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MARCOS WELL
Sumário
O inconsciente
coletivo é tudo, menos um
sistema pessoal
encapsulado é
objetividade ampla como
o mundo e aberta ao
mundo.
- Carl G. Jung
“Jung tomou
emprestado o conceito de
arquétipos das fontes
clássicas, incluindo
Cícero, Plínio e Santo
Agostinho. Adolf Bastian
lhes deu o nome de
“ideias elementares”. Em
sânscrito, eram
chamados de “formas
conhecidas
subjetivamente”. Na
Austrália, eram
denominados “os eternos
do sonho”.
"A riqueza de
informação cria pobreza
de atenção, e com ela a
necessidade de alocar a
atenção de maneira
eficiente em meio à
abundância de fontes de
informação disponíveis."
- Hebert Simon
“Uma visão da
natureza humana que
ignore o poder das
emoções é
lamentavelmente míope.
A própria denominação
Homo sapiens, a espécie
pensante, é enganosa à
luz do que hoje a ciência
diz acerca do lugar que
as emoções ocupam em
nossas vidas”.
- Daniel Goleman
Quando em contato com imagens arquetípicas, que são
emaranhados de emoções, o nosso cérebro sofre um
verdadeiro sequestro límbico, o que desperta emoções,
sentimentos, sensações e pode até mesmo persuadir.
“[…]o impulso é o
veículo da emoção; a
semente de todo impulso
é um sentimento
explodindo para
expressar-se em ação”.
- Daniel Goleman
A motivação é encarada
como uma espécie de força
interna que emerge, regula e
sustenta todas as nossas ações
mais importantes.
- M. D. Vernon
O psicólogo Abraham Maslow propõe que:
“O estudo da motivação
deve ser, em parte, o estudo
dos fins, desejos ou
necessidades finais do ser
humano”.
A partir dessa premissa, Maslow propõe uma pirâmide
com cinco pilares que denota de forma hierárquica as
necessidades humanas. Segundo ele, para que a
necessidade suba de nível na pirâmide, a anterior deve ser
completamente sanada.
Os arquétipos estão diretamente ligados a essas
necessidades humanas, pois como escrito e provado por
Jung, eles são materiais quase que instintivos, porém
formados por imagem e emoção. Cada arquétipo está
associado a uma motivação, que está relacionada a uma
necessidade básica do ser humano.
As quatro motivações básicas do ser humano são:
Independência e realização
Mestria e risco
Pertença e prazer
Estabilidade e controle
PIRÂMEDE DE MASLOW
“Os arquétipos
fazem a intermediação
entre os produtos e o a
motivação do consumidor
porque oferecem uma
experiência intangível do
significado”
- Mark e Pearson
Através do impulso (motivação) para sanar uma
necessidade, o arquétipo age como intermediário ao
estabelecer uma conexão entre o produto e o consumidor,
pois a manifestação arquetípica da marca cria um elo
psíquico entre os dois, de forma que o produto age como a
personificação do arquétipo no momento da compra.
3.2. Motivação de
Independência/Realização
“O desejo de
individuação nos faz
passar algum tempo
sozinhos e tomar decisões
ou agir de uma maneira
que as pessoas mais
próximas a nós talvez não
compreendam”.
O inocente
O inocente tem sempre uma atitude positiva diante das
coisas. É o arquétipo ligado a pureza e a honra. Ele
enxerga o mundo com os olhos de uma criança, onde tudo
é novo e mágico. Como o seu próprio nome sugere a sua
inocência o faz viver no mundo com otimismo e
felicidade.
As suas principais características são: positividade, pureza,
transparência, bondade e simplicidade.
O inocente é um pouco
como a criancinha adorável ou
o sábio místico, cheio de
assombro reverente pela
beleza de todas as coisas, ainda
acreditando que é possível
viver no paraíso aqui e agora.
O explorador
O explorador é
impelido por uma
sensação de não
pertencer, como o
Patinho Feio procurando
os seus. Os exploradores
sofrem certa insatisfação
e inquietude subjacentes,
como se estivessem
sempre buscando algo
melhor, mas volta e meia
dizem “não é isto” e
põem o pé na estrada.
O arquétipo do sábio
nos ajuda a ganhar
consciência para usarmos a
nossa liberdade e
prosperidade no sentido de
melhorar a nossa vida.
O herói
O fora-da-lei
“O fora-da-lei age
como uma força
destruidora, violando as
normas e as regras
culturais pelo bem dos
outros, por aventura ou
ganhos pessoais ou por
alienação desesperada”.
O mago
O mago está diretamente ligado à transformação. Sua
premissa parte de que a magia é a transformação, a
alquimia das coisas. Para mudar o mundo o mago precisa
ter um entendimento profundo de si mesmo.
Para este arquétipo a magia acontece de dentro para fora.
Além disso, ele está ligado a contemplação do universo e a
crença de sua autoconsciência, nos astros, na lei da
atração, na própria transformação que os arquétipos
podem proporcionar.
Quando aplicado a marcas, o mago é promove uma
transformação mágica. Assim como o mágico tira coelhos
da cartola, este arquétipo promove uma solução que para
olhos incrédulos pode parecer impossível.
Suas principais características são: mistério,
transformação, sonhador, criatividade.
“o mago age como
um catalisador, para
transformar ou curar a
sociedade ou as
instituições”.
O cara comum
O amante
O amante busca um tipo de conexão íntima e genuína. Ele
é sensual, elegante e até mesmo erótico. Quando ativo na
mente de uma pessoa, impele-as a atraírem os outros por
meio da beleza e insinuações sexuais.
Este arquétipo está diretamente relacionado a relações
interpessoais como amor e amizade. O amante busca
intimidade com os outros por meio dos seus atributos
físicos e da sua sensualidade.
O amante pode ser comparado mitologicamente a deusa
Afrodite e a sua busca incessante por prazer e conexões
românticas com deuses e mortais.
Mas não é só de hedonismo que é feito o amante, ele
também é gentil e quer o bem coletivo, quando direciona a
sua pulsão de forma empática para o outro. A sua conexão
profunda o torna fiel e leal.
Suas principais características são: personalização,
ousadia, intimidade, comprometimento, bem-estar.
“O amante auxilia
no processo de nos
tornamos atraentes para
os outros e também nos
ajuda a desenvolver
aptidões para a
intimidade emocional e
sexual”.
Seu lema é “só tenho olhos para você”.
Seu desejo básico é conseguir intimidade e experimentar o
prazer sensual.
A sua meta é manter um relacionamento com as pessoas, o
trabalho e as experiências que ama.
Seu maior medo é ficar sozinho, não ser amado, ser
indesejado.
Também é conhecido como os casamenteiros, íntimos,
entusiastas, sensualistas, harmonizadores, cônjuges.
Ele caminha pela sua sombra quando apresenta
promiscuidade, obsessão, ciúme, inveja, puritanismo.
O cliente do amante é aquele que cultua a beleza e procura
meios de expressar seu self, se impor como pessoa e atrair
os outros através dos seus atrativos. Por isso, geralmente
os produtos que procuram são aqueles que vão agregar na
sua imagem pessoal e sensualidade.
Para servir ao amante a marca precisa:
Ajudar as pessoas a encontrar amor e amizade.
Promover a beleza e a intimidade.
Associada a sexualidade ou ao romance.
Marcas que usam o arquétipo do amante: Channel,
Versace.
O bobo da corte
“O bobo da corte
nos ensina a viver com
leveza, a viver no
momento presente e a
desfrutar a interação com
os outros sem nos
preocupar com o que eles
possam pensar”.
Seu lema é “se eu não puder dançar, não quero tomar parte
da sua revolução”.
Seu desejo básico é o de viver no momento presente, com
alegria total.
Sua meta é divertir-se e alegrar-se.
Seu maior medo e aborrecer-se ou ser maçante.
Também é conhecido como o tolo, o malandro, trocista,
blefista, animador, palhaço, travesso, comediante.
Ele caminha pela sua sombra quando não consegue
assumir responsabilidades, faz brincadeiras mesquinhas ou
tem autocomplacência.
O cliente bobo da corte é aquele que adoro o bom humor,
por isso é o arquétipo perfeito para marcas de cerveja. Eles
são divertidos e espirituosos, e só querem curtir.
Para servir ao bobo da corte a marca precisas:
Ajudar as pessoas a se sentirem pertencentes a um grupo.
Divertir e entreter.
Marcas que usam o arquétipo do bobo da corte: Skol,
Pepsi.
3.5. Motivação de estabilidade e
controle
O prestativo
“O prestativo tem
uma intensa percepção
consciente da
vulnerabilidade humana,
mas está menos focado
em seus próprios
problemas e mais
preocupado em mitigar
os problemas dos outros”.
O criador
“O criador exerce o
controle criando um
poema, uma composição
musical, uma pintura ou
um produto”.
O governante
Uma marca é a
intuição que uma pessoa
tem sobre um produto,
serviço ou empresa.
A marca não é
aquilo que você diz que é.
É aquilo que eles dizem
que é.
- Marty Neumeier
Para criar um significado coerente com aquilo que a marca
quer oferecer ao mercado é imprescindível levar em
consideração qual a dor que o consumidor procura aplacar
ao consumir determinado produto, ou seja, é preciso estar
atento à necessidade básica, desperto o desejo, e a
motivação que o direciona ao consumo de uma estipulada
marca.
Para definir o seu arquétipo de marca de forma consistente
você deve atentar o que guia o consumidor até seu produto
ou serviço – sua motivação.
É preciso fazer uma viagem até o âmago da sua marca, na
sua essência, para descobrir qual o seu propósito e o que
ela agrega no mundo.
Existem cinco passos básicos para a construção de uma
identidade arquetípica de marca: escavar a alma da sua
marca, descobrir a substância ou experiência que ela
proporciona, entender quem são os seus consumidores e
analisar no mercado como os seus concorrentes se portam
em relação ao arquétipo.
Nas próximas páginas vamos nos demorar em cada um
desses passos com ferramentas práticas que te ajudarão na
sua jornada.
Na minha consultoria, eu uso todas essas ferramentas e
consigo no período de um mês, junto com o contratante do
serviço, definir qual o seu arquétipo de marca e criar
estratégias para que ele possa ser manifestado e usado da
melhor forma possível.
4.1. Como encontrar a alma da sua
marca
“O mais engraçado
de tudo é que ainda não
sei começar um negócio.
A única coisa que faço, e
que a maioria das pessoas
não faz, é sempre iniciar
pelo PORQUÊ”
- Simon Sinek
Exercício:
Agora que sabemos o que é o propósito de marca e temos
acesso à ferramenta Golden Circle, está na hora de você fazer
uma escavação, você vai ser o arqueólogo da sua marca e
procurar lá no âmago da sua história o seu propósito. Em
seguida, você vai montar um Golden Circle, definindo o “por
que”, o “o quê” e o “como” da sua marca.
É importante que você faça esse exercício, pois quando chegar a
“escavação arqueológica de marca” algumas questões já vão
estar mais claras para você.
Humanismo;
Criatividade;
Equilíbrio;
Transparência.
Séria
Extrovertida
Alegre
Brincalhona
Conservadora
Moderna
Nerd
Elegante
Discreta
Delicada
Sensível
Madura
Aventureira
Rebelde
Tradicional
Calma
Líder
Energética
Sábia
Acessível
Exclusiva
Criativa
Científica
Romântica
Técnica
Ousada
Grande
Arrogante
Complexa
Sóbria
Rústica
Formal
Futurista
Antiga
Racional
Determinada
Mente Aberta
Relaxada
Divertida
Irreverente
Emocional
Tranquila
Intuitiva
Confiável
Diferente
Exclusiva
Curiosa
Persistente
Disciplinada
Profissional
Respeitadora
Analítica
Arrojada
Técnica
Séria
Sábia
Acessível
Artística
Reservada
Modesta
Esperta
Deslumbrante
Atual
Padronizada
Inocente
Livre
Acadêmica
Estável
Sutil
Moderna
Básica
Casual
Rigorosa
Sonhadora
Idealista
Agressiva
Pequena
Convencional
Radical
Simples
Grosseira
Atrevida
Previsível
Cotidiana
Pessimista
Multifacetada
Refinada
Promissora
Da Massa
Enigmática
Industrial
Nostálgica
Comum
Exercício:
Faça um mapa de empatia visando entender melhor o seu
cliente e compare-o com a tabela de motivações
arquetípicas presentes nesse livro. Feito isso, anote quais
os arquétipos que melhor se adequam ao seu mapa e siga
para o próximo passo.
“o estágio final da
análise assegura a alta
probabilidade de que o
arquétipo seja
poderosamente relevante
e significativo para o seu
cliente-alvo”.
- Mark e Pearson
Segmentação
“Você precisa
aprender a aceitar a lei
da vida e enfrentar o fato
de que ela se desintegra
lentamente.”
- Erik Erikson
FASES DO DESENVOLVIMENTO SEGUNDO
ERIKSON
FASE COMPONENTE COMPONENTE VIRTUDE A SER
SINTÔNICO DITÔNICO ADQUIRIDA
1 Confiança básica Desconfiança Básica Esperança
2 Autonomia Vergonha e Dúvida Força de Vontade
3 Iniciativa Culpa Propósito
4 Diligência e Inferioridade Competência
Realização
5 Identidade Confusão de Identidade Fidelidade
6 Intimidade Isolamento Amor
7 Geratividade Estagnação Cuidado
8 Integridade do Ego Desespero e Desgosto Sabedoria
1- Período de Bebê
2 - Infância Inicial
3 - Idade de Brincar
4- Idade Escolar
5 - Adolescência
6 - Idade Adulta Jovem
7 - Jovem
8 - Velhice
Outra maneira de segmentar o seu público e entender o seu
comportamento profundamente, é se atentar a qual geração
ele pertence, ou seja, se ele pertence à geração x, y ou z.
O estudo das gerações fornece material para entender
comportamentos de pessoas que nasceram em um
determinado período de tempo.
Ao observar características geracionais, é possível
compreender até mesmo o caminho que o seu consumidor
faz até chegar ao seu produto, e quais as maneiras que ele
usa para adquiri-lo.
Se você trabalha com marketing em algum momento já
ouviu falar sobre o estudo das gerações. Classificar os
indivíduos por gerações tem se tornado uma prática
bastante popular em empresas que querem criar uma
comunicação direta e certeira com públicos específicos.
Para definição de gerações, estudiosos observam como
essas pessoas se comportaram durante determinados
espaços de tempo. A geração X, por exemplo,
compreende as pessoas que nasceram entre 1965 e 1984.
As outras gerações são os Baby Boomers, que nasceram
no período pós-guerra, de 1945 a 1964. A geração Y ou
Millenials são os nascidos entre 1985 e 1999. E por fim, a
Geração Z, que são os nascidos a partir de 2000.
Cada grupo geracional tem comportamentos que os
diferenciam dos outros. A geração Z, por exemplo, tem o
consumo de conteúdo digital como característica de
comportamento.
Ainda levando em conta o consumo de conteúdo, podemos
fazer um panorama de como cada geração se comporta em
relação às mídias.
A geração dos Baby Boomers, hoje com 60 e 80 anos tem
a característica de consumir de maneira mais passiva,
como por exemplo, assistir televisão e ouvir rádio.
A geração X ou analógica, teve que aprender a lidar com a
tecnologia e apesar de consumirem conteúdo por diversas
mídias digitais, ainda assiste televi,são, leem jornais online
e consomem livros.
A geração Y, os Millenials, cresceram junto com a
tecnologia e acompanharam as mudanças e os
desenvolvimentos na maneira de consumir conteúdo desde
o início. Na infância viam filmes nos antigos aparelhos de
vídeo cassete, hoje são o maior público das plataformas de
streaming.
Com os avanços da tecnologia as gerações mais antigas
também tiveram que se reinventar para consumir
conteúdo, e migraram de um lugar para o outro. As
gerações que assistiam TV analógica, agora assistem TV
on-line, por exemplo.
Essas observações podem nos ajudar a entender o
consumidor de forma generalizada, mas com a ajuda dos
dados colhidos através do mapa de empatia, cruzando-os
conseguimos chegar no perfil de um cliente ideal.
Além da segmentação, a jornada do consumidor também
pode servir de guia para entender o seu comportamento de
consumo.
A Jornada do Consumidor
“a ação de projetar
o produto e a imagem da
organização com o fim de
ocupar uma posição
diferenciada na escolha
de seu público-alvo”.
Segmentação + Diferenciação =
Posicionamento
Segundo Martin Tetaz em Psyconomics (2018) nós
armazenamos as marcas em nossa memória catalogadas da
mais importante para a menos importante. É como se
existisse um grande arquivo dentro do nosso cérebro e
cada uma das marcas estivesse organizada em ordem
alfabética em gavetas de acordo com a mais bem
posicionada, até a menos posicionada. Isso significa que,
se fizemos as pessoas perguntas sobre marcas, elas vão se
lembrar daquela que vê com mais frequência e que tem
uma imagem emocional mais forte, do que aquela que
talvez ela até compre e use no cotidiano, mas que não
tenha tanto significado quanto a outra.
Em A Lógica do Consumo Martin Lindstrom narra uma
experiência em que um pesquisador resolveu fazer um
teste baseado no Desafio Pepsi, que consistia em colocar
algumas pessoas na máquina de fMRI e fazê-las provar
um copo de Pepsi e outro de Coca-Cola. Ao fazer a
pesquisa, foi constatado que as pessoas preferiam a Pepsi a
Coca-Cola. No entanto, para fins de estudo foi revelado
para as pessoas quais os refrigerantes elas estavam
bebendo e o resultado foi incrivelmente diferente: as
pessoas preferiam a Pepsi ao invés da Coca-Cola.
Nesta experiência a imagem por ressonância magnética
descobriu duas coisas:
Quando as pessoas tomavam os refrigerantes sem
saber quais eram preferiam a Pepsi, pois ele possui
um sabor mais adocicado. Foi registrado uma
atividade intensa no putâmen ventral, uma região
do cérebro que é estimulada quando gostamos de
um sabor.
Quando as pessoas tomaram o refrigerante sabendo
quais eram as suas marcas, algo diferente
aconteceu. 75% das pessoas preferiram a Coca-
Cola a Pepsi. Nesta experiência além do putâmen
ventral, houve fluxos sanguíneos registrados no
córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável,
pelo raciocínio e discernimento mais altos.
Isso significa literalmente que mesmo tendo o
conhecimento de que o sabor da Pepsi era preferível ao da
Coca-Cola, as emoções agiram de forma deliberada para
que além do sabor, algum significado emocional fosse
experiência naquele momento.
Empresas com o posicionamento bem definido carregam
uma carga emocional maior e por conseguinte conseguem
ganhar com mais facilidade a mente do consumidor.
O arquétipo pode intermediar nesse processo, justamente
porque como descrito anteriormente, ele tem o poder de
criar uma conexão forte e inconsciente com o consumidor,
além de ser um componente formado por imagem +
emoção, que inclusive pode excitar e potencializar
instintos e necessidades básicas.
A Natura, que é uma empresa de cosméticos, se posiciona
arquetipicamente como uma marca do Prestativo, pois,
além de vender produtos de beleza, como muitas marcas
que trabalham nesse nicho, prega sobre o autocuidado e o
cuidado com a natureza.
Em 2020, no período inicial da pandemia de Covid-19, eu
e o meu parceiro criamos uma marca de cosméticos
naturais chamada NATS (Natureza e saúde). O nosso
intuito era ter uma marca de beleza, mas que tivesse uma
preocupação com o meio ambiente e que fosse menos
agressiva a natureza. Após serem feitos todos os passos
básicos para encontrar o arquétipo, nos deparamos com
duas possibilidades: o explorador e o prestativo. Logo de
cara entendemos que o Prestativo melhor se adequaria
com a nossa marca, já que a Mãe Natureza pode ser
entendida como parte deste aspecto. O lema do prestativo
é “ame ao próximo como a si mesmo”. Ao pensar na
marca, queríamos explorar esse lema, mas também voltar
os olhos das pessoas ao meio ambiente, estendendo o amor
ao próximo, também ao amor a natureza. Enfim,
conseguimos chegar no que hoje usamos como slogan
“cuidar da natureza também é autocuidado”.
Já a Versace, posiciona-se como uma marca luxuosa e
elegante, que é tudo do que o Amante precisa. Suas peças
são geralmente vestidas por celebridades do mundo da
música ou da indústria do cinema.
Para posicionar a sua marca arquetipicamente, além de
tudo o que já foi dito, você precisa fazer uma análise
SWOT, que no bom português se chama Análise FOFA,
ou análise de Forças e Fraquezas.
A análise FOFA é parte essencial de um planejamento
estratégico de marketing. O meu intuito ao escrever esse
livro foi deixar claro e objetivo como se chegar a um
arquétipo de marca, sem deixar para trás as subjetividades,
mas tornando esse conhecimento palpável. Ao usar essa
ferramenta você vai estar se aproximando ainda mais do
seu arquétipo, sem deixar de lidar diretamente com os
mecanismos do mercado.
Na Análise FOFA, você vai entender quais são as suas
forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.
As forças são tudo aquilo que existe dentro da sua
empresa, em âmbito macro e que você possui para além do
seus concorrentes.
Já as suas fraquezas são o contrário. Também em âmbito
macro, é tudo aquilo que os seus concorrentes tem como
diferencial e falta a sua marca.
As oportunidades e ameaças acontecem no âmbito do
macro. As oportunidades são questões quer podem servir
como uma catapulta para o seu negócio. Por exemplo,
sabe-se que daqui há algum tempo a população mundial
será majoritariamente idosa. Nesse cenário, serviços e
produtos que sejam direcionados a esse público serão mais
interessantes e lucrativos. Um fator demográfico e social,
que se torna uma oportunidade.
As ameaças são fatores macros que podem atrapalhar o
seu negócio, como a questão política, social, etc.
FORÇAS FRAQUEZAS
“Para conseguirmos
conectar com mais
eficácia, é preciso que
nossa marca ou produto
específico seja
reconhecido e associado,
instintivamente, a algo
positivo e de valor para o
cliente em potencial.
É fundamental que
o seu território visual
esteja muito bem traçado
para ser facilmente
reconhecido”.
- Alan Bruno
“A semiótica é a ciência
que tem por objetivo de
investigação todas as
linguagens possíveis, ou
seja, que tem por objetivo
o exame dos modos de
constituição de todo e
qualquer fenômeno como
fenômeno de produção de
significado e sentido”.
“Pensamentos e
sentimentos, atitudes e
situações, podem todos
ser simbólicos”.
- Mark O’Connell
“A cor é um meio de
exercer influência direta
sobre a alma: a cor é a
tela, o olho é o martelo, e
a alma é o piano com suas
cordas”.
– Wassily Kandiski
Vermelho
O vermelho é uma cor forte e que vários significados. Ela
representa raiva, ódio, o amor, a paixão, a violência, a
guerra, o sangue, o perigo.
Geralmente é a cor usada por empresas de fastfood,
porque junto com o amarelo, ela tem a capacidade de
despertar a fome.
O vermelho impele movimento, ação. É a cor do sangue,
do calor.
Nas antigas civilizações egípcias, o vermelho significava a
vida, saúde e vitória. Frequentemente era a cor usada em
celebrações de vida, vitória e até mesmo em funerais.
É também a cor do deus Marte, antigo deus romano que
equivale a Ares, o deus da guerra. Os guerreiros, antes de
ir para a guerra pintavam as suas armas de vermelho para
lhes auferir maior poder.
Junto com o azul e o amarelo, o vermelho é uma cor
primária, o que significa que não é produzido a partir da
mistura de outros pigmentos.
Amarelo
O amarelo é uma cor secundária e está relacionado, ao
otimismo, clareza e jovialidade. É também uma cor que
impele a ação.
O amarelo está diretamente ligado à cor do sol e por isso
em algumas culturas possui uma abordagem divina
Durantes o desenvolvimento da humanidade, foram vários
os deus que carregavam o sol na cabeça como Mitra,
Hórus e Apolo.
Todos esses deuses eram possuídos por força, inteligência
e jovialidade.
O amarelo também pode representar idealismo, alegria,
imaginação, esperança, claridade, radiosidade, verão,
desonestidade, covardia, traição, inveja, cobiça, engano,
doença, perigo.
Por ser uma cor quente quando usada em determinados
ambientes pode causar a sensação de calor.
Azul
O azul é também uma cor primaria, porém está ligada a
tranquilidade, produtividade, sucesso e até mesmo ao
misticismo.
Por ser a cor do céu o azul tem ligação com deuses e
deusas das antigas civilizações.
Os antigos sumérios quando representavam os seus
deuses, pintavam as suas barbas de azul.
O deus hindu Shiva é completamente azul e está ligado ao
poder e destruição, assim como o azul.
Diferentes tons de azul podem causar impressões diversas
na mente do individuo. O azul mais claro ou turquesa,
pode ser entendido como a cor da cura, relaxamento e
persistência. Já o azul escuro pode ser visto como uma cor
que promove a segurança, confiança e até mesmo o poder
e o luxo.
Laranja
O laranja é uma cor quente, enérgica e amigável. É
geralmente usada por marcas que trabalham com um
público mais jovem.
No Egito antigo, os artistas usavam um pigmento mineral
laranja chamado realgar para pinturas de tumbas, assim
como outros usos.
A cor laranja, antes de ser chamado por este nome, era
conhecido como amarelo-vermelho. Apenas depois que os
portugueses, no final do século XV levaram as primeiras
laranjas para Europa e foi assim que ela ganhou esse
nome.
Geralmente é a cor mais associada a diversões, o não
convencional, o extrovertido, o calor, o fogo, a energia, a
atividade, o perigo, o sabor e o aroma.
Verde
O verde é a cor da cura, calma, perseverança, tenacidade,
autoconsciência, orgulho, imutabilidade natureza e do
meio ambiente.
No antigo Egito ele era associado ao nascimento e a
regeneração, por conta da sua ligação com os períodos de
enchentes do rio Nilo.
Na Idade Média as classes sociais eram distinguidas
através das cores. O cinza e marrom, por exemplo, eram
usados pelos camponeses. O vermelho era a cor da
nobreza. Já o verde era utilizado por banqueiros, pequenos
burgueses e comerciantes.
O verde é também a cor da entidade conhecida como
Green Men ou Homem Verde, presente na Wicca. Ele é o
deus da colheita e de toda a natureza. Além disso ele está
relacionado aos grãos e todo tipo de agricultura. É o deus
da vida e exerce seu poder no crescimento das plantas,
folhas e frutos.
Geralmente, por todos os motivos citados acima o verde é
tido como a cor da natureza, frescor e harmonia.
Roxo
O roxo é uma cor que significa sensatez, calma e luxo.
Para os católicos está associada à tristeza, penitência e
melancolia. É também a cor do misticismo e da
espiritualidade.
Os fenícios usavam a cor roxa para diferenciar as classes
sociais. A nobreza usada essa cor, que era extraída de um
caramujo em suas roupas e era altamente valorizada por
não desbotar com facilidade.
Tons de roxo podem trazer significados diferentes, como o
violeta, por exemplo, que tem uma ligação profunda com a
feminilidade.
O roxo pode ainda significar erotismo, misterioso, realeza,
nobreza, poder, espiritualidade, cerimônia, sabedoria,
conhecimento, iluminação, transformação, crueldade,
arrogância, intimidade, sensibilidade e luto.
Rosa
O rosa é uma variação do vermelho, após a adição de
pigmentos brancos. O rosa também é conhecido como
vermelho pálido e tem esse nome por conta de uma flor da
mesma cor.
Geralmente o rosa é associado ao amor, a inocência, a
fragilidade, sensibilidade, ternura, doçura e romantismo.
Quando combinado ao preto e ao roxo, ele é associado ao
erotismo. Já quando junto com o branco ganha ares de
inocência.
Esta nunca foi uma cor muito usada no período da
antiguidade, já que a burguesia preferia cores mais escuras
e gritantes como o vermelho.
O rosa teve o seu auge com o advento do movimento do
rococó, o barroco francês, quando as cores mais claras e
em tons pasteis foram usadas com frequência.
Por ser a cor da inocência o rosa é associado aos bebês e
até mesmo ao menino Jesus, que em obras como Cimabue
e Duccio, era retratado com vestes desta cor.
O rosa também é a cor do casamento, da conexão
espiritual entre dias almas.
Preto
Comumente associado a morte e ao luto, a cor preta tem
vários outros significados como nobreza, poder e força.
O preto foi amplamente usados em pinturas no período
paleolítico. O seu pigmento era retirado de ossos e carvão.
No antigo Egito era uma cor relacionada ao deus Anúbis,
conhecido como deus protetor dos males e da morte.
Na Grécia antiga os artistas usavam essa cor para pintar
cerâmicas com fundo laranja.
Entre os séculos XIV e XV o preto era a cor da nobreza.
No século XVI a cor passou a ser usada por todos os
monarcas da Europa.
Com o advento da revolução industrial, o terno de cor
preta se tornou a marca registrada do homem ocidental.
No ocidente o preto ainda é visto como a cor do luto,
geralmente usado em cerimônias funerárias. No oriente o
preto é tido como a cor do nascimento, morte e mistério.
O preto também representa sensualidade, sexualidade,
profundidade, riqueza, elegância, autoridade, formalidade
e sofisticação.
Branco
A cor branca tem várias conotações positivas, está
relacionada com a paz, a calma, a ordem e a limpeza.
No antigo Egito e em Roma, as sacerdotisas usavam a cor
branca para simbolizar a sua pureza.
Geralmente associado ao branco, o unicórnio também era
uma animal mítico que representava castidade e pureza,
inclusive apenas as virgens poderiam vê-lo e tocá-lo.
Em algumas culturas o branco também era associado ao
leite materno.
A deusa Isis também era associada à cor branca. Assim
como as virgens vestais, os sacerdotes de Isis usavam o
branco em várias ocasiões.
A cor branca também significa respeito, juventude, amor,
simplicidade, inocência, humildade, frio, inverno, neve,
algo bom, casamento e nascimento.
Marrom
De acordo com pesquisas feitas na Europa, essa é a cor
menos favorita das pessoas, por estar a associada a sujeira,
a pobreza, a simplicidade ao rústico. No entanto, o
marrom também possuem significados relacionados a
natureza, a terra, a cor dos olhos.
O marrom também pode significar materialismo,
excitação, confiabilidade, conforto, resistência e
confiabilidade.
Dourado
A cor dourada está relacionada a tudo aquilo que indica
riqueza, nobreza, materialidade, além disso, ela pode ser
associada ao erotismo e a confiança, quando combinada
com outras cores como rosa e preto.
Por ter uma ligação direta com o ouro e a sua cor o
dourado acaba assumindo significados ligados a
materialidade mas para algumas religiões como o budismo
e o islã o dourado assume outros significados.
O Buda dourado representa sabedoria, compreensão e
iluminação espiritual. Para o Islã, junto com o verde a cor
está atrelada a ideia de paraíso.
No Hinduísmo o dourado é a cor da sabedoria e da
espiritualidade.
O cristianismo entende o dourado como a cor associada a
divina imagem de cristo.
O dourado também pode significar opulência,
prosperidade, calor e preciosidade.
Prata e Cinza
Encontrado na natureza por um mineral homônimo, a cor
prata é semelhante ao cinzento. Possui significados
semelhantes ao dourado, porém possui aparência menos
nobre.
A prata está relacionada ao glamour, riqueza, fascínio e
elegância. É conhecida como a cor da tecnologia por estar
presente em diversos aparelhos eletrônicos tanto interna
quanto externamente.
O cinza que é semelhante à prata, é intermediário entre o
preto e o branco. É uma cor neutra e geralmente significa
uma cor sem cor.
Na idade média o cinza era geralmente usado pelos
camponeses, por ser a cor das linhas usadas para costurar
o tecido. Por conta disso a cor também passou a ser
associada à pobreza.
Quando o preto passou a ser considerada a cor da nobreza,
o cinza também começou a ser usado com frequência pela
alta sociedade por harmonizar bem com esta cor. Séculos
mais tarde, ela se tornou uma cor muito importante na
moda, o que culminou nos famosos ternos cinza que são
elegantes e luxuosos.
6.4. Tipografia
Imagens do Google
Acervo do autor
Para a construção do logotipo escolhemos manter a
história por trás do nome Adocecasa e que fazia referência
ao conto de João e Maria. Trouxemos uma casa, que
representa uma estrutura sólida, mas também é um lar, e
no seu centro um coração, que assumia a responsabilidade
de passar a ideia de afeto.
Manifestamos o arquétipo no símbolo através das
referências ao conto de fadas, mas também ao que cada
um dos ícones sozinhos representa.
Simbolicamente uma casa representa o interior, ou o
âmago. Mas comumente ela também pode representar o
momento de autor realização do individuo, onde ele
alcança o seu clímax e consegue chegar ao paraíso através
das suas lutas e vitórias.
O coração representa o amor, o afeto, a necessidade de
estar conectado com outras pessoas através desse afeto e
tornar a relação, seja ela familiar ou de amizade em um
verdadeiro lar.
Para os tipos selecionamos uma fonte que é um meio
termo entre cursiva e fantasia para representar o nome
Adocecasa. Isso deu ao logotipo um ar de pureza leveza.
As cores escolhidas para a marca foram o rosa e o
marrom. O rosa, por conta do seu significado ligado ao
amor, ao afeto, a inocência, a leveza. Já o marrom foi
usado em referência ao chocolate que é um dos doces
prediletos da maioria das pessoas.
Finalmente após um longo processo o naming e a
identidade visual da marca ficaram prontos. Enviamos
para a cliente o nosso projeto e explicamos cada uma
dessas coisinhas que eu expus aqui. Deixamos ela pensar
um pouco sobre o que ela queria e se o que tínhamos
criado se encaixava no projeto que ela tinha sonhado.
Após esse contato, algumas alterações foram feitas a
pedido da cliente, no entanto a essência do que pensamos
permaneceu a mesma. E assim nasceu uma marca
arquetípica.
7. Storybrand para marcar arquetipicas
Definição pragmática:
Storytelling é a tecnarte de
elaborar e encadear cenas,
dando-lhes um sentido
envolvente que capte a atenção
das pessoas e enseje a
assimilação de uma ideia central.
Definição pictórica:
Storytelling é a tecnarte de
moldar e juntar as peças de um
quebra-cabeça, formando um
quadro memorável.
Definição poética:
Storytelling é a tecnarte de
empilhar tijolos narrativos,
construindo monumentos
imaginários repletos de
significado.
A psicologia
junguiana tornou-me
consciente de que as
mulheres são
influenciadas por
poderosas forças
interiores, os arquétipos,
que podem ser
personificados pelas
deusas gregas.
- Jean Shinoba
Os signos do Zodíaco também são arquétipos e mantém
uma relação estrita com os mitos helênicos. Cada um dos
12 signos tem uma relação com um planeta, que
mitologicamente representa um Deus e um padrão de
comportamento.
Hoje, os mitos
evoluíram e se tornaram
marcas que empoderam e
emocionam. Filmes,
livros, séries, histórias
que ensinam, trasmitem
conhecimento, mantêm
vivo nosso imaginário.
Atendem a nossa
necessidade do simbólico.
- Hertz Wendel