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SOFRIMENTO

PSÍQUICO

Universidade Católica do Salvador


Prof. Me. Júlio César Hoenisch

Salvador, 2023
SOFRIMENTO
PSÍQUICO

O sofrimento psíquico é uma das


dimensões da vida humana,
composto dos impasses e relações
funcionais que os sujeitos
experimentam diante dos eventos do
curso de vida.

É universal, particular e singular;

Pouco evitável, é presente na vida;


Há casos em que o
sofrimento toma
proporções não
manejáveis pelos
sujeitos.

Neste momento, o
sofrimento toma uma
dimensão patológica.
Seja nos excessos, nas inibições,
encontraremos a incapacidade de
usufruir da vida, havendo assim .
prejuízo.
Os critérios são
complexos e
multideterminados;
Estar adaptado ou
não é insuficiente
para identificar o
sofrimento psíquico;
Parte importante da
avaliação é quanto o
sujeito está afetado
em sua capacidade
de usufruir da vida;
COMO AVALIAMOS
SE UMA PESSOA
ESTÁ SOFRENDO?
Isso serve para a compreensão e
intervenção desde casos menos complexos
aos mais complexos.

Há também que estar atento em NÃO


PATOLOGIZAR a vida cotidiana.
Considerações sobre o
“normal” no campo psi:
Uma estatística de
norma pela maioria?
Conceito de bem estar
físico, psíquico e
social?
Indivíduo funcional ou
adaptado?
Processo saúde-doença?
“Uma operação na cabeça” (1550) Só apreendido na
Pintor holandês Pieter Bruegel. singularidade-
subjetividade?
Psicopatologia = psique + páthos.

“Quanto mais se reconhece e se caracteriza o


típico, o que se acha de acordo com os
princípios da psicopatologia, tanto mais se
reconhece que, em todo o indivíduo, se oculta
algo que não se pode conhecer.” K. Jarspers,
2000. (1913), “pai” da Piscopatologia.
EXISTEM DETERMINANTES
SOCIAIS NOS TRANSTORNOS
(DOENÇAS) MENTAIS?
EXISTEM DETERMINANTES
SOCIAIS NOS TRANSTORNOS
(DOENÇAS) MENTAIS?

Acesso à saúde
Educação
Fatores estressores
Estilo de vida
A “normalidade” no campo da saúde mental
pode ser descrita como normalidade funcional:
se o indivíduo não tem sintomas que
apresentem dano à si mesmo ou ao meio, ele
não está, a princípio doente.

Existirão casos onde o sujeito pode não perceber


que está produzindo dano nem a si mesmo ou à
outrem.
Navis Stultifere Collectanea - A
Nave dos Loucos, de Sebastian
Brant. 1494

H. Bosch, A nave dos Loucos, 1500-1510, Óleo sobre


painel de Carvalho, Museu do Louvre.
ASPECTOS HISTÓRICOS
DA CARACTERIZAÇÃO
LOUCURA
Nem sempre a loucura e os transtornos mentais
foram considerados doença.

Michel Foucault, um importante pensador frances


escreveu um celebre livro “A história da loucura”
onde sua pesquisa mostra as diferentes
compreensões sobre a loucura até esta ser definida
como uma doença.
A loucura sempre fez parte das
diferentes culturas, com diferentes
significados.

Na Grécia, poderia ser considerada


castigo dos deuses.

Em muitas culturas as pessoas que


vêem figuras ou pessoas ou ouvem
vozes eram considerados
privilegiados, por ter acesso a um
mundo extra-físico.
Foucault vai demonstrar que somente no século
XVIII e XIX é que a loucura passa a ser objeto
da nascente psiquiatria.

Neste momento histórico os métodos de


tratamento eram “morais” ou seja, ligados a
religião ou à tentativa de “doutrinar” o louco.
Adolphe William Bouguereau «Orestes perseguido pelas Fúrias» (1862). Chrysler Museum of Art (Norfolk, Virginia).
Muitos asilos psiquiátricos da França
mantinham os pacientes acorrentados.

Foi Philippe Pinel, um dos grandes


psiquiatras da historia, o primeiro a
defender atendimentos humanizados aos
doentes mentais graves.
Philippe Pinel à la Salpêtrière“. Autor: Tony Robert-
Fleury (1838-1912).
A PSIQUIATRIA
CLÁSSICA
Psiquiatria clássica:

considera os sintomas como sinal de um


distúrbio orgânico;

Doença mental = a doença cerebral.

Sua origem é endógena, intra-organismo,

Refere-se a alguma lesão de natureza


anatômica ou distúrbio fisiológico
cerebral.
AS CONTRIBUIÇÕES DA
PSICANÁLISE
“O Sonho de Sardanapalus” por Ford Madox Brown, 1871
A “normalidade” em Psicanálise

Para a Psicanálise, o que distingue o normal do


patológico é de perturbação da homeostase e não
de natureza, isto é, nos indivíduos "normais" e nos
"anormais existem as mesmas estruturas e traços de
personalidade.
A questão é a força e a forma que elas surgem e são
geridas e impactam na vida das pessoas.
A estrutura clínica não é definida por
comportamentos, mas por como o sujeito
fala do que faz, e do que faz ao falar na
transferência.

Trata-se de uma composição pós complexo


de Edipo, onde haverá alguma
estabilidade na forma de lidar com a falta e
com o Real.

Neurose,

Psicose

Perversão
AS ESTRUTURAS CLÍNICAS
PARA A PSICANÁLISE
NEUROSE

PSICOSE

PERVERSÃO
Neurose –

Estrutura clínica onde existem


sinais e características de que
houve castração e recalque.

A neurose pode estar estável ou


desencadeada.
AS NEUROSES
Histérica = fóbica, conversiva, dissociativa

Predominio de queixas somáticas, infantilidade


nas relações, afeto dramatizado, labilidade
afetiva, frigidez, conduta poliqueixosa.

Obssessiva

Ideias obsedantes, dúvidas patológicas,


ruminação patológica, supersticisão, rituais e
dificuldades de contato com a vida emocional.
Termo usado até
meados do século
19 para se referir,
de modo geral, à
doença mental.
Para a Psicanálise,
refere-se a uma
perturbação intensa
do indivíduo na
relação com o juízo
de realidade.
Psicoses:
Esquizofrenia,
Depressão
psicótica, Psicoses
AS PSICOSES em geral.
Nas psicoses, ocorre uma
ruptura entre o ego e a
realidade, ficando o ego sob
domínio do Isso, isto é, dos
impulsos.

Posteriormente, na evolução da
doença, o ego reconstrói a
realidade de acordo com os
desejos do Isso.

Frequentemente observa-se uma


perturbação na relação com o
corpo.
AS PSICOSES DO PONTO
DE VISTA HISTÓRICO
O termo psicose se desenvolve, sempre no plural,
Psicoses.
A psicose não é necessariamente um sinônimo da
Loucura.
A loucura é uma figura histórica, um signo que muitas
vezes inclui todas diferenças e não necessariamente só a
psicose.
Do ponto de vista dos sinais e sintomas, são indícios da
psicose:
A ANTIPSIQUIATRIA E A
PSIQUIATRIA
ALTERNATIVA
Antipsiquiatria:

Propõe uma ruptura radical com o modelo psiquiátrico


clássico, já que parte do princípio que as doenças
mentais não existem em si mesmas, mas fazem parte de
um sistema de exclusão e marginalização.
A PSIQUIATRIA SOCIAL
OU A PSIQUIATRIA
ALTERNATIVA

A Psiquiatria social ou a Psiquiatria


alternativa, embora questionem as
abordagens clássicas da “doença” mental,
não negam que esta exista.

Há o reconhecimento da loucura como


entidade nosográfica, ao mesmo tempo que
herdeira do sistema social que a elege e
estabelece como condição patológica.
Emygdio de Barros, óleo sobre papel, 1969 (32x48cm)
QUESTÕES PARA
DISCUSSÃO
Questões:
1. Qual a importância de se compreender a
loucura?
2. O que ocorre com o indivíduo que é rotulado
de louco?
3. Segundo Michel Foucault, como ocorre a
construção histórica do conceito de doença
mental?
4. Como se caracteriza a abordagem da
Psiquiatria clássica? E a psicológica?
5. Como se definem as questões do normal e do
patológico?
6. Quais são os aspectos polemizados pelas
teorias críticas da loucura?
7. Qual a contribuição de Freud para a discussão
da “normalidade”?
REFERÊNCIA
BOCK, A. Psicologias: uma introdução. Ed. Saraiva, 12º edição, São
Paulo, 2008.

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