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Psicopatologia I

Profa. Ariane de Moraes


Panonte

ariane.panonte@educadores.net.br
Recapitulando...
As doenças são apenas conceitos, abstrações criadas
pelo homem, que podem ser a qualquer momento
modificadas ou descartadas. Constituem condições
relacionadas a desconforto, dor, incapacitação ou
morte, mas que só vão ser consideradas doenças em
função de muitos fatores (sociais, econômicos,
biológicos etc.).

O Diagnóstico deve servir para compreender melhor a


pessoa e trazer mais conforto para sua vida.

O diagnóstico baseia-se em dados clínicos


Recapitulando...

 A avaliação é feita principalmente por


entrevistas.

Na anamnese é preciso ter em mente um roteiro, mas


este não pode perturbar a espontaneidade da
entrevista.
Anamnese
• Os itens da anamnese psiquiátrica são:
• Identificação: é composta pelos seguintes
itens: nome, data de nascimento, sexo, estado
civil, naturalidade, nível de instrução, profissão,
etnia, religião, residência, procedência, filiação.
• Queixa principal: constitui o foco da história da
doença atual.
• Motivo do atendimento: necessário quando
não há consciência de morbidade por parte do
paciente. O seu conteúdo é fornecido por outra
pessoa.
Anamnese
• História da doença atual: consta de um relato sobre a época e modo
de início da doença, a presença de fatores desencadeantes,
tratamentos efetuados e o modo de evolução, o impacto sobre a vida
do paciente, intercorrência de outros sintomas e as queixas atuais. A
redação deve seguir uma ordem cronológica, mesmo que a narrativa,
por parte do paciente ou dos informantes, não tenha sido assim.
• História patológica pregressa: refere-se a estados mórbidos
passados, em geral não psiquiátricos, que não mostrem possuir
relação direta ou indireta de causa e efeito com a moléstia atual. Se
existir essa relação, eles são incluídos na HDA. Incluem-se todas as
doenças importantes relatadas.
• História fisiológica: São investigados os seguintes elementos relativos
à história fisiológica: gestação (da mãe), nascimento, aleitamento,
desenvolvimento psicomotor (andar, falar, controle esfincteriano),
menarca, atividade sexual, gestações, partos, abortamentos,
menopausa, padrões de sono e de alimentação.
Anamnese

História social: Fazem parte da história social informações relativas à


moradia – condições sanitárias, pessoas com quem convive, número de
cômodos, privacidade, características sociodemográficas da região –;
situação socioeconômica; características socioculturais; atividade
ocupacional atual; situação previdenciária; vínculo com o sistema de saúde;
atividades religiosas e políticas; antecedentes criminais.

História familiar: abrange dados relacionados a: doenças psiquiátricas e


não psiquiátricas; ter sido a gravidez desejada ou não pelos pais do
paciente, separação dos pais, quem criou o paciente; ordem de nascimento
entre os irmãos, diferenças de idade; características de personalidade dos
familiares, o relacionamento entre estes e destes com o paciente; atitude
da família diante da doença do paciente; relacionamento com o cônjuge e
filhos.
Exame Psíquico

O exame psíquico, também chamado exame do estado


mental atual começa no primeiro contato com o
paciente, antes de se obterem os dados de
identificação. Diz respeito ao que é observado pelo
examinador durante a entrevista, inclusive o que se
refere as funções mentais
Pontos de atenção na Entrevista:

Simulação: simulação de sintomas que não fazem parte


do quadro, visando algum ganho secundário.

Dissimulação: tentativa de esconder algum sintoma por


temer ser considerado “louco”, ser internado ou ser
medicado.
Atenção
Um diagnóstico é o ponto de partida e não de chegada!

O registro dos atendimentos tem valor clínico e legal.

Estar atento a Comunicação Não Verbal (Ambiente, aparência


física, espaço que as pessoas estabelecem entre si, movimentos,
gestos relacionados e independentes da fala, postura,
comportamento tátil, expressões faciais, olhar, paralinguagem.

Cuidar da transferência e contratransferência.

Os familiares são necessários quando pessoa não consegue


informar dados da própria história.
Alteração das
funções psíquicas
As funções Psíquicas são:
Não existem funções psíquicas isoladas e
alterações psicopatológicas
compartimentalizadas desta ou daquela
função. É sempre a pessoa na sua
totalidade que adoece.
As funções perturbadas fazem pressentir
transtornos subjacentes, ligados à personalidade
inteira, atingida na sua estrutura e em seu modo
de existir.
CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES

O termo consciência origina-se da junção de


dois vocábulos latinos: cum (com) e scio
(conhecer), indicando o conhecimento
compartilhado com outro e, por extensão, o
conhecimento “compartilhado consigo mesmo”,
apropriado pelo indivíduo.
CONSCIÊNCIA E SUAS ALTERAÇÕES

Há três definições distintas de


consciência:

• Definição neuropsicológica
• Definição psicológica
• Definição ético-filosófica
CAMPO DA CONSCIÊNCIA
Ao voltar-se para a realidade, a
consciência demarca um campo, no qual
se pode delimitar um foco, ou parte
central mais iluminada da consciência, e
uma margem(franja ou umbral), que
seria a periferia menos iluminada, mais
nebulosa, da consciência.
CAMPO DA CONSCIÊNCIA

Segundo a psicopatologia clássica, é na


margem da consciência que surgem os
chamados automatismos mentais e os
estados ditos subliminares.
CAMPO DA CONSCIÊNCIA
O inconsciente
O conceito de inconsciente eficaz,
dinâmico e determinante da vida
psíquica é um dos pilares mais
importantes da psicanálise e da
psiquiatria dita dinâmica.
CAMPO DA CONSCIÊNCIA
O inconsciente
Freud chegou à conclusão, ao longo
de suas pesquisas, de que existem
duas classes de inconsciente: o
verdadeiro inconsciente e o
inconsciente pré-consciente.
CAMPO DA CONSCIÊNCIA
Características funcionais do
inconsciente
1. Atemporalidade;
2. Isenção de contradição;
3. Princípio do prazer;
4. Processo primário
Alterações Normais da Consciência

Ritmos Circadianos: oscilações endógenas


autossustentadas do ritmo biológico pelo período de 24
horas.
• Eles são sincronizados, permitem respostas eficientes,
modulam a homeostase do cérebro e outros sistemas e
expressam vários níveis de funcionamento do
organismo.
O sono normal

O sono é um estado especial da


consciência, que ocorre de forma
recorrente e cíclica nos organismos
superiores.
É também, ao mesmo tempo, um
estado comportamental e uma
fase fisiológica normal e
necessária do organismo.
ALTERAÇÕES NORMAIS DA
CONSCIÊNCIA
O sono
Fases do sono
- sono sincronizado não-REM
(estágios 1, 2, 3 e 4)
- sono REM
O sonho

O sonho, fenômeno associado ao sono, pode ser


considerado uma alteração normal da consciência.
O sonho
Os modernos laboratórios de sono, com a
polissonografia do sono (EEG, eletroculograma,
eletromiograma de superfície da região
submentoniana e outros registros fisiológicos), têm
demostrado que, ao contrário do que se pensava no
passado, sonhar não é algo raro, infrequente. A
maioria das pessoas sonha várias vezes durante uma
noite, apenas não lembra da maior parte dos seus
sonhos, pois se acordarem (ou forem despertadas)
após mais de oito minutos de um sono REM (durante
o qual sonharam), não lembrarão mais do conteúdo
do sonho.
O sonho

Os sonhos são vivências predominantemente


visuais, sendo rara a ocorrência de percepções
auditivas, olfativas ou táteis.
Alterações patológicas quantitativas da consciência: rebaixamento do
nível de consciência

Os diversos graus de rebaixamento da consciência


são:
1. Obnubilação ou turvação da consciência-
grau leve ou moderado. Diminuição de
atenção as solicitações externas.

2. Topor- grau mais acentuado do


rebaixamento da consciência, porém ainda
apresenta traços de crítica e pudor.
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA CONSCIÊNCIA

3. Sopor- profunda travação da consciência

4- Coma- perda completa da consciência, não


sendo possível atividades voluntárias.
Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento
do nível de consciência

Delirium é o termo atual mais adequado para designar a


maior parte das síndromes confusionais agudas. O
delirium é uma das síndromes mais frequentes na prática
clínica diária, principalmente em pacientes com doenças
somáticas
Síndromes psicopatológicas associadas ao
rebaixamento do nível de consciência

O delirium diz respeito, portanto, aos vários quadros


com rebaixamento leve a moderado do nível de
consciência, acompanhados de desorientação
temporoespacial, dificuldade de concentração,
perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou
lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e
ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. Trata-se
de um quadro que oscila muito ao longo do dia.
ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS DA
CONSCIÊNCIA

Estado onírico designa uma alteração da


consciência na qual, paralelamente à turvação
da consciência, o indivíduo entra em estado
semelhante a um sonho muito vívido. Em geral,
predomina a atividade alucinatória visual
intensa com caráter cênico e fantástico. Tal
estado ocorre devido a psicoses tóxicas,
síndromes de abstinência a substâncias (com
maior frequência no delirium tremens) e
quadros febris toxicoinfecciosos.
Alterações qualitativas da consciência

Uma parte do campo da consciência está


preservada, normal, e outra parte,
alterada. De modo geral, há quase sempre,
nas alterações qualitativas da consciência,
algum grau de rebaixamento (mesmo que
mínimo) do nível de consciência.
Têm-se, então, as seguintes alterações
qualitativas da consciência:
Alterações qualitativas da consciência

1. Estados crepusculares
2. Estado segundo
3. Dissociação da consciência
4. Transe
5. Estado hipnótico
6. Experiência de quase-morte,
EQM

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