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INIMPUTABILIDADE PENAL

Material produzido pelo Prof. Davi Dunck

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INIMPUTABILIDADE PENAL

1. CONCEITO: A imputabilidade é definida como a capacidade mental do ser


humano (ao tempo da conduta), de entender o caráter ilícito do fato (intelectivo)
e de determinar-se de acordo com esse entendimento (volitivo). Por isso, a
imputabilidade penal depende desses 02 elementos:

- ATENÇÃO: O Brasil adotou o critério cronológico, pois toda pessoa a partir


do dia em que completa 18 anos, presume-se imputável. A imputabilidade deve
ser analisada ao tempo da prática da conduta, em decorrência da teoria da
atividade.

2. CRITÉRIO PARA IDENTIFICAÇÃO DA INIMPUTABILIDADE: Como


já visto, quando uma pessoa completa 18 anos, presume-se que ela é
imputável. Contudo, essa presunção é relativa (iuris tantum), pois
admite prova em contrário. Assim, para constatar a inimputabilidade
existem três critérios ou sistemas:

1º - Biológico: para ser inimputável basta a presença de um problema


mental (representado por uma doença mental, ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado).

2º - Psicológico: para ser inimputável pouco importa se a pessoa tem


ou não algum problema mental, pois o importante é que ela seja incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

3º - Biopsicológico: resulta da fusão dos dois anteriores – é inimputável


a pessoa que, ao tempo da conduta, apresenta um problema mental, e,
em razão disso, incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. (SISTEMA ADOTADO
PELO CP).
- EXCEÇÃO: Excepcionalmente, contudo, o CP adotou o sistema
biológico em relação aos menores de 18 anos (27, CP) – a presunção
da inimputabilidade é absoluta; e o sistema psicológico em relação à
embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior (28,
§1º, CP).

3. CAUSAS DE INIMPUTABILIDADE: O CP apresenta 05 causas de


inimputabilidade:

1º - menoridade;

2º - doença mental;

3º - desenvolvimento mental incompleto;

4º - desenvolvimento mental retardado;

5º - embriaguez completa proveniente de


caso fortuito ou força maior.

- ATENÇÃO (EFEITOS DA INIMPUTABILIDADE): Os menores de 18


anos se sujeitam a legislação especial – Lei 8069/1990 (ECA). Os
demais inimputáveis sujeitam-se à justiça penal, sendo processados
e julgados como qualquer outra pessoa, mas não podem ser
condenados, pois não têm culpabilidade. Se verifica a chamada
absolvição imprópria (o réu é absolvido, mas sofre medida de
segurança – em razão da sua periculosidade).

4. IMPUTABILIDADE DIMINUÍDA OU RESTRITA: No âmbito doutrinário e


jurisprudencial foram consagrados como sinônimas os termos: imputabilidade
diminuída, imputabilidade reduzida, imputabilidade restrita e semi-
imputabilidade (o sujeito é semi-imputável) - O CP também adotou aqui o
sistema Biopsicológico!
- ATENÇÃO: A diferença com a inimputabilidade é o GRAU! Na semi-
imputabilidade o agente tem diminuída a sua capacidade de entendimento ou
de autodeterminação, a qual permanecer presente, embora em grau menor.
Por isso, subsiste a imputabilidade, e, por consequência, a culpabilidade.

5. NATUREZA JURÍDICA: A semi-imputabilidade se manifesta como


uma minorante, pois se o agente for considerado semi-imputável, ele
não será absolvido, pois apresenta culpabilidade. Assim, o Juiz irá
condená-lo, aplicando-lhe pena com redução de um a dois terços (26,
parágrafo único, CP).

- ATENÇÃO: O semi-imputável obrigatoriamente deve ser condenado


com aplicação pena (reduzida de 1/3 a 2/3). Contudo, se o exame pericial
constatar que o réu apresenta periculosidade, recomendando especial
tratamento curativo, o Juiz pode substituir a pena diminuída por
medida de segurança. (sistema vicariante ou unitário).

6. EMOÇÃO E PAIXÃO: Segundo o art. 28, I, do CP a emoção ou a paixão não


excluem a imputabilidade penal (preservando a culpabilidade do agente).

- OBSERVAÇÃO: Apesar de não excluírem a imputabilidade penal, a emoção e


a paixão podem influenciar na fixação da pena, atuando como:

- Circunstância atenuante: quando o crime for cometido sob a


influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima (65,
III, parte final, CP).

- Causa de diminuição da pena: quando o crime for cometido sob o


domínio de violenta emoção, e logo em seguida a injusta provocação
da vítima (121,1º, e 129, §4º, ambos do CP – crimes privilegiados).

- ATENÇÃO: Quando a emoção ou paixão se manifesta verdadeiramente


como estado patológico (mórbido), o agente poderá ser tratado como
inimputável ou semi-imputável, com base na conclusão do laudo pericial
(em razão da doença mental).

7. EMBRIAGEZ: A embriaguez é chamada de embriaguez aguda (simples ou

fisiológica). Segundo o art. 28 do CP, essa embriaguez não exclui a

imputabilidade penal.

- ATENÇÃO: A embriaguez patológica (crônica) é considerada como


doença mental.

8. ESPÉCIES DE EMBRIAGUEZ (AGUDA, SIMPLES OU FISIOLÓGICA):

a) Voluntária (intencional): se verifica quando o sujeito ingere bebida alcóolica


com a intenção de se embriagar (não quer praticar nenhum crime).

b) Culposa: se verifica quando o sujeito ingere bebida alcóolica, mas não

deseja se embriagar, contudo, por imprudência, acaba ficando embriagado.

- ATENÇÃO: Segundo o art. 28, II do CP, a embriaguez voluntária ou culposa

(pelo álcool ou substância de efeitos análogos) – sejam completas ou

incompletas, não excluem a imputabilidade penal.

c) Preordenada (dolosa): se verifica quando o sujeito se embriaga

voluntariamente para praticar um crime. Por ser a mais grave, já que o agente

se embriaga com o intuito de ficar mais corajoso para a prática do delito, essa

embriaguez se maniesta como agravante genérica, aplicável na 2ª fase da

dosimetria da pena (61, II, “l”, CP).


d) Acidental (fortuita): é a embriaguez involuntária, isto é, o sujeito acaba
ficando embriagado em decorrência de caso fortuito ou força maior

- Sendo a EMBRIAGUEZ ACIDENTAL COMPLETA, ou seja, o agente (ao


tempo da conduta) era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determiner-se de acordo com esse entendimento, exclui a
imputabilidade penal do réu, ficando isento de pena (28, §1º, CP).

- ATENÇÃO: Quando a embriaguez acidental é completa, além de o agente


não sofrer imposição pena, não há que se falar em aplicação de medida de
segurança, já que, na realidade, o réu é sujeito imputável, sendo apenas
considerando inimputável no momento do fato praticado.

- Sendo a EMBRIAGUEZ ACIDENTAL INCOMPLETA, ou seja, aquela que (ao


tempo da conduta) retira do agente parte da capacidade de entendimento e de
autodeterminação, o réu será condenado, contudo, sua pena será diminuída
de 1 a 2/3 (28, §1º, CP) – Equivale, portanto, a semi-imputabilidade.
01. A embriaguez provocada pelo uso do álcool pode
excluir a culpabilidade quando:

a) for preordenada;
b) for voluntária;
d) for patológica;
e) for habitual.
02. De acordo com o Código Penal, assinale a alternativa
correta acerca da imputabilidade penal.

a) O menor de dezoito anos é isento de pena para todos os


efeitos legais, quando demonstrado não entender o caráter
ilícito do fato.
b) A embriaguez, quando voluntária, afasta a imputabilidade
do agente.
c) Ao agir sob efeito da paixão, o agente terá reduzida a pena
de um a dois terços.
d) O agente que por doença mental, ao tempo da ação ou
omissão, era inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato é isento de pena.
03. No que se refere à imputabilidade penal,
em regra, o direito penal brasileiro adota o
sistema:

a) biopsicológico.
b) psicológico.
c) psicanalítico.
d) biológico.
04. São causas de inimputabilidade previstas no Código
Penal, além de doença mental e desenvolvimento mental
incompleto ou retardado:

a) emoção e paixão; embriaguez completa, decorrente de


caso fortuito ou força maior; idade inferior a 18 anos.
b) idade inferior a 18 anos; embriaguez completa,
decorrente de caso fortuito ou força maior.
c) idade inferior a 21 anos; embriaguez completa,
decorrente de caso fortuito ou força maior; legítima
defesa.
d) emoção e paixão; idade inferior a 18 anos; embriaguez
preordenada.
05. “Em 2022, Tício, contando com 20 anos de idade, teve
conjunção carnal com Malévola, que contava com 13 anos
de idade. Tício foi denunciado e, no curso do processo,
confessou os fatos. O auto de corpo de delito comprovou
a conjunção carnal. O exame de insanidade mental
revelou que Tício, por doença mental, era, ao tempo do
ato, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato.” A sanção penal, aplicada dois anos após os fatos, foi:

a) pena de reclusão.
b) pena de detenção.
c) medida de segurança.
d) pena de multa.

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