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Desenvolvimento humano

Profa. Dra. Angela Helena Marin


Aula 12
Ciclo vital – Parte 8
Temas que serão abordados nesta aula:

01. Terminalidade e luto


Terminalidade e sentido de vida

O ser humano tem como motivação primordial a


busca por um sentido em sua vida, o que faz com
ela seja preservada.

Importância de intervenções que promovam o


propósito de vida entre os pacientes.

Fonte: Pixabay (2022)

(MOREIRA, HOLANDA, 2010)


Envelhecimento Ativo

Luto
Resposta emocional vivenciada nos primeiros estágios da perda.

Perda
A morte de um ente querido e o processo de adaptação a essa situação de ausência.

Elaboração do luto
Resolução de questões psicológicas ligadas ao luto

(PAPALIA, MATORELL, 2022)


Luto

O Modelo de Kübler-Ross (2017) propõe uma


descrição de cinco estágios discretos pelos quais
as pessoas passam ao lidar com a perda, o luto, a
tragédia ou anúncio de uma doença.

Os estágios são conhecidos como Os Cinco


Estágios do Luto (ou da Dor da Morte, ou da
Perspectiva da Morte).
Fonte: Pixabay (2022)

(PAIVA, JÚNIOR, DAMÁSIO, 2014)


Os cinco estágios do luto

01 Negação e isolamento: mecanismo de defesa temporário. Ocorre com mais frequência no início da
doença. A intensidade depende das características pessoais e do apoio social.

02 Raiva: impotência e falta de controle sobre a própria vida. Geralmente se revoltam contra o futuro ou
alguém próximo.

03 Barganha: tentativa de negociações com divindades de maneira implícita ou até mesmo com os médicos e
a equipe.

04 Depressão: mais comum na fase terminal. Consciência das debilidades físicas/mentais.

05 Aceitação: estado de maior tranquilidade. Já não se experimenta o desespero nem rejeita a realidade.

(KÜBLER-ROSS, 2017)
(PAPALIA, MATORELL, 2022)
Reflexão final
A dor do crescimento

Eu tentava descrever como era aquela dor, mas não encontrava jeito. Acontecia nas
pernas, nas duas ao mesmo tempo. Não era fadiga muscular, não era um machucado,
nem torção, nada tinha inflamado, eu não havia batido com elas numa mesa, nem
tropeçado, não parecia nem mesmo dor, e sim um incômodo, um alerta interno. Eu
podia caminhar, até correr, se quisesse. Mas não estava tudo bem, e quando eu vencia
a vergonha de não conseguir explicar exatamente o que sentia e me queixava daquilo
que nem parecia existir de tão aleatório alguém dizia: não esquenta, é a dor do
crescimento.

Um diagnóstico poético demais para uma criança. Como assim, dor do crescimento?
Eu crescia numa velocidade irritantemente lenta, tão poucos centímetros por ano, não
acreditava que esse ganho ínfimo de estatura, imperceptível, pudesse originar dor. Dor
vem do choque, vem do baque, deixa marca, tem motivo, não poderia nascer assim de
um alongamento que ninguém conseguia enxergar a olho nu.
A dor do crescimento

Reumatismo também não era, porque reumatismo era doença de avós. Tudo bem
que eu já estivesse com quase 11 anos, mas não era assim tão velha.

“É dor do crescimento, menina, todo mundo tem, não te bobeia. Já já passa”.

Não passou. Apenas subiu das pernas para o coração e depois foi ainda mais
para cima, alojando-se no cérebro. Abandonou os membros inferiores e passou a
fazer turismo em duas regiões de mais prestígio. Essa transferência aconteceu
logo que eu parei de alongar verticalmente e virei o que se chama por aí de gente
grande e estabilizada
A dor do crescimento

Mas gente grande continua crescendo?

Pois é. Não me peça para explicar, porque sigo não encontrando um jeito de. Às vezes dói no peito, às
vezes na cabeça, às vezes nos dois lugares ao mesmo tempo, mas não há nada sangrando, e também
não é fadiga, mesmo já se tendo vivido bastante e cansativamente. Torção... Não, também não. De novo,
ninguém esbarrou numa mesa, nenhuma parte do corpo ficou roxa, não é um arranhão, nem parece dor.

Então é o quê? Um esgotamento por fazer sempre as mesmas perguntas irrespondíveis, por se retorcer
com questões que aparentam ter soluções simples, mas não têm, por não aceitar que seja difícil o que
deveria ser fácil, por se flagrar tendo reações contundentes quando a vontade era de chorar baixinho, por
tentar estabelecer uma forma de vida que organize o caos, mesmo sabendo que o caos está sempre
atrás da porta rindo das nossas tentativas de controlá-lo. Nada fica roxo, mas turva a visão. Nada deixa
cicatriz aparente, mas não fecha. Fica aberto, latente, insistentemente lembrando a existência daquilo
que não se explica, sobre o qual pouco se conversa, mas que, de alguma forma, também faz a gente
ganhar em estatura.

Ainda é a dor do crescimento, e não cessa.

(Martha Medeiros)
Referências bibliográficas

BENITES, A.C., NEME, C.M., & SANTOS, M.A. (2017). Significados da espiritualidade para pacientes com câncer em cuidados
paliativos. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 34, p. 269-279, 2017.

KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer: O que os doentes terminais têm para ensinar a médicos, enfermeiras, relogiosos e aos seus
próprios parentes. WWF Martins Fontes, 2017.

MOREIRA, N., & HOLANDA, A. Logoterapia e o sentido do sofrimento: convergências nas dimensões espiritual e religiosa. Psico, v. 15, n. 3, p.
345-356, 2010.

PAIVA, F.C.L., JUNIOR, J.J.A., DAMÁSIO, A.C. Ética en los cuidados paliativos: concepciones sobre el final de la vida. Revista Bioética, v. 22,
n. 3, p. 550-560, 2014.

PAPALIA, D. E; MARTORELL, G. Desenvolvimento humano. 14. ed. Porto Alegre: AMGH, 2022.

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