma concussão, duas costelas quebradas e
podemos vê-la. Vamos precisar esperar de um a dois dias para que acorde.
fomos ver como estava. Piper foi a primeira a chegar perto, e eu fiquei de
— Tio, vou precisar sair agora, mas volto depois se for preciso.
mundo. — Piper me deu um beijo no rosto e saiu. Amor? Não entendi, mas
fingi que estava tudo bem. Tinha contado uma baita mentira para conseguir
ficar aqui.
pudesse assustá-la. Na verdade, eu que estava com medo de ver como a Lila
rosto tinha marcas roxas do impacto, seu braço estava imobilizado. Não
conseguia ver a costela, mas, com certeza, estava com uma imensa mancha
roxa.
— Meu amor, o que você fez com você? Me desculpa, eu que sou o
culpado. Vou ficar do seu lado o tempo todo, não vou sair nem um minuto,
Passei a noite ali mesmo. Não fui para casa, o hospital servia comida
— Bom dia. Alguns fantasmas vieram perturbar meu sono. Ela está
bem?
acorde. Sei que esse momento é doloroso para quem ama, mas acredite
nela.
nesses últimos anos, ainda era a mesma de quando estive aqui. O aperto no
meu peito aumentou ao me lembrar de tudo que passei naqueles dias.
queria fugir dali, para longe daquelas lembranças, mas hoje não era sobre
mim, era sobre a Lila. Eu precisava ser forte por ela.
sentimento com medo de tudo que poderia acontecer, mas cansei. Eu te amo
e te quero ao meu lado. Por favor, acorda, volta para mim. Prometo que vai
ser diferente.
Estava segurando a sua mão enquanto falava e só percebi que estava
mundo de verdade.
— Então é ela, não é? — Olhei para o lado, assustado. — Ela é a
mulher que você disse que te fez se libertar das amarras da mente. — Ross
chegou, e eu nem percebi.
Natal. Não se preocupe, seu segredo está guardado pelo sigilo médico-
paciente. Como ela está? — Enxuguei minhas lágrimas e respirei fundo.
bateu um aperto no peito, lembrar-me daquele dia vai doer sempre. Acho
que podemos chamar do meu momento das trevas.
— Bem, isso vai sempre estar com você, não tem como fugir. O que
muda é a forma como lida com a lembrança, não deixe que ela tome as
alguém que ama muito a Lila, e não seu médico, se você a magoar de
alguma forma, vou me acertar com você. Ela é uma menina de ouro, com
dormindo, sem mudanças, e eu, com o coração apertado. Lembrei que ainda
não tinha ligado para o Carson, Piper deve ter falado algo, mas eu precisava
falar com ele. Disquei seu número e ele atendeu no segundo toque.
Um barulho de pessoas conversando no fundo.
— Carson? Está podendo falar?
— Alec, só um momento. — Acho que ele foi para algum lugar mais
reservado. — Pronto, ia te ligar. Piper me contou sobre a Lila, como ela
está?
— Está desacordada ainda, mas os médicos estão esperançosos.
deve estar preocupado. Piper me disse que ela saiu durante o expediente, e
você se sente culpado.
— Verdade. Estou preocupado com ela. Não sei o que pensar, mano,
sinceramente. Só quero que ela acorde e fique bem. Preciso que ela acorde,
eu não aguento essa gangorra da minha vida, quando tudo parece ficar bem,
o destino me dá uma rasteira.
— Respira fundo e se acalma. Você sabe que sempre estive com você
e, mesmo longe, estou aí, em pensamento. Ela vai ficar bem. Só não vou no
hospital porque estou em um evento em outro país, assim que chegar, vou
até ela, com certeza vai estar acordada. — Alguém o chamou. — Vou indo,
mano, mas fica tranquilo que vai dar tudo certo, e qualquer coisa me liga.
meu lado nos bons e maus momentos. Também não teve muita sorte na
vida, ficou viúvo cedo com quatro filhos, mas seguiu com a vida e fez o
melhor na criação de todos eles. Todos os quatro são incríveis. Queria poder
ter essa alegria, ter um filho ou filha que eu pudesse criar e dar o meu
— Boa tarde para você também, Alec. Onde está? Vamos tomar um
café? Conversar um pouco sobre o que aconteceu no escritório.
— Abigail, por causa daquilo, Lila saiu da empresa e sofreu um
acidente. Agora está há dois dias desacordada, com costela quebrada, braço
torcido e uma concussão. Você acha mesmo que eu quero relembrar daquele
momento? — Silêncio.
— Alec... Eu... Como...
sério.
— Garota, segura as pontas que vou pegar um café. Já volto.
Os pensamentos misturados.
Ouvi a voz do Alec ao longe e a mão dele tocando a minha.
Tentei acordar, mas o cansaço era ainda maior. Os olhos não abriam
facilmente. O corpo inteiro doía. Imediatamente, flashes se tornaram
voltasse a viver com eles e passava por todas aquelas atrocidades que ele
fazia. Isso me deixou em desespero, despertei na mesma hora e ouvi apitos
— Srta. Harrison, boa tarde. Sou o dr. Rafael, responsável pelo seu
caso. Você nos deu um baita susto, mas que bom que acordou. — Ele falou
das minhas lesões e dos cuidados que seriam necessários. — Graças a Deus
que o bebê está bem.
— Acho que você ainda não sabia. Parabéns, você está grávida, cerca
de um mês de gravidez. Não tinha ideia? — Grávida? Alec era infértil.
Como assim?
— GRÁVIDA? — A última pessoa que eu queria que descobrisse
ouviu tudo.
jeito.
— Me desculpe, fui levado pelo momento. Boa tarde, sou Alec
Donovan, o... chefe da Lila.
— Chefe? Ele...
saiu, e eu a olhei.
— É o seguinte: essa gravidez é segredo, acabei de descobrir e não sei
como vou fazer, então não fale nada, pelo amor de Deus.
— Certo, entendi. O filho é dele?
— É, ao que parece.
— O corpo inteiro dói. Tenho algumas lesões e ainda tenho uma coisa
importante no trabalho. Preciso dar um jeito em tudo. Já que você sabe que
estou bem, agora pode ir embora.
— Nada disso! Meu neto está aí e você não parece ter condições de se
virar sozinha. Vou embora quando sentir que pode se virar.
— E o meu padrasto vai achar que está onde?
— Eu o larguei de vez. Cansei de tudo, agora vou viver a vida como
eu quero. — Eu não colocava muita fé, mas não iria questionar.
até aqui.
— Precisava, sim, Lila. Deixa de coisa, você faria o mesmo por
qualquer um de nós. — Nunca me senti tão amada. É nos piores momentos
que você descobre quem te ama, mas eu sabia que os Donovan me amavam
— Pessoal, o médico me disse que ela terá alta amanhã à noite. Então
todos a visitem em casa — Alec falou.
Eles se despediram e foram embora. Pedi a Alec que fosse com minha
mãe até minha casa para buscar algumas mudas de roupa e itens que eu
precisava. Eles saíram e, minutos depois, uma mulher entrou no meu
quarto. Ela estava estranha, com óculos escuro e casaco, escondida de
alguém.
Quando tirou tudo, vi que era Abigail e entendi o quanto ela é pirada,
pelo visto.
— Olá, Lila.
— Abigail, você tem algum problema. O que está fazendo aqui? —
Ela parecia meio incerta, sem graça, não era aquela mulher imponente que
eu conheci.
— Alec me contou do seu acidente. Como está se sentindo?
— Agora, parece que fui atropelada, mas vou melhorar. Não se
preocupe. Pena que perdeu o Alec, ele acabou de sair. Se quiser esperar na
e tinha alguém que me amava. Agi com tanta infantilidade por causa de
você, mais uma menina nova roubando algo que eu considerava meu. Me
desculpe, de coração.
Depois de todo aquele relato, ficava difícil não perdoar uma pessoa
assim.
— Abigail...
— Pode me chamar de Abbie. — Muita intimidade, mas está certo.
— Abbie... não vou fingir que está tudo perdoado. Você beijou o
Alec. — E ele retribuiu. — E tentou claramente me fazer mal, mas posso
dizer que seu pedido de desculpas é um grande avanço. Me dê só um tempo
para digerir tudo.
gosta, sei que a comida de hospital pode ser a causa da piora dos pacientes.
— Oh, meu Deus! O melhor presente de todos. Passa para cá. —
Lembrei-me da gravidez. — Quer dizer, acho melhor não. Estou tomando
alguns remédios que fazem mal com café. — Foi a negativa mais dolorosa
da minha vida.
— Por essa, eu não esperava, mas tudo bem. Quando eu cheguei, sua
mãe estava saindo para comer algo. Vim ver como você está.
— Estou bem, na medida do possível, minha mãe tem o poder de me
enlouquecer em segundos, mesmo me deixando preocupadíssima com ela.
— Ross se sentou na beira da cama e pegou a minha mão.
— Lila, você me conhece há anos. Lutei muito pelo meu doutorado
cada história é uma nova história. Por isso, acho que deve dar uma chance e
ouvir o que sua mãe tem a dizer. Sei que traumas existem, mas somente a
ouça.
Ross me deu um beijo na testa e foi embora, deixando muita coisa
para pensar.
Os Donovan queriam que eu fosse para a mansão depois da alta, mas
minha mãe já havia deixado claro que ia colar em mim, por isso voltei para
casa. Também foi melhor por causa da gravidez, para não dar tanto na cara
— Mãe, pela milionésima vez, as coisas não são tão fáceis assim.
Preciso de tempo para saber o que eu sinto por ele e o que ele sente por
ainda está com o marido. Acho que bebê de um cara que quer criar o filho é
“O meu neto não vai viver de fast food desde a hora que foi concebido.”
Ela tinha um bom argumento? Tinha, mas nada na vida era tão fácil.
mente. Por mais que ela tenha pedido desculpas e pareceu realmente
arrependida, ainda me doía tudo aquilo.
E essa nem era a pior parte. Eu não conseguia mais tomar café, nem o
descafeinado, porque o cheiro dele me enjoava na hora.
Admito, eu chorei.
Minha mãe ainda não entrou em detalhes sobre essa coisa de fugir do
meu padrasto, mas vem sendo de grande ajuda. Até chego a ter a sensação
de que ela quer me fazer um carinho, agir como uma mãe. Deve ser pura
sensação.
Mesmo tendo uma clara demonstração de que as pessoas mudam com
a Abigail me pedindo desculpas, acho que a minha relação com minha mãe
— Mãe, vou sair. Vou me encontrar com uma amiga, qualquer coisa
me ligue. — Não sei se me ouviu, mas saí mesmo assim. Cheguei primeiro
precisa melhorar. Vou voltar ao trabalho amanhã. Estou ansiosa para saber
não perguntaria a ninguém do trabalho nada sobre isso, do jeito que está
Eu só quero trabalhar, fazer algo, sair de casa. Não aguento mais ficar
— O que foi?
— Lila, te conheço há anos, sei quando mente. Você não faz contato
visual com quem fala e ainda age com muito nervosismo, por isso vamos
— Eu já sei que você está saindo com o tio Alec, podemos passar essa
etapa da descoberta. — Me engasguei na hora com o líquido. Tossi muito,
uma junção do engasgo com o nervosismo.
— Como é que é?
entrando no quarto e voltaram um bom tempo depois. Lila, não estou com
raiva, nem nada parecido. Até gostei de vocês juntos, tio Alec ficou mais
nenhum, até chorou com medo de te perder. — Eu não sabia que isso tinha
— Lila, quando algo acaba entre duas pessoas e o motivo não é falta
depois percebam que não é mais a mesma coisa. Abbie talvez tenha sentido
isso e sua insistência feito o Alec relembrar como eram juntos. O homem
e eu, por ter sentido, pela primeira vez, que realmente estava grávida. Falar
vou ser mãe — falei para mim mesma, mas servia para a Piper também.
parecia que ia fazer uma das perguntas mais difíceis da sua vida.
em tudo o que fala, mas vou precisar questionar algumas coisas. Tio Alec é
impotente e infértil, como ele conseguiu transar com você e ter um filho?
feito alguns deles, sem acreditar que isso aconteceu. Alec não é mais
impotente. Ele tem feito terapia e descobriu que a impotência era algo mais
não teria como algo acontecer. Eu, virgem; ele, infértil. Não sei como, mas
aconteceu. Alec foi o único que saí na vida e estou grávida dele.
— Meu Deus! Que reviravolta maluca nessa história. E como ele
silêncio reinou novamente. — Ele não sabe, não é? Camilla Harrison, por
qual motivo você ainda não contou que o homem que enlouqueceria em
— Piper, é complicado.
— Alec me disse que ainda não sabe ao certo o nome do que sente
por mim, mas que queria ficar perto, comigo. Eu não quero que esse bebê
seja o motivo pelo qual ficamos juntos. Preciso ter certeza do que ele sente
por mim. Eu vou contar a ele, só não agora. Estou ganhando um pouco de
tempo para me entender e tudo isso também — falei, apontando para minha
barriga.
não tinham uma boa relação, e ela está aqui, morando com você e cuidando
do neto. Como aconteceu isso?
— Segundo ela, largou o meu padrasto e veio para cá porque o
está normal.
— Eu posso ter feito muito mais coisas na vida do que você, amiga,
organizar para amanhã, mas segredo, Piper. Ninguém pode ficar sabendo
antes que eu converse com ele, entendeu?
— Pode deixar. Eu te levo em casa, com esse braço, você ia ter que
pegar um Uber e esperar. Preciso cuidar desse bebê agora.
— E eu?
— Você está grandinha o suficiente para se cuidar sozinha. — Sorri.
sei o que faria sem você aqui, agora. — Uma lágrima ameaçou cair, e Piper
me abraçou repentinamente. Um abraço caloroso.
Ele tem feito o máximo para não me sufocar. Tem enviado mensagens
e sempre se colocando à disposição para qualquer coisa.
cama para visitas, algo que pensei que nunca usaria. Deitei-me e peguei no
sono rapidamente, essa coisa de gravidez drena toda a sua energia.
Acordei antes do sol raiar, enjoada como sempre.
Tentei comer algo, mas tudo era ruim. Pelo jeito, coisas doces me
deixavam muito enjoadas. Minha mãe acordou e me viu tentando cozinhar
algo.
— Bom dia, enxerida. Já disse que a cozinha é minha. Quer comer o
quê?
— Bom dia, percebi que coisas salgadas são melhores. Um sanduíche
vai bem. — Ela começou a preparar, e eu fui terminar de me arrumar.
organizar.
— Lila, nós nunca estamos prontas para sermos mãe e nunca vamos
engravidei de você, tive medo de contar ao Charles, não por ele ser um
marido ruim, mas tive medo de atrapalhar a carreira dele. Quando contei,
ele chorou de felicidade e disse que eu era uma boba. Éramos felizes
naquela época. — Poucas vezes vi a Dona Florence se lembrar de algo do
passado com um sorriso no rosto, de forma tão nostálgica. Entendi o que ela
quis dizer.
no braço, faltava pouco para tirar. No caminho, pensei no quanto senti falta
de uma figura paterna na minha vida, do quanto seria feliz por ter alguém
faríamos nas próximas semanas. A segunda fase estava perto e tudo ia bem.
Fui até o Alec para avisar que retornei ao trabalho. Cumprimentei a Érica,
— Bom dia, Lila. Tem certeza de que está bem para retornar? Se
precisar, pode tirar mais alguns dias.
— Bom dia, Alec. Tenho, sim, se eu ficar presa em casa com minha
mãe por mais tempo, vou à loucura. O protótipo também me espera, mesmo
sem um braço bom, posso acompanhar a programação e os detalhes. Você
está bem? — Ele me observou como se pensasse como deveria responder.
meu comportamento.
— Estou, sim... Desculpa, gente, mas lembrei que deixei algo na sala
e que preciso voltar agora. Bom dia e bom trabalho para vocês. — Saí o
mais rápido possível daquela sala e fui direto para o banheiro. Lá se foi o
no banheiro.
— Érica? Eu só comi algo que me fez mal, não se preocupe. — Fui
lavar a mão e passei um pouco de água fria no pescoço, para aliviar o enjoo.
— Lila, não tente mentir para mim. Isso pode ter enganado o Alec,
mas eu tenho dois irmãos mais novos e vi a gravidez da minha mãe, sei
como é estar grávida. Você rejeitou algo que mais gosta, enjoando dessa
forma, e sei que está saindo com Alec.
— Como sabe tudo isso? Calma, como assim sabe que estou saindo
com Alec?
me lembro de como ficou devastado com o seu acidente. Olha, não estou
aqui para revelar o seu segredo, vim porque acho que toda mulher no seu
sobrinhos do Sr. Donovan, o Joey, vem visitá-lo. Sugiro que fique fora da
vista, ele trabalha no consulado e é ótimo em ler pessoas. — Érica foi
saindo.
— Obrigada pela ajuda.
— Certo, você quem sabe, mas se alimente bem. Quero que os dois
estejam saudáveis.
— Pode deixar. Vou indo, beijos.
Desliguei o telefone e fui direto para casa.
Minha mãe já tinha feito o jantar e evitou colocar algo doce no meio.
— O médico disse o quê? Os dois estão bem?
— Sim, as coisas estão caminhando bem. Ele passou alguns remédios,
e exame, só mês que vem.
— Normalmente, os enjoos vão embora no terceiro mês. Está mais
perto do que nunca. Preparei algumas coisas salgadas e leves, você precisa
comer direito para ter mais energia.
— Eu sei, eu sei. — Sentamo-nos para jantar e resolvi perguntar a ela
algo que estava na minha cabeça.
— Mãe, o meu padrasto não ligou mais? Não te procurou nem nada?
— Ele não tem muito para quem ligar e bloqueei o número dele no
meu celular.
— Sei que você está aqui para ajudar por causa do seu neto, mas por
que decidiu ficar com ele, sabendo tudo o que ele fazia comigo e com você?
— Ela parou de comer para refletir um pouco antes de falar.
— Isso vai ser uma história que vou te contar depois, mas posso falar
Não tenho nem chance de pedir algo a ela, eu que errei. Não deveria ter me
deixado levar e ter aceitado de bom grado aquele beijo.
de conforto.”
— Alec, idiota. Isso não se explica à mulher que você ia dizer que
ama. — Amor... Um sentimento novo para uma antiga palavra. Uma que
voltou depois de tantos anos. Eu realmente a amo, ela me faz falta, meu
Preciso pensar positivo, ela não me disse que não queria mais me ver,
apenas me pediu um tempo. Preciso acreditar que nada foi perdido e tentar
acabar metendo os pés pelas mãos. Precisava respeitar a sua decisão. Achei
que seria mais fácil do que realmente é.
para me contar como foi seu dia e sorrirmos um pouco de tudo. Ninguém
Absolutamente ninguém.
Abri uma garrafa de vinho e fui com ela até a varanda. Sentei-me e
tentando ser o melhor, tentando provar para o mundo que eu tenho valor.
Uma vida voltada para bens materiais e os últimos anos sem me importar
vida vazia tomada pelo cinza, como um filme antigo que não tinha vida.
pequeno ponto em meu coração sombrio ganhou cor. Algo pequeno, mas
que fez a maior diferença de todas. Aos poucos, ela foi criando mais pontos
coloridos que logo se transformaram em imagens completas. Ela era o meu
centro de atenção, o meu mundo. Com ela, dei valor a tudo que me rodeia e
sempre.
eu tive nesses últimos anos, a que eu tinha agora e a que terei se ela me
Lila me deixando, fugindo para um lugar que eu não sabia como encontrá-
perguntava até quando, que era a pergunta que rodava a minha mente.
do mapa.
indiretamente por isso. O medo de perder a Lila me engole e não sei o que
fazer, porque errei feio. Essa dor no peito, a angústia e a ansiedade estão me
enlouquecendo, Ross. O pior de tudo é que tenho que fingir que estou bem.
acidente, logicamente você não tem culpa, não se tem como controlar a
coração bom, ela vai pensar em tudo e decidir o que é melhor para o
relacionamento, ela não apenas decidirá por causa de uma transgressão sua.
Eu refleti um pouco sobre isso.
Ele te deixa ainda mais ansioso. Volte assim que tiver os resultados, não
precisa marcar.
algo, mas também evita me chamar somente de Alec por respeito a mim.
Carson soube criar os filhos muito bem, todos são excelentes profissionais.
— Oi, Carson.
— Está livre, Alec? Vamos tomar um drink na mansão? — Olhei o
relógio, eram 21h. Eu só iria para casa e remoer a minha vida mesmo.
— Vou indo para lá, então. Já estou no carro, chego lá primeiro. Até
lá. — Orientei Fernando para onde devia me levar e fechei os olhos por um
vida vem para destruir o que a gente sente e o que a gente vive. Às vezes,
sobre o mundo e, para depois, dar mais valor a tudo o que nos rodeia e a
coisas e pessoas.
depois estava liberado. Peguei minha chave, preferi abrir a porta dessa vez,
não estava muito com humor para falar com quem abrisse a porta. Entrei e
tio Alec sobre o bebê dele, sabe que quanto mais prolongar esse assunto, é
Lila... grávida... meu bebê... Que brincadeira de mau gosto era essa?
Não é possível. Fui embora o mais rápido que pude, precisava pensar
sozinho e não tinha ânimo para ninguém depois do que ouvi. Por sorte, pedi
possível. Será que, depois de ver o meu beijo com a Abigail, Lila saiu com
alguém para descontar a raiva e engravidou?
Nem precisei pensar muito para saber o quanto essa ideia era ridícula.
Lila não era assim, ela não dormiria com qualquer um a troco de ciúmes.
Entornei minha bebida de uma vez e coloquei outra dose. Meu coração
acelerado, inquieto e ansioso e agora não poderia tomar o calmante, depois
de tanto álcool que eu bebi.
Avisei a Érica que não iria ao trabalho hoje, não lembro quando foi que eu
faltei o trabalho.
— Ela está grávida, Ross. Agora me diz como uma pessoa infértil
pode engravidar alguém? Isso é impossível, mas também era impossível
impotente ter ereção, e se for outro milagre? Como vou ter certeza?
— Tio... — Eu andava de um lado para o outro, tanta coisa a dizer, a
beijo com a Abigail, isso não é a Lila, mas e se ela foi imatura e fez? Tem
noção que a pessoa que coloriu o meu mundo pode ter um filho de outro?
Mas algo dentro de mim diz que ela nunca faria isso. Eu sinto que ela não
faria. AAAAHHH... Como posso ter certeza do que é certo ou errado?
— Alec...
— E sabe o final dessa história? Para mim, tanto faz se for meu ou de
outro. Eu quero ficar com ela, Ross. Eu a quero em minha vida e posso criar
facilmente o filho de outra pessoa, criar como meu. Ela realizaria um dos
desejos que mais mantive oculto na minha vida: ser pai. E tenho que esperar
esse maldito tempo que ela pediu! INFERNO!
sorte era ser cliente VIP do bar e ter uma área privada. Mostrei o meu
cartão na entrada e fui direcionado para a minha área. Pedi uísque duplo.
— Ainda bem que já pedi o meu drink, vejo que começou sem mim.
— Tomei um susto. Era Carson. Como ele me achou e por que está aqui a
essa hora?
— Carson? O que está fazendo aqui, como me encontrou?
— Bom dia para você também, mano. Parece que você preocupou
contrato, nosso relacionamento, como vi que era algo mais e como percebi
que a amava. E, agora, como sei que vou ser pai. Ele ouviu calado, não
sobre o contrato e agora ser pai. Nossa! Essa, eu não esperava. — A família
toda sabia que eu e a Lila estávamos juntos?
— Carson, não sei o que fazer. Tenho medo de perguntar a ela quem é
o pai, perguntar sobre tudo isso e ela fugir de vez. Quero saber por que
escondeu de mim, por que não me disse nada e está carregando essa história
sozinha.
— Não.
— Se ela estiver grávida de outra pessoa, ficaria com ela mesmo
assim?
— Sim.
— Confia na Lila?
— Sim.
— A ama de verdade?
— Sim.
Respondi a todas sem hesitar. Era o que eu realmente sentia, tirando
não importar se a Lila estiver com você, é o suficiente para começar, Alec.
— Você está certo, mano. Minha cabeça estava agitada, mas agora
consigo pensar bem melhor. Vou na Lila, ela vai me ouvir e dar uma chance
a nós dois. — Já ia levantando quando Carson segurou meu braço.
— Você vai depois que marcar uma consulta com o Ross e ele te
liberar. Se chegar assim, vai assustá-la e não passará segurança. Vamos com
Os calmantes que o Ross receitou foram incríveis, dormi em paz, mas pode
ter sido a conversa com o Carson também.
No outro dia, nos encontramos.
— Desculpe, Ross. Ontem, eu estava fora de mim.
meu pai, sei que deveria ser algo entre nós, mas você saiu daqui de uma
forma que me preocupou bastante.
opção. São alguns dos pontos que consigo ver, mas existem outros que
carregamos e não sabemos ainda.
— Eu nunca pensei que passaria por isso.
— Todos estamos suscetíveis às doenças de saúde mental. A nossa
me troquei e fui direto para a casa dela. Era um sábado, espero que não
tenha saído para canto nenhum. Mesmo com toda a conversa e ter refletido
bastante, rodavam diversas perguntas em minha mente. Só queria conversar
e entender.
afastar?
— Foi e não foi. Eu me preocupei em como você receberia a notícia
de que seria pai se achávamos que era infértil, não queria receber o olhar de
julgamento de você. Também precisava de tempo para entender tudo e
como ficaria minha vida a partir de agora.
— Confesso que tive um pouco de raiva quando vi que a Piper soube
antes de mim, mas hoje entendo que é algo complicado.
— Alec, eu...
— Lila, sei que temos um elefante branco no meio da conversa. Uma
pergunta que ambos não gostaríamos de fazer ou ter que explicar, então vou
só tirar o band-aid de uma vez e peço que me ouça depois, pode ser?
— Certo.
— Eu sou o pai? — perguntei, olhando diretamente para ela,
diretamente em seus olhos. Agarrei o balcão da mesa com força, com medo
da resposta.
— É seu, Alec. Sei que é difícil de acred... — Não dei tempo a ela,
apenas me aproximei o mais rápido que pude e dei-lhe um beijo. Um beijo
repleto de saudades, de amor e de esperança.
— Lila, naquele dia em que você me pediu um tempo, eu iria dizer o
nome do sentimento que tenho por você. Eu te amo, Lila. Te amo como
quem ama a própria vida, você virou meu mundo e é dona do ar que respiro.
Eu me sufoquei com medo de que me deixasse, que fosse embora. Quando
soube da gravidez, não vou ser hipócrita, pensei que você pudesse ter saído
com alguém por causa daquele beijo, mas logo a ideia se tornou impossível.
Eu confio totalmente em você, sei que nunca faria algo assim. E, mesmo
que tivesse acontecido algo, eu assumiria a criança, cuidaria dos dois,
porque você é o que mais importa para mim. — As lágrimas da Lila
desciam livremente.
— Alec...
— Só mais uma coisa: caso você decida não ficar comigo, queira
seguir sua vida, não se preocupe. Respeitarei sua decisão, só peço que me
pegou minha mão e colocou em sua barriga. Pela primeira vez, a sensação
me tomou. O sentimento de ser pai, de ter um pedaço de mim crescendo
dentro da Lila.
— Eu serei pai, nós seremos pais. — Minha lágrima começou a
descer, não tive vergonha, estava mais do que feliz. Lila me deu um
momento na vida que achei que tinha perdido para sempre. A barriga dela
não estava diferente de antes, mas saber o que tinha ali mudava tudo.
— Obrigado por tudo, meu amor. Obrigado por me dar isso.
mundo.
— Calma! Vamos devagar. Também quero contar, mas vamos esperar
um pouco, o exame para descobrir o sexo do bebê está perto. Podemos
contar quando soubermos. Tem o trabalho também, não quero preocupar a
Voltamos ao trabalho.
Tentei fingir que estava tudo normal e que nada mudou, mas a
preocupação com ela era automática. De vez em quando procurava uma
razão para ver a equipe ou a observava da minha sala. Não queria que
— Respira fundo e se acalma, vai dar tudo certo. — Para ele, é fácil
mas parou quando olhou para todos que nos rodeavam — ... braço? Como
domingo urgente não tem nada que nos faça faltar — Carson falou com um
— Era difícil algo perder para comida nessa família. Todos comiam
normalmente, eu também estaria assim se não enjoasse ainda com algumas
coxa.
escondido. Essa última expressão que ele usou, eu ouvia sempre que o meu
pai queria acalmar a minha mãe. Isso bastou para me deixar menos tensa.
a refeição.
problema causado pelo acidente foi revertido. Estou quase 100% inteiro. —
contar.
— Vocês que são lesados. Todo mundo percebeu só pelo jeito deles
entre eles.
— Meninos, ainda não acabei. Juro que só falta mais uma notícia.
irmãos, que ficaram revoltados por não saberem de nada, mas Carson levou
um baita choque.
imensamente grato pelo seu quadro ter melhorado, mas ter um sobrinho seu
— Quantos meses?
— Cinco meses.
— Estou muito feliz por vocês, Lila. Não existe pessoa melhor para
cuidar do meu irmão e não existe homem mais honrado para cuidar de
para hoje.
surpresas a cada instante. Amando isso. Pode mandar, amiga. Preciso saber
papel, e eu abri. O importante era que o bebê estivesse bem, mas confesso
que uma menina seria algo que eu gostaria muito. Abri e minha mão foi à
boca, tentando conter o choro de felicidade. Passei o papel para o Alec, que
leu.
caíram no meu ombro. Ambos estávamos chorando. Seu abraço tinha calor,
— Eu não acredito que vou ser tia de uma boneca linda. Meu Deus,
— Tenham cuidado com o furacão Piper. Lembro até hoje o que ela
— Apesar de gostar da ideia, vim para outra coisa. — Alec tirou uma
pedir em casamento por causa da gravidez, e eu não queria que fosse assim.
Fiquei nervosa.
— Não!
— Sei, sim, e não podemos nos casar por conta da gravidez, não
casamento. A amo demais, mas acho que precisamos de uma novidade por
vez.
calma.
— Você está muito agitada, garota. Está cheia dos hormônios e
equilibrada, mas posso te dizer que eu não vou a lugar nenhum. Não tem
assunto, essa caixinha contém algo que é seu há um tempo. Acho que é uma
sempre que quiser e fique o tempo que desejar. Também deixei espaço no
closet, para que deixe roupas por lá. Te quero cada vez mais perto, não
somente pela gravidez, mas para te conhecer muito mais do que conheço
agora.
— Alec... Eu...
— Não precisa pensar e, se não quiser, nem precisa usar. Apenas
nesses últimos anos. Com certeza vou guardar, não prometo usar, mas
tentarei fazer uma surpresa às vezes. — Assim que o abracei, a campainha
tocou.
— A casa hoje está agitada. Deixa que eu atendo. — Joey quem abriu
a porta. Um silêncio permaneceu por um tempo. Ninguém cumprimentou a
tudo o que vocês passaram, queria dividir esse momento com ela também.
Ela está tentando. — Abigail entrou e ficou calada enquanto eu falava.
bem essa minha ideia. Eu sei como é ser isolada, sei como é não ter
ninguém, eu entendo um pouco a Abbie. Estava cansada de tanta briga na
vida.
apenas uma grande família feliz. Abbie amou saber que seria uma menina e
já foi logo me perguntando sobre o nome, mas eu não tinha a menor ideia.
Lembrei que ela disse que somente ficaria até eu melhorar do acidente.
Algumas semanas já se passaram, e ela continuava lá, não que eu faça
— É sobre eu ir embora, não é? Eu sei que disse que ficaria até que
você estivesse melhor, mas estou procurando um lugar ainda e preciso de
um emprego e...
— Mãe, não é sobre isso, pode ficar o tempo que precisar. Eu preciso
fazer uma pergunta e quero toda a sua honestidade nela, você pode me dar
essa verdade?
vespeiro, mas, para quem ama, minha mãe faria isso. E ela fez.
— Bem, não é algo que eu me orgulhe, mas vou contar. Eu me casei
com o seu pai nova, era um casamento por amor. Apesar de saber que o
trabalho dele nos deixava separados por um tempo, eu não tive medo. Você
foi o nosso maior presente, uma filha nossa era tudo o que queríamos.
Nossa família realmente era feliz, parecia que tudo era encantado, até
tomasse a minha vida. Me joguei no álcool e achei que seria melhor para
você se eu me afastasse. Às vezes, me sentia sozinha, sentia falta do carinho
fugiu, eu quis ir atrás de você, mas pensei que estaria livre agora e seria sua
vez de voar.
levei em conta que você teve algo muito maior com ele. Eu quero que
minha filha tenha uma avó próxima e que seja rodeada de amor. Quero que
fique.
Terminei de falar, mas algo tinha capturado sua atenção muito antes
que eu terminasse.
— Você falou, filha. Descobriu o sexo do bebê? Vai ter uma menina?
Eu, esquecendo as coisas.
mente como uma cicatriz. Nós decidimos que, a partir de agora, seria um
livro em branco para nós duas, uma nova história construída com a minha
filha.
As coisas voltaram à rotina de sempre, ou o mais próximo que
bastante. Agora que contei a vocês, vamos voltar a nos concentrar enquanto
eu ainda tenho humor com esses hormônios.
causasse problemas à gravidez, portanto, o meu café não tinha nada para
adoçar. Minhas roupas começaram a ficar muito apertadas e tive que trocar
boa parte do meu guarda-roupa. Eu e Alec decidimos colocar o quarto do
bebê na sua casa, já que a minha não tinha espaço. Ele até tentava ser
parecer tranquila, normal, para que a equipe não ache que pirei de vez e que
sou uma péssima capitã, mas é um baita trabalho isso.
— Talvez você devesse ser sincera. Não se espera que uma grávida
seja perfeita, se espera que ela surte, chore, grite e depois melhore. As
pessoas possuem fases, Lila. Quando você parar de se julgar e entender que
está passando por uma dessas fases, garanto que a vida vai ficar mais leve.
Vou indo, mas pensa no que eu disse.
Érica saiu. Eu e os hormônios ficamos.
Alec foi até o quarto e voltou com algo nas mãos. Veio até o sofá e
colocou o meu copo ao meu lado. Sentou-se e me pediu a perna. Não
entendi, mas dei a perna para saber até onde ele ia. Pegou um pote de creme
que estava na mesinha, atrás dele, e começou a massagear o meu pé de
férias. Eu quero viajar para um lugar legal, ficar a sós com você, aproveitar
enquanto somos apenas nós dois. Quando formos três, não vamos ter paz
tão cedo.
— E o projeto? Se viajar, vai ficar ansiosa com o protótipo.
— Nada, o projeto está quase no fim. A equipe está rodando a análise
final.
— Bom saber, então, Srta. Harrison. Vou pensar em algo para nós
dois. Agora, vamos dormir que amanhã é dia de exame e toda aquela
correria médica do mês.
vida.
Saber que a pessoa que amo está grávida de um bebê meu já é algo
perfeito, ainda mais depois de todo o meu caso.
Entretanto, não levei em conta que Lila teria uma vida bem
cansada, a barriga pesava e estava a cada dia maior. Foi até a cafeteira e
parece que o copo levou a pior, ela esmagou o coitado. Este era outro
encontrasse.
muito com o projeto e depois ficou sem vontade de fazer nada, diversas
mudanças em apenas um dia, e eu não sabia como acompanhar.
aspectos, era o meu irmão mais velho, então ele poderia me dar algumas
— Estou, mas qual a novidade para sair para beber tão cedo?
no bar.
— Ainda bem que lembra, pois preciso de muita ajuda. Lila está
berço, o montei todo, vedei seus olhos e mostrei o quarto com o berço
montado. Lila chorou tanto que parecia que eu tinha dito que alguém
morreu. Achei que tivesse feito algo errado, mas ela me disse que estava
feliz.
— Imagino como deve ser. Você, então, quer dicas de como ajudá-la?
melhore seu humor, essas coisas são as que preciso. Mano, tenho medo de
que algo dê errado na gravidez e não quero nem pensar nas consequências,
ter partido tão cedo, ele não falava das lembranças com mágoa. Ele tinha
de histórias é bem mais leve e nada durão. Devem ter sido os melhores anos
da vida dele.
de que o clima da cabana, com uma boa ajuda sua, vai deixar a Lila leve e
— Vai embora?
semana de folga com a Lila. Vou voltar para a empresa, depois deixa a
chave na mansão, que pego lá.
— Alec Donovan, um viciado em trabalho, tirando o fim de semana
para relaxar?
despedi do Carson e fui embora, sorrindo. Espero que ele, um dia, encontre
— Ah, garota, você vai receber uma massagem de verdade nesse fim
de semana.
incrível que só se sabe o real valor quando se está lá. Nunca vi alguém tão
feliz na vida, umas férias a três enquanto nossa filha ainda está no forninho.
muito o que mostrar em questão de cômodos, era a casa mais simples que a
minha família tinha, mas não deixava de ser calorosa. Além disso, a
algo lá depois.
lareira e madeira ao lado, deixa comigo, eu faço essa parte. Como sei que
não vai gostar de ficar parada, deixo a parte da cozinha com você. Tem tudo
doem, meu corpo parece triturado e meus órgãos espremidos — ela fala
— Lila, eu queria fazer mais por você, mas minha ajuda se resume ao
campo humano.
— Só em você querer passar por tudo isso comigo, já fico feliz, Alec.
Ainda mais sabendo e vendo todo o seu esforço por nós. Agora, vou
abraço com uma grande barriga entre nós. Eu não sabia que precisava desse
tipo de carinho até conhecer.
algumas coisas gostosas para acompanhar o suco de uva que trouxe. Queria
a experiência do vinho sem o álcool.
Achei que seria algo rápido, mas Lila dormiu até umas 16h. Fiquei
com pena de acordá-la, se conseguiu dormir bem aqui, é sinal de que a
— Srta. Harrison, sente-se aqui, por favor. — Ela foi até a cadeira e
puxei para que se sentasse. Sentei-me do outro lado e nos servi com alguns
Desde o começo, meu pai queria encontrar um lugar para fugir do trabalho
e da rotina. Quando minha mãe engravidou, essa vontade ficou ainda mais
forte, queria desestressar e relaxar a minha mãe também. Assim que viu a
cabana, a comprou sem pensar duas vezes e sempre a chamou assim.
— Então, todo casal dos Donovan vem para cá quando a mulher
engravida?
— Não somente por isso, mas, sim, todos vem. Carson veio para cá
até que um câncer de mama a levou. Não foi instantâneo, levou um ano e
meio até sua morte, a Piper tinha 15 anos na época em que tudo aconteceu.
Me levei pela história e cheguei em uma parte triste. Até hoje, não sei
qual parte é pior: demorar a ir embora e prolongar o sofrimento ou sofrer
rapidamente.
— Lá estava o Carson, chorando no corredor, enxugando as lágrimas
e entrando com um sorriso no quarto, ambos sabiam que não era verdadeiro
aquele sorriso, mas fingiram que nada acontecia. Ele suportou muita coisa
pelo grande amor da vida dele. Por anos, tomei o casamento da Fran e do
Carson como exemplo de casamento para mim, daqueles que você não
os dois à morte. Mereciam ter mais tempo juntos? Com certeza, mas
acredito que viveram o máximo que podiam naquele tempo e não trocariam
— Se for como aquela que você fez no meu pé, vai ser magnífica.
— Vou só descer algumas coisas, limpar aqui e daqui a pouco chego
no quarto. — Lila pegou alguns pratos, apesar das minhas reclamações, e
camisola. — Lila, tira a camisola, por favor. Vou usar um óleo corporal para
ajudar na massagem.
vergonha, eu amava seu corpo agora. Seus seios estavam ainda maiores e
sensíveis e as partes baixas inchadas, como se me chamassem o tempo todo.
virasse com a barriga para cima para ter acesso ao resto do seu corpo, a
parte que eu mais desejava e tudo o que eu via me fazia delirar de prazer.
afinal, Lila era linda, e agora estava ainda mais. Por isso, comecei pelas
pernas, e ela pareceu relaxar, e o melhor de tudo, parecia gostar do que
acontecia.
Deixei que o óleo derramasse diretamente na sua barriga e fui
espalhando. Ela estava bem redondinha, linda demais. Comecei a espalhar o
óleo, levando até os seus seios enormes. Massageei embaixo deles e depois
passava, seu corpo reagia e ela soltava um gemido escondido, meu pau
estava doendo na cueca nesse momento, mas ainda não era o momento.
Fui descendo a mão e massageando suas pernas e seus pés para aliviar
a dor do inchaço, até que comecei na parte interna da coxa, na virilha.
Acariciei suas pernas que estavam dobradas e sua vagina se abriu como
meu pau era algo que massageava e me enlouquecia, mas esta era a vez dela
de gozar.
Penetrei fundo e alternei entre estocadas brutas e leves. A posição em
que ela estava era ainda mais excitante, seus peitos balançavam e ela sentia
o meu pau entrando e saindo ainda mais. Lila gemia alto de prazer e prendia
o lençol da cama com as mãos, tentando segurar à vontade, em vão.
Sentia as paredes internas da sua vagina pulsarem, eu sabia que estava
perto de gozar e não iria parar até chegar a esse momento. Ela explodiu em
empinou sua bunda para que eu tivesse mais espaço para penetrar e foi
ainda melhor.
Meu corpo suava de todo o movimento, mas o meu tesão nunca
esteve tão no auge. Eu não tinha medo de broxar, não tive medo de que não
explodi dentro dela e, para minha surpresa, Lila explodiu novamente. Essa
era a melhor sensação do mundo. A moleza bateu e ficamos um tempo ali,
parados e descansando. Recuperando o fôlego.
Lila me tinha na palma da mão. Tudo o que eu pensava era em seu
prazer, tudo o que eu queria era gozar para ela, pensando nela. Essa mulher
ocupou todo o meu ser, apesar de não ter fôlego, eu a observava buscando
ar depois da nossa transa e ela era a mulher mais linda do mundo.
— Uau!
— Relaxou?
— Depois de tudo isso? Impossível não relaxar. Te amo.
— Também te amo. Poderia ficar a noite toda aqui, agarradinho, mas
o sono bateu forte agora. Vamos tomar uma ducha juntos, na banheira.
A ajudei a se levantar, preparei a água e entramos. Passei sabonete em
todo o seu corpo. A mesma mulher, o mesmo corpo e zero tesão de sexo, só
vontade de cuidar. Tinha certeza de que, se me chamasse para transar, eu
iria, mas agora queria cuidar das duas ali.
— Eu tive medo de que você me olhasse diferente com toda essa
mudança em mim.
— Garota, o que sinto por você é essência, e não somente físico. Do
jeito que está agora, meu tesão é ainda maior, porque está ainda mais linda.
Do jeito que vai ficar depois que tiver nossa filha, a beleza vai aumentar
No outro dia, caminhamos pela floresta até um lago ali perto. Ficamos
olhando por um tempo, conversando e brincando com pedras na água. O dia
passou rápido e já era noite. Amanhã começaria tudo de novo.
— Quer ficar mais um pouco?
— Não me leve a mal, meu amor, adorei cada momento, mas preciso
voltar para a civilização e para o projeto. Podemos voltar aqui depois que
ganharmos o evento.
— E eu que sou viciado em trabalho. — A abracei, brincando.
Fomos até Carson e a deixei na sorveteria, que ficava ali perto. Fui
entregar a chave da cabana no seu escritório.
— Mano, muito obrigado. Essa cabana é mágica.
— Acho que você entendeu a calmaria e o sossego de lá — falou com
agora, pois vou viajar, mas, se precisar de algo mais, basta me ligar. Fico
feliz em ajudar os dois.
O cumprimentei e saí do escritório. Fui em direção à sorveteria onde
deixei Lila, e ela não estava por lá, olhei para dentro da loja, e ninguém por
perto. Liguei para o seu telefone e chamava até cair a ligação. Estranho.
Olhei ao redor, a procurando, até que vi, na esquina da rua, uma
mulher grávida de costas. Não tinha dúvidas de que era Lila, ia me
aproximar quando vi que um homem estava puxando o seu braço, e não era
amigável. Antes que eu falasse algo, vi uma arma na sua mão.
Congelei.
Meu maior medo passando na minha frente.
— Pronto, pode matar seu desejo por sorvetes. Vou devolver a chave
da cabana a Carson e agradecer o fim de semana, daqui a pouco volto para
— Acho que, quando voltar, vou ter tomado uns quatro sabores, então
pode ir tranquilo. Estou em boas mãos. — Eu salivava pensando no sorvete,
desejo é algo louco mesmo. Alec me deu um beijo e saiu para o escritório
ajudar, não tinha como pensar em alguém melhor para passar comigo por
esse momento.
para o papai depois. — Quase terminando o sorvete, uma voz ecoou atrás
de mim, bem perto do meu ouvido. Uma voz que eu esperava nunca mais
vai bem de vida. — Me virei e dei de cara com o meu padrasto, ex-padrasto
na verdade. Estava com medo, senti meu corpo gelar e travei com aquela
visão, mas não poderia deixar que ele percebesse. Me levantei da cadeira,
— Não tenho nada para te dizer. Aliás, tenho uma coisa: suma da
minha vida de uma vez.
ele me puxou pelo braço e me levou até a esquina, uma área mais afastada e
que ele podia falar livremente.
— Escuta aqui, sua vadia, eu sei que você ganhou uma bolada
— Eu não vou te dar nada. Daqui a pouco, meu namorado vai voltar e
que fiquei surpreso por ela ter me deixado e vim até aqui levá-la à força
para casa, pelos cabelos se fosse preciso, até que a vi indo para a sua casa.
Meu Deus! Ele realmente sabe onde moro. Coloquei a mão na barriga
— Não tenho nada contra essa criança, pode ficar tranquila, não sou
tão baixo assim, mas quero a grana. A sua mãe foi uma boa fonte de renda
por um bom tempo. Aproveitei que estava carente, sentimental com a perda
do marido e me aproximei. Ganhei anos de pensão e uma vida confortável,
tudo com uma boa dose de chantagem e ameaça de morte, e ela fazia de
tudo para proteger você. Um dia, ela resolveu ter coragem e fugiu.
quero dinheiro, ia confrontar as duas antes, até que vi o ricaço indo até sua
casa, ele parecia ser o pai do bebê. Então pensei: “Posso pedir um resgaste,
tenho certeza de que ele vai pagar qualquer coisa”. E aqui estamos nós.
algo frio encostando na minha barriga. Não queria imaginar o que era,
mesmo sabendo.
— Calma aí, vadia. Acha mesmo que vou te deixar ir embora assim,
tão facilmente? Assim como a sua mãe, você daria a vida por esse bebê,
então venha comigo até o meu carro, caladinha. Não tem necessidade de
Eu não tinha o que fazer, dessa vez não era apenas a minha vida em
risco. Mel estava em risco também e, de uma coisa ele estava certo, eu daria
minha vida por ela. Minha respiração ficou mais pesada, eu sentia o pânico
bolsa, ficou com o meu celular e me revistou para que eu não enviasse sinal
para outras pessoas. Depois disso, seguiu com o carro por várias ruas. Acho
percebi. Ele continuou dirigindo até que o cenário ao redor mudou e ficou
mais deserto. Prédios foram substituídos por galpões, alguma área industrial
deserta. Lógico!
aqui.
— Você acha que vai ter isso, mesmo que tivesse, não reconheceria a
felicidade de tão amargo e escuro que é. Seu nojento. — Cuspi em sua cara,
e ele me deu um tapa no rosto tão forte que fiquei alguns segundos sem
eu prendi. Não ia chorar na frente dele. Um galpão foi aberto, uma cadeira
quietinha aqui, vou ligar para o seu namorado. Em breve, eu volto e, quem
as amarras machucavam meus pulsos. Essa cólica não era bom sinal, e eu
não sabia o que fazer, me sentia perdida. Só uma pessoa veio à minha
— Charles, papai, essa é a última coisa que te peço: cuida da sua neta,
por favor. Não me importo comigo, mas não deixa nada acontecer com ela.
Preciso da tua ajuda, pai. — E chorei até que as forças se foram e eu caí no
sono.
Presa.
Em plena escuridão.
Eu não sabia quem era o homem.
de como seria minha vida sem as duas, sem Lila e minha filha. Como seria
tudo se algo acontecesse com elas e tinha certeza de que não queria viver
isso, porém, eu não podia avançar, o cara segurava uma arma e poderia
inimigos, alguém que não gostasse da Lila, alguém louco o suficiente para
fazer algo assim. Nada me passou à mente, então lembrei que poderia ser
estar desesperado por dinheiro e, de alguma forma, sabe que Lila pode dar.
A entrevista que ela fez no evento, com o cheque da premiação, será que ele
viu?
Não pude continuar pensando na situação, Lila foi puxada pelo braço
até um carro ali perto. Não pensei, apenas agi e entrei no meu carro. Decidi
seguir os dois, não deixaria que sumissem facilmente da minha vista. No
caminho, liguei para o chefe da minha segurança.
perseguição.
— Sr. Donovan, essa situação é de extremo perigo.
— Eu sei, mas não posso deixá-las nas mãos de um cara que não vai
pensar duas vezes em atirar em alguém.
por perto e ser deserta. Estacionei o carro um pouco longe e fui andando,
agachado e me escondendo entre alguns contêineres.
O cara entrou no galpão e saiu sem ela, deve tê-la amarrado em algum
lugar ali dentro. Fechou a porta e foi embora. Aguardei um pouco para
saber se voltava rápido, quando percebi que não, corri até o galpão e peguei
um dos metais retorcidos ali perto para quebrar o cadeado.
O medo me tomou.
— Lila? Lila, meu amor, acorda, por favor. Garota, você precisa ser
forte um pouco mais para sairmos daqui. Abre os olhos, por favor. — Ela
foi retornando aos poucos. Seu rosto estava inchado do lado que levou a
tapa, passei os dedos por ali, me culpando por não estar presente quando ela
precisou.
— Garota, não quero ouvir desculpas. Você não tem culpa da falta de
caráter dele. Agora me deixa te tirar daqui antes que ele retorne. — Soltei-a
da cadeira e ela se levantou, mas se contorceu com dor em algum lugar.
— O que houve?
— Uma cólica. Essa é a segunda de hoje, estou com medo dessa dor,
aqui e a vagabunda deve ter contado o meu plano, basta que mande
trazerem o meu dinheiro e vocês podem ir embora. — Eu queria quebrar
todos os dentes dele só pelo tapa e por chamá-la dessa forma, mas precisava
manter a calma.
querendo falar que não sairia dali, eu não podia tirar os olhos dele até que
conseguisse uma resposta.
— De jeito nenhum! Ela é uma barganha ainda maior, esse bebê vale
ouro.
não queria ser culpado por assassinar um bebê, ao que parece, e essa foi
minha deixa.
Tentei pegar, mas vi que ele alcançou primeiro. Voltei correndo para
proteger Lila de algum tiro e foi a melhor ideia que tive. Ele atirou na
direção dela, me joguei na frente e pegou de raspão no meu braço. Mesmo
nós.
— Sr. Donovan, vim o mais rápido que pude. Esse sangue vem de
onde?
— É o meu braço, um tiro que pegou de raspão.
que veio correndo. Quando avisei que a refém era uma grávida, é protocolo
levarem paramédicos. Eles a colocaram em uma maca, e eu fui ao seu lado,
agoniar, agora era esperar, infelizmente. Fui até onde indicou, uma maca na
enfermaria, e me sentei. Ela fechou a cortina e fez um corte na minha
corredor até ver Lila, corri até ela e a abracei o mais forte que pude.
— Alec, assim vou ter falta de ar.
só repouso agora. Ele deve estar preso, foi detido em flagrante. — Minha
sogra abraçou a filha e depois me abraçou.
— Me perdoem, por favor. Eu sou a culpada, fui eu quem o deixei
entrar em nossas vidas e o trouxe até você. Tenho certeza de que me seguiu
até sua casa. Eu vou embora, não vou deixar você e minha neta em perigo.
— Mãe, se acalme. Não precisa pedir perdão por nada. Já passou e
nos livramos dele de uma vez por todas, agora tudo ficará melhor. Ele me
contou que te chantageava, você não tinha o que fazer, estava com medo.
— Mano, você sabe como deixar a vida agitada. Ainda bem que nada
sério aconteceu, vou ver a alta dos dois e levá-los para casa. — Carson saiu
e me lembrei de algo que ia falar antes de toda a confusão.
— Sra. Harrison, encontrei um trabalho para a senhora. Ia falar com a
— Bom dia, Sr. Chatice. Não vou ficar na cama com o evento tão
perto de acontecer. Passei meses lutando por essa vitória, não vou desistir
agora e nem deixar a equipe na mão.
— Você sabe que o evento é uma fonte de estresse, e o médico pediu
não iria me ouvir por nada nesse mundo. Só espero que nossa filha seja
menos teimosa.
O dia do evento chegou.
Até o meu coração estava acelerado.
Lila estava nervosa e senti sua mão um pouco inchada. Pedi para a
Érica medir a pressão dela, estava alta. Apesar disso, Lila não cedeu em
momento nenhum e subiu ao palco para apresentar o projeto.
ansiedade.
Em casa, ela assistiu a tudo.
Roeu todas as unhas que tinha e, quando o resultado saiu dias depois,
só não pulou mais porque a barriga estava enorme. A equipe inteira se
Foi nesse dia em que Lila teve a certeza de que nasceu para isso. Que
tinha talento, habilidade e só restava uma chance para provar ao mundo do
que era capaz. E provou.
3 meses depois...
Lila estava com nove meses de gravidez. Mel não decidia quando ia
sair e já tinha dado inúmeros alarmes falsos. Entretanto, Lila não abriu mão
da inauguração acontecer no dia marcado, mesmo com a gravidez no estado
em que estava.
— Lila, pela milésima vez, não acho que deveria ir até o palco e ficar
em pé por esse tempo. Você está quase parindo.
— Alec, sem exageros. Mel não vai sair justamente na inauguração,
que pude.
Ainda acho que deve ser mais uma contração falsa, não queria deixar
ninguém em alerta novamente. Senti umas três e suportei, mas a quarta
quase me derrubou de dor. Acho que agora era real, essa sensação era
diferente.
me levando.
— Como sei que minha paciente é muito teimosa, vim até aqui só
para ter certeza de que estava bem, pelo jeito chegou a hora. — Olhei para o
lado e vi o Ross. Soltei um sorriso.
— Está para nascer alguém tão calculista como você, Ross.
daqui.
— Você chamou quando?
— No momento em que cortou a fita. Acha mesmo que não estava de
olho?
— Às vezes me assusta esse seu jeito tão frio e calculista, mas foi um
timing perfeito. Obrigada.
— Por nada. — Uma nova contração.
— Sete minutos entre contrações. Dá tempo de chegar no hospital.
parto com o bebê e isso rodeava minha mente dia e noite, mas essa era a
hora de apoiá-la.
Chegamos no hospital e fomos direto para a sala de exames. A
obstetra fez tudo o que precisava para confirmar se era o momento e
realmente Mel estava nascendo. Meu coração acelerou. Somente nós dois
ficaríamos na sala.
Eu não tinha noção de como era o processo. Somente Carson passou
por isso, e ele me disse que era um momento único para cada pessoa, não
tinha como explicar. Eu estava nervoso, suava frio, tentei me controlar e
nada conseguia apagar da mente que o momento chegou.
A cada vez que as contrações diminuíam com o tempo, eu sofria ao
ver Lila passando pela dor. Não sei se teria forças para passar por aquilo,
por isso precisava estar presente e dar todas as forças que ela precisava.
Quando o tempo entre as contrações ficou bem pequeno, a médica sinalizou
que chegou a hora.
— Não, calma, não. Eu não tenho forças para isso. Não consigo,
usar minhas forças quando faltar as suas. Vamos passar por isso juntos, a
cada minuto. Você não está sozinha. — A médica sinalizou que ela
precisava empurrar, e ela fez o máximo que podia. Diversas vezes, uma
atrás da outra.
vamos ser fortes pela Mel, vamos, meu amor. Juntos. Um, dois, três... —
Lila empurrou com tudo o que tinha e apertou minha mão com todas as
forças. Eu já não sentia meus dedos e isso não me importava.
Mel saiu.
Lila apertou ainda mais minha mão pelo mesmo medo que eu.
Um choro, atrás de outro ainda mais forte.
Mel berrou com todas as forças que tinha, e eu chorei todas as minhas
lágrimas. Minha filha nasceu e Lila estava bem. Esse era o maior presente
da minha vida. A médica nos deixou vê-la antes que fosse para o berçário.
— Mel, minha linda, bem-vinda ao mundo. — Ela se acalmou no
momento em que chegou nos braços da mãe. Eu não sabia o que dizer, só
fazia chorar, emocionado com tudo aquilo. Uma cena que nunca pensei que
viveria e que sentiria. Toquei em sua mãozinha e ela agarrou meu dedo, eu
sorria como uma criança boba, vendo algo tão lindo.
Lila foi levada ao quarto, e Mel foi para o berçário.
Avisei que iria em casa buscar algumas roupas, mas que logo voltaria.
Elas estavam em boas mãos.
— Posso?
— Carson, você é a pessoa mais experiente nessa família para lidar
com crianças. Com certeza, pode. — Ele sorriu com o que falei e pegou a
Mel. Carson tinha um jeitinho tão prático de pegar o bebê e acomodar no
ninguém fazendo isso, mas senti na hora que era o certo, era o que ela
precisava. Ver a Mel aqui, com você, me traz uma grande nostalgia. Parece
que estou vendo a Francine com os bebês no braço. Um momento que eu
voltaria com imenso prazer.
Carson contou exatamente o que Alec fez. Acho que foi instintivo
— Somos, sim. Lila, acho que já te falei isso, mas te agradeço demais
por me dar esse presente. Sei que é a nossa filha, mas eu nunca pensei que
viveria esse momento, você me deu essa chance e permitiu que tudo isso
— Não precisa falar nada, meu amor. Sei que vamos viver
intensamente tudo com a Mel e sinto que você será um pai tão bom quanto
o meu.
— Sim, serei. A partir de hoje, começa a minha vida. Hoje, me tornei
vou dar valor a ele todos os minutos da minha vida. Hoje, eu ganhei um
motivo de vida, mais um deles. Minhas duas garotas.
MEL COM 6 MESES...
Ela dormia feliz no meu braço. Nada incomodava seu sono, era uma
garota feliz. Eu observava aquela bebê maravilhosa e me lembrava de todo
momento.
Não posso negar que tive bastante ajuda.
grande força-tarefa para nos apoiar a todo momento e minha mãe era quem
mulher que ela lutou para ser e da família que ela tentou manter.
chegará nas principais, do jeito que ela é persistente, não tenho dúvida.
— Minha linda, nós somos abençoadas. — Seu sonho era feliz, pois
passaram o dia?
— Eu estou sem energias, a Mel tem uma bateria infinita. Nem sei
Ele foi tomar uma ducha e estava falando algo, mas minha mente não
ouvia mais nada, apenas queria descanso. No outro dia de manhã, acordei
Alec não perdia o momento para falar algo com tom de safadeza.
Não posso negar que esse foi o melhor presente que ganhei nos
últimos meses. Meu celular vibrou e duas mensagens chegaram. Uma era da
ao máximo.
Fernando me levou até um SPA particular que ficava à beira-mar. Eu
me tornei uma pessoa extremamente rica. Sei que me tornei por estar com
Alec e pelos meus projetos, mas nunca pensei que chegaria nesse nível. O
SPA, o Sr. Donovan deixou tudo reservado para a senhorita. Peço que me
Dormi.
serviços que me deixaram leve como uma pluma, confesso que peguei no
Ainda estava confusa por ter despertado há pouco tempo, mas tenho
ela saiu da sala de massagem. Olhei para o lado e ali estava um lindo
— Bem, já estou aqui mesmo, não custa nada ver o que virá.
Me vesti e calcei um par de sandálias que estava ali perto. Quando saí
da sala, uma pessoa, sorridente, como todos do resort, me conduziu até o
píer do lago. Lá estava a estrutura mais linda e delicada que já vi, um
— Desculpe, me disseram que era um jantar. Por que tem apenas uma
cadeira?
enigmático. Me veio à cabeça Alec, o que será que ele estava aprontando?
LIGUE.
Não sei o que ele estava aprontando com isso, mas era um dos
presentes mais lindos que já vi. Quando o número chegou a 365, as fotos
minha vida.
orgulho em estar vivo. Me mostrou como a vida deve ser vivida com sua
nossa Mel.
perguntar isso há muito tempo, mas não queria que pensasse que era por
Quero que saiba que o que vou te perguntar é fruto de todo o amor
admiração que tenho por você. Que tenho por aquela garota que cuidou de
me esperava.
Alec estava ajoelhado, bem na minha frente, com um anel apontado
para mim.
— Meu amor, você quer se casar comigo? — Levei a mão à boca, a
rosto, ele estava certo em esperar, ele me conhecia. Hoje sei o quanto ele
abracei com todas as minhas forças, não o queria largar jamais. Me deu um
perfeitamente.
— Tenho que concordar. — Dei um beijo e o abracei enquanto
saboreava o café.
— Que venha uma vida inteira pela frente, Alec. Juntos, podemos
qualquer coisa.
O dia seguinte foi pura comemoração.
com o Joey um dia em que ele foi à empresa falar com o Alec, pareciam se
conhecer bem.
perfeitamente.
Carson não entrou como padrinho porque tínhamos outros planos para
— Carson, mano, você não foi padrinho, porque, além de ter tido três
filhos que precisam fazer tudo juntos, escolhemos você e Piper como
padrinhos da Mel. São as duas pessoas que mais marcaram nossas vidas e
fazemos questão de entregar nosso bem mais precioso aos cuidados dos
dois. Piper, sei que você será a perfeita representante da sua mãe aqui —
Alec falou, e Piper ficou histérica, pulou no meu pescoço quase chorando
certeza, para minha filha também por sermos responsáveis pela Mel. Estou
muito emocionado e sei que a Francine está desejando muitas coisas boas a
todos nós, onde quer que esteja. Vocês merecem toda a felicidade do
mundo.
o tempo todo, um dia das mulheres. Quando vesti o véu branco que cobria o
meu corpo, aquela roupa, aquele manto...
príncipe real, mas por ser amada como eu realmente mereço, por eu me
sentir merecedora de tudo e qualquer coisa boa no mundo.
novamente.
As portas se abriram por completo.
meus também. Não era a primeira e nem a última vez que nos veríamos
assim, que nos desejaríamos com essa intensidade, mas era única.
Robert cumprimentou Alec com um olhar orgulhoso por ter esse título.
— Quatro meses. Estava tentando manter em segredo o máximo
possível, ele é modelo e não queríamos essa repercussão. — Robert falou
o quanto o Alec mudou ao se abrir para alguém, senti uma vontade de sentir
isso também. Conheci o Robert e me permiti ser feliz, ele é incrível e estou
curtindo o momento.
— Aproveite, sei que será muito feliz.
— Obrigada por tudo, Lila. Por ter sido tão compreensiva comigo, sei
que nosso início não foi dos melhores, mas quero que sejam muito felizes.
Eu vim me despedir, vou viajar com o Robert para Milão hoje ainda. — Ela
nos abraçou e disse que, quando voltasse, ia marcar um café, depois
— Fico muito feliz por isso, marido. Tem algumas pessoas nessa
família que desejo “contaminar” com esse vírus. Espero que Carson seja o
FELIZ...
Não conseguimos dormir muito, pois, no outro dia, era o batizado da
Mel.
Todos nos encontramos na mesma capela do meu casamento, e seria o
claridade.
— Você se empolgou demais na bebida, amiga. Deve estar cansada.
— Estou exausta, ressaca pesada e nem posso descansar, meu voo sai
daqui a algumas horas. Acabaram as minhas férias.
— Chandler me perguntou.
— Os quatro. Até a Piper é difícil. — Ela reclamou e a briga
continuou.
— Esse é o nossos felizes para sempre, esposa.
— Não, marido. Todos os dias serão nossos felizes para sempre, meu
príncipe real.
— Obrigada por me dar tudo isso, minha rainha.
Ele me chamar assim me faz sorrir. Nos beijamos e eu faço uma prece
SÉRIE FAMÍLIA DONOVAN
LIVRO 2
Um momento.
Uma chamada.
Bastou apenas isso para trocar um momento feliz por algo de extrema
preocupação.
Estava conversando com a família na mansão quando meu celular
me afastei de todos.
— Alô?
— Carson?
sua sobrinha, posso te ligar outra hora se preferir — dizia, mas sua voz
A voz masculina falou que tinha lhe chamado, e ela não havia
respondido, que era uma secretária executiva terrível e, por isso, merecia
ser disciplinada para não errar novamente. Que a próxima vez seria pior.
você se envolva dessa forma e complique a sua carreira por minha causa.
Só queria te pedir para me recomendar para outra pessoa, uma carta de
— Carson, eu não tenho voz contra o meu chefe, pois é uma pessoa
— Você é uma das poucas pessoas, se não a única, naquele meio, que
ou qualquer idiotice criada pelo homem. Por isso confio no que diz, mas
a família em um dia tão especial, mas eu não conseguiria ficar calado por
muito tempo. Uma das coisas que mais me irritavam era alguém achar que
podia dominar a vida de outra pessoa, principalmente quando envolvia
violência.
Tinha que admitir, ela mexia comigo de uma forma que eu não
imaginava. Eu gostava de ajudar as pessoas, mas não me arriscaria assim,
demais, por uma estranha. Algo nela, nos seus olhos, um segundo que
Precisava ajudar.
libertá-la.
expressão e não leva nem dois segundos para entender que eu não
brincaria com algo assim. — O que houve? Você se envolveu em algo que
confiava?
— Lógico.
Eu não sabia explicar, não sabia dar uma resposta para essa
pergunta, porque nem eu tinha certeza do quanto ela era importante. Fui
sincero.
— Não sei o quanto ela é importante, mas tenho 90% de certeza que
ela é o mesmo que a Lila foi para você no início. O botão de reiniciar,
aquele choque necessário para voltar à vida. Ela é isso para mim. — Ele
deu um sorriso e balançou a cabeça, pensando que seria uma loucura. Ele
aceitou.
que puder. — Ela simplesmente acenou para irmos com um sorriso nos
— Seus olhos.
— Meus olhos?
— Você tinha o mesmo olhar que imaginei ter no dia em que conheci
a Lila. Esperança. E porque você jogou a carta do irmão que embarca nas
loucuras. Sempre vou estar com você, mano. Ainda espero que Michael
CONTINUA...
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AGE GAP;
FAKE DATING;
ENEMIES TO LOVERS.
De que adianta um salário obscenamente alto se, para recebê-lo, é preciso passar 24 horas do
dia à disposição do homem mais insuportável e grosso do mundo?
que estava prestes a ser despejada por estar devendo quatro meses de aluguel. Daquela entrevista,
viria a resposta se ela teria ou não um teto sob sua cabeça quando voltasse pra casa naquele dia.
Mas nada a preparou para o lindo, másculo e perfeccionista CEO Malcom Campanelli no auge
de seus 36 anos, nem mesmo o treinamento que recebeu secretamente da assistente idosa dele, que
está louca para se aposentar, mas precisa de uma substituta que aceite ter o diabo em pessoa como
chefe. Tudo que Savannah faz parece estar errado. O chefe a ignora ou a crítica, quando não faz
questão de dizer que ela não está fazendo direito o trabalho para o qual está sendo paga, gentil como
um cavalo, dando coices. E todos que trabalham na Diamantes Campanelli parecem ter medo do
bilionário.
Para piorar, a mente de Savannah parece ter vontade própria agora e vive bombardeando a
moça de vinte e quatro anos, nos momentos mais inapropriados, com cenas muito eróticas dela e do
INSUPORTÁVEL.
TIRANO.
INTIMIDADOR.
É isso que quem conhece Malcom Campanelli pensa a seu respeito. Ele intimida seus
funcionários, que evitam, a todo custo, cruzar o caminho do CEO mais temido e respeitado de Nova
Iorque.
Malcom foi criado para comandar um império, e é o que ele faz de melhor. Ter o total controle
de tudo sobre sua empresa e sua vida é o que ele mais preza. Um chefe que não admite falhas. Ele
nunca agradece. Nunca pede desculpas. Nunca diz por favor.Mas, para infelicidade de Malcom,
sua assistente pessoal, a insubstituível senhora Marshall, está decidida, dessa vez, a não adiar mais
sua aposentadoria e o obriga a entrevistar e escolher uma substituta. É assim que Savannah
Armstrong entra em sua vida. E ele torna a vida da moça com sotaque sulista um verdadeiro inferno,
mas se surpreende com a forma que ela diferente de todos nunca de intimida perto dele.
O que Savannah não entende foi como aceitou a proposta de fingir ser namorada de
Malcom Campanelli para a mãe, que ele reencontrou muito doente e que não via desde menino.
Mas fingir estar perdidamente apaixonada por seu chefe insuportável depois de conviver com o
verdadeiro Malcom Campanelli, que mais ninguém conhecia, acaba deixando de ser fingimento
depois da primeira noite de amor dos dois.
É quando Malcom percebe que não está mais no controle de seu coração.
ATENÇÃO: Este livro contém cenas de sexo explícito e linguajar inapropriado para menores
de 18 anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta inadequada de personagens.
AVISO: Este é o livro 1 da Série Família Campanelli. O livro 2 contará a história de ARTUR
CAMPANELLI.
Todos os livros da série poderão ser lidos separadamente, pois se tratam de histórias
independentes
UMA FAMÍLIA INESPERADA PARA O CEO:
SÉRIE FAMÍLIA BRUSMAN - LIVRO I
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Arturo não acreditou na única mulher que o amou incondicionalmente. Ele humilhou e
expulsou Natália de sua vida. Três anos depois acabou descobrindo que é pai e agora ele a quer de
volta a qualquer preço.
ARTURO BRUSMAN comanda seus negócios com mãos de ferro e é conhecido por sua
busca pelo perfeccionismo em tudo na vida. Um homem que se fez sozinho e, por ter conhecido a
extrema pobreza, entende o valor de cada centavo que ganhou e não aceita nada que não se enquadre
em seus padrões exigentes. Contudo, o nome do bilionário que construiu um império na indústria de
software aos trinta e quatro anos também ficou famoso após a revelação do teste de paternidade de
sua ex-noiva, uma exuberante modelo internacional, ter dado negativo e a notícia vazar para a mídia.
verdade, fazia todo o trabalho e nunca recebia o crédito. A moça tímida com excelentes ideias e que
era extremamente competente em tudo que fazia foi injustamente demitida. Natália nunca se
importou em trabalhar até depois do horário até engravidar e se tornar mãe solo. No entanto, após
uma grande injustiça, Natália acabou sendo demitida quando mais precisava do emprego.
Anos se passam e o acaso faz com que o filho de três anos de Natália e o chefe que a humilhou
publicamente ao mandá-la embora, além de garantir que ela não conseguisse um bom emprego na
cidade, fiquem cara a cara. Arturo Brusman nem precisa fazer as contas entre o dia da realização de
sua vasectomia e a idade daquela criança que é sua cópia em miniatura para saber quem é o pai
daquele garotinho.
Para não perder a guarda do filho, Natália aceita os termos do contrato e se casa com o homem
mais controlador e detestável que conheceu em sua vida. É assim que ela se torna a esposa do único
homem a quem entregou seu corpo e seu coração, mas que, ironicamente, nem se lembrava da noite
em que tudo aconteceu. Todavia agora é ela que não o quer e, por mais que tenha concordado em
AVISO: Os outros dois livros da Série Família Brusman contarão as histórias dos irmãos
Anton e Gustavo. Poderão ser lidos separadamente, pois se trata de histórias independentes.
O PAI DO MEU FILHO É O MEU CHEFE:
SÉRIE IRMÃOS O´DONNELL - LIVRO I
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"Eu vou matar o meu chefe! Isso mesmo, irei matá-lo, mas antes, preciso salvá-lo."
MEREDITH BYRNE convive diariamente com um homem lindo, inteligente, sedutor e...Que
a deixa maluca: seu chefe, NOAH O´DONNEL. Eles não se dão bem, mas precisaram aprender a
tolerar um ao outro.
Por vezes, Meredith se vê forçada a apagar incêndios causados por seu chefe que parece ter
satisfação pessoal em arruinar sua paz de espírito. A moça de vinte e nove anos jamais teria aceitado
aquele emprego, se não fosse um pedido feito pelo CEO da Petrolífera O' Donnel, um amigo muito
querido.
Mas ela foi alertada que nenhuma assistente durou mais do que algumas semanas trabalhando com
Uma coisa que Meredith não pode negar é que o miserável do seu chefe é lindo e gostoso de
camisa, ele esconde uma grande dor. Noah foi traído pela mulher que mais amou na vida e mascara
as cicatrizes dessa grande decepção não permitindo que mulher nenhuma se aproxime o bastante para
se tornar importante em sua vida. A exceção é sua assistente intrometida que parece dedicar cada
minuto de sua existência para agir como sua babá.
Meredith é muito competente e a única pessoa em que ele confia cegamente, apesar de jamais
dizer isso a ela. Além de ser a mulher mais determinada, pragmática e proativa que conhece.
Sua assistente é linda e parece nem se dar conta do quanto é prazeroso para Noah vê-la todas as
manhãs, reclamando de algo que ele fez ou que deveria ter feito e não fez.
Mas Noah jamais imaginou que Meredith desejava ser mãe e que sua assistente optou por
uma inseminação artificial para realizar seu sonho, muito menos que ele é o pai do seu bebê.
ATENÇÃO: Este livro contém cenas de sexo explícito e linguajar inapropriado para menores
AVISO: Este é o livro 1 da Série Irmãos O´Donnell e o próximo livro contará a história do
irmão mais velho JEREMY. Todos os livros da série poderão ser lidos separadamente, pois se tratam
de histórias independentes.
O PAI DOS MEUS GÊMEOS É O CEO:
SÉRIE IRMÃOS O´DONNELL - LIVRO II
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AUDREY SMITH estava com sérias dificuldades financeiras. Ela precisou suportar, por mais
tempo do que deveria, ficar em um emprego em que ela era assediada e desrespeitada todo santo dia.
Nada nunca veio fácil pra ela e Audrey não queria nada de mão beijada também. Precisava ajudar nas
despesas de casa, pois sua mãe dependia do seu salário para ajudar a quitar dívidas deixadas por seu
pai. Ela queria muito ter um lugar só seu, mas pagar um aluguel não era uma opção. E certa noite,
quando o homem mais lindo que ela já viu em toda sua vida insiste em querer oferecer ajuda, após
ver seu rosto vermelho de tanto chorar, Audrey o trata muito mal e lhe diz um monte de
desaforos. Aquele estranho era diferente de todos os cafajestes que tentavam se aproveitar dela no
bar em que trabalhava, mas a moça de vinte e dois anos não sabia disso. E, apesar de sentir algo
diferente e que não sabia explicar por aquele desconhecido, para Audrey, ele era só mais um cretino
querendo levá-la pra cama. Aparentemente, o homem de mais de 1,90m parecia tão gentil e bem-
intencionado, mas de boas intenções o inferno está cheio, ela pensa. Por isso, lhe dá as costas e segue
seu caminho.
rico, e multiplicou a fortuna da família como um homem de negócios focado e visionário que sempre
teve tudo sob seu controle. Destinado a comandar um verdadeiro império, o CEO da maior
companhia petrolífera europeia, apesar disso, sente prazer nas pequenas coisas que um homem
comum pode fazer como ir beber à noite em pub em completo anonimato sem ser notado. E é em
uma noite dessas, que ele encontra a garota mais surpreendentemente desaforada, desafiadora e
que lhe dá o maior fora de sua vida sem pensar duas vezes. Jeremy não sabia nem o primeiro nome
dela, já que ela não quis dizer. A questão é que ele não conseguia tirar a moça atrevida e de língua
afiada de sua cabeça ao ponto dela passar a povoar seus sonhos. Ele a procurou por toda parte, mas a
reencontrou justamente onde jamais poderia imaginar: trabalhando dentro dos muros de sua mansão.
A garota desconhecida que ele procurou incessantemente, após vê-la uma única vez em uma noite
chuvosa, foi contratada para passear com seu cãozinho e agora é sua funcionária.
Dizem que os homens da família O´Donnell são pacote completo além de obscenamente
ricos, são extremamente atraentes e verdadeiros libertinos sem pudor nenhum na cama, mas que
quando se apaixonam, se tornam homens de uma mulher só. O mais velho dos irmãos O´Donnell
se permitiu viver apenas aventuras breves e sem compromisso depois de perder a esposa que tanto
amava e que se foi cedo demais, cabendo a ele criar o filho sozinho. E seu coração de luto nunca
mais foi ocupado por outra mulher. Até aquela linda jovem sem papas na língua entrar em seu mundo
e tirar todo seu controle.
Aquela garota era quase vinte anos mais nova que o CEO bilionário. Mas, então, por que
para Jeremy parecia tão certo a forma como seus corpos se encaixaram perfeitamente na primeira
Mas uma simples fotografia mudou tudo. Ela se sentiu enganada pelo homem a quem entregou
E assim Audrey vai embora para bem longe, grávida dos gêmeos do CEO.
ATENÇÃO: Este livro contém cenas de sexo explícito e linguajar inapropriado para menores
de 18 anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta inadequada de personagens.
AVISO: Este é o livro 2 da Série Irmãos O´Donnell e o próximo livro contará a história do
irmão caçula IAN. Todos os livros da série poderão ser lidos separadamente, pois se tratam de
histórias independentes.