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Introdução à

Psicopatologia
Psiquiátrica
 Exame psíquico
 Apresentação
 Atitude
 Consciência
 Consciência do Eu
 Atenção
 Orientação
 Memória
 Inteligência
 Sensopercepção
 Pensamento e linguagem
 Afetividade e humor
 Vontade e pragmatismo
 Psicomotilidade
 Noção de estado mórbido
 Planos para o futuro
 Súmula psicopatológica
 Síndromes psiquiátricas
Método fenomenológico

Psicopatologia: utiliza o método fenomenológico.


E. Husserl (1859 – 1938), Alemanha.
 Como é possível atingir a objetividade?

 Como é possível que o sujeito alcance com


certeza e evidência uma realidade que lhe é
exterior e cuja existência é heterogênea à sua?
 Para Husserl o psíquico não é o
conjunto dos mecanismos cerebrais e
nervosos e sim uma região que possui
especificidade e peculiaridade.

 O psíquico é fenômeno, não é coisa.


 O fenômeno é a consciência.
 Fluxo temporal de vivências.
 Peculiaridade: imanência e capacidade de
outorgar significado às coisas exteriores.
 A consciência ultrapassa o nível empírico e surge
como condição a priori de possibilidade de
conhecimento: consciência transcendental.
 Fenomenologia: descrição da estrutura específica
do fenômeno, ou seja, do fluxo imanente de
vivências que constitui a consciência.
 Estrutura da consciência enquanto constituinte,
isto é, como condição a priori de possibilidade
do conhecimento.
 A estrutura da consciência é intencionalidade.
Toda consciência é consciência de algo.
 A consciência não é uma substância (alma), mas uma
atividade constituída por atos (percepção, imaginação,
especulação, volição, paixão, etc.) com os quais visa
algo.

 Para Husserl:
→ Noesis: são atos pelos quais a consciência visa algo,
um objeto, de uma certa maneira.
→ Noema: é aquilo que é visado pelos atos, ou seja,
o conteúdo ou o significado desses objetos visados.
 Redução fenomenológica: operação pela qual a
existência efetiva do mundo exterior é posta
“entre parênteses” para que a investigação se
ocupe apenas com as operações realizadas pela
consciência, sem que se pergunte se as coisas
visadas por ela existem ou não realmente.
Psicopatologia => Fundamento do exame
psíquico.
K. Jaspers (1883-1969), Alemanha.
 Utiliza o método fenomenológico na elaboração
de sua “Psicopatologia Geral” (1913).
 O livro nasce da observação de pacientes na
clínica de Heidelberg.
 Diagnóstico em psiquiatria: a partir dos sinais e
sintomas (psicopatologia).

 Através da extrospecção (aparência do paciente)


e da introspecção (anamnese, história).

 Descrição fenomenológica do sintoma.


Procedimento para o estudo dos sintomas:
 Extrospecção

 Introspecção

 Descrição fenomenológica

 Método psicométrico (QI, MEEM p.ex.)

 Exames complementares (sangue, RM p.ex.)

 Método psicanalítico
Anamnese Psiquiátrica
I – Anamnese
i. Identificação
ii. Queixa principal
iii. Motivo da consulta ou motivo da internação
iv. História
 História da Doença Atual
 História Patológica Pregressa
 História Familiar
 História Social e Pessoal
II – Exame físico
III – Exame psíquico
IV – Súmula psicopatológica
V – Diagnóstico sindrômico
VI – Diagnóstico diferencial
VII – Exames complementares
VIII – Diagnóstico nosológico
IX - Tratamento
Consciência
 Def. (Jaspers): A consciência é o “todo psíquico
momentâneo”.
 Diferença em relação à psicanálise, pois não
considera o Inconsciente.
 Consciência em psicopatologia: tomada de
conhecimento da realidade num determinado
momento.
Campo da consciência

Margem ou fímbria
ou franja ou umbral

Foco
 Campo da consciência

 Plano intelectivo (atenção, orientação,


memória, sensopercepção, pensamento)
 Plano afetivo (paixões)

 Plano volitivo (ações no ambiente)


 O exame psíquico começa pela avaliação do estado da
consciência.
 Ao final do exame psíquico você elabora a Súmula
Psicopatológica: resumo com termos técnicos do exame
psíquico.
 Após, segue-se o diagnóstico sindrômico e o
nosológico.
 Assim, todo diagnóstico em psiquiatria parte da
avaliação do estado de consciência.
 Qualquer comprometimento do estado de
consciência torna o quadro muitas vezes menos
grave ou mais grave no sentido do prognóstico.
Ex: comparação entre a ideação persecutória ou
as alucinações na esquizofrenia, no delirium e na
doença de Alzheimer.

 O psiquiatra tem que primeiro descartar causa


orgânica, o que pode ser inferido na prática pela
avaliação do estado de consciência.
Avaliação do estado de consciência
Claridade da vivência psíquica
Estados hipnagógicos
sono vigília
Estados hipnopômpicos
normal

Estreitamento
patológico

coma Embotamento lucidez

Obnubilação
 Estreitamento: normal (leitura de um livro p.ex.) ou
patológico (epilepsia do lobo temporal, sonambulismo
p.ex.)
 Embotamento: diminuição global da consciência, perda
da nitidez das vivências. O coma é o grau máximo de
embotamento.
 Obnubilação (ou turvação ou confusão mental) : é um
embotamento ou estreitamento acompanhado de
outros sintomas. Frequentemente devido a causas
orgânicas, p.ex. uremia, intoxicação medicamentosa ou
por drogas, infecções, delirium tremens, tuberculose,
câncer, tumor cerebral.
Atenção
 Def.: capacidade de nos concentrarmos em
um determinado objeto num dado momento.
Para Jaspers é a “condição de claridade da
vivência”.
Avaliando a atenção avalia-se o estado da
consciência.
ATENÇÃO

Espontânea: não implica esforço.


 Natureza
Voluntária: implica esforço voluntário

Interna: para dentro


 Direção
Externa; para objetos no ambiente

Vigilância
 Qualidade
Tenacidade
 Tenacidade: capacidade de manter a atenção em determinado
objeto. É ativa e determinada pela vontade ou afeto.
 Vigilância: capacidade de modificar o foco da atenção,
dependendo do estímulo. Pode ser passiva ou espontânea.
 É o que avaliamos na prática, quanto à atenção.
 Em geral variam inversamente:
- hipertenacidade e hipovigilância:
da distração à síndrome depressiva.
P.ex. - hipotenacidade e hipervigilância:
da distraibilidade à síndrome maníaca.
 Hiperprosexia: aumento da capacidade de
prestar atenção.

 Hipoprosexia: diminuição da capacidade de


prestar atenção.

 Normoprosexia : atenção normal


Orientação
 Também serve para medir a lucidez da consciência. Quando se
perde a orientação é mais grave.
Autopsíquica - normalmente
perde-se por último este tipo
de orientação
Tipos de desorientação Alopsíquica – (tempo e espaço)
se for desorientação só quanto
ao tempo é cronopsíquica
 Dupla orientação: o paciente vivencia simultaneamente os dois
mundos ou as duas “realidades”. Apesar da vivência psicótica,
consegue agir dentro da realidade. P.ex. simultaneamente diz-se
“um príncipe” mas vai às consultas médicas.
Formas de desorientação
 Confusional: surge a partir de uma alteração da
consciência.
 Amnéstica: a memória comprometida leva a
desorientação.
 Apática: desorientação por falta de prazer em viver ou
pela apatia dos estados residuais (esquizofrenia p.ex.).
 Delirante: ligada à alteração da identidade do Eu. Pode
ser dupla orientação.
Consciência do Eu
 Unidade: quando está comprometida o paciente tem a sensação
de ser um e outro ou outros simultaneamente. Diferente de
personalidades múltiplas, que ocorrem alternadamente.

 Identidade: o paciente não se reconhece como ele próprio,


despersonalização.

 Autonomia (atividade) : o paciente não é agente de seus atos, é


comandado.

 Oposição Eu x mundo (limite) ; perda dos limites entre o interno


e o externo, sensação de roubo do pensamento, sensação de
estranheza do mundo – desrealização.
Memória
 Memória imediata
 Memória de fixação: recente, onde guardamos dados
apreendidos nos últimos dias ou semanas.
 Memória de evocação: onde guardamos os dados mais
antigos
 Lei de Ribot: a memória de fixação é a primeira a
desaparecer, só mais tarde há o comprometimento da
memória de evocação.
 Nas demências essa regra é seguida, nas manifestações
histéricas não.
Três variedades de déficit de memória de evocação:
 Amnésia maciça: compromete grande parte ou todo o
passado. P.ex. após grave traumatismo craniano.
 Amnésia lacunar: compromete fatos limitados, recorda
anterior e posteriormente a um determinado período.
P.ex. após período de rebaixamento da consciência,
durante eletroconvulsoterapia (ECT).
 Amnésia sistemática ou seletiva: esquece apenas um
tema. P.ex. nas manifestações histéricas.
 Hipermnésia: tem pouco significado clínico. P.ex. em
quadros de retardo mental, paciente não consegue
selecionar informação a ser retida, não esquece quase
nada.
 Confabulações: falsas recordações que não se mantém
ou se mantém por pouco tempo. Os temas são criados
para preencher vazios de memória. O paciente cria
histórias sem consistência ou duração. Característica de
doenças orgânicas cerebrais. P.ex. na Síndrome de
Korsakoff, decorrente do alcoolismo (deficiência de
tiamina).
 Distorções do reconhecimento: “déjà vu” ou
“jamais vu”.
 Ecmnésia: recordar em fração de segundos
acontecimentos da vida inteira.
 Criptomnésia ou “´plágio inconsciente”: a
pessoa não se lembra de ter registrado e pensa
que foi ela mesma que formulou.
Fantástica: principalmente na
esquizofrenia. O paciente conta
uma recordação que “confirma”
o delírio. Pode estar relacionada a
Paramnésia uma percepção delirante.
Confabulatória: p. ex.
na psicose de Korsakoff. Refere
como recordação algo que não
ocorreu.
A amnésia pode ser:

 Reversível ou irreversível.

 Anterógrada ou retrógrada.

 Psicogênica ou organogênica
Inteligência
Def.: Capacidade de resolver problemas novos.
Implica necessariamente abstração (capacidade
de lidar com conceitos) e generalização
(capacidade de classificar, de ver o que é comum
a vários grupos).
 Juízo: capacidade de julgar se uma situação é real
ou não.
 Raciocínio: capacidade de cumprir etapas para
realizar uma função.
 A avaliação da inteligência pode ser feita na
própria entrevista perguntando-se ao paciente
sobre como se realizam certas tarefas (como
lavar uma escada p.ex.) ou interpretando ditados
populares ou provérbios (p. ex. “de grão em
grão a galinha enche o papo”).
 Pode ser também realizado teste de QI:
QI = idade mental x 100
idade cronológica
 Valor médio do QI foi estabelecido em 100.
 Desse número, estipula-se um desvio padrão de
15.
 Inteligência média está nos resultados que vão
de 85 a 115 (90% da população).
 A distribuição obedece à curva de Gauss.
 Resultado maior que 130: o indivíduo pode ser
considerado superdotado ou gênio (2% da
população mundial).
 QI normal entre 85 e 115

• 80 até 70 => limítrofe


 QI menor que 80 • 69 até 55 => deficiência mental leve
• 54 até 40 => “ “ moderada
= déficit cognitivo
• 39 até 25 => “ “ grave
• menor que 25 => “ “ profunda

 Diferença entre oligofrenia (parada na evolução da


inteligência) e demência (deterioração da inteligência).
Sensopercepção
As percepções refletem objetivamente a realidade
psíquica. Para Jaspers são a “consciência do objeto”.
Percepções reais – características:
 Corporeidade: são substanciais.
 Exterioridade (extrojeção): aparecem no espaço
objetivo externo.
 Clareza (nitidez): os elementos sensórios são totais e
claros.
 Não influenciabilidade: não podem ser influenciados
pela vontade. São constantes.
 As representações que conhecemos
como nossa imaginação são
incompletas e não claramente
delineadas; dependem exclusivamente
de nossa vontade; são inconstantes,
podem mudar de forma, tamanho, etc;
facilmente desaparecem e devem ser
criadas de novo.
Anormalidades da percepção:

Hiperestesia
 Quanto à intensidade: Hipoestesia
Anestesia
 Hiperestesia: os estímulos são captados de
forma exagerada, mais intensa. P.ex.: enxaqueca,
epilepsias, histeria, intoxicação aguda por
anfetamina ou cocaína.
 Hipoestesia: os estímulos são captados de forma
inibida (dor, tato ou estímulos auditivos). P. ex.
nas demências, transtornos depressivos,
síndrome catatônica ou manifestações histéricas.
 Anestesia: ausência da percepção.
Anormalidades da percepção

Cacosmia
Troca Parageusia
Acantesia

 Quanto à qualidade Sinestesia


Ilusões
Falsas percepções Pareidolias
Alucinações
Pseudo-alucinações
Anormalidades da percepção
 I)Troca: Jaspers utiliza o termo troca da qualidade
sensorial para designar a mudança de uma sensação
comum por outra, em geral desagradável. P. ex. na
intoxicação por drogas, quadros epiléticos e
manifestações histéricas.
 I.1)Cacosmia: odor fétido para perfumes agradáveis.
 I.2)Parageusia: paladar fétido para alimentos saudáveis.
 I.3)Acantesia: dor causada por estímulos banais.
 II) Sinestesia: troca da qualidade sensorial por outra.
P. ex. “ver sons” ou “ouvir cores”, nas intoxicações por
alucinógenos como mescalina e LSD.
III) Falsas percepções

 III.1) Ilusões: percepções deformadas do objeto:


alteradas por refração óptica, limitação natural
dos órgãos, alteração de consciência,
simultaneidade de percepções ou distúrbio da
atenção. Há o objeto. Podem ser catatímicas
(ligadas ao sentimento ou estado afetivo) ou da
atenção (p. ex. quando se lê e não se percebe a
palavra errada).
III) Falsas percepções
 III.2) Pareidolias: normal.
 III.2-A) Percepções fantásticas em objeto real: p.
ex. manchas que parecem imagens de pessoas,
figuras em nuvens no céu.
 III.2-B) Percepção eidética: a percepção
continua após o desaparecimento do objeto.
III.3) Alucinações
 Aparecimento na consciência de uma
imagem (imagem alucinatória) com todas
as características de uma percepção normal
sem que exista o objeto externo
responsável pelo estímulo. Para Jaspers é
uma “percepção sem objeto”.
 Nas alucinações o paciente apresenta total convicção
nelas.
 Elas apresentam todas as características das percepções
reais (nitidez, corporeidade, exterioridade e não
influenciabilidade).
 As alucinações podem ser elementares, envolvendo
apenas uma qualidade sensorial ou complexas, quando
várias qualidades sensoriais estão envolvidas.
 Podem ser visuais, auditivas ou verbais, gustativas,
olfativas, táteis, térmicas, álgicas, cenestésicas
(sensações viscerais) ou cinestésicas (em relação a
movimentos).
 Ocorrem em síndromes psicóticas,
esquizofrenia, demências, tumores encefálicos,
alucinose alcoólica, intoxicação por drogas.
 Alucinações funcionais: quando um determinado
estímulo provoca a alucinação (p. ex. liga o carro
ou abre a torneira e escuta vozes).
 III.4) Pseudoalucinações: apresentam algumas
características da percepção alucinatória, mas
não possuem exterioridade e corporeidade.
Por exemplo, as alucinações hipnagógicas (ao
adormecer) e hipnopômpicas (ao acordar):
ocorrem em pessoas normais, por alguns
instantes, quando a consciência não está
totalmente lúcida. Podem ocorrer também em
quadros histéricos e estados dissociativos
agudos.
Pensamento e linguagem
Pensamento: resultado da capacidade de organizar as
ideias de forma, curso e conteúdo harmônicos com as
necessidades individuais e circunstancias. É uma função
psíquica complexa que surge a partir de:
 Apercepção: sensação- percepção- apercepção.
Conhecimento, reconhecimento, gnosia, a partir da
integração das sensações na percepção integrada com
outras percepções.
 Afeto: influencia o pensamento lentificando-o,
acelerando-o ou fertilizando-o.
 Ideação: capacidade de encadear, de formar
ideias de maior complexidade.
 Imaginação: capacidade de criar ideias.
 Atenção: dá clareza, relação com juízo de
realidade.
 Linguagem: a palavra é a expressão objetiva do
pensamento.
Na avaliação do pensamento observamos alterações de:
Curso: lentificação ou aceleração (fuga de ideias,
verborréia ou logorréia). Na fuga de ideias o paciente
pula ideias que fazem parte da cadeia associativa, mas o
nexo foi estabelecido. Pede-se ao paciente para explicar
a relação entre as ideias e o nexo aparece, é recuperado,
diferentemente de alteração da forma do pensamento.
Também bloqueio ou roubo do pensamento.
 Forma
 Conteúdo
Alterações da forma do pensamento

 Descarrilhamento: mudança súbita e inexplicável


de uma ideia por outra. Em casos mais graves,
desagregação.
 Substituição: troca de uma ideia por outra leva à
dissociação entre as principais ideias do
pensamento, tornando-o incompreensível.
 Omissão: é a quebra de uma linha de ideias sem
que outra ideia seja colocada no lugar.
 Fusão: união de duas ideias de forma não lógica,
mas ainda passíveis de serem diferenciadas.
 Prolixidade: utilização excessiva de sinonímias e
rodeios para se atingir um objetivo.
 Perseveração: há grande pobreza de conceitos e o
indivíduo persiste em um ou poucos temas
independentemente do assunto em pauta.
 Concretude: dificuldade ou impossibilidade de abstrair
o significado simbólico de conceitos.
 Neologismo: criação de palavras novas ou significados
novos para palavras existentes.
 Tangencialidade: dificuldade de responder exatamente
ao que foi perguntado. Responde algo próximo do
tema.
 Circunstancialidade: o paciente apresenta o curso
fluente porém se perde em discurso excessivo, com
várias idéias paralelas, detalhes irrelevantes, sem
demonstrar nenhum objetivo.
 Desagregação: grau máximo do descarrilhamento.
Alterações do conteúdo do
pensamento
Delírios primários: distúrbios do juízo
crítico não influenciados em sua lógica
e coerência por qualquer outra
experiência psicológica. Há certeza
inabalável, que não se deixa refutar
pelo argumento lógico nem pela
experiência. Só podemos falar de
delírio primário na presença de lucidez
da consciência.
Os delírios se manifestam a partir de:
 Percepções delirantes: há uma percepção normal
e a partir dela ocorre a atribuição de significado
novo que alude ao próprio eu do paciente.
 Representações delirantes ou intuição delirante
(K. Schneider) ou cognição delirante: surge uma
idéia errônea sem que tenha ocorrido percepção
anterior. O paciente tem uma intuição e
subitamente delira.
 Humor delirante difuso (trema): estado extremo
de ansiedade, intensa expectativa, que antecede ao
delírio.
Idéia deliroide
 Idéia deliroide: é um distúrbio do juízo crítico, mas
resulta de condições psicológicas rastreáveis e
compreensíveis. Decorre de uma alteração em outra
esfera psicopatológica, a afetividade. Em geral, as ideias
deliroides estão em sintonia com o humor. P.ex. um
paciente deprimido com ideias de ruína ou um paciente
com humor exaltado com ideias de grandeza.
 A idéia deliroide não é uma alteração primária do
pensamento, como o delírio. É secundária a uma
alteração em outra esfera psicopatológica.
 Publicidade ou publicação do pensamento.
 Leitura do pensamento (lê o pensamento de
outrem).
 Sonorização do pensamento.
 Ideias sobrevalorizadas: predomínio do aspecto
afetivo sobre o racional, ideias passionais, sem
comprometimento da noção da realidade ou de
crítica.
 Pensamento fantástico, mitomania, pseudologia
fantástica (apesar de saber que determinada história
é mentira , o indivíduo a vive como se fosse
verdade).
 Pensamento obsessivo: relacionado a ideias e atos
compulsivos.
Afetividade e humor
 Função psíquica básica, que dá o colorido à
personalidade.
 Está diretamente ligada a outras funções
(memória, inteligência ...).
 O afeto está em geral comprometido nas
patologias mentais mais graves, nas psicoses.
 O afeto é a capacidade de vivenciarmos as
emoções, interesses, tudo na vida.
 Emoções: alterações súbitas do equilíbrio
afetivo, intensas, de curta duração.
 Sentimentos: não são súbitos nem intensos, a
duração é mais longa, não traz alterações
fisiológicas como a emoção.
 Humor: estado afetivo básico, é a síntese afetiva
na consciência num determinado momento.
 As alterações do afeto podem ser classificadas
quanto à quantidade ou quanto à qualidade (mais
comuns na esquizofrenia).
Alterações da quantidade do afeto

 Hipertimia: aumento da excitabilidade


afetiva.
 Hipotimia: diminuição da excitabilidade
afetiva, tristeza, pode chegar à apatia.
 Apatia: grande diminuição do afeto,
abolição do afeto, vazio afetivo.
Alterações da qualidade do afeto
 Ambitimia: sentimentos opostos e
concomitantes em relação ao mesmo
objeto.
 Paratimia: inadequação do sentimento ao
estímulo. Reage com ódio ao estímulo
agradável.
 Neotimia: sentimento novo, nunca antes
experimentado.
Outras expressões para caracterizar o afeto
 Labilidade afetiva ou emocional: pode ser caracterizada por
mudanças frequentes e súbitas de sentimentos de forma
inapropriada.
 Incontinência afetiva: exteriorização de sentimentos exagerados
devido a causas insuficientes ou inadequadas.
 Embotamento ou esmaecimento afetivo: diminuição da
capacidade de ligação emocional com o mundo e consigo
próprio. Característica da esquizofrenia, demências, síndrome do
lobo frontal, transtornos de personalidade.
 Rigidez afetiva: perda da capacidade de modular o afeto. Mantém
algumas expressões emocionais, diferentemente do
embotamento, porém há dificuldade na modulação às situações
externas (transtornos do humor, esquizofrenia, demências).
 Diátese explosiva (síndrome vasomotora) : violentos momentos
de cólera desproporcional à causa. São frequentes nas demências.
Humor : estado mais duradouro e basal do afeto. Descrição
do estado de ânimo no momento do exame.

 Eutímico
 Hipertímico (eufórico)
 Hipotímico (triste, depressivo)
 Ansioso
 Irritado
 Indiferente
 Delirante: o humor delirante é um estado de espírito vago,
inquietante e indefinível que precede o delírio verdadeiro e
desaparece com o surgimento deste. Também chamado de
“trema”(Conrad).
Vontade e Psicomotilidade
(ou psicomotricidade)
 Vontade: forma de desejo que se manifesta com a
simultânea representação de sua factibilidade.
Hiperbulia
 Desejos: Hipobulia
Abulia
 Impulsos: súbitos, podem ter consequências danosas.
P.ex. dipsomania, cleptomania, frangofilia, piromania,
alotriofagia, impulsos homicidas e suicidas.
Alterações da vontade

 Estupor: ausência de movimentos espontâneos,


retardo psicomotor extremo.

Histérico
Catatônico
Depressivo
Orgânico
Alterações da vontade
 Negativismo
Ativo: realiza o oposto do que é pedido.

Passivo: se abstém de realizar qualquer ato.

 Obediência automática

 Reações em eco Ecolalia


Ecomimia (ecopraxia)

 Estereotipias
 Pseudoflexibilidade cérea
 Agitação psicomotora
 Reação de último momento
Alterações da psicomotricidade em
geral

Inquietação
 Hipercinesia Agitação
Furor

 Hipocinesia
 Acinesia
 Discinesia
Alterações da psicomotricidade
voluntária

 Hiperpraxia

 Hipopraxia

 Bradipraxia
Pragmatismo e Juízo de Morbidade

 Avaliaçãodo pragmatismo: planos


para o futuro.

 Avaliaçãoda noção do estado mórbido


ou juízo de morbidade.
Súmula psicopatológica
 Apresentação
 Atitude
 Consciência
 Atenção
 Orientação
 Consciência do Eu
 Memória
 Inteligência
 Sensopercepção
 Pensamento e linguagem
 Vontade e pragmatismo
 Psicomotricidade
 Juízo de morbidade
 Planos para o futuro
Síndromes
 Psicorgânica aguda - Delirium
 Psicorgânica crônica - Demência
 Ansiosa
 Depressiva
 Maníaca
 Delirante
 Alucinatória
 Paranoide
 Desagregada
 Catatônica
 Apato-abúlica

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