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Ta Tem (6)A) N=: apresentacao de Wilfred Bion nao pode dispensar a conside- racio de seus lacos com Melanie Klein e com 0 que passaremos a chamar dea “familia kleiniana’ Afinal, é ele prdprio que, no avangado ano de 1970, ja no livro Atengfo e Interpretagao (posterior as importantes publicagdes das duas décadas anteriores), ainda se refere a si mesmo e 4 sua obra dizendo: “[...] aquilo que eu, como um kleiniano, considero anilise” (1970, p. 86). Tal forma de autoclassificagio seria indiscutivel quanto aos trabalhos da década de 1950, republicados em Second Thou- | ghits (1967). Mas que depois de suas obras notaveis de 1962, 1963 e 1965 (Learning from experience, Elements of Psychoanalysis e Transformations, | respectivamente), Bion ainda se inclua entre os “analistas kleinianos” | nio pode ser ignorado ou tratado como menos do que surpreendente. | Serd que em 1970, justamente nesse livro, ele ainda era um “mero” | analista kleiniano ou ja estava em pleno curso a trajetéria que o leva a “De Bion a Bion”? | Precisaremos também reconhecer j4 aqui tanto as importantissi- mas contribuigées que ele trouxe para 0 interior desta “familia” quanto seu gradual “desgarramento”, 0 que nos levaré ao terceiro momento desta exposicao: “De Bion a Bion”. Tal desgarramento, contudo — mar- cado, em grande medida, por sua mudanga para os Estados Unidos da América do Norte, onde, na regiao da California, gerou importante transformagio na psicandlise americana -, nao impediu que muitas de suas inovacdes tenham sido acolhidas, por exemplo, nos dois grossos volumes de Melanie Klein Today, editados por Elizabeth Bott Spillius no final da década de 1980. Igualmente, no The New Dictionary of Kleivian Digitalizado com CamScanner = Coupe Thought, de 2011, a presenga de Bion ¢ suas idleias & muito grancle, 9 que atesta sua econhecida pertinéneia a esse campo de pensamentos, ‘Assim como vimos nas suas relagées com Freud, Seri nas suas re- Ses intensas - posto que tensas ~ com Melanie Kletn e sua “familia” {que Bion estari vindo a ser © autor que tanto apreciamos. Na verde apenas enriqueceram sobremancira a de, muitas dessas inovagies “familia Kleniana” como se tornaram aquisigSes muito significativas para o acervo dos tesouros psicanaliticos, com fortes implicagdes para, nossas teoriase nassrs priticas ¢ Nesta apresentagio nos deivaremos guiar pelo critétio do que _mais ressoou em nds, em nossa escuta e em nossa capacidade analitica e terapéutica. Enfim,ficis ao que nos propusemtos a realizar, falaremos exclusivamente do Bion que trazemos em nossa mente quando faze- ros psicanilise: sem a pretensio de oferecer uma visio sistematica ‘e completa. Como sempre: “Por que Bion?” para estes que vos falam, Ezestes que vos falam, o fazem como psicanalistas e ndo como “bio- riianos”, Raizes kleinianas das elabora¢ées de W. Bion Bion, como ji foi assinalado nesta apresentacio, pretendia ape- nas desenvolver uma “teoria da observacio em psicandlise”, coisa que praticava, contudo, com base em “teorias psicanaliticas” oriundas dos trabalhos de Freud e, principalmente, de Melanie Klein. Ou sea, as ba- ses metapsicologicas de seu pensamento, bem como suas comcepgées acerca da constituigio do psiquismo ~ 0 aparelho para pensar ~ e dos extravios e adoecimento nesses processos, foram totalmente herdadas desta tradigio tedrica _Sua adesio a problemstica pulsional -ou instintiva, como diziam (0 ingleses - origindria de Freud e assumida por Klein, bem como & problematica das relagdes de objeto, to central no pensamento de Me- Janie Klein, & 6bvia e fundamental. Nascemos movidos por impulsos instintivos (os instintos, ow pulsdes, como costumamos dizer) e nos Aitigindo aos objets, De inicio, aos objetos externos, em seguida, ¢ 00 longo de toda a vida, 20s objetos internalizados, Da mesma forma, é também indiscutivel sua adesio a0 segundo dualismo pulsional de Freud (pulses de vida versus pulsses de mor- ee Por Melanie Klein a partir da d¢cada dle 1930 como fur- mento de todas as suas teorias meta e psicopatolégicas, e raduzido Por ela em termos de um confit ene foran do ee do bio. Ao {uo entre amor ¢ ddio, tio determinante de nossas vid ceo wees ons cena umes saver ‘cimento da verdade, também se apoiando em outra idela freudo-kle- riiana, a da chamada “pulsio de conhecimento” (Freud) ou “impulso epistemofilico” (Klein). De Melanie Klein, Wilfred Bion também adotou com firmeza a ideia das posigdes bésicas ~ a esquizoparanoide e a depressiva ~ cada ‘uma das quais englobando um conjunto de angiistias - “ansiedades”, nas palavras dos autores ingleses -, defesas e relagdes de objeto. En- ‘os mecanismos de defesa contra as angiistias, Bion, seguindo de expulsio de elementos intoleraveis pela mente, excessivamente amea~ adores, dolorosos ¢ indigestos. Ou seja, aquilo que Melanie Klein des- dos elementos centrais das teorias psicanaliticas com que Bion podia afar hao cn, og nv dt por Bion foi, justamente, uma nova compreensio, ampliada, do pro- edna prota sol womens ant Taam, pr Bon ono ps Kn mane oo Sons Seon opie dsc ee a tes fatores de sofrimento, adoecimento e resistencia & cura com que os manifestacdes, presentes em todos nds, sio mais atrativas e evidentes nos sujeitos muito perturbados, regredidos, angustiados ¢ defendidos, vale dizer, em psicéticos e fronteirigos. uns ote ants smart ud pe extensio da clinica psicanalitica pra além dos ines ssobeecos além da clinica das neuroses. Fez isso, porém, sem st rer a datas tediona =e Ksniana~ ma abvidade de terre afastar da énfase freudiana ~ ¢ Kl tagSo, Todos os artigos da década de 1930 eunidos no Livro Second Thoughts (1962), trazem imensas contributes para toss OTE siio das psicoses e para seu tratamento. Aqui sem sombrn et ‘encontramos Bion “vindo a ser” a partir de alguns lees 8 muitos textos de Melanie Klein. Na pritica clinica da psicanili tre é igo Kleiniana, ise, também na tra sessio, usando a emer Bion se concentrava no “aqui e agora” de cada Si ila das angstias conto uma eps de insta JO sR ante ¢ analisa, Ou sea, sua énfase MAT de objeto turboténeasemconasprverentes is Fa crladas e/ou revividas no campo Hansen tra se niimica, bem como nas defesas acionadas Peles Po Digitalizado com CamScanner 2 o Lets Cuavero Freee eens Maas wong ‘estados ansiosos. A partir de Bion, podemos conceber tanto uma clini. (2 de eamdrento com as defesas e desconstruso das resistencias ~ ay, roles de Freud — como uma cinice da continéncia em que 20 analista abe 2 tarels de receber, conter, treduzir, transformar 0s estados an gastos dos pacertes pare que possam ser devolvidose reintega. dos 20 sex eparetio mental Erevizveimerte, fomos passando da nomeagio dos aspectos que Szram de Bion um autintico e procminente Meiniana para os apostes fe movesies qua ele clereces 3 sus familia antes de se afastar dela. Na verdade, ex todos estes momentos de sua trajetiria ~De Freud 4 Biowe De Kore 2 Bion ~ algo do De Bie 2 Bi comegava 2 aconte. ce Allis os bors pensamentos de um autor sempre o antecedem, ou Pars nos expressarmes em terms bem bioniancn, 0 chamado “autor” ¢ eperas aqutle que coos um aparelho apto a pensar os pensementos de aizema forma, preexistiem Certa vez alguém disse: “os an Seen sxxere nos rasbem rossas melhores ideias”. Se lermos a obra de SE seer coro Freud, Melanie Klein ou Wilfred Bion do fim para o comers. tem desccbrizemon 3 code passo como cada um $6 deseo. reo geese wis, 56 imventa o que sempre soube Alids, indo adiante, Potemen tar Gon uxbim si poderos aprender com gui 0 que B sabiemes, come em ume bos conversa entre amigos. E,lembremos, free condicia de coversa entre eigen inchndo Bion - que este Bre fet wed exert, Contribuigbes de Bion no seio da “familia kleiniana” Ex reass slesio de teres ave rer tocar patticularmente, comer ee pes bigiteon de our, alin ba confiva entre amen € bio ~ con. Bepinenie vcr fits etre pistes de vida integroso)e pulses de Bene (niszarente, dnicteszesbt,trapsentarso) ~ as reloghes Que Se etabelecren ttre wit e wis higten incluem também ovincilo Hambecivertes qian ds verdade. Erbore ida de um impul. 0 de cxbeces 2 ipsen egisteroafilicn nBo Sense nerve, Bion {oh ca. Far de, 20 pera ete perssrtentn eo antexedia, der the um aleance Eeelete 0 pric ealtca - bem cena todon cn proceson psiquicos sete len tress rente 3 experitncia da Verdade, No se trata de uaa terdade facts ds verdade no plano das “reprewnlagbes ver. dadeizan, msn da Verdsde como experiencia emotional de contato Sesigh meseo en tess dectgn, ean vess dion © em suas angistis, Tewtssn, sre, ds Vertade corsa erperitncia emoxional comparttha: da comnicivelo planointrapsigcoe inten. im o vinaulo L (amor) vineulo H (gap et? Tes bac (dio) €0 x : inet) aacten montane er Cr ge tata apenas de car condighes para que 1 e 2 domi do Amor, so 6 ds ns de ee 2 eiaternbetie apaes de iar um sper pes pre ecemaries as que ovincloK pave demir serge forma den conto verdadero contigo mesmo commioranen oe potato cabe impedir quel eH setrstemeneas LeH oth aque os aftossejam renegade appatin, on a ots er ee spats sje nevetide, caso tera se instuzabe,&fesimusee togen de impedir que 0 pprio embucinent w wehrse en coco, aque, par exerplo,teorias psicanalitcas emvetamac on Bandliseea vide. —— | preveupaséo com o canbestnerta es Verkade fo ern que snhamos de os matter sempre rua precavidos em its sero teoras. Vira ¢ mexe, 0 que nasces mo ua coeqista do copier, mento transforma-se em resstincia a conbecer, resvincs sVerdade, ‘550 ndo significa uma depreciocio das tories ~ ro poder rer consesguimos prescindir de alguma ~ mas se trate de um econbec mento de suas limitegies ¢, principalmente, do reconbecimenta de que qualquer uma delas - freudiana, kliniane, Bioniana, et pode converter-se em defesae resistincia instituconalizeda contra a exper- féncia emocional. Bion nos leva sempre de volta ness gnorinca eis nnossas incertezas, a0s nossos desjos,amores,édios, medos epavores ens ajuda a fazer contato com estes estadosaetivs com asturbu- Jencias emocionais que fazem parte de nossa exstinciassolitiiase em sociedade. ; : Retornaremos a este tema essencial em tma prcandlise na segio De Biow a Bion. Em nossa conversa a procura da Verdade é um dos temas mais fascinantes e fecundos para quem pratica a psicandlise ou se entrega a um processo psicanalitico, : : ee dos Cora da proposta tebrice “ Melanie Kien que devemos a Bion diz epi x poss isan a Paranoide (PS) ea depressiva (D). Ao adoro conc de "Posi Klein jé nos havia retirado do simples eixo ee aidan decisivo para Freud ese dispulo Kal Abraham, aa «ees de Klein ~ implicito no conceit de “esti”. Poss an dos estigios que se sucedem, slo tutus ur se rae eal “modos de experimentr” ou como “modes de abut SFT experiéncia’, como nos diz Thomas Ogden Digitalizado com CamScanner

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