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V CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA:

CIÊNCIA E PROFISSÃO
17 E 18 DE NOVEMBRO DE 2018, 08 HORAS
UNINOVE, CAMPUS MEMORIAL, SÃO PAULO – SP

Intervenção em Crise Suicida: Uma introdução para a prática


Psicóloga Esp. Cristina Ribeiro dos Anjos
CRP 01/16639
TEORIA DA CRISE
Conceito de crise
Classificação de crise
Ciclo da crise

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Conceito de crise

“Crise é um processo subjetivo de vivência ou experimentação de situações


de vida, nas quais condições internas e externas mobilizam uma pessoa e
demandam novas respostas para as quais ela ainda não adquiriu, não
desenvolveu, não domina ou perdeu capacidade, repertório ou recursos
capazes de dar solução à complexidade da tarefa em questão.” (Naves e
Tavares, 2003)

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TEORIA DA CRISE

• Demanda ;
• Condições internas e externas,;
• Resposta;
• Domínio ou capacidade;
• Complexidade ;
• Processo;
• Subjetividade;
• Solução.
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CRISE COMO PROCESSO
A crise como processo indica que ela tem uma dinâmica, antecedentes,
precursores, início, se desenvolve e se transforma pela experimentação e que
tem um desfecho que anuncia e interage com situações futuras, deixando
vulnerabilidades ou promovendo a capacidade de enfrentamento.

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TEORIA DA CRISE
SUBJETIVIDADE
A crise psicológica é um processo experiencial, subjetivo. A interação de fatores de
risco, estressores, eventos de vida e eventos traumáticos com a crise não retira dela
o seu caráter subjetivo.

Realidade psíquica

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ESTABILIDADE DE SOLUÇÃO – A FUNÇÃO
DA CRISE

A fase crítica da crise exige intervenção por três motivos:


• O sujeito se encontra em situação de risco suficiente para mobilizar as pessoas a
intercederem para sua proteção.
• O sujeito coloca a si e a outras pessoas em situação de risco.
• A conduta do sujeito incomoda as pessoas na família e no trabalho.

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ESTABILIDADE DE SOLUÇÃO – A
FUNÇÃO DA CRISE
A fase crítica da crise é insustentável por um longo período e uma nova fase de
estabilidade é esperada algum tempo após o início da fase crítica, mesmo
quando há sintomas e patologias graves.

É necessário respeito com o sujeito, pois seus comportamentos não são resultado
de má vontade ou de atos conscientemente voluntários. Em muitos, pode haver
prejuízo de julgamento, dano cognitivo ou orgânico.

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CICLO DA CRISE

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INTERVENÇÃO NA CRISE SUICIDA

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INTERVENÇÃO EM CRISE - DEFINIÇÃO

Intervenção em crise é a atuação no momento exato em que um indivíduo está


vivenciando um contexto de crise. Nesse contexto, a pessoa encontra-se em
desorganização e incapacitada de enfrentar essa atual situação, utilizando-se de
repertório de estratégias de enfrentamento e solução de problemas ao qual está
acostumada (Naves e Tavares, 2008)

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INTERVENÇÃO NA CRISE SUICIDA
 Estima-se que um milhão de pessoas cometeram suicídio no ano de 2000 no
mundo.
 A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo.
 A cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida.
 O suicídio está entre as três maiores causa de morte entre pessoas com idade
entre 15-35 anos.
 Cada suicídio tem um sério impacto em pelo menos outras seis pessoas.
 O impacto psicológico, social e financeiro do suicídio em uma família e
comunidade é imensurável.

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SUICÍDIO E TRANSTORNOS MENTAIS

Risco maior
Depressão
Transtorno de personalidade
Alcoolismo e abuso de substâncias Impulsividade
Esquizofrenia Ambivalência
Transtorno mental orgânico Rigidez

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MITOS EM RELAÇÃO AO SUICÍDIO
Mito Fato
Pessoas que ficam ameaçando A maioria das pessoas que se matam
suicídio não se matam. deram avisos de sua intenção.

Quem quer se matar, se mata A maioria dos que pensam em se


mesmo. matar, têm sentimentos ambivalentes.

Melhora após a crise significa Muitos suicídios ocorrem num


que o risco de suicídio acabou. período de melhora, quando a pessoa
tem a energia e a vontade de
transformar pensamentos desesperados
em ação auto-destrutiva.

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MITOS EM RELAÇÃO AO SUICÍDIO
MITO FATO
Nem todos os suicídios podem
ser prevenidos. Verdade, mas a maioria pode-se
prevenir.
Uma vez suicida, sempre suicida Pensamentos suicidas podem
retornar, mas eles não são permanentes
e em algumas pessoas eles podem
nunca mais retornar.
Muitas pessoas com problemas sérios de saúde,
Se uma pessoas pensa em suicídio provavelmente por exemplo, não chegam a pensar em suicídio.
sua situação é tão ruim que a morte é a melhor
solução

Não se deve perguntar a uma pessoa se ela já A maioria das pessoas agradece a oportunidade
pensou em tirar a própria vida de falar sobre pensamentos suicidas.
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AVALIAÇÃO DE RISCO
BAIXO RISCO

Não tem tentativa anterior


Pensamentos de morte passageiros e egodistônico
Não tem planejamento
Transtorno mental, se presente, com sintomas controlados
Boa adesão ao tratamento
Tem fatores de proteção

Conduta: Condutas de intervenção em crise no contexto ambulatorial. Psicoterapia


breve
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AVALIAÇÃO DE RISCO
MÉDIO RISCO

Tentativa prévia
Depressão ou transtorno bipolar
Ideação suicida sem planejamento
Não tem impulsividade
Não tem abuso de álcool ou drogas
Tem fatores de proteção mesmo que escassos

Conduta: Acionar rede de apoio para monitoramento constante. Iniciar intervenção


em crise imediatamente.
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AVALIAÇÃO DE RISCO
ALTO RISCO

Tentativa prévia
Transtorno psicótico
Ideação suicida com planejamento e egossintônica. Tem método.
Impulsividade e desespero
Tem abuso de álcool ou drogas
Não teme fatores de proteção

Conduta: Acionar rede de apoio imediatamente e providenciar internação.

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MANEJO DA CRISE
SUICIDA
Maior diretividade
Controlar o impulso suicida
Restaurar a esperança/ confiança
Intervenção no ambiente
Hospitalização ou internação domiciliar?
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INTERVENÇÃO EM CRISE – ESTRATÉGIAS E
TÉCNICAS
 Identificação de fatores de risco;
 Identificação de fatores de proteção;
 Sensibilização para avaliação e acompanhamento psiquiátrico e tratamento
medicamentoso;
 Realização de várias sessões semanais;
 Orientação familiar;
 Mapeamento das atividades dos dias entre as sessões;
 Apoio psicológico por telefone;
 Trabalho interdisciplinar.

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MANEJO DA CRISE SUICIDA
HOSPITALIZAÇÃO OU INTENAÇÃO DOMICILIAR?
 Pouco controle de impulsos
 Sem rede de apoio
 Consentimento
 Retirada do ambiente de risco
 Medicação adequada
 Estigma

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O QUE NÃO FAZER!

• Ignorar a situação;
• Falar de religião/ Deus se a pessoa não tiver uma crença;
• Ficar chocado, envergonhado ou em pânico;
• Falar que tudo vai ficar bem;
• Desafiar a pessoa a continuar em frente;
• Fazer o problema parecer trivial;
• Dar falsas garantias;
• Jurar segredo;
• Deixar a pessoa sozinha.

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ESTUDO DE CASO
Caso 1
Homem com histórico de várias tentativas de suicídio , transexual, sem rede de
apoio familiar e com dificuldades financeiras. Está em atendimento há mais de
uma ano e encontra-se estabilizado, entretanto apresenta várias dificuldades
para se relacionar socialmente e muita angústia relacionada com sua
transexualidade. Chega na sessão e diz que pensou bastante e decidiu que
realmente não quer mais viver. Acha que não tem condições de lidar com o
sofrimento da vida e se sente muito desamparado. Diz que não está desesperado e
que só irá cometer suicídio quando souber que efetivamente irá morrer. Já está
pesquisando métodos fatais.

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ESTUDO DE CASO
Caso 2

Homem de 23 anos procura atendimento após tentativa de suicídio. Relata exaustão


física e mental, pressão familiar e paternidade precoce. Refere impulsividade, mas
nega ideação suicida no momento.

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ESTUDO DE CASO
Orientação a familiares

Mulher de 26 anos está em acompanhamento psicoterápico há 1 ano e meio. Tem


transtorno de personalidade Borderline e tenta suicídio após briga com namorado.
Não pede ajuda antes da tentativa e relata arrependimento. Apresenta
impulsividade, baixa tolerância a frustração e agressividade verbal.
Mora sozinha com a mãe, que liga para obter orientações de como lidar com as
vontades da filha após crise.

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ESTUDO DE CASO
Caso 3
Paciente com intensa impulsividade , apresenta ideação suicida após briga com o
namorado . Paciente tem traços histriônicos e borderlines de personalidade e sua
família já não valida suas ameaças. Mesmo nessa situação, a paciente falta as
sessões marcadas e procura a psicóloga por mensagem. A paciente inicia processo
de raiva em relação a psicóloga por conta de limites colocados e as ameaças de
suicídio aumentam.

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ESTUDO DE CASO
Caso 4 - Psicoterapia de crise
Paciente com várias tentativas de suicídio anteriores, mas sem ideação há pelo
menos uma ano. Tem uma conversa marcada com a namorada na qual sabe que o
namoro terminará. Não tem contato com a família e seus amigos mais próximos
se mudaram de Brasília. Ele tem a iniciativa de marcar a conversa logo em seguida
a sua sessão semanal. Na sessão diz que está muito ansioso com medo da
rejeição lhe trazer ideação suicida (ultima tentativa foi por questões de
relacionamento amoroso). Paciente tem dificuldade de pedir ajuda
espontaneamente.

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OBRIGADA!
CONTATOS
cris.unb.psy@gmail.com
Tel: (61) 99693-3215
CVV 188
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