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Processos

Psicológicos
Básicos

exame psíquico e
consciência
PROF. AUGUSTO FERREIRA
EXAME
PSIQUICO
O exame psíquico é a ferramenta médica para examinar
o estado mental do paciente. Ele avalia as diversas
funções psíquicas a seguir:

consicência, apresentação, atitude, atenção, orientação,


humor, afeto, pensamento, sensopercepção,
psicomotricidade, memória, volição, pragmatismo e
crítica.
COMO É FEITO O
exame psíquico

O exame psíquico pode ser dividido em algumas partes:

• Coleta de dados sociodemográficos, histórico de saúde e


biografia do paciente;

• Exame do Estado Mental

• Avaliação de funções psicofisiológicas


1ª parte do exame psíquico

A primeira parte do exame psíquico será realizado perguntas sobre os


dados sociodemográficos, histórico de saúde e a biografia do paciente.

Para isso deve se perguntar o motivo da pessoa estar ali, história de


internamentos prévios, história familiar, questões de escolaridade e
financeiras.

É importante também questionar sobre uso de drogas, álcool, etc.


2ª parte do exame psíquico

Nessa parte deve realizar o exame do estado mental do paciente: uma


avaliação geral e o exame das funções mentais.

Avaliação Geral
Aparência; Postura e atitudes na situação do exame; Sentimento;
volição; Juízo de realidade

Exame Psíquico
Consciência; orientação; atenção; psicomotricidade; linguagem;
sensopercepção; inteligência e pensamento; humor e afeto
3ª parte do exame psíquico

Nessa parte do exame psíquico, o profissional deve avaliar as


funções psicofisiológicas:

• Sono
• Apetite/dieta
• Sexualidade
1,CONSCIÊ
NC
e suas IA
alterações
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

O termo Consciência origina-se da junção de dois termos


latinos: cum (com) e seio (conhecer), indicando o
conhecimento compartilhado com outro e, por extensão, o
conhecimento "compartilhado consigo mesmo", apropriado pelo
indivíduo (Zenan e cols., 1997).

Na língua portuguesa a palavra Consciência tem pelo menos três


acepções diferentes:
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

A definição Neuropsicológica emprega o termo Consciência


no sentido de estado vigil, que de certa forma iguala a
Consciência ao grau de clareza do sensório. Consciência aqui é
fundamentalmente o estado de estar desperto, acordado, vigil,
lúcido.

Trata-se especificamente do Nível de Consciência


CONSCIÊN
CIA
definições básicas

A definição Psicológica, que a conceitua como a soma total


das experiências conscientes de um indivíduo em um
determinado momento. É a dimensão subjetiva da atividade
psíquica do sujeito que se volta para a realidade. Na relação do eu
com o meio ambiente, a Consciência é a capacidade de o
indivíduo entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer
os seus objetos.
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

A definição Ético-Filosófica é utilizada mais frequentemente


no campo da ética, da filosofia, do direito ou da teologia.
Consciência refere-se aqui à capacidade de tomar ciência dos
deveres éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e
deveres concernentes a essa ética. Assim, a Consciência ético-
filosófica é atributo do homem desenvolvido e responsável,
engajado na dinâmica social de determinada cultura
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

Uma corrente filosófica que se ocupou de modo particular da


Consciência foi a fenomenologia.
Fenomenologia desenvolvida pelo filósofo Edmund Husserl
(l859-1938). A Psicologia Clássica, baseada na teoria sensualista-
empirista, compreendia a Consciência como algo passivo, uma
tábula rasa ou "papel em branco" no qual os objetos do mundo
penetram e imprimem suas marcas, formando as imagens e
representações.
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

Husserl propõe inverter essa visão meramente passiva da


Consciência; para ele, o fundamental da Consciência é ser
profundamente "ativa", visando ao mundo e produzindo sentido
para os objetos que se lhe apresentam.
Não existiria, então, uma Consciência pura, pois ela é
necessariamente "Consciência de Algo". A Intencionalidade, isto
é, o visar a algo, o dirigir-se aos objetos, de modo ativo e
produtivo, é próprio da Consciência, na visão fenomenológica.
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

Neuropsicologia da Consciência

A capacidade de estar desperto e agir conscientemente depende


da atividade do tronco cerebral e do diencéfalo, os quais exercem
uma poderosa influência sobre os hemisférios cerebrais,
ativando-os e mantendo o tônus necessário para seu
funcionamento normal. Várias estruturas do telencéfalo também
têm uma participação crítica na gênese da Consciência.
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

Campo da Consciência

Ao voltar-se para a realidade, a Consciência demarca um campo,


no qual se pode delimitar um Foco, ou parte central mais
iluminada da Consciência, e uma Margem, que seria a periferia
menos iluminada, mais nebulosa, da Consciência.
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

O Inconsciente

Freud chegou à conclusão, ao longo de suas pesquisas, de que


existem duas classes de inconsciente; o verdadeiro inconsciente e
o inconsciente pré-consciente. O Inconsciente Verdadeiro é
fundamentalmente incapaz de Consciência.
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

O Inconsciente

O Inconsciente Pré-Consciente é composto por representações,


ideias e sentimentos suscetíveis de serem evocados pelo esforço
voluntário; fatos, lembranças, ideias que esquecemos, deixamos
de lado, mas que podemos a qualquer hora evocar
voluntariamente.
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

Características Funcionais do Inconsciente

Ele é, embora obscuro, a estrutura mental mais importante do


psiquismo humano. O sistema inconsciente funciona regido pelo
princípio do prazer por intermédio do processo primário em
forma de condensação e deslocamento. É, também, isento de
contradições mútuas e não possui referência ao tempo.
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

Atemporalidade

→ No inconsciente não existe tempo; ele é atemporal. Os


processos inconscientes não são ordenados temporalmente, não
se alteram com a passagem do tempo, não têm qualquer
referência ao tempo. Não existe aqui passado, presente ou futuro
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

Isenção de Contradição

→ no sistema inconsciente, não há lugar para negação ou dúvida,


ou graus diversos de certeza ou incerteza. Tudo é absolutamente
certo, afirmativo.
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

Princípio do Prazer

→ O funcionamento do inconsciente não segue as ordens da


realidade, submete-se apenas ao princípio do prazer. Toda a
atividade inconsciente visa evitar o desprazer e proporcionar o
prazer, independentemente de exigências éticas ou realistas. A
busca do prazer se dá pela descarga das excitações, diminuindo-
se ao máximo a "carga" de excitações no aparelho psíquico.
CONSCIÊN
CIA
definições básicas

Processo Primário

→ As cargas energéticas (catexias) acopladas às representações


psíquicas, às ideias, são totalmente móveis. Uma ideia pode ceder
à outra toda a sua cota de energia (processo de deslocamento) ou
pode apropriar-se de toda a energia de várias outras ideias
(processo de condensação).
1,CONSCIÊ
NC
e suas IA
alterações
alterações normais
SONO E SONHO
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
O sono é um estado especial da Consciência, que ocorre de forma
recorrente e cíclica nos organismos superiores. É também, ao
mesmo tempo, um estado comportamental e uma fase fisiológica
normal e necessária do organismo. Dividem-se as fases do sono
em duas: o Sono Sincronizado, sem movimentos oculares rápidos
(Sono Não-REM), e o Sono Dessincronizado, com movimentos
oculares rápidos (Sono REM).
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
No Sono Sincronizado Não-REM existe a diminuição da
atividade do sistema nervoso autônomo simpático e um aumento
relativo do tônus do parassimpático, permanecendo vários
parâmetros fisiológicos estáveis em um nível de funcionamento
mínimo, tais como as frequências cardíaca e respiratória, a
pressão arterial, o débito cardíaco e os movimentos intestinais
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
O sono REM perfaz de 20 a 25% do tempo total de sono. Não é,
nem um sono leve nem profundo, mas um tipo de sono
qualitativamente diferente. Caracteriza-se por uma instabilidade
no sistema nervoso autônomo simpático, com variações das
frequências cardíaca e respiratória, pressão arterial, débito
cardíaco e fluxo sanguíneo cerebral.

É durante o sono REM que ocorrem a maior parte dos sonhos.


CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Em uma noite normal de sono, as fases Não-REM e REM
repetem-se de forma cíclica a cada 70 a 110 minutos, com 4 a 6
ciclos completos por noite.
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
O sonho, fenômeno associado ao sono, pode ser considerado uma
"alteração normal" da Consciência.

Os modernos laboratórios de sono têm demonstrado que, ao


contrário do que se pensava no passado, sonhar não é algo raro,
infrequente. A maioria das pessoas sonha várias vezes durante
uma noite, apenas não se lembra da grande parte dos seus sonhos.
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Os sonhos são vivências predominantemente visuais, raramente
ocorrendo percepções auditivas, olfativas ou táteis. Em sonhos
eróticos podem ocorrer sensações de orgasmo.
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Para Freud o sonho não é nem um "produto aleatório e sem
sentido de um cérebro em condições alteradas de
funcionamento", nem um "mensageiro de recados do além".

O sonho é um fenômeno psicológico extremamente rico e


revelador de desejos e temores, ainda que de forma indireta e
disfarçada.

Para ele, o conteúdo do sonho tem um sentido.


alterações patológicas

OBNUBILAÇÃO,
SOPOR E COMA
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Rebaixamento do Nível de Consciência

Em diversos quadros neurológicos e psicopatológicos, o nível de


Consciência diminui de forma progressiva, desde o estado
normal, vigil, desperto, até o estado de coma profundo, no qual
não há qualquer resquício de atividade consciente.
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Obnubilação da Consciência (ou turvação):
→ É o rebaixamento da Consciência em grau leve a moderado.
À inspeção inicial o paciente pode já estar claramente sonolento
ou pode parecer desperto, o que dificulta o diagnóstico. De
qualquer forma há sempre uma diminuição do grau de clareza do
sensório, com lentidão da compreensão e dificuldade de
concentração. Nota-se que o paciente tem dificuldade para
integrar as informações sensoriais oriundas do ambiente.
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Sopor ou Topor:
→ É um estado de marcante turvação da Consciência no qual o
paciente pode ser apenas despertado por estímulo enérgico,
sobretudo de natureza dolorosa. Aqui o paciente apresenta-se
sempre evidentemente sonolento. Embora o indivíduo possa
ainda apresentar reações de defesa, ele é incapaz de qualquer
ação espontânea. A psicomotricidade encontra-se mais inibida do
que nos estados de obnubilação.
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Calterações
e suas IA
Coma:

→ É o grau mais profundo de rebaixamento do nível de


Consciência. No estado de coma não é possível qualquer
atividade voluntária consciente. Além da ausência de qualquer
indício de Consciência, podem-se verificar, no estado de coma,
sinais neurológicos de lesão neuronal.
síndromes patológicas

D E L I R I U M , E S TA D O
ONÍRICO, AMÊNCIA
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Delirium

→ é o termo mais utilizado para designar a maior parte das


síndromes confusionais agudas. Trata-se de quadros com
rebaixamento leve a moderado do nível de Consciência,
acompanhados de desorientação temporoespacial, agitação ou
lentificação psicomotora, ilusões, alucinações, quase sempre
visuais, com flutuação do quadro ao longo do dia e piora ao
anoitecer.
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Não confundir Delirium (quadro sindrômico
por alteração do nível de Consciência) com o
termo "Delírio" (ideia delirante; alteração do
juízo de realidade).
CONSCIÊN
Calterações
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Estado Onírico

→ É uma alteração da Consciência na qual, paralelamente à


turvação da Consciência e à confusão mental, o indivíduo entra
em um estado semelhante a um sonho muito vívido. Geralmente
predomina a atividade alucinatória visual intensa com caráter
cênico. O indivíduo vê cenas complexas, ricas em detalhes, às
vezes terríficas, com lutas, matanças, fogo, assaltos, sangue, etc.
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Há uma carga emocional marcante na experiência onírica, com
angústia, terror ou pavor. O doente manifesta tal estado onírico
angustioso por gritos, movimentos, debate na cama,
apresentando, às vezes, sudorese profusa. Há geralmente uma
amnésia consecutiva ao período em que o doente permaneceu em
estado onírico. O estado onírico ocorre devido a psicoses tóxicas,
a síndromes de abstinência a drogas (com maior frequência no
Delirium Tremens) e a quadros febris tóxico-infecciosos.
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Amência

→ era utilizado na psiquiatria clássica para designar quadros


mais ou menos intensos de confusão mental por rebaixamento do
nível de Consciência, com excitação psicomotora, marcada
incoerência do pensamento, perplexidade e sintomas
alucinatórios oniróides. Atualmente tende-se a designar tanto os
quadros de Estado Onírico como a Amência com o termo
Delirium.
alterações qualitativas

DISSOCIAÇÃO,
TRANSe,
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Alterações Qualitativas da Consciência

Além dos diversos estados de redução global do nível de


Consciência, a observação psicopatológica registra uma série de
estados alterados da Consciência nos quais se têm alteração
parcial ou focal do campo da Consciência. Uma certa parte do
campo da Consciência está preservada, normal, e outra parte
alterada.
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Estados Crepusculares

→ há um estreitamento transitório do campo da Consciência,


afunilamento da Consciência, com a conservação de uma
atividade psicomotora global mais ou menos coordenada,
permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos que
surgem e desaparecem de forma abrupta e tem uma duração
variável, de poucas horas a algumas semanas.
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Surgem, com certa frequência, atos explosivos violentos e
episódios de descontrole emocional. Podem ocorrer em quadros
histéricos agudos, em pacientes epilépticos e em intoxicações.
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Dissociação da Consciência (estado segundo)

→ fragmentação ou divisão do campo da Consciência, ocorrendo


perda da unidade psíquica comum do ser humano. Ocorre com
certa frequência nos quadros histéricos (crises histéricas de tipo
dissociativo). Nesses casos observa-se uma dissociação da
Consciência, um estado semelhante ao sonho (estado onírico),
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Calterações
e suas IA
em geral desencadeado por acontecimentos psicologicamente
significativos (conscientes ou inconscientes) que geram grande
ansiedade para o paciente. Essas crises duram minutos a horas,
raramente permanecendo por dias. Pode ocorrer também em
quadros de ansiedade intensa, sendo a dissociação então vista
como uma estratégia defensiva para se lidar com a ansiedade
muito intensa; o indivíduo "desliga" da realidade para parar de
sofrer.
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Transe

→ Estado de dissociação da Consciência que se assemelha a um


sonho acordado, mas dele difere pela presença de atividade
motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão
parcial dos movimentos voluntários. O estado de transe ocorre
em contextos religioso-culturais (espiritismo, religiões afro
brasileiras, etc.).
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
O transe dito extático pode ser induzido por treinamento místico-
religioso, ocorrendo nele, geralmente, a sensação de fusão do eu
com o universo. Não se deve confundir o transe religioso,
culturalmente contextualizado e sancionado, com o transe
histérico, que é um estado dissociativo da Consciência
relacionado a conflitos interpessoais e transtornos psicopa
tológicos .
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Estado Hipnótico

→ É um estado de Consciência reduzida e estreitada e de


atenção concentrada, que pode ser induzido por uma outra pessoa
(hipnotizador). É um estado de Consciência semelhante ao
transe, no qual a sugestionabilidade do indivíduo está aumentada,
a sua atenção concentrada sobre o hipnotizador.
CONSCIÊN
Calterações
e suas IA
Nesse estado podem ser lembradas cenas e fatos esquecidos e
podem ser induzidos fenômenos como anestesia, paralisias,
rigidez muscular, alterações vasomotoras. Não há nada de místico
ou paranormal no hipnotismo. É apenas uma técnica refinada de
concentração da atenção e de alteração induzida do estado da
Consciência.

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