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BEATRIZ STRAMARO DE SOUZA AMARAL

MILENA PINHEIRO DA SILVA

TRABALHO FINAL DE LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA:


K. RELATO DE UMA BUSCA.

Araraquara
2022
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SUMÁRIO

Introdução……………………………………………………………………..……...p.03
K. Relato de Uma Busca: introdução e contextualização………………………...…..p.04
Análise: A Composição da obra e seus elementos narrativos……………………......p.06
A relevância da Memória Nacional………………………………………………….p.10
Conclusão…………………………………………………………………………….p.11
Referências Bibliográficas……………………………………………………………p.12
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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo a reflexão e análise do romance K. Relato


de uma Busca por Bernardo Kucinski, acerca do gênero da autoficção, produção
literária de conteúdo histórico, memorialista e familiar. Nesse sentido, a narrativa e o
próprio modo de narrar, as diferentes vozes, cada fragmento compilado, são
fundamentais para a construção dos fatos dramáticos em sua composição da realidade e
também ficcional. A revisão da história vivida há muitos anos e contada posteriormente
a partir dos relatos vivenciados e observados, propõe a obra como um bom livro para se
pensar o quadro político-social da ditadura militar brasileira e como a produção literária
se relaciona com este tema.
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K. Relato de uma Busca: introdução e contextualização

K. relato de uma busca, romance contemporâneo escrito pelo autor brasileiro


Bernardo Kucinski, lançado pela primeira vez em 2011 pela editora Expressão Popular, em
2013 pela extinta Cosac Naify, e posteriormente, em 2016 pela Companhia das Letras, foi
finalista de prêmios literários muito conceituados como Prêmio São Paulo de Literatura,
Prêmio Juca Pato e Prêmio Portugal Telecom, todos de 2012. É uma obra que se trata da
recriação ficcional pautada na experiência familiar do autor. A obra traz a história de K., um
pai desesperado que procura sua filha desaparecida, por anos, durante o período de ditadura,
em uma narrativa fragmentada e silenciada, onde observa-se cada passo e frustração dessa
tentativa voraz de encontrar a filha.
A narrativa traz como pano de fundo, um momento muito delicado do país, a ditadura
militar, regime instaurado em 1 de abril de 1964, com o golpe no governo democrático de
João Goulart, e que perdura até 15 de março de 1985, por meio de governos militares
autoritários e nacionalistas em sucessão. Assim, em oposição aos que apoiam os golpistas,
havia diversas organizações como por exemplo, o PCB (Partido Comunista Brasileiro); no
caso desta obra, como militante política e professora, Ana se encaixa no âmbito dos
intelectuais, artistas e jovens que lutavam contra a ditadura militar.
E para além de características como repressão direta a opositores do sistema, com
sequestros, torturas físicas e psicológicas, e assassinatos, havia também o recurso de
supressão da memória coletiva, que podemos arriscar dizer existente até os dias atuais, tendo
em vista o fato de que o Brasil foi o único país entre tantos que diante de uma ditadura militar
não institui uma comissão da verdade com ações punitivas, e quando o faz, faz muito
tardiamente.
A questão da memória coletiva versus a memória individual é igualmente pertinente
quando se discute ferramentas repressivas do regime, pois durante e após a ditadura, com a
incapacidade de lidar com tudo que estava acontecendo, a sociedade começa um processo de
individualização dos problemas, transformando o que era um trauma de todos, em traumas
individuais, e culpas individuais, esquecendo-se dessa forma quem era ou ainda é o
verdadeiro culpado e inimigo.
Desse modo, a própria incerteza da existência de Ana passa a ser instaurada
psicologicamente, trazendo tantos momentos de angústia, dúvidas e frustrações. Pois, ao
tentar o pai oficializar a morte dela, é negado a lápide e também o livreto a ser publicado,
escrito em memória dela e de seu namorado. Como observa-se no trecho seguinte:
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“equivale a dizer que ela não existiu e isso não era verdade: ela existiu, tornou-se adulta,
desenvolveu uma personalidade, criou o seu mundo, formou-se na universidade, casou-se”
(KUCINSKI, 2014, p. 79).
Partindo desse contexto, a obra de Bernardo Kucinski revela o absurdo promovido
pelo Estado contra seus cidadãos, e propõe uma narrativa que traz a dor extrema do
desaparecimento, junto com a culpa como tortura psicológica, tanto por ter sobrevivido
quanto por não saber no que Ana estava envolvida. A crítica presente na obra se torna direta
até mesmo em relação à Comissão de Direitos Humanos, como observado no trecho seguinte:

Ao falar da ditadura, K. lembra-se com desgosto da Comissão de Direitos Humanos


da OEA que rejeitara sua petição de modo muito cínico. Disseram que, segundo o
Governo brasileiro, nada constava sobre a filha. É claro, foram perguntar aos
bandidos se eles eram bandidos. A Cruz Vermelha recebeu-o bem, anotaram os dados
e prometeram iniciar uma busca. Mas ao que parece não esperam muito de sua seção
brasileira.(KUCINSKI, 2016, p. 55)

O livro K. relato de uma busca apresenta contexto histórico de questões culturais e


sociais da sociedade brasileira, partindo do gênero da Autoficção e as escritas de si para
compor a obra. Este criado e desenvolvido pelo francês Serge Doubrovsky, publicado na
quarta capa do seu romance Fils, em 1977, propõe uma narrativa em que fatos da vida real e
acontecimentos se confundem com fatos ficcionais, de forma a recusar determinar a obra
enquanto ficção ou verdade. O trecho destacado: “tudo neste livro é ficção, mas tudo
aconteceu” (KUCINSKI, 2014, p. 8), confirma o encontra da história com a ficção, contudo, o
romance não pretende reconstruir fatos, pois estes se encontram já fragmentado em
testemunhos, memórias e relatos, e sim pretende trazer através da literatura, a perspectiva de
como e pelo que passou neste trauma, escrevendo trinta anos após a ocorrida tragédia.
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Análise: A Composição da obra e seus elementos narrativos.

A obra é composta por 29 capítulos nomeados que não seguem uma sequência
cronológica e que portanto podem ser lidos separadamente sem grandes dependências. Os
capítulos são diversificados quando se trata de narrador, portanto propomos a seguinte divisão
dos capítulos por tipo de narrador: Narrador autodiegético em “Carta a uma amiga”; “A
cadela”; “A abertura”; e “Mensagem ao companheiro Klemente''. Narrador homodiegético em
“As cartas à destinatária inexistente”; “Os desamparados”; e “Paixão, compaixão”. E o
narrador heterodiegético presente, majoritariamente, nos capítulos “Sorvedouro de pessoas”;
“A queda do ponto”; “Os informantes”; “Os primeiros óculos”; “O matrimônio clandestino”;
“Livros e expropriação”; “Jacobo, uma aparição”; “Nesse dia, a terra parou”; “A Matzeivá”;
“Imunidades, um paradoxo”; “Dois informes”; “Baixada Fluminense, pesadelo”; “Um
inventário de memórias”; “A terapia”; “O abandona da literatura”; “O livro da vida militar”;
“Os extorsionários”; “A reunião da congregação”; “As ruas e os nomes”; “Sobreviventes, uma
reflexão”; e “No Barro Branco”. Kucinski consegue produzir então, através da estratégia de
pluralização de vozes, a representação do fenômeno plural do discurso, que são os relatos
coletados por K.
No capítulo “A terapia”, temos o discurso direto marcado por aspas, recurso pelo qual,
segundo Martins (2010, p.196), o emissor busca transcrever o enunciado de forma a manter
traços da subjetividade da outra pessoa que expressa interjeições, blasfêmias, exclamações,
ordens, expressões de desejos e afins, trazendo assim um enunciado mais vivo. O que de fato
ocorre quando lemos o doloroso relato da personagem Jesuína Gonzaga, uma jovem
traumatizada, não por ver o momento da tortura mas sim por conhecer o espaço físico em que
acontecia a mesma, desse modo, o excerto não narra a tortura, mas os restos da tortura,
sugerindo a descontinuidade, no techo:

“Uma vez fiquei sozinha quase a manhã inteira, os PMS mineiros saíram bem cedo
de caminhonete dizendo que tinham acabado os sacos de lona, o lugar onde
compravam era longe, iam demorar. O Fleury já tinha voltado para São Paulo de
madrugada. Eu sozinha tomando conta. Então desci até lá em baixo, fui ver. A
garagem não tinha janela , e a porta estava trancada com chave e cadeado. Uma
porta de madeira. Mas eu olhei por um buraco que eles tinham feito para passar a
mangueira de água. vi uns ganchos de pendurar carne igual nos açougues, vi uma
mesa grande e facas igual açougueiro, serrotes, martelo. É com isso que tenho
pesadelos, vejo esse buraco, pedaços de gente. Braços, pernas, cortadas. Sangue,
muito sangue.” (KUCINSKI, 2016, p. 124)
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Já em “Jacobo, uma aparição”, o discurso direto sem marcação é bem evidente, como
no momento em que Jacobo tenta convencer K. de que não é o fim, e deve manter as
esperanças: “Não desanimar, diz a K., ainda há esperança. Na Argentina eram milhares os
desaparecidos…” (KUCINSKI, 2016, p. 58). Por fim o discurso indireto livre, em que o
objetivo é não deixar evidente quem está no comando da palavra (narrador ou personagem),
que está presente em grande parte da narrativa exatamente por se tratar de autoficção e por
causar esse efeito de divisão não heterogênea entre narrador onisciente e personagem, como
observamos em dois trechos do capítulo “Um inventário de memórias”:

As fotografias estavam em desordem, misturadas com cartas e negativos. Havia


também um maço de receitas médicas. K. encontrou a caixa azul por acaso, atrás dos
tomos de sua enciclopédia iídiche encadernada na mesma cor e tonalidade. Era como
se a filha tivesse posto ali de propósito, para só ele a encontrar. Ou a teria escondido,
para ninguém encontrar? (KUCINSKI, 2016, p. 108)

Numa delas, a filha monta um cavalo. Em que sítio ou fazenda isso teria acontecido?
Em outra, rodopia, numa roda de dança. K. ergue as fotografias uma a uma e as
examina com vagar, vestígios preciosos, pedaços da vida da filha. Tenta sem sucesso
identificar a cidade do interior da foto da filha ao lado de um coreto no centro de
uma pracinha. (KUCINSKI, 2016, p. 108 e 109)

A quebra proposital da estrutura sintática (Anacoluto), figura de linguagem que trata


da interrupção da sequência lógica da frase, por tanto o termo interrompido aparece isolado na
frase, enfatiza dessa maneira pessoas ou ideias. Dado um momento de suspense ou indagação
do personagem, causa um efeito de intensificação a adversidade da informação dada pelo
autor, que funciona como resposta, depois da pontuação, podendo ser vírgula ou ponto final.
Já a prolepse, segundo dicionário de Oxford, se trataria de: 1- ocorrência precoce ou
prematura de (algo), antecipação; e 2- previsão de algo ainda não conhecido ou acontecido;
antevisão, antecipação, prenoção. Como resultado desses dois elementos citados, dentro da
narrativa, temos a antecipação do resultado da busca de k. pela filha, pois desde o início da
obra já é nos dado indícios que o personagem jamais a encontraria, o que no leitor tem a
intenção de simultaneamente dar esperança e tirá-la rapidamente, jogada esta que traz
frustração proposital.
Neste contexto, o foco narrativo do livro é majoritariamente em terceira pessoa
onisciente, assim permite o narrador promover conhecimento amplo dos acontecimentos,
porém, distanciamento discursivo dos eventos narrados a fim de retratar de fato os cenários e
as memórias. Nesse sentido, é perceptível que não há uma perspectiva centralizada com
caráter descritivo e objetivo no decorrer da narrativa, e sim há um caminho de ida e vindas
das falas, memórias e informações. Informações se mostram interessantes para pensar três
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personagens e as vozes que se embaralham no percurso narrativo, sendo estes: Ana Rosa
(filha desaparecida do personagem K.) ausente como voz; o pai de Ana Rosa (personagem
principal K.); e o irmão de Ana Rosa.
A focalização narrativa se mistura à medida em que mesmo o narrador sendo em
terceira pessoa onisciente, na tentativa de promover impessoalidade e não proximidade a
narrativa, no final da obra o narrador é revelado sendo o irmão de Ana Rosa. Ou seja, a
focalização mesmo que na tentativa de ser externa, provoca uma participação afetiva e
familiar interna que se mostra possivelmente despida de imparcialidade e abstenção do
narrador.
Bernardo Kucinski retrata em sua obra mecanismos de tortura psicológica utilizados
pelos militares no processo de repressão da ditadura militar, sendo alguns deles: O
desaparecimento; O ludibriamento como ferramenta que causa frustração; e por fim, e
consequentemente, a culpa dos que ficam.
O processo de tortura psicológica teria início no ato do desaparecimento, uma vez que
a incerteza é muito mais incomoda que a certeza, no sentido de não haver um fim palpável
para buscas, e até para as esperanças. No capítulo “A abertura”, temos um narrador
autodiegético, que explicita com detalhes os trâmites, em um “passo-a-passo”, da tortura
psicológica para com familiares dos desaparecidos, e esta mesma seria responsável pela morte
espiritual de K., e o trecho que exemplifica muito bem essa tomada de decisão, é:

Temos que mudar tudo, Mineirinho. O inimigo agora são os familiares desses
terroristas. Mas temos que usar mais a cabeça, a psicologia, Mineirinho. Temos que
desmontar esses familiares pela psicologia. (KUCINSKI, 2016, p. 69)

A partir desse ato de fazer as vítimas desaparecerem, o processo do ludibriamento


como ferramenta para causar frustração entraria em cena. Informações falsas são dadas para
haja uma confusão daqueles que procuram por amigos e familiares desaparecidos, à medida
que a cada informação que é dada, esperanças e expectativas são criadas para logo após serem
destruídas, por isso a frustração. Em diversos momentos K. recebe pistas sobre lugares e
causas da filha ter sumido, e até mesmo quando parecia impossível ser verídica tal
informação fornecida, o personagem ainda procurava a verificação em cada detalhe, pelo
motivo não apenas da esperança, mas também pela culpa.
Esta culpa, sentimento presente em grande parte daqueles que perderam alguém para a
ditadura, estaria atrelada ao pensamento de insuficiência diante da situação do
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desaparecimento. A narrativa mostra a trajetória de K., o pai que cria hipóteses para entender
o que poderia ser diferente à mesma medida que se culpa por não ter tido tais supostas
situações alternativas com a filha. No capítulo “Jacobo, uma aparição” a expressão “e se…?”
é demasiadamente utilizada, como em: “Quem sabe, se tivesse vindo para a América do
Norte, como o primo Simon, em vez da América do Sul, a tragédia não teria acontecido”
(KUCINSKI, 2016, p. 53); e ainda “ Ah, se não pensasse o tempo todo na língua iídiche, na
literatura, se tivesse dado mais atenção à filha , a seus filhos” (KUCINSKI, 2016, p. 44) , para
a construção dessa estrutura de hipóteses que o colocam na posição de culpado único e
exclusivo da tragédia da filha.
“Matzeivá” seria a lápide colocada no túmulo, após aproximadamente um ano após o
sepultamento, e K., no episódio nomeado “A Matzeivá”, faz uma tentativa de materializar o
que fora impossibilitado de ser materializado, que seria a morte da filha sem um corpo para
velar e sepultar. O processo do luto na ausência de um corpo se torna deveras doloroso a partir
do que o psicólogo John Bowlby propõe: “devida a uma prolongada persistência do insaciável
desejo pelo objecto perdido e à constante repetição da amarga desilusão por não o encontrar”
(Bowlby citado em Grinberg, 2000, p. 197), dessa maneira K. procura caminhos que o levem
à uma possível conclusão do que jamais pode ser concluído.
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A relevância da memória nacional

Enfim, após a leitura e reflexão acerca do tema e da narrativa, o capítulo ‘’As ruas e os
Nomes’’ chamou a atenção e se mostra muito pertinente ao pensarmos na questão de como a
nação brasileira e o governo em si, tanto na época como nos dias atuais, comporta-se diante
dos acontecimentos e atrocidades deste período autoritário.
Neste capítulo citado, um vereador de esquerda cria um projeto de lei em que são
demarcadas ruas com os nomes dos muitos desaparecidos políticos, entre eles Ana Rosa e seu
namorado. O narrador conta como os familiares se encontram naquela situação de pregar
placas com os nomes, a fim de ser uma cerimônia em homenagem aos desaparecidos.
Contudo, no decorrer do capítulo uma indagação por parte do personagem ocorre,
pois, passa a perceber que muitas das ruas, avenidas e pontes levam nomes de militares,
sargentos, políticos que cometeram desumanidades, coisas consideradas negativas ao povo.
Exemplos citados foram: Rua Senador Filinto Muller; Avenida General Milton Tavares de
Souza; Ponte Costa e Silva; Via Dutra; Rua Fernão Dias. Assim, obtém-se contraste entre o
homenagear dos desaparecidos políticos da ditadura militar em ruas nada importantes,
enquanto outros considerados vilões por uma maioria, são também homenageados e de forma
superior: ‘’ o problema, reflete K., é quando o personagem é herói para uns e vilão para
outros, [...]’’ ( KUCINSKI, 2016, p.152); e

Centenas de pessoas passam por aqui todos os dias, jovens, crianças, e leem
esse nome na placa, e podem pensar que é um herói. Devem pensar isso.
Agora ele entendia por que as placas com os nomes dos desaparecidos foram
postas num fim de mundo’’ (KUCINSKI, 2016, p.153)

Dessa forma, todo este cenário reflete diretamente no povo brasileiro; é pertinente para
a nação em sua totalidade, permanecer com a memória ativa de todos os percursos
histórico-políticos de repressão já enfrentados. O personagem K. inclusive, faz muitas vezes
menção e comparação com o que viveu na Polônia ou com as ocorrências de violência
também já vistas em outros países, citando os exemplos respectivamente: o ministro de Hitler
na Alemanha, gangster que liderou grupo criminoso nos Estados Unidos, militar russo e
massacradores de judeus.
Imagina se na Alemanha dariam a uma rua o nome de Goebbels ou nos
Estados Unidos o nome de Al Capone; ou se na Lituânia os litvakes
homenageassem o enforcador Muravyov com nome de rua. (KUCINSKI,
2016, p. 151-152)
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CONCLUSÃO

De fato, Bernardo Kucinski conclui a tarefa de passar para a literatura em


composição ficcional, a história de brutalidade, perseguição e intolerância vivenciada
por muitos brasileiros durante a Ditadura Militar. A história de Ana, seu namorado, pai
e irmão após cinquenta anos do Golpe de 64, reflete claramente as consequências,
impunidade e violação dos direitos humanos daquela época. Por fim, toda a estrutura da
narrativa em seu conteúdo descentralizado, memorialista mas também ficcional, e em
terceira pessoa por parte do próprio irmão da personagem desaparecida, transmite os
sentimentos e emoções vivenciados pelos familiares nesta situação, podendo então, o
leitor sentir e usar sua imaginação durante o percurso narrativo.
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Referências Bibliográficas

Grinberg, L. (2000). Culpa e Depressão. Lisboa: Climepsi.

In: KUCINSKI, Bernardo. K. Relato de uma busca. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

SCHIFFNER, Tiago L. K., Relato de uma busca ou a narrativa de espólios.


RECORTE– revista eletrônica ISSN 1807-8591. Mestrado em Letras: Linguagem,
Cultura e Discurso / UNINCOR V. 12 - N.º 1 (janeiro-junho - 2015).

FRIEDMAN, Iris. BASTAZIN, Vera. K. Relato de uma busca, de Bernardo


Kucinski: ausência de memória na Literatura de Testemunho. Arquivo Maaravi:
Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG. Belo Horizonte, v. 10, n. 18, maio de
2016. ISSN: 1982-3053

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