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EXAME PSÍQUICO

DIDATICAMENTE AS FUNÇÕES PSÍQUICAS PODEM SER


CLASSIFICADAS EM:

1 Função de aferência (o que chega): SENSOPERCEPÇÃO

2 Função de eferência (o que sai): PSICOMOTRICIDADE


(pragmatismo)
3 Funções afetivo-conativas AFETIVIDADE
CONAÇÃO
IMPULSIVIDADE

4 Funções cognitivas INTELIGÊNCIA


ORIENTAÇÃO
MEMÓRIA
JUÍZO
CRÍTICA
PENSAMENTO

5 Funções de integração: CONSCIÊNCIA


ATENÇÃO
EXAME PSÍQUICO
Estado mental e atual nos dias anteriores à consulta; (utilizar preferência as
(palavras do paciente):

 1-aspecto geral: cuidado pessoal, higiene, trajes, postura, mímica, atitude global do
paciente.
 2-Nível de consciência
 3-Orientação auto e alopsíquica
 4-Atenção
 5-Memória (fixação e evocação)
 6-Sensopercepção
 7-Pensamento (curso, forma e conteúdo).
 8-Linguagem
 9-Inteligência
 10-Juízo da realidade
 11-Vida afetiva (estado de humor basal, emoções e sentimentos predominantes).
 12-Volição
 13-Psicomotricidade
 14-Consciência e valoração do eu
 15-Vivência do tempo e do espaço
 Súmula do exame psíquico (fazer um resumo, utilizando os termos técnicos).
ALTERAÇÕES DAS FUNÇÕES PSÍQUICAS

 1. FUNÇÃO DE AFERÊNCIA
SENSOPERCEPÇÃO

Conceito: É a atividade de incorporação das informações do meio externo e corporal ao


psiquismo. Isso é feito através dos dados fornecidos pelos órgãos de sentido.

Alterações qualitativas:
Ilusão: Percepção deformada de um objeto presente e real. Encontra-se em quadros neuróticos
e psicóticos. Não necessariamente patológicas.
Exemplo: Pessoa que caminha num bosque durante a noite e confunde um tronco de árvore com
a figura de um homem.
Alucinação: É a percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença
do objeto estimulante real. Auditiva, gustativa, visual, tátil, olfativa, cinestésica: (realização de
movimentos corporais). Sensações alteradas do movimento do corpo, sentir o corpo afundando,
as pernas encolhendo, (um braço se elevando) cenestésicas: (enteroceptivas)
Exemplo: Paciente ouve a voz de seu pai falecido, que lhe dá ordens e
Faz-lhe recriminações. (alucinação auditiva).
Paciente sente algo andando dentro de seu abdômen (alucinação
(cenestésica).
Alucinose: Alucinação provocada por alguma causa orgânica. Ex: tumores, drogas, e que na
maioria das vezes são criticadas pelo próprio paciente. O paciente percebe a alucinação como
estranha a sua pessoa.
Exemplo: Paciente alcoólico crônico que ouve vozes que o insultam.
(alucinose alcoólica).
Alucinações hipnagógicas: Alucinações que experimenta o homem normal, na passagem da
vigília para o sono e vice-versa. Não necessariamente patológicas.
Exemplo: Criança vê um ladrão em seu quarto no momento em que está adormecendo.
Pareidolias: Ilusões provocadas voluntariamente. Imagens visualizadas voluntariamente a partir de
estímulos imprecisos do ambiente.
Exemplo: A criança que olha uma nuvem e vê nela um gato ou um elefante. Olhar uma folha com
manchas imprecisas e, pelo esforço voluntário, visualizar nessas manchas determinados objetos.

Sinestesias ou alucinações combinadas: Experiências alucinatórias onde ocorrem alucinações


de várias modalidades sensoriais (auditivas, visuais, táteis) ao mesmo tempo.
Exemplo: O indivíduo vê uma pessoa que fala com ele, toca em seu corpo e assim por diante.

Alterações quantitativas:
Hiperestesia: As percepções estão anormalmente aumentadas. Os sons são ouvidos de forma
amplificada, um ruído parece um estrondo, as cores tornam-se mais intensas. Ocorrem nas
intoxicações por alucinógenos, em algumas formas de epilepsia, enxaqueca, esquizofrenia aguda,
etc...
Hipoestesia: Observada em alguns pacientes depressivos. O mundo circundante é percebido
como mais escuro, sem brilho, os alimentos não têm mais sabor, os odores perdem sua
intensidade.
Analgesias de partes do corpo: Podem ocorrer em pacientes histéricos, hipocondríacos, etc...

 2. FUNÇÃO DE EFERÊNCIA
PSICOMOTRICIDADE
Conceito: é a capacidade de projetar o modelo para a ação. É a responsável pela discriminação
dos movimentos a serem realizados em determinada tarefa.
 Psicopatologia
 Estereotipias: repetição automática de movimentos, frases ou palavras, sem razão plausível e
sem objetivo conhecido.
 Ecopraxia: repetição dos gestos de outra pessoa.
 Ecolalia: repetição da fala de outra pessoa.
 Verbigeração: repetição incessante das mesmas palavras ou frases.
 Mussitação: expressão da linguagem com baixa intensidade, o paciente movimenta os lábios de
maneira automática, produzindo murmúrio ou som confuso.
 Catalepsia: imobilização total ou parcial.
 Flexibilidade cérea: o indivíduo permanece em posturas, muitas vezes incômodas, em que é
colocado passivamente, como se fosse de cera.
 Agitação psicomotora: multiplicidade de movimentos, muitas vezes agressivos. O paciente grita,
gesticula, corre, salta, rasga as vestes, torna-se agressivo física e verbalmente.
 Inibição psicomotora: o paciente realiza todos os movimentos de forma vagarosa.
 Catatonia: quadro clínico que se caracteriza principalmente pelas alterações da psicomotricidade,
que será descrito a seguir:
 Mutismo: o paciente não se comunica verbalmente.
 Flexibilidade cérea
 Estereotipias posturais.
 Verbigeração
 Ecolalia e ecopraxia.
 Episódios de agitação.
 Negativismo ativo: opõe-se aos movimentos ou faz o contrário do que lhe pedimos.
 Negativismo passivo: quando sugerimos que faça um movimento não o faz e permanece
imperturbável.
 Inibição psicomotora.
 Catalepsia (nos casos graves chamamos de estupor catatônico).
Alterações motoras relacionadas ao uso de psicofármacos.
Os psicofármacos, principalmente os neurolépticos de primeira geração (haloperidol,
clorpromazina, flufenazina, etc.) utilizados no tratamento das psicoses, produzem
uma série de alterações do tônus muscular, da postura e da movimentação
voluntária e involuntária.

 3. FUNÇÕES AFETIVAS – CONATIVAS


A. Afetividade
Conceito: é uma atividade do psiquismo, sendo, portanto contínua. Não podemos
ficar sem sentir. Parece impossível conceituá-la. Podemos, entretanto, delimitá-la
através de seus atributos:
É um tipo de valorização polar (amor, ódio, alegria e tristeza).
É subjetiva: a concretização só é feita de forma indireta.
É atemática. Não tem um objeto fixo. Um indivíduo pode ficar alegre por um motivo
completamente diferente do outro.
Conteúdo da afetividade (afetos): compreende os sentimentos e as emoções:
Sentimentos: são “estados do eu” que não podem ser controlados pela vontade e
que são provocados por nossas representações ou por estímulos procedentes do
mundo externo ou interno. São mediatos, elaborados e predominantemente,
psíquicos. Exemplo: amor, ódio, insegurança, alegria.
 2. Emoções: são estados afetivos intensos e complexos, provenientes ao mesmo tempo de uma
reação psíquica e orgânica. Acompanha-se normalmente de reações neuro-vegetativas (motoras,
vasomotoras, secretoras, etc...).
 Exemplo: Frente á uma situação de perigo intenso, um indivíduo fica com
 medo torna-se pálido e taquicárdico.
 Conceituamos os afetos a partir de metáforas ou descrevendo a vivência do mesmo.
 Exemplo: insegurança: afeto correspondente à vivência de ameaça.
 Psicopatologia
 Apatia: é a diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. É um estado afetivo próprio dos
quadros de depressão. Os pacientes queixam-se de não poderem sentir nem alegria, nem
tristeza, nem raiva, nem nada...
 Embotamento afetivo: é a perda profunda de todo tipo de vivência afetiva. Ao contrário da
apatia, que é basicamente subjetiva, o embotamento afetivo é observável, constatável pela
mímica, postura e atitude do paciente. Ocorre tipicamente nas formas negativas, deficitárias da
esquizofrenia.
 Anedonia: incapacidade de sentir prazer e a apatia incapacidade de sentir afetos são
fenômenos próximos que ocorrem na maioria das vezes simultaneamente.
 Ambivalência afetiva: termo cunhado por Bleuler para descrever sentimentos opostos em
relação a um mesmo estímulo ou objeto, sentimentos que ocorrem de modo absolutamente
simultâneo. Caracteriza um aspecto importante da experiência afetiva dos pacientes
esquizofrênicos.
 Medo: é um estado de progressiva insegurança e angústia, de impotência e invalidez crescentes,
até a impressão iminente que ocorrerá algo que queríamos evitar e que progressivamente nos
consideramos menos capaz de fazer. A rigor, o medo não é uma emoção patológica.
 Fobia: medos determinados psicopatologicamente, desproporcionais e incompatíveis com as
possibilidades de perigo real oferecidas pelos desencadeantes, chamados de objetos ou
situações fobígenas.
 Agorafobia: medo de espaços amplos e de aglomerações, como estádios, cinemas,
supermercados. Inclui-se o medo de ficar retido em congestionamentos.
• Claustrofobia: medo de entrar e ficar preso em espaços fechados, como
elevadores, salas pequenas, túneis, etc.
• Pânico: é uma reação de medo intenso, de pavor, relacionada geralmente ao perigo
imaginário de morte iminente, descontrole ou desintegração. O pânico manifesta-se
quase sempre como crises de pânico, as quais são crises agudas e intensas de
ansiedade, acompanhadas por medo intenso de morrer ou perder o controle e de
acentuada descarga autonômica. As crises caracterizam-se pelo início abrupto de
uma sensação de grande perigo e desejo de fugir ou escapar da situação, são
acompanhadas por sintomas somáticos autonômicos, decorrentes da ansiedade
intensa, como palpitações, sudorese, fria, tremores, parestesias (principalmente
formigamento nos lábios e/ou ponta dos dedos), sensação de falta de ar, desconforto
respiratório, dor ou desconforto no peito, náusea, sensação de a cabeça ficar leve,
medo de perder o controle ou enlouquecer, medo de morrer ou ter um ataque
cardíaco e, em alguns casos, despersonalização e/ou desrealização.

Forma da afetividade
Estabilidade afetiva: é a manutenção do estado afetivo, por inércia, independente
de estímulos menores. Para que haja mudança no estado afetivo é necessário haver
um estímulo significativamente maior.
Psicopatologia
Instabilidade afetiva: nesses indivíduos a inércia é menor de modo que reagem com
mudança afetiva a estímulos pouco significativos.
Exemplo: paciente que após um ECT, ao contar a história de seu último namoro,
chora e ri frente a mínimas situações.
2) Modulação afetiva: é a tendência afetiva de mudar de um estado a outro de forma lenta e
gradual. Quando surge uma emoção a passagem é brusca (exceção), mas a volta é gradual.
Psicopatologia
Labilidade afetiva: nessa situação há perda ou diminuição da modulação. A afetividade flui
por saltos e não há vínculos entre um estado afetivo e outro.
Exemplo: indivíduo que em uma conversa amena, muda seguidamente e de forma abrupta
seu humor.

3) Tônus afetivo: é a intensidade de resposta afetiva de um indivíduo esperada num


determinado momento e contexto vivencial.
Psicopatologia – Aumento do tônus afetivo
Exemplo: paciente não consegue sentar-se quieto, vira-se o tempo todo na cadeira. Fala em
voz alta e rapidamente sobre os vizinhos que lhe roubaram as jóias. Está sobressaltado,
gesticula muito.
• Diminuição do tônus afetivo
• Exemplo: paciente responde laconicamente e sem parecer se envolver afetivamente à
pergunta sobre sua vida profissional e familiar.

4) Ressonância afetiva: é a tendência da afetividade de responder a um afeto com o mesmo


afeto. Podemos entendê-la como a capacidade de nosso “diapasão interno” de vibrar nas
diversas freqüências provindas de estímulos afetivos internos e externos.
Exemplo: ator de teatro que representa um papel triste e que faz a platéia viver de uma
maneira intensa a sua tristeza e dor.

5)Coerência afetiva: é a característica da afetividade que determina sempre a


correspondência da vivência com o afeto despertado pela mesma.
• Psicopatologia
• Dissociação ideo-afetiva: não há correspondência entre a vivência e o afeto que o
acompanha.
Exemplo: o paciente relata o assassinato de sua mulher com um sorriso plácido e
tranqüilidade, apesar de realmente gostar muito dela.
6)Humor: é o estado disposicional da afetividade. O indivíduo nunca está neutro afetivamente,
estando sempre comprometido com uma tendência a determinado tipo de resposta afetiva.
Distimia: é o termo que designa, em psicopatologia geral, a alteração básica do humor, tanto no
sentido da inibição quanto no da exaltação.Não confundir o sintoma distimia com o transtorno
distimia, que segundo o DSMIV e CID 10, é um transtorno depressivo leve e crônico.
Há dois pólos básicos (ou timopatia) nos quais os indivíduos se posicionam afetivamente: o pólo
expansivo (hipertimia ou distimia hipertímica) e o pólo depressivo (hipotimia). Suas
características são:

POLO EXPANSIVO POLO DEPRESSIVO


• Superficialidade dos afetos Profundidade dos afetos
• Euforia (ou alegria patológica)
• Otimismo Pessimismo
• Generalização Detalhamento
• Ressonância ao prazer Ressonância ao prazer
• Ressonância ao desprazer Ressonância ao desprazer
• Onipotência Impotência
• mais ligado a vivencias de: mais ligado a vivências de:
Vida Morte
Ganho Perda
Sucesso Insucesso
Da vivência de tempo Da vivência de tempo
Elação (além da alegria patológica)
Uma expansão do Eu.
• B.Conação (Volição ou vontade)
• Conceito: é uma atividade psíquica de direcionamento para ação.
• Psicopatologia
• I.Alteração qualitativa
• Negativismo: resistência, oposição ao estímulo. Pode ser ativo ou passivo.
• Exemplo: vide psicomotricidade.
• II. Alteração quantitativa
• Hipobulia: há falta de desejo e motivação.
• Exemplo: Paciente que conta que desde criança é parado, não tem vontade
de fazer nada. Não estudou e atualmente não trabalha.
• Paciente no leito, olhos parados, conversa com voz baixa e lentamente, informa que
não têm mais ânimo na vida e que deseja ser deixado em paz no leito.
• Hiperbulia: quando qualquer estímulo constitui-se numa motivação.
• Exemplo: Paciente falando rápido, de maneira expansiva, conta de seus
planos futuros: irá casar, abrir uma loja, ser funcionário público na prefeitura, ser
enfermeira e costurar para fora. Fala gesticulando bastante, muito entusiasmada e
tenta realizar o que programou.
• C. Impulsividade
• Conceito: é uma atividade primária e espontânea do psiquismo que deflagra as
demais funções. É “élan vital”, o tônus vital, a energia vital.
• Apresenta-se direcionada pela intervenção de filtros conscientes e inconscientes,
que são geralmente inibitórios e que provém dos valores que constituem a nossa
moral. Em oposição aos atos voluntários temos os atos impulsivos e compulsivos.
• O ato impulsivo caracteriza-se por:
• Ser realizado sem uma fase prévia de intenção, deliberação e decisão.
• Ser realizado de forma egossintônica, o indivíduo não percebe tal ato como inadequado, não
tenta evitá-lo ou adiá-lo.
• Ser geralmente associado a impulsos patológicos, inconscientes, ou a incapacidade de tolerar
a frustração.
• O ato compulsivo difere do ato impulsivo por ser reconhecido como indesejável e inadequado,
assim como pela tentativa de refreá-lo ou adiá-lo. Caracteriza-se por:
• Vivência freqüente de desconforto subjetivo por parte do indivíduo que realiza o ato
compulsivo.
• Ser egodistônico, isto é, ele é experenciado como indesejável, contrário aos valores morais e
anseios de quem os sofre.
• Haver tentativa de resistir (ou pelo menos adiar) à realização do ato compulsivo.
• Haver sensação de alívio ao realizar o ato compulsivo, alívio que é logo substituído pelo
retorno do desconforto subjetivo e pela urgência de realizar novamente o ato compulsivo.
• Ocorrem freqüentemente associados a idéias obsessivas muito desagradáveis, representando
muitas vezes esses atos, tentativas de neutralizar tais pensamentos.
• Psicopatologia
• Impulsivos ou hiperestênicos: são indivíduos nos quais a impulsividade determina suas
ações, por serem seu sistema de filtro frouxo, mas não ausente.
• Exemplo: paciente que toma de forma descontrolada a cocaína que possui, até acabar,
apesar de depois ponderar sobre os riscos que correu.
• Astênicos: são os pacientes que possuem um rebaixamento do impulso. Apresenta-se sob
duas formas clínicas. A primeira compreende pessoas que se sentem psiquicamente
insuficientes. Queixa-se de pouca produtividade, incapacidade de concentração, além de
apresentarem um distanciamento do mundo perceptivo e de suas atividades, que sentem
• como irreais. A segunda forma é constituída por pessoas que fracassam em seu
desempenho físico. De hábito eles dirigem a atenção para seu corpo, o que perturba
o funcionamento e a coordenação dos sistemas orgânicos. Queixam-se de
fatigarem-se rapidamente, de insônia, dores de cabeça, de perturbações cardíacas,
vasculares, menstruais, vesiculares e outras.
• Tipos de impulsos e compulsões patológicas:
• Automutilação: impulso ou compulsão seguido de comportamento de autolesão
voluntária. Os pacientes produzem escoriações na pele e mucosa, furam os braços
com pregos e pedaços de vidros, arrancam os cabelos (tricotilomania).
• Automutilações leves e moderadas: observadas em pacientes borderlines, em
pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo e em alguns deficientes mentais.
• Automutilações de formas mais graves: auto-enucleação (extração do próprio
olho), auto-amputação do pênis. Ocorrem em pacientes psicóticos, na maioria das
vezes esquizofrênicos em estados alucinatórios-delirantes e em pacientes com
psicoses tóxicas, produzidas por alucinógenos.
• Frangofilia: impulso patológico de destruir os objetos que circundam o indivíduo.
• Piromania: impulso de atear fogo a objetos, prédios e lugares.
• Impulso e ato suicida: presente em quadros de depressão maior, dependência ao
álcool, esquizofrenia e distimias, além dos transtornos de ajustamento do tipo
depressivo.
• Impulsos e compulsões relacionados à ingestão de drogas ou alimentos:
• Dipsomania: impulso periódico para a ingestão de grandes quantidades de álcool.
• Bulimia: impulso irresistível a ingerir rapidamente grande quantidade de alimentos.
Após a ingestão rápida o paciente sente-se culpado, com medo de engordar e induz
vômitos ou toma laxativos.
• 2. Funções cognitivas
• A. Inteligência
• Conceito: há vários
• - Capacidade de ajuizar, isto é, de elaborar valores.
• - Capacidade de adaptar-se a novas situações. Definição
funcionalista que fala do resultado da inteligência sobre o
comportamento. A partir dessa definição é que surgiram os testes
psicológicos.
• Capacidade de analisar (decomposição do todo em partes),
Sintetizar
• (capacidade de decomposição das partes em um todo),
processar (manipulação de dados), generalizar (apreensão da
generalidade dos objetos) e abstrair (abandonar o objeto e substituí-
lo por um conceito desligado dele).
• Psicopatologia da inteligência
• Oligofrenia: são anomalias caracterizadas por déficit de
inteligência, que podem ser classificadas da seguinte forma:
• limítrofes
• Deficientes leves – Q.I. 50 – 70
• Deficientes moderados – Q.I. 35 – 49
• Deficientes profundos – Q.I. –20.
• Demências: são déficits de inteligência adquiridos ao longo da vida, em um indivíduo
primariamente inteligente.
• B.Orientação
• Conceito: é a capacidade de se localizar, que pode ser em relação ao tempo e espaço (temporo-
espacial), em relação a si mesmo (autopsíquica) ou em relação às pessoas circunstantes
(alopsíquica). Depende da memória, da percepção e da atenção.
• Psicopatologia: pode ocorrer alteração dessa capacidade, tanto isoladamente (tempo – espaço
ou autopsíquica) como globalmente.
• C.Memória
• Conceito: é a capacidade de registrar, fixar e reproduzir os vestígios da experiência anterior.
Essa função psíquica dá ao homem a possibilidade de acumular informações e operar com estes
vestígios, após o desaparecimento dos fenômenos que o provocaram.
• Capacidade de fixação: é a ida de um fato da vida psíquica do campo da consciência ao arquivo
da memória. É através desta que o indivíduo adquire novos conhecimentos.
• Capacidade de evocação: é à volta do fato arquivado na memória para o campo da consciência.
Para poder recordar é necessário esquecer.
• Psicopatologia:
• Amnésias:
• - de fixação: quando está alterada a capacidade de retenção das lembranças.
• Amnésia anterógrada.
• Exemplo: paciente alcoólatra que é incapaz de reter qualquer informação que lhe é fornecida.
• de evocação: quando é atingida a capacidade de recordar lembranças passadas.
• Amnésia retrógada.
• Exemplo: A paciente que relata não recordar nada do período dos seis aos oito anos.
• Hipermnésias:
• Quando se evocam lembranças casuais com mais vivacidade e exatidão que ordinariamente.
Existe uma maior facilidade na evocação.
• Exemplo: Indivíduo que durante terremoto relembra fatos de toda sua vida.
• Fabulações:
• Preenchimento das lacunas mnêmicas com fatos fantasiosos, que na verdade podem nunca ter
ocorrido, ou terem se passado em outra época.
• Exemplo: Um indivíduo que não se lembra se não conhece ou não certa pessoa, diz que já a
viu em determinada situação, e descreveu o encontro com detalhes minuciosos.
• Outro paciente com o mesmo quadro, internado há dois meses em enfermaria psiquiátrica, ao ser
interrogado sobre o que fez pela manhã, conta como foi fazer compras com os filhos, o que
comprou e qual o almoço pedido no restaurante. Na realidade essa cena já pode ter ocorrido em
outra época e aqui está ordenada de maneira temporariamente de maneira errada.
• Amnésias psicogênicas: há perda de elementos mnêmicos focais, que tem um valor psicológico
específico (valor simbólico, afetivo). O paciente esquece, por exemplo, de um evento de sua vida
(que teve um significado especial para essa pessoa), mas consegue lembrar tudo que ocorreu a
seu “redor”.
• Amnésia orgânica: é menos seletiva. Na maioria das vezes perde-se primeiro a capacidade de
fixação (memória imediata e recente) e só em estados avançados da doença o paciente começa
a perder conteúdos antigos. Segue de modo geral a lei de Ribot.
• Síndrome de Ribot: consiste em uma intensa amnésia de fixação, conservando-se a memória
de evocação.
• Exemplo: O paciente que acaba de ler o jornal, não se recorda de nada do
que foi lido, cinco minutos após de terminada a leitura. Ao mesmo tempo é
capaz de recitar versos que aprendeu em sua juventude.
• Os pacientes com síndrome de Ribot esquecem tudo o que fizeram no dia
e nos dias anteriores. Saúdam como recém-chegado uma pessoa que volta
a entrar no seu quarto, depois de uma breve ausência, pedem comida,
após a sobremesa, etc., por isso tendem a falar em suas conversações de
episódios ocorridos em sua juventude, repetindo-os constantemente
mesmo quando acabaram de narrá-lo.
• Transtornos do reconhecimento
• Agnosias de origem cerebral e transtornos do reconhecimento associados
aos transtornos mentais, sem base orgânica definida. Táteis, visuais,
auditivas.
• Transtorno do reconhecimento associado a transtornos psiquiátricos
• Falso reconhecimento: o paciente identifica o médico, ou o enfermeiro
como uma pessoa de sua família, atribui o mesmo nome e conversa como
se fosse alguém de sua família.
• Falso desconhecimento: o paciente não reconhece membros próximos
de sua família.
• D. Juízo
• Conceito: dizemos que ajuizar é a capacidade de atribuir valores aos objetos. Valor é o atributo que o indivíduo dá a um
objeto, a partir de referências pessoais que se dispõem em escala

• Psicopatologia
• Devemos lembrar que a alteração do juízo é sempre acompanhada de alteração do pensamento, pois se expressa
através dele.
• Idéia delirante
• A idéia delirante é todo o juízo falso que possui, em determinado grau, as seguintes características:
• Extrema convicção e certeza subjetiva.
• Impossibilidade de sofrer influência de experiências e raciocínios construtivos. É o que se chama de irredutibilidade.
• Quanto a sua origem a impossibilidade de ser entendido psicologicamente (como as idéias deliróides o são). Suas
fontes são “as vivências delirantes primárias”, entendidas como “novas significações para o ambiente”.
• Exemplo: Paciente internada na enfermaria ao ouvir o telefone diz: “é a minha vizinha que vai pedir a
enfermeira que mede remédio errado, a fim de me matar”.
• Paciente refere que ao cruzar com uma pessoa com gravata vermelha compreendeu imediatamente que seria enforcado
no dia seguinte.
• Idéia deliróide
• É um juízo falso que se origina de maneira compreensível a partir de vivências afetivas. É psicologicamente
compreensível.
• Exemplo: Paciente após rompimento de laços afetivos e econômicos com um irmão mais velho de quem se
julgava dependente diz: “fiz tudo errado, agora nada tem jeito, estou na falência, além disso, o imposto de renda deve
me pegar este ano, pois fiz minha declaração de forma errada”.
• O delírio tem como característica principal à incompreensibilidade. Segundo Jaspers, as idéias delirantes ou delírios são
juízos patologicamente falseados. O delírio é um erro do ajuizar, que tem origem na doença mental. Sua base é
mórbida, é motivado por fatores patológicos.
• Ainda segundo Jaspers o delírio tem três características essenciais:
• 1a. O doente apresenta uma convicção extraordinária, uma certeza subjetiva praticamente absoluta. A sua crença é
total, para ele não se pode colocar em dúvida a veracidade do seu delírio.
• 2a. É impossível a modificação do delírio pela experiência objetiva, por provas explícitas da realidade, por
argumentos lógicos, plausíveis e aparentemente convincentes. O delírio é irremovível, mesmo pela prova da
realidade mais cabal.
• 3a. O delírio é um juízo falso, o seu conteúdo é impossível. Esse aspecto é o mais evidente do delírio, mais fácil
de caracterizá-lo, no entanto, é o mais frágil. Exemplo: o alcoolista crônico que tem delírio de ciúmes e sua
mulher realmente o trai. O líder político que se sente perseguido. O pé do paciente que foi mutilado e ele diz que
tem que fazer um outro pé. Isso não invalida o fato de que o que se passa para aquele doente, do ponto de vista
psicopatológico é um delírio. O modo como ele construiu seu ajuizamento foi patológico, determinado por fatores
mórbidos.
• O delírio é uma produção associal, idiossincrática em relação ao grupo cultural do doente. Ao delirar o indivíduo
desgarra-se da sua trama cultural, e produz seus próprios símbolos individuais.
• Indicadores da gravidade do delírio:
• Convicção, extensão (como envolvem diferentes áreas da vida do
• paciente), bizarrice (distância das convicções culturalmente compartilhadas), desorganização (até que ponto são
consistentes internamente, têm lógica própria e em que graus são sistematizados), pressão (o quanto o paciente
está envolvido com suas crenças delirantes).
• Delírio primário: psicologicamente incompreensível não tem raízes na
• experiência psíquica do homem normal, por isso, é impenetrável, incapaz de ser atingido pela relação
intersubjetiva, pelo contato empático entre entrevistador e entrevistado. é algo inteiramente novo que se insere,
em um determinado instante, na curva vital daquela pessoa, uma quebra radical naquela biografia, uma
transformação qualitativa de toda existência do doente.
• Delírio secundário ou idéias deliróides
• Não originado de uma alteração primária do pensamento, mas sim de alterações profundas em outras áreas da
atividade mental (a afetividade, a consciência) que indiretamente fazem com que se produzam juízos falsos. São
produtos de condições psicologicamente rastreáveis e compreensíveis.
• Exemplos: O delírio de culpa de um depressivo é compreensível e derivado psicopatologicamente de um
estado de humor profundamente alterado: constitui mais um aspecto que o humor depressivo toma.
• O delírio de grandeza de um paciente em estado de mania é secundário a alteração de humor, e compreensível.
• Surgimento do delírio
• Surgem, via de regra, após um período pré-delirante denominado humor delirante. O paciente experimenta aflição
e ansiedades intensas, sente como se algo terrível, pavoroso, estivesse por acontecer, mas ele não sabe bem o
quê. Perplexidade, sensação de fim de mundo, de estranheza radical. O humor delirante cessa quando o paciente
configura o delírio, quando “descobre” o que está acontecendo.
• Tipos mais freqüentes de delírios:
• 1-Delírio de perseguição: O paciente acredita que está sendo perseguido por pessoas conhecidas ou desconhecidas. O tema da perseguição é o mais comum nos
delírios. Perseguição por complôs, máfias, vizinhos, polícia, pais, esposa, marido. Estão querendo mata-lo, envenena-lo, prendê-lo, prejudicá-lo no trabalho ou na escola,
desmoralizá-lo.
• 2-Delírio de referência: de alusão ou autoreferência – O indivíduo tem a tendência a experimentar fatos cotidianos, objetivamente sem maiores implicações, como
referente à sua pessoa. O paciente diz ser alvo freqüente de referências caluniosas ou depreciativas. Exemplo: ao passar na frente de um bar e observar pessoas
conversando e rindo, entende que estão falando dele, rindo dele, estão dizendo que ele é homossexual, tudo, enfim, refere-se a ele. É persecutório, é um delírio de
cunho persecutório e destaca-se a referência. Têm uma qualidade um pouco diferente estar sendo perseguido pela polícia porque querem desmoraliza-lo, por exemplo,
e estar na rua andando e achar que todo mundo está falando de você. Às vezes ouve o seu nome (alucinação auditiva) e o xingam ou simplesmente deduz (mecanismo
interpretativo associado ao delírio de referência). O delírio de referência é freqüente na esquizofrenia paranóide e nos transtornos delirantes.
• 3- Delírio de influência: também denominado vivências de influência. O indivíduo vivencia intensamente que está sendo controlado, comandado ou influenciado por
uma força ou entidade externa. Também é de perseguição. Exemplos: Há uma máquina (antena, computador, aparelho eletrônico) que enviam raios que controlam seus
pensamentos e seus sentimentos. Um ser extraterrestre, um demônio ou entidade paranormal, controla seus sentimentos, suas funções corporais. O doente afirma que
perdeu a capacidade de resistir a essa força externa e passa a se submeter inteiramente a ela. As vivências de influência incluem experiências de “pensamentos feitos”,
“sentimentos feitos”, além de influências sobre partes ou órgãos do corpo. Esses delírios são fortes indicadores de esquizofrenia e demonstram como a membrana que
separa o eu interior do mundo externo está fragmentada.
• 4- Delírio de grandeza: (de enormidade) O indivíduo acredita ser extremamente especial, dotado de poderes de uma origem superior, com um destino espetacular. O
delírio é dominado por idéias de grande poder e riqueza. O sujeito acredita que pode tudo, tem poderes místicos ou religiosos, tem conhecimentos superiores ou
especiais. Ocorre tipicamente em quadros maníacos e nas psicoses associadas à sífilis. Paralisia geral progressiva da neurossífilis.
• 5- Delírio místico ou religioso: O paciente afirma ser um novo messias, um Deus, um santo poderoso. É uma temática freqüente em nosso meio. O paciente sente que
tem poderes místicos, que entrou em contato com Nossa Senhora, com o espírito santo. Podem ocorrer em quase todas as formas de psicose.
• 6- Delírio de invenção ou descoberta.
• 7- Delírio de ciúme ou infidelidade: mais característico do alcoolismo crônico.
• 8- Delírio erótico: O paciente afirma que uma pessoa de destaque está
• totalmente apaixonada por ele. Ocorre mais nos transtornos delirantes e em
• mulheres.
• 9- Delírios de ruína ou niilista: O paciente vive em um mundo repleto
• de desgraças, está condenado à miséria, ele e sua família irão passar fome, o
• futuro reserva apenas sofrimento e fracassos. O paciente algumas vezes
• acredita estar morto ou que o mundo inteiro esta destruído ou morto.
• 10- Delírio de culpa e de auto-acusação: O paciente afirma ser
• culpado por tudo de ruim que aconteceu no mundo e na vida das pessoas que o
• cercam. Característico das formas graves de depressão.
• 11- Delírio de negação dos órgãos: O paciente experimenta profundas
• alterações corporais. Relata que seu corpo esta destruído ou morto, que não
• tem mais um ou vários órgãos como o coração, o fígado ou o cérebro, suas
• veias estão secas, não tem mais uma gota de sangue, seu corpo secou ou
• apodreceu, seus braços e pernas estão esfarelando.
• Síndrome de Cottard: quando o delírio de negação dos órgãos vem acompanhado de delírio de imortalidade. (não vou morrer nunca mais vou sofrer para o resto da
eternidade).
• E. Crítica
• Conceito: é a capacidade de buscar as coerências e identificar as incoerências. Essa
capacidade quando está sendo realizada se dá em três níveis.
• Coerência interna: do indivíduo para com ele mesmo.
• Exemplo: Para um padre é coerente conversar com Deus.
• Coerência do indivíduo em relação a seu corpo.
• Exemplo: Para um homem da Roma antiga era coerente vestir saia.
• Coerência do indivíduo em relação ao mundo externo.
• Exemplo: Para uma pessoa do interior do Brasil é coerente andar quilômetros carregando
uma cruz para pagar promessa.
• Só podemos dizer que um paciente apresenta um juízo alterado mediante a integridade de nossa
crítica. Vamos neste caso fazer a comparação de nossos juízos com os do paciente e buscamos
a nossa coerência em relação ao mundo externo (no caso do paciente).
• Psicopatologia
• Dizemos que a crítica está alterada quando há perda da coerência em alguns dos níveis acima
citados.
• Exemplo: Uma paciente com anorexia nervosa sente-se obesa, apesar de estar
definhando. Isso é uma incoerência do indivíduo em relação ao seu corpo.
• Um paciente estando em S. Paulo afirma estar em Tóquio e descreve a cidade e seus habitantes.
• F. Pensamento
• Conceito: é uma atividade, um suceder de idéias.
• Idéia: é o que dá significado aos objetos.
• Psicopatologia
• Alteração da forma:
• Lentificação: Há um suceder lento das idéias.
• Aceleração: Há um suceder rápido das idéias.
• Fuga de idéias: Há uma variação incessante de temas por associações através do som ou tema, e uma
incapacidade de levar o raciocínio a uma conclusão, em indivíduos com pensamento acelerado.
• Exemplo: Indivíduo começa a falar do livro, se lembra da escola, da professora e aí da cada onde
pretende morar, e não volta a falar do livro.
• Desagregação: Há uma perda da unidade, do fluxo, de lógica e da sintaxe.
• Exemplo: o dia estava lindo porque na II grande guerra os canhões, quando atiravam para o mar,
cachorro não me pega porque se não...
• - Reverberação: Um tema vai e volta, persistentemente.
• Exemplo: ficar o dia todo com uma música na cabeça.
• Perseveração: Quando não se consegue sair do tema.O indivíduo passa horas ou dias sem conseguir mudar de
assunto.
• Idéia prevalente (supervalorizada): Há afetividade em relação ao objeto.”Não consigo pensar em outra coisa” é a
queixa típica daquele que experimenta essas idéias. Diferem das idéias obsessivas porque são egossintônicas,
ou seja, fazem sentido para o paciente.
• Exemplo: Mãe que acredita que vai acontecer um acidente com o filho toda vez que este sai de casa.
• - Idéia obsessiva x idéia delirante: as idéias obsessivas são descritas como idéias falsas,
recorrentes, que se introduzem de forma repetida e incômoda na consciência do sujeito, que
apesar de sofrer com elas, tem crítica em relação a sua falsidade e caráter absurdo. O elemento
diferencial dessas idéias com as delirantes é que no delírio falta, de modo geral, a crítica à
falsidade e ao caráter absurdo do juízo em questão.
• - Verbigeração: Repete-se a mesma palavra ou sílaba seguidamente.
• Exemplo: Isto é uma chave, chave, chave, chave bonita.
• Ecolalia: Indivíduo repete o que o outro fala como se o imitasse.
• Exemplo: Pergunta: Você vai sair hoje? Resposta: Você vai sair hoje?
• - Bloqueio: Há um corte no curso do pensamento, uma interrupção brusca.
• Pode voltar a ter o mesmo pensamento, continuando-o ou não.
• Interceptação: Uma outra idéia se introduz no lugar da que estava.
• Roubo: Há uma retirada da idéia, o indivíduo tem uma sensação de que lhe roubaram o que
pensava.
• Eco: O indivíduo pensa e ouve o próprio pensamento.
• Difusão: O indivíduo acredita que os outros sabem e ouvem o que ele está pensando.
• Alteração do conteúdo:
• Para que seja patológico deve sempre acompanhar uma alteração formal do pensamento ou de
outra função.
• Conteúdo depressivo: indivíduo só pensa em coisas tristes, idéias de ruína, pessimista.
• Conteúdo maníaco: Tudo parece estar bem, vai dar certo, há muito dinheiro, muito tempo, muito
otimismo.
• A linguagem
• Alterações da linguagem associadas a transtornos psiquiátricos:
• Logorréia e taquifasia: produção aumentada e acelerada (taquifasia) da linguagem verbal, um fluxo incessante de palavras e
frases, freqüentemente associado a um taquipsiquismo geral. Descreve-se como pressão para falar a atividade lingüística do
paciente maníaco, na qual ele sente uma pressão incoercível para falar sem parar.
• Bradifasia: alteração oposta a taquifasia. O paciente fala muito vagarosamente, as palavras seguem umas a outras de forma
lenta e difícil. Associada a quadros depressivos graves, a estados demenciais e à esquizofrenia crônica ou com sintomas
negativos.
• Mutismo: ausência de resposta verbal por parte do paciente.É uma forma de negativismo verbal, de tendência automática a se
opor às solicitações do ambiente, no que concerne à resposta e à produção verbal.
• Ecolalia: repetição da última ou últimas palavras que o entrevistador falou ou dirigiu ao paciente.
• Tiques verbais: o paciente produz sons guturais, abruptos e espasmódicos.
• Coprolalia: emissão involuntária e repetitiva de palavras obscenas, vulgares ou relativas a excrementos.
• Verbigeração: repetição de forma monótona e sem sentido comunicativo aparente de palavras, sílabas ou trechos de frases.
• Mussitação: fenômeno próximo a verbigeração, é a produção repetitiva de uma voz muito baixa, murmurada em tom
monocórdico, sem significado comunicativo. O paciente fala como que para si, movendo discretamente os lábios.
• Glossolalia: produção de uma fala gutural, pouco compreensível, um verdadeiro conglomerado ininteligível de sons. Apesar de
não terem sentido, os sons imitam a fala normal nos seus aspectos prosódicos (a música da fala).
• Para-respostas: implica uma alteração tanto do pensamento como do comportamento verbal mais amplo. Ao ser perguntado
sobre determinado assunto o paciente responde “algo” com a inflexão verbal de uma resposta, como se estivesse de fato
respondendo a uma pergunta, porém o conteúdo da resposta é disparatado.
• Exemplo: Pergunta: Onde o senhor mora?
• Resposta: O dia está muito quente.
• A linguagem na esquizofrenia:
• Pode sofrer alterações muito peculiares.
• Neologismos: palavras inteiramente novas criadas pelo paciente ou palavras já existentes que recebem uma acepção
totalmente nova.
• Salada de palavras: produção de palavras e frases sem sentido, um fluxo verbal desorganizado e caótico.
• 5. Funções Integradoras.
• A. Consciência
• Conceito: É uma atividade integradora dos conhecimentos psíquicos que permite ao indivíduo tomar conhecimento da realidade em um
determinado momento. Não deve ser entendida como psiquismo total, pois existem duas funções extraconscientes: intuição e memória.
• Níveis de consciência.
• Grau de nitidez com o qual o indivíduo percebe a atividade psíquica e o ambiente. Consciência lúcida. O indivíduo tem uma percepção
e valoração nítida de si mesmo, dos demais e das coisas que o rodeiam.
• I-Alterações quantitativas.
• Quando durante a atividade diurna do indivíduo, durante a vigília, se apresentam fenômenos psíquicos similares aos do sonho ou da
transição vigília-sono, estes têm caráter patológico e se classificam do seguinte modo:
• Sonolência: estado similar ao que temos quando estamos com sono, fatigados.
• Sopor: é uma acentuação do estado de sonolência. O doente está aparentemente dormindo e só responde a estímulos intensos para
cair rapidamente no sopor.
• Coma: o grau máximo e qualitativamente distinto, que do ponto de vista psíquico caracteriza-se pela ausência absoluta de toda resposta
consciente a um estímulo.
• Hiperlucidez: aparece nos momentos de êxtase e permite a percepção da essência das coisas.
• Exemplo: Paciente que acredita estar sendo perseguido e que percebe mínimas alterações do ambiente.
• Obnubilação: nesta situação há diminuição do grau de nitidez da atividade psíquica. É acompanhado de sinais neurológicos de
rebaixamento da consciência: sonolência, lentidão de reflexos motores etc.
• Delirium: síndrome psicopatológica associada ao rebaixamento do campo da consciência. Sintomas: Rebaixamento do nível da
consciência
• Desorientação temporoespacial
• Ansiedade, agitação ou lentificação psicomotora.
• Ilusões e/ou alucinações visuais
• Flutuação do quadro ao longo do dia.
• Piora ao anoitecer.
• II-Alterações qualitativas.
• Estado crepuscular: Nesta situação há diminuição do campo da consciência. Isto é, diminui a possibilidade dos
objetos entrarem no foco da consciência.
• Para entendermos melhor, podemos comparar essa situação com um palco que é iluminado a cada momento
com maior nitidez em uma região, de acordo com a necessidade. Na situação patológica, é como se o foco de luz
perdesse sua mobilidade e iluminasse apenas uma região do palco.
• O estado crepuscular via de regra refere-se a uma condição orgânica, e mais freqüentemente no contexto da
epilepsia, caracterizada por:
• Início e término agudo.
• Duração variável de algumas horas a várias semanas.
• Ocorrência de atos violentos ou ataques emocionais inesperados. durante o comportamento de outro modo calmo
e normal.
• O termo reservado para estas três características em conjunto como uma entidade psicopatológica, deve ser
usado sempre que essas três características estiverem em combinação, não importando a causa.
• B. Atenção.
• Conceito: é uma capacidade de dirigir nossa atividade psíquica a um determinado estímulo.
• Atenção voluntária: o indivíduo hierarquiza aquilo que será colocado em foco.
• Exemplo: indivíduo que se liga na música que está tocando, num ambiente repleto de pessoas
conversando.
• - Atenção espontânea: aquela provocada por acontecimentos externos.Não depende da vontade.
• Exemplo: indivíduo que está lendo e que, ao tocar o telefone, interrompe involuntariamente a sua leitura.
• Psicopatologia.
• Atenção voluntária: Pode estar diminuída. O indivíduo volta-se para suas preocupações e não consegue fixar sua
atenção a qualquer estímulo externo.
• Exemplo: Indivíduo sonolento que não se dá conta de que abriram a porta do seu quarto.
• Hipoprosexia: Alteração mais comum e menos específica da atenção. Diminuição global da atenção. Perda
básica da capacidade de concentração, com fadigabilidade aumentada, o que dificulta a percepção dos estímulos
ambientais e a compreensão.
• Aprosexia: Total abolição da capacidade de atenção, por mais fortes e variados que sejam os estímulos que se
utilizem.
• Hiperprosexia: Estado de atenção exacerbada. O paciente se mantém sobre objetos obstinadamente com
surpreendente
• Distraibilidade: Instabilidade marcante e mobilidade da atenção voluntária. Atenção é muito facilmente desviada
de um objeto para outro. Quadros comuns que se observa alteração da atenção: manias e depressões.
• MANIA: - Diminuição da atenção voluntária.
• Aumento da atenção espontânea.
• Hipervigilância – mudança de um foco para outro rapidamente
• Hipotenacidade: diminuição da capacidade de fixar a atenção
• sobre determinado objeto. .
• DEPRESSÃO: Hipoprosexia: Diminuição geral da atenção.
• Hipertenacidade em alguns temas depressivos.
• Hipovigilância: diminuição da capacidade de mudar o foco
• de atenção.
• Consciência do Eu:
• Jaspers organizou observações de prática clínica, que envolvem várias funções psicopatológicas, sob a
denominação de Consciência do Eu.
• Nesta modalidade o Eu se faz consciente de si mesmo. O Eu possui 4 características formais:
• 1. Atividade do Eu: é a consciência da ação, isto é, há um tom de “meu”, de “pessoal” na atividade da vida
psíquica em todos os seus níveis: percepção, representação, pensamento e sofrimento.
• Quando esses elementos psíquicos se apresentam com a consciência de não serem “meus” de serem estranhos,
automáticos, realizados por si mesmo ou por outros é o que chamamos de despersonalização Há a perda da
relação empática básica, da familiaridade inequívoca do eu consigo mesmo. Comumente associada à
despersonalização pode ocorrer à desrealização que é a perda da familiaridade com o mundo comum.
• Exemplo: Um paciente diz “sou apenas uma máquina, um autômato. Não sou eu quem fala, sente, come.
Não sou eu quem sofre e dorme. Eu já nem existo. Sinto-me como puro nada”. Outro paciente refere que
caminha pelo corredor marchando porque as vozes ordenam que marche como soldado e ele não consegue
deixar de obedecer.
• 2. Unidade do Eu: é a consciência de ser único no mesmo momento.
• Exemplo: Paciente com dissociação da personalidade vivencia estar dividido. Afirma que o ser que habita
sua metade direita do cérebro está brigando com o ser que é a outra metade, e que ambos têm o seu nome.
• 3. Identidade do Eu: é a consciência de ser o mesmo no decorrer do tempo.
• Exemplo: Afirma um paciente – “até 23 de dezembro de 1901, não posso dizer que tinha o mesmo eu de
hoje. O eu de então era um pequeno anão de mim”.
• 4. Consciência do Eu em oposição ao exterior: essa consciência é a clara oposição do Eu ao mundo externo.
• Exemplo: Alguns paciente parecem se identificar com os objetos do mundo externo. Um paciente sob a
ação da mescalina diz: senti o latir de um cão como um bater doloroso em meu corpo. Outro paciente afirma que
parte de seu pensamento fugiu de sua cabeça quando a porta foi aberta.
• Pragmatismo.
• Não é uma função psíquica, mas uma resultante de todas elas. É a eficácia do comportamento; é através dela que avaliamos até que ponto atingiu-se
o esperado de cada função.
• Exemplo: Paciente internada passa a maior parte do dia no leito e quando se levanta, anda apressadamente pelo corredor, não conseguindo
realizar tarefas mais simples como cuidados pessoais e trabalhos manuais. Nesse caso, podemos dizer que essa paciente está com o pragmatismo
prejudicado.
• Funções psíquicas no exame do estado mental atual
• Funções mais afetadas nos transtornos psicorgânicos:
• Consciência
• Atenção
• Orientação
• Memória
• Inteligência
• Linguagem* também nas psicoses.
• Funções mais afetadas nos transtornos afetivos, neuróticos e de personalidade:
• Afetividade
• Vontade
• Psicomotricidade
• Personalidade
• Funções mais afetadas nos transtornos psicóticos:
• Sensopercepção
• Pensamento
• Vivência do tempo e do espaço
• Juízo da realidade
• Vivência do eu
• Sintomas psicóticos:
• alucinações
• delírios
• Pensamento desorganizado
• Comportamento claramente bizarro, como fala e risos imotivados.
• Sintomas neuróticos:
• - No centro de todas as neuroses está a angústia.
• - Sintomas fóbicos, obsessivo-compulsivos, histéricos.

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