Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
L.A. Creative
Diagramação
Katherine Salles
Livro Digital
1ª Edição
Aline Damasceno
Sinopse
Nota
Agradecimentos
Prólogo
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo quatorze
Capítulo quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo dezessete
Capítulo dezoito
Capítulo dezenove
Capítulo vinte
Capítulo vinte e um
Capítulo vinte e dois
Capítulo vinte e três
Capítulo vinte e quatro
Capítulo vinte e cinco
Capítulo vinte e seis
Capítulo vinte e sete
Capítulo vinte e oito
Capítulo vinte e nove
Capítulo trinta
Capítulo trinta e um
Capítulo trinta e dois
Capítulo trinta e três
Capítulo trinta e quatro
Capítulo trinta e cinco
Capítulo trinta e seis
Capítulo trinta e sete
Capítulo trinta e oito
Capítulo trinta e nove
Capítulo quarenta
Capítulo quarenta e um
Capítulo quarenta e dois
Capítulo quarenta e três
Capítulo quarenta e quatro
Capítulo quarenta e cinco
Capítulo quarenta e seis
Capítulo quarenta e sete
Capítulo quarenta e oito
Capítulo quarenta e nove
Capítulo cinquenta
Capítulo cinquenta e um
Capítulo cinquenta e dois
Capítulo cinquenta e três
Capítulo cinquenta e quatro
Capítulo cinquenta e cinco
Capítulo cinquenta e seis
Capítulo cinquenta e sete
Capítulo cinquenta e oito
Epílogo
SOBRE A AUTORA
Conheça outros livros da autora
Sinopse:
psicológica causada pela sua avó, ao descobrir que sua noiva o traia
com o seu maior inimigo, o “Demônio de Gelo” jurou nunca mais
deixar que uma mulher se aproximasse, mesmo que isso significasse
também tagarela.
Um contrato, um casamento de mentira, uma gravidez e um
importantes da minha vida: minha mãe e irmã. Mãe, sei que você não
está mais presente fisicamente em vida, mas eu sei que, entre as
desabafos, por lidar com a minha frustração, por ler o meu livro
mesmo não gostando de romances hot. Eu amo você, irmã!
C., Ellen.
papo, que veio me pedir uma história para o “demonio de hielo”, que
baixou essa obra sem conhecer meus outros trabalhos, que eu
agradeço.
Beijos,
You bring me up when I'm feeling down
horas, o que já era uma surpresa, porque havia dias que nem isso
acontecia. Porém não iria fazer nenhum gesto que pudesse revelar
Um demonio de hielo[2].
propiciar, mesmo que não fosse capaz de derreter o gelo que sentia,
a fúria que me consumia. Era isso que demônios sem sentimentos
faziam, tomavam, sem dar nada em troca. Apesar que ela arrancava
alcançá-los.
Suprimi uma risada irônica enquanto removia o cinto de
mala. E mais uma vez, escondi qualquer traço que denotasse meu
incômodo e pensamentos, vestindo uma máscara ilegível.
fria e áspera.
— Então boa noite, senhor. — Fez uma leve mesura,
maçaneta e fui recebido por um gemido alto que ecoou por todo o
meu apartamento, seguido de um pequeno gritinho rouco que era
dizendo que aquilo era apenas um capricho tolo, que sexo era
apenas sexo. Ansiar por algo a mais seria idiotice.
Ouvindo esses sons que se tornaram cada vez mais
tornava mais alto e que parecia bem real. O sexo era completamente
cruel.
Coloquei as mãos nos bolsos da minha calça social,
jurei a mim mesmo que nenhuma outra mulher iria me ferir daquela
maneira novamente.
lixo.
lo. Deveria ter esperado que ela não me trairia pela metade.
— Quer se juntar a nós? — Ouvi a voz do meu antigo sócio
se cobrir.
com uma intensidade que nunca tinha visto enquanto fazíamos sexo.
Ela aparentava uma enorme satisfação maldosa por ter sido pega.
Não precisei de mais nada para ter certeza de que no fundo estava
certo: o amor que ela dizia sentir por mim realmente nunca existiu.
não tinha.
— Pena que você não se lembrou disso antes de levar outro
meu sorriso se tornando ainda mais frio —, e não somos mais nada
um do outro. Acabou, Angelina.
alma, era cortante como mil navalhas. E, pela segunda vez no dia,
homem que nem mesmo consegue dizer uma palavra de afeto. Por
isso que eu busquei um homem de verdade…
Fez uma pequena pausa, curvando seus lábios em um gesto
maldoso. Como eu pude ter achado algum dia aquele sorriso algo
sexy e sedutor? Que algum dia eu poderia confiar nela para me abrir
de verdade, expondo-me ainda mais?
— Nenhuma mulher irá amar algo tão gelado na cama quanto
um bloco de gelo, ainda mais um com o corpo coberto de ferimentos
desagradáveis.
todo aquele tempo o meu futuro em suas mãos, mas que acabou me
machucando.
Seria uma vingança lenta e deliberada. Era isso que os
Uma rajada de vento frio tocou minha nuca, fazendo com que
irmão. Mas sabia que não era possível, não quando o que nós dois
poderiam se dar.
hoje com o que Pablito trabalhava, apenas tinha ciência que muitos
Tudo bem que em partes não era minha culpa, estava tentando.
Havia mandado e deixado vários currículos para diversos cargos que
exigiam apenas o ensino secundário e o bachillerato, já que fazer
vinha.
Bem, houve uma vez que obtive um retorno, no entanto ficou
fundo.
— Ótimo.
— Entendo — murmurou.
Em poucos passos, descalço, alcançou a pia, pegando um
cabelos curtos.
verdade sobre a nossa atual situação financeira, fez com que meu
estômago revirasse.
Voltou a pegar seu copo, dando um sorriso que não chegou aos seus
ele minha certeza cega nele, que nem eu depositava sobre mim
mesma.
mais. — Não chore, Babi, você sabe que odeio ver você chorando.
— Eu sei, só que é tão difícil não conseguir nada —
pela tristeza.
completo.
— Tá se sentindo melhor?
— Sim. — Balancei a cabeça. — Obrigada, mano.
Não tive outra resposta que não fosse abrir um sorriso para
ele, que logo foi retribuído. Pablo estava certo, desde que
ficássemos juntos, nada importava, nem mesmo as privações.
— Melhor assim.
consciente de que, por mais que Pablo tentasse soar otimista, nossa
— Oi?
oportunidade
desligasse, atendi.
entrevista?
Quando disse isso, percebi que o sorriso que meu irmão
tinha nos lábios chegava aos olhos, mesmo que nada ainda fosse
horas?
— Sim, senhor Aragon.
de mim.
Ergui meu rosto, fitando-o com um sorriso enorme.
candidatas mais aptas do que eu. — Mas isso não significa que irei
conseguir.
— Eu não tenho nenhuma dúvida que irá. — Deu um beijo
nasceu para algo que está muito além da periferia em que moramos,
da pobreza em que vivemos. E eu farei de tudo, mesmo dentro das
minhas limitações, para que você consiga.
palavras doces, movidas pelo amor que nutria pelo meu irmão, pela
fé incondicional que ele tinha em mim, sentimento que se espalhou
vento gelado que açoitava a minha pele, que havia se tornado ainda
mais intenso em poucas horas, conseguia apagar o sorriso que tinha
no rosto.
que eu, já que nunca havia trabalhado registrada, apenas fazia faxina
em algumas casas, eu havia conseguido.
felicidade com a pessoa que mais torcia por mim, peguei o meu
celular dentro da bolsa, com meus dedos instáveis e torpes por não
caindo.
não era a primeira vez em que ele não atendia minha ligação,
mundo não girava em torno de mim, e não havia dúvidas de que ele
talvez até mais do que eu. Consolada por esse fato, comecei a
não podendo vê-lo, pude imaginar que ele sorria de orelha a orelha,
compartilhando daquela pequena felicidade comigo.
Como queria poder abraçá-lo agora!
controlar.
— Só você mesmo, Pablito. — Balancei a cabeça em
negativa, passando a mão pela face molhada enquanto uma onda de
o alívio que senti por saber que não era apenas mais uma vaga
temporária.
uma solução que fosse apenas por algum tempo, apesar que nada
poderia me garantir que eu iria permanecer no cargo até o final do
contrato.
Chacoalhei a cabeça novamente, não queria estragar aquele
momento com ideias negativas, ainda mais quando nem havia
começado.
— Imagino. Tudo está tão difícil... — Foi a vez de ele emitir
refeições, dizendo-me que mamãe nos amava com toda a sua força.
— Não esqueça do refrigerante, gatita.
— Até, estrellita.
Desligou a ligação, e eu coloquei o celular dentro da bolsa,
novo começo.
Capítulo três
reunião, sem deixar de usar o tom severo pela qual era reconhecido
pois era meticuloso com cada transação, o que incluía minha vida
que, no longo prazo, poderia dar lucros na casa dos milhões. Como
já que meu amigo não iria investir sem mim, o que o incomodou
não fui nem mesmo pelo meu pai, que veio a falecer juntamente com
a esposa em um acidente de carro causado por ele mesmo, logo
tom embargado, após ver o vídeo dos três pequenos, auxiliados pela
mãe, andando com passos hesitantes atrás da cadela que latia e
parecia brincar com eles. Enquanto assistia, foi inevitável não me
deixar ser dominado novamente pelo sentimento que me acometeu
quando o turco me disse que iria ser pai.
A inveja amargava na minha boca e, como uma erva daninha,
Meus sonhos.
O homem gentil que eu poderia ter sido.
O pai.
O marido.
O amigo.
pelos seus bebês que era. Senti minhas vísceras se retorcerem por
saber que nunca teria a chance de olhar para o meu bebê daquela
maneira.
Talvez…
Dei um sorriso que não chegou aos meus olhos, mas meu
amigo não percebeu.
Sou muito bom naquilo que faço, e três bebês de uma vez é a prova
viva disso.
— ¡Dios![15] — Passei a mão pelos meus cabelos e voltei
escura.
deveria nutrir:
— Não tenho nenhum interesse na sua vida sexual mais do
que ativa. — Estalei a língua de uma forma que ele odiava e ouvi o
espírito. — Três bebês de uma vez é muito para mim. Prefiro utilizar
minha potência em outras coisas.
desafiando-o a me contradizer.
Sabia que era apenas uma pequena brincadeira, mas uma
me sufocar.
irei me trair.
— Javier…
deturpado, você sabe que tentei ter. Hoje, posso ver que Angel nada
— Bem…
— O importante é que agora você valoriza muito a sua sorte,
sua família. — Dei uns tapinhas nos ombros do meu melhor amigo.
— E você está certo, não só por isso, mas também por apreciar as
tão vazia...
pelo poder, sempre foi uma válvula de escape pelas coisas que eu
de que estava sendo sugado por um grande buraco negro que tinha
como vórtice a solidão.
Não contive um suspiro baixo.
O topo era um objetivo que se tornou mais uma obsessão,
uma busca desenfreada pelo meu lugar no mundo. Ter sido tratado
mesmo sabia o que era. Para quem? Preferia acreditar que era para
mim mesmo.
Era impossível.
Confiar em uma mulher estava fora de questão. Não exporia
meus sentimentos e vulnerabilidade nunca mais ao sexo feminino,
de reunião.
— Não era eu quem estava o pressionando ao ponto de
fazê-lo estremecer, amigo. — Fui cínico. — Me surpreende que você
de que não poderá mais decidir sobre isso. — Fez uma pausa, para
depois concluir arrogante. — Será isso, ou terá que procurar algum
outro investidor disposto, o que é pouco improvável, perante a
pouco me importavam.
Permaneci com uma expressão impassível, embora minha
vontade fosse rir novamente, tamanha diversão que sentia perante
todos os seus inimigos estarem indo à pique. Ele vem perdendo cada
vez mais credibilidade no mundo financeiro.
Passou a mão pelos cabelos, exasperado, e, por uma fração
fim.
— Droga, eu sou o seu melhor amigo — bufou.
Puxou os cabelos, e como eu esperava, não pediu desculpas
— Bok, sim…
— O que realmente importa é que muito em breve terei a
minha vingança e farei aquilo que ele fez comigo, vou tomar dele o
sabendo que Castro vem perdendo cada vez mais dinheiro dos
clientes em alguns investimentos de índole duvidável. Será um
grande escândalo na mídia e no mercado financeiro. Ele estará
destruído e eu triunfarei.
Demos uma gargalhada, saboreando aquele momento.
— E a mulher?
duelava com a minha mente para não estremecer. Minha boca ficou
seca, e eu pude constatar que minha pulsação acelerou. A solidão
mais uma vez fincava suas garras, mas fui salvo quando o celular
estivessem trêmulas.
— Parece que a reunião que a minha mulher tinha foi
cancelada e ela está nos convidando para almoçar junto com os
trigêmeos. — Deu um sorriso bobo. — Como temos tempo até a
tom era sonhador e percebi que havia certa urgência nele para ir
para casa, confirmado pela sua pergunta: — Vamos?
Fiz que sim com a cabeça, dando um sorriso que
uma luta interna comigo mesmo enquanto seguia o turco para fora da
sala de reuniões, uma batalha que sabia que iria perder.
Capítulo quatro
— Sim.
que realmente tinha carinho um pelo outro, o mínimo que fosse. Mas
não consegui.
recheada e status.
— Aylla, não!
Antes que pudesse reagir, ficando sobre duas patas, a
cadela creme pousou as patinhas sobre a minha calça social
enquanto sua língua babada deslizava pela minha mão, deixando uma
série de lambidas que me provocava um pouco de cócegas.
não é mesmo?
Sorri genuinamente para a cachorrinha quando ela latiu em
resposta e deu uma cabeçada em mim. A raiva, a frustração e a
fosse digno de afeto, fez com que meu coração batesse acelerado.
Acariciando-a, eu me perguntei por qual motivo eu ainda não havia
adotado um cãozinho para mim. Poderia não vir a ser amado por
outro ser humano, mas talvez existisse uma última chance para mim,
de que, de alguma forma, eu fosse preenchido pelo calor e ternura
de um bichinho.
— Quem sabe, não é, pequena? — murmurei para mim
agradeci por não tecer nenhum comentário, apesar que eu sabia que
ele se controlava para não socar a minha cara, por mais que eu
desconcertou.
Ignorei o reboliço que os ver me causava e, perante minha
gentileza, Valdete sorriu para mim, ao passo que Yazuv ergueu uma
sobrancelha, questionador.
Dei de ombros.
— Vamos entrar? — A mulher convidou. — Os trigêmeos
não pararam de pedir pelo papai desde que eu falei o nome do
seguida por Aylla, gritando que o papai tinha chegado, nem mesmo
dele.
— Deus, esse homem irá me deixar louca — Valdete
ter a ilusão momentânea de que nem todas eram iguais àquelas que
passaram em minha vida. E que talvez eu pudesse…
¡Maldito seas![24]
mulher. Minha voz soou mais gelada do que deveria, ainda mais
de continuar.
vocês dois por algo tão mesquinho. É o melhor amigo do homem que
ar com força.
— Quem?
viu que eu tinha acabado de tirar minhas meias. Caminhei atrás dela,
e a ouvi completar quando se aproximou-se do chiqueirinho: — Ainda
dor.
Uma camada de suor frio cobriu a minha pele e senti que
meu coração palpitava no peito, bem como minha boca ficou seca, e,
semblante.
medo.
Somente ele sabia o quanto me era difícil negar querer ter
seus sapatos.
com o do meu melhor amigo, pude ver uma ternura dirigida a mim
que me deixava mais fodido. Não, não queria piedade daquela
mulher.
ruído, que fez com que os gêmeos em seus braços emitissem sons
que me pareceram uma risadinha, provavelmente achando que o pai
deles estava brincando.
Mesmo que eu não estivesse preparado para segurar Nádia,
acho que nunca estaria, a mulher estendeu a criança que ainda
estava agitada, balbuciando palavrinhas, as quais nem conseguia
compreender direito.
— Oi, doçura — sussurrei, ouvindo os sons dela e forcei-me
a não fechar os olhos assim que Samia colocou-a nos meus braços,
mentiras.
— Titi. — Ela moveu-se em meus braços, como se tivesse
meu rosto, fitando-me com seus doces olhos azuis. Ter a pele suave
tocando a minha fez com que de alguma forma me sentisse
recompensado por ela não querer o meu abraço. E, deixando um
que ela parecia ter pela criança, fez minhas vísceras se retorcerem e
toda a tensão retornasse sobre os meus ombros. Como se sentisse
meu estado de espírito, a pequena em meus braços começou a
chorando.
Tentei acalmá-la sem sucesso. Samia, parecendo atenta ao
desespero que sentia, algo que não consegui esconder de ninguém,
— Claro, oğul.
Sorriu para o filho, como se sentisse orgulho do homem que
ele tinha se tornado. Ou melhor, do pai, bem diferente do que seu ex-
dentro.
Só deixei-me sair daquela apatia quando a mãe do meu
melhor amigo, com o seu olhar mais sábio do que eu gostaria, me
que fazíamos a parte dele por termos medo de acabar ficando sem
promessa vazia, mas uma das minhas colegas que trabalhava ali faz
fazer uma denúncia contra ele, que usava esse receio ao seu favor,
tenha feito de errado para que merecesse alguma punição. Será que
era a melhor postura a se adotar com ele, por mais que por dentro
eu me rebelasse contra isso. — Só queria ajudá-lo. Eu conheço o
meu lugar, senhor. Não irei mais usar esse tom — completei quando
ele não disse nada, me fitando com aquela expressão nauseante.
algumas contas com Pablito, eu não queria perdê-lo, ainda mais por
ter feito um comentário em meio ao nervosismo e repulsa.
aqui.
Deu uma gargalhada alta, sua expressão era puro escárnio,
e eu fitei-o, momentaneamente sem entender o que queria dizer.
a bile que subia por todo o meu esôfago. Meu maior medo não
poderia estar acontecendo.
— Eu cometi algum erro, senhor? — Me abracei ainda mais,
não conseguindo encará-lo. — Posso tentar melhorar o meu serviço.
— Duvido muito disso, menina — continuou a gargalhar. —
Várias vezes tive que mandar alguém refazer o seu trabalho malfeito,
tudo para não te mandarem embora de cara.
demissão.
Um tremor me percorreu e, com as mãos suadas, abaixei-me
com as minhas pernas bambas, sendo alvo dos olhares dos meus
outros colegas e funcionários, era como se andasse em direção ao
— Entre.
O homem abriu a porta e, como se fosse um mecanismo de
Aragon.
— Desculpe-me, senhor — murmurei outra vez.
derrota.
gentil no rosto.
minha demissão.
mas não sem antes sussurrar somente para mim, tão baixo que
que quer que fosse que o diretor quisesse, o que incluía minha
demissão.
ele, uma posição que já estive antes, mas agora eu não parecia tão
tensão.
— Muito, senhor. — Dei um sorriso para ele. — Me senti
— Fico feliz por ouvir isso. — Fez uma pausa, pegando uma
espécie de agenda. — Tenho observado o seu trabalho mais de
— Obrigada, senhor.
a noite e de madrugada?
— Não, senhor — respondi, sem pensar muito.
ocupar.
comemorar.
— E qual é a minha nova função, senhor? — questionei,
fazer. E estava feliz demais pelo aumento que iria ganhar para me
importar com o fato dele ser realmente um “demônio de gelo” ou
não.
disponível para limpeza costuma ser a partir das dez da noite, ou até
mais tarde, até às sete da manhã.
tinham falado que era sua maior obsessão e que agora era
não ter onde cair morta, mas, pelo menos, ao meu modo, me divertia
estudando. Mas como meu patrão usava seu tempo não era algo que
fosse da minha conta — e duvidava muito que alguém como ele
ainda úmidas. — Eu cozinho apenas para mim e meu irmão, mas não
é nada especial.
exigirá muitas habilidades, pois tirando o café que ele pede para ser
passado na hora, o senhor Javier não será rigoroso com a comida.
proceder no meu novo cargo. Eram tantos detalhes que quase senti
um nó se formando na minha cabeça. Foi com algum consolo que
recebi todas as instruções impressas.
— Não, não.
Senti uma euforia me dominar só de pensar em poder ver e,
quem sabe, tocar ou brincar com os pequenos; sempre quis ter um
— Certo.
— Ah, já estava me esquecendo... — Pegou um envelope
branco e me deu. —Preciso que leia o contrato. Se você estiver de
Comecei a ler aquilo que estava escrito, apesar dos termos jurídicos
me serem incompreensíveis.
— Sim, senhor?
Virei-me para ele, encarando seu semblante estranho.
— Nunca o chame de senhor Castillo, lembre-se disso.
adulta.
distrito a essa hora. — Sua voz era séria e me virei para encará-lo,
que vi neles.
machista, eu sei.
— Um pouquinho, Pablito.
— Me desculpa por isso. — Voltou a respirar fundo,
temo…
que havia escutado sobre essa promessa que ele tinha feito, e não
sabia que havia essa sobrecarga a mais. E toda a empolgação que
sentia por começar na nova função pareceu me deixar
— O quê, querido?
— Estou com um pressentimento ruim, só isso — falou
baixinho. — Por mais que eu tente, não consigo afastar essa
sensação.
Aproximei-me novamente, tocando seu peito.
— O que de ruim poderia acontecer, querido? Minha função
é praticamente a mesma.
Eu não sei de onde eu tirei isso, mas apenas sinto que trabalhar para
ele será um erro. Dizem que ele é um demônio…
pensar no homem que parecia não ter outra vida além do seu
escritório, mas logo suprimi.
Bufei.
— Está exagerando, Pablito. — Dei tapinhas no seu ombro,
a ficar ansiosa e com medo, não por conta do meu novo patrão ser
tido como um demônio, o que não acreditava, mas, sim, das minhas
turco, que provavelmente era mais caro que o meu rim, mesmo que
uma empresa especializada fosse higienizá-lo depois.
cantar, sim, tinha olhado toda a lista do que não fazer, que eram
muitas, sabia que era pouco profissional da minha parte estar
fazendo isso, mas como estava sozinha naquele andar e não estava
negativa em seguida.
nuvens!
e na minha mente.
Tudo pareceu suspenso por um bom tempo, até mesmo a
que me moveu.
Fincada no lugar, refém do silêncio, encarei o terno bem
com o receio. Não queria descobrir que o meu maior medo, um que
sempre existiu, se confirmasse e que o pequeno conto de fadas que
que uma parte de mim, a ingênua, queria olhar dentro deles, mesmo
correndo o risco de que eles me trucidassem.
Uma tola.
— Bo-bo-a no-i-te, se-nhor Javier — forcei-me a dizer algo,
mas tudo o que saiu foi um balbuciar medroso.
continuar:
— Des-des-culpe-me por isso, senhor. Eu… — Ele arqueou
a sobrancelha para mim, arrogantemente, e eu não soube se preferia
eu sei…
Continuou sem dizer nada, me deixando ainda mais nervosa,
e eu me questionei a razão pela qual ele não me demitia logo, o que
pagaria caro por isso. ¡Dios! Tive que lutar contra a vontade de cair
no choro.
— Por favor, senhor — forcei minha voz a soar alta, porém
eu, teriam suspirado por ele. Se o senhor Javier era bonito nas fotos,
pessoalmente o milionário era muito mais atraente. Era inegável que
por trás da aura sombria que pairava sobre ele, o CEO financeiro
Encolhi-me.
me pagava.
Me senti péssima e quis me afundar ainda mais nos
um gesto que indicava a minha posição mesmo que ele não visse.
Resignada, comecei a recolher as coisas como foi solicitado,
temido não o que o senhor Javier poderia fazer comigo, mas, sim,
da noite, sentindo algo dentro de mim se apertar por algo que eu não
— Traga-me um café.
Atônita, virei-me para o CEO e percebi que ele continuava
era me afundar em algo mais produtivo. Dei uma risada baixa e fria
dinheiro.
Como provavelmente passaria mais uma noite em claro,
se alguma vez na vida adulta me senti tão rígido como agora. Nem
mesmo ficar frente a frente com a mulher que eu mais odiava, e que
tinha minhas razões para permanecer tenso em sua presença, me
controlar.
mesmo.
por não ter colocado um fim assim que adentrei no escritório. Mas
como se eu fosse uma mariposa atraída pela luz, não consegui parar
Não mais.
O prazer não oferecia nenhum conforto.
Nunca mais me tornaria vulnerável e fraco dessa forma,
dando tal poder a alguém que, no final, apenas usaria minha ânsia
para me machucar. Para zombar. Não sufoquei a lembrança das
Era uma felicidade que na mesma medida que me deixava com uma
sensação estranha, parecia lentamente infiltrar-se dentro de mim,
odiei por jogar-me outra vez nas minhas próprias sombras que nem
sabia que havia saído momentaneamente.
acústica. Puxei meus fios com mais força, sem me importar com a
dor que ocasionava.
demiti-la, por mais que meu sistema de defesa dissesse para fazê-
lo. E, pelo estremecer dela, sabia que a garota tola não faria nada
única noite.
quanto.
Ri baixinho, deixando que a euforia me dominasse, e já ia
porta fez com que meu riso morresse e eu parasse o gesto no meio
do caminho. Havia esquecido da garota e que tinha pedido para que
ela.
Não respondi, apenas fitei-a com frieza, obrigando-me a
realmente estava.
consciente que era bonita suficiente para usar sua beleza ao seu
sozinho.
— Sim, me desculpe, senhor. — Usou o mesmo tom meigo,
Tola.
Mantive minha expressão impassível.
¡Maldita sea[38]!
que imperceptível, para não mostrar para aquela traiçoeira que ela
mesmo novamente.
— Não. — Fiz uma pausa e meu lado demoníaco falou mais
deveria servir o meu café ou não, já que até então eu tinha tudo em
minhas mãos.
— Saia. — Fui ainda mais frio. — Tenho certeza que você
desdém.
um último aviso.
cheiro forte de café que emanava do bule à minha frente, o que fez a
minha boca salivar. Ansiando pelo conforto proporcionado pela
Babi:
Cheguei bem, Pablito :*
completamente ressecada.
educação.
Determinada a deixá-lo por último, já que ninguém iria usá-lo
cozinha, percebi a louça por lavar que estava sobre a pia e o lixo
acompanhado de uma xícara de café, algo que virou quase que uma
rotina nestes últimos sete dias. Por mais que tentasse disfarçar sob
a fachada austera e fria, nos poucos minutos que ficava frente a ele,
podia perceber em suas feições que estava completamente exausto.
Bolsas se formavam sob suas pálpebras, os olhos avermelhados
que a mídia dizia que ele era, e isso fazia com que todo o receio e
insegurança que eu poderia ter de trabalhar diretamente com ele,
todo o temor que ele poderia colocar em mim, já que o senhor Javier
fitei o local por onde eles haviam entrado e percebi que meu chefe
estava de pé e me encarava com uma expressão ilegível. E mesmo
não pelo medo que a expressão feroz dele poderia suscitar, mas por
errada, não pude negar carinho aos bichinhos, desviando meu olhar
para eles ao acariciar os pelos.
emitido outra vez, ficando paralisada com a aura fria que parecia
certeza levou vários anos de prática e, sem dúvida, deveria ter sido
perguntar o que fez com que o meu chefe adquirisse tal capacidade
dinheiro era uma proteção contra esse tipo de violência. Uma dor me
invadiu ao pensar que poderia ter sido o caso dele e eu devo ter
meu colo, que logo me deixou para ir para o seu “papai”, que parecia
muito bem saber onde tocá-lo.
que a qualquer momento iria sair da minha caixa toráxica, por ser
ele era tão rígido consigo mesmo, por mais dolorosas que fossem as
dele, tão rápido, que pensei que poderia ter imaginado, ainda mais
proteger daquilo que via, bem como para não mostrar a empatia que
estremeci.
seu emprego, garota. — Sua voz soou rouca quando fiz com que iria
levantar e eu estaquei, não apenas com a ordem, mas perante a
voltando a me sentar.
escalou.
— Você é irresistível, não é, querida? — brinquei.
A cadelinha latiu para mim de volta e seu irmãozinho roubou
minha atenção momentaneamente ao fazer um barulho e percebi que
balançando o rabinho.
— Qual o nome dele ou dela? — questionei, curiosa,
dois, que agora faziam uma verdadeira festa em mim, com patadas,
cabeçadas, lambidas, rabadas, e eu me esqueci da presença do
sós com os cachorros e confusa com tudo o que aconteceu. Mas era
principalmente o sentimento absurdo que tinha me dominado que me
deixava assustada, pois, mesmo em minha inocência, eu sabia que
patrimônio familiar.
seu genitor.
encarar.
a fila de mulheres que clamavam sua atenção, e ainda mais que ele
deveria ter estado algumas horas atrás com uma delas, ao invés de
fechado em alta, tinha muitos investimentos por lá. Além de não ter
que ficar bancando a babá, ganharia muito mais a curto prazo, já que
escuridão.
E também em nada ajudava o fato que as poucas horas de
— Senhor Castillo?
— Vamos começar. — Usei o meu tom glacial, afastando
estava perdido.
— Comece me dizendo a razão pela qual eu devo perder o
existentes?
sobrenome.
ser conhecido pelo meu gênio irascível e por não ter muita paciência,
eu acabava tolerando algumas coisas, mas ele estava se tornando
repulsivo por sua fraqueza. — Mesmo que você não precise dos
decibéis mais alto para ser escutada pela garota, ela saiu gelada.
interrupções nos meus negócios, ainda mais quando não havia nada
sarcástico.
mas pior ainda era que aquele tom ainda conseguia chocar-se contra
— Sim, senhor.
Ouvi o som da porta se abrindo com um clique, mas continuei
não precisei ser um grande advinha para perceber que sua mente
estava sendo tomada por pensamentos lascivos, já que o olhar dele
parecia devorá-la sem nenhum pudor. Ao mesmo tempo que ela era
de fofoca.
Eu não olhei para ela a fim de confirmar que a garota estava
adulado tanto quanto nós homens, e a menina não iria ser diferente.
Fiz uma careta irônica para os dois e segurei-me para não
acometia quando via homens como ele, assim como o meu pai
deveria ter sido, usarem a arrogância e o dinheiro como blindagem.
Apesar que ninguém entrava nesse jogo sozinho. Só que para ela as
escritório.
— Não gosta de festas e baladas, mas fica escondendo o
visitante primeiro.
— Posso pensar em várias coisas, senhorita. — Gargalhou e
deixou furioso.
uma outra face de mim mesmo, uma que enredava para uma
¡Mierda[39]!
você.
Se levantou rapidamente, como se fosse ajudá-la, e a
menina ficou paralisada de constrangimento, o corpo todo tremendo
agarre.
Ela deu alguns passos hesitantes para trás, e o meu olhar e
o da garota voltaram a ficar presos um no outro. Os olhos ainda
mais pressão para machucar o algoz dela, como não pude fazer com
o meu.
— Ai.
A contragosto, desviei o olhar para a minha mão que o
braço.
Dei uma risada baixa e seca.
— Volte para o seu lugar, Gonzáles — ordenei em um tom
com ele, e o homem deu-se por vencido, ainda mais quando a garota
deu outro passo para trás.
— Eu…
— Isso não é um pedido, senhorita, depois conversaremos.
— Fui um pouco mais incisivo, usando meu tom como um escudo de
— Não é…
— Senhorita Garcia… — Interrompi-a gentilmente.
Enganei-me.
— Não vai me servir uma dose? — Encarei o homem que
parecia bastante tranquilo, como se estivéssemos em uma
notar o exato momento em que ele tinha se dado conta de que não
somente havia perdido a minha mentoria, mas também que ele
pagaria de várias formas.
jogam aos meus pés por eu ser rico. — A voz dele não tinha mais a
arrogância.
fechando-a em seguida.
Ergueu-se e eu fiz o mesmo, deixando que minha altura o
intimidasse, já que era bem mais baixo e mais magro do que eu.
que era uma confirmação de algo que estava longe de ser verdade,
desferi um soco no rosto dele com força, sentindo os nós dos meus
dedos latejarem com a fricção de carne contra carne.
seu convidado, rolassem pelo meu rosto enquanto meu coração batia
apertado. Embora não fosse minha culpa ter derramado o café nas
coisas do senhor Javier, não me lembrava de ter-me sentido tão
fizesse favores sexuais a ele, mas pelo menos o homem não estava
na minha frente, já que tinha sido por telefone, nem havia insistido,
queimando.
— O que eu não daria por um banho agora — sussurrei para
mim mesma, fechando os olhos com força, querendo que tudo não
havia ocorrido.
não era apenas eu que precisava daquele contato, que iria muito
além do físico. Eu estava vulnerável, mas, de algum modo, ele
imaginação conturbada.
— ¡Dios! Ele é o seu patrão! Confundir a gentileza dele com
respostas.
Diferentemente do ocorrido no ano passado, na minha festa
detalhes daquela noite. Mas talvez se eu tivesse tido uma mãe que
pudesse me acolher naquela época…
Pablito
meus cabelos, algo que meu irmão sempre fazia quando estava
insistiu.
Pablito
Estrellita?
Babi
Pablito
Não consigo ficar nem mais um segundo com os olhos
abertos rs XD
Babi
Posso imaginar.
Pablito
Babi
:p
Pablito
Babi
Obrigada.
que eu tinha feito o melhor por nós dois e que ele não saberia
apenas por algumas horas. Apesar de ficar chateado comigo, no final
calça social feita sob medida, me deixou nervosa. Não tinha ideia de
quanto as peças custavam, mas não havia dúvidas que era mais do
que um dia eu poderia pagar.
brilho assassino nos olhos verdes faziam com que o Senhor Javier
carícia suave aumentou ainda mais dentro de mim, fazendo com que
contra mim mesma e torcendo para que meu rosto não expressasse
— Não, senhor.
que chamou a minha atenção para os nós dos seus dedos esfolados.
— Senhor Javier?
Sem que percebesse o que estava fazendo, preocupada,
Ficou em silêncio.
— O senhor quer que eu limpe? — ofereci.
deveria, mas…
Engoli em seco. Precisando desesperadamente de uma
desculpa, peguei o copo e comecei a lavá-lo.
pensamentos distantes.
— Eu agi por impulso, senhor. — A fragilidade que via nele,
seus olhos, mas durou pouco, pois logo sua expressão transformou-
se em um bloco de granito sem vida. Ele não precisou dizer nenhuma
palavra para que eu entendesse que ele achava que eu mentia, tudo
nele demonstrava ceticismo. Não podia negar que no mundo dele,
em que o que contava era status, dinheiro e influência, muitas
queima a roupa:
— Onde se machucou, senhor?
Levantou a sobrancelha arrogantemente, deixando claro que
que havia nele, mas não deixei que caíssem. Meu coração bateu
descompassado e uma onda de afeto por ele me engolfou, deixando-
me ainda mais certa de que ele era um homem bom.
novamente.
Apertei os lábios, reprimindo meu sorriso, sentindo-me uma
verdadeira idiota por ter afastado aquele lado doce dele de mim,
corpo.
— Não é a primeira vez, mas… — As lágrimas que estava
tentando conter escorreram pela minha face. — Mulher alguma
deveria sofrer assédio só por ser mulher. Aliás, ser humano nenhum.
Ele não respondeu.
pausa onde parecia pensar e sua voz saiu abafada, parecendo que
suprimia a raiva. — A Global Financiera entrará com uma denúncia
de assédio contra o senhor Gonzáles. Depois dessa conversa,
entrarei em contato com o departamento jurídico para resolver essa
questão.
— Eu ainda o tenho?
— O que você acha, garota? — Rilhou os dentes,
demonstrando a raiva que sentia, com certeza tomando a minha
rosto e o deixava ainda mais belo. Foi impossível não imaginar como
seria se aquele homem sorrisse de felicidade ou de contentamento.
Suprimi a vontade de soltar um suspiro e me voltei para a cadeira,
— Não é necessário…
— Você não irá perder o seu atual salário, se for isso o que
você teme…
deles, garota?
— Sim, eu sei, senhor. — Girando-me, ergui meu rosto em
última sentença, que não tinha sido bem uma pergunta, mesmo que
não fosse do interesse dele saber a resposta. Meus motivos para
fazer isso, eu não sabia dizer.
a noção do tempo.
— Eu não posso, senhor.
— Não?
— A estação de metrô já está fechada. — A vergonha me
dominou e eu fiquei constrangida de dizer que os poucos euros que
brilhar.
Mas, diferentemente das outras vezes, não senti a satisfação
tinha questionado, ele havia dito que estava tudo bem com ele e que
era apenas cansaço, e que foi mandado para casa mais cedo, pois o
movimento estava fraco e que teria que pegar mais um turno durante
a noite por conta de um colega que estava de atestado. Eu sabia
que não havia muita escolha para ele além de aceitar, principalmente
Não era a primeira vez que acontecia de ele ter que trabalhar
“Está tudo bem com ele, Babi, nada aconteceu das últimas
conversou com ele faz algumas horas, no seu intervalo, e ele voltou
a repetir que estava bem, só cansado, e que esse pressentimento
la da minha mente.
Pegando o meu telefone, abri a conversa com o meu irmão e
conversa, mesmo sabendo que ele não havia respondido ainda por
não ter sido notificada por nenhum som.
ouvido. Mas era o impulso de sempre fitá-lo, como agora, que mais
me assustava. Eu não sei o que estava dando em mim, mas desde
despropósito.
Me sentei para que os cachorros subissem em cima de mim,
apesar de que era uma tarefa bem difícil pelos dois quererem minha
deles novamente.
— Sim, meus perritos[42] terão tudo o que o dinheiro pode
não me surpreendeu.
— Compreendo.
Acariciou a cachorrinha que lambia seus dedos e latia para
oferecer.
que agora brincavam entre si. O senhor Javier parecia lutar para não
decepção me tomava.
Desde quando eu queria que ele me notasse? Droga!
obrigação.
— Prefere que eu prepare primeiro sua refeição ou que cuide
que o senhor Javier tinha comprado para eles e que tinha permitido
sempre fazia?
Um nervosismo diferente me percorreu ao saber que ele
poderia me observar enquanto eu trabalhava.
— Isabel e Lorenzo sempre raspam tudo das vasilhas —
comecei a falar pelos cotovelos mesmo que, no fundo soubesse que
estava sendo inconveniente. Coloquei o filtro no coador, para depois
— Entendo.
— É por isso que eles comem tudo e não deixam nada. — O
— Desculpe-me, senhor.
Voltei para o fogão, desligando as bocas ao constatar que
tudo estava no ponto, e pus-me a passar o café. O cheiro pungente
na minha frente.
confusa.
então o abracei com força, fazendo com que ele gemesse com a
dor, provavelmente havia machucado as costelas também.
— Hermanito?
Um calafrio varreu-me de baixo a cima, como se meu sangue
creio.
— Você está me assustando — confessei em meio ao
pranto.
— Desculpe por isso, Babi. — Deu um sorriso fraco que se
na minha garganta.
Estava completamente desnorteada e eu tive a sensação
opressora de que Pablito estava me escondendo algo grave e que
que havia visto muita coisa. Pelo menos tinha um banheiro privativo,
não muito limpo, mas, ainda assim, não precisava compartilhar com
outras pessoas.
— Deus! — Pablito sentou-se no colchão e colocou a mão
no rosto, parecendo desesperado, cedendo as suas emoções.
escuro.
Removendo os dedos do rosto, fitou-me por longos minutos,
e em sua expressão havia dor, ressentimento e medo.
agora…
Lutei para respirar. Aquilo não poderia ser verdade. Era um
pesadelo que eu acabaria acordando.
verdade esse tempo todo, ou melhor, por não ter quisto ver. Ela
deveria ter estado sempre visível, porém preferi fazer vista grossa.
fodi com tudo e cavei a minha maldita cova. Você deve me odiar
— Não, querido…
— Se eu pudesse voltar no tempo, porra... mas acho que
como se se sentisse sujo e meu coração doeu por ele. Peguei sua
eram impelidos a esse mundo por sentirem que não tinham escolha.
A realidade era muito mais amarga.
tentei.
Fechei os olhos no momento em que um pressentimento de
tristeza me engolfando.
— Foi por mim, não foi? — Busquei a confirmação. — Para
agradeci por ter feito aquilo, ao mesmo tempo em que senti que eu
era um grande peso que ele teve que carregar. Sem dúvida, a vida
dele teria sido completamente diferente sem ter uma criança para
cuidar.
atrás das minhas orelhas e deu um sorriso irônico; seu rosto ficava
lágrimas dele com as costas dos dedos. — Mas por que você não
desesperado.
si mesmo.
no fim do túnel.
Confesso que não estava me preocupando com o meu bem-
estar. Tudo o que queria era proteger o meu irmão, que ele ficasse
outro lugar.
Fiz que não com a cabeça.
— Nunca poderia deixá-lo, Pablito. — Dei um beijo nas mãos
machucadas dele, mas não me importei, e implorei: — Por favor, não
Eu me sinto tão fodido por ter feito isso com você. Caralho de
Eu…
Fiquei em silêncio.
— Mas uma vez que se entra, é quase impossível sair, não
sem pagar um preço alto. Eu… só queria que a noite de hoje fosse
ter fugido, e ter acabado com isso de uma vez. Mas fui covarde
demais.
— Pablito! — gritei com ele.
grande demais.
— Isso não é um pesadelo? — sussurrei.
— Queria dizer que sim, mas infelizmente não posso.
— Tem certeza de que não quer ir ao hospital?
rumo, sem perspectiva. A única certeza que eu tinha era que nunca
abandonaria Pablo, não quando ele se sacrificou e colocou a própria
vida em risco para cuidar o melhor possível de mim e para que
ficássemos juntos. Enfrentaria tudo com Pablito e por ele. Por nós.
Capítulo quatorze
noite insone em que fui atormentado por lembranças que, por mais
que eu tentasse sufocar, pareciam ter o poder de me machucar. Não
fisicamente, não mais. Não importava que eu dissesse a mim mesmo
bebê que eu nunca poderei ter, sorrindo para mim com docilidade.
mesmo.
Sim, tinha sido errado olhar para a boca bem-feita que havia
sorrido para os meus cachorros quando brincava com eles, como se
realmente se sentisse feliz ao deixar que os dois lambessem seus
não era apenas dissimulação da parte dela, mas logo sufoquei essa
ideia dizendo que isso não a tornava menos traiçoeira.
bastardo...
A voz feminina levemente rouca e cheia de escárnio fez com
corpo todo ficasse ainda mais rígido e tenso. Tive que me conter
para não estremecer e nem deixar que as lembranças do que ela me
fez me dominassem.
— Você ama tanto assim minha presença que precisou vir atrás de
mim, velha? — retruquei arrogantemente, dizendo a mim mesmo que
jogo fodido.
— Não teve de mim o suficiente? — prossegui, dando um
sorriso maldoso.
Bufou, corajosa.
Levantei-me, ajeitando o meu terno, que eu sabia estar
impecável, e aproximei-me dela. Vi os lábios pintados de vermelho
tremerem quando fiquei frente a ela.
para que aquele brilho assassino e desumano, que tinha visto muitas
aprumou.
Ignorei a dor que irradiou por todo o meu corpo com a sua
fala. O fato da minha mãe ter me abandonado no hospital sempre
seria um espinho cravado em meu peito, porém não queria dar ainda
mesmo?
Riu cinicamente.
— Você é a maior desgraça das nossas vidas. Minha e dela.
consequências?
respeito…
Não me dignei a responder.
— Não contive meu tom de escárnio. Fiz uma pausa. — Assim você
Provoquei-a.
— Filho de uma puta.
notícia tenha sido recebida como uma facada. Apesar dos meus
anseios em ter um filho, havia respeitado a decisão da Angelina de
para ser mãe. No fim, pegá-la na cama com o meu inimigo não foi a
sua pior traição. Ter o bebê que eu sonhava com o homem que mais
odiava, depois do meu pai, era a pior delas.
¡Maldita ramera[46]!.
amor, bastardo. E por mais que você sonhe com o dia que carregará
minhas palmas.
— Tenho que me parabenizar pelo excelente trabalho que fiz
você nunca mais irá confiar em outra mulher para gerar o seu
bastardinho.
— Basta!
Com fúria, joguei o copo vazio na parede atrás dela, fazendo
com que ela desse um pulinho com o susto. Precisou de poucos
meus ouvidos.
Não me importando com as pessoas que me fitavam com
curiosidade, e muito menos com a minha aparência, que com certeza
menos tentar.
Mas essa dor de saber que eu era indesejado tornou-se
ainda pior enquanto eu crescia. Além de sofrer com sua ausência e
com a fúria da minha avó, assistir filmes e desenhos que pregavam o
mesmo por não me permitir ter contato com outro ser humano,
estacionamento?
Como sabia que não conseguiria descansar, era inútil ir para o meu
mas não sem antes perceber que as luzes do meu escritório estavam
acesas.
autodestruição.
— É culpa sua, seu mierda. — Ri ainda mais ao sair do
cabrón[47].
— Infierno[48] — sussurrei.
Que se foda!
— Primeiro cantar e dançar; segundo, brincar com os meus
cachorros. Não deveria ser uma surpresa saber que também pago
você para ficar chorando no meu sofá — minha voz soou ríspida,
completamente na defensiva.
— Senhor Javier… — A voz soou fraca ao saltar do assento
e instintivamente a mão dela caiu sobre o colo, mas ela não se
ergueu como era de se esperar.
meu escritório.
Ficou de pé tropegamente e passou a mão com força pelo
rosto, deixando-o ainda mais avermelhado, em uma tentativa falha de
— Sim.
Fez uma expressão de dor e pareceu ficar pálida e,
homem.
pelos maus tratos, pelo abandono por conta das suas deficiências;
por privá-los dos afagos que lhe eram dados por ela.
Perversa!
gelado.
— Faz-me um grande favor então. — Não deixei que a
Franzi o cenho.
que pareciam ser sedosas ao toque, apesar de não ser o mais bem
cuidado que tinha visto. Queria brincar com as pequenas ondas que
meus sentidos.
enxergar.
— Senhorita Garcia…
de ter um filho que tinha sido descartada voltou a ganhar tanta vida
que, sem controle nenhum, meu corpo todo começou a tremer.
hielo'' agarraria essa oportunidade que lhe foi dada sem hesitar. Eu
para mim, fazendo com que os olhos verdes dela me fitassem com
eu queria.
As mulheres poderiam ter me ferido um dia, mas eu usaria
quando eu não disse nada, parecendo dar por si que havia falado
demais.
interior.
— O quê? — Seus lábios cheios tremulavam e eu senti sua
respiração tocar-me.
— Quão longe você iria por ele, garota? — Fiz uma pausa.
— Quais os seus limites?
— Não estou entendendo, senhor — sussurrou.
Girou levemente o rosto, mas não deixei que ela desviasse o
olhar dos meus, por mais abusivo que eu estivesse sendo. Não
estava agindo melhor do que o filho do Gonzáles.
faço favores.
— Entendo, senhor Javier. — Engoliu em seco. — E o que
eu tenho que fazer em troca?
— Me dará um filho.
Capítulo dezesseis
bem como do calor do seu toque exigente, que não deveria mexer
tanto comigo quanto fazia. Me senti suja, podre, pois, por mais que
tentasse negar, eu gostava da textura da sua pele na minha. O rosto
bem-feito com a barba por fazer estava muito próximo ao meu, tão
me dê um bebê, garota.
vez que estava soando informal. — Dizem muitas coisas sobre você,
mas, satírico?
— Pareço estar brincando?
Trouxe meu rosto para mais próximo ao dele, poucos
sobre mim, ao mesmo tempo que pude ver nos seus olhos uma ânsia
crua que me dava a certeza de que não era uma piada. Ele
impossível.
desesperada. Ou precisava?
— Não, senhor.
imediatamente.
eu reagia como uma adolescente boba, igual aquelas dos filmes, que
não sabiam se comportar perante o garoto mais bonito da escola.
Dei um sorriso amargo ao pensar que tinha sido essa menina uma
vergonha.
O tom de voz melancólico reforçava o desejo dele, e tudo em
por Pablito.
— Pagarei também uma quantia generosa para você
carregar o meu filho no seu ventre. — Foi cínico, frisando as
pensar era que por de trás da amargura presente em sua voz, havia
muito mais sobre ele que deixava entrever, mas não tive tempo para
Fiquei envergonhada por ter o seu olhar cheio de cobiça sobre uma
parte do meu corpo, mesmo estando coberta, e o acanhamento que
me dominava se intensificou quando senti que reagia ao escrutínio
Engoli em seco.
— Faremos então algo ilegal?
Uma risada seca ecoou nos meus ouvidos e vi um sorriso
do tipo.
Estalou a língua e encolhi-me no assento com a sua
negócios.
— Entendo. — Não soube o que dizer, se é que havia algo a
ser dito.
Era difícil acreditar que o milionário tinha tirado algum
proveito das fofocas que envolveram sua ex-noiva, ainda mais
quando elas eram completamente desfavoráveis a Javier.
— ¡Sí!
amiguinhos.
gostando de senti-lo.
— Entre, Juan — ordenou.
paixão, amor que pareceu tão lindo quanto o dos filmes, embora
tenha suas imperfeições. Era algo que, no auge dos meus dezoito
cabeça.
— Mais alguma coisa, senhor Javier? — Virou-se para o meu
chefe.
— Não, pode ir para casa, para ficar com sua esposa e os
— Obrigado, senhor.
ainda mais, mas era difícil de se tomar uma decisão com a mente
tão conturbada, cansada pela noite insone.
— Então não vejo por que você não pode aceitar. — Passou
a mão pelos cabelos em um gesto de frustração, desalinhando-os, e
tornou-se ainda mais selvagem. — Mas, por via das dúvidas, fará um
check-up completo.
imprensa, eu pagaria caro por isso, pois não haveria dúvidas que o
senhor Javier me responsabilizaria unicamente pelo escândalo. A
ideia de que aquele homem fazia tanto mal juízo de mim, ainda mais
traíam. Havia muito mais em jogo para o senhor Javier, talvez mais
do que um dia eu sequer poderia imaginar.
— E então, garota? — Contra-atacou com sarcasmo, e eu
estremeci ao pensar que poderia ter algo a mais. — Para quem está
desesperada, você hesita demais.
era uma pergunta que o meu íntimo precisava saber, a razão me era
incompreensível. — Tenho certeza de que há uma mulher que pode
te amar e dar… — A risada seca, desprovida de humor, interrompeu
minha fala.
em contos de fadas, mas a vida ensina que eles não são para todos.
Estava surpresa por ele falar sobre romances e, ao mesmo
tempo, triste por ver a melancolia nele e por pensar que o senhor
Javier não acreditava que o amor um dia seria possível para si. Não
quis refletir o estrago que o último relacionamento pôde ter produzido
nele, nem os sentimentos que ele havia nutrido por aquela mulher,
que atraiu a atenção dos cachorros para ele. Os dois trotaram até o
seu dono que, agachando-se, deu atenção a eles, fazendo carinho no
topo das cabecinhas, arrancando latidos e granidos de deleite, ao
para ele não passava de uma esmola, para mim era uma quantia
absurda que eu levaria anos para juntar com o meu atual salário. A
diferença das nossas realidades era exorbitante e eu estava prestes
olhos.
Um silêncio pesado caiu sobre nós, onde apenas se ouvia o
imaginação de ser beijada por ele havia se tornado desejo, por mais
que eu temesse desapontá-lo pela minha inexperiência. E não podia
negar que certa tristeza também me dominou por não ser atraente o
dizer que nenhuma parte de mim nunca te tocará, mas isso será
tudo. — Foi ácido.
— Mas as pessoas não esperarão…
para dizer que essas pessoas estavam erradas. Todo o meu corpo,
o meu íntimo e minha alma, bem como minha intuição, gritavam que
ele estava errado, que ele era tão digno como qualquer outro de
receber carinho.
— Tudo bem. — Dei-me por vencida.
trabalhar.
Contive um comentário de que ele precisava de tudo, menos
de mais trabalho.
— O metrô está fechado. — Olhei as horas no pequeno
corpo esgotado para negar uma noite de sono. Com passos lentos,
caminhei para pegar a minha bolsa e minhas coisas, além do saco de
ração para que Javier pudesse colocar comida para eles. Não
cinto.
vento ameno soprou sobre mim. Não podia negar que estava
morrendo de saudades do calor, mas pelo menos o frio ajudava a
espantar o sono. Ouvi o carro se afastar assim que passei pelo
portão de entrada e fui grata por ele ter me esperado, vigiando-me.
nosso quarto alugado e bati na porta, batendo outra vez quando meu
banho, mas eu tinha muita coisa para conversar com ele para me dar
ao luxo de descansar primeiro.
saber que eu havia me vendido para o meu chefe. Meu irmão era
fugido.
— Não esperava você a essa hora. — Olhou no rádio-relógio
— Babi…
— Promete que não ficará bravo comigo?
lo, era um choque descobrir que sua irmã estava se vendendo como
um pedaço de carne em uma das lojas do Mercado San Miguel.
— Como a decisão de ser a esposa e mãe do filho dele foi
minha.
Bufou, passando as mãos pelos seus cabelos.
para cama….
contrato…
— Tão inocente. — Beijou a minha testa. — Um papel não
impedirá que ele tome liberdades com você, cariño[50]. Você deve
irmãzinha?
Esse cara poderia ter escolhido qualquer uma para gerar o filho dele.
Lutei para não fazer uma careta com a fala do meu irmão,
ignorando o sentimento confuso que me oprimia, dizendo a mim
mesma que eu tinha que agradecer por ele não ter escolhido outra.
verdade.
Tocou uma mecha do meu cabelo, brincando com ela, e
— Canalha!
Funguei.
Bufou um palavrão.
— Mesmo assim…
Por ele?
dele bater ritmado, o que, de alguma forma, fez com que eu sentisse
meu pai. — Eu não quero ter que te carregar e enfiar você com
roupa e tudo debaixo do chuveiro.
senti inferior ao pisar num saguão tão luxuoso, com pé direito alto e
piso de mármore, e também sem jeito por estar usando jeans e blusa
a mulher se afastasse.
computador.
— O senhor Javier está me esperando.
para mim.
com um tom que deixava muito claro que duvidava muito que alguém
para o local.
Dei um sorriso amarelo para ele.
não escondi a surpresa por ele não fazer o meu cadastro de entrada.
— Está sendo aguardada no último andar.
com mais força, com medo de deixá-la cair dos meus dedos suados.
Encostando na parede, fechei os olhos, inspirei e expirei
várias vezes enquanto pequenos flashes da consulta com o
exames, que, sem dúvida, já estão nas mãos do senhor Javier. Seja
o que Deus quiser.
minutos.
eles.
senhorita Garcia.
— Bem…
gesto com a mão indicando para ele não ter vergonha. — Javier não
é tão mesquinho a ponto de negar a um funcionário tão leal uma
xícara de café.
cabecinhas deles, para depois tocar onde eu sabia que faria com
que eles se contorcerem sob meu tato, soltando os brinquedinhos
do papai.
Fiz uma careta quando os latidos ficaram ainda mais
sorrateiro e silencioso?
Olhei para o chão, vendo os dois cãezinhos que ainda
músculos e força.
¡Dios!
Ele era muito atraente, mesmo em sua arrogância e frieza. E
só de pensar que ele poderia vir a ser o meu marido, senti como se
ser.
Tola! Ele nem seria seu marido de verdade. Nunca seria.
uma esposa.
Mas, perante o olhar intenso dele sobre mim, meu coração
poder, que pareciam como o pólen que atraí uma abelha, algo
infantil por ele, daquelas que tínhamos na escola pelo aluno mais
popular, e que seria completamente unilateral, sem nenhuma
Algo absurdo!
Tinha que parar com isso antes que eu me levasse ainda
mais ríspida que o normal. — O mundo não está aos seus pés,
princesa.
— Eu sei que não, Javier. — Voltei a encará-lo, sentindo-me
calça social.
— Eu mando e as pessoas me obedecem, chica. —
dizer isso assim que abri a boca. Não tinha o direito de irritá-lo e nem
o provocar, ainda mais quando nada estava garantido para mim e ele
do que fértil, desviei o olhar com medo de que ele pudesse ler o meu
rosto, e colocasse ponto final nas minhas esperanças.
O tempo em que ficou em silêncio foi o suficiente para que
eu sentisse uma fina camada de suor cobrindo a minha pele, sentindo
a apreensão me invadir.
atordoada.
Ele estava brincando comigo? Ou a risada dele nada mais
era que a confirmação de que eu tinha ferrado com tudo?
eu o encarei.
tinha ciência que a aparência dele era enganosa e que sua paciência
estava por um fio. Essa calma fingida aumentou a tensão que
ainda mais quando ninguém tocou no assunto que nos reunia ali.
entrei. Imaginava que não seria permitido que eles entrassem, ainda
gesto de nervosismo.
contrato que eu teria que assinar e que mudaria toda a minha vida.
que não poderia culpar Javier por estabelecer uma série de cláusulas
ponto.
— O ultrassom transvaginal não mostrou nenhuma alteração
morfológica, e nenhum cisto ou miomas que pudessem dificultar o
médico.
— Não, senhor Javier — falou calmamente. Fitando o
mesa.
— Entendo. Mais alguma coisa que eu deva saber antes de
assinar o contrato?
— Aconselho que ambos façam um exame de mapeamento
genético, para descobrir eventuais problemas de saúde que não
podem ser descobertos com os até então realizados, e também um
palavras dele sobre amar o próprio filho, sem se importar se ele iria
ou não nascer dentro do ideal de “perfeição” e “normalidade”,
mas, aos meus olhos, ele parecia se tornar um cada vez mais.
uma gravidez. — Fez uma pausa. — Mas não tem com o que se
preocupar agora. A chance de a inseminação obter sucesso é alta.
— Ótimo. — Não escondeu o alívio que sentia.
descompromissado dele.
ventre.
Não era lugar para isso. Melhor, nunca poderia ter lugar.
Tinha que me lembrar e me aferrar ao fato de que desejar
aquele homem, algo que por si só era absurdo, que eu nunca poderia
que, embora não fosse uma advertência, soou como uma na minha
cabeça.
Mas, ainda sim, tudo o que eu conseguia fazer era
Tola!
— Sim, senhor Javier.
prestei tanta atenção, pois todo o meu foco estava nas inúmeras
exigências feitas por Javier, bem como os cuidados que eu deveria
ter como a sua esposa e a pessoa que iria gerar o seu bebê,
condições que iam desde não beber e fumar, seguir à risca o plano
Mas o que fez com que meu coração se condoer por ele,
ótica, uma que ia em contramão àquela dada pela mídia. Tido como
— Não vejo a razão pela qual isso faz diferença para você,
contra o meu pescoço fazendo com que os meus dedinhos dos pés
estremeci.
Ele era como se fosse um predador rodeando a sua presa,
Não respondi.
— Estou enganado?
— Não, s- Javier — me corrigi a tempo, tentando me apegar
mim.
— Nunca poderei deixar que um filho meu carregue o
pois logo recordei que ele tinha sido resultado de uma traição.
— Não! — Exclamei em voz alta, levantando-me em um
— Sinto muito.
— Não necessito da sua compaixão, garota. Agora sente-se.
— Podemos continuar?
— Sim, Javier.
O advogado voltou a falar mais algumas coisas, mas tudo o
senhorita Garcia.
— Tudo bem.
Fiz o que ele pediu, sentindo meus dedos escorregarem ao
um suspiro baixinho.
Não demorou mais do que dez minutos para que o meu
destino fosse selado: eu seria a esposa do milionário e a mãe do
seu bebê.
— Há também esse documento que precisa ser assinado.
Olhei para o homem e assenti com a cabeça, pegando os
papéis dos seus dedos, acreditando que era mais algum documento
que protegeria meu futuro marido. Mas nada tinha me preparado
para as palavras que estavam redigidas naquele documento.
Capítulo vinte
tivesse sido arrancado à força e deixado em seu lugar uma dor que
nunca havia experimentado antes. Era visceral, tanto que o ar
trocado olhares, porém, dessa vez, ele era muito mais fino e,
era um homem que não tinha nenhum escrúpulo para obter o que
desejava e, se tivesse que passar por cima de qualquer coisa, ele
não hesitaria.
futuro marido.
dilacerador.
— Uma declaração em que formaliza que você está
para chorar, apenas rir e alto. Um som que nunca tinha ouvido
escapou dos meus lábios. Era burrice acreditar que um homem que
família. Mas ele não me incluía em sua vida nem na do bebê que,
não havia dúvida, eu também aprenderia amar. Minha risada ficou
ainda mais estridente.
— Garota? — A voz do meu algoz se infiltrou em meus
ouvidos.
Ainda sem conseguir me controlar, joguei a cabeça para trás
de mim.
— Algo engraçado, Bárbara? — Arqueou a sobrancelha,
desafiando-me.
— Não, marido — disse, tempos depois, quando consegui
parar de rir, e tudo o que restou dentro de mim foi um imenso vazio,
sofrimento. Dor.
Não passou despercebida a palavra “marido”. Javier
minha dor, até que novamente senti a respiração dele contra a minha
pele e eu me amaldiçoei mentalmente por reagir a sua proximidade,
mesmo estando em frangalhos. Talvez eu merecesse aquela punição
por, naquela situação, ainda ser capaz de sentir desejo por aquele
homem; por querer sentir seus lábios sobre mim; por as ondas de
antecipação percorrerem o meu corpo. Por ser tola.
Respirei fundo.
Com a frase “um filho pela vida do seu irmão” ecoando na
minha mente, peguei a caneta com os meus dedos trêmulos e, sem
desvendado.
pequenos, dando-me conta que ele estava mais próximo, tanto que,
se eu baixasse um pouco o olhar, encontraria o cós da sua calça.
pernas.
meu comportamento.
que era Lorenzo. — Não posso permitir que a “minha esposa” vista
que aquele homem objetivava ainda mais poder. Mas o fato não era
um consolo e muito menos diminuía a impressão de que eu me
coisas fúteis, garota. — Ele era puro cinismo. — Ainda mais quando
não há limite.
um sussurro doloroso.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, enfiando a mão
no bolso da calça, tirou dele uma caixinha preta que fez meu coração
Mais uma vez, ele deixava claro que não era nenhum príncipe
anelar direito, como via muitas pessoas usarem, já que ele não faria
isso por mim. E foi impossível não comparar o peso das pedras a um
grilhão.
o escrutínio suscitaram.
— Eu não posso ir para casa — confessei, e falar aquilo em
voz alta era como se eu cravasse uma faca no meu próprio peito. —
Os traficantes… Pablito não acha seguro.
Tragou o ar com força, soltando-o ruidosamente, os dedos
voltando a passar por entre seus cabelos.
pelos seus bebês. De sentir, uma vez na vida, sentimentos bons; que
tempo não fazia. Dessa vez não por conta de tristeza ou de dor, mas
pela felicidade em saber que aquele sentimento que por muito tempo
me parecia proibido agora me preenchia lentamente, afastando-me
das sombras.
mi mayor regalo[52].
alheia.
Finalmente experimentava aquele sentimento em plenitude e,
pai cada vez mais infiltrada dentro do meu coração, não precisando
mais dos papéis para confirmar, abri o envelope para guardá-los,
Por mais bonita e atraente que ela fosse, ela era perversa e
traiçoeira, mas eu não podia negar que, mesmo debaixo daqueles
não me senti nenhum pouco desapontado com a fúria que havia nele.
fosse me agredir.
Arqueei a sobrancelha ironicamente.
— Bastardo! — cuspiu.
— Isso é o seu melhor, rapaz? — Arreganhei os dentes em
muito pior. Então não gaste saliva com esses insultos, “cunhado” —
frisei a última palavra, não resistindo em provocá-lo.
la.
Dei de ombros.
em troca de dinheiro.
— Caralho, você pode trepar com a modelo e socialite que
Sua fala sobre o meu bebê fez com que uma ira
instantaneamente se apossasse do meu corpo e, perdendo
recuasse.
Homem tolo.
— Não fale sobre o que você não sabe, garoto — disse em
um tom de ameaça.
Não iria me expor, revelando o quanto eu queria aquele bebê,
cadeira.
— Se você fosse mais esperto, não falaria que eu usei meu
tom frio.
minha memória.
— Filho da puta! — Bateu na mesa outra vez, dessa vez com
as duas mãos.
vida — provoquei-o.
— Nunca! — Foi ríspido. — Nunca serei grato por você usar
a minha estrellita.
alto, incontrolavelmente.
O garoto estava completamente certo.
enfiar na cabeça dele que não desejava a pirralha e que tudo o que
respeito, mesmo que tenha sido por causa dele que Bárbara tinha se
vendido ao diabo.
Ele emitiu um som de desgosto.
tenho tempo para você e imagino que o seu prazo também esteja se
esgotando.
pé.
reconheci que não era apenas dirigido a mim mesmo, fez o que pedi
ao passar a mão pelos cabelos. Mesmo que suas pálpebras
baixo.
rispidamente.
— Será ruim para os negócios se alguém descobrir que o
“meu cunhado” continua no mundo do tráfico, garoto — falei com
cinismo.
— É mesmo? — Riu, não escondendo a amargura e o
quanto a ideia era tentadora para ele.
por mais que tenha sido pressionado e que tenha sido tentador.
— Ótimo. — Dei um sorriso falso. — Depois do casamento
com a sua irmã, garantirei que…
— Eu não quero o seu dinheiro — interrompeu-me ao falar
vários decibéis mais alto e eu pedi paciência à Virgem. — Você não
pode me comprar.
aquilo que tem alguma utilidade para mim, e você não tem nenhuma,
não faz a mínima diferença se vive ou morre.
Praguejou uma série de impropérios.
a mão para que ele não me interrompesse. — Duvido muito que você
deseje um bando de guarda-costas te seguindo para qualquer lugar.
Ele não respondeu.
costas.
Bufou, indignado.
— É uma viagem curta para ser feita de jatinho, tanto que ela
poderá ir e voltar no mesmo dia. — Fiz uma pausa. — De qualquer
modo, não é como se fossem continuar a morarem juntos.
bolso.
— Você não está em posição de barganhar. — Apontei para
ele. — Se olhe no espelho.
nada que eu odiava mais do que perder dinheiro e ser feito de bobo.
revés que havia sofrido. Fiquei satisfeito com a notícia que tinha
recebido mais cedo de que o garoto tinha conseguido sair com vida
realizar a dela.
Meu bebê…
Não houve mais nenhum pensamento que não fosse meu
filho, e logo a felicidade por ter o meu sonho se realizando voltou a
değerli[54].
Estalei a língua, achando graça, e estranhamente imaginei se
eu sentiria tanta raiva por ter sido tirado da cama como meu melhor
amigo parecia sentir, o que me seria inédito. Mas logo afastei esses
— Ossos do ofício.
— Que bosta que tu fez? Perdeu dinheiro de algum cliente?
Não respondi.
— Isso é sério? — insistiu.
— Sim, meu futuro “cunhado” ameaçou me dar um tiro de
costas dele.
— Que piada maldita é essa, Javier? — Questionou em um
tom severo que poderia fazer com que muitos arregassem, mas não
eu. — Está bêbado?
— Nunca estive mais sóbrio, amigo.
limites.
— Eu vou me casar, Yazuv. — Adotei o tom mais sério que
— ¡Sí!
— Não é nada com que se preocupar, Val — meu amigo
Que se foda!
Por um minuto, nenhum de nós dois disse nada, e eu apenas
escutei o barulho dele se movimentando, provavelmente indo até o
expressão fechada dele. — O que não entendo é por que você nunca
me contou que estava saindo com alguém, ainda mais depois de ter
— Eu sei…
que irá…
quero mais correr esse risco — confessei em tom baixo, que não
do seu feitio.
Engasgou.
— Dezoito? — falou em meio a tosse. — Tem certeza de
— Talvez…
— Eu tenho certeza.
— Você não pode me julgar, amigo. — Adotei um tom cínico,
— Sim, é.
em um tom neutro.
— É um bom motivo. — Pareceu refletir. — É o único que
havia respondido. — Por que você irá usar uma mulher dessa forma,
ainda mais uma que estava com medo de perder algum ente
querido?
Ajeitei-me melhor no sofá, sentindo um pouco de desconforto
se fosse uma mosca morta. Não iria sentir culpa ou remorso por
manipular a situação ao meu favor. No fundo, nós dois éramos vilões:
eu por usá-la, ela por gerar uma criança e pouco se importar com o
futuro do meu bebê.
Eu não aguento mais, Yazuv, não saber o que é amar e ser amado,
procura?
maior quando você descobriu que teria três bebês. Ver o amor que
você tinha por eles e o modo como eles retribuem, em sua inocência,
foi como uma erva daninha que cresceu em meu peito e se espalhou
Angelina?
— Suponho que não seja a traição.
pela única mulher com quem tentei me abrir. — Dei uma risada sem
humor, que pareceu ecoar por todo o meu escritório. — Mas o que
consigo senti-la.
— Não tem medo dos boatos?
Fiz um som que indicava negação.
malicioso.
— Não posso negar que eu quero — falou em um tom
pastoso —, não me canso daquela mulher.
— ¿Sí?
— Eu fico feliz por você. Tenho certeza que será um ótimo
pai, não tenho dúvidas que o bebê será muito amado. Você não
a volta para casa algo bem menos solitário e bem mais afetuoso.
Eles haviam transformado aquele apartamento vazio e sem cor em
algo mais próximo de um lar. Algo que, eu não tinha dúvidas, ficaria
veias.
Dominado por algo malévolo, para constrangê-la do mesmo
modo que ela me fazia sentir acuado, deixei que o meu olhar
percorresse o restante do seu corpo, como se ela fosse um pedaço
de carne. Mas o que vi fez com que o feitiço virasse contra mim.
quando deixei que o meu olhar pousasse sobre seu sexo. Mas ver
seus seios pequenos, expostos pelo decote pronunciado, subindo e
— Não vejo a razão pela qual você queira saber sobre isso
— fui não apenas arrogante, mas também cínico —, mas digamos
que sim. — Não hesitei em mentir.
Engoliu em seco.
— Sinto muito — sussurrou, abraçando a si mesma, mais
Arqueei a sobrancelha.
— Agora que seu irmão está em segurança, não deixarei que
Engoliu em seco.
— Se isso é tudo — não resisti e lancei um outro olhar pelo
corpo dela, sentindo que bastava um único relance para me acender
— Não me importa.
— Não precisa bancar a minha esposa, garota. — Fui
grosso.
— Eu não…
para a imaginação.
mim mesmo por sentir desejo por aquela menina maldita e, virando-
menor toque.
rigidez. Fazia muito tempo que não via meu pau tão ereto, tanto que,
se eu levasse minha mão a ele e o rodeasse, me acariciando um
raiva.
que não iria dar o alívio que o meu corpo necessitava, mas também
deixei que ela fizesse o seu trabalho em fazer com que o meu corpo
voltasse a estar sob controle.
água fria depois dele ter ousado sorrir para ela quando ela chegou
pareceu ecoar nos meus ouvidos, e a dor daquela criança fez com
pela minha vida que não irá machucar de nenhuma forma o meu
homem que havia jurado não mais deixar que o sexo feminino o
machucasse, se mantendo indiferente as mulheres, tornando-se frio.
vazio.
Sabia que ceder ao impulso de mergulhar dentro daquela
dizia palavras gentis, mas tudo se acabou quando a minha avó entrou
na cozinha e mandou que eu parasse de comer e subisse para o meu
dos Castillos havia tirado de mim a única pessoa naquela casa que
piso.
— Ah.
— Nem perguntei se você gostava antes de fazer. — Deu
uma pausa. — Posso preparar outra coisa se não gostar, Javier.
Eu…
— Não é necessário — cortei-a secamente.
ar.
desnuda dela.
cozinha e na geladeira, mas tudo o que conseguia pensar era que ela
coisas sobre a mesa; não escondi a surpresa por ver pão fresco —
Por que você tem que ser chato e acabar com a graça?
Bárbara sentou-se à minha frente e, como se fosse algo
maldita, mesmo que tenha sido por poucos segundos. Fiquei mais
irritado por ainda sentir o local onde nossos dedos se roçavam
formigando.
quente.
ridícula.
faladeira.
mais.
— Bom? — Pegou um e passou na calda de chocolate, e eu
senti um pouco de inveja por ela comer a calda com tanto gosto, mas
não me permitiria.
— ¡Sí! Muito bom. — Sabia que deveria mentir, mas acabei
falando a verdade.
na vida.
casais faziam.
Odiei as sensações provocadas em meu interior pelo ato de
partilhar algo com uma mulher, principalmente aquela. E, como num
Não queria que o “lar” que eu formaria com o meu bebê fosse sem
vida, embora eu soubesse que eram as pessoas que faziam de uma
casa um lar.
mascarando meu incômodo por causa de uma coisa tão ridícula com
uma mera decoração.
colo. Sentir aquele contato fez com que a raiva súbita diminuísse de
intensidade.
— Obrigado, pequeno. — Beijei o topo da cabeça dele,
Ela arfou.
Girei-me sobre os meus calcanhares e cruzei a distância que
faltava para eu alcançar o aposento, e, dessa vez, nem mesmo
— Hum? — Gemi.
caminhas.
Não podia negar que era delicioso ter os corpos quentinhos
cheios de pelo contra mim. Tinha que agradecer por Javier não ter
dormir. Não tinha ideia de que horas eram, mas estava tão gostoso
Mas sabia que não podia, não quando era o dia do meu
sufocante.
Eu sabia que o casamento iminente de Javier comigo geraria
alguma repercussão e que também seria difícil de esconder que eu
arrastado pela polícia de uma festa para depor sobre uma acusação
Não havia dúvidas que alguém tinha falado para a imprensa, pois, até
que não tinha nem onde cair morta, era como se, para as pessoas,
carinho por ele. Mas o pior era ler que o grande demônio só estava
casando comigo por conta de uma gravidez e por não tolerar que o
filho dele nascesse bastardo como ele tinha sido, indesejado. Isso
e o que era apropriado para alguém como ele, e as visitas que fiz ao
meu irmão, eu quase não tive tempo de respirar, de pensar, de
sofrer.
inesperado, algo que não acreditava que algum dia Javier sentisse
fome por uma “pirralha” como eu, fez com que meu corpo
paixonite por um homem como ele. Mas, por mais que tentasse, eu
não conseguia parar de fantasiar com ele. Tinha vislumbrado um
pouco do Javier que se escondia sob várias camadas de cinismo e
amor ou paixão, tinha esperado pelo menos conviver bem com ele.
Eu tinha estragado tudo.
entraram?
Claro que não obteria resposta. Apenas deixei que eles
ficassem em cima de mim, fazendo sua bagunça.
coberta em um tranco.
Tudo em mim ficou consciente daquele homem e eu abri os
demônio?
desviou o olhar.
do quarto.
intensidade, queimando-me.
dele.
Quis sumir.
minha insegurança.
— Eles querem que tomemos café com eles e os trigêmeos.
sentir pelos filhos do melhor amigo, por mais que tentasse disfarçar
tempo para pensar até mesmo no que era apropriado para usar.
Enquanto caminhava em direção ao banheiro, estava consciente de
que Javier ainda estava no quarto e tinha seus olhos pousados sobre
que ainda era menor que aquele que tinha usado na primeira noite
que passei no apartamento. Eu não me ajudava. Apesar de serem
— Eu sei.
fitá-lo. Dessa vez não senti o cheiro do seu perfume, ele não deveria
próximo era mais do que o suficiente para me deixar mole. Tive que
— Estou bem?
Coloquei uma mecha atrás da orelha, a insegurança voltando
inadequada me sentia.
Virou-se para mim e, mais uma vez, deixou que seu
— Servirá.
Não disse mais nada, apenas recolheu suas coisas e abriu a
porta. Não tive escolha a não ser segui-lo, mas aquela palavra que
usou, apesar de não ser uma repreensão severa, me fez sentir-me
ainda mais inadequada.
Capítulo vinte e seis
em que ele pousaria a mão sobre a minha coxa, como eu tinha visto
nos filmes clichês. Mas é claro que isso não tinha acontecido, ele
assim.
todos, evlat[62].
Ele não respondeu. Ficaram se encarando em silêncio, que
pegou e plantou um beijo nela. Nem sabia se isso era algo permitido
devido a religião dela.
— Essa deve ser a sua futura esposa — falou ao se virar
dele. Não ver a frieza costumeira em seus olhos, apesar que ainda
me era ilegível, fez com que o meu coração batesse
descompassado.
— Não sei falar inglês. — Entrelacei minha mão na frente do
corpo.
Ele disse alguma coisa para a mulher, que assentiu e, ao
— Eu torço para que sim. — Tive que falar algo, dando meu
melhor sorriso.
Mas temi que o meu tom não revelasse tanto a ternura que
uma noiva apaixonada deveria ter, embora tivesse me esforçado
para isso. Estava ciente de que seria muito fácil para uma garota
ingênua como eu amá-lo, porém sabia que não era o que o milionário
queria.
— Okay.
— Yazuv! — Outra mulher falou mas não olhei para ela, todo
o meu foco estava naquele bebê doce. — Não fale assim com o seu
amigo.
— Valdete.
Fiquei observando a mãozinha abrindo e fechando,
mais de mim.
Teria que ser o suficiente aqueles momentos breves e
hora.
Emiti um suspiro longo e baixinho, apaixonado, quando outro
chamada de senhora.
Deu uma gargalhada e eu ri baixinho, mesmo não sabendo
se era apropriado.
que ela fosse uma completa estranha. Fazia muito tempo que não
mas Valdete, com o seu tato e sorriso, fez com que eu me sentisse
xícara de café.
— Eu consigo imaginar o quão desesperador foi ter que lidar
com três bebês com cólica ao mesmo tempo — comentei,
balançando a mãozinha de Erol.
Tinha que admitir que admirava os dois por terem decidido,
mesmo em meio ao trabalho exaustivo, tirar boa parte do dia para
seus netinhos.
Será que Javier trabalharia menos para ficar com o nosso
bebê? Uma parte de mim torcia para que sim.
esposo. Não tinha passado despercebido por mim o modo como Val
e Yazuv se encaravam, bem como sorriam um para o outro.
Claramente o amor e o fogo pareciam crepitar entre ambos, e era
nossos bebês, nós dois ficamos loucos — Val fez uma pausa —,
principalmente o Yazuv.
colos.
— Provavelmente eu farei mais escândalo que você —
completou e o turco jogou a cabeça para trás, gargalhando alto.
O homem bufou.
— Você não vale isso — murmurou.
Javier voltou a rir e, em meio ao som, a criança no meu colo
com prática Onur do colo do marido. Assim que ela pegou Erol, que
estava comigo, senti imediatamente a falta do pequeno.
Quando as duas saíram, um silêncio se instaurou, e o melhor
era apenas uma farsa e que eu tinha sido comprada para dar um
bebê para Javier, que eu tinha me vendido.
e ele sorriu para a mulher que tinha acabado de voltar. Quando ela
passou pelo turco, ele envolveu a cintura dela e a puxou para o colo,
sentando-a de lado.
conseguisse se conter.
Olhei para Javier e ele parecia completamente indiferente,
como se estivesse acostumado a ver a demonstração de afeto entre
os dois. Como uma tola, não apartei a minha vista, e não contive o
questionamento se alguém conseguiria fazer com que Javier agisse
da mesma maneira, selvagem, sem se importar com nada e nem
ninguém.
Javier ergueu a sobrancelha ironicamente para mim quando
— Não?
— Eu e Yazuv mudamos de planos.
— É mesmo? — Valdete virou-se para o marido. — O que
pijamas novos.
Desviei o olhar ao lembrar das peças curtas e inapropriadas
que tinha usado mais cedo.
— Claro, aşk[66].
— Sempre.
Gargalhando, deixou a sala de jantar. Demorou cerca de
vinte minutos. Depois de nos despedirmos de Sâmia, fomos
acompanhada por Yazuv, que carregava os dois menininhos no colo,
e por Javier, que segurava uma menininha sapeca, até a porta, mas
só deixamos o apartamento quando dois seguranças vieram. Se
alguém reparou a falta de afeto na despedida entre mim e Javier,
minha alma.
Capítulo vinte e sete
você fez, Babi, mas eu te admiro por ter tomado essa decisão.
fazia.
garganta.
terno, tão paciente. Fora os mimos que ele deixava todos os dias na
minha mesa, dia após dia.
Confesso que queria saber como é estar casada com um homem tão
rico, poderoso e…
de corpo e alma.
— Entendi — falei baixinho. — Mas você sabe que esse
caíram.
desejei ser essa pessoa que daria carinho para ele, mas eu sabia
que não passaria de ingenuidade da minha parte acreditar que eu
poderia afastar as sombras que ele carregava em seu coração; que
A única coisa que conseguiria era dar a ele o bebê que tanto
parte de mim a ele, mesmo que Javier não quisesse, o filho que
teríamos juntos e que ficaria com ele teria para sempre o meu
coração.
— Quem sabe um dia Javier consiga entender que ele não é
o demônio que diz ser e que também merece ser amado — ela disse
sentir ciúmes de um homem que não era nada seu e que tinha
deixado mais do que claro que não queria nada com você, que não te
nada. Ele seria meu marido, um homem frio, arrogante e cínico, mas
pensamentos.
— Um pouco — disse com um suspiro profundo. — Sei que a
— Nada.
— Chegamos, senhorita — a voz de Juan ecoou no veículo e
— Entendi. Obrigada.
lingeries.
— Mas…
— Aprendi que a gente tem que usar para nós mesmas. —
algo mais recatado quando ele disse que iria abaixar a cava.
que confessar que o decote cavado, indo até o meu umbigo, que
que eu iria envergonhar Javier com a roupa decotada. Ele poderia ter
úmidas.
— O quê?
— De ser vulgar.
Suspirou.
acharão o mesmo.
meu, porém não consegui obter as respostas que uma parte de mim
ansiava, já que Yazuv era reservado em relação aos segredos de
Javier, principalmente as razões pelas quais ele era tão fechado, frio
e cínico.
Val tinha me feito pensar que, mesmo que aquele casamento
dialogar, buscar uma boa convivência com Javier, por ele, por mim
mesma, e também pelo bebezinho que eu geraria. Não seria bom
para a minha gestação que vivêssemos uma relação conturbada,
muito inflexível.
Senti meu estômago sacudir ao pensar que muito em breve
Mas não duvido nada que o que de fato os unem é eles gostarem de
se “vingarem” quando contrariados.
gargalhada.
— Acho que os dois acabam incentivando um ao outro —
continuou, sua voz saiu estranha em meio à risada.
Balancei a cabeça em negativa, colocando em risco o meu
penteado, enquanto lutava para não cair no riso outra vez.
— Só você mesmo, Val.
sendo muito mais velha, fez o papel que minha mãe faria se
estivesse viva, me era muito precioso.
em meus olhos.
— Refazer a maquiagem nos fará atrasar mais do que já
face manchada.
ele.
— Tá bom.
risadinha.
chão ao topo. Não havia um centímetro dela que não fosse coberto
por algum detalhe chamativo.
elevado.
— E você parece um noivo desesperado andando de um
lado pro outro — o turco falou em um tom que revelava diversão e eu
estaquei.
estar casado e começar uma vida a dois com a mulher que amava, o
fosse.
é a casa de Deus.
— Desculpe-me. — Arqueei a sobrancelha, não esperava
esperam?
Dei de ombros.
— Venderia, sabe?
precisava.
— Não me surpreenderia. — Dei um sorriso cínico. — Afinal,
ela é uma garota, e o irmão dela não está muito contente com tudo.
— Não posso culpá-lo…
casamento, mas não deveria ser uma surpresa um ser diabólico ser
excomungado de um local sagrado.
bufou.
Um silêncio caiu entre nós e voltei a olhar a porta, em
expectativa. Os minutos se passavam lentamente e o nervosismo
medo de me trair mais do que tinha feito até aquele momento, utilizei
— Vocês demoraram.
— Atrasamos um pouco com a maquiagem e o trânsito está
— Entendo.
— Nos seus lugares, por favor — o cerimonialista pediu a
quando a minha palavra era tão importante para mim, mas acabei
concordando com a cabeça, e senti os dedos dela tateando-me.
aquilo que a pontinha de mim sabia que a garota havia me dado, mas
que eu negava: esperança. De um futuro. De felicidade.
levar, mais uma vez, pelo sentimentalismo, pelas minhas ânsias mais
profundas.
Esse casamento não era real, porra, e nunca seria.
contato da garota, para apertar a dele. Não era idiota por acreditar
um bufar baixinho.
Dei de ombros. Nem eu conseguia compreender o que tinha
se passado, mas provavelmente era algo que, mais tarde, quando
dominar.
— Estamos aqui hoje, com a benção de Deus, para celebrar
a união entre Javier Castillo e Bárbara Garcia…
matrimonial.
Meu ato pareceu despertar os convidados, que
em inglês pelo meu melhor amigo não tinha sido assimilada por mim,
tanto que não soube como eu e a garota novamente estávamos
pressão dos lábios dela sob os meus. Eu estava gostando, por mais
que eu quisesse negar.
Era um selinho inocente, mas aquele beijo fazia com que
que experenciava era o abandono. Era algo que não deveria sentir,
mas, mesmo assim, a perda era visceral, estilhaçava-me ao meio.
Não se tratava apenas de algo físico, parecia ir muito mais além.
Fitou-me com os olhos verdes arregalados, como se ela
que aquele beijo tinha afetado a ela da mesma maneira que tinha me
devastado. Os seios tentadores subindo e descendo com velocidade
deram-me a resposta que eu queria, a garota não me era indiferente.
suavemente.
Não vacilei em me entregar aquela tortura, aos toques mais
do que proibidos. Minhas mãos começaram a criar vida enquanto a
uma na outra.
Bárbara alimentava o meu ego destroçado, fazendo que eu
acreditasse, mesmo que por uma fração de tempo, que eu tinha
algum fogo dentro de mim. Ela tinha um gosto tão bom e o modo
como me retribuía, os olhos verdes brilhando de desejo, me deixava
cada vez mais perdido, cada vez mais rendido, e o pensamento fez
sem que eu quisesse, agitava em meu interior, algo que era muito
bom em fazer, e deixei um último beijo na têmpora dela.
— Precisamos ir — sussurrei —, todos devem estar doidos
pelo coquetel.
— Como se você realmente se importasse com isso — falou
alegria infantil que havia nela, o sorriso inocente que pairava em seus
lábios, mesmo depois de ter se tornado a minha esposa, era como
receber um grande soco na boca do estômago. Desviei o olhar,
mesmo que eu tenha falado que ninguém esperava isso dela. Não
soube o que pensar.
dedos pelos seus cabelos livres da mantilha, mas ela não pareceu
me escutar.
algum outro homem que dançava com ela fazia algum gracejo. E
também estava ciente dos olhares que alguns deles lançavam para
com que ele saísse pisando duro, bufando, para marcar o seu
território, beijando-a com fúria, beijo que ela também retribuiu, tanto
que fazia pouco mais de uma hora que eles tinham deixado a festa.
Yazuv quase a tinha jogado sob os ombros, como se fosse um
Não era a primeira vez que o turco agia com possessividade, porém
senti inveja da relação deles, do modo como ele parecia ansiar por
controlada.
Ela se virou para mim e me deu um sorriso. O rosto corado
— Entendi.
— Eu nunca iria deixá-los se não soubesse que ficariam bem.
— Fui ríspido, a hesitação dela me deixou ainda mais irritado.
Odiava quando ela parecia um ratinho assustado, mas odiava
ainda mais quando a garota parecia pensar o pior de mim.
— E as minhas coisas? — sussurrou. — Não preparei uma
mala.
Arqueei a sobrancelha.
— Imaginei que você não iria querer, por isso, quando seu secretário
com aquela carícia não intencional era algo absurdo, ainda mais num
lugar que todos poderiam ver, mas uma parte de mim desejou que
ela tomasse meu lóbulo entre os dentes, puxando-o suavemente, que
os meus lábios, que a garota me beijasse outra vez, mas, dessa vez,
sem comedimento.
— Você pode sentir prazer em se autodestruir com suas
manejá-las
— Só irei me despedir do meu irmão. — Deu um beijo no
pensamentos.
rebelava com a minha resposta, gritando que sim, que ela deveria ter
falado, que ela deveria ter me defendido de mim mesmo. Não olhei
mais fundo para os meus motivos, consciente de que a resposta não
mudava os fatos.
— Só por isso?
Franzi o cenho. Eu gostava do silêncio, poderia estar
conta.
— Por também não saber inglês — confessou em voz baixa,
essas pessoas, — Senti que ela tinha o rosto virado para mim. —
estranha no peito. Uma vontade de falar que não, que eu não teria
vergonha dela, que isso não importava para mim, brotou em minha
incomodado.
— E nada te impede de fazer algum curso enquanto nós
— Sério?
— Ou geografia — disse em um tom cínico, cheio de
diversão. — Posso providenciar um professor particular para você, já
abraço.
Eu deveria afastá-la de mim, mas a deixei ficar. Era estranho
ter alguém aninhado a mim, mas, ao mesmo tempo, era muito
— Touché, fille[70].
bocejo. A palavra amor saindo dos lábios dela foi como receber um
coice. — Mas estou feliz de ir para... como é mesmo o nome?
— Valderredible.
— Hm…
Não disse mais nada e, depois de longos minutos, ouvi o
os sons baixinhos que ela tinha emitido durante o sono, assim como
tinha feito com o beijo, cedendo a imaginação de como seria tê-la
sentir.
Sufoquei uma risada amarga. Além de ser gelado e de não
ter sentimentos, eu estava descobrindo que também era um maldito
erro e eu o merecia.
fim chegasse.
Estúpido.
— Javier? — insistiu, tirando-me do transe.
banco.
— Por que diz isso?
— É gostoso ficar assim — confessou, traçando círculos
lentos com as pontas dos dedos no meu peitoral, fazendo com que
as chamas me consumissem. O tecido grosso da camisa e do terno
— Como algo que nos faz bem pode fazer tanto mal ao
outro?
meu terno.
— Vista isso — ordenei ao estender a peça para a garota.
— Não é necessário, Javier.
Dei de ombros.
— Senhora?
mim.
— Não. — Inalei fundo e o cheiro dela me envolveu outra
vez. — Na verdade, faz alguns anos que não venho até aqui. Desde
que…
solidão e um refúgio. Não sei por que tinha evitado até então aquele
lugar. Podia não ser o centro financeiro que me atraía, mas havia
uma calma relaxante nele. E, estranhamente, a presença da garota
Não era necessário fazer isso. Parece leve — apontou para a bolsa
de viagem.
Virei-me na direção dela e encontrei-a na porta, olhando para
oportunidade. Se eu for honesto, não sei o que deu em mim para ter
tal tipo de comportamento.
— Eu só não quero que pense que sou uma flor frágil que
dia bastante cansativo, para não dizer… — fiz um gesto com a mão,
especulativo. Poderia dizer muitas coisas sobre aquele dia.
Respirei fundo.
Piscou.
— Gosto de cozinhar.
Piscou.
desejo odioso que sentia por ela, irracional, que deveria estar me
sacaneando.
sozinha.
miserável.
Meu melhor amigo, sem nenhuma dúvida, riria alto da minha
cara pelo receio que eu tinha de despir aquela garota. Era ridículo
ou não.
uma pausa e adotei um tom cruel, com quem não sabia dizer ao
a ironia.
— Mas não preciso mais disso, não é mesmo? — provocou-
— Certo. — Obedeceu-me.
la.
Não pude conter um sorriso de satisfação com a sua reação,
mesmo que o som aumentasse ainda mais a minha ânsia de me
enterrar dentro dela, o som era sedutor demais para não ficar aceso.
Era um jogo perigoso que estava fazendo, mas eu era impelido pelo
desejo de provocar nela as mesmas sensações que ela tinha
soma de dinheiro para descobrir como era a peça e como ela ficava
no corpo dela.
Seria pequena?
Comportada?
De renda?
Havia uma liga combinando?
só para mim.
Ficamos nos encarando, sem dizer nada um para o outro,
ouvindo o som das nossas respirações aceleradas, até que vi o
dizer nada.
— Se isso é tudo, boa noite, “esposa”.
dar-nos prazer.
— ¡Carajo! — disse entredentes.
Mexi-me na cadeira, incomodado. Lancei um olhar para o
meio das minhas pernas. Minha mente lasciva não ajudava em nada
a diminuir minha ereção, pelo contrário, eu apenas ficava mais rígido.
Soltei um bufar de irritação e fechei os olhos, passando as mãos
aquilo.
— Sim? — De olhos fechados, tirei o telefone do bolso e
atendi.
— Boa noite, senhor Javier. — A voz do meu informante
dentro da financeira do Castro ecoou do outro lado da linha. —
esposinha.
— Bem, senhor... — ele pareceu hesitar.
— Diga logo — fui ríspido.
questionei.
— Os acionistas pediram que fosse aberto um inquérito
investigativo, mas sabemos que será quase impossível rastrear para
onde foi esse dinheiro — fez uma pausa —, e pelo que eu pude ver,
Castro estava tão nervoso que acho improvável que ele tenha alguma
coisa a ver com isso.
— Nunca se sabe.
— Em todo caso, é um rombo que ele não conseguirá cobrir
de maneira nenhuma, nem mesmo usando a venda das outras
não é algo que ele conseguirá esconder por muito mais tempo.
— Entendo.
Ficamos em silêncio, cada um em seus pensamentos.
— Não.
— Mantenha-me informado.
— Boa noite, senhor, e parabéns pelo seu casamento.
lábios deliciosos que, por mais que eu negasse, queria tocando toda
a minha pele e principalmente em minha boca, me beijando várias e
várias vezes.
Capítulo trinta e dois
sono.
dia, da conversa amena que tive no spa com Val até o meu
casamento, dos votos onde jurei perante a Deus amá-lo, algo que
não esperava que fosse tão difícil de fazer, já que mentir em local
sagrado me parecia errado, até os dois beijos trocados na igreja,
que pareciam impregnados na minha boca. Mas, se eu fosse sincera
comigo mesma, tinha sido o roçar sem querer dos seus dedos em
meu corpo pareceu queimar de desejo por ele. Meu sexo tinha
pulsado, ansiando por ser preenchido, meus mamilos pareceram
irmão não havia gostado muito da forma que meu marido havia me
beijado, a cara fechada dele tinha deixado mais do que claro isso.
Ele havia fuzilado Javier com o olhar durante toda a festa, e eu sabia
que apenas o fato de não querer causar mais escândalo envolvendo-
me o impediu de partir para cima do meu marido. Mas eu o conhecia
preocupação:
— Ele te obrigou a fazer algo contra a sua vontade,
Suspirei.
— Eu o beijei primeiro, Pablito — constatei um fato.
— Não importa!
como vários dos meninos do bairro em que cresci, porém dizer para
o meu irmão superprotetor que o beijo foi bom era mudar a
— Pablito…
ver.
— Eu…
deixe — murmurei.
— Você não pode ter tanta certeza, hermanita.
— Babi…
— É ilógico pensar que um homem como ele se casaria
Não foi você que disse que ele pode ter todas, então por que eu?
— Porque você é linda e sabe disso.
Foi a minha vez de puxar ar com força. — Nós dois sabemos disso.
Ficamos em silêncio por uns instantes, cada um preso nos
— Tá bom, gatita.
ele me ligasse.
porém não iria discutir com o meu irmão, quando ele queria, ele era
tudo.
— Prometo.
— Certo, beijos.
peça dessas.
colocar de uma vez por todas na minha cabeça que eu poderia não
ter o meu bebê comigo, mas o meu coração sempre estaria com ele.
Capítulo trinta e três
pendulou várias vezes, e voltei a atingi-lo outra vez mesmo com ele
alma.
Dei outro soco quando senti meu pau ganhando vida com a
minha cabeça, aquela garota não fazia apenas sexo comigo, ela se
doava por inteiro através dos seus toques, dos beijos e do modo
pelo próprio gozo, só tinha feito com que eu me sentisse ainda mais
irritado. Havia me comportado de forma abominável esvaindo-me na
mas que, ainda assim, me era ainda mais violento do que a volúpia.
Eu precisava daquela garota, da minha esposa, com todo o
meu ser.
Removendo as luvas e as descartando em qualquer lugar,
sonhos eróticos, mas ele era muito real, a respiração quente e suave
da garota, que chegava a minha pele coberta de suor, não me
necessitei.
— Deveria sentir asco por mim, garota — minha voz soou
não virar e quebrar aquele contato, com medo de que ele acabasse
cedo demais.
Porra, eu estava gostando de ser acariciado por ela.
mim mesmo.
idiota por minha causa. Eu que era um estúpido por deixar que as
dela.
continuasse.
— Eu não sei, Javier…
dano bem maior, pois alcançavam um lado que busquei matar, e isso
era perigoso, porque dava a ela um poder muito grande sobre mim.
me tocar.
de si mesma.
sem pudores.
— Entendo. — Passei a mão na minha barba por fazer,
coçando-a.
sorriso.
— Sim, deveria.
refém do calor que irradiava das pontas dos dedos dela para o meu
peito.
resmungo, eu a encarei.
Algo dentro de mim se revirou com a tristeza que vi nos olhos
dela, bem como a seriedade. O toque que antes tinha sido recebido
— O quê?
ponto de você ter que usar a frieza como um escudo protetor para
não se machucar mais, Javier? — Ignorou-me e eu pude ver lágrimas
estômago.
— Você não sabe o que está dizendo, chica — disse
maneira vertiginosa.
Pegando as mãos dela, baixei-as e pus fim ao contato. Com
para a bunda dela, sentindo certa decepção ridícula por não vê-la
usando o short curtinho que mostrava parte das nádegas.
Completamente paralisado, ouvi o som da porta se abrindo e
deixada pela saída da garota e também por não ter mais os seus
constrangedor.
beijos quentes, com os seus gemidos que me eram tão vivos que me
que tive essa noite com a garota, que parecia ainda mais vívido do
estendido.
procedimento?
— Não.
Antes que perdesse a paciência com aquele atendente
zíper. Enfiando a mão dentro da minha cueca, tirei meu pau ainda
mole para fora.
Deixando a minha mente completamente em branco, rodeei
de olhar para a garota ou por ter sonhos eróticos com ela. Forcei-me
a não pensar nela e imprimi um ritmo mais insano aos meus
movimentos, porém parecia inútil.
— Desgraçada — xinguei-a entre dentes, emitindo uma série
de impropérios.
Consciente de que eu ficaria um bom tempo sem nenhum
para baixo, adotando uma cadência lenta que era uma tortura.
Obriguei-me a acariciar meu pau do mesmo modo que fantasiava
com ela fazendo, o prazer se espalhando por todo o meu corpo.
Ao passo que me alisava, aumentando o ritmo e a pressão
exercida, eu sentia minha respiração cada vez mais ofegante,
acompanhando as batidas aceleradas do meu coração. Fechei os
masturbar.
Um líquido se formou na ponta, e eu deixei de me tocar ali
quando imaginei nós dois afoitos um pelo outro, cada vez mais
ofegantes, buscando a satisfação a cada chocar dos quadris, que
estalavam um contra o outro, colocando cada vez mais velocidade e
pressão no toque.
ainda mais fogo naquela fogueira que ela tinha acendido, apenas
para apagá-la furiosamente.
Preso as imagens criadas pela minha mente, em que eu fazia
vaginais cada vez mais contraídas, apliquei mais cadência aos meus
mais altos.
no coletor.
Emiti um grunhido alto com o orgasmo.
Tapei o potinho, colocando-o sobre a bancada, e permiti que
irônica.
havia me traído.
Soquei o balcão em um ato estúpido, já que apenas
foder.
— Maldita! — Trinquei os meus dentes ao imaginá-la
fechando logo a calça. Lavei minhas mãos e ajeitei meu cabelo, que
a clínica, era como se uma faca tivesse sido cravada em meu peito e
ficar com o meu bebê, até mesmo do meu irmão, porém não tinha
Suspirei.
— Não que eu me importe se meu vestido estiver com alguns
pelos, isso quer dizer que fui bem-amada antes de ir. — Plantei um
beijo no topo da cabecinha dela, beijando Lorenzo em seguida, que
mas Javier era um dos homens mais bonitos que eu tinha visto. Uma
onda de ciúmes me engolfou ao pensar que várias outras mulheres
esquentasse.
A crise de ciúmes descabida evaporou-se. O desejo que
meu pulso.
— E você as detestou. — Colocou as mãos dentro dos
bolsos da calça social.
— São extravagantes demais para mim.
ácidos.
— Fico feliz que não precisei matar ninguém para tê-las —
falei em um tom brincalhão.
— Compreendo.
— E então?
— Sou tão previsível assim, “esposinha”? — Não escondeu a
própria diversão.
— Bem… — Controlei-me para não morder meus lábios e
tornasse real.
— Eu não deveria ter dito isso — sussurrou para si mesmo e
Satisfeita, garota?
Não respondi com palavras, apenas deixei que meus dedos
que não o fosse, não me senti como um objeto que ele havia
verdade.
Suspirei baixinho com os meus sonhos infantis provocados
no meu ouvido:
— Eu estou com você, Bárbara.
frente.
mas ainda assim eu me sentia tensa. Não tinha ideia se era melhor
enfrentá-los ou lidar com as pessoas ali presentes. Andando ao lado
estava ciente dos olhares das pessoas pousando sobre nós, o que
ainda deixava meu estômago dando voltas.
Meu único conforto era o fato do meu marido continuar a me
tocar com a sua mão firme e quente, até mesmo um pouco mais
alta.
passar.
sessenta anos com uma mulher loira e linda, risonha, que tinha idade
bom gosto.
mas agradeci pela sua atitude protetora. Adorava o fato de que, com
acompanhasse.
— Deixe disso, Castillo…
desdém.
— Não me toque, senhor.
homem asqueroso.
— Espere, Castillo!
Segurou o braço dele, fazendo com que ele parasse e
era versada.
Era fatigante ter que fingir uma coisa que eu não era e
tivesse tentado dar minhas opiniões quando era solicitado. Ainda que
Parecia tão natural tocá-lo, a única coisa real que havia entre
nós dois.
— Então vamos — colocou a taça vazia em cima de uma
direção ao hall.
— Ora, ora, ora, se não é o desfigurado e o seu novo
entrada.
Javier parou por alguns segundos e eu encarei a mulher
elegante em seu vestido longo azul-marinho com belos cabelos loiros
marido não sentir mais nada pela sua ex-noiva, nem mesmo uma
centelha de desejo. Instintivamente me aproximei mais dele e voltei a
daquela fofoca.
— Se você acha isso... — meu marido falou languidamente e
na minha direção.
— Acho que aumentei meu nível, isso sim — insultou-a, mas
eu era muito mais baixa que Javier, colei nossos corpos. Resvalei
sem querer meus seios no braço dele e ouvi um grunhido baixinho
escapando dos seus lábios.
Encarei-o com toda a ternura que havia em mim, com todo
carinho e com toda a paixão que um dia eu poderia vir a ter por ele,
o que não era difícil. Com uma coragem que parecia extrapolar o
senti-lo.
Nossas respirações agitadas se mesclavam uma à outra em
me virei.
— Grande atuação de vocês dois — a mulher disse em um
— o homem provocou-me.
— A de vocês que deve ser um grande saco de merda, já
surpreendendo-me.
— Sua prostitu…
— Chega, Angelina! — A voz ácida de Javier soou baixa e a
tensão que havia nele era palpável. — Não irei tolerar que uma vadia
— Filho da puta…
O homem fez como se fosse partir para cima do meu
formigarem.
— Vamos, mi Luz[72]? — falou. — Você disse que estava
cansada.
— Claro, querido. — Agarrei-me ao braço dele como se
com que a minha pele ardesse com a insinuação, mesmo que fosse
apenas uma encenação. — Conheço um bastante privativo.
pulmões de ar.
— O quê, garota? — Não desacelerou.
— Soou frio.
tom sério.
— Como assim? — Arqueei a sobrancelha.
quadris.
minha vagina.
— Mas eu sou ainda mais idiota por acreditar que sou capaz
de me entregar completamente a você, de que poderei ser esse
homem — disse. Rebolei contra as palmas quentes dele quando
o mais para mim. Estava cada vez mais perdida nas sensações que
Javier provocava em mim, tanto que não hesitei em abrir minha boca
em um convite para que ele aprofundasse o beijo. Eu precisava,
— ¡Carajo! — arfou.
Ia remover a minha mão, porém, abrindo um espaço entre
meu íntimo.
— Javier — pedi.
— Com prazer, garota. — A voz dele soou grossa.
vestido, infiltrou a mão e segurou meu seio com a sua palma quente.
Ergueu-o e baixou a cabeça para tomar o bico entre seus lábios. Um
choque me percorreu da cabeça aos pés, e eu me senti naufragar
consumia.
— Virgem Maria misericordiosa! — Uma voz feminina ecoou
bastante aguda no banheiro seguido do som de algo indo ao chão.
atentado ao pudor?
— O que aconteceu, mulher? — Um homem falou em um tom
severo.
ainda parecia chocada, mas o homem mais velho do que ela tinha um
sorriso divertido nos lábios. Olhando-os, recordei-me de que ambos
tinham estado no meu casamento. Devo ter recebido seus
Souza.
— Bom Deus, Javier! — Não escondeu a própria diversão.
deliciada.
— Somos recém-casados — falou, com uma naturalidade
adentrássemos ao hall.
Virou-se para mim e tocou o meu rosto, acariciando-o
suavemente.
— Eu deveria, mas não consigo, garota — confessou em um
tom rouco e meu coração pareceu se encher de esperanças.
— Isso me deixa aliviada. — Sorri, mesmo que não tivesse
— Javier…
— E eu também não posso — murmurou para si mesmo e
pelo seu timbre pude perceber que ele parecia sentir dor.
— Não entendo, Javier… — Estava confusa com a tristeza
que ele parecia sentir.
voltar com o resultado do teste de Beta HCG, que eu havia feito para
saber se a inseminação havia dado certo e se eu realmente estava
grávida, já que ainda não havia sentido nenhum sintoma que poderia
entre nós dois. Me ressentia, como uma tola, de não haver mais os
toques sutis nem as conversas bobas. Mas o pior era que não houve
que meu marido não estaria comigo. Fiquei bastante sentida por
mim, mas principalmente por ele. Mesmo que nenhuma vez tivesse
para saber se eu já estava grávida, até mais do que eu, então queria
que ele estivesse aqui comigo, nesse momento que era especial não
apenas para mim, mas com certeza para Javier também. Tinha
papel.
— E então, doutor? — questionei, com o coração na goela,
sangue é de 40 mIU/ml.
Encarei-o, confusa, ficando ainda mais nervosa.
está grávida.
Continuou a falar, mas eu não escutei mais nada, pois fiquei
em choque. Mesmo que eu estivesse esperançosa pela confirmação,
abobalhada demais.
Ele franziu levemente o cenho, mas era educado demais
para comentar o quanto ridícula eu estava sendo.
temia que, a cada dia, mais e mais, a cada respirar meu, a cada
bater do meu coração, outros pequenos pedaços fossem retirados,
os resultados do exame.
— Ele não ainda não sabe? — Me surpreendi por ele não ter
faria de tudo para uma boa convivência com o pai do meu bebê, faria
isso por nós três.
Descobrir que realmente estava grávida dele poderia ter um
sabor agridoce para mim, mas a notícia de que Javier se tornaria pai
não precisava ser dada como se fosse um relatório dos ganhos de
da minha alma, mas não o meu bebê. Meu filho precisava ser
celebrado, amado. E era isso que eu faria.
— Sorri.
autopreservar.
indicavam isso.
consigo ter medo dele e de nada que possa fazer contra mim.
assunto que tinha me trazido até ali —, pedirei que você faça alguns
refrigerantes.
— Claro.
esperando.
Quis gargalhar pelo receio dele e pelas tentativas de me
dissuadir. Não duvidava que, mais tarde, ele faria um relatório para o
— E boa sorte.
Não contive mais a risada. Segurando a minha bolsa com um
de Javier.
Capítulo trinta e oito
gourmet de hambúrgueres.
— Sou uma profissional conceituada e várias empresas
continuou.
fosse corriqueiro, senti que havia falado demais, já que não deveria
uma chance.
O tom bajulador com o qual falou fez com que a minha ira
minha esposa.
problema.
— Não preciso ouvir mais nada, senhora Rico — falei
eu queria que ela fizesse amor comigo. Não desejava uma rapidinha
em um banheiro, mas, sim, algo a mais, que eu não poderia exigir,
garota.
Emiti o suspiro que estava preso na minha garganta. O
exame bobo, e não havia nada que pudesse dar errado. No máximo,
um resultado indeterminado que teria que ser repetido em um outro
palavra saiu amarga pelos meus lábios, porém não me ative a isso.
frente. A única coisa que estava consciente era de que o meu corpo
— O quê? — sussurrei.
Ela suspirou.
Desviei o olhar.
sei que você já é apaixonado por essa criança desde que assinou o
contrato.
Abri e fechei a boca, tentando buscar palavras, porém não
mim, nunca alguém foi tão generoso comigo a esse ponto. Bárbara,
grande ponto negativo nela, porém nunca imaginei que daria graças
— Compreendo.
daquilo.
— Mas acho que falhei miseravelmente no meu intento.
Fiz que não com a cabeça, e tive que conter a minha vontade
de tomá-la em meus braços, sem me importar com a caixa, e girá-la,
turbilhão.
— Não, garota, você não falhou em surpreender-me…
— Claro. Eu…
Sem jeito, peguei a embalagem das mãos dela sem que
pedisse e dei um passo para o lado, para que ela entrasse. A risada
direção a cozinha.
Coloquei o invólucro sobre a mesa e, em silêncio, observei-a
mexer na bolsa.
quê…
— É uma tolice minha, mas ainda que seu bebê seja algo tão
pequenininho dentro de mim, quero que você o sinta — sussurrou —,
sobre a minha.
Abri meus olhos contemplando sua expressão suave, seus
olhos questionadores. Estranhamente, na minha percepção, ela
aquele tipo de amor que eu ansiava não poderia vir dela, embora o
meu melhor amigo tivesse sugerido que com ela seria diferente, e
até mesmo Bárbara tivesse me feito crer que seria possível. Eu
me afetasse.
— Sim — menti.
Ainda havia uma série de problemas que deveriam ser
tenha cafeína.
— Entendo.
Ela se virou para a bancada, começando a mexer nos
utensílios e armários. Uma parte de mim não podia negar que havia
sentido falta de vê-la mexendo em tudo por ali. Até então, não era
consciente que as vezes que tínhamos compartilhado um café ou
— Sim, garota?
— Acho que você deveria demitir o supervisor de serviços
gerais da Global.
Arqueei a sobrancelha.
— Me dê uma boa razão para isso. — Poderia censurá-la,
mas quis ouvir o que ela tinha para dizer.
tanto que eu olharia para ela, do tanto que choraria em cima dela.
Não demorou muito para que Bárbara me servisse uma
xícara de café e se sentasse com a sua própria caneca, atacando a
melhor, se gabou.
Ela riu.
— Você não tem ideia do quanto foi difícil para mim ouvir…
doce.
Enquanto escutava, sem de fato ouvir, a pessoa do outro
lado da linha, pensando no meu pequeno, foi impossível não recordar
tempo, ser cruel o suficiente para não querer a vida que havia dentro
dela? Uma mulher que parecia ter estado feliz com a gestação, e até
veio a ideia de que o meu amor teria que ser o suficiente para ele.
Mas e se não fosse?
— Tem que ser — murmurei sem me importar com a pessoa
coisa para ele. Quem não gostava de ser lembrado e mimado? Tinha
— Fique à vontade.
Não respondi, minha atenção desviada por um lindo
dia que passava, uma parte de mim torcia para que fosse uma doce
garotinha, embora soubesse que iria amar meu bebê independente
do gênero.
Toquei a peça, sentindo o tecido macio em meu tato. Era
lindo.
— Vou levar esse — falei, entregando-a para ela.
Assentiu.
Me escoltou em silêncio em direção a praça de alimentação
e, enquanto eu escolhia um local, não me passou despercebido a
confesso que não podia esconder que sentia uma certa curiosidade
natural sobre ela, ainda mais por ser a parente mais próxima de
Javier e não ter estado no nosso casamento. Já que meu marido não
me contaria nada, e mesmo que não devesse, busquei nas colunas
de fofocas se tinha havido uma briga entre os dois, mas apenas
mim.
comigo.
Sabia que deveria obedecer ao meu marido, sem dúvida ele
lotado e com um segurança por perto? Duvido muito que faça algo
grave.
essa distância.
— Claro, Magda.
parar.
— Senhora?
— Sim?
novamente tive uma sensação ruim, mas que logo tratei de reprimir.
incômodo. Se fosse sincera, o único sintoma que tive nesse início foi
a ausência de menstruação.
— Não irá beber, querida? — Fez uma pausa. — Aqui os
chás são tão bons quanto os que os ingleses fazem.
outra coisa…
— Obrigada.
seu batom.
que não cabia a mim dizer. O bebê era de Javier, não meu. Outra
vez, reprimi a dor que o assunto me causava.
— Um presente para uma amiga.
que ele escolhesse você. Mas nós duas sabemos que Javier te
comprou apenas para gerar um “bastardinho”. — Fez um gesto com
a mão, displicente. — Não vejo nenhum problema em ser ambiciosa,
dinheiro.
— O triplo então?
Arqueou a sobrancelha e deu uma risada ácida.
— Tola! — sibilou.
— Que seja.
— Você nem mesmo terá direito de ficar com ele, no final de
mim para me ameaçar. — Eu farei com que pague por isso. E com
juros.
Ignorei-a, caminhando apressada para deixar o local. Mal
loucura.
Respirar tornou-se difícil. Era muito rancor, muita raiva, tanto
que me assustava, me congelava. Aquela mulher era capaz de fazer
mal ao próprio bisneto para ferir Javier. Temi pelo meu bebê, e
abracei minha barriga com mais força, protegendo-a.
em cima da mesa.
Detestava interrupções, ainda mais quando estava
presentes.
Ergui-me e, pegando o meu celular, deixei a sala de
assim que entrei, fechei a porta atrás de mim. Havia duas ligações
fosse um martírio.
— Senhor Javier.
segurança.
que aconteceu?
em risco.
vencesse.
“— Soy un patán[75]”— repeti mentalmente, dominado pela
raiva e pela frieza.
Abri e fechei a mão, com vontade de socar algo, de
bolso, peguei minhas coisas que estavam em uma gaveta, bem como
a chave do carro, não aguentaria esperar o meu motorista chegar
para me levar para o meu apartamento, e saí do meu escritório,
bochecha.
— Eu…
seus olhos, mas que logo se apagou. — Ele é o meu bebê também.
rosto.
minha vida, que eu tentei ser forte, que eu conseguiria ser uma
ainda deslizavam pelo seu abdômen. — Mas a cada dia que passa,
eu falho miseravelmente.
Engoliu em seco.
meu coração trancado era a melhor coisa a ser feita. Por mim, por
ele.
bebezinho.
que se revelava um grande vazio sem ela, sem a mãe do meu bebê.
proposta.
Assim que ela disse aquilo, tive que olhar nos olhos dela,
buscando a verdade, e o que eu encontrei fez com que eu
estremecesse.
Havia visto aquela mesma emoção na expressão da mulher
do meu melhor amigo quando fitava os seus três bebês. Era amor.
estacado no lugar.
uma mulher que ao mesmo tempo que amava, carregava uma dor
mais pungente.
Uma chave dentro de mim pareceu virar dentro de mim e eu
Não tinha ideia de que horas eram, nem aqui, muito menos
escondendo dele minha angústia, a raiva que nutria por mim mesmo,
minha esposa era igual ou pior do que a mulher que me deu a vida.
Agora que pensava com clareza, pois ela havia aberto meus
olhos, pude perceber que tudo nela parecia gritar o contrário do que
eu acreditava. A alegria que havia visto nela quando foi ao meu
isso tudo não era algo que se conseguia fingir, não com tanta
ser um grande filho da puta. Desejei poder ter visto isso há muito
tempo.
— Era inevitável que uma garota inocente como ela não se
veemência vindo do meu melhor amigo. — Por mais que você não
ver.
— Não, eu não…
— Pode ter cometido um erro, mas isso não significa que
Soltou um suspiro.
— Vocês podem tentar… — Não completou, e não
precisava.
alguma forma eu também teria que ser. Tinha que pensar naquilo que
estava deitado nos meus pés, mas eu quase não era consciente dos
para mim.
— O que é? — questionei em um fiozinho de voz depois que
você.
— Tudo bem.
— Eu não entendo...
— Não é justo que o “nosso” bebê viva sem ter os carinhos,
ele, tanto que estou disposto a ficar com ele apenas uma vez na
semana para que você possa ter a guarda dele.
tanto que eu quase cometi o maior erro da minha vida, o que faria o
meu filho sofrer.
— Javier…
meu bem mais amado, mas sei que será uma mãe maravilhosa!
— ¡Dios! — dei um gritinho, e latidos me acompanharam.
— Por quê?
Senti o corpo dele ficar tenso de encontro ao meu e ele
esperança tomava todo o meu corpo, por mais que uma parte
racional tentava colocar algum freio nos meus anseios. Não tinha sido
eu quem havia falado um dia atrás que eu não poderia continuar
fragrância que pareceu dar ainda mais forças para meus desejos
secretos de que eu e aquela mulher, juntos, poderíamos formar uma
família para o nosso bebê. E por que não, para os dois pequenos
que, ignorados por nós, tentavam chamar nossa atenção com suas
escondesse de mim. Quando ela não fez nada para baixar o rosto,
acariciei sua face, não podia negar que sentia falta de tocar a sua
pele macia.
que pode ser que você se apaixone por outra mulher — continuou em
voz baixa e eu pude perceber uma pontinha de tristeza em seus
respiração quente dela contra a minha pele era como receber uma
carícia fodidamente deliciosa.
— Você está errada. — Minha voz soou rouca, e eu escutei
determinação em resistir.
Porra!
— Javier…
— Mas você deve saber que não sou capaz de odiá-la,
garota.
Ri baixinho de mim mesmo. Ouvir aquela verdade dita em voz
alta era no mínimo engraçado.
Ergui meu rosto para que nossos olhares ficassem presos
um ao outro e voltei a dedilhar a linha da sua mandíbula.
— Mas mesmo que eu sempre tenha sonhado acordado em
com você pelo nosso bebê, eu não posso puni-la ainda mais
mantendo-a como minha esposa.
— Javier…
olhos.
— Não, eu não posso, Bárbara — comecei a ser cruel
alta.
Não sei se ria ou chorava pela capacidade dela de chegar
continuando a me tocar.
armas para que ela me quebrasse ainda mais, porém, mas, diante
do desalento que sentia, não me importava, não quando a solidão
mais cobiçava.
— Assim, Javier?
Me sentia nos céus por ser beijado daquela forma, por ter os
couro cabeludo.
Suspirei, embevecido, quando, com pequenas mordidinhas,
fez com que eu abrisse meus lábios para que recebesse a sua língua
em meu interior.
Bárbara me lambeu, sugou, mordiscou, provou cada canto
desse mais acesso, para que ela não deixasse um único pedaço de
mim sem o seu beijo. Tive que conter uma gargalhada quando a
ponta da língua dela fez cócegas no céu da minha boca, e apenas
acarinhando-a.
como nossos corpos pareciam ter se tornado um. Era como se não
houvesse naquela sala nada além de mim e ela, de calor e prazer.
fazia ver que não precisávamos estar nus para que eu sentisse
aquele prazer indescritível nos meus sentidos. E eu mergulhava de
como aquele, mas eu sentia que ela me dava tudo o que eu desejava
com apenas um roçar de lábios. Fechei os olhos, como um garoto
estava sendo o primeiro para mim, pois ele não era apenas diferente
de tudo que já tive, mas também pareceu vir mudar tudo. Agora que
tive uma amostra de como era ser beijado daquela forma, com
meus lábios.
O olhar dela parecia nublado pelo desejo e por uma espécie
de felicidade. Inconscientemente, infiltrei minhas mãos pela blusa
sonhado filho.
minha boca.
Não contive o meu próprio sorriso.
com palavras.
— Mas acho que preciso de um pouco mais — falei em tom
de diversão —, só para ter certeza.
Pelo menos meu quarto não ficava tão longe assim; somente alguns
metros. E minha esposa era pequena e leve demais para mim.
— Hum…
— Não gosta? Posso te soltar aqui mesmo — brinquei, pois
nem ferrando eu a soltaria.
se infligiu por ela, mas era inevitável. Só poderia torcer para que a
pequena se acostumasse.
Limpando as mãos com álcool em gel, removi os sapatos, as
fez com que eu gemesse e, por instinto, esfreguei meu pau no seu
ventre.
— Onde paramos, Javier? — Murmurou em um tom rouco ao
último fio de sanidade, sem esperar uma resposta, cobri seus lábios
com os meus.
mesmo que não fosse pele contra pele, a garota parecia deixar um
rastro de fogo em mim.
Eu queimava por aquela garota e pelos sons baixinhos que
ela emitia em meio ao nosso beijo cada vez mais sedento, onde
nossos dentes sem querer se chocavam, com nossos lábios se
movendo freneticamente, produzindo seu próprio som, e nossas
amor comigo.
Ela chiou em protesto e eu quis sorrir em meio ao beijo,
alcancei outra vez os seios que tanto queria sentir com as minhas
mãos. Depois de contorná-los com as pontas dos dedos, traçando
suas doces curvas, como eu faria depois com a língua, segurei-os
que o outro.
Continuei a acariciá-la com as pontas dos dedos, só então
— Não de mim.
Baixei o braço dela, expondo os seios para o meu olhar.
Porra, eles eram lindos na sua imperfeição. Os bicos eriçados
senti sua mão sobre a minha pele. Segurei o ar nos meus pulmões.
Por mais que eu quisesse tocá-la, brincar com os seus mamilos
eretos, deixei que ela me explorasse. Ela tracejava com a ponta dos
dentro de mim que somente ela conseguiria. A carícia era algo físico,
porém ela atingia algo que ia muito além do meu corpo.
Fechei os olhos e as sensações que percorriam meu corpo
escorrer pelo meu pau quando sua língua substituiu seus dedos e,
com os lábios, começou a traçar pequenos círculos pela minha pele,
subindo até alcançar o meu pescoço, deixando pequenos chupões
que aumentavam o prazer que sentia. Regozijei-me quando ela
sofrer.
— Eu… — Já ia dizer que eu já a havia ferido, porém ela me
interrompeu com um selinho.
— Não deliberadamente. — Voltou a me dar um beijinho. —
E mesmo com os ferimentos, você deve saber que é um homem
muito, mas muito atraente, tanto que foi impossível não nutrir uma
paixonite por você.
Arqueei a sobrancelha ao passo que meu coração se
acelerava.
¡Carajo! Aquela garota estava me dizendo que já nutria algo
por mim?
— Paixonite?
Fez que sim com a cabeça, continuando a me acariciar, e
sorriu.
— Que mulher em sã consciência não o desejaria?
— Não me importo o mínimo com as outras mulheres — falei
ar. Minhas mãos foram das suas nádegas para o elástico da maldita
calça que usava. Voltei a capturar seus lábios.
Senti que meus dedos ficaram trêmulos com a perspectiva
de deixar a minha mulher completamente nua para mim e, mesmo
torpemente, comecei a baixar a peça, juntamente com a calcinha de
algodão. Eu me sentia nervoso, afoito, complicando uma tarefa mais
sua garganta.
— Não sabe o quanto eu imaginei te dando prazer, Luz...
Sem esperar uma resposta, tombei-a suavemente contra o
colchão e, apoiando meus joelhos na superfície, a deitei no centro da
cama, seus cabelos se espalhando pelo lençol cinza. Soltei uma
gargalhada áspera quando ela me puxou para si com voracidade,
Seus olhos fixos aos meus estavam cada vez mais nublados
de desejo, a imagem dela era fodidamente erótica.
Mordiscou os meus lábios, puxando o superior devagar, e eu
amei a voracidade daquela mulher que, aproveitando o suor que
começava a banhar nossos corpos, deslizava contra mim,
estimulando-se ao roçar lentamente no meu pênis.
fogo que havia entre elas, e eu dei um beijo no seu monte, fazendo
com que se contorcesse contra o meu rosto, mas apenas subi
novamente, até pairar sobre um dos bicos sensíveis.
Vingando-se de mim, circulou o meu pau com a mão livre,
fazendo com que ele pulsasse entre seus dedos. Grunhi quando
começou a acariciá-lo um pouco desajeitadamente, mas logo a
prazer.
Uma gota de suor escorreu pelas minhas costas com o
esforço que eu fazia para não reagir ao corpo da menina que se
arqueava em minha direção, com a vontade de penetrá-la com o meu
pau que chegava ao limite.
Os olhos dela ficavam cada vez mais brilhantes e sua
um grande limbo.
Nossos gemidos e nossas lamúrias de insatisfação ecoavam
em uníssono por todo o quarto. Continuando a afagá-la, brincando
com seu clitóris, então ergui-me, apoiando em um cotovelo, para
tomar seus lábios em um beijo sôfrego e intenso que aumentava a
nossa própria ânsia. Apliquei mais pressão no seu ponto de prazer,
sua expressão.
Não forcei.
— Está tudo bem, Luz? — questionei, preocupado, tirando
uma mecha molhada do rosto dela.
— Sim, Javier — sussurrou. — É só que a minha primeira
vez foi bem ruim. Eu estava bêbada, ele sóbrio…
e alegres, aquela felicidade linda que eu sempre via nela, mas que,
agora, parecíamos compartilhar.
Instintivamente, ela ergueu a pelve para ir me recebendo em
seu interior úmido, onde poderia facilmente deslizar, mas não o faria,
por mais que exigisse muito de mim. Segurando-se nos meus braços,
com um tranco, fez com que eu chegasse mais fundo, arrancando um
de beijinhos pelo meu rosto suado. Ele havia sido tão delicado
comigo, com o meu medo da dor, que eu sentia lágrimas se
Ele havia pedido para eu fazer amor com ele, porém foi ele
envergonhada por ter dito em voz alta, subindo com meus dedos em
ele.
outra vez.
olhos o desmentia.
do nosso encaixe, mesmo que seu pênis não estivesse mais dentro
de mim.
falou?
— Não, você não poderia ter sido mais carinhoso, Javier —
estou emocionada.
Emitiu um suspiro de alívio, limpando mais algumas lágrimas
minhas.
— Também estou feliz pelo que aconteceu entre nós dois. Parece um
grande sonho.
Sorri.
Toquei o seu braço forte e comecei a deslizar meu dedo por
ele, sentindo todos os seus músculos se retesando, seus pelinhos se
arrepiando. Ficamos nos encarando e nos acariciando por longos
meu baixo-ventre.
Ele arqueou a sobrancelha quando me sentei na cama.
falar.
Se virou em minha direção e meu olhar pousou no seu pênis
ereto. Senti meu sexo pulsar de desejo, querendo que ele me
Merda.
safado não fez nenhum gesto para sair ou mesmo se virar —, todo
higiene
— Mesmo?
Virei-me para ele e, ao contrário da sua voz, ele ainda tinha
instantaneamente em gelatina.
Javier era a personificação do diabo, um demônio movido
esposa.
Fazendo uma carinha triste, virou-se e fechou a porta de
vidro atrás de si. Falando algo baixo, que não identifiquei, ligou
aplacasse o calor que ele havia ateado em meu íntimo, porém Javier
o não fez, apenas continuou a lavar o interior das minhas coxas com
gentileza.
— Na maioria das vezes, Luz — entendeu a minha ironia —,
“sutileza”.
— Saiba que você não conseguirá sempre, esposo —
não o fez.
o meu toque.
Soltou um gemido, falando algumas palavras que não
uma espécie de sauna. Mas não dei muita atenção a isso, embora
seu pau, fazendo com que eu o rodeasse. Como da primeira vez, fiz
lo lentamente.
lábios e lhe dava prazer; no outro, eu estava presa entre seu corpo
forte e a parede de azulejo aquecido, com as suas mãos fortes
envolvendo meus quadris com força.
que fez com que eu segurasse em seus ombros para não cair;
minhas pernas não me sustentavam, não perante aquele olhar
sedento e faminto.
aquele jogo, atiçando-o, e meu marido iria me fazer pagar por isso.
Meu corpo inteiro vibrou com a perspectiva de ser devorada.
ao som dos seus gemidos cada vez mais altos, ao mesmo tempo
que virei gelatina em seus braços quando ele tocou a lateral do meu
mamilo com o dorso da mão, subindo e descendo.
pele, por ele não dar a atenção devida aos meus mamilos.
Javier riu baixinho e eu senti que erguia uma das minhas
pernas e colocava pelo sobre seu ombro, abrindo-me para ele. O nó
na garganta se tornou maior e minha vagina contraiu.
fazer.
Deixou uma mordida na coxa, apenas para voltar a traçá-la
com a língua, chegando cada vez mais próximo do meu sexo.
Contraí.
— Não é um pedido, garota — ordenou, voltando a me
provocar, ao usar um dedo para me expor e soprar ar quente.
o que ele pediu. A nuvem de vapor não deixava ver uma imagem
completamente nítida, mesmo assim, baixei meu olhar para vê-lo
ajoelhado no meio das minhas pernas, me encarando com um sorriso
safado em seus lábios. Retribuiu-me, acariciando meu joelho com as
contorcer contra o seu rosto, ansiosa por mais. Javier percorria cada
centímetro, torturando-me lentamente, sem dar atenção à carne
inchada que clamava pelo seu toque, o que me deixava frustrada.
me arqueei em resposta.
Dessa vez não me torturou, apenas continuou a me acariciar
naquele ponto, e eu me retorci inteira quando ele me penetrou com
Ele me levava cada vez mais alto, fazia com que a minha
respiração ficasse ainda mais curta, cada inspirar ardendo em meus
pulmões. Meu coração parecia que ia sair pela boca, meu corpo
duraria muito.
Meu marido intensificou a pressão dos seus lábios sobre
meu clitóris e, querendo presenteá-lo, reunindo todas as forças que
chão.
Continuando a sugar, sorver, voltando a me penetrar com os
dedos, mudando a velocidade de cada movimento, Javier prolongava
suavemente.
Meus pelinhos se arrepiarem quando suas palavras se
infiltraram em meu cérebro atordoado. Arfei e, concomitantemente,
senti-me poderosa.
um vigor de ferro que nem o seu, mas estou ficando velho e preciso
de um tempo para descansar. — Fez uma pausa. — Quem mandou
mais forte, mas que ainda assim parecia não ser capaz de se
defender, de se erguer e romper aquele ciclo vicioso. De se libertar.
ficar ofegante pelo medo que eu sentia e que fluía pelas minhas
agonizante.
meu “castigo”, mesmo que eu não tenha feito nada para merecê-lo.
Bem, na verdade fiz, tinha permitido que minha esposa me
beijasse, me tocasse de várias formas. Tinha me entregado, e
também parte do que havia de melhor em mim, a alguém. Deixei
minhas costas.
por ele.
mentira.
A minha esposa havia feito amor comigo.
De alguma forma, aquele pensamento fez com que uma
corpo para ficar frente a frente com ela. Como estava escuro, não
podia distinguir bem sua expressão, mas com certeza estaria
pescoço dela, sentindo seu cheiro, e levei minha mão a sua barriga,
acariciando-a suavemente. Meu bebê estava seguro ali.
mente.
— Não é difícil somar dois mais dois quando, mesmo depois
de um longo dia de trabalho, você ficava até tarde no escritório. —
amar.
acender em mim.
deslizar lento.
— Eu não consigo entender como uma pessoa pode ser tão
cruel como ela, ainda mais com uma criança. — Seu tom protetor
era um conforto, e eu soube que aquela mulher seria uma mãe leoa,
zelosa.
Ser consciente disso fez com que meu peito fosse
— Algo do tipo.
— Pode imaginar o escândalo que foi na época? O grande
não aceitou.
A garota estremeceu ao ouvir minhas palavras e escutei um
choramingar.
com que nós dois brigássemos, porém era algo que precisávamos
chorar.
demonstrando o meu carinho pelo bebê e pela mãe que ela seria.
Acariciou os meus cabelos.
ventre da mãe.
poderia apagar o fato de que ela tinha perdido um filho, embora que
seu pai de beber e dirigir. E muito menos dos seus pais não usarem
camisinha ou outro método contraceptivo.
continuar escutando-a.
— Não, não é algo bonito de se ouvir — tornou a acariciar
daquilo que fez com que ele se fechasse, pois sinto que essas
feridas foram muito mais além, atingindo o seu emocional.
pudesse ver.
¡Dios! Aquela menina me compreendia tão bem!
outra pessoa, cada vez que eu ri e chorei, até mesmo nos momentos
que demonstrava um comportamento de uma criança normal, minha
avó me punia.
criança?
minha fala.
Dei um sorriso amargo ao pensar no ponto que eu tinha em
comum com Magda, se é que não era muito pior do que ela nesse
sentido.
Bárbara ficou em silêncio.
Javier… — sua voz soou triste. — Você merece ser amado, ser feliz.
Deixou um beijo onde meu coração batia e eu fechei os
olhos, apreciando a sensação boa de ter os lábios dela ali.
repeti uma frase que tinha dito antes, mordiscando sua orelha.
— Hummm — respondeu com um gemido, encolhendo-se
como uma gatinha contra mim—, e eu nunca vou cansar de me
aninhar em você.
— Gosto disso — sussurrei.
Ficamos em silêncio, desfrutando do calor das nossas peles
nuas.
Acho que era eu que nunca enjoaria de ter aquela garota
E nunca saberei.
— Não teve vontade de procurá-la? — Traçou pequenos
círculos em uma das minhas cicatrizes. — Apesar que compreendo
na minha alma.
Engoli em seco.
— Se ela tivesse ficado comigo — continuei sentindo que eu
— O que aconteceu?
— Ela faleceu e não encontrei nenhum parente dela que
pudesse me dizer o porquê.
isso — repeti.
Não havia dúvidas de que eu me martirizaria por aquilo por
um bom tempo, se é que um dia eu conseguiria me perdoar.
— Não pense mais nisso, Javier, por favor, nada de bom virá
desse pensamento — pediu com a voz sonolenta novamente e
escancaradas.
— Obrigada, querido.
Deixou um beijo na minha cicatriz.
suportá-lo.
— Huum… — Gemeu e eu a trouxe ainda mais contra mim,
fazendo com que ela apoiasse a cabeça no meu braço. Acariciei
seus cabelos.
Não demorou muito e eu escutei o seu ressoar baixinho,
delicioso. Perdi a conta de quantos minutos fiquei acariciando a
com Yazuv acerca daquele idiota do Mitchell, que não tinha feito
aquilo que havíamos pedido, deixei transparecer toda a minha
inquietação por acabar logo com aquilo e ter a minha mulher. O meu
contrariado.
Fitei os olhos verdes dela, buscando compreender por que
Bárbara me impediu.
nem mesmo uma festinha na escola. Foi doloroso querer uma festa
como a dos seus coleguinhas e não ter.
fechados, sorrindo.
Porra, Bárbara era tão linda!
mim.
Meu coração bateu mais forte só de falar em voz alta que ela
era a mãe dos meus cachorros, e que também seria a mãe dos
meus filhos. Sim, pois no futuro queria ter muito mais filhos com ela.
de uma coisa.
vez.
suavemente.
a deslizar pela minha face, choro que se tornou ainda mais convulsivo
insegura.
— Compreendo.
braços.
maternidade.
— Mesmo? — Fitou-me.
— Sim — fiz uma pausa —, não posso perder a
mais babão.
— Hm.
Uma coisa era fato, minha mulher conseguia achar graça nas
mínimas coisas. Sorri.
o ataquei.
preparei pela primeira vez — seu tom não escondia a sua diversão.
— Desculpe a minha falha, esposa — fingi inocência. —
derramou o suco, porém sua mão firmou a tempo de não fazer uma
bagunça.
— Juro pelos meus milhões!
— Qual?
Não respondi de imediato. Movimentei nossos corpos e parei
sobre ela, prensando o corpo de Bárbara contra o colchão. Os lábios
Tempos depois...
tinha sido ele quem havia se vendido para a minha avó. Deveria estar
aliviado por não ser o meu secretário, muito menos o meu advogado,
palavra dele tivesse mais poder do que a minha, mas minha esposa
exposta dessa maneira, como uma mulher volúvel que se vende. Ela
não deveria pagar por um erro que eu cometi, mas isso não
Meu celular fez barulho outra vez, provavelmente, por ver que
eu estava online.
Amor:
Traz bombons da Chocolatero, querido? <3<3
Enviou outra foto, dessa vez do rosto, fazendo uma cara de
cachorrinho pidão, que rivalizava com a de Isabel querendo um
me fazendo amor.
Amor:
Javier:
responder:
Javier:
Que tipo de troca?
Amor:
Uma que você não irá se arrepender
Javier:
Mal posso esperar
Amor:
Não te decepcionarei :*:*
Como um idiota, fiquei olhando aquela mensagem por vários
minutos a fio, até que ouvi a voz de quem eu estava mais esperando
aproximando-se da sala de reuniões. Guardei o celular no bolso e
Bárbara, eu não queria ser mais aquele homem que foi moldado pela
minha avó, mas, sim, o homem que eu descobria a cada dia com a
mulher que estava me ensinando o que é amor.
displicência.
— Sente-se, não é um pedido, mas, sim, uma ordem —
emprego.
— Como não? — Castro disse, voltando a bater no tampo
da madeira.
— Não irei sujar minhas mãos com um lixo que nem você —
— Mentira!
— Tem certeza, Castro? — falei com desdém. — Não
precisa ficar “tímido” por eu estar ciente que há meses você vem
vendendo as ações da sua empresa para cobrir os prejuízos dos
satisfação por vê-lo tão vulnerável, porém não tanto da maneira que
momento.
— Eu não sei do que você está falando, Castillo — sua voz
soou hesitante.
passa de especulação?
Pareceu ficar mais vermelho e continuei a brincar com ele.
inimigo.
Sorri.
— Eu venci, Castro, esse é o fim da linha. — Minha voz soou
divertida. — Você pode ter achado que tinha ganho esse jogo
quando usou e casou-se com aquela vagabunda, mas não.
— Maldito bastardo!
língua.
Ele deu de ombros.
Ameacei.
inteligente, Castro.
Não respondeu.
— Veremos.
Dei de ombros. Sem deixar de fitá-lo, dando passos para
— Sim, senhor?
raiva de mim mesmo. Vingança era algo que sempre quis, mas,
ainda assim, não me sentia satisfeito
Engoli o gosto amargo ao ver que todos voltavam aos seus
paredes de vidro.
Deitado em uma long chaise, iluminado parcamente pelas
— Compreendo.
Segurei melhor o lençol que cobria o meu corpo para que ele
não caísse e caminhei até onde ele estava. Apesar do meu marido
buscar aparentar normalidade, fazendo pequenos gracejos durante o
respeitei.
tornou-se a minha e não pude mais ignorar ou dar tempo para Javier
pensar.
acelerado.
— O que está te incomodando tanto, amor? — perguntei.
retruquei.
Apertou-me com mais força contra si.
palma.
— E então?
— Eu finalmente consegui destruir o meu maior inimigo,
Fiquei em silêncio.
— Anos atrás, éramos sócios de uma grande financeira.
Tínhamos os maiores clientes da Espanha, e não poderíamos ser
mais bem-sucedidos, porém um grande rombo fez com que quase
custas.
Não soube o que dizer, apenas fiquei triste pelo homem que
— Sim…
— Porém, não podia perdoar tal traição. Então, procurei
sentiria.
Puxou o ar com força para os pulmões.
pena. Não deixei que Javier comprasse juízes para se vingar. Era
— Pode, querido.
Puxou ar com força.
— Bárbara…
Não peço que acredite, pois sei que levará tempo para você lidar
— falei por entre lágrimas, que era difícil de segurar, ainda mais
Não podia negar que, mesmo que minha barriga ainda fosse
rouca.
esmagava a minha.
noite não haveria calmaria, mas que meu marido extravasaria, sem
suas mãos fortes, e todo o meu ventre se contraiu ao sentir seu pau
nuca para si. Estremeci quando sua barba roçou o meu pescoço e
seus lábios tocaram a minha pele, deixando uma série de mordidas
deliciosas enquanto a mão forte e possessiva firmou o meu quadril
vagarosamente.
— Porra! — murmurou um palavrão quando meus músculos
contraíram em torno dos seus dedos. — Tão úmida. Tão pronta para
mim.
Não respondi, apenas deixei escapar o som que estava
meu prazer.
— Assim? — Impulsionei-me novamente para cima e desci
com mais vigor sobre o seu pênis.
minhas nádegas.
Subi e desci algumas vezes, gemendo a cada estocar,
sentindo uma gota de suor, com o esforço que fazia, percorrer toda
fundo.
Eu lutava para tragar ar para os meus pulmões ao sentir-me
sugada por uma espiral feroz de desejo.
assim, até que, grunhindo, puxou-me com mais força, inserindo mais
fundo em meu canal, e tudo estilhaçou; caí contra ele, sem forças.
Eu não era capaz de nem mesmo emitir qualquer som, apenas o
Suspirei.
— Poderá tentar — falei baixinho —, mais tarde.
e a apertou suavemente.
— Você não sabe o quanto é importante para mim que você
dorso.
ele realmente fosse o homem que a minha esposa tinha tanto falado,
aquele que arriscou tudo para ficar e cuidar da irmã, ele nunca
esqueceria o que fiz e sempre que lembrasse, me odiaria.
Eu mesmo acreditava que eu sempre carregaria uma
centelha de raiva por mim mesmo por conta disto. Eu era o homem
bem como o olhar cheio de carinho e desejo pela sua mulher. Ele não
perdeu tempo.
As duas mulheres saíram do abraço uma da outra e minha
apaixonado que tomava seus lábios fez com que eu relaxasse. Ficou
nas pontas dos pés e deixou um beijo suave em minha boca. Por um
esmeraldas.
— E eu não poderia estar mais feliz com a minha escolha —
falou suavemente ao se virar para os dois.
resignação.
— Claro. — Minha esposa começou a caminhar para dentro,
gole.
Deu de ombros.
que a garota me fazia sentir. Mas não iria dizer em voz alta que meu
— Nada.
puta como você — falou resignado, seu tom ficando mais baixo. —
Minha irmã é inocente demais para não ver quem você é, para não
da sua conta.
parece me amar.
— Não a machuque, por favor — pediu depois de vários
— Pode não acreditar, Pablo, mas sou muito grato por sua
irmã me amar, e farei de tudo ao meu alcance para fazê-la feliz
me quiser mais.
Analisou-me por um tempo, como se buscasse a verdade, e
com o gesto.
— Entendo.
— Eu realmente nunca desejei aquela vida para mim — falou
tinha feito.
— Quero deixar o passado para trás — confidenciou.
quente.
— Pablo? — Chamei-o, quando uma ideia surgiu na minha
mente.
— Sim, Javier?
cético. — Isso seria a cara dela para tentar fazer com que nos
déssemos bem.
da minha.
sei que nenhum deles cuidaria e amaria o meu bebê como se fosse
seu próprio filho. — Fui sincero. — Porque eu não confio em mais
ninguém para proteger com a própria vida aquilo que eu mais amo.
— Compreendo.
— E então?
não devesse. Nem éramos amigos nem nada, ele era apenas o
no colo e o amamentando.
Bárbara ressignificava para mim todos os dias a imagem
negativa que eu tinha sobre a relação mãe e filho, mostrando-me que
envergonhada.
— Não sabia que era tão travessa, garota — falei no ouvido
gargalhou.
— Você ri, Javier, mas você também ficará com os fios todos
brancos — provocou-me.
estrada.
— Eu estou terminando de fazer a carne — o meu cunhado
falou. — Enquanto isso, gatita, você pode arrumar a mesa aqui no
quintal?
— Me ajuda, Javier?
— Claro, Luz.
encosto.
Não sei quanto tempo fiquei observando o nada, até que o
dos cachorros trotando atrás dela. Deixei que meu olhar percorresse
atenção.
ultrassom.
que foi o meu maior inimigo. Aquela era a Bárbara; minha garota era
em cima dos meus sapatos, já que não iria ganhar meus afagos.
— Sim.
— Entendi...
— Angelina.
— Não deve ter sido fácil para ela se ver diante de todo esse
Não respondi.
Diferentemente da minha esposa, não conseguia sentir
comiseração por aquela mulher. Na verdade, era indiferente ao
frente ao meu.
— Você ainda pretende continuar a trabalhar? — perguntou
contra a minha boca.
entrecortada.
— Que pergunta, Luz? — Ela roubava meu raciocínio.
falar.
Soltei um som de muxoxo. Meu apetite pela mulher no meu
colo não tinha limites.
Ela havia despertado uma besta selvagem em meu interior
que havia permanecido adormecida por anos. Meu desejo era todo
dela.
que ela tinha em mente envolveria alguns beijos, era sempre assim.
Apesar disso, continuei a acariciar a lateral do mamilo.
— Pedir uma pizza e vermos um filme.
— Parece-me bom.
— Oba!
Deixei um selinho em seus lábios que sorriam para mim.
cada segundo.
Fiz uma careta e ela gargalhou, fazendo com que uma cadela
curiosa erguesse da sua caminha e se aproximasse de nós.
acelerada, sua voz soou ofegante, porém, contrariando sua fala, ela
— Você é má.
— ¡Carajo!
Tive que agradecer aos céus pela libido dela não ter sido
mim, segui Bárbara, até que ela estivesse em meu colo, ainda
minha mão com mais força, mas, ainda assim, meus dedos
no meu assento.
de espera.
alto, chorar que nem uma criança, ou tremer como uma gelatina
dentro do consultório, pode fazer.
Aproveitando nossos dedos entrelaçados, levei a mão dela
Gargalhei alto.
— Ainda faremos muitos escândalos, não é mesmo? —
casal passou por ela, fechando-a. Segurei com mais força a mão da
minha esposa, sentindo novamente a ansiedade me invadir.
— Obrigado.
Sentindo minhas pernas bambas, entrei no consultório e,
cintilar nela. Acho que não me cansaria de olhar para a felicidade que
havia em seus olhos.
suas pernas e uma vez mais deixei-me levar pelo pranto convulso.
grossas também escorriam pela face que não havia perdido sua
alegria.
— Eu amo você, Bárbara. — Saboreei dizer novamente
resquícios de gel.
ouvido dela.
pintar.
empolgado.
Gargalhei.
fazia sentir.
— Não, obrigada.
Bufou, exasperado.
— Bem violeta!
Deu de ombros.
— Lilás — o corrigi.
Estalou a língua e eu senti todas as minhas terminações
arfei.
— Verdade. — Brincou com a barba.
— E com parte do enxoval também.
fortes.
— Você é um grande consumista, senhor Javier.
expressar, eu sabia o quão difícil para ele era falar as palavras. Por
isso, ouvi-lo me chamar de amor ou escutar “eu te amo” era algo
precioso.
— Sabe que sim, Javier, eu amei cada macacãozinho e
nossa pequena.
Várias vezes tinha o flagrado sonhando acordado. Um sorriso
tomava seus lábios e eu ficava minutos a fio o observando até que
— Sozinho?
Fiz que sim com a cabeça.
— ¡Dios! — falou baixinho e ele me abraçou com mais força.
— Você não cansa de tornar isso tudo ainda mais especial para
mim?
Senti que minhas próprias lágrimas começaram a deslizar
preocupado.
— Acho que nossa Aurora se mexeu.
Levei a mão à minha barriga, acariciando-a.
— Não são gases?
— ¡Dios!
— É incrível.
amedrontador — confidenciei.
— Juntos nós daremos conta, amor — disse com convicção.
que, de fato, mesmo com erros, nós seríamos bons pais para a
nossa Aurora.
— Se meu melhor amigo deu conta de três ao mesmo tempo
costas.
Bufou.
— Sim, querida — disse em um tom submisso que achei
bonitinho.
Javier gargalhou.
— Por que não pede algo para nós? Não precisa ir para a
cozinha hoje.
sujo de tinta.
— Meu celular está no bolso da calça — continuou. — Tenho
das suas pernas —, acho que você não vai encontrar nada aí.
Gemeu baixinho e eu vi os olhos dele ficarem mais escuros.
pênis dele crescer sob o meu tato —, mas realmente estou com
fome.
continuar trabalhando.
— O feitiço virou-se contra o feiticeiro — brincou.
algo em específico.
— Que tal redecorarmos todo o apartamento? — sugeriu,
tempos depois.
minha direção e me fitou. — Mesmo que você tenha trazido vida para
brinquedos.
Sorri.
tornado, saboreei cada garfada da paella, feliz pelo cheiro forte dos
frutos do mar não mais me deixar enjoada. Esbaldei-me, sentindo
desejo de última hora, tanto que tive que roubar alguns do meu
hoje.
há mais de cem anos e que era para o meu “neto”, o meu verdadeiro
receber aquilo que era seu por direito, me deixava ainda mais
furiosa.
continuei.
Gargalhei alto.
— Sempre foi o seu objetivo, não é mesmo? — minha voz
Ri ainda mais.
mesmo, Javier?
Deslizei um dedo pela imagem da garota, alcançando o
como você.
Voltei a fitar a imagem deles.
— Já que você não quis aprender por bem, que seja pelo
mal.
em Javier.
Só descansaria quando o deixasse em pedaços.
Capítulo cinquenta e quatro
de perigo para toda a minha vida. Sabe o quanto estou feliz por
abandonar aquele mundo e recomeçar.
— Eu sei, querido. Mal vejo a hora de ver você se formando
em engenharia naval.
ter duas bagunceiras em sua vida, mas tudo o que eu consigo pensar
é bem-feito!
minha coluna me torturar. A dor que sentia nas costas por carregá-la,
bem como o inchaço nos pés, era a pior parte da gravidez e a única
coisa que eu mudaria em toda a gestação.
que ele estava cada dia mais apaixonado pela Soledad. — E quando
for a sua vez de ter crianças bagunceiras, duvido que você irá
isso.
— Assim espero, estrellita. — Deixou outro beijo no meu
só me chamar.
— Okay.
Assisti ele caminhar para fora da sala, mas logo a minha
que eu passei a morar ali de algum vizinho ter batido na nossa porta.
— Quem será que é, Aurora? — sussurrei e com alguma
dificuldade, ergui-me.
Apoiei a minha coluna com a mão e, com passos lentos,
fazendo um esforço que, sem nenhuma dúvida o meu marido
superprotetor acharia mais do que reprovável, sabia que ouviria
quase inaudível.
Tentei fechar a porta na cara dela, porém ela não permitiu,
— E o guarda-costas?
— As empresas de hoje em dia deveriam se importar mais
com a ética daqueles de quem elas contratam. — Riu baixinho. —
Comprá-lo não foi difícil. A essa hora, ele deve estar bem distante
Riu baixinho.
— Quem mandou ele se enfraquecer por causa de uma
tem que estar muito iludido para achar que uma mulher comprada
poderá vir a amá-lo.
— Eu o amo — falei mais alto, ao alcançar o sofá, batendo
no braço.
Parece que eu contei uma piada enorme, pois ela desgramou
casaco.
não prejudicar ainda mais a minha bebê. Sabia que o estresse por si
peito se apertar. A impotência de não poder fazer nada por estar sob
olhos.
— Por favor! — implorei, mantendo as minhas mãos trêmulas
tapa no meu rosto que fez com que minha cabeça virasse com o
teria que nascer várias vezes para chegar aos pés dele. Só um
desgraçado como o demoniozinho para casar com a irmã de um
traficante.
— Como?
sobre mim.
fotografia minha com Javier, uma que havia saído com a notícia do
sexo do nosso bebê.
histérica.
parecia ter ganhado mais força que o normal para resistir, já que
Pablito era muito mais forte do que ela. Com uma mão, ela tentava
unhar o rosto dele, como se arranhões fossem parar o meu irmão.
disse isso, escutei outro som de disparo que fez com que meu
pulso dela com força, torcendo-o, fez com que ela soltasse a arma,
deixando-a cair no chão. Magda tentou se abaixar para pegá-la
mas não vou morrer, gatita, não ainda. Tenho que ver a minha
sobrinha nascer.
Sorri por entre as lágrimas. Tocou o local onde recebi o tapa
e eu estremeci.
— Essa filha da puta te bateu! — Não escondeu a raiva que
sentiu. — Porra, nunca nesses dezoito anos alguém levantou a mão
um sussurro.
Me encarou por alguns segundos e eu soube que Pablo
estava ponderando se deveria ou não a agredir. Enquanto pensava,
pude perceber que ali ele não era apenas o meu irmão, mas também
o homem capaz de cometer atos violentos, algo que o mundo das
drogas exigiu dele.
— Tudo bem, estrellita.
corpo. Chorei ainda mais contra ele, deixando que todo o medo que
ainda estava sentindo fluísse através das lágrimas.
— Agora está tudo bem, querida, ela não poderá te fazer
iria livrá-lo do que sentia. Ele levaria tempo para digerir tudo.
Fiquei vários minutos em seus braços, mas logo recuei
alguns passos ao sentir uma dor irradiar da minha coluna para o meu
ventre, bem como uma dor forte no abdômen. Olhei para baixo e vi
que minha roupa estava encharcada de um líquido rosado.
atenção nas palavras dele, pois todo o meu foco estava na enorme
mancha na minha roupa e no medo que sentia. Abracei a mim
mesma, apavorada, sentindo todo o meu corpo trêmulo, um nó na
— Eu não quero.
— Sente-se no sofá, então, querida. — Deixou um beijo no
topo da minha cabeça.
— Irei sujá-lo.
— Como se o seu marido fosse se importar com isso.
Segurando o meu braço, fez com que eu me sentasse a
ficaria bem.
Capítulo cinquenta e cinco
sabia que algo deveria ter ocorrido com a minha esposa e com a
minha bebê.
Uma bigorna oprimiu o meu peito e senti que o suor frio
— Pablo?
matar a mulher que eu amava? Não, não podia ser. Perdi o ar.
parto — continuou.
meus ombros, corri para fora do escritório e nem percebi que era
sentirá na pele a dor de ter aquilo que mais ama tirado de você
abruptamente.
Deu um sorriso enorme e frio.
sobre você.
Maneei a cabeça, me recusando a acreditar nas suas
palavras. Passei por ela sem dizer uma palavra, correndo até a
minha mulher, que estava sendo colocada sobre a maca, sentindo o
meu desespero crescer.
— Bárbara! — Mal escutei a minha própria voz e não reparei
na equipe que a cercava.
Meu coração parecia sangrar ao ver o rosto machucado, os
própria aparência.
— Vocês têm algum convênio?
— No Virgen del Mar. — Tentei soar prático. — O obstetra
que está fazendo o pré-natal trabalha lá, mas pode ser qualquer
favor?
esposa.
— Vamos. — Ele deu um comando para os paramédicos e
ambulância.
— Posso ir com ela? — pedi para o médico assim que minha
— Obrigado, Pablo.
— Cuide dela, irmão.
mão suada. E não demorou muito para que a porta fosse fechada
com um tranco e a ambulância começasse a se mover.
que serviram.
Em alguns momentos, estive muito perto de sucumbir ao
manteve firme.
— E então, doutor? — perguntou, ansiosa, quando o médico
comigo.
— ¡Sí! Sinto-me prestes a desmaiar.
Sorriu.
Bufei.
vezes.
e eu o senti na alma.
— Empurre — a enfermeira disse em um tom suave.
Minha esposa respondeu com um grunhido.
musculatura.
Não sei quantos minutos se passaram, mas sei que tive que
segurar-me na borda da maca para não cair ao chão ao ouvir o
chorinho da minha pequena bebê ecoar por toda a sala de parto.
para mim.
— Sim, papai. É saudável que eles chorem, pois os pulmões
primeiros exames.
— Eu consegui — Bárbara disse com a voz embargada.
maior.
Sentindo-me tremer com a perspectiva de ver a interação
entre mãe e filha, algo que mudaria ainda mais a minha percepção já
Emitiu um suspiro.
— Ela é linda, não é, Javier? — comentou depois de vários
minutos em silêncio onde parecia desfrutar daquele momento.
— ¡Sí, Luz! — Não escondi o fascínio que sentia no meu tom
de voz. — Tão linda quanto a mãe dela.
Abaixei-me para beijar a mãozinha da minha menina.
seu papai. Ele esperou tanto por você, para amá-la, que está meio
bobo.
De alguma forma, pareceu atenta a minha voz, ficando
caladinha.
Com tato, assim que soube que nossa pequena iria precisar
ficar internada por um tempo, meu cunhado tomou as frentes
burocráticas e solicitou um quarto privativo para nós, onde
bebê.
— Posso levá-la, senhora? — A enfermeira perguntou.
A contragosto, minha mulher assentiu, e nós dois a
observamos levar a nossa neném.
— Eu te amo, Bárbara — disse, tempos depois, deixando um
porém, gentis.
jurava ser capaz de senti-lo como algo físico que entrava no meu
coração.
— Eu não quero ser pedante para ela — falou baixinho e eu
— Ela não irá te achar chato por isso. — fiz uma pausa e
resolvi brincar com ele. — Mas não posso garantir que, quando ficar
mais velha, ela não vá achar irritante sua pieguice, principalmente
cara amarrada.
— Não quero pensar nisso agora — murmurou baixinho. — O
importante é que por muito tempo eu serei o único homem da vida
dela.
Arqueei a sobrancelha para ele, mas não respondi. Discutir
trouxe-a contra o peito, em uma posição que ela parecia gostar pelo
calor que transmitia.
— Não, mi Sueño. — Sorri com o apelido carinhoso que ele
baixinho.
— Obrigado.
não resisti em tirar uma foto sem flash da nossa bebê e dele, para
mim.
Quis rir de mim mesma ao lembrar da fala dele de vários
minutos atrás em que ele disse que não queria ser pedante. Eu
sentia que não era maçante apenas com a bebê, mas com ele
tudo era valioso. — Só irei ligar para Juan pedindo que ele venha nos
buscar.
— Claro.
calmamente.
o hospital.
brincou.
atenção era voltada para a nossa filha. — Não, Sonho, não chore.
Eu sabia que Javier estava bastante tentado a pegá-la no
colo, podia ver nos olhos dele, porém ele não cedeu ao desejo em
Fiz o mesmo.
— Quer ajuda para pegar as coisas, Juan? — ofereci.
homem.
enquanto latiam, som que fez com que a neném se agitasse. Com
certeza estavam com saudades de nós dois, já que fazia um tempo
integrante da família.
Começaram a abanar a cauda freneticamente, como se a
tremendo de alegria.
— Eles adoraram a irmãzinha — Javier se expressou
baixinho, emocionado.
celular no bolso.
— Faltou você, cunhado — meu marido brincou, e eu sorri
início. Quando Javier me contou que ele tinha escolhido Pablo para
ser o padrinho protetor da Aurora meses atrás, convidando-o sem
deles.
— Teremos outras oportunidades.
Deu de ombros.
cabeça em negativa.
Teremos várias fotos de você com o homem que você mais ama na
vida.
— Com certeza eu e ela teremos mesmo — Javier se ergueu
de andar. — Meu braço ainda está fodido, mas quero auxiliá-lo nesse
momento.
— Por que não? — falou suavemente.
Juan por ter subido com tudo, fechando a porta depois que ele saiu.
Suspirei profundamente.
— ¡Sí! — murmurei.
Abri os olhos para vê-la com uma toalha enrolada na cabeça
para mim.
meu cunhado, que tinha como hobby me provocar dizendo que ele
pontapés, mas tinha que reconhecer que ele ajudava muito a minha
sono mediana.
porém, antes que meu pau desse sinal de vida, me controlei. Além
quartinho.
— Não pode entrar, doçura — reconheci minha cadelinha
amamentar meu bebê, de ter sua pele suave e macia contra a minha,
com a minha bebê —, quer apostar quanto que daqui a pouco ele
estará…
— Como está, mi Sueño? — Um Javier esbaforido disse ao
adentrar na sala de estar com passos largos, seguido dos dois
cachorros.
aproximou-se de nós.
— Esfomeada.
— Hum…
— Para quê?
Outra vez, não disse nada, apenas ficou de joelhos e levou a
minha visão. — Mas a cada dia com você e com a nossa princesa,
— Eu sei, amor…
— Às vezes sinto que peco pelo excesso, em outras,
acredito que deveria falar mais vezes, em voz alta, o quanto amo
perfeita.
— Obrigado.
Sorri para ele.
imposto, Bárbara.
comigo de novo.
Poderia não ser o pedido mais romântico do mundo, mas era o mais
promete tentar demonstrar a você tudo o que ele sente até o último
tratava.
Javier se ergueu.
— Pode deixar que troco ela. — Pegou-a dos meus braços.
mesmo homem.
que as meninas diziam entre si, minha mente foi tomada por várias
lembranças dos últimos meses. Parecia que tinha sido ontem que
anos para tentarmos ter outro bebê. Ele queria que eu me realizasse
meio a um gritinho.
— Acho que ainda mais linda do que da primeira vez —
Valdete concordou.
Cabelereiro!
Sentei-me novamente. Não sei quantos minutos se passaram
francesa do amor, porém, para mim, não havia lugar mais lindo no
mundo que aquela propriedade do meu marido. O sol sumindo entre
as montanhas era uma das vistas mais bonitas que eu já tinha visto.
cabeças.
— Quem sabe em um futuro próximo. — Estendi a mão para
ela, que a pegou e eu a apertei. — Adoraria que fôssemos irmãs. Na
choramingou.
— Desculpe, querida.
Não tivemos mais tempo para conversar, pois logo o veículo
lábios.
— Hm.
— Podemos começar? — o padre nos interpelou.
coisa que fui consciente foi dela ser interrompida pelos latidos dos
cachorros e, vez ou outra, com os barulhinhos infantis.
havia retirado.
pouco tempo, você não apenas trouxe luz e felicidade para a minha
vida, mas também me deu tudo aquilo que eu não mais esperava
constrói.
— Você sempre foi o meu lar, meu abrigo. Você, garota, me trouxe
vida, cor.
— Javier…
não chega aos pés daquilo que uma mulher como você merece, mas
você.
— Eu também amo você, Bárbara — sussurrou.
entreguei a ele.
— Você as guardou? — disse em um tom embargado ao
pernas.
Sorri contra a boca de Javier antes que ele me desse um
https://www.instagram.com/autoraalinedamasceno/
Conheça outros livros da autora
fazê-lo não seria nada fácil, pois o avô só daria ao empresário o que
tanto almejava se ele lhe desse um outro herdeiro.
surge em sua mente ao ouvir que a menina que viu crescer, a sua
melhor amiga de infância, desejava ser mãe. Não havia mulher mais
perfeita para gerar o seu filho, já que Sofia era adorada pelo avô.
Um CEO precisando de um herdeiro, uma mocinha traída,
Físico==>https://grupoeditorialportal.com.br/product/minha-
segunda-chance/
não poderia mais permitir ter. E lutar contra a tentação que Mariana
representava tornou-se impossível para o homem poderoso, e
do-ceo/
Sinopse: Sua secretária não resistiria a ele...
seu caminho.
Machucada e ferida por um relacionamento fracassado,
envolver tão cedo com outro homem. Mas o seu chefe, e amigo,
estava determinado a arrastá-la à uma ilha australiana a fim de
e do desejo?
A menina inocente do CEO
menina-inocente-do-ceo/
Sinopse: Ele não confiaria em mais ninguém...
e se tornou.
Será que a doçura dela conseguirá quebrar o coração de gelo
Link==> https://amzn.to/3cOgOJw
Físico==> https://grupoeditorialportal.com.br/product/a-
virgem-comprada-do-magnata/
Sinopse: Bilionário conhecido por seu gênio controlador,
determinado a ter em sua cama a única mulher que nos últimos anos
despertou o seu interesse e que tinha seu respeito: sua secretária.
Mesmo que para isso tivesse que comprá-la, pois todos tinham o seu
preço.
Adelle Beckett desde nova teve que assumir várias
uma mulher que achava que queria apenas o seu dinheiro, traindo-o.