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Gabriel Beraldi

Psiquiatra
Preceptor do Departamento de Psiquiatria – FMUSP
Pesquisador do Programa Esquizofrenia – IPQ/HC-FMUSP
Potenciais conflitos de interesse

De acordo com as normas do Conselho Federal de Medicina (número 1595/2000) e Vigilância Sanitária RDC 102/2000,
caso haja conflito de interesses a natureza e o nome das empresas ou instituições envolvidas deverão ser revelados
na introdução da sua apresentação. Segue abaixo tabela a ser preenchida.

Categorias de Potencial Conflito de Interesse Indústria(s)


Patrocínio de transporte e/ou hospedagem em Congressos Não

Patrocínio em estudos clínicos e/ou experimentais


Não
subvencionados pela indústria
Ser conferencista/palestrante em eventos patrocinados pela
Não
indústria
Participar de comitês normativos de estudos científicos
Não
patrocinados pela indústria
Receber apoio institucional da indústria Não

Preparo de textos científicos em periódicos patrocinados pela


Não
indústria
Ter ações da indústria Não
Avaliação do Risco de Suicídio
1. Epidemiologia
2. Etiopatogenia
3. Psicopatologia do suicídio
4. Determinação do risco
Sumário
5. Avaliação inicial
6. Critérios para internação
7. Quando acionar o psiquiatra?
8. Posso dar alta sem avaliação psiquiátrica?
9. “Os clínicos, a Covid-19 e o suicídio”
1. Epidemiologia
Epidemiologia

Ministério da Saúde, Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2017


Epidemiologia

Ministério da Saúde, Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2017


Epidemiologia

Ministério da Saúde, Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2017


Epidemiologia

Ministério da Saúde, Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2017


Epidemiologia

Ministério da Saúde, Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2017


Epidemiologia

Ministério da Saúde, Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2017


Epidemiologia

Diagnóstico Psiquiátrico e Risco de Suicídio

1. 60 a 70% sofriam depressão significativa no momento da morte;


Maior risco: início da doença, homens, solteiros, separados ou divorciados, luto recente

2. Transtorno bipolar: até 15-20% de mortalidade;

3. Esquizofrenia: até 10% de mortalidade;

4. Dependência de álcool: até 15% de mortalidade;

5. Transtornos de personalidade: 5% (mas cerca de 25% das tentativas)

6. Transtornos de ansiedade: ?

Kaplan & Sadock, Cap. Medicina psiquiátrica de emergência, em: Compêndio de Psiquiatria, 11ª Edição.
Epidemiologia
Epidemiologia

Miché et al., Eur Child Adolesc Psychiatry (2018)


2. Etiopatogenia
Etiopatogenia
Etiopatogenia

SO
CI
AL
BI
O

O
S IC
P
Etiopatogenia

SO
CI
AL
BI
O

O
S IC
P
Etiopatogenia

O que leva ao suicídio?

ALÍVIO DO COMUNICAÇÃO CONTROLE DE UMA


SOFRIMENTO DO SOFRIMENTO SITUAÇÃO
3. Psicopatologia
do suicídio
Psicopatologia do suicídio

TENTAR SUICÍDIO AUTOMUTILAÇÃO

AUTOMUTILAÇÃO SEM
INTENÇÃO SUICIDA
Psicopatologia do suicídio

Se eu me matasse,
tudo isso acabaria
As pessoas estariam
melhor sem mim
Decidi me matar,
não tem outra saída
Psicopatologia do suicídio

PENSAMENTOS DE MORTE
“Seria melhor se eu não existisse”

PENSAMENTOS SUICIDAS
“Penso em ou gostaria de me matar”

IDEAÇÃO SUICIDA
“Decidi me matar, não tem outra saída”

PLANEJAMENTO SUICIDA
“Planejo me matar tomando veneno”

ATO SUICIDA
“Comprei o veneno, comecei a colocar o plano em ação”

TENTATIVA DE SUICÍDIO
“Executei o plano”
4. Determinação
do risco
Determinação do risco

FATORES FATORES DE
DE RISCO PROTEÇÃO
Determinação do risco

FATORES DE RISCO FATORES DE PROTEÇÃO

• Tentativas prévias
• Ausência de transtorno mental
• Transtorno psiquiátrico
• Gestação
• Planejamento minucioso ou impulsivo
• Senso de responsabilidade para com a família
• Prevenção do resgate
• Suporte social positivo
• Falta de ambivalência
• Acesso restrito a métodos letais
• Letalidade do método usado
• Religiosidade
• Internalização
• Estar empregado
• Idade > 45 anos
• Presença de criança na família
• Sexo masculino
• Boa capacidade de resolução de problemas
• Divorciado ou viúvo
• Capacidade de adaptação positiva
• Desemprego
• Ausência de alterações do juízo e crítica
• Baixo suporte social e familiar
• Relação terapêutica positiva
• Doença crônica

Melzer e Teng, Emergência psiquiátrica no hospital geral; Em: Tratado de Clínica Psiquiátrica, 1ª Edição (2010).
Determinação do risco
Determinação do risco
1. TENTATIVA DE SUICÍDO PRÉVIA

2. DESESPERANÇA
IDEAÇÃO 3. TR. DEPRESSIVO
SUICIDA
4. HISTÓRIA DE ABUSO

5. TR. ANSIOSO

1. AUTOMUTILÇÃO SEM INTENÇÃO SUICIDA

2. TENTATIVA DE SUICÍDIO PRÉVIA


TENTATIVA 3. SCREENING POSITIVO EM ESCALAS DE AVALIAÇÃO
DE SUICÍDIO
4. TR. DE PERSONALIDADE

5. INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA PRÉVIA

1. INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA PRÉVIA

2. TENTATIVA DE SUICÍDIO PRÉVIA


SUICÍDIO 3. IDEAÇÃO SUICIDA PRÉVIA
CONSUMADO
4. BAIXO STATUS SOCIOECONÔMICO

5. ESTRESSORES

Franklin e Ribeiro, Psychological Bulletin (2012).


Determinação do risco
Determinação do risco

Miché et al., Eur Child Adolesc Psychiatry (2018)


Determinação do risco
Determinação do risco

Weber et al., Med Clin North Am. 2017 May ; 101(3): 553–571
Determinação do risco

Kaplan & Sadock, Cap. Medicina psiquiátrica de emergência, em: Compêndio de Psiquiatria, 11ª Edição.
5. Avaliação
inicial
Avaliação inicial

NA TEORIA NA PRÁTICA

1. MANEJO DOS FATORES DE RISCO AVALIE O PACIENTE


(RISCO x PROTEÇÃO)
2. FORTALECIMENTO DOS FATORES DE PROTEÇÃO

CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO

SIM OU DÚVIDA NÃO


(Alto Risco) (Risco Mod./Baixo)

FATORES FATORES DE
DE RISCO PROTEÇÃO
CHAME O PSIQUIATRA / MANEJO DOS FATORES
INTERNAÇÃO DE RISCO E PROTEÇÃO
Avaliação inicial

NÃO TENHA MEDO DE


CONVERSAR COM O
PACIENTE EM RISCO
DE SUICÍDO!
Avaliação inicial

Técnicas para abordagem do paciente

• Não evitar o assunto

• Voltar ao assunto mais tarde, se ficou na dúvida

• Evitar sinais de desconforto ao explorar ideias de suicídio

• Abordagem cronológica de ideação/tentativa de suicídio

• Usar termos específicos (se matar, cometer suicídio, etc.)

• Evitar questões indutoras: você não tem o desejo de se matar, né?

• Atenção aos sinais corporais do paciente ao perguntar


Avaliação inicial

Atendimento inicial ao paciente em risco de suicídio

1. Paciente com nível de consciência preservado


2. Local calmo e com poucos estímulos
3. Diálogo acolhedor e assertivo
• Validar o sofrimento
• Não validar a tentativa
4. Os familiares/acompanhantes devem estar presentes?

Kaplan & Sadock, Cap. Medicina psiquiátrica de emergência, em: Compêndio de Psiquiatria, 11ª Edição.
Avaliação inicial

NA TEORIA NA PRÁTICA

1. MANEJO DOS FATORES DE RISCO AVALIE O PACIENTE


(RISCO x PROTEÇÃO)
2. FORTALECIMENTO DOS FATORES DE PROTEÇÃO

CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO

SIM OU DÚVIDA NÃO


(Alto Risco) (Risco Mod./Baixo)

FATORES FATORES DE
DE RISCO PROTEÇÃO
CHAME O PSIQUIATRA / MANEJO DOS FATORES
INTERNAÇÃO DE RISCO E PROTEÇÃO
6. Critérios para
internação
Psicopatologia do suicídio

1. Ideação suicida e/ou planejamento suicida

• PENSAMENTOS DE MORTE TRATAMENTO


PSIQUIÁTRICO
• PENSAMENTOS SUICIDAS AMBULATORIAL

• IDEAÇÃO SUICIDA
INTERNAÇÃO
• PLANEJAMENTO SUICIDA

Kaplan & Sadock, Cap. Medicina psiquiátrica de emergência, em: Compêndio de Psiquiatria, 11ª Edição.
Psicopatologia do suicídio

1. Ideação suicida e/ou planejamento suicida


2. Transtorno psiquiátrico grave: paciente psicótico, depressão grave, transtorno de
ansiedade grave.
3. Baixo suporte social.
4. Tentativa violenta, quase fatal ou premeditada, com precauções de resgate. Se o
sofrimento aumentar ou o paciente se arrepender de ter sobrevivido.
5. Paciente do sexo masculino, acima de 45 anos, especialmente com início recente
de doença psiquiátrica ou pensamento suicida.
6. Comportamento impulsivo atual, agitação grave, crítica comprometida, ou recusa
de ajuda forem evidentes.
7. Paciente tiver mudança no estado mental com uma etiologia metabólica, toxica,
infecciosa ou de outra natureza que exige mais exames em instalações estruturadas.

Kaplan & Sadock, Cap. Medicina psiquiátrica de emergência, em: Compêndio de Psiquiatria, 11ª Edição.
7. Quando acionar
o psiquiatra?
Quando acionar o psiquiatra?

NA TEORIA NA PRÁTICA

1. MANEJO DOS FATORES DE RISCO AVALIE O PACIENTE


(RISCO x PROTEÇÃO)
2. FORTALECIMENTO DOS FATORES DE PROTEÇÃO

CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO

SIM OU DÚVIDA NÃO


(Alto Risco) (Risco Mod./Baixo)

FATORES FATORES DE
DE RISCO PROTEÇÃO
CHAME O PSIQUIATRA / MANEJO DOS FATORES
INTERNAÇÃO DE RISCO E PROTEÇÃO
8. Posso dar alta
sem avaliação
psiquiátrica?
Posso dar alta sem avaliação psiquiátrica?

NA TEORIA NA PRÁTICA

1. MANEJO DOS FATORES DE RISCO AVALIE O PACIENTE


(RISCO x PROTEÇÃO)
2. FORTALECIMENTO DOS FATORES DE PROTEÇÃO

CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO

SIM OU DÚVIDA NÃO


(Alto Risco) (Risco Mod./Baixo)

FATORES FATORES DE
DE RISCO PROTEÇÃO
CHAME O PSIQUIATRA / MANEJO DOS FATORES
INTERNAÇÃO DE RISCO E PROTEÇÃO
Posso dar alta sem avaliação psiquiátrica?

BAIXO RISCO: URGENTE


• Envolver a equipe e o suporte social do paciente
• Medicação: ISRS, Hipnóticos
• Monitoramento através dos recursos daquela comunidade
• Remover medicações, armas de fogo, facas e outros objetos perigosos

RISCO MODERADO: “CRISE”


• Plano de segurança
• Tratamento ambulatorial intensivo
• Monitoramento através dos recursos daquela comunidade
• Remover medicações, armas de fogo, facas e outros objetos perigosos

ALTO MODERADO: “EMERGÊNCIA”


• Internação hospitalar
• Assinar termo de involuntariedade

Practice guidelines for the assessment and treatment of patients with suicidal behaviors. Am J Psychiatry (2003).
Posso dar alta sem avaliação psiquiátrica?

Quais as Orientações no Momento da Alta?

1. Convocar familiares: alta “somente” na presença de um responsável

2. Vigilância para risco de suicídio: orientar paciente e familiares

• Acompanhante em tempo integral nos primeiros dias


• Descartar objetos domésticos que possam servir ao suicídio

3. Devo iniciar o tratamento medicamentoso no pronto socorro?

4. Encaminhamento (ou retorno precoce) ao psiquiatra

5. Meu paciente não possui convênio. Para onde posso encaminhá-lo?


9. “Os clínicos, a
Covid e o
suicídio”
Obrigado!
gabriel.beraldi@fm.usp.br

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