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A Consciência
O termo “consciência” procede da palavra latina “cum-scientia” que foi
traduzido por Cícero do vocábulo grego “syneidesis”, que equivale ao conhecimento
da culpa própria, quer dizer, a dimensão introspectiva da consciência moral. Mais
tarde também assimilará a significação da ética de uma espécie de estrela guia para a
conduta futura.
“Syneidesis” como “cum-scientia” tem o significado de uma “relação
cognitiva com”, especialmente com a culpa do próprio sujeito. “O conhecimento
ordenado e claro do próprio saber é o dado definidor da consciência”. Porém, esse
saber próprio não tem porque excluir a culpa própria.
O conceito de consciência psicológica aparece muito mais tarde que o
consciência moral e representa uma extensão de todas as classes do saber. A
consciência psicológica, no sentido atual, é uma “pan-syneidesis”, quer dizer, uma
consciência moral secularizada e desacralizada, com o que toma um âmbito global.
Para Brentano a marca distintiva dos fenômenos psíquicos é a intencionalidade,
a relação que a consciência mantêm com algo que se oferece a título de objeto. Esse
objeto nào necessita ser existente em si mesmo. Um centauro é tão objeto da minha
consciência como um livro que se encontra na minha frente. Quando Brentano afiram
que toda consciência é consciência de um objeto, ele está não emitindo um juízo de
existência sobre esse objeto e sim afirmando a necessidade de um correlato objetal
para o ato da consciência.
Rosenfeld define “que a consciência é a totalidade da vida psíquica
momentânea”. Esta definição exclui a existência do inconsciente, já que toda a vida
psíquica é circunscrita na consciência. Tem o inconveniente de oferecer só uma
imagem instantânea.
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Jaspers, Karl. Psicopatologia I, pag. 187.
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vem a ser, mais tarde, percebido ou recordado); finalmente, é aquilo que não se veio a
saber”. (pag. 187 Psicopat. I Jaspers)
Para haver consciência clara, é necessário que eu tenha, nitidamente diante de
mim aquilo que penso; é necessário que saiba e queira o que faço; que o vivencio,
minha vivência, esteja ligada ao meu eu; e que eu me mantenha relacionado com a
memória. Se quisermos falar em fenômenos psíquicos como fenômenos conscientes, é
preciso que sejam, num instante ou noutro, acessíveis à nossa observação, o que lhes
permitira subir à consciência clara.
Podemos comparar a consciência a uma luz incidindo no palco: sua intensidade
seria o nível da consciência ou lucidez; a área iluminada o campo da consciência; “os
atores” iluminados seria o campo da consciência ( o pensamento, afetos,
representações) dos quais se toma conhecimento, neste determinado momento. A
penumbra, próxima ao campo iluminado, seria o pré-consciente, reunindo atores que
poderão entrar em cena a qualquer momento (lembranças). A área mais distante, na
obscuridade, seria o inconsciente; atividade psíquica da qual não nos damos conta mas
é capaz de influenciar nossa atividade psíquica consciente.
Podemos dizer contudo que, no campo da consciência não há uma claridade
uniforme. Sobre sua porção central se projeta a atenção, voluntária ou
involuntária. Os elementos psíquicos enfocados pela atenção aparecem nítidos, claros
e ordenados. A faculdade da atenção vem a ser uma espécie de raio luminoso
constitutivo da consciência. A claridade de uma vivência está condicionada ao
desdobramento da atenção. A atenção se encontra em conecção com a consciência; o
objeto da atenção é sem exceção um conteúdo da consciência. A atenção está
dirigida sempre sobre algo consciente. Neste “dirigir-se” sobre algo existe ainda uma
qualidade de impulso, um componente de ação que está contido na consciência.
Estados da consciência
O estado da consciência, no todo, ou seja, nossa vida psíquica momentâneo
total ainda pode apresentar graus diversos, passando pelos estádios de nitidez,
obnubilação, turvação, sono, coma. Figuradamente, podemos considerar a consciência
uma onda, cuja crista é a consciência clara, nítida, crista que vai baixando, à medida
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que a consciência diminui, até que a onda completamente se aplaina com a perda
daquela.
Nitidez e clareza sensorial - O que chamamos lucidez é o estado em que,
apesar de faltar um afeto mais intenso, os conteúdos conscientes possuem claridade e
nitidez médias e em que o curso da vida psíquica se apresenta ordenado e vinculado a
imagens-alvo. São sinais objetivos da lucidez a orientação, bem como a capacidade de
responder a perguntas e de prestar atenção. Se progredir a alteração do estado psíquico
total, mais difícil é entrar em contato como o paciente.
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mais importância psicopatológica que o espaço. Não é raro entretanto que ambas as
vivências se alterem.
1) Os êxtases - O êxtases comporta a alteração de ambas as vivências. Existe
um êxtases não patológico que se subdivide em êxtases místico ou transcendente e
êxtases cósmico ou telúrico.
1.a) O êxtases místico, cujo modelo mais representativo está encarnado em
distintos momentos de São João da Cruz e Santa Teresa d’Avila, a alma se desentende
do mundo e em virtude de uma ascensão espiritual, se instala na presença da
Divindade. O êxtases é precisamente a saída de um fora de si mesmo. “Na experiência
mística a alma queda frente à Divindade”.
1.b) O êxtases cósmico, o sujeito se sente fundido com o mundo exterior.
Podemos dizer que o êxtases é um estado emotivo em que o sujeito se põe fora de si,
em um sentido figurado, a vivência mais íntima dele, a vivência de seu próprio eu, sai
de si. A estrutura do êxtases figura outro momento: a vivência da detenção do tempo.
1.c) A vertente psicopatológica do êxtases figuram certos estados
esquizofrênicos e epilépticos e a mania endógena. O traço comum dos êxtases
psicopatológicos consiste em que o eu se desprega de si mesmo para fundir-se com
certas experiências delirantes e alucinatórias, de iluminação e revelação, que
integram o mundo psicopatológico.
2) Orientação têmporo-espacial
A orientação no espaço e tempo é um rendimento psíquico de grande
complexidade que exige colocá-los em relação com vários dados psíquicos. Só se
pode estar bem orientado se funcionam bem os seguintes dispositivos psíquicos: a
memória (a capacidade de fixação e evocação), a atenção, o pensamento racional e
a compreensão.
A desorientação têmporo-espacial é característica da confusão mental. O
confuso perdeu, mais ou menos a completamente, a capacidade de se situar nos
lugares e na ordem cronológica (datas, calendario, horas). Está desorientado como
nos acontece ao despertar, quando não sabemos mais onde estamos e como nos
encontramos. Esta desorientação comporta ao mesmo tempo uma perda da orientação
temporal, da orientação espacial e também do que chamamos a orientação
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ATENÇÃO
A atenção é uma função psíquica diretamente relacionada com a consciência. É
a atenção que condiciona a claridade da vivência. Quando há um distúrbio primário do
campo ou do nível da consciência vamos encontrar necessariamente uma alteração na
atenção. Entretanto um distúrbio primário da atenção não implica necessariamente em
um distúrbio da consciência. É a capacidade da consciência de focalizar, destacar,
realçar acontecimentos ou representação dentre vários da realidade consciente.
Há dois tipos de atenção:
1) Atenção espontânea, ou vigilância - consiste em destacar sons, atos, fatos
etc. que tenha importância por si mesmos ou que ameacem o indivíduo. É reflexa e
corresponde a um sinal disparado pelo próprio fenômeno interno ou externo. Os
distúrbios da vigilância podem ser:
a) Hipervigilância - o indivíduo está em estado de alerta, atento a todos os
estímulos, o que acarreta uma falta de concentração em detrimento do excesso de
vigilância ou seja uma hipotenaciadade. Ocorre nos quadros maníacos e em pessoas
que fazem uso de drogas euforizantes.
b) Hipovigilância - menor capacidade de estar atento ao mundo circundante;
Ocorre em todos os quadros de rebaixamento da consciência, obnubilação; no
deprimido e pacientes com fadiga intensa.
2) Atenção Voluntária ou tenacidade- Está condicionada à vontade de dirigir a
atenção para algo específico. É concentrar-se.Os distúrbios podem ser:
a) Hipertenacidade - consiste na concentração intensa de forma duradoura em
relação a uma determinada situação em detrimento de outras. Ocorre nas pessoas
normais que conseguem concentrar-se em um estudo e nos deprimidos que têm uma
hipertenacidade dirigida para os seus pensamentos de ruína, culpa e morte - há aqui
portanto uma hipovigilância.
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Fixar Armazenar
Memória de Fixação (anterógrada - fatos recentes)
1) Alterações Quantitativas:
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2) Alterações Qualitativas
Paramnésias, são perturbações no reconhecimento; o fato recordado não
corresponde ao objeto real de fixação.
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A CONSCIÊNCIA DO EU PSÍQUICO
a) Consciência da Atividade do Eu
A consciência do eu está presente em todos os processos psíquicos: o “eu
penso” acompanha todas as percepções idéias. Em toda a vida psíquica em que há o
aspecto de ação “minha”, do “eu”, do “pessoal”, ocorre o que se denomina
personalização: é meu pensamento, motricidade. Tudo o que a pessoa faz é ela ou é
dela.
Se ao contrário, esses elementos psíquicos aparecem com a consciência de não
me pertencerem, de serem estranhos a mim, de serem automáticos, de surgirem de
outra parte, chamam-se fenômenos de despersonalização: não sou dono das coisas
que realizo.
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O dar-se conta da unidade do “eu” implica em saber-se que sou um, num mesmo
momento. A alteração da consciência da unidade do “eu” leva a vivência do seu
desdobramento, de ser dois a um só tempo - ser homem e ser mulher, ser João e José,
simultaneamente.
As Dissociações: vivência de cisão de si mesmo, o eu se vivencia dividido e no
entanto, é um só. Vive em dois contextos de sentimento, tem conhecimento de ambos.
“Porque eu sou cordeiro, sou Abel e Caim naquele livro amarelo”
c) Consciência de Identidade
Consciência de ser o mesmo na sucessão do tempo. Reconhecer-se no passado,
presente e futuro. Nas alterações da consciência de identidade o paciente sente que
continua sendo “um” mas não o mesmo um de antes; agora é outro.
d) Consciência do Eu em Oposição ao Mundo Externo
É a diferenciação ou a noção de limites entre o que é “eu” e o que não-eu.
1) No Transitivismo o indivíduo sente-se algo do mundo exterior passando a
fazer parte do “eu”; Parece que os pacientes se identificam com os objetos do mundo
externo. Sofrem sob as maquinações dos outros; “Senti o latido de um cão como um
contato doloroso no meu corpo; o cão estava ali latindo, meu eu sofria de dor”.
“Agora mesmo eu era um rodela de laranja”.
2) Sonorização ou Divulgação do Pensamento - vivências em que é sentida a
clara supressão dos limites entre o “eu” e o “não-eu” ou seja, algo que, até então, era
só do “eu” passa a ser do mundo dos outros, independente da vontade do “eu” não
mais se encontram barreiras (do “eu) para impedi-lo.
“ O senhor ouviu a minha voz, minha voz..., isto tudo estava saindo pelo rádio”.
“Você já sabe a resposta do que está me perguntando” - eu penso e
simultaneamente todos sabem o que eu penso”.
Da mesma forma que algo do “eu” pode “sair”, também coisas externas podem
“entrar”, impor-se ao “eu” por não encontrar barreiras: ocorrem então os pensamentos
impostos (já referidos no tópico anterior), ou idéias de influência, quando os pacientes
afirmam estar influenciados e dirigidos por pensamentos de outras pessoas, ação de
aparelhos, etc.
Estes sintomas ocorre nas seguintes patologias:
Psicoses esquizofrênicas
Intoxicações por psicodislépticos (heroina, morfina)
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Senso-percepção
1 - Conceituação
Quando um estímulo gera uma excitação nervosa, suficientemente intensa para
atingir a consciência, dá-se uma sensação. Nem todas as excitações das terminações
nervosas chegam à consciência - por exemplo, aquelas que provocam mecanismos
reflexos.
A sensação não se apresenta de modo puro, não é apenas um fato físico, mas
também um fato psíquico. Uma sensação luminosa vermelha contém duas qualidades
- uma frente aos outros órgãos do sentido (é luz e não som); e uma qualidade dentro
do próprio setor sensorial - é cor e não é apenas luz.
Percepção é a sensação elaborada; é a apreensão de situações objetivas baseadas
nas sensações, sendo esta apreensão acrescida de representações, juízos, significados e
qualidades - tudo isso em um ato único. A percepção é uma apreensão psíquica total
que contém em si a sensação, a recordação e a elaboração intelectual ver a cor branca
é sensação; ver uma folha de papel branco é percepção; e quando se realiza a
identificação de um grupo de sensações e percepções, mutuamente relacionadas entre
si com outras anteriormente adquiridas, tem-se a apercepção. Em um pintura, por
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c) Pareidolias são ilusões que ocorrem quando, sobre uma percepção que não
tem significado e que é incompleta, se constróem ilusoriamente, figuras definidas.
Exemplo: Lâminas de Rocharchd.
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3.11 - Alucinose:
A alucinose foi descrita por Claude e Henri Ey, se produz como procedente de
fora do sujeito sem no entanto haver a crença objetivante. O indivíduo que
experimenta uma alucinose tem uma percepção por um estímulo patológico que não
corresponde com nenhum objeto ou coisa real externa, atual ou presente; porém, a
diferença com a alucinação é o fato do paciente conservar seu juízo de realidade,
sendo capaz de criticar e de reconhecer a falsidade e a irrealidade da mesma,
considerando-a como algo anormal. Tal transtorno no sentido puro se apresenta
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Pensamento
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A - Conceito
Os conceitos representam o conteúdo significativo de determinadas palavras, as
palavras não são os conceitos, mas unicamente signos, os símbolos das significações.
O conceito implica sempre em uma representação e é estabelecido a partir de quatro
funções:
1) Percepção: a percepção é a matéria prima para o pensar; os sentido percebem
um objeto particular. Implica a função psíquica da atenção, pois é necessário lucidez
para uma gestalt para a percepção;
2) Abstração: separam-se os atributos do objeto. Implica em inteligência
(analisar coisas diferentes e encontrar coisas em comum);
3) Comparação: Comparam-se os atributos do objeto percebido com os de
outro objeto;
4) Generalização: a partir dos atributos comuns forma-se uma nova
representação.
A psicologia clássica empregou o termo ideação para designar o processo de
formação de idéias e conceitos. Corresponde à passagem dos dados concretos
particulares da experiência fornecidos pelas sensações, para a noção mais abstrata e
geral, graças aos processos de abstração e generalização.
Alterações Conceituais:
Desintegração e condensação dos conceitos. Só encontramos a ampla
desintegração dos conceitos na vida psíquica esquizofrênica. Nesses casos, não é raro
que a palavra se desprenda, por completo, de sua significação propriamente dita;
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B) Associação de Idéias:
Chamamos de associação de idéias à função psíquica encarregada do
estabelecimento da relação entre diversas representações e dados do conhecimento.
Associação de idéias e curso do pensamento gozam de tal sinergia, e relação
recíprocas, que sua separação não é fácil. A Associação de Idéias engloba dois fatos
distintos:
a) União Associativa – simples conexão passiva que se estabelece entre dois
ou mais dados do conhecimento, que tenham sido simultaneamente objeto da nossa
consciência, integrando uma vivência ou experiência subjetiva. Processo inconsciente
e mecânico que resulta sucessão elementar de representações.
b) Integração Significativa – estabelece união entre dados do conhecimento
que possuem atributos comuns; daí resultam novas unidades ou elementos de
conhecimento, que facilitam a integração das experiências concretas, em conceitos
abstratos e universais. Constitui processo consciente, que obedece à lógica e conduz à
formação de um novo e complexo elemento psíquico. São as integrações significativas
que permitem o conhecimento do objeto, o descobrimento do que há de essencial nele.
A elaboração da idéia do objeto, estabelece ordem na vida psíquica, que povoada de
conceitos adquire atributos de Lógica.
São Quatro Leis que regulam o processo associativo (Aristóteles):
1) Lei de associação por continuidade temporal ou contemporaneidade:
conteúdos representativos correspondentes a estímulos simultâneos tendem a ser
evocados conjuntamente. Ex.: associa-se raio a trovão.
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linguagem não acompanha o que ele pensa. A diminuição do tempo psíquico, que
caracteriza os estados de excitação maníaca, acompanha-se frequentemente da
chamada Fuga de Idéias, variam continuamente o tema do discurso, que perde a
coerência e a ordem do pensamento normal.
Aparecem frases sem nexo, dando a impressão de que as idéias “fugiram” antes
de serem comunicadas: é como se ocorresse uma enxurrada de associações e o
indivíduo não tivesse o tempo físico de verbalizá-las.
Essas associações automáticas dão-se por:
a) Assonância - o paciente fala rimando; morte, sorte, norte, etc.
b) Semelhança ou contemporaneidade entre temas ou por contiguidade.
Exemplo: “Boa tarde! Sim, boa tarde, se a vida é tão doce como mel. Gosta
também de açúcar? - fábrica de açúcar - a cana e a corda - não que enforcar-se?
Você assassino - pai do assassino - o colarinho - o colarinho da camisa - branca
como a neve é a inocência - Ah, a ingênua inocência! - moela - pata, pata de
cachorro, pata de gato - língua de gato - que tem gosto de chocolate de hospício -
onde estão os loucos.”
Na Fuga de Idéias as relações entre um e outro termo da cadeia associativa
conservam-se, mas são tão superficiais que o conjunto se mostra aparentemente
incompreensível e disparatado.
Esse caráter distingue o fenômeno em questão da Desagregação do
Pensamento, em que há um verdadeiro despedaçamento ou fragmentação dos cursos
associativos, sem qualquer coerência lógica, não só no conjunto, como nos próprios
termos.
Mutismo - Quando a aceleração do pensamento é muito grande pode ocorrer o
mutismo - percebe-se pela aceleração do humor exaltado.
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uma simples frase: caracteriza-se então, o que se rotula como “salada de palavras”.
Convém distinguir a desagregação da atividade simbólica, pela qual se traduz o
pensamento mágico; nessa última incoerência é apenas aparente, pois decifrada a
linguagem simbólica, o pensamento torna-se inteligível. Na verdadeira desagregação,
não só desaparece a síntese e coerência lógica como se rompe a estrutura de cada
idéia. Ocorre na esquizofrenia com lucidez da consciência e é uma das características
básicas (esquiso, dividido; frenus, pensamento).
Exemplo: Eu tenho sabe o que? Aquele ... problema de ... quando tinha 14 anos,
aquele problema ... e ... primeiro hospital que internei foi Galba Velloso. Depois foi
André Luiz. Já fiz uma canção com ... André Luiz e fui para casa e com a idade de 14
anos eu ... tinha ... aquela .... necessidade de pegar mulher e fui tarado, e agora ...
hoje ... eu quero perguntar ... mas ... 50 dúzias de amendoim e uma mulher, tem de
dividir no meio ... dá 10 torradas de amendoim sabe?
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que são introduzidas como material de recheio, para preencher as falhas na evocação
de novos elementos ideológicos. Pode ocorrer nos estado de inibição do pensamento,
na esquizofrenia catatônica e nos débeis mentais; como recurso para esconder a
pobreza dos conceitos ideológicos. Exemplo:
“Todos se sentam para comer, homens e mulheres. É um lugar bem grande. A
quantidade que me dão para comer, não poderia comer. Tentei ser apresentável,
exemplar. O que me deram para comer, eu me sentava e comia devidamente,
procurava fazer certo. O material da comida que dão, parecia estar bem depois do
tempo; era velho. Todas as outras mulheres receberam muita comida ou comidas e
comeram tudo. Então pensei que talvez alguma coisa estivesse errada com vocês”.
7) Incoerência – É a quebra dos laços associativos entre uma idéia e outra, que
destróem a ordem e o curso normal do pensamento lógico. Ocorre em pacientes com
turvação da consciência - confusão mental - é um distúrbio secundário ao da
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1) Percepção delirante:
Representa a forma fundamental do delírio esquizofrênico. Define-a deste
modo: quando há uma percepção real e normal é atribuído um novo e absurdo
significado, na maioria das vezes auto-referencial; a significação delirante é
experimentado pelo paciente como imposta; a significação não é só estranha, como
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Delírio
Conceito de Delírio
A palavra delírio foi criada para designar os desvios mórbidos do juízo (do
grego de-fora, liros-sulco).
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procuram descobrir significados, que decifrem o enigma, que afinal está dentro deles
mesmos. Tudo passa a ter sentido oculto, que é pressentido pelo doente, não chega a
ser definido de modo claro, o que aumenta cada vez mais a confusão.
9) Delírio Místico
Embora caracterize na superfície por idéias de natureza religiosa, que podem ser
tão intensas que levam a um estado de êxtase, esse delírio não raro encobre
preocupações de natureza erótica acompanhando-se de sensações cenestésicas e táteis,
cujo caráter sexual é evidente. Podem aparecer nos estado crepusculares epilépticos,
nas psicoses tóxicas, na esquizofrenia, na histeria.
10) Delírios de Grandeza
Caracteriza-se por aumento subjetivo de todos os valores relativos a sua
personalidade: acredita-se poderoso, rico, forte, belo, amado. A megalomania pode ir
a tal ponto que o indivíduo declare ser capaz de modificar os próprios seres vivos, dar
vida e a morte, influenciar o próprio Deus. A personalidade se expande, orientada para
uma atitude dominadora e rebelde.
11) Delírio Reformador
Preocupações relativas a modificação da realidade ambiental. Planos de reforma
da humanidade. Não se limita a fantasiar planos idealistas, ou vazá-los no papel, mas
trata de propagar as suas idéias por todos os meios ao seu alcance. As idéias são mais
ou menos sistematizadas e apresentadas misturadas com citações e dados selecionados
em fontes filosóficas, religiosas (Bíblia).
12) Delírio de Invenção
Na base dos princípios corretos extraídos de livros científicos, o inventor
delirante chega a obtenção de resultados falsos, que são refugados. Na maioria trata-se
de invento com escassa finalidade prática, cujo importância teórica é acentuada pelo
seu autor.
13) Delírio Querelante ou Reivindicador
A partir de determinado acontecimento, ligado a frustração de desejos pessoais,
o querelante desenvolve atividade intelectual mórbida, que absorve a atenção, toma-
lhe o tempo e o afasta cada vez mais da realidade, com objetivo de reparar a injustiça
que lhe foi feita – Paranóia, esquizofrenia paranóide e nas síndromes paranóides em
geral.
14) Delírio de Ciúmes
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Sobre este ponto fundamental devem-se consultar as discussões de Bonneval sobre a psicogênese das
neuroses e das psicoses, 1947 (C.R., Desclée de Brouwer, Paris, 1950).
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Relatório de Henri Ey ao IV Congresso Mundial de Psiquiatria, l%d (lr»tii unil rm: Eviil. Psychiat.,
1970, 1-37).
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As principais obras de L. BINSWANGER, em alemão, são principalmente Grundformen und
Erkentniss menschleschen Dasein e os famosos casos de esquizofrenia reunidos na obra
"Schizophrenies" (1957). Alguns (o caso Suzan Urban) foram traduzidos para o francês (Kuhn, ed.
Desclée de Brouwer, Paris, 1957) e na coleção de textos reunidos e traduzidos por J. VERDEAUX e R.
KUHN (ed. de Minuit, Paris, 1971). Por exemplo, quando ele escreve (Trad. Verdeaux-Kuhn, págs.
259-260), em 1958, referindo-se a HABERLIN, que na neurose como na psicose "a doença se
exterioriza necessariamente no plano psíquico e físico... No segundo caso, a relação normal entre o
corpo e o espírito (kornonia) está perturbada... (sendo este distúrbio) o fracionamento da unidade das
possibilidades do ser da presença... A análise existencial não pretende nem pode ser tomada sob a
concepção psiquiátrica da realidade, nem colocar em dúvida as relações 'psicofísicas' baseando-se
empiricamente nela" (págs. 260-261). Falando de uma maneira mais geral, ele acrescenta e conclui: "O
ser psiquiatra" não pode ser compreendido sem a compreensão da transcendência, enquanto liberdade
para o fundamento. Se nós citamos assim algumas frases, de fato fundamentais, de L. Binswanger, foi
para mostrar de maneira clara que quando o "ser psiquiatra" só acontece verdadeiramente frente ao
delírio, a antropologia existencial não exclui, porém exige, a totalidade organodinâmica da existência
delirante, visada e sob os cuidados da consciência do psiquiatra
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exatamente, da queda das funções psíquicas que asseguram a hierarquia das funções
do real. ( Henri Ey , 1980, pág. 528 - 530)
Afetividade
A palavra afeto implica numa situação de ser afetado, ou seja, o ser afetado
implicaria numa qualidade de prazer ou desprazer.
A Afetividade compreende o estado de humor, os sentimentos, a emoções e as
paixões.
A afetividade penetra todos os demais aspectos da atividade psíquica,
influenciando decisivamente a percepção, a memória e o pensamento, a vontade e as
ações. É artificial a divisão da vida psíquica em processos afetivos e intelectuais: todo
processo intelectual evoca sentimentos, os sentimentos despertam recordações e
regem o modo de pensar. Na realidade, nunca se reage com apenas um determinado
afeto, a um fato-vivência isolado ou a uma representação: um afeto corresponderá,
sempre, ao psiquismo atual e à sua totalidade.
A) Emoções Primárias
São complexas manifestações psicológicas caracterizadas por súbitas e
profundas rupturas do equilíbrio afetivo, com repercussões concomitantes ou
consecutivas, leves ou intensas, mas sempre de curta duração, sobre a
individualidade da consciência e sobre a atividade funcional de diversos órgãos e
aparelhos do indivíduo. Há sempre um correlato fisiológico da emoção (motora,
secretora, viceral, vasomotora, etc).
A Emoção de Choque, Emoção colérica são consideradas primárias, integrantes
do nosso patrimônio afetivo básico ou original. Encontram-se a serviço da
sobrevivência individual, portanto ligadas ao instinto de conservação.
B) Paixão
A paixão é a tendência predominante e geralmente exclusiva, que exerce, de
maneira mais ou menos constante, uma ação diretriz sobre a conduta e o
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C) Os sentimentos
O sentimento é um estado afetivo atenuado, estável, duradouro.
Kurt Scheneider considera os sentimentos “estados do eu”, que não podem ser
controlados pela vontade e que são provocados por nossas representações. Os
estados afetivos são geralmente revestidos de ricas e nobres tonalidades intelectuais
e morais, nem sempre acompanhados de sintomas somáticos concomitantes.
Para compreender bem isto, imagine se contrapor um sentimento puro a uma
percepção visual. A percepção permite a descrição daquilo que a pessoa tem diante de
si: paisagem ou casa. Isto ocorre em razão de se estar experimentando algo que é
reação a um estímulo externo e objetivo. Os sentimentos, ao contrário, quando alguém
diz que está alegre, que está triste, que está colérico, descreve não uma paisagem
exterior mas uma paisagem interior: vale dizer, está designando a maneira de estar
consigo mesmo e é o que se denomina de estados do “eu” ou sentimentos.
Portanto, em contraposição às percepções e ao pensamento, que estão dirigidos à
captação do mundo exterior, o sentimentos revelam estados do “eu”. Raramente são
acompanhados por alterações fisiológicas.
Uma classificação dos sentimentos com base em sua estratificação foi
estabelecida por Max Scheler, que os diferencia em quatro grupos:
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é o mesmo que sentir uma dor. Enfim, trata-se de como está o meu “eu” diante de
uma sensação corporal localizada. É uma sensação qualitativa - agradável ou
desagradável.
Esses sentimentos não devem ser confundidos com as sensações pois os
sentimentos têm uma referência vivida ao eu que os distingue do ato de representar,
querer, pensar.
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C- 4) Sentimentos Espirituais
Estão subordinados aos conteúdos das vivências. São modos de ser e não
modos de estar (“eu sou feliz”; não, eu “estou feliz”). Entre os sentimentos espirituais
se incluem os religiosos, estéticos, morais e metafísicos. Para o nosso objetivo,
descrição de realidade clínicas, não se revestem de importância significativa.
A estratificação dos sentimentos não implica em seu isolamento estanque:
mas comporta a possibilidade de relacionamento entre vários níveis. Assim, por
exemplo, num estado de bem-estar vital, é possível sentir-se uma dor (sentimento
corporal localizado ou sensorial). É, do mesmo modo inegável a coexistência de uma
tristeza vital com uma tristeza motivada (sentimento psíquico ou anímico): por
exemplo, um melancólico (vital) diante da morte de um ente querido (psíquico) - o
enfermo poderá distinguir claramente os dois modos de vivenciar ou experimentar
tristeza. Pelo estudo da fome pode-se verificar como há uma zona de transição entre
os sentimentos sensoriais (corporais localizados) e os sentimentos vitais (corporais
difusos): a fome, de início, se experimenta como um estado geral de corporalidade; à
medida em que se acentua, a referida sensação tende a fixar-se no epigástrio,
acompanhada de sentimento de desconforto ou incômodo (sentimento corporal
localizado).
D) Humor
Para Bleuler, o humor consiste na “soma total dos sentimentos presentes nas
consciência em um dado momento”. É a tonalidade afetiva que acompanha os
processos intelectuais (percepções, representações, conceitos) em determinado
momento, e que varia de acordo com as circunstâncias.
No estado de ânimo há a confluência de uma vertente somática e de uma
vertente psíquica, que se unem de maneira indissolúvel para dar como
conseqüência um colorido especial à vida psíquica momentânea.
O tom afetivo denuncia o humor ou estado de ânimo do indivíduo, como
disposição consciente, ambos passíveis de freqüentes transformações e variações, por
efeito de influências somáticas e psíquicas.
Segundo Kurt Schneider, um dos componentes principais do estado de ânimo
básico é o sentimento geral de maior ou menor vitalidade que se encontra ligado a
múltiplas sensações subliminares procedentes de diferentes órgãos ou regiões do
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E) Alterações da Afetividade
1) Hipertimias: correspondem ao aumento em intensidade e duração, dos
afetos, geralmente associados à aceleração da atividade psíquica a à irritabilidade.
Distinguem-se a euforia e a exaltação afetiva patológica.
a) A euforia simples se traduz por um estado de completa satisfação e
felicidade. Verificam-se elevação do estado de ânimo, aceleração do curso
do pensamento, loquacidade, vivacidade da mímica facial, aumento da
gesticulação, riso fácil e logorréia. A euforia simples é observado na fase
maníaca, nos estados hipomaníacos, na embriaguez alcoólica, na demência
senil, na paralisia geral.
b) Na exaltação patológica há não só a euforia simples, mas, também,
aumento da convicção do próprio valor e das aspirações. Há uma
exaltação do sentimento vital, com vivências de alegria intensa (“euforia”),
hipervigilância, excitabilidade afetiva, por isso irritabilidade, acompanhada
de aceleração do curso do pensamento, que pode chegar à fuga de idéias, e
ocorrer idéias delirantes secundárias, principalmente de grandeza. e certa
facilidade para passar rapidamente do pensamento à ação
Na excitabilidade hipertímica, observa-se uma resposta afetiva (“emocional”)
intensa a estímulos pequenos e banais: o ruído de um telefone parece ter uma grande
intensidade - “como se estivesse dentro da cabeça da pessoa”- além de despertar
reação intensa de repulsa ao ruído, podendo levar à ação, no caso citado, de destruição
do telefone.
Nos estados maníacos, em todo e qualquer outro quadro de excitação e de
agitação, aí se incluindo os de esquizofrênicos, se encontra o exagero em intensidade
da irritabilidade espontânea, ou reativa, dos afetos.
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A) Impulso
Chama-se impulso a uma tendência ou força incontrolável, para agir ou atuar
que não está ligada, diretamente, a qualquer estímulo demonstrável. As ações
impulsivas surgem sem escolha e decisão, e são descargas motoras sem direção,
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sem conteúdo e sem censura. Assim, o impulso agressivo, por exemplo, poderá
desencadear-se de uma tendência em doente que encontrou seu alvo em qualquer
pessoa ou objeto que por acaso, se encontrassem em sua proximidade - tal pessoa ou
objeto, não foram, previamente, escolhidos para serem agredidos - apenas, ali se
achavam, no momento da descarga impulsiva.
Dentre as manifestações impulsivas encontram-se:
- a piromania - impulso a atear incêndios (em epilépticos, psicopatas e
oligofrênicos);
- impulsos hetero e auto agressivos, levando ao homicídio ou ao suicídio;
- a dromamania (tendência a fugas e andar sem destino, em epilépticos,
histéricos e nos portadores de sífilis cerebral);
- a dipsomania - paroxismo irresistível para ingerir líquidos (epilépticos,
melancólicos, esquizofrênicos na fase inicial e em casos de lesão
hipofisária);
- a cleptomania - impulso a se apropriar de objetos alheios (mais freqüentes
no sexo feminino e em personalidades imaturas);
- e as toxicomanias - tendências ao uso de substâncias que alteram o
funcionamento do SNC, (em personalidades imaturas e instáveis, em
manifestações neuróticas nas alterações patológicas do humor).
B) Instinto
As ações instintivas têm origem inconsciente, não sofrem controles conscientes
(ou censura) e têm sempre uma finalidade. O instinto é uma força inata, e
inconsciente, impelindo à adaptação de meios a um fim. É um ato natural que se
cumpre pela ação de solicitações, internas ou externas, ou uma série de atos,
preestabelecidos, para que se atinjam fins úteis, ao indivíduo ou à espécie.
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C) Vontade:
A maneira prática e objetiva, poderemos admitir que vontade é a faculdade de
agir racionalmente. A atividade voluntária é reflexiva, por agir com conhecimentos
de causa; livre, por supor alternativas de escolha, e eficaz, por poder efetivar
decisões.
O ato voluntário compreende três fases:
1- Discussão: ato preparatório, ligado à razão durante o qual se concebem
soluções e são comparados e, avaliados, motivos ou móveis;
2- Decisão (escolha), ato formal da vontade, pelo qual se resolve por uma das
alternativas; e, finalmente;
3- Execução, que é a realização, ou não, externamente, da decisão.
(O impulso encontra um objetivo: o instinto busca seu objetivo; a vontade
impõe o objetivo que escolheu).
Distúrbios da vontade
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Alterações da Linguagem
I – Conceituação
A LINGUAGEM é a “expressão do pensamento por meio de palavras”. A
palavra pode ser falada ou escrita. Estas duas formas de manifestação do pensamento
constituem o último elo da cadeia de processos psíquicos que, iniciando-se a
percepção, terminam com a expressão da palavra falada ou escrita.
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Nesse grupo, incluem-se todas as perturbações que resultam de uma lesão ao nível
de qualquer das partes que intervêm na elaboração e na emissão dos sons, de cujas
articulação resulta a palavra falada. As principais alterações deste grupo são as
seguintes:
a) DISARTRIA
Consiste na dificuldade de articular as palavras, é mais acentuada quando se trata de
pronunciar consoantes labiais e linguais, as quais são omitidas ao dizer as palavras,
ou o enfermo titubeia antes de pronunciá-las.
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b) DISLALIAS
Constituem um grupo numeroso de perturbações orgânicas ou funcionais da palavra
que resultam de malformações da língua, da abóbada palatina e de qualquer outro
órgão de fonação, ou de imperfeita intervenção desses órgãos.
Os sintomas consistem em omissão, substituição ou deformação dos fonemas.
c) AFASIA
É a perda parcial ou total da faculdade de exprimir os pensamentos por sinais e
de compreender esses sinais. Uma perturbação da linguagem caracterizada pela perda
da memória dos sinais por meio dos quais o homem civilizado troca idéias com seus
semelhantes.
Na afasia, embora o enfermo não apresente sintomas de demência acentuada, nem
manifestações de paralisia, nem cegueira ou surdez, acha-se no entanto incapacitado
para expressar o pensamento por meio da palavra oral ou gráfica e de
compreender a palavra falada ou escrita.
e) AFASIA DE WERNICKE
É uma afasia ligada essencialmente à compreensão. Nesse tipo de afasia, observam-
se cegueira verbal, surdez verbal, perturbação da palavra espontânea, da leitura e da
escrita. O afásico do tipo Wernicke consegue falar, mas geralmente, fala numa
linguagem destituída de sentido lógico e pronuncia as palavras de maneira
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defeituosa, ou emite uma série de palavras sem ordem gramatical, o que torna a sua
linguagem inteiramente incompreensível.
f) AFASIA DE BROCA
Todas as modalidades da linguagem estão perturbadas em maior ou menor grau,
mas há sempre predominância da perturbação da palavra articulada, da leitura e da
escrita. O afásico desse tipo não articula nenhuma palavra ou apenas poucas
palavras, não compreende bem, não lê nem escreve bem. Não é apenas um afásico
da expressão, mas também, da compreensão. É do tipo mais comum de afasia.
g)AFASIA GLOBAL
Trata-se de uma forma de afasia que se caracteriza pela perda completa da
articulação da palavra e surdez verbal. Nos casos típicos a dissolução da linguagem
é de tal magnitude que chega a comprometer os automatismos mais elementares. O
déficit atinge de igual modo as funções da compreensão e de expressão da palavra.
Esta forma de afasia é conseqüência de extensas lesões cerebrais. Podem-se observar
afasias transitórias no curso da unemia, diabete, intoxicaçòes, na epilepsia e na
exaqueca:
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a) LOGORRÉIA
Trata-se de um fluxo incessante e incoercível de palavras emitidas sem coesão
lógica, que se acompanha de aceleração do ritmo psíquico e de elevação do estado
de ânimo. É comum em todas as excitações psicomotoras, principalmente nos estados
maníacos e hipomaníacos, e na embriaguez alcoólica.
b) BRADILALIA
Consiste numa diminuição da velocidade de expressão como resultado da lentidão
dos processos psíquicos e do curso do pensamento. Observa-se nas melancolias, no
parkinsonismo pós-encefálico em casos de epilepsia traumática.
c) VERBIGERAÇÃO
Repetição incessante durante dias, semanas e até meses, de palavras e frases
pronunciadas em tom de voz monótono, declamatório ou patético. É observado
nos estados demenciais, em psicoses confusionais e na esquizofrenia, especialmente
na forma catatônica. Bumke registrou este exemplo de verbigeração: “A toda força
para Verdun, a toda força para Verdum. Onde está a porta, onde está a porta, onde
está a porta? Olha o homem, olha o homem. Onde há céu? Filho meu, onde estás?
Vem aqui. Ovelhas e porcos, ovelhas e porcos, vacas e cavalos, vacas e cavalos,
porcos, porcos, vacas. Destruí a má erva. Destruí a má erva. Homens e tudo o que há
no mundo. O que há no mundo. Grande Deus, cuida do teu filho.”
d) MUTISMO
Ausência de linguagem oral. O mutismo tem origem e mecanismos os mais
variados. Nas doenças mentais, é observado nos estados de estupor: estupor da
confusão mental, da melancolia e da catatonia; nos estados demenciais avançados:
paralisia geral e demência senil.
Na esquizofrenia, o mutismo adquire uma importante significação. Pode decorrer,
nesse caso, de interceptação do pensamento, de perda de contato com a realidade,
de alucinações imperativas ou de idéias delirantes de culpabilidade. Com muita
freqüência, os catatônicos não falam nem respondem ao interrogatório, dando-nos a
impressão de que se encerram voluntariamente no mais completo mutismo.
e) MUSSITAÇÃO
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j) ESTEREOTIPIA VERBAL
Consiste na repetição automática de uma palavra, sílaba ou som, que se intercala
entre as frases. É comum nos esquizofrênicos e nos oligofrênicos.
Nos escritos dos enfermos é possível encontrar quase todas as alterações estudadas na
linguagem oral, modificações das letras, modificações da maneira de escrever e
alterações da sintaxe.
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Inteligência
A inteligência pode ser definida como a aptidão geral do indivíduo para colocar,
conscientemente, seu pensamento de acordo com novas necessidades. Vale dizer, a
capacidade geral de adaptar-se a novas situações, mediante o emprego adequado dos
meios ideativos. Segundo maior ou menor tendência a se adaptar a esta ou aquela
situação, pode-se conceituar, definir, uma inteligência como mecânica, verbal,
abstrata, etc.
Sob o ângulo desta conceituação, depreende-se que a inteligência lança mão do
pensamento, da capacidade de abstração e generalização (veja-se item Pensamento),
da memória, da senso-percepção, etc., como condições prévias para o seu bom
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Disturbios da inteligência
Os distúrbios da inteligência assumem importância clínica quando se
caracterizam por desenvolvimento intelectual insuficiente - congênito ou adquirido -
ou por perda da capacidade intelectual já atingida.
No primeiro caso fala-se em oligofrenia; o segundo, em demência.
As oligofrenias podem ser devidas a distrofias ou lesões do sistema nervoso
central (de origem genética, bioquímica, hormonal, tóxica, infecciosa, traumática,
etc.), que se dão ao tempo da concepção, formação embrionária e fetal, à época do
nascimento ou da infância, acarretando falta, ou parada, do desenvolvimento da
inteligência. Diz-se que o oligofrênico é aquele que nasceu e viverá pobre
intelectualmente. Há casos de oligofrenia sem lesões do SNC conseqüentes da
insuficiência de estímulos ambientais - por exemplo, em crianças internadas, por
longo tempo, em hospitais (hospitalismo). As oligofrenias devem ser distinguidas da
falta de escolaridade e da formação rude, peculiar a certos meios sociais: pouca
informação não significa déficit intelectual - assim como o oposto não permite afirmar
inteligência de nível elevado.
Clinicamente, dividem-se as oligofrenias em três tipos: debilidade mental,
imbecilidade e idiotia. Esta terminologia é aqui empregada por ser usada na prática
médica diária além de ser extremamente difícil, clinicamente, diferençar-se um caso
de déficit-intelectual grave de um severo - como são hoje chamados os casos de
idiotia, distinção a ser deita apenas com o auxílio de testes psicométricos.
O portador de idiotia é incapaz de aprender a falar, emite sons ininteligíveis,
não é educável e não aprende a se defender dos perigos naturais, depende de terceiros
para se alimentar; apresenta lesões graves do SNC (anencefalia, etc.) por vezes
acompanhadas de mal-formações de outros órgãos (lesões cardíacas, etc.).
O imbecil é capaz de aprender a falar, de se defender dos perigos naturais, de se
alimentar; mas, não aprende a ler e escrever; é treinável mas não educável, ou
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BIBLIOGRAFIA utilizada:
Introdução à Medicina Psicológica – Iracy Douyle
Semiologia do Estado Mental - Sylvio Magalhães Velloso
Fundamentos de La Psiquiatria Actual – F. Alonso Fernandez
Psiquiatria – A.L. Nobre de Melo
Tratado de Psiquiatria – E. Bleuler
Tratado de Psiquiatria – Henri Ey
Manual de Psiquiateia - Henri Ey
Introduccion a la Psiquiatria – Vallejo Nagera
Curso de Psiquiatria – H.Delgado
Lecciones de Psicologia Médica – Lopes Ibor
Os fundamentos da clínica – Paul Bercherie
Introdução à Medicina Psicológica – I. Doyle
Temas Psiquiátricos – Cabaleiro Goas
Psicopatologia Geral – Karl Jaspers
Fenomenologia e Psicanálise, in Psicose entre nós - Antônio Quinet
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