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6ª AULA

Recomendações Para Intervenção Em Crise


Intervenção Em Crise
Psicopatologia e Religiosidade do Lugar do Outro:
Uma Escuta Levinasiana

Profª Drª. Aldenira Barbosa Cavalcante


Conceito de Crise
 “(…) um estado provocado quando a pessoa enfrenta um obstáculo a importantes alvos vitais, que, durante
certo tempo é insuperável através da utilização dos meios costumeiros de solução de problema. Segue-se
um período de desorganização, um período de perturbação, durante o qual são feitas muitas tentativas
malogradas de diferentes para a solução. Eventualmente, é conseguido algum tipo de adaptação, que pode
ou não ser no melhor interesse da pessoa e dos seus (Caplan, 1964).
 – Estado (Caráter não definitivo).
 – Acontecimento (Obstáculos).
 – Meios costumeiros para solucionar o problema não são suficientes.

Acontecimento Estado de
inesperado Tentativa Solução
Desorganização

Adaptação
saudável
ou patológica
Critérios para Tomada de Decisões
Monterio (1994)

NECESSIDADE Toda e qualquer ação somente deve ser


implementada quando for indispensável

VALIDADE DO Toda e qualquer ação, tem que levar em conta,


RISCO se os riscos dela advindos são compensados
pelos resultados.

Toda decisão deve ter respaldo Legal, Moral e


ACEITABILIDADE Ético.
Crise Evolutiva / Vital
X Crise Acidental
 A Crise Evolutiva / Vital é aquela que causa amadurecimento.
 A Crise Acidental é aquela que não é preciso passar por ela para amadurecer.
a) Ciclo de vida
b) Sequestro relâmpago: Crise Acidental

Crises normativas
condições críticas que acompanham os conflitos típicos dos oito estágios do
desenvolvimento humano. Um dos méritos de Erickson foi enfatizar a crise como ponto
crucial de desenvolvimento e amadurecimento sem, contudo, desprezar seu potencial de
alterar o status quo (equilíbrio) do psiquismo.
Crises acidentais
Crise como possibilidade de ruptura do mecanismo psíquico
(“Não é necessária para o desenvolvimento”)
CRISE

 A evolução da crise pode ser benéfica  Mas a crise é vista, de igual modo,
ou maléfica, dependendo de fatores como uma ocasião de crescimento.
que podem ser tanto externos, como
internos.  A evolução favorável de uma crise,
 Toda a crise conduz necessariamente a conduz a um crescimento, à criação de
um aumento da vulnerabildiade, mas novos equilíbrios, ao reforço da pessoa e
nem toda a crise é necessariamente um da sua capacidade de reacção a situações
momento de risco. menos agradáveis.
 Pode, eventualmente, evoluir
 Assim, a crise evolui no sentido da
negativamente quando os recursos
pessoais estão diminuidos e a regressão, quando a pessoa não a
intensidade do estresse vivenciado consegue ultrapassar, ou no sentido do
pela pessoa ultrapassa a sua desenvolvimento, quando a crise é
capacidade de adaptação e de reação. favoravelmente vivida.
Fatores de Risco e de Equilíbrio

Risco: Características ou condições de vida de uma


pessoa ou de um grupo que as expõe a uma maior
probabilidade de desenvolver um processo
morbido ou de sofrer os seus efeitos.
Equilíbrio: Condições que favorecem e estimulam um
desenvolvimento harmonioso.
Como tomar decisões em situações de
crise ?
Pensando pessoalmente sobre a crise
(dinâmica)

1. Faça uma imersão na sua vida e procure, diante de tantas crises que
julga que viveu, aquela que mais lhe mobilizou.
2. Em seguida, escreva frases, palavras sobre porque esta crise foi mais
importante.
3. Não censure...
4. Apenas sinta, e escreva...
5. Do que escrever, selecione o que é possível de compartilhar com
todo(a)s, se tudo não puder ser compartilhado.
6. Mas registre, reflita, compartilhe se julgar possível
Resumo
Stress e trauma faz com que o "alarme sonoro“ fica mais denso e maior,
enquanto o hipotálamo 'amortecedor' fica menor.
Há sinais que indicam que este dano está ocorrendo e estes devem ser
levadas em conta seriamente.
Um comportamento resiliente pode ajudar a proteger o cérebro.
As três áreas principais para promover a resiliência são: apoio social,
auto eficácia no que diz respeito do processamento emocional,
capacidade de resolver problemas, exercício físico, e criar um
sentimento de significado e propósito.
CRISE DA RELIGIOSIDADE
Em ambos os casos, esta “crise da
Estudos sobre a psicopatologia da depressão religiosidade” estaria contribuindo para a
mostram que a crença e a prática da religião crise da saúde mental que aflige o
podem reduzir a manifestação desta doença Ocidente, em que “o progressivo
(Shumaker, 2001). O assustador aumento desligamento dos seres humanos da
desta patologia nas últimas décadas estaria, totalidade, de uma visão cosmológica, já
em parte, ligado ao desenvolvimento de uma vinha sendo identificado desde a Idade
mentalidade autônoma, ligada a uma forma Média, com práticas de isolamento e
de individualismo onde o homem é o centro preocupação por si” (Silva 1999, p.8).
do mundo (Moreira, 2001 e 2002). Por outro Ou seja, o aumento da incidência de
lado, se pode perceber uma “crise da algumas manifestações
religiosidade”, seja pela extinção da fé em psicopatológicas estaria vinculado ao
alguns países de Primeiro Mundo, decréscimo da religiosidade
analisada anteriormente, seja pela (Schumaker, 2001) ou aos seus usos e
exacerbação de distintas formas de fé. abusos, como se pode observar no
Brasil de hoje em alguns segmentos
CRISE DA RELIGIOSIDADE
O adoecimento tem na ausência de religiosidade ou na
A ‘religiosidade’ no Brasil é, sua exacerbação não o sintoma, mas a possibilidade
sem dúvida, um campo mesma de sua emergência. Não ser (ou não se deixar
vastíssimo para estudos ser) afetado pelo outro – o desafeto (Moreira & Freire,
antropológicos, sociológicos, 2003) leva à depressão bem como a outros transtornos
psicológicos e, psíquicos.
principalmente, Não se trata aqui de não crer em um Deus, mas de ter
psicopatológicos, dado que perdido a capacidade de ir em direção ao Outro.
esta ‘religiosidade’ nos Trata-se de não ser capaz de assisti-lo na morte ou de
parece estar definitivamente dar-lhe o pão retirado da própria boca, para usarmos
amalgamada com a algumas formulações levinasianas. O humanismo ético
psicopatologia no imaginário levinasiano é caracterizado pela essa relação do
do brasileiro. homem com o outro. Toda ética levinasiana( Emmanuel
Levinas (1906-1995), filósofo francês) é fundamentada na
defesa da vida. É uma ética da responsabilidade em
O PROFISSIONAL DA SAÚDE DIANTE DA CRISE
PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO

Condições Necessárias

1) Capacidade de ser continente: 2) Capacidade de sobreviver:


 Capacidade de acolher e decodificar as projeções daquilo que é  Capacidade de controlar nossas
intolerável para o paciente. emoções.
 Acolher, decodificar a angústia e devolver ao paciente de  O paciente também nos ensina.
maneira transformada, dosificada (que passe a fazer sentido).
 Entrar em cena sabendo que vai
 É mais do que estar disposto a “entrar em cena”.
entrar e sair.
 Em muitos momentos, somos depositários.
 Existem vários tipos de contenção, entre elas:  Está ligado ao desejo de viver.

 Contenção mecânica ou física: É aquela através da – Vínculo e separação.


enfermagem com o uso de ataduras. – Exemplo: O ritual de despedida
 Contenção verbal: É aquela através da nossa presença e da em situações de óbito.
fala.
O PROFISSIONAL DA SAÚDE DIANTE DA CRISE
PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO

3) Capacidade negativa:
5) Capacidade de
 Necessidade de suportar a própria ignorância.
encontrar o contrário do
 Capacidade de conter as angústias do “não saber”.
medo: O amor
 Necessário reconhecer as nossas vulnerabilidades
 O amor é o que nos
4) Capacidade de realizar o lugar comum em condições nada comuns: faz optar por entrar em cena
 Conseguir ter as melhores respostas, mesmo em condições ansiogênicas. e ajudar o paciente.

 Fazer coisas simples em situações adversas.  O que nos faz vencer


o medo é o amor.
 Evitar que o sujeito seja tomado pelo terror e pela raiva.

 Ao optar por “entrar em cena”, pode-se ajudar a conter uma lágrima, uma
mão que acolhe...
O PROFISSIONAL DA SAÚDE DIANTE DA CRISE
PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO

6) Capacidade de produzir uma “cola invisível”:

 “Cola invisível”: Maneira de lidar com a nossa vulnerabilidade e nos ajuda a suportar
estar naquele lugar.

7) Capacidade de amor a verdade:

 Estóico: “Diz-se daquele que revela fortaleza de ânimo e austeridade. Impassível;


imperturbável; insensível”. Pessoa que suporta muitas coisas negativas de forma
excessiva, onde a maioria das pessoas não conseguiria suportar tanto sofrimento e tanta
dor.
Intervenção em crise:

 Visa à reorganização, levar ao estado anterior de equilíbrio.

 A prevenção é secundária.

 Prevenção 1ª via: Instalação de psicopatologias.

 Prevenção 2ª via: Diminuição dos sintomas.


CRISE
Os desastres de grande porte e os O processo de crise pode advir de eventos
eventos diários da violência urbana catastróficos ou desastres produzidos por
provocam significativo impacto sobre a causas naturais; por acidentes ou, ainda, por
saúde mental das pessoas que se situações diretamente provocadas pelo homem
tornam reféns desses eventos,
como nos casos de violência interpessoal. Em
atormentadas pelo medo, sofrendo por
feridas e mutilações físicas e emocionais, todas essas situações a integridade física e/ou
acompanhados ainda, pelo impacto da emocional das pessoas está ameaçada.
perda de entes queridos (familiares ou não)
A intervenção em crise é um método de ajuda
e de prejuízos materiais e econômicos.
indicado para auxiliar uma pessoa, uma
Dessa maneira, a atenção psicossocial família ou um grupo, no enfrentamento de
mostra-se por demais, necessária. um evento traumático, amenizando os
Entretanto, apenas nos últimos anos é que efeitos negativos, tais como danos físicos e
se começou a prestar atenção a este tipo
psíquicos, incrementando a possibilidade do
de intervenção englobando ações não só
para enfrentar o quadro físico, mas, crescimento de novas habilidades de
também, o psíquico. enfretamento reforçando a busca de opções
A expressão “crise” provém da palavra grega krisis, que significa “decisão” e deriva do verbo krino, que
quer dizer “eu decido, separo, julgo” (Moreno, Peñacoba, González-Gutierrez & Ardoy, 2003; Sánchez &
Amor, 2005). “Crise”, ainda pode ser definida como um estado de desequilíbrio emocional do qual uma
pessoa que se vê incapaz de sair com os recursos de afrontamento que habitualmente costuma empregar
em situações que a afetam emocionalmente (Parada, 2004).

O estado de crise é limitado no tempo, quase sempre se manifestando por um


evento desencadeador, e sua resolução final depende de fatores como a
gravidade do evento e dos recursos pessoais e sociais da pessoa afetada (Moreno
et al., 2003). O processo de crise deve ser entendido não somente como algo negativo,
mas como algo que pode também ser positivo. Neste sentido, Slaikeu (1996) assinala
como exemplo o ideograma chinês de crise, representado por duas figuras: uma
significando “perigo” e outra “oportunidade”, ou seja, um “ponto de mudança” que pode
servir para sanar ou adoecer, melhorar ou piorar. Assim, Liria e Veja (2002) consideram
que o desenlace de uma crise pode ameaçar a saúde mental ou ser um marco para
mudanças que permitam um funcionamento melhor do que o anterior ao
desencadeamento do evento. De tal forma, quando a crise é resolvida
satisfatoriamente, ela pode auxiliar o desenvolvimento do indivíduo; caso
contrário, poderá constituir-se em um risco, aumentando a vulnerabilidade da
Entender-se-á melhor o fenômeno da
crise, diferenciando-o em crises
evolutivas e crises circunstanciais. As
crises evolutivas dizem respeito à
Vários podem ser os fatores precipitadores realização não satisfatória das
de uma crise, mas não são somente os passagens do desenvolvimento do
eventos em si que desencadeiam tal indivíduo. Elas podem ser previsíveis,
processo. já que as etapas do crescimento e os
momentos decisivos em cada uma
Ele pode decorrer, também, do significado delas são conhecidos e ocorrem com
que o indivíduo possa vir a dar aos fatos, a maioria das pessoas. São as
em termos de ameaça ou dano para si, situações criadas internamente, por
assim como da avaliação dos recursos mudanças fisiológicas e psicológicas,
disponíveis para o necessário que podem desencadear uma resposta
enfrentamento da situação. de crise ou não, como, por exemplo, a
concepção ou a esterilidade, a
Então, é necessário sempre levar em conta
gravidez e o parto, a infância, a
a percepção do indivíduo frente ao evento, e adolescência, a aposentadoria, o
não só a gravidade do mesmo isoladamente envelhecimento e a morte (Slaikeu,
(Liria & Veja, 2002; Sánchez & Amor, 2005). 1996; Wainrib & Bloch, 2000)
Intervenção em crise

Os conceitos que tradicionalmente têm sido assinalados como “Intervenção em Crise”,


apontam diferenças na sua aplicação em situações de emergência e na prática clínica devido
às características específicas da urgência na atenção psicológica/psiquiátrica e na dificuldade
em estabelecer protocolos adequados para tais intervenções.
A intervenção em crise é um procedimento para exercer influência no funcionamento
psicológico do indivíduo durante o período de desequilíbrio, aliviando o impacto direto
do evento traumático. O objetivo é ajudar a acionar a parte saudável preservada da
pessoa, assim como seus recursos sociais, enfrentando de maneira adaptativa os
efeitos do estresse.
Nessa oportunidade, devem-se facilitar as condições necessárias para que se estabeleça na
pessoa, por sua própria ação, um novo modo de funcionamento psicológico, interpessoal e
social, diante da nova situação.
Cabe lembrar que, no momento da crise, as defesas do indivíduo estão falhas, desativadas,
de tal forma que ele se encontra mais receptivo à ajuda e os mínimos esforços podem ter
resultados máximos (Wainrib & Bloch, 2000; Liria & Veja, 2002).
Intervenção em crise
Toda terapia que visa lidar com situações traumáticas passa necessariamente por recordar e rememorar
a situação. É muito importante o relato verbal como elemento primeiro, visando clarificar e
organizar o processo terapêutico. Dito de outra forma, para enfrentar um trauma, a primeira
condição é enfrentá-lo, pois em termos de comportamento humano, salvo algumas exceções, a
tendência é tentar reduzir o que é doloroso e desagradável, tentar esquecer o quanto antes. Uma
situação de crise, se resolve, habitualmente entre 4 e 6 semanas. Sendo, às vezes, necessário um
período de tempo maior para a resolução do evento estressante podendo a desorganização psíquica
continuar por mais tempo, durando anos ou se transformar em algo crônico. Slaikeu (1996) refere que a
instabilidade ou desorganização estão limitadas no tempo e este limite no estado de crise, aliado a um
potencial para a reorganização em uma direção positiva ou negativa, é um ponto crucial.
Quanto mais tempo a pessoa passa sem assistência ou com auxílio inadequado, mais sérios
tendem a serem os efeitos da crise, que poderão até tornarem-se irreversíveis. Então, processos
terapêuticos breves, de tempo limitado, são os mais adequados para as situações de crise. O
procedimento terapêutico deve se estender por um tempo igual ao que a maioria das pessoas leva
para recuperar o equilíbrio depois do incidente da crise, ou seja, em torno de 6 semanas.
A meta principal da intervenção é ajudar a pessoa a recuperar o nível de funcionamento que possuía
antes do evento desencadeante da crise.
Vários autores mencionam cinco componentes fundamentais que devem estar presente
numa intervenção em crise, estruturada num processo de atendimento em grupo,
seguindo uma sequência de fases ou estádios (Moreno et al., 2003; Raffo, 2005).

1. Estabelecer contato psicológico;


2. Analisar o problema;
3. Analisar as possíveis soluções;
4. Assistir para executar ações concretas;
5. Seguimento para avaliar o progresso.
Slaikeu (1996) postula três princípios clínicos para a
prática da intervenção em crise:
- o primeiro ele chama de “oportunidade” em que o
objetivo é calcular e reduzir o perigo, avaliando
também a motivação do paciente para encontrar
uma nova estratégia de enfrentamento com as
circunstâncias atuais de vida.
- O segundo princípio é a “meta”, que consiste em
ajudar o indivíduo a recuperar o nível de equilíbrio
que tinha antes ou a atingir um nível que permita
superar o momento crítico.
- O último princípio descrito por este autor diz
respeito a uma avaliação que englobe tanto os
“aspectos fortes”, como as “debilidades” de
cada um dos sistemas implicados na crise, bem
como informações do que está funcional e
disfuncional na vida do indivíduo.
A intervenção em crise é uma estratégia de ajuda indicada para auxiliar uma
pessoa e/ou família ou grupo, no enfrentamento de um evento traumático,
amenizando os efeitos negativos, tais como danos físicos e psíquicos e
incrementando a possibilidade de crescimento de novas habilidades de enfretamento
e opções e perspectivas de vida. O tipo de crise não importa, pois o evento é
emocionalmente significativo e gera uma mudança radical na vida da pessoa. A
intervenção terapêutica no momento da crise é tão eficaz quanto a intervenção
de um paramédico ao proporcionar suporte de vida a um ferido grave
(Rodríguez, 2003). Assim, as metas durante a superação da crise devem ser
focadas em ajudar as pessoas a lidar com o evento traumático, a ajustar-se à
nova situação, a devolver-lhe seu nível anterior de funcionamento, diferente do
tratamento na psicologia clínica que enfoca uma mudança profunda do paciente
ou uma revisão da origem dos seus conflitos infantis. Estas metas são
desenvolvidas através de um convite ao indivíduo para que fale de sua experiência,
fazendo com que observe o evento à distância ou perspectiva, ajudando-o a ordenar e
reconhecer seus sentimentos associados; e, também, ajudar na resolução de
problemas, começando pelas metas mais práticas e imediatas.
Situações potencialmente críticas, que podem Fases do Processo de Crise (Caplan, 1964)
provocar a crise: 1ª Fase: Impacto do estímulo avaliado como

São acontecimento ou fatos súbitos e violentos. excedendo os recursos individuais. Elevação da tensão
psíquica. Indivíduo aciona suas respostas habituais
 Morte;
para solucionar o problema.
 Ameaça à integridade física;
 Violência sofrida; 2ª Fase: Ineficiência das reações e

 Separações; permanência do estímulo problema. A pessoa


sente-se impotente e ineficaz para o processo de
 Perdas.
resolução.
3ª Fase: A continuidade do estímulo problema produz nova
– O processo é passível de mudanças ou não.
elevação de tensão: O sujeito busca novas soluções (ensaio e
– Um exemplo de processo que é passível de
erro) para resolver a situação, ainda baseado em experiências
mudanças é a perda do emprego.
anteriores. Pode assumir comportamento resignado, renunciando
– Quando o processo não é passível de
ao confronto, permanecendo em níveis mais regressivos de
mudanças (Ex..: Morte) o foco está nas emoções.
4ª Fase: Instala-se a
ruptura (crise Trabalhar com crise não é uma tarefa fácil, talvez
propriamente dita) pela possamos dizer que se trata de um situação de
continuidade do risco emocional para os próprios cuidadores e,
estímulo problema e nesse sentido, compartilhamos com Tavares (2003)
pela ausência de a ênfase em algumas características específicas do
soluções viáveis. terapeuta da crise:
1. possuir capacidade para tolerar a ansiedade e
mobilizar recursos internos e adaptativos;
2. ter desenvolvido sua criatividade e flexibilidade;
3. saber trabalhar em equipe;
4. confiar nos outros e se disponibilizar para os
outros e
5. cuidar-se pessoalmente
Exame do Estado Psíquico

Focaliza processos mentais.


 Anamnese: Problema central situado dentro do contexto da história de vida, da subjetividade, das
experiências prévias, tanto no contexto de saúde como de doença, enfocando integração familiar e o
contexto sócio-cultural.

Principais Eixos de Avaliação


 Dados de identidade;
 Queixa inicial;
 Doença atual;
 História pregressa;
 História pessoal;
 História familiar...

Importância de Registrar a Avaliação


 Esta pode ser objeto de exame (a pedido do paciente ou da justiça).
 É um meio de comunicação entre profissionais da mesma equipe.
 O registro deve ser consciencioso: Orientar os profissionais e manter confidencialidade.
Exame do Estado Psíquico

Objetivo do EXAME DO ESTADO PSÍQUICO

 Avaliar tanto os aspectos sadios quanto as disfunções e psicopatologias.


 O que é avaliado:
 Conduta do paciente;
 Funcionamento dos afetos;
 Pensamento e inteligência;
 Doença Mental Orgânica;
 Presença de Crise, Estresse.
Exame do Estado Psíquico

A) Aspecto Pessoal
 É coerente com idade e posição social?
 Modo de vestir indica hábitos de higiene?
 É espalhafatoso, meticuloso ou descuidado?
 Expressão facial (tranqüila/alerta/perplexo/hostil...)
 Postura física (tensão/apatia/ansiedade...)
 Atitude em relação ao examinador (hostil/submisso/colaborador/evasivo)
 Condições prévias: contato com a equipe de saude é voluntário ou coagido por
algum superior ou famíliar? Estava doente, hospitalizado ou de licença?
Exame do Estado Psíquico

B) Atividade Motora e Conduta


 Movimento geral: quantidade e tipo;
 Marcha do paciente (quantidade, movimentos constantes, agitação, retardo motor,
lentificação, imobilidade);
 Movimentos da face ou em torno da face (caretas, tiques, tremores, contorções).

C) Linguagem e comunicação
 Velocidade, volume, modulação (vivaz, monótona), curso e anormalidades no padrão, de
fala, mutismo, bloqueio (paradas intermitentes), fluxo da linguagem (premência), fuga
de ideias, perseveração (repetição continuada e anormalmente persistente na exposição
de uma ideia), ecolalia(rimar palavras ou repeti-las), neologismo (atribuição de novos
sentidos a palavras), prolixidade, distrabilidade.
Exame do Estado Psíquico

D) Estado Afetivo
 Humor: normal, aumentado (euforia, otimismo, autoconfiança) ou rebaixado (tristeza,
desespero, remorso)?
 Estado afetivo e pensamento e linguagem estão coerentes?
 Estabilidade do humor: mudanças acentuadas?

E) Organização e conteúdo do pensamento


 Conteúdo geral: esperança, sonhos, aspirações, crenças, temores e interesses.
 Cognição: velocidade (retardo/aceleração), organização (não espontâneo, frouxo, não
coerente).
 Preocupações realísticas, sérias, conectadas com acontecimentos externos?
 Conteúdo demonstra: ansiedade (verificar presença de sintomas somáticos), temores, fobias
(quais?).
 Pensamentos incomuns: ideias de referência (sente-se constantemente vigiado ou
observado).
 Delírio: É uma convicção errônea não corrigível.
Exame do Estado Psíquico
F) Percepção
 De si mesmo: despersonalização (sente-se irreal), desrealização (estranheza em relação a
si próprio, sente-se morto).
– Despersonalização: O sujeito não se reconhece. Ex.: Estar na frente do espelho e ficar
conversando com sua própria imagem.
– Desrealização: Estranheza em relação ao ambiente. Se sente estranho em relação ao
corpo e ao ambiente.
 Do ambiente: alterações de forma ou tamanho dos objetos, ilusões, alucinações.
– A alucinação não é uma realidade compartilhada. É a percepção real de um objeto que
não existe, ou seja, são percepções sem um estímulo externo.
– Analisar a capacidade crítica dos pacientes.
Exame do Estado Psíquico
G) Nível de consciência, orientação e concentração
 Obnubilação: alteração da consciência e se caracteriza pela diminuição da senso
percepção, lentidão da compreensão e da elaboração das impressões sensoriais.
– Hipervigilância: Apresenta algumas características similares à hiperatividade.
– Todos os estímulos têm a mesma importância.
 Capacidade de concentração
- Orientação quanto ao tempo, ao lugar, à pessoa e à situação.
– Orientação quanto ao tempo e lugar: Revelam alterações orgânicas.
– Orientação quanto à pessoa e a situação: Podem revelar quadro psicótico.
– Analisar a capacidade crítica.
Exame do Estado Psíquico
H) Memória, recordação e conhecimentos gerais
 Memória recente
– Memória recente: 24 horas.
– Revela causa orgânica, alcoolismo.
– Perda na capacidade de guardar e de buscar, evocar as informações.
– Na demência, há perdas cognitivas.
I) Pensamento abstrato e juízo
Pensamento abstrato:
– Provérbio: Investiga a capacidade metalingüística.
– É o uso da linguagem com poder simbólico.
– Ex.: A escolha do número oito pelo paciente, pois simboliza o mais bonito, por ter duas bolinhas, uma em
cima da outra.
– Analisa-se se o pensamento abstrato está preservado ou se a capacidade de abstração está alterada.
Juízo:
– Cria-se uma situação e analisa a partir desta, se o juízo está prejudicado ou se o paciente tem a capacidade
de julgamento coerente.
Exame do Estado Psíquico

J) Compreensão de si mesmo
 O paciente percebe estar doente? Aceita ajuda? Qual a causalidade para ele do seu
estado: emocional, orgânico? Considera seu estado temporário ou permanente? Têm
planos para o futuro?
– Muitas vezes, o paciente não compreende o motivo do acompanhamento.
– Algumas vezes, o paciente não consegue nem perceber que tem algum problema. Isso é
considerado grave.
– Outras vezes, não consegue atribuir seu problema a uma causalidade psíquica.
– Necessário fazer as perguntas, pois são elas que determinaram as possibilidades do
vínculo.
REFERÊNCIAS

1. TEXTO: Psicopatologia e Religiosidade do Lugar do Outro: Uma Escuta


Levinasiana
2. Texto: Recomendações Para Intervenção Em Crise
3. Texto: Intervenção Em Crise

4. KAPLAN, H. & SADOCK. Compêndio de Psiquiatria Dinâmica. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1984.

5. KAUFMANN, P. (ed). Dicionário Enciclopédico de Psicanálise: O Legado de Freud e


Lacau. Rio de Janeiro: Jorge Zahae Ed., 1996.

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