Você está na página 1de 13

Aula 16/02/2022

No mundo, das 10 principais causas de incapacitação, 5 são transtornos psiquiátricos: depressão, alcoolismo,
esquizofrenia, transtorno bipolar e transtorno obsessivo compulsivo.

O Exame do Estado Mental (EEM):

Exige apropriado treinamento prático e conhecimento teórico embasando-se em um campo de conhecimento


chamado psicopatologia. A entrevista médica deve motivar para a comunicação não verbal olhar, postura, escuta
ativa, empatia), comunicação verbal (linguagem acessível) e compromisso com sigilo e privacidade. A técnica e a
habilidade em realizar entrevistas são atributos fundamentais e insubstituíveis do profissional de saúde em geral e
de saúde mental em particular. Tal habilidade é, em parte, aprendida e, em outra, intuída, patrimônio da
personalidade do profissional, de sua sensibilidade nas relações pessoais. A habilidade do entrevistador se revela
pelas perguntas que formula, por aquelas que evita formular e pela decisão de quando e como falar ou apenas calar.
É atributo essencial do entrevistador a capacidade de estabelecer uma relação ao mesmo tempo empática e
tecnicamente útil do ponto de vista humano. Em um indivíduo delirante, por exemplo, não vai ser interessante já
chegar com perguntas logo de cara. A paciência do entrevistador, a atitude de respeito, criam uma atmosfera de
confiança e empatia, mesmo com restrições de tempo. Isso poderá propiciar o início de um trabalho de boa
qualidade. Muitas vezes não é a quantidade de tempo e sim a qualidade do tempo que o profissional conseguiu
oferecer. Temos que ter foco sempre na qualidade do atendimento. A experiencia e a atitude d profissional, curiosa,
atenta e receptiva, determinaram o quão profundo e abrangente será o conhecimento extraído das entrevistas.

Anamnese:

 Identificação;
 Motivo da consulta;
 História da doença atual;
 História pregressa pessoal;
 História familiar;
 História social;

Exame psiquiátrico: Aparência, atitude, orientação, consciência, consciência do eu, atenção memória, pensamento,
senso de percepção, afetividade, vontade, psicomotricidade, inteligência e exame físico.

Exame físico: avaliação clínica, avaliação neurológica.

 Exames complementares:
 Testes psicológicos.
 Síntese.
 Conclusão/ discussão.

Ao serem colhidas as informações anteriormente discriminadas, já estarão sendo examinadas as funções psíquicas,
independentemente de perguntas ou testes mais específicos.

Aparência: a aparência do individuo pode dizer muito sobre essa pessoa. Aquele indivíduo que falava pouco, que de
repente começa falar demais, pode ser um sinal de esquizo, entre outras situações.

 Limpo.
 Descuidado
 Roupas em desalinho
 Cabelos despenteados
 Emagrecido
 Aparência adoentada

Obs.: associado a outras informações poderão externar mudanças psíquicas ocorridas (confusão mental, etc.)

Como se mostra: indiferente, triste, irritado.


Como reage: atende, aceita, rejeita, coopera, consegue se expressar, está desconfiado, benevolente desinteressado,
catatônico (estado de alteração psicomotora que impede que o indivíduo se movimente normalmente).

Orientação: a orientação surge a medida em que o “eu” se estrutura, a partir de estímulos ambientais, necessidades
internas, percepções, recordações, representações, afetos e juízos. O indivíduo atinge, então condição de vivenciar o
que é o “eu” e o que é não “eu”. Consegue ter a noção do tempo vivido e de sua espacialidade. O exame da
orientação é uma medida sensível de se avaliar a alteração do nível de consciência e comprometimento da memória.
O indivíduo vai dando as informações e você vai avaliando as adequações dessas informações. Ex.: em quanto tempo
você chegou aqui? Se o indivíduo responde, 7 dias, sendo que o indivíduo mora na mesma cidade em que o
atendimento foi feito, essa resposta pode sim ser uma resposta inadequada.

Orientação autopsíquica: quanto a sua própria pessoa. Ex.: perda de orientação quanto à própria pessoa – quem é,
idade, onde nasceu, etc. Isso pode significar quadros demenciais graves, nas confusões mentais intensas, casos
psicóticos onde o indivíduo se julga outra pessoa ou se sente mais de uma pessoa a um só tempo.

Orientação alocronopsíquica: quanto ao tempo e espaço. Apura-se a precisão do tempo vivido – de onde veio,
quem o acompanhou, quanto tempo durou, há quanto tempo se encontra naquele local. É a habilidade de situar-se
no contexto atual em termos temporais, espaciais e situacionais. Ex.: distúrbios afetivos – indivíduo deprimido estará
voltado para os seus pensamentos, vivendo de modo lento e moroso. Nos distúrbios da consciência e memória é
imprescindível fazer avaliação clínica e neurológica.

Principais alterações da orientação:

 Confusional: comum no uso de droga. Vacilação nas respostas.


 Apática
 Delirante
 Dissociativa
 Por Déficit intelectual
 Amnésica (amnéstica)

Vamos investigar o que houve com o indivíduo para analisar se existe uma etiologia aí. Tentaremos estabelecer esse
processo de causalidade.

Consciência: capacidade de “dar-se conta de si mesmo e do mundo externo”. Pode ser atual, momentânea e através
de síntese de vivências passadas. Permite a noção do tempo vivido e de pressupor o tempo que virá e sempre se
refere a algum conteúdo (alguma informação útil), isto é, tem intencionalidade. É a zona clara da vida psíquica.

Dar-se conta =/
Dar-se conta de
a oposição do
algo que ocorre
“eu” ao mundo
no mundo.
externo “não
interior “o que
eu”

Interioridade real da vivência.

Por último, a consciência é reflexiva. A faculdade de refletir sobre si mesmo. Dar-se conta de que está dando conta
de alguma coisa.

Conceitos relacionados com a consciência:

Vigilância ou nível de consciência: é um conceito particular de consciência relacionado com as capacidades


neurofisiológicas que possibilitam o estar em vigília, alerta e com o sensório claro.

Lucidez da consciência: estado claro da consciência, diferentemente do sono e do coma. Os processos psíquicos são
experimentados na intensidade adequada.
Campo da consciência: dimensão horizontal da consciência relacionada com a quantidade de conteúdo abarcados
em determinados momentos.

Nível de consciência: os níveis de consciência são  vigília, obnubilação, sono e o coma. Espera-se que em um
ambulatório, o paciente chegue em um nível de consciência “vigília”.

Alterações quantitativas da consciência: o nível pode variar em um aspecto de processos normais desde o estado
mais desperto, até o coma.

Obnubilação: é o abaixamento do nível de consciência. Promove alterações apenas quantitativas de várias funções
psíquicas; A capacidade de vigilância é diminuída. A pessoa apresenta estado letárgico, sem reação diante de
estímulos exteriores. Tal quadro é frequentemente em lesões encefálicas de várias etiologias.

Consciência de aura alteração do nível e campo da consciência imediatamente antes de uma crise.

Rebaixamento do nível de Consciência: o nível da consciência pode diminuir de maneira progressiva desde quadros
mais leves/ moderados, como na obnubilação ou turvação da consciência, até os quadros mais profundos como o
como que sempre tem uma etiologia orgânica. Nos quadros mais leves/ moderados, podem ser percebidos
sonolência patológica, alentecimento/ lentificação e alterações sensoriais.

Delirium: é diferente de delírio. Também chamado de estado confusional agudo, é uma síndrome clínica
caracterizada por rebaixamento do nível de consciência (RNC), alterações cognitivas e sensoperceptivas de início
agudo e flutuante. Pode ter sintomas hiperativos, hipoativos ou mistos. O mais comum é com o uso de álcool e
drogas. O delirium pressupõe alterações de nível de consciência.

Alterações qualitativas da consciência/ do campo:

 Dissociação da consciência: existe divisão do campo a consciência com perda da unidade psíquica, geralmente
relacionada com fatores emocionalmente intensos. Exemplo: quadros histéricos e casos extremos de ansiedade.
 Estados crepusculares;
 Histérico;
 Ansiedade extrema;
 Pseudocrise epiléptica: corresponde aos estados dissociativos agudos semelhantes a crises epilépticas. Na hora
que ele cai, o indivíduo não machuca.
 Transe: dissociação da consciência semelhante ao sonho, acompanhada de atividade motora estereotipada.
Pode ocorrer dentro da normalidade e estar relacionado a contextos culturais. Ex.: transe religioso.

O diagnóstico não pode ser discriminatório. Existem crenças em que o indivíduo entra em transe e isso faz parte do
contexto religioso do indivíduo.

Consciência do EU: também chamado de self, constitui um aspecto importante da consciência. Tem relação com a
distinção EU/ NÃO EU e a certeza subjetiva de que existimos em um mundo compartilhado, mas que somos
detentores de uma só vida psíquica unicamente nossa, em oposição ao ambiente e às outras pessoas.

O Estádio do Espelho refere-se ao período que se inicia aos seis meses, aproximadamente, encerrando aos dezoito
meses, caracterizado pela representação da unidade corpora pela criança e também por sua identificação com a
imagem do outro (conceito mais psicanalista).

Alterações básicas da consciência do eu:

 Despersonalização: existe a sensação de afastamento, estranheza e falta de familiaridade relacionada com o


mundo interno do EU e nosso corpo. Ex.: quadros dissociativos e de ansiedade extrema.
 Desrealização: existe a perda de familiaridade com o mundo externo, o ambiente que nos circunda. Ex.: quadros
dissociativos e de ansiedade extrema.
 Fenômenos de passividade (alterações básicas mais graves):
Imposição ou inserção de pensamento: pensamentos são colocados na mente do paciente contra sua
vontade.
Possessão: percebe-se um agente externo que habita ou controla o paciente.
Roubo do pensamento: o indivíduo acredita que os pensamentos foram retirados da sua mente. Obs.:
envolve quebra ou borramento entre o EU e o NÃO EU, que são típicas dos quadros psicóticos primários
(quando falamos de quadros primários, falamos de quadros, principalmente, de esquizofrenia).
 Delírio duplo: vivencia delirante em que o paciente apresenta, simultaneamente, uma consciência interna e
outra consciência de fora do corpo (fenômeno subjetivo de duplicação).
 Desorientação autopsíquica: incapacidade de identificar a si próprio.
 Difusão do pensamento: alteração da delimitação do EU. Os pensamentos extravasam a mente tornando-se
acessíveis a todos.
 Egodistonia: impulsos, pensamentos ou atos alheios à vontade do indivíduo. São fenômenos indesejados, de
teor desagradável. Pode ocorrer no TOC. O indivíduo faz por pensar que se não o fizer, algo ruim pode
acontecer. Ele tenta resistir, mas não consegue.

Atenção: é a função seletiva da consciência, composta por vários processos cognitivos e afetivos, que foca certos
conteúdos e exclui os demais. Parece mobilizar habilidades biológicas inatas e pode ser aprimorado por meio de
treino e aprendizagem. Pode ser facilmente influenciada por alterações nas demais funções psíquicas.

Tenacidade: capacidade de manutenção da atenção ou de uma tarefa específica. Deve-se observar a capacidade de
prestar a atenção às perguntas durante a entrevista, sem estar constantemente distraindo-se.

Vigilância: designa a capacidade de voltar o foco da atenção para os estímulos externos. Pode estar aumentada
(hipervigil) podendo haver, neste caso, um prejuízo da atenção para outros estímulos. Pode estar diminuída
(hipovigil) quando o paciente se torna desatento em relação ao meio. A melhor forma de avaliar a atenção é através
da observação durante a entrevista.

Principais alterações da atenção:

 Distração: ocorre hipertenacidade e hipovigilância. Ex.: chegar atrasado e esquecer onde deixou o carro.
 Distratibilidade: existe dificuldade em manter a atenção focada em um objeto. Verifica-se hipotenacidade e
hipervigilância. Ex.: quadros maníacos.
 Hipoprosexia: aumento da fatigabilidade somada à dificuldade de se concentrar. Gera dificuldades psíquicas
complexas. Ex.: raciocínio e evocação de memórias.
 Aprosexia: situação extrema em que ocorre total abolição da atenção.
 Hiperprosexia: estado de atenção aumentada, com tendência a fixar-se prolongadamente de maneira obstinada,
sobre certos objetos. Ex.: quadros obsessivos.

Memória: atividade bastante sofisticada que possibilita o armazenamento de nossas experiências e do


conhecimento que adquirimos do mundo. A neurociência defende a importância da memória na constituição do
sujeito. A memória vai ser dividida em três etapas: fixação/ registro; conservação e evocação.

Tipos de memória:

 Sensorial: que recebe a informação dos órgãos dos sentidos e retem por breve período de tempo.
 Imediata: responsável pelo registro de informações ouvidas nos últimos 15 a 20 segundos;
 Recente: divide-se em de curto prazo (5-10 min) e de longo prazo (mais de 30 min);
 Memoria de trabalho: tipo de memória imediata e muito recente. Ex.: memorizar um numero de telefone.

Memória remota ou de longo prazo: que é responsável pela retenção permanente de informação selecionada. Esta
seleção da memória remota é feita em função do significado emocional e é mais facilmente evocada quando a
pessoa está em situação semelhante à ocasião inicial.

Composta de vários subsistemas distintos: depende de regiões diferentes do cérebro. É responsável por tipos
específicos de informação. Apresenta origens filogenéticas e ontogenéticas próprias. Representam informações em
formatos distintos.
Não declarativa: mais relacionada ao aprendizado motor.

Declarativa: tem relação direta com as habilidades cognitivas e, em geral, podem ser expressas por meio da
linguagem.

Memória depende do humor (MDH):

A MDH refere-se a um aumento da probabilidade de o individuo lembrar materiais que foram aprendidos em um
estado particular de humor. Assim, se uma pessoa ouve uma determinada história enquanto se encontra em um
humor triste ou depressivo, como, por exemplo, em um funeral, esta história (independentemente de seu tom
afetivo) será mais facilmente lembrada quando o indivíduo estiver novamente em um estado de humor triste.

O processo de MCH pode ser dividido em dois momentos:

1) Codificação congruente com o humor.


2) Recuperação congruente com o humor.

Aula 23/02/2022

Alterações Quantitativas da Memória

Hipermnésia: aceleração do nível psíquico  exacerbação da capacidade de memória.

Hipermnésia anterógrada: Consiste numa capacidade exagerada de armazenamento de novas informações.


Geralmente está restrita a uma habilidade específica: memorizar uma grande quantidade de números, nomes;
reproduzir na íntegra uma música ou um texto extenso após terem sido ouvidos uma única vez; ou efetuar cálculos
matemáticos muito complexos.

Hipermnésia retrógrada: ocorre um excesso de recordações num breve espaço de tempo. Embora mais numerosas,
as lembranças em geral são pouco claras e precisas, não havendo controle voluntário sobre elas. Além disso, já ao
mesmo tempo uma hipomnésia de fixação. Em um indivíduo depressivo, por exemplo, essa “habilidade” seria ruim.
Um indivíduo depressivo, por exemplo, pode ficar ruminando um quadro negativo sempre. Como o indivíduo fica
muito ligado as questões memorizadas, ele pode perder muito a atenção no agora.

Hipermnésia lacunar: é observada em pacientes com transtornos de pânico, especialmente em relação à


rememoração do primeiro ataque; e no transtorno de estresse pós-traumático, em relação ao evento traumático.

Hipermnésia seletiva: ocorre na depressão, quanto a fatos dolorosos ou que despertem o sentimento de culpa; na
mania, quanto a sucessos e realizações pessoais; e nos quadros delirantes, quanto a fatos que pareçam confirmar o
seu juízo patológico.

Classificação das amnésias de acordo com a temporalidade:

Hipomnésia e amnésia: perda de memória.

Amnésia anterógrada: o paciente não consegue fixar novas memórias a partir do incidente que causou a lesão.

Amnésia retrógrada: ocorre perde de conteúdos mnêmicos prévios ao adoecimento. Pode ser observada em
quadros dissociativos, principalmente se não houver amnésia anterógrada associada. Geralmente, nesses casos, não
existe quadro de lesões neurais, está mais associado a transtornos de origem psíquica.

Amnésia retroanterógrada: comum após traumatismo cranioencefálico. Consiste em déficit de fixação para
conteúdos anteriores e posteriores ao evento lesivo, com perda neuronal. Memória pregressa e recente.

Alterações qualitativas da memória: (mais psicopatológicas)


Ilusões mnêmicas (alomnésia): Distorções involuntárias de uma memória verdadeira. Pode ocorrer em pessoas
saudáveis por influência de estados afetivos ou por alterações patológicas como delírium e esquizofrenia. Pode
acontecer em indivíduos com traços neuróticos e psicóticos.

Alucinações mnêmicas (paramnésias): Memória de evento que não ocorreu. O paciente vivencia a lembrança falsa
como uma verdade de sua história de vida. Pode ser parte de uma sistematização delirante. (Interpreta um
acontecimento da vida dele em outra situação).

Ecmnésia: recordação extremamente vivida e súbita, beira a alucinação, a que dificulta a separação entre passado e
presente; O paciente revive de maneira intensa eventos do passado. Exemplo: “minha vida inteira passou diante dos
meus olhos”.

Criptomnésia: lembranças evocadas que são percebidas como se fossem um conteúdo novo. A pessoa tem a
impressão de que está tendo aqueles pensamentos pela primeira vez. (Exemplo: Plágio involuntário).

Pensamento: processo cognitivo que abrange uma série de fenômenos que vão desde vivências marcadamente
sensoriais, pouco estruturadas, até aquelas de caráter propriamente intelectivo, com a formação de associações,
abstrações e conceitos que distanciam das experiências concretas e aproximam-se da vida simbólica. O pensamento
normal caracteriza-se pelo respeito a lógica formal, orientando-se seguindo a realidade e os princípios de
racionalidade da cultura na qual o indivíduo se insere. É provido de circunstância, organização e continuidade.

Alterações do pensamento: para entendermos isso, vamos estudar o tipo e estilo, curso, forma, conteúdo (juízo da
realidade) do pensamento.

Tipo e estilo:

Mágico: exemplos: indivíduos com TOC acredita que se não fizer determinada ação, algo ruim poderá acontecer.
Uma nova logica nos esquizofrênicos, capacidade de controlar os atos de alguém.

Dereístico: semelhante ao pensamento mágico, onde tudo é possível, mundo de fantasias/ mitomania (ex.:
transtornos de personalidade e esquizofrenia).

Concreto ou déficit de abstração: indivíduo não consegue entender ou utilizar metáforas (ex.: déficit intelectual,
esquizofrenia).

Vago: os raciocínios são genéricos e imprecisos (ex.: esquizofrenia, quadros demenciais iniciais).

Prolixidade: o paciente prolonga-se desnecessariamente sem conseguir chegar a uma conclusão.

Obsessivo: lembranças ou imagens de natureza intrusiva, egodistônica/ desagradável, muitas vezes recorrentes.

Alterações do pensamento (tipo e estilo): deficitário ou oligofrênico, demencial, confusional, desagregado


(radicalmente incoerente, no qual os conceitos e os juízos não se articulam minimamente de forma lógica.

Curso do pensamento (alterações no processo de pensar):

Aceleração do pensamento (taquipsiquismo): ex.: estados de elevação do humor, esquizofrenia, estados de


ansiedade, uso de psicoestimulantes.

Alentecimento ou inibição (bradpsiquismo): ex.: comum na depressão.

Bloqueio ou interceptação: ex.: quadros psicóticos (roubo do pensamento).

Forma (alterações no processo de pensar):

Fuga de ideias: ex.: típico de quadros maníacos. Fecha um assunto e começa outro, fugindo uma ideia da outra. As
vezes pode até ter uma sequência.
Dissociação: os pensamentos passam progressivamente a não seguir uma sequência lógica e bem organizada.

Afrouxamento das associações: ex.: esquizofrenia e quadros demenciais. Ex.: começa a falar de uma receita e muda
de assunto de forma não coerente sobre o que está falando. Um professor, por exemplo, que sempre deu aula e ao
ser questionado de uma coisa simples, ele responde incoerentemente.

Descarrilhamento: ex.: quadros psicóticos. Extravio do curso do pensamento. Como se o indivíduo estivesse falando
sobre uma coisa e ele muda o contexto totalmente do pensamento.

Desagregação: ex.: perda radical dos enlaces associativos, discurso incoerente. Quadros psicóticos.

Esquizofasia ou jargofasia: ex.: mistura incompreensível de palavras e sílabas desprovidas de sentido. Neologismos,
etc.

Conteúdo (juízo da realidade):

Alterações do juízo de realidades não delirantes

Erro simples: alteração não patológica do juízo da realidade. Muito ligado a preconceitos e superstições.

Ideia prevalente: geralmente é egossintônica com a vida do indivíduo. Costuma ser de acordo com o contexto e
história de vida do indivíduo e contempla convicções menos intensas que as delirantes.

Delírio: alteração do juízo da realidade com a elaboração de “juízos patologicamente falsos”. Não é uma dúvida, não
é uma impressão. O indivíduo afirma aquilo com convicção.

Características fundamentais para a identificação do delírio:

 Convicção extraordinária (certeza subjetiva absoluta);


 Ininfluenciável pela experiência ou por argumentos sensatos;
 Impossibilidade de conteúdo;
 Produção associal.

Delírio primário: não deriva de outra manifestação patológica. Sua instalação é incompreensível. Está associado a
profunda modificação da personalidade e a uma quebra na curva de vida do indivíduo. Classicamente descrito na
esquizofrenia e outros transtornos psicóticos.

Delírio secundário: diferenciam-se do delírio primário pela maior importância da influência do afeto. Também
chamado de ideia deliroide. Resultante de intoxicações, quadros de abstinência, rebaixamento do nível de
consciência e transtorno do humor. Pode ocorrer em casos de “folie à deux” (loucura a dois).

Fases de evolução do delírio (mais no delírio primário):

Trema: é o humor ou a atmosfera delirante. Estranheza que surge no indivíduo com relação ao mundo. Tem a
sensação que algo vai acontecer. Geralmente, a crítica gera conflito.

Apofania: significa revelar-se. Surgimento como grande revelação. A ideia da revelação do delírio (apofania)
constituem o centro da experiência esquizofrênica.

Fase apocalíptica: existe predomínio da desorganização e sintomas deficitários (negativos). Há marcante perda de
ideia de sentido na vida e no mundo.

Vivências e Sistemas Delirantes:

Percepção delirante: significado anormal de uma experiência sensoperceptiva normal.


Cognição delirante: alteração do juízo de realidade surge de maneira súbita, como uma intuição.

Representação delirante: novas interpretações de eventos passados.

Temática do delírio:
- Persecutório:

- De Autorreferência

- Depreciativo

- De grandeza, poder, riqueza, prestígio

- Místico, religioso

- Hipocondríacos

- Passional

- De reivindicação (querelancia)

- De negação

- De ruína

- De culpa

- Sexuais

A linguagem:

A linguagem, particularmente na sua forma verbal, é uma atividade específica humana, talvez a mais característica das nossas
atividades mentais. A linguagem é, portanto, uma criação social de cada um e de todos os grupos humanos. Função
comunicativa. Suporte do pensamento (lógico/ abstrato). Função comunicativa; - Suporte do pensamento (lógico/abstrato); -
Instrumento de expressão (estados emocionais/ vivências internas/ subjetivas); - Afirmação de “eu” (Eu/mundo; eu/tu/ outros)
Dimensão artística e/ou lúdica (expressão de belo, dramático, sublime ou do terrível/linguagem como poesia e literatura).

Alterações da linguagem

Afasia: perda da linguagem falada e escrita geralmente resultante de lesão neuronal do SNC.

Agrafia: perda, por lesão orgânica, da linguagem escrita sem que haja qualquer.

Alexia: perda, de origem orgânica neurológica, da capacidade previamente adquirida para a leitura. Dislexia é uma disfunção
leve de leitura encontrada principalmente em crianças.

Parafrasias (Individuo deforma determinadas palavras. Ex.: Cadeira= “cameila”; livro= “lbro”. Pode ser o início de quadros
demenciais.

Disartria: incapacidade de articular corretamente as palavras devido a alterações neuronais referentes ao aparelho fonador. Fala
pastosa, de difícil compreensão. Disfonia/ Afonia e Disfemia (gagueira) Disfonia: mudança da sonoridade da voz Afonia:
indivíduo não consegue emitir qualquer som ou palavra (aparelho fonador ou defeito de respiração) Disfemia/ Gagueira:
alteração da linguagem sem qualquer lesão ou disfunção orgânica (fatores psicogênicos).

Disfonia/ afonia e disfemia (gagueira)

Disfonia: mudança da sonoridade da voz.

Afonia: indivíduo não consegue emitir qualquer som ou palavra (aparelho fonador ou defeito de respiração).

Disfemia/ gagueira: alteração da linguagem sem qualquer lesão ou disfunção orgânica (fatores psicogênicos).
Alterações da linguagem nos transtornos psiquiátricos:

Logopedia ou Verborreia: Fala acelerada, fluxo incessante de palavras

Bradifasia ou Bradilalia: Fala lenta e difícil;

Mutismo ou emudecimento: Ausência de resposta verbal oral;

Perseveração e estereotipia verbal: Repetição automática de palavras ou trechos de frases.

Ecolalia: Repetição da última ou últimas palavras do entrevistador;

Palilalia: Repetição automática das últimas palavras;

Tiques Verbais e Cropolalia: sons abruptos/ palavras obscenas;

Mussitação: repetição em voz muito baixa, murmurada, sem significado comunicativo;

Glossolalia: fala gutural pouco compreensível;

Pararrespostas: respostas disparatadas com relação ao conteúdo da pergunta;

O sinal extremo de desarmonia das estruturas de pensamento e de linguagem é o desenvolvimento de uma linguagem
completamente incompreensível, uma linguagem provocada (do doente) que ninguém entende, denominada Criptolalia (no
caso da linguagem falada) e Criptografia (no caso da linguagem escrita). Na psicopatologia da criança, ocorrem com bastante
frequência alterações da linguagem.

Sensopercepção: as sensações (tato, olfato, audição) são responsáveis por trazer ao indivíduo informações do ambiente. A
sensopercepção, corresponde, portanto, ao conjunto de processos da realidade aprendida por meio de sentidos.

Falsas percepções:

Ex: "Paciente chega com algodão nos ouvidos, a fim de impedir que ouça as vozes "da sua cabeça" ou seja possui obtenção de
informações (através dos sentidos) diferente do normal.

Ilusão: consiste em uma percepção alterada de um objeto real.

Situações: A) Rebaixamento do nível de consciência; B) Fadiga ou desatenção; C) Estados afetivos intensos; D) Alterações do
sistema óptico; E) Julgamentos equivocados secundários a sugestionabilidade

Pseudoalucinação: é vivenciada no espaço subjetivo. Não tem a mesada nitidez que a alucinação propriamente dita. Podem ser
influenciadas por sugestão.

Alucinose: o paciente reconhece com um evento estranho e anormal. Acontece em quadros psico-orgânicos (alucinações
neurológicas). Podem ser decorrentes de intoxicação, etilismo e lesões estruturais do sistema nervoso central.

Alucinações: Consiste na percepção de um objeto sem um estimulo sensorial correspondente.

- Nitidez - Ininfluenciabilidade (não adianta falar que n existe, porque ele está ouvindo).

- Corporeidade - Extrojeção

- Estabilidade - Completude (o indivíduo está vivenciando aquilo)


Existe interação do indivíduo com objeto alucinado (tenta se esconder, dialogar, retirar algo que sente em sua pele).

Ao despertar (hipnopômpicas) e ao adormecer (hipnagógicas); é normal.

Alucinações nas principais modalidades sensoriais

- Visuais

- Auditivas

- Táteis

- Cenestéticas: alterações de sensibilidade profunda (alucinações viscerais)


- Cinestéticas ou Motoras: paciente sente que está girando (alucinações vestibulares)

- Sinestésicas ou Combinadas: associam duas ou mais funções sensoriais

- Gustativas ou Olfatórias: podem estar associadas a crises epilépticas ou até compor um quadro psicótico.

Afetividade:

 Engloba conceitos- as emoções, os sentimentos e os estados de humor;


 Está relacionada com vários tipos de vivencia psíquica como as sensações, os impulsos e as volições;
 Apresenta também relação estreita com fenômenos somáticos, especialmente relacionados com funções vegetativas e
autonômicas (digestão, sono, sudorese, pressão arterial e ritmos cardíaco e respiratório);

Vivências afetivas normais

O humor é o tônus afetivo em que o indivíduo encontra-se em um determinado instante;

 Emoção-:reação afetiva mais intensa e de curta duração;


 Sentimento: é um estado afetivo mais estável, menos intenso;
 Catatimia: descreve a influência da afetividade sobre as demais funções psíquicas;

O humor, os sentimentos e as emoções podem se tornar os principais determinantes para o funcionamento psíquico como um
todo, inclusive ocasionando transtornos (causas psicogênicas).

Alterações Patológicas do Humor

O humor pode ser entendido quantitativamente como um espectro que oscila abaixo e acima do estado de ânimo normal ou
EUTIMIA (estável). Distimia (mal humor); Euforia.

Alterações Quantitativas do Humor

 Hipotimia: rebaixamento do humor;


 Hipertimia: elevação do humor;

Outros termos utilizados no espectro maníaco

 Euforia: Expansão do Eu (Grandeza /Poder);


 Estado de elação (Alegria Patológica);
 Estado de Êxtase;
 Estados Misto (percebe-se tanto sinais de euforia, quanto de depressão);

Outras Alterações da Afetividade

 Disforia (irritabilidade/ alteração do humor);


 Irritabilidade Patológica;
 Puerilidade (infantilidade);
 Moria - alegria puerilingênua e bôba;
 Hipomodulação do afeto: não consegue sintonizar emoções com o momento;
 Embotamento Afetivo (não consegue fazer laços as vezes);
 Indiferença ou Frieza Afetiva;
 Apatia;
 Sentimento de falta de sentimento;
 Anedoria: incapacidade de sentir prazer;
 Inadequação do afeto (Paratimia): vivência emocional fora do contexto;
 Ambivalência Afetiva: sentimentos contraditórios, direcionados a um mesmo estímulo;
 Neotimia: experiência afetiva inteiramente nova e peculiar;
 Labilidade e incontinência (Idosos, em quadros demenciais, as vezes tem. Está chorando, começa a rir, etc);

Vontade:

Volição: a volição agrega uma série agrega uma série de atividades psíquicas que são direcionadas para a realização de ações.

Ocorrem em várias etapas:

 Desejo;
 Intenção;
 Deliberação;
 Execução.

Aspectos relevantes em psicopatologia:

 Energia vital;
 Motivação Vontade;

Alterações Quantitativas da Volição:

 Hipobulia: redução da vontade /iniciativa;


 Abulia: ausência de vontade/inciativa;
 Hiperbulia: aumento patológico do impulso volitivo.

Alterações Qualitativas da Volição:

 Negativismo: característico dos quadros catatônicos;


 Sugestionabilidade;
 Obediência Automática.

Impulsividade:

 Impulsividade → O ato impulsivo e impensado, pouco planejado, muitas vezes súbito e incoercível. Pode ser um traço da
personalidade com desejo de experimentação e capacidade reduzida de reflexão, precipitação ao ato, intolerância a
frustração e incapacidade de postergar gratificações. Pode ser verificado em transtornos de personalidade, no TDAH e no
transtorno por uso de substâncias.
 Agressividade → Surge pela incapacidade de controle de impulsos, como por exemplo no déficit intelectual. Contrapõe-se
ao conceito de agressividade planejada - modo organizado e premeditado de violência. Pode-se falar também em indivíduos
com agressividade latente; Os impulsos agressivo-destrutivos são episódios de violência física ou de destruição da
propriedade totalmente desproporcionais aos eventos que supostamente, motivaram o agressor a cometer os atos (ex:
indivíduos com transtorno explosivo de personalidade).

Psicomotricidade:

 Alterações de Psicomotricidade: a hipercinesia (agitação psicomotora), pode oferecer risco grave ao paciente e às outras
pessoas.
 Ocorre mais frequentemente durante a fase maníaca do transtorno bipolar, em pacientes esquizofrênicos, na intoxicação
por estimulantes e nos estados de ansiedade.
 O alentecimento (inibição) psicomotor ocorre quando a movimentação voluntaria está retardada, lenta, contida. (Ex.:
quadros depressivos, síndromes demenciais e esquizofrenia). Lembrar ainda dos tiques e das apraxias em quadros
neurológicos.

Quadros psiquiátricos associados a alterações da psicomotricidade


Transtorno Conversivo: Pode mimetizar diversas entidades clínicas que cursam com alterações da psicomotricidade voluntaria
(paraplegia, alterações de marcha, perda de tônus muscular, entre outras), assemelhando-se a síndromes neurológicas, porém
sem os achados somáticos correspondentes.

Catatonia

 É um conjunto de sintomas que inclui várias anormalidades de volição.


 Negativismo.
 Tendência em ficar no mesmo lugar, usualmente deitado.
 Obediência automática.
 Alterações psicomotoras (atonia, catalepsia, flexibilidade cérea).
 Alterações da mímica facial e movimentos estereotipados.

Inteligência:

É um conceito complexo. Não é simplesmente sinônimo da capacidade de acumular conhecimentos, conforme exemplificado
nos casos dos idiotas sábios (idiotssavants). Deve haver um entendimento multifacetado da inteligência, levando em
consideração não só recursos cognitivos, mas capacidade de adaptação ao ambiente, o desenvolvimento de potencialidade e a
criatividade. Sofrem influência de fatores biológicos, psicológicos, da própria personalidade e socioculturais.

A inteligência pode ser mensurada por testes de habilidades intelectuais (Quociente de inteligência QI):

 WAIS-R (WechslerAdultIntelligenceScale);
 WISC-R (WechslerIntelligenceScale for Children);
 SBIS (Stanford-Binet IntelligenceScales), entre outros.

Aproximadamente 68% da população pertence à faixa de 85 a 115.

 QI acima de 130: superdotação.


 120-129: inteligência superior.
 110-119: inteligência acima da média.
 90-109: inteligência média.

Alterações da Inteligência

 Déficit intelectual (leve, moderado, grave);


 Deterioração intelectual ao longo da vida (quadros demenciais e na esquizofrenia);
 Importante lembrar que paciente e psicóticos muito inteligentes tendem á produzir delírios ricos e complexos;
 John Nash tinha 30 anos quando foi diagnosticado com esquizofrenia paranoide.
 Nash ganhou o Nobel de Economia em 1994 por sua teoria dos jogos, ainda válida e útil no campo da estratégia.

O HUMOR E SEUS TRANSTORNOS

OBJETIVOS:

- Introdução - Curso e Prognóstico

- Evolução do conceito - Exames Complementares

- Epidemiologia - Tratamento

- Etiopatogenia - Síntese

- Classificação Diagnóstica - Conclusão/ Discussão

CONCEITO:

- O humor ou estado de ânimo, é definido como o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso em que se
encontra a pessoa em determinado momento.
- É a disposição afetiva de fundo que penetra toda experiência psíquica, a lente afetiva que vai da vivência ao sujeito, a cada
momento, uma cor particular ampliando ou reduzindo o impacto das experiencias reais, e muitas vezes, modificando a natureza
e o sentido das experiencias vivenciadas.

INTRODUÇÃO

- Empregado de modo amplo na medicina, o termo “depressão” significa "redução do funcionamento” e é usado em várias
disciplinas médicas;

- Emil Kraepelin, no século XIX, popularizou e disseminou conceito ao descrever o conceito ao descrever os estados depressivos.

Você também pode gostar