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Sumário
SINOPSE
NOTA DA AUTORA
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13
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
LEIA TAMBÉM!
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © 2022 Maeve Sahad
CAPA | Gialui Design
REVISÃO | Larissa Oliveira
LEITURA CRÍTICA E BETAGEM | Intense Assessoria
DIAGRAMAÇÃO | Tatiane Nunes
 

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e
acontecimentos reais é mera coincidência.
 

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.


 

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.


 

São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa


obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o
consentimento escrito da autora. Criado no Brasil. A violação dos direitos
autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184
do Código Penal.
 
● ELE É UM CEO RECLUSO, OBCECADO POR SUA
ASSISTENTE.
● ELA É UMA IRMÃ AMOROSA, DISPOSTA A TUDO PARA
FICAR COM A GUARDA DO SEU IRMÃOZINHO.
● UMA NOITE DE NATAL IRÁ MUDAR PARA SEMPRE A VIDA
DE AMBOS.
 

Para Lilly Decker, as noites de Natal deveriam ser banhadas de paz, amor e
alegria. Mas, como ela bem sabe, nem tudo na vida são flores e o espírito
natalino não visitou sua casa este ano.
Em dupla jornada de trabalho como garçonete em uma boate, e assistente
remota de um homem irritante e taciturno, Lilly fica mais que sem saída
quando as dívidas começam a acumular.
Precisando desesperadamente de dinheiro para salvar o seu irmãozinho, ela
cai direto em um mundo de sensualidade e luxúria quando uma proposta
misteriosa e levemente indecente entra em seu caminho.
Uma noite, é tudo que ela deve ceder a quem levá-la pelo maior lance.
Problema número 1: ela não é a mulher experiente na cama que esperam, e
sim, uma virgem.
Problema número 2: o homem que ela encontra à sua espera, aquele que
pagou meio milhão de dólares por uma noite com ela, É SEU CHEFE!
Nesse momento, ela está pronta para fugir, mas alguém como Hunter Cross,
nunca a deixaria escapar.
 

ATENÇÃO: SUA ATÉ A MEIA-NOITE É UM CONTO, PORTANTO,


POSSUI NARRATIVA CURTA E OBJETIVA, LEIA A NOTA DA
AUTORA!
QUERIDO LEITOR,
Este conto é um presente para aqueles que gostam de imergir em leituras
com essa temática e para os leitores que me acompanham. Hunter e Lilly
farão uma aparição breve. Sei que deixarão a impressão de que há muita
história para contar, mas tudo isso, é porque essa não será a única vez que
iremos vê-los por aqui. Abrindo uma nova era, este casal, mencionará
levemente uma certa cidade e até mesmo alguns personagens que fazem
parte da minha próxima série de livros chamada “CASAMENTOS
(IM)PERFEITOS”. Espero que gostem de conhecê-los e caso fique curioso
para saber o que aconteceu depois, não deixe de me contar.
Boas Festas,
Carinhosamente Maeve.
 

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Dedico esse livro ao clube de leitoras safadas. Que tenham um
Natal cheio de esperança, amor, alegria e para as sortudas... que ele seja
quente.
 
 
01

A NOITE DE NATAL
 

 
25 DE DEZEMBRO, LAS VEGAS

Nunca considerei o Natal como um dos meus feriados favoritos. Se


posso dizer alguma coisa na verdade é que essa data sempre foi como
qualquer outra para mim, principalmente depois que voltei para casa.
Viver na guerra é algo que muda a cabeça de alguém, não importa o
quão forte e centrado você seja. Foi o que aconteceu comigo e com os
amigos que conheci lá – aqueles que se transformaram em meus irmãos de
Guerra, tanto com os que voltaram para casa, como com aqueles que deram
sua vida pelo nosso país e se perderam em meio ao inferno.
O mundo passa a ser um lugar estranho depois que você volta para a
civilização e estar entre as pessoas, vendo-as felizes, sorridentes,
celebrando amor, família e vida quando já se viu tanta merda de perto, não é
uma boa escolha para pessoas como nós.
Geralmente eu preferiria estar em minha casa, sozinho, com uma
garrafa de cerveja na mão esperando pelo dia seguinte. Fodidamente
realizado em minha própria solidão. Mas, esta noite foi diferente.
Esta noite, eu tinha um objetivo e estava perto de conquistá-lo.
Sem dar atenção à decoração natalina que iluminava todo o salão,
me levantei da mesa onde fui colocado e segui em direção a outro ambiente.
Não precisava aguentar mais um minuto que fosse deste lugar e nem
queria. No segundo em que tive certeza de que ela era minha, tudo isso
estava acabado.
Meu coração bombeou com ansiedade quando alcancei a porta
central e segui para uma sala menor tão suntuosa quanto a anterior, as
endorfinas da adrenalina borbulhando em meu sangue.
Eu estou sedento.
Necessitado.
Infestado por fantasias que surgem em minha cabeça, uma atrás da
outra.
Eu fiz isso, porra.
Realmente fiz.
Acabei de pagar meio milhão de dólares por uma noite com a mulher que
abalou meu mundo nos últimos meses.
Nunca pensei ser atingido por algo tão forte.
Superei a guerra. Sobrevivi ao deserto, à fome, ao medo e vi a
crueldade de perto, mas nada se comparava a essa sensação, esse
sentimento.
Obsessão. O peso dessa palavra, diz muito sobre ela.
Algo que te consome, que controla você. Dita cada movimento seu.
É o que tem me comandado nas últimas semanas. O que me fez
gastar parte da minha fortuna para me tornar um apto participante deste
evento privado e participar desse leilão.
Foi o que me fez digitar um número assim que a vi surgir no palco,
um, que eu tinha certeza de que nem chegava perto do que ela valia, mas
me tornaria vencedor.
E com certeza, é o que me coloca na frente de Madame B, a dona e
organizadora desse lugar com uma carranca.
— Eu disse a você que ganharia.
Ela me dá um sorriso elegante, mas seu semblante por incrível que
pareça, não demonstra surpresa.
— Bem, talvez eu esteja errada sobre alguma coisa na vida, senhor
Cross e nem todos os homens são iguais.
Em cima de seus saltos, com um vestido elegante e seus cabelos
curtos grisalhos perfeitamente alinhados, a mulher vira em direção a um
garçom que está segurando uma bandeja cheia de pequenas caixinhas
vermelhas fechadas com um laço dourado a sua volta, e pega uma delas
para me entregar.
— A chave do seu quarto. Seu belo presente será enviado em alguns
minutos, espero que aproveite com sabedoria. — Ela pontua, com um olhar
esclarecedor e eleva seu queixo — E não se esqueça, ela pertence a você,
até a meia-noite. Nenhum minuto a mais, nem um minuto a menos. Minhas
garotas são preciosas, Hunter. Está principalmente.
Se eu não estivesse tão ansioso, teria bufado. Como se eu não
soubesse.
Cego de vontade, duro de desejo, louco e disposto a qualquer coisa
para tê-la, agarro a pequena caixa com um grunhido e caminho em direção
ao elevador.
Não perdendo o sorriso astuto no rosto de Madame B ao sair.
Não gostei dela no começo, mas talvez, eu estivesse errado.
Não que isso importe alguma coisa no momento.
Meu presente está vindo para mim.
Quero aproveitar cada minuto.
Doce Lilly, por esta noite, você é só minha.
 
02

COMO TUDO COMEÇOU

UM MÊS ANTES

— O que isso significa? — apertando o telefone com força contra


meus ouvidos, esperei até que a voz da Drª Jung acabasse com toda minha
esperança.
— O juiz concedeu a guarda provisória a Petter, Lilly. Eu sinto muito.
Com alguns passos para trás, me sentei nos degraus dos fundos da
boate em que trabalho, sem me importar com a sujeira e afundei a cabeça em
minhas mãos.
— O que posso fazer agora?
— Podemos recorrer, dizer que ele não conviveu com o garoto e que o
melhor para Jake seria continuar com você, mas ele ainda é o pai. Tem grande
vantagem. Não acho que vamos ganhar isso facilmente, ao menos que Petter
esteja disposto a um acordo de guarda compartilhada.
Um acordo? Eu quase bufo com o pensamento. Petter Craig não passa
de um merda que está disposto a transformar minha vida em um inferno,
acordo com ele, está fora de cogitação.
— Se recorremos... — sussurrei, tentando não demonstrar a tristeza e
devassidão em minha voz — Quanto tempo pode levar?
E quanto vai me custar? A pergunta se agarrou aos meus pensamentos
trazendo com ela uma dor de cabeça aguda.
Os últimos seis meses, foram um verdadeiro pesadelo. Não fui uma
daquelas pessoas sortudas, que nasceu abençoada com uma boa mãe. Melanie
Decker, nada mais era que uma mulher narcisista e egoísta, que sempre
colocou seus interesses acima de tudo, mas isso não significava que fiquei
feliz ao receber a notícia de sua morte.
Sai de casa aos dezoito anos, assim que consegui um emprego e uma
bolsa de estudos na faculdade comunitária em uma cidade a poucos
quilômetros de São Francisco, lugar onde cresci. E mesmo querendo ficar o
mais longe possível da minha mãe, nunca consegui deixar de voltar para casa.
Nos feriados, aniversários, sempre estive lá, não por ela e sim... por meu
irmãozinho.
Jake tinha apenas um ano quando fiz dezoito, uma gravidez tardia que
resultou no garoto mais amoroso, esperto e cheio de alegria que conheci.
Mesmo com a mãe que tinha, ele era uma boa criança.
Então, quando nossa mãe morreu, de um ataque cardíaco repentino
seis meses atrás, não pensei duas vezes. Jake era a única família que eu tinha
e estava sozinho, já que seu pai o abandonou logo que ele nasceu. Não foi um
sacrifício voltar para casa e criar meu irmão. E mesmo com as dificuldades de
uma mulher de vinte e três anos que largou a faculdade e precisava de um
emprego e um teto em sua cabeça, tudo estava indo bem.
Nós ficaríamos bem.
Até Petter Craig, o pai de Jake, aparecer em minha porta há algumas
semanas, dizendo que queria a guarda de seu filho.
Não achei que um juiz concederia algum direito a um pai que o
abandonou, mas aparentemente, eu estava errada. Gastei cada centavo que
tinha com advogados, lutei todos os dias e ainda assim, ele venceu.
— Pode levar algumas semanas, ou meses. É impossível prever.
As lágrimas que me esforcei para segurar escorrem por minhas
bochechas.
— E-eu... eu posso vê-lo? Posso visitá-lo?
— Sim. O juiz concedeu uma visita semanal obrigatória para que Jake
consiga se adaptar à nova rotina.
— Obrigada doutora Jung, vou... vou precisar pensar um pouco no
que fazer agora. Posso te ligar amanhã?
— Claro que sim querida, espero sua ligação. Cuide-se, ok?
— Eu vou. E mais uma vez, obrigada.
Afundando a testa em meus joelhos, puxei minhas pernas para cima e
deixei escapar um soluço. O apartamento que aluguei para nós, estava vazio e
solitário sem Jake, desde o dia em que Petter foi buscá-lo com um papel do
juiz que dizia que meu irmão ficaria com ele por alguns dias, o que durou até
a decisão final.
Meu coração ficou estraçalhado, e meus dias, sem vida.
Ele era a luz daquela casa e agora sozinha, o que eu faria?
— Ei ruiva! — uma das garçonetes abriu a porta e gritou, com a voz
irritada — Os clientes estão loucos lá dentro e não vou servir as mesas
sozinha. Vem me ajudar!
Limpando meu rosto com as costas das mãos, me esforcei para
levantar e antes de ir, olhei para o céu, uma única estrela brilhava, bem acima
da minha cabeça.
Naquele momento, me lembrei das minhas noites solitárias na
infância, quando eu ficava olhando para a janela do meu quarto murmurando
pedidos que eu sabia que nunca iriam acontecer.
— Por favor Deus... Papai Noel, quem quer que esteja me ouvindo,
eu fui uma boa menina, me envie um milagre de Natal. Uma luz, qualquer
coisa.
Sussurrei, desejando que dessa vez existisse realmente algum milagre,
algum presente, mas no fundo eu sabia que estava falando sozinha.

Um arrepio percorreu meu corpo quando parei diante da casa de dois


andares e observei. Tintura desbotada, um balanço enferrujado no jardim,
janelas de vidro empoeiradas e porta de madeira estreita.
Com minha bolsa enganchada em meu ombro, ando até a entrada e
toco a campainha. Os passos do lado de dentro demoram tanto a aparecer que
qualquer um pensaria que não há ninguém.
Não ouso sair do lugar, eu vi a sombra na janela superior assim que
atravessei a rua e sei que ele está lá. Testando minha paciência.
Depois de longos minutos, a porta se abre e Petter aparece, com uma
garrafa de cerveja na mão e um sorriso idiota estampado em sua cara.
— Olha só quem está aqui...
— Onde ele está? — empurrando-o para dentro, dou uma espiada e
faço menção de seguir em frente pelo corredor, ansiosa para chegar ao quarto
de Jake, mas sua mão em meu cotovelo me puxa de volta.
— Quem você pensa que é para invadir minha casa desse jeito? Sua
mãe não te deu nenhuma educação? — ele ri, debochado, — Ah me desculpe,
eu esqueci que foi criada por uma vadia.
Engulo o grunhido que se aloja em minha garganta e estreito os olhos.
— Me solta. — Ordeno, impaciente, já sentindo a raiva ferver dentro
de mim — Eu vim aqui por Jake, não preciso aguentar sua merda.
— Pelo jeito, terá que aguentar minha merda por muito tempo se
quiser continuar vendo o garoto.
Sabendo que isso não levará a lugar algum, controlo meu
temperamento, e dou um passo para trás.
— Onde ele está Petter? Eu só quero vê-lo... — Tenho que forçar para
que as próximas palavras saiam por minha boca — Por favor.
— Bem melhor — com um sorriso espertalhão, ele dá mais um gole
da cerveja e aponta para o andar de cima — No quarto.
Não espero nem mais um segundo, subindo as escadas de dois em
dois, mesmo com a exaustão de um turno todo da madrugada servindo
bebidas dominando minhas pernas, vou rapidamente até encontrá-lo.
Um corpo pequeno me atinge no minuto em que entro no quarto, as
pequenas mãozinhas agarram minhas pernas.
— Lilly, você veio!
Me abaixo para abraçá-lo e tenho que lutar para não o apertar com
muita força.
— Ei, amorzinho. É claro que eu vim, estava morrendo de saudade!
— Mesmo? — sua voz está infestada de apreensão — Petter disse que
você não me queria mais. Que nunca mais viria me ver.
Eu seguro seu rosto, precisando que ele olhe para mim e digo, com
convicção.
— Eu amo você Jake, e sempre, sempre, vou querer você. Você é meu
super-herói, lembra? Quem vai me proteger dos homens maus?
— Eu vou. — Ele levanta o queixo, como se pudesse lutar contra o
mundo e tenho que abraçá-lo de novo, para que ele não me veja chorar.
— Por que não me mostra seu quarto? E diz como foram esses dias na
sua casa nova? Quero saber tudo.
Felizmente, sua atenção muda e ele se empolga me mostrando os
poucos brinquedos que tem o entretido, a maioria deles, suas invenções feitas
de caixa de papel, potes vazios e qualquer objeto que ele deve ter encontrado.
Ele costuma fazer isso, mas dessa vez, não é por enjoar dos inúmeros
brinquedos que tem e sim, porque não há nenhum em seu quarto. Tudo parece
vazio e apático.
É isso que me faz ter a certeza de que esse homem não pode ficar com
meu irmão.
Preciso lutar por ele até o fim.

Um acordo. Minha melhor chance.


Depois de passar algum tempo com Jake, e descobrir um pouco mais
sobre sua estadia, estou decidida.
Se não posso lutar contra Petter, terei que me juntar a ele.
Deixo Jake no quarto, brincando com seus caminhões de papel e
desço as escadas. Como esperado, encontro Petter na sala, sentado no sofá
com as pernas levantadas e apoiadas na mesa de centro vendo TV.
— O que você quer? — pergunto, sem rodeios.
— Do que está falando?
— Você nem gosta dele, o deixa sozinho e trancado no quarto quase o
dia todo, dentro dessa casa que nem parece ser habitada por uma criança.
Então, o que você ganha o tirando de mim? O que quer com tudo isso?
Os olhos escuros de Petter me fitam, cheios de tédio e ele dá de
ombros.
— O garoto é meu, ele tem um pai, precisa ficar com ele e ser criado
como um homem deve ser.
Meu Deus, isso não pode acontecer.
Esfregando as mãos em meu rosto, ando de um lado para o outro
quase abrindo um buraco no chão com a força da minha frustração. Meu
coração estava disparado, a raiva me consumindo, ainda assim, eu não
desistiria.
— O que... — minha voz está baixa e assustada quando finalmente o
respondo, assim como eu, com medo de perder meu irmãozinho para sempre
— o que você quer para deixá-lo? Eu sei que não vai ficar com ele por muito
tempo, isso... isso é só um show, não é? Então me diga, o que você quer para
deixar esse garotinho em paz? Me diga Petter, e eu vou conseguir.
— Você é uma mulherzinha atrevida, alguém já lhe disse isso?
Permaneci firme, com as mãos em minha cintura, olhando em seu
rosto sem pestanejar.
— Eu amo meu irmão, e vou fazer o que for preciso para ficar com
ele.
Seus olhos percorreram todo meu corpo, e um sorriso surge no canto
de sua boca.
— Qualquer coisa?
— Qualquer coisa.

 
03

Quando finalmente chego no meu apartamento, estou exausta.


Depois de pegar o turno da madrugada na boate, visitar Jake pela
manhã e toda a bagunça que está minha vida, meu corpo está praticamente
implorando por uma cama. Obviamente, não tenho tempo para isso.
Só tenho alguns minutos antes da minha segunda jornada de
trabalho começar.
Cinquenta mil dólares é o valor que Petter quer para desistir da
guarda de Jake definitivamente e deixá-lo comigo. Como vou conseguir
esse dinheiro?
Esfrego as mãos pelo meu rosto, tentando limpar a preocupação e
foco no presente. Não posso perder meu emprego, nenhum dos dois.
Preciso economizar cada centavo, agora ainda mais.
Assim que ligo o computador e abro minha caixa de e-mail, percebo
que o resto do meu dia estará cheio.
O trabalho como assistente remota para a empresa de segurança
privada KingCross é uma benção, muito melhor do que servir bebidas para
bêbados tarados que não são capazes de guardar as mãos para si mesmos.
Além de fazer algo que gosto, ter contato direto com o misterioso
CEO que coordena o negócio, Hunter Cross, se tornou a melhor parte dos
meus dias, principalmente depois que Jake se foi. Mesmo com o humor
ácido do meu chefe, suas exigências inflexíveis e personalidade forte e
imponente, não posso impedir o salto que meu coração dá a cada vez que
ouço sua voz.
É uma paixonite boba, eu sei. Alguém como Hunter nunca me daria
uma segunda olhada. Ainda assim, mesmo sabendo ser uma fantasia
impossível e com todos os perrengues que tenho enfrentado, uso isso
apenas como meu pequeno segredo, aquele que não me permite cair
totalmente na merda que estou afundada.
Andando pelo espaço do meu quarto, alcanço um dos conjuntos que
uso para trabalhar e corro para tomar um banho, precisando tirar o cheiro de
suor, álcool e gordura impregnado em mim.
Levo menos que dez minutos para ficar pronta, bem a tempo de
atendê-lo.
Meu coração palpita com o som saindo do computador.
Alinho minha saia, mesmo sabendo que ele não pode vê-la e ajeito a
gola da minha blusa.
— Bom dia Lilly. — O rosto aparece na tela, e no meu peito, sinto
como se meu coração estivesse em cima de um trampolim.
Cada centímetro dele é áspero, grosso e imponente. Como se
pingasse sexo e poder por trás de um exterior fechado.
Acho que o fato de que nunca estive com um homem intimamente,
ou melhor, sexualmente, está finalmente começando a me afetar.
Na adolescência, o problema era minha mãe, que mal me deixava
sair de casa, depois, na faculdade com o tanto que eu tinha que trabalhar
para me sustentar, mal me sobrava tempo. Os anos voaram e então veio
Jake, o que fez qualquer possibilidade de envolvimento com alguém estar
simplesmente fora de cogitação.
Tudo que me restava, eram as fantasias.
Fantasias de uma virgem, podia até virar filme.
— Bom dia senhor Cross.
Suas mãos tatuadas digitam algo freneticamente no teclado, e os
olhos, mesmo em minha direção, estão focados em algo que parece estar
além de mim. Provavelmente respondendo algum e-mail sem me notar.
Observo sua pele leitosa, pintada com tatuagens na maioria das
partes que meus olhos podem ver. Os ombros largos, sua estrutura grande
construída por músculos que inchavam o tecido de sua camisa social que
fora dobrada até os cotovelos. Uma barba por fazer, que nunca crescia
pouco mais que alguns centímetros antes que ele a aparasse. Cabelos
castanhos, olhos azuis tão claros e profundos que ficava impossível não me
sentir um pouco bêbada com tamanha beleza.
Minha postura permanece reta e meus olhos continuam o
analisando, quase hipnotizada.
Fico assim por longos segundos até que finalmente, ele parece me
ver.
— Você conseguiu?
Pisco algumas vezes para sua pergunta e balanço a cabeça.
— Desculpe senhor, conseguiu o que?
— A lista de fornecedores. Eu te mandei uma mensagem há alguns
minutos, senhorita Decker. — Não Lilly. Seu tom inflexível faz a névoa em
minha cabeça desaparecer e eu me seguro para não bater em minha própria
testa.
Hora de sair do mundo de fantasias, Lilly.
— Me desculpe senhor, vou te enviar agora mesmo.
Ele acena, sem me responder e rapidamente, repassamos sua lista de
pendências, como fazemos em todas as nossas reuniões semanais.
Hunter é um homem metódico, que odeia fugir de sua rotina, já
aprendi isso e me esforço para não causar nenhum problema.
No começo, quando fui entrevistada para a vaga de emprego achei
estranho um homem como ele preferir viver isolado em sua casa, cuidando
de seu negócio remotamente do que estar em um grande escritório na
cidade grande, em total evidência. Mas cada vez que o conhecia um pouco
mais, as coisas faziam mais sentido. Aquele era seu mundo, criado por ele,
onde ele estava no controle de tudo. E de alguma forma, simplesmente
combinava.
Alinho todas as atividades do dia, me organizo para atender toda a
lista, assim como ele gosta, sem deixar nada para trás e me afundo no
trabalho.
Nosso dia se encerra quase quando o sol está se pondo. Acompanho
algumas reuniões que ele tem com clientes, pois ele gosta de estar focado
enquanto anoto qualquer coisa importante que ele precisará saber depois.
Assim como pensei, é um dia extremamente cheio e exaustivo que passa
como num piscar de olhos.
Quando finalmente noto a noite já está caindo do lado de fora e
minhas atividades estão quase terminando.
Quando estou acabando de responder alguns e-mails, filtrando a
caixa de entrada da conta principal da empresa, que preciso encaminhar
para os setores corretos, o sinal de uma nova chamada aparece na tela, eu
clico para aceitar e ouço sua voz soando por todo meu quarto.
— Acho que terminamos, Lilly.
Eu abro a tela que estava minimizada em meu computador e engulo
um fôlego quando o vejo. Quando os dias se estendiam dessa forma cheio
de atividades, a maioria da nossa comunicação era por mensagens ou e-
mails. Mas ele sempre me ligava para se despedir.
— Sim terminamos — sem poder conter, emito um sorriso e dou
uma última olhada em minha lista de tarefas. — Há algo urgente que queira
para os próximos dias?
Ele parece pensar.
— Consiga o contato daquele fornecedor de coletes à prova de
balas. Preciso dele.
Eu enrugo o nariz em uma careta.
— Sinto muito senhor, eu já tentei e eles disseram que não podem
pegar pedidos pelos próximos seis meses.
Um sorriso arrogante surge no canto de sua boca, e tenho que me
lembrar de respirar.
— Então, essa é uma coisa que deve saber sobre mim, Lilly.
— O quê?
— Eu nunca desisto. Quando quero alguma coisa, vou até o fim.
Por um segundo, eu não acho que ele quer que eu saiba disso apenas
por seus negócios. O olhar em seu rosto, que parece tão quente a ponto de
me incendiar, remete a outras coisas.
Coisas que atingem um ponto bem específico do meu corpo.
Engulo em seco, me mexendo para juntar um pouco mais minhas
pernas, quase esfregando as coxas juntas.
— Vou entrar em contato com eles novamente e marcar uma
reunião.
— Essa é minha garota.
Com um sorriso, nos despedimos, e não perco o último olhar que ele
me dá antes de sua câmera ficar escura.
Eu desligo o programa, mas nem faço questão de desligar o
computador.
Tenho apenas algumas horas de descanso antes de começar mais um
turno na boate.
O cansaço que ficou adormecido com todas as tarefas que tive durante o dia
finalmente aparece exigindo atenção e imediatamente, é como se meu corpo
não pudesse suportar mais nenhum segundo.
Ainda sentada na poltrona em frente a tela, abaixo a cabeça e sinto como se
tudo viesse para mim como uma avalanche.
A exaustão, perder meu irmão, os últimos meses que vivi e até mesmo essa
atração boba por um homem que nunca vai me notar.
Sinto meus olhos marejarem e os fecho, tão cansada dessa vida.
No fundo, no fundo, eu desejava que Hunter Cross se transformasse
em um príncipe no cavalo branco, e viesse me salvar. Mesmo sabendo que
ele está muito longe de ser um.

 
04

Com uma xícara de café em minhas mãos e a cabeça fervendo, volto


ao meu escritório. Como de costume, o planejamento indo e vindo em
minha mente, pronto para finalizar mais um dia de trabalho.
O sucesso da KingCross requer disciplina. Mesmo com pouco mais
de quatro anos de existência, já somos a empresa de segurança privada mais
procurada dentre as grandes cidades do país. Nova York, Chicago, Los
Angeles, Houston... meus homens estão por toda parte e logo, logo, faremos
disso um negócio mundial.
Meu pai se orgulharia se ainda estivesse vivo, e isso é o que me faz
ter certeza de que estou no caminho certo, mesmo que em algumas vezes,
eu queira me encolher dentro de mim mesmo e nunca mais sair. O cansaço,
certamente, faz parte da jornada e com certeza, nem se compara ao que tive
que suportar em campo.
Assim como os homens que tenho empregado, que merecem a porra
de um lugar seguro para colocar suas mentes fodidas, corpos dilacerados e
força bruta. Protegendo inocentes.
Desbloqueio meu notebook, esperando a tela ligar e uma imagem
nítida, envia um alerta a minha mente focada. Expandindo a aba do
programa que uso para minhas reuniões, vejo a imagem de uma figura
pequena, debruçada sobre sua mesa, com os braços cruzados, a cabeça
apoiada sobre eles, os olhos fechados e todo meu corpo paralisa.
Ali está minha doce assistente, dormindo, completamente alheia ao
mundo.
Merda, ela esqueceu a chamada de vídeo ligada.
Me lembro como se fosse hoje, do dia em que Zade, meu melhor
amigo, irmão de guerra e sócio na KingCross me colocou para fazer
entrevista com a mulher. Naquele dia, eu estava em um humor terrível,
cansado pra caralho, irritado com o mundo e pronto para cuspir fogo em
quem aparecesse na minha frente, mas a ruiva de olhos escuros conseguiu
me deixar estático, realmente paralisado, a olhando como um idiota. Ela era
doce, simpática, e competente para o trabalho, mas o verdadeiro motivo
para que minha mente se perdesse em cada vez que a via tinha muito mais a
ver com sua beleza hipnótica. Os lábios rosados e cheios, a pele alva como
a neve, os cabelos compridos e brilhantes como fogo. Porra.
Eu fiquei obcecado desde o primeiro instante, mas agora, a vendo
assim, tão frágil e vulnerável, foi como bater o último prego em meu
caixão. Estou completamente fodido.
Minha cabeça não se importa de não a conhecer pessoalmente, sua
voz, os pequenos pedaços de conversas profissionais que temos em nossas
chamadas de vídeos semanais e sua beleza descomunal são mais que
suficiente para que eu sinta como se um caminhão de duas toneladas me
atropelasse, a cada vez que um sorriso escapa dela.
Assim como o contrário, me irrita profundamente. O pensamento de
que algo está errado com ela me deixa lívido.
As olheiras se acumulam abaixo de seus olhos, e há alguma coisa
em sua postura nas últimas semanas, que tem me deixado louco. Ela está
cansada, distraída e o olhar vago que aparece em seu semblante em alguns
momentos, quando a faço participar das minhas reuniões, só para vê-la por
mais tempo é um que não esquecerei.
O sentimento que essa mulher desperta em mim, é um diferente de
tudo que já senti. Uma mistura de posse e cuidado, como o de um animal
selvagem defendendo seu bando. Algo que o pertence e que ele é capaz de
proteger a todo custo.
Posso dizer com absoluta sinceridade, que nunca me senti assim
com relação a uma mulher antes. Já tive muitas delas em minha cama, em
minha vida, mas nenhuma... me fez sentir assim, tão possessivo e
preocupado. Atento a cada mínimo detalhe.
Eu quis atravessar a tela e pegá-la em meu colo, levá-la para cama,
garantir uma noite de sono confortável para seu corpo evidentemente
cansado, e então, quando ela acordasse pela manhã, descansada e disposta,
eu queria cansá-la de outra forma.
Deixar seu corpo suado, a respiração ofegante, os membros moles
de prazer. Ouvir seus gemidos bem no pé do meu ouvido, assistir seu rosto
enquanto a faria gozar, uma e outra vez.
Meu corpo se perde em pensamentos e sem poder me conter, toco a
tela, passando os dedos sobre a imagem de sua silhueta apenas a assistindo,
sem conseguir deixar de notar marcas em seu rosto, que se parecem muito
com o rastro de lágrimas.
— Vou descobrir o que está acontecendo, doce Lilly, e cuidar de
você. — Eu sussurro e me assusto quando a vejo se mexer. Meu corpo fica
estático, esperando para ver se ela vai acordar, mas tudo que faz é se
contorcer levemente, inclinando o pescoço apoiado nos braços murmurando
algumas palavras.
Eu não entendo no começo, já que ela está apenas balbuciando,
então, uma palavra nítida escapa por entre seus lábios.
— Hunter...

 
 

Meu nome. Ela murmurou o meu nome. Em seu sono.


Não sei por quanto tempo fiquei a assistindo, quase implorando para
que ela dissesse novamente. Provavelmente foram horas até que finalmente
consegui desligar a chamada e me afastar.
Tropeçando fora do meu escritório, seguro minha cabeça entre as mãos,
puxando meus cabelos com força entre os dedos para tentar de alguma
forma acalmar a necessidade que me domina.
O barulho, sempre persistente em meu cérebro, se acalma para dar lugar a
algo muito mais cru e perigoso. Uma vontade que cega.
Cambaleando pelo corredor, consigo chegar ao meu banheiro. Me olho no
espelho e respiro fundo algumas vezes. Meus olhos parecem dilatados,
como se eu estivesse drogado e minha pele está ruborizada como se eu
morasse dentro de um lugar em chamas.
Com um passo doloroso, caminho pelo mármore frio do enorme espaço e
alcanço a área com as duchas, sem me importar de tirar a roupa, ligo a água
gelada e entro embaixo dela. As gotas parecem pedras de gelo batendo
contra minha pele, mas a sensação é como se um balde d’água tentasse
apagar um grande incêndio.
Grunhindo de forma animalesca, aperto meu pau duro como pedra
por cima do tecido encharcado das minhas calças e gemo com raiva. Eu
seguro com força suficiente para que sangue não possa circular e ainda
assim, não adianta.
Ele continua lá, inchado e carente por alguém que está a quilômetros
de distância. Porra.
Sabendo que não me resta escolha, tiro meu cinto, abro as calças e
busco minha ereção, puxando-a para fora da boxer que uso. Meu estômago
ondula quando minhas mãos se fecham ao meu redor e bombeiam a
necessidade dolorosa.
Um gemido rouco passa por mim, o calor vai lentamente
diminuindo, minha visão clareando e meus ombros relaxam.
Eu golpeio meu pau, e fecho meus olhos, repetindo a imagem dela na minha
cabeça. Imaginando suas mãos no lugar das minhas, seu corpo sobre o meu,
o gosto de sua língua contra a minha boca e não leva mais que alguns
segundos para que jatos fortes de porra jorrem para o ralo.
Uma porra que eu sonhava derrubar sobre ela. Em seus peitos, talvez? Ou
em sua boca... sua barriga. Marcando-a como minha.
Caralho. Eu estou louco, definitivamente, louco.

 
05

Com uma massagem suave em minha nuca, tento expulsar a tensão


em meus músculos. Adormecer sentada, com a cabeça deitada sobre meu
computador realmente não foi uma coisa boa.
Quando acordei, sem nem saber onde estava direito, todo meu corpo
doía. E para piorar ainda mais, já estava quase na hora de mais um turno de
trabalho.
Vagamente, um sonho estranho, com uma voz tenor levemente
sedutora vem a minha cabeça, e o rosto de Hunter se misturava a ela. Por
que? Eu não tinha ideia, e, não podia me importar.
Era apenas mais um sonho, mais uma fantasia que deveria ficar
guardada na mesma caixinha que eu usava para esconder tudo que aquele
homem despertava em mim.
Tenho problemas muito mais complicados para me importar agora.
Olho o cartão em minhas mãos e então, para o enorme edifício à
minha frente. É um prédio gigantesco, espelhado, obviamente habitado por
pessoas com muito dinheiro.
MADAME B.
É o único nome escrito no cartão que Shantal, uma das garotas que
trabalha na boate como dançarina, me deu. Talvez eu me arrependa disso?
Sim, talvez, mas que outra escolha eu tenho?
Mesmo trabalhando dia e noite, com o dinheiro que ganho, levaria
meses ou até mesmo anos para conseguir a quantia que Petter quer para me
deixar com a guarda de Jake. Preciso de dinheiro rápido... e a única maneira
que conheço, é aquela que tem a ver com a profissão mais antiga do mundo.
Engulo em seco, temendo o que vou encontrar nesse lugar, mas sigo
em frente.
Vou até a recepcionista, entrego a ela o cartão – que nada mais é um
retângulo escuro com o nome escrito em letras douradas, e espero. Assim
como fui instruída. Ela me olha de canto de olho, entrega um crachá e me
manda subir até o vigésimo andar, sem mais explicações.
Quando chego, meus olhos são agredidos por um ambiente
iluminado todo decorado em tons claros. Tudo absurdamente elegante,
assim como imaginei.
Há uma mulher sentada atrás de um balcão, loira, de nariz fino e
arrebitado. Indo até ela, recebo um olhar enigmático.
— Posso ajudá-la?
Como fiz com a outra garota na recepção do prédio, entrego o
pequeno cartão, e digo: — Eu procuro a Madame B.
— Você tem um horário marcado?
— Não.
— A Madame só atende com hora marcada.
Oh droga.
— Será... será que não pode abrir uma exceção? Uma amiga me
indicou, eu estou... é urgente. — Sei que pareço patética e desesperada no
momento, e é exatamente dessa forma que me sinto — Realmente preciso
falar com ela.
A mulher do outro lado, faz uma careta e agita a cabeça.
— Sinto muito, não será possível.
Meus ombros caem em derrota e me viro para sair, no mesmo
momento em que o barulho de saltos batendo contra o piso soa
ruidosamente no ar.
— Deixe-a entrar Louise, vou atendê-la.
Eu olho para a mulher que aparece de forma repentina, como um
fantasma e por alguns segundos, fico estática, totalmente surpresa. Um
pouco menor que eu, com aparência frágil, magra e de cabelos grisalhos
curtos, é a aquela que vem em meu socorro.
— Sente-se. — Indica uma cadeira, quando passamos o corredor
para entrar em um grande escritório luxuoso e imediatamente, me sinto
deslocada.
Colocando minha bolsa em meu colo, eu me sento na poltrona
confortável, com o coração alojado na garganta.
— Então, suponho que você é uma...
— Eu não sou uma prostituta. — Falo rapidamente, antes que ela
possa terminar a frase e sinto minhas bochechas queimarem.
A mulher que suponho ser Madame B ri, jogando a cabeça para trás
com um gracejo.
— Oh querida, sei disso. Você não se parece com uma, nenhum
pouco. — Ela se inclina sobre sua mesa, pegando um cigarro de um
suporte, assim como o isqueiro — Eu tenho anos de experiência em
reconhecer meus iguais há quilômetros de distância.
— Então você é uma…
— Não mais. Já fui, por muito tempo, embora. — A vejo acender
seu cigarro, tragando a nicotina com prazer e com as mãos em meu colo,
me remexo, nervosa.
— Uma colega de trabalho me deu seu cartão. Ela me disse que
podia me ajudar, eu preciso de...
— Dinheiro, eu suponho.
— Sim.
— Quanto? — questiona, com a sobrancelha levemente arqueada.
— Cinquenta mil.
Esperava alguma surpresa em seu rosto, mas ela apenas me fita,
como se tentasse me ler.
— Sei que é muito dinheiro e sei que provavelmente a senhora
procura garotas experientes. Eu não tenho nenhuma experiência, mas estou
disposta. — não digo a ela exatamente que nenhuma experiência é
nenhuma, mesmo, preciso muito do dinheiro para correr o risco — Minha
amiga... conhecida, na verdade, disse que suas meninas são bem tratadas e
que... seus homens, eles...
— O que exatamente acha que minhas garotas fazem?
Eu pisco para sua pergunta, porque ela me parece bem óbvia.
— Hm... sexo?
A mulher continua me analisando, com seus olhos claros que
parecem abrigar muita experiência de vida enquanto bate seu cigarro contra
o cinzeiro de porcelana à sua frente.
— Pode ser que sim, pode ser que não. O que faço, na verdade, é
fornecer uma companhia agradável a homens interessados em recompensá-
las.
— Como acompanhantes de luxo?
— Eu diria, que minhas meninas são uma espécie de presente que
alguns homens poderosos gostam de dar a si mesmos.
— Oh.
— Não prostituo minhas garotas, querida. Isso é coisa de cafetões e
aliciadores filhos da puta. Odeio tipinhos como esse. Meu negócio é
diferente. Uso minhas conexões para dar uma chance a garotas como você.
— Garotas como eu?
— Desesperadas. — Madame ri — Claro que também existem
aquelas que só querem uma vida luxuosa, mas isso é história para outra
hora. O que estou dizendo é que, meu negócio é seguro para que não se
envolvam com o tipo de pessoa que não as permitiria sair. Meus eventos são
privados e exclusivos por um motivo, porque conheço cada um dos meus
clientes e acabaria com a vida e fortuna deles em um piscar de olhos se algo
acontece com uma das minhas garotas.
— Isso é bom...
— O que precisa saber de antemão Lilly, é que nada é obrigatório,
apenas se você quiser. Mas devo dizer... a maioria dos meus clientes, são
extremamente sedutores, eles sabem o que querem e como querem. Minhas
meninas se divertem. Elas são preciosas, e eles sabem disso.
Sua fala é gentil e tão sincera que me pega de surpresa.
— Não sei se sou boa o suficiente para ser uma de suas garotas
preciosas, Madame, mas eu gostaria de tentar. Realmente gostaria.
Levantando-se de sua cadeira, ela dá a volta na mesa até ficar ao meu lado.
— Oh minha querida, eu nem deixaria você pisar os pés em meu espaço se
não fosse uma delas. Ficarei feliz em te ajudar. O Natal está chegando e
minha lista de presentes precisa de alguém como você.

 
06

O cheiro das árvores faz o barulho diminuir tornando meus


pensamentos quase silenciosos. Respiro fundo, inalando o aroma
vigorosamente, sentindo a natureza ao meu redor e o peso em meu peito vai
diminuindo, se transformando em uma queima lenta. Minha casa grande
feita de pedras e telhado escuro, com janelas altas e aparência antiga, faz da
paisagem algo parecido como de um filme de terror. Isolada e solitária no
meio do nada, assim como eu.
Gosto disso. Da forma como esse lugar assustador se tornou meu
refúgio. Minha segurança.
Ignoro o resquício dos ruídos, ainda me tentando a decifrá-los e
volto ao que estou fazendo. Pego um novo pedaço de madeira e o coloco
sobre o tronco. Elevando o machado no alto, bato com toda força.
— Minha irmã estampou suéteres novos para esse Natal — Zade me
diz, cruzando as pernas sobre a extensão do banco largo que colocou ali
perto, para me assistir. Ele sempre está lá, me observando, como se não
pudesse confiar em mim sozinho. — O seu tem o rosto de vários Grinchs,
eu disse que combinam muito bem.
Ao invés de respondê-lo, afundo o machado mais uma vez, num
novo pedaço de madeira e quando ele se parte em dois, me abaixo e pego
para jogá-los na pilha de lenha.
— Que frio é esse que está esperando enfrentar, o do Alaska?
Ele continua falando, sabendo que sua tagarelice só vai me irritar
mais. Com suor escorrendo por minhas costas sob a camisa xadrez que
estou usando, olho para seu rosto com uma carranca e sem a mínima
preocupação, ele inclina seu chapéu um pouco para cima e apoia a cabeça
para trás, ficando confortável.
Trabalho braçal me acalma. Hoje isso é tudo que preciso.
A neve ainda não começou no sul. A cidade de Falls Prince fica
localizada em um canto perdido do estado do Texas e o inverno demora um
pouco para chegar por aqui, mas quando vem, vem com força.
Minha propriedade é um lugar escondido, na verdade, minha
propriedade e a de Zade são conectadas, pois fazem parte dos mais de
noventa hectares de terra que compramos juntos. Ele ficou com o lado dos
pastos e do lago, onde cuida de seus cavalos e eu fiquei com as árvores e a
floresta.
Escolhemos esse lugar, justamente por ser reservado. Nossa última
missão, nos deixou cicatrizes, tanto físicas quanto emocionais e estar perto
de pessoas me deixava ansioso, irritado e...
— Posso confirmar sua presença então?
— O quê?
— No Natal... só faltam algumas semanas e minhas irmãs querem
saber.
Minha carranca se transforma em algo um pouco mais sombrio.
— Você sabe que não gosto dessas coisas. Vou ficar aqui, como em
todos os anos.
Porque a ideia de passar o Natal com a família King me dá coceira.
Zade tem uma daquelas famílias grandes, barulhentas, com um milhão de
crianças que gostam de correr pela casa, gritam sem parar e escalam tudo
que veem pela frente.
— Eu estou ficando preocupado com você, cabrón — o sotaque
espanhol que ele herdou de sua mãe fica sempre mais acentuado quando ele
está irritado.
— Estou bem.
— Você não sai dessa casa há semanas, senão meses. Vive pelo
trabalho. Com exceção de nossos clientes, só fala comigo ou com sua
assistente. Sabe o quanto isso pode te fazer mal... da última vez que as
coisas ficaram assim... — O tom que ele usa comigo é calmo, muito mais
tranquilo do que o que ele costuma usar com qualquer pessoa, como se
soubesse que minha cabeça é uma espécie de bomba relógio.
Isso me deixa irritado e as palavras escapam sem que eu possa
conter.
— Esse é meu jeito de lidar com as coisas. Você tem o seu, eu tenho
o meu, companheiro. Ou pensa que não sei o quanto adora fazer aquelas
merdas distorcidas nos clubes da cidade para extravasar a raiva?
Seus músculos ficam rígidos e a mandíbula tensa. Ele se eleva,
sentando-se ereto e os olhos escuros e perigosos me fuzilam.
— É tudo consensual e pelo menos estou fazendo alguma coisa, ao
invés de me esconder em minha casa como um maldito selvagem.
— Fazendo alguma coisa... — Zombo, afundando o machado em
mais um pedaço de madeira. — Não fazemos merda nenhuma, Zade, nós
sobrevivemos, um dia de cada vez.
— É isso que pensa, que não há mais vida depois do que passamos?
— É isso que sei.
— Não deixe aquele inferno nos vencer, Hunter. Não deixe que seja
a única coisa em sua cabeça.
E não é.
Agora ela está em minha cabeça também. O tempo todo. Cada
segundo.
— Não vou deixar.
— Então faça alguma coisa hermano. Construímos o império que
tanto queríamos com a KingCross, agora, talvez seja hora de perseguirmos
outra coisa.
— Você está certo, acho que vou escrever uma carta ao bom
velhinho. Fui um bom garoto.
Seus dentes brancos e retos aparecem em torno de sua barba cheia,
formando um sorriso idiota no rosto.
— E o que você vai pedir?
— Não faço ideia. — Menti.
Já que era loucura dizer que a única coisa que eu desejo de presente
de Natal, é aquela que não posso ter.
 

O tempo passa voando depois do dia em que minha obsessão por


Lilly se tornou ainda maior. Vê-la daquela forma, ligou algum botão em
meu cérebro e o que era apenas um pequeno barulho em minha cabeça se
transformou em uma sinfonia completa.
O trabalho me mantém ocupado e disciplinado, principalmente
quando sei que vou falar com ela, mas por dentro, meu fascínio por aquela
mulher só cresce. Um pouquinho mais a cada maldito dia.
Não perco o fio de tristeza ainda permanente em seus olhos e isso
me faz cruzar a linha da ética profissional entre nós. Sem mais suportar, uso
minhas conexões e os próprios serviços que tenho em minha empresa para
investigá-la, o que me leva a descobrir que Lilly passou por um momento
difícil. O processo que concedeu a guarda de seu irmãozinho a seu pai
biológico deve ter sido um golpe duro a ela.
Eu me sinto um merda por não estar lá, e ao mesmo tempo, ridículo
por achar que tenho algum direito ou intimidade para isso. Sou só o chefe
que está perdidamente obcecado por sua funcionária, sem que ela saiba.
Nada mais.
Absolutamente patético.
Ainda assim, faço questão de dar uma olhada no tal Petter Craig, só
para ter certeza de que o homem não está lhe causando problemas. Se ele
for um bom pai para seu filho, deixarei-lo em paz, agora, se não for...
Imagens desagradáveis aparecem em minha cabeça e rapidamente, aspiro o
cheiro forte das árvores à minha volta. A natureza me acalma, o silêncio,
equilibra a parte fodida dentro de mim.
Forçando minhas pernas, abuso um pouco mais da minha capacidade física
em minha corrida matinal, para que meus pensamentos não desçam para um
lugar perigoso.
Tenho feito isso todas as manhãs, para não me perder. Desde que escolhi
dar um passo além do aceitável, estou saindo do equilíbrio que encontrei
aqui, no meu mundo isolado e isso me preocupa.
Não deveria investigá-la como um perseguidor maluco e muito
menos cogitar me meter na sua vida, mas é mais forte do que eu.
Algo em minha cabeça diz que preciso fazer isso e essa é uma
batalha perdida contra a lógica para mim.
Quando volto para casa, todo meu corpo está pingando de suor.
Tenho um dia cheio de reuniões então corro para tomar um banho.
Visto uma calça escura e uma camisa cinza chumbo que dobro até os
cotovelos, então, vou para o escritório, pronto para começar mais um dia.
Assim que abro minha caixa de e-mail, no entanto, uma nova
mensagem chama minha atenção. O investigador que tenho em minha folha
de pagamento, enviou algo mais.
No título do e-mail o nome LILLY DECKER, sinalizado como
urgente, é mais que o suficiente para que eu abra de imediato.
Leio o começo, não encontrando nada que me interesse muito. Só
algumas coisas sobre seu passado e sua mãe falecida, nada que tenha
conserto.
O final, no entanto, me deixa completamente paralisado.
JÁ ESCOLHEU SEU PRESENTE DE NATAL?
Minhas mãos se apertam com tanta força que por um segundo, acho
que estou alucinando, criando imagens na minha cabeça, que não fazem
nenhum sentido.
MADAME B E SUAS MENINAS EM UM NOVO LEILÃO
NATALINO.
A foto de várias mulheres aparece diante dos meus olhos. Todas
jovens, bonitas, e extremamente apetitosas.
Rolando a tela, passo por elas apenas apreciando o óbvio, mas tenho
que voltar quando uma delas chama minha atenção.
Os cabelos de fogo que eu reconheceria a quilômetros de distância.
Minha Lilly, há uma foto da minha Lilly nessa maldita coisa, que
mais me parece como um cardápio para pervertidos.
Eu leio tudo que está lá, sem perder nenhum detalhe e cada
descoberta, me deixa mais raivoso.
O que ela pensa que está fazendo? Quem diabos é Madame B?
Por que ela precisa participar disso?
Tantas perguntas, nenhuma resposta.
Me levanto, completamente cego pela raiva e derrubo tudo que está
sobre minha mesa. O barulho que ecoa pela minha casa é estridente, mas
nem se compara ao que está dentro de minha cabeça, apenas me dizendo
para ir lá e pegá-la a qualquer custo.
Porque ninguém deve tocá-la além de mim.
 
07

Durante as próximas semanas, Madame B faz questão de me


preparar para a “noite do leilão” pessoalmente. Aparentemente, é
inadmissível para ela que uma das suas meninas se comporte como uma
“caipira sem classe”, palavras dela, não minhas.
Ela é exigente e certeira em boa parte do tempo, e assim como me
disse aquele dia, quer que acreditemos em nosso valor.
Isso não acalma totalmente o nervosismo por fazer o que eu estou
fazendo, mas ajuda. Dissipa um pouco da vergonha por recorrer a um
caminho tão drástico, e me faz pensar que participar desse evento apenas
faz parte de um curso da minha vida.
Ter Jake de volta, fará com que tudo valha a pena, eu tenho certeza.
O leilão acontecerá em Las Vegas, na cidade do pecado, como
Madame B mesmo disse.
Na noite de Natal.
Minha cabeça fica uma completa gelatina inútil nos dias que se
seguem, e tenho que me esforçar de forma dupla para não falhar. Com medo
que algo dê errado, continuo pegando os turnos da madrugada na boate e
trabalhando na KingCross.
Minha atração por meu chefe, continua como meu segredo. Minha
fantasia. Mesmo com a impressão de que ele está agindo de forma estranha
nas últimas semanas. O jeito que ele me olha, com algo diferente em seus
olhos… forte, poderoso, que arrepia os pelos da minha nuca e esquenta meu
corpo inteiro.
Como se me desejasse… eu cogito em algum momento, mas, abafo
no mesmo segundo. Isso é loucura.
Completa loucura.
Felizmente, a véspera de Natal chega depressa e antes da viagem a
Vegas, vou visitar meu irmão para entregar seu presente de Natal.
A casa, que já não parecia bonita, está uma bagunça, com um cheiro
de cerveja e tabaco no ar que me revira o estômago.
Só mais um dia irmãozinho, aguente só mais um dia.
Com um embrulho em minhas mãos, subo as escadas para o seu
quarto e o encontro assistindo TV.
— Ei, garotão, olha o que eu trouxe para você...
— LILLY! — Num pulo, Jake sobe em cima da cama e se joga no
meu colo. Mesmo sendo menor que os garotos de sua idade, ainda quase me
faz cair de bunda no chão com seu peso.
— Uau, é impressão minha ou você cresceu? Eu mal te aguento.
— Eu estou comendo tudinho para ficar forte. — Ele me dá um
sorrisinho e exibi os braços finos.
Agarrando-o, o jogo de volta no colchão.
— Não tão forte para escapar de mim — faço cócegas em sua
barriga, e sua risada alta preenche o lugar.
Como sinto falta disso.
Depois de uma batalha de cócegas, me sento com ele para abrir o
presente e amo a felicidade estampada em seu rosto com a coleção de
carrinhos que lhe dei.
— Como estão as coisas por aqui? — pergunto baixinho, com medo
da resposta.
De imediato, seu rosto inocente ganha uma expressão triste.
— Petter não gosta de mim. Ele sempre me manda ficar no quarto
para que não veja minha cara.
Filho da puta.
Eu o puxo para o meu colo, e o abraço, com força.
— Posso te contar um segredo?
Seus olhos iluminam.
— Qual?
— Depois do Natal, virei para te buscar. Você vai voltar para casa
comigo.
— Para sempre? — pergunta, cheio de esperança. Eu o abraço com
força.
— Para sempre Jake. Eu te amo.
— Eu te amo, Lilly.

 
Enquanto o sol se punha sobre Las Vegas Strip, tons de laranja e
dourado se misturavam entre as nuvens carregadas que se projetavam no
céu invernoso da cidade.
A noite fresca do deserto já ganhava vida, assim como o vento frio
cortante que entrava através dos vidros abertos do meu Maserati.
Pressionando os dedos em torno do volante, inalei com força, aproveitando
essa pequena e frágil conexão com a natureza antes da paisagem ao meu
redor ficar manchada por prédios, carros e pessoas.
Mesmo absorvido pelo barulho que chicoteava em meio a estrada,
com a mistura do vento e dos meus pneus rugindo no asfalto, os ruídos da
grande cidade já pareciam me engolir.
Uma onda de raiva me dominou pela centésima vez, me instigando a
fazer o retorno e voltar para casa.
O que estou fazendo, porra?
Meu telefone largado no banco ao meu lado começa a zumbir e
minha mandíbula fica tensa. Minha mão comprime ainda mais no volante e
sinto meus ossos estalando com a força que coloco.
As consequências da minha impulsividade já estão batendo na
minha bunda. Se Zade descobrir a merda que estou fazendo, provavelmente
me acorrentará em um dos seus pastos e deixará seus cavalos me
pisotearem até a morte.
Eu nem pensei direito desde que recebi aquele e-mail – o leilão
natalino promovido por Madame B. Ao qual, minha assistente fará parte.
Uma força da natureza me dominou, a mesma que me manteve
espiando essa mulher escondido naquele dia, a mesma que criou a ilusão de
que ela me pertence e que eu preciso salvá-la a todo custo. Mesmo sem ter
ideia se ela deseja ser salva.
Eu me perguntei, um milhão de vezes, por que ela está fazendo
isso... por dinheiro? Por seu irmão? Ou por que a ideia de se entregar a um
desconhecido a excita? Todas as respostas me enfurecem.
Idiota.
O lado racional dentro de mim, berrava que nada disso era da minha
maldita conta, mas não me importei. Talvez as dezesseis horas de estrada
que enfrentei tivessem finalmente fritado meu cérebro, ou, o mundo estava
a meu favor e tudo acabaria bem, como um milagre de Natal.
No fundo de tudo isso, porém, a verdade empesteada de indisciplina,
luxúria e pensamentos pecaminosos zombava da minha luta ridícula.
Eu não estava aqui para ser seu maldito herói. Foi meu egoísmo que
me colocou na estrada, com um plano insano em curso, nada além disso. O
lado sujo que precisava tocá-la com urgência.
Com um resmungo baixo me remexo no banco ao sentir a força do
meu pau reagindo com o pensamento e piso o pé no acelerador.
Mais alguns minutos seguiram, até que cortei o percurso para avistar
as luzes à distância, acompanhando a rota que o GPS indicava. Contei
alguns semáforos, inúmeras pessoas e mesmo com o incômodo de estar no
meio delas, fora da zona segura que me protegeu por anos, segui em frente.
As decorações natalinas estavam por toda parte, mesmo que o
público estivesse mais interessado em outro tipo de diversão para o Natal,
era a energia caótica de Vegas que comandava tudo ao redor, superando até
mesmo uma data que deveria celebrar união, paz, amor, e qualquer outra
coisa casta.
Cheguei ao hotel que reservei, peguei a chave da cobertura
esperando que a sensação de estar no ponto mais alto me trouxesse um
pouco mais a impressão de estar em casa e fui para o quarto.
Com um vislumbre no relógio em meu pulso, me sentei na enorme
cama luxuosa, com meu notebook em minha mão e digitei uma mensagem
ao meu homem que estava colocando meu plano em prática.
Minha casa isolada em Falls Prince, era meu refúgio. Foi meu
refúgio desde que voltei da guerra anos atrás.
Sair de lá nunca esteve em meus planos, mas essa noite, era tudo ou
nada.
Eu estava disposto a ultrapassar todos os meus limites por uma
única coisa: ELA.
08

O LEILÃO
 

— Senhor Cross? — uma garçonete bonita, vestida em um vestidinho


vermelho justo e com um gorro natalino questiona. Elevo a sobrancelha para ela.
Acabei de chegar no local onde será realizado o leilão de Madame B, o
subterrâneo de um cassino extremamente caro e famoso de Vegas.
— Sou eu.
— Pode me acompanhar, por favor?
Meneio a cabeça, e me levanto, ajustando o terno que estou vestido.
Esperava por isso. Conseguir fazer parte do grupo de convidados, que parece
extremamente seleto, não foi algo fácil. Me arrancou um bom dinheiro e favores
que eu estava disposto a pagar alegremente. Certamente, isso deve ter chamado a
atenção de alguém.
A mulher me leva para uma sala adjacente, oferece uma bebida, que recuso
e diz para que eu espere. Poucos minutos depois o barulho de saltos batendo
contra o piso, me faz olhar para cima. Uma mulher, na casa dos sessenta e poucos
anos, entra e fecha a porta. Com um vestido elegante cravejado de pedras, cabelos
curtos grisalhos e maquiagem perfeita, ela se senta em uma poltrona ao meu lado e
retira um cigarro de sua bolsa.
Eu a observo com atenção, e sorrio.
— Então você deve ser Madame B, eu suponho?
— Para um homem, até que é muito esperto, senhor Cross.
Cruzo os braços em meu peito e sorrio.
— É um hábito.
Ela estreita seus olhos.
— Assim como é um hábito chantagear pessoas para conseguir o que quer?
Oh, então, realmente, ela sabia o que fiz para estar aqui essa noite. Tive
que fazer uma extensa investigação e puxar algumas cordas. Até agora, valeu a
pena pra caralho.
— Me perdoe pela minha persistência, Madame. Seus segredos estão bem
guardados comigo. Sou apenas um homem objetivo que quando quer alguma
coisa, vai até o fim.
— E o que tanto deseja aqui, senhor Cross?
— Fico feliz que tenha perguntado. — alcançando a foto que guardei em
meu bolso, entrego a ela — Essa garota. Eu quero saber quanto você quer para
mandá-la para casa.
A mulher pisca algumas vezes e então cai na gargalhada.
— Vocês homens são todos iguais. — Bufa, tragando seu cigarro e
exalando a fumaça no ar em seguida — Acham que podem comandar tudo e todos,
mas aqui, as coisas não funcionam assim. Não senhor, de jeito nenhum.
Emito um grunhido frustrado e ela se inclina, me olhando nos olhos.
— Quer levar a sua menina para casa? Bem, só há uma maneira. Entre e
faça seu lance. Com sorte, ela será sua.
Oh sim. Nenhum outro homem tocará Lilly essa noite além de mim.
Ela já é minha!

 
 

Sou conduzido de volta ao salão principal e colocado em uma das cabines.


Sentado em um banco de couro em forma de meia lua em volta de uma mesa,
mantive meus olhos fixos no palco, me sentindo como um animal faminto, à
espera de um pedaço de carne.
Meu celular foi confiscado na entrada, já que a maioria dos convidados
aqui não queria se preocupar com imagens do que quer que aconteceria dentro
dessas paredes essa noite vazando para o mundo, então, não havia nada mais a
fazer além de esperar.
Um tempo depois, tomei um gole curto da bebida que foi colocada sobre a
mesa, bem na minha frente e me concentrei no palco.
As gargalhadas indisciplinadas ao redor se transformaram em sussurros
excitados quando mais uma garota apareceu através das cortinas.
Os cabelos louros alinhados em uma trança francesa fez meus ombros
tensos relaxarem. Seus olhos de corça arregalados não combinavam com a
camisola branca e transparente que mal cobria seu corpo.
Ela tropeçou, recebendo um olhar enigmático do showman que comandava
o leilão usando um smoking elegante em seu púlpito no canto do palco, e
endireitou a postura, como se tivesse recebido um aviso.
Agarrando o microfone, ele declarou suas atribuições como se fosse uma
obra de arte cobiçada e abriu os lances, que começaram a aparecer no telão atrás
dela.
$50.000
$50.000
$70.000
$75.000
$100.000
$125.000
$125.000
$125.000
$150.000
$200.000
$200.000
$200.000
Piscando. Piscando. Piscando.
— Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três — seu martelo bateu contra a
madeira — VENDIDA!
Vendo a menina sair, tomo mais um gole da bebida e absorvo a queimação
do álcool, na esperança de que ele controle minha impaciência.
O apresentador fala mais alguma besteira que entra por um ouvido e sai
pelo outro e meus olhos se fixam nas cortinas.
Uma nova garota entra e meu corpo estremece como se tivesse acabado de
ser atingido por uma arma de choque. Ela surge no palco, e a sensação é como se o
chão tivesse sido arrancado sob meus pés.
O primeiro pensamento que atravessa a névoa em minha cabeça é a
necessidade de cobri-la. Eu não quero que ninguém a veja.
Eu não a quero sendo cobiçada por esses imbecis.
Eles não merecem tocá-la.
Você também não merece. Uma voz estridente e sarcástica faz questão de
me lembrar, badalando meus pensamentos.
Seus cabelos ruivos estão soltos, cacheados, caindo até o meio de suas
costas. Seus olhos escuros estão um pouco menos assustados que os da garota
anterior e sua postura ereta e confiante. A luz propositalmente forte em direção ao
seu rosto, impede que ela veja qualquer pessoa no salão, mas dá uma visão
perfeita de seu rosto, bochechas levemente salientes, nariz pontiagudo, lábios
deliciosos e rosados, queixo firme e reto apontando para cima, como se nada
pudesse derrubá-la.
Atrevida, é como ela parece.
Vestida com um conjunto cor pêssego de lingerie e com um longo robe
dourado fluindo por suas pernas esbeltas, ela está absolutamente deslumbrante. De
tirar o fôlego.
Um assobio ressoa pela multidão, a vibração percorre ao meu redor e
minha garganta emite um som raivoso que eu nem mesmo sabia que estava ali.
Ao mesmo tempo, meu pau endurece além do ponto de dor enquanto a
observa. Eu me lembro de quando a vi dormir naquele dia, as sardas suaves na
ponta de seu nariz, a voz doce que me deixou alucinado. Murmurando meu nome.
Aquele som ficou gravado em minha cabeça, e eu daria qualquer coisa para
ouvir novamente e dessa vez, pessoalmente.
O som do meu coração batendo reverbera em meus ouvidos, e cada nervo
do meu corpo gritava, agarre-a, leve-a, ela é sua!
Antes que minha mente possa agir, o homem começa a falar.
As palavras são um borrão, até que os números começam a aparecer no
telão.
$50.000
$50.000
$70.000
$75.000
$150.000
$200.000
$250.000
$250.000
$250.000
Eu vejo o número se repetir e o homem pegar seu martelo, então,
rapidamente, digito no dispositivo sobre a minha mesa.
$500.000
Meio milhão de dólares.
O número aparece no telão e um burburinho surpreso começa, surgindo de
todos os cantos.
$500.000
$500.000
— Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três. — o homem diz, extasiado —
VENDIDA!
Meu coração para de bater por um milésimo de segundo. O olhar dela de
puro pânico encontra o meu, e ela comprime os olhos, tentando enxergar alguma
coisa, mas duvido que seja possível.
Os convidados aplaudem e lamentam, mas todo meu foco está nela. Eu a
vejo ser conduzida para fora do palco e me levanto, perdendo completamente o
interesse em qualquer coisa que acontecera a partir daqui.
Acabei de pagar meio milhão de dólares por uma noite com a minha
assistente.
A mulher que tem me tirado o sono por meses.
A mulher que me manteve obcecado, desesperado e insano.
A mulher que não faz ideia que irá me encontrar aqui.
Eu caminho para a sala onde a transação será feita e cada passo me faz
tremer.
Definitivamente, não estou aqui para salvá-la, porque tudo que passa em
minha cabeça nesse momento, é o quanto estou ansioso para desembrulhar meu
presente de Natal e consumi-lo até a última gota.

 
09

— M-meio milhão de dólares. — Gaguejo assim que sou levada para fora
do palco. Minha respiração descompassada, completamente frenética.
Madame B me encontra no corredor dos camarins, onde todas as garotas
foram maquiadas e vestidas e vejo um sorriso brilhante estampado em seu rosto.
— Eu não acredito, eu não sei como...
Puxando-me, ela me abraça, acalmando os tremores que passam por mim e
bate suavemente em minhas costas.
— Acalme-se querida, sua noite está só começando.
Me recompondo rapidamente, balanço a cabeça e ela me diz para onde ir.
— Ele é... — As palavras se agarram na minha garganta — O homem que
me comprou...
— Oh meu bem, não se preocupe. Você irá se surpreender.
Aceno, mesmo cética quanto a isso e converso com ela mais alguns
minutos antes da próxima garota aparecer e ela me dispensar. Vou caminhando
pelo corredor, para ir em direção aos elevadores. O comprador estaria no quarto
nos aguardando, onde teríamos até a meia-noite para ficarmos juntos.
Espero uma eternidade até o segurança liberar o acesso e me deixar subir, o
que só aprofunda ainda mais meu nervosismo.
Quando chego ao andar indicado, tento me lembrar de seguir à risca todas
as instruções de Madame B. Cabeça erguida, passos confiantes, peito estufado e
pensamento positivo.
“Ele é um dos bons querida, vá e se divirta.”, foi a única dica que ela me
deu.
Me sinto um pouco drogada, mesmo sabendo que meu corpo e minha
mente entraram nessa loucura totalmente sóbrios.
O que está feito, está feito Lilly. Não é hora de ser uma covarde.
Eu olho para o número na porta, cinco, zero, zero e aperto mais um pouco
o nó do meu roupão. O tecido dourado flui por minhas pernas, brilhante e
elegante. Mesmo praticamente nua debaixo dele e sabendo que acabei de me
vender a um desconhecido, me sinto valiosa.
Estou vestida a caráter para a ocasião, como um belo presente de Natal. E
do outro lado dessa porta está o homem que pagou meio milhão de dólares para
estar comigo.
Meu coração dá um salto no peito.
A ansiedade quase dobra minhas pernas.
Dizer que vários sentimentos já passaram por mim esta noite é um
eufemismo, e por mais irônico que seja ela está só começando.
Respiro fundo, levantando a minha mão para bater, mas a primeira
tentativa é falha. Com um passo para trás, fecho os olhos e uso os poucos
segundos que tenho para me recompor.
Madame B estava certa, desde que me viu pela primeira vez, sou uma
daquelas garotas... aquelas que estão desesperadas e fariam qualquer coisa para
resolver uma situação fodida por alguém que ama.
O sorriso infantil e inocente do meu irmãozinho vem em meu pensamento,
e isso me dá um gás.
Estou aqui por ele.
Não preciso sentir vergonha. Não preciso transformar a situação em algo
pior do que deve ser.
Apenas uma noite, isso é tudo. Posso fazer isso.
Vou para frente de novo, mais determinada dessa vez e sem gastar mais um
segundo pensando, bato meu punho fechado contra a madeira.
Três vezes. Toc toc toc.
Os minutos que seguem são pura tortura.
Ele é um dos bons. Eu estou segura. Tudo ficará bem. Faço questão de me
lembrar enquanto espero.
Vejo a fechadura virar e coloco um sorriso no rosto, levemente ansiosa
para saber quem está do outro lado, mas quando aqueles olhos azuis que conheço
tão bem, aquele corpo, aquela barba, e aquele sorriso de canto aparecem na minha
frente... a sensação, é como se o chão abrisse abaixo dos meus pés.
Minha louca de Natal, acaba de ficar um pouco mais complicada.
O homem que está me esperando, é ninguém mais ninguém menos que
Hunter Cross.
O homem que tenho fantasiado nos últimos meses.
O meu CHEFE.

A adrenalina que subiu através de mim foi lentamente drenada do meu


sangue com o banho de água gelada que recebi ao encontrá-lo aqui.
Meu chefe.
Hunter Cross foi o homem que pagou por uma noite comigo.
Cambaleio um passo para trás, sentindo minhas bochechas coradas de
vergonha, mas o que vem dele, é uma energia totalmente diferente.
Há uma tensão no ar - um calor que pulsa entre nós, apenas com nossos
olhos grudados um no outro, cheios de perguntas e confissões que nem eu, nem
ele estamos dispostos a confessar.
Meus pés agem por si só, tomando distância, ficando cada vez mais longe
daquela porta enquanto ele fica lá, apenas observando.
Não. Não posso fazer isso.
Encontrá-lo aqui estraçalha toda a coragem e determinação que mantive
firme até agora e me faz correr. Fugir como uma covarde.
Não posso ficar diante do homem que tenho fantasiado por tanto tempo e
agir como se isso não mudasse tudo. Toda a percepção dessa noite.
Dando-lhe as costas, me preparo para perder toda a chance de ficar com
meu irmãozinho, e correr, mas antes que consiga dar um passo sinto braços fortes
me agarrando.
Meu grito surpreso escapa quando ele me joga em seu ombro e leva para dentro do
quarto como um maldito homem das cavernas.
Hunter chuta a porta com os pés, trancando-nos e anda pela suíte ainda me
carregando.
— Seu... seu.... seu IDIOTA, me solta! Me põe no chão.
Parabéns, Lilly, com certeza acaba de perder qualquer chance de ser
promovida xingando seu chefe.
Quando chegamos a um espaço mais amplo, onde há uma cama de dossel,
chão encarpetado e uma enorme janela de vidro com uma boa vista da cidade, ele
me coloca para baixo e inclina o pescoço de um lado para o outro, como se
tentasse expulsar a tensão em seus músculos.
A vergonha que me dominou antes, foi rapidamente substituída por fúria.
Olho para janela, incapaz de encarar seu rosto agora e digo, irritada: — O que está
fazendo aqui?
Posso senti-lo se aproximando, o poder dele pulsando sobre mim como
ondas provocantes, fazendo minha pele formigar e meu núcleo apertar.
Minha raiva vacila, dando lugar a outra coisa, aquela que mantenho
guardada a sete chaves em minha caixinha de segredos.
Seu cheiro me inebria quando ele fica bem as minhas costas. Sem me
tocar, mas lá, emitindo coisas que não consigo definir completamente.
— O que estou fazendo aqui... — ele repete a questão, sua voz rouca
pertinho do meu ouvido. Percebo ele inalando meu cheiro, e suas mãos passando
por meus braços — Eu deveria te fazer a mesma pergunta, não é mesmo?
Me afastando de seu toque, passo os braços ao meu redor e me abraço na
tentativa de me proteger. Ele acha que sou uma prostituta nas horas vagas, por isso
pagou por mim? A ideia me embrulha o estômago.
Sempre soube das consequências dessa noite, mas nunca imaginei que
bateria na minha cara tão rápido.
— Porque estou aqui não lhe diz respeito, senhor.
Sua respiração chega um pouco mais perto e tenho que fechar os olhos
para impedir qualquer reação.
— É por seu irmão? Por isso que está aqui essa noite, Lilly? — paraliso,
totalmente surpresa que ele saiba disso.
— Como... como você sabe?
— Tenho meus métodos.
— Eu... — penso em mentir, dizer que está tudo bem, dizer que na verdade
estou aqui apenas por diversão, por mais dinheiro, mas no que me ajudaria? Deixo
escapar um suspiro. — Meu irmão foi tirado de mim. Eu não sabia o que fazer,
estava desesperada... preciso tirá-lo das mãos daquele homem.
Hunter solta uma respiração que parecia estar presa em seu peito, e suas
mãos voltam a me tocar, com um aperto firme.
— Graças a Deus... — ele sussurra, parecendo dizer mais a si mesmo do
que para mim — Isso me deixa aliviado.
Confusa com sua resposta, me viro e olho em seus olhos.
— Aliviado?
— Saber que está aqui por ele, e não, para ser tocada por outro. Me deixa
aliviado, Lilly.
Franzo o cenho.
— Eu não entendo.
— Não entende? — nego, engolindo em seco, e suas narinas inflam como
se ele estivesse a pouco de se perder.
Estar perto dele, diante dele, pessoalmente... sentindo o cheiro masculino,
o calor de sua respiração, o seu toque, é ainda mais hipnotizante do que vê-lo
através de uma tela.
Seus ombros largos se elevam sobre mim, o corpo musculoso emanando
uma energia tão forte que sinto no ar, quase me engolindo.
Suas mãos envolvem minha cintura, sem um pedido de permissão e ele me
puxa para perto. A pressão dos dedos dele é firme, segura. Uma âncora necessária
e muito apreciada, pois sinto que se não fosse isso eu poderia cair no chão como
merda.
Eu coloco as palmas das mãos em seu peito, sentindo a sensação do tecido
elegante de seu terno pressionado contra as pontas dos meus dedos. Da firmeza do
corpo dele, de seus músculos e seu calor.
Lábios quentes escovam contra a concha da minha orelha e sua respiração
profunda me faz cócegas quando ele fala.
— Não entende que te desejo desde a primeira vez que te vi? Não entende
que vê-la naquele palco, em exibição, imaginando que você estava aqui para ser
tocada por outro, me deixa louco? Eu não podia deixar, não podia permitir.
Minha garganta fica seca com cada palavra que saí de sua boca. Eu não
quero me iludir, acreditando que tudo isso seja verdade, que um homem como ele,
tem me desejado escondido e se sente dessa forma sobre mim.
E muito menos, posso me entregar a esse desejo, sabendo que só
complicará ainda mais as coisas.
— Não preciso de sua permissão para que ninguém me toque, senhor
Cross.
A ponta de seu indicador, passa suavemente por meu rosto, dedilhando a
curva do meu nariz até cair sobre meus lábios.
— Não precisa Lilly, mas deveria.
— O que te faz pensar dessa forma? — pergunto, permitindo que ele me
toque e mentindo para mim mesma ao dizer que não quero mais.
O centro do meu corpo está em chamas sob seu olhar e minha pele,
completamente ansiosa para senti-lo.
— O fato de que não está negando meu toque, talvez? — ele murmura
baixinho — Ou a forma como seu corpo está se esfregando contra o meu? Pode
dizer que não tenho direito nenhum de estar aqui, de dizer quem pode ou não pode
tocá-la, doce Lilly, mas você está errada. Porque me quer, tanto quanto eu te
quero.
Minhas pernas falham quando ele dedilha meu pescoço, traçando um
caminho em direção ao meu colo. Deus, isso é um erro, um tremendo, fodido e
absurdo erro.
— I-isso não é verdade. Está enganado. — Seus olhos azuis me fitam,
observando cada movimento e tento me manter firme.
Um sorriso safado desabrocha no canto de seus lábios, e ele chega mais
perto.
— Mentirosa.
Com um esforço que estava guardado em uma parte escondida de mim,
empurro-o levemente, precisando ficar longe dele. Daquela voz, daqueles olhos,
daquele toque.
Consigo chegar até a janela e mantenho meu olhar fixo na paisagem, onde
encontro certa segurança.
Ele vem até mim sem uma palavra e sinto suas mãos grandes envolvendo
minha cintura por trás. Minha pele estremece de pavor, meu corpo reage, já sem
forças para lutar contra ele.
Seus dedos poderosos desfazem o nó do meu robe, e deslizam a peça para
baixo, deixando meus ombros nus. Estremeço quando ele se inclina em minhas
costas e quase gemo ao sentir seu toque.
A boca que tenho desejado roça a minha pele nua, os dedos que tenho
sonhado, passeiam por meus braços, o corpo que tenho cobiçado, chega mais
perto, os músculos que me alucinaram, enchendo-me com fantasias me cercam
contra o vidro da janela e não acho que serei capaz de fugir.
Tudo isso é errado.
Ele é meu chefe. Ele pagou por uma noite comigo. Provavelmente estarei
sem emprego se não parar tudo isso agora mesmo, mas… quando sinto sua boca
em mim, me beijando, suas mãos me tocando, não posso escapar.
Eu quero isso.
Quero Hunter Cross.
Mesmo que seja por apenas uma noite.

Sua mão desliza em meus cabelos, puxando os fios a ponto de me fazer


gemer. Ele rosna quando vira meu corpo e me beija com força, nossas línguas
deslizando juntas e nossos lábios selados firmemente.
Derreto em seus braços naquele instante, sabendo que sou um caso
perdido.
— Já que gosta de jogar mentiras na minha cara, eu também vou dizer
algumas besteiras. — Ele rosna contra minha boca — Paguei meio milhão de
dólares por essa noite com você, doce Lilly. Farei cada centavo valer a pena.
Suas palavras eram duras, e reafirmavam porque eu estava aqui, mas seu
olhar pegava fogo.
A combinação disso com o aperto firme de sua mão em minha nuca, quase
me fez esquecer de tudo.
Ofego no calor cru e ardente em seus olhos quando ele escorrega, ficando
de joelhos à minha frente e empurra meu corpo contra a janela.
Ele agarra uma das minhas pernas, colocando-a em seus ombros, fazendo
meu equilíbrio se alojar apenas em um dos meus pés e seu próprio corpo. O leve
escovar de seus dedos em minha boceta, quando ele desliza o tecido da minha
minúscula calcinha para o lado, já me deixa tonta.
— Admita Lilly. Admita que já fantasiou com esse momento. Admita que
já se tocou ao pensar em mim bem assim, de joelhos entre suas pernas, ansioso
para prová-la.
Sua fala era arrastada, enquanto suas mãos continuavam presas às minhas
coxas. Um olhar de desafio em seu rosto que me instigou a provocá-lo.
Entorpecida demais para omitir a verdade, eu me entrego ao desejo e
pergunto baixinho, louca por sua resposta: — E se eu disser que sim, senhor
Cross, o que vai fazer?
Com um gemido baixo, ele me abocanha e chupa meu clitóris em sua boca,
provocando a ponta da sua língua contra ele, emitindo um gemido animal faminto
como se finalmente fosse capaz de saciar sua fome.
O prazer era intenso demais, cru demais, e doía, fazendo com que eu
fechasse involuntariamente minhas pernas para afundá-lo mais entre elas.
— M-eu Deus... — Minha voz não era nada além de uma onda de ar.
Ele puxou minha coxa, torcendo minha carne.
Sua língua reivindicou meu sexo novamente. Cheio de ganância.
Implacável. E eu gemi sentindo que tudo que meu corpo podia fazer era se render
à mistura tóxica de prazer e domínio.
— Oh Deus…
— Meu nome, Lilly. Você vai gritar meu nome quando gozar. Alto e claro,
porra.
— Sim, sim. E-eu vou… Hunter… — engasguei.
— Mais alto.
— Hunter.
Começou na ponta dos meus pés, a corrente subindo pelas minhas pernas,
minhas coxas e eu sabia que estava prestes a entrar em erupção.
— Mais. — sua mão veio para trabalhar em conjunto, os dedos me
estimulando com círculos perfeitos sobre o ponto prazeroso — Alto.
Ele deslizou um dedo dentro de mim, e esse foi o último empurrão que
meu corpo precisava antes que o prazer explodisse em meu núcleo. Um grito saiu
da minha garganta, sua língua não parou, determinada a me levar a cada segundo
de prazer. A onda de êxtase se chocou contra cada osso, minhas pernas e braços
tremendo com um orgasmo tão forte que eu por um segundo, achei que ele tinha
me matado.
— HUNTER.
Minha voz clamando seu nome saiu alta para que todo mundo pudesse
ouvir. Meu orgasmo foi longo, dolorido e desesperado. Ele me segura até o fim,
consumindo cada gota de suco que meu corpo produz. Subindo lentamente, depois
de ter certeza de que sou capaz de me manter de pé, Hunter respira contra a minha
boca enquanto me agarra com força. Nesse momento, noto o quanto ele está
trêmulo também, afetado pelo que acabou de acontecer.
Meu mundo sai fora do eixo quando sua boca toma a minha com paixão.
Ele me beija com uma mistura de ternura e desespero, provando que minhas
fantasias nem se comparam com a realidade.
Sinto meu gosto em sua língua e parece que é isso que ele quer, me fazer
provar a mim mesma.
Não sei o que esse homem espera ou quer de mim, não sei as
consequências do que estamos fazendo, a única coisa que sei, é que é delicioso.
Suas mãos fortes sobem para segurar a minha mandíbula, aprofundando
sua boca para que ela quase se funda com a minha.
— Meu Deus, você é perfeita. — Ele murmura me empurrando um pouco
mais, abaixando seu toque para que os dedos se agarrem em volta do meu pescoço
como um colar.
Atrevida e curiosa, deslizo minhas mãos para baixo, entre nossos corpos
suados, sem desviar meus olhos do dele, e seguro seu pau através do tecido. A
ereção cutuca meu estômago me fazendo balançar o corpo para sentir melhor. Não
posso distingui-lo completamente, mas é nítido que ele é grande e grosso.
— E você, é enorme. — Eu chio, pensando em como será a sensação de
seu comprimento dentro de mim.
Hunter geme em minha boca, alto e potente, movendo seus quadris em
direção a minha palma.
Com um grunhido baixo, ele agarra minhas mãos, e segura meus pulsos
juntos elevando-os sobre minha cabeça.
— Você vai descobrir quão grande sou quando me tiver totalmente dentro
de você, linda. — Eu tento puxar minhas mãos de volta, com necessidade de tocá-
lo e ganho um olhar poderoso e dominador — Mantenha suas mãos bem aí. Não
ouse mexê-las.
Seus lábios se movem para baixo desde meu queixo até pescoço, e com
apenas uma das mãos, ele vai tirando os meus peitos para fora do sutiã, sem se
preocupar realmente em soltá-lo. Seus dentes roçam a minha clavícula, e vão
trilhando um caminho direto para o bico do meu mamilo direito. Ele suga com
avidez, deliciando-se e mordisca a pele sensível me fazendo gemer alto.
— Deliciosa — sua língua circula o bico. — Pra — os dentes mordem
minha carne — Caralho — o vapor de sua respiração, me acende da cabeça aos
pés.
Uma corrente de eletricidade sexual que eu nunca tinha sentido em minha
vida, dispara por todo meu corpo. Era crepitante e pairava ao redor de nossos
corpos envolvidos como labaredas de fogo que cresciam, altas e incontroláveis.
Ainda com sua boca colada ao meu corpo, explorando cada pedacinho, ouvi o
tilintar de seu cinto e senti algo duro pedindo passagem entre minhas pernas.
Ofeguei no mesmo instante, um pouco hipnotizada pelo erotismo, e ao mesmo
tempo, apreensiva.
— H-hunter... — gaguejei, sentindo sua língua passando por meu pescoço. Minha
voz saiu tão baixa, que acho que ele nem conseguiu ouvir, então pigarreio para
repetir — Hunter.
Respirando fundo, ele se afastou para me olhar nos olhos.
— Diga-me, Lilly.
Com minhas mãos ainda paralisadas sobre minha cabeça, e seu pau
roçando minha abertura encharcada, falei baixinho: — Eu nunca fiz isso antes.

 
10

— Eu nunca fiz isso antes.


Meu mundo parou no tempo.
Olhando para seu rosto, com bochechas coradas e tudo, pisquei algumas
vezes como se isso pudesse me ajudar a compreender melhor suas palavras.
— Nunca fez isso antes? — repito, precisando de sua confirmação. Para
ter certeza de que não entendi errado.
— Não. Nunca.
Fico do mesmo jeito por mais alguns segundos, somente a segurando e
respirando, até que meu cérebro finalmente consegue reagir.
Envolvendo meu braço em torno de sua cintura, pego-a no colo sem o
mínimo esforço e nos conduzo direto para a cama.
Eu estava a ponto de foder seu doce corpo trêmulo ali mesmo, contra a
janela, para a toda a cidade ver. Em sua primeira vez, porra.
Tenho trinta e dois anos e quase agi como um adolescente idiota e
insensível, mais preocupado com o meu prazer do que com ela. A mulher que
se entregou a mim de forma tão perfeita.
Quero me socar naquele momento, porém, tenho outras coisas para me
preocupar, muito mais importantes que minha própria estupidez.
Se agarrando ao meu pescoço quando a coloco de joelhos no colchão,
Lilly me olha com seus olhos escuros que demonstram um pouco de apreensão.
— Você não vai falar nada sobre isso?
Seguro seu rosto em minhas mãos, roçando meu nariz com o dela e
pergunto, mesmo sabendo que se ela disser não e chutar minha bunda depois de
me permitir sentir seu gosto estou fodido.
— A única coisa que preciso saber Lilly, é se você quer que eu seja o
primeiro?
A névoa de erotismo que estávamos de repente, parece dissipar um
pouco de seu corpo. Seu semblante fica cheio de apreensão e ela dá de ombros.
— Todos temos um preço, não é isso que dizem, senhor Cross? O meu é
esse, meio milhão de dólares. Acho que tem o direito de aproveitar seu prêmio.
Serro minha mandíbula, além de frustrado, mas me atento a sanar as
dúvidas fodendo seus pensamentos. Se ela precisa saber a verdade, é a verdade
que vou entregá-la.
— É isso que pensa, que estou aqui com você, apenas porque paguei?
Que uma noite é tudo que quero?
— Não sei o que pensar, Hunter. Tudo isso é uma completa loucura para
mim.
— Para mim também. Tudo isso é loucura, ainda assim, não muda os
fatos. — Meus dedos se apertam, precisando que ela olhe para mim e ouça cada
palavra — Uma noite jamais será suficiente, Lilly. O que eu quero de você,
nem todo dinheiro do mundo seria capaz de pagar. Você vale muito mais. E se
me disser que não quer nada comigo essa noite, irei embora agora mesmo. A
escolha é totalmente sua.
— Você realmente me quer?
Não consegui impedir minha risada.
— Investiguei sua vida. Viajei dezesseis horas inteiras para estar aqui.
Não consigo passar um dia sem pensar e fantasiar com você... Lilly, Lilly, o
maior fodido nessa história sou eu. Se eu fosse um cavalheiro, teria te ajudado
e ido embora. Estar aqui com você é meu ato de egoísmo completo. Eu é quem
deveria estar te perguntando se realmente quer ficar comigo.
Ela morde seus lábios, nervosa e fico esperando, jurando a mim mesmo
que implorar para que ela diga sim só vai assustá-la, certo?
— Eu quero que seja o primeiro.
É tudo que preciso ouvir para beijá-la. Tudo que eu preciso para
entender que essa noite, irá mudar toda a minha vida.
Eu a deito sobre os lençóis, deixando-a confortável e com seus olhos
admirados me observando, lentamente, vou tirando minhas peças de roupa.
Tudo sai rapidamente, até que fico só em minhas boxers. Meu pau se
anima com a fome que encontro em seu olhar.
Deslizo a cueca para baixo e agarro minha ereção. A ponta vermelha e
raivosa, anseia invadi-la.
Em breve, envio um aviso.
Com a certeza de que essa noite posso dizer com todas as letras que
Lilly Decker será minha.

Era minha vez de assisti-la.


A observo, desabotoando o sutiã e deslizando a calcinha para baixo,
ficando completamente nua à minha frente.
O salto do coração em meu peito, preenchia tudo em mim. Os barulhos,
o fato de estar longe da minha casa, ao redor de outras pessoas, tudo ficou em
silêncio por ela.
Ela volta a se deitar e pairo meu corpo sobre o seu, deslizando minhas
mãos por suas coxas.
— Abra suas pernas, linda. Quero ver se já está molhada para mim. —
Quando escancara seus joelhos e o brilho da humidade fica nítido, um rosnado
baixo percorre meu peito. — Oh porra!
Sem poder me conter, me abaixo para tocá-la, minha boca engole a sua,
enquanto a provoco com meus dedos, sabendo que preciso deixá-la pronta para
o que está por vir. Suas pernas abraçam minha cintura, as mãos envolvem meus
cabelos puxando os fios com descontrole.
— Por favor, Hunter. Preciso que me foda. Preciso sentir você.
Eu não a atendo de imediato. Com a ponta do meu polegar, provoco seu
clitóris até que toda minha mão fica lambuzada por seu prazer. Ela geme em
meu ouvido e move seus quadris em ansiedade.
Movo suas coxas mais distantes e me levanto para agarrar minha
própria ereção. Xingando baixinho, tenho que me afastar para pegar a
camisinha deixada no kit que Madame B forneceu, cheio de coisas que nem
sequer tocamos.
Eu o envolvo depressa, já bombeando o sangue para acalmá-lo um
pouco.
Lilly me olha com fogo, os lábios inchados dos meus beijos, o colo
marcado por minhas mordidas e as pernas espalhadas à minha espera.
Agarro meu pau e deslizo em sua abertura. Ela está quente, molhada, e
pronta como o inferno. A perfeita receptividade quase me leva a enterrar
completamente de uma vez. Seu corpo fica tenso e vou lentamente me
controlando para que ela me receba de uma forma que não cause tanta dor.
Seus dedos apertam meus ombros, as unhas afundando em minha pele e
vou empurrando devagar, atento a seu rosto.
Ela fecha os olhos quando chego a metade e minha mão afunda em sua
coxa.
— Olhos em mim, Lilly. Concentre-se em mim. Só em mim.
Mordendo os lábios, atende meu pedido e mantém seu olhar conectado
ao meu. Sua respiração é ofegante, descompassada, não tão prazerosa então,
uso meus dedos para lubrificá-la mais, estimulando suas dobras até sentir seu
corpo relaxar.
Isso leva algum tempo, requer paciência, mas por ela, vale a pena pra
caralho.
Finalmente, as paredes de sua boceta se apertam ao meu redor e deslizo
mais e mais até que estou dentro dela até o fim.
Assim que empurro todo o caminho, seu rosto incendeia e os olhos
arregalam. Suas costas arqueiam quando começo a me mover, fazendo seus
peitos cheios empinarem para cima e essa se torna a visão mais perfeita que já
vi na vida.
Fodendo lentamente, me inclino para beijá-la e mordisco o lóbulo de
sua orelha antes de sussurrar: — Então, eu sou o primeiro a comer essa boceta?
Sou o primeiro a te preencher desse jeito, Lilly?
— Sim — gemendo em resposta, move seus quadris e se agarra a mim
com força. — Você é.
— Vou garantir que nunca esqueça.
Não posso parar o desejo frenético e desenfreado crescendo em meu
peito . O desejo de marcá-la para sempre.
— Hunter! — ela implora quando já estamos a muito tempo no vai e
vem, em uma provocação dolorida e é nesse momento me liberto.
Fazendo meu corpo funcionar, empurro mais forte sobre ela,
aumentando o ritmo.
Seus gritos são abafados com minha boca quando a beijo novamente.
Ela se contorce debaixo de mim com um orgasmo que logo tem meu pau
gozando com força dentro dela. Por um momento, somos um e a sensação toma
conta do meu coração amargo.
O mundo feio que conheço, é melhor com ela. Minha vida nublada,
barulhenta e manchada de sangue precisa de uma mulher como essa.
Quando relaxamos, descanso a testa contra a dela. Fascinado demais
para dizer qualquer coisa.

 
 

Exaustos, nos deitamos em um emaranhado de lençóis. Seu corpo se


encaixa ao meu como se ela tivesse sido desenha para mim. Sinto seus dedos
delicados dedilhando os desenhos em meu peito, as tatuagens que carregavam
uma história. Que escondiam cicatrizes de batalha.
Ela olha aquilo tão admirada e se inclina para beijar uma delas. Como
se fosse algo bonito.
Fecho meus olhos desejando poder parar no tempo.
— Essa noite foi... — ela tenta dizer e a silêncio, puxando seu calor um
pouco mais para perto.
Essa porra tem que ser uma fantasia e não quero que acabe.
Nossa noite se prolongou até ficarmos suados. Não sei quantas vezes
me enterrei dentro dela, acho que parei de contar depois da terceira.
Não foi a melhor ideia do mundo depois de tirar sua virgindade, mas
sou um homem feito de más decisões nos últimos dias. Más decisões que me
trouxeram direto para o paraíso então, isso é tudo que importa.
Quando olho no relógio, já passa das dez da noite e sei que tenho só
mais algum tempo com ela. Deveríamos conversar, falar como as coisas vão ser
a partir daqui, mas quando a adrenalina baixa e a sinto assim, a realidade me
atinge como um porrete de dez quilos.
O que vou fazer agora? O que vou fazer, porra?
Alheio a qualquer coisa à minha volta, seguro seu corpo quente contra o
meu, com medo de onde os meus pensamentos me levam e adormeço, com
minha doce Lilly em meus braços.

 
11

A poeira do deserto cobre a minha pele, tiros e caos fazem meu coração
martelar contra minhas costelas. Uma brisa fresca passa por trás do meu
pescoço, mas não ouso me mover.
Quando uma bomba explode no Afeganistão, tudo o que resta é medo. Um
medo tão forte, que é possível sentir o cheiro. Podre. Fétido.
Cheiro de sangue e carne queimada que invade minhas narinas e tornam
os gemidos mais altos.
Quantos dias faz que estou aqui, ouvindo o som do desespero? Os pedidos
de socorro que nunca serão atendidos?
Meu pelotão está perdido embaixo dos escombros. Os homens que
protegiam minhas costas, explodiram bem na minha frente, partes de corpo
voando para o alto tão rápido que nem pude ver a próxima bomba vindo, em um
segundo, eu estava lá, vendo os homens do meu batalhão sendo massacrados e no
outro, nada. Apenas a sensação de ser tirado do chão e o escuro.
Quando acordei, não sentindo nada, usei cadáveres para me esconder.
Mas não podia ficar lá para sempre. Fui treinado para sobreviver e era isso que
eu faria.
Há inimigos por toda parte, posso ouvi-los, os murmúrios sedentos para
pôr as mãos em um de nós. Se eu quiser sair daqui, tenho que matá-los. Todos
eles. Qualquer um que cruzar o meu caminho.
Do meu esconderijo, um buraco escuro criado pelo destroço de um prédio
em ruínas, bato as mãos em minha cabeça na esperança de fazer o barulho
silenciar. O choro de crianças, o grito de mulheres.
Socorro.
Socorro.
Socorro.
Eles pedem.
Ninguém virá por eles. Ninguém virá por mim. Todos estão mortos.
A faca que arranquei de algum cadáver está em minhas mãos, o desejo por
sangue me consumindo lentamente.
Passos se aproximam e me preparo para atacar, posso distinguir, pelo som
do concreto se partindo. Meus dedos se fecham ao redor do cabo, meu corpo se
encolhe no escuro, suor me encharcando, violência me dominando.
Eu ataco sem perguntar ou esperar.
Vermelho é tudo que eu vejo. Sangue em minhas mãos, sangue pra
caralho.
Um grito me faz olhar para cima e encontro os olhos de uma mulher, seu
hijab negro escondendo quase todo seu corpo, menos os olhos.
Meu filho, era o que ela dizia.
Meu filho. Meu filho.
Meus olhos deslizaram para baixo, no sangue manchando minhas mãos e
no corpo morto do garoto caído aos meus pés.
Enviado do diabo, foi o que ela disse sobre mim, quando um braço me
puxou e o rosto sujo de Zade apareceu na minha frente.
— Vamos sair daqui.
 
 

O sono se esvai do meu corpo lentamente. A morte violenta vibrando em


cada um dos meus músculos. A primeira coisa que sinto, são as gotas de suor
grudadas em minha pele, a segunda, é que estou de joelhos na cama, não vendo
nada a minha frente além do caos.
A meia luz confunde meus olhos, mas ainda enxergo vermelho. Sangue.
O pânico me domina e pulo para fora da cama como um animal que acaba
de ser atacado.
O corpo ao meu lado se mexe, mas não desperta. Minha mente confusa
entra em combustão, os barulhos do lado de fora, me batendo com força, se
misturando ao pesadelo que trouxe de volta a minha realidade.
Essa não era a primeira vez que isso acontecia. Os pesadelos faziam parte
da minha rotina.
Me impedindo de esquecer. Me impedindo de ser alguém normal.
Cambaleando através do quarto, alcanço o banheiro e tranco a porta. Dou
duas voltas, só por garantia.
Olho para baixo, vendo as minhas mãos trêmulas e fico assim, encarando
fixamente até ter certeza de que o sangue não está lá. Foi tudo parte do sonho.
Eu não matei ninguém... hoje. Não tirei uma vida inocente. Não sou um
enviado do Diabo.
Respirando com dificuldade, ligo a torneira e jogo água fria sobre meu
rosto.
A veracidade bate em minha cara tão forte que quero me socar por
acreditar, por um mísero segundo que eu estava livre. A mulher deitada naquela
cama é perfeita e estar aqui, foi um risco apreciado, mas eu não podia me enganar.
Sei o que pode acontecer quando fico muito perto das pessoas.
Por fora, tudo que demonstro é calmaria, controle, exatidão em cada
maldita coisa. Mas por dentro, os resquícios da maldade, do horror e da morte…
ainda me afrontam. Eu ainda sou um prisioneiro da guerra. Um pecador
condenado a viver uma vida miserável, sendo castigado por cada vida que tirei.
Nunca houve algo para me acalmar, nunca existiu um minuto de silêncio
em minha cabeça desde que voltei para casa. Ferido. Selvagem.
Mais animal do que homem.
Até ela…
Minha doce Lilly.
Ela acalmou a tempestade, mas não cessaria a guerra. Nada podia.
O melhor presente de Natal que eu podia receber, um que eu nunca iria
esquecer.
Tenho um motivo para ficar onde eu estou, longe do mundo. Sozinho.
Minha cabeça é a porra de uma bomba relógio.
E alguém tão preciosa como ela, não pode estar perto de mim.
12

Uma rajada de vento me desperta, arrepiando os pelos da minha nuca


com um mau presságio. Meus olhos se abrem, piscando para a penumbra do
quarto e me estico nos lençóis, meu corpo dolorido em pontos deliciosamente
usados por Hunter.
O pensamento, faz minhas mãos procurarem seu calor ansiando por seu
toque, mas o que encontro é nada além do vazio.
Me sentando, com o lençol preso abaixo dos meus braços para esconder
a nudez, sai da cama e o procurei. Andei pelo quarto, explorando todo o espaço,
cada mísero cantinho, para concluir aquilo que temia: Tudo estava vazio. Seu
cheiro forte e masculino ainda estava no ar como o único vestígio de sua
presença. Ele não.
Por alguns instantes, tudo que pude fazer foi permanecer assim,
contemplando o nada, sem reação.
Então era isso? Ele foi embora sem uma única palavra? Nenhuma
conversa?
Ele disse que sou valiosa, mas se eu fosse realmente, ele teria ficado,
não teria?
Engolindo o amargor que esses pensamentos deixaram, bati os pés pelo
piso, procurando minhas roupas perdidas. Uma batida na porta, depois que
consegui encontrar a lingerie e vestir o robe, acelerou meu coração iludido que
me fez correr para abrir. Esperando encontrar aqueles olhos lá.
A esperança sempre foi minha pior inimiga. Esperança que minha mãe
me amaria, esperança de que Jake ficaria comigo, esperança, esperança,
esperança... A devassidão deve ter ficado nítida em meu rosto quando
encontrei a Madame B na porta, pois assim que me viu, seus olhos ficaram
cheios de pena.
— Como vai, querida? — dei a ela um leve aceno.
— Tudo bem.
— Aquele idiota machucou você, Lilly? Porque se sim eu juro que vou
matá-lo!
— Não. — Garanti, ainda que fosse mentira. Ele deixou alguma parte
de mim magoada sim, mas não da forma que ela estava pensando.
— Tem certeza?
— Absoluta. Estou bem, só é complicado. Aquele homem é um...
— Conhecido. — Completou, me interrompendo.
— É tão óbvio?
— Pelo modo que ele chegou aqui, como conseguiu participar esta noite
e como o vi saindo depois? Sim. Bastante.
Concordei silenciosamente, pois saber disso, não ajudava. As coisas
eram definitivamente complicadas.
— Quero ir para casa. Preciso buscar meu irmão.
— É claro, vamos organizar para que volte a São Francisco o quanto
antes.
Precisando de calor, de algum amparo, dei um passo a frente e abracei.
Não era nada apropriado, mas naquele momento, foi a única coisa que consegui
fazer.
A mulher me abraçou de volta, com batidinhas suaves em minhas
costas.
— Homens são idiotas, querida. Não quebre sua cabeça por eles, muito
menos seu coração.
Acho que já era tarde demais para esse aviso.
 

Dessa vez, quando parei em frente aquela casa dois dias depois da noite
do leilão, meu coração ainda se sentia em pedaços, porém, por um motivo
diferente. Um lado meu, vibrava em alívio. Pedi à doutora Jung que redigisse
um documento para Petter assinar e selar nosso acordo. Eu o pagaria, ele abriria
a mão da guarda de Jake definitivamente e eu me tornaria a única responsável
por meu irmão.
Não confiava apenas na palavra daquele idiota, e tudo o que fiz para
conseguir esse dinheiro, precisava valer a pena.
Outro lado meu, estava desamparado. Não tive notícias de Hunter. Nem
uma ligação, nem uma mensagem, absolutamente nada. Depois de remoer tudo
que aconteceu, até mesmo tomei coragem e o liguei no número comercial que
eu tinha e o que recebi, foi a mensagem de voz da sua caixa postal.
A quantia que recebi de Madame B, foi bem maior que os vinte e cinco
por cento prometidos, algo que obviamente vinha de Hunter. O homem que me
deixou sozinha na cama depois de uma noite como aquela.
Posso ter me enganado em muitas coisas nessa vida, até ser ingênua
uma vez ou outra, mas nada me tira da cabeça que o que aconteceu entre nós,
não foi um momento qualquer. As coisas que ele disse, a forma que me olhou,
me tocou... nada podia ser esquecido.
Ainda assim, seu silêncio parecia falar mais alto e mais forte que tudo.
Anulando toda a paixão que acreditei encontrar em seus braços.
Eu usaria o dinheiro necessário para tirar Jake dessa casa e devolveria
cada centavo, para nunca mais olhar na cara dele já que sua escolha era essa.
Bati na porta, pronta para resolver logo a situação com Petter e esperei.
Demorou um pouco para que ela abrisse e quando o fez, meus olhos se
arregalaram. Um de seus olhos estava inchado, quase fechado, seu nariz em um
ângulo torto estranho e roxo, os lábios partidos, suas pupilas tão vítreas de dor
que me assustei. Todo seu rosto estava machucado.
— Oh meu Deus... o que aconteceu? Onde está Jake? — meus olhos
dispararam para dentro, como medo de que meu irmãozinho estivesse em
perigo.
— O que aconteceu? Você tem mesmo coragem de me perguntar isso?
— ele segura suas costelas, com um gemido irritado e dá um passo para trás —
O garoto está no quarto, fazendo as malas. Aquele grandalhão fodido apareceu
aqui e deixou seu recado, sua maldita. Pegue aquele pirralho e suma da minha
frente!
Do que ele está falando?
Sem entender muito bem o que está acontecendo, passo por ele e vou
atrás do meu irmão. Encontro Jake correndo pelo quarto, enfiando suas roupas
dentro de sua mochila do Homem-Aranha.
— Lilly! Eu vou voltar para casa, o cara grande disse que vou voltar
para casa, com você!
Com as pernas bambas, me sento na cama, vendo-o correr de um lado
para o outro e meu coração dá um salto.
Não pode ser. Não pode ser! Eu coloco a mão sobre meu peito, sentindo
meus batimentos e tento me acalmar.
— Como era esse “cara grande” Jake, você lembra?
Meu irmão para o que está fazendo, seus cabelos voando quando ele
vem para se sentar comigo, os olhos escuros brilhando.
— Sim, bem grandão, — estica um braço para cima — forte que nem o
super-homem e cheio de desenhos nos braços, — franze a testa — como é o
nome mesmo?
— Tatuagens?
— SIM! Tatuagens. Eu achei o máximo! Posso fazer uma?
— Só quando você crescer.
Ele faz um beicinho, e eu o mando terminar de arrumar suas coisas para
irmos embora. Deixando-o entretido, volto para o andar de baixo e encontro
Petter com uma pasta na mão.
— Aqui está, tudo assinado. Não quero mais ter nada a ver com esse
moleque, ouviu? O pirralho só trouxe problemas para minha porta.
Eu abro o envelope e encontro algo muito parecido com o documento
que pedi para minha advogada. Sem receber um centavo, ele assinou os papéis.
Minhas pernas perdem um pouco de força quando constato isso. Que
está tudo acabado. Que Jake ficará comigo, para sempre.
E tudo graças ao homem que me fodeu e não teve coragem de me dizer
uma palavra.

 
13

O sol havia se posto. A luz estava cinzenta e as nuvens enchiam o


céu além da janela do meu quarto. O barulho das árvores era o único som
que eu podia ouvir, combinando com as batidas fortes do meu coração.
Mesmo tanto tempo depois de deixá-la, o vazio ainda estava em
meu peito e parecia querer se tornar algo permanente.
Por quanto tempo mais eu viveria assim? Por quanto tempo mais
continuaria sacrificando as coisas boas que surgiram em minha vida para
me afundar na escuridão?
Eu merecia de fato estar lá?
Passo a mão pelo cabelo, amaldiçoando o tremor em meus dedos e
tomo mais um gole da minha bebida.
Quando voltei da minha segunda implantação no Afeganistão, ferido
e diagnosticado com transtorno de estresse pós-traumático, eu vivia bêbado
como um porco. Achei que me manter daquela forma poderia me fazer
esquecer tudo, mas no fim, acabei aprendendo que certas coisas, nem
mesmo a droga mais poderosa e alucinógena do mundo poderiam apagar.
O toque dela, é uma dessas coisas. Seu cheiro ainda está em mim,
mesmo que eu tenha me lavado e esfregado até arder, mesmo que tenha se
passado quase um mês depois daquele dia.
O cheque que ela me mandou de volta, com o valor que pedi a
Madame B que a entregasse, zombava de mim sobre a minha mesa.
Lilly se demitiu, logo depois de perceber que eu era um covarde.
Não consegui falar com ela. Não consegui responder suas
mensagens, ou retornar suas ligações.
Minha cabeça conseguiu me sabotar mais uma vez e eu estava
temendo que não houvesse salvação.
Tive muitos episódios depois do meu retorno do combate, nos
primeiros meses principalmente, quando um simples toque em meu ombro,
podia me assustar o suficiente para que eu atacasse qualquer um em meu
caminho.
Foi assim que descobri que era um perigo. Estar perto de outras
pessoas, se tornou algo que eu evitava. Os poucos amigos que eu ainda
tinha, foram se perdendo até que acabei aqui, em minha casa no meio do
nada.
Aprendi a gostar de viver assim, gostar de estar sozinho já que me
fazia ter a sensação de que eu estava no controle.
Fugir aquela noite, deixá-la sozinha naquela cama, foi uma reação
comum de uma cabeça que ainda tinha suas batalhas para lutar, mas cada
dia sem ela, me fazia acreditar mais e mais que não valia a pena.
Me esconder. Ter medo de perder o controle. Ter medo de machucar
alguém, eu não podia viver assim.
Não sei que porra vou fazer, como posso mudar o horror que está
dentro de mim, a única coisa que sei, com toda certeza é que por ela,
preciso tentar.
 

De alguma forma, depois daquela noite, os problemas em minha


vida se resolveram como num passe de mágica, mas o buraco que ele
deixou em meu coração parecia permanente.
Petter desapareceu, assinou os documentos que me davam a guarda
definitiva de Jake e fugiu da cidade com o rabo entre as pernas.
As preocupações e a vida dupla de trabalho foram deixadas de lado.
Eu sentia que finalmente podia respirar ao pensar em como as coisas
estavam finalmente se ajeitando. Com a quantia que Madame B me deu,
aquela que estava no contrato que assinei com ela, comprei uma casa no
subúrbio de São Francisco e o restante, devolvi para Hunter, com minha
carta de demissão.
Se ele não tinha coragem nem mesmo de responder minhas
mensagens ou ligações, eu também não queria continuar naquele trabalho.
Já foi um golpe duro o suficiente para o meu coração acordar naquele
quarto vazio.
Mesmo que a mágoa ainda estivesse fresca em meu peito, seria
melhor assim. Seguir com a minha vida e focar no que realmente
importava.
E nesse momento o que importa é que tenho um novo trabalho, uma
nova casa e um irmão mais novo para criar.
Um irmão que me acorda com um salto animado.
— Hoje é sabadoooo! — Jake grita, saltando sobre meu colchão.
Gemendo contra a claridade, me contorço e enterro a cabeça no
travesseiro. Sábados são os dias que o levo ao parque para jogar bola, sua
ansiedade não é capaz de mantê-lo na cama por muito tempo.
— Acorda, acorda, acorda.
Como um rebuliço de energia, suas mãos me empurram até que eu
role na cama.
— Já vou, eu já vou.
Sabendo que qualquer minuto a mais deitada, só o fará gritar mais
alto, chuto os lençóis e obrigo o meu corpo a acordar.
A preparação é rápida, meu irmão corre pela casa, me ajudando a
arrumar uma mochila de guloseimas já que quanto antes sairmos, melhor.
Mesmo com o resquício de sono ainda abalando meu cérebro, não
posso me impedir de sorrir para sua felicidade.
É tão contagiante de assistir.
Prontos, nós saímos de casa e caminhamos para o parque. Não
ficava muito longe, apenas alguns poucos quarteirões até chegar lá. No
caminho, presto levemente atenção em Jake me contando sobre os amigos
que quer fazer na sua nova escola, que ele irá começar no próximo verão,
mas uma estranha sensação me domina.
Deixo meu irmão com os garotos que vem todo final de semana
junto de seus pais ou responsáveis para jogar e me sento na grama para
assistir, ainda sem entender o que pesa o ar de alguma forma.
E infelizmente, a sensação se alastra pelo resto da manhã.
— Você viu como agarrei aquela bola? — Jake tagarela quando
fazemos nosso caminho de volta para casa.
— É claro que vi, e gritei bem alto como te disse.
— Acho que quero ser um jogador quando crescer.
— Isso é legal. Você seria um ótimo jogador.
— Podemos tomar sorvete?
— Depois que você almoçar, sim.
— Olha lá, é o cara grande! Aquele com as tatuagens — derrapo na
calçada, olhando para o outro lado da rua.
Meu corpo o sente antes de vê-lo, como se uma conexão invisível
me acendesse com a proximidade.
Passando a língua por meus lábios, tenho que me recompor por
alguns segundos, afetada pela surpresa. Ele parece elegante, como sempre.
Vestindo uma calça e camisa escura, encostado contra seu carro luxuoso,
com uma perna levantada contra ele e de braços cruzados.
Os óculos escuros escondem seus olhos e isso me deixa nervosa.
Sua presença depois de quase dois meses depois da noite de Natal, é um
enigma.
O que ele quer aqui? Será que partir meu coração uma única vez não
foi suficiente?
Era uma espécie de hábito dele aparecer do nada para bagunçar a
minha vida e minha cabeça?
Segurando a mão do meu irmão, atravessei a rua, chegando até a
minha calçada e falei com firmeza.
— Vá entrando e tire suas roupas suadas, Jake. Eu vou em um
minuto.
Meu irmão abre a boca para protestar, porém trata de obedecer com
o olhar que dou a ele.
— Suas tatuagens são legais. — Fala com um sorrisinho, que Hunter
retribui bagunçando seus cabelos.
— Obrigado garoto. Quem sabe um dia possa fazer algumas.
— Lilly disse que só quando eu for grande.
— Ela está certa.
Assisto a pequena interação em absoluto silêncio. Jake vai para
dentro e fecha a porta silenciosamente.
Cruzo os braços, olhando-o completamente confusa e chateada
então Hunter passa as mãos por seu cabelo, deixando os fios bagunçados.
— O que está fazendo aqui? — e dessa vez, minha pergunta é firme.
Não vou mentir para mim mesma dizendo que o ver não me afeta.
Ainda sou um emaranhado de sentimentos e tremores por dentro. Mas não
há uma gota de simpatia em mim, isso é verdade.
— Sinceramente? — ele enruga a testa, e olha para o céu, como se
estivesse contemplando algo — Eu não sei.
— Olha, se veio até aqui achando que tem alguma explicação a me
dar depois daquela noite, não precisava. A demora já me enviou o recado. O
que aconteceu, deve permanecer no passado.
Ele respira fundo pelo nariz, como se estivesse cansado de lutar,
então tira seus óculos, me permitindo olhar em seus olhos.
— Eu queria que as coisas fossem assim tão fáceis Lilly, queria que
pudéssemos simplesmente deixar as coisas no passado. Queria esquecer de
tudo..., mas não posso.
Há uma exaustão em seu rosto, tão profunda que agarra meus órgãos
internos. Aperto minhas mãos ao lado do corpo, me impedindo de ampará-
lo, porque a tristeza em seu rosto parece genuína.
— Entrei no meu carro na noite passada e fiquei sentado lá por
horas, por horas Lilly, até decidir, que só existia um lugar para mim. Um
lugar que eu queria estar. Então dirigi sem parar, e acabei aqui. Na sua
porta.
— Você anda investigando a minha vida de novo? Como sabia o
meu endereço? — rosno, estreitando os olhos.
Mesmo que suas palavras tenham mais significado que isso, é a
primeira coisa que vem na minha cabeça.
Ele dá risada.
— Nunca tirei meus olhos de você. Mesmo que seja um covarde do
caralho. Um covarde para responder suas mensagens ou ligações, um
covarde por te deixar naquela cama sozinha, um covarde por não te contar
que minha cabeça é fodida, sou um covarde do caralho, Lilly, mas nunca
deixarei nada te acontecer.
— Você não pode fazer isso. Não pode continuar aparecendo na
minha vida do nada, quando acha que preciso de um herói para me salvar
ou quando bem entende que quer estar comigo — Eu corro a mão pelo meu
cabelo. É provavelmente tão confuso quanto meu coração agora e o vejo dar
um passo à frente.
— Nós começamos errado, Lilly, eu sei disso. Sei que nem mereço
uma chance, mas estou aqui, disposto a tentar.
— Tentar o que exatamente, Hunter? O que acha que devemos
tentar?
— Isso é o que quero descobrir. Preciso ficar e descobrir onde
podemos chegar, doce Lilly.
Seu corpo chega um pouquinho mais perto, fazendo meu coração
disparar, mas ainda assim, não acho que seja suficiente.
— Uma noite foi tudo o que tivemos, Hunter. Como pode saber que
não é tudo que merecemos? Que no final, estarmos juntos só vai nos
magoar?
Com um movimento brusco que quase me espanta, a distância entre
nós some quando seus braços me puxam para os seus.
— Eu sinto bem aqui, Lilly — ele agarra minha mão, e a segura em
cima de seu peito que parece tão frenético, que meus olhos se arregalam —
Sinto bem aqui que uma noite não foi suficiente. Tenho sentido cada
maldito dia desde que te deixei, e vou me tornar um homem miserável se
não me esforçar para merecer que seja por mais tempo. Não quero apenas
algumas horas, quero ficar na sua vida e com sorte, fazê-la minha para
sempre.
— Não sei se podemos chegar tão longe. — falo com sinceridade,
olhando no fundo de seus olhos e ele se inclina, para roçar a boca contra a
minha.
— No momento, a única coisa que precisamos é aceitar correr o
risco.
 
EPÍLOGO

UM TEMPO DEPOIS – NOITE DE NATAL


Falls Prince, Texas.
 

Do canto da lareira, puxo a gola do meu suéter e abafo um som


irritado. Esse tecido pinica, porra. Coço minha pele, e o ato me faz ouvir um
monte de risadinhas abafadas. Bebo mais um gole da bebida quente em
minhas mãos e não ouso olhar para cima, meus olhos se mantêm fixos ao
fogo crepitando.
O filho da puta vai me pagar.
— Algum problema aí, amigo? — o tapa forte de Zade em minhas
costas, me faz dar um passo para frente, equilibrando a xícara para não cair.
— Idiota, — rosno, fuzilando-o de canto de olho.
— Quanto mais irritado você fica, mais elas gostam. Aprenda de uma
vez por todas.
— Essa coisa é um objeto de tortura.
— Se está sofrendo com um simples suéter de lã, imagina no próximo
ano? Você será o Papai Noel, sua mulher acabou de decidir.
— O quê? — de olhos arregalados, me viro em direção ao grupo de
mulheres, as cinco irmãs King, estão a volta de Lilly e imediatamente,
reconheço o olhar em seus olhos. Confabulando contra mim.
Merda. Merda. Merda.
Penso em ir até lá, para salvá-la de suas mentes diabólicas, mas o
olhar cheio de felicidade que ela envia para mim quando nossos olhos se
encontram, faz tudo se acalmar.
Os barulhos em minha mente, cada vez mais distantes.
Se me vestir de Papai Noel, fará essa mulher feliz, eu aceitarei de
muito bom grado.
— Eu sabia — meu amigo diz, com um sorriso idiota ao perceber
como derreto imediatamente — não tem uma coisa que aquela ruiva peça que
você não faça como um bom homem amarrado pelas bolas.
Ao invés de negar, apenas dou de ombros.
— A recompensa é boa pra caralho, cara. Faz tudo valer a pena.
— Jesus, você é tão meloso que até embrulha o estômago.
Seus olhos escuros reviram, mas é evidente o quanto ele aprecia o que
tenho. Minha mulher, minha família.
Algo que lutei para ter, todos os dias.
Desde que fui até a porta da sua casa, implorar por uma chance, tenho
tentado. Nosso começo foi difícil, cheio de erros e dias nublados, mas vê-la
aqui entre meus amigos, no lugar onde me sentia seguro, era o ápice da
felicidade.
Jake corre pela sala, vindo até mim como um raio e orgulhosamente
exibe o seu presente de Natal. Um chapéu de Cowboy, muito parecido com o
que Zade usava quase como uma segunda pele.
— Ei Hunter, olha só o que a Lilly me deu, olha só. Ela disse que
logo, logo posso começar a aprender a andar de cavalo — agarro sua nuca, o
puxando para perto e seus olhos brilham de ansiedade — Você vai me
ensinar, por favor? Por favor?
— Se sua irmã disse que pode, então eu vou.
— Oba, eu vou contar a Blake — sem esperar minha resposta, ele
corre para uma das sobrinhas de Zade, e conversa com ela de forma frenética.
A garota de cabelos loiros cacheados segura sua mão e aquilo envia um
desejo profundo ao meu peito.
Quero uma família maior. Quero que minha casa seja assim, cheia de
crianças, de alegria. Quero tudo com Lilly.
Largando a minha xícara, vou caminhando pela enorme sala, toda
decorada para essa noite. Canções natalinas tocam no ar, as conversas
infestadas de serenidade me enchem, mas meus olhos estão focados em uma
só coisa.
Alcançando o círculo de mulheres, a puxo para mim sem explicação.
Lilly vem sem protestar, com um sorriso tão genuíno, que não me
privo de beijá-la na frente de todos.
Nossas bocas se unem em um beijo casto, porém demorado e Jake
grita do outro lado da sala.
— Nada de beijos em público! Vocês vão colocar um dólar no pote.
Depois de nos pegar em muitas sessões de amasso sem querer, ele
acabou definindo que cada beijo em público merecia um dólar. O pote de
vidro que ele colocou em cima da mesa no meu escritório, já estava
transbordando.
Sua irmã deixou escapar uma risada baixinha e colocou a testa em
meu peito.
— Vamos deixar esse menino rico desse jeito.
— Não me importo.
Seus braços circulam minha cintura e minha mão se fecha ao redor de
sua nuca. Levantando a cabeça, seus olhos investigam meu rosto.
— Você está bem?
Assinto, beijando sua testa. Essa é uma pergunta que sempre está lá,
depois que ela me deu uma chance de fazer as coisas do jeito certo, contei
tudo sobre minha vida ao voltar da última implantação. Os pesadelos, os
ataques, a forma como estar perto de muitas pessoas me deixava ansioso e
nervoso e com ajuda dos poucos amigos que eu tinha, de profissionais e dela,
principalmente. Fui reaprendendo a viver.
Demorou longos meses para que eu convencesse a se mudar para
Falls Prince. Minha casa era um refúgio, ainda assim, um lugar perfeito e
bonito para construir uma família.
Lilly aceitou vir morar comigo um mês atrás e eu não podia ser um
homem mais feliz.
— Sabe de uma coisa — sussurro em seu ouvido, quando a atenção
que estava em nós se desvia. — Já sei o que quero de presente de Natal.
— Ah, é? O quê?
Sorrindo com os pensamentos em minha mente, passo a ponta dos
meus dedos em torno de seus lábios.
— Vou te contar mais tarde.

Depois de sobreviver ao Natal na mansão barulhenta da família King,


levo Lilly e Jake de volta para casa. O garoto se cansou tanto de brincar com
as crianças que chega capotado. Com quase sete anos, ele já é um pouco
pesado, mesmo menor que outras crianças da sua idade, ainda assim, o
carrego dormindo para o andar de cima onde fica seu quarto.
O coloco na cama, cobrindo o corpo com os lençóis e Lilly aparece
logo atrás de mim. Ela pressiona um beijo em sua testa, liga a luz do abajur já
que ele não gosta de dormir no escuro e me levanto para deixá-los sozinho.
O amor que ela tem por ele é algo que transparece em todos os seus
gestos. Sua dedicação, orgulho por cada mínima coisa, a forma como seu
irmão a ilumina me deixa feliz por eles.
Por ela não desistir dele e ir até o fim para que ficassem juntos.
Com esses pensamentos, entro em nosso quarto e vou direto para uma
ducha. Não estava brincando quando disse que o maldito suéter era um objeto
de tortura. O arranco fora do corpo e vou para o banheiro, precisando mais
que tudo de um banho.
Não levo mais que alguns minutos, já que sei que a parte mais
divertida da noite virá agora.
Quando saio, com uma toalha amarrada na cintura e outra esfregando
meus cabelos molhados, a encontro deitada na cama, com uma lingerie sexy
vermelha que planejo tirar com meus dentes.
Meu sangue, que estava gelado da água fresca até dois segundos atrás,
esquenta de imediato e percorre direto para o meu pau.
— O que você estava dizendo mesmo sobre seu presente de Natal?
Largo a toalha em minhas mãos no chão e já tiro a outra cobrindo a
barraca armando entre minhas pernas.
— Hm... preciso me lembrar — murmuro já cobrindo seu corpo com
o meu. Beijo sua boca com um meio sorriso e a agarro pelos quadris, nos
rolando nos lençóis para deixá-la sobre mim. Sua boceta quente, coberta por
renda se esfrega em minha ereção, fazendo meu pau inchar ao ponto da dor.
Minhas mãos vagueiam por seu corpo sedoso, a pele macia e
responsiva ao meu toque. Minhas bolas pesam e suas mãos percorrem por
meu peito, deslizando para baixo, a ponta de seus dedos fazendo mágica até
agarrar meu comprimento.
— Porra, linda. Você vai me matar.
Minhas pernas soltam pequenos espasmos, esticadas em um ângulo
reto meu corpo vibra com um simples toque. Seu sorriso travesso chega aos
meus olhos e logo é substituito por algo mais carnal quando ela me segura
entre as mãos e olha para baixo.
— Acho que eu sei o que quero de presente. Quero sentir você, em
minha boca.
Ela me olha de forma intensa ao dizer cada palavra. Seu corpo
descendo lentamente até que sem aviso, sua língua passa sobre minha ponta
inchada, quase me fazendo revirar os olhos. Tombo minha cabeça para trás,
segurando um grunhido quando sua boca deliciosa se fecha ao meu redor.
Sua língua trabalhando em círculos suaves que me deixam louco. Me
dando apenas a visão perfeita dela com meu pau em sua boca, e os olhos
fixos em mim, no meu corpo a sua completa disposição.
Meus músculos ficam tensos com cada vai e vem, ela me engole com
avidez, como se meu gosto a excitasse. E pelo calor em seu rosto, tenho
certeza de que faz. Tenho certeza de que se enfiar meus dedos em sua boceta
nesse momento, ela estará pingando por mim.
Seus dedos correm para baixo em minhas bolas tensas e quentes.
— Jesus Cristo, Lilly. — Os músculos do meu estômago se retesam,
as tatuagens em meu peito quase distorcendo com a forma que meu corpo
reage, todo trêmulo e desesperado.
Uma sucção mais profunda arranca um gemido da minha garganta,
suas mãos trabalham em conjunto com a boca e quando sinto que estou a
poucos segundos de explodir, a puxo para cima. Agarro o emaranhado de
cabelos ruivos e trago seu corpo de volta. Não tenho tempo de explicar
qualquer coisa, as gotas da minha porra já pingando para fora quando agarro
meu pau e deslizo dentro dela.
O tecido de sua calcinha quase entrando junto comigo.
Agarrando sua bunda, movo seu corpo sobre mim e preencho o quarto com
seus gemidos.
— Quer saber sobre meu presente de Natal?
— Hmmm? — pisca para prestar atenção, um pouco inebriada pelo
que estamos fazendo.
— De presente de Natal, vou enchê-la com minha porra essa noite,
minha doce Lilly e nós iremos fazer bebês. 7
— O que? — ela pisca algumas vezes, sem deixar de gemer e coloco
a mão entre nós, provocando seu clitoris, sem perder o controle do meu
aperto em sua cintura enquanto ela rebola no meu pau.
— Isso mesmo que você ouviu, de presente de Natal, quero uma
família Lilly, para que nossos natais sejam sempre como os de hoje. Cheios
de alegria.
Seus olhos que estavam fechados com o prazer do meu toque, se
abrem para me encarar. Ela inclina seu tronco, até que nossas testas estão
coladas uma na outra.
— Eu gosto do seu presente.
Eu sorrio para ela, sentindo minha ereção crescer um pouco mais,
dolorosa e desesperada para se libertar, mas não deixo o que estou fazendo.
Meus dedos a provocam, brincando com a pele sensível até seus gemidos
elevarem alguns decibéis.
Sua boceta se aperta ao meu redor e pressiono seu corpo para baixo.
— Goza comigo, amor. Eu quero te sentir enquanto te preencho,
quero tudo com você, Lilly. Eu te amo.
— Amo você, Hunter Cross. — ela grunhi, enquanto nosso prazer se
mistura dentro dela.
Beijando sua boca, sinto sua língua ao redor da minha e puxo seu
corpo contra o meu, sua respiração descompassada combinando com a minha.
— Minha. — sussurro em seu ouvido, mas essa afirmação é mais para
mim mesmo.
Desde que a tive de volta, minha luta é a mesma, dia após dia, para
que de alguma forma minha doce Lilly seja minha para sempre.

FIM
 
AGRADECIMENTOS
Caro leitor, se você chegou até aqui e sentiu o coração aquecer em
algum momento, ou surtou e se emocionou junto com os personagens, não
deixe de avaliar o livro na Amazon. Sua opinião é muito importante.
Dito isso, quero deixar o meu agradecimento a todas as leitoras que
sempre me acompanham, tornando minha vida nesse mundo literário mais
especial e valiosa a cada dia.
Aos novos leitores que chegaram até aqui e estão me acompanhando
pela primeira vez, obrigada pelo carinho e espero encontrá-los novamente.
Beijos, Maeve.
 
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EROS – A REDENÇÃO DO BILIONÁRIO

EROS NOVAK tem a vida perfeita. Aos 35 anos, o bilionário não se preocupa
com nada além de sua fortuna. Um tubarão ou – “big player”, do mercado financeiro,
filantropo, colecionador de carros de luxo e dono de diversas empresas ao redor do
mundo, ele é conhecido como muitas coisas, menos… como um “bom partido” para se
casar.

Há muitos anos o destino se encarregou de mostrá-lo que em sua vida não haveria
chance de um “felizes para sempre”. Portanto, para Eros, relacionamentos tinham
prazo de validade: apenas uma noite.

Até que uma dívida é cobrada, e ele não tem escolha a não ser honrar o pedido de um
homem o qual ele deve muito.

ELIZA BAUMANN tem muitos sonhos e um recomeço pela frente.

Um trágico acontecimento mudou sua vida por completo. Depois de anos se


recuperando do golpe do destino, ela finalmente está pronta para seguir em frente.
Com apenas 24 anos e recém-formada em administração, ela acredita que esse é o
momento certo para colocar sua câmera fotográfica em uma mala e viajar pelo mundo
em busca das paisagens mais bonitas como sempre desejou.

No entanto, o destino - ou melhor, a impulsividade de seu pai, colocam mais uma vez,
seus sonhos em segundo plano. Sua família precisa de ajuda e aparentemente, ela é a
única que pode salvá-los.
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DIABLO (DARK ROMANCE)

Diablo Ward foi criado em um mundo onde não havia espaço para
dor ou medo.

Capturado, ainda na infância, por um homem impiedoso foi subjugado,


atirado em meio ao caos e violência sendo treinado para ser um assassino
cruel e obscuro.

Toda sua vida foi destruída por eles, mas seu juramento nunca seria
esquecido. (...)

Vingança.

Moldado como a criação do mal, até que um belo presente é entregue em


suas mãos com um único intuito. Ele foi escolhido para fazê-la sofrer.

A menina doce e inocente lhe mostrará o caminho que tem esperado por
tantos anos.

Ela é a chave de tudo; ele jamais a deixará ir embora.

Peças de um jogo perigoso, Diablo e Olívia – seu belo passarinho, vão lutar
juntos, para ganhar essa guerra.

Pessoas que nunca conheceram o amor... sem valores, sem remorso, sem
nada, ainda assim, lutando para sobreviver.

Entre dor, maldade e sacrifícios, reivindicarão da própria sanidade para,


enfim, encontrarem paz.
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DIABLO & OLÍVIA: Além do Epílogo

No submundo onde fui criado aprendi que ter uma esposa e filho com os quais
você verdadeiramente se importa é para os fracos.

Vivendo em meio ao caos e violência, nunca imaginei que existiria um dia em que esse
ensinamento não faria mais tanto sentido.

Eles me treinaram para ser invencível.

Me tornei melhor do que muitos acreditavam que eu poderia ser.

Conquistei minha vingança e derrotei meu maior inimigo, mas… foi só depois que
Olívia entrou em minha vida, que pude entender…

Minha devoção por ela e nosso filho não me fez fraco. Muito pelo contrário, o homem
que posso me transformar para proteger a minha família, é letal.

E na guerra que estamos lutando, não vou poupar nenhuma alma que cruzar o meu
caminho.

(...)

“Quando você se apaixona pelo diabo, só há uma certeza: mais cedo ou mais tarde,
você será corrompida.”

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ABUSO DE PODER (DARK ROMANCE)

Ethan Reese conquistou seu império fazendo aquilo que foi ensinado durante
toda sua vida; jogando sujo. Analítico. Dominante. Intimidador. Ele tem tudo aquilo
que deseja. Regras não se aplicam a ele. Aos 34 anos, como um dos maiores e mais
bem sucedidos empresários de Nova Iorque sua vida corre como planejado, até que ele
a vê pela primeira vez e seus traços de pureza e inocência despertam a parte dele que
esta dormente há muito tempo.
Isabella Ramirez é uma mulher comum e perdida, aos 26 anos com a vida
completamente do avesso ela está mais do que desesperada para encontrar algum
propósito. Depois de um trauma que deixou seu mundo despedaçado, o emprego em
uma das maiores empresas da cidade é quase uma espécie de presente divino. Tudo
parecia – finalmente - no caminho certo, até que o destino a coloca frente a frente com
um homem que irá mudar todos os seus planos.
“Meu desejo por ela era a definição perfeita do pecado e sinceramente, eu
estava pronto para usá-la como caminho direto para o inferno”.

 
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DESEJO HEDIONDO (BDSM)

Para Alex Lancaster, ela foi uma aparição. Depois de um período difícil e
estressante em sua vida, ele está fazendo o possível para manter distância de tudo e de
todos, até que uma jogada do destino o coloca frente a frente com a misteriosa mulher
de cabelos castanhos e olhar penetrante. Ele não podia se aproximar, mesmo que a
visão dela despertasse todos os seus instintos, ele sabia que ela não era para ele.
Dentro do seu mundo, quando se brinca com fogo é inevitável acabar em chamas. E
Gabrielle não parecia esse tipo de mulher.

Ele está terrivelmente enganado (...)

Para Gabrielle Dixon, esse é mais um recomeço. Sua vida não tem sido fácil por um
longo tempo e, pela primeira vez, ela acredita que pode conseguir se livrar dos
demônios que a atormentam por anos. Entretanto, tudo parece se perder quando ela
conhece seu novo cliente. O homem parece enxergar através de sua pele, e tudo que
ela deseja é poder correr e se esconder. E é exatamente o que ela faz... Até que uma
noite de descontrole a coloca frente a frente com Alex novamente, em um mundo onde
ela nunca imaginou encontrá-lo.

Uma atração inexplicável, segredos, traumas e muitos obstáculos ficarão em seu


caminho. Ele provou que nem mesmo seu passado conturbado poderia afastá-los, mas
será que Alex e Gabrielle estão mesmo prontos para enfrentar tudo para ficarem
juntos?

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