Responsabilidade Penal

nos Transtornos mentais

Júlio César Hoenisch

Psicólogo

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 Da inimputabilidade
Caput do artigo 26 do Código Penal:
é isento de pena o agente que, por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com este entendimento.
Ou é isento de pena o agente que, ao tempo da ação ou
da omissão, era inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo
com este entendimento, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

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Da semi-imputabilidade
Parágrafo único do art. 26 do CP: A pena
pode ser reduzida de um a dois terços,
se o agente,
em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não
era inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
Ou seja: não era inteiramente capaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento, em virtude de
perturbação da saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

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Page 3
 Sobre o nexo entre ato e
transtorno mental

“...ao tempo “...ao tempo da

ação ou da omissão...” da ação ou
da omissão...”

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Page 4
 Modificadores da
responsabilidade Penal

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 Critérios Biológico,
Psicológico e Biopsicológico
• Biológico: a idade, a constituição, a
doença mental – estrutural

• Psicológico: a condição intelectiva,

volitiva, afetiva (violenta emoção) -
funcional

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• Biopsicológico: a dupla condição de
inimputabilidade
• Requisito Consequencial: A
incapacidade, ou a redução na
capacidade, de entender ou de se
determinar
• Requisito Causal: doença,
perturbação, retardo ou
desenvolvimento mental incompleto
(silvícolas inadaptados)

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 IDADE

• CP, 27: Os menores de 18 anos são

penalmente inimputáveis, ficando
sujeitos às normas estabelecidas na
legislação especial. (ECA)
• CP, 28: Não excluem a imputabilidade:
I - a emoção ou a paixão
II - a embriaguez, voluntária ou culposa,
pelo álcool ou substância de efeitos
análogos
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• Pessoa com mais de 70 anos, à época
da sentença, pode ter pena atenuada.

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 Sexo/gênero

• Art. 123 - Matar, sob a influência do

estado puerperal, o próprio filho,
durante o parto ou logo após;
• Pena - detenção, de dois a seis anos.
• É atenuante.

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• Aborto provocado pela gestante ou com
seu consentimento (art. 124 do CP) –

• Há possibilidade de redução de pena,

com base na suposição de que as
alterações hormonais afetem a
gestante.

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 Sonambulismo

Sendo o sonambulismo um transtorno

mental (F. 51.3), é possível evoca-lo
como atenuante, dado a alteração da
consciência.

Observe-se que não é comum e talvez

seja o recurso jurídico mais passível
de tentativa de simulação.

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 Surdimutismo

• Neste caso, há que se observar se a

condição de deficiência resulta em
comprometimento da capacidade de
autodeterminação.
• Há que observar ONDE está o nexo da
deficiência com o delito.

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 Silvícolas
• Em princípio, o índio não é portador
de responsabilidade penal, desde que
viva em sua comunidade e não esteja
integrado com a cultura hegemônica.
• Nos casos de índios aculturados, eles
podem ser considerados semi-
imputáveis.
• Obs.: o silvícola não apresenta
desenvolvimento mental incompleto.
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 Emoção e Paixão

• Emoção: Forte e transitória

perturbação da afetividade, onde
estão presentes elementos somáticos,
psicológicos e pessoais.
• Paixão: estado crônico, sentimento
profundo e mobilizador: ódio,
vingança, ciúme, avareza).

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 São atenuantes?

• Não, exceto liguem-se a transtorno

mental que implique em elementos
cientificamente consagrados.

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Page 16
 Artigo 28 do código penal
• Art. 28 - Não excluem a imputabilidade
penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
• I - a emoção ou a paixão; (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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 Isenção de Pena por
Embriaguez
• CP, 28, § 1.o É isento de pena o agente que, por
embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

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• CP, 28, § 2.o A pena pode ser reduzida de um a
dois terços, se o agente, por embriaguez,
proveniente de caso fortuito ou força maior, não
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

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 Insanidade mental e perícia
forense
• I – Identificação
• II – Elementos colhidos nos autos
• III – Versão do acusado aos peritos
• IV – Anamnese – Antecedentes Pessoais, Familiares e
Psicossociais
• V – Exame Psíquico (com avaliação de testagem, quando
psicólogo)
• VI – Exames Complementares (quando psiquiatra)
• VII – Conclusão: 1. Diagnóstico
• 2. Considerações Psiquiátrico-Forenses
• VII– Resposta aos Quesitos (solicitados pelo juiz)

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 Diagnóstico e considerações
forenses
• O diagnóstico, em princípio, é feito
tanto pelo psicólogo quanto pelo
psiquiatra.
•O objeto é o mapeamento do
diagnóstico de transtorno mental e
sua explicita relação com o ato
delitivo, evidenciando o prejuízo na
capacidade de autodeterminação.
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 Responsabilidade penal nos
transtornos
• Retardo mental –
• (termo inadequado para a psicologia,
mas presente no CP).
• De menor envolvimento em condutas
delitivas;
• Delitos sexuais são os mais
preponderantes, pela incapacidade de
perceber o ilícito.
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 Psicoses confusionais

• Baixa incidência de comportamento

criminoso;
• No delirium tremens (abstinência de alcool
com sintomas psicóticos);

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 Esquizofrenias
• A mais comum de envolvimento com conduta
criminal é a forma paranoide.
• Podem agir com violência em decorrência das
alucinações visuais e auditivas;
• Nos transtornos delirantes, o ciúme é o
elemento mais presente e de maior risco.
• As ideias de perseguição podem resultar em
violência;

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 Epilepsias

• Não há maior incidência de crime no

diagnóstico de epilepsia, salvo haja
psicose como co-morbidade.
• Por vezes, em virtude do dano
neurológico ou de psicose epilética,
há possibilidade considera-los semi-
imputaveis.

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Dependência química e psicoses por
abuso de substancia
• Usuário recreativo e habitual não é
considerado imputável;
• Com dependência moderada e, em
virtude dessa, haver nexo com o
delito, pode-se optar pela semi-
imputabilidade;
• Em casos de síndrome de abstinência,
a depender do grau, o sujeito pode ou
não ser inimputável.
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Transtornos de personalidade
• Este agrupamento compreende diversos estados e
tipos de comportamento clinicamente significativos
que tendem a persistir e são a expressão
característica da maneira de viver do indivíduo e
de seu modo de estabelecer relações consigo
próprio e com os outros.

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• Alguns destes estados e tipos de comportamento
aparecem precocemente durante o desenvolvimento
individual sob a influência conjunta de fatores
constitucionais e sociais, enquanto outros são
adquiridos mais tardiamente durante a vida.

• Em si, não constituem motivo para

inimputabilidade; encontram-se no
limitar entre o funcional e o
disfuncional.

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Page 28
 fim
Bibliografia
Classificação de transtornos mentais e do
comportamento da CID 10. Porto Alegre, Artes
Médicas, 1993.
VALENÇA, AM et alii. Responsabilidade Penal
nos Transtornos Mentais. Jornal Brasileiro de
Psiquiatria, 54, 2005.

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 Atividade

1 – todo transtorno mental configura-se em

diagnóstico de inimputabilidade, segundo o
texto? Justifique sua resposta.
2 - De acordo com o texto, a análise da
perícia deve ser retrospectiva. O que isso
quer dizer?
3 – O silvícola pode ser responsabilizado
penalmente? Justifique sua resposta com
base no texto.
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4 – em caso de constatação de
inimputabilidade, qual o destino possível do
periciado?
5 – A dependência química mostra-se como
atenuante ou agravante em caso de
responsabilização penal? Justifique de
acordo com o texto.

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