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Psicologia hospitalar

A problemática da morte e o morrer é bastante trabalhada no contexto hospitalar e suscita


questões de ordem ética que permeiam a prática do psicólogo hospitalar. Uma importante
psiquiatra e estudiosa na área, Elizabeth Kübler-Ross propôs em seu livro “Sobre a Morte
e o Morrer” sua compreensão acerca dos estágios emocionais pelos quais passam os
pacientes em terminalidade.    

Realize uma explanação sobre as principais ideias de Kübler-Ross, descrevendo as


características de cada fase, exemplificando-as, bem como explicitando a maneira como
estas ideias podem ser utilizadas na assistência psicológica hospitalar.    

Diferentes repercussões podem ocorrer por ocasião da perda de um membro


no ciclo de vida familiar, ou a perda de um emprego, o que afeta o risco de
disfunção gerado por este evento. O luto é um processo necessário e
fundamental para preencher o vazio deixado por qualquer perda significativa
não apenas de alguém, mas também de algo importante, tais como: objeto,
viagem, emprego. Simplesmente o perder uma simples for que o sujeito cuidou
durante um tempo em sua perda isso diz de um luto, porque se trata de um
afeto que foi investido e, quando esse objeto de afeto é perdido requer um
tempo para que o indivíduo recolha essa energia que foi investida e invista
novamente em um outro objeto.

Elizabeth Kübler-Ross foi a pioneira em descrever as atitudes e reações


emocionais suscitadas pela aproximação da morte em pacientes terminais,
reações humanas que não dependem de um aprendizado só cultural. Seus
trabalhos descrevem a identificação dos cinco estágios que um paciente pode
vivenciar durante sua terminalidade, que são: negação, raiva, barganha,
depressão e aceitação

Estágios

I. Primeiro estagio: negação e isolamento


Segundo Elizabeth Kübler-Ross a negação e o isolamento, são a primeira
etapa do processo de luto da maioria dos pacientes, que se encontram em fase
terminal de sua doença, ou acabam de ser informados da gravidade de sua
doença. “Esta negação ansiosa proveniente da comunicação de um
diagnostico e muito comum em pacientes que são informados abrupta ou
prematuramente por quem não os conhece bem ou pior quem informa
levianamente “para acabar logo com isso”, sem levar em consideração o
processo do paciente. Kübler-Ross, Pag.52”, pacientes que são informados de
seu estado clinico, tendem a ativar mecanismos de defesa da negação, de
modo que se negam a aceitar o estado de sua doença, e a lidar com sua
mortalidade. Verbalizações e atitudes como “não, eu não, não pode ser
verdade”, “vou a outro hospital, conseguir uma explicação melhor para meus
problemas” são comuns em pacientes que acabam de receber a notícia. A
negação, ou pelo menos a negação parcial, e usada por quase todos os
pacientes, nos primeiros estágios da doença ou logo após a constatação, ou,
às vezes, numa fase posterior. Comummente a negação e uma defesa
temporária, sendo logo substituída por uma aceitação temporária de seu
estado.

II. Segundo estágio: a raiva

O indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçada e não se conforma


por estar passando por isso. A autora enfatiza a dificuldade da equipe
hospitalar de lidar com pacientes nesse estágio, por apresentarem uma raiva,
frustação um descontentamento com a equipe muitas vezes sem razão
plausível; como se esta raiva se propagar em todas as direções e projetar-se
no ambiente inteiro, através de por exemplo: um desconforto persistente e
irracional com os travesseiros da cama, de forma que o paciente insista em
ficar chamando as enfermeiras para arrumar. Ou um descontentamento com os
serviços da equipe e etc. Alguns pacientes parecem querer extravasar a
raiva/frustração através da equipe hospitalar ou familiares “O problema aqui e
que poucos se colocam no lugar do paciente e perguntam de onde pode vir
esta raiva. Talvez ficássemos também com raiva se fossem interrompidas tão
prematuramente as atividades de nossa vida; se todas as construções que
começamos tivessem de ficar inacabadas, esperando que outros a
terminassem; se tivéssemos economizado um dinheiro suado para desfrutar
mais tarde de alguns anos de descanso e prazer {...}. que faríamos de nossa
raiva, senão extravasa-la naqueles que provavelmente desfrutarão de tudo
isso? Gente que vai e vem atarefada só nos fazendo lembrar que sequer
podemos nos sustentar nas pernas. pag. 64”.

Assim precisamos entender que um paciente que é respeitável e


compreendido, a quem são dispensados tempo e atenção, logo diminuirá suas
exigências irascíveis, e entendera seu estado de saúde, e logo vai deixar de
lado tal sentimento para lutar pela vida, ou desfrutar do que já viveu. Dessa
forma precisamos entender o paciente sem desmontar preconceitos e
ressentimentos pessoais, precisamos “entender o paciente, e não o julgar”.

III. Terceiro estagio: barganha

A terceira etapa no modelo de Kübler-Ross se aplica aos casos em que o luto


chega antes da morte em si, ainda que ela seja iminente; são casos onde a
angustia, negação e a raiva misturam-se e o indivíduo tenta de alguma maneira
converse-se de que seu estado pode ser revertido, através de um acordo,
barganha ou milagre com sigo mesmo ou através deuses e santos “se, no
primeiro estágio, não conseguimos enfrentar os tristes acontecimentos e nos
revoltamos contra deus e as pessoas, talvez possamos ser bem-sucedidos na
segunda fase, entrando em algum tipo de acordo que adie o desfecho
inevitável. pag.95”, são comuns verbalizações do tipo: “Se eu melhorar, eu
prometo fazer algo ou deixar de fazer”, “queria me formar”, “preciso ver meu
filho crescer”, “ainda desejo conhecer ou fazer tal coisa”. É conhecida como
fase da barganha, ou da negociação embora esse estágio seja caracterizado
por possuir uma duração muita curta é igualmente útil ao paciente.

IV. Quarto estagio: depressão


A quarta fase, talvez a mais longa, é aquela em que a “ficha cai" e vem a
rendição, muitas vezes acompanhada de depressão. é o reconhecimento de
que a vida não será mais a mesma. É o estágio de sentimentos de debilitação
e tristeza acompanhados de solidão e saudade. Funciona para os pacientes,
bem como para os envolvidos com ele, como se fosse uma preparação para
suas perdas. Segundo a autora essa fase requer muita conversa e
intervenções ativas por parte dos que estão a sua volta tanto equipe medica,
como familiares, de modo a evitar uma depressão silenciosa. É uma fase
importante, mas muitas pessoas se apegam a ela e não enxergam vida além
disso. É aí que se entregam de cabeça à depressão. Isso porque só os que
conseguem superar as angústias e as ansiedades são capazes de alcançar o
próximo estágio, que é a aceitação.

V. Quinto estagio: aceitação


Por fim, vem a fase da aceitação, quando de fato se elabora o luto na busca da
desconexão com o objeto. Após externar sentimentos e angústias, inveja pelos
vivos e sadios, raiva pelos que não são obrigados a enfrentar a morte, lamento
pela perda iminente de pessoas e de lugares queridos, a tendência é que o
paciente terminal aceite sua condição e contemple seu fim próximo com mais
tranquilidade e menos expectativa. O enlutado que já conseguiu vencer os
estágios anteriores chega, agora, ao momento em que a saudade se torna
mais sossegada, se sente mais em paz e começa a ter condições de se
organizar na vida. Não significa que o paciente vai estar livre do sentimento de
perda, mas vai conseguir elaborar a vida aceitando que o objeto não está mais.
A tristeza vai vir, a dor também, mas o luto passou.

Deste modo, cabe ao psicólogo juntamente com o paciente identificar em qual


estágio ele se encontra e permitir e fazer com que o paciente se permita
vivenciar a etapa em que se encontra, em muitos casos o paciente pode ficar
estagnado em apenas uma fase e não se permitir concluir esse processo de
luto, No ambiente hospitalar, em situações de terminalidade e morte, o
processo psicoterápico deve enfatizar a expressão dos sentimentos, a melhora
da qualidade de vida e a facilitação da comunicação (Kovács, 1992) para que o
paciente possa vivenciar o luto.

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