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CUIDADOS ASSISTENCIAIS AO

IDOSO
ÍNDICE

Unidade 1: O processo de envelhecimento


Unidade 2: Alterações físicas e comportamentais
Unidade 3: Adaptações ambientais e prevenção de acidentes domésticos
Unidade 4: Senilidade X Senescência
Unidade 5: Gerontologia e Geriatria
Unidade 6: Cuidados com a alimentação do idoso
Unidade 7: Cuidados com a higienização do idoso
Unidade 8: Cuidados com a saúde bucal do idoso
Unidade 9: Cuidados com a mobilidade, posicionamento e transferência
Unidade 10: Cuidados com o sono
Unidade 11: Cuidados com o trato intestinal
Unidade 12: Cuidados com a sonda vesical de demora
Unidade 13: Cuidados com as Ulceras de pressão
Unidade 14: Cuidados com as ostomias
Unidade 15: Cuidados com as medicações
Unidade 16: Pessoa idosa acamada
Unidade 1:
O processo de envelhecimento
O processo de envelhecimento comporta a fase da velhice, mas não se
esgota nela. Infelizmente, suas modificações que são naturais, são confundidas
com enfermidades e dependências, o que reforça a cultura e o estereótipo de
que “velhice” e “ser velho” significam doenças, dependência do outro e
incapacidades, já que as alterações fisiológicas desse processo interferem na
capacidade dos idosos de interagir e responder aos estímulos do ambiente
exigido pela sociedade.

Entretanto, o envelhecimento é um processo natural de todo o ser humano,


não dependendo a vontade do indivíduo. Trata-se de um fenômeno irreversível
e dessa forma, cabe ao indivíduo optar como irá lidar com o surgimento deste.
São alterações consideradas naturais, que acometem uma pessoa idosa:
a perda de peso, redução da massa corpórea (magreza), cabelos grisalhos, pele
enrugada, diminuição ou perda da acuidade auditiva, redução da amplitude da
caixa torácica, perda e desgaste dos dentes, redução da mobilidade intestinal,
enfraquecimento da musculatura vesical, entre outras.
Porém, essas alterações se confundem com as limitações impostas
nessa faixa etária. Dessa forma, quando se define o envelhecimento ou a
velhice, percebe-se que o preconceito é uma característica marcante e é
utilizado como estereótipo negativo sobre a velhice.
A percepção que a pessoa idosa tem de sua condição, irá interferir de
forma positiva, se a percepção for otimista, e negativa, se a percepção for
pessimista, na maneira como essa pessoa irá encarar e aceitar os desafios
impostos pelo avançar da idade. Dessa forma, cabe ao cuidador conhecer a
visão do idoso a respeito do envelhecimento e da velhice, para que sejam
construídas representações positivas dessa fase, para que juntos possam
enfrentar todos os desafios e dificuldades inerentes ao processo de
envelhecimento.
É importante considerar o envelhecimento como um processo
heterogêneo e individual, ou seja, cada indivíduo envelhece diferente do outro,
com vários aspectos influenciadores desse processo, sejam aspectos positivos
e/ou negativos.
A velhice é um processo complexo, que promove alterações na trajetória
de vida das pessoas. Tais alterações apresentam particularidades que vão
alterar o estilo de vidas de cada um. Com isso, os modos de revelar o significado
da velhice e do processo de envelhecer para os idosos dependem de como viveu
essa pessoa e como as adaptações e enfrentamentos cotidianos são feitos.
A repercussão do envelhecer, depende da história de vida pessoal, da
disponibilidade de suporte afetivo, das redes sociais, do sistema de valores
pessoais e do estilo de vida adotado por cada pessoa idosa.

Neste contexto, torna-se relevante perceber o olhar que os próprios idosos


atribuem a este período em suas vidas e como eles relacionam as suas
experiências neste processo.
Quando o processo de envelhecer é aceito como um êxito, o
aproveitamento da competência, da experiência e dos recursos humanos dos
grupos mais velhos é assumido com naturalidade, como uma vantagem para o
crescimento de sociedades humanas maduras e plenamente integradas.
Diferentes pesquisadores classificam o processo de envelhecimento de
diversas formas.
Para Birren e Schroots (1996), o envelhecimento é caracterizado por três
etapas, a saber:
• Envelhecimento primário: é o envelhecimento normal, que atinge
todos os seres humanos, uma vez que essa é uma condição típica
da espécie. O envelhecimento primário atinge o organismo de forma
lenta e gradual e possui efeito cumulativo.
• Envelhecimento secundário: é também chamado de patológico,
uma vez que se refere a doenças que não são normais no
envelhecimento. Esse tipo de envelhecimento é caracterizado por
sintomas clínicos e é resultante das interações externas, sendo
variável para cada pessoa idosa.
• Envelhecimento terciário: é também chamado de terminal, já que
esse período é caracterizado por profundas perdas físicas e
cognitivas, ocasionadas pelo acumular dos efeitos do
envelhecimento, assim como por patologias dependentes da idade.

Já para Shephard (2003), os indivíduos idosos são classificados da


seguinte maneira:
• Meia-idade: compreende a faixa etária dos 40 a 65 anos. Nessa
etapa da vida, surgem os primeiros declínios funcionais dos
sistemas biológicos. Entretanto, a pessoa da meia idade ainda é
ativa.
• Velhice: compreende a faixa etária dos 65 a 75 anos. Nessa etapa
da vida, encontramos o momento de resistência à situação de
vulnerabilidade que a velhice apresenta, mesmo sendo
considerados ativos.
• Velhice avançada: compreende a faixa etária dos 75 a 85 anos.
Nessa etapa da vida, encontramos um dano substancial nas
funções ligadas às atividades diárias, porém a pessoa idosa ainda
se mostra independente.
• Velhice muito avançada: compreende a faixa etária acima dos 85
anos. Nessa etapa da vida, o idoso requer cuidados especiais por
apresentarem maior fragilidade física ou mental.

Independente das diversas classificações sobre os estágios da velhice, o


que se sabe é que a expectativa de vida aumentou consideravelmente desde
1900. Outra constatação importante é que pessoas brancas tendem a ter mais
longevidade, ou seja, vivem mais, de que pessoas negras, e as mulheres mais
que os homens. É por isso, o número de mulheres mais velhas ultrapassa o de
homens mais velhos em uma proporção de três para dois.

A qualidade de vida das pessoas aumentou, as taxas de mortalidade


diminuíram e consequentemente as taxas de longevidade aumentaram, as
pessoas estão vivendo cada vez mais e melhor. Dizem que a melhor fase da
vida é a terceira idade, que hoje vem sendo chamada de “melhor idade”.
Unidade 2:
Alterações físicas e comportamentais
Conforme estudado na unidade anterior, o processo de envelhecimento é
marcado por uma série de transformações que são inerentes, ou seja, naturais
com o passar dos anos.
Trata-se de um processo inverso no desenvolvimento humano, já que
durante a infância encontramos um período de constante evolução e na velhice,
um período de involução. As capacidades físicas e comportamentais começam
a declinar na vida adulta e se precipitam no envelhecer.

Essas alterações físicas e comportamentais, fazem com que


inevitavelmente a pessoa idosa esteja mais propensa a contrair doenças.
Entretanto, o envelhecimento considerado “saudável”, com alimentação
balanceada, prática regular de atividade física e boa aceitação da condição de
velhice, irá trazer uma melhor qualidade de vida para as pessoas que estão
nessa situação. Por isso, cada pessoa idosa irá apresentar ritmos diferentes de
envelhecimento.
As perdas das funções normais começam a ficar mais evidentes após os
60 anos. São diversos os fatores que influenciam o quanto vivemos e como
iremos envelhecer. A saber: herança genética, o acesso a tratamento médico e
medidas preventivas, a exposição a agentes ambientais e o estilo de vida que
adotamos ao longo de nossas vidas.
Para um idoso acostumado a se exercitar e ter hábitos saudáveis, as
alterações normais do envelhecimento tendem a ser mais suaves. Ou seja, as
“perdas” relacionadas ao envelhecimento podem ser minimizadas pelo
investimento pessoal em funções e atividades em idades mais precoces.
As alterações físicas e comportamentais normais do envelhecimento
humano, mais comuns são:

1- A pele perde a elasticidade e fica mais fina, sua menos e produz menos
sebo. Por isso é comum que ela fique mais fina, seca e áspera, sendo
mais fácil coçar e mais fácil abrir feridas com pequenos traumas;
2- O andar fica mais lento, a flexibilidade e os reflexos diminuem, tornando
mais fáceis as quedas e mais difícil proteger-se delas;
3- A saliva diminui, os movimentos de deglutição são mais lentos; é mais
fácil engasgar-se e sentir a boca ressecada e a saliva grossa;
4- O sistema imunológico, que defende o indivíduo contra infecções, é
menos ativo, e o idoso normalmente tem uma suscetibilidade maior a
algumas infecções como pneumonia e tuberculose;
5- O sistema de adaptação de pressão arterial e temperatura também muda,
sendo comuns: a deficiência na resposta ao calor ou frio intenso; a
ausência de febre nas infecções; as quedas de pressão em mudanças
rápidas de posição e a má adaptação da pressão arterial a perdas de
líquidos (desidratação);
6- O conteúdo de cálcio dos ossos, a massa e força muscular diminuem;
7- O cérebro diminui de tamanho, porém preserva suas funções, como
capacidade de aprender e memória; existe uma diminuição de memória
em idades muito avançadas, mais relacionadas à falta de estímulo e
atividade do que à incapacidade de lembrar; mantendo o estímulo e a
atividade mental, os idosos preservam a capacidade de exercer suas
funções intelectuais habituais com agilidade e experiência;
8- O coração pode bater mais lento, mesmo em situações em que deveria
acelerar, e diminui sua capacidade de adaptação ao "stress";
9- Há uma diminuição da capacidade do pulmão ventilar e da habilidade de
tossir;
10- Os rins diminuem sua reserva funcional, tornando-se mais sensíveis aos
medicamentos;
11- O sono se altera, sendo comum o idoso dormir menos à noite, e ter
períodos de sonolência (cochilos) durante o dia, principalmente quando
não tem atividade nenhuma.

É importante ressaltar que ser idoso não é ter uma doença, mas uma fase
da vida caracterizada por diminuição das reservas funcionais e da capacidade
do organismo em se adaptar a mudanças bruscas, tornando-o mais susceptível
a infecções, quedas, desidratação, efeito colateral de medicamentos, entre
outros.
Unidade 3:
Adaptações ambientais e prevenção de acidentes domésticos
Segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de 75% dos
acidentes sofridos por pessoas com mais de 65 anos acontecem dentro de
casa, sendo as quedas mais constantes. No Brasil, 30% dos idosos caem pelo
menos uma vez por ano. Os acidentes com quedas, são os maiores causadores
de óbitos na faixa etária dos 75 anos em diante, representando 70% dos casos.
Como você pode constatar nas unidades anteriores, o envelhecimento
traz consigo diversas alterações, que faz com que o idoso comece a se
relacionar com o ambiente em que vive, também de forma diferente. Dessa
forma, se faz necessária a adaptação ambiental para que o idoso consiga se
locomover, sem risco de ter um acidente doméstico.
O ambiente deve oferecer segurança, estímulos, interação social,
favorecer a adaptação às mudanças oriundas da velhice e ser familiar ao
indivíduo. Portanto, a adaptação ambiental tem como finalidade tornar o
ambiente mais propício e satisfatório para os idosos, sendo seguro e funcional.
As principais causas de quedas entre idosos são limitações físicas como
enfraquecimento de músculos e ossos, problemas de visão e audição, uso e
reações de determinados medicamentos, ingestão de bebidas alcoólicas e
ainda doenças com osteoporose, artroses, pneumonia, infecções, infarto.
Assim, é de extrema importância que a adaptação ambiental ocorra para
prevenir acidentes e também evitar que o idoso deixe de se locomover por estar
receoso em relação ao risco de queda. Isso porque, as quedas podem trazer
várias sequelas que, dependendo da extensão do trauma, vão desde uma
simples contusão até sérias restrições motoras.
Com a finalidade de tornar a casa um ambiente seguro, todos os
cômodos devem ser adaptados, principalmente os banheiros e os quartos,
através da instalação de barras de sustentação (corrimões), pisos
antiderrapantes, rampas, além de evitar móveis com quinas pontiagudas,
deslocáveis com facilidade e outros detalhes.
Outros cuidados simples, como tirar objetos que obstruam o caminho
pela casa e manter iluminação adequada podem ser a diferença para evitar um
transtorno deste tipo.
Os principais sinais de riscos de acidentes com idosos em casa são:
• Presença de muitos móveis atrapalhando a passagem;
• Escadas inclinadas, com degraus irregulares, mal iluminadas e sem
corrimão;
• Tapetes avulsos e carpetes mal adaptados ou rasgados;
• Má iluminação;
• Tacos soltos no chão ou pisos quebrados;
• Pisos encerados ou escorregadios;
• Camas e sofás muito altos ou muito baixos;
• Cadeiras e vasos sanitários muito baixos;
• Prateleiras de difícil alcance;
• Presença de animais domésticos pela casa;
• Uso de chinelos ou sapatos em más condições ou mal adaptados;
• Fios elétricos soltos;
• Objetos espalhados pelo chão.

Além de prevenir os acidentes, a adaptação ambiental poderá promover


qualidade de vida e a independência do idoso em suas atividades cotidianas. As
formas de prevenir acidentes domésticos mais utilizados e atitudes para evita-
los são:
• Retirar móveis que estejam atrapalhando a passagem
(principalmente em corredores, caminho para atender ao telefone, à
porta, para chegar ao banheiro) ou colocá-los em outros locais;
• Colocar corrimão nas escadas e utilizá-los sempre;
• Utilizar as escadas sempre com luz acesa;
• Colocar fita adesiva colorida e antiderrapante nos degraus ou
principalmente no primeiro e no último degrau;
• Retirar todos os tapetes avulsos e consertar o carpete;
• Se for impossível retirar os tapetes, colocar fita adesiva
antiderrapante para evitar que escorreguem;
• Aumentar a altura dos móveis e do vaso sanitário;
• Evitar sentar em cadeiras, sofás e camas que dificultem a
transferência para outros locais;
• Manter os objetos e utensílios mais utilizados entre a altura dos
ombros e da cintura, evitando subir em banquinhos e cadeiras ou
abaixar-se demais;
• Quando for brincar com o animal de estimação, faça-o sentado;
• Quando estiver fazendo atividades que exijam deslocamento
constante, como cozinhar, estender roupas, etc, deixar o animal de
estimação em outro cômodo, evitando tropeçar nele;
• Evitar o uso de chinelos e sapatos mal calçados ou soltos, como
tamancos, sandálias, pois a forma como o peso é descarregado nos
pés muda completamente, favorecendo a queda;
• Manter os fios presos ou embaixo de móveis;
• Instalar barras de apoio no box e no vaso sanitário, para facilitar o
banho e a utilização do banheiro;
• Usar tapete antiderrapante no box e não tomar banho descalço;
• Nunca se agarrar na pia para levantar-se do vaso, pois esta pode
deslocar-se e provocar um sério acidente.
Os comportamentos de riscos, são os comportamentos envolvidos direta
e indiretamente com os acidentes. Para prevenir a queda, é interessante orientar
o idoso a:
• Não subir em banquinhos ou cadeiras, ou apoiar-se na cama ou em
outros locais para alcançar prateleiras altas ou maleiros;
• Não apoiar-se em cadeiras ou portas de geladeira ou de armários para
levantar-se ou para andar;
• Na rua, nunca atravessar no meio dos carros ou quando o semáforo
para pedestres ainda estiver vermelho;
• Se estiver com sono, não permanecer em cadeiras ou móveis
instáveis, pois ao adormecer, poderá cair;
• Manter a casa o mais livre possível de riscos de quedas;
• Não lavar a cozinha, banheiro ou quintal com chinelos ou descalço,
pois poderá escorregar;
• Durante a noite, deixar sempre uma luz acesa, para facilitar o
deslocamento do quarto até o banheiro.
Unidade 4:
Senilidade X Senescência
Conforme estudamos em unidades anteriores, durante o processo de
envelhecimento, a pessoa passa por uma série de transformações que
estabelecem um constante aprendizado e envolve ao mesmo tempo, ganho e
perda de determinadas funções. Essas modificações podem ser de origem
fisiológica, ou ambiental, e atuam diretamente na vida do indivíduo.
Atualmente a medicina diferencia dois tipos de envelhecimento: a
senilidade e a senescência. Esses dois tipos são condições que podem estar
presentes nessa faixa etária, entretanto, o que define a presença de um tipo ou
de outro será a qualidade de vida adquirido ao longo dos anos. Esses dois
conceitos devem ser compreendidos pelo cuidador, para que ele ajude o idoso
a alcançar a qualidade de vida que tanto necessita.

O primeiro tipo de envelhecimento, a senilidade, consiste no processo de


envelhecimento que é associado a diversas alterações em decorrência de
doenças crônicas, como por exemplo, hipertensão arterial, diabetes, e até maus
hábitos ao longo da vida, podendo gerar incapacidades funcionais, insuficiência
dos órgãos, levando à morte do indivíduo.
Já o segundo tipo, a senescência, consiste no processo de
envelhecimento natural e saudável, sem comprometimento e manutenção das
necessidades básicas, como alimentação, locomoção, higiene e relacionamento
interpessoal.
A velhice não deve ser sinônimo de doença. O envelhecimento tido como
“normal”, inclui eventos naturais que ocorrem através do tempo e que levam a
um declínio funcional, aumentando nossa vulnerabilidade e a probabilidade de
ficarmos doentes.
O envelhecimento, mesmo sendo algo natural do indivíduo, irá submeter
o organismo a alterações funcionais e anatômicas, o que acaba interferindo nas
condições de saúde e nutrição da pessoa idosa.
Algumas dessas alterações são progressivas e submetem o indivíduo a
diminuições na capacidade funcional, seja nos gastos primários ou em
processos metabólicos do organismo.
Apesar de muitos idosos apresentarem más condições de saúde devido
a doenças, muitos outros envelhecem sem qualquer incapacidade ou limitação,
mantendo uma boa saúde. Essa é a chave da questão: envelhecer de forma
equilibrada, aceitando suas limitações, porém não se deixando levar por elas.
Esse é o caso da senescência. Ela possui características particulares, e
mesmo entre indivíduos da mesma idade pode haver grandes diferenças nas
reservas funcionais: há idosos bem-dispostos e em boas condições de saúde,
do mesmo jeito que há também idosos cansados e com muitos problemas de
saúde.
Dessa forma, a diferença primordial entre esses dois conceitos, é que a
senescência é o envelhecimento natural do organismo marcado por um
conjunto de alterações orgânicas, funcionais e psicológicas, enquanto que a
senilidade se caracteriza por afecções que acometem o indivíduo idoso. Ela é
um processo patológico e pode surgir com o envelhecimento, porém não está
condicionado a ele.

Vale lembrar que a senilidade acomete os idosos, mas pode também


estar presente em jovens. Isso porque ela é caracterizada pela perda de
capacidade de memorização, déficit de atenção, discursos incoerentes,
desorientação, perda da capacidade de controle do esfíncter anal e
incontinência urinária, e tais questões não se restringem somente aos idosos.
A senescência é um processo fisiológico e universal. Esse fenômeno está
identificado, de forma incorreta, pela idade cronológica e deve ser definido como
o envelhecimento sadio, no qual há uma lenta degradação natural das funções
físicas e mentais, mas que são compensadas, de certa forma, pelo organismo.
Os declínios físicos e mentais são lentos e gradativos e não tem idade
definida para se estabelecer. As alterações envolvidas neste processo não são
produzidas por doenças, mas são o resultado das mudanças orgânicas,
funcionais e psicológicas que o envolvem.
O envelhecimento fisiológico é o efeito exclusivo da idade sobre o
organismo, que modifica as funções orgânicas e mentais do indivíduo, e
desregula o equilíbrio homeostático e, desta forma, todas as funções começam
a declinar.
Embora a velhice seja instituída culturalmente pela idade, as
modificações que se produzem variam de forma e intensidade e são
condicionadas à qualidade de vida do senescente. Desta forma, é possível
encontrar indivíduos de idade cronológica igual, porém com capacidades
diferenciadas.

Do ponto de vista fisiológico, o declínio funcional está diretamente ligado


ao estilo de vida que a pessoa assume desde a infância. O organismo envelhece
como um todo, ao passo que as células, órgãos, tecidos e suas estruturas
apresentam um envelhecimento diferenciado.
A única característica universal ao envelhecimento é a ocorrência das
mudanças instituídas pelo tempo. Portanto, envelhecer não é um processo
único, ele resulta da interação de processos distintos, a assim, não existe um
ser velho, mas um ser envelhecendo.
O envelhecimento é a plenificação do ciclo da vida, e a senescência deve
ser afirmada e experimentada como um processo de crescimento, não apenas
envelhecimento, sendo que este não merece ser negligenciado ou negado. Essa
condição afeta todos os seres humanos, pois o envelhecer tem seu início
quando o ser humano nasce e seu término com a morte.
Os vários conceitos de envelhecimento, se diferenciam de acordo com a
abordagem social, econômica e estão relacionados principalmente com a
independência e a qualidade de vida do idoso. Dadas as diferentes trajetórias
experimentadas, cada indivíduo vivencia a velhice de maneira única. O impacto
desta nova condição é definido não somente pela idade cronológica, mas
também por aspectos sociais, biológicos e psíquicos.
Não é tarefa fácil definir com exatidão a idade em que o indivíduo entra
na senescência. O envelhecimento, portanto, pode ser considerado abstrato
porque marca o período em que o ser humano fica envelhecido, velho ou idoso.
Unidade 5:
Geriatria e Gerontologia
Quando trabalhamos com pessoas idosas, nos deparamos com alguns
conceitos específicos dessa faixa etária, como é o caso de “geriatria”. E
“gerontologia”. Muitas pessoas fazem confusão, quanto ao emprego correto
desses conceitos. Nessa unidade iremos fazer um detalhamento dos mesmos,
para esclarecimento de possíveis, dúvidas, por parte do cuidador de idosos.
O geriatra é o médico que se especialista no cuidado de pessoas idosas.
Do mesmo jeito que há o médico pediatra, responsável pelo cuidado com as
crianças, o médico geriatra, irá cuidar dos idosos. Ele deverá utilizar uma
abordagem ampla para realizar uma avaliação clínica de seu paciente, incluindo
fatores psicossociais, escalas e teste.
Assim, geralmente uma consulta geriátrica irá demorar mais que uma
consulta com um clínico geral. Ela é de extrema importância para o idoso e o
cuidador, deve estimular a ida regular ao médico geriatra.
O médico geriatra, irá lidar com doenças como as demências,
hipertensão arterial, diabetes, osteoporose, entre outras, específicas da velhice.
Ele também irá tratar de problemas de múltiplas causas, como por exemplo,
tonturas, incontinência urinaria e tendência a quedas.

São os geriatras que oferecem os cuidados paliativos aos pacientes


portadores de doenças, sem possibilidade de cura. Nesses casos, o médico irá
desenvolver ações para melhorar a qualidade de vida do idoso, independente de
sua condição de saúde.
O médico geriatra, frequentemente atua em conjunto com uma equipe
multidisciplinar, ou seja, com outros profissionais da área da saúde, para avaliar
tratamentos adequados que trazem riscos ou interações indesejadas.

Já a gerontologia é uma especialidade médica multi e interdisciplinar,


que estuda o envelhecimento em seus aspectos biológico, psicológico, social e
outros. Os profissionais da Gerontologia possuem formação diversificada, mas
interagem entre si e também os geriatras.
A gerontologia é o campo científico e profissional dedicado a estudar
questões multidimensionais do envelhecimento e da velhice, com o intuito de
descrever e explicar o processo de envelhecimento em todos os seus aspectos.
Através de seus estudos, a gerontologia irá promover a prevenção e
intervenção, na tentativa de garantir, à população idosa, uma melhor qualidade
de vida possível, até o momento final da sua vida.
Diferentemente do geriatra, que possui nível superior em Medicina e se
especializou na área de geriatria, o especialista em gerontologia é o profissional
com formação em nível superior em diversas áreas do conhecimento, como por
exemplo, Psicologia, Serviço Social, Nutrição, Terapia Ocupacional, Direito, entre
outros.
O especialista em gerontologia deverá estar apto para lidar com questões
do envelhecimento e da velhice, com um olhar interdisciplinar, partindo de sua
própria área de formação superior.
Esse especialista irá atuar, nas seguintes vertentes:
• Na prevenção: propõe intervenções que se antecipem aos
problemas mais comuns que afetam os idosos e orienta a criação
de condições adequadas para um envelhecimento com qualidade.

• Na ambientação: orienta a criação de condições ambientais para


uma vida com qualidade na velhice, focando os mais variados
espaços por onde circulam ou vivem pessoas idosas.

• Na reabilitação: propõe intervenções quando ocorreram perdas


que são resgatáveis e, quando irreversíveis, orienta a criação de
condições individuais e ambientais para uma vida digna.

• Nos cuidados paliativos: propõe intervenções quando ocorrem


doenças progressivas e irreversíveis, abrangendo aspectos
físicos, psíquicos, sociais e espirituais, com atenção estendida aos
familiares, visando o maior bem-estar possível e a dignidade do
idoso até a sua morte.

A área de atuação de um especialista em gerontologia é bastante ampla, a


saber:

• Ensino
• Pesquisa
• Educação comunitária
• Promoção de saúde
• Controle e tratamento de doenças
• Reabilitação
• Apoio psicológico
• Manutenção e promoção da autonomia e independência
• Adaptação ambiental
• Reinserção no contexto social
• Atividades corporais e comportamentais
• Segurança e defesa de direitos
• Antropologia
• Educação
Unidade 6:
Cuidados com a alimentação do idoso
Visando um envelhecimento saudável e com qualidade de vida, é
importante que o idoso mantenha uma alimentação variada e equilibrada,
harmônica em quantidade e qualidade, naturalmente colorida e segura do ponto
de vista da higiene.
A alimentação de uma pessoa idosa deverá seguir os mesmos princípios
de uma dieta saudável recomendada para adultos. Entretanto, é importante que
se tenha cuidado em relação à quantidades e qualidade das calorias
consumidas, escolha, preparo e combinação de alimentos, já que na velhice o
metabolismo diminui, bem como a realização da atividade física, mesmo que de
forma cotidiana.

É de extrema importância que familiares, bem como o cuidador de idoso,


assegure a participação da pessoa idosa no planejamento da alimentação
diária e, se possível, no preparo das refeições. Esse envolvimento com a
alimentação irá facilitar a compreensão por parte do idoso das necessidades
alimentares que sua faixa etária exige.
A velhice traz consigo uma dificuldade natural no processo de
mastigação e deglutição, fazendo com que uma pessoa idosa se torne mais
suscetível a ter complicações em decorrência do consumo de alimentos.
Quando a pessoa idosa apresenta essas limitações para mastigar e
engolir, a forma de preparo, a consistência, a textura, o tamanho dos alimentos
e a quantidade que é levada à boca devem ser adaptados ao grau de limitação
apresentado.
Nesses casos, moer, ralar, picar em pedaços menores podem ser
alternativas viáveis para facilitar o planejamento das refeições e o consumo,
evitando a recusa da refeição e complicações como engasgo, aspiração ou
asfixia durante a ingestão dos alimentos.
Outra questão importante que deve ser incentivada pelos familiares e
cuidadores é a higienização das mãos antes das refeições. Trata-se de uma
medida importante para evitar a contaminação dos alimentos por sujeiras
presentes nas mãos.
A temperatura em que os alimentos são consumidos também é
importante nessa faixa etária. Isso porque, temperaturas muito quentes ou
muito frias devem ser evitadas por conta do aumento da sensibilidade térmica,
em função de mudanças que ocorrem nos tecidos da boca com o passar dos
anos.
É na velhice também que ocorrem as mudanças na intensidade de
percepção do sabor. Dessa forma, há uma tendência da pessoa idosa em
adicionar mais açúcar, sal e outros condimentos para temperar os alimentos,
até chegar a um saber que lhe agrade, resultando assim em um consumo
elevado desses condimentos.
Uma mastigação adequada dos alimentos associada aos cuidados
frequentes com a higiene da boca, incluindo a escovação da língua, ajuda a
perceber melhor o sabor dos alimentos, evitando o exagero no uso dos
temperos. A adição de outros temperos como cheiro verde, alho, cebola e ervas,
pode ajudar a diminuir a utilização de sal no preparo dos alimentos,
contribuindo para a redução do seu consumo.
Abaixo seguem os 10 passos para uma alimentação saudável extraída da
“Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa”:

1º passo
Faça três refeições ao dia (café da manhã, almoço e jantar) e, caso necessite de
mais, faça outras refeições nos intervalos.
Procure fazer as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) em
horários semelhantes todos os dias. Nos intervalos entre essas refeições,
prefira realizar pequenas refeições saudáveis com alimentos frescos.
Coma sempre devagar e desfrute o que está comendo, procurando comer em
locais limpos e onde você se sinta confortável, evitando ambientes ruidosos ou
estressantes.

2º passo
Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural.
Inclua nas principais refeições alimentos como arroz, milho, batata,
mandioca/macaxeira/aipim.
Esses alimentos são as mais importantes fontes de energia e, por isso, devem
ser os principais componentes das principais refeições, devendo-se dar
preferência às suas formas integrais.
As atividades de planejar as compras de alimentos, organizar a despensa
doméstica e definir com antecedência o cardápio da semana podem contribuir
para a sua satisfação com a alimentação.
Em supermercados e outros estabelecimentos, utilize uma lista de compras,
para não comprar mais do que o necessário.

3º passo
Inclua frutas, legumes e verduras em todas as refeições ao longo do dia.
Frutas, legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais e fibras. Por essa
razão, eles devem estar presentes diariamente na sua alimentação.
O consumo desses alimentos contribui para diminuir o risco de várias doenças
e ajuda a evitar a constipação (prisão de ventre). Feiras livres, “sacolões” ou
“varejões” são boas opções para a compra de alimentos frescos da safra
(época) e com menor custo.

4º passo
Coma feijão com arroz, de preferência no almoço ou no jantar.
Esse prato brasileiro é uma combinação completa e nutritiva e é a base de uma
alimentação saudável.
Varie os tipos de feijões usados (preto, manteiga, carioquinha, verde, de corda,
branco e outros) e use também outros tipos de leguminosas (como soja, grão-
de-bico, ervilha, lentilha ou fava).
Se você tem habilidades culinárias, procure desenvolvê-las e partilhá-las com
familiares e amigos. Se você não tem tais habilidades, converse com as pessoas
que sabem cozinhar, peça receitas a familiares, amigos e colegas, leia livros,
consulte a internet e descubra o prazer de preparar o seu próprio alimento.
Para evitar o desperdício, cozinhe pequenas porções e congele o alimento
sempre que isso for possível, para a sua utilização em dias posteriores.

5º passo
Lembre-se de incluir carnes, aves, peixes, ovos, leite e derivados em pelo menos
uma refeição durante o dia. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das
aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis.
Os leites e derivados são ricos em cálcio, que ajuda no fortalecimento dos
ossos. Já as carnes, as aves, os peixes e os ovos são ricos em proteínas e
minerais. Quanto mais variada e colorida for a sua alimentação, mais
equilibrada e saborosa ela será.

6º passo
Use pouca quantidade de óleos, gorduras, açúcar e sal no preparo dos
alimentos. Esses ingredientes culinários devem ser usados com moderação
para temperar alimentos e para criar preparações culinárias.
Procure evitar o açúcar e o sal em excesso, substituindo-os por temperos
naturais (como cheiro verde, alho, cebola, manjericão, orégano, coentro, alecrim,
entre outros) e optando por receitas que não levem açúcar na sua preparação.

7º passo
Beba água mesmo sem sentir sede, de preferência nos intervalos das refeições.
A quantidade de água que precisamos ingerir por dia é muito variável e depende
de vários fatores, incluindo a idade e o peso da pessoa, a atividade física que
ela realiza e o clima e a temperatura do ambiente onde ela vive.
É importante estar atento ao consumo diário de água para evitar casos de
desidratação, principalmente em dias muito quentes. Vale lembrar de que
bebidas açucaradas (como refrigerantes e sucos industrializados) não devem
substituir a água.
Uma dica é aromatizar a água com hortelã ou frutas, como rodelas e cascas de
laranja ou limão.

Uma outra estratégia é despertar a pessoa idosa para os benefícios que a água
traz para a saúde, entre eles: o intestino funciona melhor, mantém a boca mais
úmida, mantém a hidratação do corpo, entre outros.
Para incentivar a ingestão de água, é essencial também que o ambiente facilite
o acesso da pessoa idosa aos utensílios (caneca ou copo ou xícara) e ao filtro,
estando tudo a uma altura adequada à esta pessoa.

8º passo
Evite bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos e chás industrializados), bolos e
biscoitos recheados, doces e outras guloseimas como regra da alimentação.
Produtos ultraprocessados (como biscoitos recheados, guloseimas,
‘salgadinhos’, refrigerantes, sucos industrializados, sopa e macarrão
‘instantâneos’, ‘tempero pronto’, embutidos, produtos prontos para aquecer)
devem ser evitados ou consumidos apenas ocasionalmente.
Embora convenientes e de sabor pronunciado, esses e outros produtos
ultraprocessados tendem a ser nutricionalmente desequilibrados e, em sua
maioria, contêm quantidades elevadas de açúcar, gordura e sal.

9º passo
Fique atento (a) às informações nutricionais dos rótulos dos produtos
processados e ultraprocessados para favorecer a escolha de produtos
alimentícios mais saudáveis.
Os rótulos dos produtos processados e ultraprocessados (como biscoitos, pães
de forma, iogurtes, barras de cereais, entre outros) são uma forma de
comunicação entre esses produtos e os consumidores e contêm informações
importantes sobre a sua composição.
Mais formas de esclarecimento podem surgir no diálogo com outras pessoas
no local de compra ou por meio do serviço de atendimento ao consumidor (SAC)
ou, até mesmo, em uma consulta com um profissional de saúde.
Fique atento (a) para informações, orientações e mensagens sobre alimentação
veiculadas em propagandas comerciais, pois geralmente as propagandas
buscam aumentar a venda dos produtos, mas não informar.

10º passo
Sempre que possível, coma acompanhado (a) de alguém.
A companhia de familiares, amigos ou vizinhos na hora das refeições colabora
para o comer com regularidade e atenção, proporciona mais prazer com a
alimentação e favorece o apetite.
Escolha uma ou mais refeições na semana para desfrutar da alimentação na
companhia de alguém, mantendo o convívio social com as pessoas próximas.
Unidade 7:
Cuidados com a higienização do idoso
A higiene é um fator muito importante para a qualidade de vida da pessoa
idosa. Com o passar dos anos, a pessoa deixa de ter foças e capacidade para
cuidar de si e de sua própria higiene, sendo necessária a presença de outra
pessoa para realização do auxílio.
A perda de massa óssea e muscular aumenta a sensação de cansaço e
também atua como fator redutor da motivação do idoso para a manutenção das
condições de higiene e autocuidado.
Quando nos referimos à higiene e autocuidado, estamos falando na
frequente lavagem de mãos, banho, cuidados com a pele e imagem corporal, e
por fim, na higiene bucal, essa última será trata na próxima unidade.

Banho

O banho é importante para preservar a integridade da pele, realizar


exercícios e movimentar o idoso. Ele também evita as irritações de pele e
previne o corpo contra o aparecimento de infeções futuras.
O cuidador deve sempre priorizar o banho de chuveiro, porém se não for
possível, o banho pode ser dado na cama. É comprovado que após o banho o
idoso melhora seu humor e sua autoestima, isso porque ele deve ser um
momento de relaxamento e de prazer para o idoso.
Algumas pessoas idosas, doentes ou com incapacidades podem, às
vezes, se recusar a tomar banho. É preciso que o cuidador identifique as causas
destas ações e busque minimizar os efeitos que elas têm em relação à essa
recusa.
A recusa por higienizar-se pode ser pela dificuldade para locomover-se
ou ter medo de cair, estar deprimido, sentir dores, sentir tonturas ou mesmo
sentir-se envergonhado de expor-se ao cuidador, especialmente se o mesmo
for do sexo oposto.
Durante o banho é importante que o cuidador se atente às janelas, que
devem estar fechadas, para que o idoso fique livre de correntes de vento que
possam prejudicar sua saúde.

A higiene íntima deve efetuada sempre que necessário, sendo


recomendável, como protocolo de cuidados, a verificação das condições da
fralda a cada 2 horas.

Se o idoso apresentar déficit de marcha ou fraqueza em membros


inferiores, deverá ser posicionado no banheiro uma cadeira higiênica e suportes
adaptados de parede para evitar quedas ou síncopes.
Outra questão importante é a temperatura da água, isso porque
temperaturas elevadas causam o ressecamento da pele. O horário do banho
deve ser de acordo com a preferência do idoso, desde que seja um horário mais
quente do dia e que ele tenha um auxílio durante o mesmo.
Além disso, é indispensável a utilização de um sabonete neutro, e na hora
de secar o idoso, deve-se ficar atento a toalha. Devido à redução do turgor, da
elasticidade e da resistência da pele, ao secar o idoso, o cuidador deve apenas
apertar a toalha sobre o corpo do idoso evitando esfregá-la na pele, causando
assim micro lesões cutâneas.
Se o paciente faz uso constante de fraldas, pode-se utilizar um secador
de cabelos como uma eficiente técnica de secagem da região inguinal e
perineal. Após a secagem, recomenda-se o uso de pomadas protetoras de
dermatite na região inguinal e perineal.
O momento do banho é um excelente momento para o cuidador de idoso
efetuar a avaliação das condições cutâneas do idoso, bem como as condições
das unhas, pelos e cabelo, condições de força e autonomia funcional. Quaisquer
alterações deverão ser comunicadas aos familiares ou médico responsável.

Cuidados com a pele


A hidratação da pele e a massagem de conforto são de suma importância
para ativar a circulação sanguínea e manter a elasticidade da pele, evitando
lesões tão características dessa faixa etária.
Recomenda-se a utilização de cremes ou loções hidratantes, ainda com
a pele úmida, em todo o corpo do idoso, principalmente nos pés e nos braços
do idoso para tornar sua pele mais resistente. Qualquer produto que diminua a
umidade da pele (os que contêm álcool) deve ser evitado.
Talcos e maisena não são recomendados, o primeiro porque absorve o
óleo da pele e pode ser inalado e o segundo porque forma um "meio de cultura",
facilitando a ocorrência de infecções cutâneas.

Demais cuidados
As unhas devem ser cortadas semanalmente e os cortes do cabelo e da
barba devem ser feitos periodicamente.
As unhas devem ser deixadas de molho em água aquecida com
bicarbonato ou com sabão por 10 minutos, pois com o envelhecimento as unhas
tornam-se espessas, endurecidas e quebradiças. Este procedimento facilitará o
corte, em linha reta não muito rente, evitando o aparecimento de unhas
encravadas ou feridas.
Unidade 8:
Cuidados com a saúde bucal do idoso
As condições de saúde bucal influenciam na autoestima, na fala, na
percepção do paladar, na digestão e na deglutição. A higiene correta da boca,
após as refeições, ao acordar e antes de se deitar, é uma conduta que precisa
ser reforçada com a pessoa idosa para favorecer a sua saúde bucal.

Os idosos precisam de cuidados e orientações específicas em relação à


saúde bucal. Isso porque eles são acometidos por diversos problemas bucais,
como por exemplo a boca seca, cáries de raiz, problemas nas pontes e próteses
tais, doenças periodontais, lesões na mucosa bucal, câncer bucal, entre outras.
O cuidado com a saúde bucal auxilia na preservação da capacidade
mastigatória, evitando que as refeições sejam restritas a alimentos facilmente
mastigáveis. A capacidade mastigatória da pessoa idosa interfere na seleção
dos alimentos e na maneira de prepará-los. Assim, a preservação da saúde
bucal permite maior flexibilidade no planejamento das refeições e mais prazer
com a alimentação.
Em relação às doenças atreladas à higiene bucal, temos a “xerostomia”,
também chamada de boca seca. A xerostomia, consiste na diminuição da
quantidade de saliva.
Os idosos constituem o maior grupo de consumidores de medicamentos
per capita em todo o mundo. Os medicamentos mais consumidos pelos
pacientes geriátricos são os cardiovasculares, analgésicos, sedativos e
tranquilizantes, sendo que a maioria dessas drogas são associadas a efeitos de
inibição do fluxo salivar, aumentando assim, a susceptibilidade à cárie dentária.
No caso daqueles que sofreram radioterapia anticancerígena de cabeça
e pescoço, uma diminuição do fluxo salivar ainda maior é observada e pode criar
as cáries de radiação, com uma exposição muito grande na região da raiz do
dente.
Outro fato é que com o envelhecimento, há chances de que a gengiva
comece a retrair e isso faz com que os dentes pareçam mais longos. Esse
processo irá a expor a raiz do dente, podendo causar um maior risco de cáries,
a chamada “cárie de raiz”, e pode causar uma hipersensibilidade da dentina.
Neste caso, a realização de uma higiene bucal diária perfeita, incluindo
escovação e uso de fio dental, mais os tratamentos regulares com flúor, podem
ajudar o idoso a ter dentes mais resistentes à cárie e podem auxiliá-lo a aliviar
a dor associada aos dentes sensíveis.
É importante que o idoso realize um bochecho com água limpa antes da
escovação, na tentativa de retirar restos de alimentos presentes na cavidade
oral. A escovação deve ser delicada para evitar lesões nas gengivas.
Outra questão importante se refere ao uso de dentaduras e pontes
móveis. A limpeza desses deve ser a cada refeição, antes de dormir e ao acordar,
já que as placas bacterianas se formam também sobre essas próteses e
causam uma série de doenças.
Os dentes artificiais das dentaduras exigem uma correta higiene para
evitar o risco de disseminação de infecções que podem provocar a
“endocardite” (inflamação de um tecido do coração) ou a “pneumonia por
aspiração” dos microrganismos, e que podem levar o idoso à morte.
À noite, antes de se recolher e após promover a limpeza da prótese, o
idoso deve colocá-la em um recipiente fechado com água. É importante que ele
não durma com a prótese para proporcionar um relaxamento dos tecidos de
suporte. Se o idoso usar dentadura, mas também tiver dentes deve-se usar uma
escova para dentadura e outra escova macia ou extra macia para os dentes
naturais.
Já os idosos que não têm dentes devem promover a limpeza das
mucosas e gengivas utilizando-se de solução de digluconato de clorexidina a
0,12% sem álcool, aplicada numa gaze.
A aplicação do flúor é muito importante na prevenção das cáries e na
proteção dos dentes. A limpeza da boca é assim fundamental para todos os
idosos, inclusive para os que utilizam placa dentária, pois podem estar mal
instaladas, o que faz com que o resto dos alimentos permaneça indevidamente
no espaço que se encontra em torno da mesma.
Se o idoso tiver algum tipo de doença como artrite, artrose e gota, devido
às alterações nas articulações que levam a movimentos dolorosos e limitados,
deve-se fazer adaptações, como por exemplo com a escova através de um cabo
engrossado com resina acrílica ou com escova elétrica, para facilitar os
movimentos durante a higienização.
Unidade 9:
Cuidados com a mobilidade, posicionamento e transferência
Os cuidados em relação à mobilidade, posicionamento e transferência de
idosos é importante quer seja para levantar, sentar, apoiar durante as
caminhadas, deitar ou levantar da cama. Primeiro o cuidador deverá aprender a
controlar o seu corpo, para assim movimentar corretamente a outra pessoa.
A velhice traz consigo uma dificuldade natural da movimentação. Dessa
forma é importante que o cuidador se atente ao posicionamento do idoso de
forma confortável, para que sejam evitadas as deformidades, em decorrência de
um posicionamento incorreto.
No caso dos idosos acamados, ou seja, aqueles que passam o dia
deitados, os cuidados devem ser redobrados. Iremos estudar sobre as
particularidades desses idosos em uma unidade mais adiante.
Quando o idoso estiver deitado de barriga para cima, é interessante que
o cuidador observe se ele está reto, os braços estão ao lado do corpo, as mãos
estão abertas e apoiadas no colchão.

Quando ele está de lado, o cuidador deverá ficar atendo ao ombro, para
que esse não fique embaixo do corpo, as pernas deverão estar alinhadas com a
coluna e as costas apoiadas em algum cobertor.
Na hora de mudar a posição do idoso, o cuidador deverá solicitar a ajuda
do mesmo, para que ele se sinta útil e independente, favorecendo sua
autoestima. Outra questão importante, é que o cuidador deverá informar o idoso
sobre o que será feito, para onde será transferido, evitando assim uma angústia
e incerteza por parte do idoso. Ele ainda deverá ter um bom campo de visão para
que não tenha medo de cair durante o processo de movimentação.
As mudanças de posicionamento podem provocar lesões tanto no idoso,
quanto no cuidador se forem realizadas de forma incorreta. No caso do
cuidador, as lesões nas costas e no caso dos idosos, abrasões na pele,
distensões ou mesmo fraturas. Por isso é de extrema importância que o
cuidador não tenha pressa e não faça movimentos bruscos quando for realiza-
las.

Como prevenir lesões no cuidador, durante o posicionamento dos idosos


• Estabeleça uma rotina para os posicionamentos e mobilizações, ou seja,
use o mesmo procedimento toda vez que for posicionar ou mobilizar o
idoso;
• Nunca levante mais peso do que consegue;
• Crie uma base de suporte com os seus pés (estando apoiados à largura
dos ombros, mas com um pé ligeiramente mais à frente que o outro);
• Não deixe suas costas fazer a força, permita que seja as suas pernas
(pois os músculos das costas não são os mais fortes);
• Quando for transferir um idoso de uma cama, recorra a um cinto de apoio
lombar para aliviar a pressão nas costas;
• Faça exercícios saudáveis de modo a fortalecer os seus músculos
essenciais para a mobilização de idosos.

Como posicionar um idoso corretamente na cama


• Nunca puxe o idoso pelo braço ou perna;
• Se possível, tire primeiro os pés da cama, de modo a evitar que a pessoa
deslize;
• Se for para passar para a cadeira de rodas, primeiro sente-o na cama, e
depois coloque a cadeira de rodas próximo, lateralmente à cama, de
modo a que o idoso possa ajudar;
• Se o idoso conseguir colaborar, ele deverá colocar a mão no apoio lateral
da cadeira de rodas, facilitando o movimento;
• Se o idoso não conseguir colaborar, o cuidador terá que apoiá-lo,
colocando os seus braços por entres as axilas, levantar e depois rodar o
corpo de modo a poder sentá-lo na cadeira de rodas.

Como realizar a transferência da cama para a cadeira de rodas

• Antes de começar a transferência assegure-se que o freio da cadeira está


ativado, que o braço foi levantado e que o apoio dos pés está recolhido
(algumas cadeiras não vão possuir mobilidade em algumas partes, mas
se houver, siga essas instruções).
• O cuidador deverá estar na frente do idoso e ao lado da cadeira de rodas
(de forma que o assento esteja virado para o profissional);
• Se o idoso tem um lado do corpo comprometido, deixe o lado bom virado
para a cadeira;
• O idoso deve estar sentado na beira da cama, com os pés bem apoiados
no chão e o tronco inclinado para frente.
• O cuidador deve se posicionar à frente do idoso, pedir que ele coloque as
mãos sobre seus ombros (se um braço estiver comprometido, só será
apoiado o braço bom).
• As mãos do cuidador podem estar sobre os ombros do idoso, sobre as
escápulas ou ainda segurando a calça/short do idoso;
• Sente o idoso e verifique se ele está bem posicionado, com o tronco sobre
o encontro, para que os pés sejam colocador sobre os apoios e o braço
da cadeira abaixado.
Unidade 10:
Cuidados com o sono
As alterações do sono apresentam-se como uma das queixas mais
consistentemente documentadas pelo indivíduo adulto, com crescente
prevalência ao longo da sua vida, atingindo o seu pico na população idosa.

O processo de envelhecimento implica o surgimento de inúmeros fatores


de risco para o desenvolvimento das alterações do sono. Os variados
medicamentos, as patologias físicas e mentais, bem como a alteração do seu
ambiente, o sentimento de invalidez ou o isolamento, contribuem para um
agravamento da qualidade do sono.

Estudos têm demonstrado que o processo de envelhecimento acarreta


em modificações qualitativas e quantitativas do sono. Tais alterações podem
ser percebidas, ou não, como perturbação do sono, dependendo de cada
indivíduo

Uma problemática associada à alteração do sono do idoso, são a insônia


crônica e a apneia do sono. Isso porque no idoso, o sono se torna mais
superficial e fragmentado e, portanto, tem menor eficiência e pior qualidade.
O sono é composto de vários estágios, os quais são identificados através
da análise da atividade elétrica cerebral. Esses estágios variam durante o sono
do indivíduo, e a transição entre eles acontece, sem que o indivíduo saiba. Os
estágios do sono são: sono superficial, sono profundo e sono REM.
A grande maioria dos idosos se queixam de alguma perturbação do sono,
demoram a adormecer e/ou acordam muitas vezes durante a noite. Os idosos
percebem o sono com sendo “mais leve”. Além disso, existe uma tendência
maior em dormir durante o dia, tirando os chamados “cochilos”.

As maiores diferenças entre o sono de um adulto e de uma pessoa com


mais de 60 anos, são:
• Aumento do sono superficial;
• Diminuição da duração do estágio que compreende o sono
profundo;
• Diminuição da duração do estágio que compreende o sono REM;
• Maior número de transições entre os estágios do sono;
• Redução da duração do sono;
• Sono fica fragmentado;
• Redução no tempo gasto em cada um dos estágios;
• Desorganização na passagem de cada estágio.
É importante que o cuidador observe as alterações no sono dos idosos,
pois a dificuldade constante em dormir pode repercutir em aumento do risco de
queda, comprometimento cognitivo, prejuízo da função respiratória e
cardiovascular, aumento da mortalidade e da necessidade de um
acompanhamento noturno.
Doenças como diabetes, obesidade, Alzheimer e câncer, tem uma forte
relação causal com a falta de sono. À medida que ficamos mais velhos, a
probabilidade de todas essas doenças aumenta consideravelmente, especialmente
a demência.

Tratando-se de um fator com forte impacto sobre a saúde do idoso, é


importante encarar este problema de modo a contribuir para que os idosos se
mantenham autónomos, socialmente ativos e com uma boa qualidade de sono,
para se ter uma boa qualidade de vida.
Unidade 11:
Cuidados com o trato intestinal
Umas das queixas mais frequentes das pessoas idosas em relação ao
trato intestinal é a constipação, também chamada de prisão de ventre. Essa
doença consiste na eliminação de fezes duras e pequenas, que são eliminadas
com pouca frequência (duas vezes na semana) e com muito esforço.

As pessoas mais idosas, por falta de exercícios regulares e pouca


ingestão de água, uma vez que têm pouca sede, são mais sujeitas à prisão de
ventre. Essa condição apresentada pelo idoso pode ser considerada normal,
porem pode possuir origem de vários fatores.
Outros fatores aliados à prisão de ventre que estão presente nessa faixa
etária são: a falta de fibra na alimentação, sedentarismo, limitações nos
movimentos do corpo e alimentos que causem o ressecamento das fezes, como
o chocolate. Além disso, doenças endócrinas (hipotireoidismo), a diabetes e a
insuficiência renal crônica também tem associação.
Os idosos também são os que mais consomem medicamentos e alguns
deles, como antidepressivos, antitussígenos, analgésicos opiáceos (codeína,
morfina), antiparkinsonianos, anti-hipertensivos, antiácidos contendo alumínio
e preparados com cálcio, também estão entre as causas da prisão de ventre.
Patologias neurológicas e musculares (lesões da medula espinhal,
esclerose múltipla, Doença de Parkinson, falha no relaxamento perineal ao
esforço de expulsão fecal), situações psiquiátricas (depressão, demência,
traumas), anomalias estruturais do cólon (megacólon, fissura anal,
complicações hemorroidárias, prolapso retal), estreitamento do intestino
grosso (complicações cicatriciais de diverticulite, inflamações como efeito
indesejável de radioterapia, tumores malignos do reto e porção final do intestino
grosso) e transito colônico lento (idiopático – de causa não identificada – e
falsa obstrução intestinal crônica) podem ser causas da constipação.
Prevenir a constipação ou suavizar seus sintomas, é sempre a melhor
opção para o idoso. É necessário que o cuidador fique atento à alimentação do
idoso, introduzir concentrados de fibras, tratar ou controlar enfermidades
subjacentes locais ou sistêmicas, revisar os medicamentos, principalmente
aqueles de uso contínuo.

As fibras alimentares são carboidratos que auxiliam o nosso organismo


na digestão completa do alimento. Elas possuem dois tipos: solúveis e
insolúveis. As solúveis nos proporcionam saciedade e podem ser encontradas
nas frutas, verduras, aveia, cevada e leguminosas (feijão, lentilha, soja e grão de
bico).

Já as insolúveis que auxiliam no funcionamento do intestino e são


encontradas nas verduras e cereais (arroz, pão e torrada). Para que elas
consigam exercer sua função no organismo, é necessário também que haja uma
ingestão de líquidos (água, sucos, chás), de pelo menos oito copos por dia.
A quantidade de fibras que a população idosa deve consumir diariamente
é de 25 gramas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segue abaixo
alguns alimentos que contem fibras:
• 1 unidade de banana prata (1,4 gramas),
• 2 colheres de sopa de aveia em flocos (3,0 gramas),
• 4 colheres de arroz integral (3,5 gramas),
• 3 colheres de sopa de feijão preto sem caldo (4,7 gramas)

É importante lembrar que a alimentação do idoso depende de fatores


como: localização, costumes, situação econômica, hábitos familiares etc.
Sendo assim, cada idoso deve receber um atendimento individualizado com
uma equipe multiprofissional trabalhando e orientando-o assim como, se faz
necessária à presença de um nutricionista, na garantia de uma alimentação
saudável e equilibrada.
As orientações que o cuidador deve dar ao idoso são:
• Ir ao banheiro sempre que tiver vontade;
• Beber muito líquido, mas álcool com moderação, porque ele ajuda
a desidratar as fezes;
• Comer frutas, se possível com casca, nos intervalos entre as
refeições;
• Tentar administrar as situações de estresse e as crises de
ansiedade. Se precisar de ajuda, não se acanhe. As emoções
podem ter influência sobre o funcionamento dos intestinos.
• Procurar assistência médica se notar mudanças significativas nos
hábitos intestinais. Não deixar de ir ao médico, se as fezes
estiverem muito ressecadas ou muito finas, se houver sinais de
sangramento, ou se estiver emagrecendo sem nenhuma
explicação aparente.
Causas
As causas mais comuns da prisão de ventre costumam ser a dieta pobre
em fibras, a pequena ingestão de líquidos, o sedentarismo, assim como o
consumo excessivo de proteína animal e de alimentos industrializados.
Não atender à urgência para evacuar, quando ela se manifesta, também
pode comprometer o funcionamento regular dos intestinos. A prisão de ventre
pode, ainda, estar associada a doenças do cólon e do reto, como diverticulose,
hemorroidas, fissuras anais e câncer colorretal.
Pode, igualmente, ser provocada pelo uso de certos medicamentos e por
alterações neurológicas e do metabolismo. Estresse, depressão e ansiedade
são outras ocorrências capazes de interferir nos hábitos intestinais.
A complicação mais comum da constipação é o fecaloma, massa
compacta de fezes endurecidas, que se deposita no reto ou no cólon-sigmoide,
e interrompe o trânsito intestinal. A tendência é o fecaloma aparecer mais nas
pessoas com dificuldade de locomoção, como os idosos acamados e os
cadeirantes.

Principais sintomas
Os sintomas da prisão de ventre podem variar de uma pessoa para outra
ou na mesma pessoa nas diferentes crises. Os mais característicos são:
• Número reduzido de evacuações;
• Dificuldade para eliminar as fezes que se apresentam ressecadas
muito duras e pouco volumosas;
• Sensação de esvaziamento incompleto dos intestinos.
No entanto, esses não são os únicos sintomas. Desconforto, distensão e
inchaço abdominal, mal-estar, gases e distúrbios digestivos são manifestações
que também podem estar correlacionadas com a prisão de ventre.

Diagnóstico
O diagnóstico é feito de forma variada, mas geralmente pode ser feito
com exame clínico simples dependendo das características de cada paciente.
O médico dificilmente encontra algo importante ou diagnóstico ao exame físico.
Por isso, deve, se possível, consultar um proctologista, que procederá ao toque
retal e a retoscopia, pois mais de 50% dos tumores do cólon estão ao alcance
desta simples metodologia.

Tratamento
O tratamento consiste em modificar a dose ou tipo de medicamento que
contribui para o aparecimento ou piora da constipação, afim de minimizar seus
efeitos colaterais, corrigir ao máximo as causas endócrinas, metabólicas,
neurológicas, dieteto-alimentares e proctológicas causadoras ou contributivas
à dificuldade evacuatória, estimular a ingestão de fibras formadoras e
umidificadoras do bolo fecal (granola e farelo de trigo), sugerir o uso de
alimentos com propriedades laxativas naturais (são muito usados o mamão e a
ameixa preta), aconselhar o uso de um ou mais dentre as diversas classes de
laxativos, (sempre com parcimônia) e prescrever procinéticos (estimulantes
peristálticos por via sanguínea, deglutidos ou injetados). O uso de supositórios
ou enemas (lavagens intestinais) tem indicações importantes.
É importante também que o idoso beba bastante líquido,
aproximadamente dois litros por dia, se não houver contraindicação médica,
pois pessoas com insuficiência cardíaca ou renal, por exemplo, podem não
tolerar esse volume de líquido.
O cuidador deverá também incentivar a prática atividade física, já que se
trata de outra medida essencial para o bom funcionamento dos intestinos.
Unidade 12:
Cuidados com a sonda vesical de demora
A sonda vesical de demora, também chamada de sonda para urinar ou
sonda de Folley, é utilizada quando a pessoa é incapaz de urinar
espontaneamente ou de controlar a evasão da urina.
O idoso com incontinência urinária deve ser reavaliado periodicamente
para que se possa ter uma indicação correta para o uso da sonda vesical,
classificando o tipo de incontinência.
Nesse caso, quando indicada, a cateterização vesical deverá ser
realizada por meio de técnica asséptica, por profissional da enfermagem
treinado e com uso de material estéril.
Mesmo a sonda só podendo ser colocada e retirada por um profissional
da saúde, caberá ao cuidador fazer seu higiene, manipulação e manutenção. A
sonda possui um pequeno balão interno que depois que fica cheio, prende a
sonda dentro da bexiga. A parte externa da sonda deve ficar presa na coxa da
pessoa, permitindo a movimentação da pessoa, sem que a sonda saia do lugar.

A sonda liga-se fora do corpo, a uma bolsa que armazena a urina, a qual
pode ser fixada na parte lateral da cama, na cadeira de rodas ou até mesmo na
perna da pessoa. Segue abaixo um modelo de sonda vesical de demora:
Como a sonda faz com que a pessoa urine de forma contínua, ela fica por
um tempo dentro da bexiga. Dessa forma, o cuidador ficar atento a possíveis
infecções, sangramentos e feridas. Segue abaixo a posição correta da sonda
dentro do organismo do indivíduo:

O tempo para troca da sonda é definido conforme orientação médica e/ou


casos de obstrução, presença de grande quantidade de resíduos no sistema,
mau funcionamento do cateter, o que causa infeção no trato urinário, ou seja, a
proliferação de microrganismos, principalmente, bactérias.
Em casos em que há a presença de sintomas da infecção, como por
exemplo, cistites relacionadas ao cateter, o cuidador deverá providenciar o
tratamento em no máximo 14 dias, além de solicitar a troca da sonda vesical de
demora.

Cuidados na higienização, manipulação e manutenção da sonda


O cuidador deverá realizar os seguintes procedimentos para higienizar,
manipular e manter o seu bom funcionamento.
• Lave as mãos antes de mexer na sonda;
• Limpe a pele ao redor da sonda com água e sabão pelo menos duas
vezes ao dia para evitar o acúmulo de secreção;
• Mantenha o frasco ou bolsa coletora abaixo do nível da cama ou do
assento da cadeira, e não deixe que ela fique muito cheia;
• Ter atenção quanto ao intervalo de troca e encaminhar o idoso para
realizar a troca da sonda por um profissional capacitado;
• Visualizar sempre o aspecto de urina que está saindo na bolsa
coletora e atentar para urina com presença de sangue, pus, grumos
(como coágulos), etc.
Sempre que houver uma diferença da urina convencional para outro
tipo de urina é importante que o médico seja comunicado, pois em
alguns casos poderá se tratar de uma infecção de trato urinário que
requer atenção especial;
• Não abrir o sistema entre a sonda e a bolsa coletora. O sistema de
sondagem vesical de demora é fechado e estéril, devendo assim ser
mantido.

O cuidador deverá ainda esvaziar e lavar a bolsa ou frasco coletor de


urina uma vez ao dia, com água e sabão e enxágue com água clorada. Segue
abaixo técnica para esvaziar a bolsa coletora:

Material:
- Frasco de vidro ou comadre limpa;
- Luvas de procedimento.

Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Organizar o material;
- Explicar o procedimento;
- Fechar o clampe superior;
- Colocar o frasco de vidro ou comadre abaixo do clampe inferior;
- Abrir clampe inferior e esvaziar a bolsa, tendo o cuidado para não contaminar
a válvula (não encostar a extremidade da bolsa na comadre);
- Fechar o clampe inferior;
- Abrir o clampe superior;
- Deixar o idoso confortável;
- Organizar o material;
- Lavar as mãos;
- Observar: volume, coloração e aspecto da diurese.

Para evitar que a urina retorne do frasco externo para dentro da bexiga, é
necessário que o cuidador:
• Tome cuidado para não puxar a sonda, pois isso pode causar
ferimentos na uretra;
• A sonda tem que ficar livre para que a urina saia continuamente da
bexiga, por isso, cuide para que a perna da pessoa ou outro objeto não
comprima a sonda;
• Se durante algum tempo não houver urina na bolsa coletora, verifique
se a sonda está dobrada, obstruída ou pressionada pela perna da
pessoa;
• Caso a pessoa não urine num espaço de 4 horas, mesmo ingerindo
líquido, procure falar urgentemente com a equipe de saúde.
Unidade 13:
Cuidados com as ostomias
A ostomia digestiva é uma abertura feita mediante cirurgia, realizada na
parede abdominal, em que uma porção do intestino é levada até a pele. Nesse
procedimento, as fezes passam pela ostomia para fora do corpo, sem que a
pessoa tenha o controle, e são armazenadas em uma bolsa que fica aderida ao
corpo.
Se essa abertura do intestino, for na última porção doente ou lesionada
do intestino delgado, a pessoa fica ileostomizada. Já, se a abertura for no
intestino grosso, a pessoa fica colostomizada.

A ileostomia, menos frequente em idosos, fica no lado direito do abdômen


pouco abaixo da linha da cintura. As fezes neste local são com frequência mais
líquidas e agressivas para a pele. Os cuidados são mais específicos e deverão
ser feitos por um profissional.
Em ambos os casos, a pessoa pode ter uma vida normal e ativa,
entretanto com algumas alterações. Ela está apta para sair de casa, desde que
seja levada uma bolsa extra para troca, caso seja necessário. Entretanto, a
pessoa submetida a esses procedimentos, pelo fato da bolsa estar
aparentemente visível, pode ter dificuldade na aceitação da mesma, e caberá ao
cuidador dar auxílio nesse processo.
Neste ânus artificial, que pode ser temporário ou permanente, criado no
abdômen da pessoa é necessária a utilização das chamadas bolsas de
colostomia. As bolsas de colostomia que irão receber o conteúdo intestinal, ou
seja, fezes e gases, uma vez que que nesses casos as pessoas não possuem
controle do momento em que vão evacuar.
Algumas alterações fisiológicas podem ocorrer em virtude dos ácidos
contidos no intestino e o constante contato desses ao abdômen. Por isso é
importante que o cuidador fique atento a qualquer alteração que não seja
normal.

Os cuidados relacionados aos estomas e a pele que fica ao seu redor são
fundamentais para a prevenção de complicações que podem vir a alterar o seu
funcionamento normal.
Os principais cuidados domiciliares relacionados à manutenção das
colostomias são cuidados relacionados ao estoma e a troca das bolsas, bem
como a alimentação do paciente que tem como consequência suas fezes.
Higienização e esvaziamento da bolsa
A higienização da bolsa de colostomia deve ser realizada sempre que a
mesma estiver cheia, o clampe deve ser bem fechado para que não ocorra
vazamento e a troca de bolsa é realizada mediante a necessidade.
A higiene deve ser realizada pelo menos uma vez ao dia, utilizando gaze,
toalha com textura macia, algodão ou outro utensílio que não cause lesão na
pele, esses devem estar sempre umedecidos com água morna e sabonete
neutro.
Depois da limpeza, o local deve ser bem seco. Não devem ser usados
nenhuma outra substância como álcool ou benzina, para retirar os resíduos de
cola da placa que se fixa ao estoma, porque essas causam na maioria das vezes
irritação, machucando a pele.

Cuidados com a pele


As fezes pela sua composição, são capazes de causar grandes lesões na
pele. Portanto é importante que se utilize uma bolsa que proteja bem a pele
fixando e adaptando-se bem o ostoma.
Outro aspecto a ser observado pelo cuidador, é a cicatrização em volta
do estoma, assim como as possíveis alterações como: edema (inchaço), odor e
coloração da pele, as quais devem estar sempre com aspecto avermelhado, com
presença de muco e sem cheiro desagradável.

Banho
Não é necessário retirar a bolsa para tomar banho, quer seja de
chuveiro ou de banheira já que ela é impermeável à água. Se for preciso
poderá trocar o equipamento durante o banho. O sabão e a água não são
perigosos e nem prejudicam a ostomia. Apenas deve-se evitar o jato forte do
chuveiro diretamente na abertura da ostomia, pois pode provocar
sangramento.
Unidade 14:
Cuidados com as Ulceras de pressão
As ulceras de pressão, também conhecidas como escaras, são as feridas
que surgem quando o corpo, ou parte dele, está imóvel e a pessoa não consegue
mexer. Essa paralização provoca uma baixa circulação sanguínea, ocasionando
o surgimento dessas feridas.

Os pacientes com alterações, como esclerose, demência ou de


comportamento, podem ter dificuldade de mudar de posição e assim,
permanecerem horas sob parte do corpo, formando as feridas.
Apesar dos avanços científicos e tecnológicos para prevenção e
tratamento das úlceras por pressão, essa complicação ainda representa uma
importante causa de morbidade em hospitais, instituições de longa
permanência e na assistência domiciliar dos susceptíveis.
As áreas do corpo com pouca gordura e músculos, com proeminência de
ossos são locais onde é mais comum o aparecimento de escaras, como por
exemplo: ombros, escapula, cotovelos, quadril, base da espinha (região sacra),
lateral das nádegas, joelhos, tornozelo e calcanhar.
As ulceras de pressão podem ser classificadas em diferentes estágios, a
saber:
• Estágio I: quando a pele está intacta, mas se observa vermelhidão
e um pouco de ulceração de pele.
• Estágio II: quando a pele já está perdendo sua espessura,
manifestando abrasão, bolha ou cratera superficial.
• Estágio III: quando se observa uma ferida de espessura completa,
envolvendo a epiderme, a derme e o subcutâneo.
• Estágio IV: quando se tem uma lesão significante, onde há a
destruição ou necrose para os músculos, ossos e estruturas de
suporte (tendões e cápsula articular).
No caso das ulceras de preção, a prevenção é mais importante que o
tratamento, porque uma escara leva pouco tempo para surgir e pode levar
meses para cicatrizar, gerando complicações e desconforto para a vida do
idoso.

Prevenção
Para prevenir o surgimento das escaras, é fundamental que o cuidador:

• Evite que o idoso durma o dia todo;


• Mude o idoso de posição de três em três horas;
• Coloque o idoso sentado na cadeira ou sofá para variar a sua posição;
• Proteja as saliências ósseas com travesseiros, pequenas almofadas ou
lençóis dobrados em forma de rolo;
• Leve o idoso para tomar banhos de sol (utilizar protetor solar), de
preferência, antes das dez horas ou após as 16 horas, durante 15 a 30
minutos;
• Ofereça água, suco e chá várias vezes ao dia e em pequenas
quantidades;
• Realize massagens para conforto;
• Mantenha o idoso limpo, sempre trocando-o no caso de vazamento de
fezes e urina;
• Sempre que possível, ande devagar com a pessoa, evitando que
ela arraste os pés e calcanhares;
• Para os pacientes que ficam em cadeira de rodas ou poltronas
recomenda-se que deixem as nádegas livres do peso do corpo durante
pelo menos 1 minuto a cada 15 ou 20 minutos. Se o paciente tem força
nos braços ele pode realizar isto sozinho;
• Lave a pele sempre com muito cuidado. Não se deve esfregá-la
durante a limpeza, pois a pele ressecada pode originar feridas e favorecer
o surgimento de escaras;
• Usar colchão “caixa-de-ovo” que deve ser protegido com lençol de um
material plástico específico, tipo “Vapt Vupt”, encontrado em casas de
material cirúrgico e que deve ser colocado em cima do colchão habitual,
conforme mostrado abaixo:

Tratamento
Para realizar o tratamento das feridas, se faz necessária uma avaliação
médica e de enfermagem. Nessa avaliação serão definidos o tipo de curativo
que será utilizado para cada parte do corpo afetadas, levando em consideração
as particularidades da pele de cada idoso.
Caberá ao cuidador fazer a troca do curativo, com periodicidade definida
pelo médico ou enfermeiro. Nos casos em que as escaras são próximas das
regiões genitais, é importante evitar a presença de fezes ou urina diretamente
sobre a ferida, para não haver a contaminação.
O tratamento da ferida consiste em limpeza da lesão com jato de soro
fisiológico, preferencialmente morno. O jato é conseguido perfurando-se o
frasco de soro com uma agulha 40X12 ou 30X8. Este jato tem a propriedade de
limpar a ferida sem destruir o que o próprio organismo vem reconstruindo. Se
há presença de escaras (crosta preta e endurecida) sobre a lesão, esta deverá
ser retirada por um profissional médico ou enfermeiro especializado.
Unidade 15:
Cuidados com as medicações
Os idosos usam, em média 3 a 4 tipos de diferentes medicamentos ao
dia, nos mais diversos horários e dosagens. Sabe-se que quanto maior o
número de remédios, maior a chance de haver erro de dose, de horário, e até
mesmo a troca de medicação. Essa confusão ocorre, tanto por parte do idoso,
quanto do cuidador.

Para facilitar a administração dos medicamentos, o cuidador poderá


utilizar o “Plano de Medicação Diária”, que consiste em uma tabela, com vários
relógios desenhados. Esse plano poderá ser preenchido pelo médico,
enfermeira, ou até mesmo o farmacêutico que faz a venda da medicação.
É importante que seja feita a distribuição da medicação em horários
padronizados e de fácil manipulação. O Plano de Medicação deverá ficar em
lugar de fácil visualização, como por exemplo, a porta da geladeira, ou outro
lugar que o cuidador julgue mais apropriado.
Para evitar problemas decorrentes da superdosagem ou da não
medicação, recomenda-se que o cuidador de idosos realize os seguintes
procedimentos:
• Coloque os medicamentos em uma caixa com tampa (plástica ou
papelão), ou vidro com tampa, tomando o cuidado de usar caixas
diferentes para medicamentos dados pela boca, para material de curativo
e material e medicamentos para inalação. Além de ser mais higiênico, é
menos provável que você confunda e dê via oral um medicamento
inalatório, ou que misture um material de curativo de ferida com o de
limpeza de sonda ou cânulas;
• Compre caixas para medicamentos e materiais de curativo, à disposição
em lojas de produtos médico hospitalares, chamada de caixas
organizadoras, a qual podem ser utilizadas para medicação oral e existe
em várias opções e formatos;
• Caso você não saiba ler ou tenha dificuldade de compreender as
medicações, peça o profissional que cuida do idoso para dividir os
medicamentos em envelopes ou saquinhos, com o desenho do horário
em que deve ser tomado;
• Converse com o médico ou enfermeira responsável sobre a
possibilidade de dividir as medicações em horários padronizados, como
por exemplo café da manhã, almoço e jantar, e faça uma lista do que pode
e do que não pode ser dado no mesmo horário. Para facilitar você pode
dividir a caixa em compartimentos, e colocar os respectivos
medicamentos nos respectivos horários;
• Evite sempre que possível, medicações durante a madrugada;
• Mantenha os medicamentos em local seco, arejado, longe do sol e
principalmente das crianças;
• Mantenha os medicamentos nas embalagens originais para evitar
misturas e realizar o controle da data de validade;
• Deixe somente a última receita médica ou de enfermagem junto à
caixa de medicamentos. Isto evita confusão quando há troca de
medicamentos ou receitas, facilita a consulta em caso de dúvidas ou
quando solicitado pelo profissional de saúde;
• Para evitar confusão, você pode devolver os medicamentos que não
estão sendo utilizados para o centro de saúde, ou guardá-los em outro
local;
• Lembre-se de solicitar ao médico uma prescrição para caso de
necessidade, como vômitos, febre, diarreia, dor, e mantenha uma
pequena quantidade destes medicamentos em uma caixa separada, com
o rótulo “necessidades especiais”;
• Não acrescente, substitua ou retire medicamentos sem antes
consultar um profissional de saúde. Os medicamentos prescritos para
outras pessoas podem não ter o mesmo efeito, ou não serem indicados
para o paciente;
• Evite o uso de chás e plantas medicinais, pois eles são considerados
medicamentos e podem ter efeitos indesejáveis;
• Caso o paciente utilize vários medicamentos por dia, utilize um
calendário ou um caderno onde você possa colocar a data, o horário, e
colocar um visto nas medicações já dadas;
• Evite dar medicações no escuro, para não correr o risco de trocas
perigosas;
• Se o idoso apresentar dificuldades para engolir comprimidos, ou
alimentar-se por sonda, converse com o médico ou enfermeira sobre a
possibilidade de dissolvê-lo em água ou suco, e caso não seja possível,
peça para o profissional trocar o medicamento;
• Não use como referência a cor do comprimido, pois esta pode
mudar de acordo com o laboratório fabricante;
• O cuidador deve sempre avisar o médico ou enfermeira quando o
paciente parar de tomar algum medicamento prescrito;
• Não substituir medicamentos sem a autorização do médico;
• O cuidador não deve aceitar empréstimos de medicamento quando
o do seu paciente acabar. Muitas vezes o medicamento tem o mesmo
nome, mas a sua concentração é diferente. Seja prevenido e sempre
confira a quantidade de medicamento antes de feriados ou finais de
semana, para não correr o risco de faltar.
• Sempre tire suas dúvidas com o médico ou a enfermeira.
Unidade 16:
Pessoa idosa acamada
A pessoa idosa acamada, é aquela que passar a maior parte do tempo
deitada em uma cama. As limitações para as pessoas acamadas são ainda
maiores, se comparada as limitações de um idoso que não se encontra nessa
situação.
É importante que o cuidador minimize o desconforto e a vergonha que as
pessoas acamadas acabam sentindo, por se sentirem inválidas. O suporte do
cuidador nesses casos é válido, para evitar que o idoso fique desmotivado,
frente à essa situação delicada.

Sempre que possível, o cuidador deverá estimular a pessoa acamada a


sair um pouco da cama para realizar algum exercício, por mais mínimo que seja,
e até mesmo distrair-se.
Outra questão importante é que o cuidador deverá, enquanto estiver
cuidando, alimentando, dando banho ou mudando o acamado de posição, falar
continuamente com ele, explicando o que está fazendo e o porquê.
Desta forma, consegue tranquilizá-lo e obter a sua colaboração, o que
acaba por facilitar todos os movimentos. Lembre-se de nunca apressar um
idoso acamado, respeitando o seu próprio ritmo. Tente motivar a pessoa para
fazer o máximo que pode sozinha.
As feridas são comuns nos acamados, por isso, quando surgem, é
necessário tratá-las imediatamente para prevenir infecções. As feridas devem
ser bem limpas com água e sabão ou uma solução antisséptica, seguida da
aplicação de uma pomada antibiótica e depois fechadas com gaze esterilizada.
Se, após uma semana, a ferida não estiver cicatrizada, se a zona adjacente
estiver sensível, vermelha ou inchada ou se a pessoa se queixar de dores,
consulte o profissional que cuida do idoso.
Dessa forma, alguns procedimentos devem ser exclusivos em relação ao
cuidado com essa parcela da população idosa, principalmente na hora de
modificar de posição, alimentação, higiene e saúde.

Local
Para quem passa longos períodos de tempo numa cama, convém que
esta esteja sempre limpa e cómoda. O colchão deve ser confortável e adequado
para a necessidade de cada idoso. Além disso, a arrumação da cama é
importante para prevenir complicações como, por exemplo, úlceras por pressão
mais conhecidas por escaras.
Para isso, os lençóis devem ser bem esticados e presos a cama para
evitar que o idoso escorregue e aumente o atrito do lençol com a pele. Os lençóis
enrugados são desconfortáveis, podem restringir a circulação e contribuir para
a formação de feridas. No verão, o cuidador deverá colocar uma manta de
algodão leve e, no inverno, um cobertor de lã mais pesado.

Se necessário, o cuidador poderá mudar diariamente os lençóis da cama.


Isso porque, como a alimentação é realizada na cama, esse procedimento irá
evitar migalhas ou outros vestígios de comida durante o resto do dia do idoso.
Se o idoso acamado não puder sair da cama para a troca dos lençóis, o
cuidador devera:
• Retirar a almofada e o lençol de cima;
• Com uma mão no braço ou ombro e outra na perna dobrada, rodar
o idoso para a borda da cama, puxando-o na sua direção, se
certificando que o idoso está seguro e numa posição fixa;
• Retirar o lençol de baixo e liberá-lo até às costas do idoso;
• Colocar o lençol limpo, aproximando-o das costas do idoso;
• Deslocar o idoso para o outro lado da cama, utilizando a mesma
técnica;
• Retirar o lençol sujo e esticar o lençol de baixo completamente;
• Mudar a fronha da almofada;
• Posicionar o idoso novamente e certificar-se que ele está
confortável;
• Colocar o lençol de cima e a manta ou cobertor, dependendo do
clima.
Se o idoso acamado tem dificuldades de se levantar sozinho e precisa de
ajuda ou se ele usa fraldas é importante que o cuidador introduza um “lençol
móvel”, que ficará embaixo do idoso. Esse lençol irá auxiliar na movimentação.
Qualquer movimento que o cuidador realize com o idoso, como por
exemplo a troca da fralda, é importante que ele estimule o idoso a ajudar,
pedindo para que levante o quadril ou virando-se para o lado.

Posicionamento
Para o idoso poder comer, ver televisão, ler ou receber visitas, será
necessário sentá-lo na cama, o que pode ser feito por uma ou duas pessoas. Se
o fizer sozinho, peça ao idoso para dobrar as pernas, agarrando-o com um braço
por baixo destas e outro por baixo das axilas.
No momento da mudança de posição, e para facilitar a mesma, o idoso
deve fixar os pés e fazer a máxima força possível com as pernas. Se tiver ajuda,
devem posicionar-se um de cada lado do idoso, colocando cada um o braço
debaixo dos glúteos do acamado e dando as mãos. Em seguida coloque o outro
braço por de trás das suas costas, até ao ombro oposto.
Peça ao idoso para dobrar as pernas, levantar a cabeça e colocar os seus
braços por cima dos vossos ombros. Por fim, e tal como um “balanço”, erga a
pessoa pelas costas e empurre os glúteos para baixo.
Para ajudar um idoso a levantar-se e a deslocar-se para uma poltrona é
preciso que o cuidador:
• Sente a pessoa na borda da cama, colocando um braço por baixo
dos ombros e outro por baixo dos seus joelhos, que devem estar
ligeiramente flectidos;
• O idoso deve colocar os braços em volta do seu pescoço ou ombros
e a rotação é feita com a ajuda dos glúteos;
• Já sentado, coloque uma toalha ou um pano grande em volta da
cintura do acamado e agarre-o pelas extremidades;
• Apertar, com os seus pés, os joelhos e os pés do idoso, de forma a
bloqueá-los;
• Com a ajuda do pano, que deve ser puxado firmemente pelas
pontas, pode levantá-lo, apertando-o contra si;
• Segue-se a deslocação para a poltrona, que deve ser feita com
passos muito pequenos, sempre com recurso ao pano e com o
idoso encostado em você;
• Para sentar a pessoa na poltrona, basta inverter o movimento
anterior: de braços esticados e joelhos flexionados, ambos devem-
se afastar e abaixar simetricamente, até o idoso se conseguir
sentar;
• Verifique se o idoso está confortável, apoiando-o com almofadas
se necessário.
• Para voltar a deitar a pessoa, inverta o processo.

Banho
Além dos cuidados higiénicos essenciais, o banho proporciona uma
sensação de bem-estar e de relaxamento ao acamado. A higiene intima e
importante para prevenção de assaduras e úlceras por pressão, que geram
desconforto.
É no banho que o cuidador irá avaliar o estado da pele da pessoa, aplicar
um creme hidratante e ministrar pequenas massagens que ativam a circulação.
As blusas com aberturas nas costas, são interessantes tanto, para evitar a
formação de úlceras por pressão, quanto para despir o idoso com mais
facilidade e menos exposição de suas partes intimas.

Na hora do banho, o cuidador irá:

• Ajudar o idoso a despir-se e colocá-lo junto de si, em um dos lados


da cama;
• Utilizar uma toalha para cobrir e outra para secar;
• Pedir para o idoso para testar a água;
• Iniciar o banho pelo rosto, utilizando uma bucha apropriada;
• Passar para a zona do peito, lave, passe água e seque;
• Estender os seus braços (um de cada vez) e coloque uma toalha
debaixo do mesmo para o elevar. Enquanto repete todo o processo,
deixe-o imergir as mãos no recipiente para lavar as unhas;
• Cobrir o peito com a toalha e repetir o processo na zona abdominal;
• Se houver necessidade, pode trocar a água do recipiente;
• Utilizando a mesma técnica com a toalha, lavar e secar as pernas,
imergindo também os pés no recipiente;
• Trocar novamente a água;
• Posicionar o acamado de lado e cobrir o restante do corpo,
enquanto lava as costas, nádegas e ancas;
• Vestir o acamado.
Higiene bucal
Quando o idoso está acamado, o cuidador pode se utilizar de abridores
de boca para a realização da higienização e, desta forma, escovar os dentes do
idoso com maior facilidade. E para o enxague da boca, poderá se utilizar de uma
seringa descartável com água. A cabeça do idoso é direcionada para o lado e
para a frente de uma vasilha na qual a água será depositada aos poucos.

Refeições
Servir as refeições a uma pessoa acamada também exige cuidados
próprios: posicione-a de forma adequada, ajude-a a lavar as mãos e estenda
uma toalha no seu peito; opte por utilizar uma colher, que é mais segura, e um
canudo no copo, para que possa beber mais facilmente; alterne os alimentos
sólidos com os líquidos.

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